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Numero do processo: 10380.021583/2008-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/10/2004
CONTRIBUIÇÕES SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO.
Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas a e b, da Lei nº 8.212/91, e artigo 4º da Lei nº 10.666/03, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando-as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima a Contribuinte apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento.
AUSÊNCIA DE NULIDADE
O Auto de Infração apresentou todos os fundamentos necessários para a caracterização do lançamento, não havendo que se falar em nulidade.
MULTA MORATÓRIA.
Em conformidade com o artigo 35, da Lei nº 8.212/91, na redação vigente à época dos fatos geradores, a contribuição social previdenciária está sujeita à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso.
INTIMAÇÃO DO ADVOGADO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INDEFERIMENTO.
As intimações deverão ser direcionadas ao domicílio tributário eleito pelo contribuinte, conforme artigo 23 do Decreto nº 70.235, de 1972. Impossibilidade de endereçamento das intimações para o escritório dos advogados diante da inexistência de previsão legal.
Numero da decisão: 2401-005.727
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negar provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andrea Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente).
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 30/10/2004 CONTRIBUIÇÕES SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO. Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas a e b, da Lei nº 8.212/91, e artigo 4º da Lei nº 10.666/03, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando-as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima a Contribuinte apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento. AUSÊNCIA DE NULIDADE O Auto de Infração apresentou todos os fundamentos necessários para a caracterização do lançamento, não havendo que se falar em nulidade. MULTA MORATÓRIA. Em conformidade com o artigo 35, da Lei nº 8.212/91, na redação vigente à época dos fatos geradores, a contribuição social previdenciária está sujeita à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso. INTIMAÇÃO DO ADVOGADO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INDEFERIMENTO. As intimações deverão ser direcionadas ao domicílio tributário eleito pelo contribuinte, conforme artigo 23 do Decreto nº 70.235, de 1972. Impossibilidade de endereçamento das intimações para o escritório dos advogados diante da inexistência de previsão legal.
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OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO. Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.212/91, e artigo 4º da Lei nº 10.666/03, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontandoas das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima a Contribuinte apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento. AUSÊNCIA DE NULIDADE O Auto de Infração apresentou todos os fundamentos necessários para a caracterização do lançamento, não havendo que se falar em nulidade. MULTA MORATÓRIA. Em conformidade com o artigo 35, da Lei nº 8.212/91, na redação vigente à época dos fatos geradores, a contribuição social previdenciária está sujeita à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 02 15 83 /2 00 8- 02 Fl. 254DF CARF MF 2 INTIMAÇÃO DO ADVOGADO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INDEFERIMENTO. As intimações deverão ser direcionadas ao domicílio tributário eleito pelo contribuinte, conforme artigo 23 do Decreto nº 70.235, de 1972. Impossibilidade de endereçamento das intimações para o escritório dos advogados diante da inexistência de previsão legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negar provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andrea Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente). Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração de Obrigação Principal DEBCAD 37.183.9661 (fls. 2), que apurou o crédito tributário no montante de R$ 9.958,87 (nove mil novecentos e cinquenta e oito reais e oitenta e sete centavos), referente à cobrança de contribuições previdenciárias descontadas dos segurados contribuintes individuais destinadas ao custeio da Seguridade Social, relativo ao período de 01/01/2004 a 30/12/2004. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 34/37), verificase que os salários de contribuição foram apurados com base nas folhas de pagamento, recibos de pagamentos relativos a serviços prestados por contribuintes individuais e a transportadores autônomos, bem como na escrituração contábil. Registra o Fisco, que o sujeito passivo deixou de recolher em sua totalidade as contribuições dos segurados contribuintes individuais e transportadores autônomos, incidentes sobre o pagamento por serviços prestados à empresa, bem como deixou de informar tais valores nas GFIP — Guias de Recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social e ainda que a remuneração foi apurada nas contas contábeis de códigos: 91601000017; 91504000026; 91503000013; 91502000029; 91501000034; 91502000009; 91501000008. Fl. 255DF CARF MF Processo nº 10380.021583/200802 Acórdão n.º 2401005.727 S2C4T1 Fl. 3 3 Os fatos geradores foram identificados nos seguintes levantamentos: Levantamento Descrição Fato Gerador CNG Contribuinte Individual não declarado em GFIP Remuneração paga aos contribuintes individuais autônomos. FRN Frete não declarado em GFIP Remuneração paga a contribuinte individuais transportadores autônomos. CNG CONTRIBUINTE INDIVIDUAL NÃO DECLARADO EM GFIP correspondendo ao lançamento das bases de cálculo para apuração das contribuições patronais incidentes sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais apurados na escrituração contábil. FRN FRETE NÃO DECLARADO EM GFIP correspondendo ao lançamento das bases de cálculo para apuração das contribuições patronais incidentes sobre a remuneração decorrente dos fretes realizados pelos segurados transportadores autônomos apurados na escrituração contábil. Como elementos de prova, a Fiscalização anexou aos autos do Processo nº 10.380.021582/200850 (fls.123 a 479 – daqueles autos), cópias de parte dos Livros Diários n°47, 48 e Razão Analítico das contas contábeis utilizadas na apuração dos fatos geradores e de inúmeros recibos de pagamento de contribuintes individuais, antigos RPA’s. Devidamente cientificada do lançamento em 22/12/2008 (fls. 2), a Interessada apresentou Impugnação tempestiva (fls. 107/117), alegando, em síntese: (i) Da previsão do direito à defesa. Defende o direito de 30 (trinta) dias para apresentação da sua Impugnação; (ii) Do lançamento pertinente à falta de recolhimento da contribuição previdenciária descontada dos contribuintes individuais a seu serviço no período de 01, 05 a 10/2004. Alega que a obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias do contribuinte individual é do próprio contribuinte individual, e não há elementos no auto de infração dos valores totais recebidos pelo mesmo. Ademais, argumenta que há regra na IN nº 3/2005, que veda o recolhimento em valor mínimo. Defende que em muitos casos de contribuintes individuais, o valor a ser recolhido pela previdência não atingiu o valor mínimo previsto em ato da Previdência Social, e nem era possível recolher na competência seguinte, em razão da singularidade do segurado, que não repetia ou voltava a prestar algum serviço, sendo inviável seu recolhimento. Compelir o contribuinte a deixar de fazer algo em razão de valor mínimo, é o mesmo que cercear seu direito de defesa. Fl. 256DF CARF MF 4 Ademais, argumenta que no caso em tela, seria necessário que a fiscalização procedesse com uma minuciosa e criteriosa verificação de valores a fim de apurar de fato, que valores não seriam suscetíveis de apropriação, a fim de ensejar a realidade do auto de infração, o que não foi realizado. Por essa razão, entende que a fiscalização tenta desvirtuar a realidade fática. (iii) Das inconsistências da notificação. Reclama a existência de inconsistências no lançamento, no tocante fundamentação descrita no Relatório Fiscal da Infração que cita o artigo 32, inciso IV, §6° da Lei nº 8.212/1991, em face da impossibilidade de se declarar em GFIP informações tidas pela impugnante como não integrantes da remuneração de seus funcionários, bem como não ficou demonstrada a motivação que evidencie a caracterização de remuneração, o que fere o principio de ampla defesa. Questiona, também, a inobservância do principio constitucional da legalidade, em face da omissão das evidencias que respaldaram a autuação, entendendo a ocorrência de vicio formal na sua formalização. Prossegue citando decisões e doutrinadores sobre o tema vícios dos atos administrativos e reitera a obrigação de serem sempre acatados os princípios constitucionais assecuratórios da defesa administrativa; (iv) Da inexistência de previsão legal que determine o recolhimento da contribuição devida pelo segurado quando o mesmo não encontrase identificado. Alega que no Discriminativo Analítico do Débito, revelase que a fiscalização aplicou ainda a cobrança de 8% sobre os pretensos valores devidos, como se fosse obrigação da empresa recolher a contribuição devida pelo obreiro na circunstância do lançamento fiscal, sem sequer existir a individuação do segurado empregado, o que inviabiliza pela via reflexa, a emissão de qualquer GFIP, caso subsista a notificação, visando dar cumprimento a obrigação acessória. Ainda, reclama que há nulidade frente a aplicação da multa, vez que não ocorreram os necessários esclarecimentos quanto à aplicação e a mesma esta em dissonância com os dispositivos legais; Por fim, requereu: a) o recebimento da defesa, pela confluência de seus pressupostos processuais, e seu conhecimento nos termos do Art. 37 Lei Federal n. 9 8.212/91; b) no mérito que a impugnação seja conhecida e provida, para considerar nulo o lançamento do suposto crédito tributário, em razão do cerceamento de defesa perpetrado, pela falta de aplicação correta dos valores sobre o salário de contribuição, pela ausência de indicação dos fatos que geraram a suposta infração; c) protesta provar o alegado, por todos os meios de prova em Direito admitidos, especialmente diligências e perícia a serem realizadas no curso do processo administrativotributário, juntada posterior de documentos, perícia a ser realizada nas unidades da empresa, ficando tudo de logo requerido; d) requer que as intimações relativas ao julgamento da presente impugnação seja enviada ao endereço dos procuradores descrito na procuração juntada, especialmente visando possibilitar a interposição de recursos para o CONSELHO DE RECURSO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ou para o CONSELHO DE CONTRIBUINTES, em face da nova legislação pertinente à matéria, garantindo assim a ampla defesa do contribuinte; Fl. 257DF CARF MF Processo nº 10380.021583/200802 Acórdão n.º 2401005.727 S2C4T1 Fl. 4 5 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG) lavrou Decisão Administrativa contextualizada no Acórdão nº 0936.132 da 5ª Turma da DRJ/JFA, às fls. 162/168, julgando improcedente a impugnação apresentada em face do lançamento, mantendo o crédito tributário exigido em sua integralidade. Recordese: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2004 a 30/10/2004 DEBCAD 37.183.9661 CUSTEIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIARIA DOS SEGURADOS. INCIDÊNCIA SOBRE A REMUNERAÇÃO DOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Compete A. empresa a obrigação de arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual, a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DESCRIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. Restando evidenciado, que a descrição dos fatos e enquadramento legal encontramse suficientemente claros para propiciar o entendimento das infrações imputadas, descabe acolher alegação de nulidade do auto de infração. SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Indeferese pedido de perícia que não apresente seus motivos e não contenha indicação de quesitos e do perito. PEDIDO DE INTIMAÇÃO DIRIGIDA AO PROCURADOR DA EMPRESA. IMPOSSIBILIDADE. É descabida a pretensão de intimações, publicações ou notificações dirigidas ao patrono da impugnante, pois a intimação da autuada se faz no seu domicilio tributário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Inconformada com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário às fls. 174/184, reprisando os argumentos anteriormente lançados em sua peça de Impugnação, nos seguintes termos: (i) Do lançamento pertinente à falta de recolhimento da contribuição previdenciária descontada dos contribuintes individuais a seu serviço no período de 01, 05 a Fl. 258DF CARF MF 6 10/2004. Alega que a obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias do contribuinte individual é do próprio contribuinte individual, e não há elementos no auto de infração dos valores totais recebidos pelo mesmo. Ademais, argumenta que há regra na IN nº 3/2005, que veda o recolhimento em valor mínimo. Defende que em muitos casos de contribuintes individuais, o valor a ser recolhido pela previdência não atingiu o valor mínimo previsto em ato da Previdência Social, e nem era possível recolher na competência seguinte, em razão da singularidade do segurado, que não repetia ou voltava a prestar algum serviço, sendo inviável seu recolhimento. Compelir o contribuinte a deixar de fazer algo em razão de valor mínimo, é o mesmo que cercear seu direito de defesa. Ademais, argumenta que no caso em tela, seria necessário que a fiscalização procedesse com uma minuciosa e criteriosa verificação de valores a fim de apurar de fato, que valores não seriam suscetíveis de apropriação, a fim de ensejar a realidade do auto de infração, o que não foi realizado. Por essa razão, entende que a fiscalização tenta desvirtuar a realidade fática. (ii) Das inconsistências da notificação. Reclama a existência de inconsistências no lançamento, no tocante fundamentação descrita no Relatório Fiscal da Infração que cita o artigo 32, inciso IV, §6° da Lei nº 8.212/1991, em face da impossibilidade de se declarar em GFIP informações tidas pela impugnante como não integrantes da remuneração de seus funcionários, bem como não ficou demonstrada a motivação que evidencie a caracterização de remuneração, o que fere o principio de ampla defesa. Questiona, também, a inobservância do principio constitucional da legalidade, em face da omissão das evidencias que respaldaram a autuação, entendendo a ocorrência de vicio formal na sua formalização. Prossegue citando decisões e doutrinadores sobre o tema vícios dos atos administrativos e reitera a obrigação de serem sempre acatados os princípios constitucionais assecuratórios da defesa administrativa; (iii) Da inexistência de previsão legal que determine o recolhimento da contribuição devida pelo segurado quando o mesmo não encontrase identificado. Alega que no Discriminativo Analítico do Débito, revelase que a fiscalização aplicou ainda a cobrança de 8% sobre os pretensos valores devidos, como se fosse obrigação da empresa recolher a contribuição devida pelo obreiro na circunstância do lançamento fiscal, sem sequer existir a individuação do segurado empregado, o que inviabiliza pela via reflexa, a emissão de qualquer GFIP, caso subsista a notificação, visando dar cumprimento a obrigação acessória. Ainda, reclama que há nulidade frente a aplicação da multa, vez que não ocorreram os necessários esclarecimentos quanto à aplicação e a mesma esta em dissonância com os dispositivos legais; Por fim, requereu: a) o recebimento do presente RECURSO VOLUNTÁRIO, pela confluência de seus pressupostos processuais, e seu conhecimento nos termos do Art. 37 Lei Federal n. 9 8.212/91; b) no mérito que a impugnação seja conhecida e provida, para considerar nulo o lançamento do suposto crédito tributário, em razão do cerceamento de defesa Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10380.021583/200802 Acórdão n.º 2401005.727 S2C4T1 Fl. 5 7 perpetrado, pela falta de aplicação correta dos valores sobre o salário de contribuição, pela ausência de indicação dos fatos que geraram a suposta infração; c) protesta provar o alegado, por todos os meios de prova em Direito admitidos, especialmente diligências e perícia a serem realizadas no curso do processo administrativotributário, juntada posterior de documentos, perícia a ser realizada nas unidades da empresa, ficando tudo de logo requerido; d) requer que as intimações relativas ao julgamento da presente impugnação seja enviada ao endereço dos procuradores descrito na procuração juntada, especialmente visando possibilitar a interposição de recursos para o CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS. É o relatório. Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE A Recorrente foi cientificada do acórdão em 14/06/2012 (fls. 173) e interpôs o Recurso Voluntário, tempestivamente, em 12/07/2012, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO 2.1. Da contribuição dos segurados contribuintes individuais. De início, vale destacar que o presente Auto de Infração encontrase revestido das formalidades legais, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais normativos que disciplinam o assunto, consoante o disposto no caput do artigo 33 da Lei nº 8.212/91, e os artigos 2º e 3º da Lei nº 11.457/07, c/c o disposto no artigo 293 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Ressaltese, ainda, que foi integralmente obedecido o artigo 10 do Decreto 70.235/72. Portanto, não há que se falar em improcedência do mesmo. O lançamento em questão teve como origem a constatação, por parte da Fiscalização, de que “o contribuinte não efetuou, em sua totalidade, o recolhimento das contribuições, descontadas dos segurados contribuintes individuais autônomos e transportadores autônomos, incidentes sobre o pagamento efetuados a estes, por serviços prestados à empresa”. A Recorrente se insurge no sentido de que a obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias do contribuinte individual é desse último, e não da empresa, bem como não há elementos nos autos dos valores totais recebidos pelo mesmo. Fl. 260DF CARF MF 8 Todavia, as Leis nº 8.212/91 e 10.666/03, são claras quanto à obrigação descumprida pela empresa, vejamos: “Lei nº 8.212/91. Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) I a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; b) recolher os valores arrecadados na forma da alínea a deste inciso, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22 desta Lei, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da competência; Lei nº 10.666/03. Art. 4º Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009).” A maior novidade trazida pela Medida Provisória n° 83, convertida na Lei Federal n° 10.666/2003, com vigência desde a competência abril/2003 foi aquela que obrigou as empresas a descontar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço (empresários e autônomos), da respectiva remuneração, e a recolhela, juntamente com a contribuição a seu cargo, até o dia 20 do mês seguinte ao da competência. Por sua vez o Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, complementa, delineando a forma que deve ser observada para o cumprimento do dispositivo legal, conforme disposto no seu artigo 216, inciso I, “a”, a saber: “Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: I a empresa é obrigada a: a) arrecadar a contribuição do segurado empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração;” Assim, além do recolhimento das contribuições previdenciárias (obrigação principal), os contribuintes em geral estão sujeitos à satisfação de determinadas obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária, dentre as quais: (i) lançar mensalmente em Fl. 261DF CARF MF Processo nº 10380.021583/200802 Acórdão n.º 2401005.727 S2C4T1 Fl. 6 9 títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (ii) preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço; (iii) arrecadar a contribuição do segurado empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração. Além disso, quanto às demais alegações no sentido de que não há nos autos elementos dos valores recebidos pelos contribuintes individuais e que estes já teriam recolhido o teto da referida contribuição, pertinente se mostra o entendimento adotado pela instância administrativa a quo no sentido de que “É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 333, II, do Código de Processo Civil”. Dessa forma, no que diz respeito a alegação da Recorrente no sentido de que não poderia ter ocorrido o lançamento dos segurados empregados contribuintes individuais, posto que os referidos trabalhadores já haviam contribuído e, com desconto do valor máximo permitido, verifico que a argumentação não merece prosperar. Isso porque, nos termos das razões expostas pela decisão recorrida, era dever da Recorrente apresentar documentação comprobatória de que os seus empregados recolheram os valores da contribuição pelo teto vigente à época, ônus do qual não se desincumbiu. Portanto, não há razões de reforma no julgado recorrido, merecendo a respeitável decisão de primeira instância administrativa ser confirmada nesse ponto. 2.2. Da alegada inconsistência da notificação e ilegalidade do ato. Ausência de infringência ao direito de ampla defesa. Da legalidade do ato administrativo. Compulsando os autos, verificase que o Auto de Infração está devidamente motivado por meio de elementos examinados durante a auditoria na empresa autuada, bem como contém o discriminativo de todos os fundamentos legais que suportam o débito, não havendo que se cogitar de nulidade. Isso porque, o lançamento foi originado a partir de uma fiscalização regular, onde se constatou valores devidos pela Recorrente a título de contribuições sociais. Nesse diapasão, o Auto de Infração apresenta de forma discriminada todos os fundamentos que deram origem ao débito apurado em desfavor da Recorrente, não havendo que se falar em nulidade do presente procedimento por ausência de motivação do lançamento. Nesse passo, os fatos geradores das contribuições cobradas no presente processo tiveram sua ocorrência constatada quando do regular exame da contabilidade da empresa disponibilizada à fiscalização, tendo sido fornecido pela Recorrente e verificado os Livros Diários e Razão Analítico das contas contábeis utilizadas na apuração dos fatos geradores. Fl. 262DF CARF MF 10 Diante disso, se entendido pela autoridade administrativa a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, a mesma tem o dever legal e funcional de efetuar o lançamento. Na dicção do parágrafo único do artigo 142 do Código, a atividade administrativa de lançamento não é apenas vinculada, mas também obrigatória, sob pena de responsabilidade. Confirase: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Além disso, o auditorfiscal enquadrase como servidor público. Por efeito, seus atos têm presunções de veracidade e legitimidade, pela fé pública que lhe é conferida. Ainda, por consequência, os autos de infração e os relatórios de fiscalização, confeccionados alcançam as mesmas presunções. No caso em tela, pela leitura dos Fundamentos Legais do Débito (fls. 30/31) e pelo Relatório Fiscal (fls. 34/37), notase claramente que o Auto de Infração se encontra dentro das formalidades legais, tendo sido lavrado de acordo com a legislação vigente. Isso suficiente não fora, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima a Recorrente apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento, razão pela qual afasto a alegada nulidade. Desta forma, nego provimento a Recurso Voluntário, neste particular. 2.3. Da multa aplicada. Sobre o tema em debate, esclareço que a Recorrente se limitou a repetir os mesmos argumentos já lançados em sua defesa (fls. 115/116), sem, contudo, observar o quanto restou decidido pela DRJ de origem. Pelo que se colhe da Impugnação e agora reiterado em sede de recurso, a Recorrente assevera que ainda que fosse devido o tributo exigido, a multa aplicada está nitidamente em desacordo com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Narra que há nulidade na aplicação da multa, uma vez que não ocorreram os necessários esclarecimentos quanto à sua aplicação e a mesma está em dissonância com os dispositivos legais. Assim, entende que a multa aplicada é ilegal. Todavia, entendo que as razões recursais não merecem prosperar. Fl. 263DF CARF MF Processo nº 10380.021583/200802 Acórdão n.º 2401005.727 S2C4T1 Fl. 7 11 Isso porque, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o artigo 35 da Lei nº 8.212/1991, vigente à época dos fatos geradores aqui discutidos. Não recolhendo no momento oportuno, deve o contribuinte arcar com o ônus de seu inadimplemento. Se não houvesse tal exigência, haveria violação ao princípio da isonomia, pois o contribuinte que não recolhera no prazo fixado teria tratamento similar àquele que cumprira em dia com as suas obrigações fiscais. O mencionado artigo 35 da Lei nº 8.212/1991, assim dispunha: “Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) quatro por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) sete por cento, no mês seguinte; c) dez por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c) vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 264DF CARF MF 12 c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) trinta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; b) trinta e cinco por cento, se houve parcelamento; c) quarenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; d) cinqüenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10380.021583/200802 Acórdão n.º 2401005.727 S2C4T1 Fl. 8 13 § 4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).” Dessa forma, inexiste na multa aplicada, caráter confiscatório, ou que afronte os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, visto que decorre de previsão legal e foi fixada nos parâmetros da legislação vigente à época dos fatos. Por outro lado, e conforme dito anteriormente, o acórdão recorrido se manifestou sobre a aludida multa no sentido de que houve cometimento de equívocos pela autoridade lançadora, no tocante à fixação da multa mais benéfica, pois foi utilizada a multa de mora, quando o mais benéfico seria a multa de oficio. Confirase: “Reclama, ainda, a impugnante sobre a falta de explicações quanto aplicação da multa. Sobre este tema cabe elucidar que a autoridade fiscal tem o dever legal de fazer o lançamento do crédito acrescido de multa, quando constatar irregularidade no recolhimento de contribuição previdenciária. A multa a ser aplicada, após a edição da edição da Medida Provisória n° 449, de 03 de dezembro de 2008, posteriormente convertida na Lei 11941/09, de 27 de maio de 2009, pode ser a multa de mora prevista no art. 35 da Lei n° 8.212 de 1991, ou a multa de oficio estabelecida no art. 44 da Lei n° 9.430 de 1996, conforme determina o art. 35A da Lei n° 8.212 de 1991, dependendo da análise sobre qual será a mais benéfica para o contribuinte, conforme determinado pelo art. 106, inciso II alínea "c" do CIN. Para se aplicar a legislação referente à multa, se de mora ou de oficio, a Fiscalização, quando da lavratura do auto, deveria realizar cálculos comparativos das multa, por competência, por lançamentos considerando os créditos decorrentes de obrigação principal e aqueles relativos ao descumprimento de obrigação acessória, contudo, como o lançamento em pauta se deu logo após a edição da referida Medida Provisória, publicada em 04/12/2008, ou seja, em 19/12/2008 ainda não existia clareza quando aos procedimentos a serem realizados na formalização do comparativo, e a fiscalização não o fez, fixando no caso a multa de mora, nos termos da legislação vigente A época do fato gerador. Com base nos dados coletados no conjunto de processos lavrados contra a impugnante (DEBCAD 37.183.9629; 37.183.9599; 37.183.9661; 37.183.9610; 37.183.965 3), elaborei o quadro comparativo de multa considerando a legislação anterior e posterior a 04/12/2008 data de publicação da MP449/2008, que anexo ao presente acórdão, onde se comprova o cometimento de equívocos pela autoridade lançadora, no tocante à fixação da multa mais benéfica, pois foi utilizada a multa de mora, quando o mais benéfico seria a multa de oficio. Fl. 266DF CARF MF 14 No entanto, atualmente, de acordo com a orientação contida nos artigos 1° e 2° da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 14 de 04/12/2009, a definição da multa mais benéfica somente se operacionalizará definitivamente quando o contribuinte manifestar sua intenção de liquidar o crédito tributário, dessa forma, diante do atual contexto, cabe o registro, mas a apuração final será de incumbência do órgão finalizador do processo quando de sua liquidação.” Ocorre que, a Recorrente não se insurgiu especificamente quanto aos termos do decisum acima transcrito, limitandose a repetir idênticos argumentos lançados em sua peça de Impugnação. Assim, como não houve impugnação especifica, de modo a rebater os argumentos da decisão prolatada pela DRJ/JFA, adoto os fundamentos da decisão proferida em sede de primeira instância, com os quais, concordo, com fundamento no artigo 57, § 3º Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF): “Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida.” Assim, nego provimento ao recurso nesse ponto. 2.4. Das intimações. Por fim, é medida tranquila a manutenção do acórdão no sentido de que as intimações deverão continuar a ser direcionadas ao domicilio tributário eleito pelo contribuinte, ora Recorrente, conforme artigo 23 do Decreto nº 70.235, de 1972. Desse modo, deve ser desprovido o pedido de direcionamento das intimações aos patronos da causa, à míngua de amparo legal. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto. Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10380.021583/200802 Acórdão n.º 2401005.727 S2C4T1 Fl. 9 15 É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 268DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.943402/2009-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
PROCESSUAL - PRECLUSÃO - INOBSERVÂNCIA AOS PRECEITOS DO ART. 16 DO DECRETO 70.235/72.
Opera-se preclusão consumativa quanto a matéria não suscitada por ocasião da manifestação de inconformidade, sendo impossível dela conhecer em de sede de recurso de ofício acaso não demonstradas as hipóteses do art. 16 do Decreto 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-003.055
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Paulo Henrique , Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa que foi substituído no colegiado pela conselheira Bárbara Santos Guedes (suplente convocada).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 PROCESSUAL PRECLUSÃO INOBSERVÂNCIA AOS PRECEITOS DO ART. 16 DO DECRETO 70.235/72. Operase preclusão consumativa quanto a matéria não suscitada por ocasião da manifestação de inconformidade, sendo impossível dela conhecer em de sede de recurso de ofício acaso não demonstradas as hipóteses do art. 16 do Decreto 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Paulo Henrique , Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa que foi substituído no colegiado pela conselheira Bárbara Santos Guedes (suplente convocada). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 94 34 02 /2 00 9- 76 Fl. 173DF CARF MF Processo nº 15374.943402/200976 Acórdão n.º 1302003.055 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Cuida o processo de pedido de compensação de crédito oriundo de pretenso indébito de IRPJ apurado no anocalendário de 2004. Inicialmente, o pleito não foi homologado em razão de, na forma do despacho decisório constante dos autos, terse verificado que o DARF que dera origem ao pedido estar alocado, integralmente, à débito declarado em DCTF. Cientificado do respectivo despacho, o contribuinte manejou a sua manifestação de inconformidade sustentando, em apertada síntese, que teria se equivocado quando do preenchimento da mencionada DCTF tendo apresentado, junto com a sua petição, cópia de declaração retificadora, por meio da qual, exclui o débito relativo ao primeiro trimestre de 2004. Ao analisar a manifestação do recorrente, a DRJ do Rio de Janeiro houve por bem julgála improcedente dado entender que a DCTF retificadora teria sido transmitida em 21/07/2009 e, portanto, após a ciência, pela empresa, de despacho decisório concernente a pedido de compensação tratado em processo conexo, relativo ao mesmo crédito. Ato contínuo, e sem maiores explicações, considerou não demonstrada a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Cientificado do acórdão supra em 16 de setembro de 2011 (sextafeira), conforme AR juntado à efls. 115, o recorrente interpôs suas razões de insurgência em 18 de outubro de 2011 (terçafeira), tal como se extrai do carimbo aposto à efls. 117, alegando que: a) a DCTF retificadora seria, per se, suficiente para comprovar o crédito pleiteado, não se observando, na hipótese, a perda da espontaneidade pelo fato de ter sido transmitida após despacho decisório proferido em outro processo de compensação, cujo objeto é o mesmo crédito tratado neste feito; b) a par do alegado anteriormente, a retificação realizada teria se dado porque o contribuinte, sujeito ao regime de lucro presumido, teria aplicado o percentual de presunção de 32% sobre a sua receita bruta quando, como demonstra através de Solução de Consulta de nº 340/04 de 29 de julho de 2004, estaria sujeita ao percentual de 8% por desenvolver atividade hospitalar. A vista do exposto, sustenta que faria, sim, jus ao direito creditório pleiteado, requerendo, pois, a reforma do acórdão combatido e a homologação de seu pleito. Este é o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado – Relator. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 15374.943402/200976 Acórdão n.º 1302003.055 S1C3T2 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.047, de 17/08/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15374.943401/2009 21, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.047): "O recurso é tempestivo mas, todavia, não merece conhecimento. De fato, o contribuinte argui, em manifestação, apenas e tão somente, que o crédito se originaria de erro no registro de sua DCTF, justificando a respectiva retificação apenas em tal alegação genérica. Apenas quando da interposição de seu recurso voluntário o contribuinte suscita se tratar de empresa que desenvolve atividade hospitalar e que, nesta esteira, faria jus á redução de sua base de presunção... há, neste passo, inegável, e vedada, inovação da matéria em litígio em aberto e incontendível afronta aos preceitos dos arts. 16 e 17 do Decreto 70.235/72. A matéria abordada pelo recurso voluntário, pois, já estaria abarcada por preclusão lógica. Como esta é a única questão tratada no recurso voluntário e, não tendo sido arguída em primeira instância, consentaneamente, o próprio apelo carece dos requisitos mínimos a sua apreciação. Assim, voto por não conhecer do recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 175DF CARF MF
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Numero do processo: 10665.723005/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Aug 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
PIS. CREDITAMENTO. FRETE. CONCEITO DE INSUMOS COM BASE NO CRITÉRIO DE ESSENCIALIDADE.
Os gastos com fretes no retorno de mercadorias remetidas para industrialização por encomenda, e na transferência de insumos e de produtos em elaboração da filial para a matriz, geram direito ao crédito de PIS na sistemática não-cumulativa, pois são essenciais ao processo produtivo da Recorrente.
Os gastos com fretes na transferência de produtos acabados da filial para a matriz não geram direito ao crédito de PIS, pois são gastos incorridos após o encerramento do processo produtivo da Recorrente e não são fretes em operações de venda.
PIS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI Nº 10.925/2004. FRETE.
As pessoas jurídicas que produzam as mercadorias de origem animal ou vegetal especificadas no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir de PIS crédito presumido calculado sobre bens e serviços utilizados como insumo, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Os gastos com frete na compra destes bens devem ser adicionados ao seu custo de aquisição e seguir a mesma metodologia de apuração.
PIS. CREDITAMENTO. FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE NÃO REPASSADO AO FORNECEDOR.
O frete, como modalidade de custo de aquisição para o adquirente, apenas gerará crédito quando não repassado aos fornecedores da contribuinte.
Numero da decisão: 3401-005.240
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em dar parcial provimento ao recurso, da seguinte forma: (a) por unanimidade de votos, para reconhecer o crédito sobre (a1) fretes no retorno de mercadoria remetida para industrialização por encomenda; (a2) fretes na transferência de insumo da filial para a matriz; e (a3) frete na transferência de produto em elaboração da filial para a matriz; (b) por unanimidade de votos, para afastar o direito de crédito integral em relação a "fretes em transferências não identificadas - Transferências de Embalagens da matriz para a filial", a "fretes relativos a outras entradas, remessas e transferências não anteriormente descritas", e a "despesas com reajustes de fretes (20%)", mantendo a decisão de piso; e (c) por maioria de votos, vencidos os Cons. Lázaro Antonio Souza Soares, Mara Cristina Sifuentes e Marcos Roberto da Silva, para reconhecer o crédito em relação a serviços que foram tributados (fretes de compras, fretes na aquisição de insumos importados, e fretes relativos a bens sujeitos a alíquota zero e com suspensão). O Cons. Tiago Guerra Machado votou ainda pelo provimento a créditos de fretes na transferência de produtos acabados da filial para a matriz, sendo vencido pelo posicionamento dos demais conselheiros.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da Turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente da Turma), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antônio Souza Soares.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CREDITAMENTO. FRETE. CONCEITO DE INSUMOS COM BASE NO CRITÉRIO DE ESSENCIALIDADE. Os gastos com fretes no retorno de mercadorias remetidas para industrialização por encomenda, e na transferência de insumos e de produtos em elaboração da filial para a matriz, geram direito ao crédito de PIS na sistemática nãocumulativa, pois são essenciais ao processo produtivo da Recorrente. Os gastos com fretes na transferência de produtos acabados da filial para a matriz não geram direito ao crédito de PIS, pois são gastos incorridos após o encerramento do processo produtivo da Recorrente e não são fretes em operações de venda. PIS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI Nº 10.925/2004. FRETE. As pessoas jurídicas que produzam as mercadorias de origem animal ou vegetal especificadas no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir de PIS crédito presumido calculado sobre bens e serviços utilizados como insumo, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Os gastos com frete na compra destes bens devem ser adicionados ao seu custo de aquisição e seguir a mesma metodologia de apuração. PIS. CREDITAMENTO. FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE NÃO REPASSADO AO FORNECEDOR. O frete, como modalidade de custo de aquisição para o adquirente, apenas gerará crédito quando não repassado aos fornecedores da contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 72 30 05 /2 01 1- 13 Fl. 987DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, em dar parcial provimento ao recurso, da seguinte forma: (a) por unanimidade de votos, para reconhecer o crédito sobre (a1) fretes no retorno de mercadoria remetida para industrialização por encomenda; (a2) fretes na transferência de insumo da filial para a matriz; e (a3) frete na transferência de produto em elaboração da filial para a matriz; (b) por unanimidade de votos, para afastar o direito de crédito integral em relação a "fretes em transferências não identificadas Transferências de Embalagens da matriz para a filial", a "fretes relativos a outras entradas, remessas e transferências não anteriormente descritas", e a "despesas com reajustes de fretes (20%)", mantendo a decisão de piso; e (c) por maioria de votos, vencidos os Cons. Lázaro Antonio Souza Soares, Mara Cristina Sifuentes e Marcos Roberto da Silva, para reconhecer o crédito em relação a serviços que foram tributados (fretes de compras, fretes na aquisição de insumos importados, e fretes relativos a bens sujeitos a alíquota zero e com suspensão). O Cons. Tiago Guerra Machado votou ainda pelo provimento a créditos de fretes na transferência de produtos acabados da filial para a matriz, sendo vencido pelo posicionamento dos demais conselheiros. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da Turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente da Turma), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antônio Souza Soares. Relatório Trata o presente caso de ação fiscal desenvolvida junto ao contribuinte CODIL ALIMENTOS LTDA para análise de Pedido de Ressarcimento, referente a créditos de PIS e Cofins NãoCumulativa. Conforme Despacho Decisório, o crédito pleiteado foi parcialmente reconhecido, tendo a fiscalização glosado créditos referentes a fretes de diferentes classificações/modalidades. O contribuinte apresentou Impugnação, alegando, em síntese: (...) 2.2 MÉRITO (...) 1.1) Fretes nas compras de pessoa física (arroz em casca). (...) A Fiscalização procede a referida "glosa", sob o entendimento de que, embora o Contribuinte tenha direito ao crédito presumido sobre as aquisições de arroz em casca efetuadas de pessoas físicas, nos termos do art. 8o da Lei n° 10.925/2004, corroborado pela Solução de Consulta n° 90 SRRF/6ªRF/Disit, Fl. 988DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 4 3 este não se valeu deste direito, deixando de efetuar o creditamento das contribuições. O I. Auditor Fiscal, inovando, de forma contrária à legislação pertinente, insiste na teoria de que, se o Contribuinte não se utilizou do crédito presumido que tem direto, sobre a matéria prima (arroz em casca) adquirida de pessoas físicas, não pode se utilizar do crédito referente ao serviço de transporte (frete) contratado para realizar o transporte dessa matéria prima para a unidade industrial. Ora, uma coisa é o crédito sobre a aquisição, benefício atribuído pelo Legislador, apurado de forma "presumida", devido à operação de venda do produtor pessoa física não ter incidência tributária. Outra coisa é o valor das contribuições incidentes sobre frete contratado, que integram o custo do serviço de transporte e cujo ônus foi suportado pelo Contribuinteadquirente. O fato do Contribuinte não se utilizar de crédito a que tem direito, não lhe impede de aproveitar os demais créditos. Assim, o custo de aquisição é composto do valor da matéria prima adquirida, somado a este o valor do serviço de transporte (frete) contratado para transporte até o estabelecimento industrial do Contribuinteadquirente, cujo ônus assumiu. Ora, se o custo total da matéria prima é composto por uma parte que não foi tributada (matéria prima) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), é obvio que a parte que foi tributada (frete) irá compor o custo de aquisição pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade aplicável ao regime de tributação do Contribuinte. Assim, a parte que foi tributada (frete) ensejará direito ao crédito, assim como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como: embalagens e materiais intermediários. (...) 1.2) Fretes no retorno de mercadoria remetida para industrialização por encomenda. O Douto AuditorFiscal, em seu Termo de Verificação, glosa o creditamento das contribuições PIS e COFINS sobre fretes de retornos de mercadoria remetida para industrialização por encomenda, sob o argumento que este não se caracteriza como "insumo". Insta discordar do entendimento do I. Auditor. O processo de industrialização realizado fora do estabelecimento do Contribuinteadquirente não descaracteriza os "insumos" inerentes ao referido processo, cujo conceito inclui todos os dispêndios necessários ao processo produtivo. Fl. 989DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 5 4 Para realizar a industrialização (beneficiamento) em estabelecimento terceirizado, necessário se faz a remessa da matéria prima à unidade industrial, bem como o retorno do produto decorrente do beneficiamento. Somente após a entrada deste produto no estabelecimento do Contribuinte é que se caracteriza a finalização do processo produtivo. (...) 1.3) Fretes no retorno de mercadoria de depósito fechado ou armazém geral. Não foram constatadas, neste trimestre, quaisquer operações desta natureza. Consequentemente, nenhuma glosa de possíveis créditos de PIS e COFINS foi procedida a esse título. 1.4) Fretes na aquisição de insumo importado. (...) As aquisições de matéria prima (arroz beneficiado a granel) efetuadas de fornecedor internacional, está sujeita à tributação das contribuições PIS e COFINS com alíquota zero. Porém o serviço de transporte (frete) contratado de pessoa jurídica domiciliada no país, para transportar a referida matéria prima do porto até o estabelecimento do Contribuinteimportador, onde será submetida aos processos industriais de seleção e empacotamento, está sujeito à tributação normal das referidas contribuições. Este insumo (frete) compõe o custo da matéria prima, como é sempre adotado no custeio por absorção, ensejando direito ao crédito das contribuições PIS e COFINS. (...) Ora, se o custo total do "insumo" é composto por uma parte que não foi tributada (matéria prima sujeita à tributação com alíquota zero) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), é obvio que a parte que foi tributada (frete) irá compor o custo de aquisição pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade aplicável ao regime de tributação do Contribuinte. Assim, a parte que foi tributada (frete) ensejará direito ao crédito, assim como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como: embalagens e materiais intermediários. (...) 1.5) Fretes na transferência de insumo da filial para a matriz. (...) Fl. 990DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 6 5 O Arroz em Casca é matéria básica de nossa industrialização, e é adquirida praticamente em sua totalidade no Estado do Rio Grande do Sul. A logística de transporte desta matéria prima obedece a dois procedimentos alternativos: a) vem diretamente dos produtores rurais estabelecidos no Estado do Rio Grande do Sul para a unidade Matriz estabelecida na cidade de Divinópolis/MG; b) é armazenado na filial estabelecida no Rio Grande do Sul, para posterior remessa à unidade Matriz do Contribuinte. Em ambos os procedimentos o destino final é o mesmo, ou seja, a entrega da matéria prima na unidade Matriz estabelecida na cidade de Divinópolis/MG, para industrialização. O insumo (frete) compõe o custo da matéria prima, critério adotado no custeio por absorção, ensejando direito ao crédito das contribuições PIS e COFINS. (...) Ora, se o custo total do "insumo" é composto por uma parte que não foi tributada (valor da transferência) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), é obvio que a parte que foi tributada (frete) irá compor o custo pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade aplicável ao regime de tributação do Contribuinte. Assim, a parte que foi tributada (frete) ensejará direito ao crédito, assim como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como: embalagens e materiais intermediários. (...) 1.6) Fretes na transferência de produto em elaboração, produto acabado e subproduto da filial para a matriz. (...) Para melhor entendimento, fazse necessário individualizar cada transferência da filial para a matriz, por natureza: (...) 1.6.a) Fretes na transferência de produto em elaboração da filial para a matriz: No tocante à transferência de arroz semielaborado, ou na expressão do I. Auditor "produto inacabado", da filial de Capivari do Sul para a matriz em Minas Gerais, o I. Auditor Fiscal procedeu a glosa do crédito fiscal sob o argumento de Fl. 991DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 7 6 não tratarse de frete contratado para entrega de produto acabado diretamente aos clientes adquirentes. Não pode prevalecer o posicionamento adotado pelo I. Auditor, pois na realidade tratase da transferência de "arroz a granel", ou seja, produto semielaborado, portanto, ainda "insumo", que passará por processos industriais de seleção e empacotamento. (...) Ora, se o custo total do "insumo" é composto por uma parte que não foi tributada (valor da transferência) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), é obvio que a parte que foi tributada (frete) irá compor o custo pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade aplicável ao regime de tributação do Contribuinte. Assim, a parte que foi tributada (frete) ensejará direito ao crédito, assim como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como: embalagens e materiais intermediários. (...) I.6.b) Fretes na transferência de produto acabado da filial para a matriz: (...) Neste caso, corresponde ao frete de transferência da unidade produtora (filial) para matriz, objetivando disponibilizar os produtos mais próximos do mercado consumidor (clientes). Tratase de despesa na venda de produto já produzido, portanto um ciclo mediato de comercialização superveniente à produção do bem demandado por motivos logísticos, de praticidade e de tempo, entre o trecho da filial em Capivari do Sul aos estabelecimentos dos clientes compradores que são em sua totalidade no Estado de Minas Gerais. Essas despesas constituem meros dispêndios parciais do frete cobrado entre a unidade fabril de Capivari do Sul até seus clientes e, portanto, são gastos com vendas, por referiremse à fase de comercialização venda para clientes, devido à logística adotada pela empresa. Portanto, são efetivas despesas inerentes diretamente às operações de venda, cujo ônus foi suportado pelo Contribuinte. (...) I.6.c) Fretes na transferência de subprodutos da filial para a matriz: Não foram constatadas, neste trimestre, quaisquer operações desta natureza. Consequentemente, nenhuma glosa de possíveis créditos de PIS e COFINS foi procedida a esse título. Fl. 992DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 8 7 1.7) Fretes em transferências não identificadas (Transferências de Embalagens). (...) Embora o I. Auditor Fiscal tenha rotulado as operações como "Fretes em transferências não identificadas", os CTRCs incluídos neste item referemse ao serviço de transporte (frete) contratado nas operações de "Transferências de Embalagens" da matriz (MG) para a filial (RS), destinadas ao empacotamento do produto acabado, ou seja "insumo". (...) Ora, se o custo total do "insumo embalagem" é composto por uma parte que não foi tributada (valor da transferência) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), é obvio que a parte que foi tributada (frete) irá compor o custo pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade aplicável ao regime de tributação do Contribuinte. Assim, a parte que foi tributada (frete) ensejará direito ao crédito, assim como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como: matéria prima, materiais intermediários e a própria embalagem. (...) 1.8) Fretes na compra de insumos de PJ com alíquota zero. (...) As aquisições dos insumos (arroz beneficiado e feijão a granel) efetuadas junto à pessoas jurídicas domiciliadas no país, estão sujeitas à tributação das contribuições PIS e COFINS com alíquota zero. Porém o serviço de transporte (frete) contratado de pessoa jurídica domiciliada no país, para transportar as referidas matérias primas até o estabelecimento industrial do Contribuinte, onde será submetida aos processos industriais de seleção e empacotamento, está sujeito à tributação normal das referidas contribuições. Este insumo (frete) compõe o custo da mercadoria e/ou matéria prima, como é sempre adotado no custeio por absorção, ensejando direito ao crédito das contribuições PIS e COFINS. (...) Ora, se o custo total da mercadoria e/ou matéria prima é composto por uma parte que não foi tributada (mercadoria e/ou matériaprima sujeita à tributação com alíquota zero) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), é obvio que a parte que foi tributada (frete) irá compor o custo de aquisição pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade aplicável ao regime de tributação do Contribuinte. Fl. 993DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 9 8 Assim, a parte que foi tributada (frete) ensejará direito ao crédito, assim como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como: embalagens e materiais intermediários. (...) 1.9) Fretes nas compras de insumos de PJ com suspensão da contribuição. Nas aquisições de matéria prima (arroz em casca) de Pessoa Jurídica a legislação permite o creditamento do PIS e da COFINS, na forma de crédito presumido, nos termos do artigo 8º, §1°, III da Lei 10.925/2004, combinado com os artigos 5º e seguintes da IN SRF n° 660/2006. A Fiscalização procede a referida "glosa", sob o entendimento de que, considerando que os insumos não foram tributados pelas contribuições (suspensão), também os fretes na aquisição dos mesmos não geram direito ao crédito. Equivocase o I. Auditor Fiscal, em não considerar que a aquisição da referida matéria prima (arroz em casca) gera direito ao crédito presumido, conforme já citado. Portanto, sendo a aquisição passível de creditamento das contribuições, o correspondente serviço de transporte (frete) também gera direito ao crédito, por integrar o custo de aquisição. (...) 1.10) Fretes contabilizados na conta 21814 "Fretes e Carretos", mas considerados em DACON como fretes sobre compras. Não foram constatadas, neste trimestre, quaisquer operações desta natureza. Consequentemente, nenhuma glosa de possíveis créditos de PIS e COFINS foi procedida a esse título. 1.11) Fretes relativos a outras entradas, remessas e transferências não anteriormente descritas. Tratamse de serviços de transporte (fretes) referentes as seguintes operações: a) Compras de material de uso e consumo Vr. R$ 506,46; b) Compras de ativo imobilizado Vr. R$ 5.040,00 + R$ 40,00 (incluso item 1.12) c) Outras entradas de mercadorias não especificadas Vr. R$ 199,20; (...) Equivocase o I. Auditor Fiscal, em não considerar que os referidos serviços de transporte (fretes) encontramse elencados dentre os dispêndios necessários à atividade do Contribuinte, Fl. 994DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 10 9 portanto passíveis de gerar crédito das contribuições de PIS e COFINS. (...) 1.12) Despesas com reajustes de fretes (20%). Referemse a complementos de fretes de diversas operações já analisadas e fundamentadas nos tópicos próprios, cuja respectiva base de cálculo está demonstrada na fl. 737, conforme Anexo I Parte B, pag. 1/4, do Termo de Verificação Fiscal item "glosa obs 16" no valor de R$ 129.684,04. II) Itens classificados pelo Contribuinte como Fretes sobre aquisição de Matéria Prima de PJ: Referemse às operações de compra de "arroz em casca" efetuadas junto à pessoas jurídicas. O I. Auditor Fiscal procedeu a glosa dos referidos créditos, sob o argumento de que, estando a operação com tributação suspensa, não gera direito ao crédito de PIS e COFINS. Nas aquisições de matéria prima (arroz em casca) de Pessoa Jurídica a legislação permite o creditamento do PIS e da COFINS, na forma de crédito presumido, nos termos do artigo 8º, §1°, III da Lei 10.925/2004, combinado com os artigos 5º e seguintes da IN SRF n° 660/2006. Assim, nas referidas aquisições o Contribuinte pode apropriar se do credito presumido equivalente a 35% das alíquotas aplicáveis ao PIS e a COFINS, ou seja: 0,5775% > (35% de 1,65%) aplicável ao PIS 2,6600% > (35% de 7,60%) aplicável à COFINS (...) III) Itens classificados pelo Contribuinte como Fretes sobre vendas: Não foram constatadas, neste trimestre, quaisquer operações desta natureza. Consequentemente, nenhuma glosa de possíveis créditos de PIS e COFINS foi procedida a esse título. A DRJ/BHE julgou a Manifestação de Inconformidade, por unanimidade de votos, procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 02045.069. Em síntese, o provimento foi parcial em relação aos seguintes itens: a) Fretes nas compras de Pessoa Física (arroz em casca); b) Fretes na compra de insumos de Pessoa Jurídica com suspensão da contribuição (produtos agropecuários); c) Despesas com reajustes de fretes (20%); e d) Itens classificados pelo contribuinte como “Fretes” sobre aquisição de Matéria Prima de PJ. Todos estes valores se referem a dispêndios passíveis de gerar crédito presumido de PIS e COFINS, no entender da Turma julgadora, motivo pela qual o cálculo desses créditos se deu da mesma forma como seria o cálculo do crédito presumido do próprio Fl. 995DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 11 10 insumo, ou seja, apenas no percentual de 35% das alíquotas de 1,65% (Pis/Pasep) e 7,6% (Cofins). Em relação aos demais itens objeto da Manifestação, as glosas foram mantidas. O contribuinte apresentou Recurso Voluntário, pugnando pela improcedência de praticamente todas as glosas mantidas pela DRJ/BHE, inclusive aquelas relacionadas aos itens em que obteve decisão procedente em parte, excetuando apenas os tópicos referentes a "Itens classificados pelo contribuinte como Fretes sobre aquisição de Matéria Prima de PJ" e "Itens classificados pelo contribuinte como Fretes sobre Vendas". Nesta peça processual, limitouse a repisar exatamente os mesmos argumentos contidos na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401005.234, de 27 de agosto de 2018, proferido no julgamento do processo 10665.722999/201142, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401005.234): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conheci mento. Passo a analisar, a seguir, os temas questionados pelo Recorrente. Itens classificados pelo Contribuinte como Fretes sobre Compras: I.1 Fretes nas compras de pessoa física (arroz em casca), reconhecido parcialmente o crédito na proporção de 35% da alíquota e mantida glosa de 65% da alíquota aplicável. Pretende o contribuinte seja reconhecido seu direito de creditarse do valor integral da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, incidentes sobre os serviços de transporte (fretes) utilizados para envio das matérias primas (arroz em casca) adquiridas de pessoas físicas à unidade industrial para beneficiamento. Fl. 996DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 12 11 Alega que o custo de aquisição é composto do valor da matéria prima adquirida, somado ao valor do serviço de transporte (frete) contratado. Em seu entendimento, se o custo total da matéria prima é composto por uma parte que não foi tributada (matéria prima) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), seria "óbvio" que a parte que foi tributada (frete) deveria compor o custo de aquisição pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade. Ou seja, o valor do frete referente ao transporte de suas aquisições de bens para revenda ou de insumos produtivos teria creditamento de forma autonôma em relação a tais bens, pois também seria um "insumo" do processo produtivo: Portanto, definição do termo "insumos" necessita levar em consideração as realidades operacionais de cada atividade, seja comercial, industrial ou de serviços. A não aplicação do termo "insumos" significa desconsiderar todo um universo de custos e despesas, sem os quais não é possível gerar a receita alcançada pela exigência de PIS/COFINS e, consequentemente, proceder à comercialização de mercadorias. Entretanto, o entendimento do Recorrente não procede. Não há previsão legal para o crédito sobre os fretes nas aquisições, apenas sobre o frete nas operações de venda, como se depreende da legislação de regência: Lei nº 10.833, de 29 de Dezembro de 2003. Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 997DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 13 12 V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) Todavia, de acordo com os arts. 289, § 1º, e 290, inciso I, ambos do Decreto nº 3000, de 1999 (RIR99), os custos com o transporte (frete) também devem estar compreendidos no custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda e no custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção. Assim, de forma indireta, não autônoma, o contribuinte que adquire bens para revenda ou para utilização como insumo também tem direito ao crédito do frete pago no transporte de tais produtos, em decorrência da permissão legal contida nos incisos I e II do art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, c/c os arts. 289, § 1º, e 290, inciso I, ambos do Decreto nº 3000/1999. Ocorre que o valor desse crédito do frete tem que ser calculado juntamente com o cálculo do crédito referente ao bem que foi transportado, acrescendose ao valor pago pelo bem o valor do frete e, assim, obtendose o custo de aquisição. Sobre esta valor devem incidir as alíquotas do PIS e da Cofins. Consequentemente, se a incidência das contribuições sobre o bem adquirido está suspensa, ou se incidem à alíquota Fl. 998DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 14 13 zero, ou se o crédito é concedido sob a forma presumida, o mesmo ocorrerá com o crédito referente ao valor do frete, porque não se trata de dois créditos distintos, mas de um único crédito, referente ao custo de aquisição de bem para revenda ou para utilização como insumo, como bem destacou a Autoridade Fiscal autuante: 15) Para gerar direito ao crédito das contribuições no regime nãocumulativo, é necessário que o valor do frete na compra esteja vinculado a um insumo cuja aquisição gerou crédito, quer seja básico ou presumido. Por conseqüência, o valor do crédito gerado pela despesa com frete na compra tem a mesma natureza e segue a mesma sistemática de cálculo do crédito gerado pelo bem cujo custo ele compôs, quanto a se tratar de crédito básico ou presumido. O recorrente, no entanto, tem entendimento distinto, como se pode extrair dos seguintes excertos do seu Recurso Voluntário: Ora, uma coisa é o crédito sobre a aquisição, benefício atribuído pelo Legislador, apurado de forma "presumida", devido à operação de venda do produtor pessoa física não ter incidência tributária. Outra coisa é o valor das contribuições incidentes sobre frete contratado, que integram o custo do serviço de transporte e cujo ônus foi suportado pelo Contribuinteadquirente. (...) Ora, se o custo total da matéria prima é composto por uma parte que não foi tributada (matéria prima) e outra parte que foi integralmente tributada (frete), é obvio que a parte que foi tributada (frete) irá compor o custo de aquisição pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes, ante ao princípio da nãocumulatividade aplicável ao regime de tributação do Contribuinte. Como se depreende de suas afirmações aqui colacionadas, o Recorrente entende que os cálculos do crédito são distintos: um referente à aquisição do bem, que se dá de forma presumida; e outro para o crédito sobre o frete referente a esse mesmo bem, que deve se dar "pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS incidentes". Portanto, o Recorrente não pretende adicionar o valor do frete ao custo de aquisição, mas sim descontar integralmente as contribuições incidentes sobre o frete, como se fosse crédito básico. O valor das contribuições incidentes sobre o frete nas operações de venda pode ser descontado dessa forma porque existe previsão legal para tanto, porém o mesmo não ocorre com o frete nas aquisições. Este não tem crédito autônomo, ao passo que aquele sim. Fl. 999DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 15 14 Concluise, portanto, que, se para as aquisições da matéria prima "arroz em casca", de Produtor Rural pessoa física, a legislação permite o creditamento do PIS e da COFINS na forma de crédito presumido, nos termos do artigo 8º da Lei 10.925/2004, o crédito referente ao frete desse insumo deve ser calculado da mesma forma. Logo, correta a decisão de piso que considerou devido o crédito relativo ao frete, porém apenas no percentual de 35%, aplicado às respectivas aquisições na apuração do crédito presumido. I.2 Fretes no retorno de mercadoria remetida para industrialização por encomenda. Pretende o contribuinte seja reconhecido seu direito de creditarse do valor integral da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre os serviços de transporte (fretes) utilizados no retorno de mercadoria remetida para industrialização por encomenda. Alega o Recorrente que o processo de industrialização realizado fora do estabelecimento do Contribuinteadquirente não descaracteriza os "insumos" inerentes ao referido processo, cujo conceito inclui todos os dispêndios necessários ao processo produtivo, pois para realizar a industrialização (beneficiamento) em estabelecimento terceirizado, necessário se faz a remessa da matéria prima à unidade industrial, bem como o retorno do produto decorrente do beneficiamento. A Autoridade Fiscal, em seu Termo de Verificação Fiscal, descreve a natureza do serviço de transporte: 20) Tratase de fretes contratados pelo contribuinte para retorno ao seu estabelecimento de arroz de sua propriedade que fora remetido em casca ao estabelecimento de outra empresa, onde passou por processo de perboilização. Como se verifica, tratase de operação diretamente vinculada ao processo produtivo do Recorrente. Considerando que tais remessas para industrialização por encomenda são essenciais para a produção do produto final, o frete na remessa dos produtos para essa industrialização integra o custo da produção. Nesta linha, deve ser reconhecido o direito ao registro de créditos relativos aos custos com industrialização por encomenda, nesse caso, o frete. Assim, voto por restabelecer o crédito glosado. I.3 Fretes no retorno de mercadoria de depósito fechado ou armazém geral. O Recorrente afirma que não foram constatadas, neste trimestre, quaisquer operações desta natureza e, consequentemente, nenhuma glosa de possíveis créditos de PIS e Cofins foi procedida a esse título. Fl. 1000DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 16 15 Logo, sobre este item da autuação não há litígio a ser julgado no presente processo administrativo. 1 (...) I.5 Fretes na transferência de insumo da filial para a matriz. Pretende o contribuinte seja reconhecido seu direito de creditarse do valor integral da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre os serviços de transporte (fretes) utilizados na transferência de insumo da filial para a matriz. Alega que o Arroz em Casca é matéria básica para industrialização, e é adquirida praticamente em sua totalidade no Estado do Rio Grande do Sul. Sua logística de transporte segue dois procedimentos alternativos, sendo que em ambos o destino final é o mesmo, a entrega da matériaprima na unidade Matriz estabelecida na cidade de Divinópolis/MG, para industrialização. A Autoridade Fiscal sustenta que são se trata de insumo utilizado na produção de bens destinados à venda e tampouco de frete na operação de venda do produto acabado. Logo, não haveria previsão legal que autorizasse o creditamento, tese com a qual a DRJ/BHE concordou. Entretanto, do quanto exposto, verifico tratarse de serviço de transporte essencial ao processo produtivo da empresa, devendo ser concedido o direito ao crédito. Com efeito, os produtores de arroz que fornecem a matériaprima para o Recorrente encontramse em diversas localidades espalhadas pelo Estado do Rio Grande do Sul. Estando esse material armazenado inicialmente em unidades (filiais) da Recorrente, e sendo o frete em questão utilizado para transportar esse material até sua matriz, para fins de industrialização, não há mais que se falar em frete na aquisição de insumos, muito menos de frete em operações de venda, mas sim de serviço essencial ao seu processo produtivo, a caracterizarse como insumo, nos termos do inciso II do art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. Se o modelo produtivo do Recorrente, a tornála viável economicamente, se baseia na existência de uma unidade industrial central, a qual recebe sua matériaprima estocada em diversas unidades da empresa, o frete entre estes estabelecimentos da Recorrente é essencial à produção, sendo insumo desta. Assim, divirjo da decisão de piso e voto pelo restabelecimento do crédito, concedendo ao Recorrente o direito ao crédito. 1 Transcritos no presente voto apenas os entendimentos que prevaleceram no julgamento. Íntegra do voto paradigma pode ser obtida em consulta ao processo nº 10665.722999/201142. Fl. 1001DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 17 16 I.6 Fretes na transferência de produto em elaboração, produto acabado e subproduto da filial para a matriz. I.6.a Fretes na transferência de produto em elaboração da filial para a matriz. Pretende o contribuinte seja reconhecido seu direito de creditarse do valor integral da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre os serviços de transporte (fretes) utilizados na transferência de produto em elaboração da filial para a matriz. Alega que não pode prevalecer o posicionamento adotado pela Fiscalização, pois na realidade tratase da transferência de "arroz a granel", ou seja, produto semielaborado, portanto, ainda "insumo", que passará por processos industriais de seleção e empacotamento. Sustenta a Autoridade Fiscal que as operações se referem a fretes empregados no transporte interno de produtos inacabados, produtos acabados e subprodutos que são levados de um estabelecimento ao outro da mesma empresa. Logo, não se tratando de despesas com fretes utilizados no transporte de insumos adquiridos para fabricação de bens destinados à venda e nem de fretes nas operações de vendas desses bens diretamente ao adquirente (comprador), referidas despesas não poderiam gerar direito a créditos das contribuições, tese com a qual a DRJ/BHE concordou. Entretanto, do quanto exposto, verifico, à semelhança do item anterior, tratarse de serviço essencial ao processo produtivo da empresa, devido à necessidade do produto ainda em elaboração ser transportado até outra unidade da empresa para as etapas finais de sua industrialização, devendo ser concedido o direito ao crédito. Assim, divirjo da decisão de piso e voto pelo restabelecimento do crédito, concedendo ao Recorrente o direito ao crédito em relação ao frete na transferência de produto em elaboração. I.6.b Fretes na transferência de produto acabado da filial para a matriz Questão semelhante à tratada no item precedente, com a diferença de que aqui tratase de produto acabado, e não de produto em elaboração. Sendo frete relativo ao transporte de produto já acabado, não há como tratar este serviço como insumo do processo produtivo, tendo em vista que este já se encontra encerrado. Alega o Recorrente tratarse de despesa na venda de produto já produzido, portanto um ciclo mediato de comercialização superveniente à produção do bem demandado Fl. 1002DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 18 17 por motivos logísticos, de praticidade e de tempo, entre o trecho da filial em Capivari do Sul aos estabelecimentos dos clientes compradores que são em sua totalidade no Estado de Minas Gerais. Afirma ainda que essas despesas constituem meros dispêndios parciais do frete cobrado entre a unidade fabril de Capivari do Sul até seus clientes e, portanto, são gastos com vendas, por referiremse à fase de comercialização venda para clientes, devido à logística adotada pela empresa. O argumento do Interessado, no entanto, é improcedente. Não há como entender que este frete estaria caracterizado como "frete na operação de venda", pois a venda ainda nem sequer ocorreu. Conforme afirmação do próprio Recorrente, tratase apenas de uma movimentação de produtos por questões logísticas, de praticidade e de tempo, a fim de deixálos mais próximos do mercado consumidor (clientes): Neste caso, corresponde ao frete de transferência da unidade produtora (filial) para matriz, objetivando disponibilizar os produtos mais próximos do mercado consumidor (clientes). Tratase de despesa na venda de produto já produzido, portanto um ciclo mediato de comercialização superveniente à produção do bem demandado por motivos logísticos, de praticidade e de tempo, entre o trecho da filial em Capivari do Sul aos estabelecimentos dos clientes compradores que são em sua totalidade no Estado de Minas Gerais. Portanto, não se trata de uma movimentação por conta de uma venda realizada, mas apenas para deixar os produtos mais próximos do mercado consumidor, até mesmo para facilitar uma venda futura. Além disso, apesar de afirmar que se trata de uma etapa da operação de venda, o Recorrente não apresenta qualquer prova de que a venda dos produtos transportados já tenha ocorrido; pelo contrário, afirma que se trata de "ciclo mediato de comercialização superveniente à produção". Não foram trazidas aos autos notas fiscais de venda nem conhecimentos de transporte que pudessem comprovar que os bens movimentados já estavam vendidos anteriormente. Nesse contexto, voto por manter a glosa dos referidos créditos. I.6.c Fretes na transferência de subprodutos da filial para a matriz O Recorrente afirma que não foram constatadas, neste trimestre, quaisquer operações desta natureza e, consequentemente, nenhuma glosa de possíveis créditos de PIS e Cofins foi procedida a esse título. Logo, sobre este item da autuação não há litígio a ser julgado no presente processo administrativo. Fl. 1003DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 19 18 1.7 Fretes em transferências não identificadas Transferências de Embalagens da matriz para a filial. Alega o Recorrente que, embora a Fiscalização tenha rotulado as operações como "Fretes em transferências não identificadas", os "CTRC's" incluídos neste item referemse ao serviço de transporte (frete) contratado nas operações de "Transferências de Embalagens" da matriz (MG) para a filial (RS), destinadas ao empacotamento do produto acabado, ou seja "insumo". Conforme análise anterior, no item sobre "Fretes na transferência de insumo da filial para a matriz", caso os fretes aqui discutidos se referissem realmente a "Transferências de Embalagens" da matriz (MG) para a filial (RS), destinadas ao empacotamento do produto acabado, o Recorrente teria direito ao crédito, por se configurar como um serviço essencial a uma etapa do processo produtivo, no caso, o empacotamento do produto acabado. No entanto, o Recorrente não trouxe aos autos qualquer prova referente à natureza do frete utilizado. Observese que, desde a realização do procedimento fiscal a Autoridade Tributária já se ressentia da ausência de documentos capazes de permitir a identificação das operações, deixando tal fato consignado no Termo de Verificação Fiscal. Tratandose de pedido de ressarcimento, incumbe ao Recorrente fazer prova das suas alegações, o que não ocorreu. Assim, diante da ausência de elementos probatórios, mantenho a glosa dos créditos. 2 (...) 1.10 Fretes contabilizados na conta 21814 "Fretes e Carretos", mas considerados em DACON como fretes sobre compras. O Recorrente afirma que não foram constatadas, neste trimestre, quaisquer operações desta natureza e, consequentemente, nenhuma glosa de possíveis créditos de PIS e Cofins foi procedida a esse título. Logo, sobre este item da autuação não há litígio a ser julgado no presente processo administrativo. 1.11 Fretes relativos a outras entradas, remessas e transferências não anteriormente descritas. Afirma o Recorrente que tratamse de fretes referentes às seguintes operações: a) compras de material de uso e consumo Vr. R$506,46; b) Compras de ativo imobilizado Vr. R$5.040,00 2 Transcritos no presente voto apenas os entendimentos que prevaleceram no julgamento. Íntegra do voto paradigma pode ser obtida em consulta ao processo nº 10665.722999/201142. Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 20 19 + R$ 40,00 (incluso item 1.12) c) Outras entradas de mercadorias não especificadas Vr. R$ 199,20. Alega que a Fiscalização equivocouse em não considerar que os referidos fretes encontramse elencados dentre os dispêndios necessários à atividade do Contribuinte, portanto passíveis de gerar crédito das contribuições de PIS e COFINS. Material de uso e consumo, de maneira geral, não são essenciais à área de produção, estando mais relacionados com setores administrativos; ativo imobilizado não gera crédito das contribuições de forma direta, devendo ser ativado e posteriormente ocorrer o creditamento sobre os encargos de depreciação, e ainda assim caso o bem imobilizado esteja sendo utilizado na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; e mercadorias não especificadas não geram direito ao crédito das contribuições pela impossibilidade de identificar sua natureza. Nesse contexto, voto pela manutenção da glosa efetuada. 1.12 Despesas com reajustes de fretes (20%), reconhecido parcialmente o crédito na proporção de 35% da alíquota e mantida glosa de 65% da alíquota aplicável A Autoridade Fiscal identificou que no mês de março/2007 a transportadora TRANSCODIL emitiu os CTRC nº 770 e 47911 a título de reajuste de 20% sobre os valores de alguns fretes, totalizando R$ 129.684,04 (conforme Anexo I Parte B do TVF). Esses valores de reajuste foram considerados pelo contribuinte como base para créditos de PIS/Cofins em DACON. A Fiscalização analisou a natureza das operações relativas aos CTRC originais que serviram de base para os reajustes e efetuou as glosas em cada caso, pelas razões aqui expostas nos itens aos quais correspondem. Alega o Recorrente, na Manifestação de Inconformidade, que estas despesas referemse a complementos de fretes de diversas operações já analisadas e fundamentadas nos tópicos próprios. No Recurso Voluntário, limitouse a repisar exatamente o mesmo argumento, nada acrescentando. A DRJ/BHE decidiu que a parte do crédito relativa aos itens cuja glosa foi mantida, também deve ser glosada; por outro lado, os créditos relativos aos itens I.1 e I.9, cujos créditos foram parcialmente reconhecidos, devem ser mantidos, no percentual de 35% das contribuições, conforme foi mantido o crédito sobre os respectivos fretes. A Fiscalização analisou a natureza das operações relativas aos CTRC originais que serviram de base para os reajustes e efetuou as glosas em cada caso. O Recorrente não apresentou os CTRC nº 770 e 47911, ou qualquer outro documento que possibilitasse identificar a natureza do frete que Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 21 20 estava sendo reajustado. Dessa forma, não é possível sequer confirmar se o frete parcialmente aceito pela DRJ/BHE foi objeto deste reajuste. Não havendo qualquer prova adicional, não há elementos para alterar o quanto decidido pela instância de piso. Assim, voto por manter as glosas no mesmo percentual de 65%. (...) Serviços que foram tributados (fretes de compras, fretes na aquisição de insumos importados, e fretes relativos a bens sujeitos a alíquota zero e com suspensão) 3Em primeiro lugar, há se de considerar que o custo de aquisição é composto pelo valor da matéria prima (MP) adquirida e pelo valor do serviço de transporte (frete) contratado para transporte até o estabelecimento industrial da contribuinte (adquirente). Assim, uma vez que o custo total é composto por uma parte não tributada (MP) e outra parte integralmente tributada (frete), a parcela tributada (frete) compõe o custo de aquisição pelo valor líquido das contribuições. Logo, há de se assentir que o frete enseja direito ao crédito, assim como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como embalagens e materiais intermediários. Os fretes na aquisição de insumo importado, por seu turno, consistentes nas aquisições de matéria prima (arroz beneficiado a granel) efetuadas de fornecedor internacional, estão sujeitos à tributação das contribuições PIS e COFINS com alíquota zero. Porém, o serviço de transporte (frete) contratado de pessoa jurídica domiciliada no país, para transportar a referida matéria prima do porto até o estabelecimento da contribuinte (importadora), onde será submetida aos processos industriais de seleção e empacotamento, está sujeito à tributação regular das prefaladas contribuições. Tal insumo (frete) compõe o custo da matéria prima, como é sempre adotado na técnica do custo por absorção, ensejando direito ao crédito das contribuições em apreço. Assim, é possível se afirmar que, se o custo total do "insumo" é composto por uma parte que não foi tributada (matéria prima sujeita à tributação com alíquota zero) e outra parte que foi oferecida à tributação (frete), a parcela do frete compõe o custo de aquisição pelo valor líquido das contribuições de PIS e COFINS e, logo, enseja direito ao crédito, bem como os demais dispêndios que integram o custo do produto acabado, tais como embalagens e materiais intermediários. Por fim, igual vetor argumentativo move as aquisições dos insumos (arroz beneficiado e feijão a granel) efetuadas junto à pessoas jurídicas domiciliadas no país, que estão sujeitas à 3 Entendimento vencedor nas questões nele abordadas. Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 22 21 tributação das contribuições com alíquota zero, não controvertendo as partes a este respeito. Ocorre que, da mesma forma, o serviço de transporte (frete) contratado de pessoa jurídica domiciliada no país, para transportar as referidas matérias primas até o estabelecimento industrial da contribuinte, onde será submetida aos processos industriais de seleção e empacotamento, está sujeito à tributação regular das referidas contribuições e, logo, compõe o custo da mercadoria e/ou matéria prima, ensejando idêntico direito ao crédito. Logo, uma vez provado que o frete configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. Neste sentido, ademais, o Acórdão CARF nº 3401005.170, proferido em sessão de 24/07/2018, de minha relatoria, que decidiu, por unanimidade de votos, nos termos da ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. EXPORTAÇÃO. COOPERATIVAS. CREDITAMENTO DE LEITE IN NATURA ADQUIRIDO DE SEUS ASSOCIADOS. Até a entrada em vigor da IN SRF nº 636/2006 era legítima a Cooperativa apurar o crédito integral da contribuição social pela aquisição do leite in natura dos seus associados da Cooperativa, desde que não se vislumbre suspensão da incidência das contribuições na venda. COFINS. CREDITAMENTO. FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE NÃO REPASSADO AO FORNECEDOR. O frete, como modalidade de custo de aquisição para o adquirente, apenas gerará crédito quando não repassado aos fornecedores da contribuinte. Assim, voto por dar provimento também para reconhecer o crédito em relação a serviços que foram tributados (fretes de compras, fretes na aquisição de insumos importados, e fretes relativos a bens sujeitos a alíquota zero e com suspensão)." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado deu parcial provimento ao recurso voluntário, da seguinte forma: (a) por unanimidade de votos, para reconhecer o crédito sobre (a1) fretes no retorno de mercadoria remetida para industrialização por encomenda; (a2) fretes na transferência de insumo da filial para a matriz; e (a3) frete na Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 10665.723005/201113 Acórdão n.º 3401005.240 S3C4T1 Fl. 23 22 transferência de produto em elaboração da filial para a matriz; (b) por unanimidade de votos, para afastar o direito de crédito integral em relação a "fretes em transferências não identificadas Transferências de Embalagens da matriz para a filial", a "fretes relativos a outras entradas, remessas e transferências não anteriormente descritas", e a "despesas com reajustes de fretes (20%)", mantendo a decisão de piso; e (c) por maioria de votos, vencidos os Cons. Lázaro Antonio Souza Soares, Mara Cristina Sifuentes e Marcos Roberto da Silva, para reconhecer o crédito em relação a serviços que foram tributados (fretes de compras, fretes na aquisição de insumos importados, e fretes relativos a bens sujeitos a alíquota zero e com suspensão). O Cons. Tiago Guerra Machado votou ainda pelo provimento a créditos de fretes na transferência de produtos acabados da filial para a matriz, sendo vencido pelo posicionamento dos demais conselheiros.. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 1008DF CARF MF
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Numero do processo: 16349.000425/2009-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
CAFÉ CRU EM GRÃOS. CRÉDITO.
Uma vez que o café cru em grãos adquiridos para revenda são produtos agrícolas, classificados dentro do capítulo 9 da NCM, eles estão sujeitos à apuração do crédito presumido na forma do art. 8º, da Lei n.º 10.925/2004, não cabendo a tomada do crédito integral com fulcro no art. 3º, I, da Lei n.º 10.637/2002.
DEVOLUÇÃO DE VENDAS. BENS NÃO TRIBUTADOS.
Somente podem originar crédito de devolução de vendas aqueles bens cuja receita de venda tenha sido tributada e tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.595
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarou-se suspeito, sendo substituído pelo Conselheiro Rodolfo Tsuboi (suplente convocado).
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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CRÉDITO. Uma vez que o café cru em grãos adquiridos para revenda são produtos agrícolas, classificados dentro do capítulo 9 da NCM, eles estão sujeitos à apuração do crédito presumido na forma do art. 8º, da Lei n.º 10.925/2004, não cabendo a tomada do crédito integral com fulcro no art. 3º, I, da Lei n.º 10.637/2002. DEVOLUÇÃO DE VENDAS. BENS NÃO TRIBUTADOS. Somente podem originar crédito de devolução de vendas aqueles bens cuja receita de venda tenha sido tributada e tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 34 9. 00 04 25 /2 00 9- 64 Fl. 681DF CARF MF 2 Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarouse suspeito, sendo substituído pelo Conselheiro Rodolfo Tsuboi (suplente convocado). Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de crédito de COFINS relacionado às receitas de exportação, apurado no 2º trimestre de 2008, ao qual foram vinculadas declarações de compensação. O crédito pleiteado foi parcialmente reconhecido por meio do despacho decisório das efls. 526/550, assim sintetizado: "COFINS. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA VINCULADA A RECEITA DE EXPORTAÇÃO. PERÍODO DE APURAÇÃO 2º TRIMESTRE DE 2008. O contribuinte que apurar crédito da COFINS na forma da Lei 10.833/03 e não puder utilizálo na dedução de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB e, na impossibilidade de utilizar esse crédito na forma acima citada, poderá solicitar, ao final do trimestrecalendário, o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável |à matéria, principalmente quanto aos créditos que somente podem ser utilizados para a dedução da contribuição devida e aos créditos passíveis de ressarcimento ou contribuição. CRÉDITOS PRESUMIDOS. CAFÉ. Em se tratando de mercadorias classificadas na posição 0901 da NCM, geram direito ao crédito presumido de Cofins previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004 apenas aquelas que, além de serem produzidas pela empresa beneficiária, forem por ela padronizadas, beneficiadas, preparadas e misturadas para definição de aroma e sabor (blend) ou separadas por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. Geram direito ao desconto de créditos presumidos na forma do art. 5º, os produtos agropecuários: I adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País com o benefício da suspensão da exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º; II adquiridos de pessoa física residente no País; ou III recebidos de cooperado, pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no País. DEVOLUÇÕES DE VENDAS. Impossibilidade da aplicação de rateio proporcional nesta rubrica. FRETES SOBRE COMPRAS. Consoante o art. 289, § 1º, do RIR/1999, os fretes sobre compras das mercadorias adquiridas integra o custo de aquisição desses bens. PEDIDO DE RESSARCIMENTO DEFERIDO PARCIALMENTE. DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO HOMOLOGADAS ATÉ O LIMITE DO CRÉDITO RECONHECIDO." (efls. 526/527) Fl. 682DF CARF MF Processo nº 16349.000425/200964 Acórdão n.º 3402005.595 S3C4T2 Fl. 682 3 Inconformada, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pelo Acórdão 1669.892 da 6ª Turma da DRJ/SPO, ementado nos seguintes termos: " ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008 CRÉDITO. DEVOLUÇÃO DE VENDAS. Somente bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior podem originar crédito. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO. AQUISIÇÃO DE CAFÉ CRU EM GRÃOS A lei não autoriza o aproveitamento de crédito integral na aquisição de café cru em grãos quando a operação estiver sujeita à suspensão da incidência do Pis e da Cofins. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" (efl. 608) Intimada desta decisão em 03/11/2015 (efl. 624), foi apresentado Recurso Voluntário em 03/12/2015 (efls. 625/642) alegando, em síntese, o direito da empresa ao reconhecimento do crédito integral: (i) na aquisição do café cru em grãos, vez que não se aplicaria para a Recorrente a suspensão da COFINS nas aquisições; (ii) na devolução de vendas, inclusive do exterior, vez que essas devoluções afetam seu faturamento mensal. Após a juntada de decisão judicial para o julgamento do presente feito em 60 (sessenta) dias (efls. 657/662), o processo foi distribuído para minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne O Recurso Voluntário é tempestivo e cabe ser conhecido. Adentrase, a seguir, em cada um dos argumentos aventados na peça recursal. I O CRÉDITO NA AQUISIÇÃO DO CAFÉ CRU EM GRÃOS Quanto ao crédito na aquisição do café cru em grãos, indica a fiscalização que o crédito de todas as aquisições deveriam se sujeitar à sistemática de apuração do crédito presumido do art. 8º, da Lei n.º 10.925/2004, não podendo ser objeto de crédito integral do art. 3º, I, das Leis n.º 10.637/2002 e 10.833/2003. Como indicado no despacho decisório: Fl. 683DF CARF MF 4 "21. De acordo com o artigo 3º, inciso I, das leis 10.637/2002 e 10.833/2003, o contribuinte pode descontar créditos de PIS e COFINS sobre as aquisições de bens adquiridos para revenda: “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) 22. A Empresa realizou, durante aquisições de “Café In Natura” para revenda, classificada na posição 0901 da TIPI, desde junho de 2007 até o final do ano de 2008. Intimamos o contribuinte a apresentar um descritivo do processo produtivo das operações com essas mercadorias, o qual nos entregou uma declaração explicando que a empresa adquire, junto a cooperativas e empresas comerciais atacadistas, além de uma pequena parcela de produtores rurais pessoas físicas, o café cru em grãos sem nenhum tipo de beneficiamento. 23. Também declara que, após ser estocado nos armazéns da companhia, o café em grãos passa por um processo de “BLEND”: preparação e mistura dos tipos de café para definição de aroma e sabor ou por separação dos grãos por densidade, para posterior comercialização. Ainda apresentou fotografias dos locais de armazenamento e dos equipamentos do processamento do “BLEND”. (...) 26. Ao referirse aos produtos classificados na posição 0901 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM (café, mesmo torrado ou descafeinado; cascas e películas de café; sucedâneos de café contendo café em qualquer proporção), o art. 6º, II, da IN SRF nº 660/2006, repete, praticamente sem alterações, o texto da lei. Assim sendo, entendese por atividade agroindustrial a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º da IN SRF nº 660/2006, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023/1990. 27. No caso específico dos produtos da posição 0901 da NCM, entretanto, é necessário que as atividades realizadas pelo beneficiário do crédito presumido incluam: a) padronização, beneficiamento, preparação e mistura de tipos de café para definição de aroma e sabor (blend); ou b) separação por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. 28. Estando declarado e demonstrado pelo contribuinte que a empresa realiza a operação de blendagem do café, é uma empresa agroindustrial para efeitos da IN SRF nº 660/2006. Resta analisarmos, a fim de concluirmos sobre o enquadramento legal desta operação do café ao crédito presumido, a condição dos fornecedores dessa mercadoria, verificando se são dos tipos elencados nos incisos I a III do art. 7° da IN SRF 660/2006. 29. Procedemos esta análise de duas formas: extração da lista das compras de café, totalizadas por fornecedor e coleta de amostragem de notas fiscais, composta pela maior nota dos 10 (dez) maiores fornecedores por período de apuração, para verificação da aplicação da suspensão da incidência do PIS e da COFINS, prevista no art. 9° da Lei 10.925/2004 e arts. 2°, 3° e 4° da IN SRF 660/2006: (...). 31. Sendo o objeto do Pedido de Ressarcimento os créditos integrais do PIS e da COFINS previstos nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, cabenos apurar quais compras de café tem o direito a esses créditos, excluindo da base de cálculo as compras oriundas de cooperativas, de pessoas físicas e com a aplicação da suspensão da incidência do PIS e da COFINS. Dessa forma, calculamos os montantes passíveis de crédito no seguinte modo: a) exclusão de grande parte das compras originadas de cooperativas e pessoas físicas, pois o contribuinte faz jus somente aos créditos presumidos de PIS e Cofins previstos no caput do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, em relação aos produtos classificados no código 0901 da NCM adquiridos desses fornecedores (café), conforme planilha anexa “CÁLCULO COOPERATIVAS”; Fl. 684DF CARF MF Processo nº 16349.000425/200964 Acórdão n.º 3402005.595 S3C4T2 Fl. 683 5 b) glosa em alguns períodos de apuração dos totais das compras informadas nos DACONs superiores aos existentes nos registros fiscais existentes nos arquivos magnéticos apresentados (IN 86/2001) conforme planilha anexa “CÁLCULO COOPERATIVAS”; c) glosa em outros períodos de apuração de compras informadas nos DACONs sem registro algum nos arquivos magnéticos, conforme planilha anexa “CÁLCULO COOPERATIVAS”; d) extração das amostragens do percentual de notas fiscais sem a suspensão da incidência do PIS e da COFINS e a consequente aplicação deste percentual sobre a base de cálculo com direito a crédito, conforme planilha anexa “COMPRAS SEM SUSPENSÃO”, ou seja, compras oriundas de fornecedores, excluídas as cooperativas e pessoas físicas, informação esta originada da planilha “CÁLCULO COOPERATIVAS”." (efls. 533/539) Com efeito, o entendimento fiscal se respalda na previsão do art. 8º, §1º da Lei, que estende a aplicação do crédito presumido não apenas para aquisições realizadas de pessoas físicas e cooperados, mas também para as pessoas jurídicas e cooperativas que se dedicam à atividade agropecuária. Vejamos o teor do caput e §1º do art. 8º da Lei n.º 10.925/2004: "Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004)" (grifei) E esse fundamento legal não foi refutado diretamente pela Recorrente, seja em sua manifestação de inconformidade, seja no Recurso Voluntário. Isso porque, para refutar esse argumento, a empresa sustenta que caberia o crédito integral vez que as aquisições objeto do pedido foram realizadas de cooperativas e pessoas jurídicas em operações que foram tributadas, por não estarem sujeitas à suspensão da incidência das contribuições com base no art. 9º, §1º, II, da Lei n.º 10.925/2004, que expressa: "Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: Fl. 685DF CARF MF 6 I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1o do art. 8o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1o O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)" Enfrentando essa alegação, a r. decisão recorrida indica que as mercadorias comercializadas pela Recorrente estão efetivamente sujeitas à suspensão do PIS e da COFINS. Nos termos da r. decisão: "17. A leitura dos textos legais permite concluir que não estão sujeitos à suspensão da incidência do PIS/COFINS somente as vendas efetuadas por fornecedores de café cru em grãos que efetuassem cumulativamente as atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos. 18. Ora, o próprio contribuinte afirmou que adquire o café cru em grãos e posteriormente efetua a preparação e mistura de tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou por separação dos grãos por densidade (fls. 258/259). 19. Portanto, o fornecedor do café cru para a empresa manifestante não se subsome ao disposto no inciso II do § 1° do art. 9° da Lei 10.925/2004. 20. Por outro lado, a IN SRF n° 660/2006 é expressa ao determinar que a venda de café cru em grãos submetese à suspensão da exigibilidade do Pis e da Cofins: "Art. 2º Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: I de produtos in natura de origem vegetal, classificados na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) nos códigos: a) 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os códigos 1006.20 e 1006.30; NCM 09011110 CAFÉ NÃO TORRADO,NÃO DESCAFEINADO,EM GRÃO 21. Portanto, foi correto o procedimento fiscal." (efl. 616/617 grifei) Atentandose para o fundamento do despacho decisório, observase que a fiscalização sequer menciona a questão da suspensão do café cru em grãos, por entender, em conformidade com a Lei n.º 10.925/2004, que as aquisições realizadas pela empresa, como empresa agroindustrial, de pessoas jurídicas e pessoas físicas somente se sujeitam ao crédito presumido do art. 8º. E esse entendimento não merece qualquer reparo, por se encontrar em conformidade com a referida lei: não cabe a tomada do crédito integral com fulcro no art. 3º, I, da Lei n.º 10.637/2002 como intentado pela ora Recorrente no pedido de ressarcimento vez que os produtos adquiridos para revenda são produtos agrícolas, classificados dentro do capítulo 9 da NCM, sujeitos à apuração do crédito presumido na forma do art. 8º, da Lei n.º 10.925/2004. Fl. 686DF CARF MF Processo nº 16349.000425/200964 Acórdão n.º 3402005.595 S3C4T2 Fl. 684 7 A discussão em torno da suposta inaplicabilidade da suspensão do PIS e da COFINS para as aquisições de café cru foi invocada pela Recorrente como um suposto argumento modificativo do Despacho Decisório. Contudo, esse argumento não enfrenta o fundamento principal do despacho decisório cuja validade foi acima comprovada, no sentido de ser aplicável o crédito presumido para as aquisições e não o crédito básico como intentado pela empresa. De toda forma, por ter sido matéria objeto do Recurso, cumpre mencionar que não merece reparo a r. decisão recorrida quanto à suspensão. Essa questão foi bem enfrentada pelo Conselheiro Marcelo Costa Marques d´Oliveira no Acórdão n.º 3301004.736, de 19/06/2018, em processo da mesma Recorrente que envolve circunstâncias fáticas idênticas, adotado como razão de decidir desse acórdão na forma do art. 50, §1º, da Lei n.º 9.784/99: "À luz das informações prestadas pela recorrente e dos dispositivos da Lei n° 10.925/04 acima transcritos, minha leitura é a seguinte: i) O crédito presumido é conferido às compras de café de cooperativas, quando insumo ("cru em grãos"), isto é, antes de ser submetido a qualquer tipo de beneficiamento, por pessoa jurídica (recorrente) que o sujeitará, dentre outros processamentos, ao denominado de "blend" caput do art. 8° da Lei n° 10.925/04. ii) O crédito mencionado no item anterior é presumido, porque a venda da cooperativa agropecuária para a recorrente goza de suspensão. E o fundamento é o inciso III do art. 9° c/c o inciso III do § 1° e caput do art. 8° da Lei n° 10.925/04. iii) As premissas para a aplicação das regras são as seguintes: 1°) O café deve ser vendido ainda na condição de insumo. 2°) O vendedor deve ser pessoa física ou cooperado pessoa física (caput do art. 8°), cerealista que pratique beneficiamento (inciso I do § 1° do art. 8°), pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária (inciso III do § 1° do art. 8°) ou cooperativa de produção agropecuária (caso em tela, também previsto no inciso III do § 1° do art. 8°). iv) Destaquese que pouco importa se a cooperativa agropecuária também tenha a capacidade de beneficiar o café. Se, como na situação em debate, ela vender café cru em grãos para empresa que o beneficiária, a venda será cursada com suspensão das incidências das contribuições e o comprador (recorrente) terá direito ao desconto de crédito presumido e não integral. Com isto, afastase o entendimento da recorrente, que é no sentido de que o simples fato de a vendedora ser cooperativa agropecuária produtora já seria o suficiente para se descartar a aplicação da suspensão e, por conseguinte, conferirlhe créditos integrais de PIS e COFINS. Por fim, menciono não ser necessário adentrarmos a fundo na segunda alegação da recorrente a fiscalização teria baseado seu entendimento no art. 6° da IN SRF n° 660/06, o qual estaria em desacordo com o comando do inciso II do art; 9° da Lei n° 10.925/04, não podendo, portanto, ser adotado uma vez que, como vimos, a interpretação da fiscalização está integralmente em linha com os dispositivos da Lei n° 10.925/04. Isto posto, nego provimento aos argumentos da recorrente." (grifei) Diante do exposto, não merecem reparo a r. decisão recorrida e o Despacho Decisório neste ponto, vez que respaldado na legislação aplicável. II DAS DEVOLUÇÕES DE VENDAS Fl. 687DF CARF MF 8 A glosa dos créditos neste ponto decorre do fato das devoluções de vendas terem ocorrido quanto às exportações realizadas pela empresa, que são operações imunes ao PIS e a COFINS. A fiscalização se respaldou no dispositivo do art. 3º, VIII, das Leis n.º 10.833/2003 e 10.637/2002, como se depreende do trecho do Despacho Decisório: "68. A apropriação de créditos sobre devoluções de vendas somente ocorre quanto este tipo de operação é tributável, ou seja, quando as vendas são realizadas no mercado interno. Verificamos que o contribuinte distribuiu tais valores entre as colunas de rateio dos mercados interno e externo, incorretamente. 69. Para verificarmos a correção dos valores, somamos somente as devoluções de vendas tributadas no mercado interno, segregando dos arquivos magnéticos somente os CFOP 1201, 2201, 1202 e 2202 referentes às devoluções de vendas ensejadoras de apuração créditos. “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei;” 70. Para que o contribuinte possa se creditar desta devolução, os seguintes requisitos devem ser atendidos: a) que seja uma devolução de venda; b) que a venda tenha integrado o faturamento do mês ou do mês anterior, tendo sido tributada conforme disposto na Lei respectiva contribuição. 71. Como decorrência, esse crédito deve ser tratado a parte já que deve existir uma relação direta entre a contribuição devida em razão da venda e a possibilidade de creditamento em mesmo montante e tipo de crédito no caso de eventual devolução desta venda. Não há, portanto, que se falar em rateio proporcional nesta rubrica. 72. As devoluções incorridas no período sob análise foram no montante de R$ 165.459,50." (efl. 547) Em sua defesa, a Recorrente insiste na validade do crédito pois os valores devolvidos do exterior afetam o seu faturamento. em suas palavras: "As devoluções de vendas deveriam ser apenas contas redutoras. A partir do momento em que o legislador facultou ao contribuinte o direito ao creditamento das devoluções de vendas, não há falar em distinção entre devoluções de vendas realizadas no mercado interno e no externo. Além disso, não é justo que haja o rateio quando da entrada das receitas e seja vedado o rateio quando das devoluções de vendas, que acabam por afetar, diretamente, o faturamento mensal da Recorrente." (efl. 642 grifei) Contudo, ao contrário do que aduz a Recorrente, o inciso VIII do art. 3º das Leis n.º 10.833/2003 e 10.637/2002, no qual se baseou a fiscalização, exige a tributação da receita da venda para que sua devolução seja admitida como crédito: "Art. 3º (...) VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei;" (grifei) Uma vez que as operações de exportação não são tributadas, não há que se falar em crédito quando do recebimento de bens em devolução do exterior. Há, portanto, ao contrário do que aduz a Recorrente, uma distinção entre as devoluções de vendas realizadas no mercado interno, que são tributadas, daquelas realizadas no mercado externo, cuja saída foi desonerada. Fl. 688DF CARF MF Processo nº 16349.000425/200964 Acórdão n.º 3402005.595 S3C4T2 Fl. 685 9 Nesse sentido que não merece reparo a r. decisão recorrida neste ponto. III DISPOSITIVO Diante todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. Fl. 689DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.910202/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 30/06/2008
SALDO NEGATIVO DE CSLL. DCOMP. NÃO COMPROVAÇÃO.
Constatado que não houve a comprovação da existência de saldo negativo de CSLL para fins de compensar débitos da Contribuinte, de se considerar não homologada a compensação pleiteada no Per/Dcomp.
Numero da decisão: 1401-002.790
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (Vice-Presidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano (Relator), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 30/06/2008 SALDO NEGATIVO DE CSLL. DCOMP. NÃO COMPROVAÇÃO. Constatado que não houve a comprovação da existência de saldo negativo de CSLL para fins de compensar débitos da Contribuinte, de se considerar não homologada a compensação pleiteada no Per/Dcomp. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (VicePresidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano (Relator), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 91 02 02 /2 00 9- 19 Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10855.910202/200919 Acórdão n.º 1401002.790 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário ao Acórdão 1439.119 proferido pela Sexta Turma da DRJ/RPO em que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, ocasião em que não reconheceu o alegado direito creditório. A seguir, transcrevo os termos e fundamentos da decisão recorrida: Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório, em que foi apreciada a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) [...], por intermédio da qual a contribuinte pretende compensar débitos (IRPJ código de receita: 2362) de sua responsabilidade com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo (CSLL – código de receita: 2484). Por intermédio do despacho decisório[...], não foi reconhecido qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, nãohomologada a compensação declarada no presente processo, ao fundamento de que o pagamento informado como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, “não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. Irresignada, [...} interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade [...], na qual alega, em síntese, que: "(...) 2 A requerente recolheu durante o ano de 2007 a Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido, na forma de estimado com recolhimentos mensais, no valor de R$ 315.863,43 (trezentos e quinze mil, oitocentos e sessenta e três reais e quarenta e três centavos), conforme demonstrada na ficha 17, linha 59 Calculo da Contribuição Social, da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica. 3 Ao encerrar o seu balanço, no final do ano optou pela Apuração pelo Lucro Real, levantando balanço onde apurou o valor devido de R$ 210.575,56 (duzentos e deis mil, quinhentos e setenta e cinco reais e cinqüenta e seis centavos), conforme ficha 17 linha 49 (Calculo da Contribuição Social), da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. 4 Conseqüentemente houve um recolhimento a maior no valor de R$ 105.287,87 (cento e cinco mil, duzentos e oitenta e sete reais e oitenta e sete centavos), conforme ficha 17, linha 61 da DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10855.910202/200919 Acórdão n.º 1401002.790 S1C4T1 Fl. 4 3 5 Conforme a DECLARAÇÃO PER/DCOMP, de n 02594.85306.300608.1.3.04 2915, enviada em 30/06/2008, a mesma fez a compensação no valor de RS 34.627,93 (trinta e quatro mil, seiscentos e vinte e sete reais e noventa e freis centavos). 6 Esse valor referese ao DARF, recolhido a mais em 28/12/2007 no valor de RS33.162,16 (trinta e três mil, cento e sessenta e dois reais e dezesseis centavos), devidamente corrigido. Sem mais para o momento e nos colocando a disposição para qualquer outro esclarecimentos ou informações. Diante do exposto é que vem requerer de V.Sria, para que seja mantido o seu credito para a devida compensação solicitada em PER/DCOMP". É o relatório VOTO A manifestação de inconformidade interposta atende aos pressupostos de admissibilidade. Assim sendo, dela conheço. O Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sorocaba não reconheceu qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não homologou a compensação declarada nos autos, ao fundamento de que o pagamento informado como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito informado na PER/DCOMP[...]. Com efeito, no que diz respeito ao crédito de CSLL (código: 2484), relativo ao mês de novembro de 2007, no valor de R$ 33.162,16, observo que o mesmo foi utilizado integralmente para pagamento de um débito de CSLL (código: 2484), do próprio mês de novembro de 2007, no valor de R$ 33.162,16, assim declarado na DCTF de novembro de 2007 e apresentada pela declarante, conforme cópia de tela de sistema de controle anexada aos autos. Contudo, a recorrente vem, em sua defesa, alegar que a natureza do crédito em questão é de saldo negativo de CSLL, e não pagamento indevido ou a maior de CSLL. Dessa forma, cabe perquirir, à luz do disposto na legislação de regência, se a declaração de compensação ora em exame encontrase devidamente instruída, especialmente no que concerne à comprovação de liquidez e certeza do crédito pleiteado. Nesse sentido, o Código Tributário Nacional (CTN), em seu artigo 170, dispõe: “a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10855.910202/200919 Acórdão n.º 1401002.790 S1C4T1 Fl. 5 4 tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda”. A respeito do tema, cumpre transcrever o disposto no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aplicável também à CSLL, mais exatamente os artigos 221 a 232, verbis: [...] Assim, somente o saldo negativo de CSLL a pagar, calculado ao final do período de apuração, é que se mostra passível de restituição e/ou compensação posterior, nos termos da legislação vigente. No entanto, a apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, no caso, está na dependência da efetiva demonstração, pela requerente, do saldo negativo de CSLL apurado no final de cada período, uma vez que os valores recolhidos a título de estimativa são considerados pela lei como antecipações da contribuição social devido. Diante dessas considerações, esta Turma de Julgamento tem reiteradamente consignado que em tema de restituição e compensação de saldo negativo de IRPJ e de CSLL com outros tributos, ou com o próprio, cabe o atendimento de quatro premissas: 1ª) a constatação dos pagamentos ou das retenções; 2ª) a oferta à tributação das receitas que ensejaram as retenções; 3ª) a apuração do indébito, fruto do confronto acima delineado e, 4ª) a observância do eventual indébito não ter sido liquidado em autocompensações. Portanto, não basta à interessada alegar o pagamento a maior ou indevido do tributo, mas também deve trazer, por ocasião do presente contencioso, provas, lastreadas em lançamentos contábeis, que identifiquem, inequivocamente, a base de cálculo da CSLL, o saldo negativo de CSLL apurado e, por conseguinte, os registros contábeis relativos às compensações da CSLL devida nos períodos subseqüentes à apuração do indigitado saldo negativo de CSLL. [...] Neste contexto, a contribuinte deveria trazer provas, lastreadas em lançamentos contábeis, dentre estas, destacamse: os registros contábeis de conta no ativo da CSLL a recuperar, a expressão deste direito em balanços ou balancetes, os Livros Diário, Razão e Lalur, etc., tudo de forma a ratificar o indébito pleiteado além da comprovação da contabilização com lastro em documentação hábil, das retenções na fonte e o oferecimento à tributação das receitas que deram origem a tais retenções. Diante dessas premissas, forçoso concluir que a pretensão da Recorrente não logra êxito, vez que a informação prestada na Declaração de Imposto de Renda (DIPJ), por si só, não dá lastro à pretensão repetitória, pois dito documento prova a declaração, Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10855.910202/200919 Acórdão n.º 1401002.790 S1C4T1 Fl. 6 5 não o fato. Noutras palavras: a certeza e liquidez de crédito da contribuinte, a título de saldo negativo de CSLL, não se exterioriza em razão do quantum do tributo declarado como devido no ano calendário, mas sim em relação ao quantum mostrado pela contabilidade. Consoante noção cediça, a escrituração contábil e fiscal mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: [...] No caso presente, a recorrente, com o recurso a esta instância julgadora, nada apresentou, além de cópias do DARF relativo ao mês de novembro de 2007 e da própria DIPJ/2008, ficha 17. Ora, tal qual o pagamento de tributos e contribuições, que necessita, para convalidar o recolhimento efetuado, de uma série de atos do sujeito passivo, como manter escrituração contábil, baseada em documentos hábeis e idôneos, e a partir desta documentação determinar o tributo devido e recolher o correspondente valor, a restituição também almeja, para materializar o indébito, atividade semelhante. Por tais razões, a contribuinte, quando apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, provar um crédito tributário a seu favor para ter o direito de extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação. A propósito do tema, cumpre destacar o informativo de jurisprudência do STJ de nº 320, de 14 a 18 de maio de 2007, que trouxe o seguinte julgado: RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PROVA. RECOLHIMENTOS. A recorrente aduz que a eventual restituição, se cabível, haveria de ser respaldada em prova documental, acostada na inicial, dos valores efetivamente pagos com as devidas comprovações de recolhimento, e ante tal incerteza não pode ser a União condenada à restituição dos valores postulados (pela via da compensação), sob pena de infração ao princípio do enriquecimento sem causa. Isso posto, a Turma deu provimento ao recurso ao argumento de que o pressuposto fático do direito de compensar é a existência do indébito. Sem prova desse pressuposto, a sentença teria caráter apenas normativo, condicionada à futura comprovação de um fato. REsp 924.550SC, Rel. Min.Teori Albino Zavascki, julgado em 15/5/2007. (gn) Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10855.910202/200919 Acórdão n.º 1401002.790 S1C4T1 Fl. 7 6 Nesse sentido, na declaração de compensação apresentada, o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública, sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Diante do exposto, VOTO pela improcedência da manifestação de inconformidade. Cientificada da decisão do referido acórdão, a Contribuinte interpõe Recurso Voluntário, onde após um breve relato do indeferimento ao seu direito alegado, entende que a documentação acostada é suficiente ao seu pleito. A documentação a que se refere seria a ficha 17 da DIPJ (CSLL) do ano de 2007, DARF, Balanço Patrimonial e Per/Dcomp, além das "Fichas de cálculo da CSLL por estimativa referente a todos os meses de 2007 (JAN a DEZ)." É o relatório. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10855.910202/200919 Acórdão n.º 1401002.790 S1C4T1 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.780, de 26/07/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10855.903033/2009 52, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.780): Preenchidos os requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário apresentado, dele conheço. Conforme relatoriado, a Recorrente informou como crédito no Perd/Dcomp um valor pago a título de estimativa mensal de CSLL, e posteriormente, por ocasião do indeferimento de seu pleito, alegou que a natureza do crédito em questão seria de saldo negativo de CSLL. A Recorrente, quando recebeu o Despacho Decisório, apresentou sua Manifestação de Inconformidade onde limitouse a afirmar que detinha saldo negativo de CSLL suficiente para a compensação pleiteada, apresentando o balanço e demonstração de resultado. A Decisão de piso não homologou a compensação pleiteada porque entendeu que os documentos trazidos pela Interessada não eram hábeis à comprovação da existência real de saldo negativo de CSLL de 2005. Neste sentido, a DRJ indicou o caminho que a Interessada deveria percorrer, era quase que como dissesse para apresentar tais documentos à segunda instância: Neste contexto, a contribuinte deveria trazer provas, lastreadas em lançamentos contábeis, dentre estas, destacamse: os registros contábeis de conta no ativo da CSLL a recuperar, a expressão deste direito em balanços ou balancetes, os Livros Diário, Razão e Lalur, etc., tudo de forma a ratificar o indébito pleiteado além da comprovação da contabilização com lastro em documentação hábil, das retenções na fonte e o oferecimento à tributação das receitas que deram origem a tais retenções. Entretanto, somente consta nos autos uma DCTF e relativa ao pagamento da CSLL citada no Per/dcomp, acostada Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10855.910202/200919 Acórdão n.º 1401002.790 S1C4T1 Fl. 9 8 pela Unidade de Origem, sendo que as demais, se é que existem, a Contribuinte não se pronunciou a respeito. Em fase recursal, a Recorrente trouxe, conforme relatoriado, a ficha 17 da DIPJ (CSLL) do ano de 2005, DARF, Balanço Patrimonial e Per/Dcomp, além das "Fichas de cálculo da CSLL por estimativa referente a todos os meses de 2005 (JAN a DEZ)," documentos estes que não tem o condão de validar um eventual saldo negativo de CSLL. Apesar das oportunidades, a Recorrente não as aproveitou, e, portanto, não sendo trazida aos autos a documentação mencionada pela DRJ, que pudesse permitir a este colegiado aferir que, efetivamente, o contribuinte apresenta saldo negativo de CSLL no anocalendário 2005, só me resta concordar com o decidido pela DRJ. E nem se trata aqui de se buscar a verdade material, uma vez que este princípio não é absoluto, ou seja, a Recorrente nada apresentou que fosse diretamente vinculado ao que consta em determinadas fichas da DIPJ, de forma que nem se poderia aventar a busca pela verdade material, pois tal princípio tem estreita ligação com o que foi impugnado, e, no caso, entendo que a Recorrente nada de novo trouxe aos autos que permitisse a este Relator o mínimo necessário a um exame de averiguação do alegado saldo negativo de CSLL. Na apreciação da questão, o acórdão recorrido mostrou se correto em suas conclusões e encontrase adequadamente fundamentado. Portanto, nego provimento ao Recurso Voluntário, não reconhecendo o alegado direito creditório. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 58DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.000404/2008-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003, 01/01/2006 a 31/10/2006
NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
Recurso Voluntário interposto quando já transcorrido o prazo de 30 dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72 importa em intempestividade, tendo por consequência o seu não conhecimento.
Numero da decisão: 2401-005.595
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite, Miriam Denise Xavier (Presidente).
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Recurso Voluntário interposto quando já transcorrido o prazo de 30 dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72 importa em intempestividade, tendo por consequência o seu não conhecimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 04 04 /2 00 8- 69 Fl. 557DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite, Miriam Denise Xavier (Presidente). Relatório Inicialmente, destaco que encontramse apensos a estes autos, os processos nº 16004.000470/200839, 16004.000403/200814 e 16004.000405/200811. Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado o Auto de Infração de fl. 2, consubstanciado no DEBCAD 37.114.2217, o qual referese à não recolhimento por parte da Recorrente da Contribuição para financiamento dos benefícios em razão da incapacidade laborativa, na comercialização do produto rural. Conforme consta no Relatório Fiscal (fls. 24/25), a empresa deixou de recolher contribuições previdenciárias devidas à Previdência Social, destinadas ao financiamento dos benefícios decorrentes dos Riscos Ambientais do Trabalho – RAT (Seguro Acidente do Trabalho). A DRFB emitiu às fl. 291 Relatório Fiscal Complementar para alterar parte do Relatório Fiscal inicial para esclarecer que constituiriam fatos geradores de contribuições previdenciárias os valores pagos aos produtores rurais – pessoas físicas, referentes à comercialização (compra) de produtos rurais efetuadas junto aos mesmos, sem a devida inclusão dos valores das transações nas respectivas GFIP’s, motivando a lavratura do Auto de Infração. Restou consignado, ainda, que contra a empresa havia sido lavrado outro AI – Auto de Infração DEBCAD nº 37.117.2241, bem como Representação Fiscal para Fins Penais, pois tal fato, em tese, configuraria Crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária. Devidamente cientificado do lançamento em 14/07/2008 (fl. 295), o Interessado apresentou impugnação tempestiva em 05/08/2008 (fls. 297/313), alegando, em síntese: (i) que a previsão legal utilizada para a lavratura do AI é o art. 25 da Lei 8.212/91, com alterações decorrentes da Lei nº 8.540/92 e 9.528/97 e 10.256/01; (ii) que a constitucionalidade da matéria (das referidas contribuições) vinha sendo discutida no Tribunais, destacandose o julgamento em segundo grau do TRF 3, tendo este suscitado incidente de inconstitucionalidade a ser submetido ao órgão especial (Processo nº 2000.61.06.00.0000013), e outra estaria sendo julgada pelo STF (RE 363.852/MG), já tendo o Min. Marco Aurélio proferido, à época, voto pela inconstitucionalidade da exação; (ii) que outros 4 Ministros, a saber, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Carlo Brito haviam conhecido e dado provimento ao recurso em questão, tendo o Min. Cezar Peluso pedido vista; (iii) que, portanto, 5 dos 11 Ministros já haviam votado favoravelmente à causa, ou seja, pela inconstitucionalidade da contribuição previdenciária denominada “novo Funrural”; Fl. 558DF CARF MF Processo nº 16004.000404/200869 Acórdão n.º 2401005.595 S2C4T1 Fl. 3 3 (iv) que tratandose de discussão sobre a inconstitucionalidade de exação, caberia sua suscitação em via administrativa, com base no artigo 1º do Decreto nº 2.346/97; (v) que antes da EC 20/98, o art. 195 da CF definia que as contribuições devidas pela empresa e destinadas ao fnanciamento da Seguridade Social deveriam recair sobre a folha de saláios, ao faturamento e lucro e que, portanto, ao dispor sobre a matéria o artigo 25, I, da Lei 8.212/91 extrapolou o texto constitucional, sendo que a cobrança só teria validade se insituída após a referida Emenda. Cita jurisprudência sobre a matéria; Ao final requer o acolhimento da Impugnação para: (a) declarar a improcedência do Auto de Infração e; (b) cancelamento do débito levantado pela fiscalização. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto lavrou Decisão Administrativa contextualizada no Acórdão nº 1421.875 da 7ª Turma da DRJ/RPO, às fls. 343/347, julgando improcedente a impugnação apresentada, mantendo o lançamento fiscal. Recordese: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/10/2006 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA SOBRE A RECEITA BRUTA PROVENIENTE DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente se subroga na obrigação de recolher as contribuições devidas pelo produtor rural pessoal física, destinadas ao financiamento dos Riscos Ambientais do Trabalho RAT, independentemente de as operações de venda terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. LEGALIDADE E CONSTITUCIONALIDADE. É vedado à Administração Pública o exame da Legalidade e Constitucionalidade das Leis. Lançamento Procedente” Do resultado do julgamento, a empresa recorrente foi intimada em 18/12/2009 (fl. 352). À fl. 355, a DRJ/RPO lavrou termo de perempção informando ter transcorrido o prazo para a contribuinte apresentar Recurso Voluntário, certificando, também, a ausência do pagamento do lançamento, informando as cautelas de praxe. Ainda, assim, inconformada com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 22/01/2010 (às fls. 356/359), argumentando o que segue, inclusive repisando argumentos já lançados em impugnação: (i) a constitucionalidade da referida contribuição vinha sendo discutida no Tribunais, destacandose o julgamento em segundo grau do TRF 3, tendo este suscitado incidente de inconstitucionalidade a ser submetido ao órgão especial (Processo nº Fl. 559DF CARF MF 4 2000.61.06.00.0000013), e outra estaria sendo julgada pelo STF (RE 363.852/MG), já tendo o Min. Marco Aurélio proferido, à época, voto pela inconstitucionalidade da exação; (iii) que outros 4 Ministros, a saber, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Carlo Brito haviam conhecido e dado provimento ao recurso em questão, tendo o Min. Cezar Peluso pedido vista; (iv) que, portanto, 5 dos 11 Ministros já haviam votado favoravelmente à causa, ou seja, pela inconstitucionalidade da contribuição previdenciária denominada “novo Funrural”; (v) que é cabível a alegação de inconstitucionalidade de exação por via administrativa e que o art. 25, I, da Lei nº 8.212/91 extrapolou o texto constitucional, em decorrência da instituição de nova fonte de custeio da previdência social e que esta só teria validade se instituída após a EC 20/98, ou por meio de Lei Complementar; (vi) que antes da EC 20/98, o art. 195 da CF definia que as contribuições devidas pela empresa e destinadas ao fnanciamento da Seguridade Social deveriam recair sobre a folha de saláios, ao faturamento e lucro e que, portanto, ao dispor sobre a matéria o artigo 25, I, da Lei 8.212/91 extrapolou o texto constitucional, sendo que a cobrança só teria validade se insituída após a referida Emenda. Diante disso, requer o provimento do recurso para se declarar a improcedência do Auto de Infração e consequentemente o cancelamento do débito levantado pela fiscalização. Após apresentação do Recurso Voluntário, o contribuinte apresentou petição com documentos (fls. 364/369), alegando que “por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou em julgamento realizado na data de 03 de fevereiro de 2010, a inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VI, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei 9.528/97, que prevê o recolhimento de contribuição para o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)” e que “diante da inconstitucionalidade declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal acima noticiada, o presente auto de infração resta prejudicado, devendo o mesmo ser declarado improcedente, e conseqüentemente cancelado o débito levantado pela fiscalização”. É o relatório. Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE A Recorrente foi cientificada da r. decisão em debate no dia 18/12/2009 (sextafeira), conforme AR juntado às fl. 352. De acordo com o artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, “Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão”. Fl. 560DF CARF MF Processo nº 16004.000404/200869 Acórdão n.º 2401005.595 S2C4T1 Fl. 4 5 O dies a quo teve início em 21/12/2009 (segundafeira), e o trintídio legal regulamentar encerrouse em 19/01/2010 (terçafeira). Assim, lavrou a DRJ/POR, em 20/01/2010 (fl. 355), termo de perempção. Contudo, conforme se observa às fls. 356/359, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 22/01/2010, ou seja, fora do prazo legal. Portanto, em razão da intempestivamente, NÃO CONHEÇO DO RECURSO já que AUSENTE os requisitos de admissibilidade. 2. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, NÃO CONHEÇO do Recurso Voluntário, pois manifestamente intempestivo. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 561DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.001643/2008-36
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2003
MULTA QUALIFICADA NO PERCENTUAL DE 150%. DOLO.
Justifica-se a aplicação da multa no percentual de 150% quando restar demonstrado que o contribuinte agiu de forma dolosa, em conduta reiterada e uniforme, estando presentes os elementos cognitivo e volitivo, visando se esquivar do pagamento de tributos.
SÚMULA CARF Nº 72.
Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN.
Numero da decisão: 9101-003.849
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei e Rafael Vidal de Araújo.
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2003 MULTA QUALIFICADA NO PERCENTUAL DE 150%. DOLO. Justifica-se a aplicação da multa no percentual de 150% quando restar demonstrado que o contribuinte agiu de forma dolosa, em conduta reiterada e uniforme, estando presentes os elementos cognitivo e volitivo, visando se esquivar do pagamento de tributos. SÚMULA CARF Nº 72. Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo - Presidente em exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei e Rafael Vidal de Araújo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1378; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 1.275 1 1.274 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16004.001643/200836 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.849 – 1ª Turma Sessão de 4 de outubro de 2018 Matéria IRPJ MULTA QUALIFICADA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado DE SOUZA & LIMA LTDA ME ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2003 MULTA QUALIFICADA NO PERCENTUAL DE 150%. DOLO. Justificase a aplicação da multa no percentual de 150% quando restar demonstrado que o contribuinte agiu de forma dolosa, em conduta reiterada e uniforme, estando presentes os elementos cognitivo e volitivo, visando se esquivar do pagamento de tributos. SÚMULA CARF Nº 72. Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente em exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 16 43 /2 00 8- 36 Fl. 1275DF CARF MF Processo nº 16004.001643/200836 Acórdão n.º 9101003.849 CSRFT1 Fl. 1.276 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei e Rafael Vidal de Araújo. Relatório Tratase de recurso especial (efls. 1081/1092) interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ("PGFN") em face do Acórdão nº 1402001.557 (efls. 1062/1078), da sessão de 11 de fevereiro de 2014, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, que deu provimento parcial ao recurso voluntário para acolher a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos entre janeiro e maio de 2003 e no mérito reduzir a multa de ofício ao percentual de 75%. A autuação fiscal, de IRPJ SIMPLES e reflexos (efls. 454/512) encontrase no contexto da Operação Grandes Lagos, no qual o modus operandi consistia na interposição de pessoas com o objetivo de comercialização de produtos do ramo frigorífico sem pagamento dos tributos devidos. Foram efetuados lançamentos de ofício com base na infração tributária presunção de omissão de receitas de depósitos bancários com origem não comprovada, tendo sido qualificada a multa de ofício (150%), e lavrados Termos de Sujeição Passiva Solidária (e fls. 448/453). Foram apresentadas impugnações. Foram não conhecidas as apresentadas pelos responsáveis tributários por serem intempestivas, e julgada improcedente a apresentada pelo sujeito passivo direto, pela decisão de primeira instância (efls. 872/885). Foi interposto recurso voluntário (efl. 509/518) pela Contribuinte, cujo provimento foi parcial nos termos da ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2003 Ementa: DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (STJ Primeira Seção de Julgamento, Resp 973.733/SC, Relator Ministro Luiz Fux, julgado em 12/08/2009, DJ 18/09/2009) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003 Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 16004.001643/200836 Acórdão n.º 9101003.849 CSRFT1 Fl. 1.277 3 Ementa: OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. FRAUDE NÃO DEMONSTRADA. INAPLICABILIDADE. A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. ( Súmula CARF nº 14) A PGFN interpôs recurso especial para tratar da matéria sobre a qualificação da multa de ofício (150%) e da decadência, tendo apresentado respectivamente os paradigmas, nº 10515.955 e 10515.955, para demonstrar as divergências. Discorre que teria restado cristalina a atividade ilícita da empresa, a partir da conduta de deixar de declarar parcela significativa de sua receita, em omissão dolosa e realizada de maneira sistemática. E, caso restabelecida a multa qualificada, cabe ser afastada a decadência, vez que submetida à contagem do art. 173, inciso I do CTN. Requer pelo provimento do recurso especial. Despacho de exame de admissibilidade (efls. 1115/1118) deu seguimento ao recurso especial. A Contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 1132/1189). Pugna pela manutenção da decadência mediante aplicação do art. 150, §4º do CTN, por se tratar de lançamento por homologação, discorre que foram efetuados recolhimentos efetivamente devidos a cada mês, e que não restou demonstrado o dolo pela autuação fiscal, tendo sido acertada a redução da multa de ofício para 75% realizada pela decisão recorrida. Aduz que não foi comprovado o dolo para justificar a aplicação da multa de 150%, e cita a Súmula CARF nº 14 que entende ser aplicável ao caso. Requer pela manutenção da decisão recorrida. A Contribuinte interpôs recurso especial (efls. 1913/2014), cujo seguimento foi negado por despacho de exame de admissibilidade (efls. 1219/1224). É o relatório. Fl. 1277DF CARF MF Processo nº 16004.001643/200836 Acórdão n.º 9101003.849 CSRFT1 Fl. 1.278 4 Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Sobre a admissibilidade, vale tecer considerações sobre a possível aplicação da Súmula CARF nº 14 ao caso concreto, aduzida em contrarrazões pela Contribuinte, o que impediria o seguimento do recurso especial da PGFN. Apesar de não ter sido mencionada, entendo também cabível apreciação em face da Súmula CARF nº 25, tendo em vista que a autuação fiscal amparouse na presunção de omissão de receitas prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. O possível conflito com a Súmula CARF nº 14 foi enfrentado objetivamente pelo despacho de exame de admissibilidade de efls. 1115/1118: Como se vê da ementa do Acórdão recorrido a questão relativa à divergência alegada quanto à qualificação da multa foi subsumida à Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. ( Súmula CARF n° 14) Por outro lado, no corpo do Acórdão recorrido não foi feito qualquer menção à aplicação da referida súmula no corpo do voto. E como se sabe o corpo do voto tem precedência sobre a ementa. Dessa feita, não vejo como considerar que a Súmula foi aplicada ao caso concreto e os fatos que nele se apresentam apontam para caminho contrário, ou seja, o Acórdão recorrido o fato dos valores declarados terem sido inexpressivos, e principalmente a existência de interposta pessoa afasta a aplicação da referida súmula. Na mesma medida, aplicase o entendimento em relação à Súmula CARF nº 25. Os fatos narrados pelos presentes autos não dizem respeito estritamente a autuação de presunção de omissão de receitas. Observase que apresentam outros elementos relevantes, relativos a operações decorrentes do esquema conhecido como "Grandes Lagos", com presença de interpostas pessoas, tendo sido lavrados inclusive Termos de Sujeição Passiva Solidária para incluir no pólo passivo da autuação os proprietários de fato da pessoa jurídica. Nesse contexto, não há que se falar na aplicação de qualquer entendimento sumular. Nesse sentido, cabe ser conhecido o recurso especial da PGFN. Fl. 1278DF CARF MF Processo nº 16004.001643/200836 Acórdão n.º 9101003.849 CSRFT1 Fl. 1.279 5 Passo ao exame do mérito. A justificativa para a qualificação da multa de ofício foi assim descrita pela autoridade fiscal: Tendo em vista o fato de o contribuinte ter declarado à Receita Federal uma receita de apenas R$ 19.150,00, ter como sócios interpostas pessoas dos verdadeiros proprietários, Srs. Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza e José Roberto de Souza (também sócios de direito e de fato das empresas Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda e Frigorifico Ouroeste) e quando intimado a comprovar os créditos ingressados em suas conta correntes, no ano calendário de 2003, superior a R$ 10 milhões de Reais não respondeu as sucessivas intimações, restou flagrantemente caracterizado o evidente intuito de fraudar a Fazenda Pública Federal, fato suficiente para justificar a exasperação da penalidade na forma prevista no citado art. 44, II, da Lei no 9.430 de 1996, que assim dispõe: (...) Apesar do lançamento ser parcial, somente em relação ao ano calendário de 2003, verificase que o comportamento fraudulento se reporta a todo o período fiscalizado, conforme quadro abaixo:(...) Ora, resta clara a presença do dolo na conduta da Contribuinte. No caso concreto, o plus na conduta é evidente, ultrapassando o tipo objetivo da norma tributária. Valeuse a Contribuinte de interpostas pessoas para ocultar os administradores de fato da pessoa jurídica. Transcrevo excerto da autuação fiscal: A empresa De Souza & Lima Ltda foi constituída em 06/05/1999, pelos sócios Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza, TENDO COMO OBJETO SOCIAL A INTERMEDIAÇÃO DE MERCADORIAS EM GERAL, fls. 20 a 22. Em 24/11/2000, tem a atividade alterada para TRANSPORTE RODOVIARIO DE CARGA, fls. 23 e 24. Em 09/05/2003, as cotas foram transferidas para as mães dos citados sócios Maria de Lourdes Bazeia de Souza e Joana Garcia Martinez de Lima e o endereço da empresa passou a ser a mesmo da Sra Maria de Lourdes Bazeia de Souza, fls. 25 a 28. Em 02/03/2005, a empresa mudase para o endereço, Rua Rio Grande do Sul n. O 243B, Centro, BalsamoSP, fls. 32 e 33. Em diligência no local, conforme cópia do contrato de locação de fls. 11 e 12, verificouse que a empresa nunca esteve instalada no local e que o imóvel pertence ao Pai do contador responsável pela escrita fiscal da empresa, Luiz Roberto Rufo. No mesmo instrumento de alteração o sócio Edson Garcia de Lima volta a sociedade com uma participação minoritária. Em 01/08/2006, retirase da sociedade Edson Garcia de Lima e ingressa Tatiana Cristina Zoccal de Lima, filha do sócio Edson Fl. 1279DF CARF MF Processo nº 16004.001643/200836 Acórdão n.º 9101003.849 CSRFT1 Fl. 1.280 6 Garcia de Lima, fls. 37 a 41 . Em 03/11/2006, retirase a sócia Tatiana e ingressa Manoel dos Reis de Oliveira, fls. 42 a 46. Tanto a Sra. Joana Garcia Martinez de Lima, quanto o sócio Manoel dos Reis de Oliveira, conforme se verifica nos documentos de fls. i 317 a 320, não possuem condição para gerir a empresa com esta movimentação financeira. Alias, o Sr. Manoel dos Reis de Oliveira é conhecido na cidade como "Dedé carrinheiro", pessoa simples que reside em uma pequena casa da COHAB local. Foi utilizado, também, pelo sócio Dorvalino Francisco de Souza como interposta pessoa na empresa Produtos da Fazenda Ltda, empresa esta que teria funcionado até o ano de 2002 e comercializava produtos de origem animal no atacado. Nas instituições bancárias, que a empresa possuía conta, Banco Nossa Caixa e Mercantil do Brasil, o Sr. Edson Garcia de Lima era o responsável pela movimentação pela empresa, possuindo, inclusive, procuração pública com amplos poderes de administração, fls. 05 e 315 a 316. (Ver cópia da ficha cadastral atualizada das citadas instituições financeiras). (...) Destaquese que o contribuinte tentou induzir em erro a fiscalização, entregando apenas extratos bancários de UM só banco, mesmo sabendo que tinha movimento de grande monta em outra instituição financeira (Banco Mercantil do Brasil). Resta evidente a execução de uma série de condutas concatenadas com o intuito deliberado de se esquivar a obrigação de pagar tributos. Transferência da sociedade para as mães dos proprietários de fato, indicação de endereço falso, do pai do contador da empresa, utilização de interpostas pessoas para compor o quadro da sociedade, sem nenhuma capacidade financeira, e procuração para movimentação das contas bancárias da empresa aos verdadeiros proprietários. Há relato ainda de que a Contribuinte tentou induzir a erro a Fiscalização, vez que, ao ser intimada, entregou extratos bancários de apenas um banco, quando tinha substancial movimentação financeira em outra instituição financeira. O plus na conduta é evidente. Verificase a presença dos elementos cognitivo e volitivo, consumandose o intuito doloso, cuja definição é apresentada com clareza por CEZAR ROBERTO BITENCOURT1: O dolo, elemento essencial da ação final, compõe o tipo subjetivo. Pela sua definição, constatase que o dolo é constituído por dois elementos: um cognitivo, que é o conhecimento do fato constitutivo da ação típica; e um volitivo, que é a vontade de realizála. O primeiro elemento, o conhecimento, é pressuposto do segundo, a vontade, que não pode existir sem aquele. Sobre o elemento cognitivo, BITENCOURT 2 discorre com didática: 1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : parte geral, volume 1, 11ª ed. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 267. 2 BITENCOURT, 2007, p. 269. Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 16004.001643/200836 Acórdão n.º 9101003.849 CSRFT1 Fl. 1.281 7 Para a configuração do dolo exigese a consciência daquilo que esse pretende praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é, deve estar presente no momento da ação, quando ela está sendo realizada Sobre o elemento volitivo, são claros os ensinamentos 3: A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou omissão (conduta), o resultado e o nexo causal. A vontade pressupõe a previsão, isto é, a representação, na medida em que é impossível querer algo conscientemente senão aquilo que se previu ou representou na nossa mente, pelo menos, parcialmente. E a conduta não foi restrita a um fato gerador, pelo contrário, referese a fatos geradores ocorridos durante todo os anoscalendário de 2003 a 2007, conforme demonstrativo elaborado pela autoridade fiscal: Anocalendário Total das Receitas Declaradas (R$) Total dos créditos não comprovados (R$) 2003 19.150,00 9.552.995,44 2004 145.300,00 2.396.601,59 2005 199.320,00 5.932.141,24 2006 56.912,20 2.812.078,55 2007 0,00 391.435,26 Cabe, portanto, ser restabelecida a qualificação da multa, tendo sido demonstrado a ocorrência do dolo. E, nesse contexto, devese aplicar a Súmula CARF nº 72, relativa á contagem do prazo decadencial: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. O fato gerador mais antigo é 31/01/2003, assim o prazo decadencial iniciase em 01/01/2004 (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), finalizando em 31/12/2008. Tendo sido a Contribuinte cientificada em 02/12/2008, não há que se falar em decadência. 3 BITENCOURT, 2007, p. 269. Fl. 1281DF CARF MF Processo nº 16004.001643/200836 Acórdão n.º 9101003.849 CSRFT1 Fl. 1.282 8 Devese, portanto, afastar a decadência reconhecida pela decisão recorrida. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN. (assinatura digital) André Mendes de Moura Fl. 1282DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.903283/2012-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005
RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO
Direitos creditórios pleiteados via Declaração de Compensação - Nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, essencial a comprovação da liquidez e certeza dos créditos para a efetivação do encontro de contas, comprovação esta que é ônus do contribuinte, sendo incabível a transferência da responsabilidade ao Fisco.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-005.619
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Direitos creditórios pleiteados via Declaração de Compensação - Nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, essencial a comprovação da liquidez e certeza dos créditos para a efetivação do encontro de contas, comprovação esta que é ônus do contribuinte, sendo incabível a transferência da responsabilidade ao Fisco. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede.
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Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 32 83 /2 01 2- 73 Fl. 145DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido e aproveitar esse crédito com débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB. Por meio de Despacho Decisório Eletrônico, a compensação pleiteada não foi homologada ante a ausência/insuficiência de créditos oponíveis contra a Fazenda Pública, uma vez que o pagamento indicado foi encontrado, encontrandose, todavia, totalmente alocado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado da decisão o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade alegando em sede de preliminar sua nulidade. No mérito, insurgiuse contra o caráter confiscatório da multa exigida, bem como contra a taxa Selic. A Delegacia Regional de Julgamento de Porto Alegre por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 10 048.990. Cientificada da Decisão da Delegacia Regional de Julgamento, a impugnante ingressou com RECURSO VOLUNTÁRIO junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, alegando, em síntese, que: ü A Decisão ora atacada deve ser de plano anulada por esta Colenda Câmara, uma vez que não respeitou os mais basilares princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos, pois ainda que levantados tais pontos na manifestação, os mesmos não foram devidamente apreciados, razão pela qual se impõe sejam eles devidamente analisados nesta instância de julgamento; ü A decisão elaborada não se presta a dar início ao contraditório administrativo, eis que, como visto, carente de fundamentação; ü Não houve qualquer diligência por parte da Fiscalização com o intuito de verificar a natureza do crédito postulado, sendo seu proceder tão somente na injustificada negativa do crédito pretendido e na retórica imposição do ônus da prova do crédito à Contribuinte; ü Pelo exposto, resta claro o prejuízo aos direitos da Contribuinte ao exercício de sua defesa, vez que impossibilitada de defenderse da forma apregoada no Texto Magno. Neste contexto, não pairam quaisquer dúvidas quanto ao direito dos administrados à ampla defesa Fl. 146DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 4 3 no processo administrativo, sendo este verdadeiro critério de validação dos atos e processos administrativos; ü A decisão recorrida, como visto, teve como fundamento a inexistência de crédito, porquanto o ônus da prova, quanto ao crédito, seria da Contribuinte. Nada mais equivocado, uma vez que, como veremos, o processo administrativo pautase pela verdade material ou verdade real, não havendo espaço para presunções legais ou mesmo de ‘verdades’ processuais decorrentes de eventual distribuição do ônus da prova; ü O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei ou melhor, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte; ü A inaplicabilidade da TAXA SELIC aos supostos débitos como juros de mora e a limitação dos juros de mora dada pelo código tributário nacional; ü A possibilidade do enfrentamento pelo tribunal administrativo do argumento de inconstitucionalidade de norma legal. DO PEDIDO Pelo exposto, requer a Recorrente seja dado integral provimento ao presente Recurso Voluntário, a fim de que sejam homologadas as compensações declaradas, reconhecendose a relevância dos fundamentos de fato e de direito ora encaminhados ao seu elevado crivo, com a consequente reforma do Acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.615, de 23 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.903279/201213, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.615): "Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a empresa MECÂNICA COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA foi cientificada Acórdão n° 1049.299, em 15/04/2014, via Aviso de Recebimento, às folhas 76 do processo digital. A empresa MECÂNICA COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA apresentou o seu Recurso Voluntário em 09/05/2014, às folhas 78 do processo digital. O recurso é tempestivo. Da controvérsia. Não respeito aos princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos; A decisão elaborada é carente de fundamentação; Ausência der diligência por parte da Fiscalização; A inexistência de crédito e o ônus da prova; O valor lançado a título de multa fere o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade; A inaplicabilidade da TAXA SELIC; O enfrentamento do argumento de inconstitucionalidade. Das preliminares. Não respeito aos princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos É alegado às folhas 03 do Recurso Voluntário: Fl. 148DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 6 5 A Decisão ora atacada deve ser de plano anulada por esta Colenda Câmara, uma vez que não respeitou os mais basilares princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos, pois ainda que levantados tais pontos na manifestação, os mesmos não foram devidamente apreciados, razão pela qual se impõe sejam eles devidamente analisados nesta instância de julgamento. Assim, de forma mais pormenorizada, passaremos em seguida a expor que a decisão que não homologou as compensações pretendidas pela ora Recorrente deixou de atender o requisito constitucional da fundamentação do ato administrativo, além de ferir os princípios também constitucionais da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal. Sem razão a Recorrente. O Acórdão n° 1049.299, ora guerreado, de pronto explicita o motivo pelo qual a Administração não homologou a compensação: os pagamentos tidos como indevidos foram localizados, mas já se encontram “integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp”. Portanto, a fiscalização aponta um fato preciso, certo e determinado que fulmina as pretensões da então impugnante. Reafirmando a própria argumentação do Voto exarado no Acórdão n° 1049.299, a fundamentação fática a pouco transcrita explicita o indeferimento do pleito, não necessitando de esclarecimento adicional, uma vez que os controles de conta corrente exercido pela autoridade administrativa indicavam a alocação para outro débito do suposto crédito oponível pela interessada. De outra sorte, a Recorrente não explicita o porquê que os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal foram desrespeitados. Assim sendo, por ora, tomase essa argumentação como mera retórica. A decisão elaborada é carente de fundamentação. É alegado às folhas 04 do Recurso Voluntário: Ora, Nobres Julgadores, como pode afirmar a Fiscalização que é inexistente o crédito que a Contribuinte pretende compensar se sequer possui meios de determinar qual seria a natureza deste crédito e sua origem??? Ademais, em atenção ao princípio processual administrativo da verdade material, o procedimento correto da Fiscalização, no caso em tela, seria intimar a Contribuinte para que prestasse informações sobre qual a origem do crédito postulado, bem como seu fundamento de validade. Isto porque não pode a Administração ‘presumir’ a inexistência de crédito e de plano não homologar as compensações declaradas pela Contribuinte. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 7 6 Todavia, este foi o nefasto procedimento da Administração que, desta maneira, emitiu decisão desprovida da necessária fundamentação que deve conter o Ato Administrativo. Digase ainda que a necessidade de fundamentação ou motivação dos atos administrativos é obrigatória para o exame de sua legalidade, finalidade e da moralidade administrativa. A argumentação esposada não guarda sintonia com o texto do Acórdão n° 1049.299, a começar pela motivação presente no Voto do Acórdão n° 10 49.299: os pagamentos tidos como indevidos foram localizados, mas já se encontram “integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp”. Portanto, o Acórdão n° 1049.299 contém uma fundamentação explicita que inaugura o próprio voto. No mais, depreendese da própria fundamentação transcrita que os créditos apontados pela empresa MECÂNICA COMERCIAL existem! Tanto é que já se encontram integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, e por esse motivo não se prestam a atender a pretensão pleiteada. Quanto à alegação de que o procedimento correto da Fiscalização, no caso em tela, seria intimar a Contribuinte para que prestasse informações sobre qual a origem do crédito postulado, digase, em tempo, que esse é o propósito tanto da Manifestação de Inconformidade como do próprio Recurso Voluntário e em ambos os casos a empresa MECÂNICA COMERCIAL se limitou a se valer de retórica, sem trazer fatos concretos que suportassem sua argumentação e/ou desabonassem a fundamentação trazida no Voto do Acórdão n° 1049.299. Em tempo, há que se diga, que o Voto do Acórdão n° 1049.299 já faz essa advertência ao então impugnante, empresa MECÂNICA COMERCIAL, ao citar e transcrever os artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72. Ausência de diligência por parte da Fiscalização. É alegado às folhas 11 do Recurso Voluntário: Frisase novamente que não houve qualquer diligência por parte da Fiscalização com o intuito de verificar a natureza do crédito postulado, sendo seu proceder tão somente na injustificada negativa do crédito pretendido e na retórica imposição do ônus da prova do crédito à Contribuinte. Desta maneira, resta prejudicado o contraditório administrativo e, consequentemente, o devido processo legal e, ainda, a ampla e irrestrita defesa da Contribuinte. A decisão da DRJ deveria exprimir o entendimento Fiscal quanto ao crédito postulado pelo Contribuinte, deixando claro qual o Juízo de Valor utilizado para sua não aceitação. Não houve qualquer diligência nesse sentido, porque a Delegacia Regional de Julgamento se convenceu da existência de fato preciso, certo e determinado que fulmina as pretensões da então impugnante. E como o Recurso Voluntário é árido em trazer elementos de prova que desabonem esse entendimento, não se percebe a necessidade de qualquer Fl. 150DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 8 7 diligência, tomando essa demanda como uma tentativa de procrastinar o presente processo. Do mérito. A inexistência de crédito e o ônus da prova É alegado às folhas 11 do Recurso Voluntário: A decisão recorrida, como visto, teve como fundamento a inexistência de crédito, porquanto o ônus da prova, quanto ao crédito, seria da Contribuinte. Nada mais equivocado, uma vez que, como veremos, o processo administrativo pautase pela verdade material ou verdade real, não havendo espaço para presunções legais ou mesmo de ‘verdades’ processuais decorrentes de eventual distribuição do ônus da prova. Neste sentido, o artigo 333 do Código de Processo Civil, invocado pelo Juízo administrativo a quo, é manifestamente inaplicável ao procedimento administrativo. A comprovação dos fatos é o próprio objeto do processo administrativo, não havendo que se distribuir o ônus probatório entre as partes. (Negrito próprio) Como já mencionado em questão enfrentada alhures: os créditos apontados pela empresa MECÂNICA COMERCIAL existem! Tanto é que já se encontram integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, e por esse motivo não se prestam a atender a pretensão pleiteada. Por esse motivo, não paira para a fiscalização qualquer dúvida quanto à existência, qualidade, valor e destinação do crédito, não havendo motivos para a realização de diligência. Quanto à solicitação de perícia, o artigo 36 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, assim explicita: Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto no 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 1o Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder, e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). Fl. 151DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 9 8 § 2o Indeferido o pedido de diligência ou de perícia, por terem sido consideradas prescindíveis ou impraticáveis, deverá o indeferimento, devidamente fundamentado, constar da decisão (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 18 e 28, com as redações dadas pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 3o Determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusarse de cumprilas. A Lei 9.874 que se aplica subsidiariamente ao Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, assim dispõe: Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. A relevância do fato é caracterizada por haver correspondência entre este e a situação enfocada no processo, bem como por seu reconhecimento desencadear efeitos jurídicos peculiares. A pertinência, por sua, vez, diz respeito ao relacionamento entre o fato e a lide instalada. O mesmo se pode dizer da concludência, entendida como a possibilidade de conduzir o julgador à conclusão acerca dos fatos discorridos no processo. Fato concludente, nessa concepção, não significa o enunciado que, por si só, seja suficiente para formar a convicção do julgador, mas todo fato que, ao lado de outros, possa atuar como argumento para a procedência ou improcedência da demanda, em nada se distinguindo do chamado fato pertinente. Considerado fato inconcludente aquele que leva ao convencimento da ocorrência ou inocorrência de situações não envolvidas na discussão processual (fato impertinente), sua prova seria totalmente inócua. Nesse ponto, notase o intrínseco relacionamento entre os requisitos do fato susceptível de ser objeto de prova e a função que a prova assume no sistema jurídico: sendo destinada ao convencimento do julgador, só tem cabimento a realização de enunciação probatória relativa a fatos que possam levar a essa persuasão. Não foi apresentado qualquer fato, motivo ou justificativa relevante que propiciasse a realização da perícia, a luz do que já foi exposto, mesmo porque toda perícia tem por objetivo auxiliar o julgador na formação de sua melhor convicção racional e na busca da verdade material, ação que já se processou. Das penalidades. Da arguição de confisco e desrespeito aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Quanto ao princípio do nãoconfisco, e por conseguinte o princípio da razoabilidade – proporcionalidade, agasalhase o entendimento o de que vem a ser essa uma limitação imposta pelo Legislador constituinte ao Legislador infraconstitucional (ordinário), portanto, não se podendo dizer que o princípio esteja direcionado à Administração Tributária. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 10 9 A inaplicabilidade da TAXA SELIC Sobre o assunto, o art. 161, § 1º, do CTN, abaixo reproduzido, outorga à lei a faculdade de estabelecer os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento, fixando o percentual de 1% na hipótese de a lei não dispor de forma diversa. Art. 161 O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantias previstas nesta Lei ou em lei tributária”. §1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês. Em atenção a tal dispositivo, a Lei nº 9.430/96, em seu art. 61, § 3º, estabeleceu expressamente, para o cálculo dos juros de mora, a aplicação da taxa Selic. Oportuno registrar, conforme reconhecido pela interessada, que, sobre o assunto, já existe Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (antiga súmula do Conselho de Contribuintes, renumerada pela Portaria CARF nº 106, de 21/12/2009), como segue: Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, estando a exigência devidamente fundamentada, conforme já anteriormente mencionado, não cabe a este órgão administrativo perquirir da legalidade ou inconstitucionalidade dessa norma, uma vez que, enquanto esta não é declarada inconstitucional pelos órgãos competentes do Poder Judiciário e não é expungida do sistema normativo, tem presunção de validade, presunção esta que é vinculante para a administração pública. Portanto, é defeso aos órgãos administrativos jurisdicionais, de forma original, reconhecer alegação de ilegalidade ou inconstitucionalidade de disposições que fundamentam o lançamento, ainda que sob o pretexto de deixar de aplicálas ao caso concreto. Nesse mesmo sentido, está, como já citado, o art. 26A do Decreto nº 70.235/72. Confirmando este posicionamento, já foi editada Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (antiga súmula do Conselho de Contribuintes, renumerada pela Portaria CARF nº 106, de 21/12/2009), dispondo, in verbis: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Todavia, ainda que nos fosse possível enveredar por tais caminhos, cumpririanos lembrar que a jurisprudência do STJ já há muito se consolidou no sentido da legitimidade da aplicação da SELIC nos créditos tributários, como é possível depreender dos julgados abaixo: AgRg no Ag 932732 PRIMEIRA TURMA – Julgado em 18/12/2008: Fl. 153DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 11 10 “1. Os créditos tributários recolhidos extemporaneamente, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1995, a teor do disposto na Lei 9.065/95, são acrescidos dos juros da taxa SELIC, operação que atende ao princípio da legalidade.(...)” REsp 1028724 PRIMEIRA TURMA – Julgado em 06/05/2008: “(...) 10. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários.(...)” REsp 1086308 SEGUNDA TURMA – Julgado em 09/12/2008: “(...) 2. É legítima a utilização da taxa Selic como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07).(...)” Diante da mais recente jurisprudência, não haveria como considerar de outra forma. E, como argumento de reforço no sentido da aplicação justa, vale observar que o STJ posicionase no sentido da aplicação da SELIC tanto a favor da Fazenda Pública, quanto a favor dos contribuintes, como se depreende do julgado abaixo: AgRg no Ag 599960 – SEGUNDA TURMA – Julgado em 07/12/2004: “(...)A Primeira Seção deste egrégio Superior Tribunal de Justiça, na assentada de 14.05.2003, consolidou o entendimento no sentido da aplicação da Taxa SELIC, na restituição/compensação de tributos, a partir da data da entrada em vigor da lei que determinou sua incidência no campo tributário, conforme dispõe o artigo 39 da Lei n. 9.250/95.(...)” Também não merece prosperar a alegação de que o CTN, no art. 161 §1o, estabelece taxa de 1% e que uma norma com força de lei complementar não poderia ser contrariada ou modificada por uma lei ordinária, pois que o próprio texto do código já excepciona sua aplicabilidade: CTN Art. 161 § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (grifo nosso) Passando à questão da revogação dos arts. 34 e 35 da Lei 8.212/91 pela MP 449/08, temos que, inicialmente, estabelecer a natureza dos juros de mora ora revogados. Há de se explicitar que os juros de mora não têm caráter punitivo, mas sim, de compensação pela falta de disponibilidade dos recursos por parte da Fazenda. Destarte, no que tange a retroatividade, as regras de aplicação da legislação tributária previstas art. 106 inciso II do CTN não alcançam os juros de mora, fazendo valer a regra geral de aplicação temporal das leis tributárias prevista no art. 144 do mesmo diploma legal: Fl. 154DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 12 11 CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Inobstante o fato de a mudança trazida pela nova legislação ser muito pouco significante (diferença de apenas 1% aplicável no mês do recolhimento) tal mudança não se opera retroativamente, continuando a valer a metodologia vigente à época do fato gerador. Não há, portanto, como acatar o afastamento da taxa Selic no cálculo dos juros de mora. O enfrentamento do argumento de inconstitucionalidade. A presente questão relacionase com as hipóteses de aplicação, pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, de norma declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso, quando não há resolução do Senado Federal ou ato do Secretário da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RF), dispensando a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional. No Brasil, em regra, o controle de constitucionalidade de leis e atos normativos compete ao Poder Judiciário e pode realizarse por duas vias distintas: a concentrada (controle abstrato) e a difusa (controle concreto). Na via concentrada, a constitucionalidade da norma é examinada em tese e o que se busca é expelir do sistema jurídico o ato inconstitucional. Não se cuida do julgamento de uma relação concreta, mas sim da validade de uma norma em abstrato frente à Constituição. É por isso que, nesse âmbito, a declaração de inconstitucionalidade tem eficácia objetiva (erga omnes), o que impossibilita a aplicação da norma viciada pelos órgãos de julgamento administrativo. Por outro lado, no controle difuso, o autor da ação não procura a tutela do Poder Judiciário preocupado com a inconstitucionalidade da lei em tese. Seu objetivo é a efetivação de determinado direito subjetivo concreto, exigível em face de alguém. A questão constitucional é apreciada apenas de forma acessória, incidental, a fim de que o Poder Judiciário possa decidir o mérito da causa, reconhecendo ou não o direito subjetivo do autor. Disso se extrai que, na via difusa, a declaração de inconstitucionalidade de ato normativo proferida no bojo de decisão judicial definitiva só alcança as partes do processo (eficácia inter partes) e, por consequência, não vincula objetivamente os órgãos de julgamento administrativo – a não ser na hipótese prevista no art. 52, inciso X, da Constituição Federal (resolução do Senado Federal), ou, no caso das Delegacias de Julgamento da Receita Federal do Brasil, na hipótese prevista no art. 4º, parágrafo único, do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. Essa última exceção merece maior detalhamento, pois se relaciona diretamente com a questão apresentada. O art. 77 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, autorizou o Poder Executivo a disciplinar as hipóteses em que a Administração Tributária federal pode afastar a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional por decisão definitiva do STF: Art. 77. Fica o Poder Executivo autorizado a disciplinar as hipóteses em que a administração tributária federal, relativamente aos créditos tributários baseados em dispositivo Fl. 155DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 13 12 declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, possa: I absterse de constituílos; II retificar o seu valor ou declarálos extintos, de ofício, quando houverem sido constituídos anteriormente, ainda que inscritos em dívida ativa; III formular desistência de ações de execução fiscal já ajuizadas, bem como deixar de interpor recursos de decisões judiciais. A regulamentação de tal dispositivo legal veio com o referido Decreto nº 2.346/1997, que, em seu art. 4º, estabeleceu o seguinte: Art. 4º Ficam o Secretário da Receita Federal e o Procurador Geral da Fazenda Nacional, relativamente aos créditos tributários, autorizados a determinar, no âmbito de suas competências e com base em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal que declare a inconstitucionalidade de lei, tratado ou ato normativo, que: I não sejam constituídos ou que sejam retificados ou cancelados; II não sejam efetivadas inscrições de débitos em dívida ativa da União; III sejam revistos os valores já inscritos, para retificação ou cancelamento da respectiva inscrição; IV sejam formuladas desistências de ações de execução fiscal. Parágrafo único. Na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, na hipótese de o Secretário da Receita Federal do Brasil determinar o afastamento da aplicação de lei, tratado ou ato normativo federal declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso, os julgadores das DRJs ficam vinculados a essa determinação. Tratase aqui de interpretação do parágrafo único do dispositivo à vista do caput. No entanto, a Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, alterou o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, retirando a vedação antes existente de afastamento de aplicação de acordo internacional, lei ou decreto, sob o fundamento de inconstitucionalidade, somente para os casos em que a norma já tenha sido declarada inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal. Tal alteração gerou divergência de entendimento acerca da possibilidade de extensão dos efeitos subjetivos de declaração de inconstitucionalidade aos processos administrativos em curso na RFB nas hipóteses em que não se verificam as mencionadas vinculações objetivas, ou Fl. 156DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 14 13 seja, fora dos casos previstos no art. 52, inciso X, da Constituição Federal, e no art. 4º, parágrafo único, do Decreto nº 2.346/1997. De um lado, estão os que defendem que sim, que, em determinados casos, os julgadores das DRJs podem afastar a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso. Fundamentamse, para tanto, na interpretação do §6º, inciso I, do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (redação dada pela Lei nº 11.941/2009): Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; Entendem, portanto, que tal dispositivo, por ser posterior ao Decreto nº 2.346/1997, tacitamente revogou o seu art. 4º, que exigia a edição de ato do Secretário da RFB que autorizasse a não aplicação de norma declarada inconstitucional, com base em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Argumentam também que persistir na aplicação de dispositivos legais cuja inconstitucionalidade vem sendo reiteradamente declarada incidentalmente pelo STF traria prejuízos futuros à Fazenda Pública, em razão de eventuais ônus sucumbenciais. A rigor, o caput do artigo 26A do Decreto nº 70.235/72 veda aos órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação de ato normativo sob fundamento de inconstitucionalidade. No entanto, o inciso I do §6º desse mesmo artigo, dispõe que tal vedação não se aplica a ato normativo “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do STF”. A par disso, para a primeira corrente temse que é perfeitamente cabível o entendimento de que o inciso I do §6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 estaria circunscrito às decisões tomadas em controle concreto ou difuso de constitucionalidade. Não se vislumbra possível interpretar a vedação de que trata o caput do artigo 26A no sentido de que estaria se referindo às decisões proferidas em controle abstrato ou concentrado de constitucionalidade, porquanto isso significaria esvaziálo de conteúdo, em afronta ao postulado hermenêutico de que não se deve interpretar uma norma de modo a negarlhe aplicabilidade. Afinal, não se pode perder de vista que as declarações de inconstitucionalidade em abstrato excluem a norma viciada do mundo jurídico (em regra, com efeitos ex tunc). Nesse sentido, referida norma não poderia mais ser aplicada pelos órgãos de julgamento administrativo, independentemente do disposto no inciso I do §6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 Ademais, importa salientar que não se quer dizer que o inciso I do §6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 determina que os órgãos de julgamento administrativo neguem aplicação a ato normativo “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do STF” em controle difuso. O que ele faz é afastar a vedação prevista no caput do artigo. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 15 14 Assim, concluindo, para esta corrente o inciso I do §6º permite que os órgãos de julgamento administrativo deixem de aplicar ato normativo “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do STF” em controle difuso. Por outro lado, tem os que são contrários à possibilidade de os julgadores das DRJs afastarem a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso. Defendem que, em face do princípio da legalidade, nenhuma autoridade administrativa pode negar aplicação a norma vigente; que, para tal negativa, fazse necessário que referida norma seja devidamente excluída do ordenamento jurídico – quer por sua revogação, quer por declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, quer ainda na hipótes2e do art. 52, inciso X, da Constituição Federal –, ou que seja ela objeto do ato do Secretário da RFB previsto no art. 4º do Decreto nº 2.346/1997. Em reforço, os adeptos dessa segunda corrente mencionam a Solução de Consulta Interna nº 5 Cosit, de 03 de março de 2009, que consigna em seu parágrafo 17 e 18: 17. Diante desse fato, a Administração Tributária Federal deve reconhecer que, uma vez declarada a inconstitucionalidade das disposições contidas no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, mesmo que em decisão de controle difuso pelo STF, também está prejudicado o comando previsto no art. 10 do Decreto nº 4.524, de 2002, na parte em que define o faturamento (receita bruta) como sendo a totalidade das receitas auferidas pelas pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas exercidas e da classificação contábil adotada para a escrituração das receitas, em relação às pessoas jurídicas detentoras de declaração de inconstitucionalidade prolatada pelo Poder Judiciário, por ser o mencionado Decreto norma de caráter apenas regulamentar. 18. Entretanto, as pessoas jurídicas enquadradas no regime cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, que não possuam quaisquer medidas judiciais declaratórias da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo promovida pelo disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, continuam obrigadas aos recolhimentos mensais das referidas contribuições, tendo como base de cálculo o montante do faturamento (receita bruta) entendido como a totalidade das receitas auferidas, sendo irrelevantes o tipo de atividade por elas exercida e a classificação contábil adota para as receitas. (o grifo é do original) É de se registrar que, recentemente, foram aprovados pelo Ministro da Fazenda os Pareceres PGFN/CRJ nº 492/2010, de 22 de março de 2010, e o Parecer PGFN/CDA nº 2.025, de 27 de outubro de 2011. O primeiro concluiu no sentido de que a PGFN: (i) não mais apresente recursos, ordinários ou extremos, contra as decisões judiciais, desfavoráveis à Fazenda Nacional, que se mostrarem consentâneas com precedente judicial formado sob a nova sistemática de julgamento prevista nos arts. 543B e 543C do CPC; (ii) não mais interponha RESP/RE contra acórdãos proferidos em consonância com jurisprudência reiterada e pacífica do STF/STJ (indicada em lista elaborada e divulgada, periodicamente, pela CASTF/CRJ); (iii) não mais interponha agravo regimental contra decisões monocráticas de Relator (dos TRF´s, do STJ ou do STF) que, com respaldo em jurisprudência reiterada e pacífica daqueles Tribunais Superiores (indicada em lista elaborada e divulgada, periodicamente, pela CASTF/CRJ), também adotada pela respectiva Turma, neguem seguimento Fl. 158DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 16 15 a recursos, nos termos do art. 557 do CPC; (iv) não mais apresente impugnação/contestação contra pedido(s) formulado(s) com respaldo em precedente judicial oriundo de julgamento submetido à sistemática prevista nos arts. 543B e 543C do CPC. Por seu turno, o Parecer PGFN/CDA nº 2.025/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda, estabeleceu orientações a serem observadas pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pelos demais órgãos do Ministério da Fazenda, quando caracterizada hipótese de dispensa de contestação e recursos, bem como desistência dos já interpostos, de que trata a Portaria PGFN nº 294/ 2010. Em resumo, como conseqüência da aprovação dos referidos Pareceres pelo MF, a Receita Federal do Brasil passa a estar vinculada às decisões do STJ e STF nas causas repetitivas julgadas na forma dos arts. 543B e 543C do CPC, quando não houver ressalvas por parte da PGFN. No entanto, discutese, ainda, se essa vinculação ocorre para as atividades de julgamento, considerandose que o Parecer PGFN/CDA nº 2.025/2011 trata de aplicação às atividades de constituição e cobrança de créditos no âmbito da RFB, nada mencionando sobre a hipótese de julgamento administrativo. Observase que, até a edição da Lei nº 11.941/2009, que introduziu o § 6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, a posição majoritária na Primeira Instância do contencioso administrativo era no sentido de não afastar a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso. A partir dessa alteração legal, essa tendência já não se confirma, uma vez que são identificadas várias decisões que defendem o afastamento da aplicação de ato normativo quando o caso se subsume ao disposto no § 6º, I, do art. 26A do Decreto nº 70.235/72. Decisões favoráveis ao não afastamento aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso: Trecho de ementa: CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES. A decisão do STF em sede de controle difuso de constitucionalidade tem efeito apenas entre as partes, ou seja, não beneficia terceiros não integrantes da lide; para que essa decisão tenha efeitos erga omnes deve haver edição de Resolução do Senado suspendendo a execução do dispositivo declarado inconstitucional, ou, em outra hipótese, para que decisões da espécie obriguem a administração pública ao seu cumprimento, carece que a inconstitucionalidade seja declarada em controle concentrado ou que o STF edite súmula vinculante, nos termos da Lei nº 11.417, de 2006. (Acórdão DRJ/CTA nº 06 34.502, 24/11/2011) Trecho de ementa: EFEITOS DE DECISÕES JUDICIAIS. INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. SÚMULA VINCULANTE. As decisões judiciais produzem efeitos somente às partes envolvidas. A declaração incidental de inconstitucionalidade possui efeito erga omnes quando advinda de Resolução do Senado Federal ou mediante Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal. (Acórdão DRJ/FNS nº 0726.431, de 27/10/2011) Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11020.903283/201273 Acórdão n.º 3302005.619 S3C3T2 Fl. 17 16 Trecho de ementa: ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. (Acórdão DRJ/FNS n° 07 19.634, de 23/04/2010) Trecho de ementa: COISA JULGADA MATERIAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO DO SENADO. SEGURANÇA JURÍDICA. INAFASTABILIDADE. A segurança jurídica, como direito fundamental, é limite que não permite a anulação do julgado, sobretudo na esfera administrativa, ainda que a norma legal que serviu de pressuposto à decisão judicial tenha sido posteriormente acoimada de inconstitucionalidade, em decisão do STF. (Acórdão DRJ/CTA nº 0615.022, 15/08/2007) Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Contribuinte. É como voto." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 160DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.902224/2009-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
PER/DCOMP. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. SALDO NEGATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. PERDA DO OBJETO.
Verificado nos autos que o recurso voluntário informa do pagamento em Darf do débito pleiteado a ser compensado em Per/Dcomp, e a desistência do processo, caracteriza da perda de objeto da peça recursal e o respectivo não conhecimento.
Numero da decisão: 1402-003.452
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário por perda de objeto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado), Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado) e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2005 PER/DCOMP. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. SALDO NEGATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. PERDA DO OBJETO. Verificado nos autos que o recurso voluntário informa do pagamento em Darf do débito pleiteado a ser compensado em Per/Dcomp, e a desistência do processo, caracteriza da perda de objeto da peça recursal e o respectivo não conhecimento.
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RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. SALDO NEGATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. PERDA DO OBJETO. Verificado nos autos que o recurso voluntário informa do pagamento em Darf do débito pleiteado a ser compensado em Per/Dcomp, e a desistência do processo, caracteriza da perda de objeto da peça recursal e o respectivo não conhecimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário por perda de objeto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado), Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado) e Paulo Mateus Ciccone. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 22 24 /2 00 9- 26 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10925.902224/200926 Acórdão n.º 1402003.452 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis SC, em primeira instância administrativa, que julgou IMPROCEDENTE, a manifestação de inconformidade do contribuinte em epígrafe, agora recorrente. Do Despacho Decisório: Trata o presente processo da Declaração de Compensação, na qual a recorrente alega possuir crédito contra a Fazenda Pública, decorrente de pagamento a maior ou indevido de antecipações por estimativa, buscando extinguir por compensação de débito próprio, conforme detalhamento que consta no Despacho Decisório acostado aos autos. Transmitida, o PER/Dcomp recebeu da DRF de origem o Despacho Decisório de "não homologação da compensação", cujas razões de negação se fundam no fato de que o pagamento a título de estimativa mensal somente pode ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Da Manifestação de Inconformidade: Inconformada com o despacho decisório, a recorrente interpôs a manifestação de inconformidade, na qual alega que tem direito à restituição/compensação do valor pago a maior, seja qual for a modalidade de pagamento. Aduz ainda que a matéria não pode ser regulada por meio de instrução normativa, e sim por lei. E por fim, afirma a liquidez e certeza de seu crédito. Da decisão da DRJ Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento: A DRJ, em seu julgamento, por unanimidade considerou improcedente a manifestação de inconformidade, e não reconheceu o direito creditório pleiteado, e consequente não homologação da compensação do PER/Dcomp objeto do presente processo. Do Recurso Voluntário: A recorrente, na sua peça recursal, pede anulação dos valores cobrados no presente processo, pois quitou os débitos em discussão na per/dcomp, através de DARFs especificados como anexo. É o relatório. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10925.902224/200926 Acórdão n.º 1402003.452 S1C4T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.441, de 20/09/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10925.902212/2009 00, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.441): "Antes de adentrar no mérito, cabe informar que o julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, sendo o paradigma. Verificase nos autos que o recurso voluntário informa do pagamento em Darf do débito pleiteado a ser compensado em Per/Dcomp, e a desistência do processo, caracteriza da perda de objeto da peça recursal. Destarte, não se conhece do recurso voluntário por perda do objeto. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por não conhecer do recurso voluntário por perda de objeto. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 56DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.722315/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2008, 2009
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
Configuram receitas omitidas os valores creditados em conta bancária de sócio, porém movimentada com recursos da empresa, em relação aos quais o titular e a fiscalizada, regularmente intimados, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações.
PEDIDO DE PERÍCIA. DESNECESSIDADE.
Indefere-se o pedido de perícia ou qualquer outra diligência, quando o exame dos documentos e demais informações nos autos é suficiente para a resolução da eventual controvérsia.
INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGUIÇÃO.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme sua Súmula nº 2.
Numero da decisão: 1201-002.298
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
EVA MARIA LOS - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
RAFAEL GASPARELLO LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los (presidente em exercício), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa, Carmen Ferreira Saraiva (suplente convocada). Ausente, justificadamente, Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: RAFAEL GASPARELLO LIMA
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2008, 2009 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Configuram receitas omitidas os valores creditados em conta bancária de sócio, porém movimentada com recursos da empresa, em relação aos quais o titular e a fiscalizada, regularmente intimados, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. PEDIDO DE PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Indefere-se o pedido de perícia ou qualquer outra diligência, quando o exame dos documentos e demais informações nos autos é suficiente para a resolução da eventual controvérsia. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGUIÇÃO. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme sua Súmula nº 2.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) EVA MARIA LOS - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) RAFAEL GASPARELLO LIMA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los (presidente em exercício), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa, Carmen Ferreira Saraiva (suplente convocada). Ausente, justificadamente, Ester Marques Lins de Sousa.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1521; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 469 1 468 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.722315/201151 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201002.298 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2018 Matéria SIMPLES NACIONAL Recorrente SCORTGEL COMÉRCIO DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2008, 2009 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Configuram receitas omitidas os valores creditados em conta bancária de sócio, porém movimentada com recursos da empresa, em relação aos quais o titular e a fiscalizada, regularmente intimados, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. PEDIDO DE PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Indeferese o pedido de perícia ou qualquer outra diligência, quando o exame dos documentos e demais informações nos autos é suficiente para a resolução da eventual controvérsia. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGUIÇÃO. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme sua Súmula nº 2. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) EVA MARIA LOS Presidente em exercício. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 23 15 /2 01 1- 51 Fl. 469DF CARF MF 2 RAFAEL GASPARELLO LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los (presidente em exercício), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa, Carmen Ferreira Saraiva (suplente convocada). Ausente, justificadamente, Ester Marques Lins de Sousa. Relatório O acórdão nº 1466.284, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Ribeirão Preto, negou provimento à impugnação administrativa, conforme se extrai da sua ementa: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2008, 2009 SIMPLES NACIONAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Configuram receitas omitidas os valores creditados em conta bancária de sócio, porém movimentada com recursos da empresa, em relação aos quais o titular e a fiscalizada, regularmente intimados, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. PEDIDO DE PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Indeferese o pedido de perícia, quando o exame de um técnico é desnecessário à solução da controvérsia, por se tratar de apresentação de prova e de análises compreendidas na esfera do saber do julgador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Resumidamente, o acórdão recorrido narrou os fatos que proporcionaram na imposição fiscal: Tratase de autos de infração, lavrados em 2/9/2011, relativos ao Simples Nacional, fls. 250, anoscalendário de 20082009, no valor total de R$ 146,182,39 (discriminado às fl. 23), inclusos multa de oficio de 75% e juros de mora à taxa Selic, calculados até setembro/2011 I) DA AUTUAÇÃO As irregularidades apontadas pela Fiscalização encontramse descritas no Relatório Fiscal (TVF), integrantes dos autos de infração, as fls. 346351, a saber: "(...) Sob o MPF n° 10.1.06.002010004591 vinculado à pessoa física do sócio administrador da fiscalizada, foi lavrada Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11020.722315/201151 Acórdão n.º 1201002.298 S1C2T1 Fl. 470 3 intimação fiscal em 26/08/2010 (fl. 73)e, em cumprimento a esta, foram apresentados espontaneamente os extratos bancários da conta poupança mantida na Caixa Econômica Federal, nº 40.418, agência Flores da Cunha, relativo ao período de 01/01/2008 a 31/12/2008, de titularidade do Sr. Pedro Scortegagna. Durante as verificações levadas a efeito e confirmadas mediante Termo de Declaração do Sr. Pedro Scortegagna (fl. 76), a movimentação bancária apresentada dizia respeito às atividades comerciais da ora fiscalizada, SCORTGEL COMÉRCIO DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA. A partir das informações obtidas durante este procedimento de fiscalização iniciada na pessoa física Pedro Scortegagna, assim como da própria declaração prestada pelo até então fiscalizado, mudouse o foco da fiscalização para a pessoa jurídica (PJ), sob o MPF acima informado, assim como, pelos indícios de omissão de receita detectados, ampliouse o período sob fiscalização para abranger o anocalendário de 2009. Tais alterações encontramse amparadas pelo MPF 10.1.06.00 2010006985. (...) Mediante Termo de Início de Fiscalização (fl. 176), lavrado em 14/01/2011, intimouse a pessoa jurídica a apresentar os extratos bancários do ano de 2009 da conta poupança n° 40.418 da Caixa Econômica Federal (CEF), na qual transitaram receitas de vendas da PJ conforme a declaração do sócio apresentada em 01/11/2010. Em que pese o comando do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96, os creditamentos bancários devem ser analisados individualizadamente. Para atender a este mandamento legal relacionei os lançamentos a crédito da conta bancária em análise, excluindo os créditos estornados e consolidei uma relação de créditos de sua conta poupança que, por não encontrar correlação com a contabilidade apresentada, devem ser sujeitos ao questionamento dirigido à fiscalizada quanto à origem destes valores. Esta relação encontrase na planilha (fls. 177 a 200) anexa ao Termo de Intimação Fiscal n° 1, lavrado em 28/02/2011. Seguindo o curso regular de uma fiscalização relativa a movimentação financeira incompatível com a receita declarada, expediuse o Termo de Intimação Fiscal n°1 (fl. 176), com Aviso de Recebimento (AR) em 15/03/2011 com prazo de 20 dias para cumprimento, que intimava a fiscalizada a “comprovar a origem dos valores creditados/depositados em suas contascorrentes, individualizadamente, conforme relação em anexo”; relação esta que, conforme explanado, contém todos os créditos bancários sem correlação com a contabilidade apresentada. Após diversas prorrogações de prazo, considerando as respostas do contribuinte, passei a analisar a contabilidade, esclarecimentos e documentos apresentados até a data de Fl. 471DF CARF MF 4 25/08/2011, verificando se a contabilização de suas receitas e seu conseqüente oferecimento à tributação foi realizado. (...) Em relação aos esclarecimentos e documentos apresentados pela fiscalizada quanto à origem dos depósitos bancários apresento nos tópicos abaixo as considerações da fiscalização e seu cabimento ou não. 3.1. Créditos estornados O primeiro documento apresentado consiste em uma relação de cheques devolvidos (crédito bancário estornado) apresentado em 20/05/2011, às fls. 236 a 238. Mediante o cotejo com a movimentação bancária apresentada, concordo que os valores destacados na relação foram efetivamente retirados de sua movimentação financeira por estorno na conta bancária. O fato de tais créditos terem sido objeto de intimação para esclarecimentos à fiscalizada se deve à impossibilidade de um conjunto de cheques depositados permitir a identificação individual apenas com a análise da conta corrente. Em que pese a correlação trazida pela fiscalizada dos créditos com seus respectivos estornos, estes valores foram retirados da relação de créditos cuja origem é questionada nesta fiscalização. 3.2. Vinculados à contabilidade regular Em 01/06/2011, a fiscalizada protocolou termo de resposta (fl. 239) anexando uma planilha contendo relação do seu confronto mensal de vendas com os depósitos bancários da conta poupança sob análise, às fls. 240 a 265. Sua intenção foi de informar o valor mensal de suas vendas que acredita deveria ser subtraído dos créditos bancários ora sob análise, pois, induz a fiscalizada, toda a sua receita declarada transitou pela conta poupança n° 40.418 da CEF. Essas informações constantes da planilha apresentada pela fiscalizada devem ser inteiramente recusadas, pois se limita a subtrair créditos de sua conta corrente sem nenhuma ordem que não a seqüencial até montante próximo de suas vendas sem correlação individual aos depósitos ou mesmo comprovação hábil que, conforme já explanado, são essenciais para a comprovação da origem dos valores creditados na conta bancária. (...) Em 13/07/2011, a fiscalizada protocolou novo termo de resposta (fls. 268 a 270) em que apresenta segundasvias de notas fiscais de sua emissão vinculadas a relatório em que aponta o correspondente crédito bancário constante da relação do anexo do Termo de Intimação Fiscal n° 1. Os créditos bancários apontados na relação apresentada são consistentes nas datas e nos valores constantes das NFs Fl. 472DF CARF MF Processo nº 11020.722315/201151 Acórdão n.º 1201002.298 S1C2T1 Fl. 471 5 apresentadas (fls. 271 a 322), logo foram considerados vinculados à contabilidade regular já oferecida à tributação e, desta forma, retirados da relação de créditos sob análise. Em 25/08/2011, novo termo de resposta da fiscalizada (fls. 324 a 329) em que declara apresentar “demonstrativos de depósitos efetuados referentes a notas fiscais emitidas”. Acosta relação de depósitos bancários e o correspondente número da nota fiscal que haveria dado origem (receita declarada) ao crédito em sua conta corrente. Porém, ao contrário da documentação apresentada em 13/07/11, esta relação não produz uma vinculação direta de valores constantes dos documentos com datas e depósitos bancários compatíveis. Logo, não a considero hábil. Ainda, mediante o cotejo com o Livro Registro de Saídas n° 9 (fls. 330/331), verifico também que a relação não representa a contabilidade registrada como declara a fiscalizada. Por exemplo, no caso da NF n° 2.857 de 02/01/08, escriturada com o valor contábil de R$ 157,90, encontrase nesta relação vinculada a um depósito de R$ 2.100,00. O cotejo, por vezes, só é possível agrupando um conjunto de notas fiscais em seqüência, como, p.e., as NFs de números 2.862 a 2.865, valor contábil do conjunto de R$ 2.157,80, mas vinculadas na declaração da fiscalizada a depósitos no montante de R$ 3.778,40. Desta forma, considero que a relação não consegue demonstrar que as receitas declaradas conforme escrituração contábil transitaram na movimentação desta conta bancária. Pelo exposto, encerro a fase de verificação/análise dos creditamentos bancários da conta poupança n° 40.418, restando os créditos sem comprovação de origem considerados oriundos de receita omitida, na forma exigida pela cabeça do art. 42 da Lei nº 9.430/96. A consolidação dos valores que não tiveram sua origem devidamente comprovada através de documentação hábil e idônea encontrase na planilha “COMPILAÇÃO DOS ESCLARECIMENTOS DA ORIGEM DOS CRÉDITOS BANCÁRIOS”, às fls. 51 a 72. Da planilha acima informada, constante do presente processo, consolidando os valores mensais da receita omitida resulta a tabela abaixo . Fl. 473DF CARF MF 6 4. Apuração dos Tributos Devidos A fiscalizada era optante do SIMPLES NACIONAL e neste regime de tributação declarou e recolheu valores espontaneamente que devem ser considerados para apuração dos tributos devidos em razão da omissão de receita detectada. O resultado da análise fiscal levada a efeito nesta fiscalização é considerado “Receita Omitida” e os rendimentos declarados na Declaração Anual do Simples Nacional (DASN), “Receita Declarada”. Assim considerados, a Receita Total na apuração mensal será a soma da Receita Omitida, apurada nesta fiscalização, com a Receita Declarada, abatendose do crédito tributário gerado os valores recolhidos espontaneamente na sistemática do SIMPLES, conforme a apropriação por tributos regida pelo art. 18 e anexo I da Lei Complementar n°123 de 2006. Desta forma, procedi ao cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da contribuição para o PIS/PASEP, da contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da contribuição Patronal Previdenciária para a Seguridade Social (CPP/INSS), conforme a Lei Complementar n° 123 de 2006. II) DA IMPUGNAÇÃO A ciência dos lançamentos de ofício foi efetuada em 14/09/2011, via postal, conforme AR de fl. 354. Em 14/11/2011 (fl. 356 e seguintes) foi apresentada impugnação pela autuada, representada por advogados, articulando suas alegações sobre o seguinte tópico: Fl. 474DF CARF MF Processo nº 11020.722315/201151 Acórdão n.º 1201002.298 S1C2T1 Fl. 472 7 A contribuinte interpôs o tempestivo Recurso Voluntário, reiterando os mesmos argumentos da impugnação administrativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Gasparello Lima, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, havendo os demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Não há fato ou argumento jurídico novo, suficiente para a improcedência da constituição do crédito tributário. I. NULIDADE DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO O acórdão recorrido ratificou a exigência tributária, explicitando a inexistência de qualquer nulidade do lançamento de ofício. Igualmente, não vislumbro quaisquer das hipóteses dos artigos 59 e 60 do Decreto nº 70.235/19721, ratificando a ausência de nulidade e prevalecendo a validade da constituição do crédito tributário, tal como formalizado. 1 “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio” Fl. 475DF CARF MF 8 Por sua vez, não é nula a exigência consubstanciada em informações financeiras da contribuinte, obtidas pela Receita Federal do Brasil sem prévia autorização judicial. Atualmente, a jurisprudência do Egrégio Supremo Tribunal Federal, uniformizada pelo acórdão prolatado no Recurso Extraordinário (RE) nº 601.314/SP, com efeito da repercussão geral estabelecida no artigo 543B do Código de Processo Civil vigente à época, possibilita o acesso dessas informações bancárias no exercício do procedimento fiscal: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Fl. 476DF CARF MF Processo nº 11020.722315/201151 Acórdão n.º 1201002.298 S1C2T1 Fl. 473 9 Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. O artigo 145, parágrafo primeiro, da Constituição Federal, consagra o princípio da capacidade contributiva, orientando que "sempre que possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte." A autoridade administrativa é competente para exigir informações financeiras da contribuinte, mediante intimação escrita, consoante o artigo 197 do Código Tributário Nacional: "Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: (...) II – os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;" A Lei Complementar nº 105/2001 permitiu a requisição de informações diretamente nas instituições financeiras, ressaltando que não configuraria violação ao dever de sigilo: Art.1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) §3º Não constitui violação do dever de sigilo: (...) VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Fl. 477DF CARF MF 10 Art.5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (...) §2º As informações transferidas na forma do caput deste artigo restringirseão a informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados. (...) §4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos. §5º As informações a que refere este artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, na forma da legislação em vigor. Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Este instrumento de fiscalização foi aperfeiçoado pela Lei nº 10.174/2001 e o Decreto nº 3.724/2001, com validade constitucional reconhecida pelo Colendo Supremo Tribunal Federal. Finalmente, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mediante sua Súmula nº 2, delimita que "não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". II. MÉRITO De acordo com artigo 57, parágrafo terceiro, do Regulamento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, adoto e transcrevo a "decisão de primeira instância", concordando com seu inteiro teor, ressalvando que inexistiu novos argumentos ou provas, quando da interposição do Recurso Voluntário: Fl. 478DF CARF MF Processo nº 11020.722315/201151 Acórdão n.º 1201002.298 S1C2T1 Fl. 474 11 A impugnação é tempestiva e atende aos pressupostos do Decreto 70.235/1972. Em litígio a exigência do SIMPLES NACIONAL, dos anos calendário de 2008 e 2009, com incidência de multa de oficio de 75%, em face da falta de comprovação da origem de parte dos depósitos bancários que foram efetuados em conta do sócio, Sr. Pedro Scortegagna. A impugnante alega em síntese que nenhum dos comprovantes de que os depósitos teriam sido oriundos de receitas contabilizadas, apresentados durante a auditoria fiscal, foi aceito ou computado, pelo que teria ocorrido erro material. Afirma também que algumas notas fiscais não estavam sujeitas à tributação e que alguns depósitos referemse a empréstimos, a exemplo do valor de R$ 20.000,00 em 3/8/2009. Quanto as demais faltas de comprovação, aduz que, durante a auditoria, as notas fiscais foram apresentada por amostragem e que alguns valores estavam vinculados a carnês e cheques pré datados, daí não ser possível encontrar o montante exato. Por fim, requer o reconhecimento dos erros materiais e cancelamento do auto de infração. Verificase, de plano, que não cabe razão à impugnante. A começar pelo fato de que a empresa movimentou valores de suas operações na conta bancária do sócio, sem qualquer justificativa plausível, uma grave irregularidade que lhe transfere o total ônus da prova, à luz do art. 42 da Lei n° 9.430/1996. É equivocada também a alegação de que o Fisco recusou integralmente a origem de dos depósitos. A contribuinte foi intimada a apresentar a origem individualizada de todos os depósitos na conta do sócio, sendo que, de fato, a 1a. relação apresentada., fl. 240265, não foi aceita pela Fiscalização, haja vista que "se limita a subtrair créditos de sua conta corrente, sem nenhuma ordem que não a seqüencial até montante próximo de suas vendas sem correlação individual aos depósitos ou mesmo comprovação hábil que, conforme já explanado, são essenciais para a comprovação da origem dos valores creditados na conta bancária" (TVF fl. 3). Todavia, a 2ª relação apresentada foi acolhida pela Fiscalização, conforme TVF, fl.4, verbis: "Em 13/07/2011, a fiscalizada protocolou novo termo de resposta (fls. 268 a 270) em que apresenta segundas vias de notas fiscais de sua emissão vinculadas a relatório em que aponta o correspondente crédito bancário constante da relação do anexo do Termo de Intimação Fiscal n° 1. Os créditos bancários apontados na relação apresentada são consistentes nas datas e nos valores constantes das NFs apresentadas (fls. 271 a 322), logo foram considerados vinculados à contabilidade regular já oferecida à tributação e, desta forma, retirados da relação de créditos sob análise." Fl. 479DF CARF MF 12 A alegação de que parte dos valores depositados, relativos a certas notas fiscais não estavam sujeitos a tributação, fl. 359 do autos, também não pode ser acolhida, isso porque além de não esclarecer o motivo, a impugnante não faz prova de que tais valores, estavam incluídos mesmo nos depósitos tributados. Mais a mais, a Fiscalização já excluiu todos os depósitos cujas notas fiscais foram identificadas no extrato. A impugnante alega que o documento de fl. 381, juntado na impugnação, comprova que o valor de R$ 20.000,00 (03/08/2009), oriundo de transferência bancária para a conta relativa aos depósitos não comprovados, seria empréstimo do Sr. Cláudio Rugero Bendin. Porém, a impugnante não apresentou documento hábil dessa transferência, apenas um suposto email (facsímile abaixo), tampouco foi comprovado o pagamento desse empréstimo, pelo que a justificativa não pode ser aceita. A impugnante afirma que apresentou as notas fiscais por amostragem durante a auditoria, daí as diferenças apuradas, pelo que requer a realização de uma perícia contábil para apurar o montante efetivamente devido. Cumpre rejeitar o pleito. Isso porque, em verdade, todas as notas fiscais já foram apresentadas durante a auditoria, sendo que a Fiscalização efetuou minucioso cotejamento, tendo aceito parte das comprovações, consoante descrito às fls. 35 do TVF (fls. 348 a 350 dos autos). Os créditos inicialmente apurados na aludida conta bancária, relação individualiza às fls. 78 a 89, foram precisamente tabulados e reduzidos aos valores de 671.753,01 em 2008 e 520.303,32 em 2009 (vide demonstrativo transcrito no relatório deste acórdão), conforme relação individualizada à fls. 5172. Logo, caberia à impugnante trazer aos autos as provas de que haveria equívoco na apuração fiscal, ao invés de meras alegações ou pedido de perícia. Aliás, conforme apontado pelo Fiscalização, os depósitos bancários não comprovados superam significamente as receitas declaradas e tributada a cada mês, vejamos (fl. 6 do TVF): Fl. 480DF CARF MF Processo nº 11020.722315/201151 Acórdão n.º 1201002.298 S1C2T1 Fl. 475 13 Por fim, esclareço que descabe razão à impugnante quando alega que comprovação parcial da origem dos depósitos bancários, caracterizaria erro material. Em verdade, quaisquer comprovação que venha a ser aceita implica apenas no ajuste da base de cálculo, haja vista que a constituição do crédito tributário atendeu precisamente o disposto no art. 142 do CTN e também ao art. 42 da Lei n° 9.430/1996, pelo que não merece reparos. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de julgar improcedente a impugnação apresentada, para manter integralmente a exigência. A Recorrente não evidenciou qualquer argumento jurídico que infirmasse a constituição do crédito tributário, ocasionando sua preservação integral, consoante o acórdão recorrido. Embora instruísse sua defesa com documentos, inclusive cópia parcial da sua escrituração fiscal, não há elementos suficientes para inverter o ônus da prova que lhe é própria, nem evidenciar a inexistência de omissão de receitas. A improcedência sobre a presunção fiscal de omissão de receita ocorre mediante documentos hábeis e idôneos, segundo o artigo 42 da Lei nº 9.430/1996 e a explanação do acórdão recorrido. O artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (RIR/1999), aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999, igualmente, reafirma que "a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais." Em especial, quanto à valoração da multa de ofício, não qualificada, havendo previsão normativa expressa, novamente, não é competente no presente rito criticar sua improcedência, segundo a Súmula 2º deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. As considerações acima são bastante para meu convencimento, prescindindo de qualquer perícia ou outra diligência, segundo o artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972. Isto posto, voto pelo conhecimento do Recurso Voluntário, rejeitando a nulidade arguida e, no mérito, NEGOLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Fl. 481DF CARF MF 14 Fl. 482DF CARF MF
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