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Numero do processo: 10830.001963/2011-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO.
Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da data de ciência da decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 2401-005.457
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente e Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da data de ciência da decisão de primeira instância.
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RECURSO INTEMPESTIVO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da data de ciência da decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente e Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 19 63 /2 01 1- 72 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10830.001963/201172 Acórdão n.º 2401004.457 S2C4T1 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na Sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2401004.456 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10830.001962/201128, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2401004.456 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Cuidase os autos de Pedido de Restituição de Retenção relativa à Contribuição Previdenciária. O Serviço de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campinas concluiu pelo indeferindo do pleito da recorrente, por meio de Despacho Decisório DD. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, que foi julgada improcedente. Cientificado da decisão de primeira instância em 08 de janeiro de 2015, interpôs Recurso Voluntário em 19 de fevereiro de 2015, apresentando suas razões. É o relatório." Voto Miriam Denise Xavier Relatora. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2401004.456 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10830.001962/201128, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelo Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, digno relator da susodita decisão paradigma, reprisese, Acórdão nº 2401004.456 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018: Acórdão nº 2401004.456 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária "De início, convém analisar a tempestividade do Recurso Voluntário apresentado em 19 de fevereiro de 2015. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10830.001963/201172 Acórdão n.º 2401004.457 S2C4T1 Fl. 4 3 Por meio do Comunicado SEORT/DRF/CPS/10.830/3570/2014, encaminhouse cópias dos acórdãos de primeira instância: INTERESSADO: CONTATUS ELETRICIDADE LTDA. CNPJ / CPF: 56.167.331/000175 PROCESSOS: 10830.001962/201128 10830.001971/201119 10830.001963/201172 10830.001973/201116 10830.001965/201161 10830.001980/201118 10830.001972/201163 10830.001981/201154 10830.001974/201152 10830.001982/201107 10830.001984/201198 10830.001967/201151 ASSUNTO: RESTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Campinas, em 30 de Dezembro de 2014. COMUNICADO SEORT/DRF/CPS/10.830/ 3570/2014 1. Encaminhamos, em anexo, cópias dos Acórdãos de 27/12/2014 emitido pela 6ª Turma da DRJ/BHE, que culminou com a improcedência de sua manifestação de inconformidade relativa ao pedido de restituição em epígrafe. 2. Fica aberto o prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência, para o interessado apresentar recurso para a Segunda Seção do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme art. 3º do Anexo II do Regimento Interno do CARF Portaria MF 256 de 22 de junho de 2009, caso não concorde com a decisão de primeira instância. 3. O processo ficará à Vs. disposição para vista, pelo mesmo prazo, sendo que, após este prazo sem que haja manifestação, o processo será encaminhado para arquivo definitivo. Atenciosamente. Maria José De Rogatis Lessa Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil Matrícula SIAPE 0932959 Portaria GD/RFB/CPS nº 31, de 21/05/2012 . O sujeito passivo tomou ciência do referido comunicado em 08/01/2015, conforme transcrição do Aviso de Recebimento: Em 19/02/2015, a recorrente apresentou seu Recurso Voluntário. Do exposto acima, considerando que o sujeito passivo tomou ciência da decisão de primeira instância em 08/01/2015, concluise que o recurso voluntário foi apresentado fora do prazo, em 19/02/2015. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10830.001963/201172 Acórdão n.º 2401004.457 S2C4T1 Fl. 5 4 Conclusão Em vista do exposto, por restar prejudicado, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho." Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário, em razão de sua apresentação intempestiva. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier. Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.008925/2008-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
MULTA DE UM POR CENTO - ART. 84 DA MP 2.158-35/2001. MESMA MERCADORIA. DUPLA APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Não se pode admitir que a mesma mercadoria, ingressada uma única vez no território brasileiro, seja submetida a dupla aplicação de penalidade por erro na classificação ou quantificação, quando assim não expressamente prevê a norma penal.
Numero da decisão: 3302-005.789
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Fenelon Moscoso de Almeida - Presidente substituto
(assinado digitalmente)
José Renato Pereira de Deus - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Fenelon Moscoso de Almeida (Presidente Substituto), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente justificadamente o conselheiro Paulo Guilherme Deroulede.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Fenelon Moscoso de Almeida - Presidente substituto (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Fenelon Moscoso de Almeida (Presidente Substituto), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente justificadamente o conselheiro Paulo Guilherme Deroulede.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 MULTA DE UM POR CENTO ART. 84 DA MP 2.15835/2001. MESMA MERCADORIA. DUPLA APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não se pode admitir que a mesma mercadoria, ingressada uma única vez no território brasileiro, seja submetida a dupla aplicação de penalidade por erro na classificação ou quantificação, quando assim não expressamente prevê a norma penal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Fenelon Moscoso de Almeida Presidente substituto (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Fenelon Moscoso de Almeida (Presidente Substituto), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente justificadamente o conselheiro Paulo Guilherme Deroulede. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 89 25 /2 00 8- 44 Fl. 386DF CARF MF Processo nº 11128.008925/200844 Acórdão n.º 3302000.789 S3C3T2 Fl. 3 2 Por bem transcrever os fatos, adotase parte do relatório da decisão recorrida. Versa o presente processo sobre o Auto de Infração lavrado para a exigência do crédito tributário relativo às diferenças do Imposto de Importação, acrescido da multa de oficio de 75% e dos juros de mora, além da multa do controle administrativo,regulamentar e da multa proporcional ao valor aduaneiro, em virtude da reclassificação tarifária, para as Declarações de Importação (DI) de nº 04/06930184, 04/08310280,04/09357205 e 04/10495799, registradas respectivamente em 16/07/2004, 20/08/2004, 17/09/2004 e 18/10/2004, e multa administrativa pela reclassificação na Declaração de Admissão em Entreposto Aduaneiro (DA) nº 04/01643845, registrada em 19/02/2004. A importadora BAYER CROPSCIENCE LTDA, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 89.163.430/000561, por meio da DA nº 04/01643845, submeteu ao regime de entreposto aduaneiro 88.600,00 kg da mercadoria "HOSTATHION" [Nome Comercial: Hostathion Técnico; Ingrediente Ativo: Triazophos; Classe: Inseticidaacaricida; Estado Físico: Líquido; Concentração: 70%; nome químico: 0,0DIETHIL0(1 PHENIL1H1,2,4TRIAZOL3YL) phosphorothioate; registro no Ministério da Agricultura sob o nº 00388598 de 18/04/00]. Posteriormente, a mercadoria foi nacionalizada através de Declarações de Importação, na modalidade Despacho para Consumo, por meio das DIs nº 04/06930184,04/08310280, 04/09357205 e 04/10495799, sendo classificada no código 2933.99.63 da Tarifa Externa Comum (TEC), com alíquota de 2,0 % para o II e 0% para o IPI. Os 88.600,00 Kg do produto entrepostado, foram nacionalizados através das DIs relacionadas acima. Embasada em laudo de analise FUNCAMP nº 0574.01, de 11/03/2004, e legislação de regência, conforme consta do item Descrição dos Fatos (fls.09 e 15), o produto Hostathion Técnico, originalmente classificada pelo contribuinte no código 2933.99.63 foi reclassificado pela fiscalização para o código 3808.10.29, com alíquota do II de 4%, permanecendo a alíquota de 0% para o IPI. Ocorreu então, o lançamento da diferença do Imposto de Importação, juros de mora, multa de ofício, multa de 1% por classificação fiscal incorreta e multa ao controle administrativo por ausência de licença de importação, referentes às Declarações de Importação, e multa de 1% por classificação fiscal incorreta para a Declaração de Admissão. A fiscalização relata que esta contribuinte foi incorporada, em 27/01/2005, pela ora denominada Bayer S/A, CNPJ 18.459.628/000115, que detém a responsabilidade tributária pelo pagamento deste lançamento. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 11128.008925/200844 Acórdão n.º 3302000.789 S3C3T2 Fl. 4 3 A interessada apresentou impugnação tempestiva, às fls. 87/89, na qual informa, em síntese, que houve os recolhimentos dos valores exigidos neste processo quanto ao produto Hostathion Técnico, tendo em vista que as declarações deste auto já havia sido objeto de outro Auto de Infração lavrado pela Receita Federal em Nova Iguaçu/RJ, registrado sob o processo de nº 12749.000451/200767.Quanto à Declaração de Admissão, assim alega a interessada: 1. A d. autoridade fiscal operou em equivoco ao lançar a multa também sobre a Declaração de Admissão, lançamento este que não encontra qualquer amparo legal. 2. Tal equívoco se mostra mais evidente na medida em que a d.autoridade fiscal descreve a Declaração de Admissão 04/01643845, erroneamente como Declaração de Importação, conforme se verifica no Demonstrativo de Apuração anexo ao presente Auto de Infração. 3. Logo, não há que se falar em incidência de multa sobre o valor constante da Declaração de Admissão, mas apenas sobre as Declarações de Importação a ela relativas. A 6ª turma da DRJ/REC julgou procedente em parte a impugnação, exonerando o crédito tributário relativo as Declarações de Importação de nº 04/06930184, 04/08310280, 04/09357205 e 04/10495799, vez que já ocorrido o lançamento sobre tais declarações de importação nos autos do processo de nº 12749.000451/200767, permanecendo o lançamento referente à Declaração de Admissão de nº 04/01643845. Cientificada da decisão de piso em 14.12.2015, a Bayer apresentou recurso voluntário tempestivo em 13.01.2016, onde argumenta, em síntese, que a mercadoria foi importada em um único lote (88.600 Kg de Hostation Técnico), não se podendo admitir a exigência de multa de um por cento sobre a Declaração de Admissão nº 04/0.164.3845, vez que a mesma multa já foi exigida sobre as DI´s que efetivaram o internamento do produto no território nacional. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos e requisitos de admissibilidade. Não há controvérsia sobre a reclassificação fiscal do produto importado. A matéria trazida à análise desta instância recursal se resume a possibilidade de aplicação da multa de um por cento1, sobre o mesmo lote de mercadoria, tanto na 1 Instituída pelo art. 84 da MP nº 2.15835/2001 Fl. 388DF CARF MF Processo nº 11128.008925/200844 Acórdão n.º 3302000.789 S3C3T2 Fl. 5 4 Declaração de Admissão em Entreposto Aduaneiro, quanto na Declaração de Importação de seu despacho para consumo. É o que se passa a analisar. Consta da descrição dos fatos do auto de infração (fl.9), que A mercadoria entrepostada através da D.A. nº 04/0.164.3845, totalizando peso líquido de 88.600,00 Kg, foi nacionalizada através das seguintes Declarações de Importação, na modalidade Despacho para Consumo, em conformidade com o que está previsto no artigo 362 do Decreto nº 4.543/02: O Demonstrativo de Apuração da multa de 1%, constante da fl. 28, comprova a cobrança da penalidade tanto sobre a DA de nº 04/0.164.3845, quanto sobre as DI´s de despacho para consumo do mesmo lote de mercadoria, conforme demonstrado na tabela abaixo. Tipo Nº Declaração Valor Aduaneiro Multa (%) Valor da Multa DA 04/01643845 1.393.456,50 1% 13.934,56 DI 04/06930184 635.964,00 1% 6.359,64 DI 04/08310280 538.596,00 1% 5.385,96 DI 04/09357205 230.883,90 1% 2.308,83 DI 04/10495799 558.304,50 1% 5.583,04 Total 33.572,03 A instância a quo julgou improcedentes os valores cobrados sobre as DI´s de despacho para o consumo, vez que tal lançamento já tinha sido levado a efeito em outro auto de infração2, com pagamento já realizado pelo contribuinte, mas manteve a exigência da multa sobre a DA de nº 04/01643845, pois esta não havia sido abrangida pela primeira autuação. Em recurso voluntário, o sujeito passivo alega que [...] permitir a aplicação de multa regulamentar, que importa em 1% do valor aduaneiro, sobra a DA e as DIs, ao mesmo tempo, configura claro privilégio ao odioso bis in idem, pois autoriza que a autoridade fiscal aplique duas vezes a mesma penalidade sobre uma única operação de importação. O dispositivo que sustenta a exigência em discussão não prevê expressamente a sua aplicação, de forma cumulada, em declarações sucessivas sobre a mesma mercadoria, in verbis. 2 Processo 12749.000451/200767. Fl. 389DF CARF MF Processo nº 11128.008925/200844 Acórdão n.º 3302000.789 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 636. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 84): I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. § 1o O valor da multa referida no caput será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 84, § 1o). § 2o A aplicação da multa referida no caput não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata de que trata o art. 645, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 84, § 2o). § 3o A multa pela classificação incorreta será aplicada em relação a cada mercadoria que necessite ser reclassificada, para o seu correto posicionamento na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a sua identificação. § 4o Na hipótese de a reclassificação a que se refere o § 3o repercutir em consolidação de duas ou mais mercadorias em uma mesma classificação na Nomenclatura Comum do Mercosul, a multa corresponderá: I a um por cento, aplicado sobre o somatório do valor aduaneiro das mercadorias reclassificadas, quando resultar em valor superior a R$ 500,00 (quinhentos reais); ou II a R$ 500,00 (quinhentos reais), quando da aplicação de um por cento sobre o somatório do valor aduaneiro das mercadorias reclassificadas resultar valor igual ou inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais) Ao contrário, a leitura dos §§ 3º e 4º, acima transcritos, permite concluir que o objeto da norma penal é a incorreta classificação ou quantificação "da mercadoria", sendo a base de cálculo da penalidade o valor aduaneiro "da mercadoria". Ou seja, a normal penal concentra seus efeitos no produto/mercadoria que foi incorretamente classificado, e não nas declarações em que ocorreu a incorreta classificação. A taxatividade é princípio basilar do direito aplicável as normas penais, não se podendo admitir a imposição de qualquer penalidade fundada em presunções ou em interpretações extensivas. Assim, não se pode admitir que a mesma mercadoria, ingressada uma única vez no território brasileiro, seja submetida a dupla aplicação de penalidade por erro na classificação ou quantificação, quando assim não expressamente prevê a norma penal. Fl. 390DF CARF MF Processo nº 11128.008925/200844 Acórdão n.º 3302000.789 S3C3T2 Fl. 7 6 Ademais, dispõe o art. 112, II, do CTN que a lei que define infrações e comina penalidades deve ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. Nesse sentido, em não sendo taxativa a aplicação da penalidade sobre cada uma das declarações apresentadas para o mesmo lote, da mesma mercadoria, bem como se inferindo da norma penal que o seu objeto é a mercadoria em si, e não as declarações à ela relativas, o cancelamento da multa de um por cento sobre a DA de nº 04/01643845 é medida que se impõe, vez que sobre o mesmo lote da mercadoria já foi aplicada a referida penalidade, nos autos do processo nº 12749.000451/200767. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. José Renato Pereira de Deus Relator Fl. 391DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.720209/2014-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009, 01/01/2010 a 31/12/2010, 01/01/2011 a 31/12/2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. ARGUMENTAÇÃO PREJUDICIAL.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se a turma. Não se considera omissão o argumento não analisado por fundamentação expressa do acórdão sobre tópico a ele prejudicial.
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO.
As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares devem servir de fundamento para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) - Tarifa Externa Comum (TEC) e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) - Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). Pneumáticos novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos etc., classificam-se no código da NCM/NBM 4011.99.90.
Numero da decisão: 3401-005.321
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. ARGUMENTAÇÃO PREJUDICIAL. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Não se considera omissão o argumento não analisado por fundamentação expressa do acórdão sobre tópico a ele prejudicial. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO. As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares devem servir de fundamento para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) Tarifa Externa Comum (TEC) e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). Pneumáticos novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos etc., classificamse no código da NCM/NBM 4011.99.90. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 02 09 /2 01 4- 29 Fl. 1567DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.568 2 (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório 1. A contribuinte opôs embargos de declaração contra o Acórdão nº 3401003.498, proferido em sessão de 24/04/2017, de minha relatoria que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto contra decisão que igualmente negou provimento, também por unanimidade de votos, a impugnação contra auto de infração lavrado com a finalidade de formalizar exigência de IPI, em virtude do seu recolhimento a menor por erro de classificação fiscal e pela escrituração e utilização de crédito de IPI inexistente, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009, 01/01/2010 a 31/12/2010, 01/01/2011 a 31/12/2011 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO. As regras gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares devem servir de fundamento para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) – Tarifa Externa Comum (TEC) e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) – Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). Pneumáticos novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos, etc., classificamse no código da NCM/NBM 4011.99.90. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. LAUDOS PERICIAIS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Os laudos periciais devem se ater aos aspectos técnicos, e não têm o condão de tipificar ou classificar para fins fiscais o produto periciado, pois a classificação se trata de ato de aplicação do direito por parte da autoridade competente a fazê lo. De igual sorte, a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, inteligência que deflui do art. 18 do Decreto nº 70.235/72. Fl. 1568DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.569 3 2. Em 03/11/2017, foi proferido despacho de admissibilidade de embargos de declaração, de lavra do Conselheiro Rosaldo Trevisan, nos termos abaixo transcritos: "A Embargante alega que ocorreu omissão no acórdão embargado da seguinte forma: 1 ausência de apreciação de dispositivo contido na Portaria Secex no 23/2001; 2 ausência de apreciação de dispositivo contido na Resolução Contran no 290/2008; e 3 ausência de análise pormenorizada de cada medida de pneu. Os embargos são tempestivos: o contribuinte tomou ciência do acórdão embargado no dia 18/07/2017, conforme Aviso de Recebimento à fl. 1.550, e apresentou seus embargos de declaração em 24/07/2017 (segundafeira), conforme Termo de Solicitação de Juntada à fl. 1.551. (...) Analisado o recurso voluntário, constatase que as matérias suscitadas em embargos foram, de fato, apresentadas em suas razões de recorrer. Resta, então, avaliar, se teriam sido apreciadas ou não no julgamento, sendo essencial ressaltar que não está o julgador obrigado a rebater cada um dos argumentos apresentados, bastando que apresente os fundamentos necessários e suficientes para a conclusão adotada. Todas as matérias recorridas devem ser apreciadas, mas, não necessariamente, todo e qualquer tipo de argumento vinculado a cada matéria. Em relação ao item 1) Portaria Secex no 23/2001, constatase que cabe razão ao embargante, uma vez que este argumento relacionase com alegada vinculação existente entre normas e o Siscomex, no sentido de que “obrigariam” o importador a informar os pneus importados como sendo de caminhão. As normativas seriam a já citada Portaria Secex, em que pese não existir, e a Instrução Normativa SRF nº 80/1996, que dispõe sobre a Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística (NVE). A embargante diz ter juntado aos autos cópia de tal Portaria, mas tal informação não procede. Imaginase que poderia estar fazendo referência à Portaria Secex no 23/2011, que trata do licenciamento de bens importados, mas cabe ao recorrente apresentar de forma clara e inequívoca seus argumentos, não podendo o julgador desempenhar tal tarefa em seu lugar ou adivinhar o que pretendia a recorrente. De qualquer forma, mesmo a portaria de 2011 não trata dos pneus objeto deste auto de infração. Entretanto, a IN SRF nº 80/1996 aborda como deve ser informado o detalhamento dos pneus na declaração de importação e esta questão não foi abordada no acórdão, cabendo manifestação a seu respeito, uma vez tratarse de Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.570 4 argumento de natureza distinta dos argumentos analisados no acórdão embargado – a tese aqui seria a de que existiria uma norma da Receita Federal que determinaria a classificação dos pneus 7.5016 no código NCM 4011.20.90. Em relação aos demais itens, 2) ausência de apreciação de dispositivo contido na Resolução Contran no 290/2008 e 3) ausência de análise pormenorizada de cada medida de pneu, entendemos não caber razão à embargante, uma vez que a análise efetuada, ainda que não cite especificamente a norma citada, abrange o conteúdo dessas alegações. Transcrevese trecho do voto condutor que demonstra a existência de clara motivação para desconsideração de normas emitidas pelo Contran (...). (...) Em relação do item 3), transcrevese trecho do voto condutor que demonstra que os pneus importados pela recorrente são do tipo utilizados em camionetas, vans, furgões e utilitários. No Sistema Harmonizado, que tem uma organização distinta da existente nas normas brasileiras de trânsito, tais produtos não se classificam como pneus de caminhões, como deseja a embargante, mas na posição Outros. Tal decisão abrange todos os produtos objeto do auto de infração. Entendese não demonstrada omissão quanto aos itens 2 e 3, uma vez que os argumentos suscitados nos embargos estão contidos no bojo da fundamentação constante do voto. Com base nos argumentos acima e considerando a determinação contida no art. 65, § 7º do RICARF, dou seguimento aos embargos de declaração apenas quanto ao item 1) ausência de apreciação de dispositivo contido na Portaria Secex nº 23/2001 e IN SRF nº 80/1996. 3. O processo foi encaminhado à minha relatoria e indicado para pauta da presente sessão de julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator Fl. 1570DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.571 5 4. Os embargos de declaração opostos são tempestivos e preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles tomo conhecimento. 5. Transcrevese, abaixo, com a finalidade de contextualização do debate aos demais integrantes deste colegiado, trecho do voto elaborado por este relator e acolhido à unanimidade na ocasião do julgamento do acórdão ora embargado: "Concerne à questão de fundo deslindar se correta a classificação utilizada pela contribuinte (4011.20.90), ou se equivocada aquela proposta pela autoridade fiscal (4011.99.90): uma ou outra conclusão terá como efeito imediato a improcedência do auto de infração lavrado. Para a contribuinte recorrente, a mercadoria deve ser classificada no Capítulo 40 ("Borracha e suas obras"), Posição 4011 ("Pneumáticos novos, de borracha"), Subposição 4011.20 ("Dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões"), Item e Subitem 4011.20.90 ("Outros"), submetida, portanto, a uma alíquota de 2% de IPI. Por outro lado, a autoridade fiscal, em que pese concordar com a classificação quanto ao Capítulo 40 ("Borracha e suas obras") e quanto à Posição 4011 ("Pneumáticos novos, de borracha"), discorda quanto aos seus sucedâneos, reputando como correta a Subposição, Item e Subitem 4011.99.90 ("Outros"), submetida, portanto, a uma alíquota de 15% de IPI. Cabe, portanto, conceber se o produto objeto do presente debate se trata de um pneumático novo, de borracha utilizado em (i) ônibus e caminhões, como defende a contribuinte, ou (ii) camionetes e similares, como defende a autoridade fiscal. Para se responder à indagação acima, recorrese, em primeiro lugar, à regras gerais de interpretação (RGI) estabelecidas no anexo da Convenção Internacional do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias firmada em 1983, à qual o Brasil veio a aderir três anos depois, e que dão base à Tarifa Externa Comum (TEC) e internalizadas ao direito brasileiro por meio do Decreto Legislativo nº 71/1988 e promulgada por meio do Decreto nº 97.409/1988. Para tal análise, deverá o aplicador considerar, ainda, as notas explicativas do sistema harmonizado (NESH) que servem de orientação interpretativa até o nível das subposições, aprovadas pelo Decreto nº 435/1992, bem como as regras gerais complementares (RGC) da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) que, por seu turno, é fonte para a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) aplicáveis aos itens e subitens. Quanto à classificação internacional, a inserção do produto no capítulo 40 ("borracha e suas obras") é incontroversa, encontrandose a discordância no que se refere à subposição de primeiro nível: 4011.20, reputada correta pela contribuinte, ou 4011.9, reputada correta pela autoridade fiscal. Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.572 6 (...) De acordo com a RGI nº 1, os títulos de seções, capítulos e subcapítulos têm valor meramente indicativo, devendo ser determinada a classificação de acordo com os textos das posições e notas. Ressaltase, por outro lado, que, com amparo na Solução de Consulta SRRF da 9ª RF/DIANA nº 115/2007, produto similar, ainda que de outra marca (Hankook) foi classificado no Código 4011.99.90. (...) Diante deste quadro, a contribuinte alega, em suas razões recursais, que: (i) o Código de Trânsito Brasileiro se limita a definir caminhão como "veículo destinado a transporte de carga", o que não incluiria passageiros, transporte típico de ônibus ou semelhante; (ii) a ABNT, na NBR 9762:2005, item 2.5, define caminhão como "veículo automotor complementado com equipamento veicular que o torna apto a desempenhar os trabalhos de transporte a que se destina"; (iii) as Resoluções CONTRAN nº 291 e 292/2008, com alterações subseqüentes, e as Portarias DETRAN nº 1.100 e 1.101 definem caminhão como "veículo automotor complementado com equipamento veicular que o torna apto a desempenhar os trabalhos de transporte a que se destina se o peso bruto total (PBT) for superior a 3.500 kg"; (iv) que o Código Brasileiro de Trânsito define as categorias da habilitação para dirigir veículo automotor de acordo com o parâmetro de 3.500 kg, peso a partir do qual é exigida a "categoria C"; (v) que, de acordo com a posição oficial do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina, manifestada por meio de Ofício de 22/02/2012, caminhão é "veículo destinado ao transporte de carga com peso bruto maior do que três mil e quinhentos quilogramas". A partir de tal arrazoado, conclui a recorrente que a classificação correta dos pneumáticos em referência deve ser "utilizados em ônibus e caminhões", pois suportam carga superior a 3.500 kg. Necessário se ressaltar que, em casos de classificação fiscal de mercadorias, ainda que inúmeras fontes subsidiárias possam ser utilizadas pelo aplicador, tais como pareceres, notas explicativas ou mesmo manuais de classificação, devese, em primeiro lugar, observância às RGI elaboradas pelo Conselho de Cooperação Aduaneira, complementadas pelas Regras Gerais Complementares (RGC) estabelecidas pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira/Divisão de Nomenclatura e Divisão Fiscal (Coana/Dinom), pelo Grupo Mercado Comum e pela Associação LatinoAmericada de Integração (Aladi). Fontes periciais, manuais ou pareceres são importantes para elucidar a classificação a partir da perspectiva destas regras de classificação, não podendo jamais antecedêlas ou ocluílas. Neste sentido, de iluminar a interpretação dos textos das subposições, que a autoridade fiscal buscou subsidiar seu entendimento em informações da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), que confirmou que o produto objeto da controvérsia em análise se enquadra na categoria de Fl. 1572DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.573 7 "pneus para camionetas" de acordo com os padrões da Associação Latino Americana de Pneus e Aros (ALAPA) e de outras organizações internacionais, o que se comprovou por meio do Manual ALAPA e, ainda em conformidade com os dados da Solução de Consulta SRRF da 9ª RF/DIANA nº 115/2007, o pneumático em referência se encontra relacionado no Capitulo 3 ("Pneus para Camionetas"). Observese que caminho oposto foi eleito pela contribuinte ao iniciar o seu intento classificatório por meio da consulta aos dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro, às normas da ABNT, às resoluções CONTRAN, às Portarias DETRAN, e à interpretação do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina. Caso houvesse se atentado, em primeiro lugar, às RGI, constataria que o emprego dos pneumáticos em veículos do tipo "camionetas" (ou equivalente) não é encontrado em nenhum momento nos textos das subposições da Posição 4011 (...). (...) A reclassificação da mercadoria para o código 4011.99.90 foi, portanto, esclarecida por meio dos questionamentos realizados à ANIP, que concluiu que os pneumáticos se enquadravam na categoria "pneus para camionetas", o que é consentâneo com o entendimento da ALAPA, bem como "(...) pelas informações extraídas dos sítios na internet dos três maiores fabricantes/importadores (Michelin, Pirelli e Goodyear)", pois há, em tais loci, especificação de categoria apartada para ônibus e caminhões. Os fundamentos trazidos pela contribuinte passam completamente ao largo das regras e metaregras ínsitas à Nomenclatura do Sistema Harmonizado e, ainda que construa a definição de "caminhão" com base nos termos da Portaria DETRAN nº 1.101/2011, mesmo que em perfeita harmonia com o Código de Trânsito Brasileiro, tais diplomas, em que pese sua irrefutável importância para outros momentos de aplicação do direito, não vinculam a classificação fiscal e, observese, tampouco a infirmam no presente caso, o que se, caso ocorresse, permitiria se cogitar eventual ofensa ao art. 110 do Código Tributário Nacional no sentido de que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado para definir ou limitar competências tributárias. Não se trata, nem de longe, deste caso, e tampouco foi este o sentido da argumentação sustentada na peça recursal. Correta, portanto, a classificação indicada pela autoridade fiscal, devendo ser aplicada a Subposição, Item e Subitem 4011.99.90 ("Outros") ao produto em análise e, assim, voto negar provimento ao recurso voluntário interposto naquilo que concerne à classificação fiscal da mercadoria" (seleção nossa). Fl. 1573DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.574 8 6. A contribuinte, ora embargante, insurgese contra omissão quanto ao argumento referente à exigência constante na Portaria Secex nº 23/2001, que obrigaria o importador a informar os pneus importados como de caminhão. Observase, em primeiro lugar, não ter logrado êxito este relator em encontrar o dispositivo em referência. Em um esforço interpretativo, podese conjeturar que a contribuinte se refere, na verdade, à Portaria Secex nº 23/2011; ainda assim, tratase de fundamento que não se aplica ao caso em apreço, como já adianta, com correção, o despacho de admissibilidade formulado pelo Conselheiro Rosaldo Trevisan: A embargante diz ter juntado aos autos cópia de tal Portaria, mas tal informação não procede. Imaginase que poderia estar fazendo referência à Portaria Secex no 23/2011, que trata do licenciamento de bens importados, mas cabe ao recorrente apresentar de forma clara e inequívoca seus argumentos, não podendo o julgador desempenhar tal tarefa em seu lugar ou adivinhar o que pretendia a recorrente. De qualquer forma, mesmo a portaria de 2011 não trata dos pneus objeto deste auto de infração. 7. Entretanto, a Instrução Normativa SRF nº 80/1996 aborda como deve ser informado o detalhamento dos pneus na declaração de importação e esta questão não foi expressamente enfrentada pelo acórdão recorrido, suposta omissão que se passa a colmatar nos seguintes termos. 8. Depreendese da leitura das razões corporificadas no recurso voluntário interposto a tese de que existiria uma norma da Receita Federal a determinar, imperativamente, a classificação dos pneus 7.5016 no código NCM 4011.20.90. 9. Esclareçase que a Instrução Normativa SRF nº 80/1996 tem por escopo instituir a Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística (NVE), que, por seu turno, tem por finalidade identificar a mercadoria submetida a despacho aduaneiro de importação, para efeito de valoração aduaneira, e aprimorar os dados estatísticos de comércio exterior. Tal nomenclatura toma por base a Nomenclatura Comum do MERCOSUL NCM acrescida de atributos e suas especificações "12.5. Subposição 2 401120 Dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões 12.5.1. SubItem 40112090 Outros Atributos e Especificações de Nível 'U' 12.5.1.1. Atributo AA BANDA/ARO(mm/pol.) Especificações: 0001 7/16 0002 7,5/16" (seleção e grifos nossos). 10. Contudo, equivocase a contribuinte ao partir do pressuposto de que o critério para a classificação é a especificação da medida dos pneus (7.5016). Na verdade, o conteúdo da norma é claro: o pneumático novo, de borracha utilizado em "ônibus e Fl. 1574DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.575 9 caminhões" com medida 7,5 a 16 deve ser classificado no código NCM/SH nº 4011.20.90. Contudo, no presente caso, não se está diante de um pneu utilizado em "utilizado em ônibus e caminhões" como defende a contribuinte, mas sim utilizado em "camionetes e similares", como defende a autoridade fiscal. 11. O argumento, portanto, não foi omitido pelo voto, mas prejudicado por sua conclusão, não merecendo, portanto, qualquer colmatação, mas, quando muito, esclarecimento. 12. Esclareçase: o pressuposto de se tratar de um pneumático utilizado em camionetes e similares é bastante para afastar a argumentação subsequente, ou seja, a de que, tratandose de um caminhão (no caso, não se trata), a especificação 7,5/16 atrai a classificação para o código pretendido pela contribuinte. 13. E isto porque os pneumáticos, objeto da lide em questão, por serem uma espécie do gênero pneus para camionetas, furgões, vans, etc., não podem se enquadrar no texto da Subposição 4011.20 “Dos tipos utilizados em ônibus e caminhões”, no Item 4011.20.90 “Outros”, como adotado pelo contribuinte, porquanto tal procedimento desrespeita frontalmente as disposições da RGI nº 6 (valor legal no texto da Subposição) e da RGC nº1 (valor legal no texto do Item). 14. Este, ademais, o pacífico posicionamento das soluções de consulta que deram conta da matéria especificamente para a especificação trazida pela contribuinte: Solução de Consulta SRRF/9ªRF/DIANA nº 22/2013 ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Código TEC 4011.99.90 Mercadoria: Pneumático novo de borracha, codificação 7.50 16, construção diagonal, com largura de seção 216mm e aro 16”, índice de carga 122/118 e símbolo de velocidade M, que não apresenta banda de rodagem em forma de “espinha de peixe” ou semelhante, indicado pelo fabricante e normas técnicas como pneumático próprio para “camionetas” e não enquadrado pelo fabricante e referidas normas na categoria de pneumáticos para “ônibus ou caminhões”. Solução de Consulta SRRF/9ªRF/DIANA nº 23/2013 ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Código TEC 4011.99.90 Mercadoria: Pneumáticos novos de borracha, de construção radial, codificação LT 265/75R16 (seção 265mm, série 75% e aro 16”), com índice de carga e símbolo de velocidade 119/116R (modelo para terreno acidentado ou não) ou 112/109Q (modelo especialmente concebido para terreno acidentado), que não apresentam banda de rodagem em forma de “espinha de peixe” ou semelhante, indicados pelo fabricante como pneumáticos próprios para veículos de tração 4x4, SUV (Sport Utility Vehicles) e camionetas, enquadrados pelas normas técnicas na Fl. 1575DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.576 10 categoria de pneumáticos para “camionetas” (que inclui também microônibus e utilitários) e não enquadrados na categoria de pneumáticos para “ônibus ou caminhões”. Dispositivos Legais: RGI/SH 1 (texto da posição 40.11) e 6 (textos das subposições 4011.9 e 4011.99) e RGC/NCM1 (texto do item 4011.99.90) da TEC, aprovada pela Resolução Camex nº 94, de 2011. Solução de Consulta SRRF/9ªRF/DIANA nº 25/2013 ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Código TEC 4011.99.90 Mercadoria: Pneumáticos novos de borracha, de construção radial, codificação LT 315/70 R17 (seção 315mm, série 70% e aro 17”), com índice de carga e símbolo de velocidade 121/118R (modelo para terreno acidentado ou não), que não apresentam banda de rodagem em forma de “espinha de peixe” ou semelhante, indicados pelo fabricante como pneumáticos próprios para veículos de tração 4x4, SUV (Sport Utility Vehicles) e camionetas, enquadrados pelas normas técnicas na categoria de pneumáticos para “camionetas” (que inclui também microônibus e utilitários) e não enquadrados na categoria de pneumáticos para “ônibus ou caminhões”. Código TEC 4011.99.90 Mercadoria: Pneumáticos novos de borracha, de construção radial, codificação LT 285/75 R16 (seção 285mm, série 75% e aro 16”), com índice de carga e símbolo de velocidade 116/113S (modelo para terreno acidentado ou não) ou 116/113Q (modelo especialmente concebido para terreno acidentado), que não apresentam banda de rodagem em forma de “espinha de peixe” ou semelhante, indicados pelo fabricante como pneumáticos próprios para veículos de tração 4x4, SUV (Sport Utility Vehicles) e camionetas, enquadrados pelas normas técnicas na categoria de pneumáticos para “camionetas” (que inclui também micro ônibus e utilitários) e não enquadrados na categoria de pneumáticos para “ônibus ou caminhões”. Código TEC 4011.99.90 Mercadoria: Pneumáticos novos de borracha, de construção radial e codificação LT 315/75 R16 (seção 315mm, série 75% e aro16”), com índice de carga e símbolo de velocidade 113S (modelo para terreno acidentado ou não) ou 113Q (modelo especialmente concebido para terreno acidentado), que não apresentam banda de rodagem em forma de “espinha de peixe” ou semelhante, indicados pelo fabricante como pneumáticos próprios para veículos de tração 4x4, SUV (Sport Utility Vehicles) e camionetas, enquadrados pelas normas técnicas na categoria de pneumáticos para “camionetas” (que inclui também microônibus e utilitários) e não enquadrados na categoria de pneumáticos para “ônibus ou caminhões”. Dispositivos Legais: RGI/SH 1 (texto da posição 40.11) e 6 (textos das subposições 4011.9 e 4011.99) e RGC/NCM1 (texto Fl. 1576DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401005.321 S3C4T1 Fl. 1.577 11 do item 4011.99.90) da TEC, aprovada pela Resolução Camex nº 94, de 2011. 15. Assim, não há de se considerar omissão a ser suprida por meio de embargos declaratórios o argumento não analisado em virtude de ter sido prejudicado por decisão expressa acerca de tópico diverso. 16. Assim, com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento aos embargos opostos. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 1577DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.002356/2010-61
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2011
ATO DECLARATÓRIO DE EXCLUSÃO. PARCELAMENTO. PRAZO LEGAL PARA REGULARIZAÇÃO. INOBSERVÂNCIA.
Mantém-se o ato declaratório de exclusão se não elidido o fato que lhe deu causa.
PARCELAMENTO DA LEI Nº 11.941/2009. SIMPLES NACIONAL. NÃO CABIMENTO.
A Lei nº 11.941/2009 não previu o parcelamento dos débitos apurados na forma do Simples Nacional, que inclui tributos cuja competência para instituição é dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Dessa forma, a União não tem competência para editar leis que prevejam reduções para tais tributos.
Numero da decisão: 1001-000.760
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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PARCELAMENTO. PRAZO LEGAL PARA REGULARIZAÇÃO. INOBSERVÂNCIA. Mantémse o ato declaratório de exclusão se não elidido o fato que lhe deu causa. PARCELAMENTO DA LEI Nº 11.941/2009. SIMPLES NACIONAL. NÃO CABIMENTO. A Lei nº 11.941/2009 não previu o parcelamento dos débitos apurados na forma do Simples Nacional, que inclui tributos cuja competência para instituição é dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Dessa forma, a União não tem competência para editar leis que prevejam reduções para tais tributos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 00 23 56 /2 01 0- 61 Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10855.002356/201061 Acórdão n.º 1001000.760 S1C0T1 Fl. 83 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente em face de decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), mediante o Acórdão nº 1446.955, de 26/11/2013 (efls. 62/65), objetivando a reforma do referido julgado. O Ato Declaratório Executivo (ADE) nº 449905, de 01/09/2010, da DRF/Sorocaba, à efl. 32, declarou a exclusão do Contribuinte do Simples Nacional, com efeitos a partir de 01/01/2011, “em virtude de possuir débitos deste Regime Especial, com exigibilidade não suspensa, relacionados abaixo, conforme disposto no inciso V do art 17 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, e na alínea "d” do inciso II do art 32, combinada com o inciso I do art 52, ambos da Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007.” Período de Apuração Valor originário Período de Apuração Valor originário 12/2007 R$ 15.066,23 07/2008 R$ 18.169,32 01/2008 R$ 15.196,71 08/2008 R$ 18.684,99 02/2008 R$ 14.151,85 09/2008 RS 20.734,94 03/2008 R$ 15.114,28 10/2008 R$ 21.340,22 04/2008 R$ 16.111,11 11/2008 R$ 20.929,11 05/2008 R$ 18.012,30 12/2008 R$ 22.713,72 06/2008 R$ 18.155,66 Dispôs, ainda, o ADE que "Tornarseá sem efeito a exclusão caso a totalidade dos débitos a a pessoa jurídica sejam pagos no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da ciência deste Ato Declaratório Executivo (ADE) ressalvada a possibilidade de emissão de novo ADE devido a outras pendências porventura identificadas". Na manifestação de inconformidade alega, em síntese, que teria aderido ao parcelamento de débitos da Lei 11.941 de 2009, no âmbito da SRFB/PGFN. A DRJ analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e considerou improcedente a manifestação de inconformidade, cujos excertos do voto condutor do acórdão recorrido transcrevese, verbis: Como se vê, nos presentes autos não há litígio sobre a existência dos débitos indicados no ato de exclusão. Alega o contribuinte, tão somente, que teria parcelado referidos débitos consoante a Lei nº 11.941 de 2009. A Lei nº 11.941 de 2009, que trata do parcelamento de débitos com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ou a Secretaria da Receita Federal do Brasil, tem a seguinte dicção: Seção I Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10855.002356/201061 Acórdão n.º 1001000.760 S1C0T1 Fl. 84 3 Dos Débitos Objeto de Parcelamento ou Pagamento Art. 1º Os débitos de qualquer natureza junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ou à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), vencidos até 30 de novembro de 2008, que não estejam nem tenham sido parcelados até o dia anterior ao da publicação da Lei n º 11.941, de 27 de maio de 2009 , poderão ser excepcionalmente pagos ou parcelados, no âmbito de cada um dos órgãos, na forma e condições previstas neste Capítulo. (...) § 3º O disposto neste Capítulo não contempla os débitos apurados na forma do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 . (...) Por seu turno, o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), órgão que regulamenta o tratamento diferenciado, simplificado e favorecido denominado Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), editou a legislação geral, ou seja, a Portaria PGFN/RFB nº 6, de 22 de julho de 2009, que regulamenta os arts. 1º a 13 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, onde, expressamente não contempla o parcelamento dos débitos apurados na forma do Simples Nacional, conforme vedação normativa de conhecimento do manifestante, verbis: CAPÍTULO I DO PAGAMENTO À VISTA OU DO PARCELAMENTO DE DÍVIDAS NÃO PARCELADAS ANTERIORMENTE Seção I Dos Débitos Objeto de Parcelamento ou Pagamento Art. 1º Os débitos de qualquer natureza junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ou à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), vencidos até 30 de novembro de 2008, que não estejam nem tenham sido parcelados até o dia anterior ao da publicação da Lei n º 11.941, de 27 de maio de 2009 , poderão ser excepcionalmente pagos ou parcelados, no âmbito de cada um dos órgãos, na forma e condições previstas neste Capítulo. (...) § 3º O disposto neste Capítulo não contempla os débitos apurados na forma do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 . Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10855.002356/201061 Acórdão n.º 1001000.760 S1C0T1 Fl. 85 4 (...) Por outro lado, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN) estabeleceu que a pessoa jurídica poderá permanecer no regime especial se comprovar ter regularizado, no prazo de trinta dias a partir da ciência da exclusão, os débitos motivadores da exclusão, nos termos do § 5º do art. 6º da Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007: Art. 6º A exclusão das ME e das EPP do Simples Nacional produzirá efeitos: (...) § 5º Na hipótese do inciso V do caput, será permitida a permanência da ME e da EPP como optante pelo Simples Nacional mediante a comprovação da regularização do débito no prazo de até 30 (trinta) dias contado a partir da ciência da exclusão. Desse modo, cumpre ao manifestante produzir o conjunto probatório de suas alegações, já que para afastar a causa da exclusão do Simples é indispensável a comprovação inequívoca de que houve pagamento ou suspensão da exigibilidade dos débitos confessados. Como se vê dos autos, o documento “Informações de Apoio para Emissão de Certidão”, de fls. 35/40, emitido em 27/10/2010, nos dá conta que os débitos objeto do ADE encontravamse em aberto, na situação “Débito em cobrança”. O documento de fl.61, denominado “Consulta de débitos após prazo para regularização”, extraído do SIVEX – Sistema de Vedações e Exclusões Simples, informa que os débitos objeto da exclusão continuam em aberto. Assim, forçoso concluir que o parcelamento a que alude o manifestante, sob a égide da Lei nº 11.941 de 2009, foi indeferido por impedimento legal. Pelo exposto, considerando que os débitos motivadores da exclusão continuam pendentes de regularização, conforme documento de fl. 61, SIVEX – Sistema de Vedações e Exclusões Simples Nacional, voto pelo indeferimento da manifestação de inconformidade, mantendo a exclusão do Simples Nacional consoante ADE DRF/SDR nº 449.905. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Período de apuração: 31/12/2007 a 31/12/2008 EXCLUSÃO. PARCELAMENTO. ÔNUS DA PROVA. É necessária a comprovação cabal de que houve o parcelamento regular alegado, cujo ônus é do contribuinte.. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10855.002356/201061 Acórdão n.º 1001000.760 S1C0T1 Fl. 86 5 Ciente da decisão de primeira instância em 23/01/2014, conforme Aviso de Recebimento à efl. 67, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 06/02/2014 (efls. 69/79), conforme carimbo aposto à efl. 69. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. No seu recurso voluntário a recorrente reitera os argumentos apresentados em sede de primeira instância, ou seja, em suma, que aderiu ao parcelamento de débitos da Lei 11.941 de 2009. Acrescenta que tratase de "flagrante ilegalidade" vedar a adesão ao referido parcelamento. Esses argumentos foram fundamentadamente afastados em primeira instância, conforme voto condutor do acórdão recorrido transcrito no relatório, pelo que peço vênia para adotar como razões de decidir, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999 c/c o §3º do art. 57 do RICARF. Ou seja, os débitos apurados na forma do SIMPLES NACIONAL não podiam ser pagos à vista ou parcelados de acordo com a Lei nº 11.941/2009. A razão para a não aplicabilidade da Lei nº 11.941/2009 a esses débitos residiu na abrangência do SIMPLES NACIONAL, que inclui tributos cuja competência para instituição é dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Dessa forma, a União não tem competência para editar leis que prevejam reduções para tais tributos. Quanto à alegação de ofensa ao princípio de legalidade, cabe esclarecer que a autoridade administrativa é vinculada à legalidade estrita, seja nos termos da Lei 8.112 de 1990, em seu artigo 116, III, seja pelo artigo 41, inciso IV, do Anexo II, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Assim, a partir do momento em que a norma é inserida em nosso sistema legislativo, é obrigação da autoridade administrativa a sua aplicação, não cabendo ao julgador administrativo expressar seu juízo de valor por eventuais injustiças que esta norma tenha causado, papel este incumbido aos tribunais competentes. Por todo o exposto, face à comprovada existência de débito não suspensos e não a regularização do prazo de 30 (trinta) dias após a ciência do ADE, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário mantendose a exclusão do simples Nacional. (assinado digitalmente) Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10855.002356/201061 Acórdão n.º 1001000.760 S1C0T1 Fl. 87 6 Edgar Bragança Bazhuni Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35413.001200/2007-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2006
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL.
Verificado que houve erro no registro dos participantes da sessão de julgamento quando da formalização do acórdão, cabe admitir embargos inominados para a correção da inexatidão material.
Numero da decisão: 2202-004.774
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração como Embargos Inominados, acolhendo-os para fins de que se procedam as modificações no Acórdão nº 2803-003.899 propostas na conclusão do voto do relator, rerratificando-se o julgado quanto aos demais aspectos.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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INEXATIDÃO MATERIAL. Verificado que houve erro no registro dos participantes da sessão de julgamento quando da formalização do acórdão, cabe admitir embargos inominados para a correção da inexatidão material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração como Embargos Inominados, acolhendoos para fins de que se procedam as modificações no Acórdão nº 2803003.899 propostas na conclusão do voto do relator, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 41 3. 00 12 00 /2 00 7- 97 Fl. 1088DF CARF MF 2 Relatório A 3ª Turma Especial da 2ª Seção exarou o Acórdão nº 2803003.899 em 03/12/2014 (efls. 1063/1076), negando provimento ao recurso voluntário, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. CESSÃO DE MÃODEOBRA. RETENÇÃO. OBRIGATORIEDADE DO CONTRIBUINTE. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra deve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida, na forma da lei, em nome da empresa cedente da mãodeobra. O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com a legislação previdenciária, nos termos do § 5o do art. 33 da Lei 8.212/91. GRUPO ECONÔMICO DE QUALQUER NATUREZA. SOLIDARIEDADE. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da legislação previdenciária, nos termos do art. 30, inciso IX da Lei 8.212/91. Recurso Voluntário Negado. O então presidente daquele Colegiado oficiou a unidade de origem apontando ter havido erro no registro dos Conselheiros presentes à sessão (efl. 1079), inexatidão material a ser corrigida com base no art. 66 do Anexo II do RICARF. Na sequência, a manifestação em tela foi recebida como embargos inominados via Despacho datado de 30/10/2017 (efls. 1083/1085). É o relatório. Fl. 1089DF CARF MF Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2202004.774 S2C2T2 Fl. 1.089 3 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator A manifestação do Presidente da 3ª Turma Especial deve ser recebida, consoante bem frisado no despacho de admissibilidade, como embargos inominados nos termos do art. 66 do Anexo II do RICARF, sendo, nessa condição, conhecida. Versam tais embargos, conforme relatado, sobre erro material no registro dos Conselheiros que compunham o julgamento do Acórdão embargado, equívoco esse assim explicado na seguinte passagem do ofício de efls. 1079: Por ocasião da formalização do Acórdão do processo da referência acima, houve um engano ao constar o nome do Conselheiro Amilcar Barca Teixeira Junior, que estava ausente da sessão de julgamento, estando em seu lugar o Conselheiro Fabio Pallaretti Calcini, conforme ficou consignado na ata da sessão. Estando diante de uma inexatidão material devida a lapso manifesto, que, embora não altere o julgamento do mérito, precisa ser corrigida, solicito a devolução do processo em referência a esta 3' Turma Especial, da 3' Câmara, da 2' Seção de Julgamento, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Carf, para a correção, conforme prevê a Portaria MF no 256/2009, que aprova o Regimento Interno do Carf. (...) Com efeito, a consulta da ata da sessão da manhã de 03/12/2014, disponível no sítio do CARF na internet1, permite verificar que, de fato, existe o erro material apontado, a ser sanado sem consequências no que se refere às questões preliminares e de fundo então acordadas. Conclusão Sendo assim, voto no sentido de conhecer dos Embargos de Declaração como Embargos Inominados, acolhendoos para que se proceda a seguinte modificação no Acórdão nº 2803003.899, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos: O parágrafo: Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Oseas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior e Ricardo Magaldi Messetti. Passa a ter a seguinte redação: 1 <https://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/CalendarioSessoes/exibeCalendarioSessaoAno.jsf>, Acesso em 13/03/2018. Fl. 1090DF CARF MF 4 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Oseas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Fabio Pallaretti Calcini e Ricardo Magaldi Messetti. É o voto. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1091DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.905845/2011-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do Fato Gerador: 15/01/2001
FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF.
Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 15/01/2001
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO.
Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235. Por força do Art. 62-A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento, não se incluindo nesta concepção as receitas financeiras, salvo se estas forem receitas operacionais da pessoa jurídica.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do Fato Gerador: 15/01/2001
COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.879
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10660.905839/2011-87, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do Fato Gerador: 15/01/2001 FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do Fato Gerador: 15/01/2001 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235. Por força do Art. 62-A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento, não se incluindo nesta concepção as receitas financeiras, salvo se estas forem receitas operacionais da pessoa jurídica. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do Fato Gerador: 15/01/2001 COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10660.905839/2011-87, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior.
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Recorrente MAHLE COMPONENTES DE MOTORES DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do Fato Gerador: 15/01/2001 FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 15/01/2001 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235. Por força do Art. 62A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento, não se incluindo nesta concepção as receitas financeiras, salvo se estas forem receitas operacionais da pessoa jurídica. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do Fato Gerador: 15/01/2001 COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 90 58 45 /2 01 1- 34 Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 3 2 Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10660.905839/201187, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior. Relatório Trata o presente processo administrativo de pedido de restituição realizado através de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. A unidade de origem proferiu despacho decisório indeferindo o crédito pleiteado, sob o fundamento de que o pagamento da guia DARF do período foi identificado, no entanto, integralmente utilizado para quitação dos débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Intimada da decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade para instaurar o contencioso administrativo, juntando demonstrativos para subsidiar a existência de seu crédito. Em síntese, a contribuinte afirmou: o Despacho Decisório adotou equivocada premissa de que inexiste crédito a ser restituído, porque não converteu o julgamento em diligência para solicitar esclarecimentos ou a apresentação de documentos que comprovassem o valor exato do crédito pretendido; Não considerou que o valor informado em DCTF como devido foi apurado em conformidade com a ilegal e inconstitucional base de cálculo instituída pela Lei nº 9.718; o Supremo Tribunal Federal, em julgamento de Recursos Extraordinários, consolidou o entendimento no sentido da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das referidas contribuições, promovida pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, deixando de considerar como faturamento receita de natureza diversa da venda de mercadorias e de serviços. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 4 3 A retificação da DCTF para a apresentação do PER/DCOMP representa requisito meramente formal que não pode se sobrepor à verdade material, uma vez comprovada, por outros meios, a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Ressalta que as informações contidas nos documentos que instruem a manifestação atestam, de forma inquestionável, que a restituição abordada no Per/Dcomp deve ser deferida, quer por força do dever de busca da verdade material, quer sob pena de cerceamento do direito de defesa, mediante a análise das razões e dos documentos que acompanham este recurso, eventuais diligências administrativas e a realização de prova pericial, que se requer. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06046.535. O fundamento adotado, em síntese, foi pela inexistência nos autos de documentação comprobatória do direito alegado. Inconformada da r. decisão, a contribuinte apresentou, no prazo, seu Recurso Voluntário que ora se analisa, repisando os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade e insistindo na realização de perícia. É a síntese do necessário. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.872, de 26 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 10660.905839/201187, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.872): "O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição. Realizada a suma adrede, passase a analisar as questões levantadas, especialmente sobre i) a decisão de indeferimento fundamentada no valor informado em DCTF com a correspondente quitação do montante declarado, não havendo crédito a compensar; ii) a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543 B do STF; ii) a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF; iii) a análise do crédito decorrente de receitas financeiras a partir das provas juntadas aos autos. I) Do indeferimento do pedido de restituição diante da inexistência de retificação da DCTF Neste ponto, é relevante a análise da decisão que indeferiu o pedido de restituição, sob a fundamentação de que foi efetuada uma declaração por Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 5 4 DCTF e a DARF discriminada no PER/DCOMP foi inteiramente utilizada para quitar o débito do contribuinte, não restando crédito para a restituição, verbis: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. O significado que se extrai deste despacho decisório é que a Recorrente apresentou o PER/DCOMP, mas não realizou a retificação da DCTF do período correspondente, qual seja, 06/2000. Desta feita, o montante pago foi utilizado para cobrir integralmente um débito declarado, não havendo excesso resultante do pagamento indevido. Ressaltese, no entanto, que a retificação da DCTF, por si só, não se presta para solidificar a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte, sendo indispensável a apresentação de prova, tais como demonstrativos contábeis e fiscais, para aferição do crédito. Neste sentido, já se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. CARF, no julgamento do processo 10909.900175/200812, manifestando o entendimento no acórdão nº 9303005.520 (sessão de 15/08/2017), no sentido de que, mesmo no caso de uma a retificação posterior ao Despacho Decisório, não haveria impedimentos para o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, comparecendo nos autos com qualquer prova documental hábil a demonstrar o erro que cometera no preenchimento da DCTF (escrita contábil e fiscal): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2004 a 29/02/2004 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado. Este entendimento vem sendo adotado em sede de Recurso Voluntário pelo E. CARF, conforme se destaca das ementas abaixo: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 14/11/2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 6 5 crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. (Número do Processo 10283.902681/200913. Relator WALBER JOSE DA SILVA. Data da Sessão 21/05/2013. Nº Acórdão 3302 002.104) Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2001 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente, diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2011 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235 QORG. (Número do Processo 10280.905792/201126. Relatora SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA. Data da Sessão 27/07/2017. Nº Acórdão 3302004.623) (grifo não consta do original) Esta colenda 1ª TO da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF tem manifestado entendimento no mesmo sentido, segundo a qual, em razão da verdade material, a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte pode ser demonstrado por outros elementos de prova, independentemente da retificação da DCTF, conforme é possível constatar pelo recente acórdão relatado pela ilustre conselheira Semíramis de Oliveira Duro: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2012 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 7 6 POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. (...) Recurso Voluntário provido. (Número do Processo 11060.900738/201311. Relatora SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO. Data da Sessão 17/04/2018. Nº Acórdão 3301004.545) Desta feita, o que é necessário verificar é a existência de comprovação pela Recorrente, nos autos, trazendo elementos de prova capaz de trazer liquidez e certeza de seu crédito. II) Da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF Quanto ao ponto sobre a incidência da contribuição ao PIS sobre receitas financeiras, auferidas por entidade que não desenvolva atividade financeira. Sobre este assunto, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou, inclusive em sede de repercussão geral, acerca da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998, por pretender alargar o conceito de faturamento, estabelecendo as receitas totais da pessoa jurídica como base de cálculo das contribuição para o PIS e COFINS. Tratase do RE nº 585.235 e desde 2010 a PGFN já se manisfestou formalmente, por meio da Portaria PGFN 294/2010, no sentido de dispensar os procuradores da fazenda nacional a contestar ou recorrer nesta matéria: Item 1, Anexo I, Portaria PGFN nª 294/2010 Resumo: É inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, promovido pelo art. 3º, §1º da Lei n. 9.718/98, eis que tais exações devem incidir, apenas, sobre as receitas decorrentes da venda de mercadorias e da prestação de serviços (conceito restritivo de receita bruta), e não sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica (conceito ampliativo de receita bruta). (...) DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: o PIS/COFINS deve incidir somente sobre as receitas operacionais das empresas, escapando da incidencia do PIS/COFINS as receitas não operacionais. Consideramse receitas operacionais as oriundas dos serviços financeiros prestados pelas instituições financeiras (serviços remunerados por tarifas e atividades de intermediação financeira). Nestes termos, é de rigor a aplicação do art. 62, § 1º, I e II, "b" e "c" do anexo II do RICARF, no sentido de que os membros das turmas de julgamento do CARF estão autorizados afastar a aplicação lei sob fundamento de inconstitucionalidade nos casos em que este entendimento já foi manifestado por decisão definitiva em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal ou decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal em sede de julgamento Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 8 7 realizado em repercussão geral nos termos dos arts. 543B do CPC/1973, ou mesmo no caso de existência de Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. Preenchese as três hipóteses do Regimento Interno do CARF (RICARF) neste caso de alargamento da base cálculo das contribuições PIS/COFINS intentada pelo disposto no art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998. Neste sentido: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2000 a 30/11/2002, 01/07/2003 a 31/07/2004, 01/09/2004 a 30/09/2004 Ementa: NÃO INCIDÊNCIA DO PIS SOBRE RECEITAS NÃO OPERACIONAIS E VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA. REGIME CUMULATIVO DO PIS. CONCEITO DE FATURAMENTO PARA INCIDÊNCIA NA BASE DE CÁLCULO. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Por força do Art. 62A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento ("faturamento corresponde à receita das vendas de mercadorias, de serviços ou de mercadoria e serviços" vejam julgamentos dos Recursos Extraordinários 346.084, DJ 01/09/2006 Rel p/ acórdão Min. Marco Aurélio, 357.950, 358.273 e 390.840 todos DJ 15.08.06 Rel. Min. Marco Aurélio). Sendo "receitas" não operacionais e variações cambiais ativas, e, portanto, não se tratando de "faturamento" vinculado às receitas oriundas das prestações de bens e serviços, não há como incidir o PIS. (Número do Processo 13502.000463/200585. Nº Acórdão 3201 003.681. Data da Sessão 22/05/2018) Resta, portanto, consolidado o entendimento acerca da não incidência de PIS sobre receitas financeiras, quando não constituírem receita operacional da empresa, no contexto da aplicação da Lei 9.718/1998. Como o período de apuração em que se discute o pagamento indevido é 06/2000, em tal momento aplicavase para a Recorrente o regime de tributação previsto na Lei 9.818/1998. Isto posto, caso comprovada a inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição ao PIS no período em referência, demonstrandose a liquidez e certeza do crédito a restituir declarado pelo contribuinte, será de rigor reconhecer o direito à restituição pleiteado pelo contribuinte. É o que se passa a analisar. III) Da liquidez e certeza do crédito Neste ponto, a Recorrente argumentou que no mês de apuração em foco (06/2000), considerando a original vigência da Lei nº 9.718/1998, apurou a contribuição com a inclusão de receitas financeiras à base de cálculo. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 9 8 No entanto, em que pese a Recorrente ressaltar em seu Recurso Voluntário que os documentos juntados aos autos atestam, de forma inquestionável, a restituição pleiteada em seu pedido, o que se tem, na verdade, é um simples demonstrativo de cálculo da contribuição, onde traz o total do faturamento, as exclusões permitidas, o valor devido da contribuição, o valor do recolhimento e o crédito objeto do pedido de restituição. Estes demonstrativos não possui força probatória isoladamente, desacompanhada de outros documentos oficiais, como registros contábeis e fiscais. A afirmação de que o Fisco já detém todas as informações, por todas as obrigações acessórias já cumpridas, bastando baixar em diligência para verificar a informação também não é pertinente e não merece guarida o alegado cerceamento de defesa daí decorrente. Nos pedidos de restituição o ônus da prova da existência do crédito é do contribuinte, não tendo a Recorrente se desincumbido de tal tarefa. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. (Número do Processo 10880.674831/200954. Relatora LARISSA NUNES GIRARD. Data da Sessão 13/06/2018. Nº Acórdão 3002000.234) (grifos não constam do original) A Recorrente não trouxe aos autos, nas duas oportunidades em que neles compareceu manifestação de inconformidade e recurso voluntário, qualquer prova documental hábil capaz de sustentar a veracidade e existência de seu direito de crédito (escrita contábil e fiscal). Não constam dos autos balancetes e demonstrações contábeis, nem mesmo a DIPJ do contribuinte para evidenciar o quantum de receitas financeiras levadas à tributação do PIS, sendo desnecessária, portanto, a realização da perícia requerida. A perícia será necessária quando a matéria exigir conhecimento técnico específico diferente da análise que deve ser realizada pela autoridade administrativa competente para o reconhecimento do crédito. Ademais, a demonstração do crédito, neste caso, seria possível com a simples apresentação de prova documental, não realizada pelo contribuinte. Desta feita, diante da ausência de comprovação da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese negar provimento ao presente recurso voluntário Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10660.905845/201134 Acórdão n.º 3301004.879 S3C3T1 Fl. 10 9 Isto posto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negar provimento." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 167DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.919995/2009-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 18/10/2004
COFINS. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS.
A apresentação espontânea de DCTF retificadora antes da edição do despacho decisório, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, devendo por tanto ser considerada.
INTIMAÇÃO DIRIGIDA AO PATRONO DA EMPRESA NO ENDEREÇO DAQUELE. IMPOSSIBILIDADE.
É descabida a pretensão de intimações, publicações ou notificações dirigidas ao Patrono da Impugnante em endereço diverso do domicilio fiscal do contribuinte tendo em vista o § 4° do art. 23 do Decreto 70.235/72.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-004.071
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para que os autos retornem à unidade preparadora, a fim de que se reexamine o pleito do PER/DCOMP, considerando-se a DCTF retificadora como original para análise e prolação de novo despacho decisório.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A apresentação espontânea de DCTF retificadora antes da edição do despacho decisório, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, devendo por tanto ser considerada. INTIMAÇÃO DIRIGIDA AO PATRONO DA EMPRESA NO ENDEREÇO DAQUELE. IMPOSSIBILIDADE. É descabida a pretensão de intimações, publicações ou notificações dirigidas ao Patrono da Impugnante em endereço diverso do domicilio fiscal do contribuinte tendo em vista o § 4° do art. 23 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para que os autos retornem à unidade preparadora, a fim de que se reexamine o pleito do PER/DCOMP, considerandose a DCTF retificadora como original para análise e prolação de novo despacho decisório. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 99 95 /2 00 9- 16 Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10880.919995/200916 Acórdão n.º 3201004.071 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologação da compensação de créditos da Cofins, decisão essa lastreada na ausência de direito creditório disponível, uma vez que os pagamentos declarados já haviam sido integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte havia alegado que efetuara pagamento a maior da Cofins, tendo, por equívoco, informado na DCTF original valor incorreto, decorrendo daí a apresentação de declaração retificadora, em data anterior à da prolação do despacho decisório. A Delegacia de Julgamento, por meio do acórdão nº 1633.728, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por ausência de comprovação da certeza e liquidez do indébito. Em seu Recurso Voluntário, o contribuinte requereu a reforma da decisão de primeira instância, repisando os argumentos de defesa, sendo arguida a nulidade do acórdão a quo por violação aos princípios da verdade material, da proporcionalidade e da razoabilidade. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201004.069, de 25/07/2018, proferido no julgamento do processo 10880.919993/200927, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.069): O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A seguir passo a análise do Recurso Voluntário. Em apertada síntese, a essência da lide está na apresentação da DCTF retificadora antes do despacho decisório que denegou a compensação do pagamento de COFINS. De fato, a DCTF retificadora data de 23/3/2009 (e Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10880.919995/200916 Acórdão n.º 3201004.071 S3C2T1 Fl. 4 3 fls. 66 a 70), enquanto o despacho decisório denegando a PER/DCOMP data de 25/3/2009 (efl. 4). A fundamentação do despacho decisório denegatório seria a inexistência de crédito disponível, tendo sido o DARF discriminado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, que estavam declarados em DCTF. 3FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 617.278,60. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (efl. 4) Da leitura dos autos, percebese que, muito provavelmente, a DCTF analisada quando do despacho decisório foi a DCTF original e não a DCTF retificadora. O sistema informatizado de processamento da DCTF fez, portanto, uso de um dado desatualizado. A IN RFB nº 903/2008 dispõe em ser art. 11 e parágrafos sobre a natureza da DCTF retificadora, ensinando que a mesma substitui integralmente a declaração original, servindo para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir, os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. IN RFB nº 903/2008 Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) A substituição da DCTF original pela DCTF retificadora é vedada apenas nos casos previstos no § 2º, onde há participação da PGFN para inscrição em DAU e quando a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10880.919995/200916 Acórdão n.º 3201004.071 S3C2T1 Fl. 5 4 procedimento fiscal. O presente caso enquadrase, portanto, na hipótese geral, onde a DCTF retificadora substitui integralmente a DCTF original. O julgamento da manifestação de inconformidade em primeira instância se ateve a questões de certeza e liquidez, bem como à falta de elementos de prova que deveriam ser apresentados pela recorrente. Logo, acabou por julgar improcedente a manifestação do direito creditório. Ora, tendo em vista a regulamentação constante da IN RFB nº 903/2008, para que a DCTF retificadora substitua integralmente a DCTF original, ficaria dispensada a questão dos elementos de prova. Ocorre que o julgamento em primeira instância deveria ter efetuado uma análise mais detalhada assegurando a prevalência da verdade material. Sobre a importância da verdade material no julgamento em primeira instância em caso semelhante, reproduzo trecho do Acórdão 3403002.456 do relator Rosaldo Trevisan, decidido por unanimidade. Acórdão 3403002.456 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Assim, diante dos despachos decisórios eletrônicos, o julgador de primeira instância tem um papel especial, porque efetuará a primeira análise humana do processo, devendo assegurar a prevalência da verdade material. Não pode o julgador (humano) atuar como a máquina, simplesmente cotejando o valor declarado na DCTF original com o pago, ignorando a existência de retificação efetuada tempestivamente, dentro das regras estabelecidas pelo próprio Fisco. A nova realidade estampada na DCTF retificadora tem de ser devidamente avaliada pela autoridade fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a repetição e não homologada a compensação, seja pela autoridade lançadora, seja pelo julgador a quo. (efl. 193) A realidade da DCTF retificadora que passou a ser a original precisa ser avaliada pela autoridade fiscal. No presente caso, a DCTF retificadora parece ter sido ignorada no processamento eletrônico, bem como colocada em segundo plano no julgamento em primeira instância. Em casos semelhantes, o posicionamento deste CARF tem sido o de anular o processo ab ovo, ou seja, desde o princípio. Acórdão 3403002.456 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária / 25 de setembro de 2013 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA ANTES DO DESPACHO DECISÓRIO. ACEITAÇÃO. A DCTF retificadora espontaneamente apresentada antes da veiculação do despacho decisório, nos casos normativamente permitidos, substitui a DCTF original em relação aos débitos e vinculações declarados. Acórdão nº 3403002.223 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária / 22 de maio de 2013 COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A apresentação espontânea DCTF retificadora antes da edição do despacho decisório, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, devendo por tanto ser nele considerada. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10880.919995/200916 Acórdão n.º 3201004.071 S3C2T1 Fl. 6 5 Finalmente, quanto ao requerimento de que todas as intimações sejam enviadas inclusive ao Patrono e encaminhadas a endereço diverso do contribuinte que se encontra em litígio, cabe informar da limitação contida no comando do §4º, do art. 23 do Decreto 70.235/72 que dispõe sobre o endereço fornecido para fins cadastrais a SRF. Conclusão Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para que os autos retornem à unidade preparadora, a fim de que reexamine o pleito do PER/DCOMP, considerandose a DCTF retificadora como original para análise e prolação de novo despacho decisório. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, determinando o retorno dos autos à unidade preparadora para reexame do pleito (PER/DCOMP), considerandose a DCTF retificadora como original na análise e prolação de novo despacho decisório. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 127DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13952.720038/2011-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/07/2006 a 31/12/2006
DACON. ENTREGA INTEMPESTIVA. MULTA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE
A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Aplicação da Súmula CARF 49.
Recurso Voluntário Improcedente
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3402-005.537
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz de Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais de Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*
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ENTREGA INTEMPESTIVA. MULTA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Aplicação da Súmula CARF 49. Recurso Voluntário Improcedente Crédito Tributário Mantido Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz de Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais de Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Waldir Navarro Bezerra (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 95 2. 72 00 38 /2 01 1- 56 Fl. 37DF CARF MF Processo nº 13952.720038/201156 Acórdão n.º 3402005.537 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de auto de infração para exigência de multa por atraso na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON). Cientificada do lançamento, o sujeito passivo apresentou impugnação, alegando que apresentou a DACON de forma espontânea, o que excluiria a penalidade nos termos do artigo 138 do CTN. Por meio do acórdão nº 06038.747, o Colegiado a quo julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Regularmente cientificado, o contribuinte tempestivamente apresentou seu Recurso Voluntário, repisando a alegação de sua impugnação pela exclusão da penalidade nos termos do artigo 138 do CTN (denúncia espontânea). O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra , Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.503, de 26 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 10840.002032/201091, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.503): "O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. A questão trazida a este colegiado cingese à aplicação da denúncia espontânea, prevista no artigo 138 do CTN, em caso de entrega intempestiva de obrigação acessória (DACON), mas antes de qualquer ato de ofício da autoridade fiscal. Tratase de aplicação direta da Súmula CARF nº 49: Fl. 38DF CARF MF Processo nº 13952.720038/201156 Acórdão n.º 3402005.537 S3C4T2 Fl. 4 3 “A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração.” As Súmulas do CARF são de observância obrigatória pelos membros do colegiado, conforme disposto no artigo 72 do RICARF. Recentemente, por meio da Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, foi atribuído a determinadas súmulas do CARF, dentre as quais se encontra a Súmula 49, efeito vinculante em relação à administração tributária federal. Dessa forma, a matéria se encontra pacificada em sentido contrário àquele defendido pela recorrente, não restando qualquer análise a ser feita neste julgamento. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo, pela aplicação da Súmula CARF 49. É como voto." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Fl. 39DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720619/2016-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011, 2012
SUPERAÇÃO DAS MATÉRIAS EM RAZÃO DA APLICAÇÃO DO § 3º DO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2011, 2012
ISENÇÃO DO PROUNI. SUSPENSÃO DECORRENTE DE ATO DECLARATÓRIO EMITIDO PELO MEC. IMPRESCINDIBILIDADE.
A suspensão da isenção de uma instituição de ensino do PROUNI, por Ato Declaratório de Exclusão emitido pela RFB, somente pode se dar após a desvinculação da referida instituição, por parte do Ministério da Educação, do próprio PROUNI.
PIS. REFLEXO.
Pela íntima relação de causa e efeito, aplica-se ao PIS o quanto decidido para a COFINS.
Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2011, 2012
OMISSÃO DE RECEITAS. TRIBUTAÇÃO NA FONTE.
Para fatos geradores a partir de 1996, não mais se aplica a tributação na fonte por lucros automaticamente distribuídos, decorrentes de omissão de receitas, tendo em vista a revogação do art. 44 da Lei nº 8.541 de 1992, pelo art. 36, IV da Lei nº 9.249 de 1995.
Numero da decisão: 1401-002.723
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em superar as arguições de nulidade para, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2011, 2012 SUPERAÇÃO DAS MATÉRIAS EM RAZÃO DA APLICAÇÃO DO § 3º DO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2011, 2012 ISENÇÃO DO PROUNI. SUSPENSÃO DECORRENTE DE ATO DECLARATÓRIO EMITIDO PELO MEC. IMPRESCINDIBILIDADE. A suspensão da isenção de uma instituição de ensino do PROUNI, por Ato Declaratório de Exclusão emitido pela RFB, somente pode se dar após a desvinculação da referida instituição, por parte do Ministério da Educação, do próprio PROUNI. PIS. REFLEXO. Pela íntima relação de causa e efeito, aplica-se ao PIS o quanto decidido para a COFINS. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2011, 2012 OMISSÃO DE RECEITAS. TRIBUTAÇÃO NA FONTE. Para fatos geradores a partir de 1996, não mais se aplica a tributação na fonte por lucros automaticamente distribuídos, decorrentes de omissão de receitas, tendo em vista a revogação do art. 44 da Lei nº 8.541 de 1992, pelo art. 36, IV da Lei nº 9.249 de 1995.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em superar as arguições de nulidade para, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 72; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1744; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 19.090 1 19.089 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720619/201638 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1401002.723 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de julho de 2018 Matéria SUSPENSÃO DE IMUNIDADE / ISENÇÃO / PROUNI INSTITUIÇÕES DE ENSINO / ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS Recorrentes INSTITUTO EDUCACIONAL DO ESTADO DE SAO PAULO IESP FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011, 2012 SUPERAÇÃO DAS MATÉRIAS EM RAZÃO DA APLICAÇÃO DO § 3º DO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2011, 2012 ISENÇÃO DO PROUNI. SUSPENSÃO DECORRENTE DE ATO DECLARATÓRIO EMITIDO PELO MEC. IMPRESCINDIBILIDADE. A suspensão da isenção de uma instituição de ensino do PROUNI, por Ato Declaratório de Exclusão emitido pela RFB, somente pode se dar após a desvinculação da referida instituição, por parte do Ministério da Educação, do próprio PROUNI. PIS. REFLEXO. Pela íntima relação de causa e efeito, aplicase ao PIS o quanto decidido para a COFINS. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2011, 2012 OMISSÃO DE RECEITAS. TRIBUTAÇÃO NA FONTE. Para fatos geradores a partir de 1996, não mais se aplica a tributação na fonte por lucros automaticamente distribuídos, decorrentes de omissão de receitas, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 06 19 /2 01 6- 38 Fl. 19090DF CARF MF 2 tendo em vista a revogação do art. 44 da Lei nº 8.541 de 1992, pelo art. 36, IV da Lei nº 9.249 de 1995. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em superar as arguições de nulidade para, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Relatório Tratase de Recurso de Ofício e Recurso Voluntário interpostos em face de decisão proferida pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE), que, por meio do Acórdão 0443.094, de 29 de maio de 2017, julgou improcedente a impugnação apresentada pela empresa. Reproduzo parte do relatório constante no acórdão da DRJ: (início da transcrição do relatório da DRJ) O presente processo, referente ao período compreendido entre os anos calendário 2011 e 2012, trata de: 1. Lançamento de Programa de Integração Social PIS e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, em valores respectivos de R$ 6.329.511,07 e R$ 29.213.130,02, já incluídos os juros de mora, calculados com emprego da taxa Selic, além de multa de ofício, à razão de 150%, conforme autos de infração de fls. 15.487 a 15.502 e 15.503 a 15.518. 2. Lançamento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica Retenção na Fonte IRRF, no valor de R$ 84.246.146,86, já incluídos os juros de mora, calculados com emprego Fl. 19091DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.091 3 da taxa Selic, além de multa de ofício, à razão de 150%, conforme autos de infração de fls. 15.519 a 15.529. 3. Termo de Arrolamento de Bens e Direitos; 4. Responsabilização Tributária. Tendo em vista terem sido apresentadas impugnações tratando especificamente sobre a responsabilidade tributária solidária, entendi mais compreensível o tratamento do assunto em tópico próprio. 1. Do lançamento de PIS, COFINS e IRRF: Em consequência da suspensão da imunidade e isenção tributárias da entidade, tratadas através do Processo 19515.720367/201647, cuja cópia do julgado consta das fls. 18.353 a 18.457, foram também lavrados os autos de infração de Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, tratados aqui. Consta do Termo de Verificação Fiscal TVF, de fls. 15.436 a 15.484, entre outras informações, o que segue: (...) Introdução A entidade se declara isenta do IRPJ (fonte: DIPJ) e da CPP (fonte: GFIP). Não há recolhimentos para esses tributos nem débitos confessados. Também não há recolhimentos nem débitos confessados para CSLL, COFINS e PIS, nem mesmo PIS Folha. Há recolhimentos de IRRF compatíveis com a DIRF. Há recolhimentos de GPS compatíveis com as contribuições dos segurados diminuídas das compensações informadas (fonte: GFIP), contudo essas compensações foram consideradas indevidas pela fiscalização. Não há recolhimentos para Terceiros (outras entidades e fundos). (...) Objetivos do Procedimento Fiscal Verificar se o sujeito passivo faz jus aos seguintes benefícios fiscais e aplicar a legislação pertinente: Imunidade tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – CF/1988, artigo 150, inciso VI, alínea “c”. Isenção tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – Lei 9.532/1997, artigo 15. Isenção tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – Lei 11.096/2005 (PROUNI), artigo 8°. Imunidade tributária da CPP, RAT e Terceiros – CF/1998, artigo 195, §7º. Constatações Fl. 19092DF CARF MF 4 Foi constatado, durante o procedimento de fiscalização, que o sujeito passivo não cumpre os requisitos estabelecidos pela legislação tributária para gozo de nenhum dos quatro benefícios fiscais elencados acima pelos seguintes motivos: 1) Imunidade tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – CF/1988, artigo 150, inciso VI, alínea “c”. a) A entidade está em débito com o sistema da seguridade social, CF/88, artigo 195, § 3º. b) A entidade distribuiu (disfarçadamente) lucros a seus controladores, Lei 5172/66, artigo 14, inciso I. c) A entidade remunerou seus dirigentes, indiretamente, através da distribuição disfarçada de lucros, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “a”. d) A entidade não aplicou integralmente seus recursos na manutenção de seus objetivos sociais, Lei 5172/66, artigo 14, inciso II, e Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “b”. e) A entidade não apresentou contabilidade regular, Lei 5172/66, artigo 14, inciso III, e Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “c”. f) A entidade não apresentou documentação que comprove suas receitas e despesas, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “d”. g) A entidade não apresentou declaração de rendas conforme disposto em ato da SRFB, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “e”. h) A entidade não recolheu as contribuições para a seguridade social retidas nos rendimentos pagos aos empregados, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “f”. i) A entidade não assegurou a destinação de seu patrimônio à entidade congênere ou órgão público em caso de extinção, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “g”. 2) Isenção tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – Lei 9.532/1997, artigo 15. a) A entidade está em débito com o sistema da seguridade social, CF/88, artigo 195, § 3º. b) A natureza jurídica da entidade tem características de sociedade empresarial e não de associação privada, por não corresponder a uma coletividade típica de uma união de pessoas, Lei 9532/97, artigo 15, combinado com Lei 10406/02, artigo 53. c) A natureza jurídica da entidade tem características de sociedade empresarial e não de associação privada, por exercer atividade com fins econômicos, ou seja, atividade comercial, Lei 9532/97, artigo 15, combinado com Lei 10406/02, artigo 53. d) A entidade remunerou seus dirigentes, indiretamente, através da distribuição disfarçada de lucros, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “a”. e) A entidade não aplicou integralmente seus recursos na manutenção de seus objetivos sociais, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “b”. Fl. 19093DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.092 5 f) A entidade não apresentou contabilidade regular, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “c”. g) A entidade não apresentou documentação que comprove suas receitas e despesas, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “d”. 3) Isenção tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – Lei 11.096/2005 (PROUNI), artigo 8°. a) A entidade está em débito com o sistema da seguridade social, CF/88, artigo 195, § 3º, e IN SRF 456/04, artigo 4º, § único. b) A entidade praticou atos que configuraram, em tese, crimes contra a ordem tributária, IN SRF 456/04, artigo 4º, caput. 4) Imunidade tributária da CPP, RAT e Terceiros – CF/1998, artigo 195, §7º. a) A entidade está em débito com o sistema da seguridade social, CF/88, artigo 195, § 3º. b) A entidade distribuiu (disfarçadamente) lucros a seus controladores, Lei 5172/66, artigo 14, inciso I, e Lei 12101/09, artigo 29, inciso V. c) A entidade remunerou seus dirigentes, indiretamente, através da distribuição disfarçada de lucros, Lei 12101/09, artigo 29, inciso I. d) A entidade não aplicou integralmente seus recursos na manutenção de seus objetivos sociais, Lei 5172/66, artigo 14, inciso II, e Lei 12101/09, artigo 29, inciso II. e) A entidade não apresentou CND, ou CPDEM, dos tributos federais e Certidão de Regularidade do FGTS, Lei 12101/09, artigo 29, inciso III. f) A entidade não apresentou contabilidade regular, Lei 5172/66, artigo 14, inciso III, e Lei 12101/09, artigo 29, inciso IV. g) A entidade não apresentou documentação que comprove suas receitas e despesas, Lei 12101/09, artigo 29, inciso VI. h) A entidade não cumpriu as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária, Lei 12101/09, artigo 29, inciso VII. (...) A principal constatação efetuada pelo fisco, conforme consta do TVF, "foi que a sociedade se trata, de fato, de uma sociedade empresária com fins lucrativos". Afirma o autuante que: (...) A fraude consistiu basicamente em atribuir duas personalidades jurídicas, dois CNPJ e duas contabilidades a cada estabelecimento de ensino. Cada faculdade era ao mesmo tempo uma filial do sujeito passivo, utilizada para registrar os professores e funcionários e se beneficiar da suposta imunidade das contribuições previdenciárias patronais; e a matriz de uma empresa com fins lucrativos, utilizada para distribuir lucros aos controladores, fls. 12.255 a 12.261. Fl. 19094DF CARF MF 6 Com contabilidades paralelas para um mesmo estabelecimento comercial, eram distribuídas entre elas as receitas e as despesas daquele estabelecimento de ensino, de modo a maximizar os lucros na empresa lucrativa (inativa de fato) e o valor da isenção usufruída no sujeito passivo. Na prática, o que se constatou foi que cada um dos estabelecimentos de ensino deixou de recolher tributos ao mesmo tempo em que distribuiu lucros, fls. 2.404 e 13.003 a 13.372. Atribuir dois CNPJ para um mesmo estabelecimento comercial é fraude, equiparável a atribuir dois CPF a uma mesma pessoa física. Fazer duas contabilidades para um mesmo estabelecimento comercial também é fraude, algo como fazer duas declarações de imposto de renda de pessoa física para o mesmo indivíduo. (...) Especificamente quanto à contabilidade apresentada pelo sujeito passivo para esta fiscalização, fls. 138 a 12.191, a prática fraudulenta constatada, revela a existência de receitas não escrituradas (omitidas). A confusão da personalidade jurídica e a confusão patrimonial das entidades do grupo UNIESP já foram matéria de apreciação judicial, com decisões desfavoráveis ao grupo econômico, fls. 12.358 a 12.359 e 12.994 a 12.998. (...) GFIP Durante os anos de 2009 a 2012 o sujeito passivo lançou em GFIP compensações conforme quadro: Intimado pelo respectivo órgão controlador da RFB, DIORT DERAT SP, a esclarecer a quais créditos se referiam essas compensações o sujeito passivo respondeu (ANEXO 20) se tratar de créditos de Títulos Públicos ainda não resgatados. Como esses títulos, ou não existem, ou não dão direito a credito, as compensações foram consideradas totalmente indevidas. O crédito resultante da glosa das compensações indevidas referente aos anos de 2009 e 2010 já foi constituído de ofício, através de Despacho Decisório emitido pelo órgão controlador, DIORT DERAT SP, inclusive com aplicação de multa isolada qualificada de 150% (aplicada quando há fraude, controlada em processo apartado). (...) DIPJ Fl. 19095DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.093 7 As DIPJ estão deficientes e sem coerência. Existem duas declarações válidas para cada ano fiscalizado, sendo uma normal e outra na condição de incorporadora, ambas relativas a períodos de apuração sobrepostos, fls. 12.192 a 12.226. Nenhuma das DIPJ contém preenchimento das fichas 4, 5 e 6 (custos, despesas e demonstração do resultado). Para cada ano, cada uma das duas declarações válidas informa valores diferentes de faturamento, de massa salarial e quantidade de empregados, nenhum desses valores é compatível com os valores contabilizados ou com os valores da Folha, da GFIP, da RAIS ou da DIRF. Natureza Jurídica A despeito de ser formalmente constituída com a natureza jurídica de associação civil, o sujeito passivo apresenta, de fato, características de sociedade empresarial e como tal deve ser tratado tributariamente. (...) O objeto social do sujeito passivo, ou seja, a atividade que ele desenvolve, é a prestação de serviços educacionais, uma típica atividade comercial ou empresarial do setor de prestação de serviços, sujeito à livre iniciativa e à livre concorrência, por isso tem sim fins econômicos. Destaquese que 100% da receita do sujeito passivo vem desta atividade, não há um centavo sequer de contribuição associativa dos associados, fl. 2.404. Ser caracterizada como sociedade de fato e não como uma associação tem o efeito de não se aplicar à entidade a isenção prevista às associações civis, disposta no artigo 15 da Lei 9.532/97. É justamente neste dispositivo que o sujeito passivo se enquadra ao informar em DIPJ ser isento de IRPJ. Independente do entendimento desta fiscalização e da classificação formal adotada pelo contribuinte quanto à sua natureza jurídica, desenvolveuse durante a fiscalização a análise do cumprimento dos requisitos tanto da imunidade quanto da isenção do IRPJ, mesmo por que, muitos deles são comuns. Contabilidade Foi apresentada pelo sujeito passivo contabilidade: Livros Diários registrados no 1º Ofício de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoas Jurídicas da Capital, com Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultado do Exercício; e Livros Razão, dos anos de 2011 e 2012. Foi fornecida uma versão em arquivo digital e apresentados, sem retenção, os originais para autenticação. A versão apresentada tratase de uma nova extração e não de uma cópia, são os mesmos lançamentos, porém devido à alteração do tamanho da folha e da configuração das margens, a numeração das folhas é diferente. Fls. 138 a 12.191. Não foram apresentados Livros Diários Auxiliares. Fl. 19096DF CARF MF 8 A contabilidade apresentada contém vícios quanto às formalidades legais e não asseguram a exatidão das receitas e despesas. Falta de individualização das operações Falta de clareza na descrição das operações Falta de caracterização do documento respectivo Não observância do princípio da competência Lançamento de despesas em contas de receitas Omissão de receitas Falta de comprovação de despesas Lançamento de receitas em contas de despesas Lançamento de despesas em duplicidade Omissão de despesas O fisco, no TVF, detalha as característica de cada um dos vícios da contabilidade citados acima. Continua o fisco descrevendo suas considerações sobre a finalidade lucrativa da entidade, incorporações irregulares, FIES, irregularidades junto ao MEC, Termo de Ajuste de Conduta TAC, denúncias, utilização de aluguéis para a distribuição disfarçada de lucros, etc. Caracteriza também os sócios da empresa, a saber: (...) Sócios Todas as empresas do grupo econômico UNIESP, mesmo as isentas e as filantrópicas, tem como sócio/presidente e principal administrador o Sr. José Fernando Pinto da Costa, CPF 780.031.48804. A se destacar na declaração de rendimentos do Sr. José Fernando (Anexo 17) são os vultosos dividendos recebidos e sua grande evolução patrimonial no anocalendário 2012. Neste mesmo ano as empresas do grupo educacional UNIESP também tem um gigantesco acréscimo de faturamento devido ao FIES. A Sra. Cláudia Aparecida Pereira, esposa do Sr. José Fernando, e sócia, apresentou também em sua declaração de rendimentos do anocalendário de 2012 vultosos dividendos recebidos de pequenas faculdades e uma grande evolução patrimonial conforme veremos abaixo. Existem ainda mais duas pessoas físicas cujas declarações de rendimentos apontam ligações com o Grupo UNIESP. São os Sr. Sthefano Bruno Pinto da Costa e Sra. Bárbara Izabela Costa, filhos do casal José Fernando e Cláudia, conforme veremos abaixo. JOSE FERNANDO PINTO DA COSTA, CPF 780.031.48804 – Até 2011, os rendimentos do sr. José eram de cerca de R$ 80 mil anuais, referentes principalmente a aposentadoria do INSS e previdência complementar (Fundação CESP). Fl. 19097DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.094 9 – Em 2012, o Sr. José recebeu de dividendos das pequenas faculdades do grupo o valor de R$ 32.675.664,97, conforme consta no anexo 17. – Em 2012 o Sr. José teve um acréscimo patrimonial de R$ 17.465.408,11 saindo de um patrimônio total de R$ 2.086.706,68 no anocalendário de 2011 para um patrimônio de R$ 19.552.114,79 no anocalendário seguinte, conforme consta na página 10 do anexo 17. Podemos notar ainda que grande parte dos investimentos em pequenas faculdades adquiridas em 2012, está declarada pelo seu valor histórico. – Notamos ainda que no anocalendário 2012 o Sr. José doou para cada um dos seus filhos o valor de R$ 3.500.000,00 conforme consta na página 05 do anexo 17. – No anocalendário 2010, o sr. José recebeu mútuo da UNIESP no valor de R$ 1,3 milhão. No anocalendário 2012 esse mútuo foi quitado, conforme consta na página 10 do anexo 17. CLAUDIA APARECIDA PEREIRA, CPF 051.715.24874 – Até 2011, os rendimentos da Sra. Cláudia eram de cerca de R$ 100 mil anuais, referentes a valores recebidos das empresas do grupo, a título de salário. – Em 2012 ela recebeu de dividendo das pequenas faculdades do grupo o valor de R$ 29.505.863,31 conforme consta na pág. 03 do anexo 18. – Em 2012, a Sra. Cláudia teve um acréscimo patrimonial de R$ 15.205.717,46 saindo de um patrimônio total de R$ 3.259.397,79 no anocalendário de 2011 para um patrimônio de R$ 18.465.115,25 no anocalendário seguinte, conforme consta na página 09 do anexo 18. Podemos notar ainda que grande parte dos investimentos, em pequenas faculdades adquiridas em 2012, está declarada pelo seu valor histórico. – No anocalendário 2010, a sra. Cláudia recebeu mútuo da UNIESP no valor de R$ 800 mil. – No anocalendário 2012 esse empréstimo de mútuo foi quitado, conforme consta na página 09 do anexo 18. STHEFANO BRUNO PINTO DA COSTA, CPF 337.655.72845 – Até 2011, os rendimentos do Sr. Sthefano eram de cerca de R$ 40 mil anuais, referentes a valor recebido de empresa do grupo, a título de salário. – Em 2011, ele era sócio de 8 (oito) empresas ligadas ao grupo UNIESP. No anocalendário de 2012 continua com participação em 4 dessas empresas. Neste mesmo ano declara que adquire participação de 50 % na FATESC FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA conforme consta ANEXO 29. – No anocalendário 2012 o ele recebeu doação de seu pai o sr. Jose Fernando Pinto da Costa de R$ 3.500.000,00, conforme ANEXO 29. Possuía ainda dois veículos declarados: um Fl. 19098DF CARF MF 10 automóvel marca LAND ROVER ano 2011, no valor de R$ 202.747,32 e outro automóvel marca MERCEDES BENZ CLS 63 no valor de R$ 438.000,00. – No anocalendário 2010, o sr. Sthefano recebeu mútuo da UNIESP no valor de R$ 2 milhões. No anocalendário 2012 esse empréstimo de mútuo foi quitado, conforme consta na página 05 do anexo 29. BÁRBARA IZABELA COSTA, CPF 382.020.78806 – Até 2011, os rendimentos da Sra. Bárbara eram de cerca de R$ 40 mil anuais, referentes a valor recebido de empresa do grupo, a título de salário. – No anocalendário 2011 ela era sócia de 6 (seis) empresas ligadas ao grupo UNIESP. No anocalendário de 2012 continua com participação em 4 dessas empresas. Neste mesmo ano declara que adquire participação de 50 % na FATESC FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA conforme consta ANEXO 27. – No anocalendário 2012 ela recebeu doação de seu pai o sr. Jose Fernando Pinto da Costa, de R$ 3.500.000,00 ANEXO 27. Possuía ainda um veículo declarado 1 automóvel marca BMW ano 2009 no valor de R$ 180.000,00. – Notamos ainda que no anocalendário 2012 ela quitou empréstimo de mutuo no valor de R$ 2.700.000,00 conforme consta na página 09 do ANEXO 27. Empresa Patrimonial Durante os anos de 2012 e 2013, além das inúmeras faculdades adquiridas a SOCIEDADE ADM. E GESTÃO PATRIMONIAL LTDA (antiga Uniesp) ainda constituiu dois fundos de investimento em seu nome, com recursos que totalizam cerca de R$ 50 milhões, e também adquiriu um jato PHENOM 300, avaliado por dados da internet em U$ 8.500.000,00 (R$ 17,8 milhões na Nota Fiscal Eletrônica), bem como uma lancha ELEKTRA avaliada em R$ 2,2 milhões. Fruto da utilização de recursos de entidades isentas ligadas. Complementando a confusão patrimonial e financeira, a empresa patrimonial constituiu 2 fundos de investimentos denominados “UNIESP PAGA”. Um administrado pela Caixa Econômica Federal em dezembro de 2012, e que em novembro de 2013 já tinha R$ 29 milhões conforme ANEXOS 4 e 23. O outro Fundo foi constituído em outubro de 2013, e é administrado pelo Banco do Brasil e contava em novembro de 2013 com R$ 20 milhões conforme ANEXOS 5 e 24. Os fundos concentram recursos captados pelas entidades isentas através do FIES. A empresa SOCIEDADE ADM. E GESTÃO PATRIMONIAL LTDA adquiriu ainda outros imóveis conforme relação abaixo. Alguns dos imóveis estão gravados pelos supracitados CCI ou por penhora, porém a maior parte encontrase desembaraçada. O total dos imóveis não gravados é de R$ 21 milhões, destacandose que se tratam dos valores históricos das transações, sendo que os valores de mercado dos imóveis provavelmente são bem mais altos. Fl. 19099DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.095 11 (...) No TVF, fls. 15.463 e 15.466, consta o quadro com os valores das aquisições efetuadas. Esse quadro, segundo o fisco "deixa claro o expressivo acréscimo patrimonial desta empresa a partir dos anos de 2010 e 2011, momento em que os controladores do grupo UNIESP transferem os funcionários das empresas lucrativas para as filiais do sujeito passivo, suprimindo assim as contribuições previdenciárias patronais e reflexos sobre os respectivos salários". E continua: (...) O acréscimo patrimonial desta empresa se acelera ainda mais nos anos de 2012 e 2013, devido ao levantamento de recursos com as emissões de CCI lastreadas nos aluguéis futuros e sobrevalorizados a cargo do sujeito passivo, que sangraram o patrimônio da entidade filantrópica em benefício da empresa patrimonial e dos controladores do grupo UNIESP. As CCI são garantidas, entre outras formas de garantia, pelos recursos do FIES, que cabem exclusivamente ao sujeito passivo, pois é ele que presta os serviços educacionais, o que configura mais uma forma de benefício indireto aos controladores. Distribuição de Lucros Existe uma inconsistência muito grande entre os dados declarados na DIRPF 2013 dos srs JOSE FERNANDO PINTO DA COSTA (ANEXO 17) e CLAUDIA APARECIDA PEREIRA (ANEXO 18), que afirmam em suas declarações terem recebido cerca de R$ 61 milhões a título de DIVIDENDOS de várias pequenas faculdades recentemente adquiridas, e as apurações dos LUCROS dessas mesmas faculdades. Nenhuma delas apurou lucro para distribuir conforme quadro abaixo. A maioria dessas faculdades estava sem atividade, e no domicílio/endereço correspondentes, funcionava no ano de 2012 um estabelecimento da IESP conforme ANEXO 26. Destacase que a grande maioria das empresas que distribuíram dividendos foram adquiridas ao longo do anocalendário de 2012 por valores irrisórios, ainda assim distribuíram dividendos vultosos, que por sua vez, teriam justificado a evolução patrimonial do sr. José e da sra. Cláudia. O fisco, nas fls. 15.461 a 15.462, apresenta um quadro demonstrativo de lucros e dividendos recebidos por José Fernando e Cláudia Aparecida. A seguir prossegue: (...) Omissão de Receitas no Sujeito Passivo Como já discorrido neste relatório, somente o sujeito passivo possuía os recursos para a prestação dos serviços de educação. O sujeito passivo concentrava toda a mãodeobra do grupo na área do ensino superior. Na contabilidade do sujeito passivo estão registrados todos os custos envolvidos, além das despesas trabalhistas, as despesas gerais com energia elétrica, água, telefone, aluguel, etc. Fl. 19100DF CARF MF 12 As demais empresas do grupo econômico UNIESP, em sua maioria empresas de natureza sociedade limitada, apesar de não terem recursos para a prestação dos serviços educacionais, pois não tinham empregados, apresentaram grande movimentação financeira, segundo informações próprias e de terceiros. Segundo o site transparência do governo federal foram pagos através do FIES R$ 241 milhões às empresas do grupo. Ao sujeito passivo, apenas R$ 1,5 milhão. Isto ocorreu, pois geralmente as empresas com finalidade lucrativa e recém adquiridas é que estavam cadastradas no MEC e que poderiam intermediar os contratos de FIES entre alunos e o governo federal. Toda esta receita é na verdade do sujeito passivo, pois ele é que prestou o serviço, disto decorre uma grande omissão de receita no sujeito passivo. Os recursos do FIES recebidos pelas empresas do grupo por si só já ultrapassam a receita contabilizada pelo sujeito passivo em 2012. Segundo dados totalizadores oriundos das DIRPF de alunos e responsáveis, foram pagos às demais empresas do grupo UNIESP R$ 32 milhões. Nenhum valor foi declarado tendo como beneficiário o próprio sujeito passivo. Segundo dados das DIMOF das instituições financeiras nas quais as empresas do grupo têm conta bancária, foram recebidos créditos bancários de R$ 964 milhões, sendo R$ 272 milhões nas contas bancárias do sujeito passivo. Segundo demonstrativos contábeis (DRE) das empresas do grupo UNIESP que distribuíram dividendos, segundo as DIRPF do Sr. José Fernando e de sua esposa, são reconhecidos como receita R$ 285 milhões. Demonstrativos apresentados pelos próprios dirigentes do sujeito passivo para justificar suas rendas pessoais. O quadro abaixo apresenta os principais dados financeiros do ano de 2012, do sujeito passivo e das demais empresas do grupo UNIESP ligadas ao ensino superior. Quanto receberam do FIES, quanto receberam de PF, quanto pagaram de dividendos, quanto movimentaram em contas bancárias, que filial do sujeito passivo funciona no mesmo local da empresa lucrativa e a receita contabilizada: (...) O referido quadro consta do TVF, fls. 15.463 a 15.466. A seguir, a fiscalização trata dos requisitos da imunidade tributária do IRPJ, no que se refere ao art. 12 § 2º, incisos "a" a "h" da Lei 9.532/1997 e da isenção tributária, nos termos do art. 12 § 2º da mesma lei. Trata também da isenção da Contribuição Previdenciária Patronal CPP, nos termos do art. 29, incisos I a VII da Lei 12.101/2009. Descreve ainda os requisitos da isenção do IRPJ, conforme Instrução Normativa SRF 456 de 05/10/2004, que dispõe da isenção de IRPJ e de contribuições para empresas que aderirem ao PROUNI – Lei 11.096/2005. Discorre também sobre os requisitos de imunidade tributária em geral, previsto no art. 195, § 3º da Constituição Federal de 1988 e dos previstos no art. 14, incisos I a III do CTN, Lei 5.172 de 1966. Fl. 19101DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.096 13 A seguir, informa que, para o prosseguimento das suspensões da imunidade e suspensão tributárias, será seguido o rito previsto no art. 32 da Lei 9.430 de 1996. Declara, ao final, que após as constatações relatadas no TVF, que redundaram na suspensão da imunidade e isenção tributárias da impugnante, foi lavrada Notificação Fiscal para a concretização destas. Após esse ponto o TVF passa a tratar da constituição do crédito tributário: (...) Constituição dos Créditos Tributários Com a suspensão dos benefícios tributários, foram constituídos os créditos tributários referentes ao IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, e também os créditos tributários referentes às contribuições previdenciárias que não decorrem propriamente da suspensão, mas são ratificados por ela. Arbitramento do Lucro Conforme relatado, a contabilidade do sujeito passivo contém vícios que a torna imprestável para apuração do lucro real. Assim, o lucro foi arbitrado para determinação da base de cálculo do IRPJ. Lei 8.981/1995, no artigo 47, inciso II, alínea “b”: Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: b) determinar o lucro real. A receita do sujeito passivo não é conhecida em sua totalidade, uma parcela foi omitida de sua contabilidade, o que impede de ser a base do arbitramento. Sendo o sujeito passivo uma entidade prestadora de serviços, o dado mais representativo para aferição do lucro, depois da receita, é a sua massa salarial. A massa salarial do sujeito passivo é conhecida. A soma dos valores devidos em cada mês a empregados está consistentemente comprovada nas Folhas de Pagamentos mensais, na contabilidade, nas GFIP, RAIS e DIRF, todos com dados compatíveis e condizentes com os serviços prestados. O lucro arbitrado foi determinado conforme disposto na Lei 8.981/1995, artigo 51, inciso VII e §1º, c/c Lei 9430/1996, artigo 27, § 2º, ou seja, 0,8 (oito décimos) da massa salarial. Art. 51. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, quando não conhecida a receita bruta, será determinado através de procedimento de ofício, mediante a utilização de uma das seguintes alternativas de cálculo: VII 0,8 (oito décimos) da soma dos valores devidos no mês a empregados; Fl. 19102DF CARF MF 14 § 1º As alternativas previstas nos incisos V, VI e VII, a critério da autoridade lançadora, poderão ter sua aplicação limitada, respectivamente, às atividades comerciais, industriais e de prestação de serviços e, no caso de empresas com atividade mista, ser adotados isoladamente em cada atividade. Art. 27. O lucro arbitrado será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas: § 2º Na hipótese de utilização das alternativas de cálculo previstas nos incisos V a VIII do art. 51 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, o lucro arbitrado será o valor resultante da soma dos valores apurados para cada mês do período de apuração. O tributo CSLL será objeto de levantamento reflexo. Lei 8.981/1995, artigo 55. Art. 55. O lucro arbitrado na forma do art. 51 constituirá também base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, de que trata a Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988. Arbitramento da Receita Assim como o lucro, a receita do sujeito passivo não pode ser extraída da escrita contábil, pois não foi registrada em sua totalidade, uma parcela foi omitida e distribuída de maneira escusa, indevida e ilegal, de modo a beneficiar os controladores, através de operações e simulações conforme descrito neste relatório, por meio de diversas empresas do grupo econômico. Para determinação da base de cálculo das contribuições sociais incidentes sobre o faturamento, PIS e COFINS, a receita foi aferida indiretamente. A massa salarial também foi adotada como base para aferição indireta da receita, pelos mesmos motivos, ou seja, sendo o sujeito passivo uma entidade prestadora de serviços, o dado mais representativo para aferição indireta da receita é a sua massa salarial. A soma dos valores devidos em cada mês a empregados está consistentemente comprovada nas Folhas de Pagamentos mensais, na contabilidade, nas GFIP, RAIS e DIRF, todos com dados compatíveis e condizentes com os serviços prestados. A legislação tributária não determina diretamente qual o critério para aferição indireta da receita quando não for possível conhecêla diretamente pelos registros contábeis, mas faculta sua determinação por outros métodos, Lei 8.846/96, artigos 6º e 8º, e Lei 8.212/91, artigo 33, § 6º. Lei 8.846/1996: Art. 6º Verificada por indícios a omissão da receita, a autoridade tributária poderá, para efeito de determinação da base cálculo sujeita à incidência dos impostos federais e contribuições sociais, arbitrar a receita do contribuinte, tomando por base as receitas, apuradas em procedimento fiscal, correspondentes ao movimento diário das vendas, da prestação de serviços e de quaisquer outras operações. Art. 8º É facultado à autoridade tributária utilizar, para efeito de arbitramento a que se refere o art. 6º, outros métodos de determinação da receita quando constatado qualquer artifício Fl. 19103DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.097 15 utilizado pelo contribuinte visando a frustrar a apuração da receita efetiva do seu estabelecimento. Lei 8212/1991: Art 33 § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. A receita foi aferida indiretamente com base na massa salarial, sendo esta 40% daquela, critério previsto na IN RFB 971/09, artigo 336. IN RFB 971/2009 Art. 336. O valor da remuneração da mão deobra utilizada na execução dos serviços contratados, aferido indiretamente, corresponde no mínimo a 40% (quarenta por cento) do valor dos serviços contidos na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços. Receita Omitida A apuração do PIS e da COFINS tem dois levantamentos complementares, um oriundo da receita contabilizada e outro da receita omitida. A receita omitida foi determinada pela diferença positiva entre a receita arbitrada e a receita contabilizada, Lei 8846/96, artigo 6º, § 6º. Lei 8.846/1996 Art. 6º: § 6º A diferença positiva entre a receita arbitrada e a escriturada no mês será considerada na determinação da base de cálculo dos impostos federais e contribuições sociais. Reflexo no IRRF No levantamento das contribuições sociais incidentes sobre o faturamento oriundos da receita omitida há reflexo em IRRF, à alíquota de 25%, por ser presumida como rendimento pago a sócio ou equivalente, conforme disposto na Lei 8.846/1996, no artigo 7º, caput e § 1º. Lei 8.846/1996 Art. 7º Presumemse rendimentos pagos aos sócios, acionistas ou titular de firma individual as importâncias tributadas na forma do artigo anterior, deduzidas dos tributos e das contribuições sociais sobre elas incidentes. § 1º Os rendimentos referidos neste artigo, determinados mês a mês, submetemse à incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, exclusivamente na fonte, à alíquota de vinte e cinco por cento. Procedimento IRPJ Foi constituído de ofício crédito tributário em favor da Fazenda Federal referente ao IRPJ, com reflexo na CSLL tendo como fato gerador o lucro arbitrado. Não havia valores declarados ou Fl. 19104DF CARF MF 16 recolhidos pelo sujeito passivo para esses tributos para serem considerados. Alíquotas: 15% IRPJ 10% do que exceder a R$ 20 mil no mês – IRPJ adicional 9% CSLL O período de apuração é trimestral. Lei 9430/1996, artigo 1º: Art. 1º A partir do anocalendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. Procedimento – Contribuições PIS / COFINS Foram efetuados dois levantamentos / infrações: Levantamento 1 – RECEITA CONTABILIZADA Foi constituído de ofício crédito tributário de responsabilidade do sujeito passivo, referente às contribuições para o PIS e a COFINS, tendo como fato gerador a receita contabilizada. Alíquotas: 0,65 – PIS 3% COFINS Levantamento 2 – RECEITA OMITIDA Foi constituído de ofício crédito tributário de responsabilidade do sujeito passivo, referente às contribuições para o PIS e a COFINS, com reflexos no IRRF, tendo como fato gerador a receita omitida (diferença entre a receita arbitrada e a receita contabilizada). Alíquotas: 0,65 – PIS 3% COFINS 25% IRRF – Lei 8.846/1996, artigo 7º, §1º A base de cálculo do IRRF foi deduzida dos tributos e das contribuições sociais sobre ela incidente: 38,4% x 25% = 9,6% IRPJ, 32% x 9% = 2,88% CSLL, 3% COFINS e PIS 0,65%. Dedução total 16,13% da base de cálculo. Alíquota efetiva do IRRF = 20,96% (corte na segunda casa decimal por limitação do esafira, sistema informatizado de lançamento de ofício). O regime de apuração é o da cumulatividade, por se tratar de pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro arbitrado, conforme Lei 10.637/2002, artigo 8º, inciso II e Lei 10.833/2003, artigo 10, inciso II. Não havia valores declarados ou recolhidos pelo sujeito passivo para serem considerados, nem mesmo referentes ao PIS FOLHA. O lucro arbitrado apurado pela fiscalização consta do demonstrativo de Cálculo do Lucro Arbitrado e da Receita arbitrada, fls. 15.482 do TVF, que a seguir reproduzo: Fl. 19105DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.098 17 Continua o fisco, demonstrando a aplicação da multa qualificada de 150%, e a lavratura Representação Fiscal para Fins Penais RFFP, devido a práticas irregulares utilizadas pela impugnante: (...) Multa Multa qualificada de 150%, pela prática irregular e fraudulenta conhecida como fragmentação, uma forma de abuso da personalidade jurídica, que implicou em omissão de receita no sujeito passivo e em simulação de receita em outras empresas do grupo econômico UNIESP, situação que caracterizaria, em tese, crimes de sonegação e lavagem de dinheiro, e que enseja a lavratura de RFFP, que será apensado ao processo principal de constituição do crédito tributário. (...) Informa também a responsabilização de forma solidária de diversos contribuintes: Fl. 19106DF CARF MF 18 (...) Responsabilidade Solidária São solidariamente responsáveis pelos créditos constituídos neste procedimento fiscal, com base no disposto na Lei 5.172/66, artigo 124, inciso I, por serem os reais beneficiários dos resultados obtidos das atividades desenvolvidas pelo sujeito passivo: Sociedade Administradora e Gestão Patrimonial Ltda, CNPJ: 06.120.096/000108 José Fernando Pinto da Costa, CPF: 780.031.48804 Cláudia Aparecida Pereira, CPF: 051.715.24874 Sthefano Bruno Pinto da Costa, CPF: 337.655.72845 Bárbara Izabela da Costa, CPF: 382.020.78806 (...) Reafirma ainda a lavratura de Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, em obediência ao art. 2º da Instrução Normativa RFB 1.565 de 2015. Inconformada com a autuação, da qual tomou ciência via Correios em 10/11/2016, conforme Aviso de Recebimento AR, de fls. 15.340 a 15.380, a interessada interpôs, em 12/12/2016, a impugnação conjunta tempestiva de fls. 17.929 a 18.007, aos autos de infração de PIS, COFINS e IRRFPJ, cujas questões mais relevantes reproduzo a seguir. Preliminarmente, solicita a interessada: Nos termos do artigo 32, par. 9° da Lei n° 9.430/96, pede o Impugnante seja a presente processada e julgada juntamente com a Impugnação (fls. 15493/15618 dos autos principais) ao Ato Declaratório Executivo n° 162, de 13.10.2016 (fls. 15341 dos autos principais) por força do qual foi suspensa a (i) imunidade tributária por inobservância ao artigo 150, IV "c" da CF/88 e artigo 14 do CTN; (ii) a isenção tributária de trata o artigo 15 da Lei 9.532, de 10.12.1997, e (iii) a isenção tributária de que trata o artigo 8' da Lei 11.096, de 13.01.2005, tudo para o período de 01/01/2011 a 31/12/2012. A interessada repisa fatos relativos à suspensão de sua Imunidade e Isenção fiscais, solicitando que se considere como transcrita em sua impugnação, as razões e provas desenvolvidas na impugnação (fls. 15.493 a 15.618) ao ADE nº 162/2016 e continua: I PREJUDICIALIDADE SUSPENSÃO DA IMUNIDADE E ISENÇÃO DE IRPJ E CSLL Como consignado no Termo de Ciência de Suspensão de Imunidade/Isenção DAE 162/2016 (fls. 15385/15387), foram suspensas no presente processo quanto ao IRPJ a imunidade do art. 150, inciso VI, alínea "c" e quanto ao IRPJ e a CSLL a isenção do art. 15 da Lei 9.532/1997 e a isenção do art. 8o da Lei 11.096/2005, pelo rito do art. 32 da Lei 9.430/1995, que em seus parágrafos 6° e 8° dispõe: Fl. 19107DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.099 19 "Par. 6o Efetivada a suspensão da imunidade: I a entidade interessada poderá, no prazo de trinta dias da ciência, apresentar impugnação ao ato declaratório, a qual será objeto de decisão pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento competente; II a fiscalização de tributos federais lavrará auto de infração, se for o caso. Par. 8o Caso seja lavrado auto de infração, as impugnações contra o ato declaratório e contra a exigência de crédito tributário serão reunidas em um único processo, para serem decididas simultaneamente. Pois bem. Além das Alegações e Provas (fls. 13838/13975 e 13992/15258 dos autos) o Impugnante apresentou Impugnação ao Ato Declaratório Executivo n° 162, de 13.10.2016 (fls. 15493/15618 e 15620/15713 dos autos) a qual, se julgada procedente, implicará na total improcedência dos autos de infração em causa. Em face disso, entende o Impugnante que, nos termos do art. 12 da Portaria CARF n° 34, de 31 de agosto de 2015, e artigo 265, IV, "a", do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, sendo manifesta a prejudicialidade seria o caso até de sobrestamento do julgamento da presente Impugnação até decisão a ser proferida na Impugnação ao ADR n° 162/2016, pois se esta for acolhida, cairão por terra os autos de infração ora impugnados. De qualquer modo os argumentos de direito e as provas apresentadas nas Alegações e Provas e na Impugnação ao ADR n° 162/2016 deverão ser aqui integralmente consideradas. Em sendo assim, reportase o Impugnante às peças e documentos acima requerendo que se considerem transcritas na presente petição as razões e provas nelas desenvolvidas/produzidas que são, em síntese: (...) Reportase, nesse ponto às questões já trazidas ao processo através da citada impugnação ao ADE. Finaliza da seguinte forma: (...) Sendo esta apertada síntese dos fundamentos das Alegações e Provas e da Impugnação ao Ato Declaratório Executivo n° 162/06 que o Impugnante pede que se considerem parte integrante da presente impugnação, passa o Impugnante a expor as razões pelas quais "data vênia" não devem ser mantidos os atos de infração lavrados. II INEXISTÊNCIA DE PLANEJAMENTO FISCAL ABUSIVO DENOMINADO FRAGMENTAÇÃO Fl. 19108DF CARF MF 20 A impugnante tenta demonstrar, no presente item de sua impugnação, a inocorrência de planejamento tributário abusivo, nos seguintes termos: Para justificar a aplicação da multa qualificada de 150% no caso concreto a Fiscalização em várias oportunidades acusa o Impugnante da prática de planejamento fiscal abusivo denominado fragmentação, "verbis": (...) Reproduz aqui parte do descrito pela autoridade fiscal no Termo de Verificação Fiscal TVF: (...) Contudo, certamente por desconhecimento da legislação especial que rege a atividade de educação, há equívoco das autoridades fiscais quando, analisando a situação de fato em que se encontrava o Impugnante, suas filiais e as Instituições de Ensino Superior IES recém adquiridas pelo Grupo no período autuado, sustentam que se trata de planejamento abusivo denominado fragmentação. E de fato, como asseverado pela própria fiscalização a fragmentação ocorre quando uma pessoa jurídica é dividida em várias, com o fim de omitir ou reduzir tributos, como seria o caso de pessoa jurídica optante pelo lucro presumido ou optante pelo Simples que está prestes a atingir o limite de faturamento para permanecer no referidos regimes especiais de tributação. No caso concreto, porém, ocorreu exatamente o oposto, ou seja, não houve a divisão do Impugnante (nem de qualquer outra pessoa jurídica do grupo) em várias pessoas jurídicas, mas a aquisição de várias pessoas jurídicas com a mesma atividade do Impugnante, que se pretendeu unificar em uma só, o Impugnante. Daí a razão da criação de filiais do Impugnante em cada local em que estavam as IES recém adquiridas. (...) O Impugnante é apenas uma das 89 entidades mantenedoras que, como referido acima, compõem hoje o Grupo UNIESP e o processo de unificação, por força do Termo de Ajustamento de Conduta TAC, de 16.04.2014, firmado com o MEC e o FNDE por proposta do Ministério Público Federal em São Paulo, no âmbito de um Inquérito Civil Público que tramitava em face do Grupo, está sendo levado a efeito na UNIESP S/A., CNPJ 19.347.410/000131, autora na ação ordinária acima referida, criada para esse fim. Ocorre que em 2011 e 2012, época abrangida pela presente autuação, o Grupo apresentou grande expansão com a aquisição de inúmeras IES que hoje totalizam mais de 130, vinculadas às 89 mantenedoras acima referidas dando continuidade à unificação no Impugnante, iniciada desde 2008/2009. Contudo, por se tratar de atividade de educação a unificação das IES em uma mesma mantenedora implica TRANSFERÊNCIA DE MANTENÇA sujeita a legislação especial Lei n° 9.394/1996 Lei de Diretrizes de Bases da Educação nacional Fl. 19109DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.100 21 LDB, Decreto n° 5.773/2006, Portaria Normativa n° 40/2007 e depende de autorização do Ministério da Educação MEC. (...) A Nota Técnica n° 326/2013CGLNRS/DPR/SERES/MEC solucionando questão relativa à transferência de mantença traz ensinamentos bastante esclarecedores sobre essa matéria: (...) Tratase de procedimento semelhante ao existente no âmbito do Banco Central do Brasil em relação às instituições financeiras cujos negócios jurídicos de aquisição de outras instituições da espécie entabulados pelas partes ficam sujeitos à aprovação do BACEN. Pois bem. No caso concreto, a unificação no Impugnante, via criação de filiais, pretendida pelo Grupo quando adquiriu novas IES com CNPJ próprios, seguida da extinção desses CNPJs, implicaria como dito transferência de mantença dessas IES para nova mantenedora, o Impugnante, processo disciplinado no artigo 25 do referido Decreto n° 5.773, de 09.05.2006, sujeito à aprovação das autoridades competentes. (...) Considerando que o objetivo era unificar todas as Instituições de Ensino em um único CNPJ, inclusive aquelas já administradas pelo Grupo Uniesp, atendendo também orientações do próprio Ministério da Educação e Ministério Público Federal, foram abertos outros processos de transferência de mantença no sistema eMEC (doe. 08), a saber: Processos: 201001142 (Faculdade de Ribeirão Preto); 201004349 (Faculdade Jauense); 201006305 (Instituto Superior de Ensino de Santo André); 201010807 (Faculdade de Música Carlos Gomes); 201013941 (Faculdade Fleming); 201101510 (Faculdade INED de Rio Claro); 201112619 (Faculdade Prudente de Moraes); 201210160 (Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas). Contudo, a partir de 2011, a transferência de mantença passou a ser um processo muito demorado o que ocasionou um descompasso entre (i) a realização do negócio jurídico de aquisição da IES com sua incorporação à gestão administrativo financeira na nova mantenedora, no qual estava fundamentado o pedido de transferência, e (ii) a autorização da transferência de mantença pelo MEC, o que levou temporariamente à situação de fato descrita pelo Fisco existência de 2 CNPJ num mesmo local físico, o da filial do Impugnante já aberto e o da IES adquirida que ainda não podia ser baixado e que foi equivocadamente interpretada pelo Fisco como um planejamento tributário fraudulento consistente em fragmentação da pessoa jurídica. (...) E nem se alegue que esse procedimento de adquirir novas IES e integrálas ao IESP via transferência de mantença teria sido uma estratégia do Impugnante para pagar menos tributos. Fl. 19110DF CARF MF 22 Primeiro, porque tais aquisições se deram dentro de um contexto de expansão das atividades filantrópicas do Impugnante (e demais pessoas jurídicas do Grupo) cujos objetivos institucionais sempre foram disponibilizar ensino de qualidade a número cada vez maior de alunos carentes em locais distintos do território nacional. Segundo, porque muitas das aquisições, realizadas pelas mais diversas formas jurídicas, diziam respeito a instituições deficitárias, de modo que a expansão do Grupo Uniesp, inclusive do Impugnante, ocorreu mediante um alto custo tributário. De fato, conforme se verifica do "Demonstrativo de débitos federais RFB/PGFN" as empresas adquiridas possuíam significativos débitos tributários, os quais estão sendo efetivamente adimplidos mediante parcelamento pela Uniesp (does. 06A e 06B das Alegações e Provas fls. 14934/14955 dos autos). Com efeito, em razão da aquisição de 92 instituições a soma de débitos tributários assumidos perfaziam, em 30/06/2016, o valor de R$196.079.171,90, sendo certo que já houve a quitação pela Uniesp, mediante parcelamento, do valor de RS 65.363.536,83, remanescendo o valor de R$ 130.715.635,07, que vem sendo regularmente quitado, (fls. 14934 a 14954 dos autos). Ou seja, a aquisição dessas IES pelo Grupo Uniesp, inclusive pelo Impugnante, longe de trazer prejuízos fiscais ao Poder Público, revelouse uma prática altamente vantajosa para o Fisco porque, em razão do saneamento da situação financeira dessas Instituições então deficitárias, o Poder Público está recuperando, via parcelamento, importância considerável de tributos que antes era absolutamente incobrável. (...) Vale referir que já se passaram mais de 2 anos e 8 meses desde a assinatura do referido TAC e mesmo tendo o Grupo Uniesp atendido todas as obrigações assumidas no âmbito do TAC, inclusive constituindo a UNIESP S/A, até agora o MEC não se desincumbiu da análise dos pedidos de transferência de mantença, tudo a corroborar o acima dito quanto à lentidão e inércia daquele órgão que tantos danos vem causando ao Grupo, o que deu origem ao ajuizamento das seguintes ações: 1) Mandado de Segurança n° 100927866.2016.4.01.3400, sendo impetrados Secretário de Regulação e Supervisão do Ministério da Educação (SERES/MEC) e Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (SESU/MEC), que tramita perante a 20a Vara Federal do Distrito Federal, no qual foi concedida a liminar pleiteada para que a autoridade coatora "no prazo máximo de 30 (trinta) dias, análise e conclua o pedido de transferência de mantença de todas as instituições de ensino relacionadas no PA n° 1.34.001.002741201495 para UNIESP S/A., sob pena de multa diária de R$5.000,00" (doe.10) Fl. 19111DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.101 23 2) Ação Ordinária 4937732.2015.4.01.3400, ajuizada pela UNIESP S/A. contra a União Federal e o FNDE, que tramita perante a 16a Vara Federal no Distrito Federal,objetivando, também em face da demora na solução do processo, suspender todas a limitações impostas ao Grupo por força do TAC. Em sede de Agravo de Instrumento n° 0006856 53.2016.4.01.0000/DF foi deferida a antecipação dos efeitos da tutela recursal para assegurar às autoras (i) suspensão do sobrestamento, no âmbito do MEC, dos processos de autorização de novos cursos; (ii) o ingresso de novos alunos via FIES; e (iii) a aquisição de novas instituições de Ensino (IESs) (doe. 11). Como se observa, foram muitos os dissabores sofridos pelo Grupo UNIESP em razão de infundadas denúncias e notícias que nem sempre se pautaram por apurar a verdade dos fatos, tudo em razão da vocação expansionista do Grupo que por vezes e temporariamente gerou irregularidades formais em contratos, regularização de CNPJ e outras, mas jamais se apurou em todas as investigações levadas a efeito pelas diversas autoridades que se debruçaram na análise dos fatos Ministério Público Federal, MEC, FNDE, CADE, Órgão de Defesa do Consumidor, e o próprio Poder Judiciário, a existência de dolo, fraude, simulação, conluio ou qualquer outro vício dessa natureza que maculasse os procedimentos adotados pelo Impetrante e pelas demais empresas do Grupo ou de seus controladores. Em sendo assim, absurdas (i) as acusações da fiscalização de prática de planejamento fiscal abusivo e fraudulento e de crimes contra a ordem tributária além da (ii) aplicação de multa qualificada de 150%, até porque não demonstrados nos autos de infração os requisitos legais para sua aplicação, como se demonstrará a seguir. III AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARA APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA DE 150% Continua a reclamante: Como já referido acima, foi aplicada no caso concreto a multa qualificada de 150% com fundamento no art. 44, I, e par. Io da Lei 9.430/96 na redação do art. 14 da Lei 11.488/07, pela suposta prática irregular e fraudulenta conhecida como fragmentação, uma forma de abuso da personalidade jurídica "onde uma empresa é dividida irregularmente em várias entidades, com o fim de omitir ou reduzir tributos" que no caso teria implicado em omissão de receitas no Impugnante e simulação de receitas em outras empresas do Grupo, situação que caracterizaria em tese crimes de sonegação e lavagem de dinheiro. Contudo, além de, como demonstrado acima, os fatos tal como ocorridos em 2011 e 2012 não caracterizarem planejamento abusivo e fraudulento como pretendido pelo Fisco, ainda não ocorrem e sequer foram apontadas no caso concreto as Fl. 19112DF CARF MF 24 circunstâncias previstas em lei que autorizariam a aplicação da multa qualificada. Com efeito, como se verifica do disposto no artigo 44, I parágrafo primeiro da Lei 9.430/96 a aplicação da multa qualificada de 150% é admitida nos casos dos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30.11.64, que definem sonegação, fraude e conluio, "verbis": "Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) § Iº O percentual de multa de que traia o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4,502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) (grifamos)" Os arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, por sua vez, dispõem: "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária; I — da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente; Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou Fl. 19113DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.102 25 jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. " A fiscalização, embora tenha discorrido sobre os motivos pelos quais a multa qualificada deveria se aplicar ao Impugnante, descrevendo as condutas por ele praticadas em razão das quais entende ser a ele aplicável a multa de 150%, invoca como fundamento legal apenas o artigo 44, I e parágrafo primeiro, da Lei 9.430/96, não explicando nem demonstrando qual(is) ato(s> dentre aqueles praticados pelo Impugnante se enquadraria(m) nas previsões dos artigos 71, 72 e 73 que permitisse à fiscalização lhe exigir o pagamento da multa qualificada. Nesse contexto, na parte em que pretende exigir do impugnante o pagamento da multa qualificada o lançamento é manifestamente nulo, valendo referir nesse sentido a jurisprudência administrativa, inclusive da CSRF, que, ao reconhecer que "A precisa indicação da infração e enquadramento legal é aspecto essencial na fixação da matéria tributável" conclui pela nulidade do lançamento por deficiência na indicação da infração e do dispositivo legal infringido, "verbis": "IRPF ERRO NA INDICAÇÃO DA INFRAÇÃO ENQUADRAMENTO LEGAL LANÇAMENTO NULO A precisa indicação da infração e enquadramento legal é aspecto essencial na fixação da matéria tributável de modo que eventual erro nesse aspecto do lançamento se constitui vício substancial e insanável e, portanto, enseja a nulidade do lançamento. Recurso especial negado. " (Acórdão n° 920201.956) Ora, como no caso concreto o i. fiscal autuante limitouse a indicar quais condutas do contribuinte (fatos) no seu entender justificariam que a ele fosse imposta multa qualificada, sem, no entanto, demonstrar quais das condutas se subsumiam à(s) tipificação(ões) previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n" 4.502/64, resta inequivocamente demonstrada a nulidade do lançamento por falta de motivação legal quanto à imposição ao Impugnante da multa de 150%. E nem poderia ser de outro modo, pois as condutas que autorizam a aplicação da multa qualificada de 150%, tipificadas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, cujo pressuposto é a falsidade, o engodo, a intenção de enganar, o conluio, não se presumem, devendo ser cabalmente demonstradas e comprovadas. (...) Ante o exposto, sem a exata tipificação da infração, resta demonstrada a absoluta improcedência da imposição da multa qualificada no caso concreto. IV DO ARBITRAMENTO DAS BASES DE CÁLCULO DO PIS, COFINS E IRF Fl. 19114DF CARF MF 26 Afirma a impugnante que o fisco arbitrou sua receita, a ser utilizada como base de cálculo do PIS, COFINS e IRF, com base na massa salarial declarada e reproduz parte das informações constantes no TVF a esse respeito, e prossegue: (...) Como se vê, o i. Fiscal autuante arbitrou a receita do Impugnante, correspondente aos períodos autuados tomando por base os valores dos salários por ele declarados em GFIP ("massa salarial"), por entender que este seria o "dado mais representativo para aferição indireta da receita". De acordo com a fiscalização, o critério eleito para arbitramento das bases de cálculo do PIS, COFINS e IRF, qual seja a "massa salarial", estaria previsto no art. 336 da Instrução Normativa RFB n° 971/09 que regulamentou especificamente as normas das Contribuições Previdenciárias. Se os dispositivos legais e regulamentares citados na passagem do TVF acima reproduzida forem analisados com a devida atenção, verificaremos que o critério utilizado pela fiscalização (art. 336 da Instrução Normativa RFB n° 971/09) diz respeito exclusivamente à apuração indireta do valor da remuneração da mãode obra empregada na construção civil (art. 335 da Instrução Normativa RIS n° 971/09), não podendo ser utilizado indiscriminadamente para apuração das bases de cálculo do PIS, COFINS e IRF. Com efeito, o art. 6° da Lei n° 8.846/94 prescreve que "verificada por indícios a omissão da receita, a autoridade tributária poderá, para efeito de determinação da base cálculo sujeita à incidência dos impostos federais e contribuições sociais, arbitrar a receita do contribuinte, tomando por base as receitas, apuradas em procedimento fiscal, correspondentes ao movimento diário das vendas, da prestação de serviços e de quaisquer outras operações" (destaques do Impugnante). O art. 8° da Lei n° 8.846/94, por sua vez, faculta "à autoridade tributária utilizar, para efeito de arbitramento a que se refere o art. 6°, outros métodos de determinação da receita quando constatado qualquer artifício utilizado pelo contribuinte visando a frustrar a apuração da receita efetiva do seu estabelecimento" (destaques do Impugnante). Notese que esse dispositivo legal não prevê um critério específico de arbitramento, o que poderia levar os mais desatentos a concluírem de modo precipitado que o mesmo confere uma "carta em branco" às autoridades tributárias, autorizandoas a utilizarem critérios discricionários de arbitramento. Fl. 19115DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.103 27 Todavia, o art. 8° da Lei n° 8.846/94 deve ser interpretado à luz do art. 148 do CTN, o qual prescreve que: "Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial." Como se vê, esse dispositivo legal dispõe sobre a determinação da base de cálculo do tributo, nos casos em que as informações e documentos do sujeito passivo contenham omissões ou vícios que lhes tire a confiabilidade, permitindo que os agentes fiscais procedam ao seu arbitramento. (...) No caso concreto, o critério de arbitramento escolhido pela fiscalização não consta de normas legais atinentes ao PIS, COFINS e IRF, estando previsto em instrução normativa da RFB voltada especificamente às Contribuições Previdenciárias. Melhor dizendo, ao afastarse das regras objetivas do art. 6° da Lei n° 8.846/94, que permite que sejam considerados para apurar a receita omitida o movimento diário das vendas, da prestação de serviços e outras operações realizadas pela pessoa jurídica, o i. Fiscal autuante deveria instaurar processo regular para "descobrir" a verdadeira base de cálculo do PIS, COFINS e IRF pretensamente devidos pelo Impugnante. Não tendo sido este o procedimento adotado por ele, forçoso concluir que não podem ser mantidas as exigências desses tributos, por absoluta falta de amparo legal. V A ISENÇÃO DO IRPJ E DA CSLL POR FORCA DO ARTIGO 8° DA LEI N° 11.096, de 13.01.2005 PROUNI Fl. 19116DF CARF MF 28 Após reproduzir as informações produzidas pelo fisco, quanto às isenções decorrentes do art. 8º da Lei nº 11.096 de 2005 Prouni, constantes do TVF, continua a reclamante: (...) O Programa Universidade para Todos PROUNI, criado pela MP n" 213, de 10.09.2004, posteriormente convertida na Lei n° 11.096/2005, é destinado à concessão de bolsas de estudos integrais e parciais de 50% e 25% para cursos de graduação e tecnólogo, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos e oferece ainda a implementação de políticas afirmativas de acesso ao ensino superior aos auto declarados indígenas ou negros e aos portadores de deficiência. Com efeito, dispõe a Lei n° 11.096/2005, "verbis": (...) Ainda na vigência da MP n° 213, de 10.09.2004, foi editada a IN SRF 456/2004, regulamentando as isenções previstas no seu artigo 8o. Com a conversão na Lei n° 11.096/2005, sobreveio o Decreto n° 5.493, de 18.07.2005, que a regulamentou em vários aspectos ligados à instituição e funcionamento do PROUNI. Uma leitura atenta da legislação acima citada evidencia que se trata de um Programa totalmente administrado pelo MEC ao qual as IES aderem por meio de Termo de Adesão com vigência de 10 (dez) anos, obrigandose a conceder gratuidades a estudantes que lhes forem indicados/encaminhados pelo MEC, em quantidades especificadas na Lei n° 11.096/2005. Em contrapartida, e pelo prazo previsto no Termo de Adesão fazem jus a isenções de IRPJ, CSLL, PIS, COFINS sobre a receita e o lucro advindos da atividade de educação. Tratase, portanto, de isenção onerosa e a prazo certo, que nos termos do artigo 178 do Código Tributário Nacional, não pode ser revogada nem por norma legal posterior, "verbis": "Art. 178 — A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso Ilido art. 104. " E assim é porque, desde que atendidos o prazo e as condições previstas na lei que outorgou a isenção, ela gera direito adquirido para o contribuinte que arcou com os ônus que lhe foram impostos pelo legislador, direito este protegido pelo artigo 5o, XXXVI da CF/88. Nas palavras de Rubens Gomes de Sousa a isenção condicionada corresponde a um contato de direito público sob a forma de lei (Revista de Direito Administrativo n° 88, p.259). Tratase de entendimento pacificado na jurisprudência tendo o Supremo Tribunal Federal editado a respeito a Súmula n° 544, do seguinte teor: "Isenções tributárias concedidas sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas." a qual vem sendo aplicada até hoje, inclusive às isenções do PROUNI:: Fl. 19117DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.104 29 "I O acórdão recorrido encontrase em consonância com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que a isenção tributária, quando concedida por prazo certo e mediante o atendimento de determinadas condições, gera direito adquirido ao contribuinte beneficiado. Incidência da Sumula 544 do STF", REAgR n° 582.926 Rei. Min. Ricardo Lewandowski, DJU de 10.5.2011 "1. As isenções concedidas a prazo certo e sob condição incorporamse ao patrimônio do contribuinte, no sentido de serem intangíveis por legislação posterior." REsp 893.134, Rei. Min. Eliana Calmon, DJU de 29.10.2008. Vale referir a jurisprudência baixo que reconhece essa característica às isenções concedias no âmbito do PROUNI: (...) Pois bem. No caso concreto o IESP, ciente da carência social existente no país, tão logo lançado o ProUni pelo Ministro da Educação, apoiou a ação do MEC e suas Faculdades foram as primeiras instituições a aderirem ao Programa, disponibilizando 10% de suas vagas iniciais para ingresso de alunos ao ensino superior. Desde então, sempre cumpriu rigorosamente as obrigações impostas pelas normas legais vigentes, tanto que o Termo de Adesão jamais foi denunciado, como atestado pela própria fiscalização, "verbis": 'Aderiu ao PROUNI, Lei 11.096/2005, desde a implantação do programa em 2005." Em face disso, com a adesão do Impugnante ao Prouni, após observados os requisitos legais estabelecidos, passou a ter direito pelo prazo do Termo de Adesão às isenções de IRPJ e CSLL sobre o lucro decorrente das receitas obtidas com mensalidades escolares. Em atendimento às condições previstas em lei o Impugnante e suas IESs mantiveram com bolsas integrais e parciais no âmbito do PROUNI 4.308 estudantes em 2011 e 3.371 estudantes em 2012. O valor total de gratuidades correspondente a essas bolsas concedidas nos anos de 2011 e 2012 atingiu em valores de mensalidades atuais a importância de R$96.065.480.50. (doe. 12 e 13) Não obstante isso, invocando o artigo 4o da IN SRF n° 456, de 05.10.2004, que a pretexto de regulamentar a isenção de que tratava o art. 8o da MP 213/2004, convertida na Lei n° 11.096/2005, introduziu novas condições não previstas nem na MP e na Lei, a fiscalização suspendeu o direito do Impugnante às isenções de IRPJ e CSLL nos anos de 2011 e 20012 com a seguinte argumentação: (...) Fl. 19118DF CARF MF 30 Ou seja, a suspensão das isenções de IRPJ e CSLL exigidas no caso concreto está embasada no artigo 4o da IN SRF 456, de 05.10.2004, que introduziu novas condições para gozo do benefício fiscal então não previstas na MP 213, de 10.09.2004 nem na Lei n° 11.096/2005 que exigem para tanto apenas a concessão de bolsas de estudos nos valores e quantidades nelas previstas. E de fato, nos termos do artigo Art. 9, inciso II, c/c par. Iº e 2o da Lei 11.096/2005 apenas a desvinculação da instituição do PROUNI, que nos termos do parágrafo Iº é de competência exclusiva do MEC e somente pode ocorrer "após instauração de procedimento administrativo, assegurado o contraditório e o direito de defesa" é motivo para suspensão das isenções em causa, conforme previsto no parágrafo 2o, "verbis": (...) Como consequência, as isenções em causa, por prazo certo e sob condições onerosas, que não podem ser revogadas ou modificadas nem por força de outro norma legal expressa, estão sendo modificadas por força de simples Instrução Normativa do Secretário da Receita Federal. Acrescentese a isso que não constando da lei, à época da edição da IN SRF 456/2004, como condição para o gozo das isenções em causa as previsões do seu artigo 4o, caso tivesse o Impugnante praticado crime contra a ordem tributária as conseqüências seriam as cabíveis no âmbito tributário/penal e caso estivesse em débito com o Fisco as conseqüências seriam a exigência dos tributos devidos e negativa de expedição de CND, mas JAMAIS a perda das isenções em causa porque o Impugnante pagou, e muito, por elas ao conceder gratuidades em quantidades e valores até mesmo superiores aos exigidos pela lei instituidora das referidas isenções. Com efeito, como referido acima, o valor total de gratuidades concedidas pelo Impugnante só nos anos de 2011 e 2012 atingiu em valores atuais a importância de R$96.065.480,50. Se forem computadas as gratuidades relativamente a esses estudantes que permaneceram nos anos posteriores até a graduação o valor total da gratuidade atinge R$181.410.514,50 (doe. 12) Esses valores superam em muito o valor das isenções de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS usufruídas pelo Impugnante no período de 2011 e 2012, tributos que estão sendo exigidos neste processo (IRPJ/CSLL) e no Processo 10515.720619/201638 (PIS/COFINS) cujos valores do principal mais os juros de mora totalizam R$68.955942,67. Flagrante, portanto, a nulidade por ilegalidade das exigências de IRPJ e CSLL no presente caso, ao argumento de desatender o art. 4o da IN SRF 456/2005, não só por violação ao artigo 8o da Lei 11.096/2005, mas também por violação aos artigos 178 do CTN; 5o, XXXVI da CF/88; 6o, par. 1o e 2o da LICC que garantem o ato jurídico perfeito e o direito adquirido; o artigo 422 do CC que consagra o princípio da boafé objetiva e o artigo 884 do Código Civil que veda o enriquecimento sem causa, além de violação à Súmula 544 do STF, pois o Poder Público teria repassado para o Impugnante um dever que lhe compete de promover a educação para os mais necessitados, Fl. 19119DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.105 31 exigindo gratuidades na prestação dos serviços educacionais e, após o cumprimento dessa exigência pelo contribuinte, estaria rompendo o contrato firmado por força de lei (nas palavras de Rubens Gomes de Souza) ao exigir os tributos correspondentes invocando condições não previstas na lei como causadoras da perda das isenções. Mas ainda que pudesse a IN SRF 456/2005 impor condições ao gozo de isenções além das então previstas em lei, o que se admite para argumentar, no caso concreto os fatos alegados pelo Fisco — crime contra a ordem tributária e débito de tributos como ensejadores do suposto d es atendimento ao artigo 4o da IN SRF 456/2004 não ocorreram. Com efeito, como demonstrado exaustivamente no Tópico I acima a temporária existência de 2 CNPJ em um mesmo estabelecimento não decorreu de planejamento tributário abusivo e fraudulento conhecido por fragmentação, mas de situação de fato que surgiu exclusivamente em razão da inércia do MEC em aprovar com a rapidez que se esperava os pedidos de transferência de mantença, sendo absurda a pretensão fiscal de enquadrar tais fatos como crimes contra a ordem tributária previstos no art. 1º, I e II e 2o, I da Lei n° 8.137/1990, pelo não ter sido comprovado nem mesmo cogitado nos autos de omissões dolosas de informações nem falsidade de declarações de qualquer espécie. Não bastasse isso, só se poderia (se a lei assim o dissesse) afastar a isenção condicionada e a prazo certo por prática de crime se tal ilícito penal já tivesse sido apurado em sede própria (Ministério Público e Poder Judiciário), jamais pelo simples entendimento fiscal de que determinada conduta em tese poderia ser crime contra a ordem tributária. Ademais, a própria Lei 11.096/2005 em seu artigo 9o, par. 3o, dispõe: $ 3° As penas previstas no caput deste artigo não poderão ser aplicadas quando o descumprimento das obrigações assumidas se der em face de ratões a que a instituição não deu causa. Se assim é, e se tivesse o Impugnante descumprido alguma obrigação assumida no âmbito do PROUNI com a manutenção de 2 CNPJs num mesmo endereço, o que se admite apenas para argumentar, não poderia ele ser punido porque tal descumprimento teria ocorrido por razões a que não deu causa: inércia do MEC em aprovar os pedidos de transferência de mantença. Mas não é só. Também não ocorreu o fato previsto no parágrafo único do art. 4o da IN SRF 456, de 05.10.2004, ou seja, não comprovação de regular quitação dos tributos porque teria efetuado compensações não aceitas pelo Fisco. Fl. 19120DF CARF MF 32 Parágrafo único. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativo às contribuições e imposto de que trata o art. Io, fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, da resultar quitação dos mesmos. constatação: não cumpre O sujeito passivo declarou em GFIP compensações previdenciárias consideradas indevidas pela fiscalização. Intimado a esclarecer a quais créditos se referiam aqueles lançados em GFIP o IESP respondeu (ANEXO 20) se tratar de créditos de Títulos Públicos ainda não resgatados. Como esses títulos, ou não existem, ou não dão direito a credito, as compensações são totalmente indevidas. Em primeiro lugar cumpre ressaltar que nos períodos autuados as compensações feitas nos anos de 2009 e 2010 ainda não tinham sido glosadas e tão logo o foram passaram a ser discutidas no Processo Administrativo n° 16613.720004/201524 com exigibilidade suspensa por força da defesa administrativa apresentada, tudo nos termos do artigo 151, III do CTN, portanto, não se pode falar em falta de regular quitação dos débitos já que os débitos ainda não existiam porque o lançamento ainda não era definitivo. Vale ressaltar ainda, que como colocado pela própria fiscalização (fls. 7/8 do TVF) a multa isolada qualificada objeto do Processo n° 16613.720008/201511 foi parcelada e está sendo paga. Quanto ao tributo, cujo lançamento só se tornou definitivo em 04.10.2016, como asseverado no Termo de Verificação Fiscal, o Impugnante assim que for notificado ou pagará o débito ou levará a discussão da questão ao Judiciário. Em sendo assim, em qualquer hipótese, o crédito constituído definitivamente apenas em 2016 não pode jamais ser invocado/considerado débito para suspender isenções tributárias em 2011 e 2012. O mesmo se diga quanto às compensações feitas era 2011 e 2012 que no período autuado também não haviam sido ainda glosadas pelo Fisco, situação que permanece até hoje, como reconhecido pela fiscalização, portanto, o que havia à época e ainda há é pagamento por compensação, situação que obviamente não pode ser qualificada de falta de regular quitação de débitos naquele período. Tanto isso é correto que o Impugnante jamais teve negada por este motivo a expedição de qualquer certidão negativa ou positiva com efeito de negativa no período autuado (doe. 14). Assim, não bastasse a nulidade flagrante dos lançamentos fiscais de IRPJ e CSLL porque foram afastadas isenções onerosas e a Fl. 19121DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.106 33 prazo certo com base em condições previstas no artigo 4o da IN SRF 456/2004 que à época de sua edição não estavam previstas nem na MP nem na lei, a exigência é também improcedente porque os fatos alegados pela fiscalização não ocorreram, tendo havido, também por esta razão, violação aos artigos 8o da Lei 11.096/2005, 178 do CTN , 5o, XXXVI da CF/88; 6o, par. 1º e 2o da LICC e 422 e 884 do CC, além da Súmula 554 do SF, como acima já demonstrado. Finalmente, cumpre mais uma vez consignar que a suspensão das isenções concedidas no âmbito do PROUNI, por serem onerosas e a prazo certo, somente podem ocorrer, na forma da lei art. 9o, inciso II, c/c par. Io e 2o da Lei 11.096/2005 caso haja a desvinculação da entidade do PROUNI, providência de competência exclusiva do MEC, a quem compete avaliar as irregularidades que eventualmente tenham ocorrido e decidir pela desvinculação. Sem essa desvinculação prévia, sujeita ao contraditório, incabível a suspensão das isenções porque o Termo de Adesão continuaria vigente e a instituição continuaria a arcar com os ônus das gratuidades, o que poderia acarretar a final para o Poder Público obrigação de indenizar. Como consequência, as supostas irregularidades apontadas pela fiscalização, invocando o artigo 195, par. 3o da CF/88 e o artigo 4° da IN SRF 456/2004, se existentes, deveriam, primeiro, dar causa a essa desvinculação a cargo do MEC e, só após, à suspensão das isenções pela Receita Federal. Flagrante, portanto, a improcedência dos autos de infração lavrados. VI DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE — AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL QUE AUTORIZE O LANÇAMENTO DO IRF A impugnante informa que consta do TVF: "Reflexo no IRRF No levantamento das contribuições sociais incidentes sobre o faturamento oriundos da receita omitida há reflexo em IRRF, à alíquota de 25%, por ser presumida como rendimento pago a sócio ou equivalente, conforme o disposto na Lei 8.846/1994, no artigo 7°, caput e § 1°.(...)" E continua: Como se vê, em decorrência do arbitramento da receita, a fiscalização pretende exigir do Impugnante o IRF pretensamente incidente sobre "rendimentos presumidos pagos aos sócios", nos termos do art. 7° da Lei n°8.846, de 21.01.1994, "verbis": (...) Esse dispositivo legal tratava da tributação do sócio, acionista ou titular da pessoa jurídica, prevendo a incidência do IRF à alíquota de 25% sobre a receita arbitrada do contribuinte nas hipóteses de omissão de receitas apuradas pela autoridade fiscal. Fl. 19122DF CARF MF 34 É importante observar que no momento em que a Lei n° 8.864/94 foi editada a legislação do Imposto de Renda previa a tributação pelo IRF à alíquota de 15% dos dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses, quando pagos ou creditados a pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou domiciliadas no País (Lei n° 8.849/94, art. 2°). Por essa razão, a norma do art. 7° da Lei n° 8.846/94 presumia que a receita omitida pela pessoa jurídica correspondia a valores distribuídos disfarçadamente a seus sócios, acionistas ou titular, determinando a sua tributação pelo IRF à alíquota de 25%, mais elevada do que a alíquota de 15% prevista no art. 2° da Lei n°8.849/94. No entanto, a sistemática do art. 7° da Lei no 8.846/94 deixou de ter sentido com o advento da Lei n° 9.249/95 que, além de tratar da apuração da omissão de receita pela autoridade tributária e consequente tributação pelo IRPJ, CSL, PIS, COFINS e Contribuições Previdenciárias (art. 24), isentou do IRF os lucros ou dividendos pagos ou créditos pelas pessoas jurídicas em geral (art. 10). Assim sendo, verificase que os arts. 10 e 24 da Lei n° 9.249/95 revogaram tacitamente o art. 7° da Lei n° 8.846/94, afastando a tributação dos sócios, acionistas e titular da pessoa jurídica pelo IRF. A respeito dessa matéria, Ricardo Matiz de Oliveira, em seu Guia IOB — Imposto de Renda Pessoa Jurídica (Comentado e Atualizável), é categórico ao afirmar que "já com relação à tributação dos sócios da pessoa jurídica, o art. 7° da Lei n. 8846/94 foi expresso (vide Procedimento XIII 3, tópico 7) , mas ficou implicitamente revogado a partir de 01.01.1996, face ao disposto nos art. 10 e 24 da Lei n. 9249" (Procedimento n. IV.8, p. 9 — destaques do Impugnante). Vale observar que esse entendimento é referendado pelo Regulamento do Imposto de Renda — RIR/99. Com efeito, ao consolidar a legislação do Imposto de Renda vigente, o Poder Executivo tratou apenas dos arts. 6° e 8° da Lei n° 8.846/94, regulamentandoos nos arts. 284 e 285 do RIR/99, não reproduzindo a norma do art. 7° daquela lei. Considerando que os arts. 6°, 7° e 8' da Lei n° 8.864/94 regulavam a hipótese de omissão de receitas verificada pelas autoridades fiscais pelo movimento diário de vendas, serviços e outras operações realizadas pela pessoa jurídica, a ausência de qualquer dispositivo regulamentar disciplinando a incidência do IRF nessa hipótese demonstra que o art. 7° não mais estava em vigor no momento em que o RIR/99 foi editado. Assim, a única conclusão possível é no sentido de que o lançamento do IRF carece de fundamento legal, devendo a correspondente exigência fiscal ser integralmente cancelada. VII DA NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO Finalmente, impugna a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, uma vez que em sua opinião, a legislação somente autoriza a incidência desses juros sobre tributo ou multa isolada: Fl. 19123DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.107 35 (...) Com efeito, pelo que se infere da legislação tributária, esta somente autoriza a incidência dos juros sobre o valor atualizado do tributo ou da multa isolada. Contudo, não autoriza, como pretende o Fisco, o cálculo dos juros sobre o montante da multa de ofício. Cumprenos ressaltar, entretanto, que especificamente a este respeito há vários acórdãos, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais, reconhecendo o não cabimento da exigência dos referidos juros sobre a multa de ofício, conforme se verifica pela ementa a seguir reproduzida: "RECURSO ESPECIAL CONHECIMENTO. Não se deve ser conhecido o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional quando inexiste similitude fática entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE. Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada." (acórdão n° 910100.722, de 08.11.2010 destaques do Impugnante) (...) Além disso, o mesmo entendimento foi reafirmado, por 12 votos a 2 pela C. 2a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais no acórdão n° CSRF/0203.133, de 05.05.2008, bem como pela Ia Turma Ordinária da 2a Câmara da Ia Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais no acórdão n° 120100.304, de 04.08.2014, 2a Turma Especial da Ia Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais no acórdão n° 1802002.066, de 08.04.2014, pela Ia Turma Ordinária da 2a Câmara da 2a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais no acórdão n° 220100.126, de 06.05.2009, pela 3a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nos acórdãos n° 3403 002.051, de 24.04.2013, 3403003.003, de 29.05.2014, e 3403 003.508, de 28.01.2015, pelas Ia, 3a e 5a Câmaras do Io Conselho de Contribuintes nos acórdãos n° 10196.008, de 01.03.2007, 10196.601, de 06.03.2008, 10323.423, de 16.04.2008, 10323.566, de 17.09.2008 e 10516.472, de 23.05.2007, e pelas Ia e 2a Câmaras do E. 2o Conselho de Contribuintes nos acórdãos 20178.718, de 19.10.2005, e 202 16.397, de 14.06.2005. (...) Fl. 19124DF CARF MF 36 Pois bem. Os débitos de tributos e contribuições e de multas (penalidades) têm causas diversas, não se confundindo como expresso no art. 3o do CTN. Enquanto os débitos de tributos e contribuições decorrem da prática dos respectivos fatos geradores, as multas decorrem de violações à norma legal, no caso, do suposto não pagamento dos tributos e contribuições nos prazos legais. Mesmo porque, ao utilizar a expressão "os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições" a Lei n° 9.430/96 somente pode estar aludindo a débitos não lançados, visto que está normatizando a incidência sobre estes da multa de mora. Ademais, a se admitir que a palavra "débitos" constante do "caput" do art. 61 incluísse o principal e a multa de ofício, ter seia que admitir que as multas de ofício, quando não pagas no vencimento, sofreriam também o acréscimo de multa de mora, uma vez que o mesmo "caput" do referido artigo determina que "Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de Iº de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada a taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso ". Realmente, não é razoável, "data máxima vênia", interpretarse a norma face ao disposto no parágrafo (no caso, o § 3o do art. 61 da Lei n° 9.430/96) sem se atentar ao que determina o "caput". Ademais, a prevalecer entendimento diverso, terseia que admitir que também sobre os juros de mora, que se incluiriam nos "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições", novamente pudessem ser exigidos juros (juros sobre juros), além da multa de mora, o que evidencia a improcedência dessa interpretação. Daí porque, seja por um enfoque literal, teleológico ou sistemático, a única interpretação possível do art. 61 da Lei n° 9.430/96 é aquela que autoriza a incidência de juros somente sobre o valor dos tributos e contribuições, e não sobre o valor da multa de ofício lançada, até porque referido artigo está a disciplinar os acréscimos moratórios incidentes sobre os débitos em atraso que ainda não foram objeto de lançamento. Ou seja, referido artigo está apenas a autorizar que os débitos para com a União Federal decorrentes de tributos e contribuições não pagos nos vencimentos sejam acrescidos de multa de mora, e aqueles mesmos débitos (e não a multa) sofram também a incidência de juros de mora. Além disso, o art. 43 da Lei n° 9.430/96 vem evidenciar ainda mais que o art. 61 da Lei n° 9.430/96 prevê a cobrança de juros unicamente sobre o valor dos tributos e contribuições. Prescreve o art. 43 da Lei n° 9.430/96: "Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário Fl. 19125DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.108 37 correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. " Ora, se a expressão "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições" constante no "caput" do art. 61 da Lei n° 9.430/96 contemplasse também a multa de ofício, não haveria necessidade alguma da previsão do parágrafo único do art. 43 supra transcrito, posto que a incidência dos juros sobre a multa de ofício lançada isoladamente nos termos do "caput" do artigo já decorreria diretamente do art. 61. Verificase, assim, que não existe base legal para a exigência de juros sobre os valores lançados a título de multa de ofício (não isolada), que não pode prevalecer sob pena de violação não só ao próprio art. 61 da Lei n. 9.430/96 mas também aos arts. 5o, II e 150,1 da CF/88 e 97 do CTO. PEDIDO Ao fim, pede a reclamante, pelos fundamentos apresentados, que seja acolhida a impugnação e que se reconheça a insubsistência dos autos lavrados. 3. Termo de Arrolamento de Bens e Direitos Ao presente processo foram juntados cinco recursos aos Termos de Arrolamento de Bens e Direitos, fls. 15.531 a 15.573, 16.017 a 16.059, 16.493 a 16.538, 16.972 a 17.014 e 17.448 a 17.493. Acerca da matéria, observese tratarse de medida de preservação do crédito tributário lançado de ofício, prevista nos arts. 64 e 64A da Lei nº 9.532, de 1997. Os procedimentos para fins de arrolamento de bens e direitos, à época em que formalizado, estavam disciplinados na Instrução Normativa RFB n.º 1.171, de 07/07/2011, com as alterações promovidas pelas Instruções Normativas RFB nº 1.197, de 30/09/2011, e nº 1.206, de 01/11/2011 e, recentemente, encontrase em vigor a Instrução Normativa RFB 1565, de 11/05/2015. 4. Responsabilização Tributária. Foram apontados como responsáveis solidários do Contribuinte, pessoas físicas e jurídicas, conforme consta do TVF: (...) São solidariamente responsáveis pelos créditos constituídos neste procedimento fiscal, com base no disposto na Lei 5.172/66, Fl. 19126DF CARF MF 38 artigo 124, inciso I, por serem os reais beneficiários dos resultados obtidos das atividades desenvolvidas pelo sujeito passivo: Sociedade Administradora e Gestão Patrimonial Ltda, CNPJ: 06.120.096/000108 José Fernando Pinto da Costa, CPF: 780.031.48804 Cláudia Aparecida Pereira, CPF: 051.715.24874 Sthefano Bruno Pinto da Costa, CPF: 337.655.72845 Bárbara Izabela da Costa, CPF: 382.020.78806 (...) A motivação da responsabilização solidária consta do corpo dos Autos de Infração, a saber: (...) Responsabilidade Tributária Responsabilidade Solidária de Fato Motivação Abuso da personalidade da pessoa jurídica Confusão patrimonial Mesma atividade Igualdade de administradores Mesmos sócios Igualdade de endereço Interesse comum Real beneficiário de valores provenientes de tributos sonegados Planejamento tributário abusivo – Fragmentação Fraude no cadastro do CNPJ – 2 ou mais pessoas jurídicas atribuídas a um mesmo estabelecimento comercial Fraude contábil – 2 ou mais contabilidades atribuídas a um mesmo estabelecimento comercial Tudo conforme Relatório Fiscal / Termo de Verificação Fiscal Enquadramento Legal A partir de 01/01/2000 Art. 124, inciso I, da Lei n° 5.172/66. (...) Inconformados com sua inclusão como responsáveis solidários, O Sr. Sthefano Bruno Pinto da Costa e a Sra. Bárbara Isabela Costa apresentaram impugnação tempestiva em conjunto, fls. 18.202 a 18.220 e 18.294 a 18.312. A Impugnação, apesar de pedir ao final o cancelamento dos autos de infração, tratam, afora esta solicitação, exclusivamente da exclusão de seus nomes como responsáveis solidários. Os contribuintes trazem seu entendimento, além do conteúdo de jurisprudências e posicionamentos doutrinários, tentando demonstrar ser improcedente a preensão fiscal: DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA (...) Fl. 19127DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.109 39 Depreendese dos autos de infração e do mencionado termo que, no entender da fiscalização, a responsabilidade tributária dos Impugnantes decorreria exclusivamente da norma inserta no art. 124, incisos I, do CTN, em virtude de os mesmos serem os supostos "reais beneficiários dos resultados obtidos das atividades desenvolvidas" pelo IESP. Contudo, o i. Fiscal autuante não aponta indícios, muito menos apresenta elementos de prova capazes de demonstrar que os Impugnantes nos períodos autuados teriam recebido valores "distribuídos disfarçadamente" pelo IESP ou por instituições de ensino a ele ligadas, o que em sua visão lhe autorizaria a incluí los como responsáveis pelos débitos supostamente devidos pelo IESP. (...) QUANTO AO MÉRITO 1 DA INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO DO ART. 124 DO CTN Os impugnantes alegam que a fiscalização justifica suas inclusões como responsáveis por supostas ligações entre eles e o grupo UNIESP e transcreve parte das afirmações do fisco, e continua: (...) Com base nesses argumentos, o i. Fiscal autuante conclui que os Impugnantes, juntamente com os seus genitores, seriam "solidariamente responsáveis pelos créditos constituídos neste procedimento fiscal, com base no disposto na Lei 5.172/66, artigo 124, inciso I, por serem os reais beneficiários dos resultados obtidos das atividades desenvolvidas pelo sujeito passivo" (IESP) (p. 47 do TVF — destaques dos Impugnantes). No entanto, se analisarmos com atenção o TVF, verificaremos que a fiscalização reconhece que apenas o Sr. José Fernando Pinto da Costa e a Sra. Claudia Aparecida Pereira seriam os únicos responsáveis pela administração do IESP, possuindo "uma relação de donos, de sócios, de proprietários, de controladores, para com a entidade(.)" (p. 8 do TVF). A fiscalização também destaca que "todas as empresas do grupo econômico UNIESP, mesmo as isentas e as filantrópicas, tem como sócio/presidente e principal administrador o Sr. José Fernando Pinto da Costa (..)", mencionando que apenas ele e a Sra. Claudia Aparecida Pereira receberam dividendos das instituições ligadas ao IESP (vide p. 22 do TVF e quadro demonstrativo nas pp. 26 e 27 desse termo). Quanto aos Impugnantes, as pretensas "ligações' verificadas entre eles e o Grupo UNIESP consistiriam no recebimento de salários da União Nacional das Instituições Educacionais de São Paulo (pessoa jurídica distinta) e doações de seu genitor, devidamente declaradas nas mencionadas declarações. Além disso, a fiscalização alega que os Impugnantes detinham participações societárias em instituições de ensino ligadas ao Fl. 19128DF CARF MF 40 IESP e que, no anocalendário 2012, devolveram recursos recebidos, a título de mútuo, da União Nacional das Instituições Educacionais de São Paulo. Notese que apesar de as situações dos Impugnantes e do Sr. José Fernando Pinto da Costa e Sra. Claudia Aparecida Pereira serem completamente distintas, a fiscalização entendeu que seria possível imputar também a eles a responsabilidade solidária pelos supostos débitos do IESP. (...) Após outras alegações, em que tenta demonstrar que não há participação de suas partes na administração das empresas e muito menos interesses em comum, tentam também solidar o entendimento que aos seus casos não cabe a aplicação do art. 124, I do CTN e, ao final: (...) Atualmente, essa questão encontrase devidamente solucionada pela doutrina e pela jurisprudência, administrativa e judicial, tendo prevalecido o entendimento de que o "interesse comum", a que alude o inciso I do art. 124, resta caracterizado em situações envolvendo pessoas situadas do mesmo "lado" da relação jurídica, eleita pela lei como fato gerador de determinado tributo, não havendo que se falar em interesse comum se as pessoas ocupam posições distintas naquela relação jurídica, como se depreende da lição do então Procurador da Fazenda Nacional e atualmente Desembargador do E. TRF da r Região Marcus Abrahan, "verbis": (...) Ante o exposto, pedem e esperam os Impugnantes seja acolhida a presente Impugnação para o fim de se determinar a exclusão de seus nomes dos autos de infração objeto do presente processo por não se qualificarem como sujeitos passivos, ou então o cancelamento pelo mérito dos autos de infração lavrados, como medida de Direito e de Justiça. (...) Melhor dizendo. O inciso I do art. 124 do CTN trata das hipóteses em que, mesmo sem a designação expressa em lei, aquelas pessoas, em razão do interesse comum na situação que constitui o fato gerador, são unidas por uma solidariedade natural, como a que existe entre coproprietários de um bem, ou entre cônjuges unidos mediante regime de comunhão de bens. Nesse sentido, ensina Sacha Calmon Navarro Coelho, "verbis": (...) Em resumo, portanto, o "interesse comum" referido no dispositivo deve ser jurídico, não meramente econômico, abrangendo situações em que as pessoas compõem o mesmo pólo da relação jurídica. (...) II DA IMPROCEDÊNCIA PELO MÉRITO DO LANÇAMENTO QUANTO ÀS EXIGÊNCIAS DO PIS, COFINS E IRF. (...) Fl. 19129DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.110 41 Ainda que se entenda cabível o arrolamento dos Impugnantes como responsáveis pelos tributos lançados contra o IESP, o que se admite apenas para fins de argumentação, não se pode deixar de mencionar que os respectivos autos de infração não se conformam à legislação tributária em vigor. Assim, na remota hipótese desta impugnação não ser acolhida, os Impugnantes se reportam aos fundamentos da defesa apresentada por aquela instituição, devendo ser considerados como integrantes desta, os quais conduzem ao cancelamento das exigências fiscais. O PEDIDO Ante o exposto, pedem e esperam os Impugnantes seja acolhida a presente Impugnação para o fim de se determinar a exclusão de seus nomes dos autos de infração objeto do presente processo por não se qualificarem como sujeitos passivos, ou então o cancelamento pelo mérito dos autos de infração lavrados, como medida de Direito e de Justiça. Inconformados com sua inclusão como responsáveis solidários, O Sr. José Fernando Pinto da Costa e a Sra. Cláudia Aparecida Pereira apresentaram impugnação tempestiva em conjunto, fls. 18.242 a 18.259 e 18.263 a 18.280. A Impugnação, apesar de pedir ao final o cancelamento dos autos de infração, tratam, afora esta solicitação, exclusivamente da exclusão de seus nomes como responsáveis solidários. Os contribuintes trazem seu entendimento, além do conteúdo de jurisprudências e posicionamentos doutrinários, tentando demonstrar ser improcedente a preensão fiscal: DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Depreendese dos autos de infração e do mencionado termo que, no entender da fiscalização, a responsabilidade tributária dos Impugnantes decorreria exclusivamente da norma inserta no art. 124, incisos I, do CTN, em virtude de os mesmos serem os supostos "reais beneficiários dos resultados obtidos das atividades desenvolvidas" pelo IESP. Além dos próprios autos de infração lavrados contra a sociedade serem improcedentes, como demonstrado em Impugnação própria, a pretensão fiscal aqui em discussão é descabida e infundada, não encontrando amparo em nosso ordenamento jurídico, bem como destoando da interpretação dada àquele dispositivo legal pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Os reclamantes fazem uma análise minuciosa sobre o alcance do art. 124 do CTN: QUANTO AO MÉRITO 1 DA INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO DO ART. 124 DO CTN Fl. 19130DF CARF MF 42 Vêse que o art. 121 define o sujeito passivo da obrigação tributária como a pessoa obrigada ao pagamento de tributo, ou da penalidade pecuniária, denominandose contribuinte, quando detiver relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, ou responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, a sua obrigação decorrer de disposição expressa de lei. Trocando em miúdos, o sujeito passivo, seja contribuinte, seja responsável, é uem possui o dever de recolher o tributo aos cofres públicos. No caso do responsável, a lei tributária pode atribuirlhe a responsabilidade em caráter exclusivo, afastando a do contribuinte, ou não, atribuindoa a este em caráter supletivo (CTN, art. 128). É nesse contexto que deve ser compreendido o art. 124 do CTN, acima transcrito, que não traz em seu bojo hipótese de responsabilidade tributária, mas apenas regula as situações em que duas ou mais pessoas, enquanto contribuintes ou responsáveis, respondem solidariamente pelo crédito tributário. (...) Observase, assim, que nenhuma das situações previstas no art. 124 do CTN se aplica às situações dos filhos de sócios, acionistas ou titulares de pessoas jurídicas, na medida em que os mesmos, enquanto pessoas físicas, não são "contribuintes originários" ou "contribuintes propriamente dito" do IRPJ e CSL. (...) Fazem ainda uma análise sobre o termo "interesse comum" contido no inciso I do art. 124 do CTN. (...) Atualmente, essa questão encontrase devidamente solucionada pela doutrina e pela jurisprudência, administrativa e judicial, tendo prevalecido o entendimento de que o "interesse comum", a que alude o inciso I do art. 124, resta caracterizado em situações envolvendo pessoas situadas do mesmo "lado" da relação jurídica, eleita pela lei como fato gerador de determinado tributo, não havendo que se falar em interesse comum se as pessoas ocupam posições distintas naquela relação jurídica, como se depreende da lição do então Procurador da Fazenda Nacional e atualmente Desembargador do E. TRF da r Região Marcus Abrahan, "verbis": (...) Em resumo, portanto, o "interesse comum" referido no dispositivo deve ser jurídico, não meramente econômico, abrangendo situações em que as pessoas compõem o mesmo pólo da relação jurídica. (...) Dos precedentes jurisprudenciais trazidos à baila, verificase que o art. 124, inciso I, do CTN não é por demais abrangente, não permitindo que os agentes fiscais exijam os tributos não Fl. 19131DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.111 43 recolhidos pelo sujeito passivo, contribuinte ou responsável, de qualquer pessoa, mesmo que esta tenha experimentado algum tipo de vantagem por conta do inadimplemento da obrigação tributária. Pelo contrário, a hipótese descrita naquele dispositivo legal é bastante estreita, restringindose às pessoas que possuem "interesse comum" na relação jurídica descrita na hipótese de incidência, assim entendidas aquelas que figuram no mesmo pólo dessa relação (v.g., coproprietários de um bem imóvel em relação aos tributos sobre ele incidentes), e que, por isso, podem responder, solidariamente, pelo crédito tributário correspondente. O inciso I do art. 124 do CTN, por conseguinte, é aplicável às pessoas que têm qualidade para ser sujeito passivo da obrigação tributária, não contemplando situações relacionadas a atos ilícitos, que em tese poderiam ser alcançadas pelo art. 135 do CTN. Com a devida vênia, o que ocorre no presente caso é uma interpretação equivocada do art. 124 do CTN por parte do Sr. AuditorFiscal Autuante, que ignora a distinção entre a personalidade jurídica de uma entidade e personalidade física de seus associados, desconsiderandoa injustificadamente, e subverte todo o sistema de sujeição passiva consagrado no Código Tributário Nacional, conforme bem apreendido pelo ex integrante do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e ex subsecretário de Fiscalização da Secretária da Receita Federal do Brasil, Marcos Vinicius Neder: (...) E continua, "ora se nem a lei pode prever a responsabilidade solidária entre os sócios, diretores, gerentes, administradores e as sociedades, menos ainda poderá fazêlo o intérprete da legislação como está a ocorrer no caso concreto". Ante o exposto, afirmam os impugnantes que resta inequivocamente demonstrado que o art. 124 do CTN não se aplica ao caso concreto. Nesse ponto, se reportam à defesa apresentada pelo IESP, mencionando que os respectivos autos de infração "não se conformam à legislação tributária em vigor." II DA IMPROCEDÊNCIA PELO MÉRITO DO LANÇAMENTO QUANTO ÀS EXIGÊNCIAS DO PIS, COFINS E IRF. Ao fim, "pedem e esperam os Impugnantes seja acolhida a presente Impugnação para o fim de se determinar a exclusão de seus nomes dos autos de infração objeto do presente processo por não se qualificarem como sujeitos passivos, ou então o cancelamento pelo mérito dos autos de infração lavrados, como medida de Direito e de Justiça". A Sociedade Administradora e Gestão Patrimonial Ltda, CNPJ 06.120.096/000108, também se manifesta contra o auto de infração e sua inclusão como responsável solidária pelos débitos apurados, através da impugnação tempestiva apresentada, fls. 18.165 a 18.181. Fl. 19132DF CARF MF 44 A impugnante traz seu entendimento, além de conteúdo de jurisprudências e posicionamentos doutrinários, tentando demonstrar ser improcedente a preensão fiscal: (...) DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Mediante o Termo de Verificação Fiscal, que instrui os autos de infração lavrados contra o IESP, o i. Fiscal autuante pretende imputar à ora Impugnante a responsabilidade solidária pelo IRPJ e CSL, objeto dos referidos autos de infração. Depreendese dos autos de infração e do mencionado termo que, no entender da fiscalização, a responsabilidade tributária dos Impugnantes decorreria exclusivamente da norma inserta no art. 124, incisos I, do CTN, em virtude de os mesmos serem os supostos reais beneficiários dos resultados obtidos das atividades desenvolvidas" pelo IESP. Além dos próprios autos de infração lavrados contra a sociedade serem improcedentes, como demonstrado em Impugnação própria, a pretensão fiscal aqui em discussão é descabida e infundada, não encontrando amparo em nosso ordenamento jurídico, bem como destoando da interpretação dada àquele dispositivo legal pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. (...) QUANTO AO MÉRITO I DA INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO DO ART. 124 DO CTN Como se sabe, segundo o art. 121 do CTN, o devedor da obrigação tributária (sujeito passivo) abrange duas espécies, contribuinte ou responsável, a depender do liame que ele mantenha com o fato gerador dessa obrigação. Prescreve o referido dispositivo legal: (...) Vêse que o art. 121 define o sujeito passivo da obrigação tributária como a pessoa obrigada ao pagamento de tributo, ou da penalidade pecuniária, denominandose contribuinte, quando detiver relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, ou responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, a sua obrigação decorrer de disposição expressa de lei. Trocando em miúdos, o sujeito passivo, seja contribuinte, seja responsável, é quem possui o dever de recolher o tributo aos cofres públicos. No caso do responsável, a lei tributária pode atribuirlhe a responsabilidade em caráter exclusivo, afastando a do contribuinte, ou não, atribuindoa a este em caráter supletivo (CTN, art. 128). É nesse contexto que deve ser compreendido o art. 124 do CTN, acima transcrito, que não traz em seu bojo hipótese de responsabilidade tributária, mas apenas regula as situações em que duas ou mais pessoas, enquanto contribuintes ou responsáveis, respondem solidariamente pelo crédito tributário. Fl. 19133DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.112 45 Observase, assim, que nenhuma das situações previstas no art. 124 do CTN se aplica às situações em que sociedade de determinado grupo econômico possui negócios, in casu locações de bens imóveis, com o suposto sujeito passivo da obrigação tributária. (...) Faz ainda uma análise sobre o termo "interesse comum" contido no inciso I do art. 124 do CTN. (...) Com efeito, enquanto a hipótese do inciso II do art. 124 diz respeito às pessoas expressamente designadas por lei, a do inciso I prescreve que duas ou mais pessoas podem se apresentar na condição de sujeito passivo da obrigação principal, obrigandose cada uma delas pelo crédito tributário, quando tiverem "interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal". (...) Atualmente, essa questão encontrase devidamente solucionada pela doutrina e pela jurisprudência, administrativa e judicial, tendo prevalecido o entendimento de que o "interesse comum", a que alude o inciso I do art. 124, resta caracterizado em situações envolvendo pessoas situadas do mesmo "lado" da relação jurídica, eleita pela lei como fato gerador de determinado tributo, não havendo que se falar em interesse comum se as pessoas ocupam posições distintas naquela relação jurídica, como se depreende da lição do então Procurador da Fazenda Nacional e atualmente Desembargador do E. TRF da 2' Região Marcus Abrahan, "verbis": (...) Em resumo, portanto, o "interesse comum" referido no dispositivo deve ser jurídico, não meramente econômico, abrangendo situações em que as pessoas compõem o mesmo pólo da relação jurídica. (...) Dos precedentes jurisprudenciais trazidos à baila, verificase que o art. 124, inciso I, do CTN não é por demais abrangente, não permitindo que os agentes fiscais exijam os tributos não recolhidos pelo sujeito passivo, contribuinte ou responsável, de qualquer pessoa, mesmo que esta tenha experimentado algum tipo de vantagem por conta do inadimplemento da obrigação tributária. Pelo contrário, a hipótese descrita naquele dispositivo legal é bastante estreita, restringindose às pessoas que possuem "interesse comum" na relação jurídica descrita na hipótese de incidência, assim entendidas aquelas que figuram no mesmo pólo dessa relação (v.g., coproprietários de um bem imóvel em relação aos tributos sobre ele incidentes), e que, por isso, podem Fl. 19134DF CARF MF 46 responder, solidariamente, pelo crédito tributário correspondente. O inciso I do art. 124 do CTN, por conseguinte, é aplicável às pessoas que têm qualidade para ser sujeito passivo da obrigação tributária, não contemplando situações relacionadas a atos ilícitos, que em tese podem ser alcançadas pelo art. 135 do CTN. Com a devida vênia, o que ocorre no presente caso é uma interpretação equivocada do art. 124 do CTN por parte do Sr. AuditorFiscal Autuante, que ignora a distinção entre as personalidades jurídicas das entidades em questão, IESP e Impugnante, desconsiderandoas injustificadamente, e subverte todo o sistema de sujeição passiva consagrado no Código Tributário Nacional, conforme bem apreendido pelo ex integrante do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e ex subsecretário de Fiscalização da Secretária da Receita Federal do Brasil, Marcos Vinicius Neder: (...) Ora, continua, "se nem a lei pode prever a responsabilidade solidária entre os sócios ou acionistas e, por extensão, empresas do mesmo grupo econômico ou que possuam controladores comuns, menos ainda poderá fazêlo o intérprete e aplicador da legislação como está a ocorrer no caso concreto". Ante o exposto, afirma a impugnante, que resta inequivocamente demonstrado que o art. 124 do CTN não se aplica ao caso concreto. (...) II DA IMPROCEDÊNCIA PELO MÉRITO DO LANÇAMENTO QUANTO ÀS EXIGÊNCIAS DO PIS, COFINS E IRF. (...) Nesse ponto, se reporta à defesa apresentada pelo IESP, mencionando que os respectivos autos de infração "não se conformam à legislação tributária em vigor". Ao fim, "pede e espera a Impugnante seja acolhida a presente Impugnação para o fim de se determinar a exclusão de seu nome dos autos de infração objeto do presente processo por não se qualificar como sujeito passivos, ou então o cancelamento pelo mérito dos autos de infração lavrados, como medida de Direito e de Justiça". (término da transcrição do relatório da DRJ) A DRJ, por meio do Acórdão 0443.094, de 29 de maio de 2017, julgou improcedente a impugnação apresentada pela empresa, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012 NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 19135DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.113 47 SOBRESTAMENTO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PROCESSUAL. O processo administrativo fiscal é regido por princípios próprios, como o da oficialidade, que obriga a administração a impulsionálo até sua decisão final. A autoridade administrativa não tem poderes para sobrestar o julgamento de litígio regularmente instaurado. ARBITRAMENTO DA RECEITA POR INDÍCIOS DE OMISSÃO É facultado à autoridade tributária apurar a receita omitida, quando constatar qualquer artifício utilizado pelo contribuinte visando a frustrar a apuração da receita efetiva do seu estabelecimento. ARROLAMENTO DE BENS. A apreciação do procedimento de arrolamento de bens efetivado pela autoridade lançadora não se insere no âmbito de competência das Delegacias de Julgamento. INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR SEM FINS LUCRATIVOS BENEFICENTE. ADESÃO AO PROUNI. ISENÇÃO. Demonstrado pela fiscalização o descumprimento dos requisitos da IN SRF 456 de 05/10/2004, correta a suspensão do gozo do benefício fiscal. Além disso, as instituições privadas de ensino superior sem fins lucrativos e beneficentes, não têm direito à isenção do art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005. A sua adesão ao programa possibilita apenas a adoção das regras contidas na Lei, para seleção dos estudantes beneficiados com bolsas integrais e bolsas parciais, em especial as regras previstas no art. 3º e no inciso II do caput e §§ 1º e 2º do art. 7o. De sorte que, em relação a elas, desnecessária é a suspensão da isenção. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Comprovada a prática de atos visando ocultar do Fisco o conhecimento do fato gerador da obrigação tributária, aplicase a multa de ofício no percentual de 150%. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual deve incidir juros à taxa Selic. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. Havendo interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, correto o arrolamento desses interessados como sujeitos passivos solidários. PIS. SIMILITUDE DOS MOTIVOS DE AUTUAÇÃO E DE RAZÕES DE IMPUGNAÇÃO. Aplicamse à contribuição ao PIS Programa de Integração Social as mesmas razões de decidir relativas à COFINS, em face da similitude dos motivos de autuação e das razões de impugnação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012 Fl. 19136DF CARF MF 48 Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS. TRIBUTAÇÃO NA FONTE Para fatos geradores a partir de 1996, não mais se aplica a tributação na fonte por lucros automaticamente distribuídos, decorrentes de omissão de receitas, tendo em vista a revogação do art. 44 da Lei nº 8.541 de 1992, pelo art. 36, IV da Lei nº 9.249 de 1995. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada eletronicamente da decisão da DRJ na data de 07/06/2017 (efl. 18.541), e não satisfeita com a decisão da delegacia de piso, apresentou recurso voluntário em 04/07/2017 (efls. 18.548 a 18.624), conforme Termo de Análise de Solicitação de Juntada de efl. 18.547, repetindo basicamente os argumentos apresentados na impugnação. Conforme quadro abaixo, os responsáveis solidários pelo débito foram cientificados e apresentaram recurso voluntário nas seguintes datas: Solidário Ciência do Acórdão efl. Interposição do RV efl. Sociedade Administradora e Gestão Patrimonial 08/06/2017 18.542 06/07/2017 18.995 José Fernando Pinto da Costa 05/06/2017 18.538 05/07/2017 18.900 Cláudia Aparecida Pereira 08/06/2017 18.543 05/07/2017 18.900 Sthefano Bruno Pinto da Costa 08/06/2017 18.544 05/07/2017 18.962 Bárbara Izabela da Costa 08/06/2017 18.545 05/07/2017 18.962 No CARF, coube a mim a relatoria do processo. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Todos os recursos são tempestivos e preenchem os demais requisitos de admissibilidade, portanto devem ser conhecidos. RECURSO DE OFÍCIO A DRJ exonerou o lançamento fiscal do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte decorrente de omissão de receitas, tendo em vista a revogação do art. 44 da Lei nº 8.541 de 1992 pelo art. 36, IV da Lei nº 9.249/1995. O valor do principal e multa de ofício exonerado comporta o montante de R$ 70.904.156,95. O limite de alçada atual para acolhimento do Recurso de Ofício foi definido nos termos da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, publicada no Diário Oficial da União de Fl. 19137DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.114 49 09/02/2017, em que foi consignado que a exoneração de crédito tributário em acima de R$ 2.500.000,00 sujeitase à interposição de Recurso de Ofício: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Outrossim, a verificação do limite de alçada deve ser feita na época do julgamento do recurso de ofício, conforme disposto na Súmula CARF nº 103: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Como o valor exonerado está acima do limite acima, o recurso deve pois ser conhecido. Bem. A discussão aqui é simples e de fácil conclusão; e a DRJ andou bem em sua decisão ao exonerar o lançamento do IRRF. Por concordar com os fundamentos da DRJ, reproduzoos, adotandoos como razões de decidir: (início da transcrição do voto da DRJ) Pois bem, para iniciar a análise vale esclarecer que a tributação das receitas omitidas até o ano de 1995 estava prevista no art. 44 da Lei 8.541 de 1992 e convalidada pelo § aº do art. 7º da Lei nº 8.846 de 1994: Lei nº 8.541/1992 Art. 44. A receita omitida ou a diferença verificada na determinação dos resultados das pessoas jurídicas por qualquer procedimento que implique redução indevida do lucro líquido será considerada automaticamente recebida pelos sócios, acionistas ou titular da empresa individual e tributada exclusivamente na fonte à alíquota de 25%, sem prejuízo da incidência do imposto sobre a renda da pessoa jurídica. A partir de 1º de janeiro de 1996, passa a vigorar a Lei 9.249 de 1995, que inova em seus arts. 10 e 24 e cujo art. 36 revoga explicitamente o arts. 43 e 44 da Lei nº 8.541 de 1992 e tacitamente o § 1º do art 7º da Lei 8.846 de 1994: Lei nº 9.249/1995 Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Fl. 19138DF CARF MF 50 (...) Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. (...) Art. 36. Ficam revogadas as disposições em contrário, especialmente: IV os arts. 43 e 44 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992; Fica claro que, para fatos geradores a partir de 1996, não mais se aplica a tributação na fonte por lucros automaticamente distribuídos, decorrentes de omissão de receitas, tendo em vista a revogação do art. 44 da Lei nº 8.541 de 1992, pelo art. 36, IV da Lei nº 9.249 de 1995. A razão disso é que a mesma Lei 9.249 de 1995, em seu art. 10, eliminou a tributação na fonte de lucros ou dividendos distribuídos. Como deixou de haver tributação sobre lucros efetivamente distribuídos, não haveria mais sentido em se manter a exigência de tributação na fonte sobre lucros considerados distribuídos por ficção ou presunção, como antes previa o art. 44 da Lei nº 8.541 de 1992 ou o § 1º do art 7º da Lei 8.846 de 1994. No caso, tem razão a impugnante. (término da transcrição do voto da DRJ) Além da falta de fundamentação legal para exoneração do lançamento do IRRF, há uma questão prejudicial que impõe um vício ao lançamento fiscal. É que, conforme se verá adiante, o lançamento será exonerado por falta de ato do Ministério da Educação para desvincular a recorrente do Programa Universidade para Todos PROUNI. Assim, por qualquer ângulo que se aviste, o recurso de ofício deve ser negado. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício. RECURSO VOLUNTÁRIO Delimitação da Lide Necessário delimitar que o caso requer análise de argumentos relativos à suspensão da imunidade/isenção atribuída à recorrente e, por conseguinte, o auto de infração de PIS e COFINS lavrado em seu desfavor e dos responsáveis solidários: Sociedade Administradora e Gestão Patrimonial Ltda, CNPJ 06.120.096/000108; José Fernando Pinto da Costa, CPF 780.031.48804; Cláudia Aparecida Pereira, CPF 051.715.24874; Sthefano Bruno Pinto da Costa, CPF 337.655.72845; e Bárbara Izabela da Costa, CPF 382.020.78806. NULIDADE Superação das Arguições de Nulidade Fl. 19139DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.115 51 Entendo que minha decisão pode vencer a análise das questões de nulidade, pois, como se verá adiante, firmei convicção de que o lançamento possui um vício insanável capaz de ensejar sua nulidade. Desta forma, proponho superar tal preliminar de nulidade, conforme teor do § 3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, transcrito abaixo: Art. 59 (...) § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. PREJUDICIAL DE MÉRITO Decadência Assim como as questões de nulidade, também supero a alegação de decadência em relação à Notificação da suspensão e o ADE de suspensão da imunidade e isenção para avançar nas questões de mérito, conforme teor do § 3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, já transcrito acima. MÉRITO Percebo que o lançamento tributário apresenta dois vícios que, a meu ver, são responsáveis por tornálo insubsistente: 1) como fundamento obiter dictum, a aferição da base de cálculo do arbitramento do lucro e das receitas a serem tributadas; e 2) como ratio decidendi, a falta de ato do Ministério da Educação para desvincular a recorrente do PROUNI. Antes de chegar à conclusão pela improcedência do lançamento fiscal, entretanto, principalmente em respeito ao trabalho extremamente meticuloso perpetrado pela autoridade fiscal, apresentarei minha opinião sobre algumas questões destacadas ao longo do processo administrativo fiscal. Desta forma, tudo que for tratado em relação à suspensão fiscal principalmente quando este relator entender que a isenção deve ser mantida deve ser relativizado em razão de minha conclusão sobre a falta de emissão de ato do MEC para desvincular a recorrente do Prouni, que impede a manutenção do lançamento fiscal. Imunidade Tributária e Isenção Fiscal Fl. 19140DF CARF MF 52 A recorrente apresenta longa digressão sobre o conceito de imunidade tributária, sua abrangência e de sua importância às instituições de educação, que figuram como substitutas do Estado. Outrossim, estabelece premissas que vão ao encontro do objetivo de se conceder imunidade tributária e isenção a entidades que estão dispostas a tanto. Afirma que a lei não pode extrapolar as regras da Constituição Federal, exigindo tributos e impostos em situações alcançadas pela imunidade. Pois bem. Concordo com a recorrente quando afirma que a entidade imune/isenta, ou seja, sem fins lucrativos, não é impedida de desenvolver atividade remunerada, e de apurar resultado positivo; aliás, a contrario sensu, entendo que a entidade deve buscar o melhor resultado para que a atividade por ela desenvolvida alcance o maior número de indivíduos. Entretanto, há regras que precisam ser fielmente atendidas para que se possa usufruir do benefício da imunidade dos impostos exigidos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A Constituição Federal atribuiu à lei complementar o dever de regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II), impedindo o Estado de tributar certos fatos quando preenchidas determinadas condições que devem ser seguidas pelas entidades que desejam se manterem no regime de benefício da imunidade de impostos. Seguindo essa trilha, o Código Tributário Nacional estabeleceu determinadas condições essenciais a serem preenchidas por tais entidades imunes. Reproduzo o teor dos dispositivos inerentes ao que aqui se apregoa: Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. ______________ Art. 9º, inciso IV (...) c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; Fl. 19141DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.116 53 Quer dizer, já que é impossível regular todas as hipóteses das limitações constitucionais ao poder de tributar, por serem bem mais abrangentes e comportarem a regra, o legislador entendeu por bem consignar somente as hipóteses exceptivas que permitem ao ente federado tributar a entidade sujeita às regras de imunidade tributária, tornandose mais fácil e preciso para se definir quem se enquadra (ou não) em tal benefício fiscal. Parece fácil tal conclusão! Entretanto, citada precisão é relativizada quando se ingressa nos incisos do art. 14 do CTN e se tenta interpretar cada um deles. Daí é que podem surgir as celeumas que tanto cercam o caso em questão, as quais até me arrisco a indagar: a) o que se entende por distribuir "qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título"? Vou além: a constatação de grupo econômico, por si só, pode franquear à conclusão de que o resultado de uma empresa pode ser atribuído à outra, ainda que tenham a mesma atividade e sejam domiciliadas em um mesmo endereço? b) o que pode ser entendido com a condição "aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais"? c) quanto à escrituração comercial, basta demonstrar erros (inclusive rasos) da escrita contábil ou devem ser comprovadas falhas dantescas capazes de assegurar sua inexatidão? Pois bem. Antecipando a conclusão a que cheguei, entendo que a fiscalização demonstrou cabalmente que foi montado um arquétipo de operações para que o resultado das entidades sujeitas a tais benefícios fossem convertidos a seus fundadores. Inicialmente, convém consignar que um grupo econômico de fato pode ser apurado quando empresas compartilham receitas e despesas, efetuam contacorrente de recursos, utilizamse de funcionários em comum. Nada obstante, tal diferenciação não causa necessariamente uma obrigatoriedade de se jungirem os resultados contábeis e fiscais de todas as empresas ao extremo de caracterizálas como uma empresa só, imputandolhes todas as consequências jurídicas e tributárias que isto gera. E, pelo visto, não foi isso que a fiscalização fez. Tanto é que o lucro atribuído à recorrente não resulta do somatório das receitas de todas as empresas com similitude de atividades, mas sim de cálculo atribuído à massa salarial da ora recorrente. Isto porque a fiscalização entendeu que para manter a folha de pagamento da recorrente, havia necessidade de se apurar receita em montante maior do que aquela declarada pela empresa. Entretanto, como se verá adiante, entendo que, no caso concreto, a fiscalização deveria, sim, considerar todas as receitas derivadas da mesma atividade de prestação de serviços de ensino para efetuar o lançamento tributário. Voltando à análise, há que se observar, por outro lado, que o compartilhamento de negócios é mais aceitável quando presente em empresas situadas em uma mesma categoria fiscal. Pois, quando presentes interesses antagônicos dentro de um mesmo grupo, como exemplo, quando uma empresa necessita apresentar resultado positivo (por estar no lucro presumido menos oneroso) e outra negativo (por tributar pelo lucro real mais oneroso), abrese uma fenda para o descompasso entre a realidade fática e o que se externa nos Fl. 19142DF CARF MF 54 documentos contábeis e fiscais, conveniente para o grupo econômico obter a tão almejada "economia fiscal". Esta, a meu ver, é a questão que "acendeu o alerta" ao fisco: de que a divisão de negócios perpetrada pelos administradores do indicado grupo econômico poderia estar sendo utilizada para atender aos seus interesses pessoais. E foram vários elementos que comprovam tal mandatório, descritos sinteticamente abaixo, mas que serão enfrentados mais adiante: 1) O Instituto Educacional do Estado de São Paulo participa de um grupo econômico de fato o Grupo Uniesp que tem como objetivo precípuo o lucro, o que contraria veementemente o seu objetivo estatutário de entidade de ensino sem fins lucrativos. 2) Afora esse pressuposto, o grupo ofereceu vantagens indevidas aos seus controladores, com objetivo de migrar renda das empresas do grupo (com e sem fins lucrativos) para seus benefícios. Grupo Econômico de Fato A meu ver o grupo econômico Uniesp foi devidamente caracterizado pela fiscalização. E não são poucas as razões que me fizeram concluir por isso. Na Notificação Fiscal que suspendeu a imunidade tributária e a isenção fiscal (efl. 13.374 a 13.404), a fiscalização consignou corretamente o seguinte: Entrega de 2 (duas) DIPJs para cada anocalendário A recorrente apresentou 2 (duas) DIPJs válidas para cada ano fiscalizado, o que já evidencia algo suspeito na conduta da recorrente. Uma DIPJ se referia à atividade regular e outra referiase a evento de incorporação. Interessante é que a DIPJ regular e a DIPJ de incorporação do anocalendário de 2011 referiramse ao período compreendido entre 01/01 e 31/12 do respectivo ano; no anocalendário de 2012, a DIPJ regular contemplou o período de 01/01 a 31/12, já a DIPJ de incorporação contempla o período é de 01/01 a 27/12/2012, ou seja, muito próximo de cobrir todo o ano de 2012. Além disso, as DIPJs apresentaram valores diferentes entre si, o que mostra total falta de sincronia entre as informações prestadas. Pergunto: qual era a intenção da recorrente em apresentar dois documentos informativos para um mesmo período? Talvez porque seus administradores tenham mantido duas empresas distintas em vários endereços de seus estabelecimentos e, em uma suposição, teriam o interesse, mas que não se concretizou nos anos objeto de lançamento, de incorporar a empresa com fins lucrativos adquirida pela recorrente pela empresa sem fins lucrativos (ora recorrente). Esta é outra questão que demonstra a ocorrência do grupo econômico a manutenção de duas empresas em um mesmo estabelecimento, que passo adiante a citar. Empresas diferentes estabelecidas em um mesmo endereço Fl. 19143DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.117 55 Como já divulgado no relatório deste voto, a empresa manteve 2 (dois) estabelecimentos aliás 2 (duas) empresas em um mesmo endereço, durante o período abrangido pelo auto de infração. E mais, ambos os estabelecimentos praticaram a mesma atividade, qual seja, de ensino. A diferença entre ambos é que o estabelecimento da recorrente era entidade alcançada pela imunidade tributária e isenção fiscal; já o outro estabelecimento tinha fins lucrativos. Nas efls. 12.255 a 12.261 deste processo, a fiscalização anexou planilha que comprova a utilização de dois estabelecimentos de empresas distintas do grupo econômico em um mesmo endereço. E, como visto neste processo, tratase de um estabelecimento da ora recorrente entidade "sem" fins lucrativos e um estabelecimento de outra empresa do grupo econômico empresa com fins lucrativos . Empresas sujeitas a controle de uma holding Todas as empresas envolvidas estavam direta ou indiretamente sujeitas a controle de uma holding, antes denominada União dos Institutos de Ensino Superior de São Paulo (Uniesp) e atualmente denominada Sociedade de Administração e Gestão Patrimonial LTDA, CNPJ 06.120.096/000108, que possui patrimônio relevante e recebe recursos advindos das empresas do grupo Uniesp. Assim sob o "guardachuva" da citada holding, praticaramse estratégias para permitir que os recursos levantados com o benefício fiscal fossem direcionados, sem compaixão, para a holding e, posteriormente, a seus sócios. Mais à frente, tratarei das questões que envolveram a holding. Contratos de aluguel entre as empresas do grupo Os imóveis em que eram estabelecidas as filiais da recorrente pertenciam à holding do grupo econômico, Sociedade de Administração e Gestão Patrimonial LTDA. A recorrente celebrou contratos de aluguel com a holding em condições desfavorecidas de mercado, demonstrando nitidamente a interferência dos gestores do grupo econômico para violar as regras de valor justo praticada por pessoas em situações opostas (locador e locatário) no mercado. Além disso na emissão de Cédulas de Crédito Imobiliário (CCIs), instrumento pelo qual o grupo econômico conseguia antecipar recursos que seriam advindos dos aluguéis, a recorrente oferecia a própria receita como garantia para que a holding recebesse os recursos dos CCI. Confusão Patrimonial A confusão patrimonial nas empresas do grupo é patente: Fl. 19144DF CARF MF 56 Uma empresa geralmente com fins lucrativos é a intermediadora dos contratos do FIES firmados entre os alunos e o Governo Federal, e é ela quem emite o diploma para os alunos, e também é a empresa cadastrada no PROUNI. Por outro lado, a recorrente, também domiciliada no mesmo endereço da referida empresa, é quem mantinha sob sua guarda a folha de pagamento de seus colaboradores e declarava o valor da contribuição previdenciária em sua GFIP (Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social) aproveitando dos benefícios que lhe eram concedidos no caso da folha de pagamento, isenção de contribuição previdenciária patronal . Além disso, em análise das demonstrações financeiras auditadas apresentadas pelos gestores do grupo Uniesp, é de se concluir que a confusão patrimonial foi devidamente consignada pela empresa de auditoria independente. Os casos são variados, mas trago como exemplo a empresa Centro de Ensino e Cultura de Auriflama (CNPJ 04.323.073/000175), que, por sua vez, "funciona" no mesmo endereço da filial 63.083.869/004235 da recorrente: V AC SP 310 Artur F. Neto s/n Km 2,8 Auriflama SP, CEP 15.350000. Na demonstração de resultado (efl. 13.059), foi informada uma receita bruta da Auriflama de R$ 7.784.617 (sete milhões, setecentos e oitenta e quatro mil seiscentos e dezessete reais), mas somente R$ 270.543 (duzentos e setenta mil, quinhentos e quarenta e três reais) se referem à despesa com pessoal. Desta forma, a referida empresa contabilizou com despesas tributárias o valor de R$ 19.065 (dezenove mil e sessenta e cinco reais), o que lhe permitiu apurar um lucro líquido do exercício de R$ 7.243.660 (sete milhões, duzentos e quarenta e três mil e seiscentos e sessenta reais). Tal resultado permitiu ao Centro de Ensino e Cultura de Auriflama distribuir o valor de R$ 7.266.923 (sete milhões duzentos e sessenta e seis mil, novecentos e vinte e três reais), conforme Demonstração do Fluxo de Caixa (efl. 13.061) a título de lucro, cujos beneficiários foram os administradores do Grupo Uniesp, José Fernando Pinto da Costa, que recebeu R$ 3.633.461,53 (efl. 13.618), e Cláudia Aparecida Pereira que recebeu R$ 3.633.461,53. As Notas explicativas das Demonstrações Financeiras demonstram que as empresas do grupo estavam conciliando as mensalidades a receber (efls. 13.250, 13.269, 13.288, 13.307, 13.344, 13.352), ou seja, efetuando uma composição das mensalidades. Ora, isso é uma prova evidente da confusão existente entre as empresas do grupo Uniesp, uma vez que o Grupo somente se utilizava das empresas lucrativas para distribuir lucros a seus sócios e angariar recursos para a continuidade e expansão, contra legem, de sua operação. Conclusão sobre o Grupo Econômico de Fato Pelo que foi amplamente exposto, entendo que a fiscalização comprovou a existência do Grupo Econômico de fato Grupo Uniesp. Por conseguinte, devese avaliar se o grupo econômico foi constituído para iludir o pagamento de tributo ao fisco, focando principalmente na transposição de receitas e despesas entre as empresas do grupo e na destinação proibida dos resultados levantados pelas entidades imunes e isentas, situadas em condição favorável em relação às empresas concorrentes que desenvolvem a mesma atividade de ensino. Fl. 19145DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.118 57 E da análise de alguns itens trazidos acima, já se pode perceber que o grupo econômico tinha objetivos díspares às entidades que se sujeitam a prestar serviços submetidos à imunidade tributária e isenção fiscal. Passo a dispor sobre as questões que violaram a Constituição Federal, o Código Tributário Nacional, a Lei nº 9.532/1997 e a Lei nº 11.096/2005: Distribuição de parcela de seu patrimônio e inaplicação integral de seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais A fiscalização elencou os requisitos que foram descumpridos pela recorrente em relação aos benefícios fiscais a que estava sujeita (efl. 15.441): 1) Imunidade tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – CF/1988, artigo 150, inciso VI, alínea “c”. a) A entidade está em débito com o sistema da seguridade social, CF/88, artigo 195, § 3º. b) A entidade distribuiu (disfarçadamente) lucros a seus controladores, Lei 5.172/66, artigo 14, inciso I. c) A entidade remunerou seus dirigentes, indiretamente, através da distribuição disfarçada de lucros, Lei 9.532/97, artigo 12, §2º, inciso “a”. d) A entidade não aplicou integralmente seus recursos na manutenção de seus objetivos sociais, Lei 5.172/66, artigo 14, inciso II, e Lei 9.532/97, artigo 12, §2º, inciso “b”. e) A entidade não apresentou contabilidade regular, Lei 5.172/66, artigo 14, inciso III, e Lei 9.532/97, artigo 12, §2º, inciso “c”. f) A entidade não apresentou documentação que comprove suas receitas e despesas, Lei 9.532/97, artigo 12, §2º, inciso “d”. g) A entidade não apresentou declaração de rendas conforme disposto em ato da SRFB, Lei 9.532/97, artigo 12, §2º, inciso “e”. h) A entidade não recolheu as contribuições para a seguridade social retidas nos rendimentos pagos aos empregados, Lei 9.532/97, artigo 12, §2º, inciso “f”. i) A entidade não assegurou a destinação de seu patrimônio à entidade congênere ou órgão público em caso de extinção, Lei 9.532/97, artigo 12, §2º, inciso “g”. 2) Isenção tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – Lei 9.532/1997, artigo 15. a) A entidade está em débito com o sistema da seguridade social, CF/88, artigo 195, § 3º. Fl. 19146DF CARF MF 58 b) A natureza jurídica da entidade tem características de sociedade empresarial e não de associação privada, por não corresponder a uma coletividade típica de uma união de pessoas, Lei 9532/97, artigo 15, combinado com Lei 10406/02, artigo 53. c) A natureza jurídica da entidade tem características de sociedade empresarial e não de associação privada, por exercer atividade com fins econômicos, ou seja, atividade comercial, Lei 9532/97, artigo 15, combinado com Lei 10406/02, artigo 53. d) A entidade remunerou seus dirigentes, indiretamente, através da distribuição disfarçada de lucros, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “a”. e) A entidade não aplicou integralmente seus recursos na manutenção de seus objetivos sociais, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “b”. f) A entidade não apresentou contabilidade regular, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “c”. g) A entidade não apresentou documentação que comprove suas receitas e despesas, Lei 9532/97, artigo 12, §2º, inciso “d”. 3) Isenção tributária do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – Lei 11.096/2005 (PROUNI), artigo 8º. a) A entidade está em débito com o sistema da seguridade social, CF/88, artigo 195, § 3º, e IN SRF 456/04, artigo 4º, § único. b) A entidade praticou atos que configuraram, em tese, crimes contra a ordem tributária, IN SRF 456/04, artigo 4º, caput. Impactos com a suspensão Inicialmente, importante frisar que o impacto que uma desqualificação dessas causa na sociedade, imprescinde de uma análise fria, imparcial e cautelosa. O grupo Uniesp é responsável por atender milhares de alunos; e, uma vez que grande parte deles aderiu aos programas de benefício do Governo Federal, como o FIES, nos faz concluir que a decisão sobre a manutenção ou não da imunidade e isenção fiscal atingirá pessoas com poder aquisitivo mais desfavorável, que tiveram grandes dificuldades na vida pessoal e escolar. Enfim, são milhares de vidas, de famílias, que concentram todos os seus esforços para realizarem o sonho de conseguir um diploma de nível superior. E a recorrente, sabedora de sua relevância no desempenho de sua atividade, gasta boa parte de sua peça recursal para tratar de sua importância na sociedade, em razão da atividade que foi a ela delegada pelo Estado (efls. 18.658 e 18.659): "Contribuir para o desenvolvimento da cultura da pesquisa científica, da tecnologia e do ensino no Brasil; Promover e divulgar o ensino em todos os graus, ciclos e modalidades, além da prestação de serviço social, cultural e educacional, visando ao progresso cultural e social de São Paulo e do Brasil; Manter, provendo com todos os recursos, as escolas ou cursos e demais atividades que instale, administre ou dirija; Assistir aos alunos das escolas mantidas, administradas ou dirigidas pela Instituição, principalmente os que são reconhecidamente pobres, na forma de concessão de Bolsas de estudo ou outras formas assistenciais aprovadas Fl. 19147DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.119 59 por sua administração; Criar, instalar e manter estabelecimentos de ensino e demais atividades educacionais de forma a elevar o nível social e cultural na cidade e no país; Criar e manter serviços educativos, assistenciais e culturais que beneficiam os estudantes e adolescentes em geral da localidade e do país". (...) Elenca outros serviços assistenciais, cita sua importância para a prosperidade da nação para, em conclusão, alegar que faz jus à imunidade tributária e a isenção fiscal (efl. 18.660): Tratase, portanto, de atuação com profundos e transformadores impactos no desenvolvimento do Brasil, em aspectos basilares para a prosperidade de nação. Nesse contexto, o Recorrente faz jus à imunidade tributária de que trata a alínea "c" do inciso VI, do art. 150, da Constituição Federal, bem como à isenção tributária estabelecida pelo art. 15, da Lei 9.532/97 e pelo art. 8o da Lei nº 11.096/06. Todavia, a análise e conclusão sobre a avaliação a ser feita quanto a este caso, deve perpassar da simples premissa da emoção. Para isso, devese ter em mente que quem cometeu o delito não foi a Fazenda Nacional, mas sim os responsáveis pelo arquétipo montado com o nítido propósito do enriquecimento ilícito. Querer atribuir ao fisco o dever de cautela que deveria ser das pessoas que se "dispuseram" a ingressar em tal atividade, é fazer como um jogador de futebol, que simula um pênalti para provocar a torcida a hostilizar o árbitro. Pode até ser que um indício ou uma prova, analisados de maneira isolada, tornase prova fraca diante da complexidade da análise de uma atividade tão relevante ao poder público, e, mais ainda, às pessoas destinatárias desses préstimos. Por sua vez, quando esses vários indícios e provas são conectados entre si, resta muito claro o famigerado propósito latente na mente dos organizadores do modelo perpetrado. E a fiscalização demonstrou que o grupo econômico utilizouse da fragmentação de empresas com objetivo de omitir e reduzir tributos. Empresas diferentes estabelecidas em um mesmo endereço e Entrega de 2 (duas) DIPJs para cada anocalendário A conservação de 2 (dois) estabelecimentos em um mesmo endereço permitiu ao grupo econômico desviar recursos, receitas e despesas de uma empresa para outra, para que a carga tributária fosse reduzida ao mesmo tempo em que o resultado positivo fosse destinado a seus administradores. A entrega de 2 (duas) DIPJs por ano já indicava algo suspeito no procedimento adotado pela recorrente, mesmo que se tivessem naturezas diferentes, pois não houve sequer a citada incorporação de empresas motivadora da entrega da DIPJ de incorporação. A empresa alega que teve dificuldades em efetuar as alterações societárias devidas em razão das aquisições feitas durante os períodos objeto de lançamento alterar seu Fl. 19148DF CARF MF 60 estatuto e documentos fiscais em tempo suficiente para comportar todas as aquisições feitas durante os períodos objeto de lançamento. Entretanto, não só este fato, mas principalmente a conduta de deslocar receitas e custos de uma empresa para outra não podem impedir a conclusão a que a fiscalização chegou. Empresas sujeitas a controle de uma holding, Contratos de Aluguel, CCI O controle efetuado por meio de uma holding é algo comum em grupos empresariais. Entretanto, quando se trata de entidades sem fins lucrativos, há de se investigar sobre tal propósito, pois não faz muito sentido possuir uma empresa com fins lucrativos dentro de um grupo econômico que é eminentemente formado por entidades sem fins lucrativos. Os contratos de aluguel em valores, no mínimo, suspeitos por representarem valores acima do mercado , indicam sistematicamente o intento do grupo em se locupletar. Como amplamente demonstrado no Termo de Verificação Fiscal, a holding do grupo mantinha a propriedade dos imóveis que eram alugados à recorrente. Assim, os alugueis eram estabelecidos pelos sócios do grupo econômico para que a holding ficasse com parte do resultado, uma vez que os valores estavam bem acima do mercado. A fiscalização apresentou a seguinte conclusão em relação aos contratos de aluguel (efl. 15.457): O segundo passo era a confecção de um contrato de locação entre a empresa “holding”, que adquiriu o imóvel, e a faculdade do mesmo grupo que em geral é uma entidade ISENTA ou FILANTRÓPICA. O contrato era em geral de 60 a 72 meses. O valor total das locações, no final do contrato, representava um valor próximo ao valor de mercado dos imóveis. Os aluguéis usualmente tinham um período de baixo valor (entre 12 ou 36 meses), em que o aluguel corresponde a cerca de 0,6% do valor do imóvel, para depois passar para valores que vão de 1% a 3,46% do valor do imóvel. Destacase que o mercado de aluguel comercial opera com um percentual de 0,8% a 1,1% do valor do imóvel, o que implica que os valores de aluguel praticados eram acima do mercado. Mas não é só isso! Não era só o aluguel, algumas vezes exorbitantes, que fez com que o grupo empresarial crescesse exponencialmente. Utilizouse de um instrumento de alavancagem para antecipação desses recebíveis decorrentes do contratos de aluguel, as denominadas CCIs (Cédulas de Crédito Imobiliário). A holding adquiria os imóveis onde estavam localizadas as entidades sem fins lucrativos no caso, a ora recorrente . Após firmar os contratos de aluguel em alguns casos, em valor acima do mercado , a holding lançava os CCIs que eram adquiridos por Fundos de Pensão, como Petros (Fundo de Pensão dos funcionários da Petrobrás) e Postalis (Fundo de Pensão dos funcionários dos Correios). Desta forma, o grupo empresarial recebia numerários expressivos decorrentes das antecipações e conseguia "fazer" caixa para adquirir mais e mais estabelecimentos de ensino. Fl. 19149DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.120 61 É de se concluir que o grupo econômico afastouse completamente de seu propósito de entidade sem fins lucrativos para se tornar um grupo empresarial com o claro objetivo de expansão, para cada vez mais ganhar o mercado e distribuir resultados aos principais interessados, os sócios de fato e de direito de todo o grupo empresarial. E essa expansão não pode ser invocada como se fosse permitido à recorrente, pela lei, ampliar sua atividade somente por destinar o resultado de seu negócio na sua atividade, pois causa concorrência desleal por se tratar de empresa em situação economicamente favorável entidade com ônus tributário reduzido . Mas não foi apenas isso que ocorreu! Como visto amplamente aqui neste voto, sabese que o resultado era encaminhado à holding do grupo e posteriormente às pessoas físicas beneficiadas. Distribuição disfarçada de lucros A distribuição do resultado positivo aos sóciosadministradores também foi comprovada pelo fisco: a empresa com fins lucrativos apurava resultado positivo, que era convertido para os sócios administradores do Grupo Uniesp em forma de dividendos. Por outro lado, na entidade sem fins lucrativos no caso, a recorrente mantinhase uma receita mínima para garantir o pagamento dos custos e despesas que eram ali alocados, principalmente para arcar com a folha de pagamento dos funcionários da entidade, cujo montante também era alcançada pela isenção das contribuições previdenciárias. Além disso, houve distribuição de lucros de empresas deficitárias. A DRJ citou exemplos em seu voto, os quais passo a reproduzir abaixo (efl. 18.589): Vejamos o que ocorre na prática. Analisando os recebimentos de lucros pelos sócios José Fernando e Cláudia aparecida, tomando por base o demonstrativo preparado pelo fisco, constante das fls. 13.395 a 13.396, que contém seus recebimentos, suas declarações de rendimentos e as DIPJ apresentadas. Para a análise, utilizaremos as três primeiras empresas citadas, ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ENSINO LTDA, ORGANIZAÇÃO SULSANCAETANENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA LTDA e CENTRO DE ENSINO E CULTURA DE AURIFLAMA LTDA. As três entidades, conforme o demonstrativo, foram adquiridas em 2012. Não obstante, ainda em 2012, distribuíram aos dois sócios, respectivamente os valores de R$ 13.511.325,60, R$ 8.337.108,12 e 7.266.923,06. A Associação Paulista de Ensino, CNPJ 06.277.088/000170, declara em sua DIPJ do exercício de 2013 (anocalendário de 2012), o rendimento bruto RB, de R$ 18.530.434,00 e um lucro líquido de R$ 16.496.748,00, uma lucratividade impressionante de 89,03%, para uma empresa deficitária e recém adquirida. O Centro de Ensino e Cultura de Auriflama Ltda, CNPJ 04.323.073/000175, apresenta DIPJ do exercício de 2013 com apuração zerada, não obstante as distribuições dos lucros. Já a Organização Sulcaeteanense, CNPJ 02.240.444/000120, apresentou DIPJ do exercício de 2013 originalmente zerada, retificando com informação de receita somente em 2016. Informa RB no montante de R$ 12.371.671,64 e distribui Fl. 19150DF CARF MF 62 R$ 7.266.923,06. O valor dessa distribuição chega à impressionante marca de 67,4% sobre o RB. As informação acima são no mínimo inusitadas. Empresas deficitárias, recém adquiridas, com distribuição de lucros exorbitantes, refletem tudo aquilo que o fisco demonstrou. Na DIRPF 2013, anocalendário 2012, os sócios José Fernando Pinto da Costa (anexo 17) e Cláudia Aparecida Pereira (anexo 18) declararam terem recebido cerca de R$ 61 milhões de reais a título de dividendos de várias pequenas faculdades recentemente adquiridas. A maioria dessas faculdades estava sem atividade, algumas eram deficitárias e, por isso, não teriam condições de apurar lucros exorbitantes se não fossem a ela desviados resultados que deveriam ser da própria recorrente, ainda mais considerando que no domicílio/endereço correspondente, funcionava no ano de 2012 um estabelecimento da IESP, conforme consta no anexo 28 (efls. 13.819 a 13.828). Desta forma, evidente está a distribuição de parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título, e a não aplicação integral dos recursos levantados na manutenção dos seus objetivos institucionais. A recorrente alega que não se pode atribuir o resultado de uma empresa com fins lucrativos à outra sem fins lucrativos no caso, a própria recorrente para fins de concluir que o resultado distribuído aos sócios, por meio das empresa com fins lucrativos, podem motivar a suspensão da imunidade e da isenção fiscal. Ora, é correto o procedimento da fiscalização em atribuir o resultado de uma empresa a outra. Quem criou a confusão patrimonial foi o próprio grupo econômico a que pertence a recorrente, ao alocar receitas, custos e despesas e folha de pagamento ao seu arbítrio e interesse. Querer deslocar a culpa para a fiscalização é alegar sua própria torpeza. Apesar de todo o exposto, entretanto, como se verá adiante, percebo que a fiscalização deveria adotar a confusão patrimonial como premissa também para efetuar a composição da base de cálculo do arbitramento do lucro ou seja, considerar o somatório de todas as receitas, custos e despesas , já que indica e comprova que as empresas pertenciam ao mesmo Grupo Uniesp e deslocavam receitas e despesas de acordo com sua conveniência. Débito com a seguridade social A recorrente também estava em débito com a seguridade social. A fiscalização alegou que a empresa não possuía Certidão Negativa de Débito para todo o período coberto pelo procedimento fiscal (efl. 15.473): O sujeito passivo não comprovou cumprir o requisito de possuir as Certidões elencadas neste inciso: CND Previdenciária – não constam para os períodos: 14/02/2011 a 11/05/2011; 16/11/2011 a 14/12/2011; 13/06/2012 a 19/06/2012; 18/12/2012 a 30/01/2013. CND Fazendária – não consta para o período de 02/11/2011 a 09/11/2011. CR FGTS – não constam para os períodos: 17/02/2011 a 15/03/2011; 15/04/2011 a 17/04/2011; 03/08/2011; 03/10/2011 a 05/10/2011; 22/02/2012; 21/07/2012 a 23/07/2012; 30/11/2012 a 02/12/2012. Fl. 19151DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.121 63 Contabilidade imprestável A contabilidade da recorrente tornouse insuficiente para a verificação fiel de suas operações: Reproduzo abaixo os principais motivos que me fizeram concordar com as afirmações da fiscalização sobre a imprestabilidade da escrita contábil da recorrente (efls. 15.448 a 15.451): Falta de individualização das operações Os livros contábeis apresentados (Diário e Razão) contêm lançamentos efetuados sem individualização, sem clareza e sem caracterização do documento respectivo. (...) Os valores elevados mostram que os lançamentos são feitos por totalização, englobando as mensalidades de vários alunos, porém como mencionado, não foi apresentado o respectivo Livro Diário Auxiliar, como exige a legislação, não permitindo assim, que fossem individualizadas as operações para verificação uma a uma. Falta de clareza na descrição das operações tomando a mesma conta 4101 – “mensalidades graduação” como exemplo, todos os lançamentos efetuados nesta conta apresentaram a mesma descrição: “mensalidades” ou “líquido cobrança”, o que não deixou claro quais as operações registradas. Esperase, como clareza, para este tipo de operação: a identificação do aluno, do curso e do estabelecimento, dentre outros fatores que determinaram o valor da mensalidade. Assim, não foi possível a verificação das operações, uma a uma. Falta de caracterização do documento respectivo tomando a mesma conta 4101 – “mensalidades graduação” como exemplo, não há nenhum tipo de caracterização dos documentos que respaldam os lançamentos. Esperase, como caracterização do documento respectivo, o número e o tipo de documento, como por exemplo, Nota Fiscal nº tal, data emissão tal. Mais um motivo que impediu a verificação das operações, uma a uma. Omissão de receitas – como descrito anteriormente, eram efetuadas duas contabilidades para cada estabelecimento do sujeito passivo, uma em seu nome e outra em nome de uma empresa com fins lucrativos. O sujeito passivo era efetivamente a pessoa jurídica que prestava os serviços de educação, pois somente ele possuía os recursos para tanto, em especial, somente o sujeito passivo tinha funcionários. Porém, as receitas eram divididas fraudulentamente, com a atribuição de uma segunda personalidade jurídica para cada estabelecimento de ensino, com uma contabilização paralela. A omissão de receita será detalhada em um capítulo próprio neste relatório. Falta de comprovação de despesas – através dos termos de intimação lavrados, foram solicitados documentos comprobatórios do primeiro e do último mês do período sob fiscalização, ou seja, janeiro de 2011 e dezembro de 2012, das seguintes contas de despesas: 3.1.3.01.001 Energia Elétrica; 3.1.3.01.002 Água e Esgoto; 3.1.3.01.003 Telefonia Fixa; 3.1.3.01.004 Telefonia Celular; 3.1.3.02.001 Serviços Tomados PJ; 3.1.3.02.002 Serviços Tomados PF; 3.1.3.02.006 Honorários Profissionais; 3.1.4.01.001 Imóveis; 3.1.4.01.002 Aluguel. Fl. 19152DF CARF MF 64 No total, foram solicitados comprovantes de 104 lançamentos de despesas do mês de janeiro de 2011 e 620 lançamentos do mês de dezembro de 2012, além de lançamentos a crédito nestas mesmas contas, cuja natureza até o momento é uma incógnita. Dos 104 lançamentos de janeiro de 2011, 33 não foram apresentados, e dos 620 lançamentos de dezembro de 2012, 482 não foram apresentados, fls. 12.435 a 12.993. Omissão de despesas – o sujeito passivo não contabilizou a totalidade de suas Folhas de Pagamentos mensais no ano de 2012, documento este que registra a remuneração mensal paga aos segurados que lhe prestaram serviços, de acordo com a legislação trabalhista e previdenciária. O total anual das Folhas é de R$ 88 milhões, enquanto foram contabilizados apenas R$ 53 milhões. Mesmo que extraídas várias condições não atendidas pela recorrente, o que é de maior relevo é a omissão contumaz de receitas, custos e despesas e da confusão existente entre as contabilidades das empresas do Grupo Uniesp, em razão do deslocamento das rubricas de uma empresa para outra e viceversa. Desta forma, foi comprovada a imprestabilidade da contabilidade da recorrente. Arbitramento do lucro e da receita e Base de cálculo de tributação A fiscalização efetuou o arbitramento do lucro com fundamento no art. 47, inciso II, alínea 'b', da Lei 8.981/1995 (base legal do art. 530, inciso II, alínea 'b', do RIR/99): Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: (...) b) determinar o lucro real. Isto porque entendeu a auditoria fiscal que a recorrente, por ter deslocado receitas, custos e despesas de uma empresa para outra, manteve sua escrituração irregular, a qual não correspondia à realidade fática, evidenciando indícios de fraude e contendo vícios, erros e deficiências que a tornasse imprestável. A recorrente, por sua vez, alega que a fiscalização se apegou a erros rasos para desconsiderar sua contabilidade. Também, afirma que a falta de apresentação dos livros comerciais auxiliares não poderia causar o arbitramento do lucro por escrituração imprestável. Pois bem. Tenho que concordar com a fiscalização. Como já dito, no período objeto dos fatos geradores apurados, a empresa cresceu demasiadamente em razão dos financiamentos obtidos junto ao Governo Federal; assim, para alcançar seu objetivo, contra legem, de adquirir o maior número de instituições de ensino que lhe permitissem alavancar consideravelmente suas atividades, tudo isso com o propósito de beneficiar seus associados e administradores do grupo Uniesp, relegou a um segundo plano a transcrição fiel dos fatos jurídicos nos seus registros contábeis e fiscais, que Fl. 19153DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.122 65 lhe permitiam se manter no regime de benefício fiscal dos impostos e contribuições. É de se perceber que a voracidade da recorrente era tamanha que nada obstava seu interesse meramente econômico. E foi aí que pecou a recorrente. A fiscalização demonstrou que este compartilhamento de resultados entre empresas situadas em um mesmo endereço, mas que tinham naturezas completamente distintas uma sem fins lucrativos e outra com fins lucrativos é que tornou prova cabal da incongruência dos lançamentos contábeis existentes nos livros comerciais da recorrente. E não se trata de um mero argumento frouxo da fiscalização. Tratase de premissa essencial para a manutenção da recorrente no benefício da imunidade tributária e da isenção fiscal, o que foi esquecido pela recorrente, talvez por entender que nada a impedia de crescer exponencialmente, já que estava sob a máscara da entidade que presta bons serviços à sociedade. Até aqui, pareceme correto o lançamento fiscal. Entretanto, o critério estabelecido pelo fisco para aferir a base de cálculo a partir da massa salarial da recorrente, por se tratar de empresa prestadora de serviços, é incongruente com a premissa adotada pela própria autoridade fiscal, de que a confusão patrimonial é fato relevante para considerar todas as empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico. Veja a redação do art. 336 da IN RFB 971/2009, que foi utilizada pelo fisco para efetuar o cálculo das receitas omitidas para fins de Pis e Cofins: IN RFB 971/2009 Art. 336 O valor da remuneração da mãodeobra utilizada na execução dos serviços contratados, aferido indiretamente, corresponde no mínimo a 40% (quarenta por cento) do valor dos serviços contidos na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços. Primeiramente, a incoerência da aferição da base de cálculo se deve ao fato do fisco se utilizar de legislação complementar previdenciária, o que já enfraquece o lançamento fiscal. Em segundo lugar, se a fiscalização acusa e a meu ver, comprova que a caracterização do grupo econômico se deveu em razão da confusão patrimonial existente, deveria o fisco utilizar de todas as receitas, custos e despesas para aferir a base de cálculo da tributação, em obediência ao caput do art. 51 da Lei nº Lei 8.981/1995, que se trata de Lei específica do IRPJ, que transcrevo abaixo: Art. 51. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, quando não conhecida a receita bruta, será determinado através de procedimento de ofício, mediante a utilização de uma das seguintes alternativas de cálculo: De acordo com o ilustre professor Paulo de Barros Carvalho, a regramatriz de incidência tributária comporta duas proposições: o antecedente e o consequente. Desta forma, para que tal regra esteja perfeita e acabada, o ato jurídico do lançamento tributário Fl. 19154DF CARF MF 66 deverá comportar todas representações/critérios decorrentes da hipótese de incidência tributária. Quanto ao consequente tributário, assim afirma o renomado jurista: Nada mais é necessário para que possamos identificar uma obrigação tributária, espécie do gênero relação jurídica. Sua representação lógica poderia ser expressa com a seguinte notação simbólica: Cst≡Cp(sa.sp).Cq(bc.al). Em que “Cst” é o consequente tributário; “Cp” é o critério pessoal; “sa” o sujeito ativo; “sp” o sujeito passivo; “Cq” o critério quantitativo; “bc” a base de cálculo; “al” a alíquota; e “.” novamente o conjuntor ou multiplicador lógico. 1 No caso concreto, a fiscalização estabeleceu corretamente os critérios material, temporal e espacial, que tratam da proposição antecedente na regramatriz de incidência; outrossim, definiu corretamente o critério pessoal e, parcialmente, o critério quantitativo este em relação à alíquota; entretanto, o critério quantitativo referente à base de cálculo foi equivocadamente distorcido, quando o fisco deixou de aferir a base de cálculo com base no somatório da receita bruta de todas as empresas operacionais do Grupo Uniesp para lançar mão do arbitramento do lucro com base na folha da pagamento somente da IESP, deixando de utilizar o faturamento das empresas operacionais com e sem fins lucrativos . Desta forma, entendo que incorreu o fisco em erro de fundamentação legal, pelo que proponho exonerar o lançamento tributário. Todavia, este é apenas um fundamento obiter dictum para excluir o lançamento fiscal, eis que o erro material de efetuar o lançamento sem o correspondente ato emitido pelo MEC, em relação ao Prouni, é a ratio decidendi para dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte, que será doravante destacado. Suspensão da isenção do Prouni Se a recorrente tão somente estivesse abarcada pela imunidade tributária e pela isenção fiscal de entidade sem fins lucrativos, nos termos do art. 15 da Lei nº 9.532/1997, entendo que os Atos Declaratórios de Exclusão poderiam amparar o lançamento fiscal aqui discutido. Ocorre que a recorrente também aderiu o Programa Universidade para Todos (PROUNI), o qual possui regras próprias. Quanto à suspensão da isenção pelo Prouni, a fiscalização constatou que a empresa estava em débito com a seguridade social, conforme já demonstrado neste voto, pela falta de CND para alguns períodos alcançados por esta fiscalização. Outra questão é que, segundo o fisco, foi demonstrado crime contra a ordem tributária decorrente da prática contumaz de omissão de fato gerador dos tributos aqui lançados, e também pelo fato da empresa ter deslocado faturamento, custos, despesas e folhas de pagamento de uma empresa para outra. 1 extraído em 22/07/2018 do endereço eletrônico: https://www.ibet.com.br/paraumateoriadanormajuridicada teoriadanormaaregramatrizdeincidenciatributariaporpaulodebarroscarvalho/ Fl. 19155DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.123 67 Independentemente de violação das regras estabelecidas pela Instrução Normativa que regulou o Programa Universidade para Todos (PROUNI) IN SRF nº 456/2004 , mormente em seu artigo 5º, entendo que há um vício que inquina o lançamento tributário. É que o Prouni é um programa totalmente administrado pelo MEC, e que corresponde a uma isenção onerosa por prazo determinado. E que, para o ingresso e manutenção de uma entidade no Programa Univerisdade para Todos (PROUNI), há que seguirem regras estabelecidas pela Lei nº 11.096/2005, dentre as quais aquelas destacadas em seu art. 1º: Art. 1º Fica instituído, sob a gestão do Ministério da Educação, o Programa Universidade para Todos PROUNI, destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) para estudantes de cursos de graduação e seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos. Nos artigos 5º a 7º, o legislador elencou outras condições para o ingresso e manutenção da entidade de ensino superior no PROUNI, atribuindo ao Ministério da Educação o dever de regulamentação (destaquei): Art. 5º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindo lhe oferecer, no mínimo, 1 (uma) bolsa integral para o equivalente a 10,7 (dez inteiros e sete décimos) estudantes regularmente pagantes e devidamente matriculados ao final do correspondente período letivo anterior, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Ministério da Educação, excluído o número correspondente a bolsas integrais concedidas pelo Prouni ou pela própria instituição, em cursos efetivamente nela instalados. § 1º O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. § 2º O termo de adesão poderá prever a permuta de bolsas entre cursos e turnos, restrita a 1/5 (um quinto) das bolsas oferecidas para cada curso e cada turno. § 3º A denúncia do termo de adesão, por iniciativa da instituição privada, não implicará ônus para o Poder Público nem prejuízo para o estudante beneficiado pelo Prouni, que gozará do benefício concedido até a conclusão do curso, respeitadas as normas internas da instituição, inclusive disciplinares, e observado o disposto no art. 4o desta Lei. § 4º A instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente poderá, alternativamente, em substituição ao requisito previsto no caput deste artigo, oferecer 1 (uma) bolsa integral para cada 22 (vinte e dois) estudantes regularmente pagantes e devidamente matriculados Fl. 19156DF CARF MF 68 em cursos efetivamente nela instalados, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Ministério da Educação, desde que ofereça, adicionalmente, quantidade de bolsas parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) na proporção necessária para que a soma dos benefícios concedidos na forma desta Lei atinja o equivalente a 8,5% (oito inteiros e cinco décimos por cento) da receita anual dos períodos letivos que já têm bolsistas do Prouni, efetivamente recebida nos termos da Lei no 9.870, de 23 de novembro de 1999, em cursos de graduação ou seqüencial de formação específica. § 5º Para o ano de 2005, a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá: I aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe oferecer, no mínimo, 1 (uma) bolsa integral para cada 9 (nove) estudantes regularmente pagantes e devidamente matriculados ao final do correspondente período letivo anterior, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Ministério da Educação, excluído o número correspondente a bolsas integrais concedidas pelo Prouni ou pela própria instituição, em cursos efetivamente nela instalados; II alternativamente, em substituição ao requisito previsto no inciso I deste parágrafo, oferecer 1 (uma) bolsa integral para cada 19 (dezenove) estudantes regularmente pagantes e devidamente matriculados em cursos efetivamente nela instalados, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Ministério da Educação, desde que ofereça, adicionalmente, quantidade de bolsas parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) na proporção necessária para que a soma dos benefícios concedidos na forma desta Lei atinja o equivalente a 10% (dez por cento) da receita anual dos períodos letivos que já têm bolsistas do Prouni, efetivamente recebida nos termos da Lei no 9.870, de 23 de novembro de 1999, em cursos de graduação ou seqüencial de formação específica. § 6º Aplicase o disposto no § 5º deste artigo às turmas iniciais de cada curso e turno efetivamente instaladas a partir do 1o (primeiro) processo seletivo posterior à publicação desta Lei, até atingir as proporções estabelecidas para o conjunto dos estudantes de cursos de graduação e seqüencial de formação específica da instituição, e o disposto no caput e no § 4o deste artigo às turmas iniciais de cada curso e turno efetivamente instaladas a partir do exercício de 2006, até atingir as proporções estabelecidas para o conjunto dos estudantes de cursos de graduação e seqüencial de formação específica da instituição. Art. 6º Assim que atingida a proporção estabelecida no § 6º do art. 5º desta Lei, para o conjunto dos estudantes de cursos de graduação e seqüencial de formação específica da instituição, sempre que a evasão dos estudantes beneficiados apresentar discrepância em relação à evasão dos demais estudantes matriculados, a instituição, a cada processo seletivo, oferecerá Fl. 19157DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.124 69 bolsas de estudo na proporção necessária para estabelecer aquela proporção. Art. 7º As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: I proporção de bolsas de estudo oferecidas por curso, turno e unidade, respeitados os parâmetros estabelecidos no art. 5o desta Lei; II percentual de bolsas de estudo destinado à implementação de políticas afirmativas de acesso ao ensino superior de portadores de deficiência ou de autodeclarados indígenas e negros. § 1º O percentual de que trata o inciso II do caput deste artigo deverá ser, no mínimo, igual ao percentual de cidadãos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos, na respectiva unidade da Federação, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. § 2ª No caso de nãopreenchimento das vagas segundo os critérios do § 1o deste artigo, as vagas remanescentes deverão ser preenchidas por estudantes que se enquadrem em um dos critérios dos arts. 1o e 2o desta Lei. § 3º As instituições de ensino superior que não gozam de autonomia ficam autorizadas a ampliar, a partir da assinatura do termo de adesão, o número de vagas em seus cursos, no limite da proporção de bolsas integrais oferecidas por curso e turno, na forma do regulamento. § 4º O Ministério da Educação desvinculará do Prouni o curso considerado insuficiente, sem prejuízo do estudante já matriculado, segundo critérios de desempenho do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior SINAES, por duas avaliações consecutivas, situação em que as bolsas de estudo do curso desvinculado, nos processos seletivos seguintes, deverão ser redistribuídas proporcionalmente pelos demais cursos da instituição, respeitado o disposto no art. 5º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.509, de 2007) § 5º Será facultada, tendo prioridade os bolsistas do Prouni, a estudantes dos cursos referidos no § 4o deste artigo a transferência para curso idêntico ou equivalente, oferecido por outra instituição participante do Programa. No art. 9º, por sua vez, estabeleceu expressamente como seria a fiscalização e exclusão do regime, destacando que o MEC deveria aplicar as penas para as entidades que descumprissem as regras estabelecidas na isenção (destaques meus): Art. 9º O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: Fl. 19158DF CARF MF 70 I restabelecimento do número de bolsas a serem oferecidas gratuitamente, que será determinado, a cada processo seletivo, sempre que a instituição descumprir o percentual estabelecido no art. 5o desta Lei e que deverá ser suficiente para manter o percentual nele estabelecido, com acréscimo de 1/5 (um quinto); II desvinculação do Prouni, determinada em caso de reincidência, na hipótese de falta grave, conforme dispuser o regulamento, sem prejuízo para os estudantes beneficiados e sem ônus para o Poder Público. § 1º As penas previstas no caput deste artigo serão aplicadas pelo Ministério da Educação, nos termos do disposto em regulamento, após a instauração de procedimento administrativo, assegurado o contraditório e direito de defesa. § 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, a suspensão da isenção dos impostos e contribuições de que trata o art. 8o desta Lei terá como termo inicial a data de ocorrência da falta que deu causa à desvinculação do Prouni, aplicandose o disposto nos arts. 32 e 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no que couber. § 3º As penas previstas no caput deste artigo não poderão ser aplicadas quando o descumprimento das obrigações assumidas se der em face de razões a que a instituição não deu causa. Assim, se atendidas todas as condições acima citadas, a entidade de ensino superior estaria apta a ser incluída e mantida no PROUNI e a usufruir da isenção de impostos e contribuições nos termos do artigo 8º, do mesmo diploma legal (destaquei): Art. 8º A instituição que aderir ao Prouni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) I Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas; II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, instituída pela Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988; III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar no 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar no 7, de 7 de setembro de 1970. § 1º A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. Fl. 19159DF CARF MF Processo nº 19515.720619/201638 Acórdão n.º 1401002.723 S1C4T1 Fl. 19.125 71 § 3º A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Pois bem. Por se tratar de isenção onerosa e por prazo determinado, o Prouni permite à instituição de ensino gozar do benefício fiscal como se tivesse um direito adquirido para tanto, não podendo ser revogada a qualquer tempo por norma legal posterior, conforme consignado no art. 178 do CTN: Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Assim, para que a entidade tivesse sua suspensão decretada, por meio de Ato Declaratório de Exclusão por parte da RFB, deverseia preceder à sua desvinculação do PROUNI um ato expedido pelo Ministério da Educação (MEC). E não foi isto que ocorreu! A empresa aderiu ao Prouni desde o seu nascedouro (no ano de 2005), conforme doc. 06 do Recurso Voluntário, e estava amparada pelo benefício, ao menos, pelo prazo de 10 (dez) anos subsequentes à assinatura do termo de adesão ao programa. Outrossim, vêse que a recorrente estava mantida no programa no período objeto do lançamento fiscal que aqui se discute, fato este reconhecido pelo fisco em seu Termo de Verificação Fiscal e afirmado pela recorrente em suas peças processuais. O próprio MEC, mesmo que indiretamente, afirma que a empresa estava incluída no Prouni quando impõe ao Grupo Uniesp uma série de restrições para concessão do Prouni e do FIES, no ano de 2013 ou seja, posterior ao período objeto de lançamento , e, além disso, não cita que a empresa estaria excluída do referido programa. Desta feita, é de reconhecer que a fiscalização somente poderia efetuar o lançamento fiscal se a recorrente estivesse desvinculada do Prouni, por ato expedido pelo MEC, para, posteriormente, solicitar emissão de Ato Declaratório de Exclusão da Receita Federal, para, enfim, efetuar o lançamento fiscal. Este também é o entendimento emanado no julgamento do processo nº 15983.000362/201031, que gerou o acórdão nº 1302001.773, da 2ª Turma / 3ª Câmara, da sessão de 02 de fevereiro de 2016, de relatoria do Conselheiro Alberto Pinto S. Jr.: Assunto: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 ISENÇÃO. PROUNI. São irrefutáveis os fundamentos da decisão recorrida, a qual cancelou os lançamentos em tela, por não ter a Autoridade lançadora observado os procedimentos estabelecidos no art. 5º da IN/SRF nº 456/2004, para suspensão da isenção tributária de entidades que aderiram ao PROUNI. Fl. 19160DF CARF MF 72 Enquanto não houver o ato do Ministério da Educação, desvinculando a instituição do PROUNI, sequer pode ser suspensa a isenção tributária de instituição participante desse Programa, por descumprimento das condições estabelecidas na Lei 11.096/05. Por fim, cabe trazer à lume que a DRJ inaugura uma interpretação, quando afirma que o Prouni não se aplica a entidades sem fins lucrativos. A lei que rege o Prouni em momento algum apresenta tal discrepância de tratamentos. Até é curioso entender que entidades sem fins lucrativos teriam menos acesso a benefícios fiscais do que entidades com fins lucrativos. A meu ver, tal premissa é totalmente incoerente, pelo que afasto o fundamento adicional da DRJ. Diante de tudo que nos autos consta e do que foi exposto, os lançamentos aqui apreciados, quer sob qualquer ângulo que se aviste, não podem ser mantidos, pelo que proponho dar provimento ao recurso voluntário. Demais argumentos Em razão do afastamento do lançamento fiscal, tornamse prejudicados os questionamentos quanto à aplicação da multa qualificada, dos juros sobre a multa de ofício e da atribuição da responsabilidade solidária. Conclusão Diante do exposto, voto por SUPERAR as arguições de nulidade para, no mérito, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 19161DF CARF MF
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Numero do processo: 13839.912041/2011-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.778
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13839.912032/2011-18, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13839.912032/201118, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior RELATÓRIO Trata o presente processo administrativo de pedido de restituição realizado através de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. A unidade de origem proferiu despacho decisório indeferindo o crédito pleiteado, sob o fundamento de que o pagamento da guia DARF do período foi identificado, no entanto, integralmente utilizado para quitação dos débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 39 .9 12 04 1/ 20 11 -0 9 Fl. 322DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 3 2 Intimada da decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade para instaurar o contencioso administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/1972, juntando documentos para subsidiar a existência de seu crédito. Em síntese, a contribuinte afirmou: O recolhimento a maior no período de apuração decorre de uma revisão de seus lançamentos, onde identificou um crédito de tributo em virtude da inclusão de receitas financeiras na base de cálculo das contribuições PIS/COFINS, nos termos do art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998, antes da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF. Em razão da consolidação do entendimento do STF pela inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo, afirma que a Administração Pública tem o dever de devolver o que restou recolhido indevidamente, em obediência aos princípios garantidos na Constituição Federal (art. 37). Transcreveu o art. 1º do Decreto nº 2346/1997, e sustentou que cabe aos órgãos administrativos aplicar o entendimento firmado pelo STF, no exercício de sua competência de apreciar a constitucionalidade das leis. Requer a aplicação do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o qual dispõe expressamente sobre a obrigação de seus julgadores afastarem a aplicação de lei julgada inconstitucional em decisão definitiva proferida pelo Plenário do STF. Quanto ao crédito, argumentou que no mês de apuração em foco, considerando a original vigência da Lei nº 9.718, de 1998, apurou a contribuição com a inclusão de receitas financeiras à base de cálculo, conforme comprova a sua DIPJ do período, anexada aos autos. Apresenta relatórios contábeis detalhando o crédito pleiteado, afirmando que decorre exclusivamente das receitas financeiras. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório, julgando improcedente a manifestação de inconformidade. Em suas razões de voto, a DRJ trouxe os seguintes argumentos: A declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no controle difuso somente obriga a Administração Tributária em relação aos autores das ações em que foram prolatadas e não em relação aos demais contribuintes, mesmo nos casos, como o do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, em que a inconstitucionalidade foi reconhecida pela Suprema Corte inclusive sob o rito do art. 543B, do CPC (RE nº 585.235), que trata da repercussão geral de recursos com fundamento em idêntica controvérsia. Não foi expedido o ato da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional acerca da inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98, e, além disto, as decisões proferidas pelo STF sobre a questão não têm efeitos erga omnes. O Despacho Decisório em exame não homologou a compensação pretendida, mediante a justificativa de inexistência de saldo disponível em favor do contribuinte, uma vez Fl. 323DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 4 3 que o recolhimento da contribuição, ora examinado, está integralmente vinculado a débitos do contribuinte. Quando da interposição da manifestação de inconformidade, o contribuinte tem o dever de apresentar as provas em torno da pertinência da restituição, total ou parcial, do pagamento espontaneamente efetuado. A DIPJ e o demonstrativo de cálculo da composição da referida receita, denominado "Referência Contábil", elaborado pelo próprio contribuinte, não é meio legítimo, por si só e independentemente dos necessários elementos comprobatórios, para justificar o direito à restituição. Inconformada da r. decisão, a contribuinte apresentou, no prazo, seu Recurso Voluntário que ora se analisa, repisando os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade, acrescentando: A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional publicou em março de 2010 a Portaria nº 294/2010, autorizando os Procuradores da Fazenda Nacional a não apresentar contestação e não interpor recursos, bem como desistir dos já interpostos, para os casos em que se discute o alargamento da base de cálculo perpretada pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/1998, tendo em vista a decisão do Plenário do STF, no julgamento do RE nº 585.235, julgado sob o rito da repercussão geral prevista no art. 543B do CPC, que reconheceu a inconstitucionalidade do dispositivo. Ainda, para demonstrar a liquidez do crédito, junta aos autos balancetes contábeis para complementar os demonstrativos contábeis (memória de cálculo) e a DIPJ trazidos com a manifestação de inconformidade. Invocando a verdade material, requer a realização de diligência para verificação das receitas financeiras auferidas no período de apuração em referência para fins de constatar o crédito pleiteado pela Recorrente. É a síntese do necessário VOTO Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.768, de 26 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.912032/201118, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.768): "O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição. Realizada a suma adrede, passase a analisar as questões levantadas, especialmente sobre i) a decisão de indeferimento fundamentada no valor Fl. 324DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 5 4 informado em DCTF com a correspondente quitação do montante declarado, não havendo crédito a compensar; ii) a análise do crédito decorrente de receitas financeiras a partir das provas juntadas aos autos; iii) a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF; I) Do indeferimento do pedido de restituição diante da inexistência de retificação da DCTF Neste ponto, é relevante a análise da decisão que indeferiu o pedido de restituição, sob a fundamentação de que foi efetuada uma declaração por DCTF e a DARF discriminada no PER/DCOMP foi inteiramente utilizada para quitar o débito do contribuinte, não restando crédito para a restituição, verbis: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. O significado que se extrai deste despacho decisório é que a Recorrente apresentou o PER/DCOMP, mas não realizou a retificação da DCTF do período correspondente, qual seja, 12/2000. Desta feita, o montante pago foi utilizado para cobrir integralmente um débito declarado, não havendo excesso resultante do pagamento indevido. Ressaltese, no entanto, que a retificação da DCTF, por si só, não se presta para solidificar a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte, sendo indispensável a apresentação de prova, tais como demonstrativos contábeis, para aferição do crédito. Neste sentido, já se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. CARF, no julgamento do processo 10909.900175/200812, manifestando o entendimento no acórdão nº 9303005.520 (sessão de 15/08/2017), no sentido de que, mesmo no caso de uma a retificação posterior ao Despacho Decisório, não há impedimento para o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, comparecendo nos autos com qualquer prova documental hábil a demonstrar o erro que cometera no preenchimento da DCTF (escrita contábil e fiscal): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2004 a 29/02/2004 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado. Este entendimento vem sendo adotado em sede de Recurso Voluntário pelo E. CARF, conforme se destaca das ementas abaixo: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 14/11/2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. Fl. 325DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 6 5 O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. (Número do Processo 10283.902681/200913. Relator WALBER JOSE DA SILVA. Data da Sessão 21/05/2013. Nº Acórdão 3302002.104) Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2001 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente, diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2011 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235 QORG. (Número do Processo 10280.905792/201126. Relatora SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA. Data da Sessão 27/07/2017. Nº Acórdão 3302004.623) (grifo não consta do original) Esta colenda 1ª TO da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF tem manifestado entendimento no mesmo sentido, segundo a qual, em razão da verdade material, a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte pode ser demonstrada por outros elementos de prova, independentemente da retificação da DCTF, conforme é possível constatar pelo recente acórdão relatado pela ilustre conselheira Semíramis de Oliveira Duro: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2012 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. (...) Recurso Voluntário provido. Fl. 326DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 7 6 (Número do Processo 11060.900738/201311. Relatora SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO.Data da Sessão 17/04/2018. Nº Acórdão 3301 004.545) Desta feita, o que é necessário verificar é a existência de comprovação pela Recorrente, nos autos, trazendo elementos de prova capaz de trazer liquidez e certeza de seu crédito. Análise a ser realizada a seguir. II) Da liquidez e certeza do crédito Neste ponto, a Recorrente argumentou que no mês de apuração em foco (12/2000), considerando a original vigência da Lei nº 9.718/1998, apurou a contribuição com a inclusão de receitas financeiras à base de cálculo. Para demonstrar o montante de crédito a que tem direito, juntou aos autos a sua DIPJ do exercício 2001 (fls. 68201), onde se constata em fls. 90, na ficha 19A, correspondente ao cálculo da contribuição ao PIS, a informação presente no tem 02 o montante de R$ 1.665.065,93 a título de receitas de variações cambiais, que corresponde exatamente ao montante de R$ 10.822,93 se aplicada a alíquota de 0,65% sobre esta base de cálculo. Também juntou em fls. 67 um demonstrativo contábil referente ao mês de dezembro/2000, onde consta este mesmo montante discriminado como "receitas financeiras líquidas". A r. decisão proferida pela d. DRJ afirmou que tais documentos são meramente informativos, não sendo capazes de informar a origem e veracidade do crédito. No entanto, a DIPJ, por ser uma obrigação acessória exigida pela legislação, constitui sim importante elemento de prova, com forte indício de veracidade das informações ali constantes. Em que pese a d. DRJ não ter aceitado a DIPJ como prova suficiente para dar liquidez e certeza ao crédito pleiteado pela Recorrente, é de se observar que as informações constantes nesta mesma DIPJ foram, na época, utilizadas para formar a base de cálculo da contribuição ao PIS e calcular o montante de imposto devido para ser informado na DCTF. Depreendese de fls. 90 (DIPJ) a informação contida no item 15, informandose o montante total das receitas auferidas no período, somandose o faturamento com as receitas financeiras, correspondendo à base de cálculo da contribuição. Sobre este montante total de R$ 83.720,52, incluindose as receitas financiras, foi declarado em DCTF e pago o montante de PIS respectivo via guia DARF (fls. 56). Assim, estas informações prestaram para subsidiar a declaração acerca do montante de tributo devido, mas, segundo a DRF, não se prestam a informar o montante de tributo recolhido a maior. Não faz sentido. As informações presentes na DIPJ, é verdade, possui caráter meramente informativo, assim como qualquer outra prova. A declaração prestada neste documento revela uma presunção de que os valores nela prestados corresponderiam ao fato gerador materializado. A Recorrente apresentou, com seu Recurso Ordinário, balancetes do exercício do ano 2000 para trazer mais elementos de prova a fim de subsidiar a liquidez e certeza do crédito pleiteado (fls. 265277). No entanto, o valor informado a título de receitas financeiras na DIPJ (fls. 90) é maior do que o valor informado no balancete de dezembro/2000 (fls. 274). Fl. 327DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 8 7 Na DIPJ resta informado um total de R$ 1.665.065,93 a título de receita financeira, o que representa o valor de R$ 10.822,93 de PIS, valor este pleiteado no PER/DCOMP. Por sua vez, tanto no demonstrativo de cálculo apresentado nas razões do Recurso Voluntário (fls. 218219), quanto nos balancetes referidos, a Recorrente afirma que o valor das receitas financeiras auferidas é de R$ 1.572.443,97, cujo montante de contribuição ao PIS representa R$ 10.220,89. Em outros termos, o montante de crédito decorrente do pagamento de PIS a maior sobre suas receitas financeiras demonstrado no recurso voluntário é um pouco inferior ao crédito pleiteado no PER/DCOMP. Não restam dúvidas, portanto, da existência de recolhimento de PIS sobre receitas financeiras no período em análise. Entretanto, apesar de não ter ocorrido a retificação da DCTF e em virtude do princípio da verdade material, acolho os balancetes juntados com o Recurso Voluntário para fins de complementação do acervo probatório. III) Da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF Quanto ao ponto sobre a incidência da contribuição ao PIS sobre receitas financeiras, auferidas por entidade que não desenvolva atividade financeira. Sobre este assunto, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou, inclusive em sede de repercussão geral, acerca da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998, por pretender alargar o conceito de faturamento, estabelecendo as receitas totais da pessoa jurídica como base de cálculo das contribuição para o PIS e COFINS. Tratase do RE nº 585.235 e desde 2010 a PGFN já se manisfestou formalmente, por meio da Portaria PGFN 294/2010, no sentido de dispensar os procuradores da fazenda nacional a contestar ou recorrer nesta matéria. E esta conduta já é adotada mesmo antes da decisão da d. DRJ proferida nestes autos, inobstante a afirmação lá contida no sentido de que não existia ato oficial da PGFN. Item 1, Anexo I, Portaria PGFN nª 294/2010 Resumo: É inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, promovido pelo art. 3º, §1º da Lei n. 9.718/98, eis que tais exações devem incidir, apenas, sobre as receitas decorrentes da venda de mercadorias e da prestação de serviços (conceito restritivo de receita bruta), e não sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica (conceito ampliativo de receita bruta). (...) DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: o PIS/COFINS deve incidir somente sobre as receitas operacionais das empresas, escapando da incidencia do PIS/COFINS as receitas não operacionais. Consideramse receitas operacionais as oriundas dos serviços financeiros prestados pelas instituições financeiras (serviços remunerados por tarifas e atividades de intermediação financeira). Nestes termos, é de rigor a aplicação do art. 62, § 1º, I e II, "b" e "c" do anexo II do RICARF, no sentido de que os membros das turmas de julgamento do CARF estão autorizados afastar a aplicação lei sob fundamento de inconstitucionalidade nos casos em que este entendimento já foi manifestado por decisão definitiva em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal ou decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento realizado em Fl. 328DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 9 8 repercussão geral nos termos dos arts. 543B do CPC/193, ou mesmo no caso de existência de Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. Preenchese as três hipóteses do Regimento Interno do CARF (RICARF) este caso de alargamento da base cálculo das contribuições PIS/COFINS intentada pelo disposto no art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998. Neste sentido: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2000 a 30/11/2002, 01/07/2003 a 31/07/2004, 01/09/2004 a 30/09/2004 Ementa: NÃO INCIDÊNCIA DO PIS SOBRE RECEITAS NÃO OPERACIONAIS E VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA. REGIME CUMULATIVO DO PIS. CONCEITO DE FATURAMENTO PARA INCIDÊNCIA NA BASE DE CÁLCULO. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Por força do Art. 62A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento ("faturamento corresponde à receita das vendas de mercadorias, de serviços ou de mercadoria e serviços" vejam julgamentos dos Recursos Extraordinários 346.084, DJ 01/09/2006 Rel p/ acórdão Min. Marco Aurélio, 357.950, 358.273 e 390.840 todos DJ 15.08.06 Rel. Min. Marco Aurélio). Sendo "receitas" não operacionais e variações cambiais ativas, e, portanto, não se tratando de "faturamento" vinculado às receitas oriundas das prestações de bens e serviços, não há como incidir o PIS. (Número do Processo 13502.000463/200585. Nº Acórdão 3201 003.681. Data da Sessão 22/05/2018) Resta, portanto, consolidado o entendimento acerca da não incidência de PIS sobre receitas financeiras, quando não constituírem receita operacional da empresa, no contexto da aplicação da Lei 9.718/1998. Como o período de apuração em que se discute o pagamento indevido é 12/2000, em tal momento aplicavase para a Recorrente o regime de tributação previsto na Lei 9.718/1998. Entretanto, apesar de não ter ocorrido a retificação da DCTF e em virtude do princípio da verdade material, como os balancetes foram juntados com o recurso voluntário e, ainda, os valores demonstrados nestas provas são inferiores aos valores pleiteados no PER/DCOMP e informados na DIPJ, tendo em vista, ainda, sua possibilidade de influência no julgamento da causa, submeto estes documentos para apreciação da Recorrida, em diligência para confirmação dos créditos, para posterior retorno para julgamento. Isto posto, uma vez comprovada a inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição ao PIS no período em referência, e uma vez comprovada a liquidez e certeza do crédito a restituir declarado pelo contribuinte, será de rigor reconhecer o direito à restituição pleiteado pelo contribuinte. No entanto, a liquidez e certeza do crédito ainda não está clara, diante da divergência entre os valores informados no PER/DCOMP e DIPJ e os valores Fl. 329DF CARF MF Processo nº 13839.912041/201109 Resolução nº 3301000.778 S3C3T1 Fl. 10 9 informados nos balancetes a título de receitas financeiras auferiras. Por isso, é necessária a conversão do feito em diligência pra fins de: 1. verificação dos balancetes juntados com o recurso voluntário, confrontandoos com os valores demonstrados e pleiteados no PER/DCOMP e DIPJ; 2. elaboração de relatório discriminando as receitas financeiras do período; 3. a identificação do montante de PIS indevidamente recolhido, se houver receitas financeiras no período; 4. Em seguida, dêse vista ao contribuinte, para manifestação sobre o resultado da diligência em 30 dias. 5. posterior retorno para julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para fins de: 1. verificação dos balancetes juntados com o recurso voluntário, confrontando os com os valores demonstrados e pleiteados no PER/DCOMP e DIPJ; 2. elaboração de relatório discriminando as receitas financeiras do período; 3. a identificação do montante de PIS/COFINS indevidamente recolhido, se houver receitas financeiras no período; 4. Em seguida, dêse vista ao contribuinte, para manifestação sobre o resultado da diligência em 30 dias. 5. posterior retorno para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 330DF CARF MF
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