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Numero do processo: 10580.000100/98-93
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 1989, 1990, 1991
PRECLUSÃO. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS OPORTUNAMENTE.
Consideram-se preclusas as matérias não questionadas na fase impugnatória, e que, consequentemente, não foram apreciadas na decisão de primeira instância. A falta de pré-questionamento no momento processual adequado implica em não conhecimento das matérias em segunda instância.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3801-005.365
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da preclusão, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo.
Nome do relator: Flávio de Castro Pontes
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MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS OPORTUNAMENTE. Consideramse preclusas as matérias não questionadas na fase impugnatória, e que, consequentemente, não foram apreciadas na decisão de primeira instância. A falta de préquestionamento no momento processual adequado implica em não conhecimento das matérias em segunda instância. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da preclusão, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 01 00 /9 8- 93 Fl. 786DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/9893 Acórdão n.º 3801005.365 S3TE01 Fl. 11 2 Relatório Adotase o relatório do acórdão 30335.711, de 15 de outubro de 2008 da então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes que sintetiza bem a conturbada tramitação processual: Adoto integralmente o relatório componente do julgamento de primeira instância, que transcrevo a seguir: “Tratase de pedido de restituição de valores recolhidos a maior a título da Contribuição para o Fundo de Investimento Social FINSOCIAL no período de setembro de 1989 a setembro de 1991. Por bem sintetizar os fatos deste processo, transcrevo trecho do Parecer nº 067/2005 SEORTPJ (fls. 444/450): A solicitação fundamentase na Ação Judicial nº 93.00085298, através da qual a peticionária questionou a majoração das alíquotas do FINSOCIAL promovidas pelo artigo 7º da Lei nº 7.787/89, artigo 1º da Lei nº 7.894/89 e artigo 1º da Lei nº 8.147/90 e requereu devolução/compensação dos valores indevidamente pagos a maior. No campo 05 do Pedido de Restituição de fl. 01, formalizado em 29/12/97, a postulante requer que o crédito a que faz jus seja destinado à compensação de débitos parcelados através dos processos nº 10580.008024/9639, 10580.008025/9602 e 10580.003910/9658. Foram juntados ao processo, ainda, os Pedidos de Compensação de fls. 03, 117, 318, 346, 352 e 358, nos quais a empresa solicita a compensação do saldo credor remanescente com outros débitos de sua responsabilidade. Além dos documentos já mencionados, integram o processo os DARF’s originais dos recolhimentos efetuados a maior (fls. 19/45), cópias dos Registros de Apuração de ISS/ICMS de fls. 49/110, comprobatórias da receita bruta mensal auferida nos meses de setembro de 1989 a setembro de 1991, os demonstrativos de apuração do crédito pleiteado (fls. 121 e 125) assim como cópias de partes do processo judicial nº 93.0008529 8 (fls. 142/187) e do processo de execução nº 98.0019005 (fls. 189/197). Tendo em vista o citado Parecer nº 067/2005 SEORTPJ (fls. 444/450), a Delegacia da Receita Federal em Salvador reconheceu o direito creditório do FINSOCIAL calculado no demonstrativo de fls. 451/452 e homologou a compensação “dos débitos consignados na coluna 8 do demonstrativo constante no anexo III, que integra este parecer, observado o limite do crédito”. Fl. 787DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/9893 Acórdão n.º 3801005.365 S3TE01 Fl. 12 3 Desta forma, após compensação dos valores informados nos documentos de fls. 469/480, remanesceram os débitos da Cofins elencados à fl. 482. Cientificada do referido parecer em 31/03/2005 (Aviso de Recebimento AR à fl. 485), a interessada apresenta em 25/04/2005 a Manifestação de Inconformidade de fls. 486/489 alegando, em síntese: Na compensação efetuada pela DRF/Salvador, foi indevidamente incluído o valor de R$ 50.623,41 relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido do exercício de 1995, vencida em 29/03/1996, inserida à fl. 314 dos autos, quantia que não foi objeto de pedido de compensação; Conseqüentemente, uma vez que não ocorreu a suspensão da sua exigibilidade, o crédito tributário deveria ter sido oportunamente cobrado pelo Fisco, tendo fluído o prazo prescricional de 5 (cinco) anos a partir da data do seu vencimento, 29/03/1996.” A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Salvador BA, ao apreciar as razões aduzidas na manifestação de inconformidade, indeferiu o pleito do contribuinte, conforme Decisão DRPSDR N.° 07.329 de 24 de maio de 2005, fls. 504/507, assim ementada: "Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 1989, 1990, 1991 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO O prazo prescricional se inicia a partir da constituição definitiva do crédito tributário, não alcançando débito objeto de pedido de compensação apresentado pela contribuinte e ainda pendente de apreciação pela Secretaria da Receita Federal. Solicitação indeferida” Em 30 de maio de 2005, o Contribuinte, ainda não cientificado da decisão de 1ª instância, protocolizou aditamento à sua Manifestação de Inconformidade, às fls. 508/512, suscitando os seguintes pontos: Que em decorrência de autorização judicial, liminar confirmada por sentença, passou a compensar, a partir do período de competência maio de 1993, as quantias devidas à União Federal relativas aos tributos e contribuições federais administradas pela Secretaria da Receita Federal. Com o retorno dos autos do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, denegando parcialmente a segurança, por entender que a compensação era de exclusiva responsabilidade da autoridade administrativa, passou a DRJ em Salvador a coagir a empresa a pagar os valores compensados ou requerer o parcelamento, sob pena de ser autuada. Fl. 788DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/9893 Acórdão n.º 3801005.365 S3TE01 Fl. 13 4 Para evitar uma autuação, tratou a empresa de requerer o parcelamento de todos os valores compensados a partir de 1993, cujos processos tomaram os seguintes números: 10580.008.024/96 (IRPJ), 10580.008.025/9600 (CSLL) e 10580.003.910/9658 (COFINS). De posse da decisão judicial transitada em julgado, deferindo a restituição, protocolizou na DRJ de Salvador pedido de Restituição/Compensação — Processo n.° 10580. 00100/9893, requerendo, com fulcro na Instrução Normativa n.° 32/97 a Convalidação dos valores compensados, inclusive a CSLL de 1995 e, conseqüente, extinção dos pedidos de parcelamento. Que ao levantar o Balanço de 1996, período base de 1995, foi apurada a quantia de R$ 41.951,62, relativa à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, passando a compensála com o mesmo crédito objeto da decisão judicial. Discordando de procedimentos adotados pela empresa, o Fisco, em 17 de dezembro de 1996, lavrou o Auto de Infração de n.° 10580.008172/9626, cobrando toda a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido do ano base de 1995. A empresa, através da petição de fls. 25/26 e pedido de compensação fls. 27, requereu a CONVALIDAÇÃO dos valores compensados a partir de 1993, inclusive o SALDO REMANESCENTE da CSLL em 22/03/1999, levantado pelo Auto de Infração n.° 10580.008172/9626, cujo valor original está registrado nas /Is. 315 e o saldo remanescente em 22/03/1999, no valor de R$ 50.623,41 nas fls. 317 do processo n.° 10580. 000100/9893. Como o seu pedido de restituição, só veio a ser julgado em março de 2005, os valores pedidos em CONVALIDAÇÃO foram integralmente liquidados, parte através de pedido de parcelamento e os R$ 50.623,41, apurados no processo n.' 10580.008172/9626, também pedidos em CONVALIDAÇÃO, foram pagos no próprio Auto de Infração, já arquivado. Requer, ao final, que seja DECLARADA NÃO COMPENSADA e anulada a HOMOLOGAÇÃO da quantia de R$ 50.623,41, uma vez que tal quantia foi levantada e liquidada no Auto de Infração de n.° 10580.008172/9626. Às fls. 581 dos autos, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em SalvadorBa, à titulo de esclarecimento, acresce "Deixamos de analisar os documentos de fls. 508 a 580 em virtude de terem sido apresentados em data posterior ao julgamento do processo". Ciente da decisão de 1ª Instância, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 585/591), reiterando argumentos e fundamentos apresentados no Aditamento à sua Manifestação de Inconformidade, requerendo: Fl. 789DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/9893 Acórdão n.º 3801005.365 S3TE01 Fl. 14 5 1 — Que seja DECLARADA NÃO COMPENSADA e anulada a HOMOLOGAÇÃO, da quantia de R$50.623,41 (cinqüenta mil, seiscentos e vinte e três reais e quarenta e um centavos), que além de ter sido levantada e liquidada no Auto de Infração n.° 10580.008172/9626, deveria ter sido compensada, se devida fosse, como R$ 41.951,64 (quarenta e um mil, novecentos e cinquenta e um reais e cinquenta e quatro centavos), ou seja, 50.623,41 UFIRS; 2 — Que seja disponibilizado, como crédito, a favor da empresa, a preços de 31/12/1995, a quantia de R$ 50.623,41, utilizado pelo Fisco para pagamento, pela via compensação, da quantia ora questionada, homologada indevidamente. Instrui o Recurso Voluntário, dentre outros documentos, inteiro teor do Processo de n.° 10580.008172/9626, assim como, Declaração de Ajuste IRPJ do Exercício de 1996, anobase 1995, Balanço Patrimonial levantado em 31/12/1995, Cópia do Pedido de Compensação apresentado em 17/03/1999, Extratos dos valores compensados (fls. 603/672). A então 3ª Câmara 3º Conselho de Contribuintes, atual CARF, na Sessão de 15/10/2008, declinou da competência, conforme Acórdão nº 30335.711 (fls. 705/711), cuja ementa transcrevese: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO. COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. Competência Ratione Materiae. Compete ao Primeiro Conselho de Contribuintes julgar recursos de oficio ou voluntário de decisão de 1ª Instância que envolva a aplicação da legislação referente ao imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, adicionais, empréstimos compulsórios a ele vinculados e contribuições, inclusive, penalidade isolada. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO Por seu turno, a 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento também declinou da competência, acórdão 1802000.144, de 06 de fevereiro de 2013, conforme ementa transcrita abaixo: DIREITO CREDITÓRIO. FINSOCIAL. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. MATÉRIA NÃO CONHECIDA. FALTA DE COMPETÊNCIA REGIMENTAL. Compete à Terceira Seção processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem acerca da aplicação da legislação atinente à Contribuição para o Fundo de Investimento Social (Finsocial). Em nova distribuição por sorteio em 24/07/2014, o processo foi encaminhado a este Conselheiro para julgamento. É o relatório. Fl. 790DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/9893 Acórdão n.º 3801005.365 S3TE01 Fl. 15 6 Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. De imediato, concordase com os fundamentos do acórdão 1802000.144, de 06 de fevereiro de 2013, da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, e reconhece se a competência da Terceira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para julgar o processo. Como bem assentado, a competência é definida pela origem do crédito. Não assiste razão à recorrente, conforme será demonstrado. Em que pese a conturbada tramitação processual, o litígio cingese a possibilidade de repetir à recorrente a quantia de R$ 50.623,41 (cinqüenta mil, seiscentos e vinte e três reais e quarenta e um centavos), em razão de uma suposta extinção em duplicidade do débito, uma por compensação e outra por meio de parcelamento, segundo elementos comprobatórios acostados aos autos. Quanto à alegação de duplicidade de extinção do crédito tributário e consequente direito à repetição, é importante consignar que ela não pode ser apreciada, sob pena de supressão de instância, por constituir matéria nova não abrangida pelo litígio. De fato, em sua manifestação de inconformidade, a recorrente apenas argumentou que o valor em questão foi alcançado pelo instituto da prescrição, não argumentando acerca de uma suposta duplicidade. Do exame da decisão recorrida, verificase que a tese de duplicidade não foi enfrentada. A decisão de primeira instância apenas apreciou a tese da prescrição. Destarte, na apreciação do recurso voluntário não se toma conhecimento das outras teses por falta de pré questionamento no momento oportuno. Registrese, que a DRJ expressamente não tomou conhecimento do aditamento a sua Manifestação de Inconformidade em face de que esta petição foi apresentada após o julgamento, às fls. 508/512, conforme despacho de fls. 581. Como visto, a recorrente não apresentou suas razões na manifestação de inconformidade em relação ao seu suposto direito à repetição, assim consideramse preclusas as matérias não contestadas na fase impugnatória, e que, consequentemente, não foram apreciadas na decisão recorrida. A falta de préquestionamento no momento processual adequado implica em não conhecimento da matéria na fase recursal. Neste sentido dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.235/92, com a redação dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532/97, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, tornandose preclusa. Fl. 791DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/9893 Acórdão n.º 3801005.365 S3TE01 Fl. 16 7 Não poderia ser diferente, uma vez que eventual repetição de indébito relativo a pagamentos (extinção do crédito tributário) em duplicidade tem que ser pleiteada em processo administrativo fiscal específico. Não se trata de mero erro formal como quer fazer crer a recorrente, mas de inobservância das normas legais que regem a restituição e compensação de tributos. Em face do exposto, voto no sentido de não conhecer das razões do recurso voluntário por preclusão. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 792DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 11080.727623/2012-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2802-000.161
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62-A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012.
(assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
German Alejandro San Martín Fernández - Relator.
EDITADO EM: 18/07/2013.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62-A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012. (assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández - Relator. EDITADO EM: 18/07/2013. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite e Carlos André Ribas de Mello.
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(assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández Relator. EDITADO EM: 18/07/2013. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite e Carlos André Ribas de Mello. Tratase de Notificação de Lançamento às fls. 04 a 08, que reduziu o saldo do imposto a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2009, em R$ 15.962,46, alterandoo de R$ 19.333,52, para R$ 3.371,06, decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de ação trabalhista, no valor de R$ 58.045,33, confrontadas as informações e documentos apresentados pelo contribuinte e as informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme relatado na “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” à fl. 6. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .7 27 62 3/ 20 12 -4 9 Fl. 121DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalme nte em 23/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalmente em 26/07/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.727623/201249 Resolução nº 2802000.161 S2TE02 Fl. 186 2 Apreciada a Impugnação de fl. 2, o lançamento foi julgado procedente sob o seguinte fundamento: À vista dos elementos acostados ao processo, em especial a “Certidão de Julgamento” emitida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, à fl. 09, o “Requerimento” do reclamante – fl. 10, apresentando os cálculos de liquidação – fls. 11 e 12, os reiterados despacho do Juiz do Trabalho às fls. 13, 16 e 19, a “Certidão de Cálculos”, datada de 18.07.2008, à fl. 14, o “Relatório de Valores Pagos”, datado de 08.08.2008, à fl. 17, o “Alvará”, também datado de 08.08.2008, editados pela referida Vara do Trabalho à fl. 18, a cópia do Documento de Arrecadação de Receitas Ferais – DARF e a Guia da Previdência Social – GPS – fl. 15, a “Nota Fiscal de Serviço” à fl. 20, podese concluir que está correto o procedimento da ação fiscalizadora, tendo em vista que foram excluídas as parcelas não tributáveis/isentas “ Principal – não tributável” no valor de R$ 27.076,23 e “Juros sobre principal não tributável” no valor de R$ 29.287,46, indicadas no doc. à fl. 17, resultando, portanto, o rendimento tributável líquido no montante de R$ 320.945,33. Resta, por conseguinte, mantida a omissão de rendimentos tributáveis recebido de pessoa jurídica, decorrente de ação trabalhista, no valor de R$ 58.045,33 ( R$ 320.945,33 – R$ 262.900,00) oferecidos à tributação na DIRPF/2009), nos termos do art. 43 do RIR/99. Nas razões recursais (fl. 73/78), argumenta a não incidência de IR sobre o valor pago a título de honorários advocatícios, principal e juros moratórios sobre o valor principal. Era o de essencial a ser relatado. Passo a decidir. Versam os presentes autos sobre a incidência do imposto de renda de pessoa física exigido de rendimentos recebidos acumuladamente decorrentes de decisão judicial, nos termos do artigo 56 do RIR/99, conforme trecho da “descrição dos fatos e fundamento legal” de fl. 6. Por se tratar de matéria sob Repercussão Geral no STF (Tema 368 leading case RE 614466), portanto, submetida ao rito a que se refere o artigo 543B do CPC, proponho o sobrestamento do feito, com fulcro no art. 62A, §1º do Regimento Interno do CARF, c/c.o artigo 1 da Portaria CARF n. 1/2012. É o meu voto. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalme nte em 23/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalmente em 26/07/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
Numero do processo: 10907.720506/2011-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 21/02/2011
CLASSIFICAÇÃO FISCAL.
O produto NORYL GTX NX0013, identificado como uma mistura de polímeros, contendo Poliamida6,6 (46,6%) e Polióxido de Fenileno com o elemento modificador Estireno (52,81%), classificase no código NCM 3907.20.12.A subposição 3907.20.12 refere-se a Poli(óxido de fenileno), mesmo modificado com estireno ou estireno-acrilonitrila (3907.20.1), sem carga (3907.20.12). A nota 4 da posição expressamente aponta que as misturas de polímeros, classificam-se na posição que inclua os polímeros do motivo comonomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. O que predomina em peso é o Poli(óxido de fenileno) modificado com estireno.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3301-002.618
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Fábia Regina Freitas, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 21/02/2011 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto NORYL GTX NX0013, identificado como uma mistura de polímeros, contendo Poliamida6,6 (46,6%) e Polióxido de Fenileno com o elemento modificador Estireno (52,81%), classificase no código NCM 3907.20.12.A subposição 3907.20.12 refere-se a Poli(óxido de fenileno), mesmo modificado com estireno ou estireno-acrilonitrila (3907.20.1), sem carga (3907.20.12). A nota 4 da posição expressamente aponta que as misturas de polímeros, classificam-se na posição que inclua os polímeros do motivo comonomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. O que predomina em peso é o Poli(óxido de fenileno) modificado com estireno. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Fábia Regina Freitas, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 21/02/2011 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto “NORYL GTX NX0013”, identificado como uma mistura de polímeros, contendo Poliamida6,6 (46,6%) e Polióxido de Fenileno com o elemento modificador Estireno (52,81%), classificase no código NCM 3907.20.12.A subposição 3907.20.12 referese a Poli(óxido de fenileno), mesmo modificado com estireno ou estirenoacrilonitrila (3907.20.1), sem carga (3907.20.12). A nota 4 da posição expressamente aponta que as misturas de polímeros, classificamse na posição que inclua os polímeros do motivo comonomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. O que predomina “em peso” é o Poli(óxido de fenileno) modificado com estireno. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 72 05 06 /2 01 1- 40 Fl. 278DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/201140 Acórdão n.º 3301002.618 S3C3T1 Fl. 279 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Fábia Regina Freitas, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl. Fl. 279DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/201140 Acórdão n.º 3301002.618 S3C3T1 Fl. 280 3 Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração formalizado para exigência da diferença de tributos, acrescida de multa de ofício e juros de mora, decorrente da reclassificação fiscal da mercadoria importada por meio da Declaração de Importação (DI) nº. 11/03240015, registrada em 21/02/2011, perfazendo o valor total do crédito tributário R$ 28.964,94. Conforme descrição constante do Auto de Infração a fiscalização entendeu que foi importada a seguinte mercadoria: mistura contendo 46,60% em peso de Poliamida6,6 e 52,81% em peso de Polióxido de Fenileno contendo o elemento modificador Estireno, sem carga, na forma de grânulos na cor preta, classificável na Tarifa Externa Comum (TEC) no código 3907.20.90, conforme descrito no Relatório Fiscal, parte integrante do presente Auto de Infração, sendo incidente a alíquota do imposto de importação de 14%. A conclusão foi embasada em dois Laudos Técnico Aduaneiros, o primeiro apresentado em 26/05/2011, que não foi conclusivo quanto às percentagens, em peso, dos polímeros que compõem o produto, e um Laudo Técnico Complementar, apresentado em 16/06/2011. Embasandose nos Laudos Técnicos citados, a fiscalização reclassificou o produto importado para a NCM 3907.20.90, com alíquotas de 14% para o II e 5% para o IPI. Em conseqüência, houve a lavratura de Auto de Infração para exigência da diferença de tributos e também da multa por classificação incorreta, prevista pelo artigo 84, 2 inciso I, da MP 2.15835/2001 Ainda segundo o fisco, a fatura comercial que instruiu o despacho de importação não atendeu aos requisitos previstos pelo inciso III do art. 557 do Regulamento Aduaneiro de 2009, sendo lançada a multa prevista no art. 715 do mesmo normativo. Foi lavrada Representação Fiscal para Fins Penais, formalizada pelo processo administrativo n° 10907.720508/201139. Cientificada do lançamento a contribuinte apresentou impugnação alegando que o Laudo Técnico Aduaneiro Complementar constatou que o produto se trata de Poliamida6,6 composta com Polióxido de Fenileno contendo Estireno como elemento modificador, com a seguinte composição percentual em peso (precisão de análise: +/ 2%): Poliamida6,6 46,60%, Polióxido de Fenileno 39,31% e Estireno 13,50%, sendo, portanto, improcedente o lançamento. A DRJ de São Paulo julgou improcedente a impugnação com base na seguinte ementa: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 21/02/2011 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/201140 Acórdão n.º 3301002.618 S3C3T1 Fl. 281 4 O produto “NORYL GTX NX0013”, identificado como uma mistura de polímeros, contendo Poliamida6,6 (46,6%) e Polióxido de Fenileno com o elemento modificador Estireno (52,81%), classificase no código NCM 3907.20.90. MULTA. CLASSIFICAÇÃO INCORRETA. A classificação incorreta de mercadoria é penalizada com a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, prevista no artigo 84, inciso I, da MP 2.158 35/2001. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 21/02/2011 FATURA COMERCIAL EM DESACORDO COM AS EXIGÊNCIAS REGULAMENTARES. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada. Apresente a Recorrente o presente Recurso Voluntário apontando os mesmos elementos constantes da impugnação. É o que importa relatar. Fl. 281DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/201140 Acórdão n.º 3301002.618 S3C3T1 Fl. 282 5 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. O litígio trazido à apreciação trata da classificação fiscal do produto denominado “NORYL GTX NX0013”, descrito na DI como “POLIAMIDA COM POLI(ÓXIDO DE FENILENO)”, classificado pela impugnante no código NCM 3907.20.12, enquanto que o fisco entendeu que o correto seria o código 3907.20.90. Fundada nos referidos Laudos Técnicos, a fiscalização concluiu que o produto se trata de mistura contendo 46,60% em peso de Poliamida6,6 e 52,81% em peso de Polióxido de Fenileno contendo o elemento modificador Estireno (39,31% em peso de Polióxido de Fenileno + 13,50% de Estireno), sem carga, na forma de grânulos na cor preta. Tanto o fisco como a contribuinte estão de acordo quanto à identificação do produto procedida por meio de laudo pericial, restringindose o litígio apenas à sua classificação fiscal. Assim, compulsando as notas e notas de subposições temos as seguintes determinações (os destaques são nossos): Notas 4. Consideramse “copolímeros” todos os polímeros em que nenhum motivo monomérico represente 95 % ou mais, em peso, do teor total do polímero. Ressalvadas as disposições em contrário, na acepção do presente Capítulo, os copolímeros (incluindo os copolicondensados, os produtos de copoliadição, os copolímeros em blocos e os copolímeros enxertados) e as misturas de polímeros, classificamse na posição que inclua os polímeros do motivo comonomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. Na acepção da presente Nota, os motivos comonoméricos constitutivos de polímeros que se classifiquem numa mesma posição devem ser tomados em conjunto. Se não predominar nenhum motivo comonomérico simples, os copolímeros ou misturas de polímeros classificamse, conforme o caso, na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. Notas de subposições Fl. 282DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/201140 Acórdão n.º 3301002.618 S3C3T1 Fl. 283 6 1. No âmbito de uma posição do presente Capítulo, os polímeros (incluindo os copolímeros) e os polímeros modificados quimicamente classificamse de acordo com as disposições seguintes: a) Quando existir uma subposição denominada “Outros” ou “Outras” na série de subposições em causa: 1º) O prefixo “poli” precedendo o nome de um polímero específico no texto de uma subposição (por exemplo, polietileno ou poliamida6,6) significa que o ou os motivos monoméricos constitutivos do polímero designado, em conjunto, devem contribuir com 95 % ou mais, em peso, do teor total do polímero. 2º) Os copolímeros referidos nas subposições 3901.30, 3903.20, 3903.30 e 3904.30 classificamse nessas subposições, desde que os motivos comonoméricos dos copolímeros mencionados contribuam com 95 % ou mais, em peso, do teor total do polímero. 3º) Os polímeros modificados quimicamente classificamse na subposição denominada “Outros” ou “Outras”, desde que esses polímeros modificados quimicamente não estejam abrangidos mais especificamente noutra subposição. 4º) Os polímeros que não satisfaçam as condições estipuladas em 1º), 2º) ou 3º) acima, classificamse na subposição, entre as restantes subposições da série, que inclua os polímeros do motivo monomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. Para este fim, os motivos monoméricos constitutivos de polímeros que se incluam na mesma subposição devem ser tomados em conjunto. Apenas os motivos comonoméricos constitutivos de polímeros da série de subposições em causa devem ser comparados; Considerando a seguinte composição: Composição Percentual em peso Poliamida 6,6 46,60% Polióxido de Fenileno 39,31% Estireno 13,50% As regras determinam que os motivos monoméricos constitutivos do polímero designado, em conjunto, devem contribuir com 95 % ou mais, em peso, do teor total do polímero. Aqui temos Polióxido de Fenileno com 39,31% e Estireno com 13,50%, compreendendo 52,81% do total. A DRJ entendeu que como no produto sob análise o polímero Polióxido de Fenileno não contribui com 95% ou mais, em peso, do teor total do polímero (apenas 52,81%, como já vimos), referido produto não pode se classificar no item 1 da subposição 20. Fl. 283DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/201140 Acórdão n.º 3301002.618 S3C3T1 Fl. 284 7 Entretanto a Regra Geral de interpretação n.º 3 determina que a posição mais específica sempre deve prevalecer. A subposição 3907.20.12 referese a Poli(óxido de fenileno), mesmo modificado com estireno ou estirenoacrilonitrila (3907.20.1), sem carga (3907.20.12). A nota de subposição 3, supra transcrita, determina que os polímeros modificados quimicamente classificamse na subposição denominada “Outros” ou “Outras”, desde que esses polímeros modificados quimicamente não estejam abrangidos mais especificamente noutra subposição. A nota 4 da posição expressamente aponta que as misturas de polímeros, classificamse na posição que inclua os polímeros do motivo comonomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. Isso quer dizer que dentro da mesma classe deve prevalecer o polímero prevalente. Assim, é razoável a classificação adotada pela contribuinte. O que predomina “em peso” é o Poli(óxido de fenileno) modificado com estireno, conforme apontado pelos laudos. Nesse sentido voto em julgar procedente o presente recurso voluntário. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 284DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 10218.720086/2007-83
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2801-000.347
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Relatório
Trata-se de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 69.970,94, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora.
Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4.
Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra SIPT da RFB.
A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 36/44, assim ementado:
Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.
Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal.
DA ÁREA INDÍGENA.
Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto.
DO VALOR DA TERRA NUA - VTN.
Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.653-3 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado.
Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 49), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 50/73, acompanhado dos documentos de fls. 74/84. Na peça recursal aduz, em síntese, que:
Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia
- Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996.
- Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996.
- O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea a não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea b do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea c), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade.
- A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas a do inciso II do § 1° do art. 10.
- A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte.
- O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (art. 924).
- A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos).
- Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório.
- Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos.
Área indígena
- Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto".
- Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01).
- O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02).
- O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04).
- Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05).
- Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse.
- O imóvel - LOTE 52 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 52 (anexo 06).
Pedidos
Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo.
Por meio da Resolução nº 2801-000.311, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel.
Após ser intimado (fl. 94), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que:
- Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará.
- Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012.
- No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia.
Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister.
Voto
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 36/44, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DA ÁREA INDÍGENA. Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto. DO VALOR DA TERRA NUA - VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.653-3 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 49), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 50/73, acompanhado dos documentos de fls. 74/84. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia - Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. - Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. - O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea a não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea b do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea c), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. - A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas a do inciso II do § 1° do art. 10. - A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. - O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (art. 924). - A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). - Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. - Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena - Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto". - Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). - O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). - O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). - Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). - Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. - O imóvel - LOTE 52 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 52 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801-000.311, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 94), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: - Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. - Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. - No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. 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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2147; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE01 Fl. 114 1 113 S2TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10218.720086/200783 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2801000.347 – 1ª Turma Especial Data 11 de março de 2015 Assunto ITR Recorrente JOÃO SOARES ROCHA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 69.970,94, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 18 .7 20 08 6/ 20 07 -8 3 Fl. 114DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/200783 Resolução nº 2801000.347 S2TE01 Fl. 115 2 estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 36/44, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exigese que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DA ÁREA INDÍGENA. Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.6533 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 49), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 50/73, acompanhado dos documentos de fls. 74/84. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputarlhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a Fl. 115DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/200783 Resolução nº 2801000.347 S2TE01 Fl. 116 3 alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluirse da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10. A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que “Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior” (art. 924). A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, tratase de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativoambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto". Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). Fl. 116DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/200783 Resolução nº 2801000.347 S2TE01 Fl. 117 4 O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. O imóvel LOTE 52 está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 52 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801000.311, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 94), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontrase localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontrase situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas Fl. 117DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/200783 Resolução nº 2801000.347 S2TE01 Fl. 118 5 estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. Registro, inicialmente, que os documentos juntados pelo Interessado não atendem ao objeto da diligência fiscal requerida por esta Turma de Julgamento, haja vista que a determinação era para que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Nada obstante, a Instrução Normativa FUNAI nº 3/2012, juntada aos autos pelo Recorrente, revela a existência de um procedimento para emissão de documentos referentes à localização de imóvel rural particular em relação a terras indígenas, cujas regras, aparentemente, não são possíveis de atendimento no prazo de 15 dias, motivo pelo qual o Interessado pleiteia a concessão de um novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na referida instrução normativa. A IN FUNAI nº 3/2012 disciplina a emissão de dois documentos: o Atestado Administrativo e a Declaração de Reconhecimento de Limites. O § 1º do art. 1º estabelece que “O Atestado Administrativo se destina a atestar a situação geográfica de imóveis de terceiros em relação às terras indígenas regularizadas ou em processo de demarcação” e o § 2º do mesmo artigo preceitua que “A Declaração de Reconhecimento de Limites se destina a fornecer, aos proprietários de imóveis rurais, a mera certificação de que foram respeitados os limites com os imóveis confinantes de propriedade da União e de posse permanente destinados a indígenas”. A leitura dos dispositivos transcritos evidencia que o documento que aqui interessa é o “Atestado Administrativo”, porquanto se destina a confirmar a situação geográfica de imóveis particulares em relação a terras indígenas. Ocorre que o art. 6º, item II.4, da IN FUNAI nº 3/2012 prevê que “Não será emitido Atestado Administrativo para imóveis incidentes em Terra indígena homologada (com os limites da demarcação homologados por decreto da Presidência da República)”. Ora, se o “Atestado Administrativo” não é emitido para imóveis incidentes em terra indígena homologada e se o imóvel objeto de tributação supostamente está localizado nos limites de terra indígena APYTEREWA, homologada por decreto do Presidente da República em 19/04/2007, por óbvio que a concessão do prazo de 45 dias para que o Recorrente obtenha o “Atestado” será, em tese, infrutífera, em face da vedação normativa acima mencionada. Observo, contudo, que não é crível supor que uma entidade da administração pública se negue a fornecer, a qualquer administrado, documento para a defesa de seus direitos, seja qual for o nome atribuído ao documento (Atestado, Certidão, Declaração, dentre outros). Fl. 118DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/200783 Resolução nº 2801000.347 S2TE01 Fl. 119 6 Mas ainda que isto aconteça, o ordenamento jurídico coloca à disposição do administrado multiplicidade de instrumentos para que o seu pleito seja atendido liminarmente, sendo desnecessária, aqui, a menção a qualquer deles, uma vez que a defesa do contribuinte foi elabora por profissional do direito, que, com certeza, saberá manejar o instrumento adequado para fazer valer o direito do Interessado. Anoto, ainda, por oportuno, que a afirmação do Recorrente de que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará se mostra em desalinho com as informações disponibilizadas no sítio eletrônico da referida Fundação, o qual aponta a existência de quatro coordenações regionais no Estado, quais sejam: Tapajós, Centro Leste do Pará, Baixo Tocantins e Kayapó Sul do Pará. Nesse contexto, entendo ser razoável a concessão do prazo de 45 dias solicitado pelo Interessado para apresentação de documento expedido pela FUNAI atestando que a área do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena APYTEREWA. Saliento, entretanto, que o documento não precisa, necessariamente, ser emitido pela FUNAI de Brasília, podendo sêlo por uma das coordenações regionais no Estado do Pará, mas deste que em papel timbrado da Fundação, atestando que o Lote 52 da Fazenda Tucumanzeira, situado às margens do Rio Pacajá (e não do Rio Bacajá) está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Por todo o exposto, proponho a conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a DRF de origem intime o Interessado a comprovar, no prazo de 45 dias, que o Lote 52 da Fazenda Tucumanzeira, situado às margens do Rio Pacajá, está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), mediante a apresentação de documento fornecido pela FUNAI, em papel timbrado da Fundação, seja pelo órgão central (Brasília), seja pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará. Após, os autos deverão retornar a este Conselho para a conclusão do julgamento. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 119DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN
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Numero do processo: 10882.723531/2012-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009
NULIDADE. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal.
INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. RECEBIMENTO.
Na hipótese de notificação por via postal, é bastante a prova de seu recebimento no domicílio tributário eleito pela pessoa jurídica, não se exigindo que o recebedor seja representante legal, sócio ou empregado da empresa.
MULTA DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA PARA EXIGIR.
O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade administrativa detentora da atribuição de constituir o crédito tributário mediante lançamento, nele incluída a multa de ofício.
ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF
As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. REPASSE DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA.
A Lei Complementar nº 105, de 2001, prevê expressamente que o repasse, pelas instituições financeiras, de informações solicitadas com suporte em seu art. 6º, não configura violação ao dever de sigilo.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE.
Demonstrada a prática de atos com infração de lei, é cabível a imputação de responsabilidade solidária aos sócios administradores da pessoa jurídica.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO.
Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
RECEITA DE SERVIÇOS PRESTADOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITAS.
Configura omissão de receita a falta de escrituração dos valores recebidos em face da prestação de serviços.
FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. ARBITRAMENTO DO LUCRO.
O lucro será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de optante pelo regime de lucro presumido.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS.
Estende-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da estreita relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1302-001.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Junior Presidente
(documento assinado digitalmente)
Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alberto Pinto Souza Júnior, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009 NULIDADE. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. RECEBIMENTO. Na hipótese de notificação por via postal, é bastante a prova de seu recebimento no domicílio tributário eleito pela pessoa jurídica, não se exigindo que o recebedor seja representante legal, sócio ou empregado da empresa. MULTA DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA PARA EXIGIR. O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade administrativa detentora da atribuição de constituir o crédito tributário mediante lançamento, nele incluída a multa de ofício. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. REPASSE DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. A Lei Complementar nº 105, de 2001, prevê expressamente que o repasse, pelas instituições financeiras, de informações solicitadas com suporte em seu art. 6º, não configura violação ao dever de sigilo. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE. Demonstrada a prática de atos com infração de lei, é cabível a imputação de responsabilidade solidária aos sócios administradores da pessoa jurídica. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. RECEITA DE SERVIÇOS PRESTADOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITAS. Configura omissão de receita a falta de escrituração dos valores recebidos em face da prestação de serviços. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. ARBITRAMENTO DO LUCRO. O lucro será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de optante pelo regime de lucro presumido. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Estende-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da estreita relação de causa e efeito que os vincula.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2265; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 1.749 1 1.748 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.723531/201291 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302001.657 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 03 de março de 2015 Matéria IRPJ Recorrente LIMPOOL SERVIÇOS AUXILIARES LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 NULIDADE. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. RECEBIMENTO. Na hipótese de notificação por via postal, é bastante a prova de seu recebimento no domicílio tributário eleito pela pessoa jurídica, não se exigindo que o recebedor seja representante legal, sócio ou empregado da empresa. MULTA DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA PARA EXIGIR. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade administrativa detentora da atribuição de constituir o crédito tributário mediante lançamento, nele incluída a multa de ofício. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 72 35 31 /2 01 2- 91 Fl. 1749DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.750 2 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. REPASSE DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. A Lei Complementar nº 105, de 2001, prevê expressamente que o repasse, pelas instituições financeiras, de informações solicitadas com suporte em seu art. 6º, não configura violação ao dever de sigilo. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE. Demonstrada a prática de atos com infração de lei, é cabível a imputação de responsabilidade solidária aos sócios administradores da pessoa jurídica. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. Caracterizamse como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. RECEITA DE SERVIÇOS PRESTADOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITAS. Configura omissão de receita a falta de escrituração dos valores recebidos em face da prestação de serviços. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. ARBITRAMENTO DO LUCRO. O lucro será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de optante pelo regime de lucro presumido. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Estendese aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da estreita relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior – Presidente Fl. 1750DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.751 3 (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alberto Pinto Souza Júnior, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Fl. 1751DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.752 4 Relatório LIMPOOL SERVIÇOS AUXILIARES LTDA. ME, já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão nº 1142.433, de 30/09/2013, da 1 Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife (PE), DRJ/REC, recorre a este Colegiado, a fim de reformar o referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito. Contra a contribuinte acima qualificada foi lavrado o auto de infração de fls. 959/979, através do qual foi constituído o crédito tributário referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ no valor de R$ 4.017.848,49, incluídos juros de mora e multa proporcional de 150%. 2. De acordo com o auto de infração e com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 1.021/1.032), o lançamento, que se reporta aos anoscalendário 2008 e 2009, decorreu da omissão de receitas em face de i) depósitos bancários de origem não comprovada e ii) não escrituração e não declaração de receitas de serviços prestados. O lucro foi arbitrado ante a não apresentação dos livros contábeis e fiscais. 3. Em conseqüência da omissão de receitas, foram lavrados os autos de infração reflexos concernentes à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 980/1.001), no valor de R$ 1.086.927,95, à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins (fls. 1.002/1.010), no valor de R$ 658.856,45, e à Contribuição para o Programa de Integração Social PIS (fls. 1.011/1.019), no valor de R$ 133.841,89. O crédito tributário total importa em R$ 5.897.474,76, conforme demonstrativo consolidado de fl. 2. 4. Foi efetuada Representação Fiscal para Fins Penais, constituindo o Processo nº 10882.724088/2012/76. 5. Lavraramse Termos de Sujeição Passiva Solidária para inclusão, no pólo passivo da obrigação, de Francisco Ferreira da Silva Neto e Rafael Rodrigues de Souza Neto, sócios administradores da empresa (fls. 1.044/1.047 e 1.048/1.051). 6. O enquadramento legal das infrações, bem assim os demonstrativos de apuração, encontramse estampados nos autos de infração e em seus anexos. 7. A contribuinte pessoa jurídica e o sócio Francisco Ferreira da Silva Neto apresentaram impugnações em conjunto (fls. 1138/1164, 1277/1303, 1415/1441 e 1554/1580), alegando, em síntese: a) falta de intimação pessoal do representante legal da empresa, pois os autos de infração teriam sido entregues a funcionário sem poderes societários; b) ausência, nos autos de infração, de numeração e da qualificação dos autuados, pelo que seriam nulos os lançamentos; c) incompetência do auditorfiscal para impor penalidades; Fl. 1752DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.753 5 d) que a quebra de sigilo bancário só pode ser decretada por ordem judicial e que os dispositivos do Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, não têm respaldo constitucional; e) que os depósitos em conta corrente não podem ser considerados receita da empresa; f) que não houve diferenças relativas a notas fiscais e que, assim, o arbitramento do lucro teria sido incorreto; g) que são ilegais e inconstitucionais as exigências da multa e dos juros pela taxa Selic; h) que não há que se falar em responsabilidade dos sócios, porque não existiriam obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração a lei ou contrato social. 8. Ao final, requereu o julgamento simultâneo da contenda relativa aos quatro autos de infração, bem assim a procedência de sua impugnação. Devidamente cientificada em 12/09/2013, foi interposto recurso voluntário de fls. 1.718/1.740, em 09/10/2013, onde são repisados os mesmos argumentos apresentados em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 1753DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.754 6 Voto Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo O recurso é tempestivo e encontrase revestido das demais formalidades legais, devendo o mesmo ser conhecido. DA NULIDADE Suscitou a recorrente a nulidade dos autos de infração. Contudo, do exame dos autos evidencia que não se caracterizou nenhuma das situações ensejadores da decretação de nulidade do lançamento, inexistindo dúvidas quanto à competência da autoridade que o lançou, nem havendo que se falar em preterição do direito de defesa em se tratando de atos administrativos de lançamento. Estes são impugnáveis na forma da legislação em vigor, garantindose, assim, a observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Também não se constata nenhum vício de forma no lançamento, tendo sido observadas as prescrições contidas no Decreto n° 70.235, de 1972, estando demonstrados no processo a fundamentação legal, a matéria tributável, os valores apurados e os fatos motivadores da autuação, permitindo à impugnante conhecer todos os elementos componentes da ação fiscal e, assim, propiciandolhe todos os meios para livre e plenamente manifestar suas razões de defesa. Não procede a alegação de que os autos de infração deveriam necessariamente ser entregues a representante legal da empresa. No presente caso, a intimação se deu por via postal, nos termos do art. 23, II, do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, sendo bastante, na hipótese, a prova de seu recebimento no domicílio tributário eleito pela pessoa jurídica. A matéria já se acha sumulada por este Colegiado: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Quanto à numeração dos autos de infração, ressaltese que tal providência não é requisito obrigatório para sua validade, em conformidade com o estabelecido no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972. Também queda sem fundamento a argüição acerca da competência do auditorfiscal pata aplicar penalidade. A Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN), em seu art. 142, prevê que a autoridade administrativa é competente para efetuar a constituição do crédito tributário. Consoante o art. 6º, I, “a”, da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, o Auditor Fl. 1754DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.755 7 Fiscal da Receita Federal do Brasil é detentor da atribuição de, no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil, e em caráter privativo, constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições, o que inclui a penalidade cabível, que, no caso, é a multa de ofício. DO MÉRITO DA FALTA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS Consoante relato fiscal, o sujeito passivo foi intimado e reintimado a apresentar os extratos bancários da empresa relativos aos anos 2008 e 2009. Em face do não atendimento das intimações, emitiuse requisição de informações ao Banco Bradesco, consoante previsto na legislação regente. A partir das informações fornecidas pela instituição financeira, a fiscalização elaborou descrição de créditos/depósitos de forma individualizada, ao que intimou o sujeito passivo a comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta corrente. Ante a omissão da intimada, efetuouse o lançamento com lastro no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que prescreve: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: (...) Alega a defesa que a quebra de sigilo bancário só poderia ser decretada por ordem judicial e que seria inconstitucional o Decreto nº 3.724, de 2001. Cumpre, desde logo, deixar assente que não compete à autoridade administrativa o exame de argüições quanto à legalidade e constitucionalidade de normas insertas no ordenamento jurídico, competência esta atribuída em caráter privativo ao Poder Judiciário. À autoridade administrativa tributária cumpre observar a norma nos termos em que editada, em conformidade com o que estatui o art. 142 do CTN. A questão também está pacificada no âmbito do CARF: Fl. 1755DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.756 8 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em conformidade com o que estatui o art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, a Receita Federal está autorizada a requisitar informações às instituições financeiras acerca da movimentação bancária dos contribuintes, independentemente de consentimento judicial, desde que, como no caso em tela, haja procedimento fiscal em curso e os exames sejam considerados indispensáveis. Nos termos dos citados diplomas, tal procedimento não configura quebra de sigilo bancário, consoante disposição expressa nesse sentido. Sustenta ainda a recorrente que os depósitos bancários não podem ser considerados receita, aduzindo que em diversas ocasiões efetuou saques cujos valores posteriormente retornaram à conta corrente. Não lhe assiste razão. O art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, estabelece que os valores de depósitos bancários cuja origem o contribuinte não comprovar mediante documentação hábil e idônea, após ser regularmente intimado, são considerados valores de receitas omitidas. Tratase de uma presunção legal de omissão de rendimentos, do tipo juris tantum (relativa), que decorre unicamente da falta de comprovação da origem dos recursos depositados. Quanto aos alegados depósitos de valores anteriormente sacados, não trouxe a impugnante prova alguma a alicerçar a afirmação. Recordese que durante a fase de fiscalização a contribuinte, embora intimada e reintimada, não apresentou nenhum documento a atender a exigência legal. A ausência de provas da origem dos depósitos permanece agora na fase litigiosa, sendo portanto procedente o lançamento a este título. DA OMISSÃO DE RECEITAS DE SERVIÇOS PRESTADOS A fiscalização confrontou notas fiscais apresentadas pela autuada com notas fiscais de mesma numeração fornecidas por seus clientes, tendo constatado que as da fiscalizada possuíam valores inferiores (cerca de um terço) àquelas em posse dos clientes. De ressaltar que a contribuinte apresentou à fiscalização uma relação de notas fiscais e de faturamento mensal cujos valores são coincidentes com as notas fiscais apresentadas pelos clientes. O lançamento teve por base os valores dos serviços declarados pelos clientes em DIRFs e confirmados através das notas fiscais obtidas em diligência. Em sua recurso voluntário, limitase a recorrente a alegar que: “como se pode verificar, não há que se falar em diferenças relativas às notas fiscais apresentadas, sendo inexistentes as diferenças apontadas o que torna incorreto o lucro arbitrado e consequentemente o tributo apurado”. Salvo a mera retórica acima transcrita, o recurso não traz nenhuma contestação específica quanto ao ilícito em questão. A expressão “como se pode verificar”, que inicia o único parágrafo dedicado a esta infração, sugere que a defesa havia se ocupado anteriormente da omissão de receita que ora se debate. Todavia, não houve nenhum argumento Fl. 1756DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.757 9 consistente de defesa, muito menos prova, a contrariar o libelo fiscal nesse particular, tendo a recorrente se dedicado apenas, quanto ao mérito, a discutir a omissão relativa aos depósitos bancários. DO ARBITRAMENTO DO LUCRO Nos termos do art. 530, III, do Regulamento do Imposto de Renda/99 (RIR/99), aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, a contribuinte teve seu lucro arbitrado por não apresentar à fiscalização os livros e documentos de sua escrituração. Nesse particular não houve, a exemplo do item anterior, contestação específica por parte da recorrente, que se limitou a alegar ser “incorreto o lucro arbitrado”. DOS JUROS DE MORA E DA MULTA DE OFÍCIO As exigências da multa de ofício no percentual de 150% e dos juros de mora equivalentes à taxa SELIC têm amparo legal nos dispositivos estampados nos autos de infração. Considerando que as argüições da recorrente são apenas no sentido de discutir a legalidade e/ou inconstitucionalidade desses acréscimos, cumpre renovar o que se assentou em itens anteriores acerca do caráter vinculado e obrigatório da atividade de lançamento. DOS TERMOS DE RESPONSABILIDADE Os sóciosgerentes foram incluídos no pólo passivo com fulcro no art. 135, III, do CTN, que dispõe: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Conforme consta nos autos, o sujeito passivo apresentou DIPJs zeradas relativas aos anoscalendário 2008 e 2009, não obstante haver auferido receita de prestação de serviços no valor de R$ 12.847.259,42, além da existência de depósitos bancários de origem não comprovada no valor de R$ 16.238.602,59. Acresce que a contribuinte apresentou notas fiscais à fiscalização cujos valores eram 75% inferiores aos das notas fiscais de mesma numeração em poder dos seus clientes. Tais fatos, caracterizadores da conduta dolosa prevista nos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, justificaram a exasperação da multa no percentual de 150%, como também justificam a responsabilização dos administradores da pessoa jurídica, dado que presentes as circunstâncias previstas no art. 135 do CTN. Por pertinentes ao tema, vale transcrever os seguintes fragmentos da Nota Conjunta PGFN/RFB GT Responsabilidade Tributária nº 1, de 17 de dezembro de 2010: (...) VII – Art. 135 do CTN (…) Fl. 1757DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/201291 Acórdão n.º 1302001.657 S1C3T2 Fl. 1.758 10 52. Quanto à natureza dessa responsabilidade, (…) não há dúvida tratarse de responsabilidade solidária. (...) 55. Em relação ao excesso de poder, infração à lei, ao contrato social ou estatuto, é oportuno destacar: (...) c) Infração à lei – não precisa ser uma lei tributária, porém deve ter conseqüências tributárias. 56. Observase que, se há multa qualificada, há responsabilidade pelo art. 135 do CTN, trazendo à responsabilidade os sócios do tempo do fato gerador. (g.n.) Por conseguinte, deve ser mantida a responsabilização dos sócios na forma dos autos. DOS LANÇAMENTOS REFLEXOS PIS, COFINS E CSLL Em face da estreita relação de causa e efeito existente entre os autos de infração matriz e reflexos, o entendimento adotado com referência ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica se estende aos lançamentos decorrentes. CONCLUSÃO De tudo que foi exposto, voto por rejeitar as preliminares de nulidade do auto de infração e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Sala de Sessões, 03 de março de 2015. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo – Relator Fl. 1758DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004322/2003-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Apr 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 1998
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR N.105/2001.
A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL
Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430/1996.
Por disposição legal, caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta bancária mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos relativos a essas operações, de forma individualizada.
PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26).
JUROS - TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-002.885
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que acolhem a preliminar. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ. QUANTO AO MÉRITO: Pelo voto de qualidade, negar provimento. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
ANTONIO LOPO MARTINEZ Presidente e Redator designado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
FABIO BRUN GOLDSCHMIDT - Relator.
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EDITADO EM: 10/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTÔNIO LOPO MARTINEZ (Presidente), MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), RAFAEL PANDOLFO, PEDRO ANAN JÚNIOR, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA, FÁBIO BRUN GOLDSCHMIDT.
Nome do relator: Fabio Brun Goldschmidt
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1998 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR N.105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430/1996. Por disposição legal, caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta bancária mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos relativos a essas operações, de forma individualizada. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26). JUROS - TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Recurso negado.
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PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR N.105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430/1996. Por disposição legal, caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta bancária mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos relativos a essas operações, de forma individualizada. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 43 22 /2 00 3- 15 Fl. 1004DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que acolhem a preliminar. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ. QUANTO AO MÉRITO: Pelo voto de qualidade, negar provimento. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ. (ASSINADO DIGITALMENTE) ANTONIO LOPO MARTINEZ – Presidente e Redator designado. (ASSINADO DIGITALMENTE) FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Relator. . EDITADO EM: 10/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTÔNIO LOPO MARTINEZ (Presidente), MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), RAFAEL PANDOLFO, PEDRO ANAN JÚNIOR, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA, FÁBIO BRUN GOLDSCHMIDT. Fl. 1005DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 21 3 Relatório Tratase de auto de infração (fls. 297/300) constituído em razão de omissão de rendimento caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, correspondente ao anocalendário 1998, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, exigindo o crédito tributário na monta de R$ 3.844.287,84, já acrescido de multa de ofício (75%) e juros de mora. O detalhamento da infração imputada ao recorrente vem bem descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 292/294): No exercício das funções de Auditor Fiscal da Receita Federal, através do Termo de Início e Intimação Fiscal, emitido em 21/10/2003 e cientificado pelo contribuinte em 24/10/2003, conforme consta no Aviso de Recebimento do correio, fl.227, em cumprimento das determinações objeto do Mandado de Procedimento Fiscal n° 08.1.90.002003038482, f1.01, demos início ao procedimento de fiscalização para apurar os rendimentos do ano de 1998 decorrentes da movimentação financeira informada pelas instituições financeiras em conformidade com o § 2° do Art. 11 da Lei 9.311/96. Através de ação fiscal junto à contribuinte Eulália Pipolo Baptista, CPF 029.553.94882, constatouse que o contribuinte é cotitular das contas cujas movimentações realizadas ao longo de 1998, estão abaixo detalhadas: Banco CNPJ Banco Valor da Movimentação Citibank S/A 33.479.023/0001 80 R$ 1.437.472,40 HSBC Bank Brasil S/A 01.701.201/0001 89 R$ 6.931.787,79 Real S/A 17.156.514/0001 33 R$ 1.341.563,08 Fl. 1006DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Durante a ação fiscal de Eulália Pipolo Baptista, titular das contas acima, onde o contribuinte consta como cotitular, foram elaborados, através dos extratos bancários, demonstrativos dos depósitos efetuados durante o anocalendário de 1998, que totalizaram R$ 10.857.653,35, já excluídos resgates de aplicações financeiras e outros créditos autoexplicativos, além dos cheques devolvidos, que também foram remetidos ao contribuinte ora sob ação fiscal, por via postal, mediante intimação para comprovação das fontes que deram origem aos depósitos/créditos bancários, através do TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL datado de 21/10/2003, fl.141, cientificado pelo contribuinte em 24/10/2003, Conforme Aviso de Recebimento AR, fl.227. Através de correspondência em nosso poder, apresentada em atendimento à intimação da contribuinte Eulália Pipolo Baptista, CPF 029.553.94882, quando do envio dos demonstrativos para Eulália Pipolo Baptista justificar a origem dos depósitos, o contribuinte assumiu ser de sua inteira responsabilidade a movimentação financeira dessas contas. Na ocasião, informou tratarse de sua sogra e que os depósitos tiveram como origem cheques recebidos pela sua empresa: Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens LTDA, CNPJ 00.006.867/0001 54. Na tentativa de provar que essas contas eram utilizadas preferencialmente no âmbito comercial, o contribuinte enviou cópias de 30 cheques emitidos a favor de possíveis fornecedores de sua firma. Tais cópias não comprovam a origem nem a natureza dos depósitos/créditos efetuados nas respectivas contas bancarias. De acordo com os extratos bancários de 1998, apresentados para fins de apuração de rendimentos, com base no Art. 42 da Lei 9.430 de 27 de dezembro de 1996 e com limites alterados pelo Art. 4° da Lei 9.481 de 13 de agosto de 1997, no sentido de atender o objeto da ação fiscal determinada no MPF já citado, foram elaboradas planilhas, conforme fls.141 a 199 e 202 a 224, para apuração dos depósitos/créditos mensais efetuados nas contas correntes do contribuinte, temse a seguinte situação: (...) Decorrido o prazo concedido sem que o contribuinte tenha logrado êxito na comprovação das origens dos depósitos/créditos efetuados em 1998 nas instituições financeiras mencionadas no item 2 e devidamente relacionadas no item 5, pelo seu total mensal, computados os cheques devolvidos no período e demais exclusões já mencionadas, face as contas bancárias, ora analisadas, têm suas titularidades em conjunto com Eulália Pipolo Baptista, CPF 029.553.94882, somente será considerado como omissão de rendimentos o montante de R$ 5.428.826,65, correspondente a 50% do total da movimentação financeira, conforme Art.58 da Lei 10637 de 30 de dezembro de Fl. 1007DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 22 5 2002, que acrescentou o §6º ao Art. 42 da Lei 9430/96, sendo esse valor objeto de lançamento de oficio. Isto posto, com base no artigo 926 do Decreto 3000, de 26 de março de 1999, será lavrado o competente Auto de Infração por omissão de rendimentos no valor total anual de R$ 5.428.826,65. Procedimento de Fiscalização Foram emitidas RMF aos bancos Citbank, HSBC e Real, para encaminhar à RFB todos os extratos das contas do fiscalizado. As referidas instituições financeiras atenderam o solicitado (fls.11/141). Da análise dos extratos a fiscalização verificou que as contas bancárias tinham dois titulares, o contribuinte e sua sogra Eulália Pipolo Baptista. A partir disso, o recorrente foi intimado por Termo de Início e Intimação Fiscal para, em relação ao anocalendário de 1998: “Comprovar, mediante documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores, as fontes de recursos que deram origem aos depósitos/créditos bancários em seu nome, conforme Planilhas de Conferência dos Depósitos Bancários anexas, referente às contas bancárias mantidas junto aos Bancos: BRADESCO, CITIBANK, HSBC e REAL.”. (fls. 142/227). Em resposta, a Sra. Eulália Pipolo Baptista e o recorrente, cotitulares das contas bancárias fiscalizadas, apresentaram manifestações (assinadas e com firma reconhecida) alegando que as contas correntes eram exclusivas do recorrente e que os depósitos tiveram como origem cheques recebidos pela empresa do Recorrente, Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens LTDA (fl.231/241). Para comprovar suas alegações, o recorrente entregou ao Fisco, cópias de 30 cheques emitidos em favor de possíveis fornecedores de sua firma (fl.242/291). Da análise da documentação apresentada, a fiscalização entendeu por lavrar o auto de infração, considerando como omissão de rendimentos o montante de R$ 5.428.826,65, correspondente a 50% do total da movimentação financeira a descoberto, em vista da co titularidade das contas. Impugnação Fl. 1008DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 O contribuinte foi cientificado do lançamento do crédito tributário, apresentando tempestivamente a impugnação (fls. 310/326), instruindo com documentos: fotocópia de cheques, declaração dos bancos Real e HSBC de que as contas correntes foram movimentadas, exclusivamente pelo Sr. José Luiz (fls. 327/529), alegando em síntese: Do erro na identificação do sujeito passivo Durante a ação fiscal levada a efeito junto à contribuinte Eulália Pípolo Baptista, ficou evidenciado que as contas bancárias mantidas junto às instituições financeiras em conjunto com seu genro, Sr. José Luiz Cardoso dos Santos. Tal convicção sobreveio com a carta da Sra Eulália afirmando que apenas o Bradesco era movimentado por ela, sendo que, quanto às demais instituições, toda a movimentação era realizada única e exclusivamente por seu genro, ora, impugnante, fato este reafirmado pelo próprio impugnante em carta lavrada de próprio punho, em 08/09/2003. Na época, o contribuinte identificou a origem integral dos recursos movimentados como resultante de transações efetuadas pela sua empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda, anexando cópia de diversos cheques que comprovavam não somente que ele realizava as operações relativas àquelas contas, mas também que tais cheques eram objeto de pagamento de fornecedores de sua empresa; os pagamentos de impostos e taxas da empresa eram realizados utilizandose tais contas, como poderá ser fartamente demonstrado através de perícia contábil, a qual desde já solicita por meio de pedido de diligência; o fato de que foram solicitadas informações bancárias, sem determinação da justiça e sem qualquer autorização do impugnante, constituindose tal fato, quebra de sigilo bancário à margem da legalidade; a movimentação bancária relacionada ao Bradesco S/A era de exclusiva movimentação de sua sogra Eulália, onde eram depositados valores relativos a sua pensão do INSS, motivo pelo qual o impugnante apresenta como prova a declaração de sua sogra; não era, entretanto, a mesma, responsável tributária pelas demais contas, estando apenas como titular, pelos motivos esposados, lembrando que ela não exerceu qualquer ato vinculatório de titularidade das mesmas, como adiante será comprovado; a empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda era a responsável pelos recursos depositados em tais contas e estas eram utilizadas no pagamento de fornecedores, estando tal movimentação espelhada em seus livros Diário e Razão do ano calendário de 1998, motivo pelo qual fazse necessária a conversão do julgamento em diligência para detectar de forma insofismável e clara tais fatos; Fl. 1009DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 23 7 é descabida a autuação por carecer de qualquer fundamento racional, sem a procura da verdade material dos fatos, sem levar em consideração declarações de próprio punho quanto à titularidade da movimentação apresentada, e, por amostragem, cheques por ele assinados. Cita a doutrina e a Súmula 182 do TFR. Do uso indevido das informações da CPMF: O procedimento fiscal ocorreu em razão de a Lei n° 10.174, de 09/01/2001, ter alterado a redação do § 3° da Lei n°9.311, de 24/10/1996, autorizando a RF a utilizarse das informações prestadas pelas instituições sobre as quantias retidas a título de CPMF, para constituir crédito tributário porventura existente do contribuinte, sendo certo que, à época dos fatos, essa previsão não existia, ferindo os princípios da irretroatividade e anterioridade. O impugnante teve sua privacidade violada pela autoridade lançadora, em função do § 3° do artigo 11 da Lei n° 9.311, de 1996, e da Lei Complementar n° 105, de 2001, independentemente de autorização judicial, caracterizando ofensa direta às garantias constitucionais do cidadão. Taxa Selic; a taxa Selic é um instrumento de política monetária; por intermédio da Lei n° 9.065, de 1995, o legislador resolveu determinar a incidência da taxa Selic em diversos diplomas legais em matéria tributária, quando não pagos nos prazos previstos na legislação; a exigência da taxa Selic não possui respaldo em nosso ordenamento jurídico, pois afronta vários princípios constitucionais, entre eles, o da legalidade estrita, o da anterioridade e o da indelegabilidade da competência tributária; se a lei apenas menciona que se aplica a taxa Selic para tributos e coloca a sua fixação à disposição exclusiva do BACEN, até mesmo por ato unilateral, há inconstitucional delegação de competência tributária. O Banco Central possui competência financeira e não tributária. Fl. 1010DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 Por fim, requereu: seja anulado o auto de infração, em face do erro do sujeito passivo. Caso não seja reconhecido o erro do sujeito passivo, requer que sejam deferidas as seguintes diligências: i) Exame da contabilidade da empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda, para que seja comprovado que os recursos depositados nas contas bancárias, junto ao HSBC, Citibank e Real são provenientes de transações por ela efetuadas, como provam os pagamentos de fornecedores evidenciados nos cheques e declarados pelo sóciogerente da referida empresa. ii) Exame de todos os cheques relativos às contas bancárias junto ao HSBC, Citibank e Real para evidenciar que se tratam de recursos da empresa que foram depositados em conta articular do sócio, ora impugnante e se destinaram a pagamentos de fornecedores, confrontandose tal exame com a contabilidade da empresa; protesta ainda pela utilização indevida das informações da CPMF na presente ação fiscal, bem como a forma como foi obtida, sem qualquer autorização judicial, ou mesmo sua, e também da utilização indevida da taxa Selic, bem como por todos os meios de prova admissíveis e não vedados em direito. Trouxe aos autos cópia do contrato social da Firma Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. (fls. 342/343), fotocópias de cheques emitidos em favor de fornecedores da empresa (fls. 344/527); e informações expedidas pelos Bancos Real (fls. 528) e CitiBank (fl. 529) atestando que as referidas contas conjuntas eram movimentadas exclusivamente pelo Recorrente, José Luiz Cardoso dos Santos. Acórdão da DRJ A 2ª Turma de Julgamento da DRJ/STM, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o auto de infração. (fls. 532/542), conforme ementa que segue: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A partir de 01/01/1997, os valores depositados em instituições financeiras, de origem não comprovada pelo contribuinte, passaram a ser considerados receita ou rendimentos omitidos. Fl. 1011DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 24 9 APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processo de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. JUROS SELIC. A utilização dos percentuais equivalentes à taxa, referencial do Selic para fixação dos juros moratórios está em conformidade com a legislação vigente. DILIGÊNCIA. Cabe ao interessado apresentar juntamente com a impugnação documentos hábeis e idôneos que comprovem suas alegações, não podendo transferir ao Fisco a obrigação para obtêlos, mediante pedido de diligências. Recurso Voluntário Intimado em 06/02/2008 (fl. 546) da decisão proferida pela DRJ, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 547/553, repisando os argumentos da impugnação e alegando ademais: Cerceamento de defesa: sustenta que as contas correntes que embasaram a autuação espelham valores que são de responsabilidade da FUSO DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS ELÉTRICOS E FERRAGENS LTDA, empresa cujo sócio principal é o Recorrente, de forma que a verificação da contabilidade da empresa demonstraria que a origem dos depósitos bancários são recursos obtidos pelo exercício da atividade da empresa e que a destinação destes recursos em grande parte é para o pagamento de material adquirido de seus fornecedores. A vedação da diligência, assim, cerceia o direito de defesa, que deve ser o mais amplo possível em busca da verdade material dos fatos, tecendo considerações sobre a aplicabilidade desse princípio. Fl. 1012DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 Informa ter trazido aos autos, como amostragem, algumas folhas do Livro Diário da empresa para comprovação da contabilização das contas bancárias referidas na autuação. Ainda, traz aos autos os documentos: Livro Diário da Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. (fls. 572/577), Solicitação aos Bancos de comprovantes dos depósitos realizados (fls. 578/584) , cheques depositados nas contas bancárias e devolvidos sem fundos (fls. 585/603), cheques emitidos para pagamentos de fornecedores (fls. 604/949) cartas dos bancos Real e Citibank quanto à movimentação financeira (fls. 950/957). Sobrestamento O processo em análise foi sobrestado por Resolução nº 2202000.356, tendo em vista tratarse de ação fiscal decorrente de irregularidades constatadas a partir dos dados da CPMF e apuradas mediante informações requisitadas pela própria Fazenda Nacional junto às instituições financeiras mediante RMF. Tratandose de procedimento cuja constitucionalidade estava pendente de julgamento com Repercussão Geral reconhecida no Supremo Tribunal Federal (fls. 970/979). Como o § 1º, do art. 62A do RICARF, que permitia o sobrestamento dos processos em que havia discussão de tema envolvido em repercussão geral foi derrogado do sistema pela Portaria nº 5451 do Ministério da Fazenda, os autos foram distribuídos à minha relatoria. É o relatório. 1 O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e o art. 4º do Decreto nº 4.395, de 27 de setembro de 2002, resolve: Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 25 11 Voto Vencido Conselheiro Fabio Brun Goldschmidt Obtenção de Provas RMF O recorrente insurgiuse quanto à quebra de sigilo bancário pela fiscalização, requerendo a nulidade do auto de infração. Diante disso, passase à análise do ponto.O sigilo bancário tem sido tratado pelo STF e pelo STJ como assunto sujeito à proteção da vida privada dos indivíduos2. Corroborando, vejase o julgado do STF (RE 219.780), em que o sigilo bancário foi considerado garantia constitucionalmente estabelecida. Do referido precedente, leiase: “O sigilo bancário protege interesses privados. É ele espécie de direito à privacidade inerente à personalidade das pessoas e que a Constituição consagra (CF, art. 5º, X)”. Mais especificamente, o assento constitucional da garantia de sigilo bancário se encontra nos incisos X e XII da CF, segundo os quais “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” e “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. De fato, sua interpretação conjunta conduz à conclusão de que o sigilo dos dados bancários está sujeito à proteção da vida privada dos indivíduos3. Em sendo assim, temos que o sigilo bancário, a par de possuir assento constitucional, é entendido como um direito e garantia fundamental, o que impõe a adoção de exegética que lhe outorgue a maior eficácia possível, conforme bem ensina Canotilho4 quando, ao tratar sobre a correlação entre o princípio da máxima efetividade e os direitos fundamentais, assevera: “Este princípio, também designado por princípio da eficiência ou princípio da interpretação efectiva, pode ser formulado da seguinte maneira: a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê. É um princípio operativo em relação a todas e quaisquer normas constitucionais, e embora a sua origem esteja ligada à tese da atualidade das normas programáticas (Thoma), é hoje sobretudo invocado no âmbito dos direitos fundamentais (no caso de dúvidas deve preferirse a interpretação que reconheça maior eficácia aos direitos fundamentais)”. Sendo assim, a hermenêutica da LC nº105, art. 6º deve darse à luz destas normas que lhe são hierarquicamente superiores. No ponto, a tradição doutrinária e jurisprudencial da hermenêutica constitucional determina que a declaração de inconstitucionalidade seja reservada às situações extremas, em que seja impossível compatibilizarse o texto legislativo com as garantias postas na Carta. As leis, ordinariamente, presumemse constitucionais e devem ser aplicadas e 2 Mendes, Gilmar. Curso de Direito constitucional, 2011, ed. 6ª, pg. 323 3 Mendes, Gilmar. Curso de Direito Constitucional, 2011, ed. 6ª, pg. 3234. 4 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. 5. ed. Coimbra: Almedina, 1991. p. 162 Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 respeitadas por todos. A inconstitucionalidade é exceção, já que induz à insegurança e à instabilidade do sistema, além da própria perda de credibilidade dos atos do Poder Legislativo. É o entendimento que se percebe ao ler a jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão. Vejase: Uma lei não deve ser declarada nula se for possível interpretála de forma compatível com a constituição, pois devese pressupor não somente que uma lei seja compatível com a constituição mas também que essa presunção expressa o princípio segundo o qual, em caso de dúvida, deve ser feita uma interpretação conforme a constituição.5 Justamente por esta circunstância é que se desenvolveu o princípio da interpretação conforme, que objetiva “salvar” da inconstitucionalidade todo e qualquer texto legal, sempre que se possa vislumbrar no mesmo um sentido possível, compatível com a Constituição. Canotilho bem demonstra que “diante das normas plurissignificativas ou polissêmicas, devese preferir a interpretação que mais se aproxime das diretrizes constitucionais, e, portanto não seja contrária ao texto constitucional, de onde surgem várias dimensões a serem consideradas, seja pela doutrina ou jurisprudência”. Em tais circunstâncias, o autor6 aponta as dimensões a serem consideradas no âmbito da interpretação conforme: prevalência da constituição: devese preferir a interpretação não contrária à Constituição; conservação de normas: percebendo o intérprete que uma lei pode ser interpretada em conformidade com a constituição, ele deve assim aplicala para evitar a sua não continuidade; exclusão da interpretação contra legem: o intérprete não pode contrariar o texto literal e sentido da norma para obter a sua concordância com a Constituição; espaço de interpretação: só se admite a interpretação conforme a Constituição se existir um espaço de decisão e, dentre as várias que se chegar, deverá ser aplicada aquela em conformidade com a Constituição; rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais: uma vez realizada a intepretação da norma, pelos vários métodos, se o juiz chegar a um resultado contrário à constituição, em realidade, deverá declarar a inconstitucionalidade da norma, proibindo a sua correção contra a Constituição; o intérprete não pode atuar como legislador positivo: não se aceita a interpretação conforme a Constituição quando, pelo processo hermenêutico, se obtiver uma regra nova e distinta daquela objetivada pelo legislador e com ela contraditória, seja em seu sentido literal ou objetivo. Devese, portanto afastar qualquer interpretação em contradição com os objetivos pretendidos pelo legislador. Adentrando à análise do art. 6º da LC nº105, temos que o mesmo dispõe: 5 Bverfge 2, 266 (282) – Tradução livre 6 J. J. G. Canotilho. Direito Constitucional e teoria da Constituição., 6., ed. p. 229230, apud Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado., 16., ed. p. 158159. Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 26 13 Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Ao interpretar o texto do art. 6º da LC nº105, assim como a lei nº 9.311/96 e o D. nº3724/01, o Min. Marco Aurélio entendeu por conferirlhes interpretação conforme, com o intento de outorgar aos dispositivos o ÚNICO sentido que os compatibilizasse com a Constituição. Nesse sentido, deixou claro que nenhum dos textos citados dispensa a obtenção de autorização judicial para a quebra de sigilo bancário: “Assentado que preceitos legais atinentes ao sigilo de dados bancários hão de merecer, sempre e sempre, interpretação, por mais que potencialize o objetivo, harmônico com a Carta da República, provejo o recurso extraordinário interposto para conceder a segurança. Defiro a ordem para agastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto aos dados bancários da recorrente. Com isso confiro à legislação de regência – Lei nº 9.311/96, Lei Complementar nº 105/01 e Decreto nº 3.724/01 – interpretação conforme à Carta Federal, tendo como conflitante com essa a que implique afastamento do sigilo bancário do cidadão, da pessoa natural ou jurídica, sem ordem emanada do Judiciário”. Grifado. (STF. RE 389.808/PR. Rel. Min. Marco Aurélio. Julg. em 15/12/10). De fato, a suspensão de direitos constitucionais, mormente de direitos e garantias individuais não pode ser suposta ou subentendida. No silêncio, sua observância se impõe. Leiase a lição do Ministro Celso de Mello, citado e endossado pelo Ministro Marco Aurélio: “a quebra de sigilo, para legitimarse em face do sistema jurídicoconstitucional brasileiro, necessita apoiarse em decisão revestida de fundamentação adequada, que encontre apoio concreto em suporte fático idôneo, sob pena de inviabilidade do ato estatal que a decreta. A ruptura da esfera de intimidade de qualquer pessoa – quando ausente a hipótese configuradora de causa provável – revelase incompatível com o modelo consagrado na constituição da república, pois a quebra de sigilo não pode ser manipulada, de modo arbitrário, pelo Poder Público ou por seus agentes”. No mesmo sentido é o entendimento do Ministro Carlos Velloso, ao analisar a quebra de sigilo bancário, no RE 389.808, referindo a necessidade de apreciação do tema pelo Judiciário quando da verificação das restrições às liberdade individuais. Vejase: “A mais recente doutrina norteamericana fez do “due processo of law” uma forma de controle constitucional que examina a necessidade de razoabilidade e justificação das restrições à liberdade individual, não admitindo que a lei ordinária desrespeite a constituição, considerando que as restrições ou exceções estabelecidas pelo legislador ordinário devem ter uma Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 14 fundamentação razoável e conforme o Poder Judiciário (...)A exigência de preservação do sigilo bancário enquanto meio expressivo de proteção ao valor constitucional da intimidade – impõe ao Estado o dever de respeitar a esfera jurídica de cada pessoa. A ruptura desse círculo de imunidade só se justificará desde que ordenada por órgão estatal investido, nos termos de nossos estatuto constitucional, de competência jurídica para suspender, excepcional e motivadamente, a eficácia do princípio da reserva de informações bancárias” Partilhamos do mesmo entendimento. Não vemos motivo – e nem poderíamos, no contexto do processo administrativo – para declarar a inconstitucionalidade do referido art. 6º. Preferimos lêlo à luz das diretrizes constitucionais que garantem a reserva de foro ao Poder Judiciário de todas as pretensões que possam implicar o comprometimento de direitos e garantias individuais. É o que brilhantemente conclui o Min. Celso de Mello ao julgar MS nº 23.452, ao dizer que “o postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter à esfera única de decisão dos magistrados a prática de determinados atos cuja realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja eventualmente atribuído o exercício de ‘poderes de investigação próprios das autoridades judiciais’. A cláusula constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), a interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a decretação da prisão de qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI) traduz a noção de que, nesses temas específicos, assiste ao Poder Judiciário, não apenas o direito de proferir a última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a primeira palavra, excluindose, desse modo, por força e autoridade do que dispõe a própria Constituição, a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado.”: No que toca ao conceito de reserva de jurisdição, Canotilho diz que: “A idéia de reserva de jurisdição implica a reserva de juiz relativamente a determinados assuntos. Em sentido rigoroso, reserva de juiz significa que em determinadas matérias cabe ao juiz não apenas a última palavra, mas também a primeira palavra”. O STJ possui julgado exatamente neste sentido, assim ementado: “O sigilo bancário do contribuinte não pode ser quebrado com base em procedimento administrativofiscal por implicar indevida intromissão na privacidade do cidadão, garantia esta expressamente amparada pela Constituição Federal (art. 5º, inciso X)”.Por isso, cumpre às instituições financeiras manter sigilo acerca de qualquer informação ou documentação pertinente a movimentação ativa e passiva do correntista/contribuinte, bem como dos serviços bancários a ele prestados. Observadas tais vedações, cabelhes atender às demais solicitações de informações encaminhadas pelo Fisco, desde que decorrentes de procedimento fiscal regularmente instaurado e subscritas por autoridade administrativa competente. Apenas o Poder Judiciário, por um de seus órgãos, pode eximir as instituições financeiras do dever de segredo em relação às matérias arroladas em lei. Interpretação integrada e sistemática dos artigos 3º, par. 5º, da Lei nº 4.595/64 e 197, inciso II e par. 1º do CTN. Recurso improvido, sem discrepância.” (Resp 37.5665/RS93) Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 27 15 Dentro do Sistema Constitucional Tributário, o próprio art. 145, §1º, além de assegurar a observância à capacidade contributiva, ainda evidencia ser “facultado à Administração, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, RESPEITADOS OS DIREITOS INDIVIDUAIS e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”. No caso da quebra de sigilo bancário, a reserva de foro judicial é condição para validar o ato administrativo, assegurando o respeito aos direitos individuais de privacidade e inviolabilidade, albergados na CF. Na hipótese dos autos, só foi possível a constituição do crédito tributário com base no art. 42 da Lei nº 9.430/95, através das provas obtidas junto às instituições financeiras por meio de quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial. Isto é, se a fiscalização não tivesse expedido a RMF, não teria concluído pela omissão de rendimentos, e, consequentemente, não teria lavrado o auto de infração sob esse argumento. Destarte, já que a prova carreada no processo administrativo foi obtida por meio de RMF sem prévia autorização judicial, entendo pelo cancelamento do auto de infração lavrado, outorgando interpretação conforme ao art. 6º da LC nº105/01 para o fim de entender válida a quebra de sigilo bancário em procedimento fiscal sempre que acompanhado da imprescindível autorização judicial para tanto. No entanto, caso seja considerada lícita a prova decorrente da quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial, é que se analisa os argumentos remanescentes postos no recurso voluntário. Omissão de Rendimento Decorrente de Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada A autuação decorre de verificação junto à Contribuinte Eulália Pipolo Baptista, sogra do contribuinte, onde constatouse que a mesma mantinha contas conjuntas com o contribuinte em relação às seguintes instituições: Banco Citibank S/A, Valor de R$ 1.437.472,40, CC nº 4654447 (fls. 16/27) Banco HSBC Bank Brasil S/A, Valor de R$ 6.931.787,79, CC nº 0224 3352995 (fls. 29/117) Banco Real S/A, Valor de 1.341.563,08m CC nº 8.7223359 (fls. 124/141) Em relação à autuação de Eulália Baptista, foi considerada uma quarta conta corrente, no Banco Bradesco, que por ser de titularidade única e exclusiva dela, não foi considerada na presente autuação. Tal informação é obtida da leitura do acórdão nº 2101 001.461, que julgou Recurso Voluntário de Eulália Baptista. Considerando a cotitularidade de três das quatro contas acima, o crédito tributário constituído teve como base o § 6º do art. 42 da Lei nº 9.430/96, que dispõe: “Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 16 rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.”. Como se verificou no caso em questão, diante dos extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras via RMF, foram identificados diversos depósitos em montantes consideráveis (fls. 16/141), os quais, após a consideração de que as contas correntes pertenciam ao recorrente e sua sogra, foram divididos proporcionalmente. Vejase que no caso dos autos, tanto o recorrente quanto a sua sogra manifestaramse (manifestações com firmas reconhecidas) no sentido de que as contas correntes fiscalizadas eram movimentadas, única e exclusivamente pelo recorrente (fls. 239/240). Ainda, para confirmar essa situação, foram encaminhados pelos bancos Real e Citibank (fls. 528/529), informação no mesmo sentido. O Banco Real assim consignou (fl. 528): “Declaramos para diversos fins que a conta corrente nº 87223359 na agência 0293 Santo Amaro em nome de Eulalia P Baptista e/ou José Luiz no ano de 1998 fora movimentada unicamente pelo 2° titular da conta Sr. José Luiz Cardoso dos Santos portador do RG.6288082 SSP/SP expedição em 09/01/1976 nascido em 13/11/1956 CPF.993.596.85887. No mesmo sentido foi a declaração do Citibank (fl. 529): “Declaramos para diversos fins que a conta corrente 4654447 na agencia 001 (Av. Paulista) em nome Eulalia P. Baptista e ou José Luiz Cardoso dos Santos no ano de 1998 fora movimentada unicamente pelo 2º titular da conta Sr. Jose Luiz Cardoso dos Santos portador do RG 6288082 SSP/SP expedição em 09/01/1976 nascido em 13/11/1956 CPF. 99359685887.”. A DRJ, em seu acórdão, reconhece que na hipótese de conta bancária mantida em conjunto, o lançamento do imposto deve ser efetuado em apenas um dos titulares quando restar comprovado que os valores creditados pertencem apenas a ele, na condição de efetivo titular da conta. (fl. 540). E continua: “No processo de Eulália Pipolo Baptista, 1ª titular das contas conjuntas em questão, foram juntadas as declarações dos bancos Real e Citibank de que as contas bancarias conjuntas, nos referidos bancos, foram movimentadas, no anocalendário 1998, exclusivamente pelo 2º titular, José Luiz Cardoso das Santos. Assim, o valor dos depósitos bancários de origem não comprovada, com relação às referidas contas, deveria ser lançado 100% como omissão de rendimentos do contribuinte. No entanto, tendo em vista que falece a esta Delegacia de Julgamento competência para efetuar o lançamento do crédito tributário, referente ao valor lançado a menor pela Fiscalização, e tendo já decorrido o transcurso de prazo para a decadência, relativa ao anocalendário 1998, deixa se de efetuar o competente lançamento da parcela não computada pela Fiscalização. Salientese que o autuado não trouxe elementos que comprovassem que a movimentação das referidas contas eram resultantes de transações efetuadas por sua empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. Os cheques juntados com a impugnação (fls. 321 a 508) referemse a cheques emitidos para pagamentos, não fazendo prova da origem do á recursos depositados nas referidas contas.”. O Recorrente em suas razões, desde a resposta ao Termo de Intimação e Início de Fiscalização (fl. 232), alega que os depósitos indicados não seriam de sua titularidade, uma vez que o titular efetivo das contas correntes e dos valores ali depositados é a empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda., cujo sócio principal é o recorrente. Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 28 17 Analisando a documentação trazida aos autos, principalmente a relação de depósitos formulado pela Fiscalização (fl. 143/227), verificase que os montantes e quantidades de depósitos e de cheques devolvidos, denotam a existência de atividade empresarial realizadas através das respectivas contas. Tal fato foi também percebido pelo acórdão nº 2101001.461, que julgou Recurso Voluntário de Eulália Baptista, ao referir que “de fato, com exceção da movimentação bancária no Bradesco, cujo montante anual alcança apenas R$15.472,00 (fls. 207/208), com tributação neste lançamento de 50% (R$7.736,00), verificase que as demais contas possuem movimentação com características totalmente diversa, conforme Demonstrativos elaborados pela própria fiscalização às fls. 209/290. O volume de depósitos e cheques devolvidos evidenciam claramente atividade empresarial subjacente.” No mesmo sentido, intriga o fato de que as contas do Banco Citibank S/A CC nº 4654447 (fl. 143/150) e Banco Real S/A CC nº 8.7223359 (fls. 210/227) só tenham recebido depósitos a partir de agosto do ano analisado. Por outro lado, a partir de 14 de agosto, no Banco HSBC Bank Brasil S/A, a CC nº 02243352995 (fls. 151/209) não recebeu depósitos até o final do ano, salvo dois depósitos de R$ 12,61 e R$ 0,36, em setembro e outubro, respectivamente (fl. 208). Ou seja, houve uma migração de forma deliberada e organizada dos depósitos realizados na conta corrente do HSBC para as contas do Banco Real e do Citibank. Tal fato, por si só, já demonstra a utilização da conta para uma atividade organizada, não condizente com uma contacorrente de simples pessoa física. Isso fica mais evidenciado ao analisarmos as microfilmagens de cheques trazidos pelo Recorrente às fls. 243/291, 344/527 e 605/949, onde se percebe e emissão de cheques em quantias de valores expressivos e com habitualidade condizente de atividade empresarial. E isso ocorre nas três contas analisadas, vejamos: Dos cheques trazidos do Banco Real S/A CC nº 8.7223359, constatamse os valores de R$ 32.000,00, R$ 37.000,00, R$ 23.500,00, R$ 33.000,00, R$ 58.174,10, R$ 33.500,00, R$ 18.300,00, R$ 19.500,00, R$ 22.500,00, R$ 18.500,00 (fls. 244/253). Igualmente, dos cheques emitidos pelo Banco HSBC, verificamse quantias de RS 15.627,37, R$ 5.000,00, R$ 12.222,20, R$ 13.900,00, R$ R$ 13.200,00, R$ 13.700,00, R$ 13.500,00, R$ 13.600,00, R$ 160.939,46, R$ 33.300,00, R$ 38.900,00, R$ 41.100,00, R$ 42.700,00, R$ 43.500,00, R$ 45.492,65, R$ 46.800,00, R$ 48.900,00, R$ 51.700.00, R$ 53.200,00, R$ 75.118,52, R$ 66.584,54, dentre outras, R$ (fls. 405/527), Ou ainda, no tocante aos cheques emitidos pelo Citibank S/A CC nº 4654447, temos quantias relevantes de R$ 20.000,00 R$18.500,00, R$ 21.500,00, R$ 22.000,00, (fls. 812/820) É evidente que tais elementos demonstram que nas respectivas contas há um fluxo financeiro, seja de depósitos, seja de cheques emitidos, que em nada se assemelham a uma movimentação de pessoa física. Ainda mais, analisando as microfilmagens, verificamos que os cheques possuem como beneficiários, pessoas jurídicas como Lorenzetti S.A. Indústrias Brasileiras Eletrometalúrgicas, FAME Fábrica de Aparelhos e Material Elétrico Ltda, em valores e períodos de tempo condizentes ao de operações comerciais. Nesse sentido, em sede de Impugnação, a recorrente trouxe novos cheques emitidos das contas em questão, destacandose, a título de exemplo, os cheques em favor da Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 18 FAME Ltda. no valor de R$106.939,46, em março de 1998 (fl. 421); da Lorenzetti S.A., no valor de R$ 45.492,65, em maio de1998 (fl. 436); e da Ferragens Pisa Ltda., no valor de R$ 11.255,00, em 06 de maio de 1998 (fl. 476). Já no Recurso Voluntário, a Recorrente trouxe aos autos cheques emitidos em favor de Eulália Pipolo Baptista e José Luiz Cardoso dos Santos que foram devolvidos sem fundo (fls, 585/603), emitidos por diversas pessoas jurídicas, como B J Andrade Materiais (fl. 590, 592,), J. N. da Silva Mat p/ constr. Ltda. (fl. 594), Claraluz Inst. Mat. Elet. Ltda. (fl. 596) Alphametais Acabamentos para C. (fl. 598/603). Em todos os casos, vemos tratarse de empresas que atuam no mesmo ramo de atividade da empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda., suposta titular efetiva das contas em análise, cujo objeto social era a venda de materiais elétricos no atacado e varejo (fls. 342/343). Aa análise de tais depósitos e dos cheques destacados emitidos daquela conta, permitem inferir a existência de uma atividade empresarial subjacente. Permitindo concluir que as contas correntes em questão eram utilizadas pela pessoa jurídica para a realização de suas atividades comerciais, como os cheques trazidos às fls. 243/291, 344/527 e 605/949 que indicam intenso pagamento de fornecedores. Ademais, como traz o recorrente em memoriais, a mesma situação fática já foi analisada pelo acórdão nº 2101001.461 da 1ª Câmara deste Conselho que julgou, por unanimidade o Recurso Voluntário de Eulália Pípolo Baptista, sogra do ora Recorrente. Na análise do Recurso consignou o Relator que “A intensa movimentação bancária que no primeiro semestre ocorreu apenas na conta do HSBC (fl. 272) migrou para as contas do Citibank e Banco Real no segundo semestre de 1998, conforme se observa às fls. 216 e 290, guardando as mesmas características e utilização dos recursos para pagamento de fornecedores, conforme indicam as microfilmagens dos cheques às fls. 306/335 e 385/567, 645/827.” Uma vez constatado que a movimentação da conta bancária denota forte existência de atividade comercial, há fundamento na alegação do Recorrente, suscitada desde o início da fiscalização de que a titularidade das contas em questão eram da empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. Dessa forma, a exigência tributária deve ser dirigida ao lucro auferido nas operações, na forma do IRPJ, e não ao imposto de renda em decorrência da omissão rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Alias, no sentido da omissão de rendimentos, devese ter em que “as presunções servem para que fatos de difícil comprovação direta sejam substituídos por outros que, em ocorrendo, darão fortes indícios de que o fato gerador do imposto efetivamente ocorreu. Assim, a presunção de omissão de rendimentos em face da constatação de depósitos bancários deve ser construída com base na verossimilhança e em juízos de razoabilidade e proporcionalidade, pois, sem que assim seja, não será possível a sua aplicação, posto que estará eivada de incerteza a exigência tributária, fazendo nascer uma obrigação com vício de bases principiológicas relativas à segurança jurídica e à capacidade contributiva.” Não por outra razão, necessário que seja observado no lançamento o princípio da verdade material, como referido pelo Acórdão nº 10247.457, onde o ilustre Conselheiro Naury Fragoso Tanaka pondera que “(...) a verdade material deve sempre constituir objeto de busca pelo procedimento fiscal, mesmo nas situações em que a lei permite ao fisco obter o fato gerador por intermédio da ocorrência de outros que a ele estão ligados logicamente. (...) a busca da verdade material que se externa obrigatória pela ordem contida no artigo 142, do CTN, e para que, por utilização inadequada da base presuntiva, evitese formalização de créditos exorbitantes e em descompasso com aquele que realmente seria devido.” Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 29 19 Notase que a verificação das verdades dos fatos é passo obrigatório para evitar ofensas à capacidade contributiva e o enriquecimento ilícito da União, em razão de eventual formalização de créditos tributário em descompasso com aquele efetivamente devido, caso desprezada essa investigação. Diante disso, como referido pelo acórdão nº 2101001.461 da 1ª Câmara deste Conselho, “à evidência de que a movimentação bancária resulta da venda de bens ou serviços – e a movimentação financeira diária, intensa e expressiva, denota tal ocorrência, pois será improvável que resulte de renda líquida a ser tributada – por força do princípio da verdade material e da tipicidade cerrada, deve o fisco verificar a efetiva renda percebida, para exigir o tributo em acordo com as normas específicas de tributação, consoante determina o § 2º do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996.” E assim conclui: No entanto, não é essa forma de abstrair os conceitos postos na dita lei que está predominando na interpretação do fisco, e exigese tributo sobre toda a renda apurada com base na somatória dos depósitos, independente das provas indiciárias da presença de outras atividades ou da utilização da conta da pessoa física para movimentar recursos (capital de giro) da pessoa jurídica. A situação em exame não foge à regra citada. Comprovado que os valores creditados em conta bancária têm origem em atividade comercial do autuado ou de terceiro, a exigência tributária deve ser dirigida ao lucro auferido nas operações inclusive através de arbitramento, conforme autoriza o artigo 43 do CTN se as receitas não foram submetidas à tributação do IRPJ e contribuições. Se a fiscalização tivesse procedido desta forma, a exigência tributária se manteria firme. Diante disso, percebese que a tributação por omissão de rendimentos na forma como feita pelo lançamento “é resultante de uma aplicação da norma em conflito com aquela que determina a hipótese de incidência do tributo (auferir renda ou proventos de qualquer natureza), justamente porque permite exigir tributo de valores que, comprovadamente, não se prestam para servir de base presuntiva de renda omitida, situação da qual resulta exigência de tributo sobre renda que não é renda.” Por todos estes motivos, merece provimento o Recurso Voluntário no tocante à tributação dos rendimentos omitidos, apurados a partir de depósito em contas bancárias sem comprovação de origem. Conclusão Isso posto, voto pelo PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para declarar a nulidade do auto de infração, já que a prova carreada no processo administrativo foi obtida por meio de RMF sem prévia autorização judicial, outorgando interpretação conforme ao art. 6º da LC nº105/01 para o fim de entender válida a quebra de sigilo bancário em procedimento fiscal sempre que acompanhado da imprescindível autorização judicial para tanto. Caso seja considerada lícita a prova decorrente da quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 20 (Assinado digitalmente) Fabio Brun Goldschmidt – Relator Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 30 21 Voto Vencedor Conselheiro Antonio Lopo Martinez. Este voto decorre de divergência de entendimentos em relação ao proposto pelo Conselheiro Relator. Da Preliminar de Prova Ilícita por Quebra do Sigilo Bancário Inobstante o bem fundamentado voto do Relator, entendo que ao apreciar a questão da licitude da prova estamos essencialmente enfrentando uma questão preliminar. O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Pessoalmente, não me restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. No comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, notase o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 22 normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. Se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 31 23 devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Requisições de Movimentação Financeira – RMF emitidas seguiram rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º, que também estão claramente presentes nos autos. Em verdade, verificase que o contribuinte foi intimada a fornecer seus extratos bancários, no entanto não os apresentou, razão pela qual não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF. Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência de sigilo bancário para a Receita Federal do Brasil, posto que a Lei Complementar 105, de 2001 confere às autoridades administrativas tributárias a possibilidade de acesso aos dados bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para tanto. E é este o caso nos autos. Ademais, a tese de ilicitude da prova obtida não está sendo acolhida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme a jurisprudência já consolidada. Rejeito, portanto, o questionamento preliminar argüido quanto ilicitude da prova. Da Preliminar de Nulidade Nos presentes autos, não ocorreu nenhum vício para que o procedimento seja anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são os descritos no artigo 59 do Decreto 70.235/1972 e só serão declarados se importarem em prejuízo para o sujeito passivo, de acordo com o artigo 60 do mesmo diploma legal. A autoridade fiscal ao constatar infração tributária tem o dever de ofício de constituir o lançamento. Constatado que as infrações apuradas foram adequadamente descritas nas peças acusatórias e no correspondente Relatório de Procedimento Fiscal, e que o contribuinte, demonstrando ter perfeita compreensão delas, exerceu o seu direito de defesa, não há que se falar em nulidade do lançamento. As razões para não se aceitar os argumentos do recorrente estão claramente demonstrados tanto no Termo de Verificação do Auto de Infração como na Decisão recorrida. Entendo que não procede a alegação de que a defesa teria sido prejudicada. Uma vez que isso não impediu que o contribuinte apresentase ampla defesa suscitando vários pontos. Na realidade no caso concreto não se percebe qualquer nulidade que comprometa a validade do procedimento adotado. Diante disso, é evidente que tal preliminar Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 24 carece de sustentação fática, merecendo, portanto, a rejeição por parte deste Egrégio Colegiado. Da presunção de omissão baseada em depósitos bancários O lançamento fundamentase em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, temse a autorização para considerar ocorrido o “fato gerador” quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de “fato gerador”, a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do “fato gerador” (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tãosomente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de “Imposto sobre a Renda Pessoas Jurídicas” (JustecRJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei nº 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza nãotributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n.º 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n.º 9.430/1996). Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/200315 Acórdão n.º 2202002.885 S2C2T2 Fl. 32 25 É inadmissível aceitar alegações quando desacompanhadas de provas. Assim, a ocorrência do fato gerador decorre, no presente caso, da presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Verificada a ocorrência de depósitos bancários cuja origem não foi devidamente comprovada pelo contribuinte, é certa também a ocorrência de omissão de rendimentos à tributação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar a irrealidade das imputações feitas. É fulcral enfatizar que deveria o recorrente demonstrar individualizadamente todos os depósitos de origem não comprovada considerados pela autoridade lançadora. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Incabível a alegação de ilegitimidade passiva, uma vez que está comprovado nos autos o uso de conta bancária em nome próprio, para efetuar a movimentação de valores tributáveis, situação que torna lícito o lançamento sobre o próprio titular da conta. Sobre esse ponto o CARF já consolidou entendimento: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros (Súmula CARF No.32) Assim, a ocorrência do fato gerador decorre, no presente caso, da presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Verificada a ocorrência de depósitos bancários cuja origem não foi devidamente comprovada pelo contribuinte, é certa também a ocorrência de omissão de rendimentos à tributação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar a irrealidade das imputações feitas. Ausentes esses elementos de prova, resulta procedente o feito fiscal em nome do contribuinte. Das Provas nos Autos É oportuno para o caso concreto, recordar a lição de MOACYR AMARAL DOS SANTOS: “Provar é convencer o espírito da verdade respeitante a alguma coisa.” Ainda, entende aquele mestre que, subjetivamente, prova ‘é aquela que se forma no espírito do juiz, seu principal destinatário, quanto à verdade deste fato”. Já no campo objetivo, as provas “são meios destinados a fornecer ao juiz o conhecimento da verdade dos fatos deduzidos em juízo.” Assim, consoante MOACYR AMARAL DOS SANTOS, a prova teria: a) um objeto são os fatos da causa, ou seja, os fatos deduzidos pelas partes como fundamento da ação; Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 26 b) uma finalidade a formação da convicção de alguém quanto à existência dos fatos da causa; c) um destinatário o juiz. As afirmações de fatos, feitas pelos litigantes, dirigemse ao juiz, que precisa e quer saber a verdade quanto aos mesmos. Para esse fim é que se produz a prova, na qual o juiz irá formar a sua convicção. Podese então dizer que a prova jurídica é aquela produzida para fins de apresentar subsídios para uma tomada de decisão por quem de direito. Não basta, pois, apenas demonstrar os elementos que indicam a ocorrência de um fato nos moldes descritos pelo emissor da prova, é necessário que a pessoa que demonstre a prova apresente algo mais, que transmita sentimentos positivos a quem tem o poder de decidir, no sentido de enfatizar que a sua linguagem é a que mais aproxima do que efetivamente ocorreu. O recorrente questiona o entendimento exarado pela autoridade fiscal. Entretanto, embora tenha se transcorrido um longo período desde que tomou conhecimento do relatório não demonstrou os seus argumentos. Ademais, cabe a recorrente por força da presunção legal, compete a ela provar a natureza especifica de cada depósitos, na medida em que, ninguém melhor do que ela própria trazer o comprovante de cada depósito. Dessa forma, cabe a máxima de que “allegatio et non probatio, quase non allegatio” (alegar e não provar é quase não alegar). Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Ante ao exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 13609.000203/2010-89
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
CERTIFICADO DE ENTIDADES BENEFICIENTE DE ASSISTENCIA SOCIAL - CEBAS. RETROATIVIDADE.
Tendo a entidade filantrópica protocolado requerimento para a renovação do CEBAS, este, quando concedido, tem efeitos retroativos.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2803-004.120
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima votou pelas conclusões.
(assinatura digital)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente
(assinatura digital)
Ricardo Magaldi Messetti - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira
Nome do relator: RICARDO MAGALDI MESSETTI
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RETROATIVIDADE. Tendo a entidade filantrópica protocolado requerimento para a renovação do CEBAS, este, quando concedido, tem efeitos retroativos. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima votou pelas conclusões. (assinatura digital) Helton Carlos Praia de Lima Presidente (assinatura digital) Ricardo Magaldi Messetti Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 00 02 03 /2 01 0- 89 Fl. 610DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 2 Fl. 611DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/201089 Acórdão n.º 2803004.120 S2TE03 Fl. 611 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela Casa de Caridade Santa Tereza em face acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte (MG), assim ementado: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 ATO DECLARATÓRIO DE ISENÇÃO Ê ilegítima a exigência de ato declaratório de isenção/imunidade, para fins da fruição do aludido beneficio fiscal nos exercícios 2006 e 2007, quando se trate de entidade enquadrada na ressalva legal de "direito adquirido". CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL VÁLIDO. Na vigência do art. 55 da Lei 8.212/91, um dos requisitos indispensáveis para o gozo da imunidade/isenção, é a formalidade de possuir a entidade Certificado de Entidade de Beneficente de Assistência Social – CEBAS fornecido pelo CNAS válido por três anos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Trata o processo em epígrafe de lançamento de crédito tributário relativo às contribuições previdenciárias inerentes aos serviços remunerados prestados pela contribuinte à Irmandade Nossa Senhora da Saúde, por meio de segurados empregados. A Fiscalização informa que a contribuinte apresentou GFIP, nas competências 04/2007 e 06/2007 a 09/2007, com o código FPAS 639, que inibe o cálculo das contribuições previdenciárias patronais, em razão de entender que goza do direito a imunidade, apesar de não ter formalizado pedido de isenção exigido pelo § 1° do art. 55 da Lei 8.212/91 e não ter obtido a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS). Dessa forma, a Fiscalização concluiu que, por ter descumprido os requisitos previstos na Lei n° 8.212/91 (artigo 55, inciso II e o § 1º do mesmo artigo), a contribuinte não goza de qualquer beneficio fiscal, sendolhe imposta os encargos relativos às contribuições previdenciária destinadas a terceiros. A Casa de Caridade apresentou impugnação na qual argumenta que: a) não procede o argumento da autoridade lançadora, de que a entidade não cumpre o requisito do inciso II do art. 55 da Lei 8.212/91, uma vez que Fl. 612DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 4 sempre foi instituição beneficente que atende a população carente do Município do Serro e demais cidades, sem visar lucro. b) entregou ao CNAS e ao Ministério da Fazenda documentos e relatórios referentes à renovação de seu CEBAS; c) cumpriu com todas as exigências legais para manutenção de sua condição de instituição beneficente, não se justificando a autuação; e d) realiza a contratação dos serviços oferecidos ao SUS, nos termos da Lei 12.101/2009. Ao analisar as alegações da contribuinte, a DRJ de origem acatou parcialmente as ponderações apresentadas, tendo reconhecido que, no período de janeiro a dezembro de 2006, o requisito do inciso II do art. 55 da Lei 8.212/91 restou cumprido. Quanto ao período de janeiro a dezembro de 2007, para a DRJ não há provas de que a contribuinte preencheria o requisito do dispositivo legal citado, uma vez que, em janeiro de 2007, o CEBAS apresentado não tinha mais validade e não consta prova de que se tenha requerido a sua renovação. Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário, reiterando, em apertado escorço, as alegações trazidas em sua peça de impugnação. Sem apresentação de contrarrazões por parte da Fazenda, os autos foram encaminhado a este Conselho, sendo a mim sorteada a relatoria. É o relatório. Fl. 613DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/201089 Acórdão n.º 2803004.120 S2TE03 Fl. 612 5 Voto Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti Da Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e presentes se encontram os demais requisitos para a sua admissibilidade, razão pela qual passo a apreciálo. Da Filantropia CEBAS Como bem pontuado no relatório fiscal a autuação ora combatida se deu em razão de a entidade ter lançado o código FPAS 639 (ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, com isenção requerida e concedida pela Previdência Social, inclusive aquela transformada em entidade de fins econômicos na forma do artigo 7° da Lei 9131/95, no período de pagamento parcial das contribuições patronais, nos termos do art. 13 da Lei n° 11.096, de 13 de janeiro de 2005) quando deveria ter lançado o código FPAS 515 (COMÉRCIO ATACADISTA – COMÉRCIO VAREJISTA – AGENTE AUTÔNOMO DO COMÉRCIO COMÉRCIO ARMAZENADOR – TURISMO E HOSPITALIDADE (inclusive salão de barbeiro, instituto de beleza, empresa de compra, venda, locação e administração de imóvel, engraxate, empresa de asseio e conservação, sociedade beneficente e religiosa etc.) – ESTABELECIMENTO DE SERVIÇO DE SAÚDE (hospital, clínica, casa de saúde, laboratório de pesquisas e análises clínicas, cooperativa de serviço médico, banco de sangue, estabelecimento de ducha, massagem e fisioterapia e empresa de prótese) – COMÉRCIO TRANSPORTADOR, REVENDEDOR, RETALHISTA DE ÓLEO DIESEL, ÓLEO COMBUSTÍVEL E QUEROSENE (exceto quanto aos empregados envolvidos diretamente na atividade de transporte Dec. 1.092/94 FPAS 612) – EMPRESA E SERVIÇOS DE PROCESSAMENTO DE DADOS – ESCRITÓRIO, CONSULTÓRIO OU LABORATÓRIO DE PROFISSIONAIS LIBERAIS (pessoa jurídica) – CONSÓRCIO – AUTOESCOLA – CURSO LIVRE – LOCAÇÕES DIVERSAS – PARTIDO POLÍTICO – EMPRESA DE TRABALHO TEMPORÁRIO (contribuição sobre a folha de salário de seus empregados) – SOCIEDADE COOPERATIVA (estabelecimento no qual explora atividade econômica relacionada neste código) TOMADOR DE SERVIÇO DE TRABALHADOR AVULSO – contribuição sobre a remuneração de trabalhador avulso vinculado ao comércio – EMPRESAS DE FACTORING) por não possuir o Certificado de Entidade Beneficente para o período do lançamento fiscal, tendo o referido documento não ter sido renovado. A entidade, por sua vez, defende que sempre gozou das prerrogativas de instituição filantrópica, fazendo jus ao Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS). E no meu sentir tem razão a recorrente. É bem verdade que houve alteração no critério de uso do beneficio com a edição da Lei n.º 12.101, de 27 de novembro de 2009, que assevera em seu artigo 31 que “o direito à isenção das contribuições sociais poderá ser exercido pela entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação, desde que atendido o disposto na Seção I deste Capítulo”. Fl. 614DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 6 Ora, a entidade protocolou no órgão público, devidamente instruído, o pedido de certificação na época que ainda estava vigente a sistemática de concessão do CEBAS com data retroativa ao protocolo. No período considerado pelo fisco a legislação foi alterada diversas vezes no que diz respeito à exigência do certificado: Lei 8.212/91 “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos;” (...) A Medida Provisória 446, de 7 de novembro de 2008, revogou o art. 55 da Lei nº 8.212/91 e estipulou as condições necessárias para o benefício, contudo manteve a exigência do Certificado. Estabeleceu, ainda, que os pedidos de concessão originária de Certificado que não tenham sido objeto de julgamento pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, até a data de publicação da Medida Provisória, seriam remetidos ao Ministério responsável, “de acordo com a área de atuação da entidade, que os julgará, nos termos da legislação em vigor à época do requerimento”. MP 446/98 “Art. 3º A certificação será concedida à entidade beneficente que demonstre, nos doze meses que antecederam ao do requerimento, o cumprimento do disposto nas Seções I, II e III deste Capítulo, de acordo com a respectiva área de atuação. § 1º Nas situações previstas em regulamento, a demonstração do cumprimento do disposto no caput poderá ter como base os primeiros doze meses contidos nos dezesseis meses que antecederem ao do requerimento. § 2º O período mínimo de cumprimento dos requisitos de que trata este artigo poderá ser reduzido se a entidade for prestadora de serviços conveniados com o Sistema Único de Saúde SUS ou com o Sistema Único de Assistência Social SUAS, em caso de necessidade local atestada pelo gestor do respectivo sistema.” (...) “Art. 36. Os pedidos de concessão originária de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social que não tenham sido objeto de julgamento pelo Conselho Nacional de Assistência Social CNAS até a data de publicação desta Medida Provisória serão remetidos ao Ministério responsável, de acordo com a área de atuação da entidade, que os julgará, nos termos da legislação em vigor à época do requerimento.” Fl. 615DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/201089 Acórdão n.º 2803004.120 S2TE03 Fl. 613 7 Posteriormente, a Medida Provisória n.º 446 foi rejeitada pelo Congresso Nacional, conforme Ato do Presidente da Câmara dos Deputados, retornando a vigorar o artigo 55 da Lei n.º 8212/91. Ei o teor do ato que comunicou a rejeição da MP 446: “O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS faz saber que, em sessão realizada no dia 10 de fevereiro de 2009, o Plenário da Casa rejeitou a Medida Provisória nº 446, de 10 de novembro de 2008, que "Dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social, regula os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social, e dá outras providências". Não houve a publicação de Decreto Legislativo para regular os efeitos advindos da Medida Provisória rejeitada pelo Congresso. Em 30 de novembro de 2009 foi publicada no Diário Oficial da União a Lei n.º 12.101 que dispôs sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social, regulou os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social e alterou outras leis que tratavam do tema. Pelo que dispôs o artigo 31 “o direito à isenção das contribuições sociais poderá ser exercido pela entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação, desde que atendido o disposto na Seção I deste Capítulo”. Ocorre que a entidade protocolou pedido junto ao órgão competente e, após longo prazo de espera, teve a publicação do ato de concessão de sua certificação com prazo de vigência desde a publicação oficial. Medida que contraria, inclusive, o disposto na parte final do art. 36 da MP n.º 446, que assegurava ao contribuinte ter seu pedido julgado nos termos da legislação vigente à época do requerimento. E a legislação vigente á época assegurava a retroatividade: “Art. 208. A pessoa jurídica de direito privado deve requerer o reconhecimento da isenção ao Instituto Nacional do Seguro Social, em formulário próprio, juntando os seguintes documentos: (Revogado pelo Decreto nº 7.237, de 2010). (...) § 2º Deferido o pedido, o Instituto Nacional do Seguro Social expedirá Ato Declaratório e comunicará à pessoa jurídica requerente a decisão sobre o pedido de reconhecimento do direito à isenção, que gerará efeito a partir da data do seu protocolo.” Vale destacar, ainda, o Ato Declaratório nº 05/2011, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2132/2011, dispensando a interposição de recurso “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social é meramente declaratório, produzindo efeito ex tunc, retroagindo à data de protocolo do respectivo requerimento, ressalvado o disposto no art. 31 da Lei nº 12.101, de 2009 (data da publicação da concessão da certificação), desde que inexista outro fundamento relevante, como a necessidade de cumprimento da legislação superveniente pelo contribuinte”. A ProcuradoriaGeral da Fazenda se manifestou em seu parecer, nos seguintes termos: Fl. 616DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 8 “4. Primeiramente, vale ressaltar que este Parecer não trata das demandas em que se pleiteia a declaração da existência de direito adquirido ao reconhecimento da natureza de filantrópica, nas quais se pleiteia a manutenção do direito ao CEBAS não obstante a desobediência aos requisitos de legislação superveniente. Neste ponto, a jurisprudência é pacífica a favor do pleito fazendário de que não há direito adquirido. 5. Neste parecer, temse em foco a controvérsia sobre os efeitos da concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, se meramente declaratório, de modo que possui efeitos ex tunc, ou se constitutivo, de modo que possui efeitos ex nunc. 6. O Poder Judiciário entendeu, conforme se observa da jurisprudência pacífica do STJ, no sentido de que o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social é meramente declaratório, de modo que possui efeitos ex tunc. De acordo com o Ministro Castro Meira, no julgamento do Resp 478239/RS, Segunda Turma.” A Jurisprudência nos Tribunais foi pacificada e definiu que a certificação é ato declaratório administrativo ex tunc, retroagindo portanto no tempo. É bem verdade que o posicionamento doutrinário e jurisprudencial é contrário aos dispositivos da legislação revogada (art. 55, II, da Lei nº 8.212/91, do Decreto nº 2.536/98 e do Decreto nº 3.048/99), mas a construção consolidada com base na legislação revogada não se alterou com as novas disposições da Lei nº 12.101/2009 (art. 31). EDcl no AgRg no REsp 737907/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, Julgado em 16/04/2009, DJe 29/04/2009. E no me sentir o relatório fiscal não traz outra acusação de descumprimento da norma previdenciária. Faz menção aleatória ao disposto no art. 55, §5º, da Lei 8.212/91 (“Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento”). Contudo, não há fundamentação alguma no sentido de que a entidade teria desobedecido tal dispositivo. Os Estatutos Sociais da entidade demonstram tratarse de entidade beneficente de assistência social. Aplica, ainda, todos os recursos nos seus objetivos sociais e não distribui lucros aos seus associados, diretores ou empregados. Nesse sentido, dou provimento ao recurso voluntário manejado pela recorrente. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ricardo Magaldi Messetti Relator Fl. 617DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/201089 Acórdão n.º 2803004.120 S2TE03 Fl. 614 9 Messetti Fl. 618DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA
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Numero do processo: 11633.001130/2008-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Exercício: 2003
DECADÊNCIA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. DECADÊNCIA.
O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição fraudulenta prevista no art. 23, Inciso V do Decreto-Lei nº 1.455/76 é de 5 (cinco) anos contados a partir da data do registro da Declaração de Importação - DI, nos termos previstos no art. 139 do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-001.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. Dr. José Antônio Valduga fez sustentação oral.
Joel Miyazaki - Presidente.
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Erika Costa Camargos Autran e Daniel Mariz Gudino.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Exercício: 2003 DECADÊNCIA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição fraudulenta prevista no art. 23, Inciso V do Decreto-Lei nº 1.455/76 é de 5 (cinco) anos contados a partir da data do registro da Declaração de Importação - DI, nos termos previstos no art. 139 do Decreto-Lei nº 37/66. Recurso Voluntário Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. Dr. José Antônio Valduga fez sustentação oral. Joel Miyazaki - Presidente. Winderley Morais Pereira - Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Erika Costa Camargos Autran e Daniel Mariz Gudino.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Exercício: 2003 DECADÊNCIA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição fraudulenta prevista no art. 23, Inciso V do DecretoLei nº 1.455/76 é de 5 (cinco) anos contados a partir da data do registro da Declaração de Importação DI, nos termos previstos no art. 139 do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. Dr. José Antônio Valduga fez sustentação oral. Joel Miyazaki Presidente. Winderley Morais Pereira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 3. 00 11 30 /2 00 8- 03 Fl. 1119DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Erika Costa Camargos Autran e Daniel Mariz Gudino. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. "O interessado foi autuado em face da infração capitulada no artigo 83, inciso I, da Lei nº 4.502/1964. Foi lançada multa no valor de R$ 3.440.445,34. Segundo a “descrição dos fatos e enquadramento(s) legal(is)” (fls. 7100 do "eprocesso"): 1. A prática fraudulenta que ensejou a multa do artigo 83, I da Lei nº 4.502/1964 é a interposição fraudulenta (DecretoLei nº 1.455/1976, artigo 23, V). 2. A multa foi aplicada em face da impossibilidade de aplicação da pena de perdimento. 3. O histórico de importações do grupo Jabur temse revelado em operações irregulares com grande prejuízos financeiros aos Fiscos (Federal e Estaduais, principalmente), com a prática de subfaturamento de preços; uso de documentação falsa na instrução dos procedimentos de importação; a ocultação do real adquirente da mercadoria importada e, por vezes, a do real exportador, com a utilização de artifícios fraudulentos e simulações, fatos esses que a legislação define como interposição fraudulenta. 4. Das pesquisas realizadas nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil — RFB — onde encontramse os bancos de dados das importações realizadas desde o ano de 1997, não foi localizada uma única importação cujos importadores ou adquirentes fossem a JABUR RASTREAMENTO DE VEÍCULOS LTDA ou JABURSATJABUR PNEUS RASTREAMENTO DE VEICULOS LTDA (ONDCAT). Explicase tal procedimento pelo modus operandi engendrado pelo grupo JABUR: o real adquirente, ou seja, a parte que se pretendia manter recôndita nas importações da JABUR PNEUS S.A. era a JABURRASTREAMENTO DE VEÍCULOS LTDA e JABURSATJABUR PNEUS RASTREAMENTO DE VEICULOS LTDA (atual ONIXAT), empresas que à época das importações apresentavam em seus quadros sociais as participações de JABUR PNEUS S.A. e JABUR COMERCIAL IMPORTADORA DE PNEUS LTDA. Por meio desse artifício, o grupo JABUR pretendia afastar obrigações tributárias principais (a incidência do IPI nas operações subseqüentes A. importação) e acessórias (não se submeter a procedimentos fiscais de habilitação para atuar no comércio exterior) simulando a venda de mercadoria importada pela JABUR PNEUS para a JABURSAT e JABUR Fl. 1120DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/200803 Acórdão n.º 3201001.884 S3C2T1 Fl. 1.120 3 RASTREAMENTO, por prego que quase não suportavam os custos de importação, de forma a possibilitar que os verdadeiros "adquirentes" revendessem, a clientes finais, pelos preços que incluíssem todos os custos envolvidos, mais margem de lucro, sem a incidência do IPI. 5. Jabur Pneus aparece formalmente como adquirente das mercadorias, quando na realidade emprestou seu nome para ocultar as verdadeiras adquirentes das mercadorias: as empresas JABUR RASTREAMENTO DE VEÍCULOS LIDA e JABURSATJABUR PNEUS RASTREAMENTO DE VEÍCULOS LIDA (ONIXAT). 6. Estimase que o montante de IPI sonegado nas operações subseqüentes à importação alcançaria cerca de R$ 266.575,00 (fl. 17). 7. Quanto ao imposto sobre produtos industrializados (IPI): o adquirente de mercadoria estrangeira (importador ou adquirente) é estabelecimento equiparado a industrial (Decreto nº 4.544/2002, artigo 9º, incisos I e IX, e Lei nº 11.281/2006, artigo 13). Os estabelecimentos equiparados a industrial são contribuintes do IPI (Decreto nº 4.544/2002, artigo 24, III). 8. Na hipótese de o encomendante ou adquirente ocultarse na importação, implica o afastamento da condição de contribuinte do IPI. As mercadorias são revendidas sem o recolhimento de IPI. A fiscalização aduz (fls. 36 a 38): “Observase a ausência do recolhimento, do destaque do IPI, justamente na etapa onde os lucros são inflados; chegamos, pois, ao cerne do esquema fraudulento. Portanto, aqui reside a fraude, o dano ao Erário, pela nãoincidência do IPI sobre o montante agregado na etapa comercial, através da interposição de uma empresa do mesmo grupo empresarial , a JABUR PNEUS, utilizada, nas operações aqui auditadas, precipuamente com este objetivo. No Quadro IV (fl. 35) sintetizase os valores da operação estudada, e fornece uma visão do esquema engendrado demonstrando os valores informados, bem como o cálculo e estimativa do IPI sonegado nas importaçõesrevenda dos rastreadores importados. Quadro IV – DEMONSTRATIVO DA ESTIMATIVA DO IPI SONEGADO (…) Dessarte, concluímos que em uma operação hipotética sem a interposição da JABUR PNEUS, para todos os rastreadores DMR 200 nas três DIs revisadas (2.500 unidades), o IPI devido seria bem superior, de R$ 266.575,00. Pesquisa nos sistemas de arrecadação 19 da Receita Federal corrobora o êxito do modus operandi, haja vista a JABUR RASTREAMENTO DE VEÍCULOS, e a JABURSATJABUR PNEUS RASTREAMENTO DE VEÍCULOS (atual ONIXAT RASTREAMENTO DE VEÍCULOS), verdadeiras responsáveis pelas operações sob análise, jamais terem recolhido valor relativo ao Imposto sobre Produtos Industrializados, não obstante trataremse de empresas que revendem produtos importados, tais como os aparelhos rastreadores, objeto desta autuação. Fl. 1121DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 4 No âmbito do Direito Tributário, tal artifício, quando empregado de forma dolosa, caracteriza sonegação e fraude, conceitos estes definidos na Lei nº 4.502, de 30/11/1964.” 9. JABUR RASTREAMENTO DE VEÍCULOS e JABURSAT JABUR PNEUS RASTREAMENTO DE VEÍCULOS (ONIXAT) não foram habilitadas para atuar no comércio exterior. JABUR PNEUS era utilizada pelo grupo JABUR para ocultar suas controladas e permitir a sonegação de IPI e a burla ao controle do risco aduaneiro no despacho (fl. 39). 10. Apresenta as provas de fraude e simulação em fls. 39 e ss. (fls. 37 e ss. dos autos em papel). 11. A fiscalização trata dos fatos relativos à DI 03/01011324 (ocultação da JABUR RASTREAMENTO DE VEÍCULOS) no tópico 5.1 da “descrição dos fatos” (fls. 40 e ss. dos autos em papel): DI registrada em 5/2/2003 e parametrizada para canal verde. JABUR PNEUS declarada como importadora e real adquirente. Mercadoria: “rastreador DMR 200”. JABUR RASTREAMENTO “está consolidada no mercado (8.000 rastreadores vendidos) detém conhecimento técnico, amplo mercado de clientes (cerca de 1.200), equipes próprias de venda e de manutenção (200 funcionários), pontos de venda espalhados pelo Brasil (20), conforme informado em seu sitio na internet (Figura 09); porém, entre o inicio de suas atividades (20/10/2000) até 2004 não importou um único aparelho rastreador (DMR 200), equipamento essencial ao sistema de rastreamento” (fl. 46). A fiscalização questiona: “Presumese então, que a JABUR PNEUS planejou a importação e revenda desses rastreadores; no entanto, para o entendimento da razão de tal procedimento mercadológico, fazse algumas perguntas: (1) por que iniciar a importação de rastreadores e quem será (do) o(s) possível(eis) comprador(es) no mercado interno? (2) qual será o prego de revenda para a obtenção de lucro?” (fl. 48). A fiscalização aduz (fls. 49 e 50): “Perquirindo a primeira indagação não se encontra nos documentos e informações prestadas pela autuada qualquer resposta que nos faça compreender sua estratégia mercantil. Não se pode deixar de comentar o alto valor agregado dos rastreadores. Na importação auditada foi declarado para o rastreador o custo unitário de USD 425,00, e tendo sido adquirido 1.000 unidades, perfaz um valor total da mercadoria de USD 425.000,00, não computando ainda os demais custos envolvidos. No mercado competitivo que vivenciamos é difícil crer que a JABUR PNEUS importou os rastreadores no referido nível de preço e quantidade, para posteriormente "encontrar" os consumidores para os quais os revenderiam. O grupo JABUR preza por demonstrar longa experiência em importações de pneumáticos e evidentemente que aplicaria seus conhecimentos, habilidades e estratégias nas importações de rastreadores se de fato os importasse para revenda a clientes. 9. Constatamos de fato que seu "cliente", a JABUR RASTREAMENTO DE VEÍCULOS, é empresa constituída em 20/10/2000, tendo sempre em seu quadro societário participação de empresas do grupo JABUR, a Jabur Comercial e Importadora de Pneus Ltda, e a partir de 03/04/2002, a própria JABUR PNEUS S.A, ora autuada. Há coincidência na localização de Fl. 1122DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/200803 Acórdão n.º 3201001.884 S3C2T1 Fl. 1.121 5 ambas: a Jabur Pneus (o estabelecimento autuado) situase, na verdade, na rua Maceió nº 100 — sala 01 — Centro — Londrina/PR (consta nos sistemas da RFB o endereço cadastral como o nº 110, sala 01; porém, as correspondências para tal endereço retornou com a anotação de "mudouse") e a Jabur Rastreamento de Veículos ocupa a sala nº 02, do mesmo endereço comercial da Jabur Pneus, o estabelecimento importador, conforme extratos digitalizados, como se vê nas Telas 10, 11 e 12 (fl. 48/49). Há um outro estabelecimento filial da Jabur Pneus também localizado no nº 100 da rua Maceió — o de CNPJ nº 78.625.506/000930, na sala nº 01 (Tela 11 — fl. 49). Portanto, importador e "cliente" dos rastreadores, empresas que se apresentaram a esta fiscalização em pólos opostos na relação comercial, pretendendo fazer crer realizarem transação mercantil nos moldes comumente encontrados, ocupavam o mesmo endereço comercial, à época das operações. Eis aqui a primeira evidência da simulação empreendida pelo grupo JABUR!” Há ausência de lucro na “revenda” das mercadorias importadas de JABUR PNEUS a JABUR RASTREAMENTO. Conclui que se trata não de revenda, mas transferência de mercadoria, mediante simulação. “ JABUR PNEUS "revendeu" os rastreadores A JABUR RASTREAMENTO DE VEÍCULOS antes mesmo de seu faturamento no exportador estrangeiro, situação factível somente por se tratar de uma simulação entre as empresas do grupo” (fl. 53). Quanto à origem dos recursos empregados na importação (fls. 58 a 60 do "eprocesso" – fls. 56 a 58 dos autos em papel). 12. As DI 03/03426025 e 03/04318900 são objeto do tópico 5.2 da “descrição dos fatos” (fls. 60 e ss. do "eprocesso").: DI registradas em 25/4/2003 e 23/5/2003. Parametrizadas para canal verde. JABUR PNEUS declarada como importadora e real adquirente. Mercadoria: “RASTREADORES SM200200SHG DMR200C SIDE MOUT C/W GPS”. JABURSAT/ONIXSAT “é líder absoluta em vendas do setor de rastreamento de caminhões e embarcações pesqueiras”, mas “entre o início de suas atividades (20/02/2003) até maio/2008, não importou um único aparelho rastreador (DMR 200 ou quaisquer outros), equipamento essencial ao sistema de rastreamento” (fl. 65). Não há nos documentos e informações prestadas pela autuada resposta que faça compreender sua estratégia mercantil (importação e revenda sem lucro). Importador e “cliente” pertencem ao mesmo grupo e ocupam o mesmo endereço comercial. Jabur Pneus jamais comprovou deter a exclusividade na representação da marca SKYWAVE (fabricante dos produtos). A fiscalização questiona: “Presumese então, que a JABUR PNEUS planejou a importação e revenda desses rastreadores; no entanto, para o entendimento da razão de tal procedimento mercadológico, fazse algumas perguntas: (1) por que iniciar a Fl. 1123DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 6 importação de rastreadores e quem será (do) o(s) possível(eis) comprador(es) no mercado interno? (2) qual será o prego de revenda para a obtenção de lucro?” (fl. 48). A fiscalização aduz (fl. 73): “7. (…) A ausência de lucro em importação de mercadoria destinada especificamente à empresa que a utiliza em sistemas mais completos e complexos e de alto valor agregado, que se localiza no mesmo endereço do importador, pertencentes ao mesmo grupo empresarial é perfeitamente explicável por não estarmos diante de uma venda e sim, uma transferência de mercadoria, através de uma simulação, cujo objetivo maior sonegação do IPI fora demonstrado.” Apresenta valores e datas de desembolsos relativos à DI 03/03426025 (fl. 78). O valor total da mercadoria é US$ 255 mil. O pagamento iniciouse com o valor de US$ 89.250,00 (R$ 286.671,00), pagos antecipadamente. JABUR PNEUS não apresentou documentos demonstrando a contabilização dos pagamentos ao exportador. JABURSAT – JABUR RASTREAMENTO não apresentou quaisquer documentos comprobatórios dos pagamentos relacionados às aquisições dos rastreadores “comprados” da JABUR PNEUS. DI 03/04318900: o valor da mercadoria importada é US$ 382.500,00, sendo US$ 133.875,00 pagos antecipadamente e o saldo de US$ 248.625,00 parceladamente. JABUR PNEUS não comprovou todas as remessas cambiais. JABUR PNEUS não apresentou documentos comprovando a contabilização dos pagamentos ao exportador. JABURSAT – JABUR RASTREAMENTO não apresentou quaisquer documentos comprobatórios dos pagamentos relacionados às aquisições dos rastreadores “comprados” da JABUR PNEUS. JABUR PNEUS não possuía recursos para pagamento dos tributos incidentes no registro da DI 03/04318900. Houve depósito de R$ 195 mil. A empresa não identificou a origem do recurso. Conclui a fiscalização que o recurso é proveniente de terceira pessoa (não identificada) e que havia adquirente oculto (fl. 81 do "eprocesso"). 13. A fiscalização aponta que não foram apresentados: (1) os documentos e lançamentos contábeis relacionados com os pagamentos dos rastreadores, por parte da JABUR PNEUS, como importador, e pela JABURSATJABUR PNEUS RASTREADORES DE VEÍCULOS, na condição de "adquirente" daquela; (2) a origem dos créditos em conta corrente bancaria da JABUR PNEUS, utilizada para efetuar o débito do II, IPI e taxa de utilização do Siscomex, na mesma data dos efetivos pagamentos e (3) planilha detalhando os custos, gastos incorridos nas importações e a formação dos preços de vendas dos rastreadores (fl. 82 do "eprocesso"). 14. Cita autuação efetuada contra Jabur Comercial e Importadora de Pneus Ltda. (processo 10909.001741/200631 – Anexo I), em que foi aplicada a pena de perdimento sobre rastreadores DMR200 (fls. 8385 do "eprocesso"). 15. Conclui que a importaçãorevenda de rastreadores tratouse de simulação entre empresas do grupo JABUR, com objetivo de sonegar IPI, valendose de inserção de informações falsas e inexatas nos documentos de despacho aduaneiro, e que a nãocomprovação da origem dos recursos utilizados para o pagamento da mercadoria importada e a ocultação da origem do Fl. 1124DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/200803 Acórdão n.º 3201001.884 S3C2T1 Fl. 1.122 7 recurso específico para o pagamento dos tributos faz presumir que a operação é realizada por conta e ordem de terceiro (Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002). 16. Portanto, ocorreu interposição fraudulenta de terceiros. Discorre sobre o tema. 17. Discorre sobre a revisão de ofício e a revisão aduaneira. 18. Inexistindo a possibilidade fática de aplicação da pena de perdimento, aplicase a multa do artigo 83 da Lei nº 4.502/1964, regulamentada no artigo 631 do Decreto nº 4.543/2002 (Regulamento Aduaneiro), por ter sido entregue a consumo produto de procedência estrangeira, importado fraudulentamente. Foi aplicada multa equivalente ao valor comercial da mercadoria consignado nas notas fiscais de entrada no estabelecimento importador (quadro em fl. 100 do "e processo"). O interessado foi intimado em 8/8/2008 (fl. 746) e apresentou impugnação em 9/9/2008 (fls. 756 e ss.). Alega: 1. Efetuou o registro de declarações de importação (DI) nº 03/01011324, 03/03426025 e 03/04318900, para importação de equipamentos rastreados por satélite. 2. A criação de teses e a emissão de opiniões e considerações de cunho teórico maculam a peça de acusação infracional, que exige como pressupostos de validade a impessoalidade, a clara e perfeita descrição dos fatos, o tipo infracional violado, a conduta do agente e a penalidade aplicável. O erro de tipo verificado no enquadramento legal do auto de infração é causa de nulidade. 3. O registro das DI ocorreu entre fevereiro e maio de 2003, sob a modalidade de importação direta. 4. Assim, tudo o que foi aduzido sobre a Lei nº 11.282/2006 e a Instrução Normativa SRF nº 650/2006, que inseriram no ordenamento jurídico a figura do encomendante, há de ser desconsiderado. 5. A impugnante Jabur Pneus S.A. realizou as importações como “importações diretas”. 6. A importação por conta e ordem de terceiro, antes de ser uma obrigação é uma faculdade, pois a formação de um contrato é uma manifestação da vontade de sujeitos de direito. É requisito da Instrução Normativa SRF nº 225/2002 que se opere vínculo contratual. 7. Não existindo contrato entre a impugnante e as empresas Jabur Rastreamento de Veículos e JabursatJabur Pneus Rastreamento de Veículos, inexistem os requisitos formais que autorizam caracterizar as operações como “por conta e ordem de terceiro”. 8. Há ilegitimidade passiva quando a fiscalização alega que o imposto sobre produtos industrializados (IPI) poderia ter sido subtraído por ocasião das vendas internas das mercadorias importadas. 9. Se admitida a tese do auto de infração, está em discussão futura e suposta falta de pagamento de IPI, pela saída das mercadorias que deveriam ser revendidas pela Jabur Fl. 1125DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 8 Rastreamento de Veículos e Jabursat, depois de adquirilas da impugnante. 10. Não se pode aplicar uma penalidade por achar que uma pessoa jurídica irá deixar de recolher imposto, quando ainda teria oportunidade de fazêlo. E o Fisco visa constranger bens importados pertencentes a sujeito diverso daquele que eventualmente poderia deixar de recolher tributo. 11. O auto de infração é desprovido de qualquer fundamento legal ou ocorrência factual minimamente plausível. 12. O Fisco vai de encontro a posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) — Recurso Especial nº 841.269BA (fls. 763 e 764) — segundo o qual a dupla incidência do IPI, no desembaraço aduaneiro e na saída da mercadoria do estabelecimento importador seria bitributação. 13. A impugnante efetivamente recolhe o IPI na revenda das mercadorias importadas. Recolhe no desembaraço e quando deixam seu estabelecimento. Não realiza industrialização. 14. A penalidade é indevida. Houve confusão quanto ao sujeito passivo e Jabur Pneus não é contribuinte do IPI. 15. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses que caracterizam “industrialização”, inexiste o fato gerador do IPI pelas saídas de mercadorias. 16. A fiscalização presume com base em indícios que pelo fato de as empresas supostamente ocultas terem realizado o depósito de alguns valores à impugnante, resta caracterizada a interposição fraudulenta. 17. A motivação do auto de infração é equivocada. Não há no ordenamento jurídico previsão legal que autorize, quem quer que seja, a presumir a interposição fraudulenta de pessoas. A interposição fraudulenta pressupõe o requisito da conduta antijurídica e dolosa. 18. A interposição fraudulenta pressupõe que os recursos utilizados na operação não possuam origem e simultaneamente sejam frutos de crime antecedente. 19. Por ocasião do encaminhamento do projeto do qual redundou a Lei nº 9.613/1998 (lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores), houve por bem seus autores prevenir a generalização, de modo a evitarse o previsível excesso por parte das autoridades. 20. A "interposição fraudulenta" ao direito aduaneiro corresponderia a um crime conexo, posto que praticado na intenção de ocultar coisa ou dinheiro que tem como origem um dos crimes elencados no artigo 10 da Lei nº 9.613/1998, o chamado crime antecedente: tráfico de drogas; terrorismo; contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; de extorsão mediante seqüestro; contra a administração pública (corrupção); contra o sistema financeiro nacional; praticado por organização criminosa. 21. É condição que a interposta pessoa saiba que os recursos financeiros empregados nas operações têm origem num dos crimes tipificados no artigo 1º da Lei nº 9.613/1998. O dolo essencial deve ser comprovado. 22. A conduta da Jabur Pneus não se consubstancia em fato típico punível com a pena de perdimento. 23. Tratase de desvio de finalidade da norma (artigo 1º, § 1º, da IN SRF 228/2002). Fl. 1126DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/200803 Acórdão n.º 3201001.884 S3C2T1 Fl. 1.123 9 24. A interposição fraudulenta só exsurge no mundo jurídico quando seja praticada ao fito de ocultar dinheiro sujo. Sua invocação, nos demais casos, só se justifica pelo arbítrio. 25. A interposição fraudulenta (DecretoLei nº 1.455/1976, artigo 23, V e § 2º) se resume a: (i) falta de condição operacional; (ii) falta de condição financeira; (iii) falta de condição econômica; (iv) utilização de recursos de terceiros sem origem comprovada; e (v) importação a favor de terceiro oculto à fiscalização. 26. Quanto a esses pontos, a fiscalização muito alegou e presumiu, mas nada provou. 27. No caso dos autos, na pior e mais grave das hipóteses, a impugnante será equiparada a estabelecimento industrial para fins de incidência do IPI pela saída das mercadorias constantes das DI, o que também é duvidoso. 28. Não há ilicitude ou dolo no fato de uma empresa importar e vender a totalidade das mercadorias a um ou dois únicos clientes, que jamais foram ocultados. 29. Ainda que se verifique eventual operação por conta e ordem da impugnante, a infração de possível não recolhimento de IPI há de ser exigida da pessoa responsável. Jamais o perdimento, pois o fato subsumese ao não recolhimento de tributos. 30. Com o advento do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, deixou de ser imputável ao importador ostensivo a infração do artigo 23, V do DecretoLei nº 1.455/1976. 31. Cita julgado da 2ª turma da extinta DRJ/São Paulo II — acórdão 1724.943, de 2008 (fl. 777). 32. Comprovado o erro de capitulação legal, há motivo para anular o auto de infração. 33. Requer a decretação da nulidade do lançamento, julgandose procedente a impugnação. Recebida a impugnação, os autos foram encaminhados à DRJ/Florianópolis (fl. 792). Em 17/12/2013 o processo foi remetido a esta DRJ/São Paulo (fl. 1.056) e, em seguida, distribuído à 24ª turma de julgamento." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de manteve integralmente o lançamento. A decisão da DRJ foi assim ementada: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2003 MULTA ADUANEIRA. Em face da entrega a consumo de mercadorias estrangeiras, importadas fraudulentamente, foi corretamente lançada a multa capitulada no artigo 83, inciso I, da Lei 4.502/1964. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido.” Fl. 1127DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 10 Cientificada, a empresa interpôs recurso voluntário, alegando em síntese: a decadência do lançamento e erro na capitulação legal da penalidade aplicada. No mérito alega a inexistência de interposição fraudulenta É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O recurso é voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isto, ser conhecido. Inicialmente por tratarse de questão preliminar aprecio a alegação de decadência, que para aplicação dos tributos e penalidades da área aduaneira é regulada no DecretoLei nº 37/66, que trata da matéria nos seus artigos 138 a 141. "Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. Art.140 Prescreve em 5 (cinco) anos, a contar de sua constituição definitiva, a cobrança do crédito tributário. Art.141 O prazo a que se refere o artigo anterior não corre: I enquanto o processo de cobrança depender de exigência a ser satisfeita pelo contribuinte; II até que a autoridade aduaneira seja diretamente informada pelo Juízo de Direito, Tribunal ou órgão do Ministério Público, da revogação de ordem ou decisão judicial que haja suspenso, anulado ou modificado exigência, inclusive no caso de sobrestamento do processo." No caso em tela, apesar da exigência estar centrada no artigo 83, inciso I, da Lei 4.502/1964, a multa foi aplicada em razão da interposição fraudulenta prevista no artigo 23, V do DecretoLei nº 1.455/1976 e portanto tratase de penalidade afeita a área aduaneira, sendo regulada nos moldes do DecretoLei nº 37/66. A interposição fraudulenta é conduta tipificada com a importação da mercadoria e portanto configurada no momento do registro da Declaração de Importação DI. Assim, aplicando as determinações do art. 139 do DecretoLei nº 37/66. A data para fruição do prazo decadencial de 5 (cinco) anos contados a partir do registro da Declaração de Importação DI. Fl. 1128DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/200803 Acórdão n.º 3201001.884 S3C2T1 Fl. 1.124 11 O lançamento controlado no presente processo tem origem nas DI 03/01011324 (fl. 121), 03/03426025 (fl. 151) e 03/04318900 (fl. 177), registradas respectivamente em 05/02/2003, 24/04/2003 e 22/05/2003. Considerando a data da ciência do Auto de Infração foi em 08/08/2008 (fl. 746), prazo superior a 5 (cinco) anos dos registros das Declarações de Importação DI que deram origem ao lançamento. A exigência fiscal está alcançada pela Decadência. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário. Winderley Morais Pereira Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10283.909672/2009-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 08/05/2001 a 12/12/2005
DIREITO CREDITÓRIO A SER COMPENSADO PENDENTE DE NOVA DECISÃO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À UNIDADE DE ORIGEM.
Em situações em que se indeferiu a compensação em face da inexistência do crédito que se pretendia compensar, uma vez ultrapassada a questão jurídica que impossibilitava a apreciação do montante do direito creditório, a unidade de origem deve proceder a uma nova análise do pedido de compensação, após verificar a existência, a suficiência e a disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3202-001.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarou-se impedido. Participou do julgamento o Conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Marcelo Reinecken, OAB/DF nº. 14874.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Tatiana Midori Migiyama e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 08/05/2001 a 12/12/2005 DIREITO CREDITÓRIO A SER COMPENSADO PENDENTE DE NOVA DECISÃO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À UNIDADE DE ORIGEM. Em situações em que se indeferiu a compensação em face da inexistência do crédito que se pretendia compensar, uma vez ultrapassada a questão jurídica que impossibilitava a apreciação do montante do direito creditório, a unidade de origem deve proceder a uma nova análise do pedido de compensação, após verificar a existência, a suficiência e a disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarouse impedido. Participou do julgamento o Conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Marcelo Reinecken, OAB/DF nº. 14874. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 96 72 /2 00 9- 53 Fl. 390DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 2 Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Tatiana Midori Migiyama e Thiago Moura de Albuquerque Alves. Relatório A interessada apresentou pedido eletrônico de compensação de débitos próprios com crédito oriundo de pagamento a maior de Imposto de Importação – II e de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, com origem no período de 08/05/2001 a 12/12/2005. A compensação não foi homologada, ao fundamento de que o DARF a indicado no PER/DCOMP não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. Alegado pela contribuinte o cometimento de um equívoco no preenchimento do DARF, os autos foram baixados em diligência pela DRJ, quando se constatou que o presente processo é conexo ao de nº 10283.007613/200604, por meio do qual se requereu a restituição do crédito que se pretende compensar. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob o argumento de inexistência do direito creditório objeto do processo nº 10283.007613/200604. No prazo legal, a contribuinte apresentou recurso voluntário, cujas razões de defesa não serão relatadas em vista do que se passa a expor no voto. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou PER/DCOMP objetivando a compensação de débito próprio com crédito oriundo de pagamento indevido de II e de IPI vinculado que são objeto do processo administrativo n.º 10283.007613/200604. Como o direito à restituição foi negado, também aqui negouse o direito à compensação. Contudo, nesta mesma sessão de julgamento consideraramse indevidas as razões adotadas pela DRF de origem, e mantidas pela instância de piso, para denegar o pedido de restituição, motivo pelo qual determinouse que os autos do processo administrativo n.º 10283.007613/200604 devem retornar à DRF para que, ultrapassada a questão decidida no julgamento, estime os valores a serem restituídos. Fl. 391DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10283.909672/200953 Acórdão n.º 3202001.540 S3C2T2 Fl. 391 3 Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para que a DRF de origem, após a análise do direito creditório objeto do processo administrativo n.º 10283.007613/200604, profira nova decisão quanto ao pedido de compensação. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 392DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
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Numero do processo: 11634.720240/2011-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Apr 14 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2302-000.379
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência para aguardar decisão definitiva na esfera administrativa, quanto à exclusão da empresa do SIMPLES, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencida na votação a Conselheira Graziela Parisotto por entender que o presente processo deveria ser julgado, ficando suspensa, apenas, a sua exigibilidade.
Liege Lacroix Thomasi Presidente
Juliana Campos de Carvalho Cruz Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisotto, André Luís Mársico Lombardi, Leonardo Henrique Pires Lopes, Luciana Matos Pereira Barbosa e Juliana Campos de Carvalho Cruz.
Relatório:
Nome do relator: Não se aplica
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Recorrida Fazenda Nacional Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência para aguardar decisão definitiva na esfera administrativa, quanto à exclusão da empresa do SIMPLES, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencida na votação a Conselheira Graziela Parisotto por entender que o presente processo deveria ser julgado, ficando suspensa, apenas, a sua exigibilidade. Liege Lacroix Thomasi –Presidente Juliana Campos de Carvalho Cruz – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisotto, André Luís Mársico Lombardi, Leonardo Henrique Pires Lopes, Luciana Matos Pereira Barbosa e Juliana Campos de Carvalho Cruz. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 16 34 .7 20 24 0/ 20 11 -5 5 Fl. 958DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/201155 Resolução nº 2302000.379 S2C3T2 Fl. 7 2 Relatório: Adoto o relatório da DRJ Belo Horizonte (fls. 933/935): “Tratase de créditos lançados pela fiscalização contra o contribuinte acima identificado, que de acordo com o Relatório Fiscal de fls.27 a 32, se referem aos seguintes Autos de Infração – AI: AI nº 37.289.4739, relativo às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte patronal, incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais, no período de 01/2007 a 12/2008. AI nº 37.289.4801, relativo às contribuições destinadas a outras entidades e fundos, denominados terceiros (SALÁRIO EDUCAÇÃO, INCRA, SEBRAE, SESCOOP), incidentes sobre as remunerações pagas aos empregados, no período de 01/2007 a 12/2008. AI nº 37.289.4798 (código 68), por ter apresentado GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, ou seja, a empresa embora tenha superado o limite de faturamento para estar enquadrada no SIMPLES, apresentou as GFIPs com opção pelos SIMPLES o que ocasionou alteração para menor no valor devido à Previdência. AI nº 37.289.4810 (Código 69) – apresentação de GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, nas competências 01/07 a 11/08. O contribuinte tomou ciência dos Autos de Infração, em 20/08/2011, por via postal, conforme Aviso de Recebimento – AR, fls.816, e apresentou impugnação em 19/09/2011, peça processual juntada às fls.819 a 928, aduzindo, em síntese, o que segue: Inferese dos documentos em anexo (anexo III) que a impugnante foi excluída do SIMPLES por meio dos Atos Declaratórios Executivos nºs 24 e 25, de 08 de abril de 2011, os quais foram publicados no Diário Oficial da União em 11/04/2011. Em 11/05/2011, apresentou, tempestivamente, manifestação de inconformidade à exclusão, a qual foi juntada aos autos do PAF nº 11634720028/201198, no qual está sendo discutida administrativamente sua exclusão. A manifestação ainda está pendente de julgamento perante à Delegacia de Julgamentos localizada em Curitiba. Fl. 959DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/201155 Resolução nº 2302000.379 S2C3T2 Fl. 8 3 Notase que o processo de exclusão da requerente sequer foi analisado em primeira instância. Todavia, cobramse os valores objetos dos autos de Infração. Sem dúvida, a lavratura é ilegal. Isso porque a apresentação de manifestação de inconformidade possui efeito suspensivo. Vale dizer, com a apresentação da impugnação, a exclusão não pode começar a produzir efeitos. Assim, todo e qualquer auto de infração lavrado em decorrência da exclusão é ilegal, razão pela qual merece anulação. Discorre sobre o seu direito constitucional ao tratamento diferenciado e da ilegalidade de sua exclusão do Simples. Que os Atos Declaratórios Executivos impugnados em momento algum demonstram os motivos pelos quais a impugnante foi excluída do Simples. O que se tem é uma simples afirmação, a qual foi facilmente refutada a partir da juntada aos autos da documentação em anexo. Que a exclusão é absolutamente ilegal sendo, inclusive, violado o artigo 179, da Constituição Federal, já que a empresa, ao invés de ser incentivada, teve o direito constitucional à tributação simplificada tolhido por decisão infundada e desmotivada. Assim, considerando a inconstitucionalidade e ilegalidade da exclusão do Simples, a lavratura do Auto de Infração é igualmente inconstitucional e ilegal. Que foi imputada à impugnante onerosa carga tributária, praticamente o valor equivalente a dois anos de receitas, e que caso seja realizado o pagamento pleiteado pelo Fisco, está destinada à falência, o que produzirá efeito cascata de demissões, inadimplência, etc. violando, assim, vários princípios constitucionais (tratamento tributário simplificado e privilegiado (artigo 179), Princípio da Equidade ( art. 150, II), e da Capacidade Contributiva (art. 145, §1º). Portanto, é evidente o fato de que a impugnante recebe tratamento desigual eque ultrapassa sua capacidade contributiva, razões pelas quais deve ser anulado o Auto de Infração. Que a tributação, neste particular, tem evidente caráter confiscatório. Afinal, o Fisco cobra a título de tributos, juros e multas valor que praticamente corresponde ao total da receita da impugnante em dois anos. Portanto, é flagrante a violação ao inciso IV, do artigo 150, da Constituição Federal. Considerando que a própria motivação do ato deixa claro que o lançamento foi realizado com base única e exclusivamente em movimentações financeiras. Requer a anulação do auto de infração. Fl. 960DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/201155 Resolução nº 2302000.379 S2C3T2 Fl. 9 4 Caso não se decida pela anulação do auto, requerse, ao menos, seja determinada a revisão do lançamento, excluindose valores que efetivamente não sejam receitas. Que a autoridade fiscal estava ciente de todos os dados declarados pelas empresas, afastandose, por via de conseqüência, a aplicação da multa por suposto descumprimento de obrigação acessória. Nulidade da representação para fins penais. Requer: a) realização de diligência, mediante oitiva de prepostos da impugnante, a fim de que seja devidamente comprovado que faz jus à condição exigida nas leis que regulam o Simples; b) requisição de documentos no setor administrativo da DRF em Londrina, a fim de afastar a absoluta inadimplência da contribuinte; c) sejam recebidos e conhecidos eventuais documentos apresentados posteriormente, haja vista que a impugnante, diante da antiguidade dos fatos tratados na presente, não conseguiu levantar em tempo hábil toda a documentação; d) seja realizada a intimação da impugnante, na pessoa de seu representante legal, a cerca da inclusão do processo em pauta de julgamento da DRJ de Curitiba; e) procedência da impugnação, mediante anulação do lançamento e dos autos de infração, pelas razões expostas nos itens “a” a “d”; f) seja determinada a revisão do lançamento, nos termos expostos o item “d”; g) seja reconhecida a ilegalidade da multa acessória aplicada, nos termos do item “e”; seja anulada a representação para fins penais, nos termos expostos no item “f”; h) caso se entenda que algum valor seja devido, requerse em nome da equidade, que seja perdoado mediante ato da autoridade competente.” Em 10 de outubro de 2013, a 6ª Turma da DRJ/BHE julgou procedente o lançamento (fls. 932/937). Devidamente intimado (fls. 938/939), o sujeito passivo interpôs recurso voluntário (fls. 941/953) alegando, em breve síntese: a) Inexigibilidade dos créditos tributários constituídos, tendo em vista a existência de manifestação de inconformidade nos autos da exclusão do SIMPLES ainda pendente de julgamento. Aplicação do art. 151, inciso III, do CTN; b) Ilegalidade da exclusão do SIMPLES; c) Que o valor do crédito tributário cobrado é pouco menor do que o valor total das receitas auferidas pela recorrente em dois exercícios; d) Que a tributação tem evidente caráter confiscatório; Fl. 961DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/201155 Resolução nº 2302000.379 S2C3T2 Fl. 10 5 e) Que é inválido o lançamento realizado com base exclusivamente em movimentações financeiras; f) Que existem pagamentos de natureza indenizatória que não estão submetidas à incidência das contribuições previdenciárias; g) Que a multa possui caráter confiscatório; h) Que é ilegal a incidência de juros sobre multa. É o relatório. Fl. 962DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/201155 Resolução nº 2302000.379 S2C3T2 Fl. 11 6 Voto: Conselheira Juliana Campos de Carvalho Cruz O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade, devendo ser conhecido e examinado. Tratase de auto de infração lavrado em face do contribuinte para cobrarlhe o pagamento das contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social e Terceiros, no período de 01/01/2007 a 30/12/2008. De acordo com o Notificante (fls. 74), a empresa foi excluída do SIMPLES em 01/01/2007 e do SIMPLES NACIONAL em 01/07/2007, conforme processo Comprot nº 11634.720028/201198 (Atos Declaratórios nº s 24 e 25 de 08/04/2011), por ter superado o limite de faturamento exigido na legislação especial. Por causa disso, foram apuradas as contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações efetivamente pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais (prólabore) e crédito relativo a Terceiros, no regime normal de tributação, sendo exigido do contribuinte o pagamento mediante os DEBCAD’s nºs 37.289.4739, 37.289.4801, 37.289.4798 (CFL 78) e 37.289.4810 (CFL 69). Referidas exclusões constituem questões prejudiciais ao mérito recursal de modo que o contribuinte uma vez saindose vencedor no PAF nº 11634.720028/201198 (ainda em tramitação), o crédito ora questionado deixará de existir. Sendo assim, não havendo definitividade de decisões quanto àquelas controvérsias (exclusões) não vejo possibilidade de prosseguir com este julgamento. Isto posto, CONVERTO o julgamento em diligência para que os autos retornem à origem para aguardar as decisões definitivas, na esfera administrativa, sobre as exclusões e, somente após tal informação, retornem os autos a este Colegiado, devidamente instruídos com informações a respeito do desfecho do PAF nº 11634.720028/201198. Do resultado da diligência deve ser dado conhecimento à Recorrente e concedido prazo para manifestação. É como voto. Sala das Sessões, 10 de Março de 2015. Juliana Campos de Carvalho Cruz Relatora Fl. 963DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ
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