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Numero do processo: 10580.722163/2013-40
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, as despesas médicas comprovadas com os respectivos recibos e outros documentos.
JUROS SOBRE MULTA.
Aplicação da Súmula 108 do CARF.
Numero da decisão: 2002-000.825
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que lhe deu provimento parcial para afastar a glosa das despesas das e-fls 23 a 31..
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, as despesas médicas comprovadas com os respectivos recibos e outros documentos. JUROS SOBRE MULTA. Aplicação da Súmula 108 do CARF.
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DESPESAS MÉDICAS. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, as despesas médicas comprovadas com os respectivos recibos e outros documentos. JUROS SOBRE MULTA. Aplicação da Súmula 108 do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que lhe deu provimento parcial para afastar a glosa das despesas das efls 23 a 31.. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 21 63 /2 01 3- 40 Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10580.722163/201340 Acórdão n.º 2002000.825 S2C0T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 63/69) contra decisão de primeira instância (fls. 55/58), que julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo. Em razão da riqueza de detalhes, adoto o relatório da DRJ, que assim diz: Tratase de impugnação à notificação de lançamento de fls. 18/22, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, correspondente ao anocalendário de 2009, para exigência de imposto suplementar no valor de R$4.625,29, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme a descrição dos fatos, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido glosado o valor de R$18.339,56, indevidamente deduzido a título de despesas médicas, em razão de a contribuinte regularmente intimada, não ter comprovado as despesas declaradas na sua totalidade. Na impugnação apresentada às fls. 2/15 a contribuinte alega, em síntese, que: • o lançamento é nulo, por ausência de recomposição da base de cálculo e iliquidez do crédito tributário. O agente fiscal esquivouse do seu dever de, em vista da acusação de omissão de receitas, recompor a base de cálculo do IRPF, confrontando eventuais despesas dedutíveis para a verificação da correta base de cálculo do imposto; • caberia à Fiscalização também intimar as pessoas jurídicas indicadas para que prestassem esclarecimentos que a autuada não conseguiu prestar. Houve apenas uma intimação e isso não é suficiente, especialmente considerando que grande parte dos questionamentos formulados na intimação foram esclarecidos a contento; • não ocorreu o fato gerador do IRPF, pois a omissão de rendimentos depende, para que possa ser cogitada, da apuração de acréscimo patrimonial pelo contribuinte, sob pena de não haver o que se omitir. No caso presente a Fiscalização apurou omissão de rendimentos de aluguéis, entretanto não houve qualquer análise quanto às limitações do art. 50 do Regulamento do Imposto de Renda; • com relação às despesas médicas apresentou todas as informações das clinicas que prestaram os serviços, todavia a Fiscalização ao invés de promover a intimação das clínicas restringiuse em promover a glosa das deduções arroladas no auto de infração. O próprio Conselho de Contribuintes admite a dedução na hipótese de pagamento em espécie; • apesar de o presente lançamento não estabelecer que sobre o valor lançado a título de multa de ofício incidirá juros, na cobrança dos créditos tributários a Receita Federal do Brasil tem exigido o pagamento do valor lançado com a inclusão de juros calculados com base na taxa Selic Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10580.722163/201340 Acórdão n.º 2002000.825 S2C0T2 Fl. 4 3 sobre ao valor da multa de ofício, a partir do mês subseqüente à lavratura do auto de infração, o que não é previsto na legislação. O resumo da decisão revisanda está condensado na seguinte ementa do julgamento: DEDUÇÃO NÃO COMPROVADA. É cabível a glosa de dedução não comprovada. Inconformada, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, combatendo a decisão de primeira instância. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator Recurso Voluntário aviado a modo e tempo, portanto dele conheço. A contribuinte foi notificada em 10/09/2015 (fl. 61); Recurso Voluntário protocolado em 09/10/2015 (fl. 63), assinado pela própria contribuinte. Responde a contribuinte nestes autos, pela seguinte infração: a) Dedução Indevida a Título de Despesas Médicas. Relata o Sr. AFRF, que: “Intimado regularmente, o contribuinte não apresentou comprovação das despesas declaradas em sua totalidade”. A r. decisão concluiu que: “a contribuinte não apresentou qualquer comprovação das despesas médicas por ela declaradas e glosadas pela Fiscalização. Se os pagamentos foram efetuados em espécie, como sugere a impugnante, poderia demonstrar os saques de valores e datas correspondentes, pois os extratos, assim como os cheques de sua emissão, ficam disponíveis nas instituições financeiras, e ainda assim teria que apresentar os correspondentes recibos”. Em julgamento a r. decisão manteve o lançamento. Irresignada, a recorrente maneja recurso próprio combatendo o mérito. A r. decisão revisanda não carece de reparos, eis que corretamente analisou os documentos. No relato do Sr. AFRF, o mesmo diz que a contribuinte não apresentou qualquer comprovação das despesas médicas por ela declaradas e glosadas pela ação fiscal. A r. decisão revisanda ratifica a ação fiscal, pois de fato nenhum documento relativo aos fatos desta fiscalização foram apresentados. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10580.722163/201340 Acórdão n.º 2002000.825 S2C0T2 Fl. 5 4 Em sua peça de resistência, a recorrente à fl. 67 dos autos, faz um quadro discriminando os comprovantes apresentados com os respectivos valores e neles só consta uma despesa médica objeto deste recurso, ou seja, da Caixa de Assistência do Banco do Brasil no valor de R$ 4.446,79; ocorre que verificando os documentos acostados aos autos pela recorrente, este recibo não veio aos autos. Documentos juntados fls. 23/31 pela recorrente. A r. decisão revisanda fez uma observação importante, a contribuinte alega que a omissão de rendimentos de alugueis recebidos de pessoas jurídicas no valor de R$ 15.000,00, não ocorreu. É bem de ver, que esta acusação não faz parte destes autos, restando claro que a recorrente deve ter confundido o processado nestes autos. Por fim, quanto a incidência de juros sobre a multa de ofício, aplicase o disposto na Súmula 108 do CARF, que assim diz: “Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.”. Por falta absoluta de documentos comprobatórios, conheço do Recurso Voluntário, e no mérito negase provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 75DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16643.000013/2009-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2004, 2006, 2008.
LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS.
É requisito do lançamento uma descrição de fatos clara e de acordo com os elementos comprobatórios.
LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. PROVA DOS FATOS.
É preciso que a fiscalização comprove os fatos que alega. Para presumir um fato de outro é preciso demonstrar o fato do qual é feita a presunção e esta presunção precisa estar baseada em uma forte conexão entre os dois fatos.
LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. BASE LEGAL.
É preciso haver nexo entre fatos alegados e a base legal indicada.
Numero da decisão: 1101-00.810
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de o o
Nome do relator: CARLOS EDUARDO DE ALMEIDA GUERREIRO
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LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. requisito do lançamento uma descrição de fatos clara e de acordo com os elementos comprobatórios. LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. PROVA DOS FATOS. preciso que a fiscalização comprove os fatos que alega. Para presumir um fato de outro é preciso demonstrar o fato do qual é feita a presunção e esta presunção precisa estar baseada em uma forte conexão entre os dois fatos. LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. BASE LEGAL. preciso haver nexo entre fatos alegados e a base legal indicada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de o o. VALMAR FONS CA DE MENEZES - Presidente. CARLOS EDUA DO DE ALMEIDA GUERREIRO - Relator. EDITADO EM: 16/10/2012 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-CI Ti Acórdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.290 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Benedicto Celso Benicio Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, José Ricardo da Silva (vice-presidente), Manoel Mota Fonseca, e Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma). Relatório Trata-se de recurso de oficio contra decisão que considerou procedente impugnação de auto de infração. Em 12/11/2009, o contribuinte toma ciência do auto de infração de IRPJ e reflexos, referente a omissão de receitas, nos anos de 2003, 2005 e 2007 (proc. fls. 845 a 871). Conforme termo de verificação (proc. fl. 874 a 892), trata-se de um caso de "planejamento tributário de alta complexibil idade, pois se trata afinal de remessas de valores omitidos que se encontravam no exterior, cuja origem é passível de explicação pela juntada de diversas atitudes do contribuinte durante o tempo, que passamos, primeiramente a historiar cronologicamente os fatos praticados e posteriormente apresentar a conclusão final". Na seqüência, a fiscalização narra diversas operações de diversas empresas (proc. fls. 876 a 882). Dentre estas, as seguintes: A Village foi constituída em 01/07/1996, tendo como sócios a PSICR (Escudos 380.000.00) e SPR (Escudos 20.000,00) com capital de Escudos 400.000,00, sediada no endereço ... Pela ata n° 13 é registrado decisão da sócia única PSICR na Village ... e da Geofinance Limited ... e PSICR- Ri... ... No ponto 2 desta ata é autorizada a cessão da quota detida pela sócia PSI, no valor nominal de Euros 42.212.246,59 à sociedade Geofinance pelo prego igual ao respectivo valor nominal. «Is. 426 a 427). No ponto 3 é autorizada a divisão, para efeitos de cessão, da quota detida pela sócia Geofinance Ltd, no valor nominal de Euros 42.212.246,59 em duas cotas de Euros 11.200.000,00 e outra no valor nominal de Euros 31.012.246,59. No ponto 4 autoriza a cessão da quota de euros 11.200.000,00 para a PSICR RJ nos termos do contrato de 20/10/03 e da quota de Euros 31.012.246,59 para a PSICR-ITU nos termos do contrato de 12/11/03. De acordo com contratos de compra e venda mencionados no item 11 acima. 0 capital fica da seguinte forma: No balanço da Village com encerramento em 31/12/05 foi feita restituição do capital no valor de Euros 38.144.031,47 2 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-Cl Ti AcOrdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.291 (equivalente a R$ 91.530.648,18) e em 30/11/07, data do efetivo encerramento da Village é restituida o valor de R$ 35.642.228,32, que calculado a taxa de conversão de 2,62043, chega-se ao valor em euros de 13.601.671,60. Como "conclusão final" a fiscalização cita o art. 43 do CTN, o art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, e afirma que (proc. fls. 882 a 890): Conclui-se pelo que foi apresentado e provado que a Geofinance foi apenas uma empresa veiculo para legalização de receitas omitidas que se encontravam no exterior sem qualquer declaração do Grupo, assim: 4- Nesta altura dos acontecimentos o dinheiro já tinha aparecido (oriundo da Geofinance). Agora o procedimento seria recambiá- lo para o Brasil, para tanto, simularam-se os seguintes procedimentos. a-) A PSI torna-se uma nova sócia da Village, integralizando com os créditos que a PSI detinha junto ao Grupo do Brasil (empréstimos, conta corrente de venda de mercadorias e ativos fixos). b) Simultaneamente a Geofinance adquiri valor dos ativos da PSI (debêntures, contas correntes com empresas do Grupo no Brasil (venda de mercadorias e bens) e participação societária na Village, fundamentalmente). NO caso de participação societária divide em duas cotas programando a nova jogada que era adquirir capital da PSI junto a PSICR-ITU E PSICR RJ. c) A Geofinance, adquiri participações que a PSICR-ITU e PSICR RJ detinha na PSI, pagando com participação na Village, contas correntes e debêntures da SEISA, fundamentalmente. d-) De posse das quotas integrais da Village, a PSICR ITU E PSICR RJ realizaram a operação final, extinguir a VILLAGE, trazendo em retorno para o Brasil o dinheiro oculto no exterior, chamando de restituição de capital, a liquidação das dividas em contas correntes (empréstimos e compra de mercadorias e ativos fixos, fundamentalmente). Em virtude disso serão tributados os valores, que através da Geofinance foram legalizados, como omissão de receitas, nas datas em que a PSICR-ITU e PSICR RJ tiveram o ressarcimento dos valores (2003,2005 e 2007), nos seguintes valores. Em 17/12/2009, o contribuinte apresenta impugnação (proc. fls. 932 a 970). Diz que estava decaído o direito de lançar fatos ocorridos em 31/12/2003, já que o contrato firmado com a Geofinance é de 12/11/2003, e que era impossível a extensão pretendida pelo 3 Processo n° 16643.000013/2009-08 Si -Cl Ti Acórdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.292 Fisco para 2005 e 2007. Afirma que se aplica ao caso o art. 150 do CTN e não o art. 173 do CTN. Diz que a acusação foi de "Omissão de receitas caracterizada pela LEGALIZAÇÃO DE VALORES ESTACIONADOS NO EXTERIOR ATRAVÉS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO DE UTILIZAÇÃO DE CONTROLADAS NO EXTERIOR E POSTERIOR EXTINÇÃO, COM 'DEVOLUÇÃO DE CAPITAL". Informa que a base legal apresentada pela fiscalização no termo de verificação foi o art. 43 do CTN e o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996. Explica que o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, refere-se a depósitos bancários com origem não comprovada, mas que isso não tem qualquer conexão com os fatos e acusações da fiscalização. Adiciona que a base legal indicada no auto de infração também não faz sentido (art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995, arts. 247, 249, 251, 278, 279, 280, 281, 283 e 288). Explica que apenas os arts. 281 e 283 do RIR/1999 se referem a omissão de receitas, mas estes dispositivos não tem qualquer ligação aos fatos apontados. Conclui que o lançamento é nulo. Adiciona que, mesmo admitindo por hipótese que houvesse alguma omissão e envio para o exterior, não seria possível tributar o retorno dos valores enviados. Destaca que o Fisco não acusa a empresa de auferir receitas no exterior, nem de ter lucro na data dos lançamentos, mas de "omissão de receitas por suposta legalização de valores estacionados no exterior". Explica que subjaz na argumentação da fiscalização que a empresa teria enviado o dinheiro para o exterior. Mas, se assim o fosse, a tributação não poderia ser no retorno de tal valor. Insiste que o fato apontado pela fiscalização teria ocorrido em 12/11/2003 e, por isso, não tem cabimento tributar eventos de 2005 e 2007. Informa que o ganho de capital de 2003 já foi tributado. Explica que os T. Bills, que também foram quantificados no presente lançamento, já haviam sido objeto de outro lançamento, como depósitos bancários não identificados (proc. n° 16024.00642/2007). Diz que isso implica em duplicação da tributação e que esses valores devem ser excluídos do lançamento. Alega que não cabe a multa de 150% por não estarem presentes seus pressupostos. Em 16/06/2010, a 5a Turma da DRJ I em São Paulo considera improcedente o lançamento e recorre de oficio (proc. fls. 1239 a 1256). As ementas do acórdão foram as seguintes: IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - OMISSÃO DE RECEITAS - NÃO OCORRÊNCIA Não constitui presunção legal de omissão de receitas o retorno de capital por encerramento de empresa controlada no exterior. DECADÊNCIA Não sendo comprovada a fraude ou simulação nas operações fiscais efetuadas, utiliza-se o art. 150 do CTN para o cálculo do prazo decadencial. 0 voto condutor explica que "no Termo de Verificação Fiscal de fls. 874 a 890, o auditor descreve toda a seqUência de operações de compra e venda de participações 4 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-CI TI Acórdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.293 ocorridas na Ilha da Madeira, Portugal, e que culminou com o encerramento da empresa Village e posterior remessa ao Brasil, do capital dessa empresa, para as sócias PSICR-Itu e PSICR-RJ". Também, informa que, "para sustentar seu lançamento, o auditor fiscal tece diversas considerações a respeito da falta de propósito econômico e de meios financeiros para a Geofinance adquirir a empresa PSI, classificando de suspeitos os empréstimos feitos a PSI pela empresa Geofinance em 2002, além de afirmar que o dinheiro utilizado pela Geofinance na aquisição da PSI não seria na verdade dela e sim "...de pessoa oculta nesta história."ls. 884. 5 0 partigrafor . Diz que, no entanto, "nem no Termo de Verificação Fiscal, nem no auto de infração consta qualquer comprovação de que a tal "pessoa oculta" citada pelo auditor fiscal, que feria fornecido o dinheiro para a aquisição da empresa PSI, seria a fiscalizada". Adiciona que "se o dinheiro pertencia a fiscalizada e se, como o auditor fiscal relata, as empresas na ilha da Madeira e no Estados Unidos, fossem apenas de papel, que não geravam lucros, o citado dinheiro estacionado no exterior, deve ter sido remetido ao exterior, para Id ser estacionado, em alguma época anterior, não coberta nela fiscalização efetuada". Diz que os arts 281 a 288 do RIR/1999 não se aplicam ao caso. Informa que se por acaso "se quisesse desconsiderar todas as transações ocorridas no exterior, entre as empresas Village, Geofinance, Branford e PSI, com as empresas aqui no Brasil, PSICR-Itu, PSICR-RJ e SPR, por serem, as empresas no exterior, apenas de papel, tendo a Village e a PSI o mesmo endereço na ilha da Madeira e a Geofinance ter utilizado como procuradores os mesmos advogados das empresas Geofinance e PSI, ainda assim, não foi comprovada nos autos, que o dinheiro utilizado pela Geofinance para aquisição da PSI era originalmente da fiscalizada". Explica que "ainda que a empresa Geofinance seja apenas de papel e que não tenha recursos nem motivação econômica para adquirir a PSI, como alega o auditor fiscal, é necessária a comprovação documental que o dinheiro utilizado pela Geofinance tinha como origem rendimentos da fiscalizada, uma vez que a Geofinance, empresa americana, não pertence ao grupo econômico da Schincariol, não tendo como sócios nenhuma empresa ou sócio do grupo". Informa que existem indícios de que as operações possam de fato terem visado reintroduzir dinheiro ilegalmente remetido para o exterior. Inclusive, o próprio fiscal explica que a fiscalização foi motivada pelas investigações da Receita Federal e Policia Federal referente a remessas ilegais de numerário para o estrangeiro feitas pelo grupo Schincariol entre 1995 e 2001. Mas, o presente processo não logra documentar tal possível remessa ilegal e, se o fizesse, caberia a tributação pela remessa. Explica que como o primeiro retorno apontado pelo fiscal foi em 2003, a remessa teria de ter sido anterior, possivelmente entre 1995 e 2001, como indicado pelo próprio auditor. Mas, tais fatos já estariam decaídos em 2009. Conclui que "ainda que se possa questionar os motivos e a validade das inúmeras transações que resultaram em remessas de numerário ao Brasil de valores que estavam no exterior, não é possível a tributação do mesmo como omissão de receitas, pois faltou a comprovação que o valor empregado pela Geofinance, pertencia à fiscalizada e não é 5 Processo no 16643.000013/2009-08 SI-CITI Acórdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.294 possível a tributação por omissão de receitas, no retorno de capital no encerramento de empresa, como lançou o auditor fiscal". Informa que não há no processo elementos para afirmar que houve omissão de receitas e nem existe base legal para considerar os fatos descritos como omissão de receita. Diz que a argumentação do contribuinte quanto ao lançamento em duplicidade é procedente mas, em razão da improcedência total do lançamento, perdem o objeto. Explica que os autos reflexos também são improcedentes pelas mesmas razões. Afirma que, por não haver demonstração de fraude, o prazo decadencial seria na forma do art. 150 e já estariam decaídos em 2009 os fatos de 2003. Em 16/07/2010 o contribuinte é cientificado do acórdão (proc. fl. 1260). Em 11/04/2011, a PGFN apresenta suas razões (proc. fls. 1270 a 1286). Diz que a fiscalização comprovou que os valores registrados pela autuada como devolução de capital da controlada Village Serviços Internacionais Lda "não tinham tal condição", pois tais valores tiveram suporte em operações simuladas e meramente formais. Afirma que, se não era devolução de capital, deveria ser tributado, por isso a base legal citada no auto de infração. Repete que a preocupação da fiscalização foi de demonstrar que a inexistência da devolução de capital. Argumenta que a DRJ se enganou ao especular sobre a origem dos recursos que estavam no exterior. Enfatiza que o lançamento foi simples: demonstrou-se que não se tratava de devolução de capital, e conclui-se que se tratava de receitas omitidas. Explica que a tributação foi sobre os valores que ingressaram na contabilidade da autuada, vez que a causa atribuida foi afastada. Diz que os elementos demonstrados pelo fiscal são desfavoráveis ao contribuinte, pois as "várias operações ocorreram em datas próximas ou até no mesmo dia (ex.: operações com T-Bills ou algumas cessões de cotas), entre pessoas jurídicas ligadas e cuja existência mostrou-se meramente formal". Na seqüência, transcreve o relatório da fiscalização, do seguinte modo: Primo Schincariol International - PSI Em 05/10/1990 foi constituída a sociedade Primo Schincariol International (PSI) com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, com capital social de US$ 1.000,00, autorizado pela Sociedade Schincariol Indústria de Cervejas e Refrigerantes (PSICR-Itu). Em 10/01/1996 a sede é transferida para a Ilha da Madeira Z, com alteração do contrato social, já com capital social de US$ 5.800.000,00 que, convertido para escudos portugueses resultou em ESC$907.381.000,00, sendo sócia única a empresa Schincariol Participações e Representação Ltda (SPR), sociedade constituída no estado de São Paulo, Brasil. Em 30/01/1998 a SPR decide aumentar o capital da PSI com a entrada de ESC$ 1.627.250.000,00 fornecidos pela nova sócia a PSICR-Itu, através de cessão de parte das debêntures adquiridas junto à empresa Empreendimentos Imobiliários (SEISA), equivalendo o valor de face de R$ 10.000.000,00. 6 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-CITI AcOrao n.° 1101-00.810 Fl. 1.295 Em 16/02/2000, a PSICR-Itu, divide sua cota de ESC$ 1.627.250.000,00 em duas nos valores respectivos de ESC$ 349.373.537,00, que conserva em seu nome, e ESC$ 1.277.846.436,00 que cede gratuitamente para a sócia SPR, que fica com a cota total de ESCS 2.185.257.463,00. Em 12/01/2001 a SPR vende a sócia PSICR-Itu, cota da PSI no valor de R$ 161.892.791,22, valor esse que não foi recebido pela SPR, sendo utilizado para o aumento do capital da sua controlada PSICR-Itu. Em 31/12/2001, a PSI promove a distribuição de dividendos acumulados em Euros, no valor de E 54.211.151,59, correspondendo aos períodos anteriores a 2001 e E 3.938.848,41 que é parte do lucro total obtido em 31/12/2001 (E 9.057.301,82), totalizando E 58.151.000,00 de dividendos distribuídos. Em 24/05/2002, o capital social da PSI é redenominado em euros, passando ao valor E 12.642.686,13. Em 30/11/2002 a PSICR-Itu vende para a empresa Primo Schincariol Indústria de Cervejas e Refrigerantes S/A (PSICR- Rio), 13,207547% do capital social da PSI, pelo valor de E 1.773.596,17. Em 30/12/2002, é feito o aumento de capital, com reestruturação de cotas, pela entrada de E 11.211.438,64 subscritos integralmente pela empresa Geofinance Limited, sociedade americana com sede em Delaware-EUA(GEO), provenientes da conversão de parte dos créditos não hipotecários detidos por essa sociedade contra a PSI, sendo ainda subscrito o ágio no montante total de E 72.285.652,64 Nesse mesmo ato, a PSICR-Itu divide sua cota de E 1.742.667,86, cedendo El .669.788,71 a PSICR-Rio. Em 20/10/2003 a empresa GEO adquire todas as cotas da PSI pertencentes a PSICRRI, conforme contrato de fls. 288 a 298. Em 01/11/2003 a PSI vende ativos e direitos para empresa GEO, conforme contrato de fls. 299 a 303. Dentre esses ativos vendidos, consta a participação da PSI, na empresa Village Serviços Internacionais LDA, sociedade situada na zona franca da Ilha da Madeira. Em 12/11/2003, a GEO adquiriu todas cotas da PSI pertencentes a PSICR-ITU, conforme contrato de fls. 304 a 315. Em 19/12/2002 a GEO cede e transfere, para a empresa Brantford Consulting LTD, empresa constituída e situada nas Ilhas Mauricio 3, cota de 47% da empresa PSI, no valor de E 11.211.438,64, pagando por isso o valor de US$ 1.000,00. 7 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-CI TI Acórdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.296 Brantford Consulting LTD A empresa Brantford Consulting LTD foi constituída em 18/09/2001 tendo como acionista a empresa Coqueror LTD e corno diretor a empresa Cronos LTD. Tanto a Brantford como a Conqueror, apresentam como diretores os Srs Gilberto Schincariol, Jose Nelson Schincariol, Francisco Flora Neto e Acides Vargas Ribeiro. Vilaue Servicos Internacionais LDA A empresa Village Serviços Internacionais LDA, foi constituída em 01/07/1996, no mesmo endereço que a empresa PSI, na ilha da Madeira, tendo como sócios a PSICRItu como ESC$ 380.000,00 e SPR com ESC$ 20.000,00. e corno o mesmo objeto social da PSI. Nessa mesma data, a SPR transfere para a PSICR-Itu, suas cotas no valor de ESC$ 20.000,00, conforme contrato de fls. 393 a 396. Em 30/12/1996 a SPICR-Itu cede suas 2 cotas na Village er empresa Schincariol Administração Patrimonial Ltda (SAP), empresa constituída no estado de São Paulo, R$ 32.862.000,00, correspondente a ESC$ 4.946.355.378 que já haviam sido recebidos pela cedente e elevado o capital social da Village para ESC$ 4.500.000.000,00, conforme contrato de fls. 397 a 399. Em 12/01/2001 a empresa SAP vende de volta para a empresa SPICR-Itu, urna cota da empresa Village , pelo valor de R$ 38.258.184,69, conforme contrato de fls. 402 a 403. O valor em reais corresponde a E 22.445.905,37, que era o capital social da Village nessa data. Em 05/12/2003, a SPICR-Itu, decide aumentar o capital social da Village para E 64.658.151,96, sendo que o aumento de E 42.212.246,59 foi realizado pela entrada da nova sócia, a empresa PSI, mediante entrega de créditos detidos sobre as sociedades PSICR do Nor/deste S/A, no valor de 012.679.705,51, PSICR-Itu no valor de E 12.268.304,09 e PSICR-Rio, no valor de E 2.821.852,65, sendo atribuida à empresa PSI, cota no valor de E 42.212.246,59. Nesse mesmo contrato a PSI cede sua cota da Village a empresa GEO pelo prep igual ao valor nominal da cota. Ainda nesse contrato a empresa GEO divide sua cota em duas parcelas, uma de E 11.200.000,00 e outra de E 31.012.246,59. A cota de E 11.200.000,00 é cedida a empresa PSICR -Rio como forma de pagamento de parte do prego devido pela aquisição pela sócia GEO de uma cota da PSICR-Rio, na sociedade PSI cujo contrato havia sido celebrado em 20/10/2003. A cota de E 31.012.246,59 é cedida a empresa PSICR-Itu como forma de pagamento de parte do prego devido pela aquisição 8 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-Cl TI Acórdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.297 pela sócia GEO de uma cota da PSICR-Rio, na sociedade PSI cujo contrato havia sido celebrado em 12/11/2003. Ern 31/12/2005, no balanço de encerramento do período, foi feita a "restituição do capital" da Village, no valor de E 38.144.031,47. equivalente a R$ 91.530.648,18 e em 24/11/2007, data do efetivo encerramento da Village, é restituído o valor de R$ 35.642.228,32, correspondente, nessa data à E 13.600.671,60 Geo finance Llimited A empresa Geofinance Ltd (GEO) foi criada em 1990, com sede no estado de Delaware, USA (lis. 332). Ressalte-se que essa sociedade é uma empresa de apenas duas pessoas e que o endereço da representante da empresa em Washington — DC não é o mesmo da empresa, situada no Estado de Delaware. Há a juntada de copias das procurações emitidas pela GEO, constituindo várias pessoas, cujo endereço é o mesmo da PSI e da Village, para efetuarem a venda das cotas da PSI de propriedade da GEO, para a empresa Brantford ( fls. 347,355 e 356). Após a transcrição acima retratada dos eventos societários indicados no relatório da fiscalização, a PGFN ratifica as conclusões da fiscalização de que a Geofinance foi uma empresa veiculo para legalização de valores que estavam no exterior. Diz que "não havia razão negocial para a empresa Geofinance adquirir a PSI, se esta empresa tinha tão-somente negócios com o grupo Schincariol no Brasil, tendo em vista que o grupo Schincariol já possuía a empresa Village no mesmo endereço da PSI e com o mesmo objeto econômico que a PSI, após a aquisição pela Geofinance cessaria o principal movimento econômico com o único cliente que possuía ou seja, o grupo Schincariol". Adiciona que "tanto a PSI como a Village compravam no mercado exterior e vendiam para o grupo Schincariol sem auferir lucro ... o Fisco apurou que a Village sucedeu a atividade comercial da PSI e que desse modo, não haveria qualquer perspectiva de rendimentos na aquisição da PSI, que estava destinada a perder o único cliente que tinha, não havendo justificativa para a aquisição da PSI pela Geofinance". Cita outras razões indicadas pela fiscalização para demonstrar que a Geofinance não teria interesse na compra da PSI. Transcreve a seguinte conclusão da fiscalização: "qual o motivo econômico que a Geofinance tinha para adquirir uma empresa com indícios claros de futuro incerto. A não ser que o dinheiro colocado não pertencia a Geofinance , mas sim a pessoa oculta nessa história". Conclui que "as empresas Geofinance e Village serviram de mero veiculo para o ingresso de valores na contabilidade da Contribuinte Autuada". Informa que "toda a argumentação e comprovação feita pela Fiscalização da falta de higidez das operações realizadas no exterior, sem qualquer propósito negocial, demonstram a total inexistência da causa atribuída pela Contribuinte Autuada para o ingresso de recursos: retorno de capital". Diz que tais valores são receitas omitidas. 9 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-CIT1 AcOrddo n.° 1101-00.810 Fl. 1.298 Voto Conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro. Inicialmente cabe destacar a falta de clareza na descrição dos fatos feita pela fiscalização. Na verdade o relatório fiscal se constitui da narração de uma série de eventos societários, envolvendo diversas empresas, sem que a autoridade autuante destaque o fio condutor que une estes fatos e sem afirmar com clareza o que pretende demonstrar provado com os fatos narrados. Observe-se que, após 43 parágrafos, desenvolvidos ao longo de 6 páginas, descrevendo eventos societários (proc. fls. 875 a 881), a fiscalização anuncia a "conclusão final". Nesta, depois de citar o art. 43 do CTN e o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, inicia informando que: "Conclui-se pelo que foi apresentado e provado que a Geofinance foi apenas uma empresa veiculo para legalização de receitas omitidas que se encontravam no exterior sem qualquer declaração do Grupo, assim: ...". Na seqüência, retoma uma narrativa descritiva e discorre por dezenas de parágrafos, ao longo de mais 6 páginas (proc. fls. 882 a 888), descrevendo operações e características das empresas já mencionadas. Aparentemente, o objetivo das 12 páginas seria sugerir que a Geofinance teria injetado dinheiro (da própria autuada) na PSI e que ambas teriam repassado dinheiro para a Village. Por isso, a fiscalização conclui que valores repassados pela PSI e Village, em 2003, para a autuada, deveriam ser tributados como receita omitida, e que as restituições de capital feitas pela Village em 2005 e 2007 também deveriam ser consideradas receitas omitidas. Mas, o texto não zela pela clareza e só por isso a autuação deveria ser anulada. Ao que parece, a falta de clareza da fiscalização foi também sentida pela turma da DRJ. Tanto que esta, para relatar os fatos, faz uma transcrição integral da descrição feita pela fiscalização, já que é quase que impossível inferir do relatório fiscal o que a fiscalização quer realmente demonstrar. Inclusive, o mesmo fenômeno (transcrição quase que na integra do relatório fiscal) ocorre nas razões da PFN. De qualquer modo, cabe analisar o mérito, já que decisão favorável ao contribuinte afastaria a declaração de nulidade. Quanto a este ponto, constata-se que a conclusão da fiscalização (de que a Geofinace teria injetado dinheiro da própria fiscalizada na PSI e na Village) é sustentada por uma alegada ausência de razão econômica que justificasse os atos da Geofinance. Porém, mesmo admitindo-se por hipótese a ausência de razões negociais, não é possível concluir que o dinheiro fosse da autuada, já que outras alternativas são possíveis. Ou seja, pode-se suspeitar, mas não concluir o que o fiscal concluiu. Isso quebra a linha de explicação e esvazia a autuação. Além do mais, admitindo-se por hipótese a tese proposta pela fiscalização, não se poderia estabelecer o momento em que a autuada teria auferido a renda correspondente a este dinheiro disponibilizado pela Geofinance. Sequer se poderia dizer que se tratasse de reingresso de recursos já auferidos ou se a autuada estaria preparando uma situação para justificar o ingresso oficial de receitas que viria a omitir no futuro. 10 Processo n° 16643.000013/2009-08 SI-CI Ti Acórdão n.° 1101-00.810 Fl. 1.299 Portanto, nota-se que a atuação se baseou em uma escolha arbitrária de uma das hipóteses entre as possíveis, em razão de um quadro que julgou suspeito. Isso mostra a improcedência do lançamento por falta de demonstração dos fatos alegados pelo Fisco. Mas, o que é pior, é que sendo admitida toda a tese da fiscalização (que o dinheiro disponibilizado pela Geofinance correspondesse a receitas sonegadas no Brasil e evadidas para o estrangeiro), para fins de tributação, seria necessário considerar o momento da aquisição da renda e não o momento do retorno desta. Ainda mais quando o lançamento é feito nos limites temporais da decadência. Ainda, existe um aspecto sobre a questão probatória que mostra a precipitação da fiscalização em fazer o lançamento com os elementos que dispunha. Quando um contribuinte é intimado, mas não logra comprovar a origem de recursos que foi contabilizada, é possível presumir que tais recursos decorram de receitas omitidas. Isso porque foi dada oportunidade ao contribuinte esclarecer o fato sem que este tivesse sucesso. Mas, se o Fisco supõe demonstrar que a origem contabilizada não corresponde à realidade, sem oportunizar que o contribuinte manifeste-se, não cabe presumir que se trate de receitas omitidas ou é preciso reconhecer que tal presunção pode ser refutada por qualquer explicação do contribuinte. De qualquer modo, no presente caso, sequer tal demonstração foi feita pelo Fisco. Não fosse pouco, a falta de clareza não é apenas em relação aos fatos, mas também em relação ao direito aplicado. Inclusive, pela própria imprecisão da descrição de fatos, já era de se esperar o correspondente na base legal apontada. Os dispositivos citados no relatório fiscal são absolutamente inaplicáveis, pois tratam da definição genérica de fato gerador do imposto de renda e da definição de omissão de receitas por depósitos bancários não esclarecidos. Destaque-se que não existiu qualquer menção a depósitos bancários do contribuinte. Já a base legal mencionada no auto de infração é tão ampla que s6 consegue confundir. No auto se mencionam artigos que tratam de presunção de omissão de receitas e artigos que seriam aplicados a uma demonstração direta de receitas não tributadas. Mas, nem uns e nem outros são aplicáveis aos fatos descritos. Enfim, abstraindo-se da falta de clareza da descrição dos fatos e da imprecisão da base legal aplicada, constata-se que o presente lançamento está baseado em indícios e conjecturas da fiscalização. Mas, indícios, conjecturas e suspeitas devem conduzir intensificação da fiscalização, não ao lançamento. Ainda mais com multa agravada. Por isso, a autuação não pode ser mantida e fez bem a turma julgadora em dar provimento à impugnação. Por tal razão, voto por negar provimento ao recurso de oficio. Sala das Sessões, 2 de outubro de 2012. Carlos Eduardo de-A meida Guerreiro 11
score : 1.0
Numero do processo: 10480.721362/2016-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Direitos Antidumping, Compensatórios ou de Salvaguardas Comerciais
Data do fato gerador: 26/03/2014, 21/05/2014
FUNÇÃO DE APLICAÇÃO DE RESTRIÇÕES. DIREITOS ANTIDUMPING. AMPLITUDE DA INCIDÊNCIA. UTILIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO.
Ao lado das funções de controle e de tributação, a Aduana possui como missão a aplicação de restrições. Dentro desta função, é possível encontrar a implementação de medidas de protecionismo comercial por instrumentos de restrição contra práticas desleais de comércio exterior (segundo os acordos da OMC), dos quais destacam-se os direitos antidumping.
O Acordo Antidumping da Organização Mundial de Comércio em seu artigo 5º, e o Decreto nº 8.058/2013, em seus artigos 8º, 9º e 10, estabelecem que o curso da investigação e a aplicação dos direitos antidumping é feita com base nas características físico-químicas do produto em questão.
Assim, a aplicação dos direitos antidumping se dá sobre os produtos investigados conforme suas características e sua similaridade ao produto produzido pela indústria doméstica, servindo a classificação tarifária sob a NCM apenas como referência para orientar o curso das investigações
Por conseguinte, e conforme ratifica a própria Câmara de Comércio Exterior instada para tanto, somente a partir de 19 de dezembro de 2014 é que passaram a ser devidos direitos antidumping sobre chapas pintadas, por decorrência da Resolução CAMEX nº 119/2014. Afinal, apenas por ocasião do procedimento de Revisão Anticircunvenção, fundado no Decreto nº 8.058/2013, foi estendida da imposição de direitos antidumping às chapas pintadas com revestimento de zinco oriundas da China, com a decisão de incluir essas aos produtos abarcados pela Resolução CAMEX nº 77/2013.
Numero da decisão: 3402-006.342
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Antonio Borges (suplente convocado) e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo conselheiro Marcos Antonio Borges.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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DIREITOS ANTIDUMPING. AMPLITUDE DA INCIDÊNCIA. UTILIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO. Ao lado das funções de controle e de tributação, a Aduana possui como missão a aplicação de restrições. Dentro desta função, é possível encontrar a implementação de medidas de protecionismo comercial por instrumentos de restrição contra práticas desleais de comércio exterior (segundo os acordos da OMC), dos quais destacamse os direitos antidumping. O Acordo Antidumping da Organização Mundial de Comércio em seu artigo 5º, e o Decreto nº 8.058/2013, em seus artigos 8º, 9º e 10, estabelecem que o curso da investigação e a aplicação dos direitos antidumping é feita com base nas características físicoquímicas do produto em questão. Assim, a aplicação dos direitos antidumping se dá sobre os produtos investigados conforme suas características e sua similaridade ao produto produzido pela indústria doméstica, servindo a classificação tarifária sob a NCM apenas como referência para orientar o curso das investigações Por conseguinte, e conforme ratifica a própria Câmara de Comércio Exterior instada para tanto, somente a partir de 19 de dezembro de 2014 é que passaram a ser devidos direitos antidumping sobre chapas pintadas, por decorrência da Resolução CAMEX nº 119/2014. Afinal, apenas por ocasião do procedimento de Revisão Anticircunvenção, fundado no Decreto nº 8.058/2013, foi estendida da imposição de direitos antidumping às chapas pintadas com revestimento de zinco oriundas da China, com a decisão de incluir essas aos produtos abarcados pela Resolução CAMEX nº 77/2013. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 13 62 /2 01 6- 10 Fl. 823DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Antonio Borges (suplente convocado) e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo conselheiro Marcos Antonio Borges. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Florianópolis, que julgou improcedente a impugnação apresentada pela Contribuinte sobre a cobrança de Direito Antidumping, multa de ofício e juros de mora consubstanciada no auto de infração em questão. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, com riqueza de detalhes, colaciono o relatório do Acórdão recorrido in verbis: Segundo o “Relatório de Fiscalização” (fls. 158 a 170) a interessada, por meio das declarações de importação (DI´s) nº 14/05794730 e 14/09707956 (fls. 12 a 72), submeteu a despacho 3.951 peças de laminados de aço, de origem chinesa, com peso total de 20.744,56 toneladas, sob o regime aduaneiro especial de drawback, modalidade suspensão, classificando tais mercadorias no código NCM 7210.90.00: 7210 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE FERRO OU AÇO NÃO LIGADO, DE LARGURA IGUAL OU SUPERIOR A 600mm, FOLHEADOS OU CHAPEADOS, OU REVESTIDOS. 7210.90.00 Outros Com base em informações e esclarecimentos prestados pela interessada, a fiscalização constatou que as mercadorias apresentam as seguintes características (fls. 159 a 160): a) As chapas efetivamente importadas correspondem aos graus de classificações segundo as normas ABS (American Bureau of Shipping): A, B, D, E, AH32, DH32 e EH32; b) Tratamse de chapas planas (não enroladas) de aço de média e alta resistência mecânica destinadas à construção de estruturas oceânicas, em especial plataformas marítimas de diversos tipos, navios de carga e navios de perfuração (drillship)] Fl. 824DF CARF MF Processo nº 10480.721362/201610 Acórdão n.º 3402006.342 S3C4T2 Fl. 251 3 c) A composição química das chapas é dada pela norma ASTM (American Society of Testing Material) A131, de acordo com os correspondentes Graus ABS (dados constantes da Table 2 Chemical Requirements da referida norma ASTM); d) As chapas são fabricadas pelo processo de laminação a quente com lingotamento contínuo e resfriamento acelerado; e) As chapas não apresentam motivos em relevo; f) Após o processo de laminação, as chapas passam por leve processo de jateamento abrasivo com vistas a remover impurezas e a realizar descontaminação das superfícies; g) Sobre as chapas é aplicado "Zinc Primer", que é um tipo de "primer" utilizado para o tratamento superficial e cujo único objetivo é isolar o ferro e outras ligas do oxigênio encontrado na atmosfera e que visa a proteger as chapas da oxidação durante o transporte e movimentação. O "Zinc Primer", diferentemente dos "primers" utilizados no passado, é inerte e garante resistência para movimentação das chapas durante todo o trajeto até o recebimento na indústria naval; h) As chapas não passam por processo de acabamento tais como galvanização ou outros revestimentos metálicos, pintura, envernizamento, revestimento com plástico ou outro. Apenas é recebido o tratamento antiferrugem para estocagem e transporte exclusivamente pela aplicação do "Zinc Primer"; i) De acordo com as informações recebidas, as chapas efetivamente importadas apresentam espessura mínima de 7mm e largura mínima de 1200mm. As dimensões, de acordo com o Grau ABS, estão resumidas no quadro abaixo: j) A quantidade de mercadoria importada, em toneladas, segundo está discriminada no quadro abaixo: k) A composição química do aço obedece aos parâmetros da Norma ASTM "A 131", que é respeitada em nível internacional pela indústria siderúrgica para fabricação de chapas de aço empregadas na indústria naval. Na Tabela II dessa Norma encontramse relacionados os conteúdos máximos dos elementos químicos toleráveis para fabricação dessas chapas, que não podem ser excedidos sob pena de elas serem descartadas na origem pela empresa classificadora do projeto, a ABS American Bureau of Shipping. Foi apresentado um Certificado do Fabricante, devidamente averbado pela ABS, que atesta a composição química das mercadorias entregues. De acordo com esse certificado, os componentes químicos estão dentro dos limites máximos permitidos, não podendo o aço ser considerado "ligado" ou "liga de aço". A título ilustrativo abaixo é reproduzida a composição de chapas de Grau ABS AH32, com espessuras de 15 e 19mm, referente ao Certificado de Inspeção apresentado (n° XB400490711): Alumínio (Al): 0,031%; Fl. 825DF CARF MF 4 Cromo (Cr): 0,04%; Cobre (Cu): 0,05%; Manganês (Mn): 1,03% Molibdênio (Mo): 0,006% Níquel (Ni): 0,02%; Nióbio (Nb): 0,012%; Silício (SI) 0,21%; Titânio (Ti): 0,016% Vanádio (V): 0,002%; Enxofre (S): 0,007%; Fósforo (P): 0,026%; Carbono (C): 0,15%; Carbono equivalente (Ceq): 0,034%; Vanádio (V): 0,001%; Enxofre (S): 0,006%; Fósforo (P): 0,012%; Carbono (C): 0,13%; Carbono equivalente (Ceq): 0,024%. Assim, com base nas informações acima (especialmente da espessura e da indicação de que o revestimento com “zinc primer” teve a finalidade de evitar a oxidação do produto temporariamente – transporte e movimentação), e no disposto nas normas que regem a classificação fiscal de mercadorias, a fiscalização reclassificou as mercadorias para os códigos da NCM 7208.51.00 e 7208.52.00 (conforme a espessura de cada mercadoria): 7208 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE FERRO OU AÇO NÃO LIGADO, DE LARGURA IGUAL OU SUPERIOR A 600mm, LAMINADOS A QUENTE, NÃO FOLHEADOS OU CHAPEADOS, NEM REVESTIDOS. 7208.51.00 De espessura superior a 10 mm 7208.52.00 De espessura igual ou superior a 4,75 mm, mas não superior a 10 mm Reclassificadas as mercadorias, a fiscalização constatou que as mesmas estão sujeitas ao disposto na Resolução CAMEX n° 77/13: Aplica direito antidumping definitivo, por um prazo de até 5 (cinco) anos, às importações brasileiras de laminados planos de baixo carbono e baixa liga provenientes de lingotamento convencional ou contínuo, (chapas grossas), originárias da República da África do Sul, da República da Coreia, da República Popular da China e da Ucrânia. Cientificada, a interessada apresentou impugnação de folhas 179 a 221, anexando os documentos de folhas 222 a 480 e 483 a 515. Em síntese, trazem as seguintes alegações: Que, a simples leitura do primeiro parágrafo do Anexo à Resolução CAMEX 77/2013, fica evidente que as chapas grossas de aço objeto do Procedimento Antidumping em questão não Fl. 826DF CARF MF Processo nº 10480.721362/201610 Acórdão n.º 3402006.342 S3C4T2 Fl. 252 5 incluem aquelas revestidas ou pintadas, independentemente da classificação fiscal que se lhes reconheça correta, não sendo esta determinante. A expressão “comumente” reforça o fato de que os direitos antidumping são aplicados de acordo com as características do produto; Que, a mercadoria importada difere daquela que deu origem à petição inicial para abertura do Procedimento Antidumping. Reforça este entendimento, a publicação da Resolução CAMEX n° 119/14 que incluiu tais direitos sobre chapas pintadas ou revestidas; Que, importou da China peças de laminados de aço para embarcações, ou seja, material utilizado na construção/conserto de estruturas oceânicas, tais como plataformas marítimas, navios de carga e navios de perfuração. Tal material passa por processo de revestimento, uma pintura a fim de tornálo inoxidável durante o transporte, armazenamento longo e protegêlo no processo fabril, o que não apenas aumenta sua vida útil, mas é essencial para a sua aplicação; Que, não se trata de mera aplicação efêmera, mas perene, que serve inclusive como “fundo” do produto acabado – “tinta de fundo” – deixando o metal apto a receber tintas aparentes; Que, não houve perícia ou qualquer outra produção de prova que viesse a corroborar o argumento da autoridade fiscal, inexiste fundamentação técnica; Que, prestou a informação, durante o procedimento fiscal, relacionada a existência de revestimento (zinc primer), mas que tal fato foi ignorado. A classificação fiscal adotada está correta. O caso não se coaduna com a Nota C, é um material de natureza permanente; Que, há ilegalidade no lançamento, não há infração tributária cometida pela Impugnante, não é aplicável a tese da responsabilidade objetiva (Código Tributário Nacional). Os artigos 673 do Decreto n° 6.759/09 e 94 e 95 do DecretoLei nº 37/66 estão eivados de ilegalidade. Agiu de boafé, não procurou esquivarse da lei; Que, um simples decreto (Decreto n° 6.759/09) não tem o poder de tributar ou impor obrigações, tal competência é de lei complementar. Patente a ilegalidade; Que, há “bis in idem” com a multa cobrada no processo administrativo fiscal n° 10480.721363/201656 (erro relacionado à classificação fiscal); Que, requer a produção de prova de caráter técnico em diligência ou perícia, apresenta seus questionamentos e indica perito técnico para que fique sanada a dúvida a respeito da regularidade da conduta fiscal que adotou; Fl. 827DF CARF MF 6 Requer seja acolhida a impugnação e que haja o cancelamento do auto de infração. Sobreveio então o Acórdão 0738.915, da 2ª Turma da DRJ/FNS, negando provimento à impugnação da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: DIREITOS ANTIDUMPING, COMPENSATÓRIOS OU DE SALVAGUARDAS COMERCIAIS Data do fato gerador: 26/03/2014, 21/05/2014 DIREITO ANTIDUMPING Cabível a exigência do direito antidumping, acrescido da multa de ofício e dos juros de mora, quando previsto para a mercadoria importada e não há o respectivo pagamento na data do registro da declaração de importação. Irresignada, a Contribuinte interpôs recurso voluntário (fls 547/595) a este Conselho, em que repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. O caso veio para julgamento em 28 de setembro de 2017, oportunidade em que foi convertido em diligência, com o intuito de esclarecer questões relativas à classificação fiscal (correta posição NCM/SH) das mercadorias importadas ("chapas de aço"). O ponto nevrálgico a ser compreendido era se o "zinc primer" é revestimento ou não. Ademais, requereuse manifestação da CAMEX Câmara de Comércio Exterior sobre a aplicação do direito antidumping pela Resolução CAMEX n° 77/2013 em contraposição à Resolução CAMEX n° 119/2014. A Recorrente apresentou quesitos complementares em petição de fls 625 a 629. A diligência foi cumprida com a apresentação dos seguintes documentos: i) Ofício nº 80/2017SEISECAMEX, em resposta ao Ofício nº 080/2017/GAB/IRF/REC (fls 728); ii) Laudo Técnico expedido pelo Perito Jorge Campelo Cabral (fls 663). A Recorrente manifestouse sobre o conteúdo da diligência em petição de fls 698 726, alegando que a classificação fiscal é indiferente para a solução da presente lide, pois o que é relevante são as características do produto investigado pelo DECEX para a aplicação do direito antidumping. Também coloca que o produto importado pela Recorrente possui características físicoquímicas diferentes daquelas apresentadas pela indústria nacional no curso da investigação referente ao direito antidumping. Alega ainda que só com a Resolução CAMEX n. 119, de 18 de dezembro de 2014, que passou a ser necessário o pagamento de direito antidumping sobre as chapas grossas pintadas ou revestidas. A seu turno, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou suas razões em petição de fls 792 a 795, realçando o resultado do laudo técnico no sentido de que o "zinc primer" não pode ser caracterizado como revestimento e, por conseguinte, está correta a classificação fiscal adotada pela fiscalização, sendo o produto sujeito ao direito antidumping cobrado no presente auto de infração. É o relatório. Voto Fl. 828DF CARF MF Processo nº 10480.721362/201610 Acórdão n.º 3402006.342 S3C4T2 Fl. 253 7 Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, Relatora Os requisitos de admissibilidade do recurso já foram anteriormente avaliados e acolhidos por este Colegiado, de modo que passo à análise do seu mérito que, como posto no relato acima, diz respeito à possibilidade de cobrança de direitos antidumping sobre os produtos importados pela Recorrente. 1. O direito antidumping no ordenamento jurídico brasileiro Antes de adentrar no caso concreto, cumpre apresentar algumas considerações sobre o contexto jurídico que o envolta, o qual será necessário para a sua solução. Ao lado das funções de controle e de tributação, a Aduana possui como missão a aplicação de restrições. Tal função aproxima o Direito Aduaneiro ao Direito Econômico à medida que define as prioridades políticas/econômicas nacionais pela forma da interação comercial do Estado brasileiro com o restante das nações. Tratase, assim, de instrumento de política aduaneira. Dentro desta função, é possível encontrar a implementação de medidas de protecionismo comercial por instrumentos de restrições contra práticas desleais de comércio exterior (segundo os acordos da OMC), dos quais destacamse os direitos antidumping. 1 Em poucas palavras, o dumping é uma prática desleal de comércio que consiste na venda de um produto para exportação por um preço inferior ao seu valor normal. O dumping é admissível apenas quando não causar dano ao mercado doméstico, já quando houver dano à indústria nacional do país importador, demonstrado por nexo causal, o dumping passa a ser condenável, tudo conforme a regulamentação do Decreto 8.058, de 26 de julho de 2013, que revogou e substituiu o Decreto nº 1.602, de 23 de agosto de 1995, este último vigente à época dos fatos tratados nesse processo. A prática do dumping condenável culmina na aplicação de medidas (ou direitos) antidumping, as quais consistem genericamente num montante em dinheiro, igual ou inferior à margem de dumping apurada, exigido por ocasião das importações realizadas a preços de dumping, com o objetivo de afastar os efeitos danosos à indústria nacional. 2 Assim, as medidas antidumping (vide artigo 695 do Decreto 4.543/2002) 3 são imposições com o objetivo de proteger o mercado brasileiro de práticas comerciais predatórias, não se enquadrando em quaisquer das espécies de tributos previstas no nossos sistema jurídico. São diversos os elementos normativos que corroboram essa última assertiva, que serão devidamente tratados abaixo. 1 FERNANDES, Rodrigo Mineiro. Notas introdutórias sobre o direito aduaneiro e sua relação com o direito tributário. In: Revista Direito Aduaneiro, Marítimo e Portuário vol.5, n.26. São Paulo: IOB, 2015, p.88109. 2 LOBO, Marcelo Jatobá. Direitos Antidumping.1.ed. São Paulo: Quartier Latin, 2007. p. 210. 3 "Art. 695. Para os efeitos deste Capitulo, entendese por: I dumping, a introdução de um bem no mercado doméstico, inclusive sob as modalidades de drawback, a preço de exportação inferior ao preço efetivamente praticado para o produto similar nas operações mercantis normais, que o destinem a consumo interno no pais exportador (Acordo sobre Implementação do Artigo VI do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1994, Artigo 2, item 1, aprovado pelo Decreto Legislativo n. 30, de 1994, promulgado pelo Decreto n2 1.355, de 1994, e internalizado pelo Decreto n. 1.602, de 23 de agosto de 1995, art. 0);" Fl. 829DF CARF MF 8 Para pontuar histórico legislativo sobre o tema, o direito antidumping foi introduzido em nosso ordenamento legal por meio da Lei nº 9.019, de 30 de março de 1995, em decorrência a acordos firmados pelo país no âmbito do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (Gatt). Antes disso só havia sido tratado na legislação interna por normas infralegais. Com efeito, até o advento da Lei n° 9.019/95, a Resolução n° 1.227/87, com as alterações da Resolução n° 1.582/89, ambas da extinta Comissão de Política Aduaneira, cuidavam do tema, preceituando o direito antidumping como um adicional do Imposto de Importação: Art.1° Os direitos antidumping e compensatórios definitivos, de que tratam os Acordos Antidumping e de Subsídios e Direitos Compensatórios, constituem imposto de importação adicional. Ocorre que, posteriormente, a citada Lei n. 9.019/95 textualmente colocou que "os direitos antidumping e os direitos compensatórios serão cobrados independentemente de quaisquer obrigações de natureza tributária relativas à importação dos produtos afetados." Ou seja, a legislação passou a expressamente afastar a natureza tributária do direito antidumping, como já clamava a doutrina sobre o tema. 4 Outrossim, legalmente o direito antidumping distanciouse dos tributos no que diz respeito ao tratamento orçamentário. Enquanto aquele é tratado como receita originária e enquadrado na categoria de entradas compensatórias, não compreendidas na lei orçamentária (artigo 10 da Lei n. 9.019/1995); estes são considerados receitas correntes, compreendidas na lei orçamentária (artigo 11 da Lei n 4.320/1964). Assim, o direito antidumping pode ser definido como instrumento utilizado pelo Estado, com fundamento no artigo 174 da Constituição Federal, para intervir no domínio econômico, com o objetivo de incentivar a economia e garantir a competitividade da indústria doméstica. Pois bem. Neste contexto, o sistema brasileiro de defesa no comércio internacional é dividido em duas competências distintas. Na primeira encontrase a SECEX (Secretaria de Comércio Exterior, que tem o Decom Departamento de Defesa Comercial , como um de seus cinco departamentos), que é responsável por propor a abertura 5 e conduzir investigações destinadas à aplicação de medidas antidumping.6 Como segunda competência aparece a CAMEX (Câmara de Comércio Exterior), cuja obrigação é fixar os direitos antidumping, em caráter definitivo ou provisório, por meio de resoluções. Disto já é possível constatar que o direito antidumping não se submete ao princípio da legalidade, o que também demonstra seu caráter não tributário, já que não se amolda ao artigo 150, inciso I da Constituição e ao artigo 3º do CTN. Sua instituição, isto sim, se dará por ato exarado pelas citados órgãos competentes, mediante o procedimento estabelecido pelo Decreto 8.058, de 26 de julho de 2013, que revogou e substituiu o Decreto nº 1.602, de 23 de agosto de 1995. Paralelamente às competências da SECEX e da CAMEX, órgãos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a Receita Federal é responsável pela fiscalização e arrecadação das medidas de defesa comercial (artigo 237 da Constituição), o que ocorre por ocasião do registro da declaração de importação. 4 BAPTISTA, Luiz Olavo, “Dumping e AntiDumping no Brasil”, in OMC e o Comércio Internacional. AMARAL JÚNIOR, Alberto do (coord.). São Paulo: Aduaneiras, 2002. 5 Mediante solicitação da indústria nacional, por iniciativa governamental (ex officio) ou por terceito país interessado. 6 Bem como medidas compensatórias e medidas de salvaguarda. Fl. 830DF CARF MF Processo nº 10480.721362/201610 Acórdão n.º 3402006.342 S3C4T2 Fl. 254 9 Traçadas tais premissas, passo à análise dos argumentos apresentados pela Recorrente. 2. Da classificação fiscal das mercadorias e da sua relevância para fins de incidência do direito antidumping Como anteriormente salientado, a presente autuação cingese à cobrança de direitos antidumping sobre as importações amparadas pelas DIs n. 14/05794730 e n.14/09707956, fls. 12 a 72), com base n Resolução CAMEX n. 77, de 2 de outubro de 2013, cuja resolução final segue transcrita: RESOLUÇÃO Nº 77, DE 2 DE OUTUBRO DE 2013 (Publicado no D.O.U. de 03/10/2013) Aplica direito antidumping definitivo, por um prazo de até 5 (cinco) anos, às importações brasileiras de laminados planos de baixo carbono e baixa liga provenientes de lingotamento convencional ou contínuo, (chapas grossas), originárias da República da África do Sul, da República da Coreia, da República Popular da China e da Ucrânia. O PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS DA CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR CAMEX, no uso da atribuição que lhe confere o § 3º do art. 5º do Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, e com fundamento no inciso XV do art. 2º do mesmo diploma legal, CONSIDERANDO o que consta dos autos do Processo MDIC/SECEX 52100.004703/201143, RESOLVE ad referendum do Conselho: Art. 1º Encerrar a investigação com a aplicação de direito antidumping definitivo, por um prazo de até 5 anos, às importações brasileiras de laminados planos de baixo carbono e baixa liga provenientes de lingotamento convencional ou contínuo, podendo ser processados através de laminação convencional ou controlada e tratamento térmico, de espessura igual ou superior a 4,75 milímetros (mm), podendo variar em função da resistência, e largura igual ou superior a 600 mm, independentemente do comprimento (chapas grossas), originárias da República da África do Sul, da República da Coreia, da República Popular da China e da Ucrânia, comumente classificadas nos itens 7208.51.00 e 7208.52.00 da Nomenclatura Comum do MERCOSUL – NCM, a ser recolhido sob a forma de alíquota específica fixada em dólares estadunidenses por tonelada, nos montantes abaixo especificados: Pela leitura do auto de infração, bem como da decisão da DRJ, constatase que a controvérsia focouse bastante sobre a correta classificação fiscal (correta posição NCM/SH) das mercadorias importadas ("chapas de aço"). Enquanto a Recorrente entendia que a existência de revestimento “zinc primer” era suficiente para que as mercadorias fossem classificadas no código NCM indicado no registro das respectivas declarações de importação Fl. 831DF CARF MF 10 (14/05794730 e 14/09707956), a Fiscalização aduziu que tal revestimento não tornaria a mercadoria passível de ser classificada no código NCM indicado. A classificação no NCM/SH pretendida pela Recorrente é a 7210.90.00, enquanto a posição sustentada pela Fiscalização no auto de infração e ratificada pela DRJ é a 7208.51.00 e 7208.52.00. Ocorre que, com a instrução do presente processo, feita ao longo do seu contencioso administrativo, hoje percebese que a questão da classificação fiscal não é de fato determinante para a solução do caso. Isto porque, independentemente da classificação fiscal dos produtos importados, não são aplicáveis in casu os direitos antidumping, já que os produtos não se amoldam ao quanto estabelecido pela Resolução CAMEX n. 77/2013. Explico. Analisando o texto do referido ato normativo, percebese que os produtos (chapas grossas) que devem, se importados da República da África do Sul, da República da Coreia, da República Popular da China e da Ucrânia, implicar no pagamento do direito antidumping são comumente classificados na NCM sob o n 7208.51.00 e 7208.52.00. Comumente, não necessariamente. Eis aí o ponto em que assiste razão à Recorrente. Lembrese que, conforme tratado no tópico 1 acima, o direito antidumping consiste em mecanismo utilizado na defesa do comércio exterior leal, combatendo as operações de exportação a preços de dumping de um produto, mediante escopo bem definido a cada procedimento de aplicação da medida protetiva. Afinal, o que se pretende é resguardar a indústria nacional contra preços predatórios relativamente a importações de um específico produto, cujas condições de mercado serão objeto de análise pela autoridade competente (SECEX), tudo nos moldes do Decreto 8.058, de 26 de julho de 2013. Dessa forma, é informação útil, mas não determinante, a classificação do produto objeto no sistema harmonizado. Com efeito, o Acordo Antidumping da Organização Mundial de Comércio em seu artigo 5º,7 assim como o Decreto nº 8.058/2013, em seus artigos 8º, 9º e 10, estabelecem que o curso da investigação e a aplicação dos direitos antidumping são feitas com base nas características do produto em questão, não havendo menção à classificação tarifária para tal determinação. Cito abaixo os dispositivos em comento: Art. 8º Considerase “valor normal” o preço do produto similar, em operações comerciais normais, destinado ao consumo no mercado interno do país exportado 7 5. Comparação justa será efetuada entre o preço de exportação e o valor normal. Essa comparação deverá efetuarse no mesmo nível de comércio, normalmente no nível ex fábrica, e considerando vendas realizadas tão simultaneamente quanto possível. Razoável tolerância será concedida caso a caso de acordo com sua especificidade, em razão de diferenças que afetem comparação de preços, entre elas diferenças nas condições e nos termos de venda, tributação, níveis de comércio, quantidades, características físicas e quaisquer outras diferenças que igualmente se demonstre afetam a comparação de preços 7. Nos casos tratados no parágrafo 4 deverão ser tolerados ajustes em função de custos, entre eles tarifas e taxas que incidam entre a importação e a revenda e também em função dos lucros auferidos. Se em tais casos a comparação de preços tiver sido afetada, as autoridades deverão estabelecer o valor normal em nível de comércio equivalente àquele do preço de exportação apurado ou aplicar a tolerância prevista neste parágrafo. As autoridades devem informar as partes envolvidas da necessidade de informação que assegure comparação justa e não deverão impor às partes excessivo ônus de prova. Fl. 832DF CARF MF Processo nº 10480.721362/201610 Acórdão n.º 3402006.342 S3C4T2 Fl. 255 11 Art. 9º Para os fins deste Decreto, considerase “produto similar” o produto idêntico, igual sob todos os aspectos ao produto objeto da investigação ou, na sua ausência, outro produto que, embora não exatamente igual sob todos os aspectos, apresente características muito próximas às do produto objeto da investigação. § 1º A similaridade de que trata o caput será avaliada com base em critérios objetivos, tais como: I matériasprimas; II composição química; III características físicas; IV normas e especificações técnicas; V processo de produção; VI usos e aplicações; VII grau de substitutibilidade; e VIII canais de distribuição. § 2º Os critérios a que faz referência o parágrafo anterior não constituem lista exaustiva e nenhum deles, isoladamente ou em conjunto, será necessariamente capaz de fornecer indicação decisiva. Art. 10. O termo “produto objeto da investigação” englobará produtos idênticos ou que apresentem características físicas ou composição química e características de mercado semelhantes. § 1º O exame objetivo das características físicas ou da composição química do produto objeto da investigação levará em consideração a matériaprima utilizada, as normas e especificações técnicas e o processo produtivo. § 2º O exame objetivo das características de mercado levará em consideração usos e aplicações, grau de substitutibilidade e canais de distribuição. § 3º Os critérios a que se referem os § 1º e § 2º não constituem lista exaustiva e nenhum deles, isoladamente ou em conjunto, será necessariamente capaz de fornecer indicação decisiva. Em síntese, a aplicação dos direitos antidumping se dá sobre os produtos investigados conforme suas características e sua similaridade ao produto produzido pela indústria doméstica, servindo a classificação tarifária sob a NCM apenas como referência para orientar o curso das investigações. Tanto é assim que o próprio texto da Resolução CAMEX n. 77/2013 fala em "comumente" quando se refere às posições da NCM. Fl. 833DF CARF MF 12 Pois bem, no caso concreto, as chapas revestidas foram excluídas do escopo da investigação ab initio pela peticionária USIMINAS, de forma que não existia, por força da Resolução CAMEX nº 77/2013, obrigação de pagamento de direitos antidumping sobre os produtos revestidos. Segue abaixo seu conteúdo: DO PROCESSO 1.1 Da petição Em 26 de dezembro de 2011, a empresa Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. – USIMINAS, doravante também denominada simplesmente USIMINAS ou peticionária, protocolou no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) petição de início de investigação de dumping nas exportações para o Brasil de laminados planos (chapas grossas), de ferro ou aço não ligado, de largura igual ou superior a 600 milímetros (mm), não folheados ou chapeados, nem revestidos, não enrolados, simplesmente laminados a quente, sem apresentar motivos em relevo, de espessura igual ou superior a 4,75 mm, comumente classificados nos itens 7208.51.00 e 7208.52.00 da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), originárias da República da África do Sul (África do Sul), da Austrália, da República da Coreia (Coreia do Sul), da República Popular da China (China), da Federação da Rússia (Rússia), e da Ucrânia e do correlato dano à indústria doméstica. Como também já adiantado, os produtos importados pela Recorrente não se enquadram dentre os quais foi estabelecido o direito antidumping pela Resolução CAMEX n. 77/2013. Isto porque, além da NCM adotada pela Recorrente não excluir a possibilidade de estar de fora da cobrança em questão, as características físicoquímicas dos produtos importados diferem daquelas indicadas pela indústria doméstica em sua petição inicial de abertura e, consequentemente, daquelas levadas em consideração pela autoridade investigadora no curso da investigação. A Resolução n. 3402001.163, solicitada por este Colegiado, foi essencial para confirmar tal fato. Naquela oportunidade, requereuse que a Câmara de Comércio Exterior fosse oficiada para se manifestar acerca da Resolução CAMEX n°77/2013 em contraposição à Resolução CAMEX n. 119/2014, respondendo se os produtos objeto da presente autuação encontravamse fora do escopo de investigação das autoridades competentes para a aplicação das medidas antidumping. As questões respondidas pelo Órgão técnico, mediante o Ofício n. 80/2017 SEISECAMEX (fls 728 a 732), foram as seguintes: i) as chapas grossas de aço como as importadas pela Recorrente e sujeitas à autuação estavam fora do escopo da Investigação Antidumping MDIC/SECEX 52100.004703/201143, concluída pela Resolução CAMEX Nº 77, de 2 de outubro de 2013?; ii) as chapas grossas de aço como as importadas pela Recorrente e sujeitas à autuação foram objeto específico da Revisão Anticircunvenção MDIC/SECEX 52272.000644/201413, concluída pela Resolução CAMEX 119, de 18 de dezembro de 2014? A seguir, transcrevo as considerações apresentadas pela Câmara de Comércio Exterior: Fl. 834DF CARF MF Processo nº 10480.721362/201610 Acórdão n.º 3402006.342 S3C4T2 Fl. 256 13 (...) Fl. 835DF CARF MF 14 Importante salientar que foram disponibilizados à CAMEX cópias dos extratos das Declarações de Importação n. 14/05794730 e 14/09707956, juntamente com os documentos instrutivos (conhecimento de carga, fatura e packing list), que instruíram o ofício de requisição de informações (fls 727). Ademais, realço que a “circumvention consiste em burla à seletividade das medidas “antidumping”, v.g., mediante a remessa do produto a terceiros países ou seu fracionamento, frustrando a aplicação das medidas fixadas em relação a determinado produto, produtor ou país".8 Tendo isso em vista, a revisão anticircunvenção serve justamente para estender a imputação do direito antidumping (artigo 121 do Decreto n. 8.058/2013),9 para 8 TREVISAN, Rosaldo. A internacionalização da disciplina do imposto de importação: contornos para uma regulaçãp internacional da incidência. Teses de doutoramento. Universidade Federal do Paraná (UFPR). 2016, p.257. 9 Art. 121. A aplicação de uma medida antidumping poderá ser estendida, por meio de uma revisão anticircunvenção amparada por esta Subseção, a importações de: Fl. 836DF CARF MF Processo nº 10480.721362/201610 Acórdão n.º 3402006.342 S3C4T2 Fl. 257 15 produtos/exportadores não relacionados na medida protetiva inicialmente, no caso, a Resolução CAMEX 77/2013. Por esta razão, e sempre tendo em vista os primados da irretroatividade do direito e da segurança jurídica, tal extensão, por novo ato normativo, somente se aplica para fatos geradores a ela posteriores. Assim é que a própria Resolução CAMEX 119/2014 noticia que sua vigência iniciase na data de sua publicação, in verbis: RESOLUÇÃO Nº 119, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2014. (Publicada no DOU de 19/12/2014) Estende a aplicação do direito antidumping definitivo, pelo mesmo período de duração da medida, às importações brasileiras de chapas grossas pintadas, originárias da China, e às importações brasileiras de chapas grossas com adição de boro, originárias da China e da Ucrânia. O PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS DA CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR, no uso da atribuição que lhe confere o § 3º do art. 5º do Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, e com fundamento no inciso XV do art. 2º do mesmo diploma legal, CONSIDERANDO o que consta dos autos do Processo MDIC/SECEX 52272.000644/201413, RESOLVE, ad referendum do Conselho: Art. 1º Encerrar a revisão de anticircunvenção, com extensão da aplicação do direito antidumping definitivo apurado na investigação original sobre as importações de chapas grossas pintadas, classificadas na NCM 7210.70.10, provenientes ou originárias da República Popular da China e sobre a importação de chapas grossas com adição de boro, classificadas na NCM 7225.40.90, provenientes ou originárias da República Popular da China e da Ucrânia, pelo mesmo período de duração da medida, fixado em dólares estadunidenses por tonelada, nos montantes abaixo especificados:) (...) Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. De tudo isso percebese que, somente a partir de 19 de dezembro de 2014 data posterior à data das importações ora questionadas (26 de março de 2014 e 21 de maio de 2014) é que passaram a ser devidos direitos antidumping sobre chapas pintadas, como são aquelas importadas pela Recorrente, por decorrência da Resolução CAMEX nº 119, de 18 de I partes, peças ou componentes originários ou procedentes do país sujeito a medida antidumping, destinadas à industrialização, no Brasil, do produto sujeito a medida antidumping; II produto de terceiros países cuja industrialização com partes, peças ou componentes originários ou procedentes do país sujeito a medida antidumping resulte no produto sujeito a medida antidumping; ou III produto que, originário ou procedente do país sujeito a medida antidumping, apresente modificações marginais com relação ao produto sujeito a medida antidumping, mas que não alteram o seu uso ou a sua destinação final. Fl. 837DF CARF MF 16 dezembro de 2014. Afinal, apenas por ocasião do procedimento de Revisão Anticircunvenção, fundado na Subseção II da Seção III do Decreto nº 8.058/2013, que levou à extensão da imposição de direitos antidumping às chapas pintadas com revestimento de zinco oriundas da China, com a decisão de incluir as chapas grossas pintadas ou revestidas no escopo dos produtos abarcados pela Resolução CAMEX nº 77/2013. Por conseguinte, apenas a partir da publicação da Resolução CAMEX nº 119, de 19 de dezembro de 2014, o pagamento de direitos antidumping sobre os produtos com as especificações idênticas aos internados pelas DI nº 14/05794730 e nº 14/09707956 passou a ser devido. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 838DF CARF MF
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Numero do processo: 10675.900217/2012-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/02/2009
RECURSOS. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EFEITO TRANSLATIVO.
A profundidade do efeito devolutivo do recurso (efeito translativo) abrange matéria examinável de ofício, bem como questões acessórias, incidentais ou de mérito que se relacionarem àquilo que foi impugnado (objeto litigioso).
No âmbito do processo administrativo fiscal, o efeito translativo dos recursos pode também ser aplicado, nos termos do art. 15 do CPC, eis que não há qualquer incompatibilidade com o disposto nos art. 17 e 42 do Decreto nº 70.235/72.
No caso, embora o julgador a quo não tenha se pronunciado propriamente sobre a questão de que o art. 138 do CTN abriga somente a hipótese de pagamento; trata-se de matéria que se relaciona diretamente àquilo que foi impugnado, que pode ser apreciada pelo tribunal ad quem como fundamento para a solução do objeto litigioso recursal em face do efeito translativo do recurso.
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO.
Às declarações de compensação (PER/DComp) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN.
No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário.
COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA.
Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá-se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96.
Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora.
Recurso Voluntário negado
Direito Creditório não reconhecido
Numero da decisão: 3402-006.311
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos e a Thais de Laurentiis Galkowicz, que davam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/02/2009 RECURSOS. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EFEITO TRANSLATIVO. A profundidade do efeito devolutivo do recurso (efeito translativo) abrange matéria examinável de ofício, bem como questões acessórias, incidentais ou de mérito que se relacionarem àquilo que foi impugnado (objeto litigioso). No âmbito do processo administrativo fiscal, o efeito translativo dos recursos pode também ser aplicado, nos termos do art. 15 do CPC, eis que não há qualquer incompatibilidade com o disposto nos art. 17 e 42 do Decreto nº 70.235/72. No caso, embora o julgador a quo não tenha se pronunciado propriamente sobre a questão de que o art. 138 do CTN abriga somente a hipótese de pagamento; tratase de matéria que se relaciona diretamente àquilo que foi impugnado, que pode ser apreciada pelo tribunal ad quem como fundamento para a solução do objeto litigioso recursal em face do efeito translativo do recurso. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO. Às declarações de compensação (PER/DComp) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN. No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 02 17 /2 01 2- 84 Fl. 207DF CARF MF 2 COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA. Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96. Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora. Recurso Voluntário negado Direito Creditório não reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos e a Thais de Laurentiis Galkowicz, que davam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versam os autos sobre Dcomp – Declaração de Compensação de crédito de Contribuição para a Seguridade Social Cofins, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração fevereiro de 2009, no valor de R$ 6.507,42, com débito de IRPJ, incidente em julho de 2009, transmitido através do PER/Dcomp nº 11636.99414.310809.1.3.044104. O crédito já havia sido utilizado no PER/Dcomp inicial nº 07231.24112.110809.1.3.046072. A autoridade administrativa não homologou a compensação, tendo em vista que o pagamento indicado no PER/Dcomp como origem do direito creditório não teria qualquer saldo disponível para amortizar o débito. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: a) suspensão da exigibilidade do débito objeto da compensação (art. 151, Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10675.900217/201284 Acórdão n.º 3402006.311 S3C4T2 Fl. 218 3 III do CTN); b) configuração da denúncia espontânea; e c) necessidade de exclusão da multa de mora. A Delegacia de Julgamento não acolheu os argumentos da manifestante, sob os seguintes fundamentos principais: Ocorre que tendo o PER/Dcomp inicial, nº 07231.24112.110809.1.3.04 6072 sido transmitido em 11/08/2009, e, portanto, após o vencimento dos débitos, houve incidência de juros de mora e de multa de mora. Deste modo, o pagamento foi suficiente para amortizar os débitos da Dcomp inicial, mas não restou saldo disponível para liquidar o débito da Dcomp nº 11636.99414.310809.1.3.044104. Os acréscimos moratórios estão previstos no artigo 61 da Lei nº 9.430/96. Portanto, quando o recolhimento é intempestivo, a incidência da multa moratória é determinada por lei, e é devida inclusive quando ocorre denúncia espontânea. Sempre que se verifique pagamento efetuado após o vencimento do prazo, é devida a multa de mora, que não tem natureza de sanção ou penalidade, e sim de indenização pelo atraso no pagamento. Quanto à Súmula 360 do STJ, a extinção do crédito tributário pela compensação ocorreu concomitantemente com sua confissão por meio do próprio PER/DCOMP. Como o PER/Dcomp foi transmitido em 11/08/2009, e, portanto, após o vencimento do tributo (31/07/2009), há incidência de multa moratória. Cientificada dessa decisão em 07/07/2014, a interessada interpôs o recurso voluntário em 28/07/2014, repisando as alegações da manifestação de inconformidade acerca do cabimento da denúncia espontânea e da não incidência da multa de mora. É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Não há controvérsia acerca do fato de que é cabível a suspensão da exigibilidade do crédito tributário relativamente aos débitos confessados pela contribuinte na declaração de compensação, como já esclarecido pela DRJ: Realmente, aplicase à manifestação de inconformidade o disposto no inc. III do art. 151 do Código Tributário Nacional – CTN, ou seja, sua apresentação suspende a exigibilidade do crédito tributário, até que ocorra o julgamento, conforme § 11 do art. 74 da Lei 9.430/96, incluído pelo art. 17 da Lei nº 10.833/2003: A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. Fl. 209DF CARF MF 4 É verdade também, como alega a recorrente, que o entendimento acerca da impossibilidade de exclusão da multa de mora no instituto da denúncia espontânea já foi superado pela jurisprudência pacífica do STJ1, o que foi objeto do PARECER PGFN/CRJ/Nº 2113 /20112, que vincula a própria Receita Federal nos atos de sua competência por força do art. 19 da Lei nº 10.522/2002. Também não se desconhece que o STJ, em julgamentos realizados na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que configura denúncia espontânea a confissão do contribuinte acerca do débito em atraso, inclusive em DCTF original ou retificadora, apresentada posteriormente ou concomitantemente ao pagamento do tributo devido e dos juros de mora, desde que não efetuada após qualquer procedimento de ofício.3 Contudo a questão acerca da configuração ou não da denúncia espontânea nas declarações de compensação é matéria que ainda não está pacificada, não existindo decisão judicial ou súmula que vincule o CARF em suas decisões. No caso, não houve declaração prévia do débito compensado, ou seja, ele não constou em DCTF anteriormente à transmissão da Dcomp, como informado pela recorrente. Sobre a multa de mora, ocorre que, como a transmissão da declaração de compensação ocorreu em 11/08/2009 e o débito vencera em 31/07/2009, teria que ser observado o disposto no art. 61 e 74, §§1º, 2º e 14 da Lei nº 9.430/96 e do art. 36 da Instrução Normativa SRF nº 900/2008, abaixo transcritos: Lei nº 9.430/96 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a 1 TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. EXCLUSÃO. 1. O art. 138 do CTN não estabelece distinção entre a multa moratória e a punitiva, de modo que ambas são excluídas pela denúncia espontânea. Precedentes. 2. Recurso especial não conhecido. (RESP RECURSO ESPECIAL – 922206, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJE DATA:22/08/2008) TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. EXCLUSÃO. LEI 8.212/91, ART. 35, I. COMPATIBILIDADE COM O ART. 138 DO CTN. 1. É desnecessário fazer distinção entre multa moratória e multa punitiva, visto que ambas são excluídas em caso de configuração da denúncia espontânea. Precedentes. 2. O art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação anterior à dada pela Lei 11.941/2009, era inteiramente compatível com o instituto previsto no art. 138 do CTN. 3. Recurso especial a que se nega provimento. (RESP RECURSO ESPECIAL – 774058, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJE DATA:15/10/2009) Nesse mesmo sentido: REsp 922.206, rel. min. Mauro Campbell Marques; REsp 1062139, rel. min. Benedito Gonçalves; REsp 922842, rel. min. Eliana Calmon; REsp 774058, rel. min. Teori Albino Zavascki e AGRESP 200700164263, rel. min. Humberto Martins. 2 PARECER PGFN/CRJ/Nº 2113 /2011: Denúncia espontânea. Exclusão da multa moratória. Inexistência de distinção entre multa moratória e multa punitiva, visto que ambas são excluídas em caso de configuração da denúncia espontânea. Inteligência do art. 138 do Código Tributário Nacional. Jurisprudência pacífica do Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Aplicação da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. Possibilidade de a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional não contestar, não interpor recursos e desistir dos já interpostos, quanto à matéria sob análise. Necessidade de autorização do(a) Sr(a). Procurador(a)Geral da Fazenda Nacional e aprovação do Sr. Ministro de Estado da Fazenda. 3 REsp 1149022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010 REsp 962.379/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/10/2008, DJe 28/10/2008 Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10675.900217/201284 Acórdão n.º 3402006.311 S3C4T2 Fl. 219 5 partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pela sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (...) Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008 (Publicado(a) no DOU de 31/12/2008) (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1300, de 20 de novembro de 2012) Art. 36. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 72 e 73 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data de entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo administrado pela RFB será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. § 2º Havendo acréscimo de juros sobre o crédito, a compensação será efetuada com a utilização do crédito e dos juros compensatórios na mesma proporção. § 3º Aplicamse à compensação da multa de ofício as reduções de que trata o art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, salvo os casos excepcionados em legislação específica. Contudo, restaria se saber se o art. 138 do CTN teria o condão de excluir a multa de mora na hipótese em que não houve o pagamento do tributo, mas a compensação como forma de extinção do crédito tributário. Argumenta a recorrente que, como teria entregue sua DCTF após o "pagamento do tributo", deveria se beneficiar da exoneração da multa de mora na denúncia espontânea, conforme entendimento veiculado na Súmula nº 360 do STJ, nestes termos: "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". No caso, embora a confissão do débito com o Fisco tenha ocorrido com a transmissão da declaração de compensação e não anteriormente, de forma que a Súmula nº 360 do STJ não seria, em si, óbice à pretensão da recorrente. No entendimento desta Relatora, a questão relevante é que o art. 138 do CTN abriga somente uma das hipóteses de extinção do crédito tributário, qual seja, o pagamento, mas não as outras modalidades mencionadas no art. 156 do CTN. Fl. 211DF CARF MF 6 Essa matéria foi recentemente submetida a este Colegiado no Acórdão nº Acórdão nº 3402005.981– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 29 de novembro de 2018, sob a relatoria desta Conselheira, tendo sido assim decidido: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2009 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO. Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN. No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA. Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96. Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora. Recurso Voluntário negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que davam provimento ao recurso. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. (...) Dessa forma, no presente caso, nos termos do art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99, utilizo como fundamento de decidir o Voto proferido no Acórdão nº 3402005.981, no seguinte sentido: VOTO (...) Nos termos do art. 156 do CTN, o pagamento (inciso I) e a compensação (inciso II) são modalidades de extinção do crédito tributário, sendo que, no caso da compensação, nos termos do art. 74, §2º da Lei nº 9.430/96, a extinção se dá sob condição resolutória da ulterior homologação da compensação declarada. Na hipótese de não ocorrer a homologação (tácita ou expressa) da compensação declarada, não há que se falar mais em extinção do crédito tributário, sendo cabível a cobrança dos débitos confessados. Na hipótese de lançamento por homologação, tratada separadamente no inciso VII do art. 156 do CTN, o pagamento antecipado somente extinguirá o crédito tributário se for acompanhado da homologação tácita ou expressa da norma individual e concreta posta pelo contribuinte. O Professor Paulo de Barros Carvalho4 bem diferencia o "pagamento" a que se refere o inciso I do art. 156 do CTN do "pagamento antecipado" de que trata o inciso VII, nos seguintes termos: Não obstante o pagamento antecipado seja uma forma de pagamento, a legislação aplicável requer que ele se conjugue ao ato homologatório a ser realizado (comissiva ou omissivamente) pela Administração Pública. Apenas dessa maneira darseá por dissolvido o vínculo, diferentemente do que ocorre nos casos de 4 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 490. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10675.900217/201284 Acórdão n.º 3402006.311 S3C4T2 Fl. 220 7 pagamento de débito tributário constituído por lançamento, em que a conduta prestacional do devedor tem o condão de por fim, desde logo, à obrigação tributária. No denominado "lançamento por homologação", quando ainda não ocorrida a homologação tácita ou expressa da norma individual e concreta posta pelo contribuinte, constatando o Fisco a inexatidão da atividade prévia por ele exercida, deverá apurar o montante suplementar do tributo devido e constituir o crédito tributário por lançamento de ofício supletivo, nos termos do art. 149 do CTN. Nessa hipótese, obviamente, a parcela do crédito tributário objeto do pagamento antecipado é considerada extinta por pagamento (parcial), vez que excluída do lançamento de ofício supletivo. Dessa maneira, nos incisos I, II e VII do art. 156 do CTN, são descritas três formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, conferir eventualmente o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" está a dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. Nessa mesma linha, no voto vencedor do Redator Designado Fernando Brasil de Oliveira Pinto, no Acórdão nº 1402002.309 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 15 de setembro de 2016, restou esclarecido que às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN, uma vez que a extinção do crédito tributário por pagamento (art. 156, I, do CTN) não se confunde com a extinção por meio de compensação (art. 156, II do CTN): (...) Portanto, embora pagamento e compensação extingam o crédito tributário, cada um o faz com suas características e consequências peculiares: enquanto no pagamento não mais se discute a extinção do crédito tributário, na compensação extinguese o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430/96), ou seja, a declaração de compensação pode ter seus efeitos revertidos pela autoridade administrativa. O art. 138 do CTN, ao dispor que a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, a meu ver, limitou a possibilidade de sua aplicação a uma das modalidades de extinção do crédito tributário, qual seja, o pagamento. Quisesse o legislador que outras hipóteses de extinção fossem aplicáveis para fins de denúncia espontânea, assim o teria feito expressamente. Conforme abordado pelo i. Conselheiro Relator, a posição do STJ sobre o tema não é unânime. Tanto assim que, posteriormente ao entendimento firmado no julgamento nos EDcl no AgRg no REsp 1375380/SP, sessão de 20/08/2015, citado no r. voto do i. Conselheiro Relator, a mesma Segunda Turma julgadora do STJ julgadora decidiu de modo divergente na apreciação do AgRg no REsp 1461757 / RS em sessão realizada no mês seguinte, dia 03/09/2015. Vejase sua ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2014/01481347 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 03/09/2015 Data da Publicação/Fonte DJe 17/09/2015 Ementa: (...) 3. "A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o Fl. 213DF CARF MF 8 contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". (AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 10/09/2012) 4. Agravo regimental não provido. (...) No mesmo sentido, pronunciouse a Câmara Superior de Recursos Fiscais, no Acórdão nº 9303006.011– 3ª Turma, de 29 de novembro de 2017, sob voto condutor do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, nestes termos: (...) Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Valcir Gassen (Suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (...) VOTO (...) A matéria a ser decidida neste julgamento, como já dito, é somente se compensação (via Declaração de Compensação) equivale ou não a pagamento, para fins de cabimento ou não da cobrança da multa moratória nos casos de transmissão da DCOMP a destempo, mas antes do início do procedimento fiscal. Para o pagamento, o tema não é mais passível de discussão no CARF (a teor do § 2º do art. 62 do seu Regimento Interno), haja vista que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu a questão posta, no RE nº 1.149.022/SP (isto se o pagamento for realizado antes ou concomitantemente à confissão da dívida, conforme Súmula nº 360, também do STJ), em Acórdão submetido à sistemática dos recursos repetitivos, nos termos do artigo 543C da Lei nº 5.869, de 11/01/73, antigo Código de Processo Civil. Já para a compensação, não existe decisão judicial ou súmula que vincule este Colegiado. Como bem colocou a PGFN, pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário, conforme estabelece o Código Tributário Nacional (art. 156, I e II, já transcritos), recepcionado como lei complementar, a única capaz de estabelecer normas gerais sobre crédito tributário, como reza a nossa Constituição Federal (grifei): (...) Alega o contribuinte, em suas Contrarrazões, que o pagamento, no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação – como a própria denominação desta forma de constituição diz – também está sujeito à condição de sua ulterior homologação. Mas o CTN diz algo mais a respeito (grifei): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10675.900217/201284 Acórdão n.º 3402006.311 S3C4T2 Fl. 221 9 Assim, na compensação, é o valor confessado em DCOMP está sob condição resolutória de ulterior homologação, enquanto no pagamento, na realidade, é o que não foi quitado. Isto está claro na lei. O § 1º do art. 150 do CTN fala “sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento”, enquanto o § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 fala em “sua ulterior homologação” Em termos simples: “pagou está pago”; se compensou, há cinco anos para a Administração decidir em que dimensão o crédito está extinto, até o limite compensado. Não se pode equiparar, então, homologação do lançamento com homologação da Declaração de Compensação. (...) São formas de extinção distintas, com conseqüências distintas. Não há dúvida. Assim, não se pode aplicar a mesma jurisprudência de uma para a outra – ainda que o STJ já tenha feito isto, mas em decisão não vinculante (Resp nº 1.136.372/RS, citado pelo contribuinte). (...) Ex positis, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (...) Melhor sorte não assiste à recorrente quanto ao argumento de que não teria ocorrido a "extemporaneidade no pagamento" do tributo devido, vez que os débitos e créditos objeto de compensação referemse a tributos atinentes ao mesmo período de apuração e mesma data de vencimento. Ocorre que, na hipótese de compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória, dáse somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96: (...) Dessa forma, não tendo sido os débitos pagos no prazo da legislação específica, nem tampouco sido considerados extintos antes do vencimento do tributo pela transmissão da declaração de compensação tempestiva, estão sujeitos à multa de mora, nos termos do art. 61 e 74, §§1º, 2º e 14 da Lei nº 9.430/96 e do art. 28 da Instrução Normativa SRF nº 460/2004: (...) Com efeito, no caso, houve a incidência da multa de mora em face de o débito não ter sido pago no prazo da legislação específica, nem tampouco sido considerado extinto antes do vencimento do tributo pela transmissão da declaração de compensação tempestiva, sendo que tal multa não poderia ser excluída pela denúncia espontânea, pois não houve pagamento do débito, mas a sua extinção por compensação. Por fim, há que se esclarecer que a análise por parte deste Colegiado na forma efetuada acima está em consonância com o efeito translativo dos recursos (efeito devolutivo na dimensão vertical ou de profundidade), como ensinam Didier Jr. e Cunha5: A profundidade do efeito devolutivo determina as questões que devem ser examinadas pelo órgão ad quem para decidir o objeto litigioso do recurso. Tratase da dimensão vertical do efeito devolutivo. A profundidade identificase com o material que há de trabalhar o órgão ad quem para julgar. (...) (...) A profundidade do efeito devolutivo abrange: a) questões examináveis de ofício (art. 485, §3º, CPC); b) questões que, não sendo examináveis de ofício, 5 DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e Processo nos Tribunais. v. 3. 14. ed. reform. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017, p. 169/172. Fl. 215DF CARF MF 10 deixaram de ser apreciadas, a despeito de haverem sido suscitadas abrangendo as questões acessórias (ex. juros legais), incidentais (ex. litigância de máfé), questões de mérito e outros fundamentos do pedido e da defesa. (...) A extensão do efeito devolutivo determina os limites horizontais do recurso; a profundidade, os verticais. A extensão delimita o que se pode decidir; a profundidade, o material com o qual o órgão ad quem trabalhará para decidir a questão que lhe foi submetida. A extensão relacionase ao objeto litigioso do recurso (a questão principal do recurso); a profundidade, ao objeto do conhecimento do recurso, às questões que devem ser examinadas pelo órgão ad quem como fundamentos para a solução do objeto litigioso recursal. É preciso, porém, fazer uma advertência: o efeito devolutivo limita o efeito translativo, que é o seu aspecto vertical: o tribunal poderá apreciar todas as questões que se relacionarem àquilo que foi impugnado e somente àquilo. O recorrente estabelece a extensão do recurso, mas não pode estabelecer a sua profundidade. Isso, aliás, está claro na parte final do §1º do art. 1.013 e no parágrafo único do art. 1.034, ambos do CPC. Capítulo não impugnado transita em julgado e, por isso, não pode ser reexaminado pelo tribunal. É por isso, também, que o art. 1.008 do CPC determina que somente haverá substituição da decisão recorrida pela decisão do recurso nos limites do que foi impugnado. (...) No âmbito do processo administrativo fiscal, o efeito translativo dos recursos pode também ser aplicado, nos termos do art. 15 do CPC, eis que não há qualquer incompatibilidade com o disposto nos art. 17 e 42 do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcritos: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; II de segunda instância de que não caiba recurso ou, se cabível, quando decorrido o prazo sem sua interposição; III de instância especial. Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de ofício. Dessa forma, no presente caso, embora o julgador a quo não tenha se pronunciado propriamente sobre a questão de que o art. 138 do CTN abriga somente a hipótese de pagamento, mas não de compensação; tratase de matéria que se relaciona diretamente àquilo que foi impugnado6, que pode ser apreciada pelo tribunal ad quem como fundamento para a solução do objeto litigioso recursal em face do efeito translativo do recurso. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula 6 O objeto litigioso é a possibilidade de exclusão de multa de mora pela denúncia espontânea. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10675.900217/201284 Acórdão n.º 3402006.311 S3C4T2 Fl. 222 11 Fl. 217DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.907343/2009-75
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. APRESENTAÇÃO DE PER/DCOMP.
O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, faz-se necessário a retificação da DCTF, de ofício ou pelo contribuinte.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ.
Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3003-000.139
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. APRESENTAÇÃO DE PER/DCOMP. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, faz-se necessário a retificação da DCTF, de ofício ou pelo contribuinte. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. APRESENTAÇÃO DE PER/DCOMP. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, fazse necessário a retificação da DCTF, de ofício ou pelo contribuinte. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 73 43 /2 00 9- 75 Fl. 228DF CARF MF Processo nº 10925.907343/200975 Acórdão n.º 3003000.139 S3C0T3 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP nº 26051.89942.221107.1.3.049350, cujo crédito seria decorrente de pagamento indevido ou a maior de COFINS, do período de apuração de fevereiro de 2003, no valor original na data de transmissão de R$ 18.877,35, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 31/08/2006. Após processada foi exarado o Despacho Decisório (efls. 15), emitido em 07/10/2009, no qual consta que o pagamento descrito no PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Intimado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade aonde alega, em síntese, que a razão para a não homologação é a de que alocou incorretamente, em DCTF apresentada, recolhimentos anteriormente efetuados. Posteriormente à apresentação da DCOMP, tratou de retificar a DCTF, para fins de corrigir o erro. Pede, assim, a homologação da compensação. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) julgou improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão nº 07 25.724. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o recolhimento já estaria vinculado a um débito declarado em DCTF e a sua retificação se deu posteriormente à apresentação da DCOMP. Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, através de Recurso Voluntário apresentado, no qual alega que as Perdcomps foram entregues antes do recolhimento do DARF utilizado nas compensações, bem como o Despacho Decisório foi emitido após a retificação da DCTF, portanto, na data da Análise das compensações a fiscalização já tinha todos os dados necessários para análise do pleito, pleiteando a reforma da decisão singular, determinando a sua anulação por ausência de fundamentação legal para a não homologação do crédito pleiteado e a homologação integral dos valores compensados. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges, Relator. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10925.907343/200975 Acórdão n.º 3003000.139 S3C0T3 Fl. 4 3 O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias, portanto dele tomase conhecimento. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre de recolhimento a maior da Cofins, do período de apuração de fevereiro de 2003, uma vez que o referido débito foi quitado com a guia de recolhimento com código 2172 no valor de R$ 1.034,59 autenticada em 15/04/2003 e o saldo restante compensado com Créditos de Ressarcimento de IPI apresentados através da Perdcomp n° 32678.22010.220206.1.7.014582 retificadora da Perdcomp nº 40440.79075.070305.1.3.010516, conforme declarado na DCTF retificadora do 1° Trimestre de 2003, apresentada em 18/06/2009 sob recibo n° 19.41.42.88.20. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. Diante da inexistência do crédito, a compensação declarada não foi homologada. Da mesma forma fundamentouse a decisão de primeira instância, ressaltando que a retificação da DCTF se deu posteriormente à apresentação da DCOMP. Por certo, a análise automática do crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior pleiteado em restituição ou utilizado em declaração de compensação é realizada considerando o saldo disponível do pagamento nos sistemas de cobrança, não se verificando efetivamente o mérito da questão, o que será viável somente a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. De fato não existe norma procedimental condicionando a apresentação de PER/DCOMP à prévia retificação de DCTF, embora seja este um procedimento lógico. O próprio comando inserto no art. 9º da IN RFB nº 1.110/2010, abaixo reproduzido, ao mesmo tempo que afirma que a retificação da DCTF não produzirá efeitos quando tiver por objeto a redução de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, abre a possibilidade para uma eventual retificação de ofício nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. Art. 9 º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada.. § 1 º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2 º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: (...) c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10925.907343/200975 Acórdão n.º 3003000.139 S3C0T3 Fl. 5 4 § 3 º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em redução do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou do débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração.(grifei) Portanto, mesmo que haja impedimento legal para a retificação da DCTF, isto não exclui o direito da recorrente à repetição do indébito. Caso o indébito exista tem o contribuinte direito à sua repetição, nos termos do art. 165 do CTN ou de pleitear a compensação dos créditos tributários. No caso vertente a recorrente indicou no PER/DCOMP um DARF, no valor total de R$ 18.877,35, referente a Cofins Código de Receita 2172, PA 28/02/2003, recolhido em 31/08/2006 (efl. 69), pleiteando a compensação de um pagamento indevido ou a maior no mesmo montante. Na Manifestação de Inconformidade apresentada, por sua vez, a recorrente alega que o valor apurado a título de Cofins, referente ao mês de fevereiro/2003, teria sido quitado com a DARF com código 2172 no valor de R$ 1.034,59, autenticada em 15/04/2003 (efl. 71), e o saldo restante compensado com Créditos de Ressarcimento de IPI apresentados através da Perdcomp n° 32678.22010.220206.1.7.014582 retificadora da Perdcomp nº 40440.79075.070305.1.3.010516, o que daria origem ao crédito objeto da PER/DCOMP em questão. Alega ainda que procedeu à retificação da DCTF, referente ao 1° trimestre de 2003, apresentada em 18/06/2009, sob recibo n° 19.41.42.88.20 (efls. 19/67). Compulsando os autos, verifico que na DCTF retificadora consta que o valor apurado a título de Cofins, referente ao mês de fevereiro/2003 foi de R$ 7.339,25, quitado por pagamento através de DARF no montante de R$ 558,20 e o restante por compensação no montante de R$ 6.781,05 (efl. 65). Os valores informados pela recorrente na verdade se referem aos valores apurados de Cofins Código de Receita 2172, PA março/2003. Apesar do equivoco da recorrente quanto a alegação de erro na apuração dos débitos que teriam dado ensejo ao crédito de pagamento indevido ou a maior, a peça impugnatória não foi acompanhada dos documentos comprobatórios que embasaram a retificação da respectiva DCTF, instrumento de confissão de dívida, que a princípio estaria na esfera de responsabilidade do contribuinte. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 373, inciso I. Ou seja, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito à compensação, mediante a apresentação da PERDCOMP, de tal sorte que, se a RFB resiste à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbe a ele, o contribuinte, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Apesar da recorrente ter providenciado a retificação extemporânea da respectiva DCTF, recebida em 18/06/2009, os documentos apresentados são insuficientes para se apurar o valor correto da Cofins referente ao período de apuração em discussão e confirmar Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10925.907343/200975 Acórdão n.º 3003000.139 S3C0T3 Fl. 6 5 as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora e o conseqüente direito creditório advindo do pagamento a maior. O Recorrente não trouxe aos autos qualquer elemento além das declarações sob sua responsabilidade que pudesse comprovar a origem do seu crédito, tais como a escrituração contábil e fiscal, ou até mesmo, no caso, a Dacon retificadora. Se limitou, tão somente, a argumentar que houve um erro de fato no pagamento do DARF e preenchimento da DCTF e que, por isso, faz jus ao reconhecimento do crédito. Para que se possa superar a questão de eventual erro de fato e analisar efetivamente o mérito da questão, deveriam estar presentes nos autos os elementos comprobatórios que pudéssemos considerar no mínimo como indícios de prova dos créditos alegados, o que não se verifica no caso em tela. Assim, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, falta ao crédito indicado pelo contribuinte certeza e liquidez, que são indispensáveis para a compensação pleiteada. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a não homologação das compensações. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 232DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.945116/2013-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.741
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
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(assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório Versa o presente sobre pedido de ressarcimento de contribuições não cumulativas que, após procedimento fiscalizatório sofrido pela empresa, restaram não reconhecidos em sua integralidade, consoante Despacho Decisório que integra os autos em apreço. Inconformada com o não reconhecimento integral de seu pleito, a recorrente apresentou manifestação de inconformidade que foi julgada improcedente pelo Colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 10058.589. Destacase que a DRJ aplicou o entendimento das INs SRF 247/2002 e 404/2004. Regularmente cientificado desta decisão, a contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário, com as seguintes alegações, em síntese: i) conceito de insumo aplicável alega que ele representa não só elementos diretos, mas também indiretos ligados à produção de produtos e de serviços; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 45 11 6/ 20 13 -9 8 Fl. 4121DF CARF MF Processo nº 10880.945116/201398 Resolução nº 3402001.741 S3C4T2 Fl. 3 2 entende que a natureza jurídica dos créditos do PIS e da Cofins não pode ser confundida com a nãocumulatividade do ICMS e do IPI, apontando que deveria se aplicado o método indireto subtrativo; aduz que os créditos de PIS e de Cofins se revestem de subvenção estatal; requer créditos sobre a totalidade de seus custos e de suas despesas, pois não haveria como se restringir o conceito de insumo; aponta a procedência de suas alegações à luz de sua atividade econômica; ii) direito ao crédito sobre aquisições de combustíveis alega que os combustíveis e Gás GLP seriam aplicados em seu processo produtivo, citando a Lei nº 10.833/03 e a Instrução Normativa nº 404/04; alega que o óleo diesel seria utilizado em suas empilhadeiras e geradores; iii) direito ao crédito sobre serviços de laboratório e análises microbiológicas alega que o direito a crédito sobre tais serviços utilizados como insumos estaria amparado pela Lei nº 10.833/03, sendo essa rubrica composta por três serviços distintos: de laboratório; do serviço de inspeção federal (SIF), de caráter de inspeção sanitária; e de análises microbiológicas, essenciais e obrigatórios nos frigoríficos; iv) direito a crédito integral sobre os fretes internacionais alega que teria atendido a todos os requisitos normativos e legais previsto na Leis nº 10.833/03 para creditamento sobre fretes nas operações de venda, não prosperando a acusação fiscal que impediu o crédito por ser o transportador pessoa jurídica não domiciliada no país. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3402001.734, de 30 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.945120/201356, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402001.734): "Ao examinar os argumentos trazidos pela Recorrente, em cotejo com as alegações da Autoridade Fiscal, entendo necessária a conversão do julgamento em diligência com vistas a aclarar a situação que passo a descrever. A questão devolvida a este colegiado cingese sobre o conceito de insumo para fins de creditamento das contribuições de PIS e COFINS, cujo reflexo poderia alterar o direito creditório da Recorrente e o Despacho Decisório que homologou apenas parcialmente as compensações pleiteadas. Especificamente, tratamse das seguintes glosas efetuadas pela autoridade fiscal e confirmadas pela DRJ: Fl. 4122DF CARF MF Processo nº 10880.945116/201398 Resolução nº 3402001.741 S3C4T2 Fl. 4 3 (i) Crédito sobre aquisições de combustíveis; (ii) Crédito sobre serviços de laboratório e análises microbiológicas; (iii) Crédito sobre os fretes internacionais. Quanto ao conceito de insumo para fins de creditamento da contribuição para o PIS e a COFINS, o julgador a quo aplicou o entendimento das INs SRF 247/2002 e 404/2004, no sentido de restringir o crédito apenas nas situações relacionadas nos referidos atos infralegais. A questão já foi definitivamente resolvida pelo STJ, no Resp nº 1.221.170/PR, sob julgamento no rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), que estabeleceu conceito de insumo tomando como diretrizes os critérios da essencialidade e/ou relevância. Transcrevo a ementa do julgado: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos Fl. 4123DF CARF MF Processo nº 10880.945116/201398 Resolução nº 3402001.741 S3C4T2 Fl. 5 4 a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Destacase o voto da Ministra Regina Helena Costa, que considerou os seguintes conceitos de essencialidade ou relevância da despesa, que deve ser seguido por este Conselho: Essencialidade – considerase o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; Relevância considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. Dessa forma, considerando que a análise efetuada pela autoridade fiscal baseouse nos termos determinados pelas INs SRF 247/2002 e 404/2004, e não considerou a essencialidade e relevância dos itens no processo produtivo da Recorrente, entendo que a situação fática deve ser aclarada pela unidade de origem, considerando a nova interpretação determinada pelo STJ acerca do conceito de insumo para fins de creditamento de PIS e COFINS. Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência à repartição de origem para que a autoridade preparadora: Fl. 4124DF CARF MF Processo nº 10880.945116/201398 Resolução nº 3402001.741 S3C4T2 Fl. 6 5 (i) intime a Recorrente para apresentação de Laudo Técnico, com o detalhamento dos dispêndios com COMBUSTÍVEIS, SERVIÇOS DE LABORATÓRIO E ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS e sua utilização dentro de seu processo produtivo; (iii) elabore um novo parecer e um novo demonstrativo do direito creditório requerido, com as considerações efetuadas a partir da nova interpretação do conceito de insumo determinada pelo STJ de relevância e essencialidade. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora: (i) intime a Recorrente para apresentação de Laudo Técnico, com o detalhamento dos dispêndios com COMBUSTÍVEIS, SERVIÇOS DE LABORATÓRIO E ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS e sua utilização dentro de seu processo produtivo; (iii) elabore um novo parecer e um novo demonstrativo do direito creditório requerido, com as considerações efetuadas a partir da nova interpretação do conceito de insumo determinada pelo STJ de relevância e essencialidade. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento." (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 4125DF CARF MF
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Numero do processo: 18471.002060/2005-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2000
IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. ÔNUS PROBATÓRIO DO SUJEITO PASSIVO.
O art. 42 da Lei 9.430/1996 cria um ônus em face do contribuinte, consistente em demonstrar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira. O consequente normativo resultante do descumprimento desse dever é a presunção de que tais recursos não foram oferecidos à tributação, tratando-se, pois, de receita ou rendimento omitido.
Numero da decisão: 2402-007.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, excluindo-se da base de cálculo do lançamento o valor de R$ 15.100,00, lançado em 13/9/10, bem como o valor anual e total de R$ 8.400,00, recebido a título de aluguel.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Recorrente CLÁUDIA LIBANO SOARES REIS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000 IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. ÔNUS PROBATÓRIO DO SUJEITO PASSIVO. O art. 42 da Lei 9.430/1996 cria um ônus em face do contribuinte, consistente em demonstrar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira. O consequente normativo resultante do descumprimento desse dever é a presunção de que tais recursos não foram oferecidos à tributação, tratandose, pois, de receita ou rendimento omitido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, excluindose da base de cálculo do lançamento o valor de R$ 15.100,00, lançado em 13/9/10, bem como o valor anual e total de R$ 8.400,00, recebido a título de aluguel. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 20 60 /2 00 5- 07 Fl. 236DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 237 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão que julgou improcedente a impugnação apresentada contra lançamento suplementar de IRPF, constituído em face de alegada omissão de rendimentos, decorrente de valores creditados em conta de depósito ou investimento, cuja origem não teria sido comprovada mediante a apresentação de documentação hábil e idônea. Segue a ementa da decisão: Exercício: 2001 Decadência No caso de lançamento de oficio com base em omissão de rendimentos nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, a contagem do prazo decadencial é regulada pela regra geral do art. 173, inciso I, do . CTN, segundo a qual o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia.ter sido efetuado. Sigilo Bancário É lícito ao Fisco examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem indispensáveis, independentemente de autorização judicial. A obtenção de informações junto às instituições financeiras por parte do Fisco, a par de amparada legalmente, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto, em contrapartida, está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de oficio. Depósitos Bancários. Omissão de Rendimentos A Lei n° 9.430, de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária,, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou investimentos. O sujeito passivo foi intimado da decisão em 20/07/2009, através de correspondência com aviso de recebimento (fl. 172 do pdf) e interpôs recurso voluntário em 18/08/2009 (fls. 173 e seguintes), no qual reafirmou as seguintes de teses de defesa: Fl. 237DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 238 3 todos os depósitos realizados no HSBC pertencem à micro empresa ON LINE Serviços e Representações Ltda; o depósito de R$ 15100,00 realizado no HSBC foi devolvido mas foi considerado na base de cálculo; não foram excluídos da base de cálculo as transferências efetuadas pelo Sr. Airton Horácio, por conta e ordem do pai da recorrente; não foram excluídos valores efetivamente declarados a título de alugueis; se fossem superados todos os argumentos acima, restariam comprovados os depósitos em espécie, pois estariam suportados por um saldo inicial de R$ 45.000,00; as presunções legais servem apenas de instrumento para apurar e encontrar o fato gerador, e meros depósitos não são suficientes para comprovar omissão de rendimentos; como os depósitos foram sacados na mesma medida, não há omissão; não houve renda e nem acréscimo patrimonial. Sem contrarrazões ou manifestação pela Procuradoria. É o relatório. Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1. Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2. Dos depósitos bancários de origem não comprovada A recorrente reafirma as seguintes teses de defesa: todos os depósitos realizados no HSBC pertencem à micro empresa ON LINE Serviços e Representações Ltda; o depósito de R$ 15.100,00, realizado no HSBC, foi devolvido, mas foi indevidamente considerado na base de cálculo; não foram excluídas da base de cálculo as transferências efetuadas pelo Sr. Airton Horácio, por conta e ordem do pai da recorrente; Fl. 238DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 239 4 não foram excluídos valores efetivamente declarados a título de alugueis; se fossem superados todos os argumentos acima, restariam comprovados os depósitos em espécie, pois estariam suportados por um saldo inicial de R$ 45.000,00; as presunções legais servem apenas de instrumento para apurar e encontrar o fato gerador, e meros depósitos não são suficientes para comprovar omissão de rendimentos; como os depósitos foram sacados na mesma medida, não há omissão; não houve renda e nem acréscimo patrimonial. Pois bem. O art. 42 da Lei 9.430/1996 cria um ônus em face do contribuinte, consistente em demonstrar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira. O consequente normativo resultante do descumprimento desse dever é a presunção de que tais recursos não foram oferecidos à tributação, tratandose, pois, de receitas ou rendimentos omitidos. Tal disposição legal é de cunho eminentemente probatório e afasta a possibilidade de acatarse afirmações genéricas e imprecisas. A comprovação da origem, portanto, deve ser feita de forma minimamente individualizada, a fim de permitir a mensuração e a análise da coincidência entre as origens e os valores creditados em conta bancária. O § 3º do citado artigo, ao prever que os créditos serão analisados individualizadamente, corrobora a afirmação acima e não estabelece, para o Fisco, a necessidade de comprovar o acréscimo de riqueza nova por parte do fiscalizado. A título ilustrativo, segue o texto da regra: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: Fl. 239DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 240 5 I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 19971) §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) O art. 4º da Lei 9.481/1997 alterou os valores a que se refere o inc. II do § 3º acima para R$ 12.000,00 e R$ 80.000,00, respectivamente. Na mesma toada, a Súmula CARF nº 612. A não comprovação da origem dos recursos viabiliza a aplicação da norma presuntiva, caracterizando tais recursos como receitas ou rendimentos omitidos. Destarte, e de acordo com a regra legal, não é que os depósitos bancários, por si só, caracterizam disponibilidade de rendimentos, mas sim os depósitos cujas origens não foram comprovadas em processo regular de fiscalização. Expressandose de outra forma, o sujeito passivo pode comprovar que o recurso é atinente a venda de imóveis ou recebimento de prólabore e lucros, etc. Não o fazendo, aplicase o consequentemente normativo da presunção, com a consequente constituição do crédito tributário dela decorrente. O verbete sumular CARF 26 preceitua o seguinte: 1 Art. 4º Os valores a que se refere o inciso II do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a ser de R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. 2 Súmula CARF nº 61: Os depósitos bancários iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cujo somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) no anocalendário, não podem ser considerados na presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no caso de pessoa física. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 241 6 Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. O Superior Tribunal de Justiça reconhece a legalidade do imposto cobrado com base no art. 42, como se vê no precedente abaixo: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ALEGAÇÕES GENÉRICAS DE OFENSA AO ART. 535 DO CPC. SÚMULA 284/STF. IMPOSTO DE RENDA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ART. 42 DA LEI 9.430/1996. LEGALIDADE. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INCIDÊNCIA DO ART. 173, I, DO CTN. [...] 4. A jurisprudência do STJ reconhece a legalidade do lançamento do imposto de renda com base no art. 42 da Lei 9.430/1996, tendo assentado que cabe ao contribuinte o ônus de comprovar a origem dos recursos a fim de ilidir a presunção de que se trata de renda omitida (AgRg no REsp 1.467.230/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28.10.2014; AgRg no AREsp 81.279/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 21.3.2012). [...] (AgRg no AREsp 664.675/RN, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 21/05/2015) Mais ainda, aquele Tribunal Superior vem consignando a inaplicabilidade da Súmula 182/TFR, que preconizava a ilegitimidade do imposto lançado com base em extratos bancários (EDcl no AgRg no REsp 1343926/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 13/12/2012 e REsp 792.812/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/03/2007, DJ 02/04/2007, p. 242). Nesse contexto, a recorrente equivocouse quando alegou (a) que restariam comprovados os depósitos em espécie, pois estariam suportados por um saldo inicial de R$ 45.000,00, pois a comprovação deve ser minimamente individualizada, de forma a haver uma certa coincidência, numérica e de data, entre o saldo, ou o saque, e cada depósito; (b) que meros depósitos não são suficientes para comprovar omissão de rendimentos, pois não é que os depósitos bancários, por si só, caracterizam disponibilidade de rendimentos, mas sim os depósitos cujas origens não foram comprovadas em processo regular de fiscalização; (c) que como os depósitos foram sacados na mesma medida, não haveria omissão, já que, em regra, não importa a destinação que a recorrente deu à renda, importando, sim, verificar a efetiva ocorrência do fato gerador da obrigação tributária (auferir renda), fato gerador este decorrente de regra presuntiva segundo a qual os depósitos bancários de origem não comprovada são renda. Não há prova de que os depósitos realizados no HSBC pertenceriam à pessoa jurídica, e o contrato social da citada empresa não serve nem de indício a tal comprovação. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 242 7 Pelo contrário, a Súmula CARF 32 traz a presunção de que a titularidade dos depósitos pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais da instituição financeira, salvo se ficar comprovado o uso da conta por terceiros, o que deverá ser feito mediante documentação hábil e idônea. Tal verbete tem efeito vinculante, nos termos da Portaria MF 277/2018. Vejase: Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). O § 5º do encimado art. 42 é bem claro ao determinar a necessidade de se provar a titularidade da conta como sendo de terceiro, inclusive a fim de viabilizar a determinação dos rendimentos ou receitas em seu desfavor, conforme o caso. Vejase: Art. 42. [...] § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Quanto ao depósito de R$ 15.100,00, efetuado no HSBC, tem razão o sujeito passivo. Na relação de depósitos efetuados na conta, de fl. 63, vêse que dois depósitos nesse mesmo valor, efetuados em 13/09/2010 e 18/09/2010, compuseram o total do mês de setembro, no montante de R$ 39.574,09, que, por sua vez, somado ao valor depositado no Itaú, de R$ 5.000,00, fez parte do valor total de R$ 40.774,49, transplantado para a folha de continuação do auto de infração, como valor tributável (vide fl. 66). Entretanto, vêse no extrato de fl. 47, apresentado pela recorrente em sede de fiscalização, que o valor de R$ 15.100,00, depositado em 13/09/2010, realmente nem compôs o saldo daquele dia e nem mesmo o saldo dos dias subsequentes, provavelmente em função de tratarse de cheque devolvido, ou de valor estornado, retratado no mesmo extrato através do lançamento a débito no mesmo valor. Isto é, a análise dos lançamentos efetuados na conta e do saldo do dia e dos saldos subsequentes permitem concluir que o valor de R$ 15.100,00 não foi realmente creditado em 13/09/2018. Se tal valor foi creditado na conta da recorrente, tal crédito somente ocorreu em 18/09/2018, crédito este já considerado pela fiscalização. Para que não pairem dúvidas, vale transcrever uma imagem do citado extrato: Fl. 242DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 243 8 Já a singela declaração de fl. 55 dos autos, desacompanhada de documentos comprobatórios ou mesmo indiciários, não comprova a alegação de que as transferências alegadamente efetuadas pelo Sr. Airton Horácio teriam ocorrido por conta e ordem do pai da recorrente. Mesmo depois de a DRJ ter decidido nos termos abaixo reproduzidos, a recorrente não se dignou de juntar qualquer outro documento aos autos, a fim de comprovar a veracidade de suas alegações. A origem da dívida do Sr. Airton Hóracio para com o Sr. Roberto Cláudio L. Soares (pai da impugnante), também não ficou comprovada. Declaração eventual prestada. pelo credor é insuficiente para comprovar a origem dos depósitos a título de pagamento de dívida. Quanto à exclusão dos valores supostamente declarados e recebidos a título de aluguel, entendo o seguinte: (a) O contrato de locação de fls. 215 e seguintes dá suporte ao recebimento de um aluguel mensal no valor de R$ 700,00; (b) a relação dos depósitos efetuados na conta, de fls. 39 e seguintes, demonstra que era mensal e regularmente depositada na conta da recorrente essa mesma quantia, ainda que de forma fracionada dentro do mês (p. ex., em 10/03/2000, foram realizados dois depósitos em dinheiro, nos valores de R$ 400,00 e R$ 300,00); (c) desde a fiscalização, a recorrente vem alegando que declarou tais valores e que tais valores foram recebidos a título de aluguel; (d) a planilha elaborada às fls. 176/177, do recurso voluntário, registra os montantes recebidos àquele título, os quais inclusive coincidem com a relação dos depósitos elaborada pela fiscalização; (e) o fato de o imóvel não ter sido registrado na declaração da recorrente não milita em seu desfavor, pois o § 3º do art. 7º do Regulamento do Imposto de Renda vigente à época dos fatos geradores previa que os bens comuns deveriam ser relacionados somente por um dos cônjuges, se ambos estivessem obrigados à apresentação da declaração, ao passo que o bem locado realmente aparece declarado na DIRPF do cônjuge. Nessa toada, entendo que deve ser excluído da base de cálculo do lançamento o valor total de R$ 8.400,00 (R$ 700,00 x 12 meses), conforme demonstrativo de fl. 218 e demais documentos acima relacionados. Fl. 243DF CARF MF Processo nº 18471.002060/200507 Acórdão n.º 2402007.098 S2C4T2 Fl. 244 9 O mesmo não se pode dizer em relação ao outro aluguel mensal, no valor alegado de R$ 500,00, tendo em vista que a recorrente não apresentou os respectivos documentos comprobatórios, tais como contrato, recibos, demonstrativos, etc. Em síntese, o recurso voluntário deve ser parcialmente provido, para que seja excluído da base de cálculo do lançamento o valor de R$ 15.100,00, lançado em 13/09/2010, bem como o valor anual e total de R$ 8.400,00, recebido a título de aluguel. 3. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar parcial provimento ao recurso voluntário, a fim de determinar que seja excluído da base de cálculo do lançamento o valor de R$ 15.100,00, lançado em 13/09/2010, bem como o valor anual e total de R$ 8.400,00, recebido a título de aluguel. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 244DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.001052/2009-78
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2004 a 31/10/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial, por falta de demonstração do alegado dissídio interpretativo, em face da ausência de similitude fática entre os julgados em confronto.
BÔNUS DE CONTRATAÇÃO (HIRING BÔNUS). NATUREZA SALARIAL. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA.
Não há que se falar que a natureza salarial do Bônus de Contratação restou comprovada, quando não são trazidos aos autos elementos de convicção acerca do vínculo do pagamento da verba com o contrato de trabalho.
Numero da decisão: 9202-007.637
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto ao Bônus de Contratação e, no mérito, na parte conhecida, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial, por falta de demonstração do alegado dissídio interpretativo, em face da ausência de similitude fática entre os julgados em confronto. BÔNUS DE CONTRATAÇÃO (HIRING BÔNUS). NATUREZA SALARIAL. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. Não há que se falar que a natureza salarial do Bônus de Contratação restou comprovada, quando não são trazidos aos autos elementos de convicção acerca do vínculo do pagamento da verba com o contrato de trabalho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto ao Bônus de Contratação e, no mérito, na parte conhecida, acordam em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 10 52 /2 00 9- 78 Fl. 606DF CARF MF 2 Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 19515.001049/200954 37.205.0166 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 19515.001050/200989 37.205.0140 (AI38) Obrig. Acessória Cobrança 19515.001051/200923 37.205.0158 (AI68) Obrig. Acessória Recurso Especial 19515.001052/200978 37.205.0174 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial O presente processo trata do Auto de Infração de Obrigação Principal, Debcad 37.205.0174, referente às Contribuições Previdenciárias a cargo da empresa destinadas a terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE), incidentes no total da remuneração paga ou creditada aos segurados empregados a título de Gratificação Espontânea de Admissão (GEA), quando da admissão do empregado, e de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em desconformidade com a Lei nº 10.101, de 2000, no período de 02/2004 a 10/2004, conforme Relatório Fiscal de fls. 79 a 85. A ciência do lançamento ocorreu em 03/04/2009 (fl. 08). Em sessão plenária de 15/10/2013, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301003.776 (efls. 392 a 425), assim ementado: "ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/02/2004 a 31/10/2004 DECADÊNCIA. Não havendo fraude, dolo ou simulação e havendo antecipação no recolhimento, ainda que parcial do que entende a fiscalização por correto, há de se aplicar o artigo 150, § 4º do CTN. No caso em tela, reconhece a Fiscalização que houve antecipação de pagamento em GPS, mas não destinado a terceiros, o que configuraria fraude. Todavia, tal fraude não ocorreu, uma vez que a Recorrente não realizou tal afirmativa. Por outro lado, há a confessa antecipação, implicando na decadência pelo dispositivo supra, estando excluído os lançamentos apurados até a competência 03/2004, anteriores a 04/2004, pela regra decadencial do Art. 150, § 4º do CTN. BÔNUS DE CONTRATAÇÃO. Afastada a natureza remuneratória do “Bônus de Contratação’ não há incidência previdenciária nela. Fl. 607DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 607 3 No caso em tela a própria Fiscalização afirmou que o acordo para pagamento do ‘Bônus de Contratação’ ocorreu antes da contratação do funcionário e sem que a Recorrente determinasse cumprimento de metas e ou ainda determinasse tempo mínimo de permanência e ou vigência do contrato de trabalho, desfigurando a natureza remuneratória e conseqüente abraçando a natureza indenizatória.." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, ) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 03/2004, anteriores a 04/2004, pela regra decadencial do Art. 150, do CTN, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Mauro José Silva e Bernadete de Oliveira Barros, que votaram em aplicar a regra decadencial expressa no I, Art. 173 do CTN; b) em dar provimento ao recurso, no que tange ao bônus de contratação, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Mauro José Silva, que votaram em negar provimento ao recurso nesta questão. Redator: Wilson Antônio de Souza Correa. Sustentação oral: Leandro Cabral e Silva. OAB: 234.687/SP." O processo foi encaminhado à PGFN em 29/08/2014 e, em 15/09/2014, a Fazenda Nacional opôs os Embargos de Declaração de efls. 426/427, prolatandose o Acórdão de Embargos nº 2301004.986, de 05/04/2017 (efls. 435 a 438) assim ementado: "ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/02/2004 a 31/10/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Não se acolhem os embargos declaratórios quando inexistente a omissão apontada no julgado." Onde deveria estar registrada a decisão assim constou: "Acordam os membros do colegiado, [Tabela de Resultados]" Consultandose a respectiva ata de julgamento, disponível no sítio do CARF na Internet, constatase a seguinte decisão: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos apresentados, para, no mérito, rejeitálos, por inexistir o vício apontado pela Fazenda Nacional, nos termos do voto da relatora. Foi o processo novamente encaminhado à PGFN em 09/05/2017 (Despacho de Encaminhamento de efls. 439) e, em 13/06/2017, foi interposto o Recurso Especial de efls. 440 a 463 (Despacho de Encaminhamento de efls. 464), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, visando rediscutir a decadência e a tributação do Bônus de Contratação. Fl. 608DF CARF MF 4 Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 17/07/2017 (efls. 467 a 471). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: Da forma de contagem da decadência o pressuposto primordial para a aplicação da regra de decadência constante do artigo 150, §4º, do CTN, é o pagamento antecipado parcial do tributo exigido; no caso, impende destacar que não se operou lançamento por homologação algum, afinal a contribuinte não antecipou o pagamento do tributo, tendo em vista que não individualizou o fato gerador e não efetuou o recolhimento antecipado da contribuição em comento; eventual pagamento referente à parte do empregador não pode ser aproveitado em NFLD emitida para exigência de contribuições destinadas a terceiros para fins de atrair a incidência da regra decadencial inserta no art. 150, § 4º do CTN; a contribuição da cota patronal não se confunde com a contribuição referente ao terceiro; cumpre observar, inclusive, que tal montante de nenhuma forma se enquadra no conceito de rubrica, tratada na Súmula nº 99 do CARF; com efeito as rubricas são os elementos integradores da base de cálculo; o raciocínio acerca da regra decadencial aplicável deve se dar em cada contribuição previdenciária separadamente, sob pena de distorcer o entendimento do enunciado; considerando que os valores indicados como recolhimentos a título de contribuição patronal não podem ser utilizados como recolhimentos da exigência objeto dos autos e, ainda, que não há comprovante de pagamento destinado a terceiros, logicamente não há pagamento algum que possa aproveitar ao contribuinte para aplicação do art. 150, §4º, do CTN, restando imperiosa a aplicação da regra inserta no art. 173, I, do CTN, para a contagem do prazo decadencial. Do bônus de contratação gratificação espontânea de admissão o bônus de contratação constitui contraprestação a expectativa do trabalho, pois é pago em razão do trabalho, constituindo, pois, em antecipação de pagamento pelos serviços prestados; também não há como se reconhecer o caráter indenizatório do bônus de contratação, pois não há no caso o fim de ressarcir, reparar ou compensar direito lesado; necessário esclarecer que a habitualidade não é essencial à caracterização da natureza remuneratória do rendimento; como se depreende da leitura do art. 28, caput, da Lei nº 8.212, de 1991, a habitualidade mostrase imprescindível a caracterizar a remuneração sob a forma de utilidade e, no tocante ao pagamento em pecúnia, a norma estabelece que compõe o saláriode contribuição a totalidade dos rendimentos que são fornecidos em razão do trabalho; Fl. 609DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 608 5 dentre as ressalvas legais, cabe destacar que o pagamento a título de hiring bônus não se subsume à hipótese de pagamento eventual; reconhecido pelo CARF que os pagamentos realizados por empresas em situações prédefinidas, independente de eventos futuros e incertos, ainda que sem continuidade no tempo, não se enquadram como ganho eventual, cabe analisar os pagamentos a título de hiring bônus objeto destes autos; uma vez fixado que o pagamento se dá em razão do trabalho e afastado o caráter não eventual, cabe reconhecer a natureza remuneratório dos pagamentos; destaquese que a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho reconhece caráter salarial às verbas pagas a título de bônus de contratação. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja dado provimento ao Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida. Cientificada dos acórdãos, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 30/08/2017 (AR Aviso de Recebimento de efls. 496), a Contribuinte ofereceu, em 13/09/2017 (Termo de Solicitação de Juntada de efls. 497), as Contrarrazões de efls. 499 a 525, contendo os seguintes argumentos: Da falta de interesse recursal quanto à decadência está provado nestes autos e foi reconhecida pelo acórdão recorrido a existência de recolhimentos de Contribuições a Terceiros nos períodos anteriores a 03/2004, inclusive; entretanto, a Fazenda Nacional alega que o acórdão recorrido teria aplicado a regra do art. 150, § 4º, do CTN, mesmo sem prova de recolhimento de Contribuições a Terceiros; diferentemente, os pretensos paradigmas colacionados pela Fazenda Nacional tratam de casos em que o contribuinte teria comprovado recolhimento de contribuição descontada de empregados frente a autuações de contribuição patronal, o que não teria sido admitido para fins da aplicação da regra do art. 150, § 4º, do CTN; não há a necessária aderência entre os julgados; evidente, pois, a falta de interesse recursal da Fazenda Nacional no recurso contrarrazoado, por ausência do binômio "necessidadeutilidade", uma vez que tal recurso não se volta contra o fundamento norteador do acórdão recorrido, sendo certo que eventual provimento não se prestaria a alterar o resultado daquele julgamento, que permaneceria hígido quanto ao reconhecimento da decadência parcial operada até 03/2004; Da falta de interesse recursal quanto ao bônus de contratação o acórdão recorrido, devidamente, reconheceu que as verbas autuadas a título de bônus de contratação não se sujeitam à incidência de Contribuições Previdenciárias por não corresponderem à contraprestação de trabalho, isto é, à verba salarial, o que, aliás, foi reconhecido pela própria Autoridade Fiscal; Fl. 610DF CARF MF 6 entretanto, em suas razões de recurso, a Fazenda Nacional alega que tal decisão teria afrontado o entendimento adotado pelo CARF em caso idêntico, sob a premissa equivocada de que o acórdão recorrido teria encampado a tese de que o bônus de contratação possuiria caráter indenizatório; ocorre que o acórdão recorrido não está baseado em tal premissa (natureza indenizatória da verba), mas sim apoiado na análise do caso concreto em que se verificou a inocorrência do fato gerador previdenciário; diante da evidente falta de interesse processual da Recorrente também neste quesito, não merece ser conhecido o recurso. Da falta de caracterização da divergência jurisprudencial e da ausência de similitude fática quanto à decadência em que pese ambas as decisões terem analisado a aplicação do art. 150, § 4°, do CTN, a matéria questionada pela Fazenda Nacional possibilidade de que eventual recolhimento relativo a fato gerador distinto daquele que foi objeto de lançamento prestese para reconhecer a existência de recolhimento parcial da contribuição lançada não foi apreciada pelo acórdão recorrido, diante do que não há como estabelecer divergência de conclusões entre o acórdão recorrido e o paradigma; ademais, o recurso não deve ser conhecido ante a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas indicados, porque conforme consignado no acórdão recorrido, a Contribuinte efetuou recolhimento parcial das Contribuições a Terceiros, ao passo que, nos paradigmas indicados, os contribuintes entendiam ser entidades imunes ao recolhimento do tributo autuado (Contribuições Patronais), razão pela qual não se verificou, naqueles casos, recolhimento antecipado das contribuições; frisese que o voto vencedor do acórdão recorrido reconheceu os recolhimentos enfrentando o erro material cometido no preenchimento das guias. Da falta de caracterização da divergência jurisprudencial e da ausência de similitude fática quanto ao bônus de contratação ainda que ambas as decisões tenham analisado bônus de contratação, a matéria questionada pela Fazenda Nacional natureza indenizatória da verba não foi alvo de apreciação pela Turma Julgadora a quo no presente caso; da leitura do acórdão recorrido verificase que a Turma a quo em momento algum se pronunciou sobre a natureza do bônus de contratação; com efeito, a não incidência das Contribuições Previdenciárias sobre as verbas pagas pela Contribuinte foi analisada sob a ótica da (não) subsunção do caso concreto à regra prevista no art. 22, I, da Lei nº 8.212, de 1991, dado que estas não foram pagas a empregados e em retribuição ao trabalho exercido pelos beneficiários; notese ainda que, conforme consignado no acórdão recorrido, os pagamentos efetuados pela Contribuinte não se destinaram a segurados empregados, ao passo que, nos paradigmas indicados, as verbas foram pagas a segurados na constância do emprego; ante a ausência de similitude fática, bem como falta de interpretação divergente da legislação tributária, resta evidenciado o descumprimento do art. 67, do RICARF, não devendo ser conhecido o Recurso Especial. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 609 7 Do não cabimento de rediscussão de matéria fáticoprobatória a pretensão recursal demanda que se revisite toda sorte de documentos e subsídios carreados aos autos, bem como a sua rediscussão, extrapolando, portanto, o plano do direito, o que não cabe nesta via especial; a PGFN busca rediscutir o conjunto probatório constante dos autos, em busca de uma nova análise por esta CSRF; é cediço não caber, nesta via especial, a discussão sobre os fatos alegados no curso da lide administrativa, sendo claro que a pretensão da Recorrente colide com a Súmula nº 7 do STJ, que estabelece que "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial". Da violação ao art. 67, § 3º, do RICARF a pretensão da Recorrente quanto à aplicação da regra decadencial do art. 150, § 4º, do CTN, voltase contra o entendimento consolidado por meio da Súmula nº 99, de 2013; não pode ser conhecido o recurso, dado que pretende reformar decisão que corretamente aplicou o entendimento consolidado por esta CSRF na Súmula nº 99, em evidente violação ao art. 67, §3º, do RICARF; Da decadência parcial a Contribuinte recolheu Contribuições a Terceiros no período autuado, conforme reconhecido pela Fiscalização e pela Autoridade Julgadora a quo, pelo que aplicável a regra decadencial do art. 150, § 4o, do CTN e, consequentemente, extinto o pretenso débito apurado até a competência 03/2004; qualquer recolhimento efetuado a título de Contribuição Previdenciária no período autuado constitui efetiva antecipação desse tributo, de modo a justificar a incidência do art. 150, § 4º, do CTN, para fins de contagem do prazo decadencial. Da não incidência das Contribuições Previdenciárias sobre as verbas pagas a título de bônus de contratação seria ilógico afirmar que essa verba seria decorrente de contraprestação de serviço, uma vez que o valor é creditado na conta do recémcontratado, no ato de sua contratação (primeiro dia de trabalho); ocorre que, como bem apontado pelo acórdão recorrido, os pagamentos efetuados pela Contribuinte não foram feitos a segurados empregados e não foram devidos pela retribuição ao trabalho; a verba paga pela Contribuinte não tem o caráter de retribuição, mas sim de atrativo à contratação, que não possui habitualidade e se afigura eventual, não se sujeitando à incidência de Contribuições Previdenciárias, dado não integrar a remuneração dos beneficiários, com amparo nos arts. 22 e 28, §9°, ambos da Lei n° 8.212, de 1991; Fl. 612DF CARF MF 8 a Contribuinte, ao captar profissionais qualificados no mercado, envia Cartas Propostas oferecendo o valor do Bônus de Contratação, como forma de atrativo comercial, deixando claro que o pagamento ocorre a título de atração e em uma única paecela; os pagamentos em tela não poderiam ser descaracterizados em razão de, supostamente, configurarem gratificação ajustada, na forma prevista pelo art. 457, § 1º, da CLT, como pretendido pela autoridade fiscal, pois o referido entendimento só estaria correto se as verbas tivessem sido pagas em decorrência de prestação de serviços, o que, repisese, não ocorreu, eis que o pagamento foi efetuado no ato da admissão dos funcionários; o CARF já decidiu que os pagamentos efetuados a título de bônus de contratação não estão sujeitos à incidência de Contribuições Previdenciárias; neste passo, não há dúvida de que tratase de uma simples gratificação, paga uma única vez, sem qualquer obrigação, mas por total e exclusiva liberalidade da empregadora, de modo a incentivar a contratação, e não remunerar qualquer trabalho desenvolvido, até mesmo porque este sequer teve início, sendo certo que, devido ao seu caráter eventual, não deve integrar o salário do empregado. Da necessária remessa dos autos à Câmara de origem, em caso de provimento do Recurso Especial na remota hipótese de provimento do recurso, os autos devem ser remetidos à Câmara Baixa, para que aprecie e se pronuncie a respeito (i) da não incidência de Contribuição a Terceiros sobre as verbas pagas pela Contribuinte a título de PLR; (ii) da higidez das verbas pagas em função da ausência de contraprestação de serviço e habitualidade e (iii) da aplicação da multa mais benéfica no presente caso, em função da omissão decorrente do provimento do Recurso Voluntário, fundado na não incidência das Contribuições Previdenciárias, sob pena de supressão de instância. Ao final, a Contribuinte pede que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional não seja conhecido e, caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Tratase do Debcad 37.205.0174, referente às Contribuições Previdenciárias a cargo da empresa destinadas a terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE), incidentes no total da remuneração paga ou creditada aos segurados empregados a título de Gratificação Espontânea de Admissão (GEA), quando da admissão do empregado, e de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em desconformidade com a Lei nº 10.101, de 2000, no período de 02/2004 a 10/2004, conforme Relatório Fiscal de fls. 79 a 85. A ciência do lançamento ocorreu em 03/04/2009 (fl. 08). No acórdão recorrido deuse provimento ao Recurso Voluntário, declarando se a decadência até a competência 03/2004, o que absorveu os pagamentos a título de PLR, efetuados em 02/2004. Ademais, considerouse não tributável o Bônus de Contratação (GEA), de sorte que a questão da retroatividade benigna das multas também não foi apreciada. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 610 9 Assim, em seu Recurso Especial a Fazenda Nacional pretende rever a decadência e a exclusão, do saláriodecontribuição, dos valores pagos a título de Bônus de Contratação. Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte pede o não conhecimento do apelo, alegando falta de interesse recursal, uma vez que os acórdãos paradigmas indicados pela Fazenda Nacional não teriam analisado os mesmos fundamentos que nortearam o acórdão recorrido. Ademais, alega o não cabimento de rediscussão de matéria fáticoprobatória e, no tocante à decadência, violação ao art. 67, § 3º, do Anexo II, do RICARF. Do conhecimento quanto à decadência No que tange à falta de interesse recursal quanto à decadência, alega a Contribuinte que no acórdão recorrido reconheceuse a existência de recolhimento de Contribuições a Terceiros nos períodos anteriores a 03/2004, enquanto que em suas razões de recurso a Fazenda Nacional defende que o art. 150, § 4º, do CTN, teria sido aplicado mesmo sem prova de pagamento de Contribuições a Terceiros. De plano, esclareçase que, para efeito de conhecimento de Recurso Especial, é suficiente que seja demonstrada a existência de divergência jurisprudencial, sendo que as razões do apelo fazem parte do mérito, somente apreciado se ultrapassado o conhecimento. Nesse passo, constatase que no acórdão recorrido a Contribuinte efetuou o pagamento da Contribuição a Terceiros juntamente com a Contribuição Patronal, ou seja, na mesma guia, o que foi relevado pelo Colegiado, concluindose que houve efetivamente o recolhimento. Confirase: Acórdão recorrido Voto vencedor "Diz ter ocorrido a decadência de fevereiro de 2004, não reconhecido pela decisão de piso, eis que, ainda que ela tenha reconhecido a existência de recolhimento em GPS, segundo a decisão, este foi destinado à Previdência Social e não a terceiros, e ainda, para decisão houve a utilização de fraude ao alegar tal pagamento. Entretanto, prossegue, como trata de antecipação de uma forma geral, implicando ainda a inexistência de fraude, mister que seja reconhecida a decadência do período supra, aplicandoselhe o artigo 150 § 4º. Ora, a fundamentação legal trazida pelo nobre Relator é assaz para demonstrar o direito da Recorrente e despiciendo seria trazêla toda novamente. Entretanto, vejo que não houve fraude por parte da Recorrente, uma vez que ela de uma forma ou de outra recolheu à Previdência Social e não declarou que seria para terceiros. Por outro lado, havendo antecipação de recolhimento, ainda que parcial do que entende a fiscalização por correto, o fato é que ele (recolhimento) existiu e deve ser considerado para o fim Fl. 614DF CARF MF 10 de determinar a aplicação do artigo 150, § 4º do CTN, ficando assim excluído do lançamento as contribuições apuradas até a competência 03/2004, anteriores a 04/2004, pela regra decadencial do Art. 150, § 4º do CTN." (grifei) Nesse contexto, o paradigma apto a demonstrar a alegada divergência teria de ser representado por julgado em que, sendo o recolhimento de Contribuições a Terceiros efetuado juntamente com a Contribuição Patronal, no código desta última, a conclusão fosse no sentido de que tal recolhimento não estaria apto a atrair a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN. Entretanto, os paradigmas indicados Acórdãos nºs 2401003.616 e 9202004.572 não se revestem destas características, conforme demonstram os trechos colacionados pela Recorrente: Paradigma Acórdão nº 2401003.616 Ementa "Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2007 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO DECADÊNCIA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 6.º DA LEI N.º 8.212/1991 C/C ARTIGO 284, III, DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário””.Tratandose de AIOP/NFLD por enquadramento indevido da condição de isenta , não há que se falar em recolhimento antecipado devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173 do CTN. A contribuição descontada dos segurados e recolhida não se presta para reconhecer a existência de recolhimento parcial da contribuição patronal.Apenas para as competências em que constatada a existência de contribuições patronais, é possível aplicar a decadência de acordo com o art. art. 150, §4 do CTN, desconsiderando as competência cujo recolhimento apresentase irrisório, posto que essa situação ocorre por mera apropriação do sistema de auditoria. ISENÇÃO. ATO CANCELATÓRIO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 55 DA LEI 8.212/91. DIREITO ADQUIRIDO. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. IDENTIDADE DE OBJETO DA MATÉRIA EM DISCUSSÃO. SÚMULA CARF N. 01. INCIDÊNCIA. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo importa renúncia à instância administrativa. Fl. 615DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 611 11 INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação TributáriaRecurso de Ofício Provido em Parte e Recurso Voluntário Não Conhecido." Voto "No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Porém, conforme descrito anteriormente, tratase de lavratura de AIOP para cobrança de contribuições por incorreto enquadramento como isenta, razão pela qual não há que se, em regra em recolhimento antecipado das contribuições previdenciárias patronais, devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN. Notese que o fato da empresa efetivar o desconto da contribuição dos segurados que lhe prestam serviços, não determina considerar a existência de recolhimento antecipado, já que se tratam de contribuições/contribuintes distintos (segurado e empresa). (...) Assim, considero que para as competências 12/2001, 03/2002, 04/2002 e 05/2002.devese afastar a decadência, dando provimento ao recurso de ofício, posto a inexistência de contribuição da parcela patronal, para que se considere recolhimento parcial. Para as referidas competências a decadência deve ser apreciada a luz do art. 173, I do CTN." (grifei) Paradigma Acórdão nº 9202004.572 Ementa "Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN referese ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte. No caso de lançamento decorrente da classificação de Contribuinte como entidade não imune à contribuição previdenciária é de se presumir pela inexistência de pagamento do respectivo tributo. Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, devese aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN." Fl. 616DF CARF MF 12 Voto "Destacase que tendo o REsp nº 973.733/SC sido julgado sob a sistemática do Recurso Repetitivo deve este Conselho, por força do art. 62, §2º do seu Regimento Interno, reproduzir tal entendimento em seus julgados. Ocorre que, embora não haja mais dúvidas de que para se considerar a data do fato gerador como termo inicial da decadência é necessário verificar acerca da ocorrência de antecipação do pagamento do tributo, permanece sob debate qual seria a abrangência do termo 'pagamento' adotado por aquele Tribunal Superior. Em outras palavras, quais pagamentos realizados pelo contribuinte devem ser considerados para fins de aplicação do art. 150, §4º do CTN? No que tange as contribuições previdenciárias entendo que a resposta já foi construída por este Conselho quando da edição da Súmula CARF nº 99, que dispõe: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Embora a referida Súmula não seja aplicada ao caso pois a mesma contempla lançamento cujo objeto é cobrança da Contribuição Social incidente sobre pagamentos de salários tidos como indiretos o entendimento ali exposto é compatível com o caso em questão. Assim, a verificação da ocorrência de pagamento para fins de atração da regra o art. 150, §4º do CTN deve se dar pela análise de ter o contribuinte recolhido ao longo do período autuado contribuição previdenciária decorrente do mesmo fato gerador objeto do lançamento, ainda que os respectivos recolhimentos não se refiram propriamente aos fatos cujas hipóteses de incidência tenham sido questionadas pela fiscalização. Devese entender por 'mesmo fato gerador' as hipóteses de incidência que possuem identidade entre os critérios que compõem a respectiva regra matriz de incidência, ou seja, tributo previsto no mesmo dispositivo legal com coincidência de sujeito passivo e base de cálculo, ainda que esta última não tenha sido quantificada corretamente. No presente caso, conforme esclarecido ao longo do processo e afirmado pela própria Recorrente, pelo fato de esta se intitular entidade imune por obvio que não ocorreu o recolhimento das contribuições sociais quota patronal nos termos em que previsto no art. 22 da Lei nº 8.212/91 ora lançado. O que o Contribuinte afirma é que houve recolhimento na modalidade de retenção da contribuição social devida pelos segurados que Fl. 617DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 612 13 lhe prestaram serviço, ou seja, recolhimento do tributo cujo fato gerador está descrito no art. 20 da mesma lei. No entender dessa Relatora o pagamento realizado com base no art. 20 da Lei nº 8.212/91 (parte segurado) não se aproveita para fins de aplicação do art. 150, §4º do CTN haja vista que o lançamento visa a cobrança da contribuição prevista no art. 22, da mesma lei. Diante do exposto, conheço do recurso para no mérito negarlhe provimento, mantendose o acórdão proferido pela e. Câmara a quo, em face da correta aplicação do art. 173, I, do CTN para contagem da decadência." (grifei) Com efeito, a leitura dos trechos colacionados permite verificar que os paradigmas não tratam de situação semelhante à do acórdão recorrido. No caso dos paradigmas, o que estava em análise era se a contribuição descontada dos segurados seria apta a comprovar recolhimento antecipado da contribuição patronal. Tratavase, portanto, do confronto entre recolhimentos de distintos contribuintes, o que foi determinante para a conclusão pela inexistência de pagamento. Entretanto, no caso do recorrido, repitase que o que houve foi o recolhimento conjunto patronal/terceiros, em uma mesma guia. Destarte, não restou demonstrada a alegada divergência, tendo em vista a ausência de similitude fática entre as situações em confronto, razão pela qual não conheço do Recurso Especial, relativamente à matéria da decadência. Do conhecimento quanto ao Bônus de Contratação (GEA) Quanto à matéria Bônus de Contratação (GEA), a ausência de interesse recursal foi alegada pela Contribuinte com base no fato de que a matéria questionada pela Fazenda Nacional natureza indenizatória da verba não teria sido alvo de apreciação pelo Colegiado recorrido, que concluiu pela inocorrência do fato gerador. Em face de tal alegação, mais uma vez se esclarece que, para o conhecimento da matéria, basta que a divergência jurisprudencial seja demonstrada, sendo que as razões de recurso serão tratadas quando da análise do mérito, se ultrapassado o conhecimento. Com estas considerações, verificase que o acórdão recorrido assim trata a matéria (fls. 424/425): Acórdão recorrido Relatório "A autoridade fiscal relatou que incluiu no lançamento pagamentos de luvas com natureza remuneratória. Tais verbas teriam como objetivo atrair funcionários em virtude de sua eficiência e, portanto, teriam natureza salarial." Voto Vencedor "BÔNUS DE CONTRATAÇÃO Fl. 618DF CARF MF 14 O ‘Bônus de Contratação’ é uma verba paga pelas empresas aos funcionários de destaque, como uma forma de atraílo, usual entre as grandes empresas, mormente nos bancos, onde funcionários altamente especializados e ou com uma representativa carteira de clientes, são beneficiados. A grande questão que envolve este pagamento é ter conhecimento se ele tem natureza remuneratória e ou indenizatória, já que ela implicará em incidência previdenciária ou não. Definir a natureza desta verba implica em análise percuciente dos fatos que envolvem a autuação, onde o julgador está à mercê do fiscalizador, já que seu relato será primordial para definila. No caso em tela, lendo o Relatório Fiscal vêse que a autuação está contraditória da pretensa aplicação de incidência previdenciária, isto porque a Fiscalização afirmou que o acordo para pagamento do ‘Bônus de Contratação’ ocorreu antes da contratação do funcionário e sem que a Recorrente determinasse cumprimento de metas e ou ainda determinasse tempo mínimo de permanência e ou vigência do contrato de trabalho. Desta forma, em a Fiscalização ter informado que foi pago o 'Bônus de Contratação' antes mesmo da contratação e não exigindo do beneficiário metas a serem cumpridas e tão pouco permanência dele mínima na Recorrente, desfigurado está o caráter remuneratório, porque ausentes estão os requisitos que configuram a verba remuneratória, ou seja, i) a comutatividade (a troca do pagamento pelo trabalho) e o ii) imperioso contrato de trabalho, oneroso e sinalagmático (contratos bilaterais em que existe uma reciprocidade). Então, assiste razão tais argumentos expendidos pela Recorrente, uma vez que a própria Fiscalização desfigurou o caráter remuneratório da verba paga." Assim, no acórdão recorrido considerouse desfigurado o caráter remuneratório do Bônus de Contratação em face das características da verba, não contraditadas pela Fazenda Nacional. Nesse contexto, o paradigma apto a demonstrar a alegada divergência teria de ser representado por julgado em que o caráter remuneratório fosse mantido em face de verba com características semelhantes à verba tratada no acórdão recorrido, ou mesmo sem qualquer condicionante. Quanto ao primeiro paradigma Acórdão nº 240102.250 a Fazenda Nacional reproduz os seguintes trechos: Ementa "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2005 a 31/12/2006 (...) Fl. 619DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 613 15 SALÁRIO INDIRETO BÔNUS DE CONTRATAÇÃO E PERMANÊNCIA A natureza atribuída pela autoridade fiscal, nomeando a verba Bônus de Contratação e Permanência, com uma espécie de prêmio, para atrair bons funcionários para a recorrente, encontrase, sem dúvida, dentro do conceito do salário de contribuição, posto que nada mais é do que um ganho fornecido como resultante de uma contraprestação. A mera alegação de que as despesas contabilizadas, são apenas provisões, não merece prosperar, quando não demonstrada reversão das mesmas." Voto "O ponto chave é a identificação do campo de incidência das contribuições previdenciárias. Conforme já amplamente discutido acima para, o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, seja em que momento da contratação esses pagamentos ocorram, posto que pagamentos em contratos prévios, com a conotação de estímulo para um trabalho ou mesmo vínculo que logo a seguir irá se concretizar, acabar por estar incluído no conceito de remuneração.” (destaques da Fazenda Nacional) O cotejo promovido pela Fazenda Nacional demonstra existir efetivamente o dissídio interpretativo, já que o caráter remuneratório foi atribuído à verba, independentemente do momento do pagamento, sem qualquer notícia de que tenha havido fixação de metas para o contratado, tampouco há registro de que teria sido fixado período de permanência na empresa, ou qualquer outro fator condicionante. Quanto ao segundo paradigma Acórdão nº 9202004.308 foram colacionados os seguintes trechos: Ementa (...) HIRING BONUS. VERBA DECORRENTE DO CONTRATO DE TRABALHO, COMPONENTE DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. A verba paga a título de hiring bonus é decorrente do contrato de trabalho. Essa verba não tem natureza de verba eventual, por não estar relacionada a caso fortuito e, ao contrário, sendo esperada desde a contratação, deve compor o salário de contribuição. Voto "O Hiring bonus, ficou caracterizado por uma soma em dinheiro para a novos empregados, paga no ano de sua admissão, como incentivo a seu ingresso nos quadros da empresa. Entendo que tal rubrica foi paga exclusivamente em razão do contrato de trabalho e não apenas para permitir que o trabalho possa ser executado. Assim, fica configurada a verba Fl. 620DF CARF MF 16 como parcela integrante do conceito jurídico de Salário de Contribuição, afastandose natureza indenizatória da verba. Por fim, resta verificar se esta verba pode ou não ser inclusa no rol de exclusões da base de cálculo que, em numerus clausos, consta do § 9o do art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Reparase que, no item 7 da alínea "e" do § 9o da Lei n° 8.212, de 1991, constam, como exclusão do salário de contribuição, as verbas recebidas a títulos de ganhos eventuais. Entendo que ganho eventual seja aquele que se recebe de forma inesperada, por caso fortuito, como no caso de uma indenização dada graciosamente pela empresa a um empregado que tenha perdido sua moradia, por conta de uma enchente. Notase aqui que nem a enchente, nem a indenização poderiam ser antevistas ou esperadas. Ao contrário, no caso dos autos, era garantido ao empregado, no ano de sua contratação uma remuneração mínima, ainda que ela ultrapassasse o salário e a participação nos lucros e resultados, caracterizando um valor esperado a título de bônus de contratação. Concluindo, a verba paga a título de hiring bonus é decorrente do contrato de trabalho e não tem natureza de verba eventual, por não estar relacionada a caso fortuito." Portanto, a verba deve compor o salário de contribuição." (grifei) Embora não se tenha muitos detalhes sobre a verba paga no caso desse paradigma, os trechos destacados permitem concluir que, ao contrário do acórdão recorrido, a verba era paga ao longo do ano em que houve a contratação, sob a forma de uma remuneração mínima, ainda que ultrapassasse o salário e a PLR, o que caracterizou um valor esperado a título de Bônus de Contratação. Assim, este segundo paradigma não demonstra a divergência, já que no recorrido um dos fundamentos a descaracterizar o aspecto remuneratório foi o fato de o pagamento ocorrer antes do início do contrato de trabalho. Entretanto, a divergência jurisprudencial restou demonstrada em face do primeiro paradigma. Quanto ao não cabimento de rediscussão de matéria fáticoprobatória, ressaltese que não há necessidade de reexame de provas para o deslinde da controvérsia, mas apenas decidir se a verba paga a título de Bônus de Contratação, conforme descrita no acórdão recorrido, teria efetivamente natureza remuneratória, como aventa a Fazenda Nacional, o que autorizaria o restabelecimento da exigência. Diante do exposto, conheço parcialmente do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, somente quanto ao Bônus de Contratação, e passo a analisarlhe o mérito. A matéria já foi debatida nesta 2ª Turma da CSRF, em duas oportunidades, uma delas quando da prolação do segundo paradigma indicado pela Fazenda Nacional Acórdão nº 9202004.308, de 21/07/2016. A segunda vez que o Colegiado se debruçou sobre o tema proferiuse o Acórdão nº 9202005.156, de 25/01/2017, cujo voto vencedor, da lavra da Fl. 621DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 614 17 Ilustre Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, trago à colação, por externar o meu entendimento acerca do Bônus de Contratação: "Em relação aos fundamentos que norteiam considerar o pagamento do bônus de contratação, como salário de contribuição, entendo que a questão foi devidamente fundamentada pelo acórdão recorrido, inclusive razão pela qual acompanhei o relator nessa parte. Dessa forma, transcrevo as partes pertinentes, adotandoo como razões de decidir. Senão vejamos Do bônus de contratação. Relativamente a este rubrica, assim fora justificado o lançamento pela fiscalização tributária: 45. não obstante a amplitude do conceito de salário de contribuição, o próprio artigo 28 em seu parágrafo 9º, prevê inúmeras situações especiais onde, mesmo havendo pagamento direto ao empregado, não haverá a incidência da contribuição previdenciária. Tais hipóteses consubstanciam isenções concedidas àqueles que têm o dever de contribuir com a Previdência Social, desonerandoos da exação. Por sua vez, a interpretação da norma isentiva não permite incluir nela situações que não estejam expressamente previstas no texto legal, em face da literalidade em que deve ser interpretada, conforme artigo 111, inciso II da Lei nº 5.172/66 – CTN. 46. Esta verba é paga no ato da contratação, negociada entre a empresa e o empregado, faz parte do pacote de remunerações para incentivar o empregado a ingressar nos quadros da empresa, denominada no mercado como 'luvas', 'hiring bônus' ou bônus de contratação, tem como natureza uma gratificação ajustada, não estando nas hipóteses de isenção previdenciária; 47. Da mesma forma é o entendimento da legislação trabalhista, conforme disposto no artigo 457, §1º da CLT; 48. Nesse sentido, quando a lei define remuneração paga a qualquer título, o pagamento de 'luvas', que tem natureza de gratificação ajustada, está contido na definição legal de remuneração, sendo parte integrante do salário de contribuição; 49. No caso, verificase através dos contratos firmados entre a empresa e os empregados contratados a natureza de remuneração em troca do trabalho, conforme transcrito a seguir: 'Abono de contratação firmado entre Itaú Corretora de Valores S A e Ricardo Jorge Fernandez Fernandez: (...) 2. Em reciprocidade pelo recebimento da importância acima, que após as deduções legais resultará no valor líquido de R$ 99.852,80 (Noventa e nove mil, oitocentos e cinqüenta e dois Fl. 622DF CARF MF 18 reais e oitenta centavos), o colaborador assume expressamente o compromisso de permanecer trabalhando nesta empresa por um período de 24 (vinte e quatro) meses.' Aditivo ao contrato individual de trabalho entre Itaú Corretora de Valores S A, empregador e Luiz Gustavo Cherman: (...) 1.m O funcionário comprometese a manter a relação de emprego pelo prazo mínimo de 36 meses e a cumprir todas as metas previstas até 30 de abril de 2011.' Em contrapartida, argumenta a recorrente que se trata, em verdade, de verba desvinculada do salário, uma vez que fora paga aos beneficiários no ato da contratação, momento no qual ainda não se dava a prestação dos serviços, motivo pelo qual deve ser reconhecido sobre ela não incidirem as contribuições previdenciárias. Pois, bem, sobre o assunto, inicialmente cabe frisar que a CF/88, em seu art. 195, I, “a”, definiu que o financiamento da Seguridade Social se faria, em parte pelas contribuições do empregador e do empregado incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos provenientes do trabalho, senão vejamos: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Por sua vez, em face de referido comando constitucional, tais contribuições vieram a ser instituídas por meio da Lei 8.212/91, que em seu artigo 22, assim dispôs: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo Fl. 623DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 615 19 de trabalho ou sentença normativa.(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). E ao definir o conceito de salário de contribuição, no caso a base de cálculo das contribuições previdenciárias, a própria Lei nº 8.212/91 definiu que, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição: Art.28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) grifo nosso. Resta claro portanto que a cobrança das contribuições sociais previdenciárias somente poderá ser levada a efeito sobre valores que vierem ser creditados a segurados empregados ou contribuintes individuais quando estes venham a auferir remuneração destinada a retribuir um trabalho por eles prestado ao seu empregador ou tomador de serviços, não sendo abarcados na hipótese de incidência eventuais ganhos que não possuam qualquer vinculação com a prestação de trabalho com ou sem vínculo empregatício. O pagamento de verbas a título de hiring bônus ou bônus de contratação é uma ferramenta utilizada pelas empresas, sobretudo com o intuito de angariar funcionários de alta performance de mercado, com vínculo empregatício ou não, para os quadros de colaboradores de determinada empresa, diante da atual escassez no mercado de trabalho de profissionais especializados em determinada expertise ou mesmo de profissionais de alta capacidade operacional que se destacam no exercício de suas funções no empresariado brasileiro. Tratase de uma forma encontrada, ainda, pelas empresas de adoçar a boca de executivos, para que os mesmos venham a auferir vantagens para que deixem os seus antigos postos de trabalho e venham a se filiar a uma nova empresa, pois, sem a concessão de melhores benefícios, certamente tais profissionais continuariam a exercer sua funções no antigo posto de trabalho não havendo para eles qualquer vantagem em transferir sua força de trabalho e conhecimentos a um novo empregador. Fato é que o pagamento do bônus de contratação não possui qualquer previsão legal acerca de sua obrigação ou não de pagamento, se traduzindo em nova prática de mercado, atualmente adotada por empresas brasileiras à exemplo da prática Fl. 624DF CARF MF 20 há muito já realizada no exterior, como forma das mesmas se manterem vivas e competitivas, certamente pela força de trabalho de profissionais mais especializados e mais respeitados em determinada área. Em se tratando de uma prática mais atual, também não houve qualquer previsão sobre tal pagamento nas hipóteses de isenção das contribuições previdenciárias previstas no §9o do art. 28 da Lei 8.212/91, de modo que o próprio legislador constituinte e o ordinário, ao definirem o salário contribuição, pela impossibilidade de previsão de todas as formas de remuneração que poderiam vir a ser criadas, determinou que todo o pagamento auferido em uma ou mais empresas que tiver como escopo a retribuição do trabalho prestado, deverá ser considerado como base de cálculo para fins de incidência da tributação pelas contribuições previdenciárias. Assim, em face do silêncio da legislação relativamente ao pagamento de bônus de contratação, cabe ao julgador, diante do caso em concreto, apurar se o pagamento efetuado teve realmente ou não a finalidade de retribuição de trabalho prestado, não havendo que se falar, apenas na tributação da verba sobre o argumento de que ela não consta expressamente dentre as hipóteses de isenção previstas no art. §9o do Art. 28 da Lei 8.212/91. A meu ver, o primeiro elemento que deve considerado para definição ou não do caráter de retributividade da verba, o qual a meu ver é incontroverso no presente caso, pois não veio a ser questionado pela fiscalização ou mesmo pela própria recorrente, é o momento em que a verba veio a ser paga. Consta do relatório fiscal que a verba foi paga no ato da contratação, ou seja, em momento no qual o seu beneficiário sequer estava formalmente ligado ao quadro de colaboradores da recorrente ou mesmo tenha até iniciado a prestação dos serviços para o qual fora contratado. Logo, em não havendo a prévia prestação do serviço, a meu ver, considerandose tal elemento, por si só no caso em concreto, não há que se falar que o pagamento da verba ou remuneração destinouse a retribuir qualquer trabalho prestado, diante da clara impossibilidade de tal fato pudesse mesmo ocorrer. [...] Dessa forma não concordo com a conclusão da fiscalização no presente caso de que o bônus de contratação se trata, em todos os casos, de uma gratificação ajustada, de modo a atrair a incidência das contribuições com fundamento no art. 457 da CLT. A meu ver uma gratificação, qualquer que seja sua forma, caracterizase como um pagamento feito por liberalidade do empregador, como uma forma de agradecimento ou reconhecimento de algo, no caso, uma vez que creditada ao seu empregado, certamente busca gratificálo pelos serviços já prestados ou mesmo como recompensa pelo respectivo tempo de serviço na empresa ou performance na execução de determinado serviço. [...] Fl. 625DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 616 21 Pois bem. Não obstante as ponderações acima, no presente caso, o fiscal trouxe aos autos interessante dado, no caso, a informação de que o bônus de contratação, fora pago no ato da contratação e fora condicionado ao um período de permanência dos seus beneficiários nos quadros funcionais da recorrente, por vezes por um período de 24 (vinte e quatro) meses, por vezes por um período de 36 (trinta e seis) meses. Transcrevo o que consta no contrato dos beneficiários da verba: “O funcionário comprometese a manter a relação de emprego pelo prazo mínimo de 36 (trinta e seis meses) e a cumprir todas as metas até 30 de abril de 2011” E não é só. O instrumento que regulou o pagamento do hiring bônus no presente caso, além de determinar um prazo mínimo no qual o empregado deve manterse no seu emprego, prevê de forma expressa que: (i) o valor pago a título do bônus de contratação se caracteriza num adiantamento pelo compromisso firmado de permanecer no cargo pelo prazo de 36 meses; (ii) o recebimento de tal quantia quitará quaisquer vantagens que venha o empregado a adquirir até 30 de abril de 2011, excetuados os salários fixos e comissões de seu cargo; (iii) na hipótese de ocorrer abandono de emprego ou pedido de demissão antes de 36 meses, o empregado tem a obrigação de restituir o adiantamento na proporção de 1/36 por mês faltante para o cumprimento de referido prazo; E em face da presença de tais condições, indago se o fato da verba ter sido paga no ato da contratação, mesmo sem ter havido a efetiva prestação do serviços, pode ensejar a conclusão de que o pagamento visou/teve como finalidade atrair tais empregados para uma nova empresa e está desvinculado, neste caso, do trabalho prestado. Creio que não. Ora, somente o fato de constar no acordo do pagamento do hiring bônus que tais valores são um adiantamento pelo período futuro em que o empregado deverá ficar vinculado à empresa, já demonstra forte indício de que existe uma vinculação do seu pagamento em razão da contraprestação do serviço no presente caso na forma de uma remuneração antecipada. Aliandose a tal condição, a obrigação de devolução dos valores em caso da quebra prematura do contrato de trabalho e a de que os valores constituem o pagamento de qualquer vantagem que o empregado venha ou possa adquirir em função do seu trabalho, realmente, não vejo como concluir pela desvinculação do pagamento em razão do trabalho a ser prestado como forma de atrativo ao empregado para compor os quadros de funcionários da recorrente. Fl. 626DF CARF MF 22 A meu ver, a forma pactuada pelas partes para o pagamento do bônus de contratação, se mostra muito mais e claramente como uma forma de manter o empregado vinculado à recorrente, e não como forma de atraílo a vir a fazer parte de seu quadro de colaboradores. Assim, afasto as alegações da recorrente." Fincados os critérios de análise da verba em tela, o primeiro elemento a ser considerado é o momento em que é efetuado o pagamento, bem como as condições estabelecidas para o seu recebimento. Nesse passo, no caso do acórdão acima colacionado, a Fiscalização aportou aos autos vários fundamentos que conduziram a classificar a verba como de natureza salarial. Aplicandose essas mesmas premissas ao presente caso, verificase que o Relatório Fiscal assim descreve a situação (fls. 81/82): "3.1. GEAGRATIFICAÇÃO ESPONTÂNEA ADMISSÃO Em Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, com Aviso de Recebimento (AR) em 03/10/2008, foi solicitado ao contribuinte explicações referente â rubrica 00031 (grat. espont. adm.) verificada em folhas de pagamento da empresa. Em resposta à solicitação o contribuinte informou o que se segue: "Pagamento único efetuado a funcionários no momento da contratação, caracterizando o ganho eventual de que trata a alínea "j". do inciso V, do § 9°, do art. 214 do Decreto 3.048/99.". Observese que a alínea " j " cita ganhos eventuais e abonos expressamente desvinculados do salário por força de lei. Conforme verificado essa gratificação é paga quando da admissão do empregado, portanto antes de qualquer efetividade em relação aos serviços para o qual foi contratado. Tratase de pagamento incondicionado, devido em razão da simples contratação, como um pagamento de luvas, um incentivo para a assinatura do contrato de trabalho. Tal verba possui natureza remuneratória visto ter o objetivo de atrair, através de pagamento, bons funcionários, em virtude de sua eficiência antes mesmo da celebração contratual e, portanto, integra o salário de contribuição. O pagamento dessa verba foi verificado nas competências 06, 07 e 10/2004 quando da admissão, respectivamente, dos empregados PAULO SERGIO TENANI, CAMILA WEEKS e CHRISTIAN PIERRE FRANÇOIS PUTHOD." (grifei) De plano, constatase que o próprio autuante ressalta que a verba foi paga em caráter "incondicionado", sem qualquer contraprestação de trabalho. Nessas condições, a conclusão acerca do caráter remuneratório da verba careceria da comprovação de que teria havido alguma contraprestação por parte do contratado. Registrese, por oportuno, que foram solicitados os respectivos Contratos de Trabalho dos três empregados que receberam o bônus (fls. 66), sem qualquer observação acerca do não atendimento, de sorte que, a princípio, os contratos foram apresentados. Tampouco esse aspecto foi questionado pela Fazenda Nacional. Observese também que a própria DRJ, para manter a autuação, assim se posiciona (fls. 189/190): Fl. 627DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 617 23 "4.45. No tocante aos valores pagos a título de gratificação espontânea na admissão é evidente que, sobre eles, incidem contribuições previdenciárias, apesar de a Impugnante sustentar que são ganhos eventuais e, portanto, excluídos do salário de contribuição, nos termos da alínea "j", do inciso V, do § 9o , do art. 214, do Decreto 3.048/99. 4.46. Notese que a norma invocada pela Impugnante tem outra finalidade, qual seja, a de incorporar ao salário valores que habitualmente são pagos ao trabalhador. Todavia, isto não significa que importâncias pagas eventualmente ao empregado, mas em decorrência do contrato de trabalho, estaria excluída do salário de contribuição, ressalvadas as excludentes expressamente prescritas em lei específica (parágrafo 9o , do art. 28, da Lei 8.212/91). O pagamento de prêmio, ainda que ausente a habitualidade, sujeitase à incidência de contribuição previdenciária, servindo como exemplo do ora exposto. 4.47. No caso presente, é evidente que o valor pago a título de 'Gratificação Espontânea de Admissão', caracterizase como pagamento antecipado do salário, integrando, dessa forma, o salário de contribuição. 4.48. Discordase, em parte, da Fiscalização, quando esta afirma que se trata de pagamento incondicionado, devido em razão da simples contratação, como um pagamento de luvas, um incentivo para a assinatura do contrato de trabalho. 4.49. Seja qual o título que se dê à verba, em questão, tratase de pagamento condicionado à prestação de serviços, ou ao fato do empregado colocarse à disposição do empregador, constituindose em parcela integrante do salário de contribuição, nos termos do art. 22 e 28, da Lei 8.212/91. 4.48. Observese que, embora a Impugnante alegue que esse vultosos pagamentos referemse a despesas de contratação, ela não faz prova nos autos. 4.50. Pesquisas realizadas nos dados das GFIP, que constam dos sistemas informatizados da RFBReceita Federal do Brasil, confirmam que, no ano de 2004, os empregados Paulo Sérgio Tenani, Camila Weeks e Christian Pierre François Puthod, discriminados no RLRelatório de Lançamentos, prestaram serviços, respectivamente, nos meses: 06 a 12/2004, 07 a 10/2004 e 10 a 12/2004. 4.51. Como se vê a Fiscalização agiu com acerto ao constituir os créditos de que trata o Auto de Infração." Constatase, assim, que a DRJ, para manter a autuação, teve de discordar do autuante, cujos fundamentos, por si sós, efetivamente não conduziriam à conclusão de que a verba em tela teria natureza salarial. Fl. 628DF CARF MF 24 Nesse contexto, o acórdão recorrido seguiu a mesma lógica aplicada no Acórdão nº 9202005.156, condicionando as eventuais conclusões ao caso concreto, cujo cenário é trazido pelo autuante: "A grande questão que envolve este pagamento é ter conhecimento se ele tem natureza remuneratória e ou indenizatória, já que ela implicará em incidência previdenciária ou não. Definir a natureza desta verba implica em análise percuciente dos fatos que envolvem a autuação, onde o julgador está à mercê do fiscalizador, já que seu relato será primordial para definila. No caso em tela, lendo o Relatório Fiscal vêse que a autuação está contraditória da pretensa aplicação de incidência previdenciária, isto porque a Fiscalização afirmou que o acordo para pagamento do ‘Bônus de Contratação’ ocorreu antes da contratação do funcionário e sem que a Recorrente determinasse cumprimento de metas e ou ainda determinasse tempo mínimo de permanência e ou vigência do contrato de trabalho. Desta forma, em a Fiscalização ter informado que foi pago o 'Bônus de Contratação' antes mesmo da contratação e não exigindo do beneficiário metas a serem cumpridas e tão pouco permanência dele mínima na Recorrente, desfigurado está o caráter remuneratório, porque ausentes estão os requisitos que configuram a verba remuneratória, ou seja, i) a comutatividade (a troca do pagamento pelo trabalho) e o ii) imperioso contrato de trabalho, oneroso e sinalagmático (contratos bilaterais em que existe uma reciprocidade). Então, assiste razão tais argumentos expendidos pela Recorrente, uma vez que a própria Fiscalização desfigurou o caráter remuneratório da verba paga." Assim, a despeito de que a verba em tela, ainda que paga antes de firmarse o contrato de trabalho, poderia efetivamente ser classificada como de natureza salarial, não foram trazidos aos autos elementos que formassem a convicção desta Conselheira, no sentido de que, nesse caso concreto, o chamado Bônus de Contratação deveria compor o saláriode contribuição. Diante do exposto, conheço parcialmente do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, somente em relação ao Bônus de Contratação e, no mérito, na parte conhecida, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 629DF CARF MF Processo nº 19515.001052/200978 Acórdão n.º 9202007.637 CSRFT2 Fl. 618 25 Fl. 630DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.730446/2014-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 05/01/2010 a 29/12/2010
VALOR ADUANEIRO. PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. DESPESAS DE DESCARGA E MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS. CAPATAZIA.
Por se tratar de valor despendido para a movimentação das mercadorias após a chegada no porto de destino, a capatazia não compõe o valor aduaneiro das mercadorias, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/COFINS Importação.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 05/01/2010 a 29/12/2010
VALOR ADUANEIRO. PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. DESPESAS DE DESCARGA E MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS. CAPATAZIA.
Por se tratar de valor despendido para a movimentação das mercadorias após a chegada no porto de destino, a capatazia não compõe o valor aduaneiro das mercadorias, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/COFINS Importação.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3402-006.218
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Waldir Navarro Bezerra.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 05/01/2010 a 29/12/2010 VALOR ADUANEIRO. PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. DESPESAS DE DESCARGA E MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS. CAPATAZIA. Por se tratar de valor despendido para a movimentação das mercadorias após a chegada no porto de destino, a capatazia não compõe o valor aduaneiro das mercadorias, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/COFINS Importação. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 05/01/2010 a 29/12/2010 VALOR ADUANEIRO. PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. DESPESAS DE DESCARGA E MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS. CAPATAZIA. Por se tratar de valor despendido para a movimentação das mercadorias após a chegada no porto de destino, a capatazia não compõe o valor aduaneiro das mercadorias, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/COFINS Importação. Recurso de Ofício Negado.
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VALOR ADUANEIRO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado USINAS SIDERURGICAS DE MINAS GERAIS S/A USIMINAS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 05/01/2010 a 29/12/2010 VALOR ADUANEIRO. PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. DESPESAS DE DESCARGA E MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS. CAPATAZIA. Por se tratar de valor despendido para a movimentação das mercadorias após a chegada no porto de destino, a capatazia não compõe o valor aduaneiro das mercadorias, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/COFINS Importação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 05/01/2010 a 29/12/2010 VALOR ADUANEIRO. PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. DESPESAS DE DESCARGA E MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS. CAPATAZIA. Por se tratar de valor despendido para a movimentação das mercadorias após a chegada no porto de destino, a capatazia não compõe o valor aduaneiro das mercadorias, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/COFINS Importação. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 73 04 46 /2 01 4- 56 Fl. 1233DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos. Relatório Tratase de Autos de Infração lavrados para a exigência do recolhimento das contribuições do PIS/COFINS Importação incidentes sobre os valores de capatazia que deixaram de ser recolhidos pelo sujeito passivo, com acréscimo de juros e multa. Como indicado no Auto de Infração: "Num primeiro momento, foi feito trabalho relativo ao ano de 2010 em face da aproximação da decadência dos valores aqui tratados. Em relatório extraído do DW aduaneiro foi possível reunir todas as DI registradas pela Usiminas (vide anexo 1) e, a partir daí, apurar se efetivamente existia a ausência do lançamento relativo a capatazia na ficha acréscimos. Diante da resposta da interessada às intimações dando conta de que realmente não havia incluído tal montante na base de cálculo e, ainda da resposta ao questionamento específico acerca dos valores gastos com tal item, o que se pôde verificar foi a discrepância entre o valor apontado na contabilidade(R$ 8,04) e aqueles verificados nas DI 10/22903634;10/22903626;10/21726437;10/2172641 0;10/21413480;10/21413463 e 10/20833728, onde, por exigência fiscal no decorrer do despacho, a empresa declarou gastar R$ 34,36. Tais apontamentos podem ser melhor visualizados no anexo 2. A opção pelo segundo valor como parâmetro para o cálculo da diferença a ser considerada no ajuste da base de cálculo, se deu pelos seguintes motivos: 1Tratase de valores declarados pelo próprio contribuinte; e, 2São valores mensurados à época dos fatos aqui tratados, portanto, mais adequados à estrutura que permitia a realização das atividades, das quais decorrem a capatazia. O cálculo utilizado para a determinação do valor cobrado se deu da seguinte forma: 1Levantamento de todas as DI registradas em 2010; 2Separação daquelas para as quais foram declarados os valores referentes á capatazia; 3Separação das DI registradas com suspensão de tributos; 4Somatória do peso; 5Levantamento do valor referente a acréscimos oriundos de capatazia (peso multiplicado pelo valor de referência de capatazia); Fl. 1234DF CARF MF Processo nº 11128.730446/201456 Acórdão n.º 3402006.218 S3C4T2 Fl. 1.234 3 6Planilhamento dos valores referentes a Cofins e Pis, utilizando modelo específico para tal cálculo, conforme consta da Norma de execução Coana 2/2005(anexo 3)" (efls. 18/19 grifei) Após a apresentação da Impugnação Administrativa pelo sujeito passivo, a Delegacia de Julgamento entendeu por converter o julgamento do recurso em diligência, primeiramente por meio da Resolução 16.000.562 da 23ª Turma da DRJ/SP1 (efls. 857/873), requerendo, em síntese, que a autoridade fiscal de origem: "• RECALCULE a base de cálculo das Contribuições PIS/COFINS Importação à luz do que foi determinado pelo RE 559937. Neste mesmo diapasão, indagase à autoridade preparadora: 1. Às folhas 590 do processo digital e seguintes, no documento 08 juntado à impugnação, consta cópia do Auto de Infração n° 10611.721712/201354, lavrado pela IRF Belo Horizonte. Às folhas 839 do processo digital e seguintes, no documento 13 juntado à impugnação, consta planilha que contem o alistamento de todas as Declarações de Importação emitidas no nome da filial de Ipatinga/MG, bem como o respectivo crédito tributário lançado (contribuição e multa). Nesse sentido, é fato que houve duplicidade de autuação (mesmas Declarações de Importação) para o mesmo fato (não inclusão da capatazia no valor aduaneiro)? 2. Se a resposta do quesito 1 for afirmativa, que se proceda a devida exclusão das Declarações de Importação lançadas em duplicidade. (...) 3. Solicitase que a autoridade preparadora explicite os motivos pelos quais o montante informado pelo impugnante R$ 8,04/ton. – não foi aceito, sendo arbitrado em seu lugar o custo de R$ 34,36/ton?" (efls. 871/872 grifei) A resposta à diligência indicou expressamente, especificamente quanto ao item referente ao recálculo das contribuições à luz do RE 559.937 que "se utilizada tal metodologia de cálculo, qual seja, a exclusão do valor referente ao ICMS, bem como o cálculo direto da alíquota referente a uma e outra contribuição sobre o valor aduaneiro, pura e simplesmente, NÃO haveria crédito tributário a ser considerado." (efl. 879) Além disso, informou em resposta ao item 1 que houve lançamento em duplicidade com os valores lançados no processo n° 10611.721712/201354. Uma vez que não foram trazidos aos autos o DEMONSTRATIVO DE CÁLCULOS referente à exclusão das referidas Declarações de Importação indicadas em duplicidade, o julgamento foi novamente convertido em diligência pela Resolução n.º 16.000.625 para que esses cálculos fossem acostados aos autos (efls. 980/995). Essa planilha foi apresentada na informação fiscal das efls. 1.057/1.059, na qual indicou a fiscalização: "1.1 Da observação dos valores constantes nas colunas COFINS DEVIDO X COFINS CFE RE 559937 E PIS DEVIDO X PIS CFE RE 559937, se pode concluir pela ausência de valores a lançar; 2 Procedi à emissão de demonstrativo no Safira, excluindo do Auto original a totalidade das DI que não foram registradas no Porto de Santos, conforme se pode ver às fls. 998 a 1056." (efl. 1.059 grifei) Fl. 1235DF CARF MF 4 Em razão das informações prestadas pela empresa em suas informações às diligência quanto às operações da filial da empresa em Ipatinga/MG, a turma entendeu por novamente converter o julgamento do Recurso em diligência nos seguintes termos: "O interessado se manifestou no seguinte sentido, às folhas 1.068 do processo digital: Ocorre que a Contribuinte, ao verificar o demonstrativo do auto de infração elaborado, constatou que subsistiu a seguinte cobrança do diferencial das contribuições concernente a importações realizadas pela filial de Ipatinea/MG (CNPJ: 60.894.730/002582): Diante desses motivos, a Contribuinte requer seja determinado à Autoridade Preparadora que revise o demonstrativo acostado às fls. 998/1.056, apenas mantendo as contribuições supostamente devidas por importações realizadas nos recintos aduaneiros do Porto de Santos. Requer, ainda, seja determinado à Autoridade Preparadora que, diante da reformulação do crédito tributário já operada, sejam devidamente alimentados os sistemas de controle da RFB, principalmente o SIEF, na medida em que a própria Auditoria Fiscal concordou que parte do lançamento deve ser extinta. Em atenção estrita ao exercício do Contraditório, Princípio de assento constitucional, resolvese baixar os autos em outra Resolução, para que a autoridade preparadora se manifeste sobre o seguinte assunto: 1. Procede a alegação veiculada pelo interessado às folhas 1.068 do processo digital de que subsiste cobrança do diferencial das contribuições concernente a importações realizadas pela filial de Ipatinga/MG (CNPJ: 60.894.730/002582) apontada no quadro acima? 2. Se afirmativa a resposta, que seja refeito o DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO com a nova exigência das Contribuições PIS/COFINS – Importação." (efl. 1.094/1.095) Na informação fiscal, responde a fiscalização que "realmente, ocorreu equívoco na juntada do demonstrativo mencionado às fls 998 a 1056, razão pela qual providenciei a substituição do mesmo através das fls. 1098 a 1148". (efl. 1.149) Com isso, foi juntado o substitutivo do demonstrativo às efls. 1.134. Uma vez que as diligência identificaram a ausência de valores suscetíveis a serem exigidos com fulcro no conceito de valor aduaneiro trazido no RE 559.937, foi dado Fl. 1236DF CARF MF Processo nº 11128.730446/201456 Acórdão n.º 3402006.218 S3C4T2 Fl. 1.235 5 integral provimento à Impugnação com base nessas informações fiscais, em acórdão ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 05/01/2010 Diferenças de valor aduaneiro apuradas quanto a com despesas de descarga e movimentação das mercadorias importadas. Exigência das Contribuições PIS/COFINS Importação incidentes, devido à alteração da base de cálculo das mesmas, bem como a respectiva multa de ofício de 75% e multa de mora de 20% À luz do que determina o RE 559937, não há crédito tributário a ser considerado. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado" (efl. 1.191 grifei) Em razão do valor exonerado ultrapassar o limite de alçada, foi interposto Recurso de Ofício. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne. O Recurso de Ofício merece ser conhecido, vez que ultrapassa o valor de alçada da Portaria n.º 63/2017. Entendo que não merece qualquer reparo a r. decisão recorrida. Atentandose para o Auto de Infração lavrado e como confirmado pelas diligências realizadas nos presentes autos, os valores autuados correspondem, exclusivamente, aos valores de capatazia (movimentação e desgarga), que não devem ser incluídos na base de cálculo do PIS e da COFINS Importação, em conformidade com o conceito de valor aduaneiro firmado no RE 559.937. Com efeito, a base de cálculo do PIS e da COFINS Importação sobre a entrada de bens estrangeiros no território nacional é o valor aduaneiro (art. 7º, I, da Lei n.º 12.865/2004), na forma definida pelo Acordo de Valoração Aduaneira no Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (AVA/GATT), aprovado pelo Decreto Legislativo n.º 30/1994 e promulgado pelo Decreto 1.355/94, que incorporou os resultados da Rodada Uruguai de Negociações Comerciais Multilaterais do GATT. Atentandose para a disciplina do AVA/GATT, observase que o conceito de valor aduaneiro é o valor de transação da mercadoria, sendo passível de serem incluídos os valores despendidos com o custo, o transporte e o seguro (preço CIF) despendidos até o porto de destino (local da importação). Nos termos do Artigo 8 do Acordo sobre a implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1994: “Artigo 8 (...) 2. Ao elaborar sua legislação, cada Membro deverá prever a inclusão ou exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos seguintes elementos: Fl. 1237DF CARF MF 6 (a) o custo de transportes de mercadoria importadas até o ponto ou local de importação; (b) os gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; e (c) o custo do seguro (…)” (grifei). Sob esta perspectiva, o valor aduaneiro considera o preço da mercadoria até a chegada no porto (preço CIF), não abrangendo aqueles dispêndios ocorridos após a chegada no porto de destino, como é o caso das despesas com capatazia. E foi exatamente esse o conceito de valor aduaneiro firmado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento no Recurso Extraordinário n.º 559.937 em sede de repercussão geral, especificamente quanto ao PIS/COFINS Importação, ementado nos seguintes termos: "Tributário. Recurso extraordinário. Repercussão geral. PIS/COFINS – importação. Lei nº 10.865/04. Vedação de bis in idem. Não ocorrência. Suporte direto da contribuição do importador (arts. 149, II, e 195, IV, da CF e art. 149, § 2º, III, da CF, acrescido pela EC 33/01). Alíquota específica ou ad valorem. Valor aduaneiro acrescido do valor do ICMS e das próprias contribuições. Inconstitucionalidade. Isonomia. Ausência de afronta. 1. Afastada a alegação de violação da vedação ao bis in idem, com invocação do art. 195, § 4º, da CF. Não há que se falar sobre invalidade da instituição originária e simultânea de contribuições idênticas com fundamento no inciso IV do art. 195, com alíquotas apartadas para fins exclusivos de destinação. 2. Contribuições cuja instituição foi previamente prevista e autorizada, de modo expresso, em um dos incisos do art. 195 da Constituição validamente instituídas por lei ordinária. Precedentes 3. Inaplicável ao caso o art. 195, § 4º, da Constituição. Não há que se dizer que devessem as contribuições em questão ser necessariamente nãocumulativas. O fato de não se admitir o crédito senão para as empresas sujeitas à apuração do PIS e da COFINS pelo regime nãocumulativo não chega a implicar ofensa à isonomia, de modo a fulminar todo o tributo. A sujeição ao regime do lucro presumido, que implica submissão ao regime cumulativo, é opcional, de modo que não se vislumbra, igualmente, violação do art. 150, II, da CF. 4 Ao dizer que a contribuição ao PIS/PASEP Importação e a COFINSImportação poderão ter alíquotas ad valorem e base de cálculo o valor aduaneiro, o constituinte derivado circunscreveu a tal base a respectiva competência. 5. A referência ao valor aduaneiro no art. 149, § 2º, III, a , da CF implicou utilização de expressão com sentido técnico inequívoco, porquanto já era utilizada pela legislação tributária para indicar a base de cálculo do Imposto sobre a Importação. 6. A Lei 10.865/04, ao instituir o PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas. O que fez foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham alíquota ad valorem sejam calculadas com base no valor aduaneiro, extrapolando a norma do art. 149, § 2º, III, a, da Constituição Federal. 7. Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a tributação das operações internas. O PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação incidem sobre operação na qual o contribuinte efetuou despesas com a aquisição do produto importado, enquanto a PIS e a COFINS internas incidem sobre o faturamento ou a receita, conforme o regime. São tributos distintos. 8. O gravame das operações de importação se dá não como concretização do princípio da isonomia, mas como medida de política tributária tendente a evitar que Fl. 1238DF CARF MF Processo nº 11128.730446/201456 Acórdão n.º 3402006.218 S3C4T2 Fl. 1.236 7 a entrada de produtos desonerados tenha efeitos predatórios relativamente às empresas sediadas no País, visando, assim, ao equilíbrio da balança comercial. 9. Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7º, inciso I, da Lei 10.865/04: “acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2º, III, a, da CF, acrescido pela EC 33/01. 10. Recurso extraordinário a que se nega provimento." (STF, RE 559937, Relatora Ministra Ellen Gracie, Relator p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 20/03/2013, Repercussão Geral Mérito DJe206 Divulg. 16/10/2013 Public. 17/10/2013) Naquele julgado, o valor aduaneiro foi expressamente identificado como o preço CIF da mercadoria (custo, seguro e frete). Esse conceito foi bem elucidado no voto da Ministra relatora Ellen Gracie1 e no manifestação de voto do Ministro Luiz Fux, abaixo reproduzidos: Voto Ministra Relatora Ellen Gracie: "Relevante, pois, definir o alcance da expressão "valor aduaneiro" de modo a delimitar o âmbito dentro do qual seria lícito ao legislador estabelecer a base de cálculo. Quando do advento da EC 33/01, o art. 2o do DL 37/66, com a redação determinada pelo DL 2.472/88, já fazia referência ao valor aduaneiro ao dispor acerca da base de cálculo do Imposto sobre a Importação: (...) Vêse que a dimensão do que seja valor aduaneiro decorre de acordo internacional sobre tributação. Aliás, é relevante ter em conta que o Decreto Legislativo 30/94 aprovou Acordo sobre a implementação do artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio GATT 1994, constante do Anexo 1A ao Acordo Constitutivo da Organização Mundial de Comércio, e que o Decreto 1.344/94 o promulgou, incorporando os resultados da Rodada Uruguai de Negociações Comerciais Multilaterais do GATT. A regulamentação do controle do valor aduaneiro consta da IN SRF 327/03. E o novo Regulamento Aduaneiro também cuidou da matéria. Vejamse os arts. 76 e 77 do Dec. 6.759/09 (Novo Regulamento Aduaneiro): (...) Cabe observar que o valor aduaneiro compreende também os custos de transporte, de carga, descarga e manuseio e de seguro, de modo que corresponda ao valor do produto posto no país importador, ou seja, ao preço CIF (cost, insurance and freight) e não ao simples preço FOB (free on board). Relevante, ainda, é saber que o valor aduaneiro pode ou não corresponder ao valor declarado pelo importador com base nos documentos fiscais de aquisição da mercadoria. Há critérios substitutivos de apuração, para utilização sucessiva, nos termos do art. VII do GATT, de modo que não prevaleçam distorções de preços. Mas não é sequer necessário aprofundarmos a análise do "valor aduaneiro" que, com os traços referidos, já era considerado quando do advento da EC 33/01. 1 Trata do julgamento quanto a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS importação, cujo voto da ministra relatora Ellen Gracie foi acompanhado pela unanimidade dos Ministros. Em razão de sua saída do tribunal, a redação do acórdão foi atribuída ao Ministro Dias Toffoli. Fl. 1239DF CARF MF 8 Isso porque a Lei 10.865/04, ao instituir a PIS/PASEPImportação e a COFINS Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas,. O que fez, sim, foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação, quando tenham alíquota ad valorem, sejam calculadas com base no valor aduaneiro. Extrapolando a norma do art. 149, § 2o , III, a, da Constituição Federal, determinou que as contribuições fossem calculadas não apenas sobre o valor aduaneiro, mas, também, sobre o valor do ICMSImportação e sobre o valor das próprias contribuições instituídas." (grifei) Voto Ministro Luiz Fux: "O Conceito de valor aduaneiro é o mesmo corrente no âmbito do comércio exterior, com referências expressas na legislação, de modo que se deve considerar a previsão constitucional como dizendo respeito ao sentido técnico da expressão constante do próprio GATT. Nesta linha de pensar, a base de cálculo é o preço CIF (Cost, Insurance and Freigt), ou seja, referência ao preço para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País, considerando o seu custo, o seguro e o frete, nada mais!" (grifei) Com efeito, as despesas com capatazia são incorridas após a chegada das mercadorias no porto, tratandose daqueles valores despendidos no desembarque e armazenagem da mercadoria quando de sua chegada no país de destino, dentro das instalações do porto. A definição deste serviço foi elucidada pela Lei n.º 12.815/2013, denominada de lei dos portos: "Art. 40. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício por prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos. § 1o Para os fins desta Lei, consideramse: I capatazia: atividade de movimentação de mercadorias nas instalações dentro do porto, compreendendo o recebimento, conferência, transporte interno, abertura de volumes para a conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega, bem como o carregamento e descarga de embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário;" (grifei) Assim, como despesas incorridas após a chegada no porto, a capatazia não compõe o valor aduaneiro das mercadorias, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/COFINS Importação Esse raciocínio é igualmente depreendido do Decreto n.º 2.498/19982, vigente à época dos fatos geradores, que indica que somente os gastos de carga e descarga incorridos até a chegada no porto podem ser incluídos no valor aduaneiro: "Dos elementos que integram o valor aduaneiro Art. 17. No valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado, serão incluídos (parágrafo 2 do artigo 8 do Acordo de Valoração Aduaneira): I o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; 2 Dispõe sobre a aplicação do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio GATT 1994. Fl. 1240DF CARF MF Processo nº 11128.730446/201456 Acórdão n.º 3402006.218 S3C4T2 Fl. 1.237 9 II os gastos relativos a carga, descarga e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; e III o custo do seguro nas operações referidas nos incisos I e II." (grifei) Dessa forma, o conceito de valor aduaneiro não inclui as despesas com capatazia, incorridas após a chegada no porto de destino3. Nos presentes autos, a resposta à diligência indicou expressamente, especificamente quanto ao item referente ao recálculo das contribuições à luz do RE 559.937 que "se utilizada tal metodologia de cálculo, qual seja, a exclusão do valor referente ao ICMS, bem como o cálculo direto da alíquota referente a uma e outra contribuição sobre o valor aduaneiro, pura e simplesmente, NÃO haveria crédito tributário a ser considerado." (efl. 879 grifei) Nesse sentido, com fulcro nessa manifestação da fiscalização, a r. decisão recorrida entendeu por cancelar integralmente os Autos de Infração objeto deste processo, em entendimento que não merece qualquer reforma. Desta forma, entendo que agiu corretamente a r. decisão recorrida ao cancelar integralmente os Autos de Infração lavrados contra o sujeito passivo exclusivamente pelo fato de ter deixado de incluir as despesas com capatazia na base de cálculo do PIS/COFINS Importação, não merecendo reparo a conclusão por ela alcançada. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso de Ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne 3 Esse é o entendimento vem sendo aplicado de forma reiterada pelo Superior .Tribunal de Justiça STJ especificamente quanto ao Imposto de Importação, como se depreende, a título exemplificativo, dos seguintes julgados das primeira e segunda turmas: AgInt no AREsp 1066048/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 23/05/2017, DJe 30/05/2017, REsp 1528204/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 09/03/2017, DJe 19/04/2017 e REsp 1.239.625/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 04/09/2014, DJe 04/11/2014. Fl. 1241DF CARF MF
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Numero do processo: 13884.902753/2008-61
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Jan 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. DIVERGÊNCIA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Não se conhece de recurso que não comprove a divergência jurisprudencial nos termos do Regimento Interno do CARF.
Numero da decisão: 9101-003.996
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
Viviane Vidal Wagner - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: VIVIANE VIDAL WAGNER
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Presidente (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1264; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 1.383 1 1.382 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13884.902753/200861 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.996 – 1ª Turma Sessão de 18 de janeiro de 2019 Matéria PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO. PROVA. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ELEB EMBRAER LIEBHERR EQUIPAMENTOS DO BRASIL S/A. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. DIVERGÊNCIA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não se conhece de recurso que não comprove a divergência jurisprudencial nos termos do Regimento Interno do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 27 53 /2 00 8- 61 Fl. 296DF CARF MF Processo nº 13884.902753/200861 Acórdão n.º 9101003.996 CSRFT1 Fl. 1.384 2 Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial (efls. 225/230), contra o acórdão de nº 1803002.327 (efls. 214/223) proferido pela Terceira Turma Especial da Primeira Seção do CARF, em sessão realizada em 27/8/2014, pelo qual a turma, por maioria de votos, deu provimento ao Recurso Voluntário apresentado por ELEB EMBRAER LIEBHERR EQUIPAMENTOS DO BRASIL S/A., reconhecendo o direito creditório em litígio e homologando as compensações a ele vinculadas. Extraise dos autos os seguintes fatos, em síntese: o contribuinte apresentou pedido objetivando o reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de IRPJ, apurado no 2º trimestre de 2005, para compensação com os débitos declarados nos PERD/COMP’s de números 24990.98467.041005.1.3.029581; 00445.49340.071005.1.3.021928; 09107.93436.071105.1.3.024680; 10823.93017.031105.1.3.020729; 09725.10733.111105.1.3.025324; 05705.07741.101005.1.3.021881; 14777.77929.261005.1.3.022549; e 08756.48599.211005.1.3.026078. Constatado que o valor informado na DCOMP não correspondia ao valor do saldo negativo informado na DIPJ, após intimar o contribuinte a retificar a(s) respectiva(s) declaração(ões), sem resposta, a Delegacia Regional Federal de São José dos Campos prolatou despacho decisório não homologando a compensação declarada nas PER/DCOMP, com o seguinte teor (fls. 79 do vol. 1): Analisadas as Informações prestadas no documento acima identificado, não foi possível confirmar a apuração do crédito, pois o valor Informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIP)) não corresponde ao valor do saldo negativo Informado no PER/DCOMP. Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 305.770,32 Valor do saldo negativo Informado na DIPJ: R$ 38,08 contra o despacho decisório o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em que alegou, em síntese, que, de fato, ocorreram equívocos formais de preenchimento os quais não poderiam constituir óbice ao reconhecimento do crédito e que a homologação deveria ser reconsiderada em face das retificadoras das PER/DCOMP, invocando a verdade material sobre circunstâncias formais. junto dessa manifestação de inconformidade o contribuinte apresentou cópia de DIPJ retificadora, protocolizada em 10/9/2008, na qual, na Ficha 12A, fez constar retenções na fonte: (a) IR pago exterior (linha 12); IRFonte (linha 13) e Retenções por órgãos públicos (linha 14), juntou, ainda, informes de rendimentos e cópias dos PER/DCOMP (fls. 22 e ss do vol. 1). Fl. 297DF CARF MF Processo nº 13884.902753/200861 Acórdão n.º 9101003.996 CSRFT1 Fl. 1.385 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) prolatou acórdão no qual julgou procedente em parte o pedido, para homologar as compensações até o limite do crédito que foi reconhecido nessa ocasião, de R$ 176.995,26, e homologou as compensações até esse limite (fls. 72 e ss do vol 1). A decisão de primeira instância, considerando o montante total efetivamente retido de R$ 214.217,98, no 2º trimestre de 2005, deixou de acatar as retenções sob o código 5273 ( IRRF Operações de SWAP), por não terem sido oferecidos à tributação os correspondentes rendimentos. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário (efls. 177/186) que foi julgado pela 3ª Turma Especial da Primeira Seção do CARF, em 27/8/2014, tendo decido a maioria da turma, no Acórdão nº 1803002.327, dar provimento ao recurso. A decisão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/4/2005 a 30/6/2005 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. PER/DCOMP. DIPJ. HOMOLOGAÇÃO. Se o saldo negativo informado no Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) é superior ao mesmo saldo negativo informado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deve a homologação da compensação se fazer até o limite deste. DESPACHO DECISÓRIO. TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. ATO ADMINISTRATIVO. Uma vez declarado o motivo ou o fundamento de um ato administrativo, aquele (motivo ou fundamento) deve ser respeitado, condicionando a validade deste (ato administrativo). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Carmen Ferreira Saraiva e Arthur José André Neto, que negavam provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Ricardo Diefenthaeler acompanhou pelas conclusões. Designado o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes para redigir o voto vencedor. (grifouse) No voto vencedor o redator designado destacou que o trabalho de análise do direito creditório, que cumpria ao órgão de origem, fora feito apenas pela DRJ em Campinas, o que seria inaceitável. Acrescentou que a negativa de homologação, procedida pela DRJ, ocorreu quando já transcorrido o prazo previsto da homologação tácita previsto no art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430/1996 (homologação tácita), uma vez que a decisão, da forma como prolatada, possuiria a natureza jurídica de um “despacho decisório complementar”, sujeita, portanto, também, ao prazo homologatório previsto em lei. Por fim, apontou novo fundamento jurídico de decidir dado pela DRJ no julgamento da manifestação de inconformidade, chamando atenção para a “teoria dos motivos determinantes”, pela qual, uma vez declarado o motivo ou o Fl. 298DF CARF MF Processo nº 13884.902753/200861 Acórdão n.º 9101003.996 CSRFT1 Fl. 1.386 4 fundamento de um ato administrativo, aquele (motivo ou fundamento) deve ser respeitado, condicionando a validade do (ato administrativo). Decidiu, ao final: Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO, para reconhecer o direito creditório adicional de R$ 64.219,05 (R$ 241.214,31 indicado na DIPJ retificadora e pleiteado no recurso, menos R$ 176.995,26, já reconhecido pela decisão recorrida), homologando as compensações até o limite do direito creditório adicional reconhecido. Intimada dessa decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional, tempestivamente, apresentou Recurso Especial (efls. 225/230), em que aponta divergência jurisprudencial em relação à tese defendida no acórdão recorrido de que diante de discrepância entre os valores tidos pelo Contribuinte como crédito em seu PER/DCOMP e os valores declarados em DIPJ, deve a homologação da compensação se fazer até o limite daquele primeiro saldo. Indicou como paradigmas os Acórdãos nºs 110200.750 e 1301000.857, que veicularam as seguintes ementas: Acórdão nº 110200.750 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2001 Ementa: COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ERRO DE INFORMAÇÃO EM DIPJ. Não é legítimo afastar definitivamente o direito do contribuinte à recuperação de créditos apenas pelo fato de este ter preenchido a DIPJ respectiva de forma incorreta. Por conseguinte, devem ser conhecidos e apreciados pela Autoridade Administrativa todos os argumentos aduzidos pelo contribuinte em manifestação de inconformidade sobre erros no preenchimento de DIPJ, os quais, se comprovados, conduzirão ao reconhecimento da existência do direito creditório e o conseqüente acolhimento do pedido de compensação. ERRO MATERIAL. Ocorre erro material suscetível de retificação quando há divergência facilmente perceptível entre o que foi escrito e aquilo que se queria ter escrito, normalmente revelada no próprio contexto da declaração ou através das circunstâncias em que a declaração é feita. COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RETIFICAÇÃO FORMULADO POSTERIORMENTE À DECISÃO DENEGATÓRIA DO PEDIDO PELA ADMINISTRAÇÃO. Não se admite a retificação de pedido de compensação formulado pelo contribuinte quando a pretensão respectiva já tenha sido negada pela Administração, mormente quando tal retificação significa, em verdade, apresentação de novo pleito. Recurso voluntário a que se dá parcial provimento para que seja determinado à Delegacia de Origem seja procedido o exame da Fl. 299DF CARF MF Processo nº 13884.902753/200861 Acórdão n.º 9101003.996 CSRFT1 Fl. 1.387 5 procedência do direito creditório do Contribuinte informado na PER/DComp originária. Acórdão nº 1301000.857 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004 Ementa: DCOMP. COMPENSAÇÃO. DIVERGÊNCIAS NAS DECLARAÇÕES. DIPJ. DCTF. FALTA DE CERTEZA DO CRÉDITO. Para a efetivação da compensação pretendida, é exigência legal que o crédito pretensamente utilizado pela contribuinte goze dos atributos de liquidez e certeza. A existência de inconformidade nas Declarações DIPJ e DCTF apresentadas, impedem, no caso, a existência da certeza do suposto direito creditório pretendido. Apesar de devidamente intimada, a contribuinte não promovera, ao tempo e modo devido, a necessária retificação de suas declarações, não sendo possível, assim, a admissão da compensação pretendida. Sobre a admissibilidade, em relação ao primeiro paradigma, aponta a recorrente que "ante a mesma situação de discrepância entre créditos em PER/DCOMP e em DIPJ, os colegiados tiveram posicionamento diametralmente oposto: a câmara a quo assegurou imediatamente o direito creditório; por outro lado, no acórdão paradigma exigiu a comprovação do direito creditório, a ser demonstrado perante a Delegacia de origem." Aduz que o segundo paradigma foi no mesmo sentido. No mérito, em sucinto arrazoado, sustenta que, ao solicitar a compensação, cabe ao contribuinte fazer prova do crédito, e, como se trata de ato administrativo vinculado, cabe ao Fisco provar a existência de fato impeditivo, extintivo e modificativo do direito pleiteado, mas que, no caso, o direito creditório indicado não goza da desejável certeza, ante algumas divergências de valores apontados quando do Pedido de Compensação (PER/DCOMP) e os valores constantes de suas DIPJ. Requer, ao final, o conhecimento e provimento do recurso, para que seja restabelecida a decisão de primeira instância quanto ao limite do direito creditório alegado pelo contribuinte. Pelo despacho de admissibilidade de efls. 234/238 foi dado seguimento ao recurso. Cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 249/257) em que, preliminarmente, diz que a recorrente não logrou caracterizar a divergência porque as situações fáticas tratadas nos paradigmas são diversas daquelas analisadas no acórdão recorrido. Fl. 300DF CARF MF Processo nº 13884.902753/200861 Acórdão n.º 9101003.996 CSRFT1 Fl. 1.388 6 No mérito, afirma que não é possível negar reconhecimento ao direito creditório sob a alegação de falta de comprovação porque a motivação dada para indeferimento do pleito foi a singela diferença entre o valor declarado em DCOMP e aquele consignado em DIPJ. Requer, ao final, seja inadmitido o recurso especial da Fazenda Nacional, ou, caso admitido, seja desprovido. É o relatório. Voto Conselheira Viviane Vidal Wagner Relatora Conhecimento O recurso especial da PFN é tempestivo. Contudo, o contribuinte recorrido apresenta, em contrarrazões, alegações no sentido de que não deve ser conhecido, por entender que os paradigmas ofertados retratam situações fáticas distintas daquela examinada pelo acórdão recorrido. Passo a apreciar a admissibilidade recursal. A Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) é instância especial de julgamento com a finalidade de proceder à uniformização da jurisprudência do CARF. Desse modo, a admissibilidade do recurso especial está condicionada ao atendimento das condições previstas no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (...) § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. No voto vencedor constante da decisão recorrida o redator designado reputou de ilógico o fundamento adotado no despacho para indeferir o pleito, consignando que, caso o saldo negativo informado no Per/DComp seja superior ao saldo negativo informado na DIPJ, deve a homologação da compensação se fazer até o limite deste. Apontou que o fundamento adotado pelo despacho decisório foi ignorado pela decisão de primeira instância, que homologou parcialmente a compensação pleiteada por outros motivos, já que teria avocado para si, erroneamente, trabalho que deveria ser feito pelo Fl. 301DF CARF MF Processo nº 13884.902753/200861 Acórdão n.º 9101003.996 CSRFT1 Fl. 1.389 7 órgão de origem mas, por questões operacionais, foi delegado a sistemas eletrônicos de controle, sem tratamento manual. Diante disso, continua: 11. Observase, por oportuno, que tal negativa de homologação, procedida pela DRJ, ocorreu quando já transcorrido o prazo previsto no art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (homologação tácita). 12. É que a decisão da DRJ, da forma como prolatada, possui, na realidade, a natureza jurídica de um “despacho decisório complementar”, sujeita, portanto, também, ao prazo homologatório acima citado. 13. Há que se mencionar, por fim, a denominada “teoria dos motivos determinantes”, pela qual, uma vez declarado o motivo ou o fundamento de um ato administrativo, aquele (motivo ou fundamento) deve ser respeitado, condicionando a validade deste (ato administrativo). Como se vê, o voto condutor do acórdão recorrido, após fazer referência à homologação tácita da PER/DCOMP, adotou a teoria dos motivos determinantes para considerar que não seria possível negar reconhecimento ao direito creditório sob a alegação de falta de comprovação (como fez a DRJ) porque a motivação inicial dada (pela DRF) para indeferimento do pleito foi a singela diferença entre o valor declarado em DCOMP e aquele consignado em DIPJ. As razões de decidir do voto constaram da ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/4/2005 a 30/6/2005 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. PER/DCOMP. DIPJ. HOMOLOGAÇÃO. Se o saldo negativo informado no Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) é superior ao mesmo saldo negativo informado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deve a homologação da compensação se fazer até o limite deste. DESPACHO DECISÓRIO. TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. ATO ADMINISTRATIVO. Uma vez declarado o motivo ou o fundamento de um ato administrativo, aquele (motivo ou fundamento) deve ser respeitado, condicionando a validade deste (ato administrativo). (grifouse) Todavia, deixa a recorrente de atacar todos fundamentos utilizados no voto vencedor para assegurar imediatamente o direito creditório. A própria recorrente transcreve parcialmente a ementa e pede a reforma parcial do acórdão, insurgindose apenas quanto ao tratamento (resultado) distinto dado às mesmas situações de discrepância entre créditos em PER/DCOMP e em DIPJ. Aponta que, enquanto a câmara a quo assegurou imediatamente o direito creditório; por outro lado, o primeiro acórdão paradigma exigiu a comprovação do Fl. 302DF CARF MF Processo nº 13884.902753/200861 Acórdão n.º 9101003.996 CSRFT1 Fl. 1.390 8 direito creditório, a ser demonstrado perante a Delegacia de origem, enquanto o segundo paradigma negou por falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito alegado. Ocorre que o acórdão recorrido representa a tese vencedora sobre o voto vencido que negava provimento ao recurso por falta de comprovação do direito creditório, sendo que a maioria do colegiado considerou que, nesse caso, a alteração na fundamentação em relação à primeira negativa não poderia ser reconhecida. Como resultado, aplicouse a homologação tácita nos termos do art. 74, §5º da Lei nº 9.430/96 para confirmar o crédito no limite do menor montante (entre PER/DCOMP e DIPJ). Vejase que, em decorrência da questão da alteração do critério pela DRJ (o que, segundo o voto condutor, seria vedado pela teoria dos motivos determinantes), a turma a quo entendeu que teria havido a homologação tácita. O recurso especial da Fazenda Nacional não trata sobre essa questão que, mais do que um obiter dictum, é a verdadeira razão de decidir (ratio decidendi) a ser atacada, tendo, inclusive, constado da ementa. Tampouco apresenta paradigmas pertinentes ao tema. Assim, não se caracteriza a divergência jurisprudencial apta a permitir o conhecimento do recurso por parte desta 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos termos regimentais. Conclusão Por todo o exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Fl. 303DF CARF MF
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