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Numero do processo: 10880.680946/2011-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
TRIBUTO RECOLHIDO FORA DO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA.
O instituto da denúncia espontânea, previsto no artigo 138 do Código Tributário Nacional, exclui a responsabilidade pela infração e impede a exigência de multa de mora. Para tanto, nos termos do REsp nº 1.149.022 (STJ), de observância obrigatória pelo CARF conforme o art. 62, §2º, do Anexo II ao seu RICARF, é necessário que o tributo devido seja pago, com os respectivos juros de mora, antes do início do procedimento fiscal e em momento anterior à entrega de DCTF, de GIA, de GFIP, entre outros.
Numero da decisão: 1201-002.225
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Bárbara Santos Guedes (suplente convocada em substituição à ausência do conselheiro Rafael Gasparello Lima) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. O instituto da denúncia espontânea, previsto no artigo 138 do Código Tributário Nacional, exclui a responsabilidade pela infração e impede a exigência de multa de mora. Para tanto, nos termos do REsp nº 1.149.022 (STJ), de observância obrigatória pelo CARF conforme o art. 62, §2º, do Anexo II ao seu RICARF, é necessário que o tributo devido seja pago, com os respectivos juros de mora, antes do início do procedimento fiscal e em momento anterior à entrega de DCTF, de GIA, de GFIP, entre outros. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Bárbara Santos Guedes (suplente convocada em substituição à ausência do conselheiro Rafael Gasparello Lima) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Rafael Gasparello Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 68 09 46 /2 01 1- 01 Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10880.680946/201101 Acórdão n.º 1201002.225 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a manifestação de inconformidade para indeferir o pedido de restituição. O crédito trazido no PER/DCOMP teria origem em pagamento indevido de multa moratória. Pelo Despacho Decisório, o crédito não foi reconhecido e a compensação não foi homologada em face de o crédito informado decorrer de "pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período". Protocolada a Manifestação de Inconformidade, foi julgada improcedente pelo seguinte fundamento: "A denúncia espontânea não resta caracterizada nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ). Conseqüentemente, a multa moratória não pode ser excluída.". Foi manejado o Recurso Voluntário em que é alegado, de forma resumida: "a) Originalmente os tributos foram informados em DCTF como compensados, e não como tributos em aberto; b) Realizada a compensação de um tributo e informado tal procedimento em DCTF, sua exigibilidade demandaria a realização de lançamento; c) Enquanto pendente de análise essa compensação não pode o Contribuinte ser considerado em mora, porque sequer tem o mesmo tributo exigível d) O posterior pagamento do tributo, enquanto pendente a análise de compensação anteriormente declarada em DCTF, não implica a ocorrência de mora por parte do Contribuinte; e) O pagamento antes de qualquer ato formal de lançamento é caracterizado como denúncia espontânea, afastando não apenas a multa punitiva, mas também a multa moratória." É o relatório. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10880.680946/201101 Acórdão n.º 1201002.225 S1C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201002.222, de 11/06/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10880.680945/2011 58, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201002.222): O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Assim, dele conheço. O crédito pleiteado pela Contribuinte se refere à multa moratória que ela entende indevida em função da denúncia espontânea. Efetivamente, este e.CARF já tem farta jurisprudência no sentido de que, em se tratando de denúncia espontânea, é suficiente o pagamento do principal e dos juros de mora, estando a Contribuinte dispensada do pagamento de multas, seja ela de ofício seja moratória. Senão: Acórdão CSRF nº 9101001.815, de 20/11/2013: DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO Entendese por denúncia espontânea aquela que é feita antes de a autoridade administrativa tomar conhecimento da infração, ou antes, do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionada com a infração denunciada. Se o contribuinte, espontaneamente e antes do início de qualquer procedimento fiscal relacionado com a infração, denuncia o ilícito cometido, efetuando, se for o caso, concomitantemente, o pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ficará excluído da responsabilidade pela infração à legislação tributária. Ou seja, não poderá ser dele exigida a multa de mora ou de ofício. Acontece que, como já ficou definido pelo STJ, a denúncia espontânea só se configura quando o pagamento ocorre antes da apresentação da Declaração constitutiva do crédito, tal como a DCTF no presente caso PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10880.680946/201101 Acórdão n.º 1201002.225 S1C2T1 Fl. 5 4 ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN (...) 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10880.680946/201101 Acórdão n.º 1201002.225 S1C2T1 Fl. 6 5 (REsp 1149022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010) ... TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. COBRANÇA DE DIFERENÇAS DE ICMS DECLARADO EM GIA E RECOLHIDO FORA DE PRAZO. CTN, ART. 166. INCIDÊNCIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INEXISTÊNCIA. AFASTAMENTO DA MULTA. SÚMULA 98/STJ. VERBA HONORÁRIA. ART. 21 DO CPC. SÚMULA 07/STJ. (...) 2. Apreciando a matéria em recurso sob o regime do art. 543C do CPC (REsp 886462/RS, Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 28/10/2008), a 1ª Seção do STJ reafirmou o entendimento segundo o qual (a) a apresentação de Guia de Informação e Apuração do ICMS ? GIA, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais ? DCTF, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco, e (b) se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido, nos termos da Súmula 360/STJ. (...) (REsp 1110550/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 04/05/2009) ... TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO COM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais ? DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS ? GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10880.680946/201101 Acórdão n.º 1201002.225 S1C2T1 Fl. 7 6 2. Recurso especial desprovido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 962.379/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/10/2008, DJe 28/10/2008) Nesse sentido, inclusive, o STJ já consolidou a Súmula nº 360: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Esse entendimento também deve ser repetido neste e.CARF, com base no mesmo art. 62, §2º, do Anexo II ao RICARF, como já se reconheceu nos seguintes precedentes: Acórdão CARF nº 3802001.587, de 27/02/2013: DENÚNCIA ESPONTÂNEA. TRIBUTO LANÇADO POR HOMOLOGAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A denúncia espontânea nos tributos lançados por homologação, sem prejuízo dos demais requisitos do art. 138 do Código Tributário Nacional, é caracterizada sempre que o pagamento ocorre antes da apresentação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (Dctf) ou declaração equivalente, e afasta a exigência da multa de mora. Essa interpretação foi consolidada pelo STJ nos Recursos Especiais nº 886.462/RS (Rel. Min. Teori Albino Zavascki. DJe 28/10/2008) e (RESP 1.149.022/SP. Rel. Min. Luiz Fux. DJe 24/06/2010), julgados no regime previsto no art. 543C do Código de Processo Civil. Interpretação vinculante nos termos do art. 62A do Regimento Interno do Carf. O ônus da prova de sua caraterização concreta cabe ao sujeito passivo. Portanto, se este não apresenta elementos suficientes para demonstrar a sua configuração, deve ser mantida a decisão recorrida. ... Acórdão CARF nº 2101001.957, de 20/11/2012: TRIBUTO RECOLHIDO A DESTEMPO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. O instituto da denúncia espontânea, previsto no artigo 138 do Código Tributário Nacional, exclui a responsabilidade pela infração e impede a exigência de multa de mora, quando o tributo devido for pago, com os respectivos juros de mora, antes do início do procedimento fiscal e em momento anterior à entrega de DCTF, de GIA, de GFIP, entre outros, circunstância não comprovada no presente feito. Por força do artigo 62A do RICARF, aplicase ao caso a decisão proferida pelo Egrégio STJ, sob o rito do recurso repetitivo, nos autos do REsp n° 1.149.022/SP. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10880.680946/201101 Acórdão n.º 1201002.225 S1C2T1 Fl. 8 7 Verificase, no caso concreto, que quando o recolhimento em atraso foi feito, o débito estava declarado na DCTF original. como está registrado no seguinte trecho do voto condutor da decisão de piso que trago a colação: Não tem proveito o argumento de que o pagamento do débito indevidamente compensado foi feito antes da retificação da DCTF. O débito pago já estava confessado na DCTF original. Lá já constava o mesmo valor de débito informado na retificadora. (...) O que mudou na DCTF retificadora foi o crédito vinculado ao débito confessado. A DCTF original continha informação inexata, pois aqui não se confirma a existência da compensação nela vinculada. Ainda que a versão da manifestação de inconformidade fosse verdadeira, os efeitos da compensação não homologada ou cancelada se desfazem desde sempre, como se viu anteriormente neste voto. Portanto, no caso, quando o recolhimento foi feito, o débito estava declarado e encontravase em aberto desde seu vencimento. A denúncia espontânea não resta caracterizada nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ). Conseqüentemente, a multa moratória não pode ser excluída. Nesse caminho, nos casos em que o pagamento foi efetuado após a transmissão da DCTF, em consonância com a jurisprudência do STJ e deste e.CARF, cabível a cobrança da multa moratória. Diante de todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendose o indeferimento do pedido de restituição." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 207DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.700214/2009-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
RECURSO VOLUNTÁRIO. CIÊNCIA PESSOAL. PRAZO. INOBSERVÂNCIA.
Tendo a interessada tomado ciência pessoal da decisão de piso, é desta data que deve ser contado o prazo para a interposição de recurso voluntário. Transcorrido, in albis, esse prazo, ele não pode ser reaberto por qualquer comunicação posterior.
Numero da decisão: 2201-004.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário em razão da sua intempestividade.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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score : 1.0
Numero do processo: 16327.721266/2013-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Aug 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
CUSTOS E DESPESAS NÃO COMPROVADOS. GLOSA.
Para que uma despesa decorrente de serviços prestados seja deduzida da base do IRPJ, deve ser comprovada com contratos, documentos fiscais, comprovantes de pagamento e, principalmente, com a demonstração efetividade do serviço prestado, devendo ainda ser necessária, normal e usual ao desenvolvimento da atividade da empresa. Se a empresa não comprovou sequer a efetividade dos serviços, correta a sua glosa.
RESERVA DE REAVALIAÇÃO. REALIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA.
Conforme consta no Decreto-lei nº 1.598/1977, com redação alterada pelo Decreto-lei nº 1.730/1979, a depreciação do bem reavaliado é hipótese de realização do bem, cabendo a tributação neste momento.
VENDA DE BEM DO ATIVO PERMANENTE. DIFERIMENTO DA TRIBUTAÇÃO DO GANHO. JUROS.
Se a empresa optou pelo diferimento da tributação do ganho decorrente de venda de bem do ativo permanente, os juros, também por fazerem parte do preço, deverão ser tributados na mesma medida da tributação do principal.
DESPESA DE DEPRECIAÇÃO. IMÓVEIS DESTINADOS À RENDA. GLOSA.
A despesa de depreciação não é dedutível da base de cálculo do IRPJ, a não ser que esteja intrinsecamente relacionada com a produção ou comercialização dos bens e serviços da empresa.
CSLL. REFLEXO.
Aplica-se indistintamente à CSLL o quanto deliberado em relação ao IRPJ, se a recorrente cingiu seu pedido tão somente na aplicação reflexa de um tributo ao outro.
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LANÇAMENTOS FISCAIS DE PERÍODOS DE APURAÇÃO ANTERIORES. ALTERAÇÃO DO SALDO A COMPENSAR.
O resultado do lançamento fiscal que resultou em lançamento de IRPJ e de CSLL de períodos anteriores deve ser refletido em período posterior para utilização de valores de compensação de prejuízo fiscal nos mesmos moldes daquele constante nos sistemas da RFB, que é alimentado pelo resultado da ação fiscal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. EXIGÊNCIA.
A liquidação extrajudicial não impede a exigência de multa de ofício e juros de mora. A previsão contida na legislação aplicável às empresas nessas condições deve ser avaliada somente pelo poder judiciário. Além disso, o art. 60 da Lei 9.430/96 dispõe que as entidades submetidas ao regime de liquidação extrajudicial estão sujeitas às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições da União aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Provimento negado.
MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO.
A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratando-se de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem.
Numero da decisão: 1401-002.647
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por maioria de votos, i) negar provimento ao recurso quanto à glosa das despesas de depreciação. Vencidos os Conselheiros Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva; ii) dar provimento ao recurso para exonerar a multa isolada até o limite da imputação da multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Cláudio de Andrade Camerano. Designada a Conselheira Livia De Carli Germano para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 CUSTOS E DESPESAS NÃO COMPROVADOS. GLOSA. Para que uma despesa decorrente de serviços prestados seja deduzida da base do IRPJ, deve ser comprovada com contratos, documentos fiscais, comprovantes de pagamento e, principalmente, com a demonstração efetividade do serviço prestado, devendo ainda ser necessária, normal e usual ao desenvolvimento da atividade da empresa. Se a empresa não comprovou sequer a efetividade dos serviços, correta a sua glosa. RESERVA DE REAVALIAÇÃO. REALIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Conforme consta no Decreto-lei nº 1.598/1977, com redação alterada pelo Decreto-lei nº 1.730/1979, a depreciação do bem reavaliado é hipótese de realização do bem, cabendo a tributação neste momento. VENDA DE BEM DO ATIVO PERMANENTE. DIFERIMENTO DA TRIBUTAÇÃO DO GANHO. JUROS. Se a empresa optou pelo diferimento da tributação do ganho decorrente de venda de bem do ativo permanente, os juros, também por fazerem parte do preço, deverão ser tributados na mesma medida da tributação do principal. DESPESA DE DEPRECIAÇÃO. IMÓVEIS DESTINADOS À RENDA. GLOSA. A despesa de depreciação não é dedutível da base de cálculo do IRPJ, a não ser que esteja intrinsecamente relacionada com a produção ou comercialização dos bens e serviços da empresa. CSLL. REFLEXO. Aplica-se indistintamente à CSLL o quanto deliberado em relação ao IRPJ, se a recorrente cingiu seu pedido tão somente na aplicação reflexa de um tributo ao outro. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LANÇAMENTOS FISCAIS DE PERÍODOS DE APURAÇÃO ANTERIORES. ALTERAÇÃO DO SALDO A COMPENSAR. O resultado do lançamento fiscal que resultou em lançamento de IRPJ e de CSLL de períodos anteriores deve ser refletido em período posterior para utilização de valores de compensação de prejuízo fiscal nos mesmos moldes daquele constante nos sistemas da RFB, que é alimentado pelo resultado da ação fiscal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. EXIGÊNCIA. A liquidação extrajudicial não impede a exigência de multa de ofício e juros de mora. A previsão contida na legislação aplicável às empresas nessas condições deve ser avaliada somente pelo poder judiciário. Além disso, o art. 60 da Lei 9.430/96 dispõe que as entidades submetidas ao regime de liquidação extrajudicial estão sujeitas às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições da União aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Provimento negado. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO. A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratando-se de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem.
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GLOSA. Para que uma despesa decorrente de serviços prestados seja deduzida da base do IRPJ, deve ser comprovada com contratos, documentos fiscais, comprovantes de pagamento e, principalmente, com a demonstração efetividade do serviço prestado, devendo ainda ser necessária, normal e usual ao desenvolvimento da atividade da empresa. Se a empresa não comprovou sequer a efetividade dos serviços, correta a sua glosa. RESERVA DE REAVALIAÇÃO. REALIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Conforme consta no Decretolei nº 1.598/1977, com redação alterada pelo Decretolei nº 1.730/1979, a depreciação do bem reavaliado é hipótese de realização do bem, cabendo a tributação neste momento. VENDA DE BEM DO ATIVO PERMANENTE. DIFERIMENTO DA TRIBUTAÇÃO DO GANHO. JUROS. Se a empresa optou pelo diferimento da tributação do ganho decorrente de venda de bem do ativo permanente, os juros, também por fazerem parte do preço, deverão ser tributados na mesma medida da tributação do principal. DESPESA DE DEPRECIAÇÃO. IMÓVEIS DESTINADOS À RENDA. GLOSA. A despesa de depreciação não é dedutível da base de cálculo do IRPJ, a não ser que esteja intrinsecamente relacionada com a produção ou comercialização dos bens e serviços da empresa. CSLL. REFLEXO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 12 66 /2 01 3- 70 Fl. 1540DF CARF MF 2 Aplicase indistintamente à CSLL o quanto deliberado em relação ao IRPJ, se a recorrente cingiu seu pedido tão somente na aplicação reflexa de um tributo ao outro. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LANÇAMENTOS FISCAIS DE PERÍODOS DE APURAÇÃO ANTERIORES. ALTERAÇÃO DO SALDO A COMPENSAR. O resultado do lançamento fiscal que resultou em lançamento de IRPJ e de CSLL de períodos anteriores deve ser refletido em período posterior para utilização de valores de compensação de prejuízo fiscal nos mesmos moldes daquele constante nos sistemas da RFB, que é alimentado pelo resultado da ação fiscal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009, 2010 LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. EXIGÊNCIA. A liquidação extrajudicial não impede a exigência de multa de ofício e juros de mora. A previsão contida na legislação aplicável às empresas nessas condições deve ser avaliada somente pelo poder judiciário. Além disso, o art. 60 da Lei 9.430/96 dispõe que as entidades submetidas ao regime de liquidação extrajudicial estão sujeitas às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições da União aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Provimento negado. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO. A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratandose de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por maioria de votos, i) negar provimento ao recurso quanto à glosa das despesas de depreciação. Vencidos os Conselheiros Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva; ii) dar provimento ao recurso para exonerar a multa isolada até o limite da imputação da multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Cláudio de Andrade Camerano. Designada a Conselheira Livia De Carli Germano para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente Fl. 1541DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.541 3 (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Relatório Tratase de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário interpostos em face de decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), que, por meio do Acórdão 1449.862, de 24 de abril de 2014, julgou procedente em parte a impugnação apresentada pela empresa. Observo que fui sorteado para o julgamento deste processo em questão. Ocorre que existiam dois outros processos (16327.001681/201061 e 16327.720464/201073), que tratam de lançamento de fatos geradores anteriores a estes de que aqui se tratam, e que resultaram na apropriação e alteração do saldo de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL. Devido à relação de prejudicialidade entre eles, solicitei a distribuição dos citados processos a mim, indicando a inclusão em pauta para julgamento em conjunto dos três processos relacionados. Pois bem. Em continuidade ao relatório deste processo, reproduzo, por oportuno, o relatório constante no acórdão da DRJ: (início da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) Contra a empresa epigrafada foram lavrados os autos de infração de fls. 1062/1098, que se prestaram a exigir o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e respectivos consectários legais, como também a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, relativos a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário 2008, 2009 e 2010, em razão da glosa de despesas não comprovadas pela contribuinte, da tributação de despesa de depreciação, da realização da reserva de reavaliação decorrente depreciação de bem reavaliado, do ganho de capital diferido não adicionado ao lucro real e da compensação indevida de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL. Foi exigida a multa isolada, tendo em vista a falta de pagamento do IRPJ e CSLL, incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e Fl. 1542DF CARF MF 4 acréscimos e/ou balanços de suspensão ou redução, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal (TVF). O crédito tributário exigido neste processo está composto dos seguintes montantes: TRIBUTO PRINCIPAL (R$) JUROS (R$) MULTA (R$) MULTA ISOLADA (R$) TOTAL (R$) IRPJ 3.909.586,32 1.435.636,68 2.932.189,74 1.913.109,33 10.190.522,07 CSLL 2.511.577,87 919.902,12 1.883.683,40 1.223.578,65 6.538.742,04 TOTAL (R$) 6.421.164,19 2.355.538,80 4.815.873,14 3.136.687,98 16.729.264,11 O enquadramento legal para o lançamento dos tributos encontrase descrito nos autos de infração. Consta no TVF que, no Termo de Inicio de Fiscalização, a contribuinte foi intimada a demonstrar a composição das linhas: "outras despesas de seguros" e "outras despesas de comercialização" constante nas Declarações de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) apresentadas a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Conforme consta nos itens 4 e 5 de sua resposta datada de 07/02/12, verificou se que se tratava, em sua maior parte, de despesas registradas na conta 31525 Despesas com Administração de Apólices e na conta 3141 Despesa de Comercialização – Comissões. Diante disto, a fiscalizada foi intimada a apresentar a relação dos beneficiários e o montante recebido por cada um a título de comissões (conta contábil de despesa 3141) e de administração de apólices (conta contábil de despesa 31525), as quais foram registradas em sua escrita como despesa operacional nos anos de 2008 e 2009. Considerando que a planilha encaminhada divergia do valor constante em sua escrituração, a contribuinte foi intimada a apresentar suas justificativas e esclarecimentos no Termo de Constatação lavrado em 05/09/12. Em resposta, informou que a planilha encaminhada referiase aos pagamentos efetuados e não à despesa apropriada nos exercícios. Na mesma ocasião encaminhou planilha com o valor da despesa registrada em sua escrita contábil e o seguinte esclarecimento:* Ainda existem diferenças relativas a 2008 e 2009 acima apontadas provavelmente causadas pela migração dos sistemas na época. A companhia passou por uma tentativa de inovação em seus sistemas operacionais, chegando a operar 2 sistemas simultaneamente para a mesma finalidade. A implantação desse sistema já causou vários prejuízos â Companhia, tanto que a mesma foi obrigada a mover ação judicial contra a empresa fornecedora do software para tentar recuperar os prejuízos causados, retornando ao seu antigo sistema operacional. Com isso o histórico de informações ficou prejudicado. Diante do acima exposto e possível perda das informações estamos impossibilitados de identificar tais diferenças, devido ao grande volume de operações e dependência dos sistemas da época de processamento." (Grifos Nossos) Logo temos a seguinte situação: Fl. 1543DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.542 5 Quadro 1_' R$ 2008 2009 Conta 3141 Despesa de Comercialização Comissões 10.354.347,55 33.656.129,07 Conta 31525 Despesas com Administração de Apólices 7.630.893,93 2.614.543,92 Despesa incorrida e escriturada 17.985.241,48 36.270.672,99 A) Despesa não identificada pelo contribuinte B) Despesa identificada por prestador de serviço* 3.106.473,20 14.878.768,28 5.233.315,82 31.037.357,17 * Planilha apresentada pelo contribuinte na resposta datada de 18/09/13 Diante disso e utilizando a relação apresentada pela contribuinte em 18/09/12, cujos arquivos digitais foram entregues em 13/11/12, foram selecionados alguns fornecedores de serviços para que fosse apresentada a comprovação da despesa registrada em sua escrita contábil, através do Termo de Intimação Fiscal de 10/01 /2013. Alguns dos prestadores selecionados foram aqueles cuja despesa escriturada pela contribuinte tinha grande distorção com o que a própria fiscalizada declarou em DIRF como pagamento realizado a estes. Obviamente os valores não seriam1 idênticos, considerando que a despesa deve ser contabilizada de acordo com o principio da competência e os valores informados em DIRF são registrados pelo regime de caixa, ou seja, no efetivo pagamento, que não é necessariamente efetuado no mesmo mês de registro da despesa. Por isso, demos a oportunidade à contribuinte para demonstrar através dos elementos de provas íntegros e idôneos a efetiva prestação de serviços contabilizada como despesa dedutível nos exercícios fiscalizados. Em sua resposta datada de 07/03/13, a contribuinte apresentou as seguintes considerações: Apesar do nosso empenho para a coleta da documentação solicitada, ainda encontramos dificuldades na localização dos documentos devido aos aspectos abaixo mencionados. 1) Em 2008 e 2009 as notas fiscais de serviços não eram anexadas ao documento de pagamento, por este motivo algumas das notas fiscais não foram juntadas ao processo; 2) Existem casos que não localizamos os pagamentos individuais enviados pelo banco ou extrato bancários da época, com isso, teríamos que solicitar cópia à instituição bancária. Esclarecemos ainda que a contabilização das despesas nas contas 314 Comissões e 315 PróLabore é realizada conforme o valor total da comissão a ser paga até o final de vigência da apólice, e para fins de pagamento e emissão das respectivas notas fiscais considerase somente o valor sobre as parcelas recebidas. Por tal motivo, o valor informado nesta resposta pode não bater com o valor declarado por V. Sas. na referida Intimação. Ou seja, a fiscalizada não traz elementos que evidenciem a despesa contabilizada, elencando somente pagamentos que, conforme a contribuinte mesma ressalta em sua resposta, não se coadunam com a despesa escriturada. Fl. 1544DF CARF MF 6 Foi ressaltado que o valor constante na intimação foi extraído da resposta encaminhada pela própria fiscalizada em 18/09/12 com a relação da despesa contabilizada nos anos em questão, identificando os prestadores de serviços. Tendo em vista suas considerações acima transcritas, no Termo de Constatação datado de 06/05/13, a contribuinte foi intimada a detalhar os lançamentos efetuados no registro da despesa de comissão e de administração de apólice informando as contas envolvidas no momento da assinatura da apólice e da apropriação mensal da despesa, assim como novamente intimado a apresentar documentação comprobatória da amostragem selecionada. Constatou a fiscalização que, no item 1 de sua resposta de 29/05/2013, o lançamento contábil da apropriação mensal da despesa é a debito nas contas 3141 e 31525, ratificando o valor da despesa escriturada a qual já tinha sido informada em 18/09/12 (R$ 17.885.241,48 em 2008 e R$ 36.270.672,99 em 2009). Com relação à comprovação da amostragem encaminhada, a fiscalizada apresenta uma nova listagem a qual informa a quantidade de apólices e os valores registrados como despesa em sua escrita fiscal por prestador de serviços, e ainda as seguintes considerações: Conforme solicitação anexamos (arquivo magnético) contendo relação elaborada por prestador de serviço indicando a quantidade de apólices e os valores envolvidos registrados em escrita fiscal como despesas incorridas e escrituradas nas contas 3141 e 31525 nos anos de 2008 e 2009. Contudo, esclarecemos que muitos dos pagamentos de despesas de Administração de Apólices foram registrados diretamente contra a Conta Contábil de Bancos e, até mesmo promovidos ajustes na conta 31525 provenientes da mudança de sistemas operacionais na época, por este motivo não conseguimos evidenciar nas relações extraídas do sistema atual as quantidades de apólices e valores correspondente, de possíveis pagamentos manuais não originados do sistema operacional, lembramos novamente que na época o registro contábil era feito de forma manual e ' terceirizada, não existindo sistemas integrados de faturamento e contabilização. Com a migração de sistemas de processamento durante o período solicitado é provável que informações tenham sido perdidas por falta de importação de dados do antigo banco de dados e isto provavelmente deve estar causando diferenças em nossos levantamentos. O relatório extraído de nossos sistemas atuais demonstra os valores envolvidos na operação e quantidade de apólices, atendendo o registro de acordo com a vigência da apólice ou emissão que era o critério de registro vigente na época. Finalizando ainda existem diferenças que não conseguimos identificar, mesmo alterando o critério de apuração dos relatórios solicitados:" Ou seja, intimada a comprovar a despesa a qual a própria contribuinte relacionou por prestadores de serviços, parte desta ele não consegue nem mesmo identificar a origem dos lançamentos efetuados na escrituração. Para uma melhor compreensão dos fatos, tomaremos como exemplo um dos prestadores selecionados por amostragem constante no anexo Termo de Constatação de 10/01/2013. Para o prestador de serviços AFABAN JUIZ DE FORA. ASSOC FUNC APOS E PENS BANCO EST SP, CNPJ: 01.668.512/000193, foi escriturada despesa no ano de 2008 no valor total de R$ 110.077,57. Ao ser intimada a comprovar a despesa, a contribuinte apresentou, em 07/03/13, listagem no valor de R$ 2.944,36. Posteriormente, em 29/05/2013, apresentou relação com a quantidade de apólices e os valores envolvidos, onde também podemos observar que se trataram Fl. 1545DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.543 7 de 06 apólices no valor total de R$ 2.944,36. Ou seja, a despesa escriturada é 3.739% maior que a efetivamente prestada, conforme documentação apresentada pela própria contribuinte. Logo, temos que ao ser intimada a comprovar com elementos hábeis a despesa identificada por prestador de serviço (R$ 14.878.768,28 em 2008 e R$ 31.037.357,17 em 2009), a contribuinte afirma, na resposta de 29/05/2013, que não é possível identificar parte desta pelo fato das informações terem sido perdidas. Apresenta uma relação com os valores e quantidades de apólices. Quadro 2 _R$ 2008 2009 A) Despesa identificada por prestador de serviço (item B do Quadro 1) B) Listagem com valores e quantidades de apólices* 14.878.768,28 12.932.963,48 * 31.037.357,17 26.090.671,74 C) Falta de identificação (A B) 1.945.804,80 4.946.685,43 * Resposta .apresentada em 29/05/2013 Esse valor "dever ser acrescido àquele já informado, num primeiro momento, pelo contribuinte, como diferenças não identificadas (resposta de 18/09/2012). Tendo sido verificada a situação dos registros contábeis não identificados, passouse à análise daqueles, os quais a fiscalizada indicou quem prestou, assim como forneceu o valor da despesa de comissão/agenciamento apropriada nos exercícios (listagem de 18/09/12). Para os fornecedores de serviços abaixo listados, a contribuinte foi intimada a apresentar as propostas de trabalho, contratos firmados, comprovantes de pagamentos, além das respectivas notas fiscais no Termo de Intimação datado de 10/01/2013. Na documentação apresentada pela contribuinte em 07/03/13, constatouse que as notas fiscais apresentadas não suportam as despesas contabilizadas: 2008 CNPJ BENEFICIÁRIO DESPESA NOTAS FISCAIS APRESENTADAS DIFERENÇA 05.208.982/000125 03.270.070/000158 00.719.214/000112 00.719.214/00020l OZCORP SERVIÇOS S/C LTDA ME (conta contábil 31525) PORT SERV LTDA PORTO REAL DIVISÃO SP CORRETORA DE SEG LTDA CONSÓRCIO PORTO REAL DIVISÃO SAO PAULO CORRET SEGS 1.584.451,66 392.857,16 492,73 524.205,84 1.328.000,00 204.000,00 45.009.66 256.451,66 188.857,16 492,73 479.196,18 TOTAL 924.997,73 Fl. 1546DF CARF MF 8 2009 CNPJ BENEFICIÁRIO DESPESA NOTAS FISCAIS APRESENTADAS DIFERENÇA 05.208.982/0001 25 OZCORP SERVIÇOS S/C LTDA NIE (conta contábil 3141) 3.356.387,14 1.976.000,00 1.380.387,14 00.719.2l4/000112 PORTO REAL DIVISÃO SP CORRET DE SEC LTDA CONSÓRCIO 850.918,37 850.918,37 TOTAL 2.231.305,51 Apesar de diversas intimações, a contribuinte não trouxe elementos que comprovassem de forma inequívoca a prestação dos serviços registrada em sua escrita. Pelo contrário, admite que há registros contábeis os quais nem mesmo identifica a origem e para os quais identificou não apresenta meios de prova com a comprovação da despesa. Diante do acima exposto, foram glosadas as despesas não comprovadas pela contribuinte, as quais foram contabilizadas nas contas 3141 e 31525, ocasionando; dessa forma, redução indevida no lucro líquido da empresa nós exercícios e nos valores abaixo relacionados: 2008 2009 Despesa não identificada pelo contribuinte (item À do Quadro 1) Falta de identificação (Item C do Quadro 2) Falta de comprovação 3.106.473,20 1.945.804,80 924.997,73 5.233.315,82 4.946.685,43 2.231.305,51 TOTAL 5.979.283,73 12.413.315,76 Quanto à reserva de reavaliação, verificouse que a contribuinte possui edificações reavaliadas, as quais foram objetos de depreciação, conforme registros em escrita contábil: Conta Contábil Denominação Lançamentos 2008 Lançamentos 2009 14219201.01.0000 Depreciação Acumulada Edificações 'Reavaliação 29.280,00 29.280,00 Toda vez que a contabilidade registrar despesa de depreciação calculada sobre o acréscimo do valor do bem em razão da reavaliação, idêntico valor da reserva de reavaliação deve ser oferecido à tributação, ou por adição ao lucro líquido ou por reversão para resultados de parcela da reserva de reavaliação realizada, conforme disposto hipótese prevista na letra b, II do art. 435 do RIR/99. No entanto, conforme podemos verificar no razão da conta 24141101.01.0000 Reserva de Reavaliação — Imóveis apresentado na resposta de 03/07/2012, ao contabilizar a realização da reserva decorrente depreciação de bem reavaliado, a fiscalizada lança em contrapartida à conta de prejuízos acumulados (24182101.01.0000),"ou seja, não transitando em conta de resultado, e, ainda, conforme LALUR apresentado, também não adiciona o valor ao lucro líquido na apuração do lucro real, tampouco na apuração da base de cálculo da CSLL. Relativamente ao ganho de capital, constatouse, conforme documentos apresentados na resposta datada de 30/11/12, que a fiscalizada vendeu, no ano calendário de 2008, uma aeronave helicóptero modelo HB350B na data de 21/11/2008. Fl. 1547DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.544 9 Conforme registros no LALUR apresentado em resposta ao Termo de Início de Fiscalização, a contribuinte optou pelo reconhecimento do lucro na proporção da parcela do preço recebida em cada período de apuração (Controle na Parte B do Lalur do valor de RS 3.619.741,32). As condições de preço previstas na cláusula terceira do contrato de venda foram as seguintes:' "A presente venda será efetivada pela importância de US$ 1.800.000,00 (Um milhão e oitocentos mil dólares americanos), valor convertido pelo cambio oficial do dia 21/11/2008, na ordem de RS 2,566 (Dois reais e cinqüenta e seis centavos e seis décimos), resultando no valor total de R$ 4.618.800,00 (Quatro milhões seiscentos e dezoito mil e oitocentos reais). O valor total será pago em 100 (cem) parcelas mensais fixas, no valor individual de R$ 107.168,83 (Cento e sete mil cento e sessenta e oito reais e oitenta e três centavos cada, já acrescidas dos juros remuneratórios, perfazendo o total de R$ 10.716.883,00 (Dez milhões, setecentos e dezesseis mil oitocentos e oitenta e três reais). §1°A 1a (primeira) parcela vencerá no dia 21/12/2008. §2° A 2a (segunda) parcela vencerá 30 (trinta) dias após a primeira parcela e, as demais, todo dia 21 de cada mês subseqüente, até a 100a (centésima)parcela." O custo contábil do bem era de R$ 999.058.68, conforme registros contábeis apresentados na resposta de 30/11/2012. Diante disto, elaboramos abaixo quadro demonstrativo da operação efetuada. Valor de venda Custo Contábil Resultado na venda do helicóptero 4.618.800,00 999.058,68 3.619.741,32 O valor total da venda acrescido dos juros remuneratórios foi fixado de R$ 10.716.883,00, ou seja, os juros da operação perfazem R$ 6.098.083,00. Estes devem ser apropriados juntamente com o recebimento das parcelas (100 parcelas). Temos então que mensalmente a contribuinte deve oferecer a tributação R$ 36.197,41, referente ao ganho de capital diferido e apropriar receita de juros no montante de RS 60.980,83. A soma desses dois valores corresponde exatamente a parcela mensal prevista em contrato RS 107.168,83. A primeira parcela do contrato foi recebida ainda no ano de 2008, no entanto nos ajustes efetuados no Lalur consta somente a exclusão do Lucro na Alienação do Ativo Imobilizado no valor de R$ 3.619.741,32, sem a adição devida de R$ 36.197,41 pelo recebimento da 1a parcela. Assim, como a apropriação de juros foi insuficiente, conforme podemos observar no lançamento constante na conta 21992802.01 Juros a Apropriar, com o histórico "valor de juros a apropriar — ref.par 001/100" no valor de R$ 20.326,94, quando o correto seria R$ 60.980,83. Diante disso, foram adicionados de oficio os valores em questão (R$ 76.851,30) ao lucro real do exercício de 2008 para a correta apuração do imposto c contribuição (Pasta Planilha Apuração Anual). Fl. 1548DF CARF MF 10 A contribuinte foi intimada a informar se o imóvel registrado na conta 1415 Imóveis Urbanos destinados à renda encontravase alugado ou era utilizado "nas atividades da seguradora e ratificou, no item de sua resposta datada de 11/10/12, que o mesmo era destinado à renda. A contribuinte contabilizou despesa de depreciação para imóvel destinado à renda, nos anoscalendário em questão, nos montantes de R$ 81.399,96 (2008) e R$ 156.566,70 (2009). Os lançamentos foram efetuados a débito de conta de despesa 37211501.01 — Despesa com imóveis destinados à renda ou venda Depreciações, a crédito da conta retificadora.de ativo 14159l0l.0l Imóveis urbanos destinados à renda Edificações Urbanas Depreciação Acumulada (conta retificadora do subgrupo investimento). Considerando que não houve adição ao lucro real nem a base de cálculo da CSLL dessa despesa indedutível, foi adicionada de ofício para a correta apuração do imposto e contribuição. Em anos anteriores, o sujeito passivo foi autuado com relação ao IRPJ e CSLL, onde foram realizadas, na apuração dos créditos tributários, compensações de ofício do Prejuízo Fiscal e da Base de Cálculo Negativa da CSLL, tendo sido o mesmo, nas ocasiões, intimado a alterar, no que coubesse, seus registros contábeis, Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) e Demonstrativo de Apuração da Base de Cálculo da CSLL, a fim de atualizar os saldos do Prejuízo Fiscal e da Base Negativa da CSLL. Conforme consta no Sistema de acompanhamento de prejuízo, lucro inflacionário e cálculo negativa da CSLL (SAPLI) da RFB "Pasta SAPLI", no ano de 2008 o saldo inicial do Prejuízo Fiscal compensável é de R$ 2.394.687,87, enquanto a base de cálculo negativa da CSLL é de R$ 1.481.180,67. Foram refeitos os saldos do Prejuízo Fiscal e da BC Negativa da CSLL para a correta mensuração do montante a compensar (Quadro A), e foram glosadas as compensações realizadas a maior pela contribuinte nos anos de 2009 e 2010 (Quadro B). Quadro A ■ 1 PREJUÍZO FISCAL BC NEGATIVA DA CSLL Saldo inicial do ano de 2008 (SAPLI) 2.394.687,87 1.481.180,67 () Compensação em 2008 na autuação 1.285.635,97 1.285.635,97 SALDO EM 31.12.2008 1.109.051,90 195.544,70 () Compensação em 2009 na autuação 1.109.051,90 195.544,70 SALDO EM 31.12.2009 0,00 0,00 *Quadro B VALORES COMPENSADOS INDEVIDAMENTE PELO CONTRIBUINTE PREJUÍZO FISCAL BC NEGATIVA DA CSLL 2009 557.562,03 2010 587.310,71 587.310,71 Fl. 1549DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.545 11 Conforme informação nas Fichas 11 e 16 das DIPJ dos anos em questão (Pasta DIPJ), a contribuinte foi tributada pela sistemática do Lucro Real Anual e levantou balanço/balancete de suspensão em todos os meses dos anoscalendário. No entanto, na apuração dos balancetes de suspensão, a fiscalizada não efetuou os ajustes necessários para a correta apuração do Lucro Real e da CSLL, deixando de adicionar a realização da reserva de reavaliação, a despesa de depreciação indedutível e o recebimento da parcela referente ao ativo permanente vendido em 2008 a qual teve a tributação diferida. Além disso, reduziu indevidamente o lucro líquido através de contabilização de despesas não comprovadas. A combinação desses fatores proporcionou a suspensão ou redução do recolhimento mensal, quando, na verdade, seria devido o valor da antecipação nos meses e valores indicados na planilha (Pasta Multa isolada). Notificada da autuação, a contribuinte ingressou, por meio de seu representante legal, com a impugnação de fls. 1111 a 1129, na qual alega: ● a fiscalização deixou de considerar várias despesas que foram comprovadas, cujos documentos já foram fornecidos e, como conseqüência, é inaceitável o levantamento fiscal para o fim de embasar a exigência e, por conseqüência, deve ser decretada sua invalidade, ou quando menos, modificarse o lançamento para excluir os valores exigidos indevidamente; 1) Despesas relacionadas às empresas Ozcorp e Porto Real No que se refere às despesas glosadas para os prestadores de serviços Ozcorp Serviços Ltda e Porto Real Divisão São Paulo, a fiscalização deixou de considerar as Notas Fiscais fornecidas pela impugnante, que comprovam as despesas realizadas (fls. 530 a 573, 793 a 880 e 587 a 655 e 881 a 993). Para que não pairem dúvida, neste momento junta novamente os documentos que comprovam as despesas efetuadas relacionadas às empresas Ozcorp Serviços Ltda e Porto Real Divisão São Paulo, a saber: cópia de todas as notas fiscais (docs. 04 e 05) Neste momento também anexa ao processo, a relação analítica da prova da prestação de serviços (doc. 06), salientando que os todos os valores foram objeto de retenção de Imposto de Renda e foram devidamente declarados em DIRF dos referidos anosbase. 2) Despesas de comercialização diferidas e a comissão de resseguro Existem também diversos outros erros no lançamento, pois a fiscalização deixou de deduzir os valores registrados como despesas de comercialização diferidas e comissões do ressegurador. De se salientar que comissão de resseguro é a parcela da comissão recuperada do ressegurador que deve ser reduzida da Comissão Bruta. Por outro lado, a Despesa de Comercialização Diferida é a Parcela da Comissão que deve ser deduzida da Comissão Bruta conforme a vigência do seguro. Tanto a comissão sobre resseguro, bem como as despesas de comercialização diferida, são recuperações de despesas, dedutíveis do IRPJ e da CSLL. Fl. 1550DF CARF MF 12 No caso, a fiscalização jamais poderia ter realizado o lançamento desconsiderando estas despesas dedutíveis já incorridas, como fez, conforme mais minuciosamente demonstrado no demonstrativo em anexo (doc. 07). Nunca é demais destacar que quando a fiscalização lançou a diferença de Comissão Bruta, não anulou o respectivo efeito dessas recuperações. 3) Operações de Seguro DPVAT O Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP, através da sua Resolução n° 154 de 08 de dezembro de 2006, determinou a constituição de dois Consórcios específicos a serem administrados por uma seguradora especializada, na qualidade de líder. Para atender a essa exigência foi criada a Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT, ou simplesmente Seguradora Líder DPVAT. A Seguradora Líder DPVAT é uma companhia constituída por seguradoras que participam dos dois consórcios. As seguradoras consorciadas permanecem responsáveis pela garantia das indenizações, prestando, também, atendimento a eventuais dúvidas e reclamações da sociedade. Por sua vez, a Seguradora Líder DPVAT representa as consorciadas nas esferas administrativa e judicial das operações de seguro. Além disso, facilita o acesso da Superintendência de Seguros Privados SUSEP, na fiscalização das operações dos Consórcios, através dos registros da Seguradora Líder DPVAT. Pois bem, além dos equívocos já mencionados, a fiscalização deixou também de excluir a comissão sobre as operações do seguro DPVAT nos valores de R$ 103.947,11 em 2008, e R$ 307.389,50 em 2009, em razão da mesma ser apurada e declarada pela Seguradora Líder do Seguro DPVAT, sendo todos os pagamento administrados e pagos pela Seguradora Líder (doc. 06). Conforme demonstrativo em anexo (doc. 07) esses dispêndios apresentavam 12% do total apropriado como despesas de comissão no período de 2008. Por outro lado, em 2009, representava 21%, o que significa que por analogia a fiscalização deveria deduzir estes valores do total da diferença apurada, ou seja, R$ 605.631,45 de 2008 e R$ 2.105.859,70 de 2009 (doc. 07). Como se vê, existem diversos equívocos no lançamento, suficientes para levar à sua completa nulidade. De fato, as despesas desconsideradas são despesas necessárias, nos termos do artigo 299 do RIR99, e correspondem a um efetivo dispêndio. Ocorre que, em matéria tributária não se admite apuração superficial dos elementos que compõem obrigação, sendo necessário um levantamento aprofundado para se ter certeza do crédito tributário. O critério de autuação sem utilização da forma legal e correta de apurar os valores "devidos" é viciado em si mesmo e imprestável para o fim de determinar a exigência de tributos e multas, porque incompatível com as características da liquidez, certeza e exigibilidade de que deve se revestir o crédito tributário. Ademais, o dever do Fisco é apurar o "quantum" devido, não importa o trabalho necessário para tal. Se assim não fosse, ficariam os contribuintes à mercê de exigências fiscais imprecisas, quando o lançamento visa dar certeza e liquidez ao crédito fiscal, nos termos do artigo 142 e seguintes do Código Tributário Nacional. E o critério de apuração do crédito tributário utilizado no caso concreto é incompatível com os princípios da legalidade e tipicidade da tributação, sendo razão suficiente para determinar a nulidade do lançamento assim elaborado. Fl. 1551DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.546 13 Finalmente cumpre destacar, que ainda que o lançamento não seja completamente anulado, o que menciona apenas por hipótese, o IRPJ e a CSLL, se devidos pelo mérito, não o seriam nos valores que estão sendo apontados nos Autos de Infração respectivos. Como conseqüência, é inaceitável o levantamento fiscal para o fim de embasar a exigência e, por conseqüência, deve ser decretada invalidade da exigência, ou quando menos, modificar o lançamento para excluir os valores exigidos indevidamente. ● a fiscalização alega que a realização da reserva de reavaliação não foi oferecida à tributação, pois não transitou na conta de resultado e tampouco foi adicionada ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real, contudo, jamais ocorreu a efetiva realização do bem, razão pela qual o lançamento é nulo também nesta parte; E a efetiva realização do bem somente ocorre com a alienação. Assim, a única conclusão possível é a de que o RIR/99 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999) não poderia considerar como "efetiva realização do bem avaliado" a depreciação. Ao designar como realização do bem avaliado a depreciação, amortização e exaustão, o RIR/99 acabou ferindo a lei, pois acrescentou o que a lei não menciona, aumentando as hipóteses de incidência do IRPJ e CSLL. Não se pode olvidar, que o regulamento é norma de hierarquia inferior à da lei, com o que restou violado o artigo 97, I, II e III do Código Tributário Nacional, que consagra o princípio da legalidade estrita em matéria tributária, bem como viola o artigo 99 do Código Tributário Nacional, o qual determina que os regulamentos não podem extrapolar o conteúdo e alcance das leis que visam regulamentar. No caso, não ocorreu alienação do bem nos anos de 2008 e 2009, motivo pelo qual não haveria razão para oferecer quaisquer valores à tributação. ● quanto ao tópico, falta de adição ao lucro real de ganho de capital diferido auferido na venda de bens do ativo permanente, o auto de infração carece de motivação legal adequada e específica que dê suporte à exigência, o que é causa de nulidade do procedimento; Neste tópico é citado o artigo 421 do RIR. Tal dispositivo determina que "nas vendas de bens do ativo permanente para recebimento do preço, no todo ou em parte, após o término do anocalendário seguinte ao da contratação, o contribuinte poderá, para efeito de determinar o lucro real, reconhecer o lucro na proporção da parcela do preço recebida em cada período de apuração ". Determina no parágrafo único, que: "caso o contribuinte tenha reconhecido o lucro na escrituração comercial no período de apuração em que ocorreu a venda, os ajustes e o controle decorrentes da aplicação do disposto neste artigo serão efetuados no LALUR". Pois bem, a fiscalização entende que a impugnante deveria ter apropriado os juros juntamente com o recebimento do preço. Contudo, não é isto que se interpreta do artigo 421 do RIR/99, pois esta norma menciona que o lucro deve ser reconhecido na proporção da parcela de preço recebida, nada mencionando sobre os juros remuneratórios. Fl. 1552DF CARF MF 14 Como conseqüência, o Auto de Infração nessa parte carece de motivação legal adequada e específica que dê suporte à exigência, o que é causa de nulidade do procedimento. E assim é porque o lançamento tributário é, nos termos do artigo 142 do C.T.N., o procedimento administrativo tendente, dentre outras finalidades a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação ...pelo qual a autoridade competente busca constatar a ocorrência concreta do evento descrito na lei como necessário e suficiente ao nascimento da obrigação fiscal correspondente. Em sendo assim, o auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, "a descrição do fato" e "a disposição legal infringida e a penalidade aplicável", o que nada mais significa do que a indicação dos motivos do auto de infração. A essa exposição dos motivos que determinam a prática do ato é que se denomina motivação que deve consistir, como se disse, na indicação do texto de lei que autoriza a edição do ato bem como do pressuposto de fato que permite a sua prática. E, somente através desta indicação é que se toma possível o efetivo controle da legalidade do ato administrativo, no caso o lançamento tributário, bem como o exercício do amplo direito de defesa. Flagrantemente nulo, assim, o lançamento realizado neste aspecto, por falta de adequada motivação fática e jurídica, posto que, não indicou um dispositivo legal sequer para fundamentar a exigência, o que implica cerceamento de defesa. ● a fiscalização alega que a impugnante contabilizou despesa de depreciação para imóvel urbano registrado na conta 1415 e destinado à renda, nos anos calendários de 2008 e 2009 e no caso, a despesa seria indedutível, por força do artigo 13, III da Lei 9.249/95. Ocorre que não se sustenta este ponto do auto de infração, pois o imóvel em questão é relacionado com a atividade da companhia. Tanto é assim, que a fiscalização não logrou demonstrar que o imóvel é destinado à renda, não se admitindo mera declaração do contribuinte. Não se pode olvidar que a atividade do lançamento tem por objetivo sempre a busca da verdade material. Segundo o princípio da tipicidade em matéria tributária, o tributo só nasce quando ocorrerem os fatos expressamente previstos, ou seja, cumpre à entidade que se julga credora demonstrar, provando, que o fato gerador ocorreu. Tratandose de atividade plenamente vinculada, nos termos dos arts. 3º e 142 do Código Tributário Nacional, a fiscalização deve fazer todas as inspeções necessárias à obtenção dos elementos de convicção e certeza indispensáveis à constituição do créditotributário. Havendo dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se baseou o lançamento, a exigência não pode prosperar, por força do disposto no art. 112 do CTN. Enfim, em se tratando de ocorrência do fato gerador vigora o princípio da verdade material segundo o qual a conseqüência tributária somente incidirá se efetivamente o evento se der no plano fenomênico. Como conseqüência, o lançamento neste ponto, implica em exigência de tributo indevida, devendo ser anulado. ● a Impugnante não cometeu qualquer infração quanto a apuração do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL. Como se vê, a fiscalização alega que em anos anteriores, a impugnante foi autuada com relação ao IRPJ e CSLL e, naquela oportunidade foram realizadas compensações de ofício do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL na apuração do crédito tributário, e que não obstante tenha sido intimado para alterar, Fl. 1553DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.547 15 no que coubesse seus registros contábeis no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) e Demonstrativo de Apuração de Base de Cálculo da CSLL a fim de atualizar os saldos do Prejuízo Fiscal e da Base Negativa da CSLL, a impugnante não efetuou tais registros, ocasionando compensação de saldos inexistentes nos anos de 2009 e 2010. Contudo, olvidou a fiscalização de informar, que a impugnante apresentou defesa administrativa nos autos de infração mencionados, ainda não julgadas (doc. 08 defesa administrativa, e print dos processos administrativos). Em vista disso, a intimação da Impugnante para "alterar, no que coubesse, seus registros contábeis, Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) e Demonstrativo da Apuração da Base de Cálculo da CSLL, a fim de atualizar os saldos do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL " está suspensa. Assim, totalmente inadequada a constituição do crédito tributário, considerando que a impugnante não cometeu qualquer infração à legislação fiscal, na medida em que a adoção dos procedimentos baseouse no fato que a questão do prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL está suspensa pelo oferecimento de defesa administrativa. Disto decorre que a impugnante não está obrigada a refazer o seu prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, enquanto não julgados definitivamente os processos administrativos n°s. 16327.720464/201073, 16327.720463/201029 e 16327.001681/20106. E não estando obrigada a atender a intimação fiscal enquanto não julgado o seu recurso, é vedado à fiscalização impor o refazimento dos saldos do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL. De fato, as impugnações administrativas apresentadas suspenderam os efeitos das autuações realizadas e a consequência disso é que o contribuinte não é obrigado a atender as exigências fiscais enquanto estiverem pendentes de julgamento a suas defesas. Tanto é assim, que durante a discussão administrativa o contribuinte tem a seu favor a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme disposto no art. 151, III do CTN. Para ilustrar, o saldo Prejuízos Fiscais era de R$ 5.983.501,12 em 31/12/2007, o que seria suficiente para absorver o valor compensado de R$865.401,15 em 2008 e R$3.138.886,35 em 2009, que foram feitos de forma a anular ou ajustar a apuração realizada pela fiscalização. Para fazer prova do alegado, junta a este processo a página do LALUR Parte B dos anos 2007, 2008 e 2009 (doc. 09). Assim, não pode prosperar o presente lançamento quanto a este tópico, por se encontrar viciado em sua origem por falta das condições de validade, que são a liquidez, certeza e exigibilidade. Por esta razão é totalmente nulo o lançamento quanto a este aspecto, devendo ser anulado o auto de infração quanto a este tópico. E mesmo que se admita, apenas por hipótese, que a fiscalização pudesse refazer os saldos do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL e glosar as compensações realizadas pela impugnante nos anos de 2009 e 2010, de qualquer forma, jamais poderia ter aplicado multa de oficio sobre os valores que apurou como Fl. 1554DF CARF MF 16 devidos a título de IRPJ e CSLL, decorrentes da recomposição do prejuízo e da base negativa, pois a exigibilidade está suspensa. Finalmente, para demonstrar a total iliquidez do lançamento, a título ilustrativo se junta neste momento relatórios (i) ajustando as despesas identificadas na prestação de serviços e compensação de prejuízos e (ii) ajustando despesas conforme apólices emitidas e compensação de prejuízos (doc. 10). ● improcede a exigência de multa isolada pelo não reconhecimento da estimativa. Não é admissível a aplicação simultânea da multa isolada prevista no artigo 44, inciso II da Lei n° 9.430/1996, com multa de ofício prevista no artigo 44, inciso I da Lei n° 9.430/1996, em razão da dupla sanção sobre a mesma base de incidência. De se salientar que o Plenário da Câmara Superior de Recursos Fiscais pacificou o entendimento de que não é cabível a cobrança de multa isolada, quando já lançada a multa de ofício, como na hipótese do caso concreto. Este entendimento foi reafirmado recentemente quando do julgamento do Processo 13839.001516/200664, recurso especial n° 10.515.5375, Acórdão n° 9101001.657, Ia Turma, Sessão de 15 de maio de 2013. ● Por fim, solicitou que todas as intimações referentes ao presente feito sejam dirigidas à Rua Itatiara, 163, Pacaembu, CEP 01242020, São Paulo, SP. É o relatório. (término da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) A DRJ, por meio do Acórdão 1449.862, de 24 de abril de 2014, julgou procedente em parte a impugnação apresentada pela empresa, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 DESPESAS OPERACIONAIS. COMPROVAÇÃO. Restando parcialmente comprovadas as despesas glosadas, alterase o lançamento. ATIVO IMOBILIZADO. VENDA A PRAZO. JUROS REMUNERATÓRIOS. Compõem o valor total de venda os juros recebidos na alienação a prazo. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE PREJUÍZOS FISCAIS. Correto é o lançamento efetivado pela constatação de compensação indevida de prejuízos fiscais, cujo saldo foi consumido por infringências à legislação apuradas em autos de infração já julgados procedentes em primeira instância. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009, 2010 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 1555DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.548 17 As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. INTIMAÇÃO. ENDEREÇAMENTO. Dada a existência de determinação legal expressa, as notificações e intimações devem ser endereçadas ao sujeito passivo no domicílio fiscal eleito por ele. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009, 2010 INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. É cabível a aplicação simultânea da multa isolada por falta ou insuficiência do recolhimento das antecipações mensais das estimativas e da multa proporcional ao tributo exigido no auto de infração. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificada da decisão da DRJ na data de 09/06/2014 (cf. ARECF de efl. 1.435), e não satisfeita com a decisão da delegacia de piso, apresentou recurso voluntário em 07/07/2014 (efls. 1.437 a 1.460), conforme protocolo de efl. 1.437, em que repete basicamente os argumentos apresentados na impugnação. Na data de 05/07/2016 (efl. 1.538), a recorrente protocolou o documento "Fato Superveniente Decretação de Liquidação Extrajudicial da Companhia" (efls. 1.519 a 1.527), em que informa que a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) havia decretado sua liquidação extrajudicial, nos termos da Portaria SUSEP nº 6.382, de 05 de novembro de 2015. Após longa digressão sobre a legislação aplicável às instituições em liquidação extrajudicial, submetidas ao controle da SUSEP, pugnou pelo que segue: Em vista dos argumentos acima expendidos, requer a Recorrente nos termos do artigo 16, § 4º, letra “b” do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: a) Seja suspensa a fluência dos juros exigidos à Taxa Selic, desde o momento que foi decretada a liquidação extrajudicial; a) (sic) seja declarada totalmente insubsistente a exigência das multas aplicadas neste lançamento contra a Recorrente, por força do regime de liquidação extrajudicial. É o relatório. Fl. 1556DF CARF MF 18 Voto Vencido Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator RECURSO DE OFÍCIO Como visto, a DRJ exonerou parte do lançamento fiscal, mantendo o IRPJ no valor de R$ 3.392.190,50, a CSLL no valor de R$ 2.300.512,48, com os acréscimos legais cabíveis, e a multa isolada no valor de R$ 2.787.123,19. De acordo com a tabela abaixo, vejo que o valor exonerado pela DRJ, no que tange ao valor principal acrescentado das multas de ofício e isolada, comporta o montante de R$ 1.624.371,91: IRPJ + CSLL Lançado Mantido pela DRJ Exonerado pela DRJ Original 6.421.164,19 5.692.702,98 728.461,21 Mula de 75% 4.815.873,14 4.269.527,24 546.345,91 Multa Isolada 3.136.687,98 2.787.123,19 349.564,79 Total 14.373.725,31 12.749.353,41 1.624.371,91 O limite de alçada atual para acolhimento do Recurso de Ofício foi definido nos termos da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, publicada no Diário Oficial da União de 09/02/2017, em que foi consignado que a exoneração de crédito tributário em montante abaixo de R$ 2.500.000,00 não se sujeita à interposição de Recurso de Ofício: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Outrossim, a verificação do limite de alçada deve ser feita na época do julgamento do recurso de ofício, conforme disposto na Súmula CARF nº 103: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Como o valor da exoneração é menor que o limite mínimo acima, proponho não conhecer do Recurso de Ofício. Fl. 1557DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.549 19 RECURSO VOLUNTÁRIO O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo pois ser conhecido. Preliminar suspensão dos juros e inaplicabilidade da multa em empresa com liquidação extrajudicial voto vencedor Em razão da decretação de liquidação extrajudicial em 05/11/2015, a recorrente pede (i) pela suspensão da fluência dos juros exigidos à Taxa Selic, desde o momento que foi decretada a liquidação extrajudicial e (ii) que seja declarada totalmente insubsistente a exigência das multas aplicadas neste lançamento contra a Recorrente. Inicialmente, mister observar que tais pedidos foram feitos após o julgamento pela DRJ, mas em razão de surgimento de fato superveniente: a DRJ julgou a impugnação na data de 24/04/2015 e a liquidação extrajudicial foi decidida em 05/11/2015. Desta forma, pela relevância e necessidade do enfrentamento das questões postuladas pela ora recorrente, reconheço o documento protocolado, como base na alínea 'b' do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, e passo doravante a enfrentálo: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (...) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (...) Quanto à incidência da juros, a recorrente informa que o seu Patrimônio Líquido apurado no balanço patrimonial de 31/12/2015 é negativo em R$ 42.343.350,57. Desta forma, de acordo com o artigo 98 do Decretolei nº 73 de 21 de novembro de 1966, que prevê que os juros são suspensos quando o ativo não é suficiente para quitar o passivo, há de se concluir pela suspensão da aplicação dos juros com base na Selic, desde a decretação de falência da empresa. Veja que a Lei de Falências (Lei nº 11.101/2005) também traz dispositivo legal idêntico em seu art. 124: Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Parágrafo único. Excetuamse desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia. Quanto ao pedido de inaplicabilidade de multa decorrentes de procedimento fiscal, a recorrente apresenta entendimento firmado pela Procuradoria da Fazenda Nacional em relação a esta questão: Fl. 1558DF CARF MF 20 O entendimento foi confirmado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. De fato, o Ato Declaratório PGFN nº 10 de 16/11/2006, Publicado no DO em 17 nov 2006, que dispensou a apresentação de contestação, a interposição de recursos e autorizou a desistência dos já interpostos, nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incide multa fiscal, de qualquer natureza, nas liquidações extrajudiciais, submetidas ao regime da Lei nº 6.024 de 13 de março de 1974. Eis do Ato Declaratório: “O PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação da Nota PGFN/PGA/Nº 722/2006, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, DECLARA que ficam dispensadas a apresentação de contestação, a interposição de recursos e fica autorizada a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: "nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incide multa fiscal, de qualquer natureza, nas falências submetidas ao regime do Decretolei nº 7.661, de 21 de junho de 1945, e nas liquidações extrajudiciais de instituições financeiras, submetidas ao regime da Lei nº 6.024 de 13 de março de 1974". Pois bem. Sem emergir na discussão sobre a aplicação às seguradoras das normas atribuídas às entidades financeiras, entendo que o argumento da recorrente deve ser afastado, pelas razões que passarei a dispor: A partir do advento da Lei nº 9.430/1996, que teve seus efeitos produzidos desde 01/01/1997, ou seja, antes dos fatos geradores apurados no procedimento fiscal em referência, consignouse que as normas tributárias devem ser aplicadas indistintamente entre as demais pessoas jurídicas e as empresas em processo de liquidação extrajudicial, veja: Art. 60. As entidades submetidas aos regimes de liquidação extrajudicial e de falência sujeitamse às normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União aplicáveis às pessoas jurídicas, em relação às operações praticadas durante o período em que perdurarem os procedimentos para a realização de seu ativo e o pagamento do passivo. Observese que o tratamento isonômico também é aplicado durante o processo de liquidação extrajudicial, donde se infere que a incidência de juros não pode ser suspensa, tampouco as multas fiscais não podem ser exoneradas, como quer a recorrente. Assim, em vista da referida previsão legal, não compete a este órgão julgador administrativo ponderar sobre a aplicação de multa e juros sobre empresa em processo de liquidação extrajudicial. Fl. 1559DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.550 21 No mesmo sentido, cito o Acórdão nº 10321.942 deste Conselho Administrativo, que trata de empresas em liquidação extrajudicial, como a recorrente. Veja a Ementa: ENTIDADE EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. LIMITE À COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS, MULTA E JUROS DE MORA. Nos termos do art. 60 da Lei 9.430/96, as entidades submetidas ao regime de liquidação extrajudicial estão sujeitas às normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União aplicáveis às pessoas jurídicas, em relação às operações praticadas durante o período em que perdurarem os procedimentos para a realização de seu ativo e o pagamento do passivo. Aplicamse a essas entidades o limite de 30% para compensação de prejuízos fiscais e de base negativa da CSLL, muita ex officio e juros de mora. Além disso, todo o regramento trazido pela recorrente, para fundamentar seu pleito, diz respeito à fase de execução fiscal. É nesta fase que se deve verificar a aplicabilidade ou não dos juros e das multas decorrentes do procedimento de fiscalização. O próprio Ato Declaratório PGFN nº 10 de 16/11/2006 é muito claro ao dispor sobre a dispensa de apresentação de contestação ou demais medidas somente em relação às ações judiciais, o que impende concluir que tal posicionamento não se aplica ao caso aqui tratado. Diante do exposto, afasto os argumentos da recorrente pelo que proponho manter a incidência dos juros com base na Selic e a aplicação das multas fiscais decorrentes do procedimento de fiscalização. Glosa de despesas com prestação de serviços de Oscorp e Porto Real voto vencedor A recorrente afirma que anexou as notasfiscais e a relação analítica da prova da prestação dos serviços (doc. 06 da impugnação efl. 1.268) prestados pelas empresas Ozcorp e Porto Real, pedindo em conclusão o seguinte: Contudo, a decisão deve ser reformada parcialmente, pois todas as despesas glosadas devem ser consideradas. No caso, a prova do seu pagamento consta em documento da própria Receita Federal, pois dos (sic) os valores foram objeto de retenção de Imposto de Renda e devidamente declarados em DIRF dos referidos anosbases. Desta forma, todas as despesas relacionadas às empresas Ozcorp e Porto Real devem ser consideradas. Não entendo possuir razão a recorrente. Antes de me aprofundar ao caso específico, que também não precisará de muitas delongas, gostaria de externar minha opinião sobre a comprovação de despesas para fins contábeis e fiscais. Inicialmente, convém estabelecer que há duas premissas para se permita a dedução fiscal de uma despesa incorrida: 1ª) que a despesa seja comprovada; e 2ª) que a despesa seja necessária, normal e usual à atividade da empresa. Fl. 1560DF CARF MF 22 Entendo que a comprovação da despesa tem a finalidade de acolher tal dispêndio como uma despesa contábil. Já a comprovação da sua necessidade, serve para se aceitar a despesa como uma despesa fiscal. A comprovação da necessidade, a meu ver, é condição secundária, somente atingida após ser preenchida a condição primária de comprovação da existência da despesa. Tenho por convicção que a comprovação de despesas in casu, de serviços condiciona, a quem quer provar sua existência, a apresentação de documentos que confirmem efetivamente que os serviços foram prestados, não podendo se limitar a apenas simples apresentação de documento fiscal e de pagamento. A meu ver, essa comprovação (de que os serviços foram prestados) é essencial para que a despesa seja aceita para fins contábeis. É de se indagar: Para fins contábeis? Respondo: Sim! Para fins contábeis! Explico. A contabilidade é a ciência que abrange um conjunto de técnicas que serve para controlar as variações ocorridas no patrimônio de uma empresa, que é representado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações. Desta forma, toda a movimentação patrimonial da empresa deve ser refletida em sua contabilidade. Dentre os princípios fundamentais que norteiam a ciência contábil, convém ressaltar o Princípio da Oportunidade, cuja definição foi trazida pela Resolução CFC nº 750/93. Vejase na redação vigente na época da ocorrência dos fatos geradores: Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE referese, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. Parágrafo único – Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE: I – desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência; II – o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários; III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão. Como visto, o registro das mutações patrimoniais e aí se encaixam os registros das despesas deve ser efetuado a partir da integridade das informações que o suportarem, o que nos faz inferir que devem estar corroborados por documentação hábil e idônea da ocorrência dos fatos. Fl. 1561DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.551 23 E entendo que nem cabe abraçar argumento de que o inciso I, que estabeleceu que o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência, dá guarida à possibilidade de se aceitar apenas documentos fiscais como comprovantes da existência da despesa. Esta condição não tem pertinência alguma com a apresentação de documentos, mas sim da ocorrência efetiva daquela variação patrimonial, in casu, da despesa. Ou seja, o que o inciso I quis dizer é que a despesa, mesmo que não necessariamente ocorrida, deve ser contabilizada. E, quanto a este ponto, para aclarar meu discurso, apresento o exemplo das provisões contábeis, que são reservas de valor para atender despesas que se esperam, que visam a cobertura de um gasto já ocorrido ou de um gasto em que há grande probabilidade de sua ocorrência. É isso que o citado inciso I quer dizer. Apesar da provisão não representar uma despesa já incorrida para fins contábeis, deve ser contabilizada, pois há grande probabilidade de sua ocorrência. Entretanto, para que seja contabilizada, também deve estar revestida de documentação hábil e idônea, que, repito, em caso de prestação de serviços, deve representar documento fiscal, comprovante de pagamento e, principalmente, comprovação da efetividade do serviço prestado. Bem. Após alteração promovida pela Resolução CFC nº 1.282/10, o Princípio da Oportunidade recebeu a seguinte redação: Art. 6º O Princípio da Oportunidade referese ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10) (grifei) Não obstante a redação somente ter sido incluída em 2010, entendo relevante dizer que o parágrafo único reforçou a conclusão de que a informação deve ser íntegra, amparada por documentação hábil e idônea, e que, em sua falta, devese avaliar se é realmente necessário que a informação seja contabilizada. E essa rigidez no registro de uma despesa serve para que a contabilidade reflita a veracidade dos fatos ocorridos, para que, ao fim e ao cabo, os sócios/acionistas de uma empresa/sociedade recuperem o capital aplicado na empresa, que é devolvido em forma de lucros e dividendos. Se isto não ocorre, seus sócios serão prejudicados, principalmente os minoritários, que não têm poder de decisão. Desta feita, para que se demonstre que aquela movimentação patrimonial efetivamente ocorreu, os lançamentos contábeis devem estar amparados documentação hábil e idônea, que vai além de meros documentos que representam tão somente as formalidades extrínsecas da prestação de serviços. Em alguns casos, pude deduzir que tal argumento de que basta a comprovação da despesa com documentação fiscal e comprovante de pagamento para que a Fl. 1562DF CARF MF 24 despesa possa ser contabilizada serve como uma fenda para que se permita adentrar na discussão da contribuição social para o lucro líquido (CSLL). Isto porque, se uma despesa é aceita para fins contábeis, mas não é aceita como dedutível da base do IRPJ, ingressase na discussão da previsão legal de sua adição para fins de CSLL, o que representaria mais uma contenda no âmbito fiscal. Ou seja, a despesa passaria do status de não comprovada para comprovada mas não dedutível, municiando alguns contribuintes sobre a discussão da base da CSLL. Já disse algumas vezes neste tribunal administrativo que a efetividade de serviços pode ser comprovada com relatórios dos serviços, trocas de emails, atas de reunião e demais documentos. Voltando ao caso, vejo que a recorrente não demonstrou a efetividade da prestação dos serviços. Nem as notasfiscais, tampouco a relação analítica da prova da prestação dos serviços (doc. 06 da impugnação) que, na verdade, tratase de uma planilha , são suficientes para a comprovação da prestação dos serviços. Como não foram trazidos demais elementos, entendo pela manutenção da glosa das referidas despesas. Glosa de despesas de comercialização diferidas e comissão de resseguro voto vencedor A recorrente alega que a comissão de resseguro é a parcela da comissão recuperada do ressegurador que deve ser reduzida da comissão bruta e a despesa de comercialização diferida é a parcela da comissão que deve ser deduzida da comissão bruta conforme a vigência do seguro. Alega que a fiscalização não poderia ter glosado tais deduções e anexa documento na impugnação (doc. 07 da impugnação efls. 1.269 a 1.272). Tal documento representa os lançamentos contábeis referentes às deduções efetuadas, mas não estão suportados por documentação comprobatória de suas ocorrências. Desta forma, por tudo que foi exposto neste voto, voto pela manutenção da glosa das despesas de comercialização diferidas e comissão de resseguro. Glosa de operações de seguro DPVAT voto vencedor A recorrente apresenta argumentos em relação à glosa de operações de seguro DPVAT, mas não apresenta sequer um documento comprobatório. Durante a fiscalização, ela foi devidamente intimada para apresentar as provas das despesas, mas também não logrou êxito na apresentação. Desta feita, voto pela manutenção da glosa das despesas de operações de seguro DPVAT. Fl. 1563DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.552 25 Realização da Reserva de Reavaliação voto vencedor A recorrente alega que a realização da reserva de reavaliação somente se dá mediante alienação do bem. Para tanto, afirma que o Regulamento do Imposto de Renda criou nova hipótese de realização do bem, qual seja, no momento da depreciação, ferindo mandamento legal. A redação do Decretolei nº 1.598/1977, alterada pelo Decretolei nº 1.730/1979, é quem alimenta o art. 434 do RIR/99, que trata da permissão do diferimento e das hipóteses de realização da reserva de reavaliação: Art. 35 A contrapartida do aumento de valor de bens do ativo permanente, em virtude de nova avaliação baseada em laudo nos termos do artigo o artigo 8º da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, não será computada no lucro real enquanto mantida em conta de reserva de reavaliação. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) § 1º O valor da reserva será computado na determinação do lucro real: (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) a) no períodobase em que a reserva for utilizada para aumento do capital social, no montante capitalizado; (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) b) em cada períodobase, no montante do aumento do valor dos bens reavaliados que tenha sido realizado no período, inclusive mediante: (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) 1 alienação, sob qualquer forma; (Incluído pelo Decretolei nº 1.730, 1979) 2 depreciação, amortização ou exaustão; (Incluído pelo Decretolei nº 1.730, 1979) 3 baixa por perecimento; (Incluído pelo Decretolei nº 1.730, 1979) Ou seja, se esquece a recorrente que a tributação da reserva de reavaliação deveria ocorrer no momento de sua constituição e que a legislação tributária permitiu o diferimento de sua tributação para o momento de sua realização. Se a própria legislação que concedeu dito diferimento definiu as hipóteses de realização da reserva de reavaliação incluída a contabilização da depreciação não há ilegalidade alguma no regulamento do imposto de renda. Outra questão é que os Decretoslei nº 1.598/1977 e nº 1.730 têm força de lei ordinária. Desta forma, não cabe a este órgão julgador deliberar sobre ilegalidade de lei plenamente vigente no ordenamento jurídico. Desta forma, afasto o pedido da recorrente. Fl. 1564DF CARF MF 26 Ganho de capital na venda de bem do ativo permanente (diferimento) voto vencedor Quanto à alienação da aeronave pela recorrente, com recebimento do principal e dos juros a longo prazo, a recorrente alega que não há base legal para a tributação diferida dos referidos juros incidentes, pela redação do art. 421 do RIR/99 (artigo 31, § 2º do DecretoLei nº 1.598, de 1977): Art. 421. Nas vendas de bens do ativo permanente para recebimento do preço, no todo ou em parte, após o término do anocalendário seguinte ao da contratação, o contribuinte poderá, para efeito de determinar o lucro real, reconhecer o lucro na proporção da parcela do preço recebida em cada período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 31, § 2º). Parágrafo único. Caso o contribuinte tenha reconhecido o lucro na escrituração comercial no período de apuração em que ocorreu a venda, os ajustes e o controle decorrentes da aplicação do disposto neste artigo serão efetuados no LALUR. Não vejo qualquer incorreção no lançamento fiscal. A redação legal acima, trata da tributação no momento do recebimento do preço, dentro do qual estão incluídos os juros e todos os encargos acessórios, por seguirem o principal. Conforme se depreende do contrato de alienação do citado bem, o pagamento dos juros foram previstos e realizados no momento do pagamento de cada parcela do valor principal: “O valor total será pago em 100 (cem) parcelas mensais fixas, no valor individual de R$ 107.168,83 (Cento e sete mil cento e sessenta e oito reais e oitenta e três centavos cada, já acrescidas dos juros remuneratórios, perfazendo o total de R$ 10.716.883,00 (Dez milhões, setecentos e dezesseis mil oitocentos e oitenta e três reais)”. A DRJ também consignou que a própria recorrente reconheceu em sua contabilidade, mesmo que em valor inferior ao que efetivamente deveria contabilizar, os juros a serem apropriados ao longo do recebimento do preço, nas contas 3811 Resultado na Alienação de Bens do Ativo do período de janeiro/2008 a dezembro/2008, e na conta 21992802.01 Juros a Apropriar, com histórico "valor de juros a apropriar ref. Par. 001/100". Assim, o valor dos juros deveriam ser também adicionados à base de tributação do IRPJ, pelo que voto por negar provimento quanto a este ponto. Despesa de depreciação para imóvel urbano destinado à renda voto vencedor A recorrente alega que a despesa de depreciação pode ser deduzida da base do IRPJ uma vez que o imóvel que lhe deu origem é relacionado com sua atividade, e não destinado à sua renda, com entendeu a fiscalização. Entretanto, não traz prova alguma de suas alegações. Pelo contrário, atribui tal prova ao fisco, pugnando pela busca da verdade material. Fl. 1565DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.553 27 Pois bem. Entendo que o fisco tem o dever de verificar o fato gerador de tributo e a ele aplicar a norma tributária em vigor. O art. 142 do CTN dispõe sobre os deveres da autoridade fiscal: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Conforme já dito pela DRJ, a contribuinte foi intimada a apresentar o Razão das contas de imóveis urbanos destinados à renda e das reservas de reavaliação e apresentou o Razão de efl. 259. Contabilizou despesa de depreciação para imóvel destinado à renda, nos anoscalendário em questão, nos montantes de R$ 81.399,96 (2008) e R$ 156.566,70 (2009) A DRJ ainda afirmou que os lançamentos foram efetuados a débito de conta de despesa 37211501.01 Despesa com imóveis destinados à renda ou venda Depreciações, a crédito da conta retificadora de ativo 14159101.01 Imóveis urbanos destinados à renda Edificações Urbanas Depreciação Acumulada (conta retificadora do subgrupo investimento). Ou seja, a própria recorrente informa em seus controles contábeis que as despesas referemse a imóvel destinado à renda, e não decorrente do desenvolvimento de sua atividade. No recurso voluntário não traz nenhum elemento que pudesse infirmar as conclusões da fiscalização e atribui o fisco o dever de provar que não são decorrentes da atividade. Entendo que a própria recorrente é quem deveria trazer provas de suas alegações, pois se trata de despesas deduzidas da base do IRPJ, sendo assim a prova cabe a quem a aproveitou, e não ao fisco. Por fim, o art. 13 da Lei nº 9.249/1995: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...) III de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços; Sendo assim, voto por negar provimento quanto a este ponto. Fl. 1566DF CARF MF 28 CSLL tributação reflexa voto vencedor A recorrente apenas pede pela aplicação reflexa à CSLL do quanto decidido para o IRPJ. Em razão da manutenção do lançamento quanto ao IRPJ, mister concluir pela tributação da CSLL nos mesmos moldes daquela aplicada ao IRPJ. Multa Isolada voto vencido Quanto à multa isolada, a recorrente pede pela inaplicabilidade da concomitância com a multa de ofício. Pois bem. Entendo que após a alteração dispositiva promovida pela Lei nº 11.488/2007, na redação do art. 44 da Lei 9.430/1996, as multas de ofício e isolada podem ser aplicadas concomitantemente, pois têm fundamentos distintos. Veja a redação legal: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Há que distinguir as duas infrações: uma, trata da falta de cumprimento de obrigação de recolher, até o mês subsequente à apuração mensal (com base em estimativa pura ou monitorada1); e a outra trata da punição decorrente de inexatidão de base de cálculo do IRPJ e da CSLL, resultantes de procedimento de fiscalização. Outro ponto é que a falta de recolhimento de estimativa gera a aplicação de multa isolada, cabível tão somente pelo fato aqui destacado falta de recolhimento ou 1 Entendese por estimativa pura o cálculo do IRPJ e da CSLL com base na receita bruta do período, ajustada pelas adições e exclusões permitidas por lei. Já a estimativa monitorada resulta do cálculo do IRPJ e da CSLL com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução do resultado fiscal. Fl. 1567DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.554 29 recolhimento a menor, e é aplicada mesmo que ao final do exercício não haja imposto a pagar. Ou seja, há uma nítida dissociação com a necessidade de verificação de tributo a recolher. Já a multa de ofício, por sua vez, necessita da verificação de declaração inexata e do tributo a recolher. Por todo o exposto, entendo cabível a aplicação de ambas as multas, pelo que proponho negar provimento ao recurso voluntário quanto a este ponto. Recomposição do Prejuízo Fiscal e Base de Cálculo Negativa da CSLL voto vencedor O prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, existentes nos cadastros da receita, deverão ser utilizados neste procedimento fiscal e nos processos nº 16327.720464/201073 e nº 16327.001681/201061, se ainda não foram compensados pela fiscalização. Cabe observar que também deverão ser considerados os resultados dos processos nº 16327.720464/201073 e nº 16327.001681/201061, que foram julgados conjuntamente com este processo. Assim, a delegacia de origem deve observar os períodos que são alcançados por todos os processos julgados conjuntamente, para efetuar a recomposição do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL, tendo sempre como premissa a utilização do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL dos períodos mais remotos aos períodos mais recentes: Processos Fato Gerador lançado (período) 16327.720464/201073 2005 a 2008 16327.001681/201061 2007 16327.721266/201370 2008 a 2010 Conclusão Diante do exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso de ofício e NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 1568DF CARF MF 30 Voto Vencedor Conselheira Livia De Carli Germano Redatora Designada Fui designada para redigir o voto vencedor e respectiva ementa exclusivamente com relação à multa isolada. A Recorrente sustenta a impossibilidade de aplicação de multa isolada de 50% por falta de antecipação das estimativas mensais de IRPJ e CSLL. Ressalto que, sendo o caso de lançamento relativo aos anoscalendário de 2008, 2009 e 2010, entendo não aplicável a Súmula CARF n. 105, uma vez que esta trata da redação da Lei 9.430/1996 na redação anterior à Lei 11.488/2007, e a multa isolada foi lançada com base no artigo 44, II, "b", da Lei 9.430/1997, com redação dada pela Lei 11.488/2007. Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. A questão da multa em razão de falta ou insuficiência de pagamento das estimativas mensais não está pacificada neste CARF. Dos inúmeros julgados a respeito do tema extraemse, pelo menos, três correntes de entendimento. Em um extremo está a corrente que defende que, mesmo após a Lei 11.488/2007, uma vez encerrado o anocalendário não mais cabe aplicar a multa isolada por falta ou insuficiência de estimativas, pois essas ficam absorvidas pelo tributo incidente sobre o resultado anual. Por outro lado, há os que entendem que a imposição da multa independe do resultado apurado no encerramento do exercício financeiro, devendo ser aplicada sempre sobre o valor da estimativa não recolhida. Em uma posição intermediária está a corrente adotada pelo presente voto, há muito sustentada pelo Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, desta Turma. Segundo este entendimento, a multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor; não obstante, pelo princípio da absorção ou consunção, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na exata medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo, já que esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. É a máxima do direito punitivo que, para uma mesma conduta devese aplicar uma só punição. A título ilustrativo reproduzo trecho do acórdão 120100.235, de 7 de abril de 2010, da lavra do ilustre Conselheiro: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.555 31 por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3o A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Fl. 1570DF CARF MF 32 Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. Assim, consideramos imperioso verificar se houve, em relação aos fatos que ensejaram a autuação de multas isoladas, também a imposição de multa proporcional e em que medida. O valor tributável é o mesmo (R$ 15.470.000,00). Isso, contudo, não implica necessariamente numa perfeita coincidência delitiva, pois pode ocorrer também que uma omissão de receita resulte num delito quantitativamente mais intenso. Foi o que ocorreu. Em razão de prejuízos posteriores ao mês do fato gerador, o impacto da omissão sobre a tributação anual foi menor que o sofrido na antecipação mensal. Desse modo, a absorção deve é apenas parcial. Conforme o demonstrativo de fls. 21, a omissão resultou numa base tributável anual do IR no valor de R$ 5.076.300,39, mas numa base estimada de R$ 8.902.754,18. Assim, deve ser mantida a multa isolada relativa à estimativa de imposto de renda que deixou de ser recolhida sobre R$ 3.826.453,79 (R$ 8.902.754,18 R$ 5.076.300,39), parcela essa que não foi absorvida pelo delito de não recolhimento definitivo, sobre o qual foi aplicada a multa proporcional. Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 16327.721266/201370 Acórdão n.º 1401002.647 S1C4T1 Fl. 1.556 33 Faz toda a diferença considerar que estamos tratando de direito sancionatório e, nesta seara, não se pode admitir que se trate como independentes penas aplicadas sobre uma infração conteúdo (provisório) e sobre uma infração continente (e efetiva). Em outros termos: não há dúvida de que estamos tratando de multas relacionadas a um mesmo fato gerador de tributo (isto é, IRPJ/CSLL devidos em 31 de dezembro do anocalendário), de maneira que, mesmo que se queira dizer que não se trata da mesma infração (conduta), impõese considerar que o bem jurídico maior é o tributo efetivamente devido, do que é conteúdo provisório ou iter preparatório o bem jurídico representado pelo dever de adiantar estimativas de "algo" (e não "algo efetivo"). Desse modo, se por um lado é preciso dar sentido à norma que prevê a aplicação da multa pelo não recolhimento de estimativas mesmo em caso de apuração de prejuízo fiscal ou base negativa (redação do art. 44 da Lei 9.430/1996 dada pela Lei 11.488/2007), por outro mantémse a premissa de que não se pode penalizar mais a infração conteúdo que a infraçãocontinente. Assim, no caso em questão, as multas isoladas devem ser canceladas na exata medida em que as suas bases sejam menores que as bases tributáveis anuais utilizadas para fins de aplicação das multas de ofício de IRPJ e CSLL. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 1572DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.954263/2008-91
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/11/2003
DILIGÊNCIA. PEDIDO. INDEFERIMENTO.
Indefere-se pedido de diligência quando sua realização revele-se prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora.
JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA.
Somente devem ser observados os entendimentos jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
RECURSO VOLUNTÁRIO. ADOÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA REPRODUÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO.
Registrando o relator que as partes não apresentaram novas razões de mérito perante o Carf e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida, é facultado a transcrição dos termos da decisão de primeira instância, como fundamento para decidir a controvérsia.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA.
A DCTF é instrumento suficiente para constituição do crédito tributário.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/COFINS. EXTINÇÃO.
O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário.
PER/DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. DCTF RETIFICADORA. HIPÓTESE. TRANSMITIDA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E DO PRAZO DE 5 ANOS DO FATO GERADOR.
DCTF retificadora transmitida após a ciência do despacho decisório e do transcurso do prazo de cinco anos para o pleito da restituição, com objetivo de reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente alocado não gera efeitos jurídicos para a compensação pleiteada por meio da apresentação de Per/Dcomp, em face da sua caducidade.
Numero da decisão: 3001-000.485
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a diligência suscitada e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/11/2003 DILIGÊNCIA. PEDIDO. INDEFERIMENTO. Indefere-se pedido de diligência quando sua realização revele-se prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA. Somente devem ser observados os entendimentos jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. RECURSO VOLUNTÁRIO. ADOÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA REPRODUÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. Registrando o relator que as partes não apresentaram novas razões de mérito perante o Carf e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida, é facultado a transcrição dos termos da decisão de primeira instância, como fundamento para decidir a controvérsia. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. A DCTF é instrumento suficiente para constituição do crédito tributário. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/COFINS. EXTINÇÃO. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário. PER/DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. DCTF RETIFICADORA. HIPÓTESE. TRANSMITIDA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E DO PRAZO DE 5 ANOS DO FATO GERADOR. DCTF retificadora transmitida após a ciência do despacho decisório e do transcurso do prazo de cinco anos para o pleito da restituição, com objetivo de reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente alocado não gera efeitos jurídicos para a compensação pleiteada por meio da apresentação de Per/Dcomp, em face da sua caducidade.
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PEDIDO. INDEFERIMENTO. Indeferese pedido de diligência quando sua realização revelese prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA. Somente devem ser observados os entendimentos jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. RECURSO VOLUNTÁRIO. ADOÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA REPRODUÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. Registrando o relator que as partes não apresentaram novas razões de mérito perante o Carf e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida, é facultado a transcrição dos termos da decisão de primeira instância, como fundamento para decidir a controvérsia. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. A DCTF é instrumento suficiente para constituição do crédito tributário. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/COFINS. EXTINÇÃO. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário. PER/DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. DCTF RETIFICADORA. HIPÓTESE. TRANSMITIDA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E DO PRAZO DE 5 ANOS DO FATO GERADOR. DCTF retificadora transmitida após a ciência do despacho decisório e do transcurso do prazo de cinco anos para o pleito da restituição, com objetivo de reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 95 42 63 /2 00 8- 91 Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 112 2 alocado não gera efeitos jurídicos para a compensação pleiteada por meio da apresentação de Per/Dcomp, em face da sua caducidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a diligência suscitada e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão 1635.294, da 13ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo 1 DRJ/SP1 que, em sessão de julgamento realizada no dia 12.12.2011, julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório pleiteado no Per/Dcomp 31335.90698.020904.1.3.047750. Da síntese dos fatos Por bem sintetizar os fatos, transcrevo o relatório do acórdão recorrido (efls. 40 a 47), verbis: Relatório 1. Trata o presente processo de Declaração de Compensação apresentada em meio eletrônico (PER/DCOMP nº 31335.90698.020904.1.3.047750) em 02/09/2004, cujos relatórios foram anexados ao presente processo administrativo (fls. 7 e seguintes). Nesta declaração, pretende o Contribuinte quitar os débitos declarados às fls. 10, no valor total de R$ 3.945,59, com supostos créditos (R$ 3.945,59) decorrentes de recolhimento indevido realizado por meio do DARF no valor de R$ 11.038,45 (código de receita: 8109), recolhido em 14/11/2003. 2. Apreciando o pedido formulado, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo (DERAT/SPO) emitiu Despacho Decisório (fls. 2) no qual pronunciouse pela não homologação da compensação diante da inexistência do crédito declarado pelo Contribuinte às fls. 8. 3. Cientificado em 02/12/2008 (fls. 5) da solução dada à declaração de compensação apresentada, o Contribuinte, por Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 113 3 seu representante legal, interpôs a Manifestação de Inconformidade de 18/12/2008 (fls. 12), tempestivamente, com a juntada de documentos de fls. 13/38 (Despacho Decisório; DARF; DCTF Retificadora; Procuração e cópia de documentos do procurador; Ata da Assembléia Geral Extraordinária e Estatutos Sociais), afirmando, resumidamente, que foi elaborada DCTF retificadora do 4º trimestre de 2003 onde consta o crédito utilizado na PER/DCOMP. Citada DCTF retificadora e o DARF do recolhimento do tributo estão anexados à Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Da ementa da decisão recorrida A 13ª Turma da DRJ/SP1, ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou o citado acórdão de manifestação de inconformidade, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 14/11/2003 DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. MOTIVAÇÃO. Motivada é a decisão que, por conta da vinculação total de pagamento a débito do próprio interessado, expressa a inexistência de direito creditório disponível para fins de compensação. ALTERAÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PAGAMENTO HOMOLOGADO TACITAMENTE. IMPOSSIBILIDADE. Crédito tributário definitivamente constituído e extinto pelo pagamento em virtude do transcurso do lustro previsto no § 4º, art. 150 do CTN, não é passível de alteração pelo Contribuinte e nem pela Administração Tributária. DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO. Considerando que o DARF indicado no Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação PER/DCOMP como origem do crédito foi utilizado para quitar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, e que o Contribuinte não logra comprovar que a verdade material é outra, não há que se falar em pagamento indevido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da ciência Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 114 4 O contribuinte, conforme depreendese da "INTIMAÇÃO Nº 115/2012" (efl. 48) e do Aviso de Recebimento AR (efls. 49/109), conheceu do teor do acórdão vergastado em 23.01.2012, razão pela qual, irresignado com a decisão recorrida, em 22.02.2012, protocola, perante a Derat/SP, o presente recurso voluntário, acompanhados de demais documentos, é o que demonstra o carimbo constante em sua "Folha de Rosto" (efls. 50 a 108). Do recurso voluntário Após tomar ciência da decisão vergastada, o recorrente comparece mais uma vez aos autos para, em sede de recurso voluntário, essencialmente, reiterar as alegações manejadas por ocasião da instauração da fase litigiosa, conforme os argumentos de defesa a seguir sintetizados, ocasião em que (re)apresenta os documentos, ao final, listados. Depois de historicizar os fatos inerentes ao seu pedido de restituição da contribuição em comento, cumulado com o de compensação e sua negativa por parte do colegiado a quo, o recorrente argumenta em sua defesa, que: 1 se assim entender a Autoridade Julgadora, o julgamento pode ser convertido em diligência para análise dos documentos ora juntados, na medida em que o pagamento indevido ou a maior pode ser comprovado por todos os meios de prova admitidos em direito, em atenção ao principio da economia processual; 2 o cerne da questão comprobatória constitui no valor devido a título de contribuição social; 3 a declaração de imposto de renda DIPJ juntada aos presentes autos demonstra e comprova o valor devido a titulo de contribuição social é inferior ao efetivamente recolhido para o período em questão; 4 as informações transmitidas pela DCTF prestamse exclusivamente para alocar o crédito tributário o vinculálo, mas, é a DIPJ que o torna definitivo; 5 os valores constantes em DCTF somente têm natureza informativa, ao passo que a DIPJ que têm natureza jurídica declaratória para constituir o crédito tributário, cuja homologação tácita contase em 5 (anos) do primeiro dia do exercício à sua apresentação, tanto para o fisco exigir o crédito tributário apurado na DIPJ como para o contribuinte impugnálo; 6 o direito à compensação contados a partir de 5 (cinco) anos do seu pagamento não desnatura a natureza jurídica contida na DIPJ; 7 a homologação do crédito tributário dáse na DIPJ, tanto é assim, que a prescrição para o fisco cobrar contase da data da referida declaração; 8 os valores informados em DCTF não têm natureza jurídica de confissão de dívida, mas, meramente informativo para efeitos de vinculação do crédito tributário pago; 9 o Per/Dcomp regularmente transmitido têm natureza de processo administrativo fiscal e suspende a exigibilidade do crédito tributário, assim sendo suspende também o prazo prescricional, conforme dispõe o inciso III do artigo 151 do CTN, assim, não haveria impedimento para que a autoridade administrativa procedesse a alteração de oficio nas informações contidas na DCTF; Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 115 5 10 a escrituração contábil também deve ser considerada para efeitos de comprovação dos valores recolhido a título de contribuições sociais (PIS/Pasep e Cofins); 11 tanto as informações contidas na DIPJ como na escrituração contábil demonstram e comprovam a existência de valor pago a maior ou indevido a título da referida contribuição, cujo direito compensação não pode ser negado ao contribuinte; 12 devem ser analisados o conjunto dos documentos produzidos pelo contribuinte a fim de poder firmar o convencimento da autoridade julgadora; 13 no exame do recurso 898266 o Carf decidiu que prevalece as informações contidas na DIPJ sobre as informações em DCTF. Diante do alegado, requer o provimento do recurso, declarandose o direito de compensar o valor pleiteado, extinguindose o respectivo crédito tributário. Ou subsidiariamente, seja o julgamento do presente recurso voluntário convertido em diligência, para análise dos documentos ora juntados. Juntamente com a presente peça recursal, (re)apresenta: procuração e cópia de documentos do procurador; ata da assembléia geral extraordinária e estatutos sociais, listagem informando o darf mencionado, despacho decisório, acórdão da decisão recorrida, DIPJ entregue em 22.06.2004 e Livro Razão Geral/Acumulado, referente ao período de janeiro a dezembro de 2003 (em parte). Do encaminhamento Em razão disso, os autos ascenderam ao Carf em 07.10.2014 (efl. 110), que, na forma regimental, foi distribuído e sorteado para manifestação deste colegiado extraordinário da 3ª Seção, cabendo a este conselheiro o processamento do presente feito. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da competência para julgamento do feito Observo que, em conformidade com o prescrito no artigo 23B do Anexo II da Portaria MF 343 de 2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Ricarf, com redação da Portaria MF 329 de 2017, este colegiado é competente para apreciar o presente feito. Da tempestividade O recurso voluntário foi juntado aos autos em 22.02.2012, depois da ciência ocorrida em 23.01.2012; portanto, a petição é tempestiva e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação de regência, de modo que dela conheço. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 116 6 Do pedido de diligência Quanto ao pedido de diligência efetuado pelo recorrente, para melhor apuração do alegado crédito tributário e, por consequência, sua habilitação para a compensação pleiteada, entendo que todos os elementos necessários à formação da convicção deste julgador se encontram presentes nos autos, o que, por si só, já responde à condicionante corretamente suscitada pelo interessado, ao assentar que "Se assim entender a Autoridade Julgadora o julgamento pode ser convertido em diligência para análise dos documentos ora juntados". Destarte, aplicase o artigo 18 do Decreto 70.235 de 06.03.1972, que dispõe que a "autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis". Embora o comando legal inserido na norma em referência esteja direcionado ao julgador administrativo de primeira instância, entendo também aplicável a esta instância recursal diante de eventual necessidade de esclarecimento de fatos necessários ao julgamento da lide, o que não ocorre no presente caso. Neste sentido, indefiro pleito. Da jurisprudência administrativa Cabe esclarecer que, no que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos jurisprudenciais indicados pelo recorrente, somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso, nos termos do artigo 100 do Código Tributário Nacional CTN. A alegação relatada na peça recursal, por consequência, não está justificada. Dos fundamentos de mérito Da adoção, como razão de decidir, da decisão recorrida Dispõe o parágrafo 3º do artigo 57 do Anexo II do Ricarf, verbis: § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Em análise do pleito, pouco há que deva ser acrescentado por este juízo administrativo aquilo que já foi minuciosamente explicitado pela 13ª Turma da DRJ/SP1, quando da prolação do acórdão recorrido. Com efeito, andou bem o colegiado a quo ao assentar a vinculação estrita das autoridades administrativas às determinações contidas de forma literal em lei. Assim, só cabe aqui reafirmarse aquilo que de forma expressa consta da legislação tributária: o prazo para repetição do indébito é de cinco anos, contados da extinção do crédito tributário (inciso I do artigo 168 do CTN), sendo que o pagamento antecipado, efetuado no âmbito do lançamento Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 117 7 por homologação, conformase como uma das hipóteses de extinção, mesmo que pendente a sua homologação (parágrafo 1º do artigo 150 do CTN). De tal sorte, do ponto de vista estritamente legal, o pedido de restituição tem de ser efetuado no período de cinco anos que sucede o eventual recolhimento indevido ou a maior. Desta feita, em sua manifestação de inconformidade, o contribuinte argumenta que (i) o valor do crédito compensado deriva de apuração constante em DIPJ, (ii) o Per/Dcomp regularmente transmitido têm natureza de processo administrativo fiscal e suspende a exigibilidade do crédito tributário, bem assim seu prazo prescricional, não estando a autoridade administrativa, portanto, impedida de alterar de oficio nas informações contidas na DCTF, devendo, por consequência, prevalecer as informações contidas na DIPJ sobre as informações em DCTF. Por sua vez, o colegiado a quo, não acolhe o pleito do contribuinte, tendo em vista que o crédito tributário pleiteado em questão está definitivamente constituído e extinto pelo pagamento em virtude do transcurso do prazo previsto no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN, não sendo, portanto, passível de alteração pelo contribuinte ou pela Administração Tributária. Desta forma, com amparo no permissivo regimental reproduzido, por concordar com seus fundamentos, adoto como razão de decidir os termos do voto condutor da decisão recorrida, notadamente no que respeita ao tema "RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A HOMOLOGAÇÃO DO “AUTOLANÇAMENTO” ", que reproduzo, verbis: Voto (...) 4.1. Destacase, por oportuno, que os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com a presunção de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, declinando à Impugnante a iniciativa de apresentar os elementos capazes de demonstrar qualquer irregularidade no ato praticado. 4.2. Nesses termos, as matérias não expressamente questionadas presumemse legítimas e não deverão ser objeto de análise, vez que não se tornaram controvertidas nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 9.532/97. 4.3. Ressaltase, por fim, que o regramento previsto no Decreto nº 70.235/72 é aplicável à Manifestação de Inconformidade em decorrência da previsão contida no § 11 do art. 74 da Lei 9.430/96, incluído pela Lei nº 10.833/03. CRÉDITO DO CONTRIBUINTE NÃO COMPROVADO 5. Inicialmente, cumpre transcrever o regramento emanado pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96, com redação dada pela Lei nº 10.637/02: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 118 8 contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) 5.1. A Declaração de Compensação, apresentada por meio de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação) eletrônico, prestase a formalizar o encontro de contas entre o Contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, ao passo que à Administração Tributária compete a sua necessária verificação e validação. Confirmada a existência do crédito pleiteado, sobrevém a homologação e a consequente extinção dos débitos vinculados. 5.2. No caso concreto, o Contribuinte declarou débitos de PIS/PASEP (fls. 10) e apontou o suposto saldo não alocado no DARF supracitado de valor R$ 11.038,45 como origem do crédito, conforme fls. 9. 5.3. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão (fls. 2). 5.4. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER/DCOMP como origem do crédito, o seu valor integral fora utilizado para a extinção do débito referente ao período de apuração 31/10/2003 e Código de Receita 8109, conforme apontado no campo 3 do próprio Despacho Decisório. 5.5. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada à Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia, visto que já havia sido aproveitado para liquidar, por meio de pagamento, débito distinto anteriormente declarado pelo Contribuinte em DCTF. Por conseguinte, não havia saldo disponível para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação, o que justificou a não homologação do valor que já estava destinado a pagamento de tributo anteriormente confessado. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 119 9 5.6. Em suma, os motivos da não homologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pelo Contribuinte. Estes são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo. APRESENTAÇÃO DE PROVAS NO PRAZO DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE 6. Estabelece o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 que a Impugnação deverá mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Em complemento, o § 4º do citado artigo é manifesto ao prescrever que a prova documental deverá ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, ressalvados os casos específicos descritos. Art. 16. A impugnação mencionará: ... III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748/1993) ... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Acrescido pelo art. 67 da Lei nº 9.532/1997) (destaques não constam do original) 6.1. Assim, a simples apresentação de DCTF retificadora neste momento do rito processual não é suficiente para fazer prova em favor do Contribuinte. Mantémse, nesses casos, a necessidade de comprovação documental do quanto alegado, por meio da apresentação da escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão. 6.2. Insta observar que, em consonância com o art. 16 acima transcrito do Decreto nº 70.235/72, consta, nas “Orientações para apresentação de manifestação de inconformidade” disponível ao Contribuinte a partir da ciência da não homologação do crédito no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a instrução de que a manifestação de inconformidade deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 120 10 provas que possuir, como, por exemplo, comprovação de que o recolhimento indicado como crédito foi efetuado de forma indevida. 6.3. Desta sorte, na medida em que a Declaração de Compensação restou não homologada e, apresentada a Manifestação de Inconformidade, converteuse em processo administrativo, cabia à Manifestante instruílo com todos os argumentos e documentos que entendesse suficientes e necessários para demonstrar a existência do crédito que pretende utilizar para compensação. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A HOMOLOGAÇÃO DO “AUTOLANÇAMENTO” 7. O Contribuinte questiona o Despacho Decisório que não homologou a compensação afirmando possuir crédito líquido e certo contra a Fazenda Pública. Para sustentar esta afirmação apresenta declaração DCTF retificadora do 4º Trimestre (documento anexo à Manifestação de Inconformidade), entregue em 11/12/2008, na qual alterou os débitos de PIS/PASEP anteriormente declarados por meio da DCTF Original transmitida em 12/02/2004. 7.1. Em que pese o acima exposto sobre a necessidade de comprovação documental do alegado, a análise do documento apresentado pelo Contribuinte (DCTF Retificadora) se mostra relevante para a confirmação da improcedência da Manifestação de Inconformidade. 7.2. Inicialmente, registrese que, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos dos interessados frente à Fazenda Pública. Nesse sentido, a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, conforme legislação de regência (art. 5º do Decretolei nº 2.124/84, e Instruções Normativas da RFB que dispõem sobre a DCTF). 7.2.1. De fato, a conclusão emitida pela Autoridade Fiscal teve como pressuposto os dados constantes dos Sistemas da Receita Federal do Brasil, que decorrem das informações prestadas pelo Contribuinte através de declaração fiscal própria (DCTF), válida a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório. Conforme se verifica no corpo do citado despacho, não havia qualquer incongruência entre os débitos declarados na DCTF transmitida em 12/02/2004 e o valor dos pagamentos desses débitos em DARF: o valor pago por meio de DARF foi integralmente aproveitado para liquidar tributos declarados pelo Contribuinte como devidos. 7.2.2. Somente após a ciência do Despacho Decisório a Manifestante apresentou declaração retificadora (11/12/2008) na qual, por meio da diminuição do valor do débito de PIS/PASEP anteriormente declarado (DCTF de 12/02/2004), pretende comprovar a origem de seu direito creditório. Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 121 11 7.3. Cumpre observar, neste ponto, que a análise em apreço envolve declaração de tributo lançado na modalidade por homologação, vez que a Impugnante apurou o montante devido e declarou a ocorrência e quantificação dos fatos geradores verificados por intermédio da DCTF, consoante previsto no art. 150, caput, do CTN. 7.3.1. Sobre o assunto, mencionase o que entende a doutrina pátria acerca da modalidade de lançamento em tela, mormente quanto ao seu objeto. Assim, conforme ensina Hugo de Brito Machado1, in verbis: Lançamento por homologação, é aquele aplicável aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, no que concerne a sua determinação. (...) Objeto da homologação não é o pagamento, como alguns tem afirmado. É a apuração do montante devido, de sorte que é possível a homologação mesmo que não tenha havido pagamento.(...) O que caracteriza essa modalidade de lançamento é a exigência legal de pagamento antecipado. Não o efetivo pagamento antecipado. 7.3.2. Por outro lado, cumpre transcrever o que leciona Luciano Amaro2, que traduz a linha de raciocínio também sustentada por Aliomar Baleeiro3 e Eduardo Sabbag4. Na prática, o “dever de antecipar o pagamento” significa que o sujeito passivo tem o encargo de valorizar os fatos à vista da norma aplicável, determinar a matéria tributável, identificarse como sujeito passivo, calcular o montante do tributo e pagálo, sem que a autoridade precise tomar qualquer providência. E o lançamento? Este diz o Código Tributário Nacional operase por meio do ato da autoridade que, tomando conhecimento da atividade exercida pelo devedor, nos termos do dispositivo, homologaa. A atividade aí referida outra não é senão a de pagamento, já que esta é a única providência do sujeito passivo tratada no texto. Melhor seria falarse em “homologação do pagamento”, ... . 7.3.3. Notese que a homologação, que segundo Celso Antonio Bandeira de Melo5, “é o ato vinculado pelo qual a administração concorda com ato jurídico já praticado, uma vez verificada a consonância dele com os requisitos legais condicionadores de sua válida emissão”, tem por efeito dar ao ato homologado a eficácia que até então não se lhe atribuía. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 122 12 Homologar, portanto, pressupõe não apenas concordar com o ato praticado, mas também, conferirlhe validade ou eficácia que antes não sustentava. É somente diante desta ótica que se pode aceitar a idéia de “autolançamento” sem entender ferido o art. 142 do CTN. 7.3.4. Assim, tendo havido apuração do montante devido e a correspondente informação ao Fisco (declaração em DCTF), corroborada pelo pagamento dos tributos declarados como devidos, há de ser considerado efetuado o “autolançamento”. 7.3.5. Por seu turno, de acordo com o disposto no § 1º do referido art. 150 do CTN, o pagamento do tributo apurado conforme tal modalidade de lançamento extingue o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. 1 Curso de direito Tributário, 25ª ed., 2004, São Paulo: Malheiros, pp 180/181. 2 Direito Tributário Brasileiro, 14ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 364. 3 Direito Tributário Brasileiro, 11ª ed., atualizada por Misabel Abreu Machado Derzi, Rio de Janeiro: Forense, p. 829. 4 Manual de Direito Tributário, São Paulo: Saraiva, 2009, p. 713. 5 Curso de Direito Administrativo, 9ª Ed., São Paulo: Malheiros, 1997. 7.3.6. Em complemento, o § 4º do mesmo artigo do Código Tributário determina que, caso a lei não fixe prazo à homologação, será ele de 05 (cinco) anos a contar da ocorrência do fato gerador. Em não havendo pronunciamento da Fazenda Pública dentro de tal interstício, considerase homologado, tacitamente, o lançamento e definitivamente extinto o crédito tributário dele decorrente. 7.4. Neste ponto, relembrase que o Direito não socorre àquele que, por largo espaço de tempo, permanece inerte quanto ao exercício de determinado direito/faculdade que lhe possa assistir (“dormientibus non succurrit jus”). 7.4.1. No caso em análise, apreciase suposto direito creditório referente a pagamento indevido originado de erro na declaração de tributo do período de apuração findado em 31/10/2003, sendo considerada esta data, ainda que por ficção legal, a da ocorrência do respectivo fato gerador. 7.4.2. Assim, não tendo a Administração Fazendária se pronunciado durante o lustro legalmente previsto, cujo termo final se deu em 31/10/2008, o crédito tributário em análise foi, de forma inafastável, definitivamente constituído e extinto pelo pagamento nessa data. Tratase de prazo decadencial a pesar contra a Fazenda e contado a partir do fato imponível. 7.4.3. Tendose operado a homologação tácita (constituição definitiva do crédito tributário), a partir de tal advento resta Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 123 13 defeso à Fazenda questionar ou rever o ato comissivo do Contribuinte alcançado por tal instituto jurídico, consubstanciado na apuração e respectiva quitação dos tributos reputados devidos. 7.5. Por seu turno, é lícito ao Contribuinte retificar as informações prestadas ao Fisco, ao menos enquanto não iniciado qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, sempre se resguardando à Administração Tributária o direito de analisar e revisar as informações declaradas, consoante o disposto no art. 149 do CTN, enquanto não verificada a decadência tributária. 7.5.1. Contudo, no caso vertente, o Contribuinte quedouse inerte, não apresentando DCTF Retificadora dentro do prazo legal em que esta surtiria efeito (antes da ocorrência da homologação tácita), deixando de declarar o direito creditício que sustenta deter em face da Fazenda Pública. 7.5.2. Uma vez constatado o suposto erro cometido na declaração DCTF transmitida em 12/02/2004, cumpria à Manifestante a obrigação de dar conhecimento da nova apuração por meio do documento próprio para tanto DCTF Retificadora. Em não o fazendo, frente à relação jurídico tributária, deixou de “retificar” o “autolançamento” e, por via transversa, não formalizou a existência do crédito que pretendeu utilizar por intermédio da DCOMP em apreço. 7.6. Assim, foi corretamente emitido o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada no presente PER/DCOMP, vez que baseado em documentos hábeis e aptos a produzirem seus naturais efeitos ao tempo da decisão. (...) Do complemento aos termos da decisão recorrida Especificando a cronologia da apresentação dos documentos que importam para a solução do litígio, temos que: (i) Darf do período de apuração de 31.10.2003, código de receita 8109, referente ao PIS OUT/2003, informa o recolhimento, em 14.11.2003, do valor de R$ 11.038,45; (ii) a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ 2004, do período de 01.01.2003 a 31.12.2003, foi entregue/transmitida em 22.06.2004; (iii) o Per/Dcomp 31335.90698.020904.1.3.047750, foi criado e transmitido em 02.09.2004; (iv) o Despacho Decisório rastreamento 808284543, foi emitido em 24.11.2008 e cientificado em 02.12.2008; Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 124 14 (v) a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF retificadora, do 4º trimestre de apuração de 2003, que retificou a DCTF de 12.02.2004, foi entregue/transmitida em 11.12.2008. Feitos estes esclarecimentos, convém, em reforço ao quanto decidido no acórdão vergastado, anotar que os argumentos tecidos pelo recorrente em seu recurso voluntário, notadamente os sintetizados nos itens 4 a 9 do tópico "Do recurso voluntário" falecem de juridicidade e, por consequência, de plausibilidade, pois desde o anocalendário 1998, quando foi instituída a DIPJ, temse que esta declaração possui ter caráter meramente informativo, ocasião em que a DCTF passou a ser instrumento específico de confissão irretratável de dívida e de constituição do crédito tributário. Nesse sentido, transcrevo o disposto no Parecer PGFN 1.372/2012, verbis: (...) 9. Quanto à Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), ela está presentemente disciplinada pela Instrução Normativa Nº 1.264, de 30 de março de 2012, a qual obriga todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, a apresentarem a DIPJ, centralizada pela matriz. Desde a Instrução Normativa Nº 127, de 30 de outubro de 1998, a obrigação da apresentação da DIPJ é anual. 10. Sobre as diferenças normativas entre a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF e a DIPJ, o Parecer PGFN/CAT/Nº 632, de 2011, teceu, entre outras, as seguintes considerações: "27. Não é demais repetir que a previsão de inscrição em dívida ativa dos débitos declarados em DCTF existe desde a publicação da IN SRF nº 126, de 1998, que a criou, mantendose vigente, até os dias atuais, ex vi do art. 8º, § 1º, da IN RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010: Art. 8º. (...) § 1º. Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão objeto de cobrança administrativa com os acréscimos moratórios devidos e, caso não liquidados, enviados para inscrição em dívida ativa. 28. Os débitos informados por meio de DIPJ não seguem a mesma sorte, dada a inexistência de previsão nesse sentido, tanto na IN SRF nº 127, de 1998, que a instituiu, quanto no normativo vigente, qual seja, a IN RFB nº 1.028, de 30 de abril de 2010. 29. Outro ponto que evidencia a natureza diversa das duas declarações reside no fato de constar, do recibo de entrega da DCTF, a informação expressa de que a declaração correspondente constitui confissão de dívida e Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 125 15 que os valores ali declarados e não pagos serão encaminhados para inscrição em DAU, nos exatos termos a seguir transcritos: O presente Recibo de Entrega da DCTF contém a transcrição da Ficha Resumo da referida declaração, que constitui confissão de dívida, de forma irretratável, dos impostos e contribuições declarados. Fica o declarante ciente de que os impostos e contribuições declarados na DCTF e não pagos serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União, conforme o disposto no parágrafo 2º do artigo 5º do DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984. 30. O recibo de entrega da DIPJ, por sua vez, veicula a mensagem de que as informações ali prestadas "correspondem à expressão da verdade", o que não lhe atribui o status de confissão de dívida. 31. O conteúdo das declarações também leva a identificar outra diferença que confere a apenas uma delas o condão de constituir o crédito tributário. A DIPJ traz informações de natureza contábil (balanço patrimonial, despesas operacionais e demonstrativo de lucros ou prejuízos acumulados), informações societárias (dados cadastrais, identificação dos sócios) e informações de natureza fiscal (cálculo do IR mensal por estimativa e sobre lucro real, cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido Mensal por estimativa, cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido). 32. Observase que, relativamente às informações fiscais, há dados sobre a base de cálculo, o percentual de alíquota, as eventuais deduções e até mesmo um campo específico para o montante do tributo a pagar. Todavia, não são computados, como na DCTF, eventuais pagamentos com DARF, compensação de pagamento indevido ou a maior, outras compensações, parcelamentos e suspensão da exigibilidade do crédito." 11. Em arremate, o opinativo concluiu: "33. Portanto, verificase que, mesmo trazendo informações detalhadas sobre os tributos que abrange, a DIPJ não é instrumento bastante para a cobrança do débito e não pode ser considerada confissão de dívida, uma vez que o cômputo do valor do tributo nela veiculado não leva em conta dados que possam influir no valor do tributo (pagamentos, compensações) ou na própria exigência do crédito (parcelamentos, suspensão da exigibilidade).(...) 37. Não restam dúvidas de que a DIPJ, de fato, tem caráter meramente informativo, não representa confissão de dívida e não constitui o crédito tributário. (...) 39. Dessa forma, a DIPJ é, ou deveria ser, precedida das DCTFs mensais relativas aos tributos que informa. Se as Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 126 16 DCTFs correspondentes aos créditos executados existem e foram entregues, o crédito foi devidamente constituído, não se operando, necessariamente, a decadência, pois a constituição pode ter se dado dentro do prazo legal de cinco anos contados a partir do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN) ou a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I), conforme o caso. Noutros falares, se o débito exequendo foi regularmente constituído por meio de DCTF, não ocorre a decadência. 40. Outra hipótese a se considerar é a inexistência de DCTFs precedentes à DIPJ sob a qual se fundamenta a execução, ocasião em que, não transcorrido o prazo decadencial, devese informar a RFB sobre o ocorrido, para que proceda ao lançamento do crédito correspondente. Caso contrário, operase, por óbvio, a decadência.(...)" 12. Como visto, o Parecer PGFN/CAT/Nº 632, de 2011, concluiu que a DIPJ não tem o efeito de se constituir em declaração capaz de configurar lançamento por homologação, porque a DIPJ tem efeito meramente informativo, não constituindo o crédito tributário nem se configurando como confissão de dívida. (...) De se ver, portanto, que a DCTF é consagradamente instrumento de confissão de dívida e suficiente para a inscrição em dívida ativa da União. Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça STJ, no rito dos recursos repetitivos, decidiu que a DCTF é modo de constituição do crédito tributário (Resp 1.120.295/SP). Reproduzo trecho da ementa, verbis: “4. A entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, de Guia de Informação e apuração do ICMS GIA, ou de outra declaração dessa natureza prevista em lei (dever instrumental adstrito aos tributos sujeitos a lançamento por homologação), é modo e constituição do crédito tributário, dispensando a Fazenda Pública de qualquer outra providência conducente à formalização do valor declarado (Precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: Resp 962.379/RS)” Por seu turno, o CTN, em seu artigo 141, prevê que o crédito tributário, regularmente constituído, somente pode ser alterado nas modalidades do artigo 145, verbis: Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. (…) Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 127 17 Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. O artigo 156 estabelece os modos de extinção do crédito tributário, verbis: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; II a compensação; III a transação; IV remissão; V a prescrição e a decadência; VI a conversão de depósito em renda; VII o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X a decisão judicial passada em julgado. XI a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. Observese, por fim, que todas essas modalidades, incluindo a compensação, ensejam a extinção, mas não a desconstituição, do crédito tributário. Evidentemente, a compensação extingue na exata medida do que for compensado. Destarte, por óbvio, pelo que depreendese destes autos, na data da apresentação do Per/Dcomp em apreço, não homologada pela autoridade fiscal, a DCTF de 12.02.2004 ainda não tinha sido objeto de retificação, uma vez que transmitida somente em 11.12.2008, significando que o crédito utilizado pelo recorrente em sua compensação, juridicamente, era e é ainda inexistente. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10880.954263/200891 Acórdão n.º 3001000.485 S3C0T1 Fl. 128 18 Neste caso, não haveria que se falar, juridicamente, no alegado pagamento a maior, o que retiraria do crédito pretendido a liquidez e certeza que a lei impõe para que este possa ser objeto de repetição, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, verbis: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Portanto, ao efetuar a retificação da DCTF somente em 11.12.2008, restou evidenciado o transcurso do prazo de cinco anos contado da data de ocorrência do fato gerador do débito nela declarado, nos termos do caput do artigo 168 do CTN, de forma que a referida retificação não produziria quaisquer efeitos tributários, o que tornase dispensável a análise fática do direito material do suposto crédito tributário perseguido pelo recorrente, em face da sua peremptoriedade jurídica. Não havendo qualquer reparo à decisão recorrida. Da conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, para rejeitar o pedido de diligência e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 128DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.918612/2011-63
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/06/2006, 15/07/2006, 15/08/2006
EMBARGOS. OMISSÃO.
Identificada na decisão embargada a contradição entre o desenvolvimento do voto e as respectivas conclusões, tal vício há de ser sanado.
Numero da decisão: 3301-004.682
Decisão: Embargos de Declaração providos.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos Embargos de declaração, por serem tempestivos e por se configurar a contradição alegada, e provê-los para determinar o cancelamento da Dcomp 19924.56315.281105.1.3.04-2432 e reconhecer o crédito pleiteado pela Recorrente.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Liziane Angelotti Meira- Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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decisao_txt : Embargos de Declaração providos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos Embargos de declaração, por serem tempestivos e por se configurar a contradição alegada, e provê-los para determinar o cancelamento da Dcomp 19924.56315.281105.1.3.04-2432 e reconhecer o crédito pleiteado pela Recorrente. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira- Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Winderley Morais Pereira.
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OMISSÃO. Identificada na decisão embargada a contradição entre o desenvolvimento do voto e as respectivas conclusões, tal vício há de ser sanado. Embargos de Declaração providos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos Embargos de declaração, por serem tempestivos e por se configurar a contradição alegada, e provêlos para determinar o cancelamento da Dcomp 19924.56315.281105.1.3.042432 e reconhecer o crédito pleiteado pela Recorrente. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Winderley Morais Pereira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 86 12 /2 01 1- 63 Fl. 398DF CARF MF Processo nº 10680.918612/201163 Acórdão n.º 3301004.682 S3C3T1 Fl. 399 2 Relatório Conselheira Liziane Angelotti Meira. Visando à elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do constante da decisão embargada (fls 259/264): Contra a contribuinte precitada foi emitido o Despacho Decisório à fl. 39, por meio do qual foi parcialmente homologada a compensação efetuada por meio de PER/Dcomp. A homologação parcial foi motivada pela insuficiência do crédito utilizado para compensar integralmente os débitos informados. O crédito utilizado se refere a pagamento indevido ou a maior de Cofins, código de receita 5856. A contribuinte declarou que pretende compensar referido crédito com débitos de débitos de Cofins, código de receita 2172, relativos aos meses de maio a julho de 2006. Como enquadramento legal são citados os seguintes dispositivos: arts. 165 e 170 da Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN) e art. 74 da Lei n.º 9.430, 27 de dezembro de 1996. Cientificada em 20/09/2010, fl. 62, em 20/10/2010 a interessada apresenta a manifestação de inconformidade às fls. 2 a 13, acompanhada dos documentos às fls. 14 a 61, alegando, em síntese, que a cobrança de multa de mora é indevida, posto que não houve ausências de recolhimento mas tão somente pagamento em modalidade distinta. Acrescenta que, ainda que assim não fosse, houve denúncia espontânea da infração nos termos do art. 138 do CTN, de modo que o débito merece ser cancelado. Ao longo de seu recurso, transcreve doutrina, jurisprudência e julgados administrativos que entende virem ao encontro de seus argumentos. O Recurso Voluntário foi provido pelo Acórdão nº 3301002.275 – 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, conforme a seguinte ementa (fl. 259): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/11/2006, 15/12/2006, 15/01/2007, 15/02/2007 DCTF. RETIFICAÇÃO. DÉBITO. DCOMP. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA. INEXIGIBILIDADE. No julgamento do REsp 1.149.022, sob o regime do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o pagamento de Fl. 399DF CARF MF Processo nº 10680.918612/201163 Acórdão n.º 3301004.682 S3C3T1 Fl. 400 3 débito tributário, declarado em DCTF retificadora, em data anterior e/ ou na mesma data de transmissão da respectiva declaração, configura denúncia espontânea nos termos da legislação tributária e, consequentemente, afasta a incidência da multa moratória. Recurso Voluntário Provido. Foi juntado Relatório Fiscal (fls 271/272), nos seguintes termos: Como se vê no Sief/Processo (processo de crédito 10680.918612/201163) , e conforme Despacho Decisório relativo a essa DComp, o crédito já foi todo utilizado na compensação (com a incidência da multa), que não pode ser desfeita/refeita. Portanto, antes de mais nada, devese verificar se o crédito é suficiente para compensar os débitos (sem a incidência da multa), e assim homologar totalmente a DComp nessa condição. No quadro abaixo vêse que não é suficiente, restando saldo devedor : No Sief/Processo não é possível informar isso, visto que o que se deve informar lá é que o contribuinte conseguiu no Carf “reduzir” o seu débito (retirada da multa de mora), e não mais crédito, pois foi isso que efetivamente ocorreu. Por causa dessa limitação, deixarei de informar lá que houve essa “redução” de débito, e simplesmente encerrarei o processo de crédito. Quanto ao processo de débito (10680.920145/201131), cujos saldos devedores são aqueles resultantes da compensação com a incidência da multa de mora (que assim permanecem dada a limitação descrita acima), tampouco há o que se fazer senão suspendêlo por representação naquele sistema, encerrandoo também. O saldo devedor cadastrei no processo de cobrança 10680.722198/201431 , aberto exclusivamente para isso. Em seguida, a contribuinte foi intimada a pagar o saldo devedor no valor de R$ 208.334,81 (fl. 273). Fl. 400DF CARF MF Processo nº 10680.918612/201163 Acórdão n.º 3301004.682 S3C3T1 Fl. 401 4 Foram interpostos Embargos de Declaração pela contribuinte (fls. 275/283), no qual alegou que teria se caracterizado ausência de análise do crédito objeto da compensação, nos seguintes termos: Diante da desconsideração da documentação acostada aos autos, verificase que o v. acórdão foi omisso quanto à origem e suficiência do crédito tributário em observância ao princípio da verdade material. As provas juntadas demonstram a existência de direito ao crédito referente a recolhimento a maior de Cofins, no valor de R$ 5. 480.290,46, diante da constatação pela Embargante de que houve a inclusão de receitas tributadas pelo regime de não cumulatividade de algumas receitas que estariam sujeitas ao regime cumulativo. A origem do crédito pode ser verificada com base nos documentos constantes do presente processo, ainda mais com a comprovada não utilização da PER/DCOMP no 19924.56315.281105.1.3.042432, uma vez que esta não serviu para extinção de crédito tributário. Não é razoável admitir que um crédito passível de compensação seja desconsiderado pela ausência de procedimento de DCOMP, mera formalidade administrativa. A não utilização do crédito foi demonstrada pelas DCT´s juntadas nos autos deste processo administrativo. Então a contribuinte pugna pela prevalência da verdade material, junta copiosa jurisprudência e defende que "está clara a suficiência do crédito tributário para fazer frente ao débito que se pretende compensar, pelo que deve ser suprimida a omissão de que está eivado o v. acórdão, homologandose integralmente a compensação realizada". Por fim, assevera que "o v. acórdão está eivado também de vício de inexatidão material, pois a mencionada 'Dcomp no. 31269.23052.281105.1.3.043303' nem ao menos guarda correlação com o presente processo". A 3ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seçao, por meio da Resolução nº 3301000.303 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, determina diligência, nos seguintes termos: Dessarte, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a unidade preparadora possa elaborar relatório para esclarecer os pontos indicados Embargos de Declaração, especificamente no que concerne à existência do crédito da embargante e à utilização da PER/DCOMP no 19924.56315.281105.1.3.042432 Deve, em seguida, ser ofertada ao Contribuinte, bem como à Fazenda Pública, oportunidade para que possam contra arrazoar, se entenderem necessário, acerca do relatório produzido. Foi então juntados os documentos às fls. 345/364 o Relatório de Diligencia Fiscal, fls. 365/369. Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10680.918612/201163 Acórdão n.º 3301004.682 S3C3T1 Fl. 402 5 A Recorrente apresentou sua manifestação sobre o Relatório de Diligencia Fiscal, fls. 365/369, reafirmando sua pretensão. Voto Os Embargos de Declaração (fls. 275/283), interpostos pela contribuinte são tempestivos e atendem aos pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual devem ser conhecidos. A Embargante alega ser titular de crédito no valor de R$ 5.480.290,46, e que a origem do crédito pode ser verificada com base nos documentos acostados ao presente processo, especialmente na comprovada não utilização da PER/DCOMP no 19924.56315.281105.1.3.042432, uma vez que esta não serviu para extinção de crédito tributário. Este ponto especialmente não foi objeto do Acórdão embargado. Nesse contexto, julgouse relevante para a decisão verificar se o crédito alegado pela Embargante teria respaldo e também se a PER/DCOMP no 19924.56315.281105.1.3.042432 efetivamente não teria sido utilizada. A conclusão da diligência, conforme Relatório de Diligencia Fiscal, fl. 369 foi a seguinte: • o contribuinte possui crédito de pagamento a maior originado do recolhimento da Cofins Não Cumulativa – PA 10/2005. O valor desse crédito era originalmente de R$ 5.480.290,46 e foi reduzido a R$ 2.655.628,34 pelo uso de parte do crédito na Dcomp 19924.56315.281105.1.3.042432, apresentada em 28/11/2005 e não cancelada; • a Dcomp 19924.56315.281105.1.3.042432 não consta entre as parcelas de crédito vinculadas na DCTF ativa ao débito da Cofins Não Cumulativa – PA 01/2005; • as parcelas do débito da Cofins Não Cumulativa – PA 01/2005 vinculadas a compensações ainda não tiveram quitação definitiva. Diante do exposto voto no sentido de determinar o cancelamento da Dcomp 19924.56315.281105.1.3.042432 e reconhecer o crédito de R$ 5.480.290,46, pleiteado pela Recorrente. Dessarte, voto no sentido de conhecer dos Embargos de declaração, por serem tempestivos e por se configurar a contradição alegada, e provêlos pelas razões de mérito indicadas. (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10680.918612/201163 Acórdão n.º 3301004.682 S3C3T1 Fl. 403 6 Fl. 403DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13643.000328/2009-59
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.551
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 64 3. 00 03 28 /2 00 9- 59 Fl. 125DF CARF MF 2 Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas. O Recurso Voluntário foi apresentado pelo relator para a Turma, assim como os documentos do lançamento, da impugnação e do acórdão de impugnação, e demais documentos que embasaram o voto do relator. Esses destaques não constam desse relatório, pois estão disponíveis no processo. Tratase de discussão sobre despesas médicas, questão de prova, convencimento em relação aos documentos apresentados. Contribuinte apresentou recibos. Lançamento, mediante notificação e posteriormente despacho decisório fundamentou recusa de documentos por falta de justificativas, e pratica reiterada de deduções elevadas. A DRJ apontou problemas de falta de endereço, nome do paciente e identificação do profissional. Voto Conselheiro Jorge Henrique Backes, Relator Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. A falta de indicação do nome do paciente, em recibo emitido em nome do contribuinte, sem nenhuma investigação, sem nenhuma indicação de que não se trata o contribuinte o paciente, não se afigura motivo para não aceitação do documento. Constituise prática comum a emissão de recibos dessa maneira. A recusa deve apresentar alguma indicação de falta de idoneidade no documento. Não foi o caso. A falta de endereço no documento, como motivo para recusa, prendese a formalismo que poderia a mais das vezes ser suprido por simples pesquisa. Da mesma forma não inquina o documento de nenhuma inidoneidade. A falta de indicação mais clara do profissional foi alegada pelo acórdão de impugnação, mas o próprio Despacho Decisório ao descrever a prática recorrente de dedução desse profissional o aponta como dentista. Há elementos na documentação que indicam a necessidade de verificação, investigação. O lançamento fez uma tentativa de inquinar inidoneidade por uma prática de dedução repetida de valores elevados do mesmo profissional, mas o que é um indício a investigar passou a ser um fator de recusa. No caso, afora a repetição citada, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva. Tampouco foram apresentados vícios, indícios ou circunstâncias desabonadoras para os documentos apresentados pelo contribuinte. Não foi apresentada nenhuma investigação, circularização, ou outro procedimento de verificação que indicasse algum problema, ou mesmo dúvida, nos documentos. Como as alegações de recusa se prenderam a formalidades, e os documentos indicam prestação de serviços médicos, na dúvida, na falta de fundamentação na recusa e na ausência de indicações desabonadoras claras, entendo pela aceitação dos documentos. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13643.000328/200959 Acórdão n.º 2001000.551 S2C0T1 Fl. 3 3 Em argumentação geral, os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que sejam glosados devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como veremos na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Trazendose um pouco de doutrina percebese claramente a necessidade da motivação. Diz Celso Antônio Bandeira de Mello, em relação aos atos discricionários: “A motivação deve ser prévia ou contemporânea à expedição do ato. (…) Naqueloutros, todavia, em que existe discricionariedade administrativa ou em que a prática do ato vinculado depende de apurada apreciação e sopesamento dos fatos e das regras jurídicas em causa, é imprescindível motivação detalhada. [...] E Maria Sylvia Zanella Di Pietro, sobre a motivação expressase assim:: “O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. Ele está consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para as velhas doutrinas que discutiam se Fl. 127DF CARF MF 4 a sua obrigatoriedade alcançava só os atos vinculados ou só os atos discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos.” E além de princípios e doutrinas, também a lei , como antes aventado, dispõe sobre a obrigação de motivar. A Lei nº 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal em seu artigo 50, dispõe: “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII– importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.” Esse artigo da lei não faz diferenciação entre atos vinculados ou discricionários. Todos os atos que se encaixam nas situações dos supracitados incisos, sejam vinculados ou discricionários, devem compulsoriamente ser motivados. A amplitude e o imenso alcance desse artigo sobre os atos administrativos não deixa nenhum resquício de incerteza ou de dúvida: a regra ampla e geral é a obrigatoriedade de motivação dos atos administrativos. E como princípio, de maneira não menos importante, vejase o que diz sobre a matéria o art. 2º da mesma Lei 9.784, de 1999: “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (…) VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; Fl. 128DF CARF MF Processo nº 13643.000328/200959 Acórdão n.º 2001000.551 S2C0T1 Fl. 4 5 IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (…) XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”. Assim, na ausência de fundamentos consistentes que indiquem inidoneidade dos documentos usuais de comprovação, é indevida a glosa de despesas médicas. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.006907/2008-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 05 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DAS MULTAS POR LANÇAMENTO DE OFICIO E JUROS DE MORA À TAXA SELIC. ARTIGOS 44 E 61 DA LEI 9.430/1996. Verificadas infrações à legislação tributária, correto a exigência dos tributos devidos mediante auto de infração, aplicando-se a pertinente multa de ofício, incidindo, ainda, juros de mora à taxa Selic.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1402-001.491
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passa a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Moises Giacomelli Nunes da Silva
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APLICAÇÃO DAS MULTAS POR LANÇAMENTO DE OFICIO E JUROS DE MORA À TAXA SELIC. ARTIGOS 44 E 61 DA LEI 9.430/1996. Verificadas infrações à legislação tributária, correto a exigência dos tributos devidos mediante auto de infração, aplicandose a pertinente multa de ofício, incidindo, ainda, juros de mora à taxa Selic. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passa a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva Relator (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 69 07 /2 00 8- 51 Fl. 565DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0718.11326.P5TK. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10935.006907/200851 Acórdão n.º 1402001.491 S1C4T2 Fl. 0 2 Relatório EXACTA REGULAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DE SINISTROS LTDA recorre a este Conselho contra a decisão proferida pela DRJ em primeira instância, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): Os autos de infração de fls. 162216, exigem do contribuinte crédito tributário no importe de R$ 27.676,12 a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (fl.162), R$ 4.721,81 de PIS (fl.176), R$ 21.793,57 de Cofins (fl.189) e, R$ 16.621,17 de CSLL (fl.202), todos acrescidos de multa de ofício à razão de 75% e juros, referentes a fatos ocorridos nos anos calendário de 2004, 2005 e 2006. 2. Ao contribuinte está sendo imputada omissão de receitas da atividade, sem a emissão de notas fiscais e, a aplicação incorreta do coeficiente de 16% sobre as receitas da atividade de prestação de serviços, tendo em vista ter ultrapassado no ano o limite de faturamento anual de R$ 120.000,00. 3. O suporte legal para a exigência dos tributos obedece ao seguinte: a) IRPJ – artigos 518, 519 e 528 do RIR de 1999; b) PIS – artigos 1º e 3º da Lei Complementar nº 7 de 07/09/1970, artigo 24, § 2º da Lei nº 9.249, de 26/12/1995, e, artigos 2º, inciso I, alínea “a” e parágrafo único, 3º, 10, 22, 51 e 91 do Decreto nº 4.524, de 17/12/2002; c) COFINS – artigos 2º, inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22, 51 e 91 do Decreto nº 4.524, de 17/12/2002 e; d) CSLL – artigo 37 da Lei nº 10.637, de 30/12/2002 e, artigo 22 da Lei nº 10.684, de 30/05/2003. 4. Cientificado da exigência em 19/09/2008, apresentou, por meio de procurador legalmente habilitado, instrumento de mandato à fl. 228, impugnação ao feito (fls. 218227), onde alega: que a exigência é ilegal posto estar amparada em informações prestadas em DIRF, pelas sociedades seguradoras, as quais possuem divergências. 5. Afirma que do auto de infração não consta as alíquotas aplicadas; o termo de início do prazo para a contagem dos juros incidentes sobre a multa aplicada; que a multa supera o limite de 20% determinada pelo Regulamento do Imposto de Renda e, em assim sendo, ocorreu violação ao princípio da legalidade e feriu o próprio Regulamento do Imposto de Renda. Sustenta que tais vícios de forma são insanáveis e acarretam a nulidade do auto de infração e que a pretensão do Fisco contraria o disposto no artigo 146, inciso III, alíneas “a” e “b” da Constituição Federal. 6. Ataca a aplicação da taxa Selic para o cálculo dos juros, taxandoa de inconstitucional uma vez que não foi instituída por Lei Complementar, e que por ser juro flutuante, afrontaria ao disposto no § 3º do artigo 192 e artigo 37 da Fl. 566DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0718.11326.P5TK. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10935.006907/200851 Acórdão n.º 1402001.491 S1C4T2 Fl. 0 3 Constituição Federal. Alega que cobrar juros acima dos 12% previstos na Constituição fere o princípio da moralidade pois além de contrariam os dispositivos constitucionais acima mencionados, nega vigência ao disposto no § 1º do artigo 161 do Código Tributário Nacional; que a Receita Federal está aplicando o disposto na Lei 8.981 e a Lei 9.065, ambas de 1995 a fatos anteriores à sua instituição, em afronta ao princípio da irretroatividade das leis, da legalidade e o da segurança jurídica . Transcreve doutrina. 7. Ao final, requer que a impugnação seja recebida nos efeitos suspensivos da exigibilidade do crédito e o lançamento seja julgado improcedente, decretando a nulidade do auto de infração ou, alternativamente, caso o lançamento seja julgado procedente, que apliquese a multa de 20%, conforme determina o Regulamento do Imposto de Renda e que sejam afastados os juros calculados por meio da aplicação da taxa Selic. A decisão recorrida está assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ OMISSÃO DE RECEITA DE COMISSÕES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA COMPANHIAS DE SEGUROS. Comprovado pela fiscalização, por meio das DIRF transmitidas pelas tomadoras de serviços, que a contribuinte tributou a menor as receitas de comissões auferidas junto às companhias de seguros, correto o lançamento fiscal sobre as parcelas subtraídas ao crivo do imposto. LUCRO PRESUMIDO. A opção pela tributação pelo Lucro Presumido impede que o sujeito passivo deduza as despesas decorrentes de deslocamento quando da prestação dos serviços. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Verificada a omissão de receita, o valor correspondente deverá ser considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social, do PIS e da Cofins. JUROS DE MORA. APLICABILIDADE DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF nº 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL ESTABELECIDO EM LEI. No caso de lançamento de ofício, é cabível a exigência da multa, no percentual previsto na legislação de regência, a qual se exige juntamente com o imposto ou a contribuição apurados na respectiva ação fiscal. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Cientificada da aludida decisão em 23/6/2010, fl. 267, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 15/7/2010, fls. 268 e seguintes, no qual repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento alegando que: Fl. 567DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0718.11326.P5TK. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10935.006907/200851 Acórdão n.º 1402001.491 S1C4T2 Fl. 0 4 (...) o respeitável ACÓRDÃO/VOTO da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de fls., prolatado no Auto de Infração MPF n. 2 0910300/00851/08, lavrado em 19/09/2008, Processo n. 9 10935 006.907/200851, não pode prevalecer, porque a constituição do crédito tributário, pela autoridade competente, apurada e descrita no mencionado Auto de Infração MPF e Processo, "data vênia" e com todo respeito que a autoridade que o lavrou merece, não tem condão de legalidade. (...) Vejase. I DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE CONSTA do indigitado processo administrativo fiscal, que confrontando os valores das receitas declaradas à Receita Federal pela Impugnante com os valores das comissões informadas em DIRFs pelas sociedades seguradoras constatouse que existem divergências. CONSTA, também, do Al, que, a multa a ser aplicada deve ser de R$ 53.109,13 (Cinqüenta e Três Mil, Cento e Nove Reais e Treze Centavos). CONSTA, ainda, do termo de encerramento de ação fiscal, que, o procedimento de fiscalização foi levado a termo com a análise dos livros e documentos da lmpugnante relativamente aos anos calendários de 2004 à 2006 e que, após concluído os referidos trabalhos os livros e documentos utilizados foram devolvidos a Impugnante. E, por derradeiro, que após a fiscalização foi apurado um crédito tributário de R$ 152.250,58 (Cento e Cinqüenta e Dois Mil, Duzentos e Cinqüenta Rea is e Cinqüenta e Oito Centavos). Todavia, Nobres Julgadores, não constam corretamente e claramente do Auto de Infração MPF n. 2 0910300/00851/08: a) 0 percentual das aliquotas aplicadas. b) 0 termo de inicio do prazo para contagem dos juros moratórios incidentes sobre a multa aplicada. c) A multa supera o limite máximo de 20% determinado pelo Regulamento do Imposto de Renda, pois foi fixada em 75%. Por essas razões de fato e de direito, o Auto de Infração MPF n.2 0910300/00851/08, merece reparos, de vez que, violou o principio constitucional da legalidade, infringiu os dispositivos do Regulamento do Imposto de Renda. Tais vícios de forma, casuística no curso do procedimento administrativo fiscal, que antecedeu o lançamento, remeteu o Auto de Infração MPF n. 2 0910300/00851/08, à nulidade, relativa, a qual deve ser reconhecida de pleno, por esse Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 0 ato administrativo público, é, no entendimento remansoso da doutrina e da jurisprudência dos Tribunais, urna espécie de ato jurídico, e, para que sua validade tenha efeito no circulo do império da ordem jurídica deverá conter todos os atributos previstos para validade do ato jurídico perfeito. Acontece, que, IN espécie, o ATO que constituiu a presente notificação de lançamento, não foi balizado nessa ordem normativa, eis que, omitiu atributos essenciais elencados no mencionado Regulamento. Dessa forma, pelo texto da lei processual normatizadora do tributo a peça acusatória instituída pelo Auto de Infração, ora impugnado, não 6 a via legal adequada à Fl. 568DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0718.11326.P5TK. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10935.006907/200851 Acórdão n.º 1402001.491 S1C4T2 Fl. 0 5 espécie, devendo ser reconhecida de pleno, por esse órgão judicante monocrático, com a decretação de nulidade absoluta do feito, por vícios de forma, insanáveis. Pois, o Al, como peça acusatória, que 6, deve guardar respeito aos requisitos de sua formação, a fim de que, não só se constitua em ato ilícito e proporcione ao acusado ampla, geral e irrestrita defesa. II DO EXCESSO DE COBRANCA lnobstante estar o Auto de Infração MPF n. 2 0910300/00851/08, eivado de vícios formais, em razão da inobservância dos requisitos essenciais, ainda há que se observar que, a aplicação na multa, excedeu aos valores supostamente devidos e exigidos pelo Regulamento do Imposto de Renda, eis que pelos demonstrativos em anexo, documentos integrantes do Al, a multa excede o percentual de 20% previsto no Regulamento. III CORREÇÃO MONETÁRIA COMO ELEMENTO DA OBRIGACAO TRIBUTARIA É fora de dúvida que a indexação monetária 6 um dos elementos da constituição da obrigação tributária. Esta tem diversos aspectos, tais como os sujeitos ativo e passivo, a hipótese de incidência, a base de cálculo, a aliquota, o prazo de pagamento, etc. e, também, a correção do credito. (...) IV OS JUROS PELO SELIC SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDACAO E DE CUSTÓDIA Segundo a legislação vigente, todo fato gerador de tributo havido após 01 de janeiro de 1.995, incidirá juros de 1% ao mês, contados do mês subseqüente ao do vencimento, ou o valor equivalente a Taxa Média Mensal de Captação do Tesouro Nacional relativo a Divida Mobiliária Federal Interna TMCTN, dos dois o maior, até 31 de março de 1.995, conforme a Lei n9 8.981/95. A partir de 12 de abril de 1.995, os .juros de mora passaram a ser equivalentes h taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais, desde que não inferior a 1% ao mêscalendário ou fração. (...) Desta forma, estando perfeitamente claro, pelas razões aqui expostas e, demonstrado a violação dos princípios legais anteriormente elencados, espera a Recorrente desse Colendo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, seja dado provimento ao presente RECURSO, no sentido de ser tornado nulo o lançamento, e julgado o feito administrativo improcedente, decretando por conseqüência a nulidade do Auto de Infração MPF n. 2 0910300/00851/08, lavrado em 19/09/2008, Processo n. 2 10935 006.907/200851 e a extinção do crédito, na forma dos dispositivos legais do Código Tributário Nacional, por ser este inexigível. E, por derradeiro, "AD ARGUMENTANDUM", se procedente o Auto de Infração MPF n. 2 0910300/00851/08, lavrado em 19/09/2008, Processo n.2 10935 006.907/200851, se requer a aplicação da multa na base de 20%, conforme determina o Regulamento do Imposto de Renda e ainda a exclusão dos juros calculados pela Taxa Média Mensal de Captação do Tesouro Nacional relativo a Divida Mobiliaria Federal Interna — TMCTN e pela Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia —SELIC. (...)” É o relatório. Fl. 569DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0718.11326.P5TK. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10935.006907/200851 Acórdão n.º 1402001.491 S1C4T2 Fl. 0 6 Voto Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade. Conforme relatado, tratase de exigência de IRPJ e Reflexos, na sistemática do lucro presumido, tendo em vista a constatação de omissão de receitas a partir das informações das sociedades seguradoras para as quais a contribuinte prestou serviços no período fiscalizado (fls. 131143). Foi aplicada a multa de oficio de 75%. Tal qual já asseverado na decisão recorrida, a ação fiscal iniciou em 01/09/2008, fl. 3, quando foi solicitado a contribuinte que confirmasse a veracidade dos valores informados pelas seguradoras a título de comissões pagas a ele. Foi respondido que os valores eram verdadeiros, fl. 5. Portanto, não há litígio quanto ao montante das omissões de receitas. A diferença entre os valores declarados à Receita Federal e aqueles informados pelas seguradores em DIRF referemse a serviços de perícias em bens segurados por terceiros, junto a companhias de seguros, os quais requerem deslocamento de pessoas para fora do ambiente da empresa, gerando diversos gastos. A Fiscalização recompôs a a base de cálculo dos tributos e, sendo esta base de cálculo superior ao limite estabelecido na legislação de regência, apurouse a diferença de tributos em relação aos valores anteriormente declarados à Receita Federal, porque a impugnante, em face do volume de receitas, está sujeita à alíquota de 32% e não 16%, como havia calculado. No recurso voluntário a contribuinte repisa parte das alegações da peça impugnatória: alega em preliminar ter havido afronta a princípios constitucionais, contesta o percentual da alíquota aplicada, reclama da multa de ofício que excedeu 20% e ataca a aplicação da taxa Selic no cálculo dos juros. Pois bem, analisei o procedimento fiscal e formei pleno convencimento de que a lavratura dos autos de infração, fls. não merece qualquer reparo, tendo sido observado os preceitos do art. 142 do Código Tributário Nacinal – CTN, bem como do art. 10 do Decreto 70.235/1972. Todas o procedimento e as irregularidades apuradas estão detalhadamente descritas no Termo de Verificação Fiscal de fls. 154161, especialmente quanto a apuração da base de cálculo (receitas omitidas) e a legislação aplicada às irregularidades. Frisese que o sóciogerente da autuada obteve cópia deste mediante ciência pessoal (fl. 161 ao final). Destaco que nos fundamentos do voto condutor da decisão recorrida foi repisada a base legal do auto de infração, sendo que o recorrente não aponta qualquer falha ou equivoco, especifica, neste voto. Portanto, não há que se falar em inobservância do principio da legalidade. Fl. 570DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0718.11326.P5TK. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10935.006907/200851 Acórdão n.º 1402001.491 S1C4T2 Fl. 0 7 No que tange a alegação de confisco, esclareçase que a apuração de infrações em auditoria fiscal é condição suficiente para ensejar a exigência dos tributos mediante lavratura do auto de infração e, por conseguinte, aplicar a multa de ofício de 75% ou 150% nos termos do artigo 44, inciso I ou II, da Lei nº 9.430/1996. Essa multa é devida quando houver lançamento de ofício, como é o caso. De qualquer forma, convém esclarecer, que o princípio do não confisco insculpido na Constituição, em seu art. 150, IV, dirigese ao legislador infraconstitucional e não à Administração Tributária, que não pode furtarse à aplicação da norma, baseada em juízo subjetivo sobre a natureza confiscatória da exigência prevista em lei. Ademais, tal princípio não se aplica às multas, conforme entendimento já consagrado na jurisprudência administrativa, como exemplificam as ementas transcritas na decisão recorrida e que ora reproduzo: "CONFISCO – A multa constitui penalidade aplicada como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do artigo 150 da Constituição Federal (Ac. 102 42741, sessão de 20/02/1998). MULTA DE OFÍCIO – A vedação ao confisco, como limitação ao poder de tributar, restringese ao valor do tributo, não extravasando para o percentual aplicável às multas por infrações à legislação tributária. A multa deve, no entanto, ser reduzida aos limites impostos pela Lei nº 9.430/96, conforme preconiza o art. 112 do CTN (Ac. 20171102, sessão de 15/10/1997)." Por sua vez, A aplicação da taxa Selic no cálculo dos juros de mora também está prevista em normas legais em pleno vigor, regularmente citada no auto de infração (artigo 61, § 3º da Lei 9.430 de 1996), portanto, deve ser mantida. Nesse sentido dispõe a Súmula nº 4 do CARF: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Quanto aos demais alegações do contribuinte, verificase que todas foram enfrentadas no voto condutor do acórdão recorrido, o qual não merecer reparos, pelo que peço vênia para adotar tais fundamentos como razões adicionais de decidir. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva Fl. 571DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0718.11326.P5TK. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA em 10/12/2013 13:08:00. Documento autenticado digitalmente por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA em 10/12/2013. Documento assinado digitalmente por: LEONARDO DE ANDRADE COUTO em 10/12/2013 e MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA em 10/12/2013. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 13/07/2018. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP13.0718.11326.P5TK Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: D7C9D84DCE961D8AD2F4C1E7EEB50C480B6DF201 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Legislação e Processo". 3) Selecione a opção "e-AssinaRFB - Validar e Assinar Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10935.006907/2008-51. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 10980.914287/2012-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jul 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005
RESTITUIÇÃO. REQUISITO.
O direito à restituição pressupõe a existência de créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN).
Numero da decisão: 3201-003.917
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. Acompanharam o relator pelas conclusões os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1759; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.914287/201266 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201003.917 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de junho de 2018 Matéria RESTITUIÇÃO Recorrente METROBENS AUTOMÓVEIS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 RESTITUIÇÃO. REQUISITO. O direito à restituição pressupõe a existência de créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN). Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. Acompanharam o relator pelas conclusões os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório METROBENS AUTOMÓVEIS LTDA. apresentou pedido eletrônico de restituição de crédito da contribuição (Cofins/PIS), pedido esse que restou indeferido pela repartição de origem em razão do fato de que o pagamento informado pelo pleiteante já havia sido utilizado para quitação de outros débitos de sua titularidade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 42 87 /2 01 2- 66 Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10980.914287/201266 Acórdão n.º 3201003.917 S3C2T1 Fl. 3 2 Cientificado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade e requereu a reavaliação do despacho decisório, alegando, aqui apresentado de forma sucinta, o seguinte: a) o direito creditório pleiteado se refere a pagamento a maior da contribuição (PIS/Cofins) decorrente da inclusão indevida do ICMS em sua base de cálculo; b) a contribuição (PIS/Cofins) incide sobre o faturamento mensal que corresponde à receita bruta da venda de mercadorias e/ou serviços; c) a Lei nº 9.718/1998 extrapolou a previsão constitucional, instituindo as contribuições sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade exercida e/ou da classificação contábil adotada, enquanto que o art. 195, I, "b", da Constituição Federal previa a instituição de contribuições sociais somente sobre o faturamento, o que não abrange o valor pago a título de ICMS, visto que tal valor constitui ônus fiscal e não faturamento. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento, por meio do acórdão nº 12 079.442, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando que a base de cálculo das contribuições (PIS/Cofins) é o faturamento, que corresponde à receita bruta auferida, não havendo previsão legal para exclusão do valor do ICMS que compõe o preço de venda da mercadoria. Irresignado, o contribuinte interpôs, no prazo legal, Recurso Voluntário, repisando os mesmos argumentos de defesa, destacando a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição (PIS/Cofins), conforme decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a repercussão geral da matéria no julgamento do RE nº 574.706. Arguiu, ainda, que o CARF entende, em observância ao princípio da Verdade Material, ser admissível a juntada de documentos que comprovem os fatos alegados pelo contribuinte após a impugnação e até o momento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201003.882, de 20/06/2018, proferido no julgamento do processo 10980.914262/201262, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201003.882): O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10980.914287/201266 Acórdão n.º 3201003.917 S3C2T1 Fl. 4 3 A Recorrente apresentou PER/DCOMP por meio do qual requereu a restituição do PIS apurado em julho de 2005. Indeferido o pleito ao argumento de que o crédito vindicado estava integralmente utilizado para quitação de débitos do próprio contribuinte, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, por meio da qual alegou, com fundamento em decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal STF, que o direito à restituição decorre do fato do pagamento a maior do PIS/Cofins, em face da inclusão, nas suas respectivas bases de cálculos, do ICMS estadual, argumento repetido no recurso voluntário, ora apreciado. A Recorrente, contudo, não se atentou para o fato – devidamente explicitado no acórdão recorrido – de que a razão para o indeferimento do pedido repousou na utilização integral do crédito para pagamento de débito da mesma contribuição. Noutras palavras, a Recorrente sequer apresentou, antes ou após a ciência do Despacho Decisório (na verdade, nada falou a respeito em suas defesas), DCTF retificadora para permitir a liberação do valor requerido, se fosse o caso, e a sua restituição em pecúnia ou a sua compensação com outros tributos. Ainda que eventualmente seja procedente o argumento que embasa o pedido (isso não significa que concordemos com a tese), a Administração Tributária não podia e não pode restituir valor já alocado para quitação de um tributo. Quem deve fazêlo é o próprio contribuinte, de ordinário antes de apresentar o pedido eletrônico de restituição. É como, aliás, entende a própria RFB, como indica o Parecer Normativo Cosit nº 2, de 28 de agosto de 2015: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10980.914287/201266 Acórdão n.º 3201003.917 S3C2T1 Fl. 5 4 haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Dispositivos Legais. arts. 147, 150, 165 170 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN); arts. 348 e 353 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil (CPC); art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984; art. 18 da MP nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001; arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010; Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012; Parecer Normativo RFB nº 8, de 3 de setembro de 2014. eprocesso 11170.720001/201442 Portanto, para que haja a possibilidade de restituição, o crédito respectivo deve estar liberado, mediante a entrega de DCTF retificadora, exceto quanto às hipóteses de impedimento à sua apresentação, não verificadas, aliás, no caso ora em exame, como, por exemplo, quando o saldo a pagar já tenha sido enviado à Procuradoria da Fazenda Nacional PFN para inscrição em Dívida Ativa. Não cabe, ademais, à RFB fazer a retificação de ofício. Como consignado nos fundamentos do referido PN, "enquanto não retificada a DCTF, o débito ali espontaneamente confessado é devido, logo, valor utilizado para quitálo não se constitui formalmente em indébito, sem que a recorrente promova a prévia retificação da Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10980.914287/201266 Acórdão n.º 3201003.917 S3C2T1 Fl. 6 5 declaração. (Acórdão nº 1302001.571, Rel. Cons. Alberto Pinto Souza Júnior, 25 de novembro de 2014)". A situação aqui enfrentada é, como se percebe, diferente da que comumente se vê no Contencioso Administrativo, em que o interessado costuma apresentar DCTF retificadora, mas não apresenta, na manifestação de inconformidade, documentos contábeis/fiscais comprovando o erro cometido na original, ou os apresenta neste recurso, mas o só fato de a DCTF retificadora ter sido apresentada após a ciência do Despacho Decisório leva a DRJ a manter, por esse só motivo, o indeferimento do pedido de restituição. Não tendo sido apresentada DCTF retificadora, o crédito reclamado continua vinculado ao pagamento confessado na DCTF enviada à RFB, de modo que, nesse contexto, não há como restituílo. Contudo, não foi este o entendimento dos demais integrantes da Turma, que, muito embora também negando provimento ao recurso, fizeramno ao argumento de que não haveria provas do direito reclamado pela Recorrente (apenas apresentou planilha discriminando os valores pleiteados, mas nenhum documento fiscal ou contábil). Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins. Importa registrar, ainda, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 77DF CARF MF
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Numero do processo: 12571.720237/2014-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL.
Caracteriza a confusão patrimonial de esferas patrimoniais típica do interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN, com a conseqüente responsabilização solidária, beneficiar-se pela utilização da estrutura legal e dos resultados da empresa, apropriando-se do patrimônio por ela gerado ilegalmente. No caso dos autos resta demonstrado o interesso jurídico e econômico, bem como o nexo entre as partes.
Numero da decisão: 1401-002.750
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso de Ofício para restabelecer a responsabilidade solidária de Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Daniel Ribeiro Silva- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (Vice-Presidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: DANIEL RIBEIRO SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso de Ofício para restabelecer a responsabilidade solidária de Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (Vice-Presidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
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SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL. Caracteriza a confusão patrimonial de esferas patrimoniais típica do interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN, com a conseqüente responsabilização solidária, beneficiarse pela utilização da estrutura legal e dos resultados da empresa, apropriandose do patrimônio por ela gerado ilegalmente. No caso dos autos resta demonstrado o interesso jurídico e econômico, bem como o nexo entre as partes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso de Ofício para restabelecer a responsabilidade solidária de Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 57 1. 72 02 37 /2 01 4- 29 Fl. 1560DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (VicePresidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Relatório Tratase de Recurso de Ofício (fls. 1520 dos autos), em face do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal em Belém (PA), que julgou procedente a impugnação administrativa apresentada pelo contribuinte, para excluir a responsabilidade solidária originalmente imputada à empresa Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda. O presente processo tratase de supostas infrações a legislação tributária, exigindose o auto de infração de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica(IRPJ), de Programa de Integração Social (PIS), de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade (Cofins), referente ao anocalendário de 2011, conforme valores indicados na tabela abaixo: Segundo apurou a Fiscalização, “o contribuinte teria recebido elevado montante de recursos em suas contas bancárias e declarado ao Fisco Estadual Valores de saídas de mercadorias. A despeito disso, no âmbito federal apresentou DIPJ com valores zerados a título de receita bruta de vendas, não tendo recolhido ou constituído qualquer valor a título de tributos federais no período fiscalizado”. Em face do contribuinte, a fiscalização imputou com fundamento no art. 124, I CTN, a responsabilidade solidária pelos débitos apurados a dois sujeitos (Sr. Aparecido Domingues dos Santos e a Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel LTDA). Ciente da autuação o interessado(Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda ME.) apresenta IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA (fls. 1304/1317) em 15/08/2014, na qual alegou em síntese: 1. Da Nulidade do auto de infração lavrado contra si, tendo em vista a sua intimação para integrar o procedimento fiscalizatório. Afirma que "não teve ciência prévia enquanto se encontrava em curso tal procedimento, não tendo podido fazer juntada de documentos, refutar documentos, apresentar justificativas ou qualquer contraditório à TRIBUTO PRINCIPAL – R$ JUROS DE MORA R$ MULTA – R$ TOTAL IRPJ 2.959.195,80 756.486,85 2.219.396,85 5.935.079,50 PIS 807.948,87 213.871,42 605.961,67 1.627.781,96 COFINS 3.728.994,74 987.098,82 2.796.746,06 7.512.839,62 CSLL 1.342.438,12 343.150,41 1.006.828,60 2.692.417,13 TOTAL 17.768.118,21 Fl. 1561DF CARF MF Processo nº 12571.720237/201429 Acórdão n.º 1401002.750 S1C4T1 Fl. 1.561 3 época do processo administrativo, não lhe sendo permitido a ampla defesa e o contraditório". 2. Da impossibilidade de que lhe fosse imputada responsabilidade solidária com fundamento no art. 124, I do CTN, pois “de acordo com o STJ, o interesse econômico de uma pessoa no fato gerador não é suficiente para caracterizar a solidariedade com base no art. 124 do CTN". 3. Requereu o cancelamento do auto de infração lavrado. Ressaltase que não consta nos autos Impugnação do Sujeito Passivo MGE Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. Logo, considerouse não impugnado o Auto de Infração por parte do Sujeito Passivo. Bem como, também não consta nos autos Impugnação do Responsável Tributário Aparecido Domingues dos Santos, CPF Nº 205.656.15904. Logo, considerouse não impugnado o Auto de Infração por parte deste Responsável Tributário. O Acórdão ora Recorrido (0131.149 1ª Turma da DRJ/BEL) recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões judiciais, com efeito inte rpartes, não podem ser aplicadas a outros casos. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. AMPLA DEFESA. IMPUGNAÇÃO. Os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitórianão se sujeitando ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somentedepois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo éque se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditórioe da ampla defesa. Ademais, após a ciência do auto de infração, com olitígio instaurado entre o fisco e o contribuinte, a legislação concede nafase impugnatória, ampla oportunidade para apresentação documentos erazões de fato e de direito. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM. Aspessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fatogerador da obrigação principal são solidariamente obrigadas em relação aocrédito tributário. O interesse comum se configura peça confusão ou coparticipaçãodessas pessoas no mesmo polo da relação jurídica que deuensejo aa fato gerador da obrigação tributária. A formalização daresponsabilização solidária deve estar acompanhada da prova Fl. 1562DF CARF MF 4 daparticipação do sujeito passivo na relação jurídica que originou aobrigação tributária. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase “não impugnado” itemdo lançamento que não tenha sido contestado nos argumentos do recursoadministrativo. Impugnação Procedente. Crédito Tributário Mantido. Isto porque, segundo entendimento da Turma pelo voto vencedor: “no caso específico, o interesse comum se configuraria pela confusão ou coparticipação das partes envolvidas, no mesmo polo da relação jurídica que ensejou o fato gerador do imposto, o recebimento da receita tributável e que o crédito tributário tem origem em depósitos bancários de origem não comprovada. De modo que não há como saber se a recorrente tinha participação nas relações jurídicas que deram causa aos depósitos bancários”. E de que (...) “ o fato aventado pela fiscalização é na verdade um forte indicio do interesse comum da recorrente no recebimento das receitas da MGE Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, mas insuficiente para concluir como tal. Para a configuração do interesse comum, caberia reunião de mais provas que corroborassem o indicio já alcançado. E certo ainda que a recorrente poderia ser sujeito passivo de crédito tributário constituído a partir dos depósitos transferidos às sua conta bancária, na forma do art. 42 da Lei 9.430/96, vez que não comprovou a natureza da operação de origem ao depósito bancário. Todavia, a luz do processo, este não foi o caminho escolhido pela autoridade lançadora”. Desse modo, a impugnação foi reconhecida e julgada procedente para “afastar TRANSPORTADORA E COMÉRCIO DE SUÍNOS SÃO GABRIEL LTDA do polo passivo da obrigação tributária”. A ciência do acórdão da DRJ pelo contribuinte responsável Sr. Aparecido Domingues dos Santos se deu por Edital ( fls. 13672/1368). Dessa forma, foram apresentados dois Recursos Voluntários, a saber: Recurso Voluntário nº 1 (fls. 1374/1394) – MGE COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA EM 27/04/2015, trazendo as seguintes razões: 1. Da Nulidade da ciência dos Autos por edital: afirmando que “somente é cabível a intimação por edital, de decisão tomada em sede de processo administrativo fiscal, apos restarem improfícuos os demais meios de intimação referidos na lei, e que no caso em espécie, não houve cumprimento regular da intimação no prazo de 30 dias para que pagasse o débito ou apresentasse impugnação do auto”. 2. Da Impossibilidade de se proceder ao lançamento apenas com base nos extratos de movimentação bancária: diz que “tal atuação simplista somente serve para desfigurar o que deve ser realmente um processo de auditoria fiscal complexo e que vise um lançamento tributário que espelhe a tributação de eventual omissão de renda efetiva e não um Fl. 1563DF CARF MF Processo nº 12571.720237/201429 Acórdão n.º 1401002.750 S1C4T1 Fl. 1.562 5 lançamento arbitrário sobre um quantum irreal e que não representa renda efetivamente não tributada". 3. Requereu o provimento do Recurso Voluntário interposto. Recurso Voluntário nº 2 (fls. 1397/1441) – APARECIDO DOMINGUES DOS SANTOS EM 15/04/2015, trazendo as mesmas razões aduzidas na impugnação de nº 1 às fls. 1374/1394. Às fls. 1447/1450 – ACORDÃO Resolução de nº 14011.401.000.387 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária em que se "Reconheceu do Recurso Voluntário interposto por Aparecido Domingues dos Santos, para determinar a baixa dos autos à origem para que seja apresentada prova de tentativa frustrada de se dar ciência ao Responsável Tributário por meio postal ou pessoal (...), sob pena de nulidade dos autos". Às fls. 1455 dos autos DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO para cumprimento de diligência solicitada pela 4ª Câmara, 1ª Turma Ordinária do CARF. Às fls. 1458 Retorno de Diligência. Às fls. 1459/1467 Acordão de nº 1401001.643 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária para anular a decisão de primeira instância e determinar a intimação da forma devida do responsável tributário Aparecido Domingo dos Santos. Às fls. 1469 – Petição da Fazenda Nacional – Ciência do Acórdão às fls. 1459/1467. Às fls. 1507/1538 – Acordão nº 1401001.643 JULGAMENTO – RETORNO PARA NOVA DECISÃO. Por não haver impugnação do Sr. Aparecido Domingos dos Santos, “Responsável Tributário Solidário”, entendeu a DRJ que o Processo apresenta as mesmas características da ocasião da Prolatação do Acórdão 0131.149 – 1ª Turma da DRJ/BEL, de 22 de janeiro de 2015. Assim, mantendo a responsabilização tributária discutida e excluir da responsabilidade solidária da empresa TRANSPORTADORA E COMÉRCIO DE SUÍNOS SÃO GABRIEL LTDA. Às fls. 1520 dos autos INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO PELA AUTORIDADE JULGADORA. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Daniel Ribeiro Silva Relator. Observo que as referências a fls. feitas no decorrer deste voto se referem ao eprocesso. Fl. 1564DF CARF MF 6 O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, por isso dele conheço. Tratase de Recurso de Ofício (fls. 1520 dos autos), em face do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal em Belém (PA), que julgou procedente a impugnação administrativa apresentada pelo contribuinte, para excluir a responsabilidade solidária originalmente imputada à empresa Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda. Inicialmente, cumpre ressaltar que, diante da ausência de impugnação do mérito do lançamento, o mesmo se tornou definitivo. Ou seja, a presunção legal de omissão de receitas foi confirmada, e mantidos os lançamentos relativos aos tributos não declarados e não recolhidos pelo contribuinte. Outrossim, diante da inexistência de impugnação do Sr. Antônio Aparecido, o lançamento também para ele se tornou definitivo quanto à sua responsabilidade solidária. Tampouco nenhum dos contribuintes envolvidos recorreu da decisão proferida. Assim é que, é devolvido para análise nesse Recurso de Ofício, tão somente, a desoneração do lançamento quanto ao responsável solidário empresa Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda. Isto porque, no Acórdão recorrido, por maioria, entendeuse que: O interesse comum de que trata o art. 124, I, do CTN não é o interesse econômico, mas sim na questão relacionada à prática do fato gerador. Empresas de um mesmo grupo tem interesse econômico no resultado de suas operações, mas este interesse não serve para atribuir a uma delas a condição de solidária, visto que o interesse apto a qualificar a solidariedade é o interesse jurídico na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (ver os exemplos clássicos do ITR e do IPTU entre coproprietários). Por refletir a convicção deste Relator designado e com escopo no art. 50, § 1º, da Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, pedese vênia para adotar como fundamentos decisórios aqueles contidos no voto vencedor proferido no Acórdão DRJ/BEL n° 0131.149, de 22/01/2015, a seguir transcrito: “O art. 124, inciso I, do CTN, determinou a responsabilização solidária das pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesse comum na situação que constitua fato gerador da obrigação principal. A situação que serviu de base para a constituição do fato gerador do IRPJ (o lucro) é a receita depositada nas contas bancárias da MGE Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, ao longo do anocalendário 2011, num total de R$ 124.299.825,20, para qual não foi comprovada sua origem (art. 42, Lei 9.430/96). A recorrente, Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda, foi solidariamente responsabilizada pelos créditos Fl. 1565DF CARF MF Processo nº 12571.720237/201429 Acórdão n.º 1401002.750 S1C4T1 Fl. 1.563 7 tributários devidos pela MGE, por receber, via transferências eletrônica de valores, parcela da receita recebida por esta empresa, na ordem de R$ 32.000.000,00. O ônus da prova da parte que aproveita a alegação. De efeito, considerando que na responsabilização solidária há um detrimento econômico dos responsáveis em proveito ao fisco, é ônus do fisco comprovar a situação fática que configura o interesse comum propalado pelo inciso I do art. 124 do CTN. No caso específico, o interesse comum se configuraria pela confusão ou coparticipação das partes envolvidas, no mesmo pólo da relação jurídica que ensejou o fato gerador do imposto, o recebimento da receita tributável Ocorre que crédito tributário tem origem em depósitos bancários de origem não comprovada. De modo que não há como saber se a recorrente tinha participação nas relações jurídicas que deram causa aos depósitos bancários. O legislador permitiu a presunção de omissão de receita por parte dos titulares da conta, quando estes não comprovem a origem do crédito bancário. Entretanto, o permissivo não se estende terceiros, ressalvada a hipótese de interposição de pessoas, quando os titulares de fato das contas tem total interesse na relação jurídica tributária. O fato aventado pela fiscalização, não permite concluir de pronto pela interposição de pessoas. Observese que a receita transferida pela MGE à recorrente (R$ 32.000.000,00) é substancialmente inferior aos depósitos bancários não comprovados (R$ 124.299.825,20). O fato aventado pela fiscalização é na verdade um forte indicio do interesse comum da recorrente no recebimento das receitas da MGE Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, mas insuficiente para concluir como tal. Para a configuração do interesse comum, caberia reunião de mais provas que corroborassem o indicio já alcançado. E certo ainda que a recorrente poderia ser sujeito passivo de crédito tributário constituído a partir dos depósitos transferidos às sua conta bancária, na forma do art. 42 da Lei 9.430/96, vez que não comprovou a natureza da operação de origem ao depósito bancário. Todavia, a luz do processo, este não foi o caminho escolhido pela autoridade lançadora. Razões porque se vota pelo afastamento da TRANSPORTADORA E COMÉRCIO DE SUÍNOS SÃO GABRIEL LTDA do pólo passivo da obrigação tributária.” Fl. 1566DF CARF MF 8 Da análise da decisão recorrida, é possível verificar que a DRJ entendeu que o artigo 124, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), exige o “interesse comum na situação que constitua o fato gerador do tributo”, assim é que, não haveria como saber se a recorrente tinha participação nas relações jurídicas que deram causa aos depósitos bancários. O segundo fundamento adotado foi o de que: O legislador permitiu a presunção de omissão de receita por parte dos titulares da conta, quando estes não comprovem a origem do crédito bancário. Entretanto, o permissivo não se estende terceiros, ressalvada a hipótese de interposição de pessoas, quando os titulares de fato das contas tem total interesse na relação jurídica tributária. O fato aventado pela fiscalização, não permite concluir de pronto pela interposição de pessoas. Observese que a receita transferida pela MGE à recorrente (R$ 32.000.000,00) é substancialmente inferior aos depósitos bancários não comprovados (R$ 124.299.825,20). O fato aventado pela fiscalização é na verdade um forte indicio do interesse comum da recorrente no recebimento das receitas da MGE Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, mas insuficiente para concluir como tal. Pois bem, quanto ao segundo argumento que fundamentou a decisão recorrida, desde já afirmo que discordo da decisão a quo. De fato, a lei prevê uma presunção legal de omissão de receitas, a qual foi confirmada de forma definitiva. A partir de então foi lançado um crédito em face ao titular das contas bancárias em que se movimentaram os recursos omitidos. Coisa distinta, é a atribuição de responsabilidade solidária em qualquer das suas hipóteses previstas no CTN. Frisese que o objetivo do legislador ao instituir a responsabilidade tributária, foi assegurar à Fazenda Pública o efetivo recebimento dos créditos devidos, em situações que o contribuinte se tornar pouco acessível a cobrança, ou o tributo não puder ser normalmente pago. É fato que, como regra, o tributo deve ser cobrado da pessoa que pratica o fato gerador. Nessas condições, surge o sujeito passivo direto (contribuinte). Em certos casos, no entanto, o Estado pode ter necessidade de cobrar o tributo de uma terceira pessoa, que não o contribuinte, que será o sujeito passivo indireto (“responsável tributário”). Não se discute aqui que a MGE Comércio é a contribuinte e sujeito passivo direta da relação obrigacional tributária, relação essa gerada após a ocorrência de um fato gerador presumido por lei, mas confirmado diante da inexistência de questionamento ou desfazimento da presunção legal (relativa). Entretanto, o CTN (Lei Complementar), atribui hipóteses em que, tendo o objetivo de assegurar o recebimento do crédito, terceiros podem se tornar responsáveis. Exatamente o que ocorreu no caso concreto. Fl. 1567DF CARF MF Processo nº 12571.720237/201429 Acórdão n.º 1401002.750 S1C4T1 Fl. 1.564 9 Assim é que entendo que o referido argumento é inaplicável ao caso concreto. Situação distinta é a do primeiro argumento, o de que para fins de aferição do interesse comum seria necessário que o responsável participasse da relação jurídica que deu origem ao fato gerador. Situação diferente porque, em entendendo que não resta configurado o interesse comum, não haveria o que se falar de responsabilidade solidária. Pois bem. Esse fundamento não é novo neste CARF. Ademais, em análise da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é possível verificar que a corte, de forma pacífica, entende que a aplicação do artigo 124, inciso I, do CTN só pode ocorrer quando o interesse comum na realização do fato gerador seja o interesse jurídico, que pressupõe a prática conjunta do fato, o que afasta a responsabilidade pela simples circunstância de uma sociedade pertencer ao mesmo grupo econômico de outra. Por outro lado, é interessante notar que os casos analisados pelo STJ, que levaram a formação deste entendimento, são bem antigos e não enfrentam o redirecionamento aos grupos econômicos de fato envolvidos em suspeita de fraude, simulações ou abuso de personalidade jurídica. O que se verifica é que a análise de casos mais complexos que envolvem grupos econômicos de fato, por vezes envolvidos em fraude, tem sido obstada pela aplicação cada vez mais alargada da Súmula 07, que impede o STJ de averiguar matéria de fato em Recurso Especial. Assim, independente da fundamentação das instâncias inferiores, a corte tem mantido as decisões sem adentrar no mérito. Como bem pontua o Ex Conselheiro Marcos Neder1: Importante ressaltar que o simples fato de pertencer a um grupo de sociedades não pode, por si só, levar a uma tributação solidária das empresas. A atribuição de responsabilidade tributária solidária a uma sociedade por fatos geradores praticados por outras empresas do grupo é excepcional e regulada restritivamente na lei tributária. Apenas quando uma sociedade tem comprovadamente interesse comum na situação que constitua o fato gerador será possível a imposição da responsabilidade solidária com base no art. 124 do Código Tributário Nacional (CTN). Vigora em nosso ordenamento a diretriz geral de preservação da autonomia jurídica dos integrantes do grupo de sociedades (personalidade própria) e da impossibilidade de a responsabilidade tributária transbordar da sociedade que realizou o fato gerador. (...) 1 https://www.jota.info/opiniaoeanalise/artigos/ocarfeasolidariedadetributarianogrupoeconomico 06052015 Fl. 1568DF CARF MF 10 O fato jurídico suficiente à constituição da solidariedade não pode ser o mero interesse de fato, mas sim o interesse jurídico que surge a partir de direitos e deveres comuns entre pessoas numa mesma relação jurídica privada que constitui o fato gerador. Para isso, é indispensável o órgão aplicador comprovar o interesse comum na relação jurídica subjacente que serve como suporte para o surgimento do fato gerador do tributo. De fato, a análise do alcance e do conceito da terminologia "interesse comum" é absolutamente tormentosa, e não poderia ser mais vago. Alguns interpretes ao analisar de forma estrita o texto legal2 entendem que ao se referir ao interesse comum na situação que constitua o fato gerador, o CTN delimitou tal responsabilidade ao chamado interesse ou vínculo jurídico. E parece que foi essa linha que seguiu o STJ, ressaltando, é claro, que a referida corte firmou tal entendimento em situações menos complexas, e não tem adentrado ao mérito em novas análises. É difícil, para não dizer impossível, separar algumas situações em que o interesse econômico não dependa, necessariamente, do interesse jurídico na relação que constitua o fato gerador. Ou ainda, que tal interesse ou vínculo jurídico, também não resulte, necessariamente de um interesse no resultado econômico. De fato, a interpretação de tal dispositivo não pode ser tão alargada ao ponto de, aceitando a subjetividade do termo legal adotado, se atribuir de forma indiscriminada responsabilidade solidária a qualquer contribuinte que de alguma forma tenha obtido algum resultado econômico. Afinal, como se dizer que um fornecedor legítimo da autuada, não tenha interesse no sucesso da sua atuação (mesmo que indiretamente resultante de sonegação), para poder fornecer maiores volumes de mercadorias. Claro que este não é o objeto do legislador, e nem o meu entendimento. Entretanto, não vejo como restringir absolutamente a aplicação do dispositivo legal, a situações em que o responsável solidário tenha participado diretamente do fato ou situação que gerou o fato gerador. Quem participa diretamente de tal situação, é sempre o contribuinte de fato. 2 CTN Lei nº 5.172 de 25 de Outubro de 1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 12571.720237/201429 Acórdão n.º 1401002.750 S1C4T1 Fl. 1.565 11 A participação do responsável é, e sempre será, indireta. Entretanto, necessário que exista nexo entre a conduta da devedora solidária e a suposta infração, não necessariamente a realização do próprio fato gerador. Exatamente por isso é necessário aferir caso a caso, a existência desse nexo, razão pela qual não se pode adotar de maneira indiscriminada a posição majoritariamente manifestada pelo STJ. E nesse sentido, diante da grande incerteza quanto ao alcance de tal definição, como não poderia deixar de ser diferente, são várias as posições manifestadas em julgamentos deste CARF, não havendo um entendimento uníssono, até pela necessidade de avaliação dos fatos verificados e provas produzidas em cada caso. Na linha das decisões que afastam a responsabilidade solidária por interesse comum, a tese majoritária é a aplicação do entendimento majoritário do STJ de forma direta, a exemplo do Acórdão n. 1402001.886 (julgado em 27/11/2014) de Relatoria do Conselheiro Fernando Brasil, em que o mesmo defende que a responsabilidade solidária não é meio de inclusão de terceiro na lide, mas elemento de graduação dos que já compõem o polo passivo. Diz ainda que, para haver interesse comum, a situação jurídica realizada por alguém, gera os mesmos direitos e deveres para outra. Com a devida vênia ao Nobre e brilhante colega Conselheiro, não concordo com a posição manifestada. Entendo que ele se refira à solidariedade decorrente da realização direta do fato gerador. Nesse caso não estaríamos falando de terceiro responsável, mas do próprio contribuinte ou contribuintes de fato. Por sua vez, na linha contrária, também diversas decisões mantendo a responsabilidade solidária por interesse comum em situações em que exista fraude ou abuso de personalidade jurídica, confusão patrimonial, grupo econômico ou a demonstração de um nexo entre a atuação do solidário e a ocorrência da infração. Ressaltese, tal linha argumentativa não adota o entendimento restrito do mero interesse econômico, afinal de contas, como já me manifestei, entendo que toda e qualquer pessoa que tenha qualquer tipo de relação econômica com o contribuinte tem, de certa forma, interesse econômico. Entretanto, na análise de caso a caso outros fatos e provas confirmam o nexo, mesmo que indireto, do responsável solidário. É o caso do entendimento manifestado nos Acórdãos 1102001.102 (julgado em 06/05/2014) e 1102001.032 (julgado em 11/03/2014), do Conselheiro Ricardo Marozzi, no qual verificou que as pessoas físicas eram titulares de fato e beneficiárias dos recursos fornecidos pelo contribuinte, tendo interesse imediato na situação que constitui o fato gerador. Nessa linha, em havendo a confusão patrimonial, elas se beneficiaram diretamente e tinham interesse no fato que constitui o fato gerador. Também nesse sentido é o Acórdão 1102001.301 (julgado em 03/03/2015) do Conselheiro Ricardo Marozzi: Fl. 1570DF CARF MF 12 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL.Caracteriza a confusão patrimonial de esferas pessoais típica do interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN, com a conseqüente responsabilização solidária, beneficiarse pela utilização da estrutura legal e da conta bancária de titularidade da empresa contribuinte. Seguindo a mesma linha da confusão patrimonial, o Conselheiro Marcos Takata no Acórdão 110300.188 (julgado em 18/05/2010), em que detectou confusão patrimonial nas atividades desenvolvidas por duas pessoas jurídicas. Outras situações também são ventiladas para fins de manutenção da responsabilidade solidária por interesse comum (fraude, abuso de direito, desconsideração de personalidade jurídica, etc), mas me limito à posição trazida por ser base do fundamento trazido pela acusação no seu TVF. Nesse sentido é que se faz necessário, verificar o nexo e a confusão patrimonial identificada pela autoridade fiscal. Pois bem. Ficou comprovado que a pessoa jurídica Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda, CNPJ 05.805.245/000100, figurou como beneficiária direta de transferências (TED´s) de mais de R$32.000.000,00 (trinta e dois milhões de reais) realizadas pela fiscalizada, assim como, que a referida Transportadora também foi comandada pelo Sr. Aparecido Domingues dos Santos, CPF: 205.656.15904, num primeiro momento, como sócio ostensivo, integrante de seu quadro societário, e num segundo momento, como procurador, a quem lhe foi concedido amplos, gerais e ilimitados poderes para gerir a empresa e movimentar as suas contas bancárias, no mesmo modus operandi perpetrado para gerir a fiscalizada. Acrescentese a isso que não há qualquer prova de efetiva prestação de serviço da referida transportadora que contraponha as provas do repasse direto e transferência patrimonial dos recursos obtidos através da sonegação do pagamento de tributos pela autuada que, em que pese tenha movimentado mais de R$ 120 milhões de reais, não declarou o pagou os tributos incidentes sobre sua atividade. As transferências de recursos foram feitas pela autuada para a responsável solidária, e realizadas em período em que o outro responsável solidário (Sr. Aparecido) era procurador das duas empresas. O agente fiscal também obteve as provas (fls. 1153/1169) de que o Sr. Aparecido Domingues dos Santos, CPF: 205.656.15904, foi sócio da responsável solidária. O agente fiscal também obteve junto ao Tabelionato de Notas e de Protestos de Joaquim Távora 02 (duas) procurações outorgadas pela Transportadora e Comércio de Suínos São Gabriel Ltda ao Sr. Aparecido Domingues dos Santos, CPF: 205.656.15904, pelas quais lhe foi concedido amplos e gerais poderes para gerir e administrar a referida empresa (fls. 1205/1206), assim como, para abrir e movimentar suas contas bancárias (fls. 1207/1208) no período fiscalizado. Assim, a meu ver, existe clara confusão patrimonial entre a autuada e a responsável solidária, além de um nexo claro comum entre as duas, o Sr. Aparecido Domingues dos Santos. Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 12571.720237/201429 Acórdão n.º 1401002.750 S1C4T1 Fl. 1.566 13 Desta feita, mais do que meros indícios de existência de interesse comum (como entendeu a decisão recorrida), entendo restar cabalmente comprovado não só o interesse jurídico e o nexo, uma vez que a Transportadora São Gabriel funcionava como clara destinatária dos recursos obtidos ilegalmente pela autuada, tendo como nexo o mesmo operador, o outro responsável solidário o Sr. Aparecido. Este responsável que, a meu ver, é o claro sócio e dono de fato das duas empresas. Ora, não são poucos os precedentes do CARF atribuindo a responsabilidade solidária ao sócio de fato em razão do interesse comum e o destino econômico dos recursos obtidos. Citase como precedentes os Acórdãos 120200.701 (Cons. Leonardo Couto), 1401.00.103 e 140100.104 (Cons. Antônio Bezerra). Nesses precedentes, a situação é ainda mais simples, existe um sócio de fato que administra a empresa (que no caso concreto seria o Sr. Aparecido), e que é destinatário dos recursos da pessoa jurídica. Não há dúvidas, nesses casos, que haveria responsabilidade solidária por interesse comum do sócio de fato. Entretanto, no caso dos presentes autos, bastaria a formatação de um esquema um pouco mais sofisticado fazendo a transferência dos recursos obtidos de forma ilícita pela contribuinte para uma terceira pessoa jurídica, que passaria a deter o patrimônio obtido. Empresa essa, digase de passagem, que não comprovou a realização de nenhuma atividade econômica de fato. E no meio das duas, o mesmo operados e sócio de fato, o Sr. Aparecido. Entendo, com a devida vênia, que as situações são absolutamente análogas, sendo absolutamente comprovado no caso concreto, a existência de nexo, confusão patrimonial e interesse (jurídico e econômico) com os fatos geradores dos tributos exigidos. Se assim não fosse, essa seria a "blindagem perfeita". Ademais, mesmo entendendo restar absolutamente comprovado o vínculo e interesse comum da responsável solidária TRANSPORTADORA E COMÉRCIO DE SUÍNOS SÃO GABRIEL LTDA, outros fatos que não eram de conhecimento da autoridade fiscal à época do lançamento apenas corroboram e reafirmam a responsabilidade solidária. O Sr. Aparecido Domingues dos Santos foi alvo da Operação Publicano, que investiga um esquema de corrupção na Receita Estadual do Paraná, Luiz Antonio de Souza exigiu R$ 1,1 milhão de um empresário de Quatiguá, no norte do Paraná, para não incluílo na delação premiada. Isso é o que apontou as investigações do Ministério Público do Paraná (MP PR)na quinta fase da operação3. Desde de abril de 2015, Souza colaborou com as investigações da promotoria. Detalhou o esquema de recebimento e cobrança de propina para facilitar a sonegação de impostos de empresas. O MPPR denunciou 52 pessoas por envolvimento no esquema de corrupção envolvendo servidores da Receita. Entre elas estão oito auditores da Receita, dez empresários, três advogados, três presos, um policial civil, um contador e 25 pessoas que atuavam como ‘laranjas’. Os auditores são Luiz Antônio de Souza, a irmã dele Rosângela Semprebom, José 3 https://www.bonde.com.br/bondenews/londrina/justicarevogaprisaodeempresarioacusadodepagarpropina paraauditoresdareceitaestadual441382.html Fl. 1572DF CARF MF 14 Luiz Favoreto, Márcio de Albuquerque Lima, Mário Sanzovo, Roberto Oyama, Milton Digiácomo e Marco Antônio Bueno. Entre os empresários denunciados estão Aparecido Domingues do Santos, o Dinho do Porco, de Quatiguá, e Antonio Luiz da Cruz. Segundo as investigações, os dois criaram empresas de fachada para sonegar impostos. A fraude teria movimentado cerca de R$ 1 bilhão para manter o negócio, e conforme o MPPR, o grupo pagava propina para auditores corruptos. O empresário Aparecido Domingues dos Santos, mais conhecido como "Dinho do Porco", foi denunciado pelo Ministério Público por criar empresas de fachada para sonegar impostos. Ele ainda é acusado de, com Antonio Luiz da Cruz, ter pagado propina para auditores da Receita Estadual presos durante a Operação Publicano, que descobriu um esquema criminoso instalado há anos no órgão. Apesar de ter sido solto pela 3a. Vara Criminal de Londrina em abril de 2017, o responsável solidário teve HC negado pelo STF4 em decisão datada de 22 de junho de 2016, do Min. Dias Toffoni, que aplicando o entendimento que era pacífico na Suprema Corte (até uma recente modificação do seu entendimento), não conheceu do HC que se volta contra decisão monocrática do Relator da causa no Superior Tribunal de Justiça não submetida ao crivo do colegiado por intermédio do agravo interno. Ao que interessa para o presente caso, é a citação à denúncia do MPPR: Segundo o Ministério Público, o objetivo da organização era a sonegação fiscal, notadamente de ICMS, decorrente da movimentação financeira das empresas cujos proprietários de fato seriam ANTÔNIO LUIZ DA CRUZ e APARECIDO DOMINGUES DOS SANTOS, consoante já explanado. Tais empresas, todas pertencentes a um mesmo grupo empresarial, seriam, dentre outras, Suilondri, Swinia Comércio de Alimentos Ltda., GF Agroindústria e Participações, Distribuidora e Transporte de Carnes Suita Ltda., 5nco Comércio e Transporte de Suínos Ltda. ME, Maiale, Suicar e São Gabriel. [...] Verificase, portanto, que o modus operandi identificado pelo agente autuante é muito claro, e consiste em um esquema de sonegação de tributos liderado pelo Sr. Aparecido Domingues dos Santos com a utilização de empresas de fachada pertencentes ao mesmo grupo empresarial, entre elas a Transportadora de Suínos São Gabriel. Tais fatos, certamente não constam do TVF, mas no meu entender, apesar de desnecessários para firmar o meu convencimento, já acima externado, apenas o reafirmam a minha convicção de comprovação de interesse jurídico, econômico, confusão patrimonial e nexo causal entre a autuada, o Sr. Aparecido e a TRANSPORTADORA E COMÉRCIO DE SUÍNOS SÃO GABRIEL LTDA. 4 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000294491&base=baseMonocraticas Fl. 1573DF CARF MF Processo nº 12571.720237/201429 Acórdão n.º 1401002.750 S1C4T1 Fl. 1.567 15 Assim é que, voto por dar provimento ao Recurso de Ofício para restabelecer a responsabilidade solidária da TRANSPORTADORA E COMÉRCIO DE SUÍNOS SÃO GABRIEL LTDA. É como voto. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Fl. 1574DF CARF MF
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Numero do processo: 10469.903388/2009-03
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Data do fato gerador: 30/09/2004
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DIPJ POSTERIOR AO DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVAS.
Erro no pedido de compensação. DIPJ retificada após o despacho decisório. Ausência de provas que pudessem demonstrar ter a empresa efetuado o cálculo do imposto de forma equivocada, bem como ausência de informações e provas de como o novo cálculo foi realizado pela controbuinte.
Numero da decisão: 1003-000.092
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Data do fato gerador: 30/09/2004 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DIPJ POSTERIOR AO DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVAS. Erro no pedido de compensação. DIPJ retificada após o despacho decisório. Ausência de provas que pudessem demonstrar ter a empresa efetuado o cálculo do imposto de forma equivocada, bem como ausência de informações e provas de como o novo cálculo foi realizado pela controbuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
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RETIFICAÇÃO DA DIPJ POSTERIOR AO DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVAS. Erro no pedido de compensação. DIPJ retificada após o despacho decisório. Ausência de provas que pudessem demonstrar ter a empresa efetuado o cálculo do imposto de forma equivocada, bem como ausência de informações e provas de como o novo cálculo foi realizado pela controbuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 33 88 /2 00 9- 03 Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10469.903388/200903 Acórdão n.º 1003000.092 S1C0T3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 1135.537, de 25 de novembro de 2011, da 1ª Turma da DRJ/REC, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, não conhecendo do direito creditório. Por economia processual e em razão de concordar com as colocações constantes na decisão da DRJ, destacase, abaixo, o seu Relatório: Em 17/05/2005, foi recepcionada a declaração IRPJ SIMPLES e CANCELADA VIA BATCH em 10/06/2009, fls. 24 a 31v. Em 24/11/2005, a interessada transmitiu PERDCOMP eletrônica n°29745.89606.241105.1.3.048190. visando compensar DARFSIMPLES recolhido pela sistemática do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte — Simples — Código de Receita 6106, relativo a período de apuração setembro de 2004, no valor de R$3.236,40, pago em 11/10/2004, fls. 05,23 e 36, com débito de sua responsabilidade código 610600 SIMPLES no valor original de R$2.671,48, período de apuração agosto de 2005, vencimento 12/09/2005, fl. 06. Em 25/05/2009, a DRF/NatalRN emitiu Despacho Decisório eletrônico, com ciência em 02/06/2009, fls. 01 e 02, não homologando a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento fora integralmente utilizado na quitação de outro débitos do contribuinte , não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados na PER/DCOMP. Em 10/06/2009, a contribuinte transmitiu a declaração IRPJ SIMPLES RETIFICADORA e esta foi recepcionada e LIBERADA VIA BATCH na mesma data, fls. 33 e 34. contra a Fazenda Pública, não pode ser postulada sua compensação para extinguir débitos do sujeito passivo (art. 170 do Código Tributário Nacional CTN). Alega a inconformada que o valor correto do imposto devido seria inferior ao declarado na Declaração Anual Simplificada — PJSI 2005 Original, aduzindo haver apresentado Declaração Anual Simplificada — PJSI 2005 — Retificadora.(...) O acórdão de nº 1135.537 julgou improcedente a manifestação de inconformidade da Recorrente com a seguinte ementa: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Data do fato gerador: 30/09/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10469.903388/200903 Acórdão n.º 1003000.092 S1C0T3 Fl. 4 3 INEXISTENTE Somente se comprovada' a existência de direito creditório, referente a pagamento indevido ou a maior, é permitida a sua utilização na extinção de débitos mediante apresentação de Declaração de Compensação. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação quando constatado que o recolhimento indicado como fonte de crédito foi integralmente utilizado na quitação de débito confessado em Declaração Anual Simplificada PJSI. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO ANUAL SIMPLIFICADA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE ERRO MATERIAL. 0 erro do valor do débito apontado na Declaração Anual Simplificada PJSI, de cuja retificação resulte crédito ao sujeito passivo, precisa ser comprovado mediante apresentação de documentos hábeis. ALEGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A manifestação de inconformidade deve estar instruída com todos os documentos e provas que possam fundamentar as contestações de defesa. Não têm valor as alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando for este o meio pelo qual devam ser provados os fatos alegados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com a decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário que, em síntese, destaca que "a alíquota dispensada à prestação de serviços encontrase em patamar superior àquela reservada para taxar as operações de comércio. Desse modo, resta manifesto que a Recorrente, ao indicar equivocadamente sua atividade como prestação de serviço, sofreu prejuízo, recuperável através das pertinentes compensações". Requereu, por fim, a homologação do pedido de compensação. É o Relatório. Voto Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso é tempestivo, conforme atestado às fls. 102, e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento e passo a apreciar. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10469.903388/200903 Acórdão n.º 1003000.092 S1C0T3 Fl. 5 4 Verificase pela narrativa da própria Recorrente que essa realizou o pedido de compensação em razão de recálculo do valor do Simples a pagar no ano, haja vista ter identificado que calculou o imposto com equívocos. O pedido de compensação foi transmitido em 24/11/205. Uma vez que a Receita Federal não identificou nenhum crédito a ser compensado em nome da Recorrente, em 25/05/2009, proferiu Despacho Decisório negando a homologação da compensação declarada. A empresa foi cientificada da decisão em 02/06/2009 (fl. 08). Em sua manifestação de inconformidade a Recorrente declara ter realizado o pedido de compensação antes de retificar a Declaração Anual Simplificada PJSI 2005, e informa ter realizado a retificação. Conforme consulta das Declarações IRPJ, é possível verificar que a Declaração retificadora foi transmitida em 10/06/2009 (fls. 33), posterior, portanto, ao Despacho que não homologou a compensação pleiteada. Logo, era impossível a autoridade administrativa identificar eventual crédito em nome da empresa, quando da emissão do Despacho Decisório. Estando, por conseguinte, correto o referido Despacho. Somente após a não homologação da compensação a Recorrente efetuou a retificação da Declaração Anual Simplificada, na qual, de fato, apresenta crédito em nome da mesma. Contudo, uma vez que foi ajustada apenas após o despacho, deveria ter sido acompanhada de documentos que demonstrem o equívoco no cálculo do imposto, visto que as atividades da empresa constante no contrato social podem ser consideradas serviços ou apenas locação de bens móveis. Sendo assim é imprescindível para a solução da questão e identificação quanto ao crédito, que a Recorrente tivesse colacionado aos autos documentos contábeis suficientes que demonstrassem o equívoco no cálculo do Simples, bem como o novo cálculo considerando ter retificado o erro. A decisão de primeira instância administrativa, inclusive, consignou que a Recorrente não havia apresentada nenhuma documentação comprobatória, conforme abaixo: (...) 10.4 A empresa em questão, conforme consta em Aditivo ao seu Contrato Social exerce a locação dos veículos com e sem motorista. Quando o veiculo é locado sem motorista, fica fora da lista de serviços da LC 116/200. Mas quando é locado com motorista existe o serviço embutido. 0 certo seria a empresa declarar o Simples Federal separando os dois casos. Com motorista ficaria na alíquota majorada por ter prestação de serviços e sem motorista pegaria a alíquota de comércio. 10.5 Porém, no presente processo não consta documentação comprobatória, apresentada pela contribuinte, demonstrando quais e de qual forma as locações foram efetuadas. (...) Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10469.903388/200903 Acórdão n.º 1003000.092 S1C0T3 Fl. 6 5 A Recorrente poderia ter apresentado essa documentação no prazo do Recurso Voluntário, haja vista que a tendência dos julgadores é permitir a juntada de documentos, desde que obedecido o prazo para recorrer. Porém, mais uma vez, a Recorrente deixou de trazer aos autos quaisquer provas que pudessem corroborar com suas alegações. Quanto ao ônus da prova, vejamos a legislação pertinente: DECRETO Nº 70.235, DE 1972 PAF Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; [...]LEI Nº 9.784, DE 1998 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. LEI Nº 5.869, DE 1973 CPF Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Nesse compasso, inexistente no processo as provas que pudessem demonstrar ter a empresa efetuado o cálculo do imposto de forma equivocada, nem provas de como o novo cálculo foi realizado pela mesma. Diante do exposto, os créditos apontados na DCOMP, não restaram comprovados nos presentes autos, razão pelo qual está correta a decisão de piso. Isto posto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 108DF CARF MF
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