Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,070)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,821)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,490)
- Segunda Turma Ordinária d (15,373)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,232)
- Segunda Turma Ordinária d (13,956)
- Primeira Turma Ordinária (12,798)
- Primeira Turma Ordinária (11,971)
- Segunda Turma Ordinária d (11,932)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,387)
- Terceira Câmara (64,066)
- Segunda Câmara (52,396)
- Primeira Câmara (17,064)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,374)
- Segunda Seção de Julgamen (110,145)
- Primeira Seção de Julgame (72,676)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,769)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,790)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,010)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,802)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,220)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 11080.906190/2013-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.977
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos propostos pelo Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência. O Conselheiro Waldir Navarro Bezerra acompanhou a diligência sem a indicação da cooperação sugerida pelo Conselheiro no item (iv) da diligência.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes, Cynthia Elena de Campos e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11080.906190/2013-77
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6010509
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-001.977
nome_arquivo_s : Decisao_11080906190201377.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 11080906190201377_6010509.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos propostos pelo Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência. O Conselheiro Waldir Navarro Bezerra acompanhou a diligência sem a indicação da cooperação sugerida pelo Conselheiro no item (iv) da diligência. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes, Cynthia Elena de Campos e Pedro Sousa Bispo.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
id : 7751812
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:45:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909756026880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1748; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.906190/201377 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.977 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 24 de abril de 2019 Assunto DILIGÊNCIA Recorrente JOSAPAR JOAQUIM OLIVEIRA SA PARTICIPAÇOES Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos propostos pelo Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência. O Conselheiro Waldir Navarro Bezerra acompanhou a diligência sem a indicação da cooperação sugerida pelo Conselheiro no item (iv) da diligência. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes, Cynthia Elena de Campos e Pedro Sousa Bispo. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. A Delegacia de Julgamento não acatou os argumentos da manifestante, entendendo que nenhum dos itens glosados contestados poderia ser gerador de crédito, conforme ementa parcialmente transcrita abaixo: (...) CRÉDITO. Somente dão direito a apuração de créditos no regime de incidência nãocumulativa os gastos expressamente previstos na legislação de regência. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .9 06 19 0/ 20 13 -7 7 Fl. 2791DF CARF MF Processo nº 11080.906190/201377 Resolução nº 3402001.977 S3C4T2 Fl. 3 2 CRÉDITO. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito apuração de créditos no regime de incidência nãocumulativa se incorporados diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto, desde que não incorporados ao ativo imobilizado. CRÉDITO. FRETE NA TRANSFERÊNCIA ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA PESSOA JURÍDICA OU EM OPERAÇÕES NÃO VENDAS. Inexiste previsão legal para apuração de crédito sobre valores relativos a fretes de transferência de produtos ou insumos entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, ou de transferências de produtos que não se enquadram em operações de venda CRÉDITO. LOCAÇÃO E/OU ARMAZENAGEM. Paletes e contentores correspondem a embalagem de transporte caracterizando dispêndio com acessórios utilizados em etapas posteriores à fabricação dos produtos destinados à venda, não se enquadrando como insumo e, portanto, não conferindo direito a crédito a título de armazenagem, nem como locação de máquinas e equipamentos. CRÉDITO NA AQUISIÇÃO DE BENS À ALÍQUOTA ZERO E SUJEITOS A CRÉDITO PRESUMIDO. É incabível desconto de crédito em relação aos dispêndios com frete suportados pelo adquirente na compra de bens, pois tais dispêndios devem ser apropriados ao custo de aquisição dos bens. E a possibilidade de creditamento, quando cabível, deve ser aferida em relação aos correspondentes bens adquiridos. CRÉDITO NA DEVOLUÇÃO DE VENDAS. RESSARCIMENTO. NÃO CABIMENTO. É passível a utilização do crédito sobre devoluções de venda apenas no desconto de débitos, desde que a receita de venda tenha integrado o faturamento do mês ou de mês anterior e tributada conforme a Lei. RATEIO PROPORCIONAL. Feita a opção pelo rateio proporcional, aplicamse aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. O rateio deve ser aplicado quando a pessoa jurídica auferir receitas tributadas concomitantemente com receitas não tributadas no mercado interno e/ou com exportação, para se determinar quais são os créditos passíveis de ressarcimento ou compensados com outros tributos. RESSARCIMENTO. JUROS EQUIVALENTES A TAXA SELIC. É incabível a incidência de juros compensatórios com base na taxa Selic sobre valores recebidos a título de ressarcimento de créditos, por falta de previsão legal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada dessa decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, sustentando o seu direito creditório sob os seguintes tópicos: Da Preliminar i Do erro material do Acórdão pela inclusão de glosas estranhas ao processo ii Do erro material do Despacho Decisório por ausência de fundamentação iii Da nulidade da decisão face à contradição envolvendo o rateio proporcional Do Direito I Do conceito de insumo para o PIS e a Cofins não cumulativos II Combustíveis e Lubrificantes Fl. 2792DF CARF MF Processo nº 11080.906190/201377 Resolução nº 3402001.977 S3C4T2 Fl. 4 3 III Materiais auxiliares de consumo IV Produtos de Limpeza V Das despesas de locação de paletes e contentores (despesas de armazenagem e embalagem de mercadoria) VI Despesas com fretes na compra de insumos tributados com alíquota zero e de insumos com crédito presumido VII Despesas com fretes de transferência de matériaprima e de embalagens VIII Despesas com fretes de devoluções IX Do crédito das devoluções de mercadorias tributadas X Do rateio proporcional dos créditos da contribuição para o PIS e da Cofins XI Da correção monetária pela taxa Selic aos créditos não reconhecidos pelo despacho decisório É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402001.975, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 11080.906181/201386. Ressaltese que a decisão do paradigma foi, em parte, contrária ao meu entendimento pessoal, pois entendi desnecessário o encaminhamento do item "iv" da diligência. Todavia, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Portanto, transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3402001.975): "1. Conforme se observa dos autos, a questão não é nova neste Tribunal. Tratase de infindável discussão de creditamento de PIS e COFINS e do conceito legal de insumo. Durante muito tempo esta questão foi indevidamente discutida em um altiplano normativo, na medida em que a autoridade fiscal pautava suas manifestações com base no disposto na Instrução Normativa RFB nº 404, de 12 de março de 2004. Em suma, a autoridade fiscal e a Delegacia de Julgamento partem da premissa de que para serem considerados insumos os itens devem ser aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação do bem, aplicando, pois, conceito de insumo similar àquele desenvolvido no Parecer Normativo CST nº 65, de 30 de outubro de 1979. 2. Acontece que o conceito de insumo admitido por este Tribunal denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Neste mesmo diapasão foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em recente julgado de Fl. 2793DF CARF MF Processo nº 11080.906190/201377 Resolução nº 3402001.977 S3C4T2 Fl. 5 4 caráter vinculante (REsp n. 1.221.170, julgado sob o rito de recursos repetitivos), cuja ementa segue abaixo transcrita: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. 3. Destacase o voto da Ministra Regina Helena Costa, que considerou os seguintes conceitos de essencialidade ou relevância da despesa, que deve ser seguido por este Conselho: Essencialidade – considerase o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; Fl. 2794DF CARF MF Processo nº 11080.906190/201377 Resolução nº 3402001.977 S3C4T2 Fl. 6 5 Relevância considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. 4. Diante deste quadro, é prudente que os processos administrativos envolvendo créditos referentes a nãocumulatividade do PIS ou da Cofins sejam analisados casuisticamente, considerando cada item relacionado como “insumos” e o seu envolvimento no processo produtivo (critério de pertinência), para então definir a possibilidade de aproveitamento ou não do crédito pretendido. 5. Assim, retornando aos autos e acompanhado por maioria expressiva do Colegiado, tenho que este processo não se encontra em condições de receber um justo julgamento, de forma que deve o mesmo retornar à autoridade preparadora para que intime o contribuinte a esclarecer o que segue, inclusive com a apresentação de laudo técnico a provar suas assertivas: (i) precisar a participação dos seguintes itens glosados e que foram objeto de recurso voluntário e que se entendeu não restar enquadrado no conceito de insumo para fins do processo produtivo da empresa: (a) combustíveis, lubrificantes e gás; (b) materiais auxiliares de consumo; (c) produtos de limpeza; e(d) locação de paletes e contentores. 6. Ato contínuo, deverá a fiscalização (ii) efetuar descritivo minucioso do referido processo produtivo, a fim de que sejam constatados o emprego dos referidos bens e direitos, aquilatando sua participação em relação ao produto final. 7. Ao efetuar estas constatações, solicito que a autoridade preparadora (e exclusivamente ela) (iii) elabore um parecer conclusivo que possibilite identificar cada dispêndio elencado, para fins de uma análise jurídica deste Colegiado quanto à participação de cada bem ou direito no processo produtivo do contribuinte em questão. 8. O referido parecer deverá também ser elaborado na forma de uma planilha que segregue os bens considerados pela recorrente sob os seguintes critérios: (a) pertinência ou não ao processo produtivo da empresa; (b) vida útil estimada (consumo imediato, menos de um ano, mais de um ano); (c) contato direto com o produto em fabricação; (d) agregação ao produto final. Fl. 2795DF CARF MF Processo nº 11080.906190/201377 Resolução nº 3402001.977 S3C4T2 Fl. 7 6 9. Por fim, antes ainda da devolução deste processo para este Tribunal, (iv) sugerese que o contribuinte e a Procuradoria da Fazenda Nacional promovam uma reunião, a luz do precedente repetitivo do STJ (REsp n. 1.221.170), e do laudo técnico que será preparado e apresentado à unidade de origem e, ainda, em razão da Nota explicativa SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF1, para que cooperem2 com a atividade judicativa atipicamente exercida por este Tribunal indicando, por conseguinte, quais glosas que as partes entendem como adequadas ao conceito de insumo vinculado pelo STJ e quais entendem como devidas em razão de uma extrapolação deste conceito. 10. Concluída a diligência, (v) o recorrente deverá ser intimado para que facultativamente apresente manifestação no prazo de 30 (trinta) dias, exatamente como prescreve o art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. 11. Não obstante, independentemente da efetividade da reunião aqui mencionada e antes do retorno dos autos para este Tribunal, (vi) a Procuradoria da Fazenda Nacional deverá ser intimada a se manifestar a respeito da diligência perpetrada, bem como dos laudos acostados nos autos, isso em relação a eventuais glosas que permanecerão em discussão. 12. É a resolução." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por determinar a realização de diligência para que a Unidade de Origem intime o contribuinte a esclarecer o que segue, inclusive com a apresentação de laudo técnico a provar suas assertivas: (i) precisar a participação dos seguintes itens glosados e que foram objeto de recurso voluntário e que se entendeu não restar enquadrado no conceito de insumo para fins do processo produtivo da empresa: (a) combustíveis, lubrificantes e gás; (b) materiais auxiliares de consumo; (c) produtos de limpeza; e(d) locação de paletes e contentores. Ato contínuo, deverá a fiscalização 1 "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2" 2 Nos termos do que dispõe o art. 6o do CPC, "in verbis": "Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva." Fl. 2796DF CARF MF Processo nº 11080.906190/201377 Resolução nº 3402001.977 S3C4T2 Fl. 8 7 (ii) efetuar descritivo minucioso do referido processo produtivo, a fim de que sejam constatados o emprego dos referidos bens e direitos, aquilatando sua participação em relação ao produto final. Ao efetuar estas constatações, solicito que a autoridade preparadora (e exclusivamente ela) (iii) elabore um parecer conclusivo que possibilite identificar cada dispêndio elencado, para fins de uma análise jurídica deste Colegiado quanto à participação de cada bem ou direito no processo produtivo do contribuinte em questão. O referido parecer deverá também ser elaborado na forma de uma planilha que segregue os bens considerados pela recorrente sob os seguintes critérios: (a) pertinência ou não ao processo produtivo da empresa; (b) vida útil estimada (consumo imediato, menos de um ano, mais de um ano); (c) contato direto com o produto em fabricação; (d) agregação ao produto final. Por fim, antes ainda da devolução deste processo para este Tribunal, (iv) sugerese que o contribuinte e a Procuradoria da Fazenda Nacional promovam uma reunião, a luz do precedente repetitivo do STJ (REsp n. 1.221.170), e do laudo técnico que será preparado e apresentado à unidade de origem e, ainda, em razão da Nota explicativa SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF3, para que cooperem4 com a atividade judicativa atipicamente exercida por este Tribunal indicando, por conseguinte, quais glosas que as partes entendem como adequadas ao conceito de insumo vinculado pelo STJ e quais entendem como devidas em razão de uma extrapolação deste conceito. Concluída a diligência, (v) o recorrente deverá ser intimado para que facultativamente apresente manifestação no prazo de 30 (trinta) dias, exatamente como prescreve o art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. Não obstante, independentemente da efetividade da reunião aqui mencionada e antes do retorno dos autos para este Tribunal, 3 "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2" 4 Nos termos do que dispõe o art. 6o do CPC, "in verbis": "Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva." Fl. 2797DF CARF MF Processo nº 11080.906190/201377 Resolução nº 3402001.977 S3C4T2 Fl. 9 8 (vi) a Procuradoria da Fazenda Nacional deverá ser intimada a se manifestar a respeito da diligência perpetrada, bem como dos laudos acostados nos autos, isso em relação a eventuais glosas que permanecerão em discussão. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 2798DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.003481/2003-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 1999
NULIDADE. DECISÃO QUE INDEFERE PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
O pedido de realização de diligência não elide nem tem o condão de transferir o ônus probatório da parte quanto ao que alega. Cabe à autoridade julgadora decidir sobre a realização de diligências, de ofício ou a pedido, indeferindo as que considera prescindíveis e seu indeferimento fundamentado não enseja cerceamento ao direito de defesa.
SIMPLES. ATIVIDADE VEDADA EXPRESSAMENTE PREVISTA NOS ATOS CONSTITUTIVOS. PRESUNÇÃO DE SEU EXERCÍCIO. AFASTAMENTO. ÔNUS DA PROVA.
A atividade econômica explorada pelo contribuinte é exteriorizada, em princípio, pelo objeto definido em seus estatutos sociais, cabendo ao contribuinte o ônus de comprovar que não a exerce de fato por meio de elementos hábeis.
Numero da decisão: 1302-003.608
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 1999 NULIDADE. DECISÃO QUE INDEFERE PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O pedido de realização de diligência não elide nem tem o condão de transferir o ônus probatório da parte quanto ao que alega. Cabe à autoridade julgadora decidir sobre a realização de diligências, de ofício ou a pedido, indeferindo as que considera prescindíveis e seu indeferimento fundamentado não enseja cerceamento ao direito de defesa. SIMPLES. ATIVIDADE VEDADA EXPRESSAMENTE PREVISTA NOS ATOS CONSTITUTIVOS. PRESUNÇÃO DE SEU EXERCÍCIO. AFASTAMENTO. ÔNUS DA PROVA. A atividade econômica explorada pelo contribuinte é exteriorizada, em princípio, pelo objeto definido em seus estatutos sociais, cabendo ao contribuinte o ônus de comprovar que não a exerce de fato por meio de elementos hábeis.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10830.003481/2003-47
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6018772
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1302-003.608
nome_arquivo_s : Decisao_10830003481200347.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
nome_arquivo_pdf_s : 10830003481200347_6018772.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo.
dt_sessao_tdt : Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
id : 7774864
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:46:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909767561216
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1844; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 59 1 58 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.003481/200347 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302003.608 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de maio de 2019 Matéria SIMPLES INCLUSÃO RETROATIVA Recorrente ENGEHIDRO INSTALAÇÕES E COMÉRCIO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 1999 NULIDADE. DECISÃO QUE INDEFERE PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O pedido de realização de diligência não elide nem tem o condão de transferir o ônus probatório da parte quanto ao que alega. Cabe à autoridade julgadora decidir sobre a realização de diligências, de ofício ou a pedido, indeferindo as que considera prescindíveis e seu indeferimento fundamentado não enseja cerceamento ao direito de defesa. SIMPLES. ATIVIDADE VEDADA EXPRESSAMENTE PREVISTA NOS ATOS CONSTITUTIVOS. PRESUNÇÃO DE SEU EXERCÍCIO. AFASTAMENTO. ÔNUS DA PROVA. A atividade econômica explorada pelo contribuinte é exteriorizada, em princípio, pelo objeto definido em seus estatutos sociais, cabendo ao contribuinte o ônus de comprovar que não a exerce de fato por meio de elementos hábeis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 34 81 /2 00 3- 47 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10830.003481/200347 Acórdão n.º 1302003.608 S1C3T2 Fl. 60 2 Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10830.003481/200347 Acórdão n.º 1302003.608 S1C3T2 Fl. 61 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 0522.203 1° Turma da DRJ/Campinas/SP, proferido em 17 de junho de 2008, que indeferiu a solicitação de inclusão retroativa no Simples, conforme sintetizado na seguinte ementa: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 1999 CIRCUNSTÂNCIAS IMPEDITIVAS DE INGRESSO E/OU PERMANÊNCIA NO SIMPLES FEDERAL. O exercício de atividade na área da construção civil é circunstância que impede o ingresso ou a permanência no Simples Federal. Cientificada em 08/08/2008 (AR fls. 47), a interessada apresentou recurso voluntário em 05/09/2008 (fls. 48 e sgs), no argumenta em síntese: Preliminares: a) a nulidade do acórdão recorrido em face de cerceamento ao direito de defesa, caracterizada em face do indeferimento do pedido de diligências expressamente formulado em sua manifestação; b) que seja reconhecida a nulidade processual, determinandose a conversão do julgamento em diligência a fim de garantir a ampla defesa e o contraditório e elidir a nulidade processual decorrente do cerceamento ocorrido; Mérito: c) que exerce as atividades de comércio de materiais de construção e que não exerce, nem jamais exerceu, a prestação de serviços em instalação hidráulica e nenhuma outra que se amolde à construção civil ou correlata; d) que, conforme os próprios registros fiscais oriundos da própria Receita Federal do Brasil, comprova que não exerce referida atividade ou ainda qualquer outra que vedada pela legislação; e) que "o fato de constar a atividade vedada em contrato social da recorrente, por si só, não se presta ou é suficiente a manter a exclusão da recorrente do Simples Federal, especialmente por se tratar de atividade nunca exercida pela recorrente, como bem se demonstra a prova a se coligir aos autos, estando assim absolutamente apta a participar do Simples Federal"; Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10830.003481/200347 Acórdão n.º 1302003.608 S1C3T2 Fl. 62 4 f) que, diante dos fatos expostos, seja deferida sua inclusão retroativa no Simples Federal a partir de 01/01/1999. É o relatório. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10830.003481/200347 Acórdão n.º 1302003.608 S1C3T2 Fl. 63 5 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais. Assim, dele conheço. A recorrente alega, em preliminar, a nulidade da decisão recorrida pelo fato de ter indeferido o pedido de realização de diligências formulado, ao mesmo tempo em que considerou que a interessada não trouxe nenhuma prova aos autos que pudesse desconstituir a acusação do exercício de atividade vedada. Examinando os autos, verificase que a recorrente não acostou nenhum documento em sua manifestação de inconformidade, limitandose a argumentar que não exercia atividades correlatas às construção civil ou qualquer outra vedada pela lei, o que estaria espelhado em suas declarações prestadas à Receita Federal. Neste diapasão, requereu a conversão em diligência, caso a autoridade julgadora entendesse necessária "a complementação de prova (...) fim de se apurar junto ao Fisco Federal, todas as declarações e informações prestadas pela recorrente no interregno legal e/ou ainda a produção de prova documental complementar". Ora, a decisão recorrida é extremamente clara ao admitir que a atividade exercida pela recorrente em um primeiro plano se identifica a partir do seu contrato social, admitindo, porém que a declaração de vontade externada naquele instrumento pode ser desconstituída por outros elementos de prova, como por exemplo, a apresentação das notas fiscais de venda das mercadorias e produtos, que espelham a receita da atividade, ou mesmo a alteração dos atos constitutivos. Ocorre que tal providência, visando comprovar o que alega, estaria a cargo da interessada, que nada trouxe ao processo, transferindo o ônus de obtenção da prova à autoridade julgadora e à administração tributária. O Decreto nº 70.235/1972 estabelece que cabe à autoridade julgadora analisar a necessidade de realização de diligência, podendo promovêla de ofício, quando entender necessário e indeferir o pedido de sua realização quanto considerálas imprescindíveis, verbis: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Além disso, a interessada sequer especifica quais os elementos e informações que pretende obter na diligência, desatendendo ao disposto no art. 16, inc. V do mesmo decreto, verbis: Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10830.003481/200347 Acórdão n.º 1302003.608 S1C3T2 Fl. 64 6 Art. 16. A impugnação mencionará: [...] V as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. No seu recurso, além de alegar a nulidade pelo indeferimento da diligência pelo colegiado recorrido, a recorrente reitera o pedido de realização de diligência, sem acostar aos autos quaisquer elementos novos, mesmo aqueles apontados exemplificativamente pelo acórdão recorrido como hábeis para infirmar a atividade declinada no contrato social. Ante ao exposto, rejeito, a um só tempo a alegação de nulidade do acórdão recorrido e o pedido de realização de diligências. No mérito, a recorrente se limita a alegar as mesmas razões trazidas na manifestação de inconformidade e examinadas com extrema propriedade pelo acórdão recorrido, do qual colho os principais aspectos, verbis: [...] Ao mérito, tudo se resolve desde que se perquira sobre a atividade econômica explorada por este Contribuinte, coisa que se encontra, em primeira aproximação e para efeito de prova daquilo que mais proximamente pode retratar a sua realidade, nos atos constitutivos da sociedade empresária (ou no requerimento de empresário individual, no caso de exploração de atividade econômica por pessoa natural singularmente considerada). Assim o diz o Enunciado n° 54 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal sobre o art. 966 do Código Civil: Empresa. Caracterização. Jornada I STJ 54: “É caracterizador do elemento empresa a declaração da atividadefim, assim como a prática de atos empresarias. " [NERY JUNIOR, Nelson & ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Código civil comentado e legislação extravagante. 3” ed. rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.558] Deste Enunciado seguese a conclusão de que a demonstração da prática empresária (e é de atividade empresária que se cuida aqui) pode ser feita de dois modos: num primeiro momento, como se disse, a partir do que consignado nos atos constitutivos da sociedade a título de objeto social (ou o que anotado no requerimento individual); ou, num segundo estádio, a partir da demonstração da prática de atos de empresa. Pela primeira via (atividade econômica explorada como consignada nos atos constitutivos ou no requerimento de empresário individual), vêse que este Contribuinte explora a “prestação de serviços em instalações hidráulicas e mão de obra” (fl. 04). Tal atividade, sem mais outros elementos de distinção, pode bem figurar nos impedimentos versados nos incisos V e XIII, do art. 9°, da Lei n° 9.317, de 1996 (como anotado pelo DRF de origem), ainda mais quando se leva em linha de conta os dizeres do Ato Declaratório Normativo COSIT n° 30, de 14/10/1999: Ato Declaratório Normativo COSITn° 030, DOU de 18/10/1999 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10830.003481/200347 Acórdão n.º 1302003.608 S1C3T2 Fl. 65 7 O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 199, inciso IV, do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF N” 227, de 3 de setembro de 1998, e tendo em vista as disposições do inciso V do art. 9” da Lei N” 9.31 7, de 5 de dezembro de 1996, com as alterações promovidas pelo art. 4° da Lei N° 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que a vedação ao exercício da opção pelo SIMPLES, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: 1. a construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; 2. sondagens, fundações e escavações; 3. construção de estradas e logradouros públicos; 4. construção de pontes, viadutos e monumentos; 5. terraplenagem e pavimentação; 6. pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e 7. quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. (destacouse) A linha argumentativa experimentada pelo Contribuinte caminha no sentido de desqualificar o objeto social prestigiado em seus atos constitutivos. De saída, não se nega tal possibilidade, apenas que isso demanda melhor esforço probatório. Reforcese que as pessoas, todas elas, vinculamse aos efeitos jurídicos que naturalmente decorrem das declarações que emitem, sob pena de total insegurança jurídica. Por outro tanto, presentes os elementos existenciais, de validade do ato/negócio jurídico e, ainda, salvo eventuais vícios de consentimento, pressupõe o Direito que a declaração de vontade é sempre intencional, ou seja, é serviente ao fiel retrato do pensado (da vontade), bem como é sempre, ela, declaração de vontade, absolutamente séria, pena de não se ter estabilidade jurídica no trato comum da vida. Demais disso, não exigindo a lei forma específica, vale desde logo a declaração de vontade, isto é, gera efeitos jurídicos que vinculam as partes interessadas e/ou envolvidas. Assim expõe a doutrina, assim fixa o Código Civil, art. 107: [...] Adiantese, outrossim, que não é o caso de o Contribuinte restar indefinidamente atrelado à declaração de vontade lançada nos seus atos constitutivos (contrato ou estatuto social, declaração de firma individual). Não. Como todo fato jurídico, tal declaração de vontade pode muito bem ser desconstituída por outra de igual ou superior força. Exemplo: declaração de vontade que altera o objeto social; declaração de vontade veiculada em notas fiscais (seqüenciais e que acobertem largo intervalo de tempo). Vejase que tais declarações são tão ou mais robustas que`“`a Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10830.003481/200347 Acórdão n.º 1302003.608 S1C3T2 Fl. 66 8 primeira (que fala da atividade econômica originalmente declarada), certo que, em todas elas, concorre a manifestação de vontade de terceiro desinteressado (do órgão competente do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou do Registro Civil de Pessoas Jurídicas, no caso de ato constitutivo; ou do adquirente do produto/serviço vendido pelo Contribuinte, na hipótese de notas fiscais, conforme estampado nos canhotos de ditas notas fiscais). Presentemente, sem que o Contribuinte faça a juntada de outros instrumentos probatórios (tais os já citados: alterações de contrato social ou estatuto, de declaração de firma individual, notas fiscais de venda de produtos, mercadorias e/ou serviços), não se pode, pura e simplesmente, à força de simples alegação, ter por desconstituída (ou até restringida) a declaração de vontade impressa em seus atos constitutivos. [...] Não tenho reparos à análise, acima transcrita, adotandoa como fundamento para decidir a questão no seu mérito, posto que a recorrente não agregou nenhum argumento ou elemento novo à discussão, limitandose a reiterar que não exercia a atividade vedada e a requere a realização de diligência com vistas à demonstrála. Ante ao exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14120.000338/2008-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005
DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE PÚBLICO. GANHO DE CAPITAL. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL Nº 1.116.460/SP. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 105 - COSIT, DE 7 DE ABRIL DE 2014.
A indenização decorrente de desapropriação, seja por utilidade pública ou por interesse social, não encerra ganho de capital, tendo-se em vista que a propriedade é transferida ao Poder Público por valor justo e determinado pela Justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas mera reposição do valor do bem expropriado.
Numero da decisão: 2201-005.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Débora Fófano Dos Santos, Douglas Kakazu Kushiyama, Francisco Nogueira Guarita, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005 DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE PÚBLICO. GANHO DE CAPITAL. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL Nº 1.116.460/SP. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 105 - COSIT, DE 7 DE ABRIL DE 2014. A indenização decorrente de desapropriação, seja por utilidade pública ou por interesse social, não encerra ganho de capital, tendo-se em vista que a propriedade é transferida ao Poder Público por valor justo e determinado pela Justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas mera reposição do valor do bem expropriado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 14120.000338/2008-75
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6011077
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat May 25 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2201-005.125
nome_arquivo_s : Decisao_14120000338200875.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
nome_arquivo_pdf_s : 14120000338200875_6011077.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Débora Fófano Dos Santos, Douglas Kakazu Kushiyama, Francisco Nogueira Guarita, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
id : 7754805
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:45:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909771755520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1647; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 207 1 206 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14120.000338/200875 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201005.125 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de maio de 2019 Matéria IRPF. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO. Recorrente DARIO SILINGARD Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005 DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE PÚBLICO. GANHO DE CAPITAL. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL Nº 1.116.460/SP. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 105 COSIT, DE 7 DE ABRIL DE 2014. A indenização decorrente de desapropriação, seja por utilidade pública ou por interesse social, não encerra ganho de capital, tendose em vista que a propriedade é transferida ao Poder Público por valor justo e determinado pela Justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas mera reposição do valor do bem expropriado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Débora Fófano Dos Santos, Douglas Kakazu Kushiyama, Francisco Nogueira Guarita, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 03 38 /2 00 8- 75 Fl. 207DF CARF MF Processo nº 14120.000338/200875 Acórdão n.º 2201005.125 S2C2T1 Fl. 208 2 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 182/195, interposto contra decisão da DRJ em Campo Grande/MS, de fls. 170/175, a qual julgou procedente o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF de fls. 122/126, lavrado em 19/09/2008, relativo aos anoscalendários 2004 e 2005, com ciência do RECORRENTE em 24/09/2008, conforme AR de fls. 141. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado após identificado ganho de capital na alienação de bens não oferecido a tributação, gerando crédito no valor de R$ 302.553,15, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e multa de ofício de 75%. De acordo com a descrição dos fatos do Auto de Infração (fls. 124/126), a fiscalização entendeu que o RECORRENTE obteve ganho de capital nas alienações dos imóveis adiante descritos: Anocalendário 2004: Área urbana R1, R2, R4, Desmembrada F – no total de 122,4137 ha – conforme Escritura Pública de Compra e Venda do Sétimo Tabelionato de Notas – 2ª Circunscrição de Campo Grande/MS, lavrada em 19/11/2004; Área R3, com 12,2459 ha – conforme Escritura Pública de Desapropriação do Cartório do 3º Ofício da Comarca de Campo Grande/MS, lavrada em 27/07/2004; Área D1 e D2, com total de 73,0836 ha – conforme Escritura Pública de Desapropriação do Cartório do 3º Ofício da Comarca de Campo Grande/MS, lavrada em 08/01/2004. Anocalendário 2005: Casa Residencial da Rua Paumari, 174, Lapa – São Paulo/SP – conforme Escritura Pública lavrada no 25º Tabelionato de Notas da Capital/SP, em 19/07/2005. Os ganhos foram detalhados nos “DEMONSTRATIVOS DOS GANHOS DE CAPITAL” que constam às fls. 127/134. Durante a fiscalização, o RECORRENTE se limitou a apresentar os registros públicos das áreas indicadas pela fiscalização, sem atender ao requerimento de apresentação da apuração do ganho de capital referente à alienação dos imóveis, motivo pelo qual lavrado o Auto de Infração. Da Impugnação Fl. 208DF CARF MF Processo nº 14120.000338/200875 Acórdão n.º 2201005.125 S2C2T1 Fl. 209 3 O RECORRENTE apresentou sua Impugnação de fls. 151/166 em 23/10/2008. Ante a clareza e precisão didática do resumo da Impugnação elaborada pela DRJ em Campo Grande/MS, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: O sujeito passivo apresentou a impugnação, recepcionada em 22/10/2008 (fl. 116131), com a juntada de documentos comprobatórios e alegações cujos pontos relevantes para apreciação do litígio são os seguintes: 1) É ilegal a tributação sobre o valor da indenização decorrente de desapropriação “A Impugnante discorda da tributação relativa aos imóveis constantes das Escrituras Públicas de Desapropriação feitas pelo Município de Campo Grande, que abrange a área R3 com 12,24 há no valor de R$ 85.721,30 (oitenta e cinco mil, setecentos e vinte e um reais e trinta centavos) de indenização; e as áreas D e D2 com 73,0836 há no valor de R$ 319.042,00 (trezentos e dezenove mil e quarenta e dois reais) de indenização. A Impugnante entende que não é possível que a União exerça sua competência impositiva, exigindo IMPOSTO DE RENDA sobre a diferença apurada entre o custo de aquisição e o valor recebido a título de indenização pela desapropriação de imóveis. A hipótese de incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, de competência legislativa exclusiva da União, encontrase prevista no artigo 43 do Código Tributário Nacional. 2)Traz robusta teses doutrinárias e jurisprudenciais quanto à impossibilidade de tributação devido à natureza indenizatória da desapropriação “A indenização recebida nada mais é do que a recomposição do patrimônio desfalcado do imóvel que lhe foi extraído, só que agora este representado pelo dinheiro”. Pedido 1)Improcedência do lançamento “Isto posto, requer o cancelamento da exigência, por ser uma medida de inteira Justiça” Da Decisão da DRJ Quando do julgamento do caso, a DRJ em Campo Grande/MS julgou procedente o lançamento, conforme ementa abaixo (fls. 170/175). Fl. 209DF CARF MF Processo nº 14120.000338/200875 Acórdão n.º 2201005.125 S2C2T1 Fl. 210 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 2005, 2006 APRECIAÇÁO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE Não cabe a esta instância julgadora apreciar argumentos de inconstitucionalidade e ilegalidade de norma por ser matéria reservada ao Poder Judiciário. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais contrárias a orientação estabelecida para a administração direta e autárquica em atos de caráter normativo ordinário. GANHO DE CAPITAL. Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos a sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Do Recurso Voluntário O RECORRENTE, devidamente intimado da decisão da DRJ em 14/12/2010, conforme AR de fls. 181, apresentou seu recurso voluntário de fls. 182/195 em 04/01/2011. Em suas razões, reiterou os argumentos da impugnação. Após apresentado o Recurso Voluntário, foi apresentado pedido de cópias pela Sra. Ana Maria Selingard Pinto de Arruda e juntada aos autos certidão de óbito do RECORRENTE, fls. 201 a 204. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 210DF CARF MF Processo nº 14120.000338/200875 Acórdão n.º 2201005.125 S2C2T1 Fl. 211 5 O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. Da delimitação do litígio O presente caso versa sobre o ganho de capital decorrente da alienação dos imóveis adiante relacionados: Área urbana R1, R2, R4, Desmembrada F – no total de 122,4137ha – conforme Escritura Pública de Compra e Venda do Sétimo Tabelionato de Notas – 2ª Circunscrição de Campo Grande/MS, lavrada em 19/11/2004; Área R3, com 12,2459 há – conforme Escritura Pública de Desapropriação do Cartório do 3º Ofício da Comarca de Campo Grande/MS, lavrada em 27/07/2004; Área D1 e D2, com total de 73,0836 há – conforme Escritura Pública de Desapropriação do Cartório do 3º Ofício da Comarca de Campo Grande/MS, lavrada em 08/01/2004. Casa Residencial da Rua Paumari, 174, Lapa – São Paulo/SP – conforme Escritura Pública lavrada no 25º Tabelionato de Notas da Capital/SP, em 19/07/2005. Inicialmente, cumpre destacar que em relação às áreas urbanas R1, R2, R4 e Desmembrada F o RECORRENTE sequer apresentou impugnação ao lançamento. Em verdade, afirma que foram objeto de compra e venda confirmando, portanto, o ganho de capital a ser tributado, conforme excerto adiante transcrito (fls. 34 e 35): Fl. 211DF CARF MF Processo nº 14120.000338/200875 Acórdão n.º 2201005.125 S2C2T1 Fl. 212 6 Quanto à Casa Residencial da Rua Paumari, 174, Lapa – São Paulo/SP, o RECORRENTE também não apresenta qualquer argumento de impugnação ao lançamento. Os documentos acostados aos autos comprovam que o imóvel era de propriedade do RECORRENTE e que foi alienado ao Sr. André Cibelli Abujamra e Danielle Farnezi de Oliveira em 19/6/2005, fls. 113 a 121. Portanto, o auto de infração quanto aos imóveis acima mencionados não foi impugnado, de forma que é procedente a autuação quanto ao ganho de capital na alienação das áreas urbanas R1, R2, R4 e Desmembrada F e da Casa Residencial da Rua Paumari, 174, Lapa – São Paulo/SP. Tanto que, de acordo com o extrato do processo de fl. 177, após a decisão da DRJ, os créditos tributários relativos aos mencionados imóveis foram transferidos para outro processo administrativo (nº 19709.000017/200883). Portanto, o presente caso versa somente em relação à Área R3 e Área D1 e D2. Do ganho de capital – Desapropriação de imóveis Quanto à Área R3 e Área D1 e D2, o RECORRENTE sustenta a inexistência de ganho de capital, por se tratarem de imóveis desapropriados. Sustenta que a remuneração percebida teria caráter de indenização, não devendo incidir o imposto sobre a renda. O RECORRENTE comprova a alienação por desapropriação da Área R3 e Área D1 e D2 por meio das Escrituras Públicas de Desapropriação às fls. 89/93, as quais apontam que o expropriante dos referidos imóveis foi o Município de Campo Grande/MS. Referidas escrituras apontam que as áreas foram desapropriadas em razão do Decreto Municipal nº 8.686/2003 (Área R3) e Decreto Municipal nº 7.841/1999 (Área D1 e D2). A própria fiscalização observou que tais imóveis foram alienados mediante desapropriação ao constatar tal fato nos Demonstrativos da Apuração dos Ganhos de Capital, especificamente no campo “natureza da operação” (fls. 129/130). Assim, especificamente no tocante ganho de capital incidente sobre a Área R3 e Área D1 e D2, compreendo assistir razão ao RECORRENTE, devendo ser aplicada ao caso o entendimento firmado no julgamento do REsp nº1.116.460/SP, no âmbito da sistemática do art. 543C do antigo Código de Processo Civil – CPC. Neste julgado, o STJ entendeu que a indenização decorrente de desapropriação não encerra ganho de capital, tendo em vista que a propriedade é transferida ao Poder Público por valor justo e determinado pela Justiça a título de indenização. Na ocasião, a tese firmada pelo STJ foi a seguinte (Tema Repetitivo nº 397): A indenização decorrente de desapropriação não encerra ganho de capital, porquanto a propriedade é transferida ao poder público por valor justo e determinado pela justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas mera reposição do valor Fl. 212DF CARF MF Processo nº 14120.000338/200875 Acórdão n.º 2201005.125 S2C2T1 Fl. 213 7 do bem expropriado. (...) Nãoincidência da exação sobre as verbas auferidas a título de indenização advinda de desapropriação, seja por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, porquanto não representam acréscimo patrimonial. Por ter sido sob a sistemática do art. 543C do antigo CPC, a decisão acima deve ser observada por este CARF, nos termos do art. 61, §2º, do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015): § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Ademais, tal matéria é questão sumulada por este CARF, conforme dispõe a Súmula CARF nº 42: “Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018).” Tal entendimento já é adotado, inclusive, no âmbito da própria RFB, conforme comprova a solução de consulta COSIT nº 105/2014, vinculante para toda a Receita Federal do Brasil nos termos do art. 9º da IN RFB nº 1396/2019: ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF EMENTA: DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE PÚBLICO. GANHO DE CAPITAL. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL Nº 1.116.460/SP. REFORMA A SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 54 – COSIT, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2013. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o Recurso Especial nº 1.116.460/SP, no âmbito da sistemática do art. 543 C do Código de Processo Civil (CPC), entendeu que a indenização decorrente de desapropriação não encerra ganho de capital, tendose em vista que a propriedade é transferida ao Poder Público por valor justo e determinado pela Justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas mera reposição do valor do bem expropriado. Afastouse, portanto, a incidência do imposto sobre a renda sobre as verbas auferidas a título de indenização advinda de desapropriação, seja por utilidade pública ou por interesse social. Em razão do disposto no art. 19 da Lei nº 10.522, de 2002, na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1, de 2014, e na Nota PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) encontrase vinculada ao referido entendimento. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 14120.000338/200875 Acórdão n.º 2201005.125 S2C2T1 Fl. 214 8 DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 10.522, 19 de julho de 2002 de 2002, art. 19; Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1, de 12 de fevereiro de 2014; Nota PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012. Neste sentido, uma vez que devidamente comprovado pelo RECORRENTE que a transferência da Área R3 e Área D1 e D2 ocorreu em decorrência de desapropriação, conforme documentos de fls. 89/93, deve ser dado parcial provimento ao recurso, excluindose o ganho de capital decorrente das mencionadas áreas. CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, exclusivamente em relação às matérias objeto do recurso e que foram submetidas à apreciação do CARF. Ou seja, dou provimento para afastar o lançamento sobre o ganho de capital relativo à área R3 e às áreas D1 e D2, por se referirem a valores recebidos a título de indenização por desapropriação, conforme razões acima apresentadas. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim – Relator Fl. 214DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.014472/2005-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2001
IRPF. DESPESAS MÉDICAS. CLÍNICA DE REPOUSO.
O art. 8º da Lei n.º 9.250/95 somente permite a dedução das despesas efetuadas com hospitais, e não com spa (clínica de repouso).
Recurso negado.
Numero da decisão: 2101-001.854
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 IRPF. DESPESAS MÉDICAS. CLÍNICA DE REPOUSO. O art. 8º da Lei n.º 9.250/95 somente permite a dedução das despesas efetuadas com hospitais, e não com spa (clínica de repouso). Recurso negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10980.014472/2005-20
conteudo_id_s : 6013838
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2101-001.854
nome_arquivo_s : Decisao_10980014472200520.pdf
nome_relator_s : ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
nome_arquivo_pdf_s : 10980014472200520_6013838.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2012
id : 7763231
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:46:00 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909796921344
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1238; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 1 1 0 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.014472/200520 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 210101.854 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de setembro de 2012 Matéria IRPF Recorrente ERLEI VOLPI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 IRPF. DESPESAS MÉDICAS. CLÍNICA DE REPOUSO. O art. 8º da Lei n.º 9.250/95 somente permite a dedução das despesas efetuadas com hospitais, e não com spa (clínica de repouso). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10980.014472/200520 Acórdão n.º 210101.854 S2C1T1 Fl. 2 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Raimundo Tosta Santos, Celia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 48/63) interposto em 16 de setembro de 2008 contra o acórdão de fls. 38/42, do qual o Recorrente teve ciência em 18 de agosto de 2012, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração de fls. 06/12, lavrado em 31 de outubro de 2005, em decorrência de dedução indevida de despesas médicas, verificada no anocalendário de 2000. O acórdão teve a seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2000 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. CLÍNICA DE REPOUSO. A legislação não contempla a dedução dos pagamentos efetuados para clínica de repouso. Lançamento Procedente.” (fl. 38) Não se conformando, o Recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando o pedido de revisão das despesas glosadas. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. A presente controvérsia gira em torno da possibilidade de dedução de despesas médicas da base de cálculo do IRPF, relativamente ao anocalendário de 2000. Mais especificamente, foram glosadas as despesas efetuados junto à Clínica Estância do Lago Ltda., no total de R$ 8.562,00, em nome da esposa/dependente do Recorrente, Sra. Zulma Volpi, internada para tratamento de depressão e hipotireoidismo. A decisão recorrida manteve as glosas efetuadas sob os fundamentos de que, no que tange aos pagamentos à Clínica Estância do Lago, (i) as notas fiscais apresentadas não eram originais, tampouco cópias autenticadas; (ii) a cópia do contrato social da clínica também não era autenticada; (iii) o comprovante de inscrição cadastral da pessoa jurídica revela não se tratar de hospital, e o fato de a esposa do Recorrente ter sido internada para tratamento de Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10980.014472/200520 Acórdão n.º 210101.854 S2C1T1 Fl. 3 3 hipotireoidismo e depressão não elide tal conclusão, assim como (iv) a clínica não está cadastrada no Cadastro de Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde. Relativamente à glosa das despesas médicas, a norma aplicável ao caso (Lei n. 9.250/95) determina o seguinte: “Art. 8º. A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I – de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II – das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; ... §2º. O disposto na alínea ‘a’ do inciso II: I – aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II – restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou Cadastro Geral de Contribuintes – CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” Já o Decreto 3.000/99, ao regulamentar o imposto de renda, introduziu o seguinte comando normativo: “Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n.º 5.844, de 1.943, art. 11, § 3º). § 1º. Se foram pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei n.º 5.844, de 1943, art. 11, § 4º).” Diante desse contexto, é preciso analisar se a Clínica Estância do Lago Ltda. pode, ou não, ser considerada como hospital, em vez de mera clínica de repouso, como suscita o contribuinte. O Recorrente acosta aos autos e ao recurso voluntário, (i) a certidão de inteiro teor do contrato social e da única alteração arquivada perante a Junta Comercial do Paraná e (ii) declaração emitida pela Prefeitura do Município de Almirante Tamandaré (PR), onde a clínica está sediada, atestando que a atividade empresarial foi iniciada em 27/12/1985, Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10980.014472/200520 Acórdão n.º 210101.854 S2C1T1 Fl. 4 4 possuindo alvará de licença para a atividade de “prestação de serviços médicos e hospitalares” (fl. 78). Aliás, do próprio alvará de fl. 22 (n.º 1198/1985) é possível extrair a informação de que o alvará original fora emitido em 27/12/1985. Ademais, afirma que do contrato social de fls. 17/21 consta, explicitamente, que o objeto social da empresa é a prestação de serviços médicos e hospitalares, reproduzido na cópia autenticada carreada às fls. 72/77, sendo a responsabilidade técnica atribuída ao Dr. Ismael João André Lago (CRM n.º 1387), consoante a cláusula décima primeira. Não obstante, além da declaração da Prefeitura de Almirante Tamandaré, consta dos autos a Relação Anual de Informações Sociais (fls. 79/83), que, ainda que referente a 2007, comprovaria, na visão do Recorrente, o vínculo de profissionais da área da saúde em períodos anteriores ao fiscalizado. Ocorre, porém, que, tal como exposto pelo contribuinte em seu recurso, os profissionais da área médica se desligaram da Clínica anteriormente ao período fiscalizado, trazendo relação apenas de enfermeiros ativos no ano de 2007 (fl. 57). Como se sabe, a legislação que outorga isenção deve ser interpretada literalmente, ex vi do art. 111, II, do CTN. O dispositivo que autoriza a dedução de despesas médicas menciona, expressamente, que a mesma só é possível em se tratando de hospitais, e não casas de repouso ou spas, como é claramente a situação da Clínica Estância do Lago Ltda. Com efeito, a despeito de constar do objeto social da empresa a prestação de serviços médicos e hospitalares, fato é que a permissão pelo estatuto não implica, necessariamente, que o objeto seja refletido na prática, ou seja, que o estabelecimento seja hospitalar para fins da dedução do imposto de renda. Assim, ela não se enquadra em qualquer das modalidades listadas como estabelecimento hospitalar (posto de saúde, centro de saúde ou unidade básica de saúde, policlínica, hospital geral, hospital especializado, unidade mista, pronto socorro geral, pronto socorro especializado, consultório isolado, etc., disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/cnes/tipo_estabelecimento.htm). Fica claro, a meu ver, que a referida Clínica Estância do Lago Ltda., hoje denominada “Do Lago Spa”, é, de fato, mera casa de repouso (spa), tal como consta, inclusive, do descritivo em seu sítio eletrônico (http://www.dolagospa.com.br/html/equipemulti.php): “O Spa Hotel DoLago surgiu em 1985, fruto da iniciativa pioneira de seus fundadores, o médico Ismael Lago e sua esposa, Rosil Lago. Aqui, o conceito de spa foi ampliado, constituindo clínica de tratamento para emagrecimento, controle do diabetes, da depressão e do stress. Reunindo uma equipe multidisciplinar, o Spa Hotel DoLago oferece um atendimento personalizado e integral para a necessidade de cada hóspede. Aqui, o hóspede cuida de sua saúde e aproveita seus momentos de férias com atividades de lazer ou desfruta de dias maravilhosos, e longe do agito das grandes cidades, retornando à rotina com mais energia, vivacidade e equilíbrio.” E mais: na seção “tratamentos clínicos”, constam os seguintes tratamentos disponíveis: emagrecimento; stress; Fl. 95DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10980.014472/200520 Acórdão n.º 210101.854 S2C1T1 Fl. 5 5 depressão; diabetes; recuperação póscirúrgica; programa DoLago jovem – de bem com a saúde; programa do controle do diabetes. O fato de a Clínica não estar cadastrada junto ao Cadastro de Estabelecimentos de Saúde (CNES), tal como bem pontuado pela decisão recorrida, somente reforça o entendimento manifestado, e diferentemente do quanto arguido pelo Recorrente, não se trata de mero erro material o não enquadramento na subclasse 85111 (atividades de atendimento hospitalar) junto ao CNAE, e sim 85154 (atividades de outros profissionais da área da saúde). Isso se deve precisamente à ausência de caracterização do estabelecimento como hospital. Por fim, devese ressaltar que a jurisprudência deste CARF não destoa desse entendimento: “DEDUÇÃO. DESPESA MÉDICA. PAGAMENTO A SPA. Não são dedutíveis como despesas médicas os pagamentos referentes a internações em clínicas de emagrecimento do tipo SPA. Recurso negado.” (CARF, 2ª Seção, 1ª Turma da 2ª Câmara, Acórdão n.º 220100920, Relator Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa, publicado em 30/08/2011) *** “DEDUÇÃO DE DESPESAS INCORRIDAS EM FAVOR DE CENTRO ESTÉTICO. É incabível a dedução de valores incorridos em favor de Centro Estético ou SPA se não comprovado tratarse de despesa médica.” (CARF, 2ª Seção, 2ª Turma Especial, Acórdão n.º 280200.241, Relator Conselheiro Carlos Nogueira Nicácio, publicado em 12/04/2010). Eis os motivos pelos quais voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 96DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10980.014472/200520 Acórdão n.º 210101.854 S2C1T1 Fl. 6 6 Fl. 97DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10980.004648/2010-01
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos.
Numero da decisão: 2002-000.956
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10980.004648/2010-01
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6006192
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2002-000.956
nome_arquivo_s : Decisao_10980004648201001.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
nome_arquivo_pdf_s : 10980004648201001_6006192.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
id : 7738088
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909823135744
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1363; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 72 1 71 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.004648/201001 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.956 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 23 de abril de 2019 Matéria IRPF DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS Recorrente ANISIA SZEUCZUK LATCZUK Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 46 48 /2 01 0- 01 Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10980.004648/201001 Acórdão n.º 2002000.956 S2C0T2 Fl. 73 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento (efls. 33/36) lavrada em nome do sujeito passivo acima identificado, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2007 (efls. 25/29), onde se apurou: Dedução Indevida de Despesas Médicas. A contribuinte apresentou impugnação (efls. 02/10), cujas alegações foram resumidas no relatório do acórdão recorrido (efls. 48): no tocante aos recibos fornecidos por Adriana Cristine Klencki, assevera que se referem a tratamentos prestados a ela, a sua filha e a seus pais, que à época tinham idade avançada, e que o gasto é perfeitamente justificável; requer a correção de erro material ocorrido na Declaração, visto que o nome da profissional é Adriana Cristine Klencki, e não Adriana Cristine Klencki Sabbag; diz ainda que essas despesas foram pagas em dinheiro diretamente à fisioterapeuta e que cumprem os requisitos exigidos pela legislação; cita, na sequência, jurisprudência administrativa sobre o tema; quanto aos recibos extraviados, relativos a AAA Ortoclinics Consultório Avançado de Ortodontia, aduz que envidou esforços para a obtenção de novos recibos, mas que ainda não obteve êxito. Concorda, então, com a glosa correspondente; por fim, consigna a anexação dos documentos probatórios correspondentes e requer o acolhimento da impugnação. A impugnação foi julgada improcedente pela 6ª Turma da DRJ/BSB (efls. 47/51), conforme decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. DESPESAS MÉDICAS (PARTE). Considerase não impugnada, portanto não litigiosa, a matéria que não tenha sido expressamente contestada. DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. A dedução a título de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, e Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10980.004648/201001 Acórdão n.º 2002000.956 S2C0T2 Fl. 74 3 comprovados por documentos hábeis e idôneos, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Cientificada do acórdão de primeira instância em 16/10/2015 (efls. 53), a interessada ingressou com Recurso Voluntário em 13/11/2015 (efls. 55/60) com as razões a seguir sintetizadas. Reapresenta os argumentos constantes de sua impugnação e afirma que todos os recibos, em consonância com a legislação, já foram acostados em defesa anterior. Alega que o auditor entendeu de forma subjetiva que as provas carreadas não são suficientes para comprovar as efetivas prestações de serviço e defende que este deveria ter oficiado as pessoas envolvidas para que fossem ouvidas sobre a verossimilhança dos recibos apresentados. Acrescenta que se trata de quantias pequenas que qualquer pessoa poderia ter em casa em sua posse. Voto Conselheira Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Extraise da Notificação de Lançamento que a autoridade fiscal glosou as despesas médicas declaradas para Adriana Cristine Klencki e AAA Ortoclinics Consultório Avançado de Ortodontia Ltda, conforme Complementação da Descrição dos Fatos abaixo reproduzida (efls. 26, 34): Glosa das despesas declaradas como pagas à profissional Adriana Cristine Klencki Sabbag no valor de R$ 7.000,00, visto a contribuinte ter atendido parcialmente ao requisitado no Termo de Intimação Fiscal. Ou seja, somente apresentou os comprovantes, sem comprovar o efetivo pagamento. Contribuinte firmou declaração de não ter como comprovar as despesas declaradas como pagas a AAA Ortoclinics Consultório Avançado de Ortodontia no valor de R$ 1.500,00, visto o extravio dos comprovantes. O julgamento de primeira instância corroborou o entendimento do auditor e considerou a impugnação improcedente, mantendo a infração apurada no lançamento (efls. 47/51). A glosa da despesa com a AAA Ortoclinics Consultório Avançado de Ortodontia Ltda não foi contestada pela contribuinte. Não há reparos a serem feitos na decisão recorrida. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10980.004648/201001 Acórdão n.º 2002000.956 S2C0T2 Fl. 75 4 Cumpre esclarecer, inicialmente, que a dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual está sujeita à comprovação por documentação hábil e idônea a juízo da autoridade lançadora, nos termos do art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99. Dessa forma, ainda que o contribuinte tenha apresentado recibos emitidos pelos profissionais e estabelecimentos, é licito a autoridade fiscal exigir, a seu critério, outros elementos de prova caso não fique convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Havendo questionamento acerca das despesas declaradas, cabe ao sujeito passivo o ônus de comprová las de maneira inequívoca, sem deixar margem a dúvidas. São nesse sentido as decisões indicadas a seguir, proferidas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF e pela 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF: IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10980.004648/201001 Acórdão n.º 2002000.956 S2C0T2 Fl. 76 5 (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) O contribuinte deve levar em consideração que o pagamento de despesas médicas não envolve apenas ele e o profissional, mas também o Fisco, caso haja intenção de se beneficiar da dedução correspondente em sua Declaração de Ajuste Anual. Por esse motivo, deve se acautelar na guarda de elementos de prova da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. É possível que o sujeito passivo tenha feito seus pagamentos em espécie, não havendo nada de ilegal neste procedimento. A legislação não impõe que se faça pagamentos de uma forma em detrimento de outra. Não obstante, ao optar por pagamento em dinheiro, o contribuinte abre mão da força probatória dos documentos bancários, restando prejudicada a sua demonstração. No caso concreto verificase que, apesar da exigência de comprovação do efetivo pagamento, a interessada não juntou à Impugnação ou ao Recurso Voluntário nenhum documento a fim de demonstrar a correspondência de datas e valores entre saques, transferências ou cheques compensados em sua conta corrente e os recibos por ela acostados, permanecendo a pendência apontada no lançamento. Importa salientar que não é o Fisco quem precisa provar que as despesas médicas declaradas não existiram, mas o contribuinte quem deve apresentar as devidas comprovações quando solicitado. Isto porque, sendo a inclusão de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual nada mais do que um benefício concedido pela legislação, incumbe ao interessado provar que faz jus ao direito pleiteado. Em vista do exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Fl. 76DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.908465/2012-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.073
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Presidente Substituto e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
RELATÓRIO
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11020.908465/2012-31
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6019262
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-001.073
nome_arquivo_s : Decisao_11020908465201231.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 11020908465201231_6019262.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. RELATÓRIO
dt_sessao_tdt : Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
id : 7777429
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:46:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909829427200
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1543; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.908465/201231 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3302001.073 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 24 de abril de 2019 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente MONTAGENS DE ESTRUTURAS PAM LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. RELATÓRIO Trata o presente processo de pedido de restituição (PER) de contribuição, que restou indeferido, por ausência de crédito, nos termos do Despacho Decisório que instrui os autos. Regularmente cientificado desta decisão, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, sintetizada nos seguintes termos: Alega que a atividade da empresa é de montagens de estruturas metálicas, prestando serviços de execução de obras por empreitada de construção civil. Por isso, afirma que a partir de 01/05/2004, com base na Lei n° 10.865/2004, passou a se submeter ao sistema cumulativo do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 20 .9 08 46 5/ 20 12 -3 1 Fl. 139DF CARF MF Processo nº 11020.908465/201231 Resolução nº 3302001.073 S3C3T2 Fl. 3 2 PIS e da Cofins. Porém, continuou a recolher a contribuição pelo sistema não cumulativo, o que gerou o pagamento a maior. Demonstra, então, o valor a restituir a que entende ter direito. Anexa a relação de notas fiscais do período de apuração em análise, buscando comprovar o total da receita mensal sobre o qual a contribuição deve incidir e o Darf, comprovando o pagamento. Requer a acolhida da Manifestação de Inconformidade A 3ª Turma da DRJ Curitiba (PR) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme acórdão acostado aos autos, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO. DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o pagamento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado em DCTF para a quitação de débito confessado. PROVAS. INSUFICIÊNCIA. CONTRATO DE EMPREITADA. Apenas as notas fiscais trazidas aos autos, embora importantes, não são suficientes para comprovar que a contribuinte executou obras por empreitada de construção civil, sendo imprescindível a juntada do contrato de empreitada. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Irresignada com a decisão da primeira instância administrativa, a recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em relação a não retificação da DCTF, o próprio relator menciona a possibilidade de retificação de ofício pela autoridade fiscal; b) As empresas que tiveram receitas decorrentes da execução por administração, empreitada e subempreitada, de construção civil estão sujeitas ao sistema cumulativo do PIS e da Cofins; e c) De fato, as notas fiscais não discriminam os serviços. Por esse motivo, estão em anexo ao recurso voluntário os respectivos contratos de prestação de serviços. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF Fl. 140DF CARF MF Processo nº 11020.908465/201231 Resolução nº 3302001.073 S3C3T2 Fl. 4 3 343, de 24 de abril de 2019. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302001.058, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 11020.908418/201297, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3302001.058): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. A instância a quo, utilizou como razão de decidir a falta de provas do direito creditório, de acordo com trecho do voto condutor do acórdão recorrido, verbis: Portanto, para que se possa acolher a alegação da contribuinte, ou seja, de que exerceu, no período analisado, “obras por empreitada de construção civil” é imprescindível o cumprimento de dois requisitos essenciais: a existência do contrato de empreitada e a relação de serviços efetivamente executados neste contrato. Ressaltese que o campo “discriminação” das notas fiscais trazidas pela manifestante aos autos não permite conhecer quais foram os serviços realizados (se a montagem de estruturas é permanente ou temporária, por exemplo) e, portanto, se enquadram na norma supra. Enfim, apenas as notas fiscais trazidas aos autos, embora importantes, não são suficientes para comprovar o que se pretende. Por tal razão, não é possível reconhecer que houve pagamento indevido ou a maior no Darf objeto da Dcomp em análise. O recorrente, em sede de recurso voluntário, apresentou cópias das notas fiscais referentes aos valores em discussão e os respectivos contratos. Requer que esse Colegiado defira a juntada dos documentos, os analise e se posicione acerca de seu direito creditório. A questão que surge está ligada ao direito de apresentação de documentos a qualquer momento processual em nome da verdade material. Entendo que a decisão dependerá do tipo de processo que está em análise. Nos casos de procedimentos referentes a despacho eletrônico de pedido de restituição, onde o sujeito passivo não é intimado pela unidade preparadora para prestar informações jurídicas acerca do crédito requisitado, o primeiro momento que ele tem para se pronunciar sobre questões de direito é na manifestação de inconformidade. Porém, nem todo patrono é operador do direito ou está familiarizado com a instrução probatória, podendo deixar de providenciar documentos relevantes, pelo simples fato de desconhecer sua importância. Por esse motivo, se o sujeito passivo não se manteve inerte, buscando sempre participar da instrução probatória, não vejo motivos para negar a apreciação de documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário.Tratase de processo de restituição em que o contribuinte teve seu pedido de Fl. 141DF CARF MF Processo nº 11020.908465/201231 Resolução nº 3302001.073 S3C3T2 Fl. 5 4 indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Regressando aos autos, temos que na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que o objeto social da sociedade é montagens de estruturas metálicas, prestando serviços de execução de obras por empreitada de construção civil. Por isso, afirma que a partir de 01/05/2004, com base na Lei n° 10.865/2004, passou a se submeter ao sistema cumulativo do PIS e da Cofins. Não obstante, continuou a recolher a contribuição pelo sistema não cumulativo, o que gerou o pagamento a maior. A DRJ de Curitiba julgou improcedente a manifestação de inconformidade tendo como fundamento a falta de comprovação de seu direito por intermédio de contratos. Em sede de recurso voluntário, o sujeito passivo, ao interpor, acostou aos autos contratos de prestação de serviços, documentos, segundo a primeira instância, essenciais para comprovação de seu direito. Os contratos apresentados, em uma análise perfunctória, sugerem a modalidade empreitada e podem indicar que o sujeito passivo possuía o direito de recolher as contribuições no regime cumulativo. Não posso deixar de admitir que os fatos produzidos extemporaneamente geraram grande dúvida, o que impossibilita meu julgamento nesta assentada. Consoante noção cediça, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, é a literalidade do art. 29 do Decreto nº 70.235/72. Assim, entendo que as alegações e as provas produzidas pelo recorrente nesta fase recursal devem ser analisadas com mais profundidade pela Unidade Preparadora nos termos do Parecer Cosit n° 02/2015. Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem analise os documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário, analise a existência do indébito tributário pleiteado e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essa dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos Fl. 142DF CARF MF Processo nº 11020.908465/201231 Resolução nº 3302001.073 S3C3T2 Fl. 6 5 que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem analise os documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário, analise a existência do indébito tributário pleiteado e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essa dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.727791/2016-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
Numero da decisão: 3302-006.647
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado).
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10166.727791/2016-55
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5996476
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.647
nome_arquivo_s : Decisao_10166727791201655.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10166727791201655_5996476.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7714402
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:43:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909836767232
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1475; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.727791/201655 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302006.647 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de março de 2019 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário Recorrente EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantémse a multa moratória imposta pela fiscalização Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 77 91 /2 01 6- 55 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10166.727791/201655 Acórdão n.º 3302006.647 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de análise da Declaração de Compensação (Dcomp), por intermédio da qual o contribuinte compensou débito(s) próprios, com suposto crédito de pagamento indevido ou a maior. Como resultado da análise foi proferido o Despacho Decisório, que reconheceu integralmente o direito creditório, porém homologou parcialmente a compensação declarada, vez que o crédito indicado revelouse insuficiente para quitar o(s) débito(s) confessado(s), tendo em vista que o contribuinte não considerou a multa de mora incidente em decorrência do atraso na quitação deste(s). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, onde argumentou, em síntese, o que segue: Não foi observada a denúncia espontânea estabelecida no art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN). Com a transmissão da Dcomp, antecipouse a qualquer procedimento fiscal, declarando e quitando débito não questionado pela Receita Federal, com acréscimo de juros moratórios. Transmitiu a DCTF retificadora onde declara o débito e o pagamento feito via Dcomp; Apresenta sentenças judiciais favoráveis aos Correios em casos análogos. Indica também jurisprudência dos tribunais onde não foi parte. Lista acórdãos das DRJs à época da transmissão da Dcomp, onde é aplicada a Nota Técnica (NT) Cosit nº 01, de 18/01/2012, vez que os Correios se enquadram na situação nela tratada. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 11057.692. Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em que pese a controvérsia acerca da possibilidade ou não de restar configurada a denúncia espontânea quando a extinção do crédito tributário se dá por compensação, a Receita Federal do Brasil, através da Nota Técnica nº 1 COSIT de 18/01/2012, com fundamento no Ato Declaratório PGFN nº 4 de 2011 e Ato Declaratório PGFN nº 8 de 2011, reconheceu que a declaração de compensação, se atendidos os demais requisitos, poderia caracterizála. E isto porque a compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação. Sendo forma de pagamento, a compensação atende às exigências do artigo 138 do CTN; b) A denúncia espontânea exclui a responsabilidade pela infração tributária cometida pelo contribuinte, pressupondo a comunicação pertinente a fato desconhecido por parte do Fisco antes de qualquer iniciativa da Administração Tributária, devendo ser acompanhado do pagamento do tributo e dos juros de mora, se for o caso. A intenção do Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10166.727791/201655 Acórdão n.º 3302006.647 S3C3T2 Fl. 4 3 legislador ao editar a norma não fora outra senão estimular o contribuinte a regularizar a sua situação, recebendo em seu benefício o afastamento da responsabilidade pela infração à legislação tributária. Dessa forma, se o contribuinte antecipase a qualquer procedimento fiscalizatório da administração, efetuando o pagamento dos tributos em atraso e dos juros de mora, não lhe pode ser imposta multa de mora, seja ela punitiva ou moratória. Como os Correios anteciparamse à qualquer procedimento administrativo, fazem jus ao benefício da denúncia espontânea com os consectários do artigo 138, do CTN. Termina o recurso requerendo a vigência e a validade da Nota Técnica Cosit nº 01 ao período em que foi entregue a Dcomp, para fins de reconhecer a configuração da denúncia espontânea de forma que os valores indicados na Dcomp sejam considerados quitados. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.586, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10166.726132/201600, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.586): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. O cerne da questão está em definir se a compensação se equipara ao pagamento para fins de fruição do benefício da denúncia espontânea. Essa questão foi tratada de forma didática e precisa no Acórdão nº 1402003.600, da lavra do conselheiro Marco Rogério Borges, de forma que peço vênia para utilizar a ratio decidendi daquele acórdão para fundamentar esse, in verbis: Como de costume, o voto da ilustre Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio está muito bem fundamentado. Contudo, este colegiado, após ampla discussão, divergiu do seu entendimento, no tocante à equiparação de compensação à pagamento para fins de constatação de denúncia espontânea, e por consequência da não aplicação do alegado artigo 100 do CTN. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10166.727791/201655 Acórdão n.º 3302006.647 S3C3T2 Fl. 5 4 O art. 138 do CTN é taxativo na sua disposição que a denúncia espontânea deve ser acompanhada do pagamento do tributo. Não há condições de considerar a compensação como forma de pagamento por se tratar de uma extinção do crédito tributário, pois há outras modalidades de extinção elencados no art. 156 do CTN. Igualmente, não há, até o momento, nenhuma norma no âmbito do Ministério da Fazenda e nem precedente que vincule este Conselho para tal entendimento de se aceitar tal situação. Inclusive, há decisão do E. STJ do tema em sentido contrário ao pleiteado pela recorrente: "AgInt no REsp 1568857/PR AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2015/02977680 Relator: Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 16/05/2017 Data da Publicação: DJe 19/05/2017 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/73. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão incorreu em omissão, contradição ou obscuridade. Aplicase, na hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A compensação tributária não se equipara a pagamento de tributo para fins de aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea regido pelo art. 138 do CTN. Precedentes: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe30/11/2016; AgRg no REsp 1.461.757/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/9/2015; AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje 10/9/2012. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (grifamos) ACÓRDÃO Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10166.727791/201655 Acórdão n.º 3302006.647 S3C3T2 Fl. 6 5 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. REsp 1657437/RS RECURSO ESPECIAL 2017/00461010 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 04/04/2017 Data da Publicação: DJe 25/04/2017 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido.(grifamos) Ou seja, tal decisão segue a linha que difere a situação de pagamento e compensação para fins de reconhecimento da denúncia espontânea. Neste sentido, deve haver a aplicação de multa de mora no caso concreto, o que acarretaria um crédito menor do que o débito declarado/confessado em PER/Dcomp. Seria um caso de imputação proporcional, que está perfeitamente legal, como já emanado no voto vencido do nobre relator. No que tange à eventual aplicação do artigo 100 do CTN ao caso, o caso in concretu apresentado não se configura como denúncia espontânea nos termos do artigo 138 do Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10166.727791/201655 Acórdão n.º 3302006.647 S3C3T2 Fl. 7 6 mesmo CTN, as evocadas Notas Técnicas (NTs), de caráter meramente interpretativo, como bem analisados na decisão a quo, não são aplicáveis. Quando da emissão da NT Cosit nº 01, de 18/01/2012, a qual a recorrente se baseia para ter adotado a postura pleiteada no presente processo, a mesma foi criada com objetivo de orientação internamente a Receita Federal do Brasil, e identificado a sua impropriedade, foi cancelara por meio da NT Cosit nº 19, de 12/06/2012, corrigindoa. Ao transmitir sua Per/Dcomp em 30/05/2012, entre a data de expedição de ambas NTs. não criou uma vinculação nos termos do artigo 100 do CTN, pois as NTs não são atos normativos, e, por consequência, nem houve a prática reiterada pela autoridade administrativa pois não foram direcionadas aos contribuintes, muito menos nem pessoalmente à recorrente. Como salienta a decisão a quo, as NTs não são publicadas no DOU, seja no site da Receita Federal, não tendo alcance para o público externo (no caso, contribuintes). Assim, não podem ser evocadas para a postura adotada pela recorrente. Com base no que fora exposto, entendo que não ocorreu a denúncia espontânea em relação aos débitos julho de 2008 e agosto de 2008, por não terem sido pagos e sim compensados." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 165DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000598/2004-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1999, 2000
DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FATO GERADOR EM 31 DE DEZEMBRO.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário.
LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADITÓRIO. AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MERAS ALEGAÇÕES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
Reputa-se válido o lançamento relativo a omissão de rendimentos nas situações em que os argumentos apresentados pelo contribuinte consistem em mera alegação, desacompanhada de documentação hábil e idônea que lhe dê suporte.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Caracterizam-se omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF N° 02.
A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2
TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF N° 4
Não há que se falar em inconstitucionalidade ou ilegalidade na utilização da taxa de juros SELIC para aplicação dos acréscimos legais ao valor originário do débito, porquanto encontra amparo legal no artigo 34 da Lei nº 8.212/91.
Com fulcro na legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, incide multa de mora sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas no vencimento, de acordo com o artigo 35 da Lei nº 8.212/91 e demais alterações.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Numero da decisão: 2401-006.190
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausente a Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1999, 2000 DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FATO GERADOR EM 31 DE DEZEMBRO. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADITÓRIO. AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MERAS ALEGAÇÕES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Reputa-se válido o lançamento relativo a omissão de rendimentos nas situações em que os argumentos apresentados pelo contribuinte consistem em mera alegação, desacompanhada de documentação hábil e idônea que lhe dê suporte. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizam-se omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF N° 02. A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2 TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF N° 4 Não há que se falar em inconstitucionalidade ou ilegalidade na utilização da taxa de juros SELIC para aplicação dos acréscimos legais ao valor originário do débito, porquanto encontra amparo legal no artigo 34 da Lei nº 8.212/91. Com fulcro na legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, incide multa de mora sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas no vencimento, de acordo com o artigo 35 da Lei nº 8.212/91 e demais alterações. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 06 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19515.000598/2004-05
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6001729
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 06 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2401-006.190
nome_arquivo_s : Decisao_19515000598200405.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RAYD SANTANA FERREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 19515000598200405_6001729.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausente a Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
id : 7725084
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:43:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909866127360
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1862; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.000598/200405 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401006.190 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de abril de 2019 Matéria IRPF Recorrente EDUARDO JOSE FARAH Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1999, 2000 DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FATO GERADOR EM 31 DE DEZEMBRO. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADITÓRIO. AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MERAS ALEGAÇÕES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Reputase válido o lançamento relativo a omissão de rendimentos nas situações em que os argumentos apresentados pelo contribuinte consistem em mera alegação, desacompanhada de documentação hábil e idônea que lhe dê suporte. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizamse omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 05 98 /2 00 4- 05 Fl. 1178DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 3 2 MULTA DE OFÍCIO. CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF N° 02. A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2 TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF N° 4 Não há que se falar em inconstitucionalidade ou ilegalidade na utilização da taxa de juros SELIC para aplicação dos acréscimos legais ao valor originário do débito, porquanto encontra amparo legal no artigo 34 da Lei nº 8.212/91. Com fulcro na legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, incide multa de mora sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas no vencimento, de acordo com o artigo 35 da Lei nº 8.212/91 e demais alterações. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Fl. 1179DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 4 3 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausente a Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório EDUARDO JOSE FARAH, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 6a Turma da DRJ em São Paulo/SP, Acórdão nº 1734.835/2009, às efls. 1.093/1.124, que julgou procedente em parte o Auto de Infração concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, acréscimo patrimonial a descoberto, compensação indevida de IRRF e depósitos bancários de origem não comprovada, em relação aos anoscalendário 1999 e 2000, conforme peça inaugural do feito, às efls. 908/912, e demais documentos que instruem o processo. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 07/04/2004, nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: a) OM1SSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de trabalho com vínculo empregatício, conforme Termo de Verificação, que faz parte integrante deste Auto de Infração. b) ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO Omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, onde verificouse excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados / comprovados. c) COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE Glosa de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) pleiteado indevidamente, conforme Termo de Verificação. d) DEPÓSITOS BANCÁRIOS. DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem.dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 1180DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 5 4 O contribuinte, regularmente intimado, apresentou impugnação, requerendo a decretação da improcedência do feito. Por sua vez, a Delegacia Regional de Julgamento em São Paulo/SP entendeu por bem julgar procedente em parte o lançamento, excluindo da base de cálculo os depósito inferiores a R$ 12.000,00 referentes ao anocalendário 1999 e restabelecendo o valor de R$ 3.270,00 como IRRF no anocalendário 2000, conforme relato acima. Regularmente intimado e inconformado com a Decisão recorrida, o autuado, apresentou Recurso Voluntário, às efls. 1.133/1.149, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as alegações da impugnação, motivo pelo qual adoto o relatório da decisão de piso, o que segue: PREL1M1NAR DECADÊNCIA No caso presente, o auto de infração indica a movimentação financeira dos meses de janeiro de 1999 a dezembro de 2000 como base de cálculo do IRPF. O auto de infração, de seu turno, foi lavrado em 29.06.2004, quando já transcorridos cinco anos dos fatos geradores relativos aos meses de janeiro a junho /99, o que caracteriza a caducidade do lançamento com relação a este período, conforme disposto no parágrafo quarto do artigo 150 do CTN, combinado com o disposto nos parágrafos § 1°. e 4°. do artigo 42, da Lei 9.430/96, que dispõem que a tributação é momentânea à ocorrência dos "rendimentos omitidos". PRELIMINAR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Alega que não recebeu o Auto de Infração anterior e Análises Mensais de Evolução ` Patrimonial, bem como planilhas, dificultando sua defesa. MÉRITO OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS Existe nesse enquadramento a tentativa de estabelecer vínculo empregatício entre a Federação Paulista de Futebol com o autuado. O contribuinte não tem nem nunca manteve vínculo empregatício com a Federação Paulista de Futebol, nem recebeu a quantia de R$ 1'82.744,61 pelo exercício do cargo de presidente. O referido valor foi depositado pela Federação Paulista de Futebol em seu nome perante a Justiça Federal como a garantia de instância já que o referido processo judicial contra sua pessoa ñsica decorreu de atos praticados em prol da Federação. Fl. 1181DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 6 5 Acrescenta que alegar a existência de vínculo empregatício de modo a pretender tributar valores é necessário haver prova robusta, mais do que meras presunções. Cita voto do Conselheiro Carlos Alberto Gonçalves Nunes, exarado na Câmara Superior de Recursos Fiscais, n° 011.898 e 011911 e ainda o art. 9° do DecretoLei n° 2.471/88, todos relativos.à vedação à autuação com base exclusivamente em depósitos bancários. O referido valor, acrescido de juros e correção monetária, foi devolvido aos cofres da Federação paulista de futebol conforme documentos anexos e, portanto, não chegou al ser constituído como renda, principalmente como prova de vínculo empregatício. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO Questiona o fato de não ter sido considerado o empréstimo recebido da empresa HVA Serviços Temporários Ltda em 1999. Foi desconsiderado o numerário existente no periodo de 1998, período abrangido pela decadência. Para provar a existência do referido empréstimo, além de apresentar novamente o Termo de Confissão de dívida, não considerado pela fiscalização, traz aos autos a declaração contábil reclamada. Alega que os valores tributados a título de Acréscimo Patrimonial a descoberto não tem conteúdo patrimonial. Menciona novamente o artigo 9° do Decreto Lei n° 21471/88 que não proibiu 'a tributação com fundamento em acréscimo patrimonial a descoberto mas condicionou sua possibilidade à comprovação por parte do Fisco da presunção legal ali referida. Acrescenta que a Lei n° 8.021/90em seu artigo 5° não autorizou que se arbitrasse os rendimentos única e exclusivarnente com base em depósitos bancários. Informa que não houve a consideração do ganho de capital efetivamente declarado de R$ 6.937,39. Quanto à aquisição dos apartamentos 203 e 204 do Edificio Ilha Graciosa, foi considerada na Análise da Variação Patrimonial pelo valor unitário de R$ 130.000,00, sendo que somente foram pagos naquele exercício R$ 80.000,00, o que se comprova por meio do Instrumento Particular de Compra e Venda, no qual se verifica o adendo acerca do pagamento, que “não será no ato, (...), mas R$ 25.000,00 na assinatura e o saldo em 7 parcelas mensais de R$ 15.000,00 A compra do veículo AUDI A6 ano 1998 foi realizada a prazo, à razão de R$ 3.000,00, perfazendo, no ano, o total de R$ 36.000,00, diferentemente do que foi considerado na Análise da Variaçao Patrimonial, onde a aquisiçao foi considerada à vista, no total de R$ 72.000,00. Fl. 1182DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 7 6 COMPENSAÇAO INDEVIDA DO IMPOSTO RETIDO NA FONTE Apresenta informe de rendimentos da fonte 'pagadora no qual se baseou para prestar as informações ao Fisco, descabendo a glosa do imposto retido na fonte. _ Tal documento representa uma oficial demonstração de que o valor foi efetivamente retido na fonte, não tendo ficado demonstrada a falta de recolhimento da fonte pagadora. _ ~ A questão deve ser dirimida entre a Receita ea fonte pagadora, nada tendo a ver com o contribuinte. DEPÓSITOS BANCÁRIOS O texto legal traz a necessidade de que sejam desconsiderados os depósitos com valor abaixo de R$ 12.000,00 desde que não totalizem R$ 80.000,00 no ano. O valor de R$ 100.000,00 referese a dois créditos de R$ 85.000,00 e R$ 15.000,00 que são parte do pagamento da venda declarada do Salão industrial e lote de terreno urbano situado na Av. Salles Oliveira n" 600, Jardim Ipiranga em Americana/SP, venda esta perfeitamente infonnada em sua declaração de ajuste. Quanto à assertiva dos valores que não foram aceitos e esclarecidos à fiscalização que se tratavam de valores recebidos em restituição do Sr. Marcelo Teixeira, comprovase a reposição dos ditos valores com os respectivos depósitos feitos por ele em restituição ao adiantamento pelas compras efetivamente feitas pelo autuado, o que foi amplamente demonstrado. . Cita jurisprudência (Recurso Especial n° 193.681, DJ de 20.03.2000, p.65 do STJ) na qual foi' considerada ilegal e inconstitucional a utilização da taxa SELIC para fins de correção de débitos fiscais em atraso. A lei manda aplicar a taxa SELIC sem indicação de nenhum percentual, delegando indevidamente seu cálculo a ato govemamental, que segue as naturais oscilações do mercado financeiro, com interferência do Banco Central A exigência de juros moratórios excessivos decorrentes de utilização da taxa SELIC é totalmente descabida, não podendo prevalecer. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 1183DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINARES DECADÊNCIA Preliminarmente o recorrente argüiu a decadência do lançamento fiscal com base no artigo 150, §4° do CTN. No caso em análise, o recorrente alega que o fato gerador ocorre no mês do recebimento, no que, pareceme, está confundindo diferentes obrigações e diferentes regras. No regime atual de tributação do IRPF, a regra aplicável à maioria dos rendimentos é a antecipação mensal de que trata o art. 2º da Lei nº 8.134, de 1990, sem prejuízo da apuração anual, disciplinada pelo art. 7º da Lei nº 9.250 de 1995: Art. 7º A pessoa física deverá apurar o saldo em Reais do imposto a pagar ou o valor a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos no anocalendário, e apresentar anualmente, até o último dia útil do mês de abril do ano calendário subseqüente, declaração de rendimentos em modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal. (...) Assim, mensalmente surge para o contribuinte o dever de realizar antecipações de pagamento, caso tenha recebido rendimentos sujeitos a esse regime. E se chama "antecipação" porque não é definitiva. E não é definitiva porque a verificação da existência ou não do dever de pagar tributo só surgirá no encerramento do período de apuração, ou seja, no fim do anocalendário. Por isso, o fato gerador do imposto devido no anocalendário ocorre apenas em 31 de dezembro, mesmo nas hipóteses em que a base de cálculo deva ser apurada em bases mensais. Um exemplo disto, diz respeito a depósitos bancários, esta é, inclusive, uma matéria sumulada por este Conselho. Vejamos o teor da Súmula CARF nº 38: Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Assim, a previsão legal de que o rendimento se considera recebido no mês do crédito não tem o condão de deslocar a data da ocorrência do fato gerador, que se aperfeiçoa em 31 de dezembro, alcançando todos os rendimentos apurados desde o início do seu período de apuração. Não há, portanto, nenhuma dúvida de que o imposto lançado foi calculado levandose em consideração, corretamente, que o fato gerador do imposto é anual (concretizandose em 31 de dezembro de cada ano). Assim, segundo os dispositivos legais mencionados pelo recorrente, o direito do Fisco constituir o crédito tributário somente extinguese após cinco anos, contados do Fl. 1184DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 9 8 primeiro dia após o fato gerador, ou seja, a contagem se iniciaria em 01/01/2000, e teria como termo final 31/12/2004. Portanto, tendo sido dada ciência do lançamento durante o ano de 2004 (07/04/2004), constatase que não ocorreu a decadência do Fisco em constituir o crédito tributário em questão. NULIDADE CERCEAMENTO DE DEFESA O recorrente entende que o seu direito de defesa, constitucionalmente consagrado, foi violado pelas autoridades fiscais. Em que pesem as substanciosas razões ofertadas pelo contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento, corroborado pela decisão recorrida, apresentase formalmente incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude. Resta evidenciada a legitimidade da ação fiscal que deu ensejo ao presente lançamento, cabendo ressaltar que tratase de procedimento de natureza indeclinável para o Agente Fiscalizador, dado o caráter de que se reveste a atividade administrativa do lançamento, que é vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142, parágrafo único do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação de penalidade cabível. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com o presente lançamento. A simples leitura do Auto de Infração, especialmente a “Descrição dos fatos e enquadramento legal", o "Demonstrativo de Apuração", Termo de Verificação Fiscal e demais informações fiscais, não deixa margem de dúvida recomendando a manutenção do lançamento. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover o lançamento demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportaram, ou melhor, os fatos geradores do crédito tributário, não se cogitando na nulidade dos procedimentos. Mais a mais, a exemplo da defesa inaugural, o contribuinte não trouxe qualquer elemento de prova capaz de comprovar que os lançamentos encontramse maculados por vício em sua formalidade, escorando seu pleito em simples arrazoado desprovido de demonstração do sustentado. Destarte, é direito do contribuinte discordar com a imputação fiscal que lhe está sendo atribuída, sobretudo em seu mérito, mas não podemos concluir, por conta desse fato, isoladamente, que o lançamento não fora devidamente fundamentado na legislação de regência. O argumento de erro do fato gerador, na eleição da base de cálculo e demais, se confundem com o mérito que iremos tratar posteriormente, como já dito, não ensejando em nulidade Fl. 1185DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 10 9 Concebese que o auto de infração foi lavrado de acordo com as normas reguladoras do processo administrativo fiscal, dispostas nos artigos 9° e 10° do Decreto n° 70.235/72 (com redação dada pelo artigo 1° da Lei n° 8.748/93), não se vislumbrando nenhum vício de forma que pudesse ensejar nulidade do lançamento. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as hipóteses de nulidade são as previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, nos seguintes termos: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões preferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Logo, em face do exposto, rejeito a preliminar suscitada. MÉRITO OMISSÃO DE RENDIMENTOS Alega o contribuinte que, na tributação relativa à omissão de rendimentos, existe nesse enquadramento a tentativa de estabelecer vínculo empregatício entre a Federação Paulista de Futebol com o autuado. Informa que não tem nem nunca manteve vínculo empregatício com a Federação Paulista de Futebol, nem recebeu a quantia de R$ 182.744,61 pelo exercício do cargo de presidente. Acrescenta ele que o referido valor foi depositado pela Federação Paulista de Futebol em seu nome perante a Justiça Federal como a garantia de instância já que o referido processo judicial contra sua pessoa fisica decorreu de atos praticados em prol da Federação e que o referido valor, acrescido de juros e correção monetária, foi devolvido aos cofres da Federação Paulista de Futebol conforme documentos anexos não tendo se constituído como renda, principalmente como prova de vínculo empregatício. Aduz ele ainda que alegar a existência de vínculo empregatício de modo a pretender tributar valores é necessário haver prova robusta, mais do que meras presunções. Sem razão o recorrente. Para melhor deslinde da questão, e por estar a matéria submetida à reserva legal, urge recorrer ao Código Tributário Nacional, que em seu art.121 e seus incisos, define quem é o sujeito passivo da obrigação tributária, conforme a seguir transcrito, in verbis: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei Ainda, o art.123 do CTN, estabelece que as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes, o que significa dizer, que, uma vez ocorrido o fato gerador do tributo e o sujeito passivo obrigado ao Fl. 1186DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 11 10 pagamento desse tributo, por ter relação direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, renuncie ou transfira para um terceiro, os rendimentos alcançados pela norma tributária, não ficará dispensado de tal obrigação, pois tal ato não poderá modificar a sua condição de sujeito passivo. Depreendese, assim, da leitura dos dispositivos precitados, que o sujeito passivo da obrigação tributária principal, dizse contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador. Nesse caso, deve ser examinado, se no caso presente, ocorreu ou não o fato gerador do imposto de renda. Mais uma vez, recorremos ao CTN, arts.43, 116 e 118, a seguir transcritos, ipsis litteris: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: 1 tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. " É importante acrescentar que o imposto de renda é informado pelo princípio constitucional da generalidade (art. 153, § 2°, inciso I, da Constituição Federal), pelo qual todos os tipos de renda e proventos se subordinam à incidência do mencionado tributo. O conteúdo deste princípio se reflete nos arts. 37 e 38 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000 de 26 de março de 1999 RIR/1999, a seguir transcritos: Art. 37. Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados (Leis n°s 5.172, de 1966, art. 43, I e 11, 7.713, de 1988, art. 3 ° § 19. Parágrafo único. Os que declararem rendimentos havidos de quaisquer bens em condomínio deverão mencionar esta circunstância (Decretolei n° 5.844, de 1943, art. 66). Fl. 1187DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 12 11 Art. 38. A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o beneficio do contribuinte por qualquer forma e a qualquer titulo (Lei n'7.713, de1988, art. 3, § 49. Conforme depreendese da legislação encimada, em apertada síntese, o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica. Ademais, especificamente no que concerne a presunção, em processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado. Neste sentido, prevê a Lei n° 9.784/99 em seu art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Em igual sentido, temos o art. 373, inciso I, do CPC: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor". Encontrase sedimentada a jurisprudência deste Conselho neste sentido, consoante se verifica pelo decisum abaixo transcrito: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2005 ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. (Acórdão nº 3803004.284 – 3ª Turma Especial. Sessão de 26 de junho de 2013, grifouse) Assim sendo, uma vez que o contribuinte simplesmente repisas as alegações da defesa inaugural, peço vênia para transcrever excertos da decisão recorrida e adotálos como razões de decidir, por muito bem analisar as alegações suscitadas pela autuada e documentos acostados aos autos, in verbis: O contribuinte justifica o depósito realizado pela Federação Paulista de Futebol como garantia de instância em processo em que o contribuinte era réu. Tal fato teria ocorrido por ações realizadas por ele como presidente da entidade. Ora, o presidente da Federação Paulista de Futebol não poderia dispor dos recursos da mesma em causa própria, sem que houvesse em seus estatutos urna autorização. Nem tampouco ficou demonstrado que o processo judicial em que era réu teria relação com sua atividade como presidente da entidade. . Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 13 12 Assim, o que se sabe é que houve a transferência de recursos da Federação Paulista de Futebol para o contribuinte e que os mesmos não foram oferecidos à tributação em sua declaração de ajuste do período. Diz o Código Tributário Nacional, em seu artigo 43: (...) Assim, tendo ficado caracterizada a disponibilidade dos recursos transferidos pela Federação, cabe a tributação, independentemente da denominação ou da condição jurídica da entidade e ainda da existência de vínculo empregatício. Esclareçase ainda que o posicionamento exarado no voto do Conselheiro Carlos Alberto Gonçalves Nunes, exarado na Câmara Superior de Recursos Fiscais, n° 011.898 e 01 1911 e ainda previsto no art. 9° do DecretoLei n° 2.471/88, que vedavam a tributação com base exclusivarnente.em depósitos bancários restaram superados com o advento do artigo 42 da Lei n° 9.430 de 1996. No entanto, o lançamento do montante de R$ 182.744,61 não foi realizado com base na presunção legal acima, mas em função de ter ficado caracterizada a disponibilidade dos recursos para o contribuinte. Alega o requerente que teria devolvido a Federação o valor acima, corrigido monetariamente e apresenta os documentos de fls. 961 e 962. No entanto, tais documentos não são hábeis a comprovar sua alegação, tendo em vista que a cópia do recibo, supostamente emitido pela Federação Paulista de Futebol, não traz nem mesmo a identificação de quem o assina. O suposto pagamento, segundo o documento acima, teria sido realizado em cheque (n° 855955 do Banco Itaú), e traz ele aos autos, cópia simples do respectivo canhoto em que se lê a suposta destinação do mesmo e cópia simples do recibo relativo ao depósito realizado na conta da Federação Paulista de Futebol. Deveria ele ter apresentado cópia do próprio cheque. Não foi também demonstrado qual o índice utilizado para corrigir o valor de R$ 182.744,61 depositados `na conta corrente em dezembro de`2000, tendo em vista que o documento de fl. 961 traz a informação de que o contribuinte teria devolvido aos cofres da entidade o montante de R$ 254.986,53 em 30 de outubro de 2001. ' . Ademais, a entrada do montante de R$ 254.986,53 na conta da Federação Paulista de Futebol recebeu algum tipo de controle interno cujo documento poderia também ser trazido aos autos a fim de comprovação. Desta forma, não ficou evidenciado, pelos documentos acostados aos autos a necessária relação entre os R$ 182.744,61 depositados na conta do contribuinte e o valor de R$ 254.986,53 depositados na conta da Federação, de forma a comprovar a devolução do montante tributado. Fl. 1189DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 14 13 Essas são as razões de decidir do órgão de primeira instância, as quais estão muito bem fundamentadas, motivo pelo qual, após análise minuciosa da demanda, compartilho das conclusões acima esposadas. Mais uma vez, repiso, o contribuinte nada se esforça ou traz novos documentos sobre a infração que lhe foi imputada e/ou contrapõe sobre os fundamentos da decisão de piso, uma vez "entregue o caminho das pedras" pela autoridade julgadora de primeira instância, caberia ao contribuinte instruir seu recurso com a documentação hábil e idônea capazes de justificar seus argumentos. Neste diapasão, nego provimento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria. A tributação com base em depósitos bancários, a partir de 01/01/97, é regida pelo art. 42 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, publicada no DOU de 30/12/1996, que instituiu a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprovasse mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. Confirase: Art. 42, Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição . financeira, em relação aos quais o titular, pessoa _física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados. I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa .física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 Oitenta mil reais) (Alterado pela Lei n" 9.481, de 13.897). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 15 14 § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será *tirada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(incluído pela Lei n°10.637, de 30.12.2002). § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares' tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. ('Incluído pela Lei n°10637, de 30,12,2002). O fato gerador do imposto de renda é sempre a renda auferida. Os depósitos bancários (entrada de recursos), por si só, não se constituem em rendimentos. Daí por que não se confunde com a tributação da CPMF, que incide sobre a mera movimentação financeira, pela saída de recursos da conta bancária do titular. Por força do artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, o depósito bancário foi apontado corno fato presuntivo da omissão de rendimentos, desde que a pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados na operação. Para Pontes de Miranda, presunções são fatos que podem ser verdadeiros ou falsos, mas o legislador os têm corno verdadeiros e divide as presunções em iuris et de iure (absolutas) e iuris tantum (relativas). As presunções absolutas, na lição deste autor, são irrefragáveis, nenhuma prova contrária se admite; quando, em vez disso, a presunção for iuris tantum, cabe a prova em contrário, conforme demasiadamente tratado em diversos outros votos deste Relator. Conforme destacado anteriormente, na presunção o legislador apanha um fato conhecido, no caso o depósito bancário e, deste dado, mediante raciocínio lógico, chega a um fato desconhecido que é a obtenção de rendimentos. A obtenção de renda presumida a partir de depósito bancário é um fato que pode ser verdadeiro ou falso, mas o legislador o tem como verdadeiro, cabendo à parte que tem contra si presunção legal fazer prova em contrário. Neste sentido, não se pode ignorar que a lei, estabelecendo uma presunção legal de omissão de rendimentos, autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. Em síntese, a lei considera que os depósitos bancários, de origem não comprovada, analisados individualizadamente, caracterizam omissão de rendimentos. A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. A caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela mera constatação de um depósito bancário, considerado isoladamente. Pelo contrário, a presunção de omissão de rendimentos está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos recursos depositados em contas bancárias, com a análise individualizada dos créditos, conforme expressamente previsto na lei. Portanto, claro está que o fato gerador do imposto de renda, no caso, não está vinculado ao crédito efetuado na conta bancária, pois, se o crédito tiver por origem transferência de outra conta do mesmo titular, ou a alienação de bens do patrimônio do contribuinte, ou a assunção de exigibilidade, como dito anteriormente, não cabe falar em Fl. 1191DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 16 15 rendimentos ou ganhos, justamente porque o patrimônio da pessoa não terá sofrido qualquer alteração quantitativa. O fato gerador é a circunstância de tratarse de dinheiro novo no seu patrimônio, assim presumido pela lei em face da ausência de esclarecimentos da origem respectiva. Quanto à tese de ausência de evolução patrimonial ou consumo capaz de justificar o fato gerador do imposto de renda, é verdade que este imposto, conforme prevê o artigo 43 do CTN, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, isto é, de riqueza nova. Entretanto, o legislador ordinário presumiu que há aquisição de riqueza nova nos casos de movimentação financeira em que o contribuinte não demonstre a origem dos recursos. A atuação da administração tributária é vinculada à lei (artigo 142 do CTN), sendo vedado ao fisco declarar a inconstitucionalidade de lei devidamente aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República. Neste diapasão, existe a Súmula CARF n° 02 consolidando sua jurisprudência no sentido de que o Órgão "não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." A partir da vigência do artigo 42 da Lei n° 9,430, de 1996, os depósitos bancários deixaram de ser "modalidade de arbitramento" que exigia da fiscalização a demonstração de gastos incompatíveis com a renda declarada (aquisição de patrimônio a descoberto e sinais exteriores de riqueza), conforme interpretação consagrada pelo poder judiciário e por este Tribunal. A fim de consolidar o entendimento deste CARF sobre a matéria foi editada a Súmula de n° 26, com a seguinte redação: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Em seu recurso, o contribuinte afirma que o valor de R$ 100.000,00, tributado em dezembro de 1999, referese a dois créditos de R$ 85.000,00 e R$ 15.000,00 que teriam sido parte do pagamento da venda do Salão industrial e lote de terreno urbano situado na Av. Salles Oliveira n° 600, Jardim Ipiranga em Americana/SP, venda esta perfeitamente informada em sua declaração de ajuste. Pois bem! Quanto à assertiva acima, cabe esclarecer que às fls. 795 a 799 foi juntada a cópia da “Escritura Pública de Venda e Compra no valor de R$ 235.000,00” lavrada em 09 de maio.de 2002 relativa ao imóvel citado. No corpo do documento acima consta a informação de que a escritura teria sido elaborada para dar cumprimento ao contrato particular de compromisso de venda e compra, não registrado, celebrado entre as partes datado de 06 de janeiro de 2000. Na referida escritura não consta a informação da forma de pagamento acertada, podendose esclarecer somente que o montante total já teria sido recebido pelo contribuinte em 2002, data da formalização da escritura. Assim não há documentos comprobatórios suficientes para vincular os créditos com a venda do imóvel citado. Esclareçase que, tendo em vista que os depósitos foram realizados por meio dos cheques n° 462642 e 462643, do Banco Banespa, a apresentação de sua cópia poderia fazer a prova requerida, demonstrando a necessária transferência de recursos do adquirente para o contribuinte. Já em relação a argumentação de que parte dos depósitos são decorrentes de restituições do Sr. Marcelo Teixeira. Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 17 16 Em que pesem as razões ofertadas pelo contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento, corroborado pela decisão recorrida, apresentase formalmente incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, senão vejamos: Às fls. 748 a 751, o requerente, em maio de 2004, prestou esclarecimentos à fiscalização, dentre eles de que os depósitos ocorridos em sua conta corrente no anocalendário de 2000 referemse ao reembolso, realizado por Marcelo Teixeira, presidente do Santos Futebol Clube, relativas a compras efetuadas pelo contribuinte em nome daquele. No entanto, contrariamente ao que aduz o requerente, não ficou “amplamente demonstrado” que a origem dos referidos créditos seria o reembolso citado, tendo em vista que não trouxe aos autos qualquer prova da suposta transferência de recursos e, a simples alegação, desacompanhada de documentos comprobatórios não é hábil a realizar a necessária comprovação. Mais uma vez, repiso, o contribuinte nada se esforça ou argumenta sobre a comprovação dos numerários, apenas demonstrando descontentamento com a legislação, ou seja, em relação aos depósitos efetuados na conta bancária não foram apresentados esclarecimentos convincentes e muito menos documentos hábeis e idôneos a demonstrar a origem de cada depósito bancário. Portanto, nego provimento ao recurso. APD A Lei n” 7.713, de 22/12/1.988, que estabeleceu a tributação pelo regime de caixa, em seu art. 3°, “caput”, e §§ 1° e 4°, dispõe que: Art. 3 ° O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9° e 14 desta Lei. § 1° Constituem rendimento bruto todo o produto do Capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) §`4° A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando para incidência do imposto. o beneficio do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Ao tratar sobre o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza e de sua base de cálculo, os arts. 43 e 44, do Código Tributário Nacional rezam que: Fl. 1193DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 18 17 Art 43 O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza,.tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: ,. I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. . Art. 44 A base de cálculo do imposto é o montante, real arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos tributáveis Vale reproduzir, outrossim, o inciso XIII, do art. 55, do Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto n° 3.000, de 26/03/ 1.999 (vigente a época dos fatos geradores): Art. 55. São também tributáveis (Lei in” 4.506, de 1964, art. 26, Lei .n° 7. 713, de 1988, art. 3”, § 42 e Lei n° 9.430, de 1996, artsj 24, § 22 inciso IV, e 70, § 3°, inciso I): (...) XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa fisica, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis,tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva; Pela análise dos supracitados dispositivos legais, concluise que o pressuposto para a ocorrência do fato gerador é o beneficio do contribuinte, por qualquer forma e a qualquer titulo, consubstanciado na aquisição de disponibilidade juridica de renda ou de proventos de qualquer natureza, sendo que a apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, que enseja a caracterização de omissão de rendimentos, concretiza o fato gerador do imposto de renda. O contribuinte questiona o fato de não ter sido considerado o empréstimo recebido da empresa HVA Serviços Temporários Ltda, recebido em 1999, na Análise da Variação Patrimonial que embasou a autuação. Acrescenta que para provar a existência do referido empréstimo, além de reapresentar o Termo de Confissão de dívida (fl. 964), que não havia sido considerado pela fiscalização, traz aos autos uma declaração da empresa (fl. 965) para comprovar suas alegações. Rebatendo as alegações do recorrente, cabe ressaltar, em primeiro lugar, que é fato indiscutível que o tomador e o credor do empréstimo têm a obrigação de informar o empréstimo na declaração de bens, por sua repercussão na variação patrimonial. Contudo, a consignação dessas informações na declaração de rendimentos do contribuinte não tem a força probante necessária para caracterizar a efetiva existência do mútuo, não o desobrigando de fazer a prova efetiva do empréstimo por ele concedido e/ou contraído, bem como das respectivas devoluções dos numerários objetos dos supostos empréstimos. Por haver repercussão no cômputo de recursos na análise de evolução patrimonial, tomase imprescindível, no caso, a comprovação da saída e do ingresso, em conta corrente ou de investimentos de titularidade do contribuinte, dos recursos oriundos dos empréstimos supostamente por ele concedidos e contraídos. Fl. 1194DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 19 18 O Termo de Confissão de Dívida de fl. 964 não foi aceito como prova da contratação do empréstimo nem pela fiscalização e nem tampouco o será agora, tendo em vista que tal documento não passa de uma declaração do próprio contribuinte, nada acrescentando à informação por ele prestada. Quanto à declaração de fl. 965, também não é possivel considerála como hábil a comprovar a transferência dos recursos, que deveria ter sido feito por meio de cópia de cheque ou prova de transferência bancária, se fosse o caso, e ainda cópia dos registros contábeis da empresa (livros) nos quais ficasse caracterizado o empréstimo alegado. Cabe, portanto, ao contribuinte, no seu interesse, produzir as provas dos fatos consignados em sua declaração de rendimentos, sob pena de não serem aceitos pelo Fisco. Essa prova deve, evidentemente, estar fundamentada em documentos hábeis e idôneos, de modo a comprovar, de forma cabal e inequívoca, os fatos declarados, o que não ocorreu nos presentes autos. Também alega o requerente que foi desconsiderado o numerário existente no período de 1998, na Análise da Evolução Patrimonial mensal de fls. 859 a 862. No entanto, não cabe razão ao requerente, pois conforme se percebe à fl. 859, foram considerados tanto os saldos em conta corrente e poupança do mês anterior (dezembro de 1998) como o dinheiro em caixa informado na declaração de ajuste correspondente. Aduz ainda o contribuinte que não houve a consideração do ganho de capital efetivamente declarado de R$ 6.937,39. Ocorre que na Análise da Evolução Patrimonial são considerados como recursos o produto da venda dos bens móveis e imóveis, e, por esta razão qualquer ganho de capital porventura apurado está embutido no produto da referida alienação. Lembrando que o que se analisa na tributação do acréscimo patrimonial é o fluxo financeiro, a baixa dos bens não é considerada como aplicações assim como os investimentos em aplicações financeiras só são considerados em termos de resgates e aplicações mensais, pois o montante total investido representa um patrimônio do contribuinte, que não afeta o fluxo de caixa em análise. Quanto à aquisição dos apartamentos 203 e 204 do Edificio Ilha Graciosa, informa o recorrente que a mesma foi considerada na Análise da Variação Patrimonial pelo valor unitário de R$ 130.000,00, sendo que somente foram pagos naquele exercício R$ 80.000,00, o que se comprova por meio do Instrumento Particular de Compra e Venda, no qual se verifica o adendo acerca do pagamento, que “não será no ato, (...), mas R$ 25.000,00 na assinatura e o saldo em 7 parcelas mensais de R$ 15.000,00. A aquisição dos apartamentos mencionados foi documentada por meio do Instrumento Particular de Promessa de Venda e Compra de Imóvel em Construção e outras avenças e respectivo quadro resumo juntado às fls. 837 a 867. A forma de pagamento foi estipulada no documento acima, item V (fls. 838 e 850), como sendo à vista, em setembro de 1999, sendo R$ 130.000,00 para cada unidade. Ocorre que identificase uma observação no mesmo item de que “o pagamento não será no ato como especificado mas: R$ 25.000,00 na assinatura e o saldo em 7 (sete) parcelas mensais de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).”. . No entanto, não é possível comprovar esta alteração contratual por meio desta “observação”, nem tampouco quando esta foi efetivada no documento apresentado. Deveria ele comprovar a efetiva transferência dos recursos nos termos em que alega, por Fl. 1195DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 20 19 meio de cópia de cheques, transferência bancária, ou outros, o que não ocorreu no presente. Assim, concluímos não haver reparos a serem feitos no presente lançamento no que tange à constatação de Acréscimo Patrimonial a descoberto COMPENSAÇÃO DO IRRF A glosa do Imposto Retido na fonte efetivada no presente lançamento se deu nos seguintes montantes: R$ 42.450,00 e R$ 3.270,00, respectivamente referentes a 1999 e 2000. Debruçandose sobre os documentos constantes dos autos, não vislumbrei nenhum documento acerca do IRRF referente ao anocalendário 1999. Observase constar, às fls. 1.056, a comprovação sobre o imposto retido na fonte em 2000, já considerado pela decisão de piso. Portanto, por falta de comprovação, os valores glosados serão mantidos. MULTA DE OFÍCIO O recorrente insurgese quanto a multa de ofício por ferir o princípio do não confisco. Na análise dessa razão, não se pode perder de vista que o lançamento da multa por descumprimento de obrigação de pagar o tributo é operação vinculada, que não comporta emissão de juízo de valor quanto à agressão da medida ao patrimônio do sujeito passivo, haja vista que uma vez definido o patamar da sua quantificação pelo legislador, fica vedado ao aplicador da lei ponderar quanto a sua justeza, restandolhe apenas aplicar a multa no quantum previsto pela legislação. Cumprindo essa determinação a autoridade fiscal, diante da ocorrência da falta de pagamento do tributo, fato incontestável, aplicou a multa no patamar fixado na legislação, conforme muito bem demonstrado no Discriminativo do Débito, em que são expressos os valores originários a multa e os juros aplicados no lançamento. Além do mais, salvo casos excepcionais, é vedado a órgão administrativo declarar inconstitucionalidade de norma vigente e eficaz. Nessa linha de entendimento, dispõe o enunciado de súmula, abaixo reproduzido, o qual foi divulgado pela Portaria CARF n.º 106, de 21/12/2009 (DOU 22/12/2009): Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Essa súmula é de observância obrigatória, nos termos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF, inserto no Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015. Como se vê, este Colegiado falece de competência para se pronunciar sobre a alegação de inconstitucionalidade da multa aplicada, uma vez que o fisco tão somente utilizou os instrumentos legais de que dispunha para efetuar o lançamento. DA TAXA SELIC A aplicação da taxa SELIC é matéria pacificada no âmbito desse Conselho conforme se verifica pela Súmula CARF nº 4 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados Fl. 1196DF CARF MF Processo nº 19515.000598/200405 Acórdão n.º 2401006.190 S2C4T1 Fl. 21 20 pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Em face do exposto, improcedente é o pedido. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração, sub examine, em consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO para afastar as preliminares e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 1197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.901601/2013-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2008 a 31/03/2008
PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA.
A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
Numero da decisão: 3302-006.831
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2008 a 31/03/2008 PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16682.901601/2013-72
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008085
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat May 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.831
nome_arquivo_s : Decisao_16682901601201372.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 16682901601201372_6008085.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7744902
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909873467392
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1652; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.901601/201372 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.831 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria Processo Administrativo Fiscal Recorrente TIM S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2008 a 31/03/2008 PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracterizase a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. Relatório Trata o presente processo do Pedido de Restituição (PER), transmitido pelo contribuinte acima identificado, no qual solicita a restituição de PIS. Consta no processo Despacho Decisório Eletrônico proferido pela unidade de origem, o qual concluiu pela improcedência do crédito original informado no PER, sob o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 16 01 /2 01 3- 72 Fl. 297DF CARF MF Processo nº 16682.901601/201372 Acórdão n.º 3302006.831 S3C3T2 Fl. 3 2 fundamento de que o pagamento relacionado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, nos termos do Acórdão nº 12088.968. Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A ausência de retificação de DCTF ou de qualquer outra obrigação acessória jamais poderia ser impeditivo do reconhecimento do seu direito ao crédito, na medida em que o Fisco possui outros meios de apurar a existência de eventual indébito tributário. Assim, não restam dúvidas de que a falta de retificação da DCTF não deve implicar na perda do direito ao crédito; b) Não há concomitância entre o presente processo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. A lide proposta foi no sentido de que fosse reconhecido o direito líquido e certo da recorrente não se sujeitar à incidência do PIS/Cofins sobre as receitas de interconexão, bem como para reconhecer o crédito referente a eventuais valores pagos indevidamente, relativamente a contribuições apuradas e recolhidas após a impetração do writ. O objeto da ação judicial se destina apenas às contribuições de PIS e Cofins apuradas e recolhidas após a distribuição do referido MS; c) No caso concreto, há uma divisão muito clara. Os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição. Apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Bem verdade que há certa semelhança entre as causas de pedir dos processos administrativos e judicial. Ambos estão fundados na “não incidência do PIS/COFINS sobre receitas de interconexão”. Todavia, os pedidos efetuados para se afastar o PIS e a COFINS sobre as receitas de interconexão, bem como para se reconhecer o crédito sobre pagamentos indevidos realizados envolvem a mesma discussão para períodos de apuração distintos. Frisese: os pedidos administrativos se voltam às contribuições apuradas e pagas antes da impetração do mandado de segurança. Já aquelas apuradas e pagas após o ajuizamento da ação judicial são objeto do mandado de segurança. Diante desse cenário, verificase que não há concomitância entre o mandado de segurança em curso perante o Poder Judiciário e o presente processo administrativo, tendo em vista que os períodos de apuração relativos ao crédito referente ao indébito tributário são distintos; d) Os valores recebidos pela Recorrente e repassados a outras operadoras a título de interconexão de redes não configuram receita tributável pelo PIS e COFINS, pois não se trata de “receita” auferida pela Recorrente, quer do ponto de vista jurídico, quer mesmo do ponto de vista contábil. No caso dos valores recebidos pela Recorrente e repassados a terceiros a título de interconexão de redes, o que se verifica é um mero e transitório ingresso de recursos que devem ser repassados ao terceiro que cedeu seus meios de rede à Recorrente. Não há, portanto, qualquer efetivo acréscimo patrimonial da Recorrente, porque já há um imediato e compulsório destino para aquele valor recebido, que é repassado para as outras operadoras de telecomunicação; e) A tributação nos moldes pretendidos pelo Fisco implica a tributação pelo PIS/COFINS da receita total auferida pela Recorrente pela prestação do serviço de Fl. 298DF CARF MF Processo nº 16682.901601/201372 Acórdão n.º 3302006.831 S3C3T2 Fl. 4 3 telecomunicação, incluindo a parcela que será repassada a terceiros pela interconexão de redes. E, além dessa tributação, nos termos da pretensão fiscal, haveria uma nova incidência do PIS/COFINS pelo terceiro que realiza a interconexão, no momento em que ele apropriar a receita que lhe é repassada, caracterizando o bis in idem tributário; f) A base de cálculo do PIS/COFINS não deve ser integrada por elementos estranhos à receita auferida, notadamente pelos valores que devem ser repassados a terceiros a título de interconexão de redes. Na prática, isso faz com que todo o valor pago pela Recorrente a título de PIS/COFINS sobre esses valores de interconexão de redes seja qualificado como indébito tributário, que lhe deve ser restituído. Termina o recurso requerendo o provimento para que seja reformado o acórdão recorrido, a fim de que seja deferido o pedido de restituição formulado. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.815, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16682.900008/201490, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.815): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. O cerne da questão está em decidir se há concomitância entre esse processo administrativo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Para tanto, é necessário analisar os objetos dos respectivos processos. Conforme já mencionado na decisão a quo, o indébito pleiteado no Pedido de Restituição decorre, nas palavras do contribuinte, “da indevida inclusão na base de cálculo do PIS de valores referentes a ingressos de numerário em razão de contratos de interconexão, os quais não constituem "receita" da Manifestante”. Portanto, defende em processo administrativo a não incidência do PIS/COFINS sobre tarifas de interconexão. Vejamos o objeto do MS nº 002418579.2013.4.02.5101: Pela petição inicial, temos os seguintes pedidos: a) concessão de medida liminar para assegurar o direito liquido e certo da impetrante à suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, nos termos do art. 151, IV, do CTN, das Fl. 299DF CARF MF Processo nº 16682.901601/201372 Acórdão n.º 3302006.831 S3C3T2 Fl. 5 4 contribuições ao PIS e a Cofins, sobre os meros ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza); b) determinação à Autoridade Coatora sobre o contudo da decisão liminar, bem como acerca do conteúdo do presente mandamus, para que no prazo legal, preste as informações que entender necessárias, com a posterior oitiva do representante do Ministério Público; c) Ciência à União Federal, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009; d) ao final, a concessão da segurança para confirmar a liminar requerida e assegurar o direito liquido e certo de a impetrante não se sujeitar à incidência das contribuições ao PIS e à Cofins, sobre meros ingressos apurados mensalmente pelo regime da competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza), sob pena de violação ao art. 2º da Lei nº 9,718/99 e aos arts. 5º, II; 145 § 1º; 150, I e IV e 195, I, "b" da Constituição Republicana de 1988, com a consequente compensação do indébito dessas contribuições, apurados desde a distribuição do presente writ, devidamente atualizado pela Taxa Selic, após o trânsito em julgado, nos termos dos artigos 165, 170 e 170A do CTN. A sentença de primeiro grau do Mandado de Segurança nº 002418579.2013.4.02.5101, assim decidiu: Tratase de mandado de segurança com pedido de liminar impetrado por INTELIG COMUNICAÇÕES LTDA contra ato atribuído ao DELEGADO DA DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE MAIORES CONTRIBUINTES NO RIO DE JANEIRO DEMAC, objetivando a declaração de não incidência das contribuições ao PIS e à COFINS, sobre os ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela Impetrante, decorrentes de tarifas de interconexão serviços prestados pelas demais operadoras, que são posteriormente repassados àquelas congêneres, bem como a declaração do direito de compensar o indébito referente a estas contribuições, apurado desde a distribuição do writ. Sustenta, em apertada síntese, que as chamadas "tarifas de interconexão" não constituem receita, e sim meros ingressos econômicos ou financeiros, tendo cm vista que são recebidas, cm um primeiro momento, pela Impetrante, porem repassadas cm seguida às operadoras que efetivamente prestaram os serviços ao cliente usuário da Impetrante. (...) Fl. 300DF CARF MF Processo nº 16682.901601/201372 Acórdão n.º 3302006.831 S3C3T2 Fl. 6 5 Pelo exposto, com fulcro no art. 269. I, do CPC. JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e CONCEDO A SEGURANÇA, para determinar ao Impetrado que se abstenha de exigir da Impetrante que recolha o PIS e a Cofins, incluindo na base de cálculo o valor recebido pela Impetrante e posteriormente repassado a operadora congênere, que prestou efetivamente o serviço, a título de "tarifa de interconexão", bem como para declarar o direito da Impetrante à compensação do indébito, apurado desde a distribuição do presente, na forma da lei de regência, de acordo com a modalidade escolhida pelas Impetrantes, aplicandose a SELIC como critério de atualização do indébito, vedada a cumulação com qualquer outro índice, nos termos da fundamentação supra. Analisando as razões jurídicas apresentadas na peça recursal, fico convencido da identidade das demandas administrativa e judicial, pois nas duas esferas o que se discute é a inexistência de relação jurídica tributária do PIS e da Cofins em relação as receitas de interconexão. O próprio recorrente reconhece essa congruência entre os processos administrativo e judicial. Sua alegação para afastar a concomitância se ampara no fato de que os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição, e que apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 0024185 79.2013.4.02.5101. Não comungo do entendimento no qual a concomitância é afastada pela falta de identidade entre os períodos de apuração apontados nos processos judicial e administrativo. O diferencial entre os períodos de apuração, aqueles contemplados pelo mandamus e os não contemplados, na minha visão, referese somente à possibilidade de o recorrente utilizálos para pedido de compensação antes do trânsito em julgado, por ordem judicial, conforme sua solicitação na exordial. Os demais períodos de apuração, os que foram apurados antes da distribuições do writ, deverão esperar o trânsito em julgado da ação para poderem se credenciar a objeto de um pedido de restituição, com possíveis compensações. Digo isso, pois a decisão do Poder Judiciário sobre a incidência do PIS e da Cofins nas receitas oriundas das tarifas de interconexão, terá reflexos para todos os períodos de apuração, independentemente se foi contemplado no pedido do MS nº 002418579.2013.4.02.5101 ou não Isso se deve ao fato de que na existência de processos paralelos, com objeto e finalidade idênticos, não é salutar que haja decisões com efeitos redundantes ou antagônicos. Em qualquer das hipóteses, prevalecerá a decisão judicial, motivo pelo qual a concomitância de processos ofende o princípio da economia processual. Em face disso, a opção do contribuinte pela via judicial encerra o processo administrativo fiscal em definitivo, em qualquer das fases em que ele se encontre. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 16682.901601/201372 Acórdão n.º 3302006.831 S3C3T2 Fl. 7 6 Registrese que a coisa julgada a ser proferida no âmbito do Poder Judiciário jamais poderia ser alterada no processo administrativo, pois tal procedimento feriria a Constituição Federal, que adota o modelo de jurisdição una, onde são soberanas as decisões judiciais. Sendo assim, nos casos em que o sujeito passivo opta pela via judicial para a discussão de matéria tributária implica na renúncia ao poder de recorrer nesta instância, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830/80 e do § 2º, art. 1º do Decretolei nº 1.737, de 1979. Ratificando este entendimento, foi aprovado o enunciado de Súmula CARF nº 01, in verbis: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Na linha do entendimento fixado, não conheço do recurso quanto à matéria submetida ao crivo do Poder Judiciário e na parte conhecida, nego provimento ao recurso por enxergar identidade entre os pedidos e as causas de pedir apresentados no MS nº 2007.70.00.0222765 e neste recurso administrativo." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 302DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10510.000904/2010-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. ERRO DE FATO. EXCLUSÃO DE LANÇAMENTO.
No processo administrativo fiscal deve-se buscar uma decisão de mérito justa e efetiva, objetivando-se a revelação da verdade material, com a busca da justiça fiscal e, dessa forma, constatado o erro de fato no caso concreto, à luz dos elementos constantes dos autos, e em homenagem ao princípio da verdade real, pode-se conhecer de argumento relevante à decisão da lide.
Numero da decisão: 2202-005.177
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do cálculo do lançamento o valor de R$ 118.801,41, correspondente a rendimentos tributáveis.
(assinado digitalmente)
RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente.
(assinado digitalmente)
RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. ERRO DE FATO. EXCLUSÃO DE LANÇAMENTO. No processo administrativo fiscal deve-se buscar uma decisão de mérito justa e efetiva, objetivando-se a revelação da verdade material, com a busca da justiça fiscal e, dessa forma, constatado o erro de fato no caso concreto, à luz dos elementos constantes dos autos, e em homenagem ao princípio da verdade real, pode-se conhecer de argumento relevante à decisão da lide.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10510.000904/2010-19
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008011
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat May 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-005.177
nome_arquivo_s : Decisao_10510000904201019.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA
nome_arquivo_pdf_s : 10510000904201019_6008011.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do cálculo do lançamento o valor de R$ 118.801,41, correspondente a rendimentos tributáveis. (assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente. (assinado digitalmente) RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
id : 7743883
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909875564544
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1707; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 117 1 116 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10510.000904/201019 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202005.177 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 07 de maio de 2019 Matéria IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FISICA RETIFICAÇÃO DAA Recorrente ALDACI LOPES DOS SANTOS Recorrida Fazenda Naciconal ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. ERRO DE FATO. EXCLUSÃO DE LANÇAMENTO. No processo administrativo fiscal devese buscar uma decisão de mérito justa e efetiva, objetivandose a revelação da verdade material, com a busca da justiça fiscal e, dessa forma, constatado o erro de fato no caso concreto, à luz dos elementos constantes dos autos, e em homenagem ao princípio da verdade real, podese conhecer de argumento relevante à decisão da lide. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do cálculo do lançamento o valor de R$ 118.801,41, correspondente a rendimentos tributáveis. (assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON Presidente. (assinado digitalmente) RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 09 04 /2 01 0- 19 Fl. 117DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 109/113), interposto contra o Acórdão 09 52.663 da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG – DRJ/JFA (efls. 101/104), que julgou improcedente, por unanimidade de votos, impugnação apresentada em face de Notificação de Lançamento (efls. 05/09), relativa ao anocalendário 2007, exercício 2008, o qual resultou na exigência de crédito tributário total no valor de R$ 32.308,95, sendo R$ 23.158,89 de Imposto de Renda Pessoa Física, e o restante de multa proporcional e juros de mora, calculados até fevereiro de 2010. 2. Por bem retratar a descrição da lide e as alegações trazidas pela contribuinte na peça impugnatória, e sendo de interesse o exame da decisão proferida, reproduzemse os trechos correspondentes do Acórdão prolatado pela 6ª Turma da DRJ/JFA: Relatório: (...) O lançamento decorreu da revisão da Declaração de Ajuste Anual – DAA IRPF/2008 fls. 36/40, apresentada à RFB pela contribuinte, cujo resultado foi de restituição do imposto no valor de R$52.939,08 – fl. 8. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, à fl. 7, nesse procedimento a autoridade fiscal verificou ter havido compensação indevida de IRRF de R$76.097,97, referentes a rendimentos percebidos da fonte pagadora CNPJ nº 15.082.688/000769, sob a justificativa de que regularmente intimado o contribuinte não atendeu à intimação. Cientificada do lançamento, a interessada apresentou a peça impugnatória de fls. 2/3, instruída com os documentos de fls. 10/35. Nessa oportunidade, contesta o feito fiscal, argumentando que não foi considerado o IRRF que incidiu sobre rendimentos recebidos de uma ação judicial, conforme documentação oferecida. A situação dos autos fez com que o lançamento acima descrito fosse revisto de ofício pela DRF/Aracaju/SE/SAFIS, em obediência à IN/RFB nº 958, de 2009, art.6ºA, com a redação dada pela a IN/RFB nº 1061, de 2010, no propósito de se observar a adequação do lançamento efetuado aos termos que estampa a pertinente legislação tributária. A par disso, foram lavrados, em 16/05/2012, o Despacho Decisório nº 320/2012 de fl. 60 e o Termo Circunstanciado de fls. 58/59, mantendo a exigência contida na NL contestada, conforme justificativa a seguir: "Quanto à documentação comprobatória apresentada pela contribuinte junto com a impugnação, temse que não há nenhum documento que trate do ano calendário de 2007; portanto, a documentação apresentada é irrelevante para comprovar valores de IRRF declarados na Declaração de Ajuste Anual de exercício 2008, ano calendário 2007." Depois de ser cientificada do mencionado Despacho Decisório, AR de fl. 62, a contribuinte se manifesta informando que o rendimento no valor de R$118.801,41, com o IRRF de Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10510.000904/201019 Acórdão n.º 2202005.177 S2C2T2 Fl. 118 3 R$76.097,97, foi recebido no ano calendário de 2006, conforme documentos oferecidos, e, por equívoco, foi informado na DAA/2008. Voto A impugnação é tempestiva e foi apresentada por parte legítima, devendo, pois, ser conhecida. Da análise dos autos, observase que a contribuinte, inicialmente na defesa apresentada, solicitava a reconsideração do IRRF glosado; já após o Despacho Decisório e Termo Circunstanciado emitidos pela DRF/Aracaju/SE que mantiveram o feito fiscal, se manifestou no sentido de acatar a glosa do IRRF, no entanto, querendo fazer crer que os rendimentos sobre os quais incidiu o IRRF de R$76.097,97 teriam sido recebidos também em 2006. De acordo com os documentos oferecidos pela interessada, relativos à ação judicial impetrada contra o CNPJ nº 15.082.688/000769, em maio de 2000 – Alvará fl.28, foi feito um depósito no valor originário de R$ 257.134,92, do qual, mais atualizações, em 2003 lhe foi liberado parte desse valor, R$ 97.950,64, cuja data de recebimento não se tem notícias nos autos. Outra parte, do restante mais atualizações, lhe foi liberada em maio de 2006, R$ 41.740,76 Alvará fl. 29, quando também foram procedidas as liberações para os recolhimentos da contribuição previdenciária e do IRRF, R$ 76.097,97. Levando em conta o depósito original mais as atualizações desde maio de 2000, é certo que ficou ainda um remanescente, não recebido em 2006, possivelmente tendo o sido em 2007, ano calendário da DAA/2008. Segundo pesquisas efetuadas nos Sistemas Online da RFB a contribuinte na DAA/2007, ano calendário de 2006, informou como rendimentos tributáveis percebidos do citado CNPJ o montante de R$ 89.012,54 e como IRRF o valor em questão, R$ 76.097,97, resultando numa restituição do imposto no valor de R$ 56.724,24, paga. É fácil de concluir que se o IRRF já foi aproveitado pela contribuinte na DAA/2007 logo não poderia também ser na DAA/2008; diante disso, dever ser mantida a glosa do IRRF. Sobre os rendimentos que a impugnante quer que sejam excluídos de sua DAA/2008, R$ 118.801,41, constatouse que ainda havia a receber, da ação judicial interposta contra o CNPJ nº 15.082.688/000769, uma parcela remanescente, considerando o valor originário depositado e suas atualizações. Além disso, sobre a intenção de exclusão do rendimento, cumpre mostrar à interessada que o pleito nesse sentido, após a ciência do lançamento de ofício não é possível, nos termos do disposto no art. 147, § 1º, do Código Tributário Nacional. (transcreve a legislação citada) É certo que não podem os contribuintes, a belprazer, informar dados à RFB e, posteriormente, quererem excluílos, substituí los ou incluir outros dados, e simplesmente solicitar uma nova Fl. 119DF CARF MF 4 revisão considerando essas alterações. Destaquese que a Declaração de Ajuste Anual é documento personalíssimo, de extrema seriedade e de total responsabilidade do declarante. Em face do exposto, nada há a reparar no feito fiscal. Voto, pois, no sentido de considerar improcedente a impugnação de fl(s) Recurso Voluntário 3. Após ciência do Acórdão em 13/08/2014 (efl. 108), a contribuinte apresenta seu recurso voluntário em 12/09/2014, uma vez que se insurge contra a Decisão da DRJ/JFA e expõe: que solicita a exclusão dos rendimentos lançados, pois referemse ao exercício de 2007 e não de 2008; que já informou o erro pessoalmente em oportunidade anterior, apresentando documentos, na DRF Aracajú; 4. Solicita por fim que seja finalizado o processo, uma vez que tem passado por constrangimentos e problemas, ocasionados por falta de esclarecimento. 5. É o Relatório. Voto Conselheiro Ricardo Chiavegatto de Lima. 6. O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Além disso, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal, inclusive estando adequada a representação processual, e apresentase tempestivo. Portanto dele conheço. 7. Após ser notificado do lançamento, não é mais possível ao contribuinte alterar sua Declaração de Ajuste Anual com a finalidade de reduzir ou excluir tributo, como exposto no artigo 147, § 1º , da Lei no 5.172, 25/10/1966 (Código Tributário Nacional), abaixo transcrito. Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10510.000904/201019 Acórdão n.º 2202005.177 S2C2T2 Fl. 119 5 8. Como já destacado pela DRJ, por disposição legal, não seria possível a exclusão dos rendimentos declarados pela recursante em sua DAA do exercício 2008. 9. No mesmo sentido impera a Súmula CARF 33 (Vinculante, conforme Portaria MF 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. 10. Como pode ser observado pelo Voto proferido no Acórdão da DRJ/JFA, a contribuinte realmente declarou rendimentos tributáveis e IRRF no exercício 2007, ano calendário 2006, quando foi efetuado levantamento de fundos de conta vinculada à Ação Trabalhista, em valores próximos aos novamente declarados no exercício 2008, ano calendário 2007, objeto desta lide. 11. Em apreciação aos documentos anexados pela ora recorrente ainda em fase de impugnação, verificase: valor do INSS da Reclamante até 24/05/2006: R$ 962,68 (efl. 71); valor do IRPF apurado até 24/05/2006: R$ 76.097,97 (efl. 72); valor do INSS da Reclamada até 24/05/2006: R$ 38.901,11 (efl. 73); valor remanescente da ação até 30/05/2006: R$ 157.791,04 (efl. 74); valor de custas judiciais em 30/05/2006: R$ 88,52 (efl. 74); alvará judicial de levantamento de 26/05/2006 de R$ 41.740,76 (efl. 90); DARF 5936, de 12/09/2006, de R$ 76.097,97 (efl. 91); e GPS 2909 de 12/09 e 02/10/2006 no total de R$ 39.863,80 (efls. 92/93). 12. Subtraindose do valor da remanescente da lide trabalhista as custas, o IRRF, e o INSS, obtémse o valor levantado pela contribuinte e, dessa forma, não seria pertinente a afirmação da DRJ de que "ainda haveria, certamente, valor a ser recebido pela contribuinte". A meu ver, s.m.j., o recebimento dos valores referentes à querela trabalhista encerraramse no ano calendário 2006, anterior ao ano da notificação sob análise. 13. Evidenciase, portanto, conforme alegado, claro erro de fato cometido pela contribuinte em sua Declaração de Ajuste do ano calendário 2007, pela inclusão equivocada dos valores de Rendimentos Tributáveis e de Imposto Retido na Fonte referentes a ano calendário diverso. 14. Devese recorrer, ao caso em pauta, à análise da verdade material contida nos fatos ocorridos e nos documentos anexados. O erro de preenchimento do contribuinte não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que ele não possa têlo saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material. Neste mesmo sentido, aceitam a verdade material dos fatos Acórdãos recentes deste CARF, tais como: 1301003.379, 1301003.432, 1002 000.450, 1301003.599, ou mesmo 2202004.919, deste mesmo Conselheiro. 15. Dessa forma, deve ser revisto o Acórdão da DRJ/SDR em sua plenitude, acolhendo os argumentos apresentados na peça recursal e determinando a exclusão do lançamento do valor de R$ 118.801,41, concernentes a rendimentos tributáveis, além do já glosado valor de R$ 76.097,97, relativo a Imposto de Renda Retido na Fonte. Fl. 121DF CARF MF 6 Conclusão 16. Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso para excluir do cálculo do lançamento dos valores de rendimentos tributáveis de R$ 118.801,41, correspondente a rendimentos tributáveis. (assinado digitalmente) Ricardo Chiavegatto de Lima Relator Fl. 122DF CARF MF
score : 1.0
