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Numero do processo: 10725.001055/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2009
CONTRIBUINTE PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO.
São isentos do imposto sobre a renda os proventos de reforma, aposentadoria ou pensão recebidos por contribuintes portadores de moléstia especificada em lei, devidamente comprovada por meio de laudo médico oficial.
Na hipótese, a contribuinte, beneficiária de rendimentos de aposentadoria e pensão, comprovou, por meio de laudo médico oficial que, no ano-calendário, era portadora de cardiopatia grave.
Numero da decisão: 2101-001.723
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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ISENÇÃO. São isentos do imposto sobre a renda os proventos de reforma, aposentadoria ou pensão recebidos por contribuintes portadores de moléstia especificada em lei, devidamente comprovada por meio de laudo médico oficial. Na hipótese, a contribuinte, beneficiária de rendimentos de aposentadoria e pensão, comprovou, por meio de laudo médico oficial que, no ano calendário, era portadora de cardiopatia grave. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ________________________________________________ LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinado digitalmente) ________________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Fl. 59DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/ 06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 2 Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento contra a contribuinte em epígrafe, na qual apurouse omissão de rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica. Em 24.9.2009, a contribuinte impugnou o lançamento (fls. 1 a 4), alegando, em síntese, que não omitiu rendimentos tributáveis, já que sofre de cardiopatia grave, identificada desde 1998, é aposentada da Secretaria de Estado de Planejamento Gestão e beneficiária de pensão do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS por morte previdenciária de seu cônjuge. Sendo assim, a seu ver, os rendimentos percebidos são isentos do imposto sobre a renda por ser portadora de moléstia grave prevista no artigo 6.º, inciso XIV, da Lei n.º 7.713, de 1988. A 2.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro 2 decidiu pela procedência do lançamento mediante o Acórdão n.º 1335.073, de 30 de maio de 2011, cuja ementa a seguir transcrevese:. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS.MOLÉSTIA GRAVE. A isenção para portadores de moléstia grave só poderá ser concedida quando o contribuinte preenche os dois requisitos cumulativos indispensáveis à concessão da isenção: a natureza dos valores recebidos, que devem ser proventos de aposentadoria/reforma ou pensão, e o outro que relacionase à existência da moléstia tipificada no texto legal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada da Decisão em 26.7.2011 (fls. 33), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 5.8.2011 (fls. 34 a 37), no qual reitera as razões de impugnação e apresenta novas provas, consubstanciadas nos documentos anexados às fls. 45 a 48. É o relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy O recurso atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Cabe, primeiramente, ressaltar que a isenção do imposto sobre a renda em razão de moléstia grave é cabível em relação aos rendimentos auferidos em decorrência da inatividade por contribuinte portador de uma das patologias listadas no artigo 6.º, inciso XIV, Fl. 60DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/ 06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10725.001055/200961 Acórdão n.º 210101.723 S2C1T1 Fl. 52 3 da Lei n.º 7.713, de 1988. O reconhecimento da isenção depende, portanto, do cumprimento dos seguintes requisitos: 1.º) que os rendimentos auferidos sejam de aposentadoria, reforma ou pensão; 2.º) que o contribuinte seja portador de moléstia grave prevista em lei. No tocante à primeira exigência, isto é, que os rendimentos auferidos sejam provenientes de reforma, aposentadoria ou pensão, foi constatado que a recorrente aufere rendimentos de inatividade, mais especificamente, de sua aposentadoria, publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro na data de 16 de abril de 1996 (fls. 9 e 10 frente e verso) e de pensão por morte previdenciária (fls. 11). Sobre este aspecto, já no voto condutor da decisão a quo, a Relatora verificou ter ficado comprovado que os rendimentos percebidos pela interessada decorrem de aposentadoria e pensão, nos seguintes termos: “Ab initio, é de se informar que, de acordo com os documentos de fls.08 e 09, a contribuinte é aposentada da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (matrícula 00656900) desde abril de 1996. Conseqüentemente, os rendimentos por ela auferidos da citada fonte pagadora têm a natureza de aposentadoria. Acrescentese que também restou comprovado no presente processo que a Sra. Marília dos Santos Assad recebeu pensão por morte previdenciária em 2007, do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, conforme consta do documento acostado à fl. 10 (comprovante de rendimentos pagos e de retenção do imposto de renda na fonte).” Sendo assim, restou preenchido o primeiro requisito para a isenção. As moléstias graves que autorizam a isenção do imposto sobre a renda de contribuintes que auferem rendimentos decorrentes da inatividade são aquelas relacionadas no artigo 6.º, inciso XIV, da Lei n.º 7.713, de 1988, a seguir transcrito: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...] XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois Fl. 61DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/ 06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 4 da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004) (g.n.) [...] O cumprimento do segundo requisito, qual seja, que a contribuinte é portadora de moléstia grave, prevista no artigo 6°, inciso XIV, da Lei n° 7.713, de 1988, deve ser feito por meio de Laudo Médico Pericial emitido por serviço médico oficial da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, nos termos da Lei n° 9.250, de 1995, verbis: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. [...] No caso em análise, em sede de impugnação, foi acostado aos autos laudo emitido por médico da Santa Casa de Misericórdia de Campos, RJ (fls. 14 e 15), o qual atesta que a recorrente sofre de cardiopatia grave, desde 1998. Tal comprovante, todavia, foi insuficiente para cumprir o segundo requisito, por força do que prevê o artigo 30 da Lei n.º 9.250, de 1995, acima transcrito. Por esse motivo, a decisão da DRJ foi pela improcedência da impugnação. Nesse ponto, a Relatora do Voto condutor de referida decisão assim se manifestou: “Quanto ao outro requisito indispensável à concessão da isenção, é de se ressaltar que consta dos documentos de fls. 14 e 15, ambos exarados pela Santa Casa de Misericórdia de Campos, em 15/07/2007, que a interessada é portadora de cardiopatia grave. Notese, entretanto, que em pesquisa à Internet (http://cnes.datasus.gov.br) fl.26, verificase que a mencionada Instituição é de natureza privada, não se revestindo os documentos de fls.14 e 15 das características de laudos periciais emitidos por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, como determina a legislação que trata da isenção para portadores de moléstia grave.” Diante dessas informações, para complementar as provas já apresentadas em sede de impugnação, visando ao atendimento dos requisitos exigidos por lei para comprovar o direito à isenção pleiteada, a interessada apresentou, em sede de recurso voluntário, os documentos juntados às fls. 45 a 48. Às fls. 45 consta “declaração” (laudo) do médico Paulo A. Maia, emitida em papel timbrado (receituário) da UPA 24 Horas – Campos. As UPA 24 Horas Unidades de Pronto Atendimento são unidades pré hospitalares vinculadas à Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. A declaração apresentada às fls. 45 foi, portanto, emitida por órgão oficial, e contém, em seu bojo, identificação da contribuinte, especificação da moléstia grave (prevista Fl. 62DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/ 06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10725.001055/200961 Acórdão n.º 210101.723 S2C1T1 Fl. 53 5 no artigo 6°, inciso XIV, da Lei n° 7.713, de 1988), a data a partir da qual a recorrente passou a ser portadora de tal doença e, ao final, é subscrito por médico identificado. Cumpre, portanto, a exigência do artigo 30, caput, da Lei n.º 9.250, de 1995. Em circunstâncias tais como as da presente hipótese, imperioso o reconhecimento da isenção. Este entendimento já foi pacificado pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais por meio da Súmula CARF n.º 63: “Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.” Sendo assim, cumpridos os requisitos legais, a recorrente faz jus à isenção do imposto sobre a renda por moléstia grave. Conclusão Ante todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 63DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/ 06/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10510.001635/2008-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2004
DECADÊNCIA. INOCORÊNCIA.
Nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado, aplica-se a regra do artigo 150, § 4.º, do Código Tributário Nacional. Na hipótese, na qual se trata de lançamento correspondente ao ano-calendário de 2003, o lançamento poderia ter sido efetuadoaté 31.12.2008, cinco anos, a contar da ocorrência do fato, o que, efetivamente, ocorreu.
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Podem ser deduzidos como despesas médicas os valores pagos pelo
contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços prestados ou dos correspondentes pagamentos. Para fazer prova das despesas
médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os
documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela legislação do imposto sobre a renda de pessoa física.
Na hipótese, o contribuinte comprovou parte das despesas declaradas.
Numero da decisão: 2101-001.933
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar decadência e, no mérito, dar provimento em parte ao recurso para restabelecer a dedução de R$ 6.753,84, a título de despesas médicas.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 DECADÊNCIA. INOCORÊNCIA. Nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado, aplica-se a regra do artigo 150, § 4.º, do Código Tributário Nacional. Na hipótese, na qual se trata de lançamento correspondente ao ano-calendário de 2003, o lançamento poderia ter sido efetuadoaté 31.12.2008, cinco anos, a contar da ocorrência do fato, o que, efetivamente, ocorreu. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. Podem ser deduzidos como despesas médicas os valores pagos pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços prestados ou dos correspondentes pagamentos. Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela legislação do imposto sobre a renda de pessoa física. Na hipótese, o contribuinte comprovou parte das despesas declaradas.
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INOCORÊNCIA. Nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado, aplicase a regra do artigo 150, § 4.º, do Código Tributário Nacional. Na hipótese, na qual se trata de lançamento correspondente ao anocalendário de 2003, o lançamento poderia ter sido efetuadoaté 31.12.2008, cinco anos, a contar da ocorrência do fato, o que, efetivamente, ocorreu. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. Podem ser deduzidos como despesas médicas os valores pagos pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços prestados ou dos correspondentes pagamentos. Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela legislação do imposto sobre a renda de pessoa física. Na hipótese, o contribuinte comprovou parte das despesas declaradas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar decadência e, no mérito, dar provimento em parte ao recurso para restabelecer a dedução de R$ 6.753,84, a título de despesas médicas. (assinado digitalmente) __________________________________________________ AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 16 35 /2 00 8- 93 Fl. 78DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 2 JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente Substituto (assinado digitalmente) ________________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Raimundo Tosta Santos (Presidente Substituto), Gonçalo Bonet Allage, José Evande Carvalho Araujo, Alexandre Naoki Nishioka, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração contra o contribuinte em epígrafe, no qual foi feita glosa de deduções de despesas médicas (fls. 2 a 8). Segundo relato da Fiscalização, o contribuinte informou, em sua DIRPF/2004, ter pago os seguintes valores, a título de despesas médicas: a) R$ 4.266,70 a Douglas de Faria; b) R$ 3.290,65 a São Lucas MédicoHospitalar Ltda.; c) R$ 7.333,22 a Unimed Sergipe. Tendo em vista que, intimado, o contribuinte não apresentou comprovação das despesas declaradas, a Fiscalização procedeu à respectiva glosa, informando haver indícios de fraude na dedução da despesa médica declarada como paga a Douglas de Faria, conforme consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, integrante do Auto de Infração, razão pela qual, sobre o imposto correspondente, foi aplicada multa qualificada. Em 16.5.2008, o contribuinte impugnou lançamento, alegando irregularidade na autuação por entender terem ocorrido prescrição e decadência. Argumentou ser uma praxe os contribuintes não guardarem para si os documentos que apresentaram na declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda dos anos anteriores. Teceu considerações sobre o crime de estelionato, alertou quanto às possíveis conseqüências de uma acusação leviana e irresponsável de crimes inexistentes, por parte do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil e disse anexar documentos. A 3.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) julgou o lançamento procedente, por meio do Acórdão n.º 1516.160, de 10 de julho de 2008, com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 DEDUÇÕES. PROVAS. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.001635/200893 Acórdão n.º 2101001.933 S2C1T1 Fl. 75 3 As deduções devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea. Lançamento Procedente Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. 60 a 66, no qual alega ser nulo o lançamento, haja vista entender ter ocorrido a “prescrição do crédito tributário”. Volta a discorrer sobre o crime de estelionato e, invocando o artigo 27 do Decreto n.º 70.235, de 1972, argumenta que o processo entrou na sessão de julgamento em 10.7.2008, e deveria ter sido julgado até 18.5.2008 (sic); além disso, só foi notificado em 15.8.2008, ou seja, num prazo superior a 30 dias. Ao final, ratifica o procedimento da inicial e espera provimento. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais previstos no Decreto n° 70.235, de 1972. Dele conheço. O lançamento constante deste processo originouse de seleção de contribuintes a partir de Representação Fiscal da Delegacia da Receita Federal em Caxias do Sul (RS) que relata a ocorrência de flagrante efetuado pela Polícia Federal contra Douglas de Faria, CPF. 238.502.80691, pela venda de recibos médicos para uso como dedução nas declarações de Imposto sobre a Renda de diversas Pessoas Físicas (vide fls. 3). A Fiscalização esclarece que o flagrante ocorreu em 1999 na cidade de Natal (RN) e foi objeto de processo criminal na Justiça Federal sob o n° 99.00033466. Tendo em vista que o contribuinte Adelson Lima dos Santos informou, em sua DIRPF/2004, ter pago ao Sr. Douglas de Faria o montante de R$ 4.266,70, a título de despesas médicas, foi intimado a apresentar originais e cópias dos documentos comprobatórios da efetiva prestação do serviço e do respectivo pagamento. Em atendimento à intimação, o contribuinte declarou ter realizado diversas incursões para localização dos referidos documentos, porém não obteve sucesso. Diante desse cenário, as deduções com despesas médicas foram glosadas na sua totalidade. Por outro lado, a Fiscalização entendeu que, ao utilizar despesas médicas sem a efetiva prestação de serviços, o contribuinte agiu de forma dolosa para modificar a base de cálculo, de modo a reduzir o montante do imposto sobre a renda devido, incorrendo, em tese, na conduta descrita como fraude, cuja definição decorre do art. 72, da Lei n° 4.502, de 1964. Sendo assim, não logrando o contribuinte comprovar, através de documentação hábil, a efetiva prestação dos serviços médicos, bem como o seu pagamento, foi glosado o valor deduzido a esse título na sua declaração de rendimentos do anocalendário de 2003, e a multa lançada para a infração referente ao Sr. Douglas de Faria foi qualificada, em razão de a Fiscalização ter entendido que os fatos apontavam para uma conduta, em tese, enquadrada naquelas previstas pela Lei n.º 8.137, de 1990, artigos 1.º e 2.º. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 4 O lançamento foi integralmente mantido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (BA). 1. Da decadência e da prescrição Em sua impugnação (fls. 29 a 32), o interessado suscita preliminar de prescrição e decadência, tese na qual insiste em sede de recurso voluntário. Examinando os autos, verifiquei que o Auto de Infração, constante às fls. 1 a 8, correspondente ao anocalendário de 2003, foi lavrado em 16 de abril de 2008. A notificação pessoal do ato ao contribuinte data de 18 de abril de 2008, conforme consta às fls. 2. Sobre o tema da decadência, o Superior Tribunal de Justiça – STJ, em 12.8.2009, no julgamento do Recurso Especial REsp n.º 973.733/SC, firmou o entendimento de que, nos casos em que o sujeito passivo antecipa o pagamento do imposto, desde que não tenha havido dolo, fraude ou simulação, deve ser adotada a regra do artigo 150, § 4º, do Código Tributário Nacional CTN. A norma do artigo 173 do mesmo diploma é aplicável aos demais casos. A decisão exarada pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do mencionado Recurso Especial n.º 973.733/SC ficou assim ementada: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, Fl. 81DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.001635/200893 Acórdão n.º 2101001.933 S2C1T1 Fl. 76 5 "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, Primeira Seção, julgado em 12.08.2009, DJe 18.09.2009). (grifouse). O Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n.º 256, de 22 de junho de 2009, no artigo 62A de seu Anexo II, acrescentado pela Portaria do Ministério da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010, determina que as decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática estabelecida nos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento dos recursos administrativos: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 6 § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Depreendese, do entendimento exarado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp n.º 973.733/SC, que, tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação no qual: (i) não há constituição do crédito pelo contribuinte; (ii) não foi constatado dolo, fraude ou simulação e (iii) a legislação não previu o pagamento antecipado ou, tendoo previsto, o pagamento não foi comprovado, deve ser aplicado o prazo previsto no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN, iniciandose a contagem do prazo decadencial quinquenal a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. No caso em análise, tratase de lançamento por homologação, no qual houve pagamento antecipado, na forma de retenção na fonte, circunstância na qual, segundo a decisão do STJ, aplicase a regra do artigo 150, § 4.º, do Código Tributário Nacional. Não obstante, constataseque, mesmo assim, não teria ocorrido a decadência, tal como quer fazer crer o recorrente. É que o “fato gerador” do imposto sobre a renda ocorre em 31 de dezembro de cada anocalendário. Sendo assim, tratandose de lançamento correspondente ao anocalendário de 2003, a fiscalização poderia, segundo essa regra, efetuar o lançamento até 31.12.2008, cinco anos, a contar da ocorrência do fato, o que, efetivamente, ocorreu. Tendo em vista que o lançamento aperfeiçoouse em 18 de abril de 2008, com a notificação pessoal ao contribuinte, não há que se falar em decadência do “direito” da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário objeto deste processo. Já a prescrição do direito de proceder à cobrança do crédito tributário ocorre em um momento posterior e segundo circunstâncias totalmente distintas. Uma vez lançado o crédito tributário, a Fazenda Pública tem um prazo (prescricional) para proceder à ação de cobrança. Este prazo, regulado no Código Tributário Nacional, é de cinco anos a contar da constituição definitiva do crédito tributário. Todavia, esse prazo pode ser interrompido, nos termos do artigo 174 do Código Tributário Nacional – CTN (Lei n.º 5.172, de 1966), ou suspenso, em função de determinadas circunstâncias previstas na norma geral, que suspendem a exigibilidade do crédito tributário (artigo 151 do CTN). Entre elas estão as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo (inciso III). No presente caso, a exigibilidade do crédito tributário encontrase suspensa, ante a interposição de tempestiva impugnação e, após, de recurso voluntário. A contagem do prazo prescricional só terá início a partir da ciência do interessado da decisão defnitiva no âmbito administrativo. Diante disso, a alegação do interessado sobre “prescrição do crédito tributário” é totalmente impertinente. 2. Da comprovação das despesas médicas Todas as deduções utilizadas na declaração de imposto sobre a renda de pessoa física de ajuste devem ser especificadas e comprovadas. As despesas médicas dedutíveis restringemse aos pagamentos efetivamente realizados pelo contribuinte, com o próprio tratamento e o de seus dependentes, a teor do que prescreve o artigo 8.º da Lei n.º 9.250, de 1995: Fl. 83DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.001635/200893 Acórdão n.º 2101001.933 S2C1T1 Fl. 77 7 Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea a do inciso II: [...] II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; [...] (g. n.) O artigo 73 do Decreto n.º 3.000, de 1999, que tem por matriz legal o artigo 11 do DecretoLei n.º 5.844, de 1943, autoriza a autoridade fiscalizadora a exigir comprovação ou justificação de todas as deduções pleiteadas pelo contribuinte em sua declaração de ajuste, nos seguintes termos: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). [...]. Depreendese, dos dispositivos acima transcritos, que a comprovação de despesas médicas, para fins de dedução do imposto sobre a renda, deve ser específica, apta a demonstrar tanto a prestação do serviço propriamente dita, ao próprio contribuinte ou a dependente seu, quanto o seu efetivo pagamento, feito ao profissional, pelo contribuinte, em valor correspondente à referida prestação, tudo de forma especificada. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 8 Na presente hipótese, o contribuinte deduziu despesas médicas, entre as quais figuram despesas realizadas com Douglas de Faria, médico que, segundo consta às fls. 3, sofreu flagrante efetuado pela Polícia Federal pela venda de recibos médicos para uso como dedução nas declarações de Imposto de Renda de diversas pessoas físicas. Foi instado, pela Fiscalização, a comprovar a realização das despesas médicas deduzidas, mas não apresentou qualquer documento que viesse lastrear as deduções pleiteadas. Em sede de impugnação, o contribuinte também não apresentou qualquer documento que comprovasse quer a prestação dos serviços médicos, quer o efetivo pagamento das despesas declaradas no anocalendário 2003. Por esse motivo, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) manteve integralmente o lançamento. No recurso voluntário, o interessado diz estar anexando declaração de pagamento à UNIMED, em 2003, referente ao plano de saúde cuja dedução havia sido glosada. Com efeito, consta, às fls. 68, documento em papel timbrado da UNIMED – Sergipe, no qual foram informados pagamentos efetuados pelo contribuinte, a título de plano de saúde do qual é beneficiário, no valor total de R$ 6.753,84, no ano de 2003. Diante desse documento, apresentado após a decisão de primeira instância, entendo ter ficado comprovada a despesa com plano de saúde do titular, no exato limite do valor informado na declaração daquela pessoa jurídica (R$ 6.753,84). Cumpre ressaltar que as demais despesas médicas declaradas não ficaram comprovadas. 3. Do prazo para julgamento administrativo O recorrente alega, por fim, que o “julgador singular” não obedeceu aos preceitos legais do artigo 27, do Decreto n.º 70.235, de 1972, que diz: “Art. 27. O processo será julgado no prazo de 30 dias, a partir de sua entrada no órgão incumbido do julgamento”. Sobre este tema, impende ressaltar que o artigo 27 do Decreto n.º 70.235, de 1972, a partir da Lei n.º 9.532, de 1997, vigora com a seguinte redação: Art. 27. Os processos remetidos para apreciação da autoridade julgadora de primeira instância deverão ser qualificados e identificados, tendo prioridade no julgamento aqueles em que estiverem presentes as circunstâncias de crime contra a ordem tributária ou de elevado valor, este definido em ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Parágrafo único. Os processos serão julgados na ordem e nos prazos estabelecidos em ato do Secretário da Receita Federal, observada a prioridade de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Como se vê, a nova redação conferida ao dispositivo suprimiu o prazo que se delimitava na redação original. Sendo assim, a partir do advento da Lei n.º 9.532, de 1997, não há mais fixação de prazo para julgamento do processo administrativo fiscal. Diante dessa alteração legislativa, levada a efeito há mais de uma década, nada existe de ilegal na conduta do órgão julgador de primeira instância. Os ditames do artigo 27 do Decreto n.º 70.235, de 1972, com a redação em vigor, foram plenamente observados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10510.001635/200893 Acórdão n.º 2101001.933 S2C1T1 Fl. 78 9 Conclusão Ante todo o exposto, voto por afastar a preliminar de decadência e, no mérito, dar provimento em parte ao Recurso Voluntário, para restabelecer a dedução de R$ 6.753,84, a título de despesas médicas. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 86DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 22/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 11030.000693/2009-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO
Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador.
PRELIMINAR. NULIDADE.
Os casos de nulidade absoluta restringem-se aos previstos na legislação. Se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo normativo, não se justifica argüir a nulidade do lançamento de ofício.
NÃO-CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Somente se consideram isentas do PIS as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. CUSTO AGREGADO.
Custo agregado ao produto agropecuário está limitado aos dispêndios pagos ou incorridos com matéria-prima, mão-de-obra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização e armazenamento dos produto entregue pelo cooperado.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. VENDAS DE PRODUTOS A ASSOCIADOS.
A exclusão da base de cálculo da receita de vendas de produtos a associados limita-se aos produtos vinculados diretamente com a atividade por eles exercida e que seja objeto da cooperativa, desde que sejam contabilizadas destacadamente.
SOCIEDADES COOPERATIVAS. ATO COOPERATIVO. INCIDÊNCIA.
A partir de 1º.10.1999, por força da MP 1.858-6/99, as sociedades cooperativas estão sujeitas ao PIS sobre o seu faturamento, incidindo a contribuição sobre a totalidade das receitas, com as exclusões previstas no art. 15 da MP 2.158/2001 e no art. 17 da Lei nº 10.684/2003, para as cooperativas de produção agropecuária.
NÃO-CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. HIPÓTESE. IMPOSSIBILIDADE.
As exclusões de base de cálculo do PIS, nos termos do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não configuram hipótese em que é autorizada a compensação do saldo credor com débitos de tributos administrados pela RFB ou o seu ressarcimento, nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005.
Numero da decisão: 3301-005.674
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Foi proposta a conversão do julgamento em diligência, que não foi acatada pela turma. Vencido o Conselheiro Ari Vendramini.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Marinho Nunes e Ari Vendramini.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador. PRELIMINAR. NULIDADE. Os casos de nulidade absoluta restringem-se aos previstos na legislação. Se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo normativo, não se justifica argüir a nulidade do lançamento de ofício. NÃO-CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Somente se consideram isentas do PIS as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. CUSTO AGREGADO. Custo agregado ao produto agropecuário está limitado aos dispêndios pagos ou incorridos com matéria-prima, mão-de-obra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização e armazenamento dos produto entregue pelo cooperado. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. VENDAS DE PRODUTOS A ASSOCIADOS. A exclusão da base de cálculo da receita de vendas de produtos a associados limita-se aos produtos vinculados diretamente com a atividade por eles exercida e que seja objeto da cooperativa, desde que sejam contabilizadas destacadamente. SOCIEDADES COOPERATIVAS. ATO COOPERATIVO. INCIDÊNCIA. A partir de 1º.10.1999, por força da MP 1.858-6/99, as sociedades cooperativas estão sujeitas ao PIS sobre o seu faturamento, incidindo a contribuição sobre a totalidade das receitas, com as exclusões previstas no art. 15 da MP 2.158/2001 e no art. 17 da Lei nº 10.684/2003, para as cooperativas de produção agropecuária. NÃO-CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. HIPÓTESE. IMPOSSIBILIDADE. As exclusões de base de cálculo do PIS, nos termos do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não configuram hipótese em que é autorizada a compensação do saldo credor com débitos de tributos administrados pela RFB ou o seu ressarcimento, nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005.
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INDEFERIMENTO Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador. PRELIMINAR. NULIDADE. Os casos de nulidade absoluta restringemse aos previstos na legislação. Se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo normativo, não se justifica argüir a nulidade do lançamento de ofício. NÃOCUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Somente se consideram isentas do PIS as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. CUSTO AGREGADO. Custo agregado ao produto agropecuário está limitado aos dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mãodeobra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização e armazenamento dos produto entregue pelo cooperado. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. VENDAS DE PRODUTOS A ASSOCIADOS. A exclusão da base de cálculo da receita de vendas de produtos a associados limitase aos produtos vinculados diretamente com a atividade por eles exercida e que seja objeto da cooperativa, desde que sejam contabilizadas destacadamente. SOCIEDADES COOPERATIVAS. ATO COOPERATIVO. INCIDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 00 06 93 /2 00 9- 46 Fl. 322DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 3 2 A partir de 1º.10.1999, por força da MP 1.8586/99, as sociedades cooperativas estão sujeitas ao PIS sobre o seu faturamento, incidindo a contribuição sobre a totalidade das receitas, com as exclusões previstas no art. 15 da MP 2.158/2001 e no art. 17 da Lei nº 10.684/2003, para as cooperativas de produção agropecuária. NÃOCUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. HIPÓTESE. IMPOSSIBILIDADE. As exclusões de base de cálculo do PIS, nos termos do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não configuram hipótese em que é autorizada a compensação do saldo credor com débitos de tributos administrados pela RFB ou o seu ressarcimento, nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Foi proposta a conversão do julgamento em diligência, que não foi acatada pela turma. Vencido o Conselheiro Ari Vendramini. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Marinho Nunes e Ari Vendramini. Relatório Trata o presente de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 10 037.775, que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte, mantendo o indeferimento parcial do PER apresentado, consoante despacho decisório acostado aos autos. Inconformada com o não reconhecimento do direito creditório pleiteado, a requerente apresentou Recurso Voluntário, com as seguintes alegações : I – DOS FATOS E DO HISTÓRICO DOS PEDIDOS DE RESSARCIMENTO REFERENTE AO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2005 o Acórdão DRJ deve ser revisto e reformado, pois a recorrente é sociedade cooperativa, subsumindose ao regime não cumulativo da Contribuição ao PIS e, para tanto, para consecução de seus objetivos a recorrente industrializa e comercializa produtos, fazendo jus a créditos de PIS quando da aquisição de insumos empregados no processo produtivo e de comercialização de sua produção, por tal motivo efetivou Fl. 323DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 4 3 pedidos de ressarcimento dos saldos credores acumulados do PIS, que foram indeferidos pela autoridade fiscalizadora, por não concordar com alguns critérios de cálculo adotados pela cooperativa, concluindo que a cooperativa teria saldos devedores não declarados em DCTF e nem recolhidos. o presente processo visava a análise dos pedidos de ressarcimento do saldo de créditos referentes ao PIS não cumulativo acumulado no período do segundo trimestre de 2005, e não deve prosperar o indeferimento pois os créditos pleiteados estão de acordo com a legislação de regência. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 2.1 – DAS DIVERGÊNCIAS NOS CÁLCULOS APURADOS PELA AUTORIDADE FISCALIZADORA 2.2.1 – AQUISIÇÃO DE INSUMOS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES foi glosado o crédito apropriado sobre aquisições considerados como insumo de produção que, conforme alega a autoridade autuante que tais insumos não se sujeitam ao pagamento das contribuições de acordo com o artigo 42 da MP 2.15835, que determina que as vendas efetuadas por distribuidor e varejista ficam reduzidas a zero não integrando, portanto, a base de cálculo dos créditos. Entretanto, a previsão legal para o crédito das contribuições encontrase no Inciso II do artigo 3º das leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, tendo estes dispositivos legais autorizado expressamente o creditamento quando utilizados como insumo de produção. além disso, tais mercadorias estão sujeitas ao regime de incidência monofásica das contribuições, portanto tais produtos estão sujeitos á incidência das contribuições, conforme pronunciamento da Secretaria da Receita Federal, na Solução de Consulta nº 51 de 31/03/2005, que afirma que produtos sujeitos a incidência monofásica, quando usados como insumos de produção, geram direito a crédito das citadas contribuições. assim não merece prosperar o argumento da autoridade fiscal autuante. 2.2.2 – AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS PARA REVENDA NÃO SUJEITAS AO PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES a autoridade fiscal constatou que a cooperativa adquiriu e revendeu mercadorias não sujeitas ao pagamento das contribuições que estão sujeitas a alíquota zero, excluindo assim tais valores da base de cálculo dos créditos; conforme demonstrativos fornecidos á autoridade fiscal as mercadorias adquiridas com alíquota zero não foram computadas na base de cálculo do crédito, não cabendo nenhuma exclusão pois “ não tem lógica excluir da base de cálculo dos créditos o valor da receita de venda dessas Fl. 324DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 5 4 mercadorias, se a cooperativa tivesse incluído tais mercadorias na base de cálculo dos créditos. Assim, o que deveria ser excluído seria o valor das aquisições e não o valor das vendas conforme alega ter feito o agente fiscalizador.” 2.3 – DO DIREITO A CONSTITUIÇÃO E AO RESSARCIMENTO DO CRÉDITO PRESUMIDO – AGROINDÚSTRIA A PARTIR DE 01/08/2004 a autoridade fiscal afirma que a partir de 01/08/2004 não existe mais previsão legal para o benefício do crédito presumido previsto no § 10 do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e no § 11 do artigo 3º da lei nº 10.833/203, pois este benefício foi revogado pelo artigo 16 da Lei nº 10.925/2004, por tal motivo efetuou a glosa de tais valores. a recorrente, a partir de 01/08/2004, passou a se apropriar dos créditos presumidos previstos no artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, cuja vigência está disposta no artigo 17 do mesmo diploma legal, portanto, não há prevalecer o argumento da autoridade fiscal, podendo tal crédito ainda ser objeto de pedido de ressarcimento em função das exportações ou em função da sua origem, conforme artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e artigo 16 da Lei nº 11.116/2005, não importando se tais créditos se acumularam em função de vendas sujeitas a alíquota zero, isenção, suspensão ou não incidência.. 2.4 – DAS RECEITAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO a recorrente efetuou vendas de soja e milho com fim específico de exportação, sendo que tais receitas não sofrem incidência de PIS e COFINS, citando o artigo 7º da Lei nº 10.637/2002, alega a recorrente que a autoridade fiscal afirma que o não houve comprovação das vendas remetidas diretamente para embarque ou para recinto alfandegado, sendo por tal desconsideradas como vendas com fim específico de exportação, pois alguns destinatários não tem registro no SISCOMEX e outros tem tal registro porém não possuem recinto alfandegado, tendo sido descaraterizadas 100 % das vendas realizadas com este fim a autoridade fiscal se contradisse pois admitiu quer o ônus da prova quanto á efetiva exportação é de responsabilidade da comercial exportadora, e depois afirma que a recorrente não apresentou tal comprovação, reitera a recorrente que a responsabilidade por tal prova é da comercial exportadora, e que possui em seus arquivos memorandos de exportação que comprovam o efetivo embarque das mercadorias para o exterior. 2.5 – QUANTO Á APURAÇÃO DOS DÉBITOS (RECEITAS) – DAS EXCLUSÕES PERMITIDAS ÁAS COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Fl. 325DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 6 5 2.5.1 – CUSTOS DAS MERCADORIAS E BENS VENDIDOS AOS ASSOCIADOS a autoridade fiscal afirma que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo das contribuições os custos referentes ás vendas de mercadorias e produtos aos associados, entretanto nem todos os custos são referentes ás vendas para associados, pois também são produzidos insumos enviados aos cooperados sob regime de integração, onde não ocorre a venda, portanto essa parcela do custo seria considerada custo agregado aos produtos dos associados e, ainda, a lei não exige que haja industrialização dos produtos adquiridos de associados de cooperativa para que haja a exclusão do valor pago para o associado pelo seu produto das bases de cálculo do PIS e da COFINS, portanto não deve prosperar o argumento da autoridade fiscal. 2.5.2 – CUSTO DOS PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS VENDIDOS A TERCEIROS (CUSTO AGREGADO) a autoridade fiscal afirma que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo do PIS e da COFINS os custos agregados aos produtos industrializados pela cooperativa e vendidos a terceiros, alegando que apenas os custos agregados aos produtos agropecuários dos cooperados entregues á cooperativa para comercialização é que poderiam ser objeto da exclusão, citando o artigo 17 da Lei nº 10.684/2003 e o § 8º c/c o Inciso V do artigo 11 da Instrução Normativa SRF nº 635/2006, afirma a recorrente que o auto de infração está eivado irregularidades pois com base nos dispositivos citados, é claro que os custos de produção agregados na elaboração dos produtos agropecuários entregues pelos cooperados á cooperativa podem ser deduzidos da base de cálculo do PIS e da COFINS. 2.6 – DAS RECEITAS OBTIDAS NAS SEÇÕES DE VAREJO – RECEITAS DISCRIMINADAS NAS LINHAS 01 A 09 DA DACON a autoridade fiscal entendeu serem tributadas as receitas obtidas nas seções de varejo (supermercados), com a exclusão da alíquota zero e a substituição tributária pois tais receitas não estariam individualizadas, ou seja, não seria possível identificar as que são provenientes de vendas a associados e ao público em geral, ao contrário do que afirma a autoridade fiscal a recorrente mantém tais receitas provenientes de vendas a associados, de forma individualizada, conforme comprovam seus controles e inclusão de tais receitas na rubrica contábil “outras exclusões” e estão discriminadas nas linas 01 a 09 da DACON porém, com as exclusões permitidas para as cooperativas, não restou base tributável para o PIS e a COFINS, Fl. 326DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 7 6 a falta de comprovação das alegações pela autoridade fiscal é motivo de nulidade do procedimento, pois embasase no arbítrio e na presunção da autoridade fiscalizadora, procedimento não amparado por lei e caso a autoridade fiscal quisesse lançar alguma irregularidade deveria fazer prova em contrário dos documentos apresentados pela recorrente, como a autoridade fiscal não prova, mas apenas alegou a irregularidade, não merece procedência os seus argumentos, pois é vedado á Administração atuar sob presunção fiscal. 2.7 – EXCLUSÃO DOS VALORES REPASSADOS a autoridade fiscal considerou a incidências do PIS e da COFINS sobre todas as operações de prestação de serviços, independentemente de terem sido prestadas por associado ou terceiro, não considerando nenhuma exclusão da base de cálculo, por entender que somente a partir de dezembro de 2005 passou a ser permitida a exclusão da base de cálculo dos repasses aos associados, com a alteração promovida pela Lei nº 11.196/2005 e pelo artigo 30 da Lei nº 11.051/2004. a autoridade fiscal deixou de aplicar o § único do artigo 79 da Lei nº 5.764/71, a qual define que os atos cooperados não são receitas e, portanto, o que existe é uma não incidência, portanto, quando um serviço é prestado por um associado está configurado o ato cooperativo e, configurado o ato cooperativo, não haverá a incidência de PIS e COFINS, e também o artigo 87 da mesma lei, que define o diferenciado tratamento tributário a ser dado ás operações com terceiros, além de não considerar o disposto no artigo 146 da Constituição Federal, que definiu que somente lei complementar pode legislar sobre o tratamento tributário do ato cooperativo, sendo assim, as lei e medidas provisórias que embasaram o argumento da autoridade fiscal não merecem prosperar por tais razões entende a recorrente que todos os serviços prestados por associados devem ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS, pois são beneficiados pela não incidência aplicável ao ato cooperativo. 2.8 – DOS CRÉDITOS APURADOS PROPORCIONALMENTE A RECEITA NÃO TRIBUTADA a autoridade fiscal alega que os produtos comercializados pela cooperativa sofrem a incidência do PIS e da COFINS e que a cooperativa equivocouse no cálculo das vendas não sujeitas ao pagamento das contribuições para fins de determinação dos créditos passíveis de ressarcimento, pos alega que somente seriam passíveis de ressarcimento os créditos vinculados á receita de venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência, conforme artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e artigo 16 da Lei nº 11.116/200 para a recorrente o ato cooperativo foi considerado como uma não incidência das contribuições, por isso, nos demonstrativos da cooperativa todo o crédito estava vinculado á receita não Fl. 327DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 8 7 tributada e , seguindo orientações da DACON sobre segregação dos créditos vinculados ás receitas tributadas e não tributadas no mercado interno, a recorrente identificou todos os insumos e despesas de produção que são vinculados diretamente a receita não tributada no mercado interno e apropriou diretamente na coluna Não Tributadas no mercado Interno, fazendo o mesmo com os custos e despesas vinculadas a receita tributada. a autoridade fiscal utilizou o critério de rateio para todos os custos e despesas, sem considerar os valores que foram apropriados diretamente na coluna específica, distorcendo o valor do crédito a ser ressarcido, não refletindo a realidade e não podendo prevalecer. III – DO REQUERIMENTO FINAL requer o recebimento e processamento do presente recurso, que seja a recorrente intimada pessoalmente para querendo fazer sustentação oral perante o CARF, que seja dado provimento ao presente recurso reformando o Acórdão recorrido com base nas razões de pedir constantes deste recurso para que : sejam homologados os dados inseridos pela recorrente nos DACON que comprovam o direito ao crédito, seja reconhecido o direito creditório, sejam declaradas homologadas as compensações realizadas, no caso de não reconhecimento do direito creditório, seja designada perícia em diligência ao estabelecimento da recorrente para a verificação in loco dos documentos e do processo de industrialização. É o relatório Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.672 de 31 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 11030.000694/200991, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.672): Fl. 328DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 9 8 "7. Estão presentes os requisitos de admissibilidade, por tal razão conheço do recurso. 8. Antes de qualquer argumentação, ressaltemos que as razões de recurso são idênticas ás razões de impugnação, muito bem tratadas pelo Acórdão DRJ/PORTO ALEGRE, portanto, não é demais lembrar que adotaremos muito dos dizeres da decisão de piso, diante das matérias tratadas. 9. Relevante destacar as observações do julgador da DRJ, que assim se manifestou, de forma precisa: A interessada deixa de contestar expressamente os itens 4.2 (Das vendas realizadas para a Zona Franca de Manaus), 4.3 (Das vendas realizadas com suspensão do PIS e da Cofins nãocumulativos anterior a 04/04/2006), e 4.10 (Dos créditos decorrentes de aquisição de bens para revenda e de bens e serviços utilizados como insumos na produção adquiridos de associados) do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal, matérias que se tornaram definitivas na esfera administrativa. (...) Deve se observar também que a interessada aborda questões em sua manifestação de inconformidade que não foram levantadas pela Fiscalização na auditoria realizada, ou seja, os itens da manifestação 2.2.1 (Aquisição de Insumos Não sujeitos ao Pagamento das Contribuições tributação monofásica), 2.2.2 (Aquisição de Mercadorias Para Revenda Não Sujeitas ao Pagamento das Contribuições – Alíquota Zero) da sua manifestação de inconformidade, não gerando glosas dos valores pleiteados. (...) Importante destacar também que os itens 4.4 (Das condições para aplicação da Suspensão de PIS e Cofins não cumulativos nas vendas realizadas a partir de 04/04/2006), 4.7 (Dos créditos decorrentes dos custos e despesas operacionais vinculadas às receitas das vendas com suspensão previstas no § 4º do art. 34 da IN SRF nº 635/2006) e 4.8 (Do crédito dos estoques de abertura) do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal não resultaram em glosas do crédito pleiteado. PRELIMINAR – DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO 9. Afirma a recorrente que ocorreu nulidade do procedimento fiscal pelos seguintes motivos : o argumento utilizado pela autoridade fiscal, ao alegar que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo das contribuições os custos referentes ás vendas de mercadorias e produtos aos associados, não pode subsistir por violação Fl. 329DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 10 9 direta do Princípio Constitucional da Legalidade (Item 2.5.1 do Recurso Voluntário); a autoridade fiscal alega que a recorrente excluiu indevidamente da base de cálculo das contribuições os custos agregados aos produtos industrializados pela recorrente e vendidos a terceiros, para o que não há fundamento legal que ampare tal entendimento, motivo pelo qual o auto de infração está eivado de irregularidades e vícios insanáveis, o que leva a sua extinção (Item 2.5.2 do Recurso Voluntário); a alegação fiscal de que as receitas não estariam individualizadas, sem provar materialmente o que alega, é caso de nulidade do procedimento pois, embasase inadmissivelmente no arbítrio e na presunção da autoridade fiscalizadora, procedimento este não amparado em lei e, ainda, com relação á presunção fiscal, é vedado á Fazenda Pública com base nela atuar e cobrar tributos, seja porque os atos fiscais deve ser praticados em estrita observância ao estabelecido em lei, seja porque não se admite a exigência tributária consubstanciada em ficção.(Item 2.6 do Recurso Voluntário). 10. Não assiste razão á recorrente. O que a recorrente chama de presunção e meras alegações não tem fundamento, pois o procedimento fiscal foi todo baseado em provas e respostas á intimações fornecidas pela própria recorrente, além de as autoridades fiscais autoras do lançamento detalharem todo o seu procedimento no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, ás fls. 81 a 113 dos autos digitais, segregando a autuação em itens detalhados, descrevendo a fundamentação legal e os motivos das glosas ou ajustes realizados, portanto não ocorreu a presunção ou a ilegalidade alegada pela recorrente. 11. A recorrente teve pleno conhecimento de todos os procedimentos fiscal, tendo intimada e reintimada a esclarecer pontos julgados controversos pelas autoridades fiscais, teve oportunidade de oferecer provas e se manifestar livremente, teve conhecimento do Termo de Verificação Fiscal em sua íntegra (INTIMAÇÃO Nº 125/2011.SAORT/DRF/PFO/SRRF/1O/RB/MFRS ás fls. 120 dos autos digitais e Aviso de Recebimento ás fls. 138 dos autos digitais), ainda apresentou razões defesa onde demonstrou que teve acesso a todos os procedimentos de autuação e aos argumentos do relatório fiscal, tendo ainda oportunidade de apresentar argumentos de defesa nas instâncias administrativas. 12. Ainda há que se considerar que as nulidades no processo administrativo estão descritas no Artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, que regulamentou o Processo Administrativo Fiscal : Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 330DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 11 10 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta 13. Não tendo ocorrido tais hipóteses legais de nulidade, não há motivo para prosperarem as acusações da recorrente e, por tal motivo, nego provimento ao recurso quanto a este quesito. (...)1 Em que pese o respeitável voto do e. relator, peço vênia para divergir do entendimento em relação a necessidade de diligência. Consultando os autos verificase que os documentos necessários ao deslinde da questão estão acostados aos autos. Caso a Recorrente entendesse pela apresentação adicional de documentos e informações, poderia ter prestado nas instâncias de julgamento, tanto na manifestação de inconformidade quanto da apresentação do Recurso Voluntário. A diligência tem como pressuposto a busca de esclarecimentos para subsidiar o julgador na sua decisão. A diligência não se presta a produção de provas que devem ser apresentadas pela Recorrente. No caso em tela, a turma entendeu que os documentos acostados ao processo e os esclarecimentos prestados são suficientes para a convicção do julgador, não sendo necessária nenhuma informação adicional para solução da lide. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao pedido de diligência e apreciar as demais matérias constantes do recurso voluntário. (...) NO MÉRITO (...) RECEITAS ORIUNDAS DE VENDAS PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA COM FIM ESPECÍFICO DE 1 Transcritos apenas os entendimentos que prevaleceram no julgamento. Íntegra dos votos pode ser consultada no processo paradigma (11030.000694/200991). Fl. 331DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 12 11 EXPORTAÇÃO (item 2.4 do recurso voluntário– item 4.1 do relatório fiscal) 24. O artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 6º da Lei nº 10.833/2003, estabeleceram para a Contribuição ao PIS/PASEP e a COFINS, respectivamente, que tais contribuições não incidem sobre as receitas decorrentes das operações de exportação de mercadorias para o exterior, bem como sobre vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Lei 10.637/2002 : Art. 5º a contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Lei 10.833/2003 : Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. 25. Vários textos legais tratam do conceito da expressão “fim específico de exportação”, como segue : Decretolei nº 1.248/1972 Dispõe sobre o tratamento tributário das operações de compra de mercadorias no mercado interno, para o fim específico da exportação, e dá outras providências Art.1º As operações decorrentes de compra de mercadorias no mercado interno, quando realizadas por empresa comercial exportadora, para o fim específico de exportação, terão o tratamento tributário previsto neste DecretoLei. Parágrafo único. Consideramse destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtor vendedor para: Fl. 332DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 13 12 a) embarque de exportação por conta e ordem da empresa comercial exportadora; b) depósito em entreposto, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, nas condições estabelecidas em regulamento. ……………………………………………………………… ………... Decreto nº 4.524/ 2002: Art. 45. São isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 14, Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, § 2º , e Lei nº 10.560, de 2002, art. 3º , e Medida Provisória nº 75, de 2002, art. 7º ): (...) IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. § 1º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. ……………………………………………………………… …………………. Lei n.º 9.532/1997: Art. 39. (...) (...) § 2º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. MP 2.15835/2001 Art.14 Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (…..) VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei no 1.248, de 29 de novembro de 1972, e Fl. 333DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 14 13 alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; X (….) § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. 26. Alguns atos normativos expedidos pela Secretaria da Receita Federal, reproduziram o mesmo entendimento : Instrução Normativa nº 247, de 21 de novembro de 2002: Art. 46. São isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas: (...) IX – de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. § 1o Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. ……………………………………………………………… ………… Instrução Normativa nº 635, de 24 de março de 2006: Dispõe sobre a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, cumulativas e nãocumulativas, devidas pelas sociedades cooperativas em geral. Art. 36 São isentas da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins as receitas decorrentes: I de fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível, observado o disposto no § 3º; II do transporte internacional de cargas ou passageiros; III de vendas realizadas pela cooperativa de produção agropecuária às empresas comerciais exportadoras nos termos do Decreto lei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas aos fim específico de exportação para o exterior; Fl. 334DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 15 14 IV de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. §1º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente pela cooperativa de produção agropecuária para embarque de exportação ou para recinto alfandegados, por conta e ordem de empresa comercial exportadora. 27. Como se verifica nos dispositivos legais e normativos reproduzidos, de não incidência do PIS e da Cofins sobre “vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação”, constatase que não são todas as receitas de vendas para empresas exportadoras registradas na Secex sobre as quais não incidem o PIS e a Cofins, mas somente em relação àquelas que tenham “fim específico de exportação”. 28. Sobre o que se considera “fim específico de exportação”, tanto para empresas exportadoras registradas no Secex como para as empresas comerciais exportadoras (“tradings”) verificase que o entendimento da Administração Tributária vai de encontro ao conceito definido nos textos legais, para aclarálo, encontrandose expresso em vários atos administrativos, dos quais transcrevemos o conceito e a forma de comprovação da receita oriunda de “fim específico de exportação.”, constante da ementa da Solução de Consulta Interna (SCI) n° 4 – SRRF/10ª RF/Disit, de 27 de junho de 2007, que assim restou redigida : “A referência, na legislação tributária e aduaneira, a ‘empresa exportadora’, ou ‘empresa comercial exportadora’, sem qualificação ou restrição específica, abrange qualquer empresa exportadora registrada na Secex; somente quando o legislador restringe uma norma explicitamente às empresas comerciais exportadoras constituídas nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 1972, ficam excluídas as demais empresas exportadoras.” O conceito de “fim específico de exportação” constante do parágrafo único do art. 1º do DecretoLei nº 1.248, de 1972, aplicase unicamente às empresas comerciais exportadoras constituídas nos termos desse Decreto Lei; para as empresas exportadoras simplesmente registradas na Secex, o conceito de “fim específico de exportação” aplicável é o plasmado no § 2º do art. 39 da Lei nº 9.532, de 1997. [...] A alusão feita por quaisquer atos infralegais a “fim específico de exportação” – a exemplo da Portaria MF nº 93, de 2004, e da Instrução Normativa SRF nº 419, de 2004 – deve ser interpretada em consonância com o conceito estabelecido no § 2º do art. 39 da Lei nº 9.532, Fl. 335DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 16 15 de 1997, ou com o vazado no parágrafo único do art. 1º do DecretoLei nº 1.248, de 1972, conforme se trate, respectivamente, de aquisição efetuada por exportadoras gerais, simplesmente registradas na Secex, ou por “trading companies”, constituídas conforme exige o DecretoLei nº 1.248, de 1972. [...] “A comprovação do fim específico de exportação fazse mediante a apresentação de uma nota fiscal de venda na qual conste como adquirente uma empresa comercial exportadora, e como destino das mercadorias um endereço que corresponda a um dos locais previstos na legislação de regência, não sendo hábil para essa comprovação, nem o “Memorando de Exportação, previsto no Convênio ICMS nº 113, de 1996”, nem qualquer documento que possa fazer prova de que houve a efetiva exportação posterior pela adquirente.” 29. Conforme os dispositivos legais e normativos citados, que adotamos neste voto, não incidem a Cofins e a Contribuição ao PIS/PASEP sobre as receitas decorrentes de vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, caracterizadas estas vendas quando as mercadorias são remetidas diretamente para embarque de exportação ou para recinto alfandegado, por conta e ordem do adquirente. Sendo irrelevante para a obtenção do benefício da operação, se as mercadorias sejam ou não posteriormente exportadas, visto que em não se concretizando a exportação, a responsabilidade pelo pagamento dos tributos e contribuições devidos é da empresa comercial exportadora adquirente dos produtos que deveriam ser exportados. 30. No caso dos autos, a interessada após ser intimada duas vezes a apresentar documentos que comprovassem o cumprimentos dos requisitos exigidos pela legislação, informou que não dispunha dos boletins de exportação das vendas realizadas através de “Tradings” (Resposta da recorrente – fls 24 autos digitais No demonstrativo que atende o item 1 desta intimação, demonstrase no código 20 as receitas de exportação abertas por CFOP, entretanto, não dispomos dos respectivos boletins de exportação das vendas realizadas ao exterior através de “Tradings.”), bem como que a documentação havia sido extraviada (Resposta da recorrente – fls 28 dos autos digitais 3 – Informamos que em função dos transtornos vividos pela cooperativa nos últimos tempos, essa documentação foi extraviada, encaminhamos um ofício para os clientes da cooperativa solicitando uma segunda via dos memorandos de exportação, porém ainda não recebemos retorno.). Portanto, não comprovou, a recorrente, por documentação hábil e idônea, o direito para a concessão do benefício fiscal, entendendose, pois, correta a posição adotada pela autoridade fiscal e corroborada pela autoridade julgadora de que tais receitas devem compro a base de cálculo das contribuições. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 17 16 31. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso neste quesito. EXCLUSÕES INDEVIDAS DA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS/PASEP E DA COFINS (itens 2.5.1, 2.5.2 e 2.6 do recurso voluntário e itens 4.5 e 4.6 do relatório fiscal) 32. A base de cálculo da Cofins e do PIS, na sistemática nãocumulativa, é apurada a partir da totalidade das receitas da sociedade cooperativa, com as exclusões permitidas pela legislação, conforme disposto nos no art. 17 da Lei nº 10.684/2003. 33. A autoridade fiscal incluiu na base de cálculo das contribuições os valores que foram considerados indevidamente excluídos, como a parcela dos custos agregados aos produtos do associado que não correspondem ao conceito dado pela legislação (valores consolidados nos grupos denominados de “Dos dispêndios e despesas tributárias”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios tributários”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios técnicos”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Outros dispêndios operacionais” e “Despesas Administração Geral”). 34. Além dessa parcela, foram incluídos os valores das vendas efetuadas no segmento econômico de “supermercados”, uma vez que foram contabilizadas indistintamente a associados e não associados, além de não haver comprovação de que esses produtos estavam diretamente vinculados à atividade econômica desenvolvida pelo associado. 35. Alega a cooperativa que nem todos os custos seriam oriundos de vendas para associados, seriam produzidos insumos enviados aos cooperados no regime de integração, parcela que deveria compor o custo agregado do produto. Afirma ainda que mantém registro individualizado das receitas provenientes de vendas para associados e que esse estaria demonstrado em planilha anexada à presente manifestação. Argumenta que a Fiscalização não comprovou a falta de individualização das receitas, sendo nulo o procedimento embasado em presunção da autoridade fiscal. 36. Caberia à contribuinte apresentar a comprovação de que identifica o adquirente e os produtos por ele adquiridos, visto ser essa identificação condição para que possa ser excluída da base de cálculo a receita decorrente da venda de bens e mercadorias ao associado, assim determina o artigo 15 da MP nº 1.8589, com as suas sucessivas reedições, tendo permanecido a de nº 2.15835, de 2001 : Art.15 As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: Fl. 337DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 18 17 I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. §1oPara os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. §2oRelativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: Ia contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 37. Ressaltese ainda que, ao contrário do afirmou em suas razões, não foram juntadas quaisquer planilhas discriminando os adquirentes dos produtos comercializados. Os valores contabilizados nas contas “Dos dispêndios e despesas tributárias”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios tributários”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Dispêndios técnicos”, “Dos dispêndios e despesas operacionais – Outros dispêndios operacionais” e “Despesas Administração Geral” não atendem ao disposto no artigo 17 da Lei nº 10.684/2003, que expandiu as hipóteses de exclusão da base de cálculo para as cooperativas : Art. 17. Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e no art. 1o da Medida Provisória no 101, de 30 de dezembro de 2002, as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Fl. 338DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 19 18 Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da .Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. 38. A Secretaria da Receita Federal, ao normatizar e consolidar a legislação em vigor sobre a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS devidas pelas sociedades cooperativas, editou a Instrução Normativa nº 635/2006, e no seu artigo 11 assim explicita o comando inserto no artigo 17 da lei nº 10.864/2003 : Art. 11. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9º, pela: (...) V dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados,quando da sua comercialização; (...) §8º Considerase custo agregado ao produto agropecuário, a que se refere o inciso V do caput, os dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mão de obra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. 39. Explicando os critérios adotados para tal interpretação da legislação, a própria RFB expedindo a Solução de Consulta COSIT nº 533, de 19/12/2017, com os quais concordamos e, ainda, resumindo a legislação até agora citada, assim se pronunciou : As sociedades cooperativas estão reguladas pela Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que definiu os contornos da Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das cooperativas. Além disso, o Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) estabelece regras acerca das sociedades cooperativas em seus artigos 1.093 a 1.096. Fl. 339DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 20 19 Conforme definido pelo art. 79 da Lei nº 5.764, de 1971, o ato cooperativo é aquele praticado entre as cooperativas e seus associados para a consecução dos objetivos sociais. Nas cooperativas de produção agropecuária, é considerado ato cooperativo típico a entrega de produtos dos associados à cooperativa para comercialização, bem como repasses efetuados pela cooperativa a eles decorrentes dessa comercialização. Ratifica este entendimento o texto do art. 83 do mesmo diploma legal, segundo o qual a entrega da produção do associado à sua cooperativa constitui outorga de poderes. Assim, essa operação que constitui o chamado “ato cooperativo” não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Art. 83. A entrega da produção do associado à sua cooperativa significa a outorga a esta de plenos poderes para a sua livre disposição, inclusive para gravála e dála em garantia de operações de crédito realizadas pela sociedade,salvo se, tendo em vista os usos e costumes relativos à comercialização de determinados produtos, sendo de interesse do produtor, os estatutos dispuserem de outro modo. O entendimento de que a cooperativa de produção agrícola também pode realizar o beneficiamento da produção a ser comercializada está assentado no próprio dispositivo sobre o qual paira a dúvida, pois, ao disciplinar o art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, a IN SRF n.º 635, de 2006, art. 11, caput, combinado com inciso IV, admite que a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária seja ajustada pela exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado. Em breve retrospectiva, verificase que a Contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) foram instituídas, respectivamente, pela Lei Complementares nº 7, de 7 de setembro de 1970, e pela Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991. Nessa época, quanto aos atos cooperativos, as sociedades cooperativas eram beneficiadas com a isenção da Cofins concedida pelo inciso I do art. 6º da LC nº 70, de 1991, ipsis litteris: Art. 6° São isentas da contribuição: I as sociedades cooperativas que observarem ao disposto na legislação específica, quanto aos atos cooperativos próprios de suas finalidades; A referida isenção foi revogada, a partir de 30 de junho de 1999, pelo art 93, inciso II, alínea “a”, da Medida Fl. 340DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 21 20 Provisória nº 2.15835, de 2001. Nessa época, consolidou se para as sociedades cooperativas a apuração das duas contribuições (PIS/Pasep e Cofins) com base nos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, utilizando o regime de incidência cumulativo, permitidas as exclusões das bases de cálculo também concedidas em caráter geral aos demais contribuintes. Em seguida, foram criadas novas exclusões, específicas para as sociedades cooperativas, pelo art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, de onde se extrai o seguinte excerto (grifos acrescidos): Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts.2º e 3º da Lei nº 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da Cofins e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] § 2º Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. Expandindo as hipóteses de exclusões da base de cálculo das contribuições, o art. 17 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003 previu (grifos acrescidos): Art. 17 . Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001 , e no art. 1º da Medida Provisória nº 101, de 30 de dezembro de 2002 , as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social Cofins os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória nº 1.85810, de 26 de outubro de 1999 . (grifos nossos) Fl. 341DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 22 21 Inovando mais uma vez, foram editadas a Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, e a Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertidas, respectivamente, na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e na Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, com a finalidade de instituir o regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Na ocasião, as sociedades cooperativas permaneceram sujeitas ao regime de apuração cumulativa das contribuições, de acordo com a redação original do inciso VI do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, e do inciso X do art. 8º da Lei nº 10.637, de 2002. Posteriormente, ficou estabelecida a adoção do regime de apuração não cumulativa para as cooperativas de produção agropecuária e de consumo, pelas mudanças implementadas por meio da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, e da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, nos textos do inciso VI do art. 10 e do inciso V do art. 15 da Lei nº 10.833 (grifos acrescentados): Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da Cofins, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: [...] VI sociedades cooperativas, exceto as de produção agropecuária, sem prejuízo das deduções de que trata o art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e o art. 17 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, não lhes aplicando as disposições do § 7º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e as de consumo; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Logo, as bases de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins aplicáveis às cooperativas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa veiculadas pelo artigo 1º da Lei nº 10.637, de 2002, e pelo artigo 1º da Lei nº 10.833, de 2003, devem ainda ser ajustadas, no caso das Fl. 342DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 23 22 cooperativas de produção agropecuária, pelas exclusões listadas pelo art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, e pelo art. 17 da Lei nº 10.864, de 2003. Isto porque, embora originalmente as ditas exclusões se referissem apenas à base de cálculo das cooperativas filiadas ao regime cumulativo, o inciso VI, do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, manteve expressamente o direito a essas mesmas exclusões para as cooperativas de produção agropecuárias, agora filiadas ao regime de apuração não cumulativa. Assim, na apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, as cooperativas aplicam a mesma sistemática prevista para as demais pessoas jurídicas, ou seja, calculam a totalidade das receitas obtidas e fazem as exclusões previstas na legislação. Desse modo, ao extinguir a isenção específica para os atos cooperativos de que trata o art. 79 da Lei nº 5.764, de 1971, o legislador instituiu outro tratamento diferenciado, permitindo, além das exclusões de caráter geral (art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998), as exclusões consolidadas na MP no 2.15835, de 2001 e, no caso das sociedades cooperativas de produção agropecuária, objeto da consulta, também é possível a exclusão dos custos agregados, prevista no art. 17 da Lei 10.684, de 2003. Nesse contexto, com a finalidade de consolidar a legislação em vigor sobre a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins devidas pelas sociedades cooperativas, foi editada a Instrução Normativa SRF nº 635, de 2006, objeto da dúvida suscitada pela consulente, especificamente quanto aos incisos IV e V do art. 11, transcritos a seguir: Art. 11. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9º, pela: I exclusão do valor repassado ao associado, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por ele entregues à cooperativa; II exclusão das receitas de venda de bens e mercadorias ao associado; III exclusão das receitas decorrentes da prestação, ao associado, de serviços especializados aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado; Fl. 343DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 24 23 V dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização; [...] § 3º As exclusões previstas nos incisos II a IV do caput: I ocorrerão no mês da emissão da nota fiscal correspondente a venda de bens e mercadorias e/ou prestação de serviços pela cooperativa; e II terão as operações que as originaram contabilizadas destacadamente, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor, da espécie e quantidade dos bens, mercadorias ou serviços vendidos. [...] § 6º A sociedade cooperativa de produção agropecuária, nos meses em que fizer uso de qualquer das exclusões ou deduções de que tratam os incisos I a VII do caput, deverá, também, efetuar o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários, conforme disposto no art. 28. [...] § 8º Considerase custo agregado ao produto agropecuário, a que se refere o inciso V do caput, os dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mão de obra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. Nesse contexto, é relevante observar de imediato que a exclusão da base de cálculo de que trata o inciso IV do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não se refere às receitas decorrentes da comercialização dos produtos industrializados. Essa norma prevê somente a exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado. Significa dizer que poderá ser excluída da base de cálculo a receita própria que a cooperativa auferir pela industrialização promovida sobre os produtos rurais recebidos dos cooperados, mas não toda a receita dos produtos comercializados. Assim, fica evidente que não há permissão legal para a sociedade cooperativa excluir da base de cálculo a receita total da comercialização dos produtos industrializados, conforme pretendido pela consulente. Entretanto, caso a Fl. 344DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 25 24 cooperativa aufira receita derivada especificamente do processo de industrialização dos produtos recebidos dos associados, pode promover a exclusão dessa importância da base de cálculo – situação que poderia ocorrer por exemplo se a cooperativa cobrasse dos associados, a título de receita própria, o reembolso dos custos de industrialização dos produtos primários deles recebidos. Por outro lado, considerandose que, no caso concreto, os valores correspondentes aos custos com a industrialização dos produtos recebidos dos cooperados não sejam diretamente cobrados dos associados, mas sim suportados pela cooperativa para posterior recuperação no momento da comercialização (após a industrialização), não haveria razão para se aplicar a exclusão com fulcro no inciso IV do art. 11 sobre a parcela da receita que, de fato, decorra da industrialização da produção entregue pelos associados, porque nessa situação já se adotaria o ajuste previsto no inciso V do art. 11, isto é, dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização. Com efeito, os ajustes previstos nos incisos IV e V do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, devem ser adotados de forma integrada, na medida que, se não tiver sido excluída a parcela da receita decorrente da industrialização do produto agropecuário recebido dos associados, poderão ser deduzidos os custos agregados pela cooperativa a esse produto, quando da sua comercialização. Interpretase sistematicamente as duas normas, tendo em vista que, se a situação comportar a exclusão da parcela da receita obtida pela industrialização, não fará mais sentido efetuar a dedução dos custos agregados ao produto, quando esses custos estiverem embutidos no preço de comercialização do produto final. Caso a cooperativa adquira também o produto primário de não cooperados, com relação a estes produtos e aos custos a eles agregados não poderá fazer uso das exclusões previstas nos incisos IV e V do art. 11 da IN RFB nº 635, de 2006. Nessa situação, deverá ser feito um rateio para definir quais frações poderão ser submetidas aos ajustes mencionados no incisos IV e V do art. 11 da IN RFB nº 635, de 2006. De acordo com o § 3º do art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, as exclusões devem ser efetuadas no mês da emissão da nota fiscal correspondente a venda de bens e mercadorias e/ou prestação de serviços pela cooperativa e terão as operações que as originaram contabilizadas destacadamente, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor, da espécie e quantidade dos bens, mercadorias ou serviços vendidos. Quanto à definição de custo agregado, por meio do § 8º do art. 11 da IN SRF nº Fl. 345DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 26 25 635, de 24 de março de 2006, a RFB divulgou o seguinte entendimento: considerase custo agregado ao produto agropecuário os dispêndios pagos ou incorridos com matéria prima, mãodeobra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. 40. Assim, os ajustes procedidos pela autoridade fiscal visaram restabelecer o correto valor dos créditos passíveis de ressarcimento/compensação por parte da contribuinte e estão de acordo com a legislação em vigor. 41. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário neste quesito. O ATO COOPERATIVO (item 2.7 do recurso voluntário e item 4.5 do relatório fiscal) 42. A cooperativa invoca o disposto no art. 79 da Lei nº 5.764/71, que define o ato cooperativo, no intuito de afastar a tributação da cooperativa. 43. A sociedade cooperativa, por sua natureza jurídica própria, goza, constitucionalmente de tratamento diferenciado e incentivado em relação às demais sociedades mercantis, sendo remetida à legislação infraconstitucional a tarefa de conceder esse tal tratamento. 44. Já na vigência da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, foi editada a Medida Provisória no 1.8586, de 29 de junho de 1999, a qual, tendo regulado a incidência do PIS sobre a folha de pagamento em seu art. 13, revogou expressamente, em seu art. 23, o inciso II do art. 2º da Lei no 9.715/98, verbis: “Art. 23. Ficam revogados: I a partir de 28 de setembro de 1999, o inciso II do art. 2º da Lei nº 9.715, de 25 de novembro de 1998;”. 45. Observese que os casos previstos no art. 13 da Medida Provisória no 1.8586/99, que trata do PIS incidente sobre a folha de pagamento, não abrangem as sociedades cooperativas. 46. Dessa forma, com a edição da Medida Provisória no 1.8586/99, as sociedades cooperativas passaram a estar sujeitas à exigência do PIS de acordo com a norma geral aplicada às demais pessoas jurídicas, isto é, com base no seu faturamento: “Art 2º As contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 27 26 Art 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica.” 47. Em síntese, com a edição da Medida Provisória no 1.8586/99, a base de cálculo do PIS passou a ser aquela prevista nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718/98, como acima transcrito, ou seja, a receita bruta mensal da sociedade cooperativa, decorrente da venda de mercadorias ou de serviços, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para estas receitas. No caso das cooperativas, isso significa que, a partir de então, o PIS passou a ser devido inclusive sobre a receita decorrente dos atos cooperativos, com as exclusões permitidas na legislação superveniente,. 48. Portanto, após 01/10/1999 é irrelevante a distinção entre atos cooperativos e nãocooperativos para efeito de tributação do PIS/Pasep,visto que a classificação não afeta a base imponível definida por lei. 49. Relativamente ao PIS, o que há de específico na incidência dessa contribuição para as sociedades cooperativas são as exclusões da base de cálculo permitidas pelo art. 15 da Medida Provisória nº 1.8589, de 1999, com sucessivas reedições, permanecendo no ordenamento a MP nº 2.15835, de 2001, cujo art. 15 estabelece: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2º e 3º da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica,extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1º Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 28 27 § 2º Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/Pasep será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 50. Interessante notar que, mesmo ao listar as exclusões permitidas contra a base de cálculo da contribuição, a lei não faz qualquer referência à natureza dos atos praticados como atoscooperados ou nãocooperados, mas, sim a operações com associado, não se podendo, pois, estender a norma exonerativa a terceiros, independentemente de se tratar de negóciomeio ou negóciofim ou, ainda, de ato cooperado ou nãocooperado. 51. Nesse contexto, como regra geral, não há mais que se distinguir atos cooperativos de atos nãocooperativos estranhos à finalidade da cooperativa quanto à obtenção de valores submetidos ao PIS. Como se viu, na ordem legal aplicável aos fatos geradores em tela, a dimensão tributável para o PIS é o faturamento da sociedade. 52. Seguindo esse raciocínio, nos deparamos com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.637/2002 que estabeleceu o regime da nãocumulatividade para as empresas tributadas com base no Lucro Real. Inicialmente, as sociedades cooperativas estavam excluídas deste regime. A Lei nº 10.865/2004 excepcionou as sociedades cooperativas de produção agropecuária, sem prejuízo das deduções previstas no art. 15 da MP nº 2.158/2001 e no art. 17 da Lei nº 10.864/2003. 53. Portanto, a partir das alterações introduzidas na legislação referente à tributação pelo PIS das sociedades cooperativas, a sua tributação deve obedecer ao disposto na legislação específica em vigor. 54. Por fim, para definir que o ato cooperativo é tributado, citamos o posicionamento do STF, externado no RE nº 599.362, na sistemática de repercussão geral : “Recurso extraordinário. Repercussão geral. Artigo 146, III, c, da Constituição Federal. Adequado tratamento tributário. Inexistência de imunidade ou de não incidência com relação ao ato cooperativo. Lei nº 5.764/71. Recepção como lei ordinária. PIS/PASEP. Incidência. MP nº 2.15835/2001. Afronta ao princípio da isonomia. Inexistência. 1. O adequado tratamento tributário referido no art. 146, III, c, CF é dirigido ao ato cooperativo. A norma constitucional concerne à tributação do ato cooperativo, e não aos tributos dos quais as cooperativas possam vir a ser contribuintes. 2. O art. 146, III, c, CF pressupõe a possibilidade de tributação do ato cooperativo ao dispor que a lei complementar estabelecerá a forma adequada para tanto. O Fl. 348DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 29 28 texto constitucional a ele não garante imunidade ou mesmo não incidência de tributos, tampouco decorre diretamente da Constituição direito subjetivo das cooperativas à isenção. 3. A definição do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo se insere na órbita da opção política do legislador. Até que sobrevenha a lei complementar que definirá esse adequado tratamento, a legislação ordinária relativa a cada espécie tributária deve, com relação a ele, garantir a neutralidade e a transparência, evitando tratamento gravoso ou prejudicial ao ato cooperativo e respeitando, ademais, as peculiaridades das cooperativas com relação às demais sociedades de pessoas e de capitais. 4. A Lei nº 5.764/71 foi recepcionada pela Constituição de 1988 com natureza de lei ordinária e o seu art. 79 apenas define o que é ato cooperativo, sem nada referir quanto ao regime de tributação. Se essa definição repercutirá ou não na materialidade de cada espécie tributária, só a análise da subsunção do fato na norma de incidência específica, em cada caso concreto, dirá. 5. Na hipótese dos autos, a cooperativa de trabalho, na operação com terceiros – contratação de serviços ou vendas de produtos não surge como mera intermediária de trabalhadores autônomos, mas, sim, como entidade autônoma, com personalidade jurídica própria, distinta da dos trabalhadores associados. 6. Cooperativa é pessoa jurídica que, nas suas relações com terceiros, tem faturamento, constituindo seus resultados positivos receita tributável. 7. Não se pode inferir, no que tange ao financiamento da seguridade social, que tinha o constituinte a intenção de conferir às cooperativas de trabalho tratamento tributário privilegiado, uma vez que está expressamente consignado na Constituição que a seguridade social ‘será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei’ (art. 195, caput, da CF/88). 8. Inexiste ofensa ao postulado da isonomia na sistemática de créditos conferida pelo art. 15 da Medida Provisória 2.158 35/2001. Eventual insuficiência de normas concedendo exclusões e deduções de receitas da base de cálculo da contribuição ao PIS não pode ser tida como violadora do mínimo garantido pelo texto constitucional. 9. É possível, senão necessário, estabeleceremse diferenciações entre as cooperativas, de acordo com as características de cada segmento do cooperativismo e com a maior ou a menor necessidade de fomento dessa ou daquela atividade econômica. O que não se admite são as diferenciações arbitrárias, o que não ocorreu no caso concreto. 10. Recurso extraordinário ao qual o Supremo Tribunal Federal dá provimento para declarar a incidência da contribuição ao PIS/PASEP sobre os atos (negócios jurídicos) praticados pela impetrante com terceiros tomadores de serviço, objeto da impetração.” 55. Portanto, nego provimento ao recurso neste quesito. O CRÉDITO VINCULADO ÁS VENDAS TRIBUTADAS NO MERCADO INTERNO (item 2.3 do recurso voluntário e item 4.12 do relatório fiscal) Fl. 349DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 30 29 56. Referiu a Fiscalização que os créditos remanescentes decorrentes de operações no mercado interno e que tinham fundamento em reduções da base de cálculo do PIS e da COFINS, estas com previsão no art. 15 da MP nº 2.15835, de 2001, e no art. 17 da Lei nº 10.684, de 2003), não são passíveis de ressarcimento ou compensação, podendo ser destinados, apenas, à dedução de valores devidos daquelas contribuições. 57. A possibilidade de utilização dos créditos de PIS ou de COFINS apurados no regime nãocumulativo, na forma de ressarcimento em espécie ou de compensação com outros tributos, restringiase aos créditos decorrentes de custos e despesas vinculados à exportação, conforme o art. 5º da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 6o e parágrafos da Lei 10.833, de 2003. 58. Posteriormente, o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, dispôs sobre a possibilidade de o saldo credor do PIS e da COFINS, acumulado ao final de cada trimestre do ano calendário, ser objeto de compensação ou pedido de ressarcimento. Esse artigo, entretanto, traz uma condição: de que o saldo credor seja decorrente do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004. Isso significa dizer que a empresa só pode beneficiarse da norma do citado art. 16, se suas vendas forem efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência daquelas contribuições. Transcrevese esses dispositivos: Lei nº 11.033, de 2004 Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem amanutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Lei nº 11.116, de 2005 Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano calendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestre Fl. 350DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 31 30 calendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. 59. Conforme relata a Fiscalização, a interessada pleiteia o ressarcimento dos créditos que decorrem da redução da base de cálculo (art. 15 da MP nº 2.15835, de 2001, e art. 17 da Lei nº 10.684, de 2003). Tais exclusões, tratadas no art. 11 da IN SRF nº 635, de 2006, não configuram hipótese em que é autorizado o ressarcimento/compensação do saldo credor com débitos de tributos administrados pela RFB, ou o seu ressarcimento, nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005. Para que isso fosse admitido, os créditos deveriam estar, obrigatoriamente, vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou nãoincidência das contribuições. 60. Assim, nego provimento ao recurso neste quesito. A SOLICITAÇÃO DE PROVA PERICIAL 61. Adotamos o posicionamento do julgador da DRJ, para justificarmos que não vemos necessidade de prova pericial no presente caso : O requerimento de perícia ao final de sua manifestação deve ser considerado como não formulado, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, que assim determina nos casos em que os pedidos de perícia deixarem de atender aos requisitos previstos naquela artigo. Ademais, se mostra irrelevante a produção de prova pericial quando presentes nos autos os elementos necessários e suficientes à dissolução do litígio administrativo. 62. Portanto, indefiro o pedido de perícia pleiteado. Conclusão 63. Por todo o exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 351DF CARF MF Processo nº 11030.000693/200946 Acórdão n.º 3301005.674 S3C3T1 Fl. 32 31 Winderley Morais Pereira Fl. 352DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.723040/2011-51
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS.
Deve ser cancelada a glosa das deduções efetuadas na Declaração de Ajuste Anual a título de despesas médicas, quando os documentos de prova constantes dos autos suprem a irregularidade apontada na decisão de primeira instância.
DESPESAS MÉDICAS. INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA. DESPESA INDEDUTÍVEL
Não é dedutível a despesa com instrumentação cirúrgica por falta de previsão legal, notadamente quando comprovada por recibo cujo signatário não é identificado como médico e no qual não é informado o endereço do emitente.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA
Nos casos em que ficar demonstrado nos autos que a conduta do sujeito passivo está inserida nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio, tal qual descrito nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964, deve ser mantida a penalidade qualificada de 150%.
Na hipótese, ficou demonstrada nos autos a prática reiterada de deduções inexistentes em valores relevantes.
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO SÚMULA VINCULANTE CARF Nº 108
Sobre o valor da multa de ofício incidem juros moratórios calculados pela SELIC.
Numero da decisão: 2003-000.059
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para admitir deduções a título de despesas médicas no valor de R$ 292,67, mantendo-se a glosa no valor de R$ 270,00 e multa qualificada de 150% sobre o valor não impugnado.
(assinado digitalmente)
Sheila Aires Cartaxo Gomes - Presidente e Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sheila Aires Cartaxo Gomes (Presidente), Wilderson Botto e Francisco Ibiapino Luz.
Nome do relator: SHEILA AIRES CARTAXO GOMES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Deve ser cancelada a glosa das deduções efetuadas na Declaração de Ajuste Anual a título de despesas médicas, quando os documentos de prova constantes dos autos suprem a irregularidade apontada na decisão de primeira instância. DESPESAS MÉDICAS. INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA. DESPESA INDEDUTÍVEL Não é dedutível a despesa com instrumentação cirúrgica por falta de previsão legal, notadamente quando comprovada por recibo cujo signatário não é identificado como médico e no qual não é informado o endereço do emitente. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA Nos casos em que ficar demonstrado nos autos que a conduta do sujeito passivo está inserida nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio, tal qual descrito nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964, deve ser mantida a penalidade qualificada de 150%. Na hipótese, ficou demonstrada nos autos a prática reiterada de deduções inexistentes em valores relevantes. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO SÚMULA VINCULANTE CARF Nº 108 Sobre o valor da multa de ofício incidem juros moratórios calculados pela SELIC.
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DESPESAS MÉDICAS. Deve ser cancelada a glosa das deduções efetuadas na Declaração de Ajuste Anual a título de despesas médicas, quando os documentos de prova constantes dos autos suprem a irregularidade apontada na decisão de primeira instância. DESPESAS MÉDICAS. INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA. DESPESA INDEDUTÍVEL Não é dedutível a despesa com instrumentação cirúrgica por falta de previsão legal, notadamente quando comprovada por recibo cujo signatário não é identificado como médico e no qual não é informado o endereço do emitente. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA Nos casos em que ficar demonstrado nos autos que a conduta do sujeito passivo está inserida nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio, tal qual descrito nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964, deve ser mantida a penalidade qualificada de 150%. Na hipótese, ficou demonstrada nos autos a prática reiterada de deduções inexistentes em valores relevantes. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO SÚMULA VINCULANTE CARF Nº 108 Sobre o valor da multa de ofício incidem juros moratórios calculados pela SELIC. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 30 40 /2 01 1- 51 Fl. 251DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para admitir deduções a título de despesas médicas no valor de R$ 292,67, mantendose a glosa no valor de R$ 270,00 e multa qualificada de 150% sobre o valor não impugnado. (assinado digitalmente) Sheila Aires Cartaxo Gomes Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sheila Aires Cartaxo Gomes (Presidente), Wilderson Botto e Francisco Ibiapino Luz. Relatório Autuação e Impugnação Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física (auto de infração fls. 23 a 33), acrescido de multa de ofício qualificada e juros de mora, nos anoscalendário de 2007, 2008 e 2009. Por bem descreverem os fatos e as razões da impugnação, adoto o relatório da decisão de primeira instância, o qual transcrevo a seguir: Trata o presente processo de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, às fls. 23/33, lavrado em face da revisão da declaração de ajuste anual dos exercícios 2008 a 2010, anoscalendário 2007 a 2009, que exige R$ 14.459,98 de imposto, R$ 30.997,08 de multa de ofício de 112,5% e 225%, e encargos legais. Consoante descrição dos fatos do Auto de Infração às fls. 30/31, foram constatadas deduções indevidas, nos anoscalendário de 2007 a 2009, conforme demonstrativo a seguir. Cientificado em 21/06/2011 (fl. 34), o interessado apresentou, em 20/07/2011, por meio de representante (procuração à fl. 54), a impugnação de fls. 39/53, instruída com os documentos de fls. 55/150, onde após breve relato dos fatos, em relação à dedução de dependente diz acostar a Certidão de Casamento que comprovaria a relação de dependência da esposa Sra. Valdeci de Jesus (58) fazendo jus a dedução pleiteada. No que concerne às despesas médicas, diz estar acostando cópias de boletos que comprovariam despesas com os planos de saúde Clinihauer (R$ 1.744,19), Clinihauer/Amil (R$ 1.965,67) e Amil (R$ 1.563,36), referentes aos anoscalendário de 2007 a 2009, respectivamente, além de cópia dos recibos, nos valores de R$ 150,00 e R$ 120,00, emitidos pela instrumentadora cirúrgica Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10980.723040/201151 Acórdão n.º 2003000.059 S2C0T3 Fl. 252 3 Ana Cristina Gravon, R$ 100,00 por Marcelo A Ducroquet, e cópia da Nota Fiscal 1462 da Clínica Neurofisiológica Scola Ltda, no valor de R$ 250,00. Aduz que deixou de repassar os demais comprovantes em razão de não possuílos, uma vez que foram retidos pelo profissional contábil em seu escritório que os extraviou. Assim, não tem como apresentar tais documentos, culminando na procedência das respectivas glosas. Em relação ao agravamento da multa alega que, embora mantenha seu domicilio em Curitiba, presta serviços na usina de Jiral em Rondônia, permanecendo longo tempo no local, retornando à sua residência esporadicamente. Aduz que sua declaração é elaborada por contador que mantém toda a documentação em seu poder e, com a mudança de endereço em Curitiba, em face da sua ausência e provavelmente de tempo hábil, o seu contador não teria atualizado o novo endereço, razão pela qual presume que as intimações não tenham chegado às suas mãos e, por conseguinte, não as tenha atendido. A falta de atendimento, no entanto, não se pauta em máfé, e assim seria muito rigor prevalecer o agravamento da multa em 50%, eis que não houve intenção em não atendêlas e, mesmo que houvesse, essa omissão já teria sido apenado com multa de R$ 596,55 consubstanciada no processo 10980.722082/201094, com a qual também discorda. Insurgese, ainda, quanto à imputação da multa qualificada, uma vez que não bastaria a mera suspeita de prática de conduta ardilosa, havendo necessidade de o fisco demonstrar prova irrefutável da conduta dolosa, objetivo que não é alcançado por meio de provas indiretas, pois a metodologia da presunção não permite concluir que além de o fato tributável ter ocorrido, o mesmo se deu por agir doloso amparado pelos fatos hipotéticos previstos nos artigos 71,72 ou 73 da Lei 4.502, de 1964. Aduz que as infrações praticadas se amoldam justamente àquelas descritas na hipótese de multa de ofício e não nas de multa qualificada. O singelo argumento de que não foi apresentado qualquer esclarecimento ou documento e que constaria despesas com diversos profissionais que negaram a prestação dos serviços (quais seriam estes profissionais?) não são argumentos suficientes a caracterizar conduta criminal. Ressalta que as despesas foram deduzidas em face de tratamentos médicos da sua esposa, que sofreu cirurgia de coluna vertebral e continua em tratamento até o momento. Por fim, pugna pelo afastamento dessa penalidade. Mesmo que os lançamentos em questão prosperem, contesta a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício após o prazo de vencimento, posto que a mesma configurase como penalidade de natureza não tributária, diverso do conceito de crédito tributário de que trata o art. 161 do CTN. Assim, não se admite a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, na medida em que, por definição, se os juros remuneram o credor pela privação do uso de seu capital, eles devem incidir somente sobre o que deveria ter sido recolhido no prazo legal, e não foi. Fl. 253DF CARF MF 4 Por fim, informa que, mesmo discordando das glosas realizadas deixa de impugnar a medida fiscal no que tange aos documentos referenciados no item 12 da impugnação (fl.43), aderiu ao parcelamento em 60 vezes dos créditos sob o código 2904, nos valores de R$ 3.859,63, R$ 3.295,82 e R$ 4.314,75, acrescidos de multa de ofício de 75% (código 3018), relativos aos anos calendário de 2007 a 2009, respectivamente, e R$ 538,93 (código 3738) com vencimento em 28/07/2010. Frisa que a adesão ao parcelamento referese exclusivamente ao fragmento correspondente aos documentos referenciados no item 12 da impugnação, de sorte que continua discordando dos demais pontos, inclusive quanto ao agravamento e qualificação da multa de ofício. À fl. 153, solicitouse diligência para que a autoridade lançadora acostasse os documentos que comprovassem a negação da prestação dos serviços médicos e que ensejaram a qualificação da multa de ofício, dando ciência ao contribuinte e reabrindolhe prazo para a defesa. Em atendimento, foram acostados os documentos de fls. 155/198, dos quais o contribuinte foi cientificado em 18/08/2011 (fl. 199/200), tendo apresentado em 19/09/2011, a impugnação complementar de fls. 202/205, onde, em síntese alega que: analisando o teor dos documentos recebidos percebese que aqueles profissionais, de fato, negaram a prestação dos serviços, conforme se denota pelas suas respostas expressas; contudo, uma das respostas chama a atenção por um fato que pode esclarecer toda a situação. “Tratase da resposta dada pela profissional Andrezza Maria Frigeri Carmassi Fusaro, que afirma que “desde 2004 possuía blocos de notas, pois antes de se formar dentista trabalhava como técnica em prótese dentária. Todos os blocos de notas ficavam em poder do contador Fabiano Santos da Vila São Pedro. Sempre que precisava emitir notas o fazia através do escritório de contabilidade dele. Mas deixei de trabalhar como protética e ele me disse que poderia, na confiança, deixar meus documentos e blocos de notas no seu escritório. Para minha surpresa, comecei a receber intimações da Receita Federal, onde meu nome e CPF constavam como abonamento de IR de pessoas desconhecidas”; coincidentemente, o contador mencionado é a pessoa que o impugnante confiava a elaboração das suas declarações, que para tanto solicitava o envio de alguns documentos, tais como: comprovantes de rendimentos, extratos com saldos bancários, aplicações financeiras, etc... e, quanto ao teor do que era declarado, sequer tomava conhecimento, ficando a cópia da declaração em poder do escritório, que lhe fornecia cópia sempre que necessitasse. Ao que tudo indica, a inclusão dessas despesas médicas, foi fruto da liberalidade do contador, sem seu consentimento, o que lhe causa indignação, tendo em vista o constrangimento pelo qual vem passando, em face das multas e exigências tributárias impetradas; reitera que desenvolve atividade profissional em Rondônia e ratifica os argumentos despendidos na impugnação inicial, Fl. 254DF CARF MF Processo nº 10980.723040/201151 Acórdão n.º 2003000.059 S2C0T3 Fl. 253 5 refutando qualquer acusação de máfé em relação aos valores deduzidos como despesas médicas sem seu consentimento. Acórdão de Primeira Instância Os membros da Quarta Turma da DRJCTA, por unanimidade de votos, consideraram não impugnada as exigências de R$ 3.859,63, R$ 3.295,82 e R$ 4.314,75 de imposto, acrescidos de multa de ofício de 75%, e encargos legais, referentes aos exercícios de 2008 a 2010, respectivamente, já objeto de pedido de parcelamento e transferidos para o processo 10980.723814/201144, conforme fls. 36/38 e, parcialmente procedente a parte impugnada do lançamento, mantendo R$ 80,49 e R$ 76,42 de imposto, acrescidos de multa de ofício de 75%, referente aos exercícios de 2009 e 2010, respectivamente, bem assim, a diferença da multa qualificada, não objeto de parcelamento, incidente sobre a matéria não impugnada, e os encargos legais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DEDUÇÃO DE DEPENDENTE. COMPROVAÇÃO. Restabelecemse as deduções com dependente quando a relação de dependência restar devidamente comprovada. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO PARCIAL. AJUSTE. Comprovado o direito a dedução de parte das despesas médicas glosadas no lançamento fiscal, cabe ajustálo aos parâmetros correspondentes. MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. INAPLICABILIDADE. É inaplicável o agravamento da multa por falta de atendimento a intimação, se não restar configurada nos autos a situação definida em lei para sua imposição. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA. A dedução indevida de despesas médicas, em face da insuficiência de provas, por si só, não justifica a qualificação da multa de ofício, devendo a multa incidente sobre o crédito tributário impugnado ser reduzida ao patamar de 75%; todavia, é aplicável a multa qualificada de 150% sobre as despesas médicas em que os profissionais negaram a prestação dos serviços e o contribuinte, além de não contestar a negação, admitiu ter deduzido despesas inexistentes e pleiteou o parcelamento do imposto correspondente, denotando comportamento intencional, específico, de causar dano à fazenda pública. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA. EXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Fl. 255DF CARF MF 6 A análise da cobrança de juros sobre a multa de ofício extrapola a presente jurisdição, uma vez que a exigência não está consubstanciada no ato jurídico do lançamento tributário e se reportaria a evento futuro de cobrança. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Recurso Voluntário Cientificado dessa decisão em 18/11/2011 (fl.227), o contribuinte interpôs em 20/12/2011 recurso voluntário (fls. 228 a 237), e apresenta os seguintes argumentos: A. Dos Recibos de Pagamentos do Plano de Saúde 7. Em que pese a juntada de documentos probatórios de pagamentos mensais à CLINIHAUER/AMIL(Doc. 4 da Impugnação), foram mantidas as glosas referentes aos meses de janeiro a fevereiro de 2008, por não terem sido anexadas os respectivos boletos quitados. 8. Para suprir a falta dos respectivos recibos, Juntase aos autos as declarações emitidas pela administradora do Plano de Saúde (doc.1), nas quais se atesta a coincidência de valores anuais recebidos com os declarados pelo recorrente. 9. Desta maneira, devidamente comprovado o desembolso integral dos valores declarados, como despesas com plano de saúde, necessário restabelecer a dedução dos valores declarados. B. Dos Recibos de Pagamentos Com Instrumentação Cirúrgica 11. Data vênia, o entendimento está totalmente equivocado, tendo em vista que o procedimento de instrumentação cirúrgica está previsto em quase todas intervenções cirúrgicas,mormente naquelas mais complexas, como é o caso ocorrido com a Sra. Valdeci de Jesus (esposa e dependente do recorrente), equiparandose para todos os efeitos como despesas médicas. (...) 13. Neste sentido a definição do instrumentador cirúrgico como em auxiliar de enfermeiro é regulamentado pelos arts. 1o e 2o da Resolução no 214/98 do COFEN, a saber (...) 14. Para Consolidar o entendimento citase o teor da resposta da pergunta no 343 do conjunto de perguntas e respostas do IRPF 2011(...) 15. Para corroborar essa pretensão do Recorrente, o próprio CARF vem sinalizando neste sentido (...) 16. Desta maneira, deverá também ser restabelecida a dedução efetuada pelo recorrente no valor de R$ 270,00, correspondentes a despesas médicas pagas a profissional Ana Cristina Gravon instrumentadora cirúrgica CPF: 762.033.44915. C. Da Multa Qualificada Fl. 256DF CARF MF Processo nº 10980.723040/201151 Acórdão n.º 2003000.059 S2C0T3 Fl. 254 7 17. Apesar de o Recorrente ter demonstrado todo a sua boa fé e comprovado a ausência de dolo em relação a despesas médicas glosadas, em razão da falta de apresentação dos respectivos recibos de pagamentos, a ilustre relatora manteve a qualificação da multa de ofício. 18. O fato de o recorrente haver parcelado o imposto com a multa de 75% referente a tais recibos, não significa sua confissão com relação a eventual dolo por ocasião das respectivas deduções. 19. Como esclarecido na impugnação a responsabilidade pelo preenchimento das declarações e sua entrega à Receita Federal era do contador à época. 20. O Recorrente exerce sua profissão em local muito distante da sua cidade e em razão disto confiava ao profissional de contabilidade todas as questões fiscais, conforme detalhado na impugnação. 21. Assim, as eventuais deduções indevidas, se ocorreram, não tinham o consentimento do Recorrente.(...) 22. Desta maneira, considerando estar isento de qualquer responsabilidade em relação as deduções declaradas na sua Declaração de Ajuste Anual, O Recorrente refuta a acusação de evidente intuito de fraude que pudesse justificar a qualificação da multa de ofício. D. Da Impossibilidade da Correção da Multa de Ofício 23. Mesmo que os lançamentos tributários objeto do auto de infração em questão prosperem, temse que as respectivas multas de ofício não poderão sofrer correção (Taxa Selic), por ocasião da sua cobrança, tal como deverá sofrer o imposto. 24. Nesta esteira o art. 161 do CTN prescreve:(...) 25. Considerando que a multa lançada de ofício configurase penalidade, portanto de natureza não tributária, diverso do conceito de crédito tributário de que trata o dispositivo legal supramencionado, não poderá ser assim tratada. 26. Neste Diapasão, a multa não se presta para repor ou indenizar o capital alheio, mas sim para punir a inexecução da obrigação. A sua fixação adverte o devedor de que a falta com a obrigação sofrerá encargos, onerandoa sobremaneira. 27. Ao contrário dos juros que tem natureza essencialmente indenizatória, tanto que incidem no tempo, justamente para espelhar o prejuízo do credor com a privação do seu capital. 28. Assim não se admite a incidência do juros sobre multa de ofício, na medida em que, por definição, se o juros remunera o credor pela privação do uso de seu capital, eles devem incidir somente sobre o que deveria ter sido recolhido no prazo legal e não foi. Fl. 257DF CARF MF 8 Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do artigo 23B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e suas alterações. É o relatório. Voto Conselheira Sheila Aires Cartaxo Gomes Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Preliminares Não foram alegadas questões preliminares no recurso voluntário. Mérito O recorrente insurgese contra a decisão de primeiro grau, alegando ter direito à dedução das despesas de saúde referentes ao plano de saúde CLINIHAUER/AMIL R$ 292,67 e Ana Cristina Gravon (instrumentadora cirúrgica) R$ 270,00; ausência de dolo que justifique a qualificação da multa de ofício e a impossibilidade da correção da multa de ofício pela SELIC. Plano de Saúde Clinihauer/AMIL A decisão de piso manteve a glosa referente aos meses de janeiro e fevereiro de 2008, por não terem sido anexados à impugnação os respectivos boletos devidamente quitados que comprovariam o efetivo pagamento das despesas médicas. Para suprir a falta dos respectivos recibos, o recorrente junta em sede de recurso, declarações emitidas pela administradora do Plano de Saúde, nas quais se atestam os valores mensais recebidos. Desta forma, comprovados os desembolsos das competências janeiro e fevereiro de 2008, necessário restabelecer a dedução dos valores declarados no montante de R$ 292,67. Despesas de Instrumentação Cirúrgica Alega o recorrente que o procedimento de instrumentação cirúrgica está previsto em quase todas intervenções cirúrgicas, equiparandose para todos os efeitos às despesas médicas para fins de dedução em IRPF. A decisão de piso manteve a glosa sob seguinte fundamentação: Por outro lado, não há como acolher as despesas havidas com a instrumentadora cirúrgica – Ana Cristina Gravon , no valor de R$ 270,00 (fl. 148), em face dessa atividade não estar especificamente prevista dentre as despesas dedutíveis, e não ser inerente e restrita às atividades profissionais elencadas no art. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10980.723040/201151 Acórdão n.º 2003000.059 S2C0T3 Fl. 255 9 8º, II, “a”, da Lei nº 9.250, de 1995, não sendo, portanto, dedutível na apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda. Entendo que não há reparos a se fazer à decisão de primeira instância. A legislação de regência, citada na decisão recorrida, restringe a dedutibilidade das despesas médicas aos pagamentos efetuados a profissionais pertencentes às seguintes categorias: médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, não podendo ser aceitos como despesas médicas para fins tributários os gastos efetuados a profissionais pertencentes a outras categorias não pertencentes a esse rol (artigo 8º, inciso II, alínea a, da Lei nº 9.250, de 1995, e caput do artigo 80 do Decreto nº3.000, de 1999 RIR). Desta forma, entendo que essa despesa somente seria dedutível se integrasse a conta hospitalar, adotandose o tratamento dado pelo Fisco às despesas com enfermeiro e massagistas. Nesse sentido, segue orientação contida no Manual de Perguntas e Respostas IRPF 2011: ASSISTENTE SOCIAL, MASSAGISTA E ENFERMEIRO 353 Podem ser deduzidos os pagamentos feitos a assistente social, massagista e enfermeiro? As despesas efetuadas com esses profissionais são dedutíveis desde que por motivo de internação do contribuinte ou de seus dependentes e integrem a fatura emitida pelo estabelecimento hospitalar. Tendo sido efetuado diretamente à profissional, conforme atesta o recibo de fl.148, o pagamento dessa despesa não pode ser acatado. Ademais, ainda que fosse um despesa médica dedutível, esta não seria aceita, pois o recibo não contém endereço do profissional, requisito esse indispensável previsto art. 8°, III da Lei nº 9.250, de 1995, e, também, não houve a comprovação do efetivo pagamento. Portanto, correta a manutenção da glosa. Cito a seguir dois acórdãos proferidos por este conselho, que ratificam o posicionamento por mim adotado: Acórdão 2002000.165 de 19 de julho de 2018 DESPESAS MÉDICAS. INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA. As despesas médicas dedutíveis restringemse aos pagamentos efetuados pelo Contribuinte a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, hospitais e planos de saúde, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, inexistindo previsão legal para dedução dos valores pagos a instrumentador cirúrgico. 2802003.211 de 04 de novembro de 2014 Fl. 259DF CARF MF 10 DESPESAS MÉDICAS. INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA. DESPESA INDEDUTÍVEL Não é dedutível a despesa com instrumentação cirúrgica por falta de previsão legal, notadamente quando comprovada por recibo cujo signatário não é identificado como médico e no qual não é informado o endereço do emitente. Multa qualificada O recorrente insurgese contra a decisão de primeiro grau, alegando descabimento da multa qualificada incidente sobre as glosas de despesas não impugnadas. A decisão de piso manteve a multa conforme trechos do voto a seguir: Verificase que a fraude se caracteriza em razão de uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe sempre a intenção de causar dano à fazenda pública, num propósito deliberado de se subtrair no todo ou em parte a uma obrigação tributária. Nesses casos, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de causar dano à fazenda pública, onde se utilizando subterfúgios escamoteiam a ocorrência do fato gerador ou retardam o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. Ou seja, o dolo é elemento específico da sonegação, da fraude e do conluio, que os diferenciam da mera falta de pagamento do tributo ou da simples omissão de rendimentos na declaração de ajuste, seja ela pelos mais variados motivos que se aleguem. Acerca da qualificação da multa, a autoridade lançadora ponderou à fl. 31, que o fiscalizado, não teria comprovado as despesas médicas pleiteadas. Constam despesas com diversos profissionais, que negaram a prestação dos serviços (fls. 155/198). Glosa total das deduções dos anoscalendário de 2007 a 2009, pela prática de ato previsto na Lei 8.137, de 1990, como crime contra a ordem tributária, lançada a multa qualificada, pela repetição da prática de declarar despesas fictícias. Pela análise dos autos, verificase a existência de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, para efeito de qualificação da multa de ofício sobre o crédito tributário decorrente da dedução indevida de despesas médicas, cuja prestação dos serviços foi negada pelos profissionais, e o contribuinte, além de não contestar a negação, admitiu ter deduzido despesas inexistentes e pleiteou o parcelamento do imposto correspondente, denotando comportamento intencional, específico, de causar dano à fazenda pública, devendose manter a multa qualificada de 150% sobre a matéria não impugnada. No que se refere à alegação de ausência de máfé e que a inclusão de despesas médicas inexistentes em suas declarações, foi fruto da liberalidade do contador que as elaborou, sem seu consentimento, não há como acolher suas alegações, pois tendo a legislação pertinente estabelecido que a responsabilidade pelos dados constantes da declaração é do contribuinte, cabendo a ele o cumprimento dessa obrigação acessória, não há como eximilo da responsabilidade pelas infrações cometidas. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10980.723040/201151 Acórdão n.º 2003000.059 S2C0T3 Fl. 256 11 Sobre o tema, cumpre apresentar os dispositivos legais que regulamentam a matéria (conforme legislação em vigor à época dos fatos): Lei nº 9.430/96 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (grifei) § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; Já os artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502, de 30 de novembro de 1964, assim definem: Art. 71 Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72 Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73 Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Desse modo, a multa de 150% terá aplicação sempre que, em procedimento fiscal, a autoridade lançadora reunir elementos que a convençam da ocorrência de sonegação, fraude ou conluio. Vê se que, para enquadrar determinado ilícito fiscal nos dispositivos dessa lei, há necessidade de que esteja indicado o dolo. Fl. 261DF CARF MF 12 O dolo que se relaciona com a consciência e a vontade, é pressuposto de todos os tipos penais de que trata a Lei nº 4.502/64, ou seja, a vontade de obtenção de um fim em desacordo com o ordenamento jurídico ao se praticar determinada conduta. Ou ainda, nos termos do inciso I do art. 18 do Código Penal (DecretoLei nº 2.848, de 7/12/1940), é doloso o crime quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo. Assim, a autoridade fiscal deve estar convencida e apresentar os motivos que a convenceram de que a conduta praticada teve o intuito consciente voltado ao fim de suprimir ou reduzir o pagamento do tributo ou contribuições devidos. Para identificação do dolo em termos tributários é importante aferir o que é aceitável/razoável, para fins de convencimento da intenção de agir. E nesta aferição, são muito importantes os critérios de relevância (magnitude do que está em jogo) e de recorrência/reiteração (repetição ao longo do tempo) da conduta. Certamente é natural que se cometam erros de razoável magnitude e, da mesma forma, é natural que se cometam erros durante um certo lapso de tempo. Não obstante, a medida que crescem a relevância e a duração da prática no tempo; decresce, na mesma medida, a probabilidade de algo ter sido fruto de mero erro e aumenta a probabilidade de ter sido premeditado ou intencional. São duas faces da mesma moeda: num lado está o erro, o equívoco; no outro a intenção (de fazer algo errado ou de deixar de fazer algo certo a que se estava obrigado), a vontade de obtenção de um fim ao se praticar uma conduta. A combinação desses critérios também pode ser determinante: podese errar pouco durante muito tempo, assim como errar muito num curto espaço de tempo; agora errar muito durante muito tempo é algo que desafia o bom senso do homem comum. Na mesma linha da aferição a partir dos critérios da relevância e da recorrência (ou reiteração), situamse os seguintes acórdãos proferidos por este órgão colegiado: Acórdão nº 1201001.048 CONDUTA DOLOSA. COMPROVAÇÃO. Havendo a omissão de receitas sido levada a efeito pelo sujeito passivo por três anos consecutivos (recorrência), em montantes significativos quando comparados com a receita declarada (relevância), e dadas as demais circunstâncias do caso, não há como se admitir que a infração possa ter sido fruto de mero erro ou negligência contábil. Nessas circunstâncias provado está, para além de qualquer dúvida razoável, o dolo do agente.(grifei) Acórdão nº 9101003.970 MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. COMPROVAÇÃO. A omissão reiterada de informações ao Fisco (recorrência) em montantes significativos quando comparados com a receita declarada (relevância) pode caracterizar o dolo ensejador da multa qualificada. Não há como se admitir que a infração tenha sido fruto de mero erro ou negligência contábil. A conduta da contribuinte durante os trabalhos de auditoria Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10980.723040/201151 Acórdão n.º 2003000.059 S2C0T3 Fl. 257 13 também reforça o dolo na supressão dos tributos, em momento anterior. Foram inúmeros os termos de intimação, e conforme registrado no Termo de Constatação de Infração, o contribuinte não logrou êxito em respondêlos, nem tão pouco justificou e ou comprovou a origem dos recursos depositados em suas várias contas bancárias. A informação de que a contribuinte poderia estar vendendo a particulares veículos adquiridos com benefícios fiscais só agrava a infração de omissão de receita pela falta de comprovação da origem dos depósitos bancários. Nessas circunstâncias provado está, para além de qualquer dúvida razoável, o evidente intuito do agente em fraudar o Erário Público, sendo portanto cabível a qualificação da multa de ofício.(grifei) Acórdão nº 210101.362 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA Nos casos em que ficar demonstrado nos autos que a conduta do sujeito passivo está inserida nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio, tal qual descrito nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964, deve ser mantida a penalidade qualificada de 150%. Na hipótese, ficou demonstrada nos autos a prática reiterada de deduções inexistentes.(grifei) De acordo com a descrição do auto de infração, a multa foi majorada em razão da conduta, demonstrada nos três anoscalendário submetidos a exame, de inserir despesas dedutíveis que não tiveram a prestação de serviços confirmada pelos profissionais diligenciados, conforme declarações prestadas às fls. 155 a 198. Transcrevo a seguir trecho do auto de infração sobre o assunto (fl. 31): Os fatos apontados configuram evidências suficientes de que a infração apurada tem a marca do dolo do contribuinte. Pois não é razoável admitir se que tenha sido fruto de mero erro ou negligência o fato de a pessoa física, declarar deduções inexistentes em valores tão significativos, por três exercícios consecutivos. Há relevância na infração, porque o contribuinte deduziu valores bastante significativos que tiveram a prestação de serviços negadas pelos profissionais. E também há recorrência, porque essa forma de proceder foi constatada ao longo três consecutivos. Por fim, a alegação de que as infrações apontadas na declaração de ajuste anual, objeto da autuação, teriam sido causadas por erro de terceiro não pode ser acolhida, pois a responsabilidade pelo Imposto de Renda da Pessoa Física tem natureza objetiva, bastando que ocorra o fato gerador para o tributo ser devido, e a responsabilidade pelo pagamento é sempre daquele que auferiu a renda e realizou todos os fatos que porventura venham repercutir na apuração do valor devido do imposto. Ao contratar escritório com a finalidade de preencher Fl. 263DF CARF MF 14 e entregar suas DIRPF, o contribuinte deu anuência a este, responsabilizandose, portanto, pelos atos por ele praticados e assumindo também o risco por eventuais ilegalidades. Assim, estando prevista pela legislação de regência e, tendo sido apurados todos os pressupostos para sua aplicação, encontrase plenamente justificada a aplicação da multa qualificada de 150% em relação às glosas de despesas não contestadas. Tendo em vista que foram transferidas para o processo de parcelamento 10970723.814/201144 as glosas de R$ 3.859,63 A/C 2007, R$ 3.295,82 A/C 2008 e R$ 4.314,75 A/C 2009 e as multas de ofício de 75% a elas correspondentes, fica mantido neste processo a multa remanescente de 75% incidente sobre as mesmas glosas, que somadas totalizam 150% de multa qualificada, conforme quadro explicativo a seguir: 10980.723814/201144 Parcelamento 10980.723040/201151 AnoCalendário Dedução Multa 75% Multa 75% Mantida 2007 R$ 3.859,63 R$ 2.894,72 R$ 2.894,72 2008 R$ 3.295,82 R$ 2.471,87 R$ 2.471,87 2009 R$ 4.314,75 R$ 3.236,06 R$ 3.236,06 Total R$11.470,20 R$8.602,85 R$8.602,85 Juros sobre a Multa de Ofício Aduz o recorrente em sede de recurso, que as respectivas multas de ofício não poderão sofrer correção pela taxa SELIC, por ocasião da sua cobrança, tal como deverá sofrer o imposto. O tema em discussão é conteúdo de súmula vinculante nesta corte, conforme Portaria nº 129, DE 1º DE ABRIL DE 2019. O MINISTRO DE ESTADO DA ECONOMIA, no uso das atribuições previstas no art. 87, parágrafo único, incisos I e II da Constituição Federal, e tendo em vista o disposto no art. 75 do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, resolve: Art. 1º Fica atribuído às súmulas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, relacionadas no Anexo Único desta Portaria, efeito vinculante em relação à Administração Tributária Federal. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Fl. 264DF CARF MF Processo nº 10980.723040/201151 Acórdão n.º 2003000.059 S2C0T3 Fl. 258 15 Desta forma, a obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, na parte conhecida, dar provimento parcial para admitir deduções a título de despesas médicas no valor de R$ 292,67, mantendose a glosa no valor de R$ 270,00 e multa qualificada de 150%. sobre o valor não impugnado. É como voto (assinado digitalmente) Sheila Aires Cartaxo Gomes Fl. 265DF CARF MF
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Numero do processo: 10530.001195/2008-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2202-000.859
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Nome do relator: RORILDO BARBOSA CORREIA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para fins de que a Unidade de Origem intime o Ministério da Ciência e Tecnologia para que informe se foi emitido ato autorizativo de migração publicado no Diário Oficial em benefício da Recorrente, nos termos dispostos no § 2º do art. 15 do Decreto nº 5.798/06, juntando a correspondente cópia do ato, bem como esclarecendo, sendo o caso, o alcance temporal dos respectivos efeitos. Na sequência, devese intimar a contribuinte, para se manifestar acerca do resultado da diligência. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Virgílio Casino Gil (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão nº 0540.793 proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP DRJ/CPS, a qual julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e manteve o Despacho Decisório recorrido, não reconhecendo o direito creditório pleiteado e não homologando as RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .0 01 19 5/ 20 08 -3 6 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10530.001195/200836 Resolução nº 2202000.859 S2C2T2 Fl. 191 2 compensações tratadas no processo apensado nº 10530.001543/200875, (fls. 138/148 e 158/173). Do Pedido de Restituição/Compensação No tocante ao pedido de restituição/compensação, o relatório que acompanha a decisão da DRJ/CPS (fl. 139) mencionou o seguinte: Tratase de manifestação de inconformidade contra a decisão do Serviço de Tributação da Delegacia da Receita Federal de Santo André que indeferiu a solicitação de restituição/compensação de R$ 527.304,80. Segundo a contribuinte o direito creditório corresponderia a 20% do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre remessa ao exterior a título de pagamento de royalties efetivada no âmbito do benefício fiscal concedido pelo Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI. Da Análise do Pedido de Restituição/Compensação De acordo com o Despacho Decisório (fls. 80/82), a autoridade administrativa não reconheceu o direito creditório pleiteado, indeferiu o pedido de restituição e não homologou a compensação: "Em conformidade com a competência que me foi delegada pela Portaria DRF/SAE nº 75, de 07 de outubro de 2011, Indefiro o pleito do interessado e Não Homologo a compensação vinculada ao processo nº 10530.001543/200875 " (fl. 82). Da Manifestação de Inconformidade Regularmente intimado do indeferimento do pedido de restituição/compensação, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, com bem sintetizado no Acórdão, alegando que (fls. 94/105): A Portaria do Ministro da Ciência e Tecnologia nº 769, de 2002 especificou os benefícios fiscais a que a requerente poderia usufruir, estando entre eles o crédito de 20% do valor do IRRF incidente sobre o pagamento de “royalties” a beneficiário domiciliado no exterior em razão de contrato de transferência de tecnologia. A mencionada solicitação estaria acompanhada dos documentos relacionados na Portaria do Ministro da Fazenda. Não haver sustentação para o indeferimento do pleito, pois todas as exigências para a concessão do benefício foram cumpridas. A seu ver, a própria autoridade responsável pelo exame do pedido reconheceu ser a interessada titular do benefício fiscal de crédito de 20% do IRRF incidente sobre valores pagos, remetidos ou creditados a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior a título de “royalties” de assistência técnica ou científica e de serviços especializados, conforme Portaria MCT nº 769. O benefício fiscal em discussão foi concedido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia com base na Lei 11.196/2005, além do Decreto n° 5798 de 2006 e pela Portaria MF nº 267, de 26 de novembro de 1996. Tal legislação, além de determinar os incentivos fiscais no âmbito do PDTI, também atribuiria ao Ministério de Ciência e Tecnologia a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e manifestarse quanto à execução do PDTI. Nesse sentido, à Receita Federal caberia tão só avaliar os documentos apresentados a fim de reconhecer o direito creditório. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10530.001195/200836 Resolução nº 2202000.859 S2C2T2 Fl. 192 3 A autoridade fiscal, de forma equivocada, contrariando os documentos apresentados pela Recorrente, teria considerado não comprovada a migração da contribuinte para o novo regime de isenção, instaurado pela legislação antes citada. Entretanto, a Recorrente defende que a migração não só teria sido devidamente requerida e deferida, como também comprovada nos presentes autos. Apresentou decisões administrativas que ratificariam o entendimento da contribuinte, definindo caber ao Ministério de Ciência e Tecnologia a concessão do benefício, restando à RFB apenas a análise quanto à ocorrência do fato gerador. Assim que editado o Decreto n° 5798 de 2006, teria a contribuinte apresentado ao MCT pedido de migração para o novo regime, o que fora prontamente aprovado. Nesse sentido, em 31/10/2006, fora publicada a Portaria MCT n ° 823 que revogou a Portaria MCT n° 769 e aprovou a migração para o novo regime. Bastaria a verificação dos dispositivos legais constantes do Preâmbulo da Portaria MCT n° 823 para se confirmar o deferimento da migração pretendida. Entende ser prova suficiente de seu direito ao benefício o fato de constar ela do “Relatório Anual de Utilização dos Benefícios Fiscais no ano base 2006”, elaborado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. O entendimento de forma distinta do apresentado pela contribuinte contraria os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP DRJ/CPS (fls. 138/148). Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a DRJ/CPS apreciou a Manifestação de Inconformidade e proferiu o acórdão nos seguintes termos (fl. 138): "Acordam os membros da 4ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar improcedente a manifestação de inconformidade, para manter o Despacho Decisório recorrido e não reconhecer o direito creditório pleiteado, não homologando as compensações tratadas no processo em apenso, de nº 10530.001543/200875, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado." Conforme ementas a seguir transcritas (fl. 138): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 02/01/2008 INCENTIVOS FISCAIS. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO INDUSTRIAL (PDTI). TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. ROYALTIES. CRÉDITO DE 20% DO IRRF. Não apresentado ato autorizativo requerido pela legislação em vigor para fruição do regime previsto na Lei nº 11.196/2005, inviável reconhecer o crédito ora pleiteado, não se homologando, por conseguinte, as compensações em litígio. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10530.001195/200836 Resolução nº 2202000.859 S2C2T2 Fl. 193 4 A apreciação de questionamentos relacionados à ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação tributária não é de competência da autoridade administrativa, sendo exclusiva do Poder Judiciário. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário A Pirelli Pneus Ltda, devidamente intimada da decisão da DRJ/CPS, em 26/07/2013, conforme Termo de Ciência por Decurso de Prazo (fl. 156), apresentou, conforme termo de juntada (fl. 157), recurso voluntário, em 18/08/2013 (fls. 158/173). Em sede de recurso voluntário, a Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ/CPS, alegando que: A DRJ rejeitou a Manifestação de Inconformidade, por entender que a Recorrente não provou o deferimento para a migração do novo regime da Lei n° 11.196/2005, mas que a migração requerida foi deferida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, com efeito a partir de 01/01/2006, nos exatos termos da legislação, fato este provado no processo por meio dos relatórios anuais e da declaração todos do MCT. A competência para o deferimento da migração é do MCT, e considerando que o MCT apresentou declaração e mencionou em seu relatório anual que a Pirelli migrou para o PDTI desde 01/01/2006, neste caso a r. decisão recorrida não poderia usar a forma como foi redigida a Portaria para não reconhecer o crédito e não homologar a compensação. Após a edição do Decreto n° 5.798/2006, a Recorrente diligenciou junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia e requereu sua migração para o novo regime da Lei 11.196/2005, apresentando pedido formal. O pedido de migração foi recebido e devidamente processado peio Ministério da Ciência e Tecnologia, conforme comprovam os emails sempre de acordo com os tramites internos do Ministério, que aprovou a migração da ora Recorrente. Ao contrário do que entendeu a DRJ, a publicação da Portaria n° 823, em 31/10/2006, acolheu o pedido de migração feito pela Recorrente e revogou a Portaria 769/2002, que tratava do benefício da Recorrente nos termos da Lei n° 8.661/1993. Verificouse que a Recorrente cumpriu todos os requisitos para a migração e o MCT expressamente aceitou esta migração, não podendo ser indeferida a restituição pleiteada. porque de outra forma, restariam violados no caso os princípios da legalidade e da verdade material da ação administrativa, que têm como base jurídica o art. 5°, II da Constituição Federal, dispositivo que figura ha décadas em nosso ordenamento fundamental e estabelece que: "II ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;" Nem se argumente, como sustenta a r. decisão recorrida, que a migração não teria sido deferida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, por tal fato não ter constado expressamente da Portaria n° 823/200. Porque no entendimento da DRJ, a Portaria n° 823 objetivava tão somente revogar o benefício, sem nada mencionar, contudo, acerca da migração para o novo regime, para tanto, caberia a publicação de ato autorizativo da migração pleiteada, ato este que não fora apresentado. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10530.001195/200836 Resolução nº 2202000.859 S2C2T2 Fl. 194 5 A Recorrente entende que basta verificar os dispositivos legais constantes do preâmbulo da referida Portaria para se constatar que a mesma trata da migração do regime. Que o Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pela apreciação e deferimento do pedido de migração expressamente reconheceu no "Relatório Anual da Utilizado dos Incentivos Fiscais no Ano Base de 2006" que a Pirelli é detentora do beneficio nos termos da Lei n° 11.196/2005 desde 01/01/2006 e que a simples leitura deste relatório afasta qualquer dúvida acerca do fato de que a Recorrente teve seu pedido de migração do regime deferido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia MCT, que, como reconhece a r. decisão recorrida, é o único responsável para tanto. Não existe previsão na legislação no sentido de que a RFB só pode deferir a restituição e a compensação nos casos em que seja apresentada cópia da Portaria, mas sim de que os benefícios serão assegurados após o deferimento pelo MCT, a exigência constante da r. decisão recorrida viola inclusive o principio da legalidade. Apesar de entender que os documentos apresentados afastam qualquer possibilidade de questionamento sobre a migração e o direito da ora Recorrente aos incentivos em questão, a Recorrente entrou em contato com o MCT que emitiu a declaração anexa (doc. 02), expressamente reconhecendo que a Pirelli migrou para o novo regime 11.196/2005, desde 2006: Uma vez provado que a migração efetivamente ocorreu e foi deferida a manutenção da r. decisão recorrida, que indeferiu a restituição por não ter sido juntada cópia da Portaria que expressamente reconheça este fato, além de violar a legislação que trata do assunto, representa ainda flagrante violação aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Não há outra interpretação a ser conferida aos fatos (princípio da verdade real) que não a de que o PDTI conferido na Portaria MCT n° 769, de 9 de dezembro de 2002, foi migrado para outro ato concessivo de PDTI, senão como se explicaria a inclusão da Pirelli no "Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais Ano Base 2006". A Portaria MCT n° 823 de 31 de outubro de 2006 não só revogou a Portaria MCT n° 769, de 9 de dezembro de 2002, como por consequência lhe garantiu a migração, conforme autorizado/determinado pela Lei 11.196/2005. Do Pedido Ao final, a Recorrente requer que o recurso seja acolhido para reformar a r. decisão recorrida que indeferiu a restituição e, por consequência, homologar a compensação, nos termos em que foi requerida, extinguindose o crédito tributário, nos termos do art. 156, II do CTN. (fl. 173): Ante o exposto, a Recorrente pede e espera que o presente recurso seja recebido e provido para o fim de reconhecer a improcedência da r. decisão recorrida, com o deferimento da restituição e a homologação da compensação pleiteada, pelas razões acima expostas. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10530.001195/200836 Resolução nº 2202000.859 S2C2T2 Fl. 195 6 Requer, ainda, seja Intimado o subscritor da presente para produção de sustentação oral, quando da inclusão do feito cm pauta de julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rorildo Barbosa Correia Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Analisando os autos, percebese que a controvérsia se instalou devido a contestação da Recorrente se insurgindo contra a decisão da DRJ/CPS, a qual decidiu que havia necessidade de apresentar o "ato autorizativo requerido pela legislação em vigor para fruição do regime previsto na Lei nº 11.196/2005". Neste caso, a 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas /SP, apreciando o pleito, concluiu que: "o pedido fundamentase em incentivo fiscal, inicialmente concedido mediante a Portaria do Ministro da Ciência e Tecnologia (MCT) nº 769, de 09 de dezembro de 2002, posteriormente revogada pela de nº 823, de 31 de outubro de 2006." (fl. 143). Além disso, a DRJ/CPS entendeu que houve a revogação do incentivo promovida pela Portaria nº 823, de 31 de outubro de 2006, mas não houve a publicação de ato normativo permitindo migrar para o novo regime, nos seguintes termos: " (...) a portaria nº 823 objetivava tão somente revogar o benefício, sem nada mencionar, contudo, acerca da migração para o novo regime. Para tanto, caberia a publicação de ato autorizativo da migração pleiteada. Ato este que não fora apresentado. Conforme prevê o Decreto n° 5.798/06, em seu artigo 15" e também que "Inexistindo a devida comprovação, inviável reconhecer o direito ora pleiteado." (fl. 146). Por outro lado, a Recorrente contestou afirmando que: "assim é que, ao contrário do que entendeu a r. decisão recorrida, concluindo este procedimento, em 31/10/2006, foi publicada a Portaria 823, que acolheu o pedido de migração feito pela Recorrente e revogou a Portaria 769/2002, que tratava do benefício da Recorrente nos termos da Lei 8.661/1993" (...).(fl. 166). Com o mesmo propósito, o Recorrente continuou afirmando que: "assim não fosse, o que se admite para argumentar, fato é que no caso presente o Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pela apreciação e deferimento do pedido de migração, segundo a própria r. decisão, expressamente reconheceu no "Relatório Anual da Utilizado dos Incentivos Fiscais no Ano Base de 2006" que a Pirelli é detentora do beneficio nos termos da Lei n° 11.196/2005 desde 01/01/2006 " (fl. 169). Além do mais, a Recorrente apresentou declaração do Ministério da Ciência e Tecnologia para corroborar sua tese: "de qualquer modo, apesar de entender que os Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10530.001195/200836 Resolução nº 2202000.859 S2C2T2 Fl. 196 7 documentos apresentados afastam qualquer possibilidade de questionamento sobre a migração e o direito da ora Recorrente aos incentivos em questão, a Recorrente entrou em contato com o MCT que emitiu a declaração anexa (doc. 02), expressamente reconhecendo que a Pirelli migrou para o novo regime 11.196/2005, desde 2006:" (fl. 170). Dessa forma, para o deslinde da questão, fazse necessário verificar qual o critério estabelecido para usufruir o incentivo fiscal para capacitação tecnológica da indústria por meio de Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI . Inicialmente, convém esclarecer que o benefício fiscal de que trata este processo foi estabelecido com base na Lei nº 8.661, de 02 de junho de 1993, regulamentada pelo Decreto nº 949, de 5 de outubro de 1993, que contemplava diversos incentivos fiscais para a capacitação tecnológica da indústria, por meio de PDTI e dentre estes incentivos, a lei facultava ao titular do Programa o direito ao crédito de 20% do IRRF sobre os valores pagos, remetidos ou creditados a beneficiário domiciliado no exterior, a título de “royalties”. (o percentual de 20% foi estabelecido pelo art. 2°, inciso II, da Lei n° 9.532/97). Todavia, com a revogação da Lei nº 8.661/93, o benefício fiscal tratado neste processo passou a ser regulado pelo art. 17, inciso V, alínea “a” da Lei n° 11.196/2005, e pelo art. 3°, alínea “a” e parágrafo 4° do Decreto n° 5.798 de 2006. De acordo com o autos, notase que o favor tributário concedido à Recorrente, com base na Lei nº 8.661, de 02 de junho de 1993, regulamentada pelo Decreto nº 949, de 5 de outubro de 1993, por meio da Portaria MCT 769 de 09/12/2002, foi revogado pela Portaria nº 823 de 31/10/2006 do Ministério da Ciência e Tecnologia (fls. 76 e 135). No entanto, mesmo após a revogação do benefício fiscal pela Portaria nº 823 de 31/10/2006 do Ministério da Ciência e Tecnologia, a Recorrente poderia continuar usufruindo o incentivo fiscal para capacitação tecnológica da indústria por meio de Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI instituído pelo art. 17, inciso V, alínea “a” da Lei n° 11.196/2005, e pelo art. 3°, alínea “a” e parágrafo 4° do Decreto n° 5.798 de 2006. desde que solicitasse ao Ministério da Ciência e Tecnologia a migração para o novo regime especificado na Lei n° 11.196/2005, nos termos do art. 15 do Decreto n° 5.798/06, que assim dispõe: Art.15. os Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI e Programas de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário PDTA, e os projetos aprovados até 31 de dezembro de 2005 continuam regidos pela legislação em vigor na data de publicação da Lei n° 11.196, de 2005. §1°as pessoas jurídicas executoras de programas e projetos referidos no caput deste artigo poderão solicitar ao Ministério da Ciência e Tecnologia a migração para o regime da Lei no 11.196, de 2005, devendo, nesta hipótese, apresentar relatório final de execução do programa ou projeto. §2° a migração de que trata o §1° acarretará a cessação da fruição dos incentivos fiscais concedidos com base nos programas e projetos referidos no caput, a partir da data de publicação do ato autorizativo da migração no Diário Oficial da União. (grifei). Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10530.001195/200836 Resolução nº 2202000.859 S2C2T2 Fl. 197 8 Dessa forma, entendo que para a Recorrente usufruir o benefício fiscal pleiteado, seria necessário observar as condições estabelecidas nos §1° e §2° do art. 15 do Decreto n° 5.798/06, solicitando ao Ministério da Ciência e Tecnologia a migração para o novo regime, a qual seria realizada por meio do ato autorizativo de migração. Contudo, a contribuinte não logrou êxito em comprovar a publicação do referido ato autorizativo, porém, como elemento de prova, apresentou Ofício do Gabinete do Ministério da Ciência e Tecnologia (fls. 175/176) e Relatório Anual dos Incentivos Fiscais no Ano Base de 2006 (fls. 121/132), que no nosso entendimento, não tem o condão de substituir o ato autorizativo do Ministério da Ciência e Tecnologia, por falta de previsão legal. Com efeito, notase que a não apresentação do ato autorizativo estabelecido pelo § 2º do art. 15 do Decreto nº 5.798/06, impede o reconhecimento do direito ao benefício fiscal de que trata a Lei n° 11.196/2005, por outro lado a Recorrente alegou que houve a migração para o novo regime apresentando outros documentos, como o Ofício do Gabinete do Ministério da Ciência e Tecnologia e o Relatório Anual dos Incentivos Fiscais no Ano Base de 2006 . Diante desse panorama, proponho então a conversão do julgamento em diligência, para fins de que a Unidade de Origem intime o Ministério da Ciência e Tecnologia para que informe se foi emitido ato autorizativo de migração publicado no Diário Oficial em benefício da Recorrente, nos termos dispostos no § 2º do art. 15 do Decreto nº 5.798/06, juntando a correspondente cópia do ato, bem como esclarecendo, sendo o caso, o alcance temporal dos respectivos efeitos. Na sequência, devese intimar a contribuinte para se manifestar acerca do resultado da diligência. (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia Fl. 197DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.901600/2013-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2008 a 29/02/2008
PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA.
A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
Numero da decisão: 3302-006.830
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracterizase a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. Relatório Trata o presente processo do Pedido de Restituição (PER), transmitido pelo contribuinte acima identificado, no qual solicita a restituição de PIS. Consta no processo Despacho Decisório Eletrônico proferido pela unidade de origem, o qual concluiu pela improcedência do crédito original informado no PER, sob o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 16 00 /2 01 3- 28 Fl. 296DF CARF MF Processo nº 16682.901600/201328 Acórdão n.º 3302006.830 S3C3T2 Fl. 3 2 fundamento de que o pagamento relacionado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, nos termos do Acórdão nº 12088.967. Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A ausência de retificação de DCTF ou de qualquer outra obrigação acessória jamais poderia ser impeditivo do reconhecimento do seu direito ao crédito, na medida em que o Fisco possui outros meios de apurar a existência de eventual indébito tributário. Assim, não restam dúvidas de que a falta de retificação da DCTF não deve implicar na perda do direito ao crédito; b) Não há concomitância entre o presente processo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. A lide proposta foi no sentido de que fosse reconhecido o direito líquido e certo da recorrente não se sujeitar à incidência do PIS/Cofins sobre as receitas de interconexão, bem como para reconhecer o crédito referente a eventuais valores pagos indevidamente, relativamente a contribuições apuradas e recolhidas após a impetração do writ. O objeto da ação judicial se destina apenas às contribuições de PIS e Cofins apuradas e recolhidas após a distribuição do referido MS; c) No caso concreto, há uma divisão muito clara. Os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição. Apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Bem verdade que há certa semelhança entre as causas de pedir dos processos administrativos e judicial. Ambos estão fundados na “não incidência do PIS/COFINS sobre receitas de interconexão”. Todavia, os pedidos efetuados para se afastar o PIS e a COFINS sobre as receitas de interconexão, bem como para se reconhecer o crédito sobre pagamentos indevidos realizados envolvem a mesma discussão para períodos de apuração distintos. Frisese: os pedidos administrativos se voltam às contribuições apuradas e pagas antes da impetração do mandado de segurança. Já aquelas apuradas e pagas após o ajuizamento da ação judicial são objeto do mandado de segurança. Diante desse cenário, verificase que não há concomitância entre o mandado de segurança em curso perante o Poder Judiciário e o presente processo administrativo, tendo em vista que os períodos de apuração relativos ao crédito referente ao indébito tributário são distintos; d) Os valores recebidos pela Recorrente e repassados a outras operadoras a título de interconexão de redes não configuram receita tributável pelo PIS e COFINS, pois não se trata de “receita” auferida pela Recorrente, quer do ponto de vista jurídico, quer mesmo do ponto de vista contábil. No caso dos valores recebidos pela Recorrente e repassados a terceiros a título de interconexão de redes, o que se verifica é um mero e transitório ingresso de recursos que devem ser repassados ao terceiro que cedeu seus meios de rede à Recorrente. Não há, portanto, qualquer efetivo acréscimo patrimonial da Recorrente, porque já há um imediato e compulsório destino para aquele valor recebido, que é repassado para as outras operadoras de telecomunicação; e) A tributação nos moldes pretendidos pelo Fisco implica a tributação pelo PIS/COFINS da receita total auferida pela Recorrente pela prestação do serviço de Fl. 297DF CARF MF Processo nº 16682.901600/201328 Acórdão n.º 3302006.830 S3C3T2 Fl. 4 3 telecomunicação, incluindo a parcela que será repassada a terceiros pela interconexão de redes. E, além dessa tributação, nos termos da pretensão fiscal, haveria uma nova incidência do PIS/COFINS pelo terceiro que realiza a interconexão, no momento em que ele apropriar a receita que lhe é repassada, caracterizando o bis in idem tributário; f) A base de cálculo do PIS/COFINS não deve ser integrada por elementos estranhos à receita auferida, notadamente pelos valores que devem ser repassados a terceiros a título de interconexão de redes. Na prática, isso faz com que todo o valor pago pela Recorrente a título de PIS/COFINS sobre esses valores de interconexão de redes seja qualificado como indébito tributário, que lhe deve ser restituído. Termina o recurso requerendo o provimento para que seja reformado o acórdão recorrido, a fim de que seja deferido o pedido de restituição formulado. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.815, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16682.900008/201490, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.815): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. O cerne da questão está em decidir se há concomitância entre esse processo administrativo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Para tanto, é necessário analisar os objetos dos respectivos processos. Conforme já mencionado na decisão a quo, o indébito pleiteado no Pedido de Restituição decorre, nas palavras do contribuinte, “da indevida inclusão na base de cálculo do PIS de valores referentes a ingressos de numerário em razão de contratos de interconexão, os quais não constituem "receita" da Manifestante”. Portanto, defende em processo administrativo a não incidência do PIS/COFINS sobre tarifas de interconexão. Vejamos o objeto do MS nº 002418579.2013.4.02.5101: Pela petição inicial, temos os seguintes pedidos: a) concessão de medida liminar para assegurar o direito liquido e certo da impetrante à suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, nos termos do art. 151, IV, do CTN, das Fl. 298DF CARF MF Processo nº 16682.901600/201328 Acórdão n.º 3302006.830 S3C3T2 Fl. 5 4 contribuições ao PIS e a Cofins, sobre os meros ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza); b) determinação à Autoridade Coatora sobre o contudo da decisão liminar, bem como acerca do conteúdo do presente mandamus, para que no prazo legal, preste as informações que entender necessárias, com a posterior oitiva do representante do Ministério Público; c) Ciência à União Federal, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009; d) ao final, a concessão da segurança para confirmar a liminar requerida e assegurar o direito liquido e certo de a impetrante não se sujeitar à incidência das contribuições ao PIS e à Cofins, sobre meros ingressos apurados mensalmente pelo regime da competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza), sob pena de violação ao art. 2º da Lei nº 9,718/99 e aos arts. 5º, II; 145 § 1º; 150, I e IV e 195, I, "b" da Constituição Republicana de 1988, com a consequente compensação do indébito dessas contribuições, apurados desde a distribuição do presente writ, devidamente atualizado pela Taxa Selic, após o trânsito em julgado, nos termos dos artigos 165, 170 e 170A do CTN. A sentença de primeiro grau do Mandado de Segurança nº 002418579.2013.4.02.5101, assim decidiu: Tratase de mandado de segurança com pedido de liminar impetrado por INTELIG COMUNICAÇÕES LTDA contra ato atribuído ao DELEGADO DA DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE MAIORES CONTRIBUINTES NO RIO DE JANEIRO DEMAC, objetivando a declaração de não incidência das contribuições ao PIS e à COFINS, sobre os ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela Impetrante, decorrentes de tarifas de interconexão serviços prestados pelas demais operadoras, que são posteriormente repassados àquelas congêneres, bem como a declaração do direito de compensar o indébito referente a estas contribuições, apurado desde a distribuição do writ. Sustenta, em apertada síntese, que as chamadas "tarifas de interconexão" não constituem receita, e sim meros ingressos econômicos ou financeiros, tendo cm vista que são recebidas, cm um primeiro momento, pela Impetrante, porem repassadas cm seguida às operadoras que efetivamente prestaram os serviços ao cliente usuário da Impetrante. (...) Fl. 299DF CARF MF Processo nº 16682.901600/201328 Acórdão n.º 3302006.830 S3C3T2 Fl. 6 5 Pelo exposto, com fulcro no art. 269. I, do CPC. JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e CONCEDO A SEGURANÇA, para determinar ao Impetrado que se abstenha de exigir da Impetrante que recolha o PIS e a Cofins, incluindo na base de cálculo o valor recebido pela Impetrante e posteriormente repassado a operadora congênere, que prestou efetivamente o serviço, a título de "tarifa de interconexão", bem como para declarar o direito da Impetrante à compensação do indébito, apurado desde a distribuição do presente, na forma da lei de regência, de acordo com a modalidade escolhida pelas Impetrantes, aplicandose a SELIC como critério de atualização do indébito, vedada a cumulação com qualquer outro índice, nos termos da fundamentação supra. Analisando as razões jurídicas apresentadas na peça recursal, fico convencido da identidade das demandas administrativa e judicial, pois nas duas esferas o que se discute é a inexistência de relação jurídica tributária do PIS e da Cofins em relação as receitas de interconexão. O próprio recorrente reconhece essa congruência entre os processos administrativo e judicial. Sua alegação para afastar a concomitância se ampara no fato de que os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição, e que apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 0024185 79.2013.4.02.5101. Não comungo do entendimento no qual a concomitância é afastada pela falta de identidade entre os períodos de apuração apontados nos processos judicial e administrativo. O diferencial entre os períodos de apuração, aqueles contemplados pelo mandamus e os não contemplados, na minha visão, referese somente à possibilidade de o recorrente utilizálos para pedido de compensação antes do trânsito em julgado, por ordem judicial, conforme sua solicitação na exordial. Os demais períodos de apuração, os que foram apurados antes da distribuições do writ, deverão esperar o trânsito em julgado da ação para poderem se credenciar a objeto de um pedido de restituição, com possíveis compensações. Digo isso, pois a decisão do Poder Judiciário sobre a incidência do PIS e da Cofins nas receitas oriundas das tarifas de interconexão, terá reflexos para todos os períodos de apuração, independentemente se foi contemplado no pedido do MS nº 002418579.2013.4.02.5101 ou não Isso se deve ao fato de que na existência de processos paralelos, com objeto e finalidade idênticos, não é salutar que haja decisões com efeitos redundantes ou antagônicos. Em qualquer das hipóteses, prevalecerá a decisão judicial, motivo pelo qual a concomitância de processos ofende o princípio da economia processual. Em face disso, a opção do contribuinte pela via judicial encerra o processo administrativo fiscal em definitivo, em qualquer das fases em que ele se encontre. Fl. 300DF CARF MF Processo nº 16682.901600/201328 Acórdão n.º 3302006.830 S3C3T2 Fl. 7 6 Registrese que a coisa julgada a ser proferida no âmbito do Poder Judiciário jamais poderia ser alterada no processo administrativo, pois tal procedimento feriria a Constituição Federal, que adota o modelo de jurisdição una, onde são soberanas as decisões judiciais. Sendo assim, nos casos em que o sujeito passivo opta pela via judicial para a discussão de matéria tributária implica na renúncia ao poder de recorrer nesta instância, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830/80 e do § 2º, art. 1º do Decretolei nº 1.737, de 1979. Ratificando este entendimento, foi aprovado o enunciado de Súmula CARF nº 01, in verbis: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Na linha do entendimento fixado, não conheço do recurso quanto à matéria submetida ao crivo do Poder Judiciário e na parte conhecida, nego provimento ao recurso por enxergar identidade entre os pedidos e as causas de pedir apresentados no MS nº 2007.70.00.0222765 e neste recurso administrativo." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 301DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.901398/2014-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 31 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2011
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. PN COSIT nº 02/2015.
São passíveis de restituição e compensação os créditos declarados em DCTF retificada apenas após a ciência de Despacho Decisório, desde que o equívoco esteja devidamente comprovado. Aplicação do Parecer Normativo Cosit nº 02 de 2015.
Numero da decisão: 1401-003.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, considerando os documentos trazidos aos autos nesta fase recursal, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONÇALVES - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. PN COSIT nº 02/2015. São passíveis de restituição e compensação os créditos declarados em DCTF retificada apenas após a ciência de Despacho Decisório, desde que o equívoco esteja devidamente comprovado. Aplicação do Parecer Normativo Cosit nº 02 de 2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, considerando os documentos trazidos aos autos nesta fase recursal, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONÇALVES Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 13 98 /2 01 4- 87 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 3 2 Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 42 a 94) interposto contra o Acórdão nº 1150.450, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE (fls. 33 a 37), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2011 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. Não são passíveis de restituição nem compensação os créditos sobre os quais não resta comprada sua liquidez e certeza. A simples retificação de DCTF posterior à ciência de Despacho Decisório não é prova da liquidez e certeza do crédito. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: "A interessada acima qualificada transmitiu o PER/Dcomp referido no Despacho Decisório, conforme excerto abaixo deste, no qual foi declarado “Valor Original do Crédito Inicial” no valor de R$ 23.642,09 e o valor de R$ 2.766,91 como “Crédito Original na Data de Transmissão”. Após atualização do crédito e compensação dos débitos, informa que teriam restado R$ 1.847,24 como “Saldo do Crédito Original”, e, por fim, informa que tal crédito pleiteado teria origem no DARF de IRPJ, código 0220, período de apuração 31/03/2011, vencimento e arrecadação em 29/04/2011, cujo valor do principal foi de R$ 23.642,09, multa de R$ 0,00, juros de R$ 0,00 e total de R$ 23.642,09. (...) Cientificada do Despacho Decisório em 14/05/2014, conforme fl. 28, a contribuinte, em sua manifestação de inconformidade, fls. 02 a 03, apresentada em 06/06/2014, de acordo com o carimbo na fl. 2, argumenta que: 3.1. o(s) espelho(s) do(s) DARF(s) comprova(m) a existência do crédito a ser utilizado, os recibos de entrega das DCTF retificadas demonstram as alterações das Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 4 3 informações para utilização dos créditos compensados, anexa planilha com nº de rastreamento, contendo o uso dos créditos, o recibo de entrega das DCTF retificadas, as DCTF do trimestre anterior e o espelho do(s) DARF(s) utilizado(s), e diante de todas essas informações solicita a homologação dos créditos compensados, conforme §§ 7o e 9o do art. 74 da Lei 9430/96." A decisão ora combatida lastreouse nos seguintes fundamentos: (i) a Contribuinte não apresentou qualquer documentação que demonstrassem as retenções nas fontes que teriam deixado de ser consideradas no momento da apuração e recolhimento dos tributos, e, consequentemente, dado azo ao crédito pleiteado; (ii) a Contribuinte teria, ainda, admitido que se equivocou inicialmente no valor do crédito preenchido em DCOMP, vez que considerou erroneamente os valores retidos na fonte a título de CSLL, PIS e COFINS, o que configuraria "pedido implícito de correção de PER/DCOMP", o que supostamente não seria competência da DRJ analisar; e (iii) por fim, a Contribuinte teria promovido as necessárias retificações da DCTF, para fazer constar o seu crédito, apenas após a ciência do Despacho Decisório e, a despeito da falta de espontaneidade, não haveria comprovado os equívocos na DCTF Original que justificassem a correção. Inconformada, a ora Recorrente apresentou o presente Recurvo Voluntário aduzindo os seguintes pontos: (i) por equívoco, na apuração do IRPJ a pagar teria se esquecido de deduzir os valores já retidos na fonte, valores esses que originariam o crédito utilizado na DCOMP em tela; (ii) igualmente, teria se equivocado ao somar às retenções supracitadas aquelas realizadas a título de CSLL, PIS e COFINS ao designar o crédito a que faria jus no momento da transmissão, contudo, ainda assim teria crédito suficiente para amparar a compensação pretendida; (iii) não haveria qualquer óbice à retificação da DCTF após despacho decisório, desde que ainda vigente o prazo regulamentar de 05 anos; e (iv) finalmente, entende que os documentos apresentados apenas nesta fase Recursal devem ser normalmente apreciados por este colegiado, em observância ao dever da autoridade julgadora administrativa em garantir formalidade moderada ao processo e perquirir a realidade dos fatos. É o relatório. Voto Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 5 4 Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Primeiramente, o presente processo faz parte de um conjunto de 15 processos semelhantes da mesma Contribuinte que, assim como ocorreu na instância a quo, foram distribuídos para este mesmo Relator e julgados na mesma sessão. Tal conjunto se compõe dos seguintes Processos: 10580.901405/201441, 10580.901404/201404, 10580.901399/201421, 10580.901402/201415, 10580.901395/201443, 10580.901396/201498, 10580.901391/2014 65, 10580.901400/201418, 10580.901392/201418, 10580.901394/201407, 10580.901406/201495, 10580.901401/201462, 10580.901403/201451, 10580.901398/2014 87, 10580.901397/201432. Versam os presentes autos sobre a PER/DCOMP nº 31845.80935.150114.1.3.048632, que pretendia compensar débitos de IRRF de Novembro de 2013 com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior no 1 Trimestre de 2011. Conforme já relatado, a compensação não foi homologada porquanto nos sistemas da RFB o recolhimento realizado já se encontrava completamente alocado nos débitos do próprio período correspondente. Apenas após o Despacho Decisório a Contribuinte promoveu a retificação da respectiva DCTF para fazer constar os valores recolhidos a título de IRRF e, assim, demonstrar o direito creditório que entende possuir. Em que pese as explicações dadas, a título de adendo posterior à entrega da Manifestação de Inconformidade, a DRJ de origem manteve a não homologação sob a fundamentação de que, além da extemporaneidade da retificação das declarações, não houve qualquer elemento nos autos trazidos por parte da Recorrente que corroborasse a materialidade de suas alegações. Pois bem, analisando as questões suscitadas no Recurso ora em análise, de plano, entendo que não há óbice algum à apresentação de novos documentos e esclarecimentos pertinentes às matérias já impugnadas em primeira instância. A decisão de piso ao comentar quanto ao momento oportuno para a produção probatória cita os ditames do art. 16 do Decreto 70.235/72, in verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 6 5 V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (grifouse) Uma analise literal e isolada deste dispositivo permitiria concluir rigidamente que haveria a preclusão do direito à produção probatória após a apresentação da Impugnação, salvo nas hipóteses taxativas do §5º. Contudo, tal interpretação não deve ocorrer desta forma, vez que há outros elementos normativos atinentes a matéria que também devem ser considerados. A Constituição Federal, norma de maior hierarquia em nosso ordenamento, estabelece no inciso LV de ser art. 5º os princípios do contraditório e da ampla defesa, nos seguintes termos: LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Ao incluir o direito ao contraditório e a ampla defesa "com os meios e recursos a ela inerentes" no rol de direitos e garantias fundamentais, o legislador constituinte Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 7 6 elevaos ao mais alto grau de importância dentro de nosso ordenamento, restando claro a preponderância que tais direitos devem ter. E, assim, devem ser observados e operacionalizados pelas demais normas infraconstitucionais. Não por acaso, tais princípios foram observados pela Lei 9.784/99, responsável por regular o Processo Administrativo Federal, que trouxe no bojo de seu art. 2º as seguintes disposições: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; (...) VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, e à produção de provas à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (...)(grifouse) Conforme se extrai, o legislador infraconstitucional não só incorporou expressamente os princípios constitucionais da legalidade, ampla defesa, contraditório e ouros, como elencou uma série de critérios a serem observados na regulamentação e condução dos processos administrativos. Desses critérios expressos acima, temse de forma bastante clara que as formalidades e restrições devem ser limitados ao estrito necessário para garantir a efetividade do processo em atender a finalidade pública. Ora, as regras processuais formais visam dar ordem ao processo, permitindo que este cumpra com seus objetivos de forma eficiente, isto é, dentro da moralidade e proporcionando segurança jurídica no cumprimento do interesse público. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 8 7 Contudo, a norma processual não pode se sobrepor ao próprio objetivo do processo, qual seja, a promoção da legalidade. Por oportuno esclarecese que não se está a sugerir que as regras formais postas sejam mitigadas, mas sim que a interpretação do texto legal seja feita de forma a considerar a finalidade maior do processo, as regras formais não devem ser interpretadas de forma rigorosa a ponto de prejudicar o cumprimento de seu escopo. Ainda, cumpre trazer a colação os termos do art. 38 da mesma Lei 9.784/99, que trata especificamente da produção probatória nos Processos Administrativos Federais: Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Notese que o texto legal diz expressamente que é permitido ao interessado apresentar ou requerer a produção de material probatório não só na fase instrutória, mas também antes da tomada da decisão. Outrossim estabelece taxativamente que a prova só poderá ser recusadas quando ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Pois bem, uma vez que as normas jurídicas devem ser interpretadas da forma mais harmônica possível, me parece que eventual interpretação restritiva do art. 16 do Decreto 70.235/72, para recusar de plano toda e qualquer prova apresentada pelo contribuinte após o protocolo da Impugnação/Manifestação de Inconformidade não se coaduna com as demais normativas já expostas. Em verdade, a aplicação tão restrita assim da norma, não só implicaria na frontal negativa de vigência aos disposto da mais moderna Lei 9.784/99, como destoa até mesmo dos objetivos maiores do Processo Administrativo Federal que é a revisão do ato administrativo fiscal e a garantia de que este se encontra dentro da legalidade. Alias, fazse oportuno lembrar que o Processo Administrativo Fiscal também se rege pelo princípio da busca pela verdade material, ou seja, a preponderância no interesse público é a solução jurídica mais adequada ao caso, independente dos excessos de formalidade. Assim, ao meu ver, a melhor interpretação extraída da conjugação dos disposto quanto ao tema na Constituição Federal, Lei. 9.784/99 e Decreto 70.235/702 é aquela que não impõe óbice na apresentação de provas junto ao Recurso Voluntário, ou até mesmo em momento posterior prévio ao julgamento, desde que as provas não sejam ilícitas ou manejadas de má fé. De forma semelhante tem decidido a 1ª Câmara Superior de Recursos Fiscais, em recentes julgados, conforme se colaciona: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 9 8 PROVAS. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SEM INOVAÇÃO E DENTRO DO PRAZO LEGAL. Da interpretação sistêmica da legislação relativa ao contencioso administrativo tributário, art. 5º, inciso LV da Lei Maior, art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo federal, e arts. 15 e 16 do PAF, evidenciase que não há óbice para apresentação de provas em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que estejam no contexto da discussão de matéria em litígio, sem trazer inovação, e dentro do prazo temporal de trinta dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. (Processo: 10880.004637/9929. Rel. ANDRE MENDES DE MOURA. Data da Sessão: 14/09/2017) PROVAS. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SEM INOVAÇÃO E DENTRO DO PRAZO LEGAL. Da interpretação sistêmica da legislação relativa ao contencioso administrativo tributário, art. 5º, inciso LV da Lei Maior, art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo federal, e arts. 15 e 16 do PAF, evidenciase que não há óbice para apresentação de provas em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que estejam no contexto da discussão de matéria em litígio, sem trazer inovação, e dentro do prazo temporal de trinta dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. (Processo: 16327.001227/200542. Rel. ADRIANA GOMES REGO. Data da Sessão: 08/08/2017) RECURSO VOLUNTÁRIO. JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999. (Processo: 14098.000308/200974. Rel. GERSON MACEDO GUERRA. Data da Sessão: 19/06/2017 ) Para melhor ilustrar, peço vênia para transcrever a parte final da fundamentação do Voto deste último julgado colacionado, de autoria da ilustre Conselheira Cristiane Silva Costa, designada Redatora para o Voto Vencedor: "Os processos administrativos, portanto, devem atender a formalidade moderada, com a adequação entre meios e fins, Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 10 9 assegurandose aos contribuintes a produção de provas e, principalmente, resguardandose o cumprimento à estrita legalidade, para que só sejam mantidos lançamentos tributários que efetivamente atendam à exigência legal. (...) Ao tratar do artigo 16, §4º, do Decreto nº 70.235/1972, são as pertinentes considerações de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López: Ao se levar às últimas consequências, as regras atualmente vigentes para o Decreto nº 70.235/72, estarseia mitigando a aplicação de um dos princípios mais caros ao processo administrativo que é o da verdade material. (...) Assim, revela destacar que a depender da situação é possível flexibilizar a norma, desde que evidentemente, a prova apresentada seja inconteste e nesse sentido independa da análise de uma instância inferior, eis que a preclusão ligase ao princípio do impulso processual. (...) Na prática, quer nos parecer que, o direito à parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da justiça. (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3ª edição, Dialética, 2010, fls. 305 e 306.) Diante de tais razões, voto por dar provimento ao recurso especial do contribuinte, determinando a baixa dos autos para que a Turma a quo aprecie os documentos apresentados pelo contribuinte." Destarte, diante de todos os argumentos expedindos, entendo que as provas apresentadas em momento posterior ao da Impugnação/Manifestação de Inconformidade, podem, e devem, ser conhecidas, desde que não acarretem qualquer prejuízo processual as partes ou ao bom trâmite processual. Nestes trilhos, reitero meu entendimento pelo regular conhecimento e apreciação dos documentos anexados ao Recurso Voluntário. Seguindo com a análise do Recurso, também não vejo razão para que a retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório impeça o usufruto de crédito eventualmente existente. A MP nº 2.18949 de 2001, em seu art. 18, estabelece o seguinte: Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 11 10 originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Em consonância com tal dispositivo, a Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010 (vigente à época dos fatos), em seu art. 9º, assim dispunha: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o crédito tributário. § 4º Na hipótese do inciso II do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento a intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma do art. 7º. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 12 11 § 5º O direito de o contribuinte pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º (primeiro) dia do exercício seguinte ao qual se refere a declaração. Do colacionado acima, temse que o prazo para a retificação da DCTF era de 05 anos, havendo restrições apenas para os casos em que a retificação reduza débito tributário já encaminhados á PGFN para cobrança, ou objeto de procedimento de fiscalização. Notese que não é o caso que se desenhou nos presentes autos, a Contribuinte não sofreu procedimento de fiscalização, tampouco se tratam os débitos alterados em sua DCTF de valores já encaminhados a PGFN. Tendo a Contribuinte promovido a retificação dentro do prazo de 05 anos, ainda que após o Despacho Decisório, não se percebe qualquer irregularidade, contanto que tal modificação reflita a realidade dos fatos e tal situação seja devidamente comprovada pela Recorrente. Em igual sentido a própria RFB, por meio de seu setor consultivo, já exarou o Parecer Normativo COSIT nº 02 de 2015, conforme transcrevo sa conclusões ali obtidas: 22. Por todo o exposto, concluise: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 13 12 sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; d) o procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP; e) a não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios; f) o valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996; e g) Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Do colacionado acima extraise que não há qualquer impedimento para que a DCTF seja retificada após o Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pleiteada, inclusive, estabelecendo a possibilidade da própria DRJ baixar o processo em diligência para que haja nova analise por parte da DRF face aos novos elementos. Ademais, bom repisar que o erro que ocasiona a necessidade de correção da DCTF deve ser efetivamente demonstrado e comprovado por meio de documentos idôneos, para que tal correção surta os efeitos pretendidos no caso em tela. Neste esteio, superamos estas questões processuais e procedimentais e adentramos no mérito do litígio. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 14 13 Pois bem, conforme argui a Recorrente, o motivo que levou ao surgimento de seu Crédito foi a não observação por parte de sua equipe contábil, no momento de apuração do imposto a pagar, dos valores recolhidos ao longo do período a título de retenção na fonte. Como já dito, apenas nesta segunda instância a Interessada trouxe aos autos cópia de sua DIPJ, DIRFs, a DCTF Retificadora em questão, Demonstrativos de IRPJ, CSLL e Contribuições Previdenciárias Retidas na Fonte, Comprovante de Recolhimento, bem como planilha explicativa elaborada por ela própria (anexos do Recurso Voluntário). Em análise aos documentos supra citados, se evidência a existência de valores já recolhidos anteriormente a título de retenção na fonte que, a primeira vista, não teriam sido considerados no momento de apuração final do imposto a pagar no período, o que permitira o direito creditório pleiteado. Desta feita, conforme já exposto, tendo a Recorrente apresentado documentos que tendem a comprovar a veracidade de seu direito, estes só podem ser desconsiderados da análise do julgador após fundamentada a sua eventual falta de idoneidade ou de pertinência para com os fatos a serem provados. Por outro lado, fazse oportuno relembrar que tais documentos, por terem sido apresentados apenas nesta fase Recursal, não foram objetos de análise do Despacho Decisório. Assim, se faz por bem que tal procedimento não seja suprimido. É necessário que tais documentos, bem como os valores declarados, sejam conferidos pela equipe fiscal competente afim de se avaliar a correição e/ou eventual circunstância que desconstitua o direito pleiteado. Igualmente, tal medida oportuniza o regular contraditório do Fisco. Concluindo, diante do cenário exposto, VOTO por dar PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, considerando os documentos trazidos aos autos nesta fase recursal, em especial a DCTF retificadora. É como voto. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10580.901398/201487 Acórdão n.º 1401003.344 S1C4T1 Fl. 15 14 Fl. 111DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.000952/2007-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 2004
APLICAÇÃO DE MULTA. NECESIDADE DE PREVISÃO LEGAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO.
É nulo o auto de infração que formaliza multa de mora, por falta de previsão legal para a aplicação de ofício desta
Numero da decisão: 1101-000.506
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, ANULAR o lançamento por vício material.
Matéria: DCTF_IRPJ - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (IRPJ)
Nome do relator: Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro
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Numero do processo: 11020.002482/2004-52
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004
CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral (RE nº 606.107/RS), no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo.
CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. DESCABIMENTO, POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO LEGAL EM CONTRÁRIO (SÚMULA CARF Nº 125).
No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003 (Súmula CARF nº 125).
Numero da decisão: 9303-008.241
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral (RE nº 606.107/RS), no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo. CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. DESCABIMENTO, POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO LEGAL EM CONTRÁRIO (SÚMULA CARF Nº 125). No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003 (Súmula CARF nº 125).
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral (RE nº 606.107/RS), no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo. CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. DESCABIMENTO, POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO LEGAL EM CONTRÁRIO (SÚMULA CARF Nº 125). “No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003” (Súmula CARF nº 125). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negarlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 24 82 /2 00 4- 52 Fl. 325DF CARF MF Processo nº 11020.002482/200452 Acórdão n.º 9303008.241 CSRFT3 Fl. 326 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recursos Especiais de Divergência interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 205 a 225) e pelo contribuinte (fls. 236 a 252), contra o Acórdão 380302.466, proferido pela 3ª Turma Especial da 3ª Sejul do CARF (fls. 194 a 201), sob a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DA COFINS. COMPENSAÇÃO. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS. A cessão de créditos escriturais não se caracteriza como receita, sendo mero ressarcimento de custo tributário, inexistindo acréscimo patrimonial para as sociedades empresárias industriais ou repasse dos valores aos produtos ou aos consumidores finais. Os créditos de ICMS repassados a terceiros não se referem a valores anteriormente deduzidos no resultado da pessoa jurídica e posteriormente recuperados, configurando se, no contexto da técnica da nãocumulatividade, numa forma de absorção de créditos não compensados com impostos de mesma natureza incidentes sobre vendas no mercado interno. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DO PIS NÃO CUMULATIVO. JUROS SELIC. INAPLICABILIDADE. O ressarcimento de créditos decorrentes da nãocumulatividade do PIS não se confunde com a restituição de indébito, havendo vedação legal para a atualização monetária ou a incidência de juros sobre o montante apurado. No seu Recurso Especial, ao qual foi dado seguimento (fls. 226 a 229), a PGFN argumenta que a cessão de créditos do ICMS “equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso e origina receita tributável”, não havendo, à época, a (necessária) previsão legal para a sua exclusão da base de cálculo da contribuição. O contribuinte apresentou Contrarrazões (fls. 283 a 298). Em seu Recurso Especial, ao qual também foi dado seguimento (314 e 315), defende a atualização dos créditos pela Taxa SELIC – suscitando inclusive a analogia com o IPI, no que se refere à jurisprudência do STJ a respeito, quando há oposição ilegítima do Fisco. A PGFN apresentou Contrarrazões (fls. 319 a 323). É o Relatório. Fl. 326DF CARF MF Processo nº 11020.002482/200452 Acórdão n.º 9303008.241 CSRFT3 Fl. 327 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Preenchidos todos os requisitos e respeitadas as formalidades regimentais, conheço dos Recursos Especiais. No mérito: 1) Recurso Especial da PGFN (Incidência da contribuição sobre a cessão onerosa de créditos do ICMS acumulados originados de operações de exportação). Para períodos anteriores à eficácia da Lei nº 12.973/2014 – que incluiu o inciso VII no § 3º do art. 1º da Lei nº 10.637/2002, determinando que não integram a base de cálculo da contribuição as receitas decorrentes de transferências onerosas a outros contribuintes do ICMS de créditos desta natureza –, o tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com repercussão geral. O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins nãocumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a Relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, na seguinte decisão: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da Fl. 327DF CARF MF Processo nº 11020.002482/200452 Acórdão n.º 9303008.241 CSRFT3 Fl. 328 4 mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deuse em 05/12/2013. Por força regimental, a decisão deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº Fl. 328DF CARF MF Processo nº 11020.002482/200452 Acórdão n.º 9303008.241 CSRFT3 Fl. 329 5 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. 2) Recurso Especial do Contribuinte (Atualização dos créditos pela Taxa SELIC). Esta matéria também não é mais passível de discussão do CARF, pois existe Súmula a respeito: Súmula CARF nº 125: No ressarcimento da COFINS e da Contribuição para o PIS não cumulativas não incide correção monetária ou juros, nos termos dos artigos 13 e 15, VI, da Lei nº 10.833, de 2003. Efetivamente, indiscutível é que existe dispositivo legal vedando expressamente a incidência de juros/correção monetária sobre os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativa na Lei nº 10.833/2003 (já em sua redação original) – a qual, apesar de, basicamente, reger a cobrança da Cofins, faz várias remissões à Contribuição para o PIS/Pasep: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. ................... Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto ... nos arts. 7º, 8º, 10, incisos XI a XIV, e 13. À vista do exposto, voto por negar provimento aos Recursos Especiais interpostos pela Fazenda Nacional e pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 329DF CARF MF Processo nº 11020.002482/200452 Acórdão n.º 9303008.241 CSRFT3 Fl. 330 6 Fl. 330DF CARF MF
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Numero do processo: 10768.005753/2004-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002
DEPÓSITOS BANCÁRIOS NO EXTERIOR. TRATADO DE COOPERAÇÃO. SUÍÇA. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PARA FINS FISCAIS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. LANÇAMENTO. NULIDADE.
É nulo o lançamento efetuado com base em documentação obtida a partir de Tratado de Colaboração Mútua em matéria penal com a Confederação Suíça, quando esse acordo contém cláusula expressa impedindo a utilização das informações compartilhadas para efeitos fiscais e não há autorização judicial para seu emprego na instrução de procedimento fiscal.
GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. DECADÊNCIA. FALTA DE PAGAMENTO (AC 1999).
Se o pagamento do tributo não é antecipado, não há o que se homologar, hipótese em que a constituição do crédito tributário deverá observar o disposto no artigo 173, I, do Código Tributário Nacional.
GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. OMISSÃO DE RENDIMENTOS (AC 1999, 2000, 2001 e 2002).
Sujeita-se ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que perceber ganhos líquidos nas operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas.
GANHOS LÍQUIDOS. MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. ISENÇÃO (AC 1999, 2000, 2001 e 2002).
A legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS (AC 1999). A Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento.
Numero da decisão: 2201-005.082
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para exonerar a autuação lastreada em documentos obtidos, mediante acordo de cooperação, da Suíça.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Debora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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TRATADO DE COOPERAÇÃO. SUÍÇA. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PARA FINS FISCAIS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. LANÇAMENTO. NULIDADE. É nulo o lançamento efetuado com base em documentação obtida a partir de Tratado de Colaboração Mútua em matéria penal com a Confederação Suíça, quando esse acordo contém cláusula expressa impedindo a utilização das informações compartilhadas para efeitos fiscais e não há autorização judicial para seu emprego na instrução de procedimento fiscal. GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. DECADÊNCIA. FALTA DE PAGAMENTO (AC 1999). Se o pagamento do tributo não é antecipado, não há o que se homologar, hipótese em que a constituição do crédito tributário deverá observar o disposto no artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. OMISSÃO DE RENDIMENTOS (AC 1999, 2000, 2001 e 2002). Sujeitase ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que perceber ganhos líquidos nas operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas. GANHOS LÍQUIDOS. MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. ISENÇÃO (AC 1999, 2000, 2001 e 2002). A legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS (AC 1999). A Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 57 53 /2 00 4- 25 Fl. 2844DF CARF MF 2 imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para exonerar a autuação lastreada em documentos obtidos, mediante acordo de cooperação, da Suíça. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Debora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório 1 Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ do E fls. 2.167/2.203 por sua precisão e clareza: Trata o presente processo de lançamento de oficio de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (1RPF), referente aos anos calendário de 1999, 2060, 2001 e 2002, consubstanciado no Auto de Infração as fls. 982 a 995. 2 O valor lançado foi de R$ 2.969.968,29, incluindo imposto apurado no valor de R$ 1.060.468,13, multa de oficio de R$ 1.579.766,13, e acréscimos moratórios cabíveis até a data da lavratura. 3 A descrição dos fatos encontrase detalhada no Termo de Verificação e Constatação Fiscal as fls. 962 a 977 e o enquadramento legal, no auto de infração as fls. 984, 986 e 995, e versam exclusivamente sobre as seguintes infrações: • "001 — ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO"; • "002 — GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. Fl. 2845DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.844 3 OMISSÃO DE GANHOS — OPERAÇÕES COMUNS"; • "003 — DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA." 4 A fiscalização foi efetivada em decorrência dos fatos narrados nos autos da ação penal n.° 2003.51.01.5002810, da Terceira Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, com sentença condenatória prolatada em 31/10/2003. 5 Os elementos extraídos da referida ação penal foram obtidos pela Receita Federal mediante autorização da Justiça Federal Brasileira, que concedeu (fls. 959 e 961) acesso aos autos do processo judicial n.° 2003.51.01.5002810 e afastamento do sigilo bancário dos réus desse processo em beneficio da Receita Federal. 6 A questão trata das informações remetidas à Justiça Federal Brasileira pela Procuradoria da Suíça (fls. 893 a 913), a qual relatou que o autuado detinha a propriedade da conta corrente n.° 182.275 ZA, aberta em 07/07/1999, na Suíça, por intermédio de representação, no Brasil, do DISCOUNT BANK & TRUST COMPANY (DBTC) atualmente l'UNION BANCAIRE PRIVÉE (UBP). A Procuradoria Suíça informou o depósito inicial de US$ 312.790,00 e o saldo final de US$ 1.199.241,80, existente em 17/07/2002, ocasião em que foi efetuado o bloqueio da referida conta pelo Justiça Suíça. 7 Tendo em vista que a fiscalização apurou fatos os quais considerou que, em tese, configuravam crime contra a ordem tributária, foi formalizada representação fiscal para fins penais protocolizada sob o n.° 10768.006285/200414. 8 Com base nas informações dos documentos obtidos dos autos do processo da ação penal n.° 2003.51.01.50028100, das declarações de ajuste anual do Imposto de Renda relativas aos anoscalendário de 1999 e 2002, dos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal (SIGA PF, sistema CPF e sistema DIRF) e das resposta is intimações fiscais apresentadas pelo contribuinte e por terceiros diretamente ligados aos fatos, foram elaborados fluxos financeiros (fls. 889 a 892) para demonstrar a variação patrimonial do contribuinte nos anoscalendário de 1999 e 2002, tendo sido apurada omissão de rendimentos com base em acréscimo patrimonial a descoberto. 9 A fiscalização informa que encaminhou ao contribuinte os demonstrativos da Variação Patrimonial para a sua apreciação (fls. 151 a 180; fls. 848 a 892); entretanto, até a data da lavratura do Auto de Infração, o contribuinte não teria se manifestado. Dos Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável Fl. 2846DF CARF MF 4 10 A partir das circularizações efetuadas junto a terceiros, foram obtidos da ÉGIDE CORRETORA DE TiTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA., documentos que demonstrariam ganhos líquidos em renda variável em virtude de alienações de ações no mercado A. vista em bolsa de valores nos anoscalendário de 1999, 2000, 2001 e 2002, conforme demonstrativo is fls. 881 a 888. 11 Foram apurados os ganhos líquidos e calculados os valores de Imposto de Renda incidente sobre as operações, sendo os montantes omitidos lançados de oficio. Dos Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada 12 De posse dos extratos de movimentação financeira do contribuinte, obtidos mediante deferimento judicial (certidão à fl. 961), a fiscalização selecionou uma série de depósitos bancários, com discriminação de banco, agência, conta, data, histórico e valor, e intimou (fls. 91 a 101) o contribuinte a comprovar a origem dos valores creditados em suas contas. 13 Dos créditos examinados, não restou comprovada apenas a origem do valor de R$ 25.000,00, depositado em 05/11/1999, no Citibank, conta n.° 52299732. Concernente a esse depósito, o contribuinte informou que o valor foi creditado para a segunda titular da conta, sua esposa à época do fato, Leila Machado Picanço, mas, como elemento de prova, juntou tão somente uma folha do extrato bancário do depósito (fl. 129) sem nenhuma informação, esclarecimento ou documento referente ao que foi solicitado. 14 Assim sendo, a fiscalização, com base no art. 42, da Lei n.° 9.430/96, lavrou auto de infração considerando como receita omitida o valor de R$ 25.000,00 depositado em 05/11/1999, no Citibank, conta n.° 52299732, com redução de 50% em face da titularidade solidária do fiscalizado com Leila Machado Picanço. Da Multa Qualificada 15 Tendo em vista que a omissão de rendimentos com base no acréscimo patrimonial a descoberto decorreu notadamente dos recursos mantidos no exterior reiteradamente ocultados das declarações de rendimentos desde 1999, entendeu a fiscalização que restou caracterizada a conduta dolosa prevista no art. 71 da Lei n.° 4.502/64. 16 Assim sendo, na infração referente ao acréscimo patrimonial a descoberto, a multa foi majorada de 75% para 150%, conforme disposto no inciso II do art. 44 da Lei n.° 9.430/96. DA IMPUGNAÇÃO 17 Cientificado do Auto de Infração em 29/09/2004 (fl. 983), o contribuinte, por intermédio de seu advogado e procurador (Instrumento de Mandato de fl. 1019), protocolizou impugnação em 27/10/2004 (fls. 1004 a 1018), oferecendo, em sua defesa, as seguintes razões. Fl. 2847DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.845 5 Do Acréscimo Patrimonial a Descoberto 18 0 impugnante afirma que não é o titular dos depósitos efetuados no exterior e reclama de que estes, estando bloqueados pela justiça, não poderiam ser considerados na apuração da omissão de rendimentos porque seriam patrimônio indisponível, sem certeza de retomo ao suposto titular. Nesse aspecto, estariam sendo contrariados conceitos constitucionais e legais de renda. Para corroborar suas alegações, cita jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes que entende que as variações monetárias das contas de depósitos judiciais somente podem ser consideradas rendas tributáveis quando do êxito da ação. 19 Alega que, se a intenção da fiscalização era exigir imposto sobre os valores depositados sem justificativas das respectivas origens, deveria ter procedido ao lançamento com fundamento no art. 42 da Lei n.° 9.430/96. Mas, se optou pelo fluxo financeiro para apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, os depósitos deveriam ter sido ali inseridos como origens, e não como aplicações. 20 Além disso, quanto à inclusão do saldo no exterior existente em 17/07/2002 como aplicação, assevera que, em respeito ao principio da Verdade Material, a fiscalização deveria ter procedido ao planilhamento financeiro segundo toda a movimentação financeira bancária da conta no exterior, demonstrando a evolução financeira da referida conta. Nesse aspecto, cita Alberto Xavier e conclui que é imprestável o levantamento realizado com base no depósito inicial como ponto de partida e no saldo da conta em 17/07/2002 como ponto final. 21 Prosseguindo sua defesa, reclama que a fiscalização não considerou como origem de recursos o valor recebido pelo requerente em função da alienação do veiculo FIAT FIORINO, placa LAJ 8194. Em respeito ao principio da Verdade Material, a fiscalização deveria ter diligenciado ao DETRAN para constatar que o veiculo foi roubado, tendo sido recebida a respectiva indenização da companhia seguradora, tudo conforme documentos que serão apresentados tão logo sejam fornecidos pelo DETRAN e pela PORTO SEGURO SEGURADORA CIA DE SEGUROS. 22 Afirma, ainda, que o veiculo CORSA, placa LBV 2450, foi objeto de troca realizada na mesma data em que recebeu o veiculo VECTRA, placa KQM4051, inexistindo o acréscimo patrimonial apontado em 31/12/1999; todavia a fiscalização não promoveu nenhuma diligência para buscar a verdade junto ao adquirente, quanto ao valor, data e forma de pagamento. 23 Quanto As disponibilidades informados em suas DIRPFs, reclama que os saldos do exercício de 2000, no valor de R$ 80.000,00, e do exercício de 2003, no valor de R$ 100.000,00, foram simplesmente desconsiderados nos levantamentos relativos ao Mês de dezembro de 1999 e de dezembro de 2002. Entende que, se foram considerados em janeiro de 1999 e Fl. 2848DF CARF MF 6 janeiro de 2002 os saldos em dinheiro existentes nas DIRPFs 99/98 e 2002/2001, o mesmo deveria ter ocorrido e relação ao saldo final indicado nas DIRPFs 2000/1999 e 2003/2002. 24 No que se refere As aplicações financeiras, afirma que os saldos no inicio do mês correspondem, na verdade, ao saldo final de cada um dos meses. A fiscalização, ao iniciar os levantamentos, deveria levar em consideração os valores que efetivamente estavam à disposição do contribuinte no inicio do Mês de janeiro de 1999 e 2002, que seriam exatamente aqueles indicados nas DIRPFs 99/98 e 2002/2001, nos valores de, respectivamente, R$ 39.371,38 e R$ 81.087,12. O mesmo deveria ter sido realizado em cada um dos meses subseqüentes, vale dizer, deverseia ter adotado o saldo de aplicações financeiras do inicio do mês e não o saldo do final de cada mês. Na verdade os valores indicados como origens deveriam estar indicados como aplicações. Dos Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável Questões Preliminares 25 Preliminarmente, entendendo ser o Imposto de Renda tributo cujo lançamento se dá por homologação, o contribuinte alega decadência para o período compreendido entre 31/01/1999 e 31/08/1999, visto que o termo inicial para a contagem do prazo decadencial é a data da ocorrência do fato gerador, o qual, conforme orientação jurisprudencial consolidada, ocorreria na data da apuração do ganho de capital. Questões de Mérito 26 No mérito, o contribuinte afirma que foi ignorado o art. 72, § 8.°, da Lei n.° 8.981/95, que determinaria que somente seriam tributados os ganhos de capital auferidos por pessoas físicas que ultrapassassem o equivalente a 5.000 Ufirs, conforme expressão literal do dispositivo, que transcreve à fl. 1013. 27 Em seguida, tratando de questões de fato, assevera que não existiu a compra de 10.000 ações CBEE3 ao preço de R$ 2.200,00, conforme demonstrariam os extratos de movimento em conta corrente As fls. 1043 a 1066. Teria apenas adquirido 10.000 ações em 04/08/99 ao preço de R$ 3.600,00, as quais foram alienadas em 16/12/1999 por R$ 5.300,00, sendo que o imposto sobre esta operação teria sido devidamente apurado e pago, conforme documento à fl. 1067. 28 Reclama, ainda, que a aquisição das ações PETR4 em 23/09/1999 também não ocorreu. Pelo contrario, conforme extratos de movimento em conta corrente As fls. 1043 a 1066, na referida data houve a venda destas 50.000 ações. 29 Alega que o documento de fl. 1067 comprovaria que o imposto incidente sobre a venda das ações PETR4 e ACES4 em 16/12/1999 teria sido integralmente pago. 30 Afirma que, no cômputo do custo de aquisição das ações TNLP4 indicadas no quadro relativo ao mês de janeiro de 2001, não foram levadas em consideração as despesas com Fl. 2849DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.846 7 corretagem, que podem ser comprovadas pelos extratos as fls. 1043 a 1066. 31 Como outros graves equívocos, assevera que, na apuração do ganho liquido do mês de junho de 2001, incluiuse uma venda de R$ 1.113,11, que não existiu e não se encontra demonstrada em nenhum dos demonstrativos. 32 Além disso, no calculo das aquisições das ações SOES4 apurouse um custo muito inferior ao efetivamente ocorrido. A verdade é que as 8.000 ações SOES4 teriam custo total de R$ 8.117,80, o que resultaria em um ganho de R$ 782,20, que é inferior aos R$ 1.772,02 apurados pela fiscalização. 33 Por fim, teria ocorrido um erro na apuração do prejuízo a compensar em novembro de 2001, cujos efeitos repercutiriam nos períodos subseqüentes. Isto porque, além de não terem sido computadas as taxas de corretagem pagas em relação ao estoque anterior de 300.000 ações CSNA3, o valor das taxas de corretagem pagas na aquisição (R$ 55,91 e R$ 46,87) não teriam sido incluídas no custo, como também não teria sido deduzida a despesa de mesma natureza paga por ocasião da alienação (R$ 111,76). Assim, o resultado negativo naquela operação corresponderia a R$ 2.885,54, resultando em um prejuízo a compensar de R$ 1.258,35. Do Depósito Bancário de Origem Não Comprovada 34 Quanto à omissão de rendimentos com base no depósito de origem não comprovada no valor de R$ 25.000,00, alega que o lançamento não pode subsistir por falta de intimação da outra titular da referida conta. Se a conta corrente era de titularidade de mais de uma pessoa, seria evidente que qualquer um dos titulares poderia receber depósitos. Destarte, todos os titulares deveriam ter sido intimados, sob pena do silêncio de um prejudicar o outro. Da Multa Agravada 35 0 contribuinte alega que a simples argumentação da fiscalização, de que os valores depositados no exterior teriam sido reiteradamente ocultados das declarações de ajuste anual, não é suficiente para a exasperação da penalidade, visto que não teria sequer restado comprovado que o impugnante titular da conta bancária no exterior. Nesse sentido, afirma que o Primeiro Conselho de Contribuintes já decidiu que é "Insustentável o agravamento de penalidade de oficio em presunção, em tese, de eventual crime fiscal, ancorada em infração administrativa ou em indícios desta" (Acórdão 10418.215, de 21/08/2000). 36 Ademais, conforme demonstrado na impugnação, a omissão de receitas não existe e caso existente a ocultação de informações, esta não poderia ensejar o agravamento da penalidade em toda a sua extensão, visto que os depósitos em conta de presumida titularidade do requerente somente embasaram uma parte do apontado acréscimo patrimonial. Fl. 2850DF CARF MF 8 2 A impugnação do contribuinte foi julgada procedente em parte de acordo com decisão da DRJ assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002 Ementa: GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. DECADÊNCIA. FALTA DE PAGAMENTO (AC 1999). Se o pagamento do tributo não é antecipado, não há o que se homologar, hipótese em que a constituição do crédito tributário deverá observar o disposto no artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. OMISSÃO DE RENDIMENTOS (AC 1999, 2000, 2001 e 2002). Sujeitase ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que perceber ganhos líquidos nas operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas. GANHOS LÍQUIDOS. MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. ISENÇÃO (AC 1999, 2000, 2001 e 2002). A legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS (AC 1999 e 2002). Constituem rendimentos brutos sujeitos ao imposto de renda as quantias correspondentes a acréscimo patrimonial quando esse não for justificado pelos rendimentos tributáveis, isentos e não tributáveis ou por rendimentos tributados exclusivamente na fonte, apurados por meio do confronto entre os recursos e os dispêndios realizados pelo contribuinte. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. MULTA QUALIFICADA (AC 1999 e 2002). A multa de oficio de 150% é aplicável sempre que presentes os elementos que caracterizam, em tese, os crimes tipificados nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS (AC 1999). A Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Lançamento Procedente em Parte 3 Houve recurso voluntário às E fls. .2.213/2.247 a esse E. CARF ainda sob a denominação de Conselho de Contribuintes em que a 2ª Câmara do Primeiro Conselho Fl. 2851DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.847 9 por maioria de votos em sessão de 30/03/2007 sob Relatoria do Conselheiro Antonio José Praga de Souza, resolveu sobrestar o julgamento do presente processo até a definição do assunto na esfera penal, além de outras solicitações a seguir indicadas: "Pela análise dos autos entendo que há necessidade de realização das diligencias fiscais, a seguir relacionadas, para saneamento dos autos e formação de convencimento: 1)O ilustre representante do recorrente alega que a Sra. Leila Machado Picanço não foi intimada sobre a origem dos recursos relativos aos R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais) depositado em 05/11/99 em contacorrente mantida em conjunto com o contribuinte. Todavia, a Sra. Leila também foi fiscalizada e sofreu a lavratura de auto de infração, conforme processo n° 10768.008186/2004 69, que aliás foi convertido cm diligência pela 4a. Câmara deste Conselho, em janeiro/2007 (Resolução n" 10402014). Portanto, é possível que ela tenha sido intimada, respondeu a intimação, mas a resposta deixou de ser juntada neste processo. Fazse necessário então que a unidade de origem verifique a existência de documentos nesse sentido no processo n° 10768.008186/200469 para juntada aos presentes autos. 2)O recorrente continua alegando que não seria o titular da conta no exterior muito menos dos recursos depositados. Não foram trazidos aos autos os extratos daquela conta. A exigência tributária, em sua maior parte está calcada nessa conta, tanto nos depósitos, quanto nos saldos ao final do período, que seriam patrimônio do recorrente. É noticiado nos autos que estão em andamento processos judiciais contra o contribuinte. Portanto, é de bom alvitre verificar o andamento da ação penal n.º 2003.51.01.5002810, da Terceira Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, e juntar aos autos outros elementos de interessa do presente litígio tributário, tais como os extratos bancários da conta no exterior, caso já tenham sido fornecidos, e prova da titularidade conta. 3) Intimar o contribuinte para que apresente documentos do Detran relativo aos veículos que adquiriu e vendeu, conforme alegado no item 3 da peça recursal. 4) A fiscalização poderá ainda, trazer outros elementos de prova ou novos documentos, que tenha relação intrínseca com as infrações autuadas e possam corroborar no julgamento, em face das alegações da peça recursal. Fl. 2852DF CARF MF 10 5) Ao final a fiscalização deverá lavrar termo consubstanciado, do qual deve ser cientificado o contribuinte, concedendolhe o prazo de 30 dias para se manifestar. Outrossim, conforme decidido pela maioria desse Colegiado, que acompanhou os doutos fundamentos da ilustre presidente da Câmara, Dra. Leila Maria Scherrer Leitão, o julgamento deste recurso voluntário foi sobrestado até decisão final do processo penal. na esfera do Judiciário. Portanto, cumpridas as diligencias, os autos deverão permanecer na unidade de origem até que possa ser juntado o inteiro teor de decisão final transitada em julgado na ação penal n.° 2003.51.01.5002810. Pelo exposto, voto no sentido de CONVERTER o julgamento em diligências, a cargo da unidade de origem. 4 Em atendimento aos termos da Resolução acima, a autoridade preparadora procedeu à juntada às E fls. 2.305/2.309 e respectivo A.R. (Aviso de Recebimento) do Termo de Verificação e Constatação Fiscal, às E fls. 2.313/2.315 Termo de Início de Fiscalização e respectivo A.R, e às Efls. 2.319/2.327 cópia do Auto de Infração quanto ao processo da esposa do contribuinte Sra. Leila Machado Picanço. 5 Em continuação aos termos da resolução houve a juntada às E fls. 2.329/2.339 de Comunicação com Decisão do I. Desembargador Federal Abel Gomes nos autos do processo 2005.02.01.0015327 datado de 13/12/2006 com o seguinte teor em síntese: Fl. 2853DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.848 11 6 Após, às E fls. 2.343/2.345 Termo de diligência fiscal/Solicitação de Documentos ao contribuinte solicitando a documentação (Nota Fiscal e/ou Certidão do Detran) referente às datas e valores de aquisição e alienação dos veículos GM Vectra PLACA KQM 4051 e FIAT Fiorino PLACA LAJ 8194. Às E fls. 2.347 manifestação do contribuinte afirmando que o primeiro veículo nunca lhe pertenceu e o segundo foi vendido há mais de dez anos contudo não possuía os documentos de venda e que solicitou tais documentos ao Detran/RJ (efls. 2.349/2.351). 7 Reintimado quanto à solicitação de informações sobre os veículos o contribuinte reafirmou nunca ter possuído o veículo Vectra e quanto ao Fiat Fiorino solicitou a intimação direta ao Detran/RJ em vista da falta de resposta do órgão ao contribuinte. Às E fls. 2.361 seguiuse ofício da autoridade preparadora solicitando tais documentos ao DetranRJ que às fls. 2.367/2.409. 8 Após, às fls. 2.422/2.424 manifestação do contribuinte questionando a precariedade da instrução do lançamento e manifestandose a respeito da Comunicação nº 2005.02.01.0015327 do I. Des. Federal do TRF2 Abel Gomes, requerendo que seja retornado os autos ao E. CARF para prosseguir o julgamento em vista da impossibilidade de utilização dos dados bancários obtidos pela Fiscalização durante o processo para instruir o lançamento. Fl. 2854DF CARF MF 12 9 Às fls. 2.425 Manifestação da unidade preparadora informando os atos realizados em cumprimento à resolução do antigo Conselho de Contribuintes: 10 Com o retorno dos autos ao CARF em sessão de 20/08/2010 através da Resolução nº 210200.029 às Efls. 2.429/2.432 a extinta 2ª Turma da 1ª Câmara dessa Seção converteu o julgamento em diligência com o seguinte teor, cujo Voto de Relatoria do Conselheiro Rubens Maurício Carvalho: 11 Após a resolução acima houve a informação da de acordo com o despachodevolução do Relator do feito na época no CARF às Efls. 2.481/2.483 uma vez que a diligência retornou com a informação que os autos encontravamse no E. STJ e portanto que aguardasse a definição na unidade de origem até a juntada da decisão final transitada em julgado da Ação Penal nº 2003.51.01.5002810. 12 Às fls. 2.817/2.818 Ofício do MPF informando sobre o andamento do processo penal junto ao STJ e juntando parecer da PGFN (Fls. 2.819/2.820). Às fls. 2.839 a Fl. 2855DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.849 13 unidade de origem encaminha os autos ao CARF recomendando novo exame do caso visando à eventual revisão de sobrestamento do presente processo e impulsão do mesmo. 13 Portanto, esse é o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 14 – Conheço do recurso por estar presentes as condições de admissibilidade. 15 De início informo que essa C. Turma já teve oportunidade de julgar em sessão de 07/06/2017 caso análogo no Ac. 2201003.679 de Relatoria da I. Conselheira Dione Jesabel Wasilewski, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003 DEPÓSITOS BANCÁRIOS NO EXTERIOR. TRATADO DE COOPERAÇÃO. SUÍÇA. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PARA FINS FISCAIS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. LANÇAMENTO. NULIDADE. É nulo o lançamento efetuado com base em documentação obtida a partir de Tratado de Colaboração Mútua em matéria penal com a Confederação Suíça, quando esse acordo contém cláusula expressa impedindo a utilização das informações compartilhadas para efeitos fiscais e não há autorização judicial para seu emprego na instrução de procedimento fiscal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. COTITULARES. FALTA DE INTIMAÇÃO. VALORES INFERIORES A R$ 12.000,00. ENUNCIADOS 29 E 61 DA SÚMULA CARF. Tendo sido comprovada a origem de parcela dos depósitos bancários e sendo insubsistente a utilização de outra parte deles por ausência de intimação dos cotitulares para justificar a origem dos recursos movimentados, devem ser excluídos da base de cálculo do imposto de renda os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00 até o somatório de R$ 80.000,00 por anocalendário. Fl. 2856DF CARF MF 14 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. Deve ser autorizada a dedução da base de cálculo do imposto de renda apurado na Declaração de Ajuste Anual das despesas médicas comprovadamente realizadas em benefício do titular da declaração ou de seus dependentes e que não tenham sido reembolsadas. PENALIDADE. MULTA QUALIFICADA. MULTA AGRAVADA Deve ser ajustado o percentual da multa aplicada quando não há fundamento nos autos que justifique a sua qualificação ou agravamento. 16 Portanto em relação aos tópicos informados em recurso quanto ao valor lançado de acréscimo patrimonial a descoberto dos anocalendário de 1999 e 2002, no presente caso, em vista de, naquela ocasião ter votado com a I. Relatora em relação a entender que as provas coligidas nesse aspecto são nulas, tomo como razões de decidir os fundamentos do Ac. 2201003.679 acima indicado nessa parte. 17 Inicio quanto a possibilidade de se julgar o presente caso independente da existência de ação penal, adoto como razões de decidir a da I. Relatora naquele caso indicado alhures, verbis: "Inicialmente, quero registrar minha aderência à manifestação da Equipe de Acompanhamento de Ações Judiciais da Superintendência Regional da 7ª Região Fiscal (fls 1694) no sentido de não haver qualquer razão que justifique a permanência dos autos na unidade de origem a aguardar o término da ação penal. Com efeito, embora nesse processo tenham sido utilizadas originalmente provas compartilhadas por decisão proferida no curso da ação penal, o que se toma emprestado para fins de fiscalização e de autuação são as provas e não as conclusões tomadas pelo juízo penal acerca dessas provas. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico a independência das esferas civil e penal, disciplinada pelos seguintes dispositivos legais: Código Civil: Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Código de Processo Penal: Fl. 2857DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.850 15 Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal , a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato . (grifos nossos) Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil : I o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II a decisão que julgar extinta a punibilidade; Especialmente na hipótese em questão, não vejo como a decisão judicial possa alterar o resultado desse processo administrativo fiscal, em especial no que diz respeito à impossibilidade de utilização dos documentos obtidos a partir do Tratado de Cooperação Jurídica em Matéria Penal, firmado entre Brasil e Suíça, uma vez que, na decisão do Desembargador Abel Gomes, este não registrou uma mudança de entendimento em relação à decisão que foi anteriormente tomada de compartilhamento das informações bancárias com as autoridades fiscais, mas expressou sim uma interpretação para aquela decisão original, dando conta de que ela nunca autorizou que dados do exterior fossem utilizados para fins de lançamento fiscal. A partir dessa leitura, o lançamento feito com base nessas informações encontrase maculado em sua origem e não há possibilidade de qualquer decisão posterior tornar lícita a utilização ilícita de uma prova. Assim, se houvesse uma autorização para utilização desses documentos, ela teria efeitos ex nunc, ou seja, tornaria legítima uma autuação feita em momento futuro. Esse entendimento é reforçado pelas informações prestadas pelo Ministério Público Federal, no sentido de que não houve recurso da decisão proferida pelo Desembargador Abel Gomes e do entendimento manifestado pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, a quem cumpre exercer a função de Autoridade Central brasileira, de que os termos do Tratado impedem a utilização das provas compartilhadas para instruir procedimento administrativo fiscal (fls 1640). Com base no acima exposto, entendo que o processo está apto a julgamento por este Colegiado, de forma que passo a analisar as questões suscitadas pelo recurso voluntário, bem como as demais informações carreadas ao processo por conta das duas Resoluções que converteram os julgamentos em diligência." Fl. 2858DF CARF MF 16 18 Quanto ao mérito, relativo ao lançamento do acréscimo patrimonial a descoberto, outrossim, adoto como razões de decidir o do voto da I. Conselheira, verbis, sem grifos no original: "Em adendo ao seu recurso, argumenta o apelante que a utilização dos seus dados bancários no exterior era expressamente vedada, conforme teria deixado clara a decisão do TRF da 2ª Região. Quanto a essa matéria, na Comunicação 2005.02.01.0015327 originada da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro (Processo 2003.51015002810), o Desembargador Abel Gomes, deixa consignado que (fls 1241): Assim, a única questão que cabe apreciar, é a que diz respeito ao alcance da utilização dos documentos enviados pelo Escritório Federal de Justiça da Confederação Suíça, e que se encontram nestes autos. De fato, existem limites para a utilização de documentos enviados pelas autoridades suíças, em virtude da cooperação jurídica que se estabeleceu. A impossibilidade de que se valha desses documentos para instaurar processo fiscal de natureza penal ou administrativa, é uma delas, senão a principal. E isso consta, claramente, de todos os documentos que compõem os presentes autos, inclusive do ofício e das cópias de fls. 798/805. É bem verdade que transferi a quebra do sigilo bancário, contida no processo, à Receita Federal, para que esta, por meio do Grupo Especial de Fiscalização, pudesse atuar dentro das funções constitucionais e legais que lhe são conferidas. Na prática, essa transferência não importou em nova remessa de ofício às instituições financeiras, para que elas remetessem os mesmos dados que já remeteram para a ação penal n. 2003.51.01.5002810 à Receita Federal, o que seria de todo burocrático, antieconômico e sem sentido. Afinal, o processo possui centenas de volumes. A transferência do conhecimento dos dados sigilosos à Receita Federal se deu, obviamente, mediante consulta aos autos, onde o Grupo Especial poderia examinar os documentos bancários que correspondem à quebra de sigilo bancário determinada às instituições financeiras do Brasil. (grifos no original) Se os auditores fiscais do Tesouro Nacional, por ventura, se depararam com algum fragmento daqueles documentos enviados pela autoridade suíça, por conta do exame que fizeram do processo e seus apensos, em razão da legítima transferência de sigilo dos demais dados bancários obtidos pela quebra deferida nas contas mantidas aqui no Brasil, dadas as regras que pautaram a cooperação jurídica internacional entre Brasil e Suíça, não deverão considerálos nem utilizálos, em nenhuma autuação ou processo fiscal. (grifos no original) Fl. 2859DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.851 17 Ademais, como a transferência do sigilo bancário tem como efeitos: o conhecimento integral do conteúdo dos autos e o dever de guardar sigilo sobre o que deles consta, sobre o que foi eventualmente visto por quem teve acesso aos autos, deverá ser preservado em sigilo absoluto e em seu íntimo. Em resumo, os auditores fiscais da Receita Federal só podem utilizar para fins de sua legítima atuação administrativo fiscal, os documentos e informações bancárias contidas nos autos, e remetidos, apenas, pelas instituições financeiras do Brasil, jamais os que foram enviados pela Suíça mediante cooperação. A esta decisão, de meridiana clareza, deve ser somada a manifestação do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (fls 1640), na qual está registrado o que é transcrito abaixo: 2. Informamos, preliminarmente, que cumpre ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional DRCI exercer a função de Autoridade Central brasileira para tramitar pedidos de cooperação jurídica internacional, bem como instruir, opinar e coordenar sua execução, consoante os termos do art. II, IV e VI do Decreto nº 6.061, de 15 de março de 2007. 3. Assim, informamos que as solicitações de assistência jurídica em matéria penal dirigidas à Suíça se encontram regidas pelos termos do Tratado de Cooperação Jurídica em Matéria Penal entre a República Federativa do Brasil e a Confederação Suíça, assinado em Berna, em 12 de maio de 2004 (promulgado pelo Decreto n. 6.974, de 07 de outubro de 2009). 4. Sob o prisma dessa norma, salientamos seu artigo 3, que expõe as causas de recusa a execução de pedidos de cooperação jurídica internacional, entre elas: "1. A cooperação jurídica poderá ser recusada: c) se o pedido referirse a infrações fiscais; no entanto o Estado Requerido poderá atender a um pedido se a investigação ou o procedimento visar fraude em matéria fiscal. Se o pedido referirse somente em parte a infrações fiscais, o Estado Requerido tem a possibilidade de limitar, nesta parte, a utilização de informações e meios de prova fornecidos." (...) 6. Tendo em vista esses dispositivos, as provas compartilhadas em sede de cooperação jurídica internacional no caso em epígrafe não podem ser utilizadas para instruir procedimento administrativo fiscal, sob pena de nulidade desses documentos. Fl. 2860DF CARF MF 18 (...) 8. Portanto, com base na experiência deste Departamento em casos análogos e nos tratados internacionais que regem a matéria, compreendemos que não se pode utilizar s documentos já obtidos junto às autoridades suíças para qualquer tipo de procedimento fiscal ou tributário, incluindo lançamento fiscal. Assim, não resta sombra de dúvida de que não há amparo legal para utilização dos documentos obtidos no âmbito da Cooperação Jurídica Internacional com a Confederação Suíça, e que instruíram o processo penal 2003.51015002810, como fundamento para lançamento fiscal. Registro que esse entendimento segue jurisprudência deste Conselho na análise de casos análogos, decorrentes da mesma investigação criminal, conforme demonstram as seguintes ementas: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2001, 2003 NORMAS PROCESSUAIS. PROVA ILÍCITA Comprovado a utilização de documentos e ou informações enviados ao Brasil pelas autoridades suíças, em virtude de cooperação jurídica, para instaurar processo fiscal, tais documentos decorrentes constituem em provas ilícitas, conforme consta em decisão judicial. (Processo nº 10768.006469/200476; Acórdão nº 10616.849, sessão de 24 de abril de 2008, Relator Conselheiro Luiz Antonio de Paula) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Verificada a existência de omissão no julgado, é de se acolher os Embargos de Declaração apresentados pelo contribuinte. NORMAS PROCESSUAIS PROVA ILÍCITA DECISÃO JUDICIAL Havendo decisão judicial considerando ilícitas as provas representadas por documentos e/ou informações enviadas ao Brasil por autoridades suíças, em virtude de cooperação jurídica, tais elementos não podem ser considerados na decisão. Embargos acolhidos. Acórdão rerratificado. (Processo nº 10768.101958/200350, Acórdão nº 10423.362, sessão de 06 de agosto de 2008, Relator Conselheiro Nelson Mallmann) Fl. 2861DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.852 19 A partir dessa premissa, vejamos como essas informações influenciaram o lançamento fiscal. Nesse sentido, do termo de verificação fiscal (fls 27) destacase o que segue: 0 Ministério Público da Confederação Helvética em procedimento de investigação judicial consignou a verdade, transmitida ao Procurador Geral da República do Brasil a época, da ocorrência de depósitos em contas correntes e de aplicações financeiras, quantizados em US$ 33.400.000,00 (trinta e três milhões e quatrocentos mil dólares americanos), no DISCOUNT BANK & TRUST COMPANY (DBTC), que atualmente intitulase I'UNION BANCAIRE PRIVE (UBP), em Zurich Suíça por sete auditores federais e seis fiscais de renda do Estado do Rio de Janeiro. Dessa monta, U$ 8.606.299,00 (oito milhões seiscentos e seis mil duzentos e noventa e nove dólares americanos) pertenciam ao examinado e foram movimentados de maio de 1999 a 17 de julho de 2002. Em decorrência de tais constatações, foi remetido documento formal intitulado Solicitação de Mútua Colaboração por Motivo Penal, folhas 92 a 95), pela Procuradoria suíça à Justiça Federal brasileira, o qual aduzia, mormente, no caso, a propriedade da conta corrente nº 182.269ZS aberta em 20/05/1999 através de representação do DBTC no Rio de Janeiro, ao contribuinte sob ação fiscalizatória e minudenciava, ainda que não a contento, o respectivo fluxo financeiro naquele pais, distinguindo operações de credito e o saldo de U$ 8.716.417,42 (oito milhões setecentos e dezesseis mil quatrocentos e dezessete dólares americanos e quarenta e dois centavos), este em 17/07/2002 por ocasião do ultimo depósito conhecido. (...) É de se registrar que a mácula aqui tratada não atinge o lançamento realizado com base nas contas mantidas em instituições financeiras no Brasil já que, em relação a essas, foi judicialmente autorizado o acesso às informações e também houve a anexação aos autos da documentação que lhe deu suporte. A partir do exposto, com base na alegação de ilegalidade no compartilhamento das informações obtidas através do Acordo de Cooperação com as autoridades suíças, dou provimento ao recurso voluntário para excluir da exigência fiscal a totalidade do tributo devido com base nos itens V e VII do relatório fiscal, relativos à omissão de ganhos de capital na liquidação ou resgate de aplicações financeiras realizadas em moeda estrangeira e ao acréscimo patrimonial a descoberto. Pelas mesmas razões, com referência ao item VII do relatório, relativo a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem comprovação de origem, dou provimento ao apelo para Fl. 2862DF CARF MF 20 determinar a exclusão da base de cálculo tributável do valor do depósito realizado em 31/05/1999, na conta corrente nº 182.269ZS do então Discount Bank & Trust Company (DBTC), na importância já convertida para a moeda nacional de R$ 516.960,00. 19 Pelo exposto dou provimento ao recurso nessa parte para excluir do lançamento o valor lançado de acréscimo patrimonial a descoberto dos anoscalendários de 1999 e 2002 e sua respectiva multa. DOS GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL DECADÊNCIA 20 Alega o contribuinte a decadência do lançamento na parte lançada quanto aos ganhos líquidos no mercado de renda variável, contudo, sem razão o contribuinte e mantenho a decisão com base nos seus próprios fundamentos adotandoa como razões de decidir negando provimento ao recurso nesse ponto, verbis: 38 O contribuinte aventa preliminar de decadência nos meses de janeiro a agosto de 1999 para a infração referente a Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável. 39 Nesse sentido, embora estes ganhos sejam tributados mensalmente em separado, com lançamento que se dá a principio por homologação, no caso em questão, sigo a jurisprudência do STJ, que entende que se não há pagamento, não há o que se homologar. E não basta que o contribuinte tenha cumprido o dever formal de apresentar a declaração de ajuste anual, se não houver declarado a parcela que se tributa em separado e antecipado o seu pagamento. Jurisprudência do STJ ERESP 101407/SP ; EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL 1998/00887334 Relator(a): Ministro ARI PARGENDLER (1104) Data do Julgamento: 07/04/2000 Ementa "TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO REGIME DO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Nos tributos sujeitos ao regime do lançamento por homologação, a decadência do direito de constituir o crédito tributário se rege pelo artigo 150, § 40, do Código Tributário Nacional, isto é, o prazo para esse efeito será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; a incidência da regra supõe, evidentemente, hipótese típica de lançamento por homologação, aquela em que ocorre o Fl. 2863DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.853 21 pagamento antecipado do tributo. Se o pagamento do tributo não for antecipado, já não será o caso de lançamento por homologação, hipótese em que a constituição do crédito tributário deverá observar o disposto no artigo 173, 1, do (Código Tributário Nacional Embargos de divergência acolhidos." ERESP 178308/ SP; EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL 2003/00128541 Relator: Ministro FRANCIULLI NETTO Data do Julgamento: 10/03/2004 "...Nesse sentido, bem ponderou a insigne Ministra Eliana Calmon que, "nas exaçães cujo lançamento se fáz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do jato gerador (art. 150, s§.' 4 0, do CN1). Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN" (Resp 183.603/SP, DJ de 13.08. 2001)." (grifei) 40 A fl. 985 constam as datas dos fatos geradores para o lançamento de oficio dos Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável. Verificase ali que, no período alegado como decadente pelo contribuinte Janeiro/99 a agosto/99 , houve lançamentos referentes apenas aos fatos geradores de 31/01/99, 31/07/99 e 31/08/99, mas notase que o contribuinte efetuou pagamento apenas para mês de maio/99 (fls. 1074 e 1075), que não foi objeto de autuação. 41 Assim sendo, não se aplica a regra do art. 150 do CTN, visto que não houve pagamento algum referente ao imposto incidente sobre este tipo de operação financeira nos períodos lançados. Aplicase ao fato em análise o estabelecido pelo artigo 173, I, do CTN, que determina o prazo de 5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o lançamento poderia ser efetuado: "Art. 173. 0 direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I — do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (..)" 42 Assim é que o prazo decadencial para o lançamento do Ines de janeiro de 1999 termina somente em 31/12/2004, ou seja, 5 (cinco) anos contados a partir de 01/01/2000, que é o primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Portanto, considerandose que a ciência do lançamento deuse em 29/09/2004, não há que se falar em decadência do direito de lançar o tributo em relação aos valores Fl. 2864DF CARF MF 22 exigidos nesta infração, razão pela qual rejeitase esta preliminar. DO ERRO ARITMÉTICO E A NÃO OBSERVÂNCIA DO ART. 72, § 8°, DA LEI N° 9.430/96 (SIC) 21 Nesse tópico o recorrente reitera o pedido de análise dessa questão alegando a interpretação equivocada por parte da DRJ, e portanto, alega que há erro no cálculo, contudo, pela análise das razões apontadas anteriormente e reiteradas no recurso, entendo sem razão o contribuinte, sendo que os fundamentos da decisão de piso, no que tange a essa parte do lançamento, estão devidamente fundamentadas, e por isso as adoto como razões de decidir: 57 Inicialmente, o contribuinte alega que foi ignorado o art. 72, § 8.°, da Lei n.° 8.981/95, o qual determinaria que somente poderiam tributados os ganhos de capital que ultrapassassem o equivalente a 5.000 UFIR. 58 Contudo, ao contrario do que alega impugnante, não é isso que prevê o referido artigo. Senão, vejamos: "Art. 72. Os ganhos líquidos auferidos, a partir de 1° de janeiro de 1995, por qualquer beneficiário, inclusive pessoa jurídica isenta, em operações realizadas nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, serão tributados pelo Imposto de Renda na forma da Legislação vigente, com as alterações introduzidas por esta lei. § 8° Ficam isentos do Imposto de Renda os ganhos líquidos auferidos por pessoa física em operações no mercado à vista de ações nas bolsas de valores e em operações com ouro, ativo financeiro, cujo valor das alienações realizadas em cada mês seja igual ou inferior a 5.000,00 Ufirs, para o conjunto de ações e para o ouro, ativo financeiro, respectivamente."[grifei] 59 O artigo é claríssimo: o limite de 5.000 Ufirs trata do valor das alienações, não do valor dos ganhos líquidos; e, de acordo com o art 111, inciso H, do Código Tributário Nacional, interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção. Nesse diapasão, ressaltese que a definição de ganhos líquidos encontrase normatizada no art 40, § 1. 0, da Lei n.° 7.713/88, e não se confunde com valor de alienação. Lei n.° 7.713/88 "Art 40. Fica sujeita ao pagamento do imposto de renda à alíquota dez por cento, a pessoa física que auferir ganhos líquidos nas operações realizadas nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, ressalvado o Fl. 2865DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.854 23 disposto no inciso lido art. 22 desta Lei. (Redação dada pela Lei no 7.751, de 14.4.1989) § 1° Considerase ganho liquido o resultado positivo auferido nas operações ou contratos liquidados em cada mês, admitida a dedução dos custos e despesas efetivamente incorridos, necessários realização das operações, e à compensação das perdas efetivas Código Tributário Nacional "Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: II outorga de isenção;" 60. Por outro lado, seguindo a determinação do art. 30 da Lei n.° 9.249/95, o limite de 5.000 UFIR deve ser convertido para reais com base na UFIR vigente em janeiro de 1996, a qual era de 0,8287. Destarte, o limite atualizado de que trata o art 40, § 1. 0, da Lei n.° 7.713/88 é de R$ 4.143,50 (= 5.000 x 0,8287). Lei n.° 9.249/95 "Art. 30 Os valores constantes da legislação tributária, expressos em quantidade de UFIR, serão convertidos em Reais pelo valor da UFIR vigente em 1º de janeiro de 1996." 61 Analisandose as tabelas de apuração dos ganhos líquidos (fls. 882 a 888), verificase que o único caso em que o valor mensal da alienação ficou abaixo do limite de R$ 4.143,50 foi o mês de abril de 2002 (fl. 887), cabendo a isenção exclusivamente para este caso. DOS ERROS NO LANÇAMENTO NÃO CONSIDERADOS PELA DECISÃO RECORRIDA 22 O contribuinte persiste na existência de erro na decisão quanto as ações PETR4 alegando que não houve sua aquisição, alegando a sua venda em 23/09/99 de 50.000 ações e que a decisão da DRJ não poderia desconsiderar o erro pois traduziria em situação mais gravosa ao recorrente e alega inclusive o recolhimento dos impostos relacionados a ação ACES4 alienada em 16/12/99 alegando não tratarse de imposto complementar mensal. 23 Contudo, entendo que deve prevalecer a decisão de piso por seus próprios fundamentos na medida em que bem analisou os documentos e os fatos ora indicados, não trazendo o contribuinte razões suficientes para afastar tal decisão, sendo que as adoto como razões de decidir, verbis, sem grifos no original: Fl. 2866DF CARF MF 24 "Das Ações PETR4 — PETROBRAS PN 64 Reclama o impugnante que a aquisição das ações PETR4 em 23/09/99 não ocorreu. Pelo contrário, conforme extratos de movimento em conta corrente as fls. 1043 a 1066, na referida data houve a venda destas 50.000 ações. 65 Embora o impugnante esteja correto, pois a nota de corretagem n.° 37 à fl. 707 e o extrato à fl. 673 demonstram, de fato, que houve a venda e não a compra da referida quantidade de ações_PETR4, o custo unitário da operação de 23/09/99 é superior as demais aquisições, e, se desconsiderássemos essa compra inexistente, haveria, na realidade, um aumento do valor tributável, conforme se demonstra a seguir. Assim sendo, mantenho os valores apurados no Auto de Infração. Do Pagamento do Imposto referente a alienação das Ações ACES4 e PETR4 66 No que se refere à alegação de que o documento de fl. 1067 comprovaria que o imposto incidente sobre a venda das ações PETR4 e ACES4 em 16/12/1999 teria sido integralmente pago, entendo que a argumentação não procede. Eis que o referido pagamento de R$ 1.582,34 referese a imposto complementar mensal (cod 0246) e já foi compensado na DIRPF a fl. 41. Portanto, tratandose de recolhimento de natureza distinta e alocado compensação efetivamente realizada na DIRPF do autuado, não acolho as razões do impugnante." DO DEPÓSITO BANCÁRIO DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Fl. 2867DF CARF MF Processo nº 10768.005753/200425 Acórdão n.º 2201005.082 S2C2T1 Fl. 2.855 25 24 Nesse tópico alega o contribuinte que não houve a intimação da co titular da conta bancária para se manifestar a respeito, sendo que no lançamento houve a redução de 50% do valor apurado, contudo sem razão. 25 O documento de fls. 2.305 abaixo reproduzido, derivado da diligência fiscal, comprova a intimação da cotitular para comprovar o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) contudo no item III abaixo indicado, A Sra Leila Machado Picanço informa que não tem documentos a respeito e que não pode justificar os valores: 26 Portanto, em vista dos termos do art. 42 da Lei 9.430/96 ser ônus do contribuinte afastar a presunção legal, fato que não conseguiu se eximir, devem ser mantidos no lançamento a omissão do rendimento, negando provimento ao recurso nesse tópico. Conclusão Fl. 2868DF CARF MF 26 27 Diante do exposto, conheço do recurso para no mérito DARLHE PARCIAL PROVIMENTO na forma da fundamentação, para reconhecer a ilicitude das provas utilizadas sem autorização judicial, para considerar nulo o lançamento realizado a título de variação patrimonial a descoberto com o que devem ser excluídos da base de cálculo do lançamento no anocalendário de 1999 e 2002 e por consequência lógica a multa qualificada decorrente dessa parte do lançamento. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Fl. 2869DF CARF MF
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