Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,070)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,821)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,490)
- Segunda Turma Ordinária d (15,373)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,232)
- Segunda Turma Ordinária d (13,956)
- Primeira Turma Ordinária (12,798)
- Primeira Turma Ordinária (11,971)
- Segunda Turma Ordinária d (11,932)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,387)
- Terceira Câmara (64,066)
- Segunda Câmara (52,396)
- Primeira Câmara (17,064)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,374)
- Segunda Seção de Julgamen (110,145)
- Primeira Seção de Julgame (72,676)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,769)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,790)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,010)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,802)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,220)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 10976.000169/2010-76
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.865
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10976.000169/2010-76
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5676639
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-004.865
nome_arquivo_s : Decisao_10976000169201076.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 10976000169201076_5676639.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
dt_sessao_tdt : Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
id : 6642689
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950306504704
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1652; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10976.000169/201076 Recurso nº 1 Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.865 – 2ª Turma Sessão de 12 de dezembro de 2016 Matéria RETROATIVIDADE BENIGNA, NATUREZA DA MULTA NOS LANÇAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS ANTERIORES A MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI 11.941/2009 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado INDUSTRIA SANTA CLARA SA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 6. 00 01 69 /2 01 0- 76 Fl. 510DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 511DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 10976.000169/201076 Acórdão n.º 9202004.865 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 519DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.916353/2008-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3302-000.570
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, o julgamento foi convertido em diligência.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15374.916353/2008-18
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5710444
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-000.570
nome_arquivo_s : Decisao_15374916353200818.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 15374916353200818_5710444.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, o julgamento foi convertido em diligência. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa - Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6712819
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950326427648
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1477; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.916353/200818 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3302000.570 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 30 de março de 2017 Assunto PER/DCOMP COFINS Recorrente FERRAGENS RAMADA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, o julgamento foi convertido em diligência. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Por bem transcrever os fatos e ser sintético, adotase o relatório da DRJ/Rio de Janeiro I, fls. 32: Tratase de Declaração de Compensação Eletrônica – não homologada de débito de Cofins (cód. 2172), no valor de R$22.708,00 (principal), relativo ao período de apuração de 12/01, com crédito oriundo de pagamento considerado indevido, a título de PIS (cód. 6912), do período de 01/03, no valor de R$31.837,77; recepcionada pela RFB em 07/10/2004, tudo conforme se verifica na cópia da Perd/Comp constante dos autos. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .9 16 35 3/ 20 08 -1 8 Fl. 572DF CARF MF Processo nº 15374.916353/200818 Resolução nº 3302000.570 S3C3T2 Fl. 3 2 A autoridade fiscal decidiu não homologar a compensação efetuada, pois entendeu inexistir o direito creditório declarado (fl. 10). Cientificada da decisão em 22/08/08 (fls. 8/9), a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 12/13), alegando em resumo que: 1. Quando da apresentação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, a interessada incorreu em erro, pois apresentou débito apurado junto ao PIS no período em análise, no entanto, no referido mês não houve débito de PIS. 2. Assim, através da DCTF Retificadora a interessada corrigiu o erro; 3. se não existia débito e houve pagamento, resta evidente a existência de crédito; 4. não há que se falar que o DARF apresentado pela interessada está sob código errado, eis que a interessada verificando o erro que cometeu no preenchimento do DARF; promoveu sua correção através de REDARF. A contribuinte requer homologação da compensação formalizada através da PER/DCOMP em exame. Sobreveio, então, decisão da DRJ/Rio de Janeiro I, cuja ementa é transcrita abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 14/02/2003 Prova. Momento. Preclusão. A prova do crédito, que suporta Declaração de Compensação, cabe à contribuinte, devendo ser apresentada até o momento da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, salvo em casos excepcionais legalmente previstos. A contribuinte irresignada apresentou Recurso Voluntário, repisando os argumentos da manifestação de inconformidade e acrescentou argumentos em relação aos Livros Razão e Diário. O feito, então, foi convertido em diligência, sob a Resolução de nº 3803 000.277, relatoria de João Alfredo Eduão Ferreira , nos seguintes termos: Compulsando os referidos documentos constatamos que os mesmos trazem parte do material probatório para se provar a base de cálculo do tributo, calculado sob a forma não cumulativa, com as reduções previstas em lei e que aponta para saldo credor no período. Há indícios do direito pleiteado, porem, faltam provas para se ter a liquides e certeza do credito almejado. Em vista do exposto, nos termos do art. 18, I, do Anexo I, do Regimento Interno do CARF, veiculado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, voto por converter o julgamento em diligência. Fl. 573DF CARF MF Processo nº 15374.916353/200818 Resolução nº 3302000.570 S3C3T2 Fl. 4 3 Foi realizado o relatório da diligência, fls. 564/567, mas, posteriormente, não há intimação para manifestação da contribuinte. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo. Tratase de matéria da competência deste colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. 2. Da ausência de intimação da contribuinte Observase, pela análise dos autos, que após a apresentação do relatório da diligência, fls. 564/567, não houve a intimação da contribuinte a fim de se manifestar, sendo que os autos foram remetidos a este Egrégio Tribunal Administrativo. A fim de não violar o princípio do contraditório e da ampla defesa, além de previsão no artigo 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/2011, in verbis: Decreto nº 7.574/2011 Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei no 9.784, de 1999, art. 28). Convertese o feito em diligência, a fim de que intime a contribuinte a respeito do relatório, de fls. 564/567, e à ela seja oportunizada a manifestação no prazo de 30 (trinta) dias. Após, que os autos retornem a este Tribunal Administrativo. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 574DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001753/2010-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. FATOS CUJA APURAÇÃO SERVIU PARA CONFIGURAR A PRÁTICA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO DO IRPJ.
De acordo com o art. 2º, inc. VI, do Anexo II, da Portaria CARF nº 256, de 2009, e alterações posteriores, cabe à Primeira Seção processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação dos demais tributos e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ. Competência declinada para a Primeira Seção.
Numero da decisão: 3201-001.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar a competência para o julgamento do presente recurso para a 1ª Seção de Julgamento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator.
EDITADO EM: 15/10/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice-presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento Silva e Pinto e Ana Clarissa Masuko Araújo.
Nome do relator: Daniel Mariz Gudiño
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201307
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2005 COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. FATOS CUJA APURAÇÃO SERVIU PARA CONFIGURAR A PRÁTICA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO DO IRPJ. De acordo com o art. 2º, inc. VI, do Anexo II, da Portaria CARF nº 256, de 2009, e alterações posteriores, cabe à Primeira Seção processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação dos demais tributos e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ. Competência declinada para a Primeira Seção.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16327.001753/2010-70
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5692443
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-001.375
nome_arquivo_s : Decisao_16327001753201070.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : Daniel Mariz Gudiño
nome_arquivo_pdf_s : 16327001753201070_5692443.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar a competência para o julgamento do presente recurso para a 1ª Seção de Julgamento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI - Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator. EDITADO EM: 15/10/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice-presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento Silva e Pinto e Ana Clarissa Masuko Araújo.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2013
id : 6671912
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950332719104
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1633; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 586 1 585 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001753/201070 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201001.375 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de julho de 2013 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO DE COFINS E PIS Recorrente FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO PENÍNSULA E BANCO OURINVEST S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. FATOS CUJA APURAÇÃO SERVIU PARA CONFIGURAR A PRÁTICA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO DO IRPJ. De acordo com o art. 2º, inc. VI, do Anexo II, da Portaria CARF nº 256, de 2009, e alterações posteriores, cabe à Primeira Seção processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação dos demais tributos e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ. Competência declinada para a Primeira Seção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar a competência para o julgamento do presente recurso para a 1ª Seção de Julgamento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 17 53 /2 01 0- 70 Fl. 586DF CARF MF 2 DANIEL MARIZ GUDIÑO Relator. EDITADO EM: 15/10/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vicepresidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento Silva e Pinto e Ana Clarissa Masuko Araújo. Relatório O presente relatório compõese do relatório da decisão recorrida, da sua ementa e das razões recursais, a saber: DA AUTUAÇÃO Conforme o Termo de Verificação Fiscal de fls.144/153, em fiscalização empreendida junto à contribuinte acima identificada, relativa ao anocalendário de 2005, o Auditor Fiscal autuante verificou em síntese que: 1. O objetivo da contribuinte, fundo de investimento imobiliário administrado pelo BANCO OURINVEST S/A, é adquirir imóveis comerciais de propriedade da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), com a finalidade de locar tais imóveis à própria CBD ou a empresas do mesmo grupo econômico. 2. O Fisco verificou se a contribuinte estaria sujeita à tributação das pessoas jurídicas, nos termos do art.2º, da Lei nº 9.779/99, abaixo transcrito, em virtude de ter um único quotista com investimento numa empresa controlada pelo próprio quotista. Art. 2º Sujeitase à tributação aplicável às pessoas jurídicas, o Fundo de Investimento Imobiliário de que trata a Lei nº 8.668, de 1993, que aplicar recursos em empreendimento imobiliário que tenha como incorporador, construtor ou sócio, quotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de vinte e cinco por cento das quotas do Fundo. Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, considera se pessoa ligada ao quotista: I pessoa física: a) os seus parentes até o segundo grau; b) a empresa sob seu controle ou de qualquer de seus parentes até o segundo grau; Fl. 587DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 3201001.375 S3C2T1 Fl. 587 3 II pessoa jurídica, a pessoa que seja sua controladora, controlada ou coligada, conforme definido nos §§ 1° e 2° do art. 243 da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. 3. A contribuinte adquiriu da CBD, em 2005, 60 imóveis para pagamento em 20 anos, sendo que a fonte principal de receita da contribuinte são os aluguéis recebidos da própria CBD. A empresa também aufere rendimentos de aplicações financeiras e suas despesas principais estão vinculadas ao pagamento dos imóveis adquiridos, incluídos os encargos de juros. 4. Cabe destacar que os fundos imobiliários têm uma estrutura tributária incentivada, de tal forma a serem isentos de impostos e contribuições, como PIS, COFINS e imposto de renda. Ademais, desde a entrada em vigor da Lei nº11.196/2005, além da isenção de impostos para as atividades do fundo, os quotistas pessoas físicas de fundos imobiliários com mais de 50 participantes, em que nenhum detenha mais de 10% das quotas, estão isentos do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual sobre os rendimentos distribuídos. 5. O art.2º, da Lei nº 9.779/99, não diferencia o tratamento para os empreendimentos em curso e imóveis prontos. Por sua vez, na regulamentação expedida pela CVM, por meio do art.2º, da Instrução nº 205/94, foi definido que o conceito de empreendimento imobiliário abrange a aquisição de imóveis prontos. 6. No caso em tela, a cumulação da posição jurídica é clara. A contribuinte foi inicialmente constituída tendo um único quotista, sendo que, em 2006, empresa controlada pelo mesmo quotista ingressou no fundo com a maior parte das cotas. A última posição dos controladores da contribuinte aponta a empresa em questão como única participante. Além disso, o citado quotista é um dos controladores do grupo CBD. 7. O instrumento utilizado para a transferência dos 60 imóveis da CBD para a contribuinte foi o “Compromisso Irrevogável e Irretratável de Compra e Venda de Bem Imóvel” em caráter fiduciário (fls.75/85), por intermédio do qual os imóveis continuam vinculados à CBD. 8. O sujeito passivo da relação individual e concreta é a contribuinte, uma vez que o fundo de investimento foi equiparado às pessoas jurídicas, por força do art.2º, da Lei nº 9.779/99. 9. Foram então apuradas as bases de cálculo do PIS e da COFINS, apresentadas na tabela de fls.152, conforme as Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, ou seja, o regime de nãocumulatividade. As receitas financeiras não foram computadas nas respectivas bases de cálculo, em respeito à disposição do Decreto nº 5.442/05, expedido com base no art.27, §2º, da Lei nº 10.865/04. Em decorrência das constatações feitas, foram lavrados Autos de Infração de COFINS (fls.154/159) e PIS (fls.160/165), dos quais Fl. 588DF CARF MF 4 a contribuinte tomou ciência em 28/12/2010 (fls.155 e 161), com os valores a seguir discriminados: Demonstrativo de COFINS Crédito Tributário Enquadramento Legal Valor em R$ Contribuição Art.2º, da Lei nº 9.779/99; arts.1º, 3º e 5º, da Lei nº 10.833/03. 4.352.960,91 Juros de Mora (até 30/11/2010) Art. 61, §3º, da Lei nº 9.430/96. 2.426.185,24 Multa de Ofício Art.10, parágrafo único, da Lei Complementar nº 70/91; e art.44, inciso I, da Lei nº 9.430/96. 3.264.720,67 TOTAL 10.043.866,82 Demonstrativo de PIS Crédito Tributário Enquadramento Legal Valor em R$ Contribuição Art.2º, da Lei nº 9.779/99; arts.1º, 3º e 4º, da Lei nº 10.637/2002. 945.050,71 Juros de Mora (até 30/11/2010) Art. 61, §3º, da Lei nº 9.430/96. 526.737,56 Multa de Ofício Art.86, §1º, da Lei nº 7.450/85; art.2º, da Lei nº 7.683/88; e art.44, inciso I, da Lei nº 9.430/96. 708.788,02 TOTAL 2.180.576,29 DA SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA Em 28/12/2010, a fiscalização lavrou Termo de Sujeição Passiva Solidária contra o BANCO OURINVEST S/A (fls.166/167). Sustenta a fiscalização que restou caracterizada a sujeição passiva solidária, nos termos do art.124, do CTN, e do art.4º, da Lei nº 9.779/99. DA IMPUGNAÇÃO DA CONTRIBUINTE A contribuinte apresentou a impugnação de fls.234/254, protocolizada em 27/01/2011 e acompanhada dos documentos de fls.255/326, expondo, em síntese, que: 1. Apesar de lavrados contra o mesmo sujeito passivo e serem baseados nos mesmos fundamentos de fato e de direito, a fiscalização lavrou autos de infração em dois processos distintos: o processo nº 16327.001752/201025, com relação a autos de infração de IRPJ e CSLL, e o presente processo, nº 16327.001753/201070, relativamente aos autos de PIS e de COFINS. Fl. 589DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 3201001.375 S3C2T1 Fl. 588 5 1.1. Os referidos processos devem ser reunidos num único processo administrativo (ou apensados) para que sejam conjuntamente analisados e julgados, conforme prevê o §1º, do art.9º, do Decreto nº 70.235/72. 2. A divergência entre o auto de infração e o entendimento da impugnante está na inaplicabilidade à contribuinte da norma equiparadora do art.2º, da Lei nº 9.779/99, uma vez que no presente caso não se vislumbram nem a figura do incorporador, nem a figura do construtor, nem tampouco a de sócio. 2.1. Uma sociedade só existe se a aplicação de recursos foi efetuada por mais de uma pessoa ligadas por contrato de sociedade, isto é, uma pluralidade de adquirentes ligados por contrato de sociedade. Só nesta hipótese pode ocorrer a cumulação a que se refere o art.2º, da Lei nº 9.779/99, ou seja, a concomitante posição de quotista relevante da contribuinte e de sócio do empreendimento em que se investe. 2.2. Para que a alegada cumulação pudesse ter ocorrido seria necessário que a contribuinte tivesse realizado a aquisição do imóvel conjuntamente com, no mínimo, outro investidor com o qual contribuísse com bens ou serviços e partilhasse os resultados do empreendimento, o que não ocorreu no caso concreto. 2.3. O BANCO OURINVEST S/A, na qualidade de administrador da contribuinte, é o adquirente único dos imóveis, não existindo, pois, nenhum sócio nesse empreendimento. 2.4. A contribuinte não investiu em qualquer empresa ou deteve qualquer participação societária. 3. O caráter fiduciário da propriedade do administrador da contribuinte (BANCO OURINVEST S/A) quanto aos imóveis é uma consequência do regime legal de qualquer fundo de investimento imobiliário, expressamente prevista nos artigos 6º, 7º e 8º, da Lei nº 8.668/93, e, ao contrário do afirmado no auto, nada tem a ver com o instituto da propriedade fiduciária de bem móvel, com escopo de garantia, de que tratam o art.1361 e seguintes do Código Civil. A propriedade fiduciária de bem imóvel, com escopo de garantia, ou seja, decorrente de alienação fiduciária, é regulada no art.22 e seguintes da Lei nº 9.514/97, não no Código Civil. 3.1. A alienação dos imóveis em causa foi realizada a título definitivo, e não resolúvel, como sucederia caso se tratasse de alienação fiduciária em garantia. Após a celebração dos contratos, os imóveis perderam qualquer vínculo com a CBD, ao contrário do que afirma o auto de infração. A relação fiduciária existe entre o administrador e a contribuinte e não entre a contribuinte e a CBD. 4. A fiscalização desconsiderou, na apuração do PIS e da COFINS, os créditos decorrentes das despesas mensais de Fl. 590DF CARF MF 6 depreciação dos imóveis, os quais utilizou para efeitos de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. 5. O Fisco desconsiderou, na apuração do IRPJ e da CSLL, as despesas relativas às exigências de PIS e de COFINS. 6. A fiscalização não compensou, na apuração do IRPJ, o valor retido e recolhido pela contribuinte a título de IRRF no ano de 2005. 6.1. Com efeito, a contribuinte distribuiu rendimentos no ano de 2005, razão pela qual realizou, em 29/12/2005, a retenção e o recolhimento de imposto de renda, à alíquota de 20% sobre o total de rendimento, no valor de R$5.094.036,83 (fls.326). 7. A impugnante foi notificada do auto de infração em 28/12/2010, logo houve a decadência do direito de o Fisco proceder ao lançamento dos créditos tributários relativos aos fatos geradores ocorridos anteriormente a 28/12/2005, nos termos do art.150, §4º, do CTN. 7.1. Logo, os créditos tributários de PIS e COFINS relativos ao período de agosto a novembro de 2005, cujos fatos geradores teriam ocorrido em 31/08/2005, 30/09/2005, 31/10/2005 e 30/11/2005, foram atingidos pela decadência. 8. A impugnante protesta pela apresentação posterior de novos documentos, alegações e quaisquer outras provas necessárias. DA IMPUGNAÇÃO DO RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO Em 27/01/2011, o responsável solidário BANCO OURINVEST S/A apresentou a impugnação de fls.206/217, acompanhada dos documentos de fls.218/233, alegando em síntese que: 1. O art.124 do CTN não é aplicável ao presente caso, pois o BANCO OURINVEST S/A não é, juntamente com a empresa autuada, contribuinte das obrigações tributárias constantes do auto de infração. O único contribuinte das obrigações tributárias é a autuada, que foi quem obteve as receitas. 1.1. O BANCO OURINVEST S/A não é contribuinte dos tributos, é um simples terceiro na relação tributária, ao qual, tendo em vista a sua condição de administrador da contribuinte, a lei atribuiu responsabilidade solidária. É o responsável pelo cumprimento das obrigações da contribuinte, como resulta do art.4º, da Lei nº 9.779/99. 1.2. Tratase da responsabilidade de terceiro, prevista no art.134, do CTN, que difere da figura da solidariedade, já que naquela há sempre subsidiariedade da obrigação do responsável face à obrigação do devedor principal, subsidiariedade essa consistente no benefício de ordem. 1.3. A solidariedade prevista no art.124, do CTN, só pode existir entre contribuintes e não depende do benefício de ordem, pelo que jamais poderá existir nas relações entre contribuinte e terceiro responsável. Fl. 591DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 3201001.375 S3C2T1 Fl. 589 7 1.4. O BANCO OURINVEST S/A não é devedor solidário das obrigações tributárias da contribuinte, sendo, nos termos do art.4º, da Lei nº 9.779/99, um terceiro responsável pelas obrigações tributárias da contribuinte, responsabilidade essa que é sempre subsidiária. 1.5. Não sendo o BANCO OURINVEST S/A devedor solidário, mas responsável, não cabe imputarlhe sujeição passiva. A instância a quo julgou improcedente as impugnações, exarando o Acórdão nº 1632.415, de 04 de julho de 2011, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 COFINS. DECADÊNCIA. A COFINS é tributo sujeito a lançamento por homologação. Contudo, não havendo pagamento ou ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial regese pela norma contida no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN. Destarte, havendo pagamento e inexistindo dolo, fraude ou simulação, a decadência regese pelo disposto no art. 150, §4º do CTN. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. No âmbito do regime da nãocumulatividade, a pessoa jurídica poderá descontar créditos, a título de depreciação, calculados em relação a edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. Todavia, cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos os documentos que comprovem o atendimento das condições de creditamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 PIS. DECADÊNCIA. O PIS é tributo sujeito a lançamento por homologação. Contudo, não havendo pagamento ou ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial regese pela norma contida no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN. Destarte, havendo pagamento e inexistindo dolo, fraude ou simulação, a decadência regese pelo disposto no art. 150, §4º do CTN. PIS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. No âmbito do regime da nãocumulatividade, a pessoa jurídica poderá descontar créditos, a título de depreciação, calculados Fl. 592DF CARF MF 8 em relação a edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. Todavia, cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos os documentos que comprovem o atendimento das condições de creditamento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONEXÃO. JULGAMENTO CONJUNTO. As normas que regem o processo administrativo fiscal não trazem a previsão de julgamento conjunto de processos distintos. Todavia, tratandose de processos relativos aos mesmos fatos, eles devem ser distribuídos preferencialmente para a mesma Turma de Julgamento, em atendimento ao princípio da eficiência no serviço público e evitandose a prolação de decisões conflitantes sobre os mesmos fatos. PRODUÇÃO DE PROVAS APÓS A IMPUGNAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de a impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a ocorrência de algumas das hipóteses previstas no §4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 SÓCIO DE EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO. NEGÓGIO JURÍDICO INTRAGRUPO. SUJEIÇÃO À TRIBUTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS. ART.2º, DA LEI 9.779/99. Verificandose que os quotistas de um fundo de investimento imobiliário são também sócios do empreendimento imobiliário, na figura dos empresários responsáveis pela gestão comum do grupo econômico, consequentemente o fundo sujeitase ao controle determinado pelo caput do art.2º, da Lei nº 9.779/99. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. São solidariamente obrigadas as pessoas expressamente designadas por lei. São pessoalmente responsáveis pelos créditos tributários resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformadas com o resultado do julgamento de 1ª instância, as Recorrentes interpuseram seus recursos voluntários de forma tempestiva, reiterando, em síntese, os argumentos já suscitados em suas impugnações. Fl. 593DF CARF MF Processo nº 16327.001753/201070 Acórdão n.º 3201001.375 S3C2T1 Fl. 590 9 Cientificada dos recursos voluntários interpostos, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, rebatendo os argumentos trazidos aos autos pelas Recorrentes. O processo foi encaminhado a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e distribuído a este relator na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Daniel Mariz Gudiño Os recursos não devem ser conhecidos, pois os fatos cuja apuração serviram para configurar a prática de infração à legislação do PIS e da Cofins, também serviram para configurar a prática de infração à legislação do IRPJ. Nesses casos, portanto, a competência de julgamento deve ser declinada para a Primeira Seção, nos termos do art. 2º, inc. IV, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e alterações posteriores. Com efeito, NÃO CONHEÇO dos recursos em tela e voto por declinar a competência para que os mesmos sejam julgados e processados pela Primeira Seção. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño Relator Fl. 594DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.003656/2010-82
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURO DE VIDA COLETIVO. AUSÊNCIA DE ACORDO OU CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. PARECER PGFN/CRJ Nº 2119/2011 APROVADO PELO MINISTRO DA FAZENDA. ART. 62, §1º, II, C DO RICARF.
Não incide contribuição previdenciária sobre valor pago à título de seguro de vida em grupo, independentemente da existência ou não de convenção ou acordo coletivo de trabalho.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.319
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial da Fazenda Nacional, apenas quanto aos efeitos da retroatividade benigna para as demais verbas lançadas e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURO DE VIDA COLETIVO. AUSÊNCIA DE ACORDO OU CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. PARECER PGFN/CRJ Nº 2119/2011 APROVADO PELO MINISTRO DA FAZENDA. ART. 62, §1º, II, C DO RICARF. Não incide contribuição previdenciária sobre valor pago à título de seguro de vida em grupo, independentemente da existência ou não de convenção ou acordo coletivo de trabalho. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10640.003656/2010-82
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5720408
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-005.319
nome_arquivo_s : Decisao_10640003656201082.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 10640003656201082_5720408.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial da Fazenda Nacional, apenas quanto aos efeitos da retroatividade benigna para as demais verbas lançadas e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6750927
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950341107712
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2067; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1.285 1 1.284 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10640.003656/201082 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9202005.319 – 2ª Turma Sessão de 29 de março de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrentes FAZENDA NACIONAL COMPANHIA INDUSTRIAL CATAGUASES ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURO DE VIDA COLETIVO. AUSÊNCIA DE ACORDO OU CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. PARECER PGFN/CRJ Nº 2119/2011 APROVADO PELO MINISTRO DA FAZENDA. ART. 62, §1º, II, C DO RICARF. Não incide contribuição previdenciária sobre valor pago à título de seguro de vida em grupo, independentemente da existência ou não de convenção ou acordo coletivo de trabalho. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial da Fazenda Nacional, apenas quanto aos efeitos da retroatividade benigna para as demais verbas lançadas e, no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 36 56 /2 01 0- 82 Fl. 1285DF CARF MF 2 mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Contra o contribuinte foi lavrado auto de infração de obrigação principal (DEBCAD 37.237.8145) para cobrança de contribuições previdenciárias a cargo da empresa destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração de segurados empregados, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 61/86. Entre os fatos geradores apurados, o que ora nos interessa é o levantamento relativo ao fornecimento de seguro de vida em grupo sem previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho, que assim foi descrito pelo fiscal: 4.2. SEGURO DE VIDA EM GRUPO LEVANTAMENTO L2 Valores pagos pelo contribuinte as empresas MINAS BRASIL E SANTANDER BANESPA, a titulo de seguro de vida em grupo dos segurados empregados, sem previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Lançados na conta contábil No 2.1.05.05.01.05 Seguradora Minas Brasil / Santander Banespa. Foi considerado somente a parte custeada pela empresa. A Delegacia da Receita Federal julgou o lançamento procedente em parte, apenas para declarar a decadência de crédito tributário exigido nas competências 01/2005 a 11/2005. Quanto ao levantamento acima afirmou que integra o salário de contribuição, base de incidência das contribuições previdenciárias a cargo da empresa e de seus empregados, os valores remuneratórios pagos à título de seguro de vida não coincidentes em descrição com aquele da hipótese prevista na legislação previdenciária, especificamente art. 214, §9º, inciso XVI do Decreto nº 3.048/99. Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 10640.003656/201082 Acórdão n.º 9202005.319 CSRFT2 Fl. 1.286 3 Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte com a seguinte fundamentação: i) o auditor fiscal não possui competência para desconstituir relação comercial e para constituir relação de emprego; ii) os valores despendidos a título de seguro saúde não integram o Salário de Contribuição; iii) os valores despendidos a título de seguro de vida em grupo não integram o Salário de Contribuição; iv) o arbitramento realizado nas ordens do levantamento L3 – Cartão de Crédito Corporativo violou o art. 148 do CTN; v) inexiste vínculo empregatício entre a empresa recorrente e os sócios das pessoas jurídicas elencadas pela fiscalização; vi) a atividade da contabilidade não se insere dentre as atividades fim do Recorrente, empresa do ramo da indústria têxtil; e vii) subsidiariamente, requer a compensação, na qualidade de substituta tributária, das contribuições recolhidas por Beto Instalações Ltda em favor de Antonio Alberto Lopes Machado. A 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por meio do acórdão nº 230201.885, deu provimento em parte ao recurso voluntário para determinar o recalculo da multa, devendo se considerado as disposições do art. 35 da Lei nº 8212/91 para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449 de 2008. O acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA. Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a forma, sendo necessária e suficiente a subsunção do fato à hipótese legal prevista no art. 12, inciso I, letra "a" da Lei n° 8.212/91 para que se opere a caracterização de segurado empregado. É prerrogativa da autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, a teor do Parágrafo Único do art. 116 do CTN. RECUSA OU SONEGAÇÃO DE DOCUMENTOS OU SUA APRESENTAÇÃO DEFICIENTE. AFERIÇÃO INDIRETA DA BASE DE CÁLCULO. CABIMENTO. A recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, constituise motivo justo, bastante, suficiente e determinante para a apuração, por aferição indireta, das contribuições previdenciárias efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SEGURO SAÚDE PAGO A DIRIGENTES. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, somente será excluído da base de incidência das Fl. 1287DF CARF MF 4 contribuições previdenciárias, se e somente se a cobertura abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. PAGAMENTO EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Somente será excluído do campo de incidência de contribuições previdenciárias, o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a prêmio de seguro de vida em grupo, desde que previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes. As rubricas acima referidas, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, integram o saláriode contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE TITULARIDADE DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. A iniciativa e condução do procedimento de compensação são prerrogativas exclusivas do titular do crédito tributário decorrente do recolhimento indevido ou a maior das contribuições previdenciárias referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência, a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido. Recurso Voluntário Provido em Parte Ambas as partes apresentaram recursos. O recurso da Fazenda Nacional foi recebido para rediscutir a interpretação dada ao cálculo da multa. Afirma que quando do trânsito em julgado dos processos administrativos, deverá o débito ser calculado com base na penalidade mais benéfica, fazendo a comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 10640.003656/201082 Acórdão n.º 9202005.319 CSRFT2 Fl. 1.287 5 §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35‑ A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, nos termos da Portaria PGFN/RFB nº 14/2009. Já o recurso do contribuinte, citando como paradigma o acórdão 2402 002.385, requer a revisão do julgado no que tange a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores relativos ao seguro de vida coletivo, mesmo na ausência de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Em contrarrazões o contribuinte requer o não conhecimento do recurso da Fazenda Nacional por ausência de comprovação da sua tempestividade e ainda da divergência apontada; e a Fazenda Nacional defende a aplicação da literalidade do art. 214, §9º, XXV do Regulamento da Previdência Social. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Do conhecimento: Os recurso preenchem os requisitos de admissibilidade e devem ser conhecido, razão pela qual reitero os despachos 1243/1246 e 1271/1276. No que tange a tempestividade do Recurso da Fazenda Nacional, cito parte do respectivo despacho de admissibilidade que expressamente abordou a questão: O acórdão foi recepcionado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional em 30/07/2012, f. 1232. Considerase a PGFN intimada em 29/07/2012, trinta dias contados da data do recebimento do acórdão, com base no § 9º do art. 23 do Decreto n° 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.457 de 16/03/2007, e § 3o do art. 7o da Portaria MF no 527, de 09 de novembro de 2010. O processo retornou a este Conselho em 09/08/2012, f. 1241. Nessa data considerase apresentado o recurso especial, por força do § 6o do art. 7o da Portaria MF nº 527/2010. Portanto, o recurso é tempestivo, pois foi apresentado no prazo de quinze dias contados da ciência, conforme preceitua o art. 68 do RICARF. Destacamos que os arts. 67 e 68 do Regimento ao tratar do Recurso Especial exige apenas que o prazo de 15 dias seja cumprido, inexistindo determinação de que as partes apresentem tópico específico sobre tal ponto, tanto não é requisito que o próprio Contribuinte deixa de assim proceder em sua peça recursal. Fl. 1289DF CARF MF 6 A divergência jurisprudencial relativa ao tema de aplicação da retroatividade benigna da multa foi devidamente comprovada. Ambos acórdãos, recorrido e paradigma tratam de fatos geradores de contribuições previdenciárias ocorridas antes da entrada em vigor da MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009 e a Fazenda Nacional de forma clara apontou a divergência entre os julgados: O Colegiado a quo entendeu ser desnecessária a soma do valor da multa da obrigação principal com a multa da obrigação acessória para efeitos de comparação com o que dispõe o art. 35‑ A da lei nº 8.212/91. Diversamente decidiu a 1ª Turma da Quarta Câmara da 2ª Seção do CARF, a qual entendeu que para aferição da multa mais benéfica ao contribuinte deve‑ se somar as multas das obrigações principal e acessória (art. 35, II e art. 32, IV da norma revogada) referentes à sistemática antiga com a multa atual (art. 35‑ A da Lei nº 8.212/91, introduzida pela MP nº 449/2008), em conformidade com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/10/2010. Assim, nos termos do art. 67 e 68 do RICARF, tendo havido o cumprimento dos requisitos formais, conheço de ambos os recursos. Do recurso do Contribuinte: Quanto ao recurso do contribuinte lembramos que a divergência se refere a incidência da contribuição previdenciária sobre valores pagos à título de seguro de vida coletivo na ausência de previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Tratase de tema exaustivamente debatido e que atualmente, embora exista argumento contrário baseado no princípio da legalidade, segue o entendimento construído pelo Superior Tribunal de Justiça e incorporado pela Fazenda Nacional por meio do Parecer da PGFN/CRJ nº 2.119/11. Pertinente transcrever partes do parecer: 1. O escopo do presente Parecer é analisar a possibilidade de se promover, com base no inciso II do artigo 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e no Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, a dispensa de interposição de recursos ou o requerimento de desistência dos já interpostos, com relação às decisões judiciais que fixam o entendimento de que o seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor do grupo de empregados, sem que haja a individualização do montante que beneficia a cada um deles, não se inclui no conceito de salário, afastandose, por conseguinte, a incidência da contribuição previdenciária sobre tal verba. ... 3. O estudo em tela é feito em razão da existência de decisões reiteradas do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que não há incidência de contribuição previdenciária sobre o seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor do grupo de empregados, quando não há a individualização do Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 10640.003656/201082 Acórdão n.º 9202005.319 CSRFT2 Fl. 1.288 7 montante que beneficia a cada um deles, uma vez que se entende, na hipótese, não se tratar de salário. ... 6. Todavia, o Poder Judiciário tem entendido em sentido contrário, restando assente no âmbito do Superior Tribunal de Justiça que o seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor de um grupo de empregados, sem haver individualização do montante que beneficia a cada um deles, não se inclui no conceito de salário. Tal entendimento do STJ tem sido aplicado, inclusive, para o período anterior às modificações promovidas pela Lei nº 9.528/97, fundamentandose que a interpretação teleológica do dispositivo conduziria a tal ilação, porque o empregado não usufruiria, individualmente, o valor pago pelo prêmio. ... 10. Da leitura das decisões acima transcritas é possível depreender a firme posição do STJ contrária ao entendimento da Fazenda Nacional acerca da matéria, que sempre foi no sentido de que, em se tratando de seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor de grupo de empregado, o prêmio do seguro custeado pelo empregador constituiria, em verdade, salárioutilidade, sendo, portanto, base de cálculo das contribuições previdenciárias a cargo do empregador. ... Vale destacar que o parecer cita entre os acórdãos que sustentam a tese, aquele proferido pelo Ministro Mauro Campbell no REsp 660.202/CE cuja ementa recebeu a seguinte redação: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. NÃOINCIDÊNCIA. NECESSIDADE DE PREVISÃO EM CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO (ART. 214, § 9º, INC. XXV, DO DEC. N. 3.048/99, COM A REDAÇÃO DADA PELO DEC. N. 3.265/99). EXIGÊNCIA AFASTADA POR NÃO ESTAR PREVISTA NA LEI N. 8.212/91. 1. Não havendo no acórdão omissão, contradição ou obscuridade capaz de ensejar o acolhimento da medida integrativa, tal não é servil para forçar a reforma do julgado nesta instância extraordinária. Com efeito, afigurase despicienda, nos termos da jurisprudência deste Tribunal, a refutação da totalidade dos argumentos trazidos pela parte, com a citação explícita de todos os dispositivos infraconstitucionais que aquela entender pertinentes ao desate da lide. 2. O art. 214, § 9º, inc. XXV, do Decreto n. 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n. 3.265/99, estabelece que o prêmio de seguro de vida em grupo pago pela pessoa jurídica aos seus empregados e dirigentes não integra o saláriodecontribuição, desde que haja a previsão do pagamento em acordo ou Fl. 1291DF CARF MF 8 convenção coletiva de trabalho. A contrario sensu, a existência de pagamentos sem a referida previsão ensejaria a incidência da exação. 3. Está assentado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que a Lei n. 8.212/91, em sua redação original e com a redação conferida pela Lei n. 9.528/97, não instituiu a incidência de contribuição previdenciária sobre o prêmio de seguro de vida em grupo pago pela pessoa jurídica aos seus empregados e dirigentes. 4. "(...) o seguro de vida em grupo pago pelo empregador para todos os empregados, de forma geral, não pode ser considerado como espécie de benefício ao empregado, o qual não terá nenhum proveito direto ou indireto, eis que estendido a todos uma espécie de garantia familiar, em caso de falecimento. Se de seguro individual se tratasse, não haveria dúvida quanto à incidência, o que, entretanto, não ocorre em relação ao seguro de vida em grupo" (REsp 1121853/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14/10/2009). 5. Logo, irrelevante para esse raciocínio que a exigência para tal pagamento esteja estabelecida em acordo ou convenção coletiva, desde que o seguro seja em grupo e não individual. 6. A regulamentação da Lei n. 8.212/91 por meio do art. 214, § 9º, inc. XXV, do Decreto n. 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n. 3.265/99, extrapolou os limites estabelecidos na norma e acabou por inovar ao estabelecer a necessidade de previsão em acordo ou convenção coletiva para fins de não incidência da contribuição previdenciária sobre o valor do prêmio de seguro de vida em grupo pago pela pessoa jurídica aos seus empregados e dirigentes. 7. A interpretação do art. 28, inc. I, da Lei n. 8.212/91 (redação original e atual) por esta Corte é de que ela não autoriza a incidência de contribuição previdenciária em tais casos (seguro de vida em grupo). Subverter esse raciocínio por força de disposição contida em mero decreto regulamentar é ferir o princípio da estrita legalidade tributária. 8. Por certo, não se afasta a necessidade de que tais pagamentos abranjam a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa, por decorrer da interpretação sistemática da Lei n. 8.212/91, que impõe a incidência nos casos de seguro individual. 9. In casu, estando certo no acórdão recorrido de que se trata de seguro de vida em grupo, deve ser afastada a incidência da contribuição previdenciária, independentemente da existência ou não de convenção ou acordo coletivo. 10. Recurso especial provido Observamos, assim, que o entendimento acima se amolda perfeitamente ao presente caso, pois conforme se verifica do documento de fls. 75 e 76 o seguro contrato pelo contribuinte é seguro de vida na modalidade coletiva/grupo e está disponível a totalidade dos empregados. Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 10640.003656/201082 Acórdão n.º 9202005.319 CSRFT2 Fl. 1.289 9 Em virtude do parecer foi editado o Ato Declaratório nº 12/2011 da Procuradora Geral da Fazenda Nacional o qual autoriza a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: “nas ações judiciais que discutam a incidência de contribuição previdenciária quanto ao seguro de vida em grupo contratado pelo empregador em favor do grupo de empregados, sem que haja a individualização do montante que beneficia a cada um deles.” Por meio de despacho, publicado em 09.12.2011, o Ministro da Fazenda ratificou o Ato Declaratório nº 12/2011, fato de grande importância para desfecho da lide na medida em que nestas circunstâncias tratase de entendimento que vincula os integrantes deste Colegiado por força do art. 62, §1º, II, c da Portaria MF nº 343/15, que aprovou o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: ... II que fundamente crédito tributário objeto de: ... c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; Assim, por força do Parecer PGFN/CRJ nº 2.119/11 c/c art. 62, 'c' do RICARF devem ser excluídos do lançamento o levantamento "SEGURO DE VIDA EM GRUPO LEVANTAMENTO 12". Do recurso da Fazenda Nacional: Inicialmente, diante do provimento dado ao Recurso do contribuinte, importante delimitar o objeto do presente recurso. Considerando que foram excluídos do lançamento o levantamento relativo aos valores pagos à título de seguro de vida em grupo, deve o Recurso da Fazenda Nacional ser conhecido em parte, restringindo a análise dos efeitos da retroatividade benigna apenas em relação as demais verbas lançadas. Assim, analisando a lide, esclareço que cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Fl. 1293DF CARF MF 10 A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262, cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 10640.003656/201082 Acórdão n.º 9202005.319 CSRFT2 Fl. 1.290 11 falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto proferido no Acórdão nº 9202004.499: Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 1295DF CARF MF 12 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 10640.003656/201082 Acórdão n.º 9202005.319 CSRFT2 Fl. 1.291 13 Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação Fl. 1297DF CARF MF 14 do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 10640.003656/201082 Acórdão n.º 9202005.319 CSRFT2 Fl. 1.292 15 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Fl. 1299DF CARF MF 16 Conclusão: Diante do exposto: i) conheço do recurso do Contribuinte e no mérito dou provimento para excluir do lançamento os valores pagos à título de seguro de vida em grupo, e ii) conheço parcialmente do Recurso Especial da Fazenda Nacional, apenas quanto aos efeitos da retroatividade benigna para as demais verbas lançadas, e no mérito dou provimento para determinar o recálculo da multa nos termos da Portaria PGFN/RFB nº 14/2009. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 1300DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.723502/2014-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010, 2011
DEDUÇÕES COM LIVRO CAIXA. DESPESAS DE CUSTEIO. SERVIÇOS DE CARTÓRIO.
A dedução a título de livro caixa depende da comprovação das despesas declaradas, mediante documentação idônea, devidamente escrituradas em Livro Caixa. Somente são dedutíveis as despesas de custeio pagas, necessárias e indispensáveis à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora.
IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA. CARNÊ-LEÃO. CONCOMITÂNCIA.
Não procede a exigência de multa isolada com base na falta de recolhimento do Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física devido a título de carnê-leão, quando cumulada com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas, uma vez possuírem base de cálculo idênticas.
IRPF MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA JUSTIFICATIVA
A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo.
TAXA SELIC. CABIMENTO.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC nº 04).
Numero da decisão: 2201-003.523
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) considerar na base de cálculo do imposto apenas os rendimentos omitidos, caso não tenham sido deduzidos do livro caixa, os valores recolhidos a título de taxa judiciária e FUNDESP/TJ; ii) restabelecer a dedução das despesas com alimentação; iii) excluir a aplicação da multa isolada; e iv) desqualificar a multa de ofício aplicada.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 11/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho (Suplente).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010, 2011 DEDUÇÕES COM LIVRO CAIXA. DESPESAS DE CUSTEIO. SERVIÇOS DE CARTÓRIO. A dedução a título de livro caixa depende da comprovação das despesas declaradas, mediante documentação idônea, devidamente escrituradas em Livro Caixa. Somente são dedutíveis as despesas de custeio pagas, necessárias e indispensáveis à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA. CARNÊ-LEÃO. CONCOMITÂNCIA. Não procede a exigência de multa isolada com base na falta de recolhimento do Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física devido a título de carnê-leão, quando cumulada com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas, uma vez possuírem base de cálculo idênticas. IRPF MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA JUSTIFICATIVA A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. TAXA SELIC. CABIMENTO. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC nº 04).
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 05 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10120.723502/2014-11
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5716985
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 05 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.523
nome_arquivo_s : Decisao_10120723502201411.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
nome_arquivo_pdf_s : 10120723502201411_5716985.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) considerar na base de cálculo do imposto apenas os rendimentos omitidos, caso não tenham sido deduzidos do livro caixa, os valores recolhidos a título de taxa judiciária e FUNDESP/TJ; ii) restabelecer a dedução das despesas com alimentação; iii) excluir a aplicação da multa isolada; e iv) desqualificar a multa de ofício aplicada. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora. EDITADO EM: 11/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho (Suplente).
dt_sessao_tdt : Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
id : 6742279
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950368370688
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 28; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1843; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10120.723502/201411 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.523 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de março de 2017 Matéria IRPF Recorrente MARIA ELIAS DE MELO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010, 2011 DEDUÇÕES COM LIVRO CAIXA. DESPESAS DE CUSTEIO. SERVIÇOS DE CARTÓRIO. A dedução a título de livro caixa depende da comprovação das despesas declaradas, mediante documentação idônea, devidamente escrituradas em Livro Caixa. Somente são dedutíveis as despesas de custeio pagas, necessárias e indispensáveis à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA. CARNÊLEÃO. CONCOMITÂNCIA. Não procede a exigência de multa isolada com base na falta de recolhimento do Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física devido a título de carnêleão, quando cumulada com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas, uma vez possuírem base de cálculo idênticas. IRPF MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA JUSTIFICATIVA A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. TAXA SELIC. CABIMENTO. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC nº 04). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 35 02 /2 01 4- 11 Fl. 2940DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) considerar na base de cálculo do imposto apenas os rendimentos omitidos, caso não tenham sido deduzidos do livro caixa, os valores recolhidos a título de taxa judiciária e FUNDESP/TJ; ii) restabelecer a dedução das despesas com alimentação; iii) excluir a aplicação da multa isolada; e iv) desqualificar a multa de ofício aplicada. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 11/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho (Suplente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Contra a contribuinte, acima identificada, foi lavrado Auto de Infração – Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, fls. 2796/2819, relativo aos anoscalendário de 2010/2011, exercício de 2011/2012, para formalização de exigência e cobrança de crédito tributário no valor total de R$ 11.875.336,47. As infrações apuradas pela Fiscalização, relatadas na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 2797/2807, foram as seguintes: OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA Omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, decorrentes de trabalho sem vínculo empregatício. sujeitos ao recolhimento mensal obrigatório, conforme descrição dos fatos e enquadramento jurídico (legal e demais normas pertinentes), delineada, a seguir. Portanto, a presente infração fiscal resulta de omissão de rendimentos correspondente a serviços prestados pelo Fl. 2941DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 3 3 contribuinte e demandados por seus clientes na área cartorária, conforme demonstrada adiante. Os procedimentos de fiscalização sobre a contribuinte Maria Elias de Melo, cpf n° 335.612.57100 foram estabelecidos em conformidade com a Portaria RFB n° 3.014, de 29 de junho de 2011, sobretudo, pertinentes art. 4º e seu parágrafo único levando à abertura do Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização n° 01.2.01.002013008857 (LOCAL) pela autoridade competente em 10 de setembro de 2013 (fls. 59/62). Desse procedimento fiscal, o fiscalizado tomou ciência regular pelos Correios, à luz do aviso de recebimento (AR), conforme inscrições RA 05539695 2 BR (fls. 61/62). Procedeu a sua resposta àquele termo de inicio de procedimento fiscal, consoante documento, de 08 de outubro de 2013, às fls. 18/29. Assim, a contribuinte, por intermédio de sua representante, Srª Russele Ribeiro Barros [fl. 21] entregou ao Serviço de Fiscalização (Sefis) os livros Caixa, de 2010 e de 2011, e as vias dos recibos de entrega de suas declarações de ajuste sobre o Imposto de Renda da Pessoa Física daqueles anoscalendário (fls. 18/29, e 63/2.738). Contudo, da análise dos respectivos livros Caixa pelo Sefis, este Serviço constata que deles não constam as assinaturas dos termos de abertura e de encerramento, respectivos, levando esta fiscalização à emissão do termo de constatação e de intimação, de n° 78, para a interessada comparecer à Receita, a fim de sanear o aludido vício (fls. 56/58). Com efeito, em 26 de março de 2013, a fiscalizada comparece ao Sefis, assina os devidos termos, de abertura e de encerramento daqueles livros, e recebe, em devolução, deste Serviço, tais livros devidamente por ela assinados, acompanhados de mais oito livros, que carregam os documentos, que, segundo a interessada agasalham suas deduções relativas a despesas lançadas em seus livros Caixa (fls. 360/364). Com o fim de facilitar a identificação pelo leitor dos totais lançados, mensalmente, em 2010 e 2011, pela fiscalizada em seus livros Caixa, extraímos deles cópias das folhas, que consolidam as despesas e as receitas, assim, traduzidas pela contribuinte naqueles livros (fls. 365/392). Das Dirpf/(2012/2011 e 2011/2010), transmitidas (ND: 01/14.194.510 e ND: 01/14.292.227, respectivamente) pela interessada à Receita (fls. s04a/b), constam (i) para o ano calendário 2011, receita R$ 6.776.989,96 e despesa = RS 6.134.324,61 [fls. 13/17(14)], e (ii) para o anocalendário 2010, receita = R$ 5.463.522,48 e despesa = R$ 5.082.132,10 [fls. 7/12(9)]. Desse procedimento da interessada, resulta, para os anoscalendário. 2011 e 2010, respectivamente, os valores R$ 167.525,87 (fl. 17) e RS 96.071,72 (fl. 12) para o imposto em análise. Com efeito, a fim de se atender ao princípio da verdade material, dentre outros, um dos, que norteia o procedimento fisco tributário, este Serviço, subsidiariamente, com fulcro em dispositivo processualista civil (art 332), circulariza o Tribunal Fl. 2942DF CARF MF 4 de Justiça do Estado de Goiás sobre esses dados/informações prestados pela fiscalizada ã Receita Federal, conforme ofício n° 415/2013 (fl. 36). Dessa circularização, resulta que o Cartório da Comarca de Aparecida de Goiânia, titular a Srª Maria Elias de Melo CPF 335.612.57100, ofereceu àquele Tribunal de Justiça e ã Receita Federal (i) valores de receita em níveis bastante divergentes, para um e outro destinatários, mas (ii) com a indicação dos valores referentes ao Fundesp e à taxa judiciária em montantes relativamente idênticos. Assim, vejamos alguns aspectos desses detalhes como a seguir Primeiro: Para a Receita Federal, o aludido Cartório declara que, em 2010 e 2011, recebeu de pessoas físicas como contrapartida dos seus serviços prestados sem vínculo empregatício os montantes de RS 5.463.522,48 e RS 6.776.989,96 (fls. 8 e 14), respectivamente; enquanto repassa ao Tribunal de Justiça de Goiás os montantes de RS 8.859.265,81 e de RS 11.263.762,70, respectivamente, como devidos ao Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Poder Judiciário FundespPJ em 2010 e 2011 (fls. 41 e 43). Esse Fundo, conforme prescreve o art. 59, da Lei n° 14.376, de 2002, que estatui o Regimento de Custas e Emolumentos do Estado de Goiás, corresponde a 10% dos valores dos emolumentos recebidos pelo Cartório no período. Dessa forma, o referido Cartório informou àquele Tribunal que, em 2010 e 2011, os seus recebimentos atingem os patamares de R$ 8.592.658,10 e R$ 11.263.762,70 (fls. 41, 43 e quadro III a,_b, fl. 2.795). Com efeito, os montantes dos recebimentos omitidos pelo Cartório à Receita Federal, em 2010 e 2011, correspondem a RS 3.129.135,62 e R$ 4.486.772,74, respectivamente (fl. 2.795, coluna 'RECEITA OMITIDA'). Segundo: Contudo, este Serviço, ao proceder a análise dos valores da despesas, declarados pelo Cartório á Receita, como encargos seus incorridos em 2010 e em 2011, e de certa forma, analiticamente, apresentados em sua escrituração dos livros Caixa, constatamos que, do lado da despesa, a titular do Cartório, Srª Maria Elias de Melo CPF 335.612.57100, considera como despesa efetivada valores idênticos aos montantes por ela repassados ao Tribunal a título de Fundesp TJ. Essa constatação passaremos a evidenciála a seguir. Mediante o estudo analítico dos componentes da despesa, que a interessada declara à Receita e escritura o seu livro Caixa em janeiro de 2010, este Serviço de Fiscalização (Sefis) efetua o cotejo daqueles componentes da despesa, e mostra as possíveis conclusões, que poderão ser extraídas sobre os dados e informações apresentados pelo quadro Ia (fls. 2.791/93). Desse quadro, concluímos que, sobretudo, ao extrair as conclusões de sua base consolidada, (i) dos valores, lançados como despesa e apresentados, sob a ótica da guia de recolhimento simplificado GRS, constam aqueles que se tratam do Fundesp (5045) e da taxa judiciária (5029); assim, demonstra tal cotejo de janeiro/2010, que o total da despesa, lançado via GRS, de R$ 118.354,44, corresponde, exatamente, àqueles valores que o Tribunal de Goiás informa como devidos a taxa judiciária (de janeiro/2010: R$ 59.040,64) e ao Fundesp (de janeiro/2010: 59.313,80) [fls. 2.791/93, c/c. fl. 43 e fls 63/76]. (ii) do total da despesa incorrida, em janeiro de 2010, R$ 278.690,22, a fiscalizada, corretamente, trata como indedutível R$ 2.067,00, inclusive, conforme sua resposta ao termo de constatação e de Fl. 2943DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 4 5 intimação fiscal, de n° 85 (fls. 2.762/75, sobretudo, fl. 2.763), tratandose assim como despesa dedutível, naquele mês, sob a ótica da interessada, o montante de R$ 276.623,22, que fora levado pelo Sefis para compor o quadro III a b DETERMINAÇÃO DA OMISSÃO RECEITA e DA GLOSA DESPESAS DE 2011/2010 e DE 2012/2011 (fls. 2.795, 2.793 e 2.763); (iii) tal cotejo mostra, também, que, os valores lançados pela fiscalizada como rendimentos ('receita') do mês de janeiro fundese em R$ 374.713,99, significativamente, inferior àquele valor apurado pelo Sefis, via circularização pelo Tribunal, de R$ 593.138,00, ofertando omissão de receita tributária na cifra de RS 218.424,01 (fls. 2.791/93, 2.795, c/c, fls. 8, 14, 43 e 63/76). Nesse viés, a fim de trazer à lume alguns esclarecimentos sobre os repasses obrigatórios pelo Cartório ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, destacamos os dispositivos, abaixo, daquela Lei estadual n° 14.376, de 27 de dezembro de 2002. "Art. 1º As custas processuais e os emolumentos devidos pela prática de atos relativos aos serviços notariais e de registro, oficializados ou não, são cobrados e recolhidos de acordo com este Regimento, não se permitindo interpretação analógica, adoção de paridade ou de qualquer outro fundamento para a cobrança de situações não previstas nas respectivas tabelas. Art. 19 Os valores das custas, dos emolumentos e da taxa judiciária, que constituem receita judicial, serão recolhidos em favor do Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Poder Judiciário FUNDESPPJ, instituído pela Lei n° 12.986, de 31 de dezembro de 1996. Art. 36 São isentos de custas e emolumentos: (...) Art. 43 Ressalvado o disposto no art. 36, é vedada a concessão de qualquer desconto sobre os valores constantes das tabelas integrantes do Anexo desta Lei, sob pena de o infrator sujeitarse [...] Art. 59 Relativamente aos atos dos Tabelionatos de Notas, Tabelionatos e Registros de Contratos Marítimos Tabelionatos de Protestos de Títulos, Registros de Imóveis, Registros de Títulos e documentos e Registros Civis das Pessoas Jurídicas, 10% (dez por cento) do valor total fixado como emolumentos constituirão receita do Estado de Goiás Com efeito, os comandos dessa Lei estadual c/c, os dispositivos jurídicos, de origem substantiva, que regem as relações entre os sujeitos, ativo e passivo, da ordem tributária, acompanhados (i) dos dados/informações prestados pela titular do Cartório, Sra Maria Elias de Melo CPF 335.612.57100, à Receita Federal, mediante a transmissão eletrônica de suas Dirpf/(2012/2011 e 2011/2010), a entrega, e posterior aposição de assinatura nos termos de abertura e encerramento, dos livros Caixa de 2011 e de 2012 (fls, 7/17 e 63/359), (ii) da entrega dos documentos, que Fl. 2944DF CARF MF 6 a interessada faz para agasalhar as despesas lançadas em seus livros Caixa, de 2010 e de 2011 (fls. 393/2.738), (iii) da resposta da contribuinte ao termo de intimação, de n° 85, que apresenta os valores dos documentos, que a interessada escritura como despesas indedutíveis naqueles livros Caixa (fls. 2.745/75), e finalmente,(iv) da resposta do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás ao ofício n° 415/2013/Sefis/DRF/GOI (fls. 36/55) autorizam este Serviço estruturar o quadro III a_b DETERMINAÇÃO DA OMISSÃO RECEITA e DA GLOSA DESPESAS DE 2011/2010 e 2012/2011 (fl. 2.795). Desse quadro III, vislumbramos que, do lado da RECEITA, a obtenção dos montantes mensais da RECEITA OMITIDA encontra sua base nos valores das colunas à esquerda conforme informações, a respeito, obtidas do TJ/GO (daí, a receita mensal apurada), que frente à RECEITA DECLARADA pela fiscalizada, o Sefis obtém aquela OMITIDA (fl. 2.795, colunas à esquerda do quadro III a b). A metodologia de obtenção da despesa glosada encontra seus esclarecimentos conforme descrição dos fatos e do direito para a infração de n° 02 adiante. Do exposto, diante das circunstâncias, de fato e de direito (enquadramento jurídico adiante), que agasalham as constatações demonstradas pelo respectivo procedimento fiscal, resta configurada a presente infração, consistente na omissão de informações pela contribuinte, em suas Dirpf/(2012/2011 e 2011/2010), de parte de seus rendimentos provenientes de sua atividade no citado Cartório em Aparecida de Goiânia. Disso, e acompanhada a subsunção de tais fatos aos comandos da Lei n° 8.137, de 1990 (define crimes contra a ordem tributária ...) da Lei n° 9.430, de 1996, e do Regulamento do Imposto de Renda (art. 957, II), consubstanciase a emissão deste Auto (AI), com multa de cento e cinqüenta por cento sobre o imposto lançado frente à infração exposta. Disso caracterizase como devido o lançamento para a respectiva constituição do crédito tributário. Enquadramento jurídico (legal e demais normas pertinentes) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em especial, cap. VI, arts. 145 a 169, e art. 5º, e suas alterações posteriores; Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN), sobretudo, arts. 43 e 149, em especial, incisos I, IV, V, VI, VII e parágrafo único, e suas alterações posteriores; Lei n° 7.713 de 1988, em especial, arts. 1º 2º, 3°e §§, e 8º; Lei n° 8.012, de 1990; Lei n° 8.134, de 1990, sobretudo, arts. 1º a 4º; Lei n° 8.137, de 1990, em especial, arts. 10 e 2º; Lei n° 8.383, de 1991; Lei n° 8.848, de 1994; Lei n° 9.250, de 1995: Lei n° 9.430, de 1996, em especial, art. 44, II, e § 2º, I; Lei n° 11.482, de 2007 (com a nova redação dada pela Lei rt° 11.945, de 2009), art. 1º, inc. IV e V, e parágrafo único; Lei n° 5.869, de 1973 (Código de Processo Civil), em especial, art. 332, e suas alterações posteriores; Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99), sobretudo, arts. 37, 38, 45, I, 106. I, 109, 111, 835, 841, 844, 845, 904, 907, 910 e 957, II; Lei n° 14.376, de 2002, do Estado de Goiás, em especial, arts. 43 e 59; e, Portaria RFB n° 3.014, de 29 de junho de 2011, vigência a partir de 1º de agosto de 2011. (os valores apurados consta do quadro demonstrativo às fls. 2801/2802) Fl. 2945DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 5 7 Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2010 e 31/12/2010: Arts. 37, 38, 45, 55, incisos I a IV, VI, VIII, X, XIV, XVI e XVII, 56, 106, inciso I, 109 e 110 do RIR/99 Art. 1º, inciso IV e parágrafo único da Lei n° 11.482/07, com a redação dada pela Lei n° 11.945/09 Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2011 e 31/12/2011: Arts. 37, 38, 45, 55, incisos I a IV, VI, VIII, X. XIV. XVI e XVII. 56, 106, inciso I, 109 e 110 do RIR/99 Art. 1o, inciso V e parágrafo único, da Lei n° 11.482/07, incluído pela Lei n° 12.469/11. 02 DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO (AJUSTE ANUAL) DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA Redução da base de cálculo do imposto de renda apurado na Declaração de Ajuste Anual com dedução a título de Livro Caixa, pleiteada indevidamente, conforme descrição dos fatos e do direito, delineada, a seguir. Para verificar a adequação da natureza das despesas, lançadas pela interessada nos livros Caixa, às exigências das regras tributárias, e confirmar a habilitação das despesas dedutíveis nos respectivos livros, o Sefis procede a análise de cada um dos lançamentos, efetivados pela fiscalizada naqueles livros. Por amostragem, extrai o mês de janeiro de 2010, para cotejo dos valores assim lançados. Da metodologia empregada, este Serviço apresenta os resultados obtidos à luz dos quadros I, Ia e II a_b (fls. 2.781/94). Os resultados assim apresentados encontramse em harmonia com os breves delineamentos sobre a habilitação das despesas, frente à legislação tributária, a fim de que a contribuinte possa lançálas nos seus livros Caixa. As despesas, consignadas em livro Caixa, devem guardar estreita correlação com as atividades da contribuinte. Apenas as despesas de consumo (correntes) podem ser dedutíveis no livro Caixa. Portanto, despesas de capital com aquisição de bens e direitos, ainda que indispensáveis ao exercício da atividade, e com vida útil superior ao período de um exercício, como mobiliário, em geral, máquinas, equipamentos, dentre outras, são aplicações na atividade produtiva da contribuinte pessoa física indedutíveís no livro Caixa. Com efeito, a legislação tributária admite como deduções no livro Caixa, desde que devidamente comprovadas por documentos, hábeis e idôneos, i. e., documentos munidos dos requisitos de validade intrínsecos e extrínsecos. Com efeito, daqueles quadros I (analítico) e II a_b (sintéticos), constam glosas das despesas (i) com alimentação dos empregados, por se tratar de mera liberalidade da titular do Cartório, não possuindo tal despesa caráter de essencialidade à obtenção da receita ou de que seja indispensável à manutenção da fonte produtora, não se encaixando no rol de despesas de custeio, (ii) contribuições a órgãos de classe/associação, por não restar demonstrada nos autos a imprescindibilidade dessas contribuições à percepção dos rendimentos auferidos pelo Cartório, sendo considerada pela legislação tributária com Fl. 2946DF CARF MF 8 despesa indedutível, (iii) remuneração a terceiro, pelos serviços prestados de fisioterapia, por se tratar de ato de mera liberalidade da titular do Cartório, e não restar demonstrada a essencialidade desses serviços à manutenção da atividade cartorária, (iv) remuneração a terceiros por citados serviços advocatícios prestados ao Cartório apesar de considerável bojo documental, a respeito, constantes dos autos, não se constata documento, hábil e idôneo, para afastar da glosa tais despesas lançadas pela interessada em seus respectivos Livros sob análise, (v) descontos concedidos por atos e registros, tratamse tais descontos de atos de mera liberalidade da titular do Cartório prescreve o art. 43, da Lei estadual n° 14.376, de 2002, v.g., "(ressalvado o disposto no art. 36, é vedada a concessão de qualquer desconto sobre os valores constantes das tabelas integrantes do Anexo desta Lei, sob pena de o infrator sujeitar se [...]", e (vi) dos valores relativos a taxa judiciária, por desempenhar o Cartório, neste caso, o papel de mero substituto tributário (fls. 37/55). Daquela adequação, conforme devidamente delineada e demonstrados os conseqüentes resultados pelos quadros I, Ia e III a_b, este Serviço efetua a glosa de despesas nos montantes de R$ 3.295.834,77 e R$ 3.517.014,67, respectivamente, lançadas nos livros Caixa, de 2010 e de 2011 (fl. 2.794). Dessa forma, tais valores encontramse remetidos ao quadro III a_b, coluna DESPESA GLOSADA, para compor os valores mensais dessa infração de n° 02 (fl. 2.795). Aliadas essas glosas de despesas àquelas receitas omitidas, o total da infração tributária cometida pela contribuinte, em 2010 e2011, respectivamente, resta em R$ 6.424.970 39 e R$ 8.003.787,41 (fl. 2.795). Do exposto, diante das circunstâncias, de fato e de direito (enquadramento jurídico adiante), que agasalham as constatações demonstradas pelo respectivo procedimento fiscal, resta configurada a presente infração, consistente em despesas, pleiteadas pela interessada no livro Caixa, indevidamente, e glosadas de oficio pela Fiscalização. Disso, acompanhada a subsunção de tais fatos aos comandos da Lei n° 8.137, de 1990 (define crimes contra a ordem tributária ... ), da Lei n° 9.430, de 1996, e do Regulamento do Imposto de Renda (art. 957 II), consubstanciase a emissão deste Auto (Al), com multa de cento e cinqüenta por cento sobre o Imposto lançado, frente à infração exposta. Disso caracterizase como devido o lançamento para a respectiva constituição do crédito tributário Enquadramento jurídico (legal e demais normas pertinentes) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em especial, cap. VI, arts. 145 a 169. e art 5º, e suas alterações posteriores; Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN), sobretudo, arts. 43, 142, parágrafo único, e 149, em especial, incisos I, IV, V, VI, VII e parágrafo único, e suas alterações posteriores, Lei n° 8.134, de 1990, sobretudo, art. 6° §§ 2º e 3º: Lei n° 8.137, de 1990, em especial, arts. 1º e 2º; Lei n° 8.383, de 1991, em especial, arts. 9º e 10, inciso III; Lei n° 9.250, de 1995, sobretudo, arts. 4º, inc. I, e 34, § 1°: Lei n° 9.430, de 1996, em especial, art. 44, II, e § 2° I; Lei n° 11.482, de 2007, em especial, art. 1º, incisos IV e V, e parágrafo único; Lei n° 5.869, de 1973, Fl. 2947DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 6 9 sobretudo, art. 332, e suas alterações posteriores; Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99), em especial, arts. 75, incisos I a I a III, e 75 e §§, em especial, § 2°, 83, 841 e 957, II; e, Lei n° 14.376, de 2002, do Estado de Goiás, em especial, arts. 43 e 59 Portaria RFB n° 3.014, de 29 de junho de 2011, vigência a partir de 1º de agosto de 2011 (os valores apurados consta do quadro demonstrativo às fls. 2804/2805) Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2010 e 31/12/2010. Arts. 73, 75, 76, 83 e 841 do RIR/99, Art. 1°, inciso IV e parágrafo único da Lei n° 11.482/07, com a redação dada pela Lei n° 11,945/09 Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2011 e 31/12/2011: Arts. 73. 75, 76, 83 e 841 do RIR/99, Art. 1°, inciso V e parágrafo único, da Lei n° 11.482/07, incluído pela Lei n° 12.469/11. 03 MULTAS APLICÁVEIS À PESSOA FÍSICA FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPF DEVIDO A TÍTULO DE CARNE LEÃO A contribuinte deixou de efetuar parte do recolhimento mensal obrigatório (carnêleão), motivo pelo qual se aplica a presente multa isolada, conforme descrição dos fatos e enquadramento jurídico (legal e demais normas pertinentes), a seguir, delineada. A contribuinte efetuou o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão) somente da receita declarada, inferior à receita apurada pelo Serviço de Fiscalização (Sefis), motivo pelo qual se aplica a presente multa isolada conforme descrição dos fatos e do direito, delineada, a seguir. Essa infração, de n° 03, trata da aplicação da multa isolada, no caso, haja vista a efetivação de pagamento apenas parcialmente, pela interessada, dos valores do Imposto devido, a título de sua antecipação via CarnêLeão, correspondentes a rendimentos recebidos daquelas pessoas pela fiscalizada (quadro III a_b, fl. 2.795), à luz do citado quadro, que revela os valores omitidos pela interessada em suas Dirpf/(2012/2011 e 2011/2010). Os valores das bases de cálculo, para os anoscalendário fiscalizados, encontramse facilmente identificados pelas colunas (à direita) versus linhas do demonstrativo quadro III a_b (fl. 2.795). Com efeito os valores dessa multa, para os aludidos anoscalendário, traduzem em R$ 455.220,65 e R$ 629.910,37, totalizando R$ 1.085.131,02. A constatação desse fato subsumese, integralmente, ao regramento tributário disposto pelo art. 44, II, da Lei n° 9.430, v.g., "(n)os casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas [...] II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8°, da Lei n° 7 713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado [...]". O referido art. 8º dispõe que "(fica sujeito ao pagamento do imposto de renda [...] a pessoa física que receber de outra [...] rendimentos que não tenham sido Fl. 2948DF CARF MF 10 tributados na fonte, no País", a exemplo do caso vertente, objeto dessa ação fiscal. Enquadramento jurídico (legal e demais normas pertinentes) Art. 8º, da Lei n° 7.713, de 1988, c/c, arts. 43 e44, inciso II, alínea "a", da Lei n° 9.430, de 1996, com redação dada pelo art. 14, da Lei n° 11.488, de 2007, c/c, art. 106, caput e inc. I, e 957, parágrafo único, inc. Ill, do RIR/99, e art. 8º, da Lei n° 7.713, de 1988, c/c, arts. 43 e 44, inciso II, alínea "a", da Lei n° 9.430, de 1996, com redação dada pelo art. 14, da Medida Provisória n° 351, de 2007. (os valores apurados consta do quadro demonstrativo à fl. 2806). Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2010 e 31/03/2011: Arts. 106 e 961 do RIR/99, combinados com os arts. 43 e 44, inciso II, alínea "a" da Lei n° 9.430/96, com redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11 488/07. Art. 1º, inciso IV da Lei n° 11.482/07, com a redação dada pela Lei nº 11.945/09. Fatos geradores ocorridos entre 01/04/2011 e 31/12/2011: Arts. 106 e 961 do RIR/99, combinados com os arts. 43 e 44, inciso II, alínea "a" da Lei n° 9.430/96. com redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/07. Art. 1º, inciso V, da Lei n° 11.482/07, incluído pela Lei nº 12.469/11. Fazem parte do presente auto de infração todos os termos, demonstrativos, anexos e documentos nele mencionados; inclusive as notas, as codificações legendadas, os comentários e demais correlatos, porventura apresentados. Inconformada com a exigência, da qual tomou ciência em 05/06/2014, fl. 2855/2857, a contribuinte apresentou impugnação em 03/07/2014, fls. 2838/2850, alegando o que se segue: IMPUGNAÇÃO em face do Auto de Infração em epígrafe, lavrado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Goiânia (GO), do qual foi regularmente intimada em 05/06/2014, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir articuladas. I DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE A presente Impugnação é tempestiva, eis que apresentada dentro do trintídio legal a que alude o art. 15 do Decreto n° 70.235/1972. Em atendimento a exigência contida no inciso V, do art. 16, do Decreto n° 70.235/1972, incluído pela Lei n° 11.196/2005, a Impugnante informa que a matéria ora impugnada não foi submetida à apreciação judicial, razão pela qual deixa de juntar cópia da petição ali referida. II DOS FATOS Fl. 2949DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 7 11 O presente auto de infração foi lavrado sob o argumento de que, durante o procedimento fiscal realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Goiânia, foram encontradas omissões de rendimentos recebidos de pessoa física, decorrente de trabalho sem vínculo empregatício, sujeito à tributação mensal obrigatória (carnêleão). Segundo os fatos narrados na inicial, haveria uma diferença entre o imposto declarado pela contribuinte e o montante supostamente encontrado pela Sefis, e que a mesma teria deixado de efetuar o recolhimento mensal obrigatório (carnê leão) deste hipotético valor, motivo pelo qual aplicou multa isolada. Outrossim, entendeu o Nobre fiscal que restou configurada a omissão de informações de parte de seus rendimentos provenientes da atividade cartorária, consubstanciando em aplicação de multa de 150% sobre o imposto lançado, bem como sobre a glosa de despesas pleiteadas no livro Caixa. Para melhor elucidar segue a descrição dos fatos, in verbis: Do exposto, diante das circunstâncias, de fato e de direito (enquadramento jurídico adiante), que agasalham as constatações demonstradas pelo respectivo procedimento fiscal, resta configurada a presente infração, consistente na omissão de informações pela contribuinte, em suas Dirpf/(2012/2011 e 2011/2010) de parte de seus rendimentos provenientes de sua atividade no citado Cartório em Aparecida de Goiânia. Disso, e acompanhada a subsunção de tais fatos aos comandos da Lei n° 8.137, de 1990 (define crimes contra a ordem tributária...), da Lei n° 9.430, de 1996, e do Regulamento do Imposto de Renda (art. 957, II), consubstanciase a emissão desse Auto, com multa de cento e cinqüenta por cento sobre o imposto lançado frente à infração exposta. (...) Do exposto, diante das circunstâncias, de fato e de direito (enquadramento jurídico adiante), que agasalham as constatações demonstradas pelo respectivo procedimento fiscal, resta configurada a presente infração, consistente em despesas, pleiteadas pela interessada no livro Caixa, indevidamente, e glosadas de ofício pela Fiscalização. Disso, acompanhada a subsunção de tais fatos aos comandos da Lei n° 8.137, de 1990 (define crimes contra a ordem tributária...), da Lei n° 9.430, de 1996, e do Regulamento do Imposto de Renda (art. 957, II), consubstanciase a emissão Auto, com multa de cento e cinqüenta por cento sobre o imposto lançado frente à infração exposta. (...) É de suma importância esclarecer que a receita considerada pela fiscalização como efetivamente auferida pela Impugnante decorreu de aferição indireta, na medida em que foi utilizado Fl. 2950DF CARF MF 12 como parâmetro o valor das taxas judiciárias recolhidas à razão de 10% (dez por cento) do preço de tabela dos serviços notariais e, a partir delas, chegouse à base de cálculo. (...). III DO DIREITO 3.1. Do levantamento da base de cálculo do imposto lançado apenas com base em informações prestadas por terceiros (TJ/GO): Conforme consta dos autos, a base de cálculo para o lançamento do tributo, sob a acusação de omissão de rendimentos, teve por fundamento apenas e tãosomente as informações prestadas pelo Tribunal de Justiça goiano. Tal procedimento, contudo, é condenável, haja vista que não restou comprovado, nos autos do processo em tela, a impossibilidade de se aferir os rendimentos efetivamente obtidos. Com efeito, as informações prestadas pelo Tribunal de Justiça serviriam, quando muito, apenas como indícios de suposta omissão de rendimentos, não sendo, portanto, suficientes para, por si só, autorizar a apuração da base de cálculo dessa reputada omissão. É que a omissão de rendimentos, baseada em certos indícios, há de repousar, comparativamente, em dados concretos, objetivos e coincidentes, sólidos em sua estruturação, e não em uma opção simplista, baseada em prova emprestada, cujos dados levantados não são conclusivos. Assim deve ser porque a prova emprestada há de servir apenas como indicador da irregularidade e não como fato incontestável, presuntivo de rendimentos e, dessa forma, sujeito à incidência do imposto de renda. Ora, o fato de haver a contribuinte repassado valores ao FUNDESPE/JT, em um montante equivalente a 10% do total dos emolumentos que deveriam ter sido arrecadados, não quer dizer que a mesma efetivamente arrecadou tal montante, pois, em muitos casos, os serviços foram prestados de forma graciosa. De fato, para que haja a incidência do imposto de renda não basta a presunção simples de ingresso de riqueza nova. É necessário mais, é preciso que se comprove que houve acréscimo patrimonial. Imperioso se faz esclarecer, nesse passo, que o patrimônio da contribuinte pode sofrer tanto diminuição (decréscimo patrimonial) quanto aumento (acréscimo patrimonial). Neste último caso, o seu patrimônio só poderá ser considerado acrescido se houver a comprovação de ingresso de riqueza nova, e as informações prestadas por terceiros, por si só, não são suficientes para comprovar ingresso dessa mesma riqueza, podendo, em última análise, apenas representar indício (presunção simples) de que tal ocorreu. Acerca de presunção, eis o ensinamento do insuperável mestre Alfredo Augusto Becker: Fl. 2951DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 8 13 A observação do acontecer dos fatos segundo a ordem natural das coisas, permite que se estabeleça uma correlação natural entre a existência do fato conhecido e a probabilidade de existência do fato desconhecido. A correlação natural entre a existência de dois fatos é substituída pela correlação lógica. Basta o conhecimento da existência de um daqueles fatos para deduzirse a existência do outro fato cuja existência efetiva se desconhece, porém temse como provável em virtude daquela correlação natural. Presunção é o resultado do processo lógico mediante o qual do fato conhecido cuja existência é certa infere se o fato desconhecido cuja existência é provável. Cabe, portanto, esclarecer que a presunção se insere no âmbito da prova, entendendo esta como o ato de demonstrar que ocorreu ou deixou de ocorrer determinado fato. Sendo, portanto, correto afirmar que a presunção representa uma prova indireta, ou seja, é parte do acontecimento de fatos indiciários que apontam para a existência de um fato principal, este desconhecido, mas relacionado diretamente com o fato conhecido. Desta forma, entre o fato conhecido e o fato desconhecido deve haver um liame direto e seguro, não devendo pairar dúvidas quanto à concretização dessa correlação, pois, de outra forma, tornase indevida a aplicação do conceito de presunção ao caso concreto. Assim, com relação às pessoas físicas, há se concluir que as informações prestadas por terceiros somente devem ser consideradas, para fins de tributação, quando verificada sua correlação com outro fato representativo de ingresso de riqueza nova (acréscimo patrimonial). Em situações assemelhadas à presente, onde o fisco federal lavrou autos de infração com base apenas em informações prestadas por terceiros (naqueles caso o fisco estadual), o C. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de forma absolutamente correta, firmou entendimento de que tais informações, isoladamente, não poderiam respaldar a constituição do crédito tributário, in verbis: PROVA EMPRESTADA A prova emprestada do fisco estadual, por si, não justifica a exigência na área federal. Não deve ser admitida a lavratura de auto de infração com base em prova emprestada pelo fisco Estadual, quando os elementos carreados aos autos não são suficientes à verificação da ocorrência do fato gerador do imposto de renda e à determinação da matéria tributável. (Acórdão n° 10513076). OMISSÃO DE RECEITA PROVA EMPRESTADA A prova emprestada pelo fisco estadual na apuração de omissão de receita só é admitida quando o fisco federal carreie aos autos elementos que caracterizem a infração detectada. (Acórdão n° 10804495). Fl. 2952DF CARF MF 14 OMISSÃO DE RECEITAS PROVA EMPRESTADA DO FISCO ESTADUAL A prova emprestada do fisco estadual, por si só, não justifica a exigência na área federal, fazendose necessário um aprofundamento do trabalho fiscal, com vistas a reunir elementos que emprestem ao lançamento, relativo ao imposto de renda pessoa jurídica, a característica da certeza. (Acórdão n° 10318739) OMISSÃO DE RECEITAS OPERACIONAIS DIFERENÇAS ENTRE GUIAS ESTADUAIS E A RECEITA ESCRITURADA PELO CONTRIBUINTE ANOSCALENDÁRIO DE 1995 A 1998 Excepcionados os casos que tenham por base presunções expressamente previstas em Lei, qualquer outro lançamento tributário que considere ocorrida omissão no registro de receitas, deve repousar em elementos concretos, objetivos, sólidos em sua estruturação, e tecnicamente consistentes. Embora possa ser tomado como veemente indício, a diferença entre as saídas informadas ao fisco estadual e as receitas declaradas ao fisco federal não se reveste dos elementos essenciais para justificar a presunção simples de omissão de receitas, sem que o fisco esgote o campo probatório. (Acórdão n° 10706692). Aqui o entendimento deve ser idêntico, pois se as informações fornecidas pelo fisco estadual não servem para atestar o ingresso de riqueza nova, enquanto causa de incidência do imposto de renda, com maior razão não se prestarão, também, as informações disponibilizadas pelo Tribunal de Justiça. Não se pode perder de vista que o imposto de renda devido pelo contribuinte pessoa física é informado pelo regime de caixa, de modo que somente com a prova do fluxo financeiro é possível determinar o aspecto temporal do fato gerador. Nesse caso, ainda que a Impugnante houvesse cobrado pela totalidade dos serviços, mas deixado de receber determinado valor, a base de cálculo seria a apenas a somatória mensal dos valores recebidos. Pelo exposto, concluise, pois, que também por essa razão o lançamento não pode prosperar, devendo, assim, ser cancelado, em sua integralidade. IV DA GLOSA DE DESPESAS Além da infundada omissão de rendimentos, aquela fiscalização promoveu a glosa de inúmeras despesas sob a falsa premissa de que as mesmas não mantinham relação com a percepção dos rendimentos. Contudo, ao que demonstram as explicações a seguir, todos os gastos foram necessários à percepção dos rendimentos, senão vejase: i) Contribuição a Entidade Classe Associação Notarial Brasil, Contribuição a Entidade Classe Associação Notarial Goiás e Contribuição Sindical Notarial de Goiás; Assim, muito embora a associação a entidades de classe não seja compulsória, no caso dos cartórios, tornase de fundamental Fl. 2953DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 9 15 importância, pois grande parte das assessorias obtidas advém dessas entidades, especialmente porque essas entidades prestam relevantes serviços aos associados sob a forma de assessoria jurídica e corporavativa. Esta, aliás, é a orientação da própria Receita Federal, como se depreende da coletânea "Perguntas e Respostas" veiculadas no site daquele órgão , cujo teor se transcreve: 404 As contribuições a sindicatos de classe, associações científicas e outras associações podem ser deduzidas? Essas contribuições são dedutíveis desde que a participação nas entidades seja necessária à percepção do rendimento e as despesas estejam comprovadas com documentação hábil e idônea e escrituradas em livrocaixa. ii) Serviços prestados por fisioterapeuta A Lei n° 8.134 de 1990, que altera a legislação do Imposto de Renda, autoriza deduções de despesas necessárias à percepção da receita (art.60), bem como os pagamentos efetuados a médicos, psicólogos e fisioterapeutas (art.8°), in verbis: Art. 6º O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho não assalariado, inclusive os titulares dos serviços notariais e de registro, a que se refere o art. 236 da Constituição, e os leiloeiros, poderão deduzir, da receita decorrente do exercício da respectiva atividade: (Vide Lei n° 8.383, de 1991) I a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatícío, e os encargos trabalhistas e previdenciários; II os emolumentos pagos a terceiros; III as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. Art. 8º Na declaração anual (art. 9º), poderão ser deduzidos: I os pagamentos feitos, no anobase, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas provenientes de exames laboratoriais e serviços radiológicos; (...) c) é condicionado a que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no cadastro de Pessoas Jurídicas, de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. iii) Serviços advocatícios prestados ao Cartório; iv) Alimentação dos colaboradores; Fl. 2954DF CARF MF 16 O art. 369, do Decreto 3.000 de 1999, autoriza a dedução de despesas de alimentação desde que fornecida pelo empregador aos empregados. Ao que se constata das explicações e provas devidamente apresentadas durante a fiscalização, todas as despesas glosadas pela fiscalização referemse a gastos necessários à percepção dos rendimentos do cartório. Ocorre que, assim como se deu com a verificação das receitas, aquela fiscalização deixou de examinar os documentos e contratos que suportam os gastos contratados pela Impugnante, de sorte que mais uma vez reforçamos o pedido de diligência, a ser realizada na sede do cartório da Contribuinte, para o exame de todos os documentos relativos ao período base objeto desta autuação. V DO NÃO CABIMENTO DA MULTA ISOLADA Segundo se extrai do lançamento vergastado, ao mesmo tempo em que se aplicou a penalidade isolada pela falta de recolhimento do carnêleão, em relação à mesma base foi aplicada também multa qualificada sobre os supostos rendimentos omitidos, o que constitui superposição de penalidade. A despeito do tema, é pacífica a jurisprudência do CARF no sentido de considerar inapropriada a cobrança concomitante de multa isolada e de ofício incidentes sobre bases de cálculo sobrepostas. Citase, como exemplo, os seguintes arestos: APLICAÇÃO DA MULTA ISOLADA E DA MULTA DE OFÍCIO A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1º, do art. 44, da Lei n° 9.430/96) e da multa de ofício (inciso I, do art. 44, da Lei n° 9.430/96) não é legítima, pois incidem sobre bases de cálculo sobrepostas. (Acórdão n° 10612776). IRPF PENALIDADE MULTA ISOLADA Insustentável a imposição de penalidade isolada, juntamente com o tributo lançado de ofício, sendo mesmo fato gerador. (Acórdão n° 10418702) MULTA DE OFÍCIO ISOLADA FALTA DE RECOLHIMENTO PAGAMENTO POR ESTIMATIVA CONCOMITÂNCIA (...). A exigência concomitante da multa isolada e da multa de ofício configura dupla incidência de penalidade sobre uma mesma infração. (Acórdão n° 10194416). MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO CONCOMITÂNCIA MESMA BASE DE CÁLCULO A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1º, do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996) e da multa de ofício (incisos I e II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. (Acórdão CSRF/0104.987). Na hipótese de duas normas punitivas concorrentes quanto à determinada conduta, é essencial a identificação do bem jurídico tutelado pelo direito. Não obstante, o deslinde do conflito de Fl. 2955DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 10 17 normas deve ser resolvido na medida em que se constate que uma norma punitiva possa absorver a outra, considerando que o fato tipificado constitui meio obrigatório de lesão, menos ofensiva, de um bem de mesma natureza para o cometimento de infração mais ofensiva. No caso vertente, ainda que houvesse omissão de receita, a falta de pagamento do tributo estimado (carnêleão) seria meio preparatório para a supressão do tributo apurado no final do exercício. Nesse caso, em face do princípio da consunção, o primeiro estaria absorvido pelo segundo. Nesse diapasão, o bem jurídico mais importante é a arrecadação tributária, cumprida pelo recolhimento do tributo apurado no fim do anocalendário, ao passo que o bem jurídico de relevância intermediária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, consubstanciada na obrigação do recolhimento de estimativas. Isto, a propósito, encontra amparo no princípio da consunção, oriundo do direito penal, segundo o qual a penalidade maior absorve a menor. Assim, senhores julgadores, resta demonstrado que por quaisquer dos motivos apresentados, a multa exigida isoladamente se mostra definitivamente improcedente, razão por que a mesma deve ser cancelada. VI DA MULTA QUALIFICADA A qualificação da multa somente tem lugar quando restar demonstrada a incidência das condutas tipificadas no art. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64. No vertente caso, ao que se apura a partir dos autos, o levantamento fiscal se deu por mera presunção, conquanto se tenha constatado diferença entre a suposta base de cálculo das contribuições denominadas FUNDESP e a receita reconhecida pela Impugnante, isto por si só não confere ao agente do Estado a prerrogativa de sua exasperação. Desse modo, não havendo certeza quanto ao agir da Impugnante, sobretudo porque penalidade desta natureza foi missionada a coibir o desvio de conduta e, por esta razão, guarda estreita semelhança com as penalidades subscritas no âmbito do direito penal. Daí por que, em havendo dúvidas, sua aplicação deve ser desestimulada, conforme bem sintetizam as súmulas 14 e 25 do CARF: Súmula CARF n° 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF n° 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa Fl. 2956DF CARF MF 18 de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. VIIDOS PEDIDOS Ex positis REQUER: I seja recebida e conhecida a presente impugnação, por atender os pressupostos legais; II seja julgado nulo e/ou improcedente o crédito tributário veiculado no auto de infração ora fustigado, pelas fáticas e jurídicas razões alinhavadas em linhas pretéritas. III caso, porém, mantido o lançamento ora em discussão, ou parte dele, que seja afastada a incidência dos juros SELIC sobre a multa de ofício, haja vista a inexistência de previsão legal para tal mister. Termos em que, Pede deferimento. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fortaleza (CE) julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010, 2011 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS SUJEITOS AO CARNÊLEÃO. Verificado que os rendimentos tributáveis auferidos pelo contribuinte não foram integralmente oferecidos à tributação na Declaração de Imposto de Renda, mantémse o lançamento. MULTA ISOLADA (CARNÊLEÃO). CABIMENTO. A multa de lançamento de ofício é exigida isoladamente no caso de pessoa física sujeita ao recolhimento mensal obrigatório do Imposto (carnêleão) que deixar de fazêlo. MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. Não há óbice legal para que se aplique a multa de oficio e a multa isolada, vez que são infrações de naturezas distintas. MULTA QUALIFICADA DE 150%. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DOLO. CABIMENTO. O percentual da multa de lançamento de ofício será elevado para 150% quando comprovado nos autos que o procedimento adotado pelo sujeito passivo demonstra Fl. 2957DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 11 19 intenção de não levar à tributação rendimentos sabidamente tributáveis. NULIDADE. A nulidade do lançamento somente se configura na ocorrência das hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustentou, em síntese, que: a) o nobre fiscal, ao analisar as informações prestadas pelo e. Tribunal não considerou o valor efetivamente arrecadado pela contribuinte, sendo que sopesou somente a diferença dos rendimentos informados ao Tribunal com a finalidade de apuração dos valores para recolhimento a título de taxa judiciária e FUNDESPE/TJ, e os rendimentos informados à Receita Federal; b) o fato de a contribuinte ter repassado valores ao FUNDESPE/TJ, em um montante equivalente a 10% do total dos emolumentos arrecadados, não quer dizer que a mesma efetivamente obteve tal montante; c) para a incidência do imposto de renda não basta a presunção simples de ingresso de riqueza nova, é necessário que se comprove que houve acréscimo patrimonial; d) com relação às pessoas físicas, concluise que as informações prestadas por terceiros somente devem ser consideradas, para fins de tributação, quando verificada sua correlação com outro evento que represente o ingresso de riqueza nova (acréscimo patrimonial); e) com relação à base de cálculo do imposto, não houve dedução dos valores pertencentes ao Estado para a Declaração da suposta omissão de rendimentos, conforme relatório enviado pelo Tribunal de Justiça de Goiás; f) os valores recolhidos a título de taxa judiciária e FUNDESP/TJ deverão ser deduzidos dos valores tidos como omitidos para a obtenção da base de cálculo e apuração do imposto devido; g) todas as despesas glosadas pela fiscalização referemse a gastos necessários à percepção dos rendimentos do cartório; f) fazse inapropriada a cobrança concomitante de multa isolada e de ofício incidentes sobre bases de cálculo sobrepostas; Fl. 2958DF CARF MF 20 g) a qualificação da multa de ofício só tem sido permitida quando efetivamente se verificam procedimentos fraudulentos que envolvam adulteração de documentos comprobatórios; h) da não incidência da taxa SELIC sobre a multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Do mérito. Conforme narrado, o lançamento sob a análise se refere à omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas decorrentes de trabalho sem vínculo empregatício, bem como à redução da base de cálculo do imposto de renda apurado na Declaração de Ajuste Anual com dedução a título de Livro Caixa. A decisão de primeira instância consignou os seguintes relatos, sobre a omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas: O Procedimento Fiscal teve início com a intimação do contribuinte para apresentar todos os LivrosCaixa referentes aos anoscalendário 2010 e 2011. A contribuinte atendeu à Intimação supracitada, apresentando os LivrosCaixa sem que constasse as assinaturas dos termos de abertura e de encerramento, o que foi posteriormente saneado. Houve, igualmente, envio de Ofício ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, solicitando o encaminhamento de relatórios financeiros dos anoscalendário de 2010 e 2011, relativos ao Cartório da Comarca de Aparecida de Goiânia, titular a Srª Maria Elias de Melo CPF 335.612.57100, conforme ofício n° 415/2013 (fl. 36) (valores mensais das receitas, valores das taxas/emolumentos recolhidos no período, alíquotas das taxas/emolumentos aplicáveis à época sobre os rendimentos do cartório). Dessa circularização ficou constatado que o Cartório da Comarca de Aparecida de Goiânia, titular a Srª Maria Elias de Melo CPF 335.612.57100, ofereceu àquele Tribunal de Justiça e a Receita Federal valores de receita em níveis bastante divergentes, para um e outro destinatários, indicando ainda valores referentes ao Fundesp e à taxa judiciária em montantes relativamente idênticos. Para a Receita Federal, o aludido Cartório declara que, em 2010 e 2011, recebeu de pessoas físicas como contrapartida dos seus serviços prestados sem vínculo empregatício os montantes de RS 5.463.522,48 e RS 6.776.989,96 (fls. 8 e 14), Fl. 2959DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 12 21 respectivamente; enquanto repassa ao Tribunal de Justiça de Goiás os montantes de RS 859.265,81 e de RS 1.126.376,27, respectivamente, como devidos ao Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Poder Judiciário Fundesp PJ em 2010 e 2011 (fls. 41 e 43). Esse Fundo, conforme prescreve o art. 59, da Lei n° 14.376, de 2002, que estatui o Regimento de Custas e Emolumentos do Estado de Goiás, corresponde a 10% dos valores dos emolumentos recebidos pelo Cartório no período. Dessa forma, o referido Cartório informou àquele Tribunal que, em 2010 e 2011, os seus recebimentos atingem os patamares de R$ 8.592.658,10 e R$ 11.263.762,70 (fls. 41, 43 e quadro III a,_b, fl. 2.795). Com efeito, os montantes dos recebimentos omitidos pelo Cartório à Receita Federal, em 2010 e 2011, correspondem a RS 3.129.135,62 e R$ 4.486.772,74, respectivamente (fl. 2.795, coluna 'RECEITA OMITIDA'). Como se vê os valores lançados a título de FUNDESP nos LivrosCaixa do contribuinte – correspondente a 10% (dez por cento) do valor total fixado como emolumentos, receita devida pelo Cartório e de recolhimento obrigatório (art. 59 da Lei Estadual nº 14.372/2002), sendo controlada, correicionada e fiscalizada pelo Poder Judiciário e sua Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Goiás. De acordo com o que se extrai do trecho mencionado, a prova a qual a fiscalização valorou como apta para a demonstração da omissão de rendimentos recebidos por pessoa física decorre de informação prestada pela própria contribuinte, ao repassar ao Tribunal de Justiça de Goiás os montantes de RS 859.265,81 e de RS 1.126.376,27, respectivamente, como devidos ao Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Poder Judiciário FundespPJ em 2010 e 2011. Ora, o repasse dos citados montantes implicam em 10% dos valores dos emolumentos recebidos pelo Cartório no período (art. 59 da Lei Estadual nº 14.372/2002). Assim, não se trata de mera presunção de omissão, como alega a recorrente, mas sim de prova cabal da inconsistência dos valores oferecidos à tributação e, por conseqüência, da existência de valores omitidos. Nesse contexto, demonstrada a ocorrência da infração pela autoridade fiscal, com base em informações e efetivos repasses realizados pelo contribuinte, dialeticamente, cabia a ele comprovar que não obteve o montante em questão. Ressaltase que o fato gerador do imposto de renda, conforme o artigo 43 do Código Tributário Nacional (CTN), é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza. A renda é entendida como o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; e os proventos de qualquer natureza são os acréscimos patrimoniais não incluídos no conceito de renda. Desse modo, não prospera o argumento da recorrente no sentido de que não basta o ingresso de riqueza nova, sendo necessário que se comprove o acréscimo patrimonial. Fl. 2960DF CARF MF 22 Aduz a recorrente que, com relação à base de cálculo do imposto, não houve dedução dos valores pertencentes ao Estado para a Declaração da suposta omissão de rendimentos, conforme relatório enviado pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Sobre tal alegação, merece ser acolhido o pleito do contribuinte para que sejam considerados na base de cálculo apenas os rendimentos omitidos, deduzidos os valores recolhidos a título de taxa judiciária e FUNDESP/TJ. Com relação à redução da base de cálculo do imposto de renda apurado na Declaração de Ajuste Anual com dedução a título de Livro Caixa, a contribuinte sustentou que todas as despesas glosadas pela fiscalização referemse a gastos necessários à percepção dos rendimentos do cartório (contribuição à entidade de classe e a sindicato, serviços prestados por fisioterapeuta, e alimentação dos colaboradores). A decisão recorrida assim se manifestou sobre a matéria: Diferentemente do que alega a autuada em sua defesa, nenhum dos gastos objeto do lançamento restou comprovado que foram necessários à percepção dos rendimentos. Limitouse na verdade, a solicitar uma diligência, a ser realizada na sede do cartório da Contribuinte, para o exame de todos os documentos relativos ao período base objeto desta autuação, solicitação já devidamente apreciada e rejeitada. Quanto aos gastos referentes a ANOREG – Associação dos Notários e Registros, o próprio impugnante indica que não é compulsória a associação àquela entidade de classe, ratificando o disposto na Constituição Federal, que em seu inciso V, art. 8º, determina: “ninguém será obrigado a filiarse ou a manterse filiado a sindicato”. Na verdade, a suposta assessoria que obteria da Anoreg, enunciada de forma genérica, vez que não houve qualquer demonstração hábil e idônea da sua imprescindibilidade à percepção do rendimento, é considerada pela legislação tributária como despesa não dedutível. Correta a glosa, portanto. Quanto aos demais gastos glosados e expressamente contestados pela autuada, despesas de alimentação e pelos serviços prestados de fisioterapia, por se tratarem de mera liberalidade da titular do Cartório, não possuindo tal despesa caráter de essencialidade à obtenção da receita ou de que seja indispensável à manutenção da fonte produtora, não se encaixando no rol de despesas de custeio, igualmente. Fica mantida a glosa efetuada, portanto. O artigo 11 da Lei 7.713/88 assim dispõe sobre a dedução das despesas: Art. 11 Os titulares dos serviços notariais e de registro a que se refere o art. 236 da Constituição da República, desde que mantenham escrituração das receitas e das despesas, poderão deduzir dos emolumentos recebidos, para efeito da incidência do imposto: I a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, inclusive encargos trabalhistas e previdenciários; II os emolumentos pagos a terceiros; Fl. 2961DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 13 23 III as despesas de custeio necessárias à manutenção dos serviços notariais e de registro. O sítio da Receita Federal faz os seguintes esclarecimentos: 389 — O que se considera e qual é o limite mensal da despesa de custeio passível de dedução no livro Caixa? Considerase despesa de custeio aquela indispensável à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, como aluguel, água, luz, telefone, material de expediente ou de consumo. 400 — As contribuições a sindicatos de classe, associações científicas e outras associações podem ser deduzidas? Essas contribuições são dedutíveis desde que a participação nas entidades seja necessária à percepção do rendimento e as despesas estejam comprovadas com documentação hábil e idônea e escrituradas em livro Caixa. Observase pelo Auto de infração que não se questionou a comprovação das despesas, sendo que a glosa teve fundamento na impossibilidade de dedução de tais despesas (pela própria natureza), conforme se extrai do trecho abaixo: Notase que a documentação acostada aos autos demonstra a escrituração e comprovação das despesas com alimentação e com contribuições a entidade de classe (alimentação fls. 925 e ss e 1188 e ss; Anoreg fls. 1865 ss; e livro caixa 365 e ss). Como visto, indiscutivelmente, é sabido que somente são admissíveis, como dedutíveis, despesas que, além de preencherem os requisitos de necessidade, normalidade e usualidade, apresentaremse com a devida comprovação, com documentos hábeis e idôneos e que sejam necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora devidamente escriturados no livro Caixa. Fl. 2962DF CARF MF 24 Cumpre reiterar, com base nos dispositivos já mencionados, a existência da possibilidade de dedução das despesas de custeio necessárias à manutenção dos serviços notariais e de registro. Com relação às contribuições destinadas às entidades de classe, destacase que, ao contrário do disposto pela decisão recorrida, não há necessidade de pagamento compulsório, mas que a participação nas entidades seja necessária à percepção do rendimento e esteja acompanhada da devida comprovação. No presente caso, como visto, a contribuinte não logrou comprovar a existência da necessidade de participação nas entidades para a percepção do rendimento. Tal situação poderia ter sido demonstrada pela juntada aos autos dos documentos que demonstrassem as atividades da associação e dos sindicatos, o que, ao meu ver, não ficou consubstanciado. No que se refere à alimentação, entendo pela possibilidade de dedução, considerando a documentação anexa aos autos e o disposto na Solução de Consulta Interna n.º 6, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF RENDIMENTO DO TRABALHO NÃO ASSALARIADO. TITULARES DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO. LIVRO CAIXA. DESPESAS DEDUTÍVEIS. DISPÊNDIOS COM EMPREGADOS. O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho não assalariado, inclusive os titulares dos serviços notariais e de registro, a que se refere o art. 236 da Constituição, e os leiloeiros, poderão deduzir da receita decorrente do exercício da respectiva atividade, as importâncias pagas devidas aos empregados em decorrência das relações de trabalho, ainda que não integrem a remuneração do empregado, caso configurem despesas necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. As despesas deverão ser comprovadas mediante documentação idônea e escrituradas em livro Caixa. Na hipótese de convenções e acordos coletivos de trabalho, todas as prestações neles previstas e devidas ao empregado constituem obrigações do empregador e, portanto, despesas necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, dedutíveis para fins de tributação dos rendimentos do trabalho não assalariado. As despesas com valerefeição, valealimentação e planos de saúde destinados indistintamente a todos os empregados, comprovadas mediante documentação idônea e escrituradas em livro Caixa, podem ser deduzidas dos rendimentos percebidos pelos titulares dos serviços notariais e de registro para efeito de apuração do imposto sobre a renda mensal e na Declaração de Ajuste Anual. Dispositivos Legais: Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º; Lei nº 9.250, de 1995, arts. 4º, inciso I, e 8º, inciso II, alínea “g”; Decreto nº 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto sobre a Renda RIR/1999), arts. 75 e 76. Fl. 2963DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 14 25 No que se referem as despesas realizadas com fisioterapeutas, não foi possível extrair dos autos a devida comprovação das despesas (não identifiquei no livro caixa especificamente e nem nos demais documentos). Assim, não assiste razão ao recorrente com relação à dedução relativa às despesas com fisioterapeutas, por ausência de provas suficientes para a demonstração da natureza das despesas. 2. Da multa isolada e a concomitância com a multa de ofício Alega o recorrente que o Fisco não poderia, em um mesmo exercício, exigir a multa por falta de recolhimento do "carneleão" (antecipação) concomitantemente com a multa de oficio por redução indevida, total ou parcial, do imposto (definitivo) a pagar na declaração, ainda que essas infrações e penalidades estejam expressamente tipificadas e cominadas na legislação tributária, ou seja, a segunda infração anistiaria a primeira ou dispensaria a aplicação da respectiva penalidade: Como bem ensina o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida. Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinadas condutas, tornase importante investigar se a penalidade prevista para punir uma delas pode absorver a outra. No caso em exame, o não recolhimento mensal devido a título de carnêleão pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto ao final do anocalendário. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é, sem dúvida, a efetividade da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do imposto devido a título de carnê leão. Em se tratando de aplicação de penalidades, aplicase, aqui, a lógica do princípio penal da consunção. Pelo critério da consunção, ao se violar uma pluralidade de normas, passandose de uma violação menos grave para outra mais grave, como sucede no caso em análise, prevalece a norma relativa à penalidade mais grave. Nessa linha de raciocínio, descabe a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda devido a título de carnêleão concomitantemente com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas. Cobrase apenas esta última, no percentual de 75% sobre o imposto devido. Acrescento que a cobrança da multa isolada referente aos rendimentos sujeitos ao carnêleão, concomitantemente com a multa de ofício de 75%, penaliza o contribuinte duplamente, em face da identidade das bases de cálculo de ambas. A jurisprudência deste Conselho era pacífica em relação a não imputação de dupla penalidade pecuniária ao contribuinte em decorrência da omissão de rendimentos recebidos de pessoa física. Fl. 2964DF CARF MF 26 Nesse sentido, oportuna é a transcrição de excerto do voto condutor vencedor do Acórdão nº 9202002.073, proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, na sessão de 22 de março de 2012, por intermédio do qual se negou provimento a recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional: “O entendimento que tem prevalecido é o de que havendo lançamento de diferença de imposto deve ser cobrada a multa de lançamento de ofício juntamente com o tributo (multa de ofício normal), não havendo que se falar na aplicação de multa isolada. Por outro lado, quando o imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual houver sido pago, mas havendo omissão quanto ao recolhimento do carnêleão, dever ser lançada a multa isolada, e somente ela”. Na mesma linha: Acórdão nº 9202001.976 da CSRF. Cabe destacar que, recentemente, houve mudança de entendimento por parte da Câmara Superior com relação ao exposto, contudo, com a devida vênia, não me filio ao novo entendimento adotado. Em resumo, entendo que a denominada "multa isolada" do art. 44, II, “a” da Lei nº 9.430/1996 apenas deve ser aplicada aos casos em que não possa ser a multa exigida em conjunto com o tributo devido (Lei nº 9.430/1996, I), não havendo que se cogitar do cabimento concomitante das multas de ofício e isolada. 3. Da multa qualificada A decisão recorrida dispõe acerca da qualificação da multa da seguinte forma: A qualificação aplicada no patamar de 150% pelo Auditor Fiscal, em face da manifesta e reiterada conduta de omissão de rendimentos (fl. 02, volume 01, destaques acrescidos): Como já se observou neste Acórdão, não restou materializado o alegado desconto sobre o valor dos emolumentos cobrados. Houve, claramente, o repasse ao Tribunal de Justiça de montante de FUNDESP indicativo de que as receitas efetivamente auferidas pelo Cartório eram superiores às declaradas e escrituradas no LivroCaixa. A omissão se deu de maneira reiterada, vez que não ocorreu em um mês do anocalendário, mas sim em todos os 12 meses. Inclusive, no mês de novembro, onde há registro do valor do Fundesp recolhido, o valor é flagrantemente inferior ao real. Assim, está claramente demonstrada pela Fiscalização a intenção de omitir rendimentos que sabia serem tributáveis. Fica mantida a aplicação das multas de ofício de 150% e de 50% exigida isoladamente. Não obstante as razões expostas, a qualificação da multa não ocorre pela simples ocorrência da infração (omissão), seja de forma reiterada ou não. A lei dispõe sobre requisitos específicos para a qualificação da multa (fraude, sonegação e conluio). Se assim não o fosse, a qualificação seria uma regra e não uma exceção. Fl. 2965DF CARF MF Processo nº 10120.723502/201411 Acórdão n.º 2201003.523 S2C2T1 Fl. 15 27 Observase que o auto de infração sequer delineia as razões pelas quais foi considerada a necessidade de qualificar a multa aplicada. Sobre a matéria o Enunciado de Súmula CARF n.º 14 assim dispõe: Súmula CARF nº 14 A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Por isso, afasto a aplicação da multa qualificada no presente caso, devendo ser reduzida ao percentual de 75%. 4. Da SELIC No que diz respeito ao argumento da indevida aplicação da SELIC, entendo que o mesmo não procede, uma vez que o artigo 13, da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995 prevê a sua aplicação sobre os tributos em atraso: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Desta forma, como a cobrança em auto de infração dos juros de mora (calculados pela Taxa SELIC) decorre da aplicação de dispositivos legais vigentes e eficazes na época de sua lavratura. Em decorrência dos princípios da legalidade e da indisponibilidade, os referidos dispositivos legais são de aplicação compulsória pelos agentes públicos. Além do mais tendo em vista a Súmula n° 04 do 1° Conselho de Contribuintes, a aplicação da SELIC é devida aos débitos administrados pela Receita Federal do Brasil: Súmula 1º CC nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais Desta forma, não procede o argumento apresentado pelo contribuinte no que diz respeito a essa matéria. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para considerar na base de cálculo do imposto apenas os rendimentos omitidos, deduzidos os valores recolhidos a título de taxa judiciária e FUNDESP/TJ, caso não tenham sido efetivamente deduzidos; restabelecer a dedução das despesas com alimentação; excluir a aplicação da multa isolada; desqualificar a multa aplicada no percentual de 150% para 75%. Fl. 2966DF CARF MF 28 Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 2967DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.905492/2012-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.042
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10480.905492/2012-71
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5688924
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-001.042
nome_arquivo_s : Decisao_10480905492201271.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 10480905492201271_5688924.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6665820
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950376759296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1706; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.905492/201271 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401001.042 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de janeiro de 2017 Assunto PIS E COFINS. COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 05 49 2/ 20 12 -7 1 Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10480.905492/201271 Resolução nº 3401001.042 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.536. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10480.905492/201271 Resolução nº 3401001.042 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10480.905492/201271 Resolução nº 3401001.042 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 220DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.000977/2010-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. CONHECIMENTO UNICAMENTE DA MATÉRIA DISTINTA DAQUELA TRATADA NO PROCESSO JUDICIAL.
A teor da Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 2. APLICAÇÃO.
Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
IPI. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. DESCABIMENTO DA MULTA QUALIFICADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO CONDENATÓRIA REFERENTE À INFRAÇÃO ANTERIOR.
Somente a partir do trânsito em julgado administrativo de decisão que aplica a multa de infração a conduta infratora do agente configura a reincidência específica e, consequente, agravamento da multa. É descabida a qualificação da multa, portanto, antes do trânsito em julgado da decisão condenatória referente à infração anterior.
Numero da decisão: 3401-003.439
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente), e Orlando Rutigliani Berri (suplente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. CONHECIMENTO UNICAMENTE DA MATÉRIA DISTINTA DAQUELA TRATADA NO PROCESSO JUDICIAL. A teor da Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 2. APLICAÇÃO. Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IPI. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. DESCABIMENTO DA MULTA QUALIFICADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO CONDENATÓRIA REFERENTE À INFRAÇÃO ANTERIOR. Somente a partir do trânsito em julgado administrativo de decisão que aplica a multa de infração a conduta infratora do agente configura a reincidência específica e, consequente, agravamento da multa. É descabida a qualificação da multa, portanto, antes do trânsito em julgado da decisão condenatória referente à infração anterior.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11020.000977/2010-95
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5709245
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-003.439
nome_arquivo_s : Decisao_11020000977201095.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
nome_arquivo_pdf_s : 11020000977201095_5709245.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan - Presidente. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente), e Orlando Rutigliani Berri (suplente).
dt_sessao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6710436
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950407168000
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1822; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 771 1 770 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.000977/201095 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3401003.439 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de março de 2017 Matéria IPI Classificação Fiscal de Mercadorias Recorrentes ADERE INDÚSTRIA SERIGRÁFICA LTDA. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. CONHECIMENTO UNICAMENTE DA MATÉRIA DISTINTA DAQUELA TRATADA NO PROCESSO JUDICIAL. A teor da Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 2. APLICAÇÃO. Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IPI. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. DESCABIMENTO DA MULTA QUALIFICADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO CONDENATÓRIA REFERENTE À INFRAÇÃO ANTERIOR. Somente a partir do trânsito em julgado administrativo de decisão que aplica a multa de infração a conduta infratora do agente configura a reincidência específica e, consequente, agravamento da multa. É descabida a qualificação da multa, portanto, antes do trânsito em julgado da decisão condenatória referente à infração anterior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 09 77 /2 01 0- 95 Fl. 771DF CARF MF 2 ROSALDO TREVISAN Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente), e Orlando Rutigliani Berri (suplente). Relatório 1. Tratase do Auto de Infração nº 1010600/00590/09, situado às fls. 0207, lavrado com a finalidade de formalizar a exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), acrescido de juros de mora e das multas de ofício, conforme o caso, de 75%, por falta de lançamento do referido imposto, ou de 150%, por reincidência específica, de maneira a totalizar o crédito tributário no valor histórico de R$ 2.431.545,74. 2. Em 28/04/2010, a contribuinte, irresignada, apresentou impugnação, situada às fls. 550 a 568, na qual requereu, em especial, a necessidade da suspensão do presente processo administrativo até o ulterior trânsito em julgado de processo judicial em que discute idêntica matéria. 3. Em 12/08/2010, a 3ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS) proferiu o Acórdão DRJ nº 1026.770, situado às fls. 693 a 701, que entendeu ser a impugnação procedente em parte, decidindo, em síntese: (i) não conhecer da impugnação no que diz respeito à classificação fiscal dos produtos objeto da autuação e à correspondente alíquota do IPI, dada a opção do sujeito passivo de discutir essa matéria na esfera judicial, restando definitiva, portanto, a exigência de IPI no valor de R$ 288.904,83 acrescido de juros de mora, e também restando improcedente o pedido de suspensão do presente processo administrativo; (ii) não conhecer da preliminar de inconstitucionalidade das multas de ofício; (iii) no mérito, na parte litigiosa, julgar procedente em parte a impugnação para considerar descabida a majoração da multa de ofício do IPI não lançado nas notas fiscais, de 75% para 150%, por não ter ocorrido a reincidência específica imputada ao infrator; (iv) manter a multa de ofício sobre o IPI exigido no Auto de Infração das fls. 2 a 7 (vol. I), no valor total de R$ 216.678,62, e cancelar o excedente dessa penalidade, no valor total de R$ 216.678,62; e (v) manter a multa de ofício sobre o IPI não lançado, mas não exigido no Auto de Infração das fls. 2 a 7 (vol. I), pela cobertura de créditos, no valor total de R$ 871.625,91, e cancelar o excedente dessa penalidade, no valor total de R$ 767.440,95, conforme ementa abaixo transcrita: Assunto: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 30/04/2005 a 31/12/2008 OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. Fl. 772DF CARF MF Processo nº 11020.000977/201095 Acórdão n.º 3401003.439 S3C4T1 Fl. 772 3 A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois da autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa não é competente para examinar alegação de inconstitucionalidade da multa de ofício. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI. MULTA DE OFÍCIO. MAJORAÇÃO. REINCIDÊNCIA ESPECIFICA. DESCABIMENTO. É descabida a majoração da multa de ofício por falta de lançamento do IPI, por suposta reincidência específica, no caso de ter ocorrido a prática da mesma infração antes da data em que passou em julgado administrativamente a decisão condenatória referente à infração anterior. 4. Em 26/10/2010, a contribuinte, cientificada da decisão de primeira instância administrativa em 05/10/2010, apresentou recurso voluntário, situado às fls. 727 a 741, alegando, em síntese, dois argumentos: (i) o caráter confiscatório da multa cominada; e (i) a necessidade da extinção do presente processo administrativo até o ulterior trânsito em julgado da ação declaratória nº2009.71.07.0048303 ("ação declaratória cumulada com anulação de ato declaratório de lançamento de dívida tributária"), situada às fls. 461 a 472, distribuída em 29/09/2009 contra a União Federal, e que tramitou na Vara Federal de Caxias do Sul da Subseção Judiciária de Santa Catarina. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 5. Os recursos de ofício e voluntário preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles tomo conhecimento. 6. O auto de infração e a decisão objurgada se referem à falta de recolhimento de IPI decorrente de erro de classificação fiscal e de alíquota, sendo que a incidência da multa foi imposta na proporção de 75% decorrente do lançamento de ofício e de 150% em virtude de reincidência específica. 7. A discussão se cinge ao fato de a contribuinte ter dado saída, durante o período fiscalizado, correspondente a abril de 2005 a dezembro de 2008, a produtos por meio Fl. 773DF CARF MF 4 da classificação NCM 4908.90.00, oferecidos à tributação do IPI a uma alíquota zero (capítulo 49: livros, jornais, gravuras e outros produtos das indústrias gráficas; textos manuscritos ou datilografados, planos e plantas; posição 4908: decalcomanias de qualquer espécie; item e subitem 4908.90.00: Outras). 8. Concluiu a autoridade fiscal, por seu turno, que, na verdade, a classificação correta seria a NCM 3919.90.00, com IPI incidente a uma alíquota de 15% (capítulo 39: plásticos e suas obras; posição 3919: chapas, folhas, tiras, fitas, películas e outras formas planas, autoadesivas, de plásticos, mesmo em rolos; item e subitem 3919.90.00: outras). 9. Tal entendimento apontado pela acusação fiscal se deve, em síntese, ao material utilizado nos produtos industrializados pela contribuinte: os "decalques plásticos autoadesivos, faixas decorativas e etiquetas plásticas autoadesivas" não estariam enquadrados no capítulo 49 ("livros, jornais, gravuras e outros produtos das indústrias gráficas; textos manuscritos ou datilografados, planos e plantas"), mas no capítulo 39 ("plásticos e suas obras"). 10. Necessário, contudo, analisar, em primeiro lugar, o conteúdo da ação declaratória nº 2009.71.07.0048303 para se verificar a extensão da cognoscibilidade administrativa. A partir da leitura da peça inicial da ação em referência, situada às fls. 461 a 472, constatase que, apesar de tratar de auto de infração diverso daquele tratado no presente processo administrativo, o objeto em discussão é justamente a classificação fiscal das mercadorias em apreço, conforme trecho abaixo recortado: 11. Recortase, ainda, o pedido da ação judicial: Fl. 774DF CARF MF Processo nº 11020.000977/201095 Acórdão n.º 3401003.439 S3C4T1 Fl. 773 5 12. Assim, correta a decisão do julgador de primeiro piso ao apontar para a coincidência de objetos entre a defesa administrativa utilizada pela contribuinte e ação judicial em curso, em estreita consonância, sob o ângulo normativo, com a Súmula CARF nº 01, o parágrafo único da Lei nº 6.830/1980 e com o art. 87 do Decreto 7.5.74/2011, e, sob uma perspectiva fática, em conformidade com a petição inicial trazida a conhecimento pelo próprio sujeito passivo que, em sua impugnação, afirma expressamente, à fl. 560: "(...) na referida ação, buscase, além da anulação do auto de infração (...) a declaração de aplicabilidade aos produtos industrializados pela impugnante o enquadramento na classificação fiscal 4908.90.00 da TIPI, inclusive em relação aos decalques plásticos autoadesivos, faixas decorativas e etiquetas plásticas autoadesivas". 13. A decisão prossegue na análise da contestação administrativa das multas de ofício, inclusive a majoração do percentual de 75% para 150% com fundamento em reincidência específica, por se tratar de matéria diferenciada. Neste sentido, cabe a observância do trecho final da matéria sumulada por este Conselho: Súmula CARF nº 01 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. 14. Irreprochável também a argumentação do Acórdão DRJ nº 10 26.770 neste particular, pois o aplicador se encontra em perfeitas condições de analisar a questão atinente à exacerbação da multa independentemente do desfecho da ação judicial, uma vez que se constata a existência de requisitos objetivos para a aplicação da qualificação. Assim, é possível se apreciar a existência ou não de tais requisitos independentemente do desfecho da ação judicial, pois distinta da matéria nela analisada. Fl. 775DF CARF MF 6 15. Uma vez que se decida pelo conhecimento, passamos à análise da alegação do caráter confiscatório das multas: sobre este particular, aplicase a Súmula CARF nº 02 e não se conhece da preliminar suscitada no recurso voluntário de inconstitucionalidade das multas. Passase a analisar, portanto, a questão atinente à reincidência específica. 16. Constatase, em primeiro lugar, a autuação da contribuinte por erro de classificação fiscal e de alíquota do IPI, de faixas decorativas, etiquetas e decalques, de material plástico, autoadesivos, obtidos por serigrafia, discutido no Processo Administrativo nº 11020003868/200210. Recortase, da decisão recorrida, o seguinte trecho respeitante a tal processo: "(...) as cópias de peças do Processo nº 11020003868/200210, nas fls. 667 a 683 (vol. IV), obtidas por este relator, evidenciam que o mencionado processo seguiu tramitando, para fins de exame da admissibilidade do recurso especial apresentado pelo sujeito passivo, contra o citado Acórdão ng 30235.677, de 13 de agosto de 2003, tendo sido finalmente inadmitido o recurso especial em 19 de novembro de 2008, pelo Despacho nº 47, da Terceira Câmara do antigo Terceiro Conselho de Contribuintes, reproduzido nas fls. 672 e 673 (vol. IV), do qual o interessado tomou ciência em 20 de fevereiro de 2009, conforme Intimação e AR copiados, respectivamente, nas fls. 674 e 683 (vol. IV), data em que, portanto, ocorreu o trânsito em julgado" (seleção e grifos nossos). 17. Sob tais fundamentos fáticos, entendeu o julgado a quo, novamente de maneira irrepreensível, que não se materializou a reincidência imputada à contribuinte naquilo que concerne às infrações cometidas entre abril de 2005 e julho de 2008, uma vez que foram praticadas antes do trânsito em julgado da decisão condenatória referente à infração anterior, devendo, unicamente neste período, ser reduzida a multa de ofício majorada para o patamar básico de 75%. 18. Neste sentido, a jurisprudência deste Conselho, em conformidade com o Acórdão CARF nº 3402003.006, de relatoria do Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, julgado em sessão de 26/04/2016 pela 2ª Turma desta Câmara, que decidiu, por unanimidade de votos, de maneira correta, pela aplicação do "(...) conteúdo literal do art. 479 do RIPI/2002, que exige o trânsito em julgado administrativo, com o encerramento da discussão de forma definitiva nesta instância" para a cominação da pena de reincidência específica. Recortase trecho da ementa da decisão em referência: MULTA QUALIFICADA PELA REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. PRAZO. Somente o trânsito em julgado administrativo de decisão que aplica a multa de infração gera os efeitos de da regra de agravamento por reincidência específica (...). 19. Assim, deve a multa ser qualificada, em virtude de reincidência específica, unicamente a partir do trânsito em julgado do Processo nº 11020003868/200210, devendo, às infrações cometidas entre abril de 2005 e julho de 2008, ser aplicada apenas a multa de ofício básica de 75%. Fl. 776DF CARF MF Processo nº 11020.000977/201095 Acórdão n.º 3401003.439 S3C4T1 Fl. 774 7 Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 777DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10875.906545/2012-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2003
BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE.
A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, inclui-se na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.545
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/08/2003 BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, inclui-se na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10875.906545/2012-38
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5702069
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-003.545
nome_arquivo_s : Decisao_10875906545201238.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 10875906545201238_5702069.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6691641
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950412410880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1537; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10875.906545/201238 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.545 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES. BASE DE CÁLCULO. ICMS. Recorrente ATLANTA QUÍMICA INDUSTRIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/08/2003 BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, incluise na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Tratase de Pedido de Restituição cujo direito creditório é oriundo de recolhimento informado como indevido ou a maior que o devido a título de PIS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 65 45 /2 01 2- 38 Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 3 2 A Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte emitiu despacho decisório eletrônico indeferindo a restituição pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débito(s) do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Após ser intimada, a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade que foi julgada improcedente por intermédio do Acórdão 02050.790. Em síntese, entendeu a DRJ que não existe previsão legal para excluir o ICMS da base de cálculo das contribuições, do que resultou mantido o indeferimento do pleito de restituição. Inconformada, a Recorrente interpôs recurso voluntário pugnando pelo reconhecimento de seu direito creditório. O principal argumento da defesa é o de que o ICMS não pode ser considerado como faturamento da empresa, não podendo, desta forma, compor a base de cálculo das contribuições. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.520, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10875.906543/201249, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.520): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. No que tange à exclusão do ICMS devido nas operações de venda, na condição de contribuinte, o §2º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998 estabeleceu as hipóteses de exclusão da base de cálculo das contribuições, à época dos fatos: § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 4 3 III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo; (Vide Medida Provisória nº 1.99118, de 2000) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. Verificase no inciso I, que o ICMS incidente nas operações na condição de contribuinte (próprio) não foi elencado como parcela a ser excluída da base de cálculo. Juridicamente e contabilmente, o ICMS compõe a receita de venda e consiste em redutor da receita bruta. A legislação, ao longo do tempo, dispôs sobre a receita bruta, sempre indicando que os impostos incidentes sobre a venda a compunham. Assim, citamse o artigo 12 do Decretolei nº 1.598/1977, o artigo 187 da Lei nº 6.404, o artigo 31 da Lei nº 8.981/1995, bem como a IN SRF nº 51/1978: Decretolei nº 1.598/1977: Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II descontos concedidos incondicionalmente; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 6.404/1976: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 5 4 IN SRF nº 51/1978: 1. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens, nas operações de conta própria, e o preço dos serviços prestados (artigo 12 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977). 2. Na receita bruta não se incluem os impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante (imposto sobre produtos industrializados e imposto único sobre minerais do País) e do qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário. Imposto não cumulativo é aquele em que se abate, em cada operação, o montante de imposto cobrado nas anteriores. 3. Igualmente não se computam no custo de aquisição das mercadorias para revenda e das matériasprimas os impostos mencionados no item anterior, que devam ser recuperados. 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. 4.1 Vendas canceladas correspondentes a anulação de valores registrados como receita bruta de vendas e serviços; eventuais perdas ou ganhos decorrentes de cancelamento de venda, ou de rescisão contratual, não devem afetar a receita líquida de vendas e serviços, mas serão computados nos resultados operacionais. 4.2 Descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. Neste sentido o STJ publicou as súmulas 69 e 94, cujos enunciados dispõem: Súmula n. 68 : "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". É de se concluir que a legislação inclui o ICMS incidente sobre as vendas no conceito de receita bruta, excluindoo apenas do conceito de receita líquida. Sobre o tema, há decisões recentes do STJ entendendo pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, como o AgRg no REsp 1576424 / RS, de 10/03/2016, cuja ementa transcrevese: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUTIVA. ARTS. 7º e 8º DA LEI Nº 12.546/2011. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. INCLUSÃO DO ICMS. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO, MUTATIS MUTANDIS, DA ORIENTAÇÃO FIRMADA NO RESP Nº 1.330.737/SP, REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RELATIVA À INCLUSÃO Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 6 5 DO ISSQN NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP E DA COFINS NA SISTEMÁTICA NÃOCUMULATIVA. 1. A possibilidade de inclusão, na receita bruta, de parcela relativa a tributo recolhido a título próprio foi pacificada, por maioria, pela Primeira Seção desta Corte em 10.6.2015, quando da conclusão do julgamento do recurso representativo da controvérsia REsp nº 1.330.737/SP, de relatoria do Ministro Og Fernandes, ocasião em que se concluiu que o ISSQN integra o conceito maior de receita bruta, base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS. 2. As razões que fundamentam o supracitado recurso especial representativo de controvérsia se aplicam, mutatis mutandis, à inclusão das parcelas relativas ao ICMS na base de cálculo da contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011. Precedente: REsp nº 1.528.604, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.9.2015. 3. A contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011, da mesma forma que as contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS na sistemática não cumulativa previstas nas Leis n.s 10.637/2002 e 10.833/2003, adotou conceito amplo de receita bruta, o que afasta a aplicação ao caso em tela do precedente firmado no RE n. 240.785/MG (STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08.10.2014), eis que o referido julgado da Suprema Corte tratou das contribuições ao PIS/Pasep e COFINS regidas pela Lei n. 9.718/98, sob a sistemática cumulativa que adotou, à época, um conceito restrito de faturamento. Precedente. 4. Agravo regimental não provido. Ressaltase que a inclusão do ISS na base de cálculo das contribuições foi considerada legítima e julgada sob a sistemática de recursos repetitivos no REsp 1.330.737/SP, em 10/06/2015, que possuiu a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ N. 8/2008. PRESTADOR DE SERVIÇO. PIS E COFINS. INCLUSÃO DO ISSQN NO CONCEITO DE RECEITA OU FATURAMENTO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 109 E 110 DO CTN. 1. Para efeitos de aplicação do disposto no art. 543C do CPC, e levando em consideração o entendimento consolidado por esta Corte Superior de Justiça, firmase compreensão no sentido de que o valor suportado pelo beneficiário do serviço, nele incluindo a quantia referente ao ISSQN, compõe o conceito de receita ou faturamento para fins de adequação à hipótese de incidência do PIS e da COFINS. 2. A orientação das Turmas que compõem a Primeira Seção deste Tribunal Superior consolidouse no sentido de que "o valor do ISSQN integra o conceito de receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferidas com o exercício da atividade econômica, de modo que não pode ser dedutível da base de cálculo do PIS e da COFINS" (REsp 1.145.611/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 8/9/2010; AgRg no REsp 1.197.712/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 9/6/2011; AgRg nos EDcl no REsp 1.218.448/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 24/8/2011; AgRg no AREsp 157.345/SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 2/8/2012; AgRg no AREsp 166.149/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 28/08/2012, DJe 4/9/2012; EDcl no AgRg no REsp 1.233.741/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 7/3/2013, DJe 18/3/2013; AgRg no AREsp 75.356/SC, Rel. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 7 6 Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 15/10/2013, DJe 21/10/2013). 3. Nas atividades de prestação de serviço, o conceito de receita e faturamento para fins de incidência do PIS e da COFINS deve levar em consideração o valor auferido pelo prestador do serviço, ou seja, valor desembolsado pelo beneficiário da prestação; e não o fato de o prestador do serviço utilizar parte do valor recebido pela prestação do serviço para pagar o ISSQN Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Isso por uma razão muito simples: o consumidor (beneficiário do serviço) não é contribuinte do ISSQN. 4. O fato de constar em nota fiscal informação no sentido de que o valor com o qual arcará o destinatário do serviço compreende quantia correspondente ao valor do ISSQN não torna o consumidor contribuinte desse tributo a ponto de se acolher a principal alegação das recorrentes, qual seja, de que o ISSQN não constituiu receita porque, em tese, diz respeito apenas a uma importância que não lhe pertence (e sim ao município competente), mas que transita em sua contabilidade sem representar, entretanto, acréscimo patrimonial. 5. Admitir essa tese seria o mesmo que considerar o consumidor como sujeito passivo de direito do tributo (contribuinte de direito) e a sociedade empresária, por sua vez, apenas uma simples espécie de "substituto tributário", cuja responsabilidade consistiria unicamente em recolher aos cofres públicos a exação devida por terceiro, no caso o consumidor. Não é isso que se tem sob o ponto de vista jurídico, pois o consumidor não é contribuinte (sujeito passivo de direito da relação jurídicotributária). 6. O consumidor acaba suportando o valor do tributo em razão de uma política do sistema tributário nacional que permite a repercussão do ônus tributário ao beneficiário do serviço, e não porque aquele (consumidor) figura no polo passivo da relação jurídicotributária como sujeito passivo de direito. 7. A hipótese dos autos não se confunde com aquela em que se tem a chamada responsabilidade tributária por substituição, em que determinada entidade, por força de lei, figura no polo passivo de uma relação jurídico tributária obrigacional, cuja prestação (o dever) consiste em reter o tributo devido pelo substituído para, posteriormente, repassar a quantia correspondente aos cofres públicos. Se fosse essa a hipótese (substituição tributária), é certo que a quantia recebida pelo contribuinte do PIS e da COFINS a título de ISSQN não integraria o conceito de faturamento. No mesmo sentido se o ônus referente ao ISSQN não fosse transferido ao consumidor do serviço. Nesse caso, não haveria dúvida de que o valor referente ao ISSQN não corresponderia a receita ou faturamento, já que faticamente suportado pelo contribuinte de direito, qual seja, o prestador do serviço. 8. Inexistência, portanto, de ofensa aos arts. 109 e 110 do CTN, na medida em que a consideração do valor correspondente ao ISSQN na base de cálculo do PIS e da COFINS não desnatura a definição de receita ou faturamento para fins de incidência de referidas contribuições. 9. Recurso especial a que se nega provimento. De fato, as mesmas razões utilizadas no repetitivo acima são aplicáveis na análise da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, o que restou configurado no julgamento do REsp nº 1.144.469, em 10/08/2016, sob a sistemática de recursos repetitivos, embora não possa ser aplicado pelo artigo 62 do RICARF, Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 8 7 pois que ainda não transitado em julgado. A certidão deste julgamento constante no site do Superior Tribunal de Justiça traz o seguinte teor: AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECORRENTE: HUBNER COMPONENTES E SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA ADVOGADOS: ANETE MAIR MACIEL MEDEIROS HENRIQUE GAEDE E OUTRO(S) RECORRIDO : OS MESMOS ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO Crédito Tributário Base de Cálculo CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Prosseguindo no julgamento, a Seção, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Relator e Regina Helena Costa, negou provimento ao recurso especial da empresa recorrente, nos termos do voto do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, que lavrará o acórdão." Votaram com o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins. Quanto à jurisprudência do STF, não obstante o RE 240.785 ter sido julgado favorável à tese defendida pela recorrente, não há, ainda, posicionamento definitivo no STF, uma vez que o RE 574.906 RG/PR, sob repercussão geral, ainda não foi julgado. Assim, enquanto não julgado o recurso extraordinário sob repercussão geral, devese prestigiar a legislação vigente que considera o ICMS das operações próprias como componente do preço de venda. Neste mesmo sentido, é a posição pacífica deste Conselho, como decidido no Acórdão nº 9303003549, de 17/03/2016, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 Cofins. Base de Cálculo. Exclusão ICMS. Por se tratar de imposto próprio, que não comporta a transferência do encargo, a parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS. Precedentes do STJ (Súmulas n°s 68 e 94). Às autoridades administrativas e tribunais que não dispõem de função legislativa não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, benefícios de exclusão da base de cálculo do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador não contemplou com a vantagem A mesma conclusão se estende à Contribuição ao PIS. Por fim, quanto ao pedido de encaminhamento das notificações ao patrono da recorrente, esclareçase que as intimações no processo administrativo fiscal de exigência de crédito tributário são regidas pelo artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, consolidado no artigo 10 do Decreto nº 7.574/2011, o qual prevê as formas pessoal, por via postal, telegráfica ou qualquer outro meio com prova de recebimento no domicílio tributário, ou por meio eletrônico, não sujeitos a ordem de preferência, e, Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 9 8 ainda, por edital, caso os meios anteriores sejam improfícuos, nos termos abaixo transcritos: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 12.844, de 2013) IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4º Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10875.906545/201238 Acórdão n.º 3302003.545 S3C3T2 Fl. 10 9 II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 5º O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 6º As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Portanto, o pedido efetuado carece de previsão legal. Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 136DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.002229/2003-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracteriza omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, quando o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo Presidente
(assinado digitalmente)
Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracteriza omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, quando o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10283.002229/2003-64
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5688187
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2402-005.617
nome_arquivo_s : Decisao_10283002229200364.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10283002229200364_5688187.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
id : 6664910
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950422896640
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 981; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10283.002229/200364 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.617 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 07 de fevereiro de 2017 Matéria Depósitos bancários. Origem não comprovada. Recorrente FIRMINO PINTO DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracteriza omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, quando o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 22 29 /2 00 3- 64 Fl. 704DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo – Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho. Fl. 705DF CARF MF Processo nº 10283.002229/200364 Acórdão n.º 2402005.617 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Retornam os autos a esta turma após o julgamento do recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) que assim decidiu (fls. 681/695): Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial da procuradoria e darlhe provimento parcial, somente para afastar a decadência do período de janeiro a março de 1998, devendo o processo ser remetido para a Câmara/Turma recorrida para análise das demais alegações recursais, exclusivamente para àquelas competências. No acórdão de recurso voluntário e de ofício (fls. 335/360), o feito foi assim relatado: Nos termos do Auto de Infração e anexos de fls. 114 a 128, exigese do contribuinte, acima identificado, imposto sobre a renda no valor de R$ 1.087.298,63, acrescido de multa no valor de R$ 1.625.379,19 e juros de mora no valor de R$ 850.407,41. As infrações constatadas foram descritas pelo auditorfiscal nos seguintes termos: 1) omissão de rendimentos correspondentes à prestação de serviços, em 30/9/1999, no montante de R$ 27.000,00; 2) omissão de rendimentos caracterizada por acréscimo patrimonial a descoberto de R$ 994.867,00 e de R$ 71.434,55, respectivamente, em 30/9/1997 e 30/4/1998; 3) omissão de rendimentos de ganhos de capital na alienação de quotas de Capital Social da Rodai Construções e Comércio Ltda., no montante de R$ 2.755.600,00, em 30/10/1998; 4) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem comprovação da origem nos seguintes valores e períodos: R$ 530.359,50 (1997); R$ 193.708,00 (1998); R$ 618.102,98 (1999); R$ 161.965,49 (2000). Do lançamento o contribuinte foi cientificado (fl. 114) e, tempestivamente, por procurador (fl. 158), protocolou a impugnação de fls. 141 a 155. A 2.ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Belém, por unanimidade de votos, manteve em parte o lançamento, em decisão de fls. 174 a 193, resumindo seu entendimento na seguinte ementa: Fl. 706DF CARF MF 4 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E AFRONTA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. Não se vislumbra no processo vícios insanáveis do cerceamento do direito de defesa e afronta ao princípio da legalidade, não há que se declarar a nulidade do lançamento. OMISSÃO DE RENDIMENTOS AUFERIDOS DE PESSOA JURÍDICA. A prova da ocorrência do fato gerador do IRPF relativo a rendimentos pagos por pessoa jurídica é elemento indispensável para a subsistência do lançamento, nessa parte. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Sujeitase à tributação a variação patrimonial apurada, não justificada por rendimentos declarados/comprovados, por caracterizar omissão de rendimentos. Sendo o acréscimo patrimonial a descoberto uma presunção legal do tipo juiris tantum, a infração imputada só poderá ser elidida a comprovação da origem dos recursos. OMISSÃO DOS GANHOS DE CAPITAL. A ocorrência da situação de fato de que trata o art. 16, I, do CTN é suficiente para a tributação de ganhos de capital na alienação de quotas de participação societária. OMISSÃO DE RENDIMENTOS POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO COMPROVADOS. É perfeitamente cabível a tributação com base na presunção definida em lei. Os depósitos bancários, cujas origens não foram devidamente comprovadas não podem ficar a margem da tributação. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Não cabe a aplicação da multa qualificada quando não ficar evidente o intuito de fraude. Dessa decisão o Presidente da 2a Turma da Delegacia de Julgamento de Belém recorreu de ofício, em face de o crédito tributário exonerado estar acima do limite de alçada fixado no rt. 34, inciso I, do Decreto 70.235, de 1972, com a redação dada pelo art. 67, da Lei n° 9.532, de 1997, c/c a Portaria MF n° 375, de 7 de dezembro de 2001. Da decisão o contribuinte teve ciência em 11/3/2005 (fl. 195, v.) e, na guarda do prazo legal, por procurador (fl. 223), apresentou recurso de fls. 202 a 222, acompanhado dos documentos de fls. 225 a 234, alegando, em síntese: o auto de infração foi cientificado ao sujeito passivo em 25 de abril de 2003 e, portanto, os fatos geradores ocorridos até o dia 31 de dezembro de 1997 e até 24 de abril de 1998 relativamente a ganhos de capital não poderiam ser objeto de exame pela autoridade fiscal; Fl. 707DF CARF MF Processo nº 10283.002229/200364 Acórdão n.º 2402005.617 S2C4T2 Fl. 4 5 a jurisprudência é taxativa neste sentido (Ac. CSRF/0104.569, Ac. CSRF/104.856, Ac. CSRF 01/03.386); o recorrente esclareceu e comprovou que a subscrição e integralização do capital social da empresa Rodai Construções e Comércio LTDA., foi concretizada com empréstimos concedidos por Otávio Roman Neves e, posteriormente, as mesmas quotas foram transferidas para o mesmo credor e mais dois adquirentes; a decisão recorrida não aceitou as provas acostadas aos autos, porque a autoridade julgadora entendeu que os contratos de mútuo não teriam sido registrados no cartório e que, sem o respectivo registro, estes contratos só tem validade para os signatários, não poderiam ter eficácia perante terceiros, e principalmente, para efeitos fiscais; a aquisição de quotas foi realizada no dia 3/9/1998 e, portanto, o lançamento deveria ter como fato gerador o mês de setembro de 1998, e não setembro de 1997, como consta do auto de infração; além da alteração do Contrato Social registrado na JUCEA, foram anexadas aos autos, na fase impugnativa, provas adicionais para confirmar que o referido evento ocorreu (declarações de sócios da referida empresa, que comprovam as alienações), desta forma, a apuração de acréscimo patrimonial em setembro de 1997, a título de dispêndios/aplicações, não tem a mínima consistência; os artigos 131, 135 e 1.07 do Código Civil, que fundamentam a decisão recorrida, não têm o mínimo cabimento para o caso em tela, pois tratam de cessão de crédito e não de simples contrato de mútuo; este é o entendimento do Conselho de Contribuintes (Ac. 10612.1.97); se o contrato de mútuo existe e vale para os signatários, seus efeitos devem ser apurados para efeitos fiscais, sob pena de resultados prejudiciais para a Fazenda Pública; na eventual apuração de ganho de capital, a fiscalização cometeu o equívoco quanto ao momento da ocorrência do fato gerador, desta forma, a autuação a título de omissão de ganhos de capital em setembro de 1998 não procede porque esta tributação é definitiva como ganho de capital e não integra a declaração de ajuste; nos termos dos artigos 142 e 144 do CTN, não pode pairar qualquer dúvida que o fato gerador do imposto sobre o ganho de capital pela venda de participação societária ocorreu no mês de dezembro de 1998, data do registro da alteração contratual, e não em outubro de 1998, quando foi elaborada minuta do Contrato Social; Fl. 708DF CARF MF 6 os extratos bancários da empresa Baldrame Construções e Comércio LTDA., indicam saída de recursos correspondentes aos dividendos ou lucros pagos e esta prova conectada com sua contabilidade registra o pagamento de dividendos ou lucros que constituem prova inequívoca da origem dos recursos depositados na conta corrente da pessoa física; a fiscalização apurou omissão de rendimentos mês a mês, mas o lançamento foi efetuado no anocalendário, e este procedimento contraria o disposto no art. 42, § 4o, da Lei n° 9.430/96, que não estava revogada nem derrogada na data da autuação e nem foi alterado até a presente data; não pode prosperar a exigência correspondente à omissão de rendimentos caracterizado por depósitos bancários, porque a origem dos recursos foram comprovadas. Por último, requer que seja acolhida a preliminar de decadência e, no mérito, seja provido o pleito para cancelar o lançamento. Consta, as fls. 235 a 240, arrolamento de bens e direitos, exigido pelo art. 32, § 2o da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002 e Instrução Normativa SRF n° 264/2002. O Conselho de Contribuinte julgou os recursos (fls. 335/360) tendo concluído o seguinte: ACORDAM os Membros da Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao Recurso de ofício para restabelecer o lançamento quanto aos rendimentos recebidos de pessoas jurídicas no valor de R$27.000,00, e quanto ao recurso voluntário, DAR provimento PARCIAL, por unanimidade de votos para reconhecer a decadência relativa aos fatos geradores ocorridos em 1997 e por maioria de votos, para acolher a decadência do lançamento relativo a depósito bancário dos meses de janeiro a março 98, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Luiz Antonio de Paula, Ana Neyle Olímpio Holanda e José Ribamar Barros Penha. É o relatório. Fl. 709DF CARF MF Processo nº 10283.002229/200364 Acórdão n.º 2402005.617 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator A admissibilidade do recurso voluntário já foi confirmada por ocasião do primeiro julgamento, razão por que passamos diretamente ao exame de mérito. Da autuação Consoante auto de infração (fls. 118/127), são os seguintes os fatos geradores relativos ao períodocalendário 01 a 03/1998: 004 OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADAS POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil ou idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. Consoante mostram suas declarações de rendimentos (fls. 4 a 11), o contribuinte informou ao Fisco ter auferido os seguinte rendimentos tributáveis nos anoscalendário: 1997 a 2000: ANO CALENDARIO 1997 ...RS 22.,350, 00 ANOCALENDÁRIO 1998 . . . R$ 14.160,00 ANOCALENDARIO 1999 ... R$ 40.000,00 ANOCALENDÁRIO 2000 ... R$ 60.000,00. Entretanto, segundo registros encontrados nos extratos da conta corrente n° 6.890X, aberta em nome dele na agência 1197 Campos Elíseos, do Banco do Brasil (fls. 46 a 86), ele foi favorecido com depósitos que alcançaram os seguintes valores no dito período: ANOCALENDÁRIO 1997 ... R$ 530.359,50 ANOCALENDÁRIO 1999 ... R$ 618.102,98 ANOCALENDÁRIO 1998 ... R$ 193.708,00 ANOCALENDÁRIO 2000 ... R$ 161.965,49. Em 23/12/2002, foi entregue ao contribuinte um termo de intimação (fls. 87 a 89), requisitando a apresentação de Fl. 710DF CARF MF 8 documentos comprobatórios da origem dos recursos que viabilizaram os referidos depósitos. Ele formalizou três pedidos de prorrogação de prazo para atender a intimação fiscal, datados de 13/01/2003, de 04/02/2003 e de 20/02/2003 (fls. 91, 92 e 111), mas não forneceu a documentação para comprovar a origem dos questionados recursos financeiros, na forma como exige a lei. Por conseguinte, este fato ficou caracterizado como rendimentos omitidos, segundo prescrição legal, em razão do que ora estamos submetendo à tributação do Imposto de Renda os seguintes valores depositados na indicada conta do sr. Firmino: (...) ANOCALENDÁRIO 1998 . . . R$ 193.708,00 DATA / VALOR 05/01/1998 25.000,00 19/01/1998 17.262,50 17/03/1998 11.520,00 11/05/1998 5.700,00 19/05/1998 20.450,00 (...) Assim, quanto a esta infração, o objeto de exame limitase aos depósitos de origem não comprovada realizados nas competências 01 e 03/1998. Do recurso voluntário (fls. 217/237) Em relação aos depósitos de origem não comprovada, o recorrente apresenta as seguintes alegações: os extratos bancários da empresa Baldrame Construções e Comércio LTDA., indicam saída de recursos correspondentes aos dividendos ou lucros pagos e esta prova conectada com sua contabilidade registra o pagamento de dividendos ou lucros que constituem prova inequívoca da origem dos recursos depositados na conta corrente da pessoa física; a fiscalização apurou omissão de rendimentos mês a mês, mas o lançamento foi efetuado no anocalendário, e este procedimento contraria o disposto no art. 42, § 4o, da Lei n° 9.430/96, que não estava revogada nem derrogada na data da autuação e nem foi alterado até a presente data; não pode prosperar a exigência correspondente à omissão de rendimentos caracterizado por depósitos bancários, porque a origem dos recursos foram comprovadas. Delimitada a lide, e superada a preliminar de decadência, passemos à apreciação do mérito. Fl. 711DF CARF MF Processo nº 10283.002229/200364 Acórdão n.º 2402005.617 S2C4T2 Fl. 6 9 Dos depósitos de origem não comprovada Em relação aos depósitos bancários de origem não comprovada, a matéria é tratada especificamente no art. 42 da Lei no 9.430/1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Medida Provisória nº 1.5637, de 1997) (Vide Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. No caso sob exame, o recorrente alega, inicialmente, que a origem dos depósitos seria a distribuição de dividendos ou lucros pela empresa Baldrame Construções e Comérico LTDA. Às fls. 63/64 consta extrato de conta corrente do Autuado, no Banco do Brasil, onde estão identificados os depósitos objeto do lançamento. Com a impugnação (fls. 148/162), o sujeito passivo argüiu que os depósitos de R$ 25.000,00 (em 05/01/1998) e R$ 17.262,50 (em 19/01/1998), corresponderiam a lucros distribuídos pela empresa Baldrame Construções e Comércio LTDA, enquanto o depósito de R$ 11.520,00 (em 17/03/1998), corresponderia a depósitos em dinheiro (simples movimentação). No entanto, com a impugnação não juntou qualquer documento para comprovar suas alegações. Tampouco explicou a origem do depósito em dinheiro. Fl. 712DF CARF MF 10 No recurso, de forma genérica, afirma que os depósitos correspondem a lucros distribuídos pela empresa Baldrame Construções e Comércio LTDA. Embora alegue haver trazido extratos bancários da empresa Baldrame Construções e Comércio LTDA e sua contabilidade, tais provas não constam dos autos. De notarse que os documentos constantes dos autos (fls. 46/11, na numeração manual ou fls. 50/115, na numeração eletrônica) consistem em extratos bancários do Autuado, contrato social, contrato de mútuo e recibos do contrato de mútuo. Nenhum documento relativo à empresa Bladrame foi juntado, mormente sua contabilidade ou documentos relativos a distribuição de lucros. Logo, ausentes as provas das alegações, os depósitos permanecem sem origem identificada. Examinados os demonstrativos de cálculo que integram o auto de infração, constatase que o auditorfiscal demonstrou os rendimentos na data de recebimento dos depósitos bancários. Contudo, para apurar a base de cálculo do imposto, utilizou o critério anual. No tocante ao momento da tributação, a questão já foi pacificada no âmbito deste Conselho, consoante enunciado da súmula no 38, aprovada pela Segunda Turma do Conselho Superior de Recurso Fiscais: Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Logo, escorreito o lançamento fiscal que considerou como omissão de rendimentos os depósitos bancários de origem não comprovada, com suporte na presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei no 9.430/1988. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira. Fl. 713DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.911975/2009-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Ano-calendário: 2007
APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil-fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior.
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, o que não logrou êxito demonstrar, mesmo após diligência efetuada.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado não foi comprovado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Esteve presente ao julgamento o Dr. Matheus Lyon, OAB/DF nº 52.552.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Ano-calendário: 2007 APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil-fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, o que não logrou êxito demonstrar, mesmo após diligência efetuada. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado não foi comprovado. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10120.911975/2009-07
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5720395
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.098
nome_arquivo_s : Decisao_10120911975200907.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 10120911975200907_5720395.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Esteve presente ao julgamento o Dr. Matheus Lyon, OAB/DF nº 52.552.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6750912
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950514122752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1912; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 345 1 344 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10120.911975/200907 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.098 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de abril de 2017 Matéria CIDE PER/DCOMP Recorrente INTERSMART COMERCIO IMPORTACAO, EXPORTACÃO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Anocalendário: 2007 APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, o que não logrou êxito demonstrar, mesmo após diligência efetuada. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado não foi comprovado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 91 19 75 /2 00 9- 07 Fl. 348DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Esteve presente ao julgamento o Dr. Matheus Lyon, OAB/DF nº 52.552. Relatório O presente processo trata de Declaração de Compensação DCOMP, transmitida eletronicamente, de suposto crédito de CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, a ser compensada com débitos de outros tributos federais. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, prolatada pela DRJ em Brasília (DF) no Acórdão nº 0345.477, de 20/10/2011, que transcrevo a seguir: Tratase o presente processo da Declaração de Compensação (DCOMP) de nº 24708.19305.270407.1.3.040673, transmitida eletronicamente em 27/4/2007, com base em créditos relativos à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE. A contribuinte declarou no PER/DCOMP a existência de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior, cujo DARF apresenta as seguintes características: (...). A partir das características do DARF foi identificado pelos sistemas da RFB, que o referido DARF, na verdade, havia sido utilizado integralmente para pagamento de outro débito, de modo que não existia crédito disponível para efetuar a compensação solicitada pela contribuinte no PER/DCOMP objeto da atual lide. Utilização dos pagamentos encontrados para o DARF discriminado no PER/DCOMP: (...). Assim, em 7/10/2009, foi emitido eletronicamente o Despacho Decisório (fl. 18), cuja decisão não homologou a compensação dos débitos confessados por inexistência de crédito. O valor do principal correspondente aos débitos informados é de R$ 14.078,48. Cientificado, via postal, dessa decisão em 20/10/2009 (fl. 29), bem como da cobrança dos débitos confessados na Dcomp, o Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10120.911975/200907 Acórdão n.º 3402004.098 S3C4T2 Fl. 346 3 sujeito passivo apresentou em 18/11/2009, manifestação de inconformidade à fl. 2, acrescida de documentação anexa. A contribuinte contesta a decisão proferida no Despacho Decisório, esclarecendo que, o crédito original declarado no presente PER/Dcomp encontrase devidamente retificado na DCTF. Informa o mês de referência da DCTF, a data da entrega da declaração e o número do recibo. É o relatório A Delegacia de Julgamento em Brasília (DF) proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Anocalendário: 2007 APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 16/12/2011, a Recorrente foi intimada do Acórdão da DRJ (fl. 73). Inconformada com a decisão da autoridade julgadora administrativa, em 13/01/2014, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, onde aduz em apertada síntese que (fls. 76/85): Fl. 350DF CARF MF 4 (i) houve erro quando do preenchimento da DCTF, razão pela qual o débito não foi identificado pela SRFB. Em vista desse erro, a Recorrente procedeu à retificação da DCTF e informou à autoridade administrativa (quando da manifestação da inconformidade). Entende que com esta informação, à época, já era suficiente para a solução da questão, uma vez que foi em razão da não localização do crédito no sistema que a compensação foi indeferida (pelo despacho decisório eletrônico); (ii) a decisão recorrida reconheceu que a não homologação da compensação teve como fundamento o fato de a DCTF não indicar a existência do crédito, todavia, os julgadores de primeira instância entenderam que além da declaração retificadora, a Recorrente deveria comprovar, com base em sua escrituração contábil, a ocorrência dos fatos alegados na DCTF retificadora; (iii) embora entenda desnecessária a apresentação dessas novas provas, com a intenção de solucionar o litígio juntou aos autos os documentos fiscais contábeis que deram supedâneo à retificadora da DCTF e que justificam o crédito pleiteado. E, deste modo, requer a realização de diligência caso entendase necessário ao esclarecimento acerca do crédito compensado; (iv) não há nenhum impedimento para a apresentação de DCTF retificadora, ou prazo determinado na legislação para a apresentação da retificadora, desde que respeitado o limite temporal de 5 anos, aplicável a todas obrigações acessórias; (v) a retificação da DCTF esvazia o Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação apresentada e justifica a sua modificação, uma vez que no seu entender não resta mais dúvida acerca da existência de valores passíveis de compensação; (vi) por fim, requer seja dado provimento ao Recurso Voluntário apresentado para reformar o acórdão recorrido. O processo digitalizado, então, foi encaminhado para ser analisado por este CARF na forma regimental. Em 24/07/2013, os membros da 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara/3ª Sejul, enntendem que há razoável dúvida quanto à certeza e liquidez dos alegados direitos aos créditos que a Recorrente pretende compensar. Deste modo, visando propiciar a ampla oportunidade para a Recorrente esclarecer e comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, resolvem converter o julgamento em DILIGÊNCIA, conforme Resolução nº 3202000.116, nos seguintes termos (fls. 202/206): "(...) Em face do acima exposto, nos termos dos artigos 18 e 29 do Decreto n° 70.235/72, proponho a realização de diligência para que a autoridade fiscal da DRF Goiânia proceda à análise da documentação apresentada pela Recorrente em seu Recurso Voluntário, bem como intime a interessada para apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos que entenda necessários, a critério da fiscalização, com vistas a esclarecer e comprovar a existência dos supostos créditos suscetíveis de serem utilizados na compensação de tributos. Desta forma, os autos devem retornar à repartição de origem Delegacia da Receita Federal em Goiânia para realização da diligência solicitada. Ao término dos trabalhos, a autoridade fiscal da DRF – Goiânia deverá elaborar Relatório Conclusivo sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestando Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10120.911975/200907 Acórdão n.º 3402004.098 S3C4T2 Fl. 347 5 se sobre a existência de crédito líquido e certo suscetível de ser utilizado pela Recorrente na Declaração de Compensação apresentada. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Os autos, então, foram encaminhados à DRF em Goiânia (GO), para cumprimento da referida Resolução. Visando o atendimento da diligência solicitada, a fiscalização, após a Intimação da Recorrente e a conclusão dos trabalhos, prolatou a Informação Fiscal de fls. 331/335. Conforme consta no item 07 da Informação Fiscal (fl. 333), a Recorrente por meio do Termo de Intimação Fiscal SEORT nº 90/2015 (fls. 199), foi solicitado que a contribuinte demonstrasse a origem do crédito. Em resposta, apresentou cópia de seus livros (fls. 204/225). Assim, após serem cumpridos todos os dispositivos da Resolução nº 3202 000.116, o processo retornou a este CARF e foi sorteado para este Conselheiro para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, relator. Como já analisado na Resolução o recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomase conhecimento. 1. Do direito A recorrente utilizou em Declarações de Compensação (DCOMP) o pagamento do tributo CIDE, código de receita 8741, apurado em 31/01/2007, arrecadado em 12/02/2007, no valor originário de R$ 18.703,73. Compulsandose os autos, verificase que a questão posta em discussão, é que o pedido de compensação feito pela Recorrente foi indeferido por meio de Despacho Decisório eletrônico, em decorrência da “inexistência de crédito”. A Recorrente apresentou DCTF retificadora, informando este fato quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade. Entretanto, o acórdão recorrido manteve o indeferimento do pedido de compensação sob o argumento de que a interessada não apresentou qualquer elemento contábil demonstrando que teria havido pagamento a maior ou indevido e, deste modo, a Recorrente não comprovou a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação. Portanto, o fundamento da decisão recorrida foi a falta de apresentação de documentação probante (escrituração contábil fiscal) que corroborase as informações apresentadas na DCTF retificadora. Fl. 352DF CARF MF 6 Em suas razões recursais, a Recorrente, quando da apresentação do Recurso Voluntário, afirma que houve erro quando do preenchimento da DCTF, razão pela qual apresentou a retificadora da DCTF, sendo que este fato foi informado à autoridade administrativa e, no seu entender, seria suficiente para a solução do litígio (uma vez que o fundamento do Despacho Decisório seria apenas a inexistência de débito). Como o acórdão recorrido proferido pela DRJ/Brasília indeferiu sua manifestação de inconformidade, agora pela falta de apresentação de documentação probante que demonstrasse o seu direito, a Recorrente apresentou vários documentos, que entende serem suficientes para a devida comprovação do direito à compensação solicitada e requer a realização de diligência para o esclarecimento acerca do crédito compensado. Como é cediço, é condição indispensável à compensação de tributos a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170 da Lei n° 5.172/66 (Código Tributário Nacional CTN). Necessário, neste sentido, a comprovação cabal da existência desses supostos créditos, o que pode ser demonstrados com base na análise da documentação contábil fiscal do contribuinte. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Deste modo, visando propiciar a ampla oportunidade para a Recorrente esclarecer e comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, o presente julgamento foi convertido em diligência (Resolução nº 3202000.116), com vistas a esclarecer e comprovar a existência dos supostos créditos suscetíveis de serem utilizados na compensação de tributos. A DRF de Goiânia, cumprindo os termos da Resolução, proferiu a Informação Fiscal, apresentado as seguintes informações: "(...) 07. Por meio do Termo de Intimação Fiscal SEORT nº 90/2015 (fls. 199), foi solicitado que a contribuinte demonstrasse a origem do crédito. 08. Em resposta, apresentou cópia de seus livros (fls. 204/225). 09. A apuração da CIDE de janeiro de 2007 também foi discutida no e Processo 10120.911973/200918, a resposta a intimação do processo 10120.911973/200918 foi utilizada para tentar analisar a apuração da CIDE de janeiro de 2007. A contribuinte apresentou cópia de contratos de câmbio para o mês de janeiro. Tabela com os contratos apresentados:(...). 10. No Livro Razão, na conta 642 – 4.2.5.01 – CIDE – Contribuição Domínio Econômico, são realizados os seguintes lançamentos: (...). 11. Na DCTF Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, confessa os seguintes valores: (...). 12. Os valores confessados em DCTF estão em discrepância com os valores escriturados no Livro Razão. Os contratos apresentados em resposta à intimação foram escriturados no mês de fevereiro. Não houve a apresentação de documentos comprobatórios do mês de janeiro. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10120.911975/200907 Acórdão n.º 3402004.098 S3C4T2 Fl. 348 7 13. Em razão dessas divergências, por meio do Termo de Intimação Fiscal SEORT nº 286/2015, a contribuinte foi intimada novamente a demonstrar a origem de seu direito creditório. 14. Transcorrido o prazo estabelecido na intimação, não houve qualquer manifestação da contribuinte. Conclusão 15. Por inércia da contribuinte, não foi possível elaborar Relatório Conclusivo. 16. Encaminho à EAT6 para cientificar a contribuinte desta informação, bem como que conceda prazo de 30 (trinta) dias para manifestação da interessada e posterior encaminhamento ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais". Através da Comunicação nº 1.245/2015 (fls. 337/339) a Recorrente foi cientificado do teor da Informação Fiscal (Relatório de Diligência Fiscal) de fls. 331/335. Assim, transcorrido o prazo para apresentação de manifestação, o que não foi efetuado pela Recorrente, os autos retornaram a este CARF para prosseguimento do julgamento. Conforme já dito, é necessário, a comprovação cabal da existência desses supostos créditos pleiteados neste processo, o que NÃO pode ser confirmados conforme restou demonstrado na análise da documentação contábil fiscal da Recorrente (inclusive pela sua inércia quando intimado a manifestarse), nos exatos termos como restou consignado na Informação Fiscal de Diligência prolatada pelo Fisco. Como é condição indispensável à compensação de tributos, a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170 da Lei n° 5.172/66 (Código Tributário Nacional CTN), e uma vez não comprovada nos autos a existência de direito creditório líquido e certo da Recorrente contra a Fazenda Pública passível de compensação, não há o que ser reconsiderado na decisão dada pela autoridade administrativa. Conclusão Pelos fundamentos acima expostos, voto no sentido de NEGAR provimento ao Recurso Voluntário apresentado. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Fl. 354DF CARF MF 8 Fl. 355DF CARF MF
score : 1.0
