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Numero do processo: 10580.720986/2009-54
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS.
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS.
Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, trata-se de juros tributáveis.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte
Numero da decisão: 9202-004.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, tratase de juros tributáveis. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 09 86 /2 00 9- 54 Fl. 246DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10530.724190/200966. Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Tribunal de Justiça da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei 8.730/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada totalmente improcedente. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720986/200954 Acórdão n.º 9202004.095 CSRFT2 Fl. 323 3 Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Sobrestamento do feito dado que o STF reconheceu repercussão geral no que se refere aos rendimentos recebidos acumuladamente; b) Os rendimentos previstos na Lei Estadual 8.730/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que seja reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que seja rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, alegando, em síntese: a) Em consonância ainda com o art. 16 da Lei nº 4.506/64, serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado, para fins de incidência do Imposto de Renda, todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício de empregos, cargos ou funções. Logo, os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda. b) Não há Lei que isento do imposto de renda referidos rendimentos; Fl. 248DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 c) A Resolução STF nº 245/2002 é restrita ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União, e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda também para os membros do MPF. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis n°s 10.477/2002 e 9.655/98 seria alargar as fronteiras da nãoincidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.091, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10530.724190/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.091): A solução do litígio será delineada através de itens que enfrentam de forma integral, os argumentos apresentados pela recorrente, respeitandose, ainda, a ordem dos quesitos apresentada, limitandose aqui, todavia, às matérias para as quais se deu seguimento ao pleito do contribuinte : a) Quanto à não incidência do IRPF pela natureza supostamente indenizatória das verbas recebidas, à aplicação da Lei Estadual no. 8.730, de 2003, e da Resolução STF no. 245, de 2002. Reitero aqui, inicialmente, considerações que teci quando do julgamento de feito semelhante no âmbito da 1a. Turma Ordinária 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF (Acórdão no. 2.101002.724), mantendo de forma integral meu posicionamento acerca do assunto, que assim se resume: a.1) Da natureza das verbas recebidas e da Lei Estadual 8.730, de 2003 Cumpre, primeiramente, salientar que os rendimentos de que trata o presente processo foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", em atendimento ao disposto pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, a qual, dentre outras disposições, preceitua que a verba em questão é de natureza indenizatória. Para melhor entendimento, transcrevemos, a seguir, os artigos 4° e 5° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003: Fl. 249DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720986/200954 Acórdão n.º 9202004.095 CSRFT2 Fl. 324 5 Art. 4º As diferenças decorrentes do erro na conversão da remuneração de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto das Ações Ordinárias n os. 613 e 614, julgadas procedentes pelo Supremo Tribunal Federal, serão apuradas, mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de julho de 2001, e o montante correspondente a cada Magistrado será dividido em 36 parcelas iguais, para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 5º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 4º desta Lei. Com efeito, da leitura dos dispositivos acima reproduzidos, é possível concluir, tal como concluiu a parte recorrente, que foi atribuída, pelo Estado da Bahia, natureza indenizatória às diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração dos magistrados, de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária em questão. Todavia, do exame desses dispositivos isoladamente, é impertinente inferir que se tratam de rendimentos isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa física. Em primeiro lugar, a competência para legislar sobre o imposto sobre a renda é da União, e a lei acima transcrita é estadual, o que restringe a aplicação da referida Lei Estadual na seara de interesse. Todavia, notese que não se trata, aqui, quando da consequente conclusão de não aplicação da referida Lei, para fins de definição da natureza tributária das verbas sob análise e da incidência ou não do IRPF, de invasão de competência do STF pela União para declarar a inconstitucionalidade a referida Lei Estadual (o que caracterizaria a violação alegada à Súmula CARF no. 02 e ao art. 62 do Regimento Interno deste CARF então em vigor quando da propositura do recurso), mas, sim, de interpretar o diploma de acordo com a competência tributária constitucionalmente estabelecida, de forma que os efeitos da referida Lei, no que tange ao caráter indenizatório das verbas recebidas, se limitem a matérias cuja competência seja do Estado da Bahia, visto que, de outra forma, se estaria a validar a possibilidade de invasão de competência tributária da União por este mesmo Estado. Não se está a afastar, aqui, a constitucionalidade do dispositivo de forma a afastar sua aplicação, mas tão somente verificase sua impossibilidade de produção de efeitos na seara tributária, em se tratando de IRPF. Assim, imprescindível a análise da natureza dessas verbas, no contexto de todo o direito positivo aplicável ao tributo em questão, para se concluir pela sua tributação ou não pelo imposto sobre a renda. A propósito, chama a atenção o fato de que as diferenças de URV pagas ao contribuinte pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia não se destinam à recomposição de um prejuízo, ou dano material por ela sofrido. Diferentemente, as verbas recebidas pela contribuinte repõem a atualização monetária dos Fl. 250DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 salários do período considerado. Nesse sentido, observase que o artigo 4° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, deixa claro que se trata de diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. Desta forma, é incontornável a constatação que tais diferenças integram a remuneração mensal percebida pela contribuinte, em decorrência do seu trabalho, constituindo parte integrante de seus vencimentos. As verbas assim auferidas integram, portanto, a definição de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional. Por fim, de se reproduzir uma vez mais a jurisprudência do STJ, que sustenta tal posicionamento, no sentido de se rejeitar o caráter indenizatório das verbas em questão. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. (...) 5. Recurso especial parcialmente provido (REsp 383.309/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06); Eram, portanto, as verbas em questão tributáveis, independentemente da denominação a elas conferida pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, conclusão em perfeita consonância e respaldada pelos dispositivos legais mencionados no auto de infração. a.2) Da Resolução n.° 245 do STF A recorrente traz à baila a Resolução n.° 245 do STF, que, uma vez estendida aos membros do Ministério Público da União, por força do artigo 2° da Lei n° 10.477, de 2002, de despacho do PGR no âmbito do Processo Administrativo 1.00.000.011735/2002 e Pareceres PGFN nos. 529 e 923, de 2003, aplicarseia também aos membros do Poder Judiciário dos Estados, de forma a que se afastasse a incidência do IRPF sobre as verbas em discussão. A respeito, verifico que a questão da aplicabilidade da Resolução n° 245 do STF aos valores recebidos a título de diferenças de URV foi exaustivamente analisada pelo Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto condutor da decisão proferida pela mesma 1a. Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, no Fl. 251DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720986/200954 Acórdão n.º 9202004.095 CSRFT2 Fl. 325 7 Acórdão n° 2101002.388, de 18 de fevereiro de 2014. Por se aplicar ao caso que aqui se analisa, e por refletir o entendimento deste Relator, adotase o quanto manifestado naquele voto. Veja se: “(...) Buscando reforçar o argumento, requer a contribuinte a aplicação da Resolução n.° 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pela Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)" E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)" Adicionalmente, mesmo caso se tenha leitura diversa da Resolução STF no. 245, de 2002, entendo de se aceder, ainda, à argumentação de se cingirem os efeitos da referida Resolução e dos despachos PGR e Pareceres PGFN em questão aos membros das carreiras mencionadas no âmbito das Leis no. 10.474 e 10.477, ambas de 27 de julho de 2002 (às quais, ressaltese, não pertence, o recorrente), vedados: a) o estabelecimento de isenção por analogia a partir do disposto nos arts. 97, VI e 111, I e II do CTN e 150 §6o. da CRFB; b) o afastamento da hipótese de incidência, delineada pelos dispositivos legais constantes do auto de infração, por violação ao princípio constitucional da isonomia, uma vez que é expressamente vedado a este Conselho afastar a aplicação da lei tributária com base em argumentação de violação a preceitos constitucionais, consoante dispõe o art. 62 do Regimento já mencionado e Súmula CARF no. 02. Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pela Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional e dispositivos legais que fundamentaram o auto de infração, descartado o afastamento da incidência do IRPF seja pelo disposto na Lei do Estado da Bahia no. 8.730, de 2003, seja pelo teor da Resolução STF no. 245, de 2002. a.3) Quanto aos efeitos do decidido no âmbito do RE 614.406/RS ao feito Reitero, também aqui, com a devida vênia ao posicionamento diverso de alguns Conselheiros desta casa, meu entendimento, já manifestado também na instância ordinária, de desnecessidade de observância obrigatória do decidido pelo STJ no âmbito do REsp 1.118.429/SP no caso sob análise, uma vez se estar a tratar ali, da tributação de benefícios previdenciários recebidos acumuladamente, situação fática notadamente diversa da dos presentes autos, onde não está a ser tratar de qualquer rubrica de benefício, mas sim de diferença remuneratória perceptível quando do servidor na ativa. Todavia, reconhecese aqui que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro Fl. 253DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720986/200954 Acórdão n.º 9202004.095 CSRFT2 Fl. 326 9 de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria eventualmente mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pela contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando a contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, note se, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Feita tal digressão, verifico porém, que, no caso em questão, a autoridade fiscal já optou por tributar os valores com base nas alíquotas vigentes nos períodos que apurados o rendimento percebido a menor regime de competência (os rendimentos percebidos a menor referemse aos períodos de abril de 1994 a agosto de 2001) Acerca das tabelas progressivas/alíquotas aplicáveis aos meses de referência, de se consultar o resumo que se segue, que respalda a tabela utilizada pela autoridade autuante: Todavia, ainda que se tenha utilizado as alíquotas corretas, não há como se garantir que estivesse o autuado na faixa superior de recebimentos mensais para cada um dos meses de competência, uma vez que, notese, não se retroagiu, no lançamento, o momento de incidência aos meses dos anoscalendário de 1994 a 2001, constantes do demonstrativo detalhado fornecido pelo contribuinte em resposta à intimação da autoridade fiscal. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720986/200954 Acórdão n.º 9202004.095 CSRFT2 Fl. 327 11 Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de, nesta matéria, dar parcial provimento ao Recurso da Contribuinte, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, tudo de acordo com o regime de competência. b) Quanto à incidência do IRPF sobre os juros de mora Para fins de solução do litígio quanto à esta matéria, de se perquirir a extensão dos efeitos da aplicação, ao presente feito, do decidido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do REsp 1.227.133/RS, quanto à incidência de juros de mora sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Tratase, notese, também de decisum de aplicação obrigatória neste Conselho, consoante art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste CARF em vigor quando da prolação da decisão recorrida, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 e, ainda, conforme o art. 62, §1o. do atual Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. A propósito, creio, em linha com o argumentado pela Fazenda Nacional em sede de contrarrazões, que o melhor esclarecimento da amplitude da decisão vinculante em questão (REsp 1.227.133/RS) pode ser obtido em outro feito daquele Egrégio Tribunal, a saber, no REsp 1.089.720/RS, cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques e cuja cristalina ementa decisória, datada de 10/10/12 e publicada em 16/10/12 estabelece: REsp 1.089.720/RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133/RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR (grifei), 1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da Fl. 256DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 controvérsia apresentada nos autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp no 1.227.133RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale". (grifei) (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido." Assim, com base no posicionamento constante do julgado acima, que adoto integralmente, uma vez entender que foi esse o julgado a sedimentar e esclarecer a correta forma de aplicação do julgado vinculante aqui discutido (REsp 1.227.133/RS), é de se perquirir, em cada caso concreto: 1) se os juros de mora foram auferidos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho e 2) se está diante de verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR. Somente no caso de resposta afirmativa a um dos dois questionamentos acima deve não incidir o IR sobre os juros de mora recebidos acumuladamente, de forma a que se obedeça o Fl. 257DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720986/200954 Acórdão n.º 9202004.095 CSRFT2 Fl. 328 13 julgado vinculante, restando incidente a tributação sobre os juros de mora nas demais situações. Aplicandose o acima disposto ao caso em questão: 1) Conforme já anteriormente delineado, entendo que não se está a tratar, aqui, de verba indenizatória, tendose concluído, no âmbito do presente voto, pela natureza remuneratória da verba principal de diferenças quando da conversão de Cruzeiro Real para URV sob análise, caracterizada, assim, a incidência do IRPF sobre tais verbas; 2) Verifico, também, que não se está a tratar de verbas recebidas no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho; Concluo, assim, pela incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora em questão quando da aplicação do decisum vinculante constante do REsp 1.227.133/RS, a partir de sua interpretação detalhadamente estabelecida no âmbito do REsp 1.089.720/RS e, desta forma, nego provimento ao Recurso Especial da contribuinte também quanto a esta matéria. Destarte, diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso do Contribuinte, para determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação à verba recebida (inclusive juros) tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 258DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 14 Fl. 259DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10840.722428/2013-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2401-000.539
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Márcio de Lacerda Martins - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARCIO DE LACERDA MARTINS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 40 .7 22 42 8/ 20 13 -0 0 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10840.722428/201300 Resolução nº 2401000.539 S2C4T1 Fl. 144 2 Relatório: Da Notificação de Lançamento: (efls. 4 a 7) Com base na Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias (Dimob), entregue à RFB por Vera Leão Empreendimentos Imobiliários, constatouse que o Contribuinte omitiu rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas, durante o ano calendário de 2010, no valor de R$11.582,13. Da Impugnação: (efls. 2 a 62) Na impugnação protocolada em 25/09/2015, o Contribuinte informou que a receita de aluguel foi produzida por bem comum e oferecida à tributação na declaração de ajuste, referente ao anocalendário de 2010, de sua esposa Marlene Tostes Bonato. Do Acórdão de Impugnação: (efls. 69 e 70) A 18ª Turma de julgamento da DRJ Rio de Janeiro 1 julgou improcedente a impugnação, por meio do acórdão nº 1262.060, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2010 OMISSÃO DE RENDIMENTOS A TÍTULO DE ALUGUÉIS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. Não tendo sido comprovado pelo interessado que os aluguéis teriam sido declarados por seu cônjuge, como alegado, resta manter a autuação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Assim, o Colegiado julgou improcedente a impugnação, uma vez que não havia registro de entrega de declaração de ajuste, anocalendário de 2010, nos sistemas informatizados da RFB, para a Sra. Marlene Tostes Bonato, cônjuge do Impugnante. Do Recurso Voluntário: (efls. 75 a 78) Cientificado do acórdão de impugnação em 06/01/2014, conforme AR efl.138, o Contribuinte interpôs recurso voluntário, efls. 75 a 78, em 16/01/2014, acompanhado dos documentos efls. 79 a 136, alegando, em síntese: 1. reitera a informação anterior que consta de sua declaração de ajuste, no campo " informações do cônjuge", os rendimentos de aluguéis recebidos pela Srª Marlene Tostes Bonato; 2. informa que a declaração de ajuste do anocalendário 2010 da Srª Marlene Tostes Bonato, cópia efls. 81 a 86, foi transmitida em 27/12/2013, e nela foram declarados os rendimentos recebidos de pessoas físicas, a título de alugueis, no valor total anual de R$19.162,13; Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10840.722428/201300 Resolução nº 2401000.539 S2C4T1 Fl. 145 3 3. considera que com a "retificação da Dimob feita pela Imobiliária, suprida a falta, afastase o equívoco cometido e regularizase a declaração, de forma a comprovar que nunca houve intenção de máfé ou sonegação." É o Relatório. Voto Conselheiro Márcio de Lacerda Martins 1. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: 1.1. TEMPESTIVIDADE: Cientificado do acórdão de impugnação em 06/01/2014, AR Correios, efl.138, o contribuinte interpôs, em 16/01/2014, o recurso voluntário, efls. 75 a 78, acompanhado dos documentos efls. 79 a 136. Portanto, o recurso é tempestivo e deve ser conhecido. 2. DO MÉRITO: O Recorrente requer que seja considerada improcedente a Notificação de Lançamento que lhe exigiu imposto sobre a renda a partir da constatação de que houve omissão de rendimentos recebidos, a título de alugueis de pessoas físicas, durante o ano calendário de 2010. A informação sobre o recebimento dos rendimentos de aluguéis constou da Dimob de responsabilidade da imobiliária Vera Leão Empreendimentos Imobiliários. O Recorrente impugnou o lançamento nos seguintes termos: ( o valor foi grifado pelo contribuinte efl. 2) "JOSE ADEMIR BONATO, CPF 164.225.46815, não se conformando com a notificação de lançamento em referência, vem apresentar a presente impugnação nos termos dos artigos 14 a 17 e 23 do Decreto nº 70.235/72 com alterações introduzidas pelas Leis nº 8.748/93 e nº 9.532/97, pelos motivos a seguir expostos: Infração: Rendimentos de Aluguéis Recebidos de Pessoa Física Dimob Valor da Infração: R$11.582,13 Os rendimentos referemse a receita de aluguel produzida por bem comum e oferecida à tributação na declaração do(a) cônjuge/companheiro(a). (grifei) Os rendimentos de alugueis foram incluídos na minha declaração, no formulário Informação do Cônjuge." A decisão pela improcedência da impugnação do acórdão 1262.060, de 11/12/2013, consta evidenciada no trecho do voto condutor do acórdão, efl. 70, a seguir transcrito: Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10840.722428/201300 Resolução nº 2401000.539 S2C4T1 Fl. 146 4 "A fiscalização apurou uma omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de PF fundamentada na Dimob de R$ 11.582,13 apresentada pela Administradora Vera Leão Empreend. Imobiliários. O contribuinte contesta o lançamento alegando que tratase de receita de aluguel de bem comum declarado por seu cônjuge, tendo juntado documentação. Todavia, analisandose os documentos juntados ao processo e em consulta ao Sistema Informatizado da Receita Federal, não foi constatada entrega de declaração de ajuste anual em nome de Marlene Tostes Bonato, cônjuge do interessado.(grifei) Assim, resta manter a omissão de rendimentos apurada pela fiscalização." Verifico que para analisar a lide estabelecida neste processo é imprescindível que sejam juntados aos autos os seguintes documentos: 1. declarações de ajuste anual da contribuinte Marlene Tostes Bonato, CPF 051.638.16870, exercício 2011, tanto a original quanto a(s) retificadora(s), e 2. declarações de ajuste anual do contribuinte José Ademir Bonato, CPF 164.225.46815, exercício 2011, tanto a original quanto a(s) retificadora(s). Após a juntada desses documentos, os autos devem ser encaminhados ao CARF para julgamento. Conclusão: Voto por converter o julgamento em diligência, para a juntada dos documentos acima listados. (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Fl. 146DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.971865/2009-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/05/2003
PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO ATRAVÉS DE PROTESTO JUDICIAL.
A propositura de ação cautelar de protesto tem o condão de suspender a prescrição do direito do contribuinte de pleitear a compensação de crédito que possui, face ao princípio da isonomia processual.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.385
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reformar o acórdão recorrido na parte em que decidiu pela prescrição do crédito, determinando-se o retorno do processo à unidade julgadora de origem para análise das demais questões de mérito ventiladas na manifestação de inconformidade.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Restituição. Prescrição. Recorrente FÁBRICA CARIOCA DE CATALISADORES S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/05/2003 PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO ATRAVÉS DE PROTESTO JUDICIAL. A propositura de ação cautelar de protesto tem o condão de suspender a prescrição do direito do contribuinte de pleitear a compensação de crédito que possui, face ao princípio da isonomia processual. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reformar o acórdão recorrido na parte em que decidiu pela prescrição do crédito, determinandose o retorno do processo à unidade julgadora de origem para análise das demais questões de mérito ventiladas na manifestação de inconformidade. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP transmitida para compensação de débitos tributários federais com créditos decorrentes de pagamento indevido ou a maior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 97 18 65 /2 00 9- 28 Fl. 350DF CARF MF Processo nº 15374.971865/200928 Acórdão n.º 3402003.385 S3C4T2 Fl. 3 2 A compensação não foi homologada pela unidade de origem sob o fundamento de que o DARF discriminado no PER/DCOMP, apesar de localizado, havia sido integralmente utilizado na compensação de débitos declarados pelo contribuinte, que esgotaram o crédito disponível. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alega que recolheu indevidamente o IPI no período de outubro de 2002 a maio de 2003 (aplicou a alíquota de 10%), sobre saídas de produtos cuja alíquota fora reduzida a zero. Em face disso, considera fazer jus à restituição dos valores pagos, e que tais valores podem ser objeto de compensação, com base no art.74 da Lei nº 9.430/96. A manifestação foi julgada improcedente (Acórdão 14054.321), a despeito do reconhecimento da existência do crédito, em razão da verificação de ofício da prescrição do direito do contribuinte de pleitear a restituição. O contribuinte apresentou Recurso Voluntário no qual repisa a sua impugnação, acrescentando que o prazo prescricional do direito de pleitear a restituição foi interrompido por iniciativa da Recorrente, que ajuizou ação cautelar de protesto, com o fito de interromper o prazo de prescrição nos termos do art.174, parágrafo único, II do Código Tributário, em 05/09/2007, vindo a ser definitivamente efetivada em 21/01/2015. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.367, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 15374.971828/200910, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.367): "O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido pelo Colegiado. A questão inicial do processo dizia respeito à existência ou não do crédito de IPI decorrente do pagamento indevido, questão esta prima facie superada pelo próprio reconhecimento da decisão a quo da sua existência, com base nos documentos de fls. 111303, analiticamente examinados no "Relatório extrajudicial sobre utilização crédito IPI" de fls. 526661, verbis: Em princípio, observo que a manifestante, aparentemente, trouxe aos autos provas do indevido recolhimento, bem como, a autorização para pedir a restituição do adquirente. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 15374.971865/200928 Acórdão n.º 3402003.385 S3C4T2 Fl. 4 3 O seu exaurimento cognitivo restou prejudicado pela verificação ex officio da prescrição do direito do Recorrente de pleitear a restituição dos créditos, com fundamento no art.168, I c/c art.165, I, ambos do Código Tributário Nacional, concluindo nos seguintes termos: Pois bem, consta dos autos que este processo é o de crédito e que a PERDCOMP foi transmitida em 01/04/2008, sendo que o pagamento indevido foi efetuado em 10/03/2003, ou seja, já em 11/03/2008 o contribuinte tinha perdido o direito de pleitear a repetição do indébito, considerando o disposto no CTN: Pois bem, em seu Recurso Voluntário, o Recorrente apresentou certidão judicial da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro (fls.502503) certificando a propositura, por ela, de uma Ação de Protesto Judicial contra a Fazenda Nacional com o objetivo de interromper o prazo para restituição do IPI recolhido a partir de Outubro de 2002 até o último decêndio de Maio de 2003. Certificou também que a propositura da ação se deu em 05/09/2007, tendo o protesto interruptivo da prescrição sendo efetivado em 21/01/2015. Em primeiro lugar, há que se enfrentar a questão da preclusão acerca da apresentação de provas sobre o ajuizamento da ação cautelar de protesto pela Recorrente, haja vista tais provas terem sido juntadas apenas com seu Recurso Voluntário. Entendemos ser perfeitamente cabível tal juntada e manifestação específica acerca da questão da prescrição, por se tratar de questão fática e jurídica trazia posteriormente aos autos, ao ser conhecida de ofício na decisão recorrida e que portanto somente pôde ser atacada em seus fundamentos no âmbito do Recurso Voluntário. É a dicção expressa do art.16, §4, "c" do Decreto 70.235/72, verbis: Art.16. (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Desse modo, é legítima a juntada de documentos após a decisão de 1ª instância com vistas a contrapor matéria conhecida de ofício pelo Colegiado a quo. Superado este ponto, podese enfrentar seguramente o mérito das alegações. De fato, a decisão recorrida está correta ao estabelecer que o dies a quo do prazo prescricional relativo ao direito do contribuinte de pleitear a restituição tem início com o pagamento feito nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, é essa a dicção clara do CTN: “Art. 168 O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: Fl. 352DF CARF MF Processo nº 15374.971865/200928 Acórdão n.º 3402003.385 S3C4T2 Fl. 5 4 I nas hipóteses dos incisos I e II do art. 165, da data da extinção do crédito tributário ; “Art. 165 O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade de pagamento, ressalvado o disposto no § 4° do art. 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo do tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; Desse modo, o art.150, §1º do mesmo Código é claro quanto a eficácia extintiva do pagamento antecipado, sendo a homologação posterior apenas condição resolutória, isto é, exercer seus efeitos desde o momento da sua realização, ficando sujeito a evento futuro e incerto que pode lhe tirar a eficácia: “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1° O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos desta lei extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.” Para afastar quaisquer dúvidas a respeito da identificação da data de início de contagem do prazo, a Lei Complementar nº 118/2005 trouxe em seu artigo 3º regra interpretativa a esse respeito, aplicandose retroativamente por força do art.106, I do CTN: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Até o presente ponto o raciocínio da decisão recorrida é irretocável. Todavia, olvidou o julgado da existência de causa de interrupção da prescrição do direito à repetição tributária, por não ter sido tal matéria informada desde o início na manifestação de inconformidade. De fato, as causas de interrupção da prescrição são as seguintes: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II pelo protesto judicial; III por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 15374.971865/200928 Acórdão n.º 3402003.385 S3C4T2 Fl. 6 5 Portanto, o ajuizamento da ação cautelar de protesto, se feito dentro do prazo prescricional, tem o condão de interrompêlo. Nesse sentido, inclusive, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, consolidado nos votos da lavra do Min. Demócrito Reinaldo, a exemplo do REsp 52.281/DF, julgado em 03/03/1997, no qual consignou o seguinte: Com efeito, o CTN, em seu artigo 174, parágrafo único, inciso II, expressamente elege o protesto judicial como causa interruptiva do prazo prescricional para propor a ação de cobrança do crédito tributário. Face ao princípio da "isonomia processual", idêntico tratamento deve ser dispensado ao contribuinte, nas ações em que postula repetição do indébito. Tal entendimento encontra eco também no REsp nº 82.553/DF, REsp nº 40.365/DF e no REsp 108.866/DF, com a ressalva que neste último se enfrenta especificamente a data em que se inicia a recontagem do prazo prescricional: PROCESSO CIVIL. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. PROTESTO JUDICIAL. SE A AÇÃO E PRECEDIDA DE PROTESTO JUDICIAL, A PRESCRIÇÃO SE INTERROMPE NA DATA DA CITAÇÃO DESTE (CC, ART. 172). RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. (REsp 108.866/DF, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/02/1997, DJ 07/04/1997, p. 11098) Nesses termos, a citação da Fazenda Nacional marca o reinício do prazo prescricional, retroagindo a interrupção à data da propositura da ação cautelar de protesto, por força da regra da actio nata, consagrada de longa data pelo Superior Tribunal de Justiça e consentânea com a sistemática do exercício do direito de ação. Por fim, recentemente, cumpre apontar também a decisão do REsp 335942/RS, julgado em 01/10/2009, cuja ementa traz o seguinte: PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. CRÉDITOPRÊMIO DE IPI. PRESCRIÇÃO. PROTESTO JUDICIAL. INTERRUPÇÃO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 1º, 8º E 9º DO DECRETO 20.910/1932. 1. O STJ possui entendimento no sentido de que o prazo prescricional referente ao aproveitamento do créditoprêmio de IPI é de cinco anos contados da aquisição do direito, nos termos do Decreto 20.910/1932. 2. Hipótese que se diferencia da restituição de tributo indevidamente recolhido (art. 168, I, do CTN), pois se trata de pedido relativo a benefício fiscal não reconhecido pelo Fisco a ser creditado pelo interessado. 3. O regime jurídico da prescrição deve ser analisado à luz do Decreto 20.910/1932, que prevê a possibilidade de interrupção por uma única vez, recomeçando o lapso temporal a correr pela metade. 4. Ajuizouse medida cautelar de protesto judicial interruptivo da prescrição (art. 867 do CPC; c/c o art. 202, II, do Código Civil), tendo sido citada a recorrente em 6.12.1984. A ação declaratória que originou o presente recurso foi ajuizada em 9.11.1987, isto é, Fl. 354DF CARF MF Processo nº 15374.971865/200928 Acórdão n.º 3402003.385 S3C4T2 Fl. 7 6 após o transcurso de mais de dois anos e meio do ato interruptivo. Prescrição reconhecida. 5. Recurso Especial provido. (REsp 335.942/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe 09/10/2009) A posição atual do STJ é pela aplicação dos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/32, que se encontra válido e vigente no ordenamento pátrio e assim prescreve: Art. 8º A prescrição somente poderá ser interrompida uma vez. Art. 9º A prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da data do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo. Considerando que a propositura da ação se deu em 05/09/2007 e portanto dentro do prazo prescricional e tendo o protesto interruptivo da prescrição sendo efetivado em 21/01/2015, possui ainda o Contribuinte dois anos e meio para pleitear sua restituição, contados desta data, isto é, até 21/07/2017. Portanto, não há que se considerar a prescrição apontada pela decisão a quo. Superado a preliminar referente à prescrição, verificase que a decisão recorrida pautouse exclusivamente por ela, deixando de analisar o mérito relativo ao crédito pleiteado, razão pela qual esse Colegiado não pode avaliála. Ante o exposto, voto por dar provimento à preliminar de inocorrência de prescrição do direito ao pedido de ressarcimento/compensação, remetendo os autos à DRJ responsável pela decisão a quo para, superada a questão prescricional, se manifeste sobre o mérito do crédito pleiteado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reformar o acórdão recorrido na parte em que decidiu pela prescrição do crédito, determinandose o retorno do processo à unidade julgadora de origem para análise das demais questões de mérito ventiladas na manifestação de inconformidade (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 355DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13882.720394/2013-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. CONDIÇÕES CUMULATIVAS. DATA DE INÍCIO.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.522
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. CONDIÇÕES CUMULATIVAS. DATA DE INÍCIO. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 2. 72 03 94 /2 01 3- 11 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720394/201311 Acórdão n.º 2202003.522 S2C2T2 Fl. 101 2 Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ), fl. 72, complementandoo ao final: Tratase de impugnação protocolizada pelo interessado contra Lançamento de Ofício nº 2009/814739773982322 relativo ao Exercício de 2009 Ano Calendário 2008 que resultou em crédito tributário no montante de R$ 7.191,20 , sendo R$ 3.372,83 de Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar (código de receita 2904), R$ 2.529,62 de Multa de Ofício e de R$ 1.288,75 de juros de Mora, calculados até 28/06/2013, conforme Notificação de Lançamento fls. 50/57. A Descrição dos fatos e o Enquadramento Legal encontramse detalhados nos Demonstrativos de fls. 51/55, versando sobre as infrações de Omissão de Rendimentos do Trabalho com Vínculo e/ou sem Vínculo Empregatício, Dedução Indevida com Dependentes, Dedução Indevida com Despesas de Instrução e Dedução Indevida de Despesas Médicas. O contribuinte tomou ciência da Notificação de Lançamento em 12/07/2013 de acordo com o Aviso de Recebimento de fl. 59, tendo sido protocolizada a impugnação de fls. 02/06 em 08/08/2013 onde consta em síntese o seguinte: que o contribuinte: “...solicitar junto ao Perito a emissão de novo Laudo, que expressasse a verdade de forma clara, objetiva e contundente, afirmando taxativamente que o requerente, examinado é portador de nefropatia grave, desde janeiro de 2008, conforme consta do novo Laudo anexo.” o contribuinte anexa aos autos exames laboratoriais que demonstram a “evolução da doença desde a citada data, repito 2005, onde se analisa os níveis de triglicerídeos, uréia e creatinina.” afirma que não omitiu o valor de (R$ 111.868,52) , e que a mesmo seria isento de imposto, e foi devidamente lançado corretamente em sua DIRPF Retificadora nº 03, sob a rubrica Rendimentos Isentos e Não Tributáveis – Proventos de Aposentadoria por Moléstia Grave. que “pelas considerações acima, mediante a plena isenção dos valores recebidos, tornaramse insubsistentes as Declarações dos Fatos e Enquadramento Legal constantes nas .... Dedução Indevida com Dependentes, Dedução Indevida com Despesas de Instrução, e Dedução Indevida de Despesas Médicas...” o contribuinte solicita o cancelamento do débito fiscal reclamado, bem como a devolução integral do imposto de renda retido na fonte do referido exercício 2009 ao montante de R$ 16.100,19 devidamente corrigido, conforme DIRPF Retificadora nº 03 transmitida em 02/04/2013. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720394/201311 Acórdão n.º 2202003.522 S2C2T2 Fl. 102 3 O interessado anexou aos autos as cópias de documentos constantes das fls. 11/46. A 19ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro I/RJ analisou a manifestação de inconformidade concluindo, em resumo, pela improcedência da impugnação, nos seguintes termos: a) não consta do Laudo Médico Pericial de fl. 11, que o impugnante seja portador de alguma das moléstias listadas pela legislação anteriormente disposta. Desta forma, não coexistem os dois requisitos cumulativos necessários ao reconhecimento da Isenção, a doença grave especificada em lei (NÃO), e a natureza de proventos de aposentadoria (SIM). Dessa forma, concluise que os rendimentos no valor de R$ 111.868,52 não são isentos de tributação pelo imposto de renda, procedendo, dessa forma, o Lançamento efetuado pelo Fisco. b) o contribuinte não anexou aos autos nenhum documento que respaldasse legalmente a intenção de ter seus netos (Guilherme Augusto de Oliveira Figueira e Ana Rita de Oliveira Figueira) como seus dependentes. Deve ser mantida a glosa no valor de R$ 4.967,64 a título de Dedução Indevida com Dependentes constante na fl. 52, da Notificação de Lançamento nº 2009/814739773982322 de fls. 50/57 do presente. c) deve ser mantida a glosa no valor de R$ 2.592,29 a título de Dedução Indevida com Despesas de Instrução constante na fl. 53, da Notificação de Lançamento nº 2009/814739773982322 de fls. 50/57 do presente. d) o interessado não anexou aos autos documentos que comprovassem o restante do valor da glosa efetuada pelo Fisco a título de Dedução Indevida de Despesas Médicas, desta forma deve permanecer a glosa em questão no valor de R$ 4.704,92 constante às fls. 54/55, da Notificação de Lançamento nº 2009/814739773982322 de fls. 50/57. Cientificado dessa decisão em 25 de novembro de 2013 (fl. 86), o contribuinte interessado apresentou Recurso voluntário em 26 de dezembro de 2013 (protocolo na folha 87). Em sede de recurso, nada diz a respeito da glosa de despesas, concentrando se apenas em demonstrar que seus rendimentos seriam integralmente isentos, por ser portador de moléstia grave desde janeiro de 2008. Reconhece que a "semântica contida nos termos utilizados e expressos no laudo médico pericial do SUS" não expressa o termo "nefropatia grave" e por isso providencia descrição de sua moléstia por especialista, a ser corroborada por laudo do médico do SUS que diz que será apresentado assim que aquele serviço médico municipal retornar a suas atividades. Posteriormente, em 29 de janeiro de 2014, foi apresentado o documento intitulado "Laudo Médico Pericial", que consta da folha 97. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720394/201311 Acórdão n.º 2202003.522 S2C2T2 Fl. 103 4 O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. O contribuinte recebeu os seguintes rendimentos, conforme discriminado na decisão recorrida: Consta da fl. 26, Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte Ano Calendário 2008 emitido pela pessoa jurídica Fundação Petrobrás de Seguridade Social – Petros CNPJ 34.053.942/000150, onde o contribuinte consta como beneficiário de Rendimentos Tributáveis da Previdência Oficial – INSS, no valor de R$ 18.177,88 com IRRF no valor de R$ 32,68 bem como beneficiário de rendimentos tributáveis no valor de R$ 93.690,66 pagos pela Fundação Petrobrás – Petros com IRRF no valor de R$ 16.067,51 , totalizando o valor de R$ 111.868,52 a título de Rendimentos Tributáveis bem como R$ 16.100,19 a título de IRRF. A omissão de rendimentos apurada na Notificação de Lançamento foi no exato valor dos rendimentos declarados como isentos, de R$ 111.868,52. Assim, não houve outros rendimentos além desses. Reconsiderando os rendimentos declarados isentos como tributáveis, a Autoridade Lançadora passou a analisar as deduções da base de cálculo pleiteadas na DIRPF, efetuando glosas nas deduções com dependentes, despesas médicas e despesas com instrução de dependente. Ao considerar que o laudo médico oficial (fl. 11) não enquadrava literalmente a moléstia da qual sofre o contribuinte dentre aquelas elencadas em lei concessiva da isenção, a DRJ analisou as glosas de deduções e considerouas procedentes. Em sede de recurso o contribuinte não se preocupa em questionar a manutenção das glosas, mas tão somente insiste em ser portador de moléstia grave (nefropatia grave), desde janeiro de 2008, o que lhe conferiria direito à isenção de imposto de renda sobre seus rendimentos e, portanto, a discussão sobre as deduções tornarseia inócua, no caso. DA ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. Verificase que existem duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: uma é ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios e outra é os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: ... XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia Fl. 103DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720394/201311 Acórdão n.º 2202003.522 S2C2T2 Fl. 104 5 irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;(destaquei) É de ser observada também a Súmula CARF Nº 63, abaixo transcrita: “Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. A isenção, portanto, passa a ser reconhecida a partir da existência cumulativa desses dois requisitos. A DRJ já reconhecera o preenchimento da condição de serem os rendimentos provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão e seu complemento, à vista da "carta de concessão de benefício" , expedida pelo INSS, com cópia na folha 45. De ser observado ainda o comprovante de rendimentos de folhas 25/6 onde se pode observar que os rendimentos em questão são oriundos de benefício de previdência oficial e de previdência privada. A controvérsia reside, então, na questão do laudo. O médico particular emitiu laudo complementar, com cópia na folha 90, onde se lê que o contribuinte encontrase em "tratamento dialítico para nefropatia grave desde janeiro de 2008". Destaco que o contribuinte, desde a fase impugnatória, vem tentando sustentar ser portador da mesma moléstia, com a apresentação de laudos e atestados. Assim, não se pode considerar que inovou em suas alegações ou que apresentou documentos "novos" após a impugnação. Na decisão de 1ª instância a DRJ tornou bem clara a exigência da literalidade do dispositivo que concede a isenção. Além disso, o recurso foi apresentado dia 26 de dezembro, um dia após o Natal, e bastante razoável a alegação de que não poderia acessar o serviço médico oficial do município (SUS) naquele período. Dessa feita, entendo que deva ser aceito e considerado o documento apresentado após o recurso, que já fora mencionado no mesmo, cuja cópia encontrase na folha 97, aplicando o disposto no artigo 16, § 4º, alíneas "a" e "c" do Decreto nº 70.235, de 1972. A razão para que a lei conceda isenção a portadores de determinadas moléstias é o sofrimento e a despesa adicional que seus tratamentos provocam, especialmente àqueles que recebem apenas proventos de aposentadoria, reforma ou pensão. No laudo médico, o perito do SUS expressamente menciona que o contribuinte "se encontra em tratamento dialítico (CAPD) para Nefropatia Grave desde janeiro de 2008. Estágio 5" CONCLUSÃO Fl. 104DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720394/201311 Acórdão n.º 2202003.522 S2C2T2 Fl. 105 6 Bem, entendo que o perito do SUS, ratificando o atestado particular, expressamente enquadrou a doença do paciente como "nefropatia grave" para fins de isenção do imposto de renda, a partir de janeiro de 2008, atendendo o requisito do "laudo médico oficial", e que os proventos recebidos no ano de 2008, pelo contribuinte, foram decorrentes de "aposentadoria ou seu complemento, reforma ou pensão", portanto, estão isentos do imposto e, em consequência, desnecessário discutir sobre deduções da base de cálculo, e VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar a Notificação de Lançamento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 105DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 11516.007026/2008-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007
INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Constitui infração a Lei no 8.212/91, a apresentação de Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações ã Previdência Social com omissão de fatos geradores de contribuições previdenciárias.
GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE.
Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea c do CTN, aplica-se a penalidade menos severa modificada posteriormente ao momento da infração. A norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32-A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários.
DECADÊNCIA.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional - CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica-se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2301-004.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, (a) pelo voto de qualidade, considerar não aplicável a anistia prevista no art. 49 da Lei 13.097, de 2015, questão levantada de ofício pela Conselheira Alice Grecchi, a qual restou vencida conjuntamente com os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves; (b) por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, (c) pelo voto de qualidade, não reconhecer a decadência do crédito tributário, aplicando ao caso o art. 173, I do CTN; vencidos os Conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves; nas demais questões de mérito, (d) dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (d.1) por unanimidade de votos, excluir da autuação a parcela da multa correspondente ao auxílio-transporte; e (d.2) por maioria de votos, serem comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32-A da Lei n° 8.212, de 1991, prevalecendo a menor; vencidos nesta questão os Conselheiros Andrea Brose Adolfo e João Bellini Júnior, que aplicavam as regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constitui infração a Lei no 8.212/91, a apresentação de Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações ã Previdência Social com omissão de fatos geradores de contribuições previdenciárias. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea c do CTN, aplica-se a penalidade menos severa modificada posteriormente ao momento da infração. A norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32-A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional - CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica-se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I. Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, (a) pelo voto de qualidade, considerar não aplicável a anistia prevista no art. 49 da Lei 13.097, de 2015, questão levantada de ofício pela Conselheira Alice Grecchi, a qual restou vencida conjuntamente com os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves; (b) por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, (c) pelo voto de qualidade, não reconhecer a decadência do crédito tributário, aplicando ao caso o art. 173, I do CTN; vencidos os Conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves; nas demais questões de mérito, (d) dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (d.1) por unanimidade de votos, excluir da autuação a parcela da multa correspondente ao auxílio-transporte; e (d.2) por maioria de votos, serem comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32-A da Lei n° 8.212, de 1991, prevalecendo a menor; vencidos nesta questão os Conselheiros Andrea Brose Adolfo e João Bellini Júnior, que aplicavam as regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009. João Bellini Junior - Presidente Julio Cesar Vieira Gomes - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
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CONEXÃO COM OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Recorrente LIDERANÇA LIMPEZA E CONSERVAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constitui infração a Lei no 8.212/91, a apresentação de Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações ã Previdência Social com omissão de fatos geradores de contribuições previdenciárias. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, aplicase a penalidade menos severa modificada posteriormente ao momento da infração. A norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplicase o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 70 26 /2 00 8- 51 Fl. 279DF CARF MF 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, (a) pelo voto de qualidade, considerar não aplicável a anistia prevista no art. 49 da Lei 13.097, de 2015, questão levantada de ofício pela Conselheira Alice Grecchi, a qual restou vencida conjuntamente com os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves; (b) por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, (c) pelo voto de qualidade, não reconhecer a decadência do crédito tributário, aplicando ao caso o art. 173, I do CTN; vencidos os Conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves; nas demais questões de mérito, (d) dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (d.1) por unanimidade de votos, excluir da autuação a parcela da multa correspondente ao auxíliotransporte; e (d.2) por maioria de votos, serem comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32A da Lei n° 8.212, de 1991, prevalecendo a menor; vencidos nesta questão os Conselheiros Andrea Brose Adolfo e João Bellini Júnior, que aplicavam as regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. Fl. 280DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 260 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte a autuação fiscal com ciência em 09/10/2008 que decorre do descumprimento da obrigação acessória prevista no art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 9.528/1997, c/c o art. 225, inciso IV e § 4º do Decreto 3.048/1999, que consiste em a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Foram excluídos valores alcançados pela decadência, nos termos do artigo 173, I do CTN. Seguem transcrições de trechos do acórdão recorrido: Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 GFIP. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. Constitui infração à legislação previdenciária apresentar Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. MULTA. CONFISCO. INOCORRÊNCIA. O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e não às autoridades tributárias, as quais compete exclusivamente a aplicação da legislação tributária. Autuação lavrada de acordo com a legislação previdenciária não caracteriza confisco. DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE Nº 8. Declarada a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, com a edição da Súmula Vinculante nº 8 pelo Supremo Tribunal Federal, o prazo decadencial das contribuições previdenciárias passa a ser regido pelo Código Tributário Nacional. DOLO OU CULPA. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O MPF é mero instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos da auditoria fiscal. Verificando Fl. 281DF CARF MF 4 se nos autos a regular ciência e prorrogação do MPF, não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES DE COMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade. PROVAS. MOMENTO PARA APRESENTAÇÃO. O prazo para apresentação de provas no processo administrativo fiscal coincide com o prazo de que o contribuinte dispõe para impugnar o lançamento, sob pena de preclusão, salvo se comprovada alguma das hipóteses autorizadoras para juntada de documentos após esse prazo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 MULTA EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LEI NOVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/08. ARTIGO 106 DO CTN. São aplicáveis às multas nos lançamentos de ofício, quando benéficas, as disposições da novel legislação. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENÉFICA. No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte ... Contudo, no que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna. Impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Assim, foram considerados como fatos geradores omitidos das GFIPs: remuneração de serviços prestados por trabalhadores autônomos; Fl. 282DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 261 5 salário maternidade; e alimentação e transporte fornecidos em pecúnia. Em seu recurso voluntário alega, conforme relatório da Resolução nº 2403.000.157: a não legalidade dos procedimentos adotados pela empresa, bem como a aplicação mais benéfica da multa de mora e impossibilidade de cobrança de contribuição previdenciária sobre contribuinte individuais. Antes do julgamento, a 3ª turma ordinária da 4ª Câmara converteu o julgamento em diligência para que se conhecesse da tramitação dos processos principais e dos resultados: Diante do exposto, voto por baixar os autos em diligência para a que secretaria desta Câmara localize o processo consubstanciado no DEBCAD 37.151.0007, e apenseo à presente autuação para que apenas assim, haja o julgamento do presente processo. A Fazenda Nacional aponta às fls. 227 que os processos principais já se encontravam no CARF. Informação confirmada pelo despacho às fls. 258: Noutros termos, a providência determinada na Resolução nº 2403000.157 já se encontrava devidamente cumprida à época em que proferida (18/06/2013), pois o DEBCAD nº 37.151.000‑ 7 é tratado nos autos nº 11516.006791/200853, apensado, tal como os presentes autos, ao feito nº 11516.007024/2008‑ 61 desde 20/04/2012. Uma vez juntado aos autos o acórdão nº 2403.002.140 da mesma turma que convertera o julgamento em diligência, constatei que todas as matérias coincidentes aos fatos geradores supostamente omitidos das GFIP foram por ela julgadas: ACORDAM os membros do Colegiado, dar provimento parcial ao recurso para: I) Por unanimidade de votos excluir do lançamento as competências fulminadas pela decadência, compreendidas entre: 01/2003 a 09/2003, com base na regra do artigo 150 do CTN. II) Por maioria de votos manter a tributação incidente sobre alimentação em pecúnia. Vencidos o Relator Marcelo Magalhães Peixoto e a conselheira Maria Anselma Croscato dos Santos. III) Por maioria de votos manter a tributação incidente sobre o salário maternidade. Vencido o relator Marcelo Magalhães Peixoto. IV) Por maioria de votos determinar o recálculo da multa de mora do saldo remanescente, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte, mantendose incólume os demais levantamentos. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari. Fl. 283DF CARF MF 6 Assim, em relação a cada parcela foram esses os resultados: Auxílioalimentação em pecúnia Resultado: incidência sobre a parcela. Saláriomaternidade Resultado: incidência sobre a parcela. Auxíliotransporte em pecúnia Resultado: não incidência sobre a parcela. Contribuintes individuais Resultado: incidência sobre a parcela. Em síntese, somente sobre os valores relativos ao auxíliotransporte decidiu se pela não incidência da contribuição previdenciária. Também foi reconhecida a decadência pelo artigo 173, I do CTN e que à multa aplicada no processo principal seria aplicado o artigo 61 da Lei nº 9.430/96. É o Relatório. Fl. 284DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 262 7 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Atendidos os pressupostos, conheço do recurso. Preliminares O procedimento da fiscalização e formalização da autuação cumpriram todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, Fl. 285DF CARF MF 8 no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou todas as alegações do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos de regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Quanto à supostos vícios dos mandados de procedimento fiscal, a jurisprudência deste CARF se consolidou no sentido de sua desvinculação com o lançamento tributário, que permanece válido por não se contaminar com eventuais vícios na formalização do documento que motivou o procedimento fiscal: Processo nº 12963.000347/201033 Recurso nº Especial do Contribuinte Fl. 286DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 263 9 Acórdão nº 9202003.900– 2ª Turma Sessão de 12 de abril de 2016 Matéria IRPF Recorrente ROGÉRIO BOTTURA BORDIGONI Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Período de apuração: 31/01/2005 a 31/12/2005 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO. VÍCIOS NÃO ANULAM O LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF se constitui em mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, e irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para se anular o lançamento Jurisprudência do CARF. O fato de sucessivas prorrogações terem sido feitas sem a ciência pessoal do contribuinte constituise em mero erro administrativo, que não tem o condão de macular o lançamento em si, que foi lavrado por autoridade competente, e por meio de instrumento formalmente perfeito. Recurso especial negado. ... Assim, rejeito as preliminares argüidas. Do mérito Decadência Nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Seguem transcrições: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de Fl. 287DF CARF MF 10 suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Fl. 288DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 264 11 Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Assim sendo, independente de meu entendimento pessoal sobre a matéria, manifestado em meus votos anteriores, inclinome à tese jurídica na Súmula Vinculante n° 08. Afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência prevista no Código Tributário Nacional CTN se aplicar ao caso concreto. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da imprescindibilidade de pagamento parcial do tributo para que seja aplicada a regra decadencial do artigo 150, §4° do CTN; caso contrário, aplicase o artigo 173, I do CTN que transfere o termo a quo de contagem para o exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Também atribuiu status de repetitivos a todos os processos que se encontram tramitando sobre a matéria. E, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, a decisão deve ser reproduzida nas turmas deste Conselho. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Considerando o presente caso, deve ser aplicada a regra do artigo 173, I do CTN. Tratase de lançamento de ofício. Independentemente da regra decadencial que tenha sido aplicada ao lançamento de obrigação principal, a correlação entre os processos tem como elo a coincidência dos fatos, o que não altera a espécie de lançamento e, conseqüentemente, a regra de decadência a ser aplicada. Quanto as parcelas discutidas no presente processo de obrigação acessória, somente cabe a este colegiado reproduzir o que já decidido nos processos de obrigação principal. Assim, somente deve ser excluída da multa a parcela relativa ao auxíliotransporte. Multa aplicada GFIP É direito da recorrente a retroatividade benéfica prevista no artigo 106 do Código Tributário Nacional e em face da regra trazida pelo artigo 26 da Lei n° 11.941, de 27/05/2009 que introduziu na Lei n° 8.212, de 24/07/1991 o artigo 32A. Passo, então, ao seu exame, sobretudo para explicar porque não deve ser aplicada ao caso a regra no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996. Seguem transcrições: Art.26. A Lei no 8.212, de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: ... Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: Fl. 289DF CARF MF 12 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” Podemos identificar nas regras do artigo 32A os seguintes elementos: a) é regra aplicável a uma única espécie de declaração, dentre tantas outras existentes (DCTF, DCOMP, DIRF etc): a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; b) é possibilitado ao sujeito passivo entregar a declaração após o prazo legal, corrigila ou suprir omissões antes de Fl. 290DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 265 13 algum procedimento de ofício que resultaria em autuação; c) regras distintas para a aplicação da multa nos casos de falta de entrega/entrega após o prazo legal e nos casos de informações incorretas/omitidas; sendo no primeiro caso, limitada a vinte por cento da contribuição; d) desvinculação da obrigação de prestar declaração em relação ao recolhimento da contribuição previdenciária; e) reduções da multa considerando ter sido a correção da falta ou supressão da omissão antes ou após o prazo fixado em intimação; e f) fixação de valores mínimos de multa. Inicialmente, esclarecese que a mesma lei revogou as regras anteriores que tratavam da aplicação da multa considerando cem por cento do valor devido limitado de acordo com o número de segurados da empresa: Art. 79. Ficam revogados: I – os §§ 1o e 3º a 8º do art. 32, o art. 34, os §§ 1º a 4º do art. 35, os §§ 1º e 2º do art. 37, os arts. 38 e 41, o § 8º do art. 47, o § 2º do art. 49, o parágrafo único do art. 52, o inciso II do caput do art. 80, o art. 81, os §§ 1º, 2º, 3º, 5º, 6º e 7º do art. 89 e o parágrafo único do art. 93 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; Para início de trabalho, como de costume, devese examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. No inciso II do artigo 32A em comento o legislador manteve a desvinculação que já havia entre as obrigações do sujeito passivo: acessória, quanto à declaração em GFIP e principal, quanto ao pagamento da contribuição previdenciária devida: II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. Portanto, temos que o sujeito passivo, ainda que tenha efetuado o pagamento de cem por cento das contribuições previdenciárias, estará sujeito à multa de que trata o dispositivo. Comparandose com o artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais, vejo que as regras estão em outro sentido. As multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração, aplicandose apenas ao valor que não foi declarado e nem pago. Ao declarado e não pago é aplicada apenas multa de mora. Melhor explicando essa diferença, apresentamos o seguinte exemplo: o sujeito passivo, obrigado ao pagamento de R$ 100.000,00 apenas declara R$ 80.000,00, embora tenha efetuado o pagamento/recolhimento integral dos R$ 100.000,00 devidos, qual seria a multa aplicável? Somente a prevista no artigo 32A. E se houvesse pagamento/recolhimento parcial de R$ Fl. 291DF CARF MF 14 80.000,00? Incidiria a multa de 75% (considerando a inexistência de agravamento) sobre a diferença de R$ 20.000,00 e, independentemente disso, a multa do artigo 32A em relação ao valor não declarado. Isto porque a multa de ofício existe como decorrência da constituição do crédito pelo fisco, isto é, de ofício através do lançamento. Caso todo o valor de R$ 100.000,00 houvesse sido declarado, ainda que não pagos, a declaração constituiria o crédito tributário por confissão; portanto, sem necessidade de autuação. A diferença reside aí. Quanto à GFIP não há vinculação com o pagamento. Ainda que não existam diferenças de contribuições previdenciárias a serem pagas, estará o contribuinte sujeito à multa do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991: LEI Nº 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. ... Seção V Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições ... Multas de Lançamento de Ofício Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. A DCTF tem finalidade exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, sobretudo os salários de contribuição percebidos pelos segurados. São essas informações que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Quando o sujeito passivo é intimado para entregar a GFIP, suprir omissões ou efetuar correções, o fisco já tem conhecimento da infração e, portanto, já poderia autuálo, mas isso não resolveria um problema extrafiscal: as bases de dados da Previdência Social não seriam alimentadas com as informações corretas e necessárias para a concessão dos benefícios previdenciários. Por essas razões é que não vejo como se aplicarem as regras do artigo 44 aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. E no que tange à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, parte também do dispositivo, além das razões já expostas, devese observar o Princípio da Especificidade a norma especial prevalece sobre a Fl. 292DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 266 15 geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não se aplica o artigo 43 da mesma lei: Auto de Infração sem Tributo Art.43.Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em síntese, para aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas apenas as regras do artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria. É irrelevante para tanto se houve ou não pagamento/recolhimento e, nos casos que tenha sido lavrada NFLD (período em que não era a GFIP suficiente para a constituição do crédito nela declarado), qual tenha sido o valor nela lançado. E, aproveitando para tratar também dessas NFLD lavradas anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, não vejo como lhes aplicar o artigo 35A, que fez com que se estendesse às contribuições previdenciárias, a partir de então, o artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, pois haveria retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 44 e 61 são apenas partes do sistema de cobrança de tributos instaurado pela Lei n° 9.430/1996. Quando da falta de pagamento/recolhimento de tributos são cobradas, além do principal e juros moratórios, valores relativos às penalidades pecuniárias, que podem ser a multa de mora/multa especial previdenciária, quando embora a destempo tenha o sujeito passivo realizado o pagamento/recolhimento antes do procedimento de ofício, ou a multa de ofício, quando realizado o lançamento para a constituição do crédito. Essas duas espécies são excludentes entre si. Essa é a sistemática adotada pela lei. As penalidades pecuniárias incluídas nos lançamentos já realizados antes da Lei n° 11.941, de 27/05/2009 são, por essa nova sistemática aplicável às contribuições previdenciárias, conceitualmente multa de ofício e pela sistemática anterior multa de mora/multa especial previdenciária. Do que resulta uma conclusão inevitável: independentemente do nome atribuído, a multa de mora cobrada nos lançamentos anteriores à Lei n° 11.941, de 27/05/2009 não é a mesma da multa de mora prevista no artigo 61 da Lei n° 9.430/1996. Considero que na verdade se trata de uma multa especial, pois não coincide exatamente com as características da multa de mora prevista no artigo 61 da Lei n° 9.430/1996 e nem da multa de ofício prevista no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996. Na verdade, para melhorar elucidar a questão, talvez seja mais adequado se atribuir uma denominação própria à multa multa previdenciária sobre obrigações principais: Fl. 293DF CARF MF 16 Art.35.Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 1996. Art.35A.Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996. Seção IV Acréscimos Moratórios Multas e Juros Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Redação anterior do artigo 35: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) quatorze por cento, no mês seguinte; c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; Fl. 294DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 267 17 d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; Retomando os autos de infração de GFIP lavrados anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, há um caso que parece ser o mais controvertido: o sujeito passivo deixou de realizar o pagamento das contribuições previdenciárias (para tanto foi lavrada a NFLD) e também de declarar os salários de contribuição em GFIP (lavrado AI). Qual o tratamento do fisco? Por tudo que já foi apresentado, não vejo como bis in idem que seja mantida na NFLD a multa que está nela sendo cobrada (ela decorre do falta de pagamento, mas não pode retroagir o artigo 44 por lhe ser mais prejudicial), sem prejuízo da multa no AI pela falta de declaração/omissão de fatos geradores (penalidade por infração de obrigação acessória ou instrumental para a concessão de benefícios previdenciários). Cada uma das multas possuem motivos e finalidades próprias que não se confundem, portanto inibem a sua unificação sob pretexto do bis in idem. Agora, temos que o valor da multa no AI deve ser reduzido para ajustálo às novas regras mais benéficas trazidas pelo artigo 32A da Lei n° 8.212/1991. Nada mais que a aplicação do artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN: Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: ... II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” De fato, nelas há limites inferiores. No caso da falta de entrega da GFIP, a multa não pode exceder a 20% da contribuição previdenciária e, no de omissão, R$ 20,00 a cada grupo de dez ocorrências: Art. 32A. (...): I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração Fl. 295DF CARF MF 18 e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. Certamente, nos eventuais casos em a multa contida no autodeinfração é inferior à que seria aplicada pelas novas regras (por exemplo, quando a empresa possui pouquíssimos segurados, já que a multa era proporcional ao número de segurados), não há como se falar em retroatividade. Outra questão a ser examinada é a possibilidade de aplicação do §2° do artigo 32A: § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Deve ser esclarecido que o prazo a que se refere o dispositivo é aquele fixado na intimação para que o sujeito passivo corrija a falta. Essa possibilidade já existia antes da Lei n° 11.941, de 27/05/2009. Os artigos 291 e 292 que vigeram até sua revogação pelo Decreto nº 6.727, de 12/01/2009 já traziam a relevação e a atenuação no caso de correção da infração. E nos processos ainda pendentes de julgamento neste Conselho, os sujeitos passivos autuados, embora pudessem fazêlo, não corrigiram a falta no prazo de impugnação; do que resultaria a redução de 50% da multa ou mesmo seu cancelamento. Entendo, portanto, desnecessária nova intimação para a correção da falta, oportunidade já oferecida, mas que não interessou ao autuado. Resulta daí que não retroagem as reduções no §2°: Art.291.Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. §1oA multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. ... CAPÍTULO VI DA GRADAÇÃO DAS MULTAS Art.292. As multas serão aplicadas da seguinte forma: ... V na ocorrência da circunstância atenuante no art. 291, a multa será atenuada em cinqüenta por cento. Retornando à aplicação do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devem ser comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32 A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, prevalecendo a menor. No caso, essa comparação deve ser apartada das regras que disciplinam a aplicação da multa cobrada sobre o tributo devido e que fazem parte do lançamento da obrigação principal. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 11516.007026/200851 Acórdão n.º 2301004.845 S2C3T1 Fl. 268 19 Por tudo, voto pelo provimento parcial para que: a) seja excluída da autuação a parcela da multa correspondente ao auxílio transporte; e b) sejam comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, prevalecendo a menor. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 297DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.000642/2005-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/10/2004, 30/07/2004
EMBARGOS INOMINADOS.
Demonstrado o erro material, deve o mesmo ser corrigido.
Embargos inominados conhecidos para corrigir erro material.
Numero da decisão: 3402-003.256
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados da autoridade administrativa com efeito modificativo para retificar a ementa e reconhecer a aplicação do princípio da retroatividade benigna à nova redação do art. 57, I, "a", da MP nº 2.158-35, devendo o auto de infração ser recalculado com a multa de R$ 500,00 (em vez de R$ 5.000,00) por mês-calendário de atraso das DIF do período abarcado pelo lançamento.
assinado digitalmente
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/10/2004, 30/07/2004 EMBARGOS INOMINADOS. Demonstrado o erro material, deve o mesmo ser corrigido. Embargos inominados conhecidos para corrigir erro material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados da autoridade administrativa com efeito modificativo para retificar a ementa e reconhecer a aplicação do princípio da retroatividade benigna à nova redação do art. 57, I, "a", da MP nº 2.15835, devendo o auto de infração ser recalculado com a multa de R$ 500,00 (em vez de R$ 5.000,00) por mêscalendário de atraso das DIF do período abarcado pelo lançamento. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Presidente. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 00 06 42 /2 00 5- 24 Fl. 226DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Relatório O Sr. presidente submeteume à apreciação os embargos inominados de fl. 23, nos termos do art. 66, § 2º do RICARF. O Acórdão 3402002.865, de 26 de janeiro deste ano, concluiu pela redução da multa por atraso na entrega da DIF em face da retroatividade benigna pela nova redação dada ao art. 57 da MP 2.15835 pelo art. 57 da Lei 12.873/2013, vez que o lançamento fundou se no art. 57, I, daquela Medida Provisória. A parte dispositiva daquele aresto foi redigida nos seguintes termos: Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a retroatividade benigna da nova redação do art. 57, I, b, da MP 2.15835. Em consequência, deve o órgão local recalcular o auto de infração aplicando o valor de R$ 1.500,00 (em vez de R$ 5.000,00) por mêscalendário de atraso das DIF do período abarcado pela exação. A unidade local (fl. 223), ao executar o acórdão, defrontouse com dúvida no sentido de que sendo a então recorrente uma microempresa, a ela se aplicaria o art. 57, I, "a", em vez do art. 57, I, "b", a que se referiu a conclusão do julgado. Articulou a unidade executora do aresto que o valor da multa a ser aplicada, de acordo com a Lei seria R$ 500,00 por mês calendário, nos termos daquele art. 57, I, a, e não R$ 1.500,00 (57, I, b "relativamente às demais pessoas jurídicas", que não aquelas expressas no art. 57, I, a), visto que, conforme extrato anexado à fl. 215, inconteste tratarse a autuada de microempresa que "vem entregando regularmente declarações nessa modalidade desde períodos anteriores aos lançados". É relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, relator. Conheço dos embargos como inominados, os quais devem ser providos para o fim de dar nova redação à ementa e a parte dispositiva do acórdão tendo em vista o erro apontado. Com efeito, equivoqueime ao aplicar a legislação ao desconsiderar que a multada era e é empresa optante do Simples Nacional. Assim, com razão a unidade local ao apontar que diante desse fato a norma que incide ao caso é o art. 57, I, a, da MP 2.15835, cuja redação dispõe que a multa será de "R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional". Dessa forma, acato os embargos inominados para retificar sua parte dispositiva e ementa. Fica a parte dispositiva original do acórdão 3402002.865, substituída pela seguinte redação: Fl. 227DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10855.000642/200524 Acórdão n.º 3402003.256 S3C4T2 Fl. 227 3 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a retroatividade benigna da nova redação do art. 57, I, a, da MP 2.15835. Em consequência, deve o órgão local recalcular o auto de infração aplicando o valor de R$ 500,00 (em vez de R$ 5.000,00) por mêscalendário de atraso das DIF do período abarcado pela exação. Já a ementa daquele acórdão passa a ter a seguinte redação: MULTA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DIFPAPEL IMUNE. RETROAÇÃO BENIGNA. Há retroação benigna da penalidade prevista no art. 57, I, a, da MP 2.15835, nos casos de falta de entrega de DIFPapel Imune por empresa tributada pelo Simples Nacional, de acordo com sua nova redação, veiculada pelo art. 57 da Lei da Lei 12.873/2013. Recurso Voluntário parcialmente provido. É como voto. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 228DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10120.723902/2014-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO PARA PRONUNCIAR SOBRE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ATIVIDADE RURAL.
Verificada a omissão de rendimentos, será exigido, de ofício, o Imposto de Renda, com os acréscimos e as penalidades legais, considerando como base de cálculo o valor da renda omitida.
MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO.
Caracterizado o dolo da omissão de informação sobre rendimentos, com o fim de se eximir de pagar tributos, é cabível a aplicação da multa qualificada.
Numero da decisão: 2201-003.343
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar argüida, e no mérito negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 17/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO PARA PRONUNCIAR SOBRE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ATIVIDADE RURAL. Verificada a omissão de rendimentos, será exigido, de ofício, o Imposto de Renda, com os acréscimos e as penalidades legais, considerando como base de cálculo o valor da renda omitida. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. Caracterizado o dolo da omissão de informação sobre rendimentos, com o fim de se eximir de pagar tributos, é cabível a aplicação da multa qualificada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar argüida, e no mérito negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 17/10/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 39 02 /2 01 4- 19 Fl. 4295DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Tratase de Auto de Infração (fls. 03 a 29) lavrado em nome do contribuinte acima identificado, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2011, formalizando a exigência de crédito tributário assim discriminado: imposto suplementar (2904).........................R$ 4.217.827,86 multa proporcional (passível de redução).....R$ 6.326.741,79 juros de mora (calculados até 05/2014)........R$ 723.357,48 total...............................................................R$11.267.927,13 Do Procedimento Fiscal. O lançamento decorreu de omissão de rendimentos da atividade rural, no importe de R$15.337.555,85, na DIRPF do exercício 2012 do contribuinte. De acordo com o relato fiscal acostado às fls. 15 a 29, o contribuinte foi intimado, inicialmente, a apresentar o Livro Caixa da atividade rural exercida no ano de 2011, devidamente escriturado, com todos os documentos relativos aos seus registros. Deveria também apresentar relação com as datas de recebimento dos valores constantes em cada documento disponibilizado. Em atendimento a essa intimação o contribuinte apresentou o Livro Caixa e 09 (nove) notas fiscais comprobatórias do que seria a receita da atividade rural em 2011. A fiscalização entendeu ser necessária a coleta de informações junto a terceiros e intimou as empresas discriminadas à fl. 16 para fornecer cópia autenticada de notas fiscais de compra de mercadorias emitidas em nome do contribuinte, bem como fornecer os comprovantes de pagamentos dessas compras. De posse da documentação solicitada, a autoridade fiscal apurou quais os valores recebidos pelo contribuinte foram escriturados no Livro Caixa e declarados, elaborando o “Demonstrativo de Valores de Receitas da Atividade Rural Declarados – Ano de 2011”, e quais os valores recebidos, que Fl. 4296DF CARF MF Processo nº 10120.723902/201419 Acórdão n.º 2201003.343 S2C2T1 Fl. 3 3 não foram escriturados no Livro Caixa, e nem declarados, elaborando o “Demonstrativo de Omissões de Receitas da Atividade Rural – ano de 2011”, onde foram registrados os seguintes valores: Mês Receita Omitida (R$) Julho 26.200,00 Agosto 2.763.521,23 Setembro 3.428.846,84 Outubro 1.695.936,92 Novembro 3.253.768,92 Dezembro 5.189.019,91 Total 16.357.293,82 Relata a autoridade fiscal que o contribuinte, conforme DIRPF entregue em 30/04/2012, ND 01/31.487.843, optou, como forma de tributar o resultado da atividade rural, pela diferença entre a receita bruta total e as despesas de custeio e investimento, tendo apurado, em 2011, um saldo de prejuízo a compensar de R$1.019.737,97. A autoridade fiscal, então, a partir das receitas devidamente comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, que não foram informadas na DIRPF apresentada pelo contribuinte, apurou a omissão de rendimentos tributáveis no importe de R$15.337.555,85, resultante da diminuição do saldo de prejuízo não compensado de R$1.019.737,97 da receita bruta omitida de R$16.357.293,82. A autoridade fiscal considerou que o contribuinte, ao declarar como receita da atividade rural apenas a importância de R$629.543,70 (3,71% do total efetivamente recebido) e, ao ser intimado para apresentar documentos que comprovassem a receita total auferida em 2011, apresentou tão somente 9 (nove) notas fiscais, diante de um universo aproximado de 100 (cem) notas fiscais e receita de R$16.986.837,52, agiu com o intuito de omitir, retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. Em decorrência dessa conduta do contribuinte, nos termos do artigo 44, inciso I, § 1º da Lei n. 9.430, de 1996, foi aplicada a multa qualificada sobre o valor do imposto lançado. Os demais procedimentos fiscais adotados, bem como as verificações/análises/conclusões encontramse detalhadamente relatadas às fls. 94 a 95. Da Impugnação ao Lançamento Cientificado do lançamento em 19/05/2014 (fl. 13), o contribuinte apresentou, em 18/06/2014, por meio de procurador Fl. 4297DF CARF MF 4 constituído, a impugnação de fls. 705 a 726, acompanhada dos documentos constantes do volume I, fls. 729 a 1.548; volume II, fls. 1 a 1.981; e volume III, fls. 1 a 452. Depois de identificarse e fazer um relato dos fatos, o contribuinte alega que a atividade rural ocorrida no período de julho a dezembro de 2011, não foi exercida por ele, como pessoa física, e, sim, pela SCP Piratininga, estando a receita reconhecida e devidamente tributada em nome dessa Sociedade. Aduz que adquiriu, juntamente com a Sociedade Empresária MCLG Administração e Participações Ltda, em leilão judicial, no ano de 2010, a Fazenda Piratininga, situada na zona rural do município de São Miguel do Araguaia – GO, e todos os semoventes e equipamentos que lá se encontravam. Diz que, em 31/03/2011, ele, como cedente, e a Sociedade Empresária MCLG, por ele controlada, como anuente, firmaram um contrato de cessão de direitos e constituição de dívida e outras avenças com outras duas pessoas físicas, conforme informado ao Fisco em 30/09/2013. Esclarece que, no mesmo dia 31/03/2011, houve alteração societária na empresa MCLG Administração e Participações Ltda, bem como sua mudança de denominação para Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda e alteração de seu objeto social para exploração de atividade rural. Esclarece ainda que, também no dia 31/03/2011, realizou uma Sociedade em Conta de Participação (SCP) com a Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda. Assim, a Fazenda Piratininga, como unidade produtiva rural, passou a ser operada pela Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda, sócia ostensiva, detentora de 50% da propriedade, semoventes e equipamentos, e pela SCP Piratininga, detentora dos outros 50%, sócia participante. Diz que elaborou uma planilha denominada “Composição de Receitas de Vendas, recebidas em transferência de Marcelo Henrique Limirio Gonçalves” que é a fiel repetição do “Demonstrativo de Omissões de Receitas de Atividade Rural – Ano de 2011” feito pelo Fisco, onde fez referência à prova de que todos os recursos recebidos dos terceiros (frigoríficos) foram repassados a SCP Piratininga, pois que dela de direito, via transferências bancárias, cujos comprovantes acompanham a citada planilha, bem como os extratos bancários evidenciando o recebimento na SCP Piratininga. Salienta que não é crível imaginar que ele teria realizado transferências bancárias nos exatos montantes dos recebimentos advindos dos terceiros a SCP Piratininga, se não fosse a existência de obrigações assumidas na constituição da própria SPC Piratininga. Afirma que, na SCP Piratininga, os seus resultados foram apurados pelo sócio ostensivo (Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda), que Fl. 4298DF CARF MF Processo nº 10120.723902/201419 Acórdão n.º 2201003.343 S2C2T1 Fl. 4 5 também ficou responsável pela declaração de rendimentos e pelos recolhimentos dos tributos e contribuições devidos pela SCP Piratininga, conforme DIPJ e SPED contábil anexados. Esclarece que a escrituração das operações da SCP Piratininga foi efetuada nos mesmos livros do sócio ostensivo. O lucro real da SCP Piratininga, juntamente com o IRPJ e a CSLL, uma vez que esta não possui CNPJ, foram informados e tributados em campo próprio, na mesma declaração de rendimentos do sócio ostensivo, conforme DIPJ e SPED contábil do período, juntados a estes autos. Sustenta que ao Fisco só é dada uma única alternativa, diante do aqui descrito, que é respeitar o contrato de constituição da SCP Piratininga, em obediência ao disposto no artigo 110 do CTN, e reconhecer que o Autuado agiu corretamente, não havendo que se falar em omissão de receita de atividade rural. Alega, em respeito ao princípio da eventualidade, que se desconsiderada a existência e validade da SPC Piratininga, que dê validade aos artigos 57, 60, 63, 65, 66, 68 e 71 do RIR, de 1999, considerando as despesas de custeio, os investimentos e demais valores que integram a atividade da Fazenda Piratininga realizada pelo Autuado. Ressalta que a autoridade fiscal poderia ter também coletado informações junto à SEFAZ/GO e às demais Secretarias da Fazenda do país, em nome do Autuado, e teria, certamente, informações que evidenciariam, por meio de notas fiscais de vendas, parte das despesas de custeio e os investimentos realizados na Fazenda Piratininga. Poderia também ter requerido ao Autuado a necessária explicação do porquê teria supostamente omitido a receita lançada. Diz o Impugnante que, apenas para facilitar o trabalho do Fisco, na hipótese de uma atividade rural exercida por ele na Fazenda Piratininga, produziu o Livro Caixa dessa Fazenda e, com sua documentação suporte, agregouo ao Livro Caixa daquilo que teria sido a atividade rural do Autuado, obtendo um resultado, nessa hipótese, correspondente a um prejuízo de R$1.158.122,58, jamais um resultado tributável no importe de R$15.337.555,85, conforme apurado pela fiscalização. Argumenta que, se a autoridade fiscal não arbitrou a base de cálculo (20% da receita bruta) então deveria ter considerado as despesas de custeio e de investimento, sob pena de ser gerada uma receita sem o necessário capital para tanto. Protesta pela realização de diligência, a fim de que seja averiguado o Livro Caixa do Autuado, reconstituído com as receitas e as despesas, juntamente com os documentos que o subsidiam, e que reflete o resultado acima apontado e demonstra a inexistência de IRPF a ser pago pelo Autuado. Pondera que a diligência se justifica porque a autoridade julgadora não pode suprir a autoridade lançadora e, havendo aspectos do Livro Caixa do autuado que, legalmente deveriam Fl. 4299DF CARF MF 6 ser considerados e não o foram, o trabalho de auditoria torna se imprestável e incorrigível pelo órgão julgador. Insurgese contra a aplicação da multa qualificada, advertindo que o percentual de 75% já possui caráter confiscatório. Quanto à sua qualificação, sem que haja comprovação do suposto intuito fraudulento do Autuado, diz que sua exigência é intolerável. Ao final, relaciona os documentos anexados à peça impugnatória e requer o deferimento do pedido de perícia, ou que seja declarado nulo o auto de infração e cancelado o débito fiscal reclamado. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte MG julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ATIVIDADE RURAL. Verificada a omissão de rendimentos, será exigido, de ofício, o Imposto de Renda, com os acréscimos e as penalidades legais, considerando como base de cálculo o valor da renda omitida. PROVA. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados quando comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. Caracterizada a omissão intencional de informação sobre rendimentos, com o fim de se eximir de pagar tributos, é cabível a aplicação da multa qualificada. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. PEDIDO DE INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. INDEFERIMENTO. Fl. 4300DF CARF MF Processo nº 10120.723902/201419 Acórdão n.º 2201003.343 S2C2T1 Fl. 5 7 O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço, postal, eletrônico ou de fax fornecido pelo próprio contribuinte à Receita Federal do Brasil (RFB) para fins cadastrais. Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indeferese o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte reitera, em síntese, os argumentos dispostos em sede de impugnação e sustenta a nulidade do acórdão proferido pela DRJ, em razão da inobservância de normas constitucionais (ausência de intimação referente à sessão de julgamento da Delegacia). É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da inexistência de nulidade Aduz o recorrente a existência de nulidade do Acórdão recorrido, em razão da ausência de disponibilização prévia da pauta de julgamento da impugnação, bem como em razão da ausência de permissão da presença do contribuinte e de seus advogados na sessão de julgamento, a fim de permitir a entrega de memoriais, a realização de sustentação oral, a requisição de produção de provas e a participação em debates. No âmbito federal, o controle da legalidade do ato administrativo do lançamento tributário vem sendo instaurado e conduzido com fulcro no Decreto nº 70.235/72 que define as regras de estruturação dos órgãos de julgamento, a competência para realização de atos processuais e explicita os direitos e deveres das partes envolvidas no processo administrativotributário. Observase que o mencionado Decreto é silente quanto ao procedimento a ser adotado no julgamento de primeira instância. Sobre o processo administrativo no âmbito da Secretaria da Receita Federal, o Decreto 7.574/2011 limitase à atribuição de julgamento de primeira instância às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, também mantendose omisso quanto à questão da sessão de julgamento de análise da impugnação. Fl. 4301DF CARF MF 8 Sobre o tema, a Portaria MF n.º 341/2011 não permite a plena atuação do advogado na sessão de julgamento da Delegacia Regional. Nesse contexto, diante das alegações do contribuinte relativas à violação aos princípios constitucionais (contraditório e ampla defesa), cumpre esclarecer que o CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade, seja ela por ação ou omissão, consoante dispõe a Súmula n.º 2 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desse modo, afasto a preliminar de nulidade arguída. 2. Da omissão de rendimentos da atividade rural A fiscalização enumerou, no Demonstrativo de Valores de Receitas da Atividade Rural declarados ano de 2011, os valores provenientes da venda de produtos da atividade de pecuária exercida pelo contribuinte que foram escriturados no livro caixa e declarados. Excluindo os valores declarados, foi elaborado o Demonstrativo de Omissões de Receitas da Atividade Rural ano de 2011. Nele estão relacionados os valores recebidos dos contribuintes listados e que não foram escriturados no livro caixa e declarados. Foram, portanto, tributadas como rendimentos omitidos da atividade rural as receitas devidamente comprovadas, por meio de documentos hábeis e idôneos e que não foram informadas na DIRPF apresentada pelo contribuinte, conforme demonstrativo abaixo: APURAÇÃO DO RENDIMENTO TRIBUTÁVEL DA ATIVIDADE RURAL OMITIDO a) Receita bruta omitida R$ 16.357.293,82 b) Saldo de prejuízo (s) de exercício (s) anterior (es) ainda não compensado R$ 1.019.737,97; c= ab Resultado tributável da atividade rural R$ 15.337,555,85 Alega o recorrente que a atividade rural evidenciada na fiscalização, exercida de julho a dezembro de 2011, não é do autuado como pessoa física, e sim da SCP Piratininga, estando a receita lá reconhecida e devidamente tributada. Acrescenta que todos os recursos recebidos de terceiros (frigoríficos) foram repassados à SCP Piratininga, via transferências bancárias, conforme comprovantes. Ademais, o contribuinte assevera que, quanto aos resultados da SCP Piratininga, o sócio ostensivo (Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda) realizou a escrituração das operações da SCP nos mesmos livros utilizados para a escrituração da Nova Piratininga. Argumenta o recorrente que foi apresentado apenas o livro caixa da Fazenda Barreiro, pois realmente era o único local com atividade rural operada diretamente pelo autuado, sendo que o fluxo de operações de venda de produtos rurais oriundos da Fazenda Piratininga está incluído nas operações da SCP Piratininga. Assim, não tinha razão para o contribuinte apresentar o livro caixa da fazenda Piratininga, pois não era por ele operada. Fl. 4302DF CARF MF Processo nº 10120.723902/201419 Acórdão n.º 2201003.343 S2C2T1 Fl. 6 9 Sobre a Fazenda Santa Fé, dispõe o recorrente que esta não é uma fazenda de sua propriedade e também não é por ele operada, salientando que o fluxo intenso de operações de venda de produtos rurais supostamente oriundos da Fazenda Santa Fé decorrem da transferência de bovinos da SCP Piratininga para engorda no confinamento MARFRIG e de lá eram vendidos para a unidade de abate da MARFRIG. Desse modo, o gado sempre foi de propriedade da SCP, não existindo atividade rural do autuado na Fazenda Santa Fé. Em análise ao disposto, em conjunto com as provas carreadas aos autos, observase que a sócia ostensiva da Sociedade em Conta de Participação, que tem por objeto a exploração da fazenda Piratininga, é a Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda, e o sócio oculto é o contribuinte. Restou claro, conforme dispôs o acórdão recorrido, que a atividade rural do contribuinte não se limitava tão somente à Fazenda Piratininga, mas também a Fazenda Barreiro e Santa Fé, pois, como demonstram as notas fiscais, fls. 94/636, o contribuinte mantinha um fluxo intenso de operações de venda de produtos rurais oriundos, principalmente, da Fazenda Santa Fé e da Fazenda Barreiro, nos termos seguintes: Outro aspecto que merece destacar é o fato de que, intimado pela autoridade lançadora a apresentar informações e documentos relativos à sua atividade rural, o contribuinte, embora em sua peça impugnatória, alegue que toda a atividade rural foi exercida pela SCP Piratininga, e não por ele pessoa física, apresentou para exame apenas o Livro Caixa da Fazenda Barreiro, documento acostado às fls. 50 a 73, cuja exploração não seria feita pela SCP Piratininga. Por outro lado, em decorrência de intimações efetuadas, diversas notas fiscais de aquisição de produtos rurais foram disponibilizadas à fiscalização por empresas clientes do contribuinte e demonstraram que a atividade rural do fiscalizado correspondia a uma realidade bem distinta daquela que ele pretendia que fosse objeto da verificação fiscal, pois não se restringia, como já indicado, à exploração da Fazenda Piratininga, por intermédio da SCP Piratiniga. Constatase pela análise dessas notas fiscais (fls. 94/636) que o contribuinte, como pessoa física, manteve com as empresas informantes, no ano de 2011, um fluxo intenso de operações de venda de produtos rurais oriundos, principalmente, da Fazenda Santa Fé e da Fazenda Barreiro. Dentre essas notas fiscais, as operações envolvendo produtos da Fazenda Piratininga foram realizadas em menor número. Por sua vez, a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ do exercício 2012 da Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda (fls. 834/871), que é a sócia ostensiva da SCP Piratininga, não trouxe registro de qualquer dado relativos à então alegada exploração da atividade rural pela Sociedade. Observase que os campos destinados a registrar dados da SCP encontramse zerados. Fl. 4303DF CARF MF 10 Também, não foi trazido aos autos nenhum documento que demonstre a escrituração de operações da SCP, em separado da sócia ostensiva, como uma possibilidade prevista na legislação. Logo, a constatação descrita fragiliza a alegação de que as receitas foram reconhecidas e tributadas na SCP Piratininga. Além do exposto, observase que o livro razão escriturado da Nova Piratininga Empreendimentos, Participações e Incorporações Ltda, fls. 872/878 registrou apenas as suas vendas, não escriturando todos os fatos econômicos e jurídicos que corresponderam à realidade empresarial e tributária, o que inviabiliza a desconstituição do feito fiscal. Como bem ponderou o acórdão combatido, a atividade constitutiva do objeto social de uma SCP deve ser exercida unicamente pelo sócio ostensivo; não constam dos autos documentos que demonstre que a atividade rural foi exercida pela sócia ostensiva; e os valores transferidos pelo contribuinte à sócia ostensiva não correspondem aos apontados pela fiscalização como omitidos. Desse modo, não assiste razão ao recorrente, pois os seus argumentos e provas não foram aptos à infirmar o disposto pela fiscalização. Acerca das provas apresentadas na fase de impugnação e analisadas pela DRJ, o contribuinte dispõe que não foram analisados corretamente os documentos anexos aos autos e, por exemplo, menciona (fl. 3884 do recurso): Observase que as fls. 94, 97 e 100 não se referem ao livro caixa, mas sim às notas fiscais. E também a indicação do livro caixa, fl. 880, referese, na verdade, à planilha produzida na fase de impugnação denominada de Composição de Receitas de Vendas recebidas em transferência de Marcelo Henrique Limirio Gonçalves, conforme consta da fl. 713: Com relação à indicação da fl. 872 do livro razão, também verificase que não há correspondência da data e do número da nota fiscal referente a valor similar. Fl. 4304DF CARF MF Processo nº 10120.723902/201419 Acórdão n.º 2201003.343 S2C2T1 Fl. 7 11 Dessa forma, não merece guarida as insurgências do recorrente quanto à efetiva comprovação do alegado. 3. Do exercício da atividade pelo sócio ostensivo e pelo sócio oculto Aduz o contribuinte que o Código Civil não proíbe que o sócio oculto se envolva na atividade constitutiva do objeto social da SCP, não sendo o caso do fisco desconsiderar a SCP. Sobre a Sociedade em conta de participação, fazse importante esclarecer os seguintes pontos: Assim dispõe o Código Civil sobre as sociedades em conta de participação SCPs: Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obrigase perante terceiro tão somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. [...] Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. § 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. [...] A sociedade em conta de participação é um dos dois tipos de sociedade não personificada e advém de um simples contrato entre o sócio ostensivo e o sócio oculto. O sócio ostensivo é aquele que aparece nos negócios com terceiros, assumindo as atividades societárias, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade. O sócio oculto, por sua vez, não aparece nos negócios com terceiros e sua responsabilidade é somente perante o sócio ostensivo, nos termos pactuados entre ambos. Essa sociedade não existe perante terceiros. Fl. 4305DF CARF MF 12 Nesse tipo de sociedade, a regra é que o sócio ostensivo é quem assume obrigações com terceiros realizadas em decorrência da sociedade. O sócio oculto não poderá tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros e, se o fizer, indevidamente, responderá solidariamente nas obrigações em que intervier. O capital do sócio participante (oculto) é distinto e separado do capital do sócio ostensivo e não faz parte do capital da sociedade aportado pelo ostensivo, para efeito das obrigações com terceiros. As contribuições do sócio oculto e do sócio ostensivo constituem um patrimônio especial que não pertence à sociedade, mas somente aos sócios em condomínio. Diante do exposto, é inconteste que, na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, de modo que não merece prosperar a alegação do recorrente. 4. Da questão relativa à intimação e a coleta de documentos A respeito da alegação de que a fiscalização teria que intimar especificamente o contribuinte para a explicação da movimentação de gado informadas pelas empresas notificadas, cabe esclarecer que ao contribuinte foi oportunizada impugnação e, posteriormente, o recurso voluntário para a apresentação das argumentações e provas aptas a afastar a exigência. Assim, o fato de a fiscalização não emitir a referida intimação específica não é capaz de trazer prejuízo ao contribuinte. 5. Da multa qualificada Entendo que deve ser mantida a qualificação da multa de ofício, visto que o Contribuinte, de forma intencional (dolosa), procurou ocultar do Fisco o recebimento dos valores referentes a serviços por ele prestados, consoante descreveu a autoridade fiscal, fls. 22 e 23. O art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, prevê: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de Fl. 4306DF CARF MF Processo nº 10120.723902/201419 Acórdão n.º 2201003.343 S2C2T1 Fl. 8 13 ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Cumpre esclarecer que de acordo com o artigo 44, § 2º da Lei nº 9.430, de 1996 e alterações a multa de cento e cinqüenta por cento é aplicada nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independente de outras penalidades administrativas cabíveis. Assim, para sua aplicação deve ser observada a existência do que foi definido nos citados dispositivos da Lei nº 4.502, de 1964, ora transcritos: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente; Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Portanto, deve ser mantida a multa qualificada, pois está plenamente evidenciado nos autos que o contribuinte intencionalmente não declarou rendimentos, tendo dolosamente omitido informações à Fazenda Pública com o fito de eximirse de pagar tributo. Fl. 4307DF CARF MF 14 6. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 4308DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11610.004252/2007-21
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DECISÃO DO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retifica-a (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente.
Numero da decisão: 1803-001.030
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Selene Ferreira de Moraes
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DECISÃO DO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Selene Ferreira de Moraes. Relatório Fl. 106DF CARF MF Emitido em 27/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/10/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 27/10 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 11610.004252/200721 Acórdão n.º 180301.030 S1TE03 Fl. 95 2 Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Tratase de impugnação a autuação eletrônica decorrente de auditoria interna em DCTF, de acordo com IN SRF n°s 45/98 e 77/98, que constatou pagamentos de; IRPJ, código 2362, referentes aos períodos de apuração 02/2004 e 03/2004, após o vencimento, desacompanhados da respectiva multa de mora conforme auto de infração de fls. 1625, no qual se exige o recolhimento de crédito tributário (multa) no valor de R$28.663,09, com base na capitulação legal descrita no campo 10 do auto de infração, a saber: Crédito Tributário Enquadramento Legal Valor (RS) Multa Art.160 da Lei n° 5.172/66; art. 43 e 61, e §§1° e 2°, da Lei n° 9.430/96; art. 9° e parágrafo único da Lei n° 10.426/2002. 28.663,09 TOTAL 28.663,09 DA IMPUGNAÇÃO Inconformada, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 0108, acompanhada dos documentos de fls. 0925, em síntese alegando que: 1. 0 auto de infração em discussão foi lavrado em virtude do não recolhimento de multa de mora supostamente devida em função da retificação da DCTF. 2. A contribuinte efetuou o recolhimento das diferenças de tributos então devidas de forma espontânea, sem que as Autoridades Fiscais houvessem iniciado qualquer procedimento tendente à sua cobrança. Tal procedimento é denominado denúncia espontânea, previsto no art.138 do CTN. 3. Com a denúncia espontânea, o contribuinte paga o tributo devido acrescido de juros, sendo excluída sua responsabilidade por infrações. Não há penalidade, somente juros moratórios e correção monetária. 4. A multa moratória não possui caráter indenizatório, sua natureza é exclusivamente punitiva e não de ressarcimento. 5. O STF, no RE 79.625, assentou que, a partir da vigência do CTN, não há distinção entre multa moratória e administrativa, sendo a mora indenizada com juros e correção monetária. 6. 0 Fisco se beneficia da regra do art.138 do CTN, pois é mais vantajoso o contribuinte denunciar seu débito espontaneamente, ainda que haja isenção do pagamento de multa moratória, do que seu total inadimplemento. Fl. 107DF CARF MF Emitido em 27/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/10/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 27/10 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 11610.004252/200721 Acórdão n.º 180301.030 S1TE03 Fl. 96 3 7. Requer o acolhimento de sua impugnação e o cancelamento e extinção dos débitos fiscais reclamados no auto de infração. A Derat, ao receber a impugnação do contribuinte, manifestou se no despacho decisório de 03/03/2008 (fls. 2729) no sentido de que não pode ser excluída a multa moratória ante a denúncia espontânea. A Delegacia de Julgamento considerou o lançamento procedente, em decisão assim ementada: “IMPUGNAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. Anulase o despacho decisório proferido pela autoridade preparadora, pois, instaurado o litígio, o julgamento da impugnação da contribuinte compete às Delegacias de Julgamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil. NULIDADE. CANCELAMENTO. Satisfeitos os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72 e não tendo ocorrido o disposto no art. 59 do mesmo decreto, não há que se falar em anulação ou cancelamento da autuação. FALTA DE RECOLHIMENTO DA MULTA DE MORA. DESCABIMENTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea não afasta o recolhimento da multa de mora, que em caso de recolhimento de tributo ou contribuição a destempo, exceto quando lançada multa de ofício, é sempre devida.” Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que reitera as alegações contidas na impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes A contribuinte foi cientificada por via postal, tendo recebido a intimação em 14/06/2010 (AR de fls. 42). O recurso foi protocolado em 13/07/2010, logo, é tempestivo e deve ser conhecido. O cerne da questão a ser analisada no presente recurso gira em torno do art. 138 do CTN: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito Fl. 108DF CARF MF Emitido em 27/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/10/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 27/10 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 11610.004252/200721 Acórdão n.º 180301.030 S1TE03 Fl. 97 4 da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” O Superior Tribunal de Justiça proferiu acórdão submetido ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, fixando o seguinte entendimento: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. Fl. 109DF CARF MF Emitido em 27/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/10/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 27/10 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 11610.004252/200721 Acórdão n.º 180301.030 S1TE03 Fl. 98 5 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Por sua vez, o art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria n° 256, de 22 de junho de 2009, assim dispõe: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Assim, restanos apurar se no caso concreto ficou caracterizada a hipótese de denúncia espontânea, de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. O contribuinte efetuou dois pagamentos em 09/12/2004 (fls. 21/22), sem o acréscimo da multa de mora, tendo recolhido apenas os juros legais. Entregou a DCTF retificadora em 28/12/2004 (fls. 19). Ou seja, antes do início do procedimento fiscal, efetuou o pagamento integral do débito, acompanhado dos juros de mora, tendo, posteriormente, retificado a declaração, noticiando a existência do débito. Por conseguinte restou configurada a denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. Ante todo o exposto, dou provimento ao recurso. Fl. 110DF CARF MF Emitido em 27/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/10/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 27/10 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 11610.004252/200721 Acórdão n.º 180301.030 S1TE03 Fl. 99 6 (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 111DF CARF MF Emitido em 27/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/10/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 27/10 /2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES
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Numero do processo: 10880.915906/2008-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/12/2000
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.960
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/12/2000 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 06 /2 00 8- 81 Fl. 252DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915906/200881 Acórdão n.º 9303003.960 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801003.844, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 253DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915906/200881 Acórdão n.º 9303003.960 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915906/200881 Acórdão n.º 9303003.960 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915906/200881 Acórdão n.º 9303003.960 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 256DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915906/200881 Acórdão n.º 9303003.960 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915906/200881 Acórdão n.º 9303003.960 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915906/200881 Acórdão n.º 9303003.960 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 259DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10108.721108/2011-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 01/06/2009 a 31/05/2011
Ementa:
DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL.
Nos artigos 23 e 24 do Decreto-Lei no 1.455/1976 enumeram-se as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei.
PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. INAPLICABILIDADE NA EXPORTAÇÃO ANTES DA MP 497/2010.
A multa substitutiva do perdimento, prevista no § 3o do artigo 23 do Decreto-Lei no 1.455/1976, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002, é inaplicável à exportação, por trazer base imponível relacionada estritamente à importação (valor aduaneiro). A multa substitutiva do perdimento passa a ser devida, na exportação, somente a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010, que dá nova redação ao citado § 3o.
OCULTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE.
A ocultação mediante interposição fraudulenta, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. Na exportação, a interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está exportando não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (artigo 23, § 2o do Decreto-Lei no 1.455/1976), configura-se a interposição e aplica-se o perdimento (ou a multa que o substitui - § 3o). Segue-se, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no artigo 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. Não sendo identificado o ocultado, na operação, a penalidade é aplicada ao ocultante, responsável pela operação.
MULTA LEGALMENTE ESTABELECIDA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA.
Com fulcro na Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei (no caso, do artigo 23, § 2o do Decreto-Lei no 1.455/1976).
Numero da decisão: 3401-003.243
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para excluir a multa correspondente às notas fiscais emitidas no período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que davam provimento em maior extensão para excluir, também, as vendas que não ultrapassassem o limite de US$ 2.000,00 (dois mil dólares americanos). Sustentou pela recorrente o advogado Bruno Padovan, OAB/DF no 28.460, na reunião de abril/2016.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos artigos 23 e 24 do DecretoLei no 1.455/1976 enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. INAPLICABILIDADE NA EXPORTAÇÃO ANTES DA MP 497/2010. A multa substitutiva do perdimento, prevista no § 3o do artigo 23 do Decreto Lei no 1.455/1976, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002, é inaplicável à exportação, por trazer base imponível relacionada estritamente à importação (valor aduaneiro). A multa substitutiva do perdimento passa a ser devida, na exportação, somente a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010, que dá nova redação ao citado § 3o. OCULTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE. A ocultação mediante interposição fraudulenta, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. Na exportação, a interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está exportando não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (artigo 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976), configurase a interposição e aplicase o perdimento (ou a multa que o substitui § 3o). Seguese, então, a declaração de inaptidão da empresa, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 10 8. 72 11 08 /2 01 1- 56 Fl. 675DF CARF MF 2 com base no artigo 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. Não sendo identificado o ocultado, na operação, a penalidade é aplicada ao ocultante, responsável pela operação. MULTA LEGALMENTE ESTABELECIDA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Com fulcro na Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei (no caso, do artigo 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para excluir a multa correspondente às notas fiscais emitidas no período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que davam provimento em maior extensão para excluir, também, as vendas que não ultrapassassem o limite de US$ 2.000,00 (dois mil dólares americanos). Sustentou pela recorrente o advogado Bruno Padovan, OAB/DF no 28.460, na reunião de abril/2016. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 4 a 751, com ciência ao sujeito passivo em 22/03/2012 (fl. 5), para exigência de multa substitutiva do perdimento, no valor original de R$ 8.700.936,00, pela falta de comprovação da origem lícita, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos utilizados nas operações de comércio exterior, e da própria integralização de capital social, com fundamento no inciso IV e no § 2o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. A multa substitutiva se aplica em função de a mercadoria sujeita a perdimento não ser localizada, ou ter sido consumida ou revendida, conforme § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. No Relatório Fiscal de fls. 76 a 182, narra a fiscalização que: (a) após procedimento fiscal anterior realizado na fronteira com a Bolívia, foi detectado volume constante e significativo de vendas de frios com destino àquele país, amparandose as 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 676DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 676 3 operações apenas em notas fiscais, sem os correspondentes despachos de exportação, selecionandose para procedimento especial de controle aduaneiro a recorrente, em 14/06/2011, devido a indícios de incompatibilidade entre capacidade financeira e volume transacionado; (b) a empresa entregava as mercadorias (produtos frigorificados) na Bolívia, com base unicamente na nota fiscal, alegando fundamento na Instrução Normativa no 118/1992 (que não acoberta mercadorias em valor total acima de US$ 2.000,00, nem mercadorias sujeitas a controle específico de outros órgãos da Administração, como o MAPA Ministério da Agricultura, Pecuárias e Abastecimento), fugindo aos parâmetros de risco e seletividade do SISCOMEX, além dos controles do MAPA, mantendo suas operações de exportação fora da base de dados da RFB; (c) os compradores das mercadorias são sempre as mesmas empresas bolivianas e existem várias notas fiscais emitidas no mesmo dia e, às vezes, com o mesmo produto, para os mesmos compradores, comprovando o fracionamento de carga para exportação irregular (v.g., lista de fls. 94/96); (d) a responsável pela empresa, Sra. Ferial Mali da Silva, contraiu, nos anos de 2009 e 2010, empréstimos no valor total de R$ 1.055.000, tendo saldado apenas R$ 435.000,00 destes, e não possui rendimentos e bens para tomar emprestado tais montantes; (e) intimada a comprovar a origem dos recursos, a empresa respondeu que a Sra. Ferial Mali "é a titular da empresa fiscalizada e quando necessário realizava o empréstimo de valores a empresa, sem que houvesse formalização através de contrato mútuo" (sic), não havendo ainda comprovação da integralização do capital social da empresa, nem lastro suficiente de recursos à Sra. Ferial Mali para que esta efetuasse empréstimos à empresa; (f) a empresa, até 2009, apresentava lucros contábeis e vendia para o mercado interno e para o mercado externo (por meio de DSE Declaração Simplificada de Exportação, e mediante fracionamento, com utilização de nota fiscal), mas, diante da dificuldade em obter autorização do MAPA, conforme reconhece a responsável pela empresa, passou a exportar exclusivamente por meios irregulares, tendo recorrentes prejuízos contábeis (tabela à fl. 108); (g) intimada a apresentar contratos de câmbio das exportações, a empresa alegou que não firmava contratos de câmbio, visto que as vendas eram em reais, em espécie, nunca tendo sido feitas transferências nem depósitos de terceiros na conta da empresa, cabendo destacar que 99% das vendas da empresa são para a Bolívia; (h) entre as exportações com nota fiscal, há várias que superam o limite permitido para tal (US$ 2.000,00), conforme exemplos listados à fl. 92; (i) os pagamentos a fornecedores efetuados pela empresa, em sua grande maioria, eram feitos em dinheiro "na boca do caixa"; (j) a movimentação bancária da empresa de 2006 a 2009 (R$ 2.550.000,00) é substancialmente inferior à receita bruta (R$ 20.960.000,00), havendo forte indício de recebimento em contas de terceiros; (k) o capital social da empresa é de R$ 20.000,00, que a Sra. Ferial Mali alega ter sido integralizado com "economias pessoais", sem maiores esclarecimentos; (l) há confusão patrimonial entre pessoa física e jurídica, comprovada por despesas de cartão de crédito e aquisição de veículo; (m) há ainda fortes indícios de venda de mercadoria sem emissão de nota fiscal; e (n) caracterizada a interposição fraudulenta, pela não comprovação da origem lícita, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações listadas às fls. 118 a 178, foi lavrada a autuação, proposta a declaração de inaptidão do CNPJ da empresa, e representado para a fiscalização de tributos internos, e para fins penais, tendo ainda sido efetuado arrolamento de bens. A empresa apresenta Impugnação em 10/04/2012 (fls. 489 a 526), argumentando, em síntese, que: (a) há iliquidez no montante lançado, pois foi computado pelo fisco o valor das notas fiscais, enquanto que o enquadramento da infração determina que seja utilizado o valor aduaneiro, havendo ainda inconsistência entre o relatório fiscal e o demonstrativo; (b) há ilegitimidade passiva da autuada, pois ela vende para compradores bolivianos, que comparecem pessoalmente na empresa, em Corumbá, e fazem as compras, sendo o caso de subsidiariedade, e não de solidariedade; (c) tratandose de firma individual, o Fl. 677DF CARF MF 4 patrimônio serve tanto à pessoa física quanto à jurídica, não havendo razão para existir contrato de mútuo entre ambas; (d) não houve simulação ou interposição, e não há qualquer prova nesse sentido, nem de máfé; (e) há preclusão da possibilidade de o fisco questionar a integralização do capital social havida em 27/06/2001, 12 anos depois da integralização; (f) a empresa está autorizada a fazer venda interna de mercadorias, ainda que a bolivianos, sem que haja necessidade de fechamento de contrato de câmbio; (g) houve interpretação arbitrária da Instrução Normativa no 118/1992, e não há provas de que a empresa é que levava as mercadorias à Bolívia, tendo havido venda no mercado interno, e não exportação; (h) não há venda fracionada, mas vendas regulares, pois a mercadoria comercializada é perecível; (i) somente poderia ser tomado em conta o valor da nota fiscal, na exportação, a partir da Medida Provisória no 497, de 27/07/2010, que perdeu sua eficácia antes da conversão na Lei no 12.350/2010; (j) a interposição fraudulenta exige como pressuposto um ilícito antecedente; e (k) a multa aplicada é confiscatória. Em 03/12/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 593 a 612), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) o cálculo foi efetuado com base na nota fiscal, e não no valor aduaneiro, sendo líquido; (b) não há que se falar nem em solidariedade nem em subsidiariedade, no caso; (c) resta claro que a empresa, diante de problemas com autorização do MAPA, passou a deixar de realizar exportações formais; (d) notas fiscais confirmam diferentes vendas para as mesmas empresas bolivianas, em um único dia, caracterizando o fracionamento; (e) também a falta de lastro para os empréstimos representa mais um elemento de prova de que a empresa não escriturava nem justificava a origem de seus recursos financeiros; (f) a nova redação do artigo 23, § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976 se aplica de imediato, conforme artigo 144, § 1o do Código Tributário Nacional ; e (g) não compete a análise de constitucionalidade a tribunais administrativos, conforme Súmula CARF no 2. Cientificada do acórdão da DRJ em 09/12/2014 (AR à fl. 636), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 05/01/2015 (fls. 638 a 672), basicamente reiterando as alegações expostas em sua impugnação. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 674). O processo foi pautado para as sessões de abril de 2016, tendo sido solicitada vista pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. O processo foi novamente pautado para as sessões de maio de 2016, sendo retirado de pauta por motivo de falta de tempo para julgamento. Em junho, houve pedido de vista do Cons. Júlio Cesar Alves Ramos, após o voto do relator, pelo provimento parcial, para excluir a multa para fatos geradores compreendidos entre 01/06/2009 e 27/10/2010, acompanhado pelos Cons. Robson José Bayerl e Augusto Fiel Jorge D'Oliveira. Os Cons. Eloy Eros da Silva Nogueira e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco votaram pelo provimento também das vendas que não ultrapassassem o limite da IN SRF no 118/1992. Nos meses de julho e agosto, o processo foi retirado de pauta por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Fl. 678DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 677 5 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Da multa substitutiva do perdimento e sua base de cálculo, na exportação No presente processo, discutese o cabimento da aplicação de multa de "conversão"/substituição da pena de perdimento, pela impossibilidade de apreensão de mercadoria exportada irregularmente entre junho de 2009 e maio de 2011, com enquadramento no artigo 23, V e §§ 1o a § 3o do DecretoLei no 1.455/1976: “Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (...) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias.(Incluído pela Lei n o 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. (Incluído pela Lei no 10.637, de 30.12.2002, na redação vigente à data da prática de parte das infrações) Tendo em vista alteração posterior efetuada no § 3o do artigo 23 do Decreto Lei no 1.455/1976, pela Lei no 12.350/2010, cabe indagar de início se tal questão eventualmente afeta o presente processo. Fl. 679DF CARF MF 6 A previsão de multa, como "conversão" da pena de perdimento, no caso de impossibilidade de aplicação de tal pena, surgiu, no Brasil, na Medida Provisória no 66, de 29/08/2002, convertida na Lei no 10.637/2002.2 A leitura das alterações promovidas pela Lei no 10.637/2002 ao art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976 deixa clara sua inserção em um contexto de combate à interposição fraudulenta. Contudo, o texto da redação dada ao § 3o do DecretoLei no 1.455/1976 apresentou algumas imperfeições, materiais e processuais. As imperfeições processuais acabaram sanadas tanto no artigo 73 da Lei no 10.833/2003 quanto no artigo 41 da Lei no 12.350/2010, dirimindo dúvidas acerca do rito e da competência para apreciação dos processos referentes à matéria. A imperfeição material, que apresenta impacto direto no presente processo, também foi sanada no artigo 41 da Lei no 12.350/2010, e se refere à base de cálculo da multa, que, por certo, nada tem de processual ou formal. Vejase que o texto do § 3o dispõe que a pena de perdimento se converte em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada. A expressão “valor aduaneiro” tem um significado próprio na legislação aduaneira (nacional e internacional). Internacionalmente, corresponde à base de cálculo do imposto de importação, conforme acordado no Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT conhecido como “Acordo de Valoração Aduaneira do GATT AVA/GATT”, resultante da Rodada Uruguai do GATT. Tal acordo foi incorporado a nosso ordenamento jurídico mediante aprovação pelo Decreto Legislativo no 30, de 15/12/1994, e promulgação pelo Decreto no 1.355, de 30/12/1994. No Brasil, igualmente, a expressão “valor aduaneiro” se refere à base de cálculo do imposto de importação, conforme se extrai do artigo 2o, II do DecretoLei no 37/1966, e dos artigos 75 a 89 do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009).3 Quando se está a tratar de exportação, incabível falar em “valor aduaneiro”, sendo a base de cálculo do imposto de exportação “o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato da CAMEX” (conforme artigo 2o do DecretoLei no 1.578/1977, com a redação dada pela MP no 2.15835/2001). Vejase que o próprio Regulamento Aduaneiro, ao classificar multas incidentes sobre o “valor aduaneiro”, as insere no Capítulo de “Multas na Importação” (artigos 702 a 717), não havendo nenhuma multa que tenha por base o "valor aduaneiro" no capítulos referentes a "Multas na Exportação" (artigos 718 a 724) e a "Multas Comuns à Importação e à Exportação" (artigos 725 a 731). Endossando tudo o que foi aqui exposto, o legislador alterou o § 3o do DecretoLei no 1.455/1976, em 2010, abolindo o termo “conversão”, e possibilitando a aplicação da multa às exportações. O texto originalmente constante do art. 19 da Medida 2 Em verdade, cabe ressaltar que o que surgiu foi o nome ("conversão"), pois já havia a possibilidade de aplicação de multa equivalente ao valor comercial da mercadoria no caso de consumo ou entrega a consumo, de produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente (art. 83, I da Lei n. 4.502/1964). A mesma lei, em seu art. 87, previa a perda da mercadoria, em tal hipótese. Assim, o art. 83, I acabou constituindo a multa cabível na impossibilidade de aplicação da perda. 3 Artigos 75 a 89. também no Regulamento Aduaneiro anterior (Decreto n. 4.543/2002). Fl. 680DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 678 7 Provisória no 497, de 27/07/2010, hoje consta na lei de conversão, Lei no 12.350/2010, em seu art. 41: “Art. 41. Os arts. 23, 28, 29 e 30 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, passam a vigorar com a seguinte redação: " Art. 23. (...) (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (...)” (NR)(grifo nosso) Assim, a partir de 28/07/2010, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010, passou a ser possível exigir, na impossibilidade de apreensão da mercadoria sujeita à pena de perdimento, na exportação, uma multa equivalente ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente. A recorrente alega ainda que a Medida Provisória no 497/2010 perdeu sua eficácia desde a edição, porque o Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional no 31/2012, que a prorrogou por sessenta dias, em 24/09/2010, produziu efeitos até 24/11/2010, tendo a conversão ocorrido somente em 21/12/2010, data de publicação da Lei no 12.350. De fato, a prorrogação efetuada pelo Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional no 31/2012, por sessenta dias, não implica contagem a partir da data do próprio ato, mas da que se encerrou o período inicial de vigência da MP. Assim, a prorrogação foi de 01/10/2010 a 29/11/2010, devendo ser corrigido o entendimento da defesa. Nos sítios "web" da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, onde é possível verificar cada passo do trâmite legislativo, atestase que, depois de não ter sido apreciada por cancelamento da ordem do dia, em 05/10/2010, por falta de quorum, em 03/11/2010, e por acordo de líderes, em 09/11/2010 e 10/10/2010, a MP foi aprovada na Câmara dos Deputados em 17/11/2010, e enviada ao Senado, onde foi aprovada com emenda de redação, em 24/11/2010, seguindo para sanção presidencial. A aprovação foi publicada no Diário do Senado, de 25/11/2010, p. 52307 a 52335, sem qualquer emenda ao artigo aqui em discussão. Não evidenciei, assim, mácula no processo legislativo que pudesse levar à perda da eficácia da Medida Provisória, que foi apreciada pelo parlamento no prazo constitucionalmente estabelecido, havendo tão somente envio posterior a sanção presidencial, que se deu em 21/12/2010, com veto parcial, também a dispositivo diverso do aqui analisado. Ademais, ainda que houvesse a situação descrita no § 3o do artigo 62 da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional no 32/2001, como defende a recorrente, a ausência de edição de decreto legislativo provocaria a consequência descrita no § 11 do mesmo artigo 62: "as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a sua vigência" conservarseiam "por ela regidas". Fl. 681DF CARF MF 8 Retomando a conclusão sobre a aplicação da multa que aqui se analisa, temos que só é aplicável, na exportação, a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010. A alegação de iliquidez, para o período de 01/06/2009 a 27/07/2010, é, então procedente, visto que a autuação utiliza base de cálculo em desacordo com a legislação vigente à época dos fatos. Entender que a multa seria aplicável a tal período é retroagir in pejus, o que é condenado em praticamente todos os ordenamentos jurídicos do mundo, inclusive o nosso. E a matéria, repitase, está longe de ser meramente processual, como pareceu sustentar a DRJ. Tratase de base de cálculo de penalidade. Pelo exposto, devem ser afastados do lançamento os valores referentes a notas fiscais do período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Da multa substitutiva do perdimento e sua aplicação, na exportação Em relação às notas fiscais do período restante, de 28/07/2010 a 31/05/2011, não há que se falar em iliquidez, pois os valores respeitam o comando da redação dada ao § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. Não há dúvidas, também, de que o teor do inciso V ou o § 2o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976 sejam aplicáveis à exportação, pois tal aplicação decorre de expressa disposição, no texto legal. Se uma mercadoria nacional for exportada mediante ocultação, inclusive a interposição fraudulenta, cabível a multa, sendo que a interposição fraudulenta é presumida pela nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior. A única questão que comportaria alguma discussão jurídica, na aplicação da presunção estabelecida no § 2o, é se os recursos para a compra, no mercado interno, da mercadoria a ser exportada, seriam efetivamente "recursos empregados na operação de comércio exterior", devendo ser comprovada sua origem, disponibilidade e transferência. Na importação, a empresa que alega ser a efetiva importadora deve demonstrar que possui recursos para efetuar o pagamento das mercadorias e dos tributos devidos, recursos esse que são, indubitavelmente "empregados na operação de comércio exterior". Entendo que na exportação, do mesmo modo, a empresa que alega ser a efetiva exportadora deveria demonstrar que possui recursos para adquirir (ou mesmo capacidade operacional para produzir) a mercadoria que está a exportar, ou demonstrar, de alguma forma, está simplesmente operando em consignação, ou coisa do gênero. E seguir entendimento contrário acabaria por esvaziar o conteúdo da multa, na exportação, negando a possibilidade legalmente prevista. Ademais, soaria absurdo exigir que uma empresa comprove que tem recursos para realizar uma operação pela qual receberá, ao invés de pagar (tanto do ponto de vista da compra e venda, quanto do ponto de vista tributário, por haver créditos decorrentes de exportação). Assim, entendo pela possibilidade de aplicação da penalidade na exportação, por ausência de comprovação dos recursos empregados na compra da mercadoria a ser exportada, o que redunda na própria possibilidade de ser o exportador o efetivo proprietário da Fl. 682DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 679 9 mercadoria que está a exportar. Em ambas as concepções, haverá simulação, pois é cediço que ninguém vende o que sequer possui, ou no que não comprova possuir. Ainda no plano jurídico, é de se adicionar que a conduta imputada não pressupõe um ilícito no antecedente, nem a prova de dano ao Erário. Não se está a imputar, na autuação, nada além do que estabelece o inciso V e os §§ 1o a § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976, aqui já transcritos no início do voto. É cristalino que o texto (essencialmente no caput e no § 1o) não está a dizer que só quando ocasionarem dano ao Erário as infrações ali referidas serão punidas com o perdimento. Ele está, sim, trazendo claramente duas afirmações: (a) as infrações ali relacionadas consideramse dano ao Erário; e (b) o dano ao Erário é punido com o perdimento. Disso, silogisticamente, podese afirmar que as infrações ali relacionadas são punidas com o perdimento. Não há margem para discussão se houve ou não dano ao Erário, no caso concreto. Seria improdutivo discutir, v.g., o dano ao Erário no caso de abandono de mercadorias pelos importadores (conduta tipificada no inciso II do art. 23). Aliás, as disposições do DecretoLei surgem exatamente para regulamentar dispositivo constitucional (art. 150, § 11 da Constituição de 1967): “Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ou confisco, salvo nos casos de guerra externa psicológica adversa, ou revolucionária ou subversiva nos termos que a lei determinar. Esta disporá também, sobre o perdimento de bens por danos causados ao Erário, ou no caso de enriquecimento ilícito no exercício de cargo, função ou emprego na Administração Pública, Direta ou Indireta”, como se depreende de sua Exposição de Motivos (item 17): “17. Nos artigos 23 e 24, com fulcro no artigo 153 da Lei Magna, enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento dos bens. De fato, todas as hipóteses arroladas, quase todas já existentes em legislação anterior, representam um comprometimento a dano de nossas reservas cambiais e uma inadimplência de obrigações tributárias essenciais.”(grifo nosso) Assim, é inócua a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei (em verdade, decretolei, com força de lei). E por mais que se sustentasse eventual inconstitucionalidade da norma, careceria este tribunal de competência para avaliar a matéria, em face da Súmula CARF no 2. Nesse sentido tenho votado em diversos processos recentes, sempre com acolhida unânime do colegiado.4 E nesse sentido decidiu unanimemente esta turma recentemente, já em sua composição atual.5 Sobre a necessidade de existência de ilícito antecedente, recordese que a penalidade aplicada foi em função da presunção de interposição pela não comprovação da 4 Acórdão n. 3403002.255, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 23.mai.2013; Acórdão n. 3403 002.435, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 24.set.2013; Acórdão n. 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 30.jan.2014; Acórdão n. 3403002.842, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 25.mar.2014; Acórdão n. 3403002.865, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 26.mar.2014; e Acórdão n. 3403003.188, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 20.ago.2014. 5 Acórdão n. 3401003.092, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânimeem relação à matéria, Sessão de 23.fev.2016. Fl. 683DF CARF MF 10 origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior. Não havendo a comprovação, a interposição fraudulenta é presumida, por disposição legal, sem qualquer demanda probatória adicional, visto que a empresa sequer conseguiu comprovar que tem condições de adquirir a mercadoria que exporta. Assim, improcedentes as alegações da recorrente sobre a necessidade de identificação de ilícito antecedente ou dano ao Erário. Das peculiaridades do caso concreto aspectos fáticos Seguindo para o plano fático, é de se reconhecer que, no caso em análise, são fartas as demonstrações de que a empresa não tem condição financeira de realizar as operações que realiza, de aquisições de mercadoria para exportação. A inexistência de capacidade financeira resta indubitavelmente comprovada, e chega a ser, a nosso ver, inconteste. A empresa não consegue justificar a contento as inconsistências identificadas pela fiscalização, sobre empréstimos não pagos nem comprovados; ausência absoluta de rendimentos que permitam contrair ou saldar os empréstimos não comprovados; incompatibilidade entre volume de vendas e movimentação financeira; ou pagamentos a fornecedores efetuados pela empresa, em sua grande maioria, em dinheiro "na boca do caixa". Como atesta o fisco, a própria empresa, em resposta a intimação, afirma que "as transações comerciais eram feitas em Real (R$ moeda corrente) que o produto comercializado era pago na própria sede em espécie, nunca foi feito transferência e nem depósito de terceiros em conta da empresa". Sobre o fato de se tratar de uma exportação, e de ser inaplicável a IN SRF no 118/1992 ao caso, também se recorre a declaração da própria empresa autuada, de que parou de realizar exportações registradas formalmente por conta de "de exigências feitas pelo Ministério da Agricultura para emissão de licenças para exportação”. Não resta dúvidas de que a empresa, que vende 99% de seus produtos para bolivianos, não só tinha conhecimento de que a operação é de exportação, mas sabia que na forma prevista na legislação não conseguiria realizála. Ainda que houvesse o fracionamento, para adaptarse à citada IN SRF no 118/1992, esbarraria a operação na vedação constante do inciso II do artigo 1o da norma, por estar a mercadoria sujeita a controle por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Assim, as alegações de defesa de que houve interpretação arbitrária da Instrução Normativa no 118/1992, de que seria necessária prova de que a empresa efetivamente cruzava a fronteira portando as mercadorias, e de que ocorria uma venda no mercado interno, não fracionada, são avessas às provas presentes nos autos. E as alegações (de que, tratandose de firma individual, o patrimônio serve tanto à pessoa física quanto à jurídica, não havendo razão para existir contrato de mútuo entre ambas, e de que há preclusão da possibilidade de o fisco questionar a integralização do capital social) sobre a falta de comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior, que, digase, persiste, estão longe de elidir a presunção legalmente estabelecida. Ainda que inexistente o mútuo e relevada a questão da integralização, continua inconciliável o volume transacionado com a comprovação dos recursos correspondentes. Mais eficaz seria a defesa se a empresa, ao invés de tais alegações, Fl. 684DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 680 11 que fogem ao cerne da questão, comprovasse o fluxo financeiro correspondente às operações, cronologicamente, indicando as origens dos recursos, elidindo a presunção. No mérito, assim, deve ser mantida a autuação. Da responsabilidade de da alegação de confisco Sendo a empresa a ocultante, na operação de comércio exterior, em decorrência de interposição fraudulenta presumida, clara a sua responsabilização, pelo próprio texto do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. Vejase que não se está, no presente processo, a discutir responsabilidade de sócios ou de terceiros. Quem pratica a conduta é a própria autuada. Como já dispusemos em julgamento anterior, com acolhida unânime da turma, embora se tratasse de importação o que, como aqui exposto, não altera a conclusão: A interposição, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. (...) A interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está importando não o faz para ela própria, pois não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (art. 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976), configurase a interposição e aplicase o perdimento. Seguese, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no art. 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. A interposição comprovada é caracterizada por um acobertamento no qual se sabe quem é o acobertante e quem é o acobertado. A penalidade de perdimento afeta materialmente o acobertado (em que pese possa a responsabilidade ser conjunta, conforme o art. 95 do DecretoLei no 37/1966), embora a multa por acobertamento (Lei no 11.488/2007) afete somente o acobertante, e justamente pelo fato de “acobertar”. (grifo nosso) (Acórdão no 3403 002.865, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.mar.2014) No caso em análise, evidenciouse a interposição fraudulenta presumida na operação de exportação, pelo exposto no tópico anterior deste voto. Na exportação, a interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está exportando não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (art. 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976), configurase a interposição e aplica se o perdimento (ou a multa que o substitui § 3o). Seguese, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no art. 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. Não sendo identificado o ocultado, na operação, a penalidade é aplicada ao ocultante, responsável pela operação. Fl. 685DF CARF MF 12 Sequer se está tratando, assim, de solidariedade ou subsidiariedade, sendo improcedentes as alegações da recorrente.. Por fim, no que se refere à alegação de que a mula aplicada é confiscatória, cabe advertir: (a) que o princípio da vedação ao confisco, constitucionalmente estabelecido (artigo 150, IV), se refere a tributos; e (b) que este tribunal não detém competência para a análise de constitucionalidade de lei vigente, em face da Súmula CARF no 2: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E a multa aplicada, como se expôs de início, encontra expressa previsão no artigo 23, § 3o do DecretoLei no 1.455/1976. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para afastar do lançamento as multas correspondentes às notas fiscais do período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Rosaldo Trevisan Fl. 686DF CARF MF
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