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5893677 #
Numero do processo: 10580.000100/98-93
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 1989, 1990, 1991 PRECLUSÃO. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS OPORTUNAMENTE. Consideram-se preclusas as matérias não questionadas na fase impugnatória, e que, consequentemente, não foram apreciadas na decisão de primeira instância. A falta de pré-questionamento no momento processual adequado implica em não conhecimento das matérias em segunda instância. Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3801-005.365
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da preclusão, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo.
Nome do relator: Flávio de Castro Pontes

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/98­93  Acórdão n.º 3801­005.365  S3­TE01  Fl. 11          2 Relatório  Adota­se  o  relatório  do  acórdão  303­35.711,  de  15  de  outubro  de  2008  da  então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes que sintetiza bem a conturbada  tramitação processual:  Adoto  integralmente  o  relatório  componente  do  julgamento  de  primeira instância, que transcrevo a seguir:  “Trata­se de pedido de restituição de valores recolhidos a maior  a  título da Contribuição para o Fundo de Investimento Social ­  FINSOCIAL  no  período  de  setembro  de  1989  a  setembro  de  1991.  Por bem sintetizar os fatos deste processo, transcrevo trecho do  Parecer nº 067/2005 ­ SEORT­PJ (fls. 444/450):  A solicitação  fundamenta­se na Ação Judicial nº 93.0008529­8,  através  da  qual  a  peticionária  questionou  a  majoração  das  alíquotas  do  FINSOCIAL  promovidas  pelo  artigo  7º  da  Lei  nº  7.787/89,  artigo  1º  da  Lei  nº  7.894/89  e  artigo  1º  da  Lei  nº  8.147/90  e  requereu  devolução/compensação  dos  valores  indevidamente pagos a maior.  No campo 05 do Pedido de Restituição de fl. 01, formalizado em  29/12/97,  a  postulante  requer  que  o  crédito  a  que  faz  jus  seja  destinado  à  compensação  de  débitos  parcelados  através  dos  processos  nº  10580.008024/96­39,  10580.008025/96­02  e  10580.003910/96­58.  Foram  juntados  ao  processo,  ainda,  os  Pedidos  de Compensação de  fls.  03,  117, 318, 346, 352 e 358,  nos  quais  a  empresa  solicita  a  compensação  do  saldo  credor  remanescente com outros débitos de sua responsabilidade.  Além  dos  documentos  já mencionados,  integram  o  processo  os  DARF’s  originais  dos  recolhimentos  efetuados  a  maior  (fls.  19/45),  cópias  dos  Registros  de  Apuração  de  ISS/ICMS  de  fls.  49/110,  comprobatórias  da  receita  bruta  mensal  auferida  nos  meses  de  setembro  de  1989  a  setembro  de  1991,  os  demonstrativos de apuração do crédito pleiteado (fls. 121 e 125)  assim como cópias de partes do processo judicial nº 93.0008529­ 8  (fls. 142/187) e do processo de execução nº 98.001900­5  (fls.  189/197).  Tendo em vista o  citado Parecer nº 067/2005  ­ SEORT­PJ  (fls.  444/450),  a  Delegacia  da  Receita  Federal  em  Salvador  reconheceu  o  direito  creditório  do  FINSOCIAL  calculado  no  demonstrativo de fls. 451/452 e homologou a compensação “dos  débitos consignados na coluna 8 do demonstrativo constante no  anexo  III,  que  integra  este  parecer,  observado  o  limite  do  crédito”.  Fl. 787DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/98­93  Acórdão n.º 3801­005.365  S3­TE01  Fl. 12          3 Desta  forma,  após  compensação  dos  valores  informados  nos  documentos de fls. 469/480, remanesceram os débitos da Cofins  elencados à fl. 482.  Cientificada  do  referido  parecer  em  31/03/2005  (Aviso  de  Recebimento  ­  AR  à  fl.  485),  a  interessada  apresenta  em  25/04/2005  a  Manifestação  de  Inconformidade  de  fls.  486/489  alegando, em síntese:  Na compensação efetuada pela DRF/Salvador, foi indevidamente  incluído o valor de R$ 50.623,41 relativo à Contribuição Social  sobre  o  Lucro  Líquido  do  exercício  de  1995,  vencida  em  29/03/1996,  inserida  à  fl.  314  dos  autos,  quantia  que  não  foi  objeto de pedido de compensação;  Conseqüentemente, uma vez que não ocorreu a suspensão da sua  exigibilidade, o crédito tributário deveria ter sido oportunamente  cobrado  pelo  Fisco,  tendo  fluído  o  prazo  prescricional  de  5  (cinco) anos a partir da data do seu vencimento, 29/03/1996.”  A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de  Salvador  ­BA,  ao  apreciar  as  razões  aduzidas  na manifestação  de inconformidade,  indeferiu o pleito do contribuinte, conforme  Decisão  DRPSDR  N.°  07.329  de  24  de  maio  de  2005,  fls.  504/507, assim ementada:  "Assunto: Outros Tributos ou Contribuições  Ano­calendário: 1989, 1990, 1991  Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO  O prazo prescricional se inicia a partir da constituição definitiva  do crédito tributário, não alcançando débito objeto de pedido de  compensação apresentado pela contribuinte e ainda pendente de  apreciação pela Secretaria da Receita Federal.  Solicitação indeferida”  Em 30 de maio de 2005, o Contribuinte, ainda não cientificado  da  decisão  de  1ª  instância,  protocolizou  aditamento  à  sua  Manifestação de Inconformidade, às  fls. 508/512, suscitando os  seguintes pontos:  ­  Que  em  decorrência  de  autorização  judicial,  liminar  confirmada  por  sentença,  passou  a  compensar,  a  partir  do  período  de  competência  maio  de  1993,  as  quantias  devidas  à  União  Federal  relativas  aos  tributos  e  contribuições  federais  administradas pela Secretaria da Receita Federal.  ­ Com o retorno dos autos do Tribunal Regional Federal da 1ª  Região, denegando parcialmente a segurança, por entender que  a compensação era de exclusiva responsabilidade da autoridade  administrativa, passou a DRJ em Salvador a coagir a empresa a  pagar os valores compensados ou requerer o parcelamento, sob  pena de ser autuada.  Fl. 788DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/98­93  Acórdão n.º 3801­005.365  S3­TE01  Fl. 13          4 ­  Para  evitar  uma  autuação,  tratou  a  empresa  de  requerer  o  parcelamento  de  todos  os­  valores  compensados  a  partir  de  1993,  cujos  processos  tomaram  os  seguintes  números:  10580.008.024/96  (IRPJ),  10580.008.025/96­00  (CSLL)  e  10580.003.910/96­58 (COFINS).  ­ De posse da decisão judicial transitada em julgado, deferindo a  restituição,  protocolizou  na  DRJ  de  Salvador  pedido  de  Restituição/Compensação — Processo  n.°  10580.  00100/98­93,  requerendo,  com  fulcro  na  Instrução  Normativa  n.°  32/97  a  Convalidação  dos  valores  compensados,  inclusive  a  CSLL  de  1995 e, conseqüente, extinção dos pedidos de parcelamento.  ­ Que ao levantar o Balanço de 1996, período base de 1995, foi  apurada  a  quantia  de  R$  41.951,62,  relativa  à  Contribuição  Social  sobre  o  Lucro  Líquido,  passando  a  compensá­la  com  o  mesmo crédito objeto da decisão judicial.  ­  Discordando  de  procedimentos  adotados  pela  empresa,  o  Fisco, em 17 de dezembro de 1996, lavrou o Auto de Infração de  n.°  10580.008172/96­26,  cobrando  toda  a  Contribuição  Social  sobre o Lucro Liquido do ano base de 1995.  ­  A  empresa,  através  da  petição  de  fls.  25/26  e  pedido  de  compensação fls. 27, requereu a CONVALIDAÇÃO dos valores  compensados  a  partir  de  1993,  inclusive  o  SALDO  REMANESCENTE da CSLL em 22/03/1999, levantado pelo Auto  de  Infração  n.°  10580.008172/96­26,  cujo  valor  original  está  registrado  nas  /Is.  315  e o  saldo  remanescente  em  22/03/1999,  no  valor  de  R$  50.623,41  nas  fls.  317  do  processo  n.°  10580.  000100/98­93.  ­  Como  o  seu  pedido  de  restituição,  só  veio  a  ser  julgado  em  março de 2005, os valores pedidos em CONVALIDAÇÃO foram  integralmente  liquidados,  parte  através  de  pedido  de  parcelamento  e  os  R$  50.623,41,  apurados  no  processo  n.'  10580.008172/96­26,  também  pedidos  em  CONVALIDAÇÃO,  foram pagos no próprio Auto de Infração, já arquivado.  ­ Requer, ao final, que seja DECLARADA NÃO COMPENSADA  e anulada a HOMOLOGAÇÃO da quantia de R$ 50.623,41, uma  vez que tal quantia foi levantada e liquidada no Auto de Infração  de n.° 10580.008172/96­26.  Às  fls.  581  dos  autos,  a  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento em Salvador­Ba, à titulo de esclarecimento, acresce  "Deixamos  de  analisar  os  documentos  de  fls.  508  a  580  em  virtude  de  terem  sido  apresentados  em  data  posterior  ao  julgamento do processo".  Ciente  da  decisão  de  1ª  Instância,  a  Contribuinte  interpôs  Recurso  Voluntário  (fls.  585/591),  reiterando  argumentos  e  fundamentos apresentados no Aditamento à sua Manifestação de  Inconformidade, requerendo:  Fl. 789DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/98­93  Acórdão n.º 3801­005.365  S3­TE01  Fl. 14          5 1 — Que seja DECLARADA NÃO COMPENSADA e anulada a  HOMOLOGAÇÃO,  da  quantia  de  R$50.623,41  (cinqüenta  mil,  seiscentos  e  vinte  e  três  reais  e  quarenta  e  um  centavos),  que  além de  ter  sido  levantada e  liquidada no Auto de  Infração n.°  10580.008172/96­26,  deveria  ter  sido  compensada,  se  devida  fosse,  como  R$  41.951,64  (quarenta  e  um  mil,  novecentos  e  cinquenta  e  um  reais  e  cinquenta  e  quatro  centavos),  ou  seja,  50.623,41 UFIRS;  2 — Que seja disponibilizado, como crédito, a favor da empresa,  a  preços  de  31/12/1995,  a  quantia  de  R$  50.623,41,  utilizado  pelo Fisco  para  pagamento,  pela  via  compensação, da  quantia  ora questionada, homologada indevidamente.  Instrui o Recurso Voluntário, dentre outros documentos,  inteiro  teor  do  Processo  de  n.°  10580.008172/96­26,  assim  como,  Declaração  de  Ajuste  ­  IRPJ  do  Exercício  de  1996,  ano­base  1995, Balanço Patrimonial  levantado em 31/12/1995, Cópia do  Pedido  de  Compensação  apresentado  em  17/03/1999,  Extratos  dos valores compensados (fls. 603/672).   A então 3ª Câmara 3º Conselho de Contribuintes, atual CARF, na Sessão de  15/10/2008,  declinou  da  competência,  conforme  Acórdão  nº  30335.711  (fls.  705/711),  cuja  ementa transcreve­se:  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  RECURSO.  COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO.  Competência Ratione Materiae. Compete ao Primeiro Conselho  de  Contribuintes  julgar  recursos  de  oficio  ou  voluntário  de  decisão  de  1ª  Instância  que  envolva  a  aplicação  da  legislação  referente  ao  imposto  sobre  a  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza, adicionais, empréstimos compulsórios a ele vinculados  e contribuições, inclusive, penalidade isolada.  RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO  Por seu turno, a 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento também  declinou da competência, acórdão 1802­000.144, de 06 de fevereiro de 2013, conforme ementa  transcrita abaixo:  DIREITO  CREDITÓRIO.  FINSOCIAL.  COMPENSAÇÃO  TRIBUTÁRIA.  MATÉRIA  NÃO  CONHECIDA.  FALTA  DE  COMPETÊNCIA REGIMENTAL.  Compete à Terceira Seção processar e julgar recursos de ofício  e voluntário de decisão de primeira instância que versem acerca  da  aplicação  da  legislação  atinente  à  Contribuição  para  o  Fundo de Investimento Social (Finsocial).  Em nova distribuição por sorteio em 24/07/2014, o processo foi encaminhado  a este Conselheiro para julgamento.  É o relatório.  Fl. 790DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/98­93  Acórdão n.º 3801­005.365  S3­TE01  Fl. 15          6 Voto             Conselheiro Flávio de Castro Pontes  O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto  dele toma­se conhecimento.  De imediato, concorda­se com os fundamentos do acórdão 1802­000.144, de  06 de fevereiro de 2013, da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, e reconhece­ se  a  competência  da  Terceira  Seção  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  para  julgar o processo. Como bem assentado, a competência é definida pela origem do crédito.  Não assiste razão à recorrente, conforme será demonstrado.   Em  que  pese  a  conturbada  tramitação  processual,  o  litígio  cinge­se  a  possibilidade  de  repetir  à  recorrente  a  quantia  de R$  50.623,41  (cinqüenta mil,  seiscentos  e  vinte e três reais e quarenta e um centavos), em razão de uma suposta extinção em duplicidade  do  débito,  uma  por  compensação  e  outra  por  meio  de  parcelamento,  segundo  elementos  comprobatórios acostados aos autos.   Quanto  à  alegação  de  duplicidade  de  extinção  do  crédito  tributário  e  consequente  direito  à  repetição,  é  importante  consignar  que  ela  não  pode  ser  apreciada,  sob  pena de supressão de instância, por constituir matéria nova não abrangida pelo litígio.   De  fato,  em  sua  manifestação  de  inconformidade,  a  recorrente  apenas  argumentou  que  o  valor  em  questão  foi  alcançado  pelo  instituto  da  prescrição,  não  argumentando acerca de uma suposta duplicidade.  Do exame da decisão recorrida, verifica­se que a tese de duplicidade não foi  enfrentada. A decisão de primeira instância apenas apreciou a tese da prescrição. Destarte, na  apreciação do recurso voluntário não se toma conhecimento das outras teses por falta de pré­ questionamento no momento oportuno.   Registre­se,  que  a  DRJ  expressamente  não  tomou  conhecimento  do  aditamento a sua Manifestação de Inconformidade em face de que esta petição foi apresentada  após o julgamento, às fls. 508/512, conforme despacho de fls. 581.  Como  visto,  a  recorrente  não  apresentou  suas  razões  na  manifestação  de  inconformidade em relação ao seu suposto direito à repetição, assim consideram­se preclusas  as  matérias  não  contestadas  na  fase  impugnatória,  e  que,  consequentemente,  não  foram  apreciadas  na  decisão  recorrida.  A  falta  de  pré­questionamento  no  momento  processual  adequado implica em não conhecimento da matéria na fase recursal.   Neste sentido dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.235/92, com a redação dada  pelo art. 67 da Lei nº 9.532/97, considerar­se­á não  impugnada a matéria que não  tenha sido  expressamente contestada, tornando­se preclusa.  Fl. 791DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.000100/98­93  Acórdão n.º 3801­005.365  S3­TE01  Fl. 16          7 Não  poderia  ser  diferente,  uma  vez  que  eventual  repetição  de  indébito  relativo a pagamentos (extinção do crédito tributário) em duplicidade tem que ser pleiteada em  processo  administrativo  fiscal  específico. Não  se  trata  de mero  erro  formal  como quer  fazer  crer  a  recorrente,  mas  de  inobservância  das  normas  legais  que  regem  a  restituição  e  compensação de tributos.   Em face do exposto, voto no sentido de não conhecer das razões do recurso  voluntário por preclusão.       (assinado digitalmente)  Flávio de Castro Pontes ­ Relator                                  Fl. 792DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES

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5842608 #
Numero do processo: 11080.727623/2012-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2802-000.161
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62-A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012. (assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández - Relator. EDITADO EM: 18/07/2013. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: Não se aplica

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalme nte em 23/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalmente em 26/07/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.727623/2012­49  Resolução nº  2802­000.161  S2­TE02  Fl. 186          2 Apreciada  a  Impugnação  de  fl.  2,  o  lançamento  foi  julgado  procedente  sob  o  seguinte fundamento:  À vista dos elementos acostados ao processo, em especial a “Certidão de Julgamento”  emitida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, à fl. 09, o “Requerimento” do  reclamante – fl. 10, apresentando os cálculos de liquidação – fls. 11 e 12, os reiterados  despacho do Juiz do Trabalho às fls. 13, 16 e 19, a “Certidão de Cálculos”, datada de  18.07.2008, à fl. 14, o “Relatório de Valores Pagos”, datado de 08.08.2008, à fl. 17, o  “Alvará”, também datado de 08.08.2008, editados pela referida Vara do Trabalho à fl.  18,  a  cópia  do Documento  de Arrecadação  de Receitas  Ferais  – DARF  e  a Guia  da  Previdência Social – GPS – fl. 15, a “Nota Fiscal de Serviço” à fl. 20, pode­se concluir  que  está  correto  o  procedimento  da  ação  fiscalizadora,  tendo  em  vista  que  foram  excluídas as parcelas não tributáveis/isentas “  Principal  –  não  tributável”  no  valor  de  R$  27.076,23  e  “Juros  sobre  principal  não  tributável” no valor de R$ 29.287,46, indicadas no doc. à fl. 17, resultando, portanto, o  rendimento  tributável  líquido no montante de R$ 320.945,33. Resta,  por conseguinte,  mantida  a omissão de  rendimentos  tributáveis  recebido de pessoa  jurídica,  decorrente  de  ação  trabalhista,  no  valor  de  R$  58.045,33  (  R$  320.945,33  –  R$  262.900,00)  oferecidos à tributação na DIRPF/2009), nos termos do art. 43 do RIR/99.  Nas razões recursais (fl. 73/78), argumenta a não incidência de IR sobre o valor  pago a título de honorários advocatícios, principal e juros moratórios sobre o valor principal.  Era o de essencial a ser relatado.  Passo a decidir.  Versam  os  presentes  autos  sobre  a  incidência  do  imposto  de  renda  de  pessoa  física exigido de rendimentos  recebidos acumuladamente decorrentes de decisão judicial, nos  termos do artigo 56 do RIR/99, conforme trecho da “descrição dos fatos e fundamento legal”  de fl. 6.  Por  se  tratar  de matéria  sob Repercussão Geral  no  STF  (Tema  368  ­  leading  case RE 614466), portanto, submetida ao rito a que se refere o artigo 543­B do CPC, proponho  o sobrestamento do feito, com fulcro no art. 62­A, §1º do Regimento Interno do CARF, c/c.o  artigo 1 da Portaria CARF n. 1/2012.  É o meu voto.   (assinado digitalmente)  German Alejandro San Martín Fernández.  Fl. 122DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalme nte em 23/07/2013 por GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Assinado digitalmente em 26/07/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO

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5880370 #
Numero do processo: 10907.720506/2011-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 21/02/2011 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto “NORYL GTX NX0013”, identificado como uma mistura de polímeros, contendo Poliamida­6,6 (46,6%) e Polióxido de Fenileno com o elemento modificador Estireno (52,81%), classifica­se no código NCM 3907.20.12.A subposição 3907.20.12 refere-se a Poli(óxido de fenileno), mesmo modificado com estireno ou estireno-acrilonitrila (3907.20.1), sem carga (3907.20.12). A nota 4 da posição expressamente aponta que as misturas de polímeros, classificam-se na posição que inclua os polímeros do motivo comonomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. O que predomina “em peso” é o Poli(óxido de fenileno) modificado com estireno. Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3301-002.618
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Fábia Regina Freitas, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/2011­40  Acórdão n.º 3301­002.618  S3­C3T1  Fl. 279          2 Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Rodrigo  da  Costa  Pôssas  (Presidente),  Fábia  Regina  Freitas,  Andrada Márcio  Canuto  Natal,  Mônica  Elisa  de  Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.  Fl. 279DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/2011­40  Acórdão n.º 3301­002.618  S3­C3T1  Fl. 280          3   Relatório  Trata o presente processo de Auto de Infração formalizado para exigência da  diferença  de  tributos,  acrescida  de  multa  de  ofício  e  juros  de  mora,  decorrente  da  reclassificação fiscal da mercadoria importada por meio da Declaração de Importação (DI) nº.  11/0324001­5,  registrada  em  21/02/2011,  perfazendo  o  valor  total  do  crédito  tributário  R$  28.964,94.   Conforme  descrição  constante  do Auto  de  Infração  a  fiscalização  entendeu  que foi importada a seguinte mercadoria: mistura contendo 46,60% em peso de Poliamida­6,6 e  52,81%  em  peso  de  Polióxido  de  Fenileno  contendo  o  elemento modificador  Estireno,  sem  carga,  na  forma de  grânulos  na  cor  preta,  classificável  na Tarifa Externa Comum  (TEC)  no  código 3907.20.90, conforme descrito no Relatório Fiscal, parte integrante do presente Auto de  Infração, sendo incidente a alíquota do imposto de importação de 14%.  A conclusão  foi embasada em dois Laudos Técnico Aduaneiros, o primeiro  apresentado  em  26/05/2011,  que  não  foi  conclusivo  quanto  às  percentagens,  em  peso,  dos  polímeros  que  compõem  o  produto,  e  um  Laudo  Técnico  Complementar,  apresentado  em  16/06/2011.   Embasando­se  nos  Laudos  Técnicos  citados,  a  fiscalização  reclassificou  o  produto importado para a NCM 3907.20.90, com alíquotas de 14% para o II e 5% para o IPI.   Em conseqüência, houve a  lavratura de Auto de  Infração para exigência da  diferença de tributos e também da multa por classificação incorreta, prevista pelo artigo 84, 2  inciso  I,  da  MP  2.158­35/2001  Ainda  segundo  o  fisco,  a  fatura  comercial  que  instruiu  o  despacho  de  importação  não  atendeu  aos  requisitos  previstos  pelo  inciso  III  do  art.  557  do  Regulamento  Aduaneiro  de  2009,  sendo  lançada  a  multa  prevista  no  art.  715  do  mesmo  normativo.   Foi lavrada Representação Fiscal para Fins Penais, formalizada pelo processo  administrativo n° 10907.720508/2011­39.   Cientificada do  lançamento  a  contribuinte apresentou  impugnação alegando  que  o  Laudo  Técnico  Aduaneiro  Complementar  constatou  que  o  produto  se  trata  de  Poliamida­6,6  composta  com  Polióxido  de  Fenileno  contendo  Estireno  como  elemento  modificador,  com  a  seguinte  composição  percentual  em  peso  (precisão  de  análise:  +/­  2%):  Poliamida­6,6  46,60%,  Polióxido  de  Fenileno  39,31%  e  Estireno  13,50%,  sendo,  portanto,  improcedente o lançamento.  A  DRJ  de  São  Paulo  julgou  improcedente  a  impugnação  com  base  na  seguinte ementa:  ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS   Data do fato gerador: 21/02/2011   CLASSIFICAÇÃO FISCAL.   Fl. 280DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/2011­40  Acórdão n.º 3301­002.618  S3­C3T1  Fl. 281          4 O  produto  “NORYL  GTX  NX0013”,  identificado  como  uma  mistura  de  polímeros,  contendo  Poliamida­6,6  (46,6%)  e  Polióxido  de  Fenileno  com  o  elemento  modificador  Estireno  (52,81%), classifica­se no código NCM 3907.20.90.   MULTA. CLASSIFICAÇÃO INCORRETA.   A  classificação  incorreta  de  mercadoria  é  penalizada  com  a  multa  de  1%  sobre  o  valor  aduaneiro,  prevista  no  artigo  84,  inciso I, da MP 2.158­ 35/2001.   ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL   Data do fato gerador: 21/02/2011   FATURA  COMERCIAL  EM  DESACORDO  COM  AS  EXIGÊNCIAS  REGULAMENTARES.  MATÉRIA  NÃO  IMPUGNADA.   Considera­se  não  impugnada  a  matéria  que  não  tenha  sido  expressamente contestada.   Apresente a Recorrente o presente Recurso Voluntário apontando os mesmos  elementos constantes da impugnação.  É o que importa relatar.  Fl. 281DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/2011­40  Acórdão n.º 3301­002.618  S3­C3T1  Fl. 282          5 Voto             Conselheiro Sidney Eduardo Stahl,  O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto  dele tomo conhecimento.  O  litígio  trazido  à  apreciação  trata  da  classificação  fiscal  do  produto  denominado  “NORYL  GTX  NX0013”,  descrito  na  DI  como  “POLIAMIDA  COM  POLI(ÓXIDO DE FENILENO)”,  classificado  pela  impugnante  no  código NCM 3907.20.12,  enquanto que o fisco entendeu que o correto seria o código 3907.20.90.   Fundada  nos  referidos  Laudos  Técnicos,  a  fiscalização  concluiu  que  o  produto se trata de mistura contendo 46,60% em peso de Poliamida­6,6 e 52,81% em peso de  Polióxido  de  Fenileno  contendo  o  elemento  modificador  Estireno  (39,31%  em  peso  de  Polióxido de Fenileno + 13,50% de Estireno), sem carga, na forma de grânulos na cor preta.   Tanto o fisco como a contribuinte estão de acordo quanto à identificação do  produto  procedida  por  meio  de  laudo  pericial,  restringindo­se  o  litígio  apenas  à  sua  classificação fiscal.   Assim,  compulsando  as  notas  e  notas  de  subposições  temos  as  seguintes  determinações (os destaques são nossos):  Notas  4.­  Consideram­se  “copolímeros”  todos  os  polímeros  em  que  nenhum motivo monomérico represente 95 % ou mais, em peso,  do teor total do polímero.    Ressalvadas  as  disposições  em  contrário,  na  acepção  do  presente  Capítulo,  os  copolímeros  (incluindo  os  copolicondensados, os produtos de copoliadição, os copolímeros  em  blocos  e  os  copolímeros  enxertados)  e  as  misturas  de  polímeros, classificam­se na posição que inclua os polímeros do  motivo  comonomérico que predomine,  em peso,  sobre qualquer  outro  motivo  comonomérico  simples.  Na  acepção  da  presente  Nota, os motivos comonoméricos constitutivos de polímeros que  se  classifiquem  numa mesma  posição  devem  ser  tomados  em  conjunto.  Se  não  predominar  nenhum  motivo  comonomérico  simples,  os  copolímeros ou misturas de polímeros classificam­se, conforme o  caso,  na  posição  situada  em  último  lugar  na  ordem  numérica,  dentre  as  suscetíveis  de  validamente  se  tomarem  em  consideração.  Notas de subposições  Fl. 282DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/2011­40  Acórdão n.º 3301­002.618  S3­C3T1  Fl. 283          6 1.­  No  âmbito  de  uma  posição  do  presente  Capítulo,  os  polímeros (incluindo os copolímeros) e os polímeros modificados  quimicamente  classificam­se  de  acordo  com  as  disposições  seguintes:  a)  Quando  existir  uma  subposição  denominada  “Outros”  ou  “Outras” na série de subposições em causa:  1º)  O  prefixo  “poli”  precedendo  o  nome  de  um  polímero  específico no texto de uma subposição (por exemplo, polietileno  ou  poliamida­6,6)  significa  que  o  ou  os motivos monoméricos  constitutivos  do  polímero  designado,  em  conjunto,  devem  contribuir  com  95  %  ou  mais,  em  peso,  do  teor  total  do  polímero.  2º) Os copolímeros referidos nas subposições 3901.30, 3903.20,  3903.30 e 3904.30 classificam­se nessas subposições, desde que  os  motivos  comonoméricos  dos  copolímeros  mencionados  contribuam  com  95 %  ou  mais,  em  peso,  do  teor  total  do  polímero.  3º)  Os  polímeros  modificados  quimicamente  classificam­se  na  subposição denominada “Outros” ou “Outras”, desde que esses  polímeros modificados  quimicamente  não  estejam  abrangidos  mais especificamente noutra subposição.  4º) Os  polímeros que  não  satisfaçam  as  condições  estipuladas  em 1º), 2º) ou 3º) acima, classificam­se na subposição, entre as  restantes  subposições  da  série,  que  inclua  os  polímeros  do  motivo  monomérico  que  predomine,  em  peso,  sobre  qualquer  outro motivo  comonomérico  simples.  Para  este  fim,  os motivos  monoméricos  constitutivos  de  polímeros  que  se  incluam  na  mesma  subposição devem ser  tomados  em conjunto. Apenas os  motivos  comonoméricos  constitutivos de polímeros da  série de  subposições em causa devem ser comparados;  Considerando a seguinte composição:  Composição   Percentual em peso   Poliamida 6,6   46,60%   Polióxido de Fenileno   39,31%   Estireno   13,50%   As  regras  determinam  que  os  motivos  monoméricos  constitutivos  do  polímero designado, em conjunto, devem contribuir com 95 % ou mais, em peso, do teor total  do polímero.  Aqui  temos  Polióxido  de  Fenileno  com  39,31%  e  Estireno  com  13,50%,  compreendendo 52,81% do total.  A DRJ entendeu que como no produto sob análise o polímero Polióxido de  Fenileno não contribui com 95% ou mais, em peso, do teor total do polímero (apenas 52,81%,  como já vimos), referido produto não pode se classificar no item 1 da subposição 20.  Fl. 283DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10907.720506/2011­40  Acórdão n.º 3301­002.618  S3­C3T1  Fl. 284          7 Entretanto a Regra Geral de interpretação n.º 3 determina que a posição mais  específica sempre deve prevalecer.  A  subposição  3907.20.12  refere­se  a  Poli(óxido  de  fenileno),  mesmo  modificado com estireno ou estireno­acrilonitrila (3907.20.1), sem carga (3907.20.12).  A  nota  de  subposição  3,  supra  transcrita,  determina  que  os  polímeros  modificados  quimicamente  classificam­se  na  subposição  denominada  “Outros”  ou  “Outras”,  desde  que  esses  polímeros  modificados  quimicamente  não  estejam  abrangidos  mais  especificamente noutra subposição.  A  nota  4  da  posição  expressamente  aponta  que  as  misturas  de  polímeros,  classificam­se  na  posição  que  inclua  os  polímeros  do  motivo  comonomérico  que  predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. Isso quer dizer que  dentro da mesma classe deve prevalecer o polímero prevalente.  Assim, é razoável a classificação adotada pela contribuinte.  O  que  predomina  “em  peso”  é  o  Poli(óxido  de  fenileno)  modificado  com  estireno, conforme apontado pelos laudos.  Nesse sentido voto em julgar procedente o presente recurso voluntário.  (assinado digitalmente)  Sidney Eduardo Stahl ­ Relator                                Fl. 284DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS

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Numero do processo: 10218.720086/2007-83
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2801-000.347
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin - Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Trata-se de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 69.970,94, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 36/44, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DA ÁREA INDÍGENA. Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto. DO VALOR DA TERRA NUA - VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.653-3 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 49), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 50/73, acompanhado dos documentos de fls. 74/84. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia - Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. - Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. - O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. - A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10. - A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. - O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que “Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior” (art. 924). - A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). - Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. - Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena - Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto". - Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). - O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). - O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). - Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). - Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. - O imóvel - LOTE 52 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 52 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801-000.311, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 94), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: - Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. - Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. - No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister. Voto
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA

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Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 36/44, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DA ÁREA INDÍGENA. Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto. DO VALOR DA TERRA NUA - VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.653-3 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 49), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 50/73, acompanhado dos documentos de fls. 74/84. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia - Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. - Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. - O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. - A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10. - A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. - O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que “Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior” (art. 924). - A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). - Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. - Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena - Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto". - Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). - O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). - O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). - Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). - Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. - O imóvel - LOTE 52 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 52 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801-000.311, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 94), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: - Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. - Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. - No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister. Voto

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/2007­83  Resolução nº  2801­000.347  S2­TE01  Fl. 115            2 estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua ­ VTN declarado. Por esta razão,  o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT  da RFB.  A  impugnação  apresentada  pelo  contribuinte  foi  julgada  improcedente  por  intermédio do acórdão de fls. 36/44, assim ementado:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ­ ITR   Exercício: 2003   DAS  ÁREAS  DE  RESERVA  LEGAL  E  DE  PRESERVAÇÃO  PERMANENTE.  Para serem excluídas do ITR, exige­se que essas áreas, informadas na  DITR/2003  e  glosadas  pela  autoridade  fiscal,  sejam  objeto  de  Ato  Declaratório Ambiental ­ ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao  IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal.  DA ÁREA INDÍGENA.  Para  fazer  jus  à  imunidade  tributária  constitucionalmente  prevista,  a  pretendida  área  de  preservação  permanente  deveria,  também,  estar  comprovadamente  localizada  em  área  indígena,  demarcada  e  formalizada  por Decreto Presidencial,  até  a  data  do  fato  gerador  do  imposto.  DO VALOR DA TERRA NUA ­ VTN.  Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade  fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com  ART,  em  consonância  com  a  NBR  14.653­3  da  ABNT,  que  atingisse  fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o  valor  fundiário do  imóvel à época do  fato gerador do  imposto e suas  peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado.  Cientificado  da  decisão  de  primeira  instância  em  28/03/2012  (fl.  49),  o  Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 50/73, acompanhado dos documentos de  fls. 74/84. Na peça recursal aduz, em síntese, que:  Inexigibilidade  de  Ato  Declaratório  Ambiental  e  inexistência  de  capacidade  contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de  80% na Amazônia   ­  Tanto  a  NL  quanto  o  acórdão  recorrido  lastrearam  o  lançamento  e  sua  manutenção  na  exigência  de  ADA  para  exclusão  das  áreas  de  reserva  legal  e  de  utilização  limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do  inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996.  ­  Por  outro  lado,  a  RFB  não  provou  que  a  declaração  do  Recorrente  não  é  verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar­lhe responsabilidade e refutar a sua declaração,  pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996.  ­ O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto  em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a  Fl. 115DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/2007­83  Resolução nº  2801­000.347  S2­TE01  Fl. 116            3 alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas  de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art.  10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as  quais  há  clara  exigência  de  ato  administrativo  reconhecendo  o  interesse  ecológico  e  a  imprestabilidade.  ­ A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de  esclarecer a  inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir­se da tributação  pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza  das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10.  ­ A  expressão  utilizada  na  Lei  (caso  fique  comprovado  que  a  sua  declaração  não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte.  ­  O  Regulamento  do  Imposto  de  Renda,  aprovado  pelo  Decreto  nº  3.000,  de  26/03/1999,  estabelece  que  “Cabe  à  autoridade  administrativa  a  prova  da  inveracidade  dos  fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior” (art. 924).  ­ A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a  não  tributação das áreas de preservação permanente e de utilização  limitada seria  espécie de  isenção,  "benefício  fiscal",  a  merecer  interpretação  literal,  quando,  em  verdade,  trata­se  de  hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo­ambiental de base legal, a  qual  impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis  rurais  incluídos na  Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos).  ­ Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação  estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade  econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos  princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito  confiscatório.   ­  Menciona  jurisprudência  do  STJ  sobre  a  inexigibilidade  do  ADA  e  cita  manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos.  Área indígena   ­ Os  julgadores  da  instância  de piso  incorreram  em equívoco  ao  entender que  área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por  meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto".  ­ Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86  e  FUNAI/BSB/115/89,  com  referência  à  área  indígena APYTEREWA,  por  despacho  do  Sr.  Presidente  da  FUNAI  (DESPACHO  nº  39,  06  de  dezembro  de  1991,  publicado  no  Diário  Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo  de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01).  ­ O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no  Diário  Oficial  de  29  de  maio  de  1992,  declarou  como  de  posse  permanente  indígena,  para  efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse  a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não  índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02).  Fl. 116DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/2007­83  Resolução nº  2801­000.347  S2­TE01  Fl. 117            4 ­ O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de  2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena  APYTEREWA  ficou  identificada  nos  termos  do  §  1º  do  art.  231  da Constituição  Federal  e  inciso  1  do  art.  17  da  Lei  6.001/1973,  como  sendo  tradicionalmente  ocupada  pelo  grupo  APYTEREWA,  declarou  como  de  posse  permanente  a  área  indígena  APYTEREWA,  com  superfície  de  aproximadamente  773.000  ha  (anexo  03). A Portaria  2581,  21  de  setembro  de  2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04).  ­ Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a  demarcação administrativa promovida pela FUNAI da  terra destinada à posse permanente do  grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05).  ­  Não  restam  dúvidas  de  que  a  área  em  apreço  estava,  à  época,  ocupada  por  indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse.  ­ O imóvel ­ LOTE 52 ­ está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito  no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo  nº 04) e a planta do LOTE 52 (anexo 06).  Pedidos   Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade  do  ITR,  como  também  a  anulação  da  cobrança  consubstanciada  na  notificação  constante  do  presente processo.  Por meio da Resolução nº 2801­000.311, desta 1ª Turma Especial, o julgamento  foi  convertido  em diligência  a  fim de que o Recorrente  comprovasse,  exclusivamente  com a  apresentação de documento  fornecido pelo órgão  regional da FUNAI no Estado do Pará, em  papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos  limites  da  terra  indígena  demarcada  (Terra  Indígena  APYTEREWA),  devendo  constar  do  documento a identificação do proprietário e a área do imóvel.  Após ser intimado (fl. 94), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos  autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que:  ­ Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará.  ­  Que  as  emissões  dos  documentos  denominados  Atestado  Administrativo  e  Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular  em  relação  a  terras  indígenas,  serão  processadas  de  acordo  com  as  normas  estabelecidas  na  Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012.  ­  No  sentido  de  comprovar  que  o  imóvel  objeto  de  tributação  encontra­se  localizado  na  área  indígena APYTEREWA,  anexa memorial  descritivo,  cálculo  analítico  de  área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico,  elaborados pela empresa Norte Engenharia.  Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra­se situado  na  área  indígena APYTEREWA os  documentos  elaborados  pela  empresa Norte Engenharia.  Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas  Fl. 117DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/2007­83  Resolução nº  2801­000.347  S2­TE01  Fl. 118            5 estabelecidas  na  IN FUNAI  nº  3/2012,  porquanto  o  prazo  de  15  dias  é  insuficiente  para  tal  mister.  Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator  Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade.  Registro,  inicialmente,  que  os  documentos  juntados  pelo  Interessado  não  atendem ao objeto da diligência fiscal requerida por esta Turma de Julgamento, haja vista que a  determinação era para que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de  documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da  Fundação,  que  a  área  total  do  imóvel  objeto  de  tributação  está  inserida  nos  limites  da  terra  indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA).   Nada obstante, a Instrução Normativa FUNAI nº 3/2012, juntada aos autos pelo  Recorrente, revela a existência de um procedimento para emissão de documentos referentes à  localização  de  imóvel  rural  particular  em  relação  a  terras  indígenas,  cujas  regras,  aparentemente,  não  são  possíveis  de  atendimento  no  prazo  de  15  dias,  motivo  pelo  qual  o  Interessado pleiteia a concessão de um novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas  estabelecidas na referida instrução normativa.   A  IN FUNAI  nº  3/2012 disciplina  a  emissão  de  dois  documentos:  o Atestado  Administrativo e a Declaração de Reconhecimento de Limites.  O § 1º do art. 1º estabelece que “O Atestado Administrativo se destina a atestar  a situação geográfica de imóveis de terceiros em relação às terras indígenas regularizadas ou  em  processo  de  demarcação”  e  o  §  2º  do  mesmo  artigo  preceitua  que  “A  Declaração  de  Reconhecimento de Limites se destina a fornecer, aos proprietários de imóveis rurais, a mera  certificação de que foram respeitados os limites com os imóveis confinantes de propriedade da  União e de posse permanente destinados a indígenas”.  A  leitura  dos  dispositivos  transcritos  evidencia  que  o  documento  que  aqui  interessa é o “Atestado Administrativo”, porquanto se destina a confirmar a situação geográfica  de imóveis particulares em relação a terras indígenas.  Ocorre  que o  art.  6º,  item  II.4,  da  IN FUNAI nº  3/2012 prevê que  “Não  será  emitido Atestado Administrativo para imóveis incidentes em Terra indígena homologada (com  os limites da demarcação homologados por decreto da Presidência da República)”.  Ora, se o “Atestado Administrativo” não é emitido para imóveis incidentes em  terra indígena homologada e se o imóvel objeto de tributação supostamente está localizado nos  limites de terra indígena APYTEREWA, homologada por decreto do Presidente da República  em 19/04/2007, por óbvio que a concessão do prazo de 45 dias para que o Recorrente obtenha  o “Atestado” será, em tese, infrutífera, em face da vedação normativa acima mencionada.  Observo,  contudo,  que  não  é  crível  supor  que  uma  entidade  da  administração  pública se negue a fornecer, a qualquer administrado, documento para a defesa de seus direitos,  seja qual for o nome atribuído ao documento (Atestado, Certidão, Declaração, dentre outros).  Fl. 118DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720086/2007­83  Resolução nº  2801­000.347  S2­TE01  Fl. 119            6 Mas  ainda  que  isto  aconteça,  o  ordenamento  jurídico  coloca  à  disposição  do  administrado  multiplicidade  de  instrumentos  para  que  o  seu  pleito  seja  atendido  liminarmente,  sendo  desnecessária,  aqui,  a  menção  a  qualquer  deles,  uma  vez  que  a  defesa  do  contribuinte  foi  elabora por profissional do direito, que, com certeza, saberá manejar o instrumento adequado  para fazer valer o direito do Interessado.   Anoto, ainda, por oportuno, que a afirmação do Recorrente de que não existe,  atualmente,  órgão  regional  da  FUNAI  no  Estado  do  Pará  se  mostra  em  desalinho  com  as  informações  disponibilizadas  no  sítio  eletrônico  da  referida  Fundação,  o  qual  aponta  a  existência de quatro coordenações regionais no Estado, quais sejam: Tapajós, Centro Leste do  Pará, Baixo Tocantins e Kayapó Sul do Pará.  Nesse contexto, entendo ser razoável a concessão do prazo de 45 dias solicitado  pelo Interessado para apresentação de documento expedido pela FUNAI atestando que a área  do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena APYTEREWA.  Saliento, entretanto, que o documento não precisa, necessariamente, ser emitido  pela FUNAI de Brasília, podendo sê­lo por uma das coordenações regionais no Estado do Pará,  mas  deste  que  em  papel  timbrado  da  Fundação,  atestando  que  o  Lote  52  da  Fazenda  Tucumanzeira, situado às margens do Rio Pacajá (e não do Rio Bacajá) está localizado na terra  indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA).   Por todo o exposto, proponho a conversão do presente julgamento em diligência  a fim de que a DRF de origem intime o Interessado a comprovar, no prazo de 45 dias, que o  Lote 52 da Fazenda Tucumanzeira, situado às margens do Rio Pacajá, está localizado na terra  indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), mediante a apresentação de documento  fornecido pela FUNAI, em papel timbrado da Fundação, seja pelo órgão central (Brasília), seja  pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará.  Após,  os  autos  deverão  retornar  a  este  Conselho  para  a  conclusão  do  julgamento.  Assinado digitalmente  Marcelo Vasconcelos de Almeida  Fl. 119DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN

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Numero do processo: 10882.723531/2012-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009 NULIDADE. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. RECEBIMENTO. Na hipótese de notificação por via postal, é bastante a prova de seu recebimento no domicílio tributário eleito pela pessoa jurídica, não se exigindo que o recebedor seja representante legal, sócio ou empregado da empresa. MULTA DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA PARA EXIGIR. O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade administrativa detentora da atribuição de constituir o crédito tributário mediante lançamento, nele incluída a multa de ofício. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. REPASSE DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. A Lei Complementar nº 105, de 2001, prevê expressamente que o repasse, pelas instituições financeiras, de informações solicitadas com suporte em seu art. 6º, não configura violação ao dever de sigilo. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE. Demonstrada a prática de atos com infração de lei, é cabível a imputação de responsabilidade solidária aos sócios administradores da pessoa jurídica. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. RECEITA DE SERVIÇOS PRESTADOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITAS. Configura omissão de receita a falta de escrituração dos valores recebidos em face da prestação de serviços. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. ARBITRAMENTO DO LUCRO. O lucro será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de optante pelo regime de lucro presumido. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Estende-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da estreita relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1302-001.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior – Presidente (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alberto Pinto Souza Júnior, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO

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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009 NULIDADE. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. RECEBIMENTO. Na hipótese de notificação por via postal, é bastante a prova de seu recebimento no domicílio tributário eleito pela pessoa jurídica, não se exigindo que o recebedor seja representante legal, sócio ou empregado da empresa. MULTA DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA PARA EXIGIR. O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade administrativa detentora da atribuição de constituir o crédito tributário mediante lançamento, nele incluída a multa de ofício. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. REPASSE DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. A Lei Complementar nº 105, de 2001, prevê expressamente que o repasse, pelas instituições financeiras, de informações solicitadas com suporte em seu art. 6º, não configura violação ao dever de sigilo. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE. Demonstrada a prática de atos com infração de lei, é cabível a imputação de responsabilidade solidária aos sócios administradores da pessoa jurídica. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. RECEITA DE SERVIÇOS PRESTADOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITAS. Configura omissão de receita a falta de escrituração dos valores recebidos em face da prestação de serviços. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. ARBITRAMENTO DO LUCRO. O lucro será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de optante pelo regime de lucro presumido. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Estende-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da estreita relação de causa e efeito que os vincula.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.750          2 QUEBRA  DE  SIGILO  BANCÁRIO.  REPASSE  DE  INFORMAÇÕES  SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA.  A Lei Complementar  nº  105,  de  2001,  prevê  expressamente  que o  repasse,  pelas instituições financeiras, de informações solicitadas com suporte em seu  art. 6º, não configura violação ao dever de sigilo.  CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE.  Demonstrada a prática de atos com infração de lei, é cabível a imputação de  responsabilidade solidária aos sócios administradores da pessoa jurídica.  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  IRPJ  OMISSÃO  DE  RECEITA.  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS.  ORIGEM.  COMPROVAÇÃO.  Caracterizam­se como omissão de receita os valores creditados em conta de  depósito  ou  de  investimento mantida  em  instituição  financeira,  em  relação  aos  quais  o  titular,  pessoa  física  ou  jurídica,  regularmente  intimado,  não  comprove,  mediante  documentação  hábil  e  idônea,  a  origem  dos  recursos  utilizados nessas operações.  RECEITA DE SERVIÇOS PRESTADOS.  FALTA DE ESCRITURAÇÃO.  OMISSÃO DE RECEITAS.  Configura omissão de receita a falta de escrituração dos valores recebidos em  face da prestação de serviços.  FALTA  DE  APRESENTAÇÃO  DE  LIVROS  E  DOCUMENTOS.  ARBITRAMENTO DO LUCRO.  O  lucro  será  arbitrado  quando  o  contribuinte  deixar  de  apresentar  à  autoridade  tributária  os  livros  e  documentos  da  escrituração  comercial  e  fiscal,  ou  o  livro  Caixa,  na  hipótese  de  optante  pelo  regime  de  lucro  presumido.  TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS.  Estende­se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada  no lançamento matriz, em razão da estreita  relação de causa e efeito que os  vincula.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar  provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.    (documento assinado digitalmente)  Alberto Pinto Souza Junior – Presidente    Fl. 1750DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.751          3 (documento assinado digitalmente)  Hélio Eduardo de Paiva Araújo – Relator  Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros  Alberto  Pinto  Souza  Júnior, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes  da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo.  Fl. 1751DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.752          4 Relatório  LIMPOOL SERVIÇOS AUXILIARES LTDA. ­ ME, já qualificada nestes  autos, inconformada com o Acórdão nº 11­42.433, de 30/09/2013, da 1 Turma da Delegacia da  Receita Federal de Julgamento em Recife (PE), DRJ/REC, recorre a este Colegiado, a fim de  reformar o referido julgado.   Por bem descrever o ocorrido, valho­me do  relatório  elaborado por ocasião  do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito.  Contra a contribuinte acima qualificada foi lavrado o auto de infração de fls.  959/979, através do qual foi constituído o crédito tributário referente ao Imposto de  Renda Pessoa Jurídica – IRPJ no valor de R$ 4.017.848,49, incluídos juros de mora  e multa proporcional de 150%.  2. De  acordo com o  auto de  infração  e  com o Termo de Verificação Fiscal  (fls.  1.021/1.032),  o  lançamento,  que  se  reporta  aos  anos­calendário  2008  e  2009,  decorreu  da  omissão  de  receitas  em  face  de  i)  depósitos  bancários  de  origem  não  comprovada e ii) não escrituração e não declaração de receitas de serviços prestados.  O lucro foi arbitrado ante a não apresentação dos livros contábeis e fiscais.  3.  Em  conseqüência  da  omissão  de  receitas,  foram  lavrados  os  autos  de  infração reflexos concernentes à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL  (fls. 980/1.001), no valor de R$ 1.086.927,95, à Contribuição para o Financiamento  da  Seguridade  Social  ­  Cofins  (fls.  1.002/1.010),  no  valor  de  R$  658.856,45,  e  à  Contribuição para o Programa de Integração Social ­ PIS (fls. 1.011/1.019), no valor  de R$ 133.841,89. O crédito tributário total importa em R$ 5.897.474,76, conforme  demonstrativo consolidado de fl. 2.  4.  Foi  efetuada  Representação  Fiscal  para  Fins  Penais,  constituindo  o  Processo nº 10882.724088/2012/76.  5. Lavraram­se Termos de Sujeição Passiva Solidária para inclusão, no pólo  passivo  da  obrigação,  de  Francisco  Ferreira  da  Silva Neto  e  Rafael  Rodrigues  de  Souza Neto, sócios administradores da empresa (fls. 1.044/1.047 e 1.048/1.051).  6.  O  enquadramento  legal  das  infrações,  bem  assim  os  demonstrativos  de  apuração, encontram­se estampados nos autos de infração e em seus anexos.  7. A contribuinte pessoa jurídica e o  sócio Francisco Ferreira da Silva Neto  apresentaram  impugnações  em  conjunto  (fls.  1138/1164,  1277/1303,  1415/1441  e  1554/1580), alegando, em síntese:  a) falta de intimação pessoal do representante legal da empresa, pois os autos  de infração teriam sido entregues a funcionário sem poderes societários;  b)  ausência,  nos  autos  de  infração,  de  numeração  e  da  qualificação  dos  autuados, pelo que seriam nulos os lançamentos;  c) incompetência do auditor­fiscal para impor penalidades;   Fl. 1752DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.753          5 d) que a quebra de sigilo bancário só pode ser decretada por ordem judicial e  que os dispositivos do Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, não têm respaldo  constitucional;  e) que os depósitos em conta corrente não podem ser considerados receita da  empresa;  f)  que  não  houve  diferenças  relativas  a  notas  fiscais  e  que,  assim,  o  arbitramento do lucro teria sido incorreto;  g) que são ilegais e inconstitucionais as exigências da multa e dos juros pela  taxa Selic;  h)  que  não  há  que  se  falar  em  responsabilidade  dos  sócios,  porque  não  existiriam  obrigações  tributárias  resultantes  de  atos  praticados  com  excesso  de  poderes ou infração a lei ou contrato social.  8. Ao final, requereu o julgamento simultâneo da contenda relativa aos quatro  autos de infração, bem assim a procedência de sua impugnação.  Devidamente cientificada em 12/09/2013, foi interposto recurso voluntário de  fls. 1.718/1.740, em 09/10/2013, onde são repisados os mesmos argumentos apresentados em  sede de manifestação de inconformidade.  É o relatório.  Fl. 1753DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.754          6 Voto             Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo  O  recurso  é  tempestivo  e  encontra­se  revestido  das  demais  formalidades  legais, devendo o mesmo ser conhecido.  DA NULIDADE  Suscitou  a  recorrente  a nulidade dos  autos de  infração. Contudo, do  exame  dos autos evidencia que não se caracterizou nenhuma das situações ensejadores da decretação  de  nulidade  do  lançamento,  inexistindo  dúvidas  quanto  à  competência  da  autoridade  que  o  lançou, nem havendo que  se  falar  em preterição  do direito de defesa  em  se  tratando de  atos  administrativos  de  lançamento.  Estes  são  impugnáveis  na  forma  da  legislação  em  vigor,  garantindo­se, assim, a observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla  defesa.  Também não se constata nenhum vício de forma no lançamento,  tendo sido  observadas  as prescrições contidas no Decreto n° 70.235, de 1972, estando demonstrados no  processo  a  fundamentação  legal,  a  matéria  tributável,  os  valores  apurados  e  os  fatos  motivadores da autuação, permitindo à impugnante conhecer todos os elementos componentes  da ação fiscal e, assim, propiciando­lhe todos os meios para livre e plenamente manifestar suas  razões de defesa.  Não  procede  a  alegação  de  que  os  autos  de  infração  deveriam  necessariamente ser entregues a representante legal da empresa. No presente caso, a intimação  se deu por via postal, nos termos do art. 23, II, do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação  dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, sendo bastante, na hipótese, a  prova de seu recebimento no domicílio tributário eleito pela pessoa jurídica.  A matéria já se acha sumulada por este Colegiado:  Súmula CARF nº 9: É válida a  ciência da notificação por  via  postal  realizada  no  domicílio  fiscal  eleito  pelo  contribuinte,  confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência,  ainda que este não seja o representante legal do destinatário.  Quanto  à  numeração  dos  autos  de  infração,  ressalte­se  que  tal  providência  não é requisito obrigatório para sua validade, em conformidade com o estabelecido no art. 10  do Decreto nº 70.235, de 1972.  Também  queda  sem  fundamento  a  argüição  acerca  da  competência  do  auditor­fiscal pata aplicar penalidade.  A  Lei  nº  5.172,  de  25  de  outubro  de  1966  –  Código  Tributário  Nacional  (CTN),  em  seu  art.  142,  prevê  que  a  autoridade  administrativa  é  competente  para  efetuar  a  constituição  do  crédito  tributário.  Consoante  o  art.  6º,  I,  “a”,  da  Lei  nº  10.593,  de  6  de  dezembro de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, o Auditor­ Fl. 1754DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.755          7 Fiscal da Receita Federal do Brasil é detentor da atribuição de, no exercício da competência da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil,  e  em  caráter  privativo,  constituir,  mediante  lançamento, o crédito tributário e de contribuições, o que inclui a penalidade cabível, que, no  caso, é a multa de ofício.  DO MÉRITO  DA  FALTA  DE  COMPROVAÇÃO  DA  ORIGEM  DE  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS  Consoante  relato  fiscal,  o  sujeito  passivo  foi  intimado  e  re­intimado  a  apresentar os extratos bancários da empresa relativos aos anos 2008 e 2009. Em face do não  atendimento  das  intimações,  emitiu­se  requisição  de  informações  ao  Banco  Bradesco,  consoante previsto na legislação regente.  A partir das informações fornecidas pela instituição financeira, a fiscalização  elaborou  descrição  de  créditos/depósitos  de  forma  individualizada,  ao  que  intimou  o  sujeito  passivo a comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta corrente. Ante a omissão da  intimada, efetuou­se o lançamento com lastro no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de  1996, que prescreve:  Art.  42.  Caracterizam­se  também  omissão  de  receita  ou  de  rendimento  os  valores  creditados  em  conta  de  depósito  ou  de  investimento mantida  junto a  instituição  financeira,  em  relação  aos  quais  o  titular,  pessoa  física  ou  jurídica,  regularmente  intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea,  a origem dos recursos utilizados nessas operações.  §  1º  O  valor  das  receitas  ou  dos  rendimentos  omitido  será  considerado  auferido  ou  recebido  no  mês  do  crédito  efetuado  pela instituição financeira.  § 2º Os  valores cuja origem houver  sido  comprovada, que não  houverem  sido  computados  na  base  de  cálculo  dos  impostos  e  contribuições  a  que  estiverem  sujeitos,  submeter­se­ão  às  normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente  à época em que auferidos ou recebidos.  § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos  serão analisados individualizadamente, observado que não serão  considerados:  (...)  Alega a defesa que a quebra de sigilo bancário só poderia ser decretada por  ordem judicial e que seria inconstitucional o Decreto nº 3.724, de 2001.  Cumpre,  desde  logo,  deixar  assente  que  não  compete  à  autoridade  administrativa  o  exame  de  argüições  quanto  à  legalidade  e  constitucionalidade  de  normas  insertas  no  ordenamento  jurídico,  competência  esta  atribuída  em  caráter  privativo  ao  Poder  Judiciário. À autoridade administrativa tributária cumpre observar a norma nos termos em que  editada, em conformidade com o que estatui o art. 142 do CTN.  A questão também está pacificada no âmbito do CARF:  Fl. 1755DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.756          8 Súmula  CARF  nº  2:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.  Em conformidade com o que estatui o art. 6º da Lei Complementar nº 105, de  10  de  janeiro  de  2001,  regulamentada  pelo  Decreto  nº  3.724,  de  10  de  janeiro  de  2001,  a  Receita Federal  está  autorizada  a  requisitar  informações  às  instituições  financeiras  acerca  da  movimentação bancária dos contribuintes, independentemente de consentimento judicial, desde  que, como no caso em tela, haja procedimento fiscal em curso e os exames sejam considerados  indispensáveis.  Nos termos dos citados diplomas, tal procedimento não configura quebra de  sigilo bancário, consoante disposição expressa nesse sentido.  Sustenta  ainda  a  recorrente  que  os  depósitos  bancários  não  podem  ser  considerados  receita,  aduzindo  que  em  diversas  ocasiões  efetuou  saques  cujos  valores  posteriormente retornaram à conta corrente.  Não lhe assiste razão. O art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, estabelece que os  valores  de  depósitos  bancários  cuja  origem  o  contribuinte  não  comprovar  mediante  documentação  hábil  e  idônea,  após  ser  regularmente  intimado,  são  considerados  valores  de  receitas omitidas. Trata­se de uma presunção  legal de omissão de  rendimentos,  do  tipo  juris  tantum  (relativa),  que  decorre  unicamente  da  falta  de  comprovação  da  origem  dos  recursos  depositados.  Quanto aos alegados depósitos de valores anteriormente sacados, não trouxe  a  impugnante  prova  alguma  a  alicerçar  a  afirmação.  Recorde­se  que  durante  a  fase  de  fiscalização a contribuinte, embora intimada e re­intimada, não apresentou nenhum documento  a atender a exigência legal. A ausência de provas da origem dos depósitos permanece agora na  fase litigiosa, sendo portanto procedente o lançamento a este título.  DA OMISSÃO DE RECEITAS DE SERVIÇOS PRESTADOS  A fiscalização confrontou notas fiscais apresentadas pela autuada com notas  fiscais  de  mesma  numeração  fornecidas  por  seus  clientes,  tendo  constatado  que  as  da  fiscalizada possuíam valores inferiores (cerca de um terço) àquelas em posse dos clientes. De  ressaltar  que  a  contribuinte  apresentou  à  fiscalização  uma  relação  de  notas  fiscais  e  de  faturamento  mensal  cujos  valores  são  coincidentes  com  as  notas  fiscais  apresentadas  pelos  clientes.  O lançamento teve por base os valores dos serviços declarados pelos clientes  em DIRFs e confirmados através das notas fiscais obtidas em diligência.  Em sua recurso voluntário, limita­se a recorrente a alegar que:  “como se pode verificar, não há que se falar em diferenças relativas às notas  fiscais apresentadas, sendo inexistentes as diferenças apontadas o que torna incorreto  o lucro arbitrado e consequentemente o tributo apurado”.  Salvo  a  mera  retórica  acima  transcrita,  o  recurso  não  traz  nenhuma  contestação específica quanto ao ilícito em questão. A expressão “como se pode verificar”, que  inicia  o  único  parágrafo  dedicado  a  esta  infração,  sugere  que  a  defesa  havia  se  ocupado  anteriormente da omissão de receita que ora se debate. Todavia, não houve nenhum argumento  Fl. 1756DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.757          9 consistente de defesa, muito menos prova, a contrariar o libelo fiscal nesse particular, tendo a  recorrente  se  dedicado  apenas,  quanto  ao mérito,  a  discutir  a  omissão  relativa  aos  depósitos  bancários.  DO ARBITRAMENTO DO LUCRO  Nos  termos  do  art.  530,  III,  do  Regulamento  do  Imposto  de  Renda/99  (RIR/99),  aprovado pelo Decreto  nº  3.000,  de  26  de março  de  1999,  a  contribuinte  teve  seu  lucro  arbitrado por não  apresentar à  fiscalização os  livros  e documentos de  sua  escrituração.  Nesse  particular não  houve,  a  exemplo  do  item  anterior,  contestação  específica  por parte  da  recorrente, que se limitou a alegar ser “incorreto o lucro arbitrado”.  DOS JUROS DE MORA E DA MULTA DE OFÍCIO  As exigências da multa de ofício no percentual de 150% e dos juros de mora  equivalentes  à  taxa  SELIC  têm  amparo  legal  nos  dispositivos  estampados  nos  autos  de  infração.  Considerando  que  as  argüições  da  recorrente  são  apenas  no  sentido  de  discutir  a  legalidade e/ou inconstitucionalidade desses acréscimos, cumpre renovar o que se assentou em  itens anteriores acerca do caráter vinculado e obrigatório da atividade de lançamento.  DOS TERMOS DE RESPONSABILIDADE  Os sócios­gerentes  foram  incluídos no pólo passivo com fulcro no art. 135,  III, do CTN, que dispõe:  Art.  135.  São  pessoalmente  responsáveis  pelos  créditos  correspondentes  a  obrigações  tributárias  resultantes  de  atos  praticados com excesso de poderes ou  infração de  lei,  contrato  social ou estatutos:  (...)  III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas  de direito privado.  Conforme  consta  nos  autos,  o  sujeito  passivo  apresentou  DIPJs  zeradas  relativas aos anos­calendário 2008 e 2009, não obstante haver auferido receita de prestação de  serviços no valor de R$ 12.847.259,42, além da existência de depósitos bancários de origem  não comprovada no valor de R$ 16.238.602,59. Acresce que a  contribuinte apresentou notas  fiscais  à  fiscalização  cujos  valores  eram  75%  inferiores  aos  das  notas  fiscais  de  mesma  numeração em poder dos seus clientes.  Tais  fatos,  caracterizadores da  conduta dolosa prevista nos  arts.  71  e 72 da  Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, justificaram a exasperação da multa no percentual de  150%,  como  também  justificam  a  responsabilização  dos  administradores  da  pessoa  jurídica,  dado que presentes as circunstâncias previstas no art. 135 do CTN.  Por  pertinentes  ao  tema,  vale  transcrever  os  seguintes  fragmentos  da  Nota  Conjunta PGFN/RFB GT Responsabilidade Tributária nº 1, de 17 de dezembro de 2010:  (...)  VII – Art. 135 do CTN (…)  Fl. 1757DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO Processo nº 10882.723531/2012­91  Acórdão n.º 1302­001.657  S1­C3T2  Fl. 1.758          10 52. Quanto à natureza dessa responsabilidade, (…) não há dúvida tratar­se de  responsabilidade solidária.  (...)  55.  Em  relação  ao  excesso  de  poder,  infração  à  lei,  ao  contrato  social  ou  estatuto, é oportuno destacar:  (...)  c)  Infração  à  lei  –  não  precisa  ser  uma  lei  tributária,  porém  deve  ter  conseqüências tributárias.  56. Observa­se que, se há multa qualificada, há responsabilidade pelo art. 135  do CTN, trazendo à responsabilidade os sócios do tempo do fato gerador. (g.n.)  Por  conseguinte,  deve ser mantida  a  responsabilização dos  sócios na  forma  dos autos.  DOS LANÇAMENTOS REFLEXOS ­ PIS, COFINS E CSLL  Em  face  da  estreita  relação  de  causa  e  efeito  existente  entre  os  autos  de  infração matriz e reflexos, o entendimento adotado com referência ao Imposto de Renda Pessoa  Jurídica se estende aos lançamentos decorrentes.  CONCLUSÃO  De tudo que foi exposto, voto por rejeitar as preliminares de nulidade do auto  de infração e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário.  Sala de Sessões, 03 de março de 2015.    (documento assinado digitalmente)  Hélio Eduardo de Paiva Araújo – Relator                            Fl. 1758DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HELIO EDUARDO DE P AIVA ARAUJO

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Numero do processo: 19515.004322/2003-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Apr 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1998 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR N.105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430/1996. Por disposição legal, caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta bancária mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos relativos a essas operações, de forma individualizada. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26). JUROS - TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-002.885
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que acolhem a preliminar. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ. QUANTO AO MÉRITO: Pelo voto de qualidade, negar provimento. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ. (ASSINADO DIGITALMENTE) ANTONIO LOPO MARTINEZ – Presidente e Redator designado. (ASSINADO DIGITALMENTE) FABIO BRUN GOLDSCHMIDT - Relator. . EDITADO EM: 10/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTÔNIO LOPO MARTINEZ (Presidente), MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), RAFAEL PANDOLFO, PEDRO ANAN JÚNIOR, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA, FÁBIO BRUN GOLDSCHMIDT.
Nome do relator: Fabio Brun Goldschmidt

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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1998 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR N.105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430/1996. Por disposição legal, caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta bancária mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos relativos a essas operações, de forma individualizada. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26). JUROS - TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Recurso negado.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que acolhem a preliminar. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ. QUANTO AO MÉRITO: Pelo voto de qualidade, negar provimento. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO MARTINEZ. (ASSINADO DIGITALMENTE) ANTONIO LOPO MARTINEZ – Presidente e Redator designado. (ASSINADO DIGITALMENTE) FABIO BRUN GOLDSCHMIDT - Relator. . EDITADO EM: 10/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTÔNIO LOPO MARTINEZ (Presidente), MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), RAFAEL PANDOLFO, PEDRO ANAN JÚNIOR, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA, FÁBIO BRUN GOLDSCHMIDT.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     2 JUROS ­ TAXA SELIC   A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos  tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema  Especial  de  Liquidação e Custódia ­ SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).  Recurso negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  QUANTO  A  PRELIMINAR  DE  PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a  preliminar. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL  PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que acolhem a preliminar. Designado para redigir o  voto  vencedor  nessa  parte  o  Conselheiro  ANTÔNIO  LOPO  MARTINEZ.  QUANTO  AO  MÉRITO: Pelo voto de qualidade, negar provimento. Vencidos os Conselheiros FÁBIO BRUN  GOLDSCHMDTD (Relator), RAFAEL PANDOLFO e PEDRO ANAN JÚNIOR, que proviam  o recurso. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro ANTÔNIO LOPO  MARTINEZ.    (ASSINADO DIGITALMENTE)  ANTONIO LOPO MARTINEZ – Presidente e Redator designado.     (ASSINADO DIGITALMENTE)  FABIO BRUN GOLDSCHMIDT ­ Relator.    .  EDITADO EM: 10/03/2015  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  ANTÔNIO  LOPO  MARTINEZ  (Presidente),  MÁRCIO  DE  LACERDA  MARTINS  (Suplente  convocado),  RAFAEL  PANDOLFO,  PEDRO  ANAN  JÚNIOR,  MARCO  AURÉLIO  DE  OLIVEIRA  BARBOSA, FÁBIO BRUN GOLDSCHMIDT.  Fl. 1005DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 21          3   Relatório  Trata­se de auto de infração (fls. 297/300) constituído em razão de omissão  de  rendimento  caracterizada  por  depósitos  bancários  de  origem  não  comprovada,  correspondente ao ano­calendário 1998,  relativo  ao  Imposto de Renda Pessoa Física –  IRPF,  exigindo  o  crédito  tributário  na monta  de  R$  3.844.287,84,  já  acrescido  de multa  de  ofício  (75%) e juros de mora.    O  detalhamento  da  infração  imputada  ao  recorrente  vem  bem  descrito  no  Termo de Verificação Fiscal (fls. 292/294):    No exercício das  funções de Auditor Fiscal da Receita Federal,  através  do  Termo  de  Início  e  Intimação  Fiscal,  emitido  em  21/10/2003  e  cientificado  pelo  contribuinte  em  24/10/2003,  conforme consta no Aviso de Recebimento do correio, fl.227, em  cumprimento  das  determinações  objeto  do  Mandado  de  Procedimento Fiscal  n°  08.1.90.00­2003­03848­2,  f1.01,  demos  início  ao  procedimento  de  fiscalização  para  apurar  os  rendimentos  do  ano  de  1998  decorrentes  da  movimentação  financeira  informada  pelas  instituições  financeiras  em  conformidade com o § 2° do Art. 11 da Lei 9.311/96.    Através  de  ação  fiscal  junto  à  contribuinte  Eulália  Pipolo  Baptista, CPF 029.553.948­82, constatou­se que o contribuinte é  co­titular  das  contas  cujas movimentações  realizadas  ao  longo  de 1998, estão abaixo detalhadas:      Banco  CNPJ Banco   Valor  da Movimentação  Citibank  S/A  33.479.023/0001­ 80  R$  1.437.472,40  HSBC  Bank Brasil S/A  01.701.201/0001­ 89  R$  6.931.787,79  Real  S/A  17.156.514/0001­ 33  R$  1.341.563,08  Fl. 1006DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     4 Durante  a  ação  fiscal  de  Eulália  Pipolo  Baptista,  titular  das  contas acima, onde o contribuinte consta como co­titular, foram  elaborados,  através dos  extratos bancários,  demonstrativos dos  depósitos  efetuados  durante  o  ano­calendário  de  1998,  que  totalizaram  R$  10.857.653,35,  já  excluídos  resgates  de  aplicações  financeiras  e  outros  créditos  autoexplicativos,  além  dos  cheques  devolvidos,  que  também  foram  remetidos  ao  contribuinte  ora  sob  ação  fiscal,  por  via  postal,  mediante  intimação para comprovação das  fontes que deram origem aos  depósitos/créditos  bancários,  através  do  TERMO  DE  INTIMAÇÃO FISCAL datado de 21/10/2003, fl.141, cientificado  pelo  contribuinte  em  24/10/2003,  Conforme  Aviso  de  Recebimento­ AR, fl.227.    Através  de  correspondência  em  nosso  poder,  apresentada  em  atendimento à intimação da contribuinte Eulália Pipolo Baptista,  CPF 029.553.948­82, quando do envio dos demonstrativos para  Eulália  Pipolo  Baptista  justificar  a  origem  dos  depósitos,  o  contribuinte  assumiu  ser  de  sua  inteira  responsabilidade  a  movimentação  financeira  dessas  contas.  Na  ocasião,  informou  tratar­se de  sua sogra e que os depósitos  tiveram como origem  cheques  recebidos  pela  sua  empresa:  Fuso  Distribuidora  de  Materiais Elétricos e Ferragens LTDA, CNPJ 00.006.867/0001­ 54.  Na  tentativa  de  provar  que  essas  contas  eram  utilizadas  preferencialmente  no  âmbito  comercial,  o  contribuinte  enviou  cópias de 30 cheques emitidos a favor de possíveis fornecedores  de  sua  firma.  Tais  cópias  não  comprovam  a  origem  nem  a  natureza dos depósitos/créditos efetuados nas respectivas contas  bancarias.      De  acordo  com  os  extratos  bancários  de  1998,  apresentados  para  fins de apuração de rendimentos, com base no Art. 42 da  Lei  9.430  de  27  de  dezembro  de  1996  e  com  limites  alterados  pelo Art. 4° da Lei 9.481 de 13 de agosto de 1997, no sentido de  atender o objeto da ação fiscal determinada no MPF já citado,  foram elaboradas planilhas, conforme fls.141 a 199 e 202 a 224,  para  apuração  dos  depósitos/créditos  mensais  efetuados  nas  contas correntes do contribuinte, tem­se a seguinte situação:  (...)  Decorrido  o  prazo  concedido  sem  que  o  contribuinte  tenha  logrado  êxito  na  comprovação  das  origens  dos  depósitos/créditos efetuados em 1998 nas instituições financeiras  mencionadas  no  item  2  e  devidamente  relacionadas  no  item  5,  pelo  seu  total  mensal,  computados  os  cheques  devolvidos  no  período  e  demais  exclusões  já  mencionadas,  face  as  contas  bancárias,  ora  analisadas,  têm  suas  titularidades  em  conjunto  com Eulália Pipolo Baptista, CPF 029.553.948­82, somente será  considerado  como  omissão  de  rendimentos  o  montante  de  R$  5.428.826,65,  correspondente a 50% do  total  da movimentação  financeira, conforme Art.58 da Lei 10637 de 30 de dezembro de  Fl. 1007DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 22          5 2002,  que  acrescentou  o  §6º  ao Art.  42  da  Lei  9430/96,  sendo  esse valor objeto de lançamento de oficio.    Isto  posto,  com base no  artigo  926 do Decreto  3000,  de  26  de  março de 1999, será lavrado o competente Auto de Infração por  omissão de rendimentos no valor total anual de R$ 5.428.826,65.    Procedimento de Fiscalização        Foram emitidas RMF aos bancos Citbank, HSBC e Real, para encaminhar à  RFB  todos  os  extratos  das  contas  do  fiscalizado.  As  referidas  instituições  financeiras  atenderam  o  solicitado  (fls.11/141).  Da  análise  dos  extratos  a  fiscalização  verificou  que  as  contas bancárias tinham dois titulares, o contribuinte e sua sogra Eulália Pipolo Baptista.    A  partir  disso,  o  recorrente  foi  intimado  por  Termo  de  Início  e  Intimação  Fiscal para, em relação ao ano­calendário de 1998: “Comprovar, mediante documentação hábil e  idônea, coincidentes em datas e valores, as fontes de recursos que deram origem aos depósitos/créditos  bancários em seu nome, conforme Planilhas de Conferência dos Depósitos Bancários anexas, referente  às  contas  bancárias  mantidas  junto  aos  Bancos:  BRADESCO,  CITIBANK,  HSBC  e  REAL.”.  (fls.  142/227).    Em  resposta,  a  Sra.  Eulália  Pipolo Baptista  e  o  recorrente,  co­titulares  das  contas bancárias fiscalizadas, apresentaram manifestações (assinadas e com firma reconhecida)  alegando  que  as  contas  correntes  eram  exclusivas  do  recorrente  e  que  os  depósitos  tiveram  como origem cheques recebidos pela empresa do Recorrente, Fuso Distribuidora de Materiais  Elétricos  e  Ferragens  LTDA  (fl.231/241).  Para  comprovar  suas  alegações,  o  recorrente  entregou ao Fisco, cópias de 30 cheques emitidos em favor de possíveis  fornecedores de sua  firma (fl.242/291).     Da análise da documentação apresentada, a fiscalização entendeu por lavrar o  auto de infração, considerando como omissão de rendimentos o montante de R$ 5.428.826,65,  correspondente  a  50%  do  total  da  movimentação  financeira  a  descoberto,  em  vista  da  co­ titularidade das contas.        Impugnação    Fl. 1008DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     6 O  contribuinte  foi  cientificado  do  lançamento  do  crédito  tributário,  apresentando  tempestivamente  a  impugnação  (fls.  310/326),  instruindo  com  documentos:  fotocópia de cheques, declaração dos bancos Real e HSBC de que as contas correntes  foram  movimentadas, exclusivamente pelo Sr. José Luiz (fls. 327/529), alegando em síntese:    Do erro na identificação do sujeito passivo    Durante  a  ação  fiscal  levada  a  efeito  junto  à  contribuinte  Eulália  Pípolo  Baptista,  ficou evidenciado que as contas bancárias mantidas  junto às  instituições  financeiras  em conjunto com seu genro, Sr. José Luiz Cardoso dos Santos. Tal convicção sobreveio com a  carta da Sra Eulália  afirmando que  apenas o Bradesco  era movimentado por ela,  sendo que,  quanto às demais  instituições,  toda a movimentação era realizada única e exclusivamente por  seu genro, ora, impugnante, fato este reafirmado pelo próprio impugnante em carta lavrada de  próprio  punho,  em  08/09/2003.  Na  época,  o  contribuinte  identificou  a  origem  integral  dos  recursos  movimentados  como  resultante  de  transações  efetuadas  pela  sua  empresa  Fuso  Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda, anexando cópia de diversos cheques que  comprovavam  não  somente  que  ele  realizava  as  operações  relativas  àquelas  contas,  mas  também que tais cheques eram objeto de pagamento de fornecedores de sua empresa;    os pagamentos de impostos e taxas da empresa eram realizados utilizando­se  tais contas, como poderá ser fartamente demonstrado através de perícia contábil, a qual desde  já solicita por meio de pedido de diligência;    o fato de que foram solicitadas informações bancárias, sem determinação da  justiça  e  sem  qualquer  autorização  do  impugnante,  constituindo­se  tal  fato,  quebra  de  sigilo  bancário à margem da legalidade;    a  movimentação  bancária  relacionada  ao  Bradesco  S/A  era  de  exclusiva  movimentação de sua sogra Eulália, onde eram depositados valores relativos a sua pensão do  INSS, motivo pelo qual o impugnante apresenta como prova a declaração de sua sogra;    não  era,  entretanto,  a  mesma,  responsável  tributária  pelas  demais  contas,  estando apenas como titular, pelos motivos esposados, lembrando que ela não exerceu qualquer  ato vinculatório de titularidade das mesmas, como adiante será comprovado;    a empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda era a  responsável pelos recursos depositados em tais contas e estas eram utilizadas no pagamento de  fornecedores,  estando  tal  movimentação  espelhada  em  seus  livros  Diário  e  Razão  do  ano­ calendário  de  1998,  motivo  pelo  qual  faz­se  necessária  a  conversão  do  julgamento  em  diligência para detectar de forma insofismável e clara tais fatos;  Fl. 1009DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 23          7   é descabida a autuação por carecer de qualquer  fundamento racional, sem a  procura  da  verdade  material  dos  fatos,  sem  levar  em  consideração  declarações  de  próprio  punho quanto à titularidade da movimentação apresentada, e, por amostragem, cheques por ele  assinados. Cita a doutrina e a Súmula 182 do TFR.    Do uso indevido das informações da CPMF:    O procedimento fiscal ocorreu em razão de a Lei n° 10.174, de 09/01/2001,  ter alterado a redação do § 3° da Lei n°9.311, de 24/10/1996, autorizando a RF a utilizar­se das  informações  prestadas  pelas  instituições  sobre  as  quantias  retidas  a  título  de  CPMF,  para  constituir crédito tributário porventura existente do contribuinte, sendo certo que, à época dos  fatos, essa previsão não existia, ferindo os princípios da irretroatividade e anterioridade.    O  impugnante  teve  sua  privacidade  violada  pela  autoridade  lançadora,  em  função do § 3° do artigo 11 da Lei n° 9.311, de 1996, e da Lei Complementar n° 105, de 2001,  independentemente  de  autorização  judicial,  caracterizando  ofensa  direta  às  garantias  constitucionais do cidadão.    Taxa Selic;    a taxa Selic é um instrumento de política monetária;    por  intermédio da Lei n° 9.065, de 1995, o legislador resolveu determinar a  incidência da taxa Selic em diversos diplomas legais em matéria tributária, quando não pagos  nos prazos previstos na legislação;    a exigência da taxa Selic não possui respaldo em nosso ordenamento jurídico,  pois  afronta  vários  princípios  constitucionais,  entre  eles,  o  da  legalidade  estrita,  o  da  anterioridade e o da indelegabilidade da competência tributária;    se a  lei apenas menciona que se aplica a  taxa Selic para  tributos e coloca a  sua  fixação  à  disposição  exclusiva  do  BACEN,  até  mesmo  por  ato  unilateral,  há  inconstitucional  delegação  de  competência  tributária.  O  Banco  Central  possui  competência  financeira e não tributária.  Fl. 1010DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     8   Por fim, requereu:     seja anulado o auto de infração, em face do erro do sujeito passivo. Caso não  seja reconhecido o erro do sujeito passivo, requer que sejam deferidas as seguintes diligências:  i) Exame da contabilidade da  empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens  Ltda,  para  que  seja  comprovado  que  os  recursos  depositados  nas  contas  bancárias,  junto  ao  HSBC,  Citibank  e  Real  são  provenientes  de  transações  por  ela  efetuadas,  como  provam  os  pagamentos  de  fornecedores  evidenciados  nos  cheques  e  declarados  pelo  sócio­gerente  da  referida empresa. ii) Exame de todos os cheques relativos às contas bancárias junto ao HSBC,  Citibank e Real para evidenciar que se tratam de recursos da empresa que foram depositados  em  conta  articular  do  sócio,  ora  impugnante  e  se  destinaram  a  pagamentos  de  fornecedores,  confrontando­se tal exame com a contabilidade da empresa;    protesta ainda pela utilização indevida das informações da CPMF na presente  ação fiscal, bem como a forma como foi obtida, sem qualquer autorização judicial, ou mesmo  sua,  e  também da utilização  indevida da  taxa Selic,  bem como por  todos os meios de prova  admissíveis e não vedados em direito.    Trouxe  aos  autos  cópia  do  contrato  social  da  Firma  Fuso  Distribuidora  de  Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. (fls. 342/343), fotocópias de cheques emitidos em favor  de  fornecedores  da  empresa  (fls.  344/527);  e  informações  expedidas  pelos Bancos Real  (fls.  528)  e  CitiBank  (fl.  529)  atestando  que  as  referidas  contas  conjuntas  eram  movimentadas  exclusivamente pelo Recorrente, José Luiz Cardoso dos Santos.     Acórdão da DRJ    A 2ª Turma de Julgamento da DRJ/STM, por unanimidade de votos,  julgou  improcedente a impugnação, mantendo o auto de infração. (fls. 532/542), conforme ementa que  segue:    ASSUNTO:  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA  IRPF  Ano­calendário: 1998    OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS.  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS.  A  partir  de  01/01/1997,  os  valores  depositados  em  instituições  financeiras,  de  origem  não  comprovada  pelo  contribuinte,  passaram a ser considerados receita ou rendimentos omitidos.  Fl. 1011DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 24          9   APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. Aplica­se  ao  lançamento  a  legislação que, posteriormente à ocorrência do  fato gerador da  obrigação,  tenha  instituído  novos  critérios  de  apuração  ou  processo de  fiscalização, ampliando os poderes de  investigação  das autoridades administrativas.    JUROS SELIC. A utilização dos percentuais equivalentes à taxa,  referencial  do  Selic  para  fixação dos  juros moratórios  está  em  conformidade com a legislação vigente.    DILIGÊNCIA. Cabe ao interessado apresentar juntamente com a  impugnação documentos hábeis e  idôneos que comprovem suas  alegações,  não  podendo  transferir  ao  Fisco  a  obrigação  para  obtê­los, mediante pedido de diligências.        Recurso Voluntário     Intimado  em  06/02/2008  (fl.  546)  da  decisão  proferida  pela  DRJ,  o  contribuinte  apresentou  Recurso  Voluntário  às  fls.  547/553,  repisando  os  argumentos  da  impugnação e alegando ademais:    Cerceamento de defesa:    sustenta que as contas correntes que embasaram a autuação espelham valores  que  são  de  responsabilidade  da FUSO DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS ELÉTRICOS E  FERRAGENS LTDA, empresa cujo sócio principal é o Recorrente, de forma que a verificação  da contabilidade da empresa demonstraria que a origem dos depósitos bancários são recursos  obtidos pelo exercício da atividade da empresa e que a destinação destes  recursos em grande  parte é para o pagamento de material adquirido de seus fornecedores.     A vedação da diligência,  assim,  cerceia o direito de defesa,  que deve  ser o  mais  amplo possível  em busca da verdade material  dos  fatos,  tecendo  considerações  sobre  a  aplicabilidade desse princípio.   Fl. 1012DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     10   Informa  ter  trazido  aos  autos,  como  amostragem,  algumas  folhas  do  Livro  Diário  da  empresa  para  comprovação  da  contabilização  das  contas  bancárias  referidas  na  autuação.     Ainda, traz aos autos os documentos: Livro Diário da Fuso Distribuidora de  Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. (fls. 572/577), Solicitação aos Bancos de comprovantes  dos depósitos realizados (fls. 578/584) , cheques depositados nas contas bancárias e devolvidos  sem  fundos  (fls.  585/603),  cheques  emitidos para pagamentos de  fornecedores  (fls.  604/949)  cartas dos bancos Real e Citibank quanto à movimentação financeira (fls. 950/957).    Sobrestamento    O processo em análise foi sobrestado por Resolução nº 2202­000.356, tendo  em vista tratar­se de ação fiscal decorrente de irregularidades constatadas a partir dos dados da  CPMF e apuradas mediante  informações  requisitadas pela própria Fazenda Nacional  junto às  instituições financeiras mediante RMF. Tratando­se de procedimento cuja constitucionalidade  estava  pendente  de  julgamento  com  Repercussão  Geral  reconhecida  no  Supremo  Tribunal  Federal  (fls. 970/979). Como o § 1º, do art. 62­A do RICARF, que permitia o sobrestamento  dos processos em que havia discussão de tema envolvido em repercussão geral foi derrogado  do sistema pela Portaria nº 5451 do Ministério da Fazenda, os autos foram distribuídos à minha  relatoria.             É o relatório.                                                                      1  O MINISTRO DE  ESTADO DA  FAZENDA,  no  uso  das  atribuições  que  lhe  conferem  os  incisos  I  e  II  do  parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e o art. 4º do Decreto nº 4.395, de 27 de setembro de 2002,  resolve:  Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62­A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho  de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do  Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ­CARF.  Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.  Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 25          11   Voto Vencido  Conselheiro Fabio Brun Goldschmidt  Obtenção de Provas ­ RMF    O recorrente insurgiu­se quanto à quebra de sigilo bancário pela fiscalização,  requerendo a nulidade do auto de infração. Diante disso, passa­se à análise do ponto.O sigilo  bancário tem sido tratado pelo STF e pelo STJ como assunto sujeito à proteção da vida privada  dos indivíduos2.  Corroborando,  veja­se  o  julgado  do  STF  (RE  219.780),  em  que  o  sigilo  bancário  foi  considerado  garantia  constitucionalmente  estabelecida.  Do  referido  precedente,  leia­se: “O sigilo bancário protege interesses privados. É ele espécie de direito à privacidade inerente  à personalidade das pessoas e que a Constituição consagra (CF, art. 5º, X)”.  Mais especificamente, o assento constitucional da garantia de sigilo bancário  se  encontra nos  incisos X e XII da CF,  segundo os quais “são  invioláveis  a  intimidade, a  vida  privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou  moral  decorrente  de  sua violação”  e “é  inviolável  o  sigilo  da  correspondência  e  das  comunicações  telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas  hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual  penal”.  De  fato,  sua  interpretação  conjunta  conduz  à  conclusão  de  que  o  sigilo  dos  dados  bancários está sujeito à proteção da vida privada dos indivíduos3.  Em  sendo  assim,  temos  que  o  sigilo  bancário,  a  par  de  possuir  assento  constitucional, é entendido como um direito e garantia fundamental, o que impõe a adoção de  exegética que lhe outorgue a maior eficácia possível, conforme bem ensina Canotilho4 quando,  ao tratar sobre a correlação entre o princípio da máxima efetividade e os direitos fundamentais,  assevera: “Este princípio, também designado por princípio da eficiência ou princípio da interpretação  efectiva,  pode  ser  formulado da  seguinte maneira:  a  uma norma  constitucional  deve  ser  atribuído  o  sentido que maior eficácia  lhe dê. É um princípio operativo em relação a  todas e quaisquer normas  constitucionais, e embora a sua origem esteja ligada à tese da atualidade das normas programáticas  (Thoma),  é  hoje  sobretudo  invocado  no  âmbito  dos  direitos  fundamentais  (no  caso  de  dúvidas  deve  preferir­se a interpretação que reconheça maior eficácia aos direitos fundamentais)”.  Sendo  assim,  a  hermenêutica da LC nº105,  art.  6º  deve  dar­se  à  luz  destas  normas que lhe são hierarquicamente superiores.   No  ponto,  a  tradição  doutrinária  e  jurisprudencial  da  hermenêutica  constitucional determina que a declaração de inconstitucionalidade seja reservada às situações  extremas, em que seja impossível compatibilizar­se o texto legislativo com as garantias postas  na  Carta.  As  leis,  ordinariamente,  presumem­se  constitucionais  e  devem  ser  aplicadas  e                                                              2 Mendes, Gilmar. Curso de Direito constitucional, 2011, ed. 6ª, pg. 323  3 Mendes, Gilmar. Curso de Direito Constitucional, 2011, ed. 6ª, pg. 323­4.  4 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. 5. ed. Coimbra: Almedina, 1991. p. 162  Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     12 respeitadas  por  todos.  A  inconstitucionalidade  é  exceção,  já  que  induz  à  insegurança  e  à  instabilidade do sistema, além da própria perda de credibilidade dos atos do Poder Legislativo.  É  o  entendimento  que  se  percebe  ao  ler  a  jurisprudência  do  Tribunal  Constitucional Alemão. Veja­se:  Uma lei não deve ser declarada nula se for possível interpretá­la  de forma compatível com a constituição, pois deve­se pressupor  não somente que uma lei seja compatível com a constituição mas  também que essa presunção expressa o princípio segundo o qual,  em caso de dúvida, deve ser feita uma interpretação conforme a  constituição.5   Justamente  por  esta  circunstância  é  que  se  desenvolveu  o  princípio  da  interpretação  conforme,  que  objetiva  “salvar”  da  inconstitucionalidade  todo  e qualquer  texto  legal,  sempre  que  se  possa  vislumbrar  no  mesmo  um  sentido  possível,  compatível  com  a  Constituição.  Canotilho  bem  demonstra  que  “diante  das  normas  plurissignificativas  ou  polissêmicas, deve­se preferir a interpretação que mais se aproxime das diretrizes constitucionais, e,  portanto  não  seja  contrária  ao  texto  constitucional,  de  onde  surgem  várias  dimensões  a  serem  consideradas, seja pela doutrina ou jurisprudência”.  Em tais circunstâncias, o autor6 aponta as dimensões a serem consideradas no  âmbito da interpretação conforme:   prevalência da constituição: deve­se preferir a  interpretação não contrária à  Constituição;  conservação  de  normas:  percebendo  o  intérprete  que  uma  lei  pode  ser  interpretada  em  conformidade  com  a  constituição,  ele deve  assim  aplica­la  para  evitar  a  sua  não continuidade;  exclusão  da  interpretação  contra  legem:  o  intérprete  não  pode  contrariar  o  texto literal e sentido da norma para obter a sua concordância com a Constituição;  espaço  de  interpretação:  só  se  admite  a  interpretação  conforme  a  Constituição  se  existir  um  espaço  de  decisão  e,  dentre  as  várias  que  se  chegar,  deverá  ser  aplicada aquela em conformidade com a Constituição;  rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais: uma vez realizada a  intepretação  da  norma,  pelos  vários  métodos,  se  o  juiz  chegar  a  um  resultado  contrário  à  constituição, em realidade, deverá declarar a  inconstitucionalidade da norma, proibindo a sua  correção contra a Constituição;  o  intérprete  não  pode  atuar  como  legislador  positivo:  não  se  aceita  a  interpretação  conforme  a  Constituição  quando,  pelo  processo  hermenêutico,  se  obtiver  uma  regra nova  e distinta daquela objetivada pelo  legislador  e  com ela  contraditória,  seja em seu  sentido  literal  ou  objetivo.  Deve­se,  portanto  afastar  qualquer  interpretação  em  contradição  com os objetivos pretendidos pelo legislador.  Adentrando à análise do art. 6º da LC nº105, temos que o mesmo dispõe:                                                               5 Bverfge 2, 266 (282) – Tradução livre  6 J. J. G. Canotilho. Direito Constitucional e teoria da Constituição., 6.,  ed. p. 229­230, apud Pedro Lenza. Direito  Constitucional Esquematizado., 16., ed. p. 158­159.  Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 26          13  Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios  somente  poderão examinar documentos, livros e registros de instituições  financeiras,  inclusive  os  referentes  a  contas  de  depósitos  e  aplicações  financeiras,  quando  houver  processo  administrativo  instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam  considerados  indispensáveis  pela  autoridade  administrativa  competente.   Parágrafo  único. O  resultado  dos  exames, as  informações  e  os  documentos  a  que  se  refere  este  artigo  serão  conservados  em  sigilo, observada a legislação tributária.  Ao interpretar o texto do art. 6º da LC nº105, assim como a lei nº 9.311/96 e  o D. nº3724/01, o Min. Marco Aurélio entendeu por conferir­lhes interpretação conforme, com  o  intento  de  outorgar  aos  dispositivos  o  ÚNICO  sentido  que  os  compatibilizasse  com  a  Constituição. Nesse sentido, deixou claro que nenhum dos textos citados dispensa a obtenção  de autorização judicial para a quebra de sigilo bancário:   “Assentado  que  preceitos  legais  atinentes  ao  sigilo  de  dados  bancários  hão  de  merecer, sempre e sempre, interpretação, por mais que potencialize o objetivo, harmônico com a Carta  da República, provejo o recurso extraordinário interposto para conceder a segurança. Defiro a ordem  para agastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto aos dados bancários da recorrente.  Com isso confiro à legislação de regência – Lei nº 9.311/96, Lei Complementar nº 105/01 e Decreto nº  3.724/01 – interpretação conforme à Carta Federal, tendo como conflitante com essa a que implique  afastamento do sigilo bancário do cidadão, da pessoa natural ou jurídica, sem ordem emanada  do Judiciário”. Grifado.  (STF. RE 389.808/PR. Rel. Min. Marco Aurélio. Julg. em 15/12/10).    De  fato,  a  suspensão  de  direitos  constitucionais,  mormente  de  direitos  e  garantias  individuais  não  pode  ser  suposta  ou  subentendida. No  silêncio,  sua observância  se  impõe.   Leia­se a lição do Ministro Celso de Mello, citado e endossado pelo Ministro  Marco  Aurélio:  “a  quebra  de  sigilo,  para  legitimar­se  em  face  do  sistema  jurídico­constitucional  brasileiro, necessita apoiar­se em decisão revestida de fundamentação adequada, que encontre apoio  concreto em suporte fático idôneo, sob pena de inviabilidade do ato estatal que a decreta. A ruptura da  esfera de intimidade de qualquer pessoa – quando ausente a hipótese configuradora de causa provável  –  revela­se  incompatível  com  o modelo  consagrado  na  constituição  da  república,  pois  a  quebra  de  sigilo não pode ser manipulada, de modo arbitrário, pelo Poder Público ou por seus agentes”.  No mesmo sentido é o entendimento do Ministro Carlos Velloso, ao analisar  a  quebra  de  sigilo  bancário,  no RE  389.808,  referindo  a  necessidade  de  apreciação  do  tema  pelo Judiciário quando da verificação das restrições às liberdade individuais. Veja­se:  “A mais recente doutrina norte­americana fez do “due processo  of  law”  uma  forma  de  controle  constitucional  que  examina  a  necessidade  de  razoabilidade  e  justificação  das  restrições  à  liberdade  individual,  não  admitindo  que  a  lei  ordinária  desrespeite  a  constituição,  considerando  que  as  restrições  ou  exceções estabelecidas pelo legislador ordinário devem ter uma  Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     14 fundamentação  razoável  e  conforme  o  Poder  Judiciário  (...)A  exigência  de  preservação  do  sigilo  bancário  enquanto  meio  expressivo de proteção  ao  valor  constitucional  da  intimidade –  impõe ao Estado o dever de respeitar a esfera jurídica de cada  pessoa.  A  ruptura  desse  círculo  de  imunidade  só  se  justificará  desde que ordenada por órgão estatal  investido, nos  termos de  nossos  estatuto  constitucional,  de  competência  jurídica  para  suspender, excepcional e motivadamente, a eficácia do princípio  da reserva de informações bancárias”  Partilhamos  do  mesmo  entendimento.  Não  vemos  motivo  –  e  nem  poderíamos, no contexto do processo administrativo – para declarar a inconstitucionalidade do  referido art. 6º. Preferimos lê­lo à luz das diretrizes constitucionais que garantem a reserva de  foro ao Poder  Judiciário de  todas as pretensões que possam  implicar o  comprometimento de  direitos e garantias individuais.  É  o  que  brilhantemente  conclui  o  Min.  Celso  de  Mello  ao  julgar  MS  nº  23.452,  ao  dizer  que “o postulado  da  reserva  constitucional  de  jurisdição  importa  em  submeter  à  esfera única de decisão dos magistrados a prática de determinados atos cuja realização, por efeito de  explícita determinação constante do próprio texto da Carta Política, somente pode emanar do juiz, e  não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja eventualmente atribuído o exercício de ‘poderes de  investigação próprios das autoridades judiciais’. A cláusula constitucional da reserva de jurisdição –  que  incide  sobre  determinadas matérias,  como  a  busca  domiciliar  (CF,  art.  5º,  XI),  a  interceptação  telefônica  (CF,  art.  5º,  XII)  e  a  decretação  da  prisão  de  qualquer  pessoa,  ressalvada  a  hipótese  de  flagrância  (CF,  art.  5º,  LXI)  ­  traduz  a  noção  de  que,  nesses  temas  específicos,  assiste  ao  Poder  Judiciário, não apenas o direito de proferir a última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer,  desde  logo,  a  primeira  palavra,  excluindo­se,  desse modo,  por  força  e  autoridade  do  que  dispõe  a  própria Constituição, a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de quaisquer outros  órgãos  ou  autoridades  do  Estado.”:     No que toca ao conceito de reserva de jurisdição, Canotilho diz que:     “A  idéia  de  reserva  de  jurisdição  implica  a  reserva  de  juiz  relativamente  a  determinados  assuntos.  Em  sentido  rigoroso,  reserva de juiz significa que em determinadas matérias cabe ao  juiz  não  apenas  a  última  palavra,  mas  também  a  primeira  palavra”.  O STJ possui julgado exatamente neste sentido, assim ementado:  “O  sigilo  bancário  do  contribuinte  não  pode  ser  quebrado  com  base  em  procedimento  administrativo­fiscal  por  implicar  indevida  intromissão  na  privacidade  do  cidadão,  garantia  esta  expressamente  amparada  pela  Constituição  Federal  (art.  5º,  inciso  X)”.Por isso, cumpre às instituições financeiras manter sigilo acerca de qualquer informação ou  documentação  pertinente  a  movimentação  ativa  e  passiva  do  correntista/contribuinte,  bem  como dos  serviços bancários  a ele prestados. Observadas  tais vedações,  cabe­lhes  atender às  demais  solicitações  de  informações  encaminhadas  pelo  Fisco,  desde  que  decorrentes  de  procedimento  fiscal  regularmente  instaurado  e  subscritas  por  autoridade  administrativa  competente.  Apenas  o  Poder  Judiciário,  por  um  de  seus  órgãos,  pode  eximir  as  instituições  financeiras  do  dever  de  segredo  em  relação  às  matérias  arroladas  em  lei.  Interpretação  integrada e sistemática dos artigos 3º, par. 5º, da Lei nº 4.595/64 e 197, inciso II e par. 1º do  CTN. Recurso improvido, sem discrepância.” (Resp 37.566­5/RS­93)  Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 27          15 Dentro do Sistema Constitucional Tributário, o próprio art. 145, §1º, além de  assegurar  a  observância  à  capacidade  contributiva,  ainda  evidencia  ser  “facultado  à  Administração,  especialmente  para  conferir  efetividade  a  esses  objetivos,  identificar,  RESPEITADOS  OS  DIREITOS  INDIVIDUAIS  e  nos  termos  da  lei,  o  patrimônio,  os  rendimentos  e  as  atividades  econômicas  do  contribuinte”.  No  caso  da  quebra  de  sigilo  bancário, a reserva de foro judicial é condição para validar o ato administrativo, assegurando o  respeito aos direitos individuais de privacidade e inviolabilidade, albergados na CF.   Na hipótese dos autos, só foi possível a constituição do crédito tributário com  base no art. 42 da Lei nº 9.430/95, através das provas obtidas junto às instituições financeiras  por meio de quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial. Isto é, se a fiscalização  não  tivesse  expedido  a  RMF,  não  teria  concluído  pela  omissão  de  rendimentos,  e,  consequentemente, não teria lavrado o auto de infração sob esse argumento.   Destarte,  já que a prova  carreada no processo  administrativo  foi  obtida por  meio de RMF sem prévia autorização judicial, entendo pelo cancelamento do auto de infração  lavrado, outorgando interpretação conforme ao art. 6º da LC nº105/01 para o fim de entender  válida  a  quebra  de  sigilo  bancário  em  procedimento  fiscal  sempre  que  acompanhado  da  imprescindível autorização judicial para tanto.  No  entanto,  caso  seja  considerada  lícita  a  prova  decorrente  da  quebra  de  sigilo bancário sem prévia autorização judicial, é que se analisa os argumentos remanescentes  postos no recurso voluntário.      Omissão de Rendimento Decorrente de Depósitos Bancários com Origem  Não Comprovada    A  autuação  decorre  de  verificação  junto  à  Contribuinte  Eulália  Pipolo  Baptista, sogra do contribuinte, onde constatou­se que a mesma mantinha contas conjuntas com  o contribuinte em relação às seguintes instituições:  Banco Citibank S/A, Valor de R$ 1.437.472,40, CC nº 4654447 (fls. 16/27)  Banco  HSBC  Bank  Brasil  S/A,  Valor  de  R$  6.931.787,79,  CC  nº  0224­ 33529­95 (fls. 29/117)  Banco Real S/A, Valor de 1.341.563,08m CC nº 8.722335­9 (fls. 124/141)  Em relação à autuação de Eulália Baptista, foi considerada uma quarta conta  corrente,  no  Banco  Bradesco,  que  por  ser  de  titularidade  única  e  exclusiva  dela,  não  foi  considerada  na  presente  autuação.  Tal  informação  é  obtida  da  leitura  do  acórdão  nº  2101­ 001.461, que julgou Recurso Voluntário de Eulália Baptista.  Considerando  a  co­titularidade  de  três  das  quatro  contas  acima,  o  crédito  tributário  constituído  teve  como  base  o  §  6º  do  art.  42  da Lei  nº  9.430/96,  que  dispõe:  “Na  hipótese  de  contas  de  depósito  ou  de  investimento  mantidas  em  conjunto,  cuja  declaração  de  Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     16 rendimentos ou de  informações dos  titulares  tenham sido apresentadas  em separado,  e não havendo  comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será  imputado  a  cada  titular  mediante  divisão  entre  o  total  dos  rendimentos  ou  receitas  pela  quantidade de titulares.”.  Como  se  verificou  no  caso  em  questão,  diante  dos  extratos  bancários  fornecidos pelas  instituições  financeiras via RMF,  foram  identificados diversos depósitos em  montantes consideráveis (fls. 16/141), os quais, após a consideração de que as contas correntes  pertenciam ao recorrente e sua sogra, foram divididos proporcionalmente.  Veja­se  que  no  caso  dos  autos,  tanto  o  recorrente  quanto  a  sua  sogra  manifestaram­se  (manifestações  com  firmas  reconhecidas)  no  sentido  de  que  as  contas  correntes  fiscalizadas  eram  movimentadas,  única  e  exclusivamente  pelo  recorrente  (fls.  239/240).   Ainda, para confirmar essa situação, foram encaminhados pelos bancos Real  e Citibank (fls. 528/529), informação no mesmo sentido.  O Banco Real assim consignou (fl. 528): “Declaramos para diversos fins que a  conta corrente nº 8722335­9 na agência 0293 Santo Amaro em nome de Eulalia P Baptista e/ou José  Luiz no ano de 1998 fora movimentada unicamente pelo 2° titular da conta Sr. José Luiz Cardoso dos  Santos  portador  do  RG.6288082  SSP/SP  expedição  em  09/01/1976  nascido  em  13/11/1956  CPF.993.596.858­87.  No mesmo sentido  foi a declaração do Citibank (fl. 529): “Declaramos para  diversos fins que a conta corrente 4654447 na agencia 001 (Av. Paulista) em nome Eulalia P. Baptista  e ou José Luiz Cardoso dos Santos no ano de 1998  fora movimentada unicamente pelo 2º  titular da  conta Sr.  Jose Luiz Cardoso dos Santos portador  do RG 6288082 SSP/SP expedição em 09/01/1976  nascido em 13/11/1956 CPF. 993596858­87.”.    A DRJ, em seu acórdão, reconhece que na hipótese de conta bancária mantida  em  conjunto,  o  lançamento  do  imposto  deve  ser  efetuado  em apenas  um dos  titulares  quando  restar  comprovado que os valores creditados pertencem apenas a ele, na condição de efetivo titular da conta.  (fl.  540).  E  continua:  “No  processo  de  Eulália  Pipolo  Baptista,  1ª  titular  das  contas  conjuntas  em  questão,  foram  juntadas  as  declarações  dos  bancos  Real  e  Citibank  de  que  as  contas  bancarias  conjuntas, nos referidos bancos, foram movimentadas, no ano­calendário 1998, exclusivamente pelo 2º  titular,  José  Luiz  Cardoso  das  Santos.  Assim,  o  valor  dos  depósitos  bancários  de  origem  não  comprovada, com relação às referidas contas, deveria ser lançado 100% como omissão de rendimentos  do  contribuinte. No entanto,  tendo em vista que  falece a  esta Delegacia de Julgamento  competência  para efetuar o lançamento do crédito tributário, referente ao valor lançado a menor pela Fiscalização,  e tendo já decorrido o transcurso de prazo para a decadência, relativa ao ano­calendário 1998, deixa­ se de efetuar o competente lançamento da parcela não computada pela Fiscalização. Saliente­se que o  autuado  não  trouxe  elementos  que  comprovassem  que  a  movimentação  das  referidas  contas  eram  resultantes  de  transações  efetuadas  por  sua  empresa  Fuso  Distribuidora  de  Materiais  Elétricos  e  Ferragens Ltda. Os cheques juntados com a impugnação (fls. 321 a 508) referem­se a cheques emitidos  para pagamentos, não fazendo prova da origem do á recursos depositados nas referidas contas.”.    O  Recorrente  em  suas  razões,  desde  a  resposta  ao  Termo  de  Intimação  e  Início de Fiscalização (fl. 232), alega que os depósitos indicados não seriam de sua titularidade,  uma vez que o  titular efetivo das  contas  correntes  e dos valores  ali  depositados  é a  empresa  Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda., cujo sócio principal é o recorrente.  Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 28          17 Analisando  a  documentação  trazida  aos  autos,  principalmente  a  relação  de  depósitos formulado pela Fiscalização (fl. 143/227), verifica­se que os montantes e quantidades  de depósitos e de cheques devolvidos, denotam a existência de atividade empresarial realizadas  através das  respectivas contas. Tal  fato  foi  também percebido pelo acórdão nº 2101­001.461,  que  julgou  Recurso  Voluntário  de  Eulália  Baptista,  ao  referir  que  “de  fato,  com  exceção  da  movimentação bancária no Bradesco, cujo montante anual alcança apenas R$15.472,00 (fls. 207/208),  com  tributação  neste  lançamento  de  50%  (R$7.736,00),  verifica­se  que  as  demais  contas  possuem  movimentação  com  características  totalmente  diversa,  conforme  Demonstrativos  elaborados  pela  própria  fiscalização  às  fls.  209/290.  O  volume  de  depósitos  e  cheques  devolvidos  evidenciam  claramente atividade empresarial subjacente.”  No mesmo sentido, intriga o fato de que as contas do Banco Citibank S/A CC  nº  4654447  (fl.  143/150)  e  Banco  Real  S/A  CC  nº  8.722335­9  (fls.  210/227)  só  tenham  recebido depósitos a partir de agosto do ano analisado. Por outro lado, a partir de 14 de agosto,  no Banco HSBC Bank Brasil S/A, a CC nº 0224­33529­95 (fls. 151/209) não recebeu depósitos  até  o  final  do  ano,  salvo  dois  depósitos  de  R$  12,61  e  R$  0,36,  em  setembro  e  outubro,  respectivamente (fl. 208). Ou seja, houve uma migração de forma deliberada e organizada dos  depósitos realizados na conta corrente do HSBC para as contas do Banco Real e do Citibank.  Tal  fato,  por  si  só,  já  demonstra  a  utilização  da  conta  para  uma  atividade  organizada,  não  condizente com uma conta­corrente de simples pessoa física.   Isso  fica  mais  evidenciado  ao  analisarmos  as  microfilmagens  de  cheques  trazidos  pelo Recorrente  às  fls.  243/291,  344/527  e  605/949,  onde  se  percebe  e  emissão  de  cheques  em  quantias  de  valores  expressivos  e  com  habitualidade  condizente  de  atividade  empresarial. E isso ocorre nas três contas analisadas, vejamos:  Dos cheques trazidos do Banco Real S/A ­ CC nº 8.722335­9, constatam­se  os  valores  de  R$  32.000,00,  R$  37.000,00,  R$  23.500,00,  R$  33.000,00,  R$  58.174,10,  R$  33.500,00, R$ 18.300,00, R$ 19.500,00, R$ 22.500,00, R$ 18.500,00 (fls. 244/253).   Igualmente, dos cheques emitidos pelo Banco HSBC, verificam­se quantias  de RS 15.627,37, R$ 5.000,00, R$ 12.222,20, R$ 13.900,00, R$ R$ 13.200,00, R$ 13.700,00,  R$ 13.500,00, R$ 13.600,00, R$ 160.939,46, R$ 33.300,00, R$ 38.900,00, R$ 41.100,00, R$  42.700,00,  R$  43.500,00,  R$  45.492,65,  R$  46.800,00,  R$  48.900,00,  R$  51.700.00,  R$  53.200,00, R$ 75.118,52, R$ 66.584,54, dentre outras, R$ (fls. 405/527),  Ou ainda, no tocante aos cheques emitidos pelo Citibank S/A CC nº 4654447,  temos  quantias  relevantes  de  R$  20.000,00  R$18.500,00,  R$  21.500,00,  R$  22.000,00,  (fls.  812/820)  É evidente que tais elementos demonstram que nas respectivas contas há um  fluxo  financeiro,  seja de depósitos,  seja de  cheques  emitidos,  que em nada  se assemelham a  uma movimentação de pessoa física.   Ainda  mais,  analisando  as  microfilmagens,  verificamos  que  os  cheques  possuem  como  beneficiários,  pessoas  jurídicas  como  Lorenzetti  S.A.  Indústrias  Brasileiras  Eletrometalúrgicas,  FAME  ­  Fábrica  de  Aparelhos  e  Material  Elétrico  Ltda,  em  valores  e  períodos de tempo condizentes ao de operações comerciais.  Nesse  sentido,  em  sede  de  Impugnação,  a  recorrente  trouxe  novos  cheques  emitidos das contas em questão, destacando­se,  a  título de exemplo, os cheques em favor da  Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     18 FAME Ltda. no valor de R$106.939,46, em março de 1998  (fl. 421); da Lorenzetti S.A., no  valor de R$ 45.492,65, em maio de1998 (fl. 436); e da Ferragens Pisa Ltda., no valor de R$  11.255,00, em 06 de maio de 1998 (fl. 476).  Já no Recurso Voluntário, a Recorrente trouxe aos autos cheques emitidos em  favor  de Eulália Pipolo Baptista  e  José Luiz Cardoso  dos Santos  que  foram devolvidos  sem  fundo (fls, 585/603), emitidos por diversas pessoas jurídicas, como B J Andrade Materiais (fl.  590, 592,), J. N. da Silva Mat p/ constr. Ltda. (fl. 594), Claraluz Inst. Mat. Elet. Ltda. (fl. 596)  Alphametais Acabamentos para C. (fl. 598/603).   Em todos os casos, vemos tratar­se de empresas que atuam no mesmo ramo  de atividade da empresa Fuso Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda., suposta  titular efetiva das contas em análise,  cujo objeto  social era a venda de materiais  elétricos no  atacado e varejo (fls. 342/343).  Aa análise de tais depósitos e dos cheques destacados emitidos daquela conta,  permitem inferir a existência de uma atividade empresarial subjacente. Permitindo concluir que  as contas correntes em questão eram utilizadas pela pessoa  jurídica para a realização de suas  atividades  comerciais,  como  os  cheques  trazidos  às  fls.  243/291,  344/527  e  605/949  que  indicam intenso pagamento de fornecedores.   Ademais,  como  traz o  recorrente em memoriais,  a mesma situação  fática  já  foi  analisada  pelo  acórdão  nº  2101­001.461  da  1ª  Câmara  deste  Conselho  que  julgou,  por  unanimidade  o Recurso Voluntário  de  Eulália  Pípolo Baptista,  sogra  do  ora  Recorrente. Na  análise do Recurso consignou o Relator que “A  intensa movimentação bancária que no primeiro  semestre ocorreu apenas na conta do HSBC (fl. 272) migrou para as contas do Citibank e Banco Real  no  segundo  semestre  de  1998,  conforme  se  observa  às  fls.  216  e  290,  guardando  as  mesmas  características  e  utilização  dos  recursos  para  pagamento  de  fornecedores,  conforme  indicam  as  microfilmagens dos cheques às fls. 306/335 e 385/567, 645/827.”  Uma  vez  constatado  que  a  movimentação  da  conta  bancária  denota  forte  existência de atividade comercial, há fundamento na alegação do Recorrente, suscitada desde o  início  da  fiscalização  de  que  a  titularidade  das  contas  em  questão  eram  da  empresa  Fuso  Distribuidora de Materiais Elétricos e Ferragens Ltda. Dessa forma, a exigência tributária deve  ser dirigida ao lucro auferido nas operações, na forma do IRPJ, e não ao imposto de renda em  decorrência  da  omissão  rendimentos  caracterizada  por  depósitos  bancários  de  origem  não  comprovada.   Alias,  no  sentido  da  omissão  de  rendimentos,  deve­se  ter  em  que  “as  presunções servem para que fatos de difícil comprovação direta sejam substituídos por outros que, em  ocorrendo,  darão  fortes  indícios  de  que  o  fato  gerador  do  imposto  efetivamente  ocorreu.  Assim,  a  presunção  de  omissão  de  rendimentos  em  face  da  constatação  de  depósitos  bancários  deve  ser  construída com base na verossimilhança e em juízos de razoabilidade e proporcionalidade, pois, sem  que assim  seja,  não  será possível  a  sua aplicação, posto que  estará  eivada de  incerteza a exigência  tributária,  fazendo nascer uma obrigação com vício de bases principiológicas  relativas à  segurança  jurídica e à capacidade contributiva.”  Não  por  outra  razão,  necessário  que  seja  observado  no  lançamento  o  princípio  da  verdade  material,  como  referido  pelo  Acórdão  nº  102­47.457,  onde  o  ilustre  Conselheiro Naury Fragoso Tanaka pondera que “(...) a verdade material deve sempre constituir  objeto de busca pelo procedimento fiscal, mesmo nas situações em que a lei permite ao fisco obter o  fato gerador por intermédio da ocorrência de outros que a ele estão ligados logicamente. (...) a busca  da verdade material que se externa obrigatória pela ordem contida no artigo 142, do CTN, e para que,  por  utilização  inadequada  da  base  presuntiva,  evite­se  formalização  de  créditos  exorbitantes  e  em  descompasso com aquele que realmente seria devido.”  Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 29          19 Nota­se  que  a  verificação  das  verdades  dos  fatos  é  passo  obrigatório  para  evitar  ofensas  à  capacidade  contributiva  e  o  enriquecimento  ilícito  da  União,  em  razão  de  eventual formalização de créditos tributário em descompasso com aquele efetivamente devido,  caso desprezada essa investigação. Diante disso, como referido pelo acórdão nº 2101­001.461  da 1ª Câmara deste Conselho, “à evidência de que a movimentação bancária  resulta da venda de  bens  ou  serviços  –  e  a movimentação  financeira  diária,  intensa  e  expressiva,  denota  tal  ocorrência,  pois será improvável que resulte de renda líquida a ser tributada – por força do princípio da verdade  material e da tipicidade cerrada, deve o fisco verificar a efetiva renda percebida, para exigir o tributo  em acordo com as normas específicas de tributação, consoante determina o § 2º do artigo 42 da Lei nº  9.430, de 1996.”    E assim conclui:  No entanto, não é essa forma de abstrair os conceitos postos na  dita  lei  que  está  predominando  na  interpretação  do  fisco,  e  exige­se  tributo  sobre  toda  a  renda  apurada  com  base  na  somatória dos depósitos, independente das provas indiciárias da  presença  de  outras  atividades  ou  da  utilização  da  conta  da  pessoa  física  para  movimentar  recursos  (capital  de  giro)  da  pessoa jurídica. A situação em exame não foge à regra citada.   Comprovado que  os  valores  creditados  em conta  bancária  têm  origem  em  atividade  comercial  do  autuado  ou  de  terceiro,  a  exigência  tributária  deve  ser  dirigida  ao  lucro  auferido  nas  operações inclusive através de arbitramento, conforme autoriza  o  artigo  43  do  CTN  se  as  receitas  não  foram  submetidas  à  tributação  do  IRPJ  e  contribuições.  Se  a  fiscalização  tivesse  procedido desta forma, a exigência tributária se manteria firme.   Diante  disso,  percebe­se  que  a  tributação  por  omissão  de  rendimentos  na  forma como feita pelo lançamento “é resultante de uma aplicação da norma em conflito com aquela  que determina a hipótese de incidência do tributo (auferir renda ou proventos de qualquer natureza),  justamente porque permite exigir tributo de valores que, comprovadamente, não se prestam para servir  de base presuntiva de renda omitida, situação da qual resulta exigência de tributo sobre renda que não  é renda.”  Por todos estes motivos, merece provimento o Recurso Voluntário no tocante  à tributação dos rendimentos omitidos, apurados a partir de depósito em contas bancárias sem  comprovação de origem.        Conclusão  Isso posto, voto pelo PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para declarar a  nulidade do auto de infração, já que a prova carreada no processo administrativo foi obtida por  meio de RMF sem prévia autorização judicial, outorgando interpretação conforme ao art. 6º da  LC nº105/01 para o fim de entender válida a quebra de sigilo bancário em procedimento fiscal  sempre que acompanhado da imprescindível autorização judicial para tanto.  Caso seja considerada lícita a prova decorrente da quebra de sigilo bancário  sem prévia autorização judicial, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário.  Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     20   (Assinado digitalmente)  Fabio Brun Goldschmidt – Relator  Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 30          21   Voto Vencedor  Conselheiro Antonio Lopo Martinez.  Este  voto  decorre de  divergência  de  entendimentos  em  relação  ao  proposto  pelo Conselheiro Relator.  Da Preliminar de Prova Ilícita por Quebra do Sigilo Bancário  Inobstante o bem fundamentado voto do Relator, entendo que ao apreciar a  questão da licitude da prova estamos essencialmente enfrentando uma questão preliminar.   O  sigilo  bancário  sempre  foi  um  tema  cheio  de  contradições  e  de  várias  correntes.  Antes  da  edição  da  Lei  Complementar  n°  105,  de  2001,  os  Tribunais  Superiores  tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à  privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua  quebra  com  base  em  procedimento  administrativo,  amparado  no  entendimento  de  que  as  previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e  no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da  vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior.  Pessoalmente,  não me  restam dúvidas,  que o  direito  ao  sigilo  bancário  não  pode  ser  utilizado  para  acobertar  ilegalidades.  Por  outro  lado,  preserva­se  a  intimidade  enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas  ninguém tem o direito de invocá­la para abster­se de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance.  Tenho para mim, que o  sigilo bancário não foi  instituído para que se possam praticar crimes  impunemente.  Desta  forma,  é  indiscutível  que  o  sigilo  bancário,  no  Brasil,  para  fins  tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses  previstas em lei. No comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, nota­se  o seguinte:   “Art. 1° As  instituições  financeiras conservarão sigilo em suas  operações ativas e passivas e serviços prestados.   (...)  § 3º Não constitui violação do dever de sigilo:  I  ­  a  troca  de  informações  entre  instituições  financeiras,  para  fins  cadastrais,  inclusive  por  intermédio  de  centrais  de  risco,  observadas  as  normas  baixadas  pelo  Conselho  Monetário  Nacional e pelo Banco Central do Brasil;  II  ­  o  fornecimento  de  informações  constantes  de  cadastro  de  emitentes  de  cheques  sem  provisão  de  fundos  e  de  devedores  inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às  Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     22 normas  baixadas  pelo  Conselho  Monetário  Nacional  e  pelo  Banco Central do Brasil;  III ­ o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art.  11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996;  IV ­ a comunicação, às autoridades competentes, da prática de  ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de  informações  sobre  operações  que  envolvam  recursos  provenientes de qualquer prática criminosa;  V  ­  a  revelação  de  informações  sigilosas  com  o  consentimento  expresso dos interessados;  VI  ­  a  prestação  de  informações  nos  termos  e  condições  estabelecidos  nos  artigos  2º,  3º,  4º,  5º,  6º,  7º  e  9º  desta  Lei  Complementar.   (...)  Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios  somente  poderão examinar documentos, livros e registros de instituições  financeiras,  inclusive  a  contas  de  depósitos  e  aplicações  financeiras,  quando  houver  processo  administrativo  instaurado  ou  procedimento  fiscal  em  curso  e  tais  exames  sejam  considerados  indispensáveis  pela  autoridade  administrativa  competente.  Parágrafo  único. O  resultado  dos  exames, as  informações  e  os  documentos  a  que  se  refere  este  artigo  serão  conservados  em  sigilo, observada a legislação tributária.   (...)  Art. Revoga­se o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de  1964.”.  Se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário  via  administrativa  (autoridade  fiscal),  agora  estas  não  mais  existem,  já  que  é  claro  na  lei  complementar,  acima  transcrita,  a  tese de que a Secretaria da Receita Federal  tem permissão  legal  para  acessar  os  dados  bancários  dos  contribuintes,  está  expressamente  autorizado  pelo  artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e  agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras,  desde que haja processo administrativo instaurado.  Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita,  já  que  há  permissão  legal  para  que  o  Estado  através  de  seus  agentes  fazendários,  com  fins  públicos  (arrecadação  de  tributos),  visando  o  bem  comum,  possa  ter  acesso  aos  dados  protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis,  por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal.  Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o  assunto, os Auditores­Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos,  livros  e  registros  de  contas  de  depósitos,  desde  que  houver  processo  fiscal  administrativo  instaurado  e  os  mesmos  forem  considerados  indispensáveis  pela  autoridade  competente.  Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames,  Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 31          23 devem  ser  conservados  em  sigilo,  cabendo  a  sua  utilização  apenas  de  forma  reservada,  cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de  contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário.  Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais  constitui  um  dos  requisitos  do  exercício  da  atividade  administrativa  tributária,  cuja  inobservância  só  se  consubstancia  mediante  a  verificação  material  do  evento  da  quebra  do  sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção.  Requisições  de  Movimentação  Financeira  –  RMF  emitidas  seguiram  rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º  da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas  no  art.  3º,  que  também  estão  claramente  presentes  nos  autos. Em verdade,  verifica­se  que  o  contribuinte  foi  intimada  a  fornecer  seus  extratos  bancários,  no  entanto  não  os  apresentou,  razão pela qual não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações  sobre Movimentação Financeira – RMF.  Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência  de  sigilo  bancário  para  a Receita  Federal  do Brasil,  posto  que  a  Lei Complementar  105,  de  2001  confere  às  autoridades  administrativas  tributárias  a  possibilidade  de  acesso  aos  dados  bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para  tanto. E é este o caso nos autos.   Ademais,  a  tese  de  ilicitude  da  prova  obtida  não  está  sendo  acolhida  pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme a jurisprudência já consolidada.  Rejeito,  portanto,  o  questionamento  preliminar  argüido  quanto  ilicitude  da  prova.  Da Preliminar de Nulidade  Nos presentes autos, não ocorreu nenhum vício para que o procedimento seja  anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são  os  descritos  no  artigo  59  do  Decreto  70.235/1972  e  só  serão  declarados  se  importarem  em  prejuízo  para  o  sujeito  passivo,  de  acordo  com  o  artigo  60  do  mesmo  diploma  legal.  A  autoridade  fiscal  ao  constatar  infração  tributária  tem  o  dever  de  ofício  de  constituir  o  lançamento.   Constatado  que  as  infrações  apuradas  foram  adequadamente  descritas  nas  peças acusatórias e no correspondente Relatório de Procedimento Fiscal, e que o contribuinte,  demonstrando  ter perfeita compreensão delas, exerceu o seu direito de defesa, não há que se  falar em nulidade do  lançamento. As  razões para não se aceitar os argumentos do  recorrente  estão claramente demonstrados  tanto no Termo de Verificação do Auto de  Infração como na  Decisão recorrida.  Entendo que não procede a alegação de que a defesa teria sido prejudicada.  Uma vez que isso não impediu que o contribuinte apresenta­se ampla defesa suscitando vários  pontos.  Na  realidade  no  caso  concreto  não  se  percebe  qualquer  nulidade  que  comprometa a validade do procedimento adotado. Diante disso, é evidente que tal preliminar  Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     24 carece  de  sustentação  fática,  merecendo,  portanto,  a  rejeição  por  parte  deste  Egrégio  Colegiado.  Da presunção de omissão baseada em depósitos bancários  O lançamento  fundamenta­se em depósitos bancários. A presunção  legal de  omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de  comprovação  da  origem  dos  recursos  que  transitaram,  em  nome  do  sujeito  passivo,  em  instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem­se a autorização para  considerar ocorrido o “fato gerador” quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos  créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer  outra prova.  Via de  regra,  para  alegar  a ocorrência de “fato gerador”,  a autoridade deve  estar  munida  de  provas.  Mas,  nas  situações  em  que  a  lei  presume  a  ocorrência  do  “fato  gerador” (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso,  ao Fisco cabe provar tão­somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico  tributário (obtenção de rendimentos).  No texto abaixo reproduzido, extraído de “Imposto sobre a Renda ­ Pessoas  Jurídicas” (Justec­RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa  questão:  O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova:  invocando­a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar,  no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características  descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que  a  lei  presume  ­  cabendo  ao  contribuinte,  para  afastar  a  presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe  no caso.  Assim,  o  comando  estabelecido  pelo  art.  42  da  Lei  nº  9430/1996  cuida  de  presunção  relativa  (juris  tantum)  que  admite  a  prova  em  contrário,  cabendo,  pois,  ao  sujeito  passivo  a  sua  produção.  Nesse  passo,  como  a  natureza  não­tributável  dos  depósitos  não  foi  comprovada  pelo  contribuinte,  estes  foram  presumidos  como  rendimentos.  Assim,  deve  ser  mantido o lançamento.  Antes  de  tudo  cumpre  salientar  que  a  presunção  não  foi  estabelecida  pelo  Fisco  e  sim pelo  art.  42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o  seguinte  poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado  o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos).   Assim, não cabe ao  julgador discutir se  tal presunção é equivocada ou não,  pois  se  encontra  totalmente  vinculado  aos  ditames  legais  (art.  116,  inc.  III,  da  Lei  n.º  8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário  (art. 142 do Código Tributário Nacional ­ CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que  importem  a  negação  de  vigência  e  eficácia  do  preceito  legal  que,  de  modo  inequívoco,  estabelece  a  presunção  legal  de  omissão  de  receita  ou  de  rendimento  sobre  os  valores  creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o  titular,  pessoa  física  ou  jurídica,  regularmente  intimado,  não  comprove,  mediante  documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput,  da Lei n.º 9.430/1996).   Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.004322/2003­15  Acórdão n.º 2202­002.885  S2­C2T2  Fl. 32          25 É inadmissível aceitar alegações quando desacompanhadas de provas. Assim,  a ocorrência do fato gerador decorre, no presente caso, da presunção legal estabelecida no art.  42 da Lei n° 9.430/1996. Verificada a ocorrência de depósitos bancários cuja origem não foi  devidamente  comprovada  pelo  contribuinte,  é  certa  também  a  ocorrência  de  omissão  de  rendimentos  à  tributação,  cabendo  ao  contribuinte  o  ônus  de  provar  a  irrealidade  das  imputações  feitas.  É  fulcral  enfatizar  que  deveria  o  recorrente  demonstrar  individualizadamente  todos  os  depósitos  de  origem  não  comprovada  considerados  pela  autoridade lançadora.  Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova  da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais.  Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei  nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda  representada  pelos  depósitos  bancários  sem  origem  comprovada.  Incabível a alegação de ilegitimidade passiva, uma vez que está comprovado  nos autos o uso de conta bancária em nome próprio, para efetuar a movimentação de valores  tributáveis, situação que torna lícito o lançamento sobre o próprio titular da conta.  Sobre esse ponto o CARF já consolidou entendimento:   A  titularidade  dos  depósitos  bancários  pertence  às  pessoas  indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com  documentação  hábil  e  idônea  o  uso  da  conta  por  terceiros  (Súmula CARF No.32)  Assim, a ocorrência do fato gerador decorre, no presente caso, da presunção  legal  estabelecida  no  art.  42  da  Lei  n°  9.430/1996.  Verificada  a  ocorrência  de  depósitos  bancários  cuja  origem não  foi  devidamente  comprovada pelo  contribuinte,  é  certa  também a  ocorrência de omissão de rendimentos à tributação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar a  irrealidade das imputações feitas. Ausentes esses elementos de prova, resulta procedente o feito  fiscal em nome do contribuinte.  Das Provas nos Autos  É oportuno para o caso concreto,  recordar a  lição de MOACYR AMARAL  DOS SANTOS:   “Provar é convencer o espírito da verdade respeitante a alguma  coisa.” Ainda, entende aquele mestre que, subjetivamente, prova  ‘é  aquela  que  se  forma  no  espírito  do  juiz,  seu  principal  destinatário,  quanto  à  verdade  deste  fato”.  Já  no  campo  objetivo,  as  provas “são meios  destinados  a  fornecer  ao  juiz o  conhecimento da verdade dos fatos deduzidos em juízo.”  Assim, consoante MOACYR AMARAL DOS SANTOS, a prova teria:  a)  um objeto ­ são os fatos da causa, ou seja, os fatos deduzidos pelas partes  como fundamento da ação;  Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ     26 b)  uma finalidade ­ a formação da convicção de alguém quanto à existência  dos fatos da causa;   c)  um destinatário  ­ o  juiz. As  afirmações de  fatos,  feitas pelos  litigantes,  dirigem­se ao juiz, que precisa e quer saber a verdade quanto aos mesmos. Para esse fim é que  se produz a prova, na qual o juiz irá formar a sua convicção.  Pode­se  então  dizer  que  a  prova  jurídica  é  aquela  produzida  para  fins  de  apresentar subsídios para uma tomada de decisão por quem de direito. Não basta, pois, apenas  demonstrar  os  elementos  que  indicam  a  ocorrência  de  um  fato  nos  moldes  descritos  pelo  emissor da prova, é necessário que a pessoa que demonstre a prova apresente algo mais, que  transmita sentimentos positivos a quem tem o poder de decidir, no sentido de enfatizar que a  sua linguagem é a que mais aproxima do que efetivamente ocorreu.  O  recorrente  questiona  o  entendimento  exarado  pela  autoridade  fiscal.  Entretanto, embora tenha se transcorrido um longo período desde que tomou conhecimento do  relatório não demonstrou os seus argumentos.  Ademais,  cabe  a  recorrente  por  força  da  presunção  legal,  compete  a  ela  provar a natureza especifica de cada depósitos, na medida em que, ninguém melhor do que ela  própria trazer o comprovante de cada depósito. Dessa forma, cabe a máxima de que “allegatio  et non probatio, quase non allegatio” (alegar e não provar é quase não alegar).  Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros   Por  fim, quanto  à  improcedência da aplicação da  taxa Selic,  como  juros de  mora, aplicável o conteúdo da Súmula CARF nº 4:    A partir de 1º de abril de 1995, os  juros moratórios  incidentes  sobre  débitos  tributários  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia ­  SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).   Assim, é de se negar provimento também nessa parte.   Ante  ao  exposto,  voto  por  rejeitar  as  preliminares  e,  no  mérito,  negar  provimento ao recurso.  (Assinado digitalmente)  Antonio Lopo Martinez                    Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 10/03/20 15 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ

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Numero do processo: 13609.000203/2010-89
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CERTIFICADO DE ENTIDADES BENEFICIENTE DE ASSISTENCIA SOCIAL - CEBAS. RETROATIVIDADE. Tendo a entidade filantrópica protocolado requerimento para a renovação do CEBAS, este, quando concedido, tem efeitos retroativos. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2803-004.120
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima votou pelas conclusões. (assinatura digital) Helton Carlos Praia de Lima - Presidente (assinatura digital) Ricardo Magaldi Messetti - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira
Nome do relator: RICARDO MAGALDI MESSETTI

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1733; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­TE03  Fl. 610        1  609  S2­TE03  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13609.000203/2010­89  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2803­004.120  –  3ª Turma Especial   Sessão de  12 de fevereiro de 2015  Matéria  Contribuições Previdenciárias  Recorrente  CASA DE CARIDADE SANTA TEREZA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007  CERTIFICADO  DE  ENTIDADES  BENEFICIENTE  DE  ASSISTENCIA  SOCIAL ­ CEBAS. RETROATIVIDADE.  Tendo a entidade filantrópica protocolado requerimento para a renovação do  CEBAS, este, quando concedido, tem efeitos retroativos.  Recurso Voluntário Provido  Crédito Tributário Exonerado      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Conselheiro Helton Carlos Praia de  Lima votou pelas conclusões.    (assinatura digital)  Helton Carlos Praia de Lima ­ Presidente  (assinatura digital)  Ricardo Magaldi Messetti ­ Relator    Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de  Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra  Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira      AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 00 02 03 /2 01 0- 89 Fl. 610DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA     2  Fl. 611DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/2010­89  Acórdão n.º 2803­004.120  S2­TE03  Fl. 611        3  Relatório  Trata­se de recurso voluntário interposto pela Casa de Caridade Santa Tereza  em  face  acórdão  proferido  pela  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  em  Belo  Horizonte  (MG), assim ementado:  ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES  Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007  ATO DECLARATÓRIO DE ISENÇÃO  Ê ilegítima a exigência de ato declaratório de isenção/imunidade, para fins  da fruição do aludido beneficio fiscal nos exercícios 2006 e 2007, quando se  trate de entidade enquadrada na ressalva legal de "direito adquirido".  CERTIFICADO  DE  ENTIDADE  BENEFICENTE  DE  ASSISTÊNCIA  SOCIAL VÁLIDO.  Na  vigência  do  art.  55  da  Lei  8.212/91,  um  dos  requisitos  indispensáveis  para  o  gozo  da  imunidade/isenção,  é  a  formalidade  de  possuir  a  entidade  Certificado  de  Entidade  de  Beneficente  de  Assistência  Social  –  CEBAS  fornecido pelo CNAS válido por três anos.  Impugnação Procedente em Parte  Crédito Tributário Mantido em Parte  Trata o processo em epígrafe de lançamento de crédito tributário relativo às  contribuições previdenciárias inerentes aos serviços remunerados prestados pela contribuinte à  Irmandade Nossa Senhora da Saúde, por meio de segurados empregados.  A  Fiscalização  informa  que  a  contribuinte  apresentou  GFIP,  nas  competências 04/2007 e 06/2007 a 09/2007, com o código FPAS 639, que inibe o cálculo das  contribuições previdenciárias patronais, em razão de entender que goza do direito a imunidade,  apesar de não ter formalizado pedido de isenção exigido pelo § 1° do art. 55 da Lei 8.212/91 e  não  ter  obtido  a  renovação  do  Certificado  de  Entidade  Beneficente  de  Assistência  Social  (CEBAS).  Dessa forma, a Fiscalização concluiu que, por ter descumprido os requisitos  previstos na Lei n° 8.212/91 (artigo 55, inciso II e o § 1º do mesmo artigo), a contribuinte não  goza  de  qualquer  beneficio  fiscal,  sendo­lhe  imposta  os  encargos  relativos  às  contribuições  previdenciária destinadas a terceiros.  A Casa de Caridade apresentou impugnação na qual argumenta que:  a) não procede o argumento da autoridade lançadora, de que a entidade não  cumpre  o  requisito  do  inciso  II  do  art.  55  da  Lei  8.212/91,  uma  vez  que  Fl. 612DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA     4  sempre  foi  instituição  beneficente  que  atende  a  população  carente  do  Município do Serro e demais cidades, sem visar lucro.   b)  entregou  ao CNAS  e  ao Ministério  da  Fazenda  documentos  e  relatórios  referentes à renovação de seu CEBAS;  c) cumpriu com todas as exigências legais para manutenção de sua condição  de instituição beneficente, não se justificando a autuação; e  d)  realiza  a  contratação dos  serviços oferecidos  ao SUS, nos  termos da Lei  12.101/2009.  Ao  analisar  as  alegações  da  contribuinte,  a  DRJ  de  origem  acatou  parcialmente  as  ponderações  apresentadas,  tendo  reconhecido  que,  no  período  de  janeiro  a  dezembro de 2006, o requisito do inciso II do art. 55 da Lei 8.212/91 restou cumprido. Quanto  ao período de  janeiro  a  dezembro de 2007, para  a DRJ não há provas de que  a  contribuinte  preencheria o requisito do dispositivo legal citado, uma vez que, em janeiro de 2007, o CEBAS  apresentado  não  tinha  mais  validade  e  não  consta  prova  de  que  se  tenha  requerido  a  sua  renovação.  Irresignada,  a  contribuinte  apresentou  recurso  voluntário,  reiterando,  em  apertado escorço, as alegações trazidas em sua peça de impugnação.  Sem  apresentação  de  contrarrazões  por  parte  da  Fazenda,  os  autos  foram  encaminhado a este Conselho, sendo a mim sorteada a relatoria.  É o relatório.  Fl. 613DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/2010­89  Acórdão n.º 2803­004.120  S2­TE03  Fl. 612        5  Voto             Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti  Da Admissibilidade  O  recurso  voluntário  é  tempestivo  e  presentes  se  encontram  os  demais  requisitos para a sua admissibilidade, razão pela qual passo a apreciá­lo.  Da Filantropia ­ CEBAS  Como bem pontuado no relatório fiscal a autuação ora combatida se deu em  razão  de  a  entidade  ter  lançado  o  código  FPAS  639  (ENTIDADE  BENEFICENTE  DE  ASSISTÊNCIA  SOCIAL,  com  isenção  requerida  e  concedida  pela  Previdência  Social,  inclusive  aquela  transformada em entidade de  fins  econômicos na  forma do artigo 7° da Lei  9131/95, no período de pagamento parcial das contribuições patronais, nos termos do art. 13 da  Lei  n°  11.096,  de  13  de  janeiro  de  2005)  quando  deveria  ter  lançado  o  código  FPAS  515  (COMÉRCIO ATACADISTA  –  COMÉRCIO VAREJISTA  –  AGENTE AUTÔNOMO DO  COMÉRCIO ­ COMÉRCIO ARMAZENADOR – TURISMO E HOSPITALIDADE (inclusive  salão de barbeiro,  instituto de beleza, empresa de compra, venda,  locação e administração de  imóvel, engraxate, empresa de asseio e conservação, sociedade beneficente e religiosa etc.) –  ESTABELECIMENTO  DE  SERVIÇO  DE  SAÚDE  (hospital,  clínica,  casa  de  saúde,  laboratório de pesquisas e análises clínicas, cooperativa de serviço médico, banco de sangue,  estabelecimento  de  ducha,  massagem  e  fisioterapia  e  empresa  de  prótese)  –  COMÉRCIO  TRANSPORTADOR,  REVENDEDOR,  RETALHISTA  DE  ÓLEO  DIESEL,  ÓLEO  COMBUSTÍVEL E QUEROSENE (exceto quanto aos empregados envolvidos diretamente na  atividade  de  transporte  ­  Dec.  1.092/94  ­  FPAS  612)  –  EMPRESA  E  SERVIÇOS  DE  PROCESSAMENTO DE DADOS – ESCRITÓRIO, CONSULTÓRIO OU LABORATÓRIO  DE  PROFISSIONAIS  LIBERAIS  (pessoa  jurídica)  –  CONSÓRCIO  –  AUTO­ESCOLA  –  CURSO  LIVRE  –  LOCAÇÕES  DIVERSAS  –  PARTIDO  POLÍTICO  –  EMPRESA  DE  TRABALHO TEMPORÁRIO  (contribuição  sobre  a  folha  de  salário  de  seus  empregados)  –  SOCIEDADE  COOPERATIVA  (estabelecimento  no  qual  explora  atividade  econômica  relacionada  neste  código)  ­  TOMADOR DE  SERVIÇO DE  TRABALHADOR AVULSO  –  contribuição sobre a remuneração de trabalhador avulso vinculado ao comércio – EMPRESAS  DE FACTORING) por não possuir o Certificado de Entidade Beneficente para o período do  lançamento fiscal, tendo o referido documento não ter sido renovado.  A  entidade,  por  sua  vez,  defende  que  sempre  gozou  das  prerrogativas  de  instituição  filantrópica,  fazendo  jus  ao  Certificação  de  Entidade  Beneficente  de  Assistência  Social (CEBAS).  E no meu sentir tem razão a recorrente. É bem verdade que houve alteração  no critério de uso do beneficio com a edição da Lei n.º 12.101, de 27 de novembro de 2009,  que assevera em seu artigo 31 que “o direito à  isenção das contribuições sociais poderá ser  exercido pela entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação, desde  que atendido o disposto na Seção I deste Capítulo”.  Fl. 614DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA     6  Ora, a entidade protocolou no órgão público, devidamente instruído, o pedido  de certificação na época que ainda estava vigente a sistemática de concessão do CEBAS com  data retroativa ao protocolo.  No período considerado pelo fisco a legislação foi alterada diversas vezes no  que diz respeito à exigência do certificado:  Lei 8.212/91  “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta  Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes  requisitos cumulativamente:    II ­ seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins  Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social,  renovado a cada três anos;”  (...)  A Medida Provisória 446, de 7 de novembro de 2008,  revogou o art. 55 da  Lei  nº  8.212/91  e  estipulou  as  condições  necessárias  para  o  benefício,  contudo  manteve  a  exigência  do  Certificado.  Estabeleceu,  ainda,  que  os  pedidos  de  concessão  originária  de  Certificado que não tenham sido objeto de julgamento pelo Conselho Nacional de Assistência  Social – CNAS, até a data de publicação da Medida Provisória, seriam remetidos ao Ministério  responsável, “de acordo com a área de atuação da entidade, que os julgará, nos termos da  legislação em vigor à época do requerimento”.  MP 446/98  “Art.  3º  A  certificação  será  concedida  à  entidade  beneficente  que  demonstre,  nos  doze  meses  que  antecederam  ao  do  requerimento,  o  cumprimento do disposto nas Seções I, II e III deste Capítulo, de acordo com  a respectiva área de atuação.  §  1º  Nas  situações  previstas  em  regulamento,  a  demonstração  do  cumprimento do disposto no caput poderá  ter como base os primeiros doze  meses contidos nos dezesseis meses que antecederem ao do requerimento.  §  2º  O  período  mínimo  de  cumprimento  dos  requisitos  de  que  trata  este  artigo  poderá  ser  reduzido  se  a  entidade  for  prestadora  de  serviços  conveniados com o Sistema Único de Saúde ­ SUS ou com o Sistema Único  de  Assistência  Social  ­  SUAS,  em  caso  de  necessidade  local  atestada  pelo  gestor do respectivo sistema.”  (...)  “Art.  36.  Os  pedidos  de  concessão  originária  de  Certificado  de  Entidade  Beneficente de Assistência Social que não tenham sido objeto de julgamento  pelo  Conselho  Nacional  de  Assistência  Social  ­  CNAS  até  a  data  de  publicação  desta  Medida  Provisória  serão  remetidos  ao  Ministério  responsável, de acordo com a área de atuação da entidade, que os julgará,  nos termos da legislação em vigor à época do requerimento.”  Fl. 615DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/2010­89  Acórdão n.º 2803­004.120  S2­TE03  Fl. 613        7  Posteriormente,  a  Medida  Provisória  n.º  446  foi  rejeitada  pelo  Congresso  Nacional, conforme Ato do Presidente da Câmara dos Deputados, retornando a vigorar o artigo  55 da Lei n.º 8212/91. Ei o teor do ato que comunicou a rejeição da MP 446:  “O  PRESIDENTE DA  CÂMARA DOS DEPUTADOS  faz  saber  que,  em  sessão realizada no dia 10 de fevereiro de 2009, o Plenário da Casa rejeitou  a Medida Provisória nº 446, de 10 de novembro de 2008, que "Dispõe sobre  a  certificação  das  entidades  beneficentes  de  assistência  social,  regula  os  procedimentos  de  isenção  de  contribuições  para  a  seguridade  social,  e  dá  outras providências".  Não  houve  a  publicação  de  Decreto  Legislativo  para  regular  os  efeitos  advindos da Medida Provisória rejeitada pelo Congresso.  Em 30 de novembro de 2009 foi publicada no Diário Oficial da União a Lei  n.º  12.101  que  dispôs  sobre  a  certificação  das  entidades  beneficentes  de  assistência  social,  regulou os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social e alterou outras  leis que tratavam do tema. Pelo que dispôs o artigo 31 “o direito à isenção das contribuições  sociais poderá ser exercido pela entidade a contar da data da publicação da concessão de sua  certificação, desde que atendido o disposto na Seção I deste Capítulo”.  Ocorre que a entidade protocolou pedido junto ao órgão competente e, após  longo prazo de espera, teve a publicação do ato de concessão de sua certificação com prazo de  vigência desde a publicação oficial. Medida que contraria, inclusive, o disposto na parte final  do art. 36 da MP n.º 446, que assegurava ao contribuinte ter seu pedido julgado nos termos da  legislação  vigente  à  época  do  requerimento.  E  a  legislação  vigente  á  época  assegurava  a  retroatividade:  “Art.  208.  A  pessoa  jurídica  de  direito  privado  deve  requerer  o  reconhecimento  da  isenção  ao  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social,  em  formulário  próprio,  juntando  os  seguintes  documentos:  (Revogado  pelo  Decreto nº 7.237, de 2010).  (...)  § 2º Deferido o pedido, o Instituto Nacional do Seguro Social expedirá Ato  Declaratório  e  comunicará à pessoa  jurídica  requerente a decisão  sobre o  pedido de reconhecimento do direito à isenção, que gerará efeito a partir da  data do seu protocolo.”  Vale destacar, ainda, o Ato Declaratório nº 05/2011, que aprovou o Parecer  PGFN/CRJ/Nº  2132/2011,  dispensando  a  interposição  de  recurso  “nas  ações  judiciais  que  visem obter a declaração de que o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social é  meramente  declaratório,  produzindo  efeito  ex  tunc,  retroagindo  à  data  de  protocolo  do  respectivo requerimento,  ressalvado o disposto no art. 31 da Lei nº 12.101, de 2009 (data da  publicação da concessão da certificação), desde que inexista outro fundamento relevante, como  a necessidade de cumprimento da legislação superveniente pelo contribuinte”.  A  Procuradoria­Geral  da  Fazenda  se  manifestou  em  seu  parecer,  nos  seguintes termos:    Fl. 616DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA     8  “4. Primeiramente, vale ressaltar que este Parecer não trata das demandas  em  que  se  pleiteia  a  declaração  da  existência  de  direito  adquirido  ao  reconhecimento  da  natureza  de  filantrópica,  nas  quais  se  pleiteia  a  manutenção  do  direito  ao  CEBAS  não  obstante  a  desobediência  aos  requisitos  de  legislação  superveniente.  Neste  ponto,  a  jurisprudência  é  pacífica a favor do pleito fazendário de que não há direito adquirido.    5. Neste parecer, tem­se em foco a controvérsia sobre os efeitos da  concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, se  meramente declaratório, de modo que possui efeitos ex tunc, ou se  constitutivo, de modo que possui efeitos ex nunc.    6. O Poder Judiciário entendeu, conforme se observa da jurisprudência  pacífica do STJ, no sentido de que o Certificado de Entidade Beneficente de  Assistência Social é meramente declaratório, de modo que possui efeitos ex  tunc. De acordo com o Ministro Castro Meira, no julgamento do Resp  478239/RS, Segunda Turma.”    A Jurisprudência nos Tribunais  foi pacificada e definiu que a certificação é  ato declaratório administrativo ex tunc,  retroagindo portanto no  tempo. É bem verdade que o  posicionamento  doutrinário  e  jurisprudencial  é  contrário  aos  dispositivos  da  legislação  revogada (art. 55, II, da Lei nº 8.212/91, do Decreto nº 2.536/98 e do Decreto nº 3.048/99), mas  a  construção  consolidada  com  base  na  legislação  revogada  não  se  alterou  com  as  novas  disposições da Lei nº 12.101/2009 (art. 31). EDcl no AgRg no REsp 737907/RS, Rel. Ministro  Castro Meira, Segunda Turma, Julgado em 16/04/2009, DJe 29/04/2009.  E no me sentir o relatório fiscal não traz outra acusação de descumprimento  da  norma  previdenciária.  Faz menção  aleatória  ao  disposto  no  art.  55,  §5º,  da  Lei  8.212/91  (“Considera­se também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a  efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos  termos do regulamento”). Contudo, não há fundamentação alguma no sentido de que a entidade  teria desobedecido tal dispositivo.  Os  Estatutos  Sociais  da  entidade  demonstram  tratar­se  de  entidade  beneficente de assistência social. Aplica, ainda, todos os recursos nos seus objetivos sociais e  não distribui lucros aos seus associados, diretores ou empregados.  Nesse  sentido,  dou  provimento  ao  recurso  voluntário  manejado  pela  recorrente.  Conclusão  Pelo  exposto,  voto  no  sentido  de  conhecer  do  recurso  voluntário  para,  no  mérito, dar­lhe provimento.  É como voto.    (assinado digitalmente)  Ricardo Magaldi Messetti ­ Relator  Fl. 617DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 13609.000203/2010­89  Acórdão n.º 2803­004.120  S2­TE03  Fl. 614        9    Messetti                             Fl. 618DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA

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Numero do processo: 11633.001130/2008-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II Exercício: 2003 DECADÊNCIA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição fraudulenta prevista no art. 23, Inciso V do Decreto-Lei nº 1.455/76 é de 5 (cinco) anos contados a partir da data do registro da Declaração de Importação - DI, nos termos previstos no art. 139 do Decreto-Lei nº 37/66. Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-001.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. Dr. José Antônio Valduga fez sustentação oral. Joel Miyazaki - Presidente. Winderley Morais Pereira - Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Erika Costa Camargos Autran e Daniel Mariz Gudino.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1556; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C2T1  Fl. 1.119          1 1.118  S3­C2T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11633.001130/2008­03  Recurso nº       Voluntário  Acórdão nº  3201­001.884  –  2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  25 de fevereiro de 2015  Matéria  II  Recorrente  JABUR PNEUS S.A.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ­ II  Exercício: 2003  DECADÊNCIA.  IMPORTAÇÃO  DE  MERCADORIA.  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA  PREVISTA  NO  DL  1.455/76,  ART.  23,  INCISO  V.  DECADÊNCIA.  O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição  fraudulenta prevista no  art. 23,  Inciso V do Decreto­Lei nº 1.455/76 é de 5  (cinco)  anos  contados  a  partir  da  data  do  registro  da  Declaração  de  Importação ­ DI, nos termos previstos no art. 139 do Decreto­Lei nº 37/66.   Recurso Voluntário Provido       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. Dr. José Antônio Valduga fez  sustentação oral.      Joel Miyazaki ­ Presidente.    Winderley Morais Pereira ­ Relator.         AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 3. 00 11 30 /2 00 8- 03 Fl. 1119DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA     2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki, Carlos  Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais  Pereira, Erika Costa Camargos Autran e Daniel Mariz Gudino.    Relatório    Por  bem  descrever  os  fatos  adoto,  com  as  devidas  adições,  o  relatório  da  primeira instância que passo a transcrever.    "O  interessado  foi  autuado  em  face  da  infração  capitulada  no  artigo 83,  inciso I, da Lei nº 4.502/1964. Foi  lançada multa no  valor de R$ 3.440.445,34.  Segundo  a  “descrição  dos  fatos  e  enquadramento(s)  legal(is)”  (fls. 7100 do "e­processo"):  1. A prática fraudulenta que ensejou a multa do artigo 83, I da  Lei  nº  4.502/1964  é  a  interposição  fraudulenta  (Decreto­Lei  nº  1.455/1976, artigo 23, V).  2. A multa foi aplicada em face da impossibilidade de aplicação  da pena de perdimento.  3. O  histórico  de  importações  do  grupo  Jabur  tem­se  revelado  em operações  irregulares com grande prejuízos financeiros aos  Fiscos  (Federal e Estaduais, principalmente),  com a prática de  subfaturamento  de  preços;  uso  de  documentação  falsa  na  instrução dos procedimentos de importação; a ocultação do real  adquirente  da  mercadoria  importada  e,  por  vezes,  a  do  real  exportador,  com  a  utilização  de  artifícios  fraudulentos  e  simulações,  fatos  esses  que  a  legislação  define  como  interposição fraudulenta.  4.  Das  pesquisas  realizadas  nos  sistemas  informatizados  da  Receita  Federal  do  Brasil  —  RFB  —  onde  encontram­se  os  bancos  de  dados  das  importações  realizadas  desde  o  ano  de  1997,  não  foi  localizada  uma  única  importação  cujos  importadores  ou  adquirentes  fossem  a  JABUR  RASTREAMENTO DE VEÍCULOS LTDA ou JABURSAT­JABUR  PNEUS  RASTREAMENTO  DE  VEICULOS  LTDA  (ONDCAT).  Explica­se  tal  procedimento  pelo  modus  operandi  engendrado  pelo  grupo  JABUR:  o  real  adquirente,  ou  seja,  a  parte  que  se  pretendia manter recôndita nas importações da JABUR PNEUS  S.A.  era  a  JABURRASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS  LTDA  e  JABURSAT­JABUR PNEUS RASTREAMENTO DE VEICULOS  LTDA  (atual ONIXAT), empresas que à época das  importações  apresentavam  em  seus  quadros  sociais  as  participações  de  JABUR  PNEUS  S.A.  e  JABUR  COMERCIAL  IMPORTADORA  DE  PNEUS  LTDA.  Por  meio  desse  artifício,  o  grupo  JABUR  pretendia afastar obrigações tributárias principais (a incidência  do IPI nas operações subseqüentes A.  importação) e acessórias  (não  se  submeter  a  procedimentos  fiscais  de  habilitação  para  atuar  no  comércio  exterior)  simulando  a  venda  de mercadoria  importada  pela  JABUR  PNEUS  para  a  JABURSAT  e  JABUR  Fl. 1120DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/2008­03  Acórdão n.º 3201­001.884  S3­C2T1  Fl. 1.120          3 RASTREAMENTO,  por  prego  que  quase  não  suportavam  os  custos de importação, de forma a possibilitar que os verdadeiros  "adquirentes"  revendessem,  a  clientes  finais,  pelos  preços  que  incluíssem  todos  os  custos  envolvidos,  mais  margem  de  lucro,  sem a incidência do IPI.  5.  Jabur  Pneus  aparece  formalmente  como  adquirente  das  mercadorias,  quando  na  realidade  emprestou  seu  nome  para  ocultar  as  verdadeiras  adquirentes  das  mercadorias:  as  empresas  JABUR  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS  LIDA  e  JABURSAT­JABUR PNEUS RASTREAMENTO DE VEÍCULOS  LIDA (ONIXAT).  6.  Estima­se  que  o  montante  de  IPI  sonegado  nas  operações  subseqüentes  à  importação  alcançaria  cerca  de  R$  266.575,00  (fl. 17).  7.  Quanto  ao  imposto  sobre  produtos  industrializados  (IPI):  o  adquirente  de  mercadoria  estrangeira  (importador  ou  adquirente) é estabelecimento equiparado a  industrial  (Decreto  nº  4.544/2002,  artigo  9º,  incisos  I  e  IX,  e  Lei  nº  11.281/2006,  artigo  13).  Os  estabelecimentos  equiparados  a  industrial  são  contribuintes do IPI (Decreto nº 4.544/2002, artigo 24, III).  8. Na hipótese  de  o  encomendante  ou  adquirente  ocultar­se  na  importação,  implica o afastamento da condição de contribuinte  do  IPI.  As  mercadorias  são  revendidas  sem  o  recolhimento  de  IPI. A fiscalização aduz (fls. 36 a 38):  “Observa­se  a  ausência  do  recolhimento,  do  destaque  do  IPI,  justamente na etapa onde os lucros são inflados; chegamos, pois,  ao cerne do esquema fraudulento.  Portanto,  aqui  reside  a  fraude,  o  dano  ao  Erário,  pela  nãoincidência  do  IPI  sobre  o  montante  agregado  na  etapa  comercial,  através  da  interposição  de  uma  empresa  do mesmo  grupo empresarial , a JABUR PNEUS, utilizada, nas operações  aqui auditadas, precipuamente com este objetivo.  No  Quadro  IV  (fl.  35)  sintetiza­se  os  valores  da  operação  estudada,  e  fornece  uma  visão  do  esquema  engendrado  demonstrando  os  valores  informados,  bem  como  o  cálculo  e  estimativa  do  IPI  sonegado  nas  importações­revenda  dos  rastreadores importados.  Quadro  IV  –  DEMONSTRATIVO  DA  ESTIMATIVA  DO  IPI  SONEGADO  (…)  Dessarte,  concluímos  que  em  uma  operação  hipotética  sem  a  interposição  da  JABUR  PNEUS,  para  todos  os  rastreadores  DMR 200 nas três DIs revisadas (2.500 unidades), o IPI devido  seria bem superior, de R$ 266.575,00.  Pesquisa  nos  sistemas  de  arrecadação  19  da  Receita  Federal  corrobora  o  êxito  do  modus  operandi,  haja  vista  a  JABUR  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS,  e  a  JABURSAT­JABUR  PNEUS  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS  (atual  ONIXAT  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS),  verdadeiras  responsáveis  pelas  operações  sob  análise,  jamais  terem  recolhido  valor  relativo  ao  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados,  não  obstante  tratarem­se  de  empresas  que  revendem  produtos  importados,  tais  como  os  aparelhos  rastreadores,  objeto  desta  autuação.  Fl. 1121DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA     4 No âmbito do Direito Tributário, tal artifício, quando empregado  de forma dolosa, caracteriza sonegação e fraude, conceitos estes  definidos na Lei nº 4.502, de 30/11/1964.”  9.  JABUR  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS  e  JABURSAT­ JABUR  PNEUS  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS  (ONIXAT)  não foram habilitadas para atuar no comércio exterior. JABUR  PNEUS  era  utilizada  pelo  grupo  JABUR  para  ocultar  suas  controladas e permitir a sonegação de IPI e a burla ao controle  do risco aduaneiro no despacho (fl. 39).  10. Apresenta as provas de  fraude e  simulação em fls.  39  e  ss.  (fls. 37 e ss. dos autos em papel).  11. A fiscalização trata dos fatos relativos à DI 03/01011324  (ocultação  da  JABUR  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS)  no  tópico 5.1 da “descrição dos  fatos”  (fls.  40  e  ss.  dos autos  em  papel):  ­ DI registrada em 5/2/2003 e parametrizada para canal verde.   ­JABUR PNEUS declarada como importadora e real adquirente.  ­ Mercadoria: “rastreador DMR 200”.  ­  JABUR  RASTREAMENTO  “está  consolidada  no  mercado  (8.000  rastreadores  vendidos)  detém  conhecimento  técnico,  amplo mercado de clientes (cerca de 1.200), equipes próprias de  venda  e  de  manutenção  (200  funcionários),  pontos  de  venda  espalhados pelo Brasil (20), conforme informado em seu sitio na  internet  (Figura  09);  porém,  entre  o  inicio  de  suas  atividades  (20/10/2000)  até  2004  não  importou  um  único  aparelho  rastreador  (DMR  200),  equipamento  essencial  ao  sistema  de  rastreamento” (fl. 46).  ­  A  fiscalização  questiona:  “Presume­se  então,  que  a  JABUR  PNEUS  planejou  a  importação  e  revenda  desses  rastreadores;  no  entanto,  para  o  entendimento  da  razão  de  tal  procedimento  mercadológico,  faz­se algumas perguntas:  (1) por que  iniciar a  importação de  rastreadores  e  quem  será  (do)  o(s)  possível(eis)  comprador(es)  no  mercado  interno?  (2)  qual  será  o  prego  de  revenda para a obtenção de lucro?” (fl. 48).  ­ A fiscalização aduz (fls. 49 e 50):  “Perquirindo  a  primeira  indagação  não  se  encontra  nos  documentos  e  informações  prestadas  pela  autuada  qualquer  resposta  que  nos  faça  compreender  sua  estratégia  mercantil.  Não  se  pode  deixar  de  comentar  o  alto  valor  agregado  dos  rastreadores.  Na  importação  auditada  foi  declarado  para  o  rastreador  o  custo  unitário  de  USD  425,00,  e  tendo  sido  adquirido 1.000 unidades, perfaz um valor  total da mercadoria  de  USD  425.000,00,  não  computando  ainda  os  demais  custos  envolvidos.  No  mercado  competitivo  que  vivenciamos  é  difícil  crer que a JABUR PNEUS importou os rastreadores no referido  nível de preço e quantidade, para posteriormente "encontrar" os   consumidores  para  os  quais  os  revenderiam.  O  grupo  JABUR  preza  por  demonstrar  longa  experiência  em  importações  de  pneumáticos e evidentemente que aplicaria seus conhecimentos,  habilidades e estratégias nas importações de rastreadores se de  fato os importasse para revenda a clientes.  9.  Constatamos  de  fato  que  seu  "cliente",  a  JABUR  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS,  é  empresa  constituída  em  20/10/2000, tendo sempre em seu quadro societário participação  de empresas do grupo JABUR, a Jabur Comercial e Importadora  de  Pneus  Ltda,  e  a  partir  de  03/04/2002,  a  própria  JABUR  PNEUS  S.A,  ora  autuada.  Há  coincidência  na  localização  de  Fl. 1122DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/2008­03  Acórdão n.º 3201­001.884  S3­C2T1  Fl. 1.121          5 ambas: a Jabur Pneus (o estabelecimento autuado) situa­se, na  verdade,  na  rua  Maceió  nº  100  —  sala  01  —  Centro  —  Londrina/PR (consta nos sistemas da RFB o endereço cadastral  como  o  nº  110,  sala  01;  porém,  as  correspondências  para  tal  endereço  retornou  com  a  anotação  de  "mudou­se")  e  a  Jabur  Rastreamento  de  Veículos  ocupa  a  sala  nº  02,  do  mesmo  endereço  comercial  da  Jabur  Pneus,  o  estabelecimento  importador,  conforme  extratos  digitalizados,  como  se  vê  nas  Telas 10, 11 e 12 (fl. 48/49). Há um outro estabelecimento filial  da Jabur Pneus também localizado no nº 100 da rua Maceió — o  de CNPJ nº 78.625.506/000930, na sala nº 01 (Tela 11 — fl. 49).  Portanto, importador e "cliente" dos rastreadores, empresas que  se apresentaram a esta fiscalização em pólos opostos na relação  comercial,  pretendendo  fazer  crer  realizarem  transação  mercantil  nos  moldes  comumente  encontrados,  ocupavam  o  mesmo  endereço  comercial,  à  época  das  operações. Eis  aqui a  primeira  evidência  da  simulação  empreendida  pelo  grupo  JABUR!”  ­  Há  ausência  de  lucro  na  “revenda”  das  mercadorias  importadas  de  JABUR  PNEUS  a  JABUR  RASTREAMENTO.  Conclui  que  se  trata  não  de  revenda,  mas  transferência  de  mercadoria, mediante simulação.  ­  “  JABUR  PNEUS  "revendeu"  os  rastreadores  A  JABUR  RASTREAMENTO  DE  VEÍCULOS  antes  mesmo  de  seu  faturamento  no  exportador  estrangeiro,  situação  factível  somente  por  se  tratar  de  uma  simulação  entre  as  empresas  do  grupo” (fl. 53).  ­ Quanto à origem dos recursos empregados na importação (fls.  58 a 60 do "e­processo" – fls. 56 a 58 dos autos em papel).  12. As DI 03/0342602­5 e 03/0431890­0 são objeto do tópico 5.2  da “descrição dos fatos” (fls. 60 e ss. do "e­processo").:  ­ DI registradas em 25/4/2003 e 23/5/2003. Parametrizadas para  canal verde.  ­  JABUR  PNEUS  declarada  como  importadora  e  real  adquirente.  ­  Mercadoria:  “RASTREADORES  SM200200SHG  DMR200C  SIDE MOUT C/W GPS”.  ­ JABURSAT/ONIXSAT “é líder absoluta em vendas do setor de  rastreamento  de  caminhões  e  embarcações  pesqueiras”,  mas  “entre  o  início  de  suas  atividades  (20/02/2003)  até maio/2008,  não  importou  um  único  aparelho  rastreador  (DMR  200  ou  quaisquer  outros),  equipamento  essencial  ao  sistema  de  rastreamento” (fl. 65).  ­ Não há nos documentos e informações prestadas pela autuada  resposta  que  faça  compreender  sua  estratégia  mercantil  (importação e revenda sem lucro).  ­ Importador e “cliente” pertencem ao mesmo grupo e ocupam o  mesmo endereço comercial.  ­  Jabur  Pneus  jamais  comprovou  deter  a  exclusividade  na  representação da marca SKYWAVE (fabricante dos produtos).  ­  A  fiscalização  questiona:  “Presume­se  então,  que  a  JABUR  PNEUS  planejou  a  importação  e  revenda  desses  rastreadores;  no  entanto,  para  o  entendimento  da  razão  de  tal  procedimento  mercadológico,  faz­se algumas perguntas:  (1) por que  iniciar a  Fl. 1123DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA     6 importação de  rastreadores  e  quem  será  (do)  o(s)  possível(eis)  comprador(es)  no  mercado  interno?  (2)  qual  será  o  prego  de  revenda para a obtenção de lucro?” (fl. 48).  ­ A fiscalização aduz (fl. 73):  “7.  (…)  A  ausência  de  lucro  em  importação  de  mercadoria  destinada  especificamente  à  empresa  que  a  utiliza  em  sistemas  mais  completos  e  complexos  e  de  alto  valor  agregado,  que  se  localiza  no  mesmo  endereço  do  importador,  pertencentes  ao  mesmo  grupo  empresarial  é  perfeitamente  explicável  por  não  estarmos  diante  de  uma  venda  e  sim,  uma  transferência  de  mercadoria,  através  de  uma  simulação,  cujo  objetivo  maior  sonegação do IPI fora demonstrado.”  ­  Apresenta  valores  e  datas  de  desembolsos  relativos  à  DI  03/0342602­5  (fl.  78). O  valor  total  da mercadoria  é US$  255  mil. O pagamento iniciou­se com o valor de US$ 89.250,00 (R$  286.671,00), pagos antecipadamente.  ­  JABUR  PNEUS  não  apresentou  documentos  demonstrando  a  contabilização  dos  pagamentos  ao  exportador.  JABURSAT  –  JABUR  RASTREAMENTO  não  apresentou  quaisquer  documentos  comprobatórios  dos  pagamentos  relacionados  às  aquisições dos rastreadores “comprados” da JABUR PNEUS.  ­  DI  03/0431890­0:  o  valor  da  mercadoria  importada  é  US$  382.500,00,  sendo US$  133.875,00  pagos  antecipadamente  e  o  saldo  de US$ 248.625,00 parceladamente.  JABUR PNEUS não  comprovou todas as remessas cambiais.  ­  JABUR  PNEUS  não  apresentou  documentos  comprovando  a  contabilização  dos  pagamentos  ao  exportador.  JABURSAT  –  JABUR  RASTREAMENTO  não  apresentou  quaisquer  documentos  comprobatórios  dos  pagamentos  relacionados  às  aquisições dos rastreadores “comprados” da JABUR PNEUS.  ­  JABUR  PNEUS  não  possuía  recursos  para  pagamento  dos  tributos  incidentes  no  registro  da  DI  03/0431890­0.  Houve  depósito de R$ 195 mil. A empresa não identificou a origem do  recurso. Conclui  a  fiscalização que o  recurso  é  proveniente  de  terceira pessoa (não identificada) e que havia adquirente oculto  (fl. 81 do "e­processo").  13.  A  fiscalização  aponta  que  não  foram  apresentados:  (1)  os  documentos  e  lançamentos  contábeis  relacionados  com  os  pagamentos  dos  rastreadores,  por  parte  da  JABUR  PNEUS,  como  importador,  e  pela  JABURSAT­JABUR  PNEUS  RASTREADORES DE VEÍCULOS, na condição de "adquirente"  daquela;  (2) a origem dos créditos em conta corrente bancaria  da  JABUR PNEUS, utilizada para efetuar o débito do  II,  IPI e  taxa  de  utilização  do  Siscomex,  na  mesma  data  dos  efetivos  pagamentos  e  (3)  planilha  detalhando  os  custos,  gastos  incorridos nas  importações e a  formação dos preços de vendas  dos rastreadores (fl. 82 do "e­processo").  14.  Cita  autuação  efetuada  contra  Jabur  Comercial  e  Importadora de Pneus Ltda.  (processo  10909.001741/200631 –  Anexo  I),  em  que  foi  aplicada  a  pena  de  perdimento  sobre  rastreadores DMR200 (fls. 8385 do "e­processo").  15. Conclui que a importação­revenda de rastreadores tratou­se  de simulação entre empresas do grupo JABUR, com objetivo de  sonegar  IPI,  valendo­se  de  inserção  de  informações  falsas  e  inexatas  nos  documentos  de  despacho  aduaneiro,  e  que  a  nãocomprovação  da  origem  dos  recursos  utilizados  para  o  pagamento da mercadoria importada e a ocultação da origem do  Fl. 1124DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/2008­03  Acórdão n.º 3201­001.884  S3­C2T1  Fl. 1.122          7 recurso  específico  para  o  pagamento  dos  tributos  faz  presumir  que  a  operação  é  realizada  por  conta  e  ordem  de  terceiro  (Medida  Provisória  nº  66/2002,  convertida  na  Lei  nº  10.637/2002).  16.  Portanto,  ocorreu  interposição  fraudulenta  de  terceiros.  Discorre sobre o tema.  17. Discorre sobre a revisão de ofício e a revisão aduaneira.  18.  Inexistindo  a  possibilidade  fática  de  aplicação  da  pena  de  perdimento, aplica­se a multa do artigo 83 da Lei nº 4.502/1964,  regulamentada  no  artigo  631  do  Decreto  nº  4.543/2002  (Regulamento  Aduaneiro),  por  ter  sido  entregue  a  consumo  produto  de  procedência  estrangeira,  importado  fraudulentamente.  Foi  aplicada  multa  equivalente  ao  valor  comercial  da  mercadoria  consignado  nas  notas  fiscais  de  entrada no estabelecimento importador (quadro em fl. 100 do "e­ processo").  O  interessado  foi  intimado  em  8/8/2008  (fl.  746)  e  apresentou  impugnação em 9/9/2008 (fls. 756 e ss.). Alega:  1.  Efetuou  o  registro  de  declarações  de  importação  (DI)  nº  03/0101132­4,  03/0342602­5  e  03/0431890­0,  para  importação  de equipamentos rastreados por satélite.  2. A criação de teses e a emissão de opiniões e considerações de  cunho  teórico  maculam  a  peça  de  acusação  infracional,  que  exige como pressupostos de validade a impessoalidade, a clara e  perfeita  descrição  dos  fatos,  o  tipo  infracional  violado,  a  conduta  do  agente  e  a  penalidade  aplicável.  O  erro  de  tipo  verificado no enquadramento legal do auto de infração é causa  de nulidade.  3. O registro das DI ocorreu entre fevereiro e maio de 2003, sob  a modalidade de importação direta.  4. Assim, tudo o que foi aduzido sobre a Lei nº 11.282/2006 e a  Instrução  Normativa  SRF  nº  650/2006,  que  inseriram  no  ordenamento  jurídico  a  figura  do  encomendante,  há  de  ser  desconsiderado.  5. A impugnante Jabur Pneus S.A. realizou as importações como  “importações diretas”.  6. A importação por conta e ordem de terceiro, antes de ser uma  obrigação  é uma  faculdade,  pois  a  formação de  um contrato  é  uma manifestação da vontade de sujeitos de direito. É requisito  da  Instrução Normativa SRF nº 225/2002 que  se opere  vínculo  contratual.  7.  Não  existindo  contrato  entre  a  impugnante  e  as  empresas  Jabur  Rastreamento  de  Veículos  e  Jabursat­Jabur  Pneus  Rastreamento  de  Veículos,  inexistem  os  requisitos  formais  que  autorizam caracterizar as operações como “por  conta  e ordem  de terceiro”.  8. Há  ilegitimidade  passiva  quando  a  fiscalização  alega  que  o  imposto  sobre  produtos  industrializados  (IPI)  poderia  ter  sido  subtraído  por  ocasião  das  vendas  internas  das  mercadorias  importadas.  9.  Se  admitida  a  tese  do  auto  de  infração,  está  em  discussão  futura  e  suposta  falta  de  pagamento  de  IPI,  pela  saída  das  mercadorias  que  deveriam  ser  revendidas  pela  Jabur  Fl. 1125DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA     8 Rastreamento  de Veículos  e  Jabursat,  depois  de  adquiri­las  da  impugnante.  10.  Não  se  pode  aplicar  uma  penalidade  por  achar  que  uma  pessoa  jurídica  irá  deixar  de  recolher  imposto,  quando  ainda  teria  oportunidade  de  fazê­lo.  E  o Fisco  visa  constranger  bens  importados  pertencentes  a  sujeito  diverso  daquele  que  eventualmente poderia deixar de recolher tributo.  11.  O  auto  de  infração  é  desprovido  de  qualquer  fundamento  legal ou ocorrência factual minimamente plausível.  12.  O  Fisco  vai  de  encontro  a  posicionamento  do  Superior  Tribunal de Justiça (STJ) — Recurso Especial nº 841.269BA (fls.  763  e  764)  —  segundo  o  qual  a  dupla  incidência  do  IPI,  no  desembaraço  aduaneiro  e  na  saída  da  mercadoria  do  estabelecimento importador seria bitributação.  13.  A  impugnante  efetivamente  recolhe  o  IPI  na  revenda  das  mercadorias  importadas.  Recolhe  no  desembaraço  e  quando  deixam seu estabelecimento. Não realiza industrialização.  14. A penalidade é  indevida. Houve confusão quanto ao sujeito  passivo e Jabur Pneus não é contribuinte do IPI.  15.  Não  ocorrendo  nenhuma  das  hipóteses  que  caracterizam  “industrialização”,  inexiste  o  fato  gerador  do  IPI  pelas  saídas  de mercadorias.  16. A fiscalização presume com base em indícios que pelo fato de  as empresas supostamente ocultas terem realizado o depósito de  alguns valores à impugnante, resta caracterizada a interposição  fraudulenta.  17. A motivação do auto de  infração  é  equivocada. Não há  no  ordenamento  jurídico  previsão  legal  que  autorize,  quem  quer  que  seja,  a  presumir  a  interposição  fraudulenta  de  pessoas.  A  interposição  fraudulenta  pressupõe  o  requisito  da  conduta  antijurídica e dolosa.  18.  A  interposição  fraudulenta  pressupõe  que  os  recursos  utilizados na operação não possuam origem e  simultaneamente  sejam frutos de crime antecedente.  19.  Por  ocasião  do  encaminhamento  do  projeto  do  qual  redundou  a  Lei  nº  9.613/1998  (lavagem  ou  ocultação  de  bens,  direitos  e  valores),  houve  por  bem  seus  autores  prevenir  a  generalização, de modo a evitar­se o previsível excesso por parte  das autoridades.  20.  A  "interposição  fraudulenta"  ao  direito  aduaneiro  corresponderia  a  um  crime  conexo,  posto  que  praticado  na  intenção de ocultar coisa ou dinheiro que tem como origem um  dos  crimes  elencados  no  artigo  10  da  Lei  nº  9.613/1998,  o  chamado  crime  antecedente:  tráfico  de  drogas;  terrorismo;  contrabando  ou  tráfico  de  armas,  munições  ou  material  destinado  à  sua  produção;  de  extorsão  mediante  seqüestro;  contra  a  administração  pública  (corrupção);  contra  o  sistema  financeiro nacional; praticado por organização criminosa.  21.  É  condição  que  a  interposta  pessoa  saiba  que  os  recursos  financeiros  empregados  nas  operações  têm  origem  num  dos  crimes  tipificados  no  artigo  1º  da  Lei  nº  9.613/1998.  O  dolo  essencial deve ser comprovado.  22.  A  conduta  da  Jabur  Pneus  não  se  consubstancia  em  fato  típico punível com a pena de perdimento.  23. Trata­se de desvio de finalidade da norma (artigo 1º, § 1º, da  IN SRF 228/2002).  Fl. 1126DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/2008­03  Acórdão n.º 3201­001.884  S3­C2T1  Fl. 1.123          9 24.  A  interposição  fraudulenta  só  exsurge  no  mundo  jurídico  quando  seja  praticada  ao  fito  de  ocultar  dinheiro  sujo.  Sua  invocação, nos demais casos, só se justifica pelo arbítrio.  25.  A  interposição  fraudulenta  (Decreto­Lei  nº  1.455/1976,  artigo  23,  V  e  §  2º)  se  resume  a:  (i)  falta  de  condição  operacional;  (ii)  falta  de  condição  financeira;  (iii)  falta  de  condição econômica; (iv) utilização de recursos de terceiros sem  origem comprovada; e (v) importação a favor de terceiro oculto  à fiscalização.  26.  Quanto  a  esses  pontos,  a  fiscalização  muito  alegou  e  presumiu, mas nada provou.  27.  No  caso  dos  autos,  na  pior  e  mais  grave  das  hipóteses,  a  impugnante  será  equiparada  a  estabelecimento  industrial  para  fins de incidência do IPI pela saída das mercadorias constantes  das DI, o que também é duvidoso.  28. Não há ilicitude ou dolo no fato de uma empresa importar e  vender  a  totalidade  das  mercadorias  a  um  ou  dois  únicos  clientes, que jamais foram ocultados.  29. Ainda que se verifique eventual operação por conta e ordem  da  impugnante, a  infração de possível não recolhimento de  IPI  há de  ser  exigida da pessoa  responsável. Jamais o perdimento,  pois o fato subsume­se ao não recolhimento de tributos.  30. Com o advento do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, deixou de  ser imputável ao importador ostensivo a infração do artigo 23, V  do Decreto­Lei nº 1.455/1976.  31.  Cita  julgado  da  2ª  turma  da  extinta  DRJ/São  Paulo  II  —  acórdão 1724.943, de 2008 (fl. 777).  32.  Comprovado  o  erro  de  capitulação  legal,  há  motivo  para  anular o auto de infração.  33. Requer a decretação da nulidade do lançamento, julgando­se  procedente a impugnação.  Recebida  a  impugnação,  os  autos  foram  encaminhados  à  DRJ/Florianópolis (fl. 792).  Em 17/12/2013 o processo foi remetido a esta DRJ/São Paulo (fl.  1.056) e, em seguida, distribuído à 24ª turma de julgamento."      A  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  manteve  integralmente  o  lançamento. A decisão da DRJ foi assim ementada:    “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Exercício: 2003  MULTA ADUANEIRA.  Em  face  da  entrega  a  consumo  de  mercadorias  estrangeiras,  importadas fraudulentamente,  foi corretamente lançada a multa  capitulada no artigo 83, inciso I, da Lei 4.502/1964.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido.”    Fl. 1127DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA     10 Cientificada,  a  empresa  interpôs  recurso  voluntário,  alegando  em  síntese:  a  decadência do lançamento e erro na capitulação legal da penalidade aplicada. No mérito alega  a inexistência de interposição fraudulenta    É o Relatório.  Voto             Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator.    O  recurso  é  voluntário  e  tempestivo  e  atende  aos  demais  requisitos  de  admissibilidade, merecendo, por isto, ser conhecido.  Inicialmente  por  tratar­se  de  questão  preliminar  aprecio  a  alegação  de  decadência,  que  para  aplicação  dos  tributos  e  penalidades  da  área  aduaneira  é  regulada  no  Decreto­Lei nº 37/66, que trata da matéria nos seus artigos 138 a 141.    "Art.138 ­ O direito de exigir o tributo extingue­se em 5 (cinco)  anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em  que poderia ter sido lançado.    Parágrafo  único.  Tratando­se  de  exigência  de  diferença  de  tributo, contar­se­á o prazo a partir do pagamento efetuado   Art.139  ­  No  mesmo  prazo  do  artigo  anterior  se  extingue  o  direito de impor penalidade, a contar da data da infração.   Art.140  ­  Prescreve  em  5  (cinco)  anos,  a  contar  de  sua  constituição definitiva, a cobrança do crédito tributário.    Art.141 ­ O prazo a que se refere o artigo anterior não corre:    I  ­  enquanto  o  processo  de  cobrança  depender  de  exigência  a  ser satisfeita pelo contribuinte;    II ­ até que a autoridade aduaneira seja diretamente informada  pelo Juízo de Direito, Tribunal ou órgão do Ministério Público,  da  revogação de ordem ou decisão  judicial  que haja  suspenso,  anulado  ou  modificado  exigência,  inclusive  no  caso  de  sobrestamento do processo."    No caso em tela, apesar da exigência estar centrada no artigo 83, inciso I, da  Lei 4.502/1964, a multa  foi aplicada em razão da  interposição  fraudulenta prevista no  artigo  23, V do Decreto­Lei nº 1.455/1976 e portanto trata­se de penalidade afeita a área aduaneira,  sendo regulada nos moldes do Decreto­Lei nº 37/66.  A  interposição  fraudulenta  é  conduta  tipificada  com  a  importação  da  mercadoria e portanto configurada no momento do registro da Declaração de Importação ­ DI.  Assim, aplicando as determinações do art. 139 do Decreto­Lei nº 37/66. A data para fruição do  prazo decadencial de 5 (cinco) anos contados a partir do registro da Declaração de Importação  ­ DI.  Fl. 1128DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11633.001130/2008­03  Acórdão n.º 3201­001.884  S3­C2T1  Fl. 1.124          11 O  lançamento  controlado  no  presente  processo  tem  origem  nas  DI  03/0101132­4  (fl.  121),  03/0342602­5  (fl.  151)  e  03/0431890­0  (fl.  177),  registradas  respectivamente em 05/02/2003, 24/04/2003 e 22/05/2003.  Considerando a data da  ciência do Auto de  Infração  foi  em 08/08/2008  (fl.  746),  prazo  superior  a 5  (cinco)  anos  dos  registros  das Declarações  de  Importação  ­ DI  que  deram origem ao lançamento. A exigência fiscal está alcançada pela Decadência.  Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário.    Winderley Morais Pereira                               Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA

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5877784 #
Numero do processo: 10283.909672/2009-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 08/05/2001 a 12/12/2005 DIREITO CREDITÓRIO A SER COMPENSADO PENDENTE DE NOVA DECISÃO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À UNIDADE DE ORIGEM. Em situações em que se indeferiu a compensação em face da inexistência do crédito que se pretendia compensar, uma vez ultrapassada a questão jurídica que impossibilitava a apreciação do montante do direito creditório, a unidade de origem deve proceder a uma nova análise do pedido de compensação, após verificar a existência, a suficiência e a disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão. Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3202-001.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarou-se impedido. Participou do julgamento o Conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Marcelo Reinecken, OAB/DF nº. 14874. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira – Presidente Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Tatiana Midori Migiyama e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2039; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C2T2  Fl. 390          1 389  S3­C2T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10283.909672/2009­53  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3202­001.540  –  2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  25 de fevereiro de 2015  Matéria  COMPENSAÇÃO  Recorrente  NOKIA DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA.            Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 08/05/2001 a 12/12/2005  DIREITO CREDITÓRIO A SER COMPENSADO PENDENTE DE NOVA  DECISÃO.  NECESSIDADE  DE  ANÁLISE  DA  EXISTÊNCIA  DO  CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À UNIDADE DE  ORIGEM.  Em situações em que se indeferiu a compensação em face da inexistência do  crédito que se pretendia compensar, uma vez ultrapassada a questão jurídica  que impossibilitava a apreciação do montante do direito creditório, a unidade  de origem deve proceder a uma nova análise do pedido de compensação, após  verificar a existência,  a  suficiência e a disponibilidade do crédito pleiteado,  permanecendo  os  débitos  compensados  com  a  exigibilidade  suspensa  até  a  prolação de nova decisão.  Recurso voluntário provido em parte.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.      Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento  parcial  ao  recurso  voluntário.  O  Conselheiro  Gilberto  de  Castro Moreira  Junior  declarou­se  impedido.  Participou  do  julgamento  o  Conselheiro  Cláudio  Augusto  Gonçalves  Pereira.  Fez  sustentação  oral,  pela  recorrente,  o  advogado Marcelo Reinecken, OAB/DF  nº.  14874.      Irene Souza da Trindade Torres Oliveira – Presidente     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 96 72 /2 00 9- 53 Fl. 390DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA     2  Charles Mayer de Castro Souza – Relator  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros:  Irene  Souza  da  Trindade  Torres Oliveira  (Presidente),  Luis  Eduardo Garrossino Barbieri,  Charles Mayer  de  Castro Souza, Tatiana Midori Migiyama e Thiago Moura de Albuquerque Alves.    Relatório  A  interessada  apresentou  pedido  eletrônico  de  compensação  de  débitos  próprios  com  crédito  oriundo  de  pagamento  a  maior  de  Imposto  de  Importação  –  II  e  de  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados  ­  IPI,  com  origem  no  período  de  08/05/2001  a  12/12/2005.  A  compensação  não  foi  homologada,  ao  fundamento  de  que  o  DARF  a  indicado no PER/DCOMP não foi localizado nos sistemas da Receita Federal.  Alegado pela contribuinte o cometimento de um equívoco no preenchimento  do  DARF,  os  autos  foram  baixados  em  diligência  pela  DRJ,  quando  se  constatou  que  o  presente processo é conexo ao de nº 10283.007613/2006­04, por meio do qual  se  requereu a  restituição do crédito que se pretende compensar.  A  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento  em  Fortaleza  julgou  improcedente  a manifestação de  inconformidade,  sob o  argumento de  inexistência do direito  creditório objeto do processo nº 10283.007613/2006­04.  No prazo legal, a contribuinte apresentou recurso voluntário, cujas razões de  defesa não serão relatadas em vista do que se passa a expor no voto.  O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator.  O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão  pela qual dele se conhece.  A  Recorrente  apresentou  PER/DCOMP  objetivando  a  compensação  de  débito  próprio com crédito oriundo de pagamento indevido de II e de IPI vinculado que são objeto do  processo administrativo n.º 10283.007613/2006­04.  Como  o  direito  à  restituição  foi  negado,  também  aqui  negou­se  o  direito  à  compensação.  Contudo,  nesta  mesma  sessão  de  julgamento  consideraram­se  indevidas  as  razões adotadas pela DRF de origem, e mantidas pela instância de piso, para denegar o pedido  de  restituição,  motivo  pelo  qual  determinou­se  que  os  autos  do  processo  administrativo  n.º  10283.007613/2006­04  devem  retornar  à DRF  para  que,  ultrapassada  a  questão  decidida  no  julgamento, estime os valores a serem restituídos.  Fl. 391DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10283.909672/2009­53  Acórdão n.º 3202­001.540  S3­C2T2  Fl. 391          3 Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para  que a DRF de origem, após a análise do direito creditório objeto do processo administrativo n.º  10283.007613/2006­04, profira nova decisão quanto ao pedido de compensação.  É como voto.  Charles Mayer de Castro Souza                                            Fl. 392DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA

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Numero do processo: 11634.720240/2011-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Apr 14 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2302-000.379
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência para aguardar decisão definitiva na esfera administrativa, quanto à exclusão da empresa do SIMPLES, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencida na votação a Conselheira Graziela Parisotto por entender que o presente processo deveria ser julgado, ficando suspensa, apenas, a sua exigibilidade. Liege Lacroix Thomasi –Presidente Juliana Campos de Carvalho Cruz – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisotto, André Luís Mársico Lombardi, Leonardo Henrique Pires Lopes, Luciana Matos Pereira Barbosa e Juliana Campos de Carvalho Cruz. Relatório:
Nome do relator: Não se aplica

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1709; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C3T2  Fl. 6          1 5  S2­C3T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11634.720240/2011­55  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  2302­000.379  –  3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Data  10 de março de 2015  Assunto  Contribuições Previdenciárias Sociais   Recorrente  Carlos Marco ­ Transporte Rodoviários Ltda.  Recorrida  Fazenda Nacional    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  da  Segunda  Turma  Ordinária  da  Terceira  Câmara  da  Segunda  Seção  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais,  por  maioria  de  votos,  em  converter o julgamento em diligência para aguardar decisão definitiva na esfera administrativa,  quanto  à  exclusão  da  empresa do SIMPLES,  nos  termos  do  relatório  e  voto  que  integram o  presente  julgado.  Vencida  na  votação  a  Conselheira  Graziela  Parisotto  por  entender  que  o  presente processo deveria ser julgado, ficando suspensa, apenas, a sua exigibilidade.       Liege Lacroix Thomasi –Presidente   Juliana Campos de Carvalho Cruz – Relatora     Participaram da sessão de  julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi  (Presidente),  Graziela  Parisotto,  André  Luís  Mársico  Lombardi,  Leonardo  Henrique  Pires  Lopes, Luciana Matos Pereira Barbosa e Juliana Campos de Carvalho Cruz.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 16 34 .7 20 24 0/ 20 11 -5 5 Fl. 958DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/2011­55  Resolução nº  2302­000.379  S2­C3T2  Fl. 7            2 Relatório:  Adoto o relatório da DRJ Belo Horizonte (fls. 933/935):   “Trata­se  de  créditos  lançados  pela  fiscalização  contra  o  contribuinte acima  identificado, que de acordo com o Relatório  Fiscal de fls.27 a 32, se referem aos seguintes Autos de Infração  – AI:  AI  nº  37.289.473­9,  relativo  às  contribuições  devidas  à  Seguridade Social,  correspondentes à parte patronal,  incidentes  sobre  as  remunerações  pagas  aos  segurados  empregados  e  contribuintes individuais, no período de 01/2007 a 12/2008.  AI nº 37.289.480­1, relativo às contribuições destinadas a outras  entidades  e  fundos,  denominados  terceiros  (SALÁRIO­ EDUCAÇÃO, INCRA, SEBRAE, SESCOOP), incidentes sobre as  remunerações  pagas  aos  empregados,  no  período  de  01/2007 a  12/2008.  AI nº 37.289.479­8  (código 68),  por  ter apresentado GFIP com  informações  inexatas,  incompletas  ou  omissas,  em  relação  aos  dados  relacionados  aos  fatos  geradores  de  contribuições  previdenciárias,  ou  seja,  a  empresa  embora  tenha  superado  o  limite  de  faturamento  para  estar  enquadrada  no  SIMPLES,  apresentou  as  GFIPs  com  opção  pelos  SIMPLES  o  que  ocasionou alteração para menor no valor devido à Previdência.  AI  nº  37.289.481­0  (Código  69)  –  apresentação  de  GFIP  com  informações  inexatas,  incompletas  ou  omissas,  em  relação  aos  dados  não  relacionados  aos  fatos  geradores  de  contribuições  previdenciárias, nas competências 01/07 a 11/08.  O  contribuinte  tomou  ciência  dos  Autos  de  Infração,  em  20/08/2011, por via postal, conforme Aviso de Recebimento – AR,  fls.816,  e  apresentou  impugnação  em  19/09/2011,  peça  processual juntada às fls.819 a 928, aduzindo, em síntese, o que  segue:  Infere­se dos documentos em anexo (anexo III) que a impugnante  foi  excluída  do  SIMPLES  por  meio  dos  Atos  Declaratórios  Executivos nºs 24  e 25, de 08 de abril  de 2011, os quais  foram  publicados no Diário Oficial da União em 11/04/2011.  Em  11/05/2011,  apresentou,  tempestivamente,  manifestação  de  inconformidade à exclusão, a qual foi juntada aos autos do PAF  nº  11634720028/2011­98,  no  qual  está  sendo  discutida  administrativamente  sua  exclusão.  A  manifestação  ainda  está  pendente  de  julgamento  perante  à  Delegacia  de  Julgamentos  localizada em Curitiba.  Fl. 959DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/2011­55  Resolução nº  2302­000.379  S2­C3T2  Fl. 8            3 Nota­se  que  o  processo  de  exclusão  da  requerente  sequer  foi  analisado em primeira instância. Todavia, cobram­se os valores  objetos dos autos de Infração. Sem dúvida, a  lavratura é  ilegal.  Isso porque a apresentação de manifestação de  inconformidade  possui  efeito  suspensivo.  Vale  dizer,  com  a  apresentação  da  impugnação,  a  exclusão  não  pode  começar  a  produzir  efeitos.  Assim, todo e qualquer auto de infração lavrado em decorrência  da exclusão é ilegal, razão pela qual merece anulação.  Discorre  sobre  o  seu  direito  constitucional  ao  tratamento  diferenciado e da ilegalidade de sua exclusão do Simples.   Que os Atos Declaratórios Executivos  impugnados em momento  algum  demonstram  os  motivos  pelos  quais  a  impugnante  foi  excluída  do  Simples. O que  se  tem  é  uma  simples  afirmação,  a  qual  foi  facilmente  refutada  a  partir  da  juntada  aos  autos  da  documentação em anexo.  Que a exclusão é absolutamente ilegal sendo, inclusive, violado o  artigo 179, da Constituição Federal, já que a empresa, ao invés  de  ser  incentivada,  teve  o  direito  constitucional  à  tributação  simplificada tolhido por decisão infundada e desmotivada. Assim,  considerando  a  inconstitucionalidade  e  ilegalidade  da  exclusão  do  Simples,  a  lavratura  do  Auto  de  Infração  é  igualmente  inconstitucional e ilegal.  Que  foi  imputada  à  impugnante  onerosa  carga  tributária,  praticamente o  valor  equivalente a dois anos de  receitas,  e que  caso  seja  realizado  o  pagamento  pleiteado  pelo  Fisco,  está  destinada  à  falência,  o  que  produzirá  efeito  cascata  de  demissões, inadimplência, etc. violando, assim, vários princípios  constitucionais (tratamento tributário simplificado e privilegiado  (artigo  179),  Princípio  da  Equidade  (  art.  150,  II),  e  da  Capacidade Contributiva  (art.  145,  §1º). Portanto,  é  evidente  o  fato  de  que  a  impugnante  recebe  tratamento  desigual  eque  ultrapassa sua capacidade contributiva, razões pelas quais deve  ser anulado o Auto de Infração.  Que  a  tributação,  neste  particular,  tem  evidente  caráter  confiscatório.  Afinal, o Fisco cobra a título de tributos, juros e multas valor que  praticamente corresponde ao total da receita da impugnante em  dois anos. Portanto, é flagrante a violação ao inciso IV, do artigo  150, da Constituição Federal.  Considerando que a própria motivação do ato deixa claro que o  lançamento  foi  realizado  com  base  única  e  exclusivamente  em  movimentações financeiras.   Requer a anulação do auto de infração.   Fl. 960DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/2011­55  Resolução nº  2302­000.379  S2­C3T2  Fl. 9            4 Caso não se decida pela anulação do auto, requer­se, ao menos,  seja determinada a revisão do  lançamento, excluindo­se valores  que efetivamente não sejam receitas.  Que  a  autoridade  fiscal  estava  ciente  de  todos  os  dados  declarados  pelas  empresas,  afastando­se,  por  via  de  conseqüência, a aplicação da multa por suposto descumprimento  de obrigação acessória.  Nulidade da representação para fins penais.  Requer:  a)­  realização  de  diligência,  mediante  oitiva  de  prepostos  da  impugnante,  a  fim  de  que  seja  devidamente  comprovado que faz jus à condição exigida nas leis que regulam  o Simples; b)­ requisição de documentos no setor administrativo  da DRF em Londrina, a fim de afastar a absoluta inadimplência  da  contribuinte;  c)­  sejam  recebidos  e  conhecidos  eventuais  documentos  apresentados  posteriormente,  haja  vista  que  a  impugnante,  diante  da  antiguidade  dos  fatos  tratados  na  presente,  não  conseguiu  levantar  em  tempo  hábil  toda  a  documentação; d)­ seja realizada a intimação da impugnante, na  pessoa  de  seu  representante  legal,  a  cerca  da  inclusão  do  processo  em  pauta  de  julgamento  da  DRJ  de  Curitiba;  e)­  procedência da impugnação, mediante anulação do lançamento e  dos autos de infração, pelas razões expostas nos itens “a” a “d”;  f)­  seja  determinada  a  revisão  do  lançamento,  nos  termos  expostos o item “d”; g)­ seja reconhecida a ilegalidade da multa  acessória  aplicada,  nos  termos  do  item  “e”;  seja  anulada  a  representação para fins penais, nos termos expostos no item “f”;  h)­  caso  se  entenda  que  algum  valor  seja  devido,  requer­se  em  nome  da  equidade,  que  seja  perdoado  mediante  ato  da  autoridade competente.”  Em  10  de  outubro  de  2013,  a  6ª  Turma  da  DRJ/BHE  julgou  procedente  o  lançamento (fls. 932/937).  Devidamente  intimado  (fls.  938/939),  o  sujeito  passivo  interpôs  recurso  voluntário (fls. 941/953) alegando, em breve síntese:  a)  Inexigibilidade  dos  créditos  tributários  constituídos,  tendo  em  vista  a  existência  de  manifestação  de  inconformidade  nos  autos  da  exclusão  do  SIMPLES ainda pendente de  julgamento. Aplicação do art.  151,  inciso  III,  do  CTN;  b) Ilegalidade da exclusão do SIMPLES;  c) Que o valor do crédito tributário cobrado é pouco menor do que o valor total  das receitas auferidas pela recorrente em dois exercícios;  d) Que a tributação tem evidente caráter confiscatório;  Fl. 961DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/2011­55  Resolução nº  2302­000.379  S2­C3T2  Fl. 10            5 e)  Que  é  inválido  o  lançamento  realizado  com  base  exclusivamente  em  movimentações financeiras;  f) Que existem pagamentos de natureza indenizatória que não estão submetidas  à incidência das contribuições previdenciárias;  g) Que a multa possui caráter confiscatório;  h) Que é ilegal a incidência de juros sobre multa.  É o relatório.  Fl. 962DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 11634.720240/2011­55  Resolução nº  2302­000.379  S2­C3T2  Fl. 11            6 Voto:    Conselheira Juliana Campos de Carvalho Cruz   O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade, devendo ser conhecido e  examinado.  Trata­se de auto de infração  lavrado em face do contribuinte para cobrar­lhe o  pagamento  das  contribuições  previdenciárias  devidas  à  Seguridade  Social  e  Terceiros,  no  período de 01/01/2007 a 30/12/2008.  De acordo com o Notificante (fls. 74), a empresa foi excluída do SIMPLES em  01/01/2007  e  do  SIMPLES  NACIONAL  em  01/07/2007,  conforme  processo  Comprot  nº  11634.720028/2011­98  (Atos Declaratórios  nº  s  24  e  25  de  08/04/2011),  por  ter  superado  o  limite de faturamento exigido na legislação especial.  Por  causa  disso,  foram  apuradas  as  contribuições  previdenciárias  incidentes  sobre  as  remunerações  efetivamente  pagas  aos  segurados  empregados  e  contribuintes  individuais (pró­labore) e crédito relativo a Terceiros, no regime normal de tributação, sendo  exigido do contribuinte o pagamento mediante os DEBCAD’s nºs 37.289.473­9, 37.289.480­1,  37.289.479­8 (CFL 78) e 37.289.481­0 (CFL 69).  Referidas  exclusões  constituem  questões  prejudiciais  ao  mérito  recursal  de  modo que o contribuinte uma vez saindo­se vencedor no PAF nº 11634.720028/2011­98 (ainda  em tramitação), o crédito ora questionado deixará de existir.   Sendo  assim,  não  havendo  definitividade  de  decisões  quanto  àquelas  controvérsias (exclusões) não vejo possibilidade de prosseguir com este julgamento.  Isto posto, CONVERTO o julgamento em diligência para que os autos retornem  à origem para aguardar as decisões definitivas, na esfera administrativa, sobre as exclusões e,  somente após tal informação, retornem os autos a este Colegiado, devidamente instruídos com  informações a respeito do desfecho do PAF nº 11634.720028/2011­98.  Do  resultado  da  diligência  deve  ser  dado  conhecimento  à  Recorrente  e  concedido prazo para manifestação.  É como voto.  Sala das Sessões, 10 de Março de 2015.    Juliana Campos de Carvalho Cruz   Relatora  Fl. 963DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ

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