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Numero do processo: 15375.005818/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1998
ABONO DE FÉRIAS.
O abono de férias de que trata o artigo 143 da CLT, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrará a remuneração do empregado para os efeitos da Legislação do Trabalho, se consubstanciando na excludente do salário de contribuição prevista no § 9º, alínea e,item 6 do art. 28 da Lei n.º 8.212/91.
O pagamento condicionado a antiguidade do empregado não desvirtua a natureza da verba, se atendidos os requisitos expressamente previstos no artigo 144 da CLT.
SEGURO DE VIDA OU DE ACIDENTES PESSOAIS EM GRUPO. AUSÊNCIA DE NATUREZA RETRIBUTIVA SE DISPONIBILIZADO À TOTALIDADE DE EMPREGADOS E DIRIGENTES.
O pagamento de prêmio de seguro de vida ou de acidentes pessoais em grupo, desde que disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes, não ostenta natureza retributiva, estando fora, portanto, da base imponível das contribuições previdenciárias. Em verdade, tal verba não decorre da prestação de serviços, configurando garantia para empregados e empregadores quanto às fatalidades que possam ocorrer durante o contrato de trabalho. A CLT prevê expressamente no art. 458, § 2°, V, que os seguros de vida e de acidentes pessoais não são considerados como salário, no que é seguido, parcialmente, pelo RPS/99, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99 (art. 214, § 9°, XXV).
ÔNUS DA PROVA.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Art. 36 da Lei n° 9.784/99.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.251
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar-lhe parcial provimento para excluir do lançamento os levantamentos AB1 - ABONO DE RETORNO DE FÉRIAS e SV1 ¿ SEGURO DE VIDA EM GRUPO, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o conselheiro Arlindo Da Costa e Silva por entender que a rubrica SEGURO DE VIDA EM GRUPO deve integrar o salário de contribuição.
(assinado digitalmente)
LIEGE LACROIX THOMASI Presidente
(assinado digitalmente)
ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e André Luís Mársico Lombardi.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1998 ABONO DE FÉRIAS. O abono de férias de que trata o artigo 143 da CLT, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrará a remuneração do empregado para os efeitos da Legislação do Trabalho, se consubstanciando na excludente do salário de contribuição prevista no § 9º, alínea “e”,item 6 do art. 28 da Lei n.º 8.212/91. O pagamento condicionado a antiguidade do empregado não desvirtua a natureza da verba, se atendidos os requisitos expressamente previstos no artigo 144 da CLT. SEGURO DE VIDA OU DE ACIDENTES PESSOAIS EM GRUPO. AUSÊNCIA DE NATUREZA RETRIBUTIVA SE DISPONIBILIZADO À TOTALIDADE DE EMPREGADOS E DIRIGENTES. O pagamento de prêmio de seguro de vida ou de acidentes pessoais em grupo, desde que disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes, não ostenta natureza retributiva, estando fora, portanto, da base imponível das contribuições previdenciárias. Em verdade, tal verba não decorre da prestação de serviços, configurando garantia para empregados e empregadores quanto às fatalidades que possam ocorrer durante o contrato de trabalho. A CLT prevê expressamente no art. 458, § 2°, V, que os seguros de vida e de acidentes pessoais não são considerados como salário, no que é seguido, parcialmente, pelo RPS/99, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99 (art. 214, § 9°, XXV). ÔNUS DA PROVA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Art. 36 da Lei n° 9.784/99. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 5. 00 58 18 /2 00 9- 84 Fl. 970DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida darlhe parcial provimento para excluir do lançamento os levantamentos AB1 ABONO DE RETORNO DE FÉRIAS e SV1 ¿ SEGURO DE VIDA EM GRUPO, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o conselheiro Arlindo Da Costa e Silva por entender que a rubrica SEGURO DE VIDA EM GRUPO deve integrar o salário de contribuição. (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI – Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e André Luís Mársico Lombardi. Fl. 971DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 15375.005818/200984 Acórdão n.º 2302003.251 S2C3T2 Fl. 199 3 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito lavrada em 30/06/2006, cuja ciência do Recorrente ocorreu na mesma data. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 117/122, a presente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD n° 35.536.4387 exige as contribuições destinadas à Seguridade Social relativas aos segurados empregados (não descontadas) e à parte patronal, inclusive a reservada ao financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho SAT (para competências até 06/1997) e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (para competências a partir de 07/1997), e, ainda, contribuições destinadas aos Terceiros (SALÁRIO EDUCAÇÃO, INCRA, SESI, SENAI e SEBRAE), incidentes sobre: Remunerações referentes a segurados empregados da empresa, na forma de salários indiretos tais como: gratificação de férias, seguro de vida em grupo, PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador, valores estes identificados em Folhas de Pagamento e em lançamentos nos Livros Diários; Remunerações referentes a segurados empregados da empresa, na forma de salários suplementares que foram identificados através de depósitos bancários na conta corrente de seus empregados e que não constam nas Folhas de Pagamento e nos registros próprios da contabilidade do Recorrente; Pagamentos efetuados a diversos autônomos e a trabalhadores sem registro na empresa, valores estes identificados através de depósitos bancários na conta corrente e que não constam nas Folhas de Pagamento e nos registros próprios da contabilidade do recorrente; Adiantamento a sócios da empresa, valores estes identificados em depósitos bancários na conta corrente de seus sócios e familiares e através de pagamento de diversas despesas pessoais e que não constam nas Folhas de Pagamento e nos registros próprios da contabilidade do recorrente. O Recorrente apresentou impugnação com documentos (fls. 210/381), que motivou o serviço de análise de defesa, às fls.411, manifestação conclusiva da fiscalização. Às fls. 415/416 consta uma informação fiscal, às fls. 417 o FORCED e às fls. 419/427 a DN julgou o lançamento procedente em parte (exclusão das contribuições para outras entidades – Terceiros, em razão do Parecer n° 2.521/2001, que concluiu pela decadência qüinqüenal para fatos geradores anteriores ao REsp 58.918/RJ). Às fls. 429/470 consta o DADR elaborado com base na DN. Inconformado com a DN, o Recorrente interpôs recurso voluntário (fls.499/510), alegando em síntese: Fl. 972DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 4 o abono de férias não é parcela integrante do salário de contribuição em observância ao artigo 144 da CLT (Ver pág. 096, anexo VI) e, conforme instrução da tabela de incidência do INSS (Ver pág. 095, anexo VI) quando não excedente de 20 (vinte) dias não há incidência de contribuição previdenciária, para fatos ocorridos até 07/97 e a partir de 22/05/98, e para fatos ocorridos entre 08/97 e 21/05/98 há a incidência do INSS; o Sr. Aroldo Rodrigues da Silva foi indevidamente considerado como autônomo pela fiscalização, haja vista que a relação do mesmo com o Recorrente, conforme nota promissória é de empréstimos; os depósitos efetuados na conta corrente do segurado Luís Antônio Petracconni, que nunca pertenceu ao quadro de funcionários do Recorrente, corresponde ao pagamento referente a prestação de serviços, por um período ininterrupto de 14 meses; o depósito de R$ 18.633,56 efetuado para o Sr. Ricardo Gomes de Souza destinase a pagamento de empréstimo e não salário indireto; o valor de R$ 1.179,89 não pode ser considerado salário adicional para o Sr Rodrigo César de Moura Nunes pois o próprio descritivo da fiscalização diz que é acerto de viagem/dep. dif. Salário + Km, assim como R$ 1.892,00 que não pode ser considerado salário adicional pois o próprio descritivo da fiscalização diz que se refere a gratificação; o Sr. Rômulo Fernandes Moreira não pode ser caracterizado como empregado sem carteira (registro) haja vista que em todo o período verificado pela fiscalização a CPMT Engenharia e Montagem Ltda. utilizouse dos serviços do técnico Rômulo Fernandes Moreira por quatro vezes apenas e em atividades de sua especialidade; o empregado Wagner das Neves Couto, no período em que manteve contrato de trabalho com a CPMT Engenharia e Montagem Ltda, residia na cidade de Itabira MG, sendo o seu trabalho por sua natureza realizado fora da sede da CPMT (fora de Belo Horizonte), seus salários eram pagos por meio de depósitos a título de adiantamentos, efetuados no decorrer do mês, e posteriormente descontados na quitação de seus salários; o Sr. Altamiro Barbosa não pode ser caracterizado como segurado empregado devendo ser tratado como segurado autônomofrete; o Sr. José Goulart Filho não pode ser enquadrado como segurado empregado, pois, no período de 01/12/1997 a 22/01/2002, era empregado da Construtel Tecnologia e Serviços S/A; o documento de inscrição no PAT referente ao ano de 1994 se extraviou e a empresa não tem como comprovar esta inscrição; os sócios Hilton Ribeiro dos Santos e Jarbas Gambogi Neto são engenheiros executores dos serviços prestados e detentores do knowhow da sociedade, estavam constantemente viajando a trabalho, e, algumas de suas obrigações particulares eram pagas pelas mesmas pessoas que efetuavam os pagamentos das obrigações da CPMT Engenharia e Montagem Ltda; quanto ao seguro de vida em grupo, aduz que que teve que pagar R$ 6.000,00 a Eli Domelas Soares, por ocasião da morte de Eder Lúcio Sores, por força da convenção coletiva de 1995/1996 e este não sofreu incidência de contribuições previdenciárias. Acrescenta que o seguro é feito com base em prêmio fixo, cobrindo todos empregados registrados e incluídos no FGTS; Fl. 973DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 15375.005818/200984 Acórdão n.º 2302003.251 S2C3T2 Fl. 200 5 Às fls. 857/859 consta um despacho denegando seguimento ao recurso em razão da falta do depósito recursal. Às fls. 904/908 consta uma revisão da notificação de lançamento de débito em razão da determinação da Procuradoria da Fazenda Nacional para verificar a existência ou não de decadência, bem como para adequação deste lançamento ao comando enfeixado na Súmula Vinculante n° 08/2008, restando como devidas as contribuições referentes às competências 07/1998 a 12/1998. Em razão da determinação, foi expedido o DADR de fls. 909/940 e a informação fiscal de fls. 943. Após os autos foram encaminhados a este Conselho. Analisando os autos, esta Turma, verificando que a Recorrente não foi cientificada da retificação do débito determinada pela PFN, deliberou, na Resolução de fls. 954 e seguintes, por determinar que, antes da análise do mérito recursal, fosse dada ciência ao Recorrente da revisão do débito de fls. 904/908 e do DADR de fls. 909/940. Às fls. 967, consta o edital de intimação da empresa, tendo em vista que não foi localizada no domicílio fiscal fornecido à RFB. É o relatório. Fl. 974DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 6 Voto Conselheiro Relator André Luís Mársico Lombardi DECADÊNCIA. LEVANTAMENTOS EXCLUÍDOS. Da análise dos autos, verifico que há levantamentos questionados pela recorrente que não mais subsistem nos autos – vide DSD (fls. 51/53) , em razão da retificação determinada pela PFN (reconhecimento da decadência). São eles: C13 – Segurado Rodrigo César Moura: o valor de R$ 1.179,89 não pode ser considerado salário adicional para o Sr Rodrigo César de Moura Nunes pois o próprio descritivo da fiscalização diz que é acerto de viagem/dep. dif. Salário + Km, assim como R$ 1.892,00 que não pode ser considerado salário adicional pois o próprio descritivo da fiscalização diz que se refere a gratificação; C15 – Segurado Romulo Fernandes Moreira: o Sr. Rômulo Fernandes Moreira não pode ser caracterizado como empregado sem carteira (registro) haja vista que em todo o período verificado pela fiscalização a CPMT Engenharia e Montagem Ltda. utilizouse dos serviços do técnico Rômulo Fernandes Moreira por quatro vezes apenas e em atividades de sua especialidade; C16 – Segurado Wagner das Neves Santos: o empregado Wagner das Neves Couto, no período em que manteve contrato de trabalho com a CPMT Engenharia e Montagem Ltda, residia na cidade de ItabiraMG, sendo o seu trabalho por sua natureza realizado fora da sede da CPMT (fora de Belo Horizonte), seus salários eram pagos por meio de depósitos a título de adiantamentos, efetuados no decorrer do mês, e posteriormente descontados na quitação de seus salários; PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador (1994): o documento de inscrição no PAT referente ao ano de 1994 se extraviou e a empresa não tem como comprovar esta inscrição; C11 – Segurado Ricardo Gomes de Souza: Assevera a recorrente que o depósito de R$ 18.633,56 efetuado para o Sr. Ricardo Gomes de Souza destinase a pagamento de empréstimo e não salário indireto. Quanto a este último levantamento, a despeito de constar o levantamento para competências posteriores a 06/1998, a alegação referese exclusivamente ao lançamento da competência 12/1997, que já foi excluída do lançamento. Sendo assim, tais levantamentos e as respectivas alegações restam prejudicados, não devendo ser analisadas no presente julgamento. C10 – SEGURADO LUIS ANTÔNIO PETRACONNI. Aduz a recorrente que os depósitos efetuados na conta corrente do segurado Luís Antônio Petracconni, que nunca pertenceu ao quadro de funcionários do Recorrente, corresponde ao pagamento referente a prestação de serviços, por um período ininterrupto de 14 meses; Fl. 975DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 15375.005818/200984 Acórdão n.º 2302003.251 S2C3T2 Fl. 201 7 Ocorre que às fls. 415, a fiscalização já esclareceu que, dentre outros fatos de relevo, devese destacar que o segurado “prestou, por um período ininterrupto de 14 meses, serviços de engenharia elencados nas atividades fins da empresa, em obras contratadas e faturadas pela CPMT para empresas TELEMIG/TELEMAR”. Aliás, inclusive com constância quanto aos valores pagos, que são muito próximos como indica a própria recorrente às fls. 502. Sendo assim, resta afastada a alegação fiscal desprovida de elementos de convicção suficientes a elidir o lançamento a tal título. CS3 – SEGURADO ALTAMIRO BARBOSA. Defende a recorrente que o Sr. Altamiro Barbosa não pode ser caracterizado como segurado empregado devendo ser tratado como segurado autônomofrete. Ocorre que no relatório fiscal, às fls. 120, a fiscalização já esclareceu que, dentre outros fatos de relevo, os serviços foram prestados de forma continuada (onerosidade e não eventualidade), além de se caracterizar para inserção do trabalhador na própria organização da empresa (subordinação e pessoalidade). Aliás, inclusive com constância quanto aos valores pagos, que são muito próximos como indica a própria recorrente às fls. 506. Quanto aos supostos empréstimos, nada foi comprovado. Sendo assim, resta afastada a alegação fiscal desprovida de elementos de convicção suficientes a elidir o lançamento a tal título. CS6 – SEGURADO JOSÉ GOULART FILHO. Afirma a recorrente que o Sr. José Goulart Filho não pode ser enquadrado como segurado empregado, pois, no período de 01/12/1997 a 22/01/2002, era empregado da Construtel Tecnologia e Serviços S/A. A alegação da recorrente é desprovida de fundamento jurídico, visto que a exclusividade não é elemento necessário à configuração da relação de emprego. Ademais, dentre outros fatos de relevo, destacase que o segurado foi empregado da recorrente entre 01/09/1993 e 30/12/1997, exercendo a função de Técnico Instalador, tendo retornado e prestado serviços de forma ininterrupta entre 03/1998 e 09/1998 (fls. 120). PL1 – PRÓLABORE INDIRETO (DEPÓSITOS BANCÁRIOS / PAGAMENTOS DE DESPESAS DOS SÓCIOS – ANEXO II). Aduz a recorrente que os sócios Hilton Ribeiro dos Santos e Jarbas Gambogi Neto são engenheiros executores dos serviços prestados e detentores do knowhow da sociedade, estavam constantemente viajando a trabalho, e, algumas de suas obrigações particulares eram pagas pelas mesmas pessoas que efetuavam os pagamentos das obrigações da CPMT Engenharia e Montagem Ltda. Ocorre que às fls. 415, a fiscalização já esclareceu que considerou esta situação e que não procedeu “ao lançamento do crédito quando tais depósitos efetuados em nome dos sócios apresentavam os respectivos comprovantes de despesas bem”, além de terem sido excluídos “do levantamento os valores referentes ao prólabore que se encontravam Fl. 976DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 8 devidamente escriturados e cujas contribuições foram devidamente recolhidas”, sendo levantados “apenas os depósitos bancários efetuados sem comprovantes de despesas e os efetuados a título de adiantamentos, adiantamentos de prólabore e outros onde não constavam discriminados nas cópias dos cheques emitidos”. Quanto ao pagamento de obrigações particulares, já se consignou ali que não existem “comprovantes de tais reembolsos destas quantias e nem existem lançamentos contábeis registrando esta entrada destes valores no caixa da empresa”. Portanto, o recurso não motiva nenhuma retificação quanto ao procedimento fiscal. AT2 – AUTÔNOMOS (DEPÓSITOS BANCÁRIOS EFETUADOS A DIVERSAS PESSOAS FÍSICAS – ANEXO I). Assevera a recorrente que o Sr. Aroldo Rodrigues da Silva foi indevidamente considerado como autônomo pela fiscalização, haja vista que a relação do mesmo com o Recorrente, conforme nota promissória é de empréstimos. Ocorre que, conforme esclarecido às fls. 415, “no Livro Diário referente ao período dos depósitos não constam escriturados tais depósitos efetuados se referem a pagamento de dívida contraída bem como não consta escriturada a efetivação deste empréstimo”, sendo que, como “era prática rotineira da empresa efetuar pagamentos a pessoas físicas, que prestaram serviços como segurados autônomos, através de depósitos efetuados em sua conta bancária e não sendo apresentados os respectivos recibos”, procedeuse ao lançamento. AB1 – ABONO DE RETORNO DE FÉRIAS. Alega a recorrente que o abono de férias não é parcela integrante do salário de contribuição em observância ao artigo 144 da CLT (Ver pág. 096, anexo VI) e, conforme instrução da tabela de incidência do INSS (Ver pág. 095, anexo VI) quando não excedente de 20 (vinte) dias não há incidência de contribuição previdenciária, para fatos ocorridos até 07/97 e a partir de 22/05/98, e para fatos ocorridos entre 08/97 e 21/05/98 há a incidência do INSS. O levantamento foi mantido pela decisão de primeira instância sob o fundamento de que o abono não se enquadra nas hipóteses dos arts. 143 e 144 da CLT, em razão da Convenção Coletiva de Trabalho exigir mais de dois anos na empresa para a sua concessão. Ocorre que tal fato em nada justifica a manutenção da exigência. Com efeito, a verba referida sujeitase à exceção prevista no § 9º, alínea “e”, item 6 do art. 28 da Lei n.º 8.212/91: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) e) as importâncias: (...) 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; Fl. 977DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 15375.005818/200984 Acórdão n.º 2302003.251 S2C3T2 Fl. 202 9 Do exame dos citados artigos constantes da CLT, temos que a legislação trabalhista estabelece apenas que o abono de férias não deve exceder a vinte dias de salário para que seja excluído da remuneração, senão vejamos: Art. 143. É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. Art. 144. O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da legislação do trabalho. Portanto, se a lei não estipulou outra condição, que não a proibição quanto a não exceder vinte dias de salário, para restar excluído da remuneração, não pode o Fisco entender que o pagamento mediante a exigência de mais de dois anos na empresa para a sua concessão, seja causa bastante para desvirtuar a natureza da verba. É de se ver ainda, que este entendimento encontra respaldo no CARF, conforme julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/1999 a 31/07/2005 ABONO DE FÉRIAS. O abono de férias de que trata o artigo 143 da CLT, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da Legislação do Trabalho. Recurso especial negado. (CARF, Acórdão 920200.485 2 ª Turma. Câmara Superior de Recursos Fiscais. Sessão de 09.03.2010) Ademais, apenas a título ilustrativo, refiro que a Lei nº 8.212/91, em seu artigo 28, define o saláriodecontribuição, prevendo de forma taxativa as parcelas que não o integram em seu § 9º. Com relação ao abono pecuniário de férias, temos que a Lei Orgânica da Seguridade Social (Lei nº 8.212/91, de 24/07/1991), sofreu alterações no tempo: A alínea “d” do § 9° do art. 28 da Lei n° 8.212/91, em sua redação original, expressamente excluía do saláriodecontribuição previdenciário os abonos de férias não excedentes aos limites da legislação trabalhista; No período de 08/97 até 21/05/98, o abono de férias passou a sofrer incidência de contribuição, em razão da MP n º 1.5237, de 30/04/97, que alterou simultaneamente a seguinte legislação: Fl. 978DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 10 * Art. 144 da CLT o qual passa a restringir a natureza não salarial do abono pecuniário até 20 dias de salário apenas para os efeitos da legislação do trabalho, vez que foi suprimida a expressão “previdência social”. * § 2° do art. 22 da Lei nº 8.212/91 determinou integrar a remuneração os abonos de qualquer espécie ou natureza * Alínea “b” do § 8º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 o qual passa a prever que os abonos de qualquer espécie ou natureza integram o saláriodecontribuição. * Alínea “d” do § 9°do art. 28 da Lei nº 8.212/91 passa a excluir do saláriodecontribuição apenas as importâncias recebidas a título de férias indenizadas. Assim, 90 dias após a data da MP nº 1.5237, ou seja, a partir de 01/08/97, a contribuição previdenciária começou a incidir sobre a toda verba paga a título de “abono de férias”, independentemente de ser ou não o valor superior a 20 dias. O § 2º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 assim como a alínea “b” do § 8º do art. 28 da mesma Lei foram mantidos nas reedições posteriores da MP nº 1.523 até a reedição com o nº 1.59614, de 10/11/97. A MP nº 1.59614, de 10/11/97, deu nova redação à alínea “d” do § 9° do art. 28 da Lei nº 8.212/91, excluindo do saláriodecontribuição as importâncias relativas a férias indenizadas, respectivo adicional constitucional e o valor da dobra previsto no art. 137 da CLT. Em 27/11/97, o STF suspendeu a aplicação do § 2º do art. 22 e da alínea “b” do § 8º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, em função das ADins 1.6652 e 1.6596. A MP nº 1.59614 foi convertida na Lei nº 9.528, em 10/12/97, acrescentando os itens 1 a 5 à alínea “e” do § 9° do art. 28 da Lei nº 8.212/91, silenciando quanto aos abonos de férias e tendo sido vetadas, pelo Presidente da República, a alteração do § 2º do art. 22 e a alínea “b” do § 8º do art. 28 da mesma Lei nº 8.212/91. Assim a partir de 10/12/1997 foi restabelecida a redação original do § 2° do art. 22 da Lei nº 8.212/91, dispondo que não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9° do art. 28 e, com o acréscimo dos itens 1 a 5 à alínea “e” do § 9° do art. 28, deixou a Lei de tratar especificamente de abonos, nas hipóteses de exclusão do saláriode contribuição. O veto do Presidente da República, portanto, não retirou o abono de férias do campo de incidência previdenciária, eis que a Lei nº 8.212/91 apenas excluía do saláriode contribuição as parcelas tratadas no § 9º do art. 28 da mesma Lei (dentre as quais não mais constava o abono de férias) e subsistiu válido o disposto no artigo 144 da CLT, que retirou a natureza salarial deste abono de valor até 20 dias de salário somente para os efeitos da legislação do trabalho. Com o advento da Medida Provisória nº 1.5869, de 21/05/98, posteriormente convertida na Lei nº 9.711/98, que introduziu o item 6 na alínea “e” do § 9º do citado artigo 28 da Lei nº 8.212/91, incluindo nas parcelas que não integram o saláriodecontribuição as importâncias recebidas a título de abono de férias na forma dos artigos 143 e 144 da CLT, retirouse do campo de incidência previdenciária o abono de valor até 20 dias de salário. Destarte, concluise que os abonos de férias previstos nos artigos 143 e 144 da CLT, quando pagos conforme o regramento daqueles dispositivos legais, não integram o saláriodecontribuição quando amparados por legislação previdenciária isentiva vigente. De todo o exposto, deve ser excluído do lançamento o levantamento AB1 – ABONO DE RETORNO DE FÉRIAS. Fl. 979DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 15375.005818/200984 Acórdão n.º 2302003.251 S2C3T2 Fl. 203 11 SV1 – SEGURO DE VIDA EM GRUPO. Quanto ao seguro de vida em grupo, aduz que que teve que pagar R$ 6.000,00 a Eli Domelas Soares, por ocasião da morte de Eder Lúcio Sores, por força da convenção coletiva de 1995/1996 e este não sofreu incidência de contribuições previdenciárias. Acrescenta que o seguro é feito com base em prêmio fixo, cobrindo todos empregados registrados e incluídos no FGTS. Ora, quanto ao pagamento a Eli Domelas Soares, em que pese não seja objeto do lançamento, a autoridade fiscal não lançou as contribuições previdenciárias porque considerou a verba indenizatória, situação totalmente distinta do pagamento de seguro de vida em grupo. De toda sorte, o referido pagamento não ostenta natureza retributiva, pois não decorre da prestação de serviços, configurando garantia para empregados e empregadores quanto às fatalidades que possam ocorrer durante o contrato de trabalho. Tanto é assim que se houver pagamento por parte da seguradora, este terá natureza indenizatória, apenas ressarcindo danos decorrentes do sinistro. É por tal razão que hoje a CLT prevê expressamente no art. 458, § 2°, V, que os seguros de vida e de acidentes pessoais não são considerados como salário, no que é seguido pelo Decreto n° 3.048 (art. 214, § 9°, XXV), apesar de que este condiciona, à disponibilidade à totalidade de seus empregados e dirigentes, bem como à previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho, sendo que esta última exigência, em nosso sentir, consta ali de forma injustificada, posto que basta ser disponível à totalidade de empregados e dirigentes para que reste descaracterizado o caráter retributivo do seguro de vida ou de acidentes pessoais em grupo. Como cediço, a previsão em Acordo ou Convenção Coletiva não gera efeitos no campo tributário, sendo outra a justificativa para a não incidência (natureza jurídica da verba). Por tais razões, deve também ser excluído o levantamento SV1 – SEGURO DE VIDA EM GRUPO. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, determinandose a exclusão dos levantamentos AB1 – ABONO DE RETORNO DE FÉRIAS e SV1 – SEGURO DE VIDA EM GRUPO. (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Fl. 980DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 12 Fl. 981DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI
score : 1.0
Numero do processo: 17546.000990/2007-04
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 29/08/2006 a 29/08/2006
RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO.
O prazo para interposição de recurso é peremptório. A peça impugnatória apresentada após o prazo legal não deve ser conhecida.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2803-003.666
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da intempestividade.
assinado digitalmente
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
assinado digitalmente
Oséas Coimbra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 29/08/2006 a 29/08/2006 RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO. O prazo para interposição de recurso é peremptório. A peça impugnatória apresentada após o prazo legal não deve ser conhecida. Recurso Voluntário Não Conhecido
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NÃO CONHECIMENTO. O prazo para interposição de recurso é peremptório. A peça impugnatória apresentada após o prazo legal não deve ser conhecida. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da intempestividade. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 54 6. 00 09 90 /2 00 7- 04 Fl. 637DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 17546.000990/200704 Acórdão n.º 2803003.666 S2TE03 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Natanael Vieira dos Santos. Fl. 638DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 17546.000990/200704 Acórdão n.º 2803003.666 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o auto de infração lavrado em razão da falta de apresentação de documentos. O r. acórdão conclui pela improcedência da impugnação apresentada, mantendo o auto de infração lavrado. Inconformada com a decisão, apresenta recurso voluntário, alegando, em síntese, o seguinte: · OMISSÃO NO JULGAMENTO DE PEDIDO CERTO PROFERIDO NA DEFESA · AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA PARA GRADACÃO DA MULTA EM VALOR SUPERIOR AO MÍNIMO LEGAL · Requer o provimento do recurso, com o arquivamento do presente auto. É o relatório. Fl. 639DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 17546.000990/200704 Acórdão n.º 2803003.666 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Oséas Coimbra O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. DA INTEMPESTIVIDADE RECURSAL A tempestividade é requisito objetivo necessário para a própria legitimidade do recurso apresentado, uma vez que a impugnação intempestivamente oferecida configura ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo – CPC art. 267, IV. O prazo para a manifestação recursal é peremptório, vencido este, não há mais que se falar em demanda existente. Às fls 277, temos o AR comunicando da decisão de primeiro grau, com data de 14.08.2008. Às fls 295 temos o recurso interposto por SUPERMERCADO COLIBRI, com o carimbo do protocolo indicando 24.09.2008, portanto além da data limite, 15.09.2008. Às fls 315, declaração do SECAT informa a juntada do recurso intempestivo e às fls 317 temos outra manifestação no mesmo sentido. As empresas M.T.P. NUNES e SAP NUNES CAÇAPAVA foram excluídas do pólo passivo do Presente processo, conforme Acórdão n° 0522.442. Fica assim demonstrada a intempestividade do recurso apresentado, uma vez que vencido o trintídio legal, nos termos do art. 33 do decreto 70.235/72. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por não conhecer do presente recurso. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Fl. 640DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 17546.000990/200704 Acórdão n.º 2803003.666 S2TE03 Fl. 6 5 Fl. 641DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR
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Numero do processo: 15586.000807/2010-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
PLANO DE SAÚDE PAGO PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO SUJEITA A REQUISITOS.
Os pagamentos de planos de saúde quando habituais estão compreendidos no campo de incidência da contribuição previdenciária por serem ganhos habituais sob a forma de utilidade. A isenção concedida pela lei exige que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa e não se estende aos dependentes. O pagamento avulso de despesas hospitalares para a diretoria não está albergado pela isenção.
CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DO SAT E DO RAT. ACATAMENTO DE PARECER DA PGFN EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA.
É legítimo o estabelecimento, por Decreto, do grau de risco, com base na atividade preponderante da empresa. Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. Porém, considerando a existência do Parecer PGFN 2.120/2011 associado aos efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, concluímos, em homenagem ao princípio da eficiência e para evitar a edição de ato administrativo sem finalidade, que deve a alíquota do SAT ser aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.
SEGURO DE VIDA PAGO PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO SUJEITA A REQUISITOS.
Os pagamentos de seguros de vida quando habituais estão compreendidos no campo de incidência da contribuição previdenciária por serem ganhos habituais sob a forma de utilidade. A isenção concedida pela legislação exige que o benefício esteja previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e seja disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes. Entretanto, em homenagem ao princípio da eficiência e diante de Ato Declaratório da PGFN dispensando aquele órgão de recorrer quando o lançamento tratar do seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor do grupo de empregados, sem que haja a individualização do montante que beneficia a cada um deles, adotamos entendimento similar. No caso, não há prova de que não há individualização do montante que beneficia cada um dos empregados, inviabilizando a aplicação das conclusões do Ato Declaratório.
PAGAMENTOS A DESPACHANTES ADUANEIROS POR MEIO DE SINDICATO DE DESPACHANTE ADUANEIRO. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
Os pagamentos efetuados a despachantes aduaneiros por meio de Sindicatos de Despachantes Aduaneiros representam contraprestação por serviços prestados por contribuintes individuais, sofrendo, portanto,. a incidência da contribuição previdenciária prevista no art. 22, inciso III da Lei 8.212/91.
CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE DESPACHANTE ADUANEIRO POR MEIO DE COMISSÁRIAS DE DESPACHOS. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA NO CASO DE PROFISSIONAL EMPREGADO DA COMISSÁRIA OU SÓCIO DESTA.
Se a empresa contrata serviço de despachante aduaneiro com comissária de despacho e esta realiza o serviço por meio de profissional empregado ou sócio, não há incidência da contribuição prevista no art. 22, inciso III no caso da contratante. Se o serviço é realizado por meio de profissional não empregado ou não sócio da comissária, a incidência se impõe. Eventual interposição fraudulenta deve ser provada com elementos adicionais ao mandato.
MULTA POR DESATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO PARA FORNECER DOCUMENTOS COM FORMALIDADES LEGAIS.
Encontra-se em conformidade com a legislação a aplicação de multa ao contribuinte que, sendo intimado para apresentar documentos em prazo razoável, permanece inerte quanto à apresentação, ainda que parcial, do solicitado obedecendo às formalidades legais cabíveis.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2301-004.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Mauro José Silva - Relator.
Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Andrea Brose Adolfo, bem como os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Júnior, Wilson Antonio de Souza Correa, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira.
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
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SALÁRIO IN NATURA CONT. INDIVIDUAIS Recorrente CISA TRADING S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PLANO DE SAÚDE PAGO PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO SUJEITA A REQUISITOS. Os pagamentos de planos de saúde quando habituais estão compreendidos no campo de incidência da contribuição previdenciária por serem ganhos habituais sob a forma de utilidade. A isenção concedida pela lei exige que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa e não se estende aos dependentes. O pagamento avulso de despesas hospitalares para a diretoria não está albergado pela isenção. CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DO SAT E DO RAT. ACATAMENTO DE PARECER DA PGFN EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. É legítimo o estabelecimento, por Decreto, do grau de risco, com base na atividade preponderante da empresa. Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. Porém, considerando a existência do Parecer PGFN 2.120/2011 associado aos efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, concluímos, em homenagem ao princípio da eficiência e para evitar a edição de ato administrativo sem finalidade, que deve a alíquota do SAT ser aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro. SEGURO DE VIDA PAGO PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO SUJEITA A REQUISITOS. Os pagamentos de seguros de vida quando habituais estão compreendidos no campo de incidência da contribuição previdenciária por serem ganhos habituais sob a forma de utilidade. A isenção concedida pela legislação exige que o benefício esteja previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 08 07 /2 01 0- 66 Fl. 371DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 371 2 e seja disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes. Entretanto, em homenagem ao princípio da eficiência e diante de Ato Declaratório da PGFN dispensando aquele órgão de recorrer quando o lançamento tratar do seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor do grupo de empregados, sem que haja a individualização do montante que beneficia a cada um deles, adotamos entendimento similar. No caso, não há prova de que não há individualização do montante que beneficia cada um dos empregados, inviabilizando a aplicação das conclusões do Ato Declaratório. PAGAMENTOS A DESPACHANTES ADUANEIROS POR MEIO DE SINDICATO DE DESPACHANTE ADUANEIRO. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Os pagamentos efetuados a despachantes aduaneiros por meio de Sindicatos de Despachantes Aduaneiros representam contraprestação por serviços prestados por contribuintes individuais, sofrendo, portanto,. a incidência da contribuição previdenciária prevista no art. 22, inciso III da Lei 8.212/91. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE DESPACHANTE ADUANEIRO POR MEIO DE COMISSÁRIAS DE DESPACHOS. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA NO CASO DE PROFISSIONAL EMPREGADO DA COMISSÁRIA OU SÓCIO DESTA. Se a empresa contrata serviço de despachante aduaneiro com comissária de despacho e esta realiza o serviço por meio de profissional empregado ou sócio, não há incidência da contribuição prevista no art. 22, inciso III no caso da contratante. Se o serviço é realizado por meio de profissional não empregado ou não sócio da comissária, a incidência se impõe. Eventual interposição fraudulenta deve ser provada com elementos adicionais ao mandato. MULTA POR DESATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO PARA FORNECER DOCUMENTOS COM FORMALIDADES LEGAIS. Encontrase em conformidade com a legislação a aplicação de multa ao contribuinte que, sendo intimado para apresentar documentos em prazo razoável, permanece inerte quanto à apresentação, ainda que parcial, do solicitado obedecendo às formalidades legais cabíveis. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Fl. 372DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 372 3 Mauro José Silva Relator. Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Andrea Brose Adolfo, bem como os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Júnior, Wilson Antonio de Souza Correa, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 373 4 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação. O processo teve início com o Auto de Infração (AI) nº 37.264.2837, lavrado em 05/08/2010, que constituiu crédito tributário relativo a penalidade por exibir qualquer documento ou livro relacionados com as contribuições previstas na Lei, ou apresentar documento ou livro que não atenda as formalidades legais exigidas, que contenha informação diversa da realidade ou que omita a informação verdadeira, no período de 01/2007 a 12/2007, com valor total do crédito tributário de R$ 2.863,59, fls. 01. Conforme consta do relatório do Acórdão a quo: 3. Os créditos foram lançados através dos seguintes levantamentos: 3.1. Levantamentos CO e CO1 COOPERATIVA DE TRANSPORTE. As cooperativas contratadas foram a COOPERCARGA Cooperativa de Transporte de Cargas do Estado de Santa Catarina e a COOPERTAXI ES Cooperativa Mista de Motoristas de Táxi do Estado do Espírito Santo. Foi aplicada a alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o percentual de 20% (vinte por cento) das notas fiscais. Período 01a 12/2007. Matriz. 3.2. Levantamentos DS e DS1 Diferença Seguro Acidente do Trabalho. Referente a erro no autoenquadramento efetuado pela empresa, uma vez que não foi considerada a atividade preponderante, que é a atividade econômica que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados. Foi constatado que a atividade preponderante é a da filial de São Paulo, CNPJ 39.373.782/000220, que corresponde, a partir de 06/2007 ao código 46.19200 (representantes comerciais e agentes do comércio de mercadorias em geral não especificado), cuja alíquota é de 2 % (dois por cento). Foi lançada, assim, a diferença de 1% (um por cento) na matriz e nas filiais Rio de Janeiro (0004), Itajaí (0011) e Paranaguá (0014). Período de 06 a 13/2007. Matriz, filiais 0004, 0011 e 0014. 3.3.Levantamentos SS e SS1 Seguro Saúde. Referese ao pagamento de planos de assistência médica aos dependentes dos seus empregados, o que não está previsto na legislação para efeito de isenção de contribuição previdenciária, tomandose, então, salário indireto dos empregados. Período 01 a 12/2007. Matriz, filiais 0002, 0003, 0004 e 0011. 3.4. Levantamento EM Exames médicos diretoria. Referese ao pagamento de despesas de serviços hospitalares e/ou diagnósticos (check up) a determinados empregados, ocupantes de cargos em nível de diretoria. Como esses benefícios não foram disponibilizados à totalidade dos empregados, conforme Fl. 374DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 374 5 dispõe a legislação, tais valores se configuram como salário de contribuição. Período 01, 03 e 04/2007. Filial0002. 3.5. Levantamentos SV e SV1 Seguro de vida não convenção. Referese a pagamento à totalidade dos empregados de seguro de vida em grupo, benefício esse não previsto nas convenções coletivas dos empregados das filiais São Paulo, Rio Grande, Rio de Janeiro, Itajaí e Paranaguá. Apenas as convenções coletivas de trabalho do sindicato tios Empregados no Comércio do Estado do Espírito Santo prevêem pagamento de seguro de vida. Assim, o valor do seguro de vida pago aos empregados dos estabelecimentos cujas convenções não prevêem esse benefício se configura como salário de contribuição. Período 01 a 12/2007. Filiais 0002, 0003, 0004, 0011 e 0014. 3.6. Levantamento RA Artificial retenção não descontada. Referese aos valores que deveriam ter sido retidos e recolhidos pela empresa correspondentes a 11% do valor das notas fiscais de prestação de serviços emitidas pela empresa Artificial Ar Condicionado Ltda. Período 01, 04 e 06/2007. Filial 0002. 3.7. Levantamento RE Eletrotec retenção não descontada. Referese aos valores que deveriam ter sido retidos e recolhidos pela empresa correspondentes a 11% do valor das notas fiscais de prestação de serviços emitidas pela empresa Eletrotec Cabling System Ltda. Período 09, 11 e 12/2007. Filial 0002. 3.8. Levantamento RL Luandre retenção não retida. A empresa Luandre Serviços Temporários foi contratada para fornecimento de mão de obra temporária, tendo deduzido da base de cálculo para incidência da retenção de 11% (onze por cento) o valor da assistência médica concedida aos empregados, não previsto no art. 152 da IN 03/2005, em vigor à época dos fatos geradores. Período 01 a 12/2007. Filial 0002. 3.9. Levantamento RF Fitnessea destacado não retido não recolhido. Referese aos valores que deveriam ter sido retidos e recolhidos pela empresa correspondentes a 11% do valor das notas fiscais de prestação de serviços emitidas pela empresa Fitnessea Atividades Físicas Ltda, que forneceu mão de obra habilitada e qualificada na orientação de atividades de ginástica laborai. Período 02 e 1 l/2007.Filial 0002. 3.10. Levantamento RO Loc retenção não descontada. Refere se aos valores que deveriam ter sido retidos e recolhidos pela empresa correspondentes a 11% do valor das notas fiscais de prestação de serviços emitidas pela empresa LOC Serviços Terceirizados Ltda, que prestou serviços de coleta e entrega de documentos e de secretaria e expediente. Período 01 a 12/2007. Matriz. 3.11. Levantamento RT Trans Tour retenção não descontada. Referese aos valores que deveriam ter sido retidos e recolhidos pela empresa correspondentes a 11% do valor das notas fiscais de prestação de serviços emitidas pela empresa Trans Tour Enviar e Receber Ltda, que prestou serviços de coleta e entrega de documentos e de secretaria e expediente. Período 01 a 12/2007.Filial 0002. 3.12. Levantamento DA e DAI Despachante Aduaneiro. Referese à contribuição patronal incidente sobre pagamentos efetuados a profissionais liberais por serviços de despachos Fl. 375DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 375 6 aduaneiros, pagos através de órgãos de classe (sindicatos). Embora quem esteja obrigado a reter e a recolher as contribuições do imposto de renda dos mesmos seja o sindicato, a empresa contratante de serviços deve contribuir com 20% (vinte por cento) sobre o valor pago pela prestação de serviços, a título de contribuição patronal, sendo o sindicato um mero intermediário entre a empresa contratante e o despachante aduaneiro (contribuinte individual).Período 08, 10 e 11/2007 matriz; 06 a 09, 11 el2/2007 filial 0004, 01 a 12/2007 filial 0011. Levantamento RZ Rozemarcia Hon despach arbitrado. Referese à contribuição patronal incidente sobre pagamentos efetuados a Rozemárcia Wise Abrão Silva, pelos serviços prestados como despachante aduaneira (contribuinte individual), aferidos conforme informado no item 3.10 do Relatório Fiscal. Período 06 a 12/2007. Filial 0003. Levantamento CG e CG1 Grijó Hon despach arbitrado.. Referese à contribuição patronal incidente sobre pagamentos efetuados a Carlos Ribeiro Grijó, pelos serviços como despachante aduaneiro (contribuinte individual), aferidos conforme informado no item 3.10 do Relatório Fiscal. Período 01 a 12/2007. Matriz. Após tomar ciência pessoal da autuação em 10/08/2010, fls. 01, a recorrente apresentou impugnação na qual apresentou argumentos similares aos constantes do recurso voluntário. A 11ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro, no Acórdão de fls. 215/224, julgou a impugnação improcedente, tendo a recorrente sido cientificada do decisório em 03/10/2011, fls. 255. O recurso voluntário, apresentado em 03/11/2011, fls. 271/338, apresentou argumentos conforme a seguir resumimos. Aponta que o art. 28, 9º, alínea "q" da Lei 8.212/91 não fez qualquer diferença entre empregados e os respectivos dependentes, exigindo apenas que o benefício esteja disponível para a totalidade de empregados e dirigentes. Ademais, o art. 458, §2º, inciso IV da CLT afasta o caráter remuneratório da assistência médica ao afastar tal utilidade do conceito de salário. As assistências aos empregados e aos dependentes possuem clara vinculação, pois a segunda não existe sem a primeira. No tocante ao pagamento de serviços hospitalares aos ocupantes de cargos de diretoria, argumenta que o oferecimento da cobertura da assistência médica não pode ser analisado de forma qualitativa e sim quantitativa. Se a cobertura médica é oferecida a todos os empregados, não tem relevância se houver diferenciação sob o aspecto qualitativo. Como oferecia planos de saúde à totalidade de seus empregados, entende que desfruta do benefício da isenção sobre todos gastos a esse título. Cita decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF). Sobre o seguro de vida em grupo, cita decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) quando argumenta que não compõem a remuneração do trabalhador, ainda que Fl. 376DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 376 7 não previsto em acordo coletivo, como no presente caso. Alerta que o art. 458, §2º, inciso IV da CLT afasta o caráter remuneratório desta utilidade. Com relação à contratação de despachantes aduaneiros, sustenta que não contrata a atuação individual de profissionais e sim, empresas especializadas que contam em seu quadro de funcionários com despachantes aduaneiros e outros profissionais especializados no comércio internacional. Tal situação se assemelha à contratação de serviços de advogado. Não houve a formação de contrato específico com as mencionadas empresas, mas apenas a troca de mensagens e correspondências. Colaciona Solução de Consulta que considerou que a empresa contratada para serviços de despacho deve recolher a contribuição previdenciária de seus empregados, ainda que existam procurações diretamente concedidas aos empregados. Colaciona decisão da Justiça do Trabalho que admitiu o despachante como empregado. Insiste que só contratou o serviço de despachos por meios de empresas especializadas, sendo que estas, em obediência à legislação repassam os honorários aos respectivos sindicatos e estes entregam ao profissional. Tratase, segundo entende, de operação totalmente amparada na legislação e da praxe do comércio internacional. Repete os argumentos acima em relação a cada um dos profissionais enumerados pela fiscalização apontando a respectiva empresa à qual estaria vinculado. Observa que a condição dos profissionais enumerados como empregado ou sócio de cada uma das empresas foi atestada pela fiscalização. Defende seu método de apuração da alíquota do SAT por estabelecimento, conforme súmula do STJ que colaciona. O Acórdão a quo noticiou que a recorrente realizou o pagamento parcial em relação aos levantamentos de cooperativa e de retenção de 11%. É o relatório. Fl. 377DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 377 8 Voto Conselheiro Mauro José Silva Reconhecemos a tempestividade do recurso apresentado e dele tomamos conhecimento. Incidência da contribuição previdenciária sobre pagamentos de planos de saúde. Requisitos para a isenção. Iniciamos a análise sobre a incidência da contribuição previdenciária instituída pela Lei 8.212/91 sobre fornecimento de planos de saúde tomando o dispositivo constitucional que outorgou competência para a União instituir tal contribuição. Os dispositivos que tratam do assunto estão, primordialmente, no art. 195, no entanto, não podemos desconhecer o conteúdo do §11º do art. 201 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e Fl. 378DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 378 9 atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Como se vê, a Constituição conferiu competência à União para instituir contribuição para financiar a seguridade social – incluída nesta a previdência social, conforme o caput do art. 194 – que pode incidir, no caso do empregador, sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho; e, no caso, do trabalhador, sobre base de cálculo com relação à qual não houve expressa previsão de limites. Importante atentar para o fato de o §11º do art. 2001 ter autorizado a instituição de incidência da contribuição previdenciária sobre os ganhos habituais a qualquer título. Portanto, para as contribuições previdenciárias, temos que, desde pelo menos a edição da emenda 20/98, a incidência destas estava autorizada, entre outros, para os seguintes fatos geradores: · No caso dos empregadores, sobre a folha de salários e demais itens remuneratórios(rendimentos) pagos à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, bem como sobre os ganhos habituais do empregado pagos a qualquer título; · No caso dos trabalhadores, não há expressa delimitação dos fatos geradores. Como é cediço, a constituição apenas autoriza a criação de tributos, deixando para a Lei Ordinária do ente federativo a tarefa de criar a exação autorizada pelo Texto Magno. No caso das contribuições para a seguridade social é a Lei 8.212/91 que cumpre esse papel de forma mais específica, apesar de existirem outras contribuições destinadas a financiar a seguridade social criadas por outras leis(PIS, COFINS e CSLL, por exemplo). A referida lei determinou, em seu art. 11, que os empregadores, a quem denominou de empresas, seriam contribuintes de contribuições sociais “incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço”(parágrafo único, alínea “a”)., sendo segurados aquelas pessoas enumeradas no art. 12. Para os trabalhadores, a lei definiu que a contribuição incidiria o saláriodecontribuição, sendo este definido no art. 28. A definição das hipóteses de incidência da contribuição das empresas é encontrada no art. 22, o qual em seus quatro incisos estabelece a incidência de uma contribuição previdenciária geral sobre a remuneração dos empregados, uma contribuição previdenciária relacionada aos riscos do trabalho, uma contribuição previdenciária sobre Fl. 379DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 379 10 contribuintes individuais e uma contribuição previdenciária devida sobre pagamentos a cooperativas de trabalho. Interessanos para o momento a contribuição previdenciária das empresas cuja hipótese está presente no inciso I do art. 22, in verbis: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999) Analisando o referido dispositivo, podemos constatar, portanto, que três são as hipóteses de incidência do inciso I: remunerações, ganhos habituais sobre a forma de utilidades e adiantamentos decorrentes de reajuste salarial. Para tanto, em obediência ao art. 110 do CTN, iremos buscar o alcance das expressões constantes em tais hipóteses de incidência na legislação trabalhista. Assim, remuneração será aquilo que a CLT assim o considera. Sistematizando o conteúdo dos arts. 457 e 458 do código trabalhista, temos que remuneração é gênero do qual o salário lato sensu e as gorjetas são espécies. Ao seu turno, o salário lato sensu compreende o salário stricto sensu, as comissões, as porcentagens, as diárias e ajudas de custo que ultrapassam 50% do salário stricto sensu, as gratificações ajustadas, os abonos e as utilidades não excepcionadas pela lei trabalhista. A essa altura podemos concluir que as utilidades excepcionadas pela CLT não estão abrangidas pelo conceito de remuneração. No entanto, conforme esclarecido anteriormente, a Constituição autorizou a incidência da contribuição previdenciária não só sobre a remuneração como também sobre os ganhos habituais dos empregados a qualquer título, ao passo que a Lei 8.212/91 instituiu a incidência da contribuição das empresas sobre os ganhos habituais dos empregados sob a forma de utilidades. No que tange aos fornecimentos de planos de saúde quis a CLT estabelecer que se trata de utilidade que deve ser excepcionada da noção de salário lato sensu, e, portanto, da noção de remuneração, mas isso não retira sua natureza de utilidade paga aos empregados que, sendo habitual, sofre a incidência da contribuição, conforme autorização constitucional e incidência positivada pela segunda parte do inciso I do art. 22 da Lei 8.212/91. A habitualidade, frisamos, é característica comum nesse tipo de utilidade. Fl. 380DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 380 11 Estando no campo de incidência da contribuição, devemos observar quais os requisitos para a isenção e como devemos interpretálos. Os requisitos da isenção estão insertos no art. 28, §9º, alínea “q”, mas, antes de tomar o conteúdo da norma isencional, cabenos estabelecer nossa metodologia de interpretação. Como sabemos, para a isenção o CTN exige uma interpretação literal, ou seja, veda uma interpretação analógica ou extensiva, preferindo a interpretação restritiva dentro do sentido possível das palavras. Ainda que isso não represente uma exclusividade do método literal ou gramatical na interpretação da isenção – tarefa hermenêutica impossível diante da pluralidade de sentidos do conteúdo de algumas normas isencionais , a interpretação da isenção deve buscar o sentido mais restritivo da norma. Mas restritivo em que? Se adotarmos a corrente doutrinária de Paulo de Barros Carvalho para compreendermos a isenção, teremos que a isenção é a mutilação de um dos aspectos(o autor fala em critérios) do fato gerador – material, espacial, temporal, subjetivo e quantitativo. No caso da isenção da contribuição previdenciária incidente sobre planos de saúde, temos uma situação de mutilação de um aspecto material (ganhos habituais sob a forma da utilidade plano de saúde), se obedecidas determinadas condições. O que devemos esclarecer é em que medida devemos ser restritivos. Restritivos quanto ao aspecto do fato gerador mutilado ou quanto ao requisito eventualmente existente para o gozo da isenção? Considerando que a isenção é categoria técnica de tributação que não pode ser interpretada dissociada dos desígnios constitucionais que permeiam todo o ordenamento jurídico, não seria apropriado que o resultado hermenêutico, a título de obedecer ao comando restritivo, negasse a finalidade da norma isencional que aponta para algum valor constitucionalmente protegido. Isso já nos aponta algum caminho. A finalidade da norma isencional é definida pelo aspecto do fato gerador mutilado e este há de ser restritivo. Mas as eventuais condições da isenção não devem se submeter à uma restrição excessivamente rigorosa advinda da literalidade sob pena de negarmos a finalidade do norma isencional. Logo, se a isenção é, por exemplo, para bolsas de estudo do ensino básico e outras relacionadas com capacitação do profissional, não seria adequado ao comando do art. 111 do CTN, por exemplo, estendermos seu alcance para bolsas de estudo para cursos não regulares e não relacionados diretamente com capacitação do empregado. Ou mesmo não seria adequado ao referido comando a extensão do benefício aos dependentes dos empregados. O mesmo raciocínio vale para a isenção concedida para a assistência à saúde (planos de saúde). Eis a maneira de aplicarmos a interpretação restritiva para a isenção. De outro lado, se o benefício está dentro do alcance normal previsto na norma, mas vem a ser questionado quanto ao atendimento das condições legais, podemos interpretar estas considerando a razoabilidade para que não nos afastemos da finalidade para a qual a isenção foi criada sem que isso representa uma ofensa ao art. 111 do CTN. Para prosseguirmos, vejamos o texto legal: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: Fl. 381DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 381 12 (...) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)); Como podemos extrair do dispositivo isencional, o requisito único é que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. O requisito de que todos os empregados e dirigentes devem ter acesso ao benefício parecenos que pretende afastar a discriminação odiosa, aquela que não guarda, seguindo as lições de Celso Antonio Bandeira de Mello, “correlação lógica entre o fator erigido em critério de discrímen e a discriminação legal decidida em função dele” (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. O Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros , 2001, p. 37). Se a empresa adota como critério de discrímen para a concessão ou não do benefício o cargo ocupado, isso representa à toda vista, uma discriminação injustificada, pois o cargo não possui qualquer relação lógica com a necessidade ou não de uma maior capacitação para o trabalho, pois, afinal, todos os cargos serão melhor desempenhados se os empregados que os exercem alcançarem maior capacitação. Por outro lado, se a empresa coloca como discrímen um tempo mínimo de trabalho na empresa – um ano, por exemplo – é fácil concluir que tal discrímen possui relação lógica com a melhor capacitação para o trabalho daqueles empregados que já revelam a intenção de permanecer prestando serviço ao empregador que lhe concede o benefício. No caso dos autos o que se discute é o pagamento avulso de despesas hospitalares e exames a membros da diretoria e o fornecimento do benefício aos dependentes. Com relação às despesas hospitalares e exames, concordamos com o que afirmado pela fiscalização em fls. 324: "Como esses exames específicos não foram disponibilizados para a TOTALIDADE dos empregados da CISA e apenas para empregados em níveis mais graduados, os valores pagos se configuram como saláriodecontribuição e, portanto, base de cálculo de contribuições previdenciárias." Logo, votamos por manter no lançamento o levantamento EM. Quantos ao benefício oferecido aos dependentes, já nos manifestamos acima que representa violação do texto legal, portanto, votamos por manter na base de cálculo os levantamentos SS e SS1. Fl. 382DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 382 13 Contribuição para financiamento do SAT. Efeitos do Parecer PGFN 2.120/2011. Quanto ao argumento da ilegalidade da cobrança da contribuição devida ao SAT — Seguro de Acidente de Trabalho, em razão da reserva à lei para estabelecer os conceitos de atividade preponderante e grau de risco de acidente de trabalho não confiro razão à recorrente. A exigência da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho é prevista no art. 22, II da Lei no. 8.212/1991, alterada pela Lei no. 9.732/1998, nestas palavras: Art.22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: ... II para o financiamento do beneficio previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no. 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei n°9.732, de 11/12/98) a) I% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. Regulamenta o dispositivo acima transcrito o art. 202 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999, vigente à época dos fatos, nestas palavras: Art.202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer titulo, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: I um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; Fl. 383DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 383 14 II dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou III três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. § 1° As alíquotas constantes do caput serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, respectivamente, se a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa ensejar a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição. § 2° O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 3° Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. § 3º Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. § 4° A atividade econômica preponderante da empresa e os respectivos riscos de acidentes do trabalho compõem a Relação de Atividades Preponderantes e correspondentes Graus de Risco, prevista no Anexo V. § 5° O enquadramento no correspondente grau de risco é de responsabilidade da empresa, observada a sua atividade econômica preponderante e será feito mensalmente, cabendo ao Instituto Nacional do Seguro Social rever o autoenquadramento em qualquer tempo. ... § 10. Será devida contribuição adicional de doze, nove ou seis pontos percentuais, a cargo da cooperativa de produção, incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada ao cooperado filiado, na hipótese de exercício de atividade que autorize a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pelo Decreto n°4.729/2003) § 11. Será devida contribuição adicional de nove, sete ou cinco pontos percentuais, a cargo da empresa tomadora de serviços de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, conforme a atividade exercida pelo Fl. 384DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 384 15 cooperado permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pelo Decreto n°4.729/2003) § 12. Para os fins do § 11, será emitida nota fiscal ou fatura de prestação de serviços específica para a atividade exercida pelo cooperado que permita a concessão de aposentadoria especial. (Redação dada pelo Decreto n°4.729/2003). ... Quanto ao argumento de ilegalidade de o Decreto definir os conceitos de "atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio ou grave", repelese tal argüição na medida em que a lei fixou padrões e parâmetros, deixando para o regulamento a delimitação dos conceitos necessários à aplicação concreta da norma. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça já assentou jurisprudência no sentido da legalidade da fixação da alíquota por meio de Decreto. Transcrevemos um Acórdão nesse sentido: “REsp. 386.028RS, D.J. 17.11.2003, Rel. Min. Castro Meira ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO. SAT. GRAU DE RISCO. 1. É legítimo o estabelecimento, por Decreto, do grau de risco, com base na atividade preponderante da empresa. 2. Recurso Especial parcialmente conhecido e improvido." Estabelecida a legalidade da definição dos graus de risco por meio de Decreto, restanos definir outro ponto que é suscitado sobre o assunto: o grau de risco deve ser aferido por estabelecimento ou na totalidade da empresa? A controvérsia, a despeito da explícita referência do art. 22, inciso II, alíneas “a”, “b” e “c”, bem do art. 202 do Decreto 3.048/99 a atividade preponderante da empresa – e não do estabelecimento , é alimentada pela existência da Súmula 351 do STJ que tem o seguinte conteúdo: “A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.” Para compreendermos os fundamentos do surgimento de tal súmula, pesquisamos os precedentes que ensejaram a sua origem. Notamos que em todos eles há uma cadeia de citações de decisões que acabam por ter como origem comum Acórdãos do antigo Tribunal Federal de Recursos (TFR) que se referiam ao regime jurídico da referida exação antes da edição da Lei 8.212/91, especialmente a Lei 6.367/76 e o Decreto 83.081/79. Fl. 385DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 385 16 Verificamos que o art. 15 da Lei 6.367/76 transferiu para o poder regulamentar a competência de classificar os três graus de risco segundo “ a atual experiência de risco”, in verbis: Art. 15. O custeio dos encargos decorrentes desta lei será atendido pelas atuais contribuições previdenciárias a cargo da União, da empresa e do segurado, com um acréscimo, a cargo exclusivo da empresa, das seguintes percentagens do valor da folha de salário de contribuição dos segurados de que trata o Art. 1º: I 0,4% (quatro décimos por cento) para a empresa em cuja atividade o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II 1,2% (um e dois décimos por cento) para a empresa em cuja atividade esse risco seja considerado médio; III 2,5% (dois e meio por cento) para a empresa em cuja atividade esse risco seja considerado grave. § 1º O acréscimo de que trata este artigo será recolhido juntamente com as demais contribuições arrecadadas pelo INPS. § 2º O Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) classificará os três graus de risco em tabela própria organizada de acordo com a atual experiência de risco, na qual as empresas serão automaticamente enquadradas, segundo a natureza da respectiva atividade Exercendo sua função regulamentadora, o Decreto 83.081/79 trazia textualmente como parâmetro para a definição do grau de risco a separação por CGC, conforme pode ser observado em seu art. 40, a seguir reproduzido: Art. 40. Para os efeitos do artigo 38, a empresa se enquadrará na tabela do Anexo I em relação a cada estabelecimento como tal caracterizado pelo Cadastro Geral de Contribuintes CGC do Ministério da Fazenda. § 1º Quando a empresa ou o estabelecimento com CGC próprio, que a ela se equipara, exercer mais de uma atividade, o enquadramento se fará em função da atividade preponderante. § 2º Para os efeitos do § 1º, considerase atividade preponderante a que ocupa o maior número de segurados. Seguindo tais dispositivos, o TFR assentou entendimento de que era o CGC de cada estabelecimento que determinava o grau de risco das empresas, sendo que, existindo um único CGC, deverseia apurar a atividade preponderante. Fácil notar que nenhum esforço hermenêutico foi necessário para tanto, pois o então Decreto regulamentador já previa que a classificação seria feita por estabelecimento com CGC próprio. Fl. 386DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 386 17 Ocorre que o regime jurídico da contribuição para financiamento do Seguro de Acidente do Trabalho foi modificado com a entrada em vigor da Lei 8.212/91. A nova lei, além de ampliar a destinação dos recursos da contribuição para o financiamento de todos os benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, faz referência à atividade preponderante em seu art. 22. Por seu turno, o Decreto 3.048/99, ao exercer a função regulamentadora, não trouxe mais como critério a separação por CGC ou CNPJ, tendo preferido explicitar seu conceito de atividade preponderante em toda a empresa. Logo, com a mudança do regime jurídico, restaram superados os fundamentos da jurisprudência do antigo TFR e, por conseqüência, os fundamentos jurídicos que ensejaram o surgimento da Súmula 351 do STJ, posto que toda a argumentação dos Ministros do STJ nos precedentes da referida súmula amparamse nas superadas decisões do TFR. Mesmo reconhecendo a necessidade de ser preservada a segurança jurídica que as súmulas ajudam a concretizar, não podemos assumir que as decisões judiciais prevaleçam sobre as leis que lhe são posteriores. Modificada a lei que dava fundamento à Súmula, e não tendo esta força vinculante, desaparece sua força como instrumento que viabiliza a segurança jurídica. Por mais que entendamos que o grau de risco a que os trabalhadores estão expostos é melhor avaliado por atividade ou por estabelecimento, com o atual regime jurídico aplicável ao assunto, estaríamos decidindo em ofensa à legislação e, portanto, com desprestígio da segurança jurídica, se tomássemos como critério o estabelecimento ou a atividade dentro de um mesmo estabelecimento. Se o Decreto 3.048/99 regulamentou o grau de risco sem extrapolar os limites do poder regulamentar, como entendemos ser o caso, suas determinações sobre o assunto devem ser acatadas. Assim, a atividade preponderante é aquela que, na empresa, ocupa o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, em consonância com o §3º do art. 202 do Decreto 3.048/99. Definida a atividade preponderante, a alíquota aplicável na incidência da contribuição será definida pela consulta à tabela do Anexo V do mesmo Decreto. A posição acima registrada diz respeito ao mérito da discussão sem considerar os efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002 e o princípio da eficiência. A respeito da incidência da contribuição previdenciária sobre o seguro em vida em grupo temos que considerar o teor do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.120/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda em Despacho de 24/11/2011, que concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, com relação às ações judiciais que discutam a aplicação da alíquota da contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro. Diante da existência do Parecer PGFN aprovado pelo Ministro da Fazenda, ocorrerão os efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, in verbis: Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro Fl. 387DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 387 18 fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) I matérias de que trata o art. 18; II matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que atuar no feito deverá, expressamente, reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta, hipótese em que não haverá condenação em honorários, ou manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da decisão judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) § 2o A sentença, ocorrendo a hipótese do § 1o, não se subordinará ao duplo grau de jurisdição obrigatório. § 3o Encontrandose o processo no Tribunal, poderá o relator da remessa negarlhe seguimento, desde que, intimado o Procurador da Fazenda Nacional, haja manifestação de desinteresse. § 4o A Secretaria da Receita Federal não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que trata o inciso II do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) § 5o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) Do dispositivo acima transcrito, extraímos a conclusão de que a Secretaria da Receita Federal do Brasil irá rever de ofício o lançamento que tratar de matérias objeto de parecer da PGFN aprovado pelo Ministro. Ou seja, ainda que o CARF decida pela manutenção do lançamento nesse aspecto, o crédito tributário não prevalecerá para inscrição em dívida ativa. Se insistirmos em expressar nossa posição de mérito em Acórdão do Colegiado, tal ato administrativo restará desprovido de finalidade e em dissonância com o princípio da eficiência. Portanto, mesmo não concordando com as conclusões do referido Parecer PGFN, adotaremo las para evitarmos a emissão de um ato administrativo (Acórdão) sem finalidade e em homenagem ao princípio da eficiência. Assim, votamos por permitir que a alíquota do SAT seja aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ. Fl. 388DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 388 19 Seguro de vida em grupo. Requisitos para isenção e situações para aplicação do Parecer PGFN 2.119/2011. Iniciamos a análise sobre a incidência da contribuição previdenciária instituída pela Lei 8.212/91 sobre pagamentos de seguro de vida tomando o dispositivo constitucional que outorgou competência para a União instituir tal contribuição. Os dispositivos que tratam do assunto estão, primordialmente, no art. 195, no entanto, não podemos desconhecer o conteúdo do §art. 201 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Fl. 389DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 389 20 Como se vê, a Constituição conferiu competência à União para instituir contribuição para financiar a seguridade social – incluída nesta a previdência social, conforme o caput do art. 194 – que pode incidir, no caso do empregador, sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho; e, no caso, do trabalhador, sobre base de cálculo com relação à qual não houve expressa previsão de limites. Importante atentar para o fato de o §11º do art. 2001 ter autorizado a instituição de incidência da contribuição previdenciária sobre os ganhos habituais a qualquer título. Portanto, para as contribuições previdenciárias, temos que, desde pelo menos a edição da emenda 20/98, a incidência destas estava autorizada, entre outros, para os seguintes fatos geradores: · No caso dos empregadores, sobre a folha de salários e demais itens remuneratórios(rendimentos) pagos à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, bem como sobre os ganhos habituais do empregado pagos a qualquer título; · No caso dos trabalhadores, não há expressa delimitação dos fatos geradores. Como é cediço, a constituição apenas autoriza a criação de tributos, deixando para a Lei Ordinária do ente federativo a tarefa de criar a exação autorizada pelo Texto Magno. No caso das contribuições para a seguridade social, é a Lei 8.212/91 que cumpre esse papel de forma mais específica, apesar de existirem outras contribuições destinadas a financiar a seguridade social criadas por outras leis(PIS, COFINS e CSLL, por exemplo). A referida lei determinou, em seu art. 11, que os empregadores, a quem denominou de empresas, seriam contribuintes de contribuições sociais “incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço”(parágrafo único, alínea “a”)., sendo segurados aquelas pessoas enumeradas no art. 12. Para os trabalhadores, a lei definiu que a contribuição incidiria o saláriodecontribuição, sendo este definido no art. 28. A definição das hipóteses de incidência da contribuição das empresas é encontrada no art. 22, o qual em seus quatro incisos estabelece a incidência de uma contribuição previdenciária geral sobre a remuneração dos empregados, uma contribuição previdenciária relacionada aos riscos do trabalho, uma contribuição previdenciária sobre contribuintes individuais e uma contribuição previdenciária devida sobre pagamentos a cooperativas de trabalho. Interessanos para o momento a contribuição previdenciária das empresas cuja hipótese está presente no inciso I do art. 22, in verbis: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de Fl. 390DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 390 21 utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999) Analisando o referido dispositivo, podemos constatar, portanto, que três são as hipóteses de incidência do inciso I: remunerações, ganhos habituais sobre a forma de utilidades e adiantamentos decorrentes de reajuste salarial. Logo, cabenos verificar se os pagamentos feitos pelo empregador a título de seguro de vida estão alcançados por algumas incidências do inciso I do art. 22. Para tanto, em obediência ao art. 110 do CTN, iremos buscar, em relação aos empregados, o alcance das expressões constantes em tais hipóteses de incidência na legislação trabalhista. Assim, remuneração será aquilo que a CLT assim o considera. Sistematizando o conteúdo dos arts. 457 e 458 do código trabalhista, temos que remuneração é gênero do qual o salário lato sensu e as gorjetas são espécies. Ao seu turno, o salário lato sensu compreende o salário stricto sensu, as comissões, as porcentagens, as diárias e ajudas de custo que ultrapassam 50% do salário stricto sensu, as gratificações ajustadas, os abonos e as utilidades não excepcionadas pela lei trabalhista. A essa altura podemos concluir que as utilidades excepcionadas pela CLT não estão abrangidas pelo conceito de remuneração. No entanto, conforme esclarecido anteriormente, a Constituição autorizou a incidência da contribuição previdenciária não só sobre a remuneração como também sobre os ganhos habituais dos empregados a qualquer título, ao passo que a Lei 8.212/91 instituiu a incidência da contribuição das empresas sobre os ganhos habituais dos empregados sob a forma de utilidades. No que tange aos pagamentos de seguro de vida, quis a CLT estabelecer que se trata de utilidade que deve ser excepcionada da noção de salário lato sensu, e, portanto, da noção de remuneração, mas isso não retira sua natureza de utilidade paga aos empregados que, sendo habitual, sofre a incidência da contribuição, conforme autorização constitucional e incidência positivada pela segunda parte do inciso I do art. 22 da Lei 8.212/91. Sabendo da dificuldade de conceituarmos o que é habitual, adotaremos a habitualidade como a qualidade daquilo que é freqüente, que é repetido muitas vezes, o que implica tomarmos como habitual aquilo que é, ou poderá ser, repetido mais de três vezes durante a duração do contrato de trabalho. No caso em tela, os pagamentos de seguro de vida preenchem tal requisito, portanto consideramos que são ganhos habituais, ou seja, são ganhos habituais sob a forma de utilidade que sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Estando no campo de incidência, foi instituída uma isenção por meio da norma do art. 214, §9º, inciso XXV do Regulamento da Previdência Social(RPS): Art. 214. Entendese por saláriodecontribuição: Fl. 391DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 391 22 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente: (...) XXV o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a prêmio de seguro de vida em grupo, desde que previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9o e 468 da Consolidação das Leis do Trabalho. (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999) Portanto, são requisitos da isenção: previsão em acordo coletivo e estar disponível à totalidade dos empregados e dirigentes. A posição acima registrada diz respeito ao mérito da discussão sem considerar os efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002 e o princípio da eficiência. A respeito da incidência da contribuição previdenciária sobre o seguro em vida em grupo temos que considerar o teor do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.119/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda em Despacho de 04/11/2011, que concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que discutam a incidência de contribuição previdenciária quanto ao seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor do grupo de empregados, sem que haja a individualização do montante que beneficia a cada um deles. Diante da existência do Parecer PGFN aprovado pelo Ministro da Fazenda, ocorrerão os efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, in verbis: Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) I matérias de que trata o art. 18; II matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que atuar no feito deverá, expressamente, reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta, hipótese em que não haverá condenação em honorários, ou manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da decisão judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) Fl. 392DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 392 23 § 2o A sentença, ocorrendo a hipótese do § 1o, não se subordinará ao duplo grau de jurisdição obrigatório. § 3o Encontrandose o processo no Tribunal, poderá o relator da remessa negarlhe seguimento, desde que, intimado o Procurador da Fazenda Nacional, haja manifestação de desinteresse. § 4o A Secretaria da Receita Federal não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que trata o inciso II do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) § 5o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) Do dispositivo acima transcrito, extraímos a conclusão de que a Secretaria da Receita Federal do Brasil irá rever de ofício o lançamento que tratar de matérias objeto de parecer da PGFN aprovado pelo Ministro. Ou seja, ainda que o CARF decida pela manutenção do lançamento nesse aspecto, o crédito tributário não prevalecerá para inscrição em dívida ativa. Se insistirmos em expressar nossa posição de mérito em Acórdão do Colegiado, tal ato administrativo restará desprovido de finalidade e em dissonância com o princípio da eficiência. Portanto, mesmo não concordando com as conclusões do referido Parecer PGFN, adotaremo las para evitarmos a emissão de um ato administrativo (Acórdão) sem finalidade e em homenagem ao princípio da eficiência. Assim, quando tratamos de contribuição previdenciária incidente sobre seguro de vida em grupo, consideraremos que o seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor do grupo de empregados, sem que haja a individualização do montante que beneficia a cada um deles, não integra a base de cálculo da contribuição. In casu, a fiscalização não trouxe elementos que demonstrem que há individualização do montante que beneficia a cada um dos empregados, portanto não há como negarmos a aplicação das conclusões do Parecer PGFN 2.119/2011. Logo, votamos por excluir da base de cálculo da contribuição previdenciária os levantamentos SV e SV1. Levantamento DA. Pagamentos a despachantes aduaneiros por meio de Sindicatos de Despachantes Aduaneiros (SDA) A fiscalização apontou que a recorrente contratou serviços de despachantes aduaneiros e os remunerou por meio de SDA, conforme determina o art. 5º, §2º do Decretolei 2.472/88, sendo que estes são responsáveis pela retenção do imposto de renda. No entanto, a legislação nada fala sobre a contribuição previdenciária, deixando,portanto, prevalecer a regra geral estabelecida pela Lei 8.212/91 nesse tipo de serviço. Logo, os serviços de despachantes Fl. 393DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 393 24 remunerados por meio de SDA submetemse à incidência da contribuição previdenciária por serem pagamentos a contribuintes individuais. Assim, não vemos reparos a fazer no lançamento no que tange ao levantamento DA. Levantamentos RZ, CG e CG1. Serviços de despachante aduaneiro contratados com comissária de despachos. A fiscalização concluiu que a legislação prevê que a contratação de serviços de despachante aduaneiro com comissária de despachos exige que o serviço seja prestado somente pelos sócios dirigentes desta que sejam habilitados. No entanto, se um profissional é empregado da comissária e esta presta serviços, não pode existir incidência da contribuição prevista para prestação de serviço de contribuinte individual, uma vez que não é nessa condição que o serviço foi prestado. O profissional prestou serviço para a comissária como empregado e esta detinha um contrato com a recorrente. Esse caso em tudo se assemelha à prestação de serviços de um escritório de advocacia na qual é o escritório que possui vínculo contratual com a contratante, mas o serviço é prestado por um profissional habilitado empregado do escritório. O profissional que prestou o serviço não possui qualquer vínculo contratual com a contratante e não age como contribuinte individual e sim como empregado da comissária. Logo, inexigível a contribuição prevista no art.22, inciso II da Lei 8.212/91 se o despachante que presta o serviço é empregado da comissária. Assim, como a despachante Rozemárcia era empregada da comissária Abrão, o levantamento RZ não pode prevalecer. No caso dos levantamento CG e CG 1, o Sr. Carlos Ribeiro Grijó era sócio da FullCargo e possuía habilitação de despachante. Se a recorrente mantinha contrato com a FullCargo, como a própria fiscalização admitiu, o fato de as procurações estarem nominais ao profissional não desnatura a contratação, uma vez que é praxe nesse tipo de serviço a identificação do profissional habilitado no mandato. A possibilidade de ter ocorrido fraude na hipótese de o serviço não ser prestado por intermédio da comissária da qual o profissional era sócio devia ter sido provada pela fiscalização com outros elementos e não simplesmente com a procuração nominal ao profissional. A exigência de que o profissional seja sócio dirigente não tem relação com a incidência da contribuição e sim com a possibilidade de a empresa ser considerada comissária de despachos. Assim, votamos por afastar do lançamento o levantamento CG e CG1, uma que o serviço foi prestado por comissária de despacho com uso de profissional que era seu sócio. Fl. 394DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 15586.000807/201066 Acórdão n.º 2301004.098 S2C3T1 Fl. 394 25 Tendo a fiscalização apurado que foram pagas verbas remuneratórias e que estas não compunham as folhas de pagamento, encontrase em conformidade com a legislação a aplicação de multa por ter o contribuinte deixado de exibir qualquer documento ou livro relacionados com as contribuições previstas na Lei, ou apresentar documento ou livro que não atenda as formalidades legais exigidas, que contenha informação diversa da realidade ou que omita a informação verdadeira. a seu serviço, conforme previsto no art. 33 da Lei 8.212/91. Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO L ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Fl. 395DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MAURO JOSE SILVA
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Numero do processo: 14337.000120/2010-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2005 a 30/04/2008
DO RECURSO DE OFÍCIO. NEGADO.
Quando a decisão de primeira instância está devidamente consubstanciada no arcabouço jurídico-tributário, o recurso de ofício será negado.
SEGURADOS EMPREGADOS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA APURADA COM BASE EM DIRF. AFERIÇÃO INDIRETA. FALTA DE MOTIVAÇÃO.
A apuração de contribuição previdenciária com base em Dirf entregue pela fonte pagadora configura aferição indireta, hipótese que só se admite em caso de falta de apresentação ou apresentação deficiente de documentos relacionados com as contribuições previdenciárias. Nos autos, está ausente a motivação fática para a utilização desse método excepcional de apuração das contribuições previdenciárias.
DO RECURSO VOLUNTÁRIO.
BOLSA DE ESTUDOS. CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO COM EXTENSÃO A TODOS OS FUNCIONÁRIOS DA RECORRENTE. NÃO INCIDÊNCIA.
A concessão de bolsas de estudos a empregados, mesmo em se tratando de cursos de graduação e pós-graduação, desde que extensivo a todos, insere-se na norma de não incidência.
Não houve a caracterização do fato gerador sobre a verba paga a título de auxílio-educação (bolsa de estudos) aos segurados empregados.
AUXÍLIO-EDUCAÇÃO. CONCEDIDO AOS DEPENDENTES DOS SEGURADOS EMPREGADOS. NÃO INCIDÊNCIA. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS FAVORÁVEL. APLICAÇÃO EM PROCESSO PENDENTE JULGAMENTO.
A concessão de bolsas de estudo e de material escolar aos empregados e aos dependentes, mesmo em se tratando de cursos de graduação e pós-graduação, desde que atenta os requisitos da legislação previdenciária, insere-se na norma de não incidência.
Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a averiguação da concessão do auxílio-educação aos segurados empregados e aos dependentes, faz-se necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior.
MULTA DE MORA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO FATO GERADOR.
O lançamento reporta-se à data de ocorrência do fato gerador e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, aplica-se a multa de mora nos percentuais da época (redação anterior do artigo 35, inciso II da Lei 8.212/1991), limitando-se ao percentual máximo de 75%.
Recurso de Ofício Negado. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.164
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir os valores relativos à bolsa de estudos e, com relação aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitando-se ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei 9.430/1996. Vencida a conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis que votou pela manutenção da multa integral.
Julio Cesar Vieira Gomes - Presidente
Ronaldo de Lima Macedo - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente o conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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ARBITRAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrentes ALUNORTE ALUMINA DO NORTE DO BRASIL S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2005 a 30/04/2008 DO RECURSO DE OFÍCIO. NEGADO. Quando a decisão de primeira instância está devidamente consubstanciada no arcabouço jurídicotributário, o recurso de ofício será negado. SEGURADOS EMPREGADOS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA APURADA COM BASE EM DIRF. AFERIÇÃO INDIRETA. FALTA DE MOTIVAÇÃO. A apuração de contribuição previdenciária com base em Dirf entregue pela fonte pagadora configura aferição indireta, hipótese que só se admite em caso de falta de apresentação ou apresentação deficiente de documentos relacionados com as contribuições previdenciárias. Nos autos, está ausente a motivação fática para a utilização desse método excepcional de apuração das contribuições previdenciárias. DO RECURSO VOLUNTÁRIO. BOLSA DE ESTUDOS. CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO COM EXTENSÃO A TODOS OS FUNCIONÁRIOS DA RECORRENTE. NÃO INCIDÊNCIA. A concessão de bolsas de estudos a empregados, mesmo em se tratando de cursos de graduação e pósgraduação, desde que extensivo a todos, inserese na norma de não incidência. Não houve a caracterização do fato gerador sobre a verba paga a título de auxílioeducação (bolsa de estudos) aos segurados empregados. AUXÍLIOEDUCAÇÃO. CONCEDIDO AOS DEPENDENTES DOS SEGURADOS EMPREGADOS. NÃO INCIDÊNCIA. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS FAVORÁVEL. APLICAÇÃO EM PROCESSO PENDENTE JULGAMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 33 7. 00 01 20 /2 01 0- 08 Fl. 1332DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 A concessão de bolsas de estudo e de material escolar aos empregados e aos dependentes, mesmo em se tratando de cursos de graduação e pósgraduação, desde que atenta os requisitos da legislação previdenciária, inserese na norma de não incidência. Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a averiguação da concessão do auxílioeducação aos segurados empregados e aos dependentes, fazse necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior. MULTA DE MORA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO FATO GERADOR. O lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, aplicase a multa de mora nos percentuais da época (redação anterior do artigo 35, inciso II da Lei 8.212/1991), limitandose ao percentual máximo de 75%. Recurso de Ofício Negado. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir os valores relativos à bolsa de estudos e, com relação aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitandose ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei 9.430/1996. Vencida a conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis que votou pela manutenção da multa integral. Julio Cesar Vieira Gomes Presidente Ronaldo de Lima Macedo Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente o conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 1333DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de lançamento fiscal decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais, concernente à parcela patronal, incluindo as contribuições para o financiamento das prestações concedidas em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (SAT/GILRAT), para as competências 05/2005 a 04/2008. Também há o lançamento de diferença de acréscimos legais, conforme levantamento DAL Diferença de Acréscimos Legais. O Relatório Fiscal (fls. 144/164) informa que o fato gerador decorre do pagamento de remuneração aos seus segurados empregados e contribuintes individuais. Noticia que o lançamento constituise, nos seguintes levantamentos não declarados em Guia de Recolhimento do FGTS e Informação à Previdência Social (GFIP): 1. SU SALÁRIO UTILIDADE à período 06/2005 a 09/2005 e 12/2005 e 01/2006 a 12/2006, relativo às contribuições previdenciárias patronais, incidentes sobre o salárioutilidade educacional na forma de subsídios à educação, regulamentados em cláusula integrante dos acordos coletivos de trabalho e concedidos aos segurados empregados e a seus dependentes; 2. SU1 SALÁRIO UTILIDADE à referese aos mesmos fatos geradores descritos no levantamento SU, acima, desta feita para as competências 05/2005, 10/2005 e 11/2005, sendo que neste foi aplicado a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento), conforme o disposto no art. 35A, da Lei 8.212/1991, sobre a contribuição líquida apurada, também em observância às disposições contidas na letra “c” do inciso II do art. 106 do CTN; 3. RA REMUNERAÇÃO AFERIDA à 06/2005 a 09/2005 e 12/2005 e 01/2006 a 12/2006, neste levantamento foram lançadas as contribuições patronais, incidentes sobre as remunerações pagas devidas ou creditadas aos segurados empregados, apuradas por aferição indireta com base na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), com base no art. 33, § 3o da Lei 8.212/1991, art. 233 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/1999 e alínea "b" do inciso IV do art. 447 da instrução Normativa RFB n° 971/2009, em razão de diferenças relevantes encontradas quando do confronto entre as remunerações declaradas em DIRF com as informadas nas folhas de pagamento e GFIP, o que em tese indicaria que as informações prestadas pelo sujeito passivo nestes documentos não merecem fé em face das informações prestadas na DIRF; Fl. 1334DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 4. RA1 REMUNERAÇÃO AFERIDA à referese aos mesmos fatos geradores descritos no levantamento RA, acima, desta feita para as competências 05/2005, 10/2005, 11/2005, 13/2005 e 13/2006, sendo que neste foi aplicado a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento), conforme o disposto no art. 35A, da Lei 8.212/1991, sobre a contribuição líquida apurada, também em observância às disposições contidas na letra “c” do inciso II do art. 106 do CTN; 5. IA CONTRIB INDIVIDUAL AFERIDO à período 06/2005 a 09/2005 e 12/2005 e 01/2006 a 12/2006, neste levantamento foram lançadas as contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre as remunerações pagas devidas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais apuradas por aferição indireta com base na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), com base no art. 33, § 3 o da Lei 8.212/1991, art. 233 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/1999 e alínea “b” do inciso IV do art. 447 da instrução Normativa RFB n° 971/2009, em razão de diferenças relevantes encontradas quando do confronto entre as remunerações declaradas em DIRF com as informadas nas folhas de pagamento e GFIP, o que em tese indicaria que as informações prestadas pelo sujeito passivo nestes documentos não merecem fé em face das informações prestadas naqueles; 6. IA CONTRIB INDIVIDUAL AFERIDO à referese aos mesmos fatos geradores descritos no levantamento IA, acima, desta feita para as competências 05/2005, 10/2005 e 11/2005, sendo que neste foi aplicado a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento), conforme o disposto no art. 35A da Lei 8.212/1991, sobre a contribuição líquida apurada, também em observância às disposições contidas na letra “c” do inciso II do art. 106 do CTN. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 31/05/2010 (fls. 01). A autuada apresentou impugnação tempestiva (fls. 172/203), alegando, em síntese: 1. Dos Levantamentos SU e SU1 – SALÁRIO UTILIDADE. Argumenta que as verbas destinadas pela ora requerente à educação de seu corpo funcional, utilizandose da j á célebre expressão que delimita a natureza remuneratória ou não dos valores dependidos, seriam investimentos "para" o trabalho alcançar níveis mais satisfatórios de execução, e não pagamento "pelo" trabalho prestado pelos seus empregados, vez que a postulante ficaria sediada em área que é distante mais de 100 km da Capital do Estado Belém, e que o núcleo urbano mais próximo da cidade de Barcarena, situarseia a 15 km da sede, e caso não disponibilizado o subsídio para o custeio da educação dos empregados e dependentes da requerente, a sua própria atividade operacional restaria irremediavelmente inviabilizada. aduz que o aumento da base de cálculo do salário de contribuição de todo e qualquer empregador que subsidie a qualificação educacional/profissional de seus empregados, além de contrariar frontalmente a legislação aplicável, traduziria uma condição perversa; Fl. 1335DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 4 5 2. Dos Levantamentos RA e RA1 – REMUNERAÇÃO AFERIDA. Do mesmo modo que no item acima, a defendente não admiti o lançamento de diferenças aferidas por meio indireto em razão de disparidades significativas resultantes do cotejo entre as remunerações lançadas na DIRF, as das lançadas em folhas de pagamento e na GFIP, quando foi tomado como base de cálculo aferida a soma mais elevada de remuneração, entre os elementos confrontados, considerando que todas as remunerações dos segurados empregados contidas na GFIP, DIRF e RAIS estariam corretas; 3. Dos Levantamentos IA e IA1 CONTRIB INDIVIDUAL AFERIDO. Quanto a esses levantamentos, referentes a contribuintes individuais alcançados por meio da DIRF, sob a rubrica de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício, alega a defendente que não pode acatar a manutenção deste item por ausência dos recolhimentos devidos sobre os valores pagos ou creditados aos contribuintes individuais aferidos, porquanto, estes realmente não constariam da GFIP, mas teriam sido seus descontos e recolhimentos efetuados, conforme guias pagas que seguem em anexo, as quais, segundo a autuada sequer teriam sido solicitadas pela Fiscalização, cujo simples exame teria afastado a autuação deste item. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Belém/PA – por meio do Acórdão 0121.994 da 5a Turma da DRJ/BEL (fls. 712/730) – considerou o lançamento fiscal improcedente em parte, eis que excluiu os valores pertinentes aos levantamentos “RA e RA1 – Remuneração Aferida”, e interpôs o reexame necessário (recurso de ofício). A Notificada apresentou recurso voluntário, manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados e no mais efetua repetição das alegações da peça de impugnação. A Agência da Receita Federal do Brasil (DRF) em Abaetetuba/PA encaminha os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para processamento e julgamento. É o relatório. Fl. 1336DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator DO RECURSO DE OFÍCIO: Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. O processamento de recurso de ofício está condicionado ao requisito consubstanciado no fato do valor exonerado ser superior à alçada prevista em ato do Ministro da Fazenda. O limite foi estabelecido pela Portaria MF nº 03, de 3 de janeiro de 2008, publicada em 7 de janeiro de 2008, conforme se verifica do trecho abaixo transcrito: Art. 1º. O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). No caso em questão, tratase de lançamento superior ao valor da alçada, razão pela qual o recurso de oficio deve ser conhecido. Pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir delineados, entendo que a decisão recorrida não merece reparo. O Fisco afirma que, com relação aos levantamentos “RA e RA1 – Remuneração Aferida”, estaria lançando contribuições patronais, incidentes sobre as remunerações pagas devidas ou creditadas aos segurados empregados, apuradas por aferição indireta com base na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), com base no art. 33, § 3o da Lei 8.212/1991, em razão de diferenças relevantes encontradas quando do confronto entre as remunerações declaradas em DIRF com as informadas nas folhas de pagamento e GFIP, o que em tese indicaria que as informações prestadas pelo sujeito passivo nestes documentos não merecem fé em face das informações prestadas na DIRF. Ocorre, contudo, que compete ao Fisco a demonstração fática de que a contabilidade e os documentos contábeis da Recorrente não registravam o movimento real das remunerações dos segurados ou ainda que a Recorrente tenha sonegado informações ou documentos que prejudicaram a verificação da ocorrência dos fatos geradores das contribuições previdenciárias, fatos esses não evidenciados nos autos do presente processo. Essa constatação foi noticiada na decisão de primeira instância, nos seguintes termos: “[...] Da mesma forma, noticia o referido RF que foi examinada a escrituração contábil por meio de arquivos digitais, não havendo registro de não apresentação de documentos com levantamento de Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória, no código de fundamentação legal 38, deixar a empresa, de exibir qualquer documento ou livro relacionados com as Fl. 1337DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 5 7 contribuições previstas na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, ou apresentar documento ou livro que não atenda às formalidades legais exigidas, que contenha informação diversa da realidade ou que omita a informação verdadeira, com fundamento na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 33, §§ 2o e 3o, com redação da MP 449, de 03/12/2008, convertida na Lei n° 11.941, de 27/05/2009, combinado com os arts. 232 e 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, tãopouco o registro de levantamento de Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória, relativas a arquivos digitais. Outrossim, não consta dos autos nenhuma informação acerca da desconsideração da Contabilidade da defendente, a qual por sua vez, quando de sua analise, ensejou a lavratura dos levantamentos, SU SALÁRIO UTILIDADE e SU1 – SALÁRIO UTILIDADE apurados por aferição direta, com base, na contabilidade da empresa, mais precisamente com base nas contas contábeis 353014005 Reembolso Educacional e 353037002 Escolares, constante do tópico acima analisado que conclui pela sua manutenção. A fiscalização efetuou seus lançamentos com base em diferenças verificadas nas declarações do contribuinte, no caso com base nos valores contidos em DIRF, código 0561 Rendimentos do Trabalho Assalariado, deduzida a remuneração declarada em GFIP, hipótese perfeitamente possível caso houvesse indícios de que a contabilidade não registra o movimento real das remunerações dos segurados ou ainda que o contribuinte tenha sonegado informações ou documentos que prejudicaram a verificação da ocorrência dos fatos geradores das contribuições previdenciárias, o que não ocorreu no presente caso. Também não se observa nos Termos de Intimação, acostados às fls. 127/128, 132 e 135, qualquer solicitação de esclarecimentos quanto as diferenças encontradas nas DIRF em relação aos segurados empregados. A fiscalização sem a demonstração da indispensável motivação utilizouse de procedimento excepcional para a apuração da base de cálculo do lançamento em questão, qual seja, a aferição indireta, procedimento este que a lei só autoriza quando verificadas as situações previstas nos §§3° e 6o , do artigo 33, da Lei n° 8.212/91. Se a fiscalização teve acesso às folhas de pagamento e a GFIP, documentos utilizados para verificar a base de cálculo das contribuições previdenciárias, deveria justificar de forma clara e precisa os motivos que levaram a desconsideração de tais documentos e não simplesmente efetuar o lançamento de forma indireta, através da DIRF, uma vez que este documento apresenta rendimentos tributáveis pelo imposto de renda, cuja base de cálculo não é 100% idêntica à prevista na legislação previdenciária. Fl. 1338DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 O código de receita 0561 rendimentos do trabalho assalariado, da DIRF, utilizado pela fiscalização, para cotejo com a GFIP, e apuração da base de calculo aferida indiretamente, engloba os seguintes rendimentos tributáveis na fonte, conforme Instrução Normativa SRF n° 493, de 13 de janeiro de 2005, vigente à época dos fatos geradores: (...) Vejase que para a apuração de fatos geradores de contribuições previdenciárias necessário se faz depurar os dados relativos a DIRF e ainda comparálos com a escrita contábil do contribuinte, o que não foi feito, lançando o crédito sem a análise do significado das diferenças encontradas, o que mais uma vez frisese, só poderia ter sido feito caso houvesse recusa do contribuinte em apresentar documentos ou indícios de que a contabilidade não registra o montante real da remuneração dos segurados, o que não restou provado. (...) Constatase, desse modo, que não restou inteiramente comprovado o pressuposto condicionante do arbitramento, ou seja, o motivo que ampare a adoção do procedimento de aferição indireta, qual seja, a demonstração da impossibilidade de produção de provas, que impediria a apuração regular dos fatos geradores de contribuição previdenciária e que autorizaria o arbitramento. [...]” (decisão de primeira instância, Acórdão 0121.994 da 5a Turma da DRJ/BEL) Com isso, o Fisco não demonstrou a motivação fática da utilização da técnica de aferição indireta da base de cálculo (arbitramento), já que as informações constantes da DIRF abrangem várias espécies de pagamentos, dentre elas: o pagamento de salário, inclusive adiantamento de salário a qualquer título, indenização sujeita à tributação, ordenado, vencimento, provento de aposentadoria, reserva ou reforma, pensão civil ou militar, soldo, pro labore, retirada, vantagem, subsídio, comissão, corretagem, benefício (remuneração mensal ou prestação única) da previdência social, privada, de Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e de Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi), remuneração de conselheiro fiscal e de administração, diretor e administrador de pessoa jurídica, de titular de empresa individual, inclusive remuneração indireta, gratificação e participação dos dirigentes no lucro e demais remunerações decorrentes de vínculo empregatício, recebido por pessoa física residente no Brasil. Diante do exposto, a decisão de primeira instância não merece qualquer reparo, eis que ela está em conformidade com a legislação jurídicotributária de regência. DO RECURSO VOLUNTÁRIO: O Recurso é tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. A Recorrente alega que a verba paga a título de bolsa de estudos tem caráter indenizatório e não remuneratório, assim os valores pagos a título dessa verba deverão ser excluídos da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Fl. 1339DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 6 9 Em decorrência dos motivos fáticos e jurídicos a seguir delineados, tal alegação será acatada. O Fisco, para justificar o lançamento, afirma que a verba paga aos segurados empregados, em se tratando de cursos de ensino superior (graduação e pósgraduação), não se estende à concessão de bolsa auxílioeducação prevista na legislação previdenciária, mas apenas com relação à educação básica. Além disso, afirma que deverá haver incidência da contribuição sobre os valores pagos a título de educação com os seus dependentes, nos seguintes termos: “[...] 7.2.1. LEVANTAMENTO SU: SALÁRIO UTILIDADE 7.2.1.1. Neste levantamento encontramse lançadas as bases de cálculo referentes às contribuições previdenciárias a cargo da empresa, não declaradas em GFIP, incidentes sobre salárioutilidade educacional na forma de subsídios à educação, regulamentados em cláusula integrante dos acordos coletivos de trabalho e concedidos aos segurados empregados e aos seus dependentes. (...) 7.2.1.3. De acordo com o explanado no item 6 precedente os gastos da empresa a título de subsídio a educação com os dependentes de seus empregados, incluindose a compra de material escolar, sofrem incidência de contribuições previdenciárias. Assim como, os dispêndios com educação superior (graduação e pósgraduação) dos seus empregados. [...]” (Relatório Fiscal, fls. 144/164) Pois bem, verificase que a fundamentação ápice adotada foi o fato de que a isenção do art. 28, § 9o, alínea “t”, da Lei 8.212/1991 não se estende à concessão de bolsa auxílioeducação em se tratando de cursos de graduação e pósgraduação, mas apenas com relação à educação básica. Essa bolsa de estudo (auxílioeducação) dada aos funcionários, mesmo que seja relativa a cursos de ensino superior e pósgraduação, como se dá no caso dos autos, foi disponibilizada a todos os segurados e, com isso, entendese que deva ser considerada como qualificação profissional vinculada à atividade desenvolvida pela empresa, nos termos da alínea “t” do § 9ºdo art. 28 da Lei 8.212/1991. Lei 8.212/1991: Art. 28 (...) (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei n 9.394, de 20 de Fl. 1340DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (grifo nosso) Na mesma linha, já decidiu esta Corte Administrativa (CARF), conforme se verifica do julgamento do processo 13976.000617/200724, sessão de 23/08/2011, pela Eg. 4a Câmara da 2a Seção de julgamentos, a seguir: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 30/09/2007 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO GFIP APRESENTAÇÃO DE GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Constitui infração, punível na forma da Lei, apresentar a empresa a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto de infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO INOBSERVÂNCIA DE PRECEITO FUNDAMENTAL À VALIDADE DA AUTUAÇÃO INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa a infração e as circunstâncias em que foi praticada, contendo o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada e os critérios de gradação, e indicando local, data de sua lavratura, não há que se falar em nulidade da autuação fiscal posto ter sido elaborada nos termos do artigo 293, Decreto 3.048/1999. PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO. BOLSA DE ESTUDOS NÃO INCIDÊNCIA Não deve incidir contribuição previdenciária em relação à Bolsa de Estudo que vise a qualificação do funcionário, mesmo que destinada ao ensino superior, desde que haja impessoalidade. Recurso Voluntário Provida.” E da mesma forma, também já julgou o Superior Tribunal de Justiça (STJ): PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO CONFIGURADA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BOLSAS DE ESTUDO. NÃO INCIDÊNCIA. Fl. 1341DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 7 11 1. Quanto à análise de pedido formulado em Agravo Regimental, configurandose omissão, devese acolher os aclaratórios para sanála e apreciar a matéria. 2. O entendimento do STJ é pacífico no sentido de que os valores gastos pelo empregador com a educação de seus empregados não integram o saláriodecontribuição; portanto, não compõem a base de cálculo da Contribuição Previdenciária. 3. Embargos de Declaração acolhidos, sem efeito infringente. (EDcl no AgRg no REsp 479.056/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe 02/03/2010) Com relação às bolsas de estudo concedidas aos dependentes (filhos e outros) dos segurados empregados da Recorrente, constatase que os requisitos para a aplicação da regra de isenção estavam previstos no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991, com redação dada pela Lei 9.711/1998, que eram: (i) o valor não poderia ser utilizado em substituição de parcela salarial; e (ii) o plano educacional deveria ser disponibilizado a todos os empregados e dirigentes. Posteriormente, houve alteração dessa regra pela Lei 12.513/2011, modificando os requisitos para a obtenção da isenção, inclusive não exigiu mais o requisito de que o acesso ao plano educacional deveria ser extensivo a todos os empregados (requisito ii), e incluiu, no âmbito da isenção, a concessão de bolsa de estudo aos dependentes dos empregados. Assim, considerando o grau de retroatividade média da norma previsto no art. 106, inciso II, alíneas “a” e “b”, do Código Tributário Nacional (CTN), há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas, que é a inserção dos dependentes dos segurados empregados dentro da regra de isenção. Lei 8.212/1991: Art. 28 (...) (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) t) o valor relativo a plano educacional que vise ao ensino fundamental e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e Fl. 1342DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 tecnológica de empregados, nos termos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) .................................................................................................. ....... Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Mesmo havendo dúvida sobre o correto enquadramento do fato delineado pelo Fisco como campo de incidência da contribuição previdenciária, seja na regra anterior dada pela Lei 9.711/1998 – entendimento capitaneado pelo Fisco –, seja na regra atual dada pela Lei 12.513/2011, fazse necessário realizar uma interpretação sistemática da legislação tributária e, com isso, a retroatividade deverá ser obrigatória, pois, em caso de dúvida, devese adotar a interpretação mais favorável ao sujeito passivo, conforme deixa claro o art. 112, incisos I e II, do CTN. Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (g.n.) III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Conforme se verifica do Relatório Fiscal não fora imputada à Recorrente o fato de que o benefício não era estendido ou acessível a todos os segurados, de modo que não fora verificado o descumprimento de quaisquer outros requisitos da norma isentiva supramencionada. Fica consignado ainda que há precedentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendendo que o auxílioeducação constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado, conforme transcrição abaixo. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIOEDUCAÇÃO. BOLSA DE ESTUDO. VERBA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE BASE DE CÁLCULO DO SALÁRIO DE Fl. 1343DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 8 13 CONTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O STJ tem pacífica jurisprudência no sentido de que o auxílio educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba utilizada para o trabalho, e não pelo trabalho. 2. In casu, a bolsa de estudos é paga pela empresa para fins de cursos de idiomas e pós graduação. 3. Agravo Regimental não provido. (STJ, AgRg no AREsp 182495/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 07/03/2013) Nesse passo, de acordo com o § 2o do art. 458 da CLT, os valores pagos a título de educação não compreendem salário pago aos funcionários, bem como que não há amparo legal para se exigir contribuição sobre esta rubrica. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (...) § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (g.n.) Nesse caminhar, percebese que não houve a caracterização do fato gerador da contribuição previdenciária, incidente sobre a verba paga a título de auxílioeducação (bolsa de estudos, levantamentos SU e SU1SALÁRIO UTILIDADE), eis que os elementos probatórios juntados aos autos apontam que a Recorrente cumpria a regra matriz prevista no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991. Diante desse contexto fático e jurídico, entendese que os valores apurados nos “levantamentos SU e SU1SALÁRIO UTILIDADE” devem ser excluídos do presente lançamento fiscal, eis que o auxílioeducação, concedido pela Recorrente aos segurados empregados e aos seus dependentes (filhos), constitui investimento na qualificação de seus empregados, não podendo ser considerado como salário utilidade. Esse entendimento está consubstanciado na regra prevista no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991, bem como está em consonância com os precedentes jurisprudenciais do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 Com relação levantamentos IA e IA1 CONTRIB INDIVIDUAL AFERIDO, a Recorrente alega que, embora os segurados contribuintes individuais não constem de GFIP, foram feitos os descontos e realizados os recolhimento devidos, o que seria comprovado com a apresentação das guias em anexo. Tal alegação não será acatada, eis que os valores constantes das guias em anexo já foram devidamente apropriados no presente lançamento fiscal, conforme se verifica no Relatório de Documentos Apresentados (RDA) e no Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (RADA), de fls. 32/42. Essa constatação também foi noticiada no Relatório Fiscal (fls. 144/164), informando que foram deduzidos do total do crédito previdenciário todos os recolhimentos efetuados pela empresa no seu CNPJ 05.848.387/0001 54, que constavam dos Sistemas Informatizados da RFB, apresentados ou não à fiscalização. Cumpre esclarecer que, no tocante às Guias da Previdência Social (GPS) recolhidas no NIT das pessoas físicas e no código de pagamento 1007, estas não comprovam o recolhimento pela Recorrente de sua parcela patronal (20%), incidente sobre a remuneração paga por prestação de serviços de contribuintes individuais, os quais deveriam ser recolhidos no próprio CNPJ da empresa (Recorrente) e no código de pagamento 2100. Tais guias, na forma em que foram preenchidas, se prestam a comprovar o recolhimento mensal da parte devida pelos próprios segurados contribuintes individuais, nada impedindo, se for o caso de erro de preenchimento, providenciar a Recorrente a correção das mesmas. Em decorrência dos princípios da autotutela e da legalidade objetiva, no que tange à multa aplicada de 75% sobre as contribuições devidas até a competência 11/2008, entendo que deverá ser aplicada a legislação vigente à época do fato gerador. A questão a ser enfrentada é a retroatividade benéfica para redução ou mesmo exclusão das multas aplicadas através de lançamentos fiscais de contribuições previdenciárias na vigência da Medida Provisória (MP) 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009, mas nos casos em que os fatos geradores ocorreram antes de sua edição. É que a medida provisória revogou o art. 35 da Lei 8.212/1991 que trazia as regras de aplicação das multas de mora, inclusive no caso de lançamento fiscal, e em substituição adotou a regra que já existia para os demais tributos federais, que é a multa de ofício de, no mínimo, 75% do valor devido. Para tanto, devese examinar cada um dos dispositivos legais que tenham relação com a matéria. Prefiro começar com a regra vigente à época dos fatos geradores (art. 35 da Lei 8.212/19911). 1 Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) quatorze por cento, no mês seguinte; c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 9 15 De fato, a multa inserida como acréscimo legal nos lançamentos tinha natureza moratória – era punido o atraso no pagamento das contribuições previdenciárias, independentemente de a cobrança ser decorrente do procedimento de ofício. Mesmo que o contribuinte não tivesse realizado qualquer pagamento espontâneo, sendo portanto necessária a constituição do crédito tributário por meio de lançamento, ainda assim a multa era de mora. A redação do dispositivo legal, em especial os trechos por mim destacados, é muito claro nesse sentido. Não se punia a falta de espontaneidade, mas tão somente o atraso no pagamento – a mora. Contemporâneo à essa regra especial aplicável apenas às contribuições previdenciárias já vigia, desde 27/12/1996, o art. 44 da Lei 9.430/1996, aplicável a todos os demais tributos federais: Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. É certo que esse possível conflito de normas é apenas aparente, pois como se sabe a norma especial prevalece sobre a geral, sendo isso um dos critérios para a solução dessa controvérsia. Para os fatos geradores de contribuições previdenciárias ocorridos até a MP no 449 aplicavase exclusivamente o art. 35 da Lei 8.212/1991. Portanto, a sistemática dos artigos 44 e 61 da Lei 9.430/1996, para a qual multas de ofício e de mora são excludentes entre si, não se aplica às contribuições previdenciárias. Quando a destempo mas espontâneo o pagamento aplicase a multa de mora e, caso contrário, seja necessário um procedimento de ofício para apuração do valor devido e cobrança através de lançamento então a multa é de ofício. Enquanto na primeira se pune o atraso no pagamento, na segunda multa, a falta de espontaneidade. Logo, repetese: no caso das contribuições previdenciárias somente o atraso era punido e nenhuma dessas regras se aplicava; portanto, não vejo como se aplicar, sem observância da regra especial que era prevista no art. 35 da Lei 8.212/1991, a multa de ofício aos lançamentos de fatos geradores ocorridos antes da vigência da Medida Provisória (MP) 449. c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 1346DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 16 Embora os fatos geradores tenham ocorridos antes, o lançamento foi realizado na vigência da MP 449. Por sua vez, o Código Tributário Nacional (CTN) estabelece que o lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Ainda dentro desse contexto, pela legislação da época da ocorrência do fato gerador, seriam duas multas distintas a serem aplicadas pela AuditoriaFiscal: 1. uma relativa ao descumprimento da obrigação acessória – capitulada no Código de Fundamento Legal (CFL) 68 –, com base o art. 32, IV e § 5o, da Lei 8.212/1991, no total de 100% do valor devido, relativo às contribuições não declaradas, limitada em função do número de segurados; 2. outra pelo descumprimento da obrigação principal, correspondente, inicialmente, à multa de mora de 24% prevista no art. 35, II, alínea “a”, da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.876/1999. Tal artigo traz expresso os percentuais da multa moratória a serem aplicados aos débitos previdenciários. Essa sistemática de aplicação da multa decorrente de obrigação principal sofreu alteração por meio do disposto nos arts. 35 e 35A, ambos da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 11.941/2009. Lei 8.212/1991: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (g,n,) .................................................................................................. ....... Lei 9.430/1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Fl. 1347DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14337.000120/201008 Acórdão n.º 2402004.164 S2C4T2 Fl. 10 17 Em decorrência da disposição acima, percebese que a multa prevista no art. 61 da Lei 9.430/96, se aplica aos casos de contribuições que, embora tenham sido espontaneamente declaradas pelo sujeito passivo, deixaram de ser recolhidas no prazo previsto na legislação. Esta multa, portanto, se aplica aos casos de recolhimento em atraso, que não é o caso do presente processo. Por outro lado, a regra do art. 35A da Lei 8.212/1991 (acrescentado pela Lei 11.941/2009) aplicase aos lançamentos de ofício, que é o caso do presente processo, em que o sujeito passivo deixou de declarar fatos geradores das contribuições previdenciárias e consequentemente de recolhêlos, com o percentual 75%, nos termos do art. 44 da Lei 9.430/1996. Lei 8.212/1991: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996. (g.n.) Assim, não havendo o recolhimento da obrigação principal não declarada em GFIP, passou a ser devida a incidência da multa de ofício de 75% sobre o valor não recolhido, como segue: Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Entretanto, não há espaço jurídico para aplicação do art. 35A da Lei 8.212/1991 em sua integralidade, eis que o critério jurídico a ser adotado é do art. 144 do CTN (tempus regit actum: o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada). Dessa forma, entendo que, para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, aplicase a multa de mora nos percentuais da época (redação anterior do artigo 35, inciso II, da Lei 8.212/1991), limitando a multa ao patamar de 75% previsto no art. 44 da Lei 9.430/1996. Embora a multa prevista no art. 35 da Lei 8.212/1991 (antes da alteração promovida pela Lei 11.941/2009) seja mais benéfica na atual situação em que se encontra a presente autuação, caso esta venha a ser executada judicialmente, poderá ser reajustada para o patamar de até 100% do valor principal. Neste caso, considerando que a multa prevista pelo art. 44 da Lei 9.430/1996 limitase ao percentual de 75% do valor principal e adotando a regra interpretativa constante do art. 106 do CTN, deve ser aplicado o percentual de 75% caso a multa prevista no art. 35 da Lei 8.212/1991 (antes da alteração promovida pela Lei 11.941/2009) supere o seu patamar. Fl. 1348DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 18 CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso de ofício e NEGARLHE PROVIMENTO. E, CONHECER do recurso voluntário e DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para reconhecer que: (i) sejam excluídos, em sua totalidade, os valores apurados nos levantamentos SU e SU1SALÁRIO UTILIDADE, oriundos de auxílioeducação; e (ii) com relação aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitandose ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei 9.430/1996, nos termos do voto. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 1349DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 10980.013297/2007-15
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - EXISTÊNCIA DE OMISSÃO - ACOLHIMENTO.
Verificada a decisão embargada continha omissão entre suas razões de decidir e as provas dos autos, é de se conhecer os embargos de declaração opostos.
DEDUÇÃO. DESPESAS DEPENDENTE. INSTRUÇÃO.
Restabelece-se a dedução de pagamentos de despesas com dependente, e com sua instrução, quando o contribuinte provar a relação de dependência, e que realizou tais pagamentos.
Embargos Acolhidos.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido.
Numero da decisão: 2801-003.649
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para retificar o Acórdão nº 280101.845, de 25/08/2011, esclarecendo a omissão apontada, e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso no que tange ao restabelecimento das deduções de despesas com a dependente Laura Fernandes Chagas no valor de R$ 1.272,00, bem como a relativa à instrução da mesma, no valor de R$ 1.770,00, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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Verificada a decisão embargada continha omissão entre suas razões de decidir e as provas dos autos, é de se conhecer os embargos de declaração opostos. DEDUÇÃO. DESPESAS DEPENDENTE. INSTRUÇÃO. Restabelecese a dedução de pagamentos de despesas com dependente, e com sua instrução, quando o contribuinte provar a relação de dependência, e que realizou tais pagamentos. Embargos Acolhidos. Recurso Voluntário Parcialmente Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para retificar o Acórdão nº 280101.845, de 25/08/2011, esclarecendo a omissão apontada, e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso no que tange ao restabelecimento das deduções de despesas com a dependente Laura Fernandes Chagas no valor de R$ 1.272,00, bem como a relativa à instrução da mesma, no valor de R$ 1.770,00, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 32 97 /2 00 7- 15 Fl. 150DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 19/ 08/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10980.013297/200715 Acórdão n.º 2801003.649 S2TE01 Fl. 151 2 Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fl. 146 deste processo digital) opostos pela Recorrente em face do Acórdão nº 280101.845 (fls. 126/132 deste processo digital), por meio do qual este Colegiado, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário interposto. Cientificada em 15/08/2012 (Fls.145), a Recorrente apresentou Embargos de Declaração em 20/08/2012 (Fls.146). Insurgese a embargante, argumentando que o relator do acórdão embargado não considerou a apresentação do documento de identidade de sua filha, Laura Fernandes Chagas (Fls. 46), sendo portanto omisso ao não apreciar o documento, tendo em vista que este comprova a filiação e a dependência. Conforme despacho de fls. 148/149, os embargos foram acolhidos para corrigir a omissão acima relatada. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço dos embargos, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. No caso, o lançamento é decorrente de suposta dedução indevida de dependentes e instrução destes, por falta de comprovação. Os julgadores do acórdão embargado entenderam por dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto pela ora Embargante para restabelecer deduções no montante de R$7.000,76, por entender que foram devidamente comprovadas as despesas com dependente, no valor R$1.272,00, às despesas com instrução, no valor de R$3.996,00, e as despesas médicas, no valor de R$1.732,76. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 19/ 08/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10980.013297/200715 Acórdão n.º 2801003.649 S2TE01 Fl. 152 3 No tocante às dedução das despesas de Laura Fernandes Chagas foram mantidas as glosas tendo em vista que se entendeu que não havia sido apresentada nenhuma prova da relação de dependência desta para com a Embargante. Porém, verificase que a interessada juntou o documento de identidade de Laura Fernandes Chagas, que repousa à Fls.46, e no qual consta a filiação da menor. O documento acima mencionado é hábil, sem dúvidas, para comprovar a dependência antes questionada e não foi devidamente considerado quando da análise do conjunto probatório. A recorrente também anexou os comprovantes de pagamento das despesas com instrução da menor Laura Fernandes Chagas. (mensalidades da ASSOCIAÇÃO FRANC. DE E. S. BOM JESUS ÁGUA VERDE). Ocorre que analisandose os documentos de fls. 65 à 71, extraise que o sacado das despesas com a instrução da menor é o Sr. Pedro Chagas Neto, que foi o responsável pelo pagamento de sete mensalidades. A sra. Fabiana Fernandes apenas aparece como sacada em 4 mensalidades referentes à instrução da menor, conforme docs. presentes às fls. 72 à 75, que totalizam o valor de R$ 1.770,00 (mil setecentos e setenta reais). Sendo assim, apenas foi comprovado o pagamento das despesas com instrução de Laura Fernandes pela recorrente no valor de R$ 1.770,00. Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por acolher os embargos de declaração para retificar o Acórdão nº 280101.845, de 25/08/2011, esclarecendo a omissão apontada, e, no mérito, por dar parcial provimento ao recurso no que tange ao restabelecimento das deduções de despesas com a dependente Laura Fernandes Chagas no valor de R$ 1.272,00, bem como a relativa à instrução da mesma, no valor de R$ 1.770,00. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 152DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 19/ 08/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN
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Numero do processo: 19515.000267/2002-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 1998, 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE.
Apurada obscuridade no voto condutor do aresto embargado, deve a mesma ser sanada, nos termos do art. 57, § 3º do Regimento Interno deste Conselho de Contribuintes.
Numero da decisão: 2102-002.155
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em
CONHECER dos embargos para sanar a obscuridade apontada, rerratificando o Acórdão nº 10616.959, de 26 de junho de 2008, sem alteração do resultado do julgamento.
Nome do relator: ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1998, 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. Apurada obscuridade no voto condutor do aresto embargado, deve a mesma ser sanada, nos termos do art. 57, § 3º do Regimento Interno deste Conselho de Contribuintes.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1748; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 204 1 203 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.000267/200203 Recurso nº 158.653 Embargos Acórdão nº 210202.155 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de junho de 2012 Matéria Embargos, Obscuridade Embargante DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL EM SÃO PAULO Interessado JOSÉ NELSON AGUIAR FERNANDES ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1998, 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. Apurada obscuridade no voto condutor do aresto embargado, deve a mesma ser sanada, nos termos do art. 57, § 3º do Regimento Interno deste Conselho de Contribuintes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos para sanar a obscuridade apontada, rerratificando o Acórdão nº 10616.959, de 26 de junho de 2008, sem alteração do resultado do julgamento. Assinado Digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Presidente Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Relatora EDITADO EM: 25/06/2012 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS (Presidente), NÚBIA MATOS MOURA, ATILIO PITARELLI, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI e ACÁCIA SAYURI WAKASUGI. Fl. 408DF CARF MF Impresso em 06/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 04/09/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por GIO VANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 Relatório Em face do Acórdão nº 340100.088, a DERAT em São Paulo requereu, nos termos do art. 65 do Regimento Interno deste Conselho, os seguintes esclarecimentos: 0 presente auto de infração trata de valores denominados "AuxilioEncargos Gerais de Gabinete e Auxilio Hospedagem" não oferecidos a tributação pelo contribuinte. No corpo do voto do Acórdão n° 340100.088, a Relatora se refere a ambas as verbas, "auxiliogabinete" e "auxilio hospedagem"(conforme fls. 181verso, 3" parágrafo),mas, na parte conclusiva (penúltimo parágrafo) se refere somente ao "auxiliogabinete". Assim, corn fundamento no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria n° 56, de 22 de junho de 2009, proponho o encaminhamento do presente processo ao Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para esclarecimento se o provimento do recurso se refere somente ao auxiliogabinete". A fim de esclarecer a dúvida apresentada, os autos retornaram a este Conselho para apreciação. É o Relatório. Voto Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora O recurso preenche os requisitos da lei, por isso dele conheço. Conforme relatado, tratase de pedido de esclarecimento de dúvida decorrente da interpretação do decidido no Acórdão nº 340100.088, julgado em 01.06.2009. Como o pedido está fundamentado no art. 65 do Regimento Interno do CARF, mesmo não tendo a Embargante mencionado nenhuma das hipóteses previstas no referido artigo para tal, deve o pedido ser recebido como Embargos de Declaração, no intuito de sanar a obscuridade apontada. Alega a Embargante que não teria ficado claro se a decisão embargada determinou que fosse excluída da tributação pelo IRPF somente a verba “auxíliogabinete”, ou se também a verba denominada “auxíliohospedagem” teria sido excluída. Com efeito, da conclusão do voto condutor do aresto embargado é possível extrair o seguinte trecho: Diante de todo o acima exposto, e analisando melhor a matéria, curvome à jurisprudência acima colacionada, para entender que as verbas pagas pela Assembléia Legislativa de São Paulo a título de “auxíliogabinete” têm, de fato, natureza de Fl. 409DF CARF MF Impresso em 06/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 04/09/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por GIO VANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 19515.000267/200203 Acórdão n.º 210202.155 S2C1T2 Fl. 205 3 ressarcimento pelas despesas incorridas pelos parlamentares, não cabendo ao Fisco desvirtuar esta natureza, a não ser que houvesse prova de que as mesmas não tivessem sido utilizadas para o fim a que se destinam. Aqui, realmente, somente há menção ao “auxíliogabinete”. No entanto, uma leitura da íntegra do julgado demonstra que as verbas pagas ao contribuinte interessado tinham a denominação de “AuxílioEncargos Gerais de Gabinete e Auxílio Hospedagem” (cf. relatório de fls. 179v.). Assim, na realidade, não há nos autos qualquer distinção – dentro da verba paga ao contribuinte – entre “auxíliogabinete” e “auxíliohospedagem”. Por isso, o que foi decidido por ocasião do julgamento do acórdão embargado foi que não poderia incidir o IR sobre a totalidade dos valores assim recebidos pelo contribuinte interessado, valores estes que geraram o lançamento por (suposta) omissão de rendimentos. Tanto é assim que foi dado integral provimento ao Recurso Voluntário, cancelandose o lançamento. Assim sendo, VOTO no sentido de ACOLHER os embargos de declaração para, sanando a obscuridade apontada, DARLHES PROVIMENTO, para RERRATIFICAR o Acórdão nº 10616.959, de 26 de junho de 2008, sem alteração de resultado. Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Fl. 410DF CARF MF Impresso em 06/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 04/09/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por GIO VANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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Numero do processo: 10845.001825/2008-29
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Sep 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/11/2007
RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR.
A restituição ou compensação é cabível quando houver a cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou em valor maior que o devido
Numero da decisão: 2803-003.555
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Natanael Vieira dos Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Caio Eduardo Zerbeto Rocha.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2007 a 30/11/2007 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. A restituição ou compensação é cabível quando houver a cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou em valor maior que o devido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. (Assinado digitalmente) Natanael Vieira dos Santos - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Caio Eduardo Zerbeto Rocha.
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PAGAMENTO A MAIOR. A restituição ou compensação é cabível quando houver a cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou em valor maior que o devido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado digitalmente) Natanael Vieira dos Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Caio Eduardo Zerbeto Rocha. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 00 18 25 /2 00 8- 29 Fl. 114DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 9/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10845.001825/200829 Acórdão n.º 2803003.555 S2TE03 Fl. 115 2 Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto pela contribuinte SONIA IOSSIE SAITO em face de acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (DF), que, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a Manifestação de Incoformidade, cujo o acórdão restou assim emenatado: CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. AFASTAMENTO POR DOENÇA. CONCESSÃO DE AUXÍLIODOENÇA PELO INSS. RECOLHIMENTO INDEVIDO. RESTITUIÇÃO. REQUERIMENTO. DEFERIMENTO. O contribuinte individual afastado de suas atividades, em razão do recebimento de Auxíliodoença concedido pelo INSS, está desobrigado do recolhimento da contribuição previdenciária. Nessas condições, as contribuições recolhidas deverão ser restituídas. 2. A ora recorrente ingressou com pedido de restituição de valores indevidos relativos às competências de 04/2007 a 07/2007 e 11/2007, recolhidos sob a categoria de contribuinte individual (Inscrição nº 11701854044). Pelo que a interessada justifica o seu pleito, isto é, tão somente em face da contribuição correspondente à competência 11/2007, visto que a mesma não serviu de base de cálculo da sua aposentadoria. 3. Aos autos anexou os arquivos correspondentes aos: i) recolhimentos efetuados pela Requerente (CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais/Consulta Recolhimentos); e ii) Auxíliosdoença concedidos à mesma (CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais/Histórico de Benefícios do Trabalhador). 4. A DRJ ao analisar o pleito da contribuinte deferiu o ressarcimento das competência 05 e 06, indeferindo as demais. 5. Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário única e exclusivamente em face à competência 11/2007, aduzindo que foi levada a erro pela própria funcionária do INSS ao indagar sobre o tempo que lhe faltava pra a aposentadoria, tanto que a competência 11/2007 não ingressou na base de cálculo do benefício, razão pela qual seu ressarcimento deve ser concedido. É o relatório. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 9/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10845.001825/200829 Acórdão n.º 2803003.555 S2TE03 Fl. 116 3 Voto Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. DO RESSARCIMENTO 2. No caso ora em apreço, é de hialina clareza que a recorrente contribuiu a maior com o escopo de poder gozar do benefício previdenciário. Ademais, conforme se observa da narrativa constante nos autos, a contribuição a maior decorreu de diretrizes da própria receita previdenciária, a qual deveria ser mais diligente ao elucidar as ponderações de seus contribuintes e segurados. 3. Analisando a memória de cálculo acostada ás fls. 09, observase que o recolhimento da competência 11/2007 não integrou a aposentadoria do contribuinte, o que é confirmado pelo próprio acórdão a quo. 4. Ora, como é cediço, a restituição ou compensação é cabível quando houver a cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou em valor maior que o devido; o erro na identificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; ou ainda a reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, nos termos do art. 2º da IN 900/2008. 5. Destarte, não há como não negar o pleito da contribuinte, devendo o acórdão recorrido ser reformado. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 9/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10845.001825/200829 Acórdão n.º 2803003.555 S2TE03 Fl. 117 4 CONCLUSÃO 6. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer o recurso voluntário apresentado para, no mérito, darlhe provimento nos termos supra alinhavados. É como voto. (Assinado digitalmente) Natanael Vieira dos Santos. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 9/2014 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA
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Numero do processo: 10680.721860/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
ALIMENTAÇÃO PAGA EM TICKETS SOFRE A INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. A alimentação fornecida em tickets ou pecúnia, sem a devida inscrição no PAT, sofre a incidência da contribuição previdenciária.
PRÊMIO LÍDER DA TURMA. VERBA PAGA EM CARÁTER HABITUAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
O prêmio Líder da Turma está condicionado a critérios de ordem pessoal do trabalhador e só deve integrar o salário de contribuição quando pagas de forma habitual, com certa frequência.
AJUDA DE CUSTO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
Não integra o salário de contribuição a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT.
SALÁRIO EDUCAÇÃO
Inteligência da súmula 732, do Supremo Tribunal Federal, pela constitucionalidade da contribuição.
CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. LEGITIMIDADE. ARRECADAÇÃO.
A contribuição destinada ao INCRA não foi revogada pela instituição da contribuição ao SENAR.
SENAI E SESI. COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de serem devidas tais contribuições para as empresas de construção civil.
SEBRAE. EXIGIBILIDADE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO.
A contribuição social destinada ao SEBRAE tem natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, sendo devidas pelas empresas que prestam serviços de engenharia e arquitetura, conforme jurisprudência do STJ.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-003.441
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencida a conselheira Carolina Wanderley Landim (relatora), que votou por dar provimento parcial para excluir do lançamento as parcelas de Ticket Refeição indicadas no levantamento AL- alimentação. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Carolina Wanderley Landim - Relatora
Kleber Ferreira de Araújo - Redator Designado.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Kleber Ferreira de Araújo.
Nome do relator: CAROLINA WANDERLEY LANDIM
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 ALIMENTAÇÃO PAGA EM TICKETS SOFRE A INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. A alimentação fornecida em tickets ou pecúnia, sem a devida inscrição no PAT, sofre a incidência da contribuição previdenciária. PRÊMIO LÍDER DA TURMA. VERBA PAGA EM CARÁTER HABITUAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. O prêmio Líder da Turma está condicionado a critérios de ordem pessoal do trabalhador e só deve integrar o salário de contribuição quando pagas de forma habitual, com certa frequência. AJUDA DE CUSTO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Não integra o salário de contribuição a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT. SALÁRIO EDUCAÇÃO Inteligência da súmula 732, do Supremo Tribunal Federal, pela constitucionalidade da contribuição. CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. LEGITIMIDADE. ARRECADAÇÃO. A contribuição destinada ao INCRA não foi revogada pela instituição da contribuição ao SENAR. SENAI E SESI. COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de serem devidas tais contribuições para as empresas de construção civil. SEBRAE. EXIGIBILIDADE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. A contribuição social destinada ao SEBRAE tem natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, sendo devidas pelas empresas que prestam serviços de engenharia e arquitetura, conforme jurisprudência do STJ. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencida a conselheira Carolina Wanderley Landim (relatora), que votou por dar provimento parcial para excluir do lançamento as parcelas de Ticket Refeição indicadas no levantamento AL- alimentação. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Elias Sampaio Freire - Presidente Carolina Wanderley Landim - Relatora Kleber Ferreira de Araújo - Redator Designado. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Kleber Ferreira de Araújo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2217; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.721860/201011 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401003.411 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de março de 2014 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente CARVALHO QUEIROZ ENGENHARIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 ALIMENTAÇÃO PAGA EM TICKETS SOFRE A INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. A alimentação fornecida em tickets ou pecúnia, sem a devida inscrição no PAT, sofre a incidência da contribuição previdenciária. PRÊMIO LÍDER DA TURMA. VERBA PAGA EM CARÁTER HABITUAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. O prêmio Líder da Turma está condicionado a critérios de ordem pessoal do trabalhador e só deve integrar o salário de contribuição quando pagas de forma habitual, com certa frequência. AJUDA DE CUSTO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Não integra o salário de contribuição a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT. SALÁRIO EDUCAÇÃO Inteligência da súmula 732, do Supremo Tribunal Federal, pela constitucionalidade da contribuição. CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. LEGITIMIDADE. ARRECADAÇÃO. A contribuição destinada ao INCRA não foi revogada pela instituição da contribuição ao SENAR. SENAI E SESI. COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 18 60 /2 01 0- 11 Fl. 515DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de serem devidas tais contribuições para as empresas de construção civil. SEBRAE. EXIGIBILIDADE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. A contribuição social destinada ao SEBRAE tem natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, sendo devidas pelas empresas que prestam serviços de engenharia e arquitetura, conforme jurisprudência do STJ. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencida a conselheira Carolina Wanderley Landim (relatora), que votou por dar provimento parcial para excluir do lançamento as parcelas de Ticket Refeição indicadas no levantamento “AL” alimentação. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Elias Sampaio Freire Presidente Carolina Wanderley Landim Relatora Kleber Ferreira de Araújo Redator Designado. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 516DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10680.721860/201011 Acórdão n.º 2401003.411 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal nº 37.291.6805, do qual a contribuinte foi cientificada em 13.07.2010, lavrado para cobrança das contribuições sociais destinadas às entidades denominadas de “Terceiros”, quais sejam, SE Salário Educação, INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem e Indústria, SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas,apuradas de 01/2006 a 12/2006, não recolhidas pela Recorrente, incidentes sobre: · Diferenças apuradas entre as remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados empregados, discriminadas em folhas de pagamento, e as declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social GFIP, relativas ao período de 01/2006 e 03/2006 a 12/2006; · Pagamento de alimentação e cesta básica aos empregados, consignadas em folha de pagamento, sem a devida inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, referentes ao período de 01/2006 a 12/2006; · Cestas Básicas fornecidas aos empregados, sem a devida inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, não incluídos em folhas de pagamento, referentes ao período de 01/2006 a 09/2006 e 11/2006 e 12/2006; · Prêmio líder da turma pago a empregados no período de 08/2006 a 12/2006; · Gratificação de Assiduidade paga a empregados no período de 01/2006 a 07/2006; · Ajuda de Custo paga a empregados no período de 01/2006 a 12/2006; Segundo o relatório fiscal (fls. 55/63), estes valores não foram incluídos na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social GFIP. Complementou ainda que a empresa tem como objeto social a prestação de serviços de engenharia civil, elaboração de projetos, acessória, consultoria, fiscalização, gerenciamento e execução de obras por conta própria, por administração ou empreitada, fornecimento e locação de mão de obra e equipamentos. Para identificar as irregularidades acima apontadas, a Agente Autuante procedeu à análise de Livros Diários, folhas de pagamento, GFIPs, notas fiscais de aquisição de cestas básicas e documentos que respaldaram os registros contabilizados na conta “Outras Despesas”, donde foram extraídas as informações utilizadas na elaboração dos levantamentos “FP”, “AL”, “CN”, “PR”, “GA” e “AJ”, anexos à peça acusatória. Finalizou informando que, como resultado do procedimento fiscalizatório, foram lavrados os seguintes Autos de Infração de obrigações principais: Fl. 517DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 · AI DEBCAD 37.267.3686 COMPROT 10680721.857/201099 contribuição da empresa, valor de R$ 123.202,88; · AI DEBCAD 37.291.6783 COMPROT 10680721.858/201033 contribuição dos segurados, apropriação indébita, valor de R$ 14.940,50; · AI DEBCAD 37.291.6791 COMPROT 10680721.859/201088 contribuição dos segurados referente a fornecimento de cesta básica, alimentação, prêmio líder da turma, gratificação de assiduidade, ajuda de custo e pro labore indireto, sem ter havido desconto, valor de R$ 26.508,38; · AI DEBCAD 37.291.6805 COMPROT 10680721.860/201011 contribuição devida aos “Terceiros”, valor de R$ 20.221,93, de que cuida o presente Recurso; E os Autos de Infração por descumprimento de obrigações acessórias: · AI DEBCAD 37.267.3643 COMPROT 10680721.853/201019 Código de Fundamentação Legal 30 (deixar a empresa de preparar folha(s) de pagamento das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e das pagas ou devidas aos contribuintes individuais, a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela RFB), valor de R$ 1.431,79; · AI DEBCAD 37.267.3660 COMPROT 10680721.855/201008 Código de Fundamentação Legal 59 (deixar a empresa de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados a seu serviço), valor de R$ 1.431,79; · AI DEBCAD 37.267.3651 COMPROT 10680721.854/201055 Código de Fundamentação Legal 34 (deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos), valor de R$ 14.317,78; · AI DEBCAD 37.267.3635 COMPROT 10680721.8524/201066 Código de Fundamentação Legal 78 (apresentar GFIP com omissões nos dados relacionados aos fatos geradores), valor de R$ 6.500,00; · AI DEBCAD 37.267.3678 COMPROT 10680721.856/201044 Código de Fundamentação Legal 38 (deixar de exibir qualquer documento ou livro relacionados com as contribuições previstas na Lei nº 8.212 de 24/07/1991, ou apresentar documento ou livro que não atenda as formalidades legais exigidas), valor R$ 14.317,78. Em13/07/2010, a Recorrente tomou ciência do lançamento contra si realizado (fl.4) e, em seguida, apresentou impugnação (fls. 102/115) alegando, em síntese: · A nulidade do Auto de Infração, em virtude de não terem sido apreciadas, pela autoridade lançadora, as Convenções Coletivas de Trabalho e as Notas Fiscais com valores retidos pelos contratantes de serviços, retenções essas que justificariam o não recolhimento das contribuições sobre as parcelas em debate; · Que os valores pagos a título de ajuda de alimentação ao trabalhador possuem natureza indenizatória por força de expressa previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho; Fl. 518DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10680.721860/201011 Acórdão n.º 2401003.411 S2C4T1 Fl. 4 5 · Que a parcela paga a título de gratificação de assiduidade não se caracteriza como remuneração, portanto não sujeita aos encargos previdenciários; · Que o pagamento a título de premio liderança foi pago em obediência ao que determina as Convenções Coletivas de Trabalho; · Que durante o ano de 2006 houve retenções e compensações de valores devidos à Previdência Social, como provam as notas fiscais juntadas aos autos, os quais não foram considerados pela Autuante. · Que a multa aplicada se apresenta confiscatória, motivo pelo qual se impõe a respectiva redução; · Que, conforme se verifica dos PER/DCOMPs, bem como das notas fiscais e planilha de retenções/compensações juntadas, há um considerável crédito com a Previdência Social, que nos termos da legislação vigente, pode ser utilizado para compensação de valores devidos. Sendo assim, se após o julgamento da demanda, restar apurado algum crédito em desfavor da impugnante, o mesmo deverá ser compensado do referido montante. Instada a manifestarse acerca da matéria, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte julgou procedente em parte a autuação, apenas para excluir da cobrança os valores lançados com o código de levantamento “CN” Cestas Básicas fornecidas aos empregados, nos termos do acórdão abaixo ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 A 31/12/2007 CONTRIBUIÇÕES OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS. A empresa é obrigada a recolher as contribuições para Outras Entidades e Fundos a seu cargo. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Entendese por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades. ALIMENTAÇÃO IN NATURA. Não há incidência de contribuição previdenciária sobre despesas com alimentação in natura em favor dos empregados tendo em vista o PARECER PGFN/CRJ/Nº 2117 de 10/11/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda e o Ato Declaratório PGFN nº 3 de 20/12/2011. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. É vedado ao fisco afastar a aplicação de lei, decreto ou ao normativo por inconstitucionalidade ou ilegalidade. MULTA RETROATIVIDADE. MOMENTO DO CÁLCULO. Fl. 519DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 A lei aplicase a fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A comparação para determinação da multa mais benéfica apenas pode ser realizada por ocasião do pagamento. Impugnação procedente em parte. Devidamente intimada em 19/12/2012 (conforme AR de fl. 423), a Recorrente interpôs recurso voluntário em 09/01/2013 (fls. 427/441), rebatendo a decisão proferida pela DRJ com base nos seguintes argumentos: · Que o código de Lançamento “CN” que corresponde ao evento, Cesta Básica in natura e “AL” Alimentação, possuem a mesma natureza jurídica, razão pela qual esse último também merece ser excluído do referido Auto de Infração, pelos mesmos fundamentos que motivaram o afastamento da cobrança sobre as quantias despendidas pela empresa para fornecimento in natura dos alimentos; · Que a ajuda de custo e o prêmio líder de turma possuem natureza jurídica indenizatória, não podendo ser considerado como salário em sentido estrito; · Reconhece que não foram tributados alguns valores enquadrados como remuneração indireta dos sócios, devendo ser considerados créditos da Fazenda e pagos ou compensados com os créditos existentes em seu favor; É o relatório. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10680.721860/201011 Acórdão n.º 2401003.411 S2C4T1 Fl. 5 7 Voto Vencido Conselheira Carolina Wanderley Landim, Relatora Recurso voluntário tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. Inicialmente, devese destacar que não será objeto de análise no presente voto a procedência ou não da autuação quanto às importâncias compreendidas nos levantamentos “FP”, “CN”e “GA”. Isso porque, no que tange aos custos incorridos no fornecimento de cestas básicas in natura pela Recorrente Levantamento “CN”, a DRJ já afastou o lançamento sobre tais importâncias e o montante reduzido pelo órgão julgador a quo não enseja a interposição de recurso de ofício. De outro lado, verificase não ter sido combatida nas razões do Recurso Voluntário as acusações fiscais atinentes à Gratificação de Assiduidade – Levantamento “GA” e sobre a omissão de empregados em folha de pagamento – Levantamento “FP”. Por fim, a Recorrente deixou de discutir tese relativa à confiscatoriedade da multa imposta, bem como a alegação sobre as retenções na fonte realizadas pelas suas contratantes de serviço. Com efeito, foram devolvidas à apreciação da instância recursal apenas as matérias relacionadas com a incidência das contribuições destinadas a “Terceiros”, sobre os pagamentos realizados a título de (i) auxílio alimentação pagos em pecúnia; (ii) Ajuda de Custo; e (iii) Prêmio Líder; (iv) além do pedido de compensação do débito remanescente após o julgamento com créditos objeto de PER/DCOMPs. Delimitado o objeto do recurso, passo à análise das alegações da Recorrente. Conforme acima pontuado, aduziu inicialmente a recorrente em suas razões recursais que o Código de Lançamento “CN” e “AL” possuem a mesma natureza jurídica, razão pela qual os valores gastos com Alimentação também devem ser excluídos da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Isto porque, a decisão de primeira instância, considerando o disposto no parecer PGFN/CRJ/ nº 2117/2011, no Ato Declaratório PGFN nº 3 de 20/12/2011 e o que determina a Lei Complementar nº 73/1993, art. 42, concluiu que não mais caberia o lançamento de contribuições incidentes sobre os valores despendidos com o fornecimento de cestas básicas (alimentação in natura). Partindo de tal orientação, o Colegiado a quo excluiu do lançamento todas as contribuições identificadas com o código de levantamento “CN”, deixando de excluir os valores pagos, em pecúnia, aos empregados a título de alimentação, por inexistir dispositivo normativo que o autorize. Fl. 521DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 O art. 28, § 9º, da Lei 8.212/91 determina expressamente quais os valores que podem ser excluídos da base de cálculo do salário contribuição. Dentre tais valores, consta aquele referente às despesas com a alimentação dos empregados, os quais podem ser excluído da base de cálculo desde que a alimentação seja fornecida (i)in natura e (ii) de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; Exigiase, portanto, a presença destes dois requisitos para que o valor pago a título de auxílioalimentação fosse excluído da base de cálculo das contribuições previdenciárias. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional proferiu o Ato Declaratório nº 03/2011, nos termos do inciso II do art. 19 da Lei nº 10.522/2002, por meio do qual aprovou o Parecer nº 2117/2011. Vejamos o que diz o referido Ato Declaratório. A PROCURADORAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 24.11.2011, DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária”. JURISPRUDÊNCIA: Resp nº 1.119.787SP (DJe 13/05/2010), Resp nº 922.781/RS (DJe 18/11/2008), EREsp nº 476.194/PR (DJ 01.08.2005), Resp nº 719.714/PR (DJ 24/04/2006), Resp nº 333.001/RS (DJ 17/11/2008), Resp nº 977.238/RS (DJ 29/11/2007). Segundo o Parecer nº 2117/2011, aprovado através do Ato supratranscrito, verificase que não deve ser constituído crédito tributário com fundamento em auxílio alimentação fornecido in natura, ainda que a empresa não tenha inscrição no PAT, bem como devem ser revistos, de ofício, os lançamentos já efetuados com base neste fundamento. Resta consignado também nesse parecer, baseado na jurisprudência pacífica do STJ, que o auxílioalimentação somente assume feição salarial e, portanto, integra a base de cálculo da contribuição previdenciária, quando “for pago em espécie ou creditado em conta corrente, em caráter habitual”. Como se sabe, a observância aos atos declaratórios, proferidos pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, nos moldes dos artigos 18 e 19 da Lei nº Fl. 522DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10680.721860/201011 Acórdão n.º 2401003.411 S2C4T1 Fl. 6 9 10.522/2002, é obrigatório por parte deste Conselho, nos termos do art. 62, inciso II, alínea a, do Regimento Interno, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 20091. Em seguida, a Instrução Normativa RFB nº 1.453, de 24 de fevereiro de 2014, confirmou o entendimento já consolidado através do Parecer nº 2114/2011 para excluir a obrigatoriedade de inscrição no PAT, mantendo somente a necessidade da alimentação ser paga in natura. Vejamos: Art. 58. Não integram a base de cálculo para fins de incidência de contribuições: III a parcela in natura do auxílio alimentação; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.453, de 24 de fevereiro de 2014). De acordo com o relatório fiscal, foi constatado no exame da folha de pagamento e da escrituração contábil que os valores referentes às refeições e cesta básica para alguns empregados foram pagos em pecúnia. A partir da análise do Anexo II do Relatório Fiscal (fls. 69/95), verificase que foram pagos em dinheiro valores referentes a cestas básicas, ticket refeição e lanche para alguns funcionários. Interpretandose apressadamente o entendimento normativo em destaque, poderseia concluir pela incidência da exação sobre tais rubricas. Contudo, não se pode ignorar o fato de que o auxílioalimentação fornecido pela Recorrente por meio de ticket refeição equiparase ao benefício in natura, como bem exposto no ACÓRDÃO nº 2803 01.6542, proferido pela 3ª Turma Especial da 2ª Seção deste Conselho, que reconheceu a improcedência do lançamento em caso de pagamento através de cartão magnético de alimentação. Vejamos: Os referidos cartões são utilizados para a compra de alimentação, aceitos exclusivamente em estabelecimentos comerciais que revendem tais produtos, como supermercados e armazéns. O fornecimento de tal instrumento facilita a logística empresarial, evitandose o manuseio de cestas básicas, além de dar maior liberdade de escolha ao empregado, que pode adquirir o alimento de sua escolha na qualidade que desejar. Sendo oferecido um ou outro – cesta básica ou cartão alimentação – o fim almejado será o mesmo, prover o empregado de víveres, não havendo que haver discriminação somente pela forma de seu fornecimento. Partindo da tal premissa, entendo que o auxílio alimentação fornecido através de ticket alimentação deve ser equiparado à alimentação in natura e excluído, portanto, do 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e19 da Lei n° 10.522, de19 de julho de2002; 2Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, CARF, 2ª Seção, 3ª Turma Especial, ACÓRDÃO nº 280301.654. Processo nº 10783.721245/201129. Sessão de 21 de junho de 2012. Fl. 523DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 salário contribuição, já que seu uso é restrito para aquisição de alimentos, aceitos exclusivamente por estabelecimento que os comercializam. Nesse mesmo sentido também decidiu o acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 01/01/1999 a 31/12/2004 PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO AO TRABALHADOR Ainda que tenha ausência de inscrição no PAT não gera salário de contribuição à Previdência Social, quando do pagamento de cesta básica aos funcionários. Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde não considera como parte do salário o pagamento “in natura” de auxílioalimentação quando a refeição é fornecida pela empresa. E, portanto, não incide salário de contribuição. O entendimento é valido e independemente de o empregador estar inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) ou não. No caso em tela, ao invés de se registrar no PAT, a Recorrente deu cesta básica ou ticket restaurante aos seus empregados, fato que por si só não gera a incidência da contribuição social previdenciária. [...] (Processo nº 15586.001026/200793, Acórdão nº 2301003.889 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Sessão de 23 de janeiro de 2014, Relator Wilson Antonio de Souza Corrêa) Já em relação às cestas básicas e lanches pagos em pecúnia, especificados no Anexo II do Relatório Fiscal, entendo que não devem ser excluídos da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Isto porque, a legislação é clara ao estabelecer a necessidade da alimentação ser concedida in natura e, a despeito de ter especificado no anexo II que tais valores foram pagos para compra de cesta básica e lanche, não há como garantir que o empregado realmente utilizou tais valores para o fim proposto. O pagamento em pecúnia para a finalidade alimentícia pode ser usado para fim distinto da alimentação pelo empregado, de modo que o empregador não pode ser desonerado de recolher a referida contribuição previdenciária sobre tal valor, vez que não utilizou a forma autorizada pela legislação previdenciária. Sendo assim, reconheço que apenas os valores de ticket refeição devem ser excluídos do salário de contribuição para fins de incidência das contribuições lançadas, razão pela qual deve ser excluída tal parcela do código de levantamento “AL” Alimentação. Em seguida, aduziu o recorrente que o Prêmio Líder e a Ajuda de Custo possuem natureza jurídica indenizatória, não podendo ser considerados como salário em sentido estrito. Fl. 524DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10680.721860/201011 Acórdão n.º 2401003.411 S2C4T1 Fl. 7 11 Conforme consta no Relatório Fiscal, foi verificado na folha de pagamento da empresa o pagamento da rubrica premio líder da turma, por ser fator de ordem pessoal do trabalhador, integra o salário de contribuição, conforme determina o art. 28, I da Lei 8.212/91. O prêmio Líder da Turma está condicionado a critérios de ordem pessoal do trabalhador, porém a parcela só deve integrar o salário de contribuição quando paga de forma habitual, com certa frequência. O prêmio Líder da Turma encontrase previsto na Convenção Coletiva de Trabalho às fls. 177, na cláusula terceira, parágrafo primeiro, com a seguinte redação: O prêmio para a varredeira que atuar como Líder de Turma será integralmente reajustado em 6,0% (seis por cento) passando a R$ 63,50 (sessenta e três reais e cinquenta centavos) desvinculado da remuneração. Ocorre que, o fato do prêmio liderança ser pago às líderes de turma de serviços de limpeza, por regra pactuada em instrumento de negociação coletiva, por si só não retira a natureza de parcela integrante do salário de contribuição, devendo ser analisada a habitualidade do seu pagamento diante do caso concreto. Sendo assim, a partir da análise do Anexo II, verificase que o Prêmio Líder da Turma foi pago aos mesmos empregados(José Romildo Alves Martins, Nardelio Moreira de Oliveira e Rafael Silva Ferreira), no período de 08/2006 a 12/2006, de modo que, devido à habitualidade do pagamento da referida parcela, tais valores devem integrar o salário de contribuição. Em relação à ajuda de custo, aduziu a fiscalização que a empresa remunerou em vários meses o mesmo segurado, contrariando o quanto previsto no art. 29, §9º “g” da Lei 8.212/91, no período de 01/2006 a 12/2006. A ajuda de custo, em parcela única, recebida, exclusivamente, em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, não será considerada integrante da base de tributação previdenciária. Se o montante, porém, for dividido em dois ou mais meses, ou, ainda, se esta vantagem for utilizada para outra finalidade que não a mudança de local de trabalho, ela integrará o salário de contribuição. No caso em tela, a Recorrente não só deixou de justificar o pagamento da ajuda de custo no fato de ter havido a mudança de local de trabalho dos seus empregados, como também realizou tais pagamentos aos mesmos funcionários em diversas competências sucessivas, o que atesta a sua habitualidade, razão pela qual devem ser mantidos tais valores na base de cálculo das contribuições previdenciárias. Ressaltese que, como bem pontuado no provimento recorrido, os acordos e convenções coletivas não podem sobreporse às Leis, diante do que o simples fato de suas cláusulas terem atribuído às vantagens em apreço uma natureza não remuneratória não tem o condão de afastar a incidência das contribuições previdenciárias. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 Por fim, aduz a Recorrente que apresentou vários PER/DCOMPs pendentes análise no âmbito da Receita Federal, requerendo utilizálos para dar quitação aos débitos por ela reconhecidos. De início, mostrase necessário esclarecer à Recorrente que o regime de compensação das contribuições previdenciárias não segue a disciplina prevista no art. 74 da Lei n. 9.430/96, não sendo autorizada sua compensação com quaisquer tributos administrados pela SRFB, apesar da unificação do órgão, mas apenas com a própria contribuição. De outro giro, como bem ressaltado pela decisão de primeira instancia, também não cabe a este Conselho deferir o procedimento sugerido pela Recorrente, por ausência de norma que o autorize. Ou seja, falece ao órgão julgador a competência para promover o encontro de contas entre os débitos reconhecidos pela Recorrente e os créditos que entende fazer jus, objeto de PER/DCOMP. É o que dispõe o art. 69 da IN n. 1300/2012, que atualmente disciplina a matéria: Art. 69. A decisão sobre o pedido de restituição de crédito relativo a tributo administrado pela RFB, o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, da Cofins, relativo ao Reintegra e o pedido de reembolso, caberá ao titular da Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF), da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat), da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro (Demac/RJ) ou da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Instituições Financeiras (Deinf) que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, ressalvado o disposto nos arts. 70 e 72. Parágrafo único. A restituição, o reembolso ou o ressarcimento dos créditos a que se refere o caput , bem como a compensação de ofício desses créditos com os débitos do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, caberão à DRF, à Derat, à Demac/RJ ou à Deinf que, à data da restituição, do reembolso, do ressarcimento ou da compensação, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. Face ao exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, dandolhe PROVIMENTO PARCIAL apenas para excluir as contribuições sociais destinadas aos Terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE) incidentes sobre o Ticket Refeição do Código de Levantamento “AL” alimentação, mantendo o lançamento em relação as demais rubricas. É como voto. Carolina Wanderley Landim. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10680.721860/201011 Acórdão n.º 2401003.411 S2C4T1 Fl. 8 13 Voto Vencedor Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo – Redator designado Ouso discordar da Ilustre Relatora quanto ao seu entendimento acerca da incidência de contribuições sobres os valores correspondentes ao fornecimento de tickets alimentação pela autuada. Para a Relatora o fornecimento dos vales equivaleria à prestação in natura, atraindo assim a aplicação do Ato Declaratório PGFN n.º 03 (DOU 24/11/2011), o qual afasta a incidência de contribuições sobre a alimentação fornecida in natura, independentemente da comprovação da inscrição da empresa no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT. Verifiquemos, inicialmente, se é aplicável à verba sob comento o citado Ato Declaratório, que autoriza a dispensa de apresentação de contestação e interposição de recurso e desistência dos já interpostos: “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária” JURISPRUDÊNCIA: Resp nº 1.119.787SP (DJe 13/05/2010), Resp nº 922.781/RS (DJe 18/11/2008), EREsp nº 476.194/PR (DJ 01.08.2005), Resp nº 719.714/PR (DJ 24/04/2006), Resp nº 333.001/RS (DJ 17/11/2008), Resp nº 977.238/RS (DJ 29/11/2007). O texto do Ato Declaratório, não há dúvida, referese apenas aos casos de fornecimento in natura. Por isso, devemos investigar se o pagamento efetuado na sistemática acima relatada poderia ser considerado prestação in natura. Verifiquemos a jurisprudência em que se baseou a PGFN para exarar o Ato Declaratório em questão: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR PAT . AUXÍLIOALIMENTAÇÃO PAGO EM ESPÉCIE AOS EMPREGADOS. OBRIGATORIEDADE DE RECOLHIMENTO DO FGTS. LEI Nº 6.321/76. LIMITAÇÃO. PORTARIA Nº 326/77. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA HIERARQUIA DAS LEIS. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS MORATÓRIOS PELA TR/TRD. APLICABILIDADE.(...)3. O STJ, em inúmeros julgados, assentou o entendimento de que o pagamento in natura do auxílioalimentação não tem natureza salarial e, como tal, não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. Pela mesma razão, não integra a base de cálculo das contribuições para o FGTS, igualmente assentado no conceito de "remuneração" (Lei 8.036/90, art. 15). O auxílio alimentação pago em espécie e com habitualidade integra o salário e como Fl. 527DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 14 tal sofre a incidência da contribuição previdenciária. Precedentes do STJ (REsp 674.999/CE, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ de 30.05.2005; REsp 611.406/CE, Rel. Min. Franciulli Netto, 2ª Turma, DJ de 02.05.2005;EREsp 603.509/CE, Rel. Min. Castro Meira, 1ª Seção, DJ de 08.11.2004; REsp 643.820/CE, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, DJ de 18.10.2004; REsp 510.070/DF, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ de 31.05.2004). Por tal razão, o auxílio alimentação pago em espécie com habitualidade também sofrerá a incidência do FGTS.4. "O pagamento in natura do auxílio alimentação, vale dizer, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT" (EREsp 603.509/CE, Rel. Min. Castro Meira, 1ª Seção, DJ de 08.11.2004).(...)Ex positis, NEGO SEGUIMENTO ao Recurso Especial.Publiquese. Intimações necessárias.Brasília (DF), 07 de maio de 2010.(REsp nº 1.119.787SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 13/05/2010). *** EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. REFEIÇÃO REALIZADA NAS DEPENDÊNCIAS DA EMPRESA. NÃOINCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. DÉBITOS PARA COM A SEGURIDADE SOCIAL. PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ DA CERTIDÃO DA DÍVIDA ATIVA. PRECEDENTES.1. Recurso especial interposto pelo INSS contra acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região segundo o qual: a) o simples inadimplemento da obrigação tributária não constitui infração à lei capaz de ensejar a responsabilidade solidária dos sócios; b) o auxílioalimentação fornecido pela empresa não sofre a incidência de contribuição previdenciária, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Em seu apelo, o INSS aponta negativa de vigência dos artigos 135 e 202, do CTN, 2º, § 5º, I e IV, 3º da Lei 6.830/80, 28, § 9º, da Lei n. 8.212/91 e divergência jurisprudencial. Sustenta, em síntese, que: a) a) o ônus da prova acerca da nãoocorrência da responsabilidade tributária será do sócioexecutado, tendo em vista a presunção de legitimidade e certeza da certidão da dívida ativa; b) é pacífico o entendimento no STJ de que o auxílioalimentação, caso seja pago em espécie e sem inscrição da empresa no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, é salário e sofre a incidência de contribuição previdenciária.2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido de que o pagamento in natura do auxílioalimentação, isto é, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não constituir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Com tal atitude, a empresa planeja, apenas, proporcionar o aumento da produtividade e eficiência funcionais. Precedentes. EREsp 603.509/CE, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 08/11/2004, REsp 719.714/PR, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 24/04/2006. (grifouse)(...)5. Recurso especial parcialmente provido.(STJ, REsp 977.238/RS, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ 29/11/2007). *** DECISÃO(...)É pacífica neste Superior Tribunal de Justiça a orientação no sentido de que o pagamento in natura do auxílioalimentação, isto é, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária por não possuir natureza salarial, esteja o Fl. 528DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10680.721860/201011 Acórdão n.º 2401003.411 S2C4T1 Fl. 9 15 empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT.(STJ, REsp 333.001/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ 17/11/2008) *** TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO.1. O pagamento in natura do auxílioalimentação, vale dizer, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT ou decorra o pagamento de acordo ou convenção coletiva de trabalho.2. Ao revés, quando o auxílio alimentação é pago em dinheiro ou seu valor creditado em contacorrente, em caráter habitual e remuneratório, integra a base de cálculo da contribuição previdenciária.3. Precedentes da Seção.4. Embargos de divergência providos. (grifou se)(EREsp 476.194/PR, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJ 01.08.2005). Percebese que os quatro julgados acima manifestam claramente o entendimento de que somente se considera o fornecimento in natura quando a alimentação é fornecida diretamente pelo próprio empregador, o que nos leva a concluir que o fornecimento de cartões ou tickets para aquisição de produtos em estabelecimentos comerciais não representa fornecimento in natura. Concluise, portanto, que o Ato Declaratório mencionado não se aplica ao caso em tela. Observese que a motivação da Relatora para excluir da apuração a verba paga a título de alimentação foi exatamente a aplicação do Ato Declaratório da PGFN acima referido. Entendo, assim, que não tendo a empresa comprovado a sua adesão ao PAT, é cabível a incidência de contribuições sobre essa parcela, posto que disponibilizada em desacordo com a Lei n. 8.212/1991, conforme se verifica do dispositivo: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei n°6.321, de 14 de abril de 1976; (...) Observese do dispositivo transcrito que a previsão de isenção de contribuição sobre a alimentação fornecida aos empregados condiciona a desoneração a dois requisitos: que a alimentação seja fornecida “in natura” e que a sua disponibilização esteja em conformidade com as normas do PAT. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 16 Assim, não tendo a recorrente fornecido a alimentação in natura, além de não comprovar a adesão ao PAT no período do AI, devem incidir contribuições sobre o “Auxílio Alimentação”. Voto, assim, no sentido de que seja mantida a tributação sobre a verba sob comento. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 530DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/08 /2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, A ssinado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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Numero do processo: 13609.000596/2010-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2007
MULTA DE MORA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO FATO GERADOR. O lançamento reporta-se à data de ocorrência do fato gerador e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência daMP 449/2008, aplica-se a multa de mora nos percentuais da época (redação anterior do artigo 35, inciso II da Lei 8.212/1991), limitando-se ao percentual máximo de 75%, nos casos de descumprimento de obrigação acessória cumulada com não recolhimento da obrigação principal. Nos casos em que o recolhimento, apesar de em atraso, ocorreu de forma espontânea, aplicável, nos termos da legislação vigente à época dos fatos geradores, o disposto no artigo 32, § 5° cumulado com o artigo 35, ambos da Lei n° 8.212/91.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.067
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que os valores relativos aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitando-se ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei nº 9.430/1996.
Júlio César Vieira Gomes - Presidente
Thiago Taborda Simões - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo, Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: THIAGO TABORDA SIMOES
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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DESTINADA A TERCEIROS. Recorrente SIDERURGICA BARÃO DE MAUÁ LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2007 MULTA DE MORA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO FATO GERADOR. O lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência daMP 449/2008, aplicase a multa de mora nos percentuais da época (redação anterior do artigo 35, inciso II da Lei 8.212/1991), limitandose ao percentual máximo de 75%, nos casos de descumprimento de obrigação acessória cumulada com não recolhimento da obrigação principal. Nos casos em que o recolhimento, apesar de em atraso, ocorreu de forma espontânea, aplicável, nos termos da legislação vigente à época dos fatos geradores, o disposto no artigo 32, § 5° cumulado com o artigo 35, ambos da Lei n° 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 00 05 96 /2 01 0- 21 Fl. 848DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que os valores relativos aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitandose ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei nº 9.430/1996. Júlio César Vieira Gomes Presidente Thiago Taborda Simões Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo, Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 849DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13609.000596/201021 Acórdão n.º 2402004.067 S2C4T2 Fl. 849 3 Relatório Tratase de crédito lançado referente a contribuição social destinada a outras entidades e fundos – SESI, SENAI, SEBRAE, INCRA e salário educação, incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados omitidas na GFIP;. Relatório fiscal às fls. 46/54. Intimada da autuação, a Recorrente apresentou impugnação de fls. 58/77. Às fls. 810/811 do processo n° 13609.000593/201097 houve solicitação de diligência pela Auditora da DRJ para apurar, em suma: 1) Se houveram guias de recolhimento não consideradas no lançamento, o que poderia determinar sua retificação; 2) Se foi incluída na base de cálculo alguma verba de caráter indenizatório; 3) Por que as bases de cálculo do relatório de lançamento e do discriminativo de débito não coincidem; 4) Por que a ausência de lançamento no período de 12/2005 a 08/2006; 5) Apesar de a empresa informar a existência de trabalhadores expostos a agentes nocivos nas competências de 13/2006 e 13/2007, não se verifica lançamento nestas competências. Às fls. 829/832 daqueles autos, a diligência foi respondida com Informação fiscal segundo a qual: 1) Todos os parcelamentos efetuados pelo contribuinte foram devidamente deduzidos no lançamento. As GPS apresentadas pelo contribuinte nos códigos de parcelamento 4103, 4308 e 4200 não foram deduzidas das contribuições apuradas por tratarse de pagamento de parcelamento de débitos confessados já deduzidos e relacionados no RDA; 2) Somente a GPS da competência 11/2005 deve ser considerada para retificação do débito apurado; 3) Não foram incluídas verbas de caráter indenizatório no auto de infração. A defesa apresentou resumos de folha sem discriminar quais verbas entende como indenizatórias, qual trabalhador e respectivo valor foi percebido, bem como não apresentou o recibo individual de pagamento; 4) Verificouse que nas competências 12/2006 e 12/2007 houve erro na base de cálculo, devendo ser retificado o débito neste ponto para excluir o débito de 12/2007 por inexistência de fato gerador e reduzir o débito de 12/2006 por retificação da base de cálculo; Fl. 850DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 5) Quanto à ausência de lançamento para as competências 12/2005 a 08/2006, esclarece que o adicional de SAT desse período foi incluso no parcelamento 60.357.3991; 6) Sobre as competências 13/2006 e 13/2007, não houve lançamento porque o presente auto de infração diz respeito ao adicional de SAT não declarado em GFIP e nestas competências o adicional encontrase declarado em GFIP. Intimada do resultado da diligência, a Recorrente apresentou manifestação de fls. 779/798 reiterando todos os termos da impugnação. Às fls. 802/803 a impugnação foi submetida a apreciação restando improcedente sob os seguintes fundamentos: 1) Para fins de lançamento, foram consideradas as últimas GFIPs enviadas e válidas antes do início do procedimento fiscal. Logo, eventuais retificações processadas após o início da ação fiscal não tem o condão de alterar o lançamento que foi realizado com base em documentos apresentados pelo próprio sujeito passivo; 2) Quanto aos valores que o contribuinte alega ter incluído no parcelamento ou já recolhido em GPS, o resultado da diligência de fls. 829/832 dos autos principais demonstra que não há crédito a ser apropriado nesta autuação; 3) A Recorrente alega mas não demonstra a inclusão de verbas de natureza indenizatória no lançamento, sequer demonstrando o valor supostamente pago a esse título e quais segurados as receberam; 4) Houve alteração da legislação referente às penalidades e, a partir da publicação da MP n° 449/08, aos fatos geradores anteriores a ela deverá ser analisado o caso concreto e a norma atual deverá retroagir, se mais benéfica, conforme disposto no art. 106, CTN; 5) Os argumentos apresentados pelo sujeito passivo não têm o condão de alterar o lançamento. Entretanto, a fiscalização verificou o lançamento e informou que o mesmo deve ser retificado nos termos da tabela. Intimada do resultado do julgamento, a Recorrente interpôs recurso voluntário de fls. 819/846, no qual alegou, em síntese que: 1) Preliminarmente, houve violação ao contraditório e a ampla defesa da Recorrente uma vez que, ao decidir por insuficientes os documentos apresentados pela defesa deveria o julgador realizar diligências a fim de esclarecer os argumentos trazidos, no exercício da função precípua para busca da verdade real; 2) No mérito, as contribuições previdenciárias referentes às competências de novembro de 2005 e abril de 2007 a dezembro de 2007 foram devidamente pagas, devendo estes valores ser deduzidos da autuação; 3) A Recorrente aderiu a parcelamentos para saldar seus débitos tributários; Fl. 851DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13609.000596/201021 Acórdão n.º 2402004.067 S2C4T2 Fl. 850 5 4) O adicional do RAT deve incidir apenas sobre a remuneração paga aos segurados, não podendo as verbas de natureza indenizatória comporem a base de cálculo; 5) O artigo 28, § 9°, da Lei n° 8.212/91 expressamente reconhece a não inclusão de verbas desprovidas de índole remuneratória no salário de contribuição, tais como a importância recebida a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, os ganhos eventuais, os benefícios previdenciários e os decorrentes de dispensa sem justa causa, entre outros; 6) As verbas pagas a título de auxíliodoença, auxílioacidente, adicional de férias, saláriomaternidade, aviso prévio indenizado e respectivo décimo terceiro, férias e adicional constitucional, hora extra, adicional noturno, insalubridade e de periculosidade, saláriofamília, auxílioeducação, auxíliocreche e férias indenizadas possuem natureza indenizatória e não são objeto de incidência de contribuições previdenciárias; 7) Ilegalidade da taxa SELIC; 8) Caráter confiscatório da multa aplicada vez que desproporcional. Ao final, requereu a procedência do recurso e, alternativamente, a aplicação dos juros previstos no art. 161, § 1° do CTN e a redução das multas aplicadas. Os autos foram remetidos ao CARF para julgamento do Recurso Voluntário. É o relatório. Fl. 852DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Voto Conselheiro Thiago Taborda Simões, Relator Inicialmente, o recurso voluntário atende a todos os requisitos de admissibilidade, dentre eles o da tempestividade, razão pela qual dele conheço. Preliminar – Violação ao contraditório, ampla defesa e devido processo legal Pretende a Recorrente seja declarada nula a i. decisão proferida pela DRJ sob o fundamento de que teria ferido o contraditório, ampla defesa e devido processo legal. De acordo com a Recorrente, o julgador de primeira instância ao mencionar que a Recorrente não demonstrou nos documentos juntados quais verbas possuíam caráter indenizatório, tinha por obrigação funcional converter o julgamento em diligência para apuração e busca da verdade real. Não merece guarida. O Decreto n° 70.235/72, em seu art. 16, prevê: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. [...] § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; Fl. 853DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13609.000596/201021 Acórdão n.º 2402004.067 S2C4T2 Fl. 851 7 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Em complemento, o artigo 18 do mesmo diploma assim dispõe: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. Nos termos dos dispositivos supra, a prova documental e o requerimento de diligências eventualmente dadas como necessárias devem ser realizados no momento da impugnação, a pedido da empresa autuada. À autoridade julgadora cabe, tão somente, a prerrogativa de realização de diligências quando julgálas necessárias. No caso em tela, a Recorrente não requereu qualquer diligência em sede de impugnação, muito menos trouxe maiores esclarecimentos que demonstrassem a não incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas mencionadas. A lei de processo administrativo fiscal dá à autoridade a opção – não a obrigação – de solicitar diligências para esclarecer questões que a impugnante deixa de trazer, com exceção das questões de ordem pública, que independem de requerimento da parte interessada. Ainda mais, naquilo que a autoridade entendeu como necessário, solicitou diligência (fls. 810/811 dos autos principais) respondida às fls. 829/832, sendo a Recorrente, inclusive, intimada a se manifestar. Naquele momento foi dada a oportunidade para que a Recorrente esclarecesse a questão das verbas indenizatórias, conforme levantado na Informação Fiscal. Assim, não há que se falar em nulidade da r. decisão. No Mérito Da dedução de valores supostamente recolhidos ou parcelados Alega a Recorrente que a fiscalização, ao lavrar o auto de infração, deixou de considerar para fins de dedução os valores recolhidos no momento devido, bem como os valores objeto de parcelamento. Sobre isto, o Auditor Fiscal, às fls. 829/832 dos autos principais esclareceu que todos os parcelamentos efetuados pelo contribuinte foram devidamente deduzidos no lançamento. Esclareceu também que “as GPS apresentadas pelo contribuinte nos códigos de parcelamento 4103, 4308 e 4200 não foram deduzidas das contribuições apuradas por tratarse de pagamento de parcelamento de débitos confessados já deduzidos e relacionados no RDA”, devendo apenas a GPS da competência 11/2005 ser considerada para retificação do débito apurado, mas em outro auto de infração. Fl. 854DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 Ressaltese que a Recorrente foi intimada desta informação fiscal e não logrou êxito em demonstrar que o resultado diverge da realidade. Portanto, acolhida a conclusão da informação fiscal neste ponto, não havendo mais o que considerar. Das verbas de caráter indenizatório A Recorrente, em sede de recurso, arrola diversas verbas que entende como sendo de caráter indenizatório e, para confirmar suas alegações, junta aos autos resumos de folha de pagamento. São estas as verbas mencionadas: auxíliodoença, auxílioacidente, adicional de férias, saláriomaternidade, aviso prévio indenizado e respectivo décimo terceiro, férias e adicional constitucional, hora extra, adicional noturno, insalubridade e de periculosidade, saláriofamília, auxílioeducação, auxíliocreche e férias indenizadas. Não tendo a Recorrente demonstrado os fundamentos pelos quais entende pela não incidência de contribuições previdenciárias sobre as referidas verbas, limitandose a caracterizálas como de natureza indenizatória, resta a este julgador tratar individualmente apenas das verbas julgadas em sede de repetitivo pelo Superior Tribunal de Justiça como não incluídas na base de cálculo das contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários. São elas: terço constitucional de férias, afastamento nos 15 primeiros dias de auxílio doença e auxílio acidente e aviso prévio indenizado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS; SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIODOENÇA. [...] 1.2 Terço constitucional de férias. No que se refere ao adicional de férias relativo às férias indenizadas, a não incidência de contribuição previdenciária decorre de expressa previsão legal (art. 28, § 9º, "d", da Lei 8.212/91 redação dada pela Lei 9.528/97). Em relação ao adicional de férias concernente às férias gozadas, tal importância possui natureza indenizatória/compensatória, e não constitui ganho habitual do empregado, razão pela qual sobre ela não é possível a incidência de contribuição previdenciária (a cargo da empresa). A Primeira Seção/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp 957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando entendimento das Turmas de Direito Público deste Tribunal, adotou a seguinte orientação: "Jurisprudência das Turmas que compõem a Primeira Seção desta Corte consolidada no sentido de afastar a contribuição previdenciária do terço de férias também de empregados celetistas contratados por empresas privadas" . [...] 2.2. Aviso Prévio Indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei 9.528/97 e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não ensejam a incidência de contribuição Fl. 855DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13609.000596/201021 Acórdão n.º 2402004.067 S2C4T2 Fl. 852 9 previdenciária. A CLT estabelece que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a devida antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo, o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa a reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão contratual com a antecedência mínima estipulada na Constituição Federal (atualmente regulamentada pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o caráter remuneratório pretendido pela Fazenda Nacional, por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressaltese que, "se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe corresponderia o empregado não presta trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim, por ser ela estranha à hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não haver previsão legal de isenção em relação a tal verba" (REsp 1.221.665/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.2.2011). A corroborar a tese sobre a natureza indenizatória do aviso prévio indenizado, destacamse, na doutrina, as lições de Maurício Godinho Delgado e Amauri Mascaro Nascimento. Precedentes: REsp 1.198.964/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 4.10.2010; REsp 1.213.133/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 1º.12.2010; AgRg no REsp 1.205.593/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 4.2.2011; AgRg no REsp 1.218.883/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 22.2.2011; AgRg no REsp 1.220.119/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 29.11.2011. 2.3 Importância paga nos quinze dias que antecedem o auxílio doença. No que se refere ao segurado empregado, durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe ao empregador efetuar o pagamento do seu salário integral (art. 60, § 3º, da Lei 8.213/91 — com redação dada pela Lei 9.876/99). Não obstante nesse período haja o pagamento efetuado pelo empregador, a importância paga não é destinada a retribuir o trabalho, sobretudo porque no intervalo dos quinze dias consecutivos ocorre a interrupção do contrato de trabalho, ou seja, nenhum serviço é prestado pelo empregado. Nesse contexto, a orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmouse no sentido de que sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença não incide a contribuição previdenciária, por não se enquadrar na hipótese de incidência da exação, que exige verba de natureza remuneratória. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.100.424/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 18.3.2010; AgRg no REsp 1074103/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 16.4.2009; AgRg no REsp 957.719/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 2.12.2009; REsp 836.531/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 17.8.2006. Fl. 856DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 3. Conclusão. Recurso especial de HIDRO JET EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS LTDA parcialmente provido, apenas para afastar a incidência de contribuição previdenciária sobre o adicional de férias (terço constitucional) concernente às férias gozadas. Recurso especial da Fazenda Nacional não provido. Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/STJ.” (STJ, REsp 1.230.957, S1 – Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 18/03/2014) Em complemento, assim dispõe o Regimento Interno do CARF: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Sendo assim, considerando que o STJ reconheceu a não incidência das contribuições sobre os valores pagos a título de terço de férias, afastamento e aviso prévio indenizado, dou provimento a esta parte do recurso voluntário, nos termos do art. 62A do RICARF, para excluir estes valores da base de cálculo. Da Aplicação da SELIC A Recorrente alega a inconstitucionalidade da aplicação da SELIC. Pretende o reconhecimento neste sentido. O Código Tributário Nacional, em seu art. 161, prevê expressamente a possibilidade de lei fixar juros diversos do quanto por ele previsto: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Em complemento, a Lei n° 8.212/91, em seu art. 89, § 4°, prevê: “Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) Fl. 857DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13609.000596/201021 Acórdão n.º 2402004.067 S2C4T2 Fl. 853 11 § 4° O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.” O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já pacificou entendimento, inclusive mediante Súmula, a respeito da aplicação da SELIC para aplicação de juros nos casos referentes às contribuições previdenciárias: “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Ademais, não cabe a este Conselho discutir quanto ao caráter remuneratório da Taxa SELIC, pois a Administração Pública é regida pelo Princípio da Legalidade e, sendo assim, deve respeito às normas vigentes. Destarte, patente o indeferimento do pedido de redução da taxa SELIC a 1% ao mês, bem como sua exclusão. Da Multa aplicada Em decorrência dos princípios da autotutela e da legalidade objetiva, no que tange à multa aplicada de 75% sobre as contribuições devidas até a competência 11/2008, entendo que deverá ser aplicada a legislação vigente à época do fato gerador. A questão a ser enfrentada é a retroatividade benéfica para redução ou mesmo exclusão das multas aplicadas através de lançamentos fiscais de contribuições previdenciárias na vigência da Medida Provisória (MP) 449, de 03/12/2008, convertida na Lei n°11.941/2009, mas nos casos em que os fatos geradores ocorreram antes de sua edição. É que a medida provisória revogou o art. 35 da Lei 8.212/1991 que trazia as regras de aplicação das multas de mora, inclusive no caso de lançamento fiscal, e em substituição adotou a regra que já existia para os demais tributos federais, que é a multa de ofício de, no mínimo, 75% do valor devido. Para tanto, devese examinar cada um dos dispositivos legais que tenham relação com a matéria. Prefiro começar com a regra vigente à época dos fatos geradores (art. 35 da Lei 8.212/1991). De fato, a multa inserida como acréscimo legal nos lançamentos tinha natureza moratória – era punido o atraso no pagamento das contribuições previdenciárias, independentemente de a cobrança ser decorrente do procedimento de ofício. Mesmo que o contribuinte não tivesse realizado qualquer pagamento espontâneo, sendo, portanto, necessária a constituição do crédito tributário por meio de lançamento, ainda assim a multa era de mora. A redação do dispositivo legal, em especial os trechos destacados, é muito claro nesse Fl. 858DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 sentido. Não se punia a falta de espontaneidade, mas tão somente o atraso no pagamento – a mora. Contemporâneo à essa regra especial aplicável apenas às contribuições previdenciárias já vigia, desde 27/12/1996, o art. 44 da Lei 9.430/1996, aplicável a todos os demais tributos federais: Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinquenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. É certo que esse possível conflito de normas é apenas aparente, pois como se sabe a norma especial prevalece sobre a geral, sendo isso um dos critérios para a solução dessa controvérsia. Para os fatos geradores de contribuições previdenciárias ocorridos até a MP n° 449 aplicavase exclusivamente o art. 35 da Lei 8.212/1991. Portanto, a sistemática dos artigos 44 e 61 da Lei 9.430/1996, para a qual multas de ofício e de mora são excludentes entre si, não se aplica às contribuições previdenciárias. Quando a destempo mas espontâneo o pagamento aplicase a multa de mora e, caso contrário, seja necessário um procedimento de ofício para apuração do valor devido e cobrança através de lançamento então a multa é de ofício. Enquanto na primeira se pune o atraso no pagamento, na segunda multa, a falta de espontaneidade. Logo, repetese: no caso das contribuições previdenciárias somente o atraso era punido e nenhuma dessas regras se aplicava; portanto, não vejo como se aplicar, sem observância da regra especial que era prevista no art. 35 da Lei 8.212/1991, a multa de ofício aos lançamentos de fatos geradores ocorridos antes da vigência da Medida Provisória (MP) 449. O Código Tributário Nacional (CTN) estabelece que o lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Ainda dentro desse contexto, pela legislação da época da ocorrência de parte dos fatos geradores (aqueles em que houve pagamento em atraso), são duas multas distintas a serem aplicadas pela AuditoriaFiscal: Fl. 859DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13609.000596/201021 Acórdão n.º 2402004.067 S2C4T2 Fl. 854 13 1. uma relativa ao descumprimento da obrigação acessória – capitulada no Código de Fundamento Legal (CFL) 68 –, com base o art. 32, IV e § 5o, da Lei 8.212/1991, no total de 100% do valor devido, relativo às contribuições não declaradas, limitada em função do número de segurados; 2. outra pelo descumprimento da obrigação principal, correspondente, inicialmente, à multa de mora de 24% prevista no art. 35, II, alínea “a”, da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.876/1999. Tal artigo traz expresso os percentuais da multa moratória a serem aplicados aos débitos previdenciários. A regra acima mencionada, portanto, se aplica aos casos de contribuições que, embora tenham sido espontaneamente declaradas pelo sujeito passivo, deixaram de ser recolhidas no prazo previsto na legislação. Não é o caso. Por outro lado, a regra do art. 35A da Lei 8.212/1991 (acrescentado pela Lei 11.941/2009) aplicase aos lançamentos de ofício em que o sujeito passivo deixou de declarar fatos geradores das contribuições previdenciárias e consequentemente de recolhêlos, com o percentual 75%, nos termos do art. 44 da Lei 9.430/1996. Lei 8.212/1991: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996. (g.n.) Assim, não havendo o recolhimento da obrigação principal não declarada em GFIP, passou a ser devida a incidência da multa de ofício de 75% sobre o valor não recolhido, como segue: Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Dessa forma, entendo que, para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, aplicase a multa de mora nos percentuais da época (redação anterior do artigo 35, inciso II, da Lei 8.212/1991), limitando a multa ao patamar de 75% previsto no art. 44 da Lei 9.430/1996. Embora a multa prevista no art. 35 da Lei 8.212/1991 (antes da alteração promovida pela Lei 11.941/2009) seja mais benéfica na atual situação em que se encontra a presente autuação, caso esta venha a ser executada judicialmente, poderá ser reajustada para o patamar de até 100% do valor principal. Assim, nas competências em que não houve declaração em GFIP e recolhimento da obrigação principal, considerando que a multa prevista pelo art. 44 da Lei Fl. 860DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 9.430/1996 limitase ao percentual de 75% do valor principal e adotando a regra interpretativa constante do art. 106 do CTN, necessária a verificação da penalidade mais benéfica, com limite ao percentual de 75%. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário e a ele dou parcial provimento para reconhecer a exclusão dos valores pagos a título de terço de férias, afastamento nos 15 primeiros dias do auxílio doença/acidente e aviso prévio indenizado, bem como para limitar a aplicação da penalidade a 75%, nos termos do art. 44 da Lei 9.430/1996. É como voto. Thiago Taborda Simões. Fl. 861DF CARF MF Impresso em 26/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/08/2014 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 19/08/201 4 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 19647.011786/2006-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001, 2002
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO - PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTARNº105/2001.
A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA - NULIDADE - NÃO OCORRÊNCIA.
É facultado à autoridade julgadora indeferir a solicitação de perícia, quando considerar que a sua produção é prescindível ou impraticável. Não ocorrendo o pedido na forma do estabelecido no art. 16, IV, §1º do Decreto 70.235/75 não há que se falar em nulidade do auto de infração.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - PRESUNÇÃO LEGAL - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA.
Conforme art. 42 da Lei n. 9.430/96, será presumida a omissão de rendimentos toda a vez que o contribuinte, titular da conta bancária, após regular intimação, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em suas contas de depósito ou de investimento. Em tal técnica de apuração o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial.
ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS - COMPROVAÇAO INDIVIDUALIZADA - ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96.
Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos na em sua conta corrente, identificando-os como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96.
Recurso voluntário não provido.
Numero da decisão: 2202-002.758
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo, Fabio Brun Goldschmidt e Pedro Anan Junior, que acolhem a preliminar. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro Antonio Lopo Martinez. QUANTO AO PEDIDO DE DILIGÊNCIA: Por unanimidade de votos, indeferir o pedido de pericia. QUANTO AO MÉRITO: por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Rafael Pandolfo - Relator.
(Assinado digitalmente)
ANTONIO LOPO MARTINEZ - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada), Fabio Brun Goldschmidt.
Nome do relator: Rafael Pandolfo
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A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA NULIDADE NÃO OCORRÊNCIA. É facultado à autoridade julgadora indeferir a solicitação de perícia, quando considerar que a sua produção é prescindível ou impraticável. Não ocorrendo o pedido na forma do estabelecido no art. 16, IV, §1º do Decreto 70.235/75 não há que se falar em nulidade do auto de infração. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO LEGAL DEPÓSITOS BANCÁRIOS FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA. Conforme art. 42 da Lei n. 9.430/96, será presumida a omissão de rendimentos toda a vez que o contribuinte, titular da conta bancária, após regular intimação, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em suas contas de depósito ou de investimento. Em tal técnica de apuração o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial. ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVAÇAO INDIVIDUALIZADA ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96. Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos na em sua conta corrente, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 17 86 /2 00 6- 17 Fl. 1166DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 2 Recurso voluntário não provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo, Fabio Brun Goldschmidt e Pedro Anan Junior, que acolhem a preliminar. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro Antonio Lopo Martinez. QUANTO AO PEDIDO DE DILIGÊNCIA: Por unanimidade de votos, indeferir o pedido de pericia. QUANTO AO MÉRITO: por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. (Assinado digitalmente) ANTONIO LOPO MARTINEZ Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada), Fabio Brun Goldschmidt. Fl. 1167DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.167 3 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização Em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) – Fiscalização nº 04.1.01.002005000662 (fl. 01) e seu Complementar nº 04.1.01.0020050006621 (fl. 02), iniciouse a ação fiscal referente aos anoscalendário 2001 e 2002, a fim de verificar o cumprimento das obrigações tributárias relativas ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Em 02/02/05, o recorrente foi intimado, mediante Termo de Início de Fiscalização (fls. 1517), a apresentar: a) as Declarações de Ajuste Anual do Imposto de Renda Pessoa Física referentes aos anoscalendário 2001 e 2002; b) extratos bancários das contas correntes, das contas poupanças e das contas de investimento mantidas nos anoscalendário 2001 e 2002; c) comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos depositados nas contas bancárias mantidas nos anos calendário 2001 e 2002; d) especificar, apresentando documentação comprobatória, a natureza da(s) atividade(s) profissional(ai) e/ou ato(s) negocial(ais) que ensejou(ram) os depósitos efetuados nas contas bancárias mantidas nos anoscalendário 2001 e 2002; e) cópia, autenticada pela instituição financeira, da ficha cadastral de cada uma das contas bancárias mantidas nos anoscalendário 2001 e 2002 (ou declaração, por escrito, prestada pela mesma instituição financeira), na qual contasse a informação de ter havido ou não, naqueles anos, co titular(es) da conta bancário. Em caso afirmativo, deveriam estar identificado(s), na citada documentação, o nome o número do CPF do(s) outro(s) titular(es) da conta bancária; f) caso tivesse(m) sido outorgada(s) procuração(ões) a terceiro(s) para fins de movimentação das contas bancárias mantidas nos anoscalendário 2001 e 2005, apresentasse cópia(s) da(s) mesma(s) autenticada(s) pela instituição financeira. Em que pese o pedido de prorrogação de prazo do contribuinte (fl. 19), não houve atendimento à intimação. Em 30/03/05, o recorrente foi reintimado a apresentar os documentos e informações solicitadas (fls. 1518), novamente sem resposta. Diante da omissão do recorrente em atender aos termos de intimação fiscal, foi expedida Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) ao Banco Bradesco (fl. 583), para que fornecesse os documentos e informações anteriormente solicitadas Fl. 1168DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 4 e não fornecidas pelo contribuinte. Consta atendimento ao RMF às fls. 585589, contendo extratos da conta corrente e de poupança mantidas sob a titularidade do contribuinte nos anos calendário 2001 e 2002. Após ciência ao contribuinte da continuidade da ação fiscal (fls. 26, 33), e de pedido de prorrogação de prazo (fls. 2829), o recorrente apresentou em 20/07/05 e em 01/08/05 alguns documentos (fls. 37 90, 911008, 111199, 202272, 109110). Após uma série de pedidos de prorrogação de prazo (fls. 501, 504, 508), o contribuinte apresentou em 31/10/05 (fls. 509517) esclarecimentos acompanhados de uma relação referente a cheques que teriam sido emitidos por ele, nos anoscalendário 2001 e 2002, para pagamento de mercadorias a fornecedores. Na oportunidade foi solicitada nova prorrogação de prazo. Desta forma, a fiscalização intimou o recorrente, em 06/02/06, para que identificasse os referidos fornecedores, informasse, por escrito, a razão social, o número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e o endereço completo dos mesmos (fls. 524). Não houve atendimento por parte do contribuinte. Diante da inércia do contribuinte em apresentar a documentação comprobatória da origem dos recursos depositados em conta bancária sob sua titularidade, a fiscalização procedeu com a elaboração de demonstrativos de “Depósitos Bancários a Comprovar a Origem” (fls. 528566). Desta feita, o contribuinte foi intimado (fls. 526527), em 16/02/06, a apresentar documentação comprobatória hábil e idônea da origem dos recursos relacionados nos demonstrativos de “Depósitos Bancários a Comprovar Origem”. Em 20/07/06, o contribuinte foi novamente intimado a apresentar os documentos e informações anteriormente solicitados e a apresentar outros documentos específicos. Em 28/11/05 foi expedida nova RMF ao Banco Bradesco (fl. 590) para que fosse fornecido os documentos bancários solicitados e não apresentados pelo contribuinte, restando atendida a solicitação às fls. 595599 e 602661. Com base nos documentos apresentados pelo contribuinte e pelo Banco Bradesco S/A, foram realizadas diligências junto aos supostos fornecedores do recorrente. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal, “as pessoas físicas identificadas nos comprovantes encaminhados a esta Repartição pelo Banco Bradesco S/A, referentes a lançamentos efetuados a crédito, e as pessoas físicas e jurídicas identificadas nas cópias dos cheques apresentadas anteriormente pelo contribuinte, emitidos contra a conta bancária mantida sob a titularidade do mesmo, nos anoscalendário 2001 e 2002, no total de 46 (quarenta e seis), foram intimadas (fls. 662799 e 802961) a informar, por escrito, apresentando documentação comprobatória, a natureza do ato negocial e/ou atividade profissional realizada que ensejou o(s) crédito(s) na conta bancária do contribuinte (fls. 595 599 e 602661) e/ou o recebimento de cheque(s) emitidos por meio dessa conta (fls. 91199, 202272, 277399, 402500), bem como informar por escrito, sobre a pessoa ou empresa com quem a operação foi tratada. Caso as operações não tivessem sido realizadas com o contribuinte mais sim por meio de outras pessoas ou empresas, as mesmas deveriam ser identificadas.” (fl. 974). Assim, a fiscalização encerrou o procedimento fiscal e procedeu à lavratura do auto de infração. Fl. 1169DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.168 5 2 Auto de Infração Com base na documentação recolhida e no resultado das diligências realizadas junto a pessoas físicas e jurídicas, a fiscalização decidiu lavrar o Auto de Infração (fls. 0510) imputando infração por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem comprovação de origem, nos anoscalendário 2001 e 2002, com crédito tributário apurado de R$ 2.583.587,28, incluídos imposto, juros de mora e multa de 75%. 3 Impugnação O recorrente apresentou impugnação tempestiva (fls. 9931004), esgrimindo, em síntese, os seguintes argumentos: a) praticou operações de intermediação de compra e venda de mercadoria entre terceiros, sendo grande parte dos aportes relacionados a valores que os compradores de mercadorias entregavam a ele para a aquisição se desse por seu intermédio, não devendo tais valores ser compreendidos como receitas omitidas da tributação. Tais operações foram amplamente comprovadas por meio de documentação anexa aos autos; b) houve quebra do sigilo bancário para obtenção de informações e documentos junto a instituições bancárias sem autorização judicial, sendo ilegítimo o procedimento que culminou no lançamento de oficio do crédito tributário; c) o mero trânsito de recursos financeiros, mediante depósitos bancários do contribuinte, não serve para comprovar omissão de receita sujeita à tributação do Imposto de Renda; d) postulou a realização de perícia contábil com o objetivo de se apurar os verdadeiros valores a serem tributados. 4 Acórdão de Impugnação A impugnação foi julgada pela 2ª Turma da DRJ/REC, que acordou, por unanimidade, pela procedência do Auto de Infração (fls. 10131039), mantendo o crédito tributário em sua totalidade. Os fundamentos foram os seguintes: a) há previsão legal para omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo; b) nos casos de presunção legal, o ônus da prova é do contribuinte, cabendo lhe comprovar a origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários; c) é lícito à autoridade fiscal, independente de autorização judicial, requerer informações perante instituições financeiras quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis; Fl. 1170DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 6 d) as autoridades administrativas estão obrigadas a observar da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade dos atos normativos regulamente editados; e) as decisões judiciais, mesmo que proferidas por tribunais superiores, apenas produzem efeitos para as partes envolvidas no processo; f) deve ser indeferido o pedido de perícia que não contiver os requisitos estabelecidos pelo art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/72, e quanto dos autos do processo se constate os elementos necessários à livro convicção do julgador. O recorrente tomou ciência da decisão em 22/06/09. 5 Recurso Voluntário O contribuinte interpôs, tempestivamente, recurso voluntário (fls. 1043 1053), em 22/07/09, repisando os argumentos da impugnação. 6 Sobrestamento Em 12/03/13, através da Resolução nº 2202000.455 (fls. 11571165 do e processo), este processo foi sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º da Portaria CARF nº 001, de 03/01/12, tendo em vista que para alcançar seu desiderato, a Fiscalização utilizou RMF e que a constitucionalidade das prerrogativas estendidas à autoridade fiscal através de instrumentos infraconstitucionais – como a RMF – encontravase em análise pelo STF no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, que tramitava em regime de repercussão geral. Fl. 1171DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.169 7 Voto Vencido Conselheiro Rafael Pandolfo 1. PRELIMINAR 1.1 Do sobrestamento O presente processo teve seu julgamento sobrestado devido ao disposto no § 1º do art. 62A do Regimento Interno deste Conselho Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. No presente caso houve utilização, pela Fiscalização, de meios administrativos para quebrar o sigilo bancário do contribuinte (Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira — RMF), sem o crivo prévio do Poder Judiciário. A análise da regularidade dessa prerrogativa, em sede de repercussão geral, é objeto RE nº 601.314, que está sendo julgado no STF sob o regime do art. 543B, do CPC. Assim, existindo o sobrestamento do tema no STF, o mesmo ocorria no CARF, corolário do dispositivo regimental acima indicado. Ocorre que, os §§ 1º e 2º do art. 62A do Regimento Interno do CARF, acima referidos, foram revogados pelo art. 1º da Portaria nº 545, de 18 de novembro 2013, que abaixo transcrevo: Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Dessa forma, foi ordenada a retomada dos julgamentos dos processos que foram sobrestados com fulcro no dispositivo revogado. 1.2 Da Nulidade das Provas Obtidas Através da Quebra do Sigilo Bancário Sem Prévia Autorização do Poder Judiciário e da Interpretação Conforme a Constituição Fl. 1172DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 8 O crédito tributário debatido no presente recurso tem como fundamento o art. 42, da Lei nº 9.430/95. Para chegar à comprovação da materialidade do tributo — depósitos bancários sem origem identificada — o Fisco utilizouse de Requisição de Informações de Informação Financeira — RMF (fls. 583 e 590), instrumento administrativo que teria como objetivo dar eficácia ao disposto na Lei Complementar nº 105/01, na Lei nº 9.311/96 e no Decreto nº 3.724/01. Ocorre que o PLENO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 389.808/PR, decidiu dar INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO a esses atos normativos, de modo a considerar imprescindível a requisição ao Poder Judiciário de permissão para violar o sigilo de dados do contribuinte. O julgamento recebeu a seguinte ementa: SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. (RE 389808, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2010, DJe086 DIVULG 09052011 PUBLIC 10052011 EMENT VOL0251801 PP00218 RTJ VOL00220 PP00540) A supracitada decisão teve como objetivo tanto conciliar a necessidade do Fisco de ter acesso a dados sigilosos para conseguir atingir seu desiderato, quanto preservar o sigilo de dados dos contribuintes e a inafastabilidade da jurisdição em matérias sensíveis à violação de direitos, garantias explicitadas nos incisos XII e XXXV, do art. 5º, da CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XII é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; XXXV a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; O Supremo Tribunal Federal, portanto, ao enfrentar o tema ora apreciado, não declarou a inconstitucionalidade de qualquer dispositivo, nem mesmo a inconstitucionalidade sem redução de texto. Simplesmente, analisando o ordenamento tributário brasileiro, adotou interpretação conforme a Constituição, fixando aos enunciados infraconstitucionais analisados um conteúdo deôntico compatível com a Carta Maior. Fl. 1173DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.170 9 Transcrevese, abaixo, trecho extraído do voto do Relator (acompanhado pela maioria dos demais Ministros), que explicita a técnica de julgamento aplicada: Assentando que preceitos legais atinentes ao sigilo de dados bancários hão de merecer, sempre e sempre, interpretação, por mais que se potencialize o objetivo, harmônica com a Carta da República, provejo o recurso interposto para conceder a segurança. Defiro a ordem para afastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto aos dados bancários do recorrente. COM ISSO, CONFIRO À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA – LEI Nº 9.311/96, LEI COMPLEMENTAR Nº 105/01 E DECRETO Nº 3.724/01 — INTERPRETAÇÃO CONFORME À CARTA FEDERAL, TENDO COMO CONFLITANTE COM ESTA A QUE IMPLIQUE AFASTAMENTO DO SIGILO BANCÁRIO DO CIDADÃO, DA PESSOA NATURAL OU DA JURÍDICA, SEM ORDEM EMANADA DO JUDICIÁRIO. (Destaque nosso, STF. RE 389.808/PR. Rel. Min. Marco Aurélio. Julg. em 15/12/10). A respeito do tema, deve ser repisado o conteúdo da cláusula de reserva de plenário, inserida no art. 97 do Texto Constitucional, abaixo transcrita: Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. A decisão proferida no âmbito do Recurso Extraordinário 389.808, embora tenha sido por maioria simples (5X4), foi dotada de quorum insuficiente à declaração de inconstitucionalidade de qualquer dispositivo, que é de seis votos (maioria absoluta), conforme preceito constitucional acima reproduzido. Isso prova, matematicamente, que o desfecho do tema conferido pelo STF não implicou no reconhecimento de inconstitucionalidade dos enunciados infraconstitucionais analisados. Na realidade, conforme expresso no julgamento, o precedente referido realizou interpretação conforme a Constituição, técnica que, embora atue no mesmo plano significativo de declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, dela se diferencia por não afastar significados, mas compelir a aplicação de uma interpretação específica, que torna o dispositivo analisado compatível com a Constituição. A sutileza é relevante. Basta verificar que, na interpretação conforme a Constituição, não se declara a inconstitucionalidade de qualquer enunciado ou significado a ele atribuído. A interpretação conforme a Constituição, portanto, não se confunde com a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, como bem aponta o Professor e Ministro Gilmar Ferreira Mendes: Ainda que não se possa negar semelhança dessas categorias e a proximidade do resultado prático da sua utilização, é certo que, enquanto na interpretação conforme à Constituição se tem, dogmaticamente, a declaração de que uma lei é constitucional com a interpretação que lhe é conferida pelo órgão judicial, Fl. 1174DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 10 constatase, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação (Anwendungsfalle) do programa normativo sem que se produza alteração expressa do texto legal (MENDES, Gilmar Ferreira, Jurisdição constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 5 ed. – São Paulo: 2005, pp. 354355). Desse modo, concluise que: a) não existe dispositivo regimental que impeça o julgamento do tema pelo CARF, a partir da revogação realizada pela Portaria nº 545/13; b) o STF, ao enfrentar o tema em sede de jurisdição difusa, não declarou a inconstitucionalidade de qualquer enunciado, aplicando a interpretação conforme a Constituição (que dispensou, inclusive, a cláusula de reserva de Plenário exigida pelo art. 97 da CF/88); c) não incide o óbice inserido no art. 26 – A do Decreto 70.235/72, pois o deslinde do feito dispensa qualquer reconhecimento de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, conforme desfecho conferido ao tema pelo STF, ao analisar o RE nº 389.808. Pelo mesmo motivo, não se cogita de aplicação da Súmula nº 2 do CARF e do art. 62 – A do Regimento Interno do CARF; d) segundo a interpretação conforme a Constituição realizada pelo STF (RE nº 389.808), a requisição de informações financeiras é valida e seus dispositivos normativos, contidos na Lei Complementar nº 105/01, Lei 9.311/96 e Decreto 3724/01 vigentes, desde que ocorra a prévia autorização do Poder Judiciário. Reforçando uma diretiva óbvia e inerente ao devido processo legal, o art. 30, da Lei nº 9.784/99, determina que são inadmissíveis, no processo administrativo, as provas obtidas por meios ilícitos. O dispositivo busca retirar os incentivos para que os agentes públicos desviemse dos procedimentos regulares, através da inutilização de seu trabalho quando realizado de forma que contrarie o direito. A ilicitude da prova, no caso, é corolário lógico da incompatibilidade da sua obtenção com os ditames fixados pelo STF, em interpretação conforme a Constituição. A constituição válida do crédito tributário exige prova da materialidade revelada através de procedimento válido perante o ordenamento jurídico pátrio. Malgrado essa hipótese, não há obrigação tributária pela ausência de prova que, validamente, ratifique o conceito de fato previsto na hipótese normativa tributária. Ressalto a importância do tema em questão, dentro de um estado democrático de direito. A regra positivada em nosso ordenamento tem origem na doutrina e jurisprudência americanas (exclusionary rules, caso Elkins v. United States), que consolidaram o entendimento segundo o qual o Estado, enquanto defensor dos direitos fundamentais, terá como Pírrica toda vitória obtida com base na violação desses Direitos, pois, com o pretexto de Fl. 1175DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.171 11 vencer uma batalha contra um ilícito isolado, leva à bancarrota o próprio Estado Democrático de Direito que almeja proteger1. Ocorre que não só as provas obtidas ilicitamente são vedadas, como também aquelas que delas se derivam. A doutrina do “fruit of the poisonous tree”, ou simplesmente “fruit doctrine” – “fruto da árvore envenenada”, aplicada primeiramente na jurisprudência americana (caso Silverthine Lumber Co. v. United States), estabelece que as provas obtidas por meios ilícitos contaminam aquelas delas decorrentes. Assim, tanto as conclusões decorrentes dos dados bancários obtidos através da quebra ilegal do sigilo, quanto os outros elementos probatórios que deles originamse, são fruto da prova que restou contaminada pela ausência de requisição prévia ao poder judiciário para quebra do sigilo bancário. Como visto, a finalidade do art. 30, da Lei nº 9.784/99, é coibir os abusos estatais através da inutilização dos efeitos dos atos ilícitos cometidos por seus agentes. Dessa forma, qualquer prova que tenha sido produzida à margem do critério definido pelo STF revelase estéril ao nascimento válido da obrigação tributária. No presente caso, somente foi possível a constituição do crédito tributário, tendo como base o art. 60, § 2º, do RIR/99, através das provas obtidas junto à instituição financeira por meio de quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial ou do titular da conta bancária. Ou seja, se a fiscalização não houvesse expedido a RMF, não teria concluído pela omissão de atividade rural e não teria requerido que o contribuinte apresentasse seu Livro Caixa, bem como não teria considerado tais valores no momento de lavrar o auto de infração. Assim, entendo que deve ser admitida a preliminar de prova ilícita por quebra de sigilo bancário, para que seja considerado nulo o Auto de Infração. 1.3 Da Solicitação de Perícia O recorrente requer a realização de perícia contábil para apuração dos verdadeiros valores a serem tributados. O pedido de perícia é subsídio à formação da convicção do julgador, e visa aprofundar as questões referentes às provas e aos elementos constantes nos autos, não podendo ser utilizado para suprir o descumprimento de uma obrigação legal. Prevê o art. 18 do Decreto nº 70.235/72, com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 8.748/93, que: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante a realização de perícias ou diligencias, quando entendelas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no artigo 28, in fine.” Como se depreende da leitura do dispositivo acima, é facultado à autoridade julgadora indeferir o pedido de perícia, quando considerar que a sua produção é prescindível ou impraticável. Ou seja, é possível que a perícia seja considerada desnecessária quando os elementos presentes nos autos são suficientes para a formação da convicção do julgador, de 1 COSTA ANDRADE, Manuel da. Sobre as proibições de prova em processo penal. Coimbra: Coimbra Editora, 1992. p. 73. Fl. 1176DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 12 modo que apenas se falará na necessidade da prova pericial quando houver dúvida na matéria de fato e na convicção do julgador. Nesse sentido, é o entendimento desta Turma: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 03/03/1994 a 26/09/1996 DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Constando dos autos os documentos necessários à comprovação dos fatos em questão, mostrase desnecessária a diligência requerida. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. INEXISTÊNCIA. Inexiste nulidade da decisão a quo por cerceamento do direito de defesa quando o indeferimento do pedido de diligência é explicitado na fundamentação do acórdão recorrido, e a desnecessidade da diligência é ratificada em segunda instância. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Uma vez que a descrição dos fatos e do enquadramento legal foram suficientemente claros para propiciar o entendimento da infração imputada, descabe acolher alegação de nulidade do auto de infração. MULTA DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. Constatado que empresa incorporada e incorporadora pertenciam, em quase sua totalidade, ao mesmo sócio, não há como dar guarida à tese invocada pela recorrente, de liberação das penalidades em nome da incorporada, sob pena de macular o instituto da responsabilidade tributária por sucessão. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. Os juros cobrados a título de mora, cujos índices estão pautados pela taxa SELIC, têm base legal em consonância com o Código Tributário Nacional. Inexiste correção monetária no País desde momento anterior ao auto de infração lavrado em desfavor da recorrente. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. (CARF. 2ª Seção. 2ª Câmara. 2ª Turma Ordinária. Ac. 2202 001.774. Rel. Conselheiro Corintho Oliveira Machado. Julg. 11/09/2007). O art. 16, IV, §1º, do Decreto nº 70.235/72 é claro ao estabelecer condições para que reste deferido o pedido de perícia. In verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. No caso em exame, não houve a exposição dos motivos que justificariam a perícia. Além disso, por ocasião do recurso voluntário o contribuinte poderia anexar aos autos os documentos comprobatórios cabíveis para sua tese, o que não ocorreu. Convém ressaltar que o pedido de perícia pode ser considerado descabido quando os elementos necessários à comprovação das exclusões da base de cálculo são provas Fl. 1177DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.172 13 documentais, as quais o contribuinte deixou de apresentar, ou apresentou de forma insatisfatória aos anseios da fiscalização, como no caso em análise. Da análise dos autos, verificase que a decisão de Primeira Instância entendeu pelo indeferimento do pedido de realização de perícia ao argumento de que: “No caso presente, verificase que o autuado não atendeu aos requisitos legais acima mencionados na apresentação do seu pedido de perícia, pois não indicou perito nem formulou quesitos, tendo, de forma genérica, apenas mencionado que o objetivo seria a apuração dos valores a serem tributados. Isso já determina, de pronto, que seja considerado como não formulado. Ademais, já restou provado neste Voto que a tributação do IRPF incidirá sobre os valores a serem tributados. Ademais, já restou provado neste Voto que a tributação do IRPF incidirá sobre os valores considerados no lançamento. 92.Observase, assim, que não há como subverter a ordem das incumbências, pois caberia ao impugnante apresentar, repitase, mediante documentação hábil e idônea, a comprovação da origem dos depósitos efetuados em suas contas bancárias (conta corrente e de poupança). Portanto, diante dos fatos e das conclusões expostas no presente Voto, e por constarem dos autos os elementos necessários à formação da livre convicção desta Julgadora, considerase prescindível a realização da perícia solicitada, razão por que se indefere o pedido.” A responsabilidade pela apresentação das provas do alegado compete ao contribuinte, não cabendo à determinação de perícia para a busca de provas. No caso, a autoridade julgadora de Primeira Instância indeferiu o pedido de perícia, uma vez que a oportunidade para apresentação das provas precluiu, entendendo a produção de tal prova prescindível ao julgamento da lide. Assim, entendo ser incabível a solicitação de perícia nesse momento processual uma vez que o foi devidamente oportunizado que o recorrente juntasse aos autos os documentos comprobatórios que considerasse relevante, portanto, prejudicado o pedido do autor, sendo o produzido ao longo do processo suficiente para firmar o convencimento da Primeira Instância, e suficiente para formar o deste Relator. 2. MÉRITO Vencido na preliminar suscitada (ilicitude da prova obtida através da quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial), ingresso na análise dos demais créditos tributários, apurados regularmente, e argumentos suscitados pelo recorrente. Da Consideração de Depósitos Bancários como Fato Gerador do Imposto de Renda O art. 42 da Lei 9.430/96 estipula, in verbis: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação Fl. 1178DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 14 aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. “ Tratase de Presunção, esta sendo o resultado de processo lógico mediante o qual do fato conhecido cuja existência é certa se infere o fato desconhecido cuja existência é provável. Tendo respaldo legal e admitindo prova em contrário (presunção relativa), é considerada válida no direito tributário. No caso da técnica de apuração baseada em presunção estabelecida pelo art. 42 da Lei 9.430/96, o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial; tendo em vista que renda, para fins de imposto de renda, é considerada como o acréscimo patrimonial em determinado período de tempo, a existência de depósitos sem origem e sem tributação comprovados levam à presunção de que houve acréscimo patrimonial não oferecido à tributação, logo omitido – o fato desconhecido de existência provável. Por ser presunção relativa, é necessário que a contribuinte seja intimado regularmente, e que este seja intimado do resultado da apuração dos depósitos discriminados individualmente, de modo a possibilitar a defesa, o que ocorreu no presente procedimento. Sendo assim, não é plausível o argumento esgrimido pela contribuinte de que os depósitos bancários não seriam base de cálculo para o Imposto de Renda, o que afastaria a tributação. Ademais, por não ter apresentado provas que infirmassem a presunção gerada pelos depósitos bancários, considerase acertada a autuação. Conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar individualizadamente a origem desses recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase, portanto, de ônus exclusivo do contribuinte: § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). Ao tentar comprovar as origens, o recorrente sustenta que os depósitos decorreram das operações de intermediação de compra e venda de mercadoria a terceiros, sendo grande parte dos aportes relacionados a valores que os compradores de mercadorias entregavam a ele para que a aquisição se desse por seu intermédio. Como se percebe, o recorrente simplesmente imputou todas as quantias restantes como decorrentes dessa atividade, sem identificar quais valores se refeririam aos comprovantes apresentados. Embora a fiscalização tenha realizado diligências, intimando todas as pessoas físicas e jurídicas identificadas nos comprovantes e nas alegações do recorrente, a fim de comprovar as alegações do contribuinte, as pessoas físicas intimadas não apresentaram qualquer documento que comprovasse as declarações de que os depósitos havidos na conta do Fl. 1179DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.173 15 recorrente eram oriundos da atividade de intermediação de compra e venda de mercadorias entre terceiros, e que grande parte dos depósitos eram valores que os compradores de mercadorias entregavam a ele para a aquisição se desse por seu intermédio. Quanto às pessoas jurídicas intimadas, algumas sequer manifestaramse, outras, contudo, apresentaram documentos não escriturados, que apenas informam valores de entrada e saída, sem haver qualquer especificação quanto ao motivo do ingresso e saída dos valores, ou quem seriam os destinatários dos numerários. Quanto aos cheques trazidos aos autos, todos são cheques do contribuinte, ou seja, nenhum cheque comprova o ingresso de qualquer valor em sua conta bancária, mas apenas saídas. Conquanto possa ser considerada pelo contribuinte como desproporcional a medida, a verdade é que existe diploma normativo válido e vigente que impõe a este dever, não cabendo a este Conselho declarar a inconstitucionalidade e afastar sua aplicação. Assim, considerando que o recorrente não comprovou de forma individualizada a origem dos depósitos feitos em sua conta corrente, e que não há congruência entre os valores indicados nas notas fiscais, ou nas informações dos livros de saída, e aqueles contidos na planilha da fiscalização que informa os depósitos glosados, não merece prosperar a alegação do recorrente quanto à origem dos depósitos. Nesse sentido é o entendimento desta Turma: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 2003 OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO LEGAL DEPÓSITOS BANCÁRIOS FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA. Conforme art. 42 da Lei n. 9.430/96, será presumida a omissão de rendimentos toda a vez que o contribuinte, titular da conta bancária, após regular intimação, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em suas contas de depósito ou de investimento. Em tal técnica de apuração o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial. ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96. Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos na em sua conta corrente, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Recurso Voluntário Negado. (CARF. 2ª Seção. 2ª Câmara. 2ª Turma Ordinária. Ac. 2202 002.591. Rel. Conselheiro Rafael Pandolfo. Julg. 18/03/2014). Fl. 1180DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 16 Ante o exposto, VENCIDO NA PRELIMINAR de prova ilícita, voto por INDEFERIR o pedido de diligência, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator Fl. 1181DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.174 17 Voto Vencedor Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ. Redator designado Este voto direcionase exclusivamente a preliminar de prova ilícita por quebra do sigilo bancário, ponto na qual divirjo do Conselheiro Relator. Inobstante o bem fundamentado voto do Relator, entendo que ao apreciar a questão da licitude da prova estamos essencialmente enfrentando uma questão preliminar. O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Pessoalmente, não me restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. No comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, notase o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; Fl. 1182DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO 18 III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. Se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Fl. 1183DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19647.011786/200617 Acórdão n.º 2202002.758 S2C2T2 Fl. 1.175 19 Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Requisições de Movimentação Financeira – RMF emitidas seguiram rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º, que também estão claramente presentes nos autos. Em verdade, verificase que o contribuinte foi intimada a fornecer seus extratos bancários, no entanto não os apresentou, razão pela qual não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF. Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência de sigilo bancário para a Receita Federal do Brasil, posto que a Lei Complementar 105, de 2001 confere às autoridades administrativas tributárias a possibilidade de acesso aos dados bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para tanto. E é este o caso nos autos. Ademais, a tese de ilicitude da prova obtida não está sendo acolhida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme a jurisprudência já consolidada. Rejeito, portanto, o questionamento preliminar arguido quanto ilicitude da prova, acompanhado o Conselheiro Relator nas demais questões. (Assinado digitalmente) ANTONIO LOPO MARTINEZ Redator designado. Fl. 1184DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por RAFAEL PANDOLFO
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