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Numero do processo: 10980.008675/2008-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004, 2005
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ADA. LAUDO TÉCNICO. OBRIGATORIEDADE.
A partir do exercício 2001, faz-se obrigatória, para valer-se da isenção das áreas elencadas nas alíneas "a" a "f" do inciso II do artigo 10 da Lei 9.393/96, a apresentação - tempestiva - do ADA ao IBAMA, com referidas informações, bem como, quando intimado, de laudo técnico elaborado por profissional habilitado, acompanhado de ART registrada no Crea, identificando, detalhada e especificamente, eventuais APP, não sobrepostas às ARL porventura existentes, elencadas nas alíneas "a" a "h" do artigo 2º da Lei 4.771/65.
ITR. RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
A ARL deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após aprovada sua localização pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, consoante estabelecem os §§ 4º e 8º do artigo 16 da Lei 4.771/65.
ITR. VTN. NÃO COMPROVAÇÃO.
Constatada - pelo Fisco - a flagrante subavaliação do VTN utilizado pelo contribuinte, a este cabe a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica - ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados, com vistas a contrapor o valor obtido no SIPT.
Numero da decisão: 2402-006.233
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ADA. LAUDO TÉCNICO. OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício 2001, fazse obrigatória, para valerse da isenção das áreas elencadas nas alíneas "a" a "f" do inciso II do artigo 10 da Lei 9.393/96, a apresentação tempestiva do ADA ao IBAMA, com referidas informações, bem como, quando intimado, de laudo técnico elaborado por profissional habilitado, acompanhado de ART registrada no Crea, identificando, detalhada e especificamente, eventuais APP, não sobrepostas às ARL porventura existentes, elencadas nas alíneas "a" a "h" do artigo 2º da Lei 4.771/65. ITR. RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. A ARL deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após aprovada sua localização pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, consoante estabelecem os §§ 4º e 8º do artigo 16 da Lei 4.771/65. ITR. VTN. NÃO COMPROVAÇÃO. Constatada pelo Fisco a flagrante subavaliação do VTN utilizado pelo contribuinte, a este cabe a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados, com vistas a contrapor o valor obtido no SIPT. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 86 75 /2 00 8- 20 Fl. 166DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra o contribuinte (espólio) foi lavrado Auto de Infração para constituição do ITR, exercícios 2004 e 2005 no valor principal de R$ 42.289,71 e R$ 46.126,93, respectivamente, acrescidos de multa de ofício (75%) e juros legais (Selic), relativo ao NIRF 1.450.5568 GLEBA SAIBRO. Foram apuradas as seguintes infrações em ambos os exercícios: 1 Área de Preservação Permanente não comprovada; 2 Área de Reserva Legal não comprovada; 3 Área Utilizada com Produtos Vegetais não comprovada; e 4 VTN declarado não comprovado; Regulamente intimado do lançamento, apresentou Impugnação, que foi julgada procedente em parte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ fls. 123/133. Em seu Recurso Voluntário de fls. 138/159 aduz, em resumo: 1 Que a área do imóvel consta do ecossistema da Mata Atlântica, inserida na Área de Proteção Ambiental APA de Guaraqueçaba, criada pelo Decreto Federal n° 90.883 de 31 de janeiro de 1.985 e declarada como área de proteção ambiental no âmbito do Estado do Paraná, conforme Decreto Estadual PR n° 1.228 de 30 de março de 1992, e o excluiria definitivamente da condição de áreas tributáveis, uma vez que proibida toda e qualquer atividade nessas áreas. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 3 3 Que o ADA apresentado demonstraria a integralidade da área como de interesse ecológico. Além do quê, não seria essencial para a isenção das APP; 2 Que o VTN considerado no lançamento, infundado e inconseqüente, decorreu de uma valor de terras que é varias vezes maior do que o negociado quando da aquisição do imóvel. Que não se trataria de terras mistas inaproveitáveis ou mecanizáveis e sim de área de preservação formada por manguezais, morros, serras, montanhas, enfim topografia exageradamente acidentada, servindo de abrigo de animais silvestres e florestal protegidos pela legislação comercial e que não tem valor comercial, apenas preservação natural e permanente; e 3 Que o lançamento realizado seria ilegal, eis que teria se afastado do conteúdo da obrigação tributária definida em lei, para pretender fundamento apenas na declaração prestada pelo recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 06.07.2010 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 03.08.2010. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. Consoante se denota do demonstrativo de apuração do ITR devido, a Fiscalização promoveu alterações na DITR do contribuinte no que toca às áreas: de preservação permanente, de reserva legal, da utilizada com produtos vegetais, além de no valor total do imóvel e sobre tais assuntos se desenvolverá a análise a seguir. Vejamos: Fl. 168DF CARF MF 4 As alterações promovidas de ofício pelo lançamento trazem repercussão direta na base imponível e alíquota do tributo. Glosa de Reserva Legal ARL. Prosseguindo na análise, o § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, que deve ser aplicado em sua literalidade por força do artigo 111 do CTN1, elenca as áreas que podem ser deduzidas da área tributável para fins de apuração do ITR. Vejamos: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: 1 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (...) Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 4 5 a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) as áreas sob regime de servidão florestal.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) As áreas de preservação permanente APP, consoante definidas na Lei 4.771/65, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas, podem ser classificadas como legais (art. 2º) e administrativas (art. 3º). Quanto às primeiras, as legais, temos as florestas e demais formas de vegetação natural situadas próximas a fontes de recursos hídricos e a relevos com importância a preservação dos eco sistemas, tais como: i) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal; ii) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; iii) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; iv) no topo de morros, montes, montanhas e serras; v) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; e vi) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. Fl. 170DF CARF MF 6 Por sua vez, as APP administrativas, declaradas por ato do poder público, são as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. Percebese que há uma evidente diferença entre as duas espécies de APP. Enquanto que para as legais, já determinadas no diploma legal, a finalidade é intrínseca ao que se propõe a lei; para as administrativas, a finalidade a ser alcançada pelo administrador público está textualmente prevista nas alíneas daquele artigo 3º. Assim, indubitavelmente, a ação do poder público tornase imprescindível para a constituição dessas APP administrativas. Frisese que a supressão total ou parcial dessas áreas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. Por seu turno, ainda de acordo com o diploma encimado, as reservas legais são áreas localizadas no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessárias ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas, cuja vegetação não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos. Devem ser averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após aprovada sua localização pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada (§ § 4º e 8º do artigo 16 da Lei 4.771/65). A obrigatoriedade da aprovação acima citada foi introduzida na lei de regência, por conta da MP 2.16667/2001. Veja, a obrigatoriedade de se ter aprovada a localização da ARL pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada está diretamente relacionada à vedação a que se constitua reserva legal sobre área de preservação permanente, já dedutível, observadas as exigências legais, na apuração do imposto. Com isso, tendese a evitar a utilização da mesma área, por mais de uma vez, como dedução do ITR. Assim, podese resumir: APP Pode haver a supressão, quando assim determinar o interesse público; Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 5 7 ARL Não pode haver a supressão, mas somente sua utilização em regime de manejo florestal sustentável. E, por fim, naquilo que interessa ao caso, temos as áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que, destacase: ampliem as restrições de uso previstas para as APP e ARL. Em outras palavras: ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de interesse ecológico, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, tenho que sua dedução, da área tributável pelo ITR, não possui suporte legal. Confirase. ITR ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/ÁREA DECLARADA DE INTERESSE ECOLÓGICO NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Para que não se tribute pelo Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR a área de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declarada mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, deve ser comprovada a ampliação às restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e reserva legal, ou seja, restrições além do manejo sustentável. Acórdão nº 9202003.051 – Sessão de 12 de fevereiro de 2014 ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. Para que as Áreas de Interesse Ecológico para a proteção dos ecossistemas sejam isentas do ITR, é necessário que sejam assim declaradas por ato específico do órgão competente, federal ou estadual, e que estejam sujeitas a restrições de uso superiores àquelas previstas para as áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente. O fato de o imóvel rural encontrarse inserido em zoneamento ecológico, por si só, não gera direito à isenção ora tratada. Acórdão nº 9202004.576 – Sessão de 24 de novembro de 2016 Reforçase: para efeito de exclusão do ITR, a Área de Interesse Ecológico deve ser assim declarada em caráter específico para determinada área da propriedade particular. Quer dizer com isso, que a área declarada em caráter geral não satisfaz, por si só, a condição legal para sua dedutibilidade. Portanto, se o imóvel rural estiver dentro de área declarada em caráter geral como de interesse ecológico, é necessário também o reconhecimento específico de órgão competente federal ou estadual para a área da propriedade particular. O reconhecimento dessas áreas depende de ato específico, por imóvel, expedido pelo Ibama (Ato Declaratório Ambiental – ADA). Prosseguindo, a alínea "e" do inciso II, § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, com a redação dada pela lei 11.428/2006, autorizou a dedução, a partir de 01.01.2007, das Fl. 172DF CARF MF 8 áreas cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração. Notese que áreas cobertas por florestas nativas secundárias em estágio inicial de regeneração não foram contempladas pelo dispositivo.2 Malgrada a digressão acima, seja qual for a área que, ao amparo do inciso II, do § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, se pretenda expurgar daquela tributável pelo ITR, o fato é que ela deve constar consignada no competente Ato Declaratório Ambiental ADA, conforme preconiza o artigo 17O da Lei 6.938/81, com a redação dada pela Lei 10.165/2000. Confirase. Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (...) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. Por sua vez, o Ato Declaratório Ambiental – ADA é um instrumento legal que possibilita ao Proprietário Rural uma redução do Imposto Territorial Rural – ITR, em até 100%, sobre a área efetivamente protegida, quando declarar no Documento de Informação e Apuração DIAT/ITR, Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal, Reserva Particular do Patrimônio Natural, Interesse Ecológico, Servidão Florestal ou Ambiental, áreas cobertas por Floresta Nativa e áreas Alagadas para fins de Constituição de Reservatório de Usinas Hidrelétricas. É documento de cadastro das áreas do imóvel rural junto ao IBAMA e das áreas de interesse ambiental que o integram para fins de isenção do Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, sobre estas últimas. Deve ser preenchido e apresentado pelos declarantes de imóveis rurais obrigados à apresentação do ITR. O texto legal encimado evidencia uma atuação conjunta de órgãos autônomos no sentido de manter o controle em relação à desoneração tributária. Ademais, prevê a necessidade de pagamento de uma taxa de vistoria, a qual, em sendo realizada, e não se confirmando a existência das áreas excluídas de tributação, poderá ensejar o lançamento de ofício do tributo, sendo inequívoco que o ADA é obrigatório para aqueles que desejam se beneficiar da redução do tributo devido a título de ITR. É dizer: é instrumento eleito pelo legislador para controle, integração de órgãos e fonte de custeio da atividade de vistoria, questões absolutamente indispensáveis ao acompanhamento do cumprimento dos preceitos da legislação relativos à limitação da utilização de tais áreas, bem assim da correção no gozo da benesse fiscal. 2 http://www.fundacaofia.com.br/gdusm/florestas_estagios.htm Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 6 9 Nesse contexto, o legislador estabeleceu a forma que entendeu adequada para promover tal controle e fiscalização, não sendo possível a este Conselho deixar de aplicar comando legal válido e vigente apenas pela eventual convicção de que tal atividade poderia ser levada a termo de outra forma. Reprisese. Não há esforço interpretativo que, a partir da literalidade da frase "a utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória", possa ser capaz de concluir pela desnecessidade da obrigação imposta pelo legislador. É entendimento corrente neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, com o advento da lei 6.938/81, com a redação dada pela Lei nº 10.165/00, é obrigatória a apresentação do ADA protocolado junto ao IBAMA. Situação diversa da verificada em períodos anteriores ao ano de 2001, como se depreende da Súmula Carf. nº 41, segundo a qual, “a não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. No caso em tela, o que se vê é a utilização da função extrafiscal do tributo, mediante sua aplicação como instrumento de política ambiental, estimulando a preservação ou recuperação da fauna e da flora em contrapartida a uma redução do valor devido a título de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Contudo, a legislação impõe requisitos para gozo de tais benefícios, os quais variam de acordo com a natureza de cada hipótese de exclusão do campo de incidência do tributo e das limitações que cada situação impõe ao direito de propriedade. Voltando às reservas legais, caso de fato existentes, há que se observar, cumulativamente, o preenchimento dos dois requisitos a seguir: sua averbação junto à matrícula do imóvel previamente ao exercício em que dela se pretenda usufruir, após aprovação do local pelo órgão ambiental e sua informação no ADA protocolizado no IBAMA, no prazo estabelecido em norma regulamentar. 3 Em suma: a existência das ARL, APP, áreas cobertas pro floresta nativa ou qualquer outra especificada naquele inciso II, § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, por si só não assegura ao contribuinte a não tributação das áreas s que se refere. Há de se cumprir as exigências legais. Notem por sua vez, que os prazos acima destacados não se tratam de mera formalidade ou desprovidos de propósito razoável. Vejamos: Se por um lado é indubitável que as ARL devem ser averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, por outro, o que se questiona é se tal providência pode ser efetivada a qualquer tempo. Tenho que não. Tal averbação é condição legal para que o sujeito passivo possa, a rigor, se valer de tal isenção e não ter contra si constituído o crédito tributário a ela relacionada. Logo, todas as circunstâncias constitutivas 4 e fatos devem estar perfeitamente configurados à data do fato gerador da obrigação principal. E mais, a averbação em registro 3 Artigo 9º, § 3º, I da IN SRF 256/2002. 4 o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Fl. 174DF CARF MF 10 próprio possibilita a determinação dos limites e localização das ARL, viabiliza o efetivo controle de sua manutenção pelo poder público, além de dar publicidade de seus contornos à eventuais adquirentes da propriedade. Seria, a grosso modo, uma via de mão dupla. Assim dispõe o § 1º do artigo 12 do Decreto 4.382/2002, de obediência obrigatória por este colegiado: Art. 12. São áreas de reserva legal aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, nas quais é vedada a supressão da cobertura vegetal, admitindose apenas sua utilização sob regime de manejo florestal; § 1º Para efeito da legislação do ITR, as áreas a que se refere o caput deste artigo devem estar averbadas na data de ocorrência do respectivo fato gerador. Já no que toca ao prazo para o protocolo do ADA, da mesma forma de evidente obrigatoriedade legal, veja que está relacionado á viabilidade do exercício do poder de polícia a cargo do IBAMA. Admitir o protocolo a qualquer tempo conduzira, por óbvio, ao inegável prejuízo no exercício da atividade estatal, já que poderia não mais dispor de tempo hábil à tomada de eventuais providências no âmbito do lançamento de oficio do ITR. Esvaziaria, assim entendido, o propósito legal. Na mesma linha, o inciso I do § 3º do artigo 10 daquele Decreto 4.382/2002 estabelece: Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas: I de preservação permanente; II de reserva legal; III de reserva particular do patrimônio natural; IV de servidão florestal; V de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; VI comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual.. § 1º A área do imóvel rural que se enquadrar, ainda que parcialmente, em mais de uma das hipóteses previstas no caput deverá ser excluída uma única vez da área total do imóvel, para fins de apuração da área tributável. § 2º A área total do imóvel deve se referir à situação existente na data da efetiva entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 7 11 § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo; E II estar enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a VI em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador do ITR. § 4º O IBAMA realizará vistoria por amostragem nos imóveis rurais que tenham utilizado o ADA para os efeitos previstos no § 3º e, caso os dados constantes no Ato não coincidam com os efetivamente levantados por seus técnicos, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, que apurará o ITR efetivamente devido e efetuará, de ofício, o lançamento da diferença de imposto com os acréscimos legais cabíveis. Nesse diapasão, em atenção à parte final daquele inciso I do parágrafo 3º acima, a Instrução Normativa SRF nº 256/2002, que é, na forma do artigo 100 do CTN, norma complementar das leis e, portando, de observância obrigatória por todos os contribuintes, estabelece em seu artigo 9º, o prazo para a apresentação do referido ADA, para fins do seu aproveitamento em matéria tributária. Reforçase: não se trata de criar tributo ou mesmo restringir/limitar o exercício do direito do contribuinte, que se deu por força da lei 9.393/96 e artigo 17O da Lei 6.938/81, mas sim de regulamentar seu exercício. Em outras palavras: para se valer dessa isenção condicionada, seu cumprimento deve se dar de forma a efetivamente assegurar ao Estado, por meio de seu órgão ambiental, a possibilidade de se aferir o escorreito enquadramento da área a ele declarada e que pretende ver excluída da apuração do ITR. Assim, não resta dúvida que para fins de exclusão da área tributável, aquelas áreas deverão ser obrigatoriamente informadas em ADA, protocolado pelo sujeito passivo no IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo. É o que exige o Decreto 4.382/2002, de observância obrigatória por este colegiado, a teor do artigo 62 do RICARF. Conforme se extrai do excerto abaixo, que constou do voto vencedor no acórdão 9202005753, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a jurisprudência neste Conselho consolidouse no sentido de aceitar o ADA protocolizado até o início da ação fiscal. Confirase: É certo que, no caso da Área de Preservação Permanente (APP), tratase de acidentes geográficos já existentes na natureza, porém a exclusão da tributação desta área ambiental não está condicionada à criação da área e sim da sua preservação, como a própria denominação está a indicar. Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, Fl. 176DF CARF MF 12 no que tange ao ITR, este foi fixado em 1º de janeiro (art. 1º da Lei nº. 9.393, de 1996), é claro que a fruição do benefício está condicionada à preservação à época do fato gerador. Nesse passo, a Receita Federal, utilizandose da prerrogativa de regulamentar a forma e os prazos para cumprimento de obrigações acessórias, estabeleceu o prazo de seis meses após a data de entrega da DITR, para que o Contribuinte providencie o protocolo do ADA. E tratandose de declarar algo que a priori já existiria na natureza, este Colegiado consolidou a jurisprudência no sentido de aceitarse o ADA protocolado antes do início da ação fiscal, em respeito à espontaneidade do Contribuinte. Não retrata, com a devida venia, o entendimento deste relator. Não seria razoável imaginar que tal informação pudesse ser prestada em data, por exemplo, próxima a da ação fiscal, porquanto a potencial vistoria pelo órgão ambiental não observaria, decerto, o lustro legal para a constituição do imposto, fosse o caso. Da mesma forma, supor que a atividade de polícia, legalmente exigida e que traria certa segurança ao considerar isentas aquelas áreas, possa ser substituída pela exclusiva atuação privada (por meio de laudos técnicos), não me parece atender ao interesse público. No mesmo sentido, como bem destacado no voto acima parcialmente colacionado, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas, conforme estabelece a lei, em determinados locais do imóvel, são de PRESERVAÇÃO PERMANENTE existentes a época do fato gerador do tributo, consoante preceitua o inciso II do § 3º do artigo 10 do Decreto 4.382/2002. Vale dizer: as florestas e demais formas de vegetação natural devem estar em permanente preservação, sobretudo na data do fato gerador. Dito isso, como se aferir tal circunstância pelo órgão de controle ambiental, admitindose a apresentação do ADA em data significativamente distante da do fato gerador do tributo ? Em outras palavras, haveria como o IBAMA empreender alguma vistoria eficaz a partir de um ADA apresentado após 4 anos do exercício a que se referem as informações nele prestadas, ainda que tenha sido entregue antes de o início da ação fiscal ? Não basta que no imóvel exista rios ou qualquer outro curso d´água, lagoas ou reservatórios de d´ água naturais ou artificiais, topo de morros, montes ou serra, fazse necessário, aí sim, que nesses locais efetivamente haja floresta ou demais formas de vegetação natural permanentemente preservadas. Da mesma forma, não se pode imaginar que a dispensa à prévia comprovação, por parte do declarante, no que toca às APP e ARL declaradas para fins de isenção do ITR, consoante estabelece o § 7º do artigo 10 da L. 9.393/96, o estaria desincumbindo da obrigação legal imposta pelo § 1º do artigo 17O da Lei 6.938/81. Longe disso. Uma coisa é a desnecessidade da prévia apresentação da comprovação das áreas quando da entrega da DITR; outra, a obrigatoriedade de que tais informações sejam prestadas tempestivamente ao IBAMA, por meio do competente ADA e ao Fisco, quando intimado por autoridade competente no exercício de seu dever funcional. E veja, o parágrafo 7º encimado foi originalmente introduzido ao artigo 10 da Lei 9.393/96 por meio da Medida Provisória 1.95650/2000, de 26.05.2000, ao passo que Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 8 13 aquele que impõe a obrigatoriedade do ADA, por meio da posterior Lei 10.165/2000 de 27.12.2000. Com isso, considerando o período em que ambos vigeram não há, a meu ver, como entender que aquele primeiro desobrigou a apresentação do ADA. Não há, no meu entender, qualquer antinomia entre os dispositivos, na medida em que tratam de diferentes circunstâncias. Voltando ao prazo para apresentação do ADA, a IN SRF 256/2002, em sua redação original, o estabelecia como sendo "de até seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da DITR". Com a entrada em vigor da obrigatoriedade de sua apresentação anual, o órgão ambiental o estabeleceu como sendo de 1º de janeiro a 30 de setembro. .5 Daí a alteração naquela IN SRF 256/2002, que passou a estabelecer, a partir da IN RFB 861, de 17 de julho de 2008, ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), observada a legislação pertinente." Em resumo, podese dizer, no que toca à dedução das áreas elencadas nos inciso I ao VI do artigo 10 do Decreto nº 4.382/2002, que além dos requisitos de ordem formal previstos na legislação, há de se comprovar, quando intimado, sua efetiva existência, a teor do inciso II do parágrafo 3º retro citado, por meio de laudo técnico que deve, de forma clara, especificar, detalhar, dimensionar e localizar cada uma das áreas eventualmente existente à época do fato gerador. A partir do exercício 2007, a apresentação do ADA ao IBAMA passou a ser anual.6 Voltando ao caso sob análise, notase que há nos autos, às fls 58, extrato de ADA, sem data aparente de sua real entrega, no qual não consta a informação de qualquer ARL ou APP, mas sim de Área de Interesse Ecológico no tamanho total do imóvel (1.268,6 ha). Ainda assim, a Fiscalização considerou tal informação para acatar a APP que constou do mapa anexado aos autos, mantendose a glosa da área remanescente de 417,0 ha. Perceba que a data de entrega lá registrada afigurase como um padrão assumido pelo sistema e não a que exprima a real data de sua entrega. Vejase: Há, outrossim, um ADA acostado às fls. 160, por intermédio do recurso do contribuinte, transmitido a destempo em 30.09.2009, (exercício 2009) no qual informa uma ARL de 253,7 ha e APP de 621,6, diferentemente do que é apontado no mapa adiante citado no tamanho de 204,60 ha. A Ação Fiscal iniciouse em 03.09.2007, consoante denotase de fls. 6. Da mesma forma, não se localizou, nos autos, laudo técnico identificando, detalhada e especificamente, cada uma das eventuais APP existentes no imóvel (não sobrepostas às ARL porventura existentes) à época do fato gerador, elencadas nas alíneas "a" a "h" do artigo 2º da Lei 4.771/65. 5 http://www.ibama.gov.br/imovelrural/atodeclaratorioambientalada/oqueeoada 6 http://www.ibama.gov.br/imovelrural/atodeclaratorioambientalada/oqueeoada Fl. 178DF CARF MF 14 Confirase: Florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura: 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura: 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura: 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura: d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Há, sim, um mapa de uso de solo acostado, assinado pelo Engenheiro Florestal Helio Loch, de 12/2007, onde especifica uma APP de 204,60 ha, ARL de 643,70 ha e uma Área de Proteção Ambiental de 416,99 ha; um "laudo técnico" às fls. 30/31 sem data; memorial descritivo da área às fls. 35, 37, 39, 41 e 43/45 e ART em nome do referido engenheiro contratado às fls 50. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 9 15 No que toca à ARL de 253,7ha informada naquele ADA extemporâneo, cumpre destacar que não se identificou sua expressa averbação em hectares junto às matrículas a seguir detalhadas, mas sim as gravações adiante colacionadas, que não trazem, salvo melhor juízo, evidência de que tenha sido aprovada sua localização pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, como preceitua o § 4º do artigo 16 da Lei 4.771/65, com a redação data pela MP 2.16667/2001: Matrícula 1.393 fls 21/3 457,6 ha Matrícula 1.394 fls 24/5 311,0 ha Fl. 180DF CARF MF 16 Matrícula 1.395 fls. 26/28 500 ha: Área de Interesse Ecológico. No mesmo sentido, não lhe socorre a alegação de que pelo fato de a área do imóvel constar do ecossistema da Mata Atlântica, inserida na Área de Proteção Ambiental APA de Guaraqueçaba, criada pelo Decreto Federal n° 90.883 de 31 de janeiro de 1.985 e declarada como área de proteção ambiental no âmbito do Estado do Paraná, conforme Decreto Estadual PR n° 1.228 de 30 de março de 1992, ela estaria definitivamente excluída da condição de áreas tributáveis. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 10 17 Vejase: referida área, tida pelo recorrente como "de interesse ecológico", não constou declarada nos DIAT/DITR dos exercícios envolvidos, fazendo com que não fosse objeto da atuação fiscal. Ademais, como já dito alhures, ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de interesse ecológico, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, tenho que sua dedução, da área tributável pelo ITR, não é legalmente possível. É o que se denota da parte final da alínea "b", II, § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96. "....mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior;" Nesse sentido, à luz do disposto no artigo 6º daquele Decreto 90.883/85, infra reproduzido, não me afigura que referido ato tenha, conforme sugerido no recurso do contribuinte, "proibida toda e qualquer atividade nessas áreas", ampliando, desta forma e indiscutivelmente, as restrições de uso que se tem nas ARL e APP. Ao contrário, tratou o ato, a meu ver, de estabelecer condutas negativas mínimas para a preservação ambiental. Confirase: Art. 6º. Na APA de Guaraqueçaba ficam proibidas ou restringidas: I a implantação de atividades industriais potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água; II a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais, principalmente das Zonas de Vida Silvestre, ande a biota será protegida com mais rigor; III o exercício de atividades capazes de provocar acelera da erosão das terras ou acentuado assoreamento das coleções hídricas; IV o exercício de atividades que ameacem extinguir as espécies raras da biota regional, principalmente o papagaioderabovermelho, macuco, jaó, jacutinga, onça pintada, jacarédepapoamarelo; V o uso de biocidas, quando indiscriminado ou em desacordo com as normas ou recomendações técnicas oficiais. Perceba: o próprio recorrente declarou em suas DITR, 3,3 ha ocupados com benfeitorias e 390,0ha utilizados com Produtos Vegetais e Área de Descanso. VTN: Fl. 182DF CARF MF 18 No que se refere ao VTN atribuído pela Fiscalização, o recorrente alega dentre outras que o considerado no lançamento decorreu de uma valor de terras que é varias vezes maior do que o negociado quando da aquisição do imóvel. Todavia, no curso da ação fiscal, o autuado foi intimado a apresentar o "laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados.". E mais, foi feito constar na intimação que a falta de apresentação do laudo de avaliação ensejaria o arbitramento do VTN, com base nas informações do Sistema de Preços de Terra SIPT, da RFB. Não obstante, o contribuinte não atendeu a intimação fiscal com vistas a infirmar o valor eleito pela Fiscalização. Prestouse, no entanto, a apresentar um Laudo Técnico fls. 31 que, ao final, assim se pronunciou quanto à avaliação do imóvel. Ora, o fato de a terra supostamente não possuir valor tributável não é justificativa para, a meu entender, não se chegar a um valor de mercado para o imóvel. Como informado pela Fiscalização, foram utilizados os valores médios por hectare na sistemática a seguir resumida: Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10980.008675/200820 Acórdão n.º 2402006.233 S2C4T2 Fl. 11 19 O tipo de terra segue a conceituação adiante:7 INAPROVEITÁVEIS São áreas totalmente inaproveitáveis para atividades agropecuárias, constituídas de solos pedregosos, muito rasos ou inundáveis periodicamente, despenhadeiro, pirambeira, penhascos, etc., com relevo íngreme ou reserva de preservação permanente, podendo servir apenas como abrigo e proteção de fauna e flora silvestre, como ambiente para recreação ou para fins de armazenamento de água. NÃO MECANIZÁVEL São áreas cujo relevo e/ou profundidade do solo são desfavoráveis à execução de operações ou práticas agrícolas com máquinas e implementos motorizados, permitindo, porém, o plantio manual ou a tração animal. São consideradas também áreas não mecanizáveis, as reservas legais, tendo em vista que as mesmas só poderão sofrer algum tipo de desmatamento e/ou corte, mediante um plano de manejo sustentável, com projeto devidamente aprovado pelo IAP e/ou IBAMA. Note, o valor médio, por hectare, utilizado pelo autuado correspondeu a, apenas e aproximadamente, 77,40 e 71,70% daquele verificado no SIPT para os imóveis no município de Guaraqueçaba/PR, não deixando a menor dúvida quanto à sua potencial subavaliação. Por sua vez, o SIPT, aprovado pela Portaria 447/2002, é alimentado com os valores de terras e demais dados recebidos das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas, e com os valores de terra nua da base de declarações do ITR. Com isso, entendo que na falta de um valor de mercado apresentado por meio de um Laudo de Avaliação, na forma de como constou na intimação, o valor extraído do SIPT, embora, reconheçase, estimado, é, além de uma alternativa legal (art. 14 da L. 9.393/96), uma razoável opção no caso em tela. Alegação de erro de fato no preenchimento da DITR. Por fim, no que se refere à alegação de que o lançamento realizado seria ilegal, eis que teria supostamente se afastado do conteúdo da obrigação tributária definida em lei, para pretender fundamento apenas na declaração equivocada prestada pelo recorrente, com a devida venia, dela não compartilho. A ação fiscal foi desenvolvida e concluída a partir das informações prestadas/declaradas pelo contribuinte em sua DITR. Perceba que o lançamento do ITR regese pela sistemática legal, por meio da qual sujeito passivo tem o dever de apurar e antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Assim procedendo o contribuinte, 7 site: http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/Metodologia_atual.pdf Fl. 184DF CARF MF 20 a autoridade fazendária, observado o lustro legal, expressamente homologará ou não, sua atividade. O não acatamento das informações que constaram em seu DIAT/DITR será, caso regularmente questionado em recurso, objeto do contencioso administrativo. Esse é, a meu ver e como regra, o limite da lide e sobre o quê se pronunciará as instâncias julgadoras. Contudo, caso efetivamente demonstrado o patente erro de fato no preenchimento da respectiva DITR, em função do equívoco na informação, seja por sua omissão, seja por sua incorreção, entendo admissível, em sede de contencioso administrativo, à luz do princípio da verdade material, a retificação das informações originalmente prestadas naquela declaração, bem como a alteração do lançamento naquilo que dele decorreu. Eis o cenário fático, que evidencia a incongruência das informações: No caso em exame, pelo todo fundamentado, entendo pelo não acatamento do pleito do contribuinte quanto à retificação das informações em sua DITR. Frente ao exposto, voto por CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR LHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 185DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10831.015426/2007-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 10/12/2007
NULIDADE ACÓRDÃO DRJ. FALTA DE ENFRENTAMENTO DE ARGUMENTOS RELEVANTES. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
A decisão administrativa que não enfrenta, por equívoco, tema relevante para solução da lide trazido na peça recursal, enseja a sua anulação por configurar cerceamento ao direito de defesa, nos termos do inciso II do art.59 do Decreto nº70.235/72.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Aguardando Nova Decisão
Numero da decisão: 3402-005.498
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para anular a decisão recorrida.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 10/12/2007 NULIDADE ACÓRDÃO DRJ. FALTA DE ENFRENTAMENTO DE ARGUMENTOS RELEVANTES. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A decisão administrativa que não enfrenta, por equívoco, tema relevante para solução da lide trazido na peça recursal, enseja a sua anulação por configurar cerceamento ao direito de defesa, nos termos do inciso II do art.59 do Decreto nº70.235/72. Recurso Voluntário Provido em Parte Aguardando Nova Decisão
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para anular a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
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FALTA DE ENFRENTAMENTO DE ARGUMENTOS RELEVANTES. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A decisão administrativa que não enfrenta, por equívoco, tema relevante para solução da lide trazido na peça recursal, enseja a sua anulação por configurar cerceamento ao direito de defesa, nos termos do inciso II do art.59 do Decreto nº70.235/72. Recurso Voluntário Provido em Parte Aguardando Nova Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para anular a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 1. 01 54 26 /2 00 7- 13 Fl. 270DF CARF MF 2 Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. Relatório Trata o presente de notificação de lançamento fiscal lavrado contra o contribuinte em epígrafe, na data de 19/12/2007, para exigência de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, PIS, COFINS e multa por extravio das mercadorias, totalizando o valor de R$ 196.183,08 em vista do que consta no Termo de Vistoria Aduaneira, com base nos artigos 591, 593,702 e 703 do Decreto n° 4.543/2002 Regulamento Aduaneiro. Cientificado do auto de infração, pessoalmente, em 11/01/2008 (fls. 106 a 113), o contribuinte, protocolizou impugnação em 18/01/2008, na forma do artigo 56 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, de folhas 116 a 145. Na forma do artigo 57 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, alegou que: DA ANULAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES DE LANÇAMENTO E DA CONFECÇÃO DE TERMO COMPLEMENTAR DE VISTORIA OFICIAL E SUA PRESCRIÇÃO E ILEGALIDADE POR INCOMPETÊNCIA DO AGENTE FISCAL (AUTORIDADE PREPARADORA) Além da tentativa, duvidosa e moralmente questionável, de sanear o processo administrativo carente de prova, a AFRB autuante não se atentou o que dizem os própriosdispositivos legais que elencou, ou seja, não respeitou o direito adquirido da oraa impugnante de submeter seus argumentos fáticos e de direito de insuficiência de prova, anulou impugnação sem poder fazêlo, pois o correto é que tais atitudes fossem tomadas pela autoridade julgadora (art.25 do Decreto nº70.235/72), desde que não houvesse prejuízo ao sujeito passivo, como também nem se analisou a possibilidade de que o mérito pudesse ser julgado a favor do contribuinte, fato que desautoriza a declaração de nulidade da autoridade competente (art. 60 do Decreto nº70.235/72). (...) Acrescentase à indignação da ora impugnante ante aos fatos até agora expostos, à afiramação de que o direito a ampla defesa e ao contraditórioforam respeitado pela autoridade preparatória, neste momento. Como foram respeitados os direitos mencionados, se pretende o Fiscao a correção da insuficiência probatória, ou seja, a questão material do ilícito aduaneiro, em momento posterior a lavratura. Tal debate já levantado em impugnação anterior e será ratificado na presente, pleiteandose pela insubsistência do lançamento. O SUJEITO PASSIVO Cabe esclarecer que a Autoridade Aduaneira, considera o disposto no artigo 591, 593, 702 e 703 do Decreto 4.543/02 como fundamento legal para atribuir ao transportador a responsabilidade pelas informações prestadas no tocante ao conhecimento de transporte, porém a Autoridade Administrativa cometeu dois equívocos ao atribuir a responsabilidade à Companhia Aérea, que passaremos a explanar. No tocante ao pólo passivo da obrigação imposta, há de se questionar dois fatos: a) a presença do transportador como responsável pelos tributos, porém sua capitulação legal, além de imprecisa indica o depositário como responsável pelo extravio de mercadoria, ou seja, deduzse que o presente lançamento é nulo pois a impugnante é parte ilegítima; b) levandose em consideração, apenas para efeito argumentativo, que a responsabilidade fosse da transportadora autuada, por que há presença ora autuada (transportador de fato)? Por que não há a presença do Agente de Carga Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10831.015426/200713 Acórdão n.º 3402005.498 S3C4T2 Fl. 271 3 (transportador de direito ou contratual ou expedidor), este é que deveria ter sido colocado no pólo passivo das respectivas Notificações de Lançamentos e na Vistoria Aduaneira. A Autoridade Aduaneira não se atentou ao que dispõe os artigos 4°, 8º e 16°, da IN SRF 102/94; bem como o que dispõe o artigo 30, caput e parágrafo 2o. do Decreto 4.543/02, em que determina que as informações prestadas à Secretaria da Receita Federal são de responsabilidade do desconsolidador de carga (Agente de Carga), fazendo assim a responsabilização do agente de carga da operação, no âmbito da responsabilidade tributária. Ora, se a responsabilidade pela informação da carga consolidada é do Agente de Carga, por que a lavratura das Notificações de Lançamentos há a indicação do transportador de fato como sujeito passivo. O artigo 8º da Instrução Normativa 102/94 regula que as informações sobre carga consolidadas procedente do exterior serão prestadas pelo desconsolidador de carga e o artigo 30 do Regulamento Aduaneiro, em seu parágrafo segundo, conceitua como agente de carga a pessoa que em nome do importador contrata o transporte de mercadoria ou desconsolide cargas. E mais, o parágrafo único do artigo 8o. esclarece que a mercadoria é tratada como desconsolidada à partir da chegada efetiva do veículo transportador, ou seja, o responsável pela mesma é o desconsolidador da carga (Agente de Carga constante no MAWB). Enfim, no caso em tela, o que ocorre é que as mercadorias são consolidadas por agente de carga, com tratamento de carga não destinada ao armazenamento imediato e, portanto, este é que deve figurar no pólo passivo da Notificação de Lançamento e ser responsabilizado pelo extravio ou avaria ou qualquer outro tipo de ilícito aduaneiro. Concluise então, que o Lançamento lavrado em nome da POLAR AIR CARGO, desrespeitou os ditames legais e princípios que norteiam a administração Pública, sendo certa a necessidade de INSUBSISTÊNCIA do presente Lançamento, já que não estava presente no pólo passivo o transportador de direito (Agente de Carga) e o ora Sujeito Passivo não tem nexo causal com a infração no Auto apontada. DA LEGALIDADE OBJETIVA Importante salientarmos o princípio da legalidade objetiva como forma de preservação do Estado de Direito, no processo administrativo fiscal, ou seja, é defeso ao Estado, no cumprimento de sua atividade, agir à revelia da lei. Ao mesmo tempo em que a administração representa a sociedade e cobra tributo dos particulares, deverá agir em conformidade com a lei, justamente para preservar os interesses do particular e da sociedade em geral. Para tanto cita o artigo 142 do Código Tributário Nacional, os artigos 9o e 59 do Decreto nº 70.235/72 e o artigo 2o da Lei nº 9.784/99. DA INDICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO Inicialmente ressaltase a ausência da perfeita indicação da legislação incidente pela citação equivocada das notificações de lançamento nºs 22/2007, 23/2007, 24/2007, 25/2007 e 26/2007, os artigos 591, 593, 702 e 703 do Decreto 4.543/02, o artigo 60 do DecretoLei n° 37/66, o artigo 80 da Lei nº 10.833/03, o artigo 6o, inciso IV da Lei 10.865/04 e Portaria GAB3/ALF/VCP n° 130/2007 (a última digase de passagem aplicase apenas aos Servidores Públicos e não às empresas, prova disso é sua difícil localização e ausência da mesmo no site de consulta a legislação da RFB) ao indicar a responsabilidade tributária do transportador, pois a utilizada é destinada ao depositário e não a ora impugnante, demonstrando assim o desrespeito à forma que preceitua o artigo 11, inciso III do Decreto 70.235/72, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal. DA INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA Fl. 272DF CARF MF 4 Ao analisarmos a VISTORIA ADUANEIRA e as NOTIFICAÇÕES DE LANÇAMENTOS ora em estudo, o que verificamos é que não há provas documentais suficientes para demonstrar cabalmente que houve extravio de mercadoria, como também o autor das informações constantes no SISCOMEX MANTRA, ou seja, não há provas da identificação de quem imputou os dados no sistema e seu vínculo junto à empresa impugnante. Como também, não há a cópia do procedimento do art. 583 do RA, o qual ordena que se execute alguns procedimentos especiais por parte do depositário no momento do recebimento da mercadoria em seu armazém, não importando o tratamento de carga, em outras palavras, deveria constar da Notificação de Lançamento o registro da ocorrência de extravio em termo próprio e a possível resposta do transportador. Para assim poder dirimir quaisquer dúvidas quanto à ocorrência do extravio e a responsabilidade. Depreendese ainda que se houvesse esse procedimento as notificações aqui impugnadas seriam fruto de Vistoria Oficial de Ofício e não a pedido do importador, tendo em vista a natureza do extravio (apenas parcial e não total) das mercadorias deste embarque. Por derradeiro, há ausência, também, dos demonstrativos de apuração de crédito tributário de todos os tributos lançados, tornandose totalmente inviável a conferência do cálculo para posterior impugnação por parte da impugnante, confrontando diretamente o art. 2o da Lei 9.787/99, já transcrito anteriormente, como também o artigo 9o do Decreto 70.235/72. Sendo assim, com a ausência dos documentos não há a presença de provas indispensáveis à comprovação do ilícito, tornando o Auto de Infração INSUBSISTENTE, portanto inexigível o crédito tributário nele apurado. O que se verifica, neste caso, é que os elementos indispensáveis para comprovação/prova do ilícito não foram apresentados no momento oportuno e desta forma decaindo o direito de fazêlo a posteriori da lavratura do Auto de Infração em epígrafe, pois se trata de erro material e não formal. A infração tributária deve ser provada. A prova é um elemento ou o conjunto de elementos que formam convicção de um fato ou de uma verdade. Para caracterizar uma prova é preciso reunir elementos que permitem uma conclusão segura sobre determinado fato ou coisa. CÁLCULOS DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS Quanto à forma de cálculo do II e do IPI a mesma também se torna nula, uma vez que não ficou demonstrada a obtenção da base de cálculo e apuração dos valores devidos, desrespeitando o direito do contribuinte de ter conhecimento das operações matemáticas para obtenção de valores devidos de impostos. O desrespeito aqui elencado fere o artigos 2o, parágrafo único, 50 e 60 da Lei 9784/99. PIS E COFINS Quanto à forma de cálculo do PIS/PASEP e COFINS, a mesma também se torna nula, uma vez que não ficou demonstrada a obtenção da base de cálculo e apuração dos valores devidos. Inobstante isso, PIS e COFINS não cumulativos na importação foram instituídos pela lei 10.865/04, que todavia feriu cabalmente a constituição. Junta textos da doutrina de Ives Gandra da Silva Martins a respeito do assunto. Solicita ainda diligência apresentando quesitos. DOS PEDIDOS Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10831.015426/200713 Acórdão n.º 3402005.498 S3C4T2 Fl. 272 5 Ante ao exposto e tudo o mais que dos autos consta, requerse: 1 A insubsistência do Auto de Infração em epígrafe e consequente arquivamento do processo administrativo, tendo em vista a falta de nexo causal devidamente exposta no item 2 e a insuficiência probatória nos termos do item 3.2. Caso não seja esse o entendimento de V.Sas., requerse: 2 A nulidade do presente Auto de Infração nos termos do item 3,3.1, 4.1 e 4.2. 3 As diligências necessárias para averiguação de extravio das mercadorias nos departamentos competentes da Alfândega de Viracopos, como dos consignatários das cargas envolvidos, e para verificação da ausência de todos os documentos indispensáveis à comprovação do ilícito aduaneiro conforme discorridos na presente peça. Requer também, nesse item a inclusão dos quesitos constantes do item 5 da presente. Ato contínuo, a DRJSÃO PAULO (SP) julgou a Impugnação do contribuinte nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 10/12/2007 Extravio das mercadorias em vista do que consta o Termo de Vistoria Aduaneira. O artigo 32, I do DecretoLei nº 37/66 espanca qualquer dúvida a respeito da legitimidade do impugnante em ocupar o pólo passivo da relação jurídico tributária. O transportador aéreo manifestou 03 volumes e efetivamente desembarcaram apenas 02 volumes. Imputase a ele a responsabilidade pela falta das mercadorias. O impugnante não trouxe fato ou evidência capaz de ilidir essa conclusão. Logo, a diligência solicitada não tem propósito. Em seguida, devidamente notificado, o Contribuinte interpôs o presente recurso voluntário pleiteando a reforma do acórdão. Neste Recurso, a Empresa repisou os mesmos argumentos apresentados na sua Impugnação, somente acrescentando à sua argumentação o pedido de nulidade do acórdão recorrido tendo em vista omissão no acórdão recorrido quanto a sua argüição de nulidade das novas notificações de lançamento lavradas pela autoridade preparadora, uma vez que já tinha sido instaurada a fase litigiosa do lançamento fiscal anterior substituído, nos termos do art.14 do Decreto nº70.235/72. É o relatório. Voto Fl. 274DF CARF MF 6 Conselheiro Pedro Sousa Bispo O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. O presente processo trata de notificação de lançamento de tributos sobre a importação (Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, PIS, COFINS) e multa proporcional a 50% do imposto de Importação, totalizando o montante de R$ 196.183,08, lavrados contra a Recorrente, em decorrência de extravio de mercadorias ocorrida sob a responsabilidade do transportador, nos termos dos artigos 591, 593,702 e 703 do Decreto n° 4.543/2002 Regulamento Aduaneiro. Segundo consta no Termo de Vistoria Aduaneira presente nos autos, a carga acobertada pelo MAWB 40371893172 HAWB %WJY792 teria chegado ao Aeroporto de Viracopos no dia 16/11/2007, tendo sido manifestado pela Recorrente 3 (três) volumes, com peso total de 681kg. No entanto, apenas 2 (dois) volumes efetivamente teriam desembarcado no Aeroporto de Viracopos, com 358,50kg. Verificou a Fiscalização que das 7000 peças de subconjuntos de mostradores de cristal líquido flip importadas, faltaram 3360 unidades, com valor unitário de US$ 89,70, fato que ensejou o lançamento fiscal contra o transportador Polar Air Cargo, com ciência das Notificações de lançamentos nº 22/2007, 23/2007, 24/2007, 25/2007 e 26/2007 no dia 11/12/2007. Contra o referido lançamento fiscal, a Recorrente apresentou impugnação no dia 17/12/2007. Posteriormente, a Autoridade Aduaneira anulou as citadas notificações do lançamento, tendo em vista a utilização de enquadramento legal equivocado (fls.48). No dia 19/12/2007, foram anulados as notificações de lançamentos que continham erros na fundamentação legal e considerada sem efeito a impugnação apresentada pela Recorrente. Nessa direção, foi lavrado Termo Complementar de Vistoria e emitidas as novas notificações de lançamento nº27/2007, 28/2007, 29/2007, 30/2007 e 31/2007 com cientificação do contribuinte em 11/01/2008 e reabertura do prazo para nova impugnação. No novo lançamento fiscal, segundo o Contribuinte, houve mudança de fundamentação legal corrigindo os erros suscitados em sua primeira impugnação, inserção de novos documentos no processo e reforço na fundamentação da autuação, já rebatendo explicitamente os seus argumentos apresentados na impugnação antes entregue e se utilizando, o Auditor Fiscal, da justificativa de se tratar de questão de economia processual (fls.106 a 108). A Recorrente apresentou nova impugnação alegando, em suma: ilegalidade do Termo de Vistoria Complementar com conseqüente nulidade do lançamento, imprecisão do Termo Complementar de Vistoria Aduaneira, Ilegitimidade Passiva, ausência de fundamentação da autuação em razão da indicação inadequada da legislação, insuficiência probatória e a ausência de indicação regular dos cálculos dos tributos em cobrança, além de solicitar a realização de diligência e formular quesitos. Por tais motivos, o Contribuinte pediu a nulidade do lançamento fiscal. A DRJ SÃO PAULO I proferiu decisão nos termos já indicados anteriormente no Relatório deste voto, com manutenção parcial do lançamento fiscal. Ocorre que, segundo argumenta a Recorrente, o ilustre Julgador da instância a quo teria deixado de analisar ponto fundamental da sua argumentação quanto a total ilegalidade do procedimento realizado pela Autoridade Aduaneira atinente ao cancelamento do Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10831.015426/200713 Acórdão n.º 3402005.498 S3C4T2 Fl. 273 7 lançamento fiscal já cientificado/impugnado e lavratura de Termo de Vistoria Complementar e novas notificações de lançamentos. Também, segundo informa, tudo leva a crer que o Julgador, por equívoco, apenas analisou os temas constantes da primeira impugnação tornada sem efeito pela Autoridade Aduaneira e não observou os temas novos suscitados na última impugnação apresentada em 18/01/2008 referentes ao novo lançamento. Por tal fato, o Contribuinte pediu a nulidade do acórdão recorrido. Observase no acórdão recorrido a existência de trechos que confirmam que a impugnação analisada no acórdão recorrido foi a apresentada em 17/12/2007 e não aquela entregue por último, em 18/01/2008. Inicialmente, em seu relatório, o Julgador faz referência a notificação de lançamento lavrada em 10/12/2007, data constante no primeiro lançamento anulado, sendo que a data da lavratura do lançamento sob análise foi 19/12/2007. Também no Relatório, o Julgador apenas faz referência ao conteúdo da Impugnação apresentada 17/12/2007 de fls. 55 a 74, não constando qualquer referência à impugnação apresentada em 18/01/2008, referente ao lançamento ora analisado, constante das fls.116 a 145. Além disso, o acórdão recorrido não fez qualquer discussão a respeito das nulidades do lançamento apontadas pelo Contribuinte na Impugnação apresentada em 18/01/2008 acerca da legalidade do Termo Complementar de Vistoria e das novas Notificações de Lançamento lavradas. Constatase no caso ora analisado que o acórdão recorrido não analisou, de fato, o conteúdo da impugnação entregue em 18/01/2008 referente ao lançamento fiscal lavrado em 19/12/2007, objeto do presente processo. Observase que foram analisadas no referido acórdão as matérias em comum existentes em ambas as impugnações, porém as novas matérias suscitadas pelo Contribuinte, principalmente com relação a legalidade de realização de novo lançamento em substituição ao anterior, tido como incorreto, não foram objeto de análise no acórdão recorrido. Dessa forma, entendo que a falta de análise de matérias relevantes constantes na impugnação não apreciada, com grande potencial de influência na solução da lide, causou prejuízo ao direito de defesa da Recorrente, nos termos do inciso II do art.59 do Decreto nº70.235/72, in verbis: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (negrito nosso) Ademais, este Colegiado, à exceção de matérias de ordem pública, não pode se pronunciar sobre os temas suscitados pela Recorrente e não analisados no acórdão recorrido porque isto também se configuraria em cerceamento ao direito de defesa da Recorrente pela supressão da primeira instância julgadora administrativa. Necessitase, assim, que a DRJ se pronuncie sobre os fatos suscitados pela Recorrente na segunda impugnação apresentada. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para anular o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos para novo julgamento pela autoridade julgadora de primeira instância. (assinado digitalmente) Fl. 276DF CARF MF 8 Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 277DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10932.720094/2013-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jul 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. SANEAMENTO
Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar a omissão apontada sem atribuir-lhes efeitos modificativos.
PRECLUSÃO E SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
O contribuinte tratou da matéria da multa contida no lançamento desde a impugnação, não se configurando inovação recursal, razão porque não há que se falar em preclusão. Aplicação da Súmula CARF nº 14.
Na decisão de primeira instância restou consignado a matéria relativa à multa, e, em razão disso não há que se falar em supressão de instância.
Numero da decisão: 2401-005.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada.
(Assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. SANEAMENTO Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar a omissão apontada sem atribuir-lhes efeitos modificativos. PRECLUSÃO E SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. O contribuinte tratou da matéria da multa contida no lançamento desde a impugnação, não se configurando inovação recursal, razão porque não há que se falar em preclusão. Aplicação da Súmula CARF nº 14. Na decisão de primeira instância restou consignado a matéria relativa à multa, e, em razão disso não há que se falar em supressão de instância.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada. (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier.
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OMISSÃO. SANEAMENTO Acolhemse os embargos declaratórios para sanar a omissão apontada sem atribuirlhes efeitos modificativos. PRECLUSÃO E SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. O contribuinte tratou da matéria da multa contida no lançamento desde a impugnação, não se configurando inovação recursal, razão porque não há que se falar em preclusão. Aplicação da Súmula CARF nº 14. Na decisão de primeira instância restou consignado a matéria relativa à multa, e, em razão disso não há que se falar em supressão de instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhêlos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada. (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 72 00 94 /2 01 3- 01 Fl. 543DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Relatório Tratase de embargos de declaração opostos pela PGFN, em face de decisão prolatada no Acórdão nº 2401004.523 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 2ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), da lavra do Conselheiro Carlos Alexandre Tortato (fls. 511/525), em sessão de julgamento realizada em 22 de setembro de 2016, que possui a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE PROVAS. SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES E LANÇAMENTO ANTE A AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS RENDIMENTOS. LEGALIDADE. Não há nulidade do lançamento por ausência de provas quando o contribuinte é reiteradamente intimado e, esquivandose de atender às intimações da fiscalização, deixa de prestar esclarecimentos e provas acerca da natureza dos rendimentos declarados em DIRPF. MULTA AGRAVADA. Comprovado nos autos o descaso do contribuinte para com as intimações da autoridade fiscal, retardando o procedimento fiscal, cabível o agravamento da multa conforme par. 2 do art. 44 da Lei 9430/1996. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS ISENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVIDADE DAS OPERAÇÕES. OMISSÃO DE RECEITAS. Se declarado pelo contribuinte em DIRPF que recebeu rendimentos isentos de pessoa jurídica e, iniciada a fiscalização que solicite documentos e provas de que tais rendimentos efetivamente foram pagos e referemse a rendimentos isentos, não sendo apresentadas provas suficientes para comprovação do que declarado em DIRPF, deve ser mantido o lançamento e afastada a natureza de rendimentos isentos declarados pelo contribuinte. MÚTUO. COMPROVAÇÃO. A comprovação da existência do mútuo deve ser inequívoca e não comportar interpretações múltiplas. No caso dos autos, não há a comprovação inequívoca de que os recursos do indicado mutuante teriam sido entregues ao contribuinte. Tampouco o contrato de mútuo contém qualquer Fl. 544DF CARF MF Processo nº 10932.720094/201301 Acórdão n.º 2401005.491 S2C4T1 Fl. 3 3 indicação oficial inequívoca de que tenha sido produzido na data constante do documento. MULTA QUALIFICADA. SIMPLES OMISSÃO DE RECEITAS. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. INAPLICABILIDADE. A simples omissão de receitas, como reconhecido pela própria fiscalização, não enseja a qualificação da multa de ofício (150%), nos exatos termos da Súmula CARF nº. 14. Recurso Voluntário Provido em Parte. Alega a Embargante omissão no julgado, pois ao concluir pelo afastamento da multa qualificada de 150%, o Colegiado incorreu em omissão quando deixou de observar os precisos contornos da lide, analisando matéria preclusa. Em despacho de admissibilidade de fls. 536/538, os Embargos de Declaração foram admitidos pelo Conselheiro Relator, por entender que ocorreram as omissões apontadas pela Fazenda Nacional quanto à discussão da existência ou não de preclusão material do contribuinte na impugnação da multa qualificada que fora a ele imposta. É o relatório Voto Conselheiro Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Juízo de admissibilidade Conheço dos embargos declaratórios, pois presentes os requisitos de admissibilidade. Mérito Conforme já relatado, em razões recursais de embargos a Fazenda Nacional alega omissão relativamente à análise quanto ao fato de que não haveria impugnação específica do contribuinte à multa qualificada a ele imposta, mas tão somente no Recurso Voluntário. Aponta ainda omissão como consequência da não aferição da preclusão da matéria, pois se a decisão de primeira instância não se manifestou sobre a multa qualificada, a decisão embargada foi omissa sobre a ocorrência de supressão de instância. Pois bem. A discussão acerca da multa foi tratada no voto do Relator (fls. 521/522), bem como no voto da Redatora (fls. 524/525), em que manteve apenas o agravamento da multa por entender estar comprovado nos autos o embaraço à fiscalização oposto pelo contribuinte. Fl. 545DF CARF MF 4 No entanto, de fato, o Acórdão embargado não analisou se a matéria era ou não preclusa, o que implicou na omissão que justificou a submissão destes autos à manifestação do colegiado. Passo assim à análise da omissão apontada. Para fins de contextualização, mister se faz trazer à colação alguns esclarecimentos acerca das etapas do processo administrativo a partir do lançamento consignado no Auto de Infração. Notoriamente, em razão da infração verificada, a autoridade fiscal entendeu pela imposição da multa qualificada agravada, nos termos do art. 44, I, § 1º e § 2º, da Lei nº. 9.430/96, no total de 225%. O contribuinte, por meio de impugnação, apresentou suas razões de defesa buscando demonstrar a inexistência de qualquer espécie de obrigação tributária devida e pleiteou a declaração de nulidade dos atos de lançamento praticados e suas respectivas penalidades, razão porque a matéria foi impugnada. No Acórdão proferido pela Delegacia de julgamento o julgador disserta em seu Relatório (fls. 412/420) toda a situação ocorrida durante o procedimento fiscalizatório, trazendo o motivo e a finalidade da instauração da fiscalização que constituiu o crédito tributário com aplicação de multa de ofício qualificada pela prática de conduta tendente a reduzir ou suprimir tributo, além do agravamento da mesma pelo fato do contribuinte não ter cumprido as obrigações que lhes foram impostas, mantendose se em silêncio. Vejamos trechos do Acórdão da DRJ: Conforme a consta do Termo de Verificação Fiscal (fls. 162 a 184) foi lançado de ofício o presente crédito tributário, em decorrência das seguintes constatações e procedimentos adotados no decorrer da ação fiscal: [...] Dos atos praticados no curso da presente fiscalização. O presente tópico encontrase dividido pelas infrações apuradas no curso do procedimento, as quais classificamse em: a) Rendimentos tributáveis lançados como isentos; b) Simulação de empréstimos recebidos para o acobertamento de rendimentos tributáveis; c) Depósitos bancários sem origem. [...] Assim, será constituído o crédito tributário, com aplicação de multa de ofício qualificada pela prática de conduta tendente a reduzir ou suprimir tributo, além do agravamento da mesma pelo fato do contribuinte não cumprir as obrigações que lhe foram impostas, mantendose se em silêncio. [...] Isto posto, e considerando tudo mais que dos autos consta, voto no sentido rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, julgar procedente em parte a impugnação e pela manutenção parcial do crédito tributário, conforme o quadro abaixo: [...] Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10932.720094/201301 Acórdão n.º 2401005.491 S2C4T1 Fl. 4 5 A conclusão da DRJ a respeito da infração foi pela manutenção parcial do crédito tributário com a aplicação da multa de 225% quanto ao crédito mantido (fl. 428). Em face da manutenção de parte do crédito tributário lançado com multa qualificada agravada, o contribuinte apresentou suas alegações recursais, através das quais contesta todo o lançamento e aprofunda as razões de defesa relativamente à aferição da multa aplicada, em face da sua manutenção pela decisão de piso. Por meio do Acórdão nº 2401004.523, este colegiado, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso apresentado para excluir a multa qualificada, reduzindoa ao percentual de 75%, agravada para 112,5%, firmando entendimento de que o fato concreto amoldarase claramente ao disposto na Súmula CARF nº 14. Compulsando os autos, resta evidente que o contribuinte tratou da matéria da multa contida no lançamento desde a impugnação, não se configurando inovação recursal, razão porque não há que se falar em preclusão. Na decisão de primeira instância restou consignada a matéria relativa à multa e, em razão disso, a segunda omissão apontada pela Fazenda Nacional a respeito de supressão de instância não faz sentido, até porque a DRJ, a seu modo, procedeu à análise da matéria sendo essa questão de mérito já superada no Acórdão embargado. O colegiado firmou o seu entendimento e dirimiu o conflito administrativo dentro do devido processo legal. Nesse contexto, cabe realçar as novas regras da processualística civil nacional que trazem de forma clara a questão da devolução ao tribunal da matéria impugnada, sendo objeto de apreciação todas as questões suscitadas e discutidas no processo ainda que não solucionadas: Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I reformar sentença fundada no art. 485; II decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgálo; IV decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. Fl. 547DF CARF MF 6 Nesse passo, não há que se falar em preclusão e nem em supressão de instância, restando assim sanada a omissão aduzida nos Embargos. Conclusão Ante o exposto, conheço dos Embargos de Declaração e, no mérito, DOU LHES PROVIMENTO para sanar a omissão apontada, sem atribuirlhes efeitos modificativos. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 548DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17883.000208/2010-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ADICIONAL PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL.
É devia contribuição a título de adicional ao SAT, para o financiamento dos benefícios concedidos em razão da exposição dos trabalhador a agente nocivo decorrente de riscos ambientais, a ser pago pelas empresas que possuem segurados em condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física.
ARBITRAMENTO. BASE DE CÁLCULO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. PREVISÃO LEGAL
A lei prevê o arbitramento da base de cálculo das contribuições quando ocorrer a apresentação deficiente de documento, invertendo-se o ônus da prova.
Numero da decisão: 2202-004.366
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a proposta da relatora em converter o julgamento em diligência, vencidos nesse ponto os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio (relatora), Dilson Jatahy Fonseca Neto e Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), que entenderam necessária a diligência. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar provimento ao recurso. Designadapara redigir o voto vencedor a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias rejeitando a diligência.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
(Assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ADICIONAL PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. É devia contribuição a título de adicional ao SAT, para o financiamento dos benefícios concedidos em razão da exposição dos trabalhador a agente nocivo decorrente de riscos ambientais, a ser pago pelas empresas que possuem segurados em condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física. ARBITRAMENTO. BASE DE CÁLCULO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. PREVISÃO LEGAL A lei prevê o arbitramento da base de cálculo das contribuições quando ocorrer a apresentação deficiente de documento, invertendose o ônus da prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a proposta da relatora em converter o julgamento em diligência, vencidos nesse ponto os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio (relatora), Dilson Jatahy Fonseca Neto e Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), que entenderam necessária a diligência. 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Relatório Por bem descrever os fatos, adoto, no que couber, o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Rio de Janeiro I (RJ) (fls. 185/188): Do Lançamento: Tratase de Auto de Infração (DEBCAD 37.298.8920), lançado contra o contribuinte acima identificado, no montante consolidado em 22/09/2010 de R$ 243.852,30 (duzentos e quarenta e três mil, oitocentos e cinqüenta e dois reais e trinta centavos), e referese a crédito de contribuição previdencidria correspondente ao adicional da aliquota destinada ao financiamento dos beneficios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho — GILRAT, no período de 09/2005 a 12/2007 inclusive os décimos terceiros salários, conforme Relatório Fiscal de fls. 14 a 21. 2. O Relatório Fiscal aduz em síntese: 2.1. Que em reunido com os representantes da empresa e com a presença dos responsáveis pelas áreas: jurídica, segurança, engenharia e medicina do trabalho e recursos humanos vinculados aos empregados expostos aos agentes noviços, buscouse captar, "entre outras situações, os procedimentos adotados pela empresa no que se refere ao seu entendimento de quais empregados/setores estariam enquadrados em grau de risco acima do tolerado, mesmo depois de todos os mecanismos de controle e redução por ela adotados", bem como quais as medidas tomadas para que tais riscos fossem minimizados (usos de EPC e EPI). 2.2. "O fato gerador do tributo em tela é a efetiva exposição dos trabalhadores a agentes nocivos químicos, fisicos ou biológicos, ou a associação desses agentes, que prejudique a saúde ou a integridade fisica daqueles. A referida exposição foi constatada a partir da análise da documentação ambiental da notificada, especialmente os laudos técnicos de condições ambientais de trabalho." Fl. 309DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 309 3 2.3. "A base de cálculo do presente lançamento constituise na remuneração paga, devida ou creditada, no decorrer do mês, ao longo do período fiscalizado, aos empregados que exercem suas funções no posto de trabalho sujeito a níveis de pressão sonora acima do limite de tolerância, sem a utilização do protetor auricular,...". 2.4. Tal adicional tem previsão no § 6°, do artigo 57, da Lei 8.213/91, e sua incidência abrange exclusivamente as remunerações dos segurados que trabalhem sujeitos As condições especiais. No presente caso, o acréscimo da aliquota da contribuição social é de 6% (seis por cento) concessão de aposentadoria especial após vinte e cinco anos de contribuição. Do Levantamento: 2.5. "Na Gerência de Operações de Transporte Interno GIL e na Gerência de Decapagem Acida GDA, constatamos ali que em algumas funções os empregados exerceram suas atividades acima do limite de tolerância para o agente nocivo ruído, sem a utilização do protetor auricular. Entre as funções enquadradas neste caso, localizamos empregados exercendo o cargo de "Líder de Turno de Manutenção e Transporte"(item 2.25 do laudo técnico Gerência GIL) e de "Líder de Transporte Líder de Transporte (LDC 03)" (item 2.6 do laudo técnico Gerência GDA), os quais não foram enquadrados, na GFIP com o "código 4 Exposição a Agentes Nocivos 25 anos", no campo "ocorrencia". Registrese que para este último cargo, foinos informado que sua denominação passou a ser "LÍDER Diurno ABQ3", conforme Oficio n° 6/2010, emitido pelo contribuinte em resposta ao nosso TIF 009 (cópia em anexo)." Foram anexados Laudos Técnicos das gerências GIL/GGMC e GDA referentes aos cargos Líder de Manutenção e transporte e Líder de Transporte. 2.6. De acordo com o "Anexo IV, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048 de 06 de maio de 1999, obedecendo ao artigo 58, da Lei 8.213/91, o agente fisico "ruído", quando se encontra acima do limite de tolerância, proporciona contribuição adicional da aliquota destinada ao financiamento dos beneficios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GILRAT." 2.7. Foi confrontado "cada ocupante do cargo/função exposto acima do limite de tolerância, incluído na relação anexa de empregados de abril de 2007, fornecida pela empresa, com a correspondente declaração em GFIP, dentro o período analisado. Para os outros meses do período analisado, utilizamos os mesmos empregados tendo em vista a falta de informação dos ocupantes dos cargos." Os salários de contribuição obtidos em GFIP dos empregados do período estão relacionados nos anexos I e II. Fl. 310DF CARF MF 4 2.8. "No que concerne à multa aplicada no presente Auto de Infração, foram observadas as disposições contidas no artigo 35 A, da Lei n° 8.212/91, em respeito ao Princípio da Retroatividade Benigna (artigo 106, inciso II, alínea "c", da Lei n° 5.172, de 25/10/66, do Código Tributário Nacional CT1V)." 2.9. Consta informação de que "será formalizado processo de Representação Fiscal Para Fins Penais, ..." Da Impugnação: apertada síntese: 3. A empresa apresentou impugnação As fls. 91 a 108 alegando, em síntese 3.1. É tempestiva a impugnação. 3.2. Preliminar de nulidade: 3.2.1. Pela incorreta eleição da base de calculo, uma vez que a fiscalização aduz no item 3.5. do Relatório Fiscal: "A constatação dos fatos narrados no corpo deste Relatório Fiscal foi verificada confrontandose cada ocupante do cargo/função exposto, incluído na relação anexa de abril de 2007, fornecida pela empresa, com a correspondente declaração em GFIP, dentro do período analisado. Para os outros meses do período analisado, utilizamos os mesmos empregados, tendo em vista a falta de informação dos ocupantes dos cargos". 3.2.2. A Impugnante forneceu a Fiscalização a relação de empregados de todos os cargos solicitados e de todo o período objeto da autuação, não podendo ser desconsiderado, sem motivo, os documentos apresentados pela Impugnante, procedendose ao arbitramento. Não há que se cogitar a hipótese dos documentos não terem sido analisados pela Fiscalização em razão de sua grande quantidade. 3.2.3. Aponta a lavratura do Auto de Infração n° 37.298.9179, entendendo "que não poderia o Fisco simplesmente proceder ao arbitramento da base de cálculo, baseandose em mero critério subjetivo de que a quantidade de empregados é enorme, o que poderia dificultar o trabalho da fiscalização.". 3.2.4. Aponta manifestações do antigo Conselho de Contribuintes e do Superior Tribunal de Justiça acerca da aplicabilidade do arbitramento. 3.2.5. Conclui que: "Portanto, diante do cenário até agora exposto, tornase inarredável admitir que deve ser julgado nulo o aludido Auto de Infração, desde já, sob pena de se ferir normas legais e ate constitucionais que guarnecem o direito da Impugnante." 3.3. Do mérito: 3.3.1. Discorre sobre a legislação aplicável para concluir que "no que tange ao fator forma de exposição, como se pôde depreender dos dispositivos legais transcritos, é imprescindível que a exposição aos agentes nocivos se de de forma habitual e Fl. 311DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 310 5 permanente, não ocasional nem intermitente", sendo esta forma de exposição o ponto nodal para esta Impugnação. 3.3.2. Aponta que segundo o Relatório Fiscal "... A referida exposição foi constatada a partir da análise da documentação ambiental da notificada, especialmente os laudos técnicos de condições ambientais de trabalho", porém houve um equivoco "considerar que os empregados ocupantes dos cargos pertencentes ás Gerências GIL e GDA, dentro do período de apuração compreendido no lançamento, expostos ao agente nocivo "ruído" de forma permanente, baseandose tão somente no Laudo Técnico Pericial, elaborado no ano de 2003." 3.3.3. 0 Laudo Técnico não define o tipo de exposição, se é de forma habitual, permanente, ocasional ou intermitente, sendo esta informação obtida através de uma análise de campo das atividades desenvolvidas, bastando o cotejamento das informações prestadas no Laudo Técnico com aquelas constantes do PPP. 3.3.4. Informa apresentar, em anexo, a comparação entre as atividades descritas no Laudo Técnico e aquelas efetivamente desempenhadas pelos empregados arrolados no Anexo I, devidamente assinado pelo responsável técnico. 3.4. Da conversão do feito em diligencia: entende que deverá ser constatado, in loco, a forma de exposição a que está submetido cada empregado, se é habitual e permanente e não ocasional nem intermitente, tendo em vista a verdade material. 3.5. Requer: 3.5.1. preliminarmente, seja reconhecida a nulidade do Auto de Infração, tendo em vista a incorreta eleição/arbitramento da base de calculo; 3.5.2. no mérito, seja julgado improcedente o lançamento, declarandose insubsistente o crédito tributário constituído a partir do Auto de Infração no 37.298.8920; e 3.5.3. alternativamente, seja convertido o feito em diligencia. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) negou provimento à impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte (fls. 183): CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIARIA. ADICIONAL PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. É devida contribuição a titulo de adicional ao SAT, para o financiamento dos beneficios concedidos em razão da exposição do trabalhador a agente nocivo decorrente de riscos ambientais, a ser pago pelas empresas que possuem segurados em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade fisica. ARBITRAMENTO. BASE DE CALCULO. INVERSÃO DO ONUS DA PROVA. PREVISÃO LEGAL. Fl. 312DF CARF MF 6 A lei prevê o arbitramento da base de cálculo das contribuições quando ocorrer a apresentação deficiente de documento, invertendose o ônus da prova. Cientificada (fls. 215) a Companhia Siderúrgica Nacional apresentou o recurso voluntário de fls. 218/263, no qual reitera as alegações já suscitadas. É o relatório Voto Vencido Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. 1) PRELIMINARES 1.1) DA AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO DO FATO IMPONÍVEL Alega a Recorrente que o lançamento é nulo, pois a autoridade fiscal não descreveu corretamente o fato que daria ensejo ao lançamento e negligenciou a circunstância de que a exposição ao agente ruído que motivou a autuação não se dava de forma habitual ou permanente, mas intermitente. De acordo com o art. 59 do Decreto nº 70.235/72 são nulos os atos lavrado por pessoa incompetente, bem como os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. No caso em questão, entendo que a nulidade apontada pelo Recorrente confundese com o mérito da controvérsia e, por isso, será juntamente com ele analisada. 1.2) DA INCORRETA ELEIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO Alega a recorrente que o arbitramento realizado pela autoridade fiscal é nulo, pois, diferentemente do que fora narrado no Relatório Fiscal, forneceu à fiscalização a relação de todos os cargos solicitados e de todo o período objeto da autuação. Improcedente a apontada nulidade. Isso porque, como bem esclarecido na decisão recorrida: 7.7. Desta forma temos que a Impugnante ao afirmar que entregou a relação completa dos empregados da filial, não atendeu ao solicitado na forma estabelecida, ou seja, foi solicitado somente a relação de empregados de determinados cargos/funções, listados nos Termos de Intimação Fiscal. Portanto nada mais correto do que a aferição das bases de cálculo, nos moldes aplicados. Ressaltese que até o presente momento a Impugnante não se interessou em trazer aos autos os elementos solicitados, na forma solicitada. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 311 7 7.8. Portanto, não há que se falar em nulidade pela incorreta eleição da base de cálculo, nos termos expostos pela impugnante (...) 7.10. O que se verifica dos fatos apontados no processo é que a Impugnante questiona o procedimento de arbitramento, porém se esquece que foi sua própria conduta que ensejou o arbitramento e a conseqüente inversão do ônus da prova em comprovar que as bases de calculo apresentadas estão erradas ou não espelham a realidade. 7.11. Intimado do lançamento, o sujeito passivo exerceu o seu direito de defesa e do contraditório, por meio da impugnação apresentada, em conformidade com o art.5°, LV, Constituição da República/88. Improcendente, portanto, a apontada nulidade. II DO MÉRITO. II.1 DILIGÊNCIA Quanto ao mérito, alega a Recorrente que o lançamento é improcedente, pois o adicional da contribuição previdenciária, a cargo da empresa, devido para o custeio do benefício de aposentadoria especial, somente incide sobre a remuneração paga ao segurando que, cumulativamente, trabalhe em condições prejudiciais à sua saúde ou à integridade física, com exposição a agente nocivos de forma habitual e permanente, não ocasional ou intermitente. Com efeito, as Instruções Normativas INSS nº´s 118/05, 11/06 e 20/07 são claras ao dispor sobre a exigência cumulativa dos requisitos da habitualidade e permanência, nos seguintes termos: INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 118/05 Art. 155. O trabalho exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, com exposição a agentes nocivos de modo permanente, não ocasional nem intermitente, está tutelado pela Previdência Social mediante concessão da aposentadoria especial, constituindose em fato gerador de contribuição previdenciária para custeio do benefício. (...) Art. 157. O núcleo da hipótese de incidência tributária, objeto do direito à aposentadoria especial, é composto de: I nocividade, que no ambiente de trabalho é entendida como situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos reconhecidos, capazes de trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador; Fl. 314DF CARF MF 8 II permanência, assim entendida como o trabalho não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete. INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 11/2006 Art. 155. O trabalho exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, com exposição a agentes nocivos de modo permanente, não ocasional nem intermitente, está tutelado pela Previdência Social mediante concessão da aposentadoria especial, constituindose em fato gerador de contribuição previdenciária para custeio do benefício. (...) Art. 157. O núcleo da hipótese de incidência tributária, objeto do direito à aposentadoria especial, é composto de: I nocividade, que no ambiente de trabalho é entendida como situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos reconhecidos, capazes de trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador; II permanência, assim entendida como o trabalho não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete. INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 20/2007 Art. 155. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudicquem a saúde ou a integridade física. §1º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado no caput. (...) Art. 157. O núcleo da hipótese de incidência tributária, objeto do direito à aposentadoria especial, é composto de: I nocividade, que no ambiente de trabalho é entendida como situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos reconhecidos, capazes de trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador; Fl. 315DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 312 9 II permanência, assim entendida como o trabalho não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete. Sendo assim, entendo que as provas constantes dos autos não são suficientes para manter ou anular o lançamento. Isso porque o laudo técnico de fls. 42/44 informam que a atividade dos líderes de turno de manutenção e transporte está sujeita ao agente nocivo e que os mencionados profissionais não fazem uso de Equipamento de Proteção Individual EPI. Por outro lado, nos documentos relativos ao monitoramento de agentes de risco fls. 177/178, juntados pela Recorrente existe a comprovação de que o empregado Julio César Pimentel exerce sua atividade de forma intermitente. No entanto, o documento juntado às fls 178 não traz o nome do empregado e assinatura do supervisor. Em resumo, tais documentos configuram um indício de que os empregados não se enquadram na situação ensejadora do pagamento adicional. Todavia, não foram juntados os comprovantes relativos à todos os empregados expostos aos agentes nocivos e relacionados às fls. 25/44 dos autos. Sendo assim, entendo que o processo não se encontra em condições de ter um julgamento justo, motivo pelo qual, voto pela sua conversão em diligência para que: a) seja intimada a Recorrente para juntar aos autos a comprovação do monitoramento dos agentes de risco relativos à todos os trabalhadores listados às fls. 25/41; b) após, dêse vista à fiscalização para se manifestar sobre os referidos documentos; 2.2 ) DA INCORRETA ELEIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Acaso vencida na proposta de diligência, passo a análise das alegações de mérito constantes do recurso. É importante enfatizar que a cobrança do adicional ao SAT está associada ao desempenho de atividades que exponham segurados a riscos ambientais do trabalho, os quais produzem prejuízos presumidos à higidez física e mental do trabalhador. Isso significa que, para a cobrança do adicional ao SAT, a exposição ao agente nocivo acima dos limites regulamentares deve ser contínua e efetiva, embora os prejuízos ao empregado sejam presumidos. Ou seja, o fato de o empregado eventualmente não obter a concessão de aposentadoria especial (por exemplo, porque o tempo de exposição ao agente nocivo foi inferior ao patamar legal) não exime a empresa de contribuir com o adicional ao SAT. Os art. 57 e 58 da Lei nº 8.213/91 constituem o fundamento legal do adicional ao SAT (grifos nossos): Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a Fl. 316DF CARF MF 10 integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do saláriodebenefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49. § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995) § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 8º Aplicase o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será Fl. 317DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 313 11 definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis. Tratase de ônus imposto à empresa. Por isso, a pertinência do art. 410 da Instrução Normativa INSS/DC nº 100/2003, que nada mais faz do que esclarecer e regulamentar o papel do laudo técnico mencionado nos parágrafos 1º e 2º do art. 58 da Lei nº 8.213/91: Art. 410. Em procedimento fiscal que for constatada a falta do PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO, LTCAT ou PPP, quando exigíveis ou a incompatibilidade entre esses documentos, o AFPS fará, sem prejuízo das autuações cabíveis, o lançamento arbitrado da contribuição adicional, com fundamento legal previsto no § 3º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o art. 233 do RPS, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário O art. 410 acima transcrito prescreve o arbitramento do adicional ao SAT aos casos de falta ou incompatibilidade entre as demonstrações ambientais, como é a hipótese dos autos. Fl. 318DF CARF MF 12 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Voto Vencedor Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, Redatora designada. Peço vênia à nobre Relatora, Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio, para divergir quanto à proposta de conversão do julgamento em diligência. Colho de seu voto: Sendo assim, entendo que as provas constantes dos autos não são suficientes para manter ou anular o lançamento. Isso porque o laudo técnico de fls. 42/44 informam que a atividade dos líderes de turno de manutenção e transporte está sujeita ao agente nocivo e que os mencionados profissionais não fazem uso de Equipamento de Proteção Individual EPI. Por outro lado, nos documentos relativos ao monitoramento de agentes de risco fls. 177/178, juntados pela Recorrente existe a comprovação de que o empregado Julio César Pimentel exerce sua atividade de forma intermitente. No entanto, o documento juntado às fls 178 não traz o nome do empregado e assinatura do supervisor. Em resumo, tais documentos configuram um indício de que os empregados não se enquadram na situação ensejadora do pagamento adicional. Todavia, não foram juntados os comprovantes relativos à todos os empregados expostos aos agentes nocivos e relacionados às fls. 25/44 dos autos. Sendo assim, entendo que o processo não se encontra em condições de ter um julgamento justo, motivo pelo qual, voto pela sua conversão em diligência para que: a) seja intimada a Recorrente para juntar aos autos a comprovação do monitoramento dos agentes de risco relativos à todos os trabalhadores listados às fls. 25/41; b) após, dêse vista à fiscalização para se manifestar sobre os referidos documentos; Verificando os documentos constantes nos autos, constato que a comprovação a que se refere a i. Relatora, já foi objeto de solicitação à recorrente, por meio dos vários Termos de Intimação Fiscal emitidos pela fiscalização durante o procedimento fiscal, conforme se vê às fls. 60/91. Posto que, desde o Termo de Início do Procedimento Fiscal, recebido pela recorrente em 10/11/2009, a auditoria já havia solicitado à contribuinte que apresentasse LTCAT, PCMSO, PPRA (fls. 60/61). Novamente, por meio dos Termos de Intimação Fiscal Fl. 319DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 314 13 nºs 002, 004, 005, 007, 008, 009, 010, foram solicitados esclarecimentos e documentos relativos ao controle dos agentes nocivos, os quais eram mais do que suficientes para a comprovação ora referida, conforme se verifica da legislação: Lei nº 8.213/91, de 24/07/1991 Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) [...] § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) (Grifei). Decreto nº 3.048, de 06/05/1999 Art.68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV. [...] §6ºA empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico previdenciário, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, cópia autêntica deste documento, sob pena da multa prevista no art. 283.(Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003) Instrução Normativa INSS/DC nº 100, de 18/12/2003 Art. 404. A existência ou não de riscos ambientais em níveis ou concentrações que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador, será comprovada mediante a apresentação das seguintes demonstrações ambientais, entre outras, que deverão respaldar as informações prestadas em GFIP: I Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, Fl. 320DF CARF MF 14 por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle, devendo ser elaborado e implementado pela empresa, por estabelecimento, nos termos da NR09, do MTE; II Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que é obrigatório para as atividades relacionadas à mineração e substitui o PPRA para essas atividades, devendo ser elaborado e implementado pela empresa ou pelo permissionário de lavra garimpeira, nos termos da NR22, do MTE; III Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), que é obrigatório para estabelecimentos que desenvolvam atividades relacionadas à indústria da construção, identificados no grupo 45 da tabela de Códigos Nacionais de Atividades Econômicas (CNAE), com vinte trabalhadores ou mais por estabelecimento ou obra, e visa a implementar medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho, nos termos da NR18, substituindo o PPRA quando contemplar todas as exigências contidas na NR09, ambas do MTE; IV Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que deverá ser elaborado e implementado pela empresa ou pelo estabelecimento, a partir do PPRA, PGR e PCMAT, com o caráter de promover a prevenção, o rastreamento e o diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive aqueles de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou de danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores, nos termos da NR07, do MTE; V Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT), que é a declaração pericial emitida para evidenciação técnica das condições ambientais do trabalho; VI Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), que é o documento históricolaboral individual do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, conforme modelo anexo à Instrução Normativa que estabelece critérios a serem adotados pelas áreas da Receita Previdenciária e de Benefícios; VII Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), que é o documento que registra o acidente do trabalho, a ocorrência ou o agravamento de doença ocupacional, mesmo que não tenha sido determinado o afastamento do trabalho, conforme previsto nos arts. 19 a 23 daLei nº 8.213,de 24 de julho de 1991, e nasNR7eNR15,ambas do MTE, sendo seu registro fundamental para a geração de análises estatísticas que determinam a morbidade e mortalidade nas empresas e para a adoção das medidas preventivas e repressivas cabíveis. [...] Art. 408. A empresa ou a equiparada deve elaborar e manter atualizado o PPP, que será exigido a partir de janeiro de 2004, Fl. 321DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 315 15 abrangendo as atividades desenvolvidas pelos segurados empregados, trabalhadores avulsos e cooperados filiados à cooperativa de trabalho e produção que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a associação desses agentes, prejudiciais à saúde ou à integridade física, ainda que não presentes os requisitos para concessão de aposentadoria especial, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a permanência. (Grifei). Instrução Normativa SRP nº 3, de14/07/2005 Art. 381. A existência ou não de riscos ambientais em níveis ou concentrações que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador será comprovada mediante a apresentação dos seguintes documentos, dentre outros, que deverão respaldar as informações prestadas em GFIP: I Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA, que visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle, devendo ser elaborado e implementado pela empresa, por estabelecimento, nos termos da NR9, do MTE; II Programa de Gerenciamento de Riscos PGR, que é obrigatório para as atividades relacionadas à mineração e substitui o PPRA para essas atividades, devendo ser elaborado e implementado pela empresa ou pelo permissionário de lavra garimpeira, nos termos da NR22, do MTE; III Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção PCMAT, que é obrigatório para estabelecimentos que desenvolvam atividades relacionadas à indústria da construção, identificados no grupo 45 da tabela de Códigos Nacionais de Atividades Econômicas CNAE, com vinte trabalhadores ou mais por estabelecimento ou obra, e visa a implementar medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho, nos termos da NR18, substituindo o PPRA quando contemplar todas as exigências contidas na NR9, ambas do MTE; IV Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PCMSO, que deverá ser elaborado e implementado pela empresa ou pelo estabelecimento, a partir do PPRA, PGR e PCMAT, com o caráter de promover a prevenção, o rastreamento e o diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive aqueles de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou de danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores, nos termos da NR7, do MTE; Fl. 322DF CARF MF 16 V Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho LTCAT, que é a declaração pericial emitida para evidenciação técnica das condições ambientais do trabalho, podendo ser substituído por um dos documentos dentre os previstos nos incisos I a III deste artigo, conforme disposto neste ato e na Instrução Normativa que estabelece critérios a serem adotados pela área de Benefícios do INSS; VI Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP, que é o documento históricolaboral individual do trabalhador, conforme disposto neste ato e na Instrução Normativa que estabelece critérios a serem adotados pela área de Benefícios do INSS; VII Comunicação de Acidente do Trabalho CAT, que é o documento que registra o acidente do trabalho, a ocorrência ou o agravamento de doença ocupacional, mesmo que não tenha sido determinado o afastamento do trabalho, conforme previsto nos arts. 19 a 23 da Lei nº 8.213, de 1991, e nas NR7 e NR15, ambas do MTE, sendo seu registro fundamental para a geração de análises estatísticas que determinam a morbidade e mortalidade nas empresas e para a adoção das medidas preventivas e repressivas cabíveis. VII Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), que é o documento que registra o acidente do trabalho, a ocorrência ou o agravamento de doença ocupacional, mesmo que não tenha sido determinado o afastamento do trabalho, conforme previsto nos arts. 19 a 23 da Lei nº 8.213, de 1991, e nas NR7 e NR15, ambas do MTE, sendo seu registro fundamental para a geração de análises estatísticas que determinam a morbidade e mortalidade nas empresas e para a adoção das medidas preventivas e repressivas cabíveis, sendo considerados, também, os casos de reconhecimento de nexo técnico epidemiológico na forma do art. 21A da citada Lei, acrescentado pela Lei nº 11.430, de 26 de dezembro de 2006. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRP nº 23, de 30 de abril de 2007) [...] Art. 385. A empresa que desenvolve atividades em condições especiais que exponham os trabalhadores a riscos ambientais, está obrigada ao cumprimento das seguintes obrigações, entre outras, sob pena de autuação por infração ao disposto no § 3º do art. 58 da Lei nº 8.213, de 1991: I elaborar e manter atualizado o PPP, abrangendo as atividades desenvolvidas pelos segurados empregados, trabalhadores avulsos e cooperados filiados à cooperativa de trabalho e de produção que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a associação desses agentes, prejudiciais à saúde ou à integridade física, ainda que não presentes os requisitos para concessão de aposentadoria especial, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a permanência; Fl. 323DF CARF MF Processo nº 17883.000208/201013 Acórdão n.º 2202004.366 S2C2T2 Fl. 316 17 Analisando os dispositivos acima transcritos, vigentes à época dos fatos geradores, verificase que o legislador deixou a cargo da empresa a responsabilidade pela identificação de agentes nocivos e dos seus segurados que estão expostos a eles, por meio de laudos periódicos, atribuindo a ela o dever de elaboração de programas e relatórios para essa identificação, mas não apenas para isso, mas para seu controle e avaliação, para resultados efetivos de prevenção de acidentes e doenças trabalhistas. Portanto, caberia à empresa apresentar tais documentos quanto solicitados pelo Fisco, e mesmo com a impugnação, nos termos do inciso III c/c § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Dessa forma, a empresa teve todas as oportunidades para comprovar o controle dos agentes nocivos, visto que a auditoria já havia relacionado no Relatório Fiscal os nomes dos segurados expostos a eles. Entretanto, nem com o Recurso Voluntário a defesa se incumbiu de apresentar documentos suficientes para contradizer o lançamento fiscal. Portanto, não vejo razão para a diligência, por terem sido oferecidas todas as oportunidades ao sujeito passivo para a comprovação ora referida pela i. Relatora. Conclusão Por todo o exposto, voto por rejeitar a proposta de diligência. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias. Fl. 324DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.954260/2008-58
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 09/10/2003
DILIGÊNCIA. PEDIDO. INDEFERIMENTO.
Indefere-se pedido de diligência quando sua realização revele-se prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora.
JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA.
Somente devem ser observados os entendimentos jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
RECURSO VOLUNTÁRIO. ADOÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA REPRODUÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO.
Registrando o relator que as partes não apresentaram novas razões de mérito perante o Carf e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida, é facultado a transcrição dos termos da decisão de primeira instância, como fundamento para decidir a controvérsia.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA.
A DCTF é instrumento suficiente para constituição do crédito tributário.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/COFINS. EXTINÇÃO.
O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário.
PER/DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. DCTF RETIFICADORA. HIPÓTESE. TRANSMITIDA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E DO PRAZO DE 5 ANOS DO FATO GERADOR.
DCTF retificadora transmitida após a ciência do despacho decisório e do transcurso do prazo de cinco anos para o pleito da restituição, com objetivo de reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente alocado não gera efeitos jurídicos para a compensação pleiteada por meio da apresentação de Per/Dcomp, em face da sua caducidade.
Numero da decisão: 3001-000.483
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a diligência suscitada e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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PEDIDO. INDEFERIMENTO. Indeferese pedido de diligência quando sua realização revelese prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA. Somente devem ser observados os entendimentos jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. RECURSO VOLUNTÁRIO. ADOÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA REPRODUÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. Registrando o relator que as partes não apresentaram novas razões de mérito perante o Carf e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida, é facultado a transcrição dos termos da decisão de primeira instância, como fundamento para decidir a controvérsia. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. A DCTF é instrumento suficiente para constituição do crédito tributário. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/COFINS. EXTINÇÃO. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário. PER/DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. DCTF RETIFICADORA. HIPÓTESE. TRANSMITIDA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E DO PRAZO DE 5 ANOS DO FATO GERADOR. DCTF retificadora transmitida após a ciência do despacho decisório e do transcurso do prazo de cinco anos para o pleito da restituição, com objetivo de reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 95 42 60 /2 00 8- 58 Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 108 2 alocado não gera efeitos jurídicos para a compensação pleiteada por meio da apresentação de Per/Dcomp, em face da sua caducidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a diligência suscitada e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão 1635.292, da 13ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo 1 DRJ/SP1 que, em sessão de julgamento realizada no dia 12.12.2011, julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório pleiteado no Per/Dcomp 16631.77783.020904.1.3.041268. Da síntese dos fatos Por bem sintetizar os fatos, transcrevo o relatório do acórdão recorrido (efls. 39 a 46), verbis: Relatório 1. Trata o presente processo de Declaração de Compensação apresentada em meio eletrônico (PER/DCOMP nº 16631.77783.020904.1.3.041268) em 02/09/2004, cujos relatórios foram anexados ao presente processo administrativo (fls. 7 e seguintes). Nesta declaração, pretende o Contribuinte quitar os débitos declarados às fls. 10, no valor total de R$ 4.299,33, com supostos créditos (R$ 4.299,33) decorrentes de recolhimento indevido realizado por meio do DARF no valor de R$ 8.486,28 (código de receita: 8109), recolhido em 09/10/2003. 2. Apreciando o pedido formulado, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo (DERAT/SPO) emitiu Despacho Decisório (fls. 2) no qual pronunciouse pela não homologação da compensação diante da inexistência do crédito declarado pelo Contribuinte às fls. 8. 3. Cientificado em 02/12/2008 (fls. 5) da solução dada à declaração de compensação apresentada, o Contribuinte, por seu representante legal, interpôs a Manifestação de Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 109 3 Inconformidade de 12/12/2008 (fls. 12), tempestivamente, com a juntada de documentos de fls. 13/38 (Despacho Decisório; DARF; DCTF Retificadora; Procuração e cópia de documentos do procurador; Ata da Assembléia Geral Extraordinária e Estatutos Sociais), afirmando, resumidamente, que foi elaborada DCTF retificadora do 3º trimestre de 2003 onde consta o crédito utilizado na PER/DCOMP. Citada DCTF retificadora e o DARF do recolhimento do tributo estão anexados à Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Da ementa da decisão recorrida A 13ª Turma da DRJ/SP1, ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou o citado acórdão de manifestação de inconformidade, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 09/10/2003 DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. MOTIVAÇÃO. Motivada é a decisão que, por conta da vinculação total de pagamento a débito do próprio interessado, expressa a inexistência de direito creditório disponível para fins de compensação. ALTERAÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PAGAMENTO HOMOLOGADO TACITAMENTE. IMPOSSIBILIDADE. Crédito tributário definitivamente constituído e extinto pelo pagamento em virtude do transcurso do lustro previsto no § 4º, art. 150 do CTN, não é passível de alteração pelo Contribuinte e nem pela Administração Tributária. DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO. Considerando que o DARF indicado no Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação PER/DCOMP como origem do crédito foi utilizado para quitar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, e que o Contribuinte não logra comprovar que a verdade material é outra, não há que se falar em pagamento indevido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da ciência Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 110 4 O contribuinte, conforme depreendese da "INTIMAÇÃO Nº 117/2012" (efl. 48) e do Aviso de Recebimento AR (efl. 49), conheceu do teor do acórdão vergastado em 23.01.2012, razão pela qual, irresignado com a decisão recorrida, em 22.02.2012, protocola, perante a Derat/SP, o presente recurso voluntário, acompanhados de demais documentos, é o que demonstra o carimbo constante em sua "Folha de Rosto" (efls. 50 a 109). Do recurso voluntário Após tomar ciência da decisão vergastada, o recorrente comparece mais uma vez aos autos para, em sede de recurso voluntário, essencialmente, reiterar as alegações manejadas por ocasião da instauração da fase litigiosa, conforme os argumentos de defesa a seguir sintetizados, ocasião em que (re)apresenta os documentos, ao final, listados. Depois de historicizar os fatos inerentes ao seu pedido de restituição da contribuição em comento, cumulado com o de compensação e sua negativa por parte do colegiado a quo, o recorrente argumenta em sua defesa, que: 1 se assim entender a Autoridade Julgadora, o julgamento pode ser convertido em diligência para análise dos documentos ora juntados, na medida em que o pagamento indevido ou a maior pode ser comprovado por todos os meios de prova admitidos em direito, em atenção ao principio da economia processual; 2 o cerne da questão comprobatória constitui no valor devido a título de contribuição social; 3 a declaração de imposto de renda DIPJ juntada aos presentes autos demonstra e comprova o valor devido a titulo de contribuição social é inferior ao efetivamente recolhido para o período em questão; 4 as informações transmitidas pela DCTF prestamse exclusivamente para alocar o crédito tributário o vinculálo, mas, é a DIPJ que o torna definitivo; 5 os valores constantes em DCTF somente têm natureza informativa, ao passo que a DIPJ que têm natureza jurídica declaratória para constituir o crédito tributário, cuja homologação tácita contase em 5 (anos) do primeiro dia do exercício à sua apresentação, tanto para o fisco exigir o crédito tributário apurado na DIPJ como para o contribuinte impugnálo; 6 o direito à compensação contados a partir de 5 (cinco) anos do seu pagamento não desnatura a natureza jurídica contida na DIPJ; 7 a homologação do crédito tributário dáse na DIPJ, tanto é assim, que a prescrição para o fisco cobrar contase da data da referida declaração; 8 os valores informados em DCTF não têm natureza jurídica de confissão de dívida, mas, meramente informativo para efeitos de vinculação do crédito tributário pago; 9 o Per/Dcomp regularmente transmitido têm natureza de processo administrativo fiscal e suspende a exigibilidade do crédito tributário, assim sendo suspende também o prazo prescricional, conforme dispõe o inciso III do artigo 151 do CTN, assim, não haveria impedimento para que a autoridade administrativa procedesse a alteração de oficio nas informações contidas na DCTF; Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 111 5 10 a escrituração contábil também deve ser considerada para efeitos de comprovação dos valores recolhido a título de contribuições sociais (PIS/Pasep e Cofins); 11 tanto as informações contidas na DIPJ como na escrituração contábil demonstram e comprovam a existência de valor pago a maior ou indevido a título da referida contribuição, cujo direito compensação não pode ser negado ao contribuinte; 12 devem ser analisados o conjunto dos documentos produzidos pelo contribuinte a fim de poder firmar o convencimento da autoridade julgadora; 13 no exame do recurso 898266 o Carf decidiu que prevalece as informações contidas na DIPJ sobre as informações em DCTF. Diante do alegado, requer o provimento do recurso, declarandose o direito de compensar o valor pleiteado, extinguindose o respectivo crédito tributário. Ou subsidiariamente, seja o julgamento do presente recurso voluntário convertido em diligência, para análise dos documentos ora juntados. Juntamente com a presente peça recursal, (re)apresenta: procuração e cópia de documentos do procurador; ata da assembléia geral extraordinária e estatutos sociais, listagem informando o darf mencionado, despacho decisório, acórdão da decisão recorrida, DIPJ entregue em 22.06.2004 e Livro Razão Geral/Acumulado, referente ao período de janeiro a dezembro de 2003 (em parte). Do encaminhamento Em razão disso, os autos ascenderam ao Carf em 07.10.2014 (efl. 110), que, na forma regimental, foi distribuído e sorteado para manifestação deste colegiado extraordinário da 3ª Seção, cabendo a este conselheiro o processamento do presente feito. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da competência para julgamento do feito Observo que, em conformidade com o prescrito no artigo 23B do Anexo II da Portaria MF 343 de 2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Ricarf, com redação da Portaria MF 329 de 2017, este colegiado é competente para apreciar o presente feito. Da tempestividade O recurso voluntário foi juntado aos autos em 22.02.2012, depois da ciência ocorrida em 23.01.2012; portanto, a petição é tempestiva e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação de regência, de modo que dela conheço. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 112 6 Do pedido de diligência Quanto ao pedido de diligência efetuado pelo recorrente, para melhor apuração do alegado crédito tributário e, por consequência, sua habilitação para a compensação pleiteada, entendo que todos os elementos necessários à formação da convicção deste julgador se encontram presentes nos autos, o que, por si só, já responde à condicionante corretamente suscitada pelo interessado, ao assentar que "Se assim entender a Autoridade Julgadora o julgamento pode ser convertido em diligência para análise dos documentos ora juntados". Destarte, aplicase o artigo 18 do Decreto 70.235 de 06.03.1972, que dispõe que a "autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis". Embora o comando legal inserido na norma em referência esteja direcionado ao julgador administrativo de primeira instância, entendo também aplicável a esta instância recursal diante de eventual necessidade de esclarecimento de fatos necessários ao julgamento da lide, o que não ocorre no presente caso. Neste sentido, indefiro pleito. Da jurisprudência administrativa Cabe esclarecer que, no que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos jurisprudenciais indicados pelo recorrente, somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso, nos termos do artigo 100 do Código Tributário Nacional CTN. A alegação relatada na peça recursal, por consequência, não está justificada. Dos fundamentos de mérito Da adoção, como razão de decidir, da decisão recorrida Dispõe o parágrafo 3º do artigo 57 do Anexo II do Ricarf, verbis: § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Em análise do pleito, pouco há que deva ser acrescentado por este juízo administrativo aquilo que já foi minuciosamente explicitado pela 13ª Turma da DRJ/SP1, quando da prolação do acórdão recorrido. Com efeito, andou bem o colegiado a quo ao assentar a vinculação estrita das autoridades administrativas às determinações contidas de forma literal em lei. Assim, só cabe aqui reafirmarse aquilo que de forma expressa consta da legislação tributária: o prazo para repetição do indébito é de cinco anos, contados da extinção do crédito tributário (inciso I do artigo 168 do CTN), sendo que o pagamento antecipado, efetuado no âmbito do lançamento Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 113 7 por homologação, conformase como uma das hipóteses de extinção, mesmo que pendente a sua homologação (parágrafo 1º do artigo 150 do CTN). De tal sorte, do ponto de vista estritamente legal, o pedido de restituição tem de ser efetuado no período de cinco anos que sucede o eventual recolhimento indevido ou a maior. Desta feita, em sua manifestação de inconformidade, o contribuinte argumenta que (i) o valor do crédito compensado deriva de apuração constante em DIPJ, (ii) o Per/Dcomp regularmente transmitido têm natureza de processo administrativo fiscal e suspende a exigibilidade do crédito tributário, bem assim seu prazo prescricional, não estando a autoridade administrativa, portanto, impedida de alterar de oficio nas informações contidas na DCTF, devendo, por consequência, prevalecer as informações contidas na DIPJ sobre as informações em DCTF. Por sua vez, o colegiado a quo, não acolhe o pleito do contribuinte, tendo em vista que o crédito tributário pleiteado em questão está definitivamente constituído e extinto pelo pagamento em virtude do transcurso do prazo previsto no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN, não sendo, portanto, passível de alteração pelo contribuinte ou pela Administração Tributária. Desta forma, com amparo no permissivo regimental reproduzido, por concordar com seus fundamentos, adoto como razão de decidir os termos do voto condutor da decisão recorrida, notadamente no que respeita ao tema "RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A HOMOLOGAÇÃO DO “AUTOLANÇAMENTO” ", que reproduzo, verbis: Voto (...) 4.1. Destacase, por oportuno, que os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com a presunção de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, declinando à Impugnante a iniciativa de apresentar os elementos capazes de demonstrar qualquer irregularidade no ato praticado. 4.2. Nesses termos, as matérias não expressamente questionadas presumemse legítimas e não deverão ser objeto de análise, vez que não se tornaram controvertidas nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 9.532/97. 4.3. Ressaltase, por fim, que o regramento previsto no Decreto nº 70.235/72 é aplicável à Manifestação de Inconformidade em decorrência da previsão contida no § 11 do art. 74 da Lei 9.430/96, incluído pela Lei nº 10.833/03. CRÉDITO DO CONTRIBUINTE NÃO COMPROVADO 5. Inicialmente, cumpre transcrever o regramento emanado pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96, com redação dada pela Lei nº 10.637/02: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 114 8 contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) 5.1. A Declaração de Compensação, apresentada por meio de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação) eletrônico, prestase a formalizar o encontro de contas entre o Contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, ao passo que à Administração Tributária compete a sua necessária verificação e validação. Confirmada a existência do crédito pleiteado, sobrevém a homologação e a consequente extinção dos débitos vinculados. 5.2. No caso concreto, o Contribuinte declarou débitos de PIS/PASEP (fls. 10) e apontou o suposto saldo não alocado no DARF supracitado de valor R$ 8.486,28 como origem do crédito, conforme fls. 9. 5.3. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão (fls. 2). 5.4. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER/DCOMP como origem do crédito, o seu valor integral fora utilizado para a extinção do débito referente ao período de apuração 30/09/2003 e Código de Receita 8109, conforme apontado no campo 3 do próprio Despacho Decisório. 5.5. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada à Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia, visto que já havia sido aproveitado para liquidar, por meio de pagamento, débito distinto anteriormente declarado pelo Contribuinte em DCTF. Por conseguinte, não havia saldo disponível para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação, o que justificou a não homologação do valor que já estava destinado a pagamento de tributo anteriormente confessado. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 115 9 5.6. Em suma, os motivos da não homologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pelo Contribuinte. Estes são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo. APRESENTAÇÃO DE PROVAS NO PRAZO DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE 6. Estabelece o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 que a Impugnação deverá mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Em complemento, o § 4º do citado artigo é manifesto ao prescrever que a prova documental deverá ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, ressalvados os casos específicos descritos. Art. 16. A impugnação mencionará: ... III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748/1993) ... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Acrescido pelo art. 67 da Lei nº 9.532/1997) (destaques não constam do original) 6.1. Assim, a simples apresentação de DCTF retificadora neste momento do rito processual não é suficiente para fazer prova em favor do Contribuinte. Mantémse, nesses casos, a necessidade de comprovação documental do quanto alegado, por meio da apresentação da escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão. 6.2. Insta observar que, em consonância com o art. 16 acima transcrito do Decreto nº 70.235/72, consta, nas “Orientações para apresentação de manifestação de inconformidade” disponível ao Contribuinte a partir da ciência da não homologação do crédito no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a instrução de que a manifestação de inconformidade deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 116 10 provas que possuir, como, por exemplo, comprovação de que o recolhimento indicado como crédito foi efetuado de forma indevida. 6.3. Desta sorte, na medida em que a Declaração de Compensação restou não homologada e, apresentada a Manifestação de Inconformidade, converteuse em processo administrativo, cabia à Manifestante instruílo com todos os argumentos e documentos que entendesse suficientes e necessários para demonstrar a existência do crédito que pretende utilizar para compensação. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A HOMOLOGAÇÃO DO “AUTOLANÇAMENTO” 7. O Contribuinte questiona o Despacho Decisório que não homologou a compensação afirmando possuir crédito líquido e certo contra a Fazenda Pública. Para sustentar esta afirmação apresenta declaração DCTF retificadora do 3º Trimestre (documento anexo à Manifestação de Inconformidade), entregue em 11/12/2008, na qual alterou os débitos de PIS/PASEP anteriormente declarados por meio da DCTF Retificadora transmitida em 22/05/2005. 7.1. Em que pese o acima exposto sobre a necessidade de comprovação documental do alegado, a análise do documento apresentado pelo Contribuinte (DCTF Retificadora) se mostra relevante para a confirmação da improcedência da Manifestação de Inconformidade. 7.2. Inicialmente, registrese que, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos dos interessados frente à Fazenda Pública. Nesse sentido, a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, conforme legislação de regência (art. 5º do Decretolei nº 2.124/84, e Instruções Normativas da RFB que dispõem sobre a DCTF). 7.2.1. De fato, a conclusão emitida pela Autoridade Fiscal teve como pressuposto os dados constantes dos Sistemas da Receita Federal do Brasil, que decorrem das informações prestadas pelo Contribuinte através de declaração fiscal própria (DCTF), válida a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório. Conforme se verifica no corpo do citado despacho, não havia qualquer incongruência entre os débitos declarados na DCTF transmitida em 22/05/2005 e o valor dos pagamentos desses débitos em DARF: o valor pago por meio de DARF foi integralmente aproveitado para liquidar tributos declarados pelo Contribuinte como devidos. 7.2.2. Somente após a ciência do Despacho Decisório a Manifestante apresentou declaração retificadora (11/12/2008) na qual, por meio da diminuição do valor do débito de PIS/PASEP anteriormente declarado (DCTF de 22/05/2005), pretende comprovar a origem de seu direito creditório. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 117 11 7.3. Cumpre observar, neste ponto, que a análise em apreço envolve declaração de tributo lançado na modalidade por homologação, vez que a Impugnante apurou o montante devido e declarou a ocorrência e quantificação dos fatos geradores verificados por intermédio da DCTF, consoante previsto no art. 150, caput, do CTN. 7.3.1. Sobre o assunto, mencionase o que entende a doutrina pátria acerca da modalidade de lançamento em tela, mormente quanto ao seu objeto. Assim, conforme ensina Hugo de Brito Machado1, in verbis: Lançamento por homologação, é aquele aplicável aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, no que concerne a sua determinação. (...) Objeto da homologação não é o pagamento, como alguns tem afirmado. É a apuração do montante devido, de sorte que é possível a homologação mesmo que não tenha havido pagamento.(...) O que caracteriza essa modalidade de lançamento é a exigência legal de pagamento antecipado. Não o efetivo pagamento antecipado. 7.3.2. Por outro lado, cumpre transcrever o que leciona Luciano Amaro2, que traduz a linha de raciocínio também sustentada por Aliomar Baleeiro3 e Eduardo Sabbag4. Na prática, o “dever de antecipar o pagamento” significa que o sujeito passivo tem o encargo de valorizar os fatos à vista da norma aplicável, determinar a matéria tributável, identificarse como sujeito passivo, calcular o montante do tributo e pagálo, sem que a autoridade precise tomar qualquer providência. E o lançamento? Este diz o Código Tributário Nacional operase por meio do ato da autoridade que, tomando conhecimento da atividade exercida pelo devedor, nos termos do dispositivo, homologaa. A atividade aí referida outra não é senão a de pagamento, já que esta é a única providência do sujeito passivo tratada no texto. Melhor seria falarse em “homologação do pagamento”, ... . 7.3.3. Notese que a homologação, que segundo Celso Antonio Bandeira de Melo5, “é o ato vinculado pelo qual a administração concorda com ato jurídico já praticado, uma vez verificada a consonância dele com os requisitos legais condicionadores de sua válida emissão”, tem por efeito dar ao ato homologado a eficácia que até então não se lhe atribuía. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 118 12 Homologar, portanto, pressupõe não apenas concordar com o ato praticado, mas também, conferirlhe validade ou eficácia que antes não sustentava. É somente diante desta ótica que se pode aceitar a idéia de “autolançamento” sem entender ferido o art. 142 do CTN. 7.3.4. Assim, tendo havido apuração do montante devido e a correspondente informação ao Fisco (declaração em DCTF), corroborada pelo pagamento dos tributos declarados como devidos, há de ser considerado efetuado o “autolançamento”. 7.3.5. Por seu turno, de acordo com o disposto no § 1º do referido art. 150 do CTN, o pagamento do tributo apurado conforme tal modalidade de lançamento extingue o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. 1 Curso de direito Tributário, 25ª ed., 2004, São Paulo: Malheiros, pp 180/181. 2 Direito Tributário Brasileiro, 14ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 364. 3 Direito Tributário Brasileiro, 11ª ed., atualizada por Misabel Abreu Machado Derzi, Rio de Janeiro: Forense, p. 829. 4 Manual de Direito Tributário, São Paulo: Saraiva, 2009, p. 713. 5 Curso de Direito Administrativo, 9ª Ed., São Paulo: Malheiros, 1997. 7.3.6. Em complemento, o § 4º do mesmo artigo do Código Tributário determina que, caso a lei não fixe prazo à homologação, será ele de 05 (cinco) anos a contar da ocorrência do fato gerador. Em não havendo pronunciamento da Fazenda Pública dentro de tal interstício, considerase homologado, tacitamente, o lançamento e definitivamente extinto o crédito tributário dele decorrente. 7.4. Neste ponto, relembrase que o Direito não socorre àquele que, por largo espaço de tempo, permanece inerte quanto ao exercício de determinado direito/faculdade que lhe possa assistir (“dormientibus non succurrit jus”). 7.4.1. No caso em análise, apreciase suposto direito creditório referente a pagamento indevido originado de erro na declaração de tributo do período de apuração findado em 30/09/2003, sendo considerada esta data, ainda que por ficção legal, a da ocorrência do respectivo fato gerador. 7.4.2. Assim, não tendo a Administração Fazendária se pronunciado durante o lustro legalmente previsto, cujo termo final se deu em 30/09/2008, o crédito tributário em análise foi, de forma inafastável, definitivamente constituído e extinto pelo pagamento nessa data. Tratase de prazo decadencial a pesar contra a Fazenda e contado a partir do fato imponível. 7.4.3. Tendose operado a homologação tácita (constituição definitiva do crédito tributário), a partir de tal advento resta Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 119 13 defeso à Fazenda questionar ou rever o ato comissivo do Contribuinte alcançado por tal instituto jurídico, consubstanciado na apuração e respectiva quitação dos tributos reputados devidos. 7.5. Por seu turno, é lícito ao Contribuinte retificar as informações prestadas ao Fisco, ao menos enquanto não iniciado qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, sempre se resguardando à Administração Tributária o direito de analisar e revisar as informações declaradas, consoante o disposto no art. 149 do CTN, enquanto não verificada a decadência tributária. 7.5.1. Contudo, no caso vertente, o Contribuinte quedouse inerte, não apresentando DCTF Retificadora dentro do prazo legal em que esta surtiria efeito (antes da ocorrência da homologação tácita), deixando de declarar o direito creditício que sustenta deter em face da Fazenda Pública. 7.5.2. Uma vez constatado o suposto erro cometido na declaração DCTF transmitida em 22/05/2005, cumpria à Manifestante a obrigação de dar conhecimento da nova apuração por meio do documento próprio para tanto DCTF Retificadora. Em não o fazendo, frente à relação jurídico tributária, deixou de “retificar” o “autolançamento” e, por via transversa, não formalizou a existência do crédito que pretendeu utilizar por intermédio da DCOMP em apreço. 7.6. Assim, foi corretamente emitido o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada no presente PER/DCOMP, vez que baseado em documentos hábeis e aptos a produzirem seus naturais efeitos ao tempo da decisão. (...) Do complemento aos termos da decisão recorrida Especificando a cronologia da apresentação dos documentos que importam para a solução do litígio, temos que: (i) Darf do período de apuração de 30.09.2003, código de receita 8109, referente ao PIS SET/2003, informa o recolhimento, em 09.10.2003, do valor de R$ 8.486,28 (informações colhidas da própria Per/Dcomp e corroboradas pelo despacho decisório); (ii) a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ 2004, do período de 01.01.2003 a 31.12.2003, foi entregue/transmitida em 22.06.2004; (iii) o Per/Dcomp 23033.96701.020904.1.3.040274, foi criado e transmitido em 02.09.2004; (iv) o Despacho Decisório rastreamento 808284526, foi emitido em 24.11.2008 e cientificado em 02.12.2008; Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 120 14 (v) a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF retificadora, do 3º trimestre de apuração de 2003, que retificou a DCTF retificadora de 22.05.2005, foi entregue/transmitida em 11.12.2008. Feitos estes esclarecimentos, convém, em reforço ao quanto decidido no acórdão vergastado, anotar que os argumentos tecidos pelo recorrente em seu recurso voluntário, notadamente os sintetizados nos itens 4 a 9 do tópico "Do recurso voluntário" falecem de juridicidade e, por consequência, de plausibilidade, pois desde o anocalendário 1998, quando foi instituída a DIPJ, temse que esta declaração possui ter caráter meramente informativo, ocasião em que a DCTF passou a ser instrumento específico de confissão irretratável de dívida e de constituição do crédito tributário. Nesse sentido, transcrevo o disposto no Parecer PGFN 1.372/2012, verbis: (...) 9. Quanto à Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), ela está presentemente disciplinada pela Instrução Normativa Nº 1.264, de 30 de março de 2012, a qual obriga todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, a apresentarem a DIPJ, centralizada pela matriz. Desde a Instrução Normativa Nº 127, de 30 de outubro de 1998, a obrigação da apresentação da DIPJ é anual. 10. Sobre as diferenças normativas entre a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF e a DIPJ, o Parecer PGFN/CAT/Nº 632, de 2011, teceu, entre outras, as seguintes considerações: "27. Não é demais repetir que a previsão de inscrição em dívida ativa dos débitos declarados em DCTF existe desde a publicação da IN SRF nº 126, de 1998, que a criou, mantendose vigente, até os dias atuais, ex vi do art. 8º, § 1º, da IN RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010: Art. 8º. (...) § 1º. Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão objeto de cobrança administrativa com os acréscimos moratórios devidos e, caso não liquidados, enviados para inscrição em dívida ativa. 28. Os débitos informados por meio de DIPJ não seguem a mesma sorte, dada a inexistência de previsão nesse sentido, tanto na IN SRF nº 127, de 1998, que a instituiu, quanto no normativo vigente, qual seja, a IN RFB nº 1.028, de 30 de abril de 2010. 29. Outro ponto que evidencia a natureza diversa das duas declarações reside no fato de constar, do recibo de entrega da DCTF, a informação expressa de que a declaração correspondente constitui confissão de dívida e Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 121 15 que os valores ali declarados e não pagos serão encaminhados para inscrição em DAU, nos exatos termos a seguir transcritos: O presente Recibo de Entrega da DCTF contém a transcrição da Ficha Resumo da referida declaração, que constitui confissão de dívida, de forma irretratável, dos impostos e contribuições declarados. Fica o declarante ciente de que os impostos e contribuições declarados na DCTF e não pagos serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União, conforme o disposto no parágrafo 2º do artigo 5º do DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984. 30. O recibo de entrega da DIPJ, por sua vez, veicula a mensagem de que as informações ali prestadas "correspondem à expressão da verdade", o que não lhe atribui o status de confissão de dívida. 31. O conteúdo das declarações também leva a identificar outra diferença que confere a apenas uma delas o condão de constituir o crédito tributário. A DIPJ traz informações de natureza contábil (balanço patrimonial, despesas operacionais e demonstrativo de lucros ou prejuízos acumulados), informações societárias (dados cadastrais, identificação dos sócios) e informações de natureza fiscal (cálculo do IR mensal por estimativa e sobre lucro real, cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido Mensal por estimativa, cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido). 32. Observase que, relativamente às informações fiscais, há dados sobre a base de cálculo, o percentual de alíquota, as eventuais deduções e até mesmo um campo específico para o montante do tributo a pagar. Todavia, não são computados, como na DCTF, eventuais pagamentos com DARF, compensação de pagamento indevido ou a maior, outras compensações, parcelamentos e suspensão da exigibilidade do crédito." 11. Em arremate, o opinativo concluiu: "33. Portanto, verificase que, mesmo trazendo informações detalhadas sobre os tributos que abrange, a DIPJ não é instrumento bastante para a cobrança do débito e não pode ser considerada confissão de dívida, uma vez que o cômputo do valor do tributo nela veiculado não leva em conta dados que possam influir no valor do tributo (pagamentos, compensações) ou na própria exigência do crédito (parcelamentos, suspensão da exigibilidade).(...) 37. Não restam dúvidas de que a DIPJ, de fato, tem caráter meramente informativo, não representa confissão de dívida e não constitui o crédito tributário. (...) 39. Dessa forma, a DIPJ é, ou deveria ser, precedida das DCTFs mensais relativas aos tributos que informa. Se as Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 122 16 DCTFs correspondentes aos créditos executados existem e foram entregues, o crédito foi devidamente constituído, não se operando, necessariamente, a decadência, pois a constituição pode ter se dado dentro do prazo legal de cinco anos contados a partir do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN) ou a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I), conforme o caso. Noutros falares, se o débito exequendo foi regularmente constituído por meio de DCTF, não ocorre a decadência. 40. Outra hipótese a se considerar é a inexistência de DCTFs precedentes à DIPJ sob a qual se fundamenta a execução, ocasião em que, não transcorrido o prazo decadencial, devese informar a RFB sobre o ocorrido, para que proceda ao lançamento do crédito correspondente. Caso contrário, operase, por óbvio, a decadência.(...)" 12. Como visto, o Parecer PGFN/CAT/Nº 632, de 2011, concluiu que a DIPJ não tem o efeito de se constituir em declaração capaz de configurar lançamento por homologação, porque a DIPJ tem efeito meramente informativo, não constituindo o crédito tributário nem se configurando como confissão de dívida. (...) De se ver, portanto, que a DCTF é consagradamente instrumento de confissão de dívida e suficiente para a inscrição em dívida ativa da União. Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça STJ, no rito dos recursos repetitivos, decidiu que a DCTF é modo de constituição do crédito tributário (Resp 1.120.295/SP). Reproduzo trecho da ementa, verbis: “4. A entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, de Guia de Informação e apuração do ICMS GIA, ou de outra declaração dessa natureza prevista em lei (dever instrumental adstrito aos tributos sujeitos a lançamento por homologação), é modo e constituição do crédito tributário, dispensando a Fazenda Pública de qualquer outra providência conducente à formalização do valor declarado (Precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: Resp 962.379/RS)” Por seu turno, o CTN, em seu artigo 141, prevê que o crédito tributário, regularmente constituído, somente pode ser alterado nas modalidades do artigo 145, verbis: Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. (…) Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 123 17 Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. O artigo 156 estabelece os modos de extinção do crédito tributário, verbis: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; II a compensação; III a transação; IV remissão; V a prescrição e a decadência; VI a conversão de depósito em renda; VII o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X a decisão judicial passada em julgado. XI a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. Observese, por fim, que todas essas modalidades, incluindo a compensação, ensejam a extinção, mas não a desconstituição, do crédito tributário. Evidentemente, a compensação extingue na exata medida do que for compensado. Destarte, por óbvio, pelo que depreendese destes autos, na data da apresentação do Per/Dcomp em apreço, não homologada pela autoridade fiscal, a DCTF retificadora de 22.05.2005 ainda não tinha sido objeto de nova retificação, uma vez que transmitida somente em 11.12.2008, significando que o crédito utilizado pelo recorrente em sua compensação, juridicamente, era e é ainda inexistente. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10880.954260/200858 Acórdão n.º 3001000.483 S3C0T1 Fl. 124 18 Neste caso, não haveria que se falar, juridicamente, no alegado pagamento a maior, o que retiraria do crédito pretendido a liquidez e certeza que a lei impõe para que este possa ser objeto de repetição, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, verbis: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Portanto, ao efetuar a retificação da DCTF somente em 11.12.2008, restou evidenciado o transcurso do prazo de cinco anos contado da data de ocorrência do fato gerador do débito nela declarado, nos termos do caput do artigo 168 do CTN, de forma que a referida retificação não produziria quaisquer efeitos tributários, o que tornase dispensável a análise fática do direito material do suposto crédito tributário perseguido pelo recorrente, em face da sua peremptoriedade jurídica. Não havendo qualquer reparo à decisão recorrida. Da conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, para rejeitar o pedido de diligência e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 124DF CARF MF
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Numero do processo: 12963.000113/2007-91
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2000 a 31/12/2005
COOPERATIVA DE TRABALHO. REPERCUSSÃO GERAL. SUSPENSÃO DO JULGAMENTO ADMINISTRATIVO ATÉ DECISÃO JUDICIAL DEFINITIVA QUE DEVE SER APLICADA AO LANÇAMENTO FISCAL.
O Supremo Tribunal Federal STF, no julgamento do Recurso Extraordinário RE 595.838/SP declarou inconstitucional a contribuição social a cargo da empresa no montante de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, prevista no artigo 22, IV, da Lei 8.212/91 na redação da Lei 9.876/99.
As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ em matéria infraconstitucional, na sistemática de repercussão geral (artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, Lei 5.869/73) deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros do CARF na forma do art. 62, § 1º, II, b, do Regimento Interno, aprovado pela portaria MF Nº 343/2015.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991. VINCULAÇÃO COM O RESULTADO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. PERDA DO OBJETO
Não há como conhecer de Recurso Especial da Fazenda Nacional para recálculo da multa aplicada, quando, no mérito, é declarada a improcedência do Auto de Infração de Obrigação Principal, ensejando perda do objeto do recurso.
Numero da decisão: 9202-006.950
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, por restar prejudicado.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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REPERCUSSÃO GERAL. SUSPENSÃO DO JULGAMENTO ADMINISTRATIVO ATÉ DECISÃO JUDICIAL DEFINITIVA QUE DEVE SER APLICADA AO LANÇAMENTO FISCAL. O Supremo Tribunal Federal STF, no julgamento do Recurso Extraordinário RE 595.838/SP declarou inconstitucional a contribuição social a cargo da empresa no montante de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, prevista no artigo 22, IV, da Lei 8.212/91 na redação da Lei 9.876/99. As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ em matéria infraconstitucional, na sistemática de repercussão geral (artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, Lei 5.869/73) deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros do CARF na forma do art. 62, § 1º, II, “b”, do Regimento Interno, aprovado pela portaria MF Nº 343/2015. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991. VINCULAÇÃO COM O RESULTADO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. PERDA DO OBJETO Não há como conhecer de Recurso Especial da Fazenda Nacional para recálculo da multa aplicada, quando, no mérito, é declarada a improcedência do Auto de Infração de Obrigação Principal, ensejando perda do objeto do recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 96 3. 00 01 13 /2 00 7- 91 Fl. 1194DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, por restar prejudicado. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 1195DF CARF MF Processo nº 12963.000113/200791 Acórdão n.º 9202006.950 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.034.6467, consolidado em 22/06/2007, lavrado contra a empresa supra identificada, no valor total de R$ 2.084.385,64 (dois milhões, oitenta e quatro mil, trezentos e oitenta e cinco reais e sessenta e quatro centavos), referente a contribuições sociais previdenciárias relativas à incidência de 15% sobre o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços por contribuintes individuais intermediados por Cooperativas de Trabalho, conforme exige o art. 22 inciso IV da Lei n°8.212/1991, com período de 03/2000 a 12/2005. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG julgado a impugnação procedente em parte, mantendo o crédito tributário em parte. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 08/02/2012, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301002.599 (fls. 970/984), com o seguinte resultado: “ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 06/2002, anteriores a 07/2002, devido à aplicação da regra decadencial expressa no § 4°, Art. 150 do CTN, nos termos do voto do(a) Reator(a). Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pela aplicação do I, Art. 173 do CTN para os fatos geradores não homologados tacitamente até a data do pronunciamento do Fisco com o início da fiscalização; b) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento integral da multa; c) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a)”. O acórdão encontrase assim ementado: Assunto: Contribuições Previdenciárias Período de Apuração: 01/03/2000 a 30/12/2005 DECADÊNCIA. PRAZO PREVISTO NO CTN. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Aplicase o art. 150, §4º do CTN quando verificado que o lançamento referese a descumprimento de obrigação tributária principal, houve Fl. 1196DF CARF MF 4 pagamento parcial das contribuições previdenciárias no período fiscalizado e inexiste fraude, dolo ou simulação. CONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS LEGAIS. Não cabe à instância administrativa decidir questões relativas à constitucionalidade de dispositivos legais, competência exclusiva do Poder Judiciário. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 O processo foi encaminhado à PGFN em 15/10/2012 (Despacho de Encaminhamento de fls. 985), para ciência do acórdão em até trinta dias, de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010. A intimação presumida da Fazenda Nacional ocorreria em 14/11/2012. Ainda em 15/10/2012, tempestivamente, portanto, a Fazenda Nacional interpôs o Recurso Especial de fls. 986/991 (Despacho de Encaminhamento de fls. 992). Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 3ª Câmara, de 19/04/2016 (fls. 999/1.003), considerado o acórdão paradigma nº 240100.120. O recorrente, em suas alegações, requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 35, caput da Lei nº 8.212/91 (na atual redação conferida pela Lei nº 11.941/2009), em detrimento do art. 35A, também da Lei nº 8.212/91, devendose verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a multa anterior (art. 35, II, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91. Fl. 1197DF CARF MF Processo nº 12963.000113/200791 Acórdão n.º 9202006.950 CSRFT2 Fl. 4 5 Cientificado do Acórdão nº 2301002.599, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN em 02/05/2016 (Cópia do Aviso de Recebimento AR fl. 1.006), o contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 1.009/1.162), em 16/05/2016, portanto, tempestivos. Ao ser apreciado o Recurso Especial da Fazenda Nacional, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais decidiu por meio da Resolução nº 9202000.065 (fls. 1.167/1.169): “Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à câmara recorrida, para que as contrarrazões apresentadas pelo sujeito passivo sejam recepcionadas como recurso especial e que seja analisada a admissibilidade do recurso. Vencida a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que entendeu não ser necessária a diligência. Votou pelas conclusões o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior”. O processo retornou à câmara recorrida e foi dado seguimento no Recurso Especial do contribuinte, conforme o Despacho s/nº, da 3ª Câmara, de 06/04/2017 (fls. 1.171/1.174), considerado o acórdão paradigma nº 2402004.691. A matéria a ser reapreciada no Recurso Especial do contribuinte é: Serviços prestados por intermédio de cooperativas de trabalho. Base de cálculo de contribuição previdenciária. Cientificada do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp do contribuinte em 20/04/2017 (Despacho de Encaminhamento – fl. 1.175), a PGFN apresentou contrarrazões (fls. 1.176/1.183) em 24/04/2017, portanto, tempestivas. Em suas contrarrazões, a PGFN, em síntese, alega que o princípio da fungibilidade, utilizado no caso concreto para acolher as contrarrazões do contribuinte como Recurso Especial (Resolução nº 9202000.065) não deveria prosperar, vejamos trecho: “o princípio não deve nem é acolhido pela doutrina e jurisprudência de forma indiscriminada. Para ser aceito o recurso, pelo Princípio da Fungibilidade, existem alguns requisitos... (...) ...não há qualquer dúvida objetiva sobre o recurso a ser interposto para atacar acórdão emanado de uma das Turmas Ordinárias componentes das Câmaras das Seções de Julgamento do CARF. O recurso adequado está expressamente previsto no art. 67 do RICARF. O seu cabimento no caso, não é alvo de discrepâncias nem polêmicas nem na doutrina e nem na jurisprudência. ... importa ressaltar ainda que contrarrazões não é recurso. Assim impossível a substituição propagada naquelas hipóteses específicas pelo princípio da fungibilidade no âmbito recursal que só permite a substituição de um recurso inadequado pelo recurso cabível.” É o relatório. Fl. 1198DF CARF MF 6 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interpostos pelo Contribuinte e pela Fazenda Nacional são tempestivos e atendem, em princípio, aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, fls. 1171 e 999, respectivamente. Do conhecimento Quanto ao conhecimento do recurso a decisão do colegiado, por meio da resolução 9202.000.065, de 12/12/2016, é absoluta não cabendo mais apreciação de qualquer argumentação acerca da possibilidade de utilizar da fungibilidade para acatar a parte das contrarrazões apresentada pelo contribuinte. Tratase não de decisão monocrática, mas decisão colegiada. A ciência da PGFN para contrarrazoar referese unicamente a decisão da Admissibilidade proferida pelo presidente da 3ª Câmara, fls. 1171, quanto ao mérito do seguimento, o que não foi rebatido pela ilustre procuradora. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Das Preliminares Delimitação dos Recursos Cingese a controvérsia em relação ao Resp da Fazenda Nacional às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Por outro lado, o ponto crucial a ser apreciado no Recurso do Contribuinte, diz respeito ao alcance da declaração de inconstitucionalidade das contribuições sobre a contratação de cooperativas de trabalho. Recurso Especial do Contribuinte Busca o sujeito passivo com seu recurso seja dado total provimento ao presente recurso, para que seja reformado o acórdão recorrido em relação à matéria: Pagamentos efetuados a cooperativas em face do RE 595.838/SP, o que venho a concordar como exposto a seguir. Da Contribuição pela contratação de cooperativas de trabalho Extraise do documento denominado Fundamentação Legal do Débito – FLD (fl. 193), que o lançamento, que tem como fato gerador a prestação de serviços por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, está fundamentado no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei nº 9.876/1999. Confirase: CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA SOBRE A REMUNERAÇÃO DE EMPREGADOS Competências : 03/2000 a 12/2000, 01/2001 a 12/2001, 01/2002 a 12/2002, 01/2003 a 12/2003, 01/2004 a 12/2004, 01/2005 a 12/2005 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 22, I (com a redação dada pela Lei n. 9.876, de 26.11.99); Fl. 1199DF CARF MF Processo nº 12963.000113/200791 Acórdão n.º 9202006.950 CSRFT2 Fl. 5 7 Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, art. 12, I e parágrafo único, art. 201, I, parágrafo 1. e art. 216, I, "b (com as alterações dadas pelo Decreto n. 3.265, de 29.11.99). Corrobora o FLD o trecho de Relatório Fiscal a seguir reproduzido: Na auditoria realizada na empresa notificada, constatouse que a empresa efetuou vários pagamentos à Cooperativas de Trabalho no período fiscalizado sem o respectivo pagamento das contribuições previdenciárias devidas incidentes sobre o valor do serviço prestado. Constatouse também que a empresa omitiu os pagamentos efetuados és Cooperativas de Trabalho na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, sendo esta uma das razões da lavratura do Auto de Infração n. 37.034.6408 emitido na mesma ação fiscal (descumprimento de obrigação acessória). A Contribuição Previdenciária incidente sobre o valor do serviço prestados por cooperados por intermédio de Cooperativas de Trabalho está prevista no artigo 22, inciso IV da Lei 8.212/91: "Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada é Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. (Acrescentado pela Lei n° 9.876, de 26/11/99, com vigência a partir de 03/00)" Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal – STF, em decisão unânime, tomada no RE nº 595838/SP, declarou a inconstitucionalidade do citado dispositivo em recurso com repercussão geral. Abaixo a transcrição da ementa do julgado: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.ARTIGO 22, INCISO IV, DA LEI Nº 8.212/91, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/99.SUJEIÇÃO PASSIVA. EMPRESAS TOMADORAS DE SERVIÇOS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COOPERADOS POR MEIO DE COOPERATIVAS DE TRABALHO. BASE DE CÁLCULO. VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OU FATURA. TRIBUTAÇÃO DO FATURAMENTO. BIS IN IDEM. NOVA FONTE DE CUSTEIO. ARTIGO 195, § 4º, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. Fl. 1200DF CARF MF 8 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico “contribuinte” da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99, ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. (RE 595838, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO Dje196 DIVULG 07102014 PUBLIC 0810 2014) (Grifei) A Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN apresentou Embargos de Declaração ao RE 595.838/SP, postulando pela modulação dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade, bem como, a manifestação sobre a repristinação da Lei Complementar 84/96, alegando forte impacto ao orçamento da Seguridade Social e nas políticas públicas de saúde, previdência social e assistência social. Deste recurso decidiu o STF, em sessão plenária de 18/12/2014: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO.PEDIDO DE MODULAÇÃO DE EFEITOS DA DECISÃO COM QUE SE DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DO INCISO IV DO ART. 22 DA LEI Nº 8.212/91, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/99. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.AUSÊNCIA DE EXCEPCIONALIDADE. LEI APLICÁVEL EM RAZÃO DE EFEITO REPRISTINATÓRIO.INFRACONSTITUCIONAL. 1. A modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade é medida extrema, a qual somente se justifica se estiver indicado e comprovado gravíssimo risco irreversível à ordem social. As razões recursais não contêm indicação concreta, nem específica, desse risco. 2. Modular os efeitos no caso dos autos importaria em negar ao contribuinte o próprio direito de repetir o indébito de valores que eventualmente tenham sido recolhidos. Fl. 1201DF CARF MF Processo nº 12963.000113/200791 Acórdão n.º 9202006.950 CSRFT2 Fl. 6 9 3. A segurança jurídica está na proclamação do resultado dos julgamentos tal como formalizada, dandose primazia à Constituição Federal. 4. É de índole infraconstitucional a controvérsia a respeito da legislação aplicável resultante do efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. 5. Embargos de declaração rejeitados. Como a decisão de inconstitucionalidade do art. 22, IV, da Lei 8212/91 na redação da Lei 9.876/99, não transitou em julgado e a ADI 2594, sob relatoria do Min. Teori Zavascki, encontrase liberada pelo relator para julgamento do Plenário do STF desde setembro de 2014, a decisão judicial definitiva do RE 595.838/SP deve ser aplicada ao lançamento fiscal. As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ em matéria infraconstitucional, na sistemática de repercussão geral (artigos 543B e 543C do CPC/1973) deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros do CARF, na forma do art. 62, § 1º, II, “b” do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF343/2015. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: II – que fundamente crédito tributário objeto de: b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 43C da Lei nº 5.869, de 1973 – Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; Além disso, foi editada a Resolução Senado Federal nº 10/2016, suspendendo a execução do dispositivo legal tido por inconstitucional pela Suprema Corte, senão vejamos: " O Senado Federal resolve: Art. 1º É suspensa, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, declarado inconstitucional por decisão definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 595.838." Logo, por força das disposições contidas no § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF, tal decisão deve ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento de recursos no âmbito do CARF, o que impõe cancelar os lançamentos abrangidos pela presente NFLD. Face ao exposto, entendo que não há como subsistir o lançamento, razão pela qual, voto por CONHECER E DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial do Contribuinte. Fl. 1202DF CARF MF 10 Recurso Especial da Fazenda Nacional Aplicação da multa retroatividade benigna Embora, em relação ao cálculo da multa atribuída no acórdão recorrido, possa se atribuir razão ao Resp da Fazenda Nacional, conforme ampla jurisprudência dessa 2ª Turma da CSRF, não há como apreciar a questão, face a perda do objeto. A declaração de improcedência do AIOP pela declaração de inconstitucionalidade da contribuição ali lançada, enseja mesmo destino a obrigação acessória conexa, razão pela qual não subsiste multa a ser apreciada, impossibilitando qualquer análise de matéria pertinente a multa por perda de objeto. Conclusão Face o exposto, voto por CONHECER do Recurso Especial do Contribuinte, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. Já em relação ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, voto por NÃO CONHECÊLO, em razão da perda de objeto face o provimento do Recurso Especial do Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 1203DF CARF MF
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Numero do processo: 10660.003762/2006-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 05/11/2002 a 10/01/2005
EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA - IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DO REGIME POR RECEBIMENTO DE BEM EQUIVALENTE EM EMPRÉSTIMO.
O recebimento, em empréstimo, de mercadoria equivalente à que foi objeto de exportação temporária, não é fato jurídico apto a extinguir o referido Regime Aduaneiro Especial.
EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA. SUCATEAMENTO DE PEÇAS.
A condenação de um bem ao sucateamento, ou escrapeamento, após a sua exportação temporária, não possui o condão de extinguir o regime aduaneiro por falta de previsão legal.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 05/11/2002 a 10/01/2005
NÃO HÁ NULIDADE SEM PREJUÍZO.
Para que seja declarada a nulidade de procedimento administrativo sob a alegação de nulidade é necessário que seja demonstrado que o vício acarretou prejuízo.
A RECORRIBILIDADE DA DECISÃO DEPENDE DA SUCUMBÊNCIA.
Para que uma decisão seja recorrível é necessário que exista sucumbência.
Numero da decisão: 3302-005.547
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar aguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Raphael Madeira Abad - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
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O recebimento, em empréstimo, de mercadoria equivalente à que foi objeto de exportação temporária, não é fato jurídico apto a extinguir o referido Regime Aduaneiro Especial. EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA. SUCATEAMENTO DE PEÇAS. A condenação de um bem ao sucateamento, ou escrapeamento, após a sua exportação temporária, não possui o condão de extinguir o regime aduaneiro por falta de previsão legal. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 05/11/2002 a 10/01/2005 NÃO HÁ NULIDADE SEM PREJUÍZO. Para que seja declarada a nulidade de procedimento administrativo sob a alegação de nulidade é necessário que seja demonstrado que o vício acarretou prejuízo. A RECORRIBILIDADE DA DECISÃO DEPENDE DA SUCUMBÊNCIA. Para que uma decisão seja recorrível é necessário que exista sucumbência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar aguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 37 62 /2 00 6- 41 Fl. 1149DF CARF MF Processo nº 10660.003762/200641 Acórdão n.º 3302005.547 S3C3T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad. Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em razão do fato da Recorrente haver realizado exportações temporárias onde foram identificadas irregularidades. O contribuinte apresentou Impugnação, que foi conhecida e parcialmente provida pela DRJ, que manteve a autuação apenas em relação a dois dos seus tópicos, quais sejam: "b) NO MÉRITO, por unanimidade de votos: b.1) Considerar PROCEDENTE os lançamentos referentes às operações em que não houve o retorno dos bens exportados temporariamente, nem a exportação definitiva deles, levandose em conta a data do fato gerador da infração para demarcar a incidência da penalidade aplicada, no valor total de R$ 175.870,04; b.2) Considerar PROCEDENTE o lançamento referente à operação objeto do processo de exportação temporária nº 10660.000228/200411, em que a importação de mercadoria cedida por empréstimo foi indicada como retorno da exportada temporariamente, no valor de R$ 34.192,50;" Sinteticamente, à exceção da operação de exportação temporária nº 10660.000228/200411, as únicas operações sobre as quais foram mantidas as autuações referemse àquelas em que não houve o retorno dos bens exportados temporariamente nem a exportação definitiva dos mesmos. Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário ao CARF (fls. 1115 e seguintes), por meio do qual sinteticamente suscitou os seguintes argumentos: Preliminarmente, a nulidade do Auto de Infração por cerceamento de defesa. No mérito, que o Regime Aduaneiro Especial de Exportação Temporária admite o retorno de peças idênticas ou equivalentes àquelas exportadas. Fl. 1150DF CARF MF Processo nº 10660.003762/200641 Acórdão n.º 3302005.547 S3C3T2 Fl. 4 3 Ainda no mérito, sustenta a inaplicabilidade da penalidade prevista na Medida Provisória n. 135/2003 eis que a remessa das mercadorias foi realizada antes da sua entrada em vigor, em 30/10/2003. Finalmente, alega que as operações sob análise não causaram qualquer prejuízo ao erário, e a autuação decorreu de excesso de rigor por parte da fiscalização. Merece destaque o fato de que a empresa autuada, GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A foi incorporada por VRG LINHAS AÉREAS S.A. É o relatório. Voto Conselheiro Raphael Madeira Abad Relator 1. ADMISSIBILIDADE O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, se reveste dos demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação em vigor e a matéria é de competência deste colegiado. 2. PRELIMINAR DE NULIDADE. A Recorrente sustenta que o Auto de Infração é nulo por não indicar as mercadorias de que tratam os regimes aduaneiros especiais (item 10) ou por citar tão somente as folhas do AIIM onde seriam indicadas as mercadorias, sem, contudo, ter acesso aos referidos documentos (item 11), impossibilitando a defesa (item 12), o que seria suficiente para acarretar a nulidade de todo o procedimento. Contudo, pela leitura da decisão proferida pela DRJ é possível asseverar que todos os pedidos referentes a nulidade foram acatados, à exceção das consequências advindas do não retorno ao Brasil de alguns bens, bem como da operação de exportação temporária que se buscou extinguir com um empréstimo. Ademais, pelo teor do Recurso Voluntário apresentado pela Recorrente é possível notar que nenhuma matéria deixou de ser tratada por falta de oportunidade de defesa, o que evidencia a ausência do prejuízo imprescindível ao reconhecimento da nulidade. Por estas razões, é de se admitir que as nulidades existentes no presente processo já foram declaradas pela DRJ em sua decisão. 3. MÉRITO 3.1. A impertinência dos atos administrativos praticados pela Recorrente com a sistemática do Regime Aduaneiro Especial denominado Exportação Temporária. Fl. 1151DF CARF MF Processo nº 10660.003762/200641 Acórdão n.º 3302005.547 S3C3T2 Fl. 5 4 A Recorrente, com o objetivo de dar manutenção à sua frota, por questões operacionais, fez uso do Regime Aduaneiro Especial denominado Exportação Temporária para Aperfeiçoamento. Tal regime consiste em, sinteticamente, permitir que uma peça, parte ou componente saia do território brasileiro para o exterior com o fim de reparo, revisão, manutenção, renovação ou reacondicionamento, e retorne ao Brasil sem que tal entrada seja considerada importação, ainda que o bem seja submetido a inovação ou atualização tecnológica. Este regime é previsto na Lei 10.833/2003 e o reconhecimento de equivalência encontrase positivado na Instrução Normativa SRF n. 386/2003. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Art. 60. Extinguem os regimes de admissão temporária, de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, de exportação temporária e de exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, aplicados a produto, parte, peça ou componente recebido do exterior ou a ele enviado para substituição em decorrência de garantia ou, ainda, para reparo, revisão, manutenção, renovação ou recondicionamento, respectivamente, a exportação ou a importação de produto equivalente àquele submetido ao regime. § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos seguintes bens: I partes, peças e componentes de aeronave, objeto das isenções previstas na alínea j do inciso II do art. 2º e no inciso I do art. 3º da Lei nº 8.032, de 12 de abril de 1990; [...] § 2º A Secretaria da Receita Federal disciplinará os procedimentos para a aplicação do disposto neste artigo e os requisitos para reconhecimento da equivalência entre os produtos importados e exportados. Instrução Normativa SRF nº 368, de 28 de novembro de 2003. Dispõe sobre o reconhecimento da equivalência entre os produtos importados e exportados, para a extinção dos regimes de admissão temporária e de exportação temporária relativamente a partes, peças e componentes de aeronave. Alterada pela IN SRF nº 523, de 10 de março de 2005. Art. 2º Poderão ser reconhecidos como equivalentes, para efeito de extinção dos regimes aduaneiros referidos no art. 1º, os bens: I classificáveis no mesmo código da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); II que realizem as mesmas funções; III obtidos a partir dos mesmos materiais; e Fl. 1152DF CARF MF Processo nº 10660.003762/200641 Acórdão n.º 3302005.547 S3C3T2 Fl. 6 5 IV cujos modelos ou versões sejam de tecnologia equivalente. Parágrafo único. A equivalência entre os bens será reconhecida ainda que exista inovação ou atualização tecnológica, no caso de obsolescência do modelo ou versão do bem admitido no regime. Este sistema foi criado para permitir que um componente de aeronave cuja fábrica se encontra no exterior, possa ser enviado à referida fábrica para manutenção e, posteriormente, retorne ao Brasil sem que sobre ela incidam os tributos de importação. Tal sistemática possui regramento próprio bem como, por óbvio, é sujeita a trâmites burocráticos pois há necessidade de se demonstrar que os bens que saíram do território nacional são os mesmos que retornam, especificamente o "Requerimento de baixa mediante comprovação de retorno de processo de exportação temporária" Em outras palavras, o Regime Aduaneiro tem início quando o bem é exportado e é extinto quando retorna ao Brasil após o reparo, revisão ou manutenção, ainda que deles tenha ocorrido alteração em razão de inovação ou atualização tecnológica. Contudo, constatouse que ao invés de paralisar a aeronave, retirar uma peça, mandar para o exterior para manutenção, aguardar o translado, o serviço e remontar a peça no avião, como se faria com um carro particular, algumas vezes a companhia aérea, que não pode deixar os aviões parados, encomenda do exterior uma peça em perfeitas condições, equivalente à que será exportada para reparo e efetua a exportação para manutenção, naquilo que se denomina exchange in advance, sistemática aceita pela própria DRJ conforme decisão de fls. 1088. Assim, é de se concluir que a DRJ foi extremamente benevolente no que diz respeito à interpretação das regras do Regime Aduaneiro Especial de Exportação Temporária, levando em conta a finalidade do mecanismo. Por esta razão, não é de se conhecer este pedido, pois o que nele foi requerido já foi deferido pela DRJ em sede de Impugnação. É importante destacar que os únicos pontos negados pela DRJ e foram as peças que não retornaram e a peça objeto do processo 10660000228/200411. Neste sentido, não é de se conhecer o presente recurso no que diz respeito à alegação de equivalência supostamente existente entre peças exportadas temporariamente, eis que o Auto de Infração foi anulado pela DRJ em relação a elas, não havendo sucumbência em relação a tal matéria. 3.2. Peça 10660000228/200411 "Unidade de Referência Inercial e Dados de Ar" A peça relativa ao processo em referencia é uma "Unidade de Referência Inercial e Dados de Ar" foi considerada definitivamente exportada eis que a unidade recebida para a extinção do regime adentrou no território nacional a título de empréstimo, fato alegado pela própria recorrente quando da sustentação do reconhecimento de equivalência: Em função do elevado custo da unidade (...), nossa empresa optou em solicitar para o reparador uma unidade por empréstimo num período de 30 dias, até a conclusão final do Fl. 1153DF CARF MF Processo nº 10660.003762/200641 Acórdão n.º 3302005.547 S3C3T2 Fl. 7 6 reparo... (fls. 97 e 98 da numeração atual, 9...) antigas fls. 88 e 89 da numeração manuscrita) Em relação a este ponto o Recurso deve ser conhecido, contudo não pode ser provido, eis que a mercadoria foi adentrada como empréstimo, o que não é suficiente para extinguir o regime aduaneiro especial denominado "Admissão temporária". Quando a Recorrente discorre acerca da referida peça 10660000228/200411 "Unidade de Referência Inercial e Dados de Ar", faz menção ao processo n. 10660.002048/200474, que diz respeito a componente absolutamente estranho, qual seja um "trocador de temperatura do óleo", cuja exportação temporária foi considerada regular. 3.3. Sucateamento, no exterior, de peças e componentes objeto do Regime Aduaneiro Especial denominado Exportação Temporária. O Regime Aduaneiro de Exportação Temporária é concluído quando a peça é reimportada, ou seja, retorna ao Brasil a título definitivo. Contudo, a própria Recorrente afirma que há uma categoria de peças que foram scrapeadas, anglicismo do termo descarte ou sucateamento. Em outras palavras, após serem enviadas à oficina, foi constatado que o conserto não era viável, tendo sido transformadas em sucata. No que diz respeito a estes bens, é importante destacar que o não retorno das peças implica reconhecer a exportação definitiva, e não temporária, devendo ser exigidos os tributos e eventuais penalidades incidentes sobre tal fato. 3.4. Trem de Pouso Dianteiro P/M 162A 11005 E S/N MAL00203Y106 Processo 10660.000045/200587. O referido trem de pouso foi objeto de exportação temporária (termo de identificação lavrado em 10 de janeiro de 2004, fls. 1012, conforme relatório de fls. 31 do processo eletrônico) cuja prorrogação foi requerida conforme documentos de fls 81 e seguintes. Contudo, apesar do relatório de fls. 31 constar que o referido trem de pouso foi exportado temporariamente, a "Relação de Mercadorias não Retornadas" de fls. 54 consta o referido trem de pouso como "não retornado", a Recorrente afirma que houve o retorno sem, contudo, apontar qual documento demonstraria o referido retorno. Aliás, na própria Impugnação (fls.160) a Recorrente deixa em branco o número do anexo que comprovaria o retorno do referido trem de pouso. Nos autos há menção tão somente à solicitação de prorrogação de exportação temporária, fls. 991. Há ainda nos autos (fls. 1010 e seguintes), declaração firmada pela KLM em 5 de setembro de 2006, de que o trem de pouso ainda estaria em conserto. 3.5. Aplicabilidade da penalidade prevista na Medida Provisória n. 135/2003 A penalidade de 5% do preço normal da mercadoria submetida ao regime aduaneiro especial de exportação temporária foi instituído pela MP n. 135/2003 que entrou em vigor no dia 30 de outubro de 2003, tendo como hipótese legal "... o descumprimento de condições, requisitos ou prazos estabelecidos para a aplicação do regime." tudo conforme o texto normativo. Fl. 1154DF CARF MF Processo nº 10660.003762/200641 Acórdão n.º 3302005.547 S3C3T2 Fl. 8 7 Resta investigar, agora, se tal norma aplicase tão somente aos regimes aduaneiros que tiveram início após a sua edição ou também aos regimes aduaneiros em andamento, merecendo destaque que, tratandose de uma norma jurídica sancionatória, submetese às regras interpretativas do direito penal e não às do direito tributário. Neste sentido merece destaque o fato de que o Regime Jurídico da exportação temporária é um procedimento jurídico consistente da prática de vários atos, sendo que um deles é a exportação do bem (ainda não é possível saber se é temporária ou não, depende do seu destino) e outro o retorno do bem ao território nacional, o que caracterizará a "temporalidade" do regime. Tendo sido criada uma sanção entre a saída do bem e o seu regresso, é de se concluir que esta sanção não pode ser aplicada em relação a fatos ocorridos antes de sua vigência, como por exemplo, que digam respeito à saída do bem, mas podem perfeitamente atingir fatos que ainda não ocorreram, como os que dizem respeito ao retorno do bem. Por esta razão admitese que como a lei nova estabeleceu uma sanção para o não retorno do bem no prazo estipulado, e esta lei nova entrou em vigor antes do prazo estipulado para o retorno, que não ocorreu, é perfeitamente possível que possa aplicada a este fato. Assim, em relação a este ponto não deve ser provido o presente recurso. 3.6. Da inexistência de Prejuízo ao Erário decorrente das operações sob análise bem como do excesso de rigor por parte da fiscalização. Por derradeiro, a Recorrente sustenta que as operações não poderiam ser punidas ou tributadas em razão de supostamente não haverem trazido prejuízo ao erário, contudo não é este o entendimento que deve prevalecer. Isto porque a aplicação da multa e o ato de lançamento são ambos vinculados na perfeita forma do artigo 142 do Código Tributário Nacional, sendo que o Princípio da Legalidade veda que o fiscal e mesmo o CARF deixem de aplicar a norma tributária, neste último caso inclusive por força da Súmula 02. Por esta razão, não cabe a este colegiado deixar de aplicar norma jurídica em razão de alegação de que o fato nela previsto "não causa prejuízo ao erário" ou que decorre de excesso de rigor por parte da fiscalização. Assim, é de se conhecer o recurso, afastar a preliminar arguida e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Fl. 1155DF CARF MF Processo nº 10660.003762/200641 Acórdão n.º 3302005.547 S3C3T2 Fl. 9 8 Fl. 1156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.010116/2008-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 08/09/2008
CONCOMITÂNCIA. AUSÊNCIA. NULIDADE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
Inexistindo concomitância entre o processo administrativo e o judicial, deve ser anulada a decisão recorrida, para que seja analisada a questão de mérito, sob pena de supressão de instância. A teor da Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Decisão Recorrida Nula.
Numero da decisão: 3402-005.391
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso para anular a decisão recorrida em face da inexistência de concomitância, com o retorno dos autos à DRJ/SPO para apreciação dos argumentos de mérito trazidos na Impugnação.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado).
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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AUSÊNCIA. NULIDADE DECISÃO. Recorrente MOSAIC FERTILIZANTES DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 08/09/2008 CONCOMITÂNCIA. AUSÊNCIA. NULIDADE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. Inexistindo concomitância entre o processo administrativo e o judicial, deve ser anulada a decisão recorrida, para que seja analisada a questão de mérito, sob pena de supressão de instância. A teor da Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Decisão Recorrida Nula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso para anular a decisão recorrida em face da inexistência de concomitância, com o retorno dos autos à DRJ/SPO para apreciação dos argumentos de mérito trazidos na Impugnação. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 01 01 16 /2 00 8- 01 Fl. 308DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado com a finalidade de prevenir a decadência da multa de 1% do valor aduaneiro prevista no art. 84, da Medida Provisória n° 2.15835/2001 e no art. 69 da Lei n° 10.833/2003, decorrente de declaração inexata dos dados das importações referentes às Declarações de Importação 08/13966102 e 08/13966153. Conforme relatado na autuação, quando da conferência aduaneira das mercadorias (cloreto de potássio granulado, a granel) foi constatado que os dados informados no campo "Fabricante/Produtor" das DIs foram declarados em desacordo com as informações contidas nas Faturas Comerciais (indicada a empresa MOSAIC CANADA CROP NUTRITION, LP, ao invés das empresas POTASH CORPORATION OS SASKATCHEWAN INC., que consta na Fatura Comercial n.º T1090, e AGRIUM INC., que consta na Fatura Comercial n.º T1092, como produtores). Por essa razão, foi proferido despacho no SISCOMEX determinando a correção da informação e o correspondente recolhimento da multa. Em face desse despacho, a empresa impetrou o Mandado de Segurança n° 2008.61.04.0096099 visando a liberação das mercadorias objeto das DIs. Conforme inicial acostada às efls. 161/175, a empresa busca naquele processo a liberação das mercadorias, sem prejuízo da lavratura de Auto de Infração para a exigência da multa. O pedido daquela ação judicial foi formulado nos seguintes termos: "IV— O PEDIDO Diante de todo o exposto, é o presente para requerer se digne V.Exa. conceder medida liminar, inaudita altera pars, que determine à autoridade cOatora a imediata liberação das mercadorias retidas desde 28/11/04 na Alfândega do Porto de Santos, registradas pelas Declarações de Importação n° 08/13966242, n° 08/13966226, n° 08/13966153 e n° 08/13966102, sem prejuízo de seu direito de constituir e receber á multa que considerar devida, mediante o ato de lançamento fiscal (auto de infração), concedendose ao final e em definitivo a segurança, confirmando o direito da impetrante à liberação de suas mercadorias importadas." (efls. 174/175 grifei) Na decisão liminar proferida naquele processo, foi autorizada a liberação da mercadoria mediante a realização de depósito. Após a realização do depósito judicial da exigência da multa referente ao presente processo e de outros processo administrativos envolvidos na inicial no Mandado de Segurança (efl. 63), as mercadorias foram liberadas. Em seguida, foi lavrada a presente autuação para prevenir decadência. Inconformada, a empresa apresentou Impugnação administrativa para discutir a validade da multa aplicada, defesa esta que não foi conhecida em acórdão ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 08/09/2008 Fl. 309DF CARF MF Processo nº 11128.010116/200801 Acórdão n.º 3402005.391 S3C4T2 Fl. 309 3 CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. Liminar concedida em Mandado de Segurança, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula nº 1 Portaria CARF nº 52, de 2010). Não se toma conhecimento da impugnação no tocante à matéria objeto de ação judicial. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido" (efl. 197) Intimada desta decisão em 04/12/2014 (efl. 212), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 10/12/2014 (efls. 214/231) sustentando, em síntese: (i) a ausência de concomitância no presente caso, vez que o mérito da multa não foi objeto de discussão na seara judicial; (ii) a inexigibilidade da multa aplicada diante da ausência de dano ao erário. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne O Recurso Voluntário é tempestivo e merece análise. Como relatado, é possível constatar com clareza pela inicial do Mandado de Segurança n° 2008.61.04.0096099 que este pleito judicial se referiu, apenas, à liberação das mercadorias, sem envolver o mérito objeto do presente processo administrativo, em torno da validade da aplicação da multa de 1% do valor da mercadoria por erro na Declaração de Importação. Além do pedido já transcrito no relatório, possível vislumbrar que ao longo de toda a inicial a ora Recorrente buscou afastar a discussão em torno da validade da multa, que seria travada apenas na instância administrativa. Vejamos trechos da inicial daquele processo: "Notese que a impetrante já efetuou a retificação das licenças de importação, sendo que o, respectivo órgão anuente, inclusive, já acatou tal retificação (vide docs.). Todavia, a impetrante não concorda com a penalidade aplicada pelo impetrante, por entender ser medida injusta e descabida, razão pela qual pretende discutir a legalidade da multa aplicada perante a instância administrativa. Porém, sabese que a discussão em via administrativa poderá levar anos e a impetrante não poderá aguardar o desfecho da discussão administrativa para ter liberadas suas mercadorias importadas. Fl. 310DF CARF MF 4 Frisese que a decisão da impetrante de discutir a aplicação de tal penalidade na via administrativa encontra respaldo na atual jurisprudência do E. Conselho de Contribuintes e deste poder judiciário, conforme se pode observar nas decisões abaixo citadas: (...) Assim, para sanar com maior segurança a questão, tanto para o fisco, como para a impetrante, o procedimento correto deveria ser a lavratura de auto de infração, a fim de que se instaure o contencioso administrativo, dando, portanto, a oportunidade da impetrante exercer o contraditório. Porém, a interrupção do despacho aduaneiro pelo impetrado, apreendendo a mercadoria importada com a intenção de ser cobrada a multa, caracteriza nítida e inadmissível violação de direito liquido e certo da impetrante em ver suas mercadorias desembaraçadas. A impetrante, portanto, vêse privada de suas mercadorias desde 23/09/2008, e para têlas liberada deverá pagar a penalidade imposta pelo impetrado. O impetrado, no entanto, ao invés de aplicar a lei e efetuar o, ato de lançamento (auto de infração), insiste em manter retidas as mercadorias importadas e coagir a impetrante a recolher a multa imposta" (efls. 164/167 grifei) Acrescese que, como informado pela Recorrente, foi proferida sentença naquele processo extinguindo o processo sem julgamento de mérito exatamente em razão da liberação das mercadorias e a correspondente perda superveniente de interesse de agir, não constando qualquer apreciação pelo Judiciário da validade da multa aplicada nos exatos limites da lide delineados na inicial1. Desta forma, não se vislumbra na hipótese a existência de concomitância indicada pela r. decisão recorrida. Repitase: o objeto do presente processo administrativo (discussão de mérito em torno da validade da multa de 1% das mercadorias) não foi objeto de apreciação pelo judiciário, não cabendo se falar em concomitância na forma do art. 87 do Decreto n° 7.574/2011 e da Súmula CARF n.º 1: Decreto 7.574/2011 1 Conforme se observa do extrato de andamentos do processo no Tribunal Regional federal da 3ª Região (disponível em http://web.trf3.jus.br/consultas/Internet/ConsultaProcessual/Processo?NumeroProcesso= 00096092820084036104), a sentença foi mantida pelo Tribunal em acórdão já transitado em julgado, pendente apenas o pedido subsidiário da empresa quanto a transferência dos depósitos judiciais para a seara administrativa. Nos termos do v. acórdão: "Nesse passo, a impetrante realizou, no curso do processo, em 02 de outubro de 2008, o depósito judicial dos valores referentes à multa aplicada pela autoridade impetrada, razão pela qual houve, em 08 de outubro de 2008, a liberação das mercadorias objeto das declarações de importação enumeradas na exordial. O presente mandamus foi impetrado com o objetivo de assegurar a liberação de mercadorias de propriedade da impetrante, sob a alegação de que é inadmissível a apreensão de bens como modo coercitivo para pagamento de multas e tributos. Notase, assim, que a demanda perdeu o objeto em face da ausência superveniente de interesse. (...) No caso concreto, observase que, após a impetração do mandado de segurança, a parte autora efetuou, voluntariamente, o depósito do valor correspondente à multa discutida em âmbito administrativo, o que levou ao desembaraço das mercadorias em questão. Notase, destarte, que o atendimento favorável ao pleito da impetrante pela Administração, possibilitando a liberação das mercadorias retidas, desde 28/11/2004, na Alfândega do Porto de Santos/SP, deuse unicamente em razão do aludido depósito voluntário e não em virtude de ordem judicial exarada pelo r. Juízo a quo, como restou comprovado nos presentes autos, estando ausente, portanto, o interesse processual. (...) Em face do exposto, com fulcro no art. 557, caput do CPC, nego seguimento à apelação, devendo ser mantida a r. sentença recorrida pelos seus próprios e jurídicos fundamentos." (Disponibilizado no DJe de 13/10/2014 grifei) Fl. 311DF CARF MF Processo nº 11128.010116/200801 Acórdão n.º 3402005.391 S3C4T2 Fl. 310 5 "Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no 6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada." (grifei) Súmula CARF nº 1 "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial." (grifei) Assim, afastada a existência de concomitância levantada pela decisão de primeira instância, que não analisou quaisquer dos argumentos trazidos em sede de Impugnação, o processo deve retornar à autoridade julgadora para manifestação sobre o mérito, sob pena de supressão de instância, conforme entendimento desta turma (vide, por exemplo, o Acórdão n.º 3402004.603, de minha relatoria) e deste E. CARF: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/1989 a 31/05/1991 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Inexistindo concomitância entre o processo administrativo e o judicial, deve ser anulada a decisão recorrida, para que seja analisada a questão de mérito, sob pena de supressão de instância. Recurso Voluntário Provido em Parte." (Número do Processo 10580.013421/9911 Sessão 25/06/2013. Relator Nilton Luiz Bartoli, Nº Acórdão 3201001.392 Unânime grifei) "Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 30/01/2002 NÃO HÁ CONCOMITÂNCIA DE OBJETO ENTRE ESTE PROCESSO E AÇÃO JUDICIAL ANTERIOR. Não se caracterizou a concomitância de objeto com processo judicial nem tampouco se pode afirmar que o objeto do presente processo coincida com a questão efetivamente enfrentada pelo Judiciário, que se restringiu exclusivamente a conceder liminar para liberação da mercadoria importada sem constrangimento por parte do fisco. A lide administrativa foi iniciada dois anos depois de haver sido encerrada sem julgamento do mérito a ação mandamental cuja sentença transitada em julgado apenas confirmou a liminar liberatória da mercadoria importada e homologou a expressa desistência do autor quanto aos demais pedidos inicialmente apresentados para que fossem apreciados administrativamente. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA DE JULGAMENTO. A indevida negativa de conhecimento do mérito pela instância julgadora a quo representa empecilho à ampla defesa e negação de garantia do contribuinte ao duplo grau de jurisdição. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. Deve ser anulada a decisão recorrida por cerceamento ao direito de defesa, devendo ser a devolução integral da matéria de mérito à apreciação da Delegacia de Julgamento competente. Processo Anulado" (Número do Processo 10907.000672/200235 Data da Sessão 16/10/2007 Relator Zenaldo Loibman Nº Acórdão 30334.758 Unânime grifei) Fl. 312DF CARF MF 6 "(...) NÃO HÁ CONCOMITÂNCIA ENTRE O PROCESSO JUDICIAL E O ADMINISTRATIVO. Tratase de empresa exclusivamente prestadora de serviços; a interessada não comprovou a afirmação de que auferiu receita de venda de mercadorias, ao contrário, nas suas declarações DIRPJ de 1990 a 1993 indicou apenas receitas de prestação de serviços, confirmadas nas cópias do Livro de Registro de Serviços Prestados. O objeto da ação judicial movida pelo sinduscon, e transitada em julgado em 1994, é o pedido de aplicação da alíquota de 0,5% para as empresas exclusivamente prestadoras de serviços, enquanto o processo administrativo tem por objeto o pedido de compensação. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. O pedido não foi julgado. O processo deve retornar à primeira instância para que julgue o mérito da compensação requerida. ANULADA A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA." (Número do Processo 14052.003131/9310 Data da Sessão 18/03/2004 Relator Zenaldo Loibman Nº Acórdão 30331.320 Unânime grifei) Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para anular a decisão recorrida em face da inexistência de concomitância, com o retorno dos autos à DRJ/SPO para apreciação dos argumentos de mérito trazidos na Impugnação. É como voto. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. Fl. 313DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.961784/2008-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003
CRÉDITO POR PAGAMENTO A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
Instaurado o contencioso administrativo, em razão da não homologação de compensação de débitos com crédito de suposto pagamento indevido ou a maior, é do contribuinte o ônus de comprovar nos autos a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar. Não há como homologar declaração de compensação fundada em crédito cuja certeza e liquidez não restou comprovada no curso normal do processo administrativo. Sobretudo quando o próprio contribuinte admite ter utilizado o mesmo suposto crédito em duas declarações de compensações distintas.
INOVAÇÃO NOS PEDIDOS EM FASE RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO.
Não se pode conhecer de pedidos formulados apenas na fase recursal, a exceção daqueles decorrentes de fatos supervenientes e das matérias de ordem pública, o que não se afigura no caso em estudo.
CANCELAMENTO DE DCOMP. INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO.
O Pedido de Cancelamento de DCOMP não está inserido na competência dos órgãos de julgamento administrativo, razão pela qual não se pode dele conhecer.
CANCELAMENTO DE COBRANÇA DE DÉBITO DECORRENTE DE NÃO HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP. INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO.
O recorrente não comprovou que o débito pretendido compensar na DCOMP em discussão nestes autos, corresponda a exata fração de débito que se pretende compensar nos autos do processo de nº 10880.915813/2008-57. Ademais, a competência dos julgadores administrativos, no que diz respeito às declarações de compensação, está adstrita ao reconhecimento, ou não, do direito creditório, sendo a cobrança do débito indevidamente compensado um consectário da não homologação.
Numero da decisão: 3302-005.438
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Weis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Jorge Lima Abud, Vinicius Guimarães, Diego Weis Junior, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad, Walker Araújo.
Nome do relator: DIEGO WEIS JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003 CRÉDITO POR PAGAMENTO A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Instaurado o contencioso administrativo, em razão da não homologação de compensação de débitos com crédito de suposto pagamento indevido ou a maior, é do contribuinte o ônus de comprovar nos autos a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar. Não há como homologar declaração de compensação fundada em crédito cuja certeza e liquidez não restou comprovada no curso normal do processo administrativo. Sobretudo quando o próprio contribuinte admite ter utilizado o mesmo suposto crédito em duas declarações de compensações distintas. INOVAÇÃO NOS PEDIDOS EM FASE RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO. Não se pode conhecer de pedidos formulados apenas na fase recursal, a exceção daqueles decorrentes de fatos supervenientes e das matérias de ordem pública, o que não se afigura no caso em estudo. CANCELAMENTO DE DCOMP. INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO. O Pedido de Cancelamento de DCOMP não está inserido na competência dos órgãos de julgamento administrativo, razão pela qual não se pode dele conhecer. CANCELAMENTO DE COBRANÇA DE DÉBITO DECORRENTE DE NÃO HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP. INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO. O recorrente não comprovou que o débito pretendido compensar na DCOMP em discussão nestes autos, corresponda a exata fração de débito que se pretende compensar nos autos do processo de nº 10880.915813/2008-57. Ademais, a competência dos julgadores administrativos, no que diz respeito às declarações de compensação, está adstrita ao reconhecimento, ou não, do direito creditório, sendo a cobrança do débito indevidamente compensado um consectário da não homologação.
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COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Instaurado o contencioso administrativo, em razão da não homologação de compensação de débitos com crédito de suposto pagamento indevido ou a maior, é do contribuinte o ônus de comprovar nos autos a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar. Não há como homologar declaração de compensação fundada em crédito cuja certeza e liquidez não restou comprovada no curso normal do processo administrativo. Sobretudo quando o próprio contribuinte admite ter utilizado o mesmo suposto crédito em duas declarações de compensações distintas. INOVAÇÃO NOS PEDIDOS EM FASE RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO. Não se pode conhecer de pedidos formulados apenas na fase recursal, a exceção daqueles decorrentes de fatos supervenientes e das matérias de ordem pública, o que não se afigura no caso em estudo. CANCELAMENTO DE DCOMP. INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO. O Pedido de Cancelamento de DCOMP não está inserido na competência dos órgãos de julgamento administrativo, razão pela qual não se pode dele conhecer. CANCELAMENTO DE COBRANÇA DE DÉBITO DECORRENTE DE NÃO HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP. INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO. O recorrente não comprovou que o débito pretendido compensar na DCOMP em discussão nestes autos, corresponda a exata fração de débito que se pretende compensar nos autos do processo de nº 10880.915813/200857. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 96 17 84 /2 00 8- 03 Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10880.961784/200803 Acórdão n.º 3302005.438 S3C3T2 Fl. 276 2 Ademais, a competência dos julgadores administrativos, no que diz respeito às declarações de compensação, está adstrita ao reconhecimento, ou não, do direito creditório, sendo a cobrança do débito indevidamente compensado um consectário da não homologação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Jorge Lima Abud, Vinicius Guimarães, Diego Weis Junior, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad, Walker Araújo. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo DRJ/SP1 assim ementado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS (sic) Ano calendário:2003 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INEXISTENTE. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não comprovada a existência do recolhimento declarado como origem do direito creditório, a compensação efetuada deve ser não homologada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Na origem, o contribuinte transmitiu, em 09.11.2004, Declaração de Compensação DCOMP de nº 35679.56431.091104.1.3.044277, objetivando a compensação de suposto crédito por pagamento a maior de PIS cumulativo do mês de janeiro de 2003, no valor original de R$4.129,71, com débito da mesma contribuição do mês de dezembro de 2002, de valor original R$4.274,19. Fl. 276DF CARF MF Processo nº 10880.961784/200803 Acórdão n.º 3302005.438 S3C3T2 Fl. 277 3 Sobreveio, em 11.12.2008, Despacho Decisório cientificando o contribuinte da não homologação da compensação declarada, apontando como motivação que o pagamento indicado pelo contribuinte não foi localizado nos sistemas da Receita Federal, não se podendo confirmar a existência de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na DCOMP. Em Manifestação de Inconformidade o sujeito passivo alegou, em síntese, que: a) A compensação é uma das formas de extinção do crédito tributário, nos termo do art. 156, II, do CTN; b) Houve equívoco no preenchimento do DARF do PIS de janeiro/2003, tendo o contribuinte preenchido os campos "Período de Apuração" e "Data de Vencimento" com a data de 19.02.2003, quando deveria ter utilizado, respectivamente, as datas de 31.01.2003 e 14.02.2002 (sic); c) Tentou retificar o DARF através do ECNPJ (sic), mas o sistema da Receita Federal não aceitou retificação de documento de arrecadação com mais de 5 (cinco) anos; d) Deve a correção do DARF ser realizada de ofício pela Receita Federal, reconhecendo a certeza e liquidez do direito creditório do contribuinte. A DRJ/SP1 declarou não ser competente para proceder a retificação de DARF´s, e alegou ainda que a manifestante foi notificada, em 15.12.2006 (fls 10 a 12) para que verificasse os dados do Darf informados na declaração de compensação original, antes, portanto, de decorrido o prazo de 5 (cinco) anos do pagamento, não tendo a contribuinte tomado providência alguma. No Recurso Voluntário, o recorrente aduziu que: a) Em verificação aos seus apontamentos contábeis identificou que o valor efetivamente devido a título de Contribuição ao PIS do mês de janeiro de 2003 era de R$16.483,06, e não de R$20.985,88, como anteriormente declarado e recolhido, conferindolhe, portanto, um crédito decorrente de pagamento a maior; b) Equivocouse no preenchimento do DARF da Contribuição ao PIS do mês de janeiro de 2003, preenchendo incorretamente os campos "Período de Apuração" e "Data de Vencimento"; c) Tentou efetuar a retificação do DARF através do Redarf Net, mas o sistema não aceitou o procedimento porque o documento de arrecadação objeto da tentativa de retificação tinha mais de 5 (cinco) anos; d) Se o fisco federal não disponibiliza meios adequados para o contribuinte retificar erro formal da guia de preenchimento, não pode o contribuinte ser penalizado tendo que pagar duas vezes o tributo; Fl. 277DF CARF MF Processo nº 10880.961784/200803 Acórdão n.º 3302005.438 S3C3T2 Fl. 278 4 e) Existe outro processo administrativo, de nº 10880.915813/200857, vinculado à outra DCOMP, também aguardando julgamento de Recurso Voluntário, que tem por objeto pedido de homologação de compensação do mesmo crédito de PIS, de janeiro de 2003, com o mesmo débito de PIS, de dezembro de 2002; f) Tendo em vista ser a DCOMP em discussão no processo de nº 10880.915813/200857 anterior àquela em discussão nestes autos, este processo administrativo seria nulo, vez que existe outro processo em curso com o mesmo objetivo; Pede a reforma da decisão que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, reconhecendo o direito creditório pleiteado e homologando a compensação em discussão nestes autos. Subsidiariamente, pede ainda, em caso de não reconhecimento do direito creditório e conseqüente não homologação da compensação declarada pela DCOMP em discussão nestes autos, seja considerado que este processo está diretamente relacionado ao de nº 10880.915813/200857, cancelandose a DCOMP em discussão neste processo e extinguindo o débito oriundo de sua não homologação. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Weis Junior, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos e requisitos de admissibilidade. I. Das Etapas de Verificação da DCOMP e do Ônus Probatório do Contribuinte. A compensação enquanto modalidade de extinção do crédito tributário, prevista no art. 156, II, do CTN, operase mediante a existência de crédito líquido e certo oponível à fazenda pública, sem o que não há como efetivar o encontro de contas pretendido pelo contribuinte. Assim, têmse que o direito à compensação existe na medida exata da certeza e liquidez do crédito em favor do contribuinte. Não restando comprovadas a certeza e liquidez do crédito do contribuinte, não há como operacionalizar a compensação. Atualmente, a compensação pode ser declarada pelo próprio contribuinte, em meio eletrônico, mediante preenchimento e transmissão de Declaração de Compensação DCOMP, na qual se indicará em detalhes o crédito existente e o débito a ser compensado, sujeitandose a ulterior homologação por verificação fiscal. A verificação fiscal das compensações declaradas pelos contribuintes se opera em dois momentos distintos, a saber: Fl. 278DF CARF MF Processo nº 10880.961784/200803 Acórdão n.º 3302005.438 S3C3T2 Fl. 279 5 1) Verificação Eletrônica: Consiste no cruzamento de informações fiscais do contribuinte, disponíveis na base de dados dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil, objetivando verificar a consistência e coerência da compensação declarada. Detectada, nesta fase de verificação, qualquer inconsistência ou divergência entre valores e informações do contribuinte, não homologase a compensação realizada, oportunizando ao interessado o contraditório e ampla defesa em processo administrativo fiscal específico. 2) Verificação Documental: Uma vez instaurado o processo administrativo fiscal, pela apresentação de Manifestação de Inconformidade à não homologação decorrente da verificação eletrônica, tem início a nova etapa de análise do direito creditório, que passa a se operar mediante verificação de documentos hábeis e idôneos que comprovem a existência do crédito utilizado pelo contribuinte. Neste segundo momento de verificação, devem ser observadas todas as regras e princípios aplicáveis ao processo administrativo fiscal. Em outras palavras, na etapa de verificação eletrônica antes de instaurado o contencioso administrativo são consideradas somente as informações e dados constantes dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil. Contudo, uma vez constatada a inconsistência/divergência das informações existentes nos sistemas informatizados, não homologase a compensação declarada e iniciase a etapa de verificação documental, nos autos de processo administrativo fiscal, onde incumbe ao contribuinte comprovar a existência de certeza e liquidez do crédito que pretende utilizar. Resta evidente que todas as contendas que chegam para julgamento a este Conselho Administrativo de Recurso Fiscais se enquadram na etapa de verificação documental, sujeitas, portanto, a todas as regras e princípios aplicáveis ao processo administrativo fiscal. Importante destacar ainda que o início da etapa de verificação documental faz com que as informações anteriormente prestadas pelo contribuinte, nas declarações eletrônicas transmitidas ao fisco, precisem ser comprovadas por outros meios no processo administrativo fiscal. Ou seja, uma vez que as declarações anteriormente apresentadas pelo contribuinte ao fisco não foram suficientes para a homologação da compensação na etapa de verificação eletrônica, não terão elas, quando desacompanhadas de outros documentos que as ratifiquem, força probatória suficiente para atestar a certeza e liquidez do crédito na etapa de verificação documental. No caso em estudo, o próprio contribuinte reconhece ter se utilizado do mesmo crédito em discussão nestes autos em outra DCOMP, vinculada a outro processo administrativo, conforme detalha a tabela abaixo. Crédito Débito DCOMP Processo Tributo PA Valor Original Tributo PA Valor Original 11557.79211.100304.1.3.040854 10880.915813/200857 PIS (8109) jan/03 4129,71 PIS (8109) dez/02 4274,19 35679.56431.091104.1.3.044277 10880.961784/200803 PIS (8109) jan/03 4129,71 PIS (8109) dez/02 4274,19 Ora, se o contribuinte alega ser detentor de crédito por pagamento a maior e declara expressamente já ter se utilizado integralmente de tal crédito em uma declaração de Fl. 279DF CARF MF Processo nº 10880.961784/200803 Acórdão n.º 3302005.438 S3C3T2 Fl. 280 6 compensação anterior, resta evidente que o suposto crédito não pode mais ser utilizado em outra declaração de compensação, pois lhe falta um dos requisitos indispensáveis à utilização em compensações: a certeza. A bem da verdade, as afirmações do contribuinte nos autos desse PAF, tem o condão de comprovar exatamente o inverso do pretendido, ou seja, a certeza da inexistência do direito créditório utilizado na DCOMP de nº 35679.56431.091104.1.3.044277. Assim, não há como reconhecer o direito creditório pleiteado nestes autos em razão da comprovada ausência de certeza do mesmo, pois o próprio recorrente confessa já ter utilizado tal crédito em outra declaração de compensação, anterior à que se discute no presente PAF. II Do Pedido de Cancelamento da DCOMP nº 35679.56431.091104.1.3.044277. No que diz respeito ao pedido alternativo formulado em sede de recurso voluntário, para em caso de não homologação do direito creditório pretendido neste PAF, seja cancelada a DCOMP nº 35679.56431.091104.1.3.044277, tendo em vista a relação de identidade de débitos e créditos com o processo administrativo nº 10880.915813/200857, impende esclarecer que se trata de matéria não ventilada por ocasião da Manifestação de Inconformidade. Segundo inteligência dos arts. 16 e 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972, bem como do disposto nos arts. 141, 223, 329 e 492 do vigente Código de Processo Civil, não se pode conhecer, em sede recursal, de matéria até então estranha aos autos, por não ter sido suscitada no momento processual adequado. Ademais, segundo previsão legal do §9º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com alterações introduzidas pela Lei nº 10.833/2003, é facultado ao sujeito passivo se insurgir contra a não homologação da declaração de compensação. Nesse sentido, temse que a competência dos órgãos de julgamento administrativo, no que diz respeito às declarações de compensação, está adstrita ao reconhecimento ou não do direito creditório, que terá por consectário a homologação, ou não, da compensação declarada. Portanto, este julgador não é competente para decidir sobre a retificação ou o cancelamento de declarações entregues pelo sujeito passivo, não se podendo conhecer de tal pedido. Conquanto não seja este colegiado competente para decidir sobre o pedido de cancelamento, repitase que ele não foi ventilado por ocasião da manifestação de inconformidade, colocando em cheque, inclusive, as reais intenções do contribuinte e configurando a preclusão, nos termos dos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72. Pelo exposto, não se conhece do pedido de cancelamento da DCOMP, formulado no recurso voluntário em apreço. III Da Exigibilidade dos Débitos Indevidamente Compensados Fl. 280DF CARF MF Processo nº 10880.961784/200803 Acórdão n.º 3302005.438 S3C3T2 Fl. 281 7 Dispõe o §6º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003, que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Alega o contribuinte, mediante inovação em fase recursal, que os débitos não homologados na compensação em discussão nestes autos são os mesmos declarados na compensação em apreço nos autos de nº 10880.915813/200857, razão pela qual deveria ser anulado o presente processo e cancelada a cobrança decorrente da não homologação em litígio. Consoante ao já exposto, tal alegação constitui inovação dos argumentos de defesa, não se podendo dela conhecer nesta fase processual. Contudo, apenas a título de argumentação, impende esclarecer que muito embora os débitos indicados em ambos os processos 10880.915813/200857 e 10880.961784/200803 sejam do mesmo tributo, do mesmo período de apuração e do mesmo valor, não há como garantir que não sejam "duas fatias, de igual tamanho, do mesmo bolo". Ainda que fosse comprovada a identidade entre o débito declarado na DCOMP em estudo nestes autos e aquele em discussão nos autos de nº 10880.915813/200857, conforme já informado, a competência deste julgador administrativo, no que diz respeito à declarações de compensação transmitidas pelo contribuinte, está adstrita ao reconhecimento ou não do direito creditório, não se podendo decidir, no âmbito do PAF, sobre alocação de pagamentos, retificação ou cancelamento de declarações, sobretudo quando tais alegações vieram aos autos somente em fase recursal. Diante do exposto, voto por conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento, mantendose na íntegra a decisão proferida pela instancia a quo. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator Fl. 281DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.720021/2011-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário:2006,2007,2008
ADIANTAMENTOS EFETUADOS PARA EMPRESAS LIGADAS COM A FINALIDADE DE PAGAMENTOS DE DESPESAS. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE MÚTUO.
Autuação com base nos adiantamentos efetuados entre empresas ligadas com a finalidade de pagamentos de despesas. Interpretação de existência de conta corrente, sujeita a incidência de IOF.
A busca do lucro é a contrapartida da tomada de risco. A alocação de capital de uma associada entre outra não pode ser interpretada como um contrato de mútuo, pois possui essência de outra espécie.
A distribuição de receitas / lucro entre associados, caso houver, não pode ser tomada como compromisso restituição de coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Numero da decisão: 3302-005.599
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães e Paulo Guilherme Déroulède que negavam-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede.
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário:2006,2007,2008 ADIANTAMENTOS EFETUADOS PARA EMPRESAS LIGADAS COM A FINALIDADE DE PAGAMENTOS DE DESPESAS. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE MÚTUO. Autuação com base nos adiantamentos efetuados entre empresas ligadas com a finalidade de pagamentos de despesas. Interpretação de existência de conta corrente, sujeita a incidência de IOF. A busca do lucro é a contrapartida da tomada de risco. A alocação de capital de uma associada entre outra não pode ser interpretada como um contrato de mútuo, pois possui essência de outra espécie. A distribuição de receitas / lucro entre associados, caso houver, não pode ser tomada como compromisso restituição de coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1671; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10120.720021/201101 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.599 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de julho de 2018 Matéria ADIANTAMENTOS EFETUADOS PARA EMPRESAS LIGADAS Recorrente FGR URBANISMO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário:2006,2007,2008 ADIANTAMENTOS EFETUADOS PARA EMPRESAS LIGADAS COM A FINALIDADE DE PAGAMENTOS DE DESPESAS. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE MÚTUO. Autuação com base nos adiantamentos efetuados entre empresas ligadas com a finalidade de pagamentos de despesas. Interpretação de existência de conta corrente, sujeita a incidência de IOF. A busca do lucro é a contrapartida da tomada de risco. A alocação de capital de uma associada entre outra não pode ser interpretada como um contrato de mútuo, pois possui essência de outra espécie. A distribuição de receitas / lucro entre associados, caso houver, não pode ser tomada como compromisso restituição de coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães e Paulo Guilherme Déroulède que negavamlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 00 21 /2 01 1- 01 Fl. 595DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede. Relatório Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 06/01/2011, formalizando a exigência de Imposto sobre operações de crédito, cambio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobili9ários IOF, acrescidos de multa de ofício e juros de mora, no valor de R$ 1.197.218,63. Iniciouse a presente ação fiscal com a lavratura em 10/09/2010 do Termo de Início do Procedimento Fiscal, f1. 03/04, cuja ciência ao contribuinte foi efetuada por via postal em 15/09/2010, conforme Aviso de Recebimento AR, fls. 05/06. Em atendimento ao Termo de Início, o contribuinte apresentou em 20/09/2010, a resposta de fl. 07, a qual veio acompanhada das Atas de Assembleias, fls. 08/23, e de cópias em arquivo magnético dos Balancetes, Livros Diário e Razão todos referentes aos anos calendários de 2006 a 2008. Por meio do Termo de Constatação/lntimação Fiscal n° 0001, de 29/09/2010, cientificado na mesma data, fls.24/25, o contribuinte foi informado de que havia sido constatada a existência de várias operações realizadas a título de empréstimos, porém este não havia declarado ou recolhido qualquer débito do IOF Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários, nos termos do art. 13 da Lei n° 9779/99. Na oportunidade seguiram anexas ao referido termo as planilhas de fls. 26/45, demonstrando o número das contas contábeis e relacionando várias operações cujo histórico se referiam a empréstimos. Neste sentido o contribuinte foi intimado a prestar os esclarecimentos necessários quanto a esta falta de declaração/recolhimento do IOF. Neste termo o contribuinte foi informado de que o MPF foi ampliado para a fiscalização do IOF. Em sua Resposta, fls. 46/48, datada de 18/10/2010, recebida em 25/10/2010, o contribuinte concordou que algumas contas tratavamse efetivamente de empréstimos e que não havia declarado nem recolhido o IOF em decorrência de mero engano. Algumas contas como por exemplo a conta 1.2.04.01.0009 AR Agropecuária SA BSB, o contribuinte informou que os valores contabilizados não se inserem no conceito de mútuo para fins de incidência do IOF, porque decorrem de aportes de recursos para investimento na implantação de empreendimentos imobiliários (condomínio urbanístico). Para outras contas como a 1.1.06.01.0006, afirma que os valores contabilizados dizem respeito a transferência de recursos entre contas de mesma titularidade, evidenciando apenas imprecisão no histórico dos lançamentos. Para justificar as suas argumentações o contribuinte apresentou juntamente com a sua resposta os documentos enumerados de DOC 01 a DOC 05, fls. 49/95. Assim, para conhecer um pouco melhor a realidade dos registros contábeis, a fiscalização elaborou o Termo de Constatação/lntimação Fiscal n° 0002, fls. 96/97, cientificado em 03/11/2010, intimando o contribuinte a apresentar os documentos referentes a alguns destes registros contábeis. Além disto, com vistas a evitar qualquer discussão quanto a validade da resposta de fls. 46/48, assinada por Dr. Leonardo Sampaio S. Silva, advogado, porém sem se fazer acompanhar do respectivo instrumento de procuração, intimouse o contribuinte a manifestar sobre a validade da representação. Fl. 596DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 3 3 Em resposta, fls. 98, datada de 08/11/2010 e recebida em 09/11/2010, o contribuinte apresenta vários documentos que dariam suporte aos registros contábeis, bem como ratifica a resposta anteriormente apresentada. Juntamente com as respostas apresentou o que chamou de DOC 06 a 08, juntados às fls. 99/120. OBS.: considerando que para instrução dos documentos intitulados de DOC 06 a 08, o contribuinte apresentou um volume razoável de cópias de documentos, sendo que apenas um deles seria suficiente para esclarecer o modus operandis, esta fiscalização resolveu juntar apenas uma documentação de cada "DOC" apresentado, somente para fins de exemplificação. Após análise da documentação apresentada e de um melhor estudo dos assentamentos contábeis da empresa fiscalizada, foi lavrado o Termo de Constatação/lntimação Fiscal n° 0003, fls. 121/122, informando ao contribuinte quais contas contábeis esta fiscalização entende que se tratava efetivamente de mútuos entre empresas ligadas para fins de lançamento do IOF devido, dando uma nova oportunidade para que esta pudesse apresentar elementos que pudessem mudar o nosso entendimento a respeito da incidência deste tributo. Intimouse também para que apresentasse os termos de abertura e de encerramento dos Livros Diários que nos foram entregues em meio magnético. Em sua resposta, fls. 123, o contribuinte manifestou que as operações realizadas naquelas contas não se referem a contratos de mútuos. Voltou a afirmar que são valores aportados para consecução de investimentos em empreendimentos imobiliários ou recursos da própria empresa relativos a controles de transferência entre contas correntes da mesma titularidade. Na oportunidade apresentou os termos de abertura e de encerramento dos Livros Diários de 2006 a 2007 e os comprovantes de Recibo de Entrega de Livro Digital no SPED Sistema Publico de Escrituração Digital, relativos ao ano calendário de 2008, fls. 124/141. Por fim apresentou cópia do Instrumento de Procuração, fls. 142/148, que confere poderes ao Sr. Guilherme Peixoto de Carvalho Craveiro, o qual assinou a referida resposta. A análise que se segue são referentes ás seguintes contas contábeis: ü 1.1.06.01.0002 Adiant. SPE Campinas ü 1.1.06.01.0003 Repasse FGR Participações ü 1.1.06.01.0004 Market Empreendedora (Mútuo admitido na resposta ao Termo de Intimação/Constatação n°001) ü 1.1.06.01.0011 FGR Const.e Incorporadora LtdaJDF ü 1.1.06.01.0012 FGR Empreend. Imobiliários s/a Garavelo ü 1.1.06.01.0013 AR Agropecuária S/A JDF2 ü 1.1.06.01.0014 Adiant. J Verona ü 1.1.06.01.0016 Adiant. Valença ü 1.1.06.01.0017 Adiant SCP Acreúna Paraúna ü 1.2.04.01.0002 FGR SPE Campinas Fl. 597DF CARF MF 4 ü 1.2.04.01.0003 Market Empreendedora S/A (Mútuo admitido na resposta ao Termo de Intimação/Constatação n° 001) ü 1.2.04.01.0005 AR Agropecuária S/a JDF2 ü 1.2.04.01.0006 FGR J Genebra S/A ü 1.2.04.01.0007 FGR J Genebra S/A2 ü 1.2.04.01.0008 FGR Empreendimentos Imobiliários S/A ü 1.2.04.01.0009 AR Agropecuária S/A BSB ü 1.2.04.01.0010 FGR J Verona S/A ü 1.2.04.01.0011 FGR SCP Jardins Valencia ü 1.2.04.01.0012 FGR Acreúna Paraúna SCP ü 1.2.04.01.0013 FGR Negócios Imobiliários S/A FOR Conforme os balancetes contábeis, fls. 149/158, as contas contábeis do Grupo 1.1.06 referem se a contas classificadas no Ativo Circulante sob o título de "ADIANT EMPRESAS COLIGADAS", isto para os anos calendários de 2006 e 2007. Em 30/12/2007 (ver balancetes e razão das contas) os saldos das contas deste grupo foram zerados e transferidos para o Grupo 1.2.04, agora classificado no Ativo Realizável a Longo Prazo sob o título "ADIANT P/ FUTURO AUMENTO DE CAPITAL". Assim é que por exemplo o saldo da conta 1.1.06.01.0002 (Adiant. SPE Campinas)foi transferido a partir de 30/12/2007 para a conta 1.2.04.01.0002 (FGR SPE Campinas). Foi efetuado o mesmo procedimento com as demais contas do grupo 1.1.06. O argumento central do contribuinte para a quase totalidade deste grupo de contas é que não se inserem no conceito de mútuo para fins de incidência do IOF, porque decorrem de aportes de recursos para investimento na implantação de empreendimentos imobiliários (condomínio urbanístico). Para tanto apresentou, por exemplo, o contrato denominado "ACORDO DE ACIONISTAS DA A. R. AGROPECUÁRIA S/A, fls.49/58, pelo qual a empresa fiscalizada, cuja participação no quadro de acionistas da A. R. AGROPECUÁRIA S.A, corresponde a 50,1%, se compromete a suportar com as despesas/custos necessários à realização do investimento que no contrato são tratados como adiantamentos que serão repostos à medida em que o empreedimento começar a gerar as receitas de vendas das unidades. Observe, por exemplo, que na própria cláusula terceira do referido acordo, a letra "A" está explicada como sendo ADIANTAMENTO = EMPRÉSTIMO. Porém independente deste detalhe, na concepção descrição fiscalização, o referido acordo consolida que os valores registrados a débito nesta conta contábil são valores referentes a adiantamentos que nada mais são do que mútuos entre empresas ligadas e se inserem na base de incidência do IOF previsa no art. 13 da Lei 9779/1999. Este contrato refere se à conta contábil 1.1.06.01.0013 cujos saldos foram transferidos paras as contas contábeis 1.2.04.01.0005 e 1.2.04.01.0009 a partir de 2008. Mesmo entendimento pode ser extraído do contrato denominado "ACORDO DE ACIONISTAS DA FGR EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A", fls. 60/67, que se refere à conta contábil n° 1.1.06.01.0012 que a partir de 2008 passou para 1.2.04.01.0008. Fl. 598DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 4 5 Em resposta ao Termo de Constatação/lntimação Fiscal n° 0002, fls. 98, o contribuinte apresentou o que chama de DOC 6, fls. 99/105. Intimado a apresentar os documentos referentes ao lançamento contábil na conta 1.1.06.01.0013, na data de 27/04/2006, no valor de R$ 28.000,00, apresentou os documentos de fls. 100/105, que nada mais são do que cópias de notas fiscais de vendas de prestação de serviços da empresa PLANEGE tendo como beneficiário dos serviços e das notas fiscais a empresa AR AGROPECUÁRIA SA, CNPJ 06.003.109/000169 que nada mais é que a sociedade resultante do ACORDO DE ACIONISTAS antes citado cujo contrato se encontra às fls. 49/58. Assim consolidase que os valores levados a débito na conta da empresa coligada mutuária foram utilizados na realização de serviços conforme previsão contratual. Ou seja, a empresa fiscalizada adianta recursos para a sociedade da qual é sócia para a realização dos investimentos necessários a consecução dos objetivos sociais daquela. Posteriormente, à medida do início da obtenção das receitas de vendas estes valores vão sendo recuperados, o que se caracteriza efetivamente como operação de mútuo. O mesmo raciocínio vale para os documentos intitulados como DOC 7 e DOC 8, fls. 106/120. Esclarecendo que retiramos grande parte dos documentos que compunham os DOC 6, DOC 7 e DOC 8 por terem exatamente o mesmo comportamento probante. Quanto ao argumento de que os valores contabilizados nas contas contábeis n° 1.1.06.01.0016 e 1.2.04.01.0011, ver item 4 da resposta de fls. 46/48, dizem respeito a transferência de recursos entre contas de mesma titularidade, evidenciando apenas imprecisão no histórico dos lançamentos, não encontra respaldo nos assentamentos contábeis, eis que elas têm o mesmo comportamento das demais contas citadas acima. O mesmo não acontece com os valores contabilizados na conta contábil 1.1.06.01.0006, ver item 3 da mesma resposta, na qual esta fiscalização constatou que os mesmos valores lançados a débito são creditados no mesmo dia, evidenciando apenas um controle contábil de transferência de recursos de mesma titularidade. Foram também apurados o IOF das contas contábeis abaixo assinaladas nas quais o contribuinte concorda que são efetivamente de mútuos: ü 1.1.11.01.0004 Empréstimos a Terceiros; ü 1.1.11.01.0005 Empréstimos a Acionistas (pessoas físicas); ü 1.1.11.01.0006 Empréstimo Agropecuária Vanguarda OBS.: Grupo de Contas 1.1.11 pertencem ao ativo circulante sub grupo Outros Empréstimos para 2006 e 2007 e Empréstimos a Parceiros em 2008. Os demonstrativos de cálculo e apuração do IOF estão representados da seguinte forma. Exemplo para a conta contábil 1.1.06.01.0002 (Adiant. SPE Campinas) que se converteu na conta 1.2.04.01.0002 (FGR SPE Campinas) a partir de 2008. Existem duas planilhas apurando o IOF devido para estas contas, fls. 288/301. Primeiro apurouse o IOF devido pelo somatório dos saldos devedores diários à alíquota de 0,0041% de 2006 a 2008 pela planilha de fls. 288/299. Na segunda planilha de fls. 300/301 apurou se o IOF devido à alíquota adicional de 0,38% incidente somente sobre o valor da operação a partir de janeiro de 2008, nos termos do parágrafo 15 do art. 7° do Dec. 6306/2007 incluído pelo Dec. 6339/2008. Estes valores apurados nestas duas planilhas foram transferidos para as planilhas de fls. 460/462, as quais resumem os valores de IOF devidos por conta contábil/período de apuração, os quais foram trazidos a este auto de infração como imposto devido. Os valores utilizados na apuração Fl. 599DF CARF MF 6 do IOF foram extraídos dos lançamentos contábeis registrados nas respectivas contas contábeis, conforme folhas extraídas do Livro Razão e juntadas às fls. 159/287. Todas as planilhas citadas na presente descrição de fatos, são parte integrantes do auto de infração. Cientificado do auto de infração, pessoalmente, em 07/01/2011 (fls. 468), o contribuinte, protocolizou impugnação, tempestivamente em 01/02/2011, na forma do artigo 56 do Decreto nº 7.574/2011, de fls. 496 à 512, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. O impugnante em sua defesa alegou os seguintes pontos: ü Muito embora a Impugnante não figure na relação juridicotributária na qualidade de contribuinte do imposto, o lançamento ora atacado fora efetuado índevidamente em seu nome, o que o torna nulo de plano; ü Por ter sido constituído o crédito tributário em nome do responsável legal, se lhe infligindo multa acessória, o cancelamento daquele impõe a extinção desta, posto que, como é cediço, o destino dado ao principal inexoravelmente alcança o acessório, pois este não tem existência própria; ü No caso vertente, conforme ficou comprovado, grande parte dos valores computados na base de cálculo do imposto decorre de transferência entre contas bancárias da mesma titularidade; ü Ocorre que o agente fiscal não fez as verificações necessárias, pois mesmo tendo a Impugnante demonstrado e comprovado com extratos bancários grafados com o mesmo CNPJ. que os valores saíram de uma conta bancaria para outra da mesma titularidade, resolveu cobrar o imposto sobre simples movimentação interna de recursos; ü À vista das provas mencionadas a Impugnante reafirma que não assiste razão ao fiscal quando vagamente afirma não se tratar de transferências entre contas. Ora. se os extratos bancários estão a demonstrar tais fatos, outra conclusão não se pode chegar senão a de que houve apenas transferência interna entre contas e como tal. não ocorre a subsunção do fato á hipótese de incidência prevista no RIOF; ü Inicialmente, por ser mais abrangente, será demonstrado que as demais transferências de recursos destinadas ao emprego nos empreendimentos imobiliários não decorreram de empréstimo de numerários sob a forma de mútuo. É que. pela atividade da Impugnante. várias são as formatações dos negócios realizados para a consecução do seu objeto social; ü Dentre os quais, destacase a formação de parcerias para implantação de empreendimentos imobiliários voltados para os condomínios horizontais Nesse tipo de parceria, um terceiro é o detentor do terreno e a Impugnante a responsável pelo aporte dos recursos financeiros para implantação do empreendimento (arruamento. rede de esgoto, Fl. 600DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 5 7 muros e demais infraestruturas), conforme consta da Cláusula Segunda do Contrato acostado aos autos; ü Ao que demonstra a obrigação assumida contratualmente, conforme se encontra bem explicitada às folhas 46/48, nenhuma relação tem com mutuo na acepção do conceito legal, posto que este tem por natureza suprir terceiros temporariamente sem nenhuma outra finalidade que não seja a obtenção de juros, quando oneroso ou mera gentileza, quando gratuito; ü No caso dos autos é diferente. O fornecimento dos recursos decorreu da obrigação da Impugnante de contribuir financeiramente para implantação do empreendimento. Como não foi possível determinar o montante exato paia conclusão do empreendimento, a liberação dos recursos se deu paulatinamente sob a forma de adiantamentos; ü O Acordo de Acionistas da empresa A.R. Agropecuária S/A. em sua Cláusula Primeira, dispõe que a Impugnante e os demais acionistas tem como propósito especifico único a implantação, a construção de infraestrutura básica e comercialização de loteamento fechado (folha 51). Já a Cláusula Segunda do mesmo acordo trata de INVESTIMENTO a cargo da Impugnante (folha 53); ü Eis portanto, senhores julgadores, que o fornecimento de recursos para a realização das obrigações assumidas por meio do referido contrato em nada se assemelha ao empréstimo puro e simples de recursos. São aportes de financeiros programados, indispensáveis para realização dos resultados almejados na atividade principal que é o empreendimento imobiliário; ü No presente caso, ao contrário das conclusões fiscais, o fornecimento dos numerários destinaramse á implantação do empreendimento imobiliário, em cumprimento das obrigações listadas nos parágrafos segundo e terceiro da Cláusula Segunda do Acordo de Acionistas (folha 54); ü É importante ainda frisar que a operação de crédito prevista no art. 13 da Lei n° 9.779 de 1999. somente se aplica quando forem disponibilizados recursos em dinheiro, tal como dispõe o art. 7° da IN RFB 907/99. abaixo transcrito, situação diferente do que se verificou in casu, pois os lançamentos contáveis submetidos à glosa fiscal referem a contabilização de despesas pagas em razão das sobreditas obrigações; ü Outro ponto que merece atenção diz respeito à metodologia adotada pela fiscalização para determinar o imposto. Ao que consta de folhas 460 adotouse como base de cálculo para aplicação da alíquota, a somatória de saldos diários; Fl. 601DF CARF MF 8 ü Ocorre que. de acordo com o que dispõe a Instrução Normativa RFB n°. 907/2009, em se tratando de entrega de recursos predeterminados, a base de cálculo é o valor disponibilizado, limitandose a alíquota 1,5%. se o período de permanência do recurso for igual ou superior a 365 dias; ü Corno é sabido, a Receita Federal do Brasil, após a lavratura do auto de infração, exige, além do principal, dos juros sobre este e da muita de ofício, a atualização monetária dessa mesma multa com base na taxa SELIC. ü Tal cobrança, dignos julgadores, não pode prevalecer, eis que inexiste previsão legal para o mister, consoante a simples leitura do § 3°. do art. 61. da Lei n° 9.430/96; ü Resta claro, portanto, que a incidência dos juros moratóríos se dá apenas com relação ao principal, e não à multa, vez que o caput do referido art. 61. quando se refere a "débito’', restringese apenas ao valor dos tributos e contribuições; DO PEDIDO Ante todo o exposto, requer seja recebida e conhecida a presente Impugnação, de sorte que, alfim, pelas razões alinhavadas em linhas passadas, seja julgado nulo o auto de infração ora guerreado, ou, se não, improcedente o crédito tributário nele veiculado, ainda que em parte. Caso, porém, seja mantido o lançamento, ou parte dele, que seja afastada a incidência dos juros SELIC sobre a multa de ofício, haja vista a inexistência de previsão legal para tal. Em 29 de janeiro de 2015, através do Acórdão n° 1272.472, a 6a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Rio de Janeiro (RJ), por unanimidade de votos, não deu provimento à Impugnação e manteve sem reparos o crédito tributário de IOF no valor de R$ 581.881,51 nos termos do voto. Ao valor mantido deverá ser acrescida a multa de ofício de 75% e os juros de mora e até a data de sua efetiva extinção. Entendeu a Turma que: ü O art. 9° da lei n° 10.426/2002, mencionado pela autuada, estabelece imposição de multa às fontes pagadoras que não retiverem ou recolherem impostos ou contribuições. São aplicáveis aos casos em que o contribuinte aufere proventos sujeitos à tributação, pois, conforme o dispositivo preceitua, a responsável pela retenção e recolhimentos é uma fonte pagadora, não havendo que se confundir com entidade emprestadora ou mutuante. Logo, não procedem as arguições de nulidade por erro de sujeição passiva na autuação; ü Os lançamentos demonstram de forma inequívoca que há empréstimos da FGR, inclusive relacionando os respectivos cheques Fl. 602DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 6 9 que foram emitidos. Nada indica que se trata de transferências entre contas correntes de mesma titularidade; ü No auto de infração a descrição dos fatos menciona que a impugnante participa no quadro de acionistas da A R. AGROPECUÁRIA S/A com 50,1%, e se compromete a suportar as despesas necessárias à realização do investimento, que no contrato são tratados como adiantamentos a serem repostos à medida em que o empreendimento começar a gerar as receitas de vendas das unidades. Também é mencionado que na própria cláusula terceira do referido acordo a letra “A” está explicada como sendo ADIANTAMENTO = EMPRÉSTIMO. É esclarecido que este contrato referese à conta contábil 1.1.06.01.0013 cujos saldos foram transferidos para as contas 1.2.04.01.0005 e 1.2.04.01.0009 a partir de 2008; ü Mesmo entendimento foi dado ao contrato denominado “ACORDO DE ACIONISTAS DA FGR EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A, fls 60/67 referente à conta contábil 1.1.06.01.0012, que a partir de 2008 foi convertida na conta 1.2.04.01.0008; ü A impugnante neste contrato se obriga a arcar com todas as despesas necessárias à implementação do empreendimento e tais desembolsos comporão os custos do empreendimento (cláusula segunda). (No contrato consta FGR CONSTRUTORA S/A, antiga razão social da impugnante FGR URBANISMO S/A); ü Com relação a argumentação de que a operação de crédito prevista no art. 13 da Lei n° 9 779. de 1999. somente se aplica quando forem disponibilizados recursos em dinheiro, tal como dispõe o art. 7o da IN RFB 907/99., e que os lançamentos contábeis submetidos à glosa fiscal se referem à contabilização de despesas pagas em razão das obrigações assumidas, esclareçase que, sendo um direito creditório contra outra pessoa jurídica contabilizado no ativo, enquadrase na hipótese do Inciso VII, §1° do artigo 3° do RIOF; ü A partir da Medida Provisória n° 2.17679/2001, não há mais margem para dúvidas. Multa de ofício, seja ela isolada ou a que acompanha o tributo lançado é, sem dúvida, um débito para com a Fazenda Nacional e desde 01/01/1997 é passível de sofrer a incidência dos juros. A impugnante foi cientificada da Decisão da Delegacia Regional de Julgamento, em 13/02/2015, via Aviso de Recebimento, às folhas 568 do processo digital. Em 05/03/2015 (folhas 584), a empresa autuada apresentou RECURSO VOLUNTÁRIO de folhas 570 a 582. Foi alegado que: Do erro na identificação do sujeito passivo. Fl. 603DF CARF MF 10 ü Neste particular, alegou a Recorrente, em sede de impugnação, que seria parte ilegítima para figurar no auto de infração, vez que que, no seu entender, o lançamento deveria ter sido efetuado em desfavor do contribuinte de fato (mutuário) e não contra o mutuante (responsável); ü A DRJ/RJ1, no entanto, decidiu por não acatar os argumentos expendidos pelo Recorrente, pois, no seu entender, a lei, no caso do IOF incidente sobre operações de crédito, transferiu a responsabilidade pela retenção e o recolhimento do imposto para àquele que concede o mútuo, e não para quem o toma; ü Com efeito, de acordo com o art. 4° do Decreto n° 6.306/2007, o contribuinte do IOF são as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras do crédito; ü O art. 5° do referido diploma legal, por sua vez, elege como responsável pela cobrança e pelo recolhimento do imposto, dentre outros, a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações correspondentes a mútuo de recursos financeiros; ü Assim, no caso dos autos, como foi a Requerente, enquanto mutuante, que transferiu os créditos para as empresas coligadas, seria ela, portanto, a responsável tributária, que na definição do CTN (art. 120, inciso II), é aquele que, sem revestir a condição de contribuinte, tem sua obrigação decorrente de disposição expressa em lei; ü Resumindo, o responsável, quando muito, está sujeito apenas e tão somente ao lançamento de eventual penalidade, desde que expressamente prevista em lei. Da improcedência do crédito tributário. ü Razão, não assiste à autoridade julgadora de primeira instância, uma vez que restou demonstrado que a operação realizada pela Recorrente não se subsume ao conceito de mútuo, do gênero empréstimo, regulado pelo Código Civil brasileiro como empréstimo de coisas fungíveis; ü De fato, nesse tipo de contrato, segundo estabelece mencionado Código, o mutuário é obrigado restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade (art. 586); ü A par do contido nesse dispositivo, extraise que na relação contratual figura mutuante e mutuário como pessoas distintas e autônomas. Caso ocorra confusão entre este e aquele, isto é, uma mesma pessoa reúna ao mesmo tempo as condições de credor e devedor, não há que se falar relação obrigacional (contrato de mútuo); ü No caso vertente, conforme ficou comprovado, grande parte dos valores computados na base de cálculo do imposto decorre de transferência entre contas bancárias da mesma titularidade; Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 7 11 ü Ocorre que o agente fiscal não fez as verificações necessárias (aprofundamento da ação fiscal), pois, mesmo tendo a Recorrente demonstrado e comprovado, com extratos bancários grafados com o mesmo CNPJ, que os valores saíram de uma conta bancária para outra de mesma titularidade, resolveu cobrar o imposto sobre simples movimentação interna de recursos; ü À vista das provas mencionadas, a Recorrente reafirma que não assiste razão à fiscalização quando vagamente afirma não se tratar de transferências entre contas. Ora, se os extratos bancários estão a demonstrar tais fatos, outra conclusão não se pode chegar senão a de que houve apenas transferência interna entre contas e, como tal, não ocorre a subsunção do fato à hipótese de incidência prevista no RIOF; ü Quanto aos demais recursos, dois pontos merecem atenção para o correto julgamento do feito, quais sejam: a submissão da operação ao conceito de mútuo e a forma de determinação da base de cálculo do imposto; ü Destacase a formação de parcerias para implantação de empreendimentos imobiliários voltados para os condomínios horizontais. Nesse tipo de parceria, um terceiro é o detentor do terreno e a Recorrente a responsável pelo aporte dos recursos financeiros para implantação do empreendimento (arruamento, rede de esgoto, muros e demais infraestruturas), conforme consta da Cláusula Segunda do Contrato acostado à fl. 53 dos autos; ü Ao que demonstra a obrigação assumida contratualmente, conforme se encontra bem explicitada às fls. 46/48, nenhuma relação tem com mútuo na acepção do conceito legal, posto que este tem por natureza suprir terceiros temporariamente sem nenhuma outra finalidade que não seja a obtenção de juros, quando oneroso, ou mera gentileza, quando gratuito; ü No caso dos autos é diferente, uma vez que o fornecimento dos recursos decorreu da obrigação da Recorrente de contribuir financeiramente para implantação do empreendimento. Como não foi possível determinar o montante exato para conclusão do empreendimento, a liberação dos recursos se deu paulatinamente sob a forma de adiantamentos; ü Quanto à motivação utilizada pelo fiscal a despeito do possível retorno dos recursos previsto no contrato à Recorrente, isso decorre da natureza da sociedade SPE Sociedade de Propósito Específico (Cláusula Quinta, pg. 57), posto que, nesse tipo de sociedade, sua existência é efêmera, a duração é limitada à conclusão do empreendimento; ü Portanto, é natural que, na medida em que vai ocorrendo o encerramento do ciclo operacional, os. recursos aportados retornem para os seus provedores. É a restituição do capital aportado; Fl. 605DF CARF MF 12 ü Resta claro, portanto, senhores julgadores, que o fornecimento de recursos para a realização das obrigações assumidas por meio do referido contrato em nada se assemelha ao empréstimo puro e simples de recursos. Ao contrário, são aportes de financeiros programados, indispensáveis para realização dos resultados almejados na atividade principal que é o empreendimento imobiliário; ü No presente caso, ao oposto das conclusões fiscais, o fornecimento dos numerários destinaramse à implantação do empreendimento imobiliário, em cumprimento das obrigações listadas nos parágrafos segundo e terceiro da Cláusula Segunda do Acordo de Acionistas (folha 54); ü É importante ainda frisar que a operação de crédito prevista no art. 13 da Lei n° 9.779/1999, somente se aplica quando forem disponibilizados recursos em dinheiro; ü Cumpre registrar, por oportuno, que esse E. Conselho Administrativo Fiscal, por meio da Ia Turma Ordinária, da Ia Câmara, da 3a Seção de Julgamento, já decidiu no sentido de que incide IOF nas transferências, amparadas por contrato de conta corrente, entre pessoas jurídicas do mesmo grupo (Acórdão n° 3101001.094); ü O acórdão acima transcrito aplicase como luva ao caso presente, vez que aqui, consoante demonstrado alhures, as operações envolvem empresas integrantes de um mesmo grupo econômico, já que a Recorrente, como explicitado no auto de infração, possuía 50,1% das ações da empresa A. R. Agropecuária S/A; ü A fiscalização adotou, como base de cálculo para aplicação da alíquota, a somatória de saldos diários; ü A sistemática adotada pela Recorrente amolda se ao que dispõe o §3°, do Artigo 7º, da Instrução Normativa RFB n° 907/2009, pois, mesmo não tendo sido mencionado o valor exato, encontrase delineadoso tipo de gasto a demandar os recursos para pagamento; ü Portanto, ainda que a operação pudesse ser enquadrada como mútuo, a forma de determinação da base de cálculo estaria incorreta, o que implica na nulidade do lançamento. Da não incidência dos juros SELIC sobre a multa de ofício. ü Entendeu a DRJ/RJ1, com relação a este particular, que a multa de ofício é um débito para com a Fazenda Nacional e, em assim sendo, cabível seria a incidência sobre ela dos juros SELIC; ü Tal entendimento, contudo, não deve prevalecer, eis que inexiste previsão legal para a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício; ü Assim, não restam dúvidas, pois, de que sobre o valor da multa de ofício, de caráter punitivo, não pode incidir juros de mora, razão pela qual os mesmos devem ser afastados. Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 8 13 DOS PEDIDOS Ante todo o exposto, requer inicialmente seja recebido e conhecido o presente recurso, por ser próprio e tempestivo. Após, por qualquer das razões expendidas alhures, requer seja julgado nulo o auto de infração, ou, se não, improcedente o crédito tributário nele veiculado. Caso, porém, seja mantido o lançamento ou parte dele, que seja afastada a incidência dos juros SELIC sobre a multa de ofício, haja vista a inexistência de previsão legal para tal. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a recorrente teve ciência da decisão de primeira instância em 13 de fevereiro de 2015, quando, então, iniciouse a contagem do prazo de 30 (trinta) dias para apresentação do presente recurso voluntário apresentando a recorrente recurso voluntário tempestivo, em 05 de março de 2015. O recurso é tempestivo. Da controvérsia. São pontos controversos: ü Do erro na identificação do sujeito passivo; ü Da improcedência do crédito tributário; ü Da não incidência dos juros SELIC sobre a multa de ofício. Do erro na identificação do sujeito passivo. O artigo 66 do CTN deu competência ao legislador ordinário para eleger uma das partes envolvidas na operação tributada. Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei. Nos limites da autorização constitucional e do fixado no CTN, a Lei n° 9.779, de 1999, em seu art. 13, caput, estabeleceu, de forma expressa, que os mútuos de recursos financeiros realizados entre pessoas jurídicas, como no presente caso, sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos Fl. 607DF CARF MF 14 praticadas pelas instituições financeiras. Tal disposição não distinguiu, de modo algum, o fato de trataremse de empresas do mesmo grupo. Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. Dos claros termos da norma acima transcrita decorre que o imposto incide não só nas operações de crédito intermediadas por instituição financeira, como também nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros realizadas entre quaisquer pessoas jurídicas, ou entre pessoa jurídica e pessoa física, sendo também irrelevante que as operações realizadas tenham se dado entre empresas do mesmo grupo econômico, pois o dispositivo legal retromencionado, em nenhum momento, assim distinguiu, bastando que referidas operações se caracterizem como mútuo, observandose para tanto, a definição contida no abaixo transcrito art. 586 do Código Civil de 2002 (Lei n° 10.406, de 2002), o qual que manteve a redação do art. 1256 do Código Civil anterior (Lei 3.071, de 1916): Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. No mesmo sentido, as disposições abaixo transcritas dos artigos 2°, I, “c” e art. 3°, § 3°, I e III do Regulamento do IOF (Decreto n° 6.306, de 2007), já presentes nos arts. 2°, I, “c” e art. 3°, § 4°, I, III do Regulamento que o antecedeu (Decreto n° 4.494, de 2002): “Art. 2° O IOF incide sobre: I operações de crédito realizadas: a) por instituições financeiras (Lei n° 5.143, de 20 de outubro de 1966, art. 1°); (...) c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999, art. 13); (...) “Art. 3° O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado (Lei n° 5.172, de 1966, art. 63, inciso I). (...) § 3° A expressão "operações de crédito" compreende as operações de: I empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito e desconto de títulos (DecretoLei n° 1.783, de 18 de abril de 1980, art. 1°, inciso I); (...) Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 9 15 III mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei n° 9.779, de 1999, art. 13).(destaquei) DOS RESPONSÁVEIS Art. 5° São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional: I as instituições financeiras que efetuarem operações de crédito (DecretoLei n° 1.783, de 1980, art. 3°, inciso I); II as empresas de factoring adquirentes do direito creditório, nas hipóteses da alínea "b" do inciso I do art. 2° (Lei n° 9.532, de 1997, art. 58, § 1°); III a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros (Lei n° 9.779, de 1999, art. 13, § 2°).” (Grifo e negrito nossos). É alegado nos itens 2.1.4 a 2.1.8 do Recurso Voluntário: Com efeito, de acordo com o art. 4° do Decreto n° 6.306/2007, o contribuinte do IOF são as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras do crédito. O art. 5° do referido diploma legal, por sua vez, elege como responsável pela cobrança e pelo recolhimento do imposto, dentre outros, a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações correspondentes a mútuo de recursos financeiros. Assim, no caso dos autos, como foi a Requerente, enquanto mutuante, que transferiu os créditos para as empresas coligadas, seria ela, portanto, a responsável tributária, que na definição do CTN (art. 120, inciso II), é aquele que, sem revestir a condição de contribuinte, tem sua obrigação decorrente de disposição expressa em lei. Da leitura do contido nos dispositivos mencionados em linhas pretéritas, é de se concluir, pois, que quem efetivamente suporta o ônus tributário é o contribuinte, ou seja, a pessoa física ou jurídica tomadora do crédito. Diante disso, deixando o responsável de reter o tributo quando da concessão do crédito, estaria ele sujeito apenas à eventual penalidade por descumprimento de obrigação decorrente de lei, mas não ao cumprimento da obrigação principal, que deve ser suportada única e exclusivamente pelo contribuinte de fato, eis que o dever legal de pagar tributo é próprio dele. A conclusão esposada pela Recorrente não poderia ser mais desconexa com o próprio mandamento legal. Como disposto no inciso III, do artigo 5º, do Regimento do IOF, é responsável pelo IOF a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros. Fl. 609DF CARF MF 16 Uma vez que a responsabilidade tributária por substituição foi expressamente atribuída por força de lei, a ação fiscal elegeu adequadamente a empresa FGR para integrar o polo passivo da relação jurídico tributária. Da improcedência do crédito tributário. É alegado nos itens 2.2.12 a 2.2.14 do Recurso Voluntário: No caso dos autos é diferente, uma vez que o fornecimento dos recursos decorreu da obrigação da Recorrente de contribuir financeiramente para implantação do empreendimento. Como não foi possível determinar o montante exato para conclusão do empreendimento, a liberação dos recursos se deu paulatinamente sob a forma de adiantamentos. ' Quanto à motivação utilizada pelo fiscal a despeito do possível retorno dos recursos previsto no contrato à Recorrente, isso decorre da natureza da sociedade SPE Sociedade de Propósito Específico (Cláusula Quinta, pg. 57), posto que, nesse tipo de sociedade, sua existência é efêmera, a duração é limitada à conclusão do empreendimento. Portanto, é natural que, na medida em que vai ocorrendo o encerramento do ciclo operacional, os. recursos aportados retornem para os seus provedores. É a restituição do capital aportado. É extraído do Auto de Infração, o seguinte ftagmento, às folhas 473 do processo digital, que espelha o cerne da ação fiscal: Mesmo entendimento pode ser extraído do contrato denominado "ACORDO DE ACIONISTAS DA FGR EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A", fls. 60/67, que se refere à conta contábil n° 1.1.06.01.0012 que a partir de 2008 passou para 1.2.04.01.0008. Em resposta ao Termo de Constatação/lntimação Fiscal n° 0002, fls. 98, o contribuinte apresentou o que chama de DOC 6, fls. 99/105. Intimado a apresentar os documentos referentes ao lançamento contábil na conta 1.1.06.01.0013, na data de 27/04/2006, no valor de R$ 28.000,00, apresentou os documentos de fls. 100/105, que nada mais são do que cópias de notas fiscais de vendas de prestação de serviços da empresa PLANEGE tendo como beneficiário dos serviços e das notas fiscais a empresa AR AGROPECUÁRIA SA, CNPJ 06.003.109/000169 que nada mais é que a sociedade resultante do ACORDO DE ACIONISTAS antes citado cujo contrato se encontra às fls. 49/58. Assim consolidase que os valores levados a débito na conta da empresa coligada mutuária foram utilizados na realização de serviços conforme previsão contratual. Ou seja, a empresa fiscalizada adianta recursos para a sociedade da qual é sócia para a realização dos investimentos necessários a consecução dos objetivos Sociais daquela. Posteriormente, à medida do início da obtenção das receitas de vendas estes valores vão sendo recuperados, o que se caracteriza efetivamente como operação de mútuo. O mesmo raciocínio vale para os documentos intitulados como DOC 7 e DOC 8, fls. 106/120. Esclarecendo que retiramos Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 10 17 grande parte dos documentos que compunham os DOC 6, DOC 7 e DOC 8 por terem exatamente o mesmo comportamento probante. O fragmento transcrito deve ser confrontado com o artigo 3o do Regulamento IOF: “Art. 3° O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado (Lei n° 5.172, de 1966, art. 63, inciso I). (...) § 3° A expressão "operações de crédito" compreende as operações de: (...) III mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei n° 9.779, de 1999, art. 13).(destaquei) E também deve ser confrontado com a definição de mútuo transcrita no artigo 586 do Código Civil de 2002: Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. CONTRATO DE MÚTUO O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. Coisas fungíveis é a característica de bens que podem ser substituídos por outro da mesma espécie, qualidade ou quantidade (exemplo: dinheiro, mercadorias). PARTES Mutuante é a parte que empresta. Mutuário é a parte que recebe o empréstimo. OBRIGAÇÕES DO MUTUÁRIO O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição (entrega). O mútuo, seja ele oneroso ou não, implica necessariamente na restituição da coisa fungível, sendo essa a sua essência. Fl. 611DF CARF MF 18 Em outros termos, a obrigação – e principal característica do contrato de mútuo é o compromisso de restituir o empréstimo. Não parece ser esse o fulcro da relação jurídica delineada pela ação fiscal. Consoante o Auto de Infração, entendimento condensado no fragmento a pouco transcrito, a empresa fiscalizada adianta recursos para a sociedade da qual é sócia para a realização dos investimentos necessários a consecução dos objetivos Sociais daquela. A busca do lucro, via de regra, implica necessariamente em alocação de recursos de capital e/ou recursos humanos. A alocação de capital de uma associada entre outra não pode ser interpretada como um contrato de mútuo, pois possui essência de outra espécie. Se ambas as empresas são sócias, informação trazida pela própria fiscalização, podese adequar a afirmação citada para “objetivos sociais conjuntos”. O segundo tópico da impugnação é dedicado à demonstração da alocação de recursos por parte da empresa FGR para a consecução desses “objetivos sociais conjuntos”. De modo absolutamente genérico, pelo fato da empresa FGR se tratar de uma Sociedade Anônima, podese afirmar, a grosso modo, que o seu objetivo é o lucro, tal qual sua associada. No Recurso Voluntário, nos pontos 2.2.15 a 2.217, é alegado que: O Acordo de Acionistas da empresa A.R. Agropecuária S/A, em sua Cláusula Primeira, dispõe que a Recorrente e os demais acionistas tem como propósito específico único a implantação, a construção de infraestrutura básica e comercialização de loteamento fechado (folha 51). Já a Cláusula Segunda do mesmo acordo trata de INVESTIMENTO a cargo da Recorrente (folha 53). Resta claro, portanto, senhores julgadores, que o fornecimento de recursos para a realização das obrigações assumidas por meio do referido contrato em nada se assemelha ao empréstimo puro e simples de recursos. Ao contrário, são aportes de financeiros programados, indispensáveis para realização dos resultados almejados na atividade principal que é o empreendimento imobiliário. No presente caso, ao oposto das conclusões fiscais, o fornecimento dos numerários destinaramse à implantação do empreendimento imobiliário, em cumprimento das obrigações listadas nos parágrafos segundo e terceiro da Cláusula Segunda do Acordo de Acionistas (folha 54). (Grifo e negrito nossos) Do Acórdão de Impugnação, que manteve o lançamento em sua íntegra, reiterase a seguinte fundamentação, já acima citada: No auto de infração a descrição dos fatos menciona que a impugnante participa no quadro de acionistas da A R. AGROPECUÁRIA S/A com 50,1%, e se compromete a suportar as despesas necessárias à realização do investimento, que no contrato são tratados como adiantamentos a serem repostos à Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 11 19 medida em que o empreendimento começar a gerar as receitas de vendas das unidades. Também é mencionado que na própria cláusula terceira do referido acordo a letra “A” está explicada como sendo ADIANTAMENTO = EMPRÉSTIMO. É esclarecido que este contrato referese à conta contábil 1.1.06.01.0013 cujos saldos foram transferidos para as contas 1.2.04.01.0005 e 1.2.04.01.0009 a partir de 2008; Mesmo entendimento foi dado ao contrato denominado “ACORDO DE ACIONISTAS DA FGR EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A, fls 60/67 referente à conta contábil 1.1.06.01.0012, que a partir de 2008 foi convertida na conta 1.2.04.01.0008; A impugnante neste contrato se obriga a arcar com todas as despesas necessárias à implementação do empreendimento e tais desembolsos comporão os custos do empreendimento (cláusula segunda). (No contrato consta FGR CONSTRUTORA S/A, antiga razão social da impugnante FGR URBANISMO S/A). Nos fragmentos transcritos, fica expressa a forma como ocorre a busca pela consecução dos “objetivos sociais conjuntos”: via empreendimento imobiliário e de que modo a empresa FGR contraiu obrigações para com seus associados nesse sentido. Todo empreendimento empresarial está sujeito a risco. A busca pelo lucro é a contrapartida da tomada de risco. Recursos são alocados e gerenciados com a finalidade de se obter receitas / lucro. A distribuição de receitas / lucro entre associados, caso houver, não pode ser tomada como compromisso restituição de coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Portanto, pelos fatos aduzidos pela fiscalização e confrontados na impugnação e no Recurso Voluntário, não resta caracterizada a existência de contrato de mútuo, mas sim um empreendimento assumido entre empresas associadas, via aporte de recursos, na busca de seus objetivos comuns. Da possibilidade de Cobrança de Juros Moratórios sobre a Multa de Ofício Quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, analisase, inicialmente, a possibilidade de incidência de juros de mora sobre multas. O artigo 161 do CTN dispõe: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Fl. 613DF CARF MF 20 O crédito tributário decorre da obrigação principal e possui a mesma natureza desta, conforme disposto no art. 139 do Código. Esta, por sua vez, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente (artigos 113, §1º e 139 do CTN). Depreendese, assim, que o crédito tributário mencionado no artigo 161 do CTN abrange os tributos e as penalidades pecuniárias, sujeitandose à incidência dos juros de mora. A respeito, citase o Recurso Especial 1.129.990 PR (2009/00543162), julgado em 01/09/2009, de relatoria do Ministro Castro Meira: EMENTA TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. Inferese, de fato, que a multa de ofício é constituída na lavratura do auto de infração e vence no prazo de trinta dias para a apresentação da impugnação ao lançamento. Após este prazo, considerase devida e, portanto, sujeita a juros de mora, não fazendo sentido algum permanecer seu montante imutável ao longo do tempo até que se ultime sua extinção. Assim, o artigo 161, §1º do CTN, determina que se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão calculados à taxa de um por cento ao mês. Destarte, ultrapassada a questão da pertinência da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, resta verificar se a taxa Selic, aqui em discussão, deve ser utilizada como os juros de mora a que se refere o artigo 161. Sobre a legitimidade da Selic como juros moratórios, descabem maiores considerações, conforme decidido no REsp 879.844/MG, julgado em 11/11/2009 (recursos repetitivos), e no RE 582.461/SP, submetido à repercussão geral, julgado em 18/05/2011, e de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Cabe frisar que no julgamento dos recursos especial e extraordinário, acima referidos, a discussão girou em torno da isonomia entre a aplicação da Selic na repetição de indébito como na atualização dos débitos: “Forçoso esclarecer que os debates nesta Corte gravitaram em torno da aplicação da taxa SELIC em sede de repetição de indébito. Nada obstante, impõese, mutatis mutandis, a incidência da referida taxa nos cálculos dos débitos que os contribuintes tenham para com as Fazendas Municipal, Estadual e Federal. Aliás, raciocínio diverso importaria tratamento antiisonômico, porquanto a Fazenda restaria obrigada a reembolsar os Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 12 21 contribuintes por esta taxa SELIC, ao passo que, no desembolso, os cidadãos exonerarseiam desse critério, gerando desequilíbrio nas receitas fazendárias.”(REsp 879.844/MG) Assim, sob este aspecto abordado nos julgamentos dos recursos especial e extraordinário, é legítima a incidência da taxa Selic sobre a multa de ofício após seu vencimento, pois que eventual indébito referente à multa paga a maior que a devida, necessariamente seria corrigido pela referida taxa. Por outro lado, diversos diplomas legais trataram da Selic como juros de mora incidentes sobre os débitos para com a Fazenda Nacional. Assim, citamse: Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995: Art. 84 – Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1° de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I – juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; ............................. § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional.(Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002) (grifei) Art. 91. O parcelamento dos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, autorizado pelo art. 11 do Decreto Lei nº 352, de 17 de junho de 1968, com a redação dada pelo DecretoLei nº 623, de 11 de junho de 1969, pelo inciso II, do art. 10 do DecretoLei nº 2.049, de 01 de agosto de 1983, e pelo inciso II, do art. 11 do DecretoLei nº 2.052, de 03 de agosto de 1983, com as modificações que lhes foram introduzidas, poderá ser autorizado em até trinta prestações mensais. Parágrafo único. O débito que for objeto de parcelamento, nos termos deste artigo, será consolidado na data da concessão e terá o seguinte tratamento: a) se autorizado em até quinze prestações: a.1) o montante apurado na consolidação será dividido pelo número de prestações concedidas; a.2) o valor de cada parcela mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna, calculados a partir da data do deferimento até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado; (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) b) se autorizado em mais de quinze prestações mensais: b.1) o montante apurado na consolidação será acrescido de Fl. 615DF CARF MF 22 encargo adicional, correspondente ao número de meses que exceder a quinze, calculado à razão de dois por cento ao mês, e dividido pelo número de prestações concedidas; b.2) sobre o valor de cada prestação incidirão, ainda, os juros de que trata a alínea a.2 deste artigo.(Revogado pela Lei nº 10.522, de 19.7.2002) Lei nº 9.065, de 1995: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Produção de efeito (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ... Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ......................................... Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002: Fl. 616DF CARF MF Processo nº 10120.720021/201101 Acórdão n.º 3302005.599 S3C3T2 Fl. 13 23 Art. 17. Fica acrescentado o seguinte parágrafo ao art. 84 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995: "Art. 84. ......................................................... § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional." (NR) (grifei) ... Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de UFIR, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1° de janeiro de 1997. (grifei) § 1° A partir de 1° de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – UFIR, instituída pelo art. 1° da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1° de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. (g.n) (grifei) Destacase que o artigo 30 da Lei nº 10.522/2002, expressamente prevê a incidência dos juros de mora à taxa Selic, a partir de1º/01/1997, relativamente aos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional referidos no artigo 29, cujos fatos geradores tivessem ocorridos até 31/12/1994. Já a mesma lei acrescentou ao artigo 84 da Lei nº 8.981/95, o §8º, a disposição de que aos demais créditos da Fazenda Nacional, aplicamse as disposições do artigo 84, o que determina a aplicação dos juros de mora aos tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorressem a partir de 1º/01/1995. § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa Fl. 617DF CARF MF 24 da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional." (NR) A Lei nº 10.522/2002, é conversão da MP nº 2.17679/2001, fruto da reedição de sucessivas medidas provisórias, desde a original de nº 1.110, de 30 de agosto de 1995. A inclusão do §8º no artigo 84 da Lei nº 8.981/95, pela MP nº 1.110/95, bem como a inclusão dos artigos 29 e 30 pela MP nº 1.542/96 (nove dias antes da publicação da Lei nº 9.430/96) estabeleceram, expressamente, a incidência da taxa Selic sobre quaisquer débitos da Fazenda Nacional (até 1994 pelo artigo 30 e após 1º/01/1995, pelo §8º do artigo 84). Constatase que, por sua vez, a Lei nº 9.430/96, ao prever a aplicação da Selic em seus artigos 43 e 61 convalidou o que já estava sendo previsto pela MP nº 1.542/96 (atual Lei nº 10.522/2002). Concluise, portanto, que é legítima a incidência da taxa de juros Selic sobre a multa de ofício vinculada ao tributo. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao Recurso do Contribuinte. É como voto. Jorge Lima Abud. Fl. 618DF CARF MF
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