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Numero do processo: 10280.721588/2010-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 07/02/2011
EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT.
A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional.
RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016.
As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-003.632
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Dérouledè - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Dérouledè (Presidente Substituto), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo, Hélcio Lafetá e Lenisa Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 07/02/2011 EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT. A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Recurso Voluntário Provido.
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A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dérouledè Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Dérouledè (Presidente Substituto), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo, Hélcio Lafetá e Lenisa Prado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 15 88 /2 01 0- 73 Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10280.721588/201073 Acórdão n.º 3302003.632 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra a ora Recorrente que formaliza a exigência de multa por atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada (multa regulamentar). Os fatos que ensejaram a cominação da pena foi a desídia da contribuinte agente de navegação, representando empresa operadora de embarcação em viagem internacional que prestou, fora do prazo estabelecido na legislação aduaneira, informação sobre veículo ou carga por ela transportada. Cientificada sobre o teor do auto de infração, a Contribuinte apresentou suas razões de defesa em impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, por intermédio do Acórdão 16070.482, cuja ementa se transcreve na parte de interesse: Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 07/02/2011 A empresa de transporte internacional deixou de prestar informações sobre carga transportada. Por expressa disposição legal, quaisquer pessoas, físicas ou jurídicas, que, de qualquer forma, contribuam para a prática do ilícito devem responder solidariamente. A retificação ocorreu após intimação da fiscalização, o que inibe a denúncia espontânea. Em momento algum a exigência ora discutida viola os princípios da legalidade e hierarquia de normas, pois não está calcada em Ato Declaratório Executivo, mas sim em artigo de Lei. Para legitimar a sanção, basta a certificação do fato infracional, independente da existência de culpa, demonstração de boafé e ocorrência de efetivo dano ao Erário. (...) Irresignada, a Recorrente apresentou recurso voluntário, motivo pelo qual os autos ascenderam a este Conselho É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Dérouledè, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.624, de 21 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10280.721580/201198, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10280.721588/201073 Acórdão n.º 3302003.632 S3C3T2 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.624): "Tendo em vista se tratar de recurso voluntário tempestivo1 e que apresenta todos os requisitos formais para seu conhecimento, submetoo a julgamento por este colegiado. A ação fiscal sob julgamento referese à prestação extemporânea de informações retificadoras referentes ao Conhecimento Eletrônico n. 021105089493067 (importação, em 13/06/2011) vinculado à escala n. 11000182350 cuja atracação ocorreu em 30/05/2011 e desatracação em 31/05/2011. A autoridade fiscal considerou que a retificação foi extemporânea porque não ocorreu dentro das 48 horas antes da chegada da embarcação, que é o limite estabelecido pela legislação pertinente2, mais especificamente os arts. 22, II, "d" e art. 45 da Instrução Normativa n. 800/2007. A recorrente define suas funções da seguinte maneira: "(...) é uma reconhecida empresa que exerce a atividade de agenciamento marítimo para diversos armadores estrangeiros que necessitam de representantes no país para auxiliálos nas operações de carga e descarga; emissão de documentos; suporte técnico aos navios; abastecimento em geral; etc". E, por esse motivo, defende que o entendimento acolhido pelo colegiado que julgou improcedente a impugnação não merece prosperar, já que: "(...) não se confunde a figura do agente marítimo, que opera na modalidade 'NVOCC', na consolidação/desconsolidação documental, responsável pela unitização/desunitização de cargas, com a figura de transportador. (...) 13. Sendo a Recorrente mera mandatária do transportador no momento do registro das informações junto ao SISCOMEX, não é possível sua responsabilização por eventuais erros cometidos pelo transportador, tampouco a ele se equipara para fins de responsabilidade tributária para os efeitos do DecretoLei n. 37/66, o que demonstra que o entendimento mantido no acórdão ora recorrido resta equivocado". A recorrente destaca, ainda, que não há no auto de infração provas que a identifique como empresa transportadora ou responsável por prestar as informações ao Siscomex. 1 A contribuinte foi considerada intimada sobre o teor do acórdão recorrido em 28/12/2015, conforme certifica o Termo de Registro de Mensagem de Ato Oficial na Caixa Posta DTE à folha 97 dos autos eletrônicos. Por sua vez, o recurso voluntário foi protocolizado em 22/01/2016, conforme registrado no Termo de Análise de Solicitação de Juntada à folha 149 dos autos eletrônicos. 2 Art. 37 do DL 37/1966; Instrução Normativa RFB n. 800, de 27/12/2007, e; art. 673 do Decreto n. 6.759, de 05/02/2009. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10280.721588/201073 Acórdão n.º 3302003.632 S3C3T2 Fl. 5 4 Defende que a hipótese dos autos amoldase a denúncia espontânea prevista no art. 102 do DL 37/663, com a redação conferida pela Lei n. 12.350/2010, já que as informações mencionadas na autuação foram prestadas muito antes da lavratura do auto de infração e do início de qualquer procedimento fiscal. Afirma que o procedimento fiscal só ocorreu porque a própria recorrente retificou as informações já consignadas. Em 22/04/2016 a recorrente acosta petição aos autos, informando a superveniência de fato relevante, que foi a edição da Solução de Consulta COSIT n. 02, de 04/02/2016, que foi assim resumida: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. CONTROLE ADUANEIRO DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIA. A multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas e e f do Decreto Lei n. 37/1966, com a redação dada pela Lei n. 10.833/2003, é aplicável para cada informação não prestada ou prestada em desacordo com a forma ou prazo estabelecidos na Instrução Normativa RFB n.800, de 27/12/2007. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Dispositivos legais: DecretoLei n.37, de 18 de novembro de 1966; Instrução Normativa RFB n. 800, de 27 de dezembro de 2007. Ressalta, ainda, que as Soluções de Consulta COSIT, por força do disposto no art. 9º da Instrução Normativa n. 1.396/2013, possuem efeito vinculante perante a Administração Tributária, razão pela qual o entendimento nelas consagrado deve ser observados pelas autoridades fiscais, e respaldo o sujeito passivo que o aplicar, independentemente de ser o consulente. Razão assiste a recorrente. Se depreende do precedente abaixo que a determinação consagrada pela COSIT vincula a todos no âmbito administrativo, inclusive os julgadores: Com efeito, a Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. (Acórdão n. 3301002.880, proferido em 15/03/2016 pela 1ª Turma da 3ª Seção de Julgamentos). Tendo em vista que a autuação fiscal ocorreu não pela extemporaneidade na apresentação de informações, mas sim pelo atraso na 3 Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 2º. A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10280.721588/201073 Acórdão n.º 3302003.632 S3C3T2 Fl. 6 5 retificação das informações já prestadas, é de rigor a exoneração da multa imposta, em conformidade com o que dita a Solução de Consulta COSIT n. 2, de 4 de fevereiro de 2016. Assim, pelas razões já esclarecidas, dou provimento ao recurso voluntário apresentado por CMA CGM do Brasil Agência Marítima Ltda." No que diz respeito à tempestividade, o recurso apresentado neste processo também é tempestivo (ciência do acórdão da DRJ em 28/12/2015, apresentação do RV em 22/01/2016). E, da mesma forma que no caso do paradigma, o motivo da exigência da penalidade nestes autos foi a retificação de informações prestadas anteriormente, retificação/alteração que o Fisco considerou como efetuada fora do prazo. Portanto, aplicável ao presente litígio, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, a Solução de Consulta COSIT nº 2, de 4 de fevereiro de 2016. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dérouledè Fl. 243DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.908134/2009-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 14/03/2001
RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido.
Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 14/03/2001
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS.
O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/03/2001
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA
Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.189
Decisão:
ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 14/03/2001 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 14/03/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/03/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1623; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.908134/200914 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.189 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de fevereiro de 2017 Matéria IPI. COMPENSAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Recorrente VITROTEC VIDROS DE SEGURANÇA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 14/03/2001 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 14/03/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificase na posição 7007 da TIPI. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/03/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 81 34 /2 00 9- 14 Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13839.908134/200914 Acórdão n.º 3301003.189 S3C3T1 Fl. 3 2 ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário contra o Acórdão 14041.990, exarado pela 2ª Turma da DRJ/RPO em face de Despacho Decisório que denegou restituição pleiteada e, conseqüentemente, não homologou as compensações declaradas. A recorrente formalizou PER/DComp objetivando a compensação de pretensa diferença recolhida a maior relativa ao IPI. A fiscalização, a partir das características do DARF discriminado no PER/DComp, constatou que o crédito alegado como indevidamente pago foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva, onde alegou, em sede preliminar, que a fundamentação legal genérica do Despacho Decisório implicou cerceamento do seu direito de defesa. No mérito, sustentou que o direito à restituição decorre de recolhimento a maior de IPI face a erro de classificação de seus produtos (vidros não emoldurados destinados exclusivamente para serem utilizados no párabrisas e nas janelas dos veículos automotores das posições 8701 a 8705). Os mesmos foram classificados na posição 7007 (Vidros de Segurança), com alíquota de 15% de IPI, quando o correto, segundo motivos, julgados e princípio da seletividade, deveria ser na posição 8708 da TIPI (partes e acessórios dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705), com alíquota de 5%. Ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a DRJ/RPO julgoua IMPROCEDENTE, nos termos do Acórdão 14041.990, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 14/03/2001 NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. Somente são nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com comprovada preterição do direito de defesa. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13839.908134/200914 Acórdão n.º 3301003.189 S3C3T1 Fl. 4 3 RESTITUIÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. Inexiste erro de classificação fiscal se contribuinte lançou nos documentos fiscais e recolheu com a respectiva alíquota os vidros, utilizados como pára brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificados na posição 7007 da TIPI. Conseqüentemente, inexiste recolhimento indevido ou maior que o devido que se enquadre como crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado o contribuinte apresentou Recurso Voluntário replicando as alegações da Manifestação de Inconformidade. É o relatório, em sua essência. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.171, de 20 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 13839.904308/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.171): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. As indicações de folhas no presente voto, não havendo informação contrária, referemse à numeração constante no eprocesso. 1 Da Preliminar de Nulidade A recorrente alega que houve preterição do direito de defesa, ensejando a nulidade do despacho Decisório, por indicação inespecífica de dispositivo legal, nos seguintes termos: No despacho decisório que não homologou a compensação em tela constam como enquadramento legal: "Artigo 165 e 170, da Lei n°5.172 (CTN); Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. " Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13839.908134/200914 Acórdão n.º 3301003.189 S3C3T1 Fl. 5 4 Ocorre que os artigos contém parágrafos e incisos QUE NÃO FORAM DEVIDAMENTE ESPECIFICADOS, o que resultou na impossibilidade de a recorrente identificar qual deles fundamenta a decisão não homologatória da compensação, ou seja, EVIDENCIASE INDICAÇÃO INESPECÍFICA QUE CARACTERIZA FORMALIZAÇÃO INCORRETA, em flagrante contrariedade ao que dispõe a legislação que rege a matéria e que prevê a indicação clara e precisa dos dispositivos legais supostamente infringidos , o que não ocorreu no caso. Tal fato resulta em flagrante prejuízo à defesa do contribuinte, resultando em vício insanável que enseja a nulidade do despacho decisório". Não vislumbro nos autos qualquer preterição do direito de defesa. O Acórdão recorrido não merece reparos, nesse pormenor. O despacho Decisório encontrase suficientemente fundamentado e o enquadramento legal está adequado aos fatos apurados. Não há, na espécie, motivo para que a autoridade fiscal indicasse os incisos ou alíneas em que se subdividiam os artigos elencados. Andou bem o julgador de primeira instância, vejamos parte dos fundamentos de seu voto que: [...] "Contudo, o que constato é que, para um pedido genérico lastreado num DARF, regularmente utilizado, para a integral quitação de débitos, mormente por inexistir qualquer retificação do DARF e da DCTF, nenhuma outra capitulação legal seria possível, aliás, creio que foi até exaustiva no caso, pois, bastaria citar o artigo 171 do CTN, ou seja, que a compensação só se faz com créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional." [...] O excerto acima transcrito é suficientemente didático. Não há coerência lógica nos argumentos trazidos pela recorrente, senão o intuito de dar sobrevida ao litígio. Com o exposto, não se verifica qualquer cerceamento do direito de defesa, tampouco algum ato ou fato que ampare, ainda que de longe, a nulidade do Despacho Decisório. 2 Do Mérito O cerne do litígio está centrado da [in]existência do crédito disponível para restituição, submetido à PER/DComp, i.é., [in]existência de pagamento a maior de IPI por parte do contribuinte. A fiscalização, em procedimento de análise de PER/DComp, detectou que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O recorrente, por sua vez, alega que efetuou recolhimento de IPI a maior em face de equívoco na classificação fiscal de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores das posições 8701 a 8705 da Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13839.908134/200914 Acórdão n.º 3301003.189 S3C3T1 Fl. 6 5 TIPI. Originariamente efetuou os recolhimento do IPI com base na posição da TIPI 7007, alíquota de 15%, conquanto, no seu entender, deveria ter recolhido com base na posição 8708, alíquota de 5%. Sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. Em resumo temos que o recorrente sustenta que cometeu erro na classificação de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores, de sua fabricação e, como conseqüência, recolheu IPI a maior. É nessa matéria, classificação fiscal, que se limita a peça recursal. Outrossim, a exigência fiscal emerge da constatação por parte da fiscalização de que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Essa é a matéria posta originariamente pela fiscalização. Sobre ela nada falou o recorrente. Apressome a afirmar: ainda que o recorrente tenha êxito quanto a classificação por ele pretendida, fazse necessária a comprovação de que eventual pagamento a maior do IPI fora devidamente escriturado, bem assim que as obrigações acessórias tenham sido alteradas para contemplar os valores efetivamente devido do tributo, tornadoo liquido e certo. Portanto temos dois pontos a serem apreciados: (i) a liquidez e certeza do crédito alegadamente pago a maior e (ii) a correta classificação do produto. 2.1 A LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ALEGADAMENTE PAGO A MAIOR É notoriamente sabido que, nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Essa é a dicção do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Art. 373 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Disso não se desincumbiu o contribuinte. Do compulsar dos autos não se vislumbra nenhum elemento apresentado pela recorrente que tenha o condão de afastar as alegações da fiscalização que alicerçaram a negativa relativa ao pedido de restituição. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13839.908134/200914 Acórdão n.º 3301003.189 S3C3T1 Fl. 7 6 Noutra esteira, a fiscalização demonstrou que, relativamente ao crédito que se pretende ser indevido, há débitos a ele originariamente vinculados, portanto não disponíveis para restituição e, conseqüentemente, não servindo para custear compensação. Dessarte, depreendese que os valores de IPI que o recorrente pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez. 2.2 A CORRETA CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO Passo a apreciar a classificação fiscal adotada pelo contribuinte para o produto vidro não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores. Ressaltese que a classificação fiscal, no caso concreto, não influenciará diretamente na decisão quanto ao direito à restituição, posto que, isoladamente, eventual erro na classificação não é suficiente para dotar de liquidez e certeza o crédito pago a maior,. O recorrente sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. O Julgador a quo, em seu voto, constante do Acórdão recorrido, fundamenta exaustivamente as razões para descaracterizar a pretensa classificação dos vidros na posição 8708 e a necessária e correta classificação na posição 7007. vejamos excerto do voto: [...] Quanto ao mérito, nenhuma razão assiste ao interessado, sendo que a classificação fiscal do produto em questão já é pacificada na Receita Federal do Brasil desde 1998, quando, mediante o DEC SRRF 8ª RF nº 155/98, publicado no DOU em 06/08/98, classificou na posição 7007 da TIPI os vidros a serem utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis. [...] Não vislumbro razão para o aprofundamento da análise da presente matéria, a uma, pelo brilhante voto constante do Acórdão recorrido, não merecendo reparos, a duas, em face da publicação da Solução de Consulta do Centro de Classificação de Mercadorias da RFB, SC 56/2014, 1ª Turma, com a qual concordo e a utilizo como fundamento de minha decisão. Sua ementa é suficientemente esclarecedora: 7007.21.00 Vidro de segurança não emoldurado, formado por folhas contracoladas (vidro laminado), de espessuras que variam de 1 mm até mais de 6,5 mm, acompanhado de guarnição de borracha para vedação, destinado a uso como parabrisa de automóveis SC 296/2015 1ª Turma Fl. 78DF CARF MF Processo nº 13839.908134/200914 Acórdão n.º 3301003.189 S3C3T1 Fl. 8 7 Como se vê o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis tem definida e consolidada sua classificação fiscal na posição 7007. Dispositivo Ante o exposto, considerando que (i) os créditos de IPI que se pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição, não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez e que (ii) o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis deve ser classificado fiscal na posição 7007, da TIPI, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 79DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10073.720355/2015-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração de ajuste anual, diante da apresentação de documentos que comprovaram a efetividade da dedução, devem ser afastadas as glosas realizadas.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.582
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração de ajuste anual, diante da apresentação de documentos que comprovaram a efetividade da dedução, devem ser afastadas as glosas realizadas. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
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COMPROVAÇÃO. Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração de ajuste anual, diante da apresentação de documentos que comprovaram a efetividade da dedução, devem ser afastadas as glosas realizadas. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 03 55 /2 01 5- 11 Fl. 117DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, darlhe provimento. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10073.720355/201511 Acórdão n.º 2401004.582 S2C4T1 Fl. 111 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão n°. 0653.297, proferido pela 6ª Turma da DRJ/CTA (fls. 38/44), que julgou improcedente a impugnação e manteve integralmente o crédito tributário exigido, conforme acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA, REFORMA OU PENSÃO. LAUDO MÉDICO OFICIAL A isenção para portadores de moléstia grave deve ser reconhecida quando o contribuinte comprova atender os dois requisitos cumulativos indispensáveis: que os valores recebidos possuam natureza de rendimentos de aposentadoria, reforma ou pensão e que o contribuinte seja portador de moléstia grave tipificada no texto legal e reconhecida por meio de Laudo Médico Oficial. Tratase de Notificação de Lançamento de débitos tributários referentes ao ano calendário de 2010, por ter o contribuinte se declarado indevidamente como isento, tendo sido autuado no valor total de R$ 15.654,25 em 09/02/2015, pelo seguinte fato descrito no lançamento fiscal: Fl. 119DF CARF MF 4 O contribuinte foi cientificado das autuações em 20/02/2015, sextafeira (AR f. 22) e apresentou impugnação ao lançamento (fls. 2/3). No julgamento da peça impugnatória do contribuinte, foi mantido integralmente o lançamento, sendo proferido o Acórdão n°. Acórdão n°. 0653.297 (fls. 38/44), cuja ementa está reproduzida acima. Intimado do acórdão da DRJ/CTA em 18/09/2015, sextafeira (AR fl. 47), o contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. 49/56 em 28/09/2015, alegando, em síntese: a) Que é pessoa idosa e requer a prioridade no trâmite do recurso; b) Que é portador de moléstia grave, conforme comprovado por laudo médico, devendo ser isento dos recolhimentos pleiteados. É o relatório. Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10073.720355/201511 Acórdão n.º 2401004.582 S2C4T1 Fl. 112 5 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Juízo de admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito O recorrente alega ser isento do Imposto de Renda Pessoa Física por atender aos dois requisitos cumulativos necessários, quais sejam ter como rendimento aposentadoria e ser portador de moléstia grave. Conforme extraise do art. 6°, inciso XIV da Lei 7.713, os proventos recebidos de aposentadoria por portadores de moléstia grave devem ser isentos do tributo ora discutido, verbis: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; O contribuinte juntou aos autos os seguintes documentos: a) Cópia de atestado médico (fl. 4), emitido, em 18/03/2015, pela Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de Barra Mansa/RJ e assinado pelo médico urologista Orlandino Klotz de Almeida; b) Cópia de Laudo Pericial da rede privada (fl. 8), emitido e assinado, em 30/10/2014, pelo médico urologista Luiz Cezar Lopes Atan; c) Cópia do Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro (fl. 28), do dia 31/05/2012, com a informação do despacho do Secretário de Estado de Fazenda deferindo o Processo nº E01/136.034/2012, tendo como interessado o Sr. Ubiracy Vinhosa Rodrigues; Fl. 121DF CARF MF 6 d) Cópia de atestado médico (fl. 30), emitido pelo Hospital Unimed e assinado, em 09/04/2015, pelo médico oncologista Rodrigo de Oliveira Almeida e pelo médico urologista Orlandino Klotz de Almeida; e) Cópia de Laudo Pericial da rede privada (fls. 31/32), emitido e assinado, em 31/05/2015, pelos médicos urologistas Luiz Cezar Lopes Atan e Orlandino Klotz de Almeida; f) Cópia de Comprovantes de Pagamento de aposentadoria (fls. 83/84), emitido pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro, referentes ao meses de fevereiro e setembro de 2015; g) Despacho do Secretário de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro, referente ao Processo nº. E01/136.034/2012 (fls. 87/89) Portanto, verificase que o contribuinte é portador neoplasia maligna desde o anocalendário de 2009, tendo sido atestado pela Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de Barra Mansa/RJ e por profissionais especializados, da rede particular, cumprindo incontestavelmente o requisito relativo a ser portador moléstia grave. Ainda, foram juntados Comprovantes de Pagamento que demonstram de forma cabal a auferição de proventos de aposentadoria pelo recorrente, conforme os extratos de fls. 83/84, que atestam ser o ora recorrente aposentado desde o anocalendário de 1990. Assim, estando comprovados o cumprimento dos requisitos cumulativos para a obtenção da isenção dos proventos de aposentadoria, deve ser dado provimento ao recurso voluntário do recorrente. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato. Fl. 122DF CARF MF
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Numero do processo: 10410.002077/96-99
Turma: Terceira Turma Superior
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 20 00:00:00 UTC 1998
Numero da decisão: 302-00.880
Decisão: RESOLVEM os Membros da Segunda Câmara do Terceiro Conselho
de Contribuintes, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade argüida pela requerente, e converter o julgamento em diligência ao INT, através da Repartição de Origem, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Paulo Roberto Cuco Antunes
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RESOL VEM os Membros da Segunda Câmara' do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade argüida pela requerente, e converter o julgamento em diligência ao INT, através da Repartição de Origem, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. ',: Brasília-DF, em 20 de maio de 1998 - ~ ~--<-tJ'----="J? <:... ,) HENRIQUE PRADO MEGDA Presidente ~of -JJ---'- Ccrté-; f7(ori2, JQ(ltIt~s t7.,l1c~ana ". ._' ""1 da Fazená.! !,o...OMProcuradora \ tl2 JUL 1998 Participaram, ainda, do presente julgamento, os seguintes Conselheiros: UBALDO CAMPELLO NETO, ELIZABETH MARIA VIOLATTO, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, LUIS ANTONIO FLORA, ELIZABETH EMÍLIO DE MORAES CHJEREGATTO e RICARDO LUZ DE BARROS BARRETO. !me MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO N° RECORRENTE RECORRIDA RELATOR(A) 118.909 302-0.880 SALGEMA INDÚSTRIA QuíMICA SIA DRJ/RECIFE/PE PAULO ROBERTO CUCO ANTUNES RELATÓRIO Contra a empresa Salgema Indústrias Químicas SIA. foi emitida a Notificação de Lançamento de fls. 01, estampando a exigência do crédito tributário no valor total de UFIRs 21.230,28, constituído por parcelas de Imposto de Importação; IPI., juros de mora, multa de mora e multa prevista no art. 364, ll, do RIPI. Segundo a descrição dos fatos às fls. 02, foi apurada a seg\I~J1lte infração a dispositivo do Regulamento Aduaneiro: "I - ERRO DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL Falta de recolhimento do 11 e IPI, tendo em vista 'desclassificação fiscal da mercadoria importada com base no estabelecido na Regra Geral para interpretação do Sistema Harmonizado, conforme apurado pela COTEC, que informou a infração através do "Mapa de Irregularidades de Declarações de Importação - MIDI" número 005/05/93. As mercadorias importadas pela SALGEMA Industrias Químicas S.A., através da declaração de importação 000177, registrada em 28/04/93, "05 cabos - célula de pesagem tipo C2-PI-BLH (35 pes de cabo cada)", foram classificadas incorretamente no código NBM/SH 8541.40.9999 ("dispositivos fotossensíveis, semicondutores, incluídas células fotovoltáicas, mesmo montadas em módulos ou em painéis; diodos emissores de luz"; "qualquer outro"). Pela descrição do bem, a classificação correta a ser empregada deve ser 8423.90.0200 ("partes de aparelhos ou instrumentos de pesagem"), cuja alíquota do imposto de importação estava fixada em 20% (vinte por cento). Desta forma, a empresa deverá recolher os tributos decorrentes desta alteração, acrescidos dos juros de mora e das multas previstas no art. 59 da Lei 8.383/91, multa de mora relativa ao 1.1.,e no inciso II do art. 364 do RIPI, aprovado pelo Decreto 87.981/82.1" Além dos Demonstrativos de Apuração (Cálculos) que acompanham a Notificação de Lançamento mencionada, juntaram-se aos autos cópias da D.I. ~ 000177/93, de 28/04/93 (fls. 10/12) e do ~apa de Irregularidades de Declarações ~ MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO N° 118.909 302-0.880 Importação - MIDI (fls. 13), da Coordenação de Tecnologia e Sistemas de Informações - COTEC, que aponta a desclassificação da mercadoria em apreço. Cientificada em 24/10/96, na própria N.F. de fls. 01, a Autuada apresentou Impugnação tempestiva em 21/11/96 (fls. 15/23), com anexos às fls. 24/35, onde argumenta, em síntese, o seguinte: o Que o lançamento do imposto de importação se dá por homologação, nos termos do art. 150 do CTN; o Que tal lançamento é homologado ~xpressarilente pela fiscalização, no momento da conferência aduaneira e antes do desembaraço, ou seja, antes da entrega da mercadoria; o Que o crédito tributário está defmitivamente extinto com' a homologação do lançamento, de acordo com o art. 156, inc. VII, do C.T.N., salvo se comprovado dolo, fraude ou simulação, o que não se verificou no presente caso; • Que a hipótese de revisão do lançamento prevista no art. 149 'do C.T.N. e art. 456 do Regulamento Aduaneiro trata de lançamento de oficio, por iniciativa da autoridade administrativa e visa, apenas, o tributo não regularmente lançado, o que não se aplica ao caso em tela; • Por último, que a nova classificação imposta pelo Auditor Fiscal não é correta, já que o mesmo a classifica no código 8423.90.0200 "partes de aparelhos ou instrumentos de pesagem", quando, em verdade, de acordo com a NEM e TAB, art. 100 e parágrafo único do Regulamento Aduaneiro, trata-se de mercadoria com o código 9031.80.9999 (células de carga), conforme se infere da análise do Laudo Técnico em anexo (doc. 03). O Laudo Técnico ao qual se reporta a Autuada (fls. 35) é de emissão de Engenheiro Eletricista - CREA 170/85-AL, em papel timbrado da própria empresa, pelo que se infere seja seu empregado, dizendo o seguinte: "Ref.: Célula de Carta Tipo C2-PI-BLH 500.000 LIBRAS Ass.: Caracterização de Material e Classificação Tarifária. Certificamos, para os devidos fins, que o material importado pela GI- / 0013-92/433-6 e declarado na DI-000177, de 28/04/93, trata-se de urna célula de carga para suportar tanques de armazenamento de clorodf e que a célula de carga é constituída de uma barra metálica, com urna '. ~!. I 3 { MJNISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO N° 118.909 302-0.880 4 ponte de Wheatstone colada em seu costado, composto de semi condutores e resistores, variando a sua resistibilidade com a deformação da barra submetida à carga de cloro, tendo nela aplicado um potencial elétrico para produzir um sinal voltáico pelo desequilíbrio resistivo na ponte, sinal proporcional à caga de cloro armazenado, sinal que é conduzido por um cabo elétrico até um painel indicativo. Certificamos que, pelas características do material, o mesmo se enquadra na posição NBM/SH 9031.80.99999 - Células de Carga (NCM 9031.80.50)." Seguiu-se a emissão da Decisão DRJ/Recife nO081/97, às fls. 38/49, com a Ementa que a seguir se transcreve: ' , : "IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E I.P.I. VINCULADO CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. Mercadorias importadas classificadas incorretamente na TABINBM/SH ensejam a cobrança da diferença desses tributos, sem prejuízo das sanções legais cabíveis. ' AÇÃO ADMINISTRATIVA PROCEDENTE, EM PARTE." Pelo que se infere da Decisão supra, a Autoridade singular manteve o crédito tributário inicialmente lançado, apenas reduzindo de 100% (cem por cento) para 75% (setenta e cinco por cento) a penalidade capitulada no art. 364, 11, do RIPI, nos termos do art. 80, inciso I, da Lei nO4.502/64, com a nova redação que lhe deu o art. 'p 45, da Lei n° 9.430/96. (texto em negrito transcrito do original- fls. 49). A Decisão rebate os argumentos de defesa, com relação à alegada irrevisiviblidade da 0.1., por se tratar de lançamento por homologação, apoiando-se na legislação, na doutrina e em Parecer da o. Procuradoria da Fazenda Nacional. No que conceme à classificação tarifária da mercadoria discutida nos autos, destacamos os fundamentos estampados às fls. 40/44, que nos permitimos proceder sua leitura nesta oportunidade, para melhor entendimento de meus L Pares. (.....leitura .....) O A.R. acostado às fls. 53 não contém data da sua recepção pelo destinatário. Todavia, levando em conta que a data da postagem, na unidade de destino (verso do A.R.) é de 09/06/97 e tendo sido apresentado o Recurso (fls. 54/66) em 07/07/97, é de se admitir como tempestivo o referido Recurso. ~."-) VJ ~/ MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO N° 118.909 302-0.880 Insiste a Recorrente na tese de que o lançamento de que se trata é por homologação, tendo sido o mesmo expressamente homologado pela fiscalização, após a conferência e desembaraço aduaneiro da mercadoria; que o art. 149 e seu parágrafo único do CTN tratam de lançamento efetuado de ofício, não se aplicando ao caso em tela; que pela homologação está extinto o crédito tributário, tratando-se, assim, de ato perfeito e acabado. No que diz respeito à classificação tarifária da mercadoria, assevera que: • (...) O enquadramento das mercadorias na tabela NBM/SH, depende, muitas vezes, de análise técnica, como no presente ;ca~o. Foi o que fez a recorrente, consultou um técnico e apresentou' um laudo com a correta classificação da mercadoria importada; • Em que pese o conhecimento da área técnica-fiscal do ilustre Delegado prolator da decisão ora atacada, a mesma carece de fundamentação técnica para classificação da mercadoria em tela;' • Destarte, resta demonstrada, baseado em laudo técnico anexado ao processo, que a correta classificação da mercadoria importada é o código 9031. 80.9999 (células de carga); • Assim, estando classificada como células de carga, a mercadoria importada era, na época da importação, isenta do Imposto sobre Produtos Industrializados, conforme disposto na Lei n° 8.191/91, prorrogada pela Lei nO8.643/93 e regulamentada pelo Decreto nO 151/91. Por último, insurge-se contra a multa aplicada pelo Autuante, invocando o disposto no Ato Declaratório Normativo n° 10, de 16 de janeiro de 1997, publicado no DOU de 20 de janeiro do mesmo ano, que retira as multas incidentes por infrações decorrentes de classificação tarifária errônea, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários e ao enquadramento tarifário pleiteado e que não se constate intuito doloso ou de má-fé, como é o caso da recorrente. Manifestando-se às fls. 70/74, assevera a D. Procuradoria da Fazenda Nacional que a decisão de fls. 38/49 não merece reparos, vez que bem reflete a prova ~ documental existente nos autos, além de aplicar, com inegável acerto, a legislação .' //. . vigente à época. Rebate os argumentos de Apelação da Interessada, tanto no que diz /,' í ~I 5 MlNlsTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO~ 118.909 302-0.880 respeito à irrevisibilidade do lançamento estampado na D.I., quanto no que conceme à classificação tarifária da mercadoria. É o relatório. , I , I 6 MlNISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO .~ 118.909 302-0.880 VOTO . 3. Aplicabilidade da multa por infração, à luz do Ato Declaratório Normativo nO10/97. Como se observa das peças que integram o processo aqui em exame, bem como do Relatório ora apresentado, três são as questões a serem aqui discutidas e decididas, a saber: l.Como preliminar, a irrevisibilidade da classificação tarifária adotada na Declaração de Importação suscitada e, consequente'mente, do lançamento correspondente, dito por homologação; ; I , I2. A classificação fiscal da mercadoria importada e, Evidentemente que a matéria abordada no item 1. deve ter preferência para julgamento neste Colegiado, com tratamento de preliminar, até por que, 'se acolhida a tese sustentada pela Recorrente, resultarão canceladas todas as exigências formuladas na Notificação de Lançamento de fls. 01, tornando-se, em conseqüência, prejudicados os demais argumentos do Recurso. Dito isto, passemos à análise das questões recursais em comento. 1. A questão da irrevisibilidade do lançamento consubstanciado pelo registro da Declaração de Importação e, quando é caso, com o pagamento dos tributos incidentes, configurando-se o inquestionável modelo de lançamento por homologação, já foi exaustivamente examinada neste Conselho, no âmbito de suas três Câmaras, tendo sido espancadas todas as teses que defenderam tal irrevisibilidade. Com efeito, parece-me tácito o entendimento de que o lançamento em questão, caracterizado pelo registro da D.I. na repartição fiscal competente, é do tipo "autolançamento" ou "lançamento por homologação". Quanto a isto não existe discrepância ente o sujeito passivo e o fisco. Daí, entretanto, até aceitar-se o entendimento manifestado pelo TIustre Patrono da Recorrente, de que tal homologação acontece através do desembaraço aduaneiro da mercadoria despachada, vai uma grande distância. Tal entendimento, com a devida vênia, não encontra amparo na legislação de regência. Examinemos, mais minuciosamente, o que estabelece a lei tributária (CTN.) a respeito do assunto: 7 MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRlBUlNTES SEGUNDA cÂMARA , I I' ,} . , RECURSO N° RESOLUÇÃO NO 118.909 302-0.880 ) . ". ~ ( I, :. . ,. , '. ., - \; "Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pela obrigação, expressamente o homologa. ~ 1° O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do seu lançamento. 9 2° Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial ,do crédito .. : ~ 3° Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados de apuração do sàldo porventura devido e, serido o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. ~ 4° Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação . (nossos os destaques do texto) Observa-se, Jogo no "caput" do artigo 150 acima transcrito, que a homologação do lançamento, pela autoridade administrativa, deve ser feita de forma expressa. O parágrafo 1°, do referido artigo, deixa claro que o pagamento antecipado, obrigatório nessa modalidade de lançamento, não extingue o crédito tributário, ficando, tal condição, sujeita à posterior expressa homologação do lançamento . Acontece que não se encontra, na legislação de regência, qualquer dispositivo atribuindo ao referido procedimento - desembaraço aduaneiro - resultando na entrega da mercadoria ao importador, a eficácia da homologação do lançamento pela autoridade administrativa, ainda que se possa admitir que, na maioria das vezes, tal desembaraço ocorre após a conferência aduaneira, com a competente análise fisica da mercadoria, sua classificação e valor e o cumprimento das obrigações fiscais exigíveis l em decorrência da importação. {y}!!/ 8 I MJNISTÉRIO DA FAZENDA TERCElRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO NO 118.909 302-0.880 , '.. ,, ~.,:~.--.... O que se tem de concreto, na prática, com a situação que envolve o tributo em comento - Imposto de Importação - e o procedimento de desembaraço aduaneiro, é que em razão das peculiaridades que envolvem tal tributo, obrigando a adoçãode determinadas medidas antes da liberação das mercadorias importadas, foram criados mecanismos para que tal desembaraço e liberação das mercadorias ocorra dentrodo mais curto espaço de tempo possível. Isto resulta na minimização de despesas para os importadores, tais como custos de armazenagens; riscos de perda da carga por deterioração; riscos de outras perdas tais como lucros cessantes, mercado, etc. Em contra partida, <> importadoré obrigado a antecipar o pagamento dos tributos que ele mesmo apura e declarapara o fisco, através da Declaração de Importação formalizada e registrada. Existe, em tal situação, uma confiança depositada pelo Estado, no caso a Fazenda Nacional, nos diversos importadores, ao conceder o desembaI;aço aduaneiroe a liberação da mercadoria sem que, na grande maioria dos casos, tenha ti~o a fiscalização a possibilidade de verificar a exata regularidade do pagamento dos tributos devidos; das isenções e/ou reduções pleiteadas; da exatidão da descrição .da mercadoriafornecida pelos importadores. Evidentemente que não poderia a Lei diante, como se sabe, 'da precariedade que em muitos casos se processa o desembaraço aduaneiro das mercadorias nos diversos pontos do território nacional, vincular a expressa homologação do lançamento, no caso do imposto de importação, ao procedimento de desembaraço aduaneiro, com a conseqüente liberação das cargas aos importadores. E o mecanismo de resguardo da Fazenda Nacional para efetuar a revisão do lançamento constituído pela Declaração de Importação, promovendo, a posteriori,a exigência de eventuais débitos apurados, está na legislação aduaneira que veioa regulamentar a matéria, precisamente o Decreto-lei n° 37, de 18 de novembro de 1966(DOU de 21/11/66) que, com as alterações, inserções e novas redações realizadas posteriormente,assim estabelece: "Seção II Conclusão do Despacho Art. S4 - A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fIScal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de S (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o artigo 44 deste Decreto-Iei". (Redação dada pelo Decreto-lei n( 2.472, de 01109/88) 9 MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA RECURSO N° RESOLUÇÃO N° 118.909 302-0.880 Como visto, além do fato, já acima comentado, de que não existe na legislação de regência qualquer dispositivo atribuindo ao desembaraço aduaneiro a condição homologatória do lançamento, o dispositivo legal ora transcrito, de meridiana clareza, põe por terra toda e qualquer perspectiva de se admitir tal vínculo - (desembaraço = homologação de lançamento). O Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n( 91030/85, veio a estabelecer, efetivamente, a forma de apuração da regularidade do pagamento e da exatidão das informações prestadas pelo importador, que se dá através do procedimento de Revisão Aduaneira, definida da seguinte forma: "Art. 455 - Revisão aduaneira é o ato pelo qual a autoridade fiscal, após o desembaraço da mercadoria, reexamina o despacho aduaneiro, com a finalidade de verifica,~ a regularidade da importação ou exportação quanto 'aos aspectos fiscais, e outros, inclusive o cabimento de benefício fiscal aplicado (Decreto-Lei nO 37/66, a'rtigo 54). Art. 456 - A revisão poderá ser realizada enquanto não decair o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário (Lei n° 5.17~/66, artigo 149, parágrafo único)." Diante do exposto, improcede o primeiro pedido formulado pela Recorrente, uma vez que não ocorreu, efetivamente, a homologação do lançamento através do desembaraço aduaneiro da mercadoria, não tendo ficado, consequentemente, ~, extinto o crédito tributário cujo fato gerador decorre da entrada da mercadoria estrangeira no território nacional. Rejeito, desta forma, a argumentação preliminar da Recorrente, que seria de nulidade do Auto de Infração em epígrafe. 2. Com relação à classificação fiscal da mercadoria, temos que a sua descrição nos documentos de importação (D.I. e G.I.), como sendo: CABO - CÉLULA DE PESAGEM TIPO C2-PI-BLH (35 PÉS DE CABO CADA) Nada mais existe nos autos sobre a mercadoria, no que diz respeito a especificações, propriedades de uso, catálogos técnicos, etc., que possa auxiliar na sua correta definição. As informações trazidas no Laudo Técnico de fls. 35, apresentado pela Recorrente, também não possuem definição clara que possa nos indicar a correta classificação tarifária dessa mercadoria. 10 11 Como se verifica dos autos, a Importadora classificou o produto em suaD.I. no código TAB/SH 8541.40.9999, que corresponde ao seguinte: 118.909 302-0.880 RECURSO N° RESOLUÇÃO N° • Instrumentos, aparelhos de medida ou controle, não especificados nem compreendidos em outras posições do presente capítulo, projetores de perfis - Qualquer outro. i I , I • Aparelhos e instrumentos de pesagem, incluídas as básculas e balanças para verificação de peças usinadas (fabricadas) excluídas as balanças sensíveis a pesos não superiores a 5 CG; Pesos para quaisquer balanças; Partes de aparelhos ou instrumentos de pesagem.- Partes. Já o Fisco entende que a classificação correta da mercadoria seria no Código 8423.90.0200, que se trata de: • Dispositivosfotossensíveissemicondutores, incluídas as células fotovoltaicas, mesmo montadas em módulos ou em painéis; diodosemissoresde luz - Qualquer outro. Posteriormente, com base no Laudo Técnico emitido por seu Perito (fls. 35), abandonou tal classificação, passando a defender o enquadramento da mercadoria no Código 9031. 80.9999, que se refere a: . MlNIsTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA cÂMARA Deve a repartição aduaneira, inicialmente, intimar a Importadora a apresentar documentos, fotografias, catálogos técnicos, etc. da mercadoria em epígrafe, oferecendo maiores condições ao lNT para o atendimento à solicitação acima formulada. Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência ao Instituto Nacional de Tecnologia (lNT), através da repartição aduaneira de origem, solicitando que emita Parecer detalhado e conclusivo sobre o assunto, oferecendo a este Colegiado condições de definir a sua correta classificação tarifária. Como se verifica, a simples descrição estampada nos documentos de importação não nos oferece condições para a classificação tarifária da mercadoria na TAB/SH vigente na ocasião do registro da D.I., já que não existe tal descrição na respectiva nomenclatura. O mesmo pode-se dizer das informações estampadas no Laudo Técnico apresentado pela Recorrente, não oferecendo segurança para a solução do presente litígio. 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006 00000007 00000008 00000009 00000010 00000011
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Numero do processo: 16327.000360/2006-62
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Ano calendário: 2002, 2003
COOPERATIVA. ATOS COOPERATIVOS.
A contribuição social sobre o lucro líquido não incide sobre o resultado positivo obtido pela sociedade nas operações que constituem atos cooperativos. O ato cooperativo não configura operação de mercado, seu resultado não é lucro e está fora do campo de incidência da contribuição instituída pela lei nº 7.689, de 1988. Somente os resultados decorrentes da prática de atos com não associados estão sujeitos à tributação.
Numero da decisão: 1803-000.894
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes. O Conselheiro Walter Adolfo Maresch votou pelas conclusões.
Nome do relator: Selene Ferreira de Moraes
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ATOS COOPERATIVOS. A contribuição social sobre o lucro líquido não incide sobre o resultado positivo obtido pela sociedade nas operações que constituem atos cooperativos. O ato cooperativo não configura operação de mercado, seu resultado não é lucro e está fora do campo de incidência da contribuição instituída pela lei nº 7.689, de 1988. Somente os resultados decorrentes da prática de atos com não associados estão sujeitos à tributação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes. O Conselheiro Walter Adolfo Maresch votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Selene Ferreira de Moraes. Relatório Fl. 435DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 397 2 Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Tratase de impugnação (fls. 208 a 226) a Auto de Infração de CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO — CSLL, por FALTA DE RECOLHIMENTO, relativo a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 2002 e 2003, lavrado pela DEINF/SPO, em 27/03/2006 (fls. 04 a 10). 2. O crédito tributário assim constituído foi composto pelos valores a seguir discriminados: 3. Como enquadramento legal do lançamento do tributo, o autuante assinala os artigos 2° e parágrafos, da Lei 7.689/88, o artigo 1°, da Lei 9.316/96, o artigo 28, da Lei 9.430/96, o artigo 6°, da Medida Provisória 1.807/99 e reedições e o artigo 6°, da Medida Provisória 1.858/99 e reedições (fl. 05). Os juros de mora foram lançados com fundamento no artigo 28 c/c com o artigo 6°, parágrafo 2°, da Lei 9.430/96, e a multa de oficio, no artigo 44, inciso I, da mesma lei (fl. 08). 4. No Termo de Verificação de Infração Fiscal (fls. 11 e 12), a autoridade lançadora noticia, em resumo, que: i) a CSLL, até o anocalendário de 2004, incidia sobre o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação fiscal, inclusive, para as cooperativas, sobre os resultados das operações com os associados, conforme dispõe o item 9, da IN SRF 198/88; ii) somente a partir de 2005, com o artigo 30, da Lei 11.051/2004, a CSLL passou a não incidir sobre os resultados dos atos cooperativos, conforme definido no artigo 79, da Lei 5.764/71 e previsto no artigo 182, do RIR/99; iii) não existem recolhimentos da CSLL, por parte do autuado, para os anoscalendário de 2002 e 2003, e, assim, o crédito tributário correspondente foi constituído, tendo por base as Fichas 06B e 17, da DIPJ. 5. Cientificado do lançamento em 27/03/2006 (fl. 04), o autuado impugnou o Auto de Infração em 26/04/2006 (fl. 208), alegando que : i) a autuação deveria ser cancelada porque as sociedades cooperativas não preenchem a hipótese de incidência da CSLL quando praticam atos cooperativos, em razão da legislação que as rege, da CF, da jurisprudência administrativa já pacificada e da jurisprudência dos tribunais superiores, e conforme previsto no artigo 39, da Lei 10.865/2004; ii) a CSLL somente pode incidir sobre o lucro, configurando situação de não incidência tributária, e, assim, qualquer valor diverso deste não pode ser incluído na base de cálculo do tributo; Fl. 436DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 398 3 iii) as cooperativas de crédito têm por fim proporcionar assistência financeira aos associados, sem objetivo de lucro, diferentemente das sociedades mercantis que têm o lucro como objetivo; possuem sobra e sua distribuição leva em consideração as operações dos associados (artigo 40, inciso VI, da Lei 5.764/71), não o capital, demonstrando ausência de finalidade lucrativa; iv) os valores recebidos das associadas para custeio das atividades da Cooperativa Central não poderiam ser objeto da base de cálculo da CSLL, pois tal fato contraria a legislação, porque se pretende fazer crer que tais valores seriam lucro para tributação da CSLL, contrariando o artigo 79 e parágrafo único, da Lei 5.764/71; v) o mesmo teria ocorrido com o PIS/COFINS sobre atos cooperativos, com respeito às peculiariedades que envolvem as sociedades cooperativas, e especificamente as do ramo crédito, no sentido da ausência de faturamento, receita e lucro nas operações decorrentes de sua atividade principal, conforme o artigo 30, da Lei 11.051/2004; vi) não haveria voz destoante, nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial, no sentido de reconhecer que o resultado positivo obtido pelas cooperativas nas operações realizadas com seus associados não integra a base de cálculo da CSLL, consoante excertos de julgamentos do STJ e do Conselho de Contribuintes que colaciona. vii) a equiparação das cooperativas de crédito às instituições financeiras não se confunde com equiparar cooperativas de crédito aos bancos ou financeiras, dandolhes tratamento tributário inadequado; o fato de estarem incluídas no artigo 22, parágrafo 1°, da Lei 8.212/91 não implica tributação dos resultados dos atos cooperativos por ela praticados, pois não configuram operação de comércio, seu resultado não é lucro, e estão situados fora do campo de incidência da CSLL; viii) haveria dupla ofensa ao princípio da isonomia, em face dos artigos 5° e 150, inciso II, da CF, já que se verifica tratamento desigual a iguais (cooperativas de crédito tratadas de forma diferentes das demais cooperativas) e tratamento igual a desiguais (cooperativas de crédito tratadas da mesma forma que bancos e congêneres); ix) em atenção às especificidades das cooperativas de crédito, vem sendo firmada posição no Judiciário no sentido de que todas as aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas de crédito, inclusive em entes não cooperativos integram o denominado ato cooperativo, consoante julgados do STJ e do Conselho de Contribuintes, cujos excertos colaciona; x) o artigo 39, da Lei 10.865/2004 tem caráter retroativo alcançando o ato pretérito em que se fundou a autoridade para lavrar o Auto de Infração, sendo que o artigo 106, do CTN, Fl. 437DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 399 4 dispõe que a lei tributária mais benéfica aplicase ao ato pretérito nos casos expressamente previstos. A Delegacia de Julgamento considerou o lançamento procedente, com base nos seguintes fundamentos: a) Até 2004, estavam vigentes atos normativos infralegais, cuja observância é impositiva para a autoridade lançadora , a saber, a IN SRF 198/88 e a IN SRF 390/2004, que expressamente determinavam, nos artigos 9° e 6°, respectivamente, a seguir transcritos, que as sociedades cooperativas deveriam calcular a CSLL sobre os resultados positivos tanto os obtidos com as operações com os nãoassociados, como aqueles obtidos com os associados, incidindo, neste último caso, sobre os atos cooperativos. b) Atos infralegais emanados da Administração Fiscal tem por função interpretar e regulamentar dispositivos legais e, nesta condição, as Instruções Normativas acima referidas não criaram, nem podiam fazêlo, obrigações tributárias novas para as cooperativas, no caso, de crédito, o que é prerrogativa de lei, por força do princípio constitucional da legalidade estrita. c) As cooperativas, embora por natureza, não tenham fins lucrativos das empresas comerciais, e se assemelhem, neste aspecto, às entidades beneficentes de assistência social, não ganharam imunidade tributária da CF com respeito às contribuições sociais. Assim, estavam sujeitas à incidência da CSLL como as demais pessoas jurídicas. d) Na instituição da CSLL, pela Lei 7.689/88, o legislador ordinário também não isentou as cooperativas do recolhimento dessa exação, pois que determinou, no artigo 4°, abaixo transcrito, que são contribuintes do tributo todas as pessoas jurídicas e as equiparadas pela legislação tributária. Entre estas se incluem as cooperativas. e) O quadro normativo tributário vigente nos anos calendário de 2002 e 2003, objeto do presente lançamento, previa que os resultados positivos, lucro ou sobras, obtidos com o ato cooperativo, estariam sujeitos à incidência da CSLL. f) O legislador não reconheceu mérito naquele período às discussões doutrinárias sobre a pretensa distinção entre lucro, que seria o resultado das empresas em geral, e sobras, que seria o das cooperativas, controvérsia essa trazida aos autos pelo impugnante. g) Resta sem fundamento a alegação do autuado de que considerar tais sobras como lucro contrariaria o artigo 79, parágrafo único da Lei 5.764/71, "O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria." , já que, nesta hipótese, tratase de situação em que normas legais posteriores, acima transcritas, determinaram que tais sobras deveriam ser tributadas pela CSLL. Norma posterior, de mesma hierarquia, regulando a mesma matéria, revoga e substitui a correspondente norma anterior, descabendo, em conseqüência, falarse em violação de uma norma por outra. h) Em relação ao argumento de que o artigo 39, da Lei 10.865/2004, que isentou as cooperativas do recolhimento da CSLL, teria caráter retroativo, e, assim, deveria alcançar os fatos geradores objeto do Auto de Infração, por força da obrigatoriedade da aplicação de lei tributária mais benéfica, prevista no artigo 106, do CTN, cabe observar Fl. 438DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 400 5 que o principio da retroatividade benigna está restrito aos casos de aplicação de penalidade, não de constituição de crédito tributário, como é a presente situação. Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que reiterar as alegações contidas na impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes O litígio se resume em saber se o resultado apurado por cooperativas sofre a incidência da CSLL. A Delegacia de Julgamento julgou procedente o lançamento por considerar que a lei que instituiu a CSLL não isentou as cooperativas do recolhimento dessa exação sobre os atos cooperativos. Afirma ainda que o legislador não reconheceu mérito naquele período às discussões doutrinárias sobre a pretensa distinção entre lucro, que seria o resultado das empresas em geral, e sobras, que seria o das cooperativas, controvérsia essa trazida aos autos pelo impugnante. Isto porque, há necessidade de uma lei que expressamente isente os atos cooperativos da incidência da CSLL, o que ocorreu apenas com o advento do art. 39 da Lei n° 10.865/2004, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2005, in verbis: “Art. 39. As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica, relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL.” A recorrente, por seu turno, alega que o fato gerador da CSLL é a obtenção de lucro, o que não acontece com as sociedades cooperativas, uma vez que eventual resultado positivo obtido é sobra e não lucro. Cabe razão à recorrente, pois não é possível apegarse tão somente ao texto da norma tributária que fala em isenção do IRPJ e da CSLL incidente sobre os atos cooperativos, e ignorar completamente os dispositivos da Lei n° 5.764/7. Nos termos do art. 4° do CTN, a natureza jurídica específica de cada tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação. No IRPJ temos que o fato gerador é a renda e os proventos de qualquer natureza, ao passo que, na CSLL, o fato gerador é o lucro. São fatos geradores distintos, sendo o segundo mais restrito que o primeiro. Não se sustenta o argumento de que o art. 79, parágrafo único da lei n° 5.764/71 teria sido revogado pelas normas que instituíram a CSLL. A lei que regula as cooperativas foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, estando plenamente em vigor os dispositivos que denominam de sobras líquidas os resultados positivos auferidos sobre os atos cooperativos. Fl. 439DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 401 6 Sobra e lucro são conceitos distintos, com natureza jurídica própria. Como nos ensina Eros Roberto Grau, não se interpreta o direito em tiras: “A interpretação do direito é interpretação do direito, no seu todo, não de textos isolados, desprendidos do direito. Não se interpreta o direito em tiras, aos pedaços”(GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. 5ª ed.São Paulo: Malheiros, 2009.) Entender que a CSLL incide sobre o resultado positivo dos atos cooperativos, ou seja, sobre as sobras líquidas, é olhar apenas para uma norma – a que isentou os atos cooperativos da CSLL a partir de 2005 em detrimento do restante do sistema jurídico que regula as atividades das cooperativas. É fazer justamente o que Eros Grau recrimina, interpretar o direito em tiras. A matéria tem entendimento pacificado nesse Conselho, conforme ementas a seguir reproduzidas: “ACÓRDÃO 10517.179 COOPERATIVAS CSLL COOPERATIVA SOBRAS CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO As sobras apuradas pelas cooperativas, resultado de atos exclusivamente cooperativos, não podem ser confundidas com o lucro. Os artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91 não ensejam o entendimento de que a CSLL deva incidir sobre as denominadas "sobras", mas somente sobre a renda derivada de atos nãocooperativos. RECEITAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS: Por não revestirem a forma de ato cooperado, se sujeitam à incidência da CSLL. ACÓRDÃO 10708.906 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL COOPERATIVA DE CRÉDITO ATOS COOPERATIVOS – A contribuição social sobre o lucro líquido não incide sobre o resultado positivo obtido pela sociedade nas operações que constituem atos cooperativos. o ato cooperativo não configura operação de mercado, seu resultado não é lucro e está fora do campo de incidência da contribuição instituída pela lei nº 7.689, de 1988. Somente os resultados decorrentes da prática de atos com não associados estão sujeitos à tributação. ACÓRDÃO 10322.735. COOPERATIVA. RESULTADO DO ATO COOPERADO As sobras, entendendose como tal o resultado positivo do ato cooperado, não sofrem a incidência da CSLL por não se enquadrarem no conceito de lucro, base de cálculo dessa contribuição. ACÓRDÃO 10195.626 CSLL SOCIEDADES COOPERATIVAS O resultado positivo em decorrência de operações de atos praticados com seus Fl. 440DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 402 7 cooperados, não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Por outro lado, revelandose impreciso o critério adotado pelo fisco para determinar a parcela do resultado tributável decorrente de atos não cooperados, impõese o cancelamento integral da exigência.” Por qualquer ponto que se analise não há possibilidade de enquadrar as sobras líquidas das cooperativas, quando advindas dos atos cooperados, dentro do campo de incidência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. A incidência da CSLL é regida, essencialmente, pelas Leis nº 7.689/88 e 8.034/90, confirmadas pelo art. 11 da Lei Complementar nº 70/91, cujo aspecto material da regra matriz de incidência é o resultado do exercício, apurado nos termos da legislação comercial que não se confunde com as sobras líquidas das sociedades cooperativas, advindas dos atos cooperados. No caso em tela, não há elementos que mostrem que a cooperativa auferiu resultados de atos não cooperativos. A recorrente declarou como resultados não tributáveis de sociedades cooperativas o montante de R$ 562.320,53. Tal montante foi utilizado como base de cálculo da tributação, não havendo distinção na autuação entre resultados de atos cooperativos ou não cooperativos. Ante todo o exposto, dou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 441DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 403 8 Declaração de Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes Sujeição dos atos cooperativos à CSLL1 De início, releva deixar consignado que a Constituição Federal não proíbe a incidência de tributo ou contribuição sobre o ato cooperativo. 2. É certo que as cooperativas têm um tratamento especial previsto na Constituição. O § 2º do art. 174 é expresso: “A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.” 3. Também o art. 146, III, “c”, da Lei Maior prevê, para esse tipo de sociedade, mediante edição de lei complementar, um “adequado tratamento tributário”. 4. No entanto, a palavra “adequado” não representa garantia de que poderá haver normatização privilegiada em relação às demais sociedades nem, menos ainda, implica concessão de imunidade constitucional. 5. E, como ainda não foi editada a lei complementar referida, a legislação de cada espécie de tributo ou contribuição tem se encarregado de atribuir os benefícios fiscais que entende cabíveis às cooperativas. 6. Assim, o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo não implica, em nenhum momento, a impossibilidade de que o ato cooperativo seja tributado, como o foi, por exemplo, pela Lei Complementar nº 84, de 18 de janeiro de 1996, art. 1º, inciso II, considerada constitucional pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário nº 228.3210/RS, sendo relator o ministro Carlos Velloso (D.J. de 30/05/2003, pág. 30). 7. Esse tratamento especial já existe no campo de incidência do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ), que contempla regra de isenção para o resultado positivo apurado nos chamados atos cooperativos. 8. Isenção desse jaez vem ao encontro do mandamento constitucional de propiciar “adequado tratamento tributário ao ato cooperativo”, sendo ali inteiramente pertinente, pela característica ínsita dos impostos de serem voltados à satisfação das necessidades gerais, sem destinação específica. 9. Todavia, na seara da seguridade social, em capítulo distinto do que trata do sistema tributário, é a própria Constituição Federal que fixa diretriz que deve nortear todo o sistema, enaltecendo regra elevada à categoria de princípio, do qual não pode fugir o legislador ordinário: o princípio da universalidade contributiva. 10. Com efeito, é esse o comando inserto no art. 195 da Carta: 1 Na elaboração desta parte do Voto, fizemos uso de diversos argumentos extraídos de acórdãos da lavra do ex Conselheiro José Antônio Minatel, a quem, de público, prestamos as nossas homenagens. Fl. 442DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 404 9 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; 11. Para não deixar dúvidas sobre a amplitude desse princípio, cuidou o legislador constituinte de explicitar a única categoria exonerada desse encargo, escrevendo regra de imunidade vinculada ao citado art. 195 que, a despeito da imprecisão técnica (isenção), assim a expressa: § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam as exigências estabelecidas em lei. 12. Esse é o limite imposto ao legislador ordinário, quando operando no campo da criação de regras de custeio da seguridade social. 13. Se fosse intenção do legislador constituinte isentar ou, mais corretamente, dar imunidade de contribuições sociais às cooperativas, o teria feito de forma expressa, como procedeu com as entidades beneficentes. 14. Nesse sentido, o destaque do texto do Ministro Carlos Velloso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do Recurso Extraordinário nº 230.3377/RN, que, embora tratando de empresas produtoras de álcool, abordou esse tema, e assim explicitou: Cumpre registrar, ademais, que a Constituição, quando desejou conceder imunidade no tocante às contribuições sociais, foi expressa: “São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”. E mais adiante: Não custa reiterar a afirmativa de que a Constituição, quando quis excepcionar o princípio inscrito no art. 195, fêlo de forma expressa, no § 7º do mesmo art. 195. 15. Fiel a esse princípio constitucional da universalidade contributiva, não discrepou a Lei nº 7.689, de 1988, ao criar contribuição social incidente “...sobre o lucro das pessoas jurídicas...” (art. 1º), cuja base de cálculo “... é o valor do resultado do exercício...” (art. 2º), e em que “são contribuintes as pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhe são equiparadas pela legislação tributária” (art. 4º). 16. Ou seja, não determinou explicitamente qualquer forma de isenção ou não incidência da CSLL que aproveitasse às sociedades cooperativas. 17. Da mesma forma, o art. 2º, § 1º, “c”, daquela lei, com a redação dada pelo art. 2º da Lei nº 8.034, de 1990, que relaciona os valores a serem adicionados/excluídos do Fl. 443DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 405 10 resultado do período, na obtenção da base de cálculo da CSLL, não previu a exclusão dos resultados das sociedades cooperativas. 18. O aparente conflito entre o que dispõe o art. 174, § 2º, e o caput do art. 195, ambos da Constituição, inexiste, posto que esta, ao determinar que a sociedade financiará a seguridade social de forma direta ou indireta, determinou que o financiamento retorne em benefícios para toda a sociedade, inclusive para as cooperativas. 19. Assim, não se pode pretender que o estímulo ao cooperativismo impeça a instituição de contribuição social destinada ao custeio da Seguridade Social. 20. De outro lado, não há como se negar que as sociedades cooperativas, desde que apurem resultado positivo, se subsumem na moldura legislativa desenhada no Texto Magno para o custeio da Seguridade Social, uma vez que são pessoas jurídicas e, à evidência, despidas de qualquer roupagem que lhes possa atribuir a natureza de “entidades beneficentes de assistência social”. 21. Logo, são sujeitos passivos legitimamente colhidos pela ordem jurídica, contra os quais se pode instaurar relação jurídica de cunho contributivo, desde que presente pressuposto fundamental: existência de resultado positivo, que pode ser traduzido no conceito de lucro, sobra, superávit, acréscimo, resto, excesso, ou outra designação qualquer utilizada para evidenciar a mais valia obtida no conjunto das operações praticadas num determinado período. 22. Neste ponto, merece ser rechaçada a argumentação daqueles que se escoram na letra fria da lei, na tentativa de se eximirem de encargo dirigido, equitativamente, a todas as pessoas jurídicas que operam no País (arts. 194, parágrafo único, inciso V, e 195, caput, da Constituição Federal). 23. Dizer que apuram “sobras” e não “lucro”, porque os atos cooperativos não implicam operações de mercado nem contratos de compra e venda de mercadorias e produtos, para concluir que o resultado positivo dessas operações não constitui lucro da cooperativa, senão dos cooperados, corresponde mais a um sofisma que a uma apropriada interpretação de regra jurídica. 24. Essa não pode ser a característica determinante para afastar as cooperativas da questionada regra de incidência porque, nesse particular, o mesmo fenômeno se passa com as demais sociedades, nas quais o lucro líquido final é o resultado que pertence aos sócios/acionistas, visto que a “pessoa jurídica”, como se sabe, é uma mera ficção criada pelo próprio Direito. 25. Os genuínos atos cooperativos não importam operação de mercado e, por essa razão, não deveriam amealhar vantagem para a pessoa jurídica. 26. Tanto é verdade que, quando opera na acepção para a qual foi inicialmente concebida, a cooperativa, como entidade jurídica, só presta serviços aos seus associados, encontrando mercado para as mercadorias produzidas pelos cooperados, e não as adquirindo para si. 27. Daí porque não deveria ter custo dessas aquisições, assim como, quando pratica as vendas, não deveria ter receitas de vendas, porque é ou deveria ser mera Fl. 444DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 406 11 intermediária nessas operações. O plano de contas idealizado para as sociedades cooperativas é estruturado para demonstrar a nãotitularidade dessas operações, quando assim realmente são praticadas. 28. Vejase, nesse sentido, trecho do Acórdão nº 10709.583, de 16/12/2008, da Sétima Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes: Mais. Como muito bem ponderado pelo autuante, as sobras líquidas a que se refere a Lei 5.764/71 e que devem retornar aos cooperados, na proporção ao que cada cooperado contribuiu para a formação do rédito, são as decorrentes do excesso de remuneração paga pelos cooperados à cooperativa, na prestação de serviços feitas por essa àqueles. E essa é uma das notas características das cooperativas, pois subverteria a lógica inspiradora do sistema corporativista a cooperativa acumular resultados à custa de seus cooperados. Não há retorno de sobras se os “resultados” decorrem de transações no mercado: estas geram lucros, e não sobras. E os lucros não podem ser distribuídos aos cooperados, conforme o art. 87 da Lei 5.764/71 supratranscrito, devendo ser levados à conta do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social da cooperativa. E não há como negar que as sobras líquidas de que trata a Lei 5.764/71 são os excessos de remuneração paga pelos cooperados à cooperativa, como se dessume dos arts. 4º, VII, 21, IV, 28 e 44, II, da referida lei: Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindose das demais sociedades pelas seguintes características: [...]; VII retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral; [...]. Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao disposto no artigo 4º, deverá indicar: [...]; IV a forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou do rateio das perdas apuradas por insuficiência de contribuição para cobertura das despesas da sociedade; [...]. Art. 28. As cooperativas são obrigadas a constituir: Fl. 445DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 407 12 I Fundo de Reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento de suas atividades, constituído com 10% (dez por cento), pelo menos, das sobras líquidas do exercício; II Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, destinado à prestação de assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa, constituído de 5 % (cinco por cento), pelo menos, das sobras líquidas apuradas no exercício. [...]. Art. 44. A Assembléia Geral Ordinária, que se realizará anualmente nos 3 (três) primeiros meses após o término do exercício social, deliberará sobre os seguintes assuntos que deverão constar da ordem do dia: I prestação de contas dos órgãos de administração acompanhada de parecer do Conselho Fiscal, compreendendo: a) relatório da gestão; b) balanço; c) demonstrativo das sobras apuradas ou das perdas decorrentes da insuficiência das contribuições para cobertura das despesas da sociedade e o parecer do Conselho Fiscal. II destinação das sobras apuradas ou rateio das perdas decorrentes da insuficiência das contribuições para cobertura das despesas da sociedade, deduzindose, no primeiro caso, as parcelas para os Fundos Obrigatórios; 29. Todavia, esse é o quadro teórico da lei, que já foi redecorado com as tintas da atual dinâmica de mercado, na qual as cooperativas passaram a ter os seus cooperados, ora como clientes, ora como fornecedores, travando com eles operações de compra e venda, operações estas não imaginadas pela lei em 1971. 30. Não é razoável que as cooperativas possam exonerarse da incidência da contribuição social, mediante a utilização de rótulos diferenciados que, na sua essência, expressam a mesma unidade de grandeza econômica. 31. O fato de a lei do cooperativismo denominar a mais valia de “sobra” não tem o intuito de excluíla do conceito de lucro, mas permitir um específico disciplinamento da destinação desses resultados, cujo parâmetro deve ser o volume de operações de cada associado (art. 4º, inciso VII), enquanto o lucro deve guardar relação com a contribuição para o capital. 32. Não é demais, também, ressaltar o contido na Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001, que, em seu art. 1º, acresceu o § 1º ao art. 43 do CTN no sentido de que “a incidência do imposto de renda independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção”, princípio este que é plenamente aplicável também à CSLL. 33. No presente caso, verificase que a Recorrente, em sua declaração de rendimentos, apurou lucro líquido, decorrente do confronto entre receitas, custos e despesas Fl. 446DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 408 13 (fls. ), algo, como visto, inimaginável para uma verdadeira cooperativa que somente deveria apurar sobras. 34. Passando para outro ponto, nem se diga que a Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, albergaria a nãoincidência da CSLL, na regra que estabelece a incidência de tributos tãosomente para os resultados apurados em operações com terceiros (art. 111). 35. Se não bastassem os argumentos de que aquela regra referese, exclusivamente, ao imposto de renda, ainda hoje vigente, deve ser aditado o comando de dois princípios estampados no Código Tributário Nacional (CTN), que espancam, de vez, aquela pretensão interpretativa: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I –... omissis... II – outorga de isenção. [...] Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I –... omissis... II – aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. 36. É o que se passa com a contribuição para a seguridade social, instituída pela Lei nº 7.689, de 1988, que é norma posterior à que regulamenta as operações das sociedades cooperativas, norma esta que não as exclui do campo da incidência da CSLL, não podendo fazêlo o intérprete, pelos fundamentos já sobejamente indicados. 37. Há que se ressaltar, também, que a tributação, ou não, pelo imposto de renda nada tem a ver com a incidência, ou não, da CSLL, não havendo qualquer vinculação entre ambas, porque regidas por diplomas legais próprios, sendo espécies de natureza e destinação totalmente diferenciadas. 38. Mencionase, quanto a esse ponto, o disposto no art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995 (grifouse): Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. 39. Do contrário, admitindose como verdadeira essa vinculação entre ambas as exações, terseia, também, que considerar que as empresas localizadas nas áreas da Sudene e da Sudam, com direito à isenção total do imposto de renda, não estariam sujeitas à CSLL, o que, de pronto, sabese ser interpretação absurda. 40. De outro lado, se até “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em Fl. 447DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 409 14 regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção” (art. 195, § 8º, da Constituição Federal), por que razão estariam excluídas as cooperativas dessa missão, se é reconhecido o princípio da universalidade de custeio aqui já mencionado, e não há norma para afastálas desse encargo? 41. Em arremate dessas considerações, constatase cabalmente que não se pode considerar existir, quer imunidade quer nãoincidência da CSLL sobre os atos cooperativos, somente sendo possível a exclusão da exigência dessa contribuição sobre esses mesmos atos mediante a instituição, por lei, de isenção expressa. 42. E, nesse sentido, temse a edição da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, que, em seu art. 39, dispôs o seguinte, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2005 (art. 48): Art. 39. As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica, relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica às sociedades cooperativas de consumo de que trata o art. 69 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. 43. Conforme se observa, essa Lei isentou da CSLL, a partir de 1º de janeiro de 2005, as cooperativas que atendessem ao disposto na legislação própria. 44. Por óbvio, não iria o legislador isentar da CSLL entidades que não estivessem sujeitas à mencionada contribuição, o que permite considerar referido dispositivo legal como um verdadeiro preceito interpretativo. 45. De se ressaltar, por oportuno, que as emendas apresentadas na Câmara dos Deputados à respectiva Medida Provisória eram, de início, do seguinte teor (nºs 115, 116 e 117), tendo sido todas rejeitadas (destaque da transcrição): As sociedades cooperativas, inclusive as de crédito e as de consumo, se obedecerem ao disposto na legislação específica, não terão incidência da CSLL sobre o resultado apurado nas operações de proveito comum aos seus associados. 46. Dessa forma, não remanescem dúvidas de que as cooperativas estão sujeitas à referida contribuição, já que somente se pode isentar o que se contém dentro do campo da incidência. 47. Nem se pretenda que referida norma isentiva possa ter caráter retroativo, para alcançar atos pretéritos, com fundamento no art. 106 do CTN, uma vez inexistir a sua subsunção a quaisquer das hipóteses previstas no referido dispositivo legal, além de contrariar o contido no art. 144 do mesmo Código, no sentido de que “O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” Fl. 448DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.000360/200662 Acórdão n.º 180300.894 S1TE03 Fl. 410 15 48. Por conseguinte, e como inexorável decorrência da norma de Hermenêutica de que a lei não contém palavras inúteis, descabe a pretensão da Recorrente de se eximir da cobrança da CSLL sobre os atos cooperativos, no período lançado. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 449DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 16/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES
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Numero do processo: 10073.721493/2012-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
APURAÇÃO PELO LUCRO ARBITRADO. IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA CONTÁBIL. NÃO COMPROVAÇÃO
O arbitramento do lucro é uma medida extrema, só aplicável quando não há possibilidade de apurar o imposto por outro regime de tributação, não podendo ser aplicado como penalidade. Improcede o arbitramento do lucro, quando as razões elencadas pela fiscalização não são determinantes para fundamentar e comprovar a imprestabilidade da escrituração contábil.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
CSLL. DECORRÊNCIA.
Insubsistindo as matérias fáticas que ensejaram o lançamento matriz (IRPJ), igual sorte colhe o auto de infração lavrado por mera decorrência, tendo em vista o nexo causal existente entre eles.
ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES
PIS/COFINS. APURAÇÃO PELO REGIME CUMULATIVO. DESCABIMENTO.
Em razão da improcedência do arbitramento do lucro, a apuração do Pis e da Cofins pelo regime cumulativo foi indevida, já que a regra apuração pelo lucro real enseja o cálculo do Pis e da Cofins pelo regime não cumulativo, conforme legislação vigente.
Numero da decisão: 1201-001.535
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício.
(documento assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luiz Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes e Paulo Cezar Fernandes de Aguiar.
Nome do relator: JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 APURAÇÃO PELO LUCRO ARBITRADO. IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA CONTÁBIL. NÃO COMPROVAÇÃO O arbitramento do lucro é uma medida extrema, só aplicável quando não há possibilidade de apurar o imposto por outro regime de tributação, não podendo ser aplicado como penalidade. Improcede o arbitramento do lucro, quando as razões elencadas pela fiscalização não são determinantes para fundamentar e comprovar a imprestabilidade da escrituração contábil. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL CSLL. DECORRÊNCIA. Insubsistindo as matérias fáticas que ensejaram o lançamento matriz (IRPJ), igual sorte colhe o auto de infração lavrado por mera decorrência, tendo em vista o nexo causal existente entre eles. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES PIS/COFINS. APURAÇÃO PELO REGIME CUMULATIVO. DESCABIMENTO. Em razão da improcedência do arbitramento do lucro, a apuração do Pis e da Cofins pelo regime cumulativo foi indevida, já que a regra apuração pelo lucro real enseja o cálculo do Pis e da Cofins pelo regime não cumulativo, conforme legislação vigente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. (documento assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente. (documento assinado digitalmente) JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luiz Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes e Paulo Cezar Fernandes de Aguiar.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-02-11T19:47:39Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-02-11T19:47:39Z; Last-Modified: 2017-02-11T19:47:39Z; dcterms:modified: 2017-02-11T19:47:39Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:733c8a84-d81c-44a6-a33a-0098833c5985; Last-Save-Date: 2017-02-11T19:47:39Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-02-11T19:47:39Z; meta:save-date: 2017-02-11T19:47:39Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-02-11T19:47:39Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-02-11T19:47:39Z; created: 2017-02-11T19:47:39Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; Creation-Date: 2017-02-11T19:47:39Z; pdf:charsPerPage: 1701; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-02-11T19:47:39Z | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 13.158 1 13.157 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10073.721493/201267 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1201001.535 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de janeiro de 2017 Matéria Auto de Infração Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FUNDAÇÃO CSN PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 APURAÇÃO PELO LUCRO ARBITRADO. IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA CONTÁBIL. NÃO COMPROVAÇÃO O arbitramento do lucro é uma medida extrema, só aplicável quando não há possibilidade de apurar o imposto por outro regime de tributação, não podendo ser aplicado como penalidade. Improcede o arbitramento do lucro, quando as razões elencadas pela fiscalização não são determinantes para fundamentar e comprovar a imprestabilidade da escrituração contábil. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL CSLL. DECORRÊNCIA. Insubsistindo as matérias fáticas que ensejaram o lançamento matriz (IRPJ), igual sorte colhe o auto de infração lavrado por mera decorrência, tendo em vista o nexo causal existente entre eles. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES PIS/COFINS. APURAÇÃO PELO REGIME CUMULATIVO. DESCABIMENTO. Em razão da improcedência do arbitramento do lucro, a apuração do Pis e da Cofins pelo regime cumulativo foi indevida, já que a regra apuração pelo lucro real enseja o cálculo do Pis e da Cofins pelo regime não cumulativo, conforme legislação vigente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 14 93 /2 01 2- 67 Fl. 13158DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. (documento assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (documento assinado digitalmente) JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luiz Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes e Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório utilizado pela DRJ/RJ1: "Versa o presente processo sobre os autos de infração de fls. 12.323/12.361,com ciência em 16/10/2012, sendo exigidos da interessada o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), no valor de R$ 6.838.662,52, a Contribuição Social s/ o Lucro Líquido (CSLL), no valor de R$ 2.067.892,66, a Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), no valor de R$ 468.665,82, e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), no valor de R$ 2.163.074,02, todos com multa de oficio de 75% e juros de mora. O lançamento foi efetuado em virtude da suspensão da imunidade tributária, formalizada no Ato Declaratório Executivo n° 12, de 26 de junho de 2012, publicado no DOU de 28 de junho de 2012, constante do processo nº 10073.720691/201211, o qual encontrase apenso ao presente processo. Com base no Termo de Verificação de Infração Fiscal, às fls. 12.292/12.305, a autuação teve como base as seguintes constatações: II – Infrações Apuradas A fiscalização identificou as seguintes infrações: II.1 OMISSÃO DE RECEITAS OPERACIONAIS O interessado teve sua imunidade tributária suspensa, em relação ao AC/2007, através do ADE n° 012, de 26 de junho de 2012, publicado no DOU de 28 de junho de 2012, objeto do processo nº 10073.720.691/201211. Sendo assim tornaramse exigíveis os tributos IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, não recolhidos anteriormente. Diante de tal exigência provocada pela suspensão da imunidade, passouse a analisar o regime de apuração do lucro a ser utilizado para se quantificar o montante relativo a cada um dos Fl. 13159DF CARF MF Processo nº 10073.721493/201267 Acórdão n.º 1201001.535 S1C2T1 Fl. 13.159 3 tributos. Conforme previsão legal estabelecida nos §§ 3º e 4º do art. 516, do RIR/99, em não havendo recolhimento do IRPJ devido correspondente ao primeiro período de apuração a forma de apuração do lucro a se adotar deveria ser a do Lucro Real Trimestral. DO LUCRO ARBITRADO Duas considerações devem ser citadas para se justificar a necessidade do arbitramento do lucro: 1ª de que a escrituração do contribuinte não expressa a realidade dos fatos quantitativos que modificaram a situação patrimonial e/ou resultado do contribuinte durante o AC/2007, tendo em vista que vários foram os depósitos bancários não contabilizados, autuados conforme infração II.2 abaixo. Além do que, ao se auditar algumas das contas do Ativo Circulante, representativas do ingresso destes depósitos, cuja origem não conseguiu comprovar, verificouse um quantitativo alto de valores que foram debitados em contrapartida a valores creditados em contas do Passivo, quando o certo seria que eles fossem creditados em conta de Receitas, conforme amplamente explanado na infração abaixo; 2ª tendo em vista a necessidade de autuação por presunção de omissão de receitas dos valores correspondentes aos depósitos bancários não contabilizados, ao se adotar o Lucro Real como forma de apuração do IRPJ devido, criariase um problema na quantificação dos montantes do PIS/COFINS devidos, gerados por reflexo da tributação do IRPJ, que teriam que ser calculados pela forma de tributação não cumulativa. Ou seja, não haveria como se mensurar o montante dos créditos relativos a tais tributos incidentes sobre as receitas por presunção omitidas (depósitos bancários não contabilizados). Sendo assim o PIS/COFINS passaram a ser devidos no regime cumulativo no período objeto de arbitramento (AC/2007). Deste modo houve a recomposição da base de cálculo relativa aos 2 (dois) tributos, autuados de ofício pelo regime cumulativo, de forma a incluir todas as receitas descritas no conceito de faturamento. Foram extraídos os Balancetes mensais da escrituração do contribuinte, donde se obtiveram os valores das receitas operacionais mensais, em relação às quais aplicouse o percentual de 38,4%, conforme previsão legal estabelecida no art. 15, inciso III, alínea "a", c/c art. 16, ambos da Lei n° 9.249/95, para a obtenção do Lucro Arbitrado. Sendo assim, na presente operação foi gerado o Auto de Infração do IRPJ (principal) e, como reflexo, os Autos de Infração do PIS (cumulativo), da COFINS (cumulativa) e da CSLL. No presente caso, por tratarse de lançamento de ofício dos valores dos tributos obtidos conforme parágrafo anterior, foi aplicada a multa de 75%, conforme preceitua o art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96, redação esta dada pelo art. 14, da Lei n° 11.488/2007. Fl. 13160DF CARF MF 4 II.2 OMISSÃO DE RECEITAS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO CONTABILIZADOS Durante a análise da Notificação Fiscal com pedido de suspensão da imunidade do interessado para o AC/2007, período em que se aguardou o despacho decisório de suspensão da imunidade, passouse a examinar sua escrituração contábil/fiscal, fornecida em meio magnético, concomitantemente com seus extratos bancários que foram fornecidos pelas respectivas instituições financeiras, em resposta às RMF's enviadas sob à égide do MPF n° 07.1.05.002009003898, relativo à Auditoria Previdenciária já citada no item I acima. Através desta análise verificouse que o somatório dos valores creditados nas respectivas contas bancárias eram bastante superiores ao total de receitas escrituradas. Sendo assim, para os depósitos bancários que não foram encontrados a débito nas respectivas contas do Ativo Circulante, representativas de Bancos, através da Intimação Fiscal de 04/06/2012, o contribuinte foi intimado a comprovar a origem, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, e se os mesmos foram contabilizados e oferecidos à tributação. Em suas respostas, datadas de 15/06/2012 e 22/06/2012, o contribuinte apresentou em mídia digital diversos arquivos no formato "pdf” por ele identificados como sendo os livros razões das contas contábeis correspondentes às contas bancárias questionadas, além de diversos arquivos no formato "xis" que, segundo ele, tinham cópias dos extratos das contas correntes questionadas e respectivas conciliações bancárias. Através da análise do material por ele apresentado vários valores de depósitos tiveram a sua origem comprovada. No entanto, restaram ainda diversos depósitos para os quais o interessado não conseguiu comprovar a origem e se os mesmos foram oferecidos à tributação. Tal constatação foi levada ao conhecimento do contribuinte através do Termo de Constatação Fiscal de 04/07/2012, pelo qual foi dado novo prazo para que ele apresentasse a comprovação da origem dos mesmos, que até então não haviam sido comprovados. Novamente, e através de mídia digital, o contribuinte apresentou alguns arquivos no formato "xis" com os quais argumentou demonstrar a escrituração contábil dos valores creditados nas contas correntes Mais uma vez, em procedimento de auditoria no material apresentado, diversos depósitos tiveram a sua origem comprovada. Porém, restaram ainda alguns depósitos relativos as 3 (três) contas correntes acima citadas para os quais o contribuinte não conseguiu comprovar a origem e se os mesmos foram oferecidos à tributação omissão de receitas amparada pelo art. 42 da Lei n° 9.430/96 Planilha de Depósitos não Comprovados. Diante dos fatos acima expostos, após a ciência do contribuinte do Ato Declaratório que suspendeu sua imunidade, e Fl. 13161DF CARF MF Processo nº 10073.721493/201267 Acórdão n.º 1201001.535 S1C2T1 Fl. 13.160 5 considerandose a omissão de receitas acima descrita foi lavrado os Autos de Infração para a constituição dos créditos tributários relativos aos tributos IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, através do lançamento de ofício dos valores dos depósitos efetuados, somados mensalmente, para os quais o contribuinte não conseguiu comprovar a origem, contabilização e oferecimento à tributação, conforme previsão legal estabelecida pelo art. 42, da Lei n° 9.430/96. Ressaltase que a forma de tributação adotada e legalmente prevista foi o LUCRO ARBITRADO, pela explanação de motivos já acima expostos. No presente caso, por tratarse de lançamento de ofício dos valores dos depósitos bancários que não foram oferecidos à tributação (receitas omitidas), foi aplicada a multa de 75%, conforme preceitua o art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96, redação esta dada pelo art. 14, da Lei n° 11.488/2007. DA DECADÊNCIA No presente caso, por se considerar isenta das contribuições sociais destinadas à seguridade social e imune do IRPJ, o interessado não efetuou nenhum recolhimento relativo a tais tributos. Neste caso, por serem as contribuições sociais e o IRPJ espécies de tributo sujeito ao lançamento por homologação, em não havendo o pagamento antecipado, incide a regra do art. 173, I, do CTN. Caso houvesse a antecipação de pagamento, o prazo decadencial de que dispõe a Receita Federal do Brasil para proceder ao lançamento suplementar seria de cinco anos, a contar do fato gerador (art. 150, § 4º do CTN). Inconformado, o interessado apresentou, em 13/11/2012, impugnação (fls. 12.369/12.422), por meio do qual reitera as razões já apresentadas em sua manifestação de inconformidade ao despacho decisório e ao ato declaratório suspensivo de imunidade tributária (processo nº 10073.720691/201211), alegando, ainda, em síntese, o seguinte: . que a fiscalização se equivoca ao afirmar que teria ocorrido omissão de receitas decorrente de depósitos bancários supostamente não contabilizados. . que a fiscalização se equivoca ao considerar que todo e qualquer ingresso de dinheiro no Caixa/Bancos representará geração de receitas. . que há situações do comércio em que, por exemplo, a entidade poderá receber a prazo de seus clientes valores por conta de encomendas de bens ou serviços a serem produzidos ou executados. Assim, enquanto não for cumprido o contratado (entrega do bem ou execução do serviço), tal adiantamento possui natureza de direito, devendo, portanto, ser registrado em conta do Ativo chamada "Clientes"; que o lançamento contábil Fl. 13162DF CARF MF 6 correto será débito na subconta Clientes/Créditos a Receber (Ativo Circulante) e contrapartida obrigatória a crédito na subconta Receita (Resultado), exatamente como praticado pela Impugnante e equivocadamente questionado pela Autoridade Fiscal. . que, em momento posterior, por ocasião do efetivo pagamento pelo cliente, a entidade promoverá a substituição entre os ativos por meio da baixa de Clientes contra débito na conta de Caixa/Banco (ingresso do dinheiro), isto é, debitase a subconta de Caixa/Banco (Ativo Circulante) e creditase a subconta conta de Clientes (Ativo Circulante). Observese que na primeira transação a receita é efetivamente reconhecida no momento da venda (independentemente do recebimento em dinheiro), conforme disciplina os Princípios Fundamentais de Contabilidade e Fiscais, especialmente no que se refere ao regime de competência. . que houve equívoco da fiscalização, pois não fora levado em consideração que o reconhecimento/escrituração de receitas pela Impugnante é de acordo com o regime de competência, isto é, as receitas são contabilizadas SOMENTE no momento do faturamento, o que torna a análise somente dos EXTRATOS BANCÁRIOS como realizada pelo Sr. Agente Fiscal equivocada para verificação das receitas auferidas no anocalendário de 2007 (comparação indevida das receitas pelo regime de competência e do ingresso financeiro no Caixa/Bancos), pois distorce a realidade dos fatos. . que a Impugnante informa que os extratos bancários foram efetivamente confrontados com o seu razão contábil, através do instrumento de Conciliação Bancária, pelo que se confirma que os depósitos foram regularmente contabilizados. . que, pela documentação ora acostada, diante da Conciliação Bancária realizada, verificase que os depósitos bancários das contas 50105, 50164, 72125 (todas do Banco do Brasil) anteriormente considerados como omissos, foram regularmente ajustados à contabilidade da Impugnante, não podendo ser classificados como omissão de receita para os fins fiscais. . que, a fim de ilustrar, após a conciliação bancária da conta 50105, ref. ao 2º trimestre de 2007, o depósito de R$ 2.580,00 apontado pela Fiscalização como não comprovado/contabilizado, apresenta saldo ajustado igual para a contabilidade, extrato bancário e financeiro, demonstrado que este fora regularmente contabilizado. . que ocorreu decadência entre os meses de janeiro a outubro de 2007, pois a ciência da autuação fiscal ocorreu em 10/2012. . que deve ser aplicado o art. 150, § 4º, do CTN, e não o art. 173, I, do CTN, já que houve recolhimento de tributos, conforme comprovantes de arrecadação. . que a fiscalização jamais poderia ter apurado o IRPJ, CSLL, Pis e Cofins pelo regime do lucro arbitrado. Fl. 13163DF CARF MF Processo nº 10073.721493/201267 Acórdão n.º 1201001.535 S1C2T1 Fl. 13.161 7 . que, pelo Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização valeuse da dificuldade em se apurar os créditos de Pis e Cofins devidos pelo regime não cumulativo, para justificar o arbitramento do lucro a ser tributado, utilizandoo com a intenção de penalidade, e não como sistema de tributação. . que a utilização da própria escrituração contábil da Impugnante como ferramenta para a constituição do crédito tributário revela que, no mínimo, sua escrituração não era imprestável, tanto que a partir dela foram elaboradas as bases de cálculo que fundamentaram o auto de infração aqui combatido. . que a fiscalização, no Termo de Verificação Fiscal, afirma que foram extraídos dos balancetes mensais da escrituração os valores das receitas operacionais mensais. . que o valor da receita era conhecido pela Fiscalização, seja pelas informações contidas nos Balancetes, seja pelas informações contidas nos Arquivos Digitais entregues pela Impugnante e utilizados pela Fiscalização, tanto é que foi utilizada como base de cálculo do lucro arbitrado. Portanto, havia a possibilidade de apuração do lucro da Impugnante, no período, pela sistemática presumida. . que pela documentação apresentada era possível à Fiscalização determinar a origem das receitas (venda de mercadorias, prestação de serviços, etc.), já que consta no Termo de Verificação Fiscal os totais movimentados a título de prestação de serviços, serviços de hospedagem, bar e restaurante, venda de mercadorias, os quais foram extraídos dos balancetes fornecidos em meio magnético e em papel. . que, se a própria Fiscalização reconhece que havia documentação contábil do período, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal e, em momento algum, demonstra ter afastado tal documentação, ao contrário, essa documentação foi utilizada para apuração do lucro arbitrado, perguntase: qual a razão para não ter sido apurado o lucro da Impugnante pela sistemática do lucro presumido ou do lucro real? Ou, ainda, qual a razão para não ter se procedido, ao menos, uma investigação nesse sentido? . que houve erro cometido pela fiscalização na apuração da base de cálculo dos tributos ora exigidos, já que considerou que todas as receitas correspondem à prestação de serviços, tendo aplicado a alíquota de 38,4% (32% + 6,4%), sendo que, parte das receitas correspondem a venda de bens, cuja alíquota é 9,6% (8% + 1,6%). . que pelos documentos contábeis (Livro Razão e Demonstrações de Resultado) e fiscais (DIPJ) do período, a Impugnante auferia receitas, tanto em decorrência da prestação de serviços, quanto pela venda de mercadorias, como foi reconhecido pela própria Autoridade Fiscal no do Termo de Verificação Fiscal, o que torna nulo o lançamento. Fl. 13164DF CARF MF 8 . que a autoridade fiscal também cometeu equivoco ao desconsiderar os recolhimentos de Pis sobre a folha de pagamento. . que é ilegal a cobrança de juros sobre a multa. Requer perícia, tendo nomeado perito e elaborado os quesitos." Em sessão de 19 de fevereiro de 2013 a 8ª Turma da Delegacia de Julgamento do Rio de Janeiro I, por unanimidade de votos, julgou improcedentes os autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS lavrados, para considerar indevidos os créditos tributários exigidos. Deste ato, o Presidente da Turma recorreu de ofício ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tendo em vista o disposto na Portaria MF nº 3 de 03/01/2008. A extinta 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, por meio da Resolução nº 1102000.205, de 10 de outubro de 2013, converteu o julgamento em diligência para: "(i) determinar o retorno dos autos à unidade preparadora, a fim de que seja o sujeito passivo cientificado da decisão proferida pela DRJ no processo nº 10073.720691/201211 (apenso ao presente), abrindose prazo para a interposição do recurso voluntário; (ii) após a realização da diligência acima, sobrestar o julgamento deste processo administrativo até que transite em julgado a decisão a ser proferida pelo STF nos termos do art. 543B, do CPC, a respeito do acesso, pela autoridade fiscal, aos dados bancários dos contribuintes, sem ordem judicial." Por sua vez, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção, por meio do Acórdão nº 1302001.600, de 27 de novembro de 2014, não conheceu o recurso de ofício, declinando a competência para o relator anterior que determinou a diligência. Posteriormente, com a extinção da 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção , os autos foram encaminhados a este Relator para apreciação e julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro José Carlos de Assis Guimarães, Relator. Inicialmente, foi levantada da Tribuna a questão do impedimento dos Conselheiros Fazendários por interesse econômico indireto no desfecho das respectivas decisões. Colocada em votação, a preliminar de impedimento foi afastada, por unanimidade, pelo Colegiado. Será anexada aos autos declaração assinada pelos Conselheiros Fazendários que participaram do julgamento, no sentido de que inexiste impedimento. Tratase aqui, como relatado anteriormente, do recurso de ofício interposto pela DRJ/RJI que considerou indevidos os lançamentos dos tributos e contribuições decorrentes da suspensão da imunidade tributária da entidade. O recurso voluntário interposto contra o Ato Declaratório Executivo nº 12, de 26 de junho de 2012 (DOU 28/06/2012) que Fl. 13165DF CARF MF Processo nº 10073.721493/201267 Acórdão n.º 1201001.535 S1C2T1 Fl. 13.162 9 suspendeu a imunidade tributária da Fundação CSN para o anocalendário de 2007 encontrase no processo administrativo fiscal nº 10073.720691/201211, juntado a este por apensação. Inicialmente, cumpre esclarecer que o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão de 24 de fevereiro de 2016 o julgamento conjunto de cinco processos que questionavam dispositivos da Lei Complementar (LC) 105/2001, que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. Por maioria de votos – 9 a 2 – , prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. A decisão acima do STF foi proferida no julgamento das ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 e do RE 601.314 (repercussão geral). O sujeito passivo tomou ciência do Acórdão de Manifestação de Inconformidade proferida nos autos do processo nº 10073.720691/201211 (apenso ao presente) e apresentou recurso voluntário. Portanto, atendidas as condições da Resolução nº 1102000.205, citada no relatório deste Acórdão, o processo está em condições de ser julgado. Em relação ao Acórdão da DRJ/RJ I que concluiu que as razões elencadas pela fiscalização não são determinantes para demonstrar a imprestabilidade da escrituração contábil, e, por conseguinte, não tem fundamento o arbitramento do lucro, convém destacar os fundamentos da decisão de 1ª instância: " O interessado, enquanto usufruía do benefício da imunidade tributária para o anocalendário de 2007, ou seja, até 28 de junho de 2012, data da publicação do Ato Declaratório Executivo que a suspendeu, não estava obrigado à apresentação de livros comerciais e fiscais idênticos aos exigidos para as demais pessoas jurídicas com fins lucrativos, e nem a optar pelos sistemas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas (real, presumido ou arbitrado). Estas instituições sem fins lucrativos estavam obrigadas a manter, tão somente, escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão (inciso III, do art. 14, do CTN). In casu, a partir de 28 de junho de 2012, o interessado passou a estar obrigado a manter os livros comerciais e fiscais e a tributar o resultado do ano calendário de 2007 dentro de uma das modalidades previstas na legislação para as demais pessoas jurídicas. Cabe lembrar que a impugnação e o recurso eventualmente interposto pela entidade não têm efeito suspensivo em relação ao ato declaratório contestado (art. 32, § 8º, da Lei nº 9.430/1996). Portanto, o resultado do anocalendário de 2007 deve ser tributado por um dos regimes de tributação aplicáveis as demais pessoas jurídicas. Fl. 13166DF CARF MF 10 De início, devese afastar a possibilidade de utilização do lucro presumido, como pretende o interessado, já que a opção pelo lucro presumido, conforme prevê o art. 26, § 1º, da Lei nº 9.430/1996, deverá ser manifestada com o pagamento da primeira ou cota única do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada anocalendário. Como não houve tal recolhimento, somente restaria a opção pelo lucro real ou arbitrado. A fiscalização efetuou a tributação pelo lucro arbitrado. As razões constam do Termo de Verificação de Infração Fiscal, às fls. 12.303, a seguir reproduzidas: “O contribuinte teve sua Imunidade Tributária suspensa, em relação ao AC/2007, através do ADE n° 012, de 26 de junho de 2012, publicado no DO n° 124, de 28 de junho de 2012, objeto do processo nº 10073.720.691/201211. Sendo assim tornaram se exigíveis os tributos IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, não recolhidos anteriormente. Diante de tal exigência provocada pela suspensão da imunidade acima prolatada, passouse a auditar sobre o montante que seria devido relativo a cada tributo acima especificado. E, como primeiro aspecto a se analisar, temse o regime de apuração do lucro a ser utilizado para se quantificar o montante relativo a cada um dos tributos. Conforme previsão legal estabelecida nos §§ 3º e 4º do art. 516, do RIR/99, em não havendo recolhimento do IRPJ devido correspondente ao primeiro período de apuração a forma de apuração do lucro a se adotar deveria ser a do Lucro Real Trimestral. DO LUCRO ARBITRADO Duas considerações devem ser citadas para se justificar a necessidade do arbitramento do lucro: 1ª a de que a escrituração do contribuinte não expressa a realidade dos fatos quantitativos que modificaram a situação patrimonial e/ou resultado do contribuinte durante o AC/2007, tendo em vista que vários foram os depósitos bancários não contabilizados, autuados conforme infração II.2 abaixo. Além do que, ao se auditar algumas das contas do Ativo Circulante, representativas do ingresso destes depósitos, cuja origem não conseguiu comprovar, verificouse um quantitativo alto de valores que foram debitados em contrapartida a valores creditados em contas do Passivo, quando o certo seria que eles fossem creditados em conta de Receitas, conforme amplamente explanado na infração abaixo; 2ª tendo em vista a necessidade de autuação por presunção de omissão de receitas dos valores correspondentes aos depósitos bancários não contabilizados, ao se adotar o Lucro Real como forma de apuração do IRPJ devido, criariase um problema na quantificação dos montantes do PIS/COFINS devidos, gerados por reflexo da tributação do IRPJ, que teriam que ser calculados pela forma de tributação não cumulativa. Ou seja, não haveria como se mensurar o montante dos créditos relativos a tais tributos incidentes sobre as receitas por presunção omitidas (depósitos bancários não contabilizados). Sendo assim o PIS/COFINS passaram a ser devidos no regime cumulativo no período objeto de arbitramento (AC/2007). Deste Fl. 13167DF CARF MF Processo nº 10073.721493/201267 Acórdão n.º 1201001.535 S1C2T1 Fl. 13.163 11 modo houve a recomposição da base de cálculo relativa aos 2 (dois) tributos, autuados de ofício pelo regime cumulativo, de forma a incluir todas as receitas descritas no conceito de faturamento.” Pelo exposto, verificase que a fiscalização considerou que o interessado detinha os livros para a apuração do lucro real, mas que, pelas razões acima mencionadas, os mesmos seriam imprestáveis para a apuração do tributo pelo lucro real. Tanto é assim, que enquadrou o arbitramento no art. 530, inciso II, do RIR/1999. A descrição contida do auto de infração do IRPJ fl 12.325 é neste sentido:“Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que a escrituração mantida pelo contribuinte é imprestável para determinação do Lucro Real, em virtude dos erros e falhas encontradas, minuciosamente explanados no Termo de Verificação de Infração Fiscal em anexo” Portanto, a análise desta autoridade julgadora deve se ater as razões nas quais se baseou a fiscalização para considerar imprestável a escrituração fiscal. A fiscalização deu, fundamentalmente, 2 (duas) razões para considerar imprestável a escrituração do interessado, sendo que a 1ª razão se subdivide em duas. Na prática, são 3 (três) as razões: 1ªª razão (parte inicial): “a de que a escrituração do contribuinte não expressa a realidade dos fatos quantitativos que modificaram a situação patrimonial e/ou resultado do contribuinte durante o AC/2007, tendo em vista que vários foram os depósitos bancários não contabilizados, autuados conforme infração II.2 abaixo.” Entendo que a eventual falta de contabilização de depósitos bancários não é, por si só, motivo suficiente para tornar a escrita contábil imprestável para a apuração do lucro real. Se fosse assim, praticamente não se teria mais autuações pelo lucro real, já que, invariavelmente, dada a grande movimentação bancária das empresas, o interessado não logra comprovar a contabilização de todos os depósitos bancários. Verificase, ainda, que, no presente caso, o interessado logrou comprovar a origem de diversos depósitos bancários, conforme trechos extraídos do Termo de Verificação de Infração Fiscal, fl. 12.304, a seguir reproduzidos: “Sendo assim, para os depósitos bancários que não foram encontrados a débito nas respectivas contas do Ativo Circulante, representativas de Bancos, através da Intimação Fiscal de 04/06/2012, o contribuinte foi intimado a comprovar a origem, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, e se os mesmos foram contabilizados e oferecidos à tributação. Em suas respostas, datadas de 15/06/2012 e 22/06/2012, o contribuinte apresentou em mídia digital diversos arquivos no Fl. 13168DF CARF MF 12 formato "pdf, por ele identificados como sendo os livros razões das contas contábeis correspondentes às contas bancárias questionadas, além de diversos arquivos no formato "xis" que, segundo ele, tinham cópias dos extratos das contas correntes questionadas e respectivas conciliações bancárias. Através da análise do material por ele apresentado vários valores de depósitos tiveram a sua origem comprovada. No entanto, restaram ainda diversos depósitos para os quais o contribuinte não conseguiu comprovar a origem e se os mesmos foram oferecidos à tributação. Tal constatação foi levada ao conhecimento do contribuinte através do Termo de Constatação Fiscal de 04/07/2012, pelo qual foi dado novo prazo para que ele apresentasse a comprovação da origem dos mesmos, que até então não haviam sido comprovados. Novamente, e através de mídia digital, o contribuinte apresentou alguns arquivos no formato "xis" com os quais argumentou demonstrar a escrituração contábil dos valores creditados nas contas correntes 50105, 50164 e 72125, todas do Banco do Brasil. Mais uma vez, em procedimento de auditoria no material apresentado, diversos depósitos tiveram a sua origem comprovada. Porém, restaram ainda alguns depósitos relativos as 3 (três) contas correntes acima citadas para os quais o contribuinte não conseguiu comprovar a origem e se os mesmos foram oferecidos á tributação omissão de receitas amparada pelo art. 42 da Lei n° 9.430/96 Planilha de Depósitos não Comprovados anexa ao presente termo” Como se depreende do exposto, nas palavras da fiscalização “restaram ainda alguns depósitos relativos as 3 (três) contas correntes acima citadas para os quais o contribuinte não conseguiu comprovar a origem e se os mesmos foram oferecidos á tributação”. Ora, o interessado comprova a origem e a contabilização de diversos depósitos, e, pelo fato de não ter comprovado alguns, tem seu lucro arbitrado, o que, no meu entendimento, não tem cabimento. A falta de escrituração de depósito bancário determina a omissão de receita e não a imprestabilidade da escrituração. (....) 1ª razão (parte final): “Além do que, ao se auditar algumas das contas do Ativo Circulante, representativas do ingresso destes depósitos, cuja origem não conseguiu comprovar, verificouse um quantitativo alto de valores que foram debitados em contrapartida a valores creditados em contas do Passivo, quando o certo seria que eles fossem creditados em conta de Receitas, conforme amplamente explanado na infração abaixo” A fiscalização afirma, genericamente, que ao se auditar algumas contas do Ativo Circulante, representativas do ingresso dos depósitos bancários, cuja origem não se conseguiu comprovar, Fl. 13169DF CARF MF Processo nº 10073.721493/201267 Acórdão n.º 1201001.535 S1C2T1 Fl. 13.164 13 teria verificado que a contrapartida teria sido em contas do Passivo, e não em contas de receita. O problema é que a fiscalização não aprofunda a investigação. Se limita a afirmar, sem detalhar e especificar quais contas de depósitos teriam sido creditadas em contrapartida a contas de passivo. Dúvidas pontuais em contas do disponível não levam à imprestabilidade do conjunto da escrituração. (....) Mas não é só. Ademais, pode ocorrer ainda que depósitos bancários (D Bancos) tenham como contrapartida contas de passivo, como, por exemplo, empréstimos contratados, financiamentos efetuados, adiantamento de clientes, etc., o que demandaria um aprofundamento das investigações, o que não consta ter ocorrido. Portanto, tal fundamento da fiscalização não é suficiente para tornar imprestável a escrituração contábil do interessado. 2ª razão: “tendo em vista a necessidade de autuação por presunção de omissão de receitas dos valores correspondentes aos depósitos bancários não contabilizados, ao se adotar o Lucro Real como forma de apuração do IRPJ devido, criariase um problema na quantificação dos montantes do PIS/COFINS devidos, gerados por reflexo da tributação do IRPJ, que teriam que ser calculados pela forma de tributação não cumulativa. Ou seja, não haveria como se mensurar o montante dos créditos relativos a tais tributos incidentes sobre as receitas por presunção omitidas (depósitos bancários não contabilizados). Sendo assim o PIS/COFINS passaram a ser devidos no regime cumulativo no período objeto de arbitramento (AC/2007). Deste modo houve a recomposição da base de cálculo relativa aos 2 (dois) tributos, autuados de ofício pelo regime cumulativo, de forma a incluir todas as receitas descritas no conceito de faturamento.” Esta razão não procede. Ou seja, pelo fato de haver uma dificuldade operacional, a fiscalização arbitra o lucro, a fim de poder apurar o Pis e a Cofins pelo regime cumulativo, já que, se utilizasse o lucro real, teria que apurar o Pis e a Cofins pelo regime não cumulativo. Sendo assim, penaliza o interessado, já que o regime cumulativo de Pis e Cofins é mais gravoso. Devese esclarecer que o arbitramento é uma medida de exceção, extrema, sendo aplicável apenas como último recurso para a apuração do imposto devido. Ou seja, o arbitramento do lucro é utilizado quando fica comprovado, de forma inequívoca, que os livros contábeis e fiscais são imprestáveis, e que não há outra solução para que seja possível a determinação do crédito tributário devido. Fl. 13170DF CARF MF 14 (....) Pelo exposto, em razão do arbitramento ser medida extrema, excepcional não me parece razoável o procedimento da fiscalização de arbitrar o lucro, com o intuito de viabilizar o cálculo do Pis e da Cofins pelo regime cumulativo. Conclusão: Tendo em vista que as razões elencadas pela fiscalização não são determinantes para demonstrar a imprestabilidade da escrituração contábil, não tem fundamento o arbitramento do lucro, sendo improcedente o auto de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. CSLL A exigência fiscal relativa a esta contribuição é mera decorrência dos fatos apurados no auto de infração do imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ). Insubsistindo o auto de infração matriz (IRPJ), igual sorte deve colhe aquele auto de infração lavrado por mera decorrência, tendo em vista o nexo causal entre eles. Portanto, é improcedente a autuação reflexa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). PIS e Cofins Quanto ao Pis e a Cofins, devese esclarecer o seguinte: Como exposto anteriormente, não restou comprovado pela fiscalização que a escrituração contábil era imprestável para apuração do lucro real. Logo, o arbitramento do lucro foi medida extrema, não tendo cabimento. Por conseguinte, a apuração do Pis e da Cofins pelo regime cumulativo foi indevida, já que a regra de apuração pelo lucro real enseja o cálculo do Pis e da Cofins pelo regime não cumulativo, conforme reconhece a própria fiscalização no Termo de Verificação Fiscal. Conforme dispõe o art. 10, II, da Lei nº 10.833, de 2003 (Cofins) e o art.8º, II, da Lei nº 10.637, de 2002 (PIS), o regime cumulativo somente é aplicável para pessoas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado. Para o lucro real, é o regime não cumulativo. Sendo assim, em razão de erro no regime de apuração destas contribuições, já que o correto seria pelo regime não cumulativo (lucro real) e não o regime cumulativo (lucro arbitrado), são improcedentes as autuações do Programa de Integração Social (Pis) e da Contribuição p/ Financiamento da Seguridade Social (Cofins)." Entendo, a luz dos fatos e fundamentos presentes nos autos, que não merece reparos a decisão recorrida. Ante o exposto, conheço do Recurso de ofício e VOTO por negarlhe provimento. Fl. 13171DF CARF MF Processo nº 10073.721493/201267 Acórdão n.º 1201001.535 S1C2T1 Fl. 13.165 15 (documento assinado digitalmente) JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES Relator Fl. 13172DF CARF MF
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Numero do processo: 13971.916332/2011-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2002
COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.954
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS ANOCALENDÁRIO: 2002 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 91 63 32 /2 01 1- 33 Fl. 66DF CARF MF 2 Relatório Por trazer clara síntese do processo até a interposição da Manifestação de Inconformidade, adoto o relatório da decisão de primeira instância, no Acórdão da DRJ em Florianópolis: "Trata o presente processo de Pedido de Restituição PER, apresentado pela contribuinte acima qualificada. Em análise do pedido, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC decidiu indeferilo (...), em razão de que o valor recolhido via DARF, indicado como fonte do crédito contra a Fazenda Nacional, já havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para restituição solicitada no PER. Inconformada com o não deferimento de seu Pedido de Restituição, a contribuinte esclarece, em síntese, que os créditos pleiteados se referem a pagamentos a maior originados da declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, pelo Supremo Tribunal Federal, em 9 de novembro de 2005. A contribuinte alega, ainda, a nulidade do Despacho Decisório, por ausência de diligência sobre o crédito pleiteado, nos termos do artigo 65 da Instrução Normativa nº 900/2008." (grifei) A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente naquela oportunidade, tendo sido o referido acórdão ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 PRELIMINAR. NULIDADE. AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. A autoridade competente para decidir sobre restituição poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos, bem como tem a faculdade de determinar a realização de diligência. Se pela DCOMP apresentada já é possível concluir que o crédito pleiteado carece de liquidez e certeza, desnecessária a realização de diligência. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Intimada pessoalmente desta decisão, foi apresentado Recurso tempestivo no qual a Recorrente alega, em síntese, a validade do crédito de COFINS objeto do Pedido de Restituição, vez que calculado com base nas receitas não operacionais auferidas pela empresa, que não podem ser consideradas como base de cálculo do PIS e da COFINS como reconhecido Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13971.916332/201133 Acórdão n.º 3402003.954 S3C4T2 Fl. 3 3 pelo Supremo Tribunal Federal nos Recursos Extraordinários 346.084, 358.273, 357.950 e 390.840. Alega ainda a nulidade do despacho decisório, por ausência de diligência prévia para verificação da validade do crédito. Anexou ao Recurso Voluntário cópia do livro razão e planilha com a composição do crédito apurado. Em seguida, os autos foram remetidos a esse Conselho. É o relatório. Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.923, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 13971.916330/201144, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.923): "Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, adentrando em suas razões. Em recente julgado desta turma relatado pela Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, foi reconhecimento o cabimento dos pedidos de restituição que, tal como o presente, se respaldam na inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98. Tratase do acórdão n.º 3402003.399, ementado nos seguintes termos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF." (Número do Processo 10980.911525/201010. Data da Sessão 29/09/2016 Relatora Thais de Laurentiis Galkowicz. Acórdão n.º 3402003.399) Fl. 68DF CARF MF 4 A situação trazida sob julgamento nos presente autos é idêntica àquela julgada naquela oportunidade, razão pela qual adoto integralmente as razões delineadas por aquela Ilustre Conselheira Relatora, à luz do art. 50, §1º da Lei n.º 9.784/99, cujo voto foi acompanhado por unanimidade por esta Turma: "A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da Fl. 69DF CARF MF Processo nº 13971.916332/201133 Acórdão n.º 3402003.954 S3C4T2 Fl. 4 5 COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; concluise pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento2. Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 70DF CARF MF 6 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, torna se imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13971.916332/201133 Acórdão n.º 3402003.954 S3C4T2 Fl. 5 7 O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de Fl. 72DF CARF MF 8 mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13971.916332/201133 Acórdão n.º 3402003.954 S3C4T2 Fl. 6 9 Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerê la em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Fl. 74DF CARF MF 10 Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." (grifos no original) Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei n.º 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS")." Importante consignar que os documentos analisados no julgamento do paradigma (razão e planilha de apuração) encontram correspondência com os documentos juntados ao presente processo, variando apenas o período de apuração e os valores envolvidos. 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13971.916332/201133 Acórdão n.º 3402003.954 S3C4T2 Fl. 7 11 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei nº 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS"). assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 76DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14120.000025/2010-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Apr 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração:01/01/2007 a 31/12/2008
AUTO DE INFRAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS DIÁRIOS.MULTA. CABIMENTO.
A não apresentação de livros contábeis devidamente requeridos constitui infração ao art. 33, §2º, da Lei 8.212/91.
Numero da decisão: 2301-004.041
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, até 11/2008, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b) em negar provimento ao recurso, na questão da comercialização da produção rural, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Júnior e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram, pelo provimento do recurso nesta questão; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Mauro José Silva.
(Assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente e redator ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão.
(Assinado digitalmente)
Andréa Brose Adolfo redatora ad hoc na data de formalização do acórdão.
EDITADO EM: 18/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio de Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Manoel Coelho Arruda Junior, Mauro Jose Silva, Adriano Gonzales Silvério.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS DIÁRIOS.MULTA. CABIMENTO. A não apresentação de livros contábeis devidamente requeridos constitui infração ao art. 33, §2º, da Lei 8.212/91. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, até 11/2008, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b) em negar provimento ao recurso, na questão da comercialização da produção rural, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Júnior e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram, pelo provimento do recurso nesta questão; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Mauro José Silva. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente e redator ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. (Assinado digitalmente) Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc na data de formalização do acórdão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 00 25 /2 01 0- 31 Fl. 76DF CARF MF 2 EDITADO EM: 18/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio de Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Manoel Coelho Arruda Junior, Mauro Jose Silva, Adriano Gonzales Silvério. Relatório Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora designado ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui que busco reproduzir o relato do conselheiro, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Tratase de processo de crédito previdenciário, constituído através de AIOA – Auto de Infração de Obrigação Acessória, DEBCAD n° 37.215.4263 (fl. 07) lançado na data de 05/03/2010, em face do sujeito passivo acima identificado, no valor de R$ 14.107.77 consolidado em 05/03/2010. Consoante Relatório Fiscal, fl. 05, o sujeito passivo foi autuado porque deixou de apresentar os Livros Diário e Razão dos exercícios 2007 e 2008 e incorreu na infração de ter a empresa deixado de exibir, à autoridade fiscal após intimada, documentos relacionados com as contribuições previdenciárias tipificada na Lei 8.212/91, arts. 33. 2° e 3°, 92 e 102 e no Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, art. 233, parágrafo único. 283 inc. II, V, 292 e 373 cujo valor da penalidade determinado no Relatório de Aplicação da Multa (fl 0506). A auditoria fiscal não informou acerca de circunstâncias atenuantes ou agravantes. Foi iniciado o procedimento fiscal mediante o TIPF (fl 0809). cuja ciência ocorreu em 07/01/2010 (fl.10). O sujeito passivo foi cientificado da autuação em 31/03/2010 (fl. 07). O sujeito passivo apresentou a impugnação, recepcionada em 29/04/2010 (fl. 100107), com a juntada de documentos comprobatórios e alegações, sendo os pontos relevantes para apreciação do litígio os seguintes: 1) Da multa e dos juros. Vedação ao confisco Não ficou provada a fraude. Tratase apenas de inadimplemento por dificuldades financeiras. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 14120.000025/201031 Acórdão n.º 2301004.041 S2C3T1 Fl. 3 3 2) Proibição de multa em proporção superior ao valor do tributo. 3) Limitação da multa moratória. 4) Aplicação do CDC que fixa em 2%. Farta jurisprudência do TJ/MS. 5) Limitação pela lei da usura. Limite em 12% ao ano. Em face da defesa apresentada, a 3ª turma da DRJ/CGE, por meio do acórdão nº 0423.771 de fls. 51 e ss, julgou procedente o lançamento: Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 JUROS E MULTA À autoridade administrativa não cabe apreciar a argüição e declarar ou reconhecer a inconstitucionalidade de lei, por suposta violação ao princípio constitucional da vedação ao confisco tributário. A multa que encontra embasamento legal, por conta do caráter vinculado da atividade fiscal, não pode ser excluída administrativamente se a situação fática verificada enquadrase na hipótese prevista pela norma. Cabe à autoridade administrativa aplicar os juros SELIC, nos moldes da legislação, não sendo possível afastálos por meio de apreciação de argumentos não jurídicos. As multas previstas no Código de Defesa do Consumidor não se aplicam às relações de natureza tributária. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais contrárias à orientação estabelecida para a administração direta e autárquica em atos de caráter normativo ordinário. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS OU DOCUMENTOS. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA Constitui infração deixar a empresa de exibir qualquer documento ou livro relacionado com as contribuições previdenciárias, quando regularmente solicitados pela autoridade fiscal. A impugnação deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Impugnação Improcedente Intimado do decisum (15/04/2011), interpôs Recurso Voluntário, em 16/05/2011, que reitera os termos da impugnação apresentada. Fl. 78DF CARF MF 4 É relatório. Voto Vencido Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui que busco reproduzir as razões de decidir do então conselheiro, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. CONHECIMENTO Tempestivo o recurso e presentes os demais pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. MÉRITO Conforme expressamente reconhecido em sua impugnação à infração que lhe foi imputada (fls.32), a Recorrente deixou de fato de apresentar documentos solicitados pelo órgão fazendário em trecho que aqui transcrevo: “Em fiscalização, a Receita Federal do Brasil, resolveu lavrar o presente Auto de Infração, A contribuinte recebeu aviso de recebimento, tomando ciência de procedimento fiscal, abrangendo período de 2007 e 2008. Todavia, por um lapso, e seriíssimos problemas financeiros a empresa teve de deixar de cumprir com algumas obrigações tributárias.”(grifouse) Dessa forma, a infração cometida é incontroversa e sobre a sua aplicação bem decidiu o v. acórdão recorrido, vejamos: “Como relatado, a empresa foi atuada por não ter apresentado os livros referidos e limitouse a discutir a abusividade da penalidade, sem, no entanto, contrapor qualquer ponto específico da infração. A impugnação genérica e desacompanhada da prova de suas alegações não produz nenhum efeito, à luz do art. 17 do Decreto 70.235/72, com a redação da Lei 9.532/97. Os atos administrativos, incluindose o ato de lançamento de tributos e imposição de penalidades, nascem com presunção de legalidade, veracidade e legitimidade. A legalidade reside no fato de que a atividade administrativa encontrase visceralmente associada a uma lei ou norma que lhe dá suporte de validade. A Fl. 79DF CARF MF Processo nº 14120.000025/201031 Acórdão n.º 2301004.041 S2C3T1 Fl. 4 5 veracidade referese à certeza dos fatos sobre os quais incide a atividade administrativa e a legitimidade ostenta a prerrogativa "júris tantum" de fazer prevalecer a sua pretensão, até prova em contrário, pois supõese legal e verdadeira as razões e fatos motivadores alegados pela Administração no sentido de executar determinada atividade administrativa. É o que se extrai da Lei n° 9.784/99, Art. 36: "Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta No mesmo sentido, a jurisprudência do Colendo STJ: "Ementa: PROCESSO CIVIL. PROVA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. OS ATOS ADMINISTRATIVOS, DE QUE O LANÇAMENTO FISCAL É ESPÉCIE. GOZAM DA PRESUNÇÃO DE VERACIDADE, DE MODO QUE A PROVA EVENTUALMENTE NECESSÁRIA À RESPECTIVA ANULAÇÃO CONSTITUI ÔNUS DO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (CPC, ART. 334, IV)." (RESP 36011/SP, Relator: Ministro Ari Pargendler) Pelo exposto, mantémse o crédito tributário conforme lançado. À luz dos autos e da razão demonstrada, VOTASE por julgar a IMPUGNAÇÃO IMPROCEDENTE com MANUTENÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO e indeferimento de todos os pedidos.” Para que o trabalho de fiscalização desenvolvase regularmente é necessário que o sujeito passivo colabore, apresentando documentos e informações que serão utilizados na verificação de sua regularidade fiscal. Para as contribuições previdenciárias, a obrigação de apresentar os elementos requeridos pelo fisco vem estampada no § 2. do art. 33 da Lei n.º 8.212/1991: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) § 2o A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Sendo os livros contábeis essenciais à fiscalização das contribuições sociais, os contribuintes tem o dever de apresentálos quando solicitados pelos agentes fiscais. Todavia, não basta que esses livros sejam exibidos, é necessário que estes preencham as formalidades legais e que contenham informações condizentes com a realidade da atividade empresarial. Nesse sentido está assentada a jurisprudência deste conselho: Fl. 80DF CARF MF 6 PREVIDENCIÁRIO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS/LIVROS COM OMISSÃO DE INFORMAÇÃO VERDADEIRA. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO. Apresentar documentos/livros com informações que não correspondam a realidade ou com omissão de informações verdadeiras caracteriza infração à legislação por descumprimento de obrigação acessória. APRESENTAÇÃO DE LIVRO DIÁRIO SEM REGISTRO NO ÓRGÃO PRÓPRIO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO. Caracteriza infração à legislação previdenciária a exibição ao fisco de Livros Diário sem autenticação no órgão próprio. (Processo nº 15586.000460/20105, acórdão nº 2401003.058 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, 18 de junho de 2013, Relator Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo) A recorrente arguiu ainda a inconstitucionalidade da multa aplicada, em face do seu caráter confiscatório. Na análise dessa razão, não se pode perder de vista que o lançamento da penalidade por descumprimento de obrigação acessória é operação vinculada, que não comporta emissão de juízo de valor quanto à medida ao patrimônio do sujeito. passivo, haja vista que uma vez definido o patamar da quantificação da penalidade pelo legislador, fica vedado ao aplicador da lei ponderar, restandolhe apenas aplicar a multa no quantum previsto pela legislação. Cabe ressaltar que, é vedado ao órgão administrativo declarar inconstitucionalidade de norma vigente e eficaz como se vê do seguinte enunciado de súmula: Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. CONCLUSÃO Por todo o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário. Foi assim que o Conselheiro votou na sessão de julgamento, conforme registro. (Assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização. Voto Vencedor Fl. 81DF CARF MF Processo nº 14120.000025/201031 Acórdão n.º 2301004.041 S2C3T1 Fl. 5 7 Conselheiro João Bellini Júnior – redator ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato do conselheiro Mauro José Silva, redator original para o voto vencedor, ter deixado os quadros do CARF antes de sua formalização, formalizo o acórdão na qualidade de redator ad hoc para o voto vencedor. Esclareço que o referido conselheiro não deixou voto nos sistemas internos do CARF, e que não participei das discussões relativas ao julgamento do recurso voluntário. Feito o registro. Entendo que não se pode dar provimento ao recurso voluntário, na questão da comercialização da produção rural, uma vez que essa questão não foi ventilada no recurso voluntário; ademais, o auto de infração trata de infração de “deixar de apresentar à fiscalização os livros diário e razão dos exercícios de 2007 e 2008”; assim, a infração é estranha à questão da comercialização da produção rural. Por tais motivos, entendo que se deva negar provimento ao recurso voluntário, nesta questão. Conselheiro João Bellini Júnior. Fl. 82DF CARF MF
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Numero do processo: 18471.002863/2003-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 31/07/1998
OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL. PERMUTA. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS.
A permuta é uma espécie do gênero alienação, sujeitando-se à incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital auferido, calculado pela diferença de valor das ações envolvidas no negócio.
Numero da decisão: 2402-005.779
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, pelo voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos os Conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza, Theodoro Vicente Agostinho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci .
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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PERMUTA. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. A permuta é uma espécie do gênero alienação, sujeitandose à incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital auferido, calculado pela diferença de valor das ações envolvidas no negócio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 28 63 /2 00 3- 91 Fl. 592DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, pelo voto de qualidade, negarlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza, Theodoro Vicente Agostinho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci . (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 593DF CARF MF Processo nº 18471.002863/200391 Acórdão n.º 2402005.779 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro – DRJ/RJO (fls. 115/128), que julgou improcedente impugnação apresentada em face de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF, fato gerador ocorrido em 31/07/1998, o qual resultou em crédito tributário no valor de R$ 768.873,32, nele incluído imposto, R$ 276.374,31; multa proporcional, R$ 207.280,73; e juros de mora calculados até 28/11/2003, R$ 285.218,28. Consta do Auto de Infração (fls. 23/24) que o procedimento fiscal teve como escopo a apuração de omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa. Por bem retratar as alegações trazidas pelo contribuinte na peça impugnatória (fls. 62/103), reproduzemse os trechos correspondente do Acórdão nº 5182, da 3ª Turma da DRJ/RJO: o § 4°, do art. 150, do Código Tributário Nacional determina que o prazo decadencial para tributos sujeitos a lançamento por homologação é de cinco anos, contados a partir da ocorrência do fato gerador; a contagem do prazo decadencial determinada pelo art. 150, § 4% do CTN, não faz a distinção de ter havido algum pagamento por parte do Contribuinte; considerando que a permuta ocorreu em 08.07.1998 e que o próprio Auto indica o dia 31.07.1998 como a data da verificação do fato gerador, ainda que fosse devido imposto de renda sobre ganho de capital supostamente auferido pelo Impugnante, a Fazenda Pública teria decaído do direito de cobrálo em 01.08.2003; o valor real do principal ativo de ACSL, ações que lhe asseguravam o controle da LOBATO, era significativamente maior do que sua correspondente expressão contábil, dada as perspectivas de rentabilidade de diversos de seus empreendimentos imobiliários; a ausência de pronunciamentos na doutrina a respeito dos efeitos de permutas realizadas por pessoas físicas devese ao fato de as mesmas sempre terem sido tributadas pelo regime de caixa, não se cogitando de hábito, como ocorre nas pessoas jurídicas da incidência de imposto de renda sobre ganhos às vezes meramente possíveis e incapazes de serem realizados financeiramente; o art. 65 da Lei n° 8.383, de 30.12.1991, versa sobre privatizações, mas, ao tratar da matéria, equiparando à permuta a entrega de "moeda podre" em pagamento de ações em Fl. 594DF CARF MF 4 processos de privatização, acabou normatizando o tratamento que se deve dar às permutas e dele resulta, necessariamente, a impossibilidade de a permuta gerar ganho de capital para os permutantes. Cita Parecer PGFN/PGA/N° 970/91; os ganhos de capital somente podem ser submetidos ao imposto de renda quando ocorre a sua realização, como tal entendida a aquisição de disponibilidade sobre o acréscimo patrimonial dele resultante, o que não se caracteriza pelo recebimento, em operação de permuta ou semelhante, de bens ou direitos sem liquidez; que a permuta um tipo de alienação, não se discute; se é capaz ou não de gerar ganho de capital, depende das circunstâncias. As permutas com torna, por exemplo, certamente justificam a tributação; as permutas de determinado bem por um título de crédito de grande liquidez também justificam a apuração de ganho de capital, pois o acréscimo patrimonial existe e está disponível; o Regulamento de Imposto de Renda vigente em 1998, embora relacione apenas as permutas de imóveis (sem toma e em condições específicas) dentre as operações cujos resultados devem ser excluídos de tributação (art. 801, IV), deixa claro em seus arts. 802, § 3° e 812 que não se tributam permutas em que não haja pagamento de torna; a permuta é uma forma de alienação e, por isso, em princípio, de proporcionar ganho de capital ao permutante, mas esse ganho só se exterioriza com a subseqüente venda do bem recebido em permuta ou com o pagamento da torna, que produz efeitos econômicos semelhantes ao da venda de parte do bem permutado; se o valor da alienação nas permutas em que há torna é o próprio montante da torna, na ausência desta não há valor de alienação e, conseqüentemente, ganho de capital a tributar. Não se apuram, pois, ganhos de capital em permutas sem torna, cabendo a cada uma das partes da permuta substituir o bem entregue em permuta pelo bem recebido em contrapartida da operação; é inegável a existência de semelhanças entre a compra e venda e a permuta, mas falta a essa última um dos elementos básicos da primeira, o preço. Em termos fiscais essa diferença é extremamente relevante. Tributar ganho de capital estimado em razão de permuta de bens sem liquidez é tributar resultados de mera avaliação; a legislação em vigor não ampara os argumentos de que apenas ganhos na permuta de imóveis sem torna escapariam à tributação. A não incidência de imposto de renda nas operações de permuta em geral, atualmente reconhecida por lei, resulta de fatos tanto aplicáveis a imóveis quanto a outros bens sem liquidez; e é vedado ao poder executivo criar hipóteses de incidência de imposto não previstas em lei, não cabendo, pois às autoridades fiscais, sem qualquer motivo lógico ou base legal, considerar Fl. 595DF CARF MF Processo nº 18471.002863/200391 Acórdão n.º 2402005.779 S2C4T2 Fl. 4 5 não tributáveis as permutas de imóveis e tributáveis as permutas de outros bens igualmente sem liquidez. A DRJ/RJO, por seu turno, julgou a impugnação improcedente, conforme se extrai da ementa do julgado atacado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Data do fato gerador: 31/07/1998 Ementa: DECADÊNCIA O prazo para a autoridade administrativa proceder ao lançamento, no caso de o contribuinte não haver efetuado pagamento do Imposto, iniciase no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme estabelecido no art. 173, I, da Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). GANHO DE CAPITAL. PERMUTA A permuta configura uma das hipóteses de alienação legalmente previstas e encontrase sujeita à apuração de ganho de capital, caso haja diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição. Lançamento Procedente Em sede de recurso voluntário (fls. 133/157), o contribuinte se detém a repisar os mesmos argumentos trazidos na impugnação. A Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes acolheu a preliminar de decadência, dando provimento ao recurso do sujeito passivo, consoante acórdão assim ementado: GANHO DE CAPITAL – DECADÊNCIA – Atribuindo a legislação ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o tributo amoldase à sistemática de lançamento denominada homologação, na forma disciplinada pelo § 4º do artigo 150 do CTN. Preliminar acolhida. Em face de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, a decisão ordinária de segunda instância administrativa foi reformada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, determinandose o retorno dos autos para apreciação das demais razões do recurso voluntário. Senão vejamos a ementa do acórdão da CRPS: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999 REGIMENTO INTERNO CARF. DECISÃO DEFINITIVA DE MÉRITO STJ ART. 62A DO ANEXO II DO RICARF. Fl. 596DF CARF MF 6 As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo artigo 543C do Código de Processo Civil, devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho (Art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010). DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de ofício, nos exatos termos do aludido dispositivo. É o relatório. Fl. 597DF CARF MF Processo nº 18471.002863/200391 Acórdão n.º 2402005.779 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. No caso, o Termo de Verificação (fls. 17/22) evidencia situação em que o recorrente alienou ações, sob a forma de permuta, que teria resultado em inequívoco ganho de capital. De acordo com o exposto no referido documento, o qual descreve inúmeras operações societárias, em 30/06/1998 a contribuinte Atlântica Empreendimentos Imobiliários S.A subscreveu 294.296 ações preferenciais sem valor nominal da empresa ACSL INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A, da qual o recorrente é sócio. As ações foram subscritas pelo preço unitário de R$ 80,86, perfazendo o montante de R$23.796.936,28, integralizado mediante a cessão de créditos. Com as alterações promovidas em decorrência do rearranjo societário o capital social, a participação de cada um dos sócios empresa ACSL INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A sofreu as seguintes alterações: ANTES DEPOIS Nº Total de Ações 294.298 588.596 Capital Social (R$) 2.799.251,44 26.596.187,72 Patrimônio Líquido (PL) 1.548.249,03 25.345.185,31 Valor Patrimonial da Ação (Nº de ações/PL) 5,26 43,06 Nº Ações 51.704 51.704 % 17,56% 8,78% Recorrente R$ 272.027,36 2.226.574,53 Nº Ações 242.294 242.294 % 82,43% 41,21% Outra PF R$ 1.276.221,67 10.446.018,13 Nº Ações 0 294.298 % 0% 50% articipação Societária Atlântica R$ 0,00 12.672.592,66 Fl. 598DF CARF MF 8 Ainda segundo se aborda no Termo de Verificação “a ACSL é a Holding da empresa de engenharia e empreendimentos imobiliários AC LOBATO ENGENHARIA S/A [...], de cujo capital tinha participação de 68% (sessenta e oito por cento), no montante de R$2.217.668,18 e um Patrimônio Líquido de R$1.548.249,03, como evidenciado no balancete de junho/98”. Os outros 32% do capital da Lobato pertenciam ao recorrente e foram adquiridos por R$ 2.568.527,19. Em 07/07/1998, ACSL é cindida parcialmente com a incorporação de parte do seu patrimônio líquido por sua controlada AC LOBATO ENGENHARIA S/A. A parcela cindida corresponde a 48.358 ações, sendo a metade ordinárias e a outra preferenciais, e representa um acervo patrimonial correspondente a 67% do investimento da mesma na sua controlada, no valor de R$ 2.185.055,42. Em decorrência deste fato a ACSL teve o seu capital social bem como o seu PL reduzidos deste montante, passando a ser de R$24.411.132,30 e R$23.160.129,89, respectivamente. Consequentemente, os acionistas tiveram reduzidas as suas participações na ACSL , na proporção do seu percentual no capital da mesma, ou seja, 8,216% das 588.596 ações. Assim sendo o acionista FRANCISCO ABENZA MARTINEZ passou a possuir 47.456, do total de 540.238 ações, o que correspondente a uma redução de 4.248 ações, permanecendo o seu percentual de participação inalterado. Com a cisão houve uma redução para 1% (um por cento) da participação societária da ACSL em A C Lobato, que antes era de 68%. Com este evento os acionistas da ACSL passariam a ser titulares de novas ações emitidas por A C Lobato, recebedora do acervo, cindido. Também em 07/07/1998, a AC LOBATO realizou uma assembléia geral que aprovou a incorporação da parte cindida da ACSL, com aumento do capital social em valor equivalente (R$ 2.185.055,42), mediante a emissão de 2.939.843 ações ordinárias nominativas e sem valor nominal a serem distribuídas aos acionistas da ACSL nas proporções de suas participações no capital da mesma. Ao acionista FRANCISCO MARTINEZ couberam 258.244 ações da firma de engenharia (8,785% das que foram emitidas). As ações emitidas sem valor nominal foram integralizadas por R$0,7433 cada (2.185.055,42/ 2.939.843), valor esse que correspondia à relação preexistente entre o PL de AC Lobato (R$ 3.261.276,74) e o número de ações (4.387.825). Na mesma assembléia foi aprovada a redução do capital no valor anteriormente aumentado, mediante o cancelamento de 2.939.843 ações ordinárias nominativas e sem valor nominal (mesmo número das recém emitidas) e consequentemente redução do capital no valor de R$2.185.055,42 (exato valor da capitalização decorrente do recebimento da parcela oriunda da cisão). Devido a esses fatos, ficaram inalterados o Capital Social, o PL e o número de ações constituintes do capital de AC LOBATO ENGENHARIA LTDA, com valores de R$5.100.000,00 e R$3.261.276,74, respectivamente composto de 4.387.825 ações. Em 08/07/1998, o recorrente, por meio de instrumento particular de permuta, permuta ações das empresas ACSL e AC Lobato conforme se segue: FRANCISCO ABENZA MARTINEZ permuta 258.244 ações representativas do capital social da LOBATO, recém recebidas de sua propriedade, (exata quantidade que assumiu em decorrência da cisão) por 47.456 ações) representativas do capital social da ACSL de propriedade da ATLÂNTICA. Pelo Fl. 599DF CARF MF Processo nº 18471.002863/200391 Acórdão n.º 2402005.779 S2C4T2 Fl. 6 9 mesmo instrumento o outro sócio permutou 1.211.677 ações representativas do capital social da LOBATO, também recém recebidas de sua propriedade (exata quantidade que assumiu em decorrência da cisão) por 222.663 ações representativas do capital social da ACSL de propriedade da ATLÂNTICA. Este instrumento não está registrado e é omisso no tocante aos valores atribuídos às ações permutadas, bem como os seus percentuais, embora represente a troca de 50% da ACSL por 33,51% da AC Lobato. Em virtude da cisão, o contribuinte deixou de ser detentor de 4.248 ações da ACSL para no dia seguinte, em decorrência da permuta supracitada, em lugar das ações mencionadas, passar a ser titular de 47.456 ações da aludida empresa. Em virtude dos fatos anteriormente descritos, cada ação da LOBATO passou a valer R$0,7433, ou seja, o valor do seu PL dividido pelo número de ações (3.261.276,74 /4.387.825 = 0,7433) e, por sua vez, cada ação de ACSL passou a ter o valor de R$ 42,8702, ou seja, o valor do seu PL dividido pelo numero de ações (23.160.129,89/540.238 = 42.8702). Com o novo rearranjo societário, a participação de cada um dos sócios empresa ACSL INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A passou a ter a seguinte configuração: ANTES 30/06/1998 08/07/1998 Nº Total de Ações 294.298 588.596 51.704 Capital Social (R$) 2.799.251,44 26.596.187,72 24.411.132,30 Patrimônio Líquido (PL) 1.548.249,03 25.345.185,31 23.160.129,89 Valor Patrimonial da Ação (Nº de ações/PL) 5,26 43,06 42,8702 Nº Ações 51.704 51.704 94.912 % 17,56% 8,78% 17,56% Recorrente R$ 272.027,36 2.226.574,53* 4.069.069,97* Nº Ações 242.294 242.294 445.326 % 82,43% 41,2157% 82,43% Outra PF R$ 1.276.221,67 10.446.018,13 19.091.059,92 Nº Ações 0 294.298 0 % 0% 50% 0% Participação Societária Atlântica R$ 0,00 12.672.592,66 0,00 *(4.069.069,97 2.226.574,53 = 1.842.495,44) Não obstante às inúmeras operações societárias envolvendo a AC LOBATO ENGENHARIA S/A, a ACSL INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A e a Atlântica Empreendimentos Imobiliários S.A, consta do Termo de Verificação Fiscal que: O contribuinte permutou 258.244 ações da LOBATO que valiam: 258.244 x R$0,7433 = R$ 191.952,77 (A) por 47.456 ações da ACSL que pertenciam à ATLÂNTICA e que valiam: 47.456 x Fl. 600DF CARF MF 10 R$42.8702 = R$2.034.448,21(B), gerando, em conseqüência um ganho de R$1.842.495,44(BA). Mais especificamente, a base tributável foi definida pela diferença entre o valor total das ações da AC Lobato Engenharia S/A, pertencentes ao recorrente, e das ações da ACSL Investimentos e Participações S/A, de titularidade da Atlântica Empreendimentos Imobiliários S/A, objeto da permuta. O valor de cada ação foi determinado pela razão entre o Patrimônio Líquido das empresas e o número de ações por elas emitidas. A operação de permuta sofreu a incidência da tributação sobre o ganho de capital auferido pela diferença de valor das ações permutadas no negócio. Afirma o recorrente que os ganhos de capital somente podem ser submetidos ao imposto de renda quando ocorre a sua realização, entendida como a aquisição de disponibilidade sobre o acréscimo patrimonial dela resultante, o que não se caracteriza pelo recebimento, em operação de permuta, de bens ou direitos sem liquidez. Defende o sujeito passivo que, embora seja um tipo de alienação, a permuta somente seria capaz de gerar ganho de capital em se tratando de caso envolvendo torna ou, por exemplo, quando determinado bem fosse permutado por título de crédito de grande liquidez. Entendo que não lhe assiste razão. O art. 43 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN), estabelece que a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica é apta a provocar a ocorrência do fato gerador do imposto sobre a renda, não se exigindo a disponibilidade financeira ou circulação de numerário. Eis a redação do dispositivo: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. [...] (Grifamos) Vejase que o texto legal não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação pelo imposto sobre a renda, o qual engloba todo e qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada à operação ou ao ganho. Nesse passo, resta cristalino que a exclusão da tributação de qualquer espécie de acréscimo patrimonial necessita estar expressamente prevista em lei, tendo em vista que a regra geral é a incidência da exação. Nessa mesma linha, temse que, nos termos do art. 3º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, operações que importem alienação de bens estão sujeitas à apuração de ganho de capital. Senão vejamos: Fl. 601DF CARF MF Processo nº 18471.002863/200391 Acórdão n.º 2402005.779 S2C4T2 Fl. 7 11 Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. [...] § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (Grifos nossos) Da análise das disposições legais encimadas, verificase que o regramento estabelecido pela norma ordinária não destoa do art. 43 do CTN. De se notar que a lei é taxativa ao estabelecer que incidência do imposto independe da forma de percepção da renda ou do provento, bastando o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título, ou seja, a lei ordinária buscou abarcar todas as operações que importem em alienação, inclusive arrematando o rol do § 3º com a expressão “contratos afins”, deixando claro que a relação ali contida é meramente exemplificativa. E mais, há na lei ostensível determinação de que se deve buscar a essência material dos eventuais ganhos, independentemente da denominação que lhes seja atribuída. Especificamente com relação à permuta, essa encontrase expressamente inserida no conceito de alienação insculpido no § 3º do art. 3º da Lei nº 7.713/1988. Assim, independentemente da existência de torna, via de regra a permuta não escapa ao campo da tributação do IRPF, ou seja, uma vez identificado o acréscimo patrimonial e determinado o seu valor em unidades monetárias, como fez a autoridade fiscal, a princípio há a incidência do imposto, a menos que se trate de situação abrangida por alguma exceção legalmente estatuída, o que inexiste para o caso que ora se analisa. Sobre a tributação dos ganhos de capital por pessoas físicas, não descuidou a autoridade autuante de observar as disposições contidas no art. 21 da Lei nº 8.981/1995, na redação vigente à época do lançamento, segundo as quais: Fl. 602DF CARF MF 12 Art. 21. O ganho de capital percebido por pessoa física em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza sujeitase à incidência do Imposto de Renda, à alíquota de quinze por cento. § 1º O imposto de que trata este artigo deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente ao da percepção dos ganhos. § 2º Os ganhos a que se refere este artigo serão apurados e tributados em separado e não integrarão a base de cálculo do Imposto de Renda na declaração de ajuste anual, e o imposto pago não poderá ser deduzido do devido na declaração. Nesse passo, não obstante as razões suscitadas no recurso voluntário, não vejo reparos nos argumentos invocados na decisão atacada de que: Restou, portanto, perfeitamente caracterizada a ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, nos termos da legislação transcrita. Observese que o art. 43 do CTN define, como fato gerador do Imposto de Renda, a aquisição disponibilidade econômica ou jurídica de renda. No presente caso, a aquisição de disponibilidade jurídica de renda pelo Contribuinte, em decorrência da operação realizada, está devidamente comprovada. Independente de o bem permutado ser de liquidez imediata ou não, o fato gerador ocorreu, e o Imposto de Renda deve incidir sobre o ganho de capital auferido. A ocorrência do fato gerador no momento da alienação, que, conforme já exposto, também abrange a operação de permuta, não pressupõe a existência de recursos financeiros envolvidos. Acrescentese que, de acordo com o disposto no art. 3º, § 4°, da Lei nº 7.713, de 1998, para que haja a incidência do Imposto, basta o beneficio do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título, o que ficou evidenciado na situação ora em análise. Notese, ainda, que a incidência do Imposto sobre o ganho de capital realmente se dá quando da realização do bem, conforme afirmou o Impugnante. Neste caso, a realização do bem ocorreu justamente no momento de sua alienação, na modalidade de permuta. Com relação à razões suscitadas na peça recursal de que o art. 65 da Lei n° 8.383/1991, que versa sobre privatizações, ao tratar da matéria, acabou normatizando o tratamento que se deve dar às permutas, impossibilitando que essa modalidade de alienação possa gerar ganho de capital aos permutantes e de que o Parecer PGFN/PGA/N° 970/1991 corroboraria tal assertiva, também não vejo como conferir razão sujeito passivo. É certo que, consoante já se mencionou alhures, nas alienações de bens ou direitos que resultem em ganho de capital, a regra é a incidência do imposto sobre a renda, sendo que, para que determinada operação seja excluída do campo de incidência do tributo, faz necessária a existência de lei prevendo tal hipótese. Desse modo, em que pese todo os esforço interpretativo empreendido no recurso voluntário, não vejo aplicar o art. 65 da Lei nº 8.383/1991 ou o entendimento veiculado no Parecer PGFN/PGA/Nº 970/1991 a matérias diversas daquelas abordadas na norma citada. Fl. 603DF CARF MF Processo nº 18471.002863/200391 Acórdão n.º 2402005.779 S2C4T2 Fl. 8 13 Reiterese que, conforme consta da decisão a quo, tanto o parecer da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional – PGFN quanto o dispositivo legal supracitados tratam de permutas realizadas no âmbito do Programa Nacional de Desestatização, não se podendo estender sua aplicação de forma indiscriminada a situações ocorridas em contextos fáticos que em nada se assemelham àquele regulado pela lei. Ademais, a própria ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional já esclareceu essa questão (alcance do Parecer PGFN/PGA/Nº 970/1991) no Parecer/PGFN/CAT/Nº 1722 /2013, aprovado pelo Ministro da Fazenda por meio do Despacho MF Nº SN, de 29 de maio de 2015 (Publicado no DOU de 01/06/2015, seção 1, pág. 24). Senão vejamos as conclusões extraídas de referido Parecer: PARECER/PGFN/CAT/Nº 1722 /2013 39. Em conclusão, e respondendo objetivamente aos quesitos formulados na presente consulta, temos que: 39.1. o entendimento consubstanciado no Parecer PGFN/PGA/Nº 970/91 restringese ao âmbito do PND, não podendo ser estendido a situações outras que não aquelas especificamente tratadas no referido opinativo: 39.1.1 é possível tributar pelo imposto sobre a renda a diferença positiva, via ganho de capital, existente entre o custo de aquisição e o valor dos bens mobiliários permutados no momento em que é feita tal operação, independentemente da existência de torna; 39.1.2. é correto o entendimento de que a permuta, por encontrarse no conceito de alienação, previsto no art. 3º da Lei nº 7.713, de 1988, via de regra é tributada, não tendo as desonerações previstas na legislação, como a tratada no art. 121, II do RIR/99 (permuta de imóveis), o condão de serem aplicadas para situações diversas daquelas especificamente ali disciplinadas; 39.1.3 a determinação de que a apuração do ganho de capital recairá apenas sobre a torna, nos termos do § 2º do art. 121, do § 3º do art. 123 e do inciso III do parágrafo único do art. 138, todos os RIR/99, aplicase exclusivamente às permutas de ativos imobiliários. Vejase que as conclusões extraídas do Parecer/PGFN/CAT/Nº 1722 /2013, além de afastar, por completo, as alegações da recorrente, acabam por corroborar todos os argumentos contidos no presente voto. Ainda segundo o sujeito passivo, o inciso IV do art. 801 do Regulamento do Imposto de 1994 (RIR/1994) e a Instrução Normativa SRF nº 107/1988 também confirmariam a não incidência do IRPF nas operações de permuta sem torna pelo fato de dispensarem esse tratamento à troca de bens imóveis sem recebimento de parcela complementar. No termos do recurso voluntário: 4.23. Com efeito, o CTN é expresso no sentido de que a isenção é sempre decorrente de lei (art. 176). Desse modo, a não Fl. 604DF CARF MF 14 incidência de IR na permuta de imóveis sem torna dependeria: (a) de lei que isentasse de tributação ganho dessa natureza; ou (b) do reconhecimento de que operações de permuta sem torna, como regra geral, são incapazes de gerar ganho que se ajuste ao conceito de renda. Na hipótese da letra "a", a não incidência de IR se restringiria ao bem que a norma isentiva se referisse (no caso, imóveis); já no caso da letra ";b", a não incidência se estenderia a permutas sem torna de bens de qualquer natureza (com a possível exceção dos bens cuja liquidez lhes atribuísse natureza semelhante à da moeda) Afirma o recorrente que nenhum dos dispositivos que embasaram o inciso IV do art. 801 do RIR/1994 (art. 22 da Lei n° 7.713/1988, art. 30 da Lei n° 8.134/1990, art. 21 da Lei n° 8.218/1991 e art. 3º, II, da Lei 8.383/91) contempla a não incidência de imposto de renda nas permutas de imóveis sem parcela complementar o que confirmaria o entendimento do Poder Executivo Federal de que as permutas sem torna são incapazes de gerar ganho de capital tributáveis pelo IRPF. De acordo com o RIR/1994: Art. 801. Na determinação do ganho de capital serão excluídos (Leis n°s 7.713/88, art. 22, 8.134/90, art. 30, 8.218/91, art. 21, e 8.383/91, art. 3°, II): [...] IV a permuta exclusivamente de unidades imobiliárias, objeto de escritura pública, sem recebimento de parcela complementar em dinheiro, denominada torna, exceto no caso de imóvel rural com benfeitorias. Do exame do inciso IV do art. 801 do RIR/1994, assim como da Instrução Normativa SRF nº 107/1988, constatase que a interpretação levada a efeito em tais normativos voltase única e exclusivamente para a permuta de unidades imobiliárias. Assim, com base na legislação de regência e tendo em vista as peculiaridades que envolvem a alienação de bens imóveis, as normas regulamentares excepcionaram essa espécie de permuta, desde que sem recebimento de valores complementares, da tributação pelo imposto de renda. Entretanto, isso não significa, como quer fazer crer o apelante, que todas as operações de permuta sem torna sejam incapazes de gerar ganho que se ajuste ao conceito de renda. Consoante se esclareceu acima, o art. 43 do CTN e o art. 3º da Lei nº 7.713/1988 são no sentido de que tais operações, por constituírem modalidade de alienação, estão sujeitas à tributação, a qual deve incidir sobre o ganho de capital apurado. Do mesmo modo, o § 3º do art. 802, bem assim o art. 812 do RIR/1994, como bem ponderou a decisão recorrida, “encontramse dentro de um contexto, relativo à tributação de ganhos de capital provenientes de permuta exclusivamente de unidades imobiliárias”. Desta feita, também não merece acolhida a asserção trazida na peça recursal de que, em face de tais dispositivos e, independentemente da operação de permuta, na ausência de torna não há valor de alienação e, consequentemente, ganho de capital a se tributar. Relativamente ao acórdão do antigo Conselho de Contribuintes, trazido à baila no recurso voluntário, em que se sustenta que permuta somente é tributável quando existe torna, independentemente do bem permutado, há que se esclarecer que, além de ter sido adotado em face de contexto fenomênico absolutamente diverso do retratado nos presentes Fl. 605DF CARF MF Processo nº 18471.002863/200391 Acórdão n.º 2402005.779 S2C4T2 Fl. 9 15 autos, referido decisum além de não se constitui em norma complementar de Direito Tributário, não tem o condão de vincular os julgadores administrativos. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 606DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13204.000007/2005-08
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004
COFINS. CONCEITO DE INSUMO.
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
No caso julgado, são exemplos de insumos os serviços de remoção de rejeitos industriais (lama vermelha).
VARIAÇÃO CAMBIAL. REGIME DE APURAÇÃO.
À opção da pessoa jurídica, que valerá para todo o ano-calendário, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência ((art. 30 da Medida Provisória - MP nº 2.158-35, de 2001)
Recurso Especial do Procurador provido em parte
Numero da decisão: 9303-004.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, somente quanto à variação cambial, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento integral.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 COFINS. CONCEITO DE INSUMO. O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos os serviços de remoção de rejeitos industriais (lama vermelha). VARIAÇÃO CAMBIAL. REGIME DE APURAÇÃO. À opção da pessoa jurídica, que valerá para todo o ano-calendário, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência ((art. 30 da Medida Provisória - MP nº 2.158-35, de 2001) Recurso Especial do Procurador provido em parte
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INSUMOS. CONCEITO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ALUNORTE ALUMINA DO NORTE DO BRASIL S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 COFINS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos os serviços de remoção de rejeitos industriais (lama vermelha). VARIAÇÃO CAMBIAL. REGIME DE APURAÇÃO. À opção da pessoa jurídica, que valerá para todo o anocalendário, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência ((art. 30 da Medida Provisória MP nº 2.15835, de 2001) Recurso Especial do Procurador provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 20 4. 00 00 07 /2 00 5- 08 Fl. 482DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, somente quanto à variação cambial, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento integral. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN contra o Acórdão nº 3403001.958, de 20/03/2013, proferido pela 3ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido contestada especificamente na manifestação de inconformidade. CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e à Cofins no regime nãocumulativo engloba a totalidade das receitas da pessoa jurídica, sendo inaplicável a extensão administrativa dos efeitos da decisão do STF acerca da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. VARIAÇÕES MONETÁRIAS. REGIME DE COMPETÊNCIA. As variações monetárias ativas, inclusive para os sujeitos passivos que as reconheçam sob o regime de competência, somente constituem receita e, portanto, somente passam a integrar a base de cálculo das contribuições no regime não cumulativo, quando caracterizem direitos definitivamente incorporados ao patrimônio e, assim, insujeitos à reversão por Fl. 483DF CARF MF Processo nº 13204.000007/200508 Acórdão n.º 9303004.754 CSRFT3 Fl. 483 3 condições futuras falíveis. Mutatis mutandis o mesmo entendimento se aplica às variações monetárias passivas, para fins de desconto de créditos como despesas financeiras, nas hipóteses admitidas em lei. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. CRÉDITOS. SERVIÇOS DE REMOÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS. É legítima a tomada de crédito da contribuição nãocumulativa em relação ao serviço de remoção de lama vermelha, por integrar o custo de produção do produto destinado à venda (alumina). CRÉDITOS. SERVIÇO DE MANUTENÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO. Tratandose de gasto passível de ativação obrigatória, é incabível a tomada de crédito diretamente sobre o custo do serviço de manutenção de material refratário. Recurso Provido em Parte. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente insurgiuse contra as seguintes matérias: (a) ao direito de crédito das contribuições não cumulativas quanto às despesas com serviço de remoção de lama vermelha; e (b) ao direito do contribuinte reconhecer as receitas financeiras provenientes de variações cambiais somente quando da liquidação do contrato ou da obrigação. Alega divergência de interpretação em relação ao que decidido nos (a) os Acórdãos nº 20312.448 e 340100.403, bem como nos (b) Acórdãos nº 20180.817 e 330201.408, cujo inteiro teor das ementas foram transcritas no recurso. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 341/343. A contribuinte apresentou as contrarrazões ao recurso especial (fls. 422/425). Também interpôs recurso especial, o qual, todavia, não foi admitido (fls. 470/476). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos, tal como proposto no seu exame, que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Com efeito, com relação à remoção de resíduos industriais (lama vermelha), enquanto o acórdão paradigma adotou a tese mais restritiva para o conceito de insumos, de Fl. 484DF CARF MF 4 forma a guardar correspondência com o obtido da legislação do IPI, o acórdão recorrido consubstanciou entendimento mais amplo, de sorte a incluir, no mesmo conceito, os produtos e serviços necessários ao processo produtivo da contribuinte. No concernente ao segundo tema, o acórdão recorrido entendeu que somente se deveria reconhecer as receitas financeiras provenientes de variações cambiais quando da liquidação do contrato ou da obrigação. Já o Acórdão nº 20180.817, concluiu que, por expressa previsão legal (art. 92 da Lei n2 9.718/98), a variação cambial ativa equiparase à receita financeira e deve tributada pelo PIS da mesma forma que for tributada pelo IRPJ e pela CSLL: regime de caixa ou de competência, conforme o caso. Conhecido na integralidade, entendemos assistir, em parte, razão à douta Procuradoria da Fazenda Nacional. Com relação ao primeiro tema, depois de longos debates, passamos a adotar o entendimento majoritário que, justo, encontrase encartado no acórdão recorrido. Como os motivos do nosso convencimento coincidem, na totalidade, com o que exposto no voto proferido pelo il. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, nos autos do processo administrativo n.º 11065.101271/200647 (Acórdão 3ª Turma/CSRF nº 930301.035, sessão de 23/10/2010), passamos a adotálas, também aqui, como razão de decidir. Eilas: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de PIS/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Júlio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/2003 61, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Fl. 485DF CARF MF Processo nº 13204.000007/200508 Acórdão n.º 9303004.754 CSRFT3 Fl. 484 5 Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de PIS/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...]As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de PIS/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional. (grifamos) Passemos ao caso concreto. A Recorrente contesta a concessão de crédito oriundo de serviços de remoção de resíduos industriais. Antes de concluirmos o voto em relação a cada item e os motivos que sustentam o nosso convencimento, reputamos imprescindível fazer a seguinte observação: em julgamentos recentes envolvendo a mesma contribuinte e, grosso modo, os mesmos produtos e serviços, esta mesma CSRF chegou a conclusões divergentes das que aqui serão adotadas. Fl. 486DF CARF MF 6 Nestes julgamentos, acompanhamos o voto do relator, porque nos pareceu que os motivos por ele adotados encontravamse plenamente compatíveis com a tese majoritária. Referimonos aos Acórdãos CSRF/3ª Turma nº 9303004.378, 9303004.379 e 9303004.380, todos de 09/11/2016. Aqui, contudo, na condição de relator, ao analisarmos com maior detença os itens cujo creditamento a Recorrente pretende afastar, formamos a convicção de que andou bem a Câmara baixa ao reconhecer os créditos (exceto, como se verá, quanto a um dos itens). Com relação à remoção dos resíduos industriais, diferentemente do que se deu noutros processos do mesmo contribuinte, o crédito sobre este serviço foi expressamente reconhecido pela Câmara baixa, com base nos seguintes fundamentos, replicados de outros acórdãos da mesma turma: “Deve ser reconhecido o direito de crédito em relação ao pagamento pela prestação de serviço de remoção de rejeitos industriais, visto que tal atividade deve ser considerada como inserida no contexto da produção, tal como sustenta o Recorrente (fl. 464/465). Entendo que assiste razão ao Recorrente, pois os serviços de transporte dos resíduos industriais configuram atos que viabilizam e integram a atividade produtiva. Não apenas o transporte de matériaprima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime nãocumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Walber José da Silva, j. 02.06.2008). Entendo, pois, que deve ser reconhecido o direito de crédito em relação aos serviços de remoção de resíduos em questão. Nos autos do processo administrativo nº 10280.722274/200954 – que envolveu a mesma contribuinte e a mesma controvérsia –, o il. Conselheiro Antônio Carlos Atulim ainda teceu as seguintes considerações a respeito: Relativamente aos serviços de transporte de rejeitos industriais, a análise da descrição do processo produtivo revela que ele gera os detritos lama vermelha, areia e crosta, que depois de serem devidamente tratados, vão para os tanques de rejeitos industriais Fl. 487DF CARF MF Processo nº 13204.000007/200508 Acórdão n.º 9303004.754 CSRFT3 Fl. 485 7 a fim de serem descartados. Estando esses rejeitos umbilicalmente ligados à produção da alumina, o serviço de transporte para a sua remoção é um custo de produção que se enquadra perfeitamente na disposição do art. 290, I do RIR/99. Deve, portanto, gerar créditos do regime não cumulativo, pois se enquadra na previsão do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/04. Não há como se concordar com a alegação da Ilustre Procuradora da Fazenda Nacional, no sentido de que custos incorridos após a obtenção da alumina não podem ser considerados como insumo. O fato de o gasto ser posterior à obtenção do produto final não significa que seja um gasto incorrido na atividademeio. Observese que o rendimento da bauxita está na razão de 5:1. Isso significa, em um cálculo grosseiro, que para produzir uma tonelada de alumina, são necessárias cinco toneladas de minério. O minério não se encontra na natureza em estado puro. Ele se encontra disperso no solo e vem contaminado com impurezas. Após a retirada da tonelada de alumina, as quatro toneladas restantes são rejeitos industriais aos quais a empresa é obrigada a dar destino adequado, a fim de evitar problemas ambientais. Isso não é um gasto com atividademeio. Ainda que se considere que os gastos com esses rejeitos são posteriores ao processo produtivo, é fora de qualquer dúvida que eles decorrem do processo produtivo, pois os rejeitos somente deixariam de existir se a linha de produção parasse. Por isso o gasto com o serviço de retirada desses rejeitos é um custo de produção da alumina que se enquadra no art. 290, I do RIR/99. (g.n.) Considerando, pois, que a remoção dos resíduos industriais que resultam da produção da alumina revestese de particularidades que a afastam das verificadas nos processos que comumente chegam a este Colegiado, entendemos correto o acórdão recorrido, ao conferir ao contribuinte, quanto a este item, o direito ao crédito do PIS/Cofins. Com relação ao segundo tema, assim dispôs o acórdão recorrido: Segundo o texto do item 8 do relatório de diligência, o contribuinte utilizou as despesas financeiras como dedução das receitas financeiras na apuração das contribuições. A descrição da fiscalização sugere que foi aplicado o entendimento costumeiro que a Administração vem dispensando a casos semelhantes, qual seja: tendo em vista que o contribuinte optou pelo regime de competência, foram incluídas nas bases de cálculo as variações monetárias positivas aferidas em cada período de apuração durante a vigência do contrato, desconsiderandose as variações negativas ocorridas no mesmo período, aplicandose de forma literal o art. 9º da Lei nº 9.718/98 combinado com o art. 30, § 1º da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Fl. 488DF CARF MF 8 Este colegiado, com outra composição, já enfrentou essa questão no Acórdão nº 340301.503, relatado pelo Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, no qual, por maioria de votos, foi firmado entendimento semelhante àquele do STJ, no sentido de que só pode ser considerado como receita o ingresso que se incorpore definitivamente ao patrimônio da pessoa jurídica. A questão encontrase disciplinada no art. 30 da Medida Provisória – MP nº 2.15835, de 2001, reedição do art. 30 da Medida Provisória nº 1.85810, de 1999, cuja redação é a seguinte: “Art. 30. A partir de 1o de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. § 1o À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. § 2º A opção prevista no § 1o aplicarseá a todo o ano calendário. § 3o No caso de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias, em anoscalendário subseqüentes, para efeito de determinação da base de cálculo dos tributos e das contribuições, serão observadas as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal.” (g.n.) No presente caso, a contribuinte optou, no períodobase a que se referem os autos, pelo regime de regime de competência na apuração de suas receitas, de modo que não há dúvida de que o mesmo regime deveria ter sido observado na apuração das variações cambiais que decorreram de suas obrigações ou de seus direitos. Não fosse pelo só fato da previsão legal (ver Súmula CARF nº 2), a tese adotada no acórdão recorrido não se sustenta: a de que somente se deveria reconhecer as receitas financeiras provenientes de variações cambiais quando da liquidação do contrato ou da obrigação. Sobre ela, assim escrevemos em obra de autoria coletiva (PIS e Cofins à luz da jurisprudência: Conselho Administrativa de Recursos Fiscais; volume 3 / Coordenação Marcelo Magalhães Peixoto, Gilberto de Castro Moreira Junior, 1ª ed, São Paulo, MP Editora, 2014): Ela se apoia na ideia de que haveria um conteúdo material, de estatura constitucional, para o termo “receita”, para o qual o constituinte teria valorizado a perspectiva dos negócios jurídicos que evidenciem a capacidade econômica revelada pelo ingresso financeiro apurado de forma isolada e instantânea em cada evento. Esse conteúdo material, com a tônica no ingresso Fl. 489DF CARF MF Processo nº 13204.000007/200508 Acórdão n.º 9303004.754 CSRFT3 Fl. 486 9 financeiro, é que teria sido colocado ao alcance do legislador federal para que sobre ele se fizesse incidir a contribuição com específica destinação, voltada para o custeio do sistema de Seguridade Social. Os fautores dessa tese trabalham ainda com a ideia de que a receita deve ser definitiva de modo a assegurar a disponibilidade e a titularidade dos recursos financeiros sem qualquer obrigação correspondente, devendo ter como causa a remuneração de negócio jurídico concernente aos atos relacionados apenas com o exercício de atividade empresarial. O argumento se fundamenta no art. 195, III, da Constituição Federal, que estabelece, como uma das fontes de financiamento da Seguridade Social, a contribuição incidente “sobre a receita de concursos de prognósticos”, de sorte que a alusão ao vocábulo “receita” só poderia estar relacionada, no seu entendimento, com o efetivo ingresso de recursos provenientes dos diferentes jogos existentes no país, vale dizer, com a possibilidade de destaque pura e simples de uma parcela a título das contribuições a serem retiradas do volume de recursos arrecadados com os referidos “concursos de prognósticos”. Assim, em tal previsão constitucional, o termo “receita” não poderia referirse a outra perspectiva que não a do efetivo ingresso financeiro, vale dizer, ao efetivo ingresso de recursos pecuniários ao qual não corresponda uma obrigação, pena de inviabilizar o próprio custeio da Seguridade Social. De conseguinte, esse conteúdo semântico do vocábulo “receita” deveria vincular o exercício da atividade legiferante, em ordem a impossibilitar que o legislador infraconstitucional venha a emprestar ao termo significado diverso. Pois bem. O argumento, embora bem apresentado, encerra, no sentido técnico do termo, uma falácia (repitase aqui: no sentido técnico do termo, já que a sua referência no presente artigo não constitui, de forma alguma, juízo de demérito de nenhum trabalho acadêmico), um raciocínio incorreto, porquanto, a nosso juízo, não se poderia, apenas na única perspectiva da norma insculpida no art. 195, inciso III, da Constituição Federal, chegar à conclusão a que se chegou. Antes de apresentar os motivos que nos levam a entender inválido o argumento, cabe ressaltar, aqui mais uma vez, que o conceito de ingresso financeiro corresponderia, na tese exposta, ao efetivo e definitivo (ao qual não corresponda uma obrigação) ingresso de recursos pecuniários derivados do exercício de atividade empresarial, excluindose, de conseguinte, as receitas que resultem de qualquer outra atividade, tal como os valores recebidos a título de crédito presumido de ICMS. Que o dispositivo constitucional avaliza a ideia da necessidade de haver efetivo ingresso de recursos financeiros na Seguridade Social, é coisa que ninguém dissente. Aliás, foi essa necessidade que conduziu o legislador constituinte a prever tantas fontes Fl. 490DF CARF MF 10 para a manutenção de seus múltiplos deveres. O que esse fato não está a autorizar é a de que também no contribuinte deve a receita representar ingresso efetivo de recursos financeiros, assim como não autoriza a ideia de que receita só é aquela que decorra da atividade empresarial. Vejamos. As falácias – os raciocínios que, embora prima facie possam parecer corretos, mas na verdade não o são – dividemse em falácias de ambiguidade e de relevância. As primeiras, como a sua denominação já indica, estão relacionadas à linguagem utilizada para construir o argumento; as segundas, com o fato de as premissas serem absolutamente irrelevantes para estabelecer a verdade da conclusão. Como se passa a comprovar, esta última encontrase plenamente configurada na tese aqui refutada. Não se pode analisar um caso particular e extrair dele uma regra geral como se todos os demais casos relativos à mesma matéria fossem idênticos, é dizer, não se pode estabelecer uma regra geral aplicável a todos os fatos típicos a partir de um fato inquestionavelmente atípico. É o que os estudiosos da Lógica denominam de falácia do acidente convertido ou da generalização precipitada1, sendo que a falácia do acidente, da qual deriva a aludida expressão, consiste em aplicar uma regra geral a casos particulares cujas características acidentais tornam a regra inaplicável (Exemplo: “O que você comprou ontem comerá hoje. Logo, se você comprou carne crua ontem comerá carne crua hoje”). Notese que, a partir de uma única regra constitucional – a que estabelece como uma das fontes de financiamento da Seguridade Social a contribuição incidente “sobre a receita de concursos de prognósticos” – os que defendem haver um conceito constitucional de receita, baseados no único e exclusivo fato de que a contribuição é retirada, neste caso, do volume total de apostas, constituindo, assim, como decorrência inarredável, efetivo ingresso de receita nos cofres da mencionada instituição (não há como a Caixa Econômica Federal deixar de recolher a contribuição aos cofres da Previdência), levam esta particular situação ao patamar de regra geral, em ordem a determinar que receita só pode representar o efetivo ingresso de recursos financeiros também na pessoa jurídica, quando os fatos que norteiam a sua tributação – as operações que esta realiza – nada têm a ver com concursos de prognósticos e com a forma de arrecadação da contribuição social sobre eles incidente (destaque do volume total de apostas, sem a necessidade de interposição do Fisco e sem depender da vontade exclusiva do apostador, incidindo as contribuições sobre um setor específico sem qualquer semelhança com o universo dos contribuintes e com as atividades por eles realizadas). E não é só: o fato de a receita constituir efetivo ingresso de recursos financeiros na pessoa jurídica não significa de modo algum que também assim deva configurarse a contribuição devida à Seguridade Social, 1 Copi, Irving Marmer. Introdução à lógica. 2ª ed. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1978, p. 83. Fl. 491DF CARF MF Processo nº 13204.000007/200508 Acórdão n.º 9303004.754 CSRFT3 Fl. 487 11 porque depende, entre outros fatores, da vontade do contribuinte de adimplir a respectiva obrigação tributária. Portanto, em face de suas particularidades, as características que envolvem esta especial fonte de financiamento da Seguridade Social, porque atípica em relação às demais, a estas não podem ser estendidas, muito menos para estabelecer o conceito de receita a todas aplicado. O argumento é, com a devida vênia, inválido. (grifamos). Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe parcial provimento, apenas para que as receitas decorrentes das variações cambiais obedeçam ao regime de competência, em conformidade com a opção realizada pela contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 492DF CARF MF
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