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Numero do processo: 19515.005379/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
DECADÊNCIA.
Para o lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória a regra da contagem do prazo decadencial é aquela prevista no art. 173, I, do CTN.
RELEVAÇÃO DA MULTA. INAPLICABILIDADE.
Com o advento do Decreto n° 6.727, de 12 de janeiro de 2009, restou revogado o artigo 291 do Decreto 3.048/99 que, enquanto vigente, possibilitava a atenuação ou relevação das multas aplicadas, conforme o caso, não havendo, pois, a partir de então, qualquer possibilidade de ser afastada.
Numero da decisão: 2401-004.852
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, não reconhecer a decadência e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 DECADÊNCIA. Para o lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória a regra da contagem do prazo decadencial é aquela prevista no art. 173, I, do CTN. RELEVAÇÃO DA MULTA. INAPLICABILIDADE. Com o advento do Decreto n° 6.727, de 12 de janeiro de 2009, restou revogado o artigo 291 do Decreto 3.048/99 que, enquanto vigente, possibilitava a atenuação ou relevação das multas aplicadas, conforme o caso, não havendo, pois, a partir de então, qualquer possibilidade de ser afastada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, não reconhecer a decadência e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 DECADÊNCIA. Para o lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória a regra da contagem do prazo decadencial é aquela prevista no art. 173, I, do CTN. RELEVAÇÃO DA MULTA. INAPLICABILIDADE. Com o advento do Decreto n° 6.727, de 12 de janeiro de 2009, restou revogado o artigo 291 do Decreto 3.048/99 que, enquanto vigente, possibilitava a atenuação ou relevação das multas aplicadas, conforme o caso, não havendo, pois, a partir de então, qualquer possibilidade de ser afastada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 53 79 /2 00 9- 19 Fl. 114DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, não reconhecer a decadência e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 19515.005379/200919 Acórdão n.º 2401004.852 S2C4T1 Fl. 115 3 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 97/106) interposto em face do Acórdão nº. 1626.631 (fls. 82/90) que julgou improcedente a impugnação da ora recorrente, cuja ementa restou assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: GFIP. APRESENTAÇÃO MENSAL. Constitui infração a empresa deixar de apresentar, mensalmente, o documento GFIP Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Obrigações acessórias previdenciárias decaem no prazo previsto no artigo 173, inciso I, do CTN, pois, não há que se falar em antecipação de pagamento para as mesmas. RELEVAÇÃO DA MULTA. INAPLICABILIDADE. Com o advento do Decreto n° 6.727, de 12 de janeiro de 2009, restou revogado o artigo 291 do Decreto 3.048/99 que, enquanto vigente, possibilitava a atenuação ou relevação das multas aplicadas, conforme o caso, não havendo, pois, a partir de então, qualquer possibilidade de ser afastada. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. ALTERAÇÃO NOS CÁLCULOS E LIMITES DA MULTA. APLICAÇÃO DA NORMA MAIS BENÉFICA. Tratandose de ato não definitivamente julgado, a Administração deve aplicar a lei nova a ato ou fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática, assim observando, quando da aplicação das alterações na legislação tributária referente às penalidades, a norma mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, "c", do CTN). De acordo com a legislação vigente à época da autuação, a alíquota da multa moratória incidente sobre contribuição previdenciária incluída em lançamento tributário será definida no momento do pagamento, ocasião em que deverá ser realizado o confronto entre as multas aplicáveis de acordo com a legislação vigente à época do lançamento e a atual, para a fixação daquela menos severa ao contribuinte. O presente processo decorre do crédito tributário lançado em face da recorrente, por meio do DEBCAD nº. 37.248.5952. Nos termos do Relatório Fiscal de fls. 21, tratase de multa por deixar a empresa de informar por intermédio de GFIP na competência Fl. 116DF CARF MF 4 12/2004 e 13º salário os dados cadastrais, todos os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias e outras informações, nos termos do art. 32, IV, § 3º e 9º, da Lei nº. 8.212/91 c/c art. 225, IV, §§ 2º, 3º e 4º do Decreto 3.048/99, conforme demonstrativo da multa aplicada e cálculo da penalidade mais benéfica, fls 23/24. Ainda, tendo em vista os demais autos de infração lançados em decorrência da mesma ação fiscal que originou o presente, em todos os processos foi realizada a análise comparativa para aplicação da multa mais benéfica (conforme planilha de fls. 24) e, neste PAF, verificouse que a legislação vigente à data do lançamento não era a mais benéfica para a competência em questão (12/2004), razão pela qual a multa para a mencionada competência foi lançada no presente auto de infração (Relatório fls. 22). Apresentada a impugnação (fls. 42/51), esta foi julgada improcedente, nos termos do acórdão reproduzido acima. Intimada do referido acórdão em 28/02/2011 (fl. 96), apresentou tempestivamente o seu recurso voluntário (fls. 97/106) em 21/03/2011, alegando, em síntese: a) Decadência, por aplicação do art. 150, § 4º, CTN, por se tratar de tributo sujeito ao lançamento por homologação e pelo lançamento ter sido realizado em 03/12/2009 e exigir as contribuições do período referente a 01/01/2004 a 31/12/2004; b) Relevação da multa, por força do art. 291, § 1º, do Decreto 3.048/99, que exige a correção da infração no prazo para apresentação de defesa, ser primária e não contar circunstância agravante. O presente processo administrativo e seus 7 apensos foram incluídos em pauta de julgamento do dia 16 de abril de 2014, quando todos foram convertidos em diligência, por meio de resoluções específicas para cada processo, a fim de que fossem prestadas as seguintes explicações (as mesmas em todos os processos): Ante todo o exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que os autos do presente processo baixem à Delegacia de Origem, com todos os seus 07 (sete) apensos, para que a fiscalização informe se as GFIP´s juntadas às fls. 62/76 do processo 19515.005379/2009 19: (i) se relacionam ao presente lançamento; (ii) se o pagamento dos valores de cada uma delas fora devidamente recepcionado e consta no sistema da SRFB; (iii) se tais pagamentos se referem ao crédito tributário objeto do presente lançamento ou em qualquer dos outros objeto dos processos apensados a este Auto de Infração; (iv) se tais pagamentos foram aproveitados no presente lançamento ou em qualquer outro dos lançamentos constantes dos processos apensados; (v) Se tais GFIP´s foram apresentadas pela contribuinte durante a ação fiscal, tendo sido ou não consideradas na oportunidade da realização do lançamento; Fl. 117DF CARF MF Processo nº 19515.005379/200919 Acórdão n.º 2401004.852 S2C4T1 Fl. 116 5 (vi) Se tais GFIp´s apresentam a informação acerca de valores pagos à contribuintes individuais cujas remunerações foram omitidas em GFIP e folha de pagamentos relativamente a todos os processos apensados ao presente Auto de Infração; Em resposta à Resolução nº. 2401000.361 (fls. 110/113) do presente processo, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Paulo, emitiu a Informação Fiscal de fls. 176/177 do PAF 19515.005375/200931, apresentando as seguintes conclusões aos questionamentos desta turma julgadora: Assim, retornaram os autos a este e. Conselho e foram a mim distribuídos. É o relatório. Fl. 118DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Decadência A recorrente traz alegações quanto à decadência ante a natureza do crédito tributário (principal), alegando ser o mesmo tributo sujeito ao lançamento por homologação. Assim, discorre que por ser tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo decadencial deve ser contado pela regra do art. 150, § 4º do CTN. Em que pese as razões de seu recurso, estas parecem impertinentes ao presente PAF. Ora, o presente trata do lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória, razão pela qual pouco sentido fazem as alegações do recorrente. Por essa razão, entendo que a regra da contagem do prazo decadencial deve ser dar pelo art. 173, I, do CTN, por se tratar de lançamento por descumprimento de obrigação acessória, o que atrai a regra geral de contagem do prazo decadencial, nos termos do já decidido pelo STJ e entendimento pacificado neste E. Conselho. Assim, afasto a alegação de decadência do lançamento. Do pedido de relevação da multa Pugna a recorrente pela aplicação do disposto no art. 291, § 1º, do Decreto 3.048/99: Art. 291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. § 1o A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. O presente auto de infração data de 25/11/2009, ao passo que a redação o referido artigo fora revogado pelo Decreto 6.727/2009, datado de 12 de janeiro. O que pleiteia a recorrente é a aplicação de um dispositivo legal revogado, sob o fundamento de que o lançamento deve regerse pela lei vigente à época dos fatos geradores. Ora, regerse o lançamento pela lei vigente à época dos fatos geradores não implica na aplicação de lei revogada quanto à benefícios de redução/relevação da multa. O dispositivo legal suscitado pela recorrente estava revogado no momento da lavratura do auto de infração, razão pela qual não há qualquer fundamento legal que justifique a sua aplicação. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 19515.005379/200919 Acórdão n.º 2401004.852 S2C4T1 Fl. 117 7 Ainda, destaquese ser absolutamente inaplicáveis ao presente caso os mencionados artigos 144 e 106 do CTN, apresentados pela Recorrente em seu recurso voluntário. Assim, afasto o pedido de relevação da multa por ausência de fundamento legal. CONCLUSÃO Isto posto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 120DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.000656/99-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 13 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2201-000.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra. e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra. e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório O contribuinte apresentou vários pedidos de compensação de crédito com débito de terceiro com base na IN 21/1997. Os pedidos de fls. (8/19) apontam como supostos créditos RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .0 00 65 6/ 99 -8 5 Fl. 475DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 467 2 aqueles constantes do pedido de restituição/ ressarcimento dos seguintes processos, cujo detentor é a empresa Cambuhy Citrus Comercial e Exportadora S/A: n°l3851.000476/9812 (fls. 08 a 12) nº 13851.000278/9859 ( fls. 13 a 17) nº 13851.000280/9809 (fls. 18/19) O referido crédito de terceiro foi indeferido totalmente pela Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte (Araraquara), conforme Termos de Intimação DRF/AQA/Sorat nº 38/2005 proferido (fls. 26/27). Em face dessa intimação o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade fls. 29/142 alegando, em síntese, que: com base nos referidos pedidos de restituição da empresa Cambuhy Citrus Comercial e Exportadora S/A, foram apresentados diversos pedidos de compensação com débitos tributários que esta mesma empresa possuía perante a Secretaria da Receita Federal; além disso, com fundamento na legislação então em vigor, aquela empresa lhe cedeu parte de seus créditos, a qual, por sua vez, utilizouos para compensar tributos devidos; em decorrência das compensações realizadas, foi instaurado o presente processo administrativo, cujo andamento ficou suspenso até que fosse analisado o pedido de restituição em questão nos autos do processo n° 13851.000476/98 12; a Delegacia da Receita Federal em AraraquaraSP proferiu despacho decisório nos autos daquele processo administrativo, indeferindo o pedido de restituição por entender que não restou demonstrada a existência do respectivo crédito; no que se refere aos diversos pedidos de compensação relacionados àquele processo, a mencionada decisão adotou dois entendimentos diferentes: com relação à compensação efetuada pela empresa Cambuhy Citrus foi reconhecida a ocorrência da homologação tácita, haja vista que já teria transcorrido prazo superior a cinco anos da data do protocolo dos respectivos pedidos; relativamente às compensações efetuada por terceiros, na qual se inclui, não houve o reconhecimento da homologação tácita, razão pela qual os débitos estariam "em aberto"; contra o despacho decisório que indeferiu o pedido de restituição, a empresa Cambuhy Citrus apresentou manifestação de inconformidade; muito embora aquela manifestação de inconformidade esteja pendente de julgamento, foi intimada a recolher os valores que deixaram de ser pagos em função da compensação realizada, por meio da mencionada comunicação DRF/AQA/Sorat n° 38/2005; Fl. 476DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 468 3 a cobrança por ela recebida não merece prevalecer, uma vez que está em desacordo com a legislação tributária em vigor, além de contrariar a jurisprudência a respeito; o direito à apresentação da manifestação de inconformidade decorre de disposição legal expressa contida no parágrafo 7° do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996; portanto, não há qualquer motivo que justifique o nãoconhecimento da presente manifestação de inconformidade; Para completar suas alegações, a interessada se reporta às normas vigentes sobre a compensação de tributos federais, introduzidas pelas Leis n°s 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, como é o caso, por exemplo, do § 4° da Lei n° 9.430, de 1996, que estabelece que os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação desde o seu protocolo, o que, no seu entender, significa que não há diferenciação entre as compensações com créditos próprios e com créditos de terceiros. Relativamente às alterações introduzidas pela Lei n° 10.833, de 2003, destaca o § 5° do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, o qual estabelece o prazo de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação, para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo. Entende que esse parágrafo extingue definitivamente o crédito tributário após o transcurso do prazo de cinco anos, devendo ser aplicado ao caso dos autos pelo fato de os pedidos de compensação terem sido apresentados em dezembro de 1998, bem como em janeiro e fevereiro de 1999, enquanto que o comunicado Sorat ora impugnado somente foi recebido em 09/02/2005, ou seja, quando já havia transcorrido o período de cinco anos previsto no mencionado § 5°. Aduz também que ocorreu a decadência do direito de o fisco exigir os valores "sub judice", haja vista os débitos em questão serem relativos a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1998, bem como em janeiro e fevereiro de 1999. Para corroborar sua tese menciona os acórdãos da Câmara Superior de Recursos Fiscais n°s CSRF/0104260, de 02/12/2002, CSRF/0104907, de 17/02/2004, CSRF/0201152, de 20/05/2002 e CSRF/01 04719, de 01/10/2003. Ainda segundo o prazo decadencial, menciona o art. 173, I, do CTN, o qual, segundo entende, aplicase também ao presente caso, pois o vencimento dos tributos em questão ocorreu durante os anos de 1998 e 1999, o que evidencia que o prazo de cinco anos previsto no referido artigo começaria a correr a partir de 1° de janeiro de 1999 e 1° de janeiro de 2000, encerrandose o prazo decadencial, portanto, em 1° de janeiro de 2004 e 1° de janeiro de 2005. Destaca, também, o suposto equívoco do posicionamento segundo o qual o prazo de decadência relativo às contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social seria de 10 anos, nos termos do art. 45 da Lei n° 8.212/91. Por fim, argumenta, em resumo, que mesmo na hipótese de serem afastadas as preliminares acima expostas, a cobrança não pode prosseguir tendo em vista que: Fl. 477DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 469 4 o crédito utilizado nas compensações em questão está ainda em discussão no processo n° 13851.000476/9812, e, dessa forma, todos os fundamentos utilizados pela empresa Cambuhy Citrus para justificar o direito à restituição discutido no referido processo são inteiramente aplicáveis ao caso "sub judice", devendo as razões das manifestações e inconformidade apresentadas fazerem parte integrante da presente petição; diante das razões apresentadas, as quais demonstram a efetividade do direito creditório utilizado na compensação por ela realizada, deve ser cancelada a cobrança em questão nos presentes autos; em face da conexão existente entre as questões discutidas nos presentes autos e aquelas que são objeto dos processos mencionados, qualquer exigência fiscal relativa à compensação "sub judice" somente deve ocorrer após ser proferida uma decisão definitiva no que diz respeito aos créditos compensados; não prevalecendo o entendimento acima, corre o risco de incorrer no "solve et repete", banido há muito tempo de nosso ordenamento jurídico e repudiado pela doutrina e jurisprudência; tal hipótese estaria configurada se, no presente caso, fosse obrigada a recolher os créditos tributários que quitou por meio de compensação e, posteriormente, obtiver uma decisão favorável no processos n° 13851.000476/9812; a jurisprudência sempre entendeu que não é possível a Administração exigir tributos indevidos, forçando os contribuintes a pedirem, em momento posterior, a restituição do montante pago, como é o caso do acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ao julgar o Recurso Extraordinário n° 63.026, de 25/04/1968. Diante do exposto, requer que a presente manifestação de inconformidade seja julgada procedente, com o conseqüente cancelamento da cobrança ora impugnada. [...]”Às fls. 143 informação da SORAT de Araraquara informando: “Senhor Chefe: Os débitos às folhas 06/09 foram objeto de pedido de compensação com crédito de terceiro já indeferido no processo 13851.000476/9812. (fls.23/24 e 40/42). Às folhas 25/142 o interessado apresenta sua "manifestação de inconformidade" alegando que o PEDIDO DE COMEPENSAÇÃO COM CRÉDITO DE TERCEIRO teria convertido em DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO, portanto, sua exigibilidade estaria suspensa até a decisão irreformável proferida no processo de crédito 13851.000476/9812. Informo que atualizei a situação deste processo no PROFISC retirando a PENDÊNCIA DE COMPENSAÇÃO e registrando a REVISÃO DE LANÇAMENTO. Isto posto, proponho o encaminhamento destes autos à DRF/AQA/Sorat/Eqort para que seja proferida outra decisão negando seguimento ao recurso.” Fl. 478DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 470 5 Às fls. 112/116 Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal de Araraquara assim decidida: “ À Vista de todo o exposto e em razão do constante nos autos, sou pelo não seguimento da Manifestação de Inconformidade à Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto em virtude da não conversão dos pedidos de compensação em declaração de compensação consoante o demonstrado e da inexistência de disposição legal autorizando que este tipo de reclamação administrativa, formulada pelo terceiro devedor do pedido de compensação, seja utilizada nesta hipótese.” Às fls. 119/125 o contribuinte apresenta o que chama de recurso com base no art. 56 da Lei 9.784/09 pedindo em síntese: Com base nos fundamentos do recurso acima desenvolvidos, a recorrente requer que seja reconhecida a nulidade do despacho decisório ora recorrido, em razão da inexistência de competência do Sr. Chefe do SORAT para apreciar o cabimento da manifestação de inconformidade apresentada nestes autos. Conseqüentemente, requer que os autos sejam remetidos à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, órgão competente para a apreciação da manifestação de inconformidade apresentada. Por fim, requer a suspensão de qualquer ato de cobrança, antes do julgamento da referida petição. Logo após às fls. 159/162 liminar da 2ª Vara da Justiça Federal de Araraquara nos autos do Mandado de Segurança nº 2006.61.20.0062673 determinando a suspensão do crédito tributário e que a autoridade fazendária recebesse e processasse a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Às fls. 164 foi encaminhada a manifestação de inconformidade para julgamento na DRJ e às fls. 169 informação de que a segurança havia sido denegada com cópia da sentença às fls. 171/178. Com base nessa informação a DRJ às fls. 179 determinou o reenvio dos autos para a SORAT de Araraquara. Às fls. 180 uma informação importante da SACAT com informação relevante para o deslinde do presente assunto que diz: Nos autos do processo de restituição de IRPJ n° 13851.000476/9812, de valores que a contribuinte alega ter pago a maior ou indevidamente, a contribuinte logrou êxito na demanda administrativa, através de recurso voluntário ao conselho de contribuinte e com o crédito efetuou compensações que abrangem a presente representação. Assim, mesmo obstante a decisão desfavorável de folhas retro, os autos devem, de acordo com a portaria n° 55, de 02 de maio de 2007, serem encaminhados à Seção de Orientação e Análise Tributária para as providências de compensação. Essa informação de fls. 180 sequer foi analisada pela autoridade fazendária que nos autos do PAF 13851.0004476/9812 em que o contribuinte é a Citrovita (cujo crédito foi Fl. 479DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 471 6 utilizado nesses autos para efetuar a compensação dos pedidos de fls. 08/12 não foram analisadas caindo no esquecimento, ao que parece, passando desapercebido inclusive pelo próprio contribuinte. A autoridade fazendária fez juntar aos autos cópia do despacho decisório do terceiro (Cambuy Citrus Comercial e Exportadora Ltda.,) às fls. 185/188 que reconheceu em parte a compensação no PAF 13851.000278/9859 compensado apenas os créditos próprios denegando dos terceiros e às fls. 189 Intimação 320/2008 da SAORT informando o contribuinte desses autos que em decorrência do julgamento do crédito utilizado do terceiro no outro processo ter sido negado são exigíveis os débitos nesse processo. Mais uma vez o contribuinte agora às fls. 191/200 apresenta manifestação de inconformidade e às fls. 311 intimação da 818/2011 da SAORT informando o contribuinte de que este E. CARF havia negado provimento ao recurso administrativo do contribuinte no PAF 13851.000278/9859 em nome de Cambuy Citrus Comercial e Exportadora Ltda. e portanto exigindo o tributo nesses autos. O contribuinte em arrazoado de fls. 319/321 levanta vários argumentos para a autoridade fiscal pedindo para que fosse encaminhado a manifestação de inconformidade para julgamento pela DRJ e às fls. 324/331 juntando cópia do V. Acórdão do E. TRF da 3ª Região que na apelação nos autos do mandado de segurança havia reformado a r. sentença denegatória da segurança e determinando que se fosse processada as manifestações de inconformidade do contribuinte. Às fls. 351 informação interna da SAORT assim aduzida: Senhor Chefe, O presente processo controla débitos fazendários em nome do contribuinte acima identificado, os quais foram por ele compensados com a utilização de suposto crédito de terceiro nos anos de 1998/1999 (na época permitido pelas normas então vigentes). Derrotado na esfera administrativa, o atual sucessor desse hipotético direito creditório, Votorantim Participações S/A, CNPJ 61.082.582/000197, não se manifestou contra decisão desfavorável do CARF, quando notificado por esta delegacia em 07/11/2011 (ciência realizada no processo 13851.000278/9859, folhas 309/310, no qual se promoveu o debate de mérito). Já o devedor Cambuhy Agrícola Ltda., quando cobrado por meio da Intimação 0818/2011, folhas 336/337 deste processo, se achou injustiçado e pediu o afastamento dos pagamentos, por diversos motivos, como se vê em sua apelação exibida nas folhas 344 a 373. Assim, em decorrência do que foi aqui exposto, submeto este assunto e o seu desenrolar a apreciação e a deliberação por parte desta Chefia, a fim que possa dar prosseguimento aos processos supramencionados. A autoridade fiscal às fls. 352/357 apresentou informação fiscal em resposta ao contribuinte e após a decisão da DRJRPO (fls. 374/387) julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade, decidindo que os procedimentos de cobrança levados a efeito pela autoridade local da RFB não careciam de reparos. Fl. 480DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 472 7 Cientificado da decisão de piso (fls. 473), irresignado, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 394/407 e 423/436), nos seguintes termos: A partir das alterações das regras acerca das compensações, com o advento do artigo 74, § 4º, da Lei nº 9.430/96, os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa devem ser considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, sem a distinção, pelo intérprete da norma, quanto aos créditos próprios ou de terceiros, vedação pacificada na doutrina e jurisprudência; Não há como desconsiderar o pedido de compensação que utilizou crédito de terceiro, ante a autorização legal à época, permitida pelo artigo 15 da IN SRF nº 21/97; Ocorreu a homologação tácita do pedido de compensação do Recorrente, haja vista que o pedido de restituição ocorreu em 1998 e o comunicado da SAORT informando a glosa na compensação ocorreu somente em julho de 2008, fato que contraria o parágrafo 5º do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, que dispõe que o prazo para a homologação da declaração de compensação é de 5 (cinco) anos contados da sua apresentação; Em razão do quanto informado no item acima, ocorreu a decadência do direito de lançar; Ocorreu a prescrição sub judice, pois a DCTF declaratória do crédito foi transmitida em 04/08/1998 e o comunicado da SAORT informando a glosa na compensação ocorreu somente em julho de 2008, há mais de dez anos da apresentação daquela; Requer novamente a análise das razões da manifestação de inconformidade apresentada no PAF 13851.000278/9859, pois demonstram a efetividade do direito creditório utilizado na compensação, o que evitará a solve et repete, banida h muito tempo de nosso ordenamento jurídico, resguardando o Recorrente de ser obrigado a recolher os débitos tributários que quitou por meio de compensação e, posteriormente, caso seja proferida decisão favorável naqueles autos, terá o valor restituído; Ao final, requereu o conhecimento e provimento do recurso, para reformar a decisão de piso, desamparada na legislação e jurisprudência em vigor, que deixou de homologar as compensações levadas a efeito regularmente. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator Esclarecimentos Duplicidade de Protocolo de Recurso Inicialmente, cumpre esclarecer que o mesmo recurso foi interposto em duplicidade, conforme constatase da análise às fls. 394/407 e 423/436. Fl. 481DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 473 8 Dessa forma, passarei a considerar as razões de ambos a fim de se evitar a alegação de cerceamento de defesa. Conexão Cumpre frisar que, segundo informa o Despacho proferido pela SAORT às fls. 371, este processo tramita em conexão ao processo nº 13851.000278/9859, que controla o crédito (Pedido de Restituição) objeto da compensação requerida através do presente PAF, conforme abaixo transcrito: “Este processo deve ser analisado junto com o processo 13851.000278/9859, sendo que o mesmo é de RESTITUIÇÃO PJ. É o processo que contém os supostos créditos que a interessada quer compensar com este, que é de REPRESENTAÇÃO PJ e controla os débitos (ver também o Despacho/Informação Fiscal de fls. 376 a 381).” Feitos esses esclarecimentos, passo ao julgamento. Saneamento do Processo Conforme o Termo de Informação Fiscal relatado pela Seção de Orientação e Análise Tributária (Saort), da DRF/Araraquara, acostado às fls. 352/357, o pedido de compensação tratado nestes autos foi ancorado em pedidos de restituição/ressarcimento formalizados nos PAFs n° 13851.000476/9812, 13851.000278/9859 e esqueceuse do PAF 13851.00028098/09, cujo detentor dos créditos é a empresa Cambuhy Citrus Comercial e Exportadora S.A. (empresa, à época, pertencente ao grupo econômico do qual o Recorrente estava vinculado). Como facilmente se constata pela pesquisa do andamento do processo n° 13851.000476/9812 realizada no site deste E. CARF, foi reconhecido o direito creditório requerido naquele expediente no qual a própria autoridade fazendária às fls. 180 informou que o detentor do crédito sagrouse vencedor no E. CARF, contudo, essa informação oficial desta situação não está acostada nestes autos, nem sequer há informação da SAORT acerca da utilização daquele direito creditório pelo Recorrente nesse processo para eventual extinção dos débitos dos pedidos de fls. (fls. 08 a 12). Na mesma toada, não existem informações relativas ao PAF 13851.000280 98/09 cujo crédito está sendo utilizado para compensação dos pedidos de fls. (18/19). Assim, entendo que documentos comprobatórios das situações acima descritas devem integrar estes autos, com a finalidade de auxiliar o julgador a formar a sua convicção e decidir conforme a verdade dos fatos. Percebese também não integrar estes autos o comunicado oficial do Poder Judiciário noticiando o provimento da decisão (apelação) em mandado de segurança que ordenou o processamento da manifestação de inconformidade ventilada neste expediente processual. Muitos documentos e informações estão no PAF 13851.000278/9859 que ora está sendo apensado a esses autos e outrora não, criando enormes dificuldades para a análise do assunto. Fl. 482DF CARF MF Processo nº 13851.000656/9985 Resolução nº 2201000.260 S2C2T1 Fl. 474 9 Dessa forma, privilegiando o interesse público e para a análise da realidade dos fatos, com o fim de se buscar a verdade material e na forma como orienta o “Manual do Conselheiro – CARF 2016”, as diligências devem ser determinadas exclusivamente para esclarecer pontos ou complementar informações processuais com vistas a dirimir dúvidas e suprir deficiências de instrução processual decorrentes dos fatos relatados pela autoridade administrativa ou em face das alegações e elementos trazidos pela parte interessada em sua impugnação e recurso. Dessa forma, decido por converter o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora para: 1 À vista da situação atual dos processos que lastream os pedidos de compensação de fl. 08 a 19, Justificar a necessidade de envio do presente processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais; 2 Confirmada tal necessidade, juntar ao presente processo cópia das conclusões proferidas nos PAF nº 13851.000476/9812 e 13851.000278/9859, os quais trataram do direito creditório pleiteado CAMBUHY CITRUS COMERCIAL E EXPORTADORA S/A; 3 Juntar ao presente processo cópia das conclusões proferidas no PAF nº 13851.000280/9809, o qual tratou do direito creditório pleiteado CAMBUHY MC INDUSTRIAL LTDA; 4 Elaborar relatório circunstanciado do qual deverá constar: 4.1 a situação atual dos processos citados nos itens “b” e “c”; 4.2 a natureza dos créditos pleiteados; 4.3 indicação expressa se os débitos indicados nos pedidos de compensação de fl. 08 a 19 foram compensados nos processos de crédito supracitados; 5 caso a resposta ao item anterior seja negativa, indicar se há direito creditório que possa ser utilizado para promover tal extinção, quantificandoo, por processo de crédito; 6 no caso de existência de crédito, ainda que parcial, os valores deverão ser reservados para o presente processo, para evitar eventual utilização no lapso de tempo entre a conclusão da presente diligência e a execução posterior de decisão exarada por este Conselho; 7 no caso de inexistência total ou parcial de crédito para ser compensado com os débitos do presente processo, elaborar extrato de utilização dos créditos reconhecidos. Ao final, se for o caso, deverá ser dada ciência ao Contribuinte do resultado da diligência para eventual manifestação. Ante a todo o exposto, voto por converter o processo em diligência. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 483DF CARF MF
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Numero do processo: 11516.722263/2014-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012
BASE DE CÁLCULO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. RETENÇÃO NA FONTE. DEDUÇÃO.
A base de cálculo do PASEP devido pelas pessoas jurídicas de direito público interno é composta pelo valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebida.
FUNDEB. BASE DE CÁLCULO. O fundo instituído pela Lei Federal 11.494/2007 não possui personalidade jurídica, não se qualificando como hipótese de dedução da base de cálculo da contribuição.
CONVÊNIO. BASE DE CÁLCULO.
As transferências decorrentes de convênios, mesmo que com objeto definido, compõem a base de cálculo do PASEP dos municípios.
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE.
Não cabe a esse Tribunal afastar lei ou tratado por vício de inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2 e artigo 62, do RICARF.
Numero da decisão: 3401-003.815
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
TIAGO GUERRA MACHADO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayer, Augusto Fiel Jorge D'Oiveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 BASE DE CÁLCULO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. RETENÇÃO NA FONTE. DEDUÇÃO. A base de cálculo do PASEP devido pelas pessoas jurídicas de direito público interno é composta pelo valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebida. FUNDEB. BASE DE CÁLCULO. O fundo instituído pela Lei Federal 11.494/2007 não possui personalidade jurídica, não se qualificando como hipótese de dedução da base de cálculo da contribuição. CONVÊNIO. BASE DE CÁLCULO. As transferências decorrentes de convênios, mesmo que com objeto definido, compõem a base de cálculo do PASEP dos municípios. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. Não cabe a esse Tribunal afastar lei ou tratado por vício de inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2 e artigo 62, do RICARF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN - Presidente. TIAGO GUERRA MACHADO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayer, Augusto Fiel Jorge D'Oiveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado
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PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. RETENÇÃO NA FONTE. DEDUÇÃO. A base de cálculo do PASEP devido pelas pessoas jurídicas de direito público interno é composta pelo valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebida. FUNDEB. BASE DE CÁLCULO. O fundo instituído pela Lei Federal 11.494/2007 não possui personalidade jurídica, não se qualificando como hipótese de dedução da base de cálculo da contribuição. CONVÊNIO. BASE DE CÁLCULO. As transferências decorrentes de convênios, mesmo que com objeto definido, compõem a base de cálculo do PASEP dos municípios. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. Não cabe a esse Tribunal afastar lei ou tratado por vício de inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2 e artigo 62, do RICARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN Presidente. TIAGO GUERRA MACHADO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 22 63 /2 01 4- 93 Fl. 546DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 547 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayer, Augusto Fiel Jorge D'Oiveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 515 e seguintes) contra decisão da Delegacia Regional de Julgamento (DRJ) que considerou improcedente as razões da Recorrente sobre a nulidade de Auto de Infração referente à insuficiência de pagamento da Contribuição para o PASEP, durante o período compreendido entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012. Do auto de infração Em cumprimento a Mandado de Procedimento Fiscal, foi verificada a insuficiência de recolhimento da contribuição social ao PASEP. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 11 e seguintes), foi constatado que: (a) A recorrente é pessoa jurídica de direito público interno e está sujeito ao pagamento da contribuição ao PASEP, calculada sobre suas receitas, incluindo as transferências de recursos recebidas. O fato gerador da referida contribuição ocorre quando o sujeito passivo aufere tais receitas/transferências. (b) Com base nas informações fornecidas pela Recorrente, quanto do procedimento de fiscalização, foi possível diferenciar as entidades que possuem personalidade jurídica própria dos fundos que possuem natureza meramente contábil/financeira. (c) Diante disso, temos que as entidades que possuem natureza jurídica própria são: Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto SAMAE 82.559.154/000182 Lei n. 428/1972 Fundação Ambiental Municipal de Orleans FAMOR 09.388.320/000135 Lei n. 2.154/2007 (d) Enquanto isso, subsiste um fundo, pertencente ao Recorrente, sem personalidade jurídica própria e que tem natureza meramente contábil/financeira: Fundo Municipal de Saúde – FMS 03.230.443/000167 Lei n. 1.021/1992 Fl. 547DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 548 3 (e) Nesse cenário, a Fiscalização entendeu que a base de cálculo da contribuição deveria incluir as receitas auferidas e transferências recebidas pela Prefeitura Municipal de Orleans e pelo seu fundo sem personalidade jurdíca própria, o Fundo Municipal de Saúde; (f) Com relação ao FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – foi constatado que as deduções para sua formação na circunscrição do Recorrente eram constituídas as seguintes contas: 9.1.7.2.1.01.02.00.00.00 Dedução CotaParte do FPM Formação FUNDEB 9.1.7.2.1.01.05.00.00.00 Dedução de Receita p/ Formação do FUNDEB ITR 9.1.7.2.1.36.01.00.00.00 Ded Rec p/ Form do FUNDEB ICMS Deson LC 87/96 9.1.7.2.2.01.01.00.00.00 Dedução do ICMS para Formação do FUNDEB 9.1.7.2.2.01.02.00.00.00 Dedução de Receita para Formação do FUNDEB IPVA 9.1.7.2.2.01.04.00.00.00 Ded Cota Parte IPIExp p/ Formação FUNDEB (g) Com relação a essas rubricas, da mesma forma, a D. Fiscalização entendeu ser indevida sua exclusão da base de cálculo, em vista de “as transferências ao FUNDEB não podem ser deduzidas da base de cálculo do PASEP por falta de previsão legal”. Por fim, o auditorfiscal reconstituiu a apuração da contribuição, incluindo as transferências ao FUNDEB e as receitas atinentes ao Fundo Municipal de Saúde, vindo a lançar crédito tributário sobre a diferença encontrada entre o valor apurado pelo auditor e os valores declarados pelo Recorrente. Da Impugnação Irresignada, a Recorrente ofereceu impugnação (fls. 393 e seguintes), que, em síntese, assim afirmava: (a) Que haveria de ser declarado nulo o lançamento, que, diante da imprecisão dos valores ora lançados e falta de descrição pormenorizada da suposta infração, estaria eivado de vício formal a prejudicar o exercício da ampla defesa; (b) Não teriam sido excluídas, no cálculo efetuado pela fiscalização, as receitas correntes e de capitais, conforme previsto nos artigos 2º e 7º, da Lei Federal nº 9.715/1998; (c) A Lei nº 12.810, de 15 de maio de 2012, acrescentou o § 7º no art. 2º da Lei nº 9.715, de 1998, excluindo das receitas correntes e das transferências correntes e de capital recebidas os recursos provenientes de convênios, contratos de repasse ou instrumentos congêneres, de modo que “o auditor fiscal não excluiu da base Fl. 548DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 549 4 de cálculo do PIS/Pasep os recursos provenientes de convênios, contratos de repasse ou instrumentos congêneres recebidos pelo município” (d) Diante disso, o Recorrente solicita perícia contábil para avaliar a base de cálculo da contribuição. (e) Deveriam ser deduzidos os valores a título de PIS/Pasep retidos na fonte quando das transferências correntes e de capital recebidas pelo município, tais como: FPM, ITR, CFM, Cide, FEP, ICMS desoneração das exportações e outras; (f) Deveriam ser excluídos também, os valores do FUNDEB, eis que “a União, ao creditar aos cofres municipais os recursos destinados do Fundeb, já realiza a retenção na fonte da importância de um por cento para fins de contribuição ao PIS/Pasep e, portanto, é dispensada tal obrigação ao município, senão haverá evidente bitributação, o que é expressamente vedado pela Constituição Federal.” (g) “Por ser obscura e divergente a legislação que guarnece a matéria, em atenção ao princípio constitucional da legalidade e de que a legislação tributária deve ser interpretada sempre em favor do contribuinte, a base de cálculo do PASEP sobre o FUNDEB deverá ser sobre o valor que efetivamente o Ente Público recebe quando do rateio dos recursos do FUNDEB, e não em relação ao quantum vertido para o referido Fundo, via repasse da União”; (h) A multa de ofício aplicada no importe de 75% teria caráter confiscatório, devendo, pois, ser excluída, sob pena de violação ao art. 150, inciso IV, da Constituição Federal, ou reduzida para os percentuais que vêm sendo arbitrados pela Justiça na importância máxima de 10%; Da Decisão de Primeiro Grau Sobrevindo o julgamento de primeira instância, a Delegacia de Julgamento manteve o crédito lançado nos seguintes termos: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 BASE DE CÁLCULO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. RETENÇÃO NA FONTE. DEDUÇÃO. A base de cálculo do PIS/Pasep devido pelas pessoas jurídicas de direito público interno é composta pelo valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebida. Da contribuição apurada deve ser deduzida a já retida na fonte quando das transferências constitucionais. Fl. 549DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 550 5 CONVÊNIO. BASE DE CÁLCULO. As transferências decorrentes de convênios, mesmo que com objeto definido, compõem a base de cálculo do PIS/Pasep dos municípios. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. Não cabe às autoridades que atuam no contencioso administrativo proclamar a inconstitucionalidade ou a ilegalidade de lei ou ato normativo em vigor. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIAS. Não pode recair mais de uma contribuição ao PIS/Pasep sobre as transferências de recursos entre as entidades públicas. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” Transcrevo, ainda, a parte mais relevante concernente à exclusão de rubricas aludidas pela Recorrente: “Quanto à possibilidade de deduzir da base de cálculo do PIS/Pasep as receitas decorrentes de convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere com objeto definido, digase que à época da ocorrência dos fatos geradores não havia nenhuma previsão para isso. Apenas com a edição da Lei nº 12.810, de 15 de maio de 2013, cujo art. 13 incluiu o § 7º no art. 2º da Lei nº 9.715, de 1998, passou a existir a hipótese de exclusão da base de cálculo do PIS/Pasep para os valores de transferências decorrentes de convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere com objeto definido. A inclusão desse § 7º no art. 2º da Lei nº 9.715, de 1998, deixa claro que antes disso o PIS/Pasep incidia sim sobre essas receitas, pois, se assim não fosse, esse dispositivo teria sido acrescentado inutilmente, o que contraria o princípio basilar de hermenêutica jurídica, segundo o qual a lei não contém palavra inúteis. Com relação à alegação de que o autuante não teria excluído os valores repassados aos consórcios e demais entidades públicas, o impugnante não trouxe aos autos nenhum comprovante desses repasses e tampouco da natureza jurídica dos beneficiários. Observese que, nos termos do art. 7º da Lei nº 9.715, de 1998, acima transcrito, somente podem ser deduzidas da base de cálculo as transferências efetuadas a outras entidades públicas.” Quanto a se os valores retidos foram levados em consideração no cálculo do lançamento: “Em relação aos valores retidos na fonte pelo Banco do Brasil quando das transferências correntes recebidas pelo município, pela citada planilha de fl. 19, constante do Relatório Fiscal, observase que o autuante fez sim a redução dos valores retidos. Esses valores não são idênticos aos reclamados pelo contribuinte, como se nota pelo cotejo da planilha do auditor fiscal às fls. 366/372 e a planilha Fl. 550DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 551 6 anexada pelo impugnante às fls. 421/429, referente esta a apenas alguns períodos de apuração. Entretanto, pela consulta realizada por este julgador ao sítio na internet do Banco do Brasil, verificase que os dados considerados pelo autuante é que estão corretos. Exemplos dessa consulta foram anexados às fls. 458/496.” Quanto à exclusão dos valores referentes ao FUNDEB: “Quanto ao Fundeb, é certo que os valores repassados a esse fundo não podem ser excluídos da base de cálculo do PIS/Pasep, pois não estão abrangidos pela hipótese de dedução prevista no art. 7º da Lei nº 9.715, de 1998, já que não se trata de uma entidade pública, mas meramente de um fundo contábil. Esse foi o procedimento da fiscalização conforme se verifica pela planilha às fls. 248/251, na qual estão discriminados os repasses aos Fundeb, que foram contabilizados pelo autuado em contas de deduções da receita corrente.” Ainda em relação a essa rubrica, foi constatado que, de fato, não deveria ser objeto de nova incidência do PASEP no caso em que fosse oriundo de repasses da União Federal por já haver ocorrido a incidência da contribuição social anteriormente: “Assim, com esse mesmo entendimento, devem ser deduzidos da base de cálculo os recursos recebidos pelo autuado do Fundeb (conta 1724.01.00), tendo em vista se tratar de receitas já tributadas em operações anteriores. De fato, esses valores já sofreram antes a incidência da contribuição devida por outras pessoas jurídicas que repassaram tais recursos a esse fundo, como é justamente aqui o caso, quando o auditor fiscal faz incidir o PIS/Pasep sobre os repasses do autuado ao Fundeb.” Quanto ao caráter confiscatório da multa de 75%: “No que tange à multa aplicada, as alegações do contribuinte se voltam contra a constitucionalidade da legislação que fundamentou a lavratura do auto de infração. Com efeito, a vedação ao confisco prevista no art. 150, IV, da Constituição Federal dirigese ao legislador com o intuito de impedir a instituição de tributo que tenha em seu conteúdo aspectos ameaçadores à propriedade ou à renda tributada, mediante, por exemplo, a aplicação de alíquotas muito elevadas. Portanto, a observância desse princípio relacionase com o momento de instituição do tributo ou de determinação da multa a ser aplicada no caso de falta de recolhimento. Concluise que, uma vez vencida a etapa da sua criação, não configura confisco a aplicação da lei tributária. Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado no que diz respeito ao princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Portanto, a alegação da impugnante de confisco ou de ofensa ao princípio da proporcionalidade e da razoabilidade se reporta à constitucionalidade da legislação que fundamentou a aplicação da multa de ofício, não cabendo a esta Turma de Julgamento apreciála. Com efeito, em sede de processo administrativo, são vedadas as discussões em torno da suposta inconstitucionalidade da legislação, como determina o Decreto nº 70.235, de 1972, em seu art. 26A(...)” Fl. 551DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 552 7 Do Recurso Voluntário Como decorrência da decisão da DRJ, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário, em que veio a reprisar os argumentos da impugnação. É o relatório. . Voto Conselheiro Tiago Guerra Machado Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, de modo que dele tomo conhecimento. Das Preliminares Sobre o cerceamento de defesa, não entendo haver vício capaz de ser enquadrado no artigo 59, do Decreto 70.235/1972. O lançamento foi fundamentado e relatado à exaustão pela autoridade conforme pode ser atestado pelo extenso Termo de Verificação Fiscal. Nesse sentido, não merecendo prosperar a tese levantada pela Recorrente, nego provimento à preliminar de nulidade apresentada. Do Mérito Entendo que o cerne do presente Recurso se divide nas seguintes partes: (a) Quais rubricas devem ser exclusão da base de cálculo da contribuição ao Pasep; (b) Inconstitucionalidade da multa de ofício de 75% diante de seu caráter confiscatório. Passo às minhas considerações. (a) Quanto à base de cálculo do PASEP Fl. 552DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 553 8 A base de cálculo do PASEP está prevista na Lei Federal 9.715/1998, em seu artigo 2º: Art. 2o A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: (...) III pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. Ressaltese, ainda, que, à época dos fatos geradores sob análise, o parágrafo sétimo1, do mesmo artigo, não havia sido inserido ao texto original, de modo que não havia previsão de exclusões da base de cálculo que não as referenciadas no artigo 7º, da mesma Lei, abaixo transcrito. Art. 7º Para os efeitos do inciso III do art. 2º, nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. De tal sorte que não merece igualmente prosperar a intenção da Recorrente de ver excluídas da base de cálculo, quaisquer recursos provenientes de convênios, contratos de repasse ou instrumentos congêneres recebidos pelo município ocorridos até 2013, que compõe a integralidade do período lançado pela fiscalização. Da mesma forma, com relação à inteligência do artigo 7º, supramencionado, somente é possível a exclusão das “transferências efetuadas a outras entidades públicas”, sendo certo que deve se entender como “entidade pública” outra pessoa jurídica de direito público interno, de modo a ser evitar a incidência “em cascata” da contribuição, fazendoa incidir uma única vez, da origem do recurso à aplicação final do valor transferido. Contudo, a Recorrente deseja ter os recursos destinados ao FUNDEB excluídos da base de cálculo. O FUNDEB foi instituído pela Lei Federal 11.494/20072, para alcançar a efetividade da obrigação prevista no artigo 60, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). 1 §7º Excluemse do disposto no inciso III do caput deste artigo os valores de transferências decorrentes de convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere com objeto definido. 2 Art. 1º É instituído, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB, de natureza contábil, nos termos do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT. (...) I pelo menos 5% (cinco por cento) do montante dos impostos e transferências que compõem a cesta de recursos do Fundeb, a que se referem os incisos I a IX do caput e o § 1o do art. 3o desta Lei, de modo que os recursos previstos no art. 3o desta Lei somados aos referidos neste inciso garantam a aplicação do mínimo de 25% (vinte e cinco por cento) desses impostos e transferências em favor da manutenção e desenvolvimento do ensino; Fl. 553DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 554 9 Portanto, o FUNDEB, é um fundo especial composto por recursos da União, dos Estados e dos municípios, tendo natureza meramente contábil, Não é, portanto, uma entidade dotada de personalidade jurídica, não fazendo jus à sua inclusão no rol das deduções previstas no aludido artigo 7º. Nem se diga que a existência de registro perante o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) seria indício de que há personalidade jurídica de tais fundos, já que a legislação regulamentar do CNPJ prevê a obrigatoriedade de registro de entidades que, por sua vez, não possuem, indubitavelmente, personalidade jurídica, como os consórcios de empresas. Por fim, restando claro pelos autos que a fiscalização veio a deduzir da base de cálculo todas as retenções, não há o que se falar de exclusão adicional nesse ínterim. Isto posto, entendo pela manutenção integral do lançamento impugnado, haja vista não haver previsão legal para as exclusões da base de cálculo pretendidas pela Recorrente. (b) Quanto à inconstitucionalidade da multa de ofício Em vista da Súmula CARF nº 2, declinome de analisar essa parte do Recurso, uma vez que é vedado a esse tribunal administrativo exercer controle de constitucionalidade. Da mesma forma, esse Tribunal não é obrigado a seguir a jurisprudência das Cortes superiores, a não ser nos casos previstos no parágrafo segundo, do artigo 62, do Regulamento do CARF. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Não é o presente caso. Das Conclusões Por todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário, porém negolhe provimento. II pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) dos demais impostos e transferências. Art. 2º Os Fundos destinamse à manutenção e ao desenvolvimento da educação básica pública e à valorização dos trabalhadores em educação, incluindo sua condigna remuneração, observado o disposto nesta Lei. Fl. 554DF CARF MF Processo nº 11516.722263/201493 Acórdão n.º 3401003.815 S3C4T1 Fl. 555 10 Tiago Guerra Machado Relator Fl. 555DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.908718/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 15/06/2001
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO.
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.719
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 15/06/2001 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1591; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.908718/200911 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201002.719 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de março de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO PAGAMENTO INDEVIDO Recorrente ABW FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/06/2001 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 87 18 /2 00 9- 11 Fl. 70DF CARF MF Processo nº 15374.908718/200911 Acórdão n.º 3201002.719 S3C2T1 Fl. 3 2 ABW FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição social (PIS ou Cofins). A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade, a contribuinte alegou, em síntese, que parte do pagamento declarado era indevido, sem, contudo, trazer aos autos qualquer elemento probatório do crédito pleiteado, como a escrita fiscal ou notas fiscais. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 1332.702. A DRJ fundamentou sua decisão no fato de que o recolhimento alegado como origem do crédito encontravase integralmente alocado para a quitação de débito confessado, não se tendo por caracterizado o alegado pagamento indevido ou a maior, dada a inexistência de comprovação de erro no preenchimento da DCTF. Em seu recurso voluntário a Recorrente alega, em resumo, que a legislação não se encontra autorizada a alterar conceitos adotados na Constituição Federal, não sendo possível, por conseguinte, a ampliação da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e Cofins), uma vez que, no período de apuração sob comento, a base de cálculo se restringia ao faturamento, ou seja, ao resultado das vendas de mercadorias e da prestação de serviços, dada a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições promovido pela Lei 9.718/1998. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.640, de 30/03/2017, proferido no julgamento do processo 13558.901073/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.640): O Recurso Voluntário é tempestivo, e não verificando outros óbices, tomo conhecimento dele. A recorrente alega que a parcela do Darf que considera indevida seria referente à ampliação da base de cálculo da Cofins, promovida pela Lei 9.718/98. Dois obstáculos impedem o provimento solicitado. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 15374.908718/200911 Acórdão n.º 3201002.719 S3C2T1 Fl. 4 3 O primeiro é que toda a argumentação quanto à base de cálculo da Cofins não foi feita na Manifestação de Inconformidade, e por isso, tal matéria encontrase atingida por preclusão, conforme art. 17 do PAF – Decreto 70.235/721, combinado com art. 74, §§ 9º, 10 e 11 da Lei 9.430/962. O segundo obstáculo é que o crédito pretendido não foi demonstrado e provado. Com efeito, o débito de Cofins, no valor integral do Darf, foi confessado em DCTF. A DCTF é o instrumento formal para confissão de débito, no lançamento por homologação (Decretolei 2.124/84), de modo que o crédito tributário representado pelo valor integral do Darf foi formalmente constituído. Estando o crédito tributário formalmente constituído, para que se pudesse retificálo seria necessária prova de sua inexatidão. Seria preciso demonstrar, documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova. Ora, o ônus da prova cabe ao interessado (art. 36 da Lei 9.784/993, art. 373,I do CPC4). Sem tais elementos, se mostra impossível desconstituir o que formalmente foi constituído. Também considero inaplicável o pedido de diligência. Com efeito, a recorrente já teve duas oportunidades para demonstrar seu direito material: 1 – após a ciência do Despacho Decisório, e 2 – após a ciência do Acórdão de manifestação de inconformidade. Permitir agora uma terceira oportunidade malfere o art. 16, § 4º do PAF Decreto 70.235/72: §4º – A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; 1 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. 2 § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 3 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 4 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 72DF CARF MF Processo nº 15374.908718/200911 Acórdão n.º 3201002.719 S3C2T1 Fl. 5 4 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não se verificando nenhuma dessas exceções, não pode agora o processo ser submetido a nova fase probatória, nas quais se mostrariam necessárias verificações fiscais, batimentos, etc, que não tiveram lugar no tempo próprio. Desse modo, e ainda por homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para determinação de diligência. Assim, o crédito solicitado não pode ser deferido, em vista dos dois fundamentos expostos, cada um per se suficiente para o desprovimento. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Destaquese que, neste processo, não houve preclusão de matéria, situação que ocorreu no paradigma, dado que a recorrente já havia informado na Manifestação de Inconformidade que a origem do direito creditório alegado era a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Todavia, da mesma forma que no caso do paradigma, nos presentes autos a contribuinte não demonstrou, "documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova", o que, por si só, impede o reconhecimento do direito creditório em litígio. Dessa forma, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 73DF CARF MF
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Numero do processo: 12448.727105/2011-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
RECURSO DE OFÍCIO - LIMITE PARA INTERPOSIÇÃO. PORTARIA MF nº 63, DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017.
De acordo com precedentes deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, alteração no limite mínimo para interposição de recurso de ofício deve ser aplicada imediatamente. Nos casos em que o valor do crédito tributário exonerado é inferior ao novo limite, a superveniência da nova legislação acarreta a perda de objeto do recurso de ofício.
Numero da decisão: 2401-004.707
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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PORTARIA MF nº 63, DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017. De acordo com precedentes deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, alteração no limite mínimo para interposição de recurso de ofício deve ser aplicada imediatamente. Nos casos em que o valor do crédito tributário exonerado é inferior ao novo limite, a superveniência da nova legislação acarreta a perda de objeto do recurso de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 71 05 /2 01 1- 09 Fl. 154DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 155DF CARF MF Processo nº 12448.727105/201109 Acórdão n.º 2401004.707 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso de Ofício em face do Acórdão 0440.525 da 3ª Turma da DRJ/CGE, de 13/04/2016 que considerou procedente a impugnação do contribuinte no processo administrativo fiscal supra. Cuidam os presentes autos de exigência constante de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física do Exercício de 2007, anocalendário de 2006, no qual se apurou crédito tributário no valor total de R$ 1.481.448,18 (um milhão, quatrocentos e oitenta e oitenta e um mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e dezoito centavos), composto da seguinte forma: Imposto R$ 684.398,13 Juros de Mora (calculados até 29/04/2011) R$ 283.751,46 Multa Proporcional (passível de redução) R$ 513.298,59 Valor do crédito tributário apurado R$ 1.481.448,18 A descrição e o enquadramento legal das infrações, da multa de ofício qualificada e dos juros de mora, constam do Auto de Infração, à fl. 82. Consoante o Auto de Infração, narra a Fiscalização que, “o sujeito passivo classificou indevidamente na sua Declaração de Ajuste Anual parte dos rendimentos recebidos da pessoa jurídica Brasil Pereira Neto Galdino Macedo, CNPJ 07.060.427/000124, a título de lucros distribuídos (...)” fl. 83. De posse das informações recebidas, além das demais integrantes do dossiê, verificouse, em relação aos lucros distribuídos pela pessoa jurídica Brasil Pereira Neto Galdino Macedo Advogados, CNPJ 07.060.427/000124, que: 1. Os rendimentos provenientes de lucros distribuídos recebidos no ano de 2006 e declarados como isentos na DIRPF/2007 alcançaram o montante deR$2.585.025,60; 2. A participação do contribuinte no capital social da retromencionada pessoa jurídica, conforme Sétima Alteração do Contrato Social, correspondia a 50 (cinquenta) quotas, ou seja a 0,5%. Ainda, de acordo com a Fiscalização, analisando os números do balancete da pessoa jurídica Brasil Pereira Neto Galdino Macedo Advogados verificouse que, o valor de R$ 13.128.519,05 destinado aos sócios em 2006, é respaldado pelo lucro contábil de R$ 12.065.378,83 acrescido das reservas de lucros de R$ 3.542.876,66, cujo saldo no montante de R$ 2.479.436,44 foi transportado para o exercício seguinte a título de lucros acumulados. Fl. 156DF CARF MF 4 Considerado o lucro como a remuneração do capital investido pelo sócio e o PróLabore como a retribuição decorrente do trabalho realizado, entendese que cada sócio participa dos lucros somente na proporção de suas quotas. A distribuição que é diferenciada em função do esforço dispendido na prestação de serviços e não da proporção das quotas sociais, implica na ocorrência de pagamento pelo trabalho realizado, ou seja, em rendimento de natureza tributável. No período em questão, conforme a Sétima Alteração do Contrato Social da Brasil Pereira Neto Galdino Macedo Advogados, a participação do sujeito passivo no capital social era de 0,5 %. Aplicandose este percentual ao valor de R$ 13.128.519,05, referente ao montante de lucros distribuídos no exercício, temos como resultado que o sócio fazia jus ao recebimento de até R$ 65.642,59 passíveis de serem classificados como rendimentos isentos, era consonância com a legislação tributária vigente, e que, embora obrigatoriamente informados na DIRPF, não compõem a base de cálculo do imposto devido. Por outro lado, tal raciocínio é inaplicável quando ocorrem valores pagos excedentes a participação referida, já que por não se vincularem a parcela de capital empregada, deixam de se enquadrar nas características contempladas com a isenção de acordo coma legislação tributária e, portanto, configuram rendimento tributável devendo ser adicionados aos demais, da mesma natureza, para a consolidação do ajuste anual tributário. No caso em tela, estabelecido o limite de R$ 65.642,59 para o sócio em vista de sua participação de 0,5 % no capital, foram efetivamente recebidos e declarados como isentos R$ 2.585.025,60, resultando numa diferença de R$ 2.519.383,014 que deixou de ser oferecida à tributação, ocorrendo, assim, a classificação indevida de rendimentos deque trata este Auto de Infração. Devidamente cientificado em 07/06/2011 (Aviso de Recebimento de fl. 85), o contribuinte apresentou, tempestivamente, Impugnação (fls. 92/102), cujas razões alega: (i) Possibilidade de distribuição desproporcional de lucros nas sociedades de advogados. Sustenta que desde o advento do Código Civil de 2002 (Lei n.º 10.406/02), as sociedades de advogados, por terem como objeto o exercício de profissão intelectual considerada não empresária, enquadramse no conceito de sociedade simples (arts. 966, parágrafo único, e 982, da Lei n.º 10.406/02), sujeitandose, assim, à aplicação subsidiária de suas disposições (arts. 997 a 1.038). Quanto à sua estrutura econômica, as sociedades simples (de que constituem exemplo as sociedades de advogados) se classificam como "sociedades de pessoas", eis que constituídas em função das qualidades pessoais dos sócios que a integram. Diferemse, assim, das chamadas "sociedades de capital", que são constituídas tendo em atenção, preponderantemente, o valor aportado por cada sócio para a formação do capital social. Nesse sentido, podese afirmar que os resultados apurados por uma sociedade de advogados na exploração do seu objeto social a prestação de serviços intelectuais dependem, muito mais da pessoa de cada sócio, representada pelas suas qualidades, esforços e atuação técnica, do que do valor do capital por eles investido. Assim, a distribuição de lucros que toma por base o grau de colaboração de cada sócio na formação do resultado não se confunde com "pagamento pelo trabalho", como sugeriu incorretamente a autoridade fiscalizadora. É antes e tão somente um critério objetivo de repartição dos lucros, que reflete melhor a vontade dos sócios do que o percentual formal de Fl. 157DF CARF MF Processo nº 12448.727105/201109 Acórdão n.º 2401004.707 S2C4T1 Fl. 4 5 participação no capital, que geralmente interfere pouco (ou nada)na efetiva produção dos resultados sociais. Essa é a razão pela qual além de outras peculiaridades, tais como as restrições à livre cessão de quotas a terceiros nessas sociedades, os lucros são distribuídos normalmente segundo critérios que consideram a colaboração de cada sócio na formação daquele específico resultado e independem dos percentuais formais de participação de cada um no capital social. Afirma que tratase de prática que encontra fundamento legal explícito. Com efeito, como a lei especial que disciplina as sociedades de advogados (Lei n.°8.906/94) nada dispõe especificamente sobre a distribuição de lucros a seus sócios, aplicase supletivamente a regra das sociedades simples, contida no art. 1.007 do Código Civil. A regra expressa que decorre da lei é, portanto, de que, quando autorizadas por previsão especifica no contrato social, as sociedades simples (como é o caso das sociedades de advogados) podem proceder à distribuição dos dividendos de forma desproporcional às respectivas quotas. A lei, de forma inequívoca, faculta aos sócios de sociedade de advogados a distribuição de resultados segundo critérios outros, em desproporção às participações no capital social. No presente caso, o Contrato Social da Sociedade previa expressamente a possibilidade de distribuição dos lucros de forma desproporcional em relação às participações de cada sócio no capital. Ou seja, quando a Sociedade distribuiu dividendos de forma desproporcional à participação dos sócios no capital social, agiu conforme autorização constante do Contrato Social e no mais estrito cumprimento da lei. Não havendo nenhum dispositivo contratual, legal ou regulamentar que dispusesse em sentido contrário (pelo contrário, todos autorizam expressamente o procedimento adotado), não restam dúvidas de que o IMPUGNANTE procedeu da forma correta ao classificar os lucros distribuídos pela Sociedade como dividendos. (ii) Isenção dos dividendos para fins de IRPF Narra que o art. 10 da Lei n.º 9.249, de 26.12.1995, por sua vez, adotou no Brasil, em relação aos resultados apurados a partir de 1996, a regra de isenção total e incondicionada dos lucros distribuídos pelas pessoas jurídicas sob a forma de dividendos. No que se refere especificamente à isenção de pessoas físicas, referido dispositivo foi regulado pelo artigo 39, XXIX, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 26/03/1999. Tratase de isenção incondicionada porque excetuada a referência ao período de apuração dos resultados os dispositivos que a estabelecem não contemplam Fl. 158DF CARF MF 6 qualquer restrição, sendo indiferente o critério adotado pela pessoa jurídica para distribuição dos dividendos entre seus sócios. (iii) Confirmação do entendimento do impugnante pela jurisprudência administrativa Afirma que o entendimento acerca da possibilidade de distribuição desproporcional de dividendos e da isenção dos mesmos em matéria de IRPF, é pacífico na jurisprudência administrativa e junta jurisprudências a seu favor. (iv) Erro de fato na consideração da participação do impugnante na sociedade Nesse aspecto, discorre que o lançamento deve ser julgado como improcedente em vista de claro erro material na determinação da base de cálculo do IRPF. Sustenta que ao calcular os valores das parcelas que, supostamente, corresponderiam a "dividendos" e "pro labore" que foram pagos ao IMPUGNANTE, a autoridade fiscalizadora considerou que este detinha uma participação correspondente a 0,5% do capital da Sociedade. Não considerou, porém, que durante quase a metade do exercício de 2006 (mais precisamente, de 01/01/2006 até 31/05/2006), a participação do IMPUGNANTE correspondeu a 20% (e não 0,5%) do capital da Sociedade. Logo, ainda que se adotasse o critério (ilegal) descrito no auto de infração, para fins de apuração dos quantitativos dos dividendos a serem distribuídos, nas distribuições havidas entre 01/01/2006 e 31/05/2006 a participação do IMPUGNANTE deveria ter sido considerada como de 20%, e não 0,5% do capital social, como fez a autoridade fiscalizadora. Requer que a improcedência do lançamento impugnado devido a erro de fato verificado nos cálculos realizados pela autoridade fiscal, na determinação do montante supostamente devido do IRPF. Com essas considerações, requereu o cancelamento do Auto de Infração. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS), por unanimidade de votos, julgou procedente impugnação e extinguiu o crédito tributário nos seguintes termos: “ASSUNTO : I MPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. PROPORCIONALIDADE. Existindo previsão expressa no contrato social da empresa, não há necessidade de a distribuição de lucros guardar proporcionalidade com a quantidade de cotas de cada sócio. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado” É o relatório. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 12448.727105/201109 Acórdão n.º 2401004.707 S2C4T1 Fl. 5 7 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O recurso não atende os requisitos de admissibilidade. O Recurso de Ofício foi interposto pelo próprio Órgão julgador de primeiro grau, tendo em vista que o contribuinte foi exonerado da cobrança de imposto e multa em montante de R$ R$ 1.481.448,18 Não obstante, em 10 de fevereiro de 2017, foi publicada a Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, que estabelece o limite de R$ R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) para interposição de Recurso de Ofício. Muito embora a referida portaria tenha entrado em vigor na data de sua publicação, a jurisprudência deste Conselho tem entendido que, em matéria de Recurso de Ofício, a alteração do limite tem aplicação imediata, acarretando, em hipóteses como a presente – em que o valor do crédito exonerado é inferior ao novo limite – a perda de objeto da remessa ex officio. Resta claro, portanto, que o presente Recurso de Ofício perdeu seu objeto em decorrência de legislação superveniente. Ante o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, NÃO CONHEÇO do Recurso de Ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 160DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.901041/2013-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2009
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2.
É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-002.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2. É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 10 41 /2 01 3- 17 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13830.901041/201317 Acórdão n.º 1302002.195 S1C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratam os autos de análise eletrônica de Pedido de Restituição, por intermédio do qual o contribuinte pretende a restituição de suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Como resultado da análise foi proferido despacho decisório que decidiu pelo indeferimento do pedido de restituição, haja vista que o montante recolhido pelo Darf apontado como origem do crédito foi integralmente utilizado para liquidar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade onde argumenta, em síntese, que os créditos de PIS e Cofins nãocumulativos não devem afetar a determinação do lucro real, nem a base de cálculo da CSLL. A exigência de IRPJ e CSLL sobre tais créditos desrespeita o princípio constitucional da neutralidade tributária. A DRJ ao apreciar a matéria assim decidiu, litteris: ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO. É o administrador um mero executor de leis não lhe cabendo questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a legalidade ou a constitucionalidade de normas é privativa do Poder Judiciário, conforme competência conferida constitucionalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado com o decisium, o recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação, acrescentando que a Administração não pode eximirse da competência sobre o controle de constitucionalidade das leis, decretos e portarias, bem como o fato de não ser razoável que a Administração Pública desconsidere as informações prestadas pelo Contribuinte na DCOMP, as quais apresentam presunção de legitimidade. É o relatório. Voto Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13830.901041/201317 Acórdão n.º 1302002.195 S1C3T2 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.134, de 18.05.2017, proferido no julgamento do processo nº 13830.900610/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.134): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme depreendese da leitura do Relatório acima, o Recorrente sustenta seus argumentos com base em supostas inconstitucionalidades perpetradas pela autoridade fiscal e ratificadas pela decisão recorrida. Contudo, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional. Assim, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. Afasto, portanto, o presente argumento, por não ser o CARF competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Noutra banda, verificase que o recorrente sem acostar documentos comprobatórios aos presentes autos, em seu recurso voluntário, faz referências genéricas aos fatos que motivaram a presente autuação, bem como em relação a decisão proferida em Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13830.901041/201317 Acórdão n.º 1302002.195 S1C3T2 Fl. 5 4 primeira instância, sem com isto trazer objetivamente os fundamentos e provas com base nas quais pede para que seja homologado o seu pedido de compensação. Para esse Relator fica claro que o Recorrente se insurge contra decisão proferida pela DRJ de forma genérica, fazendo mera referência parte das razões apresentadas em sede da impugnação e a necessidade de observação das provas já juntadas aos autos, não merecendo prosperar e, por conseguinte, não surte o efeito pretendido em alterar a decisão do julgador a quo. Nesse sentido já decidiu esta Corte Administrativa, conforme se extrai do decidido nos autos do processo nº 10935.720364/2013 45 que teve como relator Amílcar Barca Teixeira Júnior, como segue: "(...) 1. O contribuinte, em seu recurso, no concernente à obrigação principal, limitas se a prestar informações genéricas e não ataca o mérito, situação que não o favorece, enquadrando se, assim, na disciplina do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Acórdão nº 2803003.497. Rel. Amílcar Barca Teixeira Júnior. Sessão de 12/08/2014)." Diante do exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002396/2009-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 18 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1401-000.451
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos para converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, José Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Lívia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos para converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, José Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Lívia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 02 39 6/ 20 09 -0 2 Fl. 3052DF CARF MF Processo nº 19515.002396/200902 Resolução nº 1401000.451 S1C4T1 Fl. 851 2 RELATÓRIO Tratase de embargos de declaração interpostos pela empresa POTTENCIAL SERVIÇOS FINANCEIROS LTDA na decisão proferida no Acórdão nº 1401001.452, desta 1a Turma da 4ª Câmara da 1a Seção do CARF que negou provimento ao recurso voluntário e cujo Acórdão restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Descabe a alegação de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais e o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento. IRPJ.CSLL. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS FISCAIS E CONTÁBEIS. É cabível o arbitramento do lucro se a pessoa jurídica, durante a ação fiscal, deixar de exibir a escrituração que a ampararia na tributação com base no lucro real. ARBITRAMENTO. INCONDICIONALIDADE. Inexiste arbitramento condicional, sendo inócua a pretensão do contribuinte em apresentar a escrituração depois do lançamento para efeito de verificação da apuração do lucro real. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS E VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA. ORIGEM NÃO COMPROVADA. ÔNUS DA PROVA. A Lei n° 9.430/96, em seu art. 42, estabeleceu a presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta corrente ou de investimento. MÚTUO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Os valores correspondentes à entrega e o recebimento de mútuos devem ser comprovados por documentação hábil e idônea nas respectivas datas de entrega e recebimento dos valores. Em seu arrazoado, alega omissão do Acórdão embargado, nos seguintes termos: Iº. Nas fls. 395400, o laudo demonstra a tributação, como depósitos de origem não comprovada, de recursos provenientes do Caixa da Pottencial Serviços. Essa questão não foi abordada pelo colegiado, data venia, e, conforme entendimento do próprio CARF "Não cabe a presunção de omissão de receitas, nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/96, inferida a partir de depósitos bancários efetuados em espécie, que têm como origem, conforme lançamentos na contabilidade, a conta Caixa' (Acórdão 1103 000.428). Com efeito: "Deve ser afastado o lançamento quando a própria contabilidade Fl. 3053DF CARF MF Processo nº 19515.002396/200902 Resolução nº 1401000.451 S1C4T1 Fl. 852 3 da interessada demonstra que os depósitos questionados pelo Fisco tiveram origem na conta Caixa' (Acórdão 130100241). 2o. Nas fls. 420421, o laudo indica que um pagamento de R$ 575,52 feito pela autuada, ou seja, um débito, está sendo tributado como depósito de origem não comprovada (fl. 60). Com a devida venia, o engano é manifesto, foi abordado antes do julgamento e não foi avaliado pelo Colegiado. 3o. Na mesma fl. 421, o perito mostra a tributação de um "DOC devolvido". De fato, conforme se vê no extrato de fl. 29, em 3/1/2005, a autuada fez uma transferência no valor de R$ 270,00, à qual o banco atribuiu o n° 049951. No dia seguinte, 4/1/2005, a operação foi cancelada e os mesmos R$ 270,00 registrados sob o n° 049951 voltaram para a conta corrente da empresa. 4o. Na fl. 390, a recorrente arguiu que "Há transferências entre contas (débito na conta mantida no Banco Pottencial e crédito na conta mantida no Banco Real) que não foram excluídas da tributação pela fiscalização, o que, com a devida vénia, contraria o inciso I do § 3o do artigo 42 da Lei n° 9.430/96 . A documentação anexa (planilha [fl. 1315] e TEDs [fls. 13161332],) evidencia esse excesso de maneira bastante didática, o qual, no entanto, poderia ter sido enxergado desde o 5º Questionou na sua defesa, relativamente à conta mantida no Banco Real, que não houve a individualização dos valores a serem justificados, mas apenas uma intimação indicando o total mensal e que não atendida a condicionante legal, essa parte do lançamento afigurase irremediavelmente nula. Em resposta, o Acórdão embargado ao fazer referência "5 tabela feita de forma individualizada que consta as fls. 10/25', percebese que V.Sa. analisou as planilhas referentes à conta mantida no Banco Pottencial. O argumento da não individualização dos depósitos, no entanto, diz respeito apenas e tãosomente à conta mantida no Banco Real, em relação à qual, conforme se vê à fl. 27 do eprocesso, só se apresentou a totalização mensal. Relativamente ao mês de setembro de 2005, por outro lado, a situação é ainda mais grave, já que sequer existe material a consultar. De fato, na fl. 27, apresentase o total de R$ 270.871,03, porém, os extratos do mês citado não foram juntados aos autos (a movimentação financeira referente à conta mantida no Banco Real está juntada às fls. 88127 do eprocesso e, entre os documentos mensais, não consta o extrato de setembro/2005). Em juízo prelibatório, o presidente considerou presente os requisitos de admissibilidade e submeteu os referidos embargos à apreciação da Turma. É o relatório. Fl. 3054DF CARF MF Processo nº 19515.002396/200902 Resolução nº 1401000.451 S1C4T1 Fl. 853 4 VOTO Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator Os embargos são tempestivos. Quanto aos vícios apontados, verifiquei que assiste razão à embargante quanto ao atendimento dos demais requisitos de admissibilidade, dado a necessidade sanar as omissões apontadas de questões relevantes que poderiam mudar o curso do julgamento. De fato confirmase o que foi colocado no despacho de admissibilidade. É que apesar de o laudo que ter sido apresentado a destempo foi conhecido pelo colegiado, mas questões relevantes foram deixadas de ser respondidas pelo voto condutor. Na verdade o Acórdão enfrentou a matéria em tópico específico, mas não completo, senão vejamos: Laudo Pericial e documentação juntada a destempo Como é sabido laudo pericial algum tem efeito vinculante para o julgador que tem a livre convicção para formar sua opinião pelo conjunto de provas trazidos aos autos. O laudo pericial não traz nenhum elemento de prova novo, a não ser tentar melhor identificar a contabilização dos depósitos através de sua localização pelas folhas dos livros Diário e Razão. Mas, como já se disse a mera contabilização não é suficiente para provar que de fato existiu os mútuos, na linha já fundamentada em tópico anterior. Outrossim, a mera afirmação de que os sócios teriam capacidade econômica para suportar praticamente quase todos os depósitos considerados pela fiscalização não tem o condão de provar nada. É mera alegação apoiada no argumento de autoridade do perito. Outrossim, a mera juntada de cópias de guias de depósitos (fls. 8581332) (feitos em dinheiro) não comprova que a efetividade dos depósitos ocorreu. Quando feitas em cheque, nem ao menos o número do cheque aprece na guia. A Recorrente ao invés de aproveitar a oportunidade para os casos de cheque, demonstrar através de extratos a transferência de numerário dos sócios para a empresa, contentase em acostar declaração dos próprios interessados de que fizeram tais depósitos em cheques, como é o caso do depósito em cheque no valor de R$ 850.032,52, em que cada um dos sócios declarou que depositou um terço desse valor (fls. 858/859). Não há sequer entre as provas acostas uma cópia sequer de cheque depositado. Aliás, chamo de novo atenção para aticipidade desses depósitos feitos de forma amiúde, sua grande maioria em dinheiro,e em valores muitas vezes irrisórios, feitos pela mesma pessoa, querer se passar com natureza de empréstimo. A respeito dessa estranheza a DRJ muito bem ilustrou o caso: (...)Ademais, analisandose a tabela acima, é possível constatar que, por diversas vezes, um mesmo sócio teria efetuado diversos empréstimos ao contribuinte no mesmo dia. Tomese como exemplo o dia 21/1/2005. Neste dia, consta que o sócio Argeu de Lima Géo teria efetuado três empréstimos ao contribuinte (R$150,00 em cheque; R$35,00 em dinheiro e R$58,16 em dinheiro). Ora, não é crível que um sócio tenha que emprestar dinheiro por diversas vezes em um único dia para a pessoa jurídica. Ainda mais sendo empréstimos de valores pequenos, com casas decimais, realizados por intermédio de depósito em dinheiro e em cheque. Fl. 3055DF CARF MF Processo nº 19515.002396/200902 Resolução nº 1401000.451 S1C4T1 Fl. 854 5 No aditivo ao recurso feito a destempo (fls. 818/819), a Recorrente ainda contesta que não foi intimada para comprovar a origem dos depósitos de forma individualizada como manda a Lei. A argumentação é de todo improcedente, A esse respeito basta que se aponta a tabela feita de forma individualizada que consta as fls. 10/25, que seguiu em anexo ao Termo de Intimação de fls. 09. De fato, às fls. 26, consta também tabela com o resumo mensal dos depósitos e deve ser esta tabela a que se refere o contribuinte. Bem se vê que ele deturpa o contexto no qual está inserido tal resumo. Como se vê, o voto não responde a nenhum dos questionamentos apontados como omissos pela embargante, a não ser a questão da falta de individualização. Porém, vejo que nessa matéria também foi contraditório em seus fundamentos, pois apontou para uma tabela de individualização dos depósitos do Banco Pottencial e não do Banco Real como questionado pelo Contribuinte. Compulsando os autos, parece que tem razão a embargante em sua alegação, uma vez que nos autos apenas localizei a tabela abaixo, referente ao banco Real a qual foi dada ciência ao Contribuinte para comprovar a origem dos depósitos abaixo resumidos. conta bancária mês valor totalizado banco real AG 0181 CC 19640236 jan 416.482,94 banco real AG 0181 CC 19640236 fev 165.066,42 banco real AG 0181 CC 19640236 mar 123.896,17 banco real AG 0181 CC 19640236 abr 257.581,35 banco real AG 0181 CC 19640236 mai 160.066,27 banco real AG 0181 CC 19640236 jun 256.917,59 banco real AG 0181 CC 19640236 iul 204.277,22 banco real AG 0181 CC 19640236 ago 259.205,01 banco real AG 0181 CC 19640236 set 270.871,03 banco real AG 0181 CC 19640236 out 230.977,69 banco real AG 0181 CC 19640236 nov 148.550,46 banco real AG 0181 CC 19640236 dez 284.569,91 total banco real 2.778.462,06 Obs: Os valores acima transcritos referemse ao total creditado no ano de 2005 , na conta bancária(banco real) da empresa ora fiscalizada.Conforme solicitado, devese comprovar, através de documentação hábil e idônea , a origem de todos os valores que somados totalizam os valores acima listados. Outrossim, a maioria das omissões ora acatadas, por não terem sido enfrentadas, são questões fáticas que seriam melhor respondidas e analisadas pela autoridade lançadora. Diante desse contexto ainda de incerteza, mas por se vislumbrar indícios de que a Recorrente tenha pelo menos alguma razão mesmo que parcial, bem assim em respeito ao princípio da verdade material orientador do Processo Administrativo Fiscal, inclinome, em sede de embargos, pela conversão do julgamento em diligência, para que seja esclarecidas os seguintes questionamentos postos pela Embargante em face do laudo pericial apresentado por ela: Iº. Nas fls. 395400, o laudo demonstra a tributação, como depósitos de origem não comprovada, de recursos provenientes do Caixa da Pottencial Serviços. Essa questão não foi abordada pelo colegiado, data venia, e, conforme entendimento do próprio CARF "Não cabe a presunção de omissão de receitas, nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/96, inferida a partir de depósitos bancários efetuados em espécie, que têm como origem, conforme lançamentos na contabilidade, a conta Caixa' (Acórdão 1103 000.428). Com efeito: "Deve ser afastado o lançamento quando a própria contabilidade Fl. 3056DF CARF MF Processo nº 19515.002396/200902 Resolução nº 1401000.451 S1C4T1 Fl. 855 6 da interessada demonstra que os depósitos questionados pelo Fisco tiveram origem na conta Caixa' (Acórdão 130100241). 2º. Nas fls. 420421, o laudo indica que um pagamento de R$ 575,52 feito pela autuada, ou seja, um débito, está sendo tributado como depósito de origem não comprovada (fl. 60). Com a devida venia, o engano é manifesto, foi abordado antes do julgamento e não foi avaliado pelo Colegiado. 3º. Na mesma fl. 421, o perito mostra a tributação de um "DOC devolvido". De fato, conforme se vê no extrato de fl. 29, em 3/1/2005, a autuada fez uma transferência no valor de R$ 270,00, à qual o banco atribuiu o n° 049951. No dia seguinte, 4/1/2005, a operação foi cancelada e os mesmos R$ 270,00 registrados sob o n° 049951 voltaram para a conta corrente da empresa. 4º. Na fl. 390, a recorrente arguiu que "Há transferências entre contas (débito na conta mantida no Banco Pottencial e crédito na conta mantida no Banco Real) que não foram excluídas da tributação pela fiscalização, o que, com a devida vénia, contraria o inciso I do § 3o do artigo 42 da Lei n° 9.430/96 . A documentação anexa (planilha [fl. 1315] e TEDs [fls. 13161332],) evidencia esse excesso de maneira bastante didática, o qual, no entanto, poderia ter sido enxergado desde início (pela simples comparação entre os extratos das duas contas)' 5º Questionou na sua defesa, relativamente à conta mantida no Banco Real, que não houve a individualização dos valores a serem justificados, mas apenas uma intimação indicando o total mensal e que não atendida a condicionante legal, essa parte do lançamento afigurase irremediavelmente nula. Em resposta, o Acórdão embargado ao fazer referência "5 tabela feita de forma individualizada que consta as fls. 10/25', percebese que V.Sa. analisou as planilhas referentes à conta mantida no Banco Pottencial. O argumento da não individualização dos depósitos, no entanto, diz respeito apenas e tãosomente à conta mantida no Banco Real, em relação à qual, conforme se vê à fl. 27 do eprocesso, só se apresentou a totalização mensal. Relativamente ao mês de setembro de 2005, por outro lado, a situação é ainda mais grave, já que sequer existe material a consultar. De fato, na fl. 27, apresentase o total de R$ 270.871,03, porém, os extratos do mês citado não foram juntados aos autos (a movimentação financeira referente à conta mantida no Banco Real está juntada às fls. 88127 do eprocesso e, entre os documentos mensais, não consta o extrato de setembro/2005). No item 1, esclarecer se os depósitos apontados na tabela constante do recurso aditivo, totalizando o valor de R$ 247.858,15 tinham origem mesmo na conta Caixa, e que segundo afirma o laudo essa conta caixa já teria sido suprida com lançamento cuja contrapartida seria receita já tributada. Nessa análise levar em consideração o teor da Súmula Carf nº 95: Súmula CARF nº 95: A presunção de omissão de receitas caracterizada pelo fornecimento de recursos de caixa à sociedade por administradores, sócios de sociedades de pessoas, ou pelo administrador da companhia, somente é elidida com a demonstração cumulativa da origem e da efetividade da entrega dos recursos. No item 5. Confirmar efetivamente se nos autos não existe mesmo uma lista que individualize efetivamente os referidos depósitos referentes ao banco Real, afora a tabela acima referida. Caso exista essa tabela individualizando os depósitos, saber se o contribuinte Fl. 3057DF CARF MF Processo nº 19515.002396/200902 Resolução nº 1401000.451 S1C4T1 Fl. 856 7 tomou ciência da mesma. Confirmar também se de fato há ausência nos autos dos extratos referentes ao mês de setembro/2005; Nos itens 2 a 4, são questões fáticas que poderiam aqui ser resolvidas por esta autoridade julgadora, mas em função dos outros itens terem sido baixados em diligência, solicito que a fiscalização já confirme ou não a ocorrência dessas situações não ensejadoras de tributação; Se for o caso, refazer a base de cálculo dos tributos devidos; O Autuante pode trazer aos autos quaisquer outras informações que entenda importantes para o deslinde da matéria. Elaborar relatório conclusivo das verificações, ressalvado o fornecimento de informações adicionais e a juntada de outros documentos que entender necessários, entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. Por todo o exposto, ACOLHO os embargos, para converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 3058DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10437.720466/2014-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRELIMINAR. NULIDADE. VERDADE REAL E VERDADE FORMAL. A não apreciação de documentos juntados aos autos depois da impugnação tempestiva e antes da decisão fere o princípio da verdade material com ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, tendo em vista que o objetivo é verificar a legalidade da tributação, ocorrência do fato gerador e consequente surgimento da obrigação.
RECURSO DE OFÍCIO. Não conhecer do recurso de ofício tendo em vista que sua análise resta prejudicada, em razão da nulidade do Acórdão de 1ª Instância, ora declarada.
Numero da decisão: 2401-004.699
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, dar-lhe provimento para anular o acórdão de primeira instância. Vencido o conselheiro Márcio de Lacerda Martins. Em razão da nulidade do acórdão de primeira instância, restou prejudicada a análise do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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PRELIMINAR. NULIDADE. VERDADE REAL E VERDADE FORMAL. A não apreciação de documentos juntados aos autos depois da impugnação tempestiva e antes da decisão fere o princípio da verdade material com ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, tendo em vista que o objetivo é verificar a legalidade da tributação, ocorrência do fato gerador e consequente surgimento da obrigação. RECURSO DE OFÍCIO. Não conhecer do recurso de ofício tendo em vista que sua análise resta prejudicada, em razão da nulidade do Acórdão de 1ª Instância, ora declarada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 7. 72 04 66 /2 01 4- 62 Fl. 16858DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, darlhe provimento para anular o acórdão de primeira instância. Vencido o conselheiro Márcio de Lacerda Martins. Em razão da nulidade do acórdão de primeira instância, restou prejudicada a análise do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 16859DF CARF MF Processo nº 10437.720466/201462 Acórdão n.º 2401004.699 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário e de Recurso de Ofício que objetivam modificar o Acórdão 0958.592 da 4ª Turma da DRJ/JFA, de 19/11/2015 que considerou parcialmente procedente a impugnação do contribuinte no processo administrativo fiscal supra. Cuidam os presentes autos de exigência constante de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física do Exercício de 2010, anocalendário de 2009, no qual se apurou crédito tributário no valor total de R$ 10.910.495,33 (dez milhões, novecentos e dez mil, quatrocentos e noventa e cinco reais e trinta e três centavos). Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte, apuraramse as seguintes infrações, atinentes ao exercício financeiro de 2010: a) omissão de rendimentos da atividade rural na monta de R$ 938.256,74, com a determinação do resultado por meio de arbitramento (20%), apurandose o valor tributável de R$ 187.651,35; b) omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta(s) de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, observando se valores tributáveis em todos os meses do anocalendário 2009, no total de R$ 15.457.481,46. O Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 823/833 minudencia os passos adotados pela Fiscalização, os desdobramentos das pesquisas e diligências desenvolvidas. Daquele relato, destacamse, em apertada síntese, as seguintes conclusões emanadas pela autoridade lançadora: 1 deuse a lavratura do auto de infração com a multa majorada para 112,5%, a teor do disposto no art. 44, inciso I e § 2º, da Lei n. 9.430/1996 (com a redação dada pela Lei n. 11.488/2007), uma vez que o sujeito passivo não atendeu às reiteradas intimações fiscais para apresentação dos extratos bancários; 2 constatouse a omissão de rendimentos de depósitos de origens não comprovadas em contas corrente e de poupança mantidas no Banco Bradesco S/A e no Banco Safra S/A, conforme quadro constante da fl. 831; 3 verificouse o recebimento de rendimentos tributáveis, a título de receitas da atividade rural, recebidos de pessoas jurídicas, referentes à venda de bens e produtos rurais, que não constaram da Declaração de Ajuste Anual/2010 apresentada pelo contribuinte Devidamente notificado o contribuinte ofereceu, tempestivamentea impugnação de fls. 866/906, cujas razões, em suma, alega: Fl. 16860DF CARF MF 4 (i) A impossibilidade de manutenção de lançamentos escorados em dados de movimentação bancária obtidos por meio de emissão de RMFs. Sustenta que a ação fiscal fundamentouse exclusivamente em informações bancárias (sigilosas) prestadas pelos Bancos Bradesco e Safra em cumprimento a RMF, a despeito de haver o impugnante demonstrado requisição formal a essas instituições financeiras visando à obtenção de extratos detalhados das contas. Os dados utilizados como base para a lavratura do lançamento foram obtidos sem autorização judicial. Ocorre que a quebra do sigilo bancário do contribuinte por autoridade administrativa é manifestamente inconstitucional, conforme reconhecido pelo STF no julgamento do RE 389.808. (ii) Do contexto em que a quase totalidade dos depósitos em testilha foram realizados. Sustenta que, ao contrário do que asseverou a r. autoridade fiscal, é inequívoco que não há que se falar em IRPF atinente ao anocalendário de 2009 que seja devido pelo contribuinte. Aduz que a quase totalidade dos depósitos havidos nas contas bancárias do impugnante remonta à atividade rural dos senhores Antenor Duarte do Valle (sogro), Dinah Duarte Villela do Valle (mãe do sogro) e Theodoro Duarte do Valle (irmão do sogro), salientando que a razão pela qual essas pessoas conferiram procuração ao autuado é singela, conforme revelado à Fiscalização. Em face de problemas de saúde, os citados mandantes não detinham condições de administrar pessoalmente seus negócios rurais, que movimentavam cifras expressivas. Nesse contexto, o impugnante recebeu uma considerável quantidade de depósitos em suas contas bancárias no anocalendário 2009, que, basicamente, eram realizados pelos próprios mandantes ou por adquirentes da produção rural, que compravam bovinos e itens agrícolas. Em virtude da existência de determinações de bloqueios judiciais nas contas dos mandantes, verificase que as contas bancárias do impugnante prestaramse também a receber depósitos que não são oriundos da atividade rural dos mandantes, "que estavam simplesmente pagando mútuo que contraíram com a Sra. Dinah Duarte Villela do Valle, na esteira da documentação anexa”. (iii) Demonstração da origem dos depósitos. Informa elaborou demonstrativo ("anexo comprovação específica da origem dos 158 depósitos constantes do demonstrativo de valores não comprovados" ), em que trata dos depósitos que foram computados na base de cálculo do lançamento de forma individualizada, com específica indicação de cada uma das suas origens, bem como a comprovação do fluxo de valores dos outorgantes para o autuado. Tais depósitos podem ser segregados em grandes grupos, a partir do critério da origem dos recursos, conforme quadro ilustrativo às fls. 877/878 e o exame de cada um desses grupos, às fls. 878/894, vinculados a depósitos realizados por Dinah Nogueira do Valle Papst, Dinah Duarte Villela do Valle, Antenor Duarte do Valle, Theodoro Duarte do Valle, integrantes da família Maia, Paulo Pedote, Célia Petrov, Valmont Indústria e Comércio Ltda, pelo próprio contribuinte, itens atinentes a “erros da fiscalização” e “considerações finais". (iv) Demonstração de que o uso das entradas nas contas do Autuado se deu para pagamentos de dispêndios dos outorgantes. O impugnante também traz aos autos demonstrativos (movimentação mensal e comprovantes) dos gastos realizados com os recursos recebidos cuja origem advém dos outorgantes, contudo de forma parcial (janeiro a maio/2009), uma vez que não houve tempo hábil para a elaboração completa, contudo eles serão concluídos brevemente, antes do julgamento da impugnação, razão pela qual requer sua ulterior juntada. Fl. 16861DF CARF MF Processo nº 10437.720466/201462 Acórdão n.º 2401004.699 S2C4T1 Fl. 4 5 (v) Da Ausência de Rendimento Decorrente da Atividade Rural. Sustenta que o resultado da atividade rural, considerada a despesa declarada pelo contribuinte geraria o valor de R$ 24.256,74, inferior, pois, à considerada pela Fiscalização, com base no arbitramento. Destaca, ainda, que houve despesa redutora do resultado de 2009, por conta de valor pago à empresa Tigre S/A Tubos e Conexões, no valor de R$ 139.200,00, conforme notas fiscais também anexadas. (vi) Da completa inaplicabilidade da multa agravada. Alega a arbitrariedade desse agravamento pela simples leitura das razões que o determinaram, uma vez que o contribuinte, embora envidasse esforços perante as instituições financeiras não conseguiu dessas no tempo determinado pela Fiscalização os extratos bancários; ademais, tal fato não representou qualquer embaraço ao trabalho da autoridade fiscal, porquanto essa teve acesso à documentação quando das respostas às RMF emitidas. Requereu o retorno da multa ao patamar de 75%. (vii) Da impossibilidade de incidência de juros de mora (selic) sobre a multa de ofício. Por fim, o impugnante requer o reconhecimento da inaplicabilidade de juros moratórios sobre o crédito atinente à multa de ofício, ante a inexistência de permissão legal; ou, quando menos, que esses encargos apenas sejam computados a partir do esgotamento do prazo de 30 (trinta) dias após a decisão administrativa que mantiver o lançamento impugnado, conforme entendimento do STJ e do artigo 21 do Decreto n. 70.235/1972. Ademais, além do pedido de cancelamento integral do lançamento, o Recorrente pugnou pela ulterior juntada de documentos. Acompanharam a impugnação os documentos de fls. 907/7778. Posteriormente, em 09/01/2015, representado pelos mesmos procuradores, o impugnante apresentou a petição de fls. 7786/7787, fazendo referência à impugnação (subitem "II.iv"), carreando aos autos, documentação alusiva a gastos dos outorgantes que citou, no período de junho a dezembro/2009, às fls. 7788/16713. Deuse ainda a juntada dos elementos de fls. 16737/16759. A 4ª Turma da DRJ/JFA às fls. 16.670/16.776, acordou por unanimidade de votos em sede preliminar: 1 desconhecer da nulidade suscitada, não admitir a documentação anexada fora do prazo de defesa E, no mérito, considerar procedente em parte a impugnação, para: 2 exigir o recolhimento da parcela do imposto sobre a renda da pessoa física no valor de R$ 4.249.522,64 (quatro milhões, duzentos e quarenta e nove mil, quinhentos e vinte e dois reais e sessenta e quatro centavos), acrescido da multa de 75% (passível de redução) e dos juros de mora a serem calculados na data do efetivo pagamento; 3 eximilo da parcela restante do imposto correspondente a R$ 44.933,52 (quarenta e quatro mil, novecentos e trinta e três reais e cinquenta e dois centavos); Fl. 16862DF CARF MF 6 4 afastar a majoração da multa de ofício constante do lançamento para 112,5%, aplicandose a multa de 75% já expressa no numeral "1", nos termos definidos no voto. Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte (fls. 16783/16829) em 30.12.2015 cujas razões repisa os mesmos argumentos da peça impugnatória, nos seguintes termos: a) A impossibilidade de manutenção de lançamentos escorados em dados de movimentação bancária obtidos por meio de emissão de RMFs. Sustenta que a ação fiscal fundamentouse exclusivamente em informações bancárias (sigilosas) prestadas pelos Bancos Bradesco e Safra em cumprimento a RMF, a despeito de haver o Recorrente demonstrado requisição formal a essas instituições financeiras visando à obtenção de extratos detalhados das contas. Os dados utilizados como base para a lavratura do lançamento foram obtidos sem autorização judicial. Ocorre que a quebra do sigilo bancário do contribuinte por autoridade administrativa é manifestamente inconstitucional, conforme reconhecido pelo STF no julgamento do RE 389.808; b) Do contexto em que a quase totalidade dos depósitos foram realizados. Sustenta que, ao contrário do que asseverou a r. autoridade fiscal, é inequívoco que não há que se falar em IRPF atinente ao anocalendário de 2009 que seja devido pelo contribuinte. Aduz que a quase totalidade dos depósitos havidos nas contas bancárias do Recorrente remonta à atividade rural dos senhores Antenor Duarte do Valle (sogro), Dinah Duarte Villela do Valle (mãe do sogro) e Theodoro Duarte do Valle (irmão do sogro), salientando que a razão pela qual essas pessoas conferiram procuração ao autuado é singela, conforme revelado à Fiscalização. Em face de problemas de saúde, os citados mandantes não detinham condições de administrar pessoalmente seus negócios rurais, que movimentavam cifras expressivas. Nesse contexto, o Recorrente recebeu uma considerável quantidade de depósitos em suas contas bancárias no anocalendário 2009, que, basicamente, eram realizados pelos próprios mandantes ou por adquirentes da produção rural, que compravam bovinos e itens agrícolas. Em virtude da existência de determinações de bloqueios judiciais nas contas dos mandantes, verifica se que as contas bancárias do Recorrente prestaramse também a receber depósitos que não são oriundos da atividade rural dos mandantes, "que estavam simplesmente pagando mútuo que contraíram com a Sra. Dinah Duarte Villela do Valle, na esteira da documentação anexa”; c) Alega que, “apesar de todos esses esforços, o fato é que a Colenda instância a quo, atraves do v. acórdão recorrido, procedeu exclusivamente a uma análise GENÉRICA das razões do sujeito passivo, não tendo de modo algum examinado com profundidade e seriedade as assertivas do contribuinte sobre o panorama das operações e sobre cada um dos 158 (cento e cinquenta e oito) depósitos”. Fl.16797; d) Sustenta o vício da omissão no acórdão objurgado em relação a vários pontos suscitados pelo contribuinte em sua defesa (impugnação). Como exemplo, cita que existe um tópico na impugnação de que 5 (cinco) dos depósitos controvertidos correspondem a venda de um apartamento do Fl. 16863DF CARF MF Processo nº 10437.720466/201462 Acórdão n.º 2401004.699 S2C4T1 Fl. 5 7 próprio Recorrente, sendo (i) que o fólio real que dá conta dessa transação imobiliária consta dos autos e (ii) que a venda do imóvel foi mencionada na DIRPF/2010 do contribuinte (...), “contudo, não há uma palavra sequer sobre esse depósito específico na r. decisão recorrida”; e) Nesse sentido, alega a nulidade da decisão de primeira instância com fundamento no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, ao argumento de que o acórdão cerceou o direito de defesa do contribuinte, ao não se pronunciar sobre pontos suscitados na defesa; f) Transcorre acerca da origem dos depósitos controvertidos, alegando a ausência de matéria tributável quanto às suas atividades rurais. Narra que a DRJ/JFA acolheu a impugnação para fins de afastar o arbitramento de 20% da receita bruta da atividade rural para fins de formar a base de cálculo do imposto correspondente, de modo que a receita bruta foi cotejada com a despesa de R$ 914.000,00, para a formação da matéria tributável. Nesse sentido, sustenta que também deve ser reconhecido como despesa redutora do resultado rural de 2009, o valor pago à empresa Tigre S/A Tubos e Conexões, no montante de R$ 139.200,00, na esteira das notas fiscais anexadas à Impugnação na justificativa do depósito nº 24, que foram emitidas em 2008 pagas diretamente pela Valmont em 2009; g) Entende pela impossibilidade de incidência de juros de mora (selic) sobre a multa de ofício. Por fim, o Recorrente requer o reconhecimento da inaplicabilidade de juros moratórios sobre o crédito atinente à multa de ofício, ante a inexistência de permissão legal; ou, quando menos, que esses encargos apenas sejam computados a partir do esgotamento do prazo de 30 (trinta) dias após a decisão administrativa que mantiver o lançamento impugnado, conforme entendimento do STJ e do artigo 21 do Decreto n. 70.235/1972; h) Ademais, além do pedido de reforma do acórdão de primeira instância com o conseqüente cancelamento integral do lançamento, o Recorrente pugna pela ulterior juntada de documentos. É o relatório. Fl. 16864DF CARF MF 8 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 03/12/2015 e o presente Recurso Voluntário (fls.16.783/16.829) foi apresentado TEMPESTIVAMENTE no dia 30/12/2015, razão pela qual CONHEÇO DOS RECURSO, já que presentes os requisitos de admissibilidade. 1.2. CERCEAMENTO DE DEFESA JUNTADA DE DOCUMENTOS ANTES DA ANÁLISE DA IMPUGNAÇÃO PELA DRJ Conforme se observa do Acórdão de julgamento da instância a quo, em sede preliminar, por unanimidade foi desconhecida a nulidade suscitada pelo Contribuinte e não se admitiu a documentação por ele juntada, em 09/01/2015, por intermédio da petição de fls. 7786/7787, fazendo referência à impugnação (subitem "II.iv"), carreando aos autos, documentação alusiva a gastos dos outorgantes que citou, no período de junho a dezembro/2009, às fls. 7788/16713, nem tampouco foi recepcionada a juntada dos elementos de fls. 16737/16759. No âmbito do processo administrativo fiscal, a juntada de documentos está prevista no artigo 16, parágrafos 4º, 5º, e 6º do Decreto nº. 70.235/72. Em síntese, o dispositivo legal estabelece que a apresentação de documentos deve ser feita no momento da impugnação, sob pena de preclusão. A juntada posterior de documentos, inclusive na fase recursal, só é admitida em situações excepcionais, sendo elas: força maior, fato ou direito superveniente e contraposição a fatos ou razões posteriormente apresentadas nos autos. Em confronto com o instituto da preclusão, um dos princípios que informam o procedimento administrativo fiscal é o da verdade material, conhecido também como verdade real, segundo o qual a Administração não pode agir baseada apenas em presunções, sempre que lhe for possível descobrir a efetiva ocorrência dos fatos correspondentes (Hugo de Brito Machado Segundo, Processo Tributário, 4ª ed., Atlas, p. 30). A rigidez processual que estabelece a preclusão pode e deve ser mitigada, levando em conta que o objetivo, por excelência, do processo administrativo fiscal, que é apurar a legalidade da tributação, a qual não se presume pelo decurso do prazo para a prática de determinado ato, devendo ser demonstrada de forma inequívoca, tendo o julgador o poder dever de se valer de qualquer prova levada ao processo, desde que lícita. No presente caso, o contribuinte tanto em sede de Impugnação, como em sede recursal, pugna pela juntada posterior de documentos, ante o volume e complexidade dos lançamentos efetuados pela autoridade fiscal. Assim, adoto o entendimento de que, em se tratando de obrigação tributária, cuja constituição está condicionada ao princípio da legalidade, a busca pela verdade material deve prevalecer em detrimento de eventual alegação de preclusão, salvo, quando há hipóteses Fl. 16865DF CARF MF Processo nº 10437.720466/201462 Acórdão n.º 2401004.699 S2C4T1 Fl. 6 9 de abuso e má fé do contribuinte, o que não restou demonstrado nos presentes autos. Portanto, o Contribuinte, exercendo seu direito de ampla defesa, deve a qualquer momento, desde que antes do julgamento de primeira instância, apresentar os documentos que, por qualquer razão, não o foram no momento adequado, sempre oportunizando a outra parte para que, assim querendo, se manifeste, assegurando também o Princípio da Não Surpresa. Nesse descortino, entendo que houve preterição ao direito de defesa insculpido no artigo 59, inciso II do Decreto nº 70. que a documentação acostada pelo contribuinte em 09/01/2015, por intermédio da petição de fls. 7786/7787, fazendo referência à impugnação (subitem "II.iv"), às fls. 7788/16713 e os elementos juntados às fls. 16.737/16.759, devem ser recepcionados, devendo a autoridade fiscal se manifestar sobre toda a documentação acostada aos autos pelo contribuinte, antes da decisão de primeira instância, em seguida abrindose prazo para sua posterior manifestação e consequente encaminhamento à 4ª Turma da DRJ/JFA; razão pela qual declarase a nulidade formal do Acórdão recorrido. DO RECURSO DE OFÍCIO Em razão do entendimento adotado, pelo provimento do Recurso Voluntário para anular o Acórdão de primeira instância (nulidade formal), resta prejudicada a análise do Recurso de Ofício, neste momento. 2. CONCLUSÃO: Pelo exposto, conheço do RECURSO VOLUNTÁRIO para, em sede preliminar, DARLHE PROVIMENTO, acolhendo a alegação de cerceamento de defesa, declarando a nulidade formal do Acórdão recorrido em face da não admissão da documentação acostada pelo contribuinte em 09/01/2015, por intermédio da petição de fls. 7.786/7.787, fazendo referência à impugnação (subitem "II.iv"), às fls. 7.788/16713 e dos elementos juntados às fls. 16.737/16.759, determinando que a autoridade fiscal se manifeste sobre toda a documentação acostada aos autos pelo contribuinte, antes da decisão de primeira instância, em seguida abrindose prazo para sua posterior manifestação. Já em razão da nulidade do Acórdão de 1ª Instância, resta prejudicada a análise do Recurso de Ofício, por ora. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 16866DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.729743/2013-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/01/2013
LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
PROCEDIMENTO FISCAL. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO FÁTICA.
Somente quando demonstrados e comprovados todos os elementos necessários à caracterização de Grupo Econômico de fato, poderá a autoridade fiscal assim proceder, atribuindo a responsabilidade pelo crédito previdenciário a todas as empresas integrantes daquele Grupo, de maneira a oferecer segurança e certeza no pagamento dos tributos efetivamente devidos pela contribuinte, conforme preceitos contidos na legislação tributária, notadamente no artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91. Inexistindo a comprovação da vinculação comercial entre as empresas elencadas nos autos, sobretudo quanto à unidade de comando e confusão societária, patrimonial e contábil, não se pode cogitar na caracterização do grupo econômico de fato entre referidas pessoas jurídicas.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. TÍTULO PÚBLICO. CRÉDITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE.
Uma condição básica para se efetuar compensação de tributos é a existência de crédito líquido e certo. A certeza da existência do crédito decorre da consonância dos eventos fáticos com a norma expressa ou com sentença judicial transitada em julgado. A compensação de tributo com título público tem expressa vedação legal. Se não ancorada em sentença judicial transitada em julgado afastando referida norma não tem como prosperar o procedimento compensatório.
MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. INSERÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA. OCORRÊNCIA. APLICABILIDADE.
A inserção na GFIP de créditos fictícios, com inaptidão para compensação tributária de conhecimento geral, tem por objetivo o retardamento do pagamento de contribuições previdenciárias. Justifica-se, assim, a manutenção da multa isolada.
Numero da decisão: 2401-004.848
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer dos recursos. No mérito, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado pela autuada, mantendo o crédito tributário lançado. No mérito, por maioria, dar provimento aos recursos dos sujeitos passivos solidários para afastar os respectivos vínculos de responsabilidade. Vencidos os conselheiros Denny Medeiros da Silveira e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que negavam provimento aos recursos. Solicitou fazer declaração de voto o conselheiro Denny Medeiros da Silveira.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PROCEDIMENTO FISCAL. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO FÁTICA. Somente quando demonstrados e comprovados todos os elementos necessários à caracterização de Grupo Econômico de fato, poderá a autoridade fiscal assim proceder, atribuindo a responsabilidade pelo crédito previdenciário a todas as empresas integrantes daquele Grupo, de maneira a oferecer segurança e certeza no pagamento dos tributos efetivamente devidos pela contribuinte, conforme preceitos contidos na legislação tributária, notadamente no artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91. Inexistindo a comprovação da vinculação comercial entre as empresas elencadas nos autos, sobretudo quanto à unidade de comando e confusão societária, patrimonial e contábil, não se pode cogitar na caracterização do grupo econômico de fato entre referidas pessoas jurídicas. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. TÍTULO PÚBLICO. CRÉDITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE. Uma condição básica para se efetuar compensação de tributos é a existência de crédito líquido e certo. A certeza da existência do crédito decorre da consonância dos eventos fáticos com a norma expressa ou com sentença judicial transitada em julgado. A compensação de tributo com título público AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 97 43 /2 01 3- 59 Fl. 978DF CARF MF 2 tem expressa vedação legal. Se não ancorada em sentença judicial transitada em julgado afastando referida norma não tem como prosperar o procedimento compensatório. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. INSERÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA. OCORRÊNCIA. APLICABILIDADE. A inserção na GFIP de créditos fictícios, com inaptidão para compensação tributária de conhecimento geral, tem por objetivo o retardamento do pagamento de contribuições previdenciárias. Justificase, assim, a manutenção da multa isolada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 979DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 3 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer dos recursos. No mérito, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado pela autuada, mantendo o crédito tributário lançado. No mérito, por maioria, dar provimento aos recursos dos sujeitos passivos solidários para afastar os respectivos vínculos de responsabilidade. Vencidos os conselheiros Denny Medeiros da Silveira e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que negavam provimento aos recursos. Solicitou fazer declaração de voto o conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 980DF CARF MF 4 Relatório VESTCON EDITORA LTDA., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos auto do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 5a Turma da DRJ em Belém/PA, Acórdão nº 0129.592/2014, às fls. 662/677, que julgou procedente o lançamento fiscal, referente à glosa de compensação indevida e multa isolada, lavradas em face da interessada e de empresas solidárias, em relação ao período de 01/2009 a 12/2011, conforme Relatório Fiscal, às efls. 50/68, consubstanciado nos seguintes Autos de Infração: a) DEBCAD n° 51.046.7370, referente ao lançamento de crédito previdenciário oriundo de contribuições devidas pelo contribuinte à Seguridade Social, em virtude de remuneração paga a segurados empregados e contribuintes individuais, não recolhida em época própria, em virtude de compensação indevida. Levantamento CP Glosa de compensação indevida. b) DEBCAD n° 51.046.7385, referente a comprovação de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, tal como o previsto no § 10, do artigo 89 da Lei n° 8.212/91, o que determina a multa aplicada no percentual constante no inciso I do caput do art. 44 da Lei n° 9.430/96, aplicado em dobro, ou seja, resulta na cominação de multa de 150% do valor das contribuições que se informou ter compensado, independentemente da exigência do próprio tributo com os acréscimos moratórios. Noticia, em síntese, o Relatório Fiscal, fls. 50/68, que: Foi constatada a existência de grupo econômico de fato formada pela Interessada e outras empresas. “Não houve a constituição formal do grupo econômico de acordo com os preceitos da Lei 6.404 de 15/12/1976 (os chamados “grupos de sociedade”), porém, observouse que as empresas eram interligadas entre si e que a direção e a administração era exercida pelo mesmo grupo de pessoas”. São relatados outros elementos que corroboram para a existência de um grupo econômico: identidade de endereço de empresas; utilização de mesma estrutura física; execução de transações comerciais e financeiras entre si; existência de prestador de serviço em comum; procuração outorgada pelas empresas para os mesmos procuradores; Informações na internet mencionando o “Grupo Vestcon” e existência de sentença judicial em Reclamatória Trabalhista confirmando a existência de grupo econômico formada pela Vestcon e outras reclamadas: Bluepoint Administradora de Empreendimentos Turísticos e Imobiliários Ltda, Bluepoint Administradora de Condomínios Ltda, Casa dos Concursos Ltda e PIMVALE Comércio Representações Ltda. “Configurada a solidariedade tributária, as empresas listadas neste relatório fiscal no quadro de composição do grupo econômico foram incluídas no pólo passivo da obrigação tributária e serão cientificadas do lançamento dos créditos tributários constituídos na presente ação fiscal, por meio do Termo de Sujeição Passiva Solidária”. Fl. 981DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 4 5 Em resposta a intimação fiscal o Interessado justificou as compensações realizadas com a apresentação dos títulos emitidos por MUNICIPALITY OF PARÁ (BELÉM) CAPITAL OF THE STATE OF PARÁ – REPUBLIC OF THE UNITED STATES OF BRASIL de acordo com a Lei nº 589, de janeiro de 1912. Informa que os valores compensados foram registrados na contabilidade da seguinte forma: “110603 – Títulos da Dívida Pública – conta – 1106030005 – Compensação INSS”. Após citar várias normas com o intuito de demonstrar a impossibilidade de tal compensação, relata a autoridade autuante que “foram glosados os valores indevidamente compensados, por ter o sujeito passivo utilizado, para tal fim, títulos da dívida pública externa, não negociáveis no país e, portanto, sem valor para os fins que se pretende”. A multa isolada de 150% do valor das contribuições compensadas foi lançada, AI DEBCAD 51.046.7385, em razão da comprovação da falsidade das declarações apresentadas. Formalizouse uma Representação Fiscal para Fins Penais contra a empresa tendo em vista que a inclusão de dados não verdadeiros na GFIP caracterizar, em tese, crime de falsificação de documento público. Inconformadas com a Decisão recorrida, a autuada, as empresas responsabilizadas solidariamente Bluepoint Administradora Imobiliária Ltda., Nossa Empreendimentos Educacionais e Comerciais Ltda., Bluepoint Administradora de Emp. Turísticos Ltda., Bluepoint Administração de Hotéis Ltda., Bluepoint Administradora de Condomínios Ltda. e Bluepoint Administração Condominial Ltda. apresentaram Recursos Voluntário, procurando demonstrar sua improcedência, repisando as razões da impugnação, em síntese as seguintes. VESTCON EDITORA LTDA. Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as alegações da impugnação, suscitando preliminarmente a nulidade de “todo feito fiscal”, em razão da ofensa ao Princípio do Devido Processo Legal, do contraditório e da ampla defesa, pois comina “genericamente imputações à legislação de regência sem destacar com clareza quais os dispositivos foram, supostamente, feridos cerceia e torna difícil a defesa da Impugnante”. Entende a Impugnante que “a Fiscalização não logrou êxito na tentativa de demonstrar a subsunção dos fatos à norma”. Sustenta que o lançamento ofendeu o Princípio da Verdade Material uma vez que a simples cominação de infrações com base em indícios fundamentados em amostragem sem a real comprovação dos fatos jurídicos tidos como ocorridos ou violados, afasta e fere violentamente o princípio da verdade material. Assevera que a Fiscalização não buscou se valer de todos os documentos necessários para a averiguação da ocorrência do fato gerador e nem possibilitou à Impugnante fazêlo em sua integralidade, ferindose, cabalmente, os princípios constitucionais da legalidade, moralidade, verdade material e ampla defesa. Fl. 982DF CARF MF 6 Defende a legalidade da utilização dos Títulos da Dívida Pública para fins de compensação dos créditos tributários. Faz referência aos art. 73 e 74 da Lei 9.430/96, Medida Provisória nº 1.76367, além da citação de excertos de decisões judiciais, como autorizadoras de compensações com título da dívida pública. Considera indevida e ilegal a multa isolada no percentual de 150%, pois não agiu de forma fraudulenta já que ‘não ocultou o fato gerador do Fisco, pois apresentou GFIP’s. Quanto ao tópico “Da responsabilização solidária no Direito Tributário” são usadas as mesmas palavras, ou seja, mesma fundamentação e argumentação, nos seguintes recursos: Bluepoint Administradora Imobiliária Ltda., Nossa Empreendimentos Educacionais e Comerciais Ltda e VESTCON Editora Ltda. Após discorrer sobre vários artigos do Código Tributário Nacional que tratam sobre a responsabilidade tributária aduz que as condutas tidas por infratores devem ser comprovadas, não sendo válida a aplicação de mera presunção humana de descumprimento, pelo sócio, de suas obrigações legais ou societárias. “No caso concreto ora discutido, a defesa vem exaustivamente demonstrando que o Impugnante, no breve período em que participou da referida sociedade, e embora tivesse qualificado como ‘sócio administrador’, não participou de fato da administração dos negócios, sendo apenas um sócio cotista cuja participação totalizava 25% do capital social. Nessa condição, em nada contribuiu no tocante à prática de supostas irregularidades, em tese sustentada pela Fiscalização, o que impede sua convocação ao pólo passivo da aludida obrigação tributária”. “Se pretendesse atingir o patrimônio de outras sociedades, com a finalidade de satisfação de obrigações tributárias pretensamente descumpridas pela VESTCON, farseia imperioso exaurir primeiramente o patrimônio da sociedade. Só posteriormente – e em sede judicial –poderiam ser apuradas as devidas responsabilidades dos seus sócios, respeitando o devido processo legal”. Entende que as Autoridades Fiscalizadoras partiram simplesmente de ilações para enquadrar as empresas como grupo econômico como coresponsáveis pelo crédito tributário lançado. Para reforçar seus argumentos são citados, pelas recorrentes, excertos da doutrina e da jurisprudência administrativa e judicial. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. RECURSOS DA BLUEPOINT ADMINISTRADORA DE EMPREENDIMENTO TURÍSTICO LTDA E DEMAIS Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as alegações da impugnação, esclarecendo ser impossível a produção de prova negativa, cabendo ao fisco demonstrar o suposto interesse comum entre a Vestcon e as ora recorrentes. Fl. 983DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 5 7 Explicita que o simples fato de compartilhar espaço físico e ratear despesas decorrentes dessa relação exclusivamente comercial, não configura grupo econômico, na medida em que não havia e nem há qualquer dependência entre elas ou, ainda, mesma direção, controle ou administração. Também não havia confusão patrimonial ou financeira. Esses fatos não foram contestados, e não há qualquer alegação da Fazenda em sentido contrário, ou mera indicação de transferência de recursos, auxílio financeiro ou patrimônio comum. Suscita a nulidade de “todo feito fiscal”, em razão da ofensa ao Princípio do Devido Processo Legal, do contraditório e da ampla defesa, pois comina “genericamente imputações à legislação de regência sem destacar com clareza quais os dispositivos foram, supostamente, feridos cerceia e torna difícil a defesa da Impugnante”. Afirma que a única relação comercial entre a Vestcon e a Bluepoint ocorreu entre a Vestcon e a empresa Bluepoint Adm. Empr. Tur. e Imob. Ltda. No período mencionado na ação fiscal ocorria aquisição, pela Vestcon, de diárias em hotel administrado pela Bluepoint Adm. Empr.Tur. e Imob. Ltda. Assevera que as empresas Bluepoint e as empresas VESTCON não são parte de um grupo econômico. Entretanto, mesmo que fossem parte de um só grupo, tal fato não autorizaria, por si só, a responsabilização da Bluepoint, como pretende a Receita. Sustenta que o fato de haver sócio em comum entre duas das empresas também não configura grupo econômico, muito menos para fim de solidariedade tributária – mesmo que o controlador seja gerente de uma ou mais empresas. Para reforçar seus argumentos são citados trechos da jurisprudência e da doutrina. Requer o reconhecimento da inexistência de grupo econômico e de solidariedade entre as Impugnantes e a Vestcon. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 984DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE NULIDADE DOS LANÇAMENTOS Preliminarmente suscita a nulidade de “todo feito fiscal”, em razão da ofensa ao Princípio do Devido Processo Legal, do contraditório e da ampla defesa, pois comina “genericamente imputações à legislação de regência sem destacar com clareza quais os dispositivos foram, supostamente, feridos cerceia e torna difícil a defesa da Impugnante”. Entende a Impugnante que “a Fiscalização não logrou êxito na tentativa de demonstrar a subsunção dos fatos à norma”. Sustenta que o lançamento ofendeu o Princípio da Verdade Material uma vez que a simples cominação de infrações com base em indícios fundamentados em amostragem sem a real comprovação dos fatos jurídicos tidos como ocorridos ou violados, afasta e fere violentamente o princípio da verdade material. Assevera que a Fiscalização não buscou se valer de todos os documentos necessários para a averiguação da ocorrência do fato gerador e nem possibilitou à Impugnante fazêlo em sua integralidade, ferindose, cabalmente, os princípios constitucionais da legalidade, moralidade, verdade material e ampla defesa. Em que pesem as substanciosas razões ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que os lançamentos, corroborados pela decisão recorrida, apresentamse formalmente incensuráveis, devendo ser mantidos em sua plenitude. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com os presentes lançamentos. A simples leitura dos anexos das autuações, especialmente o “Fundamentos Legais do Débito – FLD”, Relatório Fiscal e demais informações fiscais, não deixa margem de dúvida recomendando a manutenção dos lançamentos. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover os lançamentos demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportaram, ou melhor, os fatos geradores do crédito tributário, não se cogitando na nulidade dos procedimentos. Melhor elucidando, os cálculos dos valores objetos dos lançamentos foram extraídos das informações constantes dos sistemas previdenciários e fazendários, rechaçando qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento adotado pelo fiscal autuante, como Fl. 985DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 6 9 procura demonstrar à autuada, uma vez que agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência. Destarte, é direito da contribuinte discordar com a imputação fiscal que lhe está sendo atribuída, sobretudo em seu mérito, mas não podemos concluir, por conta desse fato, isoladamente, que o lançamento não fora devidamente fundamentado na legislação de regência. Mais a mais, a exemplo da defesa inaugural, a contribuinte não trouxe qualquer elemento de prova capaz de comprovar que os lançamentos encontramse maculados por vício em sua formalidade, escorando seu pleito em simples arrazoado desprovido de demonstração do sustentado. GRUPO ECONÔMICO Conforme se depreende dos autos, a ilustre autoridade lançadora entendeu por bem caracterizar Grupo Econômico de Fato entre a VESTCON EDITORA LTDA e outras empresas., sob os seguintes fundamentos Fl. 986DF CARF MF 10 Diante de aludida constatação, a partir da ação fiscal com a conseqüente constituição do crédito sob análise, as empresas listadas, na condição de integrantes do grupo econômico de fato caracterizado pela fiscalização, foram chamadas a responder por tais débitos, em face da responsabilidade solidária, insculpida no artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91. Por sua vez, em suas alegações de recursos, a contribuinte e a Bluepoint Administradora Imobiliária Ltda., Nossa Empreendimentos Educacionais e Comerciais Ltda, opõemse a caracterização de grupo econômico, aduzindo que as Autoridades Fiscalizadoras partiram simplesmente de ilações para enquadrar as empresas como grupo econômico como coresponsáveis pelo crédito tributário lançado. Já as demais solidárias, encabeçadas pela BLUEPOINT ADMINISTRADORA DE EMPREENDIMENTO TURÍSTICO LTDA, esclarecem ser impossível a produção de prova negativa, cabendo ao fisco demonstrar o suposto interesse comum entre a Vestcon e as ora recorrentes. Explicitam que o simples fato de compartilhar espaço físico e ratear despesas decorrentes dessa relação exclusivamente comercial, não configura grupo econômico, na medida em que não havia e nem há qualquer dependência entre elas ou, ainda, mesma direção, controle ou administração. Também não havia confusão patrimonial ou financeira. Esses fatos Fl. 987DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 7 11 não foram contestados, e não há qualquer alegação da Fazenda em sentido contrário, ou mera indicação de transferência de recursos, auxílio financeiro ou patrimônio comum. Suscitam a nulidade de “todo feito fiscal”, em razão da ofensa ao Princípio do Devido Processo Legal, do contraditório e da ampla defesa, pois comina “genericamente imputações à legislação de regência sem destacar com clareza quais os dispositivos foram, supostamente, feridos cerceia e torna difícil a defesa da Impugnante”. Afirmam que a única relação comercial entre a Vestcon e a Bluepoint ocorreu entre a Vestcon e a empresa Bluepoint Adm. Empr. Tur. e Imob. Ltda. No período mencionado na ação fiscal ocorria aquisição, pela Vestcon, de diárias em hotel administrado pela Bluepoint Adm. Empr.Tur. e Imob. Ltda. Asseveram que as empresas Bluepoint e as empresas VESTCON não são parte de um grupo econômico. Entretanto, mesmo que fossem parte de um só grupo, tal fato não autorizaria, por si só, a responsabilização da Bluepoint, como pretende a Receita. Sustentam que o fato de haver sócio em comum entre duas das empresas também não configura grupo econômico, muito menos para fim de solidariedade tributária – mesmo que o controlador seja gerente de uma ou mais empresas. Para reforçar seus argumentos são citados trechos da jurisprudência e da doutrina. Antes mesmo de se adentrar as questões de mérito propriamente ditas, em relação ao caso concreto, mister se faz trazer à baila o conceito de grupo econômico inscrito na legislação de regência, bem como alguns estudos a propósito da matéria, indispensáveis ao deslinde da controvérsia, senão vejamos: Ao contemplarem o tema, os artigos 121, 124 e 128, do Código Tributário Nacional, assim prescrevem: “ Art. 121 Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo Único O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direita com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art.124 São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo Único A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Fl. 988DF CARF MF 12 Art.128 Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.” Por sua vez, a Lei nº 6.404/76, ao conceituar Grupo Econômico em seus artigos 265 e 267, estabelece o seguinte: “ Art. 265 A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos deste Capítulo, grupo de sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns. § 1º A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira, e exercer, direta ou indiretamente, e de modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como titular de direitos de sócio ou acionista, ou mediante acordo com outros sócios ou acionistas. § 2º A participação recíproca das sociedades do grupo obedecerá ao disposto no artigo 244. Art. 267 O grupo de sociedades terá designação de que constarão as palavras "grupo de sociedades" ou "grupo". Parágrafo Único Somente os grupos organizados de acordo com este Capítulo poderão usar designação com as palavras "grupo" ou "grupo de sociedade".” Em outra via, o § 2º, do artigo 2º, da CLT, ao tratar da matéria, é por demais enfático ao positivar: “Art. 2º Considerase empregador a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. § 1º [...] § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” Com mais especificidade, em relação aos procedimentos a serem observados pelos Auditores fiscais da RFB ao promoverem o lançamento, notadamente quando tratarse de caracterização de Grupo Econômico, o artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91, determina o que segue: “ Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: [...] Fl. 989DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 8 13 IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei;” Como se observa dos dispositivos legais encimados, a solidariedade previdenciária é legal e obriga os sujeitos passivos do fato gerador da contribuição da seguridade social, desde que suas regras sejam corretamente aplicadas e o procedimento fiscal regularmente conduzido. Por seu turno, especialmente na esfera trabalhista, a doutrina contempla alguns limites e requisitos/pressupostos para a caracterização do grupo econômico de fato, estabelecendo características basilares de maneira a nortear os trabalhos desenvolvidos neste sentido, senão vejamos: “o grupo de empresas deve ser inicialmente caracterizado como fenômeno de concentração, incompatível com o individualismo, mas perfeitamente consentâneo com a sociedade pluralista, a que corresponde o capitalismo moderno. Ao contrário da fusão e da incorporação que constituem a concentração na unidade, o grupo exterioriza a concentração na pluralidade. Particulariza se,entre os demais de sua espécie, por ser composto de entidades autônomas, submetido o conjunto à unidade de direção.” (In Magano. Otávio Bueno – “Os Grupos de Empresas no Direito do Trabalho” – São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais, 1979, pág. 305’) (grifamos) Em conclusão, da soma de todas essas normas, vêse que está configurada a existência de um grupo econômico toda vez que duas ou mais empresas estiverem submetidas a um mesmo poder de controle, fato considerado pelo direito como relevante, merecendo uma disciplina específica de modo a se coibir a manipulação das relações entre as sociedades que tenham por escopo a contabilização de prejuízos a apenas uma delas, em detrimento dos sócios minoritários e credores da sociedade prejudicada, e a proteção dos verdadeiros beneficiários das articulações. Verificase, que a caracterização de grupo econômico de fato se apresenta como um procedimento excepcional, lastreado nas normas do direito privado, na condição de instrumento no combate à evasão fiscal praticada por contribuintes sob o manto de diversos atos comerciais escusos, sendo, por conseguinte, plenamente válido e legal, conquanto que devidamente observados os requisitos para tanto e perfeitamente demonstrada à situação fática adotada na pretensão fiscal. Por sua vez, a interpretação do caso concreto deve ser levada a efeito de forma objetiva, nos limites da legislação específica. Em outras palavras, a autoridade fiscal e, bem assim, o julgador não poderão deixar de observar os pressupostos legais de caracterização do grupo econômico, a partir de suas especificidades conceituais, sendo defeso, igualmente, a atribuição de requisitos/condições que não estejam contidos nos dispositivos legais que regulamentam a matéria, a partir de meras subjetividades, sobretudo quando arrimadas em premissas que não constam dos autos, sob pena, inclusive, de afronta ao Princípio da Legalidade. Fl. 990DF CARF MF 14 Na hipótese dos autos, inobstante o esforço da autoridade lançadora, não conseguimos vislumbrar a existência de um Grupo Econômico de Fato. Pelo menos na forma proposta pelo fiscal autuante. Explico: Inicialmente, inobstante destacar a necessidade de um controle central e/ou uníssono, a fiscalização não logrou comprovar que, no decorrer de todo período fiscalizado, a autuada ou outra empresa integrante do grupo econômico de fato caracterizado detinha a controle de TODAS as pessoas físicas no desenvolvimento de suas operações e atividades comerciais. Igualmente, não restou demonstrada a dilapidação do patrimônio da autuada ou outra empresa, com a transferência a LARANJAS, visando afastarse da responsabilidade pelo pagamento dos tributos. Com efeito, não se vislumbra qualquer alteração no quadro societário tendente a afastar a exigência de tributos eventualmente devidos. Neste ponto, impende esclarecer que não entendemos que a identidade do quadro societário, se constatada, isoladamente, oferece proteção à tese da existência de Grupo Econômico de Fato, mas sim tratase de um elemento de indício. Não obstante a autoridade lançadora colacionar aos autos alguns indícios da existência de grupo econômico de fato, não contempla com especificidade para cada empresa a vinculação entre todas ou mesmo a unicidade de direção. Em verdade, no Relatório Fiscal, o fiscal autuante simplesmente aduz haver identidade de endereço, bem como vinculações parciais no quadro societário das empresas,, além de outros pequenos fatos indiciários que, por si só, não tem o condão de demonstrar a existência de grupo econômico de fato, especialmente levando em consideração a necessidade de unicidade de comando, confusão patrimonial e contábil, além de interesse comum no fato gerador. Mais a mais, escora sua pretensão em precedente judicial, na esfera trabalhista, o qual, igualmente, no máximo, se prestaria a comprovação indiciária, mas nunca efetiva do grupo econômico de fato, como o próprio julgador de primeira instância faz questão de inferir em relação as demais decisões judiciais adotadas pelas contribuintes em suas respectivas impugnações. Vale salientar ainda que nem todos as empresas indicadas como participantes do grupo de fato, fazem parte das decisões judiciais. No mais, o que reforçaria o entendimento da fiscalização são as planilhas/quadros demonstrativos elencados no Relatório Fiscal, os quais, isoladamente e sem qualquer associação aos fatos, ou seja, subsunção do fato a norma, não tem o condão de encampar a pretensão fiscal. Bom que se diga que não estamos aqui afirmando com toda segurança inexistir interesses comuns entre algumas das empresas elencadas nos autos e chamadas a responsabilização do crédito tributário, por responsabilidade solidária, a partir da caracterização do grupo econômico de fato. Sustentamos, na verdade, que o fiscal autuante não se desincumbiu do ônus de comprovar com especificidade a existência, de fato, do grupo econômico. E, não o tendo feito de maneira específica em relação à cada empresa, não temos condições de analisar a questão individualizadamente, o que atrai a necessidade de afastar aludida conclusão fiscal, da existência de grupo econômico de fato. Fl. 991DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 9 15 Com a devida vênia, o nobre fiscal autuante, em seu Relatório Fiscal, fora por demais superficial. A jurisprudência administrativa não discrepa desse entendimento, conforme se extrai do julgado abaixo transcrito, da lavra da ilustre Conselheira Ana Maria Bandeira, ainda quando integrante do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, in verbis: “PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO RETENÇÃO 11% GRUPO ECONÔMICO DE FATO SUCESSÃO DE FATO O contratante de serviços mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura e recolher a importância em nome da prestadora A formação de grupo econômico de fato deverá estar plenamente demonstrada pela participação de pessoas físicas, em duas ou mais empresas, nos mesmos percentuais considerados para a conceituação de empresas coligadas, controladas ou controladoras, constantes da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro 1976 A ocorrência de sucessão deve estar bem caracterizada e ainda que assim esteja, se o sucedido continuar a exercer atividade no mesmo ramo, não se configura a responsabilidade solidária, mas a subsidiária Não pode subsistir o lançamento de créditos de uma pessoa jurídica contra outra, onde não esteja demonstrada a vinculação para tal CONHECIDO PARCIALMENTE PROVIDO.” (grifamos) (Processo n° 35067.002367/200329 – NFLD n° 35.538.0897 Acórdão n° 1044/2005 – Sessão de 24/05/2005) Como se observa, é bem verdade que a legislação de regência autoriza à autoridade lançadora, à juízo próprio, caracterizar grupo econômico de fato. Entrementes, tal procedimento deverá ser devidamente fundamentado, indicando e comprovando a fiscalização quais os motivos que a levaram a desconsiderar os atos realizados pelos administrados. Trata se, pois, de atividade fiscal excepcional, devendo, portanto, estar devidamente motivada. Não se pode inverter o ônus da prova, quando inexistir dispositivo legal assim contemplando, a partir de uma presunção legal. In casu, havendo dúvidas quanto a licitude dos atos praticados pelas contribuintes, caberia a fiscalização se aprofundar no exame das provas, como ocorre em inúmeras oportunidades, sendo defeso, no entanto, presumir pela existência de grupo econômico de fato. Ademais, como é de conhecimento daqueles que lidam com o direito, o ônus da prova cabe a quem alega, in casu, ao Fisco, especialmente por inexistir disposição legal contemplando a presunção no caso de pretenso grupo econômico de fato, incumbindo à fiscalização buscar e comprovar a realidade dos fatos, podendo/devendo para tanto, inclusive, intimar todas as partes interessadas para confirmar a idoneidade dos atos negociais efetuados pelas contribuintes. Fl. 992DF CARF MF 16 Na esteira desse raciocínio, deixando a autoridade lançadora de comprovar a vinculação comercial, gerencial entre as empresas elencadas nos autos, não se pode cogitar na manutenção do Grupo Econômico de Fato. COMPENSAÇÃO E MULTA ISOLADA Após citar várias normas com o intuito de demonstrar a impossibilidade de tal compensação, relata a autoridade autuante que “foram glosados os valores indevidamente compensados, por ter o sujeito passivo utilizado, para tal fim, títulos da dívida pública externa, não negociáveis no país e, portanto, sem valor para os fins que se pretende”. A multa isolada de 150% do valor das contribuições compensadas foi lançada, AI DEBCAD 51.046.7385, em razão da comprovação da falsidade das declarações apresentadas. Em suas razões recursais, pretende a contribuinte a reforma da decisão recorrida, a qual manteve integralmente a exigência fiscal, aduzindo para tanto os mesmos argumentos da impugnação, não acrescentando nem um novo documento ou fundamento sequer, defendendo a legalidade da utilização dos Títulos da Dívida Pública para fins de compensação dos créditos tributários. Faz referência aos art. 73 e 74 da Lei 9.430/96, Medida Provisória nº 1.76367, além da citação de excertos de decisões judiciais, como autorizadoras de compensações com título da dívida pública. Considerando indevida e ilegal a multa isolada no percentual de 150%, pois não agiu de forma fraudulenta já que ‘não ocultou o fato gerador do Fisco, pois apresentou GFIP’s. Assim sendo, uma vez que simplesmente repisa as alegações da defesa inaugural, peço vênia para transcrever excertos da decisão recorrida e adotálos como razões de decidir, por muito bem analisar as alegações suscitadas pela autuada e documentos acostados aos autos, in verbis: "[...] Iniciase a análise do mérito do presente litígio com a verificação da procedência ou não da glosa das compensações realizadas com créditos decorrentes de Título da Dívida Pública intitulado MUNICIPALITY OF PARÁ (BELÉM) CAPITAL OF THE STATE OF PARÁ – REPUBLIC OF THE UNITED STATES OF BRASIL. Cabe observar que a análise será jurídica, mais especificamente, jurídicotributária, sem perscrutar sob a autenticidade ou não de referido documento. A impugnante defende a legalidade da utilização dos Títulos da Dívida Pública para realização de compensações tributárias com o argumento principal de que o art. 73 e 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, permite que o contribuinte possa compensar seus créditos com quaisquer tributos. “É de sublinharse que o legislador ao autorizar a restituição e compensação de tributos e contribuições permite expressamente a utilização de créditos, o que significa dizer que não houve engessamento ou restrição da ampla utilização das Apólices da Dívida Pública para fins de quaisquer tributos e contribuições”. Fl. 993DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 10 17 No entanto, observase que a conclusão apresentada: “não houve engessamento ou restrição da ampla utilização das Apólices da Dívida Pública”, não deriva da premissa legal apresentada, art. 73 e 74 da Lei 9.430/96, por dois motivos principais: 1º O caput do art. 74 menciona que o crédito passível de compensação é o decorrente de tributos administrados pela Receita Federal: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (destacouse) 2º No inciso II do § 12 do art. 74 da Lei 9.430/96 há uma proibição expressa a utilização de crédito que se refira a título público: Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996: § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: II em que o crédito: a) seja de terceiros; b) omissis c) refirase a título público; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) Esse texto que veda expressamente compensar débitos tributários com crédito decorrentes de títulos públicos é repetido em normas infralegais, tais como a Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008 e Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. Portanto, a compensação realizada pela Interessada não só não encontra respaldo legal, pois o crédito utilizado não decorre de tributos pagos indevidamente, como também viola norma expressa que veda compensação com a utilização de crédito que se refira a título público. Os elementos analisados convergem para a manutenção das glosas das compensações, uma vez que há dispositivo legal expresso que veda referido procedimento compensatório e inexiste nos autos sentença judicial transitada em julgado afastando essas normas e autorizando as aludidas compensações. Consignase que o art. 6º da Lei 9.711, de 20 de novembro de 1998 é inaplicável para o caso concreto, conforme parágrafo Fl. 994DF CARF MF 18 único deste mesmo dispositivo legal e da falta de autorização pelo Ministério da Fazenda para utilização do crédito apresentado pela impugnante para compensação tributária, a este respeito também inaplicável o disposto na Medida Provisória 1.76367. Por oportuno, não é demais relembrar os alertas contidos na Cartilha de “Prevenção à Fraude Tributária com Títulos Públicos Antigos” 1 produzida em conjunto pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional, ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional e Ministério Público da União: “Títulos antigos emitidos em papel e em moeda estrangeira não podem ser convertidos nos títulos referidos no art. 2º da Lei nº 10.179, de 2001 (LTN, LFT ou NTN), portanto não se prestam para pagamento ou compensação de tributos federais”. “O Tesouro Nacional não paga valores referentes a títulos cartulares, emitidos no século passado em moeda estrangeira”. “Títulos impressos em moeda estrangeira são negociados fora do Brasil;só podem ser resgatados no exterior, por meio do agente pagador credenciado e na moeda da emissão; não estão sujeitos a incidência de qualquer ajuste ou correção com base na legislação brasileira”. A análise sobre a multa isolada está relacionada à verificação do elemento subjetivo, ou seja, se houve ou não a intenção de inserir nas GFIP’s elementos não verdadeiros. Para não haver distorção deste debate é preciso contextualizá lo, ele ocorre no Poder Executivo, ou seja, não se exige elementos suficientes para uma condenação penal por fraude, conluio ou uso de documento falso, etc., como eventualmente se exigiria no território do Poder Judiciário. As compensações, em GFIP, foram realizadas com créditos inexistentes, caracterizando, assim, compensações indevidas lastreadas em informações não verdadeiras, qual seja, “a existência de crédito líquido e certo”, pressuposto básico para realização de qualquer compensação tributária. Com tal decisão, “falsidade da declaração prestada”, a Interessada terminou por retardar conscientemente o pagamento de contribuições previdenciárias. Neste contexto, o deferimento do pagamento de tributo a partir de uma ação consciente (“ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”2) é elemento suficiente para manutenção da multa isolada, pois diante das várias barreiras normativas e da ausência de sentença judicial favorável à impugnante e transitada em julgada, campanhas do Poder Público alertando para a existência deste tipo de fraude, a ponto de se somar esforços entre o Ministério Público da União, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Secretaria do Tesouro Nacional para publicação de uma Cartilha, pedagógica, de “Prevenção à Fraude Tributária com Títulos Públicos Antigos”. Fl. 995DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 11 19 Concluise, assim, que a opção de compensar débitos tributários reiteradamente (por mais de 25 meses, em vários estabelecimentos) com crédito, cuja compensação é vedada expressamente em lei foi uma decisão consciente, portanto, mantém o lançamento da multa isolada, pois esses eventos compensatórios subsumem a norma contida no art. § 10 do art. 89 da Lei 8.212/91, incluída pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei 11.941, de 27 de maio de 2009. Essas são as razões de decidir do órgão de primeira instância, as quais estão muito bem fundamentadas, motivo pelo qual, após análise minuciosa da demanda, compartilho das conclusões acima esposadas. Quanto às demais alegações da contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Assim, escorreita a decisão recorrida devendo nesse sentido ser mantido o lançamento, uma vez que a contribuinte não logrou infirmar os elementos colhidos pela Fiscalização que serviram de base para glosa da compensação indevida, atraindo pra si o ônus probandi dos fatos alegados. Não o fazendo razoavelmente, não há como se acolher a sua pretensão. Por todo o exposto, estando os lançamentos sub examine em consonância parcial com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DOS RECURSOS VOLUNTÁRIO, rejeitar as preliminares e, no mérito, I. NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTUADA; II. DARLHE PROVIMENTO AOS RECURSOS DOS SUJEITOS SOLIDÁRIOS, apenas no sentido de afastar o grupo econômico e a responsabilidade solidária, mantendo a integralidade do crédito tributário, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 996DF CARF MF 20 Declaração de Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira Com a maxima venia, divirjo do Relator quanto à caracterização do Grupo Econômico. Ao analisarse a doutrina sobre o tema, percebese a existência de uma crítica quanto à ausência de regulamentação expressa em relação aos grupos econômicos de fato, recaindo tal responsabilidade sobre o Poder Judiciário. É assente, todavia, que tanto os grupos econômicos de direito quanto os de fato podem se dar pela combinação de recursos ou esforços para a consecução de objetivos comuns, sob a forma horizontal (coordenação) ou sob a forma vertical (controle x subordinação). Assim, para a configuração de grupo econômico é dispensável a existência de uma empresa que exerça algum tipo de controle sobre as outras e, tampouco, que as empresas formalizem juridicamente essa união ou que mantenham relação de subordinação. A coordenação é suficiente para caracterizar a unidade de interesses e a afinidade de objetivos, hipótese em que pode não haver prevalência de uma empresa sobre a outra, mas a conjugação de interesses com vistas à ampliação da credibilidade, dos negócios, dos interesses comuns, atuando de forma inequívoca na condição de grupo econômico, ainda que de fato, no qual, obviamente, não serão encontradas todas as formalidades de que se revestem os grupos econômicos de direito. Dessa forma, a constatação da existência de um grupo de sociedades coordenadas, articuladas, já basta para a aplicação das consequências jurídicas, independentemente de convenção, contrato ou subordinação. Tal medida visa coibir possíveis abusos e proteger credores e terceiros que se relacionem com tais agrupamentos. As relações jurídicas destes grupos para com terceiros não podem ser examinadas e resolvidas sob o prisma simplista do interesse isolado de cada uma das pessoas jurídicas que o compõem. Elas agem economicamente como um todo, como um grupo, e assim devem ser consideradas. Pois bem, compulsando os autos, observase que há um farto conjunto de elementos capazes de demonstrar a existência do Grupo Econômico e a consequente responsabilização solidária de seus integrantes. Primeiramente, convém trazer à baila a informação consignada em todos os Termos de Sujeição Passiva Solidária que foram encaminhados às empresas integrantes do Grupo Econômico, fls. 365 a 400, os quais gozam de presunção (iuris tantum) de legalidade e veracidade: No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, e no curso da ação fiscal iniciada em 09/05/2013, constatamos que as empresas em epígrafe faziam parte de um mesmo “Grupo Econômico de Fato”, assim caracterizado por Fl. 997DF CARF MF Processo nº 10166.729743/201359 Acórdão n.º 2401004.848 S2C4T1 Fl. 12 21 pertencerem a um grupo de sociedades em unicidade gerencial, laboral e patrimonial, sem se constituírem em grupo econômico de direito, revestido das formalidades legais”. O Relatório Fiscal de fls. 50 a 68, por sua vez, traz, com detalhes, uma série de elementos caracterizadores do Grupo Econômico, os quais, inclusive, foram citados no Voto do Relator, porém, dada a sua relevância, entendemos por bem destacar cada um desses elementos: A direção e administração das empresas era exercida pelo mesmo grupo de pessoas, conforme se observa na tabela de fl. 52, na qual, por exemplo, ERNANI FILGUEIRAS PIMENTEL aparece como sócio administrador em todas as empresas e NORMA SUELY ALCÂNTARA PREGO PIMENTEL, que aparece como sócia administradora em duas empresas do grupo, figura no quadro societário de todas as empresas; Conforme mostrado na tabela de fl. 53, diversas empresas do grupo estão situadas no mesmo endereço e, segundo a fiscalização, utilizam a mesma estrutura física, o que acarreta confusão patrimonial; Foram identificadas diversas transações comerciais e financeiras entre as empresas, além de vários contratos de mútuo entre elas, fls. 178 a 203; Há responsável comum pela transmissão de GFIPs de empresas do grupo, fls. 204 a 211; As empresas integrantes do grupo outorgaram procuração para os mesmos procuradores, conforme tabela de fl. 55; Na internet, o grupo se apresenta como GRUPO VESTCON, e aponta ERNANI FILGUEIRAS PIMENTEL como seu presidente e NORMA PIMENTEL como diretora do grupo, vide fls. 322 a 324; Na própria Justiça do Trabalho foi reconhecida a existência do Grupo Econômico, conforme sentença prolatada nos autos da Reclamatória Trabalhista 010142006 02110000, que tramitou na 20ª Vara do Trabalho de Brasília, fls. 325 a 327. Ora, não podemos considerar isoladamente cada um desses elementos, mas sim o seu conjunto, o qual se mostra robusto o suficiente para demonstrar a existência de Grupo Econômico e a consequente responsabilização solidária das empresas integrantes, segundo previsto na Lei 8.212/91, art. 30, inciso IX. Conclusão Isso posto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 998DF CARF MF
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Numero do processo: 11633.720332/2011-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 04/01/2006 a 15/02/2008
DECADÊNCIA. REVISÃO ADUANEIRA. TRIBUTOS.
No procedimento de revisão aduaneira, a decadência do direito do Fisco em lançar os tributos devidos deve obedecer ao disposto no art. 54 do Decreto-lei nº 37, de 1966.
DECADÊNCIA. PENALIDADE PREVISTA NO DL Nº 37/66.
Para as penalidades previstas no DL nº 37/66 o prazo decadencial de 5 (cinco) anos é contado da data da Infração.
Numero da decisão: 3201-002.818
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por maioria de votos não se conheceu do recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira de Lima. Por maioria de votos negou-se provimento ao recurso de ofício. Vencidos o Conselheiro Carlos Aberto Nascimento e Silva Pinto (relator), Mércia Trajano Damorim e Marcelo Giovani Vieira. Ficaram de apresentar declaração de votos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Mércia Trajano Damorim. Designada para o voto vencedor do recurso de ofício a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Carlos Aberto Nascimento e Silva Pinto, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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REVISÃO ADUANEIRA. TRIBUTOS. No procedimento de revisão aduaneira, a decadência do direito do Fisco em lançar os tributos devidos deve obedecer ao disposto no art. 54 do Decretolei nº 37, de 1966. DECADÊNCIA. PENALIDADE PREVISTA NO DL Nº 37/66. Para as penalidades previstas no DL nº 37/66 o prazo decadencial de 5 (cinco) anos é contado da data da Infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por maioria de votos não se conheceu do recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira de Lima. Por maioria de votos negouse provimento ao recurso de ofício. Vencidos o Conselheiro Carlos Aberto Nascimento e Silva Pinto (relator), Mércia Trajano Damorim e Marcelo Giovani Vieira. Ficaram de apresentar declaração de votos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Mércia Trajano Damorim. Designada para o voto vencedor do recurso de ofício a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 3. 72 03 32 /2 01 1- 45 Fl. 17766DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.767 2 TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Carlos Aberto Nascimento e Silva Pinto, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente processo de autos de infração lavrados para constituição de crédito tributário no valor de R$ 47.824.311,47 referentes a imposto de importação, contribuição PIS/PASEP – importação, contribuição COFINS – importação, juros de mora (calculados até 31/10/2011), multa de ofício qualificada (150%) e, multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002. Depreendese do relatório fiscal (fls. 2.012 a 2.207) que o crédito tributário em apreço decorre de investigação realizada a pedido do Ministério Público do Estado do Espírito Santo, que obteve autorização da Justiça Estadual para a realização de busca e apreensão de documentos em vários endereços, inclusive na sede e filiais da interessada e seu sócio. A investigação em trato foi desenvolvida concomitantemente à denominada “Operação Ouro Verde”, que tratou da remessa ilegal de divisas e da importação fraudulenta de pneus usados, por terceiros, mediante a interposição de empresas que detinham liminar específica. Relata a fiscalização que após o cumprimento das buscas e apreensões, foram coletadas provas suficientes para demonstrar o modus operandi descrito à folhas 2.018 e 2.019: a) A EBRP mantinha contatos (clientes e investidores) no Brasil, interessados na comercialização direta ao consumidor de pneus usados vindos da Europa e do Japão. Em geral, a EBRP, na pessoa de seu sócioadministrador Omar Ibrahim Jabur, vendia antecipadamente este material no Brasil e posteriormente fechava encomenda no exterior. b) A EBRP enviava prepostos ao exterior (Inglaterra, Holanda, França e Japão) para selecionar peças adequadas para o uso imediato. A seleção visava adquirir apenas pneus que tivessem ainda uma vida útil considerável, sem a necessidade de nenhum processo industrial. c) Uma vez selecionada e organizada uma carga de pneus, o Sr. Jabur negociava o preço dos produtos, via email, com seus prepostos e com os fornecedores estrangeiros. Fl. 17767DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.768 3 d) Obviamente, como se tratavam de pneus em condições de reutilização, os preços eram maiores do que os três dólares por peça informados na ação judicial que autorizou a importação de bens usados. Os preços variavam de vinte a setenta euros, conforme o estado de conservação dos pneus (será detalhado nos Anexos 06 a 17). e) Fechado o preço, o Sr. Jabur autorizava o embarque dos contêineres, que traziam, em média, 260 (duzentos e sessenta) pneus. O preposto da EBRP no exterior informava o valor da remessa, o número do contêiner, a quantidade de pneus, o agente de carga e a embarcação transportadora. f) De posse das informações sobre a remessa de pneus, a EBRP forjava faturas comerciais em nome dos fornecedores Kargro e Dikabo, onde atribuía o preço padrão de US$ 3,00 (três dólares) por peça. g) Para a falsificação das faturas comerciais (invoices) a EBRP mandou imprimir formulários em nome dos fornecedores estrangeiros e confeccionar carimbos com expressões e nomes dos supostos fornecedores (material apreendido no escritório da empresa). h) A mercadoria estrangeira chegava aos portos brasileiros (Rio de Janeiro, e Itaguaí) e era desembaraçada com preço subfaturado e o despacho aduaneiro era instruído com documentos falsos. i) Nos despachos, em geral, as mercadorias eram parametrizadas para canal verde. Mesmo quando eram sorteadas para canais vermelho ou cinza, a fiscalização aduaneira não tinha condições de constatar a fraude. Isto porque o material usado tinha descrição padronizada e, por tratarse de operação autorizada com base em medida judicial, não havia nenhum parâmetro de preço aplicável. Ou seja, no curso do despacho aduaneiro era impossível a autoridade fiscal provar o subfaturamento de pneus usados. j) A EBRP pagava os valores declarados nas DI através de remessas oficiais, onde havia o fechamento de câmbio e o registro no Banco Central do Brasil. k) O montante que excedia o valor declarado era enviado ao exterior através da rede de doleiros que foi descoberta na citada operação “Ouro Verde” ou pagos diretamente pelos clientes que haviam adquirido o produto antecipadamente. l) Uma vez desembaraçadas, as cargas de pneus eram entregues aos clientes. A principal parceira neste esquema fraudulento era a empresa Lopes e Aguiar Produtos Pneumáticos (CNPJ 05.403.253/000120). A fiscalização aduz ainda que a interessada foi autuada no presente caso em razão do uso de documentos falsos necessários ao desembaraço das mercadorias com pagamento parcial de Fl. 17768DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.769 4 tributos (subfaturamento de suas importações), mediante artifício doloso. Tratase de infração diversa daquela apurada na autuação objeto do Processo Administrativo Fiscal n° 10920.001349/200804, que foi a “interposição fraudulenta”. Assim, considerando que aquele processo já fora julgado no âmbito administrativo, a fiscalização autuou no presente caso somente as declarações de importação cujos créditos tributários foram exonerados por ocasião do julgamento administrativo daquele processo. Ratifica que as autuações em tela não tratam da irregularidade relacionada aos indícios de que a interessada “vendia” sua liminar, ou seja, que importava pneus usados por ordem e com recursos de terceiros, trata sim do subfaturamento na compra dos pneus usados e da respectiva falsificação das faturas comerciais. Como provas dos fatos descritos na autuação, a fiscalização apresenta cópias de correspondências eletrônicas comerciais (com listas de preços, negociação de pagamentos e encomendas, referências à remessas “por fora” dos valores que excediam ao declarado, ...), “faturas” em branco e carimbos que correspondem exatamente aos mesmos apostos nos documentos que instruíram as declarações de importação por ocasião dos respectivos despachos aduaneiros; provas encontradas nos estabelecimentos da interessada por ocasião da execução do mandado de busca e apreensão autorizado pelo Poder Judiciário. Resultado da fraude praticada era que a interessada, por ocasião da importação de pneus usados informava valores subfaturados, atribuindo “preçopadrão” de US$ 3,00 por pneu, lastreando o registro da importação mediante a apresentação de faturas comerciais falsas, fabricadas e assinadas nos escritórios da empresa na Cidade de Londrina – PR. Considerando as provas coletadas e o disposto no artigo 618, incisos VI, VII e XI do Decreto n° 4.543/02 conclui que restou aperfeiçoada a conduta que dá ensejo à aplicação da pena de perdimento, contudo em razão da não localização das mercadorias, a penalidade restou convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. Notese que não obstante a falsificação do documento instrutivo do despacho aduaneiro, a fraude praticada tinha por objetivo claro a sonegação dos tributos via artifício doloso. Tendo em vista a prática de subfaturamento, com base no artigo 88 da Medida Provisória n° 2.158352001 a fiscalização arbitrou o preço da mercadoria com vistas a recompor a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes. Explicita detalhadamente no relatório fiscal e anexos como foi realizado o arbitramento, bem como os motivos pelos quais foi adotado determinado método para o conjunto das declarações de importação que especifica. Fl. 17769DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.770 5 Considerando a mudança da base de cálculo dos tributos foi então constituído crédito tributário decorrente desta modificação. Ressalta a fiscalização que, em razão da não localização das mercadorias, há incidência dos tributos lançados. Finalmente, relata que a multa de ofício foi aplicada em percentual duplicado (150%) em razão da prática fraudulenta. Registra ao final do relatório que foi formalizado processo de Representação Fiscal Para Fins Penais e de arrolamento de bens. Cientificada, a interessada apresentou a impugnação de folhas 17.532 a 17.579, anexando os documentos de folhas 17.580 a 17.595. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, os autos de infração referemse a 1.316 operações, sendo que todas já foram objeto de julgamento pela Delegacia de Julgamento da Receita Federal em Florianópolis (Processo Administrativo Fiscal n° 10920.001349/200804), fato reconhecido pela fiscalização no presente processo. Há simples alteração dos critérios de lançamento, vedação imposta pelo artigo 146 do CTN; Que, as “provas” que instruem os autos de infração têm origem em documentos apreendidos de modo absolutamente ilegal, não são suficientes para provar a ocorrência dos fatos geradores supostamente praticados pela impugnante; Que, não reconhece a autenticidade dos documentos anexados no bojo dos autos; Que, a jurisprudência (STF) tem rechaçado o uso de provas ilícitas com base na Teoria da Árvore Envenenada, onde determinada prova obtida por meio ilícito eiva de nulidade todas as provas seguintes; Que, a decisão do MM. Juízo tinha por objeto a apuração de sonegação fiscal contra o Estado do Espírito Santo e não contra a União; Que, a apreensão dos documentos em questão é absolutamente nula, haja vista o fato que ocorreram anteriormente à fiscalização tributária, traz jurisprudência do STJ; Que, a prova emprestada não cabe no presente caso, seja em razão da ausência de identidade entre as partes, seja em razão da ausência de identidade dos fatos a serem provados nos processos; Que, as “provas” não são aptas e suficientes para efetivamente provarem a ocorrência dos fatos geradores atribuídos à impugnante; Fl. 17770DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.771 6 Que, as faturas em branco nada dizem, nada provam e, por tal razão, é evidente que não podem servir de prova dos fatos geradores dos tributos relacionados à importação; Que, as faturas tomadas por “verdadeiras” pela fiscalização não preenchem os requisitos impostos pela legislação, referem se a período já atingidos pela decadência, o que indica que as autuações estão lastreadas em meras amostragens. Ademais fazem referência a exportadores e importador distintos daqueles em análise; Que, os emails e demais documentos eletrônicos, utilizados como prova para fins de constituição de crédito tributário, são imprestáveis; carecem de perícia e tradução juramentada. Não só o conteúdo das correspondências pode ser questionado, como também a própria autenticidade dos subscritores, haja vista a facilidade com que podem ser criadas falsas contas de email. Os documentos citados no processo não tiveram a sua autenticidade verificada e provada pela Autoridade Fiscal (não foram assinados digitalmente); Que, os lançamentos foram realizados com base em meras amostragens. Cita o caso da empresa P&B TYRES (anexo 15); Que, foi notificada acerca do auto de infração em 22/11/2011, fato que implica na ocorrência de decadência de parte do crédito tributário autuado, e conseqüentemente totalmente nulo o auto de infração; Que, não é possível haver incidência de tributos sobre atos ilícitos, vedação contida no artigo 3º do Código Tributário Nacional. Traz jurisprudência (STJ); Que, não pode ser cobrado tributo com a aplicação concomitante da multa de conversão; Que, os valores declarados pela impugnante não foram excluídos, nos termos do parágrafo único do artigo 88, da MP n° 2.15835/ 01; Que, o arbitramento foi realizado de modo esdrúxulo e autoritário, com base em informações desencontradas e tabelas incompreensíveis. O preço adotado está longe de ser pautado na razoabilidade. Em momento algum a fiscalização efetivamente buscou os preços praticados nos supostos países de importação (contrariando o GATT); Que, no caso a pena de perdimento não pode ultrapassar 10% do valor das mercadorias importadas, conforme expressamente dispõe o artigo 33 da Lei n° 11.488/07, já que, por diversas vezes, o Auditor acusa a impugnante de “vender” liminares judiciais, o que no entendimento da Receita Federal é tratado como importação por ordem de terceiros; Fl. 17771DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.772 7 Que, há clara inconstitucionalidade na incidência das contribuições, há vício na base de cálculo e violação ao principio da praticabilidade (legalidade e tipicidade); Que, os tributos recolhidos pela impugnante não foram descontados nos cálculos das autuações; Que, não cabe a multa de 150%, não há que se falar em prova de fraude, dolo ou qualquer outro elemento subjetivo que a justifique; Que, devem ser afastados os juros incidentes sobre a multa; Requer: sejam recebidos e conhecidos documentos apresentados posteriormente; realizada a intimação da impugnante acerca da inclusão do processo em pauta de julgamento; acatada a presente impugnação. Sobreveio decisão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, que julgou, por unanimidade de votos, procedente em parte a impugnação, exonerando em parte o crédito tributário exigido. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 04/01/2006 a 15/02/2008 BASE DE CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO. Constatado que os preços das mercadorias consignados nas declarações de importação e correspondentes faturas não correspondem à realidade das transações e são inferiores aos preços efetivamente praticados fica caracterizado o subfaturamento. Portanto, exigíveis os tributos aduaneiros devidos. Alterada a base de cálculo dos tributos, por mudança no correspondente valor aduaneiro, tornase exigível a diferença dos tributos, resultante desse ato. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. Cabível a multa de ofício agravada, de 150% sobre o II apurado. Constatada a fraude na importação é aplicável a multa agravada de lançamento de ofício. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 04/01/2006 a 15/02/2008 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. REVISÃO ADUANEIRA. DECADÊNCIA. TRIBUTOS. INFRAÇÃO. PRAZO. A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de 5 (cinco) anos, contado da data do registro da declaração de importação correspondente. Considerase concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao interessado, da exigência do crédito tributário apurado. O Fl. 17772DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.773 8 direito de exigir diferença de tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do pagamento efetuado. O direito de impor penalidade extinguese em 5 (cinco) anos, a contar da data da infração. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 04/01/2006 a 15/02/2008 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a apresentação de documento materialmente falso e necessário ao desembaraço de mercadoria estrangeira, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. A decisão foi objeto de recurso de ofício ao CARF, em face do valor exonerado. A contribuinte foi intimada desta decisão, por meio de sua caixa postal eletrônica, em 11/10/2012, de forma que se considera intimada na data de 26/10/2012, pelo decurso de prazo. Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, em 11/12/2012, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Da admissibilidade O recurso de ofício atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O recurso voluntário, contudo, tendo em vista ter sido apresentado intempestivamente, não será conhecido. A recorrente sustenta que a intimação por meio eletrônico considerase recebida pelos contribuintes apenas quando estes acessam o sistema, na data da primeira leitura realizada. O artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, que rege o Processo Administrativo Fiscal, assim dispõe (redação vigente à época da intimação/protocolo do recurso voluntário): Fl. 17773DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.774 9 Art. 23. Farseá a intimação: [...] III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] § 2° Considerase feita a intimação: [...] III se por meio eletrônico, 15 (quinze) dias contados da data registrada: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) a) no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) [...](grifo nosso) Do exposto, resta claro que o contribuinte considerase intimado por meio eletrônico em quinze dias contados da data registrada no comprovante de entrega em seu domicílio tributário, e não apenas na data em que efetivamente acessa o sistema e realiza a primeira leitura da intimação. Desta forma, como a decisão foi enviada a caixa postal eletrônica da contribuinte em 11/10/2012, a mesma considerase intimada em 26/10/2012, com o prazo para apresentação de recurso voluntário extinguindose em 27/11/2012. Como o sujeito passivo protocolou o recurso voluntário apenas em 11/12/2012, após o término do prazo legalmente previsto, concluise pela sua intempestividade, razão pela qual dele não se toma conhecimento. Do recurso de ofício A decisão recorrida excluiu dos autos de infração a parte do crédito tributário relacionado à ocorrência de fatos geradores anteriores a 22/11/2006 referentes ao principal dos tributos e multa decorrente da conversão da pena de perdimento em valor equivalente ao valor aduaneiro. O acórdão apresenta a seguinte motivação: Assim, em relação aos tributos, a contagem é iniciada do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o mesmo poderia ter sido lançado, contudo, tratandose de exigência de diferença de tributo, o prazo é contado da data do pagamento efetuado. Portanto, na hipótese de ter ocorrido algum pagamento de tributo, por ocasião do registro da declaração de importação, para a exigência da diferença deste mesmo tributo a Fl. 17774DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.775 10 contagem do prazo decadencial tem por início na própria data de registro da declaração de importação, dado que a regra geral, na importação, é que o pagamento dos tributos seja efetuado por ocasião do registro da declaração de importação. No presente caso, em razão do relatório elaborado pela fiscalização (fls. 2.012 a 2.207) e demais documentos acostados aos autos, se constata que em relação às contribuições e ao imposto de importação a autuação diz respeito à constituição de crédito tributário em razão de diferença dos tributos, recolhidos a menor por ocasião do registro das respectivas declarações de importação. Portanto, para tais tributos a contagem do prazo decadencial deve ser realizada a partir da data de registro das declarações de importação. Analisando as planilhas de folhas 4.030 a 4.100, se observa que somente as declarações de importação registradas a partir de 23/11/2006 (fl. 4.074) poderiam ser objeto de exigência de diferença de tributos, dado que a ciência das autuações ocorreram em 22/11/2011 (fls. 17.516, 17.518, 17.520). Para estas declarações não se pode cogitar a hipótese de homologação tácita ou de impossibilidade de exigência da diferença de tributos. Por outro lado, em relação às demais declarações de importação (registradas anteriormente a 22/11/2006) há que se registrar a impossibilidade de exigir a diferença de tributo em razão do disposto no §2º, do artigo 668 do Decreto n° 4.543/02. Considerando a natureza das infrações praticadas: apresentação de documentação falsa (para instruir as declarações de importação), declaração de valores subfaturados (registro das declarações de importação); temse que as mesmas consideram se ocorridas por ocasião do registro das declarações de importação, data em que se tem por ocorrida a prática das infrações. Assim, considerando o disposto no artigo 669 do Decreto n° 4.543/02, somente são passíveis de serem autuadas as infrações praticadas a partir de 23/11/2006, dado que a ciência ocorreu em 22/11/2011 (fls. 17.516). Contudo, não obstante a questão relacionada à decadência propriamente dita, haveria que se analisar ainda a questão relacionada ao prazo estabelecido para conclusão da revisão aduaneira. Sobre o tema importa esclarecer que, embora a Lei n° 5.179/66 tenha facultado a possibilidade de efetuar o lançamento ou proceder a sua revisão dentro do prazo decadencial (Parágrafo Único do artigo 149), o artigo 54 do DecretoLei n° 37/66, ao estabelecer os fundamentos da revisão aduaneira, assim dispôs: Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado Fl. 17775DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.776 11 do registro da declaração de que trata o art.44 deste Decreto Lei. (Grifos acrescidos) Neste sentido, o artigo 570 do Decreto n° 4.543/02 (Decreto n° 6.759/09, artigo 638 – fatos geradores a partir de 06/02/2009) regulamentou o contido no artigo 54 do DecretoLei n° 37/66: Art. 570. Revisão Aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação. § 1o Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 668 e 669. § 2o A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contado da data: I do registro da declaração de importação correspondente; e II do registro de exportação. § 3o Considerase concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao interessado, da exigência do crédito tributário apurado. (Grifos acrescidos) Assim, além do prazo decadencial, no âmbito dos tributos e infrações relacionados ao comércio exterior (operação de importação formalmente declarada) o regulamento estabeleceu limites pontuais para que a autoridade aduaneira realize o procedimento pertinente. O § 2º do citado dispositivo regulamentar estabelece que a revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos contados da data de registro da declaração de importação correspondente, já o § 3º estabelece que o procedimento somente é considerado concluído na data de ciência da exigência do crédito tributário apurado. Logo, a conclusão a que se chega é que a revisão aduaneira não pode alcançar declarações de importação registradas a mais de 5 anos da data da ciência da exigência do crédito tributário apurado. Como já citado anteriormente, a ciência do crédito tributário apurado ocorreu em 22/11/2011, portanto nele só poderiam estar incluídos os créditos tributários que decorram de revisão aduaneira de declaração de importação registrada até cinco anos anteriores a tal data, é o que se depreende do contido no § 3° do artigo 570 do Decreto n° 4.543/02. Em que pese o entendimento que prevaleceu na decisão recorrida, entendo que, com relação ao prazo para constituição do crédito tributário correspondente aos tributos, as previsões contidas no Decretolei 37/66 não afastam a aplicação da regra geral contida no Código Tributário Nacional. Fl. 17776DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.777 12 Tratamse o Imposto de Importação, a Contribuição para o PIS/Pasep Importação e a CofinsImportação tributos sujeitos a lançamento por homologação relacionados com o comércio exterior, e desta forma sujeitos ao CTN. Observase, no que tange ao tema da decadência, que os diplomas legais apresentamse bastante semelhantes, não apresentando contradições aparentes. O comando contido no artigo 138 do DecretoLei nº 37/66 assim dispõe: Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Já os artigos 150, §4º, e 173, I, do CTN, possuem o seguinte teor: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Em análise aos enunciados, e tendo em vista que no caso dos tributos aduaneiros o fato gerador ocorre na mesma data, é nítida a identidade entre os dispositivos, apresentando como única ressalva a ausência de qualquer menção no DecretoLei nº 37/66 quando da constatação de dolo, fraude ou simulação. Entendo que, em caso de conflito entre normas, prevalece a norma mais específica, no caso o DecretoLei nº 37/66. Em relação ao prazo decadencial quando constatado dolo, fraude ou simulação, contudo, não se está diante de normas que se contrapõem, mas sim de uma ausência de regulamentação por parte da norma específica, o que implica na vigência do disposto na Fl. 17777DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.778 13 norma geral, o CTN, que remete o início do prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual os tributos poderiam ter sido lançados. Por este motivo, uma vez que confirmada a ocorrência da fraude, da simulação ou do dolo, devese considerar regularmente constituído o valor do crédito tributário correspondente ao Imposto de Importação, a Contribuição para o PIS/PasepImportação e a CofinsImportação. Neste mesmo sentido, as Súmula CARF nº 72 e 101, abaixo transcritas: Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. Súmula CARF nº 101 : Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Dever ser revista, portanto, a decisão recorrida em relação ao cancelamento das exigências referentes ao Imposto de Importação, à Contribuição para o PIS/Pasep Importação e à CofinsImportação, posto que o lançamento fiscal obedeceu ao prazo legal. Situação diversa, contudo, verificase em relação à multa decorrente da conversão da pena de perdimento em valor equivalente ao valor aduaneiro. Como não se trata de tributo devido, aplicase a regra prevista no artigo 139 do DL 37/66, que estabelece que o prazo decadencial se inicia na data da infração. Correta, portanto, a decisão recorrida em relação ao cancelamento das multas decorrentes de infrações praticadas antes de 22/11/2006. Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário e conhecer do recurso do ofício para lhe dar provimento parcial, mantendo o cancelamento da multa decorrente da conversão da pena de perdimento em valor equivalente ao valor aduaneiro e revertendo o cancelamento do Imposto de Importação, da Contribuição para o PIS/Pasep Importação e da CofinsImportação, que voltam a ser exigíveis. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Voto Vencedor Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Tendo sido designada para redação do Voto Vencedor, trago a fundamentação adotada pela Turma Julgadora quanto à aplicação do prazo decadencial. Na hipótese dos autos, verificase tratar de tributos apurados em sede de procedimento de Revisão Aduaneira. Desse modo, deve ser obedecido o prazo disposto no art. 54 do Decretolei nº 37, de 1966: Fl. 17778DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.779 14 Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste Decreto Lei. Assim, tenho que, para os tributos lançados, deve ser acolhida a preliminar de decadência nos termos do art. 54 do Decretolei nº 37, de 1966, ou seja, prazo de 5 anos contados do Registro da DI. Quanto ao prazo decadencial para a aplicação de penalidades, o fundamento legal a ser aplicado é o constante dos artigos 138 e 139 do mesmo Decretolei nº 37/66: Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. Logo, quanto às penalidades aplicáveis previstas no DL nº 37/66, consideramse decaídos os fatos geradores ocorridos há mais de 5 anos contados da ciência da infração ao contribuinte. Pelo exposto, o voto é por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DE OFÍCIO, mantendo o reconhecimento da decadência do direito do Fisco a efetuar o lançamento de crédito tributário. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora designada Declaração de Voto Conselheira Mércia Helena Trajano DAmorim Inicialmente, cabe tecer alguns esclarecimentos sobre o termo inicial da decadência, em relação aos tributos aduaneiros, ao caso, não considero a data do registro da DI, caso de ocorrência de dolo, fraude ou simulação na importação; onde fui vencida no julgamento, conjuntamente com o Conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Feitas as considerações acima, versa o processo de autos de infração para constituição de crédito tributário referentes a imposto de importação, contribuição PIS/PASEP Fl. 17779DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.780 15 – importação, contribuição COFINS – importação, juros de mora (calculados até 31/10/2011), multa de ofício qualificada (150%) e, multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002. Conforme relatório fiscal a ação decorre de investigação realizada a pedido do Ministério Público do Estado do Espírito Santo, que obteve autorização da Justiça Estadual para a realização de busca e apreensão de documentos em vários endereços, inclusive na sede e filiais da interessada e seu sócio. A investigação em trato foi desenvolvida concomitantemente à denominada “Operação Ouro Verde”, que tratou da remessa ilegal de divisas e da importação fraudulenta de pneus usados, por terceiros, mediante a interposição de empresas que detinham liminar específica. Relata a fiscalização que após o cumprimento das buscas e apreensões, foram coletadas provas suficientes para demonstrar o modus operandi descrito às folhas 2.018 e 2.019. A respeito do tema, o instituto da decadência no comércio exterior para aplicação dos tributos e penalidades na área aduaneira é regulado através do DecretoLei nº 37/1966, que trata da matéria em seus artigos 138 a 141, in verbis: Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco)anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contar se á o prazo a partir do pagamento efetuado. Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. Art.140 Prescreve em 5 (cinco) anos, a contar de sua constituição definitiva, a cobrança do crédito tributário. Art.141 O prazo a que se refere o artigo anterior não corre: I enquanto o processo de cobrança depender de exigência a ser satisfeita pelo contribuinte; II até que a autoridade aduaneira seja diretamente informada pelo Juízo de Direito, Tribunal ou órgão do Ministério Público, da revogação de ordem ou decisão judicial que haja suspenso, anulado ou modificado exigência, inclusive no caso de sobrestamento do processo. Ratificando o disposto do artigo 139 acima transcrito, relativamente ao direito de impor penalidade do IPI, o artigo 78 da Lei nº 4.502, de 30.11.1964, já previa a mesma hipótese, nos termos abaixo: Art . 78. O direito de impôr penalidade extinguese em cinco anos, contados da data da infração. § 1º O prazo estabelecido neste artigo interrompese por qualquer notificação ou exigência administrativa feita ao sujeito passivo, com referência ao impôsto que tenham deixado de Fl. 17780DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.781 16 pagar ou à infração que haja cometido, recomeçado a correr a partir da data em que êste procedimento se tenha verificado. § 2º Não corre o prazo enquanto o processo de cobrança estiver pendente de decisão, inclusive nos casos de processos fiscais instaurados, ainda em fase de preparo ou de julgamento. § 3º A interrupção do prazo mencionado no parágrafo primeiro só poderá ocorrer uma vez. As regras sobre decadência (dispostas no Capítulo III, Seção I) referentes ao imposto de importaçãoII (e contribuições na importação) foram incorporadas ao Regulamento Aduaneiro/2002 aprovado pelo Decreto nº 4.543, de 2002, em seus artigos nº 668 a 669, in verbis: “Art.668. O direito de exigir o tributo extinguese em cinco anos, contados (Decretolei nº 37, de 1966, art. 138, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 4º, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 173): (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003): Ido primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado;; ou IIda data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. § 1° O direito a que se refere o caput extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento (Lei no 5.172, de 1966, art. 173, parágrafo único). § 2° Tratandose de exigência de diferença de tributo, o prazo a que se refere o caput será contado da data do pagamento efetuado (Decretolei no 37, de 1966, art. 138, parágrafo único, com a redação dada pelo Decretolei no 2.472, de 1988, art. 4o). § 3° O direito de exigir a contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins extinguese após dez anos contados (Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, art. 45): (Incluído pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003)(revogado pela pelo art. 13 da lei Complementar n° 128, de 19/12/2008) (Súmula Vinculante de n° 8 do Supremo Tribunal Federal tornou inconstitucional o art. 45 da Lei de n° 8.212/91) I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; ou (Incluído pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento do crédito Fl. 17781DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.782 17 anteriormente efetuado. (Incluído pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei no 37, de 1966, art. 139). Atualmente os artigos acima estão regidos pelos art. 752 a 753 do Regulamento Aduaneiro/2009 ﴾Capítulo III, Seção I), aprovado pelo Decreto de n° 6.759/2009, transcritos abaixo: Art. 752. O direito de exigir o tributo extinguese em cinco anos, contados (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 138, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 4o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 173, caput): I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado; ou II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. § 1o O direito a que se refere o caput extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento (Lei nº 5.172, de 1966, art. 173, parágrafo único). § 2o Tratandose de exigência de diferença de tributo, o prazo a que se refere o caput será contado da data do pagamento efetuado (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 138, parágrafo único, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 4o). § 3o No regime de drawback, o termo inicial para contagem a que se refere o caput é, na modalidade de: I suspensão, o primeiro dia do exercício seguinte ao dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação; e II isenção, o primeiro dia do exercício seguinte à data do registro da declaração de importação na qual se solicitou a isenção. Art. 753. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, contados da data da infração (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 139). Reportandose, pois, à CFConstituição Federal/88, precisamente no art.146, inciso III, alínea b, que determina que é de competência da lei complementar estabelecer regras gerais sobre decadência e prescrição tributárias. Logo, transcrevese o art. 146: Fl. 17782DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.783 18 Art. 146. Cabe à lei complementar: I dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) IV a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Art. 146A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Fl. 17783DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.784 19 Como é sabido, o prazo decadencial tratase de norma geral, matéria de lei complementar. Por sua vez, o CTNCódigo Tributário Nacional tem status de lei complementar e precisamente nos arts 173 e 150 disciplinam esses prazos. Então, a decadência tributária no que se refere à contagem de seu prazo inicial, possui duas regras principais, quais sejam, a do § 4º do artigo 150 e a do artigo 173, inciso I. O art. 173 do CTNCódigo Tributário Nacional, dispõe: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Bem como o art. 150, 4º, do mesmo CTN, in verbis: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Pois bem, em relação ao prazo para constituição do crédito tributário, estar reservado à lei complementar, como visto acima; percebo que o DecretoLei de n° 37/66 e Lei de n° 4.502/64 serem anteriores à Constituição Federal; então, para este caso, entendo, terem sido recepcionados como tallei complementar; logo, devem ser observados, no entanto, não deve ser afastada a aplicação da regra geral do CTN. Ou seja, a legislação aduaneira dispõe como regra, nos lançamentos por homologação, seu prazo decadencial tem início na data do fato gerador, ou seja, na data do o registro da Declaração de ImportaçãoDI (em regra). Fl. 17784DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.785 20 Então, de acordo com o art. 669 do RA/02 e art. 753 do RA/09, o direito de impor penalidade extinguese em cinco anos a contar da data da infração. Portanto, fica preciso e definido o termo inicial da contagem do prazo decadencial para imposição da penalidade. O grande problema, a meu ver, é quando ocorrer a prática de dolo, fraude e simulação, que entendo, que deve ser extraída a regra geral, pois a mesma está expressamente no CTN. Aplicase, portanto, o prazo de decadência a contar, a partir do 1º dia do exercício seguinte ( a ressalva do art. 150, § 4º, parte final, combinado com o art. 173). Dessa forma, a melhor interpretação das disposições legais do instituto da decadência do direito de constituir o crédito tributário deve levar em conta que a legislação específica referente ao lançamento por homologação de tributos aduaneiros tem plena harmonia com a regra geral, do CTN e para os casos citados acima (dolo, fraude e simulação), remetem ao primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual os tributos já poderiam ter sido lançados. Enfim, a meu ver, a ressalva do art. 150, § 4º do CTN deve ser observada. Com esse mesmo entendimento, em sua obra, Hugo de Brito Machado1 destaca: A ressalva constante da parte final do § 4º do art. 150 do CTN quer dizer, apenas, que, comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, não se aplica a norma naquele dispositivo albergada. Neste caso aplicase a regra do art. 173, inciso I. O prazo de decadência começa no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. (grifei) Em relação ao prazo decadencial quando constatado dolo, fraude ou simulação, contudo, não se está diante de normas que se contrapõem, mas sim de uma ausência de regulamentação por parte da norma específica, o que implica na vigência do disposto na norma geral, o CTN, que remete o início do prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual os tributos poderiam ter sido lançados. Por este motivo, uma vez que confirmada a ocorrência da fraude, da simulação ou do dolo, devese considerar regularmente constituído o valor do crédito tributário correspondente ao Imposto de Importação, a Contribuição para o PIS/PasepImportação e a CofinsImportação. Neste mesmo sentido, a Súmula CARF nº 72, abaixo transcrita dispõe: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I do CTN. A revisão aduaneira, por sua vez, está conceituada no art. 54 do DecretoLei nº 37/66, com redação dada pelo DecretoLei nº 2.472/88, regulamentado pelos artigos 455 do RA/85 (Decreto de n° 91.030/85), 570 do RA/02 e atualmente pelo 638 do RA/09, abaixo transcritos, in verbis: Art. 54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício 1 MACHADO, Hugo de Brito.Curso de Direito Tributário. 28ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2007, pág. 244. Fl. 17785DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.786 21 fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art. 44 deste Decreto Lei. Art. 455 Revisão aduaneira é o ato pelo qual a autoridade fiscal, após o desembaraço da mercadoria, reexamina o despacho aduaneiro, com a finalidade de verificar a regularidade da importação ou exportação quanto aos aspectos fiscais, e outros, inclusive o cabimento de benefício fiscal aplicado (Decretolei nº 37/66, art. 54). Logo, em consonância com disposto no art. 54 do Decretolei n° 37, de 1966, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, prevê expressamente a possibilidade de realização, após o desembaraço aduaneiro ou liberação da mercadoria, do procedimento de revisão das informações tributárias e outra natureza, prestadas pelo importador na DI que serviu de base para o processamento do despacho aduaneiro. Assim, a norma do art. 54 do DecretoLei 37/66 (revisão aduaneira) tão somente aduz ser o registro da DIDeclaração de Importação, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial, não havendo incompatibilidade com o CTN, mas sim complementaridade. Caso haja antecipação de pagamento, aplicase o art. 150 , § 4º, do CTN, ou seja, a decadência iniciase do registro da DI e ao art. 173, I, do CTN, quando não houver pagamento do tributo, ou antecipação do imposto. Portanto, no caso concreto, considerandose dolo, simulação ou fraude, como já comentado, a regra a ser aplicada é a do art. 173, I do CTN, logo não há que se falar em decadência no lançamento. São essas considerações acima e registro que não discordo quanto ao prazo decadencial à imposição de penalidades administrativas, o que se verifica em relação à multa decorrente da conversão da pena de perdimento em valor equivalente ao valor aduaneiro. Como não se trata de tributo devido, aplicase a regra prevista no artigo 139 do DL 37/66, que estabelece que o prazo decadencial se inicia na data da infração e esta encontra fulminada pela decadência. Portanto, voto por dar provimento parcial ao recurso de ofício, acompanhando o relator original. Mércia Helena Trajano DAmorim Fl. 17786DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.787 22 Conselheiro – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Em que pese o entendimento do ilustre Conselheiro relator, esta declaração de voto serve para demonstrar a divergência com relação a critérios de análise de matéria de ordem pública, a cientificação do contribuinte e o acesso à defesa administrativa. Conforme bem relatado, o artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, que rege o Processo Administrativo Fiscal, assim dispõe: “Art. 23. Farseá a intimação: [...] I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] § 2° Considerase feita a intimação: [...] III se por meio eletrônico, 15 (quinze) dias contados da data registrada: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) a) no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008).” Diferentemente da transcrição original do relator, foi transcrito nesta declaração de voto os incisos I e II, que antecedem o inciso III que previu a intimação por meio eletrônico. Fl. 17787DF CARF MF Processo nº 11633.720332/201145 Acórdão n.º 3201002.818 S3C2T1 Fl. 17.788 23 Estes incisos positivaram a possibilidade da intimação ocorrer de forma pessoal ou por via postal, em observação aos princípios e garantias constitucionais, em destaque, em observação ao devido processo legal. Considerada esta previsão expressa, verificase nos autos que o contribuinte foi inicialmente intimado do lançamento por correio, com Aviso de Recebimento, e apresentou a impugnação de fls 17.532, que foi parcialmente provida no julgamento administrativo de primeira instância da Delegacia Regional de Julgamento. Logo após esta decisão de primeira instância, ao contribuinte foi emitido o documento de fls. 17.671, que tratou da possibilidade de abertura de prazo para apresentação de Recurso Voluntário, após recebida a intimação com “AR – Aviso de Recebimento”. Mas na sequência do trâmite processual, ao contribuinte foi decretada a ciência eletrônica por decurso do prazo, sem qualquer documento ou informação que justifique ou motive a administração pública a retirar o direito do contribuinte ser intimado via correio com AR – Aviso de Recebimento. Ainda mais sem motivo ou justificativa neste caso em concreto, a intimação por decurso de prazo de ciência eletrônica. Ainda mais, após o direito adquirido com o documento de fls. 17.671. Dessa forma, por agravar a situação do contribuinte, em razão dos princípios e garantidas constitucionais, assim como em razão do Art. 112 do CTN, Art. 33 do Decreto 70.235/72 e Artigos 1.º, 2.º e 3.º da Lei 9.784/99, é razoável que seja considerado como prazo inicial de contagem do direito de contestar a decisão de primeira instância, a data da abertura da caixa postal da ciência eletrônica. Por que na intimação eletrônica por decurso de prazo não houve a ciência ao contribuinte, conforme prevista expressamente na legislação correlata utilizada como fundamento legal desta declaração de voto. Diante do exposto, votase para que seja conhecido o Recurso Voluntário apresentado. Conselheiro – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 17788DF CARF MF
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