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Numero do processo: 10925.901324/2012-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2009
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPROVAÇÃO
Não pode ser homologada uma compensação, cujos créditos não foram comprovados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.477
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2009 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPROVAÇÃO Não pode ser homologada uma compensação, cujos créditos não foram comprovados. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1496; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.901324/201231 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301003.477 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de abril de 2017 Matéria DCOMP. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. Recorrente COMERCIAL PARISENTI LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPROVAÇÃO Não pode ser homologada uma compensação, cujos créditos não foram comprovados. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação DCOMP, apresentada pela contribuinte acima qualificada Em análise da compensação intentada, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba/SC decidiu não homologála em razão de que o valor recolhido via DARF, indicado como fonte do crédito contra a Fazenda Nacional, já havia sido integralmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 13 24 /2 01 2- 31 Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10925.901324/201231 Acórdão n.º 3301003.477 S3C3T1 Fl. 3 2 utilizado para o pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos valores informados no PER/DCOMP. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, na qual defende, inicialmente, que os débitos exigidos não compensados devem ficar com a exigibilidade suspensa em razão da apresentação da manifestação de inconformidade. Quanto ao mérito, a contribuinte alega, em síntese, que apurou créditos, passíveis de compensação, oriundos do recolhimento indevido de tributos, uma vez reconhecido seu direito de recolher as contribuições – PIS e Cofins – nos moldes previstos no artigo 3º, §2º, inciso III, da Lei nº 9.718/98. A DRJ em Florianópolis (SC) julgou improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 07030.875. O fundamento adotado foi o de que, quando a compensação declarada pelo sujeito passivo está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é indevido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em que alega o seguinte: a) que o débito, cuja compensação não foi homologada, deve permanecer com a exigibilidade suspensa, em razão da apresentação do recurso voluntário; b) que não há dispositivo legal que vede a compensação de tributos, nos casos em que a DCTF retificadora, em que foi demonstrada a existência do pagamento indevido, tenha sido apresentada após a transmissão da Declaração de Compensação (DCOMP); e c) que a multa de ofício de 150% cobrada da Recorrente não se aplica a compensações indevidas e que não poderia ser superior a 20%, além de afrontar os princípios da proporcionalidade e finalidade dos atos da administração pública e a própria Consituição Federal, em razão de seu caráter confiscatório. Em relação à alegação mencionada na letra "c", cumpre destacar que o débito, cuja compensação não foi homologada, está sendo cobrado, acrescido de multa de mora de 20% e não de multa de ofício de 150%, além de juros Selic. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.444, de 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10925.901334/201276, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10925.901324/201231 Acórdão n.º 3301003.477 S3C3T1 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.444): "O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Tratase de Despacho Decisório que não homologou compensação pleiteada por meio de DCOMP, em razão de o alegado pagamento a maior não constar nos registros da Receita Federal do Brasil (RFB). Nos autos, encontramse a DCOMP, o Despacho Decisório e extratos da RFB, contendo detalhamento da compensação e histórico da transmissão da DCOMP. Não há cópias de Declarações de Débitos e Créditos Federais Tributários Federais (DCTF). Na manifestação de inconformidade, a Recorrente informou que efetuara pagamentos a maior e apresentou as bases legais que dariam suporte à compensação. Nada dispôs sobre a DCTF original, na qual teria sido incluído o DARF indicado na DCOMP como fonte do crédito (pagamento a maior), e tampouco se fora retificada. Também não carreou aos autos cópias de DCTF. A DRJ (fls. 37 a 40) ratificou o Despacho Decisório, sob a alegação de que na data da protocolização da DCOMP, a DCTF que constava no banco de dados da RFB não indicava a existência de crédito, consistente em pagamento a maior de tributo. E que uma DCTF retificadora somente pode suportar uma compensação, cuja DCOMP tenha sido apresentada na mesma data ou posteriormente. No recurso voluntário, foram apresentados os seguintes argumentos para sustentar a compensação: a) que o débito cuja compensação não foi homologada deve permanecer com a exigibilidade suspensa, em razão de apresentação do recurso voluntário; b) que não há dispositivo legal que vede a compensação de tributos, nos casos em que a DCTF retificadora, em que foi demonstrada a existência do pagamento indevido, tenha sido apresentada após a transmissão da Declaração de Compensação (DCOMP); e c) que a multa de ofício de 150% cobrada da Recorrente não se aplica a compensações indevidas e que não poderia ser superior a 20%, além de afrontar os princípios da proporcionalidade e finalidade dos atos da administração pública e a própria Constituição Federal, em razão de seu caráter confiscatório. Em relação à letra "a", nada há que se falar, pois nenhuma controvérsia há sobre a questão: o inc. III do art. 151 da Lei n° 5.172/66 (Código tributário Nacional CTN) dispõe que a apresentação de recurso, nos termos das normas que regulam o processo administrativo, suspende a exigibilidade do crédito tributário. O disposto na letra "c" também não merece comentários, haja vista que não houve lançamento de ofício e, por conseguinte, multa dele derivada. O débito originalmente compensado com o crédito não comprovado está sendo cobrado com o acréscimo de multa de mora de 20% e juros Selic. Finalmente, sobre o tema central, a adequação ou não da compensação realizada, parcialmente tratada pela Recorrente na letra "b", voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10925.901324/201231 Acórdão n.º 3301003.477 S3C3T1 Fl. 5 4 Não resta dúvida acerca da possibilidade legal defendida pela Recorrente de compensar tributos pagos a maior com débitos tributários. Também não me oporia a legitimar a compensação pretendida, pelo simples fato de que a DCTF retificadora, com indicação do pagamento a maior, tivesse sido apresentada após a protocolização da DCOMP, desde que restasse comprovado que o crédito tributário já existia à época da liquidação do débito tributário. Com efeito, regra geral, a compensação é possível até mesmo se o crédito tiver surgido após o vencimento do débito, desde que a este sejam acrescidos os devidos encargos moratórios. Porém, no caso em tela, não se encontram os elementos probatórios essenciais à confirmação do crédito, quais sejam: a DCTF retificadora propriamente dita e a demonstração do cálculo do débito e sua comparação com o DARF pago, indicando o pagamento a maior. Temos apenas as alegações da Recorrente de que retificara a DCTF e que detinha o crédito. Alegações, contudo, desacompanhadas das devidas comprovações. Desta forma, não me resta alternativa que não a de negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não se encontram os elementos probatórios essenciais à confirmação do crédito, quais sejam: a DCTF retificadora propriamente dita e a demonstração do cálculo do débito e sua comparação com o DARF pago, indicando o pagamento a maior. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 56DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.727832/2013-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 26/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE.
A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 26/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração.
2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração.
AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE.
O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 26/09/2008
INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.026
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*
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dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 26/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 26/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 26/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
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secao_s : Terceira Seção De Julgamento
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1732; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.727832/201380 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.026 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de março de 2017 Matéria MULTA REGULAMENTAR Recorrente CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 26/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 26/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 78 32 /2 01 3- 80 Fl. 147DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 3 2 O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 26/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nos termos do relatado no acórdão recorrido, de acordo com a descrição dos fatos constante no Auto de Infração, a autuada concluiu a destempo a desconsolidação das cargas relativas ao conhecimento eletrônico (CE) genérico ali identificado (MasterHouse Bill of LadingMHBL), em razão de ter informado com atraso o CE agregado (House Bill of LadingHBL) especificado. Para demonstrar a irregularidade apurada, a autoridade lançadora também apresentou dados referentes à embarcação, viagem, escala, data da atracação, manifesto eletrônico relativos à carga cujo atraso na informação deu ensejo ao lançamento. Na sequência a fiscalização discorreu sobre o Siscomex Carga e sua norma regente, a IN RFB nº 800/2007, destacando a abrangência do termo transportador nela utilizado, e os prazos estabelecidos para prestar as informações exigidas (arts. 22 e 50 da referida IN, e art. 64 do ADE Corep nº 3/2008). Fl. 148DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 4 3 Em seguida, falou da responsabilidade legal do transportador e da penalidade aplicável em caso de descumprimento da obrigação em foco (arts. 37 e 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966), enfatizando a natureza objetiva dessa responsabilidade, que independe da intenção do agente ou responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 94 do DL 37/1966). A autoridade lançadora prosseguiu seu relato explanando acerca da motivação da obrigação imposta, destacando sua importância na definição prévia de procedimentos a serem aplicados, objetivando proporcionar maior segurança e racionalidade ao controle aduaneiro de cargas. Foi descrita a nova sistemática de controle implementada a partir de 2002, quando a fiscalização aduaneira passou a ter foco mais abrangente, de forma a alcançar não apenas os importadores e exportadores, mas todos os intervenientes envolvidos nas operações de comércio exterior. Dando seguimento, a fiscalização comentou sobre a interpretação da norma que prescreve a multa imposta. Foi considerado que, com base no art. 112 do CTN, deve ser considerada a conclusão veiculada na Solução de Consulta Interna Cosit nº 8/2008, relativamente à quantidade de multas a serem aplicadas. No tópico seguinte, intitulado “DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA”, foi feita detalhada abordagem a respeito da denúncia espontânea e chegada à conclusão que, apesar de sua aplicabilidade ter sido estendida às penalidades de natureza administrativa (Lei nº 12.350/2010), não foram atendidos os requisitos próprios desse instituto. Para reforçar seu entendimento, a autoridade lançadora recorreu à doutrina e também à jurisprudência administrativa e judicial. Na sequência a fiscalização falou sobre a materialidade da infração, que considerou devidamente caracterizada, e sobre os intervenientes aduaneiros designados pela legislação, tendo em vista o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003 e nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. Concluiu que, com base na documentação juntada aos autos, era a autuada, na condição de consignatária do citado CE genérico, a responsável por prestar as informações relativas aos correspondentes CEs agregados incluídos com atraso. A penalidade foi formalizada no Auto de Infração em debate. Cientificado da exação, o sujeito passivo, apresentou impugnação alegando, em síntese: a) Ilegitimidade passiva. O prazo estabelecido pela IN RFB n° 800/2007 não se aplica à impugnante, que na condição de agente de carga, não se confunde com a atividade do transportador, que é o sujeito das obrigações instituídas pela referida Norma. A classificação da impugnante como tal distorce conceito de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria impugnante, antes do início de fiscalização. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 5 4 c) Inaplicabilidade de multa no período de contingência do Siscomex Carga. As operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores. Dessa forma, evidenciado que a impugnante não poderia agir de outra forma, a aplicação de multa no presente caso afronta, além do princípio da inexigibilidade de conduta diversa, o da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. Ao final a impugnante pedia o cancelamento do lançamento. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, os integrantes do Colegiado de primeiro grau rejeitaram a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, julgaram a impugnação improcedente e mantiveram integralmente a exigência fiscal, nos termos do Acórdão 0833.466. Após ciência ao acórdão de primeira instância, a autuada protocolou recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Em aditamento, alegou que o acórdão recorrido não dera aos fatos em análise a correta interpretação, aplicando equivocadamente a legislação vigente; e que os argumentos expostos na impugnação foram refutados por simples negativa, sem que se levantassem razões jurídicas hábeis a infirmálos. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.022, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.730402/201345, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.022): O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O litígio cingese aos seguintes pontos: a) ilegitimidade passiva da recorrente; b) impossibilidade de aplicação da multa durante o período de contingência do Siscomex Carga; e c) excludente de responsabilidade por denúncia espontânea da infração. Previamente a análise controvérsia, cabe destacar que a aplicação da penalidade em apreço foi motivada pela prática da infração tipificada, genericamente, na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Fl. 150DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; (...) E em relação à prestação de “informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute” no Siscomex Carga, para conferir efetividade a referida norma penal em branco, foi editada a Instrução Normativa RFB 800/2007, que estabeleceu a forma e o prazo para a prestação das referidas informações. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que integra o presente Auto de Infração (fls. 01/05), a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos ao conhecimento eletrônico (HBL) CE 150805190343826, vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL) CE 150805184751721, conforme explicitado no trecho que segue transcrito: O Agente de Carga CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.229.138/000406, concluiu a desconsolidação relativa ao Conhecimento Eletrônico Sub Master (MHBL) CE 150805184751721 a destempo às 09h52min do dia 09/10/2008, segundo o prazo previamente estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, para o seu conhecimento eletrônico agregado (HBL) CE 150805190343826. A carga objeto da desconsolidação em comento foi trazida ao Porto de Santos acondicionada nos Containers NYKU7940080, NYKU7104578 e NYKU7149079, pelo Navio M/V CAPE CHARLES, em sua viagem 101W, no dia 07/10/2008, com atracação registrada às 18h26min. Os documentos eletrônicos de transporte que ampararam a chegada da embarcação para a carga são Escala 08000222050, Manifesto Eletrônico 1508501842589, Conhecimento Eletrônico Master MBL 150805183878000, Conhecimento Eletrônico SubMaster MHBL 150805184751721 e Conhecimento Eletrônico Agregado HBL 150805190343826. Especificamente, no que tange à prestação de informação sobre a conclusão da operação de desconsolidação, os prazos permanentes e temporários foram estabelecidos, respectivamente, no art. 22, “d”, III, e art. 50, parágrafo único, da Instrução Normativa RFB 800/2007, que seguem transcritos. Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: Fl. 151DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 7 6 [...] III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. [...] Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. (grifos não originais) No caso, como as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreu antes de 1º de abril de 2009, a recorrente estava obrigada a cumprir o prazo estabelecido no norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 destacado. Os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, as informações foram prestadas somente às 09h52min do dia 9/10/2008 (data/hora da inclusão no Siscomex Carga do conhecimento eletrônico agregado HBL 150805190343826), portanto, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ocorrida no dia 07/10/2008, às 18h26min. Logo, fica claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Além disso, não resta qualquer dúvida que a conduta praticada pela recorrente subsumese perfeitamente à hipótese da infração descrita nos referidos preceitos legal e normativo. Aliás, em relação à materialidade da mencionada infração inexiste controvérsia nos autos. Apresentadas essas breves considerações, passase a analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente. Da ilegitimidade passiva A recorrente alegou que, na condição de agente de carga, no período compreendido entre a data da vigência da Instrução Normativa RFB 800/2007 até 1º de abril de 2009, ela não estava obrigada a respeitar o prazo estabelecido no art. 22 da citada IN, nem o prazo estabelecido no inciso II do parágrafo único do art. 50 do citado ato, sob o argumento de que este último preceito normativo aplicavase apenas ao transportador. A alegação da recorrente não procede, porque, embora o disposto no parágrafo único do art. 50 da referida IN tenha se referido apenas ao Fl. 152DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 8 7 transportador, não se pode olvidar que, para fins de cumprimento de obrigação acessória perante o Siscomex Carga, o termo transportador compreende o agente de carga e demais pessoas jurídicas que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga, discriminadas no inciso IV do § 1º do art. 2º da Instrução Normativa RFB 800/2007, a seguir transcrito: Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: [...] V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; [...] § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: [...] IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíneas “a” e “b”, responsável pela desconsolidação da carga no destino; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; [...] Além disso, há expressa menção na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, que o agente de carga responde pela referida penalidade, se prestar informação sobre a carga fora do prazo estabelecido. No caso em tela, é fato incontroverso que, em relação às operações de desconsolidação que executou, a recorrente atuou como representante do transportador estrangeiro, no País. Logo, dada essa condição, era dela a responsabilidade de proceder o registro tempestivo, no Siscomex Carga, dos dados sobre as operações que executou em nome da empresa de navegação representada. Dessa forma, tratandose de infração à legislação aduaneira e tendo em vista que a recorrente concorreu para a prática da questionada infração, induvidosamente, ela deve responder pela correspondente Fl. 153DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 9 8 penalidade aplicada, conforme dispõe o inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir transcrito: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. Assim, na condição de agente e, portanto, mandatário do transportador estrangeiro, a recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex Carga sobre a carga transportada pelo seu representado. Em decorrência dessa atribuição e por ter cumprido a destempo a dita obrigação, a autuada foi quem cometeu a infração capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, por conseguinte, deve responder pela infração em apreço. Por fim, cabe ainda ressaltar que, os termos do caput do art. 94 do Decreto lei 37/1966, no âmbito da legislação aduaneira, constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que “importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decretolei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá los”. Com base nessas consideração, resta demonstrado que a recorrente deve ser mantida polo passivo da autuação, porque há expressa previsão legal que nesse sentido. Da inaplicabilidade da multa na fase de contingência do Siscomex Carga. Em relação a esse ponto, a recorrente alegou que não havia que se falar em aplicação ou descumprimento dos prazos estabelecidos pela “IN RFB 800/2007, vez que ao operador não restava qualquer alternativa para a imputação das informações no sistema”. Segundo a recorrente, a exigência do cumprimento de uma obrigação sem que lhe fosse oferecidos os meios indispensáveis para tanto feriria o princípio da razoabilidade e o instituto da inexigibilidade de conduta diversa. Este Relator está de pleno acordo com a recorrente de que imputar infração ao usuário do Sistema por descumprimento de obrigação que ele não cumpriu ou não poderia cumprir por falhas operacionais ou ausência de meios necessários, revelase, nitidamente, irrazoável e desproporcional, conforme alegado. Porém, como se trata de alegação que envolve situação de natureza fática, a recorrente tinha o dever de comprovála, o que não ocorreu no caso em tela. E na distribuição do ônus prova, prevista o art. 373, II, da Lei 13.105/2015, que instituiu o vigente Código de Processo Civil (CPC), que corresponde ao art. 333, II, do CPC anterior, por ser fato relevante para isentar a recorrente da exigência, não era suficiente a simples alegação de que não havia meios para prestar informações sobre a carga. Dada a alegada impossibilidade, cabia a recorrente o dever prová la, o que não ocorreu. Neste sentido, prevendo a possibilidade de falhas de funcionamento, na fase inicial de implantação do sistema, foram fixados os procedimentos a serem adotados pelos usuários, nos termos dos arts. 1º, 2º e 4º, III da IN RFB 835/2008, a seguir transcritos: Fl. 154DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 10 9 Art. 1º Na impossibilidade de acesso ao Siscomex Carga, por mais de duas horas consecutivas, em virtude de problemas de ordem técnica do sistema, ou na ocorrência de fatores operacionais que prejudiquem o fluxo de comércio exterior, as operações relativas ao controle de embarcações e cargas em portos alfandegados, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, observarão os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Art. 2º Compete ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no âmbito de sua jurisdição, reconhecer a impossibilidade de acesso ao sistema, por razões de ordem técnica, e autorizar a adoção dos procedimentos de contingência. Parágrafo único. A data e a hora da restauração do acesso ao sistema deverá ser registrada nos documentos de autorização, para fins de auditoria e controle. Art. 4º Na hipótese do art. 2º, restaurado o acesso ao sistema: [...] III relativamente à informação dos manifestos, conhecimento eletrônico (CE) e itens, o transportador deverá informar todos os manifestos, CE e itens no sistema, relacionálos e solicitar à RFB a baixa dos bloqueios decorrentes da informação após o prazo estabelecido. [...] (grifos não originais) Assim, como a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento de prova, em que demonstrado a impossibilidade de acesso ao Sistema, conforme procedimentos disciplinados nos referidos preceitos normativos, a alegação suscitada não tem qualquer relevância. A recorrente alegou ainda que era descabida a exigência de prova da indisponibilidade do Sistema, porque a própria edição da IN RFB 835/2008 já constituía prova de que o Sistema não funcionava adequadamente. Essa alegação também não procede, porque não é verdade que a referida IN reconheceu a impossibilidade de funcionamento do Sistema, mas, na possibilidade dessa situação vir a ocorrer e, caso ocorresse, o usuário deveria adotar os procedimentos nela estabelecidos com vistas a resguardálo da imposição de qualquer sanção. Da denúncia espontânea da infração. A recorrente alegou a denúncia espontânea da infração cometida, para excluir a multa que lhe fora aplicada, sob o argumento de que as informações foram prestadas antes de qualquer ato da fiscalização, portanto, em conformidade com o previsto no art. 102, § 2º, do Decretolei 37/1966, com redação dada pela Lei 12.350/2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá Fl. 155DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 11 10 a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração, no caso em tela, não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), no caso em tela, as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos não originais) Porém, ainda que tal restrição não se aplicasse à infração em apreço, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não teria a recorrente, porque a infração em apreço, inequivocamente, não é passível de denúncia espontânea, pela razões aduzidas no voto da lavra deste Conselheiro que serviu de fundamento da decisão consignada no Acórdão nº 3102002.187, de 26 março de 2014, cujos excertos relevantes, que aqui adotase como fundamento de decidir, seguem transcritos: Da denúncia espontânea da infração. Alegou a recorrente que, no caso em tela, era incabível a aplicação de qualquer penalidade, porque às informações sobre a carga transportada fora feita a tempo e antes de qualquer intimação ou de qualquer outra notificação porventura expedida pela fiscalização aduaneira, o que configurava denúncia espontânea da infração, nos termos do art. 138 do CTN e do art. 102 do Decretolei nº 37, de 1966. Não procede a alegação da recorrente, pois, no caso em comento, não se aplica o instituto da denúncia espontânea da infração previsto no art. 138 do CTN e tampouco o específico da infração a legislação aduaneira estabelecido no art. 102 do Decretolei n° 37, de 1966, com as novas redações dadas pelo Decretolei nº 2.472, de 01 de setembro de 1988 e pela Lei nº 12.350, de 20 dezembro de 2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a Fl. 156DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 12 11 imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) (grifos não originais) O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que Fl. 157DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 13 12 têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citado a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 14 13 [...].1 (destaques do original) No mesmo sentido, o entendimento manifestado pela 3ª Turma da CSRF, por meio do Acórdão nº 9303003.552, cujo enunciado da ementa segue reproduzido: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/06/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. 2 No âmbito dos Tribunais Regionais Federais (TRF), o entendimento tem sido o mesmo. A título de exemplo, citase trechos do enunciado da ementa e do voto condutor do do TRF da 4ª Região, proferido no julgamento da Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC, que seguem parcialmente transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIAESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966.2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas.3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...] Voto. 1 BRASIL. CARF, 3ª Seção, 1ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Ac. 3102002.187, de 26/03/2014, rel. José Fernandes do Nascimento. 2 BRASIL. CARF, CSRF, 3ª Turma, Ac. 9303003.552, de26/04/2016, rel. Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 15 14 [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...]3. Também com base no mesmo entendimento, a questão tem sido decidida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme confirma, a título de exemplo, o recente acórdão proferido no julgamento do REsp 1613696/SC, cujo enunciado da ementa segue transcrito: O art. 107 do Decretolei 37, de 1966, por sua vez, estabelece a penalidade de multa, no caso de descumprimento da obrigação acima mencionada. Oportuno anotar, ainda, que a declaração do embarque das mercadorias é obrigação acessória e sua apresentação intempestiva caracteriza infração formal, cuja penalidade não é passível de ser afastada pela denúncia espontânea.”. 4 Com base nessas considerações, afastase a alegada excludente de responsabilidade por denúncia espontânea, suscitada pela recorrente. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido." Ressaltese que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo: a) a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos a conhecimento eletrônico (HBL), vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL), Conhecimentos Eletrônicos cujos números constam da descrição dos fatos do Auto de Infração deste; b) as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreram antes de 1º de abril de 2009, o que sujeita a recorrente a cumprir o prazo estabelecido na norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 da Instrução Normativa RFB 800/2007; 3 BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013. 4 BRASIL. STJ. REsp 1613696/SC. Rel. Min. Herman Benjamim. Decisão Monocrática de 2/9/2016. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 11128.727832/201380 Acórdão n.º 3302004.026 S3C3T2 Fl. 16 15 c) os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão da referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ficando claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Desta forma, os fundamentos adotados para manter exigência da penalidade no caso do paradigma, também justificam sua manutenção nos presentes autos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 161DF CARF MF
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Numero do processo: 15540.000001/2011-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário:2006
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. REQUISITOS ESSENCIAIS.
Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de nulidade do auto de infração e do procedimento Fiscal.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA.
É solidariamente responsável pelo crédito tributário a pessoa que possui interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, mormente quando age em infração à Lei.
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO DOS LUCROS.
O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, tendo como base de cálculo a receita omitida, quando a escrituração contábil a que estiver obrigada a Contribuinte não for apresentada mesmo que tenha sido intimada para tal.
SIMPLES. IRPJ/CSLL. EXCLUSÃO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO.
Excluída do Simples, a falta de escrituração contábil e fiscal suficiente à apuração do Lucro Real implica no arbitramento do lucro.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO.
Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 1401-001.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, em negar provimento aos recursos voluntários da empresa e do Sr. José Carlos Pires.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto Presidente e Relator
.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, José Roberto Adelino da Silva e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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OMISSÃO DE RECEITAS. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Recorrente JOSÉ CARLOS PIRES COUTINHO RESPONSÁVEL PELA EXTINTA EMPRESA HIGICENTER COMÉRCIO E DISTRIBUIÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário:2006 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. REQUISITOS ESSENCIAIS. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de nulidade do auto de infração e do procedimento Fiscal. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. É solidariamente responsável pelo crédito tributário a pessoa que possui interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, mormente quando age em infração à Lei. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO DOS LUCROS. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, tendo como base de cálculo a receita omitida, quando a escrituração contábil a que estiver obrigada a Contribuinte não for apresentada mesmo que tenha sido intimada para tal. SIMPLES. IRPJ/CSLL. EXCLUSÃO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO. Excluída do Simples, a falta de escrituração contábil e fiscal suficiente à apuração do Lucro Real implica no arbitramento do lucro. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. Caracterizamse como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 00 00 01 /2 01 1- 85 Fl. 405DF CARF MF 2 aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, em negar provimento aos recursos voluntários da empresa e do Sr. José Carlos Pires. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto – Presidente e Relator . Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, José Roberto Adelino da Silva e Antonio Bezerra Neto. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 15540.000001/201185 Acórdão n.º 1401001.884 S1C4T1 Fl. 897 3 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto parcialmente o relatório que integra o Acórdão recorrido: Do lançamento: O presente processo tem origem nos seguintes autos de infração, lavrados pela DRFi/RJ e cientificados ao interessado acima identificado, responsável pela extinta empresa Higicenter Comércio e Distribuição Ltda, em 30/12/2010, conforme Aviso de Recebimento AR de fl. 150: de Imposto sobre a Renda de Pessoa JurídicaIRPJ, de fls. 04/07 e 16/18, no valor de R$ 38.994,93; de Contribuição para o Programa de Integração SocialPIS, de fls. 19/264/2742, no valor de R$ 12.358,50; de Contribuição Social sobre o Lucro LíquidoCSLL, de fls. 33/39 no valor de R$ 20.534,14; de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS de fl. 26/32 no valor de R$ 57.039,26, todos acrescidos da multa de oficio, no percentual majorado de 150% e demais encargos moratórios. A autuação, conforme a descrição dos fatos dos autos de infração e o Termo de Constatação Fiscal e Imputação de Responsabilidade Tributária de fls. 09/15, decorre de arbitramento do lucro, com fulcro no art. 530, inciso III, do RIR/1999, por motivo da empresa ou seus responsáveis não terem apresentado sua escrituração contábil elaborada de acordo com as leis comerciais e fiscais, ao qual estava obrigada em face de sua exclusão do SIMPLES, com efeitos a partir do ano calendário de 2006, por força do Ato Declaratório Executivo n° 111, de 17 de setembro de 2010, tendo sido usada como base de cálculo os valores de omissão de receitas nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, julho e novembro do ano calendário de 2006, tendo em vista a interessada, devidamente intimada, não ter comprovado a origem dos valores depositados, durante aquele ano calendário, nas suas contas correntes dos bancos do Brasil (c/c 4084225 da agências 017698 e 3309), Bradesco (c/c 3138046 da ag. 3375), Itaú (c/c 072512 da ag. 0059), Daycoval (c/c 7013347 da ag. 00019), Santander (c/c 970663009 da ag. 040301) e Unibanco (c/c 1315226, da ag. 0575), relacionados resumidamente na planilha de fl. 08, resultando no montante total de R$ 1.901.309,28, quando no anocalendário não declarou qualquer receita. A infração teve como enquadramento legal para o IRPJ os art. 27, inciso I, e 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996; e arts. 532 e 537 do Regulamento para o Imposto de RendaRIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999. Foi exigida a multa de ofício majorada, no percentual de 150%, em função de atos dolosos, tais como o ingresso do Sr. José Carlos Pires Coutinho na sociedade em 13/09/2005 para realização do distrato social na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro Jucerj em 01/09/2005 e respectiva tentativa de baixa da empresa no CNPJ, quando, no ano calendário de 2005, teve movimentação financeira de R$ 107.507.018,20 e um total de receitas declaradas de apenas R$ 741,587,60, o que caracteriza ato simulado e intuito de fraude, imputandose a responsabilidade tributária ao Sr José Carlos Pires Coutinho por força dos arts. 121, § único, I, 124, I e 135, III, a 137 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário NacionalCTN, conforme Termo de Sujeição Passiva Solidária n° 001, de fls. 126/127. Fl. 407DF CARF MF 4 Das Impugnações: Em 27/01/2011 foi apresentada a impugnação de fls. 153/170, em nome de Higicenter Comércio e Distribuidora Ltda., a seguir denominada simplesmente “Higicenter”, e José Carlos Pires Coutinho, onde é descrita a autuação e alegado, em síntese: Que seria incorreto o critério adotado pela fiscalização para arbitramento dos valores considerados como provenientes de receitas omitidas, uma vez que a fiscalização arbitrou tão somente o montante como considerado omitido (créditos bancários de origem não comprovada), critério este não previsto em lei, uma vez que não contempla nenhuma das hipóteses descritas nas normas que tratam do arbitramento dos lucros, como o art. 6o da Lei n° 8.846, de 21 de janeiro de 1994, e o art. 47 da lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995. que transcreve. Lembra que a fiscalização alega que o motivo do arbitramento foi a falta de apresentação dos livros comerciais e fiscais do anocalendário de 2006, sendo inaplicável, nesse diapasão, a regra contida no art. 47, parágrafo primeiro, da Lei n° 8.981/1994 e muito menos aquela descrita no art. 532 do RIR/1999, citado no auto de infração. Protesta que, se era de interesse da fiscalização arbitrar os lucros, tal procedimento deveria ter sido adotado para todas as receitas auferidas no ano calendário de 2006 e não somente para aquelas apuradas com base nos depósitos bancários, pois o desconhecimento da receita bruta prejudicaria o “arbitramento parcial” das receitas auferidas, demonstrandose, assim, óbvio contra senso no lançamento, pois os depósitos bancários supostamente não comprovados se refeririam a movimentação bancária de todo o ano calendário de 2006, a qual envolve todas as receitas/recursos, além das despesas contraídas no período. Protesta que, não apresentados os livros comerciais e fiscais de todo o período fiscalizado, caberia ao fisco optar por refazer toda a apuração dos tributos com base no lucro arbitrado, desconsiderando, consequentemente, também as receitas eventualmente declaradas na DIPJ, ou apurar a omissão de receitas mantendo o regime adotado pela impugnante, no caso o SIMPLES, inclusive no tocante aos valores dos depósitos bancários de origem não comprovada, jamais podendo efetuar arbitramento de lucros parcial, desprovido de fundamentação legal. Protesta que os depósitos bancários de origem não comprovada, por si só, não se enquadram como uma das possíveis hipóteses de arbitramento, conforme acórdão do Egrégio Conselho de Contribuintes, que transcreve. Protesta contra o percentual de arbitramento, uma vez que a fiscalização não procedeu à análise da atividade exercida pela empresa, com base em seu contrato social vigente à época dos supostos fatos geradores. Encerra este assunto pedindo a nulidade/improcedência do lançamento, uma vez que a fiscalização se resumiu em depurar os extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras e utilizar destes elementos para verificar supostas receitas omitidas e tributálas com base nas alíquotas do lucro arbitrado, procedimento este equivocado e ausente de suporte legal. Protesta que foram relacionados às fls. 61, diversos valores do ano calendário de 2006 que corresponderiam a receitas omitidas decorrentes de depósitos bancários de origem não comprovada, mas que, de uma análise preliminar da nomenclatura dos valores fornecidos pelas instituições financeiras, seria possível denotar a incerteza da fiscalização quanto à exatidão da matéria tributável, pois se verificam rubricas de movimentações bancárias cujas nomenclaturas não são suficientes para afirmar que as mesmas correspondem a receitas auferidas pela empresa, tomando indevida a utilização da presunção para fins de cálculo do lançamento. Fl. 408DF CARF MF Processo nº 15540.000001/201185 Acórdão n.º 1401001.884 S1C4T1 Fl. 898 5 Isso porque não teriam sido depurados os valores relacionados nos extratos bancários, visto que foram mantidas exigências de diversos valores que não diriam respeito à receitas, conforme exemplifica. Protesta assim que deveria ter havido um aprofundamento da ação fiscal com fins da busca da verdade material, que não foi feito, e sendo imprescindível para validade do lançamento, conforme texto de Juraci Mourão Lopes Filho e acórdãos do Conselho de Contribuintes que transcreve, tendo a fiscalização, para chegar à presunção legal de omissão de receitas, se utilizado de critérios carentes de fundamentação e pautado em meros indícios e simples presunções, que não as legalmente permitidas. Conforme já citado no protesto anterior, dos valores indicados às fls. 61, a interessada destaca sete (elencados às fls. 164/165) que careceriam de melhor análise, com objetivo de verificar se corresponderiam a receitas, sob risco de tributarse meras transferências entre contas ou mesmo valores diversos. Destaca que a descrição “Doc/Ted” nos extratos bancários ampara tanto as operações provenientes de terceiros, como também transferências entre contas de mesma titularidade, que deveriam ser verificadas uma a uma, destacando que com relação às movimentações bancárias sob as rubricas “Doc/Ted” glosadas, diversos valores corresponderiam a transferências da sociedade Carta Goiás Indústria e Comércio de Papéis Ltda, para pagamento de despesas em nome daquela empresa, numa espécie de conta corrente entre ambas, bem como assunção de obrigações. Assim, tais montantes não poderiam ser considerados como receitas omitidas, pois representariam transferência de valores para pagamento de despesas de terceiros e assunção de obrigações. Diante de tal fato, pede a realização de perícia/diligência, indicando os quesitos às fls. 171 e o perito para tal, Sr. Ronaldo Lima Coutinho, CPF n° 235.232.80710. Insurge contra o agravamento da multa de ofício, por julgála pautada em meras conjecturas desprovidas de aprofundamento de cunho probatório, levandose em consideração que o lançamento foi pautado única e exclusivamente numa presunção legal. Protesta que não haveria nexo nas acusações de que as alterações contratuais teriam sido promovidas com o intuito de reduzir a carga tributária, pois as mesmas sequer produziram quaisquer efeitos modificativos na movimentações bancárias objeto da investigação. Alerta que o item 14.2 do Termo de Constatação Fiscal e Imputação de Responsabilidade Tributária questiona a data de ingresso do Sr. José Carlos Pires Coutinho na Higicenter e a data do seu distrato, não condizendo com a realidade dos fatos, uma vez que confunde a data da assinatura dos instrumentos com a data do registro dos mesmos. Junta cópia da 9a alteração contratual da Higicenter, onde poderia se verificar que a mesma foi assinada em 12/07/2005 e o distrato somente veio a ocorrer em 01/09/2005, afastando por completo a irregularidade suscitada pela fiscalização para amparar a multa agravada. Além disso, alega que a citação no Termo à ação fiscal anterior em outra empresa da qual o Sr. José Carlos Pires Coutinho faria parte do quadro societário Fl. 409DF CARF MF 6 sequer mereceria maiores considerações, pois se traduziu em comentário genérico sem relevância, visto que dissociado de qualquer apresentação de elementos de prova. Cita, no entanto, que naquela ação fiscal restou afastada a multa qualificada, bem como outros itens do lançamento fiscal, ainda em sede de primeira instância administrativa, através do acórdão n° 1226.897 proferido pela 2a Turma desta Delegacia, corroborando ainda mais o descabimento de tal penalidade nos presentes autos. Transcreve ementa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF e a súmula n° 14 do mesmo, onde consta que a simples apuração de omissão de receitas e rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Transcreve ainda o voto do Exmo. Ministro Marco Aurélio Mello, proferido no ADIN 5511/RJ que determina que as multas são acessórias e não podem, como tal, ultrapassar o valor do principal. Pede a redução da multa de ofício para o percentual de 75%, impugna os lançamentos reflexos inerentes à CSLL, PIS e COFINS e encerra pedindo seja julgado improcedente o lançamento e que se suspenda os efeitos do Ato Declaratório Executivo n° 111/2010 (fls. 309) até o julgamento definitivo das suas razões de defesa. Posteriormente, em 28/01/2011, o Sr José Carlos Pires Coutinho apresentou a sua impugnação de fls. 222/254 que, além de transcrever as razões da impugnação apresentada em 27/01/2011, acrescenta seus protestos contra sua responsabilização, alegando, em síntese, o seguinte: Que não foi intimado desde o início da ação fiscal para acompanhála, produzir provas ou contraprovas, ferindo o princípio constitucional do devido processo legal. Que não existe o Mandado de Procedimento FiscalMPF que dá ordem ao Termo de Sujeição Passiva Solidária n° 00107.1.02.002010003780. Que foi devidamente regular a dissolução da Higicenter, transcrevendo acórdão do STJ que define não ser a simples extinção da pessoa jurídica equiparada a dissolução irregular, quando tal fato foi devidamente informado à Junta Comercial. Que quando a sociedade se dissolveu, em 2006, estavam quitadas todas as suas obrigações fiscais, não havendo previsão da possibilidade de prever ou pagar obrigações que só viriam a ser constituídas quase cinco anos depois. Transcreve os arts. 121, 124 e 135 do CTN e acórdão do Conselho de Contribuintes, protestando que a solidariedade tributária do art. 124, inciso I, do CTN é atribuída àqueles que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, sendo necessário, assim, que se comprove cabalmente a efetiva participação ou contribuição da pessoa física na prática da infração em discussão, o que não teria ocorrido. Com relação à responsabilidade pessoal, não haveria provas de que na época dos supostos fatos geradores apurados tenha ele praticado atos com excesso de poderes ou alguma outra hipótese prevista no art. 135 do CTN. Transcreve voto da Conselheira Karem Jureidini Dias no Acórdão n° 108 09.263 do processo n° 11041.000537/200441 e conclui que a responsabilidade solidária a ele imputada o foi com base em presunções, não havendo prova do interesse comum entre os sujeitos na situação que constitua fato gerador da Fl. 410DF CARF MF Processo nº 15540.000001/201185 Acórdão n.º 1401001.884 S1C4T1 Fl. 899 7 obrigação principal, na forma do art. 124. inciso I, do CTN e que não praticou ato com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos que lhe propiciasse a imputação de responsabilidade pessoal prevista nos arts. 124 e 135 do CTN. Destaca a Portaria n° 180 da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional PGFN, de 25/02/2010, que impõe à Administração Fazendária a obrigação de fundamentar a decisão que atribui responsabilidade tributária a coresponsável, protestando pelo art. 5o da Constituição Federal de 1988 como pressuposto para o exercício do contraditório e ampla defesa, reiterando que não haveria provas de que agiu com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos nem que fora irregular a dissolução da sociedade, encerrando por pedir a sua exclusão no tocante a sua qualificação como responsável solidário dos créditos tributários apurados em nome de Higicenter Comércio e Distribuidora Ltda. É o relatório. A DRJ, por unanimidade, manteve os lançamentos e a responsabilidade tributária, nos termos da ementa abaixo: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2006 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, a presença dos requisitos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do lançamento. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. É solidariamente responsável pelo crédito tributário a pessoa que possui interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, mormente quando age em infração à Lei. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2006 PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido quando desnecessário e prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver todos os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador, sabido dever a impugnação vir acompanhada de todos os elementos hábeis de prova necessários à confirmação das alegações da interessada contidas em seu arrazoado. Assunto : Imposto sobre a Renda de Pessoa J urídica IR P J Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO LEGAL A Lei n.° 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de receitas a partir da existência de créditos em instituições financeiras cuja origem não seja comprovada, não havendo que ser excluídos da glosa quaisquer valores referentes a custos, mesmo que comprovados.o Fl. 411DF CARF MF 8 FALTA DE APRESENTAÇÃO DA ESCRITURAÇÃO COMERCIAL É FISCAL. ARBITRAMENTO DO LUCRO. APLICABILIDADE. Cabível o arbitramento do lucro quando a pessoa jurídica ou seu responsável deixa de exibir ao Fisco, após devidamente intimados, os livros e documentos de sua escrituração comercial e fiscal, sendo o arbitramento uma das formas de determinação do lucro previstas no artigo 44 do CTN e empregado na ausência de elementos concretos que permitam a apuração da receita bruta efetiva da empresa e, conseqüentemente, seu lucro real. MULTA QUALIFICADA. CONSTATAÇÃO DE SONEGAÇÃO E EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Cabe a aplicação da multa de oficio, no percentual de 150%, quando configurada fraude e sonegação, previstas nos arts. 71 e 72 da Lei n° 4.502/1964, na atitude da interessada de ocultar a apuração de receitas de empresa formalmente extinta na Junta Comercial que se constata, pela sua movimentação bancária, em pleno exercícios de suas atividades. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário:2006 CSLL, COFINS E PIS. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase aos lançamentos denominados decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum. Irresignadas com a decisão de primeira instância, as interessadas (empresa e responsável solidário, Sr. José Carlos Pires Coutinho) interpuseram recursos voluntários a este CARF, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. É o relatório. Fl. 412DF CARF MF Processo nº 15540.000001/201185 Acórdão n.º 1401001.884 S1C4T1 Fl. 900 9 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto Os recursos atendem aos requisitos legais, razão pela qual deve ser conhecido. Preliminares de nulidade Com relação às argüições de nulidade suscitadas, apenas para um melhor esclarecimento sobre o assunto, transcrevese o dispositivo que rege a matéria no processo administrativo fiscal. Prescreve o art. 59 do Decreto 70235/72 com a nova redação dada pela Lei 8748/93: Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; Por conseguinte, considerase nulo o ato, se praticado por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, não tendo se caracterizado quaisquer das situações, pois não se põe em dúvida a competência do autor, nem há que se falar em preterição do direito de defesa, vez que os fatos apurados foram descritos com o respectivo enquadramento legal, e levados ao conhecimento, da autuada e da responsável tributário através do “Termo de Constatação Fiscal e Imputação de Responsabilidade Tributária” , levando as Recorrentes a defenderemse plenamente através das peças defesas acostadas aos autos. Outrossim, como bem colocou a decisão de piso: Além disso, observase que, ao contrário do que protesta o Sr. José Carlos Pires Coutinho, foi o mesmo devidamente intimado desde o início da ação fiscal, em 15/07/2009, através do Termo de Início do Procedimento Fiscal e dos Termos de Intimação Fiscal, bem como foi devidamente intimado e reintimado a comprovar a origem dos créditos bancários, tendo recebido cópia dos autos de infração e impugnado livremente o lançamento, demonstrando entender a autuação, garantindose no presente processo, assim, de fato, o direito ao contraditório e à ampla defesa. Acrescentese que, quando muito, em se admitindo o fato da autoridade lançadora ter cometido algum engano com relação à matéria de fato, enquadramento legal e/ou a sua subsunção à norma, tratarseia então de questão de mérito e não de preliminar de nulidade. E como tal será tratado. Assim, rejeito as preliminares de nulidade suscitadas Fl. 413DF CARF MF 10 Depósitos Bancários sem comprovação da origem dos recursos O art. 42, da Lei nº 9.430/1996 é cristalino ao determinar que a omissão de receitas pode ser caracterizada por meio de valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Como se vê da descrição dos fatos, a empresa não logrou comprovar, através de documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores. Nas peças de defesa, os interessado não nega ter omitido receitas constatadas através de depósitos bancários cuja origem não foi comprovada. Na fase impugnatória alegou de forma genérica que diversos valores considerados pela fiscalização como receitas omitidas tratarseiam de Doc. e Ted., os quais necessitam de análise mais apurada, sob pena de se tributar meras transferências entre contas, porém como bem colocou a DRJ, faltou apontar de forma específica que valores foram esses que teriam sido incluídos indevidamente: De fato, as transferências entre contas de mesma titularidade devem ser excluídas na determinação da receita omitida, exvi do disposto no art.42, § 3o, I , da Lei n° 9.430/1996. Entretanto, uma vez configurada a presunção legal de omissão de receita cabe ao interessado, e não ao Fisco, a produção de prova em contrário. Ou seja, ao invés de identificar genericamente históricos de alguns créditos efetuados em suas contas bancárias que poderiam ser excluídos da base tributável, o interessado deveria comprovar quais registros correspondem, de fato, a valores considerados pela fiscalização. Na falta de comprovação, mantémse os valores autuados. Na verdade, a interessada ao invés de tentar provar os fatos alegados, se limita a tecer considerações de direito, no sentido de enfraquecer o lançamento por ter sido lastreado apenas em indícios e presunções. A argumentação da recorrente denota um total desconhecimento do significado da existência do art. 42 da Lei nº 9.43096 que representa um verdadeiro marco em termos de presunção legal de omissão de receitas, verbis: LEI n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 DOU de 30.12.96 “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. A partir de anocalendário de 1997, tratandose de uma presunção legal de omissão de rendimentos, o ônus da prova fica invertido, a autoridade lançadora eximese de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo o ônus da prova à contribuinte. O contribuinte, por sua vez, não logrando êxito nessa tarefa que se lhe impunha, como ocorre no caso presente, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, por Fl. 414DF CARF MF Processo nº 15540.000001/201185 Acórdão n.º 1401001.884 S1C4T1 Fl. 901 11 presunção legal se toma como verdadeiro que os recursos depositados representam rendimentos do contribuinte. Por se tratar de uma presunção relativa juris tantum, somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. Arbitramento A empresa foi excluída do SIMPLES, com efeitos a partir do anocalendário de 2006, por força do Ato Declaratório Executivo n° 111, de 17 de setembro de 2010, e então foi intimada a apresentar a escrituração contábil e fiscal pertinente a uma opção pelo lucro real ou presumido, mas não o fez. No caso, foi solicitada pela autoridade fiscal a apresentar a sua escrituração contábil (Livros Razão, diário e caixa) e não o fez. A não apresentação dos livros comerciais obrigatórios e auxiliares e os livros fiscais, onde se acham transcritas as operações da empresa, implica na impossibilidade do conhecimento e da apuração da receita e/ou despesa da empresa sob fiscalização, impedindo, portanto, a apuração do lucro real ou do lucro presumido. Na verdade, o arbitramento é uma medida de salvaguarda do crédito tributário, não cabendo ao fiscal autuante permanecer à espera de que o contribuinte cumprisse suas obrigações fiscais quando lhe fosse conveniente. A autoridade fiscal, então, acertadamente, arbitrou o lucro, com fundamento no artigo 530, inciso III do RIR/1999, abaixo transcrito: “Art.530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): (...) III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; (...) Outrossim, diferentemente do que deixou transparecer em sua defesa o arbitramento do lucro, com fulcro no art. 530, inciso III, acima, corretamente se deu, não por causa da apuração de omissão de receitas, mas porque o responsável pela pessoa jurídica extinta, devidamente intimado, não ter apresentado escrituração contábil elaborada de acordo com as leis comerciais e fiscais. O interessado ataca o arbitramento alegando que houve um “arbitramento parcial” isso porque a fiscalização utilizouse apenas de valores apurados como omissão de receitas por créditos bancários de origem não comprovada obtidos em alguns meses do ano, sendo desconsiderada as demais receitas do anocalendário como, por exemplo, as receitas declaradas da DIPJ. Ora, esquecese o contribuinte que a empresa foi extinta em setembro de 2005 e assim não declarou formalmente receitas no anocalendário de 2006, apenas omitindo receitas nesse referido ano, motivo da autuação, Fl. 415DF CARF MF 12 Pelo mesmo motivo acima apontado, não socorre à interessada quando questiona que o percentual de arbitramento deveria ter sido acompanhado de uma análise da atividade exercida pela empresa, com base em seu contrato social “vigente à época dos supostos fatos geradores”. Novamente, repitase: a extinção da pessoa jurídica se deu em setembro de 2005. Dessa forma, o arbitramento deve ser mantido. Da qualificação da multa de 150% (Prática reiterada). Assoma claro nos autos que a empresa, de forma intencional e reiterada, buscou ocultar receitas com o fim de eximirse do devido recolhimento dos tributos, utilizando se de procedimento ardiloso de simular a dissolução da empresa em setembro de 2005 (dissolução irregular), para então permanecer auferindo receitas de forma sorrateira até o ano calendário autuado de 2006, constituindo tal procedimento em flagrante tentativa de ocultar informação da Fazenda Pública, mediante falsa extinção da pessoa jurídica, para eximirse de pagamento de tributos, ensejando assim a aplicação da multa no percentual majorado de 150%, conforme determina o art. 44 da Lei n° 9.430/1996, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007. Outrossim, o fato de o fiscal ter mencionado como estranho ("curioso") o fato de o Sr. José Carlos Pires ter feito o distrato alguns dias antes de ter ingressado, de fato, na empresa e que isso possa ser refutado, como fez a interessada no recurso, não infirma de forma alguma os outros fatos relevantes e dolosos retratados acima. Juros de mora (ilegalidade da taxa selic) Quanto à legalidade da dos juros de mora segundo as taxas SELIC, estão eles previstos em disposição legal em vigor, não cabendo a este órgão do Poder Executivo deixar de aplicálos, encontrando óbice, inclusive nas Súmulas nº 4 deste E. Primeiro Conselho de Contribuintes, in verbis: Súmula 1º CC nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006). Da responsabilidade tributária solidária Por não ter nada a reparar na decisão de piso, mantenho também a responsabilidade tributária do Sr. José Carlos Pires, pelos mesmos fundamentos: (...) O Sr. José Carlos Pires Coutinho foi considerado responsável pelo crédito tributário lançado, com fundamento no disposto nos art. 121,1; 124,1 e 135, III, do CTN, que assim prescrevem: (..) Fl. 416DF CARF MF Processo nº 15540.000001/201185 Acórdão n.º 1401001.884 S1C4T1 Fl. 902 13 Em conformidade com os fatos relatados neste voto, não resta dúvida que se está diante de um caso típico de responsabilidade solidária passiva. Isto porque não se questiona que os ilícitos tributários foram cometidos à época em que a pessoa física supracitada fazia parte do seu quadro societário, na qualidade de sócio administrador, o que configura o interesse comum na situação que constitui o fato gerador dos tributos, bem como se perpetuaram após a extinção da pessoa jurídica, sendo responsável por tal, a mesma pessoa física. O interessado tenta afastar a aplicação do art. 135 do CTN, alegando que não agiu com “excesso de poderes” ou infringiu o contrato social e estatutos da Higicenter. Porém, omite o fato de ter infringindo flagrantemente a lei ao, na qualidade de sócio administrador, ter sonegado o vultoso montante apurado como omissão de receita de empresa supostamente extinta, conforme já decidido no julgamento da multa majorada no percentual de 150%. Portanto, na salvaguarda dos interesses da Fazenda Nacional, e ante o exposto no art.135, III, do CTN, uma vez apurada infração à lei tributária, é de se concluir pela procedência de atribuição de responsabilidade tributária solidária ao Sr. José Carlos Pires Coutinho. Quanto aos protestos do mesmo pela suposta falta de Mandado de Procedimento FiscalMPF para emissão do Termo de sua sujeição passiva solidária, cabe esclarecer que o MPF, sob a égide da Portaria que criou, é mero instrumento de controle administrativo, não trazendo sua suposta falta, em nenhuma hipótese, qualquer nulidade ou improcedência do lançamento ou qualquer outro ato administrativo. Mesmo assim, há que se destacar o MPF n° 07.1.02.002010003870 (fl. 01) emitido em nome do Sr José Carlos Pires Coutinho. Outrossim, quanto a sua insurgência relativo aos termos postos pelo fiscal ao chamar atenção para estranheza de a interessada ter assinado o distrato da empresa alguns dias antes do seu ingresso de fato na empresa, não muda de forma alguma o fato doloso de que Outrossim, o fato de o fiscal ter mencionado como estranho ("curioso") o fato de o Sr. José Carlos Pires ter feito o distrato alguns dias antes de ter ingressado, de fato, na empresa e que isso possa ser refutado, como fez a interessada no recurso, não infirma de forma alguma os outros fatos relevantes e dolosos retratados acima, qual seja: (...) o fato de ter infringindo flagrantemente a lei ao, na qualidade de sócio administrador, ter sonegado o vultoso montante apurado como omissão de receita de empresa supostamente extinta, conforme já decidido no julgamento da multa majorada no percentual de 150%. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso mantendo sua responsabilidade tributária do Sr. José Carlos Pires. Lançamentos Reflexos (CSLL/PIS/COFINS) Por estar sustentado na mesma matéria fática, os mesmos fundamentos devem nortear a manutenção da exigência lançada por via reflexa. Sr. José Carlos Pires. Fl. 417DF CARF MF 14 Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento aos recursos voluntários da empresa e do responsável tributário, Sr. José Carlos Pires. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator Fl. 418DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.013648/2006-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001, 2002
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NECESSIDADE.
É a isenção um caso de exclusão tributária, de dispensa do crédito tributário, conforme determina o I, Art. 175 do Código Tributário Nacional (CTN). No caso da isenção concedida à APP, busca-se uma conduta determinada dos cidadãos. O objetivo é a preservação das áreas em comento, pela fiscalização e controle delas, informadas pelo ADA ao órgão que possui a qualificação técnica para tal, o Ibama. Assim, o descumprimento do requisito formal deve impedir o gozo do benefício fiscal.
ITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL. DATA ANTERIOR AO FATO GERADOR. ATO CONSTITUTIVO.
A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-la da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA.
Numero da decisão: 2202-003.813
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área de reserva legal, vencidos os Conselheiros Dilson Jatahy Fonseca Neto (Relator), Martin da Silva Gesto e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que deram provimento integral ao recurso. Foi designado o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
(assinado digitalmente)
Márcio Henrique Sales Parada - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001, 2002 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NECESSIDADE. É a isenção um caso de exclusão tributária, de dispensa do crédito tributário, conforme determina o I, Art. 175 do Código Tributário Nacional (CTN). No caso da isenção concedida à APP, buscase uma conduta determinada dos cidadãos. O objetivo é a preservação das áreas em comento, pela fiscalização e controle delas, informadas pelo ADA ao órgão que possui a qualificação técnica para tal, o Ibama. Assim, o descumprimento do requisito formal deve impedir o gozo do benefício fiscal. ITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL. DATA ANTERIOR AO FATO GERADOR. ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimila da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área de reserva legal, vencidos os Conselheiros Dilson Jatahy Fonseca Neto (Relator), Martin da Silva Gesto e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que deram provimento integral ao recurso. Foi designado o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada para redigir o voto vencedor. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 36 48 /2 00 6- 91 Fl. 910DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. (assinado digitalmente) Márcio Henrique Sales Parada Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Contribuinte para constituir ITR. Tendo o Contribuinte apresentado impugnação, a DRJ manteve parcialmente o crédito fazendário, formalizando Recurso de Ofício. O Contribuinte interpôs Recurso Voluntário. O CARF, em primeira análise, não conheceu do Recurso de Ofício e deu provimento ao Recurso Voluntário. Tendo a Fazenda Nacional interposto Recurso Especial, a CSRF anulou parcialmente o acórdão recorrido, determinando o retorno dos autos para análise das demais questões suscitada no Recurso Voluntário. Tendo resumido a lide, passo ao relato pormenorizado dos autos. Em 06/12/2006 foi lavrado auto de infração (fls. 125/130) para constituir ITR referente aos exercícios de 2001 e 2002 no valor de R$ 507.970,69, além de juros e de multa de ofício majorada para 112,5% em função da falta de atendimento às intimações. Conforme o TVF (fls. 131/133), apesar de ter enviado diversas intimações para o Contribuinte, este não apresentou nenhuma resposta durante a fiscalização. Nesse sentido, ante a falta de provas, entendeu por glosar a área de reserva legal, a área de preservação permanente, a área ocupada com produtos vegetais e a área utilizada com pastagens; também, que o VTN estava subavaliado, sendo necessário arbitrálo com base no SIPT. Intimado em 21/12/2006 (fls. 140/141), o Contribuinte apresentou Impugnação (fls. 145/168 e docs. anexos fls. 169/324) em 22/01/2007. Argumentou, em síntese: · Que houve nulidade da intimação do lançamento; · Que em nenhum momento, durante a fiscalização, o representante da empresa teve conhecimento de que esta se realizava; · Que apresentava na impugnação todos os documentos requisitados durante a fiscalização, ressaltando que não os forneceu antes por falta de intimação; · Que equivocouse no preenchimento da DIAT, tendo preenchido a área de reserva legal como 71ha e a área de preservação ambiental como 185ha, mas que era o inverso, esta com 71ha e aquela com Fl. 911DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 911 3 185ha; de qualquer sorte, que apresentava a documentação solicitada em sede de impugnação; · Que é dispensada ADA para a comprovação da área de reserva legal, conforme a MP nº 2.16667/2001 e precedentes do STJ; · Que o VTN arbitrado está incorreto, e que apresenta laudo de avaliação no qual o VTN é apurado em R$ 1.054,14 no período; · Que, com relação à área de pastagem e de cultivo de vegetais, a empresa era produtora de suínos e produtos derivados de leite mas que, no final da década de 1990, começou a extinguir tais atividades, passando simplesmente a alugar seus pastos e edificações para terceiros; · Que apresenta laudo do INCRA, entre outros documentos, comprovando sua atividade; · Que apresenta laudo do INCRA comprovando o baixo potencial de aproveitamento da área; · Que a multa aplicada é inconstitucional por afrontar o princípio da razoabilidade, da proporcionalidade e do não confisco; · Que a aplicação da taxa selic como índice de juros é inconstitucional, e que essa taxa não tem previsão legal; e · Ao final, pede que seja retificada a sua declaração do ITR conforme laudos periciais juntados aos autos. Levado a julgamento em 1º grau, a DRJ/BSA proferiu o acórdão nº 03 22.299 (fls. 327/352), de 12/09/2007, que deu provimento parcial à impugnação porém recorreu de ofício de sua própria decisão. O acórdão restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001, 2002 1TR. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO DECADÊNCIA. Tendo em vista o pagamento em atraso, realizado após o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, fica afastada, no caso, a hipótese de decadência, aplicandose, para fins de contagem do prazo decadencial, a regra geral prevista no art. 173, I, do CTN, de acordo com entendimento da RFB. DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Tendo o contribuinte sido cientificado da lavratura do auto de infração, compreendido as matérias tributadas e exercido de Fl. 912DF CARF MF 4 forma plena, dentro do prazo legal, o seu direito de defesa, não H. que se falar em cerceamento do direito de defesa. DA ÁREA TOTAL DO IMÓVEL E DAS ÁREAS DE PRODUTOS VEGETAIS E OCUPADAS COM BENFEITORIAS. Estando as alegações do contribuinte devidamente embasadas em documentos hábeis, cabe acatar as alterações pretendidas em relação à área total do imóvel, às áreas utilizadas com produtos vegetais e ocupadas com benfeitorias, adequando a exigência a sua realidade fática. DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / RESERVA LEGAL. Nos termos exigidos pela fiscalização e observada a legislação c:e regência, as áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado ou, pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente ADA. DO REBANHO E DA ÁREA DE PASTAGEM ACEITA. Com base no rebanho comprovado, cabe recalcular a area servida de pastagens do imóvel, para efeito de apuração de seu Grau de Utilização. A área de pastagem aceita será a menor entre a área de pastagem declarada e a área de pastagem calculada, observado o respectivo índice de lotação mínima por zona de pecuária, fixado para a regido onde se situa o imóvel. DO VALOR DA TERRA NUA VTN Cabe rever os VTN arbitrados pela fiscalização, quando apresentado Laudo Técnico de Avaliação, emitido por profissional habilitado, com ART devidamente anotado no CREA, demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel rural avaliado, a preços dos anos abrangidos pela ação fiscal, bem como a existência de características particulares desfavoráveis, que justificam o valor apurado pelo autor do trabalho. MULTA DE OFICIO de 112,5%. Não restando caracterizada a tentativa de obstruir ou retardar a fiscalização, é de se cancelar o agravamento da multa de oficio de 112,5%, cabendo a mesma ser fixada no percentual genérico de 75%, a incidir sobre o imposto suplementar remanescente. Intimado da decisão de primeiro grau em 29/10/2007 (fl. 360), o Contribuinte interpôs recurso voluntário em 28/11/2007 (fls. 361/376 e docs. anexos fls. 377/384), insistindo nas teses ventiladas em sede de impugnação, especificamente: · Que ocorreu decadência em relação ao ITR/2001 porquanto a intimação de 21/12/2006 deve ser anulada; · Que a ADA pode ser substituída por outros meios de comprovação da existência das áreas de reserva legal e de preservação permanente; Fl. 913DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 912 5 · Que o VTN está equivocado vez que o imóvel tem baixo potencial de aproveitamento e está dentro da Área de Proteção Ambiental Sul; · Que a administração pública tem competência para analisar a constitucionalidade de leis e que a aplicação da taxa Selic e da multa de 75% é inconstitucional; e · Que não há previsão legal para a Taxa Selic. Chegando ao CARF, foi proferido o acórdão nº 220200.548 (fls. 386/396), de 13/05/2010. Neste, o Recurso de Ofício não foi conhecido porquanto o crédito exonerado não ultrapassava o limite de alçada, majorado após a prolatação da decisão de 1º grau de R$ 500.000,00 para R$ 1.000.000,00. Outrossim, reconheceu a decadência do exercício de 2001 com base no art. 150, §4º, do CTN, e deu provimento ao Recurso Voluntário no mérito em relação ao exercício de 2002. Essa decisão foi objeto de Recurso Especial pela Fazenda Nacional (fls. 400/414 e docs. anexos fls. 415/416), apontando que deveria ser aplicado o art. 173, I, do CTN ao caso concreto, porquanto não houve pagamento antecipado do débito tributário. Esse recurso foi admitido pelo então Presidente da 2ª Câmara da 2ª SEJUL (fls. 417/422). Enviados os autos para que a DRF procedesse à intimação do Contribuinte, esta opôs Embargos de Declaração da DRF (fls. 425), o qual não foi recebido pelo presidente da turma (fls. 426/428). O Contribuinte, cientificado da decisão do CARF e do REsp também opôs Embargos de Declaração (fls. 437/439), o qual foi recebido pelo presidente da turma (fls. 450/452). Foi então proferido o acórdão CARF nº 220201.519 (fls. 443/449) para retirratificar o acórdão embargado (220200.548), suprimindo as omissões mas mantendo a decisão final. Enviados então os autos à CSRF para análise do REsp, foi proferido o acórdão nº 9202003.574, de 29/01/2015 (fls. 900/906), que reformou o acórdão CARF nº 220200.548 para afastar a decadência, entendendo que deveria ser aplicado o art. 173, I, do CTN ao caso concreto, porquanto não há provas do pagamento antecipado do crédito tributário, e que a intimação ocorreu por correspondência com AR em 21/12/2006. Consequentemente, determinou: "o retorno do processo para Turma recorrida, uma vez que a análise das demais questões de mérito, notadamente quanto às áreas de reserva legal e preservação permanente, se restringiu ao exercício 2002, em face do acolhimento da decadência para 2001, ora reformado, devendo haver o exame das demais alegações suscitadas, exclusivamente, para este último exercício." fl. 906. Tendo em vista que o relator original do processo não mais se encontra no CARF, vieramme distribuídos os autos por sorteio. É o relatório. Voto Vencido Fl. 914DF CARF MF 6 Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Não conheço do Recurso de Ofício, porquanto já julgado no acórdão nº 220200.548. Delimitação da lide: Conforme o quanto determina o acórdão nº 9202003.574, retornam os autos para esta Turma analisar tão somente as questões de mérito referentes ao ITR/2001, vez que a questão de mérito em relação ao ITR/2002 já foi julgada no acórdão CARF nº 220200.548. Ressaltase, outrossim, que o processo já foi objeto de Embargos de Declaração, referente ao qual esta turma já proferiu também o acórdão CARF nº 220201.519, julgando as questões da multa e dos juros. Enfim, que a DRJ já havia dado provimento ao pleito do Contribuinte no tocante ao VTN. Portanto, retornam a julgamento exclusivamente a glosa na DITR/2001 da área de preservação permanente e de reserva legal. Da glosa da área de preservação permanente e de reserva legal: Nesse contexto, por economia processual e para manter a coerência de decisões, considerando que a situação fática para o ITR/2001 é idêntica àquela do ITR/2002, matéria essa já transitada em julgado nesses autos, e considerando que concordo integralmente com a conclusão alcançada no acórdão nº 220200.548, aproveitome dos fundamentos ali externados: " A decisão recorrida, que confirmou o lançamento, apóiase na premissa de que a exclusão da área de preservação permanente e reserva legal da apuração da base de cálculo do ITR, exercícios 2001 e 2002, só seria possível se o contribuinte tivesse protocolado o ADA junto ao IBAMA. A questão exige que se separe a análise da disciplina normativa que as áreas de preservação permanente e reserva legal recebem no âmbito do Direito Tributário daquela que recebem no contexto do Direito Ambiental. A Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, expressamente exclui da base de cálculo tributável do ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente (art. 10, § 1 0 , inciso H, letra "a"), ou seja, estas áreas constituem elementos redutores da base de cálculo tributável do ITR. A base de cálculo tributária é a própria exteriorização econômica do fato tributável. Por essa razão, a base de cálculo está submetida à reserva legal e aos rigores da legalidade tributária, contemplada constitucionalmente como urna das principais limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 150, I, CF). 0 Código Tributário Nacional (art. 97, IV), de forma mais explicita, ratifica a necessidade de lei formal para a disciplina da base de cálculo tributável. Importante destacar que o Código Tributário Nacional (art. 97, § 1°) vincula os conceitos de majoração tributária (submetida à reserva legal) ao efeito "onerosidade", produzido em Fl. 915DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 913 7 decorrência de modificação da base de cálculo tributária. Vale dizer, qualquer alteração de base de cálculo que torne o tributo mais oneroso para o sujeito passivo submetese ao regime jurídico aplicável à majoração tributária, notadamente 'a exigência de que seja veiculada por lei formal e atenda aos interstícios temporais previstos constitucionalmente (anterioridade geral, anterioridade nonagesimal) para cada espécie tributária. O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1° de janeiro de cada ano (art. 1°, lei 9.393/96). A base de cálculo tributável é resultado de uma operação complexa que tem como ponto de partida o Valor da Terra Nua — VTN, o qual sofre o efeito de vários elementos redutores. Do valor do imóvel declarado pelo contribuinte (Valor da Terra Nua) devem ser excluídos (art. 10, § 1 0, Lei 9.393/96) os valores relativos a construções, instalações e benfeitorias; culturas permanentes e temporárias; pastagens cultivadas e melhoradas; florestas plantadas. Outro conceito importante na definição da base de cálculo tributável do ITR é o de "área tributável", entendida como a área total do imóvel, excluídas, ou seja, devem ser considerados como elementos redutores: as áreas de preservação permanente e de reserva legal; as áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas nas áreas de preservação permanente e de reserva legal; as áreas comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; as áreas sob regime de servidão florestal ou ambiental; as áreas cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; e as áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. Da multiplicação do Valor da Terra Nua (VTN) pelo quociente entre a área tributável e a área total, chegase ao Valor da Terra Nua tributável (VTNt), que à efetiva base de cálculo sobre a qual deve incidir a alíquota (variável) do ITR. Importante aferir, no entanto, o Grau de Utilização da terra, tarefa que exige a análise e determinação da "área aproveitável" e da "área efetivamente utilizada". Considerase como "área aproveitável", a que for passível de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqiiicola ou florestal, excluídas as áreas ocupadas por benfeitorias úteis e necessárias e os elementos redutores da área tributável, entre os quais Fl. 916DF CARF MF 8 destacamse as áreas de preservação permanente e as de reserva legal. Por outro lado, entende;e por "área efetivamente utilizada" a porção do imóvel que no ano anterior tenha sido plantada com produtos vegetais; servido de pastagem, nativa ou plantada, observados índices de lotação por zona de pecuária; tenha sido objeto de exploração extrativa, observados os índices de rendimento por produto e a legislação ambiental; tenha servido para exploração de atividades granjeira e aquicola, ou tenha sido o objeto de implantação de projeto técnico, nos termos do art. 7° da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. O Grau de Utilização — GU do imóvel rural é a relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável. A base de cálculo tributável do ITR é o Valor da Terra Nua tributável (VTNt), sobre a qual incidirão alíquotas variáveis dependendo da área total do imóvel e do Grau de Utilização da terra (art. 11, caput, Lei 9.393/96). Qualquer alteração nos elementos redutores da base de cálculo tributável poderá ensejar modificação no nível de onerosidade tributária, índice que pode refletir majoração tributária, a submeterse aos rigores da reserva legal, na forma do disposto na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional. As áreas de preservação permanente e de reserva legal constituem, corno visto, elementos redutores da "área tributável", e por isso influenciam diretamente a base de cálculo tributável (Valor da Terra Nua tributável — VTNt), na medida em que esta é o resultado da multiplicação do Valor da Terra Nua (VTN) pelo quociente entre a área tributável e a área total. A desconsideração de elementos redutores do valor da "área tributável", tais como as áreas de preservação permanente e reserva legal, leva inexoravelmente ao aumento do número resultante da divisão entre área tributável e area total do imóvel, resultado que repercute aumentando o valor da Terra Nua Tributável (VTNt), base de cálculo do ITR. A rigor, a base de cálculo do ITR (VTNt) é o resultado da multiplicação do Valor da Terra Nua (VTN) pelo índice resultante da divisão da área tributável pela área total do imóvel. O aumento de área tributável, decorrente, por exemplo, da desconsideração de elementos que o reduzem, como as áreas de preservação permanente e de reserva legal, conduz a um aumento na base de cálculo do ITR na medida em que aumenta o resultado da divisão da área tributável pela área total do imóvel. Ao disciplinar a base de cálculo do ITR, a Lei 9.393/96 não impôs qualquer condição para que as áreas de preservação permanente e de reserva legal fossem consideradas corno elementos redutores da área tributável por este imposto. Ocorre que a IN/SRF 67/97, conferindo nova redação ao art. 10, § 4° da IN/SRF 43/97, estabeleceu que: Fl. 917DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 914 9 Art. 10. §4º As áreas de preservação permanente e as de utilização limitada serão reconhecidas mediante ato declaratório do IBAMA, ou órgão delegado através de convênio, para fins de apuração do ITR. Observado o seguinte: I as áreas de reserva legal, para fins de obtenção do ato declaratório do IBAMA, deverão estar averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente, conforme preceitua a Lei nº 4.771, de 1965; II o contribuinte terá o prazo de seis meses, contado da data da entrega da declaração do ITR, para protocolar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA. Como visto, o referido ato regulamentar criou três condições relativas aos elementos redutores da base de cálculo do ITR (áreas de preservação permanente e de reserva legal), a saber: Primeiro, as áreas de preservação permanente só poderão ser utilizadas para fins de apuração da base de cálculo do ITR após o protocolo, pelo interessado, de requerimento junto ao IBAMA solicitando a expedição de ato declaratório reconhecendo as características ambientais do imóvel. Segundo, as áreas de reserva legal deverão estar averbadas a margem da inscrição da matrícula do imóvel antes do pleito de expedição do ato declaratório junto ao IBAMA. Terceiro, o requerimento para expedição do ato declaratório deve ser protocolado junto ao IBAMA no prazo de até seis meses, contado da data da entrega da declaração do 1TR. Segundo a dicção da citada Instrução Normativa, se não cumpridas as três condições por ela criadas, as áreas de preservação permanente e de reserva legal não poderão ser utilizadas pelo sujeito passivo como elementos redutores da base de cálculo do ITR. As referidas condições foram reproduzidas posteriormente pelo art. 17 da IN/SRF 73/2000 e da IN 60/2001 e constam do Decreto 4.382/2002 (art. 10, § 10 e 12, §1°). Como resta claro, a lei tributária, ao definir o fato gerador do ITR, estabeleceu a sua base de cálculo sem condições. Atos regulamentares editados posteriormente, a pretexto de regular o tributo, na prática, tornaramno mais oneroso, na medida em que majoraram a sua base de cálculo, criando condições (antes inexistentes) para que esta pudesse ser apurada. O Código Tributário Nacional (art. 97, § 1 0) é expresso ao equiparar à majoração do tributo, submetida à reserva de lei, qualquer modificação de sua base de cálculo, que resulte em tornálo mais oneroso". No que diz respeito a reserva legal ou área de utilização limitada e área de preservação permanente, entendo que deve prevalecer no presente caso a verdade material, ou seja apesar Fl. 918DF CARF MF 10 do Recorrente não ter protocolado o ADA, isso não tira a natureza jurídica da sua exclusão. Salientese urna vez a própria legislação que rege a matéria não exige tal requisito. O que a Lei 9.393/96 não exige a prévia comprovação por parte do contribuinte, cabe ao mesmo comprovar quando for devidamente intimado pela autoridade fiscal. No caso em concreto no que diz respeito a reserva legal o contribuinte efetuou a averbação de tal área no registro de imóveis em 1992, conforme podemos verificar nos documento de fls. 241 a 255, isso tudo foi ratificado através do laudo de avaliação de fls. 221 a 237. No que diz respeito à área de preservação permanente, entendo que assiste razão ao Recorrente apesar de não ter protocolado o ADA, o laudo de fls. 221 a 237, demonstra que referida área são inaproveitáveis." fls. 392/396; Ressaltase que esse também é o entendimento esposado pelo STJ. Por todos: TRIBUTÁRIO. ITR. ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). PRESCINDIBILIDADE. PRECEDENTES. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. NECESSIDADE. 1. A jurisprudência do STJ firmouse no sentido de que "é desnecessário apresentar o Ato Declaratório Ambiental ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN SRF 67/97)" (AgRg no REsp 1.310.972/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 5/6/2012, DJe 15/6/2012). 2. Quando se trata de "área de reserva legal", as Turmas da Primeira Seção firmaram entendimento no sentido de que é imprescindível a averbação da referida área na matrícula do imóvel para o gozo do benefício isencional vinculado ao ITR. 3. Concluir que se trata de área de preservação permanente, e não de área de reserva legal, não é possível, uma vez que a fase de análise de provas pertence às instâncias ordinárias, pois, examinar em recurso especial matérias fáticoprobatórias encontra óbice da Súmula 7 desta Corte. Agravo regimental improvido. (AgRg nos EDcl no AREsp 510.529/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 06/10/2014) Nesse sentido, também, recente decisão da CSRF julgada à unanimidade (acórdão nº 9202004.386, de 25/08/2016): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Anocalendário: 2005 ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; DATA ANTERIOR AO FATO GERADOR ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva Fl. 919DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 915 11 legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimila da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA. Recurso Especial do Procurador Negado: No corpo do voto o i.Relator amiudou seus fundamentos, explicando o art. 10 da Lei nº 9.393/1996 e o art. 17O da Lei nº 6.938/1981 da seguinte forma: "Percebese que a apresentação do ADA pelo contribuinte ao IBAMA ou órgão conveniado – até que haja uma vistoria pelo órgão competente e a ratificação ou retificação das declarações ali contidas – restringese a informações prestadas pelo próprio contribuinte ao órgão ambiental acerca da existência de áreas que possuem algum interesse ecológico. Tenho que o § 1º do art. 17O instituiu a obrigatoriedade apenas para situações em que o benefício de redução do ITR ocorra com base no ADA, ou seja, depende do reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público. Quanto aos documentos necessários para comprovação da ARL área de Reserva Legal podemos concluir que a própria Administração Pública entende que o ADA tem efeito meramente declaratório, não sendo o único documento comprobatório da área de preservação permanente, podendo ser levando em conta, dentre outros, ∙ Certidão de registro ou cópia da matrícula do imóvel com averbação da Área de Reserva Legal, , que especifique e discrimine a área de interesse ambiental. (...) Nestes termos, conforme descrito no acórdão recorrido, restando comprovada a averbação em data anterior ao fato gerador, devem ser computadas as áreas de reserva legal 37.500/ ha , excluindoas desse modo, da área tributável do ITR no exercício em exame, posto ser esse instrumento capaz de constituir, independente da apresentação do ADA. Esse só se faria exigível caso foi o instrumento adotado pelo sujeito passivo como elemento único e suficiente para comprovar a área descrita na DITR." (grifos no original) Portanto, entendo que deve ser cancelada a glosa também em relação ao ITR/2001. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para cancelar a glosa das áreas de reserva legal e de preservação permanente em relação ao ITR/2001. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. Fl. 920DF CARF MF 12 Voto Vencedor Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Redator designado. Peço licença para discordar em parte do voto do ilustre Relator, Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto, no que tange à questão da área de preservação permanente APP, pelas razões a seguir expostas. Conforme estabelecido pelo Relator, a lide presente trata somente de: Portanto, retornam a julgamento exclusivamente a glosa na DITR/2001 da área de preservação permanente e de reserva legal. Primeiro, anoto que no que diz respeito à exclusão da área de Reserva Legal, o Relator registrou que: No caso em concreto no que diz respeito a reserva legal o contribuinte efetuou a averbação de tal área no registro de imóveis em 1992, conforme podemos verificar nos documento de fls. 241 a 255, isso tudo foi ratificado através do laudo de avaliação de fls. 221 a 237. E pela razão que acima sublinhei, concordo com a conclusão do seu voto, nessa parte. Cito, como exemplo, o seguinte Acórdão da Câmara Superior deste Conselho: Acórdão 9202005.124, Sessão de 14/12/2016 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2005 ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ADA EXIBIDO ATÉ O INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. RESERVA LEGAL DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA, PARA ISENÇÃO DA ÁREA NO CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO. A falta de ADA tempestivo não consiste em elemento capaz de obstar o direito ao reconhecimento de área de utilização limitada. Para afastar a glosa de área de preservação permanente, é preciso que o ADA seja anterior ao início do procedimento fiscal. Enquanto que para área de reserva legal, esta exigência pode ser suprida pela averbação da área de reserva à margem da matricula do registro de imóveis, desde que ocorrida, tempestivamente, antes do fato gerador do tributo. (sublinhei) Porém, em relação à área de Preservação Permanente (APP), que não se sujeita à averbação no registro imobiliário, entendo pela necessidade de apresentação do ADA, tempestivamente, no órgão de registro. O Relator anotou que: A decisão recorrida, que confirmou o lançamento, apóiase na premissa de que a exclusão da área de preservação permanente e reserva legal da apuração da base de cálculo do ITR, Fl. 921DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 916 13 exercícios 2001 e 2002, só seria possível se o contribuinte tivesse protocolado o ADA junto ao IBAMA. (...) No que diz respeito a reserva legal ou área de utilização limitada e área de preservação permanente, entendo que deve prevalecer no presente caso a verdade material, ou seja apesar do Recorrente não ter protocolado o ADA, isso não tira a natureza jurídica da sua exclusão... (destaquei) Conforme este Redator designado disse no Acórdão 2202003.204, Sessão de 18/02/2016: A Lei nº 9.393/1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, em seu artigo 10, que trata da apuração e pagamento do imposto, menciona que para efeitos de apuração do ITR considerarseá “área tributável” a área total do imóvel “menos as áreas de preservação permanente e de reserva legal”, previstas na Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965, com redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989. O tamanho da área tributável influi no cálculo e, conseqüentemente, no valor a pagar de ITR. A apresentação do ADA – Ato Declaratório Ambiental, para fins de exclusão das áreas de preservação permanente e reserva legal, que outrora era exigida pela RFB com base em norma infra legal, surgiu no ordenamento jurídico com o art. 1º, da Lei nº 10.165/2000, que incluiu o art. 17O, § 1º na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, para os exercícios a partir de 2001: Art. 17O Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental – ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (...) §1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (grifei) Assim, por expressa previsão legal, o ADA não se presta tão somente ao recolhimento de Taxa de Vistoria ao Ibama e também observo que a Lei 6.938 é de 1981, mas a alteração foi procedida em 2000, portanto posterior à Lei 9.393/1996. A jurisprudência da Câmara Superior deste CARF já se manifestou em julgamento no Acórdão 9202 – 002.383 (processo: 10120.000407/200628, data 13/03/2013, Relatora Susy Gomes Hoffmann): ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. REQUISITO NECESSÁRIO. Fl. 922DF CARF MF 14 A fim de obter a isenção quanto à Área de Preservação Permanente (APP) o sujeito passivo deve apresentar documentação sobre a existência. No presente caso, o sujeito passivo apresentou apenas mapa, sem o devido e necessário Ato Declaratório Ambiental (ADA), motivo da não obtenção de isenção da citada área.(grifei) Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte. O Decreto regulamentador do ITR também possui determinação expressa. Decreto 4.382/2002: Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas: I – de preservação permanente; II – de reserva legal, ... § 1º A área do imóvel rural que se enquadrar, ainda que parcialmente, em mais de uma das hipóteses previstas no caput deverá ser excluída uma única vez da área total do imóvel, para fins de apuração da área tributável. § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, § 5º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000); e (grifei) Primeiramente, cabe ressaltar a importância do Ato Declaratório Ambiental (ADA). O ADA é documento de cadastro das áreas do imóvel rural junto ao IBAMA e das áreas de interesse ambiental e possui como função cadastramento as áreas de interesse ambiental declaradas, permitindo o controle e verificação dessas áreas pelo órgão responsável pela área ambiental. Com essa declaração aos órgãos responsáveis, em busca da preservação ambiental dessas áreas, o Estado concede isenção tributária quanto ao ITR. Relembrase que a isenção tributária, como a incidência, decorre de lei. É o próprio poder público competente para exigir tributo que tem o poder de isentar É a isenção um caso de exclusão tributária, de dispensa do crédito tributário, conforme determina o I, Art. 175 do Código Tributário Nacional (CTN). Buscase, assim, uma conduta determinada dos cidadãos. No caso, o objetivo é a preservação das áreas em comento, pela fiscalização das áreas informadas pelo ADA e o órgão que possui a qualificação técnica para tal é o Ibama. Desta forma, o objetivo da isenção é estimular a preservação e proteção da Fl. 923DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 917 15 flora e das florestas e, conseqüentemente, contribuir para a conservação da natureza e proporcionar melhor qualidade de vida. “O postulado da proporcionalidade exige que o Poder Legislativo e o Poder Executivo escolham, para a realização de seus fins, meios adequados, necessários e proporcionais. Um meio é adequado se promove o fim. Um meio é necessário se, dentre todos aqueles meios igualmente adequados para promover o fim, for o menos restritivo relativamente aos direitos fundamentais. E um meio é proporcional, em sentido estrito, se as vantagens que promove superam as desvantagens que provoca”. (ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição á aplicação dos princípios jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 102) O órgão de controle, Ibama, a seu turno, por meio da Portaria nº 162, de 18 de dezembro de 1997, cuidou, entre outras providências, de estabelecer o modelo do ADA, bem como instruções para preenchimento (pelos solicitantes) e recepção dos correspondentes formulários. Estabeleceu, em seu art. 1º: “Art. 1º. O Ato Declaratório Ambiental ADA conforme modelo apresentado no anexo I da presente Portaria, representa a declaração indispensável ao reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada para fins de apuração do ITR.” (Grifos acrescidos) A IN Ibama nº 76, de 31 de outubro de 2005, que expressamente revogou a supra mencionada Portaria, estabeleceu: “Art. 1º O Ato Declaratório Ambiental ADA representa o cadastro indispensável ao reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada para fins de isenção do Imposto Territorial Rural ITR”. Observo ainda que a Instrução Normativa nº 76 do Ibama traz considerações importantes sobre o ADA e seu disciplinamento, para justificar a necessidade de padrões e prazos. Abaixo transcrevemos alguns: “ Considerando a necessidade de padronizar o modelo de Ato Declaratório Ambiental ADA; Considerando a necessidade de regulamentação das modalidades de apresentação do ADA, para fins de isenção e/ou dedução de Imposto Territorial Rural ITR; Considerando a necessidade de o Ibama instituir um cadastro das propriedades rurais que possuem áreas de interesse ambiental, mediante apresentação do ADA;...(grifei)” Por fim, a IN Ibama nº 76, de 2005 foi expressamente revogada pela IN Ibama nº 5, de 25 de março de 2009, a qual, entre outras determinações, definiu modelo de laudo técnico de vistoria de campo um dos documentos comprobatórios das declarações Fl. 924DF CARF MF 16 prestadas no ADA, passível de ser exigido em momento posterior à apresentação do ADA, deixou de contemplar o formulário padrão como um dos modelos de apresentação do ADA e determinou o prazo para a apresentação do ADA bem como de sua retificação: “Art. 1º O Ato Declaratório Ambiental – ADA é documento de cadastro das áreas do imóvel rural junto ao IBAMA e das áreas de interesse ambiental que o integram para fins de isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, sobre estas últimas. (...) Art. 6º O declarante deverá apresentar o ADA por meio eletrônico formulário ADAWeb, e as respectivas orientações de preenchimento estarão à disposição no site do IBAMA na rede internacional de computadores www.ibama.gov.br ("Serviços online"). (...) § 3o O ADA deverá ser entregue de 1º de janeiro a 30 de setembro de cada exercício, podendo ser retificado até 31 de dezembro do exercício referenciado. Bem, não estamos discutindo a existência da área de utilização limitada ou de preservação permanente, frisese. A não existência ou a não preservação poderia ensejar, para o proprietário, outras repercussões ou sanções previstas na legislação ambiental/penal. Na esfera tributária, o que nos cabe discutir e avaliar, creio, é se os requisitos estabelecidos para que seja aproveitada uma isenção estão presentes. Não me parece que a exigência do ADA não tenha previsão legal. Tampouco que ela não esteja disciplinada e ainda que não seja, a partir do excerto que citamos acima, proporcional e adequada. (...) Com o devido respeito a entendimentos divergentes existentes neste CARF, entendo que o §7º do artigo 10 da Lei nº 9.393/1996, incluído pela MP nº 2.166/2001, ao dizer que: §7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas a e d do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis, referese à questão do lançamento do ITR darse por homologação, nos termos do Art. 150 do CTN, e reputo importante destacar os termos “declaração” e “prévia”. Não é necessário que o contribuinte apresente nenhum documento para que em sua declaração faça constar a Fl. 925DF CARF MF Processo nº 10680.013648/200691 Acórdão n.º 2202003.813 S2C2T2 Fl. 918 17 informação das áreas isentas, de reserva legal e preservação permanente, e, conseqüentemente, apure o imposto devido e faça o recolhimento, cabendo ao Fisco simplesmente chancelar tal apuração, quando a entenda correta, mediante homologação expressa ou tácita. Nenhum ato prévio do Fisco, pois, se faz mister. Nestes autos, apesar de alertado pela DRJ, no Julgamento de 1ª instância, o contribuinte não comprova que tenha apresentado o ADA ao Ibama. Ao contrário, cita jurisprudência e doutrina para entenderse desobrigado de tal Ato Declaratório, para fins de exclusão das áreas, na apuração do imposto. Essa questão da desnecessidade de apresentação "prévia" de qualquer documento na apuração de imposto sujeito a lançamento por homologação, relembro, ocorre analogamente no imposto sobre a renda. O contribuinte declara as deduções legais que entende pertinentes e apura e paga o imposto, antecipadamente, sem qualquer manifestação do Fisco. Não se desincumbe, entretanto, da obrigatória apresentação da documentação prevista em lei e especificada em regulamento, no caso de posterior intimação decorrente de procedimento fiscal. As isenções podem ter caráter fiscal e extrafiscal. Sem dúvida que esta que aqui se discute enquadrase na segunda hipótese. Concedese a mesma no interesse extrafiscal do incentivo à preservação ambiental. O objetivo último da isenção não é, portanto, reduzir o imposto a pagar, mas incentivar a preservação e controlar as áreas de interesse ambiental, como a reserva legal e a preservação permanente. Por isso, além dos requisitos materiais, que o contribuinte entende suficientes, existem requisitos formais, que não foram cumpridos. Para controle das áreas preservadas existe um órgão específico do Poder Público Federal que é o IBAMA. Não me parece lógico que o contribuinte possa beneficiarse da isenção, sem que cumpra o requisito formal de cadastrar e informar o órgão competente sobre as áreas preservadas, para efeitos de controle. Assim, pelas razões acima expostas, entendo que o ADA é requisito formal indispensável ao reconhecimento da isenção da área de preservação permanente APP, e VOTO pela manutenção do lançamento, nessa parte. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 926DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10907.721803/2012-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VITAMINA D3. MICROVIT D3 PROMIX 500.
Vitamina D3 (Colecalciferol) contendo no mínimo 500.000 Unidades Internacionais, protegida e estabilizada por mistura de gelatina, carboidratos, amido, sacarose, BHT e dióxido de silício, classifica-se na posição 2936 com base na RGI nº 1, tal como estabelecido na Decisão COANA nº 04/1999.
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 3402-004.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Declarou-se impedido de participar do julgamento o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ nº 32.641.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Renato Vieira de Avila e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Declarou-se impedido de participar do julgamento o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ nº 32.641. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Renato Vieira de Avila e Carlos Augusto Daniel Neto.
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VITAMINA D3. MICROVIT D3 PROMIX 500. Vitamina D3 (Colecalciferol) contendo no mínimo 500.000 Unidades Internacionais, protegida e estabilizada por mistura de gelatina, carboidratos, amido, sacarose, BHT e dióxido de silício, classificase na posição 2936 com base na RGI nº 1, tal como estabelecido na Decisão COANA nº 04/1999. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Declarouse impedido de participar do julgamento o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ nº 32.641. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Renato Vieira de Avila e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 72 18 03 /2 01 2- 93 Fl. 2197DF CARF MF 2 Tratase de autos de infração com ciência do contribuinte por via postal em 26/12/2012 (fl. 1964), lavrados para exigir as diferenças dos tributos incidentes sobre a importação e as multas relativas ao controle aduaneiro das importações, em razão de erro de classificação fiscal e alíquota nas declarações de importação do produto MICROVIT D3 PROMIX 500 registradas entre 30/05/2008 e 30/01/2012. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 1938/1959), foi realizada perícia técnica em uma amostra da mercadoria denominada comercialmente como MICROVIT D3 PROMIX 500, importada por meio da DI nº 11/12903587 Adição 02, registrada em 13/07/2011. O contribuinte vinha classificando esse produto sob o código NCM 2936.2921, informando que se tratava de VITAMINA D3 (COLECALCIFEROL), NÃO MISTURADA, alíquota do Imposto de Importação de 2%: Segundo a fiscalização, a perícia revelou que o produto não é uma vitamina D3 isolada, mas sim uma preparação constituída de Vitamina D3 contendo os seguintes excipientes orgânicos: óleo, amido, gelatina e sacarose, além do excipiente inorgânico a base de dióxido de silício, a ser utilizada pelas indústrias formuladoras de ração para animais (fl. 1942). A fiscalização afirmou que, em resposta ao quesito 8 do laudo técnico, o perito designado afirmou que os excipientes foram adicionados à vitamina D3 para um fim específico, qual seja, o de tornar o composto uma preparação para entrar na composição de ração animal. Segundo a fiscalização, a adição dos excipientes amido e sílica possui a finalidade de facilitar o manuseio e a dosagem de vitaminas nas rações animais e proteger química e fisicamente as vitaminas durante o processo de mistura com outros componentes na formulação final a que se destina (prémistura ou ração animal). Diante do que foi constatado no laudo técnico, concluiu a fiscalização que as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado à posição 2936 não autorizam a classificação deste tipo de preparação como uma simples vitamina, uma vez que a adição de substâncias inorgânicas à base de sílica e outras substâncias orgânicas, tornaram o produto apto para um fim específico de preferência à sua aplicação geral, a saber: a utilização exclusiva na produção de ração animal, e, assim sendo, os excipientes encontrados não se enquadram em nenhuma das hipóteses previstas na NESH da posição 2936, in verbis: "Os produtos da presente posição [da posição 2936] podem ser estabilizados para tornálos aptos à conservação ou transporte: por adição de antioxidante, por adição de agentes antiaglomerantes (hidratos de carbono, por exemplo), Fl. 2198DF CARF MF Processo nº 10907.721803/201293 Acórdão n.º 3402004.065 S3C4T2 Fl. 3 3 por revestimento com substâncias apropriadas (gelatinas, ceras, etc.) mesmo plastificadas, ou por absorção em susbtâncias apropriadas (ácido sílico, por exemplo), desde que a quantidade das substâncias acrescentadas ou os tratamentos a que são submetidos não sejam superiores aos necessários à sua conservação ou transporte, nem modifiquem o caráter do produto de base nem os tornem particularmente aptos para usos específicos de preferência à sua aplicação geral." (Grifei) Prossegue a fiscalização narrando que as Notas Explicativas à posição 2309 esclarecem que nela se incluem as preparações destinadas a entrar na fabricação de alimentos completos e alimentos complementares para nutrição animal. Tais preparações, designadas comercialmente de prémisturas, são geralmente compostos de caráter complexo que compreendem um conjunto de elementos (às vezes denominados aditivos), cuja natureza e proporções variam consoante a produção zootécnica a que se destinam. Conclui a fiscalização que segundo a NESH, uma preparação constituída de vitamina e excipientes é suscetível de enquadrarse como uma preparação destinada a entrar na fabricação dos alimentos "completos" ou "complementares" para nutrição animal, conforme estabelecido na NESH, in verbis: "(...) Esta posição [2309] compreende não só as preparações forrageiras adicionadas de melaço ou de açúcares, como também as preparações empregadas na alimentação de animais, constituídas de uma mistura de diversos elementos nutritivos, destinados: 1) quer a fornecer ao animal uma alimentação diária racional e balanceada (alimentos completos); 2) quer a completar os alimentos produzidos na propriedade agrícola, por adição de algumas substâncias orgânicas ou inorgânicas (alimentos complementares); 3) quer a entrar na fabricação dos alimentos completos ou dos alimentos complementares. Incluemse nesta posição os produtos dos tipos utilizados na alimentação dos animais, obtidos pelo tratamento de matérias vegetais ou animais e que, por esse fato, perderam as características essenciais da matéria de origem, por exemplo, no caso dos produtos obtidos a partir de matérias vegetais, os que tenham sido sujeitos a um tratamento, de forma que as estruturas celulares específicas das matérias vegetais de origem já não sejam reconhecíveis ao microscópio. (...) C. AS PREPARAÇÕES DESTINADAS A ENTRAR NA FABRICAÇÃO DOS ALIMENTOS “COMPLETOS” OU Fl. 2199DF CARF MF 4 “COMPLEMENTARES” DESCRITOS NOS GRUPOS A E B, ACIMA Estas preparações, designadas comercialmente prémisturas, são geralmente compostos de caráter complexo que compreendem um conjunto de elementos (às vezes denominados “aditivos”), cuja natureza e proporções variam consoante a produção zootécnica a que se destinam. Esses elementos são de três espécies: 1) os que favorecem à digestão e, de uma forma mais geral, à utilização dos alimentos pelo animal, defendendo o seu estado de saúde: vitaminas ou provitaminas, aminoácidos, antibióticos, coccidiostáticos, oligoelementos, emulsificantes, aromatizantes ou aperitivos, etc.; 2) os destinados a assegurar a conservação dos alimentos, especialmente as gorduras que contêm, até serem consumidos pelo animal: estabilizantes, antioxidantes, etc.; 3) os que desempenham a função de suporte e que podem consistir quer em uma ou mais substâncias orgânicas nutritivas (especialmente farinhas de mandioca ou de soja, farelos, leveduras e diversos resíduos da indústria alimentar), quer em substâncias inorgânicas (por exemplo: magnesita, cré, caulim, sal, fosfatos). A concentração, nestas preparações, dos elementos referidos em 1) acima e a natureza do suporte são determinadas, especialmente, de forma a conseguirse uma repartição e uma mistura homogêneas desses elementos nos alimentos compostos a que essas preparações serão adicionadas. (...)" Com base na RGI nº 1; na RGC nº 1, na Nota 1 do Capítulo 23, nos textos da posição 2309 e nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado às posições 2936 e 2309, a fiscalização concluiu que o produto MICROVIT D3 PROMIX 500 deve ser classificado sob o código NCM 2309.9090 outras preparações dos tipos utilizados na alimentação de animais, tributada pelo Imposto de Importação com alíquota de 8%, in verbis: A partir dessa constatação, a fiscalização levantou todas as Declarações de Importação registradas pelo contribuinte que continham importações consignando o produto MICROVIT D3 PROMIX 500 com a mesma descrição e, com base na presunção relativa estabelecida no art. 68 da Lei nº 10.833/2003, efetuou o lançamento de ofício das diferenças dos tributos incidentes sobre cada importação com os acréscimos legais pertinentes ao lançamento de ofício. Foi lançada a multa regulamentar de 30% do valor aduaneiro em virtude das importações terem ocorrido ao desamparo de licença de importação. Segundo a fiscalização, a Fl. 2200DF CARF MF Processo nº 10907.721803/201293 Acórdão n.º 3402004.065 S3C4T2 Fl. 4 5 análise laboratorial passou a exigir uma nova licença de importação porque a licença obtida pelo contribuinte amparava a mercadoria descrita nas DI (Vitamina D3 isolada) e não a preparação que foi efetivamente importada. Tendo em vista que o contribuinte omitiu das descrições nas DI o termo "PREPARAÇÃO", entendeu o fisco não ser inaplicável ao caso concreto o Ato Declaratório COSIT nº 12/97. Foi lançada a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, em razão de as mercadorias terem sido classificadas incorretamente pelo importador no código NCM 2936.29.21 VITAMINA D3 (COLECALCIFEROL). Tendo em vista que a perícia realizada permitiu o reenquadramento da mercadoria importada no código NCM 2309.90.90, ficou comprovado o erro de classificação fiscal. Em sede de impugnação, a defesa alegou, em síntese, o seguinte: 1) Os autos de infração são improcedentes porque a classificação utilizada pelo contribuinte nas importações estava correta. A classificação da vitamina D3 na posição NCM 2936 foi chancelada pela DINON por meio da Decisão COANA nº 004, de 29 de abril de 1999, proferida em processo de consulta formulada pelo SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL SINDIRAÇÕES; 2) A revisão da importação foi efetuada muitos anos após as importações, sendo que no momento do despacho aduaneiro nenhum questionamento foi levantado quanto a qualquer irregularidade nas importações. Se houve algum erro na classificação da mercadoria no momento da importação, tratouse de erro de direito e não de fato. Sendo assim, a revisão aduaneira não poderia ter sido efetuada neste caso, pois o art. 149 do CTN não autoriza a revisão de ofício por erro de direito e a Súmula 227 do TFR veda ao fisco a revisão do lançamento por mudança de critério jurídico; 3) Atacou a multa regulamentar imposta com base no erro de classificação fiscal. Disse que mesmo na hipótese de constatação de erro de direito na classificação fiscal da mercadoria, a multa não pode ser imposta sem que seja verificada a culpabilidade do contribuinte. Se não for comprovado o dolo do importador por esse erro, não há como se impor legitimamente a multa; 4) As multas aplicadas são confiscatórias porque chegam a 120% do valor do tributo lançado, violando o art. 150, IV, da Constituição Federal. Por meio do Acórdão nº 53.925, de 10 de dezembro de 2013, a 23ª Turma da DRJ São Paulo1, julgou a impugnação improcedente. Entendeu a Turma de Julgamento a quo que o produto que foi objeto da consulta formulada pelo SINDIRAÇÕES era diferente do produto reclassificado pela fiscalização neste processo, sendo inaplicável ao caso concreto o enquadramento preconizado pela COANA. No que tange à classificação fiscal propriamente dita, entendeu a DRJ que o laudo técnico comprovou que o produto é uma preparação contendo a vitamina D3 e não a vitamina D3 isolada. A DRJ chancelou a reclassificação fiscal com base nas mesmas regras e justificativas utilizadas pela fiscalização. A DRJ entendeu que no caso concreto foi cabível a revisão aduaneira, com base no art. 149, IV, do CTN, pois houve erro do contribuinte quanto a elemento definido como de declaração obrigatória. As multas foram mantidas, sob a justificativa de que não cabe a análise de alegação de inconstitucionalidade em sede de julgamento administrativo. Entendeu a DRJ que as multas não podem ser revistas com base em juízos de razoabilidade e proporcionalidade entre a infração e a intensidade da pena, pois a lei não permite a dosimetria da pena em matéria tributária. Fl. 2201DF CARF MF 6 Regularmente notificado da decisão de primeira instância em 24/01/2014 (fl. 2061), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 24/02/2014 alegando, em síntese, o seguinte: 1) Não existe diferença essencial entre o produto objeto da Decisão COANA nº 04/1999 e o produto importado por meio da DI autuada. Nos dois casos o composto Vitamina D3 é protegido por uma mistura, por uma preparação, um revestimento de gelatina, carboidratos e antioxidantes, sempre contendo no mínimo 500.000 unidades de Vitamina D3. Os produtos apresentam o mesmo componente ativo (a vitamina D3) e diferem apenas em relação aos revestimentos que são ligeiramente diferentes, mas ambos se destinam ao mesmo objetivo, que é estabilizar o componente ativo. Portanto, é insustentável a decisão recorrida quando tenta manter a autuação, sob o fundamento de se tratarem de produtos diferentes; 2) No momento da importação o fisco não levantou qualquer questionamento. Apenas muitos anos depois resolveu a Fazenda Nacional imputar ao contribuinte o cometimento de infrações em relação a fatos geradores efetivamente consumados. Na pior das hipóteses houve erro de direito, e não erro de fato. A revisão do lançamento por erro de direito é vedada não só pelo art. 149 do CTN, mas também pela Súmula 227 do TFR; 3) Quanto à imposição das multas, reiterou que diante da hipótese de erro de direito e da falta de verificação da culpabilidade do contribuinte, é ilegal a imposição de qualquer multa. Contestou a decisão recorrida na parte em que não aplicou os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade para a exclusão ou redução das multas, pois no caso concreto a penalidade excessiva afronta os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e do nãoconfisco. Para melhor instrução do processo, e com base no disposto nos arts. 36 e 37 da Lei nº 9.784/99, este relator obteve no Sistema Decisões a Decisão COANA nº 04/1999, que ora se junta aos autos. Muito embora a defesa tenha feito referência ao nome do autor da consulta, este relator, em homenagem ao art. 198 do CTN, apagou os dados do cabeçalho da referida decisão, os quais permitiam a identificação do consulente. Por meio da Resolução nº 3402000.726, de 09 de dezembro de 2015, este colegiado converteu o julgamento em diligência à repartição de origem, solicitando que o perito complementasse o laudo técnico, mediante a apresentação de respostas a oito quesitos complementares. O processo retornou com Laudo Complementar de fls. 2168/2172, contendo as respostas aos quesitos complementares e com uma explicação acerca dos nomes técnicos e científicos das substâncias químicas orgânicas. Regularmente notificado do Laudo Técnico Complementar, o contribuinte apresentou manifestação de fls. 2186/2191, alegando, em síntese, que as respostas dos quesitos complementares comprovaram que o produto é semelhante ao que deu origem à Decisão COANA nº 004, de 29 de abril de 1999. Considerando que o contribuinte era filiado ao SINDIRAÇÕES, ele está protegido pela interpretação contida na Solução de Consulta da COANA, devendo ser cancelado o auto de infração. É o relatório. Voto Fl. 2202DF CARF MF Processo nº 10907.721803/201293 Acórdão n.º 3402004.065 S3C4T2 Fl. 5 7 Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. O recurso preenche os requisitos formais para sua admissibilidade e, portanto, merece ser conhecido pelo colegiado. Conforme relatado, a fiscalização entendeu que o produto MICROVIT D3 PROMIX 500 é uma preparação que possui uma aplicação específica e, por tal motivo, deve ser classificado na posição 2309 e não na posição 2936, que se destina apenas às vitaminas em estado isolado. A defesa, por sua vez, invocou a seu favor a Decisão COANA nº 04/1999, sustentando que o MICROVIT D3 PROMIX 500 é semelhante aos dois produtos tratados na Solução de Consulta e como o contribuinte é filiado ao SINDIRAÇÕES, está amparado pelo efeito protetivo da consulta, até que a referida interpretação seja revista pela COANA. A COANA entendeu que os produtos objeto daquela consulta não eram preparações, mas sim vitaminas D3 em estado isolado, pois os excipientes adicionados não alteraram o seu caráter de vitaminas. Por seu turno, a DRJ entendeu que o produto objeto deste processo é diferente daqueles que foram consultados porque os nomes comerciais eram diferentes, o que impede a aplicação do entendimento da COANA. A questão a ser decidida por este colegiado é mais de fato do que de direito, pois não se discute que as vitaminas e próvitaminas isoladas se classificam na posição 2936 (pretendida pelo contribuinte) e que as preparações para alimentação animal se classificam na posição 2309 (pretendida pela fiscalização). O problema se resume em saber se os excipientes tornaram a vitamina D3 uma preparação constituída por vários elementos nutritivos ou se esses excipientes estão presentes no produto apenas para conservar e estabilizar a vitamina D3. Conforme descrito na fundamentação da Resolução nº 3403000.726, o Laudo Técnico solicitado pela fiscalização (fls. 08/39) não foi muito claro, pois ao mesmo tempo em que definiu os componentes adicionados à vitamina D3 como sendo excipientes (vide resposta aos quesitos 5, 6 e 7, fls. 21/25), consignou com todas as letras que o produto era uma preparação (vide respostas aos quesitos 2 e 8, fls. 19 e 25). Ora, se a mera adição de excipientes, "em regra", não impede a classificação da vitamina na posição 2936, como então esses excipientes podem transformar o produto em uma preparação? Dizse "em regra" porque nas Notas Explicativas à posição 2936 existe uma ressalva no sentido de que os excipientes não podem alterar o caráter de vitaminas e nem torná las particularmente aptas para usos específicos, in verbis: "(...) Os produtos da presente posição podem ser estabilizados para tornálos aptos à conservação ou transporte: Fl. 2203DF CARF MF 8 por adição de agente antioxidante, por adição de agentes antiaglomerantes (hidratos de carbono, por exemplo), por revestimento com substâncias apropriadas (gelatina, ceras, matérias graxas (gordas*), por exemplo), mesmo plastificadas, ou por adsorção em substâncias apropriadas (ácido silícico, por exemplo), desde que a quantidade das substâncias acrescentadas ou os tratamentos a que são submetidos não sejam superiores aos necessários à sua conservação ou transporte, nem modifiquem o caráter do produto de base nem os tornem particularmente aptos para usos específicos de preferência à sua aplicação geral. (...)" (Grifei) A fiscalização pretendeu valerse dessa ressalva para desenquadrar o produto da posição 2936 e enquadrálo na posição 2309. Entretanto, a obscuridade do Laudo Técnico aliada ao fato de a composição do produto reclassificado (fl. 20) ser semelhante à do produto MICROVIT D3 PROSOL 500, que foi objeto da Decisão COANA nº 04/1999, gerou a necessidade da baixa do processo em diligência, a fim de que o perito prestasse alguns esclarecimentos mediante a resposta a oito quesitos complementares (fls. 2157/2158). Observo aos interessados e aos senhores conselheiros que essa diligência não teve por objeto suprir o ônus da prova que incumbe às partes, pois a providência requerida decorreu de uma necessidade interna do próprio colegiado, que entendeu que o Laudo apresentado era obscuro. A fiscalização e a DRJ ficaram satisfeitas com resposta ao quesito 8 do Laudo original (fl. 25). Mas este colegiado não se satisfez com essa resposta porque o perito, ao tentar explicar o "sim" ao quesito 8, justificou que o emprego dos excipientes cumpria a mesma função que autorizaria a classificação do produto na posição 2936. Ou seja, a explicação do "sim" no quesito 8 está incoerente com a descrição da função dos excipientes que existe nos quesitos 5, 6 e 7 do referido Laudo (fls. 21/25). Se a função dos excipientes se resume a conservar e a estabilizar a vitamina, então a resposta ao quesito 8 deveria ter sido não! No Laudo Complementar de fls. 2168/2173, em que pese a afeição do Senhor Perito por respostas indiretas, ficou esclarecido o seguinte, in verbis: "(...) Fl. 2204DF CARF MF Processo nº 10907.721803/201293 Acórdão n.º 3402004.065 S3C4T2 Fl. 6 9 Fl. 2205DF CARF MF 10 (...)" Os excertos do Laudo Complementar acima colacionados, revelam que o Senhor Perito respondeu de forma direta apenas aos quesitos complementares 5 e 6 e de forma indireta os demais quesitos. Ficou sem resposta o quesito 4, pois não foi esclarecido se os Fl. 2206DF CARF MF Processo nº 10907.721803/201293 Acórdão n.º 3402004.065 S3C4T2 Fl. 7 11 excipientes superam ou não as quantidades normalmente necessárias ao transporte e à conservação da vitamina. As respostas acima deixam evidente que o produto MICROVIT D3 PROMIX 500: a) não é uma preparação contendo vários elementos nutritivos; b) os excipientes não alteraram a vitamina D3, mas apenas se prestaram a garantir a estabilidade e a conservação da vitamina; e c) não é possível afirmar que a vitamina D3 perdeu seu caráter geral de uso, sem que seja efetuada uma nova perícia. Ora, a realização de uma nova perícia a esta altura do processo significa a adoção de uma providência destinada a suprir o ônus da prova do fisco, o que, como se sabe, não se coaduna com os arts. 9º e 18 do Decreto nº 70.235/72. Desse modo, à luz do que se extrai do Laudo Complementar, é evidente que as três premissas do raciocínio empregado pela fiscalização não encontram suporte na perícia realizada, não se prestando o Laudo Técnico a lastrear o desenquadramento do MICROVIT D3 500 PROMIX da posição 2936 da NCM. O texto da posição 2309, pretendida pelo fisco, é o seguinte, in verbis: 23.09 Preparações dos tipos utilizados na alimentação de animais. 2309.10.00 Alimentos para cães ou gatos, acondicionados para venda a retalho 2309.90 Outras 2309.90.10 Preparações destinadas a fornecer ao animal a totalidade dos elementos nutritivos necessários para uma alimentação diária racional e equilibrada (alimentos compostos completos) 2309.90.20 Preparações à base de sal iodado, farinha de ossos, farinha de concha, cobre e cobalto 2309.90.30 Bolachas e biscoitos 2309.90.40 Preparações que contenham Diclazuril 2309.90.50 Preparações com teor de cloridrato de ractopamina igual ou superior a 2 %, em peso, com suporte de farelo de soja 2309.90.60 Preparações que contenham xilanase e betagluconase, com suporte de farinha de trigo Ex 01 Preparações alimentícias para cães e gatos, não acondicionadas para a venda a retalho 2309.90.90 Outras Ex 01 Preparações alimentícias para cães e gatos, não acondicionadas para a venda a retalho Conforme o entendimento estabelecido na Decisão COANA nº 04/1999, as preparações mencionadas no texto dessa posição são preparações constituídas de vários elementos nutritivos, in verbis: "(...) (...)" Fl. 2207DF CARF MF 12 E essa necessidade da presença de vários elementos nutritivos também consta das Notas Explicativas à posição 2309, a qual foi transcrita pela própria fiscalização no Relatório Fiscal, cujo trecho vai a seguir reproduzido: "(...) Esta posição [2309] compreende não só as preparações forrageiras adicionadas de melaço ou de açúcares, como também as preparações empregadas na alimentação de animais, constituídas de uma mistura de diversos elementos nutritivos, destinados: (...)" Desse modo, se o laudo complementar esclareceu que não se trata de uma preparação constituída por vários elementos nutritivos e que os excipientes apenas garantiram a estabilidade e a conservação da vitamina D3, é incabível a pretensão fiscal de enquadrar o produto como preparação da posição 2309, o que basta para que este colegiado conclua pela improcedência de todos os autos de infração albergados neste processo. As respostas contidas no Laudo Complementar demonstram que o contribuinte vinha classificando corretamente o produto na posição 2936, não só pelo fato da composição química do MICROVIT D3 PROMIX 500 ser semelhante à do MICROVIT D3 PROSOL 500 (objeto da Solução de Consulta), mas também pelo fato de os nomes técnicos dos dois produtos serem idênticos: Colecalciferol ou 7dehidrocolesterol ativado. No que concerne à composição química dos produtos, a resposta ao quesito 3 do Laudo Técnico original relaciona os seguintes componentes e percentuais em peso (fl. 20): "(...) Já na Decisão COANA nº 04/1999 a composição química do produto MICROVIT D3 PROSOL 500 é a seguinte: "(...) Fl. 2208DF CARF MF Processo nº 10907.721803/201293 Acórdão n.º 3402004.065 S3C4T2 Fl. 8 13 (...)" Cotejandose os dados acima colacionados, verificase que o contribuinte tem razão quando alega a semelhança entre os dois produtos, pois: a) o produto reclassificado pelo fisco possui porcentagem em peso de 1,64%, superior ao mínimo de 1,25%, ou seja, apresenta pelo menos 500.000 UI de vitamina D3; e b) a quantidade de excipientes é praticamente a mesma, sendo 98,36% na amostra periciada e de 96,55% na bula do MICROVIT D3 PROSOL 500. No que concerne ao nome do produto, verificase que o Senhor Perito esquivouse de declinar o nome científico, com base na nomenclatura da IUPAC. Apresentou uma explicação estranha que parece considerar que os nomes técnicos e científicos seriam uma coisa só e declinou os seguintes nomes para o produto: Colecalciferol, 7dehidrocolesterol ativado, calciol (resposta ao quesito complementar nº 1). Já na Decisão COANA nº 04/1999, encontrase os seguintes nomes para o MICROVIT D3 PROSOL 500: Nome técnico: Colecalciferol ou 7dehidrocolesterol ativado Nome científico: 9, 10 secocholesta 5,7,10(19) trien 3beta ol. Conforme se verifica, existe perfeita identidade entre o nome técnico que consta da Solução de Consulta e o nome declinado pelo Senhor Perito no Laudo Complementar. Muito embora o Senhor Perito tenha se esquivado de dizer se o nome declinado no Laudo era o nome técnico ou o nome científico, este relator entende que foi declinado o nome técnico, por ser idêntico ao nome técnico indicado na bula do medicamento que foi objeto da Decisão COANA nº 04/1999. Essa semelhança quanto ao nomes técnicos e quanto à composição química dos dois produtos, produz no espírito do julgador a convicção de que o produto reclassificado pelo fisco, o MICROVIT D3 PROMIX 500, deve ser classificado na mesma posição do produto MICROVIT D3 PROSOL 500, objeto da Solução de Consulta da COANA. A referida posição apresenta os seguintes textos: Fl. 2209DF CARF MF 14 Conforme se constata pela mera leitura do texto da posição, a vitamina D3 encontrase nominalmente citada por um de seus nomes técnicos, devendo ser ai classificada com base no entendimento contido na Decisão COANA nº 04/1999. Se tanto o MICROVIT D3 PROMIX 500, quanto o MICROVIT D3 PROSOL 500, são designados tecnicamente pelo termo "colecalciferol", então ambos devem ser classificados na mesma posição, não tendo o menor cabimento a decisão de primeiro grau na parte em que afirmou que os produtos são diferentes porque os nomes comerciais são diferentes. Com esses fundamentos, voto no sentido de dar provimento ao recurso para cancelar todos os autos de infração albergados neste processo. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 2210DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.721666/2013-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jul 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2010 a 30/09/2011
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
As compensações glosadas e os respectivos fundamentos legais quando perfeitamente demonstradas no conjunto de elementos que compõe os lançamentos fiscais, não se cogita da ocorrência de nulidade.
COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ATRAVÉS DE GFIP - HIPÓTESES LEGAIS.
Em face das disposições da Lei n° 8.212/1991, admite-se a compensação, no âmbito das contribuições previdenciárias nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou a maior, assim como nos casos de retenção em razão de prestação de serviços de cessão de mão-de-obra ou empreitada. E, mesmo nessas hipóteses, a compensação deve se dar nos termos e condições estabelecidas pela legislação (inclusive artigo 170-A do CTN) e de acordo com as normas baixadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou seja, através de GFIP.
RELATÓRIO DE VÍNCULOS - RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS DIRIGENTES.
A simples inclusão de dirigentes e administradores do Contribuinte no anexo Relatório de Vínculos, não equivale absolutamente à atribuição de responsabilidade automática pelo crédito tributário. Tal somente ocorrerá em casos específicos, com as devidas justificativas legais, na eventual ocasião em que se operar a execução fiscal.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS.
Constatada a ocorrência das hipóteses legais, a elaboração de RFFP constitui obrigação funcional do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e corresponde ao relato da constatação da ocorrência, em tese, de prática que constitua ilícito penal, apurada no curso da auditoria fiscal, não se tratando de formal acusação, o que, aliás, nem mesmo é de sua competência. Constitui mera comunicação dos fatos, das circunstâncias, dos documentos e demais elementos que possam subsidiar a eventual proposição de ação penal, devendo ser oportunamente encaminhada à Autoridade Pública, que, a seu juízo, tomará as providências tendentes à apuração dos fatos ou formalização da acusação penal.
Numero da decisão: 2401-004.860
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
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INOCORRÊNCIA. As compensações glosadas e os respectivos fundamentos legais quando perfeitamente demonstradas no conjunto de elementos que compõe os lançamentos fiscais, não se cogita da ocorrência de nulidade. COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ATRAVÉS DE GFIP HIPÓTESES LEGAIS. Em face das disposições da Lei n° 8.212/1991, admitese a compensação, no âmbito das contribuições previdenciárias nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou a maior, assim como nos casos de retenção em razão de prestação de serviços de cessão de mãodeobra ou empreitada. E, mesmo nessas hipóteses, a compensação deve se dar nos termos e condições estabelecidas pela legislação (inclusive artigo 170A do CTN) e de acordo com as normas baixadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou seja, através de GFIP. RELATÓRIO DE VÍNCULOS RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS DIRIGENTES. A simples inclusão de dirigentes e administradores do Contribuinte no anexo “Relatório de Vínculos”, não equivale absolutamente à atribuição de responsabilidade automática pelo crédito tributário. Tal somente ocorrerá em casos específicos, com as devidas justificativas legais, na eventual ocasião em que se operar a execução fiscal. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. Constatada a ocorrência das hipóteses legais, a elaboração de RFFP constitui obrigação funcional do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e corresponde ao relato da constatação da ocorrência, em tese, de prática que AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 16 66 /2 01 3- 87 Fl. 532DF CARF MF 2 constitua ilícito penal, apurada no curso da auditoria fiscal, não se tratando de formal acusação, o que, aliás, nem mesmo é de sua competência. Constitui mera comunicação dos fatos, das circunstâncias, dos documentos e demais elementos que possam subsidiar a eventual proposição de ação penal, devendo ser oportunamente encaminhada à Autoridade Pública, que, a seu juízo, tomará as providências tendentes à apuração dos fatos ou formalização da acusação penal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 533DF CARF MF Processo nº 10140.721666/201387 Acórdão n.º 2401004.860 S2C4T1 Fl. 533 3 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 499/522) interposto em face do Acórdão nº. 1449.540 (fls. 458/489), cuja ementa restou assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2010 a 30/09/2011 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. As compensações glosadas e os respectivos fundamentos legais quando perfeitamente demonstradas no conjunto de elementos que compõe os lançamentos fiscais, não se cogita da ocorrência de nulidade. JUÍZO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. É vedado à instância administrativa de julgamento proferir decisões acerca da constitucionalidade das leis, em face das disposições do artigo 26A do Decreto n° 70.235/1972. COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ATRAVÉS DE GFIP HIPÓTESES LEGAIS. Em face das disposições da Lei n° 8.212/1991, admitese a compensação, no âmbito das contribuições previdenciárias nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou a maior, assim como nos casos de retenção em razão de prestação de serviços de cessão de mãodeobra ou empreitada. E, mesmo nessas hipóteses, a compensação deve se dar nos termos e condições estabelecidas pela legislação (inclusive artigo 170A do CTN) e de acordo com as normas baixadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou seja, através de GFIP. RELATÓRIO DE VÍNCULOS RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS DIRIGENTES. A simples inclusão de dirigentes e administradores do Contribuinte no anexo “Relatório de Vínculos”, não equivale absolutamente à atribuição de responsabilidade automática pelo crédito tributário. Tal somente ocorrerá em casos específicos, com as devidas justificativas legais, na eventual ocasião em que se operar a execução fiscal. Portanto, como não se encontra presentemente instaurada a efetiva responsabilização dos aludidos representantes Fl. 534DF CARF MF 4 legais e administradores do Contribuinte, nada há a decidir a respeito, muito menos exclusão a realizar. PRODUÇÃO DE PROVAS REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. O processo administrativo fiscal, no qual se inserem os lançamentos em análise, está sujeito, quanto à produção de provas, às regras do Decreto 70.235/1972, especialmente no seu artigo 16. Além do mais, a realização de perícia está condicionada a prérequisitos legais específicos, também não integralmente cumpridos pela Impugnação, que, aliás, nem mesmo demonstrou quais os motivos a justificaria. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. Constatada a ocorrência das hipóteses legais, a elaboração de RFFP constitui obrigação funcional do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e corresponde ao relato da constatação da ocorrência, em tese, de prática que constitua ilícito penal, apurada no curso da auditoria fiscal, não se tratando de formal acusação, o que, aliás, nem mesmo é de sua competência. Constitui mera comunicação dos fatos, das circunstâncias, dos documentos e demais elementos que possam subsidiar a eventual proposição de ação penal, devendo ser oportunamente encaminhada à Autoridade Pública, que, a seu juízo, tomará as providências tendentes à apuração dos fatos ou formalização da acusação penal. No presente processo administrativo fiscal, temse o lançamento fiscal por meio dos DEBCAD´s abaixo identificados, cujos lançamentos foram assim realizados: 51.008.9720 Período: 08/2010 a 09/2011. Objeto: glosas de compensações (falta de trânsito em julgado da ação judicial). Crédito tributário (consolidação em 17/09/2013): R$ 437.174,38 (principal: R$ 299.993,97, juros: R$ 77.181,61 e multa: R$ 59.998,80). Os lançamentos fiscais foram realizados através de levantamento codificado como “C1 – GLOSA DE COMP NÃO AUTORIZ”. 51.049.9201 Período: 08/2010 a 09/2011. Objeto: glosas de compensações (erro de cálculo na apuração das contribuições compensadas). Crédito tributário (consolidação em 17/09/2013): R$ 131.124,33 (principal: R$ 89.903,56, juros: R$ 23.240,05 e multa: R$ 17.980,72). Os lançamentos fiscais foram realizados através de levantamento codificado como “C2 – GLOSA COMP ERRO DE CLACULO”. Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10140.721666/201387 Acórdão n.º 2401004.860 S2C4T1 Fl. 534 5 51.049.9210 Período: 08/2010 a 09/2010. Objeto: glosas de compensações (por ter ocorrido a prescrição do direito à compensação). Crédito tributário (consolidação em 17/09/2013): R$ 235.908,41 (principal: R$ 159.888,26, juros: R$ 44.042,50 e multa: R$ 31.977,65). Os lançamentos fiscais foram realizados através de levantamento codificado como “C3 – GLOSA COMP POR PRESCRICAO”. Nos termos do REFISC (fls. 22/29), a autoridade fiscal apurou qie a recorrente ingressou com ação judicial (mandado de segurança) visando a declaração de inexistência de relação jurídico tributária entre o Contribuinte e a Fazenda Nacional, quanto à incidência de contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração relativa aos quinze primeiros dias de afastamento em razão de doença ou acidente, sobre o saláriomaternidade, férias e adicional de férias de 1/3. Foi também pleiteado o direito à compensação com recolhimentos dos últimos dez anos (desde 01/01/1996), devidamente corrigidos pela taxa SELIC. Em face dos pleitos da recorrente, o Relatório Fiscal relata as decisões então proferidas (fl. 23): A liminar foi parcialmente deferida para suspender a exigibilidade do credito tributário referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre o adicional de férias e sobre as remunerações pagas aos empregados da impetrante durante os primeiros quinze dias de auxíliodoença e auxílioacidente. Asseverou o Exmo. Magistrado, relator da decisão, que a compensação somente seria devida após o trânsito em julgado da decisão, o que impossibilita a concessão da liminar pleiteada. Tampouco seria possível a concessão de liminar para determinar que a autoridade administrativa abstenhase de adotar as medidas cabíveis no caso da impetrante vir a efetuar a compensação em desacordo com o dispositivo mencionado. No que tange ao prazo, decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região relatou que a impetrante terá direito à compensação da contribuição previdenciária indevidamente recolhida a partir do marco estabelecido no julgado sobredito do E. STF, qual seja, 09 de junho de 2005, observandose a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos. A presente ação foi ajuizada em 08.06.2010, sendo aplicáveis as regras das leis n. 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (art. 66) e 9.032/95, que possibilitavam a compensação de parcelas vincendas de tributos da mesma espécie, porém com a limitação de 30% (trinta por cento), sem prévia autorização da autoridade administrativa, o que não impede a Administração de fiscalizar os valores compensados, desde que seja observada a prescrição qüinqüenal. Assim, como a presente ação foi impetrada em 08.06.2010 os recolhimentos indevidos para serem compensados deverão observar a prescrição qüinqüenal ou seja, só poderão compensar os créditos efetuados a partir de 08.06.2005, respeitado é lógico, o Fl. 536DF CARF MF 6 transito em julgado. Extrato do processo judicial encontrase anexado a este processo fiscal no Anexo V deste processo de crédito. A autuada, entretanto, antes do trânsito em julgado da referida ação, promoveu as compensações relativas às contribuições do período de 08/2010 a 11/2011 (Anexo II do REFISC). Os valores recolhidos, que teriam gerado os créditos compensados, estão informados nos anexos III e IV, que também acompanham o REFISC, em razão de cuja análise a fiscalização constatou a prática do que chamou de "três erros fatais" (fl. 24), quais sejam: Em primeiro lugar desrespeitou a determinação judicial de aguardar o trânsito em julgado da ação. Em segundo lugar efetivou a compensação de contribuições prescritas. E por último, errou ao apurar suas bases de cálculo. Tais erros serão demonstrados na tabela constante do Anexo I deste relatório fiscal. Na sequência, a fiscalização informa como os respectivos dados constantes dos anexos que acompanham o Relatório Fiscal demonstram os valores considerados pela contribuinte e ora glosados nos respectivos lançamentos fiscais. Especificamente quanto às contribuições para outras entidades ou Fundos e para o custeio do seguro e acidente do trabalho, a Fiscalização destaca a ocorrência dos seguintes equívocos (fls. 24/25): 3.9 Na coluna “G” do Anexo I, constam os montantes dos tributos originais que foram compensados, os quais deverão ser glosados por erro na apuração. Primeiramente o contribuinte errou ao compensar as contribuições devidas a outras entidades e fundos com as contribuições previdenciárias. Não é permitido esse tipo de compensação. Somente poderão ser compensadas contribuições de mesma natureza, isto é, previdenciária com previdenciária. Ao calcular o tributo que teria sido recolhido, o fez com a incidência de 3% de contribuições ao RAT, quando na realidade recolheu apenas 2%. Vamos examinar, á título de exemplificação, o valor glosado na linha 96 da planilha do Anexo I. O contribuinte afirma que na competência original 01/2008, a contribuição a ser compensada é de R$ 889,02. Analisando a origem deste crédito, teremos que nos dirigir à quarta página no Anexo IV onde veremos que esta contribuição foi calculada sobre uma base de cálculo de R$ 3.086,68, o que representa 28,8% desta, o que demonstra que a empresa está compensando 20% de Cota patronal, e 3% de contribuição ao RAT e 5,8% de contribuição à outras entidades e fundo. Estamos, portanto, glosando nesta coluna 1% referente ao RAT não recolhido, acrescido de 5,8% que se refere às outras entidades e fundos, totalizando 6,8% da base de cálculo original (6,8%* R$ 3.086,68=R$ 209,91), que acrescidos aos juros calculados pelo contribuinte estão demonstrados na coluna L da planilha do Anexo I, acumulados mensalmente e lançados no código de lançamento C2. Considerando o pleito da autuada, de ver reconhecido o direito de compensação dos recolhimentos dos últimos dez anos, a Autoridade Fiscal destaca a decisão Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10140.721666/201387 Acórdão n.º 2401004.860 S2C4T1 Fl. 535 7 judicial que negou o pedido, caracterizando o que considerou como realização de compensação para período prescrito (fl. 25): 3.10 Na coluna H da planilha do Anexo I destacamos os valores das glosas de compensação devido ao instituto da prescrição. Na decisão proferida em 03/04/2012 o Desembargador Federal Antônio Cedenho sentencia: “Assim, como o presente mandamus foi impetrado em 08.06.2010 os recolhimentos indevidos para serem compensados deverão observar a prescrição quinquenal ou seja, só poderão compensar os créditos efetuados a partir de 08.06.2005“. Estão sendo glosados, portanto, todos os créditos até a competência original 04/2005, acrescidos dos juros aplicados pelo contribuinte quando da sua compensação (coluna N do Anexo I), acumulados por competência da compensação (coluna M do Anexo I) e lançados no código de levantamento C3. Foi lavrada Representação Fiscal para Fins Penais. Apresentada a impugnação (fls. 91/121), esta foi julgada improcedente, nos termos do acórdão acima reproduzido, sendo a contribuinte intimada em 11/04/2014 (fl. 498). Em 12/05/2014 apresenta o seu recurso voluntário (fls. 499/522), onde alega, em síntese: a) preliminarmente, a nulidade da decisão recorrida, que teria sido proferida por autoridade incompetente, já que o acórdão recorrido foi lavrado pela DRJ de Ribeirão Preto/SP, fora do domicílio fiscal do contribuinte (Campo Grande/MS). b) inclusão indevida do encargo previsto no DecretoLei 1.025/69, no valor de R$ 174.372,37, pois referido encargo legal só poderia ser exigido a partir do processo de execução do presente débito, após a sua inscrição em dívida ativa; c) equívoco nos fundamentos legais do débito, indicados erroneamente, o que não sustentaria a autuação; d) inaplicabilidade do art. 170A ao caso concreto; e) possibilidade de compensação via GFIP; f) diferença entre o valor compensado e o valor lançado, ante a existência de decisão judicial suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, o qual não fora compensado pela recorrente; g) indevida inclusão dos diretores ou dirigentes no relatório de vínculos; h) ausência de dolo e de materialidade para a lavratura de representação fiscal para fins penais. É o relatório. Fl. 538DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele tomo conhecimento. Preliminarmente Da nulidade da decisão a quo Alega a recorrente que a decisão administrativa de primeira instância seria nula, por ser proferida por autoridade incompetente e assim estaria violado o devido processo legal administrativo. Segundo a recorrente, por ser a cidade de Campo Grande/MS o seu domicílio fiscal, nesta é que deveria ser julgado o seu recurso de impugnação, e não na cidade de Ribeirão Preto/SP, onde foi proferida a decisão. Mistura suas alegações com questões de ciência do ato administrativo, que não estaria perfeitamente realizado pelo julgamento realizado em outro domicílio. Sem mais, carece de fundamentação o arrazoado da recorrente, não apresentando dispositivos legais que teriam sido diretamente infringidos e/ou demonstrassem desobediência aos ritos do processo administrativo fiscal e as leis que o regem. Por isso, afasto a preliminar de nulidade suscitada. Mérito Da inclusão do encargo previsto no DecretoLei 1.025/69 Alega a recorrente que quando cientificada da decisão de primeira instância, recebeu um DARF para pagamento no qual constaria o valor de R$ 174.372,37, relativo ao encargo legal previsto no DecretoLei 1.025/69. Em que pese a alegação da recorrente, referido DARF não se encontra no processo, pois não acompanha a intimação de resultado do julgamento dos autos fls. 495/497 e tampouco foi juntada cópia do referido DARF pela recorrente. Por essas razões, deixo de apreciar as alegações da recorrente quanto a ilegal/indevida cobrança do referido encargo ante a ausência de comprovação de que tal conduta tenha sido de fato realizada pela autoridade fiscal. Da nulidade do lançamento Erro na Fundamentação Legal O Relatório Fiscal de fls. 22/29 detalha as razões e os fatos que ensejaram o presente lançamento. Ainda, nos anexos do mesmo, encontramse os Fundamentos Legais do Débito ("FLD" fls. 7/8, 13/14 e 18/19). Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10140.721666/201387 Acórdão n.º 2401004.860 S2C4T1 Fl. 536 9 Compulsando referidos documentos, não vislumbro a nulidade apontada pela recorrente, que ensejariam afronta ao artigo 142 do CTN e 10 do Decreto 70.235/72. Não se afasta a referida nulidade sob o fundamento da decisão a quo, de que a existência de impugnação em detalhes e com razões de fato e direito atestaria a integralidade do auto. De fato, isto não basta. Todavia, no presente processo administrativo, estão sim presentes os fundamentos legais do lançamento e, ainda, as razões de fato e de direito que ensejam o mesmo, não podendo ser alegada qualquer preterição ao direito de defesa da recorrente, bem como imprecisão no lançamento que enseje dúvidas quanto ao que lhe esteja sendo imputado. Por essas razões, afasto o pedido de nulidade por erro na fundamentação legal. Do art. 170A e das compensações realizadas pela recorrente Alega a recorrente que é indevida a aplicação do art. 170A ao caso concreto, posto que tal vedação não poderia se aplicar as suas compensações realizadas. Primeiramente, vejamos a redação do referido artigo: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Sustenta a recorrente que, pela prevalência dos princípios da razóavel duração do processo, da segurança jurídica, da razoabilidade e da proporcionalidade, poderse ia afastar a aplicação do art. 170A do CTN, para em casos como o presente, permitir a compensação onde a matéria discutida já esteja pacificada nos tribunais superiores, sejam judiciais ou administrativos. Perfeita a colocação da recorrente, a qual, inclusive, me inclino. Todavia, no presente caso, temos que esta resolveu, por mera liberalidade, ingressar com uma medida judicial para ver seus créditos e o seu direito de compensálos reconhecidos, pela força de uma decisão judicial. Porém, como já relatado, a decisão judicial proferida para a recorrente foi no sentido de ser observado o art. 170A no CTN. Ora, a partir do momento que o comando judicial da ação provocada pela própria recorrente, determina a observância do referido dispositivo, caem por terra suas alegações e demonstrase a ilegalidade do seu procedimento legal de compensação, não por afronta simplesmente ao art. 170A do CTN, mas sim À própria decisão judicial que lhe fora imposta. Deste modo, entendo como correto o procedimento da fiscalização em glosar as compensações sob o fundamento de descumprimento do art. 170A do CTN. Da diferença entre o valor compensado e o valor lançado Fl. 540DF CARF MF 10 Alega a recorrente haver equívoco quanto aos valores lançados: a Fiscalização teria computado (glosado) R$ 549.785,79, mas, segundo alega, o valor que teria sido apurado R$ 458.122,14 (soma de duas parcelas: R$ 351.344,10 – relativos a contribuições sobre 1/3 de férias e R$ 106.778,04, relativos a contribuições sobre auxíliodoença/acidente), resultando na diferença de R$ 91.663,65, que seria justamente o valor demonstrado no “anexo III”. Ora, os valores lançados, que correspondem aos valores glosados, são perfeitamente compatíveis com os valores compensados, extraídos das GFIP. Ou seja, em face da falta de justificativa legal, capaz de legitimar as compensações realizadas, estas foram todas glosadas. Caberia à recorrente a obrigação de demonstrar, a partir das compensações realizadas a cada mês, como essas compensações seriam compostas (quais suas parcelas e respectivos motivos das compensações), de forma a demonstrar a legalidade da respectiva operação. A simples alegação de que se trata de compensação fundada em recolhimentos relativos às rubricas auxíliodoença/acidente e terço constitucional de férias legalmente não autorizam as compensações realizadas, pois a circunstância de ter a recorrente apurado outros valores (R$ 458.122,14), como alega, não invalida as glosas, na medida em estas foram realizadas com base nos valores efetivamente compensados e não com base simplesmente nos valores “demonstrados” pela contribuinte através de simples “resumos” de folhas de pagamento. Do relatório de vínculos e da Representação Fiscal para Fins Penais Traz a recorrente alegações quanto a ilegalidade dos dois procedimentos adotados pela fiscalização: a elaboração do Relatório de Vínculos, apontando os diretores e representantes legais da autuada, e a lavratura da Representação Fiscal para Fins Penais. Em que pese os argumentos trazidos, tratase de duas questões já sedimentadas neste Conselho. Primeiramente, quanto ao relatório de vínculos, temos a Súmula CARF nº. 88: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Quanto à RFFP: Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Assim, vem a Súmula nº. 88 corroborar o que já pleiteia a recorrente, ou seja, a inexistência de atribuição de responsabilidade às pessoas físicas relacionadas no Relatório de Vínculos. E, quanto à RFFP, eventuais controvérsias sobre a mesma, não estão no âmbito da competência deste Conselho para análise. Fl. 541DF CARF MF Processo nº 10140.721666/201387 Acórdão n.º 2401004.860 S2C4T1 Fl. 537 11 CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 542DF CARF MF
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Numero do processo: 13558.901130/2009-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 29/12/2005
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO.
Considera-se preclusa a matéria não impugnada e não discutida na primeira instância administrativa.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO.
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.658
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 29/12/2005 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Considera-se preclusa a matéria não impugnada e não discutida na primeira instância administrativa. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
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PRECLUSÃO. Considerase preclusa a matéria não impugnada e não discutida na primeira instância administrativa. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 55 8. 90 11 30 /2 00 9- 53 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13558.901130/200953 Acórdão n.º 3201002.658 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório PORTO SEGURO VEICULOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição social (PIS ou Cofins). A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade, a contribuinte alegou, em síntese, que parte do pagamento declarado era indevido. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 1522.437. A DRJ fundamentou sua decisão no fato de que o recolhimento alegado como origem do crédito encontravase integralmente alocado para a quitação de débito confessado, não se tendo por caracterizado o alegado pagamento indevido ou a maior, dada a inexistência de comprovação de erro no preenchimento da DCTF. Em seu recurso voluntário a Recorrente alega, em resumo, que a legislação não se encontra autorizada a alterar conceitos adotados na Constituição Federal, não sendo possível, por conseguinte, a ampliação da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e Cofins), uma vez que, no período de apuração sob comento, a base de cálculo se restringia ao faturamento, ou seja, ao resultado das vendas de mercadorias e da prestação de serviços, dada a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições promovido pela Lei 9.718/1998. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.640, de 30/03/2017, proferido no julgamento do processo 13558.901073/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.640): O Recurso Voluntário é tempestivo, e não verificando outros óbices, tomo conhecimento dele. A recorrente alega que a parcela do Darf que considera indevida seria referente à ampliação da base de cálculo da Cofins, promovida pela Lei 9.718/98. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13558.901130/200953 Acórdão n.º 3201002.658 S3C2T1 Fl. 4 3 Dois obstáculos impedem o provimento solicitado. O primeiro é que toda a argumentação quanto à base de cálculo da Cofins não foi feita na Manifestação de Inconformidade, e por isso, tal matéria encontrase atingida por preclusão, conforme art. 17 do PAF – Decreto 70.235/721, combinado com art. 74, §§ 9º, 10 e 11 da Lei 9.430/962. O segundo obstáculo é que o crédito pretendido não foi demonstrado e provado. Com efeito, o débito de Cofins, no valor integral do Darf, foi confessado em DCTF. A DCTF é o instrumento formal para confissão de débito, no lançamento por homologação (Decretolei 2.124/84), de modo que o crédito tributário representado pelo valor integral do Darf foi formalmente constituído. Estando o crédito tributário formalmente constituído, para que se pudesse retificálo seria necessária prova de sua inexatidão. Seria preciso demonstrar, documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova. Ora, o ônus da prova cabe ao interessado (art. 36 da Lei 9.784/993, art. 373,I do CPC4). Sem tais elementos, se mostra impossível desconstituir o que formalmente foi constituído. Também considero inaplicável o pedido de diligência. Com efeito, a recorrente já teve duas oportunidades para demonstrar seu direito material: 1 – após a ciência do Despacho Decisório, e 2 – após a ciência do Acórdão de manifestação de inconformidade. Permitir agora uma terceira oportunidade malfere o art. 16, § 4º do PAF Decreto 70.235/72: §4º – A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; 1 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. 2 § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 3 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 4 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13558.901130/200953 Acórdão n.º 3201002.658 S3C2T1 Fl. 5 4 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não se verificando nenhuma dessas exceções, não pode agora o processo ser submetido a nova fase probatória, nas quais se mostrariam necessárias verificações fiscais, batimentos, etc, que não tiveram lugar no tempo próprio. Desse modo, e ainda por homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para determinação de diligência. Assim, o crédito solicitado não pode ser deferido, em vista dos dois fundamentos expostos, cada um per se suficiente para o desprovimento. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 57DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10670.720791/2014-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009, 2010
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DA ATIVIDADE RURAL.
O lançamento é efetuado de ofício, quando o contribuinte deixa de informar rendimentos em sua Declaração de Ajuste Anual, implicando redução do imposto a pagar ou devido.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados.
MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.839
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009, 2010 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DA ATIVIDADE RURAL. O lançamento é efetuado de ofício, quando o contribuinte deixa de informar rendimentos em sua Declaração de Ajuste Anual, implicando redução do imposto a pagar ou devido. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
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FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir do anocalendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DA ATIVIDADE RURAL. O lançamento é efetuado de ofício, quando o contribuinte deixa de informar rendimentos em sua Declaração de Ajuste Anual, implicando redução do imposto a pagar ou devido. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelamse insuficientes para comprovar os fatos alegados. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 72 07 91 /2 01 4- 62 Fl. 4687DF CARF MF Processo nº 10670.720791/201462 Acórdão n.º 2202003.839 S2C2T2 Fl. 4.688 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10670.720791/201462, em face do acórdão nº 1538.327, julgado pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (DRJ/SDR) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: Trata o presente processo de Auto de Infração (fls. 631 a 658) em razão de trabalho de fiscalização, exercício 2010, ano calendário 2009, que apurou um crédito tributário de R$ 12.523.541,25, lavrado em 20/02/2014 na qual foram verificadas as seguintes infrações: O interessado impugna lançamento dos anoscalendário 2009 e 2010, onde foram tributados os seguintes rendimentos omitidos, que resultaram em imposto de R$ 1.604.318,74: De acordo com o relatório fiscal, o contribuinte, intimado, fornecera os extratos de suas contas. Os depósitos foram relacionados e encaminhados ao fiscalizado para que Fl. 4688DF CARF MF Processo nº 10670.720791/201462 Acórdão n.º 2202003.839 S2C2T2 Fl. 4.689 3 comprovasse a sua origem. Em atendimento, alegara que parte dos depósitos seria recursos notariais, relativos ao exercício da sua função de Oficial de três cartórios na serventia de Janaúba (Registro de Imóveis, Registro de Protesto de Títulos e Registro de Títulos e Documentos/Registro Civil das Pessoas Jurídicas); parte seria receita da atividade rural. Não, porém, elementos que comprovassem individualizadamente esta origem. Após diversas intimações e diligências, restaram comprovadas as origens de alguns depósitos relativos a operações notariais e alguns relacionados com a atividade rural. Foram intimadas pessoas que constavam das guias de transporte animal (GTA) apresentadas pelo contribuinte, as quais forneceram documentos comprovando a venda de gado bovino por parte do fiscalizado e a omissão de receita da atividade rural. Apesar do contribuinte afirmar que seria oficial de cartórios na comarca de Janaúba, foi constatado que exercera esta função somente até o ano de 2007, quando o cartório foi restituído, por ordem judicial, ao oficial titular anterior, tendo reassumido a condição de titularidade somente a partir de agosto/2010. Afirmara que mesmo assim continuava a exercer esta função como oficial substituto. Apesar de afirmar que as movimentações dos recursos do cartório ocorriam em sua conta pessoal, verificouse que o cartório possuía conta própria, como pessoa jurídica. Sobre o imposto resultante da omissão de rendimentos da atividade rural foi aplicada multa qualificada de 150% porque os elementos colhidos pela fiscalização demonstraram que não seria razoável supor que o fiscalizado não tivesse conhecimento das receitas omitidas, pois foram em muito superiores às receitas da atividade rural declaradas. Intimado a discriminar as GTA que corresponderiam a operações de venda de gado, declarara que seriam somente aquelas relativas às receitas declaradas. Mas intimações dirigidas aos destinatários destas guias comprovaram a receita omitida. Os argumentos do impugnante são, em síntese, os seguintes: 1. Depósitos bancários não são fato gerador do imposto de renda; no máximo são indícios de rendimentos omitidos, cabendo à fiscalização comprovar a efetiva obtenção da renda, o acréscimo patrimonial ou a renda consumida. 2. Não é ilegal a circulação de recursos do cartório pela sua conta corrente pessoal. Dado o volume desta movimentação, é inviável, se não impossível, a comprovação da origem dos depósitos de forma individualizada, com correspondência de data e valor, como quer a autoridade fiscal. De qualquer forma, fornecera todos os comprovantes erelatórios de cálculo da receita bruta mensal global de cada cartório, discriminação de emolumentos, taxas, tabela de valores de serviços notariais e registrais de Minas Gerais, cópias de borderô de descontos, TEDs creditadas, com a identificação dos depositantes, relação de identificação dos responsáveis pelos depósitos na conta, microfilmagem de cheques, demonstrativo de cheques descontados, relação de operações contratadas em 2010 e 2009, Fl. 4689DF CARF MF Processo nº 10670.720791/201462 Acórdão n.º 2202003.839 S2C2T2 Fl. 4.690 4 dentre outros. Caberia ao fiscal fazer a confrontação destes documentos com os depósitos, e não ao contribuinte. 3. Não houve acréscimo patrimonial que justifique ou comprove a omissão de rendimentos que lhe atribui o autuante, como se pode verificar na relação de bens adquiridos nos últimos tempos. Pelo contrário, possui um endividamento de mais de R$ 2.000.000,00 frente a instituições de crédito. 4. Não prevalece a informação do autuante de que não seria titular da serventia de Janaúba nos anos 2009 e 2010. Apresenta duas declarações que comprovam a titularidade em questão. 5. Não houve omissão de rendimentos da atividade rural. As guias de trânsito animal não correspondem necessariamente à venda de bovinos. 6. A multa é exagerada e confiscatória, e por isso inconstitucional. A DRJ de origem entendeu pela improcedência da impugnação apresentada pelo contribuinte. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 4659/4684, reiterando as alegações expostas em impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. 1. Omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada A exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Estabelece o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 que: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. Fl. 4690DF CARF MF Processo nº 10670.720791/201462 Acórdão n.º 2202003.839 S2C2T2 Fl. 4.691 5 § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1 os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar individualizadamente a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase, portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Para a DRJ de origem os documentos anexados em impugnação não foram totalmente suficientes para provar de maneira inequívoca os valores que circularam em conta bancária do contribuinte já foram tributados, a exceção dos já excluídos do lançamento pela DRJ. Assim, persistiu sem comprovação de origem dos depósitos. Portanto, não sendo provado o fato constitutivo do direito alegado pelo contribuinte, com fundamento no artigo 373 do CPC/2015 e artigo 36 da Lei n° 9.784/99, devese manter sem reparos o acórdão recorrido quanto a esta matéria. Ocorre que temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, do contribuinte ora recorrente. Neste sentido, prevê a Lei n° 9.784/99 em seu art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Por tais razões, compreendo que não merece provimento o recurso do contribuinte quanto a esta matéria. 2. Omissão de receitas da atividade rural Fl. 4691DF CARF MF Processo nº 10670.720791/201462 Acórdão n.º 2202003.839 S2C2T2 Fl. 4.692 6 Consoante relatado, foram intimadas pessoas que constavam das guias de transporte animal (GTA) apresentadas pelo contribuinte, as quais forneceram documentos comprovando a venda de gado bovino por parte do fiscalizado e a omissão de receita da atividade rural. Sustenta o contribuinte, por sua vez, que não houve omissão de rendimentos da atividade rural, alegando que as guias de trânsito animal não correspondem necessariamente à venda de bovinos. Verificase no Relatório Fiscal, especialmente no seu teor entre de fls. 43/60, que a omissão de receitas da atividade rural não foi apurada pelas GTA's, conforme sustenta o contribuinte, mas sim pelos elementos colhidos em diligências junto às pessoas que lhe adquiriram gado bovino. O contribuinte nada alega em relação as provas colhidas nas diligências da Fiscalização. O único argumento desenvolvido por ele para afastar o lançamento em questão é de que guias de trânsito animal não correspondem necessariamente à venda de bovinos. Todavia, ao que se percebe às fls. 43/60, há diversos elementos que dão suporte ao lançamento por omissão de receitas da atividade rural e nenhum dos lançamentos se deu em razão de meras guias de transporte animal (GTA). Assim, entendo que não sendo provado o fato constitutivo do direito alegado pelo contribuinte, com fundamento no artigo 373 do CPC/2015 e artigo 36 da Lei n° 9.784/99, devese manter sem reparos o acórdão recorrido neste ponto. Ocorre que temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, do contribuinte ora recorrente. 3. Multa caráter confiscatório alegação de inconstitucionalidade Quanto a alegação da recorrente de que a multa aplicada seria inconstitucional, por força do princípio da vedação de confisco, deixo de analisála pois este Conselho não possui competência para ser pronunciar a respeito, nos termos da Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Conclusão. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 4692DF CARF MF Processo nº 10670.720791/201462 Acórdão n.º 2202003.839 S2C2T2 Fl. 4.693 7 Fl. 4693DF CARF MF
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Numero do processo: 13888.907921/2011-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO.
O contencioso administrativo instaura-se com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerando-se preclusa a matéria que não tenha sido diretamente contestada. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria atinente à glosa não contestada por ocasião da manifestação de inconformidade.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.
Insumos para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas são todos aqueles bens e serviços pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, considerando como parâmetro o custo de produção naquilo que não seja conflitante com o disposto nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03.
FRETE E ARMAZENAMENTO. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE. CRÉDITO VÁLIDO INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE CRÉDITO DO BEM TRANSPORTADO/ARMAZENADO.
A apuração do crédito de frete e de armazenamento não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado/armazenado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão. Uma vez provado que o dispêndio configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal, i.e., custo e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade.
INSUMOS. CREDITAMENTO. EMBALAGENS. TRANSPORTE. POSSIBILIDADE.
Os itens relativos a embalagem para transporte, desde que não se trate de um bem ativável, deve ser considerado para o cálculo do crédito no sistema não cumulativo de PIS e Cofins, eis que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, de forma que o produto final destinado à venda mantenha-se com características desejadas quando chegar ao comprador.
Recurso voluntário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido.
Numero da decisão: 3402-004.017
Decisão: Acordam os membros do colegiado, em dar provimento ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, foram revertidas as glosas relativas às aquisições de paletes "one way"; e b) por maioria de votos, foram revertidas as glosas sobre fretes e despesa de armazenagem sobre as aquisições de insumos. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula.
Assinatura Digital
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O contencioso administrativo instaurase com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerandose preclusa a matéria que não tenha sido diretamente contestada. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria atinente à glosa não contestada por ocasião da manifestação de inconformidade. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas são todos aqueles bens e serviços pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, considerando como parâmetro o custo de produção naquilo que não seja conflitante com o disposto nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03. FRETE E ARMAZENAMENTO. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE. CRÉDITO VÁLIDO INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE CRÉDITO DO BEM TRANSPORTADO/ARMAZENADO. A apuração do crédito de frete e de armazenamento não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado/armazenado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão. Uma vez provado que o dispêndio configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal, i.e., custo e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. INSUMOS. CREDITAMENTO. EMBALAGENS. TRANSPORTE. POSSIBILIDADE. Os itens relativos a embalagem para transporte, desde que não se trate de um bem ativável, deve ser considerado para o cálculo do crédito no sistema não AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 79 21 /2 01 1- 70 Fl. 233DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 3 2 cumulativo de PIS e Cofins, eis que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, de forma que o produto final destinado à venda mantenhase com características desejadas quando chegar ao comprador. Recurso voluntário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido. Acordam os membros do colegiado, em dar provimento ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, foram revertidas as glosas relativas às aquisições de paletes "one way"; e b) por maioria de votos, foram revertidas as glosas sobre fretes e despesa de armazenagem sobre as aquisições de insumos. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula. Assinatura Digital Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 14052.614 da DRJ/RPO, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito a crédito no regime de incidência nãocumulativa, se incorporados diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto e desde que não incorporados ao ativo imobilizado. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. Somente dão direito a crédito no regime de incidência não cumulativa, os gastos expressamente previstos na legislação de regência. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Versa o processo sobre pedido de ressarcimento, relativamente ao saldo credor de COFINS não cumulativo(a) exportação. Fl. 234DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 4 3 Mediante despacho decisório, a DRF/Piracicaba reconheceu parcialmente o direito creditório, em face das glosas de créditos referente aos seguintes itens: a) aquisição de produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários, tributados à alíquota zero; b) gastos relativos a transporte e armazenamento de insumos importados ocorridos após o desembaraço aduaneiro; c) gastos com embalagens de transporte (paletes); d) comissões de compra; e) despesas de energia térmica A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade sustentando, em síntese, que foram indevidas as glosas relativas às: i) despesas de frete e armazenagem de insumos importados após o desembaraço aduaneiro e ii) aquisições de paletes. Os argumentos da manifestante não foram acatados pela Delegacia de Julgamento, em síntese, sob os seguintes fundamentos: Quanto às gastos com embalagens, só podem ser considerados insumos se elas se incorporarem ao produto em fabricação ou sofrer alteração em suas propriedades em função da ação diretamente exercida sobre ele, ou seja, somente as embalagens de apresentação do produto geram direito ao crédito, posto que estas se incorporam ao produto em fabricação. Assim, as embalagens destinadas apenas a proteger ou transportar o produto acabado não dão direito a crédito da não cumulatividade, mesmo que descartáveis e/ou de utilização obrigatória. De acordo com o art. 3º, IX da Lei nº 10.833/2003, apenas os gastos com armazenagem e frete na operação de venda dão direito a créditos da não cumulatividade, portanto não se aplica às aquisições de insumos importados, como ocorreu com as glosas aplicadas no caso concreto. O “valor aduaneiro” definido pela Lei como base de cálculo do crédito relativo aos insumos importados, abrange apenas os gastos ocorridos até a importação, ou seja, até a realização do desembaraço aduaneiro. De forma que procedeu corretamente a autoridade a quo ao glosar os créditos referentes a gastos com armazenagem e frete relativos aos insumo importados, mas realizados após o desembaraço das mercadorias. A contribuinte apresentou recurso voluntário, aduzindo, em síntese: 1. Da interpretação do conceito de Insumo para efeitos de tomada de créditos de pis e de cofins O conceito de insumo para fins de crédito de PIS e de COFINS não pode ser restrito ao que está estabelecido nas Instruções Normativas da SRF, devendo ser entendido como todos os custos diretos e indiretos incorridos, abrangendo, inclusive, outras despesas tidas como essenciais para o desenvolvimento da atividade empresarial. 2. Da glosa indevida de créditos relativos à aquisição de produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários, tributados à alíquota zero A aquisição dos produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários tributados à alíquota zero gera, sim, créditos de PIS e de COFINS, uma vez que tais insumos foram previamente sujeitos a incidência em cascata dos tributos, nas etapas anteriores da circulação. Podese considerar que não há de fato uma alíquota zero, mas, sim, uma antecipação do pagamento das contribuições, um desvio de finalidade do modelo de tributação que fora concebido para esses tributos, porquanto se tributará valor além do agregado, caso a glosa de tais créditos seja mantida. Fl. 235DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 5 4 3. Da glosa indevida de créditos relativos a despesas com frete e com armazenagem de insumos importados A apropriação creditória referente aos dispêndios com frete e com armazenagem dão direito a crédito per se, sem que seja necessário vinculálos à importação. o simples desembolso de valores, a esse título, permite a tomada de créditos, como técnica de realização da não cumulatividade das contribuições em foco. Há muitas decisões administrativas que entendem pela possibilidade de tomada de crédito das despesas de frete, conforme se verifica nas ementas transcritas. No que tange às despesas com armazenagem, é plenamente possível a tomada de crédito de PIS e COFINS, conforme o julgado firmado pelo e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região na Apelação Cível n° 0029040 40.2008.404.7100/RS Relator : Des. Federal Joel Ilan Paciornik. A própria Receita Federal do Brasil já assegurou, em Resposta a Consulta Fiscal, que a apropriação de créditos calculados sobre expensas com frete e com armazenagem é válida per se, desde que comprovados tais dispêndios. A incidência ou não das contribuições sobre as operações de entrada e de saída, assim como a inclusão destes custos na base de cálculo dos tributos, é completamente irrelevante. Não fosse assim, não se permitiria o creditamento nos casos em que a tributação é monofásica, conforme Solução de Consulta nº 323, de 19 de Dezembro de 2012. 4. Da glosa indevida de créditos na aquisição de pallets A recorrente adquire pallets de madeira, do tipo "One Way", que são utilizados como materiais de embalagem para possibilitar as vendas, principalmente as exportações de seus produtos, sendo certo que não os recebe em retorno. Portanto, tais pallets não são contabilizados no ativo da recorrente. Em tal cenário, esses pallets compõem o custo de fabricação e comercialização dos produtos exportados, configurando insumo essencial a estas atividades. É completamente irrelevante o fato de o pallet não compor a compleição final das mercadorias, mormente porquanto tal critério não está posto por qualquer lei, quer complementar, quer ordinária. 5. Da glosa indevida de créditos sobre os pagamentos de comissões de compra As comissões compõem o custo de compra das mercadorias, de maneira a integrar a base de cálculo do creditamento correlato ao insumo. Os artigos 3º, § 1º, inciso I das Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003 são claros ao dispor que "o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2° desta Lei sobre o valor dos itens mencionados no inciso II do caput, adquiridos no mês". Dizer em sentido contrário corresponderia a mitigar a nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, diferenciando parcelas de composição do custo de aquisição que a lei não quis segregar. 6. Da glosa indevida de créditos sobre despesas de energia térmica, por falta de previsão legal A tomada de crédito de PIS e de COFINS calculados em relação a despesas com energia térmica está elencada nos artigos 3o, incisos III, das Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003. A corroborar com o dispositivo legal há a Solução de Consulta n° 61, de março de 2013. 7. Da busca da verdade material no processo administrativo tributário Os documentos que instruem a manifestação de inconformidade, bem como os julgados e soluções de consultas transcritos, atestam, de maneira clara e inequívoca, a possibilidade de tomada dos créditos de PIS e COFINS oriundos das despesas com armazenamento e frete das Fl. 236DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 6 5 mercadorias importadas pela ora recorrente, bem como da aquisição de pallets de madeira, utilizado como material de embalagem para possibilitar as exportações de seus produtos industrializados. Em atenção ao princípio da verdade material, tem a autoridade administrativa o dever de apurar a verdade dos fatos, que, neste caso, é a possibilidade de tomada de créditos de PIS e COFINS em nome da recorrente e, por conseguinte, a realização do ressarcimento da forma correta. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.008, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 13888.907915/201112, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402004.008): "Atendidos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Cotejandose o conteúdo da manifestação de inconformidade com o do recurso voluntário, verificase que a recorrente inova neste último relativamente a várias matérias. Na manifestação de inconformidade, além das alegações de ordem genérica acerca do conceito de insumos para fins de creditamento das contribuições e do princípio da verdade material, a manifestante somente tinha contestado as glosas referentes às: i) despesas de frete e armazenagem de insumos importados após o desembaraço aduaneiro e ii) aquisições de paletes. Posteriormente, no recurso voluntário, a recorrente traz outras alegações de defesa e contesta expressamente todas as glosas efetuadas pela fiscalização, conforme tópicos do Relatório acima. A possibilidade de conhecimento e apreciação de novas alegações e novos documentos deve ser avaliada à luz das normas que regem o Processo Administrativo Fiscal Decreto n.º 70.235/72, o qual dispõe: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 7 6 (...) Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n.º 9.532, de 1997). Assim, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72, acima transcritos, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada a manifestação de inconformidade ou impugnação contendo as matérias expressamente contestadas, de forma que são os argumentos submetidos à primeira instância que determinam os limites do litígio, não se devendo conhecer de inovação recursal. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF circunscrevese ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial”, de forma que não se aprecia a matéria não impugnada ou não recorrida. Nesse sentido, tem este CARF decidido por não conhecer de matéria que não tenha sido objeto de litígio no julgamento de primeira instância, como nas ementas que ora se transcreve: Acórdão nº 9303004.566 – 3ª Turma /CSRF Sessão de 08 de dezembro de 2016 Relator: Demes Brito Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/1998 a 31/12/2003 Fl. 238DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 8 7 PRECLUSÃO. JULGAMENTO PELO COLEGIADO DE SEGUNDA INSTÂNCIA DE MATÉRIA NÃO SUSCITADA PELO SUJEITO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE. O julgamento da causa é limitado pelo pedido, devendo haver perfeita correspondência entre o postulado pela parte e a decisão, não podendo o julgador afastarse do que lhe foi pleiteado, sob pena de vulnerar a imparcialidade e a isenção, conforme teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerase não impugnada a matéria não deduzida expressamente no recurso inaugural, o que, por consequência, redunda na preclusão do direito de fazêlo em outra oportunidade. (...) Acórdão 3301002.475 – CARF 3º Seção/3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator: Sidney Eduardo Stahl, j. 11/11/ 2014 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Ano calendário: 2006, 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O contencioso administrativo instaurase com a impugnação, que deve ser expressa, considerandose não impugnada a matéria que não tenha sido diretamente contestada pelo impugnante. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. Não se conhece do recurso quando este pretende alargar os limites do litígio já consolidado, sendo defeso ao contribuinte tratar de matéria não discutida na impugnação. (...) Assim, não conheço das inovações recursais trazidas no recurso voluntário sob os seguintes tópicos: 2. Da glosa indevida de créditos relativos à aquisição de produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários, tributados à alíquota zero; 5. Da glosa indevida de créditos sobre os pagamentos de comissões de compra; e 6. Da glosa indevida de créditos sobre despesas de energia térmica, por falta de previsão legal. Passase a analisar somente a matéria do recurso voluntário que esteja contida na lide delimitada pela manifestação de inconformidade. "Da interpretação do conceito de Insumo para efeitos de tomada de créditos de pis e de cofins" Este Conselho Administrativo não tem adotado, para fins de aproveitamento de créditos do PIS/Pasep e da Cofins, a Fl. 239DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 9 8 interpretação restrita de insumos veiculada pelas Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004, e nem tão amplo, de acordo com a legislação do Imposto de Renda. Filiome ao entendimento que tem aceitado os créditos de PIS/Cofins relativos a bens e serviços utilizados como insumos que são pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, considerando como parâmetro o custo de produção naquilo que não seja conflitante com o disposto nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, conforme conceito de insumo delineado no Voto do Conselheiro Antonio Carlos Atulim no Acórdão nº 3403002.816– 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, de 27 de fevereiro de 2014, abaixo transcrito: (...) Já no regime não cumulativo das contribuições ao PIS e à Cofins, o crédito é calculado, em regra, sobre os gastos e despesas incorridos no mês, em relação aos quais deve ser aplicada a mesma alíquota que incidiu sobre o faturamento para apurar a contribuição devida (art. 3º, § 1º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04). E os eventos que dão direito à apuração do crédito estão exaustivamente citados no art. 3º e seus incisos, onde se nota claramente que houve uma ampliação do número de eventos que dão direito ao crédito em relação ao direito previsto na legislação do IPI. Essa distinção entre os regimes jurídicos dos créditos de IPI e das contribuições não cumulativas permite vislumbrar que no IPI o direito de crédito está vinculado de forma imediata e direta ao produto industrializado, enquanto que no âmbito das contribuições está relacionado ao processo produtivo, ou seja, à fonte de produção da riqueza. Assim, a diferença entre os contextos da legislação do IPI e da legislação das contribuições, aliada à ampliação do rol dos eventos que ensejam o crédito pelas Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, demonstra a impropriedade da pretensão fiscal de adotar para o vocábulo “insumo” o mesmo conceito de “produto intermediário” vigente no âmbito do IPI. Contudo, tal ampliação do significado de “insumo”, implícito na redação do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, não autoriza a inclusão de todos os custos e despesas operacionais a que alude a legislação do Imposto de Renda, pois no rol de despesas operacionais existem gastos que não estão diretamente relacionados ao processo produtivo da empresa. Se a intenção do legislador fosse atribuir o direito de calcular o crédito das contribuições não cumulativas em relação a todas despesas operacionais, seriam desnecessários os dez incisos do art. 3º, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, onde foram enumerados de forma exaustiva os eventos que dão direito ao cálculo do crédito. Portanto, no âmbito do regime não cumulativo das contribuições, o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os Fl. 240DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 10 9 “bens” e “serviços” que, não sendo expressamente vedados pela lei, forem essenciais ao processo produtivo para que se obtenha o bem ou o serviço desejado. Na busca de um conceito adequado para o vocábulo insumo, no âmbito das contribuições não cumulativas, a tendência da jurisprudência no CARF caminha no sentido de considerar o conceito de insumo coincidente com conceito de custo de produção, pois além de vários dos itens descritos no art. 3º da Lei nº 10.833/04 integrarem o custo de produção, esse critério oferece segurança jurídica tanto ao fisco quanto aos contribuintes, por estar expressamente previsto no artigo 290 do Regulamento do Imposto de Renda. Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2002, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produção) e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/991. Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas. (...) ... "Da glosa indevida de créditos na aquisição de pallets" Acerca das glosas relativas aos paletes de madeira do tipo "One Way", entendo que elas devem ser revertidas, acompanhando o voto do Ilustre Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, proferido em face da recorrente no processo nº 13878.000213/200587 (Acórdão nº 3402002.826– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão de 25 de janeiro de 2016, conforme extrato abaixo: (...) A decisão recorrida, como se vê, foi além do conceito restrito de insumo das Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004. Aplicando diretamente as disposições do Regulamento do IPI (Decreto nº 4.544/2002), restringiu o direito ao crédito apenas às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. Tratase, porém, de interpretação que não tem respaldo na legislação, à medida que a IN SRF nº 247/2002, não opera com a distinção adotada pela decisão recorrida: (...) 1 Art. 301. O custo de aquisição de bens do ativo permanente não poderá ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a trezentos e vinte e seis reais e sessenta e um centavos, ou prazo de vida útil que não ultrapasse um ano (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, Lei nº 8.218, de 1991, art. 20, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). Fl. 241DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 11 10 E mais. Neste caso, entendo que tratase, assim, diferentemente dos casos em que ocorre especificamente para a etapa de transporte, e sim de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que afasta o seu enquadramento com bem do ativo imobilizado, pois são descartáveis. A recorrente fabrica e exporta seus produtos, que notoriamente são sensíveis e facilmente afetados por situações cotidianas, como por exemplo contatos físicos com outros produtos, deterioração por contatos de produtos naturais, como água, umidade, produtos químicos, etc. No presente caso, verificase que a paletização que envolve o acondicionamento (pallet, papelão e os filmes strech) não é realizada apenas para fins de transporte, mas para a própria estocagem no estabelecimento industrial. Isso porque, devido ao tamanho reduzido das embalagens individuais, não há como estocar o produto na fábrica sem a sua paletização. Do contrário, haveria o desmoronamento das pilhas de armazenagem, por exemplo. Ademais, a paletização, além de indispensável à estocagem e ao transporte da mercadoria, constitui exigência de normas de controle sanitário na área de alimentos. Com efeito, de acordo com a Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) nº 326, de 30 de julho de 1997, que aprova o Regulamento Técnico; “Condições Higiênicos Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”: “5.3.10 Os insumos, matérias primas e produtos terminados devem estar localizados sobre estrados e separados das paredes para permitir a correta higienização do local.” “8.8 – Armazenamento e transporte de matérias primas e produtos acabados: 8.8.1 – As matéria primas e produtos acabados devem ser armazenados e transportados segundo as boas práticas respectivas de forma a impedir a contaminação e/ou a proliferação de microorganismos e que protejam contra a alteração ou danos ao recipiente ou embalagem. Durante o armazenamento deve ser exercida uma inspeção periódica dos produtos acabados, a fim de que somente sejam expedidos alimentos aptos para o consumo humano e sejam cumpridas as especificações de rótulo quanto as condições e transporte, quando existam.” (g.n.) A paletização, portanto, atende exigência de acondicionamento dos produtos acabados em estrados (item 5.3.10), de forma a impedir a contaminação do produto e a ocorrência de alteração ou danos ao recipiente ou embalagem (item 8.8.1), nos termos previstos na Portaria SVS/MS nº 326/1997. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 12 11 Tratase, assim, diferentemente dos casos em que ocorre especificamente para a etapa de transporte, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que decorre de exigências sanitárias. Foi informado ainda pela recorrente que o pallet têm natureza one way (sem retorno), o que afasta o seu enquadramento com bem do ativo imobilizado. (...) "Da busca da verdade material no processo administrativo tributário" Por fim, a invocação do princípio da verdade material em nada auxilia a recorrente no presente processo, eis que não há aqui controvérsia sobre matérias de fato, mas tão somente divergências quanto à qualificação jurídica dos fatos. Assim, em face do exposto, voto no sentido de não conhecer o recurso voluntário no que concerne às inovações recursais (alíquota zero, comissões de compra e energia térmica) e, na parte conhecida, darlhe provimento parcial para reverter as glosas relativas às aquisições de paletes "one way". (...)2 "Da glosa indevida de créditos relativos a despesas com frete e com armazenagem de insumos importados" 1. Com a devida vênia, ousei divergir da douta relatora do caso apenas em relação ao creditamento nas operações de frete e armazenamento, haja vista as razões que passo a expor 2. Convém destacar que, segundo o que restou apurado nos autos, a fiscalização e o contribuinte convergem em relação ao fato de que os dispêndios em questão (frete e armazenamento) foram arcados pela Recorrente, configurando, pois, custo em relação à tomada de tais serviços. Em suma, a recorrente e a fiscalização admitem que os dispêndios citados são formalmente custeados pela recorrente, o que torna este fato inconteste. 3. A discussão, todavia, gravita em torno do fato da fiscalização ter partido da premissa que tais dispêndios não dariam direito a crédito, uma vez que o insumo transportado/armazenado não estaria sujeito à incidência da COFINS. Por outro giro verbal, o que a fiscalização sustenta, indevidamente, é que o crédito de frete e de armazenamento deve seguir a mesma sistemática de creditamento do bem transportado, como se houvesse uma relação de subsidiariedade entre tais créditos. 2 Não foi transcrita a parte do voto da relatora do paradigma que tratou do direito de crédito relativo a despesas com frete e com armazenagem, por ser entendimento que restou vencido na votação, e por constar, na íntegra, do acórdão do processo paradigma. Transcreveuse, tãosomente, o entendimento que prevalesceu sobre a questão. Fl. 243DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 13 12 4. Tal entendimento, todavia, é indevido. A apuração dos créditos em tela não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado/armazenado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão, até que porque não haveria qualquer sentido nisso, já que o frete e o armazenamento sofreram a incidência integral da contribuição e, por isso, não podem ser comparados ao procedimento aplicável ao bem transportado/armazenado. Não se comparam elementos distintos por absoluta impropriedade de meio e inconsistência de conclusão. 5. Logo, uma vez provado que o frete e o armazenamento configuram custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. Inclusive, é assim que tem decidido este Tribunal administrativo, consoante se observa das ementas abaixo transcritas: Ementa ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2009 (...). CRÉDITO. FRETE DE INSUMOS. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. É permitido ao contribuinte tomar crédito do custo do transporte de insumos quando ainda em fase de produção. Neste diapasão, uma vez que o frete em si é tributado pelas contribuições, ainda que os objetos transportados se refiram a insumos que não sofreram a incidência do PIS e COFINS, o custo do serviço gera direito a crédito. (...). Recurso Voluntário Provido em Parte. (CARF; Acórdão n. 3302002.780; 2a T. da 3a Câmara da 3a Seção; j. em 11/12/2014). Ementa Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 (...). CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. Tratandose de frete tributado pelas contribuições, ainda que se refiram a insumos adquiridos que não sofreram a incidência, o custo do serviço gera direito a crédito. (...). Fl. 244DF CARF MF Processo nº 13888.907921/201170 Acórdão n.º 3402004.017 S3C4T2 Fl. 14 13 (CARF; Acórdão n. 3302001.916; 2a T. da 3a Câmara da 3a Seção; j. em 29/01/2013) 6. Neste sentido, inclusive, é o recentíssimo julgado desta turma julgadora, conforme se observa da seguinte ementa: Ementa Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 (...). FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE. CRÉDITO VÁLIDO INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE CRÉDITO DO BEM TRANSPORTADO. A apuração do crédito de frete não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão. Uma vez provado que o frete configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. Recurso voluntário parcialmente provido. Direito creditório reconhecido em parte. (Acórdão n. 3402003.968; sessão de 28 março de 2017). 7. Assim, com base em tais fundamentos reconheço como válidos os créditos de frete e armazenamento vindicados pela recorrente, motivo pelo qual, na parte reconhecida, dou integral provimento ao recurso voluntário interposto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço parcialmente do recurso voluntário, e na parte conhecida, dou integral provimento. assinado digitalmente Antônio Carlos Atulim Fl. 245DF CARF MF
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Numero do processo: 12571.000217/2009-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
PIS/COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
Somente geram direito a crédito de PIS/COFINS, na condição de insumos, os gastos com itens - bens ou serviços - utilizados na produção de outros bens ou na prestação de serviços. Nesse conceito, pois, não se incluem itens consumidos previamente ao início do processo produtivo ou a ele posteriores.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-005.013
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CONCEITO DE INSUMO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado DITZEL & SANCHES LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 PIS/COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. Somente geram direito a crédito de PIS/COFINS, na condição de insumos, os gastos com itens bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou na prestação de serviços. Nesse conceito, pois, não se incluem itens consumidos previamente ao início do processo produtivo ou a ele posteriores. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 57 1. 00 02 17 /2 00 9- 71 Fl. 427DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803002.903, que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao Recurso Voluntário, consignando a seguinte ementa: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Os gastos com combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos da sociedade e as despesas com manutenção de veículos da frota própria, empregados no processo produtivo ensejam o creditamento da Contribuição Social não cumulativa. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO Os encargos de depreciação sobre semireboque, peças para caminhão e outros relacionados, incorporados ao ativo imobilizado, e empregados no processo produtivo, adquiridos depois de 30/04/2004, ensejam direito a crédito. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, trazendo que: · Para efeito de crédito do tributo, a legislação esclarece que se incluem no conceito de insumo, além das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, itens que se incorporam ao bem produzido, os bens que, embora não se integrando ao novo produto, sejam consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto, salvo se compreendidos no ativo permanente; · No caso concreto, os insumos glosados pela autoridade fiscal, embora não sejam bens do ativo permanente e tenham tido alguma relação com o processo industrial, não tiveram contato físico direto, nem exerceram diretamente ação no produto industrializado, não se enquadrando, portanto, na condição de insumo para o aproveitamento do crédito da contribuição. Fl. 428DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 4 3 Mediante Despacho do Presidente da Terceira Câmara da Terceira Seção do CARF, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões ao recurso foram apresentadas pelo sujeito passivo, que trouxe, entre outros argumentos: · Que deve ser mantido o entendimento do colegiado do acórdão recorrido, eis que proveu o recurso voluntário para admitir a inclusão dos custos referentes aos gastos com combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos da empresa e às despesas com manutenção de veículos da frota própria, fundamentando que para a caracterização do bem ou serviço como insumo, é suficiente o seu emprego no processo de produção, ainda que não haja contato direto com o produto em fabricação; · Os combustíveis e lubrificantes utilizados, seja no transporte dos produtos destinados à venda, seja no transporte da matériaprima utilizada em seu processo produtivo, geram direito a crédito, já que atendem aos critérios de pertinência e essencialidade; · As despesas com bens e serviços de manutenção de veículos utilizados no transporte de produtos destinados à venda e de matériaprima geram direito a crédito, haja vista que tais bens, ainda que indiretamente, são aplicados no processo produtivo. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.003, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 12571.000207/200935, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303005.003): Da Admissibilidade "O Recurso Especial é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade do recurso interposto pela Fazenda Nacional, eis que, confrontando os conceitos de “insumo” empregados pelos arestos envolvidos é irrefragável a confirmação do dissídio jurisprudencial. Quanto às Contrarrazões apresentadas, devem ser consideradas, eis que tempestivas." Fl. 429DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 5 4 Do Mérito "Designoume a Presidência para a redação do acórdão já que a proposta da relatora, de negar provimento ao recurso da Fazenda, não restou acolhida. Frisese, desde logo, que a decisão combatida já aplicou entendimento de que as Instruções Normativas da SRF, ao equipararem o conceito de insumo para fins das contribuições ao do IPI o restringiram em excesso. Sendo sua aplicação, porém, o objeto do recurso da Fazenda Nacional, natural começar pelos motivos que me levam a rejeitar tal exigência, uma vez que, embora nisso não divirja da i. relatora, essa rejeição, para mim, leva a diferente conclusão. É que, acredito já seja de conhecimento amplo, também não adiro à tese de que o conceito de insumos que permitem a tomada de créditos, nos termos do art. 3º da Lei 10.637, para o PIS e do art. 3º da Lei 10.833, para a COFINS, seja tão restrito quanto o pretendido por elas. Mas apenas rejeitar o critério da IN SRF também não nos leva muito longe. Parece igualmente óbvio que permitir a inclusão de toda e qualquer despesa, desde que aceita pela legislação do IRPJ, tampouco está em conformidade com o texto legal, que tanto se esmerou em enunciar as hipóteses ensejadoras. Por isso, para avançar na fixação de um critério para tal conceito que seja suficientemente flexível para permitir a análise de qualquer item, fixeime na expressão legal "bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviço e na produção ou fabricação..."1. Dessa expressão, algumas conclusões se impõem de plano; a) os beneficiários do crédito podem ser fabricantes, mas também "produtores", e mesmo prestadores de serviço; b) um serviço pode se enquadrar como tal, e mesmo que "utilizado na prestação de serviço". Essas observações preliminares já são suficientes para rejeitar a pretensão de utilizar o critério há muito aceito para o IPI: que o bem candidato a gerador de crédito entre em contato físico com o bem que está sendo industrializado. Por óbvio, ela não se aplica nem à "prestação de serviço", nem a um serviço como insumo. Mas uma atenta leitura do §4º do art. 8º da IN 4042 deixa igualmente claro que a SRF não o pretendeu aplicar aos serviços em qualquer das 1 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes; 2 § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; Fl. 430DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 6 5 "pontas". Pretende fazêlo, porém, sempre que se estiver cuidando de "produção ou fabricação", aparentemente tomando as duas expressões como sinônimas. E é aí, a meu ver, que começam os problemas. Por primeiro, não me parece que o legislador da 10.833 (assim como o da 10.637) tenha buscado equiparar as expressões, atento que estava à possibilidade de que a "produção" ensejadora de crédito no âmbito das contribuições não corresponda a uma efetiva industrialização nos termos do IPI. Como é cediço, fora daquele contexto produção pode se referir, e no mais das vezes se refere, a um conjunto de atividades bem maior, que inclui, entre outras, a atividade agropecuária, bem como a agroindustrial. Ainda assim, como em todos os casos há um produto físico gerado ao final de um processo produtivo, pareceria, em princípio, razoável a adoção daquele critério mesmo quando de industrialização em sentido estrito não se tratasse. O problema, entretanto, é que o critério do Parecer Normativo CST 65/79 destinase a definir o que se poderia enquadrar no conceito de "produto intermediário" apenas referido mas não definido no art. 25 da Lei 4.502/643 . Ou seja, ele não é destinado à definição do que seja insumo, mas do que seja produto intermediário, ou mais precisamente, de qual seria o critério para considerar um bem como consumido no processo produtivo. Sobre esse ponto, peço licença para reproduzir considerações que expendi em julgamento realizado ainda no antigo Conselho de Contribuintes, no já distante ano de 20084: Como se disse no relatório, o contribuinte recorre de decisão que lhe negou o ressarcimento de saldo credor originado no registro de créditos de IPI em relação às aquisições de energia elétrica, produto considerado pelo IPI como nãotributado. Entende possível incluir a energia elétrica consumida no processo produtivo entre os “produtos que, embora não se integrando ao produto final, são consumidos no processo produtivo, desde que não compreendidos entre os bens do Ativo Permanente”, consoante redação do art. 147 do Regulamento do IPI baixado pelo Decreto 2.637/98 (atual art. 164 do Regulamento baixado em 2002). A SRF considera, com base no Parecer Normativo CST nº 65/79, entre outros, que não, visto não ter contato físico com o produto em elaboração. Para mim, a decisão recorrida não merece reparos. É que, embora lastreada na orientação do Parecer Normativo, a que está vinculada, e com a qual não concordo inteiramente, o que fez foi dar correta aplicação ao princípio da nãocumulatividade. Para melhor 3 Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a MP, PI e ME , adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; 4 Julgamento do recurso voluntário nº 147.752, no Processo 10830.000989/200474, sessão de agosto de 2008 Fl. 431DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 7 6 compreensão, necessário um registro, ainda que breve, da evolução legislativa da matéria. Como se sabe, a Lei nº 4.502/64, foi a última a regular o extinto Imposto Sobre o Consumo instituído pelo Decretolei nº 7.404/45 e transformado no IPI. Na evolução legislativa daquele imposto é que se vai encontrar pela primeira vez tentativa de aplicação do princípio de tributação sobre o valor agregado. Tratase, como é de sabença geral, da disposição do art. 213 da Lei nº 3.520/58: Art. 213 ... 2º Os fabricantes pagarão o impôsto com base nas vendas de mercadorias tributadas, apuradas quinzenalmente, deduzido, no mesmo período o valor do impôsto relativo às matérias primas e outros produtos adquiridos a fabricantes ou importadores ou importados diretamente, para emprêgo na fabricação e acondicionamento de artigos ou produtos tributados; Após ser regulamentada pelo Decreto 45.422/59, essa lei foi alterada pela de nº 4.153, já em 1962, na qual se promoveu grande ampliação do instituto. Vejamos: Art. 34. O artigo 148 do atual Regulamento do Imposto de Consumo aprovado pelo Decreto nº 45.422, passa a vigorar com as seguintes alterações: a) As palavra As palavras "nas vendas de mercadorias tributadas" são substituídas pelas seguintes: "nas entregas a consumo de mercadorias tributadas"; b) Para os fins do art. 148, entendemse como adquiridos para emprêgo na fabricação e acondicionamento de artigos ou produtos tributados: na fabricação as matérias primas ou artigos e produtos secundários ou intermediários que, integrando o produto final ou sendo consumidos total ou parcialmente no processo de sua fabricação, sejam utilizados na sua composição, elaboração, preparo, obtenção e confecção, inclusive na fase de aprêsto e acabamento. Portanto, além das matérias primas, davam direito de abatimento do valor devido as aquisições dos chamados produtos secundários e intermediários. Na busca de distinção entre eles, confirmouse a definição mais ou menos consensual de que produtos intermediários são os que partilham com as matérias primas o caráter de se integrarem fisicamente aos produtos fabricados, delas diferindo apenas pelo fato de já serem produtos prontos, passíveis, assim, de utilização adicional. Já os produtos secundários é que consistiam naqueles que, embora não se integrando ao produto final, fossem consumidos, total ou parcialmente, no processo de fabricação. Ocorre que a Lei nº 4.502/64 suprimiu a referência a produtos secundários como possibilitadores de dedução do IPI devido pelas saídas. Confiramse os artigos da Lei 4.502 que cuidaram da matéria: Fl. 432DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 8 7 Art. 25. Para efeito do recolhimento, na forma do art. 27, será deduzido do valor resultante do cálculo. I o impôsto relativo às matériasprimas produtos intermediários e embalagens, adquiridos ou recebidos para emprêgo na industrialização e no acondicionamento de produtos tributados; II o impôsto pago por ocasião do despacho de produtos de procedência estrangeira ou da remessa de produtos nacionais ou estrangeiras para estabelecimentos revendedores ou depositários. Art. 27. A importância a recolher será: I no caso do inciso I do artigo anterior a resultante do cálculo do impôsto; II No caso do inciso II a necessária à manutenção de saldo suficiente para cobertura do impôsto devido pela saída dos produtos; III no caso do inciso III a resultante do cálculo do impôsto relativo aos produtos saídos do estabelecimento produtor na quinzena anterior, deduzida: a) do valor do impôsto relativo as matérias primas, produtos intermediários e embalagens, adquiridos no mesmo período, quando se tratar de estabelecimento industrial; b) do valor do impôsto pago por ocasião do despacho ou da remessa, quando se tratar de estabelecimento importador, arrematante ou revendedor, considerados, para efeito da apuração, os capítulos de classificação dos produtos. § 1º Será excluído do crédito o impôsto relativo às matérias primas, produtos intermediários e embalagens que forem objeto de revenda ou que forem empregados na industrialização ou no acondicionamento de produtos isentos e não tributados. § 2º O devedor remisso, sujeito ao recolhimento antecipado, utilizar seá do crédito de impôsto, mediante adição ao seu saldo. § 3º O impôsto relativo às matériasprimas, produtos intermediários e embalagens, adquiridos a revendedores não contribuintes, será calculado, para efeito de crédito mediante aplicação da alíquota a que estiver sujeito o produto sôbre 50% (cinqüenta por cento) do seu valor constante da nota fiscal. § 4º Em qualquer hipótese, o direito ao crédito do impôsto será condicionado às exigências de escrituração estabelecidas nesta lei e em seu regulamento, e, quando não exercido na época própria, só poderá sêlo, cumprida a formalidade do inciso I do art. 76 ou quando o seu valor fôr incluído em reconstituição de escrita, efetuada pela fiscalização. § 5º Quando ocorrer saldo credor numa quinzena, será êle transportado para a quinzena seguinte, sem prejuízo da obrigação do contribuinte apresentar ao órgão arrecadador, dentro do prazo legal previsto para o recolhimento, a guia demonstrativa dêsse saldo. Fl. 433DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 9 8 Ainda assim, o primeiro regulamento do IPI já editado após a Lei 4.502 – Decreto 56.791/65 – ao “regulamentar” o dispositivo acima, estabeleceu: Art. 27. Para efeito do recolhimento, será deduzido do valor resultante do cálculo, na forma do art. 29: I o impôsto relativo às matériasprimas, produtos intermediários e embalagens, adquiridos ou recebidos para emprêgo na industrialização e no acondicionamento de produtos tributados, compreendidos, entre os primeiros, aquêles que, embora não se integrando no nôvo produto, são consumidos no processo de industrialização; Ou seja, mantevese a possibilidade de dedução do imposto pago sobre os produtos secundários, agora “apelidados” de produtos intermediários. Ainda mais, sua redação irrestrita parece permitir que aí se incluíssem mesmo os produtos para uso e consumo e os constituintes de máquinas e equipamentos, visto que nem mesmo quanto a estes houve qualquer restrição. Tal largueza de conceitos, porém, não vinha sendo aceita pelo Fisco, o que suscitou diversos questionamentos ao Poder Judiciário quanto à abrangência do conceito de produtos intermediários. Em diversos julgados proferidos, a partir de 1966, no âmbito do STF (RMS 19.625GB, julgado em 20/6/1966, relator Ministro Victor Gomes; Recurso Extraordinário 18.661PE, julgado pelo Pleno em 16/10/1968 sob relatoria do Ministro Aliomar Baleeiro), firmouse o entendimento de que a expressão poderia sim englobar produtos que fossem apenas consumidos no processo industrial, desde que cumpridos, porém, dois requisitos primordiais: que os produtos consumidos fossem essenciais e específicos à fabricação em questão (vide votos condutores das decisões mencionadas). Pelo primeiro, requerse que o processo produtivo não se possa completar na ausência daquele “produto intermediário”; pelo segundo, que não sejam eles de uso comum, indiscriminado a todo e qualquer processo industrial. Destarte, o primeiro requisito determinava a exclusão, entre outros, da energia elétrica usada para iluminação, ainda que do ambiente onde se realizasse a produção, que poderia perfeitamente prosseguir sem a sua presença (salvo, talvez, situações muito específicas de ausência completa de iluminação natural).Também dos combustíveis empregados para acionamento de máquinas e equipamentos (em que também se pode utilizar a eletricidade). Pelo segundo, afastouse a aplicação ao desgaste de equipamentos físicos (depreciação de máquinas, equipamentos e instrumentos), componentes da estrutura física do estabelecimento, porque comuns a praticamente todo processo industrial. Tentando, ao meu ver, dar aplicação a essas restrições impostas pelo Judiciário é que o Regulamento seguinte, baixado pelo Decreto 70.163/72, acresceu a necessidade de que o consumo se desse de forma “imediata e integral”, bem como incluiu a restrição aos bens integrantes do ativo permanente. Fl. 434DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 10 9 Suscitou, porém, novos questionamentos judiciais (Recurso Extraordinário ao STF nº 79.601RS, de 1974, também relatado pelo Ministro Aliomar Baleeiro e, no extinto Tribunal Federal de Recursos, a Apelação Cível nº 44.781SP, de 1978, relatada pelo Ministro Carlos Velloso). Em ambos, ratificaram os Tribunais Superiores os critérios estabelecidos nos julgamentos anteriores, mesmo com a mudança de redação introduzida no Regulamento do Imposto. Daí, viuse o Poder Executivo instado a alterar novamente a redação dos decretos regulamentares posteriores, que deixaram de trazer a restrição quanto ao consumo imediato e integral. Essa ausência, então, suscitou a edição do mencionado Parecer Normativo nº 65/79, pela Coordenação do Sistema de Tributação da SRF, que vincula a possibilidade de crédito ao emprego sobre o produto em elaboração.Tratase de nova tentativa de dar aplicação aos critérios aceitos no Poder Judiciário5. Embora imprecisa, tal definição, a meu ver, atinge o cerne da discussão, ao menos para a grande maioria dos processos industriais. É que, salvo honrosas exceções que têm de ser comprovadas caso a 5 O que resulta claro nos itens 8 a 10 do citado Parecer Normativo: 8. No caso, entretanto, a própria exegese histórica da norma desmente esta acepção, de vez que a expressão "incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando no novo produto, forem consumidos no processo de industrialização" é justamente a única que consta de todos os dispositivos anteriores (inciso I do art. 27 do Decreto nº 56.791/65, inciso I do art. 30 do Decreto nº 61.514/67 e inciso I do art. 32 do Decreto nº 70.162/72), o que equivale a dizer que foi sempre em função dela que se fez a distinção entre os bens que, não sendo matériasprimas nem produtos intermediários stricto sensu, geram ou não direito ao crédito, isto é, segundo todos estes dispositivos, geravam o direito os produtos que, embora não se integrando no novo produto, fossem consumidos no processo de industrialização. 8.1. A norma constante do direito anterior (inciso I do art. 32 do Decreto nº 70.162/72), todavia, restringia o alcance do dispositivo, dispondo que o consumo do produto, para que se aperfeiçoasse o direito ao crédito, deveria se dar imediata e integralmente. 8.2. O dispositivo vigente (inciso I do art. 66 do RIPI/79), por sua vez, deixou de registrar tal restrição, acrescentando, a título de inovação, a parte final referente à contabilização no ativo permanente. 9. Como se vê, o que mudou não foi o critério, que continua sendo o do consumo do bem no processo industrial, mas a restrição a este. 10. Resumese, portanto, o problema na determinação do que se deva entender como produtos "que, embora não se integrando no novo produto, forem consumidos, no processo de industrialização", para efeito de reconhecimento ou não do direito ao crédito. 10.1. Como o texto fala em "incluindose entre as matériasprimas e os produtos intermediários", é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários stricto sensu, semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga a destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida. 10.2. A expressão "consumidos", sobretudo levandose em conta que as restrições "imediata e integralmente", constantes do dispositivo correspondente do Regulamento anterior, foram omitidas, há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo. 10.3. Passam, portanto, a fazer jus ao crédito, distintamente do que ocorria em face da norma anterior, as ferramentas manuais e as intermutáveis, bem como quaisquer outros bens que, não sendo partes nem peças de máquinas, independentemente de suas qualificações tecnológicas, se enquadrem no que ficou exposto na parte final do subitem 10.1 (se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida). Fl. 435DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 11 10 caso, não vemos, em princípio, como considerar essenciais e específicos ao processo artigos que sequer entrem em contato direto com o produto em elaboração. De todo modo, restringindose a discussão do presente feito, à energia elétrica, dúvida não tenho de que, de ordinário, ela não pode ser considerada produto intermediário mesmo nessa mais ampla acepção. Há, por certo, situações em que a energia elétrica cumpre aqueles requisitos: tratase daqueles processos que requerem a separação molecular, via eletrólise, para que o processo possa continuar. Presentes aí a essencialidade e a especificidade, mas também a aplicação sobre o produto em elaboração como requer o Parecer. Assim, não demonstrado nos presentes autos que a energia elétrica é empregada dessa forma, ou de alguma similar, não vejo como acatar sua inclusão no conceito de produtos intermediários, mesmo na mais ampla definição que a eles se deu nos últimos regulamentos do IPI. E isso bastaria à negativa de provimento do recurso do contribuinte. Mas, como disse, esse é apenas o primeiro dos requisitos, e a energia elétrica também não cumpre o segundo: não há IPI algum para gerar crédito. Deveras, a energia elétrica está fora do campo de incidência do imposto, merecendo na TIPI a expressão NT – de não tributado. É certo que há outra linha de questionamento judicial, esta mais recente, que diz respeito a essa necessidade de que tenha havido destaque de IPI na aquisição feita. Mas esses questionamentos, normalmente, a isso se resumem, sendo indiscutível o enquadramento do produto adquirido na condição de matéria prima ou produto intermediário. Por isso, o “quase ineditismo” deste recurso, a que fiz referência no relatório. Nele se discutem os dois requisitos. Com efeito, aqui se tem um produto que, segundo as disposições do Parecer Normativo, não é matéria prima, produto intermediário nem material de embalagem e que também não sofreu o gravame do imposto. E quanto a esse último aspecto, da forma mais importante, isto é, não está sequer no seu campo de incidência. Da leitura das leis instituidoras da nãocumulatividade das contribuições não chego à conclusão de que, para elas, também se precise demarcar o que significa "ser consumido no processo produtivo". Seja porque a expressão legal não é essa, como também porque não se está a definir produto intermediário, mas sim insumo. Já se vê daí que, com as escusas sempre necessárias, não tenho como partilhar a premissa de sua excia. o ministro Herman Benjamim, citado no voto do dr. Henrique. É que, a meu ver, a legislação do IPI não identifica o conjunto formado por matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem ao conceito de insumo. Para tanto, é óbvio, não basta dizer que aquele conjunto é insumo; é preciso, mais, dizer que só ele o é. Mas, longe disso, a este último não é dada qualquer definição formal naquela legislação, a começar pela Lei 4.502/64 em que sequer se encontra o vocábulo "insumos". Mesmo nos decretos regulamentares, o que se diz ou sempre se pode ler é que aquele conjunto é insumo; nada Fl. 436DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 12 11 há sobre a recíproca. Assim, pareceme, mesmo para o legislador do IPI, matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem formam um subconjunto do conjunto mais amplo dos insumos. Aliás, de não ser assim, desnecessárias seriam as diversas ressalvas a itens passíveis de enquadramento no conjunto maior. Especialmente, no artigo definidor dos créditos não se precisaria especificar que ele se restringe àquele subconjunto; bastaria autorizálo aos "insumos", que seria a mesma coisa. A consequência lógica dessa divergência é que não se precisa pensar em legisladores tributários distintos. Mesmo admitindo que o conceito de insumos deva ser uno para todos os efeitos tributários, nada há que impeça usarse o que proponho aqui: bem utilizado no processo produtivo e aí "consumido" ainda que não por um contato físico com o produto em elaboração. Mas é preciso demarcar bem quando começa o processo produtivo, pois, como já reiterou suficientemente a doutrina, não se está aqui limitado aos "produtores" no sentido do IPI, isto é, a lei não está a cuidar apenas de processos industriais, stricto sensu, embora seja aqui o caso. Destarte, quando o produto final gerado (e a ser vendido) depende de uma etapa prévia, ainda não exatamente industrial, mas que seja realizada pela mesma empresa, não vejo nenhuma incompatibilidade com a lei em considerar também integrante do processo essa etapa prévia, como ocorre em diversas cadeias produtivas, a exemplo da celulose, do álcool etc. Embora irrelevante para o presente caso, o critério genérico há de ser, portanto, o do início das operações que culminarão com a obtenção daquilo que gerará a receita da empresa, esta que será a base de cálculo da exação. E em se tratando aqui de uma simples operação industrial, parece fácil identificálo com o início das operações tipicamente industriais como o faz também a IN SRF. Assim, nesses casos de empreendimentos tipicamente industriais minha única divergência com o critério da IN SRF se prende à exigência de que os insumos tenham contato físico com o produto final, o que já excluiria, de plano, todos os serviços, mas não só. Por ele, também ficariam de fora todos os itens normalmente glosados no IPI embora participantes efetivos do processo, onde se desgastam, também sem controvérsia, mesmo sem ter "contato" com o produto em elaboração. De outra banda, não adiro à noção de essencialidade que é por muitos advogada. Como primeiro contraargumento, porque, preservada a premissa econômica de racionalidade do empresário, seria difícil encontrar algum item efetivamente empregado no processo, e portanto gerador de custo, sem que haja necessidade para tal, no mínimo, para que o produto final seja aceito pelo consumidor. De fato, esse critério apenas nos leva a uma nova dificuldade, qual seja, a delimitação do grau de necessidade do item em consideração: seria ela estritamente técnica ou também econômica, no sentido acima? A primeiro opção nos levaria a ter de nos embrenhar nas minúcias de cada processo produtivo; a segunda, a aceitar praticamente todo e qualquer gasto. Fl. 437DF CARF MF Processo nº 12571.000217/200971 Acórdão n.º 9303005.013 CSRFT3 Fl. 13 12 Em segundo lugar, porque há inúmeros itens, especialmente de serviços, que são "essenciais ao", mas não "utilizados no", processo produtivo. Além desse requisito, considero igualmente excluídos pela expressão "utilizados no processo produtivo" os bens que devem compor o ativo permanente, o que significa que, em meu entender, a legislação das contribuições preservou este específico óbice existente quanto ao IPI. E assim concluo porque, quanto a eles, a legislação permitiu a dedução da despesa de depreciação e desde que o bem ativado seja efetivamente empregado no processo produtivo o que inviabiliza a tomada de crédito sobre o valor integral da aquisição de uma só vez. Rejeitados, assim, os demais critérios, o da IN, o da essencialidade e o da apropriação de custos nos termos da legislação do IR, analiso cada item candidato a insumo sob o duplo ponto de vista: a) participa efetivamente do processo produtivo? b) aí se desgasta em menos de um ano, de modo a não ser ativado? Respostas afirmativas a ambas levamme a aceitálo. Passando, então, ao caso concreto, vêse que se debate a despesa com combustíveis e lubrificantes empregados em frota própria, que é utilizada para transportar a matéria prima e os produtos elaborados. Conforme se comprova da simples leitura da passagem transcrita, a lei apenas deferiu o creditamento com esses itens "quando utilizados como insumo na fabricação de produtos ou prestação de serviços". Necessário, pois, que elas se refiram a atividades que ocorram durante o processo produtivo, o que não se dá tanto no transporte de matérias primas a serem nele empregadas, nem com respeito a transporte de produtos finais dele decorrentes. O segundo item objeto de polêmica referese a bens utilizados na manutenção de tais veículos. A negativa tem o mesmo respaldo, ainda que aqui com mais intensidade, pois sequer estão eles mencionados em qualquer dos incisos do ato legal. Com efeito, o legislador apenas autorizou o creditamento, no que se relaciona aos bens do ativo permanente, quando se trate de depreciação. Não há, pois, tal direito em ambas as situações para os que, como este conselheiro, advogam a tese acima exposta. Com tais considerações, entendeu o colegiado descabido o creditamento deferido na decisão recorrida, e deu provimento ao recurso da Fazenda Nacional." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 438DF CARF MF
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