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Numero do processo: 16327.001753/2010-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2005
FUNDO IMOBILIÁRIO. PERDA DO REGIME DE TRIBUTÁRIO. ART. 2º DA LEI 9.779/99. NÃO CONFIGURADA.
O art. 2º da Lei 9.779/99 não coloca a condição de cotista exclusivo do Fundo como uma das razões para que o Fundo seja tributado como pessoa jurídica, aliado ao fato de que só caberia à CVM qualquer ação contra a constituição de Fundo exclusivo, já que ela é o órgão a tanto competente para autorizar, disciplinar e fiscalizar a constituição, o funcionamento e a administração dos Fundos de Investimento Imobiliário, nos termos do art. 4 da Lei 8.668/93.
O art. 2º da Lei 9.779/99 é uma norma antielisiva específica, pois, em regra, aos rendimentos e ganhos do Fundo Imobiliário, o qual não tem personalidade jurídica, aplica-se o regime tributário estabelecido nos arts. 16 a 19 da Lei 8.668/93. Diante de uma norma excepcional, devemos conferir uma interpretação estrita, razão pela qual o termo sócio constante do caput do art. 2º deve ser entendido como sócio do incorporador ou sócio do construtor.
A mera aquisição de um ou vários imóveis não se constitui, por si só, em empreendimento imobiliário, o que só irá ocorrer se o destino de tais imóveis for a circulação ou produção de imóveis, hipótese em que o comprador estará exercendo um empreendimento imobiliário, mas jamais se poderá denominar aquele que lhe vendeu os imóveis de sócio desse empreendimento.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Tratando-se da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada com relação ao lançamento da COFINS é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamentos da Contribuição para o PIS.
Numero da decisão: 1302-002.053
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência; e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento aos recursos voluntários do contribuinte e responsáveis solidários, vencida a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, que solicitou a apresentação de declaração de voto.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Relator.
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: Alberto Pinto Souza Junior
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Recorrente FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO PENÍNSULA (e o sujeito passivo solidário BANCO OURINVEST S/A) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 FUNDO IMOBILIÁRIO. PERDA DO REGIME DE TRIBUTÁRIO. ART. 2º DA LEI 9.779/99. NÃO CONFIGURADA. O art. 2º da Lei 9.779/99 não coloca a condição de cotista exclusivo do Fundo como uma das razões para que o Fundo seja tributado como pessoa jurídica, aliado ao fato de que só caberia à CVM qualquer ação contra a constituição de Fundo exclusivo, já que ela é o órgão a tanto competente para autorizar, disciplinar e fiscalizar a constituição, o funcionamento e a administração dos Fundos de Investimento Imobiliário, nos termos do art. 4 da Lei 8.668/93. O art. 2º da Lei 9.779/99 é uma norma antielisiva específica, pois, em regra, aos rendimentos e ganhos do Fundo Imobiliário, o qual não tem personalidade jurídica, aplica‐se o regime tributário estabelecido nos arts. 16 a 19 da Lei 8.668/93. Diante de uma norma excepcional, devemos conferir uma interpretação estrita, razão pela qual o termo sócio constante do caput do art. 2º deve ser entendido como “sócio do incorporador” ou “sócio do construtor”. A mera aquisição de um ou vários imóveis não se constitui, por si só, em empreendimento imobiliário, o que só irá ocorrer se o destino de tais imóveis for a circulação ou produção de imóveis, hipótese em que o comprador estará exercendo um empreendimento imobiliário, mas jamais se poderá denominar aquele que lhe vendeu os imóveis de sócio desse empreendimento. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 17 53 /2 01 0- 70 Fl. 739DF CARF MF 2 Tratandose da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada com relação ao lançamento da COFINS é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamentos da Contribuição para o PIS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência; e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento aos recursos voluntários do contribuinte e responsáveis solidários, vencida a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, que solicitou a apresentação de declaração de voto. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Relator. LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1632.415 da 10ª Turma da DRJ/SP1, o qual foi assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SECURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 COFINS. DECADÊNCIA. A COFINS é tributo sujeito a lançamento por homologação. Contudo, não havendo pagamento ou ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial regese pela norma contida no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN. Destarte, havendo pagamento e inexistindo dolo, fraude ou simulação, a decadência regese pelo disposto no art. 150, §4° do CTN. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. No âmbito do regime da nãocumulatividade, a pessoa jurídica poderá descontar créditos, a título de depreciação, calculados era relação a edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. Todavia, cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos Fl. 740DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 740 3 os documentos que comprovem o atendimento das condições de creditamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 PIS. DECADÊNCIA. O PIS é tributo sujeito a lançamento por homologação. Contudo, não havendo pagamento ou ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial regese pela norma contida no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN. Destarte, havendo pagamento e inexistindo dolo, fraude ou simulação, a decadência regese pelo disposto no art. 150, §4° do CTN. PIS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. No âmbito do regime da nãocumulatividade, a pessoa jurídica poderá descontar créditos, a título de depreciação, calculados em relação a edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. Todavia, cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos os documentos que comprovem o atendimento das condições de creditamento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONEXÃO. JULGAMENTO CONJUNTO. As normas que regem o processo administrativo fiscal não trazem a previsão de julgamento conjunto de processos distintos. Todavia, tratandose de processos relativos aos mesmos fatos, eles devem ser distribuídos preferencialmente para a mesma Turma de Julgamento, em atendimento ao principio da eficiência no serviço publico e evitandose a prolação de decisões conflitantes sobre os mesmos fatos. PRODUÇÃO DE PROVAS APÓS DOCUMENTAL. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de a impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a ocorrência de algumas das hipóteses previstas no §4° do art. 16 do Decreto n° 70.235/72. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 SÓCIO DE EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO. NEGÓCIO JURÍDICO INTRAGRUPO. SUJEIÇÃO A TRIBUTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 2°, DA LEI 9.779/99. Verificandose que os quotistas de um fundo de investimento imobiliário são também sócios do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis pela gestão comum do grupo econômico, consequentemente o fundo sujeitase ao controle determinado pelo caput do art.2°, da Lei n° 9.779/99. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. São solidariamente obrigadas as pessoas expressamente designadas por lei. São pessoalmente responsáveis pelos créditos tributários resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, os mandatários, prepostos e Fl. 741DF CARF MF 4 empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. O contribuinte, Fundo Península, cientificado do Acórdão nº 1632.415 em 11/08/2011 (AR a fls. 548), interpôs, em 05/09/2011 (cf. carimbo a fls. 442), recurso voluntário (doc. a fls. 442 e segs.), no qual aduz as seguintes razões de defesa: a) que a Companhia Brasileira de Distribuição controla diversas empresas e negócios do ramo varejista (Pão de Açúcar, Comprebem, Extra, etc.), que formam o denominado "Grupo Pão de Açúcar"; b) que, até maio de 2005, a CBD era controlada pelo Grupo DINIZ, assim entendido o grupo de empresas controladas diretamente pelo Sr. Abílio Diniz e família; c) que, no referido mês, a CBD passou por reestruturação societária que culminou na divisão do seu controle entre o Grupo DINIZ e o Grupo francês CASINO, por meio da constituição de uma holding (atualmente denominada Wilkes Participações Ltda.), detida em 50% pelo DINIZ e em 50% pelo CASINO; d) que, no contexto dessa reestruturação, e como parte fundamental do acordo pactuado com o Casino, foi acordada a desmobilização da CBD, com vistas a redução do seu endividamento de curto e longo prazo, desmobilização essa realizada por meio da transferência de 60 imóveis de propriedade da CBD para o Grupo DINIZ, estabelecendose, como condição da operação, que tais imóveis seriam concomitantemente locados pela CBD; e) que, considerando que se tratava de uma atividade imobiliária (aquisição de imóveis para locação), o Grupo DINIZ entendeu que a melhor forma de explorar essa atividade consistiria na criação de um fundo de investimento imobiliário que tivesse por objetivo empreender referida atividade. f) que, em 23 de junho de 2005, foi constituído o Fundo de Investimento Imobiliário Península ("FUNDO"), constituído sob a forma de condomínio fechado, com prazo de duração indeterminado, tendo sido as 612 quotas iniciais adquiridas pelo Sr. ABILIO DINIZ; g) que, posteriormente, houve a segunda emissão de quotas que foram integralizadas pela RECO MASTER EMPREENDIMENTOS PARTICIPAÇÕES S.A. (doravante simplesmente RECO), sociedade por ações capital fechado, que tem por objeto social a administração de bens próprios e a participação no FUNDO., sendo que a referida sociedade é controlada pelo Grupo DINIZ; h) que devese, desde já, ressaltar que não há qualquer vedação legal para constituição de fundos de investimento imobiliário com um único cotista, pois a unipessoalidade de fundos de investimento é prevista no artigo 111A da Instrução CVM n° 409, de 18 de agosto de 2004 que, inclusive, aplica se aos fundos de investimento imobiliário, por forca do art. 119A: Art. 111A. Consideramse "Exclusivos" os fundos para investidores qualificados constituídos para receber aplicações exclusivamente de um único cotista. § 1° Na emissão e no resgate de cotas do fundo exclusivo poderá ser utilizado o valor de cota apurado de acordo com o disposto no § 3° do art. 10, segundo dispuser o regulamento. § 2° O disposto no § 1° não se aplica caso o fundo exclusivo tenha como cotista outro fundo de investimento que não esteja autorizado a utilizar a faculdade prevista no § 3° do art. 10. § 3° Os limites de concentração por emissor e por modalidade de ativo não se aplicam aos fundos de que trata este artigo, que Fl. 742DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 741 5 deverá entretanto, observar a classificação de que trata o art. 92, mantendo sua carteira adequada a tal classificação e a sua política de investimento. Art. 119A. Esta Instrução aplicase a todo e qualquer fundo de investimento registrado junto a CVM, no que não contrariar as disposições das normas específicas aplicáveis a estes fundos. i) que o objetivo do FUNDO é a aquisição de imóveis comerciais da CBD com o propósito de locar tais imóveis à CBD ou a empresas pertencentes ao Grupo Econômico da CBD (Grupo Pão de Açúcar); j) que é praxe do mercado imobiliário, e ideal para os investidores, a constituição de Fundos de Investimento Imobiliário que já tenha um locatário prédeterminado para o(s) imóvel(is) investido(s), não havendo nada de estranho ou incomum nisto; k) que o FUNDO é administrado pelo BANCO OURINVEST S.A. ("OURINVEST"), instituição financeira que tem por objeto o desenvolvimento de operações através das carteiras de investimento, câmbio, crédito e financiamento, bem como a administração de Fundos de Investimento Imobiliário; l) que o negócio jurídico que operou a aquisição dos imóveis consistiu na celebração de "Compromissos Irrevogáveis e Irretratáveis de Compra e Venda de Bens Imóveis" com a CBD, por meio dos quais o OURINVEST adquiriu a propriedade (fiduciária por ser administrador do FUNDO) dos 60 (sessenta) imóveis da CBD, contra o pagamento do preço de cada imóvel de forma parcelada (Clausula 2 dos Compromissos); m) que, nos termos da Clausula 3 dos Compromissos, o OURINVEST se imitiu na posse desses imóveis na data da assinatura dos compromissos, que passaram a integrar o patrimônio do FUNDO, e, ato contínuo, firmou contratos de locação desses imóveis para a CBD, fazendo o FUNDO jus ao recebimento dos respectivos aluguéis; n) que o fundamento do auto de infração, formulado de forma bastante difusa e nebulosa, residiu na alegada sujeição do FUNDO à tributação aplicável as pessoas jurídicas, em razão de, no caso concreto, verificarse a cumulação prevista no artigo 2° da Lei n° 9.779/99, ou seja, a reunião concomitante na mesma pessoa das condições de: (i) quotista que possua, isoladamente, ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de 25% (vinte e cinco por cento) das quotas do FUNDO, e (ii) incorporador, construtor ou sócio de empreendimento imobiliário no qual o FUNDO aplique recursos; o ) que iniciou o auto de infração por afirmar que a compra de imóvel pronto para locação (negócio realizado pelo FUNDO) é inegavelmente um "empreendimento imobiliário", face a definição dada pelo art. 2° da Instrução Normativa da CVM n° 205/94, segundo o qual: "Art. 2° O Fundo de Investimento Imobiliário destinarseá ao desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, tais como construção de imóveis, aquisição de imóveis prontos, ou investimentos em projetos visando viabilizar o acesso a habitação e serviços urbanos, inclusive em áreas rurais, para posterior alienação, locação ou arrendamento". Fl. 743DF CARF MF 6 p) que, no que concerne a questão fulcral, relativa a existência da "cumulação", o auto de infração "fundamentou" a aplicação do art. 2° da Lei n° 9.779/99 com base em dois sucintos parágrafos constantes da pagina 6 do Termo de Verificação Fiscal, a seguir transcritos: "No caso em tela, a cumulação da posição jurídica é mais do que clara. O Fundo foi inicialmente constituído tendo como único cotista, o Sr. Abílio Diniz. Em 2006, empresa por ele controlada, Reco Master Participações, ingressa no fundo com a maior parte das cotas. A última posição dos controladores do Fundo aponta Reco Master como única participante, em conformidade com os documentos juntados pelo contribuinte. Na CBD, o Sr. Abílio Diniz é um dos controladores do grupo. O instrumento jurídico utilizado para o aperfeiçoamento da transferência dos 60 imóveis da CBD para o fundo foi o do "Compromisso Irrevogável e Irretratável de Compra e Venda de Bem Imóvel" em caráter fiduciário. A propriedade fiduciária é tratada pelo atual Código Civil, nos artigos 1.361 e seguintes. Desdobrase a posse em direta (devedorfiduciante) e indireta (credorfiduciário). O primeiro pode, portanto, usar e fruir do bem. O segundo mantém o direito de haver a posse plena, no caso de inadimplemento. Com o pagamento, extinguese a propriedade resolúvel. Portanto, os imóveis continuam vinculados a CBD." o) que foi exatamente essa a "explicação" (ou a falta de) do auto de infração para a aplicação ao FUNDO da regra de exceção prevista no art. 2° da Lei n° 9.779/99; q) que o auto de infração não conseguiu, nem remotamente, demonstrar a existência de cumulação exigida pela lei, partindo, inclusive, de um erro de direito de considerar que a operação realizada consistiu numa alienação fiduciária em garantia dos imóveis, os quais, assim, continuariam a pertencer a CBD; r) que é importante notar que em nenhum momento a fiscalização discordou ou pôs em dúvida que os empreendimentos imobiliários os 60 imóveis adquiridos da CBD para locação — têm seu resultado (alugueis pela utilização dos imóveis) partilhado com qualquer pessoa além do FUNDO. Também em nenhum momento a fiscalização afirma que tais alugueis sejam partilhados entre o FUNDO e qualquer outra pessoa; s) que a falta de fundamentação e de demonstração da cumulação exigida pela lei, aliadas a exposição imprecisa do caso e aos erros de conceitos jurídicos do auto de infração, dificultaram sobremaneira a identificação do RECORRENTE sobre o real fundamento de fato para o lançamento do credito tributário, dificultando, por conseguinte, a própria apresentação de defesa; t) que a imprecisão e falta de clareza já partiam do próprio escopo da fiscalização (que, como dito, consistia em verificar "se o fundo estaria sujeito à tributação das pessoas jurídicas em virtude de ter um único cotista com investimento numa empresa por ele (cotista) controlada") quando é inequívoco que o FUNDO jamais investiu em qualquer empresa ou deteve qualquer participação societária. O investimento foi realizado diretamente em imóveis, de acordo com o objeto do FUNDO, tendo o auto de infração se pautado, pois, em premissa equivocada (investimento em empresa controlada) que já o comprometia irreversivelmente; u) que os seguintes parágrafos da decisão recorrida fundamentam a aplicação do art. 2° da Lei n° 9.779/99: "Por intermédio da leitura das clausulas contratuais acima transcritas, fica claro o vinculo existente entre o fundo de investimento imobiliário e a empresa CBD, uma vez que o objeto do fundo é adquirir somente imóveis da CBD e locar tais imóveis, exclusivamente, a CBD ou a empresa integrante do seu grupo econômico. Fl. 744DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 742 7 (...) Uma vez determinado que os negócios jurídicos em analise são relações intragrupo, prosseguese na apreciação do litígio, que reside em determinar se a empresa CBD também seria sócia do empreendimento imobiliário. (...) Desta forma, resta evidente que, em qualquer das composições de quotistas que constituíram o fundo de investimento imobiliário, ora composto por dois sócios quotistas, ora constituído sob a forma de uma sociedade unipessoal, há uma característica comum: os quotistas do fundo são empresas e acionistas do mesmo grupo econômico ao qual pertence a empresa CBD. Concluise, assim, que os quotistas do fundo são também sócios do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis pela gestão comum do grupo econômico. (...) Portanto, não assiste razão ao pleito do contribuinte, uma vez que a empresa CBD e parte integrante do mesmo grupo que detém a totalidade das quotas do fundo de investimento imobiliário, e, portanto, é sócia do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis por gerir o grupo econômico." v) que reconhecendo (ainda que de forma implícita) que o auto de infração não tinha conseguido demonstrar a aplicação do art. 2° da Lei n° 9.779/99, o acordão recorrido tentou salvar o trabalho fiscal, modificando o seu fundamento e trazendo, agora, um conceito inovador de "sócio do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis por gerir o grupo econômico", conceito esse que, desde já se diga, não encontra amparo nem no referido art. 2°, nem mesmo em qualquer outra norma de direito privado; w) que o acórdão recorrido, por sua vez, provavelmente por reconhecer que o auto não havia demonstrado a exigida cumulação de posições (quotista e sócio do empreendimento), alega, agora, que o fundamento da autuação é o conceito de empresas do mesmo grupo econômico, que estariam sujeitas a gestão empresarial comum; x) que a decisão recorrida afirmou textualmente que, "uma vez que a empresa CBD é parte integrante do mesmo grupo que detém a totalidade das quotas do fundo de investimento imobiliário", ela "é sócia do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis por gerir o grupo econômico."; y) que não é permitido aos órgãos de julgamento manter uma autuação fiscal com base num fundamento distinto do utilizado na autuação. Na sua atividade de julgamento, deve o órgão julgador verificar se os fundamentos suscitados pela fiscalização embasam ou não a aplicação da norma, não podendo nunca inovar no processo, lançando mão de fundamentos inovadores; z) que o acórdão recorrido afirmou que o RECORRENTE teria sustentado que o erro do auto de infração foi "identificar, no caso do fundo de investimento imobiliário, a propriedade fiduciária de bem móvel prevista no Código Civil, ao invés da propriedade fiduciária de bem imóvel, regulada pela Lei 9.514/97". E concluiu que tal alegação não prevaleceria já que o "instituto do caráter fiduciário (...) compreende tanto bens moveis, quanto imóveis, o que sujeita a matéria, de forma concomitante, aos regramentos do Código Civil e também da Lei n° 9.514/97"; aa) que o acórdão recorrido distorceu completamente a alegação constante da impugnação administrativa, pois, em nenhum momento, o RECORRENTE sustentou a aplicabilidade ao caso da alienação fiduciária em garantia, seja a regulada pelo Código Civil, seja a regulada pela Lei n° 9.514/97; ab) que o RECORRENTE sabe que a alienação fiduciária em garantia se aplica tanto a bens moveis como a bens imóveis. Mas o que o RECORRENTE demonstrou na impugnação, e demonstra aqui novamente, é o absurdo erro da fiscalização em enxergar uma alienação fiduciária em garantia, onde simplesmente existe uma simples compra e venda; Fl. 745DF CARF MF 8 ac) que ao contrário do que sustenta o auto de infração e o acórdão recorrido, não foi realizada qualquer alienação fiduciária em garantia; ad) que os negócios praticados são alienações puras e simples dos imóveis, figurando o OURINVEST como adquirente (na qualidade de administrador do FUNDO) e a CBD como alienante, sendo que a partir do momento da alienação esta (CBD) não detém mais nenhum direito sobre os imóveis em causa; ae) que é um erro grosseiro caracterizar, como fez o v. acórdão, a operação em causa como alienação fiduciária em garantia (em que ocorre um desdobramento da posse, tornandose o devedor possuidor direto da coisa e o credor o possuidor indireto), quando a operação realizada foi um compra e venda simples, na qual houve a aquisição "ex lege" da propiedade fiduciária do imóvel pela instituição administradora do Fundo (OURINVEST); af) que a Lei n° 8.668/1993 criou um regime especial em que se atribui ao administrador a propriedade fiduciária dos bens imóveis, a semelhança do que sucede nos trusts do direito anglosaxônico. O administrador é titular dos direitos em nome próprio, mas exerce os direitos por conta e no interesse dos quotistas dos fundos de investimentos imobiliários; ag) que a atribuição da propriedade fiduciária ao administrador dos fundos de investimentos imobiliários teve em vista facilitar as operações relativas a gestão em especial a alienação de ativos , com a agilidade exigida pela dinâmica do mercado imobiliário, que o modelo puro do condomínio não permitiria atingir; ah) que MELHIM NAMEM CHALHUB doutrina que: "(...) na dinâmica dos fundos de investimento em geral, os bens que constituem seu patrimônio são adquiridos pelo fundo em seu nome, enquanto a propriedade dos condôminos (quotistas) recai sobre as quotas do fundo. No caso dos fundos de investimento imobiliário, para evitar questionamentos quanto a capacidade do condômino para comercializar imóveis, a luz das restrições da lei civil, optou o legislador por atribuir d própria sociedade administradora a propriedade dos imóveis que integram a carteira do fundo, definindo, então, a propriedade fiduciária. A formula permite que os quotistas (fiduciantes) outorguem a gestão dos seus investimentos imobiliários a uma instituição administradora (fiduciária). Para tanto, com os recursos provenientes da subscrição de quotas de participação, essa instituição adquire imóveis em regime fiduciário, forma um patrimônio separado e promove sua administração em proveito dos quotistas"; ai) que o caráter fiduciário da propriedade do administrador do FUNDO (OURINVEST) quanto aos imóveis é uma consequência do regime legal de todo e qualquer fundo de investimento imobiliário, expressamente prevista nos artigos 6°, 7° e 8° da Lei 8.668/93, e, ao contrário do afirmado pelo acórdão, nada tem a ver com o instituto da propriedade fiduciária, de que trata o art. 1361 e seguintes do Código Civil ou o art. 22 e seguintes da Lei 9.514/97; aj) que a propriedade fiduciária de bem móvel ou imóvel, com escopo de garantia, ou seja, decorrente de alienação fiduciária, nada tem a ver com a propriedade fiduciária prevista nos artigos 6°, 7° e 8° da Lei 8.668/93, que repitase, é inerente a qualquer fundo de investimento imobiliário, mesmo na hipótese de aquisição de imóvel a vista; ak) que não há nos "Compromissos Irrevogáveis e Irretratáveis de Compra e Venda de Bens Imóveis", celebrados entre o OURINVEST, na qualidade de administrador do FUNDO, e a CBD, qualquer previsão de alienação fiduciária cm garantia; al) que a alienação dos imóveis em causa foi realizada a título definitivo, e não resolúvel como sucederia caso se tratasse de alienação fiduciária em garantia. Os contratos em causa não tem nenhuma das características de alienação fiduciária em garantia pois, repita se, não são resolúveis, nem tem subjacente a eles uma operação de financiamento que visa garantir (e, aliás, nem poderiam, já que é legalmente vedado ao administrador onerar imóveis integrantes do patrimônio do Fundo); Fl. 746DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 743 9 am) que, após a celebração desses contratos, os imóveis perderam qualquer vinculo com a CBD, ao contrário do que erroneamente se afirmou. A relação fiduciária (de confiança) existe entre o administrador e o FUNDO. Não existe qualquer relação fiduciária entre o FUNDO e a CBD; an) que importa aqui ter presente que a própria autoridade fiscal que lavrou o auto de infração aqui em discussão, reconhecendo o erro de direito praticado, abandonou o argumento de pretensa caracterização da alienação fiduciária em garantia ao lavrar o auto de infração relativo aos exercícios seguintes (anos de 2006 a 2008 — Processo Administrativo n° 16327.720078/201162), conforme se observa da página 5 do Termo de Verificação Fiscal anexado ao referido auto de infração — doc. 3); ao) que o erro já derruba toda a construção feita pelo auto de infração, e mantida pelo acordão recorrido, donde resulta a necessidade de cancelamento do auto; ap) que, sobre sua inovadora fundamentação, o acórdão recorrido, para concluir que a CBD era "sócia do empreendimento imobiliário", fixa a premissa de que a referida empresa pertence ao mesmo grupo econômico da quotista do FUNDO, a RECO, o que é um manifesto erro de fato, eis que a CBD não é empresa do mesmo Grupo Econômico da RECO; aq) que o conceito de "grupo econômico" é extraído do quanto estabelecem o art. 265 da Lei de Sociedades Anônimas e o art. 2° da Consolidação das Leis Trabalhistas; ar) que MODESTO CARVALHOSA esclarece que: "Isto posto, podemse conceituar os grupos de sociedades como um conjunto de companhias sujeitas a um controle comum, que, mediante convenção K .mal, visam a concentrar, sob a direção autônoma do grupo, a política de administração, os fatores de produção, o patrimônio e os resultados (lucros), mantendo cada uma das pactuantes a sua formal personalidade jurídica"; as) que a figura do grupo econômico exige, no mínimo, a relação de controle ou submissão de empresas a um controlador comum, mesma estrutura de administração e mesma direção, logo, a CBD e a RECO não são empresas do mesmo Grupo Econômico, já que não estão submetidas ao mesmo controle, nem tampouco a mesma estrutura administrativa; at) que a RECO é empresa que pertence ao Grupo DINIZ, constituído pelas empresas controladas pelo Sr. ABILIO DINIZ e Família, já a CBD é empresa do Grupo Pão de Açúcar, submetida ao controle partilhado entre o Grupo DINIZ e o Grupo Casino; au) que a RECO, assim como várias outras sociedades, é apenas uma sociedade controlada por um dos controladores da CBD. Isso não a torna empresa do Grupo Pão de Açúcar, assim como igualmente não são as diversas outras empresas controladas pelo CASINO; av) que esse erro de fato já anula, na origem, todo o raciocínio do acórdão recorrido, sendo motivo determinante para determinar a sua integral reforma e, portanto, o cancelamento da autuação; aw) que não bastassem os vícios já expostos, o acórdão recorrido contém ainda um vício lógico já que, da premissa que fixou (equivocada, reiterese), não decorre a conclusão alcançada pelo auto de infração, pois afirma tal decisão que, do "fato" da CBD ser "parte integrante do mesmo grupo que detém a totalidade das quotas do fundo de investimento imobiliário", decorre a conclusão de que é "sócia do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis por gerir o grupo econômico."; ax) que, ainda que se admitisse que a CBD pertence ao mesmo Grupo Econômico da RECO, este "fato" não torna a CBD, num salto, sócia do empreendimento imobiliário investido pelo FUNDO, o que se trata de uma conclusão que não se contém na premissa, configurando, assim, um clássico paralogismo; ay) que o art. 2° da Lei n° 9.779/99 não estabelece, nem remotamente, que o fato de uma sociedade pertencer ao mesmo grupo econômico da sociedade quotista do FUNDO Fl. 747DF CARF MF 10 torna aquela sociedade, de pronto, "sócia do empreendimento imobiliário", pois o que o artigo 2° da Lei n° 9.779/99 exige, para aplicação ao FUNDO da tributação das pessoas jurídicas é que o sócio quotista relevante (mais de 25% de participação) seja, ao mesmo tempo, sócio do empreendimento imobiliário, conceito este no qual, como se verá, não entra automaticamente a CBD, pela singela alegação (errada, aliás) de pertencer ao mesmo grupo econômico do quotista; az) que o art. 2° da Lei n° 9.779/99 dispõe que: "Art. 2°. Sujeitase a tributação aplicável as pessoas jurídicas, o Fundo de Investimento Imobiliário de que trata a Lei n° 8.668, de 1993, que aplicar recursos em empreendimento imobiliário que tenha como incorporador, construtor ou sócio cotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de vinte e cinco por cento das cotas do Fundo. "Paragrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, considerase pessoa ligada ao cotista: "I pessoa física: "a) os seus parentes atée o segundo grau; "b) a empresa sob seu controle ou de qualquer de seus parentes até o segundo grau; "II pessoa jurídica, a pessoa que seja sua controladora, controlada ou coligada, conforme definido nos §§ 1° e 2° do art. 243 da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976." aaa) que a "ratio legis" deste preceito encontrase na Exposição de Motivos daquela lei, assinada pelo Ministro da Fazenda, segundo a qual: "Para evitar a concorrência predatória dos referidos fundos com as pessoas jurídicas que exploram as mesmas atividades, o art. 2° do Projeto determina sejam os rendimentos do fundo tributados segundo as mesmas normas aplicáveis as pessoas jurídicas, nas hipóteses em que este permitir participação superior ao limite de vinte e cinco por cento ao incorporador, construtor ou sócio do empreendimento imobiliário."; aab) que isso significa que se pretendeu evitar, através de norma especial antielisiva, que as pessoas que exploram atividades imobiliárias, na modalidade de incorporador, construtor ou sócio e que são tributadas pela sistemática das pessoas jurídicas — passem a explorálas sob a forma de fundo de investimento, sujeito a regime tributário mais favorável, pela via indireta de uma participação relevante nesse fundo (mais de 25%), com vistas a obtenção de uma economia fiscal; aac) que, para que exista a cumulação, é necessário que o Fundo aplique recursos num empreendimento imobiliário do qual também participe, como sócio, construtor ou empreendedor, o cotista relevante do Fundo; aad) que dois conceitos são fundamentais para a aplicação dessa norma: (i) o conceito de empreendimento imobiliário e (ii) o conceito de sócio deste empreendimento; aae) que não tendo a própria Lei n° 9.779/99 delimitado tais conceitos, devemse ser aplicados os conceitos do direito privado, nos precisos termos do art. 110 do Código Tributário Nacional ("CTN"), segundo o qual: "A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Município para definir ou limitar competências tributárias"; aaf) que só as aquisições de imóveis prontos "para posterior alienação, locação ou arrendamento" podem ser caracterizadas como empreendimento Fl. 748DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 744 11 imobiliário, pois só elas (ao contrário das aquisições de imóveis prontos para uso próprio) configuram uma atividade duradoura, um verdadeiro "empreendimento"; aag) que é exatamente essa a definição que se extrai do art. 2° da Instrução CVM n° 205/94, segundo o qual "Art. 2° O Fundo de Investimento Imobiliário destinarseá ao desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, tais como construção de imóveis, aquisição de imóveis prontos, ou investimentos em projetos visando viabilizar o acesso a habitação e serviços urbanos, inclusive em áreas rurais, para posterior alienação, locação ou arrendamento"; aah) que, no caso concreto, portanto, o empreendimento imobiliário só pode ser entendido como a atividade de aquisição de imóvel pronto para posterior locação; aai) que, no que concerne ao empreendimento imobiliário em causa (aquisição de imóveis prontos para locação), o conceito de sócio só pode se referir aos investidores nas aquisições em causa, pois são estas as pessoas que exploram essa atividade e em relação as quais a lei pretendeu evitar uma participação cumulativa no fundo de investimento imobiliário, para fins de economia fiscal, como resulta da Exposição de Motivos atrás citada; aaj) que, se a lei se refere a "sócio de empreendimento imobiliário" e se o empreendimento imobiliário consiste na aplicação de recursos na aquisição de imóvel pronto para posterior locação, isso significa que uma sociedade só existiria se esta aplicação de recursos fosse efetuada por mais de uma pessoa ligadas entre si por contrato de sociedade, isto é, uma pluralidade de adquirentes ligados entre si por contrato de sociedade, por meio do qual se estabeleça a repartição do resultado desse empreendimento, consistente nos aluguéis obtidos; aak) que, em relação ao empreendimento de aquisição de imóvel pronto para locação, a figura do sócio do empreendimento imobiliário só pode ser o coproprietário (ou condômino) do imóvel adquirido pelo FUNDO; aal) que chegase a conclusão de que, para que existisse a cumulação de posições no empreendimento imobiliário, seria necessário que o FUNDO tivesse realizado a aquisição dos 60 imóveis conjuntamente com, no mínimo, outro investidor com o qual contribuísse com bens ou serviços e partilhasse os resultados do empreendimento; aam) que o FUNDO (por meio do seu administrador, OURINVEST) é o adquirente único dos imóveis, sendo o único a receber os frutos do empreendimento (aluguéis dos imóveis), não existindo, pois, nenhum "sócio" nesse empreendimento; aan) que é fundamental registrar que a inexistência de qualquer sócio no empreendimento foi reconhecida pelo próprio auto de infração, quando ele mesmo afirmou que os aluguéis são receitas exclusivas do FUNDO; aao) que a CBD não pode ser qualificada como sócia do empreendimento imobiliário, como afirmou o acórdão recorrido, pois a relação entre a CBD e o FUNDO, restrita tão somente a locação dos imóveis de propriedade do FUNDO; aap) que mesmo que se admitisse, por remotíssima hipótese e para fins de argumentação, que prevaleceria a "tese" sustentada pelo acordão recorrido, segundo a qual o FUNDO estaria sujeito à tributação das pessoas jurídicas, tal acórdão deveria ser parcialmente reformado por não ter: (i) reconhecido decadência dos créditos tributários de PIS e de COFINS relativos ao período de agosto a novembro de 2005; e (ii) reconhecido o direito de dedução dos créditos com a depreciação dos imóveis; aaq) que se requer seja dado integral provimento ao presente recurso voluntario, de forma a reformar integralmente o Acórdão n° 1632.415, de 4 de julho de 2011, da 10ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo SP (DRJ/SP1), cancelandose o auto de infração em matéria de PIS e de COFINS, visto não caracterizar, no presente caso, a hipótese de cumulação prevista no art. 2° da Lei n° 9.979/99. Fl. 749DF CARF MF 12 O sujeito passivo solidário, Banco Ouroinvest, cientificada do Acórdão nº 16 32.415 em 11/08/2011 (AR a fls. 550), interpôs, em 05/09/2011 (cf. carimbo a fls. 393), recurso voluntário (doc. a fls. 393 e segs.), no qual aduz as seguintes razões de defesa: a) que acórdão recorrido alegou que, nos termos do art. 1° da Lei n° 8.668/93, os fundos de investimento imobiliário não possuem personalidade jurídica, não sendo capazes de serem sujeitos de direito e obrigações na ordem civil, razão pela qual foi instituída a figura da instituição administradora responsável pela gestão do fundo; b) que, com base em tal premissa, o acórdão recorrido conclui que o art. 4° da Lei n° 9.779/99 ao dispor sobre a responsabilidade da referida instituição financeira pelo cumprimento das obrigações tributárias representaria a norma legal que expressamente autorizaria a aplicação da responsabilidade solidária prevista no art. 124, inciso II, do CTN; c) que, sem apreciar quaisquer dos argumentos apresentados pelo RECORRENTE no pedido de cancelamento do "Termo de Sujeição Passiva" no qual se demonstrou a natureza jurídica (responsabilidade de terceiro) do encargo atribuído pelo art. 4° da Lei n° 9.779/99 , sustentou o acórdão recorrido que a solidariedade do RECORRENTE no presente caso estaria amparada nos artigos 124 do Código Tributário Nacional (CTN) e no art. 4° da Lei n° 9.779/99; d) que o acórdão recorrido incorreu em gravíssima confusão quanto aos conceitos de sujeição passiva tributária, tratando incorretamente a figura do responsável (administrador do fundo de investimento imobiliário) como sinônimo de devedor solidário; e) que, nos precisos termos do art. 4° da Lei n° 9.779/99, o administrador do FUNDO (no caso o RECORRENTE) e responsável pelo cumprimento das obrigações do fundo, não devedor solidário das suas eventuais obrigações, donde resulta que tal dispositivo não autoriza na aplicação no art. 124 do CTN; f) que o art. 4° da Lei n° 9.779/99 somente estabeleceu que, sendo o RECORRENTE um terceiro na relação tributária por figurar como administrador do FUNDO, a ele ficaria atribuída a responsabilidade tributária pelas obrigações, inclusive acessórias, do FUNDO; g) que tratase, na verdade, da figura da responsabilidade de terceiro, a qual é sempre subsidiária, e nunca da figura da solidariedade passiva como incorretamente entendeu o acórdão recorrido; h) que nem poderia ser diferente pelo simples fato de que o instituto da solidariedade previsto no art. 124 do CTN se aplica apenas entre sujeitos que podem qualificar se como contribuintes, o que efetivamente não ocorria entre o FUNDO (contribuinte) e o RECORRENTE (terceiro responsável); i) que a figura da solidariedade passiva só pode existir entre contribuintes, isto é, entre sujeitos que tenham relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, relação esta que se caracteriza no conceito amplo de "interesse comum" (art. 124,1) ou reveste uma outra forma peculiar, caso em que sera designado, em termos didáticos ou declaratórios por lei (art. 124, II); k) que no presente caso o único contribuinte das supostas obrigações tributárias é o FUNDO, que foi quem obteve a renda que, no caso de ser possivel a sua sujeição à tributação das pessoas jurídicas pretendida no auto de infração, seria tributável pelo PIS e pela COFINS; l) que a RECORRENTE não é também contribuinte desses tributos; m) que o RECORRENTE nunca pode ser qualificado como devedor solidário do FUNDO, razão pela qual não é aplicável ao presente caso o art. 124 do CTN; Fl. 750DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 745 13 n) que, ao contrário do alegado no Acórdão recorrido, o art. 124, II do CTN é absolutamente inaplicável ao presente caso; o) que, contraditoriamente, apesar de ter defendido a aplicação do art. 124, II, do CTN, o acórdão recorrido alegou que o art. 135, inciso III, do CTN que prevê a responsabilidade de terceiro também seria aplicável na medida em que o RECORRENTE teria, na gestão do FUNDO, cometido uma "infração à lei"; p) que, no entender da Delegacia de Julgamento, o que motivou a sujeição do FUNDO (contribuinte) à tributação aplicável às pessoas jurídicas foi justamente a suposta “atuação irregular” do RECORRENTE que, na qualidade de administrador do fundo, teria permitido que um “sócio quotista” possuísse mais de 25% (vinte e cinco por cento) das quotas do fundo, o que configuraria uma violação ao art. 2° da Lei n" 9.779/99; q) que cumpre esclarecer que, conforme já mencionado, o auto de infração lavrado contra o FUNDO em relação ao qual existiria a suposta responsabilidade solidária do RECORRENTE teve como fundamento somente a aplicação do art. 124 do Código Tributário Nacional e do art. 4° da Lei n° 9.779/99; r) que, a despeito disso, entendeu o acórdão que haveria responsabilidade pessoal do art. 135, inciso III, do CTN, com base em atuação irregular do RECORRENTE que, na qualidade de administrador do fundo, não poderia ter permitido que um sócio quotista possuísse mais de 25% (vinte e cinco por cento) das quotas do fundo, o que representou uma violação ao disposto no art. 2° da Lei n° 9.779/99; s) que o acórdão recorrido pretendeu não só manter a suposta responsabilidade solidária do RECORRENTE (art. 124, II, CTN), como também “estender” essa responsabilidade com base no art. 135, III, CTN, extrapolando radicalmente o objeto do “Termo de Sujeição Passiva” lavrado pela fiscalização; t) não é permitido aos órgãos de julgamento manter uma autuação fiscal com base num fundamento distinto do utilizado na autuação; u) que não há qualquer irregularidade ou vedação legal para constituição de fundos de investimento imobiliário com um único cotista; v) que se requer seja dado integral provimento ao presente recurso voluntário, de forma a reformar integralmente o Acórdão n° 16 32.415, de 4 de julho de 2011, da 10ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo SP (DRJ/SP1), reconhecendose que o RECORRENTE não pode figurar como contribuinte solidário das supostas obrigações constantes do auto de infração em matéria de PIS e de COFINS, relativo ao anocalendário de 2005 lavrado contra o FUNDO. A D. Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões a fls. 553 a 583. É o relatório. Voto Conselho Alberto Pinto S. Jr.. Fl. 751DF CARF MF 14 Os recursos voluntários são tempestivos e foram subscritos por mandatários com poderes para tal, conforme procurações a fls. 412 e 474, razão pela qual voto por conhecêlos. DECADÊNCIA Quanto à preliminar de decadência, como não houve recolhimento de Cofins e Contribuição para o PIS relativo aos períodos lançados, aplicase a regra de decadência do art. 173, I, do CTN, conforme decidido pelo STJ no Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 973733 / SC, o qual, por força do § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF, vincula os julgamentos proferidos por este Colegiado. Assim, como apontado na decisão recorrida, para os fatos geradores de 31/08/2005, 30/09/2005, 31/10/2005 e 30/11/2005, o dies a quo do prazo decadencial se deu em 01/01/2006, pois os lançamentos destes fatos geradores já poderiam ser realizados no próprio ano de 2005. No entanto, ainda que a decisão recorrida tenha se equivocado quanto ao dia de começo da contagem do prazo decadencial (ela sustentou que seria 01/01/2007), não há reparo a ser feito com relação a sua conclusão de afastar a alegação de decadência, pois, ainda que contemos o prazo a partir de 01/01/2006, não havia decaído o direito de o Fisco lançar os tributos relativos aos fatos geradores em tela em 28/12/2010, data da ciência do lançamento, já que este prazo findaria em 31/12/2010. DO PEDIDO DE JULGAMENTO CONJUNTO COM O PAF nº 16327.001752/2010‐25 A recorrente solicitou, em seu recurso voluntário, o julgamento deste recurso em conjunto com o recurso interposto nos autos do PAF nº 16327.001752/201025, o qual versava sobre o IRPJ e a CSLL. Ocorre que este recurso já foi julgado pela 1ª TO da 3ª Câmara em 07 de agosto de 2012, julgamento do qual este Relator participou e ficou vencido, por dar provimento integral ao recurso voluntário à época, se não vejamos o dispositivo do Acórdão 130100.994: “Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir das bases tributáveis do IRPJ e CSSL os valores lançados de PIS e Cofins oriundos do mesmo procedimento fiscal. Vencidos os conselheiros Wilson Fernandes Guimarães e Paulo Jakson da Silva Lucas que negavam a dedutibilidade do PIS e COFINS, e o conselheiro Alberto Pinto Souza Junior, que dava provimento integral ao recurso. Designado o conselheiro Valmir Sandri para redigir o voto vencedor.” Vale, no entanto, trazer à colação trechos do Acórdão 130100.994, da Relatoria do I. Conselheiro Wilson Guimarães, o qual foi vencedor na parte que interessa a este julgamento, até mesmo para que meus pares cotejem os divergentes fundamentos apresentados à época daquele julgamento, se não vejamos: “Afasto, de pronto, a possibilidade de julgamento conjunto do presente processo com o de número 16327.001753/201073, vez que, apesar do fato propulsor das incidências tributárias ser o mesmo em ambos os feitos (tributação aplicável às pessoas jurídicas por força do disposto no art. 2º da Lei nº 9.779/99), as exigências de PIS e COFINS em si, objeto do referido processo administrativo, revelamse de natureza autônoma, competindo à Terceira Seção deste Colegiado o processamento e julgamento do recurso voluntário interposto. (...) Fl. 752DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 746 15 Alega o Recorrente que o auto de infração não conseguiu demonstrar a existência de cumulação exigida pela lei, partindo, inclusive, de um erro de direito de considerar que a operação realizada consistiu numa alienação fiduciária em garantia de imóveis, os quais, assim, continuariam a pertencer à CBD. Creio que, de fato, a interpretação feita pela Fiscalização e acompanhada pela decisão recorrida acerca da denominada “propriedade fiduciária” seja digna de reparo. Penso que o instituto em questão, no âmbito em que foi empregado, diz respeito à propriedade constituída visando o fim específico da administração dos bens e direitos integrantes do patrimônio do Fundo de Investimento Imobiliário por parte do Banco Ourinvest (administrador do Fundo), sendo, portanto, objeto de restrições e limitações, nos exatos termos do Regulamento do referido Fundo. Equivocada, a meu ver, a comparação, no caso, com a “propriedade fiduciária” a que faz menção o art. 1.361 e seguintes do Código Civil brasileiro. Não obstante, relativamente à cumulação sócio do empreendimento quotista a que faz referência o art. 2º da Lei nº 9.779/99, tenho que os fatos retratados nos autos revelam conclusão oposta a defendida pelo Recorrente. A constituição e o regime tributário dos Fundos de Investimento Imobiliário são regidos pela Lei nº 8.668, de 1993. Do referido diploma legal, importa destacar os seguintes elementos: i) ausência de personalidade jurídica dos Fundos de Investimento Imobiliário ; ii) suas quotas constituem valores mobiliários sujeitos ao regime da Lei nº 6.385, de 1976; iii) são geridos por instituição administradora autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM); e iv) têm seu patrimônio constituído por bens e direitos adquiridos, em caráter fiduciário, pela referida instituição administradora. Nos termos do art. 2º da Lei nº 9.779, de 1999, o Fundo de Investimento Imobiliário que aplicar recursos em empreendimento imobiliário que tenha como incorporador, construtor ou sócio, quotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de vinte e cinco por cento das quotas do Fundo, sujeitarseá à tributação aplicável às pessoas jurídicas. O art. 4º da referida Lei nº 9.779 estabeleceu que a instituição administradora do Fundo de Investimento Imobiliário é responsável pelas obrigações tributárias do Fundo, ressalvada a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do imposto sobre os rendimentos de que trata o art. 16 da Lei nº 8.668, de 1993. No caso vertente, em conformidade com o documento de fls. 27/29 (ATA DE REUNIÃO DA DIRETORIA), em 23 de junho de 2005, o BANCO OURINVEST S/A deliberou sobre proposta de constituição de Fundo Imobiliário mediante a emissão de quotas por subscrição pública. Na ocasião, foi aprovada a constituição do FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO PENÍNSULA. Do documento em questão (o de fls. 27/29), extraio ainda as seguintes informações: a) o BANCO OURINVEST é a instituição administradora do Fundo; b) o objetivo do Fundo é “adquirir e/ou promover a construção de imóveis industriais e comerciais com a finalidade de venda, locação ou arrendamento das futuras unidades, podendo, ainda, ceder a terceiros os direitos decorrentes da venda, locação ou arrendamento; Fl. 753DF CARF MF 16 c) na primeira emissão de quotas, o Fundo deveria adquirir prédio comercial pertencente ao Sr. ABÍLIO DOS SANTOS DINIZ, para fins de locação de todas as unidades do empreendimento que passassem a ser detidas pelo Fundo, podendo, inclusive, vendêlas; e d) o Sr. ABÍLIO DOS SANTOS DINIZ comprometeuse a subscrever todas as quotas da primeira emissão mediante integralização com o imóvel objeto do Fundo. Destaco que os lançamentos tributários submetidos a exame dizem respeito ao anocalendário de 2005. Não obstante o deliberado na reunião da diretoria do Banco Ourinvest S/A, colho dos autos, relativamente ao ano de 2005, os seguintes fatos: i) tomando por base informações trazidas pelo Parecer de fls. 122/130, apresentado pelo Recorrente no curso da ação fiscal, no âmbito de uma reestruturação do seu controle societário, a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) decidiu transferir sessenta imóveis para o Sr. Abílio dos Santos Diniz, que, de forma concomitante, foram locados para a própria CBD; ii) o citado Parecer afirma que a informação referenciada em “i” foi descrita como FATO RELEVANTE em 04 de maio de 2005; iii) de acordo ainda com o Parecer, a “componente imobiliária da operação como um todo” envolveu as seguintes etapas: constituição de um Fundo de Investimento Imobiliário, ao abrigo da Lei nº 8.668/93; celebração, por este Fundo, de promessa de compra e venda a prazo dos sessenta imóveis da CBD; e concomitante celebração de contratos de locação dos referidos imóveis, tendo como locador o Fundo e como locatária a CBD; iv) a primeira emissão de cotas do Fundo ocorreu em 22 de junho de 2005, por meio de transferência de imóvel de propriedade do Sr. Abílio dos Santos Diniz, no montante de R$ 612.000,00, correspondente a seiscentas e doze cotas; v) no primeiro Regulamento do Fundo, datado de 23 de junho de 2005, o seu objeto era adquirir e ou promover a construção de imóveis industriais e comerciais com a finalidade de venda, locação ou arrendamento; vi) o Fundo de Investimento Península (Fundo) foi aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários em 13 de julho de 2005; vii) em 09 de setembro de 2005, o Regulamento do Fundo foi alterado, passando o seu objeto a ser a compra dos imóveis da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) e locação desses mesmos imóveis para a própria CBD; viii) em 03 de outubro de 2005, foi firmado COMPROMISSO DE ADESÃO A CONTRATOS DE LOCAÇÃO (fls. 114/118), em que Banco Ourinvest (Fundo Península) apresentase como promitente locador e Companhia Brasileira de Distribuição como promitente locatária; ix) no documento referenciado no item precedente consta: [...] 1. Pelo presente Contrato, o Promitente Locador comprometese de forma irrevogável e irretratável a celebrar os Contratos de Locação de forma a locar os Imóveis para a Promitente Locatária, por um prazo de 20 (vinte) anos automaticamente renováveis por 2 (dois) períodos sucessivos de 10 (dez) anos, ao exclusivo critério da Promitente Locatária. O Promitente Locador outorga à Promitente Locatária o direito exclusivo de locação dos Imóveis, após a imissão dele, Promitente Locador, na posse destes Imóveis ("Adesão"). x) o Sr. Abílio dos Santos Diniz é indicado no compromisso de adesão em referência como destinatário de todos os avisos, notificações e demais comunicações, transmitidos ou efetuados na forma do contrato para a promitente locatária (Companhia Brasileira de Distribuição). Fl. 754DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 747 17 Em que pese o fato de a descrição feita no Termo de Verificação Fiscal estenderse além do ano objeto de lançamento (2005), fazendo referência, assim, a episódios que não interessam diretamente à solução da lide posta no presente processo, os elementos reunidos aos autos conduzem à convicção de que, ao menos no que diz respeito ao ano de 2005, o quotista único do Fundo (Sr. Abílio dos Santos Diniz) era, ao mesmo tempo, sócio do empreendimento imobiliário objetivado pelo referido Fundo, qual seja, a aquisição de imóveis para locação. O Parecer de fls. 122/130, que foi apresentado à Fiscalização como suporte jurídico para a constituição do Fundo de Investimento Imobiliário, descreve, com clareza, o pretendido pelo ali denominado Grupo DINIZ ao criar o Fundo de Investimento Imobiliário. Ali, restou assinalado: (...) A rigor, o Parecer apresentado pela Recorrente no curso da Fiscalização, não obstante ter tratado de outros temas (regime tributário dos Fundos de Investimento Imobiliário; distribuição de lucros; momento de recolhimento do imposto de renda), manifestou, em brevíssima análise, o entendimento de que, tratandose de empreendimento imobiliário representado por aquisição de imóveis prontos para locação, inexiste a figura do incorporador, construtor ou sócio, motivo pelo qual são inaplicáveis as normas do art. 2º da Lei nº 9.779/99. Penso que a afirmação de que “não se verifica, no empreendimento em causa – a aquisição de imóveis prontos para locação a figura do incorporador, construtor ou sócio” é digna de reparo. Podese, à evidência, afastar a “figura” do incorporador e do construtor, mas, não, a do sócio. Como explicado em contexto preambular pelo próprio Parecer, no âmbito de uma reestruturação do seu controle societário, a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) decidiu transferir sessenta imóveis para o Sr. Abílio Diniz, que, de forma concomitante, foram locados para a própria CBD. O empreendimento imobiliário, portanto, está representado por imóveis pertencentes ao Sr. Abílio Diniz, que são “adquiridos” pelo Fundo de Investimento Imobiliário, que tem como único quotista, ao menos no anocalendário de que trata o presente processo (2005), o próprio Sr. Abílio Diniz. Notese que é o próprio Recorrente quem afirma que a aquisição de imóveis para locação representou a atividade imobiliária e que a melhor forma para empreender essa atividade seria por meio da constituição do Fundo de Investimento Imobiliário, isto é, o Grupo DINIZ (leiase: Sr. Abílio Diniz), objetivando empreender a atividade de aquisição de imóveis para locação, entendeu que a melhor forma para tanto seria por meio da criação de um Fundo de Investimento Imobiliário, sendo que, na constituição do referido Fundo (exclusivo) o Grupo Diniz (Sr. Abílio Diniz) seria o único quotista. Se os imóveis foram transferidos para o Sr. Abílio Diniz, como afirmado pelo Parecer e pelo recurso, e ele pretendeu, na forma acordada na reestruturação do controle societário da CBD, alugá los para a própria CBD, resta claro, pois, que o referido senhor atuou tanto como empreendedor do negócio declarado (“aquisição de imóveis prontos para locação), como beneficiário desse mesmo empreendimento imobiliário, eis que quotista único do Fundo de Investimento Imobiliário constituído. Fl. 755DF CARF MF 18 No caso do FUNDO EXCLUSIVO em questão, assim denominado pelo normativo indicado pelo Recorrente na sua peça de defesa (Instrução CVM nº 409, art. 111A), e tomandose por base, exclusivamente, o anocalendário de 2005, a caracterização do Sr. Abílio Diniz como sócio do empreendimento imobiliário é cristalina, vez que os imóveis para locação que constituíram o objeto do empreendimento imobiliário pertenciam a ele e com ele permaneceram no Fundo de Investimento Imobiliário constituído, vez que, neste (no Fundo de Investimento Imobiliário), ele era o único cotista. O REGULAMENTO do Fundo datado de 09 de setembro de 2005 (fls. 52/74) reafirma tal conclusão, pois: a) a quota do Sr. Abílio Diniz correspondia exatamente à totalidade do patrimônio do Fundo; e b) a Assembléia Geral dos quotistas (no caso, o Sr. Abílio Diniz) detinha competência privativa para deliberar sobre a alienação de qualquer imóvel integrante do patrimônio do Fundo e sobre a dissolução e liquidação do Fundo. Como ressaltado pela decisão recorrida, nos termos do parágrafo 3º do art. 13 do Regulamento em referência, “na hipótese de rescisão de qualquer contrato de locação celebrado com a CBD ou com empresa integrante do seu grupo econômico, o FUNDO deverá amortizar parcialmente suas quotas, com versão aos quotistas do patrimônio representado pelo imóvel objeto do respectivo contrato de locação rescindido”. Tal disposição evidencia a estreita relação entre o específico empreendimento imobiliário (aquisição de imóveis da CBD para locação pela própria CBD) e o seu quotista único (Sr. Abílio dos Santos Diniz). Não obstante a sua irrelevância para as conclusões aqui expendidas, cabe notar que o art. 111A, que trata dos denominados FUNDOS EXCLUSIVOS, foi introduzido na Instrução CVM nº 409, de 18 de agosto de 2004, pela Instrução CVM nº 450, de 30 de março de 2007, ou seja, posteriormente à ocorrência dos fatos apreciados no presente processo. A tentativa do Recorrente de vincular o conceito de “sócio do empreendimento imobiliário”, a que faz referência a lei, a existência de participação societária, revelase, no caso dos autos, absolutamente inadequada, vez que, na circunstância sob exame, o que salta aos olhos é, como já dito, o fato de Sr. Abílio Santos Diniz figurar, sozinho (como descrito no Parecer de fls. 122/130) ou por meio de Grupo sob o seu controle (na forma disposta na peça recursal), figurar ao mesmo tempo como empreendedor da atividade imobiliária e como quotista único do Fundo de Investimento Imobiliário. Estamos diante, assim, de situação extrema, em que a atividade imobiliária é integralmente empreendida (100% do negócio) pelo quotista único (100% das quotas), o que, à evidência, retrata a circunstância que o art. 2º da Lei nº 9.779/99 pretendeu evitar, pois, como reconhecido pelo próprio Recorrente, “o espírito da lei consiste em impedir a cumulação da posição jurídica de quotista relevante de um Fundo de Investimento Imobiliário (definido como aquele que possui, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de 25% das quotas do Fundo) com a pessoa jurídica de incorporador, construtor ou sócio de empreendimento imobiliário”. Não me parece que a referência a “sócio do empreendimento imobiliário” feita pela decisão recorrida possa de alguma forma inovar ou trazer mácula ao trabalho fiscal. A meu ver, o fato de a Fiscalização descrever os fatos apurados no Termo de Verificação Fiscal levando em conta a continuidade das verificações além do anocalendário de 2005, fez que com que fossem reunidos aos presentes autos fatos e documentos que pouca ou nenhuma relevância têm em relação ao ano objeto de lançamento tributário. Fl. 756DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 748 19 Ainda que se possa vislumbrar eventual “inovação de fundamento” por parte da decisão recorrida, alinhome ao entendimento de que tal fato só se revela importante na situação em que o lançamento tributário só subsiste se considerada tal inovação. No caso vertente, entretanto, não é isso que se verifica, pois, os elementos aportados ao processo e a descrição feita pela autoridade fiscal autorizam a aplicação das disposições do art. 2º da Lei nº 9.779/99, permitindo, assim, o pleno exercício do direito de defesa por parte do autuado. Por tudo o que aqui foi esposado, em especial o fato de o procedimento sob exame referirse ao ano de 2005, não é pertinente discutir, nos presentes autos, vínculos societários entre a empresa RECO e a CBD.”. Repito, hoje, de maneira mais analítica, o voto que proferi oralmente em 2012, ao divergir do I. Relator do voto acima transcrito. Primeiramente, indubitavelmente, os contratos celebrados pelo Banco Ourinvest e a CBD não se tratavam de alienações fiduciárias em garantia mas de operações de compra e venda de imóveis em caráter fiduciário, na qual o comprador, Banco Ourinvest, passava a deter a propriedade fiduciária dos bens, para dispor e administrá‐los na forma e para os fins estabelecidos na legislação aplicável no Regulamento do Fundo Península, ou pelo que viesse a ser decidido pela AGE do referido Fundo, inclusive fazendo constar da matrícula dos imóveis que estes constituíam patrimônio do Fundo. Nesse ponto, não divirjo do Relator do julgamento de 2012. Por sua vez, o fato de o art. 111‐A, que trata dos denominados FUNDOS EXCLUSIVOS, ter sido introduzido na Instrução CVM nº 409, de 18 de agosto de 2004, pela Instrução CVM nº 450, de 30 de março de 2007, ou seja, posteriormente à ocorrência dos fatos apreciados no presente processo, ao contrário do que sugere o Relator de 2012, vem reforçar o argumento da recorrente, no sentido de que nunca foi proibida a constituição de Fundo com um único cotista. Ora, a instrução CVM, como norma infralegal, não poderia inovar no ordenamento jurídico, razão pela qual, se não houve qualquer alteração na Lei de regência da matéria, no interregno entre as edições das duas instruções CVM, há que se concluir que a Instrução CVM nº 450/2007 veio apenas esclarecer algo que já encontrava respaldo na Lei. Por outro lado, concordo que isso seja irrelevante para o deslinde da questão ora e julgamento, porém por outra razão, qual seja, pelo fato de o art. 2º da Lei 9.779/99 não coloca a condição de cotista exclusivo do Fundo como uma das razões para que o Fundo seja tributado como pessoa jurídica, aliado ao fato de que só caberia à CVM qualquer ação contra a constituição do Fundo exclusivo, já que ela é o órgão a tanto competente para autorizar, disciplinar e fiscalizar a constituição, o funcionamento e a administração dos Fundos de Investimento Imobiliário, nos termos do art. 4 da Lei 8.668/93. Dessa forma, o fulcro da questão posta em julgamento reside unicamente na interpretação do art. 2º da Lei 9.779/99, bem como na verificação se a situação fática descrita nos autos se subsume ao referido dispositivo legal. O art. 2º da Lei 9.779/99 assim versa: Art. 2º Sujeita‐se à tributação aplicável às pessoas jurídicas, o fundo de investimento imobiliário de que trata a Lei no 8.668, de Fl. 757DF CARF MF 20 1993, que aplicar recursos em empreendimento imobiliário que tenha como incorporador, construtor ou sócio, quotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de vinte e cinco por cento das quotas do fundo. Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, considera‐ se pessoa ligada ao quotista: I ‐ pessoa física: a) os seus parentes até o segundo grau; b) a empresa sob seu controle ou de qualquer de seus parentes até o segundo grau; II ‐ pessoa jurídica, a pessoa que seja sua controladora, controlada ou coligada, conforme definido nos §§ 1o e 2o do art. 243 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Inicialmente, há que se salientar que estamos diante de uma norma antielisiva específica, pois, em regra, aos rendimentos e ganhos do Fundo Imobiliário, o qual não tem personalidade jurídica, aplica‐se o regime tributário estabelecido nos arts. 16 a 19 da Lei 8.668/93. Assim, diante de uma norma excepcional, devemos conferir uma interpretação estrita, seguindo as vetustas, mas nunca ultrapassadas lições, de Carlos Maximiliano. Da simples leitura do art. 2º, verifica‐se que há dois pressupostos, para que ele seja aplicável, quais sejam: a) que o Fundo aplique recursos em empreendimento imobiliário; b) que o empreendimento imobiliário tenha, como incorporador, construtor ou sócio quotista que, isoladamente ou com pessoa ligada, detenha mais de 25% das quotas do Fundo. Note‐se, assim, que a situação visada pelo legislador relaciona‐se com as seguintes atividades: a) incorporação, o que se define por duas características: destinação do terreno, antes de iniciada a venda, à propriedade comum das unidades autônomas e início das vendas de tais unidades antes de concluída a obra; b) construção, conceito que aqui tem um caráter complementar daquilo que não se enquadre como incorporação. Assim, não me parece que se devesse dar ao termo “sócio” um caráter tão abrangente como lhe foi atribuído tanto pelo autuante como pelos julgadores retro citados, de tal sorte que sustento que o termo sócio deve ser entendido como “sócio do incorporador” ou “sócio do construtor”. Estas eram as situações visadas pelo legislador ao editar tal norma antielisiva, ou seja, que alguém que se dedicasse a construir ou incorporar, constituísse Fundo Imobiliário apenas para se valer do regime tributário mais benéfico. Nesse sentido, Hiromi Higuchi faz o seguinte comentário: “A única equiparação de fundo imobiliário como pessoa jurídica deveria ocorrer quando o fundo imobiliário promovesse incorporação de prédio ou loteamento de terreno. Essa condição não está na lei.”. Realmente, o legislador deixou de fora do alcance da norma antielisiva a atividade de loteamento de terreno. Fl. 758DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 749 21 Com esta interpretação mais estrita do termo “sócio” no texto do art. 2º, o lançamento está fadado ao insucesso, pois nenhuma das pessoas envolvidas no lançamento em tela era incorporador ou construtor. Todavia, a redação do art. 2º é imprecisa, pois não desborda dos seus parâmetros hermenêuticos a exegese que conclui que o termo “sócio”, no texto da norma, quer dizer “sócio do empreendimento imobiliário”. De qualquer maneira, o lançamento não tem melhor sorte, se não vejamos o que se segue. Ora, note‐se que o pressuposto para aplicação da norma é que o Fundo aplique recursos em empreendimento imobiliário que tenha um sócio, ou seja, não estamos falando de imóvel, pois imóvel pode até ter co‐proprietários, o que não se confunde com sócios. Ora, no caso em tela, o Banco Ourinvest aplicou recursos na aquisição de imóveis da CBD e, não para adquirir cotas ou ações de tal pessoa jurídica. Ademais, não se pode conceber que a CBD, pessoa jurídica que explora o varejo supermecadista, seja considerada um empreendimento imobiliário. O termo empreendimento não pode ser confundido com patrimônio ou especificamente ativo imobilizado. Empreendimento é o ato de empreender, ou seja, empresa, logo, está ligado, como já dito acima, a idéia de atividade de produção e circulação de bens e serviços. Dessa forma, uma pessoa quando adquire um ou vários imóveis de outra pessoa não aplicou recursos em um empreendimento imobiliário, apenas adquiriu um massa patrimonial. Decerto, que se o destino de tais imóveis for a circulação ou produção de imóveis, o comprador estará exercendo um empreendimento imobiliário, mas jamais se poderá denominar aquele que lhe vendeu os imóveis de sócio desse empreendimento. Assim, entendo que tanto o autuante como os julgadores retro citados alargaram além dos parâmetros suportados pelo texto o conceito de sócio no art. 2º da Lei 9.779/99, norma que, conforme já dito, por ser extraordinária, exige uma interpretação estrita. Por essas razões, voto por dar provimento ao recurso voluntário, ficando prejudicada a apreciação da matéria relativa à sujeição passiva solidária. Alberto Pinto S. Jr. – Relator. Declaração de Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich Respeitada a posição ora defendida pelos i. colegas Conselheiros, que acompanharam o voto conduzido pelo Conselheiro Relator, ouso divergir e justifico a inconformidade que passo a expor, inclusive por encontrar sólido respaldo nas vozes que se levantaram contra a tese tecida sobre a matéria em questão. No confronto entre a norma antielisiva tributária, clara e eficiente, em debate uma raridade no campo tributário e os fatos retratados nos autos, não há como se afastar a mais perfeita adequação ao sentido protetivo do Estadolegislador, que busca a justiça social, a Fl. 759DF CARF MF 22 isonomia entre os contribuintes, a capacidade contributiva, entre outros preceitos constitucionais que devem sempre prevalecer neste sopesar de valores público versus privado. Há muito defendo que a interpretação estritamente literal das normas tributárias é a mais deficiente no intuito de pretenderse alcançar o contexto para as quais tais normas foram criadas, precipuamente ao se tratar de norma antielisiva, sem, no entanto, distanciarse do princípio cogente da legalidade. Os dois conceitos não se confundem e não são antagônicos. Podese perfeitamente respeitar a legalidade da norma, mas darlhe o alcance teleológico patente. Data venia aos adeptos à interpretação segundo a literalidade das normas, restrinjo esta espécie interpretativa às hipóteses, numerus clausus, do artigo 111 da Lei nº 5.172/66 Código Tributário Nacional (CTN): Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. As normas antielisivas não se enquadram em nenhum dos tipos legais acima. Desta forma, devem ser interpretadas seguindo os princípios gerais do direito tributário, seguido dos princípios (interesse) do direito público, em consonância ao estabelecido no artigo 108 do mesmo diploma legal (CTN). E daí, partese para a leitura (e interpretação) da norma antielisiva contida no artigo 2º da Lei nº 9.779/99, em questão, oportunamente reproduzido: Art. 2o Sujeitase à tributação aplicável às pessoas jurídicas, o fundo de investimento imobiliário de que trata a Lei no 8.668, de 1993, que aplicar recursos em empreendimento imobiliário que tenha como incorporador, construtor ou sócio, quotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de vinte e cinco por cento das quotas do fundo. Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, considera se pessoa ligada ao quotista: I pessoa física: a) os seus parentes até o segundo grau; b) a empresa sob seu controle ou de qualquer de seus parentes até o segundo grau; II pessoa jurídica, a pessoa que seja sua controladora, controlada ou coligada, conforme definido nos §§ 1o e 2o do art. 243 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. A conexão entre o fundo imobiliário e o empreendimento imobiliário (e superouse a discussão se a aquisição de imóveis para locação se enquadrariam neste conceito) é o ponto crucial da norma editada que impede (destaquei) a usufruição dos benefícios fiscais próprios aos fundos imobiliários, cujos objetos e participações não são partes envolvidas entre si, à razão de pelo menos 25%. Notese que a norma antielisiva sequer exigiu para a exclusão das benesses fiscais atos de gestão ou maioria votante. Fl. 760DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 750 23 E, no caso em concreto, a participação do grupo Abílio Diniz, ou do próprio Abílio Diniz, ultrapassa o percentual de 25 % em ambos os lados. Daí não poder usufruir das isenções fiscais próprias aos fundos imobiliários em que esta confusão de partes não existe. Para restar clara a situação fatídica, aproveito as tantas razões esposadas pelos que divergiram da posição ora adotada neste julgamento, as quais adoto integralmente. Destaco as razões de peso colocadas pelo Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães no Acórdão nº 130100.994/12, que tratou exatamente da mesma matéria (IRPJ e CSLL) e anocalendário (2005), cuja ementa reproduzo primeiramente: FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO. TRIBUTAÇÃO. EXCEPCIONALIDADE. Constatado que o empreendimento imobiliário é integralmente explorado (100% do negócio) por quotista único (100% das quotas) do Fundo de Investimento Imobiliário, revelamse presentes as circunstâncias autorizadoras da aplicação do disposto no art. 2º da Lei nº 9.779/99, ou seja, o referido Fundo sujeitase à tributação aplicável às pessoas jurídicas. [...] No caso vertente, em conformidade com o documento de fls. 27/29 (ATA DE REUNIÃO DA DIRETORIA), em 23 de junho de 2005, o BANCO OURINVEST S/A deliberou sobre proposta de constituição de Fundo Imobiliário mediante a emissão de quotas por subscrição pública. Na ocasião, foi aprovada a constituição do FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO PENÍNSULA. Do documento em questão (o de fls. 27/29), extraio ainda as seguintes informações: a) o BANCO OURINVEST é a instituição administradora do Fundo; b) o objetivo do Fundo é “adquirir e/ou promover a construção de imóveis industriais e comerciais com a finalidade de venda, locação ou arrendamento das futuras unidades, podendo, ainda, ceder a terceiros os direitos decorrentes da venda, locação ou arrendamento; c) na primeira emissão de quotas, o Fundo deveria adquirir prédio comercial pertencente ao Sr. ABÍLIO DOS SANTOS DINIZ, para fins de locação de todas as unidades do empreendimento que passassem a ser detidas pelo Fundo, podendo, inclusive, vendêlas; e d) o Sr. ABÍLIO DOS SANTOS DINIZ comprometeuse a subscrever todas as quotas da primeira emissão mediante integralização com o imóvel objeto do Fundo. Destaco que os lançamentos tributários submetidos a exame dizem respeito ao anocalendário de 2005. Não obstante o deliberado na reunião da diretoria do Banco Ourinvest S/A, colho dos autos, relativamente ao ano de 2005, os seguinte s fatos: i) tomando por base informações trazidas pelo Parecer de fls. 122/130, apresentado pelo Recorrente no curso da ação fiscal, no âmbito de uma reestruturação do seu controle societário, a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) decidiu transferir sessenta imóveis para o Sr. Abílio dos Santos Diniz, que, de forma concomitante, foram locados para a própria CBD; Fl. 761DF CARF MF 24 ii) o citado Parecer afirma que a informação referenciada em “i” foi descrita como FATO RELEVANTE em 04 de maio de 2005; iii) de acordo ainda com o Parecer, a “componente imobiliária da operação co mo um todo” envolveu as seguintes etapas: constituição de um Fundo de Investimento Imobiliário, ao abrigo da Lei nº 8.668/93; celebração, por este Fundo, de promessa de compra e venda a prazo dos sessenta imóveis da CBD; e concomitante celebração de contratos de locação dos referidos imóveis, tendo como locador o Fundo e como locatária a CBD; iv) a primeira emissão de cotas do Fundo ocorreu em 22 de junho de 2005, por meio de transferência de imóvel de propriedade do Sr. Abílio dos Santos Diniz, no montante de R$ 612.000,00, correspondente a seiscentas e doze cotas; v) no primeiro Regulamento do Fundo, datado de 23 de junho de 2005, o seu objeto era adquirir e ou promover a construção de imóveis industriais e comerciais com a finalidade de venda, locação ou arrendamento; vi) o Fundo de Investimento Península (Fundo) foi aprovado pela Comissão d e Valores Mobiliários em 13 de julho de 2005; vii) em 09 de setembro de 2005, o Regulamento do Fundo foi alterado, passando o seu objeto a ser a compra dos imóveis da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) e locação desses mesmos imóveis para a própria CBD; viii) em 03 de outubro de 2005, foi firmado COMPROMISSO DE ADESÃO A CONTRATOS DE LOCAÇÃO (fls. 114/118), em que Banco Ourinvest (Fundo Península) apresentase como promitente locador e Companhia Brasileira de Distribuição como promitente locatária; [...] 1. Pelo presente Contrato, o Promitente Locador comprometese de forma irrevogável e irretratável a celebrar os Contratos de Locação de forma a locar os Imóveis para a Promitente Locatária, por um prazo de 20 (vinte) anos automaticamente renováveis por 2 (dois) períodos sucessivos de 10 (dez) anos, ao exclusivo critério da Promitente Locatária. O Promitente Locador outorga à Promitente Locatária o direito exclusivo de locação dos Imóveis, após a imissão dele, Promitente Locador, na posse destes Imóveis ("Adesão "). x) o Sr. Abílio dos Santos Diniz é indicado no compromisso de adesão em referência como destinatário de todos os avisos, notificações e demais comunicações, transmitidos ou efetuados na forma do contrato para a promitente locatária (Companhia Brasileira de Distribuição). Em que pese o fato de a descrição feita no Termo de Verificação Fiscal estenderse além do ano objeto de lançamento (2005), fazendo referência, assim, a episódios que não interessam diretamente à solução da lide posta no presente processo, os elementos reunidos aos autos conduzem à convicção de que, ao menos no que diz respeito ao ano de 2005, o quotista único do Fundo (Sr. Abílio dos Santos Diniz) era, ao mesmo tempo, sócio do empreendimento imobiliário objetivado pelo referido Fundo, qual se ja, a aquisição de imóveis para locação. [...] Como explicado em contexto preambular pelo próprio Parecer, no âmbito de uma reestruturação do seu controle societário, a Companhia Brasileira de Distribuiçã o (CBD) decidiu transferir sessenta imóveis para o Sr. Abílio Diniz, que, de forma concomitante, foram locados para a própria CBD. O empreendimento imobiliário, portanto, está representado por imóveis pertencentes ao Sr. Abílio Diniz, que são “adquiridos” pelo Fundo de Fl. 762DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 751 25 Investimento Imobiliário, que tem como único quotista, ao menos no anocalendário de que trata o presente processo (2005), o próprio Sr. Abílio Diniz. Notese que é o próprio Recorrente quem afirma que a aquisição de imóveis p ara locação representou a atividade imobiliária e que a melhor forma para empreend er essa atividade seria por meio da constituição do Fundo de Investimento Imobiliári o, isto é, o Grupo DINIZ (leiase: Sr. Abílio Diniz), objetivando empreender a ativid ade de aquisição de imóveis para locação, entendeu que a melhor forma para tanto se ria por meio da criação de um Fundo de Investimento Imobiliário, sendo que, na con stituição do referido Fundo (exclusivo) o Grupo Diniz (Sr. Abílio Diniz) seria o únic o quotista. Se os imóveis foram transferidos para o Sr. Abílio Diniz, como afirmado pelo Parecer e pelo recurso, e ele pretendeu, na forma acordada na reestruturação do controle societário da CBD, alugálos para a própria CBD, resta claro, pois, que o referido senhor atuou tanto como empreendedor do negócio declarado (“aquisição d e imóveis prontos para locação), como beneficiário desse mesmo empreendimento i mobiliário, eis que quotista único do Fundo de Investimento Imobiliário constituído. No caso do FUNDO EXCLUSIVO em questão, assim denominado pelo normativo indicado pelo Recorrente na sua peça de defesa (Instrução CVM nº 4 09, art. 111A), e tomandose por base, exclusivamente, o anocalendário de 2005, a caracterização do Sr. Abílio Diniz como sócio do empreendimento imobiliár io é cristalina, vez que os imóveis para locação que constituíram o objeto do empree ndimento imobiliário pertenciam a ele e com ele permaneceram no Fundo de Investi mento Imobiliário constituído, vez que, neste (no Fundo de Investimento Imobiliário ), ele era o único cotista. O REGULAMENTO do Fundo datado de 09 de setembro de 2005 (fls. 52/74) reafirma tal conclusão, pois: a) a quota do Sr. Abílio Diniz correspondia exatamente à totalidade do patrimônio do Fundo; e b) a Assembléia Geral dos quotis tas (no caso, o Sr. Abílio Diniz) detinha competência privativa para deliberar sobre a alienação de qualquer imóvel integrante do patrimônio do Fundo e sobre a di ssolução e liquidação do Fundo. [...] A tentativa do Recorrente de vincular o conceito de “sócio do empreendimento imobiliário”, a que faz referência a lei, a existência de participaç ão societária, revelase, no caso dos autos, absolutamente inadequada, vez que, na ci rcunstância sob exame, o que salta aos olhos é, como já dito, o fato de Sr. Abílio San tos Diniz figurar, sozinho (como descrito no Parecer de fls. 122/130) ou por meio de Grupo sob o seu controle (na forma disposta na peça recursal), figurar ao mesmo tempo como empreendedor da atividade imobiliária e como quotista único do Fundo de Investimento Imobiliário. Estamos diante, assim, de situação extrema, em que a atividade imobiliária é integralmente empreendida (100% do negócio) pelo quotista único (100% das quota s), o que, à evidência, retrata a circunstância que o art. 2º da Lei nº 9.779/99 pretend eu evitar, pois, como reconhecido pelo próprio Recorrente, “o espírito da lei consiste em impedir a cumulação da posição jurídica de quotista relevante de um Fundo de Investimento Imobiliário (definido como aquele que possui, isoladame nte ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de 25% das quotas do Fundo) com a pessoa jurídica de incorporador, construtor ou sócio de empreendimento imobiliário”. [...] Fl. 763DF CARF MF 26 No presente caso, penso que resta indubitável que empreendedor e cotista estão representados pela mesma pessoa, qual seja, o Sr. Abílio dos Santos Di niz, ou, no dizer do Recorrente, do mesmo Grupo (GRUPO DINIZ). No acórdão recorrido, proferido pela Turma de Julgamento de Primeira Instância, também centralizouse o fundamento para manter a tributação da recorrente nas demais formas das pessoas jurídicas, o fato patente é a conexão existente entre o Fundo Imobiliário e o empreendimento: [...] Por intermédio da leitura das cláusulas contratuais acima transcritas, fica claro o vínculo existente entre o fundo de investimento imobiliário e a empresa CBD, uma vez que o objeto do fundo é adquirir somente imóveis da CBD e locar tais imóveis, exclusivamente, à CBD ou a empresa integrante do seu grupo econômico. O contrato em análise faz menção explícita ao grupo econômico ao qual pertence a empresa CBD, deixando claro, em suma, que o objetivo do fundo se limitou à aquisição de imóveis de uma empresa de um grupo econômico, para locação dos referidos imóveis a empresas do mesmo grupo econômico. Uma vez determinado que os negócios jurídicos em análise são relações intragrupo, prosseguese na apreciação do litígio, que reside em determinar se a empresa CBD também seria sócia do empreendimento imobiliário. [...] A informação prestada pela contribuinte às fls. 109 confirma que a empresa RECO MASTER possuía, em 29/10/2010, a totalidade das 69.231 cotas do fundo de investimento imobiliário em questão. Desta forma, resta evidente que, em qualquer das composições de quotistas que constituíram o fundo de investimento imobiliário, ora composto por dois sócios quotistas, ora constituído sob a forma de uma sociedade unipessoal, há uma característica comum: os quotistas do fundo são empresas e acionistas do mesmo grupo econômico ao qual pertence a empresa CBD. Concluise, assim, que os quotistas do fundo são também sócios do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis pela gestão comum do grupo econômico. No mesmo diapasão, nos bem esposados argumentos trazidos pela Procuradoria da Fazenda Nacional, em contrarrazões, que igualmente adoto: Com o advento da Lei n.º 9.779/98, tal isenção ficou condicionada ao fato do fundo de investimento não ter como sócio, incorporador ou construtor, quotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de vinte e cinco por cento das quotas do fundo. É o que diz o art. 2º da Lei: [...] A legislação, contudo, elegeu alguns requisitos para tal equiparação. Neste sentido, é necessário que o Fundo aplique recursos em empreendimento imobiliário no qual um de seus quotistas, com mais de 25% das quotas do Fundo, participe como incorporador, construtor ou sócio do empreendimento imobiliário. Verificada essa situação, o Fundo estará sujeito ao recolhimento dos impostos devidos pelas pessoas jurídicas imobiliárias. Essa foi a hipótese verificada nos autos e que acarretou a lavratura dos autos e infração em tela. Aqui o fiscal, entendeu como clara a cumulação das posições de quotista do Fundo (com mais de 25% das quotas) e de sócio do empreendimento imobiliário que o Fundo empregou recursos, na pessoa do Sr. Abílio Diniz. Fl. 764DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 1302002.053 S1C3T2 Fl. 752 27 [...] Observese que, mais do que adquirir imóveis para posterior locação, o empreendimento imobiliário consistia em aquisição de imóveis da CBD para posterior locação à própria CBD. Tal descrição é corroborada pelo art. 2º e pelo inciso I, do art. 3º do Regulamento do Fundo de Investimento Imobiliário Península (fls. 52 e seguintes) que determinam que: [...] Veja que a participação da CBD no empreendimento imobiliário é condição sine qua non para que o mesmo se realize. É dizer que a CBD faz parte e/ou integra o empreendimento imobiliário no qual o Fundo aplica seus recursos, pois não há como desvencilhar um do outro. Nem o Fundo pode adquirir imóveis de terceiros, nem pode efetuar a locação dos mesmos para outras pessoas jurídicas, senão as integrantes do grupo econômico do qual a CBD faz parte. [...] Isso porque, de um lado, figura como quotista majoritária (com mais de 25% das quotas) do FII Península a empresa Reco Máster, controlada pelo Sr. Abílio Diniz e, do outro lado, tem se também o Sr. Abílio Diniz, como sócio controlador da CBD e do grupo econômico da qual faz parte. Ou seja, as figuras do quotista do Fundo Imobiliário e do sócio do empreendimento imobiliário se fundem em uma única pessoa, o Sr. Abílio Diniz. A figura do quotista se verifica à medida em que ele é quem controla o FII Península, ainda que de forma indireta e através de empresa por ele controlada. Ressaltese que, quando da criação do presente Fundo, ele, como pessoa física, era o único quotista, integralizando as quotas emitidas com imóvel de sua propriedade. [...] Importante ressaltar que a acepção do termo “sócio” contida no comando legal do art. 2º da Lei 9.779/99, não pode ser vista de forma estrita, como defende o contribuinte. Segundo o recorrente, uma sociedade só existe se houver aplicação de recursos por mais de uma pessoa ligadas por contrato de sociedade, isto é, uma pluralidade de adquirentes ligados por contrato de sociedade. Acontece que, a adoção do conceito de sócio por sua forma estrita, se mostra incompatível com a própria natureza dos empreendimentos imobiliários e com a essência do dispositivo legal em comento. Sob esta óptica, seria praticamente impossível existir a participação de um sócio, pois tal situação terminaria por recair em um dos outros dois conceitos trazidos pela lei, quais sejam, construtor ou incorporador. E exatamente porque a idéia da existência de um sócio de um empreendimento imobiliário é situação bastante estranha em atividades desta natureza, é que não se pode definir o “sócio” previsto no art. 2º da Lei 9.779/99, como pretende o contribuinte. Ao agregar a idéia do sócio o legislador, certamente, quis abranger situações em que uma ou mais pessoas guardem interesses comuns no empreendimento imobiliário desenvolvido; ele quis abranger aquelas pessoas que participem do empreendimento, de alguma forma, e que ao mesmo tempo sejam quotistas do Fundo de Investimento Imobiliário que aplica recursos naquele empreendimento imobiliário. [...] A figura do sócio é completamente atípica aos empreendimentos imobiliários e não faria qualquer sentido utilizála de forma estrita, sob pena de desvirtuamento do real propósito da lei, que é o de evitar o comportamento elisivo no contribuinte, Fl. 765DF CARF MF 28 consistente em se utilizar da sistemática de tributação favorecida dos FII para o exercício de atividade empresarial de empreendimentos imobiliários. A restrição legal à cumulação das posições de quotista majoritário e de incorporador/construtor/sócio do empreendimento imobiliário foi, sem qualquer dúvida, violada no presente caso. É patente que o Sr. Abílio Diniz representa a posição de quotista majoritário do Fundo autuado e é sócio do empreendimento imobiliário, na qualidade de controlador da CBD e das demais empresas do grupo econômico. O controle tanto do fundo quanto das empresas que participam do empreendimento imobiliário está subsumida na pessoa do Sr. Abílio, grande beneficiário da operação, seja através da redução do lucro tributável das empresas que integram o empreendimento imobiliário, mediante a criação de despesas dedutíveis com aluguel, seja mediante a distribuição de receitas do fundo. Como feito, consta nos autos que, no anocalendário de 2005, a mesma receita recebida pelo fundo a título de taxa de adesão aos contratos de locação, no valor de R$ 25.517.073,84, foi posteriormente distribuída ao Sr. Abílio Dinis. Observo, por derradeiro, que ainda que haja a participação de empresas estranhas ao grupo CBD (caso da CASSINO), em um dos pólos, em nada alteraria o posicionamento aqui defendido, com a exceção que esta parceria não ultrapassasse o percentual de 25% delimitado pela norma antielisiva, o que não é o caso. De igual forma, a interposição de uma nova pessoa jurídica em um dos pólos (caso da RACO em ano posterior), com a participação societária do mesmo grupo em razão maior a 25% também não alteraria a posição ora defendida. O cerne da questão proposta é que a cumulação dos dois requisitos preceituados na norma antielisiva contida no artigo 2º da Lei nº 9.779/99, as mesmas pessoas (física/jurídica), quotista do fundo e empreendendor imobiliário, se confundem em percentual acima de 25%., estão presentes no caso ora analisado, pelo que correta a autuação fiscal e devem ser mantidos os Autos de Infração de PIS e Cofins lavrados contra o Fundo Imobiliário. Da responsabilidade solidária da empresa administradora BANCO OURINVEST S/A Registro nesta oportunidade, de forma sumária, que entendo que a responsabilização da administradora do fundo imobiliário é ex lege, pelo que correto estabelecerse a solidariedade passiva (artigo 124, inciso II, CTN c/c art. 5º, Lei nº 8.668/93). (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 766DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12883.001356/2002-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/1998 a 31/12/1998
AÇÃO JUDICIAL. SEMESTRALIDADE DO PIS. AUTO COMPENSAÇÃO REALIZADA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3402-003.876
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não se tomar conhecimento do recurso voluntário, em virtude de concomitância com o processo judicial (Mandado de Segurança n° 98.9134-3, da 10° Vara da Justiça Federal no Recife).
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não se tomar conhecimento do recurso voluntário, em virtude de concomitância com o processo judicial (Mandado de Segurança n° 98.9134-3, da 10° Vara da Justiça Federal no Recife). (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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SEMESTRALIDADE DO PIS. AUTO COMPENSAÇÃO REALIZADA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não se tomar conhecimento do recurso voluntário, em virtude de concomitância com o processo judicial (Mandado de Segurança n° 98.91343, da 10° Vara da Justiça Federal no Recife). (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 88 3. 00 13 56 /2 00 2- 21 Fl. 684DF CARF MF 2 Relatório Trata os autos de Auto de Infração (eletrônico) referente ao PIS, período de apuração de junho/98 a dezembro/98, lavrado sob o fundamento de falta de recolhimento ou pagamento do principal, uma vez que os valores vinculados pelo contribuinte em sua DCTF Declaração de Créditos e Tributos Federais, constavam como suspensos através do Processo Judicial nº 98.00091343, não foram comprovados nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil. Verificase também que da fiscalização empreendida, concluiuse haver insuficiência de recolhimentos nos meses de junho a dezembro de 1998, dado que o processo judicial em que se lastreariam as compensações informadas nas declarações em verdade seria de outro contribuinte (ocorrência "proc jud de outro CNPJ", fls. 24/26). Por bem consolidar os fatos ocorridos neste processo até o julgamento de primeira instância, colaciono os principais trechos do relatório do Acórdão nº 1119.834, exarado pela 2ª Turma da Delegacia de Julgamento (DRJ) em Recife (fls. 268/282), in verbis: Contra a empresa já qualificada foi lavrado o Auto de Infração, a seguir especificado, para exigência de crédito tributário relativo à Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), período de apuração junho a dezembro de 1998. Valores em REAIS Contribuição: 85.462,87; Juros: 56.780,30; Multa: 64.097, e Total de 206.340,32. 2. Por meio do relatório de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, a AFRF autuante descreve o seguinte fato: falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata. 3. Inconformada, a contribuinte, por seu representante legal, apresentou peça impugnatória à fl. 01/05, onde formula as seguintes razões de defesa: 3.1 que é descabida de fundamento a exigência lançada no auto de infração, uma vez que os recolhimentos feitos no período analisado estão corretos, ressaltandose que foram feitas compensações autorizadas por decisão judicial no Mandado de Segurança n° 98.91343 da 10° Vara da Justiça Federal no Recife; 3.2 que a presente defesa administrativa tem a finalidade de obter a anulação do presente auto de infração, visto ser constitucional e legal a compensação efetuada pela Impugnante, não devendo haver em nenhum momento a aplicação de multa e juros, uma vez que a compensação foi efetuada com base em decisão judicial; 3.3 que não é cabível a aplicação de multa e dos juros sobre a suposta diferença do tributo ora exigido, uma vez que a compensação efetuada estava e está sob o manto de decisão judicial, não houve qualquer compensação sem que houvesse uma liminar proferida pelo juízo competente; Fl. 685DF CARF MF Processo nº 12883.001356/200221 Acórdão n.º 3402003.876 S3C4T2 Fl. 685 3 3.4 que a equidade recomenda a exclusão de multas vultosas, porque representaria sanção confiscatória, o Auditor Fiscal se equivocou quando da designação do montante de multa a ser cobrada da empresa, conforme consta do auto de infração, uma vez que arbitrou um percentual totalmente elevado, afrontando o determinado na legislação fiscal; 3.5 que além da multa abusiva, estão sendo aplicados, também, juros desta natureza, em percentual elevadíssimo, cujo percentual foge da normalidade, conforme demonstrado no auto de infração; 3.6 que feita a compensação com base em decisão judicial, que julgou procedente o pedido a empresa para tanto, foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, onde aguarda decisão sobre recurso da Fazenda Nacional, assim o crédito tributário lançado no auto de infração deveria constar com a exigibilidade suspensa por força da decisão judicial concedida nos autos do Mandado de Segurança; 3.7 Requer: 3.7.1 seja o auto de infração julgado nulo de pleno direito no que tange à exigência do PIS relativo ao período descrito conforme a fundamentação defendida; 3.7.2 seja o auto de infração julgado nulo de pleno direito, pois a compensação somente foi efetuada com base na decisão judicial do Mandado de Segurança n° 98.0091343 (10ª Vara da Seção Judiciária Federal no Recife), não cabendo assim, em nenhum momento a aplicação da multa e dos juros; 3.7.3 seja o auto de infração julgado nulo de pleno direito devido à aplicação da multa abusiva e confiscatória, como também, A incidência de juros ilegais e capitalizados nos quais estão inclusos a incidência ilegal e inconstitucional da Taxa Selic, quais deverão ser reduzidos ao patamar legal, com a devida exclusão da Taxa Selic. É o relatório. A decisão da DRJ em Recife (PE) manteve o lançamento sob alegação diversa: ausência de trânsito em julgado da decisão no processo indicado na DCTF. Por inferência, a primeira instância acatou o argumento da impugnação de que o processo informado na DCTF era, de fato, do contribuinte autuado, conforme ementa vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/1998 a 31/12/1998 PRELIMINAR DE NULIDADE. Não se cogita da nulidade do auto de infração quando presentes todos os requisitos formais previstos na legislação processual fiscal. Fl. 686DF CARF MF 4 DIREITO À COMPENSAÇÃO. A compensação é opção do contribuinte. 0 fato de ser detentor de créditos junto à Fazenda Nacional não invalida o lançamento de oficio relativo a débitos posteriores, quando não restar comprovado ter exercida a compensação antes do inicio do procedimento de oficio. MULTA DE OFICIO. A multa a ser aplicada em procedimento exofficio é aquela prevista nas normas válidas e vigentes época de constituição do respectivo crédito tributário, não havendo como imputar o caráter confiscatório penalidade aplicada de conformidade com a legislação regente da espécie. INCONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS Não se encontra abrangida pela competência da autoridade tributária administrativa a apreciação da inconstitucionalidade das leis, vez que neste juizo os dispositivos legais se presumem revestidos do caráter de validade e eficácia JUROS DE MORA. TAXA SELIC Os juros de mora incidem, sempre, seja nos pagamentos espontâneos após o prazo de vencimento da exação fiscal, seja nos lançamentos de oficio. A justificativa legal, para tanto, decorre do fato dos juros de mora não terem natureza de penalidade, mas sim natureza compensatória; são remuneração do capital da Fazenda Pública em posse do contribuinte moroso. Como se vê, a DRJ Recife/PE, por meio do Acórdão nº 1119.834, julgou o lançamento procedente. Após ser regularmente intimada da decisão, inconformada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, onde aduziu em resumo que (fls. 290/345): (i) realizou a compensação dos débitos com créditos do próprio PIS nos termos de decisão proferida nos autos da ação judicial nº 98.00091342; (ii) promoveu a compensação anteriormente à inclusão do artigo 170A do CTN; (iii) que os créditos haviam sido habilitados por meio de Pedido de Habilitação de Créditos formalizado pelo processo administrativo 19647.003538/200511; (iv) da existência de duplicidade de lançamento no processo administrativo 19647.001053/200411, no que tange aos débitos de PIS, referente ao PA de Agosto/98 (parcial) a Dezembro/98. Ao final, requer que sejam acolhidas as razões apresentadas, a fim de que seja integralmente reformada a decisão recorrida, cancelamento o lançamento consubstanciado. Os autos, então, foram encaminhados para julgamento deste CARF. Ocorreu que, durante análise, em seu recurso voluntário, o contribuinte alegou, entre outras coisas, haver duplicidade de exigências, dado que os meses de agosto a dezembro de 1998 também estariam sendo exigidos por meio de Auto de Infração, no Processo Administrativo nº 19647.001053/200411. Fl. 687DF CARF MF Processo nº 12883.001356/200221 Acórdão n.º 3402003.876 S3C4T2 Fl. 686 5 A Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (CC), conforme Resolução nº 20400.681, de 03/02/2009, converteu o julgamento do recurso em diligência para que fosse confirmada a existência, ou não, no PAF nº 19647.001053/200411, de lançamento que exija débitos de PIS referentes a alguns dos períodos de apuração incluídos no PAF nº 12883001356/200221, nos seguintes termos (fls. 603/604): "(...) Diante da alegação de existência de outro lançamento englobando parte dos períodos de apuração aqui exigidos, decidiu o colegiado baixar o processo em diligência de modo a que a unidade preparadora: a) confirme se no processo nº 19647.001053/200411 há lançamento, contra o mesmo contribuinte, que exija PIS referente a algum dos meses aqui incluídos; b) caso afirmativo, junte cópia da decisão administrativa definitiva nele proferida. O processo foi movimentado e a ARF/Paulista/PE movimentou o processo à ARF/Itu/SP (em razão da incorporação do contribuinte pelo CNPJ nº 43.677.178/000184, ocorrido em 17/07/2006, extrato fls. 610/612 e Ata de Reunião à fl. 112) para que o contribuinte fosse cientificado quanto à decisão do Segundo Conselho de Contribuintes e para que fosse informado ao CARF quanto à inexistência de duplicidade de lançamentos. Realizada a respectiva diligência e providenciada as informações necessárias, os autos retornaram a este CARF para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator 1. Da admissibilidade do Recurso Cuidase de recurso voluntário tempestivo e atende os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido ao menos nas matérias que não foram postas sob o crivo do Poder Judiciário, que envolve a alegação de nulidade do Auto de Infração em sede de preliminar em que foi aduzido que o mesmo foi lavrado em desatenção aos requisitos legais (falta de motivação e cerceamento direito defesa). 2. Contexto Trata os autos de lançamento "eletrônico" em decorrência de revisão das DCTF entregues pelo contribuinte no ano de 1998. Da revisão empreendida, concluiuse haver insuficiência de recolhimentos nos meses de junho a dezembro daquele ano, dado que o processo judicial em que se lastreariam as compensações informadas nas declarações em verdade seria de outro contribuinte ("proc jud de outro CNPJ", fls. 24/25). A decisão da DRJ em Recife manteve o lançamento sob alegação diversa: ausência de trânsito em julgado da decisão no processo indicado na DCTF. Por consequência, a Fl. 688DF CARF MF 6 primeira instância acatou o argumento da impugnação de que o processo informado na DCTF era, de fato, do contribuinte autuado. 3. Da Concomitância verificada objeto do Mandado de Segurança Aduz a Recorrente que não houve falta de recolhimento e sim compensação de valores recolhidos a maior a titulo de PIS, cujos pagamentos foram efetuados no período de 1988 a 1995, sob a égide dos Decretoslei 2.445/88 e 2.449/88, o que foi autorizado no bojo da decisão judicial em M.S nº 98.00091343 (fls. 56/94). Como se sabe, mais tarde, esses Decretoslei foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (RE nº 148.7542/210RJ), sendo que o Senado Federal deu efeito erga omnes ao julgamento do Excelso Pretório por intermédio da Resolução nº 49/95, conforme permissivo do art. 59, VII, da Constituição Federal de 1988. Em face da referida declaração de inconstitucionalidade, a Recorrente procedeu a compensação dos valores anteriormente pagos a maior a titulo de PIS, com parcelas do próprio PIS, dos meses de apuração de junho a dezembro de 1998, respaldada no art. 66 da Lei n° 8.383/91, no art. 150 do CTN e nos arts. 73 e 74 da Lei n° 9.430/96, bem assim como Ordem Judicial no MS nº 98.00091343, reafirmada em todas as instâncias e agora transitada em julgada e habilitada administrativamente por intermédio do PAF nº 19647.003538/200511. Por outro giro, a 2ª Turma da DRJ em Recife/PE, manteve integralmente o lançamento, sob o argumento de que: "(...) Entende a autuada que por pleitear créditos em processos administrativos de compensação já teria o direito assegurado. Contudo, para ter direito à compensação o crédito tem que ser liquido e certo. Entretanto, à época da lavratura do Auto de Infração, a contribuinte não havia efetuado os recolhimentos devidos e nem estava amparada por decisão definitiva administrativa e ou decisão judicial transitada em julgado que determinasse a extinção da Contribuição para o PIS por meio de compensação com créditos decorrentes de pagamento a maior ou indevido ou gerados, de valores a serem ressarcidos/restituídos, definitivamente reconhecidos. Como a Defendente não comprovou ter crédito a compensar por decisão definitiva administrativa ou judicial transitada em julgado, tal alegação não pode prosperar". Notase claramente, portanto, que a DRJ sustentou seu voto no descumprimento do artigo 170A, do Código Tributário Nacional, que, inclusive encontrase transcrito no corpo do Acórdão. Com o retorno deste processo a este CARF, após o cumprimento da solicitação de diligência, a DRF/Sorocaba (SP), através do Memorando nº 05/2015, procedeu Despacho de encaminhando da Informação Fiscal nº 84, que traz, principalmente em seus parágrafos 16 a 23, o histórico e informes relevantes relacionado ao processo sob análise (folhas 624 e seguintes). Vejase os principais trechos abaixo reproduzidos: "(...) 3. Entendemos relevante iniciarmos a presente análise com um relato sobre a ação judicial nº 000913475.1998.4.05.8300. 4. Por meio da ação 000913475.1998.4.05.8300, NORDESCLOR S/A (CNPJ 10.620.540/000121), e suas filiais, buscaram tutela jurisdicional para que fosse assegurado “(...)o direito da Impetrante apurar o PIS, durante o período em que os DecretosLeis nºs 2.445/88 e 2.449/88 tiveram vigência, na forma da Lei Complementar nº 7/70, considerando o faturamento Fl. 689DF CARF MF Processo nº 12883.001356/200221 Acórdão n.º 3402003.876 S3C4T2 Fl. 687 7 como fato gerador; o faturamento de seis meses atrás como base de cálculo; e 0,75% (zero vírgula setenta e cinco por cento)como alíquota, até a vigência da Medida Provisória nº 1.212/95(...)” e “(...)o direito da Impetrante de compensar os valores pagos a maior a título de PIS com base nos DecretosLeis n°2.445/88 e 2.449/88, com as parcelas devidas e vincendas do próprio PIS, da COFINS e da Contribuição Social sobre o Lucro – CSL, sendo pois, tais créditos atualizados monetariamente desde a data de cada pagamento indevido, utilizandose como indexador a OTN(período de outubro de 1988 a janeiro de 1989), o BTN(período de fevereiro de 1989 janeiro de 1991), o IPC(de 01/02/01 a 31/12/91) e a UFIR(de 01/01/92 em diante) de forma a que se preserve a modificação do índice integral do IPC, inclusive aquele apurado no mês de março de 1990(84,32% oitenta e quatro vírgula trinta e dois por cento)(...)”(fls.122 a 158).(...). 5. Sentença proferida em 04/08/1998 concedeu em parte a segurança, confirmando a liminar anteriormente concedida, assegurando à Impetrante(fls.802 – Certidão de Objeto e Pé): o direito de recolher o PIS na forma prevista pela Lei Complementar 07/70, até o advento da Medida Provisória 1212/1995 e suas reedições; o direito de compensar os valores de PIS recolhidos a maior, nos termos dos DecretosLeis 2445/88 e 2449/88, somente com débitos do próprio PIS, e corrigidos pelos mesmos índices utilizados pela Fazenda Nacional para a cobrança de seus créditos tributários, acrescidos de juros moratórios de 1%(um por cento) ao mês, a partir do trânsito em julgado da sentença. (...) 9. Desta forma, nos termos da decisão judicial transitada em julgado em 06/12/2004, o contribuinte obteve autorização judicial para efetuar a compensação dos valores indevidamente recolhidos a título de PIS (Decretosleis 2.445/88 e 2.449/88) com parcelas devidas do próprio PIS (...). (grifei). 13. Em apuração realizada pelo SEORT (fls.1.455 a 1.497), desta DRF, nos termos da decisão judicial transitada em julgado proferida nos autos da ação 000913475.1998.4.05.8300, constatouse que os créditos de PIS eram suficientes para liquidar integralmente débitos de PIS PA Junho/1998 a Agosto/2000, declarados em DCTF, pelo contribuinte, com a sua exigibilidade suspensa vinculados à ação judicial nº 98.00091343. É de se ressaltar que o lançamento do PIS discutidos neste PAF nº 12883.001356/200221, ocorreu em 11/07/2002 (data do protocolo deste PAF à fl. 2). Neste aspecto, frisese que, no caso destes autos, verificase cópia da ordem judicial emanada do Mandado de Segurança nº 98.00091343, que posteriormente transitou em julgado e sendo habilitado o crédito junto à Receita Federal por intermédio do PAF n° 19647.003538/200511, reconhecendo o direito ao crédito e que as compensações já estavam ocorrendo desde junho de 1998. Pois bem. Dentro deste contexto, determina o § 2º do art. 1º do Decretolei nº 1.737/1979, que "a propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto". Também o art. 38 da Lei nº 6.830/80, traz disposição semelhante em relação às ações judiciais de mandado de segurança, repetição do indébito ou anulatória do ato declarativo da dívida. Fl. 690DF CARF MF 8 Portanto, a questão principal, qual seja, a semestralidade da base de cálculo do PIS/Pasep e o aproveitamento em procedimento de auto compensação do crédito originado dos pagamentos a maior, foram submetidas ao crivo do Poder Judiciário antes mesmo da autuação fiscal, e, portanto, não devem ser aqui conhecidas, a teor do enunciado da Súmula CARF nº 1, consolidada nos termos do artigo 2º da Portaria nº 49, de 1º de dezembro de 2010 (DOU 09/12/2010, Seção I, p. 235): Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. O art. 87 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, regulamentou a matéria no mesmo sentido: Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no 6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. Da mesma forma, foi publicado o Parecer Normativo COSIT (RFB) nº 7, publicado em 27 de agosto de 2014: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ementa: CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL COM O MESMO OBJETO. PREVALÊNCIA DO PROCESSO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. DESISTÊNCIA DO RECURSO ACASO INTERPOSTO. "(...) A propositura pelo contribuinte de ação judicial de qualquer espécie contra a Fazenda Pública com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso de qualquer espécie interposto". "(...) A definitividade da renúncia às instâncias administrativas independe de o recurso administrativo ter sido interposto antes ou após o ajuizamento da ação". Portanto, as matérias recorridas, tais como: “compensações”, "semestralidade", "inaplicabilidade do art. 170A do CTN", "parcial duplicidade com o PAF nº 19647.001053/200411" e "multa e juros respectivos" não podem ser conhecidas pelo Colegiado, em face da aplicação da Súmula CARF nº 1, ou seja, por serem objeto resultantes e tratadas na Ação Judicial referenciada. Citese como exemplo, o fato de o contribuinte ter submetido ao crivo do Poder Judiciário a questão envolvendo a semestralidade da base de cálculo do PIS/Pasep, que apontaria a existência de recolhimentos feitos a maior e, Fl. 691DF CARF MF Processo nº 12883.001356/200221 Acórdão n.º 3402003.876 S3C4T2 Fl. 688 9 consequentemente, o aproveitamento desses créditos em procedimento de compensação, ou de autocompensação. Por fim, concluise que o objeto do presente processo é matéria que foi discutida na ação Judicial no Mandado de Segurança nº 98.91343, da 10ª Vara da Justiça Federal no Recife (PE), com decisão judicial transitada em julgado proferida nos autos da ação nº 000913475.1998.4.05.8300, que, a rigor do que consta dos autos, foi objeto de análise e da Informação Fiscal nº 84, prolatada pelo Fisco em 04/03/2016, conforme seu item 23, que consignou o seguinte (fls. 624 e seguintes): "(...) 23. Por fim, temos a informar que, tendo em vista que apuração já realizada pelo SEORT, desta DRF, no processo 19647000.078/200499, verificou que os créditos de PIS, apurados nos termos da decisão judicial transitada em julgado, proferida nos autos da ação judicial 98.00091343, são suficientes para liquidar débitos de PIS PA Junho/98 a Agosto/2000, estamos cientificando o CARF quanto a esta informação mediante a sua juntada ao processo 12883 001.356/200221 (grifei). 4. Conclusão Em face de todo o acima exposto, NÃO CONHEÇO do recurso voluntário, uma vez que o mesmo versa sobre as matérias submetidas ao crivo do Poder Judiciário, devendo a Unidade de origem (DRF/Sorocaba/SP) atentar para o cumprimento dos termos em que se deu transitada a propalada Ação Judicial Mandado de Segurança nº 98.91343, da 10ª Vara da Justiça Federal no Recife (PE). É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 692DF CARF MF
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Numero do processo: 10940.901189/2009-30
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
ESTIMATIVA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84).
Numero da decisão: 9101-002.656
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário.
[assinado digitalmente]
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. [assinado digitalmente] Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 180301.180, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte acerca da possibilidade de compensação de créditos de pagamentos de estimativas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 0. 90 11 89 /2 00 9- 30 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10940.901189/200930 Acórdão n.º 9101002.656 CSRFT1 Fl. 3 2 O Acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o argumento jurídico da não homologação, entendendo ser possível a compensação de créditos de pagamentos de estimativas. Em seguida, para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial de divergência, por entender que a decisão de reconhecer a possibilidade de compensação do valor indevidamente pago, ou pago a maior, de estimativa é fruto de interpretação da legislação tributária que conflita com a interpretação adotada no acórdão paradigma colacionado aos autos. O recurso foi admitido por meio do despacho do Presidente da Câmara. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9101002.610, de 16/03/2017, proferido no julgamento do processo 10280.900603/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9101002.610): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento, na forma como foi admitido. O contribuinte apresentou DCOMP apontando indébito oriundo de pagamento a maior de estimativa. Ao apreciar a referida declaração, a Receita Federal não homologou a compensação, sob o fundamento de que o pagamento de estimativa não é passível de compensação, devendo compor a apuração anual do tributo. A decisão recorrida foi no sentido oposto, reconhecendo o direito de o contribuinte compensar o indébito de estimativa, devolvendo os autos para a unidade de origem, para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário pleiteado, vez que essa matéria ainda não sofreu apreciação pela Administração Tributária. O recurso especial veio para que esta Câmara Superior reforme a decisão recorrida, restabelecendo a declaração de impossibilidade de o contribuinte compensar crédito de estimativa, nos termos da legislação infralegal então em vigor. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10940.901189/200930 Acórdão n.º 9101002.656 CSRFT1 Fl. 4 3 Todavia, a IN RFB nº 900, de 2008, retirou a referida proibição do ordenamento tributário e é pacífico na jurisprudência administrativa o entendimento de que seus efeitos devem retroagir para alcançar as compensações pendentes de decisão administrativa. Esse entendimento é adotado pela própria Administração Tributária, exteriorizado por meio da Solução de Consulta Interna Cosit n° 19, de 05/12/2011, assim ementada: ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. No âmbito deste Tribunal Administrativo, a matéria foi pacificada por meio da Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da Procuradoria, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, negolhe provimento, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. assinado digitalmente Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10940.901189/200930 Acórdão n.º 9101002.656 CSRFT1 Fl. 5 4 Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 207DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.000971/2005-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-000.691
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, admitir os Embargos de Declaração, mas sobrestar o julgamento até decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal em matéria sob repercussão geral, em razão do art. 62-A do Regimento Interno do CARF.
JÚLIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente
EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Clauter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ângela Sartori.
Nome do relator: Não se aplica
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SOBRESTAMENTO. TEMA SOB REPERCUSSÃO GERAL NO STF. Recorrente ANTILHAS EMBALAGENS EDITORA E GRÁFICA S/A Recorrida DRJ CAMPINASSP Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, admitir os Embargos de Declaração, mas sobrestar o julgamento até decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal em matéria sob repercussão geral, em razão do art. 62A do Regimento Interno do CARF. JÚLIO CESAR ALVES RAMOS Presidente EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Clauter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ângela Sartori. Relatório Tratase dos Embargos de Declaração de fls. 852/871, interpostos tempestivamente pela contribuinte no Acórdão nº 20312.405 (fls. 808/812). Preliminarmente a Embargante pede esclarecimentos à autoridade executora do Acórdão embargado, vez que teria desprezado advertência constante do voto embargado, segundo a qual na execução do julgado deve ser considerada a existência da ação judicial transitada em julgado. Em seguida aponta quatro omissões, relativas aos seguintes temas: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 82 .0 00 97 1/ 20 05 -4 8 Fl. 992DF CARF MF Processo nº 10882.000971/200548 Resolução nº 3401000.691 S3C4T1 Fl. 881 2 nulidade dos dois Autos de Infração, relativos à Cofins e ao PIS, porque teriam se dado com base em presunções, ponto no qual repete os itens 7 a 27 da Impugnação; creditamento de valores pela a manutenção de maquinário; aplicação da alíquota sobre os estoques de abertura, antes da não cumulatividade; e aproveitamento de créditos com gastos de energia elétrica, esta específica para o Auto de Infração do PIS, as três anteriores atingindo também o Auto de Infração da Cofins. Afirma que os quatro temas elencados foram devidamente argüidos na Impugnação e reiterados no Recurso Voluntário, passando então a explanálos novamente. Requer, ao final, o recebimento e acolhimentos dos Embargos com efeitos infringentes, julgandose improcedentes os dois lançamentos. Voto Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, Relator Verifico as quatro omissões apontadas pelo Embargante, já que o resultado e voto do Acórdão embargado são por negar provimento ao recurso voluntário em face de opção pela via judicial, mas deixando de considerar as matérias dissociadas. Vendo a dissociação parcial, o acórdão da DRJ não conheceu apenas em parte da Impugnação. Por isso analisou os quatro temas apontadas pelo ora Embargante, sendo que dois deles constam, inclusive, da ementa da primeira instância, que transcrevo: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2004, 01/11/2004 a 31/12/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. ESTOQUE DE ABERTURA. ALÍQUOTA. A alíquota a ser aplicada no estoque de abertura antes da entrada em vigor das normas da não cumulatividade da Cofins é de 3%. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2002, 01/03/2003 a 31/08/2003, 01/10/2003 a 31/12/2003, 01/11/2004 a 31/12/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. ESTOQUE DE ABERTURA. ALÍQUOTA. A alíquota a ser aplicada no estoque de abertura antes da entrada em vigor das normas da não cumulatividade do PIS é de 0,65%. NÃOCUMULATIVIDADE. ENERGIA ELÉTRICA. CRÉDITOS. O aproveitamento de créditos na sistemática nãocumulativa do PIS decorrentes da energia elétrica consumida somente pode ser efetuado a partir de 01/02/2003. A DRJ também considerou “completamente improcedente a alegação de presunção na lavratura dos autos de infração” (fl. 688, in fine), bem como rejeitou o aproveitamento de créditos pela manutenção de equipamentos, afirmando o seguinte (fl. 690): Fl. 993DF CARF MF Processo nº 10882.000971/200548 Resolução nº 3401000.691 S3C4T1 Fl. 882 3 No que tange ao aproveitamento de créditos relativos à manutenção de equipamentos, tanto a consulta citada pela impugnante, como o art. 30 da Lei n° 10.833, de 2003, dizem respeito apenas à retenção na fonte. Seguindo o raciocínio da contribuinte, se esse dispositivo legal se refere apenas a bens imóveis (segundo a consulta), concluise, contrario sensu, que no caso de bens móveis não há necessidade da retenção na fonte. Porém, isso não tem nenhuma implicação no aproveitamento ou não de crédito na manutenção de equipamentos, para o que, como bem disse a auditora fiscal, não há previsão legal. Destarte, levando em conta na peça recursal o contribuinte se reporta às razões da Impugnação, cabe admitir os embargos para complementar o Acórdão embargado, com análise das alegações constantes do Recurso Voluntário e ausentes da ação judicial. Dizem respeito às seguintes matérias, as três primeiras atingindo tanto o auto de infração da Cofins quanto o do PIS, a última, específica do lançamento do PIS: nulidade dos dois Autos de Infração; creditamento de valores pela a manutenção de maquinário; alíquota sobre os estoques de abertura, antes da nãocumulatividade; e aproveitamento de créditos com gastos de energia elétrica. Antes de tratar dos temas acima observo que a advertência constante do voto embargado, à qual alude o Embargante, no sentido de na execução deste acórdão a autoridade executora deve considerar o trânsito em julgado no Mandado de Segurança impetrado pelo contribuinte contra o § 1º do art. 3º da nº 9.718/98 (questionamento do aumento da alíquota da Cofins e do alargamento da base de cálculo das duas Contribuições, antes do ingresso na não cumulatividade), decorre do não conhecimento em parte do recurso voluntário. Como é cediço, as decisões judiciais devem ser cumpridas fielmente, de modo que eventual reflexo da referida ação mandamental nos dois lançamentos há de ser devidamente considerado. Descabe, aqui, nesta via estreita dos declaratórios, cuidar de suposta desobediência a decisão judicial. Admitidos os Embargos, a apreciação do mérito deve ser sobrestada, todavia, porque o tema relativo à alíquota sobre os estoques de abertura está sob repercussão geral no Supremo Tribunal Federal. O § 2º do art. 62A do Anexo II do RICARF1, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, impõe o sobrestamento deste novo julgamento, haja vista o Recurso Extraordinário nº 587108, cuja ementa é a seguinte (consulta ao site do STF na internet em 11/03/2003): 1 Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Fl. 994DF CARF MF Processo nº 10882.000971/200548 Resolução nº 3401000.691 S3C4T1 Fl. 883 4 EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. BENS EM ESTOQUE. CRÉDITO. ALÍQUOTA. LEI 10.637/2002, ART. 11, § 1º, E LEI 10.833/2003, ART. 12, § 1º. RELEVÂNCIA JURÍDICA E ECONÔMICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. O Colendo Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão em 15/08/2009, descrevendo o tema, sob o nº 179, assim (consulta ao site do STF na internet em 11/03/2003): 179 Compensação de créditos calculados com base nos valores dos bens e mercadorias em estoque, no momento da transição da sistemática cumulativa para a não cumulativa da contribuição para o PIS e da COFINS. Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 5º, caput; 150, II; e 195, § 12, da Constituição Federal, a constitucionalidade, ou não, do § 1º do art. 11 da Lei nº 10.637/2002 e do § 1º do art. 12 da Lei nº 10.833/2003, que disciplinam o direito de aproveitamento de créditos calculados com base nos valores dos bens e mercadorias em estoque, no momento da transição da sistemática cumulativa para a nãocumulativa da contribuição para o PIS e da COFINS. Não pode, pois, ser analisado nesta oportunidade, em obediência ao § 2º do art. do Anexo II do RICARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, que dispõe o seguinte: Como informa o sítio do Colendo Tribunal na internet (consulta em 03 de outubro de 2011), o debate Pelo exposto, levando em conta art. 62A, § 2º, do RICARF, voto por sobrestar o julgamento até que o STF decida sobre a constitucionalidade (ou não) das alíquotas do PIS e Cofins nãocumulativos a serem aplicadas sobre o estoque de transição entre os regimes cumulativo e nãocumulativo, fixadas pelo § 1º do art. 11 da Lei nº 10.637/2002 e § 1º do art. 12 da Lei nº 10.833/2003. Somente após decisão transitada em julgado do Colendo Tribunal sobre o tema é que o processo deve retornar a esta Turma para julgamento. Emanuel Carlos Dantas de Assis Fl. 995DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 36202.001292/2007-53
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2000 a 01/03/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO.
Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
SÚMULA CARF nº 101.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-005.152
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2000 a 01/03/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO. Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. SÚMULA CARF nº 101. Recurso especial provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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SÚMULA CARF N° 101 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2000 a 01/03/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO. Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. SÚMULA CARF nº 101. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 36 20 2. 00 12 92 /2 00 7- 53 Fl. 496DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão em Recurso Voluntário nº 280300.900, de 28 de julho de 2011, proferido pela 3ª Turma Especial da 2ª Seção do CARF. A seguir, para fins de esclarecimento, encontramse reproduzidas as ementa e decisum do referido acórdão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2000 a 01/03/2006 RGPS X RPPS LANÇAMENTO VINCULADO AO RGPS. DECADÊNCIA PARCIAL. RECONHECIMENTO. LANÇAMENTO NO RPPS. AUSÊNCIA. ENTE PÚBLICO É CONTRIBUINTE DO RGPS. SELIC APLICABILIDADE LEI QUE AUTORIZA. SAT CRITÉRIOS FIXADOS EM LEI. LEGALIDADE NA COBRANÇA. Recurso Voluntário Provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a), acatando parcialmente a preliminar de decadência, para afastar as competências, 01/2000 a 09/2000; 11/2000 e 12/2000; 01/2001 e 02/2001; 04/2001 e 05/2001; 09/2001 do Levantamento PCN, bem como a competência 03/2001 do Levantamento PCI, embora a decadência resulte em julgamento com resolução de mérito, rejeitando as demais teses arguidas. Nos termos da decisão acima, o colegiado, apreciando recurso voluntário contra decisão de primeira instância, referente a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, decidiu dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a decadência das contribuições apuradas em algumas das competências objeto do lançamento, pelos motivos a seguir apresentados. (a) Determinou a aplicação alternativa das regras decadenciais dispostas nos arts. 150, § 4º e 173, I, da Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN): para as competências com antecipação de pagamento, aplicou a regra decadencial do art. 150, § 4º do CTN, reconhecendo a decadência das contribuições cuja competência tivesse vencido antes de 28/12/2001; e Fl. 497DF CARF MF Processo nº 36202.001292/200753 Acórdão n.º 9202005.152 CSRFT2 Fl. 6 3 para as competências sem antecipação de pagamento, aplicou a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, reconhecendo a decadência das contribuições até a competência 12/2000. A seguir, encontramse reproduzidos os termos da decisão recorrida, conforme acima referido: No presente caso a meu ver as duas regras terão incidência, isto é, a do artigo 150, § 4°, e a do artigo 173, I, ambas, da Lei 5.172/66, porém de acordo com a ocorrência dos pagamento discriminados no Discriminativo Analítico de Débito – DAD, de fls. 04 a 22. Desta forma, como o lançamento se deu em 27/12/2006, ao retroagirse cinco (05) anos, surgirá o marco decadencial de 28/12/2001, isto é, todas as competências que se venceram antes desta data e que tiveram antecipação de pagamento estavam decadentes no ato da constituição do crédito. Assim sendo, a decadência ocorreu nos termos do artigo 150, § 4º, da Lei 5.172/66 até a competência 28/12/2001, inclusive. No que tange, as competências sem antecipação de pagamento a decadência assim se verifica. As competências do ano de 2000 podem ser lançadas a partir de 01/01/2001, desta forma em 01/01/2006 todas tornaramse decadentes, inclusive a 12/2000. (b) realizou a contagem do prazo do art. 173, I, do CTN, a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, por entender ser essa a regra vinculante do Recurso Especial n° 973.733/SC, com efeito repetitivo, nos seguintes termos: Aplicase a decadência acima descrita em qualquer dos dispositivos legais o precedente da Primeira Seção do STJ submetido ao rito do artigo 543C, do CPC RESP 973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 12.08.2009, DJe 18.09.2009), nos termos do artigo 62A da Portaria MF/GM 256/2009 – Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, assim tais valores devem ser excluídos do presente crédito. Cientificada da decisão, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, requerendo a reforma do acórdão, no tocante ao critério de contagem do prazo previsto pelo art. 173, I, do CTN. Alega que o prazo deveria ser contado a partir do primeiro dia do exercício subsequente àquele em que o tributo poderia ter sido lançado, em detrimento do critério utilizado pela decisão recorrida, de contagem a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao do fato gerador. Pede, assim, que seja afastada a decadência do direito de lançar o crédito tributário referente à competência de 12/2000. Foi dado seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional pelo Presidente da Câmara. Cientificado do acórdão, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho que o admitiu, o contribuinte apresentou contrarrazões requerendo que fosse negado provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional e defendendo os termos da decisão Fl. 498DF CARF MF 4 recorrida. Em suas contrarrazões, defende que está correta a interpretação dada à decisão judicial vinculante pela decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. A discussão cingese à determinação do critério jurídico de aplicação da regra decadencial veiculada pelo art. 173, I, do CTN, se: (a) a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao do fato gerador, conforme entendido pela decisão recorrida ou (b) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o tributo poderia ter sido lançado, conforme defendido pela recorrente. Antes de analisar a questão, porém, é importante esclarecer que não cabe mais aqui perquirir a existência ou não de pagamento antecipado, independentemente do entendimento do colegiado a quo, do que seria pagamento antecipado, porque foi peremptoriamente afirmada sua inexistência, sem qualquer oposição do sujeito passivo em sede de contrarrazões. Ora, fato afirmado por uma parte e não contradito pela outra deve ser considerado como verdadeiro pelo julgador. Feito o esclarecimento acima, volto à análise da questão, cujo deslinde é simples, por se tratar de matéria sumulada a que os conselheiros do CARF estão vinculados. Tratase da Súmula CARF n° 101, cujo enunciado é reproduzido abaixo: Súmula CARF nº 101 : Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Portanto, de fato, conforme defendido pela recorrente, na hipótese de aplicação do art. 173, I, do CTN, que é o caso em questão, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 499DF CARF MF Processo nº 36202.001292/200753 Acórdão n.º 9202005.152 CSRFT2 Fl. 7 5 Fl. 500DF CARF MF
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Numero do processo: 10831.002649/98-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-002.452
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos sem efeitos infringentes. Fez sustentação oral pela Recorrente, o Advogado Antônio Airton Ferreira, OAB nº 156.464/SP.
(assinatura digital)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: WINDERLEY MORAIS PEREIRA (Presidente), JOSÉ LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, CASSIO SCHAPPO, ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAÚJO, PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA, TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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Data do gato gerador: 01/08/1998. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÕES MATERIAIS. Havendo omissão, contradição ou obscuridade, os embargos devem ser admitidos conforme regimento interno deste Conselho e eventual lapso manifesto deve ser sanado e os Embargos de Declaração considerados Embargos Inominados nos moldes do Art. 65 e 66 do Ricarf. Constatado erro material no acórdão, são cabíveis embargos inominados para correção do vício, passando esse acórdão a ter as seguintes ementa e decisão: Ementa: "Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 01/08/1998 TRÂNSITO ADUANEIRO. ROUBO DE CARGA O registro da ocorrência de roubo em Boletim de Ocorrência perante a autoridade policial não é suficiente para a exclusão de responsabilidade tributária. Na falta de comprovação de força maior, pelo interessado, sua responsabilidade não pode ser excluída, a teor do art. 480 do RA/85. A legislação vigente, permite à autoridade aduaneira responsabilizar o transportador, de acordo com o disposto no art. 276, § 1° e 2° do RA185, no caso de nãochegada da mercadoria, em Regime de Trânsito Aduaneiro, na unidade da SRF de destino. MULTAS. Cabíveis em face do disposto no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 1. 00 26 49 /9 8- 69 Fl. 772DF CARF MF 2 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. O descumprimento de requisitos essenciais do lançamento contraria ao disposto no art. 142, do CTN e nos art. 11 e 59, do Decreto 70.235/72, autorizando a declaração de nulidade desse lançamento por vício material. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO." Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos sem efeitos infringentes. Fez sustentação oral pela Recorrente, o Advogado Antônio Airton Ferreira, OAB nº 156.464/SP. (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: WINDERLEY MORAIS PEREIRA (Presidente), JOSÉ LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, CASSIO SCHAPPO, ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAÚJO, PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA, TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO. Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte em face do Acórdão 30238.00 de fls. 576 (antiga 547), cuja Ementa abaixo se transcreve: "Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 01/08/1998 Ementa: TRÂNSITO ADUANEIRO. ROUBO DE CARGA O registro da ocorrência de roubo em Boletim de Ocorrência perante a autoridade policial não é suficiente para a exclusão de responsabilidade tributária. Na falta de comprovação de força maior, pelo interessado, sua responsabilidade não pode ser excluída, a teor do art. 480 do RA/85. A legislação vigente, permite à autoridade aduaneira responsabilizar o transportador, de acordo com o disposto no art. 276, § 1° e 2° do RA185, no caso de nãochegada da mercadoria, em Regime de Trânsito Aduaneiro, na unidade da SRF de destino. Fl. 773DF CARF MF Processo nº 10831.002649/9869 Acórdão n.º 3201002.452 S3C2T1 Fl. 773 3 MULTAS. Cabíveis em face do disposto no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. VÍCIO FORMAL. O descumprimento de requisitos essenciais do lançamento contraria ao disposto no art. 142, do CTN e nos art. 11 e 59, do Decreto 70.235/72, autorizando a declaração de nulidade desse lançamento por vício formal. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO." Alega em síntese que houve a tempestividade do Embargos de Declaração pelo fato de ter sido cientificado somente em 09/03/2009 e apresentado os Embargos em 12/03/2009, dentro do prazo de cinco dias. Assim como alega que houve erro na publicação do Acórdão, sendo que na Ementa consta a palavra Vício Formal mas deveria constar a palavra Vício Material, em razão da nulidade ter sido declarada pelo colegiado por ter reconhecido vícios materiais no lançamento. O Despacho de admissibilidade de fls 766 assim concluiu pela admissibilidade dos Embargos: "(...) Assim, entendo que existe contradição e obscuridade na decisão embargada, além da omissão, no voto, da questão da natureza do vício ensejador da nulidade, mencionado apenas na ementa. Com essas considerações, admito os embargos de declaração opostos pelo sujeito passivo, por constatada contradição, omissão e obscuridade na decisão embargada. Determino a inclusão deste processo em lote para sorteio no âmbito desta Terceira Seção de julgamento, uma vez que a Turma julgadora foi extinta e a Relatora não mais integra nenhum dos colegiados desta 3ª Seção. assinado digitalmente HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção.". Os autos foram distribuídos e pautados conforme determinação do Presidente da primeira Câmara em que se situava a Turma julgadora, reproduzida acima. Ressaltase que o Presidente, desta Turma, reconheceu a validade do Despacho de Admissibilidade acima e permitiu o andamento do julgamento, conforme fls 770 e 771. É este o breve relato que importa ao julgamento dos Embargos de Declaração. Fl. 774DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Conforme levantado pelo contribuinte em seus Embargos, o Acórdão embargado decidiu que não houve lançamento, assim como, o "lançamento complementar", já havia sido alcançado pela decadência, o que se confirma em breve análise do Acórdão embargado. Estão presentes os requisitos básicos para a admissibilidade dos Embargos de Declaração, de pronto, porque é possível verificar que há obscuridade no Acórdão embargado, porque este não tratou nem fundamentou, no corpo do voto, que a razão da nulidade do lançamento foi o vício formal, mas afirmou na Ementa ter ocorrido vício formal ao mesmo tempo que nesta Ementa afirmou pela ausência de requisitos essenciais do lançamento. O último documento juntado aos autos, em fls. 766, é um Despacho de Admissibilidade de 21 de Dezembro de 2015 de Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte em fls 614, em face do Acórdão mencionado, em que o Presidente da 1.ª Câmara da 3.ª Seção, à época, admitiu os Embargos de Declaração e determinou a distribuição mediante sorteio para esta terceira seção de julgamento. E assim os autos foram distribuídos para esta Turma. Contudo, em análise dos autos verificase em fls. 584, que há também nos autos os Embargos de Declaração opostos pela União e este já foi admitido e inclusive julgado anteriormente conforme Acórdão deste Conselho de fls 589 dos autos. Nos autos também está presente um Recurso Especial não julgado, apresentado pela União após a negativa de seus Embargos de Declaração conforme Acórdão de fls. 589 mencionado acima. Ainda está pendente de julgamento esse Recurso Especial da União, conforme pode ser verificado em fls. 595 e em fls. 606, em que há seu exame de admissibilidade e a determinação de seu seguimento mas não há distribuição à Câmara Superior ou qualquer julgamento posterior juntados aos autos. Assim, tratandose de uma situação em que ambas as partes apresentaram Embargos de Declaração mas somente o da União foi julgado, entendese que o recente despacho de admissibilidade de fls. 766 foi proferido no sentido de prover o devido processo legal ao contribuinte, para que este tenha seus Embargos de Declaração também julgados, antes mesmo do Recurso Especial ser distribuído ou julgado na Câmara Superior. DO LAPSO MANIFESTO CONTRADIÇÃO ENTRE EMENTA E CORPO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. Verificase pela logística/trâmite do processo que será necessário sanar o lapso manifesto da ausência do julgamento do Embargos Declaratórios do Contribuinte, independentemente do Recurso Especial da União já ter sido admitido. Fl. 775DF CARF MF Processo nº 10831.002649/9869 Acórdão n.º 3201002.452 S3C2T1 Fl. 774 5 Logo, os demais trâmites devem ficar paralisados até que os Embargos Declaratórios do contribuinte sejam julgados. O julgamento do Embargos Declaratórios deverá se ater à omissão, contradição ou obscuridade ou lapso manifesto apontado na peça do contribuinte, que levantou os seguintes pontos, apresentados de forma resumida a seguir: que a notificação para pagamento de fls. 76 não é lançamento; que a notificação de fls 155 não seria uma complementação de lançamento e sim um novo lançamento, alcançado pela decadência; cita possível contradição na parte dispositiva, em que a relatora dá provimento ao recurso mas faz uma observação, resumida a seguir: em razão da lide estar resolvida pelas deficiências do lançamento, não foi necessário apreciar as questões de mérito e ressalva que se apreciasse o mérito, o contribuinte não teria êxito; o contribuinte alega que o crédito foi fulminado por razões materiais, porque além da decadência, um mero termo de responsabilidade não teria força para constituir o crédito tributário; cita a Ementa, em que consta a palavra "vício formal". apresenta a dúvida que deseja ver sanada: diz que para a ocorrência do vício formal, o crédito estaria sempre formalizado ou constituído e tal vício formal seria algo meramente secundário e não essencial. Ressalta que não é possível encontrar esse entendimento no corpo do voto do Acórdão embargado. por fim, solicita que a dúvida entre os termos da ementa e o corpo do Acórdão seja sanada. Logo, verificase que a lide está delimitada ao pedido, conforme mencionado acima. Sendo, então, a obscuridade ou contradição a ser sanada a possibilidade de constar as palavras vício material ou vício formal na Ementa da decisão embargada e, considerando que a manutenção das palavras vício formal poderia prejudicar o contribuinte, em razão do disposto no inciso II do Art. 173 do CTN1, certamente a Ementa deverá ser corrigida. Para corrigir a Ementa, diante de breve análise da lide administrativa, verificase na decisão embargada que o "lançamento complementar", que seria o instrumento correto para o lançamento em vez da primeira e equivocada notificação de pagamento, foi considerado decaído por virtude do inciso I do próprio Art. 173 do CTN. 1 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Fl. 776DF CARF MF 6 Ou seja, foi extinto o direito da Fazenda constituir o crédito com o reconhecimento da decadência nos moldes do mencionado inciso I acima e do Art. 156, V, do mesmo codex. O ilustre doutrinador Hugo de Brito Machado trata do tema de forma assertiva e percuciente, conforme transcrito a seguir: "O direito do qual a Fazenda Pública é titular de constituir o crédito tributário é um direito potestativo. Sua satisfação depende apenas da própria Fazenda Pública, que pode fazer o lançamento mesmo contra a própria vontade do contribuinte. E a extinção desse direito de fazer o lançamento implica a extinção da própria relação jurídica obrigacional tributária entre o Fisco e o contribuinte; dizendose, por isto, que a decadência extingue o crédito tributário." O Acórdão fundamentou muito bem suas conclusões ao explicitar que a pretendida notificação de pagamento não é documento hábil para lançar tributo, assim como a "complementação do lançamento", foi um novo lançamento, já alcançado pela decadência. Somado a esse entendimento, a primeira notificação de pagamento não identificou os elementos da constituição do crédito, os elementos materiais, como o fato gerador, a matéria tributável, a descrição e fundamentação do lançamento, situação que certamente configura a ocorrência de vício material. Este entendimento encontra amparo no Art. 142 do CTN, assim como na solução de consulta interna COSIT n.º 8/2013 e na doutrina jurídico tributária brasileira. É importante recordar que existe precedente da CSRF deste Conselho que exige que a natureza do vício seja explicitada (Acórdão CSRF 9303004.325), em sede de Embargos de Declaração. Qualquer discussão a respeito do acerto ou erro do voto do Acórdão embargado poderá ser realizada em outro âmbito ou instrumento que não os Embargos de Declaração, tornandose definitiva a questão que não for discutida em recurso especial dentro deste âmbito de recursos administrativos fiscais (vide Art. 42, II, do Decreto 70235/72). Diante deste passo à solução do lapso manifesto e obscuridade apontada, é possível concluir que na Ementa do voto, a solução mais adequada será constar as palavras "vício material", uma vez que a Ementa deve refletir o julgamento. Dessa forma, a Ementa do Acórdão 302.38.008, fls. 576, passará a ter a seguinte redação: "Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 01/08/1998 Ementa: TRÂNSITO ADUANEIRO. ROUBO DE CARGA O registro da ocorrência de roubo em Boletim de Ocorrência perante a autoridade policial não é suficiente para a exclusão de responsabilidade tributária. Na falta de comprovação de força maior, pelo interessado, sua responsabilidade não pode ser excluída, a teor do art. 480 do RA/85. A legislação vigente, permite à autoridade aduaneira responsabilizar o transportador, de acordo com o disposto no art. 276, § 1° e 2° do RA185, no caso de nãochegada da mercadoria, Fl. 777DF CARF MF Processo nº 10831.002649/9869 Acórdão n.º 3201002.452 S3C2T1 Fl. 775 7 em Regime de Trânsito Aduaneiro, na unidade da SRF de destino. MULTAS. Cabíveis em face do disposto no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. O descumprimento de requisitos essenciais do lançamento contraria ao disposto no art. 142, do CTN e nos art. 11 e 59, do Decreto 70.235/72, autorizando a declaração de nulidade desse lançamento por vício material. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO." Diante do exposto, com fundamento nos Art. 65 e 66 do Ricarf, votase por ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (considerados embargos inominados), SEM EFEITOS INFRINGENTES, para constar as palavras "vício material" na Ementa do Acórdão 302.38.008, fls. 576. Voto proferido. (assinatura digital) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 778DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13784.720044/2014-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. EFETIVO PAGAMENTO. INFORME DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
É dedutível da base de cálculo do imposto de renda os valores efetiva e comprovadamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de acordo homologado judicialmente. O Informe de Rendimentos e de Imposto de Renda Retido na Fonte emitido pela fonte pagadora é competente para comprovar o efetivo pagamento da pensão alimentícia a filhos menores de 21 anos.
Numero da decisão: 2201-003.539
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
assinado digitalmente
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 28/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. EFETIVO PAGAMENTO. INFORME DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. É dedutível da base de cálculo do imposto de renda os valores efetiva e comprovadamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de acordo homologado judicialmente. O Informe de Rendimentos e de Imposto de Renda Retido na Fonte emitido pela fonte pagadora é competente para comprovar o efetivo pagamento da pensão alimentícia a filhos menores de 21 anos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 28/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
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PENSÃO ALIMENTÍCIA. EFETIVO PAGAMENTO. INFORME DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. É dedutível da base de cálculo do imposto de renda os valores efetiva e comprovadamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de acordo homologado judicialmente. O Informe de Rendimentos e de Imposto de Renda Retido na Fonte emitido pela fonte pagadora é competente para comprovar o efetivo pagamento da pensão alimentícia a filhos menores de 21 anos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 78 4. 72 00 44 /2 01 4- 35 Fl. 97DF CARF MF 2 Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 28/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da DRJCampo GrandeMS que julgou improcedente a Impugnação e manteve o crédito tributário lançado através da Notificação de Lançamento nº 2011/961273790298046 (fls. 07/16) decorrente do trabalho de malhafina na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2011, anocalendário 2010, do Recorrente, exigindo imposto suplementar no valor de R$ 22.034,28, com multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) – (R$ 16.525,71); e juros de mora (R$5.261,78). O lançamento é decorrente das seguintes condutas: Dedução indevida com previdência privada, no valor tributável de R$ 1.548,25 (fls. 09). Dedução indevida com instrução de dependente, no valor tributável de R$ 2.830,84 (fls. 10). Dedução indevida de pensão alimentícia judicial paga às excônjuges e duas filhas, por deixar de apresentar documentos que comprovassem o efetivo pagamento, no valor tributável de R$ 66.716,82 (fls. 11). Dedução indevida de despesas médicas de dependente, no valor tributável de R$ 9.028,73 (fls. 12). O Recorrente apresentou Impugnação tempestiva (fls. 02/05), concordando com as glosas relativas às despesas com previdência social, instrução de dependentes e algumas despesas médicas, mas requerendo o restabelecimento das glosas de pensão alimentícia e das despesas médicas havidas com os médicos Helder Dias Moreira, Eliane Maria da Silva Milonopoulos, Maria de Lourdes Rosa Guimarães e Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil PREVI). A Impugnação foi julgada parcialmente procedente, para restabelecer as despesas médicas questionadas, porém manter a glosa relativa à pensão alimentícia, conforme assim ementado pela DRJCampo GrandeMS: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. São dedutíveis da base de cálculo mensal e na declaração de ajuste apenas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia, inclusive a prestação de alimentos provisionais, conforme normas do Direito de Família, sempre em decorrência de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13784.720044/201435 Acórdão n.º 2201003.539 S2C2T1 Fl. 93 3 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. A dedutibilidade das despesas médicas está condicionada à comprovação de sua efetividade e de que foi em benefício do próprio contribuinte ou de dependente a ele vinculado. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Cientificado da decisão de primeira instância em 19/05/2014 (fls. 70), o Recorrente interpôs tempestivamente, em 11/06/2014, Recurso Voluntário (fls. 71/72), reafirmando a legitimidade da dedução relativa ao pagamento de pensão alimentícia, fundamentada nos documentos juntados, em especial no Informe de Rendimentos emitido pela CASSI. Ao final, requer o acolhimento e provimento ao recurso. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Dedução de Pensão Alimentícia O Direito de Família estabelece duas modalidades de obrigações alimentares a que estão sujeitos os pais em relação aos filhos. A primeira, decorrente do poder familiar, sujeita os pais ao dever de sustento, guarda e educação dos filhos durante a menoridade (CC, Art. 1.566, IV). A segunda, proveniente da relação de parentesco, referese aos parentes que não possuem condições de prover a sua própria subsistência (CC, Arts. 1.694, 1.695 e 1.701). Já a legislação do imposto de renda, em especial a Lei nº 9.250/95, permite a dedução de pensão alimentícia judicial da base de cálculo do IRPF e estabelece expressamente requisitos, limitações e formas expressas para sua legitimidade, conforme adiante: Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; Fl. 99DF CARF MF 4 Da interpretação conjunta das normas de Família e Tributária, temse que o direito à dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família da base de cálculo do IR está condicionado à comprovação dos seguintes requisitos: 1) existência de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou escritura pública que obrigue o Alimentante a pagar pensão; 2) ocorrência do pagamento, suportado pelo Alimentante. Ainda, conforme a conclusão acima, tais alimentos devem observar os requisitos de dependência, para que sejam utilizados como dedução para fins de imposto de renda. Colocadas as premissas materiais, cumpre justificar legalmente o trabalho de fiscalização. O Decreto nº 5.844/43 (Art. 11, § 3º) – que trata da cobrança e fiscalização do imposto – dispõem que todas as deduções informadas pelos Recorrentes em suas Declarações de Ajuste Anual são sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, conforme abaixo: Decreto nº 3.000/99 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). Decreto nº 5.844/43 Art. 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas neste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. (...) § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. Temse, assim, que a legislação transcrita confere à autoridade fiscal – que age no intuito de defender o interesse público (“arrecadação tributária”) –, o poder de exigir, para análise da dedução de despesas com pensão alimentícia, outros documentos além de recibos, declarações particulares e a própria DIRPF, que busquem comprovar o efetivo pagamento da pensão e, principalmente, o efetivo desembolso dos valores declarados como despesa a esse título, que demonstrem ter o Recorrente sofrido o ônus econômico das quantias que pretender ver deduzidas, em contrapartida ao primeiro. Isso porque recibos, declarações particulares e a própria DIRPF não fazem prova única e definitiva da efetiva ocorrência dos pagamentos informados na declaração do Recorrente. Os dados informados nestes documentos não constituem verdade absoluta, ante a sua fragilidade em comprovar a realidade. No caso ora analisado, constatase que o Informe de Rendimentos emitido pela fonte pagadora do Recorrente (PREVIBB fls. 18) é suficiente para comprovar o efetivo pagamento da pensão alimentícia para as excônjuges e filhas daquele. Senão vejamos. O “Item nº 06” do mencionado informe demonstra que a fonte pagadora dos proventos do Recorrente destinou parcela dos seus rendimentos totais às suas excônjuges e filhas. Outrossim, o contribuinte se desincumbiu do ônus probatório ao juntar o acordo de divórcio homologado judicialmente às fls. 82/84 com a ex esposa Maria Elsa Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13784.720044/201435 Acórdão n.º 2201003.539 S2C2T1 Fl. 94 5 Americano Almada e às fls. 79 (decisão da separação judicial) com a ex esposa Elizabeth Monica Rosas Carneiro e às fls. 85/86 da pensão judicial a ex esposa e aos filhos e fls. 77 ofício judicial determinando os descontos. Portanto, a partir da comprovação de ter o Recorrente suportado o ônus financeiro do pagamento das pensões alimentícias judiciais, aliado ao cumprimento dos requisitos legais autorizadores da dedutibilidade fiscal pretendida, voto por restabelecer a dedução do valor relativo à pensão alimentícia. Conclusão Diante do exposto, com fundamento na legislação competente e nas disposições acima mencionadas, voto por conhecer e DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO, para reformar a decisão de primeira instância e restabelecer a dedução do valor relativo à pensão alimentícia. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 101DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.908135/2009-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 14/03/2001
RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido.
Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 14/03/2001
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS.
O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/03/2001
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA
Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.190
Decisão:
ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 14/03/2001 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 14/03/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/03/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1623; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.908135/200951 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.190 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de fevereiro de 2017 Matéria IPI. COMPENSAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Recorrente VITROTEC VIDROS DE SEGURANÇA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 14/03/2001 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 14/03/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificase na posição 7007 da TIPI. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/03/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 81 35 /2 00 9- 51 Fl. 72DF CARF MF Processo nº 13839.908135/200951 Acórdão n.º 3301003.190 S3C3T1 Fl. 3 2 ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário contra o Acórdão 14041.991, exarado pela 2ª Turma da DRJ/RPO em face de Despacho Decisório que denegou restituição pleiteada e, conseqüentemente, não homologou as compensações declaradas. A recorrente formalizou PER/DComp objetivando a compensação de pretensa diferença recolhida a maior relativa ao IPI. A fiscalização, a partir das características do DARF discriminado no PER/DComp, constatou que o crédito alegado como indevidamente pago foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva, onde alegou, em sede preliminar, que a fundamentação legal genérica do Despacho Decisório implicou cerceamento do seu direito de defesa. No mérito, sustentou que o direito à restituição decorre de recolhimento a maior de IPI face a erro de classificação de seus produtos (vidros não emoldurados destinados exclusivamente para serem utilizados no párabrisas e nas janelas dos veículos automotores das posições 8701 a 8705). Os mesmos foram classificados na posição 7007 (Vidros de Segurança), com alíquota de 15% de IPI, quando o correto, segundo motivos, julgados e princípio da seletividade, deveria ser na posição 8708 da TIPI (partes e acessórios dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705), com alíquota de 5%. Ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a DRJ/RPO julgoua IMPROCEDENTE, nos termos do Acórdão 14041.991, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 14/03/2001 NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. Somente são nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com comprovada preterição do direito de defesa. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13839.908135/200951 Acórdão n.º 3301003.190 S3C3T1 Fl. 4 3 RESTITUIÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. Inexiste erro de classificação fiscal se contribuinte lançou nos documentos fiscais e recolheu com a respectiva alíquota os vidros, utilizados como pára brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificados na posição 7007 da TIPI. Conseqüentemente, inexiste recolhimento indevido ou maior que o devido que se enquadre como crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado o contribuinte apresentou Recurso Voluntário replicando as alegações da Manifestação de Inconformidade. É o relatório, em sua essência. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.171, de 20 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 13839.904308/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.171): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. As indicações de folhas no presente voto, não havendo informação contrária, referemse à numeração constante no eprocesso. 1 Da Preliminar de Nulidade A recorrente alega que houve preterição do direito de defesa, ensejando a nulidade do despacho Decisório, por indicação inespecífica de dispositivo legal, nos seguintes termos: No despacho decisório que não homologou a compensação em tela constam como enquadramento legal: "Artigo 165 e 170, da Lei n°5.172 (CTN); Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. " Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13839.908135/200951 Acórdão n.º 3301003.190 S3C3T1 Fl. 5 4 Ocorre que os artigos contém parágrafos e incisos QUE NÃO FORAM DEVIDAMENTE ESPECIFICADOS, o que resultou na impossibilidade de a recorrente identificar qual deles fundamenta a decisão não homologatória da compensação, ou seja, EVIDENCIASE INDICAÇÃO INESPECÍFICA QUE CARACTERIZA FORMALIZAÇÃO INCORRETA, em flagrante contrariedade ao que dispõe a legislação que rege a matéria e que prevê a indicação clara e precisa dos dispositivos legais supostamente infringidos , o que não ocorreu no caso. Tal fato resulta em flagrante prejuízo à defesa do contribuinte, resultando em vício insanável que enseja a nulidade do despacho decisório". Não vislumbro nos autos qualquer preterição do direito de defesa. O Acórdão recorrido não merece reparos, nesse pormenor. O despacho Decisório encontrase suficientemente fundamentado e o enquadramento legal está adequado aos fatos apurados. Não há, na espécie, motivo para que a autoridade fiscal indicasse os incisos ou alíneas em que se subdividiam os artigos elencados. Andou bem o julgador de primeira instância, vejamos parte dos fundamentos de seu voto que: [...] "Contudo, o que constato é que, para um pedido genérico lastreado num DARF, regularmente utilizado, para a integral quitação de débitos, mormente por inexistir qualquer retificação do DARF e da DCTF, nenhuma outra capitulação legal seria possível, aliás, creio que foi até exaustiva no caso, pois, bastaria citar o artigo 171 do CTN, ou seja, que a compensação só se faz com créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional." [...] O excerto acima transcrito é suficientemente didático. Não há coerência lógica nos argumentos trazidos pela recorrente, senão o intuito de dar sobrevida ao litígio. Com o exposto, não se verifica qualquer cerceamento do direito de defesa, tampouco algum ato ou fato que ampare, ainda que de longe, a nulidade do Despacho Decisório. 2 Do Mérito O cerne do litígio está centrado da [in]existência do crédito disponível para restituição, submetido à PER/DComp, i.é., [in]existência de pagamento a maior de IPI por parte do contribuinte. A fiscalização, em procedimento de análise de PER/DComp, detectou que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O recorrente, por sua vez, alega que efetuou recolhimento de IPI a maior em face de equívoco na classificação fiscal de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores das posições 8701 a 8705 da Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13839.908135/200951 Acórdão n.º 3301003.190 S3C3T1 Fl. 6 5 TIPI. Originariamente efetuou os recolhimento do IPI com base na posição da TIPI 7007, alíquota de 15%, conquanto, no seu entender, deveria ter recolhido com base na posição 8708, alíquota de 5%. Sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. Em resumo temos que o recorrente sustenta que cometeu erro na classificação de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores, de sua fabricação e, como conseqüência, recolheu IPI a maior. É nessa matéria, classificação fiscal, que se limita a peça recursal. Outrossim, a exigência fiscal emerge da constatação por parte da fiscalização de que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Essa é a matéria posta originariamente pela fiscalização. Sobre ela nada falou o recorrente. Apressome a afirmar: ainda que o recorrente tenha êxito quanto a classificação por ele pretendida, fazse necessária a comprovação de que eventual pagamento a maior do IPI fora devidamente escriturado, bem assim que as obrigações acessórias tenham sido alteradas para contemplar os valores efetivamente devido do tributo, tornadoo liquido e certo. Portanto temos dois pontos a serem apreciados: (i) a liquidez e certeza do crédito alegadamente pago a maior e (ii) a correta classificação do produto. 2.1 A LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ALEGADAMENTE PAGO A MAIOR É notoriamente sabido que, nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Essa é a dicção do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Art. 373 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Disso não se desincumbiu o contribuinte. Do compulsar dos autos não se vislumbra nenhum elemento apresentado pela recorrente que tenha o condão de afastar as alegações da fiscalização que alicerçaram a negativa relativa ao pedido de restituição. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13839.908135/200951 Acórdão n.º 3301003.190 S3C3T1 Fl. 7 6 Noutra esteira, a fiscalização demonstrou que, relativamente ao crédito que se pretende ser indevido, há débitos a ele originariamente vinculados, portanto não disponíveis para restituição e, conseqüentemente, não servindo para custear compensação. Dessarte, depreendese que os valores de IPI que o recorrente pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez. 2.2 A CORRETA CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO Passo a apreciar a classificação fiscal adotada pelo contribuinte para o produto vidro não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores. Ressaltese que a classificação fiscal, no caso concreto, não influenciará diretamente na decisão quanto ao direito à restituição, posto que, isoladamente, eventual erro na classificação não é suficiente para dotar de liquidez e certeza o crédito pago a maior,. O recorrente sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. O Julgador a quo, em seu voto, constante do Acórdão recorrido, fundamenta exaustivamente as razões para descaracterizar a pretensa classificação dos vidros na posição 8708 e a necessária e correta classificação na posição 7007. vejamos excerto do voto: [...] Quanto ao mérito, nenhuma razão assiste ao interessado, sendo que a classificação fiscal do produto em questão já é pacificada na Receita Federal do Brasil desde 1998, quando, mediante o DEC SRRF 8ª RF nº 155/98, publicado no DOU em 06/08/98, classificou na posição 7007 da TIPI os vidros a serem utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis. [...] Não vislumbro razão para o aprofundamento da análise da presente matéria, a uma, pelo brilhante voto constante do Acórdão recorrido, não merecendo reparos, a duas, em face da publicação da Solução de Consulta do Centro de Classificação de Mercadorias da RFB, SC 56/2014, 1ª Turma, com a qual concordo e a utilizo como fundamento de minha decisão. Sua ementa é suficientemente esclarecedora: 7007.21.00 Vidro de segurança não emoldurado, formado por folhas contracoladas (vidro laminado), de espessuras que variam de 1 mm até mais de 6,5 mm, acompanhado de guarnição de borracha para vedação, destinado a uso como parabrisa de automóveis SC 296/2015 1ª Turma Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13839.908135/200951 Acórdão n.º 3301003.190 S3C3T1 Fl. 8 7 Como se vê o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis tem definida e consolidada sua classificação fiscal na posição 7007. Dispositivo Ante o exposto, considerando que (i) os créditos de IPI que se pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição, não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez e que (ii) o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis deve ser classificado fiscal na posição 7007, da TIPI, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14098.720153/2014-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012
BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO.
O ICMS integra os valores contidos no conceito de receita bruta, conforme legislação, e compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012
BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO.
O ICMS integra os valores contidos no conceito de receita bruta, conforme legislação, e compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012
SIGILO FISCAL. ACESSO DAS AUTORIDADES TRIBUTÁRIAS À MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. PERMISSÃO LEGAL RECONHECIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL.
O acesso das autoridades tributárias à movimentação financeira dos contribuintes é constitucional, observados os requisitos legais e regulamentares, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral.
MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO.
A multa qualificada é aplicada quando o conjunto de provas leva à convicção de que houve o comportamento ilícito e doloso por parte do contribuinte. As esferas criminais e administrativa tributária não distintas e independentes, nas áreas de sua competência.
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
Os juros de mora incidem sobre a multa de ofício, conforme interpretação sistemática da legislação pertinente.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012
ACORDÃO DE IMPUGNAÇÃO. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Não há previsão legal para a presença ou sustentação oral das partes nas sessões de julgamento das Delegacias de Julgamento da DRJ. Os princípios do contraditório e da ampla defesa devem ser equilibrados com os princípios da eficiência e celeridade do processo administrativo. Não há nulidade da decisão, por falta de presença ou sustentação oral das partes, quando o processo tramita regularmente.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-003.203
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Valcir Gassen, que divergiram quanto à incidência do ICMS na base de cálculo do Pis e da Cofins, e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, que divergiu sobre a incidência de juros sobre a multa de ofício.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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ementa_s : Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO. O ICMS integra os valores contidos no conceito de receita bruta, conforme legislação, e compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO. O ICMS integra os valores contidos no conceito de receita bruta, conforme legislação, e compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 SIGILO FISCAL. ACESSO DAS AUTORIDADES TRIBUTÁRIAS À MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. PERMISSÃO LEGAL RECONHECIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL. O acesso das autoridades tributárias à movimentação financeira dos contribuintes é constitucional, observados os requisitos legais e regulamentares, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. A multa qualificada é aplicada quando o conjunto de provas leva à convicção de que houve o comportamento ilícito e doloso por parte do contribuinte. As esferas criminais e administrativa tributária não distintas e independentes, nas áreas de sua competência. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Os juros de mora incidem sobre a multa de ofício, conforme interpretação sistemática da legislação pertinente. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 ACORDÃO DE IMPUGNAÇÃO. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há previsão legal para a presença ou sustentação oral das partes nas sessões de julgamento das Delegacias de Julgamento da DRJ. Os princípios do contraditório e da ampla defesa devem ser equilibrados com os princípios da eficiência e celeridade do processo administrativo. Não há nulidade da decisão, por falta de presença ou sustentação oral das partes, quando o processo tramita regularmente. Recurso Voluntário Negado
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INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO. O ICMS integra os valores contidos no conceito de receita bruta, conforme legislação, e compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO. O ICMS integra os valores contidos no conceito de receita bruta, conforme legislação, e compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 SIGILO FISCAL. ACESSO DAS AUTORIDADES TRIBUTÁRIAS À MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. PERMISSÃO LEGAL RECONHECIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL. O acesso das autoridades tributárias à movimentação financeira dos contribuintes é constitucional, observados os requisitos legais e regulamentares, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. A multa qualificada é aplicada quando o conjunto de provas leva à convicção de que houve o comportamento ilícito e doloso por parte do contribuinte. As Fl. 23009DF CARF MF 2 esferas criminais e administrativa tributária não distintas e independentes, nas áreas de sua competência. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Os juros de mora incidem sobre a multa de ofício, conforme interpretação sistemática da legislação pertinente. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 ACORDÃO DE IMPUGNAÇÃO. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há previsão legal para a presença ou sustentação oral das partes nas sessões de julgamento das Delegacias de Julgamento da DRJ. Os princípios do contraditório e da ampla defesa devem ser equilibrados com os princípios da eficiência e celeridade do processo administrativo. Não há nulidade da decisão, por falta de presença ou sustentação oral das partes, quando o processo tramita regularmente. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Valcir Gassen, que divergiram quanto à incidência do ICMS na base de cálculo do Pis e da Cofins, e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, que divergiu sobre a incidência de juros sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira (suplente convocado), Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Victor Humberto da S. Maizman, OAB/SP 236.018. Fl. 23010DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 2 3 Relatório Trata-se de Autos de Infração de Pis e Cofins, nos valores totais de R$ 101.111,35 e R$ 466.667,16, respectivamente, incluindo juros de mora e multa proporcional. A autuação foi decorrente da denominada “Operação Laranja Mecânica”, conjunta entre Receita Federal e Polícia Federal, para desvendamento do que foi acusado como um grande esquema fraudulento de sonegação fiscal. Relatam os autuantes que o Grupo Vespor, da qual o contribuinte em foco é a principal empresa, movimentou recursos financeiros muito maiores que os declarados ao Fisco. A maior parte dessa movimentação se dava por meio de pessoas jurídicas interpostas, de fachada, buscando a evasão fiscal e blindagem patrimonial. Os Autos de Infração foram lavrados contra o contribuinte e mais 27 responsáveis, entre pessoas físicas e jurídicas, sócios, pessoas ligadas e pessoas interpostas. O conjunto probatório inclui documentos apreendidos em dois endereços na cidade de Maringá/PR. A apreensão foi feita com autorização judicial (fls. 501 a 506). Copio trecho do Relatório Fiscal concernente a cada uma dessas empresas consideradas interpostas pessoas (fls. 58 e seguintes). III.4 - TITAMARI FACTORING LTDA., empresa de fachada, inexistente de fato, e com a inscrição no CNPJ declarada inapta, movimentou recursos do Grupo entre os anos de 2005 e 2009. Aberta em 02/12/2002, apresentou declarações de inatividade até o ano-calendário 2005, estando omissa partir de então. Foram apreendidos os seguintes documentos em relação à empresa: - fotocópia de contrato social; - carta de anuência dispensando protesto de título, assinada por Tânia Kalina, do departamento financeiro da VESPOR AUTOMOTIVE; - Carta do Banco do Brasil informando sobre cheques furtados; - Mensagem eletrônica trocada entre empregados da VESPOR AUTOMOTIVE indicando que suas cobranças foram recebidas pela TITAMARI até 05/11/2009, sendo transferidas para a V P AUTO PEÇAS LTDA. a partir de 06/11/2009. - Mensagem eletrônica trocada entre empregados da VESPOR AUTOMOTIVE onde consta que a partir de 08/07/2011 as suas Fl. 23011DF CARF MF 4 cobranças seriam recebidas pela V S AUTOMOTIVE COMÉRCIO DE AUTO PEÇAS LTDA. Além disso, um dos sócios em sua constituição, FRANCISCO VILHALVA, solicitou anulação do CNPJ por vício de registro (processo nº 13161.001106/2008-95), indicando que seu nome foi utilizado indevidamente no CNPJ e na constituição da empresa na Junta Comercial do Estado de São Paulo. O outro sócio, VICTOR GONÇALVES ROMEIRO, apesar de não ter vínculos empregatícios no CNIS (informações consolidadas da GFIP, RAIS e Caged), consta nas informações cadastrais que o seu grau de escolaridade é até a 4ª serie/1º grau (primário) incompleto. Consta, ainda, que nasceu no ano de 1922. De 05/03/1987 a 22/04/2013 recebeu do INSS benefício previdenciário de aposentadoria por velhice do trabalhador rural que cessou por motivo de óbito do segurado. Os dados acerca de Victor estão compilados no ANEXO VII (SETE) tratado no tópico “VIII – PESSOAS FÍSICAS LIGADAS AO GRUPO VESPOR”. Tendo a TITAMARI incidido em parâmetros de interesse fiscal por parte da Administração Tributária, está sob procedimento de fiscalização conduzido por equipe da Delegacia Especial de Fiscalização em São Paulo/SP (Defis/SP), onde já foi apurado que pagamentos efetuados se referem às compras que a VESPOR AUTOMOTIVE fez junto a fornecedores de auto peças. O material colhido no procedimento de fiscalização foi examinado pela equipe da Delegacia de Cuiabá/MT para finalizar as comprovações de que a empresa foi utilizada para acobertar as atividades operacionais da VESPOR AUTOMOTIVE, sendo encontradas diversas procurações outorgadas para seus empregados operar as contas bancárias de TITAMARI. As respostas recebidas de beneficiários e remetentes de recursos envolvendo as contas bancárias de TITAMARI confirmam que tais recursos se referem à atividade operacional da VESPOR AUTOTOMIVE. Como se vê, é evidente que TITAMARI foi constituída por sócios sem capacidade financeira de suportar quaisquer exigências tributárias, mormente porque a empresa sequer tem atividade própria, de vez que serviu somente aos propósitos da VESPOR AUTOMOTIVE e de seus sócios de fato. No exame das informações financeiras de TITAMARI, encaminhadas por Banco do Brasil S/A no curso do procedimento de fiscalização instaurado pelos Auditores-Fiscais da Defis/SP, foram encontrados vários pagamentos para sócios de fato, sócios de direito, empregados, procuradores e outras empresas do Grupo Vespor, como pode ser verificado no ANEXO VIII (OITO) deste Termo de Verificação Fiscal. Fl. 23012DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 3 5 III.5 – V P AUTO PEÇAS LTDA., outra empresa de fachada, constituída por interposta pessoa e por pessoa jurídica inativa, que movimentou recursos de 2009 a 2012, em torno de R$ 204 milhões, com concentração nos anos de 2010 e 2011. Foram apreendidos os seguintes documentos em relação à empresa: - Agenda completa da VESPOR AUTOMOTIVE em nome de ZENAIDE CHIQUETTI, indicando o e-mail "zenaide@vespor.com.br", com anotações acompanhando diversos outros documentos. À fl. 06 anotações sobre o início de utilização das empresas VESPOTIMER (ALL SERVICES SOLUTIONS), TITAMARI, V P AUTO PEÇAS e V S AUTOMOTIVE; - Comprovante de inscrição no CNPJ; Cópia de mensagem eletrônica interna do Banco do Brasil solicitando 2ª via de instrumento de protesto de títulos tendo como sacadora a VESPORCAR e autorizando o debito das despesas em nome da V P AUTO PEÇAS; - Carta de anuência, datada de 12/02/2010, ao cartório de protesto, não sendo possível identificar o signatário; - Cópia de mensagem eletrônica interna do Banco do Brasil relacionada à 2ª via de instrumento de protesto de títulos da AUTO PARTNER; - Carta de 06/01/2011 da MECÂNICA PINTO ao Banco do Brasil devolvendo duplicata não reconhecida; - Cópia de e-mail, de 16/07/2010, entre funcionários departamento de cobranças da VESPOR AUTOMOTIVE e do Banco do Brasil sobre devolução de cheque utilizado para pagamento de título onde o cedente é V P AUTO PEÇAS e o sacado é CENTRAL DE PEÇAS TUPI; - Cópia de e-mails entre funcionários da VESPOR AUTOMOTIVE em Cuiabá, Sinop, Goiânia, Belo Horizonte, Vitória, Maringá (Zenaide Chiquetti), São Paulo, Ribeirão Preto, tratando da mudança de cobranças da TITAMARI para V P AUTOPEÇAS a partir de 06/11/2009, e desta para V S AUTOMOTIVE a partir de 08/07/2011 (um e-mail entre Maringá e Cuiabá). Foi aberta em 08/09/2008, tendo como sócios ANTONIO CEZAR LOPES, CPF 042.853.138-55, e FERREIRA COMÉRCIO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA., CNPJ 07.585.376/0001-54. A V P AUTO PEÇAS apresentou declarações pelo regime do lucro presumido referente aos anos-calendário 2009 e 2010, e de inatividade em relação ao ano-calendário 2011, estando omissa quanto ao ano-calendário 2012. Nas duas declarações Fl. 23013DF CARF MF 6 apresentadas pelo regime do lucro presumido, o total das receitas é de apenas R$ 1.475.199,10. Quanto aos sócios, ANTONIO CEZAR consta no CNPJ como sócio-administrador da empresa desde 01/2009, detendo 1% do seu capital social. Os outros 99% pertencem à empresa FERREIRA COMÉRCIO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA., cujo representante legal é SERGIO FERREIRA DA CONCEIÇÃO, CPF 175.946.668-95. Esse CPF foi cancelado por multiplicidade, tendo sido identificadas mais 04 (quatro) inscrições no cadastro em seu nome. Na inscrição em comento, consta apenas declaração de ajuste anual para ano-calendário de 2007, sem quaisquer informações sobre rendimentos, bens ou direitos. No CPF regular, a situação das declarações de ajuste anual de SÉRGIO FERREIRA é a seguinte: a – 2012: omisso; b – 2011: rendimentos recebidos de pessoas físicas R$ 23.450,00, sem bens e direitos; c – 2010: sem informações de rendimentos, bens ou direitos; d – 2009: sem informações de rendimentos, bens ou direitos; e e – 2008: rendimentos recebidos de pessoas físicas R$ 18.000,00, sem bens e direitos. Os endereços constantes do histórico do CPF cancelado coincidem com o de outra empresa em nome de SÉRGIO FERREIRA, bem como com o endereço da empresa VESPORTRANS, mencionada no tópico “VI – ESTRUTURA DO GRUPO VESPOR”. Por outro lado, a empresa FERREIRA COMÉRCIO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA., apresentou declarações de inatividade para os anos-calendário de 2008 a 2011, e não consta entrega de declaração relativa ao ano- calendário 2012. ANTONIO CEZAR tem endereço atual igual ao da V P AUTO PEÇAS e já teve em seu cadastro endereço informado à Rua Dom José Maurício, 133, Bairro Santana, São Paulo/SP, local de várias empresas em que SÉRGIO FERREIRA ou DINA MARIA DE SOUZA, que será mencionada várias vezes neste Termo de Verificação Fiscal, passaram pelo quadro societário, sendo várias delas constantes do tópico “VI – ESTRUTURA DO GRUPO VESPOR”. (...) [informações sobre os baixos rendimentos declarados pelos sócios formais, e suas diversas vinculações de endereços e quadros societários de outras empresas do Grupo Vespor] Fl. 23014DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 4 7 (…) Além desses fatos todos, na apreensão de documentos em cartório utilizado por integrantes do Grupo Vespor e do Grupo Rede Presidente, foram obtidas 03 (três) procurações onde a V P AUTO PEÇAS outorga poderes para GERALDA CAETANO MOREIRA executar todos os procedimentos relativos a contas bancárias mantidas no Banco do Brasil S/A, na agência 0352-2, em Maringá/PR, como será visto no tópico “V – PROCURAÇÕES”. GERALDA CAETANO MOREIRA, CPF 346.647.691-72, foi empregada da SUPERPEÇAS COMÉRCIO DE AUTO PEÇAS LTDA., CNPJ 70.429.071/0001-90, de 03/2001 a 10/2002, mais uma empresa que já teve DINA MARIA DE SOUZA e/ou SÉRGIO FERREIRA DA CONCEIÇÃO em seu quadro de sócios. Atualmente GERALDA é funcionária da VESPOR AUTOMOTIVE, desde 04/2003. A SUPERPEÇAS consta do tópico “VI – ESTRUTURA DO GRUPO VESPOR”, sendo comprovada sua vinculação com o Grupo Vespor. Como se vê, é evidente que a V P AUTO PEÇAS foi constituída por sócios sem capacidade financeira de suportar quaisquer exigências tributárias, mormente porque a empresa sequer tem atividade própria, de vez que serviu somente aos propósitos da VESPOR AUTOMOTIVE e de seus sócios de fato. No exame das informações financeiras de V P AUTO PEÇAS, encaminhadas por Banco do Brasil S/A no curso do procedimento de fiscalização instaurado pelos Auditores-Fiscais da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cuiabá/MT (DRF/CBA/MT), foram encontrados vários pagamentos para sócios de fato, sócios de direito, empregados, procuradores e outras empresas do Grupo Vespor, como pode ser verificado no ANEXO VII (OITO) deste Termo de Verificação Fiscal. No curso do referido procedimento intimamos beneficiários de pagamentos, bem como uma série de empresas que remeteram pagamentos para V P AUTO PEÇAS por meio da quitação de cobranças bancárias. As respostas recebidas de beneficiários e remetentes de recursos envolvendo as contas bancárias de V P AUTO PEÇAS confirmam que tais recursos se referem à atividade operacional da VESPOR AUTOMOTIVE. III.6 – V S AUTOMOTIVE COMÉRCIO DE AUTO PEÇAS LTDA., mais uma empresa de fachada, constituída por interposta pessoa e empresa inativa, que movimentou recursos nos anos de 2011 e 2012, em torno de R$ 213 milhões. Foram apreendidos os seguintes documentos em relação à empresa: Fl. 23015DF CARF MF 8 - Agenda completa da VESPOR AUTOMOTIVE em nome de ZENAIDE CHIQUETTI, indicando o e-mail "zenaide@vespor.com.br", com anotações acompanhando diversos outros documentos. À fl. 06 anotações sobre o início de utilização das empresas VESPOTIMER (ALL SERVICES SOLUTIONS), TITAMARI, V P AUTO PEÇAS e V S AUTOMOTIVE; - Extratos bancários do Banco do Brasil, envolvendo alguns meses do ano de 2012, impressos por ZENAIDE CHIQUETTI, já mencionada; - Cópias de boletos do Banco do Brasil tendo como cedente V S AUTOMOTIVE e como sacado BRITO E FERREIRA AUTO PEÇAS LTDA. de setembro e outubro/2012; - Cópias de consultas públicas ao SINTEGRA/SP sobre V S AUTOMOTIVE e ao SINTEGRA/PR sobre a VRCAR DISTRIBUIDORA DE AUTO PEÇAS LTDA; - Seis cheques de clientes e valores diversos, todos de agências de Cuiabá, nominais à V S AUTOMOTIVE; - Cópias de e-mails entre funcionários da VESPOR AUTOMOTIVE em Cuiabá, Sinop, Goiânia, Belo Horizonte, Vitória, Maringá (Zenaide Chiquetti), São Paulo, Ribeirão Preto, tratando da mudança de cobranças da TITAMARI para V P AUTOPEÇAS a partir de 06/11/2009, e desta para V S AUTOMOTIVE a partir de 08/07/2011(um e-mail entre Maringá e Cuiabá); - Cópia de alteração contratual, datada de 07/12/2010, com a exclusão dos sócios SERGIO FERREIRA DA CONCEIÇÃO (022.462.168-85) e FERREIRA COM. EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA (07.585.376/0001-54) representado por aquele, e inclusão dos sócios DINA MARIA DE SOUZA (106.144.178-48) e DNAMICA SERVIÇOS EMPRESÁRIAIS PARTICIPAÇÕES LTDA (13.009.893/0001-88) representada por aquela. Constam como testemunhas Luciana Souza da Conceição, CPF 368.400.278-05, e Josefa Marcia dos Santos Costa, CPF 340.648.458-11; Cópia de Contrato Social de constituição, datado de 02/12/2010, tendo como sócios DINA MARIA DE SOUZA (106.144.178-48) e D&M SERVIÇOS EMPRESARIAIS E PARTICIPAÇÕES LTDA (13.021.072/0001-67) representada por aquela, constando protocolo na JUCESP, mas a empresa já estava constituída desde 2008, conforme item a seguir; - Cópia de Contrato Social de constituição, datado de 01/08/2008, tendo como sócios SERGIO FERREIRA DA CONCEIÇÃO (022.462.168-85) e FERREIRA COM. EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA (07.585.376/0001-54) representado por aquele. O contrato corresponde aos dados iniciais no CNPJ; - DANFE (Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica) da SVS COMERCIO DE PRODUTOS ELETRONICOS para V S Fl. 23016DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 5 9 AUTOMOTIVE de 28/12/2011 referente compra de três televisores, com local de entrega na central de operações em Maringá/PR. Foi aberta em 08/09/2008, a exemplo da sua antecessora na movimentação financeira do Grupo Vespor: a V P AUTO PEÇAS LTDA. Apresentou declarações de inatividade relativas aos anos- calendário 2008, 2009 e 2010 e pelo regime do lucro presumido referente 2011 (sem receitas informadas), estando omissa quanto ao ano 2012. Na sua abertura, a V S AUTOMOTIVE tinha como sócios SÉRGIO FERREIRA DA CONCEIÇÃO, CPF 175.946.668-95, e FERREIRA COMÉRCIO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA., CNPJ 07.585.376/0001-54. A empresa FERREIRA COMÉRCIO (aberta em 2000, deixou de apresentar declaração relativa ao ano de 2008 e daí em diante somente apresentou declarações de inatividade) tem como sócios o próprio SÉRGIO e sua mãe FRANCISCA BARROSO DA CONCEIÇÃO, CPF 060.801.188-66. A constatação da maternidade acima indicada é feita por um dos CPF de SÉRGIO, conforme tela abaixo, extraída do sistema CPF/CONSULTA: (...) De acordo com informação no CNPJ eles foram substituídos em 24/05/2011 por DNAMICA SERVICOS EMPRESARIAIS E PARTICIPACOES LTDA., CNPJ 13.009.893/0001-88, e por DINA MARIA DE SOUZA, CPF 106.144.178-48. A empresa DNAMICA (aberta em 2010, somente apresentou declarações de inatividade) tem como sócios a própria DINA e LUCIANA SOUZA DA CONCEIÇÃO, CPF 234.496.788-50, cuja inscrição está suspensa. DINA e SÉRGIO possuem diversos CPF, utilizados na abertura de várias empresas utilizadas pelo Grupo Vespor, como já foi escrito. (…) [informações sobre os baixos rendimentos declarados pelos sócios formais] De acordo com o descrito no item “III.5” a empresa FERREIRA COMÉRCIO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES Fl. 23017DF CARF MF 10 LTDA., também consta como sócia da V P AUTO PEÇAS LTDA., antecessora da V S AUTOMOTIVE. O endereço da V S AUTOMOTIVE, Rua da Balsa, 539, Bairro Freguesia do Ó, São Paulo/SP, é igual às filiais 0006 e 0012 da VESPOR AUTOMOTIVE, e semelhante aos das empresas V R COMÉRCIO DE AUTO PEÇAS LTDA. (CNPJ 12.033.847/0001- 51, Rua da Balsa 549), VESPOR AUTO COMÉRCIO VAREJISTA DE AUTO PEÇAS LTDA. (CNPJ 13.051.434/0001- 62, Rua da Balsa, 561) e VESPEÇAS COMÉRCIO DE PEÇAS AUTOMOTIVAS LTDA. (CNPJ 13.744.902/0001-84, Rua da Balsa, 557). Todas essas 03 (três) empresas com endereços semelhantes ao da V S AUTOMOTIVE tiveram passagens de SÉRGIO FERREIRA ou de DINA MARIA pelos seus quadros societários. Como se vê, é evidente que a V S AUTOMOTIVE foi constituída por sócios sem capacidade financeira de suportar quaisquer exigências tributárias, mormente porque a empresa sequer tem atividade própria, de vez que serviu somente aos propósitos da VESPOR AUTOMOTIVE e de seus sócios de fato. No exame das informações financeiras de V S AUTOMOTIVE, encaminhadas por Banco do Brasil S/A no curso do procedimento de fiscalização instaurado pelos Auditores-Fiscais da DRF/CBA/MT, foram encontrados vários pagamentos para sócios de fato, sócios de direito, empregados, procuradores e outras empresas do Grupo Vespor, como pode ser verificado no ANEXO VIII (OITO) deste Termo de Verificação Fiscal. No curso do referido procedimento intimamos beneficiários de pagamentos, bem como uma série de empresas que remeteram pagamentos para V S AUTOMOTIVE por meio da quitação de cobranças bancárias. As respostas recebidas de beneficiários e remetentes de recursos envolvendo as contas bancárias de V S AUTOMOTIVE confirmam que tais recursos se referem à atividade operacional da VESPOR AUTOTOMIVE.” Um resumo das vinculações das pessoas físicas e jurídicas com o Grupo Vespor pode ser encontrado no processo a partir da fl. 94. O faturamento do Grupo Vespor foi obtido de planilhas apreendidas, convergentes com o movimento financeiro da recorrente, somado às três empresas de fachada referidas. Fls. 111 e seguintes: Interessante destacar os valores de receitas encontrados na escrituração de VESPOR AUTOMOTIVE, bem como dos valores de cobranças e outros tipos de créditos relativos a vendas, recebidos nas contas bancárias de TITAMARI FACTORING, V P AUTO PEÇAS e de V S AUTOMOTIVE, dada a semelhança com os valores dos faturamentos encontrados nas cópias das mídias apreendidas, frisando que o valor de 2012 foi projetado pela Fiscalização a partir de junho, como segue: Fl. 23018DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 6 11 Fonte 2009 2010 2011 2012 Mídias 140.331.272,42 156.199.533,43 182.805.509,54 208.709.050,37 Vespor/Titamari/ VP e VS 137.817.307,14 157.842.033,35 173.875.583,27 237.378.360,43 Nesse contexto, VESPOR AUTOMOTIVE manteve a movimentação financeira em suas contas bancárias próxima de suas receitas declaradas ou escrituradas, aparentando regularidade. Por outro lado, somando-se a movimentação financeira de VESPOR AUTOMOTIVE e das três empresas acima mencionadas, o resultado é que toda a movimentação financeira está compatível com o faturamento total encontrado/projetado, a saber: Ano Faturamento Grupo Vespor Mov. Financ. Vespor Mov. Financ. Titamari, Vp e VS Total da Mov. Financ. 2009 140.331.272,42 52.371.153,20 97.147.113,52 149.518.266,72 2010 156.199.533,43 62.990.487,31 104.911.231,76 167.901.719,07 2011 182.805.509,54 61.053.650,40 144.606.636,91 205.660.287,31 2012 208.709.050,37 73.355.089,99 156.591.662,00 229.946.751,99 TOTAIS 688.045.365,6 249.770.380,90 503.256.644,19 753.027.025,09 Mais uma prova clara de que VESPOR AUTOMOTIVE deixou de informar à Administração Fazendária o total de suas receitas, é o valor das vendas de mercadorias que fez por meio de Notas Fiscais eletrônicas (NF-e) bem assim das compras, onde se vê que estas superam em muito as receitas declaradas e as notas fiscais de vendas emitidas, como segue: Fica claro que VESPOR AUTOMOTIVE deixou de recolher a totalidade da Contribuição para o PIS e da Cofins, declarando apenas parte de suas receitas e efetuando os recolhimentos parciais, além de movimentar o seu faturamento total entre contas bancárias próprias e de empresas de fachada.” Fonte/Ano 2009 2010 2011 2012 Dacon 42.183.520,06 40.485.814,10 36.317.204,94 43.021.309,16 NF-e vendas 10.611.607,65 47.943.027,53 76.720.843,96 82.015.055,70 NF-e compras 74.114.285,25 126.220.673,71 141.588.960,29 154.567.460,72 Fl. 23019DF CARF MF 12 O Relatório Fiscal acrescenta ainda outras acusações (fls. 106 e seguintes): X.1 – BLINDAGEM PATRIMONIAL Caracterizada pela ausência de bens em nome das empresas utilizadas e dos seus sócios de direito, com intuito de proteger o patrimônio que poderia ser exigido em cumprimento de exigências tributárias, caso esse patrimônio estivesse em nome das empresas do Grupo Vespor ou dos sócios constantes dos atos societários. Não foram encontrados bens em nome das empresas e dos seus sócios constantes dos ANEXOS IV, V e VI, após pesquisas efetuadas nos bancos de dados eletrônicos da Receita Federal do Brasil. A partir da premissa da blindagem patrimonial, os bens adquiridos com os lucros da atividade operacional das empresas do Grupo Vespor foram sendo registrados em nome dos seus sócios de fato, da empresa DONAMAISON e de José Osni dos Santos (que atualmente também está sem bens identificados em registros de imóveis, mas apenas em declarações de ITR), deixando as empresas VESPOR AUTOMOTIVE, VALLE EMPREENDIMENTOS, TITAMARI, V P AUTO PEÇAS e V S AUTOMOTIVE, PARKE EMPREENDIMENTOS, ATIVA EMPREENDIMENTOS, bem assim seus sócios de direito, sem quaisquer bens, além da empresa CARHILL. X.2 - CONSTITUIÇÃO/TRANSFERÊNCIA DAS SOCIEDADES MEDIANTE SIMULAÇÃO DE SUA TITULARIDADE A TERCEIROS SEM CAPACIDADE FINANCEIRA/PATRIMONIAL Essa prática corresponde à utilização de interpostas pessoas – “laranjas”, além de empresas inativas e estrangeiras, como sócios das empresas utilizadas pelo Grupo Vespor, em complemento à prática descrita no item anterior. Com essa prática, conseguiu ocultar os sócios de fato das empresas do Grupo Vespor. Como demonstrado nos tópicos “III – DOCUMENTOS APREENDIDOS NA ‘SEDE DA VESPOR E COLIGADAS’”, “VI – COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA DA VESPOR AUTOMOTIVE” e “VII – ESTRUTURA DO GRUPO VESPOR”, nenhum dos sócios de fato das empresas do Grupo Vespor, à época da execução da Operação Laranja Mecânica, constava nos quadros societários. É conveniente rebuscar o caso de CARHILL, examinado no tópico “III” deste Termo de Verificação Fiscal, item III.2, quando em 29/07/2013 os sócios iniciais, PARKE EMPREENDIMENTOS e IZAIAS foram substituídos por dois dos sócios de fato das empresas do Grupo Vespor, EDVALDO ELIAS LIRA e CLEIREANNY ORLANDINI DE OLIVEIRA TOLARDO. A Família Tolardo voltou a aparecer, inicialmente, com Maria Silene Tolardo, sócia na abertura da VESPOR AUTOMOTIVE, Fl. 23020DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 7 13 sendo substituída por Alonso Zacarias da Silva, antigo empregado das empresas em questão. Também José Dario Tolardo consta como sócio na abertura na VALLE EMPREENDIMENTOS (sócia da VESPOR AUTOMOTIVE), que foi substituído por Maria Iracema da Silva. Como descrito no tópico “VI – COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA DA VESPOR AUTOMOTIVE”, nem mesmo José Dario Tolardo (beneficiário de rendimentos gerados pelo grupo), Maria Silene Tolardo (consta como diretora do grupo) e Maria Iracema da Silva (consta como diretora do grupo e sócia da empresa que detém a maior parte das quotas do capital da VESPOR AUTOMOTIVE) possuem patrimônio em nome próprio (exceto JOSÉ DARIO que ainda tem um imóvel localizado pela Fiscalização), tampouco ALONSO ZACARIAS DA SILVA, evidente interposta pessoa colocada no quadro societário de VESPOR AUTOMOTIVE. Assim, na composição atual do Grupo Vespor, com a empresa de operações (VESPOR AUTOMOTIVE), as empresas de movimentação dos recursos financeiros (TITAMARI, V P AUTO PEÇAS e V S AUTOMOTIVE, já abandonadas), os sócios de fato jamais apareceriam não fosse a execução da Operação Laranja Mecânica, a partir da qual descobriu-se também a empresa patrimonial (DONAMAISON) e vários bens em nome deles. X.3 – CONFUSÃO PATRIMONIAL (…) X.4 – ABANDONO DE EMPRESAS Prática fartamente demonstrada no tópico “III – DOCUMENTOS APREENDIDOS NA ‘SEDE DA VESPOR E COLIGADAS’” em relação às empresas ALL SERVICES (antiga VESPOTIMER FACTORING), TITAMARI FACTORING, V P AUTO PEÇAS e V S AUTOMOTIVE (esta última, usada até 2012, ao menos), e no tópico “VII – ESTRUTURA DO GRUPO VESPOR”. Com a utilização dessa prática, a dissolução irregular de sociedades foi uma constante na trajetória do Grupo Vespor, iniciando com a REAL IGUAÇU (antiga TOLARDO AUTO PEÇAS LTDA.). Como foi visto no tópico “VII”, por dezenas e dezenas de vezes os mesmos endereços e os mesmos laranjas foram utilizados para criação das novas empresas, que poucos anos depois seriam abandonadas. Por meio desse eficiente fluxo de abertura, utilização e abandono de empresas, a Família Tolardo desapareceu quase que por completo dos quadros societários das empresas utilizadas depois do abandono da antiga TOLARDO AUTO PEÇAS LTDA. Fl. 23021DF CARF MF 14 Já partir da constituição da VESPOR AUTOMOTIVE se verifica uma mudança no modo de operação, constituindo uma empresa que tenta aparentar regularidade fiscal, declarando e recolhendo tributos parcialmente, escondendo a maior parte da movimentação em empresas de fachada, todas com interposição de pessoas e sem patrimônio executável em seus nomes. Nessa nova sistemática o abandono é parcial, atingindo as empresas financeiras, que movimentam grandes quantidades de recursos sem qualquer atividade aparente e apresentando declarações de inatividade ou simplesmente não apresentando.” O crédito tributário apurado nos procedimentos fiscais é resumido abaixo: Tributo Processo Valor IRPJ 14098.720154/2014-06 38.226.678,34 CSLL – reflexo IRPJ 14098.720154/2014-06 16.390.361,04 PIS – reflexo IRPF 14098.720154/2014-06 8.369.821,68 Cofins – reflexo IRPJ 14098.720154/2014-06 38.629.945,72 PIS – apuração por NF-e 14098.720153/2014-53 101.111,35 Cofins – apuração por NF-e 14098.720153/2014-53 466.667,16 TOTAL 102.184.585,29 O presente processo trata somente do Pis e Cofins apurados por NF-e. Em outros processo foi lançado a Cofins e o Pis reflexos, pelos valores totais do faturamento apurado, diminuído do valor de base de cálculo lançado no presente processo. A recorrente apresentou Impugnação, com as seguintes razões, em resumo: - O lançamento teria se baseado em movimentações financeiras, e o Supremo Tribunal Federal (RE 389.808) teria afastado a possibilidade de acesso da Receita Federal a dados bancários dos contribuintes, ensejando sua nulidade; - As constatações dos autuantes seriam meras presunções, incapazes, segundo entende, de comprovar as acusações e lastrear o lançamento; - A denúncia criminal da operação “Laranja Mecânica” não teria ainda decisão judicial definitiva, impedindo as conclusões dos autuantes; - Os valores tidos como o faturamento da empresa, conforme planilhas apreendidas, não seriam faturamentos reais e não poderiam ser presumidos, sendo arbitrário ainda eleger uma das empresas como a empresa “mãe” do grupo, não havendo o requisito da certeza conforme determina o artigo 142 do CTN; e que o arbitramento deveria ser em algum percentual da movimentação financeira, mas não 100%, por afronta, conforme sustenta, ao art. 3º do CTN; colaciona precedente no Carf em apoio (Ac. 103-20308); Fl. 23022DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 8 15 - A autoridade fiscal não teria considerado o regime monofásico referente ao Pis e Cofins, solicitando diligência para apuração nas notas fiscais com mercadorias cuja saída sejam de alíquota zero; - O ICMS deveria ser excluído da base de cálculo do Pis e da Cofins, por não se configurar como faturamento do contribuinte; junta doutrina e jurisprudência que entende pertinente; - Ausência de subsunção da multa qualificada, pelos motivos já relatados, ou seja, por o lançamento ter se ancorado em meras presunções, segundo alega; Colaciona acórdãos do Carf para sustentar que a fraude deve ser provada, invocando ainda o art. 112 do CTN, no sentido de, em havendo dúvida, interpretar-se à favor do contribuinte; - Impossibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa aplicada; interpreta o art. 161 do CTN e o art. 61 da Lei 9.430/96 no sentido de não albergar o conceito de multa de ofício proporcional; Junta precedente do Carf em apoio à sua tese (Ac. 9202- 002.600); A DRJ/Rio de Janeiro/RJ, por meio do Acórdão 12-76.916, de 17/06/2015, decidiu pela improcedência da Impugnação. Transcrevo a respectiva ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. A utilização de informações de movimentação financeira obtidas regularmente não caracteriza violação de sigilo bancário, sendo desnecessária prévia autorização judicial, não se cogitando de nulidade da autuação. LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. TRANSFERÊNCIA COMPULSÓRIA DO SIGILO BANCÁRIO PARA O FISCO. CONTROVÉRSIA AINDA INCONCLUSA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGITIMIDADE DAS LEIS. Até que o STF decida, de forma definitiva, sobre a constitucionalidade da Lei Complementar nº 105/2001, que autoriza a transferência dos dados bancários do contribuinte para o fisco, deve-se continuar aplicando tal Lei na via administrativa, pelo princípio da presunção da legitimidade das leis. MULTA DE OFÍCIO. FRAUDE. QUALIFICAÇÃO. A multa de ofício qualificada deve ser aplicada quando ocorre prática reiterada, consistente de ato destinado a iludir a Administração Fiscal quanto aos efeitos do fato gerador da obrigação tributária, mormente em situação fraudulenta, planejada e executada mediante ajuste doloso. Fl. 23023DF CARF MF 16 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 DILIGÊNCIA. PERÍCIA. DESNECESSÁRIA. INDEFERIMENTO Indefere-se o pedido de diligência (ou perícia) quando a sua realização revele-se prescindível ou desnecessária para a formação da convicção da autoridade julgadora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da COFINS e do PIS, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2009 a 31/12/2012 EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da COFINS e do PIS, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Sobreveio então o Recurso Voluntário, no qual o contribuinte reitera os argumentos da Impugnação, com exceção do tópico relativo ao regime monofásico. Adicionalmente, a recorrente pede a nulidade da decisão a quo, por não ter sido intimada da sessão de julgamento da DRJ, que pretendia acompanhar, para que “pudesse levantar questões de fato no sentido de contribuir para que houvesse um julgamento da análise precisa dos elementos contidos nos autos”. Sustenta tal direito no princípio da publicidade do processo administrativo federal – art. 2º da Lei 9.784/99. É o relatório. Voto Fl. 23024DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 9 17 Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e veicula matéria de competência desta Turma, de modo que deve ser conhecido. Em preliminar, a recorrente pede a nulidade da decisão recorrida, por não ter sido intimada da realização da sessão de julgamento, porque gostaria de ter presença, a fim de levantar questionamentos e prestar esclarecimentos. A Portaria MF 341/2012 e suas alterações regula o funcionamento das Delegacias da Receita Federal de Julgamento, e não prevê a presença das partes ou sustentação oral, como também não o prevê o PAF – Decreto 70.235/72. É incabível ao Carf suprir regramento de competência do Ministro, para alterar o rito de julgamento da DRJ. A competência do Carf se restringe à revisão do Acórdão de primeira instância, não se estendendo evidentemente à supervisão administrativa das DRJ, de competência da Receita Federal e do Ministério da Fazenda. Desse modo, transcorrendo o processo administrativo fiscal nos termos legais e regimentais, a vedação da presença das partes e de sustentação oral não vulnera o contraditório e a ampla defesa, mormente quando tais participações são permitidas por ocasião do julgamento no Carf. Noticio que a Ordem dos Advogados do Brasil Secção Paraná – OAB/PR impetrou mandado de segurança na Justiça Federal do Paraná, 5049862-61.2014.4.04.7000, com demanda de mesmo teor, em nome de todos os seus representados. A segurança foi denegada e o processo encontra-se em fase de Recurso Especial, no STJ. Reproduzo trecho do Acórdão de Apelação, como razões adicionais de decidir: “Acerca da sustentação oral, há sólida posição dos Tribunais Superiores no sentido de que somente é cabível quando houver previsão lega expressa, já que tal faculdade não integra o núcleo essencial dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Neste sentido já decidiu o STF quando do julgamento da ADI 705: ADIN – ENTIDADE DE CLASSE – NOÇÃO CONCEITUAL – CONFEDERAÇÃO SINDICAL – INOCORRÊNCIA DOS SEUS REQUISITOS CONFIGURADORES – AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM – AÇÃO DIRETOA DE QUE NÃO SE CONHECE. AGRAVO REGIMENTO – QUESTÃO DE ORDEM – IMPOSSIBILIDADE DE SUSTENTAÇÃO ORAL (ristf, ART. 131, PAR 2.) - NORMA REGIMENTAL COMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO DE 1988 – INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA OU OFENSA AO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO – O PRECEITO INSCRITO NO REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ART. 131, PAR. 2), QUE EXCLUI A POSSIBILIDADE DE SUSTENTAÇÃO ORAL NOS JULGAMENTOS DE AGRAVO, EMBARGOS DECLARATÓRIOS, ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO E MEDIDA CAUTELAR, NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DO Fl. 23025DF CARF MF 18 CONTRADITÓRIO E NEM VULNERA O POSTULADO DA PLENITUDE DE DEFESA, PROCLAMADOS PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA EM SEU ART. 5. INCISO LV(...) (ADI 705 AgR-QO, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 24/06/1992, DJ 08-04-1994 PP 07224-EMENT VOL-01739-03 PP 00431 RTJ VOL-00152-03 PP-00782 (…) Em outra oportunidade, o STF deixou expresso que circunstâncias concernentes à celeridade e à racionalização do funcionamento do órgão julgador são causas idôneas para restringir a participação dos advogados no julgamento, sem, com isso, afetar o conteúdo jurídico dos princípios do contraditório e da ampla defesa, nestes termos: QUESTÃO DE ORDEM EM AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI 9.756/98. ARTIGO 557/CPC. AGRAVO INTERNO. SUSTENTAÇÃO ORAL. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. 1. Recurso extraordinário. Aplicação do artigo 557 do Código de Processo Civil. Procedência da impugnação por estar o acórdão recorrido em confronto com a jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal. Agravo regimental contra a decisão do relator, no qual à parte agravante caberá infirmar a existência dos requisitos necessários à prolação do ato monocrático. 2. Agravo regimental. Sustentação oral. Impossibilidade, por cuidar-se de procedimento contrário à ratio do artigo 557, §1º, do Código de Processo Civil, tornando inócua a alteração legislativa, cuja finalidade essencial é a de dar celeridade à prestação jurisdicional. Ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Inexistência, visto que a norma constitucional não impede a instituição de mecanismos que visem à racionalização do funcionamento dos Tribunais. 3. Questão de Ordem resolvida no sentido do não-cabimento de sustentação oral no julgamento do agravo interposto da decisão fundamentada no § 1º do artigo 557 do Código de Processo Civil. (RE 227089 AgR-QO, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2000, DJ 21-11- 2003 PP 00008 EMENT vol – 02133 pp 0653) (grifei) Desse modo, cabe a quem de direito - o instituidor da norma - a dosimetria e a razoabilidade de equilibrar as necessidades de celeridade e de defesa. Portanto, não cabe ao julgador afastar a regulação posta, porque os princípios envolvidos não foram afrontados, mas sim, equilibrados nas doses que aprouveram a quem de direito. Mérito Fl. 23026DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 10 19 1 – Quebra de Sigilo Bancário A questão foi resolvida pelo Supremo Tribunal Federal, no âmbito do RE 601314, em repercussão geral, transitado em julgado em 11/10/2016. Restou decidido que a Receita Federal pode ter acesso a dados bancários dos contribuintes, desde que atenda às normas garantidoras da segurança da informação conforme Decreto pertinente. Reproduzo a ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entende-se que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verifica-se que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observando-se um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplica-se, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. Fl. 23027DF CARF MF 20 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Não havendo notícia de vulneração a tais normas legais e regulamentares que cuidam do sigilo fiscal, tem-se que são lícitas as provas coligidas nos autos, tanto na busca e apreensão nos domicílios do contribuinte, com base em autorização judicial específica, quanto as requisições de movimentação financeira às entidades financeiras, com base na decisão do STF acima referida. 2 – Base de Cálculo e Arbitramento Conforme relatado, a recorrente alega ilícitos e erros na apuração do faturamento com base em planilhas apreendidas, e também discorda do método de arbitramento utilizado. Todavia, tais alegações são vazias de sentido para o presente processo, que trata apenas da base de cálculo apurada nas Notas Fiscais eletrônicas do contribuinte. A base de cálculo do presente processo foi apurada em documentos oficiais do contribuinte, observando o regime monofásico e descontando as parcelas não incidentes. Transcrevo trecho do Relatório Fiscal (fl. 114): “XI.1 – Apuração das bases de cálculo das contribuições As bases de cálculo foram apuradas a partir das NF-e de vendas de mercadorias emitidas por todos os estabelecimentos de VESPOR AUTOMOTIVE DISTRIBUIDORA DE AUTO PEÇAS LTDA., excluindo os valores de ICMS Substituição Tributária constante das NF-e de vendas e os valores das devoluções de vendas constantes das NF-e de entrada emitidas pelos estabelecimentos do sujeito passivo e aquelas constantes nas NF- e de devolução de compras emitidas para os estabelecimentos do sujeito passivo por terceiros (clientes). Em razão das receitas provenientes da revenda de autopeças ser tributadas à alíquota zero (art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.485/2002), os valores correspondentes foram desconsiderados da base de cálculo. Fl. 23028DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 11 21 Essa apuração está demonstrada nos ANEXOS 01 a 03 do Termo de Intimação de 01/08/2014, abrangendo os períodos de apuração (PA) de janeiro/2010 a dezembro/2012. A apuração das diferenças relativas ao mês de dezembro/2009, constante dos dois demonstrativos específicos para aquele ano, um para cada contribuição, se deu a partir da receita bruta escriturada no livro razão do sujeito passivo, que é maior do que a informada nos Dacon e nas NF-e. Da receita bruta encontrada foram excluídos os valores das devoluções de vendas escrituradas no livro razão. A Escrituração Fiscal Digital (EFD) foi transmitida para o SPED com valores de vendas inferiores aos das NF-e, assim como das receitas encontradas em DIPJ, Dacon e livro razão, conforme quadro seguinte. As receitas auferidas sem emissão de nota fiscal foram tributadas como reflexo do IRPJ, constando do processo nº 14098.720154/2014-06.” Portanto, os argumentos apresentados somente podem fazer sentido no outro processo, e não neste, razão pela qual os afasto. 3 – ICMS na Base de Cálculo de Pis e Cofins A base de cálculo, nos termos da legislação, é a totalidade das receitas auferidas pela empresa (art. 1º, §§ 1º e 2º, das Leis 10.637 e 10.833/2003), excluídas as parcelas expressamente permitidas (§3º dos mesmos artigos): Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica com os seus respectivos valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de Fonte 2009 2010 2011 2012 DIPJ 42.534.610,31 40.485.814,07 36.317.204,94 40.187.475,26 Dacon 42.183.520,06 40.485.814,10 36.317.204,94 43.021.309,16 Livro razão 42.534.701,78 56.192.883,98 36.326.669,81 86.709.213,06 NF-e 10.611.385,17 47.943.027,53 76.720.843,96 82.015.651,10 EFD 4.959.504,27 6.421.372,06 36.100.203,97 60.292.147,19 Fl. 23029DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm#art183viii 22 dezembro de 1976. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 2o A base de cálculo da Cofins é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, conforme definido no caput e no § 1o. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I - isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II - de que trata o inciso IV do caput do art. 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, decorrentes da venda de bens do ativo não circulante, classificado como investimento, imobilizado ou intangível; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III - auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; IV - (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) V - referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VI - decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeitos). VII - financeiras decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, referentes a receitas excluídas da base de cálculo da Cofins; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VIII - relativas aos ganhos decorrentes de avaliação do ativo e passivo com base no valor justo; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Fl. 23030DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm#art183viii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm#art187iv.. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm#art187iv.. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11727.htm#art42 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11945.htm#art17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.833compilado.htm#art33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.833compilado.htm#art33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm#art183viii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm#art183viii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 12 23 IX - de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) X - reconhecidas pela construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) XI - relativas ao valor do imposto que deixar de ser pago em virtude das isenções e reduções de que tratam as alíneas “a”, “b”, “c” e “e” do § 1o do art. 19 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) XII - relativas ao prêmio na emissão de debêntures. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Não há previsão legal para exclusão do ICMS, exceto o ICMS por substituição, o que não é o caso presente. A receita bruta, conforme prevista no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, é assim definida, com a redação então vigente: Art. 12. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. A exclusão dos tributos incidentes somente se faz para encontrar o valor da receita líquida, conforme §1º do mesmo artigo: §1º A receita líquida será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. Desse modo, a base de cálculo do Pis e da Cofins não-cumulativos abrange os tributos incidentes sobre a receita bruta ou faturamento, tais como o ICMS e o ISS. O Carf não pode afastar a aplicação da Lei sob considerações de inconstitucionalidade, de acordo com a Súmula 2 e artigo 26-A do Decreto 70.235/72: Súmula 2: O Carf não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26-A do PAF: Art. 26-A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob Fl. 23031DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art19§1a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art19§1a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art19§1a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art12 24 fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) As exceções do §6º não estão caracterizadas. Também não se verificam as exceções tratadas no §1º do artigo 62 do Regimento Interno do Carf – RICARF. Pelo contrário, o STJ, no Resp 114469/PR decidiu, no regime de recursos repetitivos, embora ainda sem definitividade, que o ICMS integra as base de cálculo do Pis e da Cofins. O STF ainda não decidiu, em repercussão geral, sobre o tema. 3 – Qualificação da Multa de Ofício pra 150% A recorrente não se defende de cada acusação do Relatório Fiscal, preferindo sustentar que todo o conjunto acusatório se resumiria em tão somente presunções. Todavia, as provas reunidas são muito numerosas e convergentes com a acusação: evasão de tributos e blindagem patrimonial, conforme o extenso Relatório Fiscal (71 páginas), e quatro volumes anexos com as provas coletadas, tudo resumido no Relatório deste Voto. A defesa genérica somente reforça essa convicção, na medida em que não apresenta nenhuma narrativa alternativa para os fatos, o que seria mesmo, aparentemente, impossível. Não se vislumbra, pois, senão a confirmação das intenções dolosas do contribuinte, segundo minha convicção. Alega a recorrente que as acusações criminais não estão ainda decididas no âmbito judicial, razão pela qual entende que a administração tributária deveria aguardar a definitividade judicial. Não lhe assiste razão, pois que trata-se de julgamentos distintos, em razão da independência das esferas fiscal e criminal. A legislação tributária determina, comanda, a qualificação da multa quando houver a ocorrência dos eventos previstos nos artigo 71 a 73 da Fl. 23032DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10522.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10522.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art43 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art43 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp73.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art25 Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 13 25 Lei 4.502/66, conforme art. 44, §1º da Lei 9.430/96, não podendo o Auditor-fiscal abster-se de cumprir a determinação. 4 – Incidência de Juros de Mora sobre a Multa de Ofício A minha posição pessoal é de que tal questão não se insere sob a competência de decidir do Carf. Com efeito, os acréscimos legais são institutos exigíveis na cobrança, e os juros de mora sobre a multa de ofício sequer são lançados. Ora, se o lançamento é que inicia o processo administrativo fiscal sob o Decreto 70.235/72 (art. 9º), a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício não está sob o rito do processo administrativo fiscal, mas tão somente sob o processo administrativo geral – Lei 9.784/99. As instâncias revisoras na Lei 9.784/99 são o Delegado da Receita Federal local e o Superintendente regional. Portanto, seria o caso de não conhecer das alegações relativas a esta matéria. Não obstante, restando consolidada no Carf a rejeição a esta tese, e atento à segurança jurídica, tomo conhecimento do recurso nesta parte. E tendo tomado conhecimento, adoto as razões do Acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais nº 9101-00539, abaixo reproduzido no que tange ao tema. “O conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto tributo quanto penalidade pecuniária. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito". Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendê-los sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p.74). Fl. 23033DF CARF MF 26 Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário 'é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional).' A obrigação tributária principal referente à multa de ofício, a partir do lançamento, converte-se em crédito tributário, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito tributário dela decorrente. (destacou-se) A obrigação principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida 'juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago'(§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agrega-se a multa de ofício, tornando-se ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, ao compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida Fl. 23034DF CARF MF Processo nº 14098.720153/2014-53 Acórdão n.º 3301-003.203 S3-C3T1 Fl. 14 27 isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61). §1°A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61, §1°). §2°O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n°9.430, de 1996, art. 61, §2°). §3°A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/04-00.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA - MULTA DE OFÍCIO - OBRIGAÇÃO PRINICIPAL - A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade Fl. 23035DF CARF MF 28 pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Cabe referir, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." (…) No mesmo sentido, aliás, tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, conforme ementa abaixo reproduzida: DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. Precedentes citados: REsp 1.129.990-PR, DJe 14/9/2009, e REsp 834.681-MG, DJe 2/6/2010. AgRg no REsp 1.335.688-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012. Assim, voto pela incidência de juros sobre a multa de ofício. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira, Relator Fl. 23036DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.727382/2014-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. CEGUEIRA PARCIAL. ALCANCE.
O legislador tributário, ao estabelecer a isenção do IRPF sobre os proventos de aposentadoria de contribuinte portador de cegueira, não faz qualquer ressalva de que apenas o portador de cegueira total faça jus ao benefício. Assim, o contribuinte acometido por cegueira parcial também se enquadra no dispositivo isentivo.
O PARECER PGFN/CRJ/Nº 29, de 11 de janeiro de 2016, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais fundadas no entendimento de que a isenção do Imposto de Renda prevista no art. 6º, incisos XIV e XXI, da Lei 7.713, de 1988, abrange os valores recebidos a título de aposentadoria, reforma ou pensão, quando beneficiário for portador do gênero patológico "cegueira", seja ela binocular ou monocular, desde que devidamente caracterizada por definição médica, acatando vasta jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Numero da decisão: 2202-003.655
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator.
Composição do colegiado: participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. CEGUEIRA PARCIAL. ALCANCE. O legislador tributário, ao estabelecer a isenção do IRPF sobre os proventos de aposentadoria de contribuinte portador de cegueira, não faz qualquer ressalva de que apenas o portador de cegueira total faça jus ao benefício. Assim, o contribuinte acometido por cegueira parcial também se enquadra no dispositivo isentivo. O PARECER PGFN/CRJ/Nº 29, de 11 de janeiro de 2016, da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais fundadas no entendimento de que a isenção do Imposto de Renda prevista no art. 6º, incisos XIV e XXI, da Lei 7.713, de 1988, abrange os valores recebidos a título de aposentadoria, reforma ou pensão, quando beneficiário for portador do gênero patológico "cegueira", seja ela binocular ou monocular, desde que devidamente caracterizada por definição médica, acatando vasta jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 73 82 /2 01 4- 52 Fl. 112DF CARF MF 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator. Composição do colegiado: participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição do imposto de renda retido na fonte incidente sobre os proventos de aposentadoria auferidos nos exercícios de 2010 a 2014 (anoscalendário 2009 a 2013), sob a alegação do Contribuinte de que era portador de cegueira desde outubro de 2009. Em seu pedido de fls. 2 a 27, o Contribuinte apresentou o laudo oficial de fl. 26, emitido pela Coordenadoria de Perícia Médica do Governo do Estado do Ceará, da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, no qual consta o seguinte parecer: "De posse da documentação apresentada, podemos concluir que o periciando é portador de perda visual (não quantificada) em Olho Esquerdo desde 2005 e Cegueira de Olho Esquerdo comprovadamente desde dezembro de 2013". A unidade de origem indeferiu o pedido alegando que a cegueira acometida pelo contribuinte não se enquadra como moléstia grave, por ser apenas monocular, o que não impede a visão, mesmo que parcial, enquanto que a cegueira a que se refere o inciso XXXIII do artigo 39 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3000/99 (RIR/99) é a total. O Contribuinte manifestou sua inconformidade às fls. 36 a 51, tendo apresentado como fato novo o laudo pericial de fl. 49, que retificou o laudo anterior quanto à data de início da cegueira, que passou a ser outubro de 2009. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009, 2010, 2011 ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. A isenção por moléstia grave somente pode ser assim considerada quando a moléstia estiver elencada na lei 7713/88 com suas alterações, na forma ali determinada, não sendo permitida a extensão para outras situações em face da legislação que expressamente veda tal extensão, devendo a legislação que outorga a isenção ser interpretada literalmente. A conclusão da DRJ foi no seguinte sentido: Não assiste razão ao contribuinte, pois, o fato de ter uma deficiência visual do olho esquerdo, conforme consta no novo laudo médico não caracteriza a cegueira que é a impossibilidade de visão do portador e não cegueira parcial que não impede o Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10380.727382/201452 Acórdão n.º 2202003.655 S2C2T2 Fl. 113 3 exercício de suas atividades normais. Além disso, a perda parcial da visão do olho esquerdo até dezembro de 2013 não era total, mas, de perda visual não quantificada, ou seja, não era considerada cegueira pela Coordenadoria de Perícia médica, fls. 26, pelo que se conclui que nem cegueira monocular se poderia considerar até dezembro de 2013. Ademais, mesmo após dezembro de 2013 não se pode considerar a cegueira parcial como cegueira, pois, o inciso II do artigo 111 do CTN determina que a outorga de isenção interpretase literalmente, ou seja, a cegueira monocular não é cegueira para efeito de considerarse moléstia grave nos termos da lei 7.713/88, que implica na impossibilidade de visão. Cientificado pessoalmente dessa decisão em 04/12/2014 (fl. 63), o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 16/12/2014 (fls. 67 a 91), alegando, em resumo, que é portador de cegueira monocular desde outubro de 2009, conforme laudo médico apresentado, tendo, pois, direito à isenção do imposto de renda, nos termos do art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88. Cita decisões do STJ e do CARF nesse sentido. Na sessão de 12/05/2016, esta Turma Ordinária resolveu converter o julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal verificasse junto ao órgão emissor dos laudos médicos apresentados pelo contribuinte qual a data correta do início da moléstia. Conforme Relatório Fiscal de fls. 108/109, o Contribuinte apresentou dois novos laudos médicos (documentos de fls. 103 e 106), antes que fosse efetuada diligência junto ao órgão emissor dos laudos anteriormente apresentados. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...]XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença Fl. 114DF CARF MF 4 de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) A Súmula CARF Nº 63 assim dispõe sobre as condições para gozo da isenção do imposto de renda: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. O Contribuinte apresentou inicialmente o laudo oficial de fl. 26, emitido pela Coordenadoria de Perícia Médica do Governo do Estado do Ceará, no qual consta o seguinte parecer: "De posse da documentação apresentada, podemos concluir que o periciando é portador de perda visual (não quantificada) em Olho Esquerdo desde 2005 e Cegueira de Olho Esquerdo comprovadamente desde dezembro de 2013". Por ocasião da manifestação de inconformidade (fls. 36 a 51), o Contribuinte apresentou um novo laudo (fl. 49), com o seguinte parecer: "De posse da documentação apresentada, podemos concluir que o periciando é portador de perda visual (não quantificada) em Olho Esquerdo desde 2005 e Cegueira de Olho Esquerdo comprovadamente desde outubro de 2009. Não há informações medicas sobre o olho direito". Diante da dúvida sobre a data correta do início da doença, foi solicitada diligência. Atendendo à diligência efetuada por determinação desta Turma de Julgamento, mediante a Resolução nº 2202000.691, de 12/05/2016, a autoridade fiscal informou que o Contribuinte apresentou novos laudos médicos (documentos de fls. 103 e 106), antes que fosse efetuada diligência junto ao órgão emissor dos laudos anteriormente apresentados. O laudo de fl. 103 foi emitido por médico particular e não pode ser acatado, porém o laudo de fl. 106 é de emissão da Coordenadoria de Perícia Médica do Governo do Estado do Ceará, assinado por dois médicos peritos, preenchendo os requisitos legais. Nesse laudo de fl. 106, embora os médicos afirmem que o Contribuinte, ora Recorrente, não se enquadra nas moléstias referidas no art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88, é fato que no laudo está atestado que o paciente foi diagnosticado com cegueira em um olho (CID H54.4) desde outubro de 2009. A controvérsia, portanto, reside no alcance da isenção do imposto de renda aos portadores de cegueira, ou seja, se a isenção limitase aos portadores de cegueira total ou se enquadra também os acometidos por cegueira parcial. Segundo entendimento já firmado por este Conselho, consoante decisões abaixo, os proventos de aposentadoria e pensão dos portadores de cegueira, ainda que parcial, são alcançados pela isenção concedida pela Lei nº 7.713/88, artigo 6º, inciso XIV, porquanto inexiste qualquer distinção feita pelo legislador no referido dispositivo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10380.727382/201452 Acórdão n.º 2202003.655 S2C2T2 Fl. 114 5 IRPF. ISENÇÃO MOLÉSTIA GRAVE. CEGUEIRA MONOCULAR O PARECER PGFN/CRJ/Nº 29, de 11 de janeiro de 2016, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais fundadas no entendimento de que a isenção do Imposto de Renda prevista no art. 6º, incisos XIV e XXI, da Lei 7.713, de 1988, abrange os valores recebidos a título de aposentadoria, reforma ou pensão, quando beneficiário for portador do gênero patológico "cegueira", seja ela binocular ou monocular, desde que devidamente caracterizada por definição médica, acatando vasta jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Não há porque se manter o entendimento administrativo, controverso, de que a definição legal de moléstia grave, no caso da cegueira, deve ser interpretada apenas para a cegueira em ambos os olhos. Recurso Voluntário Provido (Acórdão nº 2202003.505, Rel. Marcio Henrique Sales Parada, data da sessão: 16/08/2016). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. CEGUEIRA. ALCANCE. A lei que concede a isenção do IRPF sobre os proventos de aposentadoria de contribuinte portador de cegueira, não faz qualquer ressalva de que apenas o portador de cegueira total faça jus ao benefício, de sorte que o contribuinte acometido por cegueira parcial também se enquadra no texto legal. Recurso Voluntário Provido (Acórdão nº 2102002.782, Rel. Núbia Matos Moura, data da sessão: 20/11/2013). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. CEGUEIRA PARCIAL. ALCANCE. O legislador tributário, ao estabelecer a isenção do IRPF sobre os proventos de aposentadoria de contribuinte portador de cegueira, não faz qualquer limitação no sentido de que somente o portador de cegueira total faça jus ao benefício. Assim, o contribuinte acometido por cegueira parcial também se enquadra no dispositivo isentivo. Recurso Voluntário Provido (Acórdão nº 2101002.460, Redator designado Heitor de Souza Lima Júnior, data da sessão: 13/05/2014). Em virtude da orientação da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o Ministro da Fazenda aprovou o PARECER PGFN/CRJ/Nº 29, de 11 de janeiro de 2016, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, que concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais fundadas no entendimento de que a isenção do Imposto de Renda prevista no art. 6º, incisos XIV e XXI, da Lei 7.713, de 1988, abrange os valores recebidos a título de aposentadoria, reforma ou pensão, quando Fl. 116DF CARF MF 6 beneficiário for portador do gênero patológico "cegueira", seja ela binocular ou monocular, desde que devidamente caracterizada por definição médica. Despacho MF nº sn , de 14 de março de 2016 (Publicado(a) no DOU de 29/03/2016, seção 1, pág. 41 Assunto: Tributário. Isenção. Imposto de Renda incidente sobre os proventos de aposentadoria, pensão ou reforma, percebidos por portadores de cegueira monocular. Interpretação do art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 1988. Jurisprudência pacífica dos Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Aplicação do art. 19, II, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos. Despacho: Aprovo o PARECER PGFN/CRJ/Nº 29, de 11 de janeiro de 2016, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, que concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais fundadas no entendimento de que a isenção do Imposto de Renda prevista no art. 6º, incisos XIV e XXI, da Lei 7.713, de 1988, abrange os valores recebidos a título de aposentadoria, reforma ou pensão, quando beneficiário for portador do gênero patológico "cegueira", seja ela binocular ou monocular, desde que devidamente caracterizada por definição médica. (destaquei) NELSON HENRIQUE BARBOSA FILHO Ato Declaratório PGFN nº 3, de 30 de março de 2016 (Publicado(a) no DOU de 08/04/2016, seção 1, pág. 15) Autoriza a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que menciona." O PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 29/2016, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 29 de março de 2016, DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: “nas ações judiciais fundadas no entendimento de que a isenção do Imposto de Renda prevista no art. 6º, incisos XIV e XXI, da Lei 7.713, de 1988, abrange os valores recebidos a título de aposentadoria, reforma ou pensão, quando o beneficiário for Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10380.727382/201452 Acórdão n.º 2202003.655 S2C2T2 Fl. 115 7 portador do gênero patológico “cegueira”, seja ela binocular ou monocular, desde que devidamente caracterizada por definição médica”. JURISPRUDÊNCIA: REsp nº 1196500/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 04/02/2011;AgRg nos EDcl no REsp 1349454/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 30/10/2013; AgRg no REsp 1517703/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 01/07/2015; REsp 1483971/AL, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 11/02/2015; AgRg no AREsp 492.341/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/05/2014, DJe 26/05/2014; AgRg no AREsp 121.972/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/04/2012, DJe 02/05/2012). FABRÍCIO DA SOLLER Dessa forma, entendo que no presente caso foram atendidos os requisitos para que os rendimentos recebidos de aposentadoria sejam isentos do imposto sobre a renda. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 118DF CARF MF
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