Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,063)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,078)
- Segunda Turma Ordinária d (16,754)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,780)
- Primeira Turma Ordinária (15,405)
- Segunda Turma Ordinária d (15,346)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,197)
- Segunda Turma Ordinária d (13,942)
- Primeira Turma Ordinária (12,787)
- Primeira Turma Ordinária (11,930)
- Segunda Turma Ordinária d (11,864)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,159)
- Quarta Câmara (82,185)
- Terceira Câmara (63,848)
- Segunda Câmara (52,208)
- Primeira Câmara (16,897)
- 3ª SEÇÃO (15,780)
- 2ª SEÇÃO (11,159)
- 1ª SEÇÃO (6,680)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,015)
- Segunda Seção de Julgamen (109,843)
- Primeira Seção de Julgame (72,358)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,762)
- Câmara Superior de Recurs (37,215)
- Terceiro Conselho de Cont (25,924)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,040)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,793)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,984)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,314)
- HELCIO LAFETA REIS (3,232)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,798)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,041)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,458)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,836)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,611)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2025 (16,253)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 18471.000626/2005-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002, 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/10/2002 a 31/12/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/04/2003 a 30/06/2003, 01/07/2003 a 30/09/2003, 01/10/2003 a 31/12/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004, 01/04/2004 a 30/06/2004
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO.
De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
DIF-PAPEL IMUNE. INSCRIÇÃO NO REGISTRO ESPECIAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO.
A pessoa jurídica possuidora de estabelecimento inscrito no Registro Especial está obrigada a apresentar a DIF-Papel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período.
MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE. PREVISÃO LEGAL.
É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada DIF - Papel Imune, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.158-35/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001.
VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA DIF - PAPEL IMUNE.
Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a multa pela falta ou atraso na apresentação da DIF - Papel Imune deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.158-35/ 2001.
RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.
Por força da alínea c, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato.
Numero da decisão: 3201-003.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para adequar-se a multa aplicada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002, 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/10/2002 a 31/12/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/04/2003 a 30/06/2003, 01/07/2003 a 30/09/2003, 01/10/2003 a 31/12/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004, 01/04/2004 a 30/06/2004 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO. De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DIF-PAPEL IMUNE. INSCRIÇÃO NO REGISTRO ESPECIAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. A pessoa jurídica possuidora de estabelecimento inscrito no Registro Especial está obrigada a apresentar a DIF-Papel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada DIF - Papel Imune, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.158-35/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA DIF - PAPEL IMUNE. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a multa pela falta ou atraso na apresentação da DIF - Papel Imune deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.158-35/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. Por força da alínea c, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 18471.000626/2005-58
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5870406
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-003.740
nome_arquivo_s : Decisao_18471000626200558.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
nome_arquivo_pdf_s : 18471000626200558_5870406.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para adequar-se a multa aplicada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
id : 7328376
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:20:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310608420864
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1912; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 85 1 84 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.000626/200558 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.740 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de maio de 2018 Matéria IPI Recorrente NOBRE GRÁFICA EDITORA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002, 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/10/2002 a 31/12/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/04/2003 a 30/06/2003, 01/07/2003 a 30/09/2003, 01/10/2003 a 31/12/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004, 01/04/2004 a 30/06/2004 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO. De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DIFPAPEL IMUNE. INSCRIÇÃO NO REGISTRO ESPECIAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. A pessoa jurídica possuidora de estabelecimento inscrito no Registro Especial está obrigada a apresentar a DIFPapel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.158 35/ 2001. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 06 26 /2 00 5- 58 Fl. 85DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 86 2 RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para adequarse a multa aplicada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: " Contra a contribuinte retro qualificada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 13/17 para exigência de Multa no valor de R$ 855.000,00, decorrente da falta ou atraso na entrega da Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel lmune (DIFPapel lmune), relativamente aos trimestres 2° ao 4°/2002, 1° ao 4°/2003; 1° e 2°/2004. O lançamento foi amparado nos dispositivos legais relacionados na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração (fl. 04), merecendo destaque o art. 16 da Lei n° 9.779/99, o art. 57 da Medida Provisória 2.15835/2001, e os arts. 1° e 10 da IN SRF Nº 71/2001. Após ciência do Auto de Infração por via postal, em 11/05/2005 (fl. 19) e inconformada com o lançamento, apresentou a contribuinte, em 10/06/2005, a impugnação de fls. 21/31, na qual, em síntese: Fl. 86DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 87 3 1°) pondera que a finalidade da DIFPapel Imune é o controle da circulação do papel imune e, como não praticou qualquer operação com papel imune, o fato a dar ensejo à obrigação de entrega da declaração nunca ocorreu, ou seja, o fato imponível para a aplicação da multa consubstanciada na exação fiscal ora combatida nunca se consumou, motivo pelo qual é nula a exigência fiscal; 2°) alega que a penalidade imposta viola os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e legalidade, discorrendo longamente acerca desse último; 3°) questiona o cálculo da multa considerandose o mês calendário de atraso, manifestando seu entendimento no sentido de que havendo seqüência de ilícitos da mesma natureza (infração de natureza continuada, sucessiva, isto é, uma única infração que se sucede mês a mês, no caso, a não apresentação da declaração) apurados em uma única autuação, deve ser aplicada apenas uma multa (sanção única), na forma do art. 71 do Código Penal Brasileiro; vale dizer, as infrações de mesma natureza, apuradas em uma única ação fiscal, devem ser consideradas como uma única infração continuada, com aplicação de uma só penalidade conforme jurisprudência do STJ; 4°) por fim, pleiteia a acolhida da impugnação e a improcedência da exigência fiscal, ou, caso assim não entenda, a redução da penalidade a apenas uma multa. Ao final do processo, às fls. 48/49, a impugnante dá conta do deferimento de seu pedido de cancelamento do Registro Especial para operações com papel imune, mediante publicação do ADE n° 72, em 30/09/2005, cuja cópia anexa aos autos." A decisão recorrida julgou improcedente a impugnação e apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002, 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/10/2002 a 31/12/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/04/2003 a 30/06/2003, 01/07/2003 a 30/09/2003, 01/10/2003 a 31/12/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004, 01/04/2004 a 30/06/2004 DIFPAPEL IMUNE. FALTA OU ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A nãoapresentação, ou a apresentação da DIFPapel lmune após os prazos estabelecidos para a entrega dessa declaração, sujeita o contribuinte à imposição da multa prevista no artigo 57 da MP 2.15834 (e reedição posterior). Fl. 87DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 88 4 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. LEGALIDADE E CONSTITUCIONALIDADE. As normas e determinações previstas na legislação tributária presumemse revestidas do caráter de legalidade e constitucionalidade, contando com validade e eficácia, não cabendo à esfera administrativa questionálas ou negarlhes aplicação. Lançamento Procedente" O recurso voluntário da recorrente foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: (i) embora possua o registro especial, nunca sequer praticou quaisquer das operações elencadas no art. 1° da INSRF n.° 71/2001, o que inclusive motivou o pedido de cancelamento desse registro; (ii) a penalidade aplicada é incabível, porquanto a finalidade pela qual foi instituída a DIF é para o controle daqueles que se utilizam de papel imune, o que não é o seu caso; (iii) não houve qualquer prejuízo ao Fisco; (iv) a multa só pode ser imputada por lei e sua cobrança perpetrada através Medida Provisória n.° 2.15834 está eivada de inconstitucionalidade; (v) determina o Código Tributário Nacional, em seu artigo 97, inciso V, que “somente a lei pode estabelecer” ... “penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas”; e (vi) admitindose que tenha deixado de cumprir obrigação, é óbvio que a infração decorrente é de natureza sucessiva, mês a mês, ou seja, é uma infração continuada, e a multa deve incidir um única vez É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Preliminarmente, em relação as alegações de inconstitucionalidade tecidas pela recorrente em sua peça recursal, as afasto em razão da incompetência deste Colegiado para decidir sobre a constitucionalidade da legislação tributária. A matéria é objeto da Súmula CARF nº 2, publicada no DOU de 22/12/2009 a seguir ementada: “Súmula CARF nº 2 Fl. 88DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 89 5 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Assim, sendo referida súmula de aplicação obrigatória por este colegiado, maiores digressões sobre a matéria são desnecessárias. No que tange ao mérito da questão, assiste parcial razão a recorrente conforme será demonstrado adiante. Antes, devem ser analisados pontos suscitados na peça recursal e que não socorrem a recorrente. Com relação ao argumento de que em momento algum se utilizou de papel imune, ao passo que nunca sequer praticou quaisquer das operações elencadas no art. 1° da IN SRF n.° 71/2001, o que inclusive motivou o pedido de cancelamento desse registro, tal alegação não merece prosperar. Neste sentido, é de se reportar ao contido em decisão proferida em 1ª instância no processo nº 10855.000851/200578, a qual, acertadamente assim consigna: "Ora, a obrigatoriedade de entrega das DIFPapel Imune decorre do simples fato de o sujeito passivo estar devidamente inscrito no Registro Especial de que trata o art. 1° da mesma IN SRF n° 71/2001. Do referido ato, transcrevo os dispositivos normativos pertinentes, in verbis: Art. 1° Os fabricantes, os distribuidores, os importadores, as empresas jornalísticas ou editoras e as gráficas que realizarem operações com papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos estão obrigados à inscrição no registro especial instituído pelo art. 1° do Decretolei n° 1.593, de 21 de dezembro de 1977, não podendo promover o despacho aduaneiro, a aquisição, a utilização ou a comercialização do referido papel sem prévia satisfação dessa exigência. ... Art. 10. Fica instituída a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIF Papel Imune), cuja apresentação é obrigatória para as pessoas jurídicas de que trata o art. 1°. Vejase, assim, que toda empresa que estiver inscrita no Registro Especial (de que trata o art. 1°) está obrigada à. entrega da DIFPapel Imune nos prazos fixados no art. 11 da mesma norma, que segue transcrito in verbis: Art. 11. A DIFPapel Imune deverá ser apresentada até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores, em meio magnético, mediante a utilização de aplicativo a ser disponibilizado pela SRF. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 90 6 Parágrafo único. A DIFPapel Imune, relativa ao período de fevereiro a março de 2002, poderá, excepcionalmente, ser apresentada até o dia 31 de julho de 2002. (...) Enquadrandose, portanto, na hipótese de obrigatoriedade, deveria o sujeito passivo ter entregado as reportadas declarações, nos prazos fixados no art. 11 da IN SRF n° 71/2001. Destarte, como as declarações foram entregues após os prazos fixados no art. 11 da IN SRF n° 71/2001, a aplicação da multa decorreu do disposto no art. 12, da mesma norma, que se reportou, por sua vez, ao art. 57 da Medida Provisória (MP) n° 2.1583 (última reedição), verbis: IN SRF n° 71/2001: Art. 12. A não apresentação da DIFPapel Imune, nos prazos estabelecidos no artigo anterior, enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 57 da Medida Provisória n° 2.158 34, de 27 de julho de 2001. ................................................................................................ MP n° 2.15835/2001: Art. 57.0 descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei n° 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente as pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; (...) Cabe consignar, nesse passo, que a instituição da obrigação acessória de entrega da DIFPapel Imune visa prover a Administração Tributária de informações acerca das operações havidas (ou não havidas) com aquela mercadoria, sujeitas à imunidade de tributos. Assim sendo, de posse do cadastro de empresas inscritas no Registro Especial, que pretendem realizar operações com a referida mercadoria, a fiscalização passa a acompanhar a movimentação do Papel Imune por meio da entrega das DIFs. A inscrição no Registro Especial, realizada por solicitação do próprio contribuinte, é condição para a realização de operações com o Papel Imune. Uma vez inscrito, deve ele entregar as DIFs tempestivamente, sob pena de incidência da multa regulamentar. Não deveriam restar dúvidas aos contribuintes de que a obrigatoriedade do Registro Especial s6 atinge "os fabricantes, Fl. 90DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 91 7 os distribuidores, os importadores, as empresas jornalísticas ou editoras e as gráficas que realizarem operações com papel destinado impressão de livros, jornais e periódicos". Esta é a disposição literal do comando normativo. Se o sujeito passivo solicitou sua inscrição é porque se enquadrava naquela situação. E se, posteriormente, até por razões de mercado, decidiu que, definitivamente, não irá realizar operações com papel imune, poderá solicitar o cancelamento da sua inscrição, a qualquer tempo. Mas enquanto assim não proceder, permanecerá obrigado à entrega das DIFs." Tratase no caso, a DIF Papel Imune de uma declaração instituída com fundamento na Lei 9.779/99, de caráter acessório e geral, cujo descumprimento sujeita ao contribuinte ao disposto no art. 505 do RIPI/2002, de acordo com o previsto no art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/01. Constatase, então, que possui previsão legal. O entendimento do CARF sobre a legalidade da exigência, pode ser ilustrado com a seguinte decisão: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 DECLARAÇÕES ESPECIAIS DE INFRAÇÕES FISCAIS RELATIVAS AO CONTROLE DE PAPEL IMUNE (DIF PAPEL IMUNE). MULTA POR ATRASO OU FALTA NA ENTREGA. LEGALIDADE DA EXIGÊNCIA. DIF Papel imune é obrigação acessória amparada no artigo 16 da Lei 9.779, de 19 de janeiro de 1999. O atraso na entrega da declaração sujeita ao infrator à pena cominada no 505 no RIPI/2002 (cfr. artigo 57 da Medida Provisória 2.15834, de 27 de julho de 2001) c/c artigo 12 da IN SRF 71, de 24 de agosto de 2001, com a retroatividade benigna do artigo 12, inciso II e parágrafo único da IN SRF 976/2009. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte" (Processo 10830.001378/200613; Acórdão 9303001.456; Relatora Conselheira Nanci Gama; sessão de 31/05/2011) O Superior Tribunal de Justiça assim entende: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DIF PAPEL IMUNE. NÃO APRESENTAÇÃO NO PRAZO LEGAL. PENALIDADES. IN/SRF N. 71/2001. ART. 57 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.158/2001. 1. A Fundação Universidade de Passo Fundo ajuizou ação ordinária com vista à repetição de indébito de valores referentes ao pagamento de multa imposta com base no art. 57, I, da Medida Provisória 2.15834/2001, por descumprimento da Fl. 91DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 92 8 obrigação acessória de apresentar a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIF Papel Imune). (...) 4. A legislação tributária não deixa dúvidas de que a Fundação recorrente estava obrigada à apresentação da "DIFPapel Imune", independentemente de qualquer notificação por parte da Receita Federal, sob pena de sujeitarse à aplicação da penalidade pecuniária. Assim, ao descumprir a referida obrigação acessória, a recorrente ficou à mercê das sanções dispostas no art. 57 da MP 2.15834/2001. 5. O art. 57, I, da MP 2.15834/2001 estabeleceu a multa por descumprimento de obrigações acessórias em R$ 5.000,00 por mêscalendário. 6. Na hipótese dos autos, tem aplicação a Instrução Normativa da SRF 71/2007, que instituiu obrigação tributária acessória consistente na apresentação da DIFPapel Imune à Secretaria da Receita Federal, que deverá ser feita até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores. (...) (REsp 1222143/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/02/2011, DJe 16/03/2011) Ocorre que, sobreveio a Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, resultado da conversão da Medida Provisória n° 451/2008, que tratou da matéria nos seguintes termos: "Art. 1° Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II adquirir o papel a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. § 1° A comercialização do papel a detentores do Registro Especial de que trata o caput deste artigo faz prova da regularidade da sua destinação, sem prejuízo da responsabilidade, pelos tributos devidos, da pessoa jurídica que, tendo adquirido o papel beneficiado com imunidade, desviar sua finalidade constitucional. § 2° O disposto no § 1° deste artigo aplicase também para efeito do disposto no § 2° do art. 2° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, no § 2° do art. 2° e no § 15 do art. 3° da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e no § 10 do art. 8° da Lei n° 10.865, de 30 de abril de 2004. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 93 9 § 3° Fica atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil competência para: I expedir normas complementares relativas ao Registro Especial e ao cumprimento das exigências a que estão sujeitas as pessoas jurídicas para sua concessão; II estabelecer a periodicidade e a forma de comprovação da correta destinação do papel beneficiado com imunidade, inclusive mediante a instituição de obrigação acessória destinada ao controle da sua comercialização e importação. § 4° O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3° deste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I 5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. § 5° Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4° deste artigo será reduzida à metade." Assim, temse que a nova legislação estipulou penalidade mais benéfica ao contribuinte. O Código Tributário Nacional CTN, em seu artigo 106, inciso II, alínea c, dispõe, expressamente, que "Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática." Fl. 93DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 94 10 O dispositivo aplicase ao caso concreto, em razão de se tratar de norma mais benigna ao contribuinte, em matéria de penalidade. Anteriormente, a multa aplicada equivalia ao número de mesescalendário em atraso, o que resultava na aplicação de multa (penalidade) por demais gravosa ao contribuinte, a depender, inclusive, da demora, por parte do Fisco, em aplicála. Com a superveniência da Lei n° 11.945/2009, a penalidade passou a ser exigida levandose em conta cada obrigação acessória isolada, e não mais a quantidade de meses em atraso. Por se tratar de penalidade, é evidente e cristalina a sua natureza de matéria de ordem pública, fato que torna possível a sua apreciação por este órgão de julgamento,sendo lícita e legítima a aplicação do novo texto legal à hipótese versada, ainda que não instada a tanto. No caso concreto, aplicouse a multa no valor total de R$ 855.000,00, de multa pela não apresentação no prazo estabelecido da Declaração Especial de Informações relativas ao Controle de Papel Imune (DIF PAPEL IMUNE), referente aos 2°, 3° e 4º trimestres de 2002; , 1°, 2°, 3° e 4º trimestres de 2003 e 1° e 2° trimestres de 2004. No cálculo, considerouse, por mês em atraso, a multa de R$ 5.000,00, resultando no valor de R$ 855.000,00. Com a sistemática mais benéfica, estabelecida pela Lei n° 11.945/2009, a multa de R$ 5.000,00 deve ser exigida em relação a cada obrigação em atraso, no caso, 9 (nove) trimestres. No total, portanto, a multa que deverá incidir, conforme o exposto, será no valor de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais 9 trimestres x R$ 5.000,00). Nestes termos, tem decidido o CARF, através da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme decisões a seguir colacionadas: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/10/2002, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal nos seguintes comandos normativos: art. 16 da Lei nº 9.779/99; art. 57 da MP nº. 2.15835/ 2001; arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIFPAPEL IMUNE”. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 95 11 Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Recurso Especial do Procurador negado." (Processo 11080.001057/200601; Acórdão 9303005.273; Relator Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza; sessão de 21/06/2017) "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004, 31/10/2004, 10/02/2005 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.158 35/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte." (Processo 19515.000759/200533; Acórdão 9303004.953; Relator Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas; sessão de 10/04/2017) Fl. 95DF CARF MF Processo nº 18471.000626/200558 Acórdão n.º 3201003.740 S3C2T1 Fl. 96 12 Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, no valor de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais 9 trimestres x R$ 5.000,00). (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.720449/2008-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
RECURSO ESPECIAL. CONTEXTOS FÁTICOS DIFERENTES. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
O Recurso Especial da Divergência somente deve ser conhecido se restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência tenha sido aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados.
Hipótese em que o acórdão recorrido se fundamenta em situação jurídica não existente quando do julgamento do acórdão paradigma.
Numero da decisão: 9202-006.837
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Pedro Paulo Pereira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004 RECURSO ESPECIAL. CONTEXTOS FÁTICOS DIFERENTES. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. O Recurso Especial da Divergência somente deve ser conhecido se restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência tenha sido aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados. Hipótese em que o acórdão recorrido se fundamenta em situação jurídica não existente quando do julgamento do acórdão paradigma.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10980.720449/2008-11
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5873076
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9202-006.837
nome_arquivo_s : Decisao_10980720449200811.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 10980720449200811_5873076.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Pedro Paulo Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
dt_sessao_tdt : Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7344887
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:21:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310622052352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1502; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 218 1 217 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10980.720449/200811 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.837 – 2ª Turma Sessão de 22 de maio de 2018 Matéria IRPF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ADILSON ALANO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 RECURSO ESPECIAL. CONTEXTOS FÁTICOS DIFERENTES. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. O Recurso Especial da Divergência somente deve ser conhecido se restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência tenha sido aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados. Hipótese em que o acórdão recorrido se fundamenta em situação jurídica não existente quando do julgamento do acórdão paradigma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Pedro Paulo Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 04 49 /2 00 8- 11 Fl. 218DF CARF MF 2 Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão que deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte para determinar o cancelamento do lançamento por meio do qual exigese IRPF sobre rendimentos recebidos acumuladamente em razão de decisão proferida em ação judicial. O acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. NULIDADE. MÉRITO FAVORÁVEL AO SUJEITO PASSIVO. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. Aquele que entrou em juízo para exigir diferenças na remuneração seria atingido não só pela mora do devedor, mas também por uma alíquota maior. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406, com repercussão geral reconhecida. Recurso Voluntário Provido Intimada da decisão, a Fazenda Nacional apresentou o presente recurso. A recorrente requer a aplicação ao caso do entendimento externado no acórdão paradigma o qual encaminhou pela manutenção do auto de infração, apenas determinando a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação das tabelas progressiva vigentes à época da aquisição dos rendimentos regime de competência. O contribuinte apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção da decisão recorrida por seus próprios fundamentos. Destaca que na eventualidade de ser dado Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10980.720449/200811 Acórdão n.º 9202006.837 CSRFT2 Fl. 219 3 provimento ao recurso da Fazenda Nacional, deverão ser analisados os demais argumentos de mérito constantes do Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Do Conhecimento: Antes de analisarmos o mérito, julgo necessário que este Colegiado faça uma reanálise quanto ao cumprimento dos requisitos essenciais ao conhecimento do recurso. Conforme exposto no relatório, por meio do Recurso Especial a Fazenda Nacional devolve a este Colegiado a discussão acerca do critério utilizado para o cálculo do IRPF incidente sobre rendimento recebidos acumuladamente, mais especificamente sobre a possibilidade de retificação de lançamento que na origem utilizouse do critério de caixa para o cálculo do imposto. Discutese sobre a possibilidade ou não do órgão julgador refazer o lançamento na tentativa de corrigir o equívoco perpetrado pela autoridade lançadora. Lembramos que o recurso é baseado no art. 67, do Regimento Interno (RICARF), o qual define que caberá Recurso Especial de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Assim tratase de recurso com cognição restrita, não podendo a CSRF ser entendida como uma terceira instância, ela é instância especial, responsável pela pacificação de conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica. Assim, para caracterização de divergência interpretativa exigese como requisito formal que os acórdãos recorrido e aqueles indicados como paradigmas sejam suficientemente semelhantes para permitir o 'teste de aderência', ou seja, deve ser possível avaliar que o entendimento fixado pelo Colegiado paradigmático seja perfeitamente aplicável ao caso sob análise, assegurando assim o provimento do recurso interposto. No presente caso entendo que este requisito não foi cumprido. Embora a tese enfrentada nos acórdãos envolva o critério de apuração do IRPF sobre rendimentos recebidos acumuladamente, discutindose pela aplicação do regime de caixa ou de competência e divergindo sobre a possibilidade de se manter o lançamento com o mero recálculo dos valores, entendo que a fundamentação das decisões são diversas. Me refiro ao fato de o acórdão recorrido ter aplicado para solução da lide o art. 62A do RICARF em razão da decisão do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 614.406, julgado sob a sistemática da Repercussão Geral, cujo acórdão transitou em julgado em 09.12.2014. Fl. 220DF CARF MF 4 O acórdão indicado como paradigma foi proferido em contexto diverso. Na ocasião ainda não tínhamos a decisão vinculante do STF sobre o tema, razão pela qual aquele Colegiado não fez qualquer consideração sobre sua aplicação ao caso. O Colegiado paradigmático, embora tenha entendido pela possibilidade de refazimento do lançamento do IRPF sob o regime de competência o fez exclusivamente com base no entendimento externado pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial nº 1.118.429. Assim, considerando que o Colegiado paradigmático não analisou a matéria sob o mesmo prisma da turma a quo pela completa impossibilidade de se debruçar sobre decisão ainda não existente no mundo jurídico, entendo que estamos diante de situações fáticas distintas o que impede o conhecimento do presente recurso especial. Diante de todo o exposto, deixo de conhecer do recurso interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 221DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720754/2013-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
SCP. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ECONÔMICA. ARTIFICIALIDADE
A constatação de que as únicas despesas se referem a funcionários e tributos, inexistindo despesas normais a qualquer negócio como despesas com aluguel, luz e água demonstram artificialidade das SCPs o que é ratificado pela ausência de fundamentação econômica para sua constituição.
MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. INAPLICABILIDADE.
Tendo a contribuinte efetivamente declarado em DIPJ os resultados positivos obtidos pelas SCPs e o total de SCPs em que participou como sócio ostensivo, bem como, tendo declarado em DCTF todos os débitos tributários próprios e das SCPs, resta inexistente conduta no sentido de ocultar ou disfarçar seus atos e, por consequência, indevido enquadrá-la nas hipóteses descritas pelos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64.
Numero da decisão: 1201-002.102
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a qualificação da multa de ofício, reduzindo-a de 150% para 75/%, nos termos do voto do relator. Vencidas as conselheiras Eva Maria Los e Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010 SCP. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ECONÔMICA. ARTIFICIALIDADE A constatação de que as únicas despesas se referem a funcionários e tributos, inexistindo despesas normais a qualquer negócio como despesas com aluguel, luz e água demonstram artificialidade das SCPs o que é ratificado pela ausência de fundamentação econômica para sua constituição. MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. INAPLICABILIDADE. Tendo a contribuinte efetivamente declarado em DIPJ os resultados positivos obtidos pelas SCPs e o total de SCPs em que participou como sócio ostensivo, bem como, tendo declarado em DCTF todos os débitos tributários próprios e das SCPs, resta inexistente conduta no sentido de ocultar ou disfarçar seus atos e, por consequência, indevido enquadrá-la nas hipóteses descritas pelos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15586.720754/2013-46
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5858198
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1201-002.102
nome_arquivo_s : Decisao_15586720754201346.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
nome_arquivo_pdf_s : 15586720754201346_5858198.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a qualificação da multa de ofício, reduzindo-a de 150% para 75/%, nos termos do voto do relator. Vencidas as conselheiras Eva Maria Los e Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
dt_sessao_tdt : Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
id : 7255013
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:17:00 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310644072448
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1799; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15586.720754/201346 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201002.102 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de março de 2018 Matéria IRPJ Recorrente COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA S/A Recorrida UNIÃO FEDERAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 SCP. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ECONÔMICA. ARTIFICIALIDADE A constatação de que as únicas despesas se referem a funcionários e tributos, inexistindo despesas normais a qualquer negócio como despesas com aluguel, luz e água demonstram artificialidade das SCPs o que é ratificado pela ausência de fundamentação econômica para sua constituição. MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. INAPLICABILIDADE. Tendo a contribuinte efetivamente declarado em DIPJ os resultados positivos obtidos pelas SCPs e o total de SCPs em que participou como sócio ostensivo, bem como, tendo declarado em DCTF todos os débitos tributários próprios e das SCPs, resta inexistente conduta no sentido de ocultar ou disfarçar seus atos e, por consequência, indevido enquadrála nas hipóteses descritas pelos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a qualificação da multa de ofício, reduzindoa de 150% para 75/%, nos termos do voto do relator. Vencidas as conselheiras Eva Maria Los e Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 07 54 /2 01 3- 46 Fl. 2120DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório O presente processo trata sobre impugnações contra os lançamentos tributários referentes a períodos de apuração dos anoscalendário 2009 e 2010, consubstanciados nos seguintes autos de infração: 2. A descrição dos fatos do lançamento de IRPJ contém a seguinte infração: 001 OUTROS RESULTADOS OPERACIONAIS OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS Omissão de receita operacional, conforme relatório fiscal, gerando, em consequência, redução indevida de lucro sujeito à tributação. Fato Gerador Valor Apurado (R$) Multa (%) 31/12/2009 5.702,277,04 150,00 31/08/2010 5.141.138,31 150,00 31/12/2010 2.708.256,10 150,00 3. A infração dos lançamentos de CSLL, Cofins e PIS/pasep é simples reflexo da infração anterior. No relatório fiscal citado, a autoridade fiscal assim fundamenta as autuações: “4. DA CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (SCP): Fl. 2121DF CARF MF Processo nº 15586.720754/201346 Acórdão n.º 1201002.102 S1C2T1 Fl. 3 3 No decorrer da fiscalização foi detectada a existência de 2 tipos de SCP ligadas a cada um dos estabelecimentos da empresa COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA S/A (matriz e filiais), por eles assim denominada: SCP DE INTERMEDIAÇÃO DE VENDAS DE CAPTAÇÃO DE FINANCIAMENTOS DE CLIENTES e SCP DE MEDIAÇÃO E INTERMEDIAÇÃO DE VENDAS A FROTISTAS. O Contrato de Constituição dessas SCP apresentados à fiscalização foi feito de forma padronizada; sendo todos datados de 02 de abril de 2007. Consta como Sócio Ostensivo a COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA LTDA e como Sócio Oculto JOSÉ BRAZ NETO, pessoa física, CPF n.° 032.043.26616, sócio diretor de empresas do grupo, inclusive da COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA S/A. O Fundo Social dessas sociedades é de R$1.000,00 (um mil reais), sendo 99% pertencentes à COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA LTDA e 1% pertencente ao Sócio Oculto. As sociedades foram constituídas por tempo indeterminado, conforme sua Cláusula Terceira têm suas sedes no próprio estabelecimento da COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA LTDA, ao qual estão vinculadas: COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA LTDA CNPJ 30.570.022/000158 • SCP FROTISTA • SCP FINANCIAMENTO DE CLIENTES FILIAL COLATINA [rectius, VITÓRIA] CNPJ 30.570.022/000310 • SCP FROTISTA • SCP FINANCIAMENTO DE CLIENTES FILIAL GUARAPARI CNPJ 30.570.022/000581 • SCP FROTISTA • SCP FINANCIAMENTO DE CLIENTES FILIAL COLATINA CNPJ 30.570.022/000662 • SCP FROTISTA • SCP FINANCIAMENTO DE CLIENTES Fl. 2122DF CARF MF 4 A essas SCP são atribuídas todas as receitas decorrentes da comissão pelo financiamento na venda de veículos e as comissões por vendas diretas a frotistas.” [fls. 1307/1308] “Na maior parte das vendas, o pagamento do veículo adquirido pelo consumidor é realizado por um financiamento, executado por uma Instituição Financeira. Esta instituição pode financiar o todo ou uma parte do valor do veículo adquirido. Este financiamento é conseqüência direta da comercialização do veículo, isto é, ele está diretamente relacionado com a venda do veículo ao consumidor final. Nas operações de financiamento ocorridas nos estabelecimentos da Recreio Vitória Veículos Ltda, para cada valor financiado temse um valor de remuneração pago a título de comissão pela intermediação no financiamento (prática comum no mercado automotivo, entre as concessionárias e as instituições financeiras). Tratase de uma remuneração oferecida pelas empresas financeiras em troca do serviço de intermediação dos contratos de venda financiada e, portanto, está diretamente vinculada, agregada e condicionada à existência da ocorrência do fato gerador da venda de um determinado bem, que no caso em tela referese a um veículo automotor pela concessionária de automóvel.” [fls. 1308/1309] “No caso em questão, as SCP foram criadas por tempo indeterminado e a elas foi atribuída uma função permanente dentro da estrutura administrativa da empresa: a intermediação de financiamento nas vendas. O sócio participante é uma pessoa ligada à própria COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA LTDA. Não houve em nenhum momento investimento de recursos nas atividades da empresa já existente. Ressaltese que o capital social delas é de apenas R$1.000,00 (Hum mil reais) e que o sócio participante ingressa com apenas R$10,00 (Dez reais). Por todo o exposto, resta evidente que estamos diante de um caso de planejamento tributário, no qual sociedades destituídas de personalidade jurídica foram criadas apenas no intuito de economizar tributos, uma vez que o seu único e exclusivo propósito é a economia de tributos à custa da utilização de 8 (oito) pessoas jurídicas existentes no papel. Enfatizese que foram todas elas constituídas na mesma data e pelos mesmos sócios e mesmo valor de capital social. O exame dos registros contábeis das despesas operacionais apropriadas nas SCP, grupo de contas 3405, revelou que estas restringemse basicamente a despesas com funcionários: férias, salários, PAT, seguros de vida em grupo. Todos os custos de venda, grupo de contas 3301, são lançados nas contas da COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA, da mesma forma que todas as despesas com a manutenção dos prédios, energia, água, seguro predial, 'marketing', propaganda, etc. Os dados a seguir, extraídos da contabilidade das empresas, revelam a discrepância entre a Receita dessas SCP e as despesas nelas incorridas para a manutenção de suas atividades. Repise se que essas despesas estão restritas à folha de funcionários alocados nas SCP, os quais são empregados de fato e de direito Fl. 2123DF CARF MF Processo nº 15586.720754/201346 Acórdão n.º 1201002.102 S1C2T1 Fl. 4 5 do sócio ostensivo. Os dados de 2009 e 2010 referemse ao período de funcionamento dessas sociedades. Estão totalizados os valores atribuídos às 8 (oito) SCPs: A fiscalização entende que a empresa provocadora da ocorrência do fato gerador da venda mercantil financiada deve se apropriar de todos os custos e desta forma todas as receitas que tenham relação direta com esta ocorrência. Desta feita, todo o valor da remuneração pela intermediação do financiamento (Comissão pela Intermediação do Financiamento) para a aquisição do veículo pelo consumidor, deve ser apropriada corretamente na conta de Receitas das empresas concessionárias. Esta transferência de todo o lucro mercantil sobre as vendas financiadas para as SCP através das receitas Comissões de Intermediação Financeira/outras, lesou o Fisco Federal conforme a seguir: • Construção de prejuízos fiscais fictícios para benefícios em anoscalendário futuros; • Redução a 32% da base de cálculo do IRPJ e CSLL sobre a receita transferida, considerando que as SCP são optantes do regime Lucro Presumido; • Redução da tributação do PIS e COFINS, com aplicação de alíquotas menores (regime Cumulativo), permitido as empresas sob o regime Lucro Presumido; Por todo o exposto, não restam dúvidas e está convicta esta fiscalização de que o valores das comissões apropriados às SCPs, referemse a receitas oriundas/vinculadas às operações comerciais praticadas pela fiscalizada, em seus estabelecimentos, sob a tutela de seus custos (veículos) e despesas operacionais/vendas, portanto, subtraídas indevidamente do cômputo da sua Receita Bruta. Por desconsiderar a existência de fato das SCPs, a fiscalização trouxe de volta as receitas de comissões por vendas diretas e intermediação financeira para a receita bruta da fiscalizada e procedeu ao lançamento do crédito tributário correspondente na forma a ser explicada nos próximos tópicos deste Termo.” [fls. 1311/1313] 4. Cientificado dos autos de infração em 20/09/2013 (fl. 1422), o contribuinte apresentou impugnação, em 18/10/2013 (fls. 1424/1467), com os seguintes argumentos, em síntese: a) As Sociedades em Conta de Participação SCP, das quais é sócia ostensiva, exercem as atividades distintas/secundárias ao objeto social da CVC (concessionária de veículos), descritas nos Fl. 2124DF CARF MF 6 contratos de constituição (DOC. 3) que são: mediação e intermediação de vendas diretas para Frotistas e mediação e intermediação de captação de financiamentos. b) As SCP em questão foram devidamente constituídas conforme legislação em vigor, ou seja, os artigos 991 a 996 do Código Civil de 2002 (Lei 10.406/2002), e apesar do seu caráter informal, como descrito no art. 992, elas foram constituídas e formalizadas mediante contratos sociais. c) A venda de veículos a Frotistas pelas SCP, que também é uma venda direta, acontece entre fábrica e consumidor pessoa jurídica, sendo realizada, também, através da mediação e/ou intermediação de consumidores desse ramo, já que a venda direta a Frotistas é reservada apenas à Concedente, conforme previsto no contrato de concessão firmado entre elas (DOC. 4). A cláusula mencionada prevê ainda à Concessionária uma participação habitual na venda sob essa forma específica. Porém, no caso específico tal participação é direcionada à SCP de venda a Frotista por ser essa responsável pelo atendimento desses clientes e intermediação dessas vendas, uma vez que atividade distinta/secundária à atividade fim do impugnante. d) Insta salientar que a constituição de uma sociedade autônoma para o desenvolvimento dessa atividade, se deu por razões operacionais da empresa, que ao mesmo tempo em que viu no mercado uma possibilidade de empreender em uma atividade diversa/secundária da sua atividade preponderante, viu a necessidade de montar uma estrutura operacional/contábil/financeira, diversa daquela que já possuía, a fim da consecução dessa nova atividade. e) O recebimento de comissões na modalidade “Captação Financiamento de Clientes Referenciados” é o mais comum no ramo de concessionárias, pois nesse caso, a remuneração é recebida pela atividade de mediação e intermediação de vendas que captem financiamentos para clientes referenciados. Isso significa que, em virtude do interesse de clientes da concessionária em realizar financiamento para compra do veículo, a SCP realiza o encaminhamento desses clientes às instituições financeiras que prestam tal serviço. f) Sendo assim, pelo serviço prestado de encaminhamento desses clientes a tais instituições financeiras, cujo produto de venda é o "financiamento" do veículo, e realizado o negócio pelo consumidor, ou seja a compra do "financiamento" como produto oferecido por essas instituições, a SCP recebe uma comissão que é variável de acordo com o financiamento vendido. g) Nas operações de venda de carros novos não há de se falar em realização de consignação de carros da GM (operação em conta alheia), já que, pelo contrato de concessão, cujas características já foram definidas no item anterior, entre a CVC e a montadora GM, os veículos que aquela revende são adquiridos pelo impugnante, à qual se transfere o domínio dos mesmos. h) A venda pode ocorrer mesmo sem o financiamento, ou então com um financiamento próprio do consumidor final. Fl. 2125DF CARF MF Processo nº 15586.720754/201346 Acórdão n.º 1201002.102 S1C2T1 Fl. 5 7 i) Apesar de o Fiscal explicitar a comissão como a remuneração vinculada ao fato gerador da venda, essa alegação está incorretamente sendo utilizada, pois fato gerador é a ocorrência definida em lei como necessária e suficiente para motivar a incidência de um tributo, de forma que a remuneração poderia ser nesse entendimento um fato constitutivo de direito, e não um fato gerador. j) O Fisco equivocase ao não reconhecer a discrepância entre as atividades de venda e de intermediação de serviços. k) O impugnante encontrase amparada pelo disposto no art. 110 do Código Tributário Nacional. l) O pagamento de funcionários e de despesas operacionais realizados pelas SCPs, para a consecução de suas atividades, é totalmente segregado na contabilidade do impugnante, conforma podese auferir das folhas de pagamentos, balancetes, balanço patrimonial, etc, em anexo (DOC. 6). m) A escolha pela Sociedade em Conta de Participação é totalmente válida juridicamente, já que é prevista e regulada pela legislação brasileira como forma não personificada de sociedade. n) Assim, ao inadmitir que o impugnante é quem aparece nas transações e assume os compromissos pela SCP até mesmo perante as instituições financeiras e também com relação ao registro de funcionários, a fiscalização viola a legislação em vigor. o) Citase o art. 170 da Constituição Federal que preza pela livre iniciativa na atividade econômica. Há de se considerar até aqui que a Constituição Federal nesse dispositivo garante a propriedade privada e o livre exercício de qualquer atividade econômica. p) Relativamente às despesas alocadas na SCP, a situação retratada não poderia ser diferente, já que a única despesa que essa possui é simplesmente os gastos com funcionários que realizam a atividade fim da empresa, e, ainda, apesar de não citado pela Fiscalização, mas pode ser claramente visto nos documentos contábeis anexos (DOC. 6 e DOC. 7), há despesas com os seguintes impostos: ISS, PIS, COFINS, CSLL e IRPJ. q) Como as SCP funcionam dentro do estabelecimento da sócia ostensiva, utilizando apenas um pequeno espaço que se limita na maioria das vezes a uma mesa onde o funcionário, realiza suas atividades de intermediação de negócios, não há porque ter despesas com manutenção de prédios, energia, água, etc. r) A desconsideração das SCP pela Autoridade Fiscal não tem qualquer amparo legal. Ao contrário, é forma abusiva e arbitrária de utilização de poder. Vale mencionar que tal prática descrita no malfadado parágrafo único do art. 116 do CTN não Fl. 2126DF CARF MF 8 foi regulamentado por lei ordinária e, portanto, não cabe sua aplicação. s) A multa de ofício é confiscatória. t) O contribuinte sempre escriturou, contabilizou regularmente, declarou ao Fisco e ofereceu à tributação a sua parte da receita auferida com a intermediação que caracteriza a atividade das SCP, não havendo, assim, qualquer comportamento temerário e agravante a justificar tamanha e onerosa reprimenda. u) Inexiste qualquer dolo ou evidente intuito de fraude comprovado nos autos, pelo que a multa não poderia ser aumentada Por fim, o impugnante requereu: a) No mérito, requer seja julgada totalmente improcedente a presente autuação fiscal, cancelandose o Auto de Infração n°. 07201002013006215, consoante restou demonstrado nas razões expostas alhures, por ser medida de inteira e reta justiça. b) Se acaso assim não entenda por esta Douta Junta julgadora, seja reduzido o percentual da multa aplicada e os juros de mora, uma vez que exorbitantes, configurando o efeito confiscatório, em violação ao artigo 150, inciso IV, da Constituição da República. c) Na oportunidade manifesta que provará o alegado por todas as provas em Direito admitidas, notadamente, prova documental. d) Requer ainda, que se for o caso, converter o julgamento em diligência requeridas desde já ad cautelam. e) O impugnante protesta, ainda, pela juntada de novos documentos, caso entenda necessário; ante o grande volume de documentos envolvidos no procedimento fiscalizatório. Decisão da DRJ Por meio do acórdão n. 0828.964 de 17/03/2014 a 4°Turma da DRJ/FOR julgou improcedente a Impugnação apresentada e manteve o crédito tributário conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 CRIAÇÃO DE VÁRIAS SCPs PARA TRANSFERIR RECEITAS. Há evasão ilegal de tributos quando se criam oito sociedades em conta de participação (SCPs) de uma só vez, com os mesmos sócios, que, sob a aparência de servirem à intermediação de vendas/serviços a cargo do contribuinte, tem na realidade o objetivo de evadir tributo ao abrigo da tributação em separado e mitigada do lucro presumido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: Fl. 2127DF CARF MF Processo nº 15586.720754/201346 Acórdão n.º 1201002.102 S1C2T1 Fl. 6 9 2009, 2010 CONFISCO. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Não cabe ao órgão administrativo de julgamento a discussão sobre constitucionalidade de lei, que autoriza a cobrança de multa de ofício nos percentuais ali indicados, salvo quando ela já tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. SIMULAÇÃO. Configura simulação a utilização desvirtuada de sociedade em conta de participação, sem aderência na realidade empresarial e com o único propósito de economia fiscal, mantendose a qualificação da multa. JUROS SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2009, 2010 CSLL. PIS/PASEP. COFINS. TRIBUTAÇÃO REFLEXA Tratandose da mesma matéria fática, aplicase às exigências reflexas (CSLL, COFINS e PIS/Pasep), no que couber, o que foi decidido quanto à exigência matriz (IRPJ), devido à íntima relação de causa e efeito entre elas.. Recurso Voluntário Inconformada, a ora Recorrente apresentou Recurso Voluntário por meio do qual ratifica seus argumentos de Impugnação Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade Fl. 2128DF CARF MF 10 O Recurso Voluntário interposto é tempestivo e preenche os demais requisitos legais, portanto merece ser conhecido. Mérito Em relação ao mérito da discussão, alinhome ao racional adotado pelo voto vencido da DRJ do julgador Francisco Fujita Filho que passo a adotar em sua grande parte. Da natureza e utilização das SCPs Argumenta o contribuinte que a escolha pela Sociedade em Conta de Participação é legal, já que prevista na legislação como forma não personificada de sociedade. Quanto à preferência pela escolha dessa forma societária, cita a Recorrente os dizeres do Mestre em Direito Empresarial Gustavo Oliva Galizzi, extraídos da sua tese "A Sociedade em Conta de Participação no âmbito da atividade econômica privada brasileira", orientada pelo Prof. Dr. Osmar Braga Corrêa Lima, in verbis: Neste contexto, se esses agentes desejam poupar despesas com a organização de uma das formas de sociedade dotada de personalidade, seja porque a formalidades, seja pelo simples intento de não criar entre eles um elevado grau de comprometimento, a tipologia jurídica brasileira mais conveniente à realização formal de suas vontades é seguramente, a Sociedade em Conta de Participação. (...)’ Assim, segundo a Impugnante daí se extrai a fundamentação econômica que levou à constituíção das SCP aqui tratadas, e não de um departamento para recebimento de comissões como sugerem os Srs. Fiscais. Destacase ainda lições do advogado Fábio Piovesan Bozza1 sobre as finalidades da SCP: "A SCP acabou ganhando desenvoltura no círculo do comércio moderno e contemporâneo por proteger: (a) o interesse de reduzir os riscos dos negócios e as responsabilidades presentes em certas sociedades; (b) o desejo ou a necessidade de ocultar o próprio nome nas negociações mercantis; (c) a conveniência de poupar despesas com a organização de uma das espécies de sociedade dotada de personalidade; (d) a urgência da operação, que não permite o cumprimento de múltiplas e demoradas formalidades; e (e) a natureza do negócio, que exige total reserva." No caso concreto percebese que nenhuma das finalidades acima resta contemplada com a constituição das SCPs objeto de descaracterização. Explicase. Em primeiro lugar, inexistiu interesse em reduzir riscos, pois 99% do capital para a formação das SCP originase da própria COMERCIAL DE VEÍCULOS CAPIXABA S/A (CVC) e o restante (1%) de um dos sócios da CVC. Fl. 2129DF CARF MF Processo nº 15586.720754/201346 Acórdão n.º 1201002.102 S1C2T1 Fl. 7 11 Portanto, não houve necessidade de transferir riscos para terceiros, já que a atividade de financiamento de automóveis e venda desses bens a frotistas não demandou a captação de recursos externos. Em segundo lugar, a CVC não necessitou ocultar o próprio nome nas negociações das SCPs, tanto que figurou nos contratos como sócio ostensivo, e não como sócio participante (sócio oculto). Em terceiro lugar, as SCPs não intentaram economizar despesas, ao contrário da alegação sem provas do contribuinte, pois, a estrutura das atividades ali desenvolvidas (financiamento de automóveis e intermediação de venda a frotistas) é a mesma com ou sem a constituição das SCPs, ou seja, é a estrutura física e empresarial da própria CVC. Em quarto lugar, as SCPs não desempenharam atividades que exigissem total reserva (repisese aqui que o sócio ostensivo é a própria CVC). Houve, assim, desvirtuamento das características e condições pelas quais se cria uma SCP. Em tese, a SCP regulada pelos artigos 991 a 996 do Código Civil foi instituída como meio empresarial para captação de recursos a serem investidos em negócio (preexistente ou criado depois da captação) sob a administração do sócio ostensivo. Em outras palavras, como o sócio ostensivo precisa de recursos para expandir/criar determinado negócio, ele lança mão da SCP, captando investimentos de terceiros a quem promete participação nos resultados (sócios participantes), mas que também aceitam riscos por eventual insucesso. Não se trata do caso em tela, vez que a CVC investiu 99% do capital social e apenas e tão somente 1% adveio de sócio da CVC. Tal situação demonstra forte eviddência de artificialidade das SCPs constituídas, já que a CVC não necessitou captar capital. A ora Recorrente afirma “há um funcionário específico da SCPs, alocado na própria concessionária, que atende ao consumidor e efetiva as providências relacionadas à intermediação do negócio”. É importante ressaltar que à princípio, este trabalho poderia ser executado por funcionários da própria Recorrente, sendo desnecessária a constituição de uma SCP para este fim. A Recorrente argumenta ainda que a SCP utiliza “apenas um pequeno espaço que se limita na maioria das vezes a uma mesa onde o funcionário, realiza suas atividades de intermediação de negócios”, pelo que não haveria motivos para “ter despesas com manutenção de prédios, energia, água, etc”. Tal racional não procede. É inafastável a conclusão de que no caso em tela, a estruturação do negócio sem a constituição de SCPs, com a utilização da própria Recorrente para desempenhar as mesmas atividades, demandaria da mesma forma apenas um funcionário e uma mesa. Fl. 2130DF CARF MF 12 A artificialidade das SCPs em questão fica mais visível quando constatamos que suas únicas despesas se referem a funcionários e tributos, inexistindo despesas normais a qualquer negócio como despesas com aluguel, luz, água, IPTU, etc... Mesmo se utilizando da estrutura da ora Recorrente, ao menos uma parte das despesas administrativas deveria ser suportada pelas SCPs. Vejam, tratase aqui de matéria de prova e não de uma simples tese. Digo isso , pois, acaso a Recorrente houvesse trazido aos autos evidência de que as SCPs suportaram despesas normais e usuais para qualquer empresa, restaria ao menos evidenciada a veracidade e concretude das SCPs constituídas. Contudo, isso não ocorreu nos autos. Outro ponto que chama atenção no presente caso é o valor de capital social de apenas R$ 1.000,00 por SCP, claramente desproporcional à receita obtida de R$ 7.136.616,61 em 2009; e R$10.047.474,14 em 2010. Quanto ao argumento de a SCP desempenhar atividade distinta ou secundária em relação ao objeto social da ora Recorrente, enxergo como irrelevante ao deslinde da matéria ora em discussão, vez que a própria descaracterização das SCPs deve se impor pelas razões ao norte apresentadas. Em outras palavras, a análise do presente caso demonstra certa artificialidade das SCPs estruturadas, em razão de ausência de fundamentação econômica para sua constituição. DA MULTA QUALIFICADA A autoridade fiscal justificou a qualificação da multa através da afirmação de que a Recorrente ao participar da operação acima descrita teve como objetivo único a intenção de fugir da oneração tributária em flagrante conduta de evasão tributária. Tal estrutura de negócio teria almejado tributação mais benéfica (Lucro Presumido) em sociedades em conta de participação, em detrimento da real tributação (Lucro Real) das receitas auferidas pela ora Recorrente. Segundo o fiscal, tal estrutura buscou indevida otimização fiscal à margem da lei, vez que as SCPs funcionaram apenas como ferramenta de realocação da renda da Recorrente para entidade que sofria tributação mais favorecida. O fiscal fundamentou sua posição no artigo 44, § 1°, da Lei n° 9.430, de 1996, que por seu turno, menciona os casos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964, verbis: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Fl. 2131DF CARF MF Processo nº 15586.720754/201346 Acórdão n.º 1201002.102 S1C2T1 Fl. 8 13 Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Neste ponto é importante ressaltar que a ora Recorrente efetivamente declarou nas DIPJs dos exercícios 2010 [ficha 06A, linha 28; ficha 07A, linha 28; ficha 67A, linha 13] e 2011 [nas mesmas fichas e linhas] os resultados positivos obtidos pelas SCPs e o total de SCPs em que participou como sócio ostensivo. Além disso, declarou nas DCTFs todos os débitos tributários das SCPs, além de suas próprias. Assim, resta claro que anteriormente ao início do procedimento fiscalizatório, a ora Recorrente informou à autoridade fiscal toda receita auferida pelas SCPs e os respectivos tributos devidos. Assim, inexistente conduta da Recorrente no sentido de ocultar ou disfarçar seus atos e, por consequência, indevido enquadrála nas hipóteses descritas pelos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Desta sorte, indevida a aplicação de multa qualificada que deve ser reduzida para o patamar de 75%. JUROS DE MORA O contribuinte em seus pedidos, reclamou ainda dos juros que também teriam efeito confiscatório. Neste ponto, invoco o disposto na Súmula CARF n. 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para no MÉRITO, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para desqualificar a multa e reduzila de 150% para 75%. É como voto! Fl. 2132DF CARF MF 14 Luis Fabiano Alves Penteado relator Fl. 2133DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.900594/2011-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.593
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10746.900594/2011-51
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5861183
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1302-000.593
nome_arquivo_s : Decisao_10746900594201151.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
nome_arquivo_pdf_s : 10746900594201151_5861183.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
id : 7273090
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:17:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310657703936
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1751; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 259 1 258 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10746.900594/201151 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1302000.593 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 12 de abril de 2018 Assunto DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente CONSTRUTORA TALISMA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Relatório Tratase de Recurso interposto em relação ao Acórdão nº 0350.438, de 31 de janeiro de 2013, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF (fls. 99 a 106), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. O presente processo cuida da Declaração de Compensação (DCOMP) nº 39057.28762.200907.1.3.046574 (fls. 21 a 26), por meio da qual a contribuinte compensou débito de sua responsabilidade referente à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), período de apuração de agosto de 2007, no valor de R$ 217,71, com crédito RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 46 .9 00 59 4/ 20 11 -5 1 Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10746.900594/201151 Resolução nº 1302000.593 S1C3T2 Fl. 260 2 decorrente de suposto pagamento indevido ou a maior a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O crédito em questão, no valor de R$ 156,46, originarseia de pagamento efetuado em 28/01/2005, no montante de R$ 697,05; e não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 12, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Cientificado, o sujeito passivo apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 2 a 11, na qual sustentou que, por equívoco, na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), relativa ao anocalendário de 2004, e na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), referente ao quarto trimestre do citado ano calendário, informou débito a título de CSLL, regime de apuração baseado no Lucro Presumido, calculado a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta. Contudo, em decorrência da sua atividade, estaria sujeito à CSLL, sobre o Lucro Presumido, calculada com base na aplicação da alíquota de 12% sobre a sua receita bruta. Invocou o princípio da verdade material e apresentou elementos que, no seu entender, comprovariam o erro de fato e o indébito em questão (DIPJ retificadora, cópias parciais dos livros Diário, Razão e Registro de notas fiscais de serviços prestados, bem como cópias das notas fiscais do período). Relatou, ainda, haver procedido à retificação da DIPJ referente ao ano calendário de 2004, e apresentou diversas decisões de Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento que respaldariam o crédito pleiteado. Em dezembro de 2012, o sujeito passivo apresentou o documento de fls. 97 e 98, intitulado "Resumo do Manifesto de Inconformidade P.J.", no qual, além de reiterar os termos da sua Manifestação Inconformidade, esclarece que deixou de retificar a DCTF do 4º trimestre de 2004, uma vez que, no momento em que constatou a necessidade de tal retificação, já se teria operado a decadência do seu direito de alterar o referido documento. A decisão de primeira instância (fls. 99 a 106) considerou que a Recorrente não havia apresentado documentação suficiente capaz de "demonstrar a natureza das atividades a que se referiram os rendimentos declarados e que poderia esclarecer qual(is) o(s) correto(s) percentual(is) aplicável(is), se de 12%, tal como pretendido, se de 32%, ou mesmo de percentuais diversificados, conforme § 2º do artigo 15 da Lei nº 9.249/95", de modo que o alegado indébito não se revestiria da liquidez e certeza necessárias ao reconhecimento do direito creditório, nos termos do art. 170 do CTN. Registrou, ainda, que as decisões administrativas colecionadas pela pessoa jurídica não possuíam caráter de normas complementares, nem efeitos vinculantes. Deste modo, não reconheceu o direito creditório do sujeito passivo. Após a ciência, comprovada às fls. 107/108, foi interposto o Recurso de fls. 110 a 120, por meio do qual a Recorrente, após reiterar as razões contidas na Manifestação de Inconformidade, sustenta que tem como cliente contratante, na maioria dos serviços prestados, o Poder Público, sendo a prática e costume os contratos de obras públicas serem formalizados sob a sistemática da empreitada global. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10746.900594/201151 Resolução nº 1302000.593 S1C3T2 Fl. 261 3 Aduz que os documentos já apresentados, em especial as notas fiscais de serviço, são elementos hábeis a demonstrar se tratar de serviços prestados com fornecimento de material. Invoca a aplicação do princípio in dúbio pro contribuinte (calcado no art. 112, inciso II, do CTN) ou, ainda, a realização de diligência para juntada aos autos dos contratos de prestação de serviço. Contudo, com base no art. 16, §4º, alínea c, do Decreto nº 70.235, de 1972, combinado com o §5º do referido dispositivo, já traz aos autos os mencionados contratos de prestação de serviço, que comprovariam o direito pleiteado. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator Como já relatado, tratase de Declaração de Compensação (DComp) referente a pagamento efetuado, em 28/01/2005, a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 4ª trimestre do anocalendário de 2004. O crédito compensado decorreria do fato de a Recorrente haver confessado na DCTF e recolhido a CSLL, apurada sob o regime de apuração baseado no Lucro Presumido, a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta, quando, em decorrência da receita se referir à atividade de construção civil com fornecimento de material, o percentual aplicável para a determinação do Lucro Presumido ser o de 12%, conforme art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995. O direito creditório invocado não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 12, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Por outro lado, a Manifestação de Inconformidade do sujeito passivo foi julgada improcedente por se considerar que os elementos juntados aos autos não são suficientes para comprovar que os serviços prestados pela Recorrente incluem o fornecimento de todo o material necessário à sua realização. Nos termos do art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995, a base de cálculo da CSLL devida pelas pessoas jurídicas que apuram o IRPJ com base no Lucro Presumido, corresponderá a doze por cento da receita bruta, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15 daquele diploma legal, dentre as quais se inclui a prestação de serviços em geral, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. O citado art. 15 foi interpretado pelo Ato Declaratório Normativo Cosit nº 6, de 1997, que esclareceu que, para a determinação da base de cálculo do IRPJ mensal, a construção por empreitada com emprego de qualquer quantidade de materiais se sujeitaria ao percentual de 8% (oito por cento), enquanto incidiria o percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita das atividades de construção por empreitada unicamente de mãodeobra. Fl. 261DF CARF MF Processo nº 10746.900594/201151 Resolução nº 1302000.593 S1C3T2 Fl. 262 4 A Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997, tratava do assunto, nos mesmos moldes do ADN mencionado. Aquele entendimento vigorou até a edição da Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de 2004, que definiu como "construção por empreitada com emprego de materiais, a contratação por empreitada de construção civil, na modalidade total, fornecendo o empreiteiro todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra". (Destacouse) No caso sob exame, tratandose do anocalendário de 2004, aplicase, portanto, o entendimento que admite o fornecimento de qualquer quantidade de material, para a aplicação do percentual favorecido na determinação da base de cálculo da CSLL. A questão que se põe, portanto, é saber se as provas documentais apresentadas pelo sujeito passivo são (ou não) suficientes para comprovar que as receitas tributadas no trimestre em questão se referem a serviços de construção civil prestados com o fornecimento de material. Ocorre que, previamente à apreciação do Recurso, fazse necessário esclarecimento. É que, dentre os contratos apensados ao Recurso, constatase a existência de instrumentos firmados com a mesma Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178 (fls. 139/144, 146/150, 152/157, 189/196 e 225/234. Por outro lado, os Aditivos de fls. 158/159 e 235/236, aos contratos de fls. 152/157 e 225/234, respectivamente, são firmados com a própria Recorrente. Do mesmo modo, vêse que notas fiscais são emitidas pela Recorrente, em relação aos contratos firmados com a Construtora Monte do Carmo Ltda, e que os valores das referidas receitas estão contabilizadas nos Livros contábeis e fiscais juntados pela Recorrente, e foram considerados na apuração da CSLL devida no período em questão. Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/PalmasTO), para que: a) intime o sujeito passivo a esclarecer a existência de notas fiscais e contratos referentes à Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178, na base de cálculo utilizada para a determinação da CSLL relativa ao 4º trimestre do anocalendário de 2004 e do indébito de que trata o presente processo; b) informe os valores efetivamente recolhidos pela Recorrente, a título de CSLL, em relação ao referido período de apuração, detalhando a eventual utilização/disponibilidade dos pagamentos efetuados; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, bem como se manifestando em relação aos esclarecimentos prestados pelo sujeito passo, que deve ser cientificado do resultado, com a concessão de prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10746.900594/201151 Resolução nº 1302000.593 S1C3T2 Fl. 263 5 (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 263DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901087/2014-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.049
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13888.901087/2014-51
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5873733
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1402-003.049
nome_arquivo_s : Decisao_13888901087201451.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO MATEUS CICCONE
nome_arquivo_pdf_s : 13888901087201451_5873733.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
id : 7347969
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:21:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310680772608
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1495; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 2 1 1 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.901087/201451 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 1402003.049 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de abril de 2018 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente AÇOVIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E PRÉMOLDADOS DE CONCRETO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 10 87 /2 01 4- 51 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 13888.901087/201451 Acórdão n.º 1402003.049 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório A origem do litígio aqui presente remonta ao Despacho Decisório exarado em relação ao pedido original da contribuinte expresso em PER/DCOMP apresentado perante a Autoridade Tributária de sua jurisdição e no qual buscou ver reconhecido seu direito creditório e consequente compensação com débitos de sua responsabilidade. O requerido foi indeferido sob entendimento do DD de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Irresignada, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade que, apreciada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. nos autos), foi julgada improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Discordando do r. decisum, a contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo no qual reafirma a correção de seu procedimento e requer a reforma da decisão de 1º Piso de forma a reconhecer o direito creditório buscado e homologar a compensação requerida, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos: PRELIMINARMENTE 1. que, “a r. decisão primitiva sequer detalhou ou especificou por quais razões o contribuinte ora recorrente não possuiria o crédito que alega possuir, eis que haviam vários outros elementos que poderiam, e deveriam, ser analisados, e se os fossem, certamente permitiriam inferirse de modo diverso, análise esta que era condição sine qua non para alicerçar as razões de decidir do despacho decisório”; 2. que, “em outras palavras, foi dificultado ao recorrente repelir, amplamente, a decisão do julgador de primeiro grau, o que é direito constitucionalmente assegurado. A falta destes elementos concretos, fundamentos embasados na legislação, e de dados que pudessem permitir ao contribuinte contra razoar o r. despacho rescisório implicam na anulação do mesmo, pois ao não garantir o amplo direito de defesa à recorrente, o r. despacho decisório avilta também, conseqüentemente, o princípio do devido processo legal”; 3. que, “na falta de elementos que confiram ao contribuinte chance de defenderse amplamente da r. decisão do órgão fiscal originário, o presente processo administrativo não terá seu deslinde normal, razão pela contrariouse o consagrado devido processo legal”; 4. que, “ante à ausência de fundamentos legais imprescindíveis, desde o momento em que foi exarado o r. despacho decisório o curso deste processo administrativo foi atingido por uma nulidade, o que somente poderá ser sanada Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13888.901087/201451 Acórdão n.º 1402003.049 S1C4T2 Fl. 4 3 através da integral anulação do processo administrativo desde o início, inclusive do V. Acórdão recorrido que manteve o despacho decisório”; 5. que, “requerse que estes Ínclitos Julgadores em sede prelibatória anulem este processo administrativo desde o r. despacho decisório de origem, determinando o retorno dos autos à origem para que seja preferida decisão compatível com os princípios que norteiam os processos administrativos”. NO MÉRITO Depois de fazer breve histórico da COFINS e do PIS, aponta para decisão prolatada pelo STF acerca da inclusão do ICMS na base de cálculo naquelas contribuições. Literalmente: “Recentemente a matéria foi definitivamente arraigada pelo C. Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG, onde o contribuinte se consagrou vencedor e foi definitivamente julgada a questão no sentido de que se deve excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Oportuno ressaltar os ensinamentos do Min. Marco Aurélio que nos autos do aludido julgamento cravou: (...) Assim, somente se pode concluir que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS e do PIS, por não ser incluído no conceito de "faturamento", mas mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas, razão pela qual por todas as razões aqui expendidas, bem assim pelo quanto retro sustentado, é que se faz de solar clareza a necessidade de reformar a r. decisão guerreada e homologar as compensações levadas a termo através das PERDCOMPs cotejadas. Reiterese, porque se cuida de decisão recente e nova no mundo tributário, posto que o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente que o ICMS não entra na base de cálculo da Cofins e do PIS (Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG), de modo que a inclusão do ICMS na base de cálculo das Contribuições ao PIS e à Cofins é ilegítima e inconstitucional, pois fere o princípio da estrita legalidade previsto no artigo 150, I da CF/88 e 97 do CTN, o artigo 195, I, “b” da CF/88 e o art. 110 do CTN, porque receita e faturamento são conceitos de direito privado que não podem ser alterados, pois a Constituição Federal os utilizou expressamente para definir competência tributária, pelo que resta evidente o crédito da Recorrente e se requer a reforma do V. Acórdão neste particular para que sejam definitivamente homologadas as compensações levadas a termo pelo contribuinte recorrente”. DO DIREITO DO CONTRIBUINTE À COMPENSAÇÃO Prossegue argumentando ter direito à compensação em face da exclusão do ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS e que, por este motivo, “caberia à Autoridade recorrida verificar o crédito do Recorrente, para aferir pela sua procedência ou não, sendo certo que se assim o fizesse a autoridade administrativa singular, certamente homologaria a compensação em Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13888.901087/201451 Acórdão n.º 1402003.049 S1C4T2 Fl. 5 4 apreço, sendo que de tudo quanto exposto, somente se pode inferir que o V. Acórdão em questão deve mesmo ser reformado, o que se requer adiante”. DO PEDIDO E conclui requerendo “o regular processamento, ulterior apreciação, concessão de efeito suspensivo e PROVIMENTO TOTAL ao presente RECURSO VOLUNTÁRIO, para o fim de reformar o V. Acórdão exarado pela instância a quo, para que, preliminarmente, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que seja anulado o vertente processo administrativo, nos moldes da fundamentação supra, tendo em vista a ofensa ao princípio do contraditório e do devido processo legal, e para que, no seu mérito, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que sejam homologadas as almejadas compensações e finalmente reconhecido o crédito da Recorrente”. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.018, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.901078/2014 61, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.018): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Afasto, de plano, a preliminar de nulidade do acórdão a quo, tendo em vista não presentes quaisquer fatos que pudessem levar a esta decisão. De fato, o que se observa é a irresignação da recorrente em razão da decisão de 1º Piso lhe ter sido desfavorável e não porque tenha o aresto qualquer ponto ou item que afronte a legislação ou atos processuais e possa levar à sua anulação. Digase, o acórdão foi prolatado em estrita obediência às normas legais e regimentais, foram apreciadas todas as provas e Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13888.901087/201451 Acórdão n.º 1402003.049 S1C4T2 Fl. 6 5 documentos acostados aos autos e analisada a manifestação da contribuinte. Se o decidido lhe foi desfavorável não significa nulidade. Só entendimento da Turma Julgadora. Preliminar rejeitada. Passo ao mérito. Sabidamente, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC/1973, art. 333, I; atual CPC, artigo 373, I). No caso de pedidos de ressarcimento ou restituição, o interessado deve trazer provas de que possui direito líquido e certo contra a Fazenda Pública e assim deve ser repetido tributariamente para recompor o patrimônio subtraído por pagamento de um tributo de forma indevida. Não o fazendo, suas alegações ficam meramente neste terreno e seu direito se perde. Em outro dizer, a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Concretamente, se o DARF indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. No caso, o DARF foi utilizado para pagamento do tributo confessado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), informação da lavra da própria contribuinte. É certo que este quadro pode ser alterado. Mas isso exige prova concreta por parte da contribuinte, afinal é ela a autora e para modificar o ato administrativo cabelhe demonstrar onde está o erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Não o fazendo – como não o fez , o indeferimento permanece. Acresçase que, concretamente, a contribuinte não acostou um documento sequer, nem escrituração contábil ou fiscal que possa mostrar o direito que alega ter. Sua linha de argumento limitase em afirmar que a Suprema Corte (em decisão ainda sem efeito erga omnes) teria decidido pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS), sem sequer quantificar o reflexo disso em seus demonstrativos contábeis. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13888.901087/201451 Acórdão n.º 1402003.049 S1C4T2 Fl. 7 6 Ou seja, meras alegações sem que tenham vindo aos autos quaisquer provas, cálculos ou decisão que lhe aproveitasse. Sabidamente, a base de cálculo das Contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS é o faturamento. E que só pode ser mudado por via legislativa ou decisão judicial, esta que aproveite individualmente a recorrente ou que seja prolatada com efeito erga omnes. Não há, no caso, nem um nem outro. Desse modo, especificamente quanto ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, somente podem ser excluídos da receita (base de cálculo do PIS e da COFINS) o ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, no regime cumulativo, e a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação em ambos os regimes. Admitir qualquer outra exclusão equivaleria a afastar a aplicação da lei, o que é vedado na esfera administrativa. Portanto, essa discussão é estéril em sede de julgamento administrativo. Finalmente, como bem observado pela decisão de 1º Piso, a recorrente transmitiu inúmeras declarações de compensação informando como crédito passível de compensação um único DARF e nos pedidos de compensação formalizados pela recorrente, os débitos que intenta compensar ultrapassam – e muito o valor desse suposto crédito. Por fim, não se olvide, só se permite compensação com a utilização de créditos dotados de liquidez e certeza (art. 170, do CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) E valores incomprovados não possuem estes requisitos. A jurisprudência administrativa é pacífica em torno do tema: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13888.901087/201451 Acórdão n.º 1402003.049 S1C4T2 Fl. 8 7 pagamento indevido ou maior que o devido. (Acórdão nº 10323579, sessão de 18/09/2008) Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida.' Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, rejeito a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário mantendo a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.000829/2005-66
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO.
O direito correspondente ao crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, não se constitui em receita do contribuinte e, portanto, não é tributável pelo PIS no regime da não cumulatividade.
PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOAS JURÍDICAS INEXISTENTES. IMPOSSIBILIDADE.
Correta a glosa dos créditos quando a fiscalização comprova a inexistência de fato das pessoas jurídicas e, além disso, demonstra com efetividade a inexistência da relação negocial de aquisição das mercadorias, ante a falta de comprovação dos pagamentos. Cumpre à pessoa jurídica comprovar de maneira inequívoca o seu direito creditório.
REP Negado e REC Negado
Numero da decisão: 9303-006.380
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe deu provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO. O direito correspondente ao crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, não se constitui em receita do contribuinte e, portanto, não é tributável pelo PIS no regime da não cumulatividade. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOAS JURÍDICAS INEXISTENTES. IMPOSSIBILIDADE. Correta a glosa dos créditos quando a fiscalização comprova a inexistência de fato das pessoas jurídicas e, além disso, demonstra com efetividade a inexistência da relação negocial de aquisição das mercadorias, ante a falta de comprovação dos pagamentos. Cumpre à pessoa jurídica comprovar de maneira inequívoca o seu direito creditório. REP Negado e REC Negado
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10835.000829/2005-66
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5863835
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.380
nome_arquivo_s : Decisao_10835000829200566.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 10835000829200566_5863835.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe deu provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
id : 7288978
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310691258368
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1924; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10835.000829/200566 Recurso nº 1 Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9303006.380 – 3ª Turma Sessão de 20 de fevereiro de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES. RESSARCIMENTO. Recorrentes VITAPELLI LTDA. EM RECUPERACAO JUDICIAL E FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO. O direito correspondente ao crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, não se constitui em receita do contribuinte e, portanto, não é tributável pelo PIS no regime da não cumulatividade. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOAS JURÍDICAS INEXISTENTES. IMPOSSIBILIDADE. Correta a glosa dos créditos quando a fiscalização comprova a inexistência de fato das pessoas jurídicas e, além disso, demonstra com efetividade a inexistência da relação negocial de aquisição das mercadorias, ante a falta de comprovação dos pagamentos. Cumpre à pessoa jurídica comprovar de maneira inequívoca o seu direito creditório. REP Negado e REC Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe deu provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 00 08 29 /2 00 5- 66 Fl. 3256DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratamse de recursos interpostos pelo sujeito passivo e pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3102001.477, da 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 EMPRESA INAPTA. Aquisição de insumos junto a empresas inaptas por inexistência de fato. Art. 82 da lei n° 9.430/96. Não comprovada a eletiva operação. Os documentos emitidos por pessoa jurídica declarada inexistente de fato são inidôneos desde a paralisação das atividades da pessoa jurídica ou desde sua constituição, nos termos do art. 43 § 3º, IV da IN n° 200 de 2002. CESSÃO DE CRÉDITO. PAGAMENTO A TERCEIROS. Não caracterizada relação jurídica negocial. RESSARCIMENTO PIS/COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI não integra a base de cálculo da Cofins e do PIS. PIS E COFINS NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS. INCIDÊNCIA DE JUROS. VEDAÇÃO LEGAL. Dada a expressa determinação legal vedando a atualização de créditos do PIS e da Cofins não cumulativos é inadmissível a aplicação de correção monetária e incidência de juros aos créditos objeto de pedido de ressarcimento. ” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão na parte em que houve reconhecimento pelo Colegiado a quo da não incidência de PIS/Cofins sobre o crédito presumido de IPI. Mediante Despacho do Presidente da Primeira Câmara da Terceira Seção do CARF foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões ao recurso foram apresentadas pelo sujeito passivo, defendendo que o crédito presumido de IPI não possui natureza de receita. Fl. 3257DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 4 3 Insatisfeito, o sujeito passivo também interpôs Recurso Especial contra o acórdão nº 3102001.477 na parte desfavorável, requerendo o afastamento das glosas de créditos das contribuições relativos às aquisições efetuadas perante fornecedores inexistentes de fato e a correção dos créditos pela Selic. Mediante Despacho do Presidente da Primeira Câmara da Terceira Seção do CARF foi dado seguimento parcial ao recurso interposto pelo sujeito passivo, apenas quanto à discussão acerca das aquisições perante fornecedores inexistentes de fato. O Despacho de Reexame de Admissibilidade manteve, na íntegra, o Despacho do Presidente de Câmara. Contrarrazões ao recurso foram apresentadas pela Fazenda Nacional, requerendo que seja negado provimento ao recurso do contribuinte, mantendose a decisão recorrida nesse ponto. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.324, de 20/02/2018, proferido no julgamento do processo 10835.000067/200689, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito (Acórdão 9303006.324): Da Admissibilidade "Depreendendose da análise dos recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlos – eis que atendidos, para tanto, os pressupostos constantes do art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015 com alterações posteriores. Para melhor elucidar, importante recordar que, quanto ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, houve insurgência da discussão acerca da incidência ou não de PIS/Cofins sobre as receitas referentes a crédito presumido de IPI. O acórdão recorrido entendeu que o crédito presumido do IPI não integra a base de cálculo da contribuição, por não ter natureza de receita, mas de recuperação de custos. Enquanto, o acórdão indicado como paradigma decidiu que “o valor correspondente ao benefício fiscal instituído pela Lei 9.363/96, receita que é, inclui se naquela base”. Fl. 3258DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 5 4 Sendo assim, no que tange ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que devo conhecêlo, vez que comprovada a divergência suscitada. Quanto ao recurso interposto pelo sujeito passivo que, por sua vez, suscitou divergências em relação às aquisições perante fornecedores inexistentes de fato, vêse que o acórdão recorrido considerou como não comprovada a operação de aquisição de insumos junto as empresas inaptas por inexistência de fato. Argumenta que os documentos emitidos por pessoa jurídica declarada inexistente de fato são inidôneos desde a paralisação das atividades da pessoa jurídica ou desde sua constituição, nos termos do art. 43 § 3º, IV da IN nº 200 de 2002. Enquanto, o acórdão indicado como paradigma firma entendimento diverso, ao tratar das aquisições junto as pessoas jurídicas fornecedoras inexistentes de fato, considerando que a inidoneidade de documentos fiscais, originadores de créditos, emitidos pelas pessoas jurídicas declaradas inidôneas, com fundamento na inexistência de fato, nas circunstâncias presentes, geraria efeitos a partir da publicação do Ato Declaratório Executivo. Em vista do exposto, é de se conhecer o recurso especial interposto pelo sujeito passivo. Do Mérito Ventiladas tais considerações, passo a discorrer sobre a discussão trazida em Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional – qual seja, sobre a incidência ou não de PIS/Cofins sobre o crédito presumido de IPI. Em relação a essa discussão, antecipo meu entendimento de que tais créditos não conferem a natureza de receita. Para melhor elucidar, importante trazer os ensinamentos de ALIOMAR BALEEIRO no livro “Uma introdução é Ciência das Finanças” ao tratar o conceito de receita: "Receita pública é a entrada que, integrandose no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, MI, acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo.” Frisese também o entendimento de Aires Barreto em seu artigo “A nova Cofins: primeiros apontamentos” contemplado na saudosa Revista Dialética de Direito Tributário: "receita é [...] a entrada que, sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, se integra ao patrimônio da empresa, acrescendoo, incrementandoo”. Cabe trazer que em consonância com o entendimento de que o conceito de receita bruta independe do que está classificado contabilmente como receita, além do referido precedente do STF – firmado sob a sistemática do artigo 543B do CPC – a jurisprudência pacífica de ambas as Turmas de Direito Público do Superior Tribunal de Justiça, como inclusive ressaltado pelos Ministros Teori Albino Zavascki e Luiz Fux ao proferirem seus votos (Grifos meus): “CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". LC Nº 118/2005. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 3259DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 6 5 I "Sobre a prescrição da ação de repetição de indébito tributário de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a jurisprudência do STJ (1ª Seção) assentou o entendimento de que, no regime anterior ao do art. 3º da LC 118/05, o prazo de cinco anos, previsto no art. 168 do CTN, tem início, não na data do recolhimento do tributo indevido, e sim na data da homologação – expressa ou tácita – do lançamento. Assim, não havendo homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito acaba sendo de dez anos a contar do fato gerador. A norma do art. 3º da LC 118/05, que estabelece como termo inicial do prazo prescricional, nesses casos, a data do pagamento indevido, não tem eficácia retroativa. É que a Corte Especial, ao apreciar Incidente de Inconstitucionalidade no Eresp 644.736/PE, sessão de 06/06/2007, declarou inconstitucional a expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional", constante do art. 4º, segunda parte, da referida Lei Complementar. (REsp nº 890.656/SP, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 20/08/07). II O Estado do Rio Grande do Sul concedeu benefício fiscal às empresas gaúchas, por meio do Decreto Estadual nº 37.699/97, para que pudessem adquirir aço das empresas produtoras em outros estados, aproveitando o ICMS devido em outras operações realizadas por elas, limitado ao valor do respectivo frete, em atendimento ao princípio da isonomia. III Verificase que, independentemente da classificação contábil que é dada, os referidos créditos escriturais não se caracterizam como receita, porquanto inexiste incorporação ao patrimônio das empresas industriais, não havendo repasse dos valores aos produtos e ao consumidor final, pois se trata de mero ressarcimento de custos que elas realizam com o transporte para a aquisição de matériaprima em outro estado federado. IV Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditospresumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. V Recurso especial improvido.” (Grifouse) (RESP nº 1.025.833 / RS, 1ª Turma do STJ, Rel. Min. Francisco Falcão, Publicado no DJe do dia 17.11.2008)” Consoante esse entendimento, disse o Ministro Luiz Galloti no julgamento do RE 71.758: “Se a lei pudesse chamar de compra e venda o que não é compra, de exportação o que não é exportação, de renda o que não é renda, ruiria todo o sistema tributário inscrito na Constituição”. Sendo assim, temse claro que o conceito de receita bruta independe do que está classificado contabilmente como receita, se subvenção ou recuperação de custo. A discussão, de per si, gira em torno da abrangência dos conceitos de receita e faturamento para fins de base de cálculo do PIS e da COFINS e, no caso dos créditos presumidos de IPI. Para melhor compreensão e por não considerar tal crédito presumido como receita, podese ainda aproveitar para decompor a norma tributária que trata da incidência do PIS e da Cofins, invocando a Regra Matriz de Incidência Tributária: 1. 1ª Regra Matriz – relação obrigacional Autoridade Fazendária/Contribuinte: 1.1. Hipótese: Fl. 3260DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 7 6 Critério Material: auferir receita. Critério Espacial: perímetro nacional; Critério temporal: mensal 1.2. Consequente: Critério Pessoal: (i) sujeito ativo, Estado – via “autoridade fazendária”; (ii) sujeito passivo – quem aufere receita bruta. Critério Quantitativo: alíquota de 3,65% sobre a receita bruta 2. 2ª Regra Matriz – dever de lançamento pela Administração: Hipótese: Critério Material: ser autoridade fazendária Critério Espacial: perímetro nacional; Critério Temporal: até o último dia útil da primeira quinzena subsequente ao de ocorrência dos correspondentes fatos geradores. Consequente: Critério Pessoal: Estado – autoridade fazendária Critério Prestacional: realizar o lançamento 3. 3ª Regra matriz: sancionadora do não pagamento Hipótese: Critério material: não pagar a importância devida; Critério Espacial: perímetro nacional Critério temporal: até o último dia útil da primeira quinzena subsequente ao de ocorrência dos correspondentes fatos geradores Consequente: Critério pessoal: Estado – autoridade fazendária e pessoa jurídica que aufere receita bruta Critério Prestacional: pagar com multa e juros de mora. Depreendendose da análise da regra matriz de incidência, é possível identificar que o critério material constante da 1ª Regra Matriz de Incidência Tributária somente se satisfaz para quem efetivamente aufere receita. Portanto, crucial afastar o r. crédito da tributação das contribuições, pois não se configura juridicamente como tal, independentemente do registro contábil adotado ou adotável. O que, na hipótese dos autos não se deve chegar ao questionamento de que a lei não previu sua exclusão e que, portanto, deverseia tributar o referido crédito pelo PIS e Cofins pois de receita auferida não se trata, tampouco de um ingresso que configuraria recomposição do patrimônio, até então decomposto pelo custo arcado com o pagamento do tributo. Indiscutível que seu efeito econômico não caracteriza nova riqueza, comportando somente a recomposição do patrimônio anteriormente desfalcado ou recomposição da mesma disponibilidade preexistente. Sendo assim, o crédito presumido de IPI não ostenta natureza de receita ou faturamento, mas mera recomposição do patrimônio, não integrando, portanto, a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. Vêse que a operação de obtenção dos créditos, considerando até mesmo a essência contábil e sua primazia, deve ocorrer com a escrituração na contabilidade da empresa para posterior utilização. O que, por consequência, constatase que os créditos não utilizados se constituem em meros direitos. Fl. 3261DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 8 7 E, em respeito à Regra Matriz de incidência das contribuições ao PIS e Cofins, bem como a análise da essência do r. crédito, não há que se falar em tributação, pois forçoso se tributar tais direitos pelas r. contribuições. Nesse ínterim, é de se ressurgir com o conceito trazido pelo CPC 30: “Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido relacionados às contribuições dos proprietários. ” O que, por conseguinte, facilmente constatável que contabilmente tais créditos também não conferem natureza de receita. Frisese ainda tal entendimento o acórdão 9303005.495 de nossa turma, que consignou a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 30/04/2004 a 31/12/2006 COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO. O direito correspondente ao crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, não se constitui em receita do contribuinte e, portanto, não é tributável pela Cofins no regime da não cumulatividade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 30/04/2004 a 31/12/2006 PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO. O direito correspondente ao crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, não se constitui em receita do contribuinte e, portanto, não é tributável pelo PIS no regime da não cumulatividade. ” O que, para melhor elucidar o entendimento desse Colegiado acerca da matéria, peço licença para transcrever parte do voto vencedor escrito pelo ilustre ex Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas: [...] No mérito, entendo que o crédito presumido previsto na Lei nº 9.363/96 não representa receita nova. É uma importância para corrigir o custo. O motivo da existência do crédito decorre dos insumos utilizados no processo de produção, em cujo preço foram acrescidos os valores do PIS e COFINS, cumulativamente, os quais devem ser devolvidos ao industrial exportador. A exigência do Fisco centrase no argumento de que a Lei nº 9.718/98 ampliou a base de cálculo de ambas as contribuições, constituindo regra a inclusão de qualquer receita auferida, inclusive os valores em questão, considerados como outras receitas operacionais, e exceção apenas as exclusões expressamente previstas na Lei. Assevera que, apesar de o crédito instituído pela Lei nº 9.363/96 ter como objetivo o ressarcimento do PIS e da COFINS incidentes sobre matérias Fl. 3262DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 9 8 primas, produtos intermediários e material de embalagem aplicados em produtos exportados, o ressarcimento em si é meramente presumido, não havendo como assemelhálo a uma restituição de tributos, porque não houve pagamento indevido de PIS e COFINS. Conclui afirmando que o crédito é receita nova, decorrente de benefício concedido, e não recuperação de custos. Em relação ao crédito presumido, o legislador, dentro da máxima econômica de que 'não se exportam tributos, buscou dar incentivo às exportações, ressarcindo as contribuições de PIS e COFINS, embutidas no preço das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos pelo fabricante para a industrialização de produtos exportados, concebendo um benefício fiscal consubstanciado no crédito presumido de IPI, para ser lançado na escrita fiscal contra o próprio IPI. Ou seja, o produtorexportador se apropria de créditos do IPI que serão descontados, na conta gráfica da empresa, dos valores devidos a título de IPI. Entretanto, a seguir a dicção da Lei, o incentivo não se direciona precipuamente ao imposto em comento, senão que o intento primeiro foi exonerar o pagamento das exações previstas nas Leis Complementares nº 7 e 8/70 e 70/91. Daí que a perspectiva adotada pelo criador da norma não pode ser distorcida de modo a colocar na base de cálculo do PIS e da COFINS importâncias que derivam, em última análise, da dispensa do pagamento das próprias contribuições. Isso implicaria diminuir o benefício fiscal, fazendo com que a desoneração pretendida ocorra de forma parcial. Do ponto de vista econômicofinanceiro e contábil, o incentivo instituído pela Lei nº 9.363/96, na verdade, não constitui receita, mas um valor retificador de custo. O que efetivamente gera o crédito presumido são os insumos comprados pelo industrial, em cujo preço foram adicionados os valores do PIS e COFINS, de forma cumulativa. Se a legislação oferecesse a esses tributos o mesmo tratamento jurídico dado ao IPI, a conta de insumos refletiria apenas o custo efetivo da matériaprima, produtos intermediários e materiais de embalagem, pois dele seriam expungidas as contribuições ao PIS e à COFINS, cujos valores seriam lançados na conta contábil pertinente, para posterior recuperação. Logo, ainda que o PIS e a COFINS a recuperar constituíssem um direito da empresa contra o Fisco, não representam ingresso de receita, seja na acepção contábil, seja na econômicofinanceira. Cumpre assinalar que esse raciocínio fundase na teleologia da norma inserta na Lei nº 9.363/96, uma vez que não há que falar, obviamente, em nãocumulatividade de PIS e COFINS, antes do advento da Lei nº 10.637/2002. Há que terse em vista a finalidade a ser atingida pelo incentivo às exportações. Se o crédito presumido receber o mesmo tratamento jurídico de rendimentos obtidos em aplicações financeiras, por exemplo, a empresa, na prática, pagará PIS e COFINS sobre os insumos consumidos no processo de industrialização, os quais são a causa da existência do crédito. Concordo que o crédito presumido não se equipara a restituição de tributos, mas também não entendo que seja equiparado a uma receita de venda, para fins contábeis e tributários. Na análise contábil, se a aquisição do insumo utilizado na industrialização de produtos exportados não estivesse onerada de PIS e COFINS, o valor lançado à conta de "Estoque de MatériaPrima" estaria livre de tributos e, consequentemente, o valor apurado na conta "Custo dos Produtos Vendidos" seria menor. Fl. 3263DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 10 9 Melhor explicando, o valor do crédito presumido apurado, dentro do mês de competência a que se referem as exportações, não transitaria por conta de resultado a título de receita, mas sim como recuperação de custo, creditandose o valor do crédito presumido apurado na conta "Custo dos Produtos Vendidos" e debitandose na conta "IPI a recuperar". Lançamento: IPI a Recuperar a Custo dos Produtos Vendidos Supondose, no entanto, que os contribuintes devessem incluir na base de cálculo do PIS e da COFINS sobre o faturamento o valor do crédito presumido em questão, então, estarseia pagando PIS e COFINS sobre insumos aplicados no processo industrial de fabricação dos produtos exportados, quando foi justamente esta a razão da criação deste crédito: desonerar o custo de produção dos produtos exportados. De qualquer modo, o referido crédito presumido é ressarcimento de custo e ressarcimento de custo não é receita. Desse modo, se o objetivo da norma é desonerar as exportações, é irracional qualquer pretensão de exigir tais contribuições justamente sobre o benefício fiscal instituído para incentivar tais operações. O acórdão recorrido também traz que as próprias Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, ao disporem no §3º sobre as receitas que integram a base de cálculo, conferem natureza de receita às reversões de provisões e às recuperações de crédito baixados como perda, que foram expressamente excluídas da base, indicando a abrangência da definição de receita e a necessidade de a lei definir expressamente as exclusões. Também não concordo com tais argumentos, pois só haveria sentido que as Leis citadas previssem expressamente a exclusão do crédito presumido do conceito de receita se, em algum momento de todo o histórico normativo sobre o tema, as normas tivessem o considerado como receita, o que não me parece ter ocorrido.” Em vista de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional." (...)1 "Com a devida venia à ilustre conselheira relatora, mas divirjo do seu entendimento nas matérias relativas a ambos recursos. Porém fui designado para redigir o voto vencedor somente em relação ao recurso especial interposto pelo contribuinte, já que restei vencido quanto ao recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria do recurso especial do contribuinte referese à possibilidade de aproveitamento de créditos de PIS, da não cumulatividade, nas aquisições efetuadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato. Antes de adentrar o mérito, é importante registrar que o contribuinte obteve provimento judicial em agravo de instrumento nos seguintes termos, conforme noticia os documentos de efls. 4345/4431: 1 Deixouse de transcrever, do voto da relatora do processo paradigma, a parte que tratou das glosas dos créditos de aquisições efetuadas perante fornecedores inexistentes de fato, pois seu entendimento foi vencido, não se aplicando na solução do litígio dos presentes autos. A íntegra do voto encontrase no Acórdão 9303006.324 (processo 10835.000067/200689 paradigma). Fl. 3264DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 11 10 (...) Ante o exposto, julgo prejudicado o agravo interno e, com fulcro no art. 932, V, "b", do Código de Processo Civil, dou provimento ao agravo de instrumento, para reformar a r. decisão agravada e determinar à parte agravada que aprecie no prazo máximo de 30 dias os processos de ressarcimento de PIS e COFINS protocolados há mais de 360 dias pela agravante, bem como que o faça com observância do decidido pelo E. STJ no REsp repetitivo n° 1.148.444/MG. (efl. 4353) (...) Portanto, transcrevese abaixo a ementa do que foi decidido pelo STJ no REsp nº 1.148.444/MG: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE ICMS. APROVEITAMENTO (PRINCÍPIO DA NAO CUMULATIVIDADE). NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE DECLARADAS INIDÔNEAS. ADQUIRENTE DE BOAFÉ. 1. O comerciante de boafé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da nãocumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação (Precedentes das Turmas de Direito Público: EDcl nos EDcl no REsp 623.335/PR , Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 11.03.2008, DJe 10.04.2008; REsp 737.135/MG , Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 14.08.2007, DJ 23.08.2007; REsp 623.335/PR , Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 07.08.2007, DJ 10.09.2007; REsp 246.134/MG , Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 13.03.2006; REsp 556.850/MG , Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.04.2005, DJ 23.05.2005; REsp 176.270/MG , Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 27.03.2001, DJ 04.06.2001; REsp 112.313/SP , Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, julgado em 16.11.1999, DJ 17.12.1999; REsp 196.581/MG , Rel. Ministro Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 04.03.1999, DJ 03.05.1999; e REsp 89.706/SP , Rel. Ministro Ari Pargendler, Segunda Turma, julgado em 24.03.1998, DJ 06.04.1998). 2. A responsabilidade do adquirente de boafé reside na exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do CTN, segundo o qual "salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato" (norma aplicável, in casu , ao alienante). 3. In casu , o Tribunal de origem consignou que: "(...) os demais atos de declaração de inidoneidade foram publicados após a realização das operações (f. 272/282), sendo que as notas fiscais declaradas inidôneas têm aparência de regularidade, havendo o destaque do ICMS devido, tendo sido escrituradas no livro de registro de entradas (f. 35/162). No que toca à prova do pagamento, há, nos autos, comprovantes de pagamento às empresas cujas notas fiscais foram declaradas inidôneas (f. 163, 182, 183, 191, 204), sendo a matéria incontroversa, como admite o fisco e entende o Conselho de Contribuintes ." Fl. 3265DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 12 11 4. A boafé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS. 5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento, na seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex tunc , o que afastaria a boafé do terceiro adquirente, máxime tendo em vista o teor do artigo 136, do CTN. 6. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Como percebese tal decisão segue o rito dos recursos repetitivos previstos no art. 543C, do CPC, e, seu entendimento deve ser obrigatoriamente seguido no âmbito dos julgamentos deste colegiado. Portanto era desnecessário o contribuinte ter obtido provimento judicial neste sentido. O que necessitamos então é verificar se a situação fática do presente processo encaixase ao ditame do que foi decidido no âmbito do citado repetitivo. Observemos então que a tese firmada pelo próprio STJ em relação a este julgamento é a seguinte: O comerciante de boafé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da não cumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação.(Tema 272 do STJ) Na minha avaliação, a tese firmada pelo STJ é perfeita e visa proteger o adquirente de boa fé, que adquire a mercadoria e comprova a veracidade da compra e venda efetuada. Mas, com a devida venia, os fatos minuciosamente levantados pela fiscalização no presente processo demonstram que o contribuinte, além de não agir de boa fé, não comprovou a veracidade da compra e venda efetuada. Penso que tal situação está inequivocamente demonstrada nos presentes autos. Referida fiscalização teve início em 16/01/2006, para análise dos créditos relativos ao período de outubro/2002 a junho/2007. Importante registrar que no TVF a justificativa para as glosas não foram a existência de Atos Declaratórios de Inaptidão da Pessoa Jurídica, mas sim as diligências realizadas nos supostos fornecedores, as quais comprovaram a impossibilidade de ter havido a transação comercial, quer pela inexistência destes, quer pela falta de comprovação do pagamento. Podese ver que no item "10. Das Glosas", efl. 1933, seu item "10.1 Diligências a empresas fornecedoras" seu conteúdo demonstra que a razão das glosas foram as diligências realizadas pela fiscalização. Transcrevo abaixo excertos retirados do Termo de Verificação Fiscal TVF (efls. 1916/1949), no qual consta todas as evidências que justificaram a glosa dos referidos créditos: (...) Após análise das notas fiscais de compras, e pesquisas aos Sistemas Corporativos da Receita Federai do Brasil, bem como do Sintegra, na internet, constatouse que parte dos fornecedores encontramse em situações irregulares, tais como: empresa inexistente de fato, empresa inativa, empresa não cadastrada na Secretaria da Fazenda do Estado (não habilitada no Sintegra), empresa omissa na entrega de declarações, etc. Diante de tal situação, foram realizadas diligências em várias empresas fornecedoras, sendo que o resultado da maioria delas foi a constatação de inexistência de fato, com Representação Fiscal propondo a Inaptidão das mesmas. As empresas que se encontram nesta situação estão relacionadas abaixo: Fl. 3266DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 13 12 (...) Tal fato demonstra que a fiscalização somente emitiu os ADE DE INAPTIDÃO após comprovar a inexistência das pessoas jurídicas, ou seja, ditos atos declaratórios não foram o ponto de partida para a glosa. Seguimos com mais excertos do TVF: (...) No decorrer da ação fiscal, foram analisados pagamentos relativos às notas fiscais de fornecimento de couro das empresas acima à empresa fiscalizada. Foram constatados diversos pagamentos realizados a terceiras pessoas, através de autorização do fornecedor por via de "Cessão de Crédito". Ato contínuo, intimamos os beneficiários de tais pagamentos a confirmarem a relação comercial com a empresa "Vitapelli Ltda". As respostas às intimações foram, quase na totalidade, as mesmas, ou seja, as pessoas intimadas não reconhecem qualquer relação comercial com a empresa "Vitapelli Ltda". Diante deste fato, fica descaracterizada a operação comercial amparada pelas notas fiscais. Anexamos cópias das intimações e respostas aos autos. Posto isto, efetuamos as glosas de créditos do PIS/COFINS, referentes às aquisições das empresas supracitadas, visto que as mesmas nunca existiram de fato. Conseqüentemente, haverá lavratura de auto de infração para constituição dos créditos tributários, bem como representação fiscal para fins penais. (...) Também efetuamos glosas de créditos do PIS/COFINS referentes a aquisições de empresas representadas pela Delegacia Regional Tributária 10 (Presidente Prudente), relacionadas através de Ofício proveniente do Delegado Regional Tributário. As empresas, bem como os motivos para a glosa, estão relacionadas abaixo: a) Frigorífico São Matheus, nome fantasia da empresa CARD ALIMENTOS LTDA, CNPJ n° 02.987.722/000107. A data de início da situação é 03/10/2002. Os motivos descritos na representação são: Simulação da existência do estabelecimento e Simulação da realização de operações comerciais. Portanto, podese concluir pela inexistência de fato da empresa a partir de 03/10/2002, glosando os créditos solicitados a partir desta data. Além disso, houve diligência à referida empresa, conforme item 10.1. b) Comércio e Transportes Castelo de Serpa Ltda, CNPJ n° 04.842.983/000164. O motivo da representação é a inidoneidade de documentos fiscais. No presente caso, a empresa estava na condição "não habilitada" no Sintegra desde 11/03/1999. Portanto, não estava autorizada a emitir notas fiscais a partir da data em tela. A glosa dos créditos deverá ocorrer a partir das notas fiscais emitidas posteriormente à data em questão. (...) A empresa Vitapelli Ltda em vez de efetuar pagamento diretamente ao fornecedor efetuou pagamentos para outras empresas através de Cessão de Créditos a terceiros com autorização do fornecedor. Para subsidiar a fiscalização foram selecionadas, por amostragem, algumas empresas abaixo relacionadas, que receberam tais créditos, e estas foram intimadas a responderem alguns quesitos, conforme abaixo, in verbis: (...) Após esse trecho segue o relato da investigação em diversos cessionários de crédito e não se conseguiu comprovar a operação de pagamento. Os que a fiscalização obteve êxito em encontrálos, todos negaram relação negocial com o contribuinte. Alguns que não foram encontrados comprovouse que sequer tinham movimentação bancária no período como no exemplo a seguir: (...) 11.2. Fábio Benvindo Freitas Maia Fl. 3267DF CARF MF Processo nº 10835.000829/200566 Acórdão n.º 9303006.380 CSRFT3 Fl. 14 13 A pesquisa no sistema Dossiê Integrado da SRF revela que a referida empresa não apresentou nenhuma movimentação financeira nos anoscalendário de 2002, 2003, 2004 e 2005, e apresentou DIPJ na condição de "INATIVA" nos anoscalendário de 2002 a 2005. (...) Em conclusão, a razão principal das glosas não foi em decorrência de procedimentos formais nos quais a inexistência da relação comercial dáse por presunção, como são os casos decorrentes da simples existência de atos declaratórios de inaptidão da pessoa jurídica. Ao contrário, como visto, a fiscalização efetuou um minucioso trabalho de investigação e demonstrou a inexistência de relação negocial entre o contribuinte e vários de seus supostos fornecedores. Tal fato, afasta todo o argumento do voto vencido e do contribuinte de que as glosas só poderiam realizarse a partir da data de emissão dos atos declaratórios de inaptidão das pessoas jurídicas. Cumpre destacar que o contribuinte teve todo direito de defesa, com apresentação de impugnação, recurso voluntário e agora o presente recurso especial. Poderia ter se dedicado mais a descontruir as provas da fiscalização, comprovando de forma inequívoca a regularidade de seus créditos. Porém não obteve sucesso e tenta afastar as glosas utilizando, a meu ver, indevidamente, com apego a aspectos meramente formais, o que foi decidido pelo STJ no julgamento do REsp 1148444, definitivamente não aplicável ao presente caso. Além de tudo o que já foi exposto, é importante ressaltar que estamos diante de um pedido de ressarcimento decorrentes de créditos de PIS e Cofins, no qual cumpre ao contribuinte, de maneira inequívoca, comprovar a certeza e liquidez do seu direito creditório, nos termos do art. 170 do CTN, abaixo transcrito: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, os recursos especiais da Fazenda Nacional e do contribuinte foram conhecidos e, no mérito, o colegiado negoulhes provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 3268DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17335.720156/2016-05
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IRPF - OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL - RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA) - MULTA DE OFÍCIO.
Os rendimentos recebidos acumuladamente, para fins de incidência de IRPF, devem respeitar o regime de competência, conforme decisão do STF no RE 614.406/RS.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DECLARAÇÃO RETIFICADORA Há que se aceitar declaração retificadora entregue antes do início do procedimento fiscal, não podendo, portanto, serem caracterizados como os omissos os rendimentos nela lançados. Restando comprovado que o contribuinte deixou de lançar rendimentos em sua declaração de ajuste retificadora, há que se manter a omissão apontada pela fiscalização. (Acórdão nº: 106-15.643 - 22/06/2006)
Numero da decisão: 2002-000.108
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campelo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 IRPF - OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL - RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA) - MULTA DE OFÍCIO. Os rendimentos recebidos acumuladamente, para fins de incidência de IRPF, devem respeitar o regime de competência, conforme decisão do STF no RE 614.406/RS. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DECLARAÇÃO RETIFICADORA Há que se aceitar declaração retificadora entregue antes do início do procedimento fiscal, não podendo, portanto, serem caracterizados como os omissos os rendimentos nela lançados. Restando comprovado que o contribuinte deixou de lançar rendimentos em sua declaração de ajuste retificadora, há que se manter a omissão apontada pela fiscalização. (Acórdão nº: 106-15.643 - 22/06/2006)
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 17335.720156/2016-05
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5862845
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2002-000.108
nome_arquivo_s : Decisao_17335720156201605.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : THIAGO DUCA AMONI
nome_arquivo_pdf_s : 17335720156201605_5862845.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campelo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
id : 7286193
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310697549824
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1643; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 150 1 149 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 17335.720156/201605 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.108 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 19 de abril de 2018 Matéria IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA) MULTA DE OFÍCIO. Recorrente GILSON VIANNA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA) MULTA DE OFÍCIO. Os rendimentos recebidos acumuladamente, para fins de incidência de IRPF, devem respeitar o regime de competência, conforme decisão do STF no RE 614.406/RS. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DECLARAÇÃO RETIFICADORA Há que se aceitar declaração retificadora entregue antes do início do procedimento fiscal, não podendo, portanto, serem caracterizados como os omissos os rendimentos nela lançados. Restando comprovado que o contribuinte deixou de lançar rendimentos em sua declaração de ajuste retificadora, há que se manter a omissão apontada pela fiscalização. (Acórdão nº: 10615.643 22/06/2006) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 33 5. 72 01 56 /2 01 6- 05 Fl. 150DF CARF MF 2 Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campelo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 111 a 115), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu autuação de valores supostamente devidos por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de ação da justiça federal. Ainda, houve a compensação indevida de imposto de renda retido na fonte. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 5.366,26, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, em 02/08/2016, à e fl. 02 a 110 dos autos. A impugnação foi apreciada na 1ª Turma da DRJ/CGE que, por unanimidade, em 08/02/2017, no acórdão 0441.982, às efls. 124 a 127, julgou a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário em relação a omissão de rendimentos decorrentes de ação judicial. Recurso voluntário Ainda inconformada, a contribuinte, em 24/03/2017, apresentou recurso voluntário, às efls. 136 a 138, no qual alega, em resumo, que: § Houve erro do contribuinte em preencher a sua Declaração de Ajuste Anual (DAA); § requer a retificação da DAA para incluir os valores do precatório recebido na aba de "Rendimentos Recebidos Acumuladamente"; § devido ao erro cometido pelo contribuinte, que agiu de boa fé, deve o crédito tributário ser cancelado. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Fl. 151DF CARF MF Processo nº 17335.720156/201605 Acórdão n.º 2002000.108 S2C0T2 Fl. 151 3 Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que a contribuinte foi intimada do teor do acórdão da DRJ em 23/02/2017, efls. 133, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 24/03/2017, efls. 135, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Conforme os autos, o lançamento tributário foi baseado na omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação na Justiça Federal ajuizada pela contribuinte, que gerou o precatório 011022272.2010.4.01.9198. Há ainda questionamento quanto a compensação indevida de imposto de renda na fonte. O contribuinte alega que errou quando do preenchimento da Declaração de Ajuste Anual (DAA) e que a autuação deve ser afastada. Ressaltase que a obrigação acessória de apresentar a declaração correta é um ônus do contribuinte, que, quando preenchida erroneamente, pode ser alterada pela declaração retificadora, que substitui para todos os efeitos a primeira declaração disponibilizada a RFB. DITR. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. EFEITOS. A declaração retificadora entregue antes do início do procedimento fiscal, substitui a declaração retificada para todos os efeitos, inclusive para fins de lançamento de oficio. Portanto, qualquer procedimento de revisão de oficio e consequente lançamento deve tomar por base a última declaração retificadora apresentada. (Acórdão n°: 2201001.747 14/08/2012) A alegação de cometimento de erro pelo contribuinte não pode prosperar para fins de fiscalização, já que tem prazo bastante razoável para preenchimento da obrigação acessória, bem como para retificála. Além disso, a apresentação da retificadora é de obrigação do contribuinte e o momento de fazêlo é do início de qualquer procedimento fiscal, e não no curso do processo administrativo tributário. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DECLARAÇÃO RETIFICADORA Há que se aceitar declaração retificadora entregue antes do início do procedimento fiscal, não podendo, portanto, serem caracterizados como os omissos os rendimentos nela lançados. Restando comprovado que o contribuinte deixou de lançar rendimentos em sua declaração de ajuste retificadora, há que se manter a omissão apontada pela fiscalização. (Acórdão nº: 10615.643 22/06/2006) A Conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo, nos autos do processo 10469.728782/201324, fez um ótimo histórico da tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, como se vê: Fl. 152DF CARF MF 4 Inicialmente, os rendimentos recebidos acumuladamente submetiamse ao regime de caixa por força do art. 12 da Lei 7.713/88: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Este artigo vigorou até o dia 27.07.2010, pois no dia 28 passou a vigorar o art. 12A inserido pela Medida Provisória 497/2010, o qual prestigiou o regime de competência para a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente. Art.12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. §1o O imposto será retido, pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito, e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. [...] Apesar de entrar em vigor no dia 28.07.2010, o § 7º do art. 12A supra, facultou o regime de competência aos RRA recebidos entre 1º de janeiro de 2010 e 27.07.2010, desde que informados na Declaração de Ajuste Anual (DAA) do anocalendário de 2010. § 7o Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1o de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação desta Medida Provisória, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. Como os rendimentos do caso em tela foram recebidos em abril e maio/2010, antes portanto da vigência da MP 497, e não se enquadram na hipótese do § 7º, pois não foram declarados na DAA/2010, o objeto da lide estava, à época, sob a égide do art. 12 da Lei 7.713/88 que ordenava o regime de caixa para a tributação dos rendimentos acumulados. O lançamento foi lavrado em 23/09/2013 (fl. 25) e cientificado à contribuinte no dia 04/10/2013. Dessa forma, à época da lavratura, o cálculo foi corretamente feito pelo regime de caixa, haja vista que os fatos geradores pertenciam ao período de vigência do art. 12. Contudo, em 23.10.2014, no julgamento do Recurso Extraordinário 614.406/RS, sob a sistemática dos recursos Fl. 153DF CARF MF Processo nº 17335.720156/201605 Acórdão n.º 2002000.108 S2C0T2 Fl. 152 5 repetitivos (art. 543B, CPC), o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei 7.713/881, com a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. No referido julgamento, o STF entendeu que a aplicação do art. 12 afronta aos princípios da isonomia, capacidade contributiva e proporcionalidade2. Essa decisão transitou em julgado em 09/12/2014. De acordo com o art. 19, IV, § 4º e 7º da Lei 10.522/2002: Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) [...] IV matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) [...] § 4o A Secretaria da Receita Federal do Brasil não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que tratam os incisos II, IV e V do caput, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) 1 Nota PGFN/CRJ/Nº 981/2015 2 Trecho do voto da Min. Cármen Lúcia De um lado, os que receberam em dia as verbas devidas que, a depender da renda, seriam isentos ou pagariam menos imposto. De outro, os que receberam em atraso a renda e, pelo montante, deverão pagar mais imposto, calculado sobre o total recebido. É dizer, os contribuintes que receberem valores acumulados serão duplamente atingidos: pela mora suportada até a efetiva concessão do benefício devido e, ainda, pela majoração da alíquota incidente sobre a renda recebida em atraso (acumulada). Relevese o argumento do Ministro Dias Toffoli ao asseverar, em seu voto, relembrando sua atuação como AdvogadoGeral da União, que a motivação do Governo Federal para editar a medida provisória relativa ao art. 12A da Lei n. 7.713/1988 decorreu, exatamente, do reconhecimento da ilegalidade da cobrança do imposto de renda, ainda que de pessoa física, pelo regime de caixa, pelo que se institui o regime de competência para sua incidência. [...] À luz dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva tanto significa dizer que a incidência do imposto de renda deve considerar as datas e as alíquotas vigentes na data em que essa verba deveria ter sido paga (disponibilidade jurídica, como advertido pelo Ministro Marco Aurélio), observada a renda auferida mês a mês pelo segurado. Disso resulta não ser razoável, tampouco proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo legal, como se dá na espécie examinada. Fl. 154DF CARF MF 6 § 7o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. Assim, após a manifestação da PGFN, a Receita Federal não deverá mais constituir créditos tributários de RRA sob o regime de caixa e aqueles créditos já constituídos deverão ser revistos de ofício. Segundo o art. 3º, caput e §§ 1º e 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014: Art. 3º Na hipótese de decisão desfavorável à Fazenda Nacional, proferida na forma prevista nos arts. 543B e 543C do CPC, a PGFN informará à RFB, por meio de Nota Explicativa, sobre a inclusão ou não da matéria na lista de dispensa de contestar e recorrer, para fins de aplicação do disposto nos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e nos Pareceres PGFN/CDA nº 2.025, de 27 de outubro de 2011, e PGFN/CDA/CRJ nº 396, de 11 de março de 2013. § 1º A Nota Explicativa a que se refere o caput conterá também orientações sobre eventual questionamento feito pela RFB nos termos do § 2º do art. 2º e delimitará as situações a serem abrangidas pela decisão, informando sobre a existência de pedido de modulação de efeitos. [...] § 3º A vinculação das atividades da RFB aos entendimentos desfavoráveis proferidos sob a sistemática dos arts. 543B e 543 C do CPC ocorrerá a partir da ciência da manifestação a que se refere o caput. A manifestação da PGFN se deu por meio da Nota PGFN/CRJ/Nº 981/2015 onde foi delimitada as situações abrangidas pela decisão, estando a Receita Federal vinculada ao entendimento do STF a partir de 04.11.2015, data de sua ciência. Assim, após 04.11.2015, a Receita Federal não deverá mais constituir créditos tributários de RRA sob o regime de caixa e aqueles créditos já constituídos, como o do caso em tela, deverão ser revistos. As decisões definitivas de mérito proferidas na sistemática de julgamento dos recursos repetitivos prevista no CPC são de observância obrigatória também para o CARF. É o que preceitua o art. 62, § 2º do RICARF3: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] 3 Regimento Interno do CARF (Portaria MF 343/2015) Fl. 155DF CARF MF Processo nº 17335.720156/201605 Acórdão n.º 2002000.108 S2C0T2 Fl. 153 7 § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Diante disso, deverá ser afastada nos julgamentos do CARF a aplicação do art. 12 da Lei 7.713/88, prestigiandose o regime de competência para apuração do imposto de renda sobre os rendimentos recebidos acumuladamente. Assim, no ano calendário de 2011 a que se refere o auto de infração, já estava disponível no programa da Receita Federal de Declaração de Ajuste Anual (DAA) a aba "Rendimentos Recebidos Acumuladamente" com as opções "exclusiva na fonte", respeitando o teor do artigo 12A da Lei nº 7.713/88, ou "ajuste anual", possibilitando abatimento das deduções legais do montante de imposto devido. Como mencionado anteriormente, a opção escolhida pelo contribuinte na DAA é irretratável, não sendo possível sua retificação no curso do processo administrativo fiscal, prevalecendo, deste modo, a decisão da DRJ: O contribuinte primeiramente reconhece o erro cometido ao excluir dos rendimentos tributáveis o imposto de renda retido na fonte e a previdência oficial, incidentes sobre os rendimentos recebidos, quando na verdade estes descontos compõem o total desses rendimentos. Em segundo lugar, a opção do contribuinte foi pela inclusão dos rendimentos tributáveis na declaração de ajuste anual, sendo essa opção irretratável, não podendo ser alterada como rendimentos tributáveis exclusivamente na fonte conforme pretende o impugnante, em virtude do artigo 7º da Instrução Normativa 1.127/2011. O pedido do impugnante em retificar sua declaração com o fito de considerar os rendimentos objeto do lançamento como tributáveis exclusivamente na fonte não é possível, pelo fato de que a opção feita na declaração de ajuste foi pela inclusão dentre os rendimentos tributáveis, sendo essa opção irretratável conforme determinado na Instrução Normativa acima citada. Pelos motivos acima voto no sentido de julgar improcedente a impugnação, mantendose o crédito tributário. Em relação a multa de ofício, esta incide pelo descumprimento da obrigação principal de não pagamento do tributo a tempo e a modo, sendo que sua aplicação independe de conduta dolosa do sujeito passivo, conforme previsão do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996: Fl. 156DF CARF MF 8 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...) Desta forma, conheço do presente Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte para, no mérito, negarlhe provimento. Thiago Duca Amoni Relator Fl. 157DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.005412/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
Recurso Voluntário interposto quando já transcorrido o prazo de 30 dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72 importa em intempestividade, tendo por conseqüência o seu não conhecimento.
Numero da decisão: 2402-006.137
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pinho (presidente da turma), Ronnie Soares Anderson, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci (Vice- Presidente), Jamed Abdul Nasser Feitoza Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Recurso Voluntário interposto quando já transcorrido o prazo de 30 dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72 importa em intempestividade, tendo por conseqüência o seu não conhecimento.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15504.005412/2010-12
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5863391
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2402-006.137
nome_arquivo_s : Decisao_15504005412201012.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RENATA TORATTI CASSINI
nome_arquivo_pdf_s : 15504005412201012_5863391.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pinho (presidente da turma), Ronnie Soares Anderson, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci (Vice- Presidente), Jamed Abdul Nasser Feitoza Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
id : 7287750
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310734249984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1295; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 920 1 919 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.005412/201012 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.137 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 05 de abril de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente SHAFT ENGENHARIA E SERVIÇOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Recurso Voluntário interposto quando já transcorrido o prazo de 30 dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72 importa em intempestividade, tendo por conseqüência o seu não conhecimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pinho (presidente da turma), Ronnie Soares Anderson, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 54 12 /2 01 0- 12 Fl. 920DF CARF MF 2 Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci (Vice Presidente), Jamed Abdul Nasser Feitoza Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Fl. 921DF CARF MF Processo nº 15504.005412/201012 Acórdão n.º 2402006.137 S2C4T2 Fl. 921 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 0263.085, da 6ª Turma da DRJ de Belo Horizonte (fls. 869/873), que julgou improcedente a impugnação apresentada contra o Auto de Infração DEBCAB nº 37.208.9631. De acordo com o relatório fiscal de fls. 06/08, tratase de crédito lançado contra o contribuinte acima identificado por deixar de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados contribuintes individuais a seu serviço, conforme o disposto no art. 4º, "caput" da Lei 10.666/03 e no art. 216, I, "a" do Decreto 3.048/99: "1 Em análise dos lançamentos contábeis da empresa em tela, foram encontrados diversos pagamentos a contribuintes individuais. Tais pagamentos foram escriturados nas seguintes contas: a) 4.1.1.02.001 Custo de Serviços Prestados por Terceiros Serviços de Terceiros PF Operacional (Livro Razão nú,. 08 de 2005, pág. 363); b) 4.2.1.01.035 Despesas Administrativas Serviços de Terceiros PF ADM (Livro Razão num. 08, de 2005, pág. 428) e c) 4.2.1.01.035 Despesas Administrativas Doações e Brindes (Livro Razão núm. 08, de 2005, pág. 456). 2 Todos os lançamentos acima referidos encontramse também registrados no Livro Diário da autuada, livro esse registrado na JUCEMG sob o número 99045815, de 25/05/2008. 3 Através do Termo de Início de Procedimento FiscalTIPF, de 19/05/2009, e do Termo de Intimação FiscalTIFnúmero 1, datado de 18/08/2009 e do TIF número 03, de 16/12/2009, foi solicitado à empresa que apresentasse o comprovante de recolhimento das contribuições previdenciárias, incluídas aí as contribuições devidas pelos contribuintes individuais. 4 Tais contribuições são incidentes sobre a remuneração recebida pelos referidos contribuintes individuais e deveriam ter sido retidas pela autuada, pois o recolhimento das mesmas seria de sua responsabilidade, uma vez que remunerou contribuinte individual a seu serviço. 5 Constatouse, então, que os citados contribuintes individuais, listados em anexo em documento emitido pela própria empresa, sequer haviam sido incluídos em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, portanto, não houve a retenção, tampouco o recolhimento das contribuições previdenciárias em tela. 6 Dessa forma, a empresa infringiu o disposto na Lei nº 8.212, de 24/07/1991, art. 30, I, "a" e alterações posteriores e Lei 10.666, de 08/05/2003, art. 4º, "caput" e Fl. 922DF CARF MF 4 Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048, de 06/05/1999, art. 216, I, "a". 7 Não foram configuradas situações agravantes para a gradação da multa." A autuada apresentou impugnação tempestiva defendendo, em síntese: a) a necessidade de cancelamento da multa aplicada, nos termos do que autoriza o § 3º do art. 291 do Decreto 3.048/99, uma vez que por erro apresentou a GFIP em desacordo com a lei, erro este que, uma vez constatado, foi retificado pela autuada em suas declarações que, ademais, procedeu ao pagamento integral dos débitos correspondentes. A DRJ julgou a impugnação improcedente e manteve o crédito tributário integralmente, em julgado assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Constitui infração à legislação previdenciária a não arrecadação, mediante desconto das remunerações, as contribuições a cargo dos segurados empregados e contribuintes individuais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A autuada foi intimada do aludido acórdão aos 19/02/2015 (quintafeira), conforme faz prova o Aviso de Recebimento da ECT de fls. 879, e interpôs Recurso Voluntário contra essa decisão aos 25/03/2015 (quartafeira) (fls. 889), no qual repisou seus argumentos já trazidos em sua defesa, agora dando especial ênfase às alegações quanto à ilegalidade da Autuação, que não observou o princípio da retroatividade benigna no que diz respeito à aplicação das multas pelo descumprimento das obrigações principal e acessórias. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 923DF CARF MF Processo nº 15504.005412/201012 Acórdão n.º 2402006.137 S2C4T2 Fl. 922 5 Voto Conselheira Renata Toratti Cassini, Relatora Como mencionado, a Recorrente foi notificada do acórdão da DRJ aos 19/02/2015, uma quintafeira, conforme Aviso de Recebimento de fls. 915, e somente interpôs Recurso Voluntário contra essa decisão aos 25/03/2015, uma quartafeira. Nos termos do que dispõe o artigo 33 do Decreto º 70.235/72: "Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão.(destacamos) Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato." E dispõe, ainda, o seu artigo 5°, "caput", que " Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento". Por seu vez, dispõe o NCPC 1.003, § 6º: "Art. 1.003. (...) § 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso." Pois bem. Diante do que consta dos autos, constatase que a Recurso Voluntário foi interposto pela Recorrente quando já transcorrido o prazo de 30 dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72 para tanto. E não há, nos autos, nenhuma informação acerca de fato que pudesse interferir na contagem do prazo processual, como a existência de algum feriado local, por exemplo. Nesse cenário, considerando que a Recorrente foi notificada da decisão da DRJ aos 19/02/2015 (AR de fls. 915), o termo final para a interposição do Recurso Voluntário seria o dia 22/03/2015 que, por tratarse de um domingo, prorrogouse para primeiro dia útil subsequente, qual seja 23/03/2015, segundafeira. Desse modo, tendo sido interposto apenas no dia 25/03/2015, tratase de recurso intempestivo. Conclusão Ante o exposto, à vista de sua intempestividade, voto por não conhecer do Recurso. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini. Fl. 924DF CARF MF 6 Fl. 925DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.722953/2012-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011
AUTO DE INFRAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXCLUSÃO DO SIMPLES. INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos do art. 3º, IV, do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processos que versem sobre aplicação da legislação relativa a Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, são da competência da Segunda Seção e, não, desta Primeira.
Numero da decisão: 1301-003.080
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência à Segunda Seção de Julgamento.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 AUTO DE INFRAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXCLUSÃO DO SIMPLES. INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 3º, IV, do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processos que versem sobre aplicação da legislação relativa a Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, são da competência da Segunda Seção e, não, desta Primeira.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jun 29 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13971.722953/2012-39
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5872836
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jun 29 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1301-003.080
nome_arquivo_s : Decisao_13971722953201239.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 13971722953201239_5872836.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência à Segunda Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
dt_sessao_tdt : Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
id : 7341250
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:21:00 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310768852992
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1474; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 999 1 998 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.722953/201239 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301003.080 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de maio de 2018 Matéria DECLINAR COMPETÊNCIA Recorrente COISAS DE BEBÊ CONFECÇÕES LTDA. EPP E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 AUTO DE INFRAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXCLUSÃO DO SIMPLES. INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 3º, IV, do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processos que versem sobre aplicação da legislação relativa a Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, são da competência da Segunda Seção e, não, desta Primeira. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência à Segunda Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 29 53 /2 01 2- 39 Fl. 999DF CARF MF Processo nº 13971.722953/201239 Acórdão n.º 1301003.080 S1C3T1 Fl. 1000 2 Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratamse de Recursos Voluntários interpostos pelo contribuinte e demais interessados contra o acórdão 1260.900, proferido pela 11ª Turma da DRJ/RJ1, na sessão de 29 de outubro de 2013, que, ao apreciar a impugnação apresentada pelo contribuinte, por unanimidade de votos, julgoua improcedente. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Trata o presente processo de Auto de Infração n° 51.002.3363, lavrado em 14/11/2012, no valor de R$ 77.126,42 (setenta e sete mil cento e vinte e seis reais e quarenta e dois centavos), que acrescido de multa e juros corresponde ao valor consolidado de R$ 207.191,38 (duzentos e sete mil cento e noventa e um reais e trinta e oito centavos), referente a contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição da empresa incidente sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidente sobre a remuneração paga aos segurados empregados. 2. De acordo com o Relatório Fiscal, de fls. 44/50 do processo digital, foi realizada auditoria na autuada, COISAS DE BEBÊ CONFECÇÕES LTDA e, concomitantemente, nas empresas MESH COMÉRCIO E CONFECCÇÕES DE ROUPAS LTDA, CNPJ: 81.380.891/000150 e WRCP TÊXTIL LTDA, CNPJ: 08.869.459/000138, onde constatouse que as mesmas integram, DE FATO, um GRUPO ECONÔMICO e, portanto, solidariamente responsáveis, conforme fundamentações legais: CTN, art. 124, I e II; Lei 8.212/1991, art. 30, IX; Decreto 3.048/1999, art. 222 e Lei 8.884/1994, art. 17. 3. Diante disso, a autuada foi excluída do Simples Nacional, conforme Ato Declaratório Executivo – ADE nº 50, de 01/11/2012 (fls. 21), decorrente do processo de Representação Administrativa para Exclusão do SIMPLES, processo nº 13971.722924/201277. 4. Em função da exclusão do SIMPLES, com efeito retroativo a 01/01/2008, foram lançadas as contribuições previdenciárias patronais que deixaram de ser recolhidas. O presente lançamento compreende o período de 01/2009 a 12/2011, inclusive os décimos terceiros salários. 5. Os fatos geradores foram as contribuições omitidas nas GFIPs, devido à informação incorreta referente à opção pelo Fl. 1000DF CARF MF Processo nº 13971.722953/201239 Acórdão n.º 1301003.080 S1C3T1 Fl. 1001 3 SIMPLES e não recolhidas, constantes das folhas de pagamento. Nos levantamentos E2 (segurados empregados) e I2 (contribuintes individuais), que abrangem as competências 01/2009 a 12/2011, foi aplicada a multa qualificada (2 x 75%), por serem posteriores à edição da Medida Provisória nº 449, de 04/12/2008, que estipulou a nova multa, e por ter restado caracterizada a prática de sonegação e conluio previstas nos arts. 71 e 73 da Lei 4.502/64. 6. “Numa análise objetiva dos fatos relatados, constantes nos processos de Representações Administrativas para Exclusão do SIMPLES, mencionados no item 5, frente aos dispositivos legais em comento, não há como deixar de enquadrar a ação dolosa, intencional e consciente de simular a existência de empresas, formalmente distintas (MESH, COISAS DE BEBÊ e WRCP), porém formando um GRUPO ECONÔMICO DE FATO, com o evidente intuito de impedir o conhecimento do Fisco da incidência da Contribuição Previdenciária Patronal sobre as remunerações dos segurados das empresas MESH e COISAS DE BEBÊ (optantes, indevidamente, pelo SIMPLES), nas definições de sonegação e conluio, contidas nos arts. 72 e 73 da Lei 4.502/64, já transcritos.” IMPUGNAÇÃO 7. O contribuinte foi cientificado do lançamento em 26/11/2012, conforme AR de fls. 58. Caracterizada a sujeição passiva solidária, foram cientificadas do “Termo de Sujeição Passiva Solidária” as empresas Mesh Comércio e Confecções de Roupas Ltda, CNPJ nº 81.380.891/000150 (AR fls. 59) e WRCP Têxtil Ltda, CNPJ nº 08.869.459/000138 (AR fls. 60). 8. O contribuinte “Coisas de Bebê” apresentou impugnação em 26/12/2012, fls. 195/247, alegando, em síntese: 8.1 Não é possível que o lançamento seja objeto de emissão de Representação Fiscal para Fins Penais (RFFP), antes mesmo do fim do processo administrativo tributário. 8.2 Fazse necessário o julgamento em conjunto dos processos nº 13971.722952/201294, 13971.722953/201239, 13971.722961/201285, 13971.722962/201220, por envolverem os mesmos fatos geradores e identidade dos elementos de prova. Preliminar: 8.3 O Auto de Infração tem como fundamento básico a exclusão da Impugnante do Simples Nacional, que se deu através do Ato Declaratório Executivo nº 50/2012, processo administrativo nº 13971.722924/201277. Porém, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade contra a sua exclusão, que por sua vez ainda não foi julgada. 8.4 Conforme art. 4º, § 3ºA da Resolução CGSN nº 15/07 e art. 75, § 3º da Resolução nº 94/2011, o termo de exclusão do Simples só se tornará efetivo após decisão irrecorrível Fl. 1001DF CARF MF Processo nº 13971.722953/201239 Acórdão n.º 1301003.080 S1C3T1 Fl. 1002 4 desfavorável ao contribuinte. Dessa forma, somente após o julgamento definitivo, desfavorável à empresa, do processo de exclusão do Simples é que ela poderia ser notificada para o pagamento das contribuições em questão. Mérito Insubsistência da exclusão do Simples 8.5 Alega a insubsistência da exclusão do Simples e reproduz os mesmos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade apresentada contra a ADE que a excluiu, processo nº 13971.722924/201277, apenso ao presente. Insubsistência do Auto de Infração 8.6 Independente dos argumentos relativos à exclusão do Simples, há outros motivos que impedem a manutenção do Auto de Infração: 8.6.1 A exigência de contribuições sobre verbas não remuneratórias, que não possuem natureza de salário/remuneração. Para que possam ser consideradas como salário ou remuneração é indispensável que elas apresentem duas características: contraprestação pelo trabalho e habitualidade. 8.6.2 Dentre as rubricas indevidamente incluídas na base de cálculo das contribuições está o Salário Maternidade, que sempre se constituiu em um benefício de natureza previdenciária e de responsabilidade da Previdência Social. As empresas apenas são chamadas a adiantar os valores devidos pelo INSS a esse título, tanto é assim que tais importâncias desembolsadas são prontamente compensadas com os valores devidos pela empresa ao INSS. Cita decisão do STF e do STJ nesse sentido. 8.6.3 Outra verba que também não se constitui em salário ou remuneração é o chamado Auxíliodoença nos primeiros 15 dias de afastamento do segurado. Tal verba não é compatível com os conceitos jurídicos de salário e de remuneração, pois não representam contraprestação aos serviços prestados e nem é dotada da característica da habitualidade. Cita decisão do STJ e do TRF da 4ª Região. 8.6.4 O 1/3 de férias e respectivos reflexos também não tem natureza jurídica de salário ou remuneração, o que impede que ele seja considerado salário de contribuição. Ele se configura um abono pago ao funcionário que tira férias. Cita entendimento do STJ para respaldar o posicionamento defendido pela Impugnante. 8.6.5 O mesmo se dá em relação aos valores pagos a título de férias. Tais valores não poderiam ser considerados como salário/remuneração, porque pagos enquanto os funcionários não prestam serviços para a empresa. Transcreve decisão do STJ. Fl. 1002DF CARF MF Processo nº 13971.722953/201239 Acórdão n.º 1301003.080 S1C3T1 Fl. 1003 5 8.6.6 “Há, ainda, diversas outras verbas que, muito embora sejam pagas pela Impugnante às pessoas que lhe prestem serviços, não poderiam ser incorporadas à base de cálculo das contribuições.” Podem ser citadas, entre outras, importâncias pagas a título de horasextras, gratificações e outras verbas delas decorrentes. 8.6.7 O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que as contribuições não podem incidir sobre abonos ou demais verbas trabalhistas de natureza indenizatória. 8.6.8 “Dessa forma, caso seja mantido o Auto de Infração (o que se admite somente por hipótese), as verbas que não correspondem a salário e demais rendimentos do trabalho precisam ser excluídas da base de cálculo adotada pela fiscalização.” 8.7 Insurgese contra o aumento da alíquota do SAT/GILRAT de 1% para 2% instituída pelo Decreto nº 6.957/09 que alterou o anexo V do Decreto nº 3.048/99. Alega que tal decreto restringiuse única e exclusivamente a aumentar a alíquota do SAT sem expor os motivos para a mudança do grau de risco. Com isso o Decreto violou os princípios da publicidade e da motivação dos atos administrativos, além de ter desrespeitado os princípios da capacidade contributiva e da isonomia tributária. Portanto, o Decreto nº 6.957/09 é inconstitucional. 8.8 A fiscalização deixou de abater do montante exigido os valores recolhidos pela empresa a título de Contribuição Previdenciária Patronal no âmbito do Simples Nacional (anexa os comprovantes de recolhimento – doc. nº 14). 8.8.1 O CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já pacificou o entendimento, através da Súmula nº 76, de que, no caso de lançamentos decorrentes da exclusão de empresas do Simples, devem ser deduzidos os valores pagos pela empresa no âmbito do Simples. 8.9 Mantido o lançamento, não poderia prevalecer a multa aplicada. 8.9.1 No caso concreto, não é possível a aplicação da multa qualificada no percentual de 150% da exigência, uma vez que o intuito de fraude, consubstanciado em ação/omissão dolosa tendente a impedir o conhecimento da ocorrência de fato gerador das contribuições, tem que estar materialmente comprovado e não meramente presumido. 8.9.2 A multa é desproporcional à falta hipoteticamente cometida pela contribuinte, contrariando os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e do devido processo legal material. Além de possuírem caráter confiscatório. 8.10 Requer seja julgada procedente a Impugnação para que: Fl. 1003DF CARF MF Processo nº 13971.722953/201239 Acórdão n.º 1301003.080 S1C3T1 Fl. 1004 6 a) não seja formalizada qualquer representação para fins penais; b) sejam julgados em conjunto os processos citados; c) o Auto de Infração seja cancelado em virtude da ausência de julgamento da Manifestação de Inconformidade apresentada contra o ato de exclusão do Simples; d) o Auto de Infração seja cancelado diante da inexistência de qualquer valor devido; ou na pior das hipóteses, e) sejam excluídas: as parcelas relativas às verbas não remuneratórias; à majoração da alíquota do SAT/GILRAT de 1% para 2%; os valores já pagos do Simples Nacional; as multas aplicadas e a multa qualificada de 150%, reduzindoa para, no máximo, 75%. 9. A empresa Mesh Comércio e Confecções de Roupas Ltda – EPP, responsável solidária, apresentou impugnação em 26/12/2012, fls. 755/762, alegando, em síntese: 9.1 Insurgese contra a responsabilidade solidária imputada, conforme Termo de Sujeição Passiva Solidária. A fiscalização, para concluir que haveria responsabilidade solidária entre a Impugnante e a empresa originalmente autuada, alegou que teria ocorrido a formação de grupo econômico “de fato”, o que justificaria a responsabilidade solidária, com fundamento nos arts. 124 do CTN, 30, IX, da Lei nº 8.212/91 e 222 do Decreto nº 3.048/99. 9.2 Tais normas não poderiam, no entanto, amparar a pretensão da fiscalização, uma vez que o art. 124 do CTN está inserido no capítulo IV que não trata de responsabilidade tributária, função desempenhada pelo capítulo V, que não prevê a situação em análise. O mesmo ocorre com o art. 30, IX da Lei nº 8.212/91 e o art. 222 do Decreto nº 3.048/99. 9.3 Segundo a jurisprudência pacífica dos tribunais, a responsabilidade tributária é matéria que somente pode ser regida por lei complementar e não por lei ordinária ou decreto. 9.4 O argumento da fiscalização contraria a definição de “grupo de sociedades”, prevista no art. 265 da lei das S/A (Lei nº 6.404/76). 9.5 Alega que as pessoas jurídicas em questão são independentes e a inexistência de atos de gestão da Impugnante junto à empresa originalmente autuada. 9.6 Reitera os termos da impugnação apresentada pela autuada. 10. A empresa WRCP Têxtil Ltda – EPP, responsável solidária, apresentou impugnação em 26/12/2012, fls. 818/825, trazendo exatamente as mesmas argumentações da Mesh Comércio e Confecções de Roupas Ltda – EPP. Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 13971.722953/201239 Acórdão n.º 1301003.080 S1C3T1 Fl. 1005 7 11. É o relatório. Na seqüência, foi proferido o acórdão recorrido, julgando improcedente a impugnação apresentada, mantendo o crédito tributário exigido. Após intimadas todas as interessadas, elas apresentam seus respectivos Recursos, pugnando pelo provimento, onde apresentam argumentos que serão posteriormente analisados. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator Antes de qualquer outra verificação do recurso interposto, um questão preliminar requer averiguação; I. DA INCOMPETÊNCIA DESTA 1ª SEJUL Analisando os autos, verifico que ao cabo de uma única auditoria, a autoridade encarregada formalizou seis processos administrativos. No caso dos autos, tratase de lançamento, onde é exigido crédito tributário de contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição da empresa incidente sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidente sobre a remuneração paga aos segurados empregados. Assim, embora o presente processo seja decorrente do Ato da exclusão do Simples da recorrente, a exigência aqui reclamada baseiase em remunerações de seus empregados e de contribuintes individuais. Sobre a competência desta Seção de Julgamento, transcrevo o inciso IV, artigo 2º do Anexo II, com a redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016: Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: (...) IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 13971.722953/201239 Acórdão n.º 1301003.080 S1C3T1 Fl. 1006 8 (G.N) De acordo com tal norma, no que aqui nos interessa, apenas recursos que versem sobre aplicação da legislação relativa à Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta atrairiam a competência para esta Seção de Julgamento, e só se a exigência fosse formalizada com base nos mesmos elementos de provas de eventual lançamento de IRPJ/CSLL. No caso, não se trata nem mesmo de Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta. Dispõe ainda o mesmo diploma no art. 3º, IV, que: Art. 3º À 2ª (segunda) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: (...) IV Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, definidas no art. 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007; (G.N) A distribuição de competência entre as três Seções de Julgamento do CARF consiste em repartição jurisdicional em razão funcional, para atender o interesse público. Como tal, não é passível de modificação, devendo eventual incompetência ser conhecida de ofício Assim, tendo em vista que o presente caso trata de exigência de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações de segurados empregados e de contribuintes individuais, resta claro que ele está fora do âmbito de competência de julgamento desta 1ª Seção, devendo ser remetido à 2ª Seção, que tem a efetiva competência para o julgamento. Conclusão Diante do exposto, voto por declinar da competência para julgamento do recurso em favor da Segunda Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 1006DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 37342.000542/2005-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2001 a 31/10/2004
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.245
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2001 a 31/10/2004 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 37342.000542/2005-34
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5861877
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2201-004.245
nome_arquivo_s : Decisao_37342000542200534.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 37342000542200534_5861877.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
id : 7281103
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050310798213120
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-04-27T15:00:38Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-04-27T15:00:38Z; Last-Modified: 2018-04-27T15:00:38Z; dcterms:modified: 2018-04-27T15:00:38Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:97ad8800-c700-4f9e-81e3-3f5a8fb03e60; Last-Save-Date: 2018-04-27T15:00:38Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-04-27T15:00:38Z; meta:save-date: 2018-04-27T15:00:38Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-04-27T15:00:38Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-04-27T15:00:38Z; created: 2018-04-27T15:00:38Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2018-04-27T15:00:38Z; pdf:charsPerPage: 1587; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-04-27T15:00:38Z | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 37342.000542/200534 Recurso nº 1 De Ofício Acórdão nº 2201004.245 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de março de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MARABÁ PREFEITURA MUNICIPAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2001 a 31/10/2004 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 34 2. 00 05 42 /2 00 5- 34 Fl. 186DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 187DF CARF MF Processo nº 37342.000542/200534 Acórdão n.º 2201004.245 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 188DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 189DF CARF MF Processo nº 37342.000542/200534 Acórdão n.º 2201004.245 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 190DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora.” Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 191DF CARF MF
score : 1.0
