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Numero do processo: 13707.003639/2007-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.
Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adota-se a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 - RICARF.
NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA.
O contribuinte possui pleno direito de defesa que é exercido por meio da apresentação de sua impugnação, sendo tal defesa prevista na norma tributária. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento e nem cerceamento de defesa.
LIVRO CAIXA. DESPESAS DEDUTÍVEIS. FORMALIDADE.
O livro caixa deve ser escriturado com as despesas e receitas do contribuinte. Tais lançamentos devem ser esclarecedores para que se possam identificar o limite dos gastos mensais bem como demonstrar se as referidas despesas estão em conformidade com a legislação de regência para que sejam consideradas. Somente são dedutíveis as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora bem como a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários.
Numero da decisão: 2402-007.136
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gregório Rechmann Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adota-se a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 - RICARF. NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O contribuinte possui pleno direito de defesa que é exercido por meio da apresentação de sua impugnação, sendo tal defesa prevista na norma tributária. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento e nem cerceamento de defesa. LIVRO CAIXA. DESPESAS DEDUTÍVEIS. FORMALIDADE. O livro caixa deve ser escriturado com as despesas e receitas do contribuinte. Tais lançamentos devem ser esclarecedores para que se possam identificar o limite dos gastos mensais bem como demonstrar se as referidas despesas estão em conformidade com a legislação de regência para que sejam consideradas. Somente são dedutíveis as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora bem como a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários.
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LIVRO CAIXA. DEPESAS. Recorrente WASLOW CAETANO DE SYLOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adotase a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 RICARF. NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O contribuinte possui pleno direito de defesa que é exercido por meio da apresentação de sua impugnação, sendo tal defesa prevista na norma tributária. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento e nem cerceamento de defesa. LIVRO CAIXA. DESPESAS DEDUTÍVEIS. FORMALIDADE. O livro caixa deve ser escriturado com as despesas e receitas do contribuinte. Tais lançamentos devem ser esclarecedores para que se possam identificar o limite dos gastos mensais bem como demonstrar se as referidas despesas estão em conformidade com a legislação de regência para que sejam consideradas. Somente são dedutíveis as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora bem como a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 7. 00 36 39 /2 00 7- 16 Fl. 456DF CARF MF Processo nº 13707.003639/200716 Acórdão n.º 2402007.136 S2C4T2 Fl. 457 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da 2ª Tuma da DRJ/RJ2, consubstanciada no Acórdão nº 13.33288 (fls. 230), que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Por bem descrever os fatos, transcrevo o relatório da decisão recorrida: Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado o Auto de Infração do anocalendário de 2002 às fls. 08 a 12. Tal lançamento glosou o livro caixa no total de R$ 293.275,14. O lançamento deu origem ao crédito tributário de R$ 37.477,86. Após ciência do auto de infração, foi apresentada a impugnação de fls. 01 a 07, alegando, em síntese, que: 1. a descrição dos fatos apontada no lançamento pela autoridade autuante teria cerceado o direito de defesa do contribuinte, contrariando a Constituição Federal; 2. o fiscal apenas se baseou na formalidade do livro caixa e não na verdade material das despesas assumidas pelo impugnante; 3. entende que a legislação não determina qualquer formalidade na escrituração do livro caixa; 4. como o auto de infração não teria elementos suficientes pra determinar a infração tributária, o mesmo seria nulo; 5. o entendimento comum na esfera judicial e administrativa é que a formalidade não pode prejudicar a verdade material dos fatos. Portanto, o fiscal não poderia ter simplesmente glosado a totalidade do livro caixa sem analisar as despesas nele escrituradas; Fl. 457DF CARF MF Processo nº 13707.003639/200716 Acórdão n.º 2402007.136 S2C4T2 Fl. 458 3 6. para evitar dúvida quanto à dedutibilidade das despesas, o contribuinte lista apenas as despesas que de fato considera dedutível, junto com os documentos e um novo livro caixa, fazendo com que tenha direito à restituição de R$ 50.734,64; 7. não aceitar as despesas que o contribuinte teve com outros médicos que prestaram serviço no estabelecimento do impugnante para atendimento de seus pacientes acarretaria uma bitributação; 8. cita a legislação tributária que lhe garantiria o direito de deduzir as despesas escrituradas e pede o cancelamento pelo menos parcial do auto de infração. A DRJ julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 13.33 288 (fls. 230), cuja ementa segue abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O contribuinte possui pleno direito de defesa que é exercido por meio da apresentação de sua impugnação, sendo tal defesa prevista na norma tributária. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento e nem cerceamento de defesa. LIVRO CAIXA. DESPESAS DEDUTÍVEIS. FORMALIDADE. O livro caixa deve ser escriturado com as despesas e receitas do contribuinte. Tais lançamentos devem ser esclarecedores para que se possam identificar o limite dos gastos mensais bem como demonstrar se as referidas despesas estão em conformidade com a legislação de regência para que sejam consideradas. Somente são dedutíveis as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora bem como a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado dessa decisão, o contribuinte interpôs recurso voluntário de fls. 241 e seguintes, reiterando, inclusive textualmente, os termos da impugnação apresentada. É o relatório. Fl. 458DF CARF MF Processo nº 13707.003639/200716 Acórdão n.º 2402007.136 S2C4T2 Fl. 459 4 Voto Conselheiro Gregório Rechmann Junior Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, deve ser conhecido. Conforme exposto no relatório supra, tratase, o presente caso, de lançamento fiscal em face da constatação, pela fiscalização, da ocorrência da seguinte infração à legislação tributária: Dedução indevida a título de livro Caixa. Livro caixa apresentado não está devidamente escriturado, pois não discrimina devidamente as despesas realizadas. O Recorrente, em sua peça recursal, reitera os termos da impugnação apresentada. Neste espeque, em vista do disposto no § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 – RICARF, não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adoto os fundamentos da decisão recorrida, mediante transcrição do inteiro teor de seu voto condutor, in verbis: Pedido de Nulidade do Lançamento Analisandose os autos verificase que a fiscalização cumpriu todas as formalidades legais. O contribuinte foi intimado a prestar esclarecimentos e apresentar os seus elementos de prova. Frisese que o trabalho de fiscalização foi praticado por servidor competente, investido no cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. Ocorre que a fiscalização, com base em seu dever de oficio, apurou dedução indevida de livro caixa, originando, assim, o auto de infração em comento. A legislação tributária é quem determina quais são os requisitos que um auto de infração deve conter. Para tanto existe o art. 10, do Decreto n° 70.235/72, conforme abaixo transcrito: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: 1 a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; Fl. 459DF CARF MF Processo nº 13707.003639/200716 Acórdão n.º 2402007.136 S2C4T2 Fl. 460 5 IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Ao observarmos o auto de infração em questão, podemos constatar claramente que foram cumpridos todos os requisitos previstos na norma legal para o lançamento de oficio. O auto de infração possui descrição dos fatos, a legislação tributária que foi infringida com a consequente penalidade aplicável e o valor do crédito tributário apurado, ou seja, tudo que a legislação tributária prescreve foi observado. Ao contribuinte foi concedido prazo regulamentar para apresentação do contraditório, o que ensejou a oportunidade de defesa, exercida por meio da impugnação de fls. 01 a 07, tendo o interessado inclusive juntado documentos ao processo. Não obstante o que já foi relato acima, vale esclarecer que a primeira fase do procedimento, a fase oficiosa, é de atuação privativa da autoridade tributária, que busca obter elementos que demonstrem a ocorrência do fato gerador. Nessa fase, o procedimento tem caráter inquisitorial e a fiscalização possui a prerrogativa legal de praticar ou não uma diligência e/ou perícia, bem como compete exclusivamente ao Fisco acatar como hábil uma determinada prova apresentada pelo fiscalizado que no presente caso foi o livro caixa e as despesas nele escrituradas. Não se vislumbra, no litígio ora analisado, qualquer cerceamento do direito de defesa do contribuinte, sendo tais argumentos vazios de sentido. Muito pelo contrário, o rito processual e legal foi seguido à risca pela autoridade autuante. A própria peça defensória apresentada pelo autuado demonstra que o impugnante teve plena condição de se defender, tendo a oportunidade de expressar as suas alegações e juntar os documentos que entendeu serem necessários. É inevitável esclarecer que o artigo 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, preconiza apenas dois vícios que conduzem à nulidade do lançamento, ou seja, a incompetência do agente do ato e a preterição do direito de defesa do contribuinte. Neste processo, de acordo com os fatos apresentados, não foi observada qualquer ofensa ao art. 59 do Decreto supracitado, não sendo válido se cogitar de cerceamento ao direito de defesa do contribuinte e nem de incompetência do agente do ato. Dessa forma, com base no exposto, não deve ser declarada a nulidade do lançamento suscitada pelo autuado. Dedução Indevida de Despesas de Livro Caixa Fl. 460DF CARF MF Processo nº 13707.003639/200716 Acórdão n.º 2402007.136 S2C4T2 Fl. 461 6 Inicialmente cabe ressaltar a legislação que trata da matéria, ou seja, a Lei n" 8.134/90, art. 6" e Lei n" 9.250/95, art. 34, a seguir transcritos: Lei 8.134/90 "Art. 6° O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho não assalariado, inclusive os titulares dos serviços notariais e de registro, a que se refere o art. 236 da Constituição, e os leiloeiros, poderão deduzir, da receita decorrente do exercício da respectiva atividade: I a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários; II os emolumentos pagos a terceiros; III as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. 1° O disposto neste artigo não se aplica: a) a quotas de depreciação de instalações, máquinas e equipamentos; b) a despesas de locomoção e transporte, salvo no caso de caixeirosviajantes, quando correrem por conta destes; c) em relação aos rendimentos a que se referem os arts. 90 e 10 da Lei n° 7.713, de 1988. 2° O contribuinte deverá comprovar a veracidade das receitas e das despesas, mediante documentação idônea, escrituradas em livrocaixa, que serão mantidos em seu poder, à disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência. 3º As deduções de que trata este artigo não poderão exceder à receita mensal da respectiva atividade, permitido o cômputo do excesso de deduções nos meses seguintes, até dezembro, mas o excedente de deduções, porventura existente no final do anobase, não será transposto para o ano seguinte." Lei n° 9.250/95 "Art. 34. As alíneas a e b do § 1' do art. 6" da Lei n°8.134, de 27 de dezembro de 1990, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 6º........................................................... § 1º O disposto neste artigo não se aplica: a) a quotas de depreciação de instalações, máquinas e equipamentos, bem como as despesas de arrendamento; b) a despesas de locomoção e transporte, salvo no caso de representante comercial autônomo." Ao contrário do que o contribuinte afirma, a perfeita escrituração do livro caixa não é algo que possa ser desprezado Fl. 461DF CARF MF Processo nº 13707.003639/200716 Acórdão n.º 2402007.136 S2C4T2 Fl. 462 7 a despeito de existirem provas materiais que justificariam as despesas pleiteadas. A legislação tributária exige a escrituração do livro caixa com as despesas efetivas e também com as respectivas receitas. Portanto, a sua escrituração não é uma liberalidade do sujeito passivo e nem tampouco algo que possa ser rejeitado pelo Fisco e/ou contribuinte. É com base na perfeita escrituração do supracitado livro caixa que a autoridade fiscal passa a ter plena condição de analisálo, podendo assim concluir quais despesas são passíveis de dedução ou não. Posteriormente a fiscalização pode exigir do sujeito passivo que ele comprove todas ou parte das despesas que são passíveis de dedução. Observese que nesta segunda etapa não se estaria verificando se algo lançado pode ser deduzido mas se aquilo que foi escriturado está lastreado em provas hábeis. Entretanto, quase que a totalidade dos valores lançados pelo contribuinte no seu alegado livro caixa não possui qualquer esclarecimento, haja vista não conter a descrição da despesa deixando de demonstrar a natureza da mesma e se tal despesa teria ou não algum vínculo com a atividade profissional do contribuinte. Não obstante o exposto, é de se ressaltar que o simples fato de o interessado ter deixado de escriturar as suas receitas no livro caixa, faz com que o mencionado livro juntado aos autos não tenha qualquer validade jurídica já que o mesmo não se reveste das formalidades legais exigidas na norma tributária acima descrita. A dedução das despesas está condicionada ao limite mensal das receitas e no final do anocalendário a sobra de despesa não pode ser levada ao outro ano. Desse modo, não há como deixar de dar importância à escrituração das receitas relacionadas à atividade profissional do contribuinte. Portanto, para que o contribuinte tenha direito a deduzir despesas de livro caixa ele precisa cumprir dois requisitos legais básicos: primeiramente deve escriturar o livro caixa de acordo coma a legislação de regência e também precisa comprovar as despesas e receitas nele escrituradas. Concluise, então, que o contribuinte não faz jus ao abatimento de despesas com livro caixa. Todavia, a título de esclarecimento e em respeito ao contribuinte cabe salientar que não seria possível acatar despesas de alimentação, supermercado, TV por assinatura, estacionamento, assinatura de jornais, banco, explicadora e outras despesas particulares do interessado. Também não poderiam ser aceitas despesas genéricas do tipo: IPTU sítio 1, IPTU sítio 2, clinica, serviços prestados, despesas diversas, entre outras. Fl. 462DF CARF MF Processo nº 13707.003639/200716 Acórdão n.º 2402007.136 S2C4T2 Fl. 463 8 Vale ainda salientar que até mesmo os diversos documentos anexados ao processo pelo impugnante também não provam e nem esclarecem se fazem parte da atividade profissional do contribuinte. Ademais, os recibos emitidos pelos supostos profissionais sequer apontam quais serviços prestados eles teriam praticado em favor do impugnante. Sendo assim, diante da ausência de escrituração das receitas, na falta de identificação clara da natureza das despesas escrituradas bem como daquelas trazidas ao processo por meio de documentação e também pela completa inconsistência do livro caixa apresentado em desacordo com a legislação tributária, deve ser mantida a dedução indevida a título de livro caixa pleiteada pelo contribuinte em sua declaração de ajuste anual do anocalendário de 2002 no montante de R$ 293.275,14. Conclusão Por todo o exposto, concluo o voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Fl. 463DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.901576/2006-51
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/06/2003
RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA.
Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo-fiscal.
Numero da decisão: 1001-001.120
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Presidente em Exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Machado Millan, Edgar Bragança Bazhuni (Presidente em Exercício) e Jose Roberto Adelino da Silva. Ausente o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 30/06/2003 RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo-fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni - Presidente em Exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Machado Millan, Edgar Bragança Bazhuni (Presidente em Exercício) e Jose Roberto Adelino da Silva. Ausente o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues.
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INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativofiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Presidente em Exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Machado Millan, Edgar Bragança Bazhuni (Presidente em Exercício) e Jose Roberto Adelino da Silva. Ausente o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 15 76 /2 00 6- 51 Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10166.901576/200651 Acórdão n.º 1001001.120 S1C0T1 Fl. 138 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (efls. 128/133) interposto pela ora recorrente contra o Acórdão nº 0346.367, de 09/12/2011, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ), efls. 109/113, objetivando a reforma do referido julgado. O relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância bem sintetiza e completa o ocorrido, pelo que peço vênia para transcrevêlo, com a finalidade de privilegiar o princípio da celeridade processual: (grifos não constam do original) Trata o presente processo da Declaração de Compensação nº 39828.55862.301003.1.3.020102, transmitida em 30/10/2003, por meio do Programa Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação PER/DCOMP, pela qual pretende o contribuinte o reconhecimento do direito creditório representado pelo saldo negativo do IRPJ apurado na DIPJ do exercício de 2003, referente ao 2º trimestre do ano de 2002 (leiase 2003), no valor original de R$ 8.333,67. No despacho decisório eletrônico, emitido em 01/04/2011, a autoridade tributária não homologou a compensação declarada, sob o fundamento de que o contribuinte informou imposto a pagar de R$ 6.254,69 para o referido período. Em razão desse fato, também não foram homologados os PERDCOMP a seguir relacionados, por terem indicado crédito da mesma natureza, qual seja, saldo negativo de IRPJ do aludido período: 35085.23265.150108.1.7.020924, 24783.59343.150108.1.7.021117, 32967.52185.150108.1.7.020621, 29180.69079.180108.1.7.027026 e 03935.99446.220808.1.7.025909. Cientificado da decisão proferida pela DRF/Brasília em 13/04/2011, o interessado apresentou manifestação de inconformidade em 13/05/2011, por meio da qual informa que a DIPJ do referido exercício continha erro de fato, pois deixou de preencher o valor do imposto de renda retido por fontes pagadores, no montante de R$ 72.262,38, na linha 13 da Ficha 12A do aludido período de apuração trimestral do lucro real. Informa que apresentou DIPJ retificadora em 27/12/2007, ocasião em que indicou o valor do referido imposto de renda retido na fonte, apurando, assim, saldo negativo de IRPJ do 2º trimestre de 2002 no montante de R$ 66.007,69. Esclarece que, em face do citado erro, solicitou o cancelamento do PERDCOMP 39828.55862.301003.1.3.020102, o que não foi acolhido pela autoridade administrativa, pois o pedido foi transmitido após cinco anos da apresentação do referido PERDCOMP. Requer a reconsideração do despacho decisório, com a consequente homologação das compensações declaradas. A DRJ considerou procedente em parte a Manifestação de Inconformidade apresentada. Vejamos os argumentos da decisão da DRJ, no voto condutor do acórdão recorrido: Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10166.901576/200651 Acórdão n.º 1001001.120 S1C0T1 Fl. 139 3 É cediço que a compensação é forma de extinção do crédito tributário prevista no art. 156, inciso II, da Lei 5.172/66 (CTN), e que, para a fruição de tal direito, faz se necessário que o crédito reclamado pelo sujeito passivo seja dotado de certeza e liquidez, consoante preceito definido no caput do art. 170 do CTN, in verbis: Art. 170 A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. (g.n.o.) Por sua vez, com o advento do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, alterada pelo art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, instituiuse a matriz legal que estabelece as condições e garantias concernentes à compensação de créditos do sujeito passivo com débitos tributários relativos a quaisquer tributos sob a administração da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), cujos excertos, abaixo reproduzidos, norteiam as formalidades e prazos de homologação da compensação declarada: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. [...] § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Nesse sentido, cabe à autoridade administrativa verificar se os créditos que o interessado alega possuir atendem às premissas firmadas pelo diploma legal, sendo incumbência do contribuinte comprovar a existência de direito creditório em seu favor. No caso sob exame, a consulta aos sistemas informatizados da RFB (telas anexas) permite esclarecer alguns pontos importantes para o deslinde da controvérsia. 1. O contribuinte de fato apresentou DIPJ retificadora muito antes da data da ciência do despacho decisório, razão pela qual é de se acolher a retificação realizada. 2. A Declaração de Compensação nº 39828.55862.301003.1.3.020102, transmitida em 30/10/2003, não merece ser homologada, pois o Sistema SCC não confirmou as retenções na fonte informadas pelo contribuinte, no montante de R$ 8.333,67. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10166.901576/200651 Acórdão n.º 1001001.120 S1C0T1 Fl. 140 4 3. O montante de R$ 72.262,38, de imposto de renda retido na fonte, que compôs o saldo negativo do IRPJ do 2º trimestre de 2003 (leiase 2002), apurado pelo contribuinte no valor de R$ 66.007,69, foi confirmado pelo SCC. 4. De acordo com a DIPJ retificadora, o contribuinte declarou receitas de juros sobre o capital próprio no montante de 72.761,25, para o referido período. 5. No balancete anexado pelo contribuinte (fl. 52) consta esse mesmo montante a título de juros sobre o capital próprio. 6. Ainda de acordo com a DIPJ retificadora, o contribuinte declarou outras receitas financeiras no montante de R$ 348.540,38, para o mesmo período. 7. No mesmo balancete anexado pelo contribuinte (fl. 52) consta o montante de R$ 526.012,52 a título de outras receitas financeiras, para o mesmo período. 8. Excluindose desse montante de R$ 526.012,52 a parcela das receitas de juros sobre o capital próprio de 72.761,25 (declarada em linha própria na DIPJ) e a parcela de receitas com aplicações no exterior de R$ 104.710,89, obtémse a mesma importância de R$ 348.540,38 de receitas financeiras declaradas, para o mesmo período. Assim, considerando que restou comprovado o IRRF compensável de R$ 72.262,38, o que confirma o saldo negativo de IRPJ de R$ 66.007,69, para o mencionado período, é de se reconhecer esse direito creditório utilizado nas compensações realizadas nos PERDCOMP 35085.23265.150108.1.7.020924, 24783.59343.150108.1.7.021117, 32967.52185.150108.1.7.020621, 29180.69079.180108.1.7.027026 e 03935.99446.220808.1.7.025909. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por julgar parcialmente procedente a manifestação de inconformidade apresentada, reconhecendo apenas em parte o direito creditório pleiteado, nos termos das conclusões supra. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/06/2003 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DO IRPJ. É de se reconhecer o direito creditório decorrente de saldo negativo do IRPJ apurado em DIPJ, apenas quando confirmada a retenção e o recolhimento, pelas fonte pagadoras, do imposto de renda devido na fonte. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Ciente da decisão de primeira instância em 04/05/2012, conforme Aviso de Recebimento à efl. 116, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 05/06/2012, conforme carimbo aposto à efl. 128. Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10166.901576/200651 Acórdão n.º 1001001.120 S1C0T1 Fl. 141 5 É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. Na sua peça recursal, a recorrente alega unicamente, que ocorrera a homologação tácita do PER/DCOMP em questão, pois a decisão sobre o mesmo somente foi proferida após o lapso temporal de 5 (cinco) anos. Transcreve ementas de julgados administrativos e judiciais para reforçar a sua tese. Ocorre que em relação à questão levantada, de homologação tácita do PER/DCOMP, a recorrente não apresentou qualquer argumento neste sentido na manifestação de inconformidade. Tratase, portanto, de argumento novo, não apresentado pela defesa em sede de manifestação de inconformidade, o que não é admissível no processo contencioso administrativo, implicando a ocorrência da preclusão consumativa. Nos termos dos arts. 16, III e 17, ambos do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativofiscal, todos os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa deverão ser mencionados na impugnação, considerandose não impugnadas as matérias não expressamente contestadas, verbis: (grifos não constam do original) “Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10166.901576/200651 Acórdão n.º 1001001.120 S1C0T1 Fl. 142 6 § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997).” (destacado) A preclusão se verifica pela não dedução de todos os argumentos de defesa no recurso inaugural, isto é, as matérias de direito que pretendia questionar, decorrendo daí a perda da oportunidade processual de contestação, valendo acentuar que o recurso voluntário, como dito, é totalmente distinto da impugnação, chegando mesmo, em alguns pontos, a serem mutuamente contraditórios. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10166.901576/200651 Acórdão n.º 1001001.120 S1C0T1 Fl. 143 7 Na lição de Fredie Didier Júnior (Curso de Direito Processual Civil. Vol. I. 11ª edição, revista, ampliada e atualizada. Ed. JusPodium, Salvador: 2009. Pág. 283.), a preclusão consumativa consiste na perda da faculdade processual, por já haver sido exercida, pouco importando se bem ou mal. Uma vez praticado o ato processual, não mais é possível corrigilo, melhorálo ou repetilo, eis que já consumado. No caso dos autos, a discussão administrativa foi delineada pela manifestação de inconformidade, restando rechaçadas quaisquer outras teses defensivas eventualmente não expostas, por aplicação do princípio eventualidade, ressalva feita ao direito ou fato supervenientes, o que não é a hipótese. Desta forma, sob pena de inovação recursal, entendo que não é mais possível conhecer destas alegações nesta fase processual. Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915933/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2010
INSUMOS. CONCEITO ESTABELECIDO PELO RESP 1.221.170/PR
À luz decisão do STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos, que deve ser adotada por este colegiado (§ 2° do art. 62 do Anexo II do RICARF), em razão de sua essencialidade, devem ser considerados como insumos, para fins de creditamento de COFINS, os materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento das águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte.
Numero da decisão: 3301-005.794
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Liziane Angelotti Meira, que manteve as glosas de material de embalagem para transporte.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2010 INSUMOS. CONCEITO ESTABELECIDO PELO RESP 1.221.170/PR À luz decisão do STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos, que deve ser adotada por este colegiado (§ 2° do art. 62 do Anexo II do RICARF), em razão de sua essencialidade, devem ser considerados como insumos, para fins de creditamento de COFINS, os materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento das águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Liziane Angelotti Meira, que manteve as glosas de material de embalagem para transporte. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
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CONCEITO ESTABELECIDO PELO RESP 1.221.170/PR À luz decisão do STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos, que deve ser adotada por este colegiado (§ 2° do art. 62 do Anexo II do RICARF), em razão de sua essencialidade, devem ser considerados como insumos, para fins de creditamento de COFINS, os materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento das águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Liziane Angelotti Meira, que manteve as glosas de material de embalagem para transporte. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 33 /2 01 3- 11 Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de compensação de contribuição não cumulativa, que não restou integralmente homologada em razão do indeferimento parcial do crédito que originava tal pedido, nos termos da informação fiscal que instrui os autos. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade tempestiva, alegando, em síntese, que: • Preliminarmente, solicitase a reunião dos 54 processos administrativos, decorrentes dos 54 despachos decisórios proferidos, em apenas dois, um relativo ao PIS, e outro à Cofins, em razão dos princípios da economia processual, da razoabilidade e da eficiência, assegurados no art. 37 da Constituição, considerando que a questão controvertida é a mesma em todos os casos; • Ainda em sede preliminar, alegase a impossibilidade de se exigir crédito tributário com base apenas no despacho decisório, o que leva à nulidade da exigência formulada, uma vez que somente poderia ser feita por meio de lançamento, nos termos dos arts. 142 do CTN, 9º do Decreto nº 70.235/72, 38 do Decreto nº 7.574/2011; • A autoridade administrativa não pode cobrar débitos sem que tenham sido constituídos por meio do lançamento. Caso a cobrança seja feita de forma diversa e não prevista em lei, será improcedente, devendo ser cancelada; • Nesse sentido, citase jurisprudência do CARF e do STJ; • Assim, resta evidente a necessidade de se anular o despacho decisório, visto que este não é via competente para se fazer cobrança; • O texto das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 não define o conceito de insumo, nem estabelece quais seriam os bens e serviços passíveis de creditamento; • A autoridade fiscal diverge do entendimento firmado pela doutrina e pela jurisprudência administrativa sobre tal conceito, considerando o disposto nas IN nºs 247/2002 e 404/2004, que interpretaram tal conceito de forma restritiva, tomando por base o conceito de insumo estabelecido na legislação do ICMS e do IPI; • No entanto, tal conceito deve ser analisado de forma ampla, contemplando a totalidade dos dispêndios essenciais para o processo produtivo da empresa, do qual resulta seu faturamento, pois as citadas Leis não apresentam qualquer ressalva quanto ao conceito de insumo, seja em relação à natureza dos bens e serviços adquiridos, seja no que se refere à sua aplicação, direta ou indiretamente, no processo produtivo; • Citase doutrina acerca de tal questão; Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 4 3 • O conceito de insumo deve estar atrelado a tudo que colabora de forma imprescindível à formação de receita, incorporando todas as despesas que sejam essenciais para a atividade comercial e geração de receitas da sociedade; • Assim, a definição do termo “insumo” nas referidas IN não encontra amparo nas Leis citadas, pois restringe o direito ao desconto de créditos de forma arbitrária e sem fundamento, desvirtuandose do princípio da estrita legalidade previsto no art. 150I da Constituição e no art. 97 do CTN, bem como da própria sistemática não cumulativa do PIS e da Cofins, prevista no art. 195, § 12, da Constituição; • As IN expedidas pela RFB são normas secundárias, cuja finalidade exclusiva é esclarecer as disposições contidas em lei, não lhes cabendo inová las ou contrariálas; • O conceito de “insumo” para fins de PIS e Cofins deve ser assemelhado aos conceitos de “custo de produção” e “despesas necessárias”, previstos nos arts. 290I e 299 do RIR, mais amplos que aqueles contidos nas IN citadas; • Ao contrário do ICMS e do IPI, o PIS e a Cofins não dependem de operações específicas para que ocorra seu fato gerador. Ao contrário, dependem apenas da geração de receita/faturamento; • A requerente entende que não apenas o bem ou serviço consumido por sua aplicação direta ao produto final deve ser considerado insumo, mas também os bens ou serviços indispensáveis ao processo produtivo e à geração de receita; • Citase jurisprudência do CARF e da CSRF; • Especificamente em relação às glosas efetuadas, em razão do ramo de atividade exercido pela requerente, é nítida a essencialidade de gastos com materiais de limpeza utilizados na higienização e sanitização de equipamentos e máquinas, assim como os produtos adquiridos com o fim de dispensar tratamento às águas residuais do processo produtivo e os reagentes químicos adquiridos com o fim de realizar análise da qualidade do leite; • Tais gastos são empregados diretamente no processo produtivo, seja para garantir a não contaminação do leite, seja para permitir sua conservação, caracterizandose como insumos por sua essencialidade; • Além disso, tais despesas não são mera liberalidade da requerente, mas exigidas pelos órgãos governamentais para a industrialização e comercialização do leite, ou seja, são imprescindíveis à atividade da empresa. Nesse sentido, citase a Portaria nº 370/1997 e a IN nº 62/2011, do Ministério da Agricultura, órgão responsável pelo controle da industrialização e pelo comércio do leite, além da Portaria nº 177/1999, da Secretaria de Vigilância Sanitária; • Citase decisão do STJ, relativa à aquisição de materiais de limpeza aplicados ao ambiente produtivo, e jurisprudência do CARF; Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 5 4 • Quanto aos materiais de embalagem, a autoridade fiscal incorreu em erro ao efetuar a glosa, uma vez que fazem parte do processo de produção da requerente, tanto a embalagem que envolve o leite, com conteúdo de 1 litro, como também a caixa que acondiciona as doze embalagens e o plástico que as circunda; • Conforme comprovam as fotos da linha de produção da requerente, a máquina responsável pelo acondicionamento do leite inicia a produção inserindo o leite na embalagem de 1 litro e, dentro da mesma máquina, essas embalagens são lacradas e acondicionadas na caixa contendo material mais resistente, voltada para a segurança do produto; • Após, a mesma máquina envolve a caixa com o plástico, para garantir que não haja dano, contaminação ou sujeira nas embalagens durante o transporte; • Assim, a caixa contendo 12 embalagens e o plástico que a envolve não são utilizados pela requerente apenas por opção e conveniência de transporte, mas para segurança do produto. A embalagem individual necessita de uma embalagem de acondicionamento, sob o risco de estourar ou apresentar vazamentos. Logo, tais materiais fazem parte do processo produtivo e integram o produto; • Tal questão já foi objeto de julgamento no STJ e no CARF, conforme decisões transcritas; • Sem a utilização de tais itens seria impossível o transporte e a comercialização do leite, não se tratando de excesso ou de algo desnecessário, não essencial, supérfluo, nem ocasional, mas de embalagem fundamental para a atividade fim da sociedade; • Sobre a glosa das despesas com soro de leite, a requerente esclarece que não tomou crédito sobre tais despesas no período objeto do despacho decisório – 1º tri/2006; • Considerando as alegações trazidas, a empresa requer a realização de diligência, para que, por meio de perícia técnica, seja demonstrada a essencialidade das despesas objeto das glosas, trazendo os quesitos que pretende ver respondidos e indicando seu assistente técnico; • Além disso, a falta de homologação das compensações por parte da autoridade fiscal não pode ensejar a cobrança de multa e juros moratórios, em razão da suspensão da exigibilidade dos créditos tributários; • Para a exigência de tais acréscimos, é condição necessária que o contribuinte encontrese em atraso com o pagamento de crédito tributário, o que não se verifica no presente caso. A requerente só estaria em mora caso houvesse transcorrido 30 dias, contados da data em que teve ciência da decisão que homologou parcialmente seus pedidos de compensação, conforme ordem de intimação a ela encaminhada; • Tal prazo não transcorreu. Pretender tal exigência antes do referido prazo é ato ilegal. Além disso, a presente manifestação suspende a Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 6 5 exigibilidade do crédito. Mesmo depois de findo tal prazo, nenhum valor a título de multa e juros de mora poderá ser exigido enquanto o processo administrativo encontrarse me curso; • A compensação realizada é legal e válida, e implicou quitação do valor compensado, supostamente devido pela requerente. Assim, não há acréscimos a serem cobrados; • Por fim, ainda que algum valor fosse devido a este título, tendo em vista que a requerente, ao proceder à compensação, observou todas as normas e atos administrativos expedidos pela autoridade fiscal, de acordo com o art. 100, parágrafo único, do CTN, deve ser excluída da base de cálculo do tributo “a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário”. O colegiado a quo julgou improcedente esta manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 12080.879 Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, no qual repete os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.757, de 27 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.915900/201371, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.757): "O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. Tratase de indeferimento parcial de créditos de COFINS e consequente homologação de compensações até o limite do crédito admitido (Despacho Decisório, fl. 90). O Fisco revisou Pedidos de Ressarcimento (PER) e glosou créditos calculados sobre compras de materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento às águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite, materiais de embalagem para transporte e soro de leite. Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 7 6 Antes de adentrar nas preliminares e mérito, consigno que a recorrente pleiteou a reunião de 54 processos administrativos, cujas discussões são idênticas ao presente, quais sejam, legitimidade de créditos de COFINS ou PIS, objetos de, aos quais foram vinculados Pedidos de Compensação (DCOMP). O presente processo será julgado sob a sistemática dos "recursos repetitivos", com reunião para julgamento em conjunto de todos os processos conexos que se encontram no CARF. Passemos então à análise dos argumentos de defesa. PRELIMINAR "Nulidade da exigência fiscal vício formal" Alegou que o Despacho Decisório (fl. 90) é nulo, por conter vício formal, pois não pode ser utilizado para exigir créditos tributários decorrentes da instauração de mandado de procedimento fiscal. Apresenta como fundamento o art. 142 do CTN, o art. 9° do Decreto n° 70.235/72, decisões do CARF (Acórdãos n° 20401.613, de 21.8.2006; 10514.097, de 13.5.2003; e 10704.172, de 15.5.1997) e do STJ (Embargos de Divergência do Recurso Especial nº 576.661/RS). Em sua opinião, assim deveria ter procedido a fiscalização (recurso voluntário, fl. 266): "(. . .) 31. Com efeito, uma vez apresentado o pedido de compensação pelo contribuinte, cabe à D. Autoridade Fiscal analisar a procedência do crédito e, posteriormente, homologar ou não a compensação. Caso não seja homologada, deverá ser realizado de ofício o lançamento do débito apurado, mediante a lavratura de Auto de Infração ou Notificação de Lançamento, sob pena de nulidade do ato. 32. Sendo assim, resta claro que há necessidade de reforma do V. Acórdão recorrido, com o reconhecimento da nulidade formal da exigência fiscal formulada, uma vez que o r. despacho decisório não é a via competente para se fazer uma cobrança decorrente de Mandado de Procedimento Fiscal, e tal fato contraria expressamente o disposto no artigo 142, caput e parágrafo único do CTN, além dos artigos 9º do Decreto nº 70.235/72 e 38 do Decreto nº 7.574/2011. (. . .)" Divirjo da recorrente. Não houve lançamentos de ofício, porém cobrança de tributos já lançados, que restaram em aberto, em decorrência da não homologação da compensação. Adoto como fundamento, o Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 8 7 seguinte trecho da decisão de piso, com fulcro no § 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99: "(. . .) DA NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO Ainda em sede preliminar, o contribuinte alega a impossibilidade de se exigir crédito tributário com base no despacho decisório, pretendendo a nulidade da exigência formulada, uma vez que somente poderia ser feita por meio de lançamento, nos termos dos artigos 142 do CTN, 9º do Decreto nº 70.235/72 e 38 do Decreto nº 7.574/2011. O contribuinte informou no PER/DCOMP nº 24770.42497.080808.1.3.11 8497 a compensação do direito creditório ora em análise com débito de IRPJ, relativo ao PA mar/2008. Em conseqüência do reconhecimento parcial do direito pleiteado, restou um saldo não compensado deste débito, no valor original de R$ 41.256,22, objeto de cobrança no próprio despacho decisório. A utilização de direito de crédito para fins de compensação com débitos administrados pela RFB encontrase prevista e disciplinada pela Lei nº 9.430/96, conforme dispositivos abaixo transcritos: 'Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 9 8 § 8o Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o. § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadram se no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (...)'(Grifouse) Desta forma, não procede a alegação do contribuinte, uma vez que a própria Lei que instituiu a compensação nos moldes em que é realizada atualmente equiparou a Declaração de Compensação a instrumento hábil e suficiente para exigência dos débitos nela declarados, não havendo, portanto, necessidade de se realizar o lançamento para viabilizar a cobrança de tais valores, na hipótese de a compensação não ser homologada, ou ser homologada parcialmente, como ocorreu no presente caso. Na hipótese de não pagamento dos débitos, a Lei prevê, inclusive, sua inscrição em Dívida Ativa da União. Portanto, apresentado o PER/DCOMP pelo contribuinte, os créditos tributários nele confessados e compensados já estão aptos a serem exigidos, na eventual hipótese de não homologação da compensação, ou de sua homologação parcial, independentemente de qualquer ato de ofício da autoridade fiscal relativo à sua constituição, constituindo se a própria Declaração de Compensação em título de cobrança administrativa e execução judicial, por expressa autorização legal. (. . .)" Com base no acima exposto, nego provimento à preliminar de nulidade. MÉRITO A fiscalização glosou créditos calculados sobre compras de materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento às águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 10 9 análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte. Os produtos não se enquadrariam no conceito de insumos, previsto nas IN SRF n° 247/02 e 400/04, que disciplinaram os artigos 3° das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03. Em sede do REsp n° 1.221.170/PR, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos, a cuja decisão este colegiado está vinculado (§ 2° do art. 62 do RICARF), o STJ considerou ilegal o conceito de insumos previsto nas IN SRF 247/02 e 400/04 e dispôs que o enquadramento ou não no conceito de insumos deve levar em conta "(. . .) essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte." Reproduzo a ementa da decisão: "EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 11 10 lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, por maioria, após o realinhamento feito, conhecer parcialmente do Recurso Especial e, nessa parte, darlhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, que lavrará o ACÓRDÃO. Votaram vencidos os Srs. Ministros Og Fernandes, Benedito Gonçalves e Sérgio Kukina. O Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (voto vista), Regina Helena Costa e Gurgel de Faria (que se declarou habilitado a votar) votaram com o Sr. Ministro Relator. Não participou do julgamento o Sr. Ministro Francisco Falcão. Brasília/DF, 22 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR" (g.n.) A meu ver, a decisão do STJ está essencialmente em linha com a maior parte das decisões sobre o tema que vêm sendo proferidas pelo CARF e, em particular, com os posicionamentos que este relator tem adotado. Em razão da decisão do STJ, em 18/12/18, a RFB publicou o PN COSIT n° 5/18, em que traz um novo conceito de insumos a ser aplicado no âmbito da RFB e ainda analisa a situação de alguns tipos de bens e serviços à luz do REsp n° 1.221.170/PR. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 12 11 Extraio os trechos da conclusão do PN COSIT n° 5/18 que demonstram de forma patente a mudança no conceito antes aplicado pela RFB: "(. . .) b) permitese o creditamento para insumos do processo de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços, e não apenas insumos do próprio produto ou serviço comercializados pela pessoa jurídica; c) o processo de produção de bens encerrase, em geral, com a finalização das etapas produtivas do bem e o processo de prestação de serviços geralmente se encerra com a finalização da prestação ao cliente, excluindose do conceito de insumos itens utilizados posteriormente à finalização dos referidos processos, salvo exceções justificadas (como ocorre, por exemplo, com os itens que a legislação específica exige aplicação pela pessoa jurídica para que o bem produzido ou o serviço prestado possam ser comercializados, os quais são considerados insumos ainda que aplicados sobre produto acabado); (. . .) e) a subsunção do item ao conceito de insumos independe de contato físico, desgaste ou alteração química do bem insumo em função de ação diretamente exercida sobre o produto em elaboração ou durante a prestação de serviço; (. . .) h) havendo insumos em todo o processo de produção de bens destinados à venda e de prestação de serviços, permitese a apuração de créditos das contribuições em relação a insumos necessários à produção de um bem insumo utilizado na produção de bem destinado à venda ou na prestação de serviço a terceiros (insumo do insumo); i) não são considerados insumos os itens destinados a viabilizar a atividade da mão de obra empregada pela pessoa jurídica em qualquer de suas áreas, inclusive em seu processo de produção de bens ou de prestação de serviços, tais como alimentação, vestimenta, transporte, educação, saúde, seguro de vida, etc., ressalvadas as hipóteses em que a utilização do item é especificamente exigida pela legislação para viabilizar a atividade de produção de bens ou de prestação de serviços por parte da mão de obra empregada nessas atividades, como no caso dos equipamentos de proteção individual (EPI); (. . .)" Consignado o conceito de insumos, transcrevo excertos da "Informação Fiscal" (fls. 67 a 84) que instruiu o Despacho Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 13 12 Decisório (fl. 90), em que o agente fiscal dispõe sobre os tipos de produtos cujos créditos foram glosados: "(. . .) DOS BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS EM OPERAÇÕES ACESSÓRIAS AO PROCESSO PRODUTIVO (. . .) 51. Tendo em vista que a interessada tem como objeto a produção e venda de derivados de leite e laticínios em geral, os materiais de limpeza utilizados na higienização e sanitização de equipamentos e máquinas são, no âmbito da produção executada pela interessada, insumos indiretos de produção e, como não estão literalmente dispostos na legislação pertinente, não geram direito a crédito, tanto no cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep quanto no da Cofins, nos termos do art. 3º, inciso II, respectivamente das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003. 52. O mesmo pode se dizer a respeito dos produtos adquiridos com o fim de dispensar tratamento às águas residuais do processo produtivo e os reagentes químicos adquiridos com o fim de realizar análise da qualidade, que não têm vínculo intrínseco com a produção e são, na verdade, necessários a operações paralelas que dão suporte ao processo produtivo. (. . .) DOS MATERIAIS DE EMBALAGEM (. . .) 62. No caso em tela, como já consignado, o sujeito passivo atua no ramo de laticínios e tem como principal atividade a produção e venda de leite industrializado. 63. Encontramos em suas planilhas descritivas de créditos aquisições de papelão cortado em forma própria, moldados para a montagem de caixotes; e bobinas de filme plástico classificados nos códigos NCM 39.20.10.99, 3920.10, 3920.10.10, 3920.10.90, 3920.10.99, 3921.19, 48.19.10.01, 4819.00, 4819.10, 4819.10.01, 4819.50 e 4823.90.99. 64. Uma parte do filme plástico é utilizada pelo sujeito passivo para envolver o conjunto de caixotes contendo 12 caixas de 1 litro de leite transportados em pallets. Vale dizer que esse plástico sequer chega ao consumidor final, sendo descartado pelos varejistas assim que o Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 14 13 produto é integrado ao estoque, enquadrandose, portanto, no conceito de “embalagem para transporte”. 65.Já o papelão moldado e a outra parte do filme plástico são utilizados para a confeccionar e envolver os caixotes para o transporte de 12 caixas de leite do tipo “Tetrapak” contendo 1 litro cada envoltas em filme plástico. 66. Vale lembrar que o leite é vendido ao consumidor no varejo individualmente por cada caixa de 1 litro. Os caixotes de papelão, embora encontrados na venda a varejo, ali estão por liberalidade do vendedor, não sendo praticada a compra do caixote contendo 12 litros de leite e sim a compra individual de 12 caixas de 1 litro de leite, de modo que o caixote é levado por conveniência das partes com o objetivo de facilitar o transporte. 67. Fica claro que os caixotes de papelão e o filme plástico que os envolve enquadramse na definição de “embalagem para transporte” e, assim, não ensejam apuração de créditos das contribuições. 68. Desta forma, o papelão moldado, utilizado na confecção de caixotes, e o filme plástico, utilizados para envolver individualmente ou em conjunto os referidos caixotes para transporte em pallets, foram glosados pela Fiscalização. (. . .)" (g.n.) Meu voto é no sentido de acatar todos os créditos em discussão, quais sejam, os calculados sobre compras de materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento às águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte. Entendo que são elementos essenciais para a conclusão satisfatória do processo produtivo, bem como para garantir que os produtos (alimentícios) sejam oferecidos aos clientes em perfeitas condições. Não se admite que uma empresa do ramo alimentício não empregue os devidos esforços para manter em perfeito estado de limpeza e conservação as máquinas que preparam alimentos para consumo humano. E este rigor deve ser ainda maior, quando se trata de verificar se os produtos estão aptos para o consumo, por meio de testes de qualidade. Em sua defesa, a recorrente menciona a Portaria do Ministério da Agricultura e do Abastecimento n° 370/1997, que exige que o industrial aplique testes para certificarse de que o leite atende aos padrões legais exigidos. Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 15 14 Com relação às embalagem, conforme descrição contida na "Informação Fiscal", acima transcrita, tratase de filme plástico e caixa de papelão. Consta da peça recursal que se destinam à proteção das caixas "Tetrapak", onde é acondicionado o leite. O processo de produção somente pode ser tido como concluído, após a obtenção do produto final, no formato em que será transportado para o consumo. E todos os elementos que são adicionados ao produto têm sua função, posto que nenhum empresário deseja onerar desnecessariamente o custo de seu produto, em prejuízo de sua margem de lucro ou mesmo que o obrigasse a aumentar o preço, reduzindo sua competitividade no mercado. O filme plástico e a caixa de papelão são imprescindíveis à manutenção da integridade do leite, produto para consumo humano. Passa, sem sombra de dúvida, por qualquer teste que adote o critério de "essencialidade ou relevância" estabelecido pela citada decisão do STJ. E, por fim, não se poderia admitir que bem os resíduos industriais fossem dispensados, sem o devido tratamento, posto que colocariam em risco o meio ambiente, o que ao certo colidiria com a legislação aplicável. Assim, reputo que estão compreendidos no conceito de insumos e podem ser computados nas bases de cálculo dos créditos de COFINS. Não obstante, cumpre destacar que, exceto quanto os créditos sobre material de embalagem para transporte, os demais foram expressamente citados pelo PN COSIT n° 5/18 como produtos que devem ser tidos como insumos, à luz da decisão do STJ, como segue (trechos do PN COSIT n° 5/18): "(. . .) 53.São exemplos de itens utilizados no processo de produção de bens ou de prestação de serviços pela pessoa jurídica por exigência da legislação que podem ser considerados insumos para fins de creditamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) no caso de indústrias, os testes de qualidade de produtos produzidos exigidos pela legislação4; b) tratamento de efluentes do processo produtivo exigido pela legislação c) no caso de produtores rurais, as vacinas aplicadas em seus rebanhos exigidas pela legislação, etc. (. . .) 98. Como relatado, na presente decisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, os Ministros consideraram elegíveis ao conceito de insumos os “materiais de limpeza” descritos pela recorrente como “gastos gerais de fabricação” de produtos alimentícios. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 16 15 99. Aliás, também no REsp 1246317 / MG, DJe de 29/06/2015, sob relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, foram considerados insumos geradores de créditos das contribuições em tela “os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios”. 100. Malgrado os julgamentos citados refiramse apenas a pessoas jurídicas dedicadas à industrialização de alimentos (ramo no qual a higiene sobressai em importância), parece bastante razoável entender que os materiais e serviços de limpeza, desinfecção e dedetização de ativos utilizados pela pessoa jurídica na produção de bens ou na prestação de serviços podem ser considerados insumos geradores de créditos das contribuições. 101. Isso porque, à semelhança dos materiais e serviços de manutenção de ativos, tratase de itens destinados a viabilizar o funcionamento ordinário dos ativos produtivos (paralelismo de funções com os combustíveis, que são expressamente considerados insumos pela legislação) e bem assim porque em algumas atividades sua falta implica substancial perda de qualidade do produto ou serviço disponibilizado, como na produção de alimentos, nos serviços de saúde, etc. (. . .) 150.De outra banda, a análise é mais complexa acerca dos testes de qualidade aplicados sobre produtos que já finalizaram sua montagem industrial ou sua produção (produtos acabados). Conquanto tais testes sejam realizados em momento bastante avançado do processo de produção, é inexorável considerálos essenciais ao este processo, na medida em que sua exclusão priva o processo de atributos de qualidade. 151.Assim, são considerados insumos do processo produtivo os testes de qualidade aplicados anteriormente à comercialização sobre produtos que já finalizaram sua montagem industrial ou sua produção, independentemente de os testes serem amostrais ou populacionais. 152.Por fim, salientase que os testes de qualidade versados nesta seção são aqueles aplicados por escolha da pessoa jurídica, vez que os testes de qualidade aplicados por exigência da legislação estão versados na seção BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS POR IMPOSIÇÃO LEGAL. (. . .)" (g.n.) Por outro lado, apesar de propor que sejam acatados os créditos correlatos, também consigno que a RFB manteve o Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10880.915933/201311 Acórdão n.º 3301005.794 S3C3T1 Fl. 17 16 entendimento de que material de embalagem para transporte não gera créditos: "(. . .) 56. Destarte, exemplificativamente não podem ser considerados insumos gastos com transporte (frete) de produtos acabados (mercadorias) de produção própria entre estabelecimentos da pessoa jurídica, para centros de distribuição ou para entrega direta ao adquirente6, como: a) combustíveis utilizados em frota própria de veículos; b) embalagens para transporte de mercadorias acabadas; c) contratação de transportadoras. (. . .)" Isto posto, voto por dar provimento integral ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 360DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.900247/2006-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1201-000.562
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 13851.900234/2006-83, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Redator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 13851.900234/200683, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Redator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa. Relatório Na condição de Presidente da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, no uso das atribuições conferidas pelo art. 17, III, do Anexo II do RICARF, designome Redator ad hoc para formalizar a Resolução nº 1201000.562, de 17/08/2018, referente ao presente processo, julgado na sistemática de recursos repetitivos de que trata o art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .9 00 24 7/ 20 06 -5 2 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13851.900247/200652 Resolução nº 1201000.562 S1C2T1 Fl. 3 2 2015, tendo em vista que a então Presidente da Turma, Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, deixou de fazêlo, em virtude de sua aposentadoria. O contribuinte interpôs seu tempestivo Recurso Voluntário, considerando que acórdão, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, ratificou o despacho decisório, não homologando a Declaração de Compensação (DCOMP) de Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL) pela inexistência do crédito de pagamento indevido ou a maior. De acordo com referido despacho decisório, o pagamento informado como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de outro débito do contribuinte, "não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Entretanto, o contribuinte afirma no seu recurso que existia crédito compensável, como indicado na PER/DCOMP, porém, não foi homologado pela ausência de retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), inerente ao 1º trimestre de 2002. O contribuinte retificou a mencionada Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), por fim, requerendo o provimento do Recurso Voluntário para homologar a pretendida compensação. É o relatório. Voto Lizandro Rodrigues de Sousa Redator ad hoc O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.535 , de 17/08/2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.900234/2006 83, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.535): Inicialmente, quando da sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte anexou uma cópia da DCTF, versão retificadora, pertinente ao 4º trimestre de 2002, presumindo que era suficiente para homologação da sua Declaração de Compensação (DCOMP). Noentanto, o acórdão recorrido concluiu pela inexistência do direito de crédito, vez que "exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoo com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente e análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o montante de tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado." O artigo 170 do Código Tributário Nacional preceitua que "A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13851.900247/200652 Resolução nº 1201000.562 S1C2T1 Fl. 4 3 compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública". Portanto, imprescindível a certeza e a liquidez do crédito compensável, facultando ao contribuinte que impugne a não homologação formalizada através de despacho decisório, instruindo sua manifestação com as provas em contrário, garantindo, assim, o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa. O processo administrativo tributário é regido por normas específicas, principalmente, o Decreto nº 70.235/1972, a Lei nº 9.430/1996 e o Decreto nº 7.574/2011, orientado pelos princípios que norteiam a Administração Pública, incluindo a moralidade, eficiência e impessoalidade. Conquanto submetido ao regime de apuração pelo lucro real, inicialmente, o contribuinte não demonstrou o pagamento a maior do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), mediante a idônea escrituração contábil e fiscal, motivando, assim, a retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Ressalvase que a "escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza.", conforme o artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR), instituído pelo Decreto nº 3.000/1999. O ônus do contribuinte era que demonstrasse seu indébito, por exemplo, com Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), balanço patrimonial, Livro Diário e/ou Livro Razão, justificando a redução do valor devido e pelo próprio declarado de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), considerando os artigos 7º, § 4º, e 8º, inciso I, do Decretolei nº 1.598/1977: Art 7º O lucro real será determinado com base na escrituração que o contribuinte deve manter, com observância das leis comerciais e fiscais. (...) § 4º Ao fim de cada períodobase de incidência do imposto o contribuinte deverá apurar o lucro líquido do exercício mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. Art 8º O contribuinte deverá escriturar, além dos demais registros requeridos pelas leis comerciais e pela legislação tributária, os seguintes livros: I de apuração de lucro real, no qual: I de apuração do lucro real, que será entregue em meio digital, e no qual: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) a) serão lançados os ajustes do lucro líquido do exercício, de que tratam os §§ 2º e 3º do artigo 6º; b) será transcrita a demonstração do lucro real (§ 1º); Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13851.900247/200652 Resolução nº 1201000.562 S1C2T1 Fl. 5 4 b) será transcrita a demonstração do lucro real e a apuração do Imposto sobre a Renda; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) c) serão mantidos os registros de controle de prejuízos a compensar em exercícios subseqüentes (art. 64), de depreciação acelerada, de exaustão mineral com base na receita bruta, de exclusão por investimento das pessoas jurídicas que explorem atividades agrícolas ou pastoris e de outros valores que devam influenciar a determinação do lucro real de exercício futuro e não constem de escrituração comercial (§ 2º). Posteriormente, quando da interposição do Recurso Voluntário, o contribuinte esclareceu a origem do seu crédito de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ): A Recorrente, equivocadamente, apurou os valores a recolher de CSLL e IRPJ em cada trimestre calendário fracionando o recolhimento nos três meses seguintes. Ocorre que na apuração dos valores devidos, houve por recolher valor a maior, resultado em oneração indevida e pagamento a maior. A origem desses créditos pode ser comprovada através dos lançamentos contábeis realizados e toda escrituração da apuração fiscal realizada aqui apresentada. Outrossim, o Recurso Voluntário anexou: (i) Balancete analítico trimestral, incluindo o período de 01.07.2002 a 30.09.2002; (ii) Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), versão Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13851.900247/200652 Resolução nº 1201000.562 S1C2T1 Fl. 6 5 original, referente ao anocalendário de 2002, com Imposto de Renda a pagar de R$ 44.422,98 e; (iii) Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), período de apuração de 30.09.2002, concernente à 3ª quota do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), apurado no 3º trimestre/2002, com valor principal de R$ 18.791,90. A prova documental instruirá a impugnação "precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual", consoante o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972, exceto (I) demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (II) refirase a fato ou a direito superveniente e; (III) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que:(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) O erro da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), retificado após o despacho decisório, não é determinante para o indeferimento da Declaração de Compensação (DCOMP), prevalecendo a verdade material, como se extrai do Parecer Normativo da CoordenaçãoGeral de Tributação (COSIT) nº 02/2015: Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13851.900247/200652 Resolução nº 1201000.562 S1C2T1 Fl. 7 6 "Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR." As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, Fl. 94DF CARF MF Processo nº 13851.900247/200652 Resolução nº 1201000.562 S1C2T1 Fl. 8 7 não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Entendo que não há necessidade de conversão do presente julgamento em diligência ou qualquer outra perícia (artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972), visto que se restringe à análise sobre os documentos constituírem ou não a imprescindível prova de certeza e de liquidez do crédito, ainda que trazidos aos autos somente com Recurso Voluntário. Avaliando a prova documental existente no recurso, valorizando o princípio da verdade material, notase: 1. O contribuinte demonstrou, com balancete analítico trimestral, vários lançamentos contábeis, que validariam as informações da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e da planilha denominada "Da Comprovação Exaustiva da Origem dos Créditos". 2. A Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), versão original, referente ao anocalendário de 2002, consignou o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) a pagar de R$ 44.422,98. 3. Por fim, o contribuinte anexou um único Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), período de apuração de 30.09.2002, equivalente à 3ª quota do declarado Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), com valor principal de R$ 18.791,90. Em resumo, o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devido foi de R$ 44.422,98, porém, o Recorrente comprovou o pagamento apenas da 3ª quota de R$ 18.791,90, não demonstrando o adimplemento superior ao montante exigível. A Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), versão retificadora, embora em um primeiro momento resultasse no despacho decisório, que não homologou a declaração de compensação, não influenciou nessa conclusão, limitada à prova documental sobre o crédito, acostada no Recurso Voluntário. Entendo que é indispensável a conversão do presente julgamento em diligência, com fundamento no artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, visto que demanda uma análise sobre se os documentos, anexados ao Recurso Voluntário, constituem a necessária prova de certeza e de liquidez do crédito. Adicionalmente, presumível que o Recorrente adimpliu as demais quotas do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), caracterizando o pagamento a maior, suscetível de restituição e compensação. Isto posto, voto pela conversão do julgamento em diligência, solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um relatório sobre as informações e os documentos anexados ao Recurso Voluntário, por fim, opinando pela existência do crédito de Fl. 95DF CARF MF Processo nº 13851.900247/200652 Resolução nº 1201000.562 S1C2T1 Fl. 9 8 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), oriundo do pagamento a maior, argumentado pelo Recorrente. Finalizada esta diligência, ressalvo a necessidade de promover a ciência do contribuinte sobre o "Relatório Conclusivo", fixando o prazo de 30 (trinta) dias para sua manifestação, antes do retorno dos autos para novo julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Voto por converter o julgamento do recurso em diligência., solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um relatório sobre as informações e os documentos anexados ao Recurso Voluntário, por fim, opinando pela existência do crédito de Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL), Período de Apuração 31/12/2001, oriundo do pagamento a maior, argumentado pelo Recorrente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 96DF CARF MF
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Numero do processo: 19395.720068/2012-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL
Para cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplica-se a regra do artigo 173, inciso I do CTN, contando-se o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO OCORRÊNCIA..
Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre a exportação.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2007
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL
Para cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplica-se a regra do artigo 173, inciso I do CTN, contando-se o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO OCORRÊNCIA..
Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre a exportação.
Numero da decisão: 3302-006.734
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a prejudicial de decadência e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2007 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL Para cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplica-se a regra do artigo 173, inciso I do CTN, contando-se o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO OCORRÊNCIA.. Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre a exportação. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2007 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL Para cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplica-se a regra do artigo 173, inciso I do CTN, contando-se o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO OCORRÊNCIA.. Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre a exportação.
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Recorrente ENSCO DO BRASIL PETROLEO E GAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL Para cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do artigo 173, inciso I do CTN, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO OCORRÊNCIA.. Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre a exportação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2007 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL Para cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do artigo 173, inciso I do CTN, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO OCORRÊNCIA.. Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre a exportação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 39 5. 72 00 68 /2 01 2- 92 Fl. 1974DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a prejudicial de decadência e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Relatório Aproveitase o Relatório do Acórdão de Impugnação. Trata o presente de ação fiscal levada a efeito contra a empresa qualificada em epígrafe, anteriormente denominada PRIDE DO BRASIL LTDA, e que resultou na lavratura dos autos de infração de Cofins e de PIS não cumulativos, fls. 1471/1476 e 1477/1481 respectivamente, em virtude da apuração de falta/insuficiência de recolhimento nos períodos de apuração 01/2007 a 12/2007. Exigese, para o PIS, principal de R$ 2.117.090,99, que acrescido de multa de ofício e juros de mora perfaz R$ 4.757.473,70 e, no caso da Cofins, contribuição de R$ 9.751.449,35, totalizando, com multa de ofício e juros moratórios, R$ 21.913.211,94. Integra o auto de infração o “Termo de Constatação Fiscal” de folhas 1200 a 1203, do qual trancrevi o trecho abaixo: A PRIDE DO BRASIL LTDA celebrou, em 26/09/2002, um contrato de prestação de serviços, em anexo, com a PRIDE FORAMER SAS (FORAMER), sociedade constituída de acordo com as leis da França, com sede na Rua Grange Dame Rose BP 100 78140 Velizy Villacoublay, França. De acordo com a cláusula 1.01 o objeto do contrato era a prestação de serviços com a finalidade de manter as operações das embarcações objeto dos contratos da FORAMER no Brasil, em anexo (todos os contratos são com a PETROBRAS), incumbindo à prestadora todos os atos, obrigações e funções necessárias para a logística das operações das referidas embarcações. Fl. 1975DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 3 3 A cláusula 1.07 do referido contrato dispõe que os serviços devem ser prestados no Brasil. O contrato teve aditamentos em 01/07/2004, 01/07/2005, 01/10/2005, 31/01/2006, 01/03/2006 e 01/04/2006, todos em anexo. Contudo, não houve alteração quanto ao local em que os serviços foram realizados. Os contratos são cristalinos em estabelecer que os serviços são prestados no território brasileiro. Contudo, os valores recebidos a título de prestação de serviços, relativo aos contratos supramencionados, são tratados como Receita de Exportação de Serviços. Esclarece o fiscal que a autuação decorreu da desclassificação de receitas auferidas pela interessada como “receitas de exportação” tendo em vista que os serviços em questão foram prestados em território nacional “com pagamento através de divisas nacionais oriundos da empresa PETRÓLEO BRASILEIRO S.A PETROBRAS, com sede na cidade do Rio de Janeiro/Brasil”. Consequentemente, entendeu o fiscal que a empresa não faz jus à imunidade prevista no inciso I, § 2°, art. 149 da Constituição Federal, devendo incidir PIS e COFINS sobre a receita decorrente da prestação dos serviços do contrato entre a autuada e a FORAMER, conforme valores descritos na tabela de folha 1202. Cientificada em 16.05.2012 a interessada apresentou em 14.06.2012 a impugnação de folhas 1.498 a 1.523 na qual alega que: Preliminarmente, tendo em vista que a Impugnante tomou ciência das autuações no dia 16 de maio de 2012, os débitos exigidos com relação aos meses de janeiro a maio de 2007 (ou pelo menos parte de maio) devem ser julgados improcedentes, uma vez que fulminados pela decadência prevista pelo artigo 150, §4°, do CTN. No mérito, que o artigo 149, §2°, inciso I, da Constituição, com a redação conferida pela Emenda Constitucional n° 33/2001, prevê a imunidade de contribuições sociais, tal como o PIS/COFINS, para as exportações. Conforme se infere desse dispositivo, as receitas decorrentes de exportação estão imunes às contribuições sociais como o PIS/COFINS, sejam elas receitas de exportação de serviços ou mercadorias. A i. autoridade autuante fundamenta as autuações em excertos obtidos de livro do eminente Leandro Paulsen, segundo o qual a exportação se configura apenas quando o “produto", frisese produto, saia do pais para integrarse à economia interna de outro país (página 2 do Termo de Constatação Fiscal). Essa justificativa não é adequada para fundamentar a desqualificação das exportações realizadas, na medida em que, Fl. 1976DF CARF MF 4 no caso da IMPUGNANTE, se exportaram serviços e não produtos. Em outras palavras, a IMPUGNANTE exportou "bens" intangíveis que, por isso mesmo, não têm a constituição física de um produto, sendo inadequado e materialmente impossível aferir se esses "bens" intangíveis ultrapassaram a fronteira do Brasil para se integrar à economia de outro país. De todo modo, uma coisa é certa: o serviço foi prestado para a FORAMER, residente fiscal na França, a quem coube o benefício material e imaterial advindo dos serviços prestados. Em outras palavras, os serviços prestados integraram a economia francesa, pois beneficiaram diretamente a FORAMER. Assim, mesmo sob a justificativa utilizada pela i. autoridade autuante, não há como se desqualificar as exportações realizadas e, por conseguinte, aplicação da regra de imunidade de PIS/COFINS na exportação. Na infrutífera tentativa de justificar a autuação, a i. autoridade autuante delimita o território aduaneiro segundo o Regulamento Aduaneiro (Decreto n. 6.759/2009), decreto esse que não se aplica aos fatos geradores autuados, i.e. 2007. De todo modo, a definição legal do território aduaneiro brasileiro não ajuda em nada a pretensão da i. autoridade autuante, uma vez que, como já ressaltado, a prestação de serviços in casu, mesmo efetivada no Brasil, teve seus efeitos integrados no benefício aferido pela FORAMER em território francês. Outrossim, como se observa da leitura do objeto do próprio contrato de prestação de serviços apresentado durante a fiscalização, os serviços prestados pela Impugnante foram, em grande parte, desenvolvidos na Zona Econômica Exclusiva, onde se encontra a plataforma relevante da tomadora dos serviços, a FORAMER. Tal fato, Ilmos. Srs. Julgadores, podese dizer, é até notório, pois é nessa zona onde a Petrobras aloca as plataformas afretadas, entre ao quais se encontram as de propriedade da FORAMER. Sendo a Zona Econômica Exclusiva área fora do território brasileiro, como dispõe a Lei n. 8.617/93, totalmente equivocada a afirmação da fiscalização de que os serviços prestados pela Impugnante foram desenvolvidos em território brasileiro, o que, também sob esse ângulo, demonstra a improcedência da autuação ora questionada. Ainda, sem qualquer respaldo dos fatos ou da legislação aplicável, a i. autoridade autuante busca afastar a imunidade com base na desconsideração da FORAMER e na alegação de que a IMPUGNANTE seria remunerada com pagamento de divisas nacionais oriundas da Petrobras. Nada mais distante do contexto fático e jurídico existente!!! Alega a fiscalização que; "não há que se falar em receita de exportação, uma vez que se trata de receita comum decorrente da atividade exercida pela empresa no Brasil, com pagamento através de divisas nacionais oriundos da empresa PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. PETROBRÁS, com sede na cidade do Rio de Janeiro/Brasil". Conforme demonstrado, a IMPUGNANTE tem contrato com a FORAMER, de modo que toda nota fiscal de exportação de Fl. 1977DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 4 5 serviços emitidas em face da FORAMER era paga por essa última em moeda estrangeira devidamente convertida para o Real mediante a celebração dos competentes contratos de câmbio. Diante do exposto, resta evidente que as justificativas utilizadas pela autoridade autuante para formalizar os lançamentos ora combatidos são completamente dissociadas da realidade dos fatos envolvidos e do direito aplicável, de forma que os autos de infração lavrados devem ser julgados integralmente improcedentes, eis que evidente a aplicação da imunidade de PIS e COF1NS às receitas da Impugnante em discussão. Na remota hipótese de se entender que as receitas decorrentes dos serviço prestados à FORAMER não seriam alcançadas pela imunidade analisada no item anterior, o que se admite apenas para argumentar, persistiriam outras normas a afastar a incidência do PIS/COFINS no caso concreto. A esse respeito, o artigo 14 da Medida Provisória n° 2.158 35/2001 determina que as receitas decorrentes de serviço prestados a nãoresidentes, que representem ingresso de divisas, estão isentas do PIS/COFINS. Ora, no presente caso os serviços foram, de fato, prestados a nãoresidente fiscal no país com o consequente ingresso de divisas, conforme atestam os contratos de câmbio anexos. Assim é que as receitas auferidas pela Impugnante na prestação de serviços a FORAMER estão indubitavelmente isentas do PIS/COFINS, de forma que os autos combatidos são integralmente improcedentes. Lembrese que esses dispositivos foram reproduzidos pelo artigo 5°, inciso I da Lei n° 10.637, de 2002, e pelo artigo 6°, inciso II, da Lei n° 10.833, de 2003 que criaram a nãocumulatividade de tais contribuições: Nesse passo, quer no regime cumulativo ou no nãocumulativo, a regra é que as receitas decorrentes de serviços prestados a não residentes que representem ingresso de divisas estão isentas do PIS/COFINS. No presente caso, tendo em vista que (a) os serviços foram prestados pela Impugnante à FORAMER, nãoresidente, como a própria fiscalização reconhece no Termo de Constatação Fiscal; e (b) que as divisas ingressaram no país, como os contratos de câmbio anexos comprovam, forçoso é concluir que a isenção de PIS e COFINS, comentada acima é aplicável à Impugnante, sendo totalmente improcedentes os autos de infração lavrados. No Perguntas e Respostas da DIPJ 2012, a Receita Federal reconhece expressamente a isenção ora analisada. O que importa é que o tomador dos serviços seja residente no exterior, sendo irrelevante o local da prestação de serviços. Fl. 1978DF CARF MF 6 Por todo o exposto, fica claro que, quer com base em nossa Carta Magna, quer com respaldo nos dispositivos infraconstitucionais transcritos, as receitas ora tributadas não estão sujeitas ao PIS/COFINS. Na pouco provável e remota hipótese de os lançamentos serem mantidos, ainda que parcialmente, melhor sorte ainda não recairá sobre essa exigência, na medida em que os débitos de PIS/COFINS eventualmente confirmados devem necessariamente ser compensados pelos créditos de PIS/COFINS detidos pela IMPUGNANTE, nos termos da sistemática de apuração dessas contribuições segundo o regime nãocumulativo. Por fim, não pode a IMPUGNANTE deixar de salientar também que, após a lavratura dos autos de infração ora guerreados, o fisco não pode exigir juros de mora sobre as multas de ofício lançadas, eis que não há base legal para tanto. Em 7 de fevereiro de 2013, através do Acórdão de Impugnação n° 1252.614, a 17ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro/RJ, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, devendose exonerar os lançamentos de PIS e Cofins referentes aos períodos de apuração fevereiro, março e abril de 2007. Entendeu a Turma que: ü Para os períodos de apuração de fevereiro e posteriores, ante a constatação da existência de pagamentos antecipados (fls. 1752 a 1761) e tratandose de tributos sujeitos à sistemática do lançamento por homologação, é de se aplicar a regra decadencial do §4° do artigo 150 do Código Tributário Nacional, que determina que após o transcurso do prazo de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, sem que a Fazenda Pública tenha se manifestado, considera se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito; ü Considerandose que a ciência ao Auto de Infração deuse em 16/05/2012, encontravase decaído o direito de lançar as contribuições referentes às competências fevereiro, março e abril de 2007, devendo se anular os lançamentos correspondentes; ü Para a competência janeiro/2007, não tendo ocorrido pagamento de PIS ou Cofins é de se aplicar a regra do artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional; ü Os lançamentos referentes ao período de apuração janeiro/2007 serão mantidos, uma vez que, inexistindo pagamento, a contagem do prazo decadencial iniciouse em 01/01/2008; ü A Decisão da 7a RF aplicase exatamente à situação aqui apresentada. A Pride Foramer, empresa com domicílio na França, celebrou contratos de prestação de serviços de perfuração com a PETROBRÁS. A Cláusula 1.2 (fl. 1207 e 1330) dos contratos estabelece que “a CONTRATADA poderá, a seu exclusivo critério, constituir empresa no Brasil, no Estado do Rio de Janeiro, para a qual será cedido o presente CONTRATO, nos termos da Cláusula Décima Quarta deste CONTRATO, observado ainda o disposto no Fl. 1979DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 5 7 item 12.3 e seu subitem”. Desta feita, em 13/03/2001 foi constituída a PRIDE DO BRASIL, atualmente denominada ENSCO DO BRASIL PETROLEO E GAS LTDA, tendose aditado os contratos entre a FORAMER e a Petrobras para cessão do objeto destes à PRIDE DO BRASIL (fl. 1243 e 1366). Contratos posteriores (fl. 1259 e fl. 1382) foram firmados entre a PRIDE DO BRASIL e a Petrobrás, mas sempre com a interveniência da PRIDE FORAMER SAS; ü Expediente da autuada, formulado em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 1, confirma que “a Pride do Brasil e a Pride Foramer são empresas do Grupo Pride”. Assim sendo a execução de serviços pela PRIDE DO BRASIL decorrentes de contratos firmados entre a Petrobrás e a FORAMER não caracteriza a exportação de serviços, uma vez que os contratos foram firmados com a Petrobrás, que por meio destes contratos importou serviços da FORAMER, empresa domiciliada na França. Por conveniência operacional a FORAMER constituiu empresa no Brasil, não cabendo aqui falar em exportação de serviço uma vez que a FORAMER e PRIDE BRASIL são coligadas, agindo a sucursal brasileira como executora dos serviços contratados com a empresa estrangeira. Em suma, correto a autoridade fiscal ao concluir que a PRIDE DO BRASIL (atual ENSCO) não prestou serviço ao exterior, mas à Petrobrás, empresa domiciliada no pais, sendo as receitas decorrentes dos referidos contratos integrantes da base de cálculo do PIS e da Cofins; ü Da análise dos Dacon apresentados pela interessada ao longo de 2007, verificase que, de fato resta em todos os meses saldo não aproveitado tanto do PIS quanto da Cofins. Ocorre que a interessada optou por transportar a saldo ao final do exercício de 2007 para janeiro de 2008, o que inviabiliza sua utilização para abatimento dos valores lançados, uma vez que, qualquer que fosse o valor utilizado, haveria redução do saldo final disponível; ü No que se refere à cobrança dos juros, enganase a interessada ao afirmar que estão sendo cobrados sobre a multa lançada. O juros são calculados sobre o principal lançado, independentemente da multa de ofício. A Empresa ENSCO DO BRASIL PETROLEO E GAS LTDA foi cientificada do Acórdão de Impugnação, por via eletrônica, em 09/03/2013, às efolhas 1.772. A Empresa ENSCO DO BRASIL PETROLEO E GAS LTDA ingressou com Recurso Voluntário em 25/03/203, de folhas 1.773 a 1.820. Foi alegado em resumo: ü Em 16 de maio de 2012, a Recorrente teve ciência da lavratura de dois autos de infração exigindolhe a monta total de R$26.670.685,64 (incluindo juros e multa de 75%) a título de Contribuição ao Programa de Integração Social (“PIS”) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“COFINS”) em decorrência da Fl. 1980DF CARF MF 8 desconsideração das exportações de serviços. Na equivocada interpretação da fiscalização autoridade autuante, não se trataria de exportação de serviços, pois os serviços seriam oferecidos à Foramer (nãoresidente) teriam sido prestados em território brasileiro; ü As justificativas apresentadas à lavratura dos autos de infração ora combatidos revelam claramente o desconhecimento do i. agente fazendário autuante sobre a forma e natureza dos serviços prestados pela Recorrente à Foramer, da sua atuação como mandatária dessa sociedade, e ate mesmo das obrigações decorrentes dos contratos celebrados pela Petrobras com a Recorrente e com a Foramer. O agente autuante ignora o fato de que os já aludidos contratos foram celebrados por partes distintas e possuem objetos absolutamente diferentes, e “transfere” obrigações previstas no contrato de afretamento entre a Foramer e a Petrobras, para a Recorrente, que não é parte contratante daquele, e assim por diante; ü Conforme o referido termo de constatação fiscal, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 02, a Recorrente teria reportado o seu entendimento de receita de exportação, qual seja: “ífe acordo com a legislação pátria, a “Receita de Exportação” corresponde ao acréscimo patrimonial auferido por exportador em transações (e.g prestação de serviços e venda de mercadorias) com terceiros que não tenham residência fiscal no BrasiE. Na sequência, usou o já mencionado excerto do livro eminente Leandro Paulsen como substrato para o entendimento favorável ao Fisco; ü Dito isso, cumpre registrar que a fundamentação encontrada no acórdão ora recorrido é baseada em decisão proferida pela DISIT da 7a Região Fiscal. Naquela oportunidade, a DISIT se manifestou no sentido de que não perfaz o conceito de exportação os serviços prestados a empresa estrangeira que possui estabelecimento (e não subsidiária, coligada, controlada ou parte relacionada) em território nacional. Utilizando terminologia comum em discussões de direito tributário internacional, a DISIT se manifestou no sentido de que não serão considerados exportados os serviços prestados a estabelecimentos permanentes que empresas estrangeiras eventualmente possuam em território nacional. Em outros termos, entende a DISIT que a partir do momento em que o tomador dos serviços possui estabelecimento permanente em território nacional, um dos requisitos à configuração de exportação de serviços não restara atendido: que o tomador seja nãoresidente; ü Há três contratos distintos disciplinando as relações comerciais entre a Recorrente, Foramer e a Petrobras, a saber: (i) contrato de afretamento de plataforma celebrado entre a Foramer e a Petrobras (do qual a Recorrente não faz parte); (ii) contrato de prestação de serviços de perfuração, celebrado entre a Pettrobras e a Recorrente (do qual a Foramer não faz parte); e finalmente (iü) contrato de prestação de serviços logísticos e de apoio relacionados com a embarcação afretada, celebrado entre a Foramer e a Recorrente (do qual a Petrobras não faz parte). A presente autuação diz respeito exclusivamente a esse último contrato; Fl. 1981DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 6 9 Frente ao exposto, alega: ü Preliminar de decadência; ü Imunidade das Contribuições referentes ao PIS e da COFINS aplicável à exportação de serviços; ü Isenção das Contribuições referentes ao PIS e da COFINS aplicável à exportação de serviços; ü Do descabimento da fundamentação da decisão ora recorrida; ü Do descabimento da autuação. Da duplicidade de entendimento; ü Do abatimento de crédito doo PIS/COFINS; ü Da impossibilidade jurídica de cobrar juros sobre a multa de ofício. Diante de todo o exposto, a Recorrente requer que o presente recurso ordinário seja recebido e processado, para que, ao final, os autos de infração aqui combatidos sejam declarados improcedentes e a decisão ora recorrida seja reformada integralmente, reconhecendose: i. preliminarmente, o julgamento da improcedência dos créditos tributários lançados no período de janeiro a maio de 2007, tendo em vista a constatação de sua decadência, nos moldes do artigo 150, §4° do CTN; ii. a improcedência integral das duas autuações, tendo em vista que as receitas autuadas decorrem inequivocamente da exportação de serviços, estando imunes e/ou isentas do PIS e da COFINS; iii. na mais que remota hipótese de se julgar que as receitas de exportação estariam sujeitas ao PIS/COFINS, devese compensar os respectivos débitos com os créditos de PIS/COFINS existentes; iv. na pouco provável hipótese de o lançamento ser mantido, mesmo que parcialmente, a não aplicação de juros sobre as multas de ofício lançadas, tendo em vista a completa ausência de base legal que fundamente esse incremento do valor das multas. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional juntou contrarrazões de folhas 1.848 a 1.864. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. Fl. 1982DF CARF MF 10 Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte. A Empresa ENSCO DO BRASIL PETROLEO E GAS LTDA foi cientificada do Acórdão de Impugnação, por via eletrônica, em 09/03/2013, às efolhas 1.772. A Empresa ENSCO DO BRASIL PETROLEO E GAS LTDA ingressou com Recurso Voluntário em 25/03/203, de folhas 1.773 a 1.820. O recurso voluntário é tempestivo. Da controvérsia. Do Recurso de Ofício. ü Exoneração dos lançamentos de PIS e Cofins referentes aos períodos de apuração fevereiro, março e abril de 2007. Do Recurso Voluntário. ü Preliminar de decadência; ü Imunidade das Contribuições referentes ao PIS e da COFINS aplicável à exportação de serviços; ü Isenção das Contribuições referentes ao PIS e da COFINS aplicável à exportação de serviços; ü Do descabimento da fundamentação da decisão ora recorrida; ü Do descabimento da autuação. Da duplicidade de entendimento; ü Do abatimento de crédito do PIS/COFINS; ü Da impossibilidade jurídica de cobrar juros sobre a multa de ofício. Passase à análise. Do Recurso de Ofício: Exoneração dos lançamentos de PIS e Cofins referentes aos períodos de apuração fevereiro, março e abril de 2007. Deixase de apreciar o Recurso de Ofício, por não atingir o limite de alçada, ora vigente. Preliminar de decadência. É alegado nos itens 33 a 37 do Recurso Voluntário: De acordo com o artigo 146, iii, "b" da Constituição Federal, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência. Em nosso sistema, coube ao CTN, norma alçada à natureza de lei complementar, Fl. 1983DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 7 11 disciplinar o instituto da decadência do direito do Fisco de lançar tributos. Na sistemática adotada pelo CTN, o PIS e a COFINS são classificados como tributos cujo lançamento se dá por homologação, uma vez que o contribuinte apura o “quantum” devido e o recolhe, independente de qualquer prévio exame da autoridade administrativa, de forma que essa última, em verificação posterior, homologa o cálculo realizado pelo contribuinte ou dele discorda, lançando então a diferença, podendo ainda ocorrer a homologação tácita do lançamento. Logo, de acordo com o parágrafo 4o do artigo 150 do CTN, para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, caso a autoridade administrativa não homologue expressamente o cálculo realizado pelo contribuinte e decorram 05 (cinco) anos da ocorrência do fato gerador, operase a chamada homologação tácita. Por meio de tal homologação, o fisco concorda tacitamente com a apuração do tributo realizada pelo contribuinte. Assim é que, após o decurso do prazo de 05 (cinco) anos contados da data de ocorrência do fato gerador, ocorre a decadência do direito de o fisco cobrar os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como dispõe o referido art. 150, §4° do CTN abaixo transcrito para pronta referência: (...) Conforme se extrai do dispositivo acima transcrito, a pretensão do Fisco em constituir (lançar) tributos sujeitos ao lançamento por homologação extinguese automaticamente com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da dam de ocorrência do fato gerador desses tributos. Note que a qualificação de determinado tributo como sujeito ao lançamento por homologação está relacionado com o fato de a legislação atribuir a responsabilidade pela antecipação do imposto ao contribuinte, nos exatos termos do caput do artigo 150 acima transcrito, independendo tal configuração da efetiva antecipação do tributo (i.e., do efetivo desembolso financeiro). Tomase por esteio o enunciado da Súmula Vinculante n° 8 do Supremo Tribunal Federal e o Parecer PGFN/CAT n° 1617/2008. A interpretação da Receita Federal do Brasil (RFB) sobre o art. 150 do CTN é a de que o lançamento por homologação ocorre quando o sujeito passivo antecipa o pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa, sob condição resolutória de ulterior homologação ao lançamento. Não havendo pagamento, não se cumpre o requisito básico disposto no mencionado artigo, verbis: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Fl. 1984DF CARF MF 12 § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifouse) Dessa forma, conforme se observa na transcrição acima, entendese que a lei atribuiu requisito ao lançamento por homologação, qual seja, a antecipação do pagamento. Assim, não basta que a legislação determine o pagamento antecipado do tributo para que se caracterize o lançamento por homologação, mas sim, que haja efetivamente o pagamento. Não atendida a condição, não se pode configurar o lançamento por homologação e, neste caso, aplicase a regra geral de contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, inciso I do CTN, ou seja, a contagem do prazo tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. A interpretação da RFB foi manifestada pela Cosit nas Soluções de Consulta Interna nº 16, de 5 de junho de 2003; 23, de 24 de agosto de 2004; e 26, de 1º de novembro de 2005. Em suma, havendo pagamento, ainda que parcial, aplicase a regra do art. 150 do CTN; não havendo pagamento, aplicase a regra do art. 173 do mesmo Código. Nesse mesmo sentido concluiu a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008, ao analisar a decadência das contribuições previdenciárias. No referido parecer, a PGFN registra entendimentos dos então Conselhos de Contribuintes no sentido de que “se a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o tributo amoldase à sistemática de lançamento denominada homologação, onde a contagem do prazo decadencial dáse com a ocorrência do fato gerador, na forma disciplinada pelo § 4º do art. 150 do CTN (...)”. Ressaltase que consta do item 36 desse parecer, a seguir transcrito, que os Conselhos estariam começando a mudar o entendimento: (...) 36. Os Conselhos de Contribuintes, no entanto, começam a mudar o entendimento. Aplicouse recentemente o art. 173, I, do CTN, em caso de lançamento de ofício, no qual não houve pagamento. Refirome ao Recurso RP/ 203123287. Entendeu o Conselho que deve se verificar se o contribuinte recolheu valores no período fiscalizado. Na existência do recolhimento, deve se aplicar o § 4º do art. 150 do CTN. Na inexistência de recolhimentos, deve ser aplicado o art. 173, I, do mesmo CTN. De igual modo, decidiuse no Recurso RD/204130232, bem como no RD/203115797. (...) Fl. 1985DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 8 13 Ao final conclui o Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008: (...) d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; (...) Em que pese o entendimento da RFB e o da PGFN sobre o tema, observase, nos julgados do Conselho de Contribuintes (CC), atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), que o posicionamento predominante nesse órgão é no sentido de se contar o prazo decadencial dos tributos sujeitos a lançamento por homologação a partir da data de ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º do CTN). Não obstante, em recente apreciação de recurso impetrado pela PGFN contra o acórdão CC nº 10514777, a 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por voto de qualidade, deu provimento ao mencionado recurso, com a publicação do acórdão CSRF nº 910100460, no sentido de aplicar a regra do art. 173, I do CTN, no caso de inexistência de pagamento. Prescreve o art. 173 do Código Tributário Nacional – CTN, in verbis: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (grifei). O artigo 173 do Código Tributário Nacional estabelece que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário via lançamento extinguese após 5 (cinco) anos. Estabelecido o quantum do prazo, é curial verificar seu dia de início. Podemos destacar três hipóteses: (i) primeiro, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, forte no artigo 173, inciso I, do CTN; Fl. 1986DF CARF MF 14 (ii) segundo, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, forte no artigo 173, inciso II, do CTN; (iii) terceiro, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados da data em a Fazenda deveria ter homologado o lançamento, forte no artigo 150, §4º, do CTN; Uma vez que que a ciência ao Auto de Infração deuse em 16/05/2012, encontravase decaído o direito de lançar as contribuições referentes às competências fevereiro, março e abril de 2007, devendose anular os lançamentos correspondentes. Isso porque, consta dos autos, efolhas 1.676 a 1.679 consta os pagamentos (darfs) referentes a esses três meses. Decidese NÃO CONHECER do pleito referente às competências fevereiro, março e abril de 2007 porque já foi contemplado em sua exata extensão pelo Acórdão de Impugnação. Para a competência janeiro/2007, por não ter ocorrido pagamento de PIS ou Cofins é de se aplicar a regra do artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional. Para a competência Maio/2007 não há decadência, pois a ciência ao Auto de Infração deuse em 16/05/2012. Imunidade das Contribuições referentes ao PIS e da COFINS aplicável à exportação de serviços. É alegado nos itens 59 e 60 do Recurso Voluntário: Não obstante, conforme se passa a demonstrar, a receita pelos serviços prestados pela RECORRENTE à FORAMER deve ser considerada como de exportação e, desta forma, abrangida pela imunidade e/ou pela isenção. Isso porque o artigo 149, §2°, inciso I, da Constituição, com a redação conferida pela Emenda Constitucional n. 33/2001, prevê a imunidade de contribuições sociais, tal como o PIS/COFINS, para as exportações, nos seguintes termos: (...) § 2" As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;” (destaques da RECORRENTE) Conforme se infere desse dispositivo, as receitas decorrentes de exportação estão imunes às contribuições sociais como o PIS/COFINS, sejam elas receitas de exportação de serviços ou mercadorias. Fl. 1987DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 9 15 A questão de fundo que se impõe no presente tópico é saber se houve ou não a exportação de serviços. Temos os seguintes fatos: ü A Pride Foramer, empresa com domicílio na França, celebrou contratos de prestação de serviços de perfuração com a PETROBRÁS; ü A Cláusula 1.2 (fl. 1207 e 1330) dos contratos estabelece que “a CONTRATADA poderá, a seu exclusivo critério, constituir empresa no Brasil, no Estado do Rio de Janeiro, para a qual será cedido o presente CONTRATO, nos termos da Cláusula Décima Quarta deste CONTRATO, observado ainda o disposto no item 12.3 e seu subitem”; ü Em 13/03/2001 foi constituída a PRIDE DO BRASIL, atualmente denominada ENSCO DO BRASIL PETROLEO E GAS LTDA, tendose aditado os contratos entre a FORAMER e a Petrobras para cessão do objeto destes à PRIDE DO BRASIL (fl. 1243 e 1366); ü Contratos posteriores (fl. 1259 e fl. 1382) foram firmados entre a PRIDE DO BRASIL e a Petrobrás, mas sempre com a interveniência da PRIDE FORAMER SAS. No item 67 do Recurso Voluntário é alegado que a RECORRENTE tem contrato com a FORAMER, de modo que toda nota fiscal de exportação de serviços emitidas em face da FORAMER era paga por essa última em moeda estrangeira, devidamente convertida para o Real mediante a celebração dos competentes contratos de câmbio. O contrato firmado entre a recorrente e a FORAMER, com as emendas vigentes à época do fato gerador, estabelecia as seguintes obrigações e condições, entre outras: Cláusula 1, “SERVIÇOS”: 1.01 O presente Contrato tem por objeto ser uma extensão dos contratos de prestação de serviços de perfuração e/ou avaliação e/ou completação e/ou 'workover' de poços de petróleo e/ou gás (verticais, direcionais e horizontais) firmados originalmente pela TOMADORA no Brasil e simultaneamente cedidos pela TOMADORA à PRESTADORA, de forma que a PRESTADORA realize a prestação dos serviços descritos nestes instrumentos à TOMADORA, sendo a PRESTADORA remunerada para tanto. Parágrafo Único. Também encontrase inserida no objeto do presente contrato a prestação de serviços pela PRESTADORA à TOMADORA com a finalidade de manter as operações das embarcações objeto de contratos de afretamento firmados pela TOMADORA com seus clientes no Brasil, incumbindo à PRESTADORA todos os atos, obrigações e funções necessárias para a logística das operações das referidas embarcações. Fl. 1988DF CARF MF 16 1.05 A PRESTADORA deve prestar seus serviços utilizando seu próprio pessoal. A PRESTADORA indicará os profissionais que prestarão os serviços descritos no item 1.01. 1.07 Os serviços referidos neste artigo devem ser prestados no Brasil. cláusula 4, “OBRIGAÇÕES DA PRESTADORA”: As obrigações e responsabilidades da PRESTADORA são as seguintes: 4.01 Atuar como agente da TOMADORA no Brasil e providenciar os devidos trâmites e registros, junto aos órgãos oficiais competentes, para a regularização da permanência e operação das embarcações da TOMADORA no Brasil. 4.03 proporcionar no Brasil, às embarcações afretadas, o apoio logístico para os serviços auxiliares e de apoio que sejam necessários para assegurar seu uso pelos clientes da TOMADORA segundo as condições aqui estabelecidas. 4.04 Tomar as providencias necessárias para a entrada e a permanência das embarcações no Brasil, junto às autoridades brasileiras competentes, assim como para a entrada legal de quaisquer sobressalentes, equipamentos ou materiais necessários para a operação das embarcações. 4.05 Seguir rigorosamente a recomendações dos fabricantes dos equipamentos efetuando as manutenções previstas em seus manuais de operação, que deverão estar previstas no plano de manutenção preventiva das embarcações. 4.06 Conduzir suas operações em estrita observância dos padrões internacionais de segurança, higiene, e medicina do trabalho, responsabilizandose pelas infrações cometidas. Fornecer por sua conta e manter em perfeitas condições de operação os equipamentos de segurança de acordo com o plano de segurança aprovado pela Administração do país de registro da embarcação e pela boa prática nos serviços de perfuração/completaçã/avaliação/workover. 4.07 Conduzir as embarcações com estrita observância às lei, normas, regulamentos e portarias, bem como às instruções emanadas da Capitania dos Portos ou de outras autoridades competentes, notadamente aquelas que dizem respeito ao despejo de óleo e outros resíduos das embarcações para o mar, respondendo, em conseqüência, por quaisquer ônus decorrentes de infração de tais leis, normas, regulamentos, portarias e instruções. 4.08 Responsabilizarse e arcar com o ônus pela retirada de qualquer equipamento, material etc, caído no fundo do mar, que, devido a sua natureza e tamanho, devam ser removidos do fundo do mar, desde que por culpa da PRESTADORA. A PRESTADORA eximirá a TOMADORA de qualquer culpa e reembolsará toda e qualquer despesa que a mesma venha a efetuar em decorrência de ação da PRESTADORA. Fl. 1989DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 10 17 cláusula 5, “OBRIGAÇÕES DA TOMADORA”: As obrigações e responsabilidades da PRESTADORA são as seguintes: 5.01 Operar e manter as embarcações em bom estado, no que concerne ao caso e maquinas, e adequadamente equipadas. 5.02 Empreender e custear qualquer manutenção e reparo de vulto das embarcações. (Grifo e negrito nossos) A prestação contratada, bem se vê pelos termos empregados, foi a mais ampla possível, de modo que ficou a empresa brasileira, ora recorrente, incumbida de levar a cabo praticamente todas as atividades inerentes aos 3 contratos firmados. Nesse sentido, algumas ponderações se fazem necessárias: 1. Os 3 contratos, firmados entre PETROBRÁS, a recorrente e PRIDE FORAMER SAS, possuem entrelaçamentos em seus objetos. Esse entrelaçamento fica ainda mais evidente ao se estabelecer a relação entre os contratos PETROBRÁSPRIDE FORAMER e |PRIDE FORAMER 1recorrente; 2. As cláusulas acima deixam claro que o contrato PRIDE FORAMER recorrente decorreu da necessidade de se efetivar os contratos iniciais celebrados entre a PETROBRÁS e a PRIDE FORAMER; 3. A cláusula 1.01 diz que o contrato é uma extensão dos contratos de prestação de serviços de perfuração e/ou avaliação e/ou completação e/ou 'workover' de poços de petróleo e/ou gás (verticais, direcionais e horizontais) firmados originalmente pela TOMADORA no Brasil e simultaneamente cedidos pela TOMADORA à PRESTADORA, de forma que a PRESTADORA realize a prestação dos serviços descritos nestes instrumentos à TOMADORA; 4. Já o parágrafo único, informa que está inserida no objeto do presente contrato a prestação de serviços pela interessada à PRIDE FORAMER com a finalidade de manter as operações das embarcações objeto de contratos de afretamento firmados pela PRIDE FORAMER com seus clientes no Brasil (PETROBRÁS), incumbindo à Interessada todos os atos, obrigações e funções necessárias para a logística das operações das respectivas embarcações. O contrato entre PRIDE BRASIL e PRIDE FORAMER não se limita apenas aos aspectos relacionados à manutenção do afretamento, mas também aos contratos de prestação de serviços firmados pela FORAMER com a PETROBRÁS. Com isso, a PRIDE FORAMER recebe pagamentos da Petrobrás a título de afretamento, sem incidência de IRRF (Lei 9.481/97, art. 1°) ou PIS/COFINS (Lei 10.865, art. 8°, §14), e remunera sua coligada nacional por serviços que beneficiam a PETROBRÁS, a Fl. 1990DF CARF MF 18 título não só de operação e manutenção das embarcações, mas também a título de “extensão dos contratos de prestação de serviços de perfuração e/ou avaliação e/ou completação e/ou 'workover' de poços de petróleo e/ou gás (...) cedidos pela tomadora (FORAMER) à prestadora (autuada)”. Neste sentido, não se pode admitir que se trate efetivamente de uma exportação de serviços quando sua principal beneficiária é a PETROBRÁS. A contratação de terceiros para prestar serviços em estabelecimento permanente, não configura exportação de serviços por parte desse terceiro. Sendo os serviços prestados no Brasil e tendo como beneficiária empresa brasileira, não existe exportação de serviços, não incidindo a imunidade constitucional e tampouco a isenção da MP 215835/01. Conforme o entendimento manifestado na Solução de Consulta DISIT SRRF 7a RF n° 290/01, com a Plataforma, a recorrente constituiu estabelecimento, filial, sucursal ou agência da FO\RAMER no Brasil, de modo que ainda que se considerasse que os serviços eram efetivamente prestados a ela, não se configuraria a exportação. Diz a Disit, na fundamentação da Decisão que “devemos ter em mente que a exportação, salvo disposição em contrário, se refere a uma operação pela qual uma pessoa (jurídica ou física), estabelecida em país estrangeiro, adquire mercadoria ou se utiliza de serviço fornecido ou prestado por pessoa (física ou jurídica) estabelecida no País. É característica essencial que a destinatária seja pessoa estabelecida apenas e tãosomente em país estrangeiro. Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre in casu a exportação. Destarte, para que haja exportação, é condição essencial que a pessoa estrangeira não seja estabelecida no Brasil, sob pena de a operação não se traduzir em real ingresso de moeda no País”. A plataforma arrendada constitui estabelecimento permanente da FORAMER no Brasil, não se caracterizando a exportação de serviços, nos termos da solução de consulta SRRF 7a RF DISIT n.° 290, de 2001. O Acórdão de Impugnação, esclarece que, para haver exportação de serviços “é característica essencial que a destinatária seja pessoa estabelecida apenas e tãosomente em país estrangeiro. Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre in casu a exportação. Destarte, para que haja exportação, é condição essencial que a pessoa estrangeira não seja estabelecida no Brasil, sob pena de a operação não se traduzir em real ingresso de moeda no País”. O contrato de afretamento ajustado entre a FORAMER e a Petrobrás (o qual é visceralmente entrelaçado com aquele firmado entre a autuada e a FORAMER), define atribuições à primeira que vão além da mera disponibilização da plataforma. Tal contrato envolvia uma série de obrigações sob responsabilidade e controle do locador (FORAMER), e a contratação da autuada para realizálos é prova disso. Portanto, é sim aplicável ao caso em apreço o entendimento manifestado na Solução de Consulta DISIT SRRF 7a RF n° 290/01. A prestação de serviços pela autuada à sua coligada estrangeira, nas plataformas que ela arrenda à Petrobrás, não configura exportação de serviços, não incidindo a imunidade constitucional nem a isenção legal. Fl. 1991DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 11 19 Isenção das Contribuições referentes ao PIS e da COFINS aplicável à exportação de serviços. Os mesmos argumentos desenvolvidos no tópico anterior, ausência de exportação, se aplicam ao presente tópico. Do descabimento da fundamentação da decisão ora recorrida. É alegado nos itens 85 e 86 do Recurso Voluntário: Como já mencionado, a fundamentação à decisão ora recorrida é absolutamente lacônica. Em arrepio ao artigo 31 do Decreto n° 70.235/72, o julgador de primeira instância administrativa nem sequer chegou a ponderar as razões apresentadas pelo agente fazendário para promover a autuação em face dos argumentos de defesa suscitados pela RECORRENTE. Nesse contexto, requer a RECORRENTE que a aludida decisão seja retomada ao ilmo. julgador de primeira instância administrativa, para que corrija as omissões encontradas, nos exatos termos do artigo 31 do Decreto n° 70.235/72, sob pena de sua declaração de nulidade conforme artigo 59, H, desse mesmo diploma legal. Pois bem. A autoridade julgadora utiliza literalmente menos de uma página (considerando inclusive a transcrição de decisão da DISIT) para fundamentar a manutenção da autuação. Dentre outros pontos, as seguintes questões não foram sequer mencionadas: (i) todas as condições previstas na legislação à fruição da imunidade/isenção de PIS e COFINS restaram atendidas; (ii) as operações realizadas entre a RECORRENTE, a FORAMER e a PETROBRAS são operacionalizadas por 3 contratos distintos, celebrados por partes diferentes e com objetos diversos, sendo que a autuação somente diz respeito às operações celebradas entre a RECORRENTE e a FORAMER; (Ui) a remuneração dos serviços prestados pela RECORRENTE à FORAMER tem origem no exterior; (iv) a FORAMER não possui nem nunca possuiu estabelecimento em território nacional; e (v) a PETROBRAS nunca promoveu o pagamento dos serviços prestados pela RECORRENTE à FORAMER. O artigo 31 do Decreto n° 70.235/72, assim dispõe: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) A argumentação não procede. O Acórdão de Impugnação enfrentou satisfatoriamente a questão de fundo, apresentando suas pontuais razões para fulminar a principal tese arguida na impugnação, ou seja a não ocorrência da exportação de serviços. Fl. 1992DF CARF MF 20 Para tanto, lastrou sua decisão no entendimento balizado da Receita Federal do Brasil, através da solução de consulta SRRF 7a RF DISIT n.° 290, de 2001, que elege como característica essencial que a destinatária seja pessoa estabelecida apenas e tãosomente em país estrangeiro. Se a adquirente da mercadoria ou usuária do serviço é pessoa que funcione no País, mediante estabelecimento, filial, sucursal ou agência, na verdade, não ocorre in casu a exportação. Prosseguindo na análise, o Acórdão de Impugnação cotejou esse entendimento com os fatos trazidos aos autos e assim concluiu: Por conveniência operacional a FORAMER constituiu empresa no Brasil, não cabendo aqui falar em exportação de serviço uma vez que a FORAMER e PRIDE BRASIL são coligadas, agindo a sucursal brasileira como executora dos serviços contratados com a empresa estrangeira. Em suma, correto a autoridade fiscal ao concluir que a PRIDE DO BRASIL (atual ENSCO) não prestou serviço ao exterior, mas à Petrobrás, empresa domiciliada no pais, sendo as receitas decorrentes dos referidos contratos integrantes da base de cálculo do PIS e da Cofins. Logo, entendese que os requisitos do artigo 31 do Decreto n° 70.235/72 foram atendidos. Segundo ainda a Recorrente, as seguintes questões não foram sequer mencionadas: (i) todas as condições previstas na legislação à fruição da imunidade/isenção de PIS e COFINS estaram atendidas; A partir do momento em que o Acórdão de Impugnação afasta a condição de exportação de serviços, com base na solução de consulta SRRF 7a RF DISIT n.° 290, de 2001, que elege como característica essencial que a destinatária seja pessoa estabelecida apenas e tão somente em país estrangeiro, a questão foi suoerada. (ii) as operações realizadas entre a RECORRENTE, a FORAMER e a PETROBRAS são operacionalizadas por 3 contratos distintos, celebrados por partes diferentes e com objetos diversos, sendo que a autuação somente diz respeito às operações celebradas entre a RECORRENTE e a FORAMER; Tratase de assunto colateral. Contudo, a informação não procede. Nas palavras da Douta Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em suas contrarrazões, folhas 10, que endosso: A prestação contratada, bem se vê pelos termos empregados, foi a mais ampla possível, de modo que ficou a empresa brasileira, ora recorrente, incumbida de levar a cabo praticamente todas as atividades inerentes aos 3 contratos firmados1 (tanto as atividades embutidas no afretamento quanto as relativas aos 2 contratos de prestação de serviços). O contrato entre PRIDE BRASIL e PRIDE FORAMER (acima transcrito e mencionado no TVF), não se limita apenas aos aspectos relacionados à manutenção do afretamento, mas também aos contratos de Fl. 1993DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 12 21 prestação de serviços firmados pela FORAMER com a PETROBRÁS. Com isso, a PRIDE FORAMER recebe pagamentos da Petrobrás a título de afretamento, sem incidência de IRRF (Lei 9.481/97, art. 1°) ou PIS/COFINS (Lei 10.865, art. 8°, §14), e remunera sua coligada nacional por serviços que beneficiam a PETROBRÁS, a título não só de operação e manutenção das embarcações, mas também a título de “extensão dos contratos de prestação de serviços de perfuração e/ou avaliação e/ou completação e/ou 'workover' de poços de petróleo e/ou gás (...) cedidos pela tomadora (FORAMER) à prestadora (autuada)”. Neste sentido, não se pode admitir que se trate efetivamente de uma exportação de serviços quando sua principal beneficiária é a PETROBRÁS, em que pese a triangulação acima faça com que os valores pagos à autuada provenham imediatamente da coligada francesa e apen mediatamente da Petrobrás. Sendo os serviços prestados no Brasil e tendo como beneficiária empresa brasileira, não existe exportação de serviços, não incidindo a imunidade constitucional e tampouco a isenção da MP 2158 35/01. (iii) a remuneração dos serviços prestados pela RECORRENTE à FORAMER tem origem no exterior; A DRJ considerou que a recorrente constitui estabelecimento, filial, sucursal ou agência da FORAMER no Brasil, de modo que ainda que se considerasse que os serviços eram efetivamente prestados a ela, não se configuraria a exportação, independentemente da origem da remuneração dos serviços prestados. (iv) a FORAMER não possui nem nunca possuiu estabelecimento em território nacional; A DRJ considerou que por conveniência operacional a FORAMER constituiu empresa no Brasil, uma vez que a FORAMER e PRIDE BRASIL são coligadas, agindo a sucursal brasileira como executora dos serviços contratados com a empresa estrangeira. Em suma, correto a autoridade fiscal ao concluir que a PRIDE DO BRASIL (atual ENSCO) não prestou serviço ao exterior, mas à Petrobrás, empresa domiciliada no pais, sendo as receitas decorrentes dos referidos contratos integrantes da base de cálculo do PIS e da Cofins. (v) a PETROBRAS nunca promoveu o pagamento dos serviços prestados pela RECORRENTE à FORAMER. A DRJ considerou que a recorrente constitui estabelecimento, filial, sucursal ou agência da FORAMER no Brasil, de modo que ainda que se considerasse que os serviços eram efetivamente prestados a ela, não se configuraria a exportação, independentemente do destino da remuneração dos serviços prestados. Do descabimento da autuação. Da duplicidade de entendimento. O presente lançamento não apresenta nenhuma incoerência com o lançame nto efetuado no processo administrativo 19395.720141/201226. Fl. 1994DF CARF MF 22 No processo administrativo 19395.720141/201226 são exigidas exações referentes ao IRPJ e contribuições reflexas referentes a uma outra classe de receitas da autuada, que não foram declaradas como renda. Nas palavras da Douta Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em suas contrarrazões, folhas 15, que endosso: O que se discute lá é se os ingressos verificados na contabilidade da autuada eram reembolsos por despesas feitas à conta de terceiros, ou se eram receitas próprias. A fiscalização entendeu que tais valores integravam o custo dos serviços prestados pela recorrente, e deviam ser computados como receita. Não importava, ali, esquadrinhar quem seria a real beneficiária dos serviços, mas apenas definir a natureza dos ingressos. O fato dos ingressos serem provenientes de exportação ou não, é irrelevante naquele caso, pois o que se busca é o impacto sobre o lucro da autuada. Aqui, diferentemente, a questão é saber se uma outra parcela dos ingressos da recorrente (que não se confunde com a parcela analisada no outro processo) provém de exportações ou não. Só neste processo esta distinção tem relevância. Não há, portanto, duplicidade de entendimentos ou contradições. Do abatimento de crédito do PIS/COFINS. É alegado nos itens 105 a 107 do Recurso Voluntário: A RECORRENTE está sujeita ao regime não~cumulativo do PIS/COFINS, de tal sorte que as contribuições devidas em cada mês resultam do encontro de créditos e débitos dessas contribuições. E, haja vista o determinado pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, as quais autorizam que o crédito não aproveitado em um mês seja aproveitado em meses subsequentes, sem qualquer correção/atualização, fará a RECORRENTE jus ao previsto em lei. Assim é que, na improvável hipótese de ser confirmada a sujeição das receitas de exportação à incidência do PIS/COFINS. os débitos correspondentes devem ser compensados pelos créditos então existentes. Apenas após esse encontro de créditos e débitos, eventual saldo remanescente de débitos seria passível de ser exigido. Diante disso, caso se julgue que as receitas de exportação são tributáveis pelo PIS/COFINS, essas devem ser imputadas na apuração das contribuições devidas em cada mês de 2007, e apenas a exigência de eventuais débitos excedentes pode ser mantida. Endossando o entendimento do Acórdão de Impugnação, folhas 08: Da análise dos Dacon apresentados pela interessada ao longo de 2007, verificase que, de fato resta em todos os meses saldo não aproveitado tanto do PIS quanto da Cofins. Ocorre que a interessada optou por transportar a saldo ao final do exercício Fl. 1995DF CARF MF Processo nº 19395.720068/201292 Acórdão n.º 3302006.734 S3C3T2 Fl. 13 23 de 2007 para janeiro de 2008, o que inviabiliza sua utilização para abatimento dos valores lançados, uma vez que, qualquer que fosse o valor utilizado, haveria redução do saldo final disponível. Da Não Incidência de Juros de Mora sobre a Multa Lançada de Ofício. A matéria já se encontra pacificada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais através de Súmula. Súmula CARF n° 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Diante de tudo que foi exposto, conheço do RECURSO VOLUNTÁRIO e voto no sentido de REJEITAR prejudicial de decadência e NEGAR PROVIMENTO ao Recurso do Contribuinte. É como voto. Jorge Lima Abud Relator. Fl. 1996DF CARF MF
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Numero do processo: 13851.900252/2006-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1201-000.567
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 13851.900234/2006-83, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Redator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 13851.900234/200683, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Redator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa. Relatório Na condição de Presidente da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, no uso das atribuições conferidas pelo art. 17, III, do Anexo II do RICARF, designome Redator ad hoc para formalizar a Resolução nº 1201000.567, de 17/08/2018, referente ao presente processo, julgado na sistemática de recursos repetitivos de que trata o art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .9 00 25 2/ 20 06 -6 5 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13851.900252/200665 Resolução nº 1201000.567 S1C2T1 Fl. 3 2 2015, tendo em vista que a então Presidente da Turma, Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, deixou de fazêlo, em virtude de sua aposentadoria. O contribuinte interpôs seu tempestivo Recurso Voluntário, considerando que acórdão, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, ratificou o despacho decisório, não homologando a Declaração de Compensação (DCOMP) de Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL) pela inexistência do crédito de pagamento indevido ou a maior. De acordo com referido despacho decisório, o pagamento informado como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de outro débito do contribuinte, "não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Entretanto, o contribuinte afirma no seu recurso que existia crédito compensável, como indicado na PER/DCOMP, porém, não foi homologado pela ausência de retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), inerente ao 3º trimestre de 2002. O contribuinte retificou a mencionada Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), por fim, requerendo o provimento do Recurso Voluntário para homologar a pretendida compensação. É o relatório. Voto Lizandro Rodrigues de Sousa Redator ad hoc O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.535 , de 17/08/2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.900234/2006 83, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.535): Inicialmente, quando da sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte anexou uma cópia da DCTF, versão retificadora, pertinente ao 4º trimestre de 2002, presumindo que era suficiente para homologação da sua Declaração de Compensação (DCOMP). Noentanto, o acórdão recorrido concluiu pela inexistência do direito de crédito, vez que "exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoo com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente e análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o montante de tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado." O artigo 170 do Código Tributário Nacional preceitua que "A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a Fl. 99DF CARF MF Processo nº 13851.900252/200665 Resolução nº 1201000.567 S1C2T1 Fl. 4 3 compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública". Portanto, imprescindível a certeza e a liquidez do crédito compensável, facultando ao contribuinte que impugne a não homologação formalizada através de despacho decisório, instruindo sua manifestação com as provas em contrário, garantindo, assim, o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa. O processo administrativo tributário é regido por normas específicas, principalmente, o Decreto nº 70.235/1972, a Lei nº 9.430/1996 e o Decreto nº 7.574/2011, orientado pelos princípios que norteiam a Administração Pública, incluindo a moralidade, eficiência e impessoalidade. Conquanto submetido ao regime de apuração pelo lucro real, inicialmente, o contribuinte não demonstrou o pagamento a maior do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), mediante a idônea escrituração contábil e fiscal, motivando, assim, a retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Ressalvase que a "escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza.", conforme o artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR), instituído pelo Decreto nº 3.000/1999. O ônus do contribuinte era que demonstrasse seu indébito, por exemplo, com Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), balanço patrimonial, Livro Diário e/ou Livro Razão, justificando a redução do valor devido e pelo próprio declarado de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), considerando os artigos 7º, § 4º, e 8º, inciso I, do Decretolei nº 1.598/1977: Art 7º O lucro real será determinado com base na escrituração que o contribuinte deve manter, com observância das leis comerciais e fiscais. (...) § 4º Ao fim de cada períodobase de incidência do imposto o contribuinte deverá apurar o lucro líquido do exercício mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. Art 8º O contribuinte deverá escriturar, além dos demais registros requeridos pelas leis comerciais e pela legislação tributária, os seguintes livros: I de apuração de lucro real, no qual: I de apuração do lucro real, que será entregue em meio digital, e no qual: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) a) serão lançados os ajustes do lucro líquido do exercício, de que tratam os §§ 2º e 3º do artigo 6º; b) será transcrita a demonstração do lucro real (§ 1º); Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13851.900252/200665 Resolução nº 1201000.567 S1C2T1 Fl. 5 4 b) será transcrita a demonstração do lucro real e a apuração do Imposto sobre a Renda; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) c) serão mantidos os registros de controle de prejuízos a compensar em exercícios subseqüentes (art. 64), de depreciação acelerada, de exaustão mineral com base na receita bruta, de exclusão por investimento das pessoas jurídicas que explorem atividades agrícolas ou pastoris e de outros valores que devam influenciar a determinação do lucro real de exercício futuro e não constem de escrituração comercial (§ 2º). Posteriormente, quando da interposição do Recurso Voluntário, o contribuinte esclareceu a origem do seu crédito de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ): A Recorrente, equivocadamente, apurou os valores a recolher de CSLL e IRPJ em cada trimestre calendário fracionando o recolhimento nos três meses seguintes. Ocorre que na apuração dos valores devidos, houve por recolher valor a maior, resultado em oneração indevida e pagamento a maior. A origem desses créditos pode ser comprovada através dos lançamentos contábeis realizados e toda escrituração da apuração fiscal realizada aqui apresentada. Outrossim, o Recurso Voluntário anexou: (i) Balancete analítico trimestral, incluindo o período de 01.07.2002 a 30.09.2002; (ii) Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), versão Fl. 101DF CARF MF Processo nº 13851.900252/200665 Resolução nº 1201000.567 S1C2T1 Fl. 6 5 original, referente ao anocalendário de 2002, com Imposto de Renda a pagar de R$ 44.422,98 e; (iii) Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), período de apuração de 30.09.2002, concernente à 3ª quota do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), apurado no 3º trimestre/2002, com valor principal de R$ 18.791,90. A prova documental instruirá a impugnação "precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual", consoante o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972, exceto (I) demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (II) refirase a fato ou a direito superveniente e; (III) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que:(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) O erro da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), retificado após o despacho decisório, não é determinante para o indeferimento da Declaração de Compensação (DCOMP), prevalecendo a verdade material, como se extrai do Parecer Normativo da CoordenaçãoGeral de Tributação (COSIT) nº 02/2015: Fl. 102DF CARF MF Processo nº 13851.900252/200665 Resolução nº 1201000.567 S1C2T1 Fl. 7 6 "Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR." As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, Fl. 103DF CARF MF Processo nº 13851.900252/200665 Resolução nº 1201000.567 S1C2T1 Fl. 8 7 não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Entendo que não há necessidade de conversão do presente julgamento em diligência ou qualquer outra perícia (artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972), visto que se restringe à análise sobre os documentos constituírem ou não a imprescindível prova de certeza e de liquidez do crédito, ainda que trazidos aos autos somente com Recurso Voluntário. Avaliando a prova documental existente no recurso, valorizando o princípio da verdade material, notase: 1. O contribuinte demonstrou, com balancete analítico trimestral, vários lançamentos contábeis, que validariam as informações da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e da planilha denominada "Da Comprovação Exaustiva da Origem dos Créditos". 2. A Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), versão original, referente ao anocalendário de 2002, consignou o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) a pagar de R$ 44.422,98. 3. Por fim, o contribuinte anexou um único Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), período de apuração de 30.09.2002, equivalente à 3ª quota do declarado Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), com valor principal de R$ 18.791,90. Em resumo, o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devido foi de R$ 44.422,98, porém, o Recorrente comprovou o pagamento apenas da 3ª quota de R$ 18.791,90, não demonstrando o adimplemento superior ao montante exigível. A Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), versão retificadora, embora em um primeiro momento resultasse no despacho decisório, que não homologou a declaração de compensação, não influenciou nessa conclusão, limitada à prova documental sobre o crédito, acostada no Recurso Voluntário. Entendo que é indispensável a conversão do presente julgamento em diligência, com fundamento no artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, visto que demanda uma análise sobre se os documentos, anexados ao Recurso Voluntário, constituem a necessária prova de certeza e de liquidez do crédito. Adicionalmente, presumível que o Recorrente adimpliu as demais quotas do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), caracterizando o pagamento a maior, suscetível de restituição e compensação. Isto posto, voto pela conversão do julgamento em diligência, solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um relatório sobre as informações e os documentos anexados ao Recurso Voluntário, por fim, opinando pela existência do crédito de Fl. 104DF CARF MF Processo nº 13851.900252/200665 Resolução nº 1201000.567 S1C2T1 Fl. 9 8 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), oriundo do pagamento a maior, argumentado pelo Recorrente. Finalizada esta diligência, ressalvo a necessidade de promover a ciência do contribuinte sobre o "Relatório Conclusivo", fixando o prazo de 30 (trinta) dias para sua manifestação, antes do retorno dos autos para novo julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Voto por converter o julgamento do recurso em diligência., solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um relatório sobre as informações e os documentos anexados ao Recurso Voluntário, por fim, opinando pela existência do crédito de Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL), Período de Apuração 30/06/2002, oriundo do pagamento a maior, argumentado pelo Recorrente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 105DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.002008/2004-31
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2009
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 01/06/2000 a 31/08/2002
INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE.
À autoridade administrativa não compete rejeitar a aplicação de lei sob a alegação de inconstitucionalidade da mesma, por se tratar de matéria de competência do Poder Judiciário, com atribuição determinada pelo art. 101, II, "a" e III, "b", da Constituição Federal. (Súmula IV 2, do 2° Conselho de
Contribuintes).
PIS/COFINS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. COMÉRCIO VAREJISTA
DE AUTOMÓVEIS (SUBSTITUÍDOS). EXCLUSÃO DO IPI DA BASE
DE CÁLCULO.
A exclusão do IPI da base de cálculo do PIS e da Cofins somente aproveita a contribuinte do aludido imposto (o fabricante), quando da apuração de seu próprio faturamento. Consectariamente, a referida dedução, prevista no art.
3º, § 2º, I, da Lei nº 9.718/98, não se aplica aos comerciantes varejistas, não contribuintes do IPI, donde se assume a legalidade da IN SRF n" 54/2000.
(Precedentes do STJ. REsp 665126/SC)
Recurso negado.
Numero da decisão: 2101-000.011
Decisão: ACORDAM os membros da 1º câmara / 1º turma ordinária da segunda seção de julgamento, por unanimidade devo, em negar provimento ao recurso
Matéria: Cofins- proc. que não versem s/exigências de cred.tributario
Nome do relator: MARIA TEREZA MARTINEZ LÓPEZ
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SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n" 10805.002008/2004-31 Recurso n" 153.613 Voluntário Acórdão n" 2101-00.011 — I" Câmara / 1" Turma Ordinária Sessão de 03 de março de 2009 Matéria Restituição/Compensação Recorrente FIORELLI COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA, Recorrida DRJ em Campinas - SP ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/06/2000 a 31/08/2002 INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. À autoridade administrativa não compete rejeitar a aplicação de lei sob a alegação de inconstitucionalidade da mesma, por se tratar de matéria de competência do Poder Judiciário, com atribuição determinada pelo art. 101, II, "a" e III, "b", da Constituição Federal. (Súmula IV 2, do 2° Conselho de Contribuintes). PIS/COFINS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. COMÉRCIO VAREJISTA DE AUTOMÓVEIS (SUBSTITUÍDOS). EXCLUSÃO DO IPI DA BASE DE CÁLCULO. A exclusão do IPI da base de cálculo do PIS e da Cotins somente aproveita a contribuinte do aludido imposto (o fabricante), quando da apuração de seu próprio faturamento. Consectariamente, a referida dedução, prevista no art. 3", § 2", I, da Lei n" 9.718/98, não se aplica aos comerciantes varejistas, não contribuintes do IPI, donde se assume a legalidade da IN SRF n" 54/2000. (Precedentes do STJ. REsp 665126/SC) Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. o Processo n° 10805.002008/2004-3 I S2-C1T1 Acórdão n." 2101-00.011 Fl. 95 ACORDAM os membros da 1" câmara / 1" turma ordinária da segunda seção de julgamento, por unanimidade devo, em negar provimento ao recurso. (- ANTOA-Ws LIM Presidente MARIA TER SA MARTÍNEZ LÓPEZ Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Maria Cristina Roza da Costa, Gustavo Kelly Alencar, Antonio Zomer, Antônio Lisboa Cardoso, Carlos Alberto Donassolo (Suplente) e Domingos de Sá Filho. Relatório Trata-se de pedido de restituição formalizado pela contribuinte em 13/10/2004, relativamente a recolhimentos feitos a titulo de PIS e de Cofins pela matriz — CNPJ n" 51.196.855/0001-70, correspondentes aos períodos de apuração de junho/2000 a agosto/2002, por entender ser indevida a inclusão do IPI na base de cálculo das referidas contribuições. Em prosseguimento, adoto e transcrevo, em parte, o relatório que compõe a decisão recorrida: "Trata-se de Pedido de Restituição de I, protocolado em 13/10/2004, no valor de R$(..), correspondente a recolhimentos feitos a título de Programa de Integração Social — PIS e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cafins, relativos aos períodos cie apuração de junho/2000 a agosto/2002, conforme planilha de cálculo às .fls.3/31. A interessada alegou cobrança a maior das contribuições por meio do § 1 0 (10 art. 3" da Instrução Normativa n°54, de 19 de maio de 2000 (indevida inclusão do IPI na base de cálculo). A DRF em Santo André emitiu o Despacho Decisório de fls. 44/46, indeferindo o pedido de restituição e não reconhecendo o direito creditório da contribuinte, sob a fundamentação de que, de acordo com a legislação, não há que se cogitar da exclusão do valor do IPI da base de cálculo do PIS e da Cotins. Cientificada do indeferimento de seu pleito em 18/11/2005 (fl. 47v), a interessada apresentou nianifestação de inconformidade em 16/12/2005 (fls. 48/52), na qual alega: 2 Processo n" 10805.002008/2004-3 I S2-CIT1 Acórdão n.° 2101-00.011 Fl. 96 4. Desde logo, verifica-se que a decisão atacada, é de plano contestável, visto que, a autoridade recorrida obrou por não apresentar qualquer justificativa clara e inequívoca das razões de seu indeferimento, limitando-se singela e sinteticamente, primeiro, a reproduzir os textos de lei referidos pelo contribuinte, nos quais — diga-se — embasou sua justa pretensão, obstaculizando desta .feita, seu direito líquido e certo de ver restituído contribuição que recolheu a maior, depois, por argumentar que valor das contribuiçães é devido porque o IPI está incluído no corpo da nota fiscal. 5. De rigor o cerne da questão, está na adequada e acurada interpretação do amplo espectro de normas e dispositivos legais reguladores do PIS e da Colins, deliberadamente citado pelo contribuinte, os quais, desde sua criação, ou seja, com o advento da Lei Complementar 70/91, não admitem a inclusão do JPI em sua base de cálculo (..) 7. COM o advento da Medida Provisória de n" 1.991-18 de 09/06/2000, posteriormente reeditada sob o n" 2.158-35, de 24/08/2000, restou modificada a firma de exigência do PIS e da Co fins, através do enunciado constante do parágrafo único de seu artigo 43, de onde se extrai a premissa de incumbir ao Fabricante/Montadom na condição de fornecedor do produto, cobrar do contribuinte, que no caso é sua rede autorizada, para posterior recolhimento aos cofies da receita Federal, em procedimento conhecido como "Substituto Tributário". Assim, tango o PIS como a Cofins, passaram a ser previamente calculados sobre o preço de compra dos concessionários, conforme determinação expressa aludida em sobredito artigo de lei. 8. Contudo, o recolhimento das contribuições em comento, sofreu significativa mudança, com graves prejuízos ao bolso do contribuinte, quando a Receita Federal editou a Instrução Normativa de n" 54/2000, em especial no seu artigo 3", parágrafo 1", onerando de forma ilegal e abusiva, a cobrança dessa contribuição pois incluiu na base de cálculo do PIS e da Colins, o valor do IPI, distorcendo assim o conceito contábil e legal do preço de venda de um veículo componente do .fitturamento, posto que, tal imposto já se mostra agregado ao custo do veículo adquirido pela manifestante para futura coniercialização. 9. A ilegalidade da inclusão do IPI na base de cálculo para recolhimento do PIS e da Cotins, nos 27 (vinte e sete meses) em que esteve vigendo a Instrução Normativa 54/2000, é patente e defesa em lei, na medida em que é princípio comezinho de direito que uni ato iafralegal, e de cunho meramente regulamentador, conio na espécie, não possui o condão de alterar a base cle cálculo de tributos já previainente instituídos e regrados em lei própria, vindo a ferir flagrantemente o princípio da legalidade, insculpido no artigo 5", inciso I da Constituição Federal, bem como o da hierarquia das leis, disposto no mesmo diploma Maior, por ocasião de seu enunciado de n°59. 711 3 Processo n" 10805.002008/2004-31 S2-C1T1 Acórd5o n." 2101-00.011 Fl. 97 10.Unia Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal tem seu campo de atuação/vigéncia dentro dos limites da administração direta, não podendo atingir os contribuintes que, como particulares que são, só fazem, ou deixam de fazer em virtude de lei. E nesse particular, é bom .frisar que o próprio Governo Federal, por ocasião da edição da Medida Provisória 2.158-35, não autorizou a inclusão do IPI na base de cálculo para efeito de recolhimento das contribuições em tela, não podendo assim, mera Instrução Normativa criar essa obrigação junto ao contribuinte. 11. Mas não é só isso, para espancar de vez com qualquer dúvida que ainda exista acerca da legitimidade/legalidade do pleito visando a restituição desse valor recolhido a maior, cumpre registrar que, com a edição da Lei n" 10.485/02, também conhecida como PIS e Co fins não cumulativa, em vigor desde 01 de novembro de 2002, o legislador, em seu artigo 1" reconheceu Oabuso daquela Instrução Normativa, voltando a excluir o IPI para efeito do recolhimento da base cie cálculo do PIS e da Co fins. 12. Ademais a pretensão da manifestante em ver restituído esses valores pecuniários recolhidos a maior por conta desta esdrúxula e ilegal inclusão do IPI, mostra-se ainda mais genuína e legítima, dada a pacifica natureza indireta do tributo IPI, pois o contribuinte, como concessionário que é, quando adquire veículos da Montadora/ Fabricante, o .faz mediante seu .faturamento, o que equivale a dizer, haver uma nítida operação de compra e venda entre as partes. Como o ciclo de tal tributo se encerra nesta operação, é evidente que o concessionário acaba sendo o eletivo contribuinte de fato do IPI, até porque é ele quem acaba arcando com o valor de tal tributo, que já vem embutido no preço da mercadoria, muito embora não seja ele o consumidor fina" (destaques do original) Por meio do Acórdão DRJ/CPS n° 05-20.330, de 28 de novembro de 2007, os Membros da Primeira Turma de Julgamento da DRJ em Campinas - SP decidiram, por unanimidade de votos, indeferir a solicitação. A Ementa dessa decisão possui a seguinte redação: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofias Período de apuração: 01/06/2000 a 31/08/2002 Veículos. Substituição. Base de Cálculo. A base de cálculo da Cofins„segundo o regime de substituição tributária previsto no art. 44 da Medida Provisória n" 1.991-15, de 2000, é o preço de venda do fabricante ou importador, considerado este o preço do produto acrescido do valor do Imposto sobre Produtos Industrializados incidente na operação. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/2000 a 31/08/2002 \\, ( 4 Processo n" 10805.002008/2004-31 S2-C1 Ti Acórdão n." 2101-00.011 Fl. 98 Veículos. Substituição. Base de Cálculo. A base de cálculo da Co fins, segundo o regime de substituição tributária previsto no art. 44 da Medida Provisória n" 1.991-15, de 2000, á o preço de venda do fabricante ou importador, considerado este o preço do produto acrescido do valor do Imposto sobre Produtos Industrializados incidente na operação. Solicitação indeferida". Inconformada com a decisão prolatada pela primeira instância, a contribuinte apresenta recurso voluntário a este Eg. Conselho, no qual, em síntese e fundamentalmente, alega que (i) em momento algum pleiteou a declaração de inconstitucionalidade de lei; (ii) é legitima sua pretensão de restituir o valor supostamente pago a maior de PIS e de Cofins em virtude da inclusão do 1PI em suas bases de cálculo. É o Relatório. Voto Conselheira MARIA TERESA MARTÍNEZ LOPEZ, Relatora Com o presente pedido de restituição a contribuinte buscou a recuperação de valores supostamente pagos a maior a título de PIS e de Cofins, sob o argumento de que a IN SRF n" 54/2000 alterou a base de cálculo dos tributos, o que fere o principio da legalidade e a hierarquia das leis. Muito embora a contribuinte tenha tentado dar outra denominação à sua pretensão, o fato é que tenciona que a administração ignore legislação vigente, à qual está vinculada. O órgão competente para declarar a ilegalidade ou inconstitucionalidade de uma norma legislativa é o Judiciário, e não é outra a pretensão da contribuinte senão que se reconheça a ilegalidade/inconstitucionalidade da IN n" 54/2000, afirmando que sua intenção, na verdade, é o contrário, é que a legislação seja aplicada. Há casos em que inexistem dúvidas quanto à não aplicabilidade da lei frente à interpretação da Constituição Federal, razão pela qual, algumas matérias têm sido objeto de apreciação pelos julgadores administrativos. Não se pode esquecer, primeiramente, que a Constituição é uma lei, denominada Lei Fundamental, e, por conseguinte, nada impede que o contribuinte invoque tal ou qual dispositivo constitucional para alegar que a lei ou o ato administrativo contraria o disposto na Constituição. Atinai, há unia gama de interpretações possíveis para uma mesma norma jurídica, cujo espectro deve ser reduzido a partir da aplicação dos valores fundamentais consagrados pelo ordenamento jurídico. A liberdade dos Conselhos de Contribuintes está na interpretação dos fatos concretos envolvidos pelo processo administrativo, na aplicação de jurisprudência - de acordo com o entendimento de cada julgador, visto que sua aplicação não é obrigatória em todos os casos, mas sempre se pautando no que determina a Lei. 5 Processo n" 10805.002008/2004-31 S2-CIT1 Acórdão n.° 2101-00.011 Fl. 99 Por outro lado, devemos lembrar que as decisões administrativas são espécies de ato administrativo e, como tal, sujeitam-se ao controle do Judiciário. Se, por acaso, a fundamentação do ato administrativo baseou-se em norma inconstitucional, o Poder que tem atribuição para examinar a existência de tal vício é o Poder Judiciário. Afinal, presumem-se constitucionais os atos emanados do Legislativo ou mesmo do Executivo, e, portanto, a eles vinculam-se as autoridades administrativas. Diante dos fatos, e considerando a Súmula n" 2 do Segundo Conselho de Contribuintes', não é este o foro ou instância competente para a discussão da constitucionalidade das leis. Cabe ao órgão administrativo, tão-somente, aplicar a legislação em vigor, tal como procedido pelo agente fiscal. Desse modo, as referidas argüições de inconstitucionalidade/ilegalidade deverão ser feitas perante o Poder Judiciário, cabendo à autoridade administrativa tão-somente velar pelo fiel cumprimento das leis. De qualquer forma, considerando que o STJ já se manifestou sobre a matéria, melhor sorte no resta à contribuinte se analisarmos o mérito da questão, e para tanto, peço vênia para transcrever a ementa do REsp 665126/SC, da lavra do Min. Luiz Fux, que esclarece sobremaneira o equivoco da contribuinte: "TRIBUTÁRIO. PIS. COFINS. REGIME DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. FABRICANTES E IMPORTADORES DE VEÍCULOS (SUBSTITUTOS) E COMERCIANTES VAREJISTAS (SUBSTITUÍDOS). BASE DE CÁLCULO. VALORES DEVIDOS A TÍTULO DE IPI DESTACADOS NA NOTA FISCAL. INCLUSÃO NO CONCEITO DE "PREÇO DE VENDA" EX VI DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 54/2000. LEGALIDADE. LEI 9.718/98 (ARTIGO 3", § 2", I. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. I. A Instrução Normativa SRF n" 54/2000, revogado pela IN SRF n" 247, de 21.11.2002, dispunha sobre o recolhimento do contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas pelos fabricantes (limitadoras) e importadores de veículos, na condição de substitutos dos comerciantes varejistas (regime de substituição tributária instituído pela Medida Provisória n" 1.991-15/2000, atual MP n" 2.158-35/2001, editada antes da Emenda Constitucional n"32,). 2. A base de cálculo das aludidas contribuições, cujos contribuintes de fato são os comerciantes varejistas, é o preço de venda da pessoa jurídica fabricante ou do importador (artigo 44, parágrafo único, da MP 1.991-15/2000, e artigo 3", capta, da IN S'RF 54/2000), sendo certo que o ato normativo impugnado limitou-se a defini-lo como o preço do produto acrescido cio valor do IPI incidente na operação. 3. A insurgéncia especial dirige-se ao reconhecimento da ilegalidade do artigo 3`; da Instrução Normativa SRF n" 54/2000, em virtude do disposto no inciso I, do § 2`; do artigo 8`; da Lei n."9.718/98, verbis: 1 SÚMULA N" 2 - O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. ( 6 Processo n" 10805.002008/2004-31 S2-CITI Acórdão n.° 2101-00.011 Fl. 100 § 2" Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2 0, excluem-se da receita bruta; 1 - as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e hztennunicipal e de Comunicação - ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário;" 4.A base de cálculo da COFINS e do PIS restou analisada pelo Eg. STF que, na sessão plenária ocorrida em 09 de novembro de 2005, no julgamento dos Recursos Extraordinários n.`5. 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, todos da relatoria do Ministro Marco Aurélio, e n." 346.084-6/PR, do Ministro limar Ga/vão, consolidou o entendimento da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, promovida pelo § I", cio artigo 30, da Lei n." 9.718/98, o que implicou na concepção da receita bruta ou 'aturamento como o que decorra quer da venda de mercadorias, quer da venda de niercadorias e serviços, quer da venda de serviços, não se considerando receita bruta de natureza diversa. 5. Na mesnza assentada, afastou-se a argüição de inconstitucionalidade do artigo 80, da Lei n." 9.718/98, mantendo-se a 'rigidez das deduções da base de cálculo das contribuições em tela, delicadas em seu § 20, 6. Deveras, à luz do supracitado dispositivo legal, as "vendas canceladas", Os "descontos incondicionais", o "IPI" e o "ICMS" cobrado pelo vendedor do bem ou pelo prestador do serviço, na condição de substituto tributário, não integram a base de cálculo da COFINS e cia contribuição destinada ao PIS. 7. Entrementes, as informações prestadas pelo órgão local da Secretaria da Receita Federal, coerenteniente, elucidam z a quaestio iuris: "... o regime de substituição tributária envolve uma presunção cie fato gerador. O .fato gerador presumido diz respeito às contribuições devidas pela concessionária, não se confundindo, pois, com as contribuições do próprio fabricante, a que alude o art. 30, § 2", I, da Lei n°9.718/98, especialmente no que diz respeito à exclusão do IPL Este dispositivo trata da base de cálculo usual do PIS e da COFINS vinculada a fato gerador praticado pelo fabricante ou importador, na condição de contribuinte do IN. Exemplificando: o fabricante, contribuinte do IPI, tem de apurar o que ele - .fabricante - deve a titulo de PIS e COFINS. Para isso, ele - fabricante - deve determinar o valor do seu faturamento, que é a base de cálculo dessas contribuições. Ora, por certo que o IPI devido pelo .fabricante não poderia ser considerado para fins de determinação do .faturamento dele (o valor destacado em nota fiscal é repassado aos cofres públicos), donde a exclusão ).‘)7 Processo n° 10805.002008/2004-31 S2-Cut Acórdão n.° 2101-00.011 Fl. 101 prevista pelo tal dispositivo da Lei 9.718/98 que, repito, é comando dirigido ao fabricante (contribuinte do (..) tanto é verdade que o IPI está incluído no preço de venda do fabricante que o legislador teve de expressamente excluí-lo, para fins de determinar o .fituraniento do fabricante, pois, de outra forma, estar-se-ia a considerar o IPI destacado na nota fiscal pelo .fabricante como se fosse receita dele. Situação totalmente diversa Ó a apuração do "'aturamento do revendedor, que não é contribuinte do IPI (não há destaque na nota fiscal). Assim, esqueçamos, por ora, o regime de substituição tributária. Na situação acima proposta (sem substituição), o revendedor de automóveis não tem nem de pensar no IPI, que está embutido no custo da mercadoria e, ademais, será integralmente repassado ao consumidor final, Logo, quando se pergunta qual o .faturamento do revendedor (base de cálculo do que ele - revendedor - deve a título de PIS e COFINS), é obvio que a resposta somente poderá ser o preço de venda do veículo ao consumidor .final. Dizer, ou reclamar, que nesse preço está incluído o IPI é algo de tão esclarecedor quanto dizer que nele está incluído o custo do motor do carro e de todas as demais peças que o compõe. Ou seja, não é preciso dizer, É óbvio que todo o custo do produto, somado à margem de lucro do revendedor, integra o seu preço final, pago pelo consumidor. O que parece ocorrer é que existe uma enorme dificuldade, por parte das impetrantes, em perceber a diferença entre as situações, deveras díspares, do fabricante (contribuinte do IPI) e do revendedor (não contribuinte do IPI), para fins de determinar o fituramento (base de cálculo) de cada 11171 deles. Nesse sentido, considerando o disposto no art. 3", § I", I, da Lei 9.718/98, é importante, no caso em tela, ter em mente dois pontos básicos, a saber: 1. Os revendedores varejistas de veículos não são contribuintes de IPI, quer dizer, não destacam o valor do mesmo nas notas fiscais de venda; e 2. A exclusão do valor do IPI prevista no art. 3", § I", I, refere-se apenas a pessoas jurídicas que são contribuintes do IPI, posto que apenas pode ser excluído o valor do IPI quando destacado em separado 110 documento .fiscal." (fls. 71/73). 8. Destarte, a exclusão do IPI da base de cálculo do PIS e da COFIN,S. somente aproveita o contribuinte do aludido imposto (o .fabricante), quando da apuração de seu próprio .faturamento, a fim de efetuar o recolhimento das contribuições devidas pelo mesmo. 9.Consectariamente, a referida dedução, prevista no artigo 3"„' 2", I, da Lei 9.718/98, não se aplica aos comerciantes varejistas, ( 8 Processo rf 10805.002008/2004-31 S2-C1T1 Acórdão n.° 2101-00.011 Fl. 102 não contribuintes rlo IPI, donde se dessume a legalidade da IN SRF 54/2000. (negrito não do original) 10. Recurso especial a que se nega provimento." Conclusão Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 03 de março de 2009. MARIA TERE s(e,-4" MARTINEZ LÓPEZ 9
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Numero do processo: 10166.729151/2011-75
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO.
Se o acórdão recorrido não aplica determinada súmula CARF, e o paradigma indicado, em situação fática semelhante, longe de contrariar dita súmula CARF, expressamente a aplica, o Recurso Especial deve ser conhecido, desde que atendidos os demais pressupostos regimentais de admissibilidade.
AÇÃO DE OFERTA DE ALIMENTOS. CONTRIBUINTE ALIMENTANTE COABITANDO COM A CÔNJUGE. NATUREZA DE DEVER FAMILIAR.
Assim como a legislação civil não comporta a comunicação unilateral para a exoneração dos alimentos fixados, a legislação fiscal só permite a dedução dos alimentos pagos em cumprimento às normas do Direito de Família. O dever de prestar alimentos não se confunde com o dever de sustento decorrente do poder familiar. O dever de sustento dos cônjuges se transforma em dever de prestar alimentos quando há a ruptura da vida conjugal.
Numero da decisão: 9202-007.638
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que não conheceu do recurso. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Redatora Designada
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO. Se o acórdão recorrido não aplica determinada súmula CARF, e o paradigma indicado, em situação fática semelhante, longe de contrariar dita súmula CARF, expressamente a aplica, o Recurso Especial deve ser conhecido, desde que atendidos os demais pressupostos regimentais de admissibilidade. AÇÃO DE OFERTA DE ALIMENTOS. CONTRIBUINTE ALIMENTANTE COABITANDO COM A CÔNJUGE. NATUREZA DE DEVER FAMILIAR. Assim como a legislação civil não comporta a comunicação unilateral para a exoneração dos alimentos fixados, a legislação fiscal só permite a dedução dos alimentos pagos em cumprimento às normas do Direito de Família. O dever de prestar alimentos não se confunde com o dever de sustento decorrente do poder familiar. O dever de sustento dos cônjuges se transforma em dever de prestar alimentos quando há a ruptura da vida conjugal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que não conheceu do recurso. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Redatora Designada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 91 51 /2 01 1- 75 Fl. 426DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão nº 2301005.039, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2 ª Seção, proferido na sessão do dia 11 de maio de 2017, que restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2006 PENSÃO ALIMENTÍCIA. NORMAS DO DIREITO DE FAMÍLIA. ALCANCE. As normas do direito de família não condicionam a fixação de alimentos à separação judicial dos cônjuges. Com o trânsito em julgado da sentença homologatória do acordo de separação de fato com prestação de alimentos não compete aos órgãos fazendários reexaminarem o direito dos alimentandos. Recurso Voluntário Provido Na origem, tratase de lançamento para cobrança de IRPF relativo ao ano calendário 2006, em razão da glosa de dedução de pensão alimentícia e despesas médicas e com educação dos alimentandos Em seu Recurso Especial, a Fazenda Nacional destaca os seguintes pontos: In casu, o ponto fulcral da sustentação do contribuinte é que os Acordos Homologados Judicialmente apresentados são hábeis, idôneos e suficientes para a dedução declarada, devendo a autoridade administrativa tão somente acatálos, pois decorrem de decisão judicial. Aduz que as situações particulares para as suas homologações são exclusivamente da alçada do Poder Judiciário; a questão da dissolução da sociedade conjugal não tem qualquer relação com a obrigação de prestar alimentos. (...) O fato de estar de posse da homologação judicial não lhe dá direito automático à dedução fiscal, querendo fazer crer que o Poder Judiciário analisou todas as suas peculiaridades privadas (dissolução da sociedade conjugal, coabitação de alimentante e alimentando, além de outras enumeradas nesta Decisão) e, mesmo assim, assentou o Acordo como hábil para benefício tributário. Fl. 427DF CARF MF Processo nº 10166.729151/201175 Acórdão n.º 9202007.638 CSRFT2 Fl. 427 3 A não dissolução da sociedade conjugal, conjugada com a coabitação (que pode ser sim provada), é elemento hábil de cognição da não existência de rompimento do vínculo marital e das responsabilidades que dele decorrem. Tais condições particulares demonstram a ausência de interesse em agir, uma vez que a postulação de alimentos que estão sendo providos, normal e regularmente, carece de necessidade, apontando de forma patente para caso de mera liberalidade ou de interesse em benefício fiscal. Apresenta como paradigma o acórdão 2402005.493, que restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98. JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA A FLUÊNCIA Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício. O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo. Recurso Voluntário Negado.. Conforme despacho de admissibilidade de efls. 357/362, foi dado seguimento ao REsp nos seguintes termos: Mediante análise dos autos, vislumbro a similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, motivo pelo qual entendo que está configurada a divergência jurisprudencial apontada pela Fazenda Nacional. Fl. 428DF CARF MF 4 De fato, as decisões em comento divergiram sobre a possibilidade de dedução de pensão alimentícia, homologada judicialmente, quando não se verifique a efetiva dissolução da sociedade conjugal. Intimado, o Contribuinte apresentou Contrarrazões de efls. 372/397, requerendo o não conhecimento do Recurso Especial interposto pela PGFN e caso seja conhecido, que seja negado provimento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial pela PGFN é tempestivo devendo ser observado os demais requisitos de admissibilidade. A discussão diz respeito a possibilidade de dedução de pensão alimentícia, homologada judicialmente, quando não se verifique a efetiva dissolução da sociedade conjugal. 1. Preliminar de não conhecimento O Contribuinte, em suas contrarrazões requer o não conhecimento do REsp interposto pela Fazenda Nacional, com fundamento no art. 67, § 3º do RICARF: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso. O Contribuinte destaca que o acórdão recorrido se baseou integralmente no entendimento da Súmula CARF nº 98 (vigente à época), transcrita abaixo: Súmula CARF nº 98 A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. (Súmula revogada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Acórdão recorrido: Fl. 429DF CARF MF Processo nº 10166.729151/201175 Acórdão n.º 9202007.638 CSRFT2 Fl. 428 5 As normas do direito de família não condicionam a fixação de alimentos à separação judicial dos cônjuges. Com o trânsito em julgado da sentença homologatória do acordo de separação de fato com prestação de alimentos não compete aos órgãos fazendários reexaminarem o direito dos alimentandos. O paradigma a época da análise, aplica a Súmula. Assim, apesar de revogada posteriormente, a Súmula CARF nº 98 estava vigente à época dos fatos tempus regit actum. Nesse sentido, voto em não conhecer do Recurso Especial interposto pela PGFN. Mérito Da leitura dos autos e das informações apresentadas pela Fiscalização se observa os seguintes pontos: · que não houve propriamente a dissolução da sociedade conjugal; · de acordo com o cadastro junto a SRFB, os cônjuges preencheram suas declarações com o mesmo endereço, logo viviam em coabitação; Assim, entendido que está mantido o vínculo conjugal, destaco o voto da Ilma. Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz, proferido no acórdão nº 9202007.118: Ocorre que, quando mantido o vínculo conjugal, as relações familiares de mútuo sustento são regidas no âmbito da família, não havendo qualquer necessidade de intervenção jurídica. Ora, o direito surge para tutelar bens jurídicos, como dito anteriormente, assim, não havendo violação ao bem jurídico, não há que se falar em tutela jurídica. Com isso, observase que o pagamento da pensão alimentícia, quando mantido o vínculo conjugal, embora não proibido pelo direito; pois no direito privado é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, em decorrência do princípio da autonomia da vontade; possui cunho convencional e não obrigatório. Cabe salientar que importa ao direito de família o cumprimento da obrigação legal de pagar alimentos, pois o seu descumprimento enseja, inclusive, a prisão por dívida, o que não ocorre diante do inadimplemento de uma obrigação convencional. Assim, no presente caso, pois a pensão alimentícia descrita na norma é, por uma interpretação lógica e sistemática jurídica, a decorrente de uma obrigação legal e não a decorrente de mera liberalidade. Fl. 430DF CARF MF 6 Por todo o exposto, voto por conhecer do recurso interposto pelo Contribuinte e, no mérito, negarlhe provimento. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial interposto pela PGFN. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Discordo da Ilustre Conselheira Relatora, no que tange ao conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. No acórdão recorrido, foi dado provimento ao Recurso Voluntário, considerandose que as normas do direito de família não condicionam a fixação de alimentos à separação judicial dos cônjuges. A Fazenda Nacional, por sua vez, visa rediscutir a possibilidade de dedução a título de pensão alimentícia, quando não há dissolução da sociedade conjugal. Em sede de Contrarrazões, o Contribuinte pede o não conhecimento do apelo, alegando que o acórdão recorrido teria aplicado o entendimento da Súmula CARF nº 98, e que o paradigma indicado pela Fazenda Nacional estaria a contrariar dita súmula. Ademais, alega a inexistência de similitude fática entre os julgados em confronto. De plano, esclareçase que o acórdão recorrido, proferido posteriormente à edição da Súmula CARF nº 98, sequer a menciona, portanto qualquer conclusão no sentido de que dito julgado teria adotado o entendimento esposado naquele enunciado teria de vir acompanhado de fundamentação nesse sentido, e isso implicaria adentrar ao mérito do recurso, o que é vedado em sede de aferição acerca do conhecimento do apelo. Assim, não se confirmando que o acórdão recorrido aplicou entendimento de súmula, não há que se falar em descumprimento do art. 67, § 3º, do Anexo II, do RICARF, como aventou o Contribuinte em Contrarrazões. Por outro lado, o paradigma indicado pela Fazenda Nacional Acórdão nº 2402005.493 aplica a Súmula CARF nº 98, o que se confirma pela simples leitura de sua ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os Fl. 431DF CARF MF Processo nº 10166.729151/201175 Acórdão n.º 9202007.638 CSRFT2 Fl. 429 7 alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98." (grifei) Ora, se o paradigma aplicou a Súmula CARF nº 98, obviamente que não a contrariou, de sorte que é plenamente apto a demonstrar a alegada divergência, portanto mais uma vez se equivoca o Contribuinte, desta feita ao defender a aplicação do art. 67, § 12, inciso III, do Anexo II, do RICARF, inaplicável ao caso. Quando à alegada ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, esta também não se confirma, conforme será demonstrado. A Fazenda Nacional indicou como paradigma o Acórdão nº 2402005.493, assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98. JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA A FLUÊNCIA Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício. O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo. Recurso Voluntário Negado." (grifei) Fl. 432DF CARF MF 8 A leitura da ementa já permite constatar a similitude fática entre os julgados, visto que, tal como no acórdão recorrido, o paradigma trata de dedução, da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física, de valores pagos a título de pensão alimentícia, em decorrência de acordo homologado judicialmente, quando não verificada a dissolução da sociedade conjugal. Enquanto no acórdão recorrido decidiuse pela possibilidade da dedução, no paradigma a conclusão foi em sentido oposto. Assim, resta demonstrada a divergência jurisprudencial. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, acompanhando a Relatora, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 433DF CARF MF
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Numero do processo: 18471.001552/2003-13
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Jun 04 00:00:00 UTC 2009
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF
Ano-calendário: 2002
AÇÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA.
POSSIBILIDADE.
Medida judicial que suspende a exigibilidade do crédito tributário não impede o lançamento, que se não efetivado em tempo hábil será atingido pela decadência.
NORMAS PROCESSUAIS. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL.
Não se conhece de matéria, suscitada em recurso voluntário, que consta em debate pelo contribuinte no Judiciário.
DEPÓSITO JUDICIAL DO MONTANTE INTEGRAL. EXIGIBILIDADE
SUSPENSA. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFICIO.
INAPLICABILIDADE.
É inaplicável o lançamento da multa de oficio no caso de auto de infração lavrado quando a exigibilidade do crédito tributário estava suspensa por depósito judicial do montante integral anterior ao inicio de qualquer procedimento de oficio a ele relativo.
NORMAS PROCESSUAIS. JUROS. TAXA SELIC. DEPÓSITO JUDICIAL
INAPLICABILIDADE.
A realização de depósito judicial do valor integral do crédito tributário, dentro do prazo de vencimento do tributo, afasta a aplicação da Taxa Selic, posto que o valor depositado é disponibilizado ao credor desde a data da realização do depósito, pelo que não se configura mora nesta hipótese.
Recursos de Oficio negado e Voluntário Provido na Parte Conhecida.
Numero da decisão: 2101-000.195
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda
Seção de Julgamento, por unanimidade de votos: 1 - em negar provimento ao recurso de oficio; 2 — rejeitar a preliminar de nulidade; 3 - não conhecer do recurso voluntário relativamente à
matéria em discussão concomitante com o Poder Judiciário. 4 — em dar provimento ao recurso, em relação aos juros de mora sobre o valor depositado. Fez sustentação oral, pela recorrente, o
Dr. Spencer Daltro de Miranda Filho OAB/RJ 17.615.
Matéria: CPMF - ação fiscal- (insuf. na puração e recolhimento)
Nome do relator: ANTONIO LISBOA CARDOSO
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF Ano-calendário: 2002 AÇÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. Medida judicial que suspende a exigibilidade do crédito tributário não impede o lançamento, que se não efetivado em tempo hábil será atingido pela decadência. NORMAS PROCESSUAIS. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. Não se conhece de matéria, suscitada em recurso voluntário, que consta em debate pelo contribuinte no Judiciário. DEPÓSITO JUDICIAL DO MONTANTE INTEGRAL. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFICIO. INAPLICABILIDADE. É inaplicável o lançamento da multa de oficio no caso de auto de infração lavrado quando a exigibilidade do crédito tributário estava suspensa por depósito judicial do montante integral anterior ao inicio de qualquer procedimento de oficio a ele relativo. NORMAS PROCESSUAIS. JUROS. TAXA SELIC. DEPÓSITO JUDICIAL INAPLICABILIDADE. A realização de depósito judicial do valor integral do crédito tributário, dentro do prazo de vencimento do tributo, afasta a aplicação da Taxa Selic, posto que o valor depositado é disponibilizado ao credor desde a data da realização do depósito, pelo que não se configura mora nesta hipótese. Recursos de Oficio negado e Voluntário Provido na Parte Conhecida.
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LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. Medida judicial que suspende a exigibilidade do crédito tributário não impede o lançamento, que se não efetivado em tempo hábil será atingido pela decadência. NORMAS PROCESSUAIS. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. Não se conhece de matéria, suscitada em recurso voluntário, que consta em debate pelo contribuinte no Judiciário. DEPÓSITO JUDICIAL DO MONTANTE INTEGRAL. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFICIO. INAPLICABILIDADE. É inaplicável o lançamento da multa de oficio no caso de auto de infração lavrado quando a exigibilidade do crédito tributário estava suspensa por depósito judicial do montante integral anterior ao inicio de qualquer procedimento de oficio a ele relativo. NORMAS PROCESSUAIS. JUROS. TAXA SELIC. DEPÓSITO JUDICIAL INAPLICABILIDADE. A realização de depósito judicial do valor integral do crédito tributário, dentro do prazo de vencimento do tributo, afasta a aplicação da Taxa Selic, posto que o valor depositado é disponibilizado ao credor desde a data da realização do depósito, pelo que não se configura mora nesta hipótese. Recursos de Oficio negado e Voluntário Provido na Parte Conhecida. O Processo n° 18471.001552/2003-13 S2-C1T1 Acórdão n.° 2101-00.195 Fl. 154 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1' Câmara / 1' Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos: 1 - em negar provimento ao recurso de oficio; 2 — rejeitar a preliminar de nulidade; 3 - não conhecer do recurso voluntário relativamente à matéria em discussão concomitante com o Poder Judiciário. 4 — em dar provimento ao recurso, em relação aos juros de mora sobre o valor depositad • ez sustentação oral, pela recorrente, o Dr. Spencer Daltro de Miranda Filho OAB/RJ 17 • de. II MARCOS CÂNDI O residente • k ,(1)1 0- A TO 10 LISBOA A' SO Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Maria Cristina Roza da Costa, Antonio Zomer, Domingos de Sá Filho, Antonio Carlos Atulim, Ivan Allegretti (Suplente) e Maria Teresa Martínez López. Relatório Adoto o relatório da DRJ-Rio de Janeiro 1/RJ (fls. 123/127), nos seguintes termos: "Trata-se do Auto de Infração de fls. 04/33, lavrado pela Delegacia de Fiscalização do Rio de Janeiro em 23/06/2003 (fl. 04), com ciência da Interessada em 24/06/2003 (/1. 04), no qual é informado que foi efetuado lançamento para prevenir a decadência, tendo sido apurado crédito tributário de CPMF, no valor de R$ 1.868.053,97, acrescido da multa de 75% e dos juros de mora. 2.No Auto de Infração, os fatos foram assim descritos: "001 - CPMF - MEDIDAS JUDICIAIS (A PARTIR DE 17/06/99) FALTA DE RECOLHIMENTO DA CPMF - MEDIDAS JUDICIAIS (A PARTIR DE 17/06/99) A presente empresa obteve através do processo N.2002.510105712-8, da 27 Vara Federal, autorização judicial. para depositar os. valores questionados, a titulo de CPMF, incidentes sobre o CONTRATO DE CAMBIO 2 Processo n° 18471.001552/2003-13 - Acórdão n.° 2101-00.195 S2-C1T1 Fl. 155 _ DE COMPRA- TIPO 03 (TRANSFERENCIAS FINANCEIRAS DO EXTERIOR) em anexo, bem como a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Face ao exposto e em cumprimento da determinação contida no processo numero 10768.017853/2002-32, as fls.128, em anexo, procedemos o lançamento do credito tributário, conforme consta do presente auto de infração, para resguardar Os interesses da Fazenda Nacional, afastando-se o vicio da decadência. Fato Gerador Vai. Tributável Multa (%) 19/04/2002 R$491.593.150,00 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL Arts.2°, 4°, 5°, 6° e 7°, da Lei n° 9.311/96 e Art. I° da Lei n.°9.539/97 c/c Art. I° da Emenda Constitucional n°21/99" 3. Inconformada, a Interessada, por meio de seu procurador (procuração de fl. 53) apresentou a Impugnação de fls. 36/51, com anexos de fls. 52/115, na qual requer a nulidade do Auto de 1 Infração, em virtude das intransponíveis deficiências na descrição dos fatos que deram origem à exigência fiscal, o que impossibilita o adequado exercício do direito de defesa e, se assim não entender o Julgador, seja julgado improcedente o Auto de Infração, porquanto aquele lançamento a débito realizado na sua conta bancária não deu ensejo à circulação escritural ou fisica de moeda, o que não proporciona a ocorrência do fato gerador da CPMF, e caso não concorde o Julgador com os pedidos anteriores, solicita que sejam julgados improcedentes a multa e os juros de mora, porquanto o depósito judicial foi efetivado antes do vencimento da obrigação de recolher a CPMF e, ainda, seja determinada a redução do valor do principal da CPMF para R$ 1.829.136,17, na medida em que o referido lançamento a débito na conta corrente da Impugnante foi de valor inferior àquele mencionado no Auto de Infração. As alegações apresentadas na Impugnação foram as seguintes, em síntese: '.* NULIDADE DO AUTO DE INFRA CÃO.,. 3.1 que, no Auto de Infração impugnado, foi apenas mencionado não ter a Impugnante recolhido a CPMF devida em virtude de contrato de câmbio de compra — Tipo 03 (transferências financeiras do exterior), sem ter sido, contudo, identificada a operação de câmbio questionada, o que, sem dúvida, impossibilita a Impugnante de conhecer a operação de câmbio a que se refere a exigência Fiscal questionada, impedindo-a de exercitar adequadamente o direito à ampla defesa; 3.2 que, adicionalmente, revela-se incompreensível a descrição dos fatos, na medida em que o processo judicial n° 2002.51.01.005712-8, mencionado no Auto de Infração, objetiv _____ 3 Processo n° 18471.001552/2003-13 S2-C1T1 Acórdão n.° 2101-00.195 Fl. 156 afastar a exigência de recolhimento de CPMF em virtude de lançamento a débito em conta corrente bancária; 3.3 que não menos relevante é ter-se presente que, na legislação de regência da CPMF, não consta a celebração de contrato de câmbio como sendo fato gerador dessa contribuição; 3.4 que, assim, impõe-se seja reconhecida a nulidade do Auto de Infração, por contrariedade aos artigos 10, inciso HL e 59, inciso II, do Decreto n° 70.235/1972, pois não foram descritos os fatos que deram origem à exigência fiscal, prejudicando o direito de defesa da Impugnante; SÃO INDEVIDOS OS JUROS E A MULTA 3.5 que o processo judicial n° 2002.51.01.005712-8 é um mandado de segurança (doc. 03, fls. 79/100), no qual a Impugnante requereu a concessão de segurança para que o Delegado da Receita Federal se abstivesse de praticar qualquer ato de cobrança de CPMF, seja da Impetrante, seja do Banco ABN AMRO Real S/a, referente a lançamento a débito na conta- corrente n° 07000253 da Impugnante, da importância em reais correspondente a até US$ 237.596.519,60, destinada a contratação de contrato(s) de câmbio de compra simbólico(s), cujo objetivo é permitir o registro, no Registro de Operações Financeiras (ROF) do Banco Central do Brasil, de parte dos desembolsos originários do Contrato n° 1051/0C -BR, celebrado entre a Impugnante e o Banco Interamericano de Desenvolvimento; 3.6 que, no caso, o depósito judicial da importância de R$ 1.868.053,97, referente à CPMF que a autoridade impetrada pretendia cobrar em virtude da realização do mencionado lançamento a débito em conta-corrente bancária, foi realizado em 19/04/2002, conforme cópia do respectivo comprovante de depósito (doc. 04, fl. 102); 3.7 que o referido lançamento a débito na conta-corrente n° 0700253 da Impugnante, no Banco ABN AMR0 Real S/A, foi efetivado posteriormente em 24/04/2002, conforme comprova o extrato da referida conta-corrente bancária (doc. 05, fi. 104), onde há um lançamento a débito no valor de R$ 481.351.624,08, referente ao Contrato de Câmbio de Compra (doc. 06, fls. 106/108); 3.8 que, assim, o depósito judicial do valor correspondente à CPMF ocorreu antes da efetivação do referido lançamento a débito na conta corrente bancária, que, ao ver da autoridade impetrada, seria o fato gerador da CPMF, sendo importante frisar que o valor depositado a disposição do Juizo é idêntico ao valor da CPMF exigido no Auto de Infração; 3.9 que se o depósito judicial foi efetivado antes da ocorrência do pretenso fato gerador, nada é devido a título de juros e de multa, caso seja ao final julgado improcedente o mandamus, 4 Processo n° 18471.001552/2003-13 S2-C1 T1Acórdão n.° 2101-00.195 Fl. 157 porquanto não houve mora da Eletrobrás, que também é a ora Impugnante, sendo que, afinal, o depósito judicial foi efetivado antes de nascer a obrigação tributária questionada e, por conseqüência, antes do vencimento da obrigação de recolher a CPMF; 3.10 que há outra razão de direito para exclusão da multa exigida no Auto de Infração, vez que este se destinou a constituir o crédito tributário com a finalidade de evitar a decadência, o que implica não caber o lançamento da multa de oficio, a teor do que dispõe o artigo 63 da Lei n° 9.430/1996; O MÉRITO 3.11 que a Impugnante, no Processo n° 2002.51.01.005712-8, objetiva afastar a exigência de CPMF em montante idêntico ao valor da contribuição exigida no Auto de Infração ora impugnado; 3.12 que o lançamento a débito na referida conta corrente, quando da liquidação do contrato de câmbio de compra, não representou circulação escritural de moeda ou, ainda, a saída de divisas do Brasil, simplesmente porque a operação foi simbólica, destinada apenas e tão-somente a possibilitar o registro dos desembolsos do Contrato n° 1051/0C-BR, que transitaram pela extinta conta da Eletrobrás, na extinta agência do Banco Real S/A em Washington, no Registro de Operações Financeiras (ROF) do Banco Central do Brasil; 3.13 que outra comprovação de que os aludidos contratos de câmbio simbólicos e simultâneos e os respectivos lançamentos, também simbólicos e simultâneos, na conta bancária da Impugnante, não corresponderam à circulação escritural da moeda, é a informação contida na carta do Banco ABN AMRO Real Ltda. enviada à Impugnante (doc. 07, fls. 110/111), no sentido de que todos os valores que transitaram pela referida conta da Impugnante, na agência do Banco Real em Washington, foram sacados pela Impugnante até 16/07/1999, antes do fechamento da referida conta bancária; ERRO QUANTO AO VALOR DA CPMF EXIGIDA 3.14 que o referido lançamento a débito foi efetuado em 24/04/2002, no valor de R$ 481.351.624,08, conforme comprova o extrato da referida conta corrente (doc. 05, fl. 104) e respectivo contrato de câmbio (doc. 06, fls. 106/108), pertinente a US$ 204.830.478,33; 3,15 que se esse lançamento a débito na conta corrente da Impugnante desse origem à obrigação de recolher a CPMF, o que só se admite para argumentar, o valor da contribuição seria de R$ 1.829.136,17 (481.351.624,08 x 0,38%) e não de R$ 1.868.053,97, como consta no Auto de Infração, obtido pela multiplicação do equivocado valor tributável de R$ 491.593.150,00 por 0,38%. 5 Processo n° 18471.001552/2003-13 82-C1T1 Acórdão n.° 2101-00.195 Fl. 158 4.É o Relatório." A DRJ do Rio de Janeiro (I) manteve o lançamento parcialmente procedente, afastando a multa de oficio (75%), bem como exonerou o crédito de CPFM no valor de R$38.917,80 (1868.053,97 — 1.829.136,17), mantendo-se o crédito tributário no valor de R$1.829.136,17, ou o que ensejou o necessário recurso de oficio, tendo em vista o crédito exonerado ser superior ao valor de alçada (R$1.000.000,00). A decisão recorrida está sintetizada nos termos da ementa de fls. 120/121, in verbis: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2002 AÇÃO JUDICIAL. IMPUGNAÇÃO. CONCOMITÂNCIA PARCIAL DE OBJETO. Em face do princípio constitucional de unidade de jurisdição, a existência de ação judicial e parte da impugnação do contribuinte com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas desta parte da impugnação, sendo de se aplicar o que for definitivamente decidido pelo Poder Judiciário. DEPÓSITO JUDICIAL DO MONTANTE INTEGRAL. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE. É inaplicável o lançamento da multa de oficio no caso de auto de infração lavrado quando a exigibilidade do crédito tributário estava suspensa por depósito judicial do montante integral anterior ao inicio de qualquer procedimento de oficio a ele relativo. DEPÓSITO JUDICIAL DO MONTANTE INTEGRAL. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. AUTO DE INFRAÇÃO. JUROS DE MORA. APLICABILIDADE. É aplicável o lançamento de juros de mora no caso de auto de infração lavrado quando a exigibilidade do crédito tributário estava suspensa por depósito do montante integral do crédito tributário, cabendocabendo ao fisco, no caso de decisão final da justiça favorável à União, cobrar o principal e os juros de mora pertinentes, levando em devida consideração o depósito efetuado. Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF Ano-calendário: 2002 ERRO NO VALOR TRIBUTÁVEL. 6 Processo n° 18471.001552/2003-13 • Acórdão n.° 2101-00.195 S2-C1T1 Fl. 159 Verificado erro no valor tributável da CPMF, cabe a autoridade julgadora retificá-lo, desde que isto não signifique agravamento do lançamento." No recurso de fls. 140/148, protocolizado em 13/06/2007, tendo tomado ciência da decisão em 18/05/2007 (AR fls. 136), a recorrente reitera os argumentos de sua impugnação, frisando sobretudo ser absolutamente desnecessário o auto de infração pela impossibilidade de a União ter qualquer perda com decadência em relação ao valor depositado em Juizo, caso o mandamus seja julgado improcedente, e ainda, ser ilegal a exigência de juros de mora sobre o valor integralmente depositado. É o relatório. Voto Conselheiro ANTÔNIO LISBOA CARDOSO, Relator Os recursos de oficio e voluntário atendem as condições necessárias de admissibilidade. O recurso de oficio deve ser negado por seus próprios fundamentos, porquanto a decisão recorrida pautou-se nos estritos limites impostos pelo art. 63, da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação determinada pela MP no 2.158-35, de 2001, que expressamente afasta a multa de oficio quando a constituição do crédito tributário se destinar a prevenir a decadência "cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151, da Lei 5.172,...", combinado-se com o inciso II do mesmo artigo do CTN, o depósito do montante integral do crédito tributário suspende a sua exigibilidade. Em relação à divergência do valor da CPMF exigida, constatado que houve erro de cálculo, correta a decisão que exonerou o crédito indevidamente exigido. Desta forma nego provimento ao recurso de oficio. A preliminar de nulidade suscitada pela recorrente deve ser rejeitada, porquanto os fatos foram bem detalhados no Auto de Infração, tanto que possibilitou à Recorrente apresentar defesa a contento. - Em relação à opção do contribuinte pela via judicial, implica renúncia ou desistência da via administrativa, tendo em vista a prevalência da primeira sobre a segunda, devendo o processo administrativo seguir a solução definitiva dada ao processo judicial, é nesse sentido que a jurisprudência do colendo Segundo Conselho de Contribuintes caminhou, estando o assunto inclusive sumulado (Súmula n° 1), in verbis: "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo." 7‘ies. Processo n° 18471.001552/2003-13 S2- C1T1Acórdão n.° 2101-00.195 Fl. 160 Portanto, não se conhece do recurso em relação às matérias submetidas á apreciação do Poder Judiciário nos autos do Mandado de Segurança n° 2002.51.01.005712-8, destinado à afastar a exigência do recolhimento de CPMF em virtude de lançamento a débito em conta corrente bancária. Entretanto, entendo assistir razão à recorrente quanto à exigência de juros de mora, devendo por isso o recurso ser conhecido parcialmente, vez que a exigência de juros de mora sobre o valor depositado não foi discutido na via judicial. De fato, de acordo com o art. 151, II, do CTN, o depósito do seu montante integral suspende a exigibilidade do crédito tributário, não havendo porque a incidência de juros, como aconteceu no caso. Tendo em vista a unificação dos Conselhos de Contribuintes operado por força da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 27 de maio de 2009 (DOU 28/05/2009), em um só órgão, atribuindo a segunda instância a este colendo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, nos termos do art. 48 da referida lei, nos seguintes termos: "Art. 48. O Primeiro, o Segundo e o Terceiro Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda, bem como a Câmara Superior de Recursos Fiscais, ficam unificados em um órgão, denominado Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, com competência para julgar recursos de oficio e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos especiais, sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil." Logo, em razão da unificação dos Conselhos de Contribuintes deve ser aplicada, inclusive, a Súmula n° 5 do então Primeiro Conselho de Contribuintes, que afasta a exigência dos juros de mora quando existir depósito no montante integral, in verbis: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral, conforme determina a Súmula n°5 do 1° CC." Portanto, uma vez que está comprovada a realização de depósito judicial do valor integral do crédito tributário, dentro do prazo de vencimento do tributo, deve ser afastada a aplicação da Taxa Selic, posto que o valor depositado é disponibilizado ao credor desde a data da realização do depósito, pelo que não se configura mora nesta hipótese. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de oficio, conhecer em parte do recurso voluntário, em razão da opção pela via judicial, e na parte conhecida dar-lhe provimento. ala das Sessões, -m 04 de junho de 2009. NTONI o LIS OA A' BO' 8
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Numero do processo: 19985.724377/2015-34
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE.
Nos termos do art. 65 do RICARF somente é cabível Embargos de Declaração se restar comprovada a existência de omissão, contradição ou obscuridade no acórdão.
Sanada a obscuridade no voto condutor, vez que a ementa não consignou matéria discutida pelo colegiado.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. RESERVA REMUNERADA. ISENÇÃO.
Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda.
Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(grifos nossos)
Numero da decisão: 2002-000.720
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para retificação da ementa do acórdão nº 2002-000.139, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. Nos termos do art. 65 do RICARF somente é cabível Embargos de Declaração se restar comprovada a existência de omissão, contradição ou obscuridade no acórdão. Sanada a obscuridade no voto condutor, vez que a ementa não consignou matéria discutida pelo colegiado. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. RESERVA REMUNERADA. ISENÇÃO. Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(grifos nossos)
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OBSCURIDADE. Nos termos do art. 65 do RICARF somente é cabível Embargos de Declaração se restar comprovada a existência de omissão, contradição ou obscuridade no acórdão. Sanada a obscuridade no voto condutor, vez que a ementa não consignou matéria discutida pelo colegiado. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. RESERVA REMUNERADA. ISENÇÃO. Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(grifos nossos) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para retificação da ementa do acórdão nº 2002000.139, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 98 5. 72 43 77 /2 01 5- 34 Fl. 92DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Tratase de Embargos de Declaração (efls. 85/86) opostos pela Fazenda Nacional contra acórdão que deu provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, cujo objeto era a isenção de seus provimentos vez que é portador de moléstia grave elencada na legislação. O acórdão 2002000.139 recebeu a seguinte ementa e dispositivo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário:2012 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. RESERVA REMUNERADA. ISENÇÃO. VERDADE MATERIAL Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(grifos nossos) PROCESSUAL. PROVA. PRECLUSÃO. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA VERDADE MATERIAL. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 19985.724377/201534 Acórdão n.º 2002000.720 S2C0T2 Fl. 3 3 A apresentação de prova documental, após o decurso do prazo de impugnação, pode ser admitida excepcionalmente, a fim de que a decisão não contrarie os princípios da legalidade e da verdade material, que prevalecem sobre o formalismo processual. Decisão: (Acórdão 30130777 14/10/2003) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Por meio do despacho de efls. 89/90 a presidente desta Turma concluindo pela existência da obscuridade apontada, acolhendo os embargos e redistribuindo os autos a esta Relator, nos temos do art. 65 do RICARF. É o relatório. Voto Thiago Duca Amoni Relator. Conforme consta do relatório, tratase de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional por meio do qual é pleiteado o saneamento de obscuridade apontada no voto deste relator, cujo mérito não reflete o teor da ementa. De fato, presente a obscuridade apontada pela Fazenda Nacional, vez que a ementa do voto condutor aborda o princípio da verdade material para afastar a preclusão de novas provas documentais apresentadas em sede de Recurso Voluntário, matéria esta não tratada no voto condutor e não discutida pelo colegiado. Desta forma, a ementa do acórdão nº 2002000.139, dever ter a seguinte redação: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário:2012 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. RESERVA REMUNERADA. ISENÇÃO. VERDADE MATERIAL Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Fl. 94DF CARF MF 4 Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(grifos nossos) Diante do exposto, acolho os embargos, sem efeitos infrigentes, sanando a obscuridade apontada na ementa do acórdão nº 2002000.139, que deu provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 95DF CARF MF
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