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Numero do processo: 16095.000396/2009-60    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016    
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
Ementa:
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado improcedente.
    
Numero da decisão: 1301-002.101    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. Ausente momentaneamente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha (Presidente), Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
    
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO    
    
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Fazenda Nacional ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado improcedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. Ausente momentaneamente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha  Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha (Presidente), Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 03 96 /2 00 9- 60 Fl. 1732DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.733 2 Cuida o presente processo de autuação fiscal decorrente de suposta omissão de receitas no anocalendário de 2005, o que culminou com a lavratura dos autos de infração (fls. 660/689) exigindo o IRPJ e, como reflexos, a CSLL, o PIS e a COFINS incidentes sobre as receitas omitidas. Além disso, foi aplicada a multa qualificada de 150% ao lançamento de ofício, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96, a qual se justifica pela “omissão dolosa da fiscalizada tendente a impedir total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária, do fato gerador da obrigação tributária”, conforme relatado no Termo de Verificação de Infração (fls. 647/656). Foi, também, aplicado o agravamento da multa com o acréscimo de metade da multa qualificada, nos termos do § 2°, do artigo 44, da Lei n° 9.430/96, tendo em vista que o contribuinte deixou de atender, nos prazos legais estabelecidos, intimações e reintimações da fiscalização. Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 763/796), a qual foi julgada parcialmente procedente pela 2° Turma da DRJ/CPS em acórdão de fls. 1009/1033, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 Omissão de Receitas. Depósito Bancário. Falta de Comprovação da Origem. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Deve ser cancelada a exigência em relação aos créditos em conta corrente que comprovadamente se referem a empréstimos e financiamentos e a transferências entre contas correntes de mesma titularidade. Quando comprovado que os valores depositados/creditados se referem a receitas da atividade, para ser afastada definitivamente a incidência tributária, deve a contribuinte comprovar, ainda, o seu regular oferecimento A tributação, na escrituração comercial e fiscal, e nas declarações apresentadas A Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Foi interposto Recurso Voluntário contra a referida decisão. Por bem sintetizar os pontos alegados pelo contribuinte, transcrevo parte da Resolução 1301000.137 proferida por este Colegiado em sessão de 09/07/2013: Intimada a contribuinte do inteiro teor do julgamento, conforme registros contidos às fls. 1012, no dia 10/05/2010, foi por ela então interposto, no dia 09/06/2010 o seu competente e respectivo Recurso Voluntário, pretendendo a reforma da r. decisão de origem –especificamente em relação à parte mantida do lançamento – desconstituindose, assim, por inteiro, a autuação efetivada. Para tanto, após uma rápida abordagem a respeito dos fatos trazidos nos autos, e, ainda – Fl. 1733DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.734 3 novamente – da explicitação do modus operandi da atuação da empresa autuada em suas atividades regulares, aborda os seguintes argumentos em suas razões recursais: a) Questão preliminar (possibilidade da juntada de novos documentos quando da interposição do presente recurso voluntário); b) Comprovação documental exauriente a respeito da origem dos valores creditados em contas de depósito ou de investimento da recorrente existentes em instituições financeiras arrolados pela r. Autoridade administrativa judicante de 1a instancia que ensejaram a exigência do "crédito tributário remanescente”; 1) Comprovação da origem dos depósitos efetivados na conta mantida junto ao Banco J. Safra — liberação de crédito oriundo de contrato de mútuo; 2) Depósitos realizados pelos "clientes" da recorrente diretamente em conta corrente operações envolvendo "BRASFEL", "COOPMIL" e "VALZÉLIO GUIMARÃES"; 3) Operações envolvendo transferências de numerários para a ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. c) Da inaplicabilidade (amparada por robusta jurisprudência administrativa) da sanção prevista no art. 24 da Lei n°. 9.249/95 em face dos creditamentos documentalmente comprovados — quanto à origem pela recorrente no tópico precedente em razão da não constatação do tipo legal estatuído no art. 42 da Lei n°. 9.430/96; 1) Da não realização/constatação/concretização — no bojo da ora lide administrativa — do "fato auxiliar"/não comprovação da origem de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira 2) Da impossibilidade da caracterização da omissão de receitas única e exclusivamente via depósitos bancários; d) Desnecessidade de reproduzir toda a linha argumentativa expressa nos tópicos "II" a "V" também para a CSLL, para o PIS e para a COFINS em razão da constatação do instituto jurídico da "tributação reflexa" Conforme apontado, juntamente com as razões recursais a contribuinte fez juntar aos autos, ainda, uma série de documentos por ela apontados, com o objetivo de promover a comprovação das alegações ali então apresentadas, destacando: I) contratos, II) extratos bancários, III) Relatório de Notas Fiscais emitidas, IV) Documentos relativos ao processo no 0024.07.3893638, decorrente da Ação Ordinária intentada pela empresa ASCARD INFORMAÇÕES E SERVIÇOS LTDA contra a empresa recorrente (inicial, laudo pericial, documentos fiscais e contábeis, dentre outros), compondo, assim, os últimos 04 (quatro) volumes dos presentes autos. Ademais, tratase de decisão sujeita a reexame por este Colegiado, na forma do art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72 e Portaria do Ministro da Fazenda nº 3/2008. Subiram aos autos a este Colegiado para fins de apreciação do recurso de ofício e do recurso voluntário interpostos. Conforme decidido na Resolução 1301000.137 (fls. 1695/1703), foi admitida a juntada dos documentos apresentados pelo contribuinte quando da Fl. 1734DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.735 4 interposição de seu Recurso Voluntário, devendo estes considerados na formulação do julgamento efetivado. Diante desse contexto, foi determinada a conversão do julgamento em diligência para que os agentes de fiscalização fazendária analisassem os documentos acostados ao recurso voluntário. Em resposta a diligência determinada, foi apresentada informação fiscal às fls. 1715/1717, que concluiu pela regularidade da comprovação da origem dos créditos, bem como pela regularidade tributária quantos aos valores de serviços relacionados. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro O recurso voluntário foi tempestivamente interposto e o recurso de ofício atende os requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles conheço. Em síntese, o presente processo trata de autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS decorrentes de omissão de receitas relativamente aos depósitos líquidos relacionados no item “IVB” do Termo de Verificação de Infração (fl. 654) para os quais o contribuinte deixou de justificar ou comprovar sua origem durante o procedimento de fiscalização e que totalizam o valor de R$ 13.070.108,20. A impugnação apresentada foi julgada parcialmente procedente, tendo a DRJ mantido como receitas omitidas o montante de R$ 4.102.488,54. As alegações de defesa foram sintetizadas pelo acórdão da DRJ (fls. 1009/1033), o qual passo a reproduzir: Inicialmente, na impugnação, passa a defesa a discorrer sobre a atividade operacional da autuada e de seu modus operandi com amparo em prova documental. Invoca o art. 3° do Estatuto Social para afirmar que a empresa tem por atividade principal "a.) a prestação de serviços na implantação, administração, intermediação e promoção de sistemas de cheques, cartões, vales, cupons (impressos ou plásticos oriundos de tecnologia exclusiva e adequada) ou outra tecnologia desenvolvida exclusivamente para esse fim, destinados a aquisição, por seus usuários, de produtos e/ou serviços em estabelecimentos credenciados, que decorram das atividades relacionadas ao objeto social de tais estabelecimentos" [destaques do original]. Acrescenta ainda que, quando da constituição, a empresa tinha por objetivo viabilizar a venda de remédios e medicamentos junto a farmácias e drogarias ("lojistas"), para os funcionários ("usuários") de determinadas empresas ("clientes"), que contratavam os serviços da Impugnante e os disponibilizavam a seus funcionários, traduzindose, basicamente, num cartão de crédito, consignado diretamente na folha de pagamento dos funcionários. Atualmente, teria sido Fl. 1735DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.736 5 ampliada a rede credenciada de estabelecimentos ("sistema") aos usuários dos cartões, com a inclusão de supermercados, postos de gasolina, dentre outros. Informa que prestaria serviço, disponibilizando o acesso ao seu "sistema", através de cartão magnético, que permite a realização de compras junto aos "lojistas". E continua: "Após, cabe à IMPUGNANTE informar aos seus CLIENTES (empresas empregadoras) as transações efetuadas pelos USUÁRIOS dos cartões (basicamente os funcionários dos CLIENTES), junto aos LOJISTAS integrantes de seu SISTEMA (supermercados, postos de gasolina, farmácias, etc.), consolidando as aquisições efetuadas, individualmente por USUÁRIO e dentro de certo período, mediante envio de um "Demonstrativo/Extrato" aos seus CLIENTES para que estes possam reembolsála". Por conseguinte, os CLIENTES efetuam o desconto individual do valor das compras realizadas por cada USUÁRIO diretamente da folha de pagamento, repassando o numerário à IMPUGNANTE, para que esta possa pagar aos LOJISTAS integrantes de seu SISTEMA pelas transações realizadas no período". Destaca que prestaria serviço aos empregadores, mediante a cobrança de taxas de gerenciamento, de emissão de cartões, anuidades, dentre outras, estabelecendo apenas com essas empresas efetiva relação jurídica, não havendo qualquer relação jurídica com os usuários dos cartões, funcionários das empresas contratantes. Esclarece serem as empregadoras que disponibilizariam os cartões aos seus funcionários (usuários) e, posteriormente, promoveriam o desconto em folha de pagamento. Afirma que todos este modus operandi estaria explicito nos contratos de prestação de serviços celebrados (cópias em anexo). Passa a demonstrar a origem dos recursos depositados nas contas correntes ou de investimentos de titularidade da Impugnante. Preliminarmente destaca que a comprovação documental seria exauriente, na medida em que envolveria todos os creditamentos listados pela fiscalização, e permitiria a plena identificação de sua origem. Elabora Tabela (em anexo — Doc. 05) para demonstrar que as operações de depósitos relacionadas pela fiscalização referirseiam a operações de diversas naturezas: (i) transferências de numerários entre contas de mesma titularidade da Impugnante — afirma haver trazido aos autos os comprovantes das operações realizadas, bem como os extratos bancários das contas de origem e destino dos recursos, e os registros contábeis; (ii) operações de liberação de crédito para atender necessidades financeiras da Impugnante — afirma haver identificado a instituição financeira concedente, os seus termos e condições, bem como os contratos representativos dos créditos tomados. Com relação aos créditos efetuados em virtude de contratos de mútuo, tais créditos teriam sido destacados na planilha anexa ao Auto de Infração sob as rubricas "Empréstimo", "OctOrdem de Crédito" e "Mútuo". Os créditos liberados referirseiam a mútuos nas modalidades simples, crédito conta garantida e mútuos denominados "Compror Bradesco" (linha de crédito rotativo especial, concedida Fl. 1736DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.737 6 pelo banco). Todos têm fundamentos em instrumentos de crédito celebrados pela Impugnante e respectivas instituições financeiras ora juntados aos autos. (iii) depósitos efetuados por clientes a fim de guitar as faturas emitidas pela Impugnante — fato comprovado pelas cópias das faturas e dos contratos de prestação de serviços celebrados em anexo. Quanto As transferências/depósitos efetuados pela ASCARD INFORMAÇÕES E SERVIÇOS LTDA., diz que em 01/04/2005, para ampliar a sua atuação no mercado mineiro, teria adquirido a totalidade da carteira de clientes da ASCARD, mediante a celebração do Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações de Contratos de Prestação de Serviços (em anexo). • Nas cláusulas contratuais estava previsto que a Impugnante procederia ao pagamento, da seguinte forma: (i) o valor equivalente a 80% do montante que seria recebido mensalmente dos clientes, em razão da cessão dos contratos; e (ii) 15% dos valores recebidos das taxas cobradas pelos serviços prestados a titulo de comissão. 0 repasse dos valores à ASCARD estava condicionado As seguintes cláusulas: (i) o efetivo pagamento pelos clientes/contratantes à Impugnante; e (ii) que não haveria pagamento mínimo mensal à ASCARD, sendo certo que em caso de rescisão ou redução do valores pagos pelos clientes, haveria automático abatimento da quantia a ser repassada A ASCARD. Havia ainda cláusulas prevendo o pagamento de adiantamentos à ASCARD e que estava autorizada a compensação entre os débitos e créditos recíprocos (entre a MEDCHEQUE e a ASCARD). Segundo a defesa, apesar da previsão contratual de que os boletos de cobrança, enviados aos clientes, seriam emitidos exclusivamente pela Impugnante, a partir de 01/04/2005, "o fato é que muitos dos clientes continuaram pagando pelo serviço prestado diretamente it ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA." E continua, explicando: "Com efeito, na prática, a transferência dos clientes não foi imediata, visto que os mesmos precisavam manifestar a sua ciência à Cessão realizada, nos exatos termos do item 3.1.1. Assim sendo, no período de abril a setembro de 2005, para auxiliar o período de transição da cartela de clientes entre as partes, foi iniciado um sistema chamado 'conta corrente' entre a IMPUGNANTE e a empresa ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS, através do qual, ao final de cada período, verificase o reflexo do que exatamente ocorreu em termos de transferências entre as partes (Anexo 6.0 da TABELA ANEXA — DOC N° 05). Durante este período de transição a conta corrente (Anexo 6.0 da TABELA ANEXA — DOC N° 05) mantida entre a Impugnante e a ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. auxiliava no controle dos pagamentos previstos no contrato e, também, dos repasses de numerários necessários ao pagamento adequado dos LOJISTAS do SISTEMA e dos recebimentos dos CLIENTES, em virtude de alguns CLIENTES permanecerem a efetuar pagamentos diretamente à ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. A partir de outubro de 2005 a ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. já não fazia as cobranças dos contratos cedidos, ficando a cargo exclusivo da Impugnante tal incumbência. Nesta época, as questões práticas decorrentes da transferência dos clientes já estavam se finalizando, o que resta devidamente Fl. 1737DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.738 7 caracterizado pela ausência de destaque pela fiscalização de quaisquer operações desta natureza neste período". Deste modo, entende a defesa comprovada a origem dos depósitos efetuados pela empresa ASCARD, que simplesmente repassava os valores devidos Impugnante, num determinado período de transição, por continuar recebendo os pagamentos dos Clientes, cedidos nos termos do Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações de Contratos de Prestação de Serviços (em anexo), celebrado em 01/04/2005. Diante da comprovação documental dos creditamentos efetuados nas contas correntes da Impugnante, inaplicável a presunção legal de omissão de receitas prevista no art. 42 da Li n° 9.430, de 1996. Assevera que como não teria se realizado/constatado/concretizado o fato auxiliar, qual sej a, a não comprovação da origem dos recursos depositados, comprometida estaria a configuração do fato probando, qual seja, a omissão de receitas, impondose o cancelamento do crédito tributário. Transcreve jurisprudência administrativa. Acrescenta ainda a impossibilidade de caracterização da omissão de receitas única e exclusivamente com base em depósitos bancários. No entendimento da Impugnante, além da ausência de comprovação da origem dos valores creditados nas contas correntes, deveria ainda o Fisco comprovar a efetiva existência de renda consumida, através de sinais exteriores de riqueza. Transcreve doutrina e jurisprudência. Assinala ainda a necessidade de afastar a imputação de omissão de receitas em relação as transferências entre contas correntes de titularidade da Impugnante, conforme as expressas disposições do art; 42, §3°, inciso I da Lei n° 9.430, de 1996. Transcreve jurisprudência. Contesta a aplicação da multa qualificada e agravada de 225%, com base em jurisprudência administrativa. Questiona especificamente a exigência da multa qualificada de 150%, dada a ausência de especificação do ilícito, descrito na Lei no 4.502, de 1964, e que teria sido cometido pela Impugnante. Transcreve jurisprudência. Ademais, para demonstrar o posicionamento consolidado na jurisprudência administrativa, referese A. Súmula n° 14, do 1° Conselho de Contribuintes, segundo a qual a simples apuração de omissão de receitas, por si só, não autoriza a qualifica cão da multa de oficio, sendo necessária a comprova cão do evidente intuito defraude. No que toca ao agravamento da penalidade, redundando na exigência da multa de 225%, protesta contra a sua aplicação, na medida em que somente seria aplicável quando o sujeito passivo — não obstante intimado — deixa de apresentar os esclarecimentos requeridos pelo Fisco no prazo consignado. Segundo a defesa, a própria autoridade fiscal fez constar do termo de verificação fiscal que: (i) a Impugnante teria respondido a dez dos onze termos de intimação e reintimação emitidos; (ii) cinco das dez respostas apresentadas pela Impugnante teriam ocorrido dentro do prazo fixado; e (iii) das cinco respostas apresentadas fora do prazo, em três delas o prazo concedido teria sido de apenas cinco dias. Transcreve jurisprudência. Fl. 1738DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.739 8 Afirma que as mesmas razões de defesa se aplicam aos tributos exigidos como reflexos (CSLL, PIS e Cofins), em função da apuração dos mesmos fatos e dos mesmos elementos de prova. Transcreve jurisprudência. Requer o cancelamento das autuações. Passo, primeiramente, a analisar os pontos da autuação que foram cancelados pela DRJ. Os depósitos líquidos em contas bancárias com origem não comprovada, e que foram considerados como receitas omitidas pela fiscalização, encontramse relacionados nas planilhas de fls. 657/659. Ao analisar os documentos que foram acostados pelo contribuinte em sua impugnação, a DRJ entendeu que parte dos depósitos tiveram suas origens devidamente comprovadas, conforme se observa dos trechos da decisão abaixo transcritos: Primeiramente, cumpre destacar que a prova do ilícito são os extratos bancários das contas correntes de titularidade da empresa, mantidas em diversas instituições financeiras, e que as informações ali contidas, relativamente ao "histórico das operações", até prova em contrário, devem ser tomadas como informações prestadas por terceiros desinteressados na relação jurídica tributária aqui em questão, a envolver o Fisco Federal e o contribuinte. Partindo desse pressuposto, o valor consignado na conta corrente em 23/02/2005, como "Ordem de Crédito" efetuada pelo Bradesco, no valor de R$ 171.104,66, deve ser recebido como decorrente da "Cédula de Crédito Bancário — Conta Garantida Dias úteis” n° 1218119, de fls. 876/879, datada de 25/01/2005, mediante a qual a instituição financeira teria colocado à disposição da empresa o crédito rotativo de R$ 1.000.000,00, destinado a constituir reforço ou provisão de fundos na conta corrente, a titulo de abertura de crédito bancário. Observese que tal valor é o primeiro lançamento efetuado na conta corrente em 23/02/2005, justamente para suprir os fundos necessários aos pagamentos efetuados até o dia anterior.[A1] Quanto ao crédito efetuado na conta corrente em 21/03/2005, no valor de R$ 807.556,54, sob a rubrica "Lane. Operações Créditos", a empresa trouxe aos autos o Contrato Particular de Abertura de Crédito — COMPROR BRADESCO de 21/03/2005 (fls. 880), justamente no valor de R$ 807.556,54, no qual consta a seguinte cláusula: "OBS.: 0 PRODUTO DO FINANCIAMENTO CONCEDIDO DESTINASE AO PAGAMENTO DA COMPRA DE BENS E SERVIÇOS FORNECIDOS, OBJETO DA(S) NOTA(S) FISCAL(IS) (VIDE LISTA ANEXA) E DUPLICATA(S) (VIDE LISTA ANEXA), DEVENDO SER EFETUADO A CRÉDITO DO FORNECEDOR, NA CONTA CORRENTE N° (VIDE LISTA ANEXA), MANTIDA JUNTO AO BANCO (VIDE LISTA ANEXA), AGÊNCIA (VIDE LISTA ANEXA)". As fls. 881 foi também juntado o extrato da mesma conta corrente, na qual se verifica que no mesmo dia 21/03/2005, posteriormente ao crédito, foi efetuado um débito no mesmo valor de R$ 807.556,54, sob a rubrica "Pagamento a Fornecedor", pelo que se considera comprovada que a origem do recurso é o contrato de abertura de crédito apresentado. Fl. 1739DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.740 9 Com relação ao crédito efetuado na conta corrente em 11/04/2005, no valor de R$ 878.493,33, sob a rubrica "OctOrdem de Crédito", também é apresentado o Contrato Particular de Abertura de Crédito — COMPROR BRADESCO de 11/04/2005 (fls. 885), no valor de R$ 900.000,00. Mais a frente, no extrato da mesma conta corrente, verificase um lançamento a débito, no valor de R$ 816.927,20, no dia 12/04/2005, com o histórico "Pagamento a Fornecedor", pelo que também se considera comprovada a origem do recurso.[A2] No que se refere ao crédito na conta corrente em 12/05/2005 no valor de R$ 770.000,00, o histórico "Estorno de Lançamento", já daria margem a se presumir que não se trataria de receita nova auferida pela empresa. De qualquer forma, na impugnação, a contribuinte trouxe aos autos o Contrato Particular de Abertura de Crédito — COMPROR BRADESCO de 11/05/2005 (fls. 915), no valor de R$ 770.000,00. Mais a frente, no extrato da mesma conta corrente, verificase lançamentos a débito, nos valores de R$ 523.286,47, R$ 116.168,13 e R$ 84.179,87, nos dias 12, 13 e 16/05/2005, respectivamente, com o histórico "Pagamento a Fornecedor", totalizando R$ 723.634,47, pelo que também se considera comprovada a origem do recurso.[A3] Pelos próprios históricos das operações, consignados nos extratos, os créditos efetuados na conta corrente n° 1.2009, mantida no Bradesco de R$ 5.000,00 (23/03/2005), R$ 60.000,00 (18/04/2005) e R$ 44.000,00 (21/07/2005), sob a rubrica "TEDTransf Elet Dispon Remet Medcheque S.A.", já demonstrava se tratar de transferências entre contas correntes de mesma titularidade. Agora na defesa, a contribuinte ainda traz aos autos os extratos das contas correntes debitadas, impondose o cancelamento das exigências.[A4] Em relação ao crédito na conta corrente n° 1.2009, mantida no Bradesco no valor de R$ 700.000,00, em 13/06/2005, a contribuinte trouxe aos autos o extrato da conta corrente n° 1013130, mantida no J. Safra — cujas cópias já haviam sido fornecidas fiscalização (fls. 213/222), na qual se verifica a existência de um débito coincidente em mesma data e valor, pelo que pode se admitir a alegação de transferência entre contas de mesma titularidade.[A5] (...) Quanto aos créditos efetuados na conta corrente n° 1013122, mantida no Banco J. Safra, em 20/07/2005 e 26/09/2005, nos valores de R$ 3.000.000,00 e R$ 500.000,00, respectivamente, sob a rubrica "Cred Lib de Giro", admitese como prova da origem os extratos das operações de mútuo, de fls. 911 e 913, celebrados em 20/07/2005 e 26/09/2005, exatamente nos mesmos valores creditados.[A6] As "Cédulas de Crédito Bancário — Modalidade: Mútuo — Simples", de fls. 938/943 e 953/958, emitidas em 21/09/2005 e 28/11/2005, para respaldar os contratos de mútuo entre o Banco Industrial e Comercial S.A. — BIC Banco e a Medcheque, nos valores de R$ 1.000.000,00 e R$ 300.000,00, respectivamente, são provas suficientes da origem dos recursos depositados na conta corrente n° 141001750, mantida na Agência 007 do mesmo banco, em 22/09/2005 e 28/11/2005, com o histórico "Lib. Mútuo", nos valores de R$ 995.715,49 e R$ 298.698,25, respectivamente.[A7] Da mesma forma, a Cédula de Crédito Bancário — Conta Garantida (fls. 959/964), emitida pelo Bradesco, em 25/04/2005, no valor de R$ 1.000.000,00, como valor destinado a constituir de reforço ou provisão de fundos na conta corrente, a titulo de abertura de crédito bancário, e prova suficiente da origem do Fl. 1740DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.741 10 recurso creditado em 20/05/2005, sob a rubrica "Liberação de Capital de Giro", no valor de R$ 649.506,90.[A8] Anotese, por fim, a duplicidade de incidência sobre o crédito efetuada na conta corrente do Bradesco, em 11/10/2005, a titulo de "TEDT Ele Disp Rem Ascard Inf Serv", no valor de R$ 5.085,59.[A9] Compulsandose os autos, verifico que as conclusões exaradas pela DRJ e acima transcritas procedem, de modo que os depósitos citados encontram respaldo na documentação apresentada pelo contribuinte em sua impugnação. Superada a análise do recurso de ofício, passo a decidir sobre os pontos da autuação que foram julgados procedentes pela DRJ e que, portanto, foram objeto do recurso voluntário protocolado pelo contribuinte. Pois bem. A imputação da omissão de receitas por falta de comprovação da origem ou de tributação das receitas auferidas remanesceu para os seguintes casos: Fl. 1741DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.742 11 O contribuinte apresentou, em sede de recurso voluntário, diversos documentos destinados à comprovar a origem destas receitas ou a ausência de necessidade de tributação destes valores (fls. 1065/ ). Em observância ao princípio da verdade material no processo administrativo, este Colegiado decidiu, mediante Resolução n° 1301000.137 (fls. 1695/1703), acolher as provas juntadas nessa fase processual e determinou a realização de diligência para análise dos documentos juntados. O serviço de fiscalização da DRF em Guarulhos conclui que a origem dos depósitos acima discriminados foi devidamente comprovada pelo contribuinte e que as demais receitas não decorrem da atividade do contribuinte, mas sim de meros repasses, não estando submetidos à tributação. Fl. 1742DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.743 12 Passo a transcrever as conclusões exaradas pela autoridade fiscalizadora: Fl. 1743DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.744 13 No que tange aos mútuos celebrados com o Banco J. Safra, também entendo que os contratos de mútuo apresentados às fls. 1106 a 1129 comprovam a origem dos referidos depósitos bancários. Por sua vez, em relação aos depósitos efetuados pelas empresas “Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Policiais Militares e Servidores da Secretaria dos Negócios da Segurança Pública do Estado de São Paulo – COOPMIL”, “Brasfel S/A” e “Valzélio Guimarães – ME”, os documentos às fls. 1130 a 1164 demonstram que as transferências tratam, de fato, de mero reembolso de das compras realizadas pelos usuários dos cartões de crédito do contribuinte. Dessa forma, considerandose a natureza da atividade empresarial exercida pelo Recorrente, temse que somente as taxas relacionadas à prestação de serviços de gerenciamento de informações devem ser ofertadas à tributação, sendo as demais receitas recebidas consideradas como receitas de terceiros, isto é, dos lojistas que venderam suas mercadorias e receberam o pagamento por um dos cartões do contribuinte. Observase, inclusive, que nos contratos celebrados pela empresa, ela se compromete a quitar as transações efetuadas pelos funcionários de seus clientes, mediante repasse de valores aos estabelecimentos credenciados. Apurado pelo agente fiscal os valores das taxas e sua efetiva tributação, deve a autuação ser cancelada neste ponto. Quanto aos TEDs remetidos pela ASCARD, de fato, o contribuinte apresentou como base documental para os valores recebidos no período de abril de 2005 a outubro de 2005, o Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações de Contratos de Prestação de Serviços constante às fls. 1396 a 1406. Nos termos da Cláusula 3.3.1, até a concretização de todos os clientes da ASCARD para a Recorrente, ficaria a ASCARD responsável pela emissão dos documentos de cobrança, porém tais valores seriam, posteriormente, repassados ao contribuinte para pagamento aos lojistas. Ademais, a própria ASCARD confirmou que prestou suporte ao contribuinte no período de 1º de abril de 2005 a 31 de outubro de 2005 para fins de transferência de sua carteira de clientes, nos termos da petição de fls. 1363 a 1372. Importante frisar que, sendo improcedente a autuação, resta prejudicada a análise da qualificação e agravamento da multa de ofício aplicada, a qual, em função do julgamento do principal, deve ser cancelada. Portanto, tendo a própria autoridade autuante verificado a improcedência da autuação, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento, cancelandose a autuação fiscal em apreço. Em relação ao recurso de ofício, dele tomo conhecimento e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator Fl. 1744DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.745 14 Fl. 1745DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO
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Numero do processo: 10120.006009/2004-53    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016    
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
Ementa:
RETORNO DOS AUTOS. TRIBUNAL A QUO. APRECIAÇÃO DAS DEMAIS RAZÕES DE DEFESA. Já tendo este Colegiado se manifestado sobre todas as alegações do contribuinte e, não tendo ocorrido alteração do entendimento majoritário sobre o tema, deve ser mantido o quanto decidido pelo extinto Conselho de Contribuintes ao analisar, pela primeira vez, o recurso voluntário interposto.
    
Numero da decisão: 1301-002.143    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado).
    
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO    
    
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: RETORNO DOS AUTOS. TRIBUNAL A QUO. APRECIAÇÃO DAS DEMAIS RAZÕES DE DEFESA. Já tendo este Colegiado se manifestado sobre todas as alegações do contribuinte e, não tendo ocorrido alteração do entendimento majoritário sobre o tema, deve ser mantido o quanto decidido pelo extinto Conselho de Contribuintes ao analisar, pela primeira vez, o recurso voluntário interposto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: RETORNO DOS AUTOS. TRIBUNAL A QUO. APRECIAÇÃO DAS DEMAIS RAZÕES DE DEFESA. Já tendo este Colegiado se manifestado sobre todas as alegações do contribuinte e, não tendo ocorrido alteração do entendimento majoritário sobre o tema, deve ser mantido o quanto decidido pelo extinto Conselho de Contribuintes ao analisar, pela primeira vez, o recurso voluntário interposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha  Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 60 09 /2 00 4- 53 Fl. 370DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 371 2 Relatório Cuida o presente processo de auto de infração (fls. 107/145) que exige IRPJ e CSLL relativos aos anos calendário de 1999 a 2003. O agente fiscal verificou que o contribuinte não recolheu nenhum DARF de pagamento de tributos federais no período de fevereiro de 1999 a dezembro de 2003, bem como não entregou DCTF e DIPJ no mesmo período. Ademais, foi constatada ausência de escrituração contábil regular (Diário, Razão e LALUR), possuindo somente escrituração fiscal. No decorrer da fiscalização, o contribuinte escriturou o livro caixa. Devido a não apresentação dos livros da escrituração contábil e fiscal exigidos pela legislação tributária, a autoridade autuante procedeu ao lançamento de ofício do crédito tributário baseado no lucro arbitrado. O arbitramento foi realizado com base na receita bruta declarada nos Livros de ICMS. Apresentada impugnação (fls. 168/176), esta foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Brasília/DF (fls. 192/195). Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 197/210), alegando, em síntese, (i) a decadência do crédito tributário constituído; (ii) ilegalidade dos juros calculados com base na taxa SELIC; e (iii) o caráter confiscatório da multa punitiva de 75% sobre o valor do tributo lançado, afrontando os princípios da razoabilidade, proporcionalidade, legalidade e capacidade contributiva. A extinta 5° Câmara do 1° Conselho de Contribuintes acolheu, por maioria de votos, a preliminar de decadência suscitada pelo contribuinte em relação aos fatos geradores ocorridos nos meses de fevereiro a agosto de 1999 e, no mérito, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso, nos termos do acórdão n° 10515.741 (fls. 212/225). Na sequência, a Fazenda interpôs Recurso Especial (fls. 229/247), ao qual foi negado provimento em decisão da 1° Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF (fls. 274/276). Ocorre que, inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário (fls. 280/289) contra o acórdão proferido pela CSRF, no qual sustenta que o prazo decadencial deve ser contado na forma do art. 173 do Código Tributário Nacional – CTN por inexistir, no caso concreto, recolhimento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação. O Pleno da CSRF acordou, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional (fls. 346/356). O julgamento encontrase sintetizado pela ementa do Acórdão n° 9100000.220: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 371DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 372 3 Exercício: 2000 REGIMENTO INTERNO CARF. DECISÃO DEFINITIVA DE MÉRITO STJ ART. 62ª DO ANEXO II DO RICARF. UTILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DE PRECEDENTES JUDICIAIS. IDENTIDADE DAS SITUAÇÕES FÁTICAS. NECESSIDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo artigo 543C do Código de Processo Civil, devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho (Art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010). O disposto no art. 62ª do RICARF não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fática e jurídica que ensejou a decisão do precedente judicial. A finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. TERMO INICIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC. IMPOSSIBILIDADE. A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de ofício, nos exatos termos do aludido dispositivo. Recurso Extraordinário Provido. Dessa forma, ficou decidido pelo afastamento da arguição de decadência, sendo determinado o retorno dos autos à Câmara ordinária para apreciação das demais razões do recurso voluntário. Importante frisar que, conforme informado à fl. 323, a parte do crédito tributário mantida pela decisão do Conselho de Contribuintes foi apartada para fins de cobrança imediata, isto é, prosseguiuse com a cobrança dos valores relativos aos períodos de 09/1999 a 12/2003 por não terem sido objeto de questionamento perante a CSRF. Ademais, foi emitido despacho pela Chefe de Serviço de Assessoria Técnica da 1° Seção do CARF (fls. 363/365) determinando encaminhamento dos presentes autos à Secretaria da 3ª Câmara da 1ª SEJUL para inclusão em lote de sorteio no âmbito da 1ª Turma Ordinária. É o relatório. Fl. 372DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 373 4 Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário preenche os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Tratase de hipótese em que a CSRF decidiu pelo retorno dos autos para apreciação pela Câmara a quo das demais razões do Recurso Voluntário, tendo em vista que, em decisão proferida pelo Pleno da CSRF, foi afastada a preliminar de decadência arguida pelo contribuinte. Além da decadência, o contribuinte alegou, em recurso voluntário, a ilegalidade dos juros calculados com base na taxa SELIC e o caráter confiscatório da multa punitiva de 75% sobre o valor do tributo lançado. O 1° Conselho de Contribuintes acordou pela decadência do crédito tributário no que tange somente ao período de fevereiro de 1999 a agosto de 1999, sendo julgado procedente o lançamento em relação aos demais meses de apuração do IRPJ e da CSLL. Notese que, inclusive, já foi determinado o prosseguimento da cobrança dos valores relativos ao período de 09/1999 a 12/2003, por não terem sido objeto de questionamento perante a CSRF. Assim sendo, entendo que este Colegiado já se manifestou sobre o mérito do recurso voluntário interposto, devendo ser mantido o quanto decidido no Acórdão n° 10515.741 (fls. 212/225), nos termos do voto do Relator Wilson Fernandes Guimarães: (...)Taxa de Juros e Multa de Ofício No que tange à taxa de juros e à multa de ofício aplicada, não merecem reparos os argumentos trazidos pela decisão de primeira instância para não acatar as razões da recorrente. Com efeito, o ato de lançamento sendo vinculado e obrigatório, nos termos do disposto no artigo 142 do Código Tributário Nacional, não faculta à autoridade lançadora poderes para dispensálo, ao contrário, da sua não efetivação poderá resultar responsabilidade funcional. Releva notar que o lançamento dos juros de mora com base na taxa selic e, da mesma forma, da multa de ofício, decorreu de fiel observância a comandos legais em vigor, não estando autorizada a autoridade administrativa, portanto, a afastar a – sua aplicação. Destaco que o posicionamento adotado pelo Ilustre Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães está em consonância com o meu entendimento sobre a matéria e com a posição mais recente adotada por este Colegiado. Destaco que o posicionamento adotado pelo Ilustre Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães está em consonância com o meu entendimento sobre a matéria e com a posição mais recente adotada por este Colegiado. A possibilidade de aplicação da Taxa SELIC sobre os juros já se encontra pacificada pela Súmula CARF n° 4, adiante reproduzida: Fl. 373DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 374 5 Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia  SELIC para títulos federais. Em relação à multa aplicada, o contribuinte aduz que a aplicação do percentual de 75% sobre o valor do tributo lançado fere os princípios constitucionais da capacidade contributiva, da vedação dos efeitos confiscatórios, da legalidade, da proporcionalidade e da razoabilidade. Conforme dispõe a Súmula n° 02 do CARF, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assim sendo, os argumentos trazidos pelo contribuinte a fim de afastar a multa de ofício não podem ser reconhecidos nesta decisão, devendo, portanto, ser mantida a autuação neste ponto. Ante todo o exposto, voto no sentido de manter o quanto já decidido pelo extinto 1° Conselho de Contribuintes, a fim de negar provimento ao recurso voluntário, mantendose o lançamento tributário. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator Fl. 374DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 10768.008689/2009-49    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Mon Nov 07 00:00:00 UTC 2016    
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010
Ementa:
PARCELAMENTO. ART. 3° DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 470/09. INSUFICIÊNCIA DE PREJUÍZO FISCAL PARA COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE RELATIVA À MATÉRIA (LEI 13.043/2014). Verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais, deve ser aplicado o art. 36 da Lei n° 13.043/14..
    
Numero da decisão: 1301-002.152    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário  Os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator pelas conclusões.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Presentes os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo.
    
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO    
    
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2010 Ementa: PARCELAMENTO. ART. 3° DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 470/09. INSUFICIÊNCIA DE PREJUÍZO FISCAL PARA COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE RELATIVA À MATÉRIA (LEI 13.043/2014). Verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais, deve ser aplicado o art. 36 da Lei n° 13.043/14..
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário Os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. Presentes os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo.
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ART. 3° DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 470/09. INSUFICIÊNCIA DE PREJUÍZO FISCAL PARA COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE RELATIVA À MATÉRIA (LEI 13.043/2014). Verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais, deve ser aplicado o art. 36 da Lei n° 13.043/14.. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário Os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha  Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator. Presentes os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 86 89 /2 00 9- 49 Fl. 2067DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.068 2 Relatório Por bem resumir a lide, adoto o relatório contido no Acórdão n° 1659.704 proferido pela 8° Turma da DRJ/SPO (fls. 1576/1590): Trata o presente processo de pedido de parcelamento ou pagamento à vista de débitos nos termos do art. 3º da Medida Provisória nº 470, de 13 de outubro 2009, alterada pela Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, com a regulamentação dada pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 30 de outubro de 2009 e Portaria Conjunta PGFN RFB nº 12, de 30 de junho de 2010. A contribuinte apresentou o requerimento de fls. 3/8, discriminando os débitos a serem parcelados. Nos termos do despacho de fls. 911/922, podem ser identificados dois grupos de débitos: · CRÉDITO PRÊMIO DE IPI – compensação com créditos indevidamente aproveitados do incentivo fiscal setorial instituído pelo art. 1º do DecretoLei nº 491, de 5 de março de 1969. · AQUISIÇÃO DE MP/ME/PI com alíquota zero ou não tributados (NT) – compensação com créditos do aproveitamento indevido do IPI, oriundos na aquisição de matériasprimas, material de embalagem e produtos intermediários com incidência de alíquota zero ou como não tributados. Notese que compensação com créditos de produtos isentos não se enquadram no campo previsto pela MP 470/2009. Nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB 19, de 25/10/2010, foi instituído o Grupo de Trabalho da MP 470/2009 (GT MP 470/2009), com a finalidade de analisar os processos relacionados aos parcelamentos do Artigo 3º da MP 470. A análise efetuada por este grupo trouxe as seguintes informações: · Para a quitação das quatro últimas parcelas junto à RFB, a contribuinte apresentou o Anexo da Portaria Conjunta PGFN/RFB 12, de 30/06/2010  fls. 191  com a indicação dos montantes e a destinação dos valores de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL. · A pesquisa no Sistema de Acompanhamento de Prejuízo, Lucro Inflacionário e Base de Calculo Negativa da CSLL (SAPLI) de fls. 779/783, identifica que os montantes existentes PF/BCN da CSLL são inferiores ao informado pela contribuinte, resultando num crédito menor. · A partir do valor das amortizações (pagamentos + créditos confirmados de PF/BCN, fls. 786), o GT apresenta uma Lista de Débitos e Saldo das Amortizações (fls. 788/792), na qual foram demonstrados quais débitos foram quitados e quais ultrapassam o valor das amortizações. Essa lista segue a ordenação efetuada pela data de vencimento. · Os créditos foram suficientes para amortizar os débitos listados até o item 174, sendo que o item 175 foi parcialmente quitado, e os demais permaneceram em aberto. Fl. 2068DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.069 3 O pedido de parcelamento foi deferido parcialmente, com base nos seguintes fundamentos: · A análise do GT MP 470/2009 não abrange a origem dos débitos objeto do pedido de parcelamento. · Quanto à adequação da origem dos débitos controlados pelo processo 18471.001381/200667, cumpre informar que trata o processo de auto de infração em que foram lançadas as multas regulamentares em razão da compensação de débitos com créditos decorrentes do Crédito Prêmio de IPI (fls. 847). Com efeito, os débitos do processo 18471.001381/200667 estão no campo previsto pelo artigo 3º da MP 470/2009. · Sobre a origem dos débitos do processo 10976.000057/200809, notase que: i) trata o processo do auto de infração em que foram lançadas as multas regulamentares em razão da compensação de débitos nos autos do processo n.° 10070.000047/200354, com crédito oriundo da ação judicial n.° 2003.51.01.0068660 da 28ª VFRJ, não transitada em julgada há época da compensação; ii) os valores do pedido de parcelamento correspondem a multas calculadas sobre débitos que foram objetos de DCOMP, cujo indébito era oriundo de aproveitamento indevido de créditos de IPI de produtos NT, de alíquota zero ou isento; iii) da mesma forma como o relatado no despacho de fls. 627, através do relatório do SEFIS/DRF/VOLTA REDONDARJ, fls. 613/617, que considera como créditos oriundos de produtos NT e de alíquota zero 40,93% (31,80% + 9,13%) do total do pedido de ressarcimento de IPI de R$ 662.101.393,63, o que nos dá um valor de R$ 270.998.100,41, suficiente para abranger todos os débitos da planilha de fls. 605/607 até o de ordem 131 em parte; iv) os débitos do processo 10976000057/200809 estão dentre os débitos oriundos de compensação com créditos oriundos de produtos NT ou tributados à alíquota “zero”, e, portanto, adequado para o previsto no artigo 3º da MP 470/2009. · Sobre a origem dos débitos do processo 17883.000272/200707, notase que: i) trata o processo de auto de infração em que foram lançadas as multas regulamentares em razão da compensação de débitos nos autos do processo n.° 10070.000047/200354, com crédito oriundo da ação judicial n.° 2003.51.01.0068660 da 28ª VFRJ, não transitada em julgada há época da compensação; ii) os valores parcelados correspondem a multas calculadas sobre débitos que foram objetos de DCOMP, cujo indébito era oriundo de aproveitamento indevido de créditos de IPI de produtos NT, de alíquota zero ou isento; iii) idêntico ao relatado no despacho de fls. 627, através do relatório do SEFIS/DRF/VOLTA REDONDARJ, fls. 613/617, que considera como créditos oriundos de produtos NT e de alíquota zero 40,93% (31,80% + 9,13%) do total do pedido de ressarcimento de IPI de R$ 662.101.393,63, o que nos dá um valor de R$ 270.998.100,41, suficiente para abranger todos os débitos da planilha de fls. 605/607 até o de ordem 131 em parte; iv) a revisão de fls. 907/910 ampliou a base de R$ 270.998.100,41 para R$ 500.085.182,61, atendendo até parte do débito de sequencial 140; v) os débitos do processo 17883.000272/200707 não estão dentre os débitos de compensação com créditos oriundos de produtos NT ou tributados à alíquota “zero”, conforme requer o artigo 3º da MP 470/2009. A contribuinte interpôs recurso administrativo contra o despacho decisório (fls. 1329/1343), alegando em síntese o seguinte: a) A empresa contribuinte impetrou o mandado de segurança n° 0001223 79.2012.4.03.6100. O MM. Juízo indeferiu a tutela liminar vindicada. Ventilou como fundamento para tanto que a quitação do parcelamento instituído pela MP nº Fl. 2069DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.070 4 470/09 com a utilização de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL se daria na forma de compensação, a qual é regulada pelo art. 74 da Lei n° 9.430/96. b) Acaso não aplicado o art. 74 da Lei nº 9.430/96, não resta alternativa à Recorrente senão a utilização do recurso previsto no art. 56 da Lei nº 9.748/1999, já que, como visto: (i) o Decreto 70.235/72 não lhe daria guarida, vez que, para a adesão ao parcelamento, teve que desistir/renunciará discussão na via administrativa (contencioso administrativo), submetendose a novo regime jurídico; e (ii) a Medida Provisória nº 470/09, novo regime jurídico ao qual se submeteu, não prevê a possibilidade de interposição de recursos em face das decisões prolatadas em seu âmbito, tampouco sua regulamentação. c) A se admitir que o mero cotejo entre o SAPLI e as demais Declarações do contribuinte sempre fará prevalecer aquele é criar ficção legal inexistência no ordenamento jurídico. d) No caso concreto, não há qualquer presunção legal a prestigiar as informações do SAPLI sobre as informações do contribuinte, especialmente quando aventadas em declarações que constituem o crédito tributário como é o caso da DIPJ. Eventuais divergências devem ser "esclarecidas" junto ao contribuinte de modo a prestigiar a verdade material. e) O quadro da manifestação demonstra que o saldo de prejuízo fiscal em 2008 era de R$ 913.092.707,01 e de base de cálculo negativa de CSLL de R$ 928.561.478,26, sendo que após as compensações no anocalendário de 2009, o saldo de prejuízo fiscal, antes de indicação ao REFIS, era de R$ 515.840.388,38, e de base de cálculo negativa de CSLL, de R$ 545.093.124,50, o que daria suporte à quitação das 04 (quatro) parcelas remanescentes do programa instituído pela MP 470/09. f) A falta de fundamentação dificulta sobremaneira o exercício do direito de defesa, razão pela qual, para evitar nulidades do processo administrativo, fazse mister converter o feito em diligência para que a fiscalização disseque as origens dos dados tidos por presumidamente legítimos (SAPLI). g) A fiscalização adotou como certo o número a que se chegou a diligência, cujo relatório pode ser encontrado às fls. 589 e seguinte. Vejase, pegou de empréstimo um relatório direcionado aos processos administrativos nº 17883.000240/200884, 17883.000401/200759, 17883.000441/200881 e 10980.000866/200843, para aplicação ao processo administrativo nº 17883.000272/200707, sem mesmo analisar os autos do processo. Sem sequer aferir se, de fato, as premissas fáticas se identificavam. E partindo da informação aposta no relatório de fls. 589, as similitudes fáticas envolviam outros processos administrativos que não o 17883.000272/200707. Assim, também por esse motivo, deve ser anulada a decisão. h) O mérito se confunde mesmo com a preliminar de nulidade por ferimento ao devido processo legal e ao princípio da verdade material, razão pela qual, ultrapassada aquela, a Recorrente se reporta aos mesmos fundamentos para sustentá lo. O Delegado da DERAT  SP, autoridade administrativa superior à autoridade que proferiu a decisão, apreciou a petição como recurso hierárquico nos termos do art. 56, da Lei nº 9.784/1999 (1061/1065). Fl. 2070DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.071 5 Em 27 de setembro de 2012, a contribuinte protocolou petição em que acrescenta argumentos contestando a decisão proferida pelo Delegado da DERAT  SP (fls. 1070/1085): a) Nos autos do Mandado de Segurança n° 001543690.2012.4.03.6100 (doc.02), foi proferida decisão determinando que a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Requerente fosse processada nos termos do disposto no art. 74, da Lei n° 9.430/96 (doc.03). Noutras palavras, não poderia essa Respeitosa Delegacia recebêla como Recurso Hierárquico, tal como o fez. b) Requer que seja declarada nula a decisão de fls. 1.061/1.065, remetendose o presente feito para julgamento da Delegacia de Julgamento, em observância o previsto no Decreto n° 70.235/72 c/c Decreto n° 7.574/11. c) O grande mote para sustentar que a Requerente não possuía prejuízo fiscal suficiente para quitar as parcelas remanescentes do programa instituído pela Medida Provisória n° 470/09 foi a lavratura de auto de infração que exigiu IRPJ e CSLL sobre lucros auferidos por coligadas e controladas no exterior, os quais não teriam sido adicionados ao lucro líquido do período (doc. 4). Adicionandoos a fiscalização, reduziuse o prejuízo fiscal então existente. d) A recomposição do SAPLI ocorreu após o oferecimento do referido prejuízo à compensação das parcelas remanescentes do parcelamento. e) Jamais se poderia recompor o SAPLI antes de finalizado o processo administrativo no qual se exige o tributo incidente sobre os valores que serviram de base de cálculo. f) No mínimo, deveria este processo aguardar o deslinde daqueloutro, porquanto, se julgado improcedente o lançamento, a recomposição do SAPLI não subsistiria. g) Acaso reconhecido que a recomposição da base SAPLI foi indevida, o que só se saberá após o fim do processo administrativo nº 16682.720452/201181, seria necessário apreciar a verdadeira natureza das exigências que compunham este processo administrativo, em especial para saber se, efetivamente, a origem dos créditos eram ou não aqueles passíveis de inclusão do programa de parcelamento em voga. h) Fazse mister receber o presente como aditamente àquela (ou nova Manifestação de Inconformidade)  já que a partir dos esclarecimento trazidos com o segundo Despacho Decisório foi possível à Requerente identificar a origem da recomposição do SAPLI e remetêla para apreciação da Delegacia de Julgamento, anulandose o último decisum. Em resposta à intimação da autoridade administrativa, a contribuinte protolocou mais uma petição, em 16/5/2014, alegando o seguinte (1395/1417): · A Receita Federal apresentou, em síntese, a seguinte decisão (fls. 911922): a) Não acatou parte do saldo de prejuízo fiscal apresentado pela Requerente, pelo fundamento de que a formação de parte deste saldo não se justificava (o que será analisado adiante), o que impediu que o parcelamento fosse dado como quitado integralmente, restando em aberto exclusivamente por este motivo o Processo Administrativo 10073720921/201153. Fl. 2071DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.072 6 b) Acatou como válido o restante do saldo de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa apresentada pela CSN e deu por quitada parte dos débitos relacionados. c) Não acatou a inclusão de parte de débitos, por entender que estes débitos não teriam a qualidade legal para ingressar nesta forma especial de pagamento (caso dos Processos Administrativo 17883000272/200707 e 17883.000441/200881). · Quanto a estes três itens, a Requerente apenas continua a discordar do item “a”. Pois, i) quanto aos débitos que foram efetivamente quitados com as previsões contidas na MP 470/2009, nada mais tem a ser tratado; e ii) quanto aos débitos que tiveram a sua natureza desqualificada pela Receita Federal para poderem usufruir do previsto no parcelamento da MP 470/2009, a Requerente já integrou estes débitos – processos administrativos 17883000272/200707 e 17883000441/200881  em outros parcelamentos, consoante se verifica dos documentos anexos (Doc.04 e Doc. 05), que demonstram que, apesar de, num primeiro momento, ter se insurgido contra a exclusão destes valores, a CSN, ora Requerente, entendeu que deveria pagálos sem os procedimentos e descontos previstos na Medida Provisória 470/09, motivo pelo qual renuncia expressamente aos argumentos jurídicos e fáticos trazidos neste processo, sobre este tema. · Há que se esclarecer que quanto a esta decisão, há duas frentes de discussão: a) a primeira, processual, que está sendo tratada, inclusive, pela via judicial; e b) a segunda, a meritória, sobre o valor efetivamente a ser considerado como formador do saldo de prejuízo fiscal. · A Requerente entende que a sentença vigente é clara no sentido da aplicabilidade do rito da Manifestação de Inconformidade, em vista de ter, expressamente, se pronunciado neste sentido. · A Requerente resolveu aderir ao parcelamento previsto na Lei 12.865/2013, como de fato o fez conforme comprovam os documentos anexos (Doc. 05). Como condição para ingresso no referido parcelamento, foi necessária a desistência de discussões judiciais e administrativas, de tal forma que a Requerente, expressamente, desistiu das discussões do Processo Administrativo 16682.72045/201181. (Doc. 06). · Somente no momento em que requereu a desistência, ou seja, em 29 de novembro de 2013, deixou de ter saldo para a quitação de parte da parcela final. · O crédito tributário advindo da redução do saldo de prejuízo fiscal no ano de 2008, que no caso era o valor do saldo do parcelamento, somente se tornou exigível, com a desistência da Requerente das discussões acerca da validade do auto de infração objeto do Processo Administrativo 16682.720452/201181, de tal modo, que a conclusão lógica é a de que houve o pagamento tempestivo do saldo restante do parcelamento. · O valor equivalente a 0,9 parcela relativo à parte do Processo Administrativo 10073720921/201153 que não foi quitado em razão da suposta falta de crédito foi devidamente pago, quando, de forma definitiva, houve a redução do saldo do prejuízo fiscal com a adição dos Lucros no Exterior cuja exigência estava sendo veiculada no Processo Administrativo 16682.720452/201181 que foi finalizado com a desistência por parte da Requerente em razão da adesão ao Parcelamento previsto na Lei 12.865/2013. Fl. 2072DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.073 7 · A leitura do parágrafo 8º da Portaria 12/2010, indica que se houver irregularidade "quanto aos montantes declarados de prejuízo fiscal ou de base de cálculo negativa da CSLL que implique redução, total ou parcial, dos valores utilizados, será observado o seguinte: I  as prestações anteriormente liquidadas pelos valores declarados serão restabelecidas em cobrança; e, II  se for o caso, o parcelamento será rescindido, observados os requisitos previstos no art. 10 da Portaria Conjunta PGFN/RFB 09/2009”. · O caso da Requerente jamais poderia ter sido enquadrado no citado dispositivo infralegal, porque havia menos de uma parcela a ser quitada e porque não houve intempestividade. · A Requerente apresentou o seu pedido de pagamento das últimas quatro parcelas em 30 de julho de 2010, por meio da compensação de seu saldo de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa na data de pagamento da 9ª parcela. Neste dia, em tese, teria quitado as 4 últimas parcelas, cujos vencimentos eram, respectivamente, 30/07/2010, 30/08/2010, 30/09/2010 e 30/10/2010. Ou seja, quitou, antecipadamente, as três últimas parcelas. A data da decisão de fls. 911/922 é de 13/06/2012, tendo o contribuinte sido intimado desta decisão em 21/06/2012 (fls. 924). · Quando a Requerente apresentou o requerimento para pagamento das 4 parcelas por meio de compensação com o saldo de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa, ela estava, para as últimas 3 parcelas, antecipando o pagamento, de tal modo, que a decisão deve se reportar para a realidade da data do pedido, isto é, para 30 de julho de 2010. · Se o saldo não foi aceito na sua integralidade, deve ser considerado que, na data do pedido, a Requerente não estaria inadimplente quanto à última parcela, porque nesta data (30/07/2010) ainda não estavam vencidas as três últimas parcelas. · A hipótese do inciso II somente pode ser utilizada quando, deliberadamente, a empresa que fez a opção pelo parcelamento, deixar em aberto até duas parcelas quando o restante já estiver quitado, o que não ocorreu, de forma alguma no presente processo. · A dívida total consolidada em novembro de 2009 com as reduções da MP 470/2009 era de R$ 416.902.075,87. Os pagamentos efetuados somaram o valor de R$ 282.890.869,84. O total do crédito aceito de Prejuízo Fiscal e de Base de Cálculo negativa foi de R$ 102.698.065,38. O saldo devedor decorrente do Prejuízo Fiscal e de Base de Cálculo Negativa não aceitos foi de R$ 31.313.140,65. · Pelos cálculos da Receita Federal do Brasil, se a dívida aceita como passível de parcelamento pela previsão da MP 470/09 era de R$ 416.902.075,87, se o parcelamento foi de 12 parcelas, o valor de cada parcela seria de R$ 34.741.839,66. · Após todos os cálculos efetuados internamente pela Receita Federal do Brasil, o valor faltante era de menos de uma parcela (até porque dois processos administrativos indicados pela Requerente para compor o parcelamento foram excluídos). · É indiscutível que o valor faltante, com todas as exclusões, era equivalente, de forma efetiva a menos de 1 parcela, pois o valor devedor que consta da referida decisão de fls. 911/922, especificamente na fls. 913/918, foi o valor de R$ 31.313.140,73, isto é, o mesmo valor referido na tabela de fls. 789 e que é o valor que consta ao final da tabela de fls. 918. Fl. 2073DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.074 8 · É evidente que houve um erro material na decisão que determinou a rescisão do parcelamento por falta de pagamento de até duas prestações, primeiro, porque na data do pedido ainda não estava vencida a última parcela e, segundo, porque só havia um saldo de menos de uma parcela a ser pago. · Uma vez que há um erro na referida decisão, ao determinar a rescisão do parcelamento quando deveria ter constado a intimação para pagamento do saldo em aberto, considerando a data do pedido de compensação e considerando que o saldo remanescente era inferior a uma parcela, a referida decisão de fls. 911/922 deve ser revista para se reportar à data do pedido, isto é 30/07/2010 e, por consequência, constar que, na referida data, haveria um saldo em aberto a vencer em 30/10/2010 e intimar a Requerente a pagar o referido débito, ainda com os benefícios da Medida Provisória 470/09. A DRJ, ao analisar a Manifestação de Inconformidade de fls. 1329/1343 e as petições de fls. 1070/1085 e 1395/1417, julgou procedente o lançamento fiscal. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 1863/1905), no qual repisa os argumentos da Manifestação de Inconformidade e contesta os motivos que levaram à DRJ a julgar seu pedido improcedente. Ademais, em 20/04/2016, o Recorrente apresentou nova petição (fls. 1944/1954), na qual informa a existência de legislação superveniente relativa à matéria (Lei 13.043/2014) e a quitação saldo remanescente do parcelamento depois de realizada a inclusão dos débitos do processo administrativo fiscal n° 16682.720452/201181 no parcelamento da Lei n° 12.865/2013. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário interposto é tempestivo, razão pela qual dele conheço. O contribuinte aderiu, em 27/11/2009, ao parcelamento previsto no art. 3° da Medida Provisória n° 470/09 (fl. 02), solicitando o pagamento em 12 (doze) parcelas, das quais 8 (oito) foram quitadas em dinheiro e para as últimas 4 (quatro) foi solicitada a compensação com saldo de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa do Recorrente. O pedido de compensação dos prejuízos fiscais foi formulado em 30/07/2010 (fls.190), sendo que, em tese, a última parcela venceria em 30/10/2010. Em 18/06/2012, decidiu a Receita Federal (fls. 911/922) que somente parte do parcelamento poderia ser quitado, tendo em vista a insuficiência de prejuízo fiscal. Ademais, os débitos dos processos administrativos n° 17883000272/200707 e 17883.000441/200881 não poderiam ser objeto do referido parcelamento em função de sua natureza. Fl. 2074DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.075 9 A insuficiência do prejuízo fiscal deuse em função de lançamento de ofício formalizado em 17/05/2011 por meio do processo administrativo n° 16682.720452/201181 decorrente do não oferecimento à tributação de lucros auferidos no exterior (fl. 1029/1033). Em 02/07/2012, foi apresentada Manifestação de Inconformidade (fls. 925/1022), a qual foi julgada pela DERAT/SP como Recurso Administrativo, conforme decisão de fls. 1061/1065. Ocorre que, em 27/09/2012, o contribuinte protocolou petição (fls. 1070/1085) informando que, por força de decisão nos autos do Mandado de Segurança n° 001543690.2012.4.03.6100, a petição protocolada em 02/07/2012 deveria ser acolhida e processada como Manifestação de Inconformidade, seguindo o rito do art. 74 da Lei n° 9.430/96. Em 16/05/2014, o contribuinte apresentou nova petição (fls. 1395/1417) informando que os débitos relativos aos processos administrativos n° 17883000272/200707 e 17883.000441/200881 foram incluídos em outro parcelamento, razão pela qual o Recorrente insurgese contra somente a insuficiência do prejuízo fiscal. Importante frisar que a PGFN manifestouse nos autos (fls. 1203/1207) no sentido de que o rito a ser seguido neste processo deve ser o da Lei n° 9.430/96 e do Decreto n° 70.235/72, em função da decisão concedida no âmbito judicial. Assim sendo, no presente momento, a discussão dos autos cingese apenas em relação à utilização do prejuízo fiscal e da base negativa de CSLL para pagamento das últimas quatro parcelas do parcelamento previsto pelo art. 3° da Medida Provisória 470/09. A DRJ apreciou a petição de fls. 1329/1343 como Manifestação de Inconformidade e tratou como aditamento à defesa as petições de fls. 1070/1085 e de fls. 1395/1417, julgando, contudo, improcedente a defesa apresentada pelo contribuinte. Entendeu a DRJ que a o saldo de prejuízo fiscal e de base negativa tornouse insuficiente a partir da lavratura do auto de infração, em 12/05/2011, devendo o contribuinte, neste momento, buscar quitar o parcelamento de outras formas, o que não ocorreu. Logo, havendo parcelas em aberto, correta seria a exclusão do Recorrente do parcelamento com base no art. 10, II, da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 9/2009. Em seu Recurso Voluntário, o contribuinte alega que a redução do saldo de prejuízo fiscal somente poderia ocorrer após o término do processo administrativo n° 16682.720452/201181, o que ocorreu com a inclusão desses débitos no parcelamento da Lei n° 12.865/13 e que culminou com a desistência da discussão administrativa em 27/12/2013 (fl. 1876). Tendo a adesão ao parcelamento ocorrido em 29/11/2013, o Recorrente realizou o pagamento do saldo restante do parcelamento, recolhendo, no mesmo dia, DARF no valor de R$ 102.562.811,28 (fl. 1877). Defende, ainda, que as Portarias Conjuntas PGFN/RFB n° 09/2009 e 12/2010 seriam ilegais, haja vista que a Medida Provisória n° 470/09 não versa sobre as hipóteses de rescisão do parcelamento. Sustenta que o art. 160 do Código Tributário Nacional – CTN e o art. 8° da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 12/10 conferem ao contribuinte o direito de quitar o saldo Fl. 2075DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.076 10 remanescente do parcelamento no prazo de 30 dias. Ademais, o contribuinte não teria incorrido nas hipóteses de exclusão do art. 10 da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 09/2009, visto que o valor remanescente é inferior a uma parcela e o contribuinte realizou todos os atos que lhe cabiam tempestivamente. Em 20/04/2016, o Recorrente apresentou nova petição (fls. 1944/1954), na qual informa a existência de legislação superveniente relativa à matéria (Lei 13.043/2014) e a quitação saldo remanescente do parcelamento depois de realizada a inclusão dos débitos do processo administrativo fiscal n° 16682.720452/201181 no parcelamento da Lei n° 12.865/2013. 1. RITO PROCESSUAL No que tange à aplicação do rito processual previsto na Lei n° 9.430/96 e no Decreto n° 70.235/72, entendo que o presente Recurso Voluntário deve ser conhecido e devidamente processado nos termos da citada legislação. Não poderia ser outro o entendimento aqui adotado em função da sentença proferida no Mandado de Segurança n° 001543690.2012.4.03.6100, que passo a reproduzir parcialmente: Tratase de mandado de segurança, com pedido liminar, pelo qual a impetrante objetiva tutela jurisdicional que atribua efeito suspensivo à manifestação de inconformidade apresentada no PA nº 10768.008689/200949, de modo que seja alterado o status dos débitos materializados nos PA´s 10073.720921/2011 53, 17883.000272/200707, 10976.000057/200809, 10980.000866/200843, 17883.000240/200884, 17883.000401/200759, 18471.001381/200667, 18471.001382/200610 e 17883.000441/200881 para "exigibilidade suspensa" e não constituam óbice à expedição da Certidão Positiva de Débitos com efeitos de Negativa.(...) DECIDO.A segurança é de ser, em parte, concedida. Com efeito, a compensação é modalidade de extinção do crédito tributário que depende de autorização legal, inclusive no tocante à definição das condições e natureza da operação de liquidação (art. 156, II e 170, do Código Tributário Nacional).No caso vertente, a Medida Provisória 470/2009 autorizou o parcelamento e a liquidação do débito tributário que especifica, mediante a observância do regulamento editado pela Receita Federal (...) A Portaria Conjunta PGFN/RFB 12, de 30 de junho de 2010, ao esteio da MP 470/09, dispõe que a liquidação das prestações do parcelamento referido com a utilização de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL exige que o crédito seja titularizado pelo próprio contribuinte, passível de compensação e declarado ao tempo e modo previsto na lei tributária (art. 1º).Indene de dúvidas de que a lei instituidora do parcelamento aqui tratado autorizou a compensação do crédito tributário com prejuízos fiscais e base de cálculo negativa de CSLL apurados até 31/12/2009, de modo que a opção pelo contribuinte por essa modalidade de liquidação de dívida própria tem a natureza Fl. 2076DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.077 11 jurídica de compensação, que é regulada genericamente pela Lei 9.430/96. (...) Face o exposto, ratifico a liminar concedida e concedo parcialmente a segurança para reconhecer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário listado nos PA´s 10073.720921/201153, 17883.000441/200881 e 17883.000272/200707 (PA 10768.008689/200949  parcelamento), impedir sua inscrição no CADIN e para que não constituam óbice à emissão de Certidão Positiva de Débitos com efeitos de Negativa, caso não existam outros impedimentos aqui não discutidos.Sem condenação em honorários, na forma da lei.Custas na forma da lei." No presente momento, os autos encontramse aguardando decisão no Tribunal Regional Federal, conforme observado em consulta processual ao site do tribunal. Assim sendo, ainda deve prevalecer a decisão acima transcrita. Ademais, esta também foi a conclusão a que chegou a própria PGFN em manifestação de fls. 1203/1207 e 1367/1371 e a DRJ, nos termos do Acórdão acostado às fls. 1576/1590. 2. RETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA Conforme alegado pelo contribuinte, em 14/11/2014, foi publicada a Lei n° Lei 13.043/14, cujo art. 36 traz as seguintes disposições: Art. 36. Na hipótese de indeferimento dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL utilizados para liquidar os débitos parcelados com base no art. 3º da Medida Provisória no 470, de 13 de outubro de 2009, e nos arts. 1o a 13 da Lei no 11.941, de 27 de maio de 2009, cabe manifestação de inconformidade que observará o rito do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. Parágrafo único. O contribuinte será intimado a pagar o saldo remanescente do parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias da intimação do indeferimento dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL ou da intimação da última decisão administrativa no processo administrativo fiscal de que trata o caput. Esse dispositivo foi regulamentado pela Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 02/2015 da seguinte forma: Art. 1º A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 30 de outubro de 2009, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 11A: “Art. 11A. A partir de 14 de novembro de 2014, havendo indeferimento pela RFB dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL utilizados para liquidar, total ou parcialmente, os débitos pagos ou parcelados, o sujeito passivo poderá, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da Fl. 2077DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.078 12 intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada: I  pagar o saldo devedor decorrente da recomposição; ou II  apresentar manifestação de inconformidade contra o indeferimento dos créditos. § 1º Se o indeferimento de que trata o caput for proveniente de glosa de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL objeto de Auto de Infração, não caberá a apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput. § 2º Na hipótese prevista no § 1º, havendo processo administrativo fiscal em trâmite decorrente do Auto de Infração, o sujeito passivo, no prazo previsto no caput, deverá informar à RFB o número do processo administrativo fiscal e a respectiva impugnação, a fim de suspender a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da impugnação enquanto não definitivo o respectivo julgamento. § 3º A apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput: I  deverá ser dirigida ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento; II seguirá o rito previsto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; e III  suspenderá a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da manifestação de inconformidade, enquanto não definitiva a decisão administrativa. § 4º Na hipótese de decisão definitiva desfavorável ao sujeito passivo total ou parcialmente: I  os valores suspensos na forma prevista no inciso III do § 3º serão restabelecidos e poderão ser pagos com as reduções de que trata o art. 2º no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos definitivamente indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada; e II  não sendo efetuado o pagamento dos valores apurados na forma prevista no inciso I no prazo ali estipulado, aplicase o disposto no art. 10. § 5º A constatação de fraude nos termos dos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, quando da declaração dos montantes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL, implicará a imediata cobrança dos débitos recalculados em razão do cancelamento da liquidação realizada, não sendo permitida a complementação dos valores, sem prejuízo de Fl. 2078DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.079 13 eventuais representações contra os responsáveis, inclusive para fins penais. § 6º O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade da pessoa jurídica relativamente aos tributos devidos, inclusive quanto às sanções e demais acréscimos aplicáveis, em decorrência da constatação de irregularidade.” Art. 2º A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12, de 30 de junho de 2010, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 1ºA: “Art. 1ºA A partir de 14 de novembro de 2014, havendo indeferimento pela RFB dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL utilizados para liquidar, total ou parcialmente, os débitos pagos ou parcelados, o sujeito passivo poderá, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada: I  pagar o saldo devedor decorrente da recomposição; ou II  apresentar manifestação de inconformidade contra o indeferimento dos créditos. § 1º Se o indeferimento de que trata o caput for proveniente de glosa de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL objeto de Auto de Infração, não caberá a apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput. § 2º Na hipótese prevista no § 1º, havendo processo administrativo fiscal em trâmite decorrente do Auto de Infração, o sujeito passivo, no prazo previsto no caput, deverá informar à RFB o número do processo administrativo fiscal e a respectiva impugnação, a fim de suspender a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da impugnação enquanto não definitivo o respectivo julgamento. § 3º A apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput: I  deverá ser dirigida ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento; II seguirá o rito previsto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; e III  suspenderá a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da manifestação de inconformidade, enquanto não definitiva a decisão administrativa. § 4º Na hipótese de decisão definitiva desfavorável ao sujeito passivo total ou parcialmente: I  os valores suspensos na forma prevista no inciso III do § 3º serão restabelecidos e poderão ser pagos com as reduções de Fl. 2079DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.080 14 que trata o art. 2º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 30 de outubro de 2009, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos definitivamente indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada; e II  não sendo efetuado o pagamento dos valores apurados na forma prevista no inciso I no prazo ali estipulado, aplicase o disposto no art. 10 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 2009. § 5º A constatação de fraude nos termos dos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, quando da declaração dos montantes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL implicará a imediata cobrança dos débitos recalculados em razão do cancelamento da liquidação realizada, não sendo permitida a complementação dos valores, sem prejuízo de eventuais representações contra os responsáveis, inclusive para fins penais. § 6º O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade da pessoa jurídica relativamente aos tributos devidos, inclusive quanto às sanções e demais acréscimos aplicáveis, em decorrência da constatação de irregularidade.” Notese que a interpretação conferida pela PGFN e pela RFB ao art. 36 da Lei n° 13.043/14 é no sentido de que essas disposições seriam válidas somente para indeferimentos a partir de 14/11/2014. Impõese, portanto, estudar a possibilidade de retroagir os efeitos da novel legislação tributária no presente caso. Nos termos do art. 106 do CTN, as hipóteses em que a lei aplicase a fato pretérito são as seguintes: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I  em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II  tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Entendo que o presente caso adéquase à hipótese prevista pelo inciso II, alínea “a”, haja vista que a Lei n° 13.043/14 deixou de tratar como infração o fato de o prejuízo fiscal ser considerado insuficiente pelo fisco. Dessa forma, eventual insuficiência de prejuízo fiscal para compensação no âmbito do parcelamento, não é mais um ato imediatamente Fl. 2080DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.081 15 contrário às exigências da Portaria PGFN/RFB n° 09/2009, a qual impõe a rescisão imediata do parcelamento. É importante frisar que, conforme leciona José Eduardo Soares de Melo, “para adequada aplicação da retroatividade legal, o ato deverá estar sendo passível de processo (administrativo e/ou judicial), sem que tenha sido proferida decisão definitiva (...)”.1 No presente caso, verificase que este requisito está devidamente atendido, podendo a retroatividade benigna ser aplicada. Devese ressaltar, neste ponto, que, inobstante este Colegiado tenha acolhido as razões teleológicas do presente Voto, qual seja a de que a Lei n° 13.043/14 é aplicável ao caso. No entanto, a maioria dos Conselheiros presentes na sessão discordou do fundamento relativo à retroatividade da lei tributária para este caso. Assim, entende este Colegiado, por maioria de votos, que o quanto disposto na Lei n° 13.043/14 deve ser observado para a correta solução da lide, não sendo, contudo, aplicável a retroatividade da legislação tributária. Ademais, não me parece ser razoável que o contribuinte não tenha a oportunidade de quitar o saldo remanescente do parcelamento, quando verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais e base negativa. A demora da Administração Pública em analisar o pedido de compensação do saldo do parcelamento com prejuízo fiscal não pode prejudicar o contribuinte que, à época do pedido, possuía crédito suficiente para realizar a compensação. Reconheço, portanto, o pagamento do citado saldo do parcelamento e, dessa maneira se encontra devidamente quitado, conforme informado pelo contribuinte em DARF acostada às fl. 1877. Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe provimento a fim de que o saldo remanescente do parcelamento possa ser quitado com os benefícios previstos na Medida Provisória 470/09 no prazo de 30 dias a contar da intimação da última decisão administrativa no processo administrativo fiscal nº 16682.720452/201181. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator 1 Curso de Direito Tributário. 10ª Edição. Ed. Dialética. São Paulo. 2012.P. 236. Fl. 2081DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.082 16 Fl. 2082DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720087/2014-23    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Wed Jan 11 00:00:00 UTC 2017    
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2010
MULTA QUALIFICADA. PROVA DA CONDUTA DOLOSA. IMPROCEDÊNCIA.
A interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. É ônus do Fisco fazer prova da conduta dolosa, o que não ocorreu no caso sob exame.
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC.
A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic.
JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA.
Afastada a causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, o termo inicial para a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício é a data da constituição do crédito tributário, a saber, a data do lançamento.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VALOR INFERIOR AO CORRETO. AGRAVAMENTO EM SEDE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. IMPROCEDÊNCIA.
Mesmo constatando que o lançamento foi feito em valor inferior àquele que seria o correto, não cabe ao julgador administrativo agravar o lançamento de ofício.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2010
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR CONTROLADA. ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-HOLANDA. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-ARGENTINA. COMPATIBILIDADE.
O art. 7º do TDT Brasil-Holanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 pois este dispositivo não frustra o objetivo do referido art. 7º que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros de uma mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. O mesmo se pode afirmar acerca do TDT Brasil-Argentina.
ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. NORMA ANTI-ELISIVA. CONVENÇÃO OCDE.
O art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 destina-se a anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados conforme o modelo OCDE.
BASES DE CÁLCULO DO IRPJ e CSLL. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADAS NO EXTERIOR.
Os valores adicionados pela fiscalização às bases de cálculo do IRPJ e CSLL correspondem ao lucro contábil das controladas no exterior, proporcionalizados segundo o percentual de participação da interessada em cada sociedade controlada. Não se trata, em absoluto, de tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial.
IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO.
A compensação do imposto pago no exterior pode ser feita nos moldes do artigo 395 do RIR/99. O contribuinte deve ter apurado imposto a pagar e comprovado imposto efetivamente pago no exterior. Ademais, os documentos relativos aos recolhimentos devem ser reconhecidos pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto.
SOCIEDADES CONTROLADAS NO EXTERIOR. EXERCÍCIO FISCAL. ERRO NA APURAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL
Ao se comprovar a alegação da interessada de que a sociedade controlada no exterior possui exercício fiscal diverso daquele previsto pela legislação brasileira, e que a incorreta consideração desse fato conduziu a erro na apuração da base de cálculo pelo Fisco, deve ser afastada a tributação da parcela indevidamente exigida.
GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. IRREGULARIDADES NO LAUDO. LANÇAMENTO MANTIDO.
Verificado que o contribuinte utilizou empresa veículo com o único intuito de reduzir o lucro tributável, além de irregularidades no laudo apresentado, deve o lançamento de ofício ser mantido.
JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A EMPRESAS CONTROLADAS.
Deve o lançamento de ofício ser mantido, caso o contribuinte não traga aos autos quaisquer documentos que comprovem a alegação de transformação dos mútuos em adiantamento para futuro aumento de capital, conclusão extensiva aos reflexos de CSLL, PIS e COFINS.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2011
RECURSO DE OFÍCIO. CORREÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. RECURSO NEGADO.
Ao se verificar a correção da decisão de primeira instância, no que se refere às exigências parcialmente afastadas, deve ser negado provimento ao recurso de ofício.
ARGUMENTO SUSCITADO DE OFÍCIO PELO RELATOR. MATÉRIA PRECLUSA. NÃO CONHECIMENTO
Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e nem mesmo vêm a ser demandadas na petição de recurso, e que não consistem em matéria de Ordem Pública, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar as regras do Processo Administrativo Fiscal. Não cabe ao julgador administrativo suscitar, de ofício, argumento que sequer foi ventilado pela parte interessada.
    
Numero da decisão: 1301-002.158    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: Recurso de Ofício: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Recurso Voluntário: (i) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e na Holanda: por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para afastar apenas a incidência tributária no segundo semestre de 2009 da controlada na Argentina, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e José Roberto Adelino da Silva, que davam provimento integral. (ii) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas no Uruguai: por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL apenas para afastar o agravamento do lançamento sobre a controlada Tacuarembó. (iii) No que se refere à matéria ágio: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator apenas pelo segundo fundamento (irregularidades nos laudos). (iv) no que se refere à multa qualificada: por maioria de votos, DAR provimento para reduzir a multa para 75%, vencidos os Conselheiros Flávio Franco Corrêa e Milene de Araújo Macedo, que negavam provimento. (v) No que se refere à matéria juros e variações cambiais de empréstimos: por voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e Roberto Silva Júnior, que davam provimento parcial para afastar as exigências de PIS e COFINS. (vi) No que se refere à matéria juros sobre multa: por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Eduardo Dornelas Souza, que davam provimento. (vii) No que se refere ao pedido subsidiário sobre a data de início da incidência dos juros sobre a multa: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha  Presidente e Redator designado.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
O julgamento teve início na sessão realizada em 14 de setembro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). O julgamento prosseguiu e foi concluído na sessão realizada em 05 de outubro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro.
    
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO    
    
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2010 MULTA QUALIFICADA. PROVA DA CONDUTA DOLOSA. IMPROCEDÊNCIA. A interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. É ônus do Fisco fazer prova da conduta dolosa, o que não ocorreu no caso sob exame. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA. Afastada a causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, o termo inicial para a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício é a data da constituição do crédito tributário, a saber, a data do lançamento. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VALOR INFERIOR AO CORRETO. AGRAVAMENTO EM SEDE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. IMPROCEDÊNCIA. Mesmo constatando que o lançamento foi feito em valor inferior àquele que seria o correto, não cabe ao julgador administrativo agravar o lançamento de ofício. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2010 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR CONTROLADA. ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-HOLANDA. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-ARGENTINA. COMPATIBILIDADE. O art. 7º do TDT Brasil-Holanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 pois este dispositivo não frustra o objetivo do referido art. 7º que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros de uma mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. O mesmo se pode afirmar acerca do TDT Brasil-Argentina. ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. NORMA ANTI-ELISIVA. CONVENÇÃO OCDE. O art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 destina-se a anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados conforme o modelo OCDE. BASES DE CÁLCULO DO IRPJ e CSLL. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADAS NO EXTERIOR. Os valores adicionados pela fiscalização às bases de cálculo do IRPJ e CSLL correspondem ao lucro contábil das controladas no exterior, proporcionalizados segundo o percentual de participação da interessada em cada sociedade controlada. Não se trata, em absoluto, de tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. A compensação do imposto pago no exterior pode ser feita nos moldes do artigo 395 do RIR/99. O contribuinte deve ter apurado imposto a pagar e comprovado imposto efetivamente pago no exterior. Ademais, os documentos relativos aos recolhimentos devem ser reconhecidos pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. SOCIEDADES CONTROLADAS NO EXTERIOR. EXERCÍCIO FISCAL. ERRO NA APURAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL Ao se comprovar a alegação da interessada de que a sociedade controlada no exterior possui exercício fiscal diverso daquele previsto pela legislação brasileira, e que a incorreta consideração desse fato conduziu a erro na apuração da base de cálculo pelo Fisco, deve ser afastada a tributação da parcela indevidamente exigida. GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. IRREGULARIDADES NO LAUDO. LANÇAMENTO MANTIDO. Verificado que o contribuinte utilizou empresa veículo com o único intuito de reduzir o lucro tributável, além de irregularidades no laudo apresentado, deve o lançamento de ofício ser mantido. JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A EMPRESAS CONTROLADAS. Deve o lançamento de ofício ser mantido, caso o contribuinte não traga aos autos quaisquer documentos que comprovem a alegação de transformação dos mútuos em adiantamento para futuro aumento de capital, conclusão extensiva aos reflexos de CSLL, PIS e COFINS. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2011 RECURSO DE OFÍCIO. CORREÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. RECURSO NEGADO. Ao se verificar a correção da decisão de primeira instância, no que se refere às exigências parcialmente afastadas, deve ser negado provimento ao recurso de ofício. ARGUMENTO SUSCITADO DE OFÍCIO PELO RELATOR. MATÉRIA PRECLUSA. NÃO CONHECIMENTO Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e nem mesmo vêm a ser demandadas na petição de recurso, e que não consistem em matéria de Ordem Pública, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar as regras do Processo Administrativo Fiscal. Não cabe ao julgador administrativo suscitar, de ofício, argumento que sequer foi ventilado pela parte interessada.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2010 MULTA QUALIFICADA. PROVA DA CONDUTA DOLOSA. IMPROCEDÊNCIA. A interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. É ônus do Fisco fazer prova da conduta dolosa, o que não ocorreu no caso sob exame. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA. Afastada a causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, o termo inicial para a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício é a data da constituição do crédito tributário, a saber, a data do lançamento. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VALOR INFERIOR AO CORRETO. AGRAVAMENTO EM SEDE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. IMPROCEDÊNCIA. Mesmo constatando que o lançamento foi feito em valor inferior àquele que seria o correto, não cabe ao julgador administrativo agravar o lançamento de ofício. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ Exercício: 2010 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 87 /2 01 4- 23 Fl. 3332DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.333 2 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR CONTROLADA. ART. 74 DA MP Nº 2.15835/2001. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASILHOLANDA. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASILARGENTINA. COMPATIBILIDADE. O art. 7º do TDT BrasilHolanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.15835/2001 pois este dispositivo não frustra o objetivo do referido art. 7º que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros de uma mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. O mesmo se pode afirmar acerca do TDT BrasilArgentina. ART. 74 DA MP Nº 2.15835/2001. NORMA ANTIELISIVA. CONVENÇÃO OCDE. O art. 74 da MP nº 2.15835/2001 destinase a anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados conforme o modelo OCDE. BASES DE CÁLCULO DO IRPJ e CSLL. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADAS NO EXTERIOR. Os valores adicionados pela fiscalização às bases de cálculo do IRPJ e CSLL correspondem ao lucro contábil das controladas no exterior, proporcionalizados segundo o percentual de participação da interessada em cada sociedade controlada. Não se trata, em absoluto, de tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. A compensação do imposto pago no exterior pode ser feita nos moldes do artigo 395 do RIR/99. O contribuinte deve ter apurado imposto a pagar e comprovado imposto efetivamente pago no exterior. Ademais, os documentos relativos aos recolhimentos devem ser reconhecidos pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. SOCIEDADES CONTROLADAS NO EXTERIOR. EXERCÍCIO FISCAL. ERRO NA APURAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL Ao se comprovar a alegação da interessada de que a sociedade controlada no exterior possui exercício fiscal diverso daquele previsto pela legislação brasileira, e que a incorreta consideração desse fato conduziu a erro na apuração da base de cálculo pelo Fisco, deve ser afastada a tributação da parcela indevidamente exigida. GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. IRREGULARIDADES NO LAUDO. LANÇAMENTO MANTIDO. Verificado que o contribuinte utilizou empresa veículo com o único intuito de reduzir o lucro tributável, além de irregularidades no laudo apresentado, deve o lançamento de ofício ser mantido. JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A EMPRESAS CONTROLADAS. Deve o lançamento de ofício ser mantido, caso o contribuinte não traga aos autos quaisquer documentos que comprovem a alegação de transformação Fl. 3333DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.334 3 dos mútuos em adiantamento para futuro aumento de capital, conclusão extensiva aos reflexos de CSLL, PIS e COFINS. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2011 RECURSO DE OFÍCIO. CORREÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. RECURSO NEGADO. Ao se verificar a correção da decisão de primeira instância, no que se refere às exigências parcialmente afastadas, deve ser negado provimento ao recurso de ofício. ARGUMENTO SUSCITADO DE OFÍCIO PELO RELATOR. MATÉRIA PRECLUSA. NÃO CONHECIMENTO Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e nem mesmo vêm a ser demandadas na petição de recurso, e que não consistem em matéria de Ordem Pública, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar as regras do Processo Administrativo Fiscal. Não cabe ao julgador administrativo suscitar, de ofício, argumento que sequer foi ventilado pela parte interessada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: Recurso de Ofício: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Recurso Voluntário: (i) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e na Holanda: por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para afastar apenas a incidência tributária no segundo semestre de 2009 da controlada na Argentina, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e José Roberto Adelino da Silva, que davam provimento integral. (ii) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas no Uruguai: por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL apenas para afastar o agravamento do lançamento sobre a controlada Tacuarembó. (iii) No que se refere à matéria ágio: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator apenas pelo segundo fundamento (irregularidades nos laudos). (iv) no que se refere à multa qualificada: por maioria de votos, DAR provimento para reduzir a multa para 75%, vencidos os Conselheiros Flávio Franco Corrêa e Milene de Araújo Macedo, que negavam provimento. (v) No que se refere à matéria juros e variações cambiais de empréstimos: por voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e Roberto Silva Júnior, que davam provimento parcial para afastar as exigências de PIS e COFINS. (vi) No que se refere à matéria juros sobre multa: por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Eduardo Dornelas Souza, que davam provimento. (vii) No que se refere ao pedido subsidiário sobre a data de início da incidência dos juros sobre a multa: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso Fl. 3334DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.335 4 (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Redator designado. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator. O julgamento teve início na sessão realizada em 14 de setembro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). O julgamento prosseguiu e foi concluído na sessão realizada em 05 de outubro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Relatório Por bem sintetizar a lide em questão, adoto o relatório elaborado pela 15ª Turma da DRJ/POR no Acórdão n° 1458.183 (fls. 2973/3058): Trata o presente processo de autos de infração lavrados contra a contribuinte em referência por meio do qual se exigem IRPJ, CSLL, Pis e Cofins valor total de R$ 83.910.224,51, incluídos a multa de ofício e os juros de mora consolidados em 17/09/2014. Da Acusação Fiscal Os fatos que motivaram as autuações foram contextualizados no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 2549/2590, cujo teor é relatado a seguir. A ação fiscal da qual resultou as autuações em exame foi iniciada em 02/02/2013, com o objetivo de se verificar regularidade fiscal da interessada no que toca ao IRPJ e à CSLL “incidentes nos Lucros, Rendimentos e Ganhos de Capital auferidos no Exterior e outros, no anocalendário (AC) de 2009”. Além da tributação atinente aos lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, é também objeto das autuações glosa de dedução de amortização de ágio das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL do ano calendário 2009. A contribuinte fiscalizada é uma sociedade anônima de capital aberto que tem o seguinte objeto social, segundo o artigo 3º do extrato social: (a) exploração das atividade frigoríficas, com abate de bovinos, eqüinos, suínos, caprinos, ovinos, aves, bufalinos e a industrialização e comercialização de produtos e subprodutos de origem animal, comestíveis ou não, incluindose mas não limitado à industrialização e comercialização de produtos e subprodutos de couro, em estabelecimento próprio ou de terceiros; (b) compra, venda, distribuição, Fl. 3335DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.336 5 representação, importação e exportação de produtos alimentícios em geral, inclusive bebidas alcoólicas ou não e outros; (c) compra e venda de bovinos, eqüinos, suínos, caprinos, ovinos, aves, bufalinos em pé; (d) fornecimento de mão de obra efetiva junto a outras empresas; (e) exploração de atividade agropecuária; (f) participação como sócia ou acionista em qualquer empresa de caráter comercial ou civil; (g) distribuição e comercialização de produtos alimentícios em geral; (h) produção, distribuição e comercialização de sabões, preparações pra lavagem, desinfetantes, amaciantes e outros produtos de higiene e limpeza; (i) cogeração, produção e comercialização de energia e biodiesel; (j) participação de produtos derivados de leguminosas e vegetais, bem como de todos os seus derivados e sucedâneos; rações, conservas, enlatados e gorduras; e (l) transporte de seus produtos e de terceiros; representações e outros empreendimentos correlatos e que forem necessários aos objetivos sociais. Parágrafo único – A companhia poderá explorar outros ramos de negócio que tenham afinidade com o objeto expresso no artigo 3°. DAS PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS NO BRASIL E NO EXTERIOR Na sequência, o AuditorFiscal expõe um quadro que retrata as participações da fiscalizada em empresas controladas no Brasil e no exterior bem como os resultados da equivalência patrimonial relativos a elas, conforme declarados na DIPJ 2010 AC 2009. Prossegue a Fiscalização apresentando as demonstrações atinentes às empresas controladas diretas localizadas no exterior e cotejandoas com as informações declaradas em DIPJ (lucros disponibilizados no exterior no montante de R$ 19.485.675,10 e impostos sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital pagos no exterior no valor de R$ 7.203.529,69). A respeito da controlada uruguaia Frigorífico Tacuarembó S/A, em relação à qual a participação da contribuinte era de 93,45% em 2009, informa a Fiscalização que a demonstração da Apuração do Resultado indicou lucro tributável de US$ 6.253.529, convertido para R$ 10.888.645 conforme a taxa de R$ 1,7412 (31/12/2009). Aplicando o percentual de 93,45% sobre o resultado de R$ 10.888.645,00, chegase ao valor tributável de R$ 10.175.439,00. Considerando que a fiscalizada havia oferecido à tributação a quantia de R$ 9.683.082,00, houve uma diferença de R$ 492.357,00 a ser tributada, nos termos do artigo 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. A Fiscalização examinou, em seguida, a empresa uruguaia Prestcott International S/A, da qual a fiscalizada possui 100% das ações: De acordo com a Demonstração de Resultado constante das demonstrações contábeis da empresa apresentadas pela fiscalizada, o Lucro Líquido antes do IR em 2009, apurado no balanço de 31 de dezembro de 2009, em dólares americanos, é de USD 5.683.863, equivalente em 31/12/2009 a R$ 9.896.742. Considerando que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593, indica diferença a ser tributada no total de R$ 96.147. Acerca da empresa uruguaia Inaler S/A, outra controlada integral da fiscalizada, a Autoridade Fiscal tece os seguintes comentários: Fl. 3336DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.337 6 Observase que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Entretanto, quando se examina o balanço encerrado em 31/12/2009 constatase a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547, equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 que deve ser tributado. A respeito da controlada holandesa Marfrig Holding BV, expõe o Auditor Fiscal que o balanço de 31/12/2009 apresentado pela interessada indicava um patrimônio líquido de € 247.026.468,00, quando o saldo do investimento da fiscalizada era de R$ 744.660.695,08. Tais valores seriam aceitáveis se a taxa de câmbio fosse de R$ 3,0145. Todavia, era de R$ 2,5019. Instada a justificar a discrepância, foi apresentado um demonstrativo de mutação do patrimônio líquido que, segundo a AuditoriaFiscal, não esclareceu o problema. Depois de nova intimação, a seguinte resposta foi apresentada: Resp.: Encaminhamos nova DMPL de Dezembro/2009 em Dólar (a), onde ocorreu o aumento de capital no montante de 370.071.552 (a1), correspondente a 70% do montante devido, sendo que os 30% restantes foram capitalizados no ano seguinte, conforme planilha “DEMONSTRATIVO DE MÚTUO" em anexo, totalizando um PL de 427.670.552 que, aplicandose a taxa de conversão de 1,7412, chegamos no valor de R$ 744.660.695,08, que corresponde ao valor indicado no balancete (a2). (...) Diante disso, concluiu a Fiscalização: Assim demonstrado, o que nos pareceu próximo da realidade, indica, sem sombra de dúvida o aferimento de lucros na ordem de USD 39.453.000, que transformado em reais pela taxa de conversão de 31/12/2009 R$ 1,7412, chegamos ao lucro que deveria ter sido oferecido a tributação no valor de R$ 68.695.564,00. Por fim, a controlada argentina Quickfood S.A, em relação à qual nenhum “lucro disponibilizado no exterior” foi declarado na DIPJ 2010 AC 2009. No entanto, o balanço apresentado pela fiscalizada, atinente ao período de julho a dezembro, informou lucro de 40.891.256,00 pesos, equivalente a R$ 18.715.641,63 (fls. 222). Assevera o AuditorFiscal: Considerando que Fiscalizado detém 81,48% de participação nessa controlada, o valor do lucro passível de disponibilização no Brasil é de R$ 15.249.504,80, correspondente ao período de julho a dezembro de 2009. No que tange ao período de janeiro a junho, a fiscalizada não apresentou o balanço, não obstante insistentes intimações. Foi, por este motivo, examinado o relatório dos “Estados Contables por el período de 6 (seis) meses finalizado el 31 de deciembre de 2009”, a fls. 240, o qual permitiu se verificar a mutação do patrimônio líquido: (...) Raciocina o AuditorFiscal: Fl. 3337DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.338 7 Pelo quadro demonstrado acima é perfeitamente conclusivo que o valor do patrimônio líquido encerrado em 31/12/2008 totaliza P$ 178.831.956,00 e o patrimônio líquido encerrado em 30/06/2009 aponta P$ 213.088.047,00, como não houve nenhuma outra movimentação em contas do grupo de patrimônio líquido (aumento de capital, aumento de reservas e etc.) é de se deduzir que lucro líquido do período janeiro a junho de 2009 seja de P$ 34.256.091,00 e a partir deste número, estimar o lucro antes do imposto de renda tendo por base o resultado do período de julho a dezembro de 2009 e os percentuais encontrados. (...) E finaliza: Como, apesar de intimado o contribuinte não respondeu ou esclareceu este ponto, e como este número é o único que dispomos, não restou alternativa senão comparar com o segundo semestre para chegarmos proporcionalmente ao valor do lucro antes do imposto de renda, ou seja, P$ 62.408.096,05 equivalente a R$ 28.563.748,71 cuja participação da fiscalizada (81,48%) indica o valor tributável de R$ 23.273.742,45. Cabe observar que o resultado líquido de P$ 22.445.399,00 da mutação encerrada em 31/12/09 é demonstrado e fecha com o demonstrativo de resultado do exercício apresentado no quadro anterior Esse lucro é passível de disponibilização para o fim de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL do fiscalizado no Brasil, nos termos do art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835. O quadro abaixo sintetiza os valores apurados pelo Fisco: (...) Em seguida, relata o AuditorFiscal que a contribuinte deduziu, do cálculo do IRPJ, o valor de R$ 7.203.529,69 a título de imposto de renda pago no exterior, consoante informado na linha 13 da Ficha 12A da DIPJ 2010. Tal medida está prevista no artigo 395 do RIR/991, a qual prevê certas condições para a compensação, dentre elas a necessária apuração de resultado positivo no Brasil, o que não se verificou visto que a contribuinte declarou lucro real negativo de R$ 61.287.302,32, conforme salientou o AuditorFiscal. Ademais, as demonstrações financeiras apresentadas indicam que o imposto de renda pago totaliza US$ 1.003.026 [= 331.005 (Tacuarembó) + 547.115 (Inaler) + 124.906 (Prestcott)], ao passo que a contribuinte declarou ao Fisco ter pagado US$ 3.777.413 [= 1.986.635 (Tacuarembó) + 504.297 (Inaler) + 1.286.481 (Prestcott)]. As mencionadas divergências levaram a Fiscalização a requisitar novas informações, conforme relatado abaixo: Intimado a apresentar documentação comprobatória, semelhante ao nosso DARF, ou mesmo comprovação inequívoca através de extrato bancário, o contribuinte remeteu a mesma composição já anteriormente enviada com muitas diferenças de valores, acrescentando a declaração de imposto de renda local, na linguagem nativa, ou seja não traduzida nem tampouco reconhecida no Consulado da Embaixada do Brasil no Uruguai. Fl. 3338DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.339 8 As diferenças mencionadas a seguir reproduzidas, embora registrem que as primeiras correspondem ao período de outubro de 2008 a setembro de 2009 e a segunda informação referente janeiro a dezembro de 2009 não são suficientes, no nosso entendimento, para fazer prova se realmente foram liquidados. (...) Ante a incoerência das informações prestadas, não se considerou comprovada a legitimidade da compensação pleiteada. Por fim, registra o AuditorFiscal ser imprescindível que o imposto de renda pago no exterior seja registrado no Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto, procedimento cuja realização não foi demonstrada pela Fiscalizada. Conclui pela improcedência da compensação e intima a autuada a retificar a DIPJ com vista a não se aproveitar o valor declarado (R$ 7.203.529,69) no ano calendário seguinte. Na continuação, discorre a Autoridade Fiscal acerca dos Tratados para Evitar a Bitributação (TDT) celebrados entre Brasil e Argentina (Decreto n° 87.976/1982) bem como Brasil e Holanda (Decreto Legislativo n° 60/1990). Dispõe o parágrafo 1 do Artigo VII dos aludidos tratados: ARTIGO VII Lucros das empresas 1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente aí situado. Se a empresa exercer sua atividade na forma indicada, seus lucros são tributáveis no outro Estado, mas unicamente à medida em que sejam atribuíveis a esse estabelecimento permanente. O aludido parágrafo reproduz o parágrafo 1º do artigo 7º da Convenção Modelo da OCDE, o qual é objeto do Comentário elaborado pela citada organização, abaixo traduzido pelo AuditorFiscal: 10.1 O propósito do artigo 7, § 1° é traçar limites ao direito de um Estado Contratante tributar os lucros de empresas situadas em outro Estado Contratante. O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante tributar seus residentes com base nos dispositivos relativos a sociedades controladas no exterior encontradas em sua legislação interna, ainda que tal tributo, imposto a esses residentes, possa ser computado em relação à parte dos lucros de uma empresa residente em outro Estado Contratante atribuída à participação desses residentes nessa empresa. O tributo assim imposto por um estado sobre seus próprios residentes não reduz os lucros da empresa de outro Estado e não se pode dizer, portanto, que teve por objeto tais lucros. Destaca que os tratados em questão não têm por objetivo conceder isenções de impostos, mas sim evitar a dupla tributação jurídica, o que afasta a tese de que o lucro de pessoa jurídica domiciliada em país signatário de acordo com o Brasil somente poderia ser tributado nesse país. Fl. 3339DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.340 9 Transcreve as palavras de Alonso Vera Herz sobre a matéria (in Los CDI Y su abuso – un acercamiento al tema): independente do conceito de dupla tributação que se adote, o certo é que de nenhuma maneira pode ser suposta uma exoneração de rendas, de tal forma que se em virtude de um acordo para evitar dupla tributação um contribuinte de um estado contratante não tributa no dito Estado, é porque será feito no outro estado. Prossegue o AuditorFiscal: Reforçam ainda esse entendimento, os comentários da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sobre o MODELO DE CONVENÇÃO TRIBUTÁRIA (versão condensada), de julho de 2010, tradução: DEMAREST E ALMEIDA advogados, que assim dispõe sobre o parágrafo 1 do Artigo 7 da Convenção, no item 14 da página 140: 14. O propósito do parágrafo 1 é limitar o direito de um Estado Contratante de tributar os lucros das empresas do outro Estado Contratante. O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante de tributar seus próprios residentes segundo as disposições referentes a empresas estrangeiras controladas contidas em sua legislação interna, embora o imposto incidente sobre esses residentes possa ser calculado por referência à parcela dos lucros de empresa residente no outro Estado Contratante atribuída à participação desses residentes na empresa. O imposto exigido dessa forma por um Estado de seus próprio s residentes não reduz os lucros da empresa do outro Estado e não se poderá, dizer que está sendo exigido sobre tais lucros (vide também o parágrafo 23 do Comentário ao Artigo 1 e os parágrafos 37 a 39 do Comentário ao Artigo 10). (grifos nossos) Arremata lembrando que o artigo 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, que os lucros no exterior serão tributados ao serem adquiridos “na forma de aumento patrimonial da empresa brasileira decorrente do reconhecimento desses lucros por equivalência patrimonial”, sendo possível a realização de compensação nos termos do artigo 26 da Lei nº 9.249, de 1995. O próximo tema tratado no TVF diz respeito à tributação em bases universais (TBU). Neste tópico, é lembrado que os artigos 25 a 27 da Lei nº 9.249, de 1995, introduziram normas para a aplicação do princípio da universalidade da tributação, o qual já era previsto no inciso I do § 2º do artigo 153 da Constituição Federal. Cita as diversas leis, medidas provisórias e instruções normativas que trataram da matéria bem como a alteração da redação do artigo 43 Código Tributário Nacional por meio da Lei Complementar nº 104, de 2001. Avisa, ainda, que as normas da TBU passaram a ser aplicadas à CSLL a partir de 01/10/1999, com a edição do art. 19 da Medida Provisória n° 1.8586, de 1999. No que tange ao momento da disponibilização dos lucros obtidos no exterior, invoca o artigo 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 20012, para concluir que os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior passaram a ser considerados disponibilizados na data do balanço em que forem apurados, o que está em conformidade com o artigo 43 do Código Tributário Nacional3, que prevê que o fato gerador ocorre com a disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou provendo de qualquer natureza. Fl. 3340DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.341 10 Transcreve os artigos 1º e 7º da Instrução Normativa SRF nº 2134, de 2002, e explica: método da equivalência patrimonial consiste, basicamente, em registrar no resultado do exercício da investidora as variações verificadas no Patrimônio Líquido correspondente à porcentagem detida por ela no capital social de sua coligada ou controlada. No caso de apuração de resultado positivo na avaliação de investimento feito em empresa sediada no Brasil, a legislação fiscal permite que esse valor seja excluído da base de cálculo do imposto de renda da investidora, pois presume que essa parcela do lucro da investida, reconhecido contabilmente pela investidora, já foi tributado em seu nascedouro. Já no caso de investimentos em sociedades situadas no exterior, por força da instituição da tributação em bases universais para as pessoas jurídicas, o valor referente aos lucros auferidos no exterior deve ser oferecido à tributação no curso do anocalendário ou, por ocasião do levantamento do balanço de 31 de dezembro. DAS AMORTIZAÇÕES DE ÁGIO • Quickfood / Blue Horizon Expõe o AuditorFiscal: Pelo contrato de compra e venda celebrado em Buenos Aires/Argentina em 13 de novembro de 2007, os cidadãos argentinos Luis Miguel Bameule, Carlos Bameule e Adrian Bameule venderam à Marfrig Alimentos S/A 100% das ações ordinárias da empresa Blue Horizon Trading Co, LLC, sediada no Estado de Delaware, JSA, correspondendo a 70,51% de participação na empresa argentina Quickfood, pelo valor de USD 140.875.000,00. A aquisição retro mencionada significa a aquisição indireta de um pacote acionário de 10.000.000 ações ordinárias, nominativas, não endossáveis, classe A, de um peso de valor nominal cada uma e com direito a três votos por ação; e 11.419.606 ações ordinárias nominativas, não endossáveis, classe B, de um peso de valor nominal cada uma e com direito a um voto por ação que representam, todas elas, 71,28% do capital social e 100% dos votos da Quickfood, considerando, inclusive os aportes irrevogáveis por conta de futuras emissões de ações e qualquer outro aporte que tenham feito os vendedores à Quickfood na data do encerramento. Ao ler o contrato de compra e venda, concluiu a Autoridade Fiscal “que o verdadeiro interesse do comprador (fiscalizada) era na Quickfood já que a Blue Horizon tinha apenas e tão somente investimento na empresa argentina e capital no mesmo montante constituído no mesmo dia em que as pessoas físicas venderam suas ações para a fiscalizada, precisamente 13 de novembro de 2007”. Destaca: É importantíssimo registrar que o contrato de compra e venda foi celebrado em 13 de novembro de 2007, mesma data em que os sócios pessoas físicas cederam suas ações na empresa Quickfood para a Blue Horizon, indicando, claramente um planejamento tributário visando a amortização de ágio pela compradora brasileira a partir da incorporação da Blue Horizon ocorrida em 01 de dezembro de 2008. A informação da transferência das ações das pessoas físicas para a Blue Horizon foi retirada do relatório de auditoria datado de 31/12/2007 e 31/12/2008, pois embora Fl. 3341DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.342 11 intimado a apresentar livros societários e atas correspondentes, o fiscalizado não o fez. Relata que o ágio de R$ 209.225.083,26 foi calculado mediante confrontação do valor de venda R$ 249.095.175,00 contra 100% do patrimônio líquido da Blue Horizon, que vem a ser idêntico à conta de investimento equivalente a 71,28 % do patrimônio líquido da Quickfood em balanço levantado em 30 de setembro de 2007 (R$ 39.870.091,74). Acrescenta: O laudo de avaliação elaborado pela empresa Privh Contabilidade Ltda, foi feito com base no balanço de 30 de setembro de 2008 da Blue Horizon, tendo o acervo líquido valorizado em R$ 72.650.712,22. Neste relatório de avaliação está registrado que a avaliação foi efetuada na Blue Horizon, e simplesmente, levou em conta a avaliação feita na Quickfood pela auditoria executada na Argentina, sem qualquer critica. É necessário informar que o laudo de avaliação da Quickfood não foi fornecido pelo contribuinte. Informa, em seguida, as amortizações deduzidas, explicando que, no ano calendário 2009, computou amortizações realizadas em 2009 e em 2008 que haviam sido adicionadas ao lucro real apurado neste ano calendário (amortização complementar). “O valor mensal das amortizações levou em conta o précálculo apurado a partir do laudo de avaliação (não repassado à fiscalização) e mais propriamente do valor EBTIDA estimado para cada exercício”. A tabela abaixo, sintetiza as amortizações em questão: Anota, por fim: (...) Também é importante registrar que o Sr. Luis Miguel Bameule passou de sócio vendedor da empresa para diretor da empresa vendida e até ocupando a presidência. Assim como, é importante registrar que se tratando de empresa incorporada, no caso a Blue Horizon, os livros e documentações desta empresa deveriam estar de posse da contribuinte, e apesar de intimado, cobrado via email e até referendado em reunião pessoal, o contribuinte não apresentou qualquer documentação a respeito. • Establecimientos Colonia / Zanzibar Relativamente a estas empresas, a operação realizada teve as mesmas características atinentes às empresas Quickfood e Blue Horizon. As mesmas pessoas físicas envolvidas venderam 100% das ações da empresa Zanzibar Capital, LCC, sediada em Delaware, à Marfrig Alimentos S/A no mesmo dia em que a venda da Blue Horizon foi realizada (13/11/2007). Esta compra significou a aquisição indireta da empresa Establecimientos Colonia, a qual representava o verdadeiro interesse do comprador, uma vez que a empresa Zanzibar tinha como único investimento a aludida empresa uruguaia. Fl. 3342DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.343 12 O laudo de avaliação também foi elaborado pela empresa Privh Contabilidade Ltda, que considerou os resultados da auditoria realizada por auditores locais (do Uruguai) sem qualquer crítica. Os valores amortizados foram apresentados pela Fiscalização, merecendo ser destacado que houve para o presente caso, também, a denominada “amortização complementar”. Por fim, registra a Fiscalização que os livros e documentação da empresa Zanzibar não lhe foram entregues, não obstante sua apresentação tenha sido requisitada. Apresenta, em seguida, informações constantes em relatórios de auditoria que comprovariam que as empresas Quickfood e Establecimientos Colonia “funcionaram como veículo”: Prossegue o AuditorFiscal: (...) Não há como combater o fato de que no mesmo dia (13 de novembro de 2007) ocorreram os fatos destacados cuja finalidade única era a economia de tributos prejudicando unicamente os cofres públicos. Em 01 de dezembro de 2008 a Marfrig incorporou as duas empresas, Blue Horizon e Zanzibar, passando a ser controladora direta nas empresas Quickfood e Colonia completando afinal o planejamento tributário objeto dos procedimentos descritos. Assim o aproveitamento do ágio pela fiscalizada foi mediante a utilização de empresas sediadas em Delaware, utilizadas apenas como veículo, com realização de transações que não se revestem de substância econômica a não ser visando a economia tributária via amortização do ágio. Como o artigo 391 do RIR 99 não autoriza a dedução da amortização direta do ágio decorrente da aquisição de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido, ressalvada a hipótese do disposto no seu artigo 426 (valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo patrimônio líquido), a possibilidade de deduzir a amortização do ágio na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, restringese à hipótese prevista no artigo 386, III, do RIR de 1999, qual seja, em que a pessoa jurídica absorve o patrimônio de outra em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, ou em que a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a participação societária (controladora), com fundamento em rentabilidade futura. Acrescentese que na hipótese em que o fundamento do ágio for a rentabilidade futura da investida, subentendese no evento que o investidor terá o retorno do capital aplicado na forma de lucros produzidos nas operações sociais da investida, enquanto a despesa de amortização do ágio representa sua alocação ao longo do período em que ele será recuperado. Neste caso, a diferença na apuração dos resultados mantida ou não ligação indireta com as empresas Quickfood e Colônia, seriam idênticos, apenas que tais resultados transitariam pelas empresas Blue Horizon e Zanzibar, concluindo que a diferença entre um e outro modelo está Fl. 3343DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.344 13 exatamente na possibilidade de amortização do ágio, e somente os cofres públicos seria prejudicado. (...) Em nosso entendimento o planejamento executado pelo contribuinte atendeu precisamente ao aspecto da economia tributária, dada a ênfase dada ao ágio. As acionistas pessoas físicas de naturalidade argentina, qualificados como vendedores de ambas as empresas cederam suas ações tanto na Quickfood como na Colonia para as empresas Blue Horizon e Zanzibar, no mesmo dia em que houve a celebração do contrato de compra e venda com a Marfrig, precisamente em 13 de novembro de 2007. E não há como os vendedores argentinos efetuarem o procedimento que fizeram sem que fosse orientado a assim proceder pelos compradores (representantes da fiscalizada), pois, não seria concebível que eles tivessem conhecimento de nossa legislação sobre o aproveitamento do ágio para fins tributários no Brasil e mais ainda, a vantagem a ser obtida somente beneficiaria o comprador (no caso a fiscalizada). As empresas Blue Horizon e a Zanzibar são empresas com características de holding, sem funcionários e estabelecidas no mesmo endereço em Estado nos Estados Unidos caracterizados como local de "paraíso fiscal” pela nossa legislação, logo sem qualquer propósito negocial, a não ser pela utilização como ponte para objetivos de economia tributária, já que detiveram ações dasempresas Quickfood e Colonia, a partir do mesmo dia em que as empresas foram vendidas para a fiscalizada (13/11/2007) até a incorporação (01/08/2008). Neste espaço de tempo a fiscalizada amortizou o ágio de janeiro a novembro de 2008 neutralizando o impacto no resultado da empresa via Lalur. Este valor foi incorporado nas amortizações que de fato influenciaram no resultado ao ser distribuído pelos restantes 48 meses de amortização. O laudo de avaliação que ampara tal procedimento leva em conta apenas o valor do investimento, aliás único item do ativo das empresas de Delaware, e quando cita este fato, ou seja a participação nas empresas do Uruguai e da Argentina, cita que não foi feita nenhuma comprovação dos números apresentados pelas auditorias feitas na Quickfood e na Colonia, e que foram considerados os números apresentados pelos auditores que lá elaboraram tal levantamento, mas não nos apresentaram estes laudos. O propósito fundamental da negociação foi a aquisição das empresas Quickfood e Colonia, a interposição das empresas Blue Horizon e Zanzibar (Delaware/USA) pela cessão das ações das empresas de real interesse da fiscalizada às empresas holding, foi efetivamente usálas como veículo para o planejamento tendo em vista que somente usufruiria dos benefícios fiscais da amortização do ágio se ocorresse a incorporação, fusão ou cisão. A afirmação do parágrafo anterior é perfeitamente clara quando do exame mais profundo tanto do contrato de compra e venda como do laudo de avaliação, onde a Quickfood e a Colonia são mencionadas inúmeras vezes em contraposição às empresas Blue Horizon e Zanzibar. É de se registrar que o contribuinte foi inquirido a apresentar atas e outros documentos das empresas americanas, especificamente quanto a atas e outros documentos das empresas cujas ações foram transferidas, sobretudo aquelas que provassem a passagem de titularidade das pessoas físicas argentinas para as Fl. 3344DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.345 14 empresas americanas, como por exemplo o livro de sócios e ou acionistas, além de explicar a real intenção neste procedimento e não providenciou qualquer resposta. Tanto a Blue Horizon como a Zanzibar foram constituídas no dia 12 de janeiro de 2007 tendo por acionistas Srs. Adrian Bameule, Luis Miguel Bameule e Guilhermo Carlos Bameule, pessoas físicas naturais da Argentina. De todas as atas de diretoria que foram enviadas nenhuma delas trata da cessão das ações da Quickfood para a Blue Horizon, apenas em algumas delas apontam alguma menção, tal como:  ata de 15/02/2008 faz referência em reunião da diretoria do qual o Sr. Luis Miguel Bameule como segundo vice presidente (note que a venda ocorreu em 13/11/2007, logo o vendedor ainda participa das decisões da empresa, como diretor) que a pedido do novo acionista majoritário de forma indireta (a fiscalizada), com o objetivo de obter informação que seja de utilidade para avaliar a sociedade nas suas demonstrações contábeis datada de 30/09/2007, para fins de equivalência patrimonial.  ata de 21 de fevereiro de 2008, foi registrado que “reunidos os membros da Diretoria (Srs. Luis Miguel Bameule, na qualidade de presidente, Guilhermo Carlos Bameule entre outros) houve a manifestação que, como informado pela Sociedade à comissão Nacional de valores e Bolsa de Comércio de Buenos Aires com data de 14 de novembro de 2007 os Srs. Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrian Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos S/A, com data de 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente ações representativas de 70,51% do capital da sociedade (Quickfood)”.  ata de diretoria de 26 de março de 2008 registra que: “reunidos os membros da diretoria da Sociedade, Srs. Luis Miguel Bameule (como presidente, Guilhermo Carlos Bameule, ........................................Ordem do dia: autorização de inicio do trâmite de transferência de oferta publica e cotação das 10.000.00 ações da classe A adquiridas indiretamente pela Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos SA. Fazendo uso da palavra o Sr. Presidente manifesta que, como foi informado pela Sociedade à comissão Nacional de Valores (CNV) e à Bolsa de Comércio de Buenos Aires (BCBA) com data de 14 de novembro de 2007, os Sr.s Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrián Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig.......... , em 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente (i) 10.000.000 ações da Classe A e (ii) 5.102.493 ações da Classe B” Das atas acima referenciadas, apenas como exemplo, nada menciona da Blue Horizon, mas informa a manutenção na Quickfood dos vendedores como diretores e até presidente na realização da ata. Quanto à Zanzibar, da mesma forma que a Blue Horizon foi constituída em 12/01/2007 e também tinha como acionistas os Srs. Luis Miguel Bameule e Guilhermo Carlos Bameule. Em verificação das atas de diretoria da Colonia, da mesma forma, nada se menciona com relação à Zanzibar, como por exemplo a ata de: Fl. 3345DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.346 15  ata de 03 de setembro de 2009, destaca como único acionista a Marfrig e cita que o sócio representa a totalidade do capital integralizado que soma $ 403.237.385, segundo livro de registro de acionistas. Por tudo que foi aqui registrado fica claro a intenção da fiscalizada em se aproveitar do beneficio fiscal da amortização do ágio através da utilização das duas empresas veículos localizadas em Delaware/USA combinado com a orientação às vendedores pessoas físicas argentinas dos procedimentos de, no mesmo dia em que se celebravam o contrato de compra e venda, cederem as ações da Quickfood e da Colonia para aquelas empresas norteamericanas, como movimento preparatório para a incorporação ocorrida cerca de 1 ano após. Transcreve a lição de Marco Aurélio Greco: o elemento relevante quando se está perante uma pessoa jurídica não é apenas a sua existência formal. Em matéria tributária, tão ou mais importante que o preenchimento das formalidades para sua constituição é a identificação do empreendimento que justifica sua existência. A criação de uma empresa tem sentido na medida em que corresponda “a investimenta jurídica de um determinado empreendimento econômico ou profissional”. A idéia de empresa é o núcleo a ser investigado. O Código Civil define no caput do artigo 966 que ‘considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços’. Informa que o mencionado autor cita dois exemplos que seriam perfeitamente aplicáveis à situação descrita: a empresa de passagem, criada para servir de canal de passagem de um patrimônio, e a sociedade efêmera, que nasce para morrer tão logo cumpra o seu papel. Foi o caso, a seu ver, da Blue Horizon e da Zanzibar. Considerando que empresas veículo foram utilizadas sem propósito negocial, concluiu ser abusivo o planejamento fiscal em exame, o que o levou a glosar a exclusão do valor das amortizações do ágio, na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Prossegue: A teoria contábil dá respaldo apenas ao ágio pago numa negociação entre comprador e vendedor não relacionados entre si, no caso em estudo, verificamos que o relacionamento passou a ser intimo na medida em que o vendedor se transformou em dirigente da mesma empresa, ambiente propício para o planejamento engendrado, sem portanto qualquer propósito negocial. Lembra que Eliseu Martins sustenta que o ágio é admitido apenas em transações em que haja “um processo de barganha negocial não viciado”, o que não seria o caso em análise, tendo em vista a sua execução no mesmo dia da concretização do negócio. Enfatiza que “admitir a amortização desse ágio, da forma como foi planejado e processado, é aceitar um ônus a ser pago por toda a sociedade brasileira em favor dos sócios que se beneficiam tributariamente de uma transação sem propósito negocial realizada fora das nossas fronteiras”. Invoca julgados do CARF e da DRJ Brasília em que se decidiu que as reorganizações societárias, para serem legítimas, devem decorrer de atos efetivamente existentes (Acórdãos nos 10196.724, 0360.401 e 10323.290). Fl. 3346DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.347 16 Acrescenta que a despesa de amortização de ágio gerado sem propósito negocial é desnecessária, indedutível nos termos do artigo 299 do RIR/99. Arremata: Mostrase com clareza a flagrante intenção do grupo econômico de utilizar as empresas BLUE HORIZON e ZANZIBAR com o fim único de aproveitamento do ágio. Tratase de um caso típico de "empresa veículo”, criada com este único intuito. A recente jurisprudência administrativa vem sendo firmada no sentido de se exigir um propósito negociai em operações societárias que visem apenas e tão somente a alcançar benefícios fiscais, tal como no caso “sub examine”. A subseqüente incorporação da Blue Horizon e da Zanzibar pela Marfrig, após a transferência das ações da Quickfood e da Colonia também denota claramente o intuito ardiloso da operação, qual seja, desfrutar estritamente de um benefício fiscal derivado da amortização do ágio. Registra que, com base nos mesmos fatos geradores, é exigida a CSLL. JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A CONTROLADAS NO EXTERIOR O AuditorFiscal observou a existência de contratos de mútuo firmados entre a fiscalizada e as empresas Marfrig BV, Tacuarembó e Inaler, os quais previam a incidência de juros, calculados em função da “variação do Libor acrescidos de juros de 3% ao ano”. Uma vez que já estava consumada a “disponibilização jurídica de receita”, assevera que os juros em questão deveriam ter sido registrados na contabilidade, incidindo sobre eles o IRPJ, nos termos do artigo 373 do RIR/99 bem como do artigo 17 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, do artigo 76, § 2º, da Lei nº 8.981, de 1995 e do artigo 11, § 3º, da Lei nº 9.249, de 1995. Complementa: No caso de mútuos com empresas sediadas no exterior devem, também, ser reconhecidas as variações cambiais produzidas pelos ajustes de taxa de conversão de juros calculados e não contabilizados, ou em outras palavras, oferecidos à tributação, conforme se depreende da leitura do artigo 375 do RIR99, ao tratar das variações ativas, portanto, consideradas também como receitas financeiras ou, dependendo da taxa de câmbio, despesas financeiras. Acerca das variações cambiais, relata que, na contabilidade da fiscalizada, somente se verificam variações do principal da dívida, sem qualquer menção aos juros. Procedeu a Fiscalização com o cálculo dos juros, conforme quadros de fls. 2583/2585. Na tabela abaixo, é consolidada a conclusão fiscal: (...) QUALIFICAÇÃO DA MULTA No aludido tópico, fundamentouse a exigência da multa qualificada com base nas seguintes argumentações: Fl. 3347DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.348 17 Por tudo o que foi exaustivamente demonstrado entendemos que o capítulo relativo à amortização do ágio é aquele em que concluímos pela qualificação da multa, pois ficou inequívoca a intenção da contribuinte em se aproveitar de um planejamento que propiciasse a economia tributária. Verificouse que as empresas, que embora criadas em data anterior à negociação de compra e venda, foi utilizada com a finalidade de recepcionar as ações das empresas efetivamente produtivas e alvos da negociação e no passo seguinte se extinguir pela incorporação da compradora (a contribuinte). Pelo exposto, fica patente a caracterização do intuito fraudulento, justificandose plenamente a aplicação da multa qualificada. (...) Pelo exposto, fica patente a caracterização do intuito fraudulento, por meio de atos societários diversos, desprovidos de substância econômica e cuja finalidade era a economia tributária, justificandose plenamente a aplicação da multa qualificada exclusivamente para o caso do ágio, permanecendo os demais itens enquadrados no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96. Isto porque, entendemos que a ação perpetrada por agente que agia sabendo que estava agindo e querendo agir daquela maneira para alcançar a meta de obter redução tributária. Da Impugnação Da Impugnação Cientificada da autuação por via postal em 22/09/2014, consoante AR de fls. 2595, a interessada ofereceu sua impugnação em 22/10/2014, a qual foi juntada aos autos a fls. 2600/2680. Apresenta uma breve síntese das autuações e passa a oferecer as razões de defesa. DO DIREITO Descreve a evolução legislativa que versa sobre a Tributação em Bases Universais, discorrendo sobre as Leis no 9.249/95, que instituiu o aludido sistema de tributação, bem como a Lei nº 9.532/97 e a Medida Provisória nº 2.15835/2001, que trataram da disponibilização do lucro. Argumenta que a aludida MP considerou disponibilizado o lucro no momento do levantamento do balanço patrimonial da coligada ou controlada, o que teria implicado a tributação do mero resultado de equivalência patrimonial, conforme estabelecido nos artigos 247 e 248 da Lei nº 6.404, de 1976, e no § 6º do artigo 25 da Lei nº 9.249, de 1995. Isso a leva a alegar que a nova tributação ofenderia o “princípio constitucional de renda”. A seu ver, a apuração do lucro na data do balanço não corresponde à disponibilização jurídica ou econômica do lucro, a qual depende de deliberação tomada em AssembleiaGeral. Cita os entendimentos exarados por Ministros do Supremo Tribunal Federal no RE nº 172.058, pela não tributação dos lucros que ainda não tivessem sido efetivamente disponibilizados aos seus titulares. Fl. 3348DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.349 18 Transcreve, também, voto do Ministro Marco Aurélio proferido na ADIN nº 2588, bem como a lição de Alberto Xavier. Conclui que o artigo 74 da MP nº 2.15835, de 2001, é inconstitucional por ter criado novo fato gerador, “equiparando, por meio de uma ficção jurídica, o momento de disponibilização dos lucros ao de sua apuração”. Destaca, ao final: Importante considerar que o STF não apreciou a constitucionalidade do art. 74 da MP 2.158/2001 em definitivo no que tange a controladas que não estejam situadas em paraíso fiscal  sendo certo que os lucros controvertidos neste feito derivam exclusivamente de sociedades que, de acordo com a interpretação da Receita Federal do Brasil, enquadramse nessa hipótese, é dizer, não estão sitas em paraísos fiscais. • Das Empresas Uruguaias (Tacuarembó, Prescott e Inaler) Na continuação, discute a periodicidade que deve ser considerada na apuração do lucro exterior. Informa que a legislação uruguaia concernente ao Impuesto a las Rentas de las Actividades Economicas (IRAEV), equivalente ao nosso IRPJ, prevê o período de apuração de 01 de outubro a 30 de setembro de cada ano, conforme demonstrado nos relatórios de auditoria e na tradução juramentada da legislação uruguaia. O Decreto nº 704/73, trazido aos autos, determina que o exercício fiscal para a atividade econômica dos frigoríficos se encerra em 30 de setembro de cada ano, quando é publicado o balanço. Reproduz o disposto no artigo 74 da MP nº 2.15835, de 2001, e no § 2º do artigo 25 da Lei nº 9.249, de 19955, para defender que a tributação no Brasil deve incidir sobre os valores apurados no balanço elaborado em 30/09/2009, dia do encerramento do exercício fiscal das sociedades uruguaias. Argumenta: Igualmente, o § 2° do art. 25 da Lei n. 9.249/95 é claro ao dispor que os lucros auferidos no exterior devem ser considerados pela investidora de acordo com os exercícios fiscais das investidas, devendose apenas do ponto de vista formal observar os ditames da legislação brasileira quanto ao modo de sua demonstração. Em outras palavras, devese observar a periodicidade da apuração COMPLETA do resultado da sociedade estrangeira investida para fins de verificação do momento em que tais resultados devam ser tidos como disponibilizados para a investidora brasileira. E arremata: Nesse contexto, percebese com facilidade o equívoco cometido pela r. autoridade fiscal quando da lavratura das autuações em apreço, eis que desprezou os lucros apurados nos balanços atinentes ao fim do exercício fiscal (dia 30 de setembro de 2009) para considerar os lucros correspondentes às demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2009, que não se confundem com os lucros apurados pelas investidas uruguaias ao final do respectivo exercício fiscal! Fl. 3349DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.350 19 Transcreve excertos do Termo de Verificação Fiscal que confirmariam o procedimento fiscal contestado, ratifica os valores oferecidos à tributação e declarados em DIPJ e requer o cancelamento das autuações. Registra, ao final, que o último trimestre de 2009 foi considerado no balanço encerrado em 30/09/2010, tendo sido o lucro apurado oferecido à tributação na DIPJ 2011 AC 2010, consoante documentos os quais protesta juntar. Discute, em seguida, a questão da compensação do imposto pago no Uruguai. Explica que a aproveitamento do crédito recolhido no exterior (foreign tax credit) decorre do princípio da tributação da renda em bases universais e está previsto no artigo 26 da Lei nº 9.249, de 19956. Depois de mostrar o mencionado dispositivo legal, sustenta: Desta feita, resta óbvio, que em caso de subsistência do auto para os resultados positivos apurados pelas empresas uruguaias no anocalendário de 2009, no mínimo devem ser diminuídos do imposto lançado de oficio os valores recolhidos pelas controladas a título do imposto de renda, na esteira dos documentos acostados a esta exordial (doc 05), devendose observar o procedimento previsto no supratranscrito §3° do art. 26. Além disso, caso o imposto pago no exterior ultrapasse o valor do IRPJ devido no Brasil, o excedente pode ser utilizado na dedução da CSLL, consoante o artigo 15 da IN SRF nº 213, de 2002 e a Solução de Consulta nº 471/09, da SRRF da 8ª Região Fiscal. Lembra que o direito pleiteado não foi reconhecido por falta de apresentação de provas durante a ação fiscal. Por isso, junta tradução juramentada de demonstrativo que atesta o recolhimento do imposto (doc. 05), assinalando “que a respectiva consularização será providenciada em muito breve, razão pela qual se protesta por sua juntada ulterior, em atenção à verdade material e em homenagem à ampla defesa”. Encerra a questão aduzindo que, caso as autuações sejam mantidas, é necessário que os impostos pagos no exterior sejam levados em consideração a fim de se abater o crédito tributário exigido (IRPJ e CSLL, no que exceder). • Das Empresas Argentina (Quickfood) e Holandesa (Marfrig BV Holding) No presente tópico, a impugnante discute a aplicação dos tratados celebrados entre Brasil e Argentina e entre Brasil e Holanda, com vistas a evitar a bitributação dos resultados provenientes das aludidas empresas. Antes de expor sua defesa, lembra que o lucro da Quickfood referente ao período de janeiro a julho foi apurado a partir do “quadro de mutação do patrimônio líquido”, fazendo incidir a tributação sobre “variação positiva do patrimônio líquido da investida”, não sobre os lucros auferidos. Por mais que o procedimento fiscal tenha respaldo no § 1º do artigo 7º da IN SRF nº 213, de 20027, o STJ entende “que a contrapartida do resultado positivo da equivalência patrimonial não pode ser objeto de tributação do IRPJ e da CSLL, tendo em vista que inexiste base legal a dar esteio a esse procedimento”, mesmo que considerado o artigo 74 da MP nº 2.15835/2001. Reproduz ementa de decisão proferida nos autos do REsp 1.211.882/RJ. Fl. 3350DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.351 20 (...) IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA  IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO  CSLL. EMPRESAS CONTROLADAS E COLIGADAS SITUADAS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO DO RESULTADO POSITIVO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE NAQUILO QUE EXCEDE A PROPORÇÃO A QUE FAZ JUS A EMPRESA INVESTIDORA NO LUCRO AUFERIDO PELA EMPRESA INVESTIDA. ILEGALIDADE DO ART. 7º, §1º, DA IN/SRF N. 213/2002. (...) 3. É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7º, §1º, da Instrução Normativa SRF n. 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1º, §4º, da Instrução Normativa SRF n. 213, de 7 de outubro de 2002. 4. Muito embora a tributação de todo o resultado positivo da equivalência patrimonial fosse em tese possível, ela foi vedada pelo disposto no art. 23, caput e parágrafo único, do DecretoLei n. 1.598/77, para o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica  IRPJ, e pelo art. 2º, §1º, "c", 4, da Lei n. 7.689/88, para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido  CSLL, mediante artifício contábil que elimina o impacto do resultado da equivalência patrimonial na determinação do lucro real (base de cálculo do IRPJ) e na apuração da base de cálculo da CSLL, não tendo essa legislação sido revogada pelo art. 25, da Lei n. 9.249/95, nem pelo art. 1º, da Medida Provisória n. 1.602, de 1997 (convertida na Lei n. 9.532/97), nem pelo art. 21, da Medida Provisória n. 1.8587, de 29, de julho de 1999, nem pelo art. 35, Medida Provisória n. 1.99115, de 10 de março de 2000, ou pelo art. 74, da Medida Provisória n. 2.15834, de 2001 (edições anteriores da atual Medida Provisória n. 2.15835, de 24 de agosto de 2001). (...) Conclui: Ou seja, nobilíssimos julgadores, o fato de a r. autoridade autuante não ter logrado identificar os LUCROS da investida na Argentina para sobre eles fazer incidir o IRPJ e a CSLL – fazendoo, muito pelo contrário, sobre a variação do patrimônio líquido dessa controlada, consoante expressamente afirma no Termo de Verificação Fiscal – macula de morte as autuações em relevo, eis que inexiste permissivo legal a respaldar que essa grandeza – que é manifestamente diversa dos Lucros  seja gravada pelos tributos sub examen. Nada obstante, ainda que se considere hígido o lançamento no que tange à escorreita apreensão das bases imponíveis, o fato é que os lucros auferidos pela Quickfood no anocalendário 2009 – assim como os lucros auferidos pela holandesa Marfrig Holding BV – não devem ser acrescidos ao lucro líquido para a formação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL da Impugnante, tendo em vista que a isenção dos tributos em epígrafe é garantida pelos Tratado para Evitar a Bitributação firmados entre o Brasil e a Argentina e entre o Brasil e a Holanda. Depois de lembrar que os tratados internacionais celebrados pelo Brasil integram o ordenamento jurídico pátrio, nos termos do artigo 98 do CTN, contrapõe se ao entendimento da Fiscalização, defendendo que o artigo VII dos tratados em exame “expressamente assevera que os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado”. Fl. 3351DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.352 21 Considera falaciosa a argumentação da Fiscalização que de os lucros da coligada não representam lucros do sócio. Isto porque, a “Impugnante em hipótese alguma poderia perceber lucros em virtude da apuração de resultados positivos de sua investida na Argentina ou de sua investida na Holanda, mas unicamente dividendos”. Segundo sua argumentação, os lucros auferidos no exterior somente poderiam ser atribuídos à impugnante caso a Quickfood e a Marfrig BV Holding fossem estabelecimentos permanentes do sujeito passivo. Defende, assim, que a interpretação da Fiscalização resulta em inocuidade da convenção internacional, fazendo incidir, no caso vertente, apenas o disposto no artigo 26 da Lei nº 9.249, de 1995. Considera que a Fiscalização distorceu o significado do disposto no item 14 dos Comentários da OCDE, o qual foi transcrito na impugnação em sua versão em inglês: 14. The purpose of paragraph 1 is to limit the right of one Contracting State to tax the business profits of enterprises of the other Contracting State. The paragraph does not limit the right of a Contracting State to tax its own residents under controlled foreign companies provisions found in its domestic law even though such tax imposed on these residents may be computed by reference to the part of the profits of an enterprise that is resident of the other Contracting State that is attributable to these residents' participation in that enterprise. Tax so levied by a State on its own residents does not reduce the profits of the enterprise of the other State and may not, therefore, be said to have been levied on such profits (see also paragraph 23 of the Commentary on Article 1 and paragraphs 37 to 39 of the Commentary on Article 10). Considera que o AuditorFiscal traduziu grosseiramente a expressão under controlled foreign companies provisions dandolhe um significado “literal” fruto de “simples e rasteira” tradução. Expõe: Deveras, os Comentários da OCDE aqui questionados asseveram que o parágrafo 1º do Artigo VII da Convenção Modelo não afasta o direito de um Estado Contratante tributar seus residentes através de Provisões CFC, provisões essas que se constituem em regime especialmente confeccionado para evitar a erosão de bases tributáveis domésticas pela alocação ARTIFICIAL de rendas a jurisdições com tributação favorecida, de modo que os Comentários em apreço não se reportam aos lucros discutidos no tópico vertente. Transcreve excerto de relatório elaborado pela Deloitte sobre “controlled foreign company (CFC) regimes”: Controlled foreign company (CFC) regimes are used in many countries as a means to prevent erosion of the domestic tax base and to discourage residents from shifting income to jurisdictions that do not impose tax or that impose tax at low rates. While the rules applicable to CFCs and the attributes of a CFC differ from country to country, the hallmark of CFC regimes in general is that they eliminate the deferral of income earned by a CFC and tax residents currently on their proportionate share of a CFCs income. Fl. 3352DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.353 22 Typical conditions for the application of such regimes are that a domestic taxpayer "control" the CFC; that the CFC be located in a "low tax" jurisdiction or a jurisdiction that imposes a tax rate lower than the rate (as specifically defined) in the shareholder's country, or. alternatively that the CFC be located in a "black" or "grey" list jurisdiction (as opposed to a favored "white" listjurisdiction); and that the CFC derive specific types of income (e.g. passive income in some regimes, but all types of income in others). Defende que a interpretação fiscal não percebeu corretamente o conceito de CFC a que fez alusão os Comentários da OCDE, “sendo estreme de dúvidas que não há que se falar em regras CFC quanto às controladas situadas na Argentina ou na Holanda!”. Afinal, se a Holanda e a Argentina não eram considerados pela RFB, à época, como jurisdições de tributação favorecida, não há regras CFC a serem aplicadas aos lucros auferidos por controladas localizadas nestes países. Alega que a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil, quando da ação fiscal que resultou do auto de infração objeto do processo nº 16643.720021/2011 81, decidiu que o acordo celebrado entre Brasil e Argentina impedia a tributação do IRPJ sobre os lucros auferidos pela controlada sediada em solo argentino. Transcreve parte do Acórdão nº 1638.148, proferido pela 1ª Turma da DRJ São Paulo: 22. Em relação aos lucros apurados pelas empresas sediadas na Argentina, a autoridade fiscal tributou apenas para fins de CSLL os resultados da controlada direta AB&P e a título de IRPJ e de CSLL os lucros da controlada indireta Quick Food. A impugnante reclama desta distinção que, no seu entender ofendeu o artigo 98 do CTN e o artigo XXIII "2" do Decreto n° 87.976/1982 (Tratado para Evitar a Bitributação celebrado com a República Argentina), já que a fiscalização trata a holding intermediária americada Blue Horizon LLC, controlada 100% pela fiscalizada e que por sua vez controlava 70,51% do capital da Quick Food, como mero ente translúcido. 23. De fato, a fiscalização no Termo de Verificação (fl. 1802) parte da seguinte premissa: Partindo do princípio que a Blue Horizon LLC acusa em seus balanços apenas a participação na Quick Food (70,51%) vamos tratar dos resultados apurados nesta controlada (...) A Blue Horizon LLC apresenta em seus balancetes duas linhas apenas: investimentos na Quick Food no valor de USD 21.979.607,00, equivalente a R$ 38.932.477,00 e patrimônio líquido no mesmo valor. 24. A partir daí, a autoridade fiscal fundamenta o lançamento e identifica os lucros inteiramente nos resultados e documentos da empresa Argentina (fls. 639 e 640), tratando esta como se fosse uma controlada direta e a holding americana como se não existisse. Diante disso, entendo que se estão sendo tributados diretamente lucros auferidos com sede na Argentina. estes resultados devem ser tributados conforme as regras do Tratado celebrado com a Argentina que contém norma que prevê a isenção do imposto de renda para resultados de lá oriundos, isenção esta que foi aplicada no caso dos lucros auferidos pela controlada direta argentina AB&P. 25. Em que pese a discussão existente na doutrina acerca da posição hierárquica dos tratados internacionais em relação à legislação interna, o STF já se posicionou no sentido de que tais normas incorporamse ao direito pátrio com força Fl. 3353DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.354 23 de lei ordinária. A princípio, portanto, uma lei ordinária poderia dar um tratamento a determinado fato de forma diferente do previsto em um Tratado Internacional. 26. No âmbito tributário, porém, o artigo 98 do Código Tributário Nacional determina a observância, pela legislação interna, dos tratados e convenções internacionais, in verbis: (...) 27. Assentado que o tratado para evitar a dupla tributação entre Brasil e Argentina deve ser aplicado ao caso em tela, fazse necessário reproduzir a norma isentiva contida no mesmo, que foi promulgado no Brasil pelo Decreto n° 87.976, de 22 de dezembro de 1982: Artigo VII (...) 28. Sendo assim, devem ser excluídos do auto de infração os valores correspondentes ao lucro da empresa Quick Food com sede na Argentina, no que se refere ao IRPJ. Argui que a tributação pretendida nos autos de infração contestados resulta da introdução de critério jurídico novo e complementa: Ora, em se tratando da introdução de novo critério jurídico, é manifesto que essa alteração apenas pode prosperar em relação a fatos geradores havidos após a referida modificação, razão pela qual não pode prosperar em relação ao ano calendário 2009, ante a expressa vedação inserta no art. 146 do Código Tributário Nacional. Defende, por fim, que, caso os lucros auferidos pelas investidas sejam considerados dividendos, o Artigo X9 das Convenções discutidas impede a tributação. Frisa que existe termo idêntico no acordo celebrado entre Brasil e Holanda. Prossegue, defendendo que as convenções em discussão se aplicam, também, à CSLL, em virtude da disposição expressa no Artigo II10 de que se aplicarão “também a quaisquer impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que forem posteriormente introduzidos”. E ressalta que “nem sempre os tratados internacionais são elaborados com atenção às tecnicidades tributárias, acabando por confundir as figuras dos impostos, contribuições, etc., até porque as denominações dos tipos tributários nem sempre são coincidentes, e o Brasil é especialmente pródigo em criar novas espécies”. Lembra que, em 16/05/2000, Brasil e Portugal celebraram acordo para evitar a bitributação. Nesta mesma data, foi celebrado protocolo contendo disposições adicionais, no qual fezse menção expressa à CSLL11. Argui: Nem se diga que estamos face a uma exceção específica, pois tal como neste caso se fez, outros países com os quais o Brasil celebrou acordos para evitara dupla tributação da renda podem, a nosso ver, lidimamente invocar o tratamento Fl. 3354DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.355 24 dispensado a Portugal, escudandose, outrossim, na cláusula de natureza idêntica ou semelhante. Ora digníssimo julgador, não se pode ter dois pesos e duas medidas: quando se quer autuar o contribuinte pela falta de adições relacionadas a tributos com exigibilidade suspensa e multas fiscais na base de cálculo da CSLL, esta contribuição e o IRPJ têm bases idênticas (lucro ajustado). Agora, para fins de aplicação de tratados internacionais elas não seriam semelhantes? Não há lógica em se ter uma resposta negativa para essa questão. E questiona: “se o imposto de renda pago no exterior sobre os lucros apurados por controlada/coligada, que excede ao imposto de renda brasileiro pode ser compensado com a CSLL incidente sobre tais lucros, porque a isenção aplicável ao IRPJ não poderia ser aplicada a CSLL?”. Continua, argumentando que a CSLL recebeu a alcunha de contribuição por uma questão orçamentária, evitandose, deste modo, a repartição do montante arrecadado com os demais entes da Federação. Transcreve declaração de voto proferida pelo AuditorFiscal Eduardo Shimabukuro, julgador da DRJ São Paulo, nos autos do Processo nº 16643.720021/201181, favorável à aplicação do tratado internacional à CSLL. Subsidiariamente, repisando a tese exposta no item 3.2 de sua impugnação, requer que o valor do imposto pago no exterior seja utilizado para compensar a CSLL exigida, sob pena de ofensa ao artigo 26 da Lei nº 9.249, de 1995. Informa estar “diligenciando junto aos fiscos locais e aos consulados brasileiros na Argentina e na Holanda a certificação dos documentos de arrecadação, para que os mesmos sejam juntados ao processo antes do julgamento desta Impugnação, razão pela qual protesta desde já pela sua ulterior juntada, arrimada no princípio da verdade material que deve nortear o processo administrativo tributário”. Requer, ainda, que seja levado em consideração o exercício fiscal da empresa Quickfood, que vai de 1º de julho a 30 de junho de cada ano, conforme demonstrariam as declarações entregues pela empresa. Lembra que a questão já foi devidamente esclarecida no item 3.1 da impugnação. DA GLOSA DAS DESPESAS RECONHECIDAS EM CONTRAPARTIDA À AMORTIZAÇÃO DE ÁGIOS Depois de resumir o entendimento da Fiscalização sobre o tema, aduz que é “notória fabricante de produtos alimentícios de origem animal, efetivamente buscava ampliar as suas atividades na Argentina e no Uruguai, sendo certo que vislumbrou tal possibilidade de ampliação ao se deparar com as atividades empresarias desenvolvidas por empresas controladas pela Família Bameule”. Em fins do anocalendário 2007, foram iniciadas as tratativas com vistas à aquisição das empresas Quickfood e Establecimientos Colonia S/A, “em absoluta congruência com o declinado objetivo de expansão regional”. Prossegue: Nesse contexto, observase que, por interesse exclusivo dos vendedores – quais sejam, os integrantes da Família Bameule as ações que esses detinham nas sociedades operacionais argentina e uruguaia foram cedidas a duas empresas que tais vendedores haviam constituído anteriormente no Estado norteamericano de Fl. 3355DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.356 25 Delaware, sendo que as ações da Quickfood foram cedidas à Blue Horizon LLC, ao passo que as ações da Colônia foram cedidas à Zanzibar LLC. É importantíssimo salientar que tanto a Blue Horizon quanto a Zanzibar foram constituídas pelos integrantes da Família Bameule antes que esses entabulassem quaisquer tratativas com a Impugnante com vistas à venda das sociedades sediadas na Argentina e no Uruguai. Diz não poder precisar os motivos que levaram a família Bameule a insistir na transferência das ações às empresas norteamericanas. Supõe que tenham procurado escapar da tributação por ganho de capital na Argentina e no Uruguai. As ações das sociedades argentina e uruguaia passaram, então, a compor as contas de investimentos das empresas Blue Horizon e Zanzibar, as quais, ao serem adquiridas pela impugnante ensejaram a formação do ágio em debate, “eis que o preço pago pela autuada por tais participações societárias extrapolava consideravelmente o valor do Patrimônio Líquido dessas empresas”. Destaca “que os ágios em apreço – fundados na expectativa de rentabilidade futura dos investimentos adquiridos – foram devidamente respaldados por laudos que jamais foram contestados pela r. autoridade fiscal, sendo certo que o custo de aquisição dos investimentos aqui controvertidos  composto pelas maisvalias e também pelo valor dos respectivos patrimônios líquidos ao tempo da aquisição – foi pago aos alienantes, na esteira dos Razões e dos contratos de câmbio anexos”. Protesta “pela ulterior juntada da integralidade dos comprovantes de pagamento do preço das participações societárias (valor de patrimônio líquido mais ágio) aos vendedores integrantes da Família Bameule; nada obstante, é certo que as autuações em momento algum colocam em dúvida a efetividade desse pagamento, de modo que sequer haveria a necessidade da produção dessa prova”. Comunica a juntada dos contratos de compra e venda das ações da Blue Horizon e da Zanzibar (doc. 06) bem como a avaliação econômica das aludidas empresas (doc. 07 e 08). Protesta contra o entendimento da Fiscalização de que o ágio teria sido pago a parte relacionada, pois, em momento algum, ficou demonstrada a vinculação entre os vendedores e a impugnante antes das compras e vendas controvertidas. Neste sentido, argumenta, o fato de o Sr. Luis Miguel Bameule ter se tornado executivo das empresas não revela o pagamento de ágio a pessoa vinculada, sendo que, “em casos de transferências de controle de sociedades, é muito natural que um ou mais antigos controladores venha a ocupar cargos de direção na nova estrutura social” com o objetivo de minimizar eventuais problemas na fase de transição. Aduz que se depreende do TVF que o principal motivo que teria levado à glosa das despesas reconhecidas em contrapartida à amortização das maisvalias seria a utilização das empresas veículo cuja incorporação ensejou o tratamento fiscal inserto no inciso III do art. 386 do RIR/99. Antes de prosseguir com sua exposição, alega que as empresas norte americanas foram constituídas bem antes do início das tratativas, em janeiro de 2007, o que a leva a contestar o entendimento da fiscalização de que tais empresas teriam sido criadas “para engendrar a amortização fiscal do ágio” e complementa: É preciso salientar, aqui, o caráter manifestamente conspiratório das autuações em destaque, sendo certo que o Sr. Auditor Fiscal cria toda uma teoria – Fl. 3356DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.357 26 jamais comprovada a partir de elementos objetivamente verificáveis – acerca da razão de ser da transferência das ações da Quickfood e da Colônia para a Blue Horizon e para a Zanzibar, chegando inclusive a tecer considerações categóricas sobre os conhecimentos dos vendedores (ou, mais especificamente, sobre a falta desse conhecimento) quanto à legislação pátria respeitante à amortização fiscal do ágio. Ironiza a conclusão fiscal, dizendo que somente se o AuditorFiscal fosse dotado de poderes especiais poderia ter consciência dos conhecimentos dos vendedores acerca da legislação brasileira (fl. 2660). Apresenta situações em que o ágio poderia ter sido amortizado sem o “emprego das pretensas sociedades veículos Blue Horizon e Zanzibar”: Realmente, bastava que as participações societárias da Quickfood e da Colonia tivessem sido adquiridas pela ora Impugnante – de modo que constariam do ativo do sujeito passivo tanto os investimentos mensurados pelos respectivos patrimônios líquidos quanto as maisvalias em apreço – para que, após eventual incorporação dessas investidas  com, verbi gratia, a transformação dessas investidas em estabelecimentos filiais da Impugante a contrapartida das amortizações desses ágios pudesse reduzir as bases do IRPJ e da CSLL da autuada. Igualmente, caso a Impugnante tivesse procedido às aquisições das participações societárias da Quickfood e da Zanzibar e, em seguida, passasse por cisão parcial com ulterior incorporação desse patrimônio vertido (composto pelas participações societárias sub examen), para que se consolidasse a concentração societária que enseja o aproveitamento fiscal dessas maisvalias. Com isso, defende não ser aceitável a conclusão de que a dedutibilidade da amortização do ágio seria apenas viabilizada com a utilização das empresas norte americanas. Sustenta, ainda, que a incorporação da Blue Horizon e da Zanzibar só foi efetivada um ano depois da aquisição delas e que, caso a sua intenção “fosse meramente possibilitar o aproveitamento fiscal dos ágios, então seria de se esperar que as incorporações das sociedades (...) ocorresse imediatamente após a compra dessas participações”. Transcreve parte das ementas dos Acórdãos nos 1402001.409, 1102000.982, do CARF, em que a utilização de empresas veículos não obstou a dedutibilidade do ágio, se o seu surgimento não decorreu do emprego delas. Reproduz, também, em sete páginas, parte do voto condutor proferido no Acórdão nº 10516.395, do Conselho de Contribuintes. Encerra o tema argumentando que as deduções não poderiam ter sido glosadas, porquanto foi pago valor superior ao valor de patrimônio líquido dos investimentos adquiridos a parte não vinculada. Ademais, à época o Estado de Delaware não era tido pela Receita Federal como uma jurisdição com tributação favorecida ou paraíso fiscal. DOS JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A CONTROLADAS NO EXTERIOR No que tange ao presente tópico, argumenta que, não obstante os contratos examinados pela Fiscalização efetivamente darem conta da existência de mútuos Fl. 3357DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.358 27 onerosamente a impugnante e suas controladas, na realidade, as transferências realizadas consubstanciavam adiantamentos para futuro aumento de capital. Inexistem, a seu ver, quaisquer receitas financeiras decorrentes destes repasses os quais foram capitalizados nas investidas, não havendo motivos para reconhecêlas. Comunica: A ora Impugnante está a diligenciar com vistas à obtenção dos documentos que demonstrarão hialinamente que todos os pretensos empréstimos materializavam unicamente os discutidos adiantamentos para aumento de capital, de modo que não há que se falar em quaisquer receitas financeiras. Por essa razão, protesta desde já pela ulterior juntada dessa documentação, em atenção ao princípio delineado no parágrafo acima. Argumenta, na sequência, que são ilegítimas as autuações correspondentes ao Pis e à Cofins incidentes sobre as receitas financeiras, uma vez que estes tributos não foram sequer mencionados no Termo de Verificação Fiscal. Sustenta que a falta de motivação resultou em infringência ao disposto no artigo 142 do CTN. Salienta “que tanto o Auto de Infração da COFINS (fls. 2530) quanto a autuação de PIS (fl. 2539) expressamente aludem ao Relatório Fiscal; contudo, basta ler esse relatório fiscal – leiase, o Termo de Verificação Fiscal – para se chegar à conclusão de que a r. autoridade autuante jamais tratou dessas contribuições”. Arremata: É certo que essa completa omissão das autuações quanto aos fundamentos da constituição de ofício dos créditos tributários ora analisados macula de morte esses lançamentos, eis que é induvidoso que essa omissão acabou por dificultar sobremaneira a defesa do sujeito passivo, o que não pode prosperar. DA IMPOSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO A alegação em questão tem por base a natureza dos juros moratórios, os quais indenizam o Estado pelo inadimplemento no pagamento de tributos, nos termos do artigo 61 da Lei nº 9.430, de 1996. A multa de ofício, por outro lado, está prevista no artigo 44, I, da citada lei, não havendo qualquer previsão de incidência de juros sobre punição em comento. A seu ver, a falta de previsão legal para a incidência de juros sobre multa afasta a pretensão fiscal. Menciona julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão nº 0203133). A propósito, reproduz relatório da votação da Lei n. 9.430, na Câmara dos Deputados, que aborda o mencionado artigo 61 (cuja numeração inicial era 63), aprovado pelo plenário na sessão de 20/11/199612. Defende que o relatório prevê a incidência de juros “sobre os débitos cujos fatos geradores venham a ocorrer”, o que indica que os débitos em questão são tributos. Fl. 3358DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.359 28 Ademais, a nova disposição legal veio para substituir o artigo 84 da Lei nº 8.981, de 1995, o qual prevê a incidência de juros de mora sobre tributos. Conclui não haver qualquer intenção oculta do legislador em fazer incidirem os juros sobre a multa de ofício. Sucessivamente, relembra “que apenas parte do crédito tributário exigido no auto ora impugnado tem como fato gerador a imposição de multa (arts. 113, §1° c/c 139 do CTN) e, sendo certo que a presente impugnação suspende a sua exigibilidade (art. 151, III, CTN), é inegável que não transcorreu o prazo para adimplemento da multa de oficio aplicada. Não vencida a obrigação, são descabidos quaisquer encargos moratórios”. Defende que a jurisprudência do STJ leva em conta a cobrança dos juros sobre a multa em sede de execução fiscal, depois de encerrado o processo administrativo. Neste contexto, o crédito exequível é composto pela junção do crédito tributário e das penalidades pecuniárias. Em não sendo aceitas suas argumentações, requer que os juros sobre a multa tenham como termo inicial “o dia subsequente àquele prazo que o contribuinte teria para adimplemento voluntário da obrigação, nos termos do artigo 21, §3°, do Decreto n. 70.235/72”. Requer, ao final, o provimento da impugnação oferecida e consequente cancelamento das autuações contestadas. Protesta pela ulterior juntada de documentos. Da Complementação da Impugnação Em petição protocolizada em 06/11/2014, juntada a fls. 2597 e seguintes, a interessada complementou sua impugnação inicial, trazendo alegações atinentes à multa de ofício qualificada. Argumenta que, caso suas alegações sobre o mérito das autuações não sejam acatadas, não deve ser aceita a conclusão fiscal de que teria agido com intuito de fraude, visto que “quando menos, se cuida de mero erro de interpretação da legislação de regência por parte do sujeito passivo, equívoco esse que não tem o condão de engendrar a majoração da penalidade imposta”. Assevera que não houve a prática de ato simulado, por ser “estreme de dúvidas que as mais valias aqui discutidas efetivamente foram pagas a terceiros com os quais a Impugnante não mantinha qualquer vinculação até o momento das aquisições das participações societárias, conforme fartamente demonstrado nas linhas acima”. Salienta que, conforme reconhecido pela Fiscalização, as empresas norte americanas já existiam antes de qualquer negociação de compra e venda, “o que afasta qualquer ilação no sentido de que foram especificamente constituídas para o aproveitamento fiscal das maisvalias”. Considera a fundamentação da autuação genérica, uma vez que o Auditor Fiscal não apontou em qual dos dispositivos da Lei nº 4.502, de 1964, mencionados pelo § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, a conduta da impugnante teria se enquadrado. Entende que a falta de indicação precisa teria cerceado o seu direito de defesa. Transcreve julgados do CARF a respeito. Fl. 3359DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.360 29 Argui que foi constituída na forma de sociedade anônima de capital aberto e que todos os investimentos relevantes que realiza são amplamente divulgados ao mercado, “o que revela que tudo foi feito completamente às claras, sem que qualquer elemento dessas operações tenha permanecido velado”. Conclui que a qualificação das penalidades “decorreu exclusivamente do furor arrecadatório da r. autoridade fiscal”. A 15° Turma da DRJ/RPO julgou, por unanimidade de votos, procedente em parte a impugnação apresentada, mantendo em parte o crédito tributário exigido. Tratase de decisão sujeita a reexame por este Colegiado, na forma do art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72 e Portaria do Ministro da Fazenda nº 3/2008. Ademais, o contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. 3071/3245, em que repisa os argumentos apresentados em sede de impugnação e combate as alegações trazidas pela DRJ. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou razões ao recurso de ofício, bem como contrarrazões ao recurso voluntário (fls. 3253/3313). Apenso aos autos, tramita o processo administrativo n° 16561.720095/2014 70, o qual trata de representação fiscal para fins penais. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Vencido Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário e o Recurso de Ofício preenchem os requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles conheço. Cuida o presente processo de autos de infração que exigem IRPJ e CSLL decorrentes das seguintes infrações realizadas no anocalendário de 2009: (i) não tributação dos lucros auferidos por controladas no exterior nos termos do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835; (ii) aproveitamento fiscal do ágio apurado utilizandose empresa veículo, sendo aplicada multa qualificada de 150% em relação a esta infração; e (iii) não tributação de juros e variações cambiais decorrentes de empréstimos concedidos a controladas no exterior, o que ensejou autuações reflexas de PIS e COFINS. A DRJ julgou o lançamento tributário apenas parcialmente procedente, excluindo do valor tributável o montante de R$ 7.299.749,00 referente aos lucros auferidos pela controlada uruguaia Inaler S/A. Feitas essas considerações iniciais, farei, inicialmente, uma introdução acerca da legislação que circunda a matéria para, posteriormente, adentrar na análise do recurso de ofício e, então, no mérito do recurso voluntário. Fl. 3360DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.361 30 1. INTRODUÇÃO  LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. Conforme apurado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 2549/2590), a Recorrente, durante o anocalendário de 2009, era controladora de pessoas jurídicas estabelecidas no Uruguai, na Argentina e na Holanda. A fiscalização apurou que o contribuinte ofereceu à tributação lucros em valor inferior ao efetivamente apurado pelas controladas uruguaias: (i) em relação à controlada Frigorífico Tacuarembó S/A, a fiscalizada havia oferecido à tributação a quantia de R$ 9.683.082,00, sendo verificada uma diferença de R$ 492.357,00 a ser tributada; (ii) já em relação à Prestcott International S/A, o fisco considerouse que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593,00, sendo indicada diferença a ser tributada no total de R$ 96.147,00; e (iii) no que tange à Inaler S/A, a fiscalização observou que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Contudo, examinandose o balanço encerrado em 31/12/2009 constata se a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547,00 equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 a ser tributado. Por seu turno, a fiscalização observou que não foi oferecido à tributação o valor de R$ 68.695.564,00 em relação à controlada holandesa Marfrig Holding BV. Por último, foi apurado em procedimento fiscalizatório que nenhum “lucro disponibilizado no exterior” foi declarado na DIPJ 2010 no que tange à controlada argentina Quickfood S.A, o valor do lucro passível de disponibilização no Brasil é de R$ 15.249.504,80, correspondente ao período de julho a dezembro de 2009. No período de janeiro a junho, a fiscalizada não apresentou o balanço, razão pela qual a autoridade autuante procedeu à comparação com o balanço de julho a dezembro e concluiu deveria ter sido oferecido à tributação o valor de R$ 23.273.742,45. Na seqüência, o AuditorFiscal informa que o contribuinte deduziu na apuração do IRPJ o valor de R$ 7.203.529,69 a título de imposto de renda pago no exterior. Contudo, foram constatadas as seguintes divergências, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 2549/2590): Conforme regulamentado no art. 395, existem alguns procedimentos a serem adotados para que seja possível a compensação de imposto de renda pago no exterior, a saber: a) será proporcional ao total de imposto e adicional devidos pela pessoa jurídica no Brasil, ora se a pessoa jurídica brasileira apurou resultados negativos não há imposto de renda a pagar no Brasil, logo não há o que se compensar no Brasil. No que tange à fiscalizada, observamos que apurou um Lucro Real negativo de R$ 61.287.302,32 e lucro líquido negativo (conforme ficha 07A) de R$ 26.188.167,96. b) As demonstrações financeiras apresentadas indicam o valor de imposto de renda na quantia de: Tacuarembó USD 331.005, Inaler Usd 547.115, valores positivos, isto é, ao lucro antes do imposto de renda é somado o valor indicado como imposto de renda para se chegar ao lucro Fl. 3361DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.362 31 liquido e na Prestcott há indicação de pagamento de USD 124.906 que reduz o lucro antes do imposto de renda. Já na relação dos supostos pagamentos efetuados no caso da Tacuarembo aponta USD 1.986.635 e na Inaler USD 504.297 e na Prestcott aponta USD 1.286.481. Isto indicado, não há como afiançar que tais valores foram efetivamente pagos, porque não se fecham. Na intimação nº 1 e 2 a fiscalizada foi convocada a apresentar extratos bancários comprobatórios. Intimado a apresentar documentação comprobatória, semelhante ao nosso DARF, ou mesmo comprovação inequívoca através de extrato bancário, o contribuinte remeteu a mesma composição já anteriormente enviada com muitas diferenças de valores, acrescentando a declaração de imposto de renda local, na linguagem nativa, ou seja não traduzida nem tampouco reconhecida no Consulado da Embaixada do Brasil no Uruguai. As diferenças mencionadas a seguir reproduzidas, embora registrem que as primeiras correspondem ao período de outubro de 2008 a setembro de 2009 e a segunda informação referente janeiro a dezembro de 2009 não são suficientes, no nosso entendimento, para fazer prova se realmente foram liquidados. Portanto, considerando os valores tidos como imposto de renda nos balanços e os demonstrativos acima, temos diversos valores sob a nomenclatura de imposto de renda pago no exterior tornandose difícil aceitar como comprovação real. c) Para ser compensado o imposto de renda pago no exterior é imprescindível que seja registrado pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em for devido o imposto, como não foi apresentado documento pertinente, não há que se compensar o imposto de renda. Na declaração de imposto de renda do ano calendário de 2009, o valor do imposto de renda pago no exterior foi apresentado na ficha 12A, linha 13 (R$ 7.203.529,69). Como não foi apurado imposto de renda a pagar no período tal valor ficou como se imposto de renda tivesse sido pago e que deverá ser compensado no ano calendário seguinte. Isto posto e demonstrado que não deveria ter sido aproveitado tal valor é de se intimar o contribuinte a ajustar a declaração de imposto de renda do ano calendário de 2009 com vista ao não aproveitamento do valor no ano calendário seguinte. Pois bem. A autuação tem como base legal os arts. 25 e §§ da Lei 9.249/95; art. 16 da Lei nº 9.430/96; artigos, alíneas e incisos da Lei nº 9.532, art. 207, inciso III e inciso I do parágrafo único, art. 249, inciso II e art. 394, do RIR/99, combinado com os artigos 21 e 74 da Medida Provisória nº 2.15835. Fl. 3362DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.363 32 Todavia, acredito que para o deslinde da questão se faz mister um arrazoado legislativo para que possamos entender mais claramente a evolução do tema, bem como alguns pontos polêmicos discutidos em nossa doutrina e jurisprudência. Pois bem. Não é necessário muitas digressões para compreendermos que a Medida Provisória 2.15835/2001, tratou de consolidar um entendimento da União Federal, que iniciou a busca pela tributação dos lucros do exterior com a edição da Lei 9.249/1995. Nesse começo da aplicação do princípio da universalidade a Lei 9.249/1996 encontrou obstáculos legislativos (falta de fundamento de validade) em lei complementar, suprida posteriormente com a edição da Lei Complementar 104/2001, que alterou o Código Tributário Nacional, incluindo enunciados permissivos à tributação de receita ou rendimentos oriundos do exterior. Com a aplicação da tributação da renda utilizandose do princípio da universalidade, o País promoveu a alteração de foco, antes repousado sobre a territorialidade, que tributava apenas a renda produzida no País, para o elemento de conexão “contribuinte brasileiro”, que passou a controlar ou coligarse a empresas no exterior, algo inevitável no mundo globalizado. Diante da edição da Lei 9.249 de 26.12.1995, a União passou a tributar os lucros auferidos no exterior por coligadas ou controladas de empresas brasileiras.O objetivo da, então novel legislação, era a proteção da base tributária de cada país, sem gerar um problema no processo de globalização, expansão e internacionalização das empresas, além de combater a elisão fiscal, como se extrai da exposição de motivos do referido diploma legal, em seu item 14. Podemos observar também da edição da Lei 9.249/1995 que além da necessidade de trazer recursos tributários ao Brasil sobre os lucros auferidos por empresas no exterior, com o critério de conexão “contribuinte brasileiro”, a regra buscou dar tratamento igualitário a todas as empresas que possuíssem filiais, sucursais, controladas ou coligadas no exterior de forma universal. Porém, essa regra se esqueceu de separar empresas estabelecidas em países que NÃO possuem tributação favorecida, países com os quais o Brasil possui Tratado para Evitar a Dupla Tributação e países que possuem tributação favorecida, gerando diversas distorções interpretativas. Além da omissão quanto ao tratamento a ser dado aos contribuintes, levando em consideração questões distintas que poderiam ser contempladas na regra, o que repercutiu de forma negativa à Lei 9.249/1995 foi a definição do momento em que ocorre o fato jurídico tributário para fins de apuração dos tributos no Brasil. A discussão foi pautada na tributação mediante o reconhecimento dos lucros do exterior quando do encerramento do balanço em 31 de dezembro de cada ano, sendo que em muitos casos não havia sido realizada a disponibilização econômica ou jurídica: creditamento ou pagamento daquele lucro à controladora ou coligada brasileira. Diante disso, como forma de atender o disposto no Código Tributário Nacional (art. 43), a despeito de se usar a via inadequada, pois o problema da ilegalidade Fl. 3363DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.364 33 deveria ser resolvido por meio da alteração da Lei 9.249/1996, a Receita Federal editou a IN 38/1996, que trouxe em seu texto a inclusão da expressão “disponibilizados”. Os mencionados eventos ainda estavam relacionados com a definição tradicional do fato gerador do imposto de renda imposta pelo Código Tributário Nacional (CTN), que, em seu art. 43, estabelece se tratar da aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica. A mesma norma previa a apuração do resultado das participações em empresas no exterior de modo individualizado. Como os conceitos trazidos na IN 38/1996 poderiam representar uma extrapolação da autonomia regulamentar da Receita Federal, novas leis foram editadas para tratar da forma de apuração e dos critérios que permitiriam considerar disponibilizados os lucros auferidos no exterior, ainda sob as limitações impostas pelo CTN quanto à verificação da disponibilidade econômica ou jurídica. Nesse sentido, a Lei 9.430/1996 tratou da apuração individualizada dos lucros decorrentes de investimentos detidos no exterior e instituiu a possibilidade de arbitramento de tais rendimentos, caso não fossem devidamente demonstrados. Já a Lei 9.532/1997, posteriormente alterada pela Lei 9.559/2000, avançou na conceituação da disponibilidade, para fins de tributação dos lucros no exterior. Na norma aludida acima, que pela primeira vez foi legalmente introduzida a figura da disponibilidade imediata, aplicada a lucros provenientes de filiais ou sucursais no exterior. Nos termos do art. 1.º, § 1.º, a, da Lei 9.532/1997, a mera apuração de lucros por filiais ou sucursais detidas no exterior já era suficiente para que os valores fossem considerados disponíveis e passíveis de tributação na pessoa jurídica de sua matriz domiciliada no Brasil. Nessa situação em específico, por se tratarem de estabelecimentos de uma mesma pessoa jurídica, com sede no Brasil, considerase que a disposição ainda não cria uma disponibilidade fictícia, mas apenas reconhecem como juridicamente disponíveis à matriz brasileira os resultados de filiais e sucursais no momento de sua apuração. Por outro lado, reafirmase que a tributação dos lucros provenientes de controlada ou coligada no exterior depende de sua disponibilização econômica ou jurídica (art. 1.º, § 1.º, b, da Lei 9.532/1997). Seguindose a evolução legislativa do tema, observase que, no ano de 2001, as disposições do Código Tributário Nacional que tratam do fato gerador do imposto de renda foram alteradas pela edição da Lei Complementar 104/2001, sendo editada essa regra para dar fundamento de validade à medida provisória que logo seria editada com o intuito de aplicar a disponibilização imediata dos lucros do exterior. Deste modo, foi instituída a possibilidade de criação de exceções à regra geral de que o fato gerador do imposto de renda deve estar necessariamente vinculado à disponibilidade econômica ou jurídica de proventos, no que toca aos rendimentos oriundos do exterior. Fl. 3364DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.365 34 Na esteira da mencionada modificação do Código Tributário Nacional, a Medida Provisória 2.15835/2001, por meio de seu art. 74, criou a figura da disponibilização ficta de lucros auferidos por controladas ou coligadas no exterior. Esse dispositivo não faz nenhuma referência à necessidade de efetiva disponibilidade econômica ou jurídica dos valores. Ao contrário, institui a presunção legal de que lucros auferidos por controladas ou coligadas no exterior estão automaticamente disponíveis tão logo sejam apurados. Por um lado, há pontos controversos, não abordados pelo texto do art. 74 da MP 2.15835/2001, quanto a algumas situações nas quais os lucros são considerados disponibilizados, indicadas no art. 2.º da IN 213/2002. As discussões relacionadas a esse artigo da IN 213/2002 tratam da extrapolação da determinação contida no art. 74 da MP 2.15835/2001, que se limita a considerar disponibilizados os lucros apurados, com o fim de tributar lucros eventualmente existentes na ocorrência de eventos como liquidação, alienação, cisão, fusão ou incorporação. Já o art. 7.º da IN 213/2002, por sua vez, está ligado ao principal ponto do debate sobre a tributação de lucros no exterior. Nesse mister, a pretexto de tributar os lucros apurados no exterior, mediante presunção de sua disponibilização imediata, a Receita Federal determina a tributação do resultado positivo de equivalência patrimonial apurado em 31 de dezembro de cada ano. Aqui as divergências giram em torno da potencial divergência de valores na apuração contábil do resultado de equivalência patrimonial e do lucro, uma vez que, por exemplo, o lucro pode ser destinado à constituição de reservas, sem a sua efetiva disponibilização. Feitas tais considerações, as quais enfrentaremos no presente litígio, passemos a análise das questões debatidas em sede recursal. 2. RECURSO DE OFÍCIO  CONTROLADA URUGUAIA INALER S/A. O contribuinte alega (fl. 2613) que o exercício fiscal uruguaio se inicia em 1º de outubro e se encerra em 30 de setembro. Foi acostada aos autos a tradução juramentada do Decreto Uruguaio nº 704/973 (fls. 2730), que fixa a data de 30 de setembro de cada ano como encerramento do balanço anual dos frigoríficos habilitados a exportar. A DRJ concluiu que restou "demonstrado pela impugnante que a legislação do Uruguai fixa que a data de encerramento dos balanços anuais em 30 de setembro de cada ano", salientando que "os documentos de fls. 2733/2747 registram que os balanços das empresas Establecimientos Colonia S.A, Cledinor S.A, Tacuarembó S.A e Inaler S.A encerramse em 30 de setembro". Verificado que o exercício fiscal uruguaio termina em 30 de setembro de cada ano, passemos a análise do que prevê a legislação brasileira. Vejamos o dispõe o artigo 25 da Lei nº 9.249/95: Fl. 3365DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.366 35 Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano. (...) § 2º Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: I  as filiais, sucursais e controladas deverão demonstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus exercícios fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; (...) § 7o Os lucros serão apurados segundo as normas da legislação comercial do país de domicílio. Por seu turno, o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835 estabelecia o quanto segue: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Observase, pois, que a legislação de regência prevê que os lucros das controladas estrangeiras devem ser apurados de acordo com a legislação do país de domicílio e que não há regra que estabeleça, expressamente, que o lucro tem que ser apurado conforme balanço levantado em 31 de dezembro. Aproveito a oportunidade para transcrever a doutrina de Douglas Yamashita sobre o tema e que foi trazida pela DRJ em sua decisão: Nesse caso de aplicação da legislação contábil estrangeira, se o ano contábil de algum dos países das controladas for distinto do anocalendário, valerão as demonstrações financeiras oficiais desse país, por exemplo, de outubro de 2008 a setembro de 2009. Aliás, o próprio art. 74 da MP nº 2.15835/2001 dispõe que “os lucros auferidos por controlada (...) no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora (...) no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados”. O item 086 Fl. 3366DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.367 36 do Perguntas e Respostas do Capítulo XIX da DIPJ de 2009 confirma esse mesmo entendimento” [destaques do original]. 1 A DRJ também transcreveu as disposições do Perguntas e Respostas disponível no site da RFB: 086 – Como deverão ser considerados (para fins de apuração do lucro real) os lucros auferidos por intermédio de controladas ou coligadas sediadas no exterior a partir do anocalendário de 2002? A partir de 1º/01/2002, os lucros auferidos por intermédio de controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço em que tiverem sido apurados. Diversa não poderia ser a conclusão da doutrina mais abalizada. Isso porque o artigo 43 do Código Tributário Nacional CTN2, ao circunscrever o âmbito de incidência do imposto de renda, estabelece a necessidade de haver um acréscimo patrimonial, em um determinado período de tempo, para fins de ocorrência do fato gerador do tributo. Ocorre que, para fins de determinação da ocorrência, ou não, de efetivo acréscimo patrimonial, devem ser confrontados dois momentos temporais, os quais são marcados por um termo inicial e por um termo final definidos na legislação tributária. Assim, os rendimentos do contribuinte não podem ser considerados de forma isolada, o que ocasionaria a tributação dos ingressos obtidos em um único momento. Logo, é imperioso que seja considerado o exercício fiscal determinado pela lei do país em que se encontra domiciliada a controlada estrangeira, para que seja tributado somente o que constituir efetivo acréscimo patrimonial. Entendo, portanto, que a apuração dos lucros obtidos em controladas no exterior deve obedecer o exercício fiscal determinado pela legislação do país de domicílio da pessoa jurídica. No caso dos autos, os lucros auferidos pelas controladas uruguaias devem ter como data base o dia 30 de setembro, pois somente então será possível verificar se houve, ou não, acréscimo patrimonial naquele exercício. Feitas essas considerações iniciais, adoto o quanto decidido pela DRJ para que a tributação dos lucros auferidos no exterior tenha como base o balanço encerrado em 30 de setembro de 2009: 1 No artigo "Controladas Indiretas no Exterior: Controvérsias de se Regime Tributário" In Revista Dialética de Direito Tributário nº 179, págs. 28 e seguintes 2 Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I  de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II  de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Fl. 3367DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.368 37 Concluído que, no lucro real apurado pela contribuinte de 31/12/2009, devem ser considerados os lucros auferidos pelas controladas uruguaias ao final de cada exercício fiscal, disponibilizados nos balanços encerrados em 30/09/2009, passo a examinar os valores que devem compor a base de cálculo tributável. As controladas uruguaias cujos resultados contribuíram para a formação do lucro real e da base de cálculo da CSLL são a Tacuarembó S/A, a Prestcott Internacional S/A e a Inaler S/A. (...) O balanço elaborado pela Tacuarembó S/A, encerrado em 30/09/2009, encontrase a fls. 74 dos autos. Nele se verifica que o lucro antes do imposto de renda totaliza 6.576 milhões de dólares (US$), o que equivale a R$ 11.672.785,60, utilizandose a cotação do dólar no dia 30/09/2009 (R$ 1,7781), momento em que o rendimento foi disponibilizado para a contribuinte. Uma vez que a impugnante tem participação de 93,45% na sociedade, o lucro que lhe cabe totaliza R$ 10.926.210,00, valor superior ao tributado pela Fiscalização (R$ 10.175.439,00). (...) Quando se discutiu o teor da legislação uruguaia, chegouse à conclusão de que, realmente, impõese o encerramento do balanço em 30 de setembro. Todavia, tal determinação é aplicável apenas aos frigoríficos exportadores. Transcrevo a tradução juramentada do artigo 1º do Decreto nº 740/973: Artigo 1º É fixada a data de 30 de setembro de cada ano para o encerramento do balanço dos frigoríficos exportadores compreendidos no decreto 64/972 de 26 de janeiro de 1972. As reformas de estatutos sociais que sejam necessárias a fim de dar cumprimento à disposição precedente ficam exoneradas de qualquer ônus fiscal. Compulsando os autos, verificase que a condição de frigorífico exportador da empresa Tacuarembó S/A é evidente. O próprio relatório fiscal registrou esta situação: A Frigorífico Tacuarembó S/A é uma sociedade anônima, instalada na cidade de Tacuarembó, no Uruguai. Exerce atividades frigoríficas e de produção de hamburguers e produtos de carnes com valor agregado, sendo distribuídos e comercializados no mercado local e no exterior. No entanto, não se depreende, dos autos, que a Prestcott International S/A seja um frigorífico exportador. As informações juntadas aos autos dão a impressão de que a Prestcott é a empresa que controla 100% da Cledinor S/A, esta sim, um frigorífico. (...) Acrescentese a isso que o AuditorFiscal somente teve acesso ao balanço encerrado em 31/12/2009, não lhe tendo sido entregue qualquer balanço com encerramento em 30/09/2009: De acordo com a Demonstração de Resultado constante das demonstrações contábeis da empresa apresentadas pela fiscalizada, o Lucro Líquido antes do IR Fl. 3368DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.369 38 em 2009, apurado no balanço de 31 de dezembro de 2009, em dólares americanos, é de USD 5.683.863, equivalente em 31/12/2009 a R$ 9.896.742. Considerando que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593, indica diferença a ser tributada no total de R$ 96.147. Por fim, quando a impugnante trouxe aos autos informações sobre o exercício fiscal das controladas uruguaias (fls. 2733/2747), em momento algum informouse que o ano fiscal da Prestcott se encerraria em setembro. Sem provas efetivas de que a empresa Prestcott International S/A está sujeita ao encerramento do balanço em 30 de setembro, não há motivos para se retificar o lançamento fiscal. No TVF não consta que a mencionada empresa seja um frigorífico exportador. Todavia, registrase que o balanço apresentado foi encerrado em 30 de setembro: Observase que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Entretanto, quando se examina o balanço encerrado em 31/12/2009 constatase a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547, equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 que deve ser tributado. A informação de que o balanço é encerrado em 30 de setembro é confirmada a fl. 2734: (...) Além disso, consulta realizada na rede mundial de computadores indica que a empresa Inaler S/A é um frigorífico exportador, sendo mencionada na lista de frigoríficos que possuem autorização para exportar para a Costa Rica (http://www.senasa.go.cr/anterior/Documentos/DIPOA/Establecimientos_aprobados _para_exportar_a_Costa_Rica/ESTABLECIMIENTOS_AUTORIZADOS_A_EXP ORTAR_A_COSTA_RICA_SETIEMBRE_2009.pdf), na lista de associados da Associação de la Industria Frigorífica del Uruguay (http://www.foromercosurdelacarne.org/institucional/miembros/112asociacionde laindustriafrigorificadeluruguayadifu.html), na lista de exportadores registrados no Instituto Nacional de Carnes – INAC (http://www.inac.gub.uy/innovaportal/file/10676/1/lista_de_frigorificos2.pdf), dentre outros. Já foi transcrito acima, o trecho do TVF que tratou da apuração do lucro da Inaler S/A, o qual permite constatar que, no balanço de 30/09/2009, não houve lucro apurado. O lucro apenas foi verificado no balanço de 31/12/2009. Considerando que a legislação uruguaia impõe o encerramento do balanço em 30 de setembro, entendo que este deve ser o balanço a ser examinado pelas Autoridades Fiscais brasileiras. Por este motivo, não procede a inclusão, na base de cálculo do IRPJ e da CSLL apurada em 31/12/2009, do lucro indicado no balanço de mesma data. Em resumo, aplicandose o entendimento adotado no presente voto, para a empresa Tacuarembó S/A, deve ser adicionado ao lucro apurado pela contribuinte o valor de R$ 1.243.128,00 (= 10.926.210,00  9.683.082). Fl. 3369DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.370 39 Para a empresa Prestcott International S/A, o lucro apurado no exterior não oferecido à tributação pela contribuinte totaliza R$ 96.147,00, conforme indicado no TVF. Quanto à empresa Inaler S/A nenhum lucro foi apurado, posto que o balanço encerrado em 30/09/2009 apontava prejuízos. (...) Logo, em relação aos lucros auferidos pela empresa Inaler S.A, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário, mantendo a exclusão dos lucros auferidos por esta empresa da base de cálculo do lançamento tributário. No que tange as demais controladas uruguaias, Prestcott Internacional S.A. e Tacuarembó S/A, e à controlada argentina, por se tratar de matéria relativa ao recurso voluntário, passarei a decidir sobre o tema no tópico 3.3 deste voto. 3. RECURSO VOLUNTÁRIO 3.1. DA APLICAÇÃO DO ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.158 35/01 As regras de transparência fiscal, também conhecidas como Controlled Foreign Corporation Rules (“CFC”) visam imputar as controladoras os lucros acumulados pelas sociedades controladas no exterior. Nesse sentido, ensina o Jurista Heleno Taveira Tôrres: “transparência fiscal não significa mais do que a possibilidade de imputar aos sócios ou acionistas residentes, por transparência, os lucros produzidos pela sociedade constituídas e localizadas no estrangeiro, geralmente em países com tributação favorecida, fazendo incidir o imposto aplicável aos lucros produzidos no exterior, pelas sociedades ali localizadas, e das quais aqueles sujeitos são acionistas, automaticamente, como se fossem produzidos internamente, mesmo se não distribuídos sob a forma de dividendos”.1 Entendo, portanto, que, no Brasil, as regras de transparência fiscal foram introduzidas pela controversa Medida Provisória nº 2.158 35/01, cujo artigo 74 determinava a chamada “tributação automática dos lucros”, isto é, a tributação dos lucros mesmo que não haja distribuição de dividendos. Confirase sua redação: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Fl. 3370DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.371 40 Após muitos debates sobre a constitucionalidade desse dispositivo, a dialética resultou em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (“ADIn”), recentemente julgada pelo Supremo Tribunal Federal (“STF”). Em apertada síntese, decidiuse,por maioria de votos, que a regra CFC brasileira se aplica às controladas de empresas brasileiras com sede em “paraíso fiscal”(black list) ou que se achem sob regime fiscal privilegiado (gray list). Por outro lado não foi alcançado quórum no que tange à aplicação à tributação do lucro em coligadas sediadas em países com regime de tributação normal e que possam comprovar o seu propósito negocial e substância econômica. Adicionalmente, foi rejeitada a retroatividade da regra para alcançar lucros auferidos antes do ano calendário de 2002. Destacase que, apesar do julgamento da ADIn, por conta do dito acima, ainda permanece incerto o tratamento a ser aplicado (i) às controladas residentes em países não considerados paraísos fiscais, inclusive quando existir um tratado para evitar a dupla tributação; e (ii) às coligadas sediadas em paraísos fiscais. Além disso, não há definição clara quanto à interpretação a ser dada ao conceito de “paraíso fiscal”, uma vez que a decisão não fez vinculação clara do termo ao disposto nos artigos 24 e 24A da Lei n° 9.430/96 (e IN SRF n° 1.037/10). Assim, caberá ao fisco federal comprovar, por meio dos mecanismos à sua disposição, a ausência de “propósito negocial” e a qualificação de dada jurisdição como paraíso fiscal. Apesar disso, na seqüência, o STF decidiu que o art. 74 seria também aplicável também às controladas sediadas em países que não se caracterizem como paraísos fiscais ou que se encontrem sob regime fiscal privilegiado. É o que se depreende da análise do Recurso Extraordinário 541.090/SC, julgado em 10/04/2013, cuja ementa encontrase adiante transcrita: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCROS PROVENIENTES DE INVESTIMENTOS EM EMPRESAS COLIGADAS E CONTROLADAS SEDIADAS NO EXTERIOR. ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.15835/2001. 1. No julgamento da ADI 2.588/DF, o STF reconheceu, de modo definitivo, (a) que é legítima a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 relativamente a lucros auferidos por empresas controladas localizadas em países com tributação favorecida (= países considerados “paraísos fiscais”); e (b) que não é legítima a sua aplicação relativamente a lucros auferidos por empresas coligadas sediadas em países sem tributação favorecida (= não considerados “paraísos fiscais”). Quanto às demais situações (lucros auferidos por empresas controladas sediadas fora de paraísos fiscais e por empresas coligadas sediadas em paraísos fiscais), não tendo sido obtida maioria absoluta dos votos, o Tribunal considerou constitucional a norma questionada, sem, todavia, conferir eficácia erga omnes e efeitos vinculantes a essa deliberação. 2. Confirmase, no presente caso, a constitucionalidade da aplicação do caput do art. 74 da referida Medida Provisória relativamente a lucros auferidos por empresa controlada sediada em país que não tem tratamento fiscal favorecido. Todavia, por ofensa aos princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade, afirmase a inconstitucionalidade do seu parágrafo único, que trata dos lucros apurados por controlada ou coligada Fl. 3371DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.372 41 no exterior até 31 de dezembro de 2002. 3. Recurso extraordinário provido, em parte. Posteriormente, com o intuito de cumprir o quanto decidido na ADIN n° 2588 e de aproximar a legislação do entendimento exarado pelo STF, o artigo 74 foi revogado pela Lei nº 12.973/14. Atualmente, os artigos 76 a 91 do referido diploma legal tratam da tributação em bases universais. Em suma, conforme prevê o artigo 77 da Lei nº 12.973/142, foi mantida a transparência fiscal de controladas no exterior de empresas brasileiras, sendo expressamente determinada a tributação não apenas das controladas diretas, mas também das indiretas. No presente caso, resta claro, que as controladas uruguaias, argentina e holandesa. submetemse à regime fiscal dito “normal” e transparente. Portanto, impende aplicar o quanto decidido pelo STF em relação à possibilidade de aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/01 aos lucros auferidos por controlada no exterior, esteja esta submetida, ou não, à tributação “normal”. Todavia, no que se refere às controladas uruguaias, ainda é preciso verificar a possibilidade de compensação do imposto pago no exterior, bem como a correta aferição do exercício fiscal uruguaio. Por sua vez, em relação a duas controladas objeto da autuação, tal aplicação possui uma peculiaridade bastante específica, qual seja a existência de TDT entre Brasil e Holanda e entre Brasil e Argentina e, portanto, a questão deve ser analisada levandose em consideração esse cenário, que ao meu ver corrobora com a não aplicação do art. 74 da MP 2.15835/01. 3.2. DO TRATADO PARA EVITAR DUPLA TRIBUTAÇÃO FIRMADO ENTRE O BRASIL E O REINO DOS PAÍSES BAIXOS E ENTRE O BRASIL E A ARGENTINA. Primeiramente se faz mister tecer alguns comentários sobre a interpretação dos tratados, bem como elucidar a questão sobre a prevalência dos tratados em detrimento da legislação interna. Para tanto, socorrome de trecho da obra do Ilustre Prof. Alberto Xavier, "Direito Tributário Internacional do Brasil": "a conclusão de que os tratados têm supremacia hierárquica sobre a lei interna e se encontram numa relação de especialidade em relação a esta, é confirmada em matéria tributária, pelo artigo 98 do Código Tributário Nacional que, em preceito declaratório dispõe que 'os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha'. Observase, em homenagem à exatidão, que é incorreta a redação deste preceito quando se refere a revogação da lei interna pelos tratados. Com efeito, não se está aqui perante um fenômeno abrogativo, já que a lei interna mantém a sua eficácia plena fora dos casos subtraídos à sua explicação pelo tratado. Tratase, isso sim, de delimitação da eficácia da lei que se torna Fl. 3372DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.373 42 relativamente inaplicável a certo círculo de pessoas e situações, limitação esta que caracteriza precisamente o instituto da derrogação e decorre da relação de especialidade entre tratados e leis. Cumpre notar que a supremacia hierárquica dos tratados sobre as leis internas tem com o efeito exclusivo proibir a sua revogação por leis internas subseqüentes, não sendo porém o fundamento da sua 'aplicação prevalecente'. É que, ainda que tratado e lei ordinária tivessem paridade de valor hierárquico, a aplicação prevalecente do primeiro resulta diretamente de uma relação de especialidade". No tocante à aplicação da regra CFC em detrimento aos acordos internacionais, cumprese preliminarmente destacar os efeitos do art. 98 do Código Tributário Nacional, que assim preceitua: “Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela lei que lhes sobrevenha”. Temse que os tratados internacionais prevalecem sobre a legislação interna. Nesse sentido, vale citar o acórdão do 1° Conselho de Contribuintes que, ao tratar da questão da supremacia ou não dos tratados e convenções internacionais, acabou adotando o seguinte entendimento: “TRATADO E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. Não obstante o STF tenha se posicionado no sentido de inexistência de primazia hierárquica do tratado internacional, em se tratando de Direito Tributário a prevalência da norma internacional decorre de sua condição de lei especial em relação à norma interna.” (Acórdão n° 10194.910. 1º CC, 1ª Câmara. Rel. Cons. Sandra Maria Faroni. DJ: 13/04/2005) Claro está, portanto, que as disposições do Acordo devem prevalecer sobre as normas domésticas brasileiras, bem como devem ser interpretadas de acordo com as normas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ainda que o Brasil não seja um membro da referida organização. Destarte, a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/01 viola o disposto no art. 7º do Acordo firmado entre o Brasil e o Reino dos Países Baixos para evitar a dupla tributação sobre a renda, cujo teor do parágrafo 1º encontrase abaixo transcrito: ARTIGO 7 Lucros das Empresas 1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado; a não ser que a empresa exerça, sua atividade no outro Estado Contratante, por meio de um estabelecimento permanente ali situado. Se a empresa exerce suas atividades na forma indicada, seus lucros podem ser tributados no outro Estado, mas unicamente na medida em que forem atribuíveis àquele estabelecimento permanente. Fl. 3373DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.374 43 No mesmo sentido, é a redação do art. 7º do Acordo firmado entre o Brasil e a Argentina: ARTIGO VII Lucros das empresas Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente aí situado. Se a empresa exercer sua atividade na forma indicada, seus lucros são tributáveis no outro Estado, mas unicamente à medida em que sejam atribuíveis a esse estabelecimento permanente. Da leitura dos artigos supra, concluise não ser permitido que um Estado Contratante tribute os lucros auferidos por uma pessoa jurídica residente no outro Estado contratante, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente aí situado. Evidenciase, portanto, a regra de tributação de lucros exclusivamente no Estado de Residência de coligadas e controladas. Desse modo, verificase que o art. 74 da Medida Provisória nº 2.158 35/01 é incompatível com o art. 7° das ConvençãoModelo da OCDE, de tal modo que os lucros produzidos no exterior estariam abrangidos pelo referido art. 7°. Ademais, entendo que os valores relativos aos resultados positivos de equivalência patrimonial em investimentos no exterior não devem ser considerados no lucro do período para fins do cálculo de IRPJ e CSLL. Isso porque o art. 7°, §1º, da IN/SRF 213/2002 extrapola o limite legal trazido pelo art. 25, § 6º, da Lei nº 9.249/95, conquanto este apenas autoriza à adição do resultado do balanço patrimonial na empresa controlada ou coligada no Brasil, proporcionalmente à sua participação acionária para fins de determinação do lucro real e a base de cálculo da CSLL, in verbis: Art. 25, Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano § 6º  Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método de equivalência patrimonial, continuarão a ter tratamento previsto na legislação vigente, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º, 2º e 3º. Vêse, claramente, que o citado regulamento é flagrantemente ilegal, posto que é dado ao instituto dos regulamentos um campo de ação restrito ao que texto legal aduz e sempre em harmonia com o comando secudum lege e, nunca extra lege. Dessa maneira, é imposição lógica que os regulamentos, sempre infralegais, não podem inovar no ordenamento jurídico. Sobre a questão da equivalência patrimonial, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis  CPC 02, item 2, conceitua a equivalência patrimonial como um método de contabilização, por meio do qual “o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da participação atribuída ao investidor nas alterações Fl. 3374DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.375 44 dos ativos líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir a parte que lhe cabe nos resultados gerados pela investida”. Assim, a equivalência patrimonial consiste em atualizar o valor contábil ao valor equivalente à participação da investidora no patrimônio líquido da investida, bem como o reconhecimento dos seus efeitos na demonstração do resultado do exercício. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou por meio do Resp 1.211.882/RJ, em situação similar, a saber: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDOCSLL. EMPRESAS CONTROLADAS E COLIGADAS SITUADAS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO DO RESULTADO POSITIVO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. ILEGALIDADE DO ART. 7º, § 1º, DA IN/SRF N. 213/2002 “(...) 3. É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7.º, § 1.º, da IN SRF 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1.º, § 4.º, da IN SRF 213, de 07.10.2002. 4. Muito embora a tributação de todo o resultado positivo da equivalência patrimonial fosse em tese possível, ela foi vedada pelo disposto no art. 23, caput e parágrafo único, do Declei 1.598/1977, para o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, e pelo art. 2.º, § 1.º, c, 4, da Lei 7.689/1988, para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, mediante artifício contábil que elimina o impacto do resultado da equivalência patrimonial na determinação do lucro real (base de cálculo do IRPJ) e na apuração da base de cálculo da CSLL, não tendo essa legislação sido revogada pelo art. 25 da Lei 9.249/1995, nem pelo art. 1.º da MedProv 1.602/1997 (convertida na Lei 9.532/1997), nem pelo art. 21 da MedProv 1.8587, de 29.07.1999, nem pelo art. 35 da MedProv 1.99115, de 10.03.2000, ou pelo art. 74 da MedProv 2.15834/2001 (edições anteriores da atual MedProv 2.15835, de 24.08.2001). (...)” (REsp 1.211.882/RJ, 2.ª T., j. 05.04.2011, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 14.04.2011). “1. ‘É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7.º, § Fl. 3375DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.376 45 1.º, da IN SRF 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1.º, § 4.º, da IN SRF 213, de 07.10.2002’.” (AgRg no REsp 1.307.054/RJ, 2.ª T., j. 28.05.2013, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 04.06.2013). O mencionado art. 1.º, § 4.º, da IN 213/2002, faz referência, especificamente, aos lucros de filial, sucursal, coligada ou controlada, na proporção em que a empresa brasileira faça jus eles. Portanto, o tribunal superior decidiu de modo a eliminar a incongruência (ilegalidade) gerada pela IN 213/2002 que, sob o pretexto de tributar lucros no exterior, tributava o resultado positivo da avaliação de investimentos por equivalência patrimonial. Diante dessas decisões do STJ, entendo que a Recorrente tem importantes precedentes em seu favor, em caso de um caminho judicial a ser seguido na discussão da tributação integral do resultado de equivalência patrimonial de participações no exterior, na parte em que exceda os lucros devidos à empresa brasileira. No meu sentir não há razão econômica para que um Estado negocie um tratado com outro Estado e, repetidas vezes descumpra tais disposições, por conta da sanha fiscal. Vejam o tratado Brasil  Holanda foi recepcionado e após ratificado pelo Decreto nº 355 em 03 de Dezembro de 1991, já o tratado BrasilArgentina foi recepcionado e ratificado pelo Decreto n° 87.976 em 22 de dezembro de 1982. O objetivo desses acordos é justamente promover o ingresso de divisas no país, bem como fomentar a economia entre os Estados contratantes. Portanto, a não observância dessas regras acordadas poderia até terminar em um incidente diplomático, como ocorrido na denúncia do tratado Brasil – Alemanha, por parte da Alemanha. Com base nesses fundamentos, considero que os tratados firmados entre o Brasil e os Países Baixos e a Argentina para evitar a dupla tributação afasta o lançamento ora discutido no que tange às controladas Marfrig Holding BV.e Quickfood S.A, devendo ser dado provimento ao recurso voluntário em relação a este ponto. Restam também, portanto, prejudicados os argumentos do Fisco quanto à aplicabilidade deste tratado à CSLL, por força do disposto no art. 2o e 3º dos aludidos acordos. Em relação à Holanda: 2. Os impostos atuais aos quais se aplica a Convenção são: a) no caso do Brasil o imposto federal sobre a renda, excluídos o imposto suplementar de renda e o imposto sobre atividades de menor importância, (doravante designado "imposto brasileiro"); b) no caso da Holanda: Fl. 3376DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.377 46  o imposto de renda;  o imposto sobre salários;  o imposto sobre sociedades, inclusive a participação do Governo nos lucros líquidos da exploração de recursos naturais, cobrada conforme o Mijnwet 1810 (Lei de Mineração, de 1980) relativamente a concessões feitas a partir de 1967, ou conforme o Mijnwet Continental Plat 1965 (Lei de Mineração na Plataforma Continental do Reino dos Países Baixos de 1965);  o imposto sobre dividendos (doravante designados como "imposto holandês"). 3. A Convenção aplicase também a quaisquer impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que forem estabelecidos após a data de sua assinatura, adicionalmente ou em substituição aos impostos mencionados no parágrafo 2. As autoridades competentes dos Estados Contratantes notificarseão mutuamente sobre quaisquer modificações substanciais que ocorram em suas respectivas legislações tributárias. Em relação à Argentina: ARTIGO II Impostos visados 1. Os impostos atuais aos quais se aplica a presente Convenção são: a) na República Federativa do Brasil:  o imposto sobre a renda, com exclusão das incidências sobre remessas excedentes e sobre atividades de menor importância (doravante denominado "imposto brasileiro"); b) na República Argentina:  o imposto sobre os ganhos (" impuesto a Ias ganancias ");  o imposto sobre os lucros eventuais (" impuesto a los beneficio eventuales ") (doravante denominado "imposto argentino"). 2. A presente Convenção se aplicará também a quaisquer impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que forem posteriormente introduzidos, seja em adição aos existentes, seja em sua substituição. As autoridades competentes dos Estados Contratantes notificarseão mutuamente sobre qualquer modificação significativa que tenha ocorrido em suas respectivas legislações tributárias. Sob a perspectiva brasileira, desde 09 de dezembro de 2015, o Tratado se aplica não apenas ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica (“IRPF” e “IRPJ”) e ao Imposto de Renda Retido na Fonte (“IRRF”), mas também à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (“CSLL”). Fl. 3377DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.378 47 No tocante à CSLL, embora esse tributo não seja expressamente mencionado no Tratado, é importante destacar que ele foi criado depois de sua assinatura, e como um substituto parcial do IRPJ. Além disso, a Lei nº 13.202/2015 incluiu um artigo que esclarece que os tratados contra a dupla tributação assinados pelo Brasil devem incluir a CSLL: Art. 11. Para efeito de interpretação, os acordos e convenções internacionais celebrados pelo Governo da República Federativa do Brasil para evitar dupla tributação da renda abrangem a CSLL. Entendo, portanto, pela improcedência da autuação no que tange também ao lançamento da CSLL, sendo dado provimento ao recurso voluntário neste ponto. Em sendo adotado o entendimento acima exposto, restariam prejudicados os demais argumentos trazidos pelo contribuinte, em especial, em relação à periodicidade do exercício fiscal argentino e à inadequação da base de cálculo utilizada pelo fisco para apuração do valor tributável da controlada argentina. Entretanto, durante as discussões, a maioria do Colegiado decidiu de modo diferente, rejeitando os argumentos atinentes à aplicabilidade dos tratados internacionais para evitar a dupla tributação (conforme se verá no Voto Vencedor). Diante disso, adquire relevância o argumento trazido pela recorrente no que se refere à controlada Argentina: o contribuinte requer seja levado em consideração o exercício fiscal da empresa Quickfood, que vai de 1º de julho a 30 de junho de cada ano, conforme demonstrariam as declarações entregues pela empresa. A mesma argumentação utilizada em relação às controladas uruguaias (vide tópico a seguir) deve ser aplicada ao caso da Quickfood, de forma que deve ser afastada a tributação do segundo semestre de 2009, para essa controlada. 3.3. CONTROLADAS URUGUAIAS  EXERCÍCIO FISCAL E COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR E CONTROLADAS ARGENTINAS – EXERCÍCIO FISCAL. Conforme visto no tópico 2 deste voto, o contribuinte alega (fl. 2613) que o exercício fiscal uruguaio se inicia em 1º de outubro e se encerra em 30 de setembro. No caso dos autos, os lucros auferidos pelas controladas uruguaias devem ter como data base o dia 30 de setembro, pois somente então será possível verificar se houve, ou não, acréscimo patrimonial naquele exercício. Feitas essas considerações iniciais, adoto o quanto decidido pela DRJ para que a tributação dos lucros auferidos no exterior tenha como base o balanço encerrado em 30 de setembro de 2009: Concluído que, no lucro real apurado pela contribuinte de 31/12/2009, devem ser considerados os lucros auferidos pelas controladas uruguaias ao final de cada exercício fiscal, disponibilizados nos balanços encerrados em 30/09/2009, passo a examinar os valores que devem compor a base de cálculo tributável. Fl. 3378DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.379 48 As controladas uruguaias cujos resultados contribuíram para a formação do lucro real e da base de cálculo da CSLL são a Tacuarembó S/A, a Prestcott Internacional S/A e a Inaler S/A. (...) O balanço elaborado pela Tacuarembó S/A, encerrado em 30/09/2009, encontrase a fls. 74 dos autos. Nele se verifica que o lucro antes do imposto de renda totaliza 6.576 milhões de dólares (US$), o que equivale a R$ 11.672.785,60, utilizandose a cotação do dólar no dia 30/09/2009 (R$ 1,7781), momento em que o rendimento foi disponibilizado para a contribuinte. Uma vez que a impugnante tem participação de 93,45% na sociedade, o lucro que lhe cabe totaliza R$ 10.926.210,00, valor superior ao tributado pela Fiscalização (R$ 10.175.439,00). (...) Quando se discutiu o teor da legislação uruguaia, chegouse à conclusão de que, realmente, impõese o encerramento do balanço em 30 de setembro. Todavia, tal determinação é aplicável apenas aos frigoríficos exportadores. Transcrevo a tradução juramentada do artigo 1º do Decreto nº 740/973: Artigo 1º É fixada a data de 30 de setembro de cada ano para o encerramento do balanço dos frigoríficos exportadores compreendidos no decreto 64/972 de 26 de janeiro de 1972. As reformas de estatutos sociais que sejam necessárias a fim de dar cumprimento à disposição precedente ficam exoneradas de qualquer ônus fiscal. Compulsando os autos, verificase que a condição de frigorífico exportador da empresa Tacuarembó S/A é evidente. O próprio relatório fiscal registrou esta situação: A Frigorífico Tacuarembó S/A é uma sociedade anônima, instalada na cidade de Tacuarembó, no Uruguai. Exerce atividades frigoríficas e de produção de hamburguers e produtos de carnes com valor agregado, sendo distribuídos e comercializados no mercado local e no exterior. No entanto, não se depreende, dos autos, que a Prestcott International S/A seja um frigorífico exportador. As informações juntadas aos autos dão a impressão de que a Prestcott é a empresa que controla 100% da Cledinor S/A, esta sim, um frigorífico. (...) Acrescentese a isso que o AuditorFiscal somente teve acesso ao balanço encerrado em 31/12/2009, não lhe tendo sido entregue qualquer balanço com encerramento em 30/09/2009: De acordo com a Demonstração de Resultado constante das demonstrações contábeis da empresa apresentadas pela fiscalizada, o Lucro Líquido antes do IR em 2009, apurado no balanço de 31 de dezembro de 2009, em dólares americanos, é de USD 5.683.863, equivalente em 31/12/2009 a R$ 9.896.742. Considerando que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593, indica diferença a ser tributada no total de R$ 96.147. Fl. 3379DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.380 49 Por fim, quando a impugnante trouxe aos autos informações sobre o exercício fiscal das controladas uruguaias (fls. 2733/2747), em momento algum informouse que o ano fiscal da Prestcott se encerraria em setembro. Sem provas efetivas de que a empresa Prestcott International S/A está sujeita ao encerramento do balanço em 30 de setembro, não há motivos para se retificar o lançamento fiscal. No TVF não consta que a mencionada empresa seja um frigorífico exportador. Todavia, registrase que o balanço apresentado foi encerrado em 30 de setembro: Observase que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Entretanto, quando se examina o balanço encerrado em 31/12/2009 constatase a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547, equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 que deve ser tributado. A informação de que o balanço é encerrado em 30 de setembro é confirmada a fl. 2734: (...) Além disso, consulta realizada na rede mundial de computadores indica que a empresa Inaler S/A é um frigorífico exportador, sendo mencionada na lista de frigoríficos que possuem autorização para exportar para a Costa Rica (http://www.senasa.go.cr/anterior/Documentos/DIPOA/Establecimientos_aprobados _para_exportar_a_Costa_Rica/ESTABLECIMIENTOS_AUTORIZADOS_A_EXP ORTAR_A_COSTA_RICA_SETIEMBRE_2009.pdf), na lista de associados da Associação de la Industria Frigorífica del Uruguay (http://www.foromercosurdelacarne.org/institucional/miembros/112asociacionde laindustriafrigorificadeluruguayadifu.html), na lista de exportadores registrados no Instituto Nacional de Carnes – INAC (http://www.inac.gub.uy/innovaportal/file/10676/1/lista_de_frigorificos2.pdf), dentre outros. Já foi transcrito acima, o trecho do TVF que tratou da apuração do lucro da Inaler S/A, o qual permite constatar que, no balanço de 30/09/2009, não houve lucro apurado. O lucro apenas foi verificado no balanço de 31/12/2009. Considerando que a legislação uruguaia impõe o encerramento do balanço em 30 de setembro, entendo que este deve ser o balanço a ser examinado pelas Autoridades Fiscais brasileiras. Por este motivo, não procede a inclusão, na base de cálculo do IRPJ e da CSLL apurada em 31/12/2009, do lucro indicado no balanço de mesma data. Em resumo, aplicandose o entendimento adotado no presente voto, para a empresa Tacuarembó S/A, deve ser adicionado ao lucro apurado pela contribuinte o valor de R$ 1.243.128,00 (= 10.926.210,00  9.683.082). Para a empresa Prestcott International S/A, o lucro apurado no exterior não oferecido à tributação pela contribuinte totaliza R$ 96.147,00, conforme indicado no TVF. Quanto à empresa Inaler S/A nenhum lucro foi apurado, posto que o balanço encerrado em 30/09/2009 apontava prejuízos. Fl. 3380DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.381 50 (...) Em relação à empresa Tacuarembó S/A, inobstante a DRJ tenha corretamente observado que a deve ser adicionado ao lucro apurado pelo contribuinte o valor de R$ 1.243.128,00, não cabe a este órgão julgador agravar o lançamento de ofício, sob pena de invadir a competência privativa da autoridade administrativa para constituição do crédito tributário pelo lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. 3 No que se refere à Prestcott International S/A, o contribuinte se limitou a afirmar, em seu recurso voluntário, que por ser uma holding pura, cujo único investimento é a participação na empresa Cledinor, é natural que seu exercício fiscal coincida com o exercício fiscal de sua única controlada. Entretanto, não trouxe aos autos qualquer prova que permita afirmar que esse é, efetivamente, o procedimento adotado e exigido pela legislação uruguaia. Importante frisar que, ao contrário do que quer fazer crer o contribuinte, eventual erro na base de cálculo do tributo lançado não constitui motivo suficiente para determinar a nulidade do auto de infração. A revisão da base de cálculo é inerente ao julgamento do lançamento por este Colegiado e, quando procedente, constitui, no máximo, motivo de improcedência da autuação e não de nulidade. Assim sendo, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para: (i) manter o lucro apurado no exterior pelas empresas Prestcott International S/A e Tacuarembó S/A, nos moldes do Termo de Verificação Fiscal.. Por último, no que se refere à compensação do imposto pago no Uruguai, mantenho o quanto decidido pela DRJ por entender que as informações prestadas pelo contribuinte não foram suficientes para se autorizar a compensação. Nos termos do art. 26, § 2º, da Lei n° 9.249/95, "para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto". O contribuinte alegou, em seu recurso, que estava providenciando a consularização e a tradução juramentada dos documentos relativos ao imposto de renda incidente no exterior. Em 10/08/2016, o contribuinte enviou, por email, documentação que, em tese, corresponderia aos documentos de arrecadação do imposto no exterior devidamente consularizados. No dia seguinte, protocolou petição requerendo a juntada de documentos diversos de apuração de impostos no Uruguai. Importante frisar que a maioria dos citados documentos não foi apresentada pelo contribuinte em sede de fiscalização, defesa ou recurso. 3 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Fl. 3381DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.382 51 O processo administrativo fiscal regese pelo princípio da verdade material, segundo o qual fatos inexistentes ou erros evidentes não devem prosperar em detrimento da verdade material, inobstante a presunção de veracidade relativa dos atos administrativos. Igualmente, em decorrência deste princípio, impõese sejam sanadas as falhas, omissões e enganos eventualmente cometidos pelo Fisco. Quer dizer, em se tratando de ocorrência do fato gerador, vigora o princípio da verdade material, o qual determina que a conseqüência tributária somente incidirá se efetivamente o evento se der no plano fenomênico. Logo, é dever deste Colegiado sempre buscar aferir se realmente ocorreu ou não o fato gerador ou a infração à legislação tributária que se discute nos autos. Contudo, o princípio da verdade material deve ser sopesado com princípios corolários do devido processo legal. No caso em questão, o contribuinte trouxe novos documentos somente no dia em que o processo estava pautado para julgamento, inexistindo tempo hábil suficiente para apreciação das provas. Igualmente, a Fazenda Nacional não teve a oportunidade de se manifestar sobre a nova documentação, visto que já havia decorrido o prazo de contrarrazões ao Recurso Voluntário. Entendo, portanto, que o acolhimento dos documentos trazidos em 10/08/2016 pelo contribuinte fere o princípio do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual esta documentação não deve influenciar no resultado deste julgamento. Ademais, ao analisar os anexos enviados, não é possível afirmar que foi realizada a consularização pelo Consulado da Embaixada Brasileira no Uruguai. Tratamse de documentos aparentemente notarizados somente perante o governo uruguaio. Em algumas páginas, observase um carimbo que, possivelmente, é do Consulado brasileiro, porém este carimbo é, na prática, ilegível. Portanto, prevalece o entendimento adotado pela autoridade autuante no sentido de que a contribuinte não tem direito à compensação de impostos pagos no exterior no montante de R$ 7.203.529,69, devendo ser negado provimento ao recurso voluntário. 3.4. APROVEITAMENTO FISCAL DO ÁGIO. Em relação à autuação decorrente do aproveitamento fiscal do ágio, adoto o resumo dos fatos elaborado pela DRJ: Em 13 de novembro de 2007, duas operações foram realizadas, a cessão das ações da família Bameule para as empresas norteamericanas e a compra delas pela Marfrig, operação esta realizada mediante pagamento de ágio, registrado na contabilidade. Em 1º de dezembro de 2008, as empresas norteamericanas foram incorporadas pela Marfrig, o que ensejou a dedutibilidade da amortização do ágio. Argumentou o AuditorFiscal que a família Bameule, por não residir no Brasil, não teria condições de conhecer a legislação tributária brasileira, o que o levou a concluir que a transferência das ações para as empresas norteamericanas teria sido provocada pela Marfrig. Fl. 3382DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.383 52 A impugnante, por outro lado, defende a regularidade da dedução, posto que o negócio foi realizado entre partes independentes. Quanto à utilização das empresas norteamericanas, alegou que concordou com o procedimento em virtude da insistência dos vendedores e supôs que eles tenham, com isso, evitado tributação mais gravosa em seu país de residência: Pois bem. Conforme dispõe o artigo 248 da Lei n° 6.404/76, os investimentos relevantes detidos em empresas em coligadas ou controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum devem ser avaliados e reconhecidos no resultado da pessoa jurídica investidora segundo o Método de Equivalência Patrimonial  MEP. Disto decorre que os investimentos serão avaliados pelo valor que representam no patrimônio líquido de cada sociedade coligada ou controlada, no momento em que tais resultados são gerados nas empresas investidas. Assim, quando um investimento for adquirido por valor superior ao seu valor patrimonial haverá ágio e, quando adquirido em valor inferior, a diferença corresponderá a um deságio. Nos termos do art. 20 do DecretoLei nº 1.598/77 vigente à época da operação ora em análise, por ocasião da aquisição de participação societária, o custo de aquisição deveria ser desdobrado em (i) valor de patrimônio líquido na época da aquisição; e (ii) ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido. Nos casos de incorporação, fusão ou cisão envolvendo a absorção de patrimônio da empresa investidora pela investida, ou viceversa, é permitida a dedutibilidade fiscal da amortização do ágio, nos moldes do art. 7º, III, da Lei nº 9.532/97. Assim, à vista desta legislação pertinente, o ágio pago em razão da rentabilidade futura pode ser deduzido à razão de 1/60 avos, no máximo, para cada mês do período de apuração, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão. Ocorre que, no caso dos autos, para fins de validação do aproveitamento fiscal do ágio, não basta que os atos praticados sejam formalmente perfeitos ou à licitude de cada etapa da operação individualmente considerada. Devese observar a validade do negócio como um todo, incluindose nessa análise a substância econômica que justifica os atos praticados. Sob o fundamento da teoria do propósito negocial (business purpose theory) investigase a substância econômica da operação, aferindose se esta foi realizada com algum propósito empresarial ou apenas com o intuito de economizar tributos. Portanto, sob a ótica tributária, a validade do negócio jurídico está vinculada à licitude do negócio geral, e não a cada etapa individualmente considerada. A economia de tributo é, pois, justificada no planejamento tributário desde que respeitada a finalidade dos institutos do direito privado. Fl. 3383DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.384 53 No caso ora analisado, resta evidente a utilização de empresa veículo para aproveitamento do ágio, sendo certo que o objetivo da operação sempre foi a aquisição das empresas Quickfood e Colonia e não das holdings de Delaware. Esse intuito é muito bem relatado pela decisão da DRJ ora recorrida: Não tenho dúvidas de que a negociação foi realizada entre a impugnante e os sócios da Quickfood e da Colonia com o objetivo de comprar as ações a eles pertencentes. Não havia sentido em se adquirir as empresas norteamericanas se, até o dia 13/11/2007, elas não tinham qualquer participação nos frigoríficos. Neste contexto, são extremamente relevantes as informações da Fiscalização de que as atas da diretoria da Quickfood não tratam da cessão das ações da Quickfood para Blue Horizon, apenas descrevendo a transferência indireta das ações para a Marfrig:  ata de 15/02/2008 faz referência em reunião da diretoria do qual o Sr. Luis Miguel Bameule como segundo vice presidente (note que a venda ocorreu em 13/11/2007, logo o vendedor ainda participa das decisões da empresa, como diretor) que a pedido do novo acionista majoritário de forma indireta (a fiscalizada), com o objetivo de obter informação que seja de utilidade para avaliar a sociedade nas suas demonstrações contábeis datada de 30/09/2007, para fins de equivalência patrimonial.  ata de 21 de fevereiro de 2008, foi registrado que “reunidos os membros da Diretoria (Srs Luis Miguel Bameule, na qualidade de presidente, Guilhermo Carlos Bameule entre outros) houve a manifestação que, como informado pela Sociedade à comissão Nacional de valores e Bolsa de Comércio de Buenos Aires com data de 14 de novembro de 2007 os Sr.s Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrian Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos S/A, com data de 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente ações representativas de 70,51% do capital da sociedade (Quickfood)”.  ata de diretoria de 26 de março de 2008 registra que: “reunidos os membros da diretoria da Sociedade, Srs Luis Miguel Bameule (como presidente, Guilhermo Carlos Bameule, ........................................Ordem do dia: autorização de inicio do trâmite de transferência de oferta publica e cotação das 10.000.00 ações da classe A adquiridas indiretamente pela Marfrig Frigoríficos e Comércio de alimentos AS. Fazendo uso da palavra o Sr. Presidente manifesta que, como foi informado pela Sociedade à comissão Nacional de Valores (CNV) e à Bolsa de Comércio de Buenos Aires (BCBA) com data de 14 de novembro de 2007, os Sr.s Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrián Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig.......... , em 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente (i) 10.000.000 ações da Classe A e (ii) 5.102.493 ações da Classe B” Estes fatos, por si só, demonstram a inexistência de qualquer propósito negocial na participação das empresas norteamericanas na aquisição das ações da Quickfood e dos Estabelecimentos Colonia. Logo, a transferência das ações das empresas Quickfood e Colonia às holdings de Delaware possibilitou que o contribuinte procedesse à amortização do ágio e Fl. 3384DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.385 54 posterior dedução das parcelas do lucro real, sem qualquer repercussão nas operações das empresas na Argentina e no Uruguai. Este Colegiado já se manifestou em outra oportunidade que é essencial que a incorporação se verifique entre a empresa investida e a investidora para que a amortização do ágio possa gerar efeitos no lucro real. Nesse sentido, transcrevo trecho do Acórdão 101000.962 da 1°Seção de Julgamento, 1ª Câmara,1° Turma Ordinária, sessão de 08 de outubro de 2013: Contudo, é fundamental que a incorporação se verifique entre investida e investidora, com conseqüente confusão patrimonial e extinção do investimento para que a amortização do ágio gere efeitos na apuração do lucro tributável. Aqui, porém, ao término das operações,nada mudou, pois o Santander Hispano permaneceu com a mesma quantidade de ações e na mesma condição de controlador do Banespa Esta distorção, aliás, é reconhecida pela própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao analisar a incorporação promovida por meio de uma sociedade veículo,assim expondo na Nota Explicativa à Instrução CVM n°349/2001, que alterou a redação da Instrução CVM n°319/99: A Instrução CVM n°319/99 ao prever que a contrapartida do ágio pudesse ser registrada integralmente em conta de reserva especial (art 6o, § Io), acabou possibilitando, nos casos de ágio com fundamento econômico baseado em intangíveis ou em perspectiva de rentabilidade futura, o reconhecimento de um acréscimo patrimonial sem a efetiva substância econômica.A criação de uma sociedade com a única finalidade de servir de veículo para transferir, da controladora original para a controlada,o ágio pago na sua aquisição, acabou por distorcer a figura da incorporação em sua dimensão econômica.Esta distorção ocorre em virtude de que, quando concluído o processo de incorporação da empresa veículo, o investimento e, conseqüentemente, o ágio permanecem inalterados na controladora original. Significa dizer que embora transferido o ágio para empresa veículo, e na seqüência para a incorporadora desta, os efeitos econômicos do ágio originalmente contabilizado na controladora subsistem. Assim,a definição acerca do atendimento à finalidade dos arts 7o e 8o da Lei nº 9.532/97 passa, primeiramente, pelo exame da validade da transferência do ágio originalmente contabilizado pela investidora para a Santander Holding, mediante subscrição de seu capital com o investimento por ela detido no Banespa. Não se exige, aqui, uma lei autorizadora de transferência de ágio por meio de subscrição de aumento de capital. Se não há vedação legal e os atos societários são realizados com observância dos requisitos formais, e têm por objeto ágio efetivo e pago,seria necessário disposição legal específica para se negar validade aos atos societários no âmbito tributário. Fl. 3385DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.386 55 Contudo, é necessário verificar se a incorporação entre a investida e esta empresa para a qual foi transferido o ágio atende aos requisitos legais para que a amortização deste afete o lucro tributável. Recordese o que diz a Lei nº 9.532/97: Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão,na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (Vide Medida Provisória nº 135, de 30.10.2003) I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; II poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do §2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anoscalendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. [...] Art.8º O disposto no artigo anterior aplicase,inclusive, quando: a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b)a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária.(negrejouse) Claro está que as empresas envolvidas na incorporação devem ser, necessariamente, a adquirente da participação societária com ágio e a investida adquirida. Em que pese a lei não vede a transferência consoante antes demonstrado, este procedimento não extingue, na real adquirente, a parcela do investimento correspondente ao ágio, de modo que ao final dos procedimentos realizados, com a incorporação da empresa veículo pela investida, a propriedade da participação societária adquirida Fl. 3386DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.387 56 com ágio subsiste no patrimônio da investidora, diversamente do que cogita a lei. Em tais condições, a amortização do ágio que passou a existir no patrimônio da investida (Banespa) somente poderia surtir efeitos na apuração do seu lucro real caso se verificasse a sua extinção, ou da investidora (Santander Hispano), mediante incorporação, fusão ou cisão entre elas promovida, por meio da qual o ágio subsistisse evidenciado apenas no patrimônio resultante desta operação, na forma do art. 7o da Lei nº 9.532/97. Pertinente citar, novamente, abordagem contida na obra Ágio em Reorganizações Societárias (Aspectos Tributários), antes referida. Nela, o autor Luís Eduardo Schoueri preliminarmente expõe o entendimento de que o ágio, para o investidor, é custo que deve ser considerado em caso de alienação do investimento. Os resultados auferidos com este investimento são reconhecidos, no patrimônio do investidor, como resultados da equivalência patrimonial, não sujeitos a tributação nesta ótica. Seguindo a mesma lógica, a amortização contábil do ágio por rentabilidade futura, por parte do investidor, também não deve afetar o lucro tributável. Diante deste contexto, o autor reputa incabível afirmar que o ágio, ainda que fundamentado na rentabilidade futura, pode ser considerado realizado antes da incorporação de uma das pessoas jurídicas envolvidas (exceto se antes disso tiver ocorrido baixa da participação societária adquirida, quando, em regra o ágio será realizado) (Op. cit. p. 73). E complementa mais à frente: com a incorporação, alertese, já não há mais que falar em investimento nem em ágio. Ambas as figuras desaparecem (Op. cit. p. 74). Entende o referido autor que a partir da incorporação, os lucros passam a ser tributados na investidora, pois antes disso no máximo haverá receita de equivalência patrimonial, não tributável(Op. cit. p. 79). Aqui, porém, os lucros permanecem tributados na investida, que os reduz mediante amortização de ágio decorrente de investimento que subsiste no patrimônio da investidora original.(...) Assim, como bem sustentado pela Fazenda Nacional em suas contrarrazões, "a finalidade do disposto nos arts. 7° e 8° da Lei 9.532/97 é regular o efeito fiscal da recuperação do ágio na aquisição do investimento, quando este é extinto mediante a incorporação. Se é essa a finalidade do dispositivo legal, não faz sentido permitir a amortização quando não há extinção nem do investidor e nem do investimento ". Ademais, o contribuinte não trouxe aos autos qualquer prova capaz de demonstrar a existência de propósito negocial na transferência das ações às holdings americanas ou quaisquer documentos que indiquem que o emprego das empresas norte americanas era condição para a realização do negócio. O laudo também não traz fundamentação para o ágio, vez que utilizou informações constantes em resultado de auditoria sem qualquer crítica. Além disso, o laudo Fl. 3387DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.388 57 não serve para efeito de comprovação da rentabilidade futura, posto que, inobstante haja a referência a um laudo, o mesmo não foi acostado aos autos. Entendo que a utilização das citadas empresas veículo é motivo suficiente para manter o lançamento de ofício, pois em momento algum ficou comprovado nos autos a razão econômica/negocial para que elas existissem, razão pela qual mantenho o quanto decidido pela DRJ a fim de manter a glosa de despesas de amortização do ágio e negar provimento ao recurso voluntário nesta questão. Discordo, contudo, da aplicação da multa qualificada, nos termos do § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96. A qualificação da multa, na forma prevista pelo § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, 4 pode ser aplicada tãosomente aos casos em que o contribuinte incorra em uma das hipóteses descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Não pode ser presumida pela autoridade fiscalizadora a atividade de sonegação, fraude ou conluio, devendo o lançamento da multa qualificada de 150% ser minuciosamente descrito e comprovado pelo agente fiscal. É certo que o contribuinte buscou deduzir do lucro real as parcelas de amortização do ágio, utilizandose de empresa veículo para realizar uma incorporação que não gera união do patrimônio da empresa investida na investidora. Contudo, é preciso asseverar que o ágio decorre de operações entre empresas não relacionadas e que, em momento algum, foi questionada o seu efetivo pagamento pela empresa investidora. Entendo, portanto, que a interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. Corroborando este entendimento, cito, novamente, o Acórdão 101000.962 da 1°Seção de Julgamento, 1ª Câmara,1° Turma Ordinária, sessão de 08 de outubro de 2013: (...) TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO PARA EMPRESA VEÍCULO SEGUIDA DE SUA INCORPORAÇÃO PELA INVESTIDA. SUBSISTÊNCIA DO INVESTIMENTO NO PATRIMÔNIO DA INVESTIDORA ORIGINAL. Para dedução fiscal da amortização de ágio fundamentado em rentabilidade futura é necessário que a incorporação se verifique entre a investida e a pessoa jurídica que adquiriu a participação societária com ágio. Não é possível a amortização se o investimento subsiste no patrimônio da investidora original. REFLEXO NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL. Deve ser anulada contabilmente a amortização de ágio que, após transferência mediante a utilização de empresa veículo, surge sem substância econômica no patrimônio da investida. 4 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Fl. 3388DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.389 58 GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS E BASES NEGATIVAS. Deve ser afastada glosa injustificada de compensação de base negativa declarada pela contribuinte. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. FRAUDE. INOCORRÊNCIA. Existindo ágio pago em processo licitatório, a interpretação equivocada do sujeito passivo acerca da possibilidade de sua amortização não é suficiente para a qualificação da penalidade aplicável aos tributos que deixaram de ser recolhidos em razão da amortização daquele valor. Assim sendo, por entender não estar devidamente consubstanciado nos autos a atividade fraudulenta do contribuinte, julgo improcedente a aplicação de multa qualificada, nos termos do § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, dando provimento ao recurso voluntário neste quesito. 3.5. JUROS E VARIAÇÕES CAMBIAIS DE EMPRÉSTIMOS COM CONTROLADAS NO EXTERIOR. Durante o trabalho fiscalizatório, foi constatada a existência de contratos de câmbio e contratos de mútuos das empresas Marfrig BV, Tacuarembo e Inaler, os quais continham previsão de juros a serem registrados nestas transações. Contudo, conforme apurado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 2549/2590), o contribuinte não registrou em sua contabilidade os juros pertinentes aos referidos contratos, inobstante já ter ocorrido a disponibilização jurídica da receita quando da celebração dos mútuos, bem como deixou de reconhecer as variações cambiais, que tiveram como contrapartida a conta 2.4.04.02.03 – Variação Cambial – mútuo s/investimentos. Em seu recurso voluntário, o contribuinte alega que as transferências de numerários realizadas pelo contribuinte em favor de suas controladas se tratam, na realidade, de adiantamentos para futuro aumento de capital, inexistindo, portanto, receitas financeiras a serem tributadas. Alega, ainda, que está a diligenciar com vistas à obtenção dos documentos que demonstrarão que os pretensos empréstimos materializavam somente adiantamentos para futuro aumento de capital, protestando pela ulterior juntada de documentação. Ademais, sustenta que o Termo de Verificação Fiscal não trata dos lançamentos do PIS e da COFINS, prescindindo de fundamentação legal e de motivação o referido ato administrativo. Até o presente momento, não foram acostados aos autos quaisquer documentos capazes de comprovar que os contratos de mútuo analisados pela fiscalização tratamse, na realidade, de adiantamentos para futuro aumento de capital. Em relação ao PIS e COFINS, inobstante o Termo de Verificação Fiscal não faça alusão às referidas contribuições, estes tributos são exigidos por tributação reflexa ao IRPJ. Ademais, os autos de infração do PIS e da COFINS fazem menção, expressa, ao Termo de Verificação Fiscal. Fl. 3389DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.390 59 Considero, portanto, que não houve qualquer prejuízo à defesa do contribuinte em relação às contribuições em comento, visto que, por decorrer de tributação reflexa, os argumentos trazidos em relação ao IRPJ também são aplicáveis ao PIS e a COFINS. Contudo, no que tange ao PIS e à COFINS, a autuação não merece prosperar vez que, na época do lançamento tributário, estava vigente o Decreto nº 5.442/05, o qual reduzia a zero as alíquotas das referidas contribuições incidentes sobre as receitas financeiras. Isto posto, mantenho o lançamento de ofício no que tange aos juros e variações cambiais de empréstimos no exterior concernentes ao IRPJ e CSLL, no entanto, afasto a tributação reflexa das contribuições do PIS e da COFINS, por conta do Decreto 5.442/05 ainda vigente na época do lançamento tributário, sendo, portanto, dado parcial provimento ao recurso voluntário. 3.6. DOS JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O contribuinte pugna pela não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício calculada na forma do art. 44 da Lei n° 9.430/96. O art. 161 do CTN, cumulado com o art. 61, § 3º, da Lei n° 9.430/96, constituem os fundamentos sobre os quais se exigem os juros de mora sobre a multa de ofício. Os referidos dispositivos encontramse adiante transcritos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária (...) Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da leitura atenta dos dispositivos acima transcritos, denotase que a taxa SELIC deve ser aplicada "sobre os débitos a que se refere este artigo". Por seu turno, o caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 dispõe sobre "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal". Fl. 3390DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.391 60 Não há, portanto, qualquer dispositivo legal que permita a incidência de juros de mora sobre as multas de ofício. Notese que a multa de ofício é uma punição imposta ao contribuinte pelo descumprimento do dever legal de pagar o tributo, isto implica dizer que esta penalidade não é um débito decorrente de tributos e contribuições federais. Julgo, por conseguinte, procedente o pedido do contribuinte no que se refere à não incidência dos juros sobre a multa de ofício decorrente do descumprimento da obrigação principal tributária, devendo ser dado provimento ao recurso voluntário em relação a esta questão. Subsidiariamente há o pedido do contribuinte para que o juros sobre a multa passe a incidir somente a partir da constituição definitva do crédito. Nesse mister afasto o pedido formulado subsidiariamente, pois o termo inicial da incidência de juros, uma vez extinta a causa suspensiva do crédito, passa a ser a data de sua constituição, ou seja, a data do lançamento. 4. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço dos recursos de ofício e voluntário e, no mérito, nego provimento ao recurso de ofício e dou parcial provimento ao recurso voluntário, a fim de: (i) cancelar o lançamento no que tange aos lucros auferidos no exterior pelas controladas situadas na Argentina e na Holanda; (ii) impedir o agravamento do lançamento de ofício no que tange à tributação dos lucros da controlada Tacuarembó S/A; (iii) aplicar multa de ofício de 75% ao lançamento relativo ao ágio; (iv) no que tange aos juros e variações cambiais de empréstimos com controladas no exterior, afastar a tributação reflexa das contribuições do PIS e da COFINS, por conta do Decreto 5.442/05 ainda vigente na época do lançamento tributário e (v) reconhecer a não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por via reflexa, aplicase o quanto decidido ao IRPJ à CSLL. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro  Relator Fl. 3391DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.392 61 Voto Vencedor Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Redator designado Em que pese o bem elaborado e fundamentado voto do ilustre Relator, durante as discussões ocorridas por ocasião do julgamento do presente litígio surgiu divergência que levou a conclusão diversa, exclusivamente no que diz respeito: (1) à tributação dos lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e Holanda; (2) à incidência tributária de PIS e COFINS sobre os juros e variações cambiais de empréstimos; e (3) à incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. Passo a expor os fundamentos das divergências e as conclusões às quais chegou o Colegiado, para cada uma dessas situações. (1) Acerca da tributação dos lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e Holanda. O ilustre Relator considerou que os tratados internacionais firmados entre o Brasil e os Países Baixos (Holanda) e entre o Brasil e a Argentina, em especial o art. 7º de cada um desses tratados, seriam aplicáveis ao caso concreto, fazendo assim afastar os lançamentos aqui discutidos. Essa discussão não é nova no CARF, nem para este Colegiado, tendo sido objeto de extensas discussões que, afinal, conduziram ao Acórdão nº 1301002113, prolatado em 10/08/2016. Naquela oportunidade, ao analisar exatamente o art. 7º do Tratado firmado entre Brasil e Holanda, o insigne Conselheiro Roberto Silva Júnior apresentou declaração de voto que reflete com clareza e exatidão o entendimento majoritário deste Colegiado. Peço vênia para transcrever, a seguir, a referida declaração de voto, desde já adotandoa como razões de decidir, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999: [...] O lançamento foi motivado pela falta de adição ao lucro líquido, quando da apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, dos lucros auferidos no exterior no ano de 2009. Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação, alegando os seguintes pontos: a) O procedimento, considerado irregular pela Fiscalização, encontraria amparo no artigo 7 do tratado celebrado entre Brasil e Holanda (TDT Brasil Holanda), o qual visa a proteger os lucros auferidos pela empresa localizada em um dos países contratantes de forma objetiva, não permitindo que a tributação recaia sobre a pessoa residente no outro país contratante, enquanto os lucros não tiverem sido efetivamente distribuídos e enviados para o país de residência do beneficiário. É irrelevante quem suporta o impacto econômico da tributação. b) O artigo 7 do TDT BrasilHolanda prevalece sobre o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001, como estabelece o art. 98 do Código Tributário Nacional CTN. Além disso, a aplicação do art. 74 da medida provisória contraria o disposto no artigo 10 do TDT BrasilHolanda, pois incidiria sobre dividendo ficto. Fl. 3392DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.393 62 c) No caso concreto, seria inaplicável o regime de transparência fiscal, dada a ausência dos pressupostos estabelecidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE. d) A obrigatoriedade de aplicação à CSLL do mesmo regime dispensado ao IRPJ, tendo em vista a natureza idêntica de ambos os tributos. e) Impossibilidade de emprego do método de equivalência patrimonial  MEP, dada a neutralidade de que se reveste para fins de tributação. f) Impossibilidade de exigir juros de mora sobre a multa e de exigir a retificação do saldo de prejuízos fiscais enquanto a autuação estiver pendente de julgamento. [...] No recurso interposto contra o acórdão da DRJ, a recorrente reproduziu os mesmos fundamentos da impugnação. Em linhas gerais, são esses os pontos relevantes. O tratado para evitar dupla tributação, segundo o modelo da OCDE O tratado firmado pelo Brasil e o Reino dos Países Baixos seguiu o modelo proposto pela OCDE. A recorrente sustenta que o escopo do artigo 7 do tratado, no modelo da OCDE, é a proteção objetiva dos lucros auferidos pela empresa localizada no exterior. Nessa linha de raciocínio, o objetivo seria "proteger o lucro da sociedade estrangeira e não o sujeito passivo dessa obrigação, de forma que pouco importa se quem está sendo tributada é a empresa brasileira ou a sua controlada no exterior, o que importa é o objeto dessa tributação, no caso, os lucros auferidos por empresa controlada localizada no exterior, que não são passíveis de tributação no Brasil" (fls. 1.391 e 1.392). Esse entendimento é respeitável. Mas não parece que a norma do artigo 7 do tratado estabeleça um critério puramente objetivo de tributação do lucro. Se fosse assim, o lucro só poderia ser tributado uma única vez, e no país de origem, onde foi apurado, não sendo passível de nova tributação, mesmo depois de distribuído sob a forma de dividendos. Isso numa dimensão exclusivamente objetiva de proteção do lucro. Entretanto se, ao ser distribuído, o lucro pode sofrer nova tributação (como de fato ocorre, basta ler os parágrafos 1 e 2 do artigo 7 e os parágrafos 1, 2 e 4 do artigo 10 do TDT), é porque o tratamento estabelecido leva em conta não apenas aspectos objetivos referentes ao lucro, mas também aspectos subjetivos ligados à pessoa que suporta a tributação. Segundo o disposto no TDT, o lucro pode ser tributado pelo país em que resida a pessoa que o apurou. Esse mesmo lucro está sujeito à nova tributação quando distribuído. Pode ser alcançado pela tributação do país de residência da pessoa que paga os dividendos ou da pessoa que os recebe. O artigo 7, todavia, embora autorize a tributação dos dividendos, define a competência de um Estado contratante, com exclusão da competência do outro. O referido artigo 7 protege, da dupla tributação, a pessoa que aufere o lucro. O que se quer é impedir que a mesma pessoa tenha o lucro tributado por dois países Fl. 3393DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.394 63 diferentes. O objetivo é assegurar que cada país tribute o seu residente, observando o respectivo regime jurídico de tributação. Não é por acaso que o parágrafo 1 do artigo 7 do TDT dispõe que "os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado; a não ser que a empresa exerça, sua atividade no outro Estado Contratante, por meio de um estabelecimento permanente ali situado". A expressão estabelecimento permanente, nesse contexto, é empregada para indicar a existência de uma entidade personificada, considerada, para fins de tributação, como pessoa residente no país em que se encontra estabelecida. Destarte, fica essa pessoa sujeita à tributação de seus lucros apenas pelo país em que reside. O país de residência da pessoa que controla o estabelecimento permanente no outro país só poderá tributar os dividendos distribuídos. Essa é a razão pela qual se afirma que, mais do que proteger a tributação do lucro, o objetivo do artigo 7 é garantir que cada país tribute o seu residente, impedindo, que a mesma pessoa tenha a sua renda alcançada pela incidência de tributos de dois países diferentes. Portanto, é possível concluir que, se o objetivo do artigo 7 do TDT no modelo da OCDE é garantir que cada país tribute o seu residente, excluindo a competência do outro país, então a violação ao tratado só ocorrerá se a legislação interna de um dos Estados contratantes, de alguma forma, frustrar aquele propósito. O art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001 Outro ponto levantado pela recorrente diz respeito à validade da aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001 em face do artigo 7 do TDT Brasil Holanda. Além disso, alega a recorrente a impossibilidade de incidência do IRPJ e da CSLL sobre dividendoficto, bem como a inaplicabilidade do regime de transparência fiscal, em razão da ausência dos pressupostos definidos pela OCDE. É importante, de plano, deixar consignado que na ADI nº 2.588, o E. Supremo Tribunal Federal STF afastou, com eficácia erga omnes, a aplicação do art. 74 às empresas coligadas situadas em países sem tributação favorecida, ou seja, que não se enquadrem como "paraísos fiscais". Por outro lado, reconheceu, de forma expressa, e também com eficácia erga omnes, a constitucionalidade da norma para aplicação aos lucros de empresas controladas situadas em países que não tributem a renda, ou o façam em patamares muito inferiores aos adotados pelos demais países, e que sejam desprovidos de controles societários e fiscais adequados. São os países classificados como "paraísos fiscais". Entre esses dois extremos, existem várias situações a que, em tese, o art. 74 seria aplicável, mas para as quais o colegiado do STF não obteve o necessário consenso para decidir. Portanto, para todos os casos que se encontrem entre aqueles dois extremos, o art. 74 deve ser tido pelo CARF como constitucional por força do princípio da presunção de constitucionalidade que milita em favor da lei. O CARF, entretanto, pode legitimamente afastar a aplicação do art. 74 da MP nº 2.15835, se entender que esse dispositivo está em conflito com norma de tratado internacional firmado pelo Brasil. Pelo critério da especialidade, o tratado deve prevalecer sobre as normas internas, cuja eficácia fica suspensa enquanto em vigor a disciplina dada pelo tratado internacional. Fl. 3394DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.395 64 No caso em exame, a controvérsia consiste em verificar se as disposições do art. 74 da MP nº 2.15835 são compatíveis com o artigo 7 do TDT BrasilHolanda. O art. 74 é majoritariamente classificado pela doutrina como uma norma CFC (controlled foreign corporation), e como tal se destina a eliminar os efeitos de práticas elisivas adotadas por empresas situadas no Brasil, mediante a utilização de empresas controladas ou coligadas situadas no exterior. A adoção de normas CFC pode gerar conflito, real ou aparente, com normas assentadas em tratados internacionais. A esse respeito, a OCDE divulgou comentário, entendendo que as normas que buscam coibir práticas elisivas podem ser aplicadas, a despeito da existência de tratado internacional para evitar a dupla tributação, nos moldes da convenção da própria OCDE. Naquilo que interessa ao problema aqui tratado, reproduzemse abaixo os comentários da OCDE: Uma questão sempre levantada quando do exame das relações entre tratados internacionais e regras de tributação de lucros do exterior consiste no fato de a OCDE, nos comentários à sua Convenção Modelo, deixar claro que, salvo disposição específica negociada pelos Estados Contratantes, as regras previstas no tratado não afastariam a aplicação de regras antielusivas no formato CFC. Vejase, neste sentido, a seguinte passagem: "O uso de 'base companies' pode ser controlado através do uso de regras a respeito de 'controlled foreign companies'. Um número significativo de países membros e não membros adotaram este tipo de legislação. Embora o design desse tipo de legislação varie consideravelmente entre os países, uma característica comum dessas regras, que atualmente são reconhecias internacionalmente como um instrumento legítimo de proteção da base tributável doméstica, é que elas resultam em um Estado Contratante tributar seus residentes sobre renda atribuível à sua participação em certas entidades estrangeiras. Temse argumentado, com base em certa interpretação de regras da Convenção como o parágrafo 1 do artigo 7 e o parágrafo 5 do artigo 10, que esta característica comum da legislação sobre 'controlled forein companies' conflitaria com esses dispositivos. Pelas razões explicadas nos parágrafos 14 do Comentário sobre o Artigo 7 e 37 do Comentário sobre o Artigo 10, essa interpretação não está de acordo com o texto de tais dispositivos. Ela também não prospera quando os mesmos são lidos em seu contexto. Portanto, embora alguns países tenham achado ser útil esclarecer, em suas convenções, que a legislação sobre "controlled fereign companies" não conflita com a Convenção, tal esclarecimento não é necessário. É reconhecido que a legislação sobre 'controlled foreing companies' estruturada dessa maneira não é contrária às regras da Convenção. (g.n.) (citado por Sérgio André Rocha no artigo Tributação de Lucros do Exterior, o Supremo Tribunal Federal e os Tratados Internacionais Tributários Celebrados pelo Brasil. Fl. 3395DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.396 65 Em Grandes Questões Atuais do Direito Tributário, 17º Volume / Coordenador Valdir de Oliveira Rocha. São Paulo: Dialética, 2013.) Os comentários da OCDE não vinculam, nem precisam ser adotados de forma obrigatória. Mas seu posicionamento diante do problema é importante, tendo em vista que o TDT BrasilHolanda adotou o modelo da OCDE. Além disso, o referido tratado não busca apenas evitar a dupla tributação, mas também evitar as práticas tendentes à evasão fiscal. Não é por outra razão que o art. 1º do Decreto nº 355/1991, que promulgou o TDT firmado entre o Brasil e o Reino dos Países Baixos, menciona expressamente esse objetivo. Art. 1° A Convenção Destinada a Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Imposto sobre a Renda, entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Reino dos Países Baixos, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. A interpretação das cláusulas do tratado, que adote o modelo da OCDE, deve levar em contra esses objetivos. Por isso, a própria OCDE afirma que as normas CFC não conflitam com a Convenção, nem são contrárias às suas regras. Quanto à alegada inaplicabilidade do "regime de transparência fiscal", pela falta de requisitos para a aplicação de normas CFC, é necessário lembrar que, de acordo com os comentários da OCDE, o desenho desse tipo de legislação varia constantemente de país para país. Não há padrão previamente definido no que tange aos pressupostos específicos de aplicação da norma CFC. O que lhe confere esse caráter é a finalidade a que se prende, que é anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos. Em suma, o artigo 7 do TDT BrasilHolanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.15835, porquanto este dispositivo não frustra o objetivo do referido artigo 7, que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros da mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. Por outro lado, o art. 74 inibe práticas elisivas, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados segundo o modelo da OCDE. Tributação de dividendo ficto A recorrente sustenta que a tributação de dividendo ficto, caracterizada pela exigência de IRPJ e CSLL sobre lucros ainda não distribuídos aos sócios, ou seja, não pagos, nem creditados, estaria a um só tempo violando o artigo 10 do TDT BrasilHolanda e o próprio conceito do fato gerador do IRPJ (e da CSLL) construído pelo ordenamento jurídico nacional, que consiste na aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda. A suposta ofensa ao artigo 10 do TDT não existe, pois o destinatário dessa regra é o país onde está situada a empresa que apura os lucros (no caso em exame, a Holanda), e não o país de residência do beneficiário dos dividendos. Quanto à apreciação do segundo ponto (inobservância do conceito jurídico de renda), tratase de uma forma de exercer, por vias transversas, o controle de Fl. 3396DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.397 66 constitucionalidade de lei, o que é vedado pelo art. 26A do Decreto nº 70.235/1972 e pela Súmula Carf nº 2. A abordagem dessa questão (dividendo ficto) poderia, sem nenhum prejuízo, parar aqui. Porém, avançando um pouco mais no exame da matéria, considerando os contornos do caso concreto, se chegará à conclusão de que efetivamente não se tem aqui dividendo ficto ou presumido, mas dividendo real e efetivo. A recorrente detinha, ao tempo dos fatos referidos nos autos, o controle da entidade empresarial Yolanda Netherlands B.V. Para ser mais preciso, a recorrente detinha 100% do capital total e do capital votante, conforme indicado na ficha 62 da DIPJ (fl. 1.103). Isso implica dizer que todos os atos de gestão e todas as decisões gerenciais da empresa residente na Holanda dependiam exclusivamente da vontade da recorrente, inclusive a destinação de lucros apurados ao final de cada período. Uma vez apurados os lucros por Yolanda Netherlands B.V., a recorrente adquiria de imediato, sobre esses lucros, a total disponibilidade, sem que o exercício desse direito pudesse ser impedido, obstado ou embaraçado por quem quer que fosse. O E. STF, no julgamento do RE nº 172.0581/ SC, em que se discutia a constitucionalidade do Imposto de Renda na fonte sobre o lucro líquido, ao declarar constitucional a incidência do imposto nos casos de pessoa física titular de empresa individual, adotou entendimento semelhante, como revela a parte da ementa abaixo transcrita: IMPOSTO DE RENDA. RETENÇÃO NA FONTE. TITULAR DE EMPRESA INDIVIDUAL. O artigo 35 da Lei nº 7.713/88 encerra explicitação do fato gerador, alusivo ao imposto de renda, fixado no artigo 43 do Código Tributário Nacional, mostrandose harmônico, no particular com a Constituição Federal. Apurado lucro liquido da empresa, a destinação fica ao sabor de manifestação de vontade única, ou seja, do titular, fato a demonstrar a disponibilidade jurídica. Situação fática a conduzir à pertinência do principio da despersonalização. (g.n.) Na mesma linha, caminhou o voto da Ministra Ellen Gracie, no julgamento da ADI nº 2.588. Desse voto, é oportuno transcrever o seguinte trecho: 4.2 No caso das empresas controladoras situadas no Brasil, em relação aos lucros auferidos pelas empresas controladas localizadas no exterior, temse verdadeira hipótese de aquisição da disponibilidade jurídica desses lucros no momento da sua apuração no balanço realizado pela controladora. O art. 243 da Lei das Sociedades Anônimas (Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, com as modificações da Lei n° 9.457, de 5 de maio de 1997), no seu parágrafo 2o, define empresa controlada como sendo aquela em relação à qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. A disponibilidade dos lucros auferidos pela Fl. 3397DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.398 67 empresa controlada, assim, depende única e exclusivamente da empresa controladora, que detém o poder decisório sobre o destino desses lucros, ainda que não remetidos efetivamente, concretamente pela empresa controlada, situada no exterior, para a controladora localizada no Brasil. Em consequência, a apuração de tais lucros caracteriza aquisição de disponibilidade jurídica apta a dar nascimento ao fato gerador do imposto de renda, não havendo nenhum descompasso entre o disposto no art. 74, caput da medida provisória em questão com o contido no caput e no parágrafo 2o do art. 43 do Código Tributário Nacional (acrescentado pela Lei Complementar n° 104/2001) e tampouco com os arts. 146, inciso III, alínea a e 153, inciso III da Constituição Federal. Pelas razões acima, é lícito afirmar que, no caso em exame, não se trata de dividendo ficto, nem presumido. A recorrente adquiriu efetivamente a disponibilidade da renda, em relação ao lucro apurado por Yolanda Netherlands B.V. [...] Tratamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido No que tange à CSLL, devem ser observadas todas as razões e fundamentos aplicáveis ao IRPJ. Portanto, mesmo que se entenda que as disposições do TDT BrasilHolanda alcancem também a CSLL, nenhum prejuízo haverá para o lançamento. A recorrente questiona, ainda, que a tributação teria incidido sobre o resultado positivo da equivalência patrimonial e não sobre os lucros auferidos no exterior. Do exame dos autos, entretanto, não é o que se verifica. A detalhada descrição da forma de apuração dos valores tributáveis se encontra no Termo de Verificação Fiscal às fls. 2552 e segs. Ali se observa que o Fisco buscou determinar o lucro apurado no exterior por cada uma das controladas. É certo que, para tanto, foram cotejados documentos e informações diversas, tais como balancetes, mapas de mutação do patrimônio líquido e mesmo as informações de resultado de equivalência patrimonial constantes da DIPJ da então fiscalizada. As conversões entre as várias moedas envolvidas também foram demonstradas pela Fiscalização. Ao final, o Fisco apresentou o valor do lucro líquido em reais, antes do IR, apurado por cada uma das sociedades controladas no exterior, aplicando sobre esse valor o percentual de participação da interessada a fim de determinar o quanto deveria ser adicionado ao resultado da interessada, no Brasil, para fins de tributação. Em outras palavras, o valor adicionado às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL não foi determinado mediante equivalência patrimonial, de modo que a discussão sobre a validade do emprego desse método para apurar o quantum tributável é matéria estranha ao lançamento. A recorrente não logrou comprovar erro na metodologia de cálculo apontada pelo Fisco, muito menos que os lucros efetivamente auferidos no exterior pelas sociedades controladas tivessem valores distintos daqueles aos quais chegou o Fisco e sobre os quais incidiu a tributação. Fl. 3398DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.399 68 Em assim sendo, o Colegiado considerou improcedentes as alegações de que a tributação houvesse incidido sobre o resultado positivo da equivalência patrimonial e negou provimento ao recurso voluntário, neste ponto. Todas as considerações acima feitas quanto ao tratado internacional firmado entre Brasil e Holanda são igualmente aplicáveis ao tratado firmado entre Brasil e Argentina, o mesmo se podendo afirmar quanto às conclusões. Finalmente, vale lembrar o recente julgamento realizado em 04/05/2016, pela Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF, ocasião em que também se debateu a incidência do art. 7º do TDT BrasilHolanda em relação ao art. 74 da MP nº 2.15835/2001. A decisão proferida, sob a relatoria do ilustre Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, também concluiu pela inexistência de incompatibilidade entre os citados dispositivos legais, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ Anocalendário: 2007 LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. DISPONIBILIZAÇÃO. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) e da CSLL os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior são considerados disponibilizados para a controladora no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados. Lançamento procedente. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. CONVENÇÃO BRASILPAÍSES BAIXOS DESTINADA A EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO E PREVENIR A EVASÃO FISCAL EM MATÉRIA DE IMPOSTO SOBRE A RENDA. ART. 74 DA MP Nº 2.15835/2001. NÃO OFENSA. Não há incompatibilidade entre a Convenção BrasilHolanda (Países Baixos) e a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, não sendo caso de aplicação do art. 98 do CTN, por inexistência de conflito. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS DE CONTROLADA NO EXTERIOR COM OS SEUS PRÓPRIOS PREJUÍZOS. Os prejuízos apurados por uma controlada ou coligada, no exterior, podem ser compensados com lucros dessa mesma controlada ou coligada. Recurso Especial do Contribuinte Negado. (Acórdão nº 9101002.332, Sessão de 04/05/2016) Ressaltese, quanto a esta matéria, que o Colegiado decidiu afastar a tributação do segundo semestre de 2009 apenas para a controlada Quickfood (Argentina), acolhendo o argumento acerca do exercício fiscal daquela sociedade, que vai de 1º de julho a Fl. 3399DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.400 69 30 de junho de cada ano. Sobre este ponto, a decisão do Colegiado foi unânime, conforme resta registrado no voto do ilustre Relator, nos parágrafos a seguir transcritos: [...] Entretanto, durante as discussões, a maioria do Colegiado decidiu de modo diferente, rejeitando os argumentos atinentes à aplicabilidade dos tratados internacionais para evitar a dupla tributação (conforme se verá no Voto Vencedor). Diante disso, adquire relevância o argumento trazido pela recorrente no que se refere à controlada Argentina: o contribuinte requer seja levado em consideração o exercício fiscal da empresa Quickfood, que vai de 1º de julho a 30 de junho de cada ano, conforme demonstrariam as declarações entregues pela empresa. A mesma argumentação utilizada em relação às controladas uruguaias (vide tópico a seguir) deve ser aplicada ao caso da Quickfood, de forma que deve ser afastada a tributação do segundo semestre de 2009, para essa controlada. Em conclusão, quanto a este ponto, a decisão do Colegiado foi pelo provimento parcial ao recurso voluntário, afastando a incidência tributária no segundo semestre de 2009 da controlada na Argentina (Quickfood). (2) Acerca da incidência de PIS e COFINS sobre os juros e variações cambiais de empréstimos. Neste ponto, o ilustre Relator ressaltou que “durante o trabalho fiscalizatório, foi constatada a existência de contratos de câmbio e contratos de mútuos das empresas Marfrig BV, Tacuarembo e Inaler, os quais continham previsão de juros a serem registrados nestas transações”. No entanto, a contribuinte deixou de registrar em sua contabilidade os juros referentes a esses contratos. A autuação recaiu, portanto, sobre IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Diante da falta de comprovação documental da alegação da recorrente de que os contratos de mútuo analisados pela fiscalização seriam, na verdade, adiantamentos para futuro aumento de capital, o Colegiado considerou o lançamento procedente, no que tange ao IRPJ e à CSLL. Não houve divergência sobre este ponto. No entanto, no que se refere às exigências de PIS e COFINS, o Relator consignou em seu voto: Contudo, no que tange ao PIS e à COFINS, a autuação não merece prosperar vez que, na época do lançamento tributário, estava vigente o Decreto nº 5.442/05, o qual reduzia a zero as alíquotas das referidas contribuições incidentes sobre as receitas financeiras. Este, pois, o cerne da divergência. É que o Decreto em questão não foi trazido à discussão, seja no momento do lançamento, na impugnação, na decisão de primeira instância nem no recurso voluntário. Sua aplicabilidade foi suscitada de ofício, com o que não concordou a maioria dos Conselheiros, considerando tratarse de matéria preclusa, a teor do que dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.235/1972, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 9.532/1997. Fl. 3400DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.401 70 Art. 17.Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Acerca do instituto da preclusão, assim leciona Humberto Theodoro Júnior5: A essência da preclusão, para Chiovenda, vem a ser a perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual pelo fato de se haverem alcançado os limites assinalados por lei ao seu exercício. Decorre a preclusão do fato de ser o processo uma sucessão de atos que devem ser ordenados por fases lógicas, a fim de que se obtenha a prestação jurisdicional, com precisão e rapidez. Sem uma ordenação temporal desses atos e sem um limite de tempo para que as partes os pratiquem, o processo se transformaria numa rixa infindável. Do exposto, sobressai a falta de competência da Autoridade Julgadora de segunda instância para tomar conhecimento dessa matéria em sede de recurso voluntário, ainda mais se, como foi o caso, suscitada de ofício. É verdade que, em algumas situações, exceções são admitidas a esse princípio. A título ilustrativo, no Direito positivado encontramos o § 3º do art. 485 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal6: Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] IV  verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V  reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI  verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; [...] IX  em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X  nos demais casos prescritos neste Código. [...] § 3oO juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 5 THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 40ª Ed., Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 480. 6 Disposições muito semelhantes eram encontradas no art. 267 do antigo Código de Processo Civil, Lei nº 5.869/1973. Fl. 3401DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.402 71 [...] A doutrina cuida do assunto sob o nome de questões de ordem pública. Tais questões são aquelas em que o interesse protegido é do Estado e da sociedade e, em geral, referemse à existência e admissibilidade da ação e do processo, refletindose na própria segurança jurídica. Os exemplos acabados a serem citados, especialmente aplicáveis ao processo administrativo fiscal, são a decadência, as condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade de parte), além dos pressupostos processuais de existência e validade. Em tais situações, a jurisprudência administrativa tem admitido o exame em segundo grau mesmo na ausência de préquestionamento na fase impugnatória ou, ainda, que o relator ou qualquer dos julgadores suscite de ofício matéria não impugnada nem recorrida. Bem se vê, entretanto, que no caso em tela não está em discussão questão que possa ser entendida como sendo de ordem pública. Descabe ao julgador administrativo introduzir na lide discussão sobre matéria que a parte interessada sequer ventilou. Com esses fundamentos, o Colegiado decidiu, por voto de qualidade, não conhecer da matéria suscitada de ofício pelo Relator e, no mérito, aplicar às exigências de PIS e COFINS incidentes sobre juros e variações cambiais de empréstimos a mesma decisão já proferida por unanimidade quanto ao IRPJ e à CSLL, negando provimento ao recurso voluntário. (3) Acerca da incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. A matéria tem sido objeto de discussões ao longo do tempo, comportando decisões por vezes divergentes. A incidência de juros sobre a multa proporcional, aplicada no lançamento de ofício, conforme procedimento das Autoridades Administrativas, encontra seu fundamento no artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 e, ainda, no art. 161 c/c art. 139, ambos da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – CTN), os quais transcrevo para maior clareza: Lei nº 9.430/1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 3402DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.403 72 Lei nº 5.172/1966 (CTN): Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. A polêmica gira em torno da abrangência que se há de atribuir à expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos”, presente no caput do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Tenho que os débitos decorrentes de tributos não podem se restringir ao principal, mas igualmente devem abranger os débitos pelo descumprimento do dever de pagar, ou seja, as multas proporcionais aplicadas de ofício ao lançamento. Nesse sentido, a abrangência dos débitos para com a União deve ser a mesma atribuída ao crédito tributário de que trata o CTN. O débito do contribuinte para com a União, visto pela ótica do sujeito passivo da obrigação tributária, é o crédito tributário em favor da União, visto pela ótica do sujeito ativo da mesma obrigação. Essa discussão já foi travada na Câmara Superior de Recursos Fiscais. Peço vênia para transcrever, por sua clareza e por espelhar com exatidão meu pensamento sobre o assunto, excerto do voto condutor do acórdão CSRF/0400.651, de 18/09/2007, da lavra do ilustre Conselheiro Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho. Desde já, adoto seus fundamentos também aqui como razões de decidir (grifo consta do original). Consoante relatado, a matéria ora posta à apreciação deste Colegiado se circunscreve à questão atinente a incidência de juros de mora, à taxa SELIC, sobre a multa de oficio proporcional aplicada. O art. 139 do CTN determina que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. O art. 113 do CTN, por sua vez, determina, em seu parágrafo primeiro, que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como da penalidade pecuniária dela decorrente. Entendo, assim, que a obrigação tributária principal compreende tanto os próprios tributos e contribuições, como, em razão de seu descumprimento, e por isso igualmente dela decorrente, a multa de oficio proporcional, que é exigível juntamente com o tributo ou contribuição não paga. Observese que tanto o tributo quanto a multa de oficio proporcional serão devidos com a consumação do fato gerador. A multa de oficio proporcional, embora seja um acréscimo ao tributo, não se trata de obrigação acessória, que se caracteriza pelo objeto não pecuniário, classificandose como uma obrigação de fazer. A obrigação tributária principal consiste, assim, em todo e qualquer pagamento devido, incluindose o tributo, a multa ou penalidade pecuniária. Em decorrência, o crédito tributário, a que se reporta o art. 161 do CTN, corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo seus acréscimos legais, notadamente a multa de oficio proporcional. Fl. 3403DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.404 73 O art. 61, parágrafo terceiro, da Lei n. 9.430/97, fundamento legal da multa aplicada no caso concreto, prevê a aplicação de juros de mora sobre os débitos decorrentes de tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorreram a partir de 01 de janeiro de 1997. Dentre os débitos decorrentes dos tributos e contribuições, entendo, pelas razões indicadas acima, incluemse as multas de oficio proporcionais, aplicadas em função do descumprimento da obrigação principal, e não apenas os débitos correspondentes aos tributos e contribuições em si. Frisese, por oportuno, que dito parágrafo terceiro determina a aplicação dos juros sobre o valor dos débitos indicados no caput do artigo, e não sobre seu valor acrescido da multa de mora prevista no mesmo caput. Por outro lado, se o caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 admite a aplicação da multa de mora sobre valor que, a depender das circunstancia do lançamento, pode (considerando, por exemplo, a espontaneidade ou não do pagamento e o beneficio da denuncia espontânea), estar acrescido da multa de oficio proporcional, cabe ao aplicador da norma afastar a respectiva concomitância, cuja eventual aplicação, contudo, não tem o condão de modificar a legislação sobre a matéria, afastando a inclusão da multa de oficio proporcional na obrigação principal. Não é correta a afirmação de que toda penalidade pecuniária que se converte em obrigação principal é decorrente da observância de obrigação acessória. Não pagar tributo é o descumprimento de uma obrigação principal, constituindo parte desta. O fato de o dispositivo legal atribuir, à penalidade por descumprimento de obrigação acessória, a natureza de obrigação principal, não significa que toda e qualquer penalidade pecuniária é, em sua origem, uma obrigação acessória. Ou seja: a multa de oficio proporcional não é resultante do descumprimento de obrigação acessória, mas de obrigação principal. É obrigação principal em sua natureza, independentemente de conversão. Ressaltese, com relação aos juros de mora, que o art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora à taxa de 1% ao mês, caso a lei não disponha de modo diverso, e a Lei n. 9430/96 determina a aplicação da taxa Selic aos casos em questão. Como dito crédito, deve ser entender, pelas razões expostas, a obrigação tributária principal como um todo, incluindo a multa de oficio proporcional. Adicionalmente, especificamente quanto ao art. 43 da Lei n° 9.430/96, invocado pelo Contribuinte em sua defesa, destaquese que esse dispõe sobre a hipótese de "Auto de Infração Sem Tributo", razão pela qual não disciplina a aplicação da juros sobre a multa de oficio proporcional, que somente é exigida com o tributo. Ao final, por maioria de votos, a Câmara Superior decidiu conforme ementa abaixo: JUROS DE MORA — MULTA DE OFICIO — OBRIGAÇÃO PRINCIPAL— A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Ac. CSRF/04 Fl. 3404DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.405 74 00.651, de 18/09/2007, proc. 16327.002231/200285, Rel. Cons. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho) A matéria retornou à discussão na Câmara Superior em março de 2010, sendo prolatado o acórdão assim ementado, confirmando o entendimento aqui exposto: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Ac. 910100.539, de 11/03/2010, proc. 16327.002243/9971, Rel. Cons. Valmir Sandri, Redatora Designada Cons. Viviane Vidal Wagner) Pelas mesmas razões, quanto a esta matéria, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário interposto. Ainda quanto a este ponto, de se esclarecer que, no que toca ao pedido subsidiário da recorrente, não houve qualquer divergência e o Colegiado acompanhou à unanimidade o voto do ilustre relator, nos seguintes termos: Subsidiariamente há o pedido do contribuinte para que o juros sobre a multa passe a incidir somente a partir da constituição definitva do crédito. Nesse mister afasto o pedido formulado subsidiariamente, pois o termo inicial da incidência de juros, uma vez extinta a causa suspensiva do crédito, passa a ser a data de sua constituição, ou seja, a data do lançamento. Conclusão Em todos os demais aspectos, a decisão se deu conforme o voto do ilustre Relator. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 3405DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.012954/2006-95    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016    
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2003, 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OPOSIÇÃO. COMPETÊNCIA DOS DELEGADOS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL.
A teor do art. 65, §1º, inciso V, do Regimento Interno do CARF, somente o titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão é competente para opor embargos de declaração.
    
Numero da decisão: 1301-002.140    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, NÃO CONHECER dos embargos, vencido o Conselheiro Flávio Franco Corrêa que deles conheceria.
(Assinado Digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, José Roberto Adelino da Silva, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Júnior e Waldir Veiga Rocha.
    
Nome do relator: Relator    
    
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, NÃO CONHECER dos embargos, vencido o Conselheiro Flávio Franco Corrêa que deles conheceria. (Assinado Digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (Assinado Digitalmente) Milene de Araújo Macedo - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, José Roberto Adelino da Silva, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Júnior e Waldir Veiga Rocha.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2003, 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OPOSIÇÃO. COMPETÊNCIA DOS DELEGADOS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. A teor do art. 65, §1º, inciso V, do Regimento Interno do CARF, somente o titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão é competente para opor embargos de declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, NÃO CONHECER dos embargos, vencido o Conselheiro Flávio Franco Corrêa que deles conheceria. (Assinado Digitalmente) Waldir Veiga Rocha  Presidente. (Assinado Digitalmente) Milene de Araújo Macedo  Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, José Roberto Adelino da Silva, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Júnior e Waldir Veiga Rocha. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 29 54 /2 00 6- 95 Fl. 1090DF CARF MF Processo nº 10380.012954/200695 Acórdão n.º 1301002.140 S1C3T1 Fl. 1.091 2 Relatório Tratase de apreciar embargos de declaração opostos pela unidade preparadora , em face do Acórdão nº 1301001.689 (fls. 1050 a 1069), proferido por esta turma na sessão de 22/10/2014, através do qual foi dado parcial provimento ao recurso voluntário apresentado pelo contribuinte, conforme ementa a seguir transcrita: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ Anocalendário: 2001, 2002, 2003 NULIDADE. FALTA DE INDICAÇÃO DE DATA E HORA DA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 07. APLICABILIDADE. De acordo com o disposto na Súmula CARF n° 07, a ausência da indicação da data e da hora de lavratura do auto de infração não invalida o lançamento de ofício quando suprida pela data da ciência. Nulidade não verificada. NULIDADE. AUSÊNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DAS HIPÓTESES DO ARTIGO 59 DO DECRETO N° 70.235/1972. NÃO OCORRÊNCIA. Ausentes as demonstrações de cerceamento de defesa ou incompetência da autoridade administrativa que realizou o ato, não há falar em nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal. OMISSÃO DE RECEITA. DESDOBRAMENTO E RESGATE DE AÇÕES. NATUREZA JURÍDICA. DIVIDENDOS. A operação "desdobrando e resgate de ações", tal como realizada nos autos e autorizado em processo de consulta, visando à proteção dos interesses dos acionistas importa igualmente em distribuição de parcela do lucro da companhia, de modo a caracterizarse dividendo, que é isento de tributação. OMISSÃO DE RECEITA. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS/PASEP. COFINS. Tratandose da mesma matéria fática, e não havendo aspectos específicos a serem apreciados, aos lançamentos decorrentes aplicase a mesma decisão do principal. ADIÇÃO. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. A comprovação de que os juros pagos declarados pelo controlador nacional não foram pagos à controlada no exterior desautoriza a qualificação desses valores como lucro auferido no exterior. EXCLUSÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase matéria não impugnada aquela que não tenha sido expressamente contestada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3a Câmara / 1a Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso. Fl. 1091DF CARF MF Processo nº 10380.012954/200695 Acórdão n.º 1301002.140 S1C3T1 Fl. 1.092 3 Alega a ora embargante que o acórdão combatido incorreu em omissão, visto que o recurso de ofício interposto pela 4ª Turma da DRJ/FOR, no Acórdão nº 0819.568, de 06/12/2010, não fora apreciado por este Colegiado (fls 1.084 e 1.085). Os embargos interpostos pela unidade preparadora foram admitidos conforme despacho de fls. 1.086, a seguir transcrito: "Tratase de Embargos de Declaração opostos pela Unidade Preparadora encarregada do cumprimento do acórdão proferido por Turma Julgadora, por meio do qual foi dado parcial provimento ao Recurso Voluntário da contribuinte. Segundo assinalou a autoridade preparadora, o processo lhe fora encaminhado pelo CARF para dar ciência de decisão em sede de Recurso Voluntário, ressaltando, entretanto, além de outros aspectos de ordem procedimental, que nos termos da Informação Fiscal de folhas 1077 a 1078.3, o Recurso de Ofício interposto pela DRJ/FOR, conforme Acórdão 0819.568 (fls 293 a 313 do VolumeV4), não foi apreciado no acórdão embargado, propondo assim o retorno dos autos ao CARF para conhecimento e demais providências necessárias, com encaminhamento posterior à nova jurisdição do interessado acima identificado. Verifico de pronto que assiste rigorosa razão à Autoridade Preparador. Com efeito, por evidente equívoco e omissão, não foi apreciado o Recurso de Ofício, hipótese que se sana com o acolhimento dos Embargos de Declaração, para apreciação e julgamento do Recurso de Ofício interposto por ocasião do julgamento da DRJ. Presente a omissão, proponho o acolhimento dos Embargos de Declaração." Tal proposta foi aceita pelo Presidente, tendo sido incluído os autos em pauta para regular julgamento por este Colegiado. É o relatório. Voto Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora Em face do despacho de admissibilidade de fls. 1.086 e 1.087, passo a apreciar os embargos. De início, analiso a competência da unidade preparadora encarregada da liquidação e execução do acórdão para oposição dos embargos, nos termos do art. 65, §º 1º, inciso V, da Portaria MF nº 256/2009, o Regimento Interno do CARF então vigente à época: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. § 1° Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de cinco dias contado da ciência do acórdão: I  por conselheiro do colegiado; Fl. 1092DF CARF MF Processo nº 10380.012954/200695 Acórdão n.º 1301002.140 S1C3T1 Fl. 1.093 4 II  pelo contribuinte, responsável ou preposto; III  pelo Procurador da Fazenda Nacional; } IV  pelos Delegados de Julgamento, nos casos de nulidade de suas decisões; V  pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. O acórdão ora embargado foi remetido à DRF/FOR (fls. 1.073), em 03/12/2014, para que fosse dada ciência ao sujeito passivo. Conforme consta do despacho de fls. 1.086, exarado pela Secat/DRF/FOR em 26/12/2014, o domicílio fiscal do contribuinte foi alterado, em razão de incorporação pelo CNPJ 07.523.555/000167, para o endereço no município de NiteróiRJ (fls. 1.081 a 1.083). De acordo com o disposto no art. 65, §º 1º, inciso V, da Portaria MF nº 256/2009, o Regimento Interno do CARF, o titular da unidade da DRF/Niterói é que seria competente para a oposição dos embargos, e não a Secat/DRF/FOR. Assim, face à incompetência da Secat/DRF/FOR para oposição dos embargos, voto no sentido de não conhecer os embargos opostos pela unidade preparadora. (Assinado Digitalmente) Milene de Araújo Macedo Fl. 1093DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.726733/2012-13    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016    
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
PRECATÓRIOS. RECONHECIMENTO COMO RECEITA. REALIZAÇÃO FINANCEIRA.
Os valores relativos a precatórios, expedidos em execução contra a Fazenda Pública, quando tributáveis, devem ser reconhecidos como receita no momento de realização financeira do direito ou de cessão do crédito, pois antes disso, não se tem a exata definição do valor a ser tributado, salvo nas hipóteses de repetição de indébito, quanto ao valor que tenha sido deduzido da base de cálculo dos tributos.
CSLL, PIS E COFINS. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO.
Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
    
Numero da decisão: 1301-002.122    
Decisão: 
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Flávio Franco Corrêa acompanhou o relator pelas conclusões. Ausente momentaneamente o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e José Roberto Adelino da Silva.
    
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR    
    
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009 PRECATÓRIOS. RECONHECIMENTO COMO RECEITA. REALIZAÇÃO FINANCEIRA. Os valores relativos a precatórios, expedidos em execução contra a Fazenda Pública, quando tributáveis, devem ser reconhecidos como receita no momento de realização financeira do direito ou de cessão do crédito, pois antes disso, não se tem a exata definição do valor a ser tributado, salvo nas hipóteses de repetição de indébito, quanto ao valor que tenha sido deduzido da base de cálculo dos tributos. CSLL, PIS E COFINS. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
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RECONHECIMENTO COMO RECEITA. REALIZAÇÃO FINANCEIRA. Os valores relativos a precatórios, expedidos em execução contra a Fazenda Pública, quando tributáveis, devem ser reconhecidos como receita no momento de realização financeira do direito ou de cessão do crédito, pois antes disso, não se tem a exata definição do valor a ser tributado, salvo nas hipóteses de repetição de indébito, quanto ao valor que tenha sido deduzido da base de cálculo dos tributos. CSLL, PIS E COFINS. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Flávio Franco Corrêa acompanhou o relator pelas conclusões. Ausente momentaneamente o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 72 67 33 /2 01 2- 13 Fl. 820DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 820 2 Waldir Veiga Rocha  Presidente. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior  Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e José Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de recurso de ofício, na forma do art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/1972, tendo em vista decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ  Ribeirão Preto, que deu provimento à impugnação. O lançamento que originou o presente feito apurou omissão de receitas relativas a precatórios, no valor de R$ 220.052.350,63, e falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL, o que motivou a exigência de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, acrescidos de multas vinculadas e isoladas e de juros de mora, totalizando um crédito tributário de R$ 129.386.571,35. A autuada, não se conformando com o lançamento, apresentou impugnação na qual, em síntese, fez as seguintes alegações: 1  Houve erro ao qualificar a infração, pois não teria ocorrido omissão de receitas. Porém, na hipótese de existir alguma infração, seria apenas a de postergação de receita de maio de 2009 para maio de 2010, quando, simultaneamente com o reconhecimento contábil da receita, deuse a compensação de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa de CSLL, sem a observância do limite de 30%. 2. O valor objeto do lançamento não teria natureza de receita, mas de transferência de capital, feita a título de indenização, pois destinada a recompor prejuízo patrimonial (dano emergente) e, por isso, não passível de incidência tributária. 3. Na hipótese de serem tidos como receita tributável os valores questionados pelo Fisco, deve, ao menos, ser afastada a incidência sobre os juros de mora e a correção monetária, porquanto visam unicamente a recompor o patrimônio do credor, em face da impontualidade do devedor na realização do pagamento. Fl. 821DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 821 3 4. Ainda considerando a hipótese de os valores serem receita tributável, e tendo em conta o regime de competência, o momento da tributação seria o da expedição do alvará de levantamento do crédito, por ser esse o título que assegura a disponibilidade jurídica dos valores, e não, como supõe a autoridade fiscal, o momento do trânsito em julgado dos embargos à execução opostos pela Fazenda Nacional. Ressaltou a impugnante que no ano em que se deu o trânsito em julgado da decisão e a expedição do precatório, a Fazenda Nacional teria ajuizado ação rescisória, com pedido de tutela antecipada, a fim de afastar o pagamento da dívida. 5. Na eventualidade de serem afastados os fundamentos acima expostos, diz a impugnante que não se poderia aceitar a tributação daquela verba pelo valor de face, como quer a autoridade fiscal, uma vez que esse valor não se confunde com o valor de mercado do ativo, como alegam os próprios entes públicos ao não admitirem precatórios como garantia em execução de dívidas tributárias, senão pelo "valor presente". 6. Teria havido erro na identificação da base tributável, que no lançamento foi de R$ 220.052.350,63, mas, em decorrência de retificação posterior, veio a ser reduzida para R$ 215.570.458,20. 7. Devem ser descontados dos lançamentos de PIS, Cofins e CSLL os valores recolhidos a esse título em maio de 2010, quando se deu o registro contábil do valor recebido. Contestou, por fim, a impugnante a exigência de multa isolada por ausência de recolhimento de estimativas, visto que a infração tem origem nos mesmos fatos que motivaram a aplicação da multa de ofício. Ademais, seria vedada a exigência da multa isolada depois de encerrado o respectivo período de apuração. A 3ª Turma da DRJ  Ribeiro Preto deu provimento à impugnação, no Acórdão nº 1442.436 (fls. 748 a 766), cuja ementa está assim redigida: PRECATÓRIOS. MOMENTO DO RECONHECIMENTO DA RECEITA PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO. A tributação das receitas relativas a precatórios, via de regra, deve ocorrer no efetivo recebimento ou na transferência do direito creditório a terceiros. Incabível a exigência dos tributos no momento da emissão dos precatórios, quando ainda não há plena disponibilidade econômica ou financeira para o beneficiário, salvo quando se tratar da recuperação de valores anteriormente deduzidos na apuração dos tributos. Como o valor do crédito tributário excluído no julgamento de primeira instância ultrapassou o limite estabelecido pela Portaria MF nº 03/2008, a própria DRJ indicou a necessidade de os autos serem remetidos ao CARF, para reexame da decisão. A Procuradoria da Fazenda Nacional  PFN, tendo sido intimada, aditou razões ao recurso de ofício (fls. 772 a 780). Disse que a legislação do Imposto de Renda, seguindo a legislação empresarial, adotou, como critério para o reconhecimento contábil de receitas e despesas, o regime de competência. A receita deve ser reconhecida quando adquirido o direito, independentemente do efetivo recebimento, da utilização mediante compensação, ou de qualquer outra forma de realização financeira. Fl. 822DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 822 4 Ressaltou que a contribuinte teria registrado contabilmente dois valores relativos a precatórios antes da efetiva realização financeira do crédito. Um deles se refere à ação judicial nº 91.06757480, cuja receita teria sido registrada contabilmente antes do trânsito em julgado da decisão. O outro, que é objeto dos autos de infração impugnados, se refere aos valores vinculados à ação judicial nº 96.00169624, que teriam sido reconhecidos contabilmente como receita depois do trânsito em julgado da decisão, mas antes do efetivo recebimento do valor. Em vista desse fato, a PFN enfatizou que a contribuinte, contrariando o que ela mesma postula na impugnação, reconheceu contabilmente as receitas segundo o regime de competência. Observou que parte dos valores contabilizados como receita foi compensada com prejuízos acumulados, sem a observância do limite de 30%. Alegou ainda a PFN que se não há disponibilidade dos recursos relativos aos precatórios para fins tributários, antes da realização financeira, também não haveria disponibilidade para aumento do valor do patrimônio líquido. Porém, como o patrimônio líquido foi acrescido, não há como negar a incidência tributária sobre os mesmos valores. Pelo princípio da competência, a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica se dá independentemente da disponibilidade financeira, que seriam situações inconfundíveis. Especificamente quanto ao precatório, aduziu que ele é ordem de pagamento em favor do credor de importância líquida e certa, sendo o trânsito em julgado da decisão o momento em que se adquire a disponibilidade jurídica da renda. Afirmou que o Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 25/2003, ao se manifestar sobre o tratamento dos valores objeto de repetição de indébito, orientou que as receitas devem ser reconhecidas pelo regime de competência, no momento do trânsito em julgado da decisão, pois aí se define o valor a ser restituído. Por fim, contestou que a verba relativa a precatório possa ser classificada como ativo contingente, porquanto o direito já seria líquido e certo. Com a manifestação da PFN, os autos vieram a julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Silva Junior O recurso de ofício atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. De plano, importa fixar o ponto em torno do qual gira a controvérsia. A controvérsia não está naquilo que a contribuinte fez ou que deixou de fazer em 2010; mas, sim, no procedimento por ela adotado em 2009, mais especificamente, no fato de não ter oferecido à tributação do IRPJ e CSLL a receita de R$ 220.052.350,63 constante de precatório judicial; e, Fl. 823DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 823 5 ao mesmo tempo, ter subtraído à tributação do PIS e da Cofins a receita de R$ 503.951,36, que é o valor do precatório, com exclusão das parcelas de juros e de correção monetária. O esclarecimento se faz necessário porque que tanto no Termo de Constatação Fiscal, quanto nas razões oferecidas pela PFN há referência ao fato de a contribuinte ter reconhecimento tais valores como receita em 2010, e, nesse mesmo período, ter efetuado compensação de prejuízos fiscais, sem observar o limite de 30% do lucro líquido ajustado. Efetivamente, o procedimento levado a cabo em 2010 não parece escorreito. Ao contrário, na aparência é equívoco e de duvidosa boafé. Mas, tenha havido ou não ilícito fiscal em 2010, essa circunstância não interfere na feição ou no conteúdo do suposto ilícito praticado em 2009, que seria, tal como descrito no lançamento, omissão de receita. A Fiscalização sustenta ter havido omissão de receita, supondo que o momento oportuno de oferecer à tributação os valores relativos a precatórios judiciais seja o do trânsito em julgado da decisão que condena a pessoa jurídica de direito público ao pagamento de determinada quantia em favor do contribuinte. Nesse sentido, se manifestou a autoridade fiscal no termo de constatação: A sentença condenatória que define o valor é um título, certo e exigível de um direito, razão pela qual é no seu trânsito em julgado que a receita dele decorrente passa a ser tributável pelo IRPJ e pela CSLL, quando aplicável o regime de competência. No caso de a sentença condenatória não definir o valor do indébito (sentença líquida), o valor a ser restituído só se torna receita tributável do IRPJ e da CSLL no trânsito em julgado ou na expedição do precatório, quando a Fazenda Pública deixar de oferecer embargos. (fl. 433) A decisão da DRJ  Ribeirão Preto, entretanto, sustenta que no instante do trânsito em julgado ou no da expedição do precatório ainda não existiria disponibilidade econômico, nem jurídica da renda. A matéria não é pacífica e, sobre ela, o CARF tem decisões nos dois sentidos. Pela tributação quando do trânsito em julgado da decisão condenatória ou da expedição do precatório estão os Acórdãos 1101000.893 (1ª TO da 1ª Câmara); 1301001.702 (1ª TO da 3ª Câmara) e 1402001.253 (2ª TO da 4ª Câmara). Em sentido oposto se inclinaram os Acórdãos 1202001.088 (1ª TO da 2ª Câmara) e 1301001.739 (1ª TO da 3ª Câmara). A decisão da DRJ  Ribeirão Preto, ao dar provimento à impugnação, adotou os seguintes fundamentos: Pelo exposto, por qualquer ângulo que se examine a questão, não havia, quando do trânsito em julgado da decisão proferida no processo de Execução ou da expedição do Precatório, liquidez e certeza acerca do recebimento do crédito e, sequer, de seu efetivo valor. A importância a ser recebida estava ainda indefinida e não se confundia com receita em maio/2009 (trânsito dos Embargos à Execução da União nº 2007.34.00.0077818). Inexistia entrada para a qual houvesse disponibilidade jurídica passível de ser registrada pelo regime de competência, mas crédito precário, o que impunha seu tratamento como ativo contingente. Em decorrência deste e dos outros aspectos apontados no presente item, afiguramse Fl. 824DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 824 6 improcedentes as autuações ora impugnadas, sendo de rigor a decretação de sua insubsistência. (...) Na presente questão, tratase de definir se já existe a disponibilidade jurídica a que se refere o Código Tributário Nacional a partir do momento em que transitou em julgado a decisão favorável ao contribuinte, reconhecendolhe um direito contra a União. Com efeito, a legislação do imposto de renda adota, para apropriação de receitas das pessoas jurídicas, o princípio de competência inserido no art. 177 da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76), o qual dispõe que a escrituração deve obedecer aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo ser observados métodos ou critérios contábeis uniformes ao tempo, com o registro das mutações patrimoniais segundo o regime de competência (RIR/2000, art. 274). Porém, as receitas que dependem de evento futuro, por sua natureza aleatória, deverão ser escrituradas no períodobase de sua disponibilidade jurídica, conforme dispõe o art. 116 do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25/10/1996). Esse o entendimento expedido no Parecer Normativo CST nº 11/1976: “4.1 – As receitas variáveis que dependem de evento futuro, por sua natureza aleatória, deverão ser contabilizadas no períodobase de sua disponibilidade jurídica. Outra maneira de se proceder não seria viável, tendo em vista a impossibilidade de, previamente, serem determinados ou fixados seus valores e por não se encontrarem juridicamente disponíveis em tal momento”. De sua sorte, o Parecer Normativo CST nº 121, 31/08/1973, traz à luz o conceito de crédito, para o fim da incidência do imposto de renda: “Dispõe o art. 118 do RIR aprovado pelo Decreto nº 58.400, de 10 de maio de 1966, que o imposto sobre os rendimentos do trabalho assalariado deverá ser recolhido pela fonte pagadora dentro do mês seguinte em que houver sido efetuado o pagamento ou o crédito aos beneficiários. Claro está que o regulamento aí se refere aos créditos incondicionais, não sujeitos a termo, e, portanto, inteiramente à disposição do beneficiário, e não aos condicionados ou com vencimento previamente ajustado, porque estes não estão, ainda, juridicamente à disposição do contribuinte.” (grifo do autor) Os valores tributáveis devem apresentar a certeza e a liquidez suficientes à configuração do fato gerador dos tributos e contribuições, o que não ocorre com o simples trânsito em julgado da sentença que reconhece a inconstitucionalidade ou ilegalidade de determinada exação. O precatório é uma ordem judicial em que a autoridade forense determina o pagamento ao credor de importância líquida e certa em razão de sentença condenatória transitada em julgado imposta a pessoa jurídica de direito público, que deverá incluílo na lei orçamentária anual. Portanto, configura um título judicial representativo de um crédito de titularidade da pessoa física ou jurídica que estabeleceu a lide contra o poder público. Se o exercício do direito de crédito do contribuinte se fizer mediante ação de execução promovida contra a Fazenda Pública, com a expedição de precatório para Fl. 825DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 825 7 pagamento futuro, somente quando findo esse processo, com o efetivo pagamento, é que se pode dizer da disponibilidade da renda. A propósito, a Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/2000, prevê o pagamento dos créditos no prazo máximo de dez anos, dispondo: "Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na data de promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos." Ora, ao debruçarse sobre as normas tributárias que regem a matéria e resolver considerar que os valores recebidos na forma de precatórios seriam tributáveis na data em que foram emitidos, a Fiscalização deixou de atentar a um simples questionamento: uma vez que a emissão dos precatórios decorre de lei, considerando que precatório não é moeda e não pode ser utilizado para pagamento de tributos, de onde a empresa buscaria recursos para efetuar o pagamento dos tributos? Reitero que o recebimento de precatórios não se deu por opção da empresa, a exemplo da realização de uma venda a prazo ou em contrapartida de ativos. No que tange a orientação do Ato Declaratório Interpretativo  ADI SRF nº 25/2003 que estabelece hipóteses de tributação de IRPJ/CSLL na data de expedição de precatório, em se tratando de Lucro Real (regime de competência), verificase que o aludido Ato “dispõe sobre a tributação de valores restituídos ao contribuinte pessoa jurídica, por força de sentença judicial em ação de repetição de indébito... se, em períodos anteriores, tiverem sido computados como despesas dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da CSLL (art. 1º). As hipóteses tratadas no aludido ADI visam justamente resguardar o princípio da competência, pois, referemse a valores anteriormente computados como despesas incorridas, apesar de não pagas, que reduziram as bases de cálculo do IRPJ e CSLL. No caso dos autos os precatórios correspondem a indenizações de valores que não foram tributados anteriormente, muito menos deduzidos na base de cálculo do IRPJ e CSLL. Diante do entendimento de que o valor dos precatórios não poderia mesmo ser tributado em maio/2009, quando da emissão, e sim na data de liquidação ou negociação, deixo de apreciar as demais matérias em litígio. Registro que, apesar de a empresa Usina Santa Bárbara, incorporada pelo contribuinte em 2010, ter compensado integralmente os prejuízos acumulados no Balanço de Encerramento, essa matéria não foi objeto da autuação, haja vista que a receita oferecida a tributação naquele evento estava contida nos R$ 220.052.350,63 tributados de oficio em maio/2009. Logo, essa matéria pode ser objeto de nova autuação. (fls. 764 a 766) (grifos do original) Como se percebe do trecho acima transcrito, os fundamentos da decisão da DRJ consistiram basicamente na ausência de disponibilidade econômica e jurídica da renda, e da ausência de liquidez e certeza quanto aos valores a serem tributados. Este último aspecto é especialmente relevante. A tributação, qualquer que seja o tributo, salvo os fixos, tem como requisito a definição de um valor sobre qual irá recair a Fl. 826DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 826 8 incidência tributária. Esse valor, nos impostos e na maioria das contribuições, está diretamente ligado à capacidade contributiva. É possível afirmar, nessa linha de raciocínio, que ele traduz em números a capacidade contributiva revelada no fato jurídico tributário, que em geral é uma situação de conteúdo econômico. É por esse motivo, aliás, que alguns proclamam a existência de um vínculo estreito entre fato gerador e base de cálculo. É a relação estreita entre essas duas figuras que nos leva a rechaçar a tributação das receitas relativas a precatórios da forma como pretendeu a Fiscalização, ou seja, quando da expedição do precatório. Embora o precatório contenha um valor definido, que é o montante requisitado pelo Poder Judiciário ao Poder Executivo, tal valor não representa necessariamente aquilo que vai ser pago, nem tampouco a data da requisição judicial permite que se diga (nem sequer de forma aproximada) quando o pagamento irá acontecer. A habitual impontualidade do Poder Público no pagamento de precatórios faz com que reinem incerteza e indefinição sobre quando o pagamento será feito e sobre a quantia a ser paga. Não é por acaso que a cessão de direito de crédito relativo a precatório, no geral, se faz com descontos brutais, que muitas vezes ultrapassam a 80% do valor de face. Para constatálo, basta uma simples consulta à internet. Esse é um dado da realidade para o qual não se pode fechar os olhos, salvo se existisse lei ou ato regulamentar determinando expressa e inequivocamente que a tributação da receita se fizesse na data de expedição dos precatórios. Não há, nesse sentido, disposição legal ou regulamentar. Assim, é cabível na solução do problema que se aplique o princípio jurídicocontábil da competência. Mas também, ao lado desse princípio, se pode aplicar o da capacidade contributiva e o da razoabilidade. Portanto, se o valor requisitado no precatório não corresponde, mercê de todas aquelas incertezas já citadas, ao valor presente do título (o que é a regra), a tributação tem de ficar limitada a este (o valor presente), pois o que passar dele ofenderá o princípio da capacidade contributiva, uma vez que a tributação irá recair sobre parcela da qual não se tem disponibilidade jurídica, nem econômica. Por essas razões, é que a tributação pelo IRPJ e pela CSLL devem ocorrer no momento da realização do direito, que pode acontecer com o pagamento, com a compensação ou com a cessão. Frisese, a propósito da matéria em discussão, que a DRJ  Ribeirão Preto, em certa medida, adotou a lógica que está subjacente ao art. 27 da Lei nº 10.833/2003, no que concerne à tributação de receitas pagas em cumprimento de decisão judicial. Este é o texto da lei: Art. 27. O imposto de renda sobre os rendimentos pagos, em cumprimento de decisão da Justiça Federal, mediante precatório ou requisição de pequeno valor, será retido na fonte pela instituição financeira responsável pelo pagamento e incidirá à alíquota de 3% (três por cento) sobre o montante pago, sem quaisquer deduções, no momento do pagamento ao beneficiário ou seu representante legal. Fl. 827DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 827 9 §1º Fica dispensada a retenção do imposto quando o beneficiário declarar à instituição financeira responsável pelo pagamento que os rendimentos recebidos são isentos ou não tributáveis, ou que, em se tratando de pessoa jurídica, esteja inscrita no SIMPLES. §2º O imposto retido na fonte de acordo com o caput será: I  considerado antecipação do imposto apurado na declaração de ajuste anual das pessoas físicas; ou II  deduzido do apurado no encerramento do período de apuração ou na data da extinção, no caso de beneficiário pessoa jurídica. §3º A instituição financeira deverá, na forma, prazo e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal, fornecer à pessoa física ou jurídica beneficiária o Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte, bem como apresentar à Secretaria da Receita Federal declaração contendo informações sobre: I  os pagamentos efetuados à pessoa física ou jurídica beneficiária e o respectivo imposto de renda retido na fonte; II  os honorários pagos a perito e o respectivo imposto de renda retido na fonte; III  a indicação do advogado da pessoa física ou jurídica beneficiária. §4º O disposto neste artigo não se aplica aos depósitos efetuados pelos Tribunais Regionais Federais antes de 1o de fevereiro de 2004. O caput do art. 27 poderia dar a impressão de que a norma estaria restrita às pessoas físicas; porém, o §1º faz expressa referência a beneficiário pessoa jurídica, revelando que o dispositivo tem aplicação universal, abrangendo pessoas físicas e jurídicas, inclusive as entidades de natureza empresarial. O §2º, por sua vez, deixa claro que a incidência na fonte de que trata o caput do art. 27 tem natureza de antecipação. Seja na pessoa física, seja na pessoa jurídica, o momento da tributação é posterior. Sendo assim, é inconcebível tributar a receita quando da expedição do precatório. Por último, convém ressaltar que, ao caso em exame, não se aplica o ADI SRF nº 25/2003. É que a orientação nele expressa se dirige aos casos de repetição de indébito tributário, quando o valor pago fora, em períodos anteriores, deduzido da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. O que está sujeito à tributação não é o valor a ser restituído, mas o montante que foi deduzido da base de cálculo daqueles dois tributos. É por essa razão que a tributação referida no ADI não cabe se, quando do pagamento indevido, o contribuinte apurou o IRPJ pelo lucro presumido ou arbitrado. Fl. 828DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10880.726733/201213 Acórdão n.º 1301002.122 S1C3T1 Fl. 828 10 Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso de ofício, para no mérito negar lhe provimento. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior  Relator Fl. 829DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 11080.014097/2008-77    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017    
Data da publicação: Wed Feb 01 00:00:00 UTC 2017    
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2005
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
Devem ser rejeitados os embargos declaratórios na situação em que a alegada omissão não ocorreu, tendo sido a matéria supostamente omissa, na verdade, discutida e decidida no acórdão embargado.
    
Numero da decisão: 1301-002.177    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos e NEGAR-LHES provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha  Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Marcelo Malagoli da Silva, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
    
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA    
    
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DA SILVA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Devem ser rejeitados os embargos declaratórios na situação em que a alegada omissão não ocorreu, tendo sido a matéria supostamente omissa, na verdade, discutida e decidida no acórdão embargado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos e NEGARLHES provimento. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Marcelo Malagoli da Silva, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS BENTO B. DA SILVA, por seu advogado, opôs embargos de declaração (fls. 976/977) em face do Acórdão nº 1301001.809, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 01 40 97 /2 00 8- 77 Fl. 1015DF CARF MF Processo nº 11080.014097/200877 Acórdão n.º 1301002.177 S1C3T1 Fl. 1.016 2 de 05 de março de 2015, às fls. 939/957 deste processo, com fundamento nos arts. 64, I, 65 e 66 do Anexo II do então vigente Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256/2009 e alterações supervenientes. Alega a embargante que o aresto combatido teria sido omisso no que se refere a sua alegação recursal quanto à “indispensabilidade do prévio trãnsito em julgado administrativo da discussão da exclusão da Empresa do SIMPLES Nacional, para, então, permitirse autuála de acordo com o regime lucro presumido”. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator A ciência do acórdão ora embargado se deu em 16/04/2015, quintafeira (AR à fl. 966). Tendo sido os embargos apresentados em 22/04/2015, quartafeira (fl. 976), e considerando que o dia 21/04/2015 foi feriado nacional, tenho que são tempestivos, à luz do prazo de cinco dias estabelecido pelo § 1º do art. 65 do Anexo II da Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF (RICARF) então vigente. Ademais, a embargante apontou objetivamente a omissão que pretende ver sanada, atendendo, desta forma, o requisito regimental. Atendidos os demais requisitos processuais, conheço dos embargos e passo a analisálos. Em seu recurso voluntário, às fls. 845/847, a então recorrente reclama contra o procedimento do Fisco de reunir, em um mesmo processo administrativo (o presente), o Ato Declaratório de Exclusão do SIMPLES e o Auto de Infração. Por sua ótica, esse procedimento teria gerado vícios a ambos os procedimentos. A interessada prossegue: A irregularidade do procedimento se torna ainda maior ao constatarmos que a REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA EXCLUSÃO DO SIMPLES foi lavrada na data de 26/11/08, mas a empresa ainda estava sendo intimada, em 10/12/08, a apresentar documentos no curso do mesmo processo fiscalizatório, como por exemplo os documentos constante nas folhas 347 e seguintes do processo. Mas, se o Termo de Inicio de Ação Fiscal n° 1010100/00690/08 iria fundamentar o pedido de Exclusão do SIMPLES, como poderia ter sido elaborado antes de encerrada a instrução do referido processo? E como poderia ter sido o contribuinte intimado da lavratura do Auto de Infração no mesmo dia da intimação de exclusão do SIMPLES se a base para apuração dos referidos tributos federais é justamente esta decisão que ainda não havia transitado em julgado? Fl. 1016DF CARF MF Processo nº 11080.014097/200877 Acórdão n.º 1301002.177 S1C3T1 Fl. 1.017 3 A interessada sustenta que cada um dos procedimentos (exclusão do SIMPLES e auto de infração) exige a adoção de medidas diversas. Haeria confusão e desorganização da forma como foi conduzido o processo administrativo. Sua conclusão é: Por fim, o que se verifica é que ao contribuinte não foi permitido a ampla defesa e o contraditório, princípios constitucionais de indiscutível predominância no ordenamento jurídico pátrio, já que resta evidente o cerceamento de defesa, RAZÃO PELA QUAL MERECEM SER ANULADOS. OS AUTOS DE INFRAÇÃO DECORRENTES DO PROCEDIMENTO FISCAL EM COMENTO. A arguição de nulidade foi enfrentada pelo acórdão embargado nos seguintes termos (fl. 954): [...] Duas questões preponderantes circundam o presente processo, a exclusão da contribuinte do regime do SIMPLES e as exigências fiscais, decorrentes de omissão de receitas, apurada, a dita omissão, com base em presunção legal contida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, arbitrandose o lucro da contribuinte. Nesse passo, o enfretamento da preliminar de nulidade arguida pelo contribuinte precisa ser aferida em dúplice grau, tanto em relação à exclusão do SIMPLES quanto em relação à exigência fiscal. Em verdade, a preliminar manuseada, data vênia aos judiciosos argumentos da contribuinte, é rigorosamente improcedente. O contrário sim me parece faria surgir o cerceamento ao direito de defesa, ou seja, tramitassem separados os autos de infração e a exclusão do regime do SIMPLES, estando eles conectados ao mesmo evento, aliás, conectados não, sendo eles frutos um do outro, é que se verificaria algum tipo de nulidade. Quer parecer sobremodo óbvio que tanto a exclusão quanto a imputação de omissão de receitas necessitavam, como ainda necessitam, tramitar conjuntamente. Não bastasse isso, fez ver a decisão recorrida com acerto inarredável, que a autoridade tributária, ao contatar a ocorrência da hipótese prevista no inciso V do artigo 14 da então vigente Lei n° 9.317/96, foi que excluiu de oficio a empresa do regime de tributação. Bem esclareceu a decisão recorrida que a ciência simultânea, do Ato Declaratório Executivo e dos Autos de Infração, em nada prejudica a contribuinte, vez que pode apresentar as correspondentes peças de defesa dentro do prazo fixado, e tanto na decisão recorrida quanto agora, a questão atinente à exclusão do SIMPLES fora realizada em primeiro lugar, em verdadeira prejudicialidade. Não há mesmo falar em nulidade. Aliás, torno a dizer, cerceamento ao direito de defesa haveria se tratássemos aqui do justo contrário, ou seja, de apreciação separada dos procedimentos, de sorte que rejeito a preliminar de nulidade. [...] Como se vê, inexistente a alegada omissão. A preliminar de nulidade foi apreciada pela Turma e fundamentadamente rejeitada. O Colegiado entendeu que não havia qualquer cerceamento ao direito da interessada à ampla defesa e ao contraditório na forma em que conduzido o procedimento fiscal. Sendo a exclusão do SIMPLES e a autuação frutos um do outro, seria mesmo indispensável o seu trâmite conjunto. As peças de defesa referentes a Fl. 1017DF CARF MF Processo nº 11080.014097/200877 Acórdão n.º 1301002.177 S1C3T1 Fl. 1.018 4 cada procedimento foram apresentadas pela recorrente, respeitados os prazos legais para cada uma delas, e os aspectos atinentes à exclusão do SIMPLES foram apreciados sempre (em primeira e em segunda instâncias) em primeiro lugar. Ao final, o que sobressai é o intuito da embargante de reabrir discussão sobre matéria já apreciada e decidida, o que é incabível pela estreita via dos embargos declaratórios. Diante do exposto, voto por negar provimento aos embargos. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 1018DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.005831/2009-42    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2016    
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO.
Constatada a contradição que pode alterar a relação entre a parte dispositiva do acórdão e seus fundamentos, é de prover-se os mesmos para sanar a falha, alterando a parte dispositiva do acórdão.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2005
COFINS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Realizado o lançamento, o contribuinte defende-se das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantê-lo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
PIS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Realizado o lançamento, o contribuinte defende-se das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantê-lo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante.
    
Numero da decisão: 1301-002.109    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento aos embargos para retificar a ementa do acórdão embargado, sem efeitos modificativos. O Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza acompanhou o Relator pelas conclusões.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Hélio Eduardo de Paiva Araújo - Relator.
EDITADO EM: 20/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio Franco Corrêa, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha.
    
Nome do relator: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO    
    
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. Constatada a contradição que pode alterar a relação entre a parte dispositiva do acórdão e seus fundamentos, é de proverse os mesmos para sanar a falha, alterando a parte dispositiva do acórdão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL  COFINS Anocalendário: 2005 COFINS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 PIS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 58 31 /2 00 9- 42 Fl. 4566DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento aos embargos para retificar a ementa do acórdão embargado, sem efeitos modificativos. O Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza acompanhou o Relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha  Presidente. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo  Relator. EDITADO EM: 20/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio Franco Corrêa, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha. Fl. 4567DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA Processo nº 19515.005831/200942 Acórdão n.º 1301002.109 S1C3T1 Fl. 4.567 3 Relatório Tratase de apreciar embargos de declaração opostos pela UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional, em face do acórdão nº 1301001.958, proferido por esta turma na sessão de 03/03/2016, no qual este colegiado decidiu, (i) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; e (ii) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, vencidos os Conselheiros Hélio Eduardo de Paiva Araújo (Relator) e Gilberto Baptista, que reduziam a multa para o percentual de 75% e, por decorrência, reconheciam a decadência parcial do PIS e COFINS. Alega a ora embargante que o acórdão combatido incorreu em contradição entre a ementa e o inteiro teor do voto. No entendimento da Fazenda Nacional, revelase, portanto, evidente a contradição entre a ementa e o voto condutor do acórdão embargado: enquanto a ementa explicita entendimento pela possibilidade de aperfeiçoamento do lançamento para a sistemática da cumulatividade, no caso presente, o voto condutor do julgado manifestase em sentido diametralmente oposto, concluindo pela impossibilidade do ajuste e pela improcedência do lançamento nesta parte, de modo que se afigura necessário corrigir a contradição apontada. Em suma, alega a embargante que a contradição apontada necessita ser sanada para que a Fazenda Nacional identifique, com retidão, o fundamento a ser combatido em eventual recurso. Assim, tendo sido apresentados tempestivamente, foram objeto de despacho de admissibilidade da lavra deste Conselheiro, onde o mesmo entendeu que haviam sido preenchidos os requisitos estampados no art. 65 do Regimento Interno (ANEXO II), submetendo proposta ao Presidente desta 1ª Turma Ordinária, no sentido de que ele seja admitido e submetido à apreciação do Colegiado. Tal proposta foi aceita pelo Presidente, tendo sido incluído os autos em pauta para regular julgamento por este Colegiado. É o relatório. Fl. 4568DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA 4 Voto Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Relator. Os embargos são tempestivos e, em face de despacho no sentido de sua admissibilidade, deles conheço. A embargante insurgese contra contradição entre a ementa e o voto condutor do acórdão embargado: enquanto a ementa explicita entendimento pela possibilidade de aperfeiçoamento do lançamento para a sistemática da cumulatividade, no caso presente, o voto condutor do julgado manifestase em sentido diametralmente oposto, concluindo pela impossibilidade do ajuste e pela improcedência do lançamento nesta parte, de modo que se afigura necessário corrigir a contradição apontada. Quanto a alegada contradição, razão assiste à Embargante! De fato, a ementa do acórdão não reflete o inteiro teor do voto proferido, razão pela qual se faz necessária a correção dos termos da Ementa, a fim de que a mesma reflita o quanto restou decidido por este Colegiado. Nestes termos, proponho a seguinte nova redação para a ementa do Acórdão ora embargado: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social  Cofins Anocalendário: 2005 COFINS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2005 PIS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. Assim, por todo o acima exposto, voto no sentido de CONHECER dos embargos, ACOLHENDOOS, para corrigir a contradição apontada, sem contudo conferirlhes efeitos infringentes. Fl. 4569DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA Processo nº 19515.005831/200942 Acórdão n.º 1301002.109 S1C3T1 Fl. 4.568 5 Sala de Sessões 10 de agosto de 2016. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo  Relator Fl. 4570DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.006088/2009-87    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016    
Data da publicação: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016    
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
SIGILO BANCÁRIO. AUTORIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. REGULARIDADE.
Ao restar comprovado que o acesso aos dados bancários da interessada se deu mediante regular autorização do Poder Judiciário, não se há de cogitar de qualquer ilegalidade ou nulidade.
ARBITRAMENTO. GRAVES IRREGULARIDADES NA CONTABILIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. ALEGAÇÃO DE TRIBUTOS JÁ PAGOS. IMPROCEDÊNCIA.
Correto o arbitramento dos lucros ao se constatar graves e extensas irregularidades na contabilidade e a falta de apresentação de documentos em todos os anos fiscalizados, com o que inviabilizada a apuração do lucro por forma diversa. Igualmente improcedentes as alegações de que os tributos já teriam sido pagos, vez que os pagamentos foram considerados por ocasião do lançamento.
OMISSÃO DE RECEITAS. CIRCULARIZAÇÃO DE CLIENTES. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS. LANÇAMENTO PROCEDENTE.
Correto o lançamento para exigir tributos incidentes sobre receitas omitidas, apuradas por prova direta, mediante circularização junto a clientes da fiscalizada, quando foi verificado grande número de notas fiscais de vendas não escrituradas.
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS.
Mantido o lançamento principal de IRPJ, igual sorte devem ter os lançamentos reflexos, com idêntica fundamentação.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO.
A enorme quantidade de notas fiscais de vendas de emissão da interessada, não escrituradas, apuradas mediante procedimento de circularização junto aos clientes, afasta qualquer possibilidade de mero equívoco e denota procedimento sistemático e intencional. Presente a intenção consciente de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador tributário por parte da autoridade fazendária, com o que se revela correta a aplicação da multa qualificada de 150%.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MATÉRIA PRECLUSA.
Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. CONDUTA DOLOSA. APLICABILIDADE DO ART. 173, I, DO CTN. DECISÃO DO STJ NO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. APLICABILIDADE DO ART. 62, § 2º, DO RICARF.
O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Decisão do Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 973.733, no regime do art. 543-C do CPC. Aplicabilidade do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF. No caso vertente, a conduta dolosa, comprovada nos autos, conduz à aplicação do art. 173, I, do CTN, com o que se constata a correção do quanto decidido em primeira instância, quanto a esta matéria.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE ACUMULAÇÃO COM APLICAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. IMPROCEDÊNCIA.
A correção monetária se encontra extinta desde 01/01/1996. A taxa SELIC é usada para cálculo dos juros moratórios, em regime de juros simples, não compostos. Alegação improcedente.
    
Numero da decisão: 1301-002.125    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha.
    
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA    
    
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha.
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 SIGILO BANCÁRIO. AUTORIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. REGULARIDADE. Ao restar comprovado que o acesso aos dados bancários da interessada se deu mediante regular autorização do Poder Judiciário, não se há de cogitar de qualquer ilegalidade ou nulidade. ARBITRAMENTO. GRAVES IRREGULARIDADES NA CONTABILIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. ALEGAÇÃO DE TRIBUTOS JÁ PAGOS. IMPROCEDÊNCIA. Correto o arbitramento dos lucros ao se constatar graves e extensas irregularidades na contabilidade e a falta de apresentação de documentos em todos os anos fiscalizados, com o que inviabilizada a apuração do lucro por forma diversa. Igualmente improcedentes as alegações de que os tributos já teriam sido pagos, vez que os pagamentos foram considerados por ocasião do lançamento. OMISSÃO DE RECEITAS. CIRCULARIZAÇÃO DE CLIENTES. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS. LANÇAMENTO PROCEDENTE. Correto o lançamento para exigir tributos incidentes sobre receitas omitidas, apuradas por prova direta, mediante circularização junto a clientes da fiscalizada, quando foi verificado grande número de notas fiscais de vendas não escrituradas. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Mantido o lançamento principal de IRPJ, igual sorte devem ter os lançamentos reflexos, com idêntica fundamentação. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. A enorme quantidade de notas fiscais de vendas de emissão da interessada, não escrituradas, apuradas mediante procedimento de circularização junto aos clientes, afasta qualquer possibilidade de mero equívoco e denota procedimento sistemático e intencional. Presente a intenção consciente de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador tributário por parte da autoridade fazendária, com o que se revela correta a aplicação da multa qualificada de 150%. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MATÉRIA PRECLUSA. Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. CONDUTA DOLOSA. APLICABILIDADE DO ART. 173, I, DO CTN. DECISÃO DO STJ NO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. APLICABILIDADE DO ART. 62, § 2º, DO RICARF. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Decisão do Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 973.733, no regime do art. 543-C do CPC. Aplicabilidade do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF. No caso vertente, a conduta dolosa, comprovada nos autos, conduz à aplicação do art. 173, I, do CTN, com o que se constata a correção do quanto decidido em primeira instância, quanto a esta matéria. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE ACUMULAÇÃO COM APLICAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. IMPROCEDÊNCIA. A correção monetária se encontra extinta desde 01/01/1996. A taxa SELIC é usada para cálculo dos juros moratórios, em regime de juros simples, não compostos. Alegação improcedente.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 SIGILO BANCÁRIO. AUTORIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. REGULARIDADE. Ao restar comprovado que o acesso aos dados bancários da interessada se deu mediante regular autorização do Poder Judiciário, não se há de cogitar de qualquer ilegalidade ou nulidade. ARBITRAMENTO. GRAVES IRREGULARIDADES NA CONTABILIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. ALEGAÇÃO DE TRIBUTOS JÁ PAGOS. IMPROCEDÊNCIA. Correto o arbitramento dos lucros ao se constatar graves e extensas irregularidades na contabilidade e a falta de apresentação de documentos em todos os anos fiscalizados, com o que inviabilizada a apuração do lucro por forma diversa. Igualmente improcedentes as alegações de que os tributos já teriam sido pagos, vez que os pagamentos foram considerados por ocasião do lançamento. OMISSÃO DE RECEITAS. CIRCULARIZAÇÃO DE CLIENTES. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS. LANÇAMENTO PROCEDENTE. Correto o lançamento para exigir tributos incidentes sobre receitas omitidas, apuradas por prova direta, mediante circularização junto a clientes da fiscalizada, quando foi verificado grande número de notas fiscais de vendas não escrituradas. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 60 88 /2 00 9- 87 Fl. 4456DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.457 2 documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Mantido o lançamento principal de IRPJ, igual sorte devem ter os lançamentos reflexos, com idêntica fundamentação. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. A enorme quantidade de notas fiscais de vendas de emissão da interessada, não escrituradas, apuradas mediante procedimento de circularização junto aos clientes, afasta qualquer possibilidade de mero equívoco e denota procedimento sistemático e intencional. Presente a intenção consciente de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador tributário por parte da autoridade fazendária, com o que se revela correta a aplicação da multa qualificada de 150%. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MATÉRIA PRECLUSA. Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. CONDUTA DOLOSA. APLICABILIDADE DO ART. 173, I, DO CTN. DECISÃO DO STJ NO REGIME DO ART. 543C DO CPC. APLICABILIDADE DO ART. 62, § 2º, DO RICARF. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Decisão do Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 973.733, no regime do art. 543C do CPC. Aplicabilidade do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF. No caso vertente, a conduta dolosa, comprovada nos autos, conduz à aplicação do art. 173, I, do CTN, com o que se constata a correção do quanto decidido em primeira instância, quanto a esta matéria. Fl. 4457DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.458 3 JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia  SELIC para títulos federais. TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE ACUMULAÇÃO COM APLICAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. IMPROCEDÊNCIA. A correção monetária se encontra extinta desde 01/01/1996. A taxa SELIC é usada para cálculo dos juros moratórios, em regime de juros simples, não compostos. Alegação improcedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha  Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha. Relatório REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 23.939, de 08/10/2009, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito. Em decorrência de ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte identificada, foram lavrados os autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica  IRPJ, Contribuição para o Programa de Integração Social  PIS, Contribuição para Financiamento da Seguridade Social  Cofins e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido  CSLL, os quais relatamse a seguir. Imposto de Renda Pessoa Jurídica  IRPJ Fl. 4458DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.459 4 O Auto de Infração do IRPJ (fls. 2/27) exige o recolhimento de R$ 315.862,26 de imposto, R$ 278.341,67 de multa de ofício prevista no art. 44, I e II da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. A exigência resulta do arbitramento do lucro tendo em vista que a contribuinte, deixou de registrar em sua contabilidade inúmeras operações, de todas as naturezas (receitas, despesas, pagamentos, recebimentos, compra de imobilizado), bem como deixou de escriturar o livro caixa com toda movimentação financeira, bem como deixou de apresentar documentos de grande parte das operações que realizou, razão porque está sujeita ao arbitramento do lucro conforme previsto no artigo 530, II, "a" do RIR/1999. A falta de apresentação dos documentos também enseja o arbitramento do lucros, conforme inciso II do artigo anteriormente citado. A base de cálculo foi apurada como a seguir demonstrada: 001 — Receita Operacional Omitida — Revenda de Mercadorias — Omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 532 e 537, do RIR/1999 002 — Depósitos bancários de origem não comprovada — Receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 27, I, e 42 da Lei n° 9.430/1996 e artigos 532 e 537, do RIR/1999. 003 — Receitas operacionais — Revenda de mercadorias — Receitas da atividade da empresa, informadas nas Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, sujeitas ao arbitramento do lucro, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 530 e 532, do RIR/1999. 004 — Outras receitas — Receitas apuradas pela empresa (demais receitas e ganhos de capital), extraídas da DIPJ. Enquadramento legal Artigo 536 do RIR/1999. Contribuição para o Programa de Integração Social  PIS O Auto de Infração do PIS (fls. 28/39) exige o recolhimento de R$ 55.097,87 de contribuição, R$ 82.646,75 de multa de ofício prevista no artigo 86, § 1 1, da Lei n° 7.450/1985; artigo 20 da Lei n° 7.683/1988, e artigo 44, II, da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. O lançamento é decorrente da fiscalização do IRPJ, no qual foram apuradas as infrações descritas como:  omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104;  receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104.  Enquadramento legal: artigos 1º e 3º da Lei Complementar n° 7/1970; artigo 24, § 2º, da Lei n° 9.249/1995; e artigos 2º, I, "a" e parágrafo único, 3°, 10, 22, 51 e 91 do Decreto n° 4.524/2002. Fl. 4459DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.460 5 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social  Cofins O Auto de Infração da Cofins (fls. 40/51) exige os recolhimentos de R$ 254.298,27 de contribuição, R$ 381.447,36 de multa de ofício prevista no artigo 20, parágrafo único, da Lei Complementar n° 70/1991, e artigo 44, I, da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. O lançamento é decorrente da fiscalização do IRPJ, no qual foram apuradas as infrações descritas como:  omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104;  receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104.  Enquadramento legal: artigos 2º, II e parágrafo único, 3°, 10, 2 , 1 e 91 do Decreto no 4.524/2002. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido  CSLL O Auto de Infração da CSLL (fls. 52/74) exige o recolhimento de R$ 91.547,33 de contribuição, R$ 89.580,71 de multa de ofício prevista no artigo 44, I e II, da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. O lançamento é decorrente da fiscalização do IRPJ, no qual foram apuradas as infrações descritas como: 001  Receitas da atividade da empresa, informadas nas Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, sujeitas ao arbitramento do lucro, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104; 002  Omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda e receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104; e 003 — Receitas apuradas pela empresa, extraídas da DIPJ.  Enquadramento legal: artigo 2° e §§, da Lei n° 7.689/1988; artigo 20 da Lei no 9.249/1995; artigo 29 da Lei no 9.430/1996; e artigo 37 da Lei n° 10.63/2002. Cientificada em 18/06/2009, a interessada apresentou tempestivamente as impugnações de fls. 107/133 e 134/160, instruída com os documentos de fls. 161/330, trazendo as alegações a seguir, em síntese. Em preliminar e com base no artigo 150, § 4º, do Código Tributário Nacional argui a decadência dos lançamentos relativos a fatos geradores ocorridos em 2003. Alega, que se falhas existem em sua contabilidade, se devem a problemas administrativos, mas que no entanto em momento algum deixou de submeter à tributação o total de suas receitas. Que quando constatou que tal fato havia ocorrido nos anos de 2004 e 2005, apresentou por sua livre e espontânea vontade denúncia de tal fato a Receita Federal do Brasil, recolhendo tais débitos e parcelando o restante. Fl. 4460DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.461 6 Aduz que efetuou diversos pagamentos regulares, não considerados pela fiscalização, para os fatos geradores de 2004, 2005 e 2006, no valor de R$ 401.070,74, além dos parcelamentos efetuados pelo Refis, no valor de R$ 325.972,56, e simplificado, no valor de R$ 539.762,65. Argumenta que não se furtou a apresentar a documentação solicitada peio fisco. Que não ocorreram evidentes indícios de fraude e tampouco a documentação em questão é imprestável para fins de identificar a movimentação financeira. Que as notas fiscais de saída foram colocadas a disposição da fiscalização e assim continuam, conforme fazem prova alguns protocolos de entrega de documentos. Que valores foram apresentados à tributação por meio de denúncia espontânea cujos recolhimentos e valores parcelados não foram considerados. Diz que é empresa sujeita ao regime de lucro presumido, não estando sujeita ao recolhimento de tributos sobre o lucro real. Que a falta de escrituração, por si só, não configura que o imposto deixou de ser recolhido, pois a escrituração é obrigação acessória. Que não existe nexo causal direto entre a falta de escrituração e a falta de recolhimento do imposto. Contesta a autuação relativa a regularidade da escrituração das notas fiscais, já que não poderia ter vendido 86.576 metros estéreos de madeira sem a devida emissão de documento fiscal, omitindo desta foram receita, o que corresponde a 2.473 caminhões de mercadoria sem qualquer documento fiscal que acobertasse tal remessa, trafegando distâncias que variam de 20 a 600 quilômetros, sem que nenhum órgão de fiscalização municipal, estadual ou federal tivesse identificado e lavrado qualquer medida administrativa contra o mesmo por este motivo. No tocante a movimenta bancária alega que a partir dos extratos lhe foi solicitado a exata identificação de cada lançamento bancário e para os quais não conseguiu efetuar tal identificação, presumiu que a mesma se tratava de omissão de receitas. Mas, que não existe nexo causal entre os créditos bancários e receitas escrituradas. Que existem diversas operações financeiras que compõem o giro de caixa de urna empresa que não tem relação com a atividade comercial, não se constituindo em base de cálculo para a tributação. Argumenta que o seu movimento bancário é perfeitamente compatível com o volume de Notas Fiscais emitidas. Que tomando como exemplo o ano de 2004, a fiscalização apresentou um valor de créditos bancários em valores superiores as receitas escrituradas de R$ 4.761.729,07 e o faturamento oferecido a tributação foi de aproximadamente R$ 10 milhões. Que a divergência se deve a duplicidade de lançamentos em função de valores de cheques devolvidos que foram reapresentados, empréstimos feitos junto a terceiros que ingressaram na conta corrente que foram pagos e em alguns casos retomados e pagos novamente, recursos adiantados a sócios que foram devolvidos, entre outros. Que não houve prova que algum comprador houvesse efetivado depósitos em sua conta corrente em valor superior ao das notas fiscais de venda que teve emitida contra si. Aduz que relativamente a suposta omissão pela existência de depósitos bancários, o fisco efetuou o cálculo do montante tributável tendo por base o arbitramento. Que é irregular a tributação desta forma, devendo a apuração ser obtida não somente pela simples existência de depósitos em conta bancária. Que pode afirmar que os depósitos bancários não contabilizados são indícios ou prova de omissão de receitas, mas essa receita deve ser apurada na forma da Lei, de acordo com o § 2º do artigo 42 da Lei n° 9.430/1996. Fl. 4461DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.462 7 Argui que a fiscalização lança de ofício impostos relativos a Notas Fiscais não escrituradas sem comprovar que o imposto não foi recolhido independentemente da escrituração. Que os documentos que apresentou comprovam que houve recolhimento de impostos relativamente a operações que não haviam sido apresentadas a tributação e que não foram consideradas pela fiscalização. Contesta o lançamento da Cofins e do PIS, o que de acordo com o artigo 29 da Lei n° 9.430/1996, a base de cálculo é o faturamento, e não os depósitos bancários. Que o numerário depositado em instituição financeira não constitui, por si só, fato gerador do PIS ou da Cofins, porquanto caracteriza mera presunção do auferimento de renda. Questiona o enquadramento legal da multa de ofício e insurge contra seu agravamento, dizendo que sempre agiu de boafé, devendo a máfé ser comprovada pelo fisco, sendo indispensável a comprovação do dolo específico na prática da infração, não tendo ocorrido fraude no procedimento da empresa que sempre prestou as informações solicitadas e apresentou os documentos requeridos pela fiscalização, discorrendo a respeito. Alega o caráter confiscatório da multa de ofício e a ilegalidade da taxa Selic. A 1ª Turma da DRJ em Curitiba/PR analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 23.939, de 08/10/2009 (fls. 342/367), considerou parcialmente procedente o lançamento com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica  IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 Ementa: DECADÊNCIA. EXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, em casos de dolo, fraude ou simulação, o termo de início para contagem do prazo decadencial é aquele previsto no item I do artigo 173 do CTN. PAGAMENTOS EFETUADOS Não há como aproveitar os pagamentos efetuados anteriormente à ação fiscal, quando estes já foram considerados no lançamento, reduzindo o montante lançado. DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL APRESENTADA E REGULARIDADE DA ESCRITURAÇÃO DAS NOTAS FISCAIS Não tendo sido comprovada a apresentação da documentação contábil e a regularidade escrituração das notas fiscais, é de se manter o lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 4462DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.463 8 MULTA QUALIFICADA. Cabível a aplicação da multa de ofício qualificada, quando apurado que o sujeito passivo valeuse de artifício doloso, materializado na prática de infrações tributárias visando a sonegação fiscal. LANÇAMENTO POR PRESUNÇÃO. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS SUFICIENTES DE CONVICÇÃO. DESCABIMENTO DE MULTA QUALIFICADA. O lançamento feito exclusivamente por presunção legal de omissão de receitas não enseja a qualificação da multa, exceto quando a sonegação e/ou a fraude dolosa forem comprovadas por elementos de convicção suficientes. MULTA. ALEGAÇÕES CONTRA A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI. Mantémse o lançamento quando as multas aplicadas, estando regularmente prevista na legislação, se mostram compatível com as ocorrências descritas nos autos. Ao julgador administrativo falece competência para determinar o afastamento de lei vigente, em decorrência de alegada inconstitucionalidade. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995 é legítima a aplicação/utilização da taxa Selic no cálculo dos juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. DECORRÊNCIA. CSLL. PIS. COFINS Aplicase aos lançamentos decorrentes o mesmo decidido quanto àquele que lhe deu origem. Mantido integralmente o lançamento de IRPJ, mantêmse, na integralidade, as Contribuições lançadas por decorrência. Ao final, o acórdão restou redigido como segue: Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, acatar parcialmente a preliminar de decadência para exonerar integralmente o IRPJ e a CSLL relativos ao período do 1° ao 3º trimestre de 2003, o PIS e a COFINS relativos aos fatos geradores ocorridos até 30/11/2003, assim como a multa de ofício e os juros de mora correspondentes; e, por maioria de votos, vencido o julgador Paulo Quirino de Almeida, exclusivamente no que tange aos montantes de receita omitida apurados de acordo com a presunção legal do art. 42 da Lei n° 9.430/96, exonerar os seguintes tributos/períodos de apuração, assim como a multa de ofício e os juros de mora correspondentes (também atingidos pela decadência): 1. IRPJ: 4° trimestre do anocalendário 2003 e o 1º trimestre de 2004; 2. CSLL: 4° trimestre do anocalendárío 2003 e o 1º trimestre de 2004; 3. COFINS: dezembro do anocalendário 2003 e janeiro a maio de 2004; Fl. 4463DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.464 9 4. PIS/PASEP: dezembro do anocalendário 2003 e janeiro a maio de 2004. No mérito, acordam, por maioria de votos, vencido o julgador Paulo Quirino de Almeida, acatar parcialmente a impugnação para exonerar as qualificações da multa proporcional de ofício relativas à proporção de omissão de receitas apuradas de acordo com o art. 42 da Lei n° 9.430/96, relativas aos períodos de apuração do anocalendário 2004 que não tenham sido atingidos pela decadência. Não houve recurso de ofício sobre a parcela do crédito tributário afastada em primeira instância. Ciente da decisão de primeira instância em 11/12/2009, conforme termo à fl. 373, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 12/01/2010 conforme carimbo de recepção à folha 376. No recurso interposto (fls. 376/410), a recorrente alega preliminarmente os pontos que se seguem: · Requer a decadência para fatos geradores ocorridos anteriormente a 18/06/2004, com base no art. 150, § 4º, do CTN. · Sustenta a ilegalidade da quebra de seu sigilo bancário, “uma vez que a recorrente durante todo o processo fiscalizatório procedeu à apresentação espontânea de informações”. O processo administrativo não poderia dispor dos dados sigilosos bancários do contribuinte, e teria havido afronta a dispositivos constitucionais (art. 5º, incisos X e XII, da Constituição Federal). No mérito, a recorrente questiona a regularidade dos lançamentos e sustenta que os valores por ela declarados estariam em consonância com a receita auferida. Acrescenta, ainda, que todos os tributos teriam sido regularmente apurados e pagos. No que toca aos livros fiscais, sustenta que estariam juntados ao processo (anexos IX a XII). No que toca à falta de apresentação de documentos, isto teria ocorrido somente com relação a 2003. O lançamento deveria, então, ser cancelado, visto que teriam sido apresentados os livros e documentos à autoridade tributária. A recorrente passa, então, a tecer considerações e argumentos acerca de cada uma das infrações lançadas e demais tópicos, que podem ser sintetizadas como segue: · Infração de IRPJ – 001 – Receita Operacional Omitida. A interessada admite que parte das receitas dos anos de 2003 e 2004 não foram escrituradas. No entanto, afirma que houve sim oferecimento à tributação e informação na DIPJ. Busca explicar o equívoco contábil ocorrido no mês de junho/2004, que teria sido corrigido, tendo o valor correto constado da DIPJ retificadora apresentada em 21/02/2006. Observa, ainda, que “os valores imputados pela fiscalização como não contabilizados, a cerca de supostas NF não escrituradas, corresponde praticamente ao valor corrigido pela empresa, o que demonstra que os mesmos estão englobados naquele lançamento retificador”. Acrescenta que, a partir de 2005, nenhum outro equívoco teria ocorrido. Todos os tributos teriam sido quitados ou parcelados, e a totalidade das notas fiscais emitidas teria sido colocada à disposição da Fiscalização. Conclui com o pedido de afastamento dessa infração. Fl. 4464DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.465 10 · 002 – Depósitos Bancários de Origem não Comprovada A recorrente lembra que a lei estabelece a necessidade de tratamento individualizado dos depósitos bancários, afirma que as intimações sempre foram atendidas, ainda que, por vezes, com atraso, e que os depósitos bancários teriam as mais diversas origens. Em suas palavras: “[...] a movimentação financeira é ampla e complexa. O controle se dá por meios externos, através de provisões, previsões, negociações, transações. Decalcar o extrato e determinar conhecimento, item a item, anos depois, é muito difícil”. Reitera que nenhum depósito teria sido destacado como diverso dos valores relativos às notas fiscais emitidas. A interessada aduz, ainda, que, sendo possível a identificação das receitas por meio do levantamento das notas fiscais emitidas, descaberia a imputação de receitas omitidas com base em depósitos não passíveis de identificação. · 003 – Receitas Operacionais A recorrente considera inaceitável o arbitramento de valores por ela declarados e pagos. · 004 – Outras Receitas A recorrente afirma que os valores correspondentes a essa rubrica teriam sido extraídos da DIPJ. Acrescenta que tais valores teriam sido regularmente declarados e pagos, descabendo quaisquer arbitramentos ou penalidades. · CSLL, PIS e COFINS Onde cabíveis, os argumentos atinentes ao IRPJ são também trazidos contra os lançamentos dessas contribuições. No que tange ao PIS e à COFINS, a recorrente lembra ainda que créditos bancários não seriam, indubitavelmente, receitas ou faturamento. Caberia à fiscalização essa comprovação. · Multa com Caráter Confiscatório A recorrente alega ofensa à vedação contida no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. · Multa Qualificada A recorrente sustenta que a motivação declinada pelo Fisco seria insuficiente para a aplicação do gravame. Ademais, teria ocorrido erro no enquadramento legal (art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996). A interessada aduz também que teriam ocorrido alguns equívocos contábeis, corrigidos e regularizados tão logo identificados, antes do início da fiscalização, e que nada teria sido ocultado do conhecimento da Autoridade Tributária. Lembra a súmula 14 do 1º Conselho de Contribuintes, e sustenta a inexistência de dolo, fraude ou outra hipótese legal capaz de justificar a qualificação da multa. Fl. 4465DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.466 11 · Ilegalidade de Utilização da Taxa SELIC A recorrente aduz argumentos que, por sua ótica, demonstrariam a inaplicabilidade da taxa SELIC como indexador de tributos recolhidos em atraso. · Inacumulabilidade de taxa de juros e multa. A recorrente traz argumentos contrários à aplicação da taxa SELIC juntamente com a aplicação de correção monetária e juros moratórios. O processo foi levado a julgamento perante esta 1ª Turma Ordinária em 08/12/2015. Na oportunidade, mediante a Resolução nº 1301000.279 (fls. 4411/4420), o Colegiado determinou a realização de diligência para que fossem adotadas as seguintes providências: 1. A Unidade Preparadora identifique, no presente processo administrativo, documentos emitidos pelo Poder Judiciário que encaminhem a documentação referente à movimentação bancária da interessada e autorizem seu uso pela fiscalização. 2. Caso os documentos referidos no item 1, acima, não constem do presente processo administrativo, a Unidade Preparadora deverá providenciar para que sejam acostados aos autos. 3. Caso a fiscalização tenha tido acesso à documentação referente à movimentação bancária da interessada por outro meio (por exemplo, mediante atendimento pela fiscalizada a intimação específica, ou, ainda, mediante Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira), esclarecer como se deu esse acesso, e fazer acostar aos autos a documentação pertinente. Em cumprimento, a Autoridade Fiscal fez acostar aos autos (fls. 4423/4426) cópia do Ofício nº 3012889 e de Despacho proferido pelo MM Juiz Federal Dr. Sérgio Fernando Moro nos autos da Representação Criminal nº 2006.70.00.0184929/PR. A ciência do cumprimento da diligência se deu por edital (fl. 4431), após tentativa por via postal, sem sucesso (fl. 4430). A interessada não se manifestou. O processo retorna, agora, para prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Como preliminar de mérito, a recorrente requer a decadência para fatos geradores ocorridos anteriormente a 18/06/2004, com base no art. 150, § 4º, do CTN. Fl. 4466DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.467 12 Para a apreciação deste tópico, requerse a verificação da ocorrência, ou não, de dolo, fraude ou simulação na conduta da interessada. Assim, a matéria será examinada após o item referente à qualificação da multa aplicada. · Ilegalidade no acesso aos dados bancários da interessada Ainda em preliminares, a recorrente sustenta a ilegalidade da quebra de seu sigilo bancário, “uma vez que a recorrente durante todo o processo fiscalizatório procedeu à apresentação espontânea de informações”. O processo administrativo não poderia dispor dos dados sigilosos bancários do contribuinte, e teria havido afronta a dispositivos constitucionais (art. 5º, incisos X e XII, da Constituição Federal). No Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal encontro as seguintes afirmações (fl. 77 e 78, grifos não constam do original): A ação fiscal foi instaurada para realizar, entre outras, verificações da exatidão dos lucros distribuídos nos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006, em decorrência de demanda da Procuradoria da República no Estado do Paraná e da 2' Vara Federal Criminal em Curitiba. [...] Foi concedida pela 2a Vara Federal Criminal em Curitiba a quebra de sigilo bancário da empresa. Com isso, é de se entender que os extratos bancários (fls. 1347 e segs.), tenham sido recebidos e utilizados pelo Fisco mediante autorização do Poder Judiciário. Em um primeiro momento, essa autorização não foi localizada nos autos. Após a diligência, no entanto, foram trazidas aos autos cópia do Ofício nº 3012889 e de Despacho proferido pelo MM Juiz Federal Dr. Sérgio Fernando Moro nos autos da Representação Criminal nº 2006.70.00.0184929/PR. No Ofício (fl. 4423), da Lavra do MM Juiz Federal e dirigido ao Ilmo. Sr. Delegado da Receita Federal em Curitiba, consta: Para subsidiar a investigação e ação fiscal em relação à Reflorestadora Bom Sucesso Ltda. (CNPJ nº 05.108.082/000106), encaminho a Vossa Senhoria cópia da decisão de fls. 423/425, proferida nos autos acima, na qual decretei a quebra do sigilo fiscal e bancário da referida empresa, inclusive para os fins solicitados por esse órgão no Ofício nº 579/08/DRF/CTA/SEFIS, e autorizei a requisição de todos os documentos bancários que reputar necessário relativamente a ela diretamente ao Banco do Brasil S/A. No despacho (fl. 424) consta: [...] Assim sendo, presentes indícios de crimes, decreto a quebra do sigilo fiscal e bancário da empresa Reflorestadora Bom Sucesso Ltda., CNPJ nº 05.108.082/0001 06, inclusive para os fins requeridos pela autoridade fiscal nas fls. 414415. Autorizo que a Receita Federal, portanto, requisite todos os documentos bancários que reputar necessários relativamente à referida empresa diretamente ao Banco do Brasil S/A, podendo utilizar cópia deste despacho. Fl. 4467DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.468 13 [...] Como se vê, o acesso do Fisco aos dados bancários da interessada se deu mediante autorização do Poder Judiciário, não se podendo cogitar de qualquer ilegalidade ou de irregular quebra de sigilo bancário, nem de ofensa a dispositivos constitucionais. Se a interessada não concordava com a decisão judicial, seus reclamos deveriam se dirigir contra a autoridade que proferiu aquela ordem, e disso não se tem qualquer notícia neste processo administrativo fiscal. Rejeito, com estes fundamentos, a preliminar suscitada. · Mérito. Questionamento acerca da regularidade dos lançamentos. Alegação de que os tributos já teriam sido pagos. No mérito, a recorrente questiona a regularidade dos lançamentos e sustenta que os valores por ela declarados estariam em consonância com a receita auferida. Acrescenta, ainda, que todos os tributos teriam sido regularmente apurados e pagos. Quanto a terem sido pagos os tributos, a decisão recorrida já demonstrou que os pagamentos, inclusive os valores parcelados, foram considerados quando do lançamento, a abater os montantes apurados pelo Fisco. Confirase trecho a seguir transcrito (fl. 349): Relativamente aos pagamentos efetuados, os argumentos da interessada de que não foram considerados no lançamento não podem prosperar. Analisando os demonstrativos de apuração do imposto, podese verificar que os valores declarados em DCTF foram abatidos dos valores do imposto apurado como valores a compensar, ou seja, tomando como exemplo o 1° trimestre de 2004, para o IRPJ, ternos a redução dos valores de R$ 15.100,48, para a multa de 150%, e R$ 6.778,87, para a multa de 75%, o que corresponde ao débito declarado da DCTF do mesmo período de R$ 21.879,35, fls, 7/8 e 332, sendo que a empresa informou como crédito vinculado R$ 1.091,43, sendo que o saldo a pagar de R$ 20.787,92, e que consta do parcelamento de fl. 255. O mesmo ocorre em relação ao 2° trimestre, onde no demonstrativo de apuração do imposto consta o valor a compensar de R$ 32.868,34, fl. 8, correspondente ao débito apurado na DCTF, fl. 333, sendo que a empresa informou como crédito vinculado o montante de R$ 344,37, sendo o saldo a pagar de R$ 32.523,97 o constante do parcelamento de fl. 255. Como se verifica dos exemplos citados, os valores declarados em DCTF foram aproveitados para a dedução dos valores apurados de imposto ou contribuição a pagar. Desde que a recorrente nada traz de novo, nem comprova a existência de algum pagamento ou parcelamento que já não tenha sido considerado por ocasião do lançamento, é de se negar provimento ao recurso voluntário, neste ponto. No que toca aos livros fiscais, sustenta a interessada que estariam juntados ao processo (anexos IX a XII). No que toca à falta de apresentação de documentos, isto teria ocorrido somente com relação a 2003. O lançamento deveria, então, ser cancelado, visto que teriam sido apresentados os livros e documentos à autoridade tributária. Fl. 4468DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.469 14 No Termo de Verificação Fiscal, a Autoridade Fiscal descreve pormenorizadamente os procedimentos e os esforços para obter acesso aos livros e documentos da então fiscalizada. De particular interesse os trechos a seguir transcritos (fls. 82 e segs.) 5. DOS DOCUMENTOS NÃO APRESENTADOS 5. 1. TODOS OS DOCUMENTOS DO ANOCALENDÁRIO DE 2003 Relativamente a 2003, não foram apresentados quaisquer documentos registrados na contabilidade, conforme detalhamos a seguir: [...] Conforme se infere do exposto, não foi apresentado qualquer documento contábil /fiscal, do ano de 2003, sendo explicitado pela empresa que os extraviou, em sua totalidade. 5.2. NOTAS FISCAIS DE SAÍDAS DE 2003 E 2004 Através do nosso Termo de Intimação no 08 (item 1) a empresa foi intimada a apresentar aproximadamente 2000 notas fiscais de vendas. Conforme resposta às fls. 115  Anexo I, somente foram apresentados 150 notas fiscais. A intimação para apresentar as notas fiscais foi decorrente da constatação que a empresa teve por prática não contabilizar todas receitas, conforme detalhado no item 4.1. A não apresentação das notas fiscais impediu esta fiscalização de quantificar as receitas de 2003 e 2004 com base na documentação fiscal, não restando alternativa senão proceder a quantificação da receita com base nos créditos efetuados em contascorrentes bancárias. 5.3. DOCUMENTOS ESCRITURADOS NA CONTA CAIXA EM 2004 Através do nosso Termo de Intimação no 11  item 3  a empresa foi intimada a apresentar todos os documentos escriturados na conta caixa no ano de 2004. [...] Entretanto do exame do razão constatase que nesta conta constam mais de 6.000 lançamentos, ou seja, foi apresentado menos de 2% (dois por cento) da documentação escriturada. 5.4. COMPROVANTES DE DESPESAS  ANOS 2003, 2004, 2005 E 2006 Através dos Termos de Intimação no 08, 09, 12, 15 e 17, a empresa foi intimada a identificar os beneficiários de recursos retirados da contacorrente mantida no Banco do Brasil S/A. Os valores relacionados foram contabilizados como se tivessem sido mantidos na conta caixa, que resultou majorada ficticiamente, em decorrência da falta de registros das saídas. Em resposta foram apresentadas as planilhas (fls. 213 a 257 e 336  anexo II), cuja consolidação das despesas encontrase às fls. 156 a 188 do anexo III, onde estão relacionados os valores dos pagamentos/ despesas não contabilizados, que totalizam R$14.852.089,54, nos quatro anos fiscalizados. Entretanto, não foram apresentados os comprovantes das despesas, contrariando o disposto no artigo 264 do RIR/99. Fl. 4469DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.470 15 O Fisco prossegue, às fls. 84/94, descrevendo em detalhe as graves irregularidades encontradas na escrita contábil. A seguir, transcrevo apenas os títulos e algumas das principais conclusões: 6. IRREGULARIDADES NA ESCRITA CONTÁBIL 6.1. FALTA DE REGISTRO DE DESPESAS NOS QUATRO ANOS CALENDÁRIO FISCALIZADOS Do exposto, concluise que houve omissão de despesas, cujo quantum é impossível mensurar, mas restou comprovado que o mínimo foi de R$ 14.852.089,54, que ocasionou majoração indevida do saldo da conta caixa e do lucro contábil a distribuir. Com o saldo da conta caixa ficticiamente inflado, a empresa simulava pagamentos aos sócios, a título de distribuição de lucros, em dinheiro. 6.2. FALTA DE REGISTRO DE RECEITAS [...] Mesmo não obtendo êxito em localizar todas as notas fiscais, e consequentemente quantificar toda a receita omitida, está comprovado que a empresa deixou de registrar receitas no valor de R$1.822.792,58 e R$1.892.091,51, em 2003 e 2004 respectivamente. 6.3. FALTA DE REGISTRO DE RECEBIMENTOS [...] 6.4. REGISTRO DE NOTAS FISCAIS DE SIMPLES REMESSA EM CONTAS DE RECEITA [...] Esta irregularidade foi cometida nos meses de março/2004 a julho/2004, novembro/2004 e maio/2005. Mais uma prova da total confusão que é a escrita da empresa: contabilizar em contas de receitas operações que não são receitas, distorcendo completamente a realidade contábil. 6.5. ESCRITURAÇÃO DE RECEITA A DÉBITO DE RECEITAS E CRÉDITO DE CAIXA Do exame das contas de receita e caixa, de junho/2004, constatase que a empresa, ao escriturar as receitas, fez uma inversão no lançamento da receita auferida. Ao invés de escriturar a débito de caixa e a crédito de receita, fez o lançamento inverso, ou seja, creditou a conta caixa e debitou a conta de receita. Como o valor da receita foi de R$906.978,41, o lançamento invertido ocasionou uma distorção, nas duas contas, de R$1.813.956,82. [...] Observamos que o caixa ficou distorcido, no valor de R$1.813.956,82, por no mínimo 03 (três) anos (pois até o final do período fiscalizado, não havia sido feito o ajuste contábil para regularizar o erro), e a empresa não percebeu. Com este fato Fl. 4470DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.471 16 comprovase a total incoerência da contabilidade com a realidade da empresa, pois havendo um equívoco desta monta, não foi percebido e regularizado. 6.6. ERRO NO TRANSPORTE DOS SALDOS De acordo com os livros contábeis apresentados, os saldos finais das contas patrimoniais de 2004 são divergentes dos saldos iniciais de 2005, donde se conclui que a contabilidade da empresa não foi escriturada com base nas leis comerciais e fiscais, apresentando incorreções, não merecendo fé, portanto, para a apuração dos resultados que foram distribuídos. [...] 6.7. OPERAÇÕES COM A EMPRESA KAMIFRA [...] 6.8. MÚTUO COM A REFLORESTADORA OVE [...] 6.9. FLORESTA TIGRE E EXAUSTÃO O saldo da conta estoques, em 31/12/04, era 0 (zero). A partir de 01/01/05, como num passe de mágica, o saldo da conta abre em R$ 4.389.336,24, com a denominação de "Floresta Tigre". A seguir, foram feitos lançamentos mensais, de despesas de exaustão, sobre o saldo da conta. Intimada, através do Termo de Intimação n° 01, a apresentar os documentos que embasaram os lançamentos a crédito da conta Floresta Tigre e despesa de exaustão, apresentou o seguinte esclarecimento: "estes lançamentos se referem a toda a área plantada da área total da fazenda Bom Sucesso, conforme documentos". Informa que anexa documentos na resposta ao Termo de Intimação n° 6. Do exame dos documentos encaminhados junto ao termo de intimação (fls. 73 a 85  anexo I), observase que não há qualquer documento que embase o aparecimento de um saldo em conta de estoques no valor de R$ 4.389.336,24, e tampouco das despesas de depreciação. Se não tivesse sido debitada a despesa de exaustão citada, a margem de lucro em 2004, teria sido de 55,32%. [...] 6.10. DIFERENÇA SALDO  SERRARIAS CAMPOS DE PALMAS [...]. 6.11. FALTA DE REGISTRO DE AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO Conforme documentos no anexo VII, obtidos junto ao DETRAN, a empresa adquiriu diversos veículos no período fiscalizado, mas assim como as despesas, estas aquisições não foram registradas contabilmente. [...] 6.12. ESCRITA CONTÁBIL X ARBITRAMENTO DO LUCRO Fl. 4471DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.472 17 Como restou comprovado que a contabilidade é completamente divergente da realidade financeira da empresa, nos quatro anoscalendário, tendo omitido o registro de inúmeras operações de receitas e despesas e apresentado outras inexatidões relacionadas acima, concluise que a escrita contábil da empresa é imprestável. Dos anos de 2003 e 2004, não foram apresentados as notas fiscais de vendas (todas de 2003 e parte de 2004) e documentos escriturados no livro caixa, conforme detalhado nos capítulos 5.1, 5.2 e 5.3. Dos anos de 2005 e 2006 não foram apresentados documentos de despesas e retiradas de caixa, conforme detalhado no capitulo 6.1. A fiscalizada, como optante do lucro presumido, poderia manter escrituração contábil nos termos da legislação comercial, ou facultativamente livro caixa, no qual deveria estar escriturada toda a movimentação financeira. A escrituração contábil não foi constituída nos termos da legislação comercial, e tampouco a conta caixa registrou todas as operações realizadas pela empresa, tendo omitido, portanto, parte da movimentação financeira. Intimada a regularizar sua escrita, por diversas vezes  Termos de Intimação n° 04 (item 4.1) n° 05 (item 1.5) e n° 07 (item 6) , negouse a apresentar livros contábeis que englobassem todas as operações. Foi vastamente demonstrado que a empresa deixou de registrar em sua contabilidade inúmeras operações, de todas as naturezas (receitas, despesas, pagamentos, recebimentos, compra de imobilizado), bem como deixou de apresentar documentos de grande parte das operações que realizou, razão porque está sujeita ao arbitramento do lucro, conforme previsto no artigo 530, inciso II, alínea "a" do RIR/99. A falta de apresentação dos documentos também autoriza o arbitramento dos lucros, conforme artigo 530, inciso III, do RIR/99. Como se vê, as graves irregularidades na contabilidade e a falta/insuficiência de apresentação de documentos, em todos os anos, são mais do que suficientes para justificar o arbitramento dos lucros. Ao contrário do que afirma a recorrente, a falta de documentos não ocorreu apenas para 2003, mas para todos os períodos objeto de lançamento. E, desde que o arbitramento não é condicional, a correção do procedimento fiscal em nada é afetada pela alegação da recorrente de que teria acostado aos autos os livros fiscais. Também aqui o recurso voluntário deve ser negado. · Mérito. Infração de IRPJ – 001 – Receita Operacional Omitida. A interessada admite que parte das receitas dos anos de 2003 e 2004 não foram escrituradas. No entanto, afirma que houve sim oferecimento à tributação e informação na DIPJ. Busca explicar o equívoco contábil ocorrido no mês de junho/2004, que teria sido corrigido, tendo o valor correto constado da DIPJ retificadora apresentada em 21/02/2006. Observa, ainda, que “os valores imputados pela fiscalização como não contabilizados, a cerca de supostas NF não escrituradas, corresponde praticamente ao valor corrigido pela empresa, o que demonstra que os mesmos estão englobados naquele lançamento retificador”. Fl. 4472DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.473 18 Acrescenta que, a partir de 2005, nenhum outro equívoco teria ocorrido. Todos os tributos teriam sido quitados ou parcelados, e a totalidade das notas fiscais emitidas teria sido colocada à disposição da Fiscalização. Conclui com o pedido de afastamento dessa infração. Inicialmente, cabe esclarecer que essa infração somente alcançou os anos calendário 2003 e 2004, pelo que as referências da recorrente a 2005 devem ser desconsideradas. Quanto à retificação das receitas, foi considerada pelo fisco no lançamento, como se observa ao cotejar a DCTF retificadora do 2º trimestre de 2004 (fl. 337) e o demonstrativo de apuração do imposto (fl. 10), onde se constata que o valor declarado foi considerado a abater o valor devido apurado pelo Fisco. A eventual retificação da DIPJ não tem qualquer influência sobre o lançamento, dado que aquele instrumento declaratório não constitui confissão de dívida1. Quanto às receitas omitidas, foram apuradas pelo Fisco mediante procedimento de circularização com os clientes da então fiscalizada, estando minuciosamente descrita no item 4.1 do TVF (fls. 80/81). Nenhum reparo se há de fazer. 4.1. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS Do exame das contas de receita, nos livros razão de 2003 e 2004, constatamos que havia quebra na seqüência das notas fiscais escrituradas, o que indicou que a empresa poderia não ter escriturado todas as receitas. Para confirmarmos o indício, intimamos diversos clientes da fiscalizada, que nos encaminharam relação das notas fiscais das compras efetuadas  anexo VI. O critério para intimar os clientes foi a informação prestada por estes, nas DIPJ, sobre suas compras. Ocorre que nem todas as empresas prestam este tipo de informação, e como a fiscalizada não individualizava os clientes em sua escrita contábil, não foi possível identificar todos os compradores. [...] Como não conseguimos identificar /intimar parte dos compradores, não obtivemos êxito em obter informações sobre todas as notas fiscais emitidas, e consequentemente não foi possível quantificar a totalidade das vendas efetuadas com notas fiscais. Do confronto da relação das Notas Fiscais não escrituradas (Anexo III), extraída das informações encaminhadas pelos clientes intimados (anexo VI), em confronto com os livros razão (anexos IX e X), confirmase que a empresa, nos anos de 2003 e 2004, tinha por prática não escriturar parte das notas fiscais de vendas. [...] Desta forma, concluise que as Notas Fiscais não escrituradas (Demonstrativo no anexo III) não foram oferecidas à tributação em nenhum momento. A recorrente não consegue comprovar suas alegações de que todos os tributos teriam sido quitados ou parcelados. Seus argumentos devem ser, portanto, rejeitados. 1 Súmula CARF nº 92: A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado. Fl. 4473DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.474 19 · Mérito. Infração de IRPJ – 002 – Depósitos Bancários de Origem não Comprovada. A recorrente lembra que a lei estabelece a necessidade de tratamento individualizado dos depósitos bancários, afirma que as intimações sempre foram atendidas, ainda que, por vezes, com atraso, e que os depósitos bancários teriam as mais diversas origens. Em suas palavras: “[...] a movimentação financeira é ampla e complexa. O controle se dá por meios externos, através de provisões, previsões, negociações, transações. Decalcar o extrato e determinar conhecimento, item a item, anos depois, é muito difícil”. Reitera que nenhum depósito teria sido destacado como diverso dos valores relativos às notas fiscais emitidas. O lançamento a este título (que alcançou os anoscalendário 2003 e 2004) trata de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430, com a redação dada pela Lei n° 10.637/2002, a seguir transcrito: Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I  os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou Fl. 4474DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.475 20 receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Tratase, como é cediço, de presunção relativa, que admite prova em contrário. Mas essa prova cabe à recorrente. Ao Fisco cabe provar o fato indiciário, definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, qual seja, a ocorrência de depósitos bancários de origem não comprovada. Não há dúvidas de que os depósitos efetivamente ocorreram. No entanto, regularmente intimada, a recorrente poderia afastar a presunção de omissão de receitas, desde que apresentasse, nos termos da lei, documentação hábil e idônea que comprovasse, individualizadamente, a origem dos valores creditados nas contacorrentes da pessoa jurídica. A obrigação de escriturar toda a movimentação financeira, inclusive bancária e, ainda, de guardar todos os documentos e demais papéis que sirvam de base para a escrituração está prevista na legislação fiscal, e aplicase, com pequenas variações, aos contribuintes tributados com base no lucro real, presumido (situação da recorrente) ou mesmo optantes pelo SIMPLES. Ao descumprir a obrigação de escriturar, a interessada queda sem meios hábeis para comprovação da origem dos valores que transitaram por suas contascorrentes. Não tendo a interessada qualquer cautela em documentar adequadamente os fatos, ficam por sua conta e risco as conseqüências de tal negligência. No caso, a conseqüência é a aplicação da presunção legal de omissão de receitas, nos estritos termos da lei, conforme anteriormente mencionado. No caso concreto, constato que o tratamento dado pelo Fisco foi individualizado, vide item 5 do Termo de Intimação Fiscal nº 11 (fl. 568) e relação anexa de 26 paginas (fls. 570 e segs.). A seguir, em resposta ao Termo de Intimação nº 13, a interessada informou que “todos os recebimentos efetivos relacionados anteriormente são provenientes de receitas” (fl. 752). Posteriormente, ao prestar esclarecimentos referentes ao Termo de Intimação nº 16, a então fiscalizada identificou parte dos lançamentos que não seriam receitas. O Fisco excluiu esses valores, restando somente aqueles cuja origem não foi comprovada e que a fiscalizada admitiu serem receitas. Como se vê, irretocável o procedimento fiscal. A interessada aduz, ainda, que, sendo possível a identificação das receitas por meio do levantamento das notas fiscais emitidas, descaberia a imputação de receitas omitidas com base em depósitos não passíveis de identificação. Esclareçase que não foi possível a identificação das receitas por meio das notas fiscais emitidas. As NFs de 2003 não foram apresentadas e as de 2004 foram apresentadas com lacunas, que foram parcialmente supridas mediante a circularização. Isto fica muito claro da leitura dos itens 4.1 e 6.2 do Termo de Verificação Fiscal. Não obstante, ainda Fl. 4475DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.476 21 que por hipótese todas as notas fiscais estivessem disponíveis e escrituradas, a presunção de omissão de receitas do art. 42 é autônoma, e caberia à interessada provar, individualizadamente, que os depósitos bancários correspondiam a receitas escrituradas e oferecidas à tributação. Acrescento ainda que, prudentemente, o Fisco apenas lançou o excesso entre os depósitos bancários de origem não comprovada e o somatório, em cada mês, dos valores declarados acrescidos das receitas omitidas apuradas por circularização. O demonstrativo se encontra às fls. 98/99, no Termo de Verificação Fiscal. Por todo o exposto, o recurso voluntário deve ser negado, quanto a este ponto. · Mérito. Infração de IRPJ – 003 – Receitas Operacionais. A recorrente considera inaceitável o arbitramento de valores por ela declarados e pagos. · Mérito. Infração de IRPJ – 004 – Outras Receitas. A recorrente afirma que os valores correspondentes a essa rubrica teriam sido extraídos da DIPJ. Acrescenta que tais valores teriam sido regularmente declarados e pagos, descabendo quaisquer arbitramentos ou penalidades. No que tange a essas duas infrações, cabe observar que a recorrente traz, em sede de recurso, contestação em relação a matérias que não foram objeto de impugnação. Com efeito, por ocasião da apresentação da referida peça (impugnação) a recorrente, em nenhum momento, aduziu quaisquer argumentos sobre algum dos pontos acima mencionados. Assim, a teor do que dispõe o artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 9.532, de 1997, a matéria que não tenha sido expressamente contestada, considerarseá não impugnada, tornandose preclusa. Decorre daí que, não tendo sido objeto de impugnação, carece competência à autoridade de segunda instância para dela tomar conhecimento em sede de recurso voluntário. Não obstante, apenas a título de esclarecimento à interessada, registrese que anteriormente neste voto já foi demonstrada a correção do arbitramento, e que os valores declarados em DCTF e/ou parcelados foram considerados a reduzir o montante lançado. Com isso, caem por terra os argumentos da recorrente, quanto a estes dois itens. · Reflexos tributários – CSLL, PIS e COFINS. Onde cabíveis, os argumentos atinentes ao IRPJ são também trazidos pela recorrente contra os lançamentos dessas contribuições. Desde que o lançamento do IRPJ foi mantido, igual sorte devem ter os lançamentos reflexos, com idêntica fundamentação. No que tange ao PIS e à COFINS, a recorrente lembra ainda que créditos bancários não seriam, indubitavelmente, receitas ou faturamento. Caberia à fiscalização essa comprovação. Fl. 4476DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.477 22 Equivocase, também aqui, a recorrente. A presunção legal aplicável aos depósitos bancários é a do art. 42 da Lei nº 9.430/1996, e seu texto já foi anteriormente transcrito neste voto. A presunção legal é de omissão de receitas, cabendo à interessada a prova em contrário. E, em se tratando de receitas, ainda que por presunção legal, correto seu cômputo na base de cálculo das contribuições, a teor dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/1998, em sua redação então vigente: Art.2°As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei.(Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art.3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. Com estes fundamentos, rejeito também essas alegações. · Multa com Caráter Confiscatório A recorrente alega ofensa à vedação contida no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. Tratase do princípio constitucional do nãoconfisco, e basta trazer à colação o teor da Súmula CARF nº 2, abaixo, de aplicação obrigatória aos membros deste Colegiado administrativo. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. · Multa Qualificada. A recorrente sustenta que a motivação declinada pelo Fisco seria insuficiente para a aplicação do gravame. Ademais, teria ocorrido erro no enquadramento legal (art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996). A interessada aduz também que teriam ocorrido alguns equívocos contábeis, corrigidos e regularizados tão logo identificados, antes do início da fiscalização, e que nada teria sido ocultado do conhecimento da Autoridade Tributária. Lembra a súmula 14 do 1º Conselho de Contribuintes, e sustenta a inexistência de dolo, fraude ou outra hipótese legal capaz de justificar a qualificação da multa. No que toca ao enquadramento legal, o auto de infração traz como fundamento para a multa qualificada o que segue (fls. 19/20): Fatos Geradores entre 01/01/1997 e 21/01/2007. 150,00% Art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/96. Alega a recorrente que haveria aqui um erro, e que esse dispositivo legal não se prestaria a sustentar a multa de ofício de 150%. No entanto, o equívoco é da recorrente, que não atentou à alteração legislativa introduzida pela Lei nº 11.488/2007, exatamente a partir de 21/01/2007. Antes dessa alteração, o art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996 possuia a seguinte redação: Fl. 4477DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.478 23 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: [...] IIcento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nosarts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Essa redação sofreu alteração com a Medida Provisória nº 351/20072, posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007. Mas a alteração de redação não implicou a extinção da penalidade, mas tão somente mudou sua localização para o parágrafo 1º do mesmo art. 44 da Lei nº 9.430/1996, confirase: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I  de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nosarts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Como os fatos geradores aqui tratados eram anteriores à alteração legislativa, a Autoridade Lançadora, corretamente, fez consignar a redação vigente à época dos fatos geradores. Quanto a estar, ou não, caracterizada alguma das situações previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964, é o que se verá a seguir. Após a decisão de primeira instância, a multa qualificada foi mantida apenas para a infração de omissão de receitas (notas fiscais não escrituradas – 001), apurada mediante procedimento de circularização. Essa infração é descrita no item 4.1 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 80/81), do qual considero relevante transcrever os trechos seguintes (grifos não constam do original): 4.1. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS Do exame das contas de receita, nos livros razão de 2003 e 2004, constatamos que havia quebra na seqüência das notas fiscais escrituradas, o que indicou que a empresa poderia não ter escriturado todas as receitas. Para confirmarmos o indício, intimamos diversos clientes da fiscalizada, que nos encaminharam relação das notas fiscais das compras efetuadas  anexo VI. 2 Publicada no DOU de 22/01/2007, edição extra. Fl. 4478DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.479 24 O critério para intimar os clientes foi a informação prestada por estes, nas DIPJ, sobre suas compras. Ocorre que nem todas as empresas prestam este tipo de informação, e como a fiscalizada não individualizava os clientes em sua escrita contábil, não foi possível identificar todos os compradores. Outros clientes não foram localizados, tendo sido os Termos de Intimação, devolvidos pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos  ECT, sem que fossem cientificados, conforme Anexo VI. Como não conseguimos identificar /intimar parte dos compradores, não obtivemos êxito em obter informações sobre todas as notas fiscais emitidas, e consequentemente não foi possível quantificar a totalidade das vendas efetuadas com notas fiscais. Do confronto da relação das Notas Fiscais não escrituradas (Anexo III), extraída das informações encaminhadas pelos clientes intimados (anexo VI), em confronto com os livros razão (anexos IX e X), confirmase que a empresa, nos anos de 2003 e 2004, tinha por prática não escriturar parte das notas fiscais de vendas. Intimada a apresentar as notas fiscais, relativamente a 2003, foi alegado extravio de todas, conforme documento às fls. 55  anexo I cujo teor é o seguinte: "as notas fiscais de saídas emitidas no período de 01/01/03 a 31/12/03, a intimada tem a comentar que as referidas relativas ao período solicitado não puderam ser encontradas, estando extraviadas em função de mudança de profissional da contabilidade mencionada em informações anteriores, o que prejudica parcialmente o cumprimento deste item. Intimada, através dos Termos de Intimação n° 07 (item 2) a se manifestar sobre falta de registro das notas fiscais de venda em 2004, a empresa apresentou o seguintes esclarecimento: "...A partir de 2005 a contabilidade foi assumida por novo profissional que identificou a precariedade dos registros contábeis e fiscais até então. Desta mesma constatação foi identificada a necessidade de complementar a apuração dos tributos para os períodos de 2004 até 2005. Entretanto, em 2004, mesmo a contabilidade encontrandose em processamento, não era viável proceder se aos devidos ajustes para todos os fins, contábeis e fiscais. Assim após levantamento das vendas não computadas, na apuração dos tributos e contribuições anteriores, foi recalculado o valor complementar e efetuada a retificação da DIPJ e das DCTFs. Quanto ao exercício de 2004, os ajustes pertinentes resultaram no montante total da receita para o exercício de R$9.334.245,72 sendo que a receita contábil foi de apenas R$7.593.955,05, que resultou no oferecimento a tributação para fins de IRPJ e CSLL a maior que a contabilidade do total de R$1.740.290,67". Observando o livro razão de 2004, constatase que o total das receitas escrituradas naquele ano foi de R$ 9.407.911,87. No final do ano consta o saldo de R$ 7.593.955,00, mas em razão da receita do mês de junho ter sido escriturada a débito de receita, ao invés de a crédito, diminuindo em duplicidade o valor. Se a receita de junho tivesse sido lançada corretamente o saldo em 31/12/04 seria de R$ 9.407.911, 87 . Desta forma, concluise que as Notas Fiscais não escrituradas (Demonstrativo no anexo III) não foram oferecidas à tributação em nenhum momento. O demonstrativo das notas fiscais de vendas não escrituradas a que se refere o Fisco se encontra às fls. 1064/1093 (30 páginas) e discrimina notas fiscais de vendas de Fl. 4479DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.480 25 emissão da interessada em todos os meses compreendidos entre janeiro de 2003 e outubro de 2004, inclusive. A enorme quantidade de notas fiscais não escrituradas afasta qualquer possibilidade de mero equívoco e denota procedimento sistemático e intencional. Acresçase a isso que o acesso do Fisco a tais documentos somente foi possível mediante custoso procedimento de circularização junto aos clientes da então fiscalizada. A conduta da interessada se amolda à perfeição ao que dispõe o inciso I do art. 71 da Lei nº 4.502/1964: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I  da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; De fato, ao se constatar a não escrituração de grande número de notas fiscais de vendas de sua emissão ao longo de 22 meses e a informação de valores a menor de tributos em suas DIPJ e DCTF não se pode concluir de modo diverso: está presente a intenção consciente de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador tributário por parte da autoridade fazendária, com o que se revela correta a qualificação da multa. · Decadência. Retomo, então, a análise da preliminar de mérito, na qual a recorrente requer o reconhecimento da decadência para fatos geradores ocorridos anteriormente a 18/06/2004, com base no art. 150, § 4º, do CTN. A decadência, especialmente no que toca aos tributos sujeitos ao lançamento dito por homologação, é matéria tormentosa, que tem suscitado interpretações variadas mesmo no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Em oportunidades anteriores, já me manifestei no sentido de que o critério aplicável para se distinguir se um lançamento é por homologação ou de ofício deveria ser a própria sistemática de apuração do tributo. Os tributos sujeitos a lançamento por homologação seriam aqueles para os quais a lei estabelece para o sujeito passivo que apure o valor devido e antecipe o pagamento, sem prévio exame da Autoridade Administrativa. Seria essa sistemática, a atividade exercida pelo contribuinte, que faria com que o lançamento fosse por homologação, e não a mera presença ou ausência de pagamento. Entretanto, com o louvável fito de fazer com que as decisões administrativas se conformassem à jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, o Regimento Interno deste Conselho (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, fez constar o § 2º do art. 62 do Anexo II, a seguir transcrito: Art. 62 [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973  Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 4480DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.481 26 Ocorre que a matéria sob exame, a saber, a aplicabilidade do art. 150, § 4º, ou do art. 173, I, ambos do CTN, já foi objeto de decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, em regime de recursos repetitivos (art. 543C do CPC), nos autos do Recurso Especial nº 973.733  SC (2007/01769940). O julgamento se deu em 12/08/2009 e o acórdão foi publicado no DJe de 18/09/2009, restando assim ementado (grifos constam do original): PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. Fl. 4481DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.482 27 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Posteriormente, o próprio STJ reviu seu posicionamento quanto ao termo inicial para a contagem do prazo decadencial, nos EDcl nos EDcl no AgRG no Recurso Especial nº 674.497 – PR (2004/01099782). Ressalto que o ilustre Ministro Relator, após mencionar expressamente o REsp nº 973.733, registra que “impõese o acolhimento dos presentes embargos de declaração, a fim de se adequar o decisório embargado à jurisprudência uniformizada no âmbito do STJ sobre a matéria”. O julgamento ocorreu em 09/02/2010, e o acórdão foi publicado no DJe em 26/02/2010, com a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. De se observar a diferença relevante entre um e outro julgados: no primeiro caso (REsp nº 973.733), o termo inicial para a contagem do prazo decadencial era tido como sendo o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, interpretação esta Fl. 4482DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.483 28 que fugia por completo à textualidade do art. 173, I, do CTN. No segundo julgado, revendo o posicionamento anterior, o Tribunal passou a considerar que (naquele caso), completandose o fato gerador em 31 de dezembro de 1993, o lançamento somente poderia ser feito a partir de 1994, e o prazo decadencial começaria a fluir em 1º de janeiro de 1995. De se ver, portanto, de que forma tais decisões devem ser reproduzidas no caso sob exame, em cumprimento das disposições regimentais. O Superior Tribunal de Justiça aponta, inequivocamente, para a contagem do prazo decadencial segundo as disposições do art. 173, I, do CTN, como regra geral. Esse seria também o dispositivo aplicável quando a lei determine o pagamento antecipado do tributo e o contribuinte não cumpra com essa obrigação e, ainda, inexistindo declaração prévia do débito. Além disso, também seria a aplicável a regra geral (art. 173, I) quando constatado dolo, fraude ou simulação na conduta do contribuinte. E é precisamente este o motivo que vislumbro para que a contagem do prazo decadencial se dê a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Tenho me manifestado em diversas ocasiões no sentido de que o dolo deve ser extraído de cada situação concreta sob exame. No caso vertente, a conduta de deixar de escriturar grande número de notas fiscais de vendas de sua emissão ao longo de 22 meses, de modo sistemático, além de informar valores a menor de tributos em suas DIPJs e DCTFs desses períodos não pode levar a conclusão diversa: tais atos foram conscientes e intencionais, com o objetivo de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, conformandose essa conduta à sonegação, na dicção do art. 71 da Lei nº 4.502/1964. A aplicação correta da lei ao reconhecimento ou não da decadência depende tão somente da presença do elemento volitivo, do dolo na conduta do contribuinte relacionada às infrações apuradas. Aplicandose ao caso concreto as disposições do art. 173, I, do CTN temos: O lançamento foi cientificado ao sujeito passivo em 18/06/2009 (fl. 22). Para IRPJ e CSLL, com apuração trimestral, tomemos o fato gerador do terceiro trimestre de 2003, ocorrido em 30/09/2003. O lançamento poderia ser efetuado em 01/10/2003, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2004, encerrandose em 31/12/2008. Este período está alcançado pela decadência, bem assim os períodos anteriores (primeiro e segundo trimestres de 2003). No entanto, para o quarto trimestre de 2003 (fato gerador completado em 31/12/2003), o lançamento poderia ser efetuado em 01/01/2004, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2005, encerrando se em 31/12/2009. Não se cogita, aqui, de decadência, nem para os períodos de apuração posteriores. Para PIS e COFINS, com apuração mensal: tomemos o fato gerador ocorrido em 30/11/2003. O lançamento poderia ser efetuado em 01/12/2003, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2004, Fl. 4483DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.484 29 encerrandose em 31/12/2008. Este período está alcançado pela decadência, bem assim os períodos anteriores (janeiro a outubro de 2003). No entanto, para o fato gerador ocorrido em 31/12/2003, o lançamento poderia ser efetuado em 01/01/2004, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2005, encerrandose em 31/12/2009. Não se cogita, aqui, de decadência, nem para os períodos de apuração posteriores. Por todo o exposto, concluo da mesma forma que a autoridade julgadora a quo: foram alcançados pela decadência fatos geradores ocorridos nos primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2003, para IRPJ e CSLL, e aqueles ocorridos nos meses de janeiro a novembro de 2003, para PIS e COFINS. Nada além disso. Não merece reparos a decisão recorrida, pelo que rejeito também esta preliminar de mérito. · Ilegalidade de Utilização da Taxa SELIC. A recorrente aduz argumentos que, por sua ótica, demonstrariam a inaplicabilidade da taxa SELIC como indexador de tributos recolhidos em atraso. A matéria já foi inúmeras vezes discutida por este Colegiado, bem assim pelo extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, e se encontra pacificada, a ponto de resultar na súmula CARF nº 4, a seguir reproduzida: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia  SELIC para títulos federais. Não acolho, pois, o pedido de desconsideração dos valores decorrentes da aplicação da taxa SELIC. · Inacumulabilidade de taxa de juros e multa (sic, fls. 406/407). Ao contrário do que se poderia entender a partir do título deste item, a irresignação da recorrente se dirige contra a cumulação da taxa SELIC com a aplicação de correção monetária e juros moratórios. A correção monetária se encontra extinta desde 01/01/1996 (Lei 9.249/1995, art. 4º). Não há cumulação de SELIC com juros moratórios, apenas aquela taxa é utilizada para cálculo dos juros moratórios, em regime de juros simples, não compostos. O argumento deve ser rejeitado. · Conclusão. Por todo o exposto, em conclusão, voto por rejeitar as preliminares e, no mais, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 4484DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.485 30 Waldir Veiga Rocha Fl. 4485DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 10183.720278/2007-34    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Terceira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017    
Data da publicação: Wed Feb 01 00:00:00 UTC 2017    
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado foi, de fato, apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser rejeitados.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MATÉRIA NÃO VEICULADA NO RECURSO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado não foi veiculado na peça recursal, não se há de falar em omissão do Colegiado e os embargos declaratórios devem ser rejeitados.
    
Numero da decisão: 1301-002.181    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos e NEGAR-LHES provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha  Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Marcelo Malagoli da Silva, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
    
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA    
    
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado foi, de fato, apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser rejeitados. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MATÉRIA NÃO VEICULADA NO RECURSO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado não foi veiculado na peça recursal, não se há de falar em omissão do Colegiado e os embargos declaratórios devem ser rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos e NEGARLHES provimento. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Marcelo Malagoli da Silva, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 02 78 /2 00 7- 34 Fl. 314DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 315 2 Relatório Trata o presente de embargos de declaração (fls. 300/308) opostos pelo Contribuinte acima identificado, em face do acórdão nº 1301001.942, prolatado por esta 1ª Turma na sessão de julgamento de 1º de março de 2016 (fls. 284/289). No referido julgado, o Colegiado pronunciouse à unanimidade no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ Exercício: 2007 PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. INCENTIVO FISCAL. APROVAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO. CONDIÇÃO NECESSÁRIA. A utilização do incentivo fiscal relativo ao PAT tem como condição a prévia aprovação pelo Ministério do Trabalho, o que se comprova mediante a apresentação de documento hábil definido em Portaria conjunta dos Ministros de Estado do Trabalho, da Saúde e da Fazenda. Alega a embargante que o aresto combatido padeceria de omissões: (i) quanto à falta de intimação da embargante acerca da exclusão do PAT, a teor dos arts. 26 e 28 da Lei nº 9.784/1999; e A embargante sustenta que a intimação seria obrigatória, e que a Turma Julgadora terseia omitido quanto a este ponto. (ii) quanto à norma aplicada em relação ao recadastramento anual do PAT. Nas palavras da embargante: No tocante à omissão quanto a norma correta aplicada ao recadastramento anual do PAT, esta resta evidente, tendo em vista que a Embargante alega, qem seu recurso e em sede de Memoriais, a aplicação da Portaria Ministerial MTE nº 5, de 30 de novembro de 1999, contudo, no decorrer do voto, o relator não faz menção alguma em relação a mencionada norma, não realizando a devida apreciação de outro relevante frundamento de defesa da embargante. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 316 3 A ciência do acórdão ora embargado se deu em 04/04/2016, segundafeira (AR à fl. 298). Tendo sido os embargos apresentados em 07/04/2016, quintafeira (fl. 300), tenho que são tempestivos, à luz do prazo de cinco dias estabelecido pelo § 1º do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. Ademais, a embargante apontou objetivamente as omissões que pretende ver sanadas, atendendo, desta forma, o requisito regimental. Atendidos os demais requisitos processuais, conheço dos embargos e passo a analisálos. (i) Quanto à falta de intimação da embargante acerca da exclusão do PAT, a teor dos arts. 26 e 28 da Lei nº 9.784/1999. A exclusão da interessada do Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT foi tratada pelo acórdão embargado conforme se vê nos seguintes excertos, tanto da decisão de primeira instância (expressamente adotados em segunda instância como razões de decidir) quanto do voto do Relator do acórdão embargado (fls. 286/288): [...] A impugnação, na verdade, cingiuse à glosa da dedução referente ao PAT, motivada pela falta de recadastramento, fato que a requerente não contestou. Ao contrário, admitiu expressamente não ter realizado o recadastramento previsto na Portaria SIT nº 66, insistindo, todavia, em dizer que permaneceu no programa e que fazia jus ao respectivo benefício fiscal. [...] É importante chamar a atenção para o fato de que o recadastramento longe está de ser uma exigência puramente formal, destituída de importância. Ele vale como manifestação de vontade no sentido de permanecer no programa, arcando com todas as obrigações dele decorrentes. A falta de recadastramento, portanto, deve ser interpretada em sentido inverso, ou seja, como manifestação de vontade de não mais continuar no programa, daí porque não se exige nem intimação, nem notificação. É fácil perceber que a exclusão, ao contrário do que supõe a impugnante, não se caracteriza como penalidade, mas sim como resultado do mero exercício de um direito potestativo. [...] Eis a razão pela qual a falta de recadastramento não pode ser tomada como um simples e irrelevante detalhe. Ao deixar de se recadastrar, a requerente teve automaticamente o seu nome excluído de qualquer programa de fiscalização do Ministério do Trabalho relativo ao PAT. [...] Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 317 4 No que toca à verdade material, e à alegação da recorrente de que nunca teria sido de fato excluída do PAT, acrescento que não é o que sobressai dos autos e da análise da legislação. A exclusão é automática, a teor do art. 3º da Portaria SIT nº 66/2003, no caso de nãorecadastramento. Assim, a verdade material, ao contrário do que afirma a interessada, é de que, no anocalendário 2006, a interessada não estava cadastrada no programa. A Turma Julgadora firmou seu convencimento no sentido de que a interessada não promoveu seu recadastramento no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, conforme determinava a Portaria SIT nº 66/2003 (fato tido nos autos como incontroverso) e que essa conduta omissiva acarretou seu desligamento automático do programa. Ora, se a exclusão é automática e decorrente de conduta omissiva da própria interessada, por certo que não se há de falar em intimação da exclusão. Seria uma contradição pretender que uma exclusão automática pudesse trazer em si a obrigatoriedade de intimação. Diante desse entendimento, não vejo como omissão o fato de a Turma Julgadora não tecer qualquer comentário sobre os mencionados artigos da Lei nº 9.784/1999. Acrescentese, ainda, que o art. 28 da Lei nº 9.784/19991, principal sustentáculo da argumentação da interessada acerca da obrigatoriedade de intimação, se refere a atos praticados em processo administrativo. Ora, a exclusão do PAT se fez de modo automático, por falta de recadastramento, não tendo sido instaurado processo administrativo para tanto. Não se há de falar em intimação de um ato processual que inexistiu. Com estes fundamentos, rejeito os embargos, quanto a este primeiro ponto. (ii) Quanto à norma aplicada em relação ao recadastramento anual do PAT. Quanto a este ponto, de se ressaltar que, ao contrário do que sustenta a embargante, em ponto algum de seu recurso voluntário (efls. 6/28) existe qualquer menção à Portaria Ministerial MTE nº 5, de 30 de novembro de 1999. Não há registro nos autos sobre ter sido tal assunto trazido em sede de memoriais mas, ainda que assim tenha sido, tal procedimento consistiria em clara inovação sobre as razões recursais tempestivamente aduzidas. Desta forma, não havia mesmo motivo para que a Turma Julgadora se manifestasse sobre esse ato administrativo, como de fato não o fez, não havendo nisso qualquer omissão a ser sanada pela via dos embargos. Diante do exposto, nego provimento aos embargos, quanto a este segundo ponto. Conclusão 1 Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 318 5 Em conclusão, por todo o exposto, voto por rejeitar os presentes embargos declaratórios. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 318DF CARF MF
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