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Numero do processo: 10314.009523/2006-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 14/01/2002
CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS.
Os produtos Mortrace, Mortrace SR e Spectrace, da fabricante Rohm and Haas Company, USA, classificam-se no código NCM 3204.19.20.
Recurso Voluntário provido.
Numero da decisão: 3201-002.769
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Designada para o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira- Relator.
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (presidente substituto), José Luiz Feistauer de Oliveira, Tatiana Josefovicz Belisário, Mércia Helena Trajano Amorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira (suplente convocado), Ana Clarrisa Masuko dos Santos Araújo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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Os produtos Mortrace, Mortrace SR e Spectrace, da fabricante Rohm and Haas Company, USA, classificamse no código NCM 3204.19.20. Recurso Voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Designada para o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 95 23 /2 00 6- 35 Fl. 493DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (presidente substituto), José Luiz Feistauer de Oliveira, Tatiana Josefovicz Belisário, Mércia Helena Trajano Amorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira (suplente convocado), Ana Clarrisa Masuko dos Santos Araújo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Auto de Infração de IPI na importação, decorrente de classificação fiscal. Foram lançadas também as contribuições sociais incidentes na importação, calculadas sobre a diferença no valor aduaneiro decorrente do aumento do IPI calculado, e também a multa por importação desamparada de Guia de Importação (art. 169, inciso I, alínea b do Decretolei 37/66) e multa por erro na classificação fiscal (art. 84, I, da MP 2.158 35/2001). O Fisco entendeu que os produtos Mortrace, Mortrace ST e Spectrace, marcadores de derivados de petróleo do fornecedor Hohm e Haas Company, dos Estados Unidos, deveriam ser classificados na posição 3824.90.89: 3824produtos químicos e preparações das indústrias químicas ou das indústrias conexas (incluindo os constituídos por misturas de produtos naturais), não especificados nem compreendidos noutras posições; 90.8 Produtos e preparações à base de compostos orgânicos, não especificados nem compreendidos noutras posições; 9 Outras), O contribuinte os classificara na posição 3204.19.20: 3204 Matérias corantes orgânicas sintéticas, mesmo de constituição química definida; preparações indicadas na Nota 3 do presente Capítulo, à base de matérias corantes orgânicas sintéticas; produtos orgânicos sintéticos dos tipos utilizados como agentes de avivamento fluorescentes ou como luminóforos, mesmo de constituição química definida.; 19 Outros, incluindo as misturas de matérias corantes de duas ou mais das subposições 3204.11 a 3204.19; 20Corantes solúveis em solventes (corantes solventes). O primeiro tem alíquota de IPI de 10%, enquanto o segundo, 0%. Cientificado da exigência em 28/09/2006, o contribuinte impugna o lançamento com os seguintes argumentos, em síntese: algumas Declarações de Importação já teriam sido lançadas em outro procedimento fiscal; a classificação adotada pelo contribuinte estaria correta, porque os produtos são utilizados para colorir os derivados de petróleo; Fl. 494DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 34 3 Pelas regras gerais de classificação, a posição mais específica prevalece sobre outra menos específica; o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, sob demanda do contribuinte, teria analisado o produto e concluído pela classificação fiscal adotada pelo contribuinte (3204.19.20; as Nesh – Notas Explicativas do Sistema Harmonizado, expressamente indicam que as posições 3204.19 são utilizados, entre outras funções, para corar gasolinas; o fundamento utilizado pelo Fisco teria sido a destinação do produto, considerando que não foi utilizado para corar, mas para marcar; entretanto a “destinação” seria irrelevante para a classificação, prevalecendo as características objetivas do produto; a Solução de Consulta, base da autuação, tomou como fundamento o prospecto comercial do fornecedor, mas não a literatura técnica; e a frase do prospecto dizendo que o produto “não altera substancialmente a cor”, na verdade, estaria comprovando que a cor é alterada, ainda que não substancialmente; em relação ao lançamento decorrente de Pis e Cofins vinculados à importação, aduz que tais o IPI não comporia a base de cálculo, ao teor do art. 7º da Lei 10.865/2003; que a Constituição Federal, art. 149, §2º, III, “a”, estabeleceria a base de cálculo como o valor aduaneiro, sem inclusão de ICMS ou IPI; e que o Supremo Tribunal Federal STF já teria decidido que as contribuições não poderiam incidir sobre impostos, no RE 2407852; já teria feito diversos despachos aduaneiros com a classificação fiscal adotada, e como foram aceitos, não poderia a administração pública alterar o entendimento aplicado, sob pena de vulneração ao art. 1461 do Código Tributário Nacional – CTN; que a DI 03/0031583 foi objeto de averiguação no canal vermelho, e tendo sido solicitado na ocasião laudo da Funcamp, a classificação adotada pelo contribuinte foi confirmada; que, conforme doutrina e jurisprudência, somente erros de fato podem sofrer revisão, e não erros de direito; A multa por falta de guia de importação não se sustentaria, porque houve o despacho regular, então não teria faltado nenhuma documentação; o ADN Cosit 12/97 dispensa a aplicação da multa quando a descrição é correta; não teria havido descrição incorreta; o produto estaria corretamente descrito como “corantes solventes”, descrição equivalente àquela usada pela Funcamp; colaciona precedentes do Carf (Acs. 303121541, 30129.125, 302 32651, 30234.221); a multa por classificação fiscal incorreta (1%) seria, também, indevida, porque a classificação fiscal adotada estaria correta; a multa proporcional (75%) seria abusiva e confiscatória; 1 Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Fl. 495DF CARF MF 4 seria incabível a incidência de três multas sobre a mesma infração; invoca o art. 1122 do CTN em seu favor; a utilização da taxa Selic como índice de atualização do crédito tributário seria ilegal; ou, ao menos, seria ilegal sua incidência sobre as multas, conforme doutrina e jurisprudência que colaciona. A DRJ/São Paulo II/SP decidiu pela procedência total do lançamento, no Acórdão 1743.428, de 12/08/2010, conforme a seguinte ementa: “ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 14/01/2002 Importação dos produtos MORTACE SB, MORTACE ST, SPECTRACE MD 610 BR, no código NCM 3204.19.20. A fiscalização constatou que a classificação fiscal adequada dos produtos seria no código NCM 3824.90.89, em virtude do resultado da Solução de Consulta DIANA/SRRF/8 8 RF No. 28 de 18/08/2004. Os produtos sob análise não estando especificados ou compreendidos em outras posições, incluemse na posição residual 3824, por se tratarem de preparações das indústrias químicas. Tratandose de preparações à base de compostos orgânicos incluemse no item 3824.90.8 e no código 3824.90.89, por falta de código mais especifico. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” 2 Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Fl. 496DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 35 5 A recorrente interpôs Recurso Voluntário, onde reapresenta suas razões de defesa. Acrescenta, contra o acórdão recorrido, o argumento de que a divergência de laudos deveria ensejar a decisão a favor contribuinte, conforme art. 112 do CTN. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marcelo Giovani Vieira Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e veicula matéria de competência desta turma, devendo ser conhecido. Classificação Fiscal dos produtos Mortrace, Mortrace ST e Spectrace O contribuinte descreve tais produtos como “corantes solventes”, classificandoos na posição 3204.19.20, cuja alíquota de IPI é zero. 3204 Matérias corantes orgânicas sintéticas, mesmo de constituição química definida; preparações indicadas na Nota 3 do presente Capítulo, à base de matérias corantes orgânicas sintéticas; produtos orgânicos sintéticos dos tipos utilizados como agentes de avivamento fluorescentes ou como luminóforos, mesmo de constituição química definida.; 19 Outros, incluindo as misturas de matérias corantes de duas ou mais das subposições 3204.11 a 3204.19; 20Corantes solúveis em solventes (corantes solventes). O Fisco entendeu que esses produtos não são utilizados como corantes, mas sim como marcadores de derivados de petróleo, para evitar adulterações nesses derivados. Como não há posições específicas para esse tipo de produto, na entender do Fisco, classificaramse na posição residual 3824.90.89, cuja alíquota de IPI é de 10%. 3824produtos químicos e preparações das indústrias químicas ou das indústrias conexas (incluindo os constituídos por misturas de produtos naturais), não especificados nem compreendidos noutras posições; 90 Outros 90.8 Produtos e preparações à base de compostos orgânicos, não especificados nem compreendidos noutras posições; 9 Outras), A autuação baseouse na Solução de Consulta SRRF/8ª RF/ DIANA 28/2004 (fl. 44), demandada pela própria recorrente. Transcrevo trecho desse documento: Assim, embora os produtos Mortrace SB, Mortrace ST e Spectrace MD610BR sejam preparações base de corantes Fl. 497DF CARF MF 6 orgânicos sintéticos solúveis em solventes, conforme laudos de análise do Laboratório de Análises da Alfândega do Porto de Santos, tais preparações não são utilizadas para colorir produtos derivados de petróleo, conforme descrito nos documentos apresentados: fl. 19: 'MORTRACE SB is a uniform liquid which is easily handled and applied in the same manner as other Rohm and Haas liquid petroleum dyes or other liquid petroleum additives. The relatively low color intensity of the marker does not substantially change the appearance of most [diesel fuel, heating oils or gasolines]' (grifouse) À fl. 37: 'MORTRACE ST is a uniform liquid which is easily handled and applied in the same manner as other Rohm and Haas liquid petroleum dyes or other liquid petroleum additives. The relatively low color intensity of the marker does not substantially change the appearance of most diesel fuel, heating oils or gasolines.' (grifouse) As fls. 55 e 56: "SpecTrace technology offers flexibility and robustness that assures compatibility of marker with virtually all targeted fuels. Further, the system can be designed to work with fuels that have varied background color or even those that have been visibly dyed." [tradução livre] [fl 19. MORTRACE SB é um líquido uniforme facilmente manuseável e aplicado da mesma maneira que outros corantes líquidos de petróleo da Rohm and Haas ou outros aditivos líquidos de petróleo. A intensidade relativamente baixa da cor do marcador não altera substancialmente a apararência da maioria [dos óleos de aquecimento ou gasolinas.] À fl. 37. MORTRACE ST é um líquido uniforme, facilmente manuseável, e aplicado da mesma maneira que outros corantes líquidos de ptetróleo da Rohm and Haas ou outros aditivos líquidos de petróleo. A aintensidade relativamente baixa da cor do marcador não altera substancialmente a maioria dos óleos diesel, óleos de aquecimento e gasolinas. Às fls. 55 e 56. A tecnologia SpecTrace oferece flexibilidade e robustez que assegura compatibilidade do marcador com virtualmente todos os combustíveis alvo. Além disso, o sistema pode ser desenhado para trabalhar com combustíveis que têm cor de fundo variada ou mesmo aqueles que foram visivelmente coloridos.] Fl. 498DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 36 7 E sim para marcar tais produtos, permitindo através da realização de testes posteriores (através de extração em solução aquosa com auxilio de um reagente adicional especifico, nos casos do Mortrace SB e Mortrace ST; ou determinação quantitativa em um instrumento analisador portátil no caso do SpecTrace) a detecção de adulterações nos derivados de petróleo aos quais foram previamente adicionados, portanto não se incluem no âmbito da posição 3204 , que compreende as preparações à base de matérias corantes sintéticas dos tipos utilizados para colorir qualquer matéria ou destinadas a entrar como ingredientes na fabricação de preparações corantes. Repito aqui as alegações da recorrente para contraporse a essa decisão: a classificação adotada pelo contribuinte estaria correta, porque os produtos são utilizados para colorir os derivados de petróleo; Pelas regras gerais de classificação, a posição mais específica prevalece sobre outra menos específica; o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, sob demanda do contribuinte, teria analisado o produto e concluído pela classificação fiscal adotada pelo contribuinte (3204.19.20); as Nesh – Notas Explicativas do Sistema Harmonizado, expressamente indicam que as posições 3204.19 são utilizados, entre outras funções, para corar gasolinas; o fundamento utilizado pelo Fisco teria sido a destinação do produto, considerando que não foi utilizado para corar, mas para marcar; entretanto a “destinação” seria irrelevante para a classificação, prevalecendo as características objetivas do produto; a Solução de Consulta, base da autuação, tomou como fundamento o prospecto comercial do fornecedor, mas não a literatura técnica; e a frase do prospecto dizendo que o produto “não altera substancialmente a cor”, na verdade, estaria comprovando que a cor é alterada, ainda que não substancialmente; Pois bem, tais argumentos não se sustentam. Não resta dúvida de que os produtos em questão são utilizados para marcar quimicamente os derivados de petróleo, e não para corar. Copio trechos dos prospectos do fabricante: Fl. 346: MorTrace markers are completely miscible with all fuels, are usually uncoloured or only impart a slight colouration to the fuel, and can be detected by a simple extraction procedure to give a clear, positive colour reaction to indicate their presence in a fuel. MorTrace markers are compatible with dyestuffs used for the colouration of petroleum products. (grifei) Fl. 347: MorTrace marking systems rely on a simple roadside test involving the use of an aqueous based extractant in a simple Fl. 499DF CARF MF 8 testing equipment to quickly show the concentration of the marked product in the fuel sample. (grifei) Tradução livre: Fl 346. Os marcadores MorTrace são completamente miscíveis em todos os combustíveis, são usualmente sem cor ou transmitem uma ligeira coloração ao combustível, e podem ser detectados com um procedimento de extração simples para fornecer um claro e uma reação de cor positiva, para indicar sua presença no combustível. Os Marcadores MorTrace são compatíveis com corantes usados para colorizar produtos de petróleo. Fl 347. Os sistemas marcadores MorTrace contam com um simples teste de estrada envolvendo o uso de extrato aquoso num simples equipamento de teste para rapidamente mostrar a concentração do produto marcador na amostra de combustível. O produto Spectrace é detectado com equipamento especial portátil. O modo como o produto marca os derivados de petróleo é por detecção em teste, e não pela cor. Os marcadores podem causar uma ligeira coloração no combustível, mas é um efeito colateral. O Mortrace pode inclusive ser utilizado com produtos corantes, sem perder sua característica de marcador químico, conforme trecho acima copiado. Decerto que existem no mercado marcadores pela coloração, mas não é o caso destes produtos em questão. Copio, para ilustrar, trecho de artigo publicado na Revista Química Nova3: De acordo com o Regulamento Técnico da ANP (Portaria n. 274, de 1/11/2001), é obrigatória a adição de um marcador em concentração não superior a 1,00 mg/L (1,00 ppm) a solventes e derivados do petróleo eventualmente indicados por ela. Entretanto, nos dias atuais, a utilização de marcadores não é específica para esses produtos, sendo disseminada em vários segmentos da indústria petrolífera São também chamados de "marcadores invisíveis" e usados como substâncias características de cada distribuidora. Portanto, possuem fórmulas e informações técnicas protegidas por segredo industrial do fabricante, sendo estas informações abertas apenas mediante contrato de confidencialidade entre fornecedores e usuários. Os produtos marcados pela distribuidora com estes marcadores invisíveis são também usados para identificação de solventes provenientes de diferentes frações do processamento do petróleo bruto, como frações de refinarias e/ou indústrias petroquímicas, de querosene comum, querosene de aviação, alguns tipos de gasolina e o óleo diesel comum.3,4 A ausência ou modificação da concentração do marcador de um solvente, por exemplo, indica que o combustível foi adulterado e sua utilização é indevida. A 3 Trindade, Magno Aparecido Gonçalves e outros – Revista Química Nova, vol. 34, nº 10 São Paulo, 2011 Fl. 500DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 37 9 diluição do marcador na amostra pode coibir a adição de solventes inadequados e mais baratos à gasolina. Isto é um trabalho relevante de identificação, uma vez que estes solventes não alteram a composição química do combustível, o que dificulta sua percepção visual e, consequentemente, sua detecção por métodos instrumentais menos sofisticados. A detecção de um marcador invisível a um produto, em alguns casos, só é possível por métodos específicos adotados por cada distribuidora. Dentre estes, ressaltamse os métodos econômicos, ou seja, aqueles que requerem apenas reações com produtos químicos específicos, cuja revelação darseá pela alteração do meio ácido para básico, ou viceversa. Ou ainda, métodos mais sofisticados, como o uso de isótopos não radioativos, técnicas cromatográficas, entre outras técnicas analíticas.1,4 É importante salientar que a literatura disponibiliza poucos trabalhos envolvendo marcadores em amostras de combustíveis, dos quais a grande maioria é protegida por patentes. Por outro lado, em uma mesma distribuidora é possível encontrar produtos com cor diferenciada, visível ao consumidor através de filtros transparentes adaptados nos bicos das bombas, cujo sistema de marcação envolve a adição de corantes específicos. Sendo assim, apresentarseá, a seguir, uma análise crítica do uso de corantes como marcadores em combustíveis, como também os métodos analíticos disponíveis para detecção e quantificação em diferentes amostras. Não se está aqui pretendendo fazer uma análise técnica da questão, mas tão somente apontar que existem marcadores por concentração e marcadores por coloração. Os produtos deste processo não são marcadores por coloração, conforme o afirma o próprio fabricante. Ora, os produtos da posição 3204.19, subposição defendida pela recorrente, são corantes solventes para diversos fins. O laudo do IPT, encomendado pela recorrente, conforme amostra que esta lhe enviou, e lhe daria razão quanto à classificação fiscal, faz afirmação contrária ao próprio fabricante. O IPT diz que o produto é usado para colorir. O fabricante diz que a marcação não se faz pela coloração, mas por detecção química da concentração, em teste, ou por equipamento apropriado, no caso do Spectrace. Não posso aquilatar as razões dessa divergência, porém não faz sentido caracterizar um produto de maneira diferente do próprio fabricante. O produto, portanto, tem como função ser utilizado como marcador detectável pela concentração, não como corante. O contribuinte alega que a classificação fiscal não pode ser feita com base na “destinação”, mas em características objetivas. Tal alegação é inócua, pois a característica objetiva dos produtos em questão, como visto, é permitirem aferir sua concentração em testes posteriores, a fim de averiguar eventual alteração no combustível marcado, o que é bastante objetivo. Fl. 501DF CARF MF 10 Além disso, a função do produto é sim critério para classificação fiscal. Nesse sentido, observo que as Nesh expressamente anotam, sobre a posição 3204, o seguinte: “15)... Os produtos que, na prática, já não são empregados pelas suas propriedades corantes estão excluídos .” (grifo do original) Portanto, ratifico a decisão do Fisco em classificar os produtos no código 3824.90.89, convergente com o laboratório da Inspetoria de Santos e a Solução de Consulta SRRF/8ª RF/ DIANA 28/2004. Multa por falta de Licença de Importação O contribuinte foi autuado também por falta de Guia de importação. O enquadramento legal apresentado foi o art. 169, I, alínea “b” do Decretolei 37/66, regulamentado pelo art. 633, II, alínea “a” e §2º do Decreto 4.543/2002: Reproduzo o dispositivo citado: Art. 633. Aplicamse, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas (Decretolei no 37, de 1966, art. 169 e § 6o, com a redação dada pela Lei no6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o): (...) II de trinta por cento sobre o valor aduaneiro: a) pela importação de mercadoria sem licença de importação ou documento de efeito equivalente, inclusive no caso de remessa postal internacional e de bens conduzidos por viajante, desembaraçados no regime comum de importação (Decretolei no37, de 1966, art. 169, inciso I, alínea "b" e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o); A multa por falta de guia de importação/licença de importação tem como fundamento teleológico a penalização do contribuinte que, por sua responsabilidade, tenha ocasionado a falta de licenciamento da importação, por algum órgão oficial anuente. Verifico, em consulta ao sítio do Siscomex na internet (https://siscomex.desenvolvimento.gov.br/tratamento/private/pages/consulta_historico.jsf), que no caso das mercadorias de código 3824.90.89, sua importação exigiria a anuência do Ministério da Ciência e Tecnologia, conforme Portaria MCT 275/2002, cuja vigência se deu no período de 14/05/2003 a 18/08/2004. Fl. 502DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 38 11 Para o código 3204.19.20, não havia tratamento específico. O ADN 12/97, suscitado pela recorrente, entende pela exclusão dessa multa quando a mercadoria estiver corretamente descrita. O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o item II da Instrução Normativa nº 34, de 18 de setembro de 1974, e tendo em vista o disposto no inciso II do art. 526 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 5 de março de 1985, e no art. 112, inciso IV, do Código Tributário Nacional Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que não constitui infração administrativa ao controle das importações, nos termos do inciso II do art. 526 do Regulamento Aduaneiro, a declaração de importação de mercadoria objeto de licenciamento no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, cuja classificação tarifária errônea ou indicação indevida de destaque "ex" exija novo licenciamento, automático ou não, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante. Fl. 503DF CARF MF 12 No presente caso, a mercadoria estava descrita como “corante solvente”, e, como visto, o produto não é corante, mas marcador por concentração. Embora possa ter composição química semelhante aos corantes solventes, há especificidades próprias adicionadas pelo fabricante, que inclusive o descaracterizaram como corante solvente, pois, embora, em alguns casos, tenha efeito ligeiramente corante, sua função é diversa, como visto. Nesse caso, entendo que a descrição do contribuinte não estava correta e ocasionou infração administrativa, por não ter havido a anuência necessária do MCT, ainda que, no caso, não se possa afirmar que tenha havido dolo. A responsabilidade pela infração prescinde do dolo4. Portanto, para as DI´s do período de vigência da Portaria MCT 275/2002, a multa é pertinente, posto que não houve a necessária anuência do MCT por erro do contribuinte. Para as DI´s de outros períodos, entretanto, como a licença seria dispensada, nos termos das Portarias SECEX 21/1996 e 17/2003, a multa deve ser afastada, pois não se aplica aos casos em que tal documento (Guia ou Licença de importação) não seja exigível. Multa por erro de classificação fiscal A multa por erro de classificação fiscal encontra previsão expressa no art. 84, I, da MP 2.15835/2001, combinado com art. 69 da Lei 10.833/2003. Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; Restando evidenciado o erro de classificação fiscal, impõese a aplicação da multa. Multa de ofício sobre impostos não recolhidos Alega a recorrente que não caberia a multa de ofício porque não teria havido erro, e porque não teria havido dolo. O erro existiu, conforme já relatado. A multa de ofício, no patamar de 75%, conforme art. 44, I, da Lei 9.430/96, independe de dolo, e decorre da insuficiência de recolhimento do imposto devido. Não houve acusação de dolo. O dolo seria punido com a multa de ofício no patamar de 150%, nos termos do §1º do mesmo artigo. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da 4 Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Fl. 504DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 39 13 Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Alega a recorrente que o ADI SRF 12/2003 estaria a amparala no afastamento da multa: Art. 1º Não constitui infração punível com a multa prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a solicitação, feita no despacho de importação, de reconhecimento de imunidade tributária, isenção ou redução do imposto de importação e preferência percentual negociada em acordo internacional, quando incabíveis, bem assim a indicação indevida de destaque ex, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante. O ADI 13/2002, ao contrário do que pretende a recorrente, não afasta a multa de ofício, prevista no art. 44 da Lei 9.430/96, ainda que a descrição da mercadoria seja correta. Trata este ADI de situações em que o erro de classificação fiscal não importa em qualquer prejuízo à Fazenda Nacional, tais como a solicitação, feita no despacho de importação, de reconhecimento de imunidade tributária, isenção ou redução do imposto de importação e preferência percentual negociada em acordo internacional”. Em todos esses casos, haverá um procedimento de análise do pedido do contribuinte, sem qualquer prévia falta de pagamento de imposto. Portanto, o ADI 13/2002 corrigiu interpretação errônea dos normativos anteriores que autorizavam o afastamento da multa de ofício. Ora, tal afastamento seria mesmo indevido. O erro do contribuinte acarretou falta de pagamento de IPI, com prejuízo financeiro para o Tesouro Nacional. E a responsabilidade por infrações independe independe de dolo, nos termos do art. 1365 do CTN. E nem o dispositivo legal que estabelece a multa de ofício excepciona qualquer circunstância relativa à intencionalidade do sujeito passivo. Vejase a clara expressão legal: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Acrescento, finalmente, que as três multas aplicadas, encontramse expressaamente previstas na legislação, conforme visto. Observo que sua incidência deve ser cumulativa, nos termos dos arts. 706, I, e art. 711, §6º do Decreto 6.759/2009 – Regulamento Aduaneiro : Art. 706. Aplicamse, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas (DecretoLei nº 5 Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Fl. 505DF CARF MF 14 37, de 1966, art. 169, caput e § 6º, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 1978, art. 2o): I de trinta por cento sobre o valor aduaneiro: a) pela importação de mercadoria sem licença de importação ou documento de efeito equivalente, inclusive no caso de remessa postal internacional e de bens conduzidos por viajante, desembaraçados no regime comum de importação (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 169, inciso I, alínea “b”, e § 6º, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 1978, art. 2o); e (...) I não exclui o pagamento dos tributos devidos, nem a imposição de outras penas, inclusive criminais, previstas em legislação específica; (...) Art. 711. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 84, caput; e Lei nº 10.833, de 2003, art. 69, § 1º): I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; § 6o A aplicação da multa referida no caput não prejudica a exigência dos tributos, da multa por declaração inexata de que trata o art. 725, e de outras penalidades administrativas, bem como dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 84, § 2º). As disposições dos Regulamentos (Decretos) são de aplicação vinculante para os colegiados do Carf, nos termos do art. 26A do PAF. Portanto, não acato as alegações nesta matéria. Quanto à suscitação do princípio da vedação ao confisco, tal diretiva constitucional se dirige ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. Estando a multa expressamente prevista na Lei, conforme visto, o julgador administrativo não pode afastála por considerações de inconstitucionalidade, nos termos da Súmula Carf.nº 26 Base de cálculo de Pis e Cofins vinculados à importação Por decorrência da reclassificação fiscal e da cobrança do IPI pela alíquota de 10%, o Fisco somou esse IPI à base de cálculo de Pis e Cofins vinculados à importação, fundamentando assim (fl. 31): Apesar de não haver diferença de aliquota da COFINS, como a Base de Cálculo desta contribuição inclui o Imposto sobre 6 Súmula Carf nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 506DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 40 15 Produtos Industrializados (cuja aliquota alterase de 0% para 10%), devese refazer o cálculo desta Contribuição. O contribuinte entende que o IPI não compõe essa base de cálculo. Assiste razão à recorrente. Com efeito, o IPI vinculado à importação não integra o Valor Aduaneiro, que é a base de cálculo das contribuições incidentes na importação, cf. art. 7º da Lei 10.865/20047, na redação atual. A redação original da Lei 10.865/20048 incluía outros tributos ao conceito de Valor Aduaneiro para os fins dessa Lei. No entanto, o STF, no RE 559.937/RS, sob o regime de repercussão geral, transitado em julgado em 13/10/2014, assentou que o termo “valor aduaneiro” não poderia sofrer acréscimos extensivos de conceito na Lei 10.865/2004, para os fins de apuração da base de cálculo das constribuições sociais na importação. Transcrevo trecho da decisão: 4 Ao dizer que a contribuição ao PIS/PASEP Importação e a COFINSImportação poderão ter alíquotas ad valorem e base de cálculo o valor aduaneiro, o constituinte derivado circunscreveu a tal base a respectiva competência. 5A referência ao valor aduaneiro no art. 149, § 2º, III, a , da CF implicou utilização de expressão com sentido técnico inequívoco, porquanto já era utilizada pela legislação tributária para indicar a base de cálculo do Imposto sobre a Importação. 6 A Lei 10.865/04, ao instituir o PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas. O que fez foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham alíquota ad valorem sejam calculadas com base no valor aduaneiro, extrapolando a norma do art. 149, § 2º, III, a, da Constituição Federal. 7 Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a tributação das operações internas. O PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação incidem sobre operação na qual o contribuinte efetuou despesas com a aquisição do produto importado, enquanto a PIS e a COFINS internas incidem sobre o faturamento ou a receita, conforme o regime. São tributos distintos. 8 O gravame das operações de importação se dá não como concretização do princípio da isonomia, mas como medida de 7 Art. 7o A base de cálculo será: I o valor aduaneiro, na hipótese do inciso I do caput do art. 3o desta Lei 8 I o valor aduaneiro, assim entendido, para os efeitos desta Lei, o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo do imposto de importação, acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições, na hipótese do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; ou Fl. 507DF CARF MF 16 política tributária tendente a evitar que a entrada de produtos desonerados tenha efeitos predatórios relativamente às empresas sediadas no País, visando, assim, ao equilíbrio da balança comercial. 9 Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7º, inciso I, da Lei 10.865/04: "acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2º, III, a, da CF, acrescido pela EC 33/01 10 Recurso extraordinário a que se nega provimento. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, sob a presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, em negar provimento ao recurso extraordinário, que visava a reconhecer a inconstitucionalidade da expressão "acrescido do valor do imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestação de Serviços de Transporte interestadual e intermunicipal e de Comunicação ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições", contida no inciso I do art. 7º da Lei nº 10.865/04. Tendo em conta o reconhecimento da repercussão geral da questão constitucional no RE 559.607, acordam, ademais, os Ministros, em determinar a aplicação do regime previsto no § 3º do art. 543B do CPC, tudo nos termos do voto da Ministra Ellen Gracie (Relatora). Por fim, acordam os Ministros, em rejeitar questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional, que suscitava fossem modulados os efeitos da decisão. Foi designado para redigir o acórdão o Ministro Dias Toffoli. Depois desse julgamento, o próprio art. 7º da Lei 10.865/2004 teve a redação alterada para que a base de cálculo das contribuições incidentes na importação fosse apenas o valor aduaneiro. A decisão do STF em regime de repercussão geral vincula os colegiados do Carf, conforme art. 62, §2º9, do Anexo II do Regimento Interno do Carf – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 Portanto, deve ser exonerado o crédito tributário relativo às contribuições sociais incidentes na importação. 9 § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Fl. 508DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 41 17 Alteração de critério jurídico Sobre o tema, a recorrente apresenta os seguintes argumentos: já teria feito diversos despachos aduaneiros com a classificação fiscal adotada, e como foram aceitos, não poderia a administração pública alterar o entendimento aplicado, sob pena de vulneração ao art. 14610 do Código Tributário Nacional – CTN; que a DI 03/0031583 foi objeto de averiguação no canal vermelho, e tendo sido solicitado na ocasião laudo da Funcamp, a classificação adotada pelo contribuinte foi confirmada; que, conforme doutrina e jurisprudência, somente erros de fato podem sofrer revisão, e não erros de direito; A revisão aduaneira é expressamente prevista no Regulamento Aduaneiro, art. 638: Art. 638. Revisão aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2o; e DecretoLei nº 1.578, de 1977, art. 8º). § 1o Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 752 e 753. § 2oA revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contados da data: I do registro da declaração de importação correspondente (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2o); e II do registro de exportação. § 3o Considerase concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao interessado, da exigência do crédito tributário apurado. A reclassificação fiscal de mercadorias, em revisão aduaneira, como se vê, está expressamente permitida pelo Regulamento, e conforme art. 6211 do Regimento Interno do Carf – RICARF, aprovado pela Portaria MF 343/2015, as turmas do Carf não podem afastar a aplicação de dispositivos de Lei ou Decreto. 10 Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. 11 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 509DF CARF MF 18 A observância, tanto do art. 146 do CTN quanto do art. Art. 54 do DL 37/6612, admitindose a validade de ambos, implica que o despacho aduaneiro não se conforma como homologação da DI, independentemente do canal. Essa interpretação que importa em acatar a ambos os dispositivos, em interpretação sistemática, converge com a realidade prática, na medida em que a necessária rapidez dos procedimentos aduaneiros, interesse de todos, exige um despacho sem o aprofundamento completo. Uma fiscalização completa e aprofundada somente pode ser feita no âmbito da revisão, nos casos de interesse da autoridade aduaneira, no prazo decadencial de 5 anos. Algo semelhante acontece com os tributos internos, quando informados e declarados em diversos instrumentos (DCTF, Dacon, DIPJ, SPED, etc), que são processados, acatados, e alguns erros podem ser apontados de imediato, por conferência automática eletrônica. Mas isso não impede que sejam objeto de fiscalização posterior, para apuração de erros, inexatidões ou fraudes não detectadas a priori, respeitado o prazo decadencial. Portanto, afasto as alegações da recorrente nesta matéria. Utilização da taxa Selic A utilização da taxa Selic como índice de correção dos débitos tributários já se encontra sumulada no Carf, dispensando outras considerações: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Nos termos do art. 7213 do Anexo II do Regimento Interno do Carf – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, as Súmulas do Carf são vinculantes para os seus colegiados. Incidência de Juros de Mora sobre a Multa de Ofício A minha posição pessoal é de que tal questão não se insere sob a competência de decidir do Carf. Com efeito, os acréscimos legais são institutos exigíveis na cobrança, e os juros de mora sobre a multa de ofício sequer são lançados. Ora, se o lançamento é que inicia o processo administrativo fiscal sob o Decreto 70.235/72 (art. 9º) e é o ato que se submete ao litígio administrativo, a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício não está sob esse rito. Não obstante, restando consolidada no Carf a rejeição a esta tese, e atento à segurança jurídica, tomo conhecimento do recurso nesta parte. E tendo tomado conhecimento, 12 Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste DecretoLei. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) 13 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Fl. 510DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 42 19 adoto, para admitir os juros sobre a multa, as razões do Acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais nº 910100539, abaixo reproduzido no que tange ao tema. “O conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto tributo quanto penalidade pecuniária. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito". Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p.74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário 'é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional).' A obrigação tributária principal referente à multa de ofício, a partir do lançamento, convertese em crédito tributário, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: Fl. 511DF CARF MF 20 Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. (destacouse) A obrigação principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida 'juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago'(§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, ao compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 43 21 calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61). §1°A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61, §1°). §2°O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n°9.430, de 1996, art. 61, §2°). §3°A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA MULTA DE OFÍCIO OBRIGAÇÃO PRINICIPAL A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Cabe referir, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." (…) No mesmo sentido, aliás, tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, conforme ementa abaixo reproduzida: DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. Precedentes citados: REsp 1.129.990PR, DJe 14/9/2009, e REsp 834.681MG, DJe 2/6/2010. AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012. Fl. 513DF CARF MF 22 Declarações de Importação já lançadas em outro procedimento fiscal A recorrente alega que já teria havido lançamento anterior relativo a algumas das DI´s lançadas no presente processo. Com efeito, conforme informação que obtive da unidade de origem, houve duplicidade de lançamento em relação a algumas dessas DI´s. No processo 10314.001224/200571, foram lançados, com ciência do contribuinte em 03/02/2005, os impostos de multas de algumas das DI´s que constam também no presente processo. O processo 10314.001224/200571 foi totalmente quitado. O presente lançamento foi cientificado ao contribuinte em 28/09/2006. Desse modo, a parcela lançada, neste procedimento, em duplicidade com o outro, deve ser exonerada. Observo que no processo 10314.001224/200571 foi lançada a diferença de IPI por desclassificação fiscal, acarretando alteração na alíquota de 0% para 10%, do mesmo modo que neste presente processo, para as seguintes DI´s em duplicidade: 02/02533381 03/07285574 04/00473300 04/01547730 Não obstante, houve divergência quanto à DI 04/00473300, que tem como valor tributável para o IPI, no processo 10314.001224/200571 o montante de R$ 32.965,16, enquanto no presente processo o valor foi de R$ 341.175,33. Verifico que o primeiro lançamento foi incorreto, porque, conforme se revela à fl. 100, as mercadorias reclassificadas importam em U$ 106.344,60, ou um valor aduaneiro de R$ 299.276,61. Logo, somente o IPI calculado sobre a base de cálculo de R$ 32.965,16 está em duplicidade, e a exigência acima desse valor, constituída no presente processo, em montantes corretos, deve ser mantida por não estar em duplicidade, observadas as demais decisões deste acórdão. Também foi lançada a multa por classificação incorreta, de 1%, sobre as seguintes DI´s em duplicidade com o presente processo: 03/07285574 04/00473300 04/01547730 No processo 10314.001224/200571 não foi lançada multa por falta de guia de importação. Portanto, a recurso deve ser parcialmente provido, nesta parte, para afastar as exigências em duplicidade, conforme explicitado acima, que já haviam sido lançadas no procedimento anterior. Para documentar, promoverei a juntada, ao presente processo, de cópia do auto de infração lavrado no processo 10314.001224/200571 Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 44 23 Pelo exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para afastar a multa administrativa ao controle das importações, por falta de licença de importação, nos períodos não abrangidos pela Portaria MCT 275/2002, e afastar as exigências em duplicidade com outro procedimento fiscal, e também as contribuições sociais lançada, conforme explicitado no presente voto. É como voto. (assinado digitalmente) Conselheiro Marcelo Giovani Vieira – Relator Voto Vencedor Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Conforme relatado, os produtos Mortrace, Mortrace ST e Spectrace, descritos pela Recorrente como “corantes solventes”, foi por ela classificada na posição 3204.19.20. A despeito do minucioso e brilhante voto do Relator, a turma concordou com a classificação adotada pelo contribuinte, pelas razões a seguir expostas. Primeiramente, chama a atenção o fato de a classificação tarifária apontada pela fiscalização ser residual, de sorte que seria descartada, pelas regras gerais de interpretação, a classificação original. Contudo, à luz da RGI1, a análise do texto da posição conduz o intérprete a outra conclusão. Vejamos: 3204 Matérias corantes orgânicas sintéticas, mesmo de constituição química definida; preparações indicadas na Nota 3 do presente Capítulo, à base de matérias corantes orgânicas sintéticas; produtos orgânicos sintéticos dos tipos utilizados como agentes de avivamento fluorescentes ou como luminóforos, mesmo de constituição química definida.; Que o produto possui em sua composição matérias corantes orgânicas é incontroverso, inclusive como atesta o laudo do IPT juntado aos autos. Não obstante, segundo o entendimento do Relator, respaldado por solução de consulta, o fato de o produto ser destinado a "marcar" combustíveis, não pela coloração, mas por detecção química da concentração, em teste, ou por equipamento apropriado, levaria os produtos à posição residual. Nesse sentido, a função de "marcador" seria o discrímen para a classificação fiscal, o que seria corroborado pelas NESHs, que assim afirmariam sobre a posição 3204: “15)... Fl. 515DF CARF MF 24 Os produtos que, na prática, já não são empregados pelas suas propriedades corantes estão excluídos .” (grifo do original) Analisandose o inteiro teor de tal nota explicativa, temse que: Os produtos que, na prática, já não são empregados pelas suas propriedades corantes estão excluídos. É o caso, por exemplo, dos azulenos (posição 29.02), do trinitrofenol (ácido pícrico) e do dinitroortocresol (posição 29.08), da hexanitrodifenilamina (posição 29.21), do metilorange (posição 29.27), da bilirrubina, da biliverdina e das porfirinas (posição 29.33) e da acriflavina (posição 38.24).(grifos nossos) A pesquisa da função de cada um dos produtos citados na nota, é bastante elucidativa para fins de sua interpretação. Assim, o azuleno é empregado, comumente, por suas propriedades antiinflamatórias; o trinitrofenol, como explosivo; dinitroortocresol, como pesticida; a acriflavina, como germicida e assim, por diante. Portanto, vêse que nesses casos, embora as substâncias sejam, em sua essência, corantes, prestamse a funções muito distintas ao "colorir". Por outro lado, a posição 3204, abrange produtos distintos dos corantes propriamente ditos, como é o caso dos luminóforos, guardando com estes, em comum, o fato de realçarem determinada substância. É o que se depreende das NESHs correlatas: II. PRODUTOS ORGÂNICOS SINTÉTICOS DOS TIPOS UTILIZADOS COMO AGENTES DE AVIVAMENTO FLUORESCENTES OU COMO LUMINÓFOROS, MESMO DE CONSTITUÍÇÃO QUÍMICA DEFINIDA 1) Os agentes de avivamento fluorescentes compreendidos nesta posição são produtos orgânicos sintéticos que absorvem os raios ultravioleta e emitem uma radiação azul visível, que aumenta assim a brancura aparente dos produtos brancos. Grande número deles são geralmente derivados do estilbeno (toluileno). 2) Os luminóforos orgânicos são produtos de síntese que, pela ação de radiações luminosas, produzem um fenômeno de luminescência ou, mais precisamente, de fluorescência. Alguns entre eles têm, simultaneamente, características de matérias corantes. Como exemplo destes luminóforos, podem citarse a solução sólida da rodamina B em plástico, que produz uma fluorescência vermelha e que se apresenta geralmente em pó. A maior parte, no entanto, dos luminóforos orgânicos (o diidroxitereftalato de dietila e a salicilaldazina, por exemplo), não são, por si mesmos, matérias corantes. Empregamse nas misturas com pigmentos corantes cujo brilho aumentam. Estes produtos classificamse nesta posição mesmo que sejam de constituição química definida, mas quando os produtos se apresentam em forma não luminescente (menos puros, de estrutura cristalina diferente, por exemplo) incluemse no Capítulo 29: é assim que a salicilaldazina do tipo utilizado para insuflação da borracha se classifica na posição 29.28. Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10314.009523/200635 Acórdão n.º 3201002.769 S3C2T1 Fl. 45 25 Os luminóforos orgânicos continuam aqui incluídos quando misturados entre si ou com pigmentos corantes orgânicos desta posição. Misturados com pigmentos corantes inorgânicos, incluemse na posição 32.06.(grifos nossos) Os marcadores de combustíveis, por sua vez, de acordo com o que dispõe a Agência Nacional de Petróleo, possuem a função de identificar ou realçar, as impurezas dos combustíveis, como se depreende da Resolução ANP nº 3, de 19 de janeiro de 2011, que institui o Programa de Marcação Compulsória de Produtos: Considerando que a Lei nº 10.336, de 19 de dezembro de 2001, alterada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, estabelece em seu art. 5º, § 4º, que os hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação de gasolina ou diesel, serão identificados mediante marcação, nos termos e condições estabelecidos pela ANP; Esses breves apontamento já são suficientes para demonstrar os critérios de classificação tarifária intrínsecos à posição3204, bem como o enquadramento do produto em questão, excluindo a sua subsunção à posição residual. Por essas razões, votouse por dar provimento ao recurso voluntário. Fl. 517DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12585.000218/2011-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.968
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente SONNERVIG AUTOMÓVEIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 02 18 /2 01 1- 81 Fl. 163DF CARF MF Processo nº 12585.000218/201181 Acórdão n.º 3302003.968 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06050.226. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 164DF CARF MF Processo nº 12585.000218/201181 Acórdão n.º 3302003.968 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 12585.000218/201181 Acórdão n.º 3302003.968 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 166DF CARF MF Processo nº 12585.000218/201181 Acórdão n.º 3302003.968 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 167DF CARF MF Processo nº 12585.000218/201181 Acórdão n.º 3302003.968 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 168DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.725685/2013-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2008
NOTIFICAÇÃO PESSOAL DO PATRONO CONSTITUÍDO. DESCABIMENTO
O artigo 23, do Decreto nº 70.235/72 estabelece o domicílio fiscal do contribuinte para efeito de intimação.
NULIDADE. INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA CONFIGURAR VÍNCULO EMPREGATÍCIO
Verificada as circunstâncias definidas em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência, deve o fiscal proceder ao lançamento correspondente ao fato gerador imponível, cumprindo com o exigido em lei no que tange aos lançamentos efetuados.
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA SUBORDINAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS
A acusação fiscal não traz, de maneira individualizada, a demonstração da caracterização da subordinação.
FATO GERADOR DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONFIGURAÇÃO. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS
Os médicos cooperados receberam pagamentos diretamente da cooperativa, em razão da prestação de serviços realizados pelos cooperados no Hospital Regional. Os valores foram pagos pela cooperativa e não pelos pacientes. Devida a contribuição.
PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR OFERECIDA A DIRIGENTES
Após o advento da Lei Complementar nº 109/01, o benefício da previdência privada aberta não precisa ser extensivo a todos os segurados e dirigentes da empresa.
AUTO DE INFRAÇÃO MULTA. GFIP. DECLARAÇÃO INEXATA.
Constitui infração à legislação previdenciária apresentar Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social - GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias.
Numero da decisão: 2401-004.783
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, Por unanimidade em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para (i) tornar insubsistente o crédito tributário relativo aos levantamentos "PP", "PP1" e "PP2" (plano de previdência diretoria); e (ii) excluir da multa aplicada no auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, CFL 68, os valores do plano de previdência diretoria.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2008 NOTIFICAÇÃO PESSOAL DO PATRONO CONSTITUÍDO. DESCABIMENTO O artigo 23, do Decreto nº 70.235/72 estabelece o domicílio fiscal do contribuinte para efeito de intimação. NULIDADE. INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA CONFIGURAR VÍNCULO EMPREGATÍCIO Verificada as circunstâncias definidas em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência, deve o fiscal proceder ao lançamento correspondente ao fato gerador imponível, cumprindo com o exigido em lei no que tange aos lançamentos efetuados. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA SUBORDINAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS A acusação fiscal não traz, de maneira individualizada, a demonstração da caracterização da subordinação. FATO GERADOR DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONFIGURAÇÃO. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS Os médicos cooperados receberam pagamentos diretamente da cooperativa, em razão da prestação de serviços realizados pelos cooperados no Hospital Regional. Os valores foram pagos pela cooperativa e não pelos pacientes. Devida a contribuição. PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR OFERECIDA A DIRIGENTES AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 56 85 /2 01 3- 50 Fl. 1113DF CARF MF 2 Após o advento da Lei Complementar nº 109/01, o benefício da previdência privada aberta não precisa ser extensivo a todos os segurados e dirigentes da empresa. AUTO DE INFRAÇÃO MULTA. GFIP. DECLARAÇÃO INEXATA. Constitui infração à legislação previdenciária apresentar Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, Por unanimidade em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, darlhe provimento parcial para (i) tornar insubsistente o crédito tributário relativo aos levantamentos "PP", "PP1" e "PP2" (plano de previdência diretoria); e (ii) excluir da multa aplicada no auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, CFL 68, os valores do plano de previdência diretoria. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 1114DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande MS (DRJ/CGE), que julgou a impugnação improcedente e manteve os créditos tributários exigidos nos Autos de Infração DEBCAD nºs 37.401.4566, 37.401.4574, 37.401.4582, 37.401.4558 e 37.401.4540 na forma do relatório e voto, conforme ementa do Acórdão nº 0434.189 (fls. 1.010/1.022): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PARA A SEGURIDADE SOCIAL E PARA OS TERCEIROS. Há caracterização do sócio da pessoa jurídica como segurado empregado, quando há prestação de serviço do sócio de forma pessoal e na atividade fim da empresa tomadora, consequentemente afastar a empresa interposta e constituir o vínculo diretamente com o tomador de serviços. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PARA A SEGURIDADE SOCIAL SOBRE A REMUNERAÇÃO AOS COOPERADOS QUE PRESTAM SERVIÇOS AS PESSOAS NATURAIS. A remuneração paga ao cooperado que presta serviço a pessoa natural por intermédio da cooperativa é saláriodecontribuição e a cooperativa está sujeita a contribuição previdenciária patronal. SALÁRIO INDIRETO PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA A DIRETORIA. A exclusão da parcela relativa à plano de previdência privada do saláriodecontribuição ocorre somente quando é estendido para todos os empregados, conforme condiciona a Lei 8.212/91, no art. 28, §9º, alínea ‘p’. AUTO DE INFRAÇÃO CFL 68. MULTA. GFIP. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS, OMISSOS OU INCORRETOS. Constitui infração à legislação previdenciária quando a sociedade empresária apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. AUTO DE INFRAÇÃO CFL 69. MULTA. GFIP. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS, OMISSOS OU INCORRETOS. Fl. 1115DF CARF MF 4 Constitui infração à legislação previdenciária quando a sociedade empresária apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social GFIP com dados incorretos ou com omissões. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O Presente processo é composto por 05 Autos de Infração (Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário à fl. 02), referente período de apuração 01/06/2008 a 31/12/2008, lavrados em 25/06/2013, conforme se segue: 1. AI DEBCAD nº 37.401.4566 (fls. 03/12), relativo à Contribuições previdenciárias patronal e às destinadas ao financiamento da complementação das prestações por acidentes do trabalhador/ financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GILRAT), no valor de R$ 2.960.153,54. 2. AI DEBCAD nº 37.401.4574 (fls. 13/17), relativo à Contribuições previdenciárias dos segurados empregados, trabalhadores temporários e avulsos, no valor de R$ 55.001,71. 3. AI DEBCAD nº 37.401.4582 (fls. 18/24), relativo a contribuições destinadas à outras entidades e fundos (terceiros), no valor de R$ 131.180,10. 4. AI DEBCAD nº 37.401.4540 (fl. 25), relativo a descumprimento de obrigações acessórias (Código Fundamento Legal CFL 68), no valor de R$ 240.433,20. 5. AI DEBCAD nº 37.401.4558 (fl. 26), relativo a descumprimento de obrigações acessórias (Código Fundamento Legal CFL 69), no valor de R$ 240.433,20. O Relatório do Procedimento Fiscal (fls. 30/41, anexos às fls. 42/182), em síntese, informa que: · Em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal – MPF n° 03.1.01.002012010665, foi instaurado o procedimento de fiscalização em 17/09/2012, com o envio, ao Contribuinte, do Termo de Início de Procedimento Fiscal – TIPF (fls. 183/184) ; · Os Autos se referem à constituição de crédito previdenciário e das contribuições destinadas a outras entidades e fundos (terceiros) decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal e de obrigações tributárias acessórias; · O contribuinte foi intimado a apresentar os documentos relativo ao período de 06/2008 a 12/2009; · No decorrer da ação fiscal foram lavrados os Termos de Intimação Fiscal –TIF nº 01 (fl. 185), de 13/11/2012, nº 2 (fl. 186), de 14/01/2013, nº 3 (fs. 187/190), de 30/01/2013, nº 4 (fl. 191), de Fl. 1116DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 4 5 15/03/2013, nº 5 (192/197), de 12/04/2013, nº 6 (198/199), de 24/04/2013 e o nº 7 (fl. 200), de 25/04/2013, além do Termo de Retenção de Livros e Documentos (fl. 201) e dos Recibos de Entrega de Arquivos Digitais (fls. 202/207); · Analisando os documentos apresentados a auditoria constatou existência de débito relativo às contribuições sociais destinadas à Seguridade Social incidentes sobre fatos geradores não declarados em Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP e não recolhidos ao INSS em época própria. O contribuinte foi intimado dos Autos de Infração, pessoalmente, em 28/06/2013, conforme assinatura no Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal – TEPF (fl. 666). Em 26/07/2013 apresentou, tempestivamente, suas Impugnações aos DEBCADS: · Nº 37.401.4566 (fls. 671/695, doc. anexos às fls. 696/740); · Nº 37.401.4558 (fls. 741/748, doc. anexos às fls. 749/793); · Nº 37.401.4582 (fls. 796/814, doc. anexos às fls. 815/859); · Nº 37.401.4574 (fls. 860/878, doc. anexos às fls. 879/923); · Nº 37.401.4540 (fls. 924/957, doc. anexos às fls. 958/1.002); Nas impugnações apresentadas pelo Contribuinte ele requer a nulidade e insubsistência dos Autos de Infração, pelas razões alegadas. Encaminhado o processo para apreciação e julgamento pela 4ª Turma da DRJ/CGE, foi julgado IMPROCEDENTE mantendo os créditos constituídos pelos Autos de Infração. O contribuinte teve ciência do Acórdão nº 0434.189 em 13/05/2014, via postal (AR à fl. 1.025), e apresentou, tempestivamente, em 09/06/2014, seu Recurso Voluntário (fls. 1.030/1.070) onde: · Requer a reforma do Acórdão recorrido alegando que a intimação deve ser feita diretamente ao advogado devidamente constituído nos autos; · Requer a nulidade dos Autos de Infração em razão da incompetência da Receita Federal do Brasil em caracterizar a existência de vínculo empregatício; · Pleiteia a nulidade dos lançamentos por inexistência de elementos fáticojurídico insertos no artigo 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho CLT para caracterizar as relações empregatícias dos prestadores de serviços pessoas jurídicas com a cooperativa. Reforça Fl. 1117DF CARF MF 6 seu pedido argumentando que os serviços prestados pelas pessoas jurídicas com a cooperativa são prestação de serviços intelectuais, consoante o artigo 129, da Lei nº 11.196/82005; · Alega que não há fato gerador da contribuição previdenciária quanto aos valores pagos aos cooperados que prestaram serviços a pessoas físicas utilizando as dependências do HRU, pois o fazem de forma autônoma, sem vínculo; · Alega que não há incidência da contribuição social para a Seguridade Social sobre a verba de aviso prévio indenizado; · Se insurge contra a cobrança da contribuição previdenciária sobre a previdência privada paga aos diretores em virtude da sua natureza indenizatória; · Alega não haver ausência do descumprimento da obrigação acessória, pois as Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social – GFIP foram preenchidas com o código da categoria “17”; · Afirma que para a caracterização da infração deve se observar os elementos objetivos e subjetivos do ilícito tributário, no caso falta o elemento subjetivo (dolo), pois o contribuinte pauta a sua conduta na boafé; · Assevera que a multa aplicada é ilegítima, desproporcional, irrazoável e confiscatório. Finaliza seu Recurso Voluntário requerendo seja o mesmo provido integralmente, para tornar os Autos de Infração insubsistentes e nulos, exonerando definitivamente da cobrança. Em 21/08/2014 o Contribuinte foi intimado, via postal (AR à fl. 1.078) para apresentar documentos faltantes, tendo em 27/08/2014 anexado ao processo os documentos às fls. 1.081 a 1.111. É o relatório. Fl. 1118DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 5 7 Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. 1. Da necessidade de notificação pessoal do patrono constituído nos autos Pleiteia a Recorrente que as intimações sejam efetuadas em nome dos patronos constituídos no processo administrativo. Segundo o artigo 23, do Decreto nº 70.235/72, que trata do processo administrativo fiscal: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Assim sendo, a intimação deve ser realizada no domicílio tributário do sujeito passivo, assim considerado, o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à Fl. 1119DF CARF MF 8 administração tributária; e o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. Descabida, portanto, a pretensão da contribuinte de que as intimações sejam encaminhadas a outro endereço que não o de seu domicílio tributário e em nome diverso, que não o do sujeito passivo, razão pela qual o pedido deve ser indeferido. 2. Autos de Infração nºs 37.401.4566, 37.401.4574, 37.401.4582, 37.401.4558 e 37.401.4540 2.a) Da incompetência da autoridade fiscal para decidir acerca da existência de vínculo empregatício – Violação ao art. 114 da Constituição Federal – Nulidade dos Autos de Infração Alega a Recorrente existir nulidade do ato administrativo de lançamento por entender que a autoridade fiscal caracterizou relação de emprego em afronta à competência estabelecida pelo art. 114 da constituição Federal. Não procede o argumento apresentado na peça recursal. A autoridade fiscal efetuou lançamento das contribuições sociais previdenciárias por constatar a caracterização da relação de emprego entre a UNIMED FORTALEZA e as pessoas físicas sócias das pessoas jurídicas contratadas. Destarte, é cediço que a ocorrência do fato previamente descrito na norma de incidência, basta para o nascimento da obrigação tributária (art. 113, § 1º e 114 do CTN), em face do princípio da legalidade, cabendo à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, conforme determina o art. 142 do Código Tributário Nacional. Assim, verificando as circunstâncias definidas em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência, deve o fiscal proceder ao lançamento correspondente ao fato gerador imponível, cumprindo com o exigido em lei no que tange aos lançamentos efetuados. 2.b) Da inexistência de vínculo empregatício entre a Unimed e as pessoas jurídicas que lhe prestam serviço Conforme asseverado em sua peça recursal, a Recorrente alega que não estão presentes os requisitos da pessoalidade, não eventualidade, onerosidade (não há pagamento de salário) e subordinação, em relação às empresas que prestam serviços à Unimed. Por outro lado, a fiscalização, através da análise dos lançamentos contábeis e de documentos fornecidos pela empresa (contratos e notas fiscais), constatou a contratação de pessoas jurídicas, em caráter personalíssimo, para executar atividades permanentes da empresa, concluindo estarem presentes os requisitos do 2º e 3º CLT para caracterização da relação de emprego entre a UNIMED FORTALEZA e as pessoas físicas efetivamente contratadas (fls. 37/52). Fl. 1120DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 6 9 Os valores apurados no levantamento DJ DESCONSIDERAÇÃO PJ foram considerados como saláriodecontribuição de segurados empregados não declarados em GFIP pela empresa e podem ser observados através da planilha “ANEXO PESSOAS JURÍDICAS CONTRATADAS PELA UNIMED FORTALEZA CONSIDERADAS PELA FISCALIZAÇÃO COMO CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA COM CARACTERÍSTICA DE RELAÇÃO DE EMPREGO”. A principal controvérsia que envolve o processo administrativo em debate, diz respeito à natureza jurídica dos serviços realizados por profissionais integrantes dos quadros societários das pessoas jurídicas contratadas formalmente, mais especificamente, o enquadramento das pessoas físicas prestadoras dos serviços pactuados como seguradas empregadas. Primeiramente, importante esclarecer que, tendo em vista o princípio da primazia da realidade sobre a forma, pode a fiscalização desconsiderar os atos e negócios jurídicos que não retratam a realidade dos fatos para fins tributários (art. 118 do CTN). No entanto, em face da existência de contratos de prestação de serviços entre a Unimed e as pessoas jurídicas constantes às fls. 241/514, compete ao Fisco o ônus probatório relativo à existência do vínculo empregatício que afirma existir, na medida em que o dever da prova dos fatos jurídicos incumbe a quem tem interesse em fazer prevalecer o que declara existir (art. 373 do NCPC). A fiscalização desconsiderou os contratos de prestação de serviços firmados asseverando que os serviços foram prestados pelas pessoas físicas com os requisitos característicos da relação e emprego. Por outro lado, a Recorrente assevera que a Unimed jamais exigiu que algum cooperado criasse pessoa jurídica e que estas foram constituídas por mera liberalidade de seus sócios, e por sua conta e risco, firmaram contrato com a Unimed, nos termos autorizados pelo art. 129 da Lei nº 11.196 de 2005. É certo que não há impedimento em nosso ordenamento jurídico na constituição de pessoa jurídica para a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, sendo lícita a utilização da forma societária (art. 129 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005). Ocorre que o Auditor Fiscal, ao analisar os contratos de prestação de serviços, identificou os requisitos da pessoalidade do empregado, habitualidade, subordinação e onerosidade, destacando cláusulas de alguns contratos para a comprovação do vínculo de emprego: 3.2.2.1. Nos contratos celebrados com as pessoas jurídicas é observada clausula que determina o caráter personalíssimo da relação, pois, nesses casos, é especificado que a contratada (pessoa jurídica) dever prestar o serviço através de uma pessoa física determinada, não existindo a possibilidade dos serviços serem prestados por nenhum outro profissional. Como exemplo destacamos o contrato firmado com a empresa “CLINICA MÉDICA SPINDOLA”, no item 2.1 do contrato está especificado: “2.1 A CONTRATADA disponibilizará os Fl. 1121DF CARF MF 10 serviços de Auditoria através da Sra. Daniele Cristina dos Santos Spíndola por, no mínimo, 08 (oito) horas por dia...”. 3.2.2.2. O fato acima observado não é característica dos contratos celebrados entre pessoas jurídicas, pois nessa relação não importa qual profissional deverá executar o serviço contratado, qualquer profissional, habilitado para o serviço, poderá executálo. Diante de tal fato denotase um trabalho “INTUITU PERSONAE”, onde não há outro profissional, que não o citado, para a execução da tarefa. 3.2.2.5. A continuidade dos serviços prestados pode ser observada no contrato de prestação de serviço celebrado entre as empresas, onde consta o horário de trabalho e os dias a serem trabalhados. Como exemplo destacamos o contrato firmado com a empresa “ACUP E PROCTO SERVIÇOS MÉDICOS DE ACUPUNTURA E PROCTOLOGIA”, no item 2.1 do contrato está especificado “2.1 A CONTRATADA disponibilizará os serviços de Auditoria através da Sra. Cynthia Maria Pontes Soares por, no mínimo, 08 (oito) horas por dia, nos dias úteis de trabalho, totalizando 40 (quarenta) horas semanais...”. 3.2.2.6. A não eventualidade pode ser observada através dos lançamentos contábeis e do contrato para prestação de serviços, pois nesses casos pode ser observado o repasse financeiro as empresa contratadas de valores fixos (independente do número de dias trabalhados ou tarefas realizadas) e permanentes ao longo do tempo. 3.2.2.7. É o princípio da hierarquia, na qual o empregado é subordinado as ordens e determinações técnicas superiores que detém os poderes contratuais de dirigir, regulamentar, fiscalizar e punir. A ausência da subordinação pressupõe que o contratado executa suas tarefas de forma independente e autônoma não observando as determinações técnicas, regulamentos e normas internas da contratada. 3.2.2.8. A própria natureza dos serviços contratados e as condições em que são prestados não permitem garantir ao trabalhador a autonomia que afastaria o vínculo de subordinação à empresa tomadora da prestação dos serviços. As funções desempenhadas pelos segurados fazem parte da estrutura organizacional da entidade tomadora e, consequentemente, tais atividades estão subordinadas à sua hierarquia administrativa, normas e regulamentos internos, desta forma caracterizando a subordinação jurídica. 3.2.2.9. A onerosidade pode ser observada através dos contratos de prestação de serviços que especificam uma remuneração fixa e mensal a ser repassado para as empresas contratadas, remuneração essa comprovada através dos lançamentos contábeis mensais que contabilizam como despesas nas contas “4621390000001HONORARIOS DECONSULTORIA” e “4621290000001HONORARIOS DE AUDITORIA” os repasses mensais efetuados, observamos a comprovação dos repasses financeiros através da emissão de notas fiscais mensal e em valor fixo relativo a contrapartida pelo serviço realizado. Fl. 1122DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 7 11 OUTROS REQUISITOS 3.2.2.10. Analisando os contratos celebrados entre a UNIMED e as pessoas jurídicas contratadas, as notas fiscais emitidas e os lançamentos contábeis podemos verificar outros requisitos característicos da prestação de serviços através de relação de emprego, tais como: • A existência de recesso anual de 30 (trinta) dias na prestação de serviço sem prejuízo da remuneração mensal, permitindo inclusive a redução do período de recesso mediante compra dos dias pela contratante. Essa concessão é similar a férias anual remunerada e ao abono de férias observado nas relações de emprego, benefício esse não existente na contratação de contribuinte individuais e menos ainda na contratação de pessoas jurídicas. Consta em alguns contratos a seguinte clausula ou similar “3.2 A CONTRATANTE concederá a CONTRATADA recesso anual de 30 (trinta) dias na prestação dos serviços, o qual será negociada as datas entre as partes, sem prejuízo do valor contratualmente acordado mensalmente, sendo pago pela CONTRATANTE 3.2.1 A CONTRATANTE poderá, quando necessário, em comum acordo com a CONTRATADA, reduzir o recesso anual de 30 (trinta) dias da prestação de serviços. 3.2.2 A cada dia redzido será pogo, pela CONTRATANTE a CONTRATADA, um valor proporcional ao valor total pago mensalmente. • Pagamento de remuneração extra anual equivalente à remuneração mensalmente repassada as empresas contratadas. Essa concessão é similar ao 13o salário, rubrica própria das relações de emprego. Consta em alguns contratos a seguinte clausula ou similar “3.4 Além da remuneração estabelecida no item 3.1. desta cláusula, a CONTRATANTE pagará a CONTRATADA uma remuneração extra anual, equivalente ao valor estabelecido no item 3.1., a ser pago uma semana após a realização da Assembléia Geral ordinária – AGO”. • Existência de empregados informadas nas folhas de pagamento para realizar a mesma atividade das pessoas jurídicas contratada, fato esse que destaca que as empresas foram contratadas para suprir a necessidade de serviços próprios, normais e necessários ao funcionamento da estrutura empresarial e cuja prestação é normalmente realizada sobre o amparo da relação de emprego. • A empresa DOURADO BARSI CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA foi contratada para prestação de serviço de consultoria em gestão na área de regulação dos serviços de saúde médica, conforme contrato foi firmado em 01/05/2009, a pessoa física determinada para prestação dos serviços é a Sra. Francisca Ursula Dourado Barsi. Observamos que a Sra. Francisca Ursula Dourado Barsi constava como empregada da empresa até então, tendo o contrato de trabalho rescindido em 04/05/2009. A demissão de segurado empregado e posterior Fl. 1123DF CARF MF 12 contratação através de pessoa jurídica pode ser observado no caso do Sr. FRANCISCO JARBAS STUDART FROTA e do Sr. ADRIANO RAMALHO LIMA (outros segurados podem está na mesma situação, a auditoria não investigou todos os casos). Fato esse que demonstra uma movimentação da empresa para substituição de segurados empregados através contratação de pessoa jurídica de caráter personalíssimo para realizar a mesma tarefa. Compulsando os autos, verifiquei a existência de contratos de prestação de serviços entre a Unimed Fortaleza e várias pessoas jurídicas (fls. 241/515), com disponibilização de serviços por pessoa determinada, com horários fixos, com valor determinado e pagamento mensal, recesso anual de 30 (trinta dias), sem prejuízo do valor acordado mensalmente, com remuneração extra anual equivalente ao valor de um mês de salário, ou seja, com todos os requisitos atinentes à relação de emprego. Nesse diapasão, constatando a Autoridade Lançadora os requisitos determinados na alínea “a”, do inciso I, do artigo 9º, do Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999, que aprova o Regulamento da Previdência Social – RPS deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado, consoante o artigo 229, do RPS, in verbis: Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; Art. 229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) Diante de todo o conjunto probatório constante nos autos, destacado de forma minuciosa na acusação fiscal, constatase presentes os requisitos do 2º e 3º CLT para caracterização da relação de emprego entre a UNIMED FORTALEZA e as pessoas físicas prestadoras dos serviços pactuados como seguradas empregadas e os valores apurados considerados como salário de contribuição. Em vista de todo o exposto, deve ser mantido o lançamento da referida exigência, bem como a multa por descumprimento de obrigação acessória. Fl. 1124DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 8 13 2.c) Da inexistência de fato gerador da contribuição previdenciária quanto aos valores pagos aos cooperados que prestaram serviços a pessoas físicas utilizando as dependências do HRU A Recorrente alega que não há fato gerador da contribuição previdenciária quanto aos valores pagos aos cooperados que prestaram serviços a pessoas físicas utilizando as dependências do Hospital Regional da Unimed, haja vista que o HRU é mero equipamento que viabiliza a prestação de serviço médico, e não tomadora dos serviços. A fiscalização procedeu ao levantamento CH – COOPERADOS HRU referente aos valores informados pela empresa como pagamentos aos médicos cooperados que prestam serviços no Hospital Regional Unimed. De acordo com o Relatório Fiscal, após análise dos documentos apresentados concluiu que os médicos cooperados que atuaram nas atividades fins do Hospital Regional Unimed prestaram serviço diretamente a cooperativa (hospital), sendo, assim, considerados como contribuintes individuais. Como se observa, os médicos cooperados receberam pagamentos diretamente da Unimed, em razão da prestação de serviços realizados pelos cooperados no Hospital Regional. Os valores foram pagos pela cooperativa e não pelos pacientes. Por isso, resta configurada a ocorrência do fato gerador previstos no inciso III, do artigo 22, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, em face da remuneração paga a contribuintes individuais: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Assim, deve ser mantido o lançamento nesse ponto. 3. Autos de Infração nºs 37.401.4540 e 37.401.4566 3.a) Da cobrança de contribuição patronal incidente sobre verba paga pela empregadora relativo à programa de previdência complementar – caráter indenizatório A fiscalização constatou pagamento de plano de previdência PGBL exclusivamente aos dirigentes e conselheiros da empresa. Desta forma, considerou os valores pagos como base de cálculo para a previdência social não declarados em GFIP e não recolhidos pela empresa. Fl. 1125DF CARF MF 14 Aduz a Recorrente que a natureza das verbas relativas ao programa de previdência complementar pagos a diretores e conselheiros é eminentemente indenizatória, pois visa compensar as perdas que os médicos sofrem por terem de deixar os consultórios, não devendo ser entendido como salário. A previdência social é organizada sob a forma do regime geral, de caráter contributivo e filiação obrigatória (art. 201 da Constituição Federal), ou sob o regime de previdência privada, de caráter complementar, facultativo e organizado de forma autônoma, conforme se destaca no art. 202, da Lei Maior: Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Estabeleceu ainda em seu parágrafo 2º, que as contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes dos planos, encontrandose assim desvinculada da remuneração, trazendo uma regra imunizante com relação à incidência da contribuição previdenciária, desde que não restem caracterizados como benefício em razão do trabalho, senão vejamos: § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Dentro desse contexto constitucional, foi editada a Lei Complementar 109/2001 que assim disciplinou as normas sobre os planos de previdência privada: Art. 1o O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta Lei Complementar. Art. 4o As entidades de previdência complementar são classificadas em fechadas e abertas, conforme definido nesta Lei Complementar. Art. 12. Os planos de benefícios de entidades fechadas poderão ser instituídos por patrocinadores e instituidores, observado o disposto no art. 31 desta Lei Complementar. Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, são equiparáveis aos empregados e associados a que se refere o caput os gerentes, Fl. 1126DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 9 15 diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. § 2o É facultativa a adesão aos planos a que se refere o caput deste artigo. Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser: I individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas; ou II coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. § 1o O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. § 2o O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo referese aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. § 3o Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, e por membros de associações legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos. § 4o Para efeito do disposto no parágrafo anterior, são equiparáveis aos empregados e associados os diretores, conselheiros ocupantes de cargos eletivos e outros dirigentes ou gerentes da pessoa jurídica contratante. Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. § 1o Os benefícios serão considerados direito adquirido do participante quando implementadas todas as condições estabelecidas para elegibilidade consignadas no regulamento do respectivo plano. § 2o A concessão de benefício pela previdência complementar não depende da concessão de benefício pelo regime geral de previdência social. Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. Fl. 1127DF CARF MF 16 § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. Com o advento da LC n° 109/2001, restou clara a diferenciação entre o regime fechado de planos, inseridos na Seção II da Lei Complementar 109/2001, através de seu artigo 16, no qual há a exigência de disponibilidade do plano para todos os empregados; e o regime aberto, em que poderão ser oferecidos para grupos de pessoas constituídos de uma ou mais categorias de empregados, conforme disposto no art. 26, inserido na Seção III do diploma legal. Dessa forma, por força da norma imunizante estabelecida no § 2º, art. 202 da CF, e, restando cumpridas as determinações contidas na referida Lei Complementar, as contribuições do empregador encontramse desvinculadas da remuneração dos participantes (art. 68), não incidindo tributação e contribuições de qualquer natureza sobre as contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária (§ 1º do art. 69 da Lei Complementar nº 109/2001). Assim, conquanto a Lei 8.212/1991 determine que o programa de previdência complementar, aberto ou fechado, deve ser disponibilizado à totalidade dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica, para que não integrem o salário de contribuição (alínea p do § 9º do art. 28), a aparente antinomia encontra solução na aplicação integrada com a Lei Complementar nº 109/2001, conforme analisado anteriormente. Destaco ainda a decisão proferida no Acórdão nº 2402003.661 (4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária) que passa a integrar a fundamentação deste Voto: Vêse que para o regime fechado, considerando a unidade da lei, não há incompatibilidade com a Lei n° 8.212/1991, apenas que nesta as regras de incidência e abrangência estão em um mesmo dispositivo legal. Agora, como já sinalizado acima, para o regime aberto a lei faculta que, direta ou indiretamente através da entidade, a empresa contrate em benefício de grupos específicos de categorias de empregados plano de previdência complementar, artigo 26, §2° e 3° da lei. Então, neste caso não incidem contribuições previdenciárias ainda que o benefício não seja oferecido à totalidade dos empregados. Mas, sem precipitações, a interpretação será mais segura quando considerado o todo da lei. No caso dos programas em regime aberto, embora não seja necessário estendêlo à totalidade dos empregados e dirigentes, os grupos selecionados são de categorias de empregados, sem discriminações dentro de um mesmo grupo. A escolha recai sobre determinada categoria não como incentivo à produtividade ou outras finalidades relacionadas ao trabalho, mas em razão de necessidades específicas. Em síntese, temos que para a não incidência de contribuições previdenciárias: a) até o advento da LC n° 109/2001, em quaisquer casos, a empresa tinha que oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes; Fl. 1128DF CARF MF Processo nº 10380.725685/201350 Acórdão n.º 2401004.783 S2C4T1 Fl. 10 17 b) a partir da LC n° 109/2001, somente no regime fechado, a empresa deverá oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. Caso adotado o regime aberto, poderá oferecer o benefício a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes a determinada categoria, mas não como instrumento de incentivo ao trabalho, eis que flagrantemente o caracterizaria como um prêmio e, portanto, gratificação. No presente caso sob exame, os fatos geradores ocorreram posteriormente à LC n° 109/2001. Tratandose da modalidade de previdência complementar em regime aberto, de acordo com a tese aqui desenvolvida, não haveria necessidade de disponibilização dos planos de previdência complementar à totalidade dos dirigentes e empregados, desde que a restrição ao benefício seja de forma genérica e impessoal, que é o caso; portanto, os valores lançados são insubsistentes. Do exposto, entendendo caber razão à Recorrente, pois, após o advento da Lei Complementar nº 109/01, o benefício da previdência privada aberta não precisa ser extensivo a todos os segurados e dirigentes da empresa. Pelas mesmas razões acima expostas, também afasto a multa por descumprimento de obrigação acessória relativa ao respectivo levantamento. 4. Do descumprimento de obrigação acessória relativa ao campo categoria do trabalhador Segundo a contribuinte, não procede a alegação da fiscalização de que a empresa prestou informações inexatas em GFIP com relação ao campo categoria do trabalhador. Sem razão a Recorrente. Conforme Manual da GFIP, o contribuinte individual – cooperado que presta serviços a entidade beneficente de assistência social isenta da cota patronal ou a pessoa física, por intermédio da cooperativa de trabalho devem ser informados em GFIP com a categoria 24, sendo que a empresa apresentou, para todo o período fiscalizado, a GFIP dos trabalhadores cooperados que prestam serviço para pessoas físicas com categoria “17”. As remunerações em decorrência das prestações de serviços realizados pelos cooperados no Hospital Regional da UNIMED foram pagas diretamente pela cooperativa e não pelas pessoas naturais, ocorrendo o fato gerador do inciso III, do artigo 22, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Assim, a Recorrente não enquadrou de forma correta os cooperados associados na Categoria 17, devendo ser excluída a exigência do lançamento. Fl. 1129DF CARF MF 18 5. Da multa exorbitante Assevera na peça recursal que a multa ultrapassa o limite da razoabilidade, por ser exorbitante e ilegítima. O lançamento é uma atividade vinculada e obrigatória, motivo porque é dever de a Autoridade Lançadora aplicar as penalidades estabelecidas em Lei. Ademais, a Súmula CARF nº 2 determina que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário, rejeito as preliminares, e, no mérito, DOULHE PROVIMENTO PARCIAL para (i) tornar insubsistente o crédito tributário relativo aos levantamentos "PP", "PP1" e "PP2" (plano de previdência diretoria); e (ii) excluir da multa aplicada no auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, CFL 68, os valores do plano de previdência diretoria. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 1130DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.009193/2006-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA.
No processo administrativo de restituição e compensação de créditos tributários, incumbe ao contribuinte provar o fato constitutivo do seu direito (a certeza e liquidez do direito creditório) e, ao Fisco, para indeferir o pleito, provar fatos que evidenciem a inexistência do direito afirmado pelo contribuinte ou que constituam impedimento, modificação ou extinção desse direito.
PROVA INDIRETA. INDÍCIOS. PRESUNÇÃO SIMPLES. VALIDADE. VERDADE MATERIAL.
A Administração Pública tem o poder-dever de investigar livremente a verdade material diante do caso concreto, analisando todos os elementos necessários à formação de sua convicção acerca da existência e conteúdo do fato jurídico. Esse poder-dever é ainda mais presente na seara tributária, em que é usual a prática de atos simulatórios por parte do contribuinte, visando diminuir ou anular o encargo fiscal. A liberdade de investigação do Fisco pressupõe o direito de considerar fatos conhecidos não expressamente previstos em lei como indícios de outros fatos, cujos eventos são desconhecidos de forma direta.
DIREITO CREDITORIO. ORIGEM REMOTA. NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. INDEFERIMENTO.
Provado nos autos, por indícios fartos, graves, precisos e convergentes, que o negócio jurídico que constituiria a causa remota do direito creditório pleiteado pelo contribuinte não teve lugar no mundo atico, cumpre indeferir o direito creditório e não homologar as compensações declaradas.
DIREITO CREDITORIO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. CERTEZA E LIQUIDEZ. SIMULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO QUE TERIA ENSEJADO A RETENÇÃO DE IRRF. PARCELAMENTO, PELA FONTE PAGADORA, DO IRRF QUE COMPÔS O SALDO NEGATIVO. IMPROCEDÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO, POR AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE.
O fato de a fonte pagadora haver formalizado parcelamento do IRRF pretensamente retido em negócio jurídico simulado não confere materialidade ao direito creditório pleiteado sob a forma de saldo negativo de IRPJ pela pretensa beneficiária da retenção.
SUCESSÃO EMPRESARIAL. SIMULAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONTEÚDO MATERIAL NO PATRIMONIO TRANSFERIDO ENTRE AS EMPRESAS. INEFICÁCIA DOS ATOS FORMALMENTE PRATICADOS, A DESPEITO DE SUA LEGALIDADE.
É irrelevante, para fins de apuração da eficácia dos atos de sucessão empresarial, que estes tenham sido praticados com observância da legislação pertinente, quando resta demonstrado nos autos que o patrimônio pretensamente transposto entre as empresas é destituído de conteúdo material.
Numero da decisão: 1402-002.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. No processo administrativo de restituição e compensação de créditos tributários, incumbe ao contribuinte provar o fato constitutivo do seu direito (a certeza e liquidez do direito creditório) e, ao Fisco, para indeferir o pleito, provar fatos que evidenciem a inexistência do direito afirmado pelo contribuinte ou que constituam impedimento, modificação ou extinção desse direito. PROVA INDIRETA. INDÍCIOS. PRESUNÇÃO SIMPLES. VALIDADE. VERDADE MATERIAL. A Administração Pública tem o poderdever de investigar livremente a verdade material diante do caso concreto, analisando todos os elementos necessários à formação de sua convicção acerca da existência e conteúdo do fato jurídico. Esse poderdever é ainda mais presente na seara tributária, em que é usual a prática de atos simulatórios por parte do contribuinte, visando diminuir ou anular o encargo fiscal. A liberdade de investigação do Fisco pressupõe o direito de considerar fatos conhecidos não expressamente previstos em lei como indícios de outros fatos, cujos eventos são desconhecidos de forma direta. DIREITO CREDITORIO. ORIGEM REMOTA. NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. INDEFERIMENTO. Provado nos autos, por indícios fartos, graves, precisos e convergentes, que o negócio jurídico que constituiria a causa remota do direito creditório pleiteado pelo contribuinte não teve lugar no mundo atico, cumpre indeferir o direito creditório e não homologar as compensações declaradas. DIREITO CREDITORIO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. CERTEZA E LIQUIDEZ. SIMULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO QUE TERIA ENSEJADO A RETENÇÃO DE IRRF. PARCELAMENTO, PELA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 91 93 /2 00 6- 94 Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 105 2 FONTE PAGADORA, DO IRRF QUE COMPÔS O SALDO NEGATIVO. IMPROCEDÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO, POR AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE. O fato de a fonte pagadora haver formalizado parcelamento do IRRF pretensamente retido em negócio jurídico simulado não confere materialidade ao direito creditório pleiteado sob a forma de saldo negativo de IRPJ pela pretensa beneficiária da retenção. SUCESSÃO EMPRESARIAL. SIMULAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONTEÚDO MATERIAL NO PATRIMONIO TRANSFERIDO ENTRE AS EMPRESAS. INEFICÁCIA DOS ATOS FORMALMENTE PRATICADOS, A DESPEITO DE SUA LEGALIDADE. É irrelevante, para fins de apuração da eficácia dos atos de sucessão empresarial, que estes tenham sido praticados com observância da legislação pertinente, quando resta demonstrado nos autos que o patrimônio pretensamente transposto entre as empresas é destituído de conteúdo material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 106 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário face v. acórdão, que manteve o decidido no Despacho Decisório, que por sua vez, adotou a Informação Fiscal, fundamentada no Relatório de Análise Tributária da SAPAC de 11/05/2010, onde relatou um esquema de fraude, simulação e conluio entre empresas, com origem remota em negócios fictos de compra e venda de imóveis, geradores de créditos inexistentes de tributos federais e subsequente celebração de contratos simulados entre as empresas dos grupos empresariais CEC Internacional S/A e Grupo Marquise, com o fim de auferimento de vantagens fiscais ilícitas em prejuízo da fazenda nacional. Segundo consta do Relatório de Análise Tributária da SAPAC, o Grupo Marquise, por meio de uma série de atos, incorporava empresas do Grupo Empresarial CEC Internacional S/A, com prejuízos fiscais, utilizando tais créditos para compensar tributos devidos. Contudo, "tais créditos" eram ilegítimos, visto que decorrentes de dolo, simulação e conluio entre as empresas do Grupo Marquise e as empresas do Grupo CEC, as primeiras lucrativas e as segundas em estado de insolvência. Destaca a autoridade fiscal que os atos praticados por cada uma das empresas citadas não podem ser vistos de forma isolada e autônoma, como ocorre na maioria dos negócios imobiliários, financeiros e empresariais em geral, mas contêmse (cada um deles) num conjunto global de atos que buscava, em verdade, um objetivo pré ordenadamente planejado entre as partes. Ao Grupo CEC, estão ligadas as empresas: Sul Diesel S/A; Iracema Florestamento e Reflorestamento Ltda e Maximar Fomento Mercantil Ltda EPP; Xingu Empreendimentos Imobiliários Ltda; Xingu Administração e Participação S/A; à RCA International Commodities S/A estão ligadas as empresas BEX Internacional S/A; Canavieira Florestamento e Reflorestamento S/A e Panagra do Brasil S/A; Agropecuária e Reflorestadora Parente S/A e quanto ao Grupo capitaneado pela Construtora Marquise S/A, a Capitalize Fomento, Comercial Ltda, Construtora Marquise S/A e Ecofor Ambiental S/A. Segundo a autoridade fiscal, conforme descreve no Anexo do Relatório de Análise Tributária, temse os quadros (abaixo colacionados) e a auditoria cruzada das operações intragrupos para rastreamento da origem dos créditos, que geram imposto a recuperar em face das transações realizadas entre contribuintes dos dois grupos empresariais. Vejamos o fluxograma e em seguida as notas explicativas com o panorama global do planejamento tributário ocorrido entre os grupos CEC e MARQUISE. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 107 4 Seguem as explicações do fluxograma com enfoque global do planejamento tributário entre os grupos empresarias. I) PRINCIPAIS CARACTERES DOS ATOS DE GERAÇÃO FICTÍCIA DE TRIBUTOS 1 Instrumentação por Contratos de Promessa de Compra e Venda de Imóveis formalizados apenas "no papel". 2 — Ausência do substrato material especifico de uma efetiva compra e venda imobiliária (animo de pagar o preço objetivando a transcrição no Cartório de Registro de Imóveis). 3 — Inserção de clausula previsora de multa desarrazoada com o objetivo de entabular a incidência de IRFONTE e conseqüente conversão em crédito transferível de IRRF/Saldo Negativo de IRPJ com destinação posterior préconcebida. 4 — Presença de clausula estipulatória, temporalmente delimitada, de ENCARGOS FINANCEIROS especialmente superavaliados até o mês de Julho/2004, com o objetivo de gerar Créditos de PIS/COFINS NãoCumulativos para posterior transferência. 5 — Agregação daqueles encargos financeiros, conforme nova clausula especialmente alocada para tal, de multa imotivada a Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 108 5 ser reconhecida no especifico mês de Julho/2004, com o mesmo objetivo de gerar Créditos de PIS/COFINS NãoCumulativo. 6 — Operações sempre concebidas e entabuladas como sendo a Prazo, onde o adquirente nada paga (por absoluta inexistência de recursos para tal), e o alienante nada cobra (por ter a operação de compra e venda função outra que não a ordinária aquisição de imóvel). 7 — Operações concebidas sempre em meio a pessoas ligadas. 8 — Operações realizadas em circulo, com vendas sucessivas, reclamando a utilização igualmente simulada do artifício das cessões fictícias de crédito, ante o registro meramente contábil da "venda anterior' ainda não recebida. 9 — Utilização de operações com imóveis , superavaliados, dado o alto valor atribuído aos bens, considerado como método IDEAL a garantir ao Grupo Empresarial transmitente a maior cifra possível de Créditos Fiscais Fictícios, proporcionando maiores vantagens ao Grupo Empresarial recepcionador. II) DETALHES OBSERVADOS NOS ATOS INTERMEDIÁRIOS PRATICADOS COMO CONDIÇÃO NECESSÁRIA À IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO QUE OBJETIVOU A TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS A PARTIR DOS ATOS DE GERAÇÃO FICTÍCIA DE TRIBUTOS 1 — Manipulação contábil das empresas adquirentes e alienantes dos bens imóveis geradores dos créditos fiscais fictícios. 2 — Receitas e despesas com origens apenas nas operações intragrupo ou intergrupos empresariais, adequando valores e resultados contábeis/fiscais, sendo sempre aquelas inferiores a estas. 3 — Preparação das empresas para as operações de CISÕES SELETIVAS, com criação de PJs para cumprirem vida efêmera e papéis préordenados. 4 — Segregação dos créditos de tributos fictícios vertidos para as Pessoas Jurídicas então surgidas das Cisões Seletivas. 5 — Negociação simulada das ações/quotas das pessoas jurídicas criadas a partir das Cisões Seletivas com os integrantes do Grupo Empresarial interessado na captação dos créditos fictos. 6 — Incorporações intermediárias das pessoas jurídicas surgidas das Cisões Parciais Seletivas por outras pessoas jurídicas ligadas ao Grupo Empresarial solvente e lucrativo, interessado na captação dos créditos fiscais fictos. III) DETALHES OBSERVADOS NOS ATOS DE RECEPÇÃO FINAL DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FICTÍCIOS PRATICADOS NO SEIO DAS EMPRESAS DO GRUPO EMPRESARIAL. SOLVENTE E LUCRATIVO INTERESSADO NA CAPTAÇÃO ESPECÍFICA DE CRÉDITOS COM O FIM DE EXTINGUIR SEUS DÉBITOS PRÓPRIOS SEM QUALQUER DESEMBOLSO REAL. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 109 6 1 — Chamamento das situações postas pelas Cisões seletivas para o patrimônio das pessoas jurídicas componentes do Grupo Empresarial lucrativo e solvente. 2 — Captação final dos créditos precedida de transações comerciais/financeiras simuladas, tendentes a ofuscar e obscurecer a visão imediata da recepção direta e pré ordenada dos créditos fiscais fictícios. 3 — Incorporações intermediárias dissimuladoras da recepção direta e imediata dos créditos pelo Grupo Empresarial interessado na captação final. 4 — Incorporações finais (préordenadas) das diversas pessoas jurídicas de vida efêmera recheadas todas de créditos fiscais fictícios. 5 — Usufruto do almejado "recheio fiscal" via PER/DCOMPs pelo Grupo Empresarial economicamente lucrativo, em flagrante prejuízo do Fisco. A autoridade fiscal elaborou longo despacho, descrevendo as transações realizadas entres as empresas adiante citadas. Consta do relatório, que o Grupo Marquise, por meio de uma série de atos, incorporava empresas do Grupo Empresarial CEC Internacional S/A, com prejuízos fiscais, utilizando tais créditos para compensar tributos devidos. Contudo, os créditos eram ilegítimos, visto que decorrentes de dolo, simulação e conluio entre as empresas do Grupo Marquise e as empresas do Grupo CEC, as primeiras lucrativas e as segundas em estado de insolvência. Como destacado pela autoridade fiscal, os atos praticados por cada uma das empresas citadas não podem ser vistos de forma isolada e autônoma em si mesmo, como ocorre na maioria dos negócios imobiliários, financeiros e empresariais em geral, mas contêmse (cada um deles) num conjunto global de atos que buscava, em verdade, um objetivo pré ordenadamente planejado entre as partes. Segundo a autoridade fiscal, temse os seguintes quadros, que geram imposto a recuperar em face das transações realizadas entre contribuintes dos dois grupos empresariais: Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 110 7 Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 111 8 Por fim, o trabalho fiscal objetivou oferecer sólida fundamentação probatória e a motivação legal para o indeferimento liminar de qualquer pedido de restituição/compensação que envolva os créditos tributários de Imposto de Renda Retido na Fonte (convertido ou não em Saldo Negativo de IRPJ) e das Contribuições para o PIS Não Cumulativo e COFINS Não Cumulativo, cujas origens — imediata ou remota — decorra das transações celebradas entre as empresas Cio Grupo CEC e do Grupo Marquise. Foram analisados no documento os fundamentos primáiros da origem dos créditos utilizados finalisticamente pelas empresas do Grupo Marquise em PER/DCOMPs diversas entregues ora pela Construtora Marquise S/A, ora pela ECOFOR Ambiental S/A, ora pela Capitalize Fomento Comercial Ltda. Também forma procedidas as demonstrações dos vícios insanáveis dos negócios jurídicos presentes e considerados em todas as etapas do planejamento tributário evasivo que, ao fim, almejou como objetivo real e querido pelas partes, a geração ficta de créditos para aproveitamento dos mesmos em PER/DCOMPs. Conclusivamente, pretendese que as elementares "simulação", "fraude" e "conluio", qualificadoras da conduta das partes nos casos concretos examinados, sejam não só inseridas na análise, como também e principalmente, pautem a razão de decidir por parte dos Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 112 9 julgadores, no sentido do indeferimento liminar daqueles pedidos restitutórios/compensatorios, fundamentados na origem que apontamos. Assim, tendo em vista que o ponto inicial que criou os créditos que se pretende restituir e compensar é o mesmo dos processos abaixo indicados, tendo em vista a relação de causa e efeito, todos devem ser julgados conjuntamente. 10380.009193/200694 RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A 10380.901897/200611 RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A 10380.901733/200693 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901737/200671 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901739/200661 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901735/200682 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.720384/200872 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.720385/200817 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.720499/200867 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722709/201076 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722703/201007 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722244/201053 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722365/201003 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722355/201060 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722361/201017 CONSTRUTORA MARQUISE S/A 10380.721600/201011 CONSTRUTORA MARQUISE S/A No presente caso, aconteceram os seguintes fatos conforme relatório do v. acórdão recorrido: Tratase de processo referente ao PER/DCOMP de nº 14754.16204.280504.13046040, fls. 18/22, através do qual a pessoa jurídica RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A compensou crédito decorrente de "pagamento indevido ou a maior IOF" com débito do próprio IOF, no valor total de R$ 40.983,37. A compensação encontravase em um primeiro momento sob a apreciação automática a cargo do Sistema Eletrônico de Controle de Créditos e Débitos (SCC), ocasião em que, por não haver sido identificado o pagamento tido por indevido ou a maior, deuse a emissão do Termo de Intimação de fl. 04, dando conta da não localização do DARF pertinente ao crédito. Em resposta, datada de 20/09/2006, fl. 02, a interessada apresentou documento informando que a RCA INTERNATIONAL COMMODITIES Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 113 10 S/A fora incorporada pela AGROPECUÁRIA E REFLORESTAMENTO PARENTE S/A e que o crédito não seria decorrente de "pagamento indevido ou a maior", mas de "saldo negativo de IRPJ". Registrou ainda não haver conseguido transmitir o PER/DCOMP retificador, documento em que pretendia alterar a natureza do crédito de "pagamento indevido ou a maior" para "saldo negativo de IRPJ", o que teria se dado em razão do cancelamento do CNPJ da RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A, em função do que requereu a retificação do crédito em conformidade com a Declaração de Compensação apresentada em papel constante da fl. 05, datada de 20/09/2006, documento em que assinalou que o crédito referese ao saldo negativo de IRPJ do exercício 2000. Adicionalmente, apresentou cópias dos seguintes documentos: mensagens do PGD PER/DCOMP, indicativas da impossibilidade da transmissão eletrônica, fls. 10/12; certidão de cancelamento do CNPJ da RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A, fl. 13; CNPJ da AGROPECUÁRIA E REFLORESTAMENTO PARENTE S/A, fl. 14; ata da assembléia geral extraordinária realizada em 12/09/2005, em foi deliberada a renúncia dos diretores e a eleição de novos administradores, fls. 15/16; ata da assembléia geral extraordinária realizada em 30/08/2004, em que foi deliberada a incorporação da impugnante pela AGROPECUÁRIA E REFLORESTAMENTO PARENTE S/A, fl. 17; e do PER/DCOMP número 14754.16204.280504.13046040, fls. 18/22, objeto da presente lide. Ao analisar a petição da interessada, conforme consta de despacho formalizado em 04/12/2006, fl. 23, a unidade local deliberou por colocar a compensação em apreço em tratamento manual. Quando da apreciação da matéria, datada de 31/01/2011, fls. 37/39, a DRF Fortaleza elaborou Informação Fiscal, àquela altura direcionada à CONSTRUTORA MARQUISE S/A, empresa que havia incorporado a AGROPECUÁRIA E REFLORESTAMENTO PARENTE S/A que, por sua vez, incorporara a RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A. Conforme consta do referenciado documento, o "saldo negativo de IRPJ" do anocalendário 1999, exercício 2000, já havia sido apreciado em outro processo, o de n° 10380.901897/200611, cópia da decisão às fls. 25/35, tendo sido decidido pela não homologação da compensação em razão de o alegado crédito tratarse de fruto de ato simulado, consistente em uma venda fictícia de um imóvel. Tendo por substrato tal informação, consoante Despacho Decisório datado de 31/01/2011, fl. 40, a autoridade local decidiu por não homologar a compensação formalizada através do PER/DCOMP de número 14754.16204.280504.13046040, bem como por determinar a aplicação da multa isolada estabelecida pela Lei nº 10.833, de 2003, art. 18, § 2º, conforme a redação determinada pela Lei nº 11.488, de 2007, combinada com o inc. I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Não satisfeita com o teor da decisão, em 18/03/2011 a pessoa jurídica apresentou Manifestação de Inconformidade, fls. 46/57, documento em que, com sede em preliminar, postulou o reconhecimento da homologação tácita alegando para tanto que o PER/DCOMP foi transmitido em 28/05/2004 e a notificação da decisão denegatória da compensação somente se deu em 17/02/2011. Quanto ao mérito, pugnou pela legitimidade do crédito em razão de o IRRF, fundamento Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 114 11 precípuo do saldo negativo de IRPJ, encontrarse devidamente parcelado. A DRJ negou provimento a manifestação de inconformidade e registrou a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Admitida a retificação da Declaração de Compensação, o termo inicial da contagem do prazo quinquenal relativo à homologação tácita, determinado pelo § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, deslocarseá do dia de transmissão da declaração original para a data em que foi apresentada a declaração retificadora. DIREITO CREDITÓRIO. CERTEZA E LIQUIDEZ. SIMULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. O fato de a fonte pagadora haver formalizado parcelamento do IRRF, pretensamente retido em negócio jurídico simulado, não confere materialidade ao direito creditório pleiteado sob a forma de saldo negativo de IRPJ pela suposta beneficiária da retenção. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em seguida a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, requerendo a homologação tácita e quanto ao mérito, pugnou pela legitimidade do crédito em razão de o IRRF, fundamento precípuo do saldo negativo de IRPJ, encontrarse devidamente parcelado. É o relatório. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 115 12 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e foi interposto por seu representante com poderes para tanto, motivo pelo qual deve ser admitido. No presente caso, a com a cisão da empresa RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A., detentora do crédito requisitado, o valor do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1999 foi transferido para uma das empresas resultantes da cisão, qual seja, a FIBRA CONSTRUÇÕES E EDIFICAÇÕES S/A., posteriormente incorporada por AGROPECUÁRIA SERRA GRANDE LTDA., a qual restou em seguida incorporada por CONSTRUTORA MARQUISE S/A. Quem participou do contrato/compromisso de compra e venda do terreno, foi a empresa Iracema e a RCA. A empresa RCA faz os pedidos de ressarcimento de crédito e os de retificação e a Agropecuária e a Construtora Marquise fazem os pedidos de retificação e de compensação. No Recurso Voluntário do presente processo, a Recorrente alegou preliminar de homologação tácita, a qual, conforme abaixo demonstrado, não ocorreu. Para fundamentar meu entendimento, adoto o v. acórdão recorrido onde aponta as principais datas dos pedidos de restituição/compensação e pedidos de retificação. Com sede em preliminar, o representante da pessoa jurídica afirmou que “[...] a Declaração de Compensação em comento, encontrase homologada tacitamente”. Isso porque “a Declaração de Compensação em questão foi formalizada a (sic) mais de cinco anos da data em que a Manifestante tomou ciência do Despacho Decisório (17.02.2011) ora guerreado”. A estipulação de um prazo para que a autoridade administrativa delibere quanto às compensações veio a lume com a Lei nº 10.833, de 29/12/2003, resultado da conversão da Medida Provisória nº 135, de 30/10/2003. Isso porque mencionada norma acresceu o § 5º ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, dispositivo a ostentar a seguinte redação: § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 116 13 À guisa de regulamentação da matéria, deuse a edição da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28/12/2005, formatada nos seguinte moldes: Art. 29. A autoridade da SRF que não homologar a compensação cientificará o sujeito passivo e intimáloá a efetuar, no prazo de trinta dias, contados da ciência do despacho de não homologação, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. [...] § 2 º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contados da data da entrega da Declaração de Compensação. Ocorre, entretanto, que outra condicionante deve ser levada em conta no caso em julgamento. É que a inequívoca intenção da pessoa jurídica, manifestada na petição apresentada em 20/09/2006, fl. 02, era a de retificar o PER/DCOMP original transmitido em 28/05/2004, alterando a natureza do crédito de “pagamento indevido ou a maior” para a de “saldo negativo de IRPJ”. Como se encontrava com o CNPJ cancelado, em razão de sua incorporação por outra empresa, não logrou êxito em seu intento de forma eletrônica, não lhe restando outra alternativa senão apresentar a Declaração de Compensação retificadora, também datada de 20/09/2006, em papel, fl. 05. A retificação da compensação encontravase disciplinada pelos artigos 56 a 61 da IN SRF nº 600, de 2005, nos seguinte termos: Art. 56. A retificação do Pedido de Restituição, do Pedido de Ressarcimento e da Declaração de Compensação gerados a partir do Programa PER/DCOMP, nas hipóteses em que admitida, deverá ser requerida pelo sujeito passivo mediante a apresentação à SRF de documento retificador gerado a partir do referido Programa. Parágrafo único. A retificação do Pedido de Restituição, do Pedido de Ressarcimento e da Declaração de Compensação apresentados em formulário (papel), nas hipóteses em que admitida, deverá ser requerida pelo sujeito passivo mediante a apresentação à SRF de formulário retificador, o qual será juntado ao processo administrativo de restituição, de ressarcimento ou de compensação para posterior exame pela autoridade competente da SRF. Art. 57. O Pedido de Restituição, o Pedido de Ressarcimento e a Declaração de Compensação somente poderão ser retificados pelo sujeito passivo caso se encontrem pendentes de decisão administrativa à data do envio do documento retificador e, no que se refere à Declaração de Compensação, que seja observado o disposto nos arts. 58 e 59. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 117 14 Art. 58. A retificação da Declaração de Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou elaborada mediante utilização de formulário (papel) somente será admitida na hipótese de inexatidões materiais verificadas no preenchimento do referido documento e, ainda, da inocorrência da hipótese prevista no art. 59. Art. 59. A retificação da Declaração de Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou elaborada mediante utilização de formulário (papel) não será admitida quanto tiver por objeto a inclusão de novo débito ou o aumento do valor do débito compensado mediante a apresentação da Declaração de Compensação à SRF. Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput , o sujeito passivo que desejar compensar o novo débito ou a diferença de débito deverá apresentar à SRF nova Declaração de Compensação. Art. 60. Admitida a retificação da Declaração de Compensação, o termo inicial da contagem do prazo previsto no § 2 º do art. 29 será a data da apresentação da Declaração de Compensação retificadora. Art. 61. A retificação da Declaração de Compensação não altera a data de valoração prevista no art. 28, que permanecerá sendo a data da apresentação da Declaração de Compensação original. [destacouse] Quando da apreciação do pleito do contribuinte, fl. 23, a autoridade local proferiu despacho no sentido de que “analisandose as alegativas apresentadas, verificouse pelas consistências das justificativas”, em razão do que deu ensejo à análise manual da compensação. Assim, admitida a retificação da declaração, o termo inicial do prazo a ser considerado, a teor do disposto pelo art. 60 da IN SRF nº 600, de 2005, será a data da apresentação da Declaração de Compensação retificadora, o que corresponde ao dia 20/09/2006, conforme destacado à fl. 05. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 118 15 Com a adoção dessa linha de raciocínio e considerando que a Declaração de Compensação retificadora foi apresentada no dia 20/09/2006, o termo final do prazo referente à homologação tácita correspondeu ao dia 20/09/2011. Desse modo, tendo em mente que a ciência do Despacho Decisório que não homologou a compensação se concretizou no dia 04/03/2011, manifesto me pela não configuração da homologação tácita no caso em apreço. Matéria desse jaez já foi apreciada por outras unidades julgadoras, que idêntico posicionamento adotaram. É o que se pode depreender da leitura das ementas a seguir transcritas: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. Admitida a retificação da Dcomp, o termo inicial da contagem do prazo de cinco anos deslocase para a data da transmissão da Dcomp retificadora. [Acórdão nº 1251518, de 19/12/2012 – DRJ RJ1] HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. TERMO INICIAL. Admitida a retificação da Declaração de Compensação, o termo inicial da contagem do prazo de homologação será a data da apresentação da Declaração de Compensação retificadora. Recurso Voluntário Negado provimento. [Acórdão nº 3102001.679, de 19/02/2013 – CARF] Desta forma, não verifico homologação tácita nem em relação aos pedidos de restituição e nem das compensações, pois além de o r. Despacho Decisório ter sido proferido antes do prazo qüinqüenal, os pedidos de restituição foram retificados em 2006, alterando o valor e o tipo dos crédito e, por conseqüência, afetam os pedidos de compensação. Ou seja, a retificação das DCOMPs não foram por motivos de erro formal (erro no preenchimento, por exemplo), mas foi ocasionada por erro material, que alterou o tipo de crédito que se pretendia restituir e compensar. Desta forma, conforme determina o artigo 80 da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal 900/2008, abaixo colacionado, a contagem do praza para homologação tácita se renova a partir da apresentação da PER/DCOMP retificadora. Art. 80. Admitida a retificação da Declaração de Compensação, o termo inicial da contagem do prazo previsto no § 2° do art. 37 será a data da apresentação da Declaração de Compensação retificadora. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 119 16 Desta feita, nego provimento ao pedido de que teria ocorrido homologação tácita no presente caso. Mérito: Consoante destacado na Informação Fiscal, o saldo negativo de IRPJ do ano calendário 1999, exercício 2000, “já foi apreciado no processo administrativo nº 10380.901897/200611, em nome dos mesmos interessados, cujo Decisum, com cópia às fls. 23/24, culminou com o NÃO RECONHECIMENTO do direito creditório ora em pauta”, situação que fundamentou a não homologação da compensação neste processo tratada. Assim, aplicase a este o que for decidido no processo de final 200611. Em relação as alegações de que a empresa IRACEMA, vendedora, teria parcelado o IRRF relativo as multas contratuais da operação de compra e venda do terreno, entendo que tais créditos não podem ser opostos face ao Fisco, pois os atos jurídicos, que geraram a multa contratual prevista no instrumento de compra e venda do terreno, restaram comprovadamente inexistentes, eis que foram praticados por meio de fraude, com dolo, simulação e conluio. Vejamos as constatações da Fiscalização que restaram comprovas nos autos por meio do Relatório de Análise Tributária, relativas as operações empresariais: I) operações sucessivas com o mesmo objeto (bem imóvel)— os imóveis objeto dos alegados Contratos são sucessivamente "vendidos" e "comprados" pelas empresas do Grupo CEC, com a utilização da técnica da cessão de créditos para implementar a venda sucessiva 6 primeira; II) limitação subjetiva quanto às partes nos negócios — as características inusuais de cada um dos negócios, reclamavam a condição de que, alienante e adquirente, se circunscrevessem às empresas do interior do Grupo CEC (operações domésticas); III) ausência absoluta de qualquer fluxo financeiro decorrente do pretenso negócio imobiliário dada a falta de realização de qualquer atividade econômica nas empresas do Grupo CEC hábeis a gerar receitas de qualquer ordem salvo, obviamente, as simuladas "receitas de vendas de imóveis" não há qualquer pagamento do preço atribuído ao imóvel por parte do "adquirente". De outro lado, à mingua de, sequer, o recebimento do valor da "entrada", não há nenhum procedimento de cobrança por parte do alienante; iv) precedência de reavaliações do valor contábil dos imóveis sempre em relação ao momento das alegadas vendas para operacionalizar as vendas dos bens imóveis o alienante sempre recorria à técnica de reavaliações meramente formais do valor contábil; Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 120 17 v) vendas a prazo com implicações financeiras definidas em relação às partes, mas nunca resolvidas no tempo — os encargos contratuais constituíam receita financeira para o alienante e despesa financeira para o adquirente. Mas aquele que reconhecia a receita (apenas pro visionando o crédito) tinha seu resultado fiscal neutralizado por despesas originárias de outros contratos imobiliários em circularização; vi) preço dos bens imóveis fora da realidade econômica mesmo a despeito das condições jurídicas em que se encontravam os imóveis ao tempo das "vendas", as alienações se deram por valores astronômicos, onde alguns imóveis alcançaram a expressiva cifra de mais de R$20.000.000,00, sendo que os "adquirentes" sequer tinham receitas geradas para assunção de tamanho negócio; vii) previsão desproporcional, desarrazoada e sem qualquer justificativa no Direito dos Contratos de pagamentos de multas pelo alienante cláusula do Contrato previa "pura e simplesmente" o pagamento de multas pelo alienante. Independentemente do pagamento da"entrada" pelo adquirente, a exigência dessa multa era imperativa. Os valores das multas praticamente se aproximavam do prego de venda do bem. Há caso em que a multa chegou a R$ 14.080.000,00 e o prego de venda do imóvel teria sido de R$ 8.800.000,00; viii) incompatibilidade da consideração simultânea entre a permanência dos efeitos do Contrato de Compra e Venda e da eficácia da clausula previsora da multa como o objeto do Contrato (compra e venda do imóvel) seguiu produzindo os efeitos queridos (nas contabilidades o alienante registrou o Direito Creditório a Receber e suas correções, enquanto o adquirente registrou a Obrigação junto àquele, alem dos encargos decorrentes da mora), não há como conceber qualquer fato gerador da incidência da multa imputada ao alienante, porque não incidira em inadimplência contratual, mormente porque o "adquirente", sequer pagara qualquer centavo pela "entrada" prevista nos Contratos. Não podia a adquirente reclamar a multa, se não adimplira sua obrigação de pagar a "entrada". A escrituração mostra o absurdo do fato de que a multa devida pelo "alienante" é abatida (descontada) do montante do crédito a receber do adquirente. Na verdade, a presença dessas "multas" nesses Contratos fictícios cumprem uma função especial (vantagem prédefinida) querida pelas partes; ix) uso de preço artificial dos bens imóveis "vendidos" para proporcionar vantagens predefinidas as cifras (monetárias) com que os bens eram "vendidos" foram previamente mensuradas, de modo que fossem hábeis a garantir vantagens financeiras ao Grupo CEC, vantagens essas dignas de se constituir em fonte de recursos para serem negociadas junto a terceiros. Como se poderá ver logo à frente, constituíram também esses negócios em grande vantagem para o Grupo Marquise, o qual é identificado como o próprio "terceiro" negociador com o Grupo CEC, intervindo diretamente como parte interessada no produto gerado por aquelas transações imobiliárias fictícias; x) vantagem tributária especifica da existência de Cláusula previs ora de multas as multas contratuais atuaram no planejamento tributário como pretenso fato constitutivo da incidência de Imposto de Renda Retido na Fonte, tendo como beneficiário os supostos adquirentes. Esses créditos de tributos compuseram os Ativos (Tributos a Recuperar) das empresas do Grupo CEC que, logo depois, sofrem Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 121 18 Cisão Parcial, segregando exclusivamente (na prática) o exato montante daquele crédito de tributo, o qual comporá o Ativo de outra empresa, especialmente constituída para absorver o crédito fiscal transferido. 0 passo seguinte, ou é a venda do "controle acionário" da nova empresa (então surgida da Cisão) para empresas do Grupo Marquise, para, em ato continuo a essa aquisição, o Grupo Marquise adquirente promova a incorporação dessa "nova empresa", ou, de modo diferenciado, a incorporação direta dessa "nova empresa" por empresas do grupo Marquise. Cumpridas essas etapas, aparentemente licitas, conforme a legislação de regência, fica o Grupo Marquise com a disponibilidade do crédito de IRRF remotamente gerado nos negócios imobiliários entre as empresas do Grupo CEC; xi) vantagens tributárias especificas das aquisições em si dos Imóveis constantes dos Contratos de Compra e Venda celebrados entre as empresas do Grupo CEC a mera aquisição (fictícia, porque s6 existente no papel) dos imóveis cumpriram no planejamento tributário função própria. Pela compra e titulandoa como "insumo" ou bem adquirido para revenda o pretenso adquirente se creditava de PIS e COFINS Não Cumulativo, conduta pela qual garantiu apreciáveis valores de Créditos de Contribuições de PIS/COFINS nos Ativos de algumas empresas do Grupo CEC. Mas a mera aquisição como fundamento dos créditos de PIS/COFINS não era bastante para os agentes participes do planejamento tributário fraudulento. Como não havia nenhum fluxo de recursos nessas Compra e Venda (tal como já explicamos) os negócios eram feitos a Prazo. Isso fazia o adquirente incorrer em encargos financeiros decorrentes da compra, sendo tais encargos até onde a legislação permitiu (julho/2004) fatos geradores de créditos de PIS/COFINS. A dupla conduta garantiu mais um conjunto apreciável de Tributos a Recuperar (Créditos de PIS/COFINS) para algumas empresas do Grupo CEC. A partir dai constatou o Fisco seguemse as mesmas etapas (cisão/incorporação com fins distintos dos ordinários atribuídos a esses institutos) referidas no inciso anterior, quando descrevemos os caminhos percorridos por estes créditos de tributos que, ao final, chegam para disponibilização pelas empresas do Grupo Marquise. E, uma vez compondo (aparentemente de forma incensurável) o patrimônio do Grupo Marquise, os pedidos de Restituição/Compensação tornaramse mera implementação final da fraude seguida de conluio na geração/utilização dos créditos fiscais fictícios; xii) existência explicita de uma "causa simulandi" expressa a fundamentar o planejamento tributário fraudulento engendrado entre as empresas do Grupo CEC e as do Grupo Marquise comprovamos a existência de cobrança executiva (judicial Processo n° 2006.0020.13266/0) de valores por parte da Construtora Marquise junto a "controladora" do Grupo CEC "CEC INTERNACIONAL S/A". Esses "valores" não representavam qualquer operação que tivessem origem na atividade operacional da Construtora (venda de Aptos à CEC ou realização de obras civis, por exemplo). A divida da CEC perante a Construtora decorria, na verdade, de "PROMESSA DE VENDA DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS GERADOS PELA CEC E NEGOCIADOS PARA A CONSTRUTORA" Os créditos negociados eram de CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Ocorre que, uma vez indeferidos pela DRF FORTALEZA os créditos presumidos de IPI pretensamente alegados pelo Grupo CEC, restou a CEC INTERNACIONAL S/A como devedora Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 122 19 da Construtora Marquise, dando azo ao Processo de Execução desta contra aquela. Mas as partes encerraram o Processo Judicial mediante acordo em juízo (Composição Amigável, cf docto. anexo! Dessa forma, uma vez indeferido na DRF Fortaleza o pleito creditório relativo ao tributo IPI, planejaram as partes resolver o Contrato de Promessa de Venda de Créditos Tributários Federais, mediante a utilização de tributos diversos daquele. Dai todo o estratagema de gerar num primeiro momento IRRF a partir de pretensas Multas sobre Contratos de Compra e Venda de Imóveis (todos simulados), além de PIS e COFINS Não Cumulativo pela simples aquisição (fictas) desses imóveis. Num segundo momento, cisões (seletivas) seguidas de incorporações (préordenadas) fizeram com que os CRÉDITOS FISCAIS (agora de iRRF e PiS/C0FiNS) chegassem ao Grupo Marquise; presença de fortes indícios da lavratura de documentos "antedatados" na conduta que formalizava os Contratos, o que revela outra característica de hipótese legal de simulação para que se operassem as cisões (seletivas) seguidas de incorporações (préordenadas), convinha primeiramente, que Contratos Fictícios de Compra e Venda de Imóveis levassem datas antigas, para que implementassem o nascimento de créditos de IRRF e/ou de PIS/COFINS Não Cumulativo. Há casos de Contratos de Compra e Venda de Imóveis datados de 1998, sendo que, os efeitos quanto aos alegados "Créditos de IRRF sobre Multas" que teriam suposta incidência nos anos de 1999/2000/2001 e 2002 só foram reconhecidos em DIRFs entregues globalmente em fins de 2003. Há outro caso de Contrato da mesma natureza, em que se consigna em Cláusula especifica, a cobrança de Multa, a qual fora levada em cômputo à Despesa Financeira, exatamente no mês de JULHO/2004. Este momentolimite é o mês/ano em que a legislação permitiu que "Encargos Financeiros" dessem origem a créditos fiscais de PIS/COFINS. Evidentemente, esses créditos (de IRRF/PIS/COFINS), tão engenhosamente gerados a partir daqueles Contratos simulados quanto ao objeto, pela via de Cisão (seletiva) que, logo após, seguiuse de Incorporação (préordenada), chegou aonde se almejava chegar: ao beneficiário Grupo Marquise. Segundo o referido Relatório, no tocante à negociação do terreno ora em pauta entre as empresas Iracema Florestamento e Reflorestamento Ltda. e a RCA International Commodities S/A, o negócio operouse totalmente a prazo, sem qualquer fluxo de recursos financeiros, sendo que a compradora não tinha condições financeiras para concretizar a compra no valor estipulado, cabendo acrescentar e citar os seguintes fatos dignos de destaque extraídos do referido Relatório: i) executada sem qualquer registro, a operação não alterou a titularidade real do imóvel contida na Certidão do Cartório de Registro de Imóveis. Ou seja, o bem permanece titulado pela IRACEMA FLORESTAMENTO E REFLORESTAMENTO LTDA. E não pela simulada adquirente RCA International Commodities S/A. Aliás, essa alegada venda (supostamente ocorrida em 28.12.1998) seria, na verdade o desfazimento do negócio real registrado em Cartório na data de 03.08.1998 onde a IRACEMA adquire da RCA; ii)esse fato é de tal importância para se compreender que venda nenhuma houve da IRACEMA para a RCA, dado que, em 1999, aquela titular do imóvel (Iracema Florestamento) promove ato de disposição Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 123 20 do bem, com o seu desmembramento em 03 (três) subglebas contíguas (Gleba A, com 500 Ha, Matricula 4417; Gleba B, com 300 Ha, Matricula 4418 e Gleba C, com 2200 Ha, Matricula 4419); iii) o valor da "venda" do imóvel alcança a cifra de R$ 20.650.000,00. Tendo em vista que a "venda" teria se dado em 28.12.1998, época em que havia uma estreita paridade entre as moedas "real" e "dólar americano", cabe dizer que a GLEBA CARAÍBA teria sido vendida por cerca de US$ 20,000,000.00 (vinte milhões de dólares americanos). A escolha de um valor assim irreal e grandioso tinha sua razão de ser: proporcionar a criação de multas proporcionais ao prego de venda, igualmente imensuráveis com finalidade préordenada; iv) o Contrato, evidentemente, traz cláusula previsora de MULTA aplicável à parte alienante (IRACEMA) em beneficio da parte adquirente (RCA), se aquela não transferir a posse e a propriedade para esta última. Esta multa, de valor praticamente igual ao "valor da venda" do imóvel constitui, na visão das partes, fato gerador de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF); v) a multa se fez incidida (com o conseqüente IR Fonte) mesmo que a parte adquirente (beneficiária da multa) não tenha cumprido a sua obrigação de pagar o valor da "entrada" a que se obrigara pelo Contrato. Ignorando a cláusula da "exceptio non adimpleti contractus" e seus efeitos próprios, a incidência imediata da multa, a despeito de ser qraciosa e ilegítima, cumpriu papel fundamental estranho ao Contrato em si de Compra e Venda, que foi o de gerar crédito fictício de IRRF para posterior transferência ao Grupo Marquise; vi) ainda que incidente a multa (tida como Cláusula Penal pela inadimplência da vendedora, substitutive, pois, da obrigação principal, que era a de "entregar "o imóvel 5 parte compradora), o Contrato seguiu produzindo os efeitos próprios de uma Compra e Venda a prazo. Ou seja, o alienante reconhece receitas financeiras pelo não recebimento do prego, enquanto que o adquirente se apropria de encargos financeiros pelo pagamento que não fizera. Convém registrar que os efeitos de reconhecimento de receitas são neutralizados por outras operações igualmente fictas. A incompatibilidade entre a incidência da multa e a continuidade do Contrato salta aos olhos do simples intérprete do Direito dos Contratos. Fato curioso neste contexto é que, perdida no emaranhado de atos simulados, a empresa MAXIMAR, sucessora da IRACEMA, apresenta ao Fisco cópias de recibos nos quais a RCA teria feito alguns pagamentos para a IRACEMA entre janeiro a agosto de 2004. Mas cabem duas observações sobre esses supostos pagamentos: são eles todos simulados porque os recursos vêm da empresa CAPITALIZE (Grupo Marquise) e a ela retornam; fossem eles verdadeiros, desmentiriam a hipótese de rescisão do contrato, a qual é o fato gerador da pretensa multa e do IRRF dela pretensamente decorrente; vii) em verdade verdadeira, ainda que legitima fosse (no campo contratual) a incidência dessa multa, não teria ela o condão de fazer incidir a regra do IRRF sobre Multas prevista no art. 70 da Lei n° 9.430/96. Se o elemento fatico que faria incidir a multa era a inadimplência do alienante prevista na Cláusula Segunda do Contrato (a falta de transferência em 180 dias da posse e propriedade do imóvel, mesmo que como já registramos o adquirente e beneficiário da multa não tivesse paqo sequer o valor da "entrada" pela aquisição do imóvel), a conduta omissiva do alienante (IRACEMA) geraria uma Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 124 21 multa contratual que não se adequa à hipótese de incidência (HI) prevista na referida lei. Para que esta HI seja ativada, exigese a efetiva rescisão do contrato (art. 70, ca put). E, como já demonstramos, esse fato da rescisão contratual não se configurou no caso concreto. Outrossim, ainda que alegasse a adquirente a reparação de danos patrimoniais, também não seria caso de incidência da multa legal, conforme expressa exclusão prevista no art. 70, § 5° da Lei n° 9.430/96; viii) observando as condutas que foram direcionadas ao Fisco, praticadas pelas empresas alienante (IRACEMA) e adquirente (RCA) constatamos a presença de fortes indícios do uso de documentos antedatados (os Contratos de Promessa de Compra e Venda). 0 respaldo fático para essa conclusão reside na concentração de atos realizados no anocalendário de 2003 e 2004, quando as DIRFs foram entregues em bloco e as DIPJs retificadas dessa mesma forma. Notar que os Srs. ANTONIO EUGENIO CARNEIRO PORTO, SEBASTIÃO OLIVEIRA SOUSA E MARIA DO SOCORRO VASCONCELOS OLIVEIRA são titulares comuns de ambas as empresas envolvidas (IRACEMA e RCA); ix) diante dessas constatações, fácil ficou para o Fisco visualizar o motivo mesmo desta PRIMEIRA VENDA do imóvel GLEBA CARA IBA. 0 mote do planejamento tributário era gerar créditos fictícios do tributo IRRF, desde tempos remotos até o anocalendário de 2002 (dai a concentração de atos no ano de 2003 e 2004). 0 instrumento (meio) para tal seriam os Contratos de Promessa de Compra e Venda ante datados para o ano de 1998. 0 objetivo final era a transferência desses IRRF do Grupo CEC. para o Grupo Marquise em etapa posterior. Os valores originários de IRRF fictos gerados em beneficio da RCA estão na Tabela abaixo com dados da DIRFs (valores em R$); DIRFs ENTREGUES POR IRACEMA/MAXIMAR BENEFICIÁRIO RCA [...] Comentados esses detalhes relativos a PRIMEIRA VENDA DA GLEBA CARAÍBA da empresa IRACEMA para a empresa RCA, e, como se já não fossem bastante para a demonstração da natureza simulatória da opera cão (a qual visava mesmo a geração ficta de IRRF para "negociação" junto ao Grupo Marquise), passamos a detalhar as circunstâncias da SEGUNDA VENDA DO IMOVEL GLEBA CARAÍBA. Dissemos que o Contrato relativo a primeira venda não fora rescindido de fato (circunstância que, como demonstramos, exclui a eficácia da multa contratual para gerar IRRF). Dissemos também que o valor da venda, compreendendo a integralidade da área da GLEBA CARAÍBA (3.000 ha) foi considerado no Contrato como sendo de R$ 20.650.000,00. Dissemos ainda, que o terreno fora desmembrado em 03 (três) subglebas de áreas menores (com 500 ha; 300 ha e 2200 ha). Pois bem. Em data de 31.08.2004 a empresa MAXIMAR (na qualidade de sucessora da IRACEMA, titular de direito da Gleba Caraiba com área Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 125 22 total) vende conforme mera informação em DOI, mas sem a devida transcrição no Registro Imobiliário, a porção "B" da Gleba Caraiba desmembrada (também denominada Gleba Caraiba 2), com 300 ha objeto da Matricula n° 4418, para a mesma empresa RCA INTERNATIONAL COMMODITIES, pelo valor de R$ 20.650.000,00. A constatação do fato desta SEGUNDA VENDA da Gleba Caraíba constitui um verdadeiro acinte à inteligência do Fisco. Nesta transação há evidências grosseiras da presença de fraude e simulação, além de incompatibilidades lógicas entre as condutas quando observadas panoramicamente. Vejamos as principais aberrações e o objetivo dissimulado desta SEGUNDA VENDA: i) em primeiro lugar, a inconsistência mesma do negócio como legitima operação de Compra e Venda do imóvel. É que a Gleba Caraiba (total com 3000 ha) já tinha sido "alienada" na PRIMEIRA VENDA em opera cão envolvendo as mesmas partes o Contrato respectivo não fora rescindido, o que constitui fato impeditivo da concepção de uma segunda venda. Dentro daquele primeiro negócio simulado (dado que só serviu para gerar o IRRF formatado para transferência ao Grupo Marquise) as partes — uma vez perdida em seus próprios atos fraudulentas — promove o absurdo de apresentar ao Fisco recibos igualmente simulados de "pagamento" parciais feitos em 2004, pela primeira aquisição. Se assim fosse, como justificar essa SEGUNDA AQUIS100?; ii) outra questão vazia de significado é quanto ao valor da venda, quando consideradas as áreas das Glebas "vendidas" (em 1998 e 2004). Já tendo "comprado", em 1998, a Gleba Caraiba total (com 3000 ha) por R$ 20.650.000,00 junto à IRACEMA, a RCA resolve comprar "de novo" uma porção daquilo que já dispunha. É que em 31.08.2004, vista do desmembramento do terreno, ela "adquire" da IRACEMA a Gleba Caraiba "B" ou Gleba Caraiba 2, com apenas 300 ha. Mesmo a despeito de comprar o que já teria em totalidade, neste novo momento, por uma área de apenas 10% (dez por cento) daquele todo (a Gleba Caraiba total tem 3000 ha) ela se com promissa em 2004 com a obrigação de pagar o mesmo preço avençado quando comprara "o todo" em 1998. Ou seja, se obrigou a pagar R$ 20.650.000,00 por apenas 300 (trezentos) hectares de terra, que compõe a Gleba Caraiba "B". Não há como admitir veracidade neste negócio; iii) mas outro objetivo (dissimulado, escondido) movia os Grupos Empresariais envolvidos para entabular essa nova venda. Esse motivo é que, pela "aquisição" da Gleba Caraiba "B", a RCA se creditou de PIS e COFINS Não Cumulativo, almejando o repasse, em ato continuo, para o Grupo Marquise; iv) considerando o imóvel como se mercadoria fosse para aquele efeito credit6rio, a RCA se credita de exatos R$ 347.822,00 de PIS e de R$ 1.675.877,00 de COFINS. Logo depois, vem sua (da RCA) Cisão Seletiva, por meio da qual, criase a empresa efêmera CONCE CONSTRUTORA NACIONAL CEARENSE S/A, cujo Capital soma R$ 2.023.699,00 (curiosamente o somatório daquelas duas cifras relativas aos créditos de PIS/COFINS). Durando apenas pouco mais de 03 (três) meses, e sem qualquer atividade operacional (ou não operacional) vem a CONCE (então recheada de créditos fictícios de PIS/COFINS) a ser incorporada pela MULTIPLA COMERCIAL EXPORTADORA S/A. Desta ultima, que serviu apenas como mera Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 126 23 ponte, o recheio da CONCE seguiu para a Construtora Marquise que, incorporando a MÚLTIPLA, traz definitivamente para si, aqueles preciosos créditos fictos de tributos. Com estas observações o Fisco põe a nu a real finalidade das opera coes de Compra e Venda do imóvel Gleba Caraiba, envolvendo diretamente as empresas IRACEMA/MAXIMAR e RCA, com efeitos e reflexos diretos e préordenados nas empresas do Grupo Marquise. Mas não pararam por ai. Inacreditavelmente, outras operações de Compra e Venda envolvendo as porções desmembradas da Gleba Caraíbas se sucederam. Em 10/09/2004 a empresa Agropecuária e Reflorestadora Parente S/A (sucessora da RCA remanescente) "vende" para a BEX Internacional S/A a Gleba Caraíba "A" (Gleba Caraiba 01), com 500 ha, pelo valor de R$ 20.650.000,00. Em 06/12/2004, a BEX Internacional S/A vende A Gleba Caraiba "A" (Gleba Caraíba 01) para a Xingu Empreendimentos Imobiliários Ltda, a qual se apropria de créditos de PIS/COFINS Não Cumulativo, transferindoos, por eventos de sucessão empresa NO VAX CONSTRUÇÕES E EDIFICAÇÕES S/A, que, depois, os transfere para a Construtora Marquise. Em 30/11/2003, a BEX Internacional S/A vende A Gleba Caraiba "B" (Gleba Caraiba 02) para a PANAGRA DO BRASIL S/A. Por esse negócio a adquirente (PANAGRA) se escritura de encargos financeiros e Multa geradores, até Julho/2004, de créditos de tributos PIS/COFINS. Por evento de sucessão (Cisão Parcial Seletiva) os créditos fiscais fictícios chegam à Construtora Marquise. Em 29/10/2004, a empresa PANAGRA DO BRASIL S/A "vende" para a CEC Internacional S/A a Gleba Caraiba "B", pelo valor de R$ 23.660.000,00. Tudo em operações de faz de conta, mas todas com objetivos implícitos: gerar créditos fictícios de tributos, além de manter valores meramente escriturais na contabilidade de cada uma delas, de forma a permitir a inserção de transações de interesse do Grupo Marquise, com quem aquelas empresas do Grupo CEC se interrelacionam com freqüência mediante negócios de consistência simulada. Como se viu, os Contratos/promessas de Compra e Venda do terreno, constituindose com documentos remotos, que originaram todas as demais operações que envolveram os Grupos Empresariais (CEC e Marquise), nos leva à conclusão de que nenhuma operação imobiliária de fato ocorreu, dado o elenco de provas indiciárias graves, precisas e concordantes entre si, apontadas pelo Relatório de Análise Tributária. Diante dessas constatações, não pode o Fisco têlos (os contratos) como produtores dos efeitos pretendidos pelas partes. Em conseqüência, não se pode homologar as compensações vinculadas ao crédito descabido. No caso vertente, inexiste pagamento indevido, muito menos saldo negativo do IRPJ, no anocalendário 1999, ou em qualquer ano entre 1999 e 2002. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 127 24 Destarte, tendo em vista as operações praticadas pelos grupos empresariais, podese concluir, assim como a Fiscalização, que: a) inexiste o crédito alegado pela Interessada, uma vez que, como restou fartamente demonstrado nos autos, ele decorreria de um ato simulado (venda fictícia de imóvel), engendrado com o concurso de terceiros, por meio de conluio, objetivando burlar a Fazenda Nacional, para extinguir débitos tributários legítimos, por meio de pretensos créditos cuja titularidade teria sido adquirida pela Construtora Marquise S/A, em processo de sucessão societária; b) inexiste motivação jurídica para a imposição da multa contratual que teria dado causa à incidência do IRFF, que veio a constituir o pretenso direito de crédito adquirido pela Construtora Marquise S/A, uma vez que a pretensa adquirente do imóvel (RCA International Commodities S/A), nem ao menos cumpriu a obrigação de pagar à pretensa alienante (Iracema Florestamento e Reflorestamento Ltda) o valor correspondente à entrada do correspondente valor da operação; assim, é óbvio que, se se tratasse de uma transação normal, não cabia a esta transferir a posse e a propriedade do imóvel para terceiros, sem qualquer contrapartida da parte adquirente, o que torna injustificável o acatamento pacifico do reconhecimento da divida relativa 6. aludida multa; c) inexiste hipótese Mica para a incidência do IRF na situação tratada nos autos, em razão de a multa de que se cuida — ainda que fosse legitima não corresponder a rescisão de contrato, única situação eleita pelo legislador como hipótese de incidência do tributo no caso de pagamento ou crédito de multas contratuais, nos termos do art. 70 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996. Ou seja, como a operação de compra e venda do terreno não existiu devido a fraude e simulação da compra e venda, logo a multa que acompanha o contrato, também não. Devido a tal fato, não se configurou hipótese de incidência do IRRF a ser parcelado pela vendedora do terreno IRACEMA. (cláusula onde prevê multa quando a vendedora não entrega o bem estipulada no contrato que foi vendido). Desta forma, como entendo que não deveria incidir o IRRF, pois não existiu hipótese de incidência de tal imposto, o parcelamento feito pela empresa IRACEMA, não pode gerar crédito para a empresa incorporadora da compradora (RCA Recorrente Construtora Marquise), face ao Fisco. A empresa IRACEMA, que parcelou IRRF, pagou/parcelou equivocadamente, devendo ela pedir a restituição de tais valores. Os valores parcelados pela empresa vendedora IRACEMA, não fazem parte da discussão dos autos e não podem compor o saldo negativo do IRPJ da compradora RCA, que foi incorporada pela Recorrente, que pretende compensar com seus débitos de imposto. Também é importante ressaltar, que o artigo 136, da Seção III do CTN, que trata de responsabilidade de terceiros, descreve que a responsabilidade por infrações independe Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 128 25 da intenção do agente, da natureza, extinção e extensão dos feitos do ato. (responsabilidade objetiva). Esta responsabilidade objetiva prevista no dispositivo acima indicado, tem presunção relativa (artigos 108, IV e 112 do CTN) e pode ser afastada quando comprovada pelo sujeito passivo, que agiu de boafé, não participou dos atos ilícitos e que não tinha condições de saber, no momento em que determinado ato foi praticado, das ilicitudes que geraram determinados créditos. Ocorre, que no presente caso, ficou constatado no Relatório de Análise Tributária da SAPAC, que o grupo empresarial do qual a Recorrente pertence (Grupo Marquise), que incorporou a compradora do terreno RCA, fez parte (conluio) das operações fraudulentas que criaram os créditos tributários irregulares, agravando ainda mais a situação da Recorrente, não tendo como aceitar determinados créditos e compensações. Neste diapasão, entendo que os valores do parcelamento do IRRF, não deveriam compor o saldo negativo do IRPJ, relativo ao pedido de restituição retificado, feito pela RCA, e muito menos ser transportado para empresa incorporadora, a Construtora Marquise, que também participou do sistema que gerou os créditos, para requerer a compensação. No mais, adoto os fundamentos do v. acórdão recorrido, os quais entendo que devem ser mantidos. Em relação as alegações de que a sucessão da empresa RCA, não poderiam prejudicar a Recorrente, também entendo que não devem ser providas. Restou comprovado nos autos, que tanto as pessoas físicas, como as empresas dos dois grupos, tinham participação nas operações fraudulentas e detinham participação acionária em ambas empresas, na RCA, nas demais e na incorporadora final Construtora Marquise, não tendo como a Recorrente alegar que não poderia ser responsabilizada por atos da empresa que incorporou. No presente caso, fico comprovado que a Recorrente incorporadora e seus representantes, participaram direta e indiretamente das irregularidades tributárias que geraram os créditos indevidos. Também é importante ressaltar, que todos os atos societários e participações da simulação de promessa/compra e venda do terreno, que ocasionaram as créditos indevidos estão devidamente relacionados e comprovados nos processos abaixo indicados, onde somando todas informações neles contidas, podese facilmente detectar que todas as empresas dos dois grupos agiram em conjunto para fraudar o erário e deixar de pagar impostos. (seguem os processos) 10380.009193/200694 RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A 10380.901897/200611 RCA INTERNATIONAL COMMODITIES S/A 10380.901733/200693 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901737/200671 PANAGRA DO BRASIL S/A Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10380.009193/200694 Acórdão n.º 1402002.480 S1C4T2 Fl. 129 26 10380.901739/200661 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.901735/200682 PANAGRA DO BRASIL S/A 10380.720384/200872 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.720385/200817 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.720499/200867 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722709/201076 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722703/201007 CAPITALIZE FOMENTO COMERCIAL LTDA. 10380.722244/201053 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722365/201003 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722355/201060 CONSTRUTORA MARQUISE.S/A 10380.722361/201017 CONSTRUTORA MARQUISE S/A 10380.721600/201011 CONSTRUTORA MARQUISE S/A Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento, mantendo integralmente o v. acórdão recorrido, negando deferimento aos pedidos de restituição e não homologando as compensações. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.723944/2010-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2006
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GUIA DE RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO E INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL (GFIP). INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VERBA DE CARÁTER REMUNERATÓRIO.
Sob a égide da legislação aplicável ao período da autuação, constitui infração, punível com multa, a apresentação da GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, caracterizada pela omissão de valores relativos à remuneração paga a segurado contribuinte individual, na condição de sócio-administrador, por serviços prestados à empresa.
SÓCIO-ADMINISTRADOR. SEGURADO OBRIGATÓRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
É segurado obrigatório da Previdência Social, na categoria de contribuinte individual, o sócio-administrador da empresa que, nessa condição, recebe remuneração pelo serviço prestado, incidindo sobre a remuneração auferida a contribuição da empresa e, observado o limite máximo do salário-de-contribuição, a contribuição devida pelo segurado.
MÚTUOS. EMPRÉSTIMOS AO SÓCIO. PARCELA INTEGRANTE DA REMUNERAÇÃO.
Constituem remuneração pelos serviços prestados e integram o salário-de-contribuição do segurado contribuinte individual as apropriações de numerários da empresa, destinados ao pagamento de despesas, benefícios e investimentos de natureza particular em favor de seu dirigente e registradas em contas de empréstimos ao sócio-administrador da pessoa jurídica, quando não restar comprovado o seu retorno em devolução ao patrimônio do sujeito passivo.
O mutuário não está obrigado a devolver a própria coisa, porém há necessidade de equivalência em gênero, quantidade e qualidade. Embora possível a quitação de mútuo por dação em pagamento, não é razoável, absolutamente incompreensível, a empresa, na condição de mutuante, emprestar dinheiro, num total de milhões de reais, e receber, como quitação pelo mutuário, sócio-administrador da pessoa jurídica, título ao portador emitido pela Eletrobrás, dotado de alta probabilidade de iliquidez e inexigibilidade, ainda sendo obrigada a empresa, por disposição contratual, a assumir todos os ônus da demanda judicial para recebimento do título.
Numero da decisão: 2401-004.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira (suplente), Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2006 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GUIA DE RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO E INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL (GFIP). INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VERBA DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. Sob a égide da legislação aplicável ao período da autuação, constitui infração, punível com multa, a apresentação da GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, caracterizada pela omissão de valores relativos à remuneração paga a segurado contribuinte individual, na condição de sócio-administrador, por serviços prestados à empresa. SÓCIO-ADMINISTRADOR. SEGURADO OBRIGATÓRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. É segurado obrigatório da Previdência Social, na categoria de contribuinte individual, o sócio-administrador da empresa que, nessa condição, recebe remuneração pelo serviço prestado, incidindo sobre a remuneração auferida a contribuição da empresa e, observado o limite máximo do salário-de-contribuição, a contribuição devida pelo segurado. MÚTUOS. EMPRÉSTIMOS AO SÓCIO. PARCELA INTEGRANTE DA REMUNERAÇÃO. Constituem remuneração pelos serviços prestados e integram o salário-de-contribuição do segurado contribuinte individual as apropriações de numerários da empresa, destinados ao pagamento de despesas, benefícios e investimentos de natureza particular em favor de seu dirigente e registradas em contas de empréstimos ao sócio-administrador da pessoa jurídica, quando não restar comprovado o seu retorno em devolução ao patrimônio do sujeito passivo. O mutuário não está obrigado a devolver a própria coisa, porém há necessidade de equivalência em gênero, quantidade e qualidade. Embora possível a quitação de mútuo por dação em pagamento, não é razoável, absolutamente incompreensível, a empresa, na condição de mutuante, emprestar dinheiro, num total de milhões de reais, e receber, como quitação pelo mutuário, sócio-administrador da pessoa jurídica, título ao portador emitido pela Eletrobrás, dotado de alta probabilidade de iliquidez e inexigibilidade, ainda sendo obrigada a empresa, por disposição contratual, a assumir todos os ônus da demanda judicial para recebimento do título.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira (suplente), Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
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GFIP. CFL 68 Recorrente LOGIKA DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2006 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GUIA DE RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO E INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL (GFIP). INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VERBA DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. Sob a égide da legislação aplicável ao período da autuação, constitui infração, punível com multa, a apresentação da GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, caracterizada pela omissão de valores relativos à remuneração paga a segurado contribuinte individual, na condição de sócioadministrador, por serviços prestados à empresa. SÓCIOADMINISTRADOR. SEGURADO OBRIGATÓRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. É segurado obrigatório da Previdência Social, na categoria de contribuinte individual, o sócioadministrador da empresa que, nessa condição, recebe remuneração pelo serviço prestado, incidindo sobre a remuneração auferida a contribuição da empresa e, observado o limite máximo do saláriode contribuição, a contribuição devida pelo segurado. MÚTUOS. EMPRÉSTIMOS AO SÓCIO. PARCELA INTEGRANTE DA REMUNERAÇÃO. Constituem remuneração pelos serviços prestados e integram o saláriode contribuição do segurado contribuinte individual as apropriações de numerários da empresa, destinados ao pagamento de despesas, benefícios e investimentos de natureza particular em favor de seu dirigente e registradas em contas de empréstimos ao sócioadministrador da pessoa jurídica, quando não restar comprovado o seu retorno em devolução ao patrimônio do sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 39 44 /2 01 0- 04 Fl. 384DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 385 2 O mutuário não está obrigado a devolver a própria coisa, porém há necessidade de equivalência em gênero, quantidade e qualidade. Embora possível a quitação de mútuo por dação em pagamento, não é razoável, absolutamente incompreensível, a empresa, na condição de mutuante, emprestar dinheiro, num total de milhões de reais, e receber, como quitação pelo mutuário, sócioadministrador da pessoa jurídica, título ao portador emitido pela Eletrobrás, dotado de alta probabilidade de iliquidez e inexigibilidade, ainda sendo obrigada a empresa, por disposição contratual, a assumir todos os ônus da demanda judicial para recebimento do título. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira (suplente), Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente). Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 386 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário manejado em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (DRJ/CTA), cujo dispositivo julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 0632.779 (fls. 66/87): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2006 AIOP 37.281.5057 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE Não é nulo o processo administrativo fiscal cujos atos e termos foram lavrados por servidor competente, que contenha todos os elementos necessários à compreensão da origem do crédito exigido e cujos despachos e decisões não impliquem preterição do direito de defesa. IMPUGNAÇÃO. PROVAS. OPORTUNIDADE Com a impugnação ocorre a oportunidade da apresentação de provas, precluindo o direito de o impugnante apresentálas em outro momento processual. Em caso de processos resultantes de ações fiscais distintas, instauradas em face de pessoas jurídicas ou naturais distintas, para apuração de tributos de natureza diferentes, devem as provas ser juntadas em cada um desses processos. MULTA GFIP X MULTA POR RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO EM ATRASO Até a edição da Medida Provisória n° 449, de 2008, não era incompatível a multa incidente sobre a contribuição recolhida em atraso com a multa devida por omissão de informações em GFIP. Tratamse ambas de penalizações distintas, incidentes de forma independente sobre uma e outra conduta infratora, de forma que são exigíveis cada uma nos processos respectivos. SÓCIOADMINISTRADOR. SEGURADO OBRIGATÓRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL É segurado obrigatório da previdência social, na categoria de contribuinte individual, o sócioadministrador da empresa que, nessa condição, recebe remuneração pelo serviço prestado, incidindo sobre a remuneração auferida as contribuições devidas pelo segurado e pela empresa. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 387 4 EMPRÉSTIMOS AO SÓCIO. PARCELA INTEGRANTE DA REMUNERAÇÃO Para fins previdenciários, constituem remuneração pelo serviço prestado e integram o salário de contribuição do segurado as apropriações de numerários da empresa, destinadas ao pagamento de despesas, benefícios e investimentos de natureza particular em favor de seu dirigente e registradas em contas de empréstimos ao sócioadministrador da pessoa jurídica, quando não restar comprovado o seu retorno em devolução ao patrimônio do sujeito passivo. GFIP COM OMISSÃO DE VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Constatado o caráter remuneratório dos pagamentos de vantagens e benefícios registrados na contabilidade do sujeito passivo em conta de empréstimo ao seu sócio, obrigase a empresa a declarar em GFIP os valores correspondentes. Apresentar a GFIP com omissão desses dados constitui infração à legislação previdenciária. MÚTUO. COMPROVAÇÃO. O mútuo é negócio jurídico que pressupõe a devolução do bem fungível tomado emprestado em equivalentes quantidade, qualidade e gênero, sendo lícito presumir a sua inexistência quando as partes demonstram por seus atos que esse pressuposto não fez parte do acordo de vontades. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 2. Extraise do Relatório Fiscal da Infração, bem como do Relatório Fiscal da Aplicação da Multa, que a autoridade lançadora procedeu à lavratura do Auto de Infração (AI) nº 37.281.5057, por ter a empresa infringido o art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ao apresentar a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), nas competências 09/2005 a 12/2006, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições sociais previdenciárias (fls. 2/5 e 15/16). 2.1 Lavrouse o auto de infração pelo descumprimento de obrigação acessória no Código de Fundamentação Legal CFL 68. A autuação é correlata ao AI nº 37.281.5065, referente à obrigação principal, em apenso, onde constam os elementos de prova da infração. 3. Segundo a autoridade lançadora, a partir do exame da contabilidade e documentos que deram sustentação aos lançamentos contábeis, foram identificados pagamentos de despesas e transferências de recursos da pessoa jurídica Logika Distribuidora de Cosméticos Ltda, ora recorrente, diretamente ao sócioadministrador Newton Bonin ou a terceiros, por sua conta e ordem, incluindo o recebimento de valores destinados a fazer frente a dispêndios relacionados à atividade rural da pessoa física, em propriedades localizadas no Estado do Paraná. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 388 5 3.1 Exemplifica o agente fiscal, a natureza dos pagamentos e transferências de recursos, dentre outras situações: pagamentos de escolas e cursos de línguas, condomínio, cartões de crédito de titularidade do senhor Newton Bonin (beneficiário) e da cônjuge, despesas com luz, gás, celular do beneficiário, cônjuge e dos filhos, telefone, impostos sobre propriedade de imóveis (IPTU) e automotores (IPVA), seguros de vida e de veículos do beneficiário, cônjuge e dos filhos, clubes, salários e respectivos encargos sociais de empregados inerentes à atividade rural do beneficiário. 3.2 Em que pese a contabilização dos valores entregues na conta 1020301003 Empréstimos a Pessoas Ligadas Newton Bonin, tais quantias representam, na verdade, vantagens individuais concedidas pela pessoa jurídica em retribuição a serviços prestados pela pessoa física, na condição de contribuinte individual, e integram a remuneração como salário indireto. 4. Cientificado da autuação em 30/9/2010, às fls. 2, o contribuinte impugnou a exigência fiscal (fls. 27/57). 5. Intimada da decisão de piso em 4/8/2011, conforme fls. 232/234, a empresa recorrente apresentou recurso voluntário em 1º/9/2011 (fls. 89/148). 5.1 Alega que, de acordo com o Relatório Fiscal, os fatos geradores não informados foram as remunerações pagas na forma de diversas transferências de recursos e pagamentos de despesas como benefícios e vantagens concedidas a Newton Bonin. No entanto, tais valores apontados pela fiscalização não correspondem à remuneração, mas sim a mútuos. 5.2 Logo, não há que se falar em dever de recolher contribuições previdenciárias, razão pela qual não houve o cometimento da falta apontada no auto de infração pertinente às obrigações acessórias. 5.3 Na sequência, a recorrente aduz os seguintes argumentos de fato e direito contra a pretensão fiscal relativa à exigência da obrigação principal: (i) em preliminar, a nulidade do auto do infração, uma vez que não foi apontado, com clareza e precisão, o dispositivo legal que fundamenta a exigência; (ii) há igualmente nulidade da peça de autuação, por cerceamento do direito de defesa, tendo em vista a sua deficiente instrução, na medida em que ausentes os documentos integrais que embasaram o auto de infração original, relativo à pessoa física do Sr. Newton Bonin, no qual se fundou e do qual é mera decorrência ou reflexo; (iii) o presente processo é decorrente daquele instaurado contra Newton Bonin, para exigência de imposto sobre a renda das pessoas físicas, com base em suposta omissão de rendimentos, de modo que o julgamento de ambos os autos de infração deverão seguir a mesma sorte; (iv) os pagamentos e as transferências não são concernentes à remuneração indireta ou a rendimentos do trabalho, mas sim a Fl. 388DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 389 6 valores entregues a título, própria e especificamente, de mútuo, comprovados por documentos e registros contábeis regulares da pessoa jurídica; (v) considerando o âmbito de aplicação da norma de incidência das contribuições previdenciárias, os valores entregues à pessoa física não representam retribuição pela prestação de serviços, consistindo em fato infenso à tributação pretendida pela fiscalização; (vi) não há óbice à quitação de contrato de mútuo via dação em pagamento de título públicos. Além disso, houve devolução parcial dos mútuos, antes da ação fiscal, mediante cheques e transferências bancárias efetuadas pelo Sr. Newton Bonin, o que não foi levado em consideração pela fiscalização e decisão de piso, nem mesmo para exclusão da tributação sobre tais valores; (vii) ao afastar os efeitos próprios dos contratos de mútuo, a autoridade fazendária ignorou a aplicação do parágrafo único do art. 116 do CTN, que exige a edição de lei ordinária disciplinando os procedimentos para desconsiderar atos e negócios jurídicos; (viii) a empresa detinha lucros ao final do período de encerramento dos exercícios de 2005 e 2006, conforme cópia do balanço patrimonial. A desconsideração dos contratos de mútuo não enseja a tributação como remuneração, e sim a título de distribuição de lucros; e (ix) é cabível, pelo menos, a exclusão da base de cálculo em relação às operações, vinculadas a atividades rurais da pessoa física, que não caracterizam pagamento de despesas particulares decorrentes de serviços prestados à empresa recorrente. 6. Em sede de 2ª instância, o julgamento foi convertido em diligência, conforme Resolução nº 2301000.225, emitida pela 1ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para que (fls. 235/241). "a) a autoridade fiscal verifique se a operação de quitação do mútuo encontrase devidamente contabilizado em título e contas próprios da empresa, bem como manifestação conclusiva sobre os documentos carreados; b) seja juntado aos autos a decisão de número 2102001.857 proferida por este órgão no julgamento do processo do contribuinte Newton Bonin." 7. A autoridade fiscal responsável pelo cumprimento da diligência prestou as informações, conforme fls. 246/247. Fl. 389DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 390 7 7.1 Quanto ao Acórdão nº 2102001.857, relativo ao Processo nº 10980.723625/201091, que diz respeito ao julgamento do recurso voluntário atinente ao lançamento do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) em nome do Sr. Newton Bonin, pelas infrações de omissão de rendimentos do trabalho, acréscimo patrimonial a descoberto e omissão de ganho de capital, nos anoscalendário 2005 e 2006, o documento foi juntado às fls. 296/318. 8. Concedido prazo para a recorrente manifestarse sobre o resultado da diligência, a empresa autuada compareceu aos autos e aduziu, em síntese, que (fls. 321/329): (i) no Processo nº 10980.724566/201230, a própria administração fazendária reconheceu, por meio da exigência do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF), que a mesma série de operações correspondem a mútuos de recursos financeiros entre pessoa jurídica e pessoa física, e não remunerações a sócio (fls. 343/362); (ii) atesta a manifestação apresentada pela autoridade fiscal, categoricamente, que os valores recebidos pela empresa, a título de quitação dos mútuos, foram contabilizados na época própria na conta de Empréstimos a Pessoas Ligadas Newton Bonin, o que afasta qualquer intenção de dolo, fraude ou simulação; (iii) no Processo nº 10980.723628/201024, em que também figurou a empresa autuada como recorrente, restou decidido que a falta de comprovação da efetividade das operações de mútuos pactuados entre a pessoa jurídica e seu sócio, contabilizados ou não, implica a incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% (por cento). A solução dada afasta qualquer outra exigência fiscal, incluindo a cobrança deste processo (fls. 364/377); e (iv) é ilógica a presunção desenvolvida no conjunto acusatório de que o sócio fundador e controlador da pessoa jurídica viesse a simular contrato de mútuo, na medida em que havia diversas alternativas fiscais lícitas menos onerosas para o recebimento de valores da empresa pelo Sr. Newton Bonin, tais com a distribuição de lucros. 9. Tendo o relator original do processo renunciado ao mandato, foi efetuado novo sorteio para relatoria. É o relatório. Fl. 390DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 391 8 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Admissibilidade 10. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Julgamento em conjunto 11. Com relação às contribuições previdenciárias, apuradas com base nos mesmos elementos de prova, os seguintes autos de infração foram lavrados (fls. 20): (i) AI nº 37.281.5065, relativo à contribuição patronal incidente sobre a remuneração do contribuinte individual (Processo nº 10980.723947/201030); (ii) AI nº 37.305.8802, referente à contribuição do segurado contribuinte individual, incidente sobre o seu saláriode contribuição (Processo nº 10980.723948/201084); (iii) AI nº 37.281.5057, correspondente à multa por não declarar, mês a mês, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária na GFIP (Processo nº 10980.723944/201004);e (iv) AI nº 37.305.8810, concernente à multa por deixar a empresa de lançar, em títulos próprios da contabilidade, os pagamentos efetuados ao contribuinte individual (Processo nº 10980.723949/201029). 12. Para evitar decisões despidas de congruência, todos os processos administrativos, enumerados acima, estão sendo apreciados na mesma sessão de julgamento do colegiado. Mérito 13. Como se observa, o processo em apreço é vinculado, eis que reflexo, ao Processo Principal nº 10980.723947/201030, relativo ao AI nº 37.281.5065 (art. 6º, § 1º, inciso III, e § 8º do Anexo II do Regimento Interno do Carf, aprovado pela Portaria MF n º 343, de 9 de junho de 2015, e alterações). Fl. 391DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 392 9 14. À vista disso, o resultado do julgamento do AI nº 37.281.5057, relativo ao descumprimento de obrigação acessória (CFL 68), depende diretamente da decisão do lançamento da obrigação principal das contribuições previdenciárias, concernente à remuneração pela prestação de serviço pelo sócioadministrador Newton Bonin, na forma de pagamentos de despesas, benefícios e investimentos de natureza particular em favor de seu dirigente e registrados na contabilidade da pessoa jurídica em contas de empréstimos. 15. De fato, a própria recorrente reconhece tal situação, pois afirma que a auditoria fiscal constatou uma suposta omissão de pagamento de remuneração a segurado obrigatório, sobre a qual incidiria a contribuição previdenciária. Daí, completa a empresa, decorreria a sujeição à multa imposta neste auto de infração, por descumprimento de correlata obrigação acessória de prestar informações em GFIP. 16. Em assentada deste colegiado, nesta mesma data, foi negado provimento, por unanimidade de votos, ao recurso voluntário do Processo nº 10980.723947/201030, mantendose, por consequência, inalterado o crédito tributário lançado. Eis a ementa do Acórdão nº 2401004.869: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2006 NULIDADE. FALTA DE CLAREZA NO DISPOSITIVO QUE FUNDAMENTA O LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Para a declaração de nulidade do ato administrativo, é pressuposto ficar evidenciado o prejuízo à defesa do sujeito passivo. O relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição dos fatos imputados ao sujeito passivo, indicam os dispositivos legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional, possibilitando ao autuado, na fase litigiosa do procedimento fiscal, debater cada ponto da acusação fiscal. SÓCIOADMINISTRADOR. SEGURADO OBRIGATÓRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. É segurado obrigatório da Previdência Social, na categoria de contribuinte individual, o sócioadministrador da empresa que, nessa condição, recebe remuneração pelo serviço prestado, incidindo sobre a remuneração auferida a contribuição devida pela empresa. MÚTUOS. EMPRÉSTIMOS AO SÓCIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA. PARCELA INTEGRANTE DA REMUNERAÇÃO. Constituem remuneração pelos serviços prestados e integram o saláriodecontribuição do segurado contribuinte individual as apropriações de numerários da empresa, destinados ao pagamento de despesas, benefícios e investimentos de natureza particular em favor de seu dirigente e registradas em contas de empréstimos ao sócioadministrador da pessoa jurídica, quando Fl. 392DF CARF MF Processo nº 10980.723944/201004 Acórdão n.º 2401004.870 S2C4T1 Fl. 393 10 não restar comprovado o seu retorno em devolução ao patrimônio do sujeito passivo. O mutuário não está obrigado a devolver a própria coisa, porém há necessidade de equivalência em gênero, quantidade e qualidade. Embora possível a quitação de mútuo por dação em pagamento, não é razoável, absolutamente incompreensível, a empresa, na condição de mutuante, emprestar dinheiro, num total de milhões de reais, e receber, como quitação pelo mutuário, sócioadministrador da pessoa jurídica, título ao portador emitido pela Eletrobrás, dotado de alta probabilidade de iliquidez e inexigibilidade, ainda sendo obrigada a empresa, por disposição contratual, a assumir todos os ônus da demanda judicial para recebimento do título.. 17. Preservada, na integra, a obrigação tributária principal correlata, incumbe o reconhecimento da procedência do auto de infração pelo descumprimento de obrigação acessória, diante da omissão em GFIP de valores relativos à remuneração paga a título de vantagens e benefícios ao segurado contribuinte individual Newton Bonin, na condição de sócioadministrador, por serviços prestados à empresa. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário e, no mérito, NEGO PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 393DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10611.720243/2015-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Ano-calendário: 2011, 2012, 2013
DRAWBACK. CUMPRIMENTO DO REGIME. VINCULAÇÃO FÍSICA.
Não se considera descumprido o regime se foi comprovado que todos os insumos importados foram utilizados em produtos exportados, ainda que se verifique erro na vinculação destes insumos aos atos concessórios.
SUBPRODUTO EXCEDENTE. LIMITE LEGAL.
Se no regime de drawback suspensão, tem-se um subproduto em percentual superior ao limite de 5%, ele deve ser exportado ou devem ser recolhidos os tributos suspensos relativos aos insumos utilizados na sua produção. Contudo, os tributos devem ser calculados levando em conta o processo de produção desse subproduto.
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DO REGIME.
A multa prevista no art. 107, inciso VII, alínea e, do Decreto-Lei nº 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003, não deve ser aplicada se o regime de drawback não estiver vigente.
Numero da decisão: 3301-003.436
Decisão: Recurso de Ofício Negado
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do julgamento de 1ª instância. A Conselheira Relatora Liziane e a Conselheira Semíramis negaram provimento ao Recurso de Ofício por nulidade material nos termos da declaração de voto do Auditor Fiscal Marcus Fahr Pessoa no julgamento de 1ª instância. Por unanimidade de votos, negou-se provimento ao Recurso de Ofício em relação à multa prevista no art. 107, VII, "e" do Decreto-Lei n.º 37/66, com alteração da Lei n.º 10.833/2003. Foi designado o Conselheiro Antonio Carlos Cavalcanti para fazer a fundamentação vencedora do voto
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Ano-calendário: 2011, 2012, 2013 DRAWBACK. CUMPRIMENTO DO REGIME. VINCULAÇÃO FÍSICA. Não se considera descumprido o regime se foi comprovado que todos os insumos importados foram utilizados em produtos exportados, ainda que se verifique erro na vinculação destes insumos aos atos concessórios. SUBPRODUTO EXCEDENTE. LIMITE LEGAL. Se no regime de drawback suspensão, tem-se um subproduto em percentual superior ao limite de 5%, ele deve ser exportado ou devem ser recolhidos os tributos suspensos relativos aos insumos utilizados na sua produção. Contudo, os tributos devem ser calculados levando em conta o processo de produção desse subproduto. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DO REGIME. A multa prevista no art. 107, inciso VII, alínea e, do Decreto-Lei nº 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003, não deve ser aplicada se o regime de drawback não estiver vigente.
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CUMPRIMENTO DO REGIME. VINCULAÇÃO FÍSICA. Não se considera descumprido o regime se foi comprovado que todos os insumos importados foram utilizados em produtos exportados, ainda que se verifique erro na vinculação destes insumos aos atos concessórios. SUBPRODUTO EXCEDENTE. LIMITE LEGAL. Se no regime de drawback suspensão, temse um subproduto em percentual superior ao limite de 5%, ele deve ser exportado ou devem ser recolhidos os tributos suspensos relativos aos insumos utilizados na sua produção. Contudo, os tributos devem ser calculados levando em conta o processo de produção desse subproduto. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DO REGIME. A multa prevista no art. 107, inciso VII, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003, não deve ser aplicada se o regime de drawback não estiver vigente. Recurso de Ofício Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do julgamento de 1ª instância. A Conselheira Relatora Liziane e a Conselheira Semíramis negaram provimento ao Recurso de Ofício por nulidade material nos termos da declaração de voto do Auditor Fiscal Marcus Fahr Pessoa no julgamento de 1ª instância. Por unanimidade de votos, negouse provimento ao Recurso de Ofício em relação à multa prevista no art. 107, VII, "e" do DecretoLei n.º 37/66, com alteração da Lei n.º 10.833/2003. Foi designado o Conselheiro Antonio Carlos Cavalcanti para fazer a fundamentação vencedora do voto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 61 1. 72 02 43 /2 01 5- 18 Fl. 1078DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.079 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Liziane Angelotti Meira Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório elaborado pela decisão recorrida (fls. 1044/1072), abaixo transcrito: O presente processo referese aos Autos de Infração de fls 02/100, acompanhados do Relatório de Auditoria Fiscal de fls. 101/183, lavrados para exigência de Imposto de Importação, IPI, CofinsImportação, PIS/PasepImportação, com os respectivos juros de mora e multa de ofício, bem como de multa por descumprimento de regime, totalizando um crédito tributário no valor de R$17.392.895,35. São as seguintes exigências: IPI – R$2.186.156,65 Juros de Mora R$619.205,56 Multa R$1.639.617,49 Imposto de Importação R$3.656.128,42 Juros de Mora R$1.035.633,59 Multa R$2.742.096,32 PIS/Pasep R$355.879,20 Juros de Mora R$100.987,22 Multa R$266.909,45 Cofins R$1.693.501,06 Juros de Mora R$480.654,53 Multa R$1.270.125,87 Multa por descumprimento do regime R$1.346.000,00 Conforme relato da fiscalização, a autuação originouse do descumprimento parcial do Regime Aduaneiro Especial de Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.080 3 Drawback operacionalizado por meio dos Atos Concessórios de Drawback – modalidade Suspensão, n.ºs 2011.0017226 e 2011.0017692, registrados em 30/05/11 e 24/05/11, tendo como data de validade 29/05/13 e 23/05/13, respectivamente. A beneficiária apresentou as telas do sistema Drawback Web do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, extraídas do referido sistema em 22/11/13, intituladas “Dados Básicos”, “Itens de Exportação”, “Itens de Importação” e “Itens de Compras no Mercado Nacional”, em meio eletrônico, inseridas em um “CDroom”, com os seguintes dados: Ato Concessório : 20110017226 CNPJ : 20.346.524/000146 Razão Social Beneficiária : KINROSS BRASIL MINERAÇÃO S/A Modalidade : Suspensão Regime : Integrado Situação : Baixado Tipo do Ato Concessório : Comum Data de Registro : 30/05/2011 Data de Validade : 29/05/2013 ITEM DE EXPORTAÇÃO Número : 001 NCM : 71081310 Descrição NCM : BARRAS/FIOS/PERFIS DE OURO DE SEÇÃO MACIÇA Descrição Complementar : OURO EM BARRAS, FIOS, ETC.DE SEC.MACICA, BULHÃO DOURADO. A. “O PROCESSO DA KINROSS ENCERRASE COM A PRODUÇÃO DO BULHÃO DOURADO E O POSTERIOR REFINO DESTE É FEITO POR OUTRA EMPRESA ESPECIALIZADA. B . O LAUDO TÉCNICO REFERENTE A ESTE AC FOI PROTOCOLADO NO DECEX SOB NUMERO: 52000.011468/201194 EM 25/4/11. C. OS SUBPRODUTOS DECORRENTES DESTE PROCESSO SÃO A PRATA QUE É VENDIDA NO MERCADO INTERNO E OUTROS MINERAIS (CHUMBO, NICKEL, COBRE, FERRO) QUE NÃO POSSUEM VALOR COMERCIAL E Fl. 1080DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.081 4 CONSEQUENTEMENTE SÃO DESCARTADOS PELA EMPRESA QUE REALIZA O REFINO. D. O VALOR AUFERIDO DA PRATA VENDIDA NO MERCADO INTERNO SERÁ DE APROXIMADAMENTE US$ 2,000,000.00 (DOIS MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS) EQUIVALENTES A 2600 KG DE PRATA. E . MESMO CONSIDERANDO QUE ESTES PRODUTOS N (Assim encerra a Descrição Complementar do item de exportação) Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade compromissada : 8.512,39039 ITENS DE IMPORTAÇÃO Número : 001 NCM : 73261100 Descrição : ESFERAS ARTEF .SEM., P/MOINHOS, FORJ. ESTAMP. Descrição Complementar : CORPO MOEDORES EM AÇO LAMINADO EM FORMATO ESFÉRICO PARA MOINHOS DE BOLAS Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 11.221.319,20000 Subproduto/Resíduo : Sim Número : 002 NCM : 38249088 Descrição : MIST.D/ALQUILFOSFONOFLUORIDATOS D/O ALQUILA Descrição Complementar: COLETOR MINERAL SULFETADO A BASE DE THIONOCARBAMATO SÓDIO, BULTIDITIOFOSFATO – AEROPROMOTER 7249A Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 60.920,00000 Subproduto/Resíduo : Sim Número : 003 NCM : 38249089 Descrição : OUTS PROD. PREP. À BASE D / COMP.ORGÂNICOS Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.082 5 Descrição Complementar : COLETOR MINERAL PARA FLOTAÇÃO A BASE DE ISOPROPANOL, ISOBUTANOL: AERO PROMOTER 3473 Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 800.889,37442 Subproduto/Resíduo : Sim Número : 004 NCM : 28371100 Descrição : CIANETO E OXICIANETO DE SÓDIO Descrição Complementar : CIANETO DE SÓDIO COM AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS: NACM; 98% MÍNIMO – N2OH; 1,1% MÁXIMO – NA2003;0,5% MÁXIMO. Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 656.072,65800 Subproduto/Resíduo : Sim Número : 005 NCM : 38021000 Descrição : CARVÕES ATIVADOS Descrição Complementar : CARVÃO ATIVADO DE ORIGEM VEGETAL, GRANULOMETRIA 95% ENTRE 8 E 16 MESH, DUREZA ASTM 98% MÍNIMO Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 70.337,46545 Subproduto/Resíduo : Sim Número : 006 NCM : 29309098 Descrição: DITIOCARBONATOS (XANTATOS E XANTOGENATOS) Descrição Complementar: AMIL XANTATO DE POTÁSSIO O6H11KOS2 OU C5H11) CS2K1UPAC, OPENTIL. CARBONODITIONATO DE POTÁSSIO Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 295.375,00000 Subproduto/Resíduo : Sim ITENS DE COMPRAS NO MERCADO INTERNO Fl. 1082DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.083 6 “Este Ato Concessório não possui itens de compras no mercado interno” Ato Concessório : 20110017692 CNPJ : 20.346.524/000146 Razão Social Beneficiário : KINROSS BRASIL MINERAÇÃO S/A Modalidade : Suspensão Regime : Intregrado Situação : Baixado Tipo do Ato Concessório : Comum Data de Registro : 24/05/2011 Data de Validade : 23/05/2013 ITEM DE EXPORTAÇÃO Número : 001 NCM : 71081210 Descrição NCM : OURO FORMA BULHÃO DOURADO (#BULLION DORÉ#) Descrição Complementar : OURO EM FORMA DE BULHÃO DOURADO (#BULLION DORÉ#) PESO DO BULLION SENDO: 1) 65% AU 8.500 KG 2) 20% AG 2.600 KG 3) 15% OUTROS METAIS SEM VALOR COMERCIAL SIGNIFICATIVO DADO O PEQUENO VOLUME (FERRO, NIQUEL, CHUMBO E COBRE) 4) PESO TOTAL 13077KG DE BULLION NO VALOR TOTAL DE USD 357,265,000.00 (SENDO AUOURO 8.500KG USD 355,265,0000.00 E AGPRATA USD 2,000,000.00) A) O PROCESSO DA KINROSS ENCERRASE COM A PRODUÇÃO DO BULHÃO DOURADO E O POSTERIOR REFINO DESTE É FEITO POR OUTRA EMPRESA ESPECIALIZADA. B) O LAUDO TÉCNICO REFERENTE A ESTE AC FOI PROTOCOLADO NO DECEX SOB NUMERO 52000.011469/201194 EM 25/4/11. C) MESMO CONSIDERANDO QUE OS DEMAIS PRODUTOS NÃO POSSUEM VALOR DE MERCADO, OS MESMOS CONSTAM EM NOSSO LAUDO COM OS SEUS RESPECTIVOS PERCE (Assim encerra a Descrição Complementar do item de exportação) Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.084 7 Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade compromissada : 8.000,00000 ITENS DE IMPORTAÇÃO Número : 001 NCM : 73261100 Descrição : ESFERAS ARTEF. SEM. ,P/ MOINHOS, FORJ.ESTAMP. Descrição Complementar : CORPO MOEDORES EM AÇO LAMINADO EM FORMATO ESFÉRICO PARA MOINHOS DE BOLAS Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 11.278.500,00000 Subproduto/Resíduo : Não Número : 002 NCM : 38249088 Descrição : MIST.D/ALQUILFOSFONOFLUORIDATOS D/O ALQUILA Descrição Complementar : COLETOR MINERAL SULFETADO A BASE DE THIONOCARBAMATO SÓDIO, BULTIDITIOFOSFATO – AERO PROMOTER 7249A Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 60.430,00000 Subproduto/Resíduo : Não Número : 003 NCM : 38249089 Descrição : OUTS PROD. PREP. À BASE D/COMP.ORGÂNICOS Descrição Complementar : COLETOR MINERAL PARA FLOTAÇÃO A BASE DE ISOPROPANOL, ISOBUTANOL: AERO PROMOTER 3473 Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 770.500,00000 Subproduto/Resíduo : Não Número : 004 NCM : 28371100 Descrição : CIANETO E OXICIANETO DE SÓDIO Fl. 1084DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.085 8 Descrição Complementar : CIANETO DE SÓDIO COM AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS: NACM; 98% MINIMO – 2OH, 1,1% MÁXIMO NA2003,0,5% MAXIMO. Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 600.000,00000 Subproduto/Resíduo : Não Número : 005 NCM : 38021000 Descrição : CARVÕES ATIVADOS Descrição Complementar : CARVÃO ATIVADO DE ORIGEM VEGETAL, GRANULOMETRIA 95% ENTRE 8 E 16 MESH, DUREZA ASTM 98% MÍNIMO Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 79.100,00000 Subproduto/Resíduo : Não Número : 006 NCM : 29309098 Descrição : DITIOCARBONATOS (XANTATOS E XANTOGENATOS) Descrição Complementar : AMIL XANTATO DE POTÁSSIO O6H11KOS2 OU C5H11) CS2K1UPAC, OPENTIL. CARBONODITIONATO DE POTÁSSIO Unidade Estat. : QUILOGRAMA LÍQUIDO Quantidade : 297.900,00000 Subproduto/Resíduo : Não ITENS DE COMPRAS NO MERCADO INTERNO “Este Ato Concessório não possui itens de compras no mercado interno” Atendendo intimação, a interessada apresentou documentos (gravados em CDroom) que contem 45 (quarenta e cinco) Declarações de Importação e 16 (dezesseis) Registros de Exportação (exportação de BARRAS/FIOS/PERFIS DE OURO DE SEÇÃO MACIÇA, 8.512,39039 Kg) referentes ao AC 2011.0017226 e 48 (quarenta e oito) Declarações de Importação e 39 (trinta e nove) Registros de Exportação (Exportação de OURO EM FORMA DE BULHÃO DOURADO, 8.000,00000 Kg) referentes ao AC 2011.0017692. Fl. 1085DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.086 9 A interessada apresentou Laudos Técnicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo – Laboratório de Simulação e Controle (fls. 219/220 e 225/228) com os esclarecimentos de que “O “laudo Técnico Separado” que ora nos é solicitado, e o qual trata do processo produtivo,se encontra contido no teor do documento citado no item 1 acima, ou seja, se trata do mesmo documento. Nele consta, de forma detalhada todas as etapas do processo produtivo bem como todos os insumos necessários à produção do “Bulhão Dourado”, que é também o “insumo” utilizado para produção do “Ouro em Forma de Barras”. Assim, para se produzir “Ouro em Forma de Barras”, é necessário antes produzirmos o “Bulhão Dourado” para após esta etapa de produção, o submetermos ao processo de refino, que ocorre em fornecedor especializado. O processo de produção do “Bulhão dourado” tanto para comercialização nesta forma, bem como para se refinar e produzir “Ouro em Forma de Barras” é o mesmo. Em síntese, o que muda em relação à produção do “Ouro em Forma de Barras” é que a produção deste item se dá com uma etapa a mais após o final da produção do “Bulhão Dourado” ou seja, realizase o processo de refino do “Bulhão Dourado” para se produzir o “Ouro em Forma de Barras”.” Do processo de refino do ouro em forma de bulhão dourado em barras/perfis é obtida prata que é vendida no mercado interno e outros minerais (chumbo, níquel, cobre, ferro) que não possuem valor comercial e são descartados pela empresa que realiza o refino. A empresa apresentou as notas fiscais de venda da prata que foram analisadas pela fiscalização que concluiu que as mesmas representavam um montante de R$ 17.429.952,00, totalizando 8.094,00 kg de prata, em desacordo com as informações constantes no AC 2011.0017226 de que “O VALOR AUFERIDO DA PRATA VENDIDA NO MERCADO INTERNO SERÁ DE APROXIMADAMENTE USD 2.000,000,00 (DOIS MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS) EQUIVALENTES A 2.600 KG DE PRATA.” Da análise das importações, a fiscalização confrontando as informações prestadas pela importadora com os dados do Siscomex, constatou que as importações vinculadas ao AC 2011.0017226 totalizavam 51 DI’s e não 45 como informou a fiscalizada. As 6 DI’s foram equivocadamente vinculadas com este AC, quando, na verdade, se referiam a outros atos concessórios. Outra DI de n.º 11/12728009, registrada 11/07/11, apesar de ser relacionada a este AC, foi indevidamente vinculada ao AC 2011.0017692, conforme consta no campo “Dados Complementares” da mesma. A fiscalização concluiu que a importação de todas as mercadorias/insumos efetivada foi em quantidade igual à quantidade autorizada no AC 2011.0017226. Fl. 1086DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.087 10 Na análise do AC 2011.0017692 a importadora apresentou relação com 48 DI’s que formalizaram as importações vinculadas a AC 2011.0017692. Apenas uma DI, de n.º 11/10514192, registrada 08/06/11, que estaria vinculada a este AC foi vinculada indevidamente ao AC 2011.0017226, conforme consta no campo “Dados Complementares” da mesma. A fiscalização concluiu, também, que a importação de todas as mercadorias/insumos efetivada foi em quantidade igual à quantidade autorizada no AC 2011.0017692. Com relação aos laudos técnicos apresentados pela interessada, a fiscalização questionou a interessada quanto à citação nos mesmo de um “laudo separado” e a partir das respostas dadas pela mesma, foi concluído que tal laudo, na verdade, encontrase contido no teor do documento LAUDO TÉCNICO – ATO CONCESSÓRIO OURO em forma de Barra NCM 7108.1310 – Naladi 7108.130.0. No LAUDO TÉCNICO – ATO CONCESSÓRIO OURO em forma de Bulhão Dourado (‘bullion doré’) NCM 7108.1210 – Naladi 7108.1200” ficou esclarecido que o processo produtivo que consta neste Laudo Técnico compreende a extração do minério até a obtenção do bulhão dourado. A beneficiária pode exportar diretamente o bulhão dourado (“bullion dore) ou, por meio de empresa especializada, industrializar o bulhão dourado (“bullion dore), obter o ouro em barras e exportálas. Desta forma ficou explicado que no primeiro Laudo apresentado (ouro em forma de barra NCM 7108.1310 – Naladi 7108.1300) conste apenas informação do processo produtivo a partir do bulhão dourado (“bullion dore”) até o ouro em forma de barra que é a mercadoria destinada à exportação. Apesar dos dois Laudos Técnicos apresentados não informarem o n.º do Ato Concessório a que se referem é possível fazer a identificação dos mesmos por meio dos códigos da NCM e NALADI e, também, pela descrição da mercadoria industrializada que neles constam e nos Atos Concessórios. A fiscalização também aplicou as relações de consumo Insumo x Produto e não identificou, para nenhum insumo/mercadoria importada, saldo de estoque positivo. Quanto ao subproduto prata, a fiscalizada informou à Decex somente em 05/12/2014, após a baixa do AC 2011.0017226, que o mesmo era obtido após o processo de refino do bulhão dourado e comercializado separadamente no mercado nacional. Intimada, apresentou as notas fiscais de venda da prata as quais foram relacionadas no auto de infração às fls. 49. Como o AC 2011.0017226 foi registrado em 31/05/2011, a fiscalização considerou impossível a venda de prata antes desta data, glosando uma nota datada de 13/05/2011. A interessada também excluiu outras notas alegando estarem vinculadas a outro AC. Desta forma, após esta revisão, restou para o Ato Concessório 2011.0017226, cujo produto de exportação compromissado foi Fl. 1087DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.088 11 “BARRAS/FIOS/PERFIS DE OURO DE SEÇÃO MACIÇA – NCM 7108.13.10”, apurado no refino do bulhão de ouro realizado pela empresa especializada Umicore Brasil Ltda, a quantia de 5.941,00 kg de prata, no valor total de R$12.859.088,00. Conforme disciplinado no art. 401 do Decreto n.º 6.759/09 (RA), serão desprezados o subproduto (prata) apurado na produção de mercadoria (ouro) destinado ao exterior e industrializado com a utilização de mercadorias/insumos importados quando o valor daquele (subproduto) não exceder 5% do valor destes (mercadorias/insumos). O valor total das mercadorias/insumos importados foi de R$31.792.195,43, importando em R$1.589.609,77 o valor correspondente aos 5% permitido pela legislação como excedente. Portanto, desprezando os 5% do valor total das vendas (R$12.859.088,00), temos um valor excedente de vendas do subproduto prata de R$ 11.269.478,23. Na análise das exportações foi constatado o cumprimento das obrigações constantes nos AC’s 2011.0017226 e 2011.0017692, tendo exportado as quantidades compromissadas de barras de ouro e bulhão dourado. A fiscalização, então, acusou as seguintes irregularidades: 1) A beneficiária registrou a DI n.º 11/12728009, vinculando a mesma ao AC 2011.0017692 quando deveria ter vinculada ao AC 2011.0017226. Da mesma forma que registrou a DI n.º 11/10514192, vinculandoa ao AC 2011.0017226 quando deveria ter vinculado a mesma ao AC 2011.0017692. Por esta razão e com base na Portaria Secex n.º 10/2010, arts. 137 e 140, que trata da obrigatoriedade da vinculação das DI’s aos AC’s, foram exigidos os tributos devidos para as importações das mercadorias/insumos formalizadas por meio destas DI’s. 2) O subproduto prata, obtido na industrialização do ouro, ultrapassou o percentual de 5% do valor dos insumos/mercadorias importadas, no valor correspondente a R$11.269.478,23. Foram, então, exigidos os tributos devidos para os insumos/mercadorias importadas por meio dos quais na industrialização do ouro resultou o excedente do subproduto prata. Para o cálculo dos tributos devidos a fiscalização aplicou a seguinte regra de três: Se R$ 12.859.088,00 correspondeu a venda total de 5.941,00 kg de prata, R$ 11.269.478,23 (valor excedente) corresponde a venda de 5.206,59 kg de prata. Na seqüência utilizou a relação de Insumo X Produto constante no laudo técnico para a industrialização do ouro que apresenta duas relações de consumo: a primeira, “Quantidade de insumo necessário para cada 1.000kg de ouro Produzido” e a segunda, “Quantidade total para produção de 8.500 kg de ouro”. Foi elaborado um demonstrativo às fls. 62 onde foi apurada a quantidade de insumos para, então, proceder a glosa, de forma Fl. 1088DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.089 12 individualizada, a partir das DI’s de importação dos mesmos. Esta glosa por DI X Insumo está demonstrada às fls. 63/72. 3) Multa de lançamento de ofício: foi exigida com base no art. 725, I, do Decreto n.º 6.759/2009 (RA/2009). 4) Multa pelo descumprimento de regime aduaneiro especial: foi exigida a multa prevista no art. 107 do DecretoLei n.º 37/66, com redação dada pelo art. 77 Lei n.º 10.833/03 e também prevista na alínea “d” do inciso VII do art. 728 do RA/2009, correspondente a R$1.000,00 por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para utilizar regime aduaneiro especial. Para o AC 2011.0017226, cuja validade era até 29/05/2013, a multa foi exigida a partir do dia seguinte pela expiração do AC, dia 30/05/2013 até a lavratura do auto de infração (30/03/2015), perfazendo um total de R$670.000,00. Para o AC 2011.0017692, cuja validade era até 23/05/2013, a multa foi exigida a partir do dia seguinte pela expiração do AC, dia 24/05/2013 até a lavratura do auto de infração (30/03/2015), perfazendo um total de R$676.000,00. 5) Foram exigidos, também, os juros de mora nos termos da Lei n.º 9.430/96. Para afastar a decadência, a fiscalização defende a legalidade dos lançamentos com base nos art.s 173 do Código Tributário Nacional (CTN) e 138 do Decreto n.º 37/66. No Regime Especial de Drawback, modalidade suspensão, o incentivo é concedido sob condição resolutiva sujeitandose a ulterior exportação dos bens industrializados a partir das mercadorias importadas, nas condições e termos pactuados no Ato Concessório. Embora o fato gerador ocorra na data do registro da DI, o pagamento do crédito correspondente somente será exigido do beneficiário, depois de constatada a sua inadimplência em relação à data de validade do Ato Concessório de Drawback. Como as validades dos AC’s expiraram em maio de 2013, o marco inicial para contagem da decadência se dá a partir de 01/01/2014, decaindo o direito de a Fazenda Nacional constituir os respectivos créditos em 31/12/2018. Cientificada do auto de infração, conforme Aviso de Recebimento de fls. 959/960, a interessada apresentou a impugnação de fls. 963/1011, alegando o que segue: 1) Adimplemento do Regime Especial De Drawback pela impugnante efetivo cumprimento dos requisitos legais estipulados no Regulamento Aduaneiro: A autoridade fiscal não apontou qualquer irregularidade no cumprimento dos requisitos legais do Regime. Ao contrário, o Fisco entendeu que os requisitos foram cumpridos pela impugnante, notadamente no que se refere aos insumos importados, devidamente utilizados no processo produtivo da Fl. 1089DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.090 13 impugnante. Além disso, foi reconhecido que o produto final da impugnante foi exportado da forma como estipulado nos atos concessórios n°s 2011.0017226 e 2011.0017692. Alegou a fiscalização que a interessada vendeu o subproduto "prata" no mercado interno, em valor superior ao valor supostamente permitido pela legislação, sendo isto suficiente para caracterizar descumprimento parcial do Drawback e lhe exigir os tributos decorrentes de todas as Declarações de Importações vinculadas ao Ato Concessório n° 20110017226, proporcionalmente ao valor excedido, ainda que não tenham ocorrido quaisquer distorções na condição resolutiva do Drawback, seja na quantidade importada de cada insumo (informadas nas Declarações de Importação), quanto na quantidade compromissada a ser exportada do produto OURO (informadas nos Registros de Exportação). A acusação fiscal se baseia no art. 401 do RA que dispõe que “na concessão do regime serão desprezados os subprodutos e os resíduos não exportados, quando seu montante não exceder de cinco por cento do valor do produto importado”. Ressaltese que a própria fiscalização definiu que a condição resolutiva do Regime Especial de Drawback, modalidade suspensão, não incluiu o requisito da venda do subproduto, já que se trata de questão subsidiária ao adimplemento do regime. A prata é classificada como subproduto, pois nada mais é do que a sobra, resíduo do processo industrial da produção do Ouro único produto produzido e exportado pela impugnante. E, em relação a este produto, objeto do AC n° 2011.0017226, não houve quaisquer descumprimentos/distorções nas informações trazidas pela impugnante. Quanto ao excesso de prata produzido, o mesmo não foi objeto de questionamento por parte da SECEX, que, inclusive, se fosse relevante para a concessão do regime, poderia ter lhe exigido laudo técnico específico para o subproduto prata, conforme se depreende do art. 71 da Portaria SECEX 10/2010, vigente à época (“Art. 71. A apresentação de laudo técnico discriminando o processo industrial dos bens a exportar ou exportados, contendo a existência ou não de subprodutos ou resíduos, com valor comercial, e perdas sem valor comercial, somente será necessária nos casos em que seja solicitada pelo DECEX para eventual verificação.”). A prata é gerada no processo de refinamento do ouro quando da exportação de OURO EM BARRAS, FIOS, ETC. NCM 71081310 pela impugnante, objeto do Ato Concessório n° 2011.0017226, independente do seu intuito de obtêla, razão pela qual não é apta a gerar custos de aquisição própria. A receita decorrente da prata é insignificante em relação à receita gerada pela produção do ouro, não obstante, a autoridade fiscal entendeu que a relação de insumo deve ser a mesma entre esses produtos, como se a quantidade de prata e ouro auferida fosse a mesma com esses insumos, desconsiderando, ainda, o fato de que Fl. 1090DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.091 14 a prata não é sequer um produto produzido pela impugnante, mas apenas um resíduo decorrente do seu processo produtivo. Para tanto, de acordo com o relatório do Auto de Infração, a fiscalização calculou a quantidade de insumo utilizada para a produção do ouro, apresentada em Laudo Técnico pela impugnante e aplicou a mesma proporção para a obtenção da prata, operando a glosa de forma individualizada de todos os insumos importados que teriam sido utilizados proporcionalmente na produção da referida prata. Relevante também notar que, no momento da concessão do Ato Concessório n° 2011.0017226, a SECEX já tinha elementos suficientes para conhecer a quantidade/valor total do que seria importado a título de insumos, como também a quantidade aproximada de subproduto PRATA (em kg e em US$) que seria vendido no mercado interno, montante que já superava a margem dos 5% disposta no RA. Não há, portanto, qualquer razoabilidade em se aferir essa tolerância, já que a própria SECEX tinha conhecimento prévio das informações relativas ao valor atingido (em valor superior aos 5%), mais do que o dobro do suposto limite legal e mesmo assim entendeu que estavam presentes todos os pressupostos para outorga e deferimento do Regime Especial de Drawback/Suspensão à impugnante. Nesse contexto cabe demonstrar que a revisão do Ato Concessório pela Secretaria da Receita Federal deve se restringir a fiscalizar o adimplemento do Programa nos termos e condições em que foi proposto, sob pena de invadir os limites de competência do SECEX. 2) Distorções no cálculo efetuado pela fiscalização: 2.1) Presunção da base de cálculo: laudo técnico x declarações de importação: Verificase que a fiscalização baseouse em equivocadas premissas para o cálculo da exigência fiscal em relação ao montante excedido a título de subproduto prata, o que levaram a incorreções/nulidades no cálculo do tributo lançado. Observase que a autoridade fiscal considerou a quantidade presumida de insumos necessários para a produção do ouro — dados obtidos através de Laudo técnico, ao invés de considerar aquelas que foram efetivamente materializadas por meio das Declarações de Importações. Ora, o Laudo Técnico só poderia ser utilizado nos casos em que não fosse possível auferir os valores efetivamente importados, por extravio dos documentos ou máfé da impugnante, por exemplo, o que não ocorreu no caso em tela. Pelo contrário, o Agente fiscal tinha em seu poder todas as Declarações de Importação do período, demonstrando os Fl. 1091DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.092 15 insumos de fato importados, em substituição à base presumida trazida pelo laudo técnico e mesmo assim não o fez. Desta forma, o presente Auto de Infração deve ser cancelado neste ponto, vez que inválidos os critérios jurídicos adotados pela autoridade Administrativa, sendo que, eventual modificação somente poderia decorrer de eventual erro material ou fato novo, nos termos do art. 146 do CTN, o que não ocorre no caso em tela. 2.2) Equivocada proporção utilizada na quantidade de insumos destinados à produção de ouro/prata medida equivocada para auferir o subproduto: A fiscalização, a rigor, também desconsiderou o fato de que deveria ter sido somado o valor total da produção de ouro e prata para auferir a correta proporção de insumo x produtos (ouro e prata, e não a substituição do ouro pela prata). Isto porque, a quantidade de ouro produzida é muito superior à quantidade de prata produzida com a mesma quantidade de insumos. Não há como considerar que a proporção utilizada pela fiscalização está correta, vez que não reflete a realidade dos fatos, além de não ter qualquer previsão legal que o autorize, prejudicando, assim, todo o restante do cálculo efetuado para se chegar ao valor do crédito tributário devido. 3) Declarações de Importação trocadas erro material e escusável prevalência da verdade material: Conforme auferido pela fiscalização, as Declarações de Importação n.°s 11/12728009 e 11/105124192 foram vinculadas a Atos Concessórios distintos, por equívoco escusável da impugnante quando do preenchimento dessas DI’s. Assim, a DI n.° 11/12728009, registrada em 11/07/2011 foi vinculada ao Ato Concessório n.° 2011.0017692, quando deveria ter sido vinculada ao Ato Concessório n.° 2011.0017226. Da mesma forma, a DI n.° 11/105124192, registrada em 08/06/2011 foi vinculada ao Ato Concessório n.° 2011.0017226, quando deveria ter sido vinculada ao Ato Concessório n.° 2011.0017692. Observase, pois, que houve a mera troca das informações entre essas 2 (duas) DI's, sem, no entanto, a impugnante ter tido o intuito de burlar ou fraudar a lei, tendo sido tal erro reconhecido pela própria autoridade fiscal. Neste ponto, verificase ainda um aparente erro de cálculo na apuração da COFINS no que se refere à DI n.° 11/12728009, haja vista que o valor exigido (R$ 31.510,31) está maior do que o próprio valor lançado a título desta contribuição na referida DI (R$ 27.2324,69), sendo necessário, ao menos, a sua retificação. Por força do principio da verdade material, cabe à fiscalização buscar a aproximação entre a realidade fática e sua representação Fl. 1092DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.093 16 formal, não podendo ficar restrita às questões formais e devendo dar prevalência ao que for efetivamente verdadeiro e constatado. No caso ora analisado, restam devidamente comprovadas todas as circunstâncias fáticas da existência de importação dos insumos, sua aplicação no processo industrial, e exportações de ouro pela impugnante, dentro do prazo de vigência dos Atos Concessórios. A existência do erro procedimental não pode implicar em tributação dissociada e na verdade contrária à realidade conhecida e incontroversa. 4) Multa pelo lançamento de ofício: A fiscalização aplicou a multa no importe de 75%, com fundamento no inciso I do art. 44 da Lei n.° 9.430/96. No entanto como não existiu fato que ensejasse a cobrança de tributos, tampouco pode ser exigida a multa de ofício. Isto porque, não existiu dolo por parte da contribuinte, tendo sim, cumprido estritamente todas as bases fixadas pelos Atos concessórios tidos como descumpridos. Cita os artigos do CTN que tratam da isenção (179) e da moratória (155). Alega que caso o fisco entenda como devida a multa de ofício, esta em hipótese alguma pode ser lançada no importe de 75%, pois nesse percentual a penalidade assume feição totalmente confiscatória (art. 150, IV, CF), que atenta à capacidade contributiva do contribuinte, bem como aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo assim frontalmente violadas garantias do contribuinte, como também o texto constitucional. Por estas razões se pugna pelo seu cancelamento ou, ao menos, a redução percentual fixado para o patamar de 20%, conforme estabelecido pelo § 2o do artigo 61 da Lei n.º 9.430/1996, em consonância com o entendimento fixado pelo E. STF. 5) Multa regulamentar pelo descumprimento de regime aduaneiro especial: A Fiscalização aplicou ainda multa regulamentar pelo descumprimento de regime aduaneiro especial no valor diário de R$ 1.000,00 com fundamento na alínea “d”, do inciso VII, do art. 107 do DecretoLei n° 37/66, da data que expirou a validade dos AC’s até a data da lavratura do auto de infração. Todavia, mostrase totalmente equivocada a aplicação da multa regulamentar ao presente caso, já que a mesma não se subsume à situação fático/jurídica que deu origem ao lançamento ora impugnado. Isto porque, a tipificação prevista na norma carece de critérios objetivos que permitam a sua aplicação no caso concreto, vez que o seu ditame legal não determina uma conduta clara que seja passível da aplicação da penalidade. Fl. 1093DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.094 17 A referida penalidade aplicase tão somente às hipóteses em que houve descumprimento de condição estatuída por norma para o exercício de serviços relacionados ao Regime Aduaneiro Especial. A norma sob exame incluise na regulamentação das atividades do despachante aduaneiro, profissional devidamente credenciado junto à Aduana para o exercício dos serviços inerentes ao despacho aduaneiro (art. 808, Decreto n.º 6.759/2009 e art. 5.º do Decreto n.º 2.472/75). Inequivocamente a situação autuada não se enquadra nessa previsão, já que se refere à cobrança de tributos vinculados a suposto descumprimento de ato concessório de Drawback, não tendo qualquer relação com condições referentes a serviços aduaneiros, já que devidamente demonstrado que os requisitos para o gozo do Regime Aduaneiro Especial foram devidamente observados. Também acusa o caráter confiscatório da multa e a extrapolação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.Por ausência de tipificação e ainda por não vislumbrar qualquer situação que ensejasse a penalidade, visto que as condições para o regime foram cumpridas, se impõe o cancelamento da multa em apreço. 6) Requer, ao final: a) seja totalmente cancelado o Auto de Infração controlado pelo PTA n.° 10611.720243/201518, nos termos das razões expostas ao longo da defesa. b) Subsidiariamente, que seja reformulado o lançamento, considerando as premissas equivocadas para a apuração do valor devido, conforme razões também já expostas; c) Em qualquer hipótese de ser mantido algum valor a título de crédito tributário principal, que sejam excluídos do Auto de Infração a aplicação: (i) da multa pelo lançamento de ofício, vez que não se constatou que a contribuinte tenha se utilizado de dolo ou fraude, pugnandose pela aplicação do disposto no art. 155, II do CTN. (ii) da multa regulamentar, tendo em vista a total inexistência de tipicidade entre a situação fático/jurídico da situação abrangida pela autuação e o tipo constante da multa aplicada pela Fiscalização, pois não há que se falar em descumprimento de Ato Concessório que dê ensejo à aplicação da referida multa, notadamente no que se refere ao Ato Concessório n° 2011.0017692, vez que o suposto descumprimento do Drawback restringese à cobrança da troca de 2 (duas) DI's vinculadas à Atos Concessórios distintos, conforme acima demonstrado. Por fim, caso se entenda pela manutenção da multa de ofício, que esta seja reduzida para o importe de 20% do tributo remanescente Fl. 1094DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.095 18 (§ 2o do artigo 61 da Lei n° 9.430/1996), ante o seu caráter confiscatório, desproporcional, e desarrazoado, em plena consonância com o entendimento jurisprudencial. Ao julgar a impugnação, a 2ª Turma da DRJ/FNS proferiu o Acórdão n° 07 38.185 7ª Turma da DRJ/FNS (fls. 1044/1072), com a seguinte ementa: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Anocalendário: 2011, 2012, 2013 DRAWBACK. CUMPRIMENTO DO REGIME. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. O princípio da vinculação física admite certa relatividade quando, ainda que não cumprida parte da formalidade exigida, possa ser demonstrado cabalmente, por parte da beneficiária, o cumprimento do regime. SUBPRODUTO. EXCEDENTE. LIMITE LEGAL. APLICAÇÃO DA NORMA. DESCUMPRIMENTO DE REGIME. Não caracteriza descumprimento do regime de Drawback quando, ainda que o subproduto decorrente do processo de beneficiamento seja superior ao limite de 5% do valor dos insumos importados, a mercadoria que deu origem ao subproduto seja nacional e a mesma não seja de exportação obrigatória pelo ato concessório. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2011, 2012, 2013 MULTA DIÁRIA POR DESCUMPRIMENTO DO REGIME DE DRAWBACK. INDEVIDA. A multa prevista no art. 107, VII, “e” do DecretoLei n.º 37/66, com alteração da Lei n.º 10.833/2003 não é aplicável no caso de descumprimento do regime de Drawback por parte da beneficiária. Esta multa penaliza a conduta referente às atividades que o interveniente deva desempenhar em cumprimento de suas obrigações durante a utilização do regime. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado O processo, conforme Despacho às fls. 1076, foi encaminhado a este CARF por força de recurso necessário. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira Analisarseá, neste voto, cada um dos pontos julgados na decisão recorrida. Iniciase pela transcrição de considerações gerais sobre o regime aduaneiro especial de drawback, por serem esclarecimentos úteis ao deslinde das questões (fls 1059/1060). Fl. 1095DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.096 19 O presente processo referese ao auto de infração lavrado para exigir da interessada Imposto de Importação, IPI, Cofins Importação, PIS/PasepImportação, com os respectivos juros de mora e multa de ofício, devidos pelo descumprimento do atos concessórios de drawback, bem como de multa prevista na alínea “d”, do inciso VII, do art. 107 do DecretoLei n° 37/66. Parte deste descumprimento, segundo a fiscalização, reside no fato de que duas declarações de importação foram vinculadas a atos concessórios incorretamente, mais precisamente, foram trocados os atos concessórios correspondentes. Por esta razão, avocando o princípio da vinculação física que condiciona o cumprimento do regime à utilização das mercadorias/insumos importados na produção (no caso em tela) da mercadoria a ser exportada,e que o mesmo não teria sido atendido haja vista a indicação errônea nas DI’s dos AC’s corretos, a fiscalização exigiu os tributos suspensos no registro das DI’s n.ºs 11/127800 9 e 11/10514192. Cabe, neste momento, discorrer sobre o regime em questão. O regime aduaneiro de Drawback é um mecanismo de incentivo à exportação que visa possibilitar ao exportador a aquisição, com desoneração de impostos, taxas e do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante, dos insumos a serem incorporados ou utilizados na industrialização de produtos destinados à exportação. Este regime tem como base legal o artigo 78 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Os seus termos e condições estão estabelecidos nos artigos 383 a 403 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n.º 6.759/2009. Costumase entender que apesar de o regime drawback ter como alvo a exportação de bens, o drawbacksuspensão traz como escopo o “princípio da vinculação física”, ou seja, é imperioso que a mercadoria ou insumo importado seja vinculado fisicamente ao bem a exportar. A razão de ser da aplicação do princípio da vinculação física ao regime em apreço explicase pelo fato de que, se assim não fosse, poderiam ocorrer desvios de finalidade. Com efeito, poderia um insumo ser importado com benefício tributário, e após, ser o mesmo desviado para consumo interno, ou seja, o insumo poderia não ser aplicado no produto objeto de exportação, dando origem a uma desigualdade em relação àqueles que pagaram todos os tributos devidos na importação comum. Esta hipótese configuraria uma fraude e estaria em completo desacordo com o objetivo do regime. Outrossim, não se pode perder de vista que o regime drawback, qualquer que seja sua modalidade, visa primordialmente a viabilização da exportação de bens, e para tal,no caso da modalidade suspensão, o benefício fiscal é devido diante da comprovação da exportação dos bens industrializados, os quais, Fl. 1096DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.097 20 em seu processo produtivo foram utilizados os insumos objeto de importação nos termos do ato concessório. Fica claro que o insumo, o qual foi previsto ser importado no ato concessório, deverá ser vinculado fisicamente ao processo produtivo do bem exportado. Salientese que a obrigatoriedade da vinculação física é inerente ao insumo no processo produtivo, sendo que esta obrigação deve ser plenamente satisfeita através do cumprimento das formalidades impostas aos beneficiários do regime. Os requisitos formais inerentes ao regime de drawback são importantes para o controle do incentivo à exportação em apreço, até porque referido incentivo aborda isenção tributária que, como tal, requer sejam examinadas fielmente as condições estipuladas nas normas a ele pertinentes. No drawback, as formalidades existem justamente para permitir a verificação da utilização dos insumos importados nos produtos compromissados a exportar (constatação da vinculação física). Todo este arrazoado visa demonstrar o necessário cumprimento das formalidades por parte da beneficiária com o fito de comprovar a aplicação dos insumos/mercadorias na produção da mercadoria exportada. Cumpre anotar que a fungibilidade somente foi admitida no regime aduaneiro especial de drawback integrado, a partir da Portaria Conjunta RFB / SECEX nº 1.618, de 02 de setembro de 2014, nos termos e limites previstos neste ato normativo. Dessa forma, enfrentamos o primeiro ponto decidido na decisão recorrida. A necessária vinculação física entre o insumo utilizado e o produto exportado. Entendo que a vinculação física deve ser aplicada ao presente caso. No entanto, comungo das conclusões da decisão recorrida na medida em que se comprovou que todos os insumos importados foram utilizados em produtos exportados. O que houve foi erro na vinculação desses insumos aos respectivos atos concessórios. Cumpre observar as conclusões exaradas na decisão recorrida: No entanto, entendo que tal princípio admita certa relatividade quando,ainda que não cumprida parte da formalidade exigida, possa ser demonstrado cabalmente, por parte da beneficiária, o cumprimento do regime. No presente caso é cristalino que as indicações dos AC’s nas DI’s em questão foram meramente trocadas. A fiscalização não tem dúvidas sobre esta troca, tanto que ao elaborar o demonstrativo de glosa dos insumos/mercadorias importados para calcular proporcionalmente os tributos devidos pelo excesso do subproduto prata vinculou à DI 11/1278009 o AC 2011.0017226 (embora na DI o ato concessório indicado fosse o de n.º 2011.0017692). Da mesma forma que não utilizou os insumos importados através da DI 11/10514192 Fl. 1097DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.098 21 para o referido cálculo (fls. 163/172). Significa dizer que os elementos trazidos pela interessada durante a ação fiscal ou mesmo aqueles obtidos pela própria fiscalização,asseguraramlhe a certeza da aplicação daqueles insumos na exportação de que trata o AC 2011.0017226. Vejo, portanto, que se a autoridade fiscal identificou o erro ocorrido no preenchimento das DI’s levando em conta, inclusive, as informações constantes nas DI’s para elaborar o cálculo das exigências de tributos, é de se considerar atendido o princípio da vinculação física. Ainda a fiscalização conseguiu constatar que a importação de todas as mercadorias/insumos efetivada foi em quantidade igual à quantidade autorizada nos Atos Concessórios n.º 2011.0017226 e 2011.0017692 (fls.138/141), destacando que não foi identificado saldo positivo de estoque. Dito tudo isto, concluo que, no que se refere às importações e exportações comprovadas, o regime de Drawback foi cumprido pela beneficiária, sendo indevidos os lançamentos de tributos e acréscimos legais referentes às DI’s n.ºs 11/1278009 e 11/10514192. Dessa forma, voto no sentido de acatar a decisão recorrida em relação a esse quesito. Passase então ao ponto seguinte: a produção em excesso do subproduto prata, que estaria acima do percentual de desprezo previsto no art. 401 do Regulamento Aduaneiro. Cumpre anotar alguns aspectos considerados na decisão recorrida: a) o ouro e a prata são produzidos a partir do bulhão de ouro (que é nacional). A este bulhão são aplicados insumos importados sob o regime de drawback com o objetivo de extrair o ouro, extraindose, marginalmente, também a prata. Cabe transcrever a descrição do processo constante da decisão recorrida: A prata foi obtida através do refino de lavras minerais extraídas de solo brasileiro, onde continham vários minérios, dentre eles o ouro que era o objeto da exportação. Assim os insumos foram utilizados para a produção de ouro na forma de bulhão, conforme compromissado nos AC’s. Todavia, para a produção das barras de ouro (objeto do AC 2011.0017226), o bulhão de ouro, já beneficiado com os insumos importados, é encaminhado à outra empresa para proceder ao refino e somente a partir desta etapa é que surge a prata. Ou seja, a prata foi obtida a partir de um procedimento de refino do bulhão sem a utilização dos insumos importados. Fl. 1098DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.099 22 Além deste fato, temos também que a relação insumo importado X exportação se dá com o produto ouro (que é o produto a ser exportado). Caso este não fosse exportado nas quantidades previstas no ato concessório, ou ainda que houvesse sobra superior ao permitido no art. 401 do Decreto n.º 6.759/09 (RA), estaria caracterizado o descumprimento do regime, exigindose da beneficiária os tributos devidos pela importação dos insumos. (...) Na norma citada vêse claramente que a tolerância admitida referese às mercadorias que estiverem sob controle aduaneiro. E o controle aduaneiro se dá sobre as mercadorias importadas ou a serem exportadas. Então se o produto em questão não se enquadrar nestas hipóteses, não ficaria sujeito a uma limitação tolerável. E ainda conjugando os dois dispositivos acima citados temos que tratam de situações específicas de sobras ou perdas relacionados ao produto a ser exportado. Isto é, sobra do próprio produto a ser exportado ou dos insumos utilizados na sua produção. No caso em tela, a lavra que deu origem à prata é nacional, não podendo se admitir a exigência dos tributos suspensos na importação de insumos de forma proporcional à produção de prata como se esta fosse importada ou que devesse ser exportada. No entanto, não se adota neste ponto o entendimento do voto do relator da decisão recorrida, pois o bulhão de ouro, ainda que nacional, ao ser incorporado a uma operação de industrialização prevista no ato concessório do regime de drawback e com a utilização de insumos estrangeiros, passa a ser um insumo também submetido ao regime de drawback e, consequentemente, sob controle aduaneiro, bem como todos seus produtos, inclusive o subproduto prata. Neste ponto específico, esposo as conclusões constante da declaração de voto do Conselheiro Marcus Fahr Pessoa (fls. 1069/1072): O Decretolei nº 2.472, de 1° de setembro de 1988, estabelece no artigo 10 a competência para o “legislador regulamentar” dispor sobre os termos dos percentuais de tolerância para exclusão da responsabilidade tributária em caso de perda inevitável de mercadoria em operação de processo de industrialização, quando esteja sobre controle aduaneiro. E aproveito aqui para destacar o detalhe da necessidade da mercadoria estar sob o controle aduaneiro, a fim de se conceder percentuais de tolerância na exclusão da responsabilidade tributária. "Art. 10. O regulamento fixará percentuais de tolerância para exclusão da responsabilidade tributária em casos de perda inevitável de mercadoria em operação, sob controle aduaneiro, de transporte, carga e descarga, armazenagem, industrialização ou qualquer manipulação." Sendo assim, é indispensável a identificação das mercadorias, sejam produtos ou subprodutos, que se encontram sob referido controle aduaneiro, como sugere o comando legal citado, para se saber quais produtos ficam sujeitos a margem tolerância que tem aplicação disciplinada pelo Regulamento Aduaneiro. Fl. 1099DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.100 23 Em análise aos atos concessórios podemos destacar tanto a descrição da NCM dos itens a serem exportados, bem como dos subprodutos, no campo de descrição complementar, como se segue: Nº do ato concessório 20110017226 “ BARRAS / FIO S / PERFIS DE OURO DE SE ÇÃO MACIÇA OURO EM BARRAS, FIOS.ETC.DE SEC MACIÇA, BULHÃO DOURADO. A. "O PROCESSO DA K1NROSS ENCERRASE COM A PRODUÇÃO DO BULHÃO DOURADO E O POSTERIOR REFINO DESTE É FEITO POR OUTRA EMPRESA ESPECIALIZADA. B. O LAUDO TÉCNICO REFERENTE A ESTE AC FOI PROTOCOLADO NO DECEX SOB NUMERO: 52000.01 1468/201194 EM 25/4/11 C. OS SUBPRODUTOS DECORRENTES DESTE PROCESSO SÃO A PRATA QUE É VENDIDA NO MERCADO INTERNO F, OUTROS MINERAIS (CHUMBO. NICKEL. COBRE. FERRO) QUE NÃO POSSUEM VALOR COMERCIAL E CONSEQUENTEMENTE SÃO DESCARTADOS PELA EMPRESA QUE REALIZA O REFINO. DO VALOR AUFERIDO DA PRATA VENDIDA NO MERCADO INTERNO SERÁ DE APROXIMADAMENTE USD 2.000,000.00 (DOIS MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS) EQUIVALENTES A 2600 KG DE PRATA. E. MESMO CONSIDERANDO QUE ESTES PRODUTOS N. QUILOGRAMA L IQU ID O 8 . 5 1 2 , 3 9 0 3 9 ” . Nº do ato concessório 20110017692 “OURO FO RMA BULHÃO DOU RAD O (BULLION DORÉ) OURO EM FORMA DE BULHÃO DOURADO (#BULLION DORE#) PESO DO BULLION SENDO: 1) 65% AU 8.500 KG 2) 20% AG 2.600 KG 3) 15% OUTROS METAIS SEM VALOR COMERCIAL SIGNIFICATIVO DADO O PEQUENO VOLUME (FERRO, NÍQUEL, CHUMBO E COBRE) 4) PESO TOTAL 13077KG DE BULLION NO VALOR TOTAL DE USD 357.265,000.00 (SENDO AUOURO 8500KG USD 355,265,000.00 E AGPRATA USD 2,000,000.00) A) O PROCESSO DA KINROSS ENCERRASE COM A PRODUÇÃO DO BULHÃO DOURADO E O POSTERIOR REFINO DESTE É FEITO POR OUTRA EMPRESA ESPECIALIZADA. B) O LAUDO TÉCNICO REFERENTE A ESTE AC FOI PROTOCOLADO NO DECEX SOB NUMERO: 52000.011469/201194 EM 25/4/11. C) MESMO CONSIDERANDO QUE OS DEMAIS PRODUTOS NÃO POSSUEM VALOR DE MERCADO, OS MESMOS CONSTAM EM NOSSO LAUDO TÉCNICO COM OS SEUS RESPECTIVOS PERCE. QUILOGRAMA LIQUIDO 8.000,000 0 0 ” . Fl. 1100DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.101 24 Vemos, portanto, que a prata foi parte do ato concessório, estando sob controle aduaneiro tanto quanto o ouro. Por isso, deveriam ambos serem exportados para cumprimento do regime pleiteado. Ocorre que pelo que dispõe o artigo 401 do RA, existe uma margem de tolerância de 5% para os subprodutos não exportados: Decreto n.º 6.759/2009: "Art. 401. Na concessão do regime serão desprezados os subprodutos e os resíduos não exportados, quando seu montante não exceder de cinco por cento do valor do produto importado. "(grifos acrescidos) Tal margem de tolerância foi prevista no ato concessório do regime para o subproduto PRATA, estabelecendo que este poderia ser vendido no mercado interno, dentro de um equivalente percentual legal previsto. Contudo, verificouse que a produção prevista do subproduto PRATA foi excedida. Em ocorrendo um excedente da margem de tolerância, o artigo 389 estabelece que a mercadoria sob o controle aduaneiro, no caso presente o ouro e a prata, poderá ser vendida no mercado interno, desde que sejam pagos os tributos suspensos dos correspondentes insumos. "Art. 389. As mercadorias admitidas no regime, na modalidade de suspensão, deverão ser integralmente utilizadas no processo produtivo ou na embalagem, acondicionamento ou apresentação das mercadorias a serem exportadas. Parágrafo único. O excedente de mercadorias produzidas ao amparo do regime, em relação ao compromisso de exportação estabelecido no respectivo ato concessório, poderá ser consumido no mercado interno somente após o pagamento dos tributos suspensos dos correspondentes insumos ou produtos importados, com os acréscimos legais devidos." (sublinhei) Ora, o excedente de PRATA, além da margem de 5% do valor do produto importado, foi vendido no mercado interno sem o recolhimento dos tributos suspensos dos insumos para sua fabricação. Sendo assim, fica definido o elo entre o excedente de produção do subproduto PRATA, sob regime de drawback, e o recolhimento dos tributos suspensos da parte que excede a margem de 5% do valor do produto importado, tal qual a fiscalização bem destacou em seu relatório: "Conforme disciplinado no art. 401 – Decreto 6.759/09 atual Regulamento Aduaneiro Fl. 1101DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.102 25 – RA, acima reproduzido, serão desprezados o subproduto (PRATA) apurado na produção de mercadoria OURO destinado ao exterior e industrializado com a utilização de mercadorias/insumos importados quando o valor daquele (subproduto) não exceder 5% do valor destes (mercadorias/insumos). Temos pois: Valor total mercadorias/insumos importados R$ 31.792.195,43 Valor relativo a 5% R$ 1.589.609,77 Valor total das vendas do subproduto PRATA no mercado interno (não exportado) R$ 12.859.088,00 Assim demonstrado, o valor das vendas do subproduto PRATA (= R$ 12.859.088,00) no mercado nacional ultrapassou o limite de 5% (= 1.589.609,77) estabelecido pela legislação, linhas acima transcrita. A legislação, linhas acima transcrita, somente permite que sejam desprezadas as vendas do subproduto PRATA que não exceder o percentual de 5% (cinco por cento) do valor das mercadorias/insumos importados. Portanto, desprezando os 5% (cinco por cento) que é de R$ 1.589.609,77, temos um valor excedente de vendas do subproduto PRATA de R$ 11.269.478,23 (12.859.088,00 –1.589.609,77) Contudo, o mesmo comando legal (artigo 401) especifica que sejam cobrados os tributos dos ‘exatos” correspondentes insumos para a produção excedente. Dessa forma, analiso o cálculo empregado para se definir os correspondentes insumos utilizados para produção da prata excedente à margem de tolerância, observando a relação insumo/mercadoria (subproduto – prata). Verifico que a fiscalização comparou o produto final (OURO) com seu subproduto (PRATA) na exata relação de equivalência, como se lê: “Tanto uma quanto a outra relação nos permitirá identificar as quantidades de insumos/mercadorias que foram demandadas e que foram importadas para a produção de 5.941,00 kg do subproduto PRATA ou 8.512,39039 kg de OURO. Utilizaremos a primeira relação “Quantidade de insumo necessário para a produção de 1.000 kg de OURO” de consumo informada no laudo técnico apresentada pela beneficiária.” Entendo que houve um equívoco ao se produzir a proporção dos tributos sobre apenas a base do ouro, quando este inclui em si a Fl. 1102DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.103 26 quantidade de prata que se pretendia servir de base de cálculo. Como aduz a impugnante em explicação e tabela apresentadas na impugnação, abaixo: “A fiscalização, a rigor, também desconsiderou o fato de que deveria ter sido somado o valor total da produção de ouro e prata para auferir a correta proporção de insumo x produtos (ouro e prata, e não a substituição do ouro pela prata). Isto porque, a quantidade de ouro produzida é muito superior à quantidade de prata produzida com a mesma quantidade de insumos. Não há como considerar que a proporção utilizada pela fiscalização está correta, vez que não reflete a realidade dos fatos,...” Como se vê, a coluna última da tabela acima (Quantidade de insumo necessário para a produção de 5.206,59kg de PRATA (excesso) (KG)) retrata a correta relação subproduto prata e insumo que deveria ser empregada no cálculo do tributo suspenso. Dessarte, desonero o crédito por nulidade material, no mesmo sentido do entendimento constante da declaração de voto do Conselheiro Marcus Fahr Pessoa, no sentido de que deveriam ser exigidos os tributos incidentes sobre os insumos utilizados na produção do subproduto prata, mas que esses tributos teriam que ser calculados levando em conta o processo produtivo desse subproduto nos termos constante desse voto: Fl. 1103DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.104 27 Na constituição do crédito tributário é imprescindível o adequado cálculo do montante do tributo devido, como consigna o artigo 142 do CTN. Portanto, no que se refere ao cálculo dos tributos, VOTO pela procedência da impugnação, e no sentido de exonerar o crédito tributário. Em relação à multa pelo descumprimento do regime aduaneiro especial, no valor diário de R$ 1.000,00, com fundamento na alínea "d" do inciso VII do art. 107 do DecretoLei no 37/66, da data que expirou a validade dos AC até a data da lavratura do Auto de Infração, adoto o entendimento da decisão recorrida no sentido de que tal multa não se aplica ao caso em pauta. Consigno as minhas razões de decidir neste ponto, que vão ao encontro das constantes da decisão recorrida: O art. 107, inciso VII, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/1966 fixa que: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: ... VII de R$ 1.000,00 (mil reais): ... e) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitarse ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados; O dispositivo possibilita a aplicação de multa diária quando do descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para se habilitar ou utilizar regime aduaneiro especial, ou para se habilitar ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados. Para se descumprir requisito, condição ou norma operacional se deve estar utilizando o regime ou se habilitando para a sua utilização. Assim que, só há que se suscitar a penalidade fixada no dispositivo se a mercadoria se encontrar sob o manto do regime ou se se estiver pleiteando a habilitação ao regime. Se por um lado, não há que se suscitar a aplicação da multa diária quando o regime de Drawback já estiver extinto, por outro, seria possível a aplicação da multa quando exista o descumprimento de um requisito, condição ou norma operacional para se habilitar ou utilizar esse regime especial. Essa aplicação, no entanto, deve ser feita dentro dos parâmetros legais, no caso, as regras constantes do Regulamento Aduaneiro RA (Decreto 6759/2009). O RA, em seu art. 728, determina que: Art. 728. Aplicamse ainda as seguintes multas (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 107, incisos I a VI, VII, alínea “a” e “c” a “g”, VIII, IX, X, alíneas “a” e “b”, e XI, com a redação dada pela Lei no 10.833, de 2003, art. 77): (...) Fl. 1104DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.105 28 VII de R$ 1.000,00 (mil reais): (...) d) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitarse ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados, exceto os requisitos técnicos e operacionais referidos no art. 13 A; (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) Em seguimento à multa diária estabelecida no art. 107, inciso VII, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/1966 (com redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003), encontramos, no art. 728, no § 4º, do RA, a ressalva quanto a sua aplicação: § 4º Nas hipóteses em que a conduta tipificada neste artigo ensejar também a imposição de sanção administrativa referida no art. 735 ou 735C, a lavratura do auto de infração para exigência da multa será efetuada após a conclusão do processo relativo à aplicação da sanção administrativa, salvo para prevenir a decadência. (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) Diante desse § 4º do art. 728 do RA, o aplicador deve buscar nos artigos 735 e 735C se a conduta que deu ensejo à multa prescrita no art. 728 também está ali tipificada. Se estiver, a lavratura do auto de infração para a exigência da multa só poderá ser efetuada após a conclusão do processo relativo às sanções administrativas tipificadas nesses dois artigos. Ademais, o art. 735 estabelece o rito para aplicação da multa diária, in verbis: Art. 735. Os intervenientes nas operações de comércio exterior ficam sujeitos às seguintes sanções: I advertência, na hipótese de: (...) i) descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitarse ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados; (...) § 8º Nas hipóteses em que conduta tipificada nas alíneas “d”, “e” ou “f” do inciso VII do art. 728 ensejar também a imposição de sanção referida no caput, após a aplicação definitiva da sanção administrativa: I de advertência, se ainda não houver sido sanada a irregularidade: a) o infrator será notificado a sanála, iniciandose com sua ciência da notificação a contagem diária da multa a que se refere o art. 728; b) será lavrado novo auto de infração para aplicação da sanção administrativa de suspensão Fl. 1105DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.106 29 c) serão aplicadas restrições à operação no recinto, regime ou procedimento simplificado, de acordo com a gravidade da infração (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 107, § 1º com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003, art. 77); (grifos nossos) Dessarte, antes de aplicar a multa diária, deve ser aplicada definitivamente a sanção de advertência prevista no inciso I do art. 735 do RA. Da ciência dessa aplicação definitiva, iniciase o prazo de contagem da multa diária pelo descumprimento das regras relativas ao regime de drawback. Iniciada a contagem dos dias da multa, se o contribuinte não adotar as medidas necessárias para corrigir as irregularidades, a multa deve correr até o momento da aplicação definitiva da penalidade de suspensão do regime, nos termos do art. 735, II, do RA. Por sua vez, a formalização, o lançamento dessa multa diária em auto de infração somente deve efetuado após a conclusão do processo relativo à aplicação da sanção administrativa, conforme estabelece o § 4º do art. 728 do RA. Se houver risco de decadência, o lançamento da multa diária pode ser efetuado antes da conclusão do processo relativo à aplicação da sanção administrativa, de acordo com o trecho final do § 4º do art. 728 do RA, o que não implica autorização para qualquer alteração do dies a quo e do dies ad quem na contagem do prazo da multa. Cumpre ressaltar que a multa somente seria aplicável se houvesse condição ou requisito descumprido e o regime ainda estivesse vigente, a multa diária deve ser vista como meio coercitivo para o cumprimento das regras pertinentes ao regime. Sendo assim, não cabe a aplicação dessa multa no caso de mercadorias já não amparadas pelo regime de drawback. Sendo assim, adotamos o entendimento constante na decisão recorrida no sentido de que " No que tange, portanto, à multa prevista no art. 107, VII, “e” do DecretoLei n.º 37/66, com alteração da Lei n.º 10.833/2003, entendo não aplicável ao caso em apreço, e por isso, deve ser a mesma cancelada." Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício. Liziane Angelotti Meira Relatora Voto vencedor Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho. O Presidente deste Colegiado nomeoume relator da fundamentação vencedora, na parte que diferiu do voto da relatora: a questão do subproduto prata excedente. Sobre o tema, assim restou decidido no acórdão de primeiro grau: SUBPRODUTO. EXCEDENTE. LIMITE LEGAL. APLICAÇÃO DA NORMA. DESCUMPRIMENTO DE REGIME. Fl. 1106DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.107 30 Não caracteriza descumprimento do regime de Drawback quando, ainda que o subproduto decorrente do processo de beneficiamento seja superior ao limite de 5% do valor dos insumos importados, a mercadoria que deu origem ao subproduto seja nacional e a mesma não seja de exportação obrigatória pelo ato concessório. (grifos deste relator). A autoridade autuadora, no entanto, havia exigido tributos relativos a este excesso: Conforme disciplinado no art. 401 do Decreto n.º 6.759/09 (RA), serão desprezados o subproduto (prata) apurado na produção de mercadoria (ouro) destinado ao exterior e industrializado com a utilização de mercadorias/insumos importados quando o valor daquele (subproduto) não exceder 5% do valor destes (mercadorias/insumos). [...] 2) O subproduto prata, obtido na industrialização do ouro, ultrapassou o percentual de 5% do valor dos insumos/mercadorias importadas, [...]. Foram, então, exigidos os tributos devidos para os insumos/mercadorias importadas por meio dos quais na industrialização do ouro resultou o excedente do subproduto prata. A relatora do presente Acórdão, Conselheira Liziane, discordou, neste ponto, do voto do relator do acórdão recorrido, entendendo: a) pela correta a tributação decorrente do excesso de subproduto prata; mas b) pela desoneração do crédito por nulidade material, porquanto o cálculo dos tais tributos deveria ter levado em conta o processo produtivo desse subproduto. Reproduzo os respectivos trechos de seu voto: No entanto, não se adota neste ponto o entendimento do voto do relator da decisão recorrida, pois o bulhão de ouro, ainda que nacional, ao ser incorporado a uma operação de industrialização prevista no ato concessório do regime de drawback e com a utilização de insumos estrangeiros, passa a ser um insumo também submetido ao regime de drawback e, consequentemente, sob controle aduaneiro, bem como todos seus produtos, inclusive o subproduto prata. Neste ponto específico, esposo as conclusões constante da declaração de voto do Conselheiro Marcus Fahr Pessoa (fls. 1069/1072): [...] Dessarte, desonero o crédito por nulidade material, no mesmo sentido do entendimento constante da declaração de voto do Conselheiro Marcus Fahr Pessoa, no sentido de que deveriam ser exigidos os tributos incidentes sobre os insumos utilizados na produção do subproduto prata, mas que esses tributos teriam que ser calculados levando em conta o processo produtivo desse subproduto nos termos constante desse voto: Entendeu, porém a maioria deste Colegiado, por acompanhar, neste ponto, a fundamentação da decisão de primeiro grau; a qual também deu pela Fl. 1107DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.108 31 desoneração do crédito lançado relativamente ao excesso do subproduto prata; mas, sob o fundamento de que não restaria descumprido o regime de drawback posto que, ainda que o subproduto prata exceda 5% do valor dos insumos importados, a mercadoria que deu origem ao subproduto bulhão de ouro é nacional e não é de exportação obrigatória, pelo ato concessório. Reproduzo trechos do voto do acórdão recorrido que contém tal fundamento: Analisandose os laudos (fls. 219/220 e 225/228) e informações prestadas pela interessada se verifica que as barras de ouro são produzidas após a produção do bulhão de ouro. Então o processo produtivo se inicia com a extração da lavra mineral, passando por um processo de beneficiamento que consiste em desmontar o minério, transportálo para sua fragmentação, jigagem, flotação, remoagem, hidrometalurgia e, finalmente, a fundição para obtenção do bulhão, que é um composto de ouro e prata. Os insumos são utilizados até esta fase de produção. Para a produção deste bulhão de ouro os insumos importados são os requeridos no AC 2011.0017692. Já para a produção de barras de ouro, de que trata o AC 2011.0017226, o beneficiamento teve outra etapa que consiste no refino do bulhão, por outra empresa especializada, e deste beneficiamento foi obtido como subproduto a prata e outros minérios sem valor comercial, segundo a beneficiária. [...] A prata foi obtida através do refino de lavras minerais extraídas de solo brasileiro, onde continham vários minérios, dentre eles o ouro que era o objeto da exportação. Assim os insumos foram utilizados para a produção de ouro na forma de bulhão, conforme compromissado nos AC’s. Todavia, para a produção das barras de ouro (objeto do AC 2011.0017226), o bulhão de ouro, já beneficiado com os insumos importados, é encaminhado à outra empresa para proceder ao refino e somente a partir desta etapa é que surge a prata. Ou seja, a prata foi obtida a partir de um procedimento de refino do bulhão sem a utilização dos insumos importados. [...] Art. 10. O regulamento fixará percentuais de tolerância para exclusão da responsabilidade tributária em casos de perda inevitável de mercadoria em operação, sob controle aduaneiro, de transporte, carga e descarga, armazenagem, industrialização ou qualquer manipulação. (grifos acrescidos) Na norma citada vêse claramente que a tolerância admitida referese às mercadorias que estiverem sob controle aduaneiro. E o controle aduaneiro se dá sobre as mercadorias importadas ou a serem exportadas. Então se o produto em questão não se enquadrar nestas hipóteses, não ficaria sujeito a uma limitação tolerável. E ainda conjugando os dois dispositivos acima citados Fl. 1108DF CARF MF Processo nº 10611.720243/201518 Acórdão n.º 3301003.436 S3C3T1 Fl. 1.109 32 temos que tratam de situações específicas de sobras ou perdas relacionados ao produto a ser exportado. Isto é, sobra do próprio produto a ser exportado ou dos insumos utilizados na sua produção. No caso em tela, a lavra que deu origem à prata é nacional, não podendo se admitir a exigência dos tributos suspensos na importação de insumos de forma proporcional à produção de prata como se esta fosse importada ou que devesse ser exportada. Foge, portanto, ao controle aduaneiro tal produção pois não preenche nenhum dos requisitos: nem foi importada, nem deve ser exportada. A prata, neste caso, ao ser vendida, deverá sofrer a exigência dos tributos normalmente exigidos no mercado interno. Não há como se entender que houve descumprimento do regime de Drawback com relação ao AC 2011.0017226 pelo fato de o subproduto excedente ser nacional e não ser exportado. Por unanimidade de votos negouse provimento ao Recurso de Ofício. A maioria deste Colegiado entendeu por acompanhar a fundamentação da decisão de primeiro grau. A Conselheira Relatora Liziane, acompanhada pela Conselheira Semíramis, negaram provimento ao Recurso de Ofício, na questão do subproduto prata excedente, por fundamento diverso, qual seja, nulidade material, conforme descrito acima. Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator Fl. 1109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.900379/2014-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 24/08/2012
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez.
Numero da decisão: 3401-003.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado.
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CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 03 79 /2 01 4- 77 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13888.900379/201477 Acórdão n.º 3401003.742 S3C4T1 Fl. 3 2 Versam os autos sobre PER/DCOMP cujo direito creditório alegado seria oriundo de recolhimento indevido do IPI, a ser compensado com débito de tributo administrado pela RFB. O despacho decisório não homologou a compensação em razão do recolhimento indevido já ter sido integralmente quitado com outros débitos do contribuinte. O contribuinte apresentou tempestivamente sua manifestação de inconformidade, arguindo várias nulidades, mormente que o aludido Despacho não teria fundamentação, teria se desviado de sua finalidade e lhe causado cerceamento de defesa. Sobreveio decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, na qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja ementa possui o seguinte teor: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 24/08/2012 NULIDADES. As causas de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal são somente aquelas elencadas na legislação de regência. O Despacho Decisório devidamente fundamentado é regularmente válido. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. A homologação das compensações declaradas requer créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional. Não caracterizado o pagamento indevido, não há créditos para compensar com os débitos do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte interpôs tempestivamente o seu recurso voluntário, asseverando que a decisão não levou em consideração, nas razões de decidir a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, impedindo que a Recorrente apresentasse defesa, bem como demonstrasse a existência do crédito, requerendo a nulidade da decisão, vez que não lhe foi oportunizado conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada. É o relatório. Voto Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13888.900379/201477 Acórdão n.º 3401003.742 S3C4T1 Fl. 4 3 Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.652, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 13888.900243/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.652): Como se viu do relatório, o presente recurso voluntário visa a nulidade da decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, entendendo que esta não restou motivada, implicando seu cerceamento de defesa. Não merece prosperar as alegações da Recorrente. A uma, disse o Despacho Decisório: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A duas, mencionou expressamente a decisão de piso que a Recorrente não trouxe qualquer prova (DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI), indício ou justificativa que permitisse comprovar o alegado recolhimento indevido. A propósito, merece destaque parte do voto do e. relator: Inicialmente vale verificar o que consta no Despacho Decisório, devidamente assinado pela autoridade competente: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ou seja, o alegado pagamento indevido não foi restituído porque já tinha sido utilizado para quitar outros débitos. Com efeito, se há erro nos arquivos da Receita, bastaria o interessado juntar a idônea e hábil documentação contraditória (DARF, DCTF e Livro de Apuração e Registro do IPI), até em homenagem o princípio da verdade material tanto invocado, sendo que, se tratam de declarações e livros cuja boa guarda e apresentação imediata estão legalmente determinadas. A manifestação do interessado não traz qualquer prova, indício ou mesmo justificativa que permita comprovar o alegado Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13888.900379/201477 Acórdão n.º 3401003.742 S3C4T1 Fl. 5 4 recolhimento indevido, limitandose, tão somente a colecionar julgados e doutrinas sobre nulidades. Considerando que nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, consta que os valores recolhidos no indigitado DARF já foram utilizados para quitar outros débitos e nada o contribuinte a isto contrapõe, não há o que reconsiderar ou anular, sendo que não se justifica a falta de apresentação de documentos que provassem seu direito creditório, na medida que a alegação de cerceamento da defesa não se sustenta. A três, vêse que a decisão fora motivada, embora cingiramse as assertivas da Recorrente apenas e tão somente na juntada da DCOMP, informando que detinha um crédito de IPI, oriundo de pagamento indevido, o qual seria compensado com débitos da COFINS. A quatro, temse que, sobrevindo a decisão da manifestação de inconformidade, deveria a Recorrente fazer prova deste suposto pagamento indevido ou a maior do IPI, conforme determinava o artigo 333 do CPC, vigente à época ademais, como ressalvada pela decisão da DRJ , porém, quedou silente a contribuinterecorrente. A quinto, o processo há de vir devidamente instruído para que o Colegiado possa apreciálo, de modo que, diante da ausência de qualquer prova, a conclusão que se chega é que a decisão de piso não merece reparos. Não maiores ilações a serem feitas e diante da ausência de provas, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 65DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.905016/2012-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO.
Verifica-se no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada.
Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.570
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DIREITO DE CREDITO. Recorrente O. G. SISTEMAS DE EXAUSTÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO. Verificase no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada. Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 50 16 /2 01 2- 36 Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10865.905016/201236 Acórdão n.º 3301003.570 S3C3T1 Fl. 3 2 descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, conforme relatado na decisão recorrida, alegando que após análise efetuada junto a seus arquivos verificou que pediu restituição para o período em discussão e solicitou futura compensação, na qual a empresa se beneficia de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, daí a origem do crédito. Por não ter feito a retificação da DCTF, houve o indeferimento. Solicita que seja feita a retificação na DCTF, uma vez que não há tempo hábil nem permitido para devida retificação, pois assim se fará um ato de justiça. Requerendo, ainda, a reavaliação do Despacho Decisório. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 02049.476. O fundamento adotado, em síntese, foi a necessidade de comprovação pelo contribuinte do direito creditório pretendido. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, através do qual alega, resumidamente: (i) que o crédito pleiteado decorre do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%); (ii) que o indébito em questão estaria comprovado por meio da documentação acostada em seu recurso voluntário (faz pedido alternativo de diligência, caso se entenda necessário); (iii) que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. Requer, então, que o recurso seja provido, a fim de reformar a r. decisão de primeira instância, culminando com o reconhecimento do direito creditório e a consequente homologação das compensações vinculadas. Posteriormente, o contribuinte protocolizou nova petição aos autos, através da qual requereu a juntada de notas fiscais, no intuito de comprovar o seu direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.443, de 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10865.905013/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.443): "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10865.905016/201236 Acórdão n.º 3301003.570 S3C3T1 Fl. 4 3 Conforme relatado acima, a compensação apresentada pelo contribuinte fora indeferida por ausência de comprovação do crédito pleiteado. Os fundamentos do voto proferido pela DRJ consta da transcrição a seguir: No processo de restituição, de ressarcimento ou de compensação, é o contribuinte quem toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, mediante a apresentação do PerDcomp. No Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria, por isso utilizase a existente no CPC. Por essa razão, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito pretendido. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Esse entendimento aplicase também à restituição. Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. Feitas estas considerações, passemos ao exame da manifestação de inconformidade. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS 5 ANOS DO FATO GERADOR A DCTF retificada após a ciência do despacho decisório não constitui prova nem tem nenhuma força de convencimento e só pode ser considerada como argumento de impugnação, não produzindo efeitos quando reduz débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (Instrução Normativa RFB 1.110/2010, art. 9º, § 2o, I, c). A declaração apresentada presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art. 131 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Entretanto, essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração entregue. Limitase a informar que se beneficia de tributação monofásica de “alguns produtos” que comercializa, mas não informa quais são os produtos. Além disso, não apresenta nenhum documento fiscal ou contábil que confirme seus argumentos. Ademais, o prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário é o mesmo para que o contribuinte proceda Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10865.905016/201236 Acórdão n.º 3301003.570 S3C3T1 Fl. 5 4 à retificação da respectiva declaração apresentada. Esse entendimento foi adotado pelo Parecer Cosit nº 48, de 7 de julho de 1999, que trata da declaração de rendimentos, mas que se aplica por analogia à presente situação: “Dos comandos legais citados, temos que extinguese no prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da declaração de rendimentos ou da data em que se tornar definitiva a decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário. Assim, da mesma forma que a Fazenda Pública submetese a um prazo final para rever de ofício seu lançamento ou para constituir o crédito tributário, o contribuinte deve igualmente dispor de um termo para que sejam corrigidos eventuais erros cometidos quando da elaboração de sua declaração de rendimentos.” (grifouse) O Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF) também já se pronunciou nesse sentido: “DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS DCTF RETIFICAÇÃO PRELIMINAR DE DECADÊNCIA Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de o contribuinte proceder à retificação das DCTF trimestrais extinguese após 5 (cinco) anos contados da data da ocorrência dos correspondentes fatos geradores, como analogamente ao Fisco seria vedado o direito de proceder à sua revisão. IRPJ e CSLL COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO A compensação de tributos em face de seu alegado pagamento a maior condicionase à demonstração efetiva da ocorrência do pagamento em excesso, mediante documentação hábil (1º CC; 8ª Câmara; processo 13707.001451/0087; Acórdão nº 10808913; data da sessão: 23/06/2006). (grifouse) Diante disso, verificase que já decaíra o direito de o contribuinte proceder à retificação da DCTF. APURAÇÃO DO TRIBUTO A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório, não evidencia a existência de pagamento indevido ou a maior. As verificações efetuadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e nos autos desse processo confirmam os fatos relatados e podem ser assim consolidadas: (...). Em face do exposto, voto por julgar IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar as compensações em litígio. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10865.905016/201236 Acórdão n.º 3301003.570 S3C3T1 Fl. 6 5 Concordo com os termos da decisão recorrida, a qual entendo não merecer reparos. Como é cediço, é do contribuinte o ônus da prova do seu direito creditório. Tanto que este, em seu recurso voluntário, reconhece a ausência de comprovação do seu direito creditório nas fases anteriores do presente processo. Pleiteia, contudo, que a documentação apresentada quando do Recurso Voluntário seja levada em consideração por este Conselho, seja para fins de reconhecimento do crédito pleiteado, seja para fins de, ao menos, determinar diligência para fins de confirmação do direito requerido. Alega, para tanto, que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. É importante que se esclareça, em princípio, que esta turma julgadora tem, em determinadas situações, admitido a análise de documentos anexados pelo contribuinte a destempo, desde que aptas a comprovar o direito alegado, em atenção ao princípio da verdade material. Entendo, contudo, que não deve ser esta a conduta a ser adotada neste caso concreto. Isso porque, consoante bem assinalou a decisão recorrida, o contribuinte apresentou DCOMP indicando um suposto crédito oriundo de DARF já integralmente utilizado para fins de quitação de outro débito do contribuinte. Logo, não havia como se admitir a compensação apresentada, por ausência de direito creditório. Em sua manifestação de inconformidade, o contribuinte limitouse a alegar que o seu direito creditório decorreria do recolhimento indevido realizado em razão de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, e que o indeferimento teria se dado em razão da ausência de retificação da DCTF, uma vez que não havia tempo hábil para proceder à devida retificação. Neste ponto, entendeu corretamente a decisão recorrida no sentido de que não se deve admitir DCTF retificadora fora do prazo legal de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Verificase no caso concreto aqui analisado que o período que o contribuinte pretende retificar reportase ao 2º semestre de 2005, ao passo que a primeira manifestação de que haveria informação incorreta na referida DCTF outrora apresentada reportase a setembro de 2012, quando o contribuinte apresentou a sua manifestação de inconformidade, já comunicando a impossibilidade de apresentação da DCTF retificadora. Sendo assim, não havia mais tempo hábil para se admitir a retificação da DCTF pretendida pelo contribuinte, ou mesmo para se reanalisar as informações ali transmitidas pelo próprio contribuinte. Nesse sentido, inclusive, trazse à colação decisões deste Conselho, proferidas à unanimidade de votos: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/09/2003 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. INTEMPESTIVIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10865.905016/201236 Acórdão n.º 3301003.570 S3C3T1 Fl. 7 6 É ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo de 5 anos contados do fato gerador ou da entrega da declaração para fins de comprovação de pagamento indevido passível de compensação. O prazo para constituição do crédito tributário deve ser o mesmo para o Fisco e para o contribuinte. Também ineficaz a DCTF retificadora se desacompanhada de documentação comprobatória hábil e idônea que comprove a existência e a disponibilidade do crédito reclamado. (Acórdão n. 3802001.464). *** Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/05/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza. DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeito se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário negado. (Acórdão n. 3202000.862). É importante que se tenha em mente que o direito não socorre aos que dormem. Nesse contexto, da mesma forma que a Fazenda possui prazos para fiscalizar o contribuinte, este possui prazos para retificar as suas declarações, no intuito de constituir direito creditório que entende fazer jus. A observância de tais prazos legais, inclusive, precisam ser observadas em benefício da sociedade como um todo, em prol da segurança jurídica. É importante que se esclareça que não se está aqui dispondo que a verdade material não deve prevalecer sobre a verdade formal. Contudo, a aplicação do princípio da verdade material possui limites que precisam ser observados, a exemplo dos prazos decadencial e prescricional, os quais devem ser observados sem distinção, às vezes a favor, às vezes contra o contribuinte/Fisco. E, uma vez encerrado o prazo legal para retificação da DCTF, resta forçoso reconhecer que a documentação apresentada pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário não o socorre em seu pleito. Ainda que tivesse o contribuinte direito ao crédito pleiteado em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não poderia o contribuinte pleitear tal crédito ad eternum. Existe um marco temporal que precisa ser observado e a apresentação de documentos comprobatórios quando já decorrido tal prazo não deve ser considerada. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10865.905016/201236 Acórdão n.º 3301003.570 S3C3T1 Fl. 8 7 É a mesma situação que ocorre quando um crédito tributário resta fulminado pela decadência. Ainda que a Receita Federal tenha provas cabais de que determinado montante é devido, não pode exigilo após o decurso do prazo quinquenal previsto na legislação. Diante das razões acima expostas, entendo que deverá ser negado provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo a decisão recorrida em sua integralidade, por seus próprios fundamentos." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não se admitindo a DCTF retificadora e a documentação comprobatória apresentados a destempo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 163DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.900741/2009-83
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2006
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INDÉBITO CORRESPONDENTE A PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVA MENSAL. POSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO.
Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.
Por aplicação direta da referida súmula, a negativa ao pleito da contribuinte deixa de ter fundamento. Afastado o fundamento que justificou a negativa da compensação, devem os autos retornar à DRF de origem para novo exame do PER/DCOMP em questão.
Numero da decisão: 9101-002.927
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para afastar o fundamento que justificou a negativa da compensação, com retorno dos autos à Unidade de Origem para novo exame do PER/DCOMP em questão.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), que conduziu o julgamento. Ausente, momentaneamente, o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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INDÉBITO CORRESPONDENTE A PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVA MENSAL. POSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Por aplicação direta da referida súmula, a negativa ao pleito da contribuinte deixa de ter fundamento. Afastado o fundamento que justificou a negativa da compensação, devem os autos retornar à DRF de origem para novo exame do PER/DCOMP em questão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento parcial, para afastar o fundamento que justificou a negativa da compensação, com retorno dos autos à Unidade de Origem para novo exame do PER/DCOMP em questão. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), que conduziu o julgamento. Ausente, momentaneamente, o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 07 41 /2 00 9- 83 Fl. 111DF CARF MF Processo nº 13116.900741/200983 Acórdão n.º 9101002.927 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto à possibilidade de restituição ou compensação das estimativas mensais recolhidas indevidamente ou a maior. A conclusão dos acórdãos paradigmas é a de que os valores pagos indevidamente ou a maior a título de estimativas mensais de IRPJ/CSLL podem ser compensados com outros débitos mediante a apresentação de Dcomp. O acórdão recorrido, por seu turno, em sentido oposto, entende que os pagamentos indevidos ou a maior de estimativas mensais somente podem ser compensados após o encerramento do exercício, se apurado saldo negativo de IRPJ/CSLL. A PGFN apresentou tempestivamente contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9101002.923, de 08/06/2017, proferido no julgamento do processo 13116.900737/200915, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9101002.923): Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. A questão sobre a possibilidade, ou não, de restituição/compensação de pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal foi definitivamente solucionada pelo CARF, inclusive com edição de súmula: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. No caso sob análise, a negativa em relação à compensação foi fundamentada no entendimento, já superado, de que os recolhimentos por estimativa não são, em razão de sua própria natureza, passíveis de restituição/compensação. Por aplicação direta da súmula acima transcrita, a negativa ao pleito da contribuinte deixa de ter fundamento. Por via de Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13116.900741/200983 Acórdão n.º 9101002.927 CSRFT1 Fl. 4 3 consequência, os autos devem retornar à unidade de origem para novo exame da compensação em pauta. Diante do exposto, voto por DAR PARCIAL provimento ao recurso especial da contribuinte, para afastar o fundamento que justificou a negativa da compensação, devendo os autos retornar à DRF de origem para novo exame do PER/DCOMP em questão. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do Recurso Especial e, no mérito, doulhe provimento parcial, para afastar o fundamento que justificou a negativa da compensação, com retorno dos autos à Unidade de Origem para novo exame do PER/DCOMP em questão. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 113DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.008297/2009-65
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri May 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
Numero da decisão: 9101-002.859
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2005 COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
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LIMITE LEGAL. Recorrente BERNECK S/A. PAINEIS E SERRADOS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 82 97 /2 00 9- 65 Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 3 2 conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Contra o Sujeito Passivo acima identificado foram lavrados: I O Auto de Infração às fls. 3136, com a exigência do crédito tributário no valor de R$1.225.445,32, a título de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), juros de mora e multa de ofício proporcional apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2005. Consta na Descrição dos Fatos: 001 GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE INOBSERVÂNCIA DO LIMITE DE 30%. Compensação indevida de prejuízo fiscal apurado, tendo em vista a inobservância do limite de compensação de 30% do lucro liquido, ajustado pelas adições e exclusões previstas e autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, conforme enquadramento legal abaixo. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 247, art. 250, inciso III do art. 251 e parágrafo único do art. 510 do Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR, de 1999). Consta no Termo de Verificação Fiscal, fls. 2728: IRPJ e CSLL, Ano Calendário de 2005. O presente procedimento de Revisão Interna foi proveniente dos trabalhos efetuados na empresa Berneck e Cia, CNPJ 76.484.153/000113, incorporada em 30/11/2005 pela Empresa acima identificada, ficando esta como responsável por sucessão, conforme Arts. 130 e 131 da Lei 5.172 / 2006 CTN. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 4 3 Na Empresa acima identificada foi constatado que, em sua DIPJ 2005, situação de encerramento de atividades, Ano Calendário de 2005, informada como ocorrida em 30/11/2005, do lucro liquido ajustado pelas exclusões e adições do período de apuração foi compensado o prejuízo fiscal de períodos anteriores em um percentual acima de 30%, ou seja, em desacordo com o definido pelo Inciso III, do Art. 250, do Decreto 3.000/1999 —RIR, e abaixo transcrito: [...] Em sua defesa, a Empresa apresenta casos de compensação de prejuízo fiscal de períodos anteriores acima da trava dos 30% quando do encerramento da empresa, inclusive por incorporação, cisão, etc, alegando julgamentos administrativos favoráveis aos contribuintes. Entretanto, tais decisões são pontuais e especificas, não formando jurisprudência legal para considerar compensações acima da trava dos 30%, ou seja, que altere o inciso III acima reproduzido. Por outro lado, o mesmo Decreto 3.000 / 1999, em seu Parágrafo 7°, do Art. 235, abaixo reproduzido, deixa claro que o procedimento de preenchimento de DIPJ por ocasião de encerramento de empresa por Incorporação, Fusão ou Cisão obedece a toda a Legislação normal, sem deixar qualquer brecha legal para ter compensação de prejuízo fiscal de exercícios anteriores fora do limite de 30% do Lucro Antes da Compensação do Ano Calendário da Incorporação, Fusão ou Cisão, a saber: [...] Especificamente no caso da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLL, também se tem clara a aplicação da trava de 30% acima apresentada para o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, através da literalidade clara do Art. 58 da Lei n° 8.981 / 1995, reforçada pelo Art. 16 da Lei n° 9.065 / 1995. Assim, procedeuse ao Lançamento de Oficio, considerandose o cálculo conforme o Quadro de Confronto anexo a este Termo de Encerramento, sendo que suas observações explicam seus critérios, já que a diferença identificada para a Empresa ter entrado em procedimento de Revisão Interna foi reconhecida pelo Contribuinte através daquela carta resposta, na qual ela confirma os valores, porém discorda da não legalidade do procedimento utilizado. Ressalvese que o referido Quadro de Confronto chega mesmo a considerar 100% do Prejuízo Rural do AC 2005 na compensação das demais atividades do mesmo AnoCalendário (Art. 2 °, Parágrafo 2°,da IN n° 39/96 e Art. 17, Parágrafo 2°, da IN no 247/02), e mantevese a trava de 30% quanto a parcela do Prejuízo Fiscal de Períodos Anteriores. Em decorrência de serem os mesmos elementos de provas indispensáveis à comprovação dos fatos ilícitos tributários foi constituído o seguinte crédito tributário pelo lançamento formalizado neste processo: II O Auto de Infração às fls. 3741, com a exigência do crédito tributário no valor de R$476.717,06, a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), juros de mora e multa de ofício proporcional apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2005. Consta na Descrição dos Fatos: Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 5 4 001 BASE DE CALCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CALCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES. Compensação indevida de prejuízo fiscal apurado, tendo em vista a inobservância do limite de compensação de 30% do lucro liquido, ajustado pelas adições e exclusões previstas e autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, conforme enquadramento legal abaixo. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 2º e art. 3º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, art. 58 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 16 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995 e art. 44 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Cientificado, o Sujeito Passivo apresentou a impugnação, fls. 4855. Está registrado no Acórdão da 1ª TURMA/DRJ/CTA/PR nº 0632.292, de 16.06.2011, fls. 9798: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. O prejuízo fiscal apurado poderá ser compensado com o lucro real, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal para a compensação de prejuízos fiscais acima desse limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. O prejuízo fiscal apurado poderá ser compensado com o lucro real, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal para a compensação de prejuízos fiscais acima desse limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Notificado, o Sujeito Passivo apresentou o recurso voluntário, efls. 120131. Está registrado no Acórdão nº 1202000742, de 11.04.2012, efls. 134143: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 6 5 Anocalendário: 2005 Ementa: COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. IRPJ E CSLL. LIMITAÇÃO DE 30% DO LUCRO AJUSTADO. DECLARAÇÃO FINAL. EXTINÇÃO POR INCORPORAÇÃO. O prejuízo fiscal de pessoa jurídica extinta, por incorporação, somente poderá ser compensado com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro. Inexiste, para a hipótese, previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima desse limite. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. O Sujeito Passivo foi cientificado da referida decisão 22.06.2011, efl. 147, termo inicial da contagem do prazo de quinze dias estabelecido no art. 68 do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Em 06.07.2012, efl. 149, tempestivamente, foi interposto o recurso especial, efls. 149156 1. Suscita que: I DOS FATOS A ora Recorrente sofreu autuação, na qualidade de sucessora de Berneck e Cia, objetivando o lançamento de IRPJ e CSLL tendo em vista a glosa, pela fiscalização, de compensações de prejuízos fiscais acumulados e base de cálculo negativa de períodos anteriores, em percentual superior a 30% do lucro líquido ajustado, em desacordo, segundo a fiscalização, ao disposto no inciso III. art. 250 do RIR/99, art. 58, da Lei n° 8.981/95. com redação dada pelo art. 16 da Lei n° 9.065/95 e art. 44 da Lei n° 8.383/91, dentre outros. De fato, a empresa Berneck e Cia efetuou a compensação de seus prejuízos fiscais acumulados e bases negativas em percentual superior a 30% do lucro líquido ajustado, como constatou a fiscalização na revisão da DIPJ/2005 por ela apresentada, pois, como também constatou a fiscalização, a Berneck e Cia encerrou suas atividades em 30.11.2005. Na época dos fatos, o posicionamento consolidado do âmbito do Conselho de Contribuintes, atual CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, era no sentido de que a referida limitação à compensação de prejuízos fiscais e bases negativas não se aplicava à empresa extinta por incorporação, na medida que haveria descontinuidade em suas atividades. Os termos do auto de infração foram devidamente impugnados, demonstrandose a total impertinência da autuação, uma vez que a regra para a limitação em 30% para compensação de prejuízos fiscais de anos anteriores, quando de sua instituição no ano de 1995. não tinha por objetivo impedir a compensação dos prejuízos fiscais acumulados, mas diferila no 1 Fundamentação Legal: Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 e Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 7 6 tempo, garantindo, assim, um mínimo de arrecadação para os cofres da União quando as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real tivessem lucro, mas ostentassem, em seu balanço, prejuízos de anos anteriores. De se observar, ainda, que não há vedação legal expressa para a compensação em percentual maior em caso de descontinuidade das atividades da empresa. Desta decisão, a ora Recorrente interpôs Recurso Voluntário, o qual restou distribuído para a C. Segunda Câmara/Segunda Turma Ordinária deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso, mantendose a autuação na íntegra, conforme ementa abaixa transcrita: [...] Com efeito, diferentemente do entendimento exarado pelo i. Relator, a ora Recorrente entende que a limitação de 30% não deve ser aplicada no caso em debate, já que com a incorporação da empresa Berneck e Cia e sua consequente extinção, e. principalmente, pela vedação da incorporadora (ora Recorrente) de continuar utilizando os prejuízos acumulados pela incorporada, impor o limite de compensação no balanço de fechamento da incorporada, sem a existência de uma vedação expressa, acaba por configurar confisco, vedado pela Constituição Federal. Além disso, o posicionamento que prevaleceu, como será adiante demonstrado, conflita com outras decisões administrativas emanadas por este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, situação que permite, à vista do disposto nos Regimentos Internos do Conselho de Contribuinte e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a interposição de recurso especial. Daí a necessidade do presente recurso especial. II DAS RAZÕES DE REFORMA DA R. DECISÃO RECORRIDA Ressaltou a r. decisão recorrida, tomada por voto de qualidade, que "'o melhor entendimento que se pode dar à compensação de prejuízos fiscais é que existe uma regra específica determinando o percentual passível de redução do lucro líquido ajustado (30%). Essa é a regra geral. Quando se pretende excetuar algum caso específico, a lei o faz de forma expressa...", bem como que para os casos em "que houve a extinção da pessoa jurídica, inexiste previsão legal para compensar prejuízos em limite superior a trinta por cento, seja essa extinção por motivo de incorporação ou por qualquer outro motivo. Inexistindo norma específica excetuando a regra geral de redução do lucro líquido para os casos de extinção da pessoa jurídica, o pleito da defesa não pode ser atendido". O posicionamento acima disposto, com o devido respeito, não merece prevalecer. Como bem ressaltado pelo i. Conselheiro [...], no julgamento do Recurso Voluntário interposto no [...] Processo Administrativo n° 19515.002561/200675 [...] o exame isolado dos artigos citados na decisão ora recorrida sugere a interpretação adotada. No entanto, a questão ''pressupõe a consideração do ordenamento legal da apuração do 1RPJ como um todo. Para isso, há de se considerar outra vedação legal à compensação de prejuízos fiscais, aquela Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 8 7 estabelecida pelo artigo 514 do RIRj'1999". a qual determina que os prejuízos da incorporada não se transferem para a incorporadora. por expressa disposição legal, já que "a aplicação da "trava" de 30% è justificável enquanto existente a presunção de continuidade da pessoa jurídica. A extinção via incorporação afasta a exigência de observância do limite à compensação. Entendimento contrário significaria negação da faculdade conferida à contribuinte e resultaria no abandono forçado de um ativo seu, representado por beneficio assegurado em ler. Feito este sucinto intróito, mas suficiente para colocar em evidência a questão jurídica que precisa ser dirimida por essa C. Câmara Superior de Recursos Fiscais, a ora Recorrente, como prevê o regulamento interno desse E. Conselho, passa a demonstrar a divergência entre as razões de decidir do v. acórdão recorrido e do v. acórdão paradigma, ressaltandose, desde já, que para situações similares diferentes foram as decisões emanadas desse E. Conselho, justificandose a interposição do presente recurso especial. DA DIVERGÊNCIA ENTRE O V. ACÓRDÃO RECORRIDO E O V. ACÓRDÃO PARADIGMA COTEJO ANALÍTICO Limitação "Trava" de 30% Incorporação. Pedese vênia, para facilitar a demonstração da divergência exigida como pressuposto de admissibilidade do presente recurso, a transcrição de parte da ementa do v. acórdão recorrido e de trechos do voto vencedor: [...] "[...] O prejuízo fiscal de pessoa jurídica extinta, por incorporação, somente poderá ser compensado com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro. Inexiste, para a hipótese, previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima desse limite, [...] Nos acórdãos paradigmas, exarados nos processos administrativos n° 19515.002561/200675 e n° 16095.000635/200809, cujas cópias de inteiro teor seguem anexas, outro foi o entendimento deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sobre a questão posta em análise, cabendo destacar que ambos foram proferidos no ano de 2012, como se infere das ementas a seguir transcritas, respectivamente: "[...] A pessoa jurídica incorporada pode compensar no balanço de encerramento de atividades o prejuízo fiscal acumulado sem observância da "trava" de 30%, em razão da vedação legal à transferência de prejuízos para a sucessora." "[...] Diante da "morte" da pessoa jurídica, inclusive por incorporação, deixa de existir o conteúdo da regra limitadora da compensação quantitativa, pois deixa de existir a periodicidade e, assim, a interperiodicidade. Negar isso é contra o valor incorporado na regra de limitação quantitativa da compensação no tempo". [...] Verificase de imediato, i. Julgador, que as situações táticas e jurídicas que circundam o julgamento e a decisão ora recorrida e as decisões dos acórdãos paradigmas são semelhantes, porque não dizer, idênticas, uma vez que estão vinculadas à possibilidade, ou não, da compensação de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa ser realizada acima do limite de 30% em casos de extinção da pessoa jurídica, por incorporação. Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 9 8 Em que pese essa similaridade fática e jurídica, a decisão recorrida e as decisões paradigmas divergem em sua conclusão, autorizando o presente recurso especial, na medida em que nos acórdãos paradigmas foi reconhecida a possibilidade da compensação ultrapassar o limite "trava" de 30% nos casos de extinção da empresa por incorporação. Já no v. acórdão recorrido, restou afastada a referida possibilidade. Desta forma, realizado o cotejo analítico e comprovada a divergência de entendimento entre as Câmaras deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para situações táticas e jurídicas semelhantes, concluise pelo preenchimento dos requisitos que autorizam a interposição, recebimento e processamento do presente recurso especial, para julgamento pela C. Câmara Superior de Recursos Fiscais. III DO PEDIDO ANTE O EXPOSTO, demonstrada a divergência entre o v. aresto recorrido e os r. acórdãos paradigmas, requer a Recorrente, respeitosamente, seja recebido e provido o presente Recurso Especial para firmarse o entendimento e a melhor interpretação da legislação aplicável na espécie nos moldes apresentados pelos v. acórdãos paradigmas e, desta forma, reformarse a r. decisão recorrida, reconhecendose a total improcedência dos lançamentos efetuados. Houve seguimento ao recurso especial do Sujeito Passivo (Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial de 08.06.2015, efls. 181184), uma vez que as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse discordantes, restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial em relação à "Compensação de Prejuízos Fiscais e de Base de Cálculo Negativas da CSLL sem Observância do Limite de 30% do Lucro Líquido Ajustado no Caso de Extinção da Pessoa Jurídica por Incorporação" a partir do exame dos seguintes paradigmas: Acórdão nº110300.617, de 31.12.2012 e Acórdão nº110300.619, de 31.01.2012. Notificada em 13.07.2015, efl. 185, a PGFN apresentou em 24.07.2015, efl. 199, as suas contrarrazões, efls. 186198. Argui que: 2. DOS FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO. A legislação, ao tratar da compensação de prejuízos fiscais, determina que: Lei nº 8.981/95 [...] Lei n.º 9.065/1995 [...] Sobre o tema, o Primeiro Conselho editou a Súmula nº 3, que apresenta o seguinte teor: [...] Durante algum tempo a limitação de 30% para compensação dos prejuízos fiscais, prevista nos diplomas legais acima indicados, foi objeto de questionamento pelos contribuintes, com base na tese de suposta inconstitucionalidade. Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 10 9 Contudo, a controvérsia acabou dirimida pelo Supremo Tribunal Federal que, no julgamento do RE 344.994/PR, Relator designado Min. Eros Grau, declarou a constitucionalidade do art. 58 da Lei n.º 8.981/95, relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica.[...] Idêntico entendimento foi adotado para a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido: [RE 545308] [...] Nesse sentido, verificase que o STF sacramentou posicionamento segundo o qual a compensação de prejuízos fiscais de exercícios anteriores constitui autêntico benefício fiscal, que pode ser revisto a qualquer tempo pelo ente público competente para a instituição do tributo, portanto, vinculado ao princípio da legalidade. No ponto, calha transcrever passagens do voto vista da Min. Ellen Gracie no RE 344.994/PR: [...] A Douta Ministra destaca ainda a inexistência de direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais anteriores face, justamente, à natureza jurídica do benefício tributário e o conceito de lucro como de caráter eminentemente legal: [...] Alega a recorrente que a circunstância de a empresa ter sido incorporada, com a extinção de sua personalidade jurídica, permitiria a compensação integral dos prejuízos fiscais dos anos anteriores. Sem razão a recorrente, contudo, pois seus argumentos não resistem a um confronto com os motivos determinantes exarados nas decisões do STF nos RE 344.994/PR e RE 545308/SP. Ora, sendo a compensação dos prejuízos fiscais de anos anteriores autêntico instrumento de política fiscal, ou seja, benefício fiscal, como fixado pelo STF, por óbvio, submetese ao princípio da legalidade estrita, não comportando interpretação extensiva ou por analogia, nos moldes propugnados no art. 111, do CTN. [...] Sob essa perspectiva, incumbe exclusivamente ao ente público competente pela instituição do tributo delinear os contornos legais do benefício fiscal a ser concedido. Tanto o contribuinte, como a autoridade autuante e o julgador devem se ater os ditames previstos na lei. Nesse sentido, a jurisprudência do STJ: [REsp 1114909/RS] [...] [AgRg nos EREsp 272.671/ES] [...]. Viola os princípios basilares da hermenêutica jurídica tributária concluir que, em se tratando de benefício fiscal, eventual silêncio do legislador significaria a permissão para estender às situações não abrangidas pela lei de regência. Aliás, sequer é possível defender que o legislador foi silente, pois a limitação consta das Leis n° 8.981/95 e 9.065/95 e deve ser aplicada em qualquer hipótese, sem exceção. Se o legislador pretender excepcionar alguma situação específica, deverá fazêlo de forma expressa, como foi o caso dos lucros auferidos pelas empresas inseridas no regime Befiex, previsto no artigo 1º da Lei n° 9.065/95, in verbis: [... No passo, a IN SRF n° 11/1996 também determinou, quanto à compensação de prejuízo fiscal que: [...] Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 11 10 Dessarte, sendo certo que não existe qualquer norma excepcionando a extinção da pessoa jurídica pela incorporação, deve prevalecer a regra geral aplicável para todos os efeitos. Precisamente sob a questão aqui discutida, qual seja, compensação integral dos prejuízos fiscais sem respaldo legal, o Superior Tribunal de Justiça, de maneira similar, apreciando a possibilidade de empresa incorporadora aproveitar os prejuízos fiscais de anos anteriores de empresa incorporada, posicionouse pela impossibilidade da pretensão, justamente considerando a natureza jurídica de benefício fiscal da compensação. [...] A ementa confeccionada para acórdão ostenta da seguinte redação: [REsp 307389/RS[ [...]. No mesmo sentido: [REsp 1107518/SC[ [...]. Ademais, as Leis n.º 8.981/95 e 9.065/95 não estabeleceram qualquer exceção quanto à regra de 30% para compensação dos prejuízos fiscais relativamente à hipótese de extinção da empresa. Permitir que a incorporada compense integralmente os prejuízos fiscais de anos anteriores, sem qualquer respaldo legal, significa criar por mera exegese benefício fiscal, sem considerar usurpação de competência do ente federativo responsável pela instituição do tributo. O acolhimento da pretensão da contribuinte demandaria a este Conselho Administrativo agir como legislador positivo, o que colide não somente com os propósitos deste Órgão Julgador Administrativo, cuja competência está atrelada ao controle da legalidade, mas, sobretudo com o disposto no art. 2º da Constituição Federal. 3. DO PEDIDO Em face do exposto, requer a Fazenda Nacional seja negado provimento ao recurso, mantendose a decisão recorrida. É o Relatório. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 12 11 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, Relator Verificase que o Acórdão nº 110300.617, de 31.12.2012, foi reformado pelo Acórdão nº 9101002.453, de 22.09.2016. Ocorre que na data da interposição do recurso especial do Sujeito Passivo o Acórdão nº 110300.617, de 31.12.2012, ainda não tinha sido reformado na matéria que lhe aproveita e por isso deve ser mantido como paradigma (§ 15 do art. 67 do Anexo II do RICARF). Também o Acórdão nº110300.619, de 31.01.2012, foi reformado pelo Acórdão nº 9101002.207, de 03.02.2016, ressaltando que; por sua vez, este não foi modificado pelos embargos de declaração opostos pelo Sujeito Passivo (Acórdão nº 9101002.358, de 16.06.2016). Entretanto na data da interposição do recurso especial do Sujeito Passivo o Acórdão nº110300.619, de 31.01.2012, ainda não tinha sido reformado na matéria que lhe aproveita e por isso deve ser mantido como paradigma (§ 15 do art. 67 do Anexo II do RICARF). Por conseguinte, não cabem reparos ao exame de admissibilidade do recurso especial do Sujeito Passivo, e assim voto por CONHECER o recurso especial interposto pelo Sujeito Passivo. Passo à análise do mérito que se restringe a matéria relativa à compensação de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativas da CSLL sem observância do limite de 30% do lucro líquido ajustado no caso de extinção da pessoa jurídica por incorporação. Mérito Compensação de Prejuízos Fiscais e de Base de Cálculo Negativas da CSLL sem Observância do Limite de 30% do Lucro Líquido Ajustado no Caso de Extinção da Pessoa Jurídica por Incorporação O Sujeito Passivo procura demonstrar, em síntese, que a limitação a 30% da compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL não se aplica nas hipóteses de descontinuidade da pessoa jurídica extinta por incorporação. A Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, disciplinou a questão da seguinte forma a partir de 01.01.1995: Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüentes. [...] Art. 58. Para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido por Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 13 12 compensação da base de cálculo negativa, apurada em períodosbase anteriores em, no máximo, trinta por cento. O Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do RE 344.994/PR declarou a constitucionalidade do art. 42 e do art. 58 da Lei n.º 8.981, de 1995: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITAÇÕES. ARTIGOS 42 E 58 DA LEI N. 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E "B", E 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido 2. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. [...] Vale transcrever excertos do VotoVista da Ministra Ellen Gracie: Como sabido, em matéria de Imposto de Renda, a lei aplicável é aquela vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Entendo com a devida vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8.981/95 mera expectativa de direito donde o nãocabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda – RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8.981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não tem ‘crédito’ oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito líquido e certo à ‘socialização’dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. É apenas por benesse da política fiscal – atenta a valores mais amplos como a estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos – que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. É a lei vigorante par ao exercício que definirá se o benefício será calculado sobre 10, 20 ou 30% ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Pacificando este entendimento, ainda o Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do RE 545.308/SP declarou novamente a constitucionalidade do art. 42 e do art. 58 da Lei n.º 8.981, de 1995: Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 14 13 EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO: LIMITAÇÕES À DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. ARTIGO 58 DA LEI 8.981/1995: CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 5º, INC. II E XXXVI, 37, 148, 150, INC. III, ALÍNEA "B", 153, INC. III, E 195, INC. I E § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTE: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 344.944. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 344.944, Relator o Ministro Eros Grau, no qual se declarou a constitucionalidade do artigo 42 da Lei 8.981/1995, "o direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido". 2. Do mesmo modo, é constitucional o artigo 58 da Lei 8.981/1995, que limita as deduções de prejuízos fiscais na formação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. 3. Recurso extraordinário não provido. Assim o STF fixou que o direito a compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL tem natureza jurídica de benefício fiscal em favor do contribuinte. Desse modo pode ser revista pelo ente tributante e não se caracteriza direito adquirido, ou seja, direito subjetivo definitivamente incorporado ao patrimônio jurídico do titular (art. 6º do DecretoLei nº 4.657, de 04 de setembro de 1942 e art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988). Por seu turno, a Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, manteve o benefício fiscal nos mesmos moldes da Lei nº 8.981, de 1995 e assim dispõe a partir de 01.01.1996: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. [...] Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. Ademais, nesse mesmo sentido está registrado no enunciado da Súmula CARF nº 3: Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 15 14 Para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social Sobre o Lucro, a partir do ano calendário de 1995, o lucro líquido ajustado pode ser reduzido em, no máximo, trinta por cento, tanto em razão da compensação de prejuízo, como em razão da compensação da base de cálculo negativa. Por conseguinte, restou cristalino o entendimento de que a Lei nº 8.981, de 1995 e por inferência também a Lei nº 9.065, de 1995, que tratam da limitação legal de 30% para compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL são constitucionais, mesmo porque não foi declarada a inconstitucionalidade de nenhuma delas pelo Supremo Tribunal Federal (art. 102 da Constituição Federal). Aliás, como se trata de benefício fiscal pode ser revisto a qualquer tempo pelo ente público competente para a instituição do tributo e se restringe às condições fixadas em lei (caput do art. 37 da Constituição Federal). Verificase, por conseguinte, que a mencionada compensação não pode ser considerada como direito adquirido, senão nos limites da legislação que rege a matéria. Nos julgamentos pelo STF do RE 344.994/PR e do RE 545.308/SP, apesar de não ter examinada a questão do limite legal de 30% para compensação de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa de CSLL em caso de extinção de pessoa jurídica, restou cristalino que a lei aplicável em relação a essa compensação é aquela vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Aliás assim se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça no REsp 1107.518/SC: "A homenagem ao princípio da legalidade tributária exige expressa disposição na lei da conduta a ser praticada pelo ente tributante e pelo contribuinte." Sobre o conceito legal de renda, temse que para fins de IRPJ em seu aspecto material da hipótese de incidência deve ser entendido como o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos (art. 43 do Código Tributário Nacional CTN). Fica a cargo de lei ordinária federal fixar os demais aspectos da hipótese de incidência, inclusive o temporal, uma vez que a competência para instituir o IRPJ e a CSLL é da União (inciso III do art. 153 e alínea c do inciso I do art. 195, todos da Constituição Federal). A limitação de 30% para compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL não pode ser traduzida em instituição de novo tributo, o que somente poderia ser efetivado nos estritos termos das determinações constantes na Constituição Federal. Tratase tão somente de instrumento de política tributária. Este benefício fiscal, constituído dentro de parâmetros legais, tem natureza jurídica de dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL em relação a períodos futuros (art. 6º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988). Nada mais é que a utilização delimitada de prejuízos fiscais acumulados ou bases de cálculo negativas de CSLL acumuladas de períodos anteriores. O conceito de renda não foi adulterado, tampouco extravasada a competência tributária da União acarretando tributação do patrimônio. Em relação ao conceito de lucro, cabe explicitar que tem caráter eminentemente legal (art. 6º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988), o que pode não corresponder às perspectivas societárias e econômicas, conforme entendimento do STF esposado no RE 344.994/PR. Reiterese que a limitação de 30% para compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL não tem o condão de criar "artificialmente um lucro nas pessoas jurídicas deficitárias, para tributarlhes o patrimônio", como bem elucidado acima pelo Voto Vista da Ministra Ellen Gracie. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 16 15 Podese concluir que a continuidade da pessoa jurídica não implica um direito adquirido à compensação de prejuízo fiscal e de base negativa de CSLL afastada do limite legal de 30%, o que não desnatura a materialidade da hipótese de incidência do IRPJ e da CSLL, nem o conceito para fins tributários de renda ou de lucro em determinado período de apuração, no sentido preciso de confirmar a independência entre os exercícios. Ainda, o art. 32 e art. 33 do DecretoLei nº 2.341, de 29 de junho de 1987, vedaram à pessoa jurídica compensar seus próprios prejuízos se entre a data da apuração e da compensação houver ocorrido modificação de seu controle acionário e do ramo de atividade, bem como vedou a compensação, pela pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão, de prejuízos da sucedida e não estabeleceu exceções a esta regra. A interpretação sistemática da Lei n° 8.981, de 1995, da Lei nº 9.065, de 1995 e do DecretoLei nº 2.341, de 1987, leva a conclusão de que a limitação a 30% da compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL aplicase nas hipóteses de descontinuidade da pessoa jurídica por incorporação, já que inexiste neste contexto norma implícita. Reiterese que não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da pessoa jurídica. Já restou bem esclarecido que o presente litígio abrange questões sobre o direito à compensação de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa de CSLL em anos futuros, especificamente no que toca às nuances desse direito diante do quadro de continuidade ou não das atividades da pessoa jurídica. Não deixo de reconhecer que a matéria em pauta ainda é objeto de controvérsias no CARF, mas, como já apontado resumidamente acima, eu me filio à interpretação que já há algum tempo vem prevalecendo na Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), no sentido de que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por incorporação, ou por qualquer outro evento. Entre as razões de decidir, adoto o brilhante voto do Conselheiro Marcelo Cuba Netto no Acórdão nº 1201000.888, de 09/10/2013, que fez um perspicaz estudo do tema: "Feitas essas considerações iniciais, passemos a examinar os fundamentos da tese proposta pela interessada. Afirma a recorrente que o significado de uma norma jurídica não é aquele que advém diretamente da literalidade do texto normativo, devendo, ao contrário, ser extraído mediante o emprego dos métodos de interpretação aceitos tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, em especial o histórico, o sistemático e o teleológico. Nesse sentido, explica que a nova sistemática de compensação de prejuízos fiscais introduzida pela Lei nº 9.065/95 há que ser compreendida mediante comparação com o sistema vigente até então. Diz que, na sistemática anterior (Lei nº 8.541/92), era possível a compensação integral de prejuízos, porém com limitação temporal de quatro períodosbase. Alega que a nova sistemática extinguiu o limite temporal, mas manteve o direito à Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 17 16 compensação integral, observado o limite de 30% em cada períodobase futuro. Conclui, assim, que no período em que ocorrer incorporação, fusão ou cisão, ainda que parcial, da pessoa jurídica, não sendo mais possível a compensação dos prejuízos em períodosbase futuros, a única solução jurídica possível, consentânea com o preceito contido na Lei nº 9.065/95 de que o sujeito passivo não perde o direito à compensação, é que o limite de 30% não se aplica. Pois bem, relativamente a essa argumentação é preciso, inicialmente, concordar com a recorrente quando afirma que o significado da norma jurídica deve ser compreendido mediante o emprego dos métodos de hermenêutica jurídica. No entanto, a interpretação histórica empreendida pela recorrente parte de uma premissa equivocada, qual seja, a de que tanto na sistemática de compensação vigente antes do advento da Lei nº 9.065/95, quanto na atual, o sujeito passivo tem direito à compensação integral de prejuízos fiscais. Vejamos. Na sistemática anterior o sujeito passivo tinha o direito à compensação de prejuízos, desde que observado o limite temporal de quatro anos. Exemplifiquemos com duas situações distintas: a) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 200,00, R$ 300,00, R$ 400,00 e R$ 400,00; b) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 100,00, R$ 200,00, R$ 200,00 e R$ 300,00; Na hipótese descrita na situação “a” o sujeito passivo poderá compensar integralmente o prejuízo. Já na hipótese descrita na situação “b” o sujeito passivo não poderá, e, ainda que se diga que isso se deva à imposição do limite temporal, o fato iniludível é que restará uma parcela que não mais será passível de compensação. Em outras palavras, na situação “b” não haverá compensação integral do prejuízo apurado no ano “X”. Portanto, resta claro que a previsão, por lei, de um limite temporal é incompatível com a premissa afirmada pela recorrente de existência de um direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. O que existia na sistemática anterior era algo distinto, qual seja, um direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais, a depender do caso concreto, como ilustrado nas situações “a” e “b” retro. E dizer que a compensação poderá ser realizada até integralmente é algo distinto de dizer que poderá ser realizada integralmente. É que ao estabelecer que a compensação poderá ser realizada até integralmente a lei, desde logo, admite que poderá haver hipóteses em que a compensação não se dará integralmente, conforme visto na situação “b”. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 18 17 Seguindo a trilha da interpretação histórica proposta pela interessada, é de se dizer que a nova sistemática introduzida pela Lei nº 9.065/95, na linha da sistemática anterior, manteve o direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Afastado o limite temporal de quatro anos, e introduzido o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%, o direito à compensação (até integral) passou a poder ser exercido ao longo da existência da pessoa jurídica. A própria exposição de motivos à Medida Provisória nº 998/95, posteriormente convertida na Lei nº 9.065/95, e apontada pela interessada para sustentar a sua tese, expressamente prevê que o sujeito passivo poderá compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Confira sua redação: "Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Mediada Provisória n. 812/94 (Lei n. 8981/95). Ocorre hoje vacatio legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo." (Grifamos) Assim, a compensação poderá se dar até integralmente, seja em um mesmo ano, seja em diversos anos ao longo da existência da pessoa jurídica, desde que observado, em cada um desses anos, o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%. Se no ano da extinção da pessoa jurídica, ou da sua cisão parcial, o valor dos prejuízos acumulados for superior a 30% do lucro líquido ajustado, ainda assim o limite deverá ser observado. É que tal como na situação “b” referente à sistemática antiga, também na sistemática atual poderá haver casos, como o retratado nos presentes autos, em que o sujeito passivo não poderá compensar integralmente seus prejuízos acumulados, haja vista a imposição do limite de 30%. E não há nada de ilegal nisso, pois a lei não garante o direito à compensação integral. Na sequência de sua peça recursal a interessada enfatiza o emprego da interpretação sistemática. Argumenta que, ao contrário do que disse a fiscalização, o caso dos autos não é de lacuna no ordenamento jurídico (inexistência de norma), e sim de uma norma jurídica existente, porém implícita. Diz, primeiramente, que o exame conjunto do aludido art. 15 da Lei nº 9.065/95 com o abaixo transcrito art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 conduziria à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo seria a inaplicabilidade do limite de 30% quando da extinção da pessoa jurídica ou de sua cisão parcial. Art. 33. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida. Parágrafo único. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 19 18 Também aqui não me parece estar correta a interpretação proposta pela defesa. Vejamos. O art. 15 da Lei nº 9.065/95 veda a compensação de prejuízos em montante que reduza em mais do que 30% o lucro líquido ajustado do período. Não há menção, nesta norma, aos eventos de extinção da pessoa jurídica ou sua cisão parcial. Por sua vez, o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 veda que a sucessora compense prejuízos da sucedida, e, em caso de cisão parcial, limita a compensação, pela própria pessoa jurídica, ao valor de seu prejuízo proporcional à parcela do patrimônio não objeto da cisão. A incidência isolada de cada uma dessas duas normas à hipótese de extinção de pessoa jurídica que possua prejuízos fiscais acumulados em montante superior a 30% do lucro líquido ajustado conduzirá às seguintes conclusões: a) art. 15 da Lei nº 9.065/95 impossibilidade de compensação, pela pessoa jurídica extinta, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado por força do limite de 30%; b) art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 impossibilidade de compensação, pela sucessora, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado pela sucedida. Já a interpretação conjunta dessas duas normas sobre a mesma situação hipotética acima descrita conduziria, de acordo com a recorrente, à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo afastaria a aplicação do limite de 30% à pessoa jurídica extinta. Ocorre que o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado na hipótese aventada. Dito de outro modo, se as premissas (o art. 15 da Lei nº 9.065/95 e o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) do silogismo lógicodedutivo proposto pela recorrente não conduzem necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado no caso de extinção da pessoa jurídica, então a recorrente deve reconhecer que não logrou êxito em demonstrar a existência da aludida norma implícita. (...) Prossegue a recorrente em sua defesa afirmando, com fundamento nas lições de Karl Larenz, que a já citada norma implícita também pode ser deduzida a partir do silêncio eloquente da lei. No Capítulo V.2 de sua famosa obra (Metodologia da Ciência do Direito, 3a. ed., pg. 524 e ss.), o prestigiado filósofo do direito citado pela recorrente discorre sobre o conceito e espécies de lacunas. Nesse sentido, explica que nem todo silêncio da lei deve ser tido como uma lacuna, conforme trecho a seguir transcrito: "Poderia pensarse que existe uma lacuna só quando e sempre que a lei (...) não contenha regra alguma para uma determinada configuração no caso, quando, portanto, “se mantém em silêncio”. Mas existe também um “silêncio eloquente” da lei." Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 20 19 Assim é que, pelas lições de Larenz, nem todo silêncio da lei deve ser compreendido como uma lacuna a ser preenchida pelo aplicador do direito. Casos há em que, embora o legislador haja silenciado sobre determinado assunto, não significa que haja ali uma lacuna, daí porque não pode o aplicador pretender regulála por meio de analogia, princípios gerais do direito ou qualquer outro método de integração do direito. É o que o autor chama de silêncio eloquente. Pois bem, a idéia de lacuna corresponde à antítese da idéia de existência de norma, seja explicita seja implícita. Em outras palavras, se há norma regulando o caso, ainda que implícita, então não haverá ali uma lacuna. Inversamente, se há lacuna, não há norma regulando o caso, ainda que implícita. A questão do silêncio eloquente da lei, segundo leciona Larenz, está afeto ao campo das lacunas, e não ao campo da existência de normas, sejam estas explícitas ou implícitas. Portanto, ao procurar conectar o problema das normas implícitas à questão do silêncio eloquente da lei a recorrente mistura alhos e bugalhos. Na sequência, a interessada faz uso do princípio da eventualidade alegando que, se for entendido haver lacuna, e não norma implícita, deve ela ser preenchida segundo o espírito da lei. Argumenta que, como o espírito do art. 15 da Lei nº 9.065/95 não foi vedar a compensação integral, qualquer integração só poderá ser produzida no sentido de assegurar a compensação sem a observância do limite de 30%, nas situações em que em virtude de outra norma (art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) a limitação nessas situações frustraria qualquer possibilidade de compensação futura do excedente. Novamente a recorrente traz à baila a questão da compensação integral do prejuízo. Sua argumentação, agora, é que há uma lacuna na Lei nº 9.065/95, a qual deixou de excepcionar o limite de 30% previsto no art. 15 às hipóteses de extinção ou cisão parcial da pessoa jurídica. No entanto, conforme Larenz, nem todo silêncio da lei pode ser tido como uma lacuna. Nesse sentido, o simples fato de a Lei nº 9.065/95 não excepcionar a incidência de seu art. 15 a casos como o dos presentes autos, não nos autoriza concluir que exista uma lacuna naquela lei. Mas, então, quando é que poderseá dizer que existe uma lacuna na lei? A resposta pode ser encontrada também em Larenz (sobre o assunto vide, também, Aleksander Peczenik, in On Law and Reason, pg. 24 e ss.). Haverá uma lacuna na lei quando, com base nos valores albergados pelo sistema jurídico, for possível afirmar que a norma deveria existir. E se o legislador não produziu uma norma que, em razão dos valores presentes no ordenamento jurídico, deveria existir, então o próprio direito autoriza ao aplicador promover a integração da lacuna, por meio de analogia, princípios gerais do direito, equidade, etc. Já vimos anteriormente que não existe norma jurídica, sequer implícita, estabelecendo o direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. Investiguemos agora se essa propalada compensação integral, apesar de não ser um direito formalmente estabelecido, constituise em um valor resguardado pelo ordenamento jurídico. Se a resposta for positiva, então, conforme afirmado pela Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 21 20 recorrente, há que se reconhecer a existência de uma lacuna na Lei nº 9.065/95 ao não excepcionar a incidência de seu art. 15 aos casos de extinção ou cisão parcial. A defesa não aponta qual a norma ou conjunto de normas do ordenamento que albergaria esse suposto valor. Certamente não está ele contido no art. 33 do Decretolei nº 2.341/87, pois, como dito outrora, o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado nas hipóteses de extinção ou cisão parcial. Talvez a única norma do ordenamento jurídico em que seria possível vislumbrar a existência do afirmado valor (compensação integral de prejuízos) é a contida no art. 153, III, da Constituição da República, o qual estabelece competir à União instituir imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Ocorre que o próprio STF, ao examinar por diversas vezes a questão, já afirmou e reafirmou que a limitação de 30% à compensação de prejuízos não ofende o conceito constitucional de renda, daí porque é de se concluir não ser possível dele se inferir a existência do alegado valor concernente à compensação integral de prejuízos." Entendo completamente aplicáveis à discussão desenvolvida nos presentes autos as considerações expostas no voto reproduzido. A tese no sentido de que existiria, no ordenamento atinente ao IRPJ, norma implícita que determina a possibilidade de afastamento da trava de 30% no ano de encerramento das atividades da pessoa jurídica, é devidamente refutada. Demonstrase que a interpretação conjunta dos arts. 15 da Lei nº 9.065/1995 e do art. 33 do DecretoLei nº 2.341/1987 (reproduzido no art. 514 do RIR/1999) não conduz necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado. Assim, improcede a defesa da existência de uma aventada norma implícita. O voto ainda aborda a questão do pretenso direito adquirido das pessoas jurídicas à compensação integral dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas de CSLL acumulados ao longo dos exercícios anteriores. A este respeito, concluise que inexiste tal direito adquirido no sistema atualmente adotado para as compensações (limitação quantitativa em cada exercício, sem limite temporal), assim como não existia na regra anterior (limitação temporal de quatro anos para a compensação, sem limite quantitativo para cada exercício). O Acórdão CSRF nº 910100.401, de 02/10/2009 também discute se existe ou não direito adquirido dos contribuintes à compensação de resultados negativos anteriores. Tal decisão representou uma mudança de posicionamento da CSRF a respeito do tema, motivada, entre outras razões, por decisões do próprio Poder Judiciário: "Voto Conselheira IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO (...) Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 22 21 Os Tribunais Superiores já definiram que na compensação de prejuízos não se trata de direito adquirido, mas sim de uma expectativa de direito, como demonstram decisões do Superior Tribunal de Justiça, como exemplo o Recurso Especial nº. 307.389 RS, que ao enfrentar semelhante questão pronunciase da forma seguinte: (...) Também o STF se pronunciou acerca do tema, em 25/03/2009, no RE 344.9940 do Paraná, cujo Relator inicial, o Ministro Marco Aurélio restou vencido. Redige o voto vencedor o Ministro Eros Grau, acórdão assim ementado: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS LIMITAÇÕES ARTIGOS 42 E 58 DA LEI Nº 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E 'B", E 5°, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de beneficio fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Neste recurso pretendia o autor que a trava não incidisse sobre os saldos de prejuízos ocorridos até dezembro de 1994, sob argumento de que se estava diante de um direito adquirido à compensação de todo prejuízo e a nova lei não poderia restringir tal direito. Aliás, quanto à interpretação teleológica pretendida no paradigma trazido à colação, no que toca aos prejuízos fiscais, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em sua composição Plenária, que a compensação de prejuízos fiscais tem natureza de beneficio fiscal e pode, como instrumento de política tributária, ser revisto pelo legislador sem implicar, sequer, no direito adquirido. Destaque é de ser dado ao voto da Ministra Ellen Gracie, que bem traduz a lógica do que aqui defendemos e neutraliza os argumentos da Recorrente nos seguintes termos: (...) 5. (...) Entendo, com vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8981/95 mera expectativa de direito donde o não cabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 23 22 Ora, o Regulamento do Imposto de Renda RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não têm "crédito" oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito liquido e certo à "socialização" dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. E apenas por benesse da política fiscal atenta a valores mais amplos como o da estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. É a lei vigorante para o exercício fiscal que definirá se o beneficio será calculado sobre 10, 20 ou 30%, ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Mas, até que encerrado o exercício fiscal, ao longo do qual se forma e se conforma o fato gerador do Imposto de Renda, o contribuinte tem mera expectativa de direito quanto à manutenção dos patamares fixados pela legislação que regia os exercícios anteriores. Não se cuida, como parece claro, de qualquer alteração de base de cálculo do tributo, para que se invoque a exigibilidade de lei complementar. Menos ainda, de empréstimo compulsório. Não há, por isso, quebra dos princípios da irretroatividade (CR, art. 150, III, a e b ) ou do direito adquirido (CF, art 5°, XXXVI). (...) 8. Por tais razões, peço licença para seguir a linha da divergência inaugurada pelo Ministro Eros Grau. Em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie de incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado, eis que as normas que cuidam de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional. (...) Dessa forma, em homenagem ao comando legal do art. 111 do CTN, que impõe restrição de interpretação das normas que concedem benefícios fiscais, como é o caso, descabe o elastério interpretativo pretendido pela Recorrente." Em que pese o RE nº 344.9940 efetivamente não tratar de hipótese idêntica à discutida nos presentes autos (ou no processo em que foi prolatado o Acórdão CSRF nº 9101 00.401), a mencionada decisão judicial joga luz sobre aspectos extremamente úteis à discussão acerca da aplicabilidade da trava de 30% na compensação realizada por empresas prestes a serem incorporadas. Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 24 23 De início, estabelecese que a possibilidade de compensação de resultados negativos passados é um benefício fiscal, concedido pelo Estado, mediante lei perfeitamente constitucional, como instrumento de política tributária e econômica. Assim sendo, leis que limitem a possibilidade de compensação (até totalmente) são igualmente constitucionais. Por fim, entendeu a Suprema Corte que a compensação de eventuais prejuízos fiscais já acumulados revestese da condição de mera expectativa de direito, inexistindo direito adquirido à sua utilização tributária posterior. Trazendose tais conclusões para a discussão travada nos presentes autos, podese construir o entendimento de que não é correta a premissa de que existe um direito sagrado à compensação integral dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL já registrados. Somente tomandose por intocável tal premissa é que se pode defender que a única solução possível para a situação em que uma pessoa jurídica terá suas atividades encerradas, por conta de sua incorporação, é pela dispensa da limitação da compensação a 30% do resultado positivo apurado. Após a prolação do Acórdão nº 910100.401, a CSRF proferiu uma série de outras decisões em que prevaleceu a tese de que a trava de 30% na compensação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, prevista nos arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/1995 e arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995, é obrigatória mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica. Uma destas decisões é o Acórdão CSRF nº 9101001.337, de 26/04/2012, que faz uma pertinente observação acerca da evolução da legislação que trata da compensação de prejuízos fiscais, ao mesmo tempo em que aborda os aspectos materiais e temporais para a incidência do IRPJ. Com isso, visouse a afastar o argumento de que a negativa da compensação integral de prejuízos fiscais representaria tributação de outra grandeza que não a renda: "Voto Vencedor Conselheiro Alberto Pinto S. Jr.. Com a devida vênia do ilustre Relator, ouso discordar do seu tão elaborado voto, por enxergar, nele, um caráter muito mais propositivo do que analítico do Direito posto. Sustenta o ilustre relator que: “o direito à compensação existe sempre, até porque, se negado, estarseá a tributar um não acréscimo patrimonial, uma não renda, mas sim o patrimônio do contribuinte que já suportou tal tributação”. Ora, se isso fosse realmente verdade, a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 154/47 teria ofendido o conceito de renda e chegaríamos à absurda conclusão de que, até essa data, tributouse, no Brasil, outra base que não a renda. Da mesma forma, mesmo após a autorização da compensação de prejuízos fiscais (Lei 154/47), também não se estaria tributando a renda, pois sempre foi imposto um limite temporal para que se compensasse o prejuízo fiscal, de tal sorte que, em não havendo lucros suficientes em tal período, caducava o direito a compensar o saldo de prejuízo fiscal remanescente. Pelo entendimento esposado pelo Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 25 24 ilustre Relator, a perda definitiva do saldo de prejuízos fiscais, nesses casos, também contaminaria os lucros reais posteriores, já que não mais estariam a refletir “renda”. Não é razoável imaginar que toda a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 9.065/95 (ou do art. 42 da Lei 8.981/95) tenha ofendido o conceito de renda, nem também é possível sustentar que a Lei 9065/95 tenha instituído um novo conceito de renda. Notese que o art. 43 do CTN trata do aspecto material do imposto de renda, seja de pessoa jurídica ou física, e não há que se dizer que a legislação do IRPF ofende o conceito de renda ali previsto, pelo fato, por exemplo, de não permitir que a pessoa física que tenha mais despesas médicas do que rendimento em um ano leve o seu descréscimo patrimonial para ser compensado no ano seguinte. Na verdade, o CTN não tratou do aspecto temporal do IRPJ, deixando para o legislador ordinário fazêlo. Ora, se o legislador ordinário define como período de apuração um ano ou três meses, é nesse período que deve ser verificado o acréscimo patrimonial e não ao longo da vida da empresa como quer o Relator. Sobre isso, vale trazer à colação trecho colhido do voto do Min. Garcia Vieira no Recurso Especial nº 188.855GO, in verbis: “Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributase. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer "crédito" contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa em anos anteriores..” Data máxima venia, confundese o Relator quando cita o art. 189 da Lei 6.404/76, para sustentar que “o lucro societário somente é verificado após a compensação dos prejuízos dos exercícios anteriores”. Primeiramente, por força do disposto nos arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77, o lucro real parte do lucro líquido do exercício, ou seja, antes de qualquer destinação, inclusive daquela prevista no art. 189 em tela (absorver prejuízos acumulados). Em segundo, os arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77 já demonstram, à saciedade, que o acréscimo patrimonial que se busca tributar é de determinado período lucro líquido do exercício. Sustenta também o Relator que “a compensação de prejuízos fiscais não deve ser entendida como um beneficio fiscal” e traz jurisprudência do STJ nesse sentido. Todavia, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é em sentido contrário, ou seja, que “somente por benesse da política fiscal que se estabelecem mecanismos como o ora analisado, por meio dos quais se autoriza o abatimento de prejuízos verificados, mais além do exercício social Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 26 25 em que constatados”, conforme dicção da Min. Ellen Gracie ao julgar o RE 344994. Evidencia ainda o caráter de mera liberalidade do legislador ordinário, quando se verifica que, para o IRPF, decidiuse que apenas os resultados da atividade rural podem ser compensados com prejuízos de períodos anteriores. Ou seja, o benefício de poder compensar prejuízos fiscais foi concedido apenas a uma parte do universo de contribuinte de IRPF. Duas verdades óbvias se deduz de tal entendimento: primeiro, renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei; segundo, a compensação de prejuízo poderia ser totalmente desautorizada pelo legislador ordinário, pois não haveria ofensa ao conceito de renda (art. 43 do CTN). (...) Vale ainda ressaltar que, quando o legislador ordinário quis, ele expressamente afastou a trava de 30%. Refirome ao art. 95 da Lei 8.981/95. Assim, nem mesmo o Poder Judiciário poderia chegar tão longe a ponto de criar, por jurisprudência, uma nova exceção à regra da trava de 30%, sob pena de se estar legislando positivamente." O voto vencedor redigido pelo Conselheiro Alberto Pinto S. Jr. faz um interessante apanhado das normas concernentes ao imposto de renda, tanto de pessoas jurídicas quanto de físicas, que não permitem(iam) o aproveitamento tributário de resultados negativos anteriores e nem por isso desnaturaram o conceito constitucional de renda. Para corroborar sua tese, traz trecho de julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que declara expressamente que tais resultados negativos anteriores não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda. Seu aproveitamento tributário seria, isso sim, benesse tributária instituída pelo Estado para "minorar a má atuação da empresa em anos anteriores". Após diferenciar o tratamento dado ao tema pelas Ciências Contábeis daquele que interessa à seara tributária ("renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei"), o Redator faz observação relevante para o deslinde da controvérsia aqui examinada: existem exceções, legalmente previstas, à submissão da compensação ao limite de 30% do resultado positivo do período de apuração. E, entre elas, não está a pretendida pelo contribuinte. Em outras palavras: quando o legislador quis estabelecer exceções à regra geral, o fez expressamente. A controvérsia também é abordada no voto vencedor do Acórdão CSRF nº 9101001.760, de 16/10/2013, que trata com profundidade de vários aspectos relevantes para a discussão proposta: "Voto Vencedor Mérito Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado (...) Sopesando os argumentos da Fazenda e do Contribuinte, a I. Relatora inicialmente traça um histórico da legislação que rege a matéria da compensação de prejuízos. Peço vênia para reproduzir entre aspas trechos do voto da I. Relatora, porque desta forma se torna mais clara a Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 27 26 contraposição de argumentos. A I. Relatora parte da constatação de que "nunca subsistiram limitações temporais e quantitativas concomitantemente" e conclui que isto se deve à razão de ser a compensação de prejuízos um direito do contribuinte, "inerente aos princípios que regem a apuração do IRPJ/CSLL e à lógica contábil que determina os efeitos intertemporais dos atos das pessoas jurídicas, a qual atribui os critérios de apuração do lucro líquido, ponto de partida para a apuração do IRPJ e da CSLL". Primeiramente, embora nunca tenham subsistido limitações temporais e quantitativas concomitantemente, até 1945, no Direito brasileiro, não existia possibilidade de compensação de prejuízos, ou seja, a limitação era total, assim os prejuízos de um período de apuração não eram transportados para o período seguinte, que eram considerados estanques. Ora, isto era muito pior para o contribuinte, pois não havia limites porque simplesmente não era possível compensar o prejuízo, e a norma não foi considerada inconstitucional. No que diz respeito ao segundo argumento, embora a lógica contábil seja usada para o cálculo da base tributável do IRPJ e da CSLL, a base de cálculo do imposto está sob o império da lei que pode, inclusive, ser diferente, ou mesmo contrária à lógica contábil, que é lastreada em princípios geralmente aceitos, resoluções e pronunciamentos de instituições de Direito Privado, etc... Ocorre que em matéria de direito público, sempre prevalece a lei. Assim, em que pesem argumentos que possam ser procedentes dentro da lógica contábil na qual todo prejuízo deve ser confrontado com os resultados dos períodos seguintes (e imediatamente), esta não é a lógica legal. Na verdade, a lógica da lei tem a ver com dois aspectos essenciais ao caso, a periodização e o fato gerador do imposto de renda. A periodização é importante pois há que se confrontar situações em tempos diferentes para que se identifique se a empresa tem ou não prejuízo, se a empresa tem ou não lucro. Esta lógica contábil existe para se informar ao dono do "equity" acionista ou sócio, como está evoluindo seu patrimônio, o que só tem lógica se forem confrontados períodos distintos. E daí se faz a escolha temporal, que pode ser cinquenta anos, dez anos, um ano, seis meses, três meses, um mês, etc, aquilo que a lógica contábil entender conveniente em termos de mercado, pois como foi dito informar ao dono do capital a situação do seu patrimônio é a função da contabilidade. No caso brasileiro, este prazo está na própria lei comercial (art. 175 da Lei. 6.404/1977, prevê o exercício social de um ano, e em seu Par. Único permite períodos distintos). Daí que em função da continuidade, ou princípio da continuidade, os prejuízos têm que ser levados em conta, pois o acionista ou sócio não olha o seu investimento por períodos equivalentes ao exercício social, mas por todo o período do investimento que planejou, embora tenha que “tomar o pulso” de tempos em tempos (e.g., balanços mensais, semestrais ou anuais, com os prejuízos passando para o período seguinte). Assim, um acionista que tem em perspectiva ações de uma empresa por um determinado período, olha o quanto o investimento vale no início e no final do período; assim, vinculado a uma lógica contábil, todos os ganhos e todas as perdas do período devem ser computados continuamente, é o princípio da continuidade operando, o que lhe dá o resultado final ao longo do período. Vejase que a função da contabilidade, ou pelo menos uma das funções principais, é informar ao dono do capital a situação do seu investimento. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 28 27 Na verdade, está se assumindo o princípio da continuidade e seus efeitos nos lucros, mais no seu sentido econômico, porque no seu sentido contábil mais exato o princípio da continuidade não trata disto, mas sim na forma com que os ativos são avaliados, a depender da continuidade da empresa. Diz a resolução CFC 750/1993 (com redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10), quando trata dos princípios da contabilidade: “Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.” Ou seja, este princípio diz respeito à precificação dos componentes do patrimônio, nada indicando que decorre dele a imposição principiológica do aproveitamento de prejuízos de um período em relação a outro. Mas, ad argumentandum tantum e seguindo a lógica econômica da compensação de prejuízos como decorrência da continuação da empresa, que se presume indefinidamente, os prejuízos e lucros se compensariam contínua e indefinidamente. Mas esta não é a lógica da legislação tributária. Para efeitos tributários, a periodização tem como função firmar o aspecto temporal para efeito de se verificar se entre o momento inicial e momento final houve variação patrimonial positiva (atualmente a lei prevê este lapso em três meses, e opcionalmente de um ano, para o lucro real). Vejase que o fato de a legislação tributária permitir que se transponha o prejuízo de um período para o período seguinte é uma decisão de política tributária. Digase de passagem, uma política correta, mas que obedece aos princípios legais e não aos princípios contábeis. Assim, o aproveitamento de prejuízos é uma decisão de política tributária (em linha com a política econômica), mas não entendo que seja um benefício fiscal, pois não se enquadra neste conceito, mesmo porque é geral. Neste aspecto específico concordo com a posição da I. Relatora. Benefício fiscal ocorre quando a lei tributária concede o aproveitamento integral (sem a trava dos 30%) para algumas atividades, isto porque difere da regra geral da sujeição à limitação dos 30 %. Ou seja, o aproveitamento de prejuízos não pode ser considerado um benefício fiscal, mas tão somente nas situações que se dirijam a atividades específicas em que se permite um tratamento mais benéfico, com o aproveitamento integral (enquanto os outros contribuintes têm a “trava”). Posto de outra forma, decorre de decisão em sede política tributária e econômica que a legislação tributária permita a dedução de prejuízos, mas isto por uma lógica econômica de formação de capital, e não simplesmente por uma lógica contábil. A lógica econômica é que a dedução de prejuízo na verdade implica em um alongamento do período de apuração, permitindo que a empresa se recupere de períodos sem lucro (como é típico do início das atividades, em face de perspectivas futuras). Em suma, a dedutibilidade do prejuízo, embora impacte a base de cálculo do imposto de renda, é matéria legal, não se contrapondo a princípios constitucionais que informam a matéria tributária, como entende a I. Relatora. A lei pode tanto impedir totalmente o aproveitamento do prejuízo, como, de fato, fazia por volta de 68 anos atrás para pessoas jurídicas em geral e assim o faz até hoje, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido ou pelo Simples. Por outro lado, a lei pode permitir o aproveitamento integral, como faz para algumas atividades, como pode impor limites temporais (como fazia até pouco tempo) ou quantitativos (como o faz atualmente), sem que possa ser considerada violadora de qualquer princípio ou regra constitucional. (...) Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 29 28 (...) Outro argumento expedido pela I. Relatora, muito semelhante ao primeiro, diz respeito à obediência da norma tributária aos princípios e normas contábeis, no que se refere à apuração da base do IRPJ e da CSLL. Ocorre que, neste caso, o tratamento dado pela legislação tributária diverge da norma comercial, mas é consentâneo com a própria Lei n. 6.404/1977, a lei comercial e contábil, que prevê em seu art. 177, §7º (redação atual dada pela Lei nº 11.941/ 2009) que tratamento tributário diferente pode ser dado pela legislação tributária, conforme seu art.177, in verbis: (...) Ou seja, a própria lei que dispõe sobre o tratamento tributário da apuração contábil ressalva que a aplicação das normas tributárias com critérios diferentes deve ser observada. Assim, não há contradição entre norma tributária e norma contábil, mesmo porque o tratamento dado à apuração do lucro real direciona justamente à apuração do lucro com base na legislação comercial sucedido pelos ajustes previstos da norma tributária (adições e exclusões), conforme preconiza o art. 6º do Decretolei nº 1.598/1977, e também o art. 17 da Lei nº 11.941/2009 (Lei que tratou das novas normas contábeis) e tributação, introduzindo o denominado regime tributário de transição RTT). Ou seja, a vedação de aproveitamento de prejuízos persiste mesmo no caso de encerramento da empresa, à míngua de previsão legal tributária. Não se pode impor normas e princípios contábeis para alterar a legislação tributária, criando uma situação excepcional onde a norma tributária não prevê exceção. (...) Outra linha argumentativa da I. Relatora se fia na história legislativa do dispositivo que implementou a trava dos 30% (MP n. 998/1995). Todos os argumentos normogenéticos são pertinentes e admissíveis, e é justamente o que se debate aqui, mas a lei não criou exceções. O que a exposição de motivos (EM) noticia é justamente que o aproveitamento não é limitado no tempo, mas não cogita e nem especifica o que ocorreria caso a empresa encerrasse as atividades, assim como não o faz a lei. Tratase de interpretação da exposição de motivos, pois ela, a EM, literalmente não diz que não há trava no enceramento das atividades. Por outro lado, a história legislativa de determinado dispositivo não permite um embargo interpretativo com efeitos legislativos infringentes, mas tão somente teleológicos. (...) Nesta linha de argumentos, durante os debates da sessão foi também foi suscitada a tese de que o prejuízo teria a mesma natureza de patrimônio, isto seria um "ativo". Disto decorreria que haveria tributação sobre o patrimônio (prejuízo), se não fosse permitida sua dedutibilidade. Ocorre que prejuízo (perda), no meu entender não é ativo. A legislação tributária, norma de sopreposição, consentânea com a economia e as bases econômicas da atividade empresarial, concede o aproveitamento dos prejuízos dentro da lógica da continuidade empresarial, mas daí a entender que prejuízo acumulado pode representar patrimônio, é o mesmo que dizer que tanto faz lucro ou prejuízo, o que contrasta com a própria lógica econômica. A empresa distribui lucro ou ativa lucro, não distribui prejuízo, nem ativa Fl. 228DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 30 29 prejuízo. Ninguém persegue o prejuízo, a atividade empresarial persegue o lucro. Norma que permite transmutar perda em lucro com base na rationale de que a perda tem valor patrimonial é uma contradição em si mesma. Contudo, é verdade que dada a perspectiva (expectativa) de que o prejuízo fiscal em um dado exercício diminua o tributo devido em um exercicio posterior, no futuro, há a possibilidade se ativar esta expectativa de direito, a título de ativo fiscal diferido (conforme, e.g., Resolução CFC n. 1189/09). Tratase de perspectiva de impacto patrimonial positivo, como é qualquer redução de custo, ainda que tributário. Assim, o prejuízo fiscal, que difere do prejuízo contábil (podendo haver caso de lucro contábil com prejuízo fiscal, o que não é infrequente) pode ser considerado uma espécie de expectativa de direito com perspectivas de consequências patrimoniais positivas. Contudo, é um argumento puramente contábil e se aplica, na perspectiva puramente contábil. Ou seja, isto tudo é uma questão contábil e que, neste aspecto, nada tem a ver com a limitação legal de aproveitamento de prejuízo fiscal, que só comporta exceções legais. O fato dos prejuízos fiscais acumulados constarem da parte B do Lalur e de reduzirem tributo a pagar no futuro, não lhes dá o condão de patrimônio. (...) Quanto ao argumento relacionado à jurisprudência judicial, o único ponto relevante é que entendo que a decisão do STF de que a trava é constitucional impacta o presente processo ainda que indiretamente. Uma coisa o STF reconhece de pronto, qual seja: o tema é matéria de lei e esta lei não é inconstitucional. Embora o STF não tenha discutido a questão da trava na extinção da empresa especificamente, a decisão é um indicativo claro de que a vedação total no encerramento da empresa é também matéria de lei infensa à questionamento constitucional. De outro lado, se não for assim entendido estaríamos a discutir a inconstitucionalidade de lei, o que regimentalmente não podemos fazer, ou então, haveria uma omissão legal, o que não há. O que corrobora a conclusão de que para se aceitar o afastamento da trava na hipótese em debate teria que haver previsão expressa da lei tributária, o que também não há. (...) Assim, o entendimento que adoto é também consentâneo com a direção que está seguindo a jurisprudência contemporânea do CARF, embora reconheça que haja divergências, as quais respeito, embora divirja. Desta forma, entendo não deve ser admitida exceção não prevista em lei tributária, quando a lei tributária fixa limites para o aproveitamento de prejuízos, devendo ser negada o aproveitamento integral dos prejuízos no enceramento das atividades da empresa, que está limitado a 30%, na forma da legislação tributária." O I. Redator expõe brilhantemente, com notável grau de detalhamento, as razões que prevaleceram naquele julgamento a respeito de vários aspectos relevantes para o debate acerca do afastamento da trava de 30% no caso de empresa extinta: inexistência de direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais já registrados; independência da lei tributária em relação às normas contábeis; constitucionalidade das restrições legais à possibilidade de compensação pelos contribuintes. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 31 30 Além disso, aborda também outro tipo de argumentação a meu ver inadequada, que procura defender o entendimento de que a aplicação da trava de 30% à compensação promovida por pessoa jurídica prestes a ser incorporada resultaria no abandono forçado de um ativo seu, de origem tributária, assegurado em lei. Com muita propriedade, o voto transcrito há pouco admite que tal tese pode ser dotada de algum sentido se analisada sob o ponto de vista puramente contábil. Mas não se pode admitir a tentativa de se atribuir ao prejuízo fiscal acumulado a natureza de patrimônio. Tal configuração afrontaria a própria lógica econômica das empresas, uma vez que, de certa forma, estarseia pretendendo transmutar a perda em lucro. Considero que os argumentos que fundamentaram a decisão recorrida foram corroborados pelas decisões administrativas acima referidas, cujas razões de decidir transcritas adoto como minhas. Acrescento ainda, a título de ilustração, que esta CSRF, em seus julgamentos mais recentes, tem se mantido fiel ao entendimento aqui adotado, pela impossibilidade de dispensa do limite legal, para a compensação, de 30% do lucro real (ou da base de cálculo positiva de CSLL), mesmo no encerramento das atividades da pessoa jurídica. Neste sentido os Acórdãos nº 9101002.153, nº 9101002.191, nº 9101002.192, nº 9101002.207, nº 9101 002.208, nº 9101002.209, nº 9101002.210, nº 9101002.211 e nº 9101002.225. A meu ver, o principal aspecto da polêmica em pauta reside no equivocado entendimento de que necessariamente deve haver uma completa comunicação entre os períodos de apuração do IRPJ e da CSLL. É precisamente esse entendimento que dá azo à idéia de que todo o prejuízo ao longo da história da empresa deve ser confrontado com todo o lucro auferido ao longo do tempo. Entretanto, a tributação do IRPJ e da CSLL não se dá dessa forma. Com efeito, o que se tributa é a renda/lucro (acréscimo patrimonial) auferida em um determinado período de apuração, e não a renda/lucro resultante de toda a existência da empresa. No julgamento do já referido RE nº 344994, o STF, apesar de não ter examinado a questão do limite de 30% para compensação de prejuízo fiscal em caso de extinção de empresa, deixou bem claro que a lei aplicável em relação à compensação de prejuízo fiscal é a lei vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Tal pronunciamento veio no sentido preciso de afirmar a independência entre os exercícios, o que também ficou bem evidenciado pelas situações apontadas nas decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais transcritas neste voto (em especial, a evolução histórica do instituto e o paralelo com a tributação da renda das pessoas físicas). Nesse mesmo passo, vale ainda observar que não há doutrinadores defendendo a possibilidade de compensação de prejuízos futuros com lucros anteriores, dando margem a repetição de indébitos. Caso isso fosse possível, pagamentos realizados no passado poderiam vir a ser considerados indevidos em razão de prejuízos futuros. Contudo, tal hipótese Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 32 31 é prontamente repelida pelo senso comum da prática tributária, e a ilustração permite visualizar claramente que os exercícios devem mesmo ser independentes. De todo o exposto, podese concluir que a continuidade da empresa não implica em um direito adquirido à compensação de prejuízo fiscal e de base negativa de CSLL, independentemente do aspecto temporal para a incidência do imposto/contribuição; que o referido limite de 30% não desnatura a materialidade do imposto/contribuição (renda/lucro em determinado período de apuração); e que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por cisão/incorporação, ou por qualquer outro evento. Temse que no anocalendário de 2005 (30.11.2005), Berneck e Cia, CNPJ 76.484.153/000113, foi extinta por incorporação pela sucessora Berneck S/A. Paineis e Serrados, responsável pelos tributos devidos pela sucedida extinta por incorporação. Berneck e Cia, em razão de sua extinção, compensou o lucro ajustado apurado no decorrer do ano calendário de 2005 com os prejuízos fiscais e as bases de cálculo negativas da CSLL de períodos anteriores, sem a limitação de 30% prevista na legislação tributária. Verificase que a circunstância de a pessoa jurídica Berneck e Cia. ter sido incorporada, com a extinção de sua personalidade jurídica, não permite a compensação sem limitação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL dos anos anteriores. Restou bastante evidenciado que deve prevalecer a regra geral impositiva para todos os efeitos legais, qual seja, que a limitação a 30% da compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL impõese inclusive no caso de extinção da pessoa jurídica. Nesse passo, devem ser mantidas as autuações fiscais a título de IRPJ e CSLL. Conclusão Desse modo, voto no sentido de: CONHECER o recurso especial interposto pelo Sujeito Passivo; NEGAR provimento ao recurso especial do Sujeito Passivo no que se refere à compensação de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativas da CSLL sem observância do limite de 30% do lucro líquido ajustado no caso de extinção da pessoa jurídica por incorporação, mantendose os lançamentos tributários relativos ao IRPJ e à CSLL. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10980.008297/200965 Acórdão n.º 9101002.859 CSRFT1 Fl. 33 32 Fl. 232DF CARF MF
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