Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,070)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,821)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,490)
- Segunda Turma Ordinária d (15,373)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,232)
- Segunda Turma Ordinária d (13,956)
- Primeira Turma Ordinária (12,798)
- Primeira Turma Ordinária (11,971)
- Segunda Turma Ordinária d (11,932)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,387)
- Terceira Câmara (64,066)
- Segunda Câmara (52,396)
- Primeira Câmara (17,064)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,374)
- Segunda Seção de Julgamen (110,145)
- Primeira Seção de Julgame (72,676)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,769)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,790)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,010)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,802)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,220)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 10680.000551/2004-57
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 1999
RECURSO ESPECIAL. PARADIGMAS QUE CONTRARIAM SÚMULA DO CARF. INADMISSIBILIDADE.
Não se admite recurso especial quando os acórdãos paradigmas indicados contrariam Súmula ou Resolução do Pleno do CARF.
Numero da decisão: 9101-002.734
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, José Eduardo Dornelas Souza, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Cristiane Silva Costa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 1999 RECURSO ESPECIAL. PARADIGMAS QUE CONTRARIAM SÚMULA DO CARF. INADMISSIBILIDADE. Não se admite recurso especial quando os acórdãos paradigmas indicados contrariam Súmula ou Resolução do Pleno do CARF.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10680.000551/2004-57
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5713599
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9101-002.734
nome_arquivo_s : Decisao_10680000551200457.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ADRIANA GOMES REGO
nome_arquivo_pdf_s : 10680000551200457_5713599.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, José Eduardo Dornelas Souza, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Cristiane Silva Costa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
id : 6727471
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949671067648
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1503; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 443 1 442 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10680.000551/200457 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.734 – 1ª Turma Sessão de 4 de abril de 2017 Matéria CONCOMITÂNCIA DAS MULTAS ISOLADA E DE OFÍCIO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado LIONE COMÉRCIO DE ARTIGOS ESPORTIVOS LTDA. (atual denominação de MG MASTER LTDA, sucessora de SETE SPORTS LTDA) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 1999 RECURSO ESPECIAL. PARADIGMAS QUE CONTRARIAM SÚMULA DO CARF. INADMISSIBILIDADE. Não se admite recurso especial quando os acórdãos paradigmas indicados contrariam Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, José Eduardo Dornelas Souza, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Cristiane Silva Costa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 05 51 /2 00 4- 57 Fl. 443DF CARF MF Processo nº 10680.000551/200457 Acórdão n.º 9101002.734 CSRFT1 Fl. 444 2 Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls. 403 e ss., contra o acórdão nº 120100.230 (de 09/03/2010, efls. 395 e ss.), que, no mérito e por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário para afastar a exigência de multa isolada. O presente processo trata do lançamento de multa isolada por falta de recolhimento de IRPJ sobre base de cálculo estimada mensal referente a período dentro do AC 1998. A falta de recolhimento das estimativas decorreu de diferença originada de lançamento de receita omitida na venda de mercadorias, sendo que a multa isolada foi lançada no percentual qualificado de 150%. No presente processo já houve julgamento de Recurso Especial por esta 1ª Turma da CSRF (acórdão de efls. 380 e ss., fls. 346 e ss. do Volume V2 do eprocesso). Nesse julgamento foi dado provimento ao recurso fazendário, que peticionava pela reversão da exclusão da cobrança de multa na sucedida procedida pelo acórdão que julgou o Recurso Voluntário. Foi determinado, também, o retorno dos autos à Turma ordinária para julgamento de matérias sobre as quais o colegiado não havia se pronunciado. Foi então proferido o acórdão ora recorrido, no qual, por maioria de votos, se decidiu "dar provimento ao recurso para afastar a exigência da multa isolada, vencido o conselheiro Marcelo Cuba Netto (Suplente Convocado), que dava provimento parcial para reduzir o percentual da multa isolada ao patamar de 50%". Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: Assunto: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 1999 Ementa: MULTA — CARÁTER CONFISCATORIO — afastar sanções pecuniárias expressamente previstas em diplomas legais sob o fundamento de seu caráter confiscatórw, implicaria declarar a inconstitucionalidade de lei, o que não é da competência de órgãos de "jurisdição" administrativa. RETROATIVIDADE BENIGNA o inciso II, art. 44, da Lei 9.430/96, que estabelecia multa isolada de 75% pelo não recolhimento de estimativas, bem como o inciso 131, § 1° do mesmo artigo que qualificava a sanção para o patamar de 150% em razão do elemento volitivo da infração, foram alterados pela Lei 11.488/07, a qual reduziu o índice da multa isolada, em ambos os casos, para 50%. Desse modo, deve a autoridade julgadora, por dever de oficio, aplicar o menor dos percentuais por força da retroatividade benigna, prevista no art. 106, inciso II, do CTN, que determina tal procedimento para os atos não definitivamente julgados. MULTA ISOLADA — a multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10680.000551/200457 Acórdão n.º 9101002.734 CSRFT1 Fl. 445 3 Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem, o que ocorreu integralmente no presente lançamento. O Recurso Especial ora apreciado foi admitido por meio do Despacho de e fls. 416 e ss. A Recorrente aponta divergência jurisprudencial em relação aos acórdãos a seguir, cujas ementas estão assim redigidas na parte de interesse: Acórdão nº 10808.962: CSLL – MULTA ISOLADA – EXIGIDAS, CONCOMITANTEMENTE, NO LANÇAMENTO – Por se tratar de hipóteses legais distintas, são cabíveis, no lançamento de ofício, a aplicação de multa exigida isoladamente, por falta de recolhimento dos valores devidos por estimativa, bem como as que se exigem juntamente com o imposto ou contribuição que forem apurados no procedimento fiscal. (Inciso II parágrafo 1º,do artigo 44 da Lei 9430).Contudo, nos termos da alínea c, do inciso II do artigo 106 do CTN deverá ser aplicado o coeficiente de 50%, veiculado no artigo 18 da MP303/2006. Acórdão nº 19300.017: Assunto: Outros Tributos e Contribuições Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 (...) CONCOMITÂNCIA ENTRE A MULTA ISOLADA E A MULTA VINCULADA AO TRIBUTO Em virtude de se tratarem de infrações distintas, a multa de ofício aplicada isoladamente, pela falta de recolhimento da CSLL apurada por estimativa, pode ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício, aplicada sobre a contribuição devida sobre a base cálculo anual da CSLL. As alegações de mérito da Recorrente, são, em síntese, as seguintes: a) que as infrações apenadas pela chamada "multa de ofício" e pela "multa isolada" são diferentes. A primeira decorre do não pagamento de tributo, enquanto a segunda decorre do descumprimento do regime de estimativa; b) que a Lei 9.430/96 prevê claramente que a multa decorrente do descumprimento do regime de estimativa não possui nenhuma relação com o pagamento ou não de imposto pelo contribuinte, dispondo, inclusive, na atual alínea "b" do inciso II do art. 44, que a multa será devida ainda que ao final do período não exista tributo a recolher; Fl. 445DF CARF MF Processo nº 10680.000551/200457 Acórdão n.º 9101002.734 CSRFT1 Fl. 446 4 c) que as duas multas não incidem sobre a mesma base de cálculo. A multa de ofício incide sobre o tributo efetivamente devido, enquanto que a multa isolada incide sobre as bases de cálculo estimadas; d) acrescenta que se infere que o acórdão recorrido procurou atenuar o suposto rigor do art. 44, II, alínea "b" da Lei nº 9.430/96, mas que esse raciocínio não deve prevalecer à medida que cria nova hipótese de dispensa de multa isolada, inovando no ordenamento jurídico. Menciona que o juízo de eqüidade tem de estar expressamente autorizado por lei, o que aqui não ocorre. Assinala que o art. 108, IV, § 2º do CTN estatui que o emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento do tributo devido. Ao final pede a Recorrente que o presente recurso seja provido, "a fim de que seja mantida incólume a multa isolada aplicada em face do descumprimento do regime de estimativas". Não constam nos autos contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora O recurso é tempestivo, porém, no tocante à admissibilidade, merece ser reanalisado, haja vista a publicação da Súmula CARF nº 105, aprovada pela 1ª Turma da CSRF em sessão de 08/12/2014, portanto, após a sua interposição. É que referida súmula assim dispõe (sublinhouse): A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Cotejando o disposto nos acórdãos paradigmas com o entendimento sumulado, é possível se verificar que ambos os paradigmas contrariam o entendimento sumular, uma vez que adotam a tese da manutenção de ambas as multas para períodos anteriores a 2007, cujo fundamento legal para a multa isolada é art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996 . Por conseguinte, é de se aplicar o art. 67, §12, inciso III, do Anexo II do RICARF, para não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Fl. 446DF CARF MF Processo nº 10680.000551/200457 Acórdão n.º 9101002.734 CSRFT1 Fl. 447 5 Conclusão Em face do exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 447DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.917390/2011-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.119
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10480.917390/2011-18
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5689001
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-001.119
nome_arquivo_s : Decisao_10480917390201118.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 10480917390201118_5689001.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6665984
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949676310528
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1706; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.917390/201118 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401001.119 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de janeiro de 2017 Assunto PIS E COFINS. COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 17 39 0/ 20 11 -1 8 Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10480.917390/201118 Resolução nº 3401001.119 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.800. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 187DF CARF MF Processo nº 10480.917390/201118 Resolução nº 3401001.119 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10480.917390/201118 Resolução nº 3401001.119 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 189DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.908424/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
CRÉDITO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. OPOSIÇÃO ESTATAL.
A resistência ilegítima, oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não-cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), sendo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009).
Nos pedidos de ressarcimento para utilização em declaração de compensação, de forma diferente do que ocorre com pedidos de ressarcimento em espécie, não há que se falar em aplicação da taxa SELIC.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.348
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, sendo que os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl acompanharam pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 CRÉDITO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. OPOSIÇÃO ESTATAL. A resistência ilegítima, oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não-cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), sendo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009). Nos pedidos de ressarcimento para utilização em declaração de compensação, de forma diferente do que ocorre com pedidos de ressarcimento em espécie, não há que se falar em aplicação da taxa SELIC. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10882.908424/2011-51
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5681981
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-003.348
nome_arquivo_s : Decisao_10882908424201151.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 10882908424201151_5681981.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, sendo que os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl acompanharam pelas conclusões. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6653760
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949688893440
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2047; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.908424/201151 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3401003.348 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de janeiro de 2017 Matéria IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. SELIC. Recorrente PROCOLOR QUÍMICA INDUSTRIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 CRÉDITO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. OPOSIÇÃO ESTATAL. A resistência ilegítima, oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), sendo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009). Nos pedidos de ressarcimento para utilização em declaração de compensação, de forma diferente do que ocorre com pedidos de ressarcimento em espécie, não há que se falar em aplicação da taxa SELIC. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, sendo que os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl acompanharam pelas conclusões. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 84 24 /2 01 1- 51 Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP cujo direito creditório utilizado na compensação é oriundo de saldo credor do IPI referente ao período de apuração de 01/10/2008 a 31/12/2008. Conforme despacho decisório exarado pelo Seort/DRF/Osasco, apesar de o crédito alegado pela Recorrente ter sido integralmente reconhecido (pelo valor original do saldo credor solicitado em ressarcimento PER), parte das compensações declaradas não foi homologada, pois o montante dos débitos informados para compensação, vinculados ao saldo credor do período de apuração sob análise, superou o valor do crédito solicitado e reconhecido. Após ser intimada, a ora Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto por intermédio do Acórdão 14053.005, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 NULIDADES. As causas de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal são somente aquelas elencadas na legislação de regência. O Despacho Decisório devidamente fundamentado é regularmente válido. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. JUROS SELIC. É incabível, por falta de previsão legal, a atualização monetária dos valores objeto de pedido de ressarcimento de créditos do IPI. Dessa decisão, a ora Recorrente foi intimada no dia 16/10/2014, apresentando tempestivo Recurso Voluntário no dia 14/11/2014, pelo qual requereu a reforma do acórdão recorrido, "para o fim de reconhecer e deferir o direito de correção monetária dos créditos de IPI, pois deixaram de ser escriturais, bem como aplicar a taxa SELIC, com a posterior homologação das compensações na integralidade", com base nos seguintes argumentos: (i) nulidade da decisão que não reconheceu o direito de crédito da Recorrente, por falta de fundamentação e por não ter intimado a Recorrente para esclarecer os motivos de ter pleiteado o ressarcimento; (ii) aplicação da correção monetária pela utilização da taxa SELIC em créditos objeto de pedidos de ressarcimento junto a Receita Federal. É o relatório. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.340, de 25 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10882.908423/201114, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.340): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, de modo que dele tomo conhecimento. Como relatado, a interposição do Recurso Voluntário pelo contribuinte coloca duas matérias para exame desse Colegiado: (i) nulidade da decisão que não reconheceu o direito creditório da Recorrente; e (ii) aplicação da Taxa Selic para atualização de crédito básico de IPI em pedidos de ressarcimento. Nulidade O Recorrente defende a nulidade da decisão que não homologou as compensações declaradas e indeferiu o pedido de ressarcimento, alegando que a fundamentação da decisão não é adequada, pois não permite à Recorrente conhecer os seus motivos, e que não foi intimada para esclarecer aspectos do pedido de ressarcimento por ela realizado, o que seria determinado à autoridade fiscal pelo artigo 65 da Instrução Normativa nº 900/2008. Esse argumento foi rejeitado pela decisão recorrida, pelas seguintes razões: "De plano não constato qualquer irregularidade que possa acarretar a nulidade do Despacho Decisório, claramente foi demonstrado no Despacho Decisório (Divergências na Compensação) que o direito creditório oferecido e reconhecido era inferior ao montante de débitos que a interessada quer compensar. (...) Pois bem, atendendo ao princípio da eficiência, as PERDCOMPs são processadas eletronicamente visando atender ao contribuinte agilmente e, para atingir tal fim, a busca da certeza e liquidez do crédito se dá, num primeiro momento, pelo cruzamento das informações prestadas pelo próprio interessado à SRF, ou seja, confrontandose o direito creditório pedido com os dados fornecidos pelo interessado na PERDCOMP. Ou seja, a verificação da certeza e liquidez do direito creditório alegado pelo contribuinte, que nada mais é que o estrito cumprimento da lei e a obediência ao princípio da verdade material, baseiase nas obrigações acessórias realizadas pelo próprio". Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 5 4 No que se refere à fundamentação inadequada do despacho decisório eletrônico que, segundo a Recorrente, não permitiria o pleno conhecimento dos motivos para o indeferimento total do seu pleito, com os prejuízos daí decorrentes para o exercício regular de sua defesa, não vejo como acompanhar a Recorrente. Apesar de o despacho decisório de fls. 75 ser bem objetivo, pelo seu exame, é possível a compreensão dos motivos que levaram à decisão: a Recorrente apurou determinado saldo credor de IPI em seus livros e pleiteou o ressarcimento, que foi deferido até o exato montante do crédito por ela apurado e solicitado, sendo indeferido pelo despacho decisório a compensação de débitos, assim como um pedido de ressarcimento, em montante superior ao crédito solicitado. Desse modo, estando devidamente fundamentada, não há que se falar em prejuízo à defesa da Recorrente que, conhecendo os motivos do indeferimento, apresentou defesa explicando que a divergência entre crédito e débito se deu pela não aplicação da taxa SELIC nos créditos básicos de IPI objeto de ressarcimento que, uma vez, aplicados, segundo a Recorrente, permitiriam a validação de todas as compensações vinculadas ao crédito de IPI. Não há, portanto, qualquer violação ao artigo 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/1972, a ensejar a decretação de nulidade da decisão. Com relação à necessidade de intimação da Recorrente antes de qualquer decisão indeferindo o seu direito creditório, oportuno citar o dispositivo invocado pela Recorrente, que tem a seguinte redação: "Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas". (Instrução Normativa RFB nº 900/2008) Pela leitura do dispositivo, entendo que se trata de um direito da autoridade fiscal, que pode ser exercido ou não, não podendo ser encarado tal dispositivo como uma obrigação da autoridade fiscal de intimar o contribuinte antes de toda e qualquer análise de pedidos de reconhecimento de direito de crédito. A Receita Federal poderá, nas hipóteses em que entender cabível, intimar o contribuinte para apresentar esclarecimentos ou realizar diligências adicionais, para fim de confirmar a existência do direito de crédito pleiteado. Por conseguinte, a ausência de intimação da Recorrente antes do não reconhecimento de crédito por ela pleiteado não implica nulidade da decisão tomada nesse sentido, motivo pelo qual proponho ao Colegiado rejeitar a nulidade também por esse segundo fundamento. Aplicação da Taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento de crédito de IPI A Recorrente alega que, se aplicada a correção monetária pela taxa SELIC no saldo credor, as compensações declaradas teriam sido homologadas, não havendo qualquer valor a ser cobrado pela Receita Federal. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 6 5 Para tanto, invoca como fundamento o artigo 153, parágrafo 3º, inciso II, da Carta da República, artigo 49 do Código Tributário Nacional ("CTN"), artigo 11 da Lei nº 9.779/1999, afirmando que, na hipótese de ressarcimento e/ou compensação, "o crédito de IPI deixa de ser crédito escritural e passa a ser um crédito oponível à União Federal para restituição ou compensação, do qual deverá sofrer a incidência da correção monetária, como qualquer outro crédito passível de restituição/compensação". Além disso, defende a Recorrente que "será totalmente inócua a utilização de valores de créditos sem a cobertura do desgaste inflacionário, ou seja, a devida correção monetária entre o período em que houve o acúmulo do crédito até o momento da utilização, sob pena de enriquecimento ilícito por parte da União Federal", afirmando ser aplicável a taxa SELIC que é a mesma que é aplicada pelo Fisco na correção de seus créditos. A decisão recorrida rejeitou esse argumento da Recorrente, fazendo a distinção entre os casos de ressarcimento de IPI e restituição, conforme a seguir: "(...) a atualização monetária não é aplicável à hipótese vertente, isto é, de crédito escritural suscetível de ressarcimento, pois a norma do art. 66, § 3º da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, e alterações, conforme orientação interna transmitida pelo Boletim Central nº 46, de 25 de março de 1992, abarca tãosomente as hipóteses de atualização monetária referentes à restituição, nos casos em que menciona". Ademais, a decisão recorrida fundamenta a impossibilidade de correção monetária no ressarcimento de IPI, com base em normas infra legais como o artigo 38, § 2º, da IN SRF nº 210, de 2002; e artigo 51, § 5º, da IN SRF nº 460, de 2004, sucedida pelo artigo 52 da IN SRF nº 600, de 2005; artigo 72, § 5º, da IN RFB nº 900/2008 e alterações posteriores, manifestandose ainda pela impossibilidade de correção de créditos escriturais de IPI. Sobre o tema, pedido de atualização pela SELIC de valores objeto do pedido de ressarcimento de IPI, oportuno mencionar que já foi pacificado pelo e. Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Recurso Especial nº 1.035.847 RS, de relatoria do Ministro Luiz Fux, cujo acórdão foi submetido ao regime de recursos repetitivos do artigo 543C, do CPC. Essa decisão teve a seguinte ementa: "PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 7 6 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008". (REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) Em julgados mais recentes, o STJ deixou claro que (i) a atualização dos pedidos de ressarcimento de IPI aplicase também aos processos administrativos iniciados antes da vigência da Lei nº 11.457/2007, que estipula em seu artigo 24 que os pedidos administrativos deveriam ser apreciados dentro do prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias1; e (ii) o termo inicial para aplicação da SELIC, índice a ser adotado a partir de 1996, é a data de protocolo do pedido de ressarcimento. Nesse sentido, podese citar o precedente abaixo, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques: "TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PEDIDO ADMINISTRATIVO DE RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS DE IPI. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. PROTOCOLO DOS PEDIDOS ADMINISTRATIVOS DE RESSARCIMENTO. 1. Em que pese o julgamento do Recurso Representativo da Controvérsia REsp. n. 1.138.206/RS (Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9.8.2010), onde se definiu que o art. 24 da Lei 11.457/2007 se aplica também para os feitos inaugurados antes de sua vigência, o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias para o fim do procedimento de ressarcimento não pode ser confundindo com o termo inicial da correção monetária e juros SELIC. "Quanto ao termo inicial da correção monetária, este deve ser coincidente com o termo inicial da mora. Usualmente, tenho conferido o direito à correção monetária a partir da data em que os créditos poderiam ter sido aproveitados e não o foram em virtude da ilegalidade perpetrada pelo Fisco. Nesses casos, o termo inicial se dá com o protocolo dos pedidos administrativos de ressarcimento" (EAg nº 1.220.942/SP, 1 Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 8 7 Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10.04.2013). 2. Agravo regimental não provido". (AgRg no REsp 1554806/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 05/11/2015) O assunto já foi, inclusive, apreciado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, que, em recente julgado2, negou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, pois "especificamente no presente caso, verificase que houve oposição estatal, mas, ou seja, o pedido de ressarcimento de créditos escriturais de IPI foi expressamente rejeitado pela autoridade competente (despacho decisório de fls. 480 a 499), o que ocasionou, portanto, oposição injustificada a impedir o gozo do direito. Existindo oposição estatal injustificada, há incidência de atualização pela SELIC do crédito de IPI". Esse posicionamento decorre da distinção entre créditos escriturais de IPI e créditos não escriturais. Os créditos escriturais, ou seja, aqueles recebidos e inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos industrializados em períodos de apuração subseqüentes, não são passíveis de atualização, por ausência de previsão legal. Situação distinta ocorre com os créditos escriturais que passam a ser objeto de pedido de ressarcimento, em razão da impossibilidade de serem utilizados na dedução de débitos de IPI, quando as saídas estão sujeitas à alíquota zero ou à isenção, ou quando a diferença entre o volume de créditos e débitos resulta na acumulação de saldo credor. Nessa hipótese, tais créditos deixam de ser escriturais e passam a ser um direito de crédito do contribuinte contra o Fisco, que deve ser atualizado, desde o protocolo do pedido, pois, caso contrário, haveria um enriquecimento sem causa do Fisco. É que, nessas hipóteses, em que há "pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza a chamada "resistência ilegítima" (REsp 1216129/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 15/03/2011), a atrair a aplicação da Súmula STJ nº 411, com a seguinte redação: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco". Oportuno destacar que a resistência ilegítima fica caracterizada pelo reconhecimento do pedido, com mora, porém, em valor histórico, o que gera uma defasagem no valor do crédito a ser recebido pelo contribuinte, não havendo que se esperar determinado lapso de tempo na apreciação do pedido para que a mora fique caracterizada. 2 Processo nº 13678.000141/0076; Acórdão nº 9303003.253; 3ª Turma; Sessão de 03 de fevereiro de 2015; Matéria TAXA SELIC; Recorrente FAZENDA NACIONAL. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 9 8 A respeito, merece destaque a doutrina de Eduardo Domingos Bottallo3, ao tratar da correção monetária nos pedidos de restituição, mas que, pelos mesmos fundamentos, entendo se aplicar aos casos de pedidos de ressarcimento: "A ausência de correção monetária nas obrigações pecuniárias em geral, inclusive, as de índole tributária, acarreta enriquecimento ilícito do devedor, ao que se soma, quando se trata do Poder Público, verdadeiro confisco. Ao revés, sua incidência não configura aumento patrimonial, porém simples mecanismo tendente a retratar, em unidades monetárias atuais, o valor representado por uma quantia identificada no passado. Na antiga lição de Amílcar de Araújo Falcão, ela é a técnica pelo direito consagrada de traduziremse em termos de idêntico poder aquisitivo, quantias ou valores que, fixados pro tempore, se apresentam expressos em moeda sujeita à depreciação. (...) Portanto, se os débitos fiscais ficam sujeitos a atualização monetária a partir do momento que devem ser satisfeitos, o mesmo há de ocorrer com os créditos dos contribuintes, até por força da analogia (ubi eadem ratio, ibi eadem juris dipositio), e da própria regra de isonomia que deve orientar as ações do Poder Público em seu relacionamento com a sociedade: "mais do que ninguém, o administrador público tem o dever de probidade e de seriedade no trato com a coisa pública. Em conseqüência, não pode pensar em não pagar a correção monetária de seus débitos, sob pena de se beneficiar indevidamente com o atraso no pagamento". Como se verifica, se o contribuinte deixa de adimplir sua obrigação tributária dentro do prazo de vencimento está sujeito ao recolhimento do tributo com a aplicação da SELIC, correta a aplicação do mesmo índice para atualização do crédito detido pelo contribuinte contra a Fazenda, pago no âmbito de pedidos de ressarcimento de IPI. Ademais, o artigo 11, da Lei nº 9.779/1999 prevê que o saldo credor do IPI "poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996", que são as normas que tratam da compensação e restituição de tributos federais. Por sua vez, o artigo 39, § 4º, da Lei nº 9.250/1995, estabelece que "§ 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada". Desse modo, se a aplicação da SELIC aos pedidos de ressarcimento de IPI já não tivesse fundamento no princípio da isonomia e no que veda o enriquecimento sem causa, a própria remissão do artigo 11, da Lei nº 9.779/1999 às normas que tratam de restituição e compensação seria fundamento legal suficiente ao seu reconhecimento. 3 Bottalo, Eduardo Domingos. "Fundamentos do IPI". São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 2002. p. 136137. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 10 9 Contudo, em que pese ter razão, em tese, o Recorrente quando defende a possibilidade de aplicação da taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento, em seu caso concreto, fixado o entendimento de que a taxa SELIC deve ser aplicada desde a data de protocolo do pedido até o efetivo pagamento do ressarcimento pela Receita Federal, o pedido do Recorrente não merece prosperar. É que no caso da Recorrente não se trata de pedido de ressarcimento em espécie, mas de pedido de ressarcimento para utilização em declarações de compensação contemporâneas ao pedido de ressarcimento. Ora, nesse caso, não há que se falar em oposição injustificada da Receita Federal, pois o valor objeto de ressarcimento é utilizado no exato momento da apresentação do pedido. Em conseqüência, não há qualquer justificativa para a aplicação da taxa SELIC. E, se a Recorrente pretendia a aplicação da taxa SELIC desde a data da escrituração dos créditos nos livros fiscais até a data de apresentação do pedido de ressarcimento, o que não se depreende da defesa apresentada, tratarseia, de qualquer modo, de aplicação da taxa SELIC sobre o crédito escritural de IPI, o que é vedado, por ausência de previsão legal, como já exposto nas linhas acima. Ante o exposto, embora tenha o entendimento pela aplicação da taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento de crédito de IPI, penso que esse entendimento não se aplica ao caso concreto, que trata de declaração de compensação contemporânea ao pedido de ressarcimento, motivo pelo qual voto pelo não provimento do Recurso Voluntário." Deixase de transcrever a íntegra da declaração de voto apresentada pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira por ter sido apresentada no Acórdão 3401003.340 (processo paradigma), e por não ser essencial à solução do presente litígio. Transcrevese, tão somente, o seguinte fragmento da declaração de voto, que resume o entendimento do Conselheiro sobre a questão: "Data vênia do entendimento esposado pelo ilustre relator, a jurisprudência que acomete a atualização SELIC para o ressarcimento do IPI é justificada pela resistência da administração em reconhecer o direito creditório e efetivar o ressarcimento. Mas ela não acolhe a SELIC para os casos em que não se configure essa resistência da administração fazendária. Vejamos trecho das ementas dos citados julgados: (...) Além disso, a contribuinte aproveitou o crédito do ressarcimento do IPI imediatamente por meio de declaração de compensação, não havendo oposição por parte da administração tributária para essa compensação, nem postergação do aproveitamento do crédito por parte da contribuinte. Não houve desrespeito ao prazo de 360 dias posto pela Lei 11.457 de 2007. Não há que se falar em resistência da administração ao caso de modo a se justificar aplicar o entendimento jurisprudencial. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10882.908424/201151 Acórdão n.º 3401003.348 S3C4T1 Fl. 11 10 O texto do artigo 24 da Lei n. 11.457, de 2007, invocado pela contribuinte, não a socorre. Além do fato que o prazo de 360 dias não foi desrespeitado, a simples leitura desse artigo afasta a proposição da contribuinte de que o descumprimento do prazo máximo para a autoridade administrativa decidir implicaria em reconhecimento do seu direito. Essa é uma interpretação equivocada. Basta ler o artigo citado para se ver, indubitavelmente, que esse texto não autoriza a aplicação da taxa SELIC aos casos de ressarcimento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 133DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.720013/2011-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 09/11/2010
EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT.
A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional.
RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016.
As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-003.642
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Dérouledè - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Dérouledè (Presidente Substituto), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo, Hélcio Lafetá e Lenisa Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 09/11/2010 EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT. A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10280.720013/2011-14
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700141
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-003.642
nome_arquivo_s : Decisao_10280720013201114.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10280720013201114_5700141.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dérouledè - Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Dérouledè (Presidente Substituto), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo, Hélcio Lafetá e Lenisa Prado.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
id : 6688400
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949693087744
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1893; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.720013/201114 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302003.642 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de fevereiro de 2017 Matéria MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE VEÍCULO OU CARGA NELE TRANSPORTADA Recorrente CMA CGM DO BRASIL AGENCIA MARITIMA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 09/11/2010 EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT. A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 2, DE 04/02/2016. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dérouledè Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Dérouledè (Presidente Substituto), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo, Hélcio Lafetá e Lenisa Prado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 00 13 /2 01 1- 14 Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10280.720013/201114 Acórdão n.º 3302003.642 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra a ora Recorrente que formaliza a exigência de multa por atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada (multa regulamentar). Os fatos que ensejaram a cominação da pena foi a desídia da contribuinte agente de navegação, representando empresa operadora de embarcação em viagem internacional que prestou, fora do prazo estabelecido na legislação aduaneira, informação sobre veículo ou carga por ela transportada. Cientificada sobre o teor do auto de infração, a Contribuinte apresentou suas razões de defesa em impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, por intermédio do Acórdão 16070.469, cuja ementa se transcreve na parte de interesse: Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 09/11/2010 A empresa de transporte internacional deixou de prestar informações sobre carga transportada. Por expressa disposição legal, quaisquer pessoas, físicas ou jurídicas, que, de qualquer forma, contribuam para a prática do ilícito devem responder solidariamente. A retificação ocorreu após intimação da fiscalização, o que inibe a denúncia espontânea. Em momento algum a exigência ora discutida viola os princípios da legalidade e hierarquia de normas, pois não está calcada em Ato Declaratório Executivo, mas sim em artigo de Lei. Para legitimar a sanção, basta a certificação do fato infracional, independente da existência de culpa, demonstração de boafé e ocorrência de efetivo dano ao Erário. (...) Irresignada, a Recorrente apresentou recurso voluntário, motivo pelo qual os autos ascenderam a este Conselho É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Dérouledè, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.624, de 21 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10280.721580/201198, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10280.720013/201114 Acórdão n.º 3302003.642 S3C3T2 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.624): "Tendo em vista se tratar de recurso voluntário tempestivo1 e que apresenta todos os requisitos formais para seu conhecimento, submetoo a julgamento por este colegiado. A ação fiscal sob julgamento referese à prestação extemporânea de informações retificadoras referentes ao Conhecimento Eletrônico n. 021105089493067 (importação, em 13/06/2011) vinculado à escala n. 11000182350 cuja atracação ocorreu em 30/05/2011 e desatracação em 31/05/2011. A autoridade fiscal considerou que a retificação foi extemporânea porque não ocorreu dentro das 48 horas antes da chegada da embarcação, que é o limite estabelecido pela legislação pertinente2, mais especificamente os arts. 22, II, "d" e art. 45 da Instrução Normativa n. 800/2007. A recorrente define suas funções da seguinte maneira: "(...) é uma reconhecida empresa que exerce a atividade de agenciamento marítimo para diversos armadores estrangeiros que necessitam de representantes no país para auxiliálos nas operações de carga e descarga; emissão de documentos; suporte técnico aos navios; abastecimento em geral; etc". E, por esse motivo, defende que o entendimento acolhido pelo colegiado que julgou improcedente a impugnação não merece prosperar, já que: "(...) não se confunde a figura do agente marítimo, que opera na modalidade 'NVOCC', na consolidação/desconsolidação documental, responsável pela unitização/desunitização de cargas, com a figura de transportador. (...) 13. Sendo a Recorrente mera mandatária do transportador no momento do registro das informações junto ao SISCOMEX, não é possível sua responsabilização por eventuais erros cometidos pelo transportador, tampouco a ele se equipara para fins de responsabilidade tributária para os efeitos do DecretoLei n. 37/66, o que demonstra que o entendimento mantido no acórdão ora recorrido resta equivocado". A recorrente destaca, ainda, que não há no auto de infração provas que a identifique como empresa transportadora ou responsável por prestar as informações ao Siscomex. 1 A contribuinte foi considerada intimada sobre o teor do acórdão recorrido em 28/12/2015, conforme certifica o Termo de Registro de Mensagem de Ato Oficial na Caixa Posta DTE à folha 97 dos autos eletrônicos. Por sua vez, o recurso voluntário foi protocolizado em 22/01/2016, conforme registrado no Termo de Análise de Solicitação de Juntada à folha 149 dos autos eletrônicos. 2 Art. 37 do DL 37/1966; Instrução Normativa RFB n. 800, de 27/12/2007, e; art. 673 do Decreto n. 6.759, de 05/02/2009. Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10280.720013/201114 Acórdão n.º 3302003.642 S3C3T2 Fl. 5 4 Defende que a hipótese dos autos amoldase a denúncia espontânea prevista no art. 102 do DL 37/663, com a redação conferida pela Lei n. 12.350/2010, já que as informações mencionadas na autuação foram prestadas muito antes da lavratura do auto de infração e do início de qualquer procedimento fiscal. Afirma que o procedimento fiscal só ocorreu porque a própria recorrente retificou as informações já consignadas. Em 22/04/2016 a recorrente acosta petição aos autos, informando a superveniência de fato relevante, que foi a edição da Solução de Consulta COSIT n. 02, de 04/02/2016, que foi assim resumida: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. CONTROLE ADUANEIRO DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIA. A multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas e e f do Decreto Lei n. 37/1966, com a redação dada pela Lei n. 10.833/2003, é aplicável para cada informação não prestada ou prestada em desacordo com a forma ou prazo estabelecidos na Instrução Normativa RFB n.800, de 27/12/2007. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Dispositivos legais: DecretoLei n.37, de 18 de novembro de 1966; Instrução Normativa RFB n. 800, de 27 de dezembro de 2007. Ressalta, ainda, que as Soluções de Consulta COSIT, por força do disposto no art. 9º da Instrução Normativa n. 1.396/2013, possuem efeito vinculante perante a Administração Tributária, razão pela qual o entendimento nelas consagrado deve ser observados pelas autoridades fiscais, e respaldo o sujeito passivo que o aplicar, independentemente de ser o consulente. Razão assiste a recorrente. Se depreende do precedente abaixo que a determinação consagrada pela COSIT vincula a todos no âmbito administrativo, inclusive os julgadores: Com efeito, a Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. (Acórdão n. 3301002.880, proferido em 15/03/2016 pela 1ª Turma da 3ª Seção de Julgamentos). Tendo em vista que a autuação fiscal ocorreu não pela extemporaneidade na apresentação de informações, mas sim pelo atraso na 3 Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 2º. A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10280.720013/201114 Acórdão n.º 3302003.642 S3C3T2 Fl. 6 5 retificação das informações já prestadas, é de rigor a exoneração da multa imposta, em conformidade com o que dita a Solução de Consulta COSIT n. 2, de 4 de fevereiro de 2016. Assim, pelas razões já esclarecidas, dou provimento ao recurso voluntário apresentado por CMA CGM do Brasil Agência Marítima Ltda." No que diz respeito à tempestividade, o recurso apresentado neste processo também é tempestivo (ciência do acórdão da DRJ em 17/12/2015, apresentação do RV em 15/01/2016). E, da mesma forma que no caso do paradigma, o motivo da exigência da penalidade nestes autos foi a retificação de informações prestadas anteriormente, retificação/alteração que o Fisco considerou como efetuada fora do prazo. Portanto, aplicável ao presente litígio, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, a Solução de Consulta COSIT nº 2, de 4 de fevereiro de 2016. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dérouledè Fl. 224DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10923.000032/2010-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
IPRJ. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. PREJUÍZO FISCAL.
Não havendo imposto de renda devido no Brasil não há que se falar em aproveitamento de crédito de imposto de renda pago no exterior. O imposto de renda devido no exterior, quando escriturado em exercício cuja apuração resultou em prejuízo, não compõe saldo negativo de IRPJ, portanto, não pode ser compensado com tributos de outra espécie.
OFERECIMENTO À TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTADOS NO EXTERIOR. FORMA DE CONTABILIZAÇÃO.
Os rendimentos auferidos no exterior por serviços prestados diretamente devem ser oferecidos à tributação para que seja possível aproveitar o imposto pago na apuração do lucro real no Brasil. Não se admite que os rendimentos sejam considerados como oferecidos à tributação via redução de custos, mormente quando contabilizado em período diverso daquele em que se pretende aproveitar o imposto pago no exterior.
IMPOSTO DE RENDA PAGO NO EXTERIOR. COMPROVAÇÃO. EXIGÊNCIAS LEGAIS.
Os documentos que comprovam o recolhimento do imposto de renda pago no exterior devem ser objeto de reconhecimento por parte do órgão arrecadador estrangeiro e do Consulado Brasileiro no respectivo país. Acordo entre os dois países para simplificação do procedimento de legalização de documentos públicos deve ser respeitado. Entretanto, verificadas inconsistências em tais procedimentos, resta incabível acolher referidos documentos para efeito de prova e utilização dos pagamentos realizados.
Numero da decisão: 1402-002.385
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Acompanhou o julgamento o Dr. Carlos Eduardo Orsolon, OAB/SP nº 222.242.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: Frederico Augusto Gomes de Alencar
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2005 IPRJ. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. PREJUÍZO FISCAL. Não havendo imposto de renda devido no Brasil não há que se falar em aproveitamento de crédito de imposto de renda pago no exterior. O imposto de renda devido no exterior, quando escriturado em exercício cuja apuração resultou em prejuízo, não compõe saldo negativo de IRPJ, portanto, não pode ser compensado com tributos de outra espécie. OFERECIMENTO À TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTADOS NO EXTERIOR. FORMA DE CONTABILIZAÇÃO. Os rendimentos auferidos no exterior por serviços prestados diretamente devem ser oferecidos à tributação para que seja possível aproveitar o imposto pago na apuração do lucro real no Brasil. Não se admite que os rendimentos sejam considerados como oferecidos à tributação via redução de custos, mormente quando contabilizado em período diverso daquele em que se pretende aproveitar o imposto pago no exterior. IMPOSTO DE RENDA PAGO NO EXTERIOR. COMPROVAÇÃO. EXIGÊNCIAS LEGAIS. Os documentos que comprovam o recolhimento do imposto de renda pago no exterior devem ser objeto de reconhecimento por parte do órgão arrecadador estrangeiro e do Consulado Brasileiro no respectivo país. Acordo entre os dois países para simplificação do procedimento de legalização de documentos públicos deve ser respeitado. Entretanto, verificadas inconsistências em tais procedimentos, resta incabível acolher referidos documentos para efeito de prova e utilização dos pagamentos realizados.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10923.000032/2010-37
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700302
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1402-002.385
nome_arquivo_s : Decisao_10923000032201037.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : Frederico Augusto Gomes de Alencar
nome_arquivo_pdf_s : 10923000032201037_5700302.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Acompanhou o julgamento o Dr. Carlos Eduardo Orsolon, OAB/SP nº 222.242. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
id : 6688561
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949749710848
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2044; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1.260 1 1.259 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10923.000032/201037 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.385 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de fevereiro de 2017 Matéria RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 IPRJ. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. PREJUÍZO FISCAL. Não havendo imposto de renda devido no Brasil não há que se falar em aproveitamento de crédito de imposto de renda pago no exterior. O imposto de renda devido no exterior, quando escriturado em exercício cuja apuração resultou em prejuízo, não compõe saldo negativo de IRPJ, portanto, não pode ser compensado com tributos de outra espécie. OFERECIMENTO À TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTADOS NO EXTERIOR. FORMA DE CONTABILIZAÇÃO. Os rendimentos auferidos no exterior por serviços prestados diretamente devem ser oferecidos à tributação para que seja possível aproveitar o imposto pago na apuração do lucro real no Brasil. Não se admite que os rendimentos sejam considerados como oferecidos à tributação via redução de custos, mormente quando contabilizado em período diverso daquele em que se pretende aproveitar o imposto pago no exterior. IMPOSTO DE RENDA PAGO NO EXTERIOR. COMPROVAÇÃO. EXIGÊNCIAS LEGAIS. Os documentos que comprovam o recolhimento do imposto de renda pago no exterior devem ser objeto de reconhecimento por parte do órgão arrecadador estrangeiro e do Consulado Brasileiro no respectivo país. Acordo entre os dois países para simplificação do procedimento de legalização de documentos públicos deve ser respeitado. Entretanto, verificadas inconsistências em tais procedimentos, resta incabível acolher referidos documentos para efeito de prova e utilização dos pagamentos realizados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 3. 00 00 32 /2 01 0- 37 Fl. 1260DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.261 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Acompanhou o julgamento o Dr. Carlos Eduardo Orsolon, OAB/SP nº 222.242. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 1261DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.262 3 Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP, protocolada sob o nº 26167.55930.260406.1.2.025642 e transmitido em 26/04/2006; posteriormente foi retificado pelo PER/DCOMP nº 17596.27264.270407.1.6.025060, em que é pleiteado crédito decorrente de saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2005, no valor original de R$ 56.625.973,89. Ao crédito requerido foram vinculados os seguintes débitos: A Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Bernardo do Campo/SP, em despacho decisório datado de 03/11/2010, v. efls. 402/408, reconheceu apenas parcialmente o direito creditório, no montante de R$ 39.543.621,89 do saldo negativo de IRPJ apurado em 31/12/2005, homologando a compensação dos débitos declarados até o limite de crédito reconhecido. Abaixo transcrevo os trechos mais relevantes do referido Despacho Decisório: "O saldo negativo de um tributo é a aritmética entre o valor total despendido, num determinado período, e o montante efetivamente devido, ao fim desse mesmo período. Por ser negativo, necessariamente são maiores os dispêndios. Eis, então, a aritmética do crédito reclamado, conforme declara o interessado: (...) Pela tabela acima, a majoritária parcela do crédito referese a retenções do IRPJ (R$38.649.412,84 + R$857.471,30 + R$36.737,75). Tais parcelas foram auditadas Fl. 1262DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.263 4 nos sistemas informatizados disponíveis nesta Secretaria, por amostragem (fls. 108/120), por confirmação de pagamento (fls. 121) e mediante Intimação Fiscal n° 306/2010 (fls. 122; respostas fls. 127/170). Todas elas resultaram confirmadas, revelando existir, de fato, retenções do imposto de renda cuja soma é R$ 39.543.621,89. Contudo, auditada a parcela referente ao imposto sobre a renda pago no exterior, restou prejudicada. O contribuinte informou, em resposta à Intimação Fiscal n° 306/2010, que o imposto sobre a renda pago no exterior ocorreu na Argentina, no momento do recebimento financeiro por serviços prestados à Volkswagen Argentina S.A., referentes a Contrato de Transferência de Tecnologia, conforme cópia do mesmo traduzida para o português às fls. 164/168. E, de fato, há essa declaração na DIPJ/2006 do interessado, conforme fls. 126. Embora pertençam, as empresas envolvidas, ao mesmo grupo econômico sediado na Alemanha, vale ressaltar que não têm participação societária entre si, nem correspondem a filial, sucursal, coligada ou controlada uma da outra, ou uma na outra. Ao menos, conforme declara a Volkswagen do Brasil, ora interessada, em sua DIPJ/2006 e nos cadastros mantidos junto a esta Secretaria. Sendo assim, o recebimento auferido na Argentina, e o respectivo imposto que sobre ele incidiu naquele país, é sujeito à disciplina trazida pela Instrução Normativa SRF n° 213, de 07/10/2002 (DOU 08/10/2002) e pela legislação que lhe antecede (arts. 25, 26 e 27 da Lei n. 9.249, de 26 de dezembro de 1995; arts. 16 e 17 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de l996; art. 1º da Lei n 9.532, de 10 de dezembro de 1997; art. 3º da Lei nº 9.959, de 27 de janeiro de 2000; e arts. 34 e 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001). Referida Instrução, que concatena toda a normatização que lhe dá fundamento, trata o recebimento financeiro em tela como rendimento (art. 1º, §2º). E determina, dentre outras, as seguintes condutas a serem seguidas pelo contribuinte brasileiro: 1. Tributação pelo lucro real (art. 1º , § 3º); 2. Adição, no lucro real, dos rendimentos totais auferidos no exterior antes do imposto pago, integrando seus resultados no Brasil (art. 1º , §8°); 3. Cômputo dos rendimentos do exterior no balanço levantado em 31 de dezembro do ano calendário em que auferidos (art. 9º); 4. Cálculo simultâneo do imposto devido no Brasil sobre o rendimento auferido no exterior e daquele sobre as operações domésticas praticadas (art. 13); 5. Compensação e não dedução do imposto pago no exterior com o que for devido no país (art. 14, caput, c/c art. 14, §15). Embora sejam condutas/atos obrigatórios a serem seguidos, SOMENTE a primeira das acima citadas foi cumprida. As demais deveriam constar na DIPJ/2006 entregue pelo interessado em 15/10/2008. Nela devem ser informadas à autoridade fiscal informações econômicas e fiscais concernentes à atividade empresarial desenvolvida pelo contribuinte e que impactam a apuração dos tributos federais. Ressaltese que a DIPJ/2006 foi retificada 2(duas) vezes. Presumese, portanto, acurado preenchimento e dupla revisão das informações prestadas. Fl. 1263DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.264 5 Surpreendentemente, porém, as adições e cálculos citados nos itens 2 a 5 ou aparecem na DIPJ/2006 como ZERO, ou simplesmente são omitidas (vide fls. 124, 125, 397), embora haja, nessa Declaração, campos apropriados a tais informações. É o que se observa, por exemplo, na Ficha 06A, linha 28 (fls. 124), onde devem ser informados os "rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior". O interessado preencheu essa linha com o valor zero (R$0,00). Noutro campo, este na Ficha 09A, linha 06, onde devem constar os "rendimentos auferidos no exterior" sendo adicionados ao lucro real (item 2 acima), aparece o valor zero (R$0,00). Ainda, há mais inconsistências: • O contrato de Transferência de Tecnologia (fls. 157/163) apresentado pelo interessado, em resposta à Intimação Fiscal n° 306/2010, denota transferência de tecnologia nos serviços por ele prestado. Todavia, na ficha 43 da DIPJ/2006, preenchido está o campo referente a serviços prestados SEM aquela transferência (fls. 398); • Não há reconhecimento do Consulado Brasileiro na Argentina do comprovante de pagamento do imposto naquela nação, conforme determina a Instrução Normativa SRF n° 213/2002 (fls. 151). Impõe comentar, pela sua relevância, a conduta n° 5, acima descrita. Conforme preceitos da aludida Instrução, o imposto pago em outros países, incidente sobre rendimentos da pessoa jurídica domiciliada no Brasil, é aproveitado só, e unicamente, na hipótese de lucro real doméstico positivo e, por óbvio, imposto devido após inclusão dos citados rendimentos. É a inteligência conjugada dos parágrafos 9º e 15 do art. 14 da Instrução. A mecânica desse aproveitamento, assim, pressupõe a existência de crédito tributário a ser compensado. Se examinada a redação do art. 14, caput, da Instrução Normativa SRF n° 213/2002, notase o vocábulo "compensação". Ora, compensar é o ato de extinguir obrigações recíprocas entre duas partes, credor e devedor. Assim, só haverá compensação na existência de débito e crédito, simultaneamente. Se só um deles subsiste, não há compensação. (...) Supondo apenas para argumentar o pagamento de imposto na Argentina como crédito oponível à Fazenda brasileira, qual o débito com o qual poderseia engendrar a compensação prevista, e permitida, no art. 14 da indigitada Instrução? O imposto de renda apurado na DIPJ/2006 (fls. 125), apresentada formalmente pelo interessado a esta Secretaria, é igual a ZERO! A conduta correta a ser seguida, na circunstância de haver apuração negativa do lucro real e, portanto, imposto nulo, é a manutenção da adição ao lucro real, em 31/12 do mesmo ano em que auferidos, dos rendimentos estrangeiros, em obediência aos arts. 1º, §§7° e 8º ; e 9º, caput, da Instrução Normativa SRF n° 213/2002. Em seguida, registrase na parte "B" do Livro de Apuração do Lucro Real LALUR o imposto pago sobre os tais rendimentos, através do cálculo estabelecido no art. 14, §§ 15 a 17 da Instrução em comento, compensandoo com o imposto devido, no Brasil, em exercícios futuros. E, se houver saldo a ser compensado após o aludido cálculo, vale a compensação com a CSLL devida, nos termos e condições presentes no art. 15 do mesmo diploma. Fl. 1264DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.265 6 Não está sequestrado, portanto, o direito ao aproveitamento do tributo pago além das fronteiras brasileiras. Ele existe, mas ocorre do modo como preconizado pelas normas domésticas, já que soberanas. Há montante, momento e maneira corretos nelas descritos. Dessa forma, a correta aritmética do crédito reclamado deve ser: As alterações necessárias devem ser a adição, ao lucro real, do rendimento total na Argentina antes dos impostos, convertido para reais ao câmbio do dia em que pago (art. 14, §2° da IN SRF n° 213/2002) e a indedutibilidade, nesse exercício, do imposto pago naquela nação. A data do efetivo pagamento é 23/03/2005, quando a moeda Argentina foi cotada para venda a R$0,941144, conforme divulgado pelo Banco Central do Brasil (fls. 402). Assim, deve ser adicionado ao lucro real a quantia de R$62.341.980,89, sendo o imposto argentino o equivalente a R$17.455.754,65 (art. 14, §2° da IN SRF n° 213/2002). E o limite compensável com o IRPJ (arts. 14, §9° c/c 1º, §7° da IN SRF n° 213/2002) resulta em R$15.561.495,00. Este o valor a abater do imposto de renda positivo apurado no Brasil em exercícios posteriores a 31/12/2005. O cômputo dos rendimentos estrangeiros nos lucros do interessado foi objeto, inclusive, da Intimação Fiscal n° 800/2010 (fls. 403), prevenindo hipótese de haver inclusão dos tais rendimentos na rubrica de "Serviços Prestados" ficha 06A, linha 08 da DIPJ/2006. Contudo, a resposta apresentada demonstra ali não estarem computados (fls. 406). Portanto, após análise da documentação acostada aos autos e das informações prestadas pelo próprio na DIPJ/2006, restou evidente a incorreção praticada pelo interessado quando deduziu, diretamente do imposto doméstico nulo apurado, o tributo pago na Argentina sobre os rendimentos ali auferidos, em absoluta afronta aos dispositivos legais norteadores. Face ao exposto, manifestome pelo DEFERIMENTO PARCIAL do Pedido de Restituição n° 17596.27264.270407.1.6.025060, aprovando um crédito decorrente do saldo negativo IRPJ no valor de R$ 39.543.621,89 (trinta e nove milhões, quinhentos e quarenta e três mil, seiscentos e vinte e um reais e oitenta e nove centavos), apurado no período em destaque pelo interessado. Consequentemente, manifestome pela HOMOLOGAÇÃO das Declarações de Compensação n° 25611.76015.270406.1.3.024214, 32320.81303.090506.1.3.023054 e 36734.70142.161106.1.7.029240, face à suficiência do crédito ora deferido nelas contraposto. Fl. 1265DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.266 7 Por fim, sou pela NÃO HOMOLOGAÇÃO das Declarações de Compensação n° 40714.69733.270407.1.3.025017; e n° 24592.53682.220507.1.3.029058, face à insuficiência do saldo de crédito disponível." Em sua manifestação de inconformidade ao Despacho Decisório emanado da DRF/SBC, v. efls. 526/550, produziu as seguintes alegações, reproduzidas abaixo em apertada síntese: 1) Segundo o entendimento da DRF/SBC, a Manifestante não teria adicionado à base de cálculo do IRPJ as receitas decorrentes da prestação direta de serviços à empresa domiciliada na Argentina, o que faria com que ela não fizesse jus ao cômputo, no momento da apuração do IRPJ devido ao final do ano base de 2005, do imposto de renda retido na fonte na Argentina no montante, já convertido em Reais, de R$ 17.082.352,00. 2) Esclarece que teria prestado serviços à empresa Volkswagen Argentina S.A. e, em contrapartida, teria recebido pagamento que se sujeitou, pelas regras tributárias daquele país, à retenção na fonte do imposto sobre a renda argentino, imposto este que, nos termos da legislação brasileira aplicável, pode ser utilizado no Brasil para compensar o valor do IRPJ aqui devido sobre tais receitas auferidas no exterior. 3) Defende que a DRF/SBC não teria se atentado para o fato de que, não obstante o pagamento pela prestação de serviços no exterior e a consequente retenção do imposto argentino tivessem ocorrido em 2005, como a apuração do IRPJ segue o regime de competência, o registro das receitas decorrentes dessa prestação de serviços efetuada diretamente à Volkswagen Argentina S.A. já teria sido efetuado em 2004, tendo sido elas integralmente tributadas ainda em 2004. 4) Afirma, ainda, que a DRF/SBC, durante todo o seu trabalho de análise do saldo negativo pleiteado, teria buscado localizar apenas no ano base de 2005 a demonstração da tributação da receita advinda da prestação de serviços à Argentina, pois na Intimação nº 800/2010 teria se limitado a exigir o "detalhamento da linha 08, ficha 06A da DIPJ 2006 entregue em 15/10/2010, classificando e agrupando as receitas da prestação de serviços do ano calendário 2005 por tipo de serviço prestado (descrição do que foi feito), destinatário (nacional/estrangeiro) e respectivo valor faturado" sem, em nenhum momento, mencionar que o seu objetivo era buscar especificamente a comprovação da tributação das receitas decorrentes da prestação direta de serviços à Volkswagen Argentina S.A., o que, se tivesse sido expressamente solicitado, teria sido facilmente demonstrado pela Manifestante mediante a apresentação de documentos relativos ao ano base de 2004. 5) Em resumo, a DRF/SBC teria focado sua análise no ano calendário errado (2005), haja vista que a tributação da receita, que foi devidamente tributada pela manifestante, foi contabilizada em 2004, conforme exigia o regime de competência aplicável às pessoas jurídicas em geral. 6) Sustenta, entretanto, que o registro dessas receitas, e a sua consequente tributação, não poderia ser comprovada de modo direto, ou seja, mediante a apresentação de um simples registro contábil de uma receita de prestação de serviços advinda da Volkswagen Argentina S.A., mas sim, apenas mediante a demonstração da metodologia contábil interna própria da Manifestante, a qual exigia que tais receitas recebessem o tratamento de redução dos custos da Manifestante. Fl. 1266DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.267 8 7) Complementa, explicando que os serviços prestados à Volkswagen Argentina S/A consistiram basicamente na recuperação pela Manifestante dos seus custos de engenharia e desenvolvimento de um novo veículo ("monovolume MPV derivado do Modelo VW 249", denominado no mercado brasileiro de "FOX"), o qual, por motivos estratégicos de mercado, embora tenha sido integralmente projetado pela Manifestante no Brasil, teve a sua produção realizada na Argentina pela Volkswagen Argentina S.A. (todas essas informações podem ser confirmadas na tradução juramentada do "Acordo de Transferência .de Tecnologia e Assistência Técnica" contido nas fls. 157 a 163 dos autos) . 8) Assim, muito embora o contrato celebrado entre a Manifestante e a Volkswagen Argentina S.A. tenha sido firmado apenas em 2005 para prever o pagamento dos serviços de tecnologia em questão o que, a princípio, autorizaria a Manifestante a apenas tributar as receitas dele decorrentes no ano base de 2005, para evitar qualquer prejuízo ao fisco e atender integralmente ao regime de competência, a Manifestante optou por reconhecer tais receitas já no ano base de 2004, visando, com isso, não se apropriar indevidamente de custo de engenharia e desenvolvimento incorridos naquele mesmo ano com relação ao projeto do veículo "FOX". 9) Segue, então, detalhando a sistemática adotada quando da contabilização das operações relacionadas ao Contrato firmado em 23/02/2005, origem dos rendimentos tributados na Argentina: 9.1) Para evidenciar a forma de registro das receitas decorrentes de tal contrato, a Manifestante recorre à abertura da conta contábil n° 49971000 (doc. 03, efls. 584/587), que é denominada internamente de conta "classe 4", o que indica tratarse de conta auxiliar de apropriação de custos e despesas da Manifestante. Tal conta, por ser transitória, ou seja, não afetar diretamente o resultado por seus lançamento individuais, mas apenas por seu saldo final de cada mês, é composta de lançamentos tanto a crédito como a débito, sendo que os lançamentos a débito representam custos/despesas incorridos e os lançamentos a crédito, reduções de tais custos/despesas. Ao final de cada mês, essa conta é zerada, sendo a contrapartida de tal lançamento (que pode ser positiva ou negativa) registrada em conta definitiva de custo/despesa (conta denominada de "classe 8"), a qual, essa sim, afeta diretamente o resultado do exercício. 9.2) No documento anexo (doc. 3, efls. 584/587) podese verificar lançamentos a crédito efetuados em quatro meses do ano de 2004 (abril, outubro, novembro e dezembro) na conta n° 49971000, os quais, quando somados, resultam em R$ 66.513.088,24, valor este que corresponde exatamente às receitas auferidas da Argentina pela Manifestante em razão do "Acordo de Transferência de Tecnologia e Assistência Técnica" discutido na presente Manifestação de Inconformidade. 9.3) Tais receitas, embora registradas em conta transitória de controle de custos, por consistirem em lançamentos a crédito, tiveram como efeito reduzir os custos incorridos pela Manifestante nos respectivos meses, o que, ao final do ano, resultou na apuração de um maior lucro líquido e, consequentemente, de um lucro real tributável também maior sendo essa a prova da efetiva tributação de tais receitas pelo IRPJ (e também pela CSLL). 10) Portanto, ainda que a demonstração da tributação dessas receitas somente seja possível de ser feita da forma indireta comentada acima o que se justifica pela necessidade de a Manifestante realizar o controle de seus custos por áreas e departamentos (engenharia, Fl. 1267DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.268 9 desenvolvimento de projeto etc), o que demanda o uso de contas auxiliares ("classe 4") para se apurar o custo efetivo incorrido no exercício, os documentos anexos comprovam que as receitas advindas da prestação de serviços à Volkswagen Argentina foram tributadas no ano base de 2004. 11) Para fins de tal comprovação, a Manifestante destaca especialmente as Notas de Débito anexas (doc. 04, v. efls. 588/591), as quais respaldam os lançamentos feitos na conta n° 49971000 (doc. 03), que contém, inclusive, menção expressa de se referirem a reembolso da parcela de desenvolvimento do programa "VW249/2", o qual, como visto acima, diz respeito aos custos decorrentes do projeto do veículo "FOX". 12) Assim, tendo sido feita a prova da efetiva tributação de tais recursos no ano base de 2004, que não teria sido objeto de análise pela DRF/SBC no momento da emissão de seu Despacho Decisório resta analisar a questão envolvendo o aproveitamento do imposto retido na fonte na Argentina na composição do saldo negativo apurado pela Manifestante quando do encerramento do ano base de 2005. Passa, então, a descrever os motivos que legitimariam o aproveitamento no IRPJ devido no ano calendário 2005 do imposto de renda retido na Argentina. 13) Declara que o documento de arrecadação (v. efl.155), teria sido reconhecido pelas autoridades fiscais Argentinas (Administración Federal de Ingresos Públicos AFIP), sendo que o mesmo demonstraria todos os dados relativos à operação em questão, em especial a data da retenção (08/04/2005), o valor remetido ao Brasil ($ 66.240.640,00 pesos) e o valor retido a título de imposto argentino ($ 18.547.379,20 pesos). 14) Argumenta, com fulcro nos artigos 15 da Lei 9.430 de 1996, e 26, da Lei 9.249 de 1995, que, com vistas à utilização do imposto retido no exterior sobre as receitas decorrentes de serviços lá prestados, apenas as seguinte condições deveriam ser observadas: 14.1) a compensação deverá se dar até o limite do imposto de renda incidente no Brasil sobre tais receitas (art. 26, caput); 14.2) para fins de cálculo do imposto de renda incidente no Brasil, devese considerar o total do imposto e o adicional devidos pelo contribuinte no Brasil, calculado proporcionalmente ao montante da receita decorrente da prestação do serviço; 14.3) o comprovante do recolhimento do imposto pago no exterior deverá estar reconhecido pela autoridade arrecadadora estrangeira e pelo Consulado da Embaixada Brasileira do país em que é devido o imposto; e 14.4) o imposto pago no exterior deverá ser convertido em Reais com base na taxa de câmbio, para venda, da data em que o imposto foi pago. 15) Segundo a manifestante, com exceção das condições acima, não haveria nenhuma condição estabelecida na legislação que limitasse, de qualquer forma, o aproveitamento do imposto pago no exterior sobre receitas decorrentes da prestação direta de serviços. Isso porque, ao contrário do afirmado pela Autoridade Fiscal, as receitas oriundas de serviços prestados diretamente não se sujeitariam aos ditames da IN 213 de 2002, posto que a mesma se restringiria a "tributação de lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior pelas pessoas jurídicas domiciliadas no País". Fl. 1268DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.269 10 16) Tal diferenciação é fundamental, uma vez que os "lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior" são uma matéria normatizada pelos artigos 25 a 27 da Lei 9.249/95, ao passo que a "receita decorrente da prestação de serviços efetuada diretamente" ao exterior é matéria cuidada pelo artigo 15 da Lei 9.430/96, o qual estende a ela apenas o artigo 26 da Lei 9.249/95, sem prever a possibilidade de aplicação de qualquer norma infralegal que posteriormente venha a regulamentar a compensação do imposto pago sobre "lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior". 17) Tanto é assim que, muito embora a IN 213/02 tenha sido editada anos após a edição da Lei 9.430/96, não há qualquer menção em sua ementa no sentido de que o seu propósito seria o de regulamentar também a tributação das "receitas decorrentes da prestação de serviços efetuada diretamente" ao exterior até porque ela não teria suporte legal se dispusesse sobre essa matéria. Ao relacionar em seu prefácio as que lhe dão suporte, a IN 231/02 não indica o artigo 15 da Lei 9.430/96, mas apenas os artigos 16 e 17 de tal Lei, os quais esses sim tratam de "lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior" (e operações de cobertura em bolsa do exterior). 18) Com base em tal entendimento, conclui ser inaplicável às receitas de serviços os ditames da IN 213 de 2002, bem como as restrições por ela impostas, restando equivocada a fundamentação do Despacho Decisório exarado pela DRF São Bernardo do Campo, maculando todas as demais decisões dele decorrentes. E prossegue: "É fundamental Srs. Conselheiros, que V.Sªs., notem que a tributação dos 'lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior' é totalmente distinta da tributação da 'receita decorrente da prestação de serviços efetuada diretamente' ao exterior". 19) Tanto é assim que, mesmo já existindo no ordenamento jurídico os artigos 25 a 27 da Lei 9.249/95, foi necessário que o legislador criasse previsão expressa na Lei 9.430/96 (artigo 15) de que o imposto retido quando do pagamento de receitas decorrentes da prestação direta de serviços no exterior pudesse ser compensado no Brasil. 20) Portanto, resta evidenciado que as conclusões expostas no Despacho Decisório pela DRF/SBC não se aplicam ao presente caso, o que significa dizer que, na hipótese de imposto pago no exterior em razão de prestação direta de serviços, não há necessidade de que haja "lucro real doméstico positivo", como quis fazer crer a DRF/SBC, sendo essa uma condição imposta apenas para a hipótese de compensação de imposto pago sobre " lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior". 21) Requer, então: 21.1) Assim, como decorrência de tal entendimento, é mister se destacar que, ainda que essa d. Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento entenda não ter restado devidamente comprovada a tributação, no ano base de 2004, das receitas decorrentes da prestação dos serviços pela Manifestante na Argentina, ainda assim deve ser reconhecido o direito à utilização do imposto pago no exterior na apuração do saldo negativo apurado no ano base de 2005, uma vez que a adição do valor da receita decorrente de tais serviços (R$ 66.513.088,24) ao lucro real apurado em 31/12/2005 ainda assim resultaria em apuração de prejuízo fiscal no exercício, inalterando, portanto, o valor do saldo negativo indicado na DIPJ 2006 da Manifestante, conforme demonstra a própria DRF/SBC nas tabelas constantes às páginas 3 e 6 de seu Despacho Decisório e consolidadas na tabela única abaixo: Fl. 1269DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.270 11 21.2) Segundo a Manifestante, apenas a título argumentativo, caso não reste convalidado o saldo negativo declarado em DIPJ/2006, no valor integral em que informado, ainda assim deveriam ser homologadas as Dcomp apresentadas. Isso porque, por meio de tais DCOMPs, a Manifestante compensou a parcela do saldo negativo apurado em 2005 correspondente ao imposto pago na Argentina com débitos de IRPJ e CSLL devidos nos meses de março e abril de 2007. 21.3) E explica: Ocorre que, ao final do ano base de 2007, a Manifestante apurou IRPJ a pagar em valor muito superior ao valor do imposto retido no exterior em 2005 (R$ 138.013.666,90), conforme comprova a sua DIPJ 2008 anexa (doc. 06, v. efls. 593/604), o que lhe autorizaria a utilizar o valor do imposto de renda pago na Argentina caso ele não tivesse sido aproveitado no próprio ano de sua retenção (2005) e tivesse sido controlado na parte B do LALUR, como indicou a DRF/SBC como procedimento correto a ser seguido. 21.4). Em outras palavras, resulta que por meio das DCOMPs n°s 40714.69733.270407.1.3.025017 e 24592.53682.220507.1.3.029058 a Manifestante acabou por liquidar débitos de IRPJ e CSLL devidos em 2007, os quais poderiam, de qualquer forma, ter sido quitados pela Manifestante ao final do exercício por meio do aproveitamento do imposto pago na Argentina, já que foi apurado IRPJ a pagar em 31/12/2007. 22) Infere, por fim, não ter havido no presente caso concreto, a verificação de qualquer prejuízo ao Erário Público, ainda que se entenda, ao final da análise dos dois subitens acima, que assistiria razão à DRF/SBC quanto às suas equivocadas alegações expostas no Despacho Decisório ora combatido. 23) Com base no exposto, requer o acolhimento da presente Manifestação de Inconformidade, declarando a insubsistência do Despacho Decisório atacado, para o fim de reconhecer o direito de a Manifestante aproveitar o imposto pago na Argentina em 08/04/2005 na composição do saldo negativo apurado no ano base de 2005, de maneira a que reste integralmente reconhecido o direito creditório pleiteado no PER n° 26167.55930.260406.1.2.02.5642 (posteriormente retificado pelo PER n° 17596.27264.270407.1.6.025060), do que resultará a suficiência do direito creditório para compensar todas as DCOMPs a ele correlatas. 24) Alternativamente, requer que, caso não seja reconhecido o direito à utilização do imposto pago no exterior na apuração do saldo negativo do ano base de 2005, que sejam homologadas as DCOMPs em razão da ausência de prejuízo ao Erário Publico em razão de os débitos por meio delas compensados serem relativos a IRPJ e CSLL devidos no ano base de 2007, ano no qual foi apurado IRPJ a pagar, o que autorizaria a Manifestante a utilizar o imposto pago no exterior em 08/04/2005 para reduzir o valor devido no Brasil naquele ano base. 25) Por fim, e subsidiariamente aos pedidos acima, caso nenhum deles seja acatado, requerse expressamente que seja autorizado à Manifestante retificar o seu LALUR ao final da presente discussão administrativa, a fim de incluir o valor do imposto pago no exterior em 08/04/2005 e compensálo com o IRPJ devido em anos base subsequentes ao da prolação da decisão definitiva nesse processo. 26) Informa, com relação ao documento que comprovaria a retenção do IR na Argentina (efl. 155), que o mesmo já se encontraria reconhecido pelo órgão arrecadador estrangeiro (AFIP), conforme exigido pelo artigo 26, §2° da Lei 9.249 de 1995, contudo, a Fl. 1270DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.271 12 Manifestante ainda não teria conseguido obter do Consulado da Embaixada do Brasil na Argentina o seu reconhecimento ("consularização"), razão pela qual protesta por sua posterior juntada”. A 5ª Turma de Julgamento da DRJ em Campinas PR, ao analisar a manifestação de inconformidade apresentada, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório de efls. 402/408. Assim restou ementada a referida decisão (v. efls. 647/681): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 INDÉBITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. Válida a menção no Despacho Decisório recorrido à Instrução Normativa SRF n° 213, de 7 de outubro de 2002, que "dispõe sobre a tributação de lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior pelas pessoas jurídicas domiciliadas no País", na medida em que normatiza, entre outros, o art. 26 da Lei n° 9.249, de 1995, alcançando, também, a compensação do imposto pago no exterior sobre a receita decorrente da prestação de serviços efetuada diretamente, por força do disposto no art. 15, in fine, da Lei n° 9.430, de 1996, que remete ao referido art. 26 da Lei nº 9.249 de 1995. IRRF PAGOS NO EXTERIOR. RECEITA AUFERIDA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. REQUISITOS DE DEDUTIBILIDADE. Na apuração do IRPJ, apenas são dedutíveis os valores do imposto incidente sobre receita auferida na prestação de serviços diretos no exterior quando atendidos os requisitos legais: (i) computação no lucro real da receita auferida no exterior; (ii) observância do limite do imposto incidente no Brasil na compensação do imposto sobre as referidas receitas; (iii) comprovação do recolhimento em documento reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que o imposto for devido. O IR pago no exterior tornase indedutível do IRPJ apurado quando a pessoa jurídica deixa de atender a todas as condições exigidas na legislação pertinente. IR RETIDO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE IRPJ DEVIDO NO PERÍODO. Ausente apuração de imposto devido no período sobre todo resultado tributável, inviável o aproveitamento do IR retido no Fl. 1271DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.272 13 exterior, ainda que seu recolhimento restasse comprovado nos autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2007 a 30/04/2007 DIREITO CREDITÓRIO. INEXISTÊNCIA. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Restando não comprovada a existência do crédito utilizado na DCOMP, insta não homologar a compensação declarada dos débitos. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da decisão de primeira instância em 05/04/2011, (v. efls. 683), a recorrente apresentou o recurso voluntário de efls. 684/724 a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais objetivando a reforma do julgado. Repisa as alegações já apresentadas quando de sua manifestação de inconformidade, propugnando pelo recebimento de laudo encomendado a empresa de auditoria independente, mesmo após o protocolo do presente recurso, haja vista que o referido parecer não teria ficado pronto até esta data. Aduz, também, que o comprovante de pagamento do imposto realizado na Argentina não mais estaria sujeito ao reconhecimento feito pelo Consulado Brasileiro naquele país, por força do Acordo p.t.n. sobre Simplificação de Legalizações em Documentos Públicos, firmado entre os dois países e publicado no DOU nº 77, de 23/04/2004. Segundo tal acordo não estaria mais autorizada qualquer forma de intervenção consular brasileira no tocante aos documentos argentinos que necessitem produzir efeitos no Brasil, bastando para tanto que o mesmo tenha a firma reconhecida pelo "Colégio de Escribanos de Buenos Aires" e, posteriormente, seja remetido à "Cancilleria Argentina", órgão do Ministério de Relaciones Exteriores, Comércio Internacional y Culto" da República Argentina. Na seqüência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.273 14 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e sua matéria se enquadra na competência deste Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Em suma, a matéria a ser tratada neste voto resumese à análise dos contornos fáticos e jurídicos que dizem respeito ao não reconhecimento, por parte das instâncias administrativas que nos antecederam, do crédito a que alega a recorrente fazer jus relativamente ao imposto pago no exterior sobre rendimentos de prestação de serviços que teria auferido junto à empresa VOLKSWAGEN ARGENTINA S/A. O imposto pago no exterior, no importe de R$17.082.352,00, conforme o pleito apresentado pela recorrente, compõe a apuração do saldo negativo de IRPJ apurado no ano calendário de 2005, de montante por ela requerido de R$56.625.973,89, conforme reproduzimos novamente abaixo: As questões debatidas até o momento circunscreveramse aos seguintes pontos: 1) primeiramente, se a recorrente ofereceu ou não à tributação os rendimentos que deram origem ao imposto pago no exterior; 2) em segundo lugar, se o tratamento dispensado ao imposto pago no exterior pela recorrente, "compensandoo", mesmo tendo apurado prejuízo fiscal no exercício, estaria correto do ponto de vista legal; 3) ainda, a regular prova do efetivo pagamento do imposto no exterior; Fl. 1273DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.274 15 4) por último, subsidiariamente ao seu pedido principal, a análise do requerimento da contribuinte para o aproveitamento do referido imposto, para a liquidação de débitos relativos ao ano calendário de 2007, via compensação, haja vista ter auferido lucro tributável neste período de apuração. Para dar uma solução ao processo, dentre todas essas questões acima levantadas e debatidas, tanto no âmbito da unidade de origem quanto pela DRJ/Campinas, uma é prejudicial às demais. Essa questão prejudicial é justamente a sistemática adotada pela recorrente para o aproveitamento do crédito. Relembrando, a recorrente apurou o saldo negativo de IRPJ aproveitando o total do imposto pago no exterior, mesmo tendo apurado prejuízo fiscal em 2005; a DRF/SBC e a DRJ/Campinas não admitiram tal procedimento, entendendo que o referido valor somente poderia ser objeto de compensação com o imposto devido (e para existir imposto devido, não poderia haver prejuízo fiscal). Entende a recorrente que a Instrução Normativa nº 213/2002 não pode ser aplicada ao caso em análise. Lastreia o seu entendimento no fato de que a receita que gerou o imposto pago no exterior é decorrente da prestação de serviços efetuado diretamente ao exterior, enquanto a citada IN nº 213 seria aplicável exclusivamente aos lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior por pessoas jurídicas domiciliadas no País. Para dar início à resolução desta pendenga, vejamos o que dispõe o art. 15 da Lei nº 9.430/96: Art. 15. A pessoa jurídica domiciliada no Brasil que auferir, de fonte no exterior, receita decorrente da prestação de serviços efetuada diretamente, poderá compensar o imposto pago no país de domicílio da pessoa física ou jurídica contratante, observado o disposto no art. 26 da Lei n 9.249, de 26 de dezembro de 1995. E o que diz o art. 26 da Lei nº 9.249/95: Art. 26. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital: § 1º Para efeito de determinação do limite fixado no caput, o imposto incidente, no Brasil, correspondente aos lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos no exterior, será proporcional ao total do imposto e adicional devidos pela pessoa jurídica no Brasil, § 2º Para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. § 3º O imposto de renda a ser compensado será convertido em quantidade de Reais, de acordo com a taxa de câmbio, para venda, na data em que o imposto foi pago; caso a moeda em que o imposto foi pago não tiver cotação no Brasil, será ela convertida em dólares norteamericanos e, em seguida, em Reais. Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.275 16 Já o art. 395 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, assim dispõe ao normatizar a matéria: Art. 395. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos, ganhos de capital e receitas decorrentes da prestação de serviços efetuada diretamente, computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos, ganhos de capital e receitas de prestação de serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 26 e Lei nº 9.430, de 1996, art. 15). § 1º Para efeito de determinação do limite fixado no caput, o imposto incidente, no Brasil, correspondente aos lucros, rendimentos, ganhos de capital e receitas de prestação de serviços auferidos no exterior, será proporcional ao total do imposto e adicional devidos pela pessoa jurídica no Brasil (Lei nº 9.249, de 1995, art. 26, § 1º). § 2º Para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto (Lei nº 9.249, de 1995, art. 26, § 2º) Regulando a matéria, foi editada a Instrução Normativa nº 213/2002, lastreada, justamente, nos arts. 25, 26 e 27 da Lei nº 9.249/95 e nos arts. 16 e 17 da Lei nº 9.430/96. Apesar de em sua ementa não estar objetivamente citado o art. 15 da Lei nº 9.430/96, a análise conjunta dos dispositivos acima reproduzidos não deixa dúvidas de que todos estão intrinsecamente vinculados. Vejam que o art. 15 da Lei nº 9.249/95 faz referência expressa ao art. 26 da Lei nº 9.430/96 e o art. 395 do RIR/99 aglutina ambos em um só dispositivo. Fundamentalmente, tal discussão, ao meu ver, seria inócua, na medida que a interpretação conjunta dos dispositivos acima já seria suficiente para a análise da questão principal a ser discutida, qual seja, se haveria a possibilidade de compensar o imposto pago no exterior quando apurado prejuízo fiscal no Brasil. Entretanto, a aplicabilidade da IN 213/02 ao caso concreto assume importância na medida que referida norma traz em seu bojo, de forma mais detalhada, quais os procedimentos a serem seguidos pelos contribuintes em tais situações. Não é à toa que em seu pedido subsidiário, a recorrente se socorre justamente nos ditames da IN 213/02 para que lhe seja oportunizada a utilização do imposto pago no exterior em períodos posteriores a 2005, através de sua escrituração e controle na parte B do LALUR, tudo de acordo com o art. 14, §§ 15, 16 e 20 do referido dispositivo, abaixo reproduzidos: § 15. O tributo pago sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, que não puder ser compensado em virtude de a pessoa jurídica, no Brasil, no respectivo ano calendário, não ter apurado lucro real positivo, poderá ser compensado com o que for devido nos anoscalendário subseqüentes. § 16. Para efeito do disposto no § 15, a pessoa jurídica deverá calcular o montante do imposto a compensar em anos Fl. 1275DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.276 17 calendário subseqüentes e controlar o seu valor na Parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). (...) § 20. Em cada anocalendário, a parcela do tributo que for compensada com o imposto de renda e adicional devidos no Brasil, ou com a CSLL, na hipótese do art. 15, deverá ser baixada da respectiva folha de controle no Lalur. Portanto, deve ser superada a alegação da recorrente de que a Instrução Normativa nº 213/02 não se aplica ao presente caso. Aplicase ao caso concreto na sua integralidade, restando perfeita a interpretação dada pela DRF/SBC (v. efls. 405), reafirmada pela DRJ/Campinas de que: “Referida Instrução, que concatena toda a normatização que lhe dá fundamento, trata o recebimento financeiro em tela como rendimento (art. 1º, §2º). E determina, dentre outras, as seguintes condutas a serem seguidas pelo contribuinte brasileiro: 1. Tributação pelo lucro real (art. 1º , § 3º); 2. Adição, no lucro real, dos rendimentos totais auferidos no exterior antes do imposto pago, integrando seus resultados no Brasil (art. 1º , §8°); 3. Cômputo dos rendimentos do exterior no balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário em que auferidos (art. 9º); 4. Cálculo simultâneo do imposto devido no Brasil sobre o rendimento auferido no exterior e daquele sobre as operações domésticas praticadas (art. 13); 5. Compensação e não dedução do imposto pago no exterior com o que for devido no país (art. 14, caput, c/c art. 14, §15).” O art. 15 da Lei nº 9.249/95, c/c o art. 26 da Lei nº 9.430/96 e o art. 395 do RIR/99, estabelecem um limite à compensação do imposto pago no exterior. Reza o art 395 do RIR/99 que esse limite é o imposto de renda incidente, no Brasil, após serem computados, no lucro real, os rendimentos auferidos no exterior. E para a determinação deste limite, o imposto incidente, no Brasil, deverá ser proporcional ao total do imposto e adicional devidos pela pessoa jurídica. E para se calcular o limite para o aproveitamento desse imposto pago no exterior, evidentemente, fazse necessário que exista imposto devido no Brasil para sua apuração. Daí decorre a conclusão lógica de que, para que seja possível a compensação do imposto pago no exterior, fazse necessária a existência de lucro real no período de apuração em que se pretenda aproveitálo. Em inexistindo lucro real e, conseqüentemente, não havendo imposto devido, os dispositivos acima elencados constituirseiam letra morta ou seriam inaplicáveis, o que não é o caso, evidentemente. A recorrente apurou no ano calendário de 2005 um prejuízo fiscal de R$93.046.591,07. Esse prejuízo foi apurado sem contabilizar, no mesmo ano de 2005, a receita decorrente dos serviços prestados no exterior, que importaram em R$66.513.088,24. Então, mesmo que tais rendimentos tivessem sido computados na apuração do lucro real de 2005, Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.277 18 ainda assim o resultado seria negativo; ou seja, não haveria imposto pago no exterior passível de ser compensado no Brasil. Por todo o exposto, chegamos à conclusão de que não assiste razão à recorrente, devendo o seu pleito ser indeferido, haja vista a impossibilidade do aproveitamento do imposto pago no exterior no ano de 2005 neste mesmo exercício. Em não sendo acatado o raciocínio e a conclusão a que chegamos acima, passamos à análise dos demais pontos controvertidos. Oferecimento à tributação dos rendimentos que deram origem ao imposto pago no exterior A recorrente não ofereceu à tributação, no ano calendário de 2005, os rendimentos pelos serviços contratados junto à VOLKSWAGEN ARGENTINA S/A. Isso é fato, afirmado pela própria contribuinte. Segundo a mesma, os rendimentos auferidos através do contrato firmado com a empresa estrangeira em 2005 foram oferecidos à tributação ainda em 2004, razão pela qual entende estaria cumprindo com os requisitos legais para a compensação do imposto pago no exterior. Antes de passar à decisão recorrida, fazse necessário entender a sistemática contábil adotada pela recorrente ao reconhecer a receita, em 2004, relativa a um contrato que foi firmado apenas no ano posterior, ou seja, em 2005. Segundo a recorrente, a mecânica adotada para a contabilização da receita foi a seguinte (vide o relatório de auditoria externa de efls. 753/777): A VWB é uma empresa multinacional que atua com forte interação com as demais subsidiárias VW em outros países. Dentre as subsidiárias com as quais a VWB interage está a VWA, notadamente em virtude da proximidade entre os países, a semelhança dos mercados consumidores e os produtos neles comercializados. Devido a este procedimento de interação entre as sociedades, a equipe de engenharia e desenvolvimento da VWB participou do processo de desenvolvimento do veiculo que viria a ser comercialmente batizado "SPACEFOX", então denominado Projeto 249/2, o qual é fabricado pela VWA. Ou seja, a VWB executou atividades de engenharia para a VWA, relativas ao desenvolvimento do produto mencionado. Por consequência, conforme as atividades foram desenvolvidas, a VWB emitia Notas de Débito ("ND") para a cobrança destes serviços da VWA. Em 2004, a VWB emitiu 4 ND para o recebimento das atividades de engenharia desenvolvidas para a VWA, quais sejam: a) ND 3763, datada de 30/04/2004, no valor de R$ 11.775.000,00 (doc. 1). b) ND 3836, datada de 27/10/2004, no valor de R$ 31.357.349,99 (doc.2). c) ND 3852, datada de 30/11/2004, no valor de R$ 12.359.679,98 (doc. 3). d) ND 3879, datada de 15/12/2004, no valor de R$ 11.020.458,27 (doc.4). Fl. 1277DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.278 19 Quando da emissão das ND, a VWB contabilizava os valores a receber na Conta Contábil de Ativo 14259000. A contrapartida de tais registros era uma Conta Contábil Transitória e, posteriormente, em Conta de Resultado do Exercício, como adiante será descrito. Os valores registrados no ano de 2004 que geraram impacto no resultado, correspondem ao montante de R$ 66.513.088,24. O contrato que formalizou o acordo firmado entre VWB e VWA foi concluído apenas em 23.02.2005 (doc. 5). (...) Constatamos que, diante da elevada quantidade de lançamentos efetuados diariamente, o sistema de contabilidade utilizase de contas transitórias para o registro individual das receitas auferidas e despesas incorridas, conforme sua natureza (p. ex., despesas de salários, FGTS, INSS, horas extras, etc.), para posterior reclassificação por transferência em contas de resultado, conforme o centro de custos a que pertençam. Esta reclassificação por transferência se dá da seguinte forma: Os lançamentos efetuados nas contas transitórias que registram as despesas incorridas (conforme sua natureza) são somados por centro de custo a que dizem respeito. O saldo final (total das despesas de cada centro de custo, independente da natureza) é registrado em conta contábil transitória especifica daquele centro de custo, com contrapartida na sua conta contábil de resultado. No caso dos valores a receber da VWA relativas ao desenvolvimento do Projeto 249/2, as contas contábeis que registraram os lançamentos são as contas 14259000 (conta contábil patrimonial — ativo), 49971000 (conta contábil transitória — custos e despesas gerais), 49913000 (conta contábil transitória — despesas centro de custos engenharia) e 89012010 (conta contábil de resultado — despesas centro de custos engenharia). 4.2.1. Das Notas de Débito lançadas em 2004 A titulo de demonstração, descreveremos a seguir a metodologia de contabilização em questão, utilizandose como exemplo a ND 3763, emitida em abril de 2004. No mês de abril de 2004, a VWB registrou o valor de R$ 11.775.000,00 a receber da VWA, relativo à emissão da ND 3973, na conta contábil patrimonial 14259000. A contrapartida de tal lançamento foi registrada na conta contábil transitória 49971000. No final do mês, o saldo de todos os lançamentos relativos ao Centro de Custos de Engenharia foi reclassificado para a conta contábil 49913000, com contrapartida na conta contábil de resultado 89012010. Desta forma, ainda que não seja possível identificar o valor de R$11.775.000,00 escriturado a crédito em conta de resultado do exercício, é imperativo afirmar que ele afetou (majorou) o resultado da VWB, mediante a redução da conta de despesas/custos. Como verificamos, o procedimento ora descrito foi adotado para todos os demais lançamentos relativos ás ND emitidas pela VWB, no anocalendário de 2004, referentemente aos valores inerentes ao desenvolvimento do Projeto 249/2. Seguem abaixo demonstrações do lançamento de todas as Notas de Débito relativas ao Projeto 249/2, bem como a sua repercussão sobre as contas definitivas de resultado. Fl. 1278DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.279 20 Em suma, sintetizando o procedimento em poucas palavras, ao invés de oferecer à tributação a receita decorrente da prestação de serviços de forma direta em conta de resultado, a recorrente teria percorrido um caminho um pouco mais longo, reduzindo seus custos na mesma proporção e valores. O principal argumento da recorrente para defender a correção de tal procedimento contábil reside no fato de que não teria havido nenhum prejuízo à Fazenda Nacional, pelo fato de que, com a redução dos custos, o resultado no ano de 2004 teria sido inflado. Já a decisão recorrida refuta tal procedimento, primeiro porque encontrou inconsistências entre os valores constantes das Notas de Débitos emitidas pela VWB tanto em 2004 como em 2005 e escrituradas nas contas ditas auxiliares (conta 49971000). Essas inconsistências/divergências foram justificadas pela recorrente por conta das flutuações cambiais do dólar/euro/peso. Poderseia até mesmo superar tais aspectos levantados pela decisão recorrida, com base nas alegações da contribuinte, entretanto, as demais questões de fundo exposadas pela DRJ, fortes nos princípios contábeis da competência e da prudência, por sua vez calcadas na Resolução nº 750/93, do Conselho Federal de Contabilidade, no Pronunciamento Técnico nº 30/2009, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, e na melhor doutrina de Ricardo Mariz de Oliveira (extraída de sua obra Fundamentos do Imposto de Renda, Ed. Quartier Latin, São Paulo, 2008, pág. 136), são difíceis de suplantar. Fl. 1279DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.280 21 Conclui a DRJ/Campinas no Acórdão de nº 0532.946 5ª Turma: "Assim, não há que se falar em opção da Contribuinte. Com fulcro nos princípios da Competência e da Prudência, que embasam as normas contábeis comerciais e fiscais, devem ser oferecidos à tributação os valores auferidos a título de receitas de prestação de serviços quando definitivamente constituídas, ou seja, quando da efetiva prestação do serviço, a qual, no caso em tela, somente ocorreu após sua contratação (AC 2005). Eventual oferecimento à tributação durante o anocalendário 2004 somente poderia referirse a receitas distintas daquelas que ensejaram a retenção ora em análise, contratadas apenas em 2005. Logo, restando patente a omissão da contribuinte quanto ao oferecimento à tributação das receitas no ano em que prestados os serviços, não há como se considerar o correspondente Imposto de Renda retido no exterior na composição do saldo negativo do Ano–Calendário 2005. Perfeito o entendimento da DRJ/CPS. Ainda acrescentaria mais um argumento para contestar o procedimento adotado pela recorrente: é inadmissível, diante das normas que regem, inclusive, o aproveitamento do imposto pago no exterior, se fazer a "opção" pelo reconhecimento tributável da receita via redução de custos. Como vimos anteriormente, da aplicação direta dos arts. 15, de Lei nº 9.249/95, 26 da Lei nº 9.430/96 e 395 do RIR/99 e do art. 14 da IN SRF nº 213/2002, resulta que o cálculo do limite para a compensação do imposto pago no exterior depende da apuração do imposto devido no Brasil, com e sem a adição dos rendimentos auferidos no estrangeiro. Assim, se no ano de 2005 não foi oferecido à tributação o rendimento da prestação de serviços, a estipulação de tal limite de aproveitamento fica irremediavelmente prejudicada. Em sendo prejudicada a sua apuração, é decorrência lógica de que tal crédito não pode ser compensado no respectivo exercício. Além do mais, a sistemática adotada, como a própria recorrente admite, só pôde ser aferida de forma indireta, eis que contabilizada via contas de resultado transitórias. Ou seja, não são passíveis de serem identificadas de pronto, não aparecendo nos balanços, balancetes, muito menos nas declarações entregues à Receita Federal. Em se tratando de receitas de serviços isso é muito sério, pois sua percepção afeta não somente o Imposto de Renda, mas constituise base tributável de outros tributos e contribuições. Mesmo sabendo que tais operações se deram com residente no exterior, o que por si só já a eximiria do pagamento de determinados tributos e contribuições, o alerta acima é válido para contestar a tese de que o procedimento adotado não causa nenhum prejuízo à Fazenda Nacional. Causa, sim, mormente nos casos de serviços prestados internamente. E não se pode admitir que seja adotado um procedimento com clientes internos e outro com estrangeiros. Por todo o exposto, considero que os rendimentos relativos aos serviços prestados, efetivamente, não foram oferecidos à tributação, na época própria, e conforme exige a legislação fiscal no que diz respeito ao aproveitamento do respectivo imposto pago Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.281 22 no exterior sobre os mesmos, sendo, portanto, incabível a sua compensação e/ou utilização. Da regular prova do efetivo pagamento do imposto no exterior A decisão recorrida asseverou não ter havido a juntada aos autos do comprovante do imposto pago, devidamente reconhecido pelo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que devido, razão pela qual considerou não "observada condição primordial legalmente prevista para compensação do IR retido no exterior" e, por consequência, indeferiu o pedido da contribuinte, também por este motivo. Em sua defesa, alega a recorrente, prefacialmente, que o comprovante juntado aos autos até então, seria suficiente para comprovar o pagamento do imposto pago no exterior, haja vista que o seu reconhecimento pelo Consulado Brasileiro na Argentina seria uma exigência da IN 213/2002, que no seu entender não é aplicável ao caso dos autos. Essa a razão pela qual não teria tentado obter tal reconhecimento até então. Enganase redondamente a recorrente a esse respeito. Conforme já pudemos demonstrar anteriormente, a exigência para o reconhecimento do pagamento do imposto por parte do órgão arrecadador local e do Consulado Brasileiro no exterior está contida nos arts. 26, § 2º, da Lei nº 9.249/95 e art. 395, § 2º, do RIR/99. Foi reproduzido na IN 213/02, justamente por esta ter como lastro os respectivos dispositivos legais. Em sede de recurso voluntário, a recorrente apresentou os documentos de e fls. 726/739, que compreendem o comprovante de retenção (efls. 726/727), o reconhecimento de firma da assinatura do Sr. Gustavo Adolfo Ciocca (efls. 728/729), o reconhecimento de firma da escrivã, Sra. Valeria Hermansson (efls. 730/731), documento emitido pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina, reconhecendo a firma da Sra. Marisol Allende (efls. 732), as traduções dos respectivos documentos (efls. 733/736), cópia do DOU de 23/04/2004, que publicou o Acordo firmado entre Brasil e Argentina cujo escopo é de simplificação de legalização de documentos públicos (efls. 737/738) e finalmente, recorte de informação contida no site do Ministério das Relações Exteriores do Brasil que trata do referido Acordo (e fl. 739). Alega que o referido Acordo, firmado entre Brasil e Argentina, suprimiu a exigência de reconhecimento do comprovante de pagamento pelo Consulado Brasileiro naquele país, "bastando para tanto que o mesmo tenha a firma de seu signatário devidamente reconhecida pelo 'Colégio de Escribanos de Buenos Aires' e, posteriormente, seja remetido à 'Cancilleria Argentina', órgão do 'Ministério de Relaciones Exteriores, Comércio Internacional y Culto' da República Argentina" (v. efls. 722). Sem entrar no mérito acerca do teor do referido acordo firmado entre Brasil e Argentina, no sentido de verificar sua aplicabilidade ao versado documento, mas tão somente analisando os documentos juntados pela recorrente, verificamos algumas inconsistências. Conforme dito no parágrafo anterior pela própria recorrente, o documento que comprovaria o pagamento do imposto deveria ter a firma de seu signatário reconhecida em cartório (em Buenos Aires) e no Ministério de Relações Exteriores Argentino. Fl. 1281DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.282 23 Conforme se verifica do documento emitido pelo cartório (efls. 728/729), a firma reconhecida é do Sr. Gustavo Adolfo Ciocca. Entretanto, quem assinou o dito comprovante foi o Agente de Retenção, Sr. Juan Enrique Berrutti, Chefe de Divisão (v. efls. 726 e 734). O Sr. Gustavo Adolfo Ciocca consta do referido documento atestando que o documento apresentado é fotocópia fiel do original, que consta dos arquivos do Banco Santander Rio, de Buenos Aires. Então, na verdade estamos apreciando uma cópia cuja autenticidade está sendo atestada por um funcionário do banco que efetuou a retenção. Em outras palavras, não há o reconhecimento pelo tabelião de que o documento ou o seu teor são verdadeiros ou conferem com o original; reconhece o tabelião, tão somente a firma daquele que atesta ser o documento cópia fiel do original. Já o documento firmado pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina, "certifica que a firma que consta deste instrumento RECONHECIMENTO DE FIRMA e que diz MARISOL ALLENDE tem semelhança com a que consta de seus registros" (v. efls. 735/736). Ora, tal documento não faz prova de absolutamente nada em relação ao comprovante de pagamento. Quem é Marisol Allende? Não consta o nome dessa senhora em nenhum dos documentos apresentados. O próprio documento emitido pelo MRE argentino não traz nenhuma conexão com o respectivo comprovante de retenção. Poderia se referir a qualquer outro documento. Em resumo, não vislumbro nos documentos apresentados a prova necessária do pagamento do imposto no exterior, razão pela qual, também por este motivo, deve ser indeferido o presente pedido. Do pedido subsidiário de aproveitamento do referido imposto, para a liquidação de débitos relativos ao ano calendário de 2007, via compensação, haja vista ter auferido lucro tributável neste período de apuração. Subsidiariamente ao pedido principal, no caso de não ser reconhecido o direito à utilização do crédito relativo ao imposto pago no exterior em 2005 para a apuração do saldo negativo de IRPJ do respectivo período, requer a recorrente que tal crédito possa ser compensado no ano calendário de 2007, quando teria auferido lucro tributável. Para tanto, requer que seja autorizada a retificação do LALUR, para efeito de controle e utilização, em anos posteriores, do referido crédito. Em primeiro lugar, não cabe ao CARF "autorizar" a retificação do LALUR para corrigir eventuais erros cometidos pelos contribuintes em sua escrituração, mormente, como no caso em tela, quando tal providência se reveste de uma opção por parte do mesmo. O controle de tais valores na parte B do LALUR para aproveitamento futuro constituise em uma prerrogativa do contribuinte, não uma obrigação. Em segundo lugar, uma vez não atendidos os pressupostos legais necessários ao aproveitamento do imposto pago no exterior, quando de seu pagamento (no caso, no ano de 2005), não faz sentido que o mesmo possa ser utilizado em anos posteriores. Nem sequer o comprovante de pagamento foi reconhecido como válido para tanto. A única hipótese prevista pela legislação para o seu aproveitamento/compensação após o encerramento do ano em que foi efetivamente pago, conforme já tivemos oportunidade de verificar, seria no caso de apuração de limites inferiores Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 10923.000032/201037 Acórdão n.º 1402002.385 S1C4T2 Fl. 1.283 24 ao valor pago, o que não é o caso. Portanto, também neste caso, incabível acatar o pedido da recorrente. Diante de todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator. Fl. 1283DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.695821/2009-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS.
Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência.
COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP
No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.418
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa, Maria Eduarda e Valcir Gassen, que davam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10880.695821/2009-52
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5718023
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3301-003.418
nome_arquivo_s : Decisao_10880695821200952.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
nome_arquivo_pdf_s : 10880695821200952_5718023.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa, Maria Eduarda e Valcir Gassen, que davam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6744413
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949781168128
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.695821/200952 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.418 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de março de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO. DCOMP TRANSMITIDA APÓS VENCIMENTO DO DÉBITO. Recorrente ESPN DO BRASIL EVENTOS ESPORTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa, Maria Eduarda e Valcir Gassen, que davam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 69 58 21 /2 00 9- 52 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10880.695821/200952 Acórdão n.º 3301003.418 S3C3T1 Fl. 3 2 d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela SRF, com créditos de COFINS (código de receita 2172), decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio do Despacho Decisório emitido pela DERATSP, a compensação declarada foi homologada parcialmente, sob o fundamento de que constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP, reconhecendose o valor do crédito pretendido. Entretanto, o crédito reconhecido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado da decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, tempestivamente, alegando, em síntese, que: a) O valor original utilizado para a compensação, foi recolhido no mesmo prazo de vencimento dos créditos tributários compensados; b) Assim, não se apropriou de juros pela taxa Selic sobre os valores declarados no PER/DCOMP, e não imputou multa e juros sobre os créditos tributários compensados, pois são do mesmo período de apuração; c) Faz planilha para comparação dos períodos de apuração e datas de vencimento. d) Tratase de evidente cobrança equivocada, e apresenta como provas as cópia dos documentos relativos aos lançamentos contestados e a procuração de nomeação do representante legal que assina a manifestação de inconformidade; e) Demonstrada a insubsistência e improcedência do processo, requer seja cancelado o processo reclamado. A DRJ/SP1 indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 16038.195. O fundamento adotado foi o de que, na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos são acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrem a incidência de acréscimos legais até a data da entrega do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. A recorrente repetiu os argumentos da impugnação no recurso voluntário. É o relatório. Voto Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10880.695821/200952 Acórdão n.º 3301003.418 S3C3T1 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.231, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.667966/200963, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.231): "O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. Constatase que a controvérsia do processo permanece a mesma desde a 1ª instância, com a contribuinte alegando que o DARF utilizado como pagamento a maior para a compensação foi pago dentro do prazo de vencimento do tributo e por isso, não se conformando com a cobrança de acréscimos legais no momento da efetiva compensação. Entretanto, como veremos adiante, o valor do crédito foi insuficiente para quitar o débito, em função dos acréscimos legais ao débito compensado, atualizados até a data da apresentação do PER/DCOMP, em virtude do atraso entre seu vencimento e a formalização da compensação. A DCOMP em tela, foi formalizada pela interessada para compensar débito de COFINS – não cumulativa (código de receita 5856), vencido em 15/06/2004, com créditos de COFINS (código de receita 2172), cuja data de arrecadação foi 15/06/2004. De acordo com o Despacho Decisório emitido pela DERAT/SP, constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP. No entanto, o mesmo foi insuficiente para quitar os débitos informados em consequência da data de apresentação da DCOMP, e por este motivo a compensação foi homologada parcialmente. A recorrente alega que o valor original utilizado para a compensação foi recolhido no mesmo prazo de vencimento dos créditos tributários compensados, e sendo assim, não poderia haver multa e juros sobre os referidos créditos, pois são do mesmo período de apuração. Como bem dito no acórdão recorrido, a contribuinte equivocouse em relação à forma de valoração do crédito e do débito que informou em sua declaração de compensação, ao não efetuar os cálculos relativos aos acréscimos legais, o que gerou um saldo devedor, e consequentemente, a homologação parcial da compensação. Constatase que a data do envio do PER/DCOMP é quando se formaliza a extinção do débito por compensação, de acordo com o que dispõe a Lei nº 9.430/1996, abaixo transcrita: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10880.695821/200952 Acórdão n.º 3301003.418 S3C3T1 Fl. 5 4 administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Portanto, a extinção do débito por compensação ocorre na data de envio do PER/DCOMP. No caso concreto, a interessada enviou a PER/DCOMP em 21/01/2007 para compensar débito cujo vencimento se deu em 15/06/2004, portanto, é fato que o débito já estava vencido quando foi extinto pela compensação. Assim, partir da data do vencimento passaram a incidir sobre o débito os acréscimos legais, quais sejam, multa de mora e juros, nos termos do artigo 61 da Lei 9.430/1996, abaixo transcrito: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º. A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º. Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. No recurso voluntário, a recorrente repete o argumento de que o pagamento utilizado para a compensação foi realizado no mesmo prazo de vencimento do débito compensado, mas tal fato não a socorre, pois a utilização do crédito tributário ocorre apenas com a apresentação do PER/DCOMP, que ocorreu após o vencimento do débito compensado. Assim, cumpre transcrever o artigo 28 da IN SRF nº 600/2005, em vigor à época da transmissão do PER/DCOMP: Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.695821/200952 Acórdão n.º 3301003.418 S3C3T1 Fl. 6 5 Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 52 e 53 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. (...) Logo, os débitos vencidos, vinculados a PER/DCOMP, serão acrescidos de multa de mora, calculada a partir do primeiro dia subsequente à data de vencimento até a data da entrega do PER/DCOMP, quando se formaliza a compensação; bem como sofrerão a incidência de juros referentes à taxa SELIC, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em relação aos créditos utilizados na compensação, as regras para valoração vigentes à época da transmissão do PER/DCOMP estão contidas no artigo 52 da IN SRF nº 600/2005, também transcrita: Art. 52. O crédito relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição, será restituído ou compensado com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: (...) II – houver a entrega da Declaração de Compensação; (...) § 1º No cálculo dos juros Selic de que trata o caput, observarseá, como termo inicial de incidência: (...) III – na hipótese de pagamento indevido ou a maior: a) o mês de janeiro de 1996, se o pagamento tiver sido efetuado antes de 1º de janeiro de 1996; b) a data da efetivação do pagamento, se este tiver sido efetuado entre 1º de janeiro de 1996 e 31 de dezembro de 1997; ou c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; Por isso, foi apurado o saldo devedor indicado no Despacho Decisório e a compensação foi parcialmente homologada. Portanto, não se está desprezando o princípio da verdade material e nem está havendo enriquecimento sem causa do Fisco, como alega a recorrente. Simplesmente, está sendo cobrado o atraso entre a Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10880.695821/200952 Acórdão n.º 3301003.418 S3C3T1 Fl. 7 6 data do vencimento do tributo e o seu necessário pagamento, que, no caso em tela, deuse no momento da apresentação da DCOMP. Assim, tendo em vista tudo o acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a DCOMP foi transmitida em data posterior à do vencimento do(s) débito(s) compensado(s). Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 102DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.021818/99-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 11 00:00:00 UTC 2005
Ementa: RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO AO PIS/COFINS. INCIDÊNCIA DO IPI. A Lei n° 9.363/96, em seu artigo 1º, estabelece que o requisito para a fruição do direito ao crédito presumido referente ao PIS e a COFINS é a produção e exportação de mercadorias nacionais, sendo irrelevante, se cumpridos estes
requisitos, que o produto esteja ou não sujeito ao IPI.
Recurso provido.
Numero da decisão: CSRF/02-01.871
Decisão: ACORDAM os Membros da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, para reconhecer o direito ao crédito presumido e determinar o retorno dos autos à DRF competente para o exame da pertinência da base de cálculo do incentivo, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Josefa Maria Coelho Marques, Antonio Carlos Atulim, Leonardo de Andrade Couto e Henrique Pinheiro Torres que negaram provimento ao recurso.
Nome do relator: Rogério Gustavo Dreyer
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 200504
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO AO PIS/COFINS. INCIDÊNCIA DO IPI. A Lei n° 9.363/96, em seu artigo 1º, estabelece que o requisito para a fruição do direito ao crédito presumido referente ao PIS e a COFINS é a produção e exportação de mercadorias nacionais, sendo irrelevante, se cumpridos estes requisitos, que o produto esteja ou não sujeito ao IPI. Recurso provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 10680.021818/99-30
conteudo_id_s : 5684892
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : CSRF/02-01.871
nome_arquivo_s : Decisao_106800218189930.pdf
nome_relator_s : Rogério Gustavo Dreyer
nome_arquivo_pdf_s : 106800218189930_5684892.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os Membros da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, para reconhecer o direito ao crédito presumido e determinar o retorno dos autos à DRF competente para o exame da pertinência da base de cálculo do incentivo, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Josefa Maria Coelho Marques, Antonio Carlos Atulim, Leonardo de Andrade Couto e Henrique Pinheiro Torres que negaram provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Mon Apr 11 00:00:00 UTC 2005
id : 6656792
ano_sessao_s : 2005
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949825208320
conteudo_txt : Metadados => date: 2009-07-16T18:34:01Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-07-16T18:34:01Z; Last-Modified: 2009-07-16T18:34:01Z; dcterms:modified: 2009-07-16T18:34:01Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-07-16T18:34:01Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-07-16T18:34:01Z; meta:save-date: 2009-07-16T18:34:01Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-07-16T18:34:01Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-07-16T18:34:01Z; created: 2009-07-16T18:34:01Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2009-07-16T18:34:01Z; pdf:charsPerPage: 1473; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-07-16T18:34:01Z | Conteúdo => 9. T 1 t" ri MINISTÉRIO DA FAZENDAu• ..-:* t. - -, t 1 K, CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA TURMA Processo n° :10680.021818/99-30 Recurso n° :203-113896 Matéria : RESSARCIMENTO DE IPI • Recorrente : FERTECO MINERAÇÃO S.A. Recorrida : TERCEIRA CAMARA CO SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Interessado : FAZENDA NACIONAL Sessão de :11 de abril de 2005 Acórdão n° : CSRF/02-01.871 RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO AO PIS/COFINS. INCIDÊNCIA DO IPI. A Lei n° 9.363/96, em seu artigo 1 01 estabelece que o requisito para a fruição do direito ao crédito presumido referente ao PIS e a COFINS é a produção e exportação de mercadorias nacionais, sendo irrelevante, se cumpridos estes requisitos, que o produto esteja ou não sujeito ao IPI. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do recurso interposto pela FERTECO MINERAÇÃO S.A. ACORDAM os Membros da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, para reconhecer o direito ao crédito presumido e determinar o retorno dos autos à DRF competente para o exame da pertinência da base de cálculo do incentivo, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Josefa Maria Coelho Marques, Antonio Carlos Atulim, Leonardo de Andrade Couto e Henrique Pinheiro Torres que negaram provimento ao recurso. MANOEL IlL\\\IN NNiToNlio GADELHA DIAS PRESIDE ROGÉRI G TAV e DREYER RELATOR C,..„. FORMALIZADO EM: 24 JUN 2005 12. e Processo n° :10680.012818/99-30 Acórdão n° : CSRF/02-01.871 Participaram ainda do presente julgamento, os Conselheiros: DALTON CÉSAR CORDEIRO DE MIRANDA, FRANCISCO MAURÍCIO R. DE A. SILVA, ADRIENE MARIA DE MIRANDA e MÁRIO JUNQUEIRA FRANCO JÚNIOR. 2 . . Processo n° : 10680.012818/99-30 Acórdão n° : CSRF/02-01.871 Recurso n° :203-113896 Recorrente : FERTECO MINERAÇÃO S.A. Interessado : FAZENDA NACIONAL RELATÓRIO O contribuinte interpôs o presente recurso especial contra a decisão de fls. 190, que lhe negou o direito ao ressarcimento do crédito presumido do IPI referente ao PIS e a COFINS, nos termos da ementa do acórdão, que transcrevo: IPI — CRÉDITOS PRESUMIDOS_ NA EXPOWAÇÃO — RESSARCIMENTO EM COMPENSAÇAO AO PIS E A COFINS — PRODUTOS EXPORTADOS NA CATEGORIA NT. — Nos termos da Lei n° 9.363/96, não tem direito ao crédito presumido o exportador de produtos não tributados pelo MI. Recurso ao qual se nega provimento. O procedimento vem sustentado por acórdãos paradigmas acostados aos autos entre as fls. 220 a 291. Em seu recurso, o contribuinte alude a jurisprudência da Câmara Superior e do Conselho de Contribuintes para amparar o direito pretendido. Pede ainda o direito ao ressarcimento relativamente a todos os insumos empregados na obtenção dos produtos que exporta com a devida atualização monetária. O recurso foi admitido pelo despacho de fls. 297 e seguintes. Sobressai do mesmo que houve superficial manifestação, no indeferimento inicial ao direito pretendido, relativamente a inclusão de produtos — citando como exemplo, entre outros não nominados, energia elétrica e combustíveis — que não davam direito ao crédito presumido requerido. Alega ainda o prolator do mencionado despacho que a quantificação dos créditos decorrentes de cada um dos gastos incorridos somente veio ao processo em cumprimento de diligência solicitada pela Câmara recorrida. Por tal, decide pela admissão do recurso somente em relação aos limites do julgamento recorrido, qual seja, a análise da parte que lhe negou o direito por conta da não incidência do IPI, por tratar-se de recurso NT. A Fazenda Nacional se posiciona contra o provimento ao recurso especial, tecendo argumentos quanto à impossibilidade da fruição do direito quando o fornecedor dos insumos não for contribuinte do PIS e da COFINS. É o Relatório. t 3 Processo n° :10680.012818/99-30 Acórdão n° : CSRF/02-01.871 VOTO Conselheiro-Relator ROGÉRIO GUSTAVO DREYER. Ainda que o desfecho do processo seja de manifesta simplicidade, para reconhecer o direito do contribuinte, devo fazer alguns esclarecimentos, para a definição dos limites do que se deve decidir. Lembro que o despacho admissional do presente recurso especial estabeleceu que o mesmo se circunscreve à análise do direito do contribuinte fruir ou não o crédito presumido em razão de sua condição de fabricante de produtos NT. Concordo integralmente com o despacho, que de forma pontual analisou a questão. Ainda que tenha havido superficial manifestação da autoridade fiscal que primeiro examinou o processo quanto a insumos insuscetíveis ao direito, tal manifestação citou, e somente como exemplo, dentre outros que não identifica, dois insumos: energia elétrica e combustíveis. A decisão contrária aos interesses do contribuinte, desde então, foi rasa quanto ao seu fundamento, negando-lhe o direito por não estar assistido pela Lei n° 9.363/96. Homenageando ainda o prolator do despacho, o mesmo chamou a atenção de que a questão relativa aos insumos aplicados somente foi suscitada em diligência proposta pela Câmara recorrida, não tendo sido, porém, discutida no bojo do acórdão, visto que a decisão madrasta ao contribuinte calcou-se exclusivamente na inexistência de condição legal para a pretensão. Aduzo, para bem esclarecer a questão, que tal diligência somente teve o objetivo de entender o processo produtivo da recorrente, para o fim de aclarar se de atividade industrial se tratava e que, aí discordando do despacho admissional prolatado, houve prudente discriminação dos produtos somente para o efeito de definir se havia produção industrial ou não. Aliás, e por oportuno, esclareço que, no voto vencedor do acórdão recorrido, o relator, Conselheiro VALMAR FONSECA DE MENEZES expressamente reconhece que o contribuinte perpetra operação de industrialização, quando manifesta, litteris: No caso em análise, duas assertivas são indiscutíveis, e aceitas tanto pelo fisco como pela defendente, quais sejam, que a empresa realiza operação de industrialização — conforme consta da diligência de ft 71 — e que os produtos oriundos de tal atividade estão enquadrados na TIPI como NT, ou seja, como não tributados, fato inclusive afirmado pela empresa em seu recurso, CL 54. Ainda que na diligência haja adicional manifestação quanto ao descabimento do direito relativamente a Sumos nela citados, não foi este o objetivo da proposição da mesma, bem como de ressaltar que o direito ao benefício em razão do tipo de insumo aplicado deve ser reconhecido - ou não - pelos órgãos formalmente credenciados tal. Frente a todo o exposto, ratifico os termos do despacho que analisou a admissibilidade do recurso para definitivamente estabelecer que o processo limita-se a definir se o contribuinte tem o direito ou não ao crédito presumido do IPI em razão de produzir mercadoria amparada pela não tributação do IPI. Este é o exato limite da decisão a ser proferida. Frente a tal, passo a decidir. @"‘ çlk 4 Processo n° :10680.012818/99-30 Acórdão n° : CSRF/02-01.871 A norma envolvida na solução do mote do julgamento é o artigo I° da Lei n° 9.363/96. Este, em nenhum momento, condiciona o direito da fruição do benefício à incidência do IPI no produto exportado. Para demonstrar o entendimento, reproduzo a norma: Art. 1° a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares ns. 7, de 7 de setembro de 1970; 8, de 3 de dezembro de 1970; e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno de matérias-primas, produtos Intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, nos casos de venda à empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Por mais que examine o texto transcrito, não encontro nenhuma referencia ao condicionamento do direito à incidência do IPI. Do exame deste, somente percebo que os requisitos são: a)Ser o beneficiário produtor e exportador; b)tratar-se de exportação de mercadoria nacional. Ressalto que o contribuinte, ao perpetrar atividade incontestavelmente industrial, como reconhecido no acórdão recorrido, reveste-se incondicionalmente da condição de produtor. Quanto aos demais requisitos, nenhuma dúvida paira quanto à exportação perpetrada e que a mesma foi de mercadoria nacional. Cumpridos tais pressupostos, cristalino o direito ao benefício. Frente ao exposto, dou provimento ao recurso especial interposto para reconhecer o direito do contribuinte ao crédito presumido do IPI relativo ao PIS e à COFINS, cabendo à autoridade fiscal verificar os se os valores requeridos se afeiçoam à legislação de regência. É como voto. Sala das Sessões-DF, em II de abril de 2005. A \Nv\ Rogério Gustav j eti2 5 Page 1 _0014900.PDF Page 1 _0015000.PDF Page 1 _0015100.PDF Page 1 _0015200.PDF Page 1
score : 1.0
Numero do processo: 13839.001136/2003-87
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário: 2002
SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO.
Inexistente o saldo negativo de IRPJ pleiteado como direito creditório, não se homologa a compensação pleiteada.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano calendário: 2002
SALDO NEGATIVO DE IRPJ. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA.
O saldo negativo de IRPJ não é passível de homologação tácita mas sim a base de cálculo apresentada na DIPJ, ficando assegurada a análise da liquidez e certeza do direito creditório apresentado inclusive envolvendo períodos anteriores.
Numero da decisão: 1803-000.889
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Walter Adolfo Maresch
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPJ - restituição e compensação
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201105
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2002 SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO. Inexistente o saldo negativo de IRPJ pleiteado como direito creditório, não se homologa a compensação pleiteada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2002 SALDO NEGATIVO DE IRPJ. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. O saldo negativo de IRPJ não é passível de homologação tácita mas sim a base de cálculo apresentada na DIPJ, ficando assegurada a análise da liquidez e certeza do direito creditório apresentado inclusive envolvendo períodos anteriores.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 13839.001136/2003-87
conteudo_id_s : 5704465
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1803-000.889
nome_arquivo_s : Decisao_13839001136200387.pdf
nome_relator_s : Walter Adolfo Maresch
nome_arquivo_pdf_s : 13839001136200387_5704465.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
id : 6696343
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949860859904
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1489; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 276 1 275 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.001136/200387 Recurso nº 505.280 Voluntário Acórdão nº 180300.889 – 3ª Turma Especial Sessão de 26 de maio de 2011 Matéria DCOMP Recorrente EXPRESSO JUNDIAI SÃO PAULO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO. Inexistente o saldo negativo de IRPJ pleiteado como direito creditório, não se homologa a compensação pleiteada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 SALDO NEGATIVO DE IRPJ. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. O saldo negativo de IRPJ não é passível de homologação tácita mas sim a base de cálculo apresentada na DIPJ, ficando assegurada a análise da liquidez e certeza do direito creditório apresentado inclusive envolvendo períodos anteriores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira De Moraes Presidente. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator. Fl. 310DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13839.001136/200387 Acórdão n.º 180300.889 S1TE03 Fl. 277 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório EXPRESSO JUNDIAI SÃO PAULO LTDA, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ CAMPINAS (SP), interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ por bem retratar os fatos. Tratase de Declaração de Compensação protocolizada em 13/05/2003 pela contribuinte em epígrafe, formulário à fl. 01, apontando total de crédito utilizado de R$ 5.030,39, e débitos compensados de estimativa de IRPJ apuradas em janeiro e fevereiro/2003, nos valores respectivos de R$ 2.303,15 e R$ 2.727,24. No Demonstrativo do Crédito à fl. 02 é indicado como origem do indébito o saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 2002 no valor de R$ 4.839,04. Pela Intimação SEORT/DRF/JUN n° 71, de 01/06/2007, fl. 29, foi solicitado à contribuinte que identificasse o período em que apurados os saldos negativos de IRPJ utilizados na compensação de estimativas mensais indicada nas DCTF, relativas aos anos calendários de 1997 e 1998, o que foi providenciado em 03/08/2007 pelo documento formalizado às fls. 42/45, sendo juntados às fls. 47/52 os demonstrativos da apuração dos saldos negativos de 1995 a 1997 e às fls. 60/64 do ano de 1998. Em 09/08/2007 foi proferido o Despacho Decisório da DRF JUN/SEORT de fls. 135/139, NÃO HOMOLOGANDO as compensações declaradas tendo em conta que a autoridade administrativa, após análise dos documentos constantes dos autos, recompôs as apurações de saldos negativos de IRPJ dos anoscalendário de 1997 a 2000, constatando a insuficiência do indébito apurado em 31/12/2001 para compensar as estimativas de IRPJ do ano 2002, concluindo, ao final: (...) com relação ao AC 2002 não há saldo credor de IRPJ e sim saldo devedor no valor de R$ 15.566,96 (R$ 4.839,04 informados na DIPJ/2003 menos R$ 20.406,00 estimativas não liquidadas). Tendo tomado ciência do despacho decisório em 15/08/2007 (Aviso de Recebimento AR à fl. 142) a contribuinte, por intermédio de seu sócio administrador (cópia de alteração do contrato social registrado na JUCESP em 05/10/2004 às fls. 33/40), interpôs em 14/09/2007 a manifestação de Fl. 311DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13839.001136/200387 Acórdão n.º 180300.889 S1TE03 Fl. 278 3 inconformidade de fls. 143/146, alegando as razões de fato e de direito adiante sintetizadas. Afirma que as explicações concernentes à compensação de estimativas de 1998 com o pagamento indevido realizado em 30/01/1998, no valor de R$ 43.972,62, prestadas em atendimento à intimação da DRF Jundiaí/SP, não foram aceitas no despacho decisório, apenas em razão de não ter sido retificada a DCTF de 12/1997. A respeito das compensações das estimativas apuradas no ano calendário de 1998, questionadas no despacho decisório, vem esclarecer os seguintes pontos: 1. na DCTF do ano de 1998 não foi especificado o ano a que se referia o indébito utilizado na compensação das estimativas declaradas em virtude do software disponibilizado à época não possuir campo para tal identificação; 2. embora não tenha sido retificada a DCTF referente ao mês de dezembro/1997, para excluir a apuração da estimativa no valor de R$ 43.972,62, na DIPJ/1998 retificadora em 18/12/1998, regularmente aceita pela Receita Federal e apreciada pela autoridade administrativa, foi alterado o saldo a pagar de IRPJ de 'zero', para saldo compensável em períodos posteriores no valor de R$ 142.112,98; 3. os créditos utilizados nas compensações das estimativas mensais apuradas no ano de 1998 decorrem do referido saldo negativo do ano de 1997, acrescido do recolhimento indevido de 30/01/1998. Destaca a manifestante que o fato de não ter retificado a DCTF de 1997 não torna devido o recolhimento efetuado em 30/01/1998, visto que deve prevalecer a DIPJ/1998 retificadora, na qual não consta qualquer valor de 1RPJ devido em 31/12/1997, nem mesmo havendo nos demonstrativos da apuração das estimativas mensais de IRPJ no ano de 1997 qualquer valor devido no mês de dezembro/1997. Contesta também o entendimento da autoridade administrativa de que já teria decorrido o prazo de decadência para a empresa pleitear a restituição do valor pago em 30/01/1998, nos termos do art. 168 do CTN, como se a compensação tivesse sido realizada no ano de 2007 e não na apuração das estimativas em 1998, em observância aos termos admitidos pela legislação vigente à época. Requer a manifestante a reforma da decisão, e a conseqüente homologação das compensações, uma vez que em decorrência da não aceitação da compensação realizada com o indébito de janeiro/1998, todos os subseqüentes saldos negativos de IRPJ de 1999 a 2002 ficaram prejudicados, resultando no incorreto saldo devedor na D1PJ/2003 apurado pela autoridade administrativa. Fl. 312DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13839.001136/200387 Acórdão n.º 180300.889 S1TE03 Fl. 279 4 Acrescenta ainda que os saldos credores apurados pela empresa e declarados à Receita Federal do Brasil em suas DIPJs, referentes aos anos calendários anteriores a 2002 não podem ser revistos e alterados 'ex officio' pelo Fisco, em razão de estarem prescritos, nos termos do artigo 173 do Código Tributário Nacional. Entende a manifestante que a revisão feita pelo Fisco na apuração do 1RPJ desde 1995 até 2001 corresponde à constituição de crédito tributário já prescrito, indevidamente transferido para períodos posteriores, sendo, assim, incorreta a conclusão de não ter a empresa apurado crédito no ano de 2002, em valor suficiente para compensar os débitos em pendência nos autos. A DRJ CAMPINAS/SP, através do acórdão 0523.976, de 28 de outubro de 2008 (fls. 248/256.v), julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ementando assim a decisão: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ NA DECLARAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. AFERIÇÃO DE LIQUIDEZ E CERTEZA. O transcurso do prazo decadencial incide apenas sobre o dever/poder de constituição pelo Fisco de exigência tributária, uma vez que a decadência constitui modalidade de extinção do crédito tributário. O saldo negativo de IRPJ informado em declaração apresentada à RFB não se submete à homologação tácita, visto que a legislação que disciplina a restituição/compensação de tributos federais submete à autoridade administrativa a aferição de certeza e liquidez do crédito junto à Fazenda Pública. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 ESTIMATIVAS COMPENSADAS EM DCTF. CRÉDITO UTILIZADO NÃO CONFIRMADO. RECOMPOSIÇÃO DO AJUSTE. As estimativas compensadas sem processo, cujo crédito utilizado não restar confirmado em períodos anteriores, tornamse indedutíveis na apuração do IRPJ no ajuste anual. ESTIMATIVA. DECLARADA EM DCTF E RECOLHIDA. ANTECIPAÇÃO NO AJUSTE. Cabe recompor o saldo negativo de períodos anteriores, utilizado no despacho decisório recorrido na compensação de estimativas em períodos analisados, admitindose como Fl. 313DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13839.001136/200387 Acórdão n.º 180300.889 S1TE03 Fl. 280 5 dedutível na apuração de ajuste a estimativa de IRPJ declarada em DCTF e devidamente recolhida no ano. DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. INSUFICIÊNCIA. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Ratificase a não homologação das compensações em litígio dada a confirmação de inexistência do direito creditório vinculado, uma vez que o saldo negativo recomposto nos autos foi totalmente utilizado na compensação de estimativas de períodos anteriores ao crédito constante da DCOMP. Ciente da decisão em 31/03/2009, conforme Aviso de Recebimento – AR (fl. 258), apresentou o recurso voluntário em 30/04/2009 fls. 259/264, onde reitera os argumentos da inicial de que deve ser considerado o recolhimento indevido de estimativa em 1998 e que os saldos credores dos períodos de 1995 a 2001 já foram homologados tacitamente. É o relatório. Fl. 314DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13839.001136/200387 Acórdão n.º 180300.889 S1TE03 Fl. 281 6 Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de Declaração de Compensação, utilizando saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2002, não homologada pela unidade de origem, tendo havido recomposição dos saldos negativos de IRPJ dos anos calendários 1997 a 2002. Alega a recorrente em síntese: a) Que deve ser considerada nos cálculos a estimativa relativa ao 4º Trimestre de 1997, recolhida em 31/01/1998, no valor de R$ 43.972,62, independentemente de constar na DIPJ e informada indevidamente com débito na DCTF; b) Que os saldos negativos dos períodos anteriores já se encontravam tacitamente homologados, sendo vedada a apreciação pela Administração Tributária. Não assiste razão à interessada. Com efeito, devese rechaçar inicialmente a alegação de homologação tácita dos saldos negativos de períodos anteriores e de que estaria vedada a análise dos créditos que já estariam atingidos pela decadência. Equivocase evidentemente a recorrente pois o que recebe homologação tácita é o resultado apurado pela contribuinte e o correspondente imposto recolhido e não o saldo negativo porventura apontado na DIPJ. Já no que tange ao possível saldo negativo utilizado como direito creditório em períodos posteriores, pode a Administração Tributária rever sua legitimidade, sem adentrar no entanto no mérito da base de cálculo do tributo correspondente a período já atingido pela decadência. Desta forma, não há óbice para que a Administração Tributária reveja a liquidez e certeza do crédito utilizado para a compensação e recomponha este mesmo direito creditório com base nas informações disponíveis. Foi exatamente isto que ocorreu no presente processo, devendo ser rejeitadas as alegações de homologação tácita dos saldos negativos de períodos anteriores. No que se refere ao mérito, constatase que a bem lançada decisão de primeira instância embora tenha acolhido a alegação de cômputo da estimativa relativa ao 4º Trimestre de 1997, recolhida em 31/01/1998, no valor de R$ 43.972,62, demonstrou mesmo assim, não existir saldo negativo em relação ao ano calendário de 2002. Fl. 315DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13839.001136/200387 Acórdão n.º 180300.889 S1TE03 Fl. 282 7 A recomposição realizada criteriosamente ano a ano, a partir de 1997, demonstrou que mesmo com a adição do valor de R$ 43.972,62, passando o saldo negativo de 1997 para R$ 181.233,48, não remanesceu qualquer valor de direito creditório em relação ao ano calendário de 2002. Não tendo a recorrente se insurgido em relação aos demonstrativos apresentados pelos julgadores de primeira instância, resignandose a reprisar as mesmas alegações da manifestação de inconformidade, é de se rejeitar o recurso. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator Fl. 316DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 03/06/2011 por WALTER ADOLFO MARE SCH
score : 1.0
Numero do processo: 10983.900028/2008-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002
COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. AUSÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA.
Nos casos em que a existência do indébito, incluído em declaração de compensação, está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, deve ocorrer prova inequívoca por parte do contribuinte.
Numero da decisão: 3302-003.730
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Na votação realizada no mês de janeiro, por unanimidade de votos, foi rejeitada a alegação de impedimento dos conselheiros fazendários e a preliminar de nulidade do crédito tributário.
Por maioria de votos, na Reunião de março de 2017, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa prado, que convertiam o julgamento em diligência.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2002 COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. AUSÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA. Nos casos em que a existência do indébito, incluído em declaração de compensação, está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, deve ocorrer prova inequívoca por parte do contribuinte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10983.900028/2008-41
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5710441
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-003.730
nome_arquivo_s : Decisao_10983900028200841.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 10983900028200841_5710441.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Na votação realizada no mês de janeiro, por unanimidade de votos, foi rejeitada a alegação de impedimento dos conselheiros fazendários e a preliminar de nulidade do crédito tributário. Por maioria de votos, na Reunião de março de 2017, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa prado, que convertiam o julgamento em diligência. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa - Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6712773
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949873442816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1583; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10983.900028/200841 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.730 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de março de 2017 Matéria PER/DCOMP COFINS Recorrente BANCO DO ESTADO DE SANTA CATARINA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. AUSÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA. Nos casos em que a existência do indébito, incluído em declaração de compensação, está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, deve ocorrer prova inequívoca por parte do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Na votação realizada no mês de janeiro, por unanimidade de votos, foi rejeitada a alegação de impedimento dos conselheiros fazendários e a preliminar de nulidade do crédito tributário. Por maioria de votos, na Reunião de março de 2017, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa prado, que convertiam o julgamento em diligência. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 00 28 /2 00 8- 41 Fl. 416DF CARF MF 2 Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de processo advindo de manifestação de inconformidade, cujo relatório é transcrito partir do relatório da Resolução nº 3802000.367, Relator Solon Sehn, fls. 166/167: Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, com base nos fundamentos de fato e de direito resumidos na ementa a seguir transcrita (fls.138): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. O acórdão recorrido reconheceu que houve retificação da Dctf após o despacho decisório. Todavia, entendeu que a retificação não teria o condão de fundamentar o direito de crédito, razão pela qual indeferiu o pedido. O Recorrente, nas razões recursais de fls. 155 e ss., alega a existência de crédito capaz de fundamentar a compensação conforme Dcomp nº 02699.93791.141103.1.3.048306. Fl. 417DF CARF MF Processo nº 10983.900028/200841 Acórdão n.º 3302003.730 S3C3T2 Fl. 3 3 Pleiteia o reconhecimento de um crédito original passível de compensação no valor de R$ 123.275,56 (fls. 40), relativo ao suposto pagamento a maior na competência novembro de 2002, cujo valor atualizado quando da transmissão seria de R$ 147.252,66 (fls. 04) É o Relatório. Ainda no que concerne às razões recursais, a Recorrente expôs o seguinte, fls. 155/161: i) A partir do advento da Circular Bacen n° 3.068/2001, as instituições financeiras obrigaramse na atualização dos Títulos e Valores Mobiliários de que fossem proprietárias, ajustados conforme a cotação de mercado (marcação a mercado); ii) No período acima citado, a Recorrente promoveu o oferecimento das receitas decorrentes dos ajustes positivos da marcação a mercado nas bases de cálculo do PASEP e da COFINS, rubrica 7.1.5.90.109, inseridas na receita bruta da empresa; iii) Ocorre que, posteriormente, observouse que o procedimento estaria em desconformidade com o art. 35 da Lei n° 10.637/2002, o qual previa considerar os ajustes da marcação a mercado somente quando da alienação dos títulos; iv) Assim, a Recorrente readequou a base de cálculo destas contribuições efetuandose a exclusão dos ajustes positivos a valor de mercado, conforme planilhas de apuração dos valores devidos, que foram acostadas à impugnação; v) O erro foi identificado e reprocessadas as bases de cálculo das referidas contribuições sociais, mas a empresa não retificou as declarações acessórias correspondentes (DIPJ e DCTF), evidenciandose incorretamente os débitos e créditos envolvidos. Apesar de não ter retificado a empresa transmitiu a DCOMP, objeto do processo administrativo em baila; vi) Em fevereiro/2008, a empresa foi cientificada a respeito do despacho decisório relativo à compensação declarada, no qual não foi reconhecida a suficiência do crédito a suportar o integral pagamento dos débitos declarados. Em decorrência, na manifestação de inconformidade da empresa, reconheceuse o equívoco consubstanciado na não retificação da DIPJ e DCTF respectivas, ao passo que foram comprovadas a correta apuração e contabilização dos tributos, juntandose, para tanto, planilhas de apuração e controle dos tributos, planilhas demonstrativas e atualização do crédito de pagamento a maior, razão contábil da conta 7.1.5.90.109; vii) Alega que o princípio da verdade material rege o processo administrativo e pleiteia pela nulidade da decisão de primeira instância, pois declarou a necessidade de retificação e o referido pedido foi ignorado pela DRJ/Florianópolis; viii) Colaciona uma série de precedentes, que demonstram que mesmo sem a retificação, se o contribuinte faz jus ao crédito, este deve ser deferido. O feito foi convertido em diligência nos seguintes termos, fls. 168: Devido às particularidades do caso concreto, sobretudo em razão do volume da escrituração fiscal e contábil de uma Fl. 418DF CARF MF 4 instituição bancária, entendese que o julgamento deve ser convertido em diligência, para que a unidade de origem informar, intimando o contribuinte se entender necessário: a) a diferença entre o valor recolhido aplicandose o regime de competência e o efetivamente devido quando da alienação do título (momento da ocorrência do fato gerador), na forma do art. 35 da Lei n° 10.637/2002; b) se houve pagamento de crédito tributário por ocasião da efetiva alienação dos títulos e valores mobiliários, instrumentos financeiros, derivativos e itens objeto de “hedge”, informando a data, valor e base de cálculo. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Preliminar 2.1. Princípio da verdade material e do pedido de nulidade da primeira instância A Recorrente alega que deve ser observado o princípio da verdade material, onde a realidade dos fatos deve prevalecer sobre a verdade formal. Ela alega que houve supressão de instância no julgamento por parte da DRJ/Florianópolis, uma vez que os documentos não foram analisados e que ficou afastado também o princípio do livre convencimento motivado do julgador. A decisão da DRJ/Florianópolis caminhou no sentido da impossibilidade de considerar a homologação da DCOMP, pois, no caso em análise, a retificação da DCTF ocorreu após o despacho decisório. Ora, tal foi o posicionamento do julgador, justamente, pela observância do princípio do livre convencimento motivado. Vide trecho da decisão abaixo, fls. 141: De se ressaltar, por fim, que não se discorda aqui de que, em regra, erros no preenchimento de declarações não podem se sobrepor à realidade dos fatos. Ocorre, porém, que é preciso diferenciar aquelas declarações que meramente “informam” algo à Administração Tributária, daquelas – como a DCTF – que para além do caráter informativo servem à conformação de situações jurídicas. Como acima se viu, os valores devidos declarados em DCTF têm o vigor de confissão de dívida, razão pela qual só se pode admitir sua retificação por parte do próprio contribuinte nas condições e prazos legalmente postos, não sendo lícito à autoridade fiscal produzir alterações de ofício no que foi declarado. Assim, mesmo concordandose com a posição Fl. 419DF CARF MF Processo nº 10983.900028/200841 Acórdão n.º 3302003.730 S3C3T2 Fl. 4 5 de que erros formais não devem prevalecer sobre a verdade dos fatos, certo é que, do ponto de vista estrito da legislação tributária, a confissão de dívida, materializada pela declaração de débitos na DCTF, não pode ser tida como uma questão meramente formal. Não há, portanto, como acatar aqui as razões postas pela contribuinte. Em face da demonstrada impossibilidade de validar a compensação efetuada antes da retificação da DCTF, deixase de apreciar aqui as razões trazidas pela contribuinte com o fim de demonstrar a existência integral de seu crédito contra a Fazenda Nacional. É que independentemente da existência ou não desse crédito, ele não foi utilizado de forma regular no procedimento que aqui se discute ( o que não significa que tal eventual crédito possa ser utilizado em outro procedimento compensatório, posterior à retificação da DCTF, formalizado dentro do prazo legal de repetição). Nula seria a decisão, caso ela não tivesse enfrentando os argumentos, opostos pela contribuinte, o que não foi o caso. Portanto, improcedente o argumento de nulidade da decisão. 3. Mérito No mérito, o cerne da controvérsia cingese a duas questões. A primeira, diz respeito à impossibilidade de validar/homologar a compensação antes da retificação DCTF. A segunda, referese à falta de comprovação da parcela do crédito não reconhecido e utilizada na compensação não homologada. 3.1. Da impossibilidade da compensação Segundo o voto condutor do julgado recorrido, o motivo apresentado pela Turma de julgamento a quo, para manter a não homologação parcial da compensação em apreço, foi a “impossibilidade de validar a compensação efetuada antes da retificação da DCTF”, baseada nos seguintes argumentos, in verbis, fls. 140: No caso concreto que aqui se tem, a contribuinte, na data de apresentação da DCOMP, não havia retificado a DCTF, documento no qual, como é sabido, são declarados, com força de confissão de dívida, os valores dos tributos devidos. Assim, não se pode dizer que, naquele momento, tivesse existência jurídica o crédito contra a Fazenda Nacional alegado pela contribuinte, motivo pelo qual a não homologação promovida pela DRF/Joinville/SC foi correta. O fato de a contribuinte vir a, posteriormente à ciência do Despacho Decisório, retificar formalmente a DCTF, não tem o efeito de validar retroativamente a compensação instrumentada por DCOMP pois, como se viu, a existência do indébito só teria se aperfeiçoado bem depois. A razão pela qual não se pode acatar esta retroação de efeitos está associada ao fato de que como a apresentação da DCOMP serve à extinção imediata do Fl. 420DF CARF MF 6 débito do sujeito passivo (nos mesmos termos de um pagamento), ela só pode ser efetuada com base em créditos contra a Fazenda Nacional líquidos e certos (como comanda o artigo 170 do Código Tributário Nacional); ora, créditos relativos a valores confessados e não retificados antes de qualquer procedimento de ofício, não têm existência jurídica válida (em termos tanto de liquidez, quanto de certeza), em razão dos efeitos legais atribuídos à DCTF. (grifos não constam no original) Os argumentos apresentados pela Recorrente não procedem, pois, embora a compensação tenha sido efetivada antes da entrega da DCTF retificadora, ocorrida no dia 30/07/2004, ao contrário do asseverado pelo nobre Relator do voto condutor do julgado recorrido, a dita DCTF retificadora foi apresentada antes da ciência do despacho decisório, que ocorreu no dia 28/2/2008, e o titular da unidade Receita Federal de origem não reconheceu o direito creditório pleiteado e não homologou a compensação declarada com base nos dados da referida DCTF retificadora, o que se constata mediante a comparação dos dados apresentados no Despacho Decisório de fls. 134 e com os dos dados apresentados nos extratos de fls. 175/177. Da simples leitura do questionado Despacho Decisório, verificase que o real motivo da não homologação da compensação foi a falta de comprovação da correspondente parcela do valor do crédito utilizado. Dessa forma, por também entender que o motivo da denegação da compensação foi a falta de comprovação de parcela do direito creditório, afastase a alegada impossibilidade e passase a analisar os elementos as provas carreadas aos autos. 3.2. Do resultado da diligência A partir da análise da manifestação à informação fiscal por parte da Recorrente, verificase, a partir do resultado, que não há direito ao crédito, por ela pleiteado. Ela afirma que foi incluído a mais na base de cálculo referente à apuração dos ajustes positivos ao valor de mercado a quantia de R$ 4.109.185,55 novembro/2002. Posteriormente, afirma que foi apurado o valor de R$ 998.084,95 referente à COFINS, sendo que quando houve a correção pela exclusão do ajuste positivo, o valor devido seria de R$ 874.809,39, o que lhe renderia um crédito de R$ 123.275,56. A Recorrente somente juntou cópia dos balancetes, mas, em momento algum, fez, efetivamente, prova cabal da base de cálculo em questão, sendo que o ônus da prova lhe compete1. Diferente, portanto, é o contido no relatório de informação fiscal nº 780/2015/DIORT/DRF/BSB, fls. 360/361: 7. Em consulta aos sistemas informatizados da Receita Federal (fls. 175/177), confirmouse, em primeiro lugar, o pagamento no valor de R$ 998.084,95, tendo sido alocado ao respectivo débito declarado em DCTF, em conformidade com o despacho decisório de nº de rastreamento 745558646, emitido em 14/02/2008 (fls. 134). 1 Lei nº 13.105 Código de Processo Civil Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 421DF CARF MF Processo nº 10983.900028/200841 Acórdão n.º 3302003.730 S3C3T2 Fl. 5 7 8. Ademais, notase a existência de duas DCTF para o período em análise (4º trimestre/2002): a original, entregue em 24/01/2003; e a retificadora, entregue em 30/07/2004, após, portanto, a apresentação da presente Dcomp. Não obstante, o que importa observar acerca do crédito pleiteado é que o valor do débito confessado na DCTF retificadora não coincide com o valor apurado pela Interessada, conforme parágrafo 6, razão pela qual a compensação não foi homologada, por inexistência de crédito. 9. Com o objetivo de subsidiar os trabalhos, de modo a confirmar ou refutar as alegações descritas no parágrafo 6 desta Informação, a Contribuinte foi intimada em 29/07/2015, conforme Termo de Intimação Fiscal nº 531/2015 (fls. 178/179), a apresentar documentos e informações nos termos requeridos pelo Carf. 10. Ocorre que em sua resposta (fls. 181/358) a Interessada limitouse a apresentar documentos e informações já juntados aos autos por ocasião da manifestação de inconformidade, com exceção do balancete geral analítico (fls. 307/321) que mostra apenas a conta, com valor respectivo, em que foi registrado o ajuste positivo ao valor de mercado. Cabe notar que os supostos balancetes de fls. 323/328 nada revelam, pois, não há identificação do período a que se referem. 11. No que diz respeito ao solicitado no item “b” do parágrafo 4 desta Informação, a Interessada apresentou a planilha de fls. 183, informando que houve alienação de títulos nos meses de maio, junho, julho e agosto, todos de 2003. Entretanto, tratase de simples informação, sem que esteja acompanhada de elementos de prova. 12. Assim sendo, tendo em vista que não foram devidamente comprovados os valores referidos no parágrafo 6, em especial a base de cálculo da Cofins efetivamente devida em novembro/2002, por meio de apresentação de documentação contábil idônea, nada se pode afirmar acerca da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (grifos não constam no original) Portanto, não há nos autos, nem posteriormente à diligência, tendo em vista que não foram devidamente comprovados os valores referidos no parágrafo 6, em especial a base de cálculo da Cofins efetivamente devida em novembro/2002. Diante da falta de prova, mantémse a decisão que indeferiu o pleito da Recorrente. 4. Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso voluntário, rejeitando a preliminar arguida e, no mérito, indefiro o provimento. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 422DF CARF MF 8 Fl. 423DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000957/2007-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE À OCORRÊNCIA DO FATO IMPONÍVEL.
1. O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º, ou art. 173, inc. I, ambos do Código Tributário Nacional) é a existência de pagamento antecipado do tributo.
2. Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso representativo de controvérsia, REsp 973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux.
3. Neste caso concreto, a Declaração de Ajuste Anual não registra ter havido recolhimento antecipado, tampouco a recorrente trouxe aos autos documentos atestando a sua existência, aplicando-se, pois, o art. 173, inc. I.
4. O primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, regra do art. 173, I, se verifica após, não antes ou durante a ocorrência do fato gerador.
NULIDADE. FALTA DE INTIMAÇÃO DO CO-TITULAR. INEXISTÊNCIA.
O outro correntista foi sim intimado na fase que precedeu à lavratura do Auto de Infração.
DEPÓSITO BANCÁRIO. TITULARIDADE. COMPROVAÇÃO.
A autoridade autuante arrolou e juntou inúmeros documentos comprobatórios das conclusões constantes do Termo de Verificação de Infração, não tendo como se acatar a mera afirmação de que a parte desconheceria o depósito em questão.
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. CABIMENTO.
1. O sujeito passivo se valeu de um esquema ilegal de remessas de divisas para o exterior.
2. Tal esquema demonstra que a recorrente tinha o intuito consciente de impedir o conhecimento, pela fiscalização, da ocorrência dos fatos, o que justifica a qualificação da multa de ofício.
Numero da decisão: 2402-005.698
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para afastar as preliminares, e, no mérito, por maioria de votos, negar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza e João Victor Ribeiro Aldinucci, que davam provimento para cancelar o lançamento em virtude da decadência. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001 IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE À OCORRÊNCIA DO FATO IMPONÍVEL. 1. O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º, ou art. 173, inc. I, ambos do Código Tributário Nacional) é a existência de pagamento antecipado do tributo. 2. Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso representativo de controvérsia, REsp 973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux. 3. Neste caso concreto, a Declaração de Ajuste Anual não registra ter havido recolhimento antecipado, tampouco a recorrente trouxe aos autos documentos atestando a sua existência, aplicando-se, pois, o art. 173, inc. I. 4. O primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, regra do art. 173, I, se verifica após, não antes ou durante a ocorrência do fato gerador. NULIDADE. FALTA DE INTIMAÇÃO DO CO-TITULAR. INEXISTÊNCIA. O outro correntista foi sim intimado na fase que precedeu à lavratura do Auto de Infração. DEPÓSITO BANCÁRIO. TITULARIDADE. COMPROVAÇÃO. A autoridade autuante arrolou e juntou inúmeros documentos comprobatórios das conclusões constantes do Termo de Verificação de Infração, não tendo como se acatar a mera afirmação de que a parte desconheceria o depósito em questão. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. CABIMENTO. 1. O sujeito passivo se valeu de um esquema ilegal de remessas de divisas para o exterior. 2. Tal esquema demonstra que a recorrente tinha o intuito consciente de impedir o conhecimento, pela fiscalização, da ocorrência dos fatos, o que justifica a qualificação da multa de ofício.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 18471.000957/2007-50
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5709223
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2402-005.698
nome_arquivo_s : Decisao_18471000957200750.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 18471000957200750_5709223.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para afastar as preliminares, e, no mérito, por maioria de votos, negar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza e João Victor Ribeiro Aldinucci, que davam provimento para cancelar o lançamento em virtude da decadência. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
id : 6709609
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949879734272
conteudo_txt : Metadados => date: 2017-04-04T18:40:02Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-04-04T18:40:02Z; Last-Modified: 2017-04-04T18:40:02Z; dcterms:modified: 2017-04-04T18:40:02Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:146f652e-6654-4a4d-b62c-3c406a0846eb; Last-Save-Date: 2017-04-04T18:40:02Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-04-04T18:40:02Z; meta:save-date: 2017-04-04T18:40:02Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-04-04T18:40:02Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-04-04T18:40:02Z; created: 2017-04-04T18:40:02Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; Creation-Date: 2017-04-04T18:40:02Z; pdf:charsPerPage: 1969; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-04-04T18:40:02Z | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.000957/200750 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.698 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de março de 2017 Matéria IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS Recorrente MARLY BIZINOVER LEOPARDI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE À OCORRÊNCIA DO FATO IMPONÍVEL. 1. O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º, ou art. 173, inc. I, ambos do Código Tributário Nacional) é a existência de pagamento antecipado do tributo. 2. Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso representativo de controvérsia, REsp 973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux. 3. Neste caso concreto, a Declaração de Ajuste Anual não registra ter havido recolhimento antecipado, tampouco a recorrente trouxe aos autos documentos atestando a sua existência, aplicandose, pois, o art. 173, inc. I. 4. O primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, regra do art. 173, I, se verifica após, não antes ou durante a ocorrência do fato gerador. NULIDADE. FALTA DE INTIMAÇÃO DO COTITULAR. INEXISTÊNCIA. O outro correntista foi sim intimado na fase que precedeu à lavratura do Auto de Infração. DEPÓSITO BANCÁRIO. TITULARIDADE. COMPROVAÇÃO. A autoridade autuante arrolou e juntou inúmeros documentos comprobatórios das conclusões constantes do Termo de Verificação de Infração, não tendo como se acatar a mera afirmação de que a parte desconheceria o depósito em questão. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. CABIMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 09 57 /2 00 7- 50 Fl. 225DF CARF MF 2 1. O sujeito passivo se valeu de um esquema ilegal de remessas de divisas para o exterior. 2. Tal esquema demonstra que a recorrente tinha o intuito consciente de impedir o conhecimento, pela fiscalização, da ocorrência dos fatos, o que justifica a qualificação da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para afastar as preliminares, e, no mérito, por maioria de votos, negarlhe provimento, vencidos os Conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza e João Victor Ribeiro Aldinucci, que davam provimento para cancelar o lançamento em virtude da decadência. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente em Exercício (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 18471.000957/200750 Acórdão n.º 2402005.698 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Inicialmente, adotase parte do relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: Contra a Contribuinte em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fls. 137 a 142 em virtude da apuração da seguinte infração: 1) OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA omissão de rendimentos caracterizada pelo crédito de US$ 100.00,00 em conta de depósito ou de investimento mantida conjuntamente pela Interessada e por Vladimiro Leopardi no Audi Bank em Nova York, nos Estados Unidos da América, no anocalendário de 2001, não tendo a Contribuinte comprovado, após ter sido regularmente intimada, por meio de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessa operação. Enquadramento Legal: art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, art. 4 0 da Lei n° 9.481, de 1997, art. 21 da Lei n° 9.532, de 1997 e art. 849 do RIR/99. Sobre o imposto apurado, no valor de R$ 24.513,90, foram aplicados multa de 150% e juros de mora regulamentares, com fulcro nos dispositivos legais de fl.138, perfazendo um total de R$ 82.580,00. Após cientificada do Auto de Infração em referência (fl. 144), a Interessada apresentou em 29/10/2007 as alegações de fls. 150 a 162, valendose, em síntese, dos seguintes argumentos: 1) para os fatos geradores do período de 1° de janeiro de 2001 a 31/12/2001, já havia transcorrido o prazo decadencial de cinco anos previsto no art. 150, §4°, do CTN, quando a Interessada foi cientificada do lançamento efetuado; 2) não merece acolhida o argumento de que, no presente caso, a regra decadencial seria a do art. 173 do CTN, em razão da multa agravada, uma vez que inexistiriam elementos caracterizadores do evidente intuito de fraude; 3) o fato de se tratar de tributação baseada em presunção de omissão de receitas por alegada falta de comprovação da origem de depósitos bancários já seria suficiente para afastar a alegada existência de dolo, consoante entendimento do Primeiro Conselho de Contribuintes; 4) a Súmula n° 14 do Conselho de Contribuintes afastaria definitivamente a aplicação da multa qualificada nos casos de omissão de receita pautada em presunção legal; Fl. 227DF CARF MF 4 5) no mérito, o lançamento não mereceria prosperar, tendo em vista que a única prova constante dos autos da existência do suposto depósito seria um papel emitido pela própria Fiscalização; 6) a prova indiciária existente nos autos não seria coincidente e coerente no sentido de apontar se houve o auferimento de renda; 7) a exigência fiscal consubstanciada no auto de infração teria apoio exclusivamente numa presunção "hominis", e não encontraria lastro na legalidade estrita, afrontando a norma inscrita no art. 142 do CTN; 8) a Impugnante desconheceria o depósito que lhe estaria sendo indevidamente atribuído, não devendo qualquer imposto sobre esse valor. Ao final de sua impugnação, a Autuada solicita o cancelamento integral do lançamento em tela. Em sessão realizada em 30 de maio de 2008, a DRJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2002 ARGÜIÇÃO DE DECADÊNCIA O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DE CONTA BANCÁRIA MANTIDA NO EXTERIOR. PROVAS CONSTANTES DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS ENVIADOS LEGALMENTE PARA 0 BRASIL. Os dados constantes de arquivos magnéticos e documentos, legalmente enviados ao Brasil pela Promotoria Distrital de Nova Iorque, Estados Unidos da América, objeto de perícia e laudo conclusivo da Policia Federal, fielmente reproduzidos no processo, constituemse em elementos de prova da movimentação financeira de conta mantida no exterior em instituição bancária norteamericana, em que a Interessada consta como beneficiária de recursos. MULTA QUALIFICADA Fl. 228DF CARF MF Processo nº 18471.000957/200750 Acórdão n.º 2402005.698 S2C4T2 Fl. 4 5 É cabível a aplicação da multa qualificada quando restar comprovado o intento doloso do Contribuinte de impedir ou retardar o conhecimento de fatos geradores por parte do Fisco a fim de se eximir da cobrança do imposto de renda. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas, mesmo as proferidas por Conselhos de Contribuintes, e as judiciais, excetuandose as proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade das normas legais, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Lançamento Procedente A recorrente foi intimada da decisão em 08/09/2008 (fl. 210) e interpôs recurso voluntário em 30/09/2008 (fls. 212 e seguintes), no qual suscitou as seguintes teses de defesa: (a) decadência do direito de lançar; (b) a recorrente não reconhece a existência do depósito que se pretende submeter à tributação; (c) nulidade por falta de intimação do cotitular; (d) impossibilidade de qualificação da multa de ofício. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 229DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da decadência Ao final de seu recurso, a contribuinte suscita preliminar de decadência. O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º, ou art. 173, inc. I, ambos do Código Tributário Nacional) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I. Expirado o prazo, considerase realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial. Mutatis mutandis, pode ser citado o verbete sumular abaixo reproduzido: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Nesse sentido, eis o entendimento do colendo Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso representativo de controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 18471.000957/200750 Acórdão n.º 2402005.698 S2C4T2 Fl. 5 7 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). [...] 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). [...] 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacouse) Neste caso concreto, a Declaração de Ajuste Anual DAA de fls. 10 e seguintes não registra ter havido recolhimento antecipado, tampouco a recorrente trouxe aos autos documentos atestando a sua existência. De tal forma, o prazo decadencial deve ser contado de acordo com o inc. I do art. 173 retro mencionado, isto é, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Também deve ser afastada a regra do art. 150, § 4º, em função da indubitável existência de dolo. Como bem narrado no TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO TVI, a recorrente "se valeu de um esquema ilegal de remessas de divisas para o exterior para que o referido valor de US$ 100.000,00 fosse creditado na sua conta bancária no Bank Audi na Fl. 231DF CARF MF 8 cidade de Nova York/USA, além de manter à margem das autoridades fazendárias ao longo de anos a aludida conta bancária no exterior, com elevada movimentação de recursos, incompatíveis com os rendimentos declarados". Logo, é indubitável que a contagem do lustro deve ser feita em consonância com o disposto no art. 173, inc. I. Ocorre que o fato gerador em questão se deu no dia 31/12/2001, ex vi da Súmula CARF nº 38: Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Desta feita, deve ser aferido qual é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Valendose das conclusões constantes da ementa do recurso representativo acima mencionado, observase que "o 'primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado' corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação". Nessa toada, vale lembrar que o art. 62, § 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF) determina que as decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC, devem ser reproduzidas pelas suas Turmas. Reproduzindose a decisão da Corte Superior, devese afirmar que, como o fato imponível ocorreu no dia 31/12/2001, o primeiro dia do exercício seguinte só pode corresponder ao dia 01/01/2002. Essa conclusão, ademais, é reforçada pela doutrina do prof. Leandro Paulsen: O exercício a partir do qual o lançamento de ofício o único cabível em face do inadimplemento passou a poder ser efetuado é o próprio exercício em que ocorreu o fato gerador e venceu o prazo para o pagamento do tributo por iniciativa do contribuinte, contandose os cinco anos do prazo decadencial do dia 1º de janeiro subseqüente. 1 Mais ainda, o § 4º do art. 42 da Lei 9.430/1996 preleciona que os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, viabilizando a antecipação do imposto de renda por meio de retenção na fonte ou carnêleão dentro do próprio anocalendário. Vejase: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 1161. Fl. 232DF CARF MF Processo nº 18471.000957/200750 Acórdão n.º 2402005.698 S2C4T2 Fl. 6 9 [...] §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Isto é, o crédito de US$ 100.000,00, realizado em 21/02/2001 (v. fl. 168), é considerado omitido dentro do próprio mês de fevereiro, de tal modo que, sem qualquer sombra de dúvida, o prazo para o pagamento do imposto a ele correspondente não adentra o ano subsequente de 2002 e, por conseguinte, não se pode afirmar que o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado corresponderia a 01/01/2003, como concluiu, equivocadamente, a decisão recorrida. Não se desconhece o entendimento segundo o qual "a omissão de receitas somente pode ser verificada após a entrega da declaração de ajuste anual (DAA)" 2, o que corresponderia a abril do ano seguinte ao anocalendário. Entretanto, deve ser reproduzida, na dicção do art. 62, § 2º, do RICARF, a decisão proferida no recurso representativo de controvérsia. A par disso, e como demonstrado, a interpretação sistemática do art. 173, inc. I, do Código Tributário Nacional, do art. 42, § 4º, da Lei 9.430/1996 e da Súmula CARF nº 38 não deixa margem para dúvidas: o primeiro dia do exercício seguinte coincide com o dia 1º de janeiro do ano subsequente àquele em que ocorrido o fato gerador (ou fato imponível). No caso vertente, como o fato gerador ocorreu em 31/12/2001, e como o prazo decadencial teve início em 01/01/2002, em 06/08/2007, quando foi lavrado o Auto de Infração (v. fl. 174), já havia transcorrido o prazo para a constituição do crédito tributário, nem mesmo havendo necessidade de verificar quando a autuada tomou ciência do ato através do edital de fl. 180. Singrando esse entendimento, deve ser acolhida a preliminar de decadência. 3 Nulidade por falta de intimação do cotitular da conta A recorrente suscita nulidade do lançamento por falta de intimação do co titular da conta. Contudo, o outro correntista foi sim intimado na fase que precedeu à lavratura do Auto de Infração, como se vê às fls. 9 e 31, tanto que se manifestou, juntamente com a contribuinte, através da petição de fl. 41, dirigida à Delegacia da Receita Federal do Rio de Janeiro. Destarte, não há qualquer violação ao art. 42, § 6º, da Lei 9.430/1996, tampouco à Súmula CARF nº 29: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de 2 CARF, acórdão 2301004.716. Fl. 233DF CARF MF 10 infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Portanto, deve ser negado provimento ao recurso neste ponto. 4 Do depósito A recorrente afirma não reconhecer a existência do depósito que se pretende submeter à tributação. Todavia, e como bem pontuado pela fiscalização, cujas conclusões se integram ao presente voto como razões de decidir (v. fls. 162 e seguintes): A Contribuinte foi identificada pela aludida Equipe Especial de Fiscalização como beneficiária final de operação de remessa de divisas através de conta/subconta mantida/administrada no Banco Chase de Nova York pela BHSC Beacon Hill Service Corporation, a qual encaminhou a Representação Fiscal n° 03219/05 que veio acompanhada dos seguintes elementos probatórios • Laudo de Exame Econômico Financeiro n° 1033/04, elaborado pelo INC — Instituto Nacional de Criminalística em 20/04/2004 (fls. 62/74), em cuja folha 2 é dito, in verbis: (...) 5. A Beacon Hill era empresa sediada em Nova York, Estados Unidos da America, que atuava como preposto bancário financeiro de pessoas físicas ou jurídicas, principalmente representadas por brasileiros, em agência do JP Morgan Chase Bank, administrando contas ou subcontas específicas, dentre as quais a conta MIDLER CORP. S.A., n°530.765.055. (...) 7. Os presentes exames visam descrever os documentos de relevância para o inquérito, com base na documentação disponibilizada para análise, identificar o(s)titular(es), procurador(es) ou representantes da conta MIDLER CORP. S.A., n° 530.765.055, assim como identificar os relacionamentos existentes e consolidar a movimentação financeira, afim de trazer elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução e a esclarecer os fatos. • Transcrição dos campos da mídia copiada pela Policia Federal em Nova York e repassada à Receita Federal do Brasil contendo informações das operações de remessa de divisas através da conta/subconta mantida/administrada no Banco Chase de Nova York pela BHSC, nas quais consta a Contribuinte como beneficiária (fl. 25). De acordo com este documento elaborado pela referida Equipe Especial de Fiscalização, constatatouse que a contribuinte Manly Bizinover Leopardi em foco figura como beneficiária/destinatária final de remessa de divisas através da conta MIDLER (conta n° 53076055) mantida/administrada no Banco Chase de Nova York pela BHSC, tendo sido favorecida Fl. 234DF CARF MF Processo nº 18471.000957/200750 Acórdão n.º 2402005.698 S2C4T2 Fl. 7 11 com um crédito no valor de US$ 100.000,00, feito em 21/02/2001 na conta n° 134646 no Audi Bank USA em Nova York, NY (adiante ficará comprovado mais detalhadamente que tal conta no Bank Audi era de titularidade da Contribuinte e de Vladimiro Leopardi (CPF 877.791.88787). [...] Também se constatou que a citada conta no Bank Audi foi aberta em 20/09/1992, em nome da Contribuinte e também no de Vladimiro Leopardi, conforme a ficha de abertura da conta ("opening of account") no referido banco contendo a assinaturas de ambos (fls. 97/98), ficha esta que faz parte integrante de um dossiê que, com autorização judicial, foi repassado pelo Departamento de Policia Federal à Receita Federal do Brasil. [...] Ademais, a este Termo foram anexados os elementos de prova da abertura da aludida conta bancária em nome da Contribuinte e de Vladimiro Leopardi, e de que na conta foram creditados os depósitos supracitados, bem assim documentação demonstrando serem válidas as provas apresentadas pela fiscalização. E abaixo estão listados todos os documentos que seguiram anexos ao mencionado termo: Como se vê às fls. 166/167, a autoridade autuante arrolou e juntou inúmeros documentos comprobatórios das conclusões constantes do TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO, não tendo como se acatar a mera afirmação de que a recorrente desconheceria o depósito em questão, negandose provimento ao recurso nesse particular. 5 Da qualificação da multa A recorrente se insurge contra a qualificação da multa de ofício. No entanto, e como bem narrado no TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO TVI, a parte "se valeu de um esquema ilegal de remessas de divisas para o exterior para que o referido valor de US$ 100.000,00 fosse creditado na sua conta bancária no Bank Audi na cidade de Nova York/USA, além de manter à margem das autoridades fazendárias ao longo de anos a aludida conta bancária no exterior, com elevada movimentação de recursos, incompatíveis com os rendimentos declarados". Tal esquema demonstra que a recorrente tinha o intuito consciente de impedir o conhecimento, pela fiscalização, da ocorrência dos fatos. Noutro giro verbal, a multa não foi qualificada a partir da simples apuração de omissão de receita ou rendimento, mas sim em função do intuito doloso da contribuinte, negandose provimento ao recurso nesse tocante. Fl. 235DF CARF MF 12 6 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER do recurso voluntário e ACOLHER A PRELIMINAR de decadência, nos termos da fundamentação. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 236DF CARF MF Processo nº 18471.000957/200750 Acórdão n.º 2402005.698 S2C4T2 Fl. 8 13 Voto Vencedor Conselheiro Ronnie Soares Anderson Redator Designado Não obstante os bem articulados argumentos do relator, ouso discordar de suas conclusões quanto à decadência. Como questão de fato a destacar, noto que não se aplica o art. 150, § 4º do CTN no particular, à míngua de comprovação de antecipação de pagamento nos autos, o que é corroborado pela Declaração de Ajuste Anual da autuada (fls. 15/17). Restando incontroversa a aplicação do art. 173, I do CTN, tenho que a decisão do STJ em sede de repetitivo no REsp nº 973.333 buscou sedimentar, no âmbito daquele tribunal, o entendimento de que, havendo antecipação de pagamento, o prazo decadencial regese pelo art. 150, § 4º do CTN. Além disso, a leitura dos termos desse julgamento revela que o STJ refutou a tese de que seria possível cumular prazos do arts. 150, § 4º e 173, I do CTN para o Fisco efetuar o lançamento, sendo sob esse prisma que deve ser compreendida a citação doutrinária contida na ementa do acórdão da precitada decisão. Não se pode compreender diversamente, com a devida vênia, pois isso implicaria em considerar que o STJ estaria, para fins práticos, igualando os prazos decadenciais do arts. 173, I e do 150, § 4º do CTN, ou seja, tornando letra morta as prescrições do legislador, que pretendeu diferenciar explicitamente as situações regradas em caso um desses dispositivos. Vale trazer à baila, por oportuno, as sempre atuais lições de Carlos Maximiliano (Hermenêutica e Aplicação do Direito", 19ª Ed., p. 204), baseadas no provérbio do direito romano a lei não contém palavras inúteis (verba cum effectu, sunt accipienda): "Não se presumem na lei, palavras inúteis. Devemse compreender as palavras como tendo alguma eficácia. As expressões do Direito interpretamse de modo que não resultem frases sem significado real, vocábulos supérfluos, ociosos, inúteis". A propósito do indigitado julgamento do STJ, a relatora do Acórdão nº 1101 001.039 (j. 12/2/2014), Conselheira Edeli Pereira Bessa, trouxe considerações de peso que merecem ser colacionadas: Relevante notar, porém, que, no caso apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça, a discussão central prendiase ao argumento da recorrente (Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS) de que o prazo para constituição do crédito tributário seria de 10 (dez) anos, contandose 5 (cinco) anos a partir do encerramento do prazo de homologação previsto no art. 150, § 4º do CTN, como antes já havia decidido aquele Tribunal Superior. Fl. 237DF CARF MF 14 De fato, o relatório daquele julgado expressa que em debate estava o lançamento formalizado em 26/03/2001, de valores devidos em 01/01/92 e 01/01/95. Por sua vez, a autarquia previdenciária, além de invocar o art.45 da Lei nº 8.212/91, pretendeu que o prazo para constituição do crédito tributário tivesse início após a homologação do lançamento, momento que reputava ser o primeiro dia seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Em resposta a esta arguição, o Ministro Relator Luiz Fux assim se posicionou: Outrossim, impende assinalar que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, §4º,e173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ªed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro",10ª ed., Ed.Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, SãoPaulo, 2004, págs.183/199). Esta é a única referência ao entendimento de que primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado significaria primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, equivalência que poderia representar a exclusão, por aquele Tribunal, dos efeitos da expressão em que o lançamento poderia ser efetuado na contagem do prazo decadencial. Contudo, a ausência de maiores digressões a respeito do tema é perfeitamente justificável no contexto, pois ali somente se decidia, como antes se destacou, a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173. Em outras palavras, no caso ali em debate o resultado obtido seria o mesmo, quer se adotasse como termo inicial:1) o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; 2) o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ou 3) o primeiro dia do mês seguinte à ocorrência do fato imponível. (...) Observese, ainda, que o voto do Ministro Relator Luiz Fux, no julgamento do REsp nº 973.733/SC, faz referência a outros três julgados daquele Tribunal Superior, que também trataram da aplicação do art.173 do CTN, mas em outras circunstâncias:1) REsp nº 766.050/PR, tratando da interrupção do prazo decadencial ante medida preparatória indispensável ao lançamento; 2) AgRg nos EResp nº 216.758/SP, tratando da contagem do prazo decadencial no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, mas sem antecipação do pagamento; e 3) EREsp nº276.142/SP,tratando da aplicação concomitante dos arts. 150 e 173 do CTN. Mas o entendimento que permeia estes três julgados é, novamente, apenas a aplicação cumulada dos prazos veiculados nos arts. 150 e 173 do CTN, o que reafirma as conclusões até aqui expressas. Quanto à doutrina colacionada, ainda que deveras respeitável, entendoa por representar visão minoritária acerca do assunto, até mesmo porque carece de lógica pretender que o exercício a partir do qual a fiscalização poderia efetuar o lançamento se daria ao final do próprio dia no curso do qual o fato gerador ainda estaria se perfazendo, mesmo que se trate aquele do último dia. Ou seja, é necessário que o fato gerador do tributo já tenha se completado, não sendo possível a aferição definitiva de suas características antes ou durante sua ocorrência, somente depois desse momento. Simples assim. Fl. 238DF CARF MF Processo nº 18471.000957/200750 Acórdão n.º 2402005.698 S2C4T2 Fl. 9 15 Na espécie, tratandose do fato gerador do imposto de renda concluído em 31/12/2001, temse que o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (2002), é o dia 1º/1/2003, do que se conclui que, quando da autuação realizada 6/8/2007, ainda não havia transcorrido o prazo decadencial de cinco anos para a sua constituição. Arrematese frisando que o entendimento aqui esposado, acerca da contagem do prazo disposto no inciso I do art. 173 do CTN, é amplamente dominante no CARF, valendo citar, dentre outros, os recentes Acórdãos da CSRF de nº 9101002.499, j. 12/12/2016, e nº 9202004.524, j. 25/10/2016. Sob essas razões, voto no sentido de não reconhecer a decadência. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
