Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,070)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,821)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,490)
- Segunda Turma Ordinária d (15,373)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,232)
- Segunda Turma Ordinária d (13,956)
- Primeira Turma Ordinária (12,798)
- Primeira Turma Ordinária (11,971)
- Segunda Turma Ordinária d (11,932)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,387)
- Terceira Câmara (64,066)
- Segunda Câmara (52,396)
- Primeira Câmara (17,064)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,374)
- Segunda Seção de Julgamen (110,145)
- Primeira Seção de Julgame (72,676)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,769)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,790)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,010)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,802)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,220)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 10715.000558/2010-72
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jun 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 04/04/2006, 07/04/2006, 11/04/2006, 18/04/2006
25/04/2006, 28/04/2006, 02/05/2006, 26/07/2006
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE.
O cumprimento espontâneo de obrigação tributária acessória, consubstanciada na informação dos dados de embarque no Siscomex, subsume-se à hipótese de denúncia espontânea da obrigação tributária, devendo o contribuinte ser liberado do pagamento da multa.
EDIÇÃO DE NOVA NORMA QUE DEIXOU DE SANCIONAR COMO INFRAÇÃO A PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM ATÉ 7 DIAS DO EMBARQUE. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE.
A IN RFB no 1.096, de 13/12/2010, ao alterar a redação do artigo 37 da IN SRF nº 28, de 27/04/1994, ampliou para 7 (sete) dias o prazo para o registro no Siscomex dos dados do embarque da carga. Tal modificação deixou de considerar como infração a prestação da referida informação em período inferior ao novo prazo estabelecido, passível, pois, de aplicação da retroatividade benigna capitulada no artigo 106, inciso II, b, do CTN.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-005.016
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges (Relator) que davam provimento parcial ao recurso voluntário. Designada para elaborar o voto vencedor a Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Vanessa Ferraz Coutinho, OAB/RJ 134.407..
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Relator.
(assinado digitalmente)
Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel - Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 04/04/2006, 07/04/2006, 11/04/2006, 18/04/2006 25/04/2006, 28/04/2006, 02/05/2006, 26/07/2006 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE. O cumprimento espontâneo de obrigação tributária acessória, consubstanciada na informação dos dados de embarque no Siscomex, subsume-se à hipótese de denúncia espontânea da obrigação tributária, devendo o contribuinte ser liberado do pagamento da multa. EDIÇÃO DE NOVA NORMA QUE DEIXOU DE SANCIONAR COMO INFRAÇÃO A PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM ATÉ 7 DIAS DO EMBARQUE. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE. A IN RFB no 1.096, de 13/12/2010, ao alterar a redação do artigo 37 da IN SRF nº 28, de 27/04/1994, ampliou para 7 (sete) dias o prazo para o registro no Siscomex dos dados do embarque da carga. Tal modificação deixou de considerar como infração a prestação da referida informação em período inferior ao novo prazo estabelecido, passível, pois, de aplicação da retroatividade benigna capitulada no artigo 106, inciso II, b, do CTN. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jun 12 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10715.000558/2010-72
anomes_publicacao_s : 201506
conteudo_id_s : 5477052
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 16 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3801-005.016
nome_arquivo_s : Decisao_10715000558201072.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : MARCOS ANTONIO BORGES
nome_arquivo_pdf_s : 10715000558201072_5477052.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges (Relator) que davam provimento parcial ao recurso voluntário. Designada para elaborar o voto vencedor a Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Vanessa Ferraz Coutinho, OAB/RJ 134.407.. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges - Relator. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel - Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
id : 5968374
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:41:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887258058752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2449; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10715.000558/201072 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3801005.016 – 1ª Turma Especial Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO ADUANEIRO Recorrente AEROLINEAS ARGENTINAS SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 04/04/2006, 07/04/2006, 11/04/2006, 18/04/2006 25/04/2006, 28/04/2006, 02/05/2006, 26/07/2006 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE. O cumprimento espontâneo de obrigação tributária acessória, consubstanciada na informação dos dados de embarque no Siscomex, subsumese à hipótese de denúncia espontânea da obrigação tributária, devendo o contribuinte ser liberado do pagamento da multa. EDIÇÃO DE NOVA NORMA QUE DEIXOU DE SANCIONAR COMO INFRAÇÃO A PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM ATÉ 7 DIAS DO EMBARQUE. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE. A IN RFB no 1.096, de 13/12/2010, ao alterar a redação do artigo 37 da IN SRF nº 28, de 27/04/1994, ampliou para 7 (sete) dias o prazo para o registro no Siscomex dos dados do embarque da carga. Tal modificação deixou de considerar como infração a prestação da referida informação em período inferior ao novo prazo estabelecido, passível, pois, de aplicação da retroatividade benigna capitulada no artigo 106, inciso II, “b”, do CTN. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges (Relator) que davam provimento parcial ao recurso voluntário. Designada para elaborar o voto vencedor a Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Vanessa Ferraz Coutinho, OAB/RJ 134.407.. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 05 58 /2 01 0- 72 Fl. 187DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Relator. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). Fl. 188DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos, em razão do princípio da economia processual: O presente processo trata da exigência do valor de R$ 70.000,00 consubstanciada no auto de infração de fls. 01 a 09, referente à multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar. previr t i ) artigo 107, inciso IV, alínea "e", do Decretolei 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/03 e nas Instruções Normativas 28 e 510, expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil em 1994 e 2005, respectivamente. De acordo com a descrição dos fatos e enquadramento legal, a autuada não registrou no prazo os dados de embarque referentes aos transportes internacionais realizados em abril de 2006 no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro ALF/GIG, concernentes às cargas amparadas nas declarações de exportação DDE's listadas no demonstrativo "AUTO DE INFRAÇÃO n° 0717700/00/00026/10” (fl. 09), descumprindo, portanto, a obrigação acessória de que trata o artigo 37 da IN/SRF 28/94, alterado pelo artigo Io da IN/SRF 510/05, uma vez que de acordo com o inciso II do artigo 39 da mencionada IN/SRF 28/94, considerase intempestivo o registro dos dados de embarque nos despachos de exportação efetuados pelo transportador em prazo superior a dois dias. Não se conformando com a exigência à qual foi intimada, a autuada apresentou impugnação às fls. 14 a 30 alegando, em síntese, que: a equivocada fundamentação legal da penalidade aplicada torna nulo o auto de infração, conforme se depreende do inciso IV do artigo 10 combinado com o inciso II do artigo 59, ambos do Decreto 70.235/72, eis que cerceia o direito de defesa da impugnante, uma vez que a multa não corresponde à infração supostamente praticada; a manutenção da cobrança da multa vai de encontro aos princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da isonomia, que devem ser observados pela Administração Pública, uma vez que a própria impugnante prestou todas as informações devidas e de forma espontânea; a multa contraria o disposto no inciso VI do artigo 2a da Lei 9.784/99 e no parágrafo 2o do artigo 113 do CTN, pelo fato de não possuir qualquer finalidade específica a ela relacionada ou necessidade de proteger determinado bem jurídico, pois após o desembaraço aduaneiro da mercadoria embarcada considera Fl. 189DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 5 4 se concluído todo o procedimento fiscalizatório, não havendo qualquer possibilidade de se caracterizar dano ao erário; as normas utilizadas para embasar a aplicação da multa estão desvinculadas do interesse de aprimorar a fiscalização e a arrecadação de tributos, eis que toda fiscalização e recolhimento relativo a tributos já foram efetivamente efetuados; a penalidade, da forma como aplicada no caso vertente, viola os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da isonomia, pois o valor da multa não se altera, independentemente do quantitativo de registros informados intempestivamente, também porque seu valor é muitas vezes superior ao da multa por embaraço à fiscalização, cuja aplicação depende do valor aduaneiro da mercadoria e do caráter doloso, enquanto que o pequeno atraso na inclusão das informações no Siscomex não causa qualquer prejuízo à fiscalização; I o artigo 107 inciso IV alínea "e" do Decretolei 37/66, ao mencionar a expressão "deixar de prestar informações", não se aplica ao caso sob exame eis que a impugnante inseriu absolutamente todos os. dados de embarque das mercadoriasno Siscomex, conforme determinado pela Receita Federal; diversas datas de embarque de mercadorias nas aeronaves da impugnante corresponderam a sextasfeiras, sábados e domingos ou vésperas de feriado, mas que por razões econômicas não é viável a manutenção de pessoal especializado da impugnante para realizar atividades operacionais exclusivas no Siscomex. Portanto, foi exatamente por esses motivos e em atendimento aos princípios da finalidade e da motivação que foi proferida a Solução de Consulta 215/04. que não deixa dúvida quanto à impossibilidade de se realizar o início da contagem de prazo para registro das informações no Siscomex nas retro mencionadas datas, razão pela qual devem ser declarados nulos os lançamentos da multa relativamente àquelas averbações realizadas no primeiro dia útil subseqüente ao respectivo embarque; até o ano de 2008 o Siscomex Exportação registrava às averbações tempestivamente realizadas com novas, logo, em caso de qualquer divergência que impedisse a averbação automática, as empresas aéreas tinham que excluir a informação equivocada para posteriormente incluir a correta, porém, para fins de contagem de prazo, o Siscomex levava em consideração a data da inserção da informação correta; por razões alheias a vontade do transportador aéreo o registro da DDE não pôde ser efetuado no exíguo estabelecido pela legislação, não obstante ter sempre agido espontaneamente e em total transparência, efetuando, por conseguinte, o registro no menor prazo possível; são freqüentes, tal qual nos anos anteriores, a indisponibilidade temporária do sistema Siscomex Exportação, Fl. 190DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 6 5 uma vez que apresenta diversas falhas que impedem seu acesso, impossibilitando que as empresas transportadoras e demais intervenientes insiram os dados de embarque das mercadorias transportadas no prazo estipulado pela norma de regência, não podendo, por conseguinte, ser responsabilizada por fato alheio a sua vontade; a inobservância dos prazos regulamentares tão somente acarretaria embaraço à fiscalização se prejudicasse negativamente a capacidade de o fisco arrecadar tributos, o que não é o caso, pois referida intempestividade não traz qualquer prejuízo à atividade fiscalizadora, sendo irrelevante para o direito tributário a conduta infracional supostamente praticada. Por todo exposto, requer seja acolhida a presente defesa e, por conseguinte, declarada a nulidade do auto de infração, bem como a desconstituição do crédito tributário apurado.. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) julgou improcedente a Impugnação com base na seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 04/04/2006, 07/04/2006, 11/04/2006, 18/04/2006, 25/04/2006, 28/04/2006, 02/05/2006, 26/07/2006 INFRAÇÕES DE NATUREZA TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Datado fato gerador: 04/04/2006, 07/04/2006, 11/04/2006, 18/04/2006, 25/04/2006, 28/04/2006, 02/05/2006, 26/07/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; evidenciada a ausência de qualquer violação às disposições do Processo Administrativo Fiscal ou do Código Tributário Nacional, descabe a nulidade do auto de infração. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. Não compete às autoridades administrativas proceder à análise da constitucionalidade ou legalidade das normas tributárias que regem a matéria sob apreço, posto que essa atividade é de competência exclusiva do Poder Judiciário; logo resta incabível afastar sua aplicação, sob pena de responsabilidade funcional. PRESTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DOS DADOS DE EMBARQUE. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 7 6 A partir da vigência da Medida Provisória 135/03. a prestação extemporânea da informação dos dados de embarque por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei 37/66, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP citada, que foi posteriormente convertida na Lei 10.833/03. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Datado fato gerador: 04/04/2006, 07/04/2006, 11/04/2006, 18/04/2006, 25/04/2006, 28/04/2006, 02/05/2006, 26/07/2006 PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. DENUNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. NATUREZA OBJETIVA DA INFRAÇÃO. O instituto da denúncia espontânea, não alcança as penalidades aplicadas em razão do descumprimento de obrigações acessórias autônomas, como é o caso da informação dos dados de embarque de mercadoria destinada à exportação, prestada fora do prazo estabelecido normativamente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, infração essa que tem natureza objetiva e cuja sanção colima disciplinar o cumprimento tempestivo da obrigação acessória por parte dos transportadores e seus representantes. DADOS DE EMBARQUE. INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. A penalidade que comina a prestação intempestiva de informação referente aos dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação é aplicada por viagem do veículo transportador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho repisando as alegações ofertadas quando da impugnação, acrescentando ainda que com a edição da Instrução Normativa n° 1.096/2010, que deixou de definir como infração a inserção de dados de embarque de mercadorias no Siscomex, quando realizada dentro do prazo de 07 dias, devese aplicar ao caso o instituto da retroatividade benigna. disposto no art. 106. II. do Código Tributário Nacional. Posteriormente apresentou petição alegando direito superveniente imprescindível à análise da questão, qual seja, a edição da Lei n° 12.350 de 20 de dezembro de 2010, que alterou a redação do §2° doš art. 102 do DecretoLei n° 37/66, que possibilitaria a aplicação do instituto da denúncia espontânea à infração em análise, considerandose a retroatividade benigna prevista no art. 106. II, Código Tributário Nacional. É o Relatório. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 8 7 Voto Vencido Conselheiro Marcos Antonio Borges O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. No presente caso foi lavrado Auto de Infração para cobrança da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, abaixo transcrita, haja vista o descumprindo da obrigação acessória disposta no art. 37 da IN SRF no. 28/1994, o qual foi posteriormente alterado pela IN SRF n° 510/2005: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): e) por deixar de prestar informação sobre veiculo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ir empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga. (Grifado) A IN SRF n° 28, de 27/04/1994, em seu art. 37, na redação dada pela IN SRF n° 510/2005, determinava que referido registro deveria ser efetuado no prazo de até dois dias da data do embarque: Art. 37. 0 transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de dois dias, contado da data da realização do embarque. (Grifado) Da aplicação do novo prazo previsto na IN RFB no 1.096, de 13/12/2010. Entretanto, no tocante à penalidade, cumpre ainda verificar que a IN SRF n° 28/1994, teve sua redação alterada pela IN RFB n° 1.096, de 13/12/2010, com vigência a partir de 14/12/2010, estabelecendo o novo prazo de sete dias para a prestação das informações sobre embarque de mercadoria, conforme abaixo: Art. 37. 0 transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de 7 (sete) dias,, contados da data da realização do embarque. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB n°1.096, de 13 de dezembro de 2010) (grifei) Portanto, vêse, de fato, que a nova redação deixou de considerar como infração a prestação da informação em tela no prazo de até 7 dias da data do embarque, o que Fl. 193DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 9 8 possibilita, em tais casos – desde que a lide não tenha sido definitivamente julgada – a aplicação da retroatividade benigna capitulada no artigo 106, inciso II, “b”, do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo: c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Quanto a contagem do prazo previsto para se prestar a informação sobre veiculo ou carga transportada, no Siscomex, este deve ser contado de forma contínua, a partir da data da realização do embarque, conforme estipulado no caput do artigo 37 da IN/SRF 28/04, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindose o de vencimento, em obediência a forma prevista no caput do artigo 210 do CTN, independente do expediente da repartição aduaneira, uma vez que o acesso ao referido sistema informatizado pelo responsável por prestar a informação ocorre de forma ininterrupta, sem a necessidade da intervenção da repartição aduaneira. Da análise da tabela acostada aos autos temse que o lançamento só poderá vigorar em relação às Declarações de Despacho de Exportação – DDE nas quais ao menos uma das informações sobre o embarque foi prestada em prazo superior aos 7 dias previsto na nova redação do artigo 37 da IN SRF nº 28/94 dada pela IN RFB no 1.096, de 13/12/2010. Da aplicação do instituto da denúncia espontânea No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária apta a atrair o instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. A prestação de informações no Siscomex, como é o caso, é uma obrigação acessória e, aplicandose essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula CARF n° 49, que adota a mesma interpretação: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 194DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 10 9 § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Apesar de alguns julgados recentes do CARF estarem admitindo a caracterização da denúncia espontânea com fundamento da nova redação do dispositivo, entendo que na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Esse entendimento, do qual eu compartilho, foi evidenciado em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a TO. S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração Fl. 195DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 11 10 cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 12 11 Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de JULGAR PROCEDENTE EM PARTE O RECURSO VOLUNTÁRIO, exonerandose as multas com referência aos vôos cujas informações sobre o embarque foram prestadas em prazo inferior aos 7 dias previsto na nova redação do artigo 37 da IN SRF nº 28/94 dada pela IN RFB no 1.096, de 13/12/2010. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 197DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 13 12 Voto Vencedor Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Com o devido acatamento, ouso divergir parcialmente do voto do Exmo. Sr. Relator, na parte em que dispõe sobre a denúncia espontânea. Como bem se infere da análise do lançamento, tratase de imposição de Multa Regulamentar pelo descumprimento de obrigação acessória convertida em obrigação principal em relação à penalidade aplicável. Há decretolei em vigor prevendo a aplicação da multa na data da ocorrência da situação que constitui o fato gerador da obrigação acessória. No caso em questão, foi prestada a informação sobre veiculo ou carga transportada, no Siscomex, após o prazo especificado no artigo 37 da IN SRF n° 28/94 com redação dada pela IN SRF n° 510/2005, o que ensejaria a aplicação da Multa. Ocorre que o artigo 138 do Código Tributário Nacional assim dispõe: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Trata o dispositivo transcrito da chamada denúncia espontânea. A denúncia espontânea, por sua vez, é o instrumento através do qual se exclui a responsabilidade pela prática de alguma infração tributária por parte do contribuinte, ou responsável, desde que sejam obedecidos os preceitos ali constantes, quais sejam, pagamento do tributo devido, se for o caso, e inexistência de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte da autoridade fazendária. Deveras, o sujeito passivo tem determinadas obrigações para com o sujeito ativo da relação jurídico tributária, seja de pagamento de tributos no prazo correto, seja de prestar a informação sobre veiculo ou carga transportada, no Siscomex, dentro de prazo determinado pela norma tributária, dentre outros comportamentos legalmente previstos. É, pois, a infração tributária, uma ação ou omissão praticada pelo agente da relação jurídica que, seja de forma direta ou indireta, descumpra deveres jurídicos normatizados em legislações fiscais. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 14 13 No caso em análise, de fato, o Recorrente cometeu uma infração, de natureza formal: a prestação da informação sobre veiculo ou carga transportada, no Siscomex, em atraso. Sempre que ocorrida uma infração tributária, fato seguinte é o surgimento de suas respectivas sanções, as quais fazem com que o contribuinte tenha a ele imputada determinada penalidade. Ocorrida a infração tributária, podem ser desencadeadas três distintas situações: 1) Na primeira, o agente responsável pela infração não realiza nenhum procedimento, quedandose silente e aguarda a eventual ocorrência da decadência do direito da Fazenda Pública em lançar tais valores. 2) A segunda possibilidade é a Fazenda Pública fiscalizar o agente infrator e, desta feita, lavrar o Auto de Infração, onde o sujeito passivo poderá impugnálo administrativamente, recorrer ao Poder Judiciário para anulálo ou, até, adimplir os valores devidos de pronto. 3) Terceira possibilidade é a chamada denúncia espontânea, ou seja, o agente se antecipa a qualquer procedimento fiscalizatório do Poder Público e efetua o pagamento dos valores de pronto, ou realiza a obrigação que deixou de cumprir, comunicandoo, após, do ocorrido. Neste último caso, como exposto acima, o CTN expressamente prevê que, para beneficiar tanto o contribuinte como o próprio Fisco, os contribuintes se valham de um instituto excludente de responsabilidade, desde que cumpram os requisitos lá constantes para sua fruição. A referida norma, art. 138 do CTN, nada mais é do que uma norma indutora de conduta, uma vez que sua hipótese de incidência conclama apenas uma atitude exclusiva do sujeito passivo, não havendo qualquer obrigação para forçálo a agir de tal forma. É uma faculdade do sujeito passivo em se autodenunciar perante a fiscalização e, desta feita, ser beneficiado pela exclusão da penalidade decorrente da infração cometida. E tal faculdade tem o dom de beneficiar tanto o sujeito passivo que recebe tal benesse, quanto à própria Fazenda. O primeiro é beneficiado porque a legislação lhe dá a oportunidade de ser perdoada a sanção, desde que satisfeitos os pressupostos daquele instituto, o que estimula o adimplemento volitivo de suas obrigações tributárias; enquanto que, para o segundo, representa um estímulo maior para o controle fiscal e o ingresso de divisas, sem que este tenha que ir fiscalizar as empresas e verificar a correição dos procedimentos adotados pelos contribuintes. Para que a denúncia espontânea surta seus efeitos, imprescindível a ocorrência de seus pressupostos. No caso ora analisado, todos os pressupostos foram observados, senão vejamos: Fl. 199DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 15 14 Os pressupostos da denúncia espontânea são os seguintes: 1º) Denúncia espontânea da infração O primeiro pressuposto é a ocorrência da infração cometida – no caso, a prestação extemporânea da informação sobre veiculo ou carga transportada, no Siscomex, e, conseqüentemente, o surgimento da respectiva sanção – no caso, o pagamento de multa pelo descumprimento da obrigação fiscal. Passada esta parte, necessário se faz que o contribuinte realize a chamada “denúncia espontânea”, ou seja, que comunique à Fazenda a ocorrência da infração e o seu respectivo adimplemento. A comunicação solene foi realizada pela Recorrente, através da entrega da prestação da informação sobre veiculo ou carga transportada, no Siscomex, espontaneamente, em atraso. 2º) Pagamento do tributo devido e dos juros de mora, se for o caso. Como segundo pressuposto para a plena realização da denúncia espontânea, há a necessidade do adimplemento da obrigação que eventualmente não foi realizada a tempo correto. Neste sentido, mister é que o sujeito passivo, ao denunciarse espontaneamente para o Fisco, acompanhe junto desta comunicação o comprovante de que, ressalvada a multa, a obrigação que deveria ter sido adimplida épocas atrás tenha sido efetivamente cumprida. Vale ressaltar que, apesar de a norma referirse a “pagamento do tributo devido”, a aplicação do instituto da denúncia espontânea não fica reservado apenas para os casos de descumprimento da obrigação tributária principal, relacionada com o recolhimento do tributo efetivamente. A sanção decorrente da inobservância das regras instrumentais do Direito Tributário, notadamente aquelas relacionadas com as obrigações acessórias, também pode ser elidida pela aplicação do artigo 138 do Código Tributário Nacional. Esta assertiva resta absolutamente óbvia quando o legislador utiliza a expressão “se for o caso”. Com efeito, este pressuposto guarda íntima e direta relação com a chamada natureza das infrações fiscais, que podem ser tanto materiais, resultantes diretamente do não adimplemento de uma obrigação tributária principal ou de prestação pecuniária; quanto formais, decorrentes do não cumprimento de uma obrigação, seja através de uma atitude positiva ou negativa. Assim, o não cumprimento de uma obrigação tributária principal ou de prestação pecuniária acarretará no nascimento de uma infração tributária material, relacionada com a expressão “pagamento do tributo”. Já o de um dever instrumental, uma infração formal, está relacionada com a expressão “se for o caso”. Fl. 200DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 16 15 Sempre que uma obrigação tributária principal for inadimplida, para os efeitos da aplicação do art. 138 do CTN, necessário será que se pague o tributo devido. Entretanto, se a infração ocorrida for de natureza formal, como no caso presente, a denúncia espontânea consiste simplesmente na formalização junto ao órgão fiscal, do descumprimento de sua obrigação de prestar informações tempestivamente. Não há dúvidas, portanto, que a Recorrente preencheu este segundo pressuposto necessário para que possa usufruir do instituto da denúncia espontânea como forma de afastar a responsabilidade (leiase, punição) pela infração formal cometida. Vale reiterar a importância do caput do artigo 138 do CTN, que abrange sua aplicação tanto para os casos em que há “pagamento do tributo devido”, quanto para os casos em que não há “pagamento do tributo”, como é o caso da expressão “se for o caso”, constante do final daquele texto. Qual a validade da expressão “se for o caso”, se não para as infrações em que não há qualquer relação com valores pecuniários, como são os casos dos deveres instrumentais? Se não se admitir esta possibilidade, a referida expressão seria letra morta no CTN, pois não teria aplicação alguma. Só haverá pagamento de tributo devido quando a infração tenha sido não pagálo. Nesse caso, o autodenunciante, ao confessarse, deverá pagar o tributo nãopago. Mas se a infração cometida tenha sido a não prestação de uma informação, a confissão do Recorrente não ensejará o pagamento de tributo, porquanto esse pagamento representaria a não observância do artigo 138 do CTN. 3º) Inexistência de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração. Último pressuposto para a configuração da denúncia espontânea se encontra na figura da ausência de fiscalização, por parte do Fisco, em relação ao tributo sobre o qual o contribuinte, ou o responsável, se autodenuncia. Em suma, entendo que a Recorrente preencheu correta e satisfatoriamente todos os requisitos inerentes ao instituto da denúncia espontânea. É justamente no afastamento da responsabilidade pela infração e, consequentemente, na escusa de toda forma de penalidade, de sanção, que age a denúncia espontânea. Ela funciona como uma “excludente da culpabilidade”. A infração continua existindo. Todavia, o contribuinte não é mais punível. Ou seja, as conseqüências oriundas desta nova relação jurídica (todas elas) não podem mais se externar, pois prejudicado jus puniendi em relação àquele infrator. Isto é o que diz o artigo 138 do Código Tributário Nacional ao dispor que o agente, uma vez realizada a denúncia espontânea, não pode mais ser responsabilizado pela infração cometida. A norma optou por ser o mais abrangente possível e excluiu a própria responsabilização do agente, o que impossibilita, de resto, a incidência de qualquer penalidade – ou seja, de qualquer medida que possa lhe prejudicar. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10715.000558/201072 Acórdão n.º 3801005.016 S3TE01 Fl. 17 16 Por todo o acima exposto, divirjo do voto do Exmo. Relator, e decido no sentido de dar provimento ao recurso voluntário apresentado, cancelando a exigência consubstanciada no auto de infração de fls.. É assim que voto. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Fl. 202DF CARF MF Impresso em 12/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001650/2010-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 06 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri May 15 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006
AIOP DEBCAD sob nº 37.314.924-7
Consolidado em 14/12/2010
DECADÊNCIA. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA.
Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
Contas às fls. que a Recorrente, ainda que não em valores julgado correto pelo FISCO antecipou seu recolhimento. Merecimento de aplicação do artigo 150, § 4º do CTN, estando decaídos os meses anteriores a dezembro de 2005, uma vez que o crédito previdenciário foi consolidado em 14 de dezembro de 2010.
VALE TRANSPORTE. QUESTÃO SUMULADA NO CARF. SÚMULA. APLICAÇÃO IMPERATIVA. DETERMINAÇÃO EXPRESSA PELO REGIMENTO DOA CARF.
Art. 72.As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF.
Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia.
ABONO ÚNICO. PREVISÃO EM CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO.
Abono extensivo a todos os trabalhadores, mesmo aqueles que se encontram em gozo de benefício previdenciário não configura verba remuneratório. Abono pago em única parcela que visa indenizar o trabalhador por perdas passadas não é pagamento retributivo ao trabaho.
JUROS SOBRE MULTA. ILEGALIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
No caso em tela não há no lançamento a comprovação de que foi aplicado juros sobre a multa.
NORMAS GERAIS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTAS. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. NATUREZA JURÍDICA. PENALIDADE. IDENTIDADE.
Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
No caso, para aplicação da regra expressa no CTN, deve-se comparar as penalidades sofridas, a(s) antiga(s) em comparação com a(s) determinada(s) pela nova legislação.
Numero da decisão: 2301-004.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, nas questões abono único e vale transporte, nos termos do voto do Relator; b) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 11/2005, anteriores a 12/2005, nos termos do voto do(a) Relator(a); I) Por voto de qualidade: a) em manter a multa aplicada, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa. Natanael Vieira dos Santos e Manoel Coelho Arruda Júnior, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente. II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento aos demais argumentos da recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira - Presidente./Redator designado
(assinado digitalmente)
Wilson Antônio de Souza Correa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
Nome do relator: WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 AIOP DEBCAD sob nº 37.314.924-7 Consolidado em 14/12/2010 DECADÊNCIA. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Contas às fls. que a Recorrente, ainda que não em valores julgado correto pelo FISCO antecipou seu recolhimento. Merecimento de aplicação do artigo 150, § 4º do CTN, estando decaídos os meses anteriores a dezembro de 2005, uma vez que o crédito previdenciário foi consolidado em 14 de dezembro de 2010. VALE TRANSPORTE. QUESTÃO SUMULADA NO CARF. SÚMULA. APLICAÇÃO IMPERATIVA. DETERMINAÇÃO EXPRESSA PELO REGIMENTO DOA CARF. Art. 72.As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia. ABONO ÚNICO. PREVISÃO EM CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. Abono extensivo a todos os trabalhadores, mesmo aqueles que se encontram em gozo de benefício previdenciário não configura verba remuneratório. Abono pago em única parcela que visa indenizar o trabalhador por perdas passadas não é pagamento retributivo ao trabaho. JUROS SOBRE MULTA. ILEGALIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. No caso em tela não há no lançamento a comprovação de que foi aplicado juros sobre a multa. NORMAS GERAIS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTAS. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. NATUREZA JURÍDICA. PENALIDADE. IDENTIDADE. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso, para aplicação da regra expressa no CTN, deve-se comparar as penalidades sofridas, a(s) antiga(s) em comparação com a(s) determinada(s) pela nova legislação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 15 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16327.001650/2010-18
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473654
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2301-004.228
nome_arquivo_s : Decisao_16327001650201018.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA
nome_arquivo_pdf_s : 16327001650201018_5473654.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, nas questões abono único e vale transporte, nos termos do voto do Relator; b) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 11/2005, anteriores a 12/2005, nos termos do voto do(a) Relator(a); I) Por voto de qualidade: a) em manter a multa aplicada, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa. Natanael Vieira dos Santos e Manoel Coelho Arruda Júnior, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente. II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento aos demais argumentos da recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira - Presidente./Redator designado (assinado digitalmente) Wilson Antônio de Souza Correa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
dt_sessao_tdt : Thu Nov 06 00:00:00 UTC 2014
id : 5959688
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887264350208
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2182; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 177 1 176 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001650/201018 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.228 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de novembro de 2014 Matéria Contribuição Previdenciária Recorrente BANCO J SAFRA SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 AIOP DEBCAD sob nº 37.314.9247 Consolidado em 14/12/2010 DECADÊNCIA. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Contas às fls. que a Recorrente, ainda que não em valores julgado correto pelo FISCO antecipou seu recolhimento. Merecimento de aplicação do artigo 150, § 4º do CTN, estando decaídos os meses anteriores a dezembro de 2005, uma vez que o crédito previdenciário foi consolidado em 14 de dezembro de 2010. VALE TRANSPORTE. QUESTÃO SUMULADA NO CARF. SÚMULA. APLICAÇÃO IMPERATIVA. DETERMINAÇÃO EXPRESSA PELO REGIMENTO DOA CARF. Art. 72.As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. ABONO ÚNICO. PREVISÃO EM CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 16 50 /2 01 0- 18 Fl. 413DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA 2 Abono extensivo a todos os trabalhadores, mesmo aqueles que se encontram em gozo de benefício previdenciário não configura verba remuneratório. Abono pago em única parcela que visa indenizar o trabalhador por perdas passadas não é pagamento retributivo ao trabaho. JUROS SOBRE MULTA. ILEGALIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. No caso em tela não há no lançamento a comprovação de que foi aplicado juros sobre a multa. NORMAS GERAIS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTAS. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. NATUREZA JURÍDICA. PENALIDADE. IDENTIDADE. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), a lei aplica se a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso, para aplicação da regra expressa no CTN, devese comparar as penalidades sofridas, a(s) antiga(s) em comparação com a(s) determinada(s) pela nova legislação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, nas questões abono único e vale transporte, nos termos do voto do Relator; b) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 11/2005, anteriores a 12/2005, nos termos do voto do(a) Relator(a); I) Por voto de qualidade: a) em manter a multa aplicada, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa. Natanael Vieira dos Santos e Manoel Coelho Arruda Júnior, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente. II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento aos demais argumentos da recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente./Redator designado (assinado digitalmente) Wilson Antônio de Souza Correa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Fl. 414DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA Processo nº 16327.001650/201018 Acórdão n.º 2301004.228 S2C3T1 Fl. 178 3 Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigações Principais autuado em desfavor da Recorrente, referente às contribuições sociais previdenciárias, correspondente devidas à Outras Entidades e Fundos Terceiros, incidentes sobre os valores pagos aos segurados a título de vale transporte em dinheiro e abono único. As bases de cálculo para o lançamento foram apuradas nos resumos gerais das folhas de pagamento da empresa e da contabilidade. Esclarece o Auditor que a concessão da verba Abono Único decorre da obrigação prevista em Convenção Coletiva de Trabalho. Salienta, ainda, que o Vale Transporte e o Abono Único são verbas pagas em dinheiro ao empregado. Com relação a legislação mais benéfica, no que diz respeito ao cálculo da multa, a fiscalização no Levantamento VT Vale Transporte, utilizou a legislação anterior a Medida Provisória, para o período 03/05 a 10/05 e 12/05; Levantamento VT1 – Vale Transporte, aplicou a legislação atual para as competências 03/05 a 10/05, 12/05 e 01/06 a 12/06; Levantamento AB Abono Único, aplicou a legislação anterior a Medida Provisória, competência 10/05; e Levantamento ABI Abono Único, utilizou a legislação atual, competência 11/05. Foi noticiado da autuação e aviou impugnação, com suas razões, cujas quais não foram suficientes para modificarem o lançamento. Em 22/09/2010 foram apensados a este os processos de n° 16327.001650/201018 e o de nº nº 16327.001647/201096. Em 09 de maio de 2011 tomou conhecimento da decisão de piso e no dia 06 de junho do mesmo ano aviou o presente Recurso Voluntário. É a síntese do necessário. Fl. 415DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA 4 Voto Vencido Conselheiro Wilson Antônio de Souza Correa Relator O presente Recurso Voluntário foi aviado dentro do trintídio e acode os demais requisitos para sua admissibilidade, razão pela qual dele conheço e passo analise dos argumentos expendidos para, afinal, julgamento deles. DECADÊNCIA Questão de ordem pública a ser levantada independente de a Recorrente ter se pronunciado ou não. Balizo minhas decisões pela Súmula CARF 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Contas às fls. que a Recorrente, ao menos em parte, ainda que não em valores julgado correto pelo FISCO antecipou seu recolhimento e por isto aplico, para efeito de contagem de prazo decadencial o artigo 150, § 4º do CTN, estando decaídos os meses anteriores a dezembro de 2005. VALE TRANSPORTE Por força regimental o membros do Colegiado são obrigados a seguir as sumulas exaradas por esta Corte, conforme reza o Artigo 72, ‘in verbis’: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. A matéria em tela é sumulada por esta Corte, razão pela qual faço a conclusão do meu julgamento a determinação da Súmula CARF nº 89, que abaixo transcrevo: Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. Com razão a Recorrente. ABONO ÚNICO Foi observado e autuado pela Auditoria Fiscal, através das Folhas de Pagamento e dos Registros Contábeis, que a Recorrente remunerou seus empregados sob a Fl. 416DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA Processo nº 16327.001650/201018 Acórdão n.º 2301004.228 S2C3T1 Fl. 179 5 forma de concessão de "Abono Único" sem a devida incidência das contribuições previdenciárias. Podese observar que a concessão dessa verba decorre de obrigação prevista em Convenção Coletiva de Trabalho. Segundo a Recorrente o referido pagamento de abono único foi realizado por força de Convenção Coletiva de Trabalho de 2005/2006, da categoria, que se refere a antecipação de reajuste salarial, sendo diferente daquele que trata o Artigo 457 da CLT, isto porque o da CLT está vinculado a contrato de trabalho e prestação de serviço, que integraria o salário, sendo considerado remuneração. Desta forma, penso que as partes (empregado/empregador) estabeleceram regras que a eles interessam, criando obrigação, cujas quais não podem trazer obrigação à terceiros, mormente à Previdência Social. A legislação previdenciária estabelece o que integra e o que não integra a base de cálculo tributária e suas exceções. No ordenamento jurídico tributário o CTN determina que somente a lei poderá instituir, extinguir, majorar, reduzir, definir fato gerador ou modificar sua base de cálculo, segundo inteligência do artigo 97, in verbis: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: .... IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto no artigo, 21, artigo 26, artigo 39, artigo 57 e artigo 65; .... § 1º Equiparase à majoração do tributo, a. modificação da sua base de cálculo, que importe em tornálo mais oneroso. ... Logo, para criar exceção a base de cálculo é necessária que a lei o faça, não podendo um acordo coletivo legislar sobre a base de incidência das contribuições previdenciárias. A lei de regência, ou seja, a nº 8.212/91 é muito clara ao tratar das verbas recebidas pelo empregado que não integra o salário contribuição. ‘Vide’ artigo 28, § 9º , ‘e’, 7: Art. 28. Entendese por salário de contribuição: (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10 de Dezembro de 1997) (...) Fl. 417DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA 6 e) as importâncias: (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10 de Dezembro de 1997) (...) 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 20 de Novembro de 1998)(GN) No caso em tela, a este julgador, ficou cristalino que o abono concedido está desvinculado do salário, porque não remunera o trabalho mais indeniza por uma perda passada. Referente a habitualidade, temse que o artigo 214, §9°, alínea 'j' e §10, do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, dispõem que: Art. 214. (.) § 9° Não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente: j) ganhos eventuais e abonos expressamente desvinculados do salário por forca de lei; § 10º As parcelas referidas no parágrafo anterior, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, integram o salário de contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. Assim, viuse nos autos que o pagamento não foi habitual e tão pouco remunerou o trabalho, tão simplesmente foi uma obrigação imposta ao empregador para indenizar o trabalhador por perdas passadas. Com razão a Recorrente. DA REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Diz a Recorrente que a exigência de contribuições sociais previdenciárias das empresas encontra fundamento constitucional no artigo 195, inciso I, alínea "a", da Constituição Federal, que transcrevo abaixo: "Art. 195. A Seguridade Social será custeada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidente sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício." Segue o raciocínio dizendo que para delimitar o alcance interpretativo do conteúdo da referida norma constitucional, o § 11º, do artigo 201, da Constituição Federal determinou que os ganhos habituais serão considerados parcela remuneratória e, por conseqüência, integrados à base de cálculo das contribuições previdenciárias. Confirase: Fl. 418DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA Processo nº 16327.001650/201018 Acórdão n.º 2301004.228 S2C3T1 Fl. 180 7 "Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá nos termos da lei, a: (...) § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei." (g.n.) Que a Lei nº 8.212/91 instituiu contribuições previdenciárias para o custeio da seguridade social, dentre as quais interessa aquela prevista no artigo 22, e a transcreve: "Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (...)" E, assim, para Recorrente, numa analise da legislação mencionada ela apresenta a premissa que qualquer verba somente ensejará o recolhimento de contribuições previdenciárias se i) retribuir (contraprestação) os serviços prestados (retributividade) ou ü) for paga com habitualidade. Conclui que o abono em testilha não está abarcado por características de retributividade e/ou habitualidade, e não deve o respectivo montante compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Quanto a habitualidade não há muito o que se analisar, eis que estampado nitidamente de que não há a mesma, sendo pago em uma única vez. Segundo o princípio da retributividade, implica dizer que o pagamento de salário corresponde ao custo do seu serviço prestado ao empregado. E isto não ocorreu no presente caso, conforme nos informa a própria CCT, cláusula 48. ‘In verbis’: Cláusula Quadragésima Oitava Para os empregados ativos ou que estivessem afastados por doença, acidente do trabalho e licença maternidade, em 31.08.2005, será concedido um abono único na vigência da Convenção Coletiva de Trabalho 2005/2006, desvinculado do salário e de caráter excepcional e transitório, no valor de R$ 1.700,00 (um mil e setecentos reais), a ser pago após 10 (dez) dias úteis da data da assinatura da convenção coletiva de trabalho.(GN) Fl. 419DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA 8 Ora, se constasse na cláusula supra que teriam direito ao abono único somente os profissionais empregados ativos, estaríamos claramente de um abono retributivo de caráter remuneratório, mas, da forma expressa deixa claro o pagamento indenizatório, isto porque remunera empregados afastados, ou seja, aqueles que não prestam serviços. Assim, por constar na CCT Cláusula 48ª que o abono é pago até para funcionários afastados ou em licença maternidade, não vejoo como verba retributiva de trabalho prestado pelo empregado. Com razão a Recorrente. ILEGALIDADES E INCONSTITUCIONALIDADES APONTADAS Deixo de analisar as questões que apontam por inconstitucionalidades e ou ilegalidades de lei, uma vez que esta Corte não é competente para tal mister, segundo a Súmula CARF nº 02, ‘in verbis’: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, ainda que o julgador pretendesse analisar a matéria posta, estando ela sumulada, encontra ele óbice porque o RICARF determina que o mesmo é submisso às questões sumuladas pela Corte, conforme reza o Artigo 72 do RICARF, como se vê abaixo: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF Eis a razão que deixo de analisar as ilegalidade e inconstitucionalidades apontadas. MULTA Diz a Recorrente que o valor da multa aplicada atendeu em parte às disposições legais vigentes à época da ocorrência dos fatos (períodos de 03 a 10 e 12/2005), por serem supostamente mais benéficas do que aquelas veiculadas pela Lei n.° 11.941/09, e em parte às disposições da nova legislação (períodos de 01, 02 e 11/2005 e 01 a 12/2006). Entretanto, segundo alega, há de ser retificado tal lançamento, eis que as multas previdenciárias sofreram relevantes alterações por intermédio da Medida Provisória n° 449/08, posteriormente convertida na Lei n.° 11.941/09. Diz que o caso em tela trata de multa punitiva decorrente de descumprimento de obrigação tributária principal, e isto importa que a Lei n° 11.941/09 alterou significativamente a metodologia para o seu cálculo. De fato, a multa anterior era calculada de forma substanciada no tempo (24 até 100%) e hodiernamente passou a ser de 75% (150% nos casos em que é verificada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação). E, em conformidade com o artigo 106, II, "C", do Código Tributário Nacional, a nova multa só alcança fatos pretéritos se for mais benéfica ao contribuinte. Fl. 420DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA Processo nº 16327.001650/201018 Acórdão n.º 2301004.228 S2C3T1 Fl. 181 9 Para a Fiscalização, confirmada pela decisão de piso, a sistemática utilizada na planilha elaborada por ela reflete a melhor aplicação da lei, dando ao Recorrente a multa menos severa. Já a Recorrente discorda da metodologia, dizendo que ao final acaba por sair a mais gravosa, já que a Fiscalização somou o valor da multa punitiva (obrigação acessória) ao valor da multa de mora (obrigação principal) que vigoravam à época da ocorrência dos supostos "fatos geradores" e confrontou o resultado aritmético com a soma das mesmas multas veiculadas pela Lei n.° 11.941/09. O fato é que antes da vigência da MP n.° 449/2008, havia previsões distintas para o tratamento tributário a ser dado aos casos de inadimplemento das obrigações tributárias principais e acessórias. O tratamento dado à conduta infracional (obrigação acessória) era independente e incomunicável em relação à obrigação principal de recolhimento da contribuição previdenciária, implicando que a inadimplência da obrigação principal não influía na penalidade da obrigação acessória não paga. Simplesmente aplicava a multa moratória gradual que era prevista no artigo 35 e §§ da Lei n.° 8.212/91. Entretanto, para as obrigações acessórias, a modalidade aplicada era a de multa isolada, tal como aquelas atinentes à declaração em GFIP, de acordo com o art. 32, IV e §§4° e 6° da Lei n.° 8.212/91. Mas, com a entrada em vigor da MP n.° 449/2008, os casos em que há falta de pagamento ou recolhimento, falta de declaração ou declaração inexata, ensejam o lançamento de ofício, conforme dispõe o art. 35A da Lei n.° 8.212/91, devendo ser aplicado o art. 44 da Lei n.° 9.430/96. E, nos casos em que foi adimplida a obrigação principal, tendo havido no entanto, descumprimento da obrigação acessória (não declaração ou declaração com omissões), a legislação alterada prevê a multa isolada no artigo 32A, da Lei n° 8.212/91. Assim, plagiando o tratamento benéfico ao contribuinte, visando o seu direito à retroatividade benigna prevista no art. 106, inciso II e "c"do CTN, penso que a multa mais justa é do artigo 61. da Lei 9.430/96. DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE JUROS SOBRE A MULTA Diz a Recorrente que houve a aplicação de juros sobre a multa aplicada e a decisão de piso diz que não procede tal alegação, ou seja, aplicação de juros sobre a multa no lançamento de ofício, pois no Relatório de Fundamentos Legais de Débito, fls 11 (item 602.07 período 01/05 a 12/05 e 01/06 a 12/06), fica claro que não há incidência de juros sobre a multa, já que os juros foram calculados sobre o valor originário, logo, os juros incidem somente sobre o valor da contribuição. Entretanto, se ocorreu, por falta de previsão legal, não há de ser aplicado juros sobre a multa de lançamento de ofício, uma vez que a legislação que autoriza a aplicação da taxa Selic abrange tão somente aos tributos. E multa é tão somente penalização por infração, ao passo que tributo, nas palavras do Artigo 3º do CTN “é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada". Fl. 421DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA 10 O Artigo 13 da Lei 9.065/95, que prevê a cobrança dos juros de mora com base na taxa Selic, remete ao Artigo 84 da Lei 8.981/95, que, por sua vez, estabelece a cobrança de tais acréscimos apenas sobre tributos. Transcrevoos: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei n° 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei n° 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei n° 8.981, de 1995, o art. 84,inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei n° 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente." "Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1 o de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna. Mas, equivocase a Recorrente, pois o lançamento, ao menos no Discriminativo do Lançamento não consta a dita cobrança indevida. Sem razão. CONCLUSÃO Diante do acima exposto, estando o presente Recurso Voluntário em pleno ajuste com a legislação, dele conheço para no mérito DARLHE PROVIMENTO PARCIAL: i) para aplicar a multa mais benéfica, nos ditames da retroatividade mais favorável ao contribuinte estampada no artigo 106, II, C do CTN, cuja qual penso ser aplicada a multa do artigo 61 da Lei nº 9.430/96; ii) para excluir da base de cálculo do lançamento as verbas pagas a título de abono único e vale transporte; iii) aplicar a Súmula CARF 99, e com apoio ao artigo 150, § 4º do CTN, excluir do lançamento o período anterior a dezembro de 2005. É como Voto. Wilson Antônio de Souza Correa Relator (assinado digitalmente) Fl. 422DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA Processo nº 16327.001650/201018 Acórdão n.º 2301004.228 S2C3T1 Fl. 182 11 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Oliveira, redator designado. Com todo respeito ao nobre relator, divirjo de sua conclusão quanto à multa, acompanhando suas conclusões nas demais questões. Em casos como esse – em que a legislação foi alterada, com novos cálculos e forma de aplicação de penalidades – o Código Tributário Nacional (CTN), determina que a legislação deve retroagir. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: ... II tratandose de ato não definitivamente julgado: ... c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Portanto, pela determinação do CTN, acima, a administração pública deve verificar, nos lançamentos não definitivamente julgados, se a penalidade determinada na nova legislação é menos severa que a prevista na lei vigente no momento do lançamento. Para tanto, devemos comparar as penalidades aplicadas antes da alteração legislativa com a imposta atualmente. A Lei 8.212/1991 trazia a seguinte redação quando tratava de multas: Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 423DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA 12 c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 424DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA Processo nº 16327.001650/201018 Acórdão n.º 2301004.228 S2C3T1 Fl. 183 13 § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Com a edição da Medida Provisória 449/2008 ocorreram mudanças na legislação que trata sobre multas, com o surgimento de dois artigos: Lei 8.212/1991: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). ... Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Ocorre que o nobre relator não comparou as penalidades, antigas e novas, quando os mesmos fatos jurídicos forem verificados pelo Fisco (falta de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e declaração inexata). O relator comparou, para a aplicação do Art. 106 do CTN, penalidade de multa aplicada em lançamento de ofício, com penalidade aplicada quando o sujeito passivo Fl. 425DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA 14 está em mora, sem a existência do lançamento de ofício, e decide, espontaneamente, realizar o pagamento. Para tanto, na defesa dessa tese, há o argumento que a antiga redação utilizava o termo multa de mora. Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: ... II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: Esclarecemos aqui que a multa de lançamento de ofício, como decorre do próprio termo, pressupõe a atividade da autoridade administrativa que, diante da constatação de descumprimento da lei, pelo contribuinte, apura a infração e lhe aplica as cominações legais. Em direito tributário, cuidase da obrigação principal e da obrigação acessória, consoante art. 113 do CTN. A obrigação principal é obrigação de dar. De entregar dinheiro ao Estado por ter ocorrido o fato gerador do pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. A obrigação acessória é obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. A legislação tributária estabelece para o contribuinte certas obrigações de fazer alguma coisa (escriturar livros, emitir documentos fiscais etc.): são as prestações positivas de que fala o §2º do art. 113 do CTN. Exige também, em certas situações, que o contribuinte se abstenha de produzir determinados atos (causar embaraço à fiscalização, por exemplo): são as prestações negativas, mencionadas neste mesmo dispositivo legal. O descumprimento de obrigação principal gera para o Fisco o direito de constituir o crédito tributário correspondente, mediante lançamento de ofício. É também fato gerador da cominação de penalidade pecuniária, leiase multa, sanção decorrente de tal descumprimento. O descumprimento de obrigação acessória gera para o Fisco o direito de aplicar multa, igualmente por meio de lançamento de ofício. Na locução do §3º do art. 113 do CTN, este descumprimento de obrigação acessória, isto é, de obrigação de fazer ou não fazer, convertea em obrigação principal, ou seja, obrigação de dar. Já a multa de mora não pressupõe a atividade da autoridade administrativa, não têm caráter punitivo e a sua finalidade primordial é desestimular o cumprimento da obrigação fora de prazo. Ela é devida quando o contribuinte estiver recolhendo espontaneamente um débito vencido. Fl. 426DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA Processo nº 16327.001650/201018 Acórdão n.º 2301004.228 S2C3T1 Fl. 184 15 Portanto, para a correta aplicação do Art. 106 do CTN, que trata de retroatividade benigna, o Relator deveria verificar as penalidades que o sujeito passivo sofreu na legislação anterior (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória, nos casos de falta de declaração e/ou apresentação de declaração inexata, e por descumprimento de obrigação principal, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento), com as penalidades determinadas atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em autuações por descumprimento de obrigação acessória, nos casos de falta de declaração e/ou apresentação de declaração inexata, e por descumprimento de obrigação principal, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento). Conseqüentemente, divirjo do relator e voto pela negativa de provimento do recurso nesta questão, para a manutenção da multa aplicada, pois o cálculo que irá definir se a legislação atual irá retroagir, ou não, como ocorre de ofício pela autoridade executora do acórdão, só deve ocorrer no momento da execução do julgado, conforme determinado pela legislação atual. É o voto. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 427DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA
score : 1.0
Numero do processo: 15374.001285/99-75
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jun 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/1996 a 31/12/1998
AUTO DE INFRAÇÃO. DÉBITOS APURADOS. COMPENSAÇÃO. PIS. PAGAMENTOS A MAIOR. CRÉDITOS. INCONSTITUCIONALIDADE DECRETO-LEI 2.445/88.
Constatada por meio de diligência a existência dos créditos alegados, a sua suficiência para suportar as compensações dos débitos lançados e a regularidade da contabilização, deve-se cancelar o auto de infração.
Numero da decisão: 3803-006.920
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para cancelar o auto de infração.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Demes Brito e Paulo Renato Mothes de Moraes.
Nome do relator: Relator
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/1996 a 31/12/1998 AUTO DE INFRAÇÃO. DÉBITOS APURADOS. COMPENSAÇÃO. PIS. PAGAMENTOS A MAIOR. CRÉDITOS. INCONSTITUCIONALIDADE DECRETO-LEI 2.445/88. Constatada por meio de diligência a existência dos créditos alegados, a sua suficiência para suportar as compensações dos débitos lançados e a regularidade da contabilização, deve-se cancelar o auto de infração.
turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jun 26 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 15374.001285/99-75
anomes_publicacao_s : 201506
conteudo_id_s : 5478133
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jun 26 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3803-006.920
nome_arquivo_s : Decisao_153740012859975.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : Relator
nome_arquivo_pdf_s : 153740012859975_5478133.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para cancelar o auto de infração. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Demes Brito e Paulo Renato Mothes de Moraes.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
id : 5995392
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:41:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887312584704
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1703; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 660 1 659 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.001285/9975 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.920 – 3ª Turma Especial Sessão de 18 de março de 2015 Matéria PIS AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente FRANKLIN MACHADO TECIDOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/1996 a 31/12/1998 AUTO DE INFRAÇÃO. DÉBITOS APURADOS. COMPENSAÇÃO. PIS. PAGAMENTOS A MAIOR. CRÉDITOS. INCONSTITUCIONALIDADE DECRETOLEI 2.445/88. Constatada por meio de diligência a existência dos créditos alegados, a sua suficiência para suportar as compensações dos débitos lançados e a regularidade da contabilização, devese cancelar o auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para cancelar o auto de infração. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Demes Brito e Paulo Renato Mothes de Moraes. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 00 12 85 /9 9- 75 Fl. 660DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/20 15 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 25/06/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Este processo retorna de diligência da Derat/Rio de Janeiro, como resultado da Resolução nº 20200.907, de 7 de dezembro de 2005, da Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, fls. 269/273. Tratase de auto de infração, fls. 20/33, decorrente de falta de recolhimento da contribuição para o PIS, no valor total de R$ 156.044,38, referente aos fatos geradores ocorridos nos meses 06/96 a 12/98, com exigibilidade suspensa em virtude de sentença proferida pelo Juízo da 20ª Vara, em Ação Ordinária, com Pedido de Antecipação de Tutela, fls. 52/71 e fls. 75/80, Em impugnação apresentada, a Autuada alegou, em síntese: 1) a impugnante deixou de recolher os valores da contribuição para o PIS, no período de 06/96 a 12/98, por força de autorização judicial para efetuar a compensação dos valores recolhidos indevidamente, relativamente à própria contribuição, a título dos Decretos leis 2.445/88 e 2.449/88, consoante aludida decisão judicial; 2) alegou que possui crédito superior aos valores objeto da autuação, conforme planilhas apresentadas às fls. 81/83; 3) argumentou que o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucionais os Decretosleis 2.445/88 e 2.449/88, e o Senado Federal, cumprindo dispositivo constitucional vigente, expediu a Resolução n° 49/95 suspendendo a execução dos referidos Decretosleis; 4) citou doutrina de Hugo de Brito Machado sobre a compensação tributária criada pela Lei n° 8.383/91, art. 66, bem como posicionamento pacificador de ambas as Turmas da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça a respeito do direito compensatório previsto no citado dispositivo legal; 6) requereu, com base nesses fundamentos, a improcedência total do auto de infração, com sua consequente anulação, por ser medida que se torna imperiosa e em nome da coerência do ordenamento jurídico nacional. A DRJ/Rio de Janeiro julgou procedente o lançamento, por ter a Impugnante limitadose a apresentar apenas planilhas de valores atualizados da contribuição para o PIS que teriam sido recolhidos a maior, sem ter anexado a correta e integral contabilização dos procedimentos de compensação levados a efeito, subsistindo apenas uma compensação alegada mas não comprovada. A decisão foi ementada como segue: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/1996 a 31/12/1998 Ementa: COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. Somente se considera para fins de extinção da obrigação tributária a compensação efetivamente efetuada mediante os lançamentos contábeisfíscais próprios. AUTO DE INFRAÇÃO. COMPENSAÇÃO NÃO COMPROVADA. Fl. 661DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/20 15 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 25/06/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 15374.001285/9975 Acórdão n.º 3803006.920 S3TE03 Fl. 661 3 É cabível o lançamento quando não efetivamente comprovada a compensação. PROTESTO PELA JUNTADA DE NOVAS PROVAS DOCUMENTAIS. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, ressalvado o disposto nas alíneas "a" a "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n° 70.235/1972 Não cabe suspensão da exigibilidade do crédito tributário quando não se verificar alguma' das hipóteses do art. 151 do CTN. Lançamento Procedente” Cientificada da decisão em 10/01/2005, a Recorrente apresenta recurso voluntário em 03/02/2005, em que tece os mesmos argumentos da impugnação e anexa sua escrita contábil/fiscal, consubstanciada no Livro Diário e Balancetes, fls. 131/202, com Termos de Abertura e de Encerramento. O julgamento do recurso foi convertido em diligência pela Câmara do Conselho de Contribuintes, com o teor abaixo, para que o órgão de origem: 1. atestasse o recolhimento efetuado por meio Darf de fl. 126; 2. examinasse a documentação constante às fls. 128/199 e informasse vista dos livros contábeis e fiscais da empresa, se a compensação já se encontrava efetivada no momento da autuação; 3. independentemente da resposta aos quesitos anteriores, elaborasse demonstrativo dos indébitos do PIS recolhido com base nos DLs nº 2.445 e 2.449, de 1988, aplicandose a semestralidade, sem atualização da base de cálculo, para a determinação da parcela devida, e corrigindose os créditos apurados até o momento da realização da compensação de acordo com os índices autorizados judicialmente; e 4. elaborasse demonstrativo que indicasse quais as parcelas exigidas no auto de infração que remanesceriam, caso fossem acatadas, pelo Colegiado, as compensações efetuadas pela empresa. Concluída a Diligência, os autos foram remetidos ao CARF e distribuídos para a 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, que por meio da Resolução nº 1802000.555 declinou da competência para julgamento da matéria envolvida. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa,Relator Fl. 662DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/20 15 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 25/06/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 Como resultado da diligência requisitada, a Seção de Fiscalização da Derat/Rio de Janeiro II, após procedida a verificação dos documentos contábeis/fiscais da Contribuinte consignou a Informação de fl. 644, em que concluiu pela existência do crédito, da sua suficiência para a compensação dos débitos objeto do presente Auto de Infração, lavrada nos seguintes termos: Em atendimento à Resolução do Segundo Conselho de Contribuintes de fls. 265 a 269, acrescento ao relatório fiscal de fls. 472 e 473 as seguintes informações: 1) A confirmação do DARF de fls. 126 encontrase às fls. 556; 2) Confirmados os pagamentos de PIS relacionados no demonstrativo de fls. 360 e 361, foi apurado o montante de indébitos de R$ 188.670,94, atualizado até 01/08/96, conforme decisão judicial transitada em julgado de fls. 465 a 471; 3) O crédito em favor do contribuinte suporta as compensações efetuadas no período de julho de 1996 a dezembro de 1998, conforme demonstrativos ora anexados. Pelo exposto, demonstrada a insubsistência do lançamento, voto pelo cancelamento do Auto de Infração. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 663DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/20 15 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 25/06/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 10730.002517/2005-65
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon May 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003
SOLICITAÇÃO DE INCLUSÃO RETROATIVA NO SIMPLES.
Defere-se a solicitação de inclusão na sistemática do Simples a partir de janeiro de 2004 (dois mil e quatro), em razão da ratificação da sua exclusão através de Ato Declaratório emanado de ofício pela Administração Tributária (abrangendo o período de 26/06/2000 a 31/12/2003), quando a interessada comprova sua intenção de optante pelo SIMPLES, prevista no Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 16, de 02/10/2002, e não mais subsiste óbice que impeça a sua permanência em tal sistemática.
Numero da decisão: 9101-002.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso especial.
(documento assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAUJO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO (Suplente Convocado), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, LEONARDO MENDONÇA MARQUES (Suplente Convocado) e PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003 SOLICITAÇÃO DE INCLUSÃO RETROATIVA NO SIMPLES. Defere-se a solicitação de inclusão na sistemática do Simples a partir de janeiro de 2004 (dois mil e quatro), em razão da ratificação da sua exclusão através de Ato Declaratório emanado de ofício pela Administração Tributária (abrangendo o período de 26/06/2000 a 31/12/2003), quando a interessada comprova sua intenção de optante pelo SIMPLES, prevista no Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 16, de 02/10/2002, e não mais subsiste óbice que impeça a sua permanência em tal sistemática.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon May 18 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10730.002517/2005-65
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473680
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 9101-002.073
nome_arquivo_s : Decisao_10730002517200565.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 10730002517200565_5473680.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso especial. (documento assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (documento assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAUJO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO (Suplente Convocado), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, LEONARDO MENDONÇA MARQUES (Suplente Convocado) e PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
id : 5959714
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887329361920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2085; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 106 1 105 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10730.002517/200565 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.073 – 1ª Turma Sessão de 13 de novembro de 2014 Matéria Inclusão retroativa ao Sistema Simples Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ENLATE RECICLADOS LTDA ME ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 SOLICITAÇÃO DE INCLUSÃO RETROATIVA NO SIMPLES. Deferese a solicitação de inclusão na sistemática do Simples a partir de janeiro de 2004 (dois mil e quatro), em razão da ratificação da sua exclusão através de Ato Declaratório emanado de ofício pela Administração Tributária (abrangendo o período de 26/06/2000 a 31/12/2003), quando a interessada comprova sua intenção de optante pelo SIMPLES, prevista no Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 16, de 02/10/2002, e não mais subsiste óbice que impeça a sua permanência em tal sistemática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso especial. (documento assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (documento assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO (Suplente Convocado), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 00 25 17 /2 00 5- 65 Fl. 111DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 2 ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, LEONARDO MENDONÇA MARQUES (Suplente Convocado) e PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Especial (fls.89/94) contra decisão nãounânime de Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência da prova, interposto pela Fazenda Nacional, em 01/04/2008, com fundamento no art. 7º, inciso I, c/c §1º, e art. 15 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (RICSRF), aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25/06/2007. 2. A Recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 30238.619, de 26/04/2007, por meio do qual a 2a Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes (3ºCC), por maioria de votos, deu provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. 3. Por bem descrever os fatos, adoto, com algumas modificações para maior clareza, o Relatório do acórdão recorrido: Tratase de manifestação de inconformidade ao indeferimento à Solicitação de Inclusão no Simples (fl. 28), proferida pelo SECAT/DRF NITERÓI/RJ. A solicitação efetuada pela interessada encontrase acostada à fl. 01, instruindo seu pleito os documentos de fls. 02/23. Assim se pronunciou a Autoridade quando do indeferimento à solicitação de inclusão na sistemática do SIMPLES: "... verificase que o interessado foi excluído pelo Ato Declaratório de Exclusão n° 20, de 15 de junho de 2004, por PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA, tendo tomado ciência da exclusão por AR em 14/09/2004, sem interposição de recurso no prazo determinado pelo artigo 15 do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972... ...A vista do exposto, tendo em vista que os motivos que ocasionaram a exclusão do interessado do Simples permanecem, proponho o indeferimento do pleito de fls. 01." A interessada, devidamente cientificada do indeferimento de sua solicitação em 27/06/2005 (fl.30), apresentou manifestação de inconformidade em 15/07/2005, apontando vícios e defeitos no processo deflagrador da sua exclusão (n° 10768.003651/200475), como por exemplo que o respectivo ato de exclusão não se encontrava adstrito às normas legais; que teria havido cerceamento no seu direito de defesa, o que ensejaria a nulidade da referida decisão. Enfim, o interessado ao contestar o pleito de inclusão retroativa na sistemática do Simples efetuado em 31/05/2005, convergiu suas argumentações no sentido de contraditar o procedimento de exclusão constante no processo anteriormente citado. Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro/RJ deferiu parcialmente o pleito da recorrente, conforme Decisão DRJ/RJOI n° 8.299, de 29/08/2005, (fls. 42/50), assim ementada: Fl. 112DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 10730.002517/200565 Acórdão n.º 9101002.073 CSRFT1 Fl. 107 3 Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2000 Ementa: SOLICITAÇÃO DE INCLUSÃO RETROATIVA NO SIMPLES. Deferese parcialmente a solicitação de inclusão na sistemática do Simples, em razão da ratificação da sua exclusão através de Ato Declaratório emanado de ofício pela Administração Tributária, quando a interessada comprova sua intenção de optante pelo SIMPLES, prevista no Ato Declaratório n° 16 da SRF de 02 de outubro de 2002 e não mais subsiste óbice que impeça a sua permanência em tal sistemática. Solicitação Deferida em Parte Às fls. 53 o contribuinte foi intimado da decisão supra, motivo pelo qual apresenta Recurso Voluntário de fls. 54/62, tendo sido dado, então, seguimento ao mesmo. [No Recurso Voluntário são apenas reiterados os argumentos da manifestação de inconformidade]. 4. Transcrevese parte do voto condutor do Acórdão DRJ/RJOI nº 8.299/2005: Nesse diapasão entendo viável o pedido alternativo da interessada de reinclusão no Simples, mas não retroativamente desde a sua opção, uma vez que não pode a respectiva exclusão ser objeto de apreciação pela ausência de manifestação de inconformidade acerca da questão. Sobre a intenção de permanecer no Simples, disto não resta dúvida, como bem se pode observar dos documentos acostados ao presente, desde 2001 (fis. 06/22), eis que a interessada vem apurando seus impostos e contribuições de acordo com a sistemática do Simples, apresentando, ainda, as declarações na forma simplificada (ou como inativa). Este o entendimento emanado pelo Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 16, de 02 de outubro de 2002, o qual estabelece sobre a retificação de ofício pela autoridade fiscal da opção pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas e Pequeno Porte... Isto posto, voto no sentido de deferir em parte a solicitação da interessada, admitindo a sua inclusão no Simples, não retroativa, mas sim apenas a partir do período subseqüente à extinção dos efeitos em razão das infrações praticadas pela interessada à legislação tributária, infrações estas que serão objeto de análise nos autos do processo administrativo nº 10768.006468/200421, dependendo, ainda, da não constatação de nenhum outro óbice legal, eis que nossa análise restringiuse ao motivo exposto nos presentes autos e em seu apenso (processo de exclusão do Simples n° 10768.003651/200475). 5. O Acórdão Recorrido, alvo do Recurso Especial, foi assim ementado: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Fl. 113DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 4 Anocalendário: 2000 Ementa: SOLICITAÇÃO DE INCLUSÃO RETROATIVA NO SIMPLES. Deferese a solicitação de inclusão na sistemática do SIMPLES a partir de janeiro de 2001, quando a interessada comprova sua intenção de optante pelo SIMPLES, forte no Ato Declaratório n° 16/2002 da SRF, desde que não existam outros óbices legais que impeçam a sua permanência em tal sistemática. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. 6. Extraise ainda do voto condutor do Acórdão nº 30238.619, de 26/04/2007, os seguintes trechos: ... Como se verifica deste processo, a recorrente se insurge tanto quanto à negativa de seu pedido de inclusão retroativa no SIMPLES, bem como, principalmente, da sua exclusão no SIMPLES nos autos do processo n° 10768.3651/200475... Em que pese a irresignação da recorrente quanto à violação da ampla defesa e do contraditório no que pertine ao processo n° 10768.3651/200475, ... não é possível realizar tal análise e julgamento neste processo, já que eventual irresignação deveria ter sido levantada no processo supra mencionado. Em julgamento deste processo, a inclusão retroativa da requerida não foi deferida porque esta não o teria requerido expressamente na sua Manifestação de Inconformidade. ... Como o processo administrativo se pauta sobre a verdade material, bem como é o SIMPLES uma metodologia de tributação prevista na Constituição Federal para beneficiar as pequenas empresas, existe espaço para sopesar princípios e realizar um julgamento justo neste caso. Mesmo não tendo havido pedido expresso de inclusão retroativa do SIMPLES neste processo até a apresentação do recurso voluntário, resta claro a intenção do contribuinte em permanecer naquele sistema, tanto que sempre apresentou documentos e efetuou pagamentos como tal. ... Tendo os efeitos da exclusão da recorrente se operado no ano de 2000, nada impede, então, que essa possa ser incluída no SIMPLES a partir de janeiro de 2001, desde que inexistam óbices legais para tal. Entendo desta forma porque o processo que a está obstando de ingressar no SIMPLES desde logo, de n° 10768.006468/200421, conforme bem determinado pela DRJ, ainda não está julgado, ... Fl. 114DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 10730.002517/200565 Acórdão n.º 9101002.073 CSRFT1 Fl. 108 5 Não havendo qualquer decisão transitada em julgado administrativamente que impeça a recorrente de ser incluída no SIMPLES a partir de 2001, descabe manter a condicionante imposta pela decisão recorrida. Neste sentido, inclusive, bem aduz o CTN em seu art. 112: ... Como não há até o presente momento qualquer certeza frente à infração cometida pela recorrente, já que ainda não há decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes, inexiste qualquer vedação da recorrente em ser incluída no SIMPLES desde 2001. ... Somese isso ao fato de que a Carta Maior de 1988 estabeleceu explicitamente um tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte, nos moldes do previsto na Carta Maior de 1988. Esta é a maior consideração que se deve fazer sobre o SIMPLES, que é um incentivo constitucionalmente concedido às microempresas e empresas de pequeno porte, notórias geradoras de empregos, devendo sempre prevalecer àquele frente aos interesses meramente arrecadatórios. O SIMPLES foi editado como mecanismo de defesa e auxílio contra o abuso do poder econômico, de retirar as empresas da informalidade e de capacitálas ao desenvolvimento do próprio negócio de acordo com a respectiva capacidade econômica e técnica, gerando, desse modo, maior número de empregos. Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto, determinado o ingresso retroativo da recorrente no SIMPLES desde janeiro de 2001, desde que inexistam outros impedimentos legais para a sua inclusão. 7. A Recorrente defendeu o cabimento do Recurso Especial e apresentou razões para a reforma do acórdão recorrido, nos seguintes termos: II DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL ... 8. ... a questão posta nos autos reside na correta interpretação do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 16/2002, do art. 112, do Código Tributário Nacional, que dispõe sobre a interpretação da legislação tributária, e dos artigos 14 e 15 da Lei nº 9.317/96. ... III IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO RETROATIVA 10. O art. 14, inciso V, da Lei n° 9.317/96 dispõe que a exclusão do SIMPLES dar seá de ofício nos casos em que a pessoa jurídica incorrer na prática reiterada de infrações tributárias. Por sua vez, o art. 15, inciso V, e §3°, do mesmo diploma Fl. 115DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 6 prescreve os efeitos da exclusão se darão a partir, inclusive, do mês de ocorrência de qualquer dos fatos mencionados nos incisos II a VII do artigo anterior. ... ... 11. Assim, comprovada a prática reiterada de infrações à legislação tributária deverá ser expedido o competente Ato Declaratório de Exclusão, o que ocorreu no presente caso, posto terem sido verificadas infrações, de forma reiterada, nos anos calendário de 2000 a 2003. 12. Ressaltese que o contribuinte sequer insurgiuse contra o referido ato e, sendo assim, não há cogitarse de qualquer nulidade ou de sua revogação, posto ser ato administrativo legalmente constituído, plenamente válido e definitivo. 13. Neste diapasão, há que se analisar os alcances do referido ADE e a partir de qual momento devem ser considerados os efeitos da exclusão. 14. Como muito bem asseverou a decisão de primeira instância, considerando que não foi devidamente instaurado o contraditório, não há que se falar em sobrestamento dos efeitos do mencionado ato excludente ou considerar suspenso o seu caráter de definitividade, até o deslinde do processo administrativo em que se discutem as citadas infrações. É dizer, o ato de exclusão é definitivo e não pode ser objeto de apreciação por este colegiado. 15. Em que pese tal assertiva, a e. Câmara a quo determinou a inclusão retroativa do contribuinte no SIMPLES a partir de 2001, ou seja, em período em que havia sido apurada uma das infrações à legislação tributária que ensejaram a sua exclusão e que estava abarcado pelos efeitos do Ato Declaratório de Exclusão. 16. Decidir de tal forma é, sem dúvida, manifestarse sobre a validade do referido ato, o que se apresenta como inviável no presente caso, haja vista que, repitase, nem sequer o próprio contribuinte assim o fez. 17. Ademais, o fato do processo administrativo n° 10768.006468/200421 não ter sido definitivamente julgado, não implica dizer que as infrações apuradas até o ano calendário de 2003 devam ser ignoradas, sobretudo quando existe um ADE, não impugnado, corroborando sua existência. E, ainda que se verifiquem que as irregularidades foram sanadas, tal fato somente poderá repercutir em exercício subseqüentes, para nova opção pelo sistema. ... 19. Por conseguinte, a decisão de primeira instância não merece reparos, posto ter admitido a inclusão do contribuinte no SIMPLES, de forma não retroativa, a partir do período subseqüente à extinção dos efeitos do ADE, em razão das infrações à legislação tributárias perpetradas pela contribuinte, condicionando, ainda, à não constatação de outro óbice legal. 8. O pedido do Recurso Especial (fl.94) é "que seja reconhecida a inclusão do contribuinte somente a partir do período posterior à extinção dos efeitos do ato excludente, reformando integralmente a decisão recorrida e restaurando o inteiro teor da r. decisão de primeira instância". Fl. 116DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 10730.002517/200565 Acórdão n.º 9101002.073 CSRFT1 Fl. 109 7 9. Quando do Exame de Admissibilidade do Recurso Especial, a Presidenta da 2a Câmara do 3ºCC deu seguimento ao recurso, por meio do Despacho nº 302.105 (fls.95/97), de 13/05/2008, afirmando que: A Procuradora da Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão recorrido, alegando contrariedade à legislação tributária, com base no art. 14, inciso V, no art. 15, inciso V, e § 3º, da Lei n° 9.317/96, pedindo que seja reconhecida a inclusão do contribuinte somente a partir do período posterior á extinção dos efeitos do ato excludente. Analisando o recurso especial, sob o ponto de vista dos pressupostos de admissibilidade, verificase: 1. quanto ao prazo legal, o recurso goza de tempestividade, visto que a Representante da Fazenda Nacional foi cientificada do aresto em 31/03/2008 (fl. 86) e interpôs Recurso Especial 01/04/2008 (fl. 88). 2. quanto à contrariedade à lei tributária, o recurso merece acolhimento, haja vista que a decisão foi prolatada por maioria de votos. 10. Conforme Despacho de Encaminhamento (fl.101) da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Niterói (RJ) e Aviso de Recebimento dos Correios (fl.100), o Contribuinte deixou de apresentar no prazo devido tanto Contrarrazões ao Recurso Especial da Fazenda Nacional como Recurso Especial da parte que lhe foi desfavorável. 11. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. 2. Inicio expondo meu entendimento de que o ato de exclusão do Sistema SIMPLES, qual seja o Ato Declaratório Executivo (ADE) nº 20, de 15/06/2004 (publicado no D.O.U. de 28/06/2004, Seção 1, fl.39, e retificado no D.O.U. de 06/07/2004, Seção 1, fl.21), da DRF em Niterói, veiculado pelo processo n° 10768.003651/200475 (apenso a este processo), está definitivamente constituído. 2.1. O fato de o contribuinte não ter apresentado manifestação de inconformidade por ter perdido o prazo de fazêlo (como se observa da ciência por AR à fl.70 e do encaminhamento após findo o prazo à fl. 71, ambas do referido processo) não implica: a) que não foi observado o processo tributário fiscal PAF (previsto no §3º do art. 15 da Lei nº 9.317, de 05/12/1996); e b) que houve cerceamento do direito de defesa. 2.2. A existência de prazos para manifestação é uma realidade tanto no processo administrativo tributário como no processo judicial (de natureza civil, tributária, penal, etc), não se podendo taxar a preclusão ou a revelia como preterição do direito de defesa. 3. O ato de exclusão exclui o contribuinte do Sistema SIMPLES no período compreendido entre 26/06/2000 a 31/12/2003; os autos deixam claro que este foi o período em Fl. 117DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 8 que ficou configurada a prática reiterada de infração à legislação tributária. Ou seja, está provado nos autos que a exclusão abrange, além do segundo semestre de 2000, os anos calendário de 2001, 2002 e 2003. As infrações à legislação tributária, praticadas reiteradamente nos anoscalendário de 2000 a 2003, foram assim descritas na Representação Fiscal para Fins de Exclusão do Sistema SIMPLES: Não apresentação do Livrocaixa, de escrituração obrigatória (Art. 190, parágrafo único, I, do RIR/99); Não apresentação do Livro Registro de Inventário, de escrituração obrigatória (Art. 190, parágrafo único, II, do RIR/99); Falta de emissão de notas fiscais nas operações de venda (Art. 190, parágrafo único, III, do RIR/99); Omissão de receitas (Art. 199, do RIR/99). 4. A decisão recorrida afirmou que: "Tendo os efeitos da exclusão da recorrente se operado no ano de 2000, nada impede, então, que essa possa ser incluída no SIMPLES a partir de janeiro de 2001, desde que inexistam óbices legais para tal.". 4.1. Dessa afirmação, percebese que a decisão recorrida seguramente contrariou evidência de prova: enquanto as provas demonstram que os efeitos da exclusão se operaram de 26/06/2000 a 31/12/2003, incluindo os anoscalendário de 2001, 2002 e 2003; como visto na citação, consta no voto do relator que os efeitos da exclusão se operaram apenas em 2000, o que não corresponde à verdade. 4.2. Daí se conclui que não é possível a inclusão retroativa do contribuinte no Sistema SIMPLES nos anoscalendário 2001, 2002 e 2003, como fez a decisão recorrida. 5. Ademais, há que se esclarecer que a exclusão do Sistema SIMPLES é anterior a lavratura dos Autos de Infração, e estes são decorrência desta, não o contrário. Os fatos que caracterizam a prática reiterada de infração à legislação tributária, que deu ensejo à exclusão nos termos do inciso V do art. 14 da Lei nº 9.317/1996, são objeto do processo de exclusão (processo n° 10768.003651/200475) e não do processo dos Autos de Infração (processo nº 10768.006468/200421). 6. Portanto, uma vez confirmado o Ato Declaratório Executivo nº 20, de 15/06/2004; ainda que por não estabelecimento, na forma do PAF, do contencioso administrativo por perda do prazo, pelo contribuinte, de apresentação de manifestação de inconformidade, devese: a) considerar definitiva a prática reiterada de infração à legislação tributária nos anos calendário 2001, 2002 e 2003; b) negar a inclusão retroativa no Sistema SIMPLES no anoscalendário 2001, 2002 e 2003, em observância ao que dispõe o inciso V do art. 15 da Lei nº 9.317, de 05/12/1996; e c) julgar o processo dos Autos de Infração (processo nº 10768.006468/200421), quanto a propriedade dos lançamentos. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 10730.002517/200565 Acórdão n.º 9101002.073 CSRFT1 Fl. 110 9 7. A decisão recorrida também fez uma construção de seqüências condicionantes que não corresponde ao que prevê a legislação. 7.1. Ali se entendeu que o trânsito em julgado administrativo do processo dos Autos de Infração é necessário para caracterização da prática reiterada de infração à legislação tributária e validade do Ato Declaratório Executivo nº 20, de 15/06/2004; e se deduziu que: como ainda não há decisão administrativa final do processo dos Autos de Infração, então não haveria certeza (haveria dúvida), o que autorizaria a aplicação do art. 112 do CTN; e, conseqüentemente, não estaria caracterizada a citada prática reiterada e estariam sobrestados os efeitos do mencionado ADE, o que abriria possibilidade para a inclusão retroativa nos anos calendário de 2001 a 2003, abrangidos pelo referido ADE. 7.2. Ora, como se viu no item 6, a ordem é: o processo que julga a caracterização da prática reiterada de infração à legislação tributária e a validade do ADE é que é necessário para o julgamento dos Autos de Infração e não o contrário (como inverteu a decisão recorrida), é o que bem estabelece o §3º do art. 15 e o art. 16 da Lei nº 9.317, de 05/12/1996. 7.3. Estando, portanto, confirmada a improcedência da premissa, as deduções daí decorrentes não podem chegar a uma conclusão válida. Ademais, tampouco o art. 112 do CTN pode ser suscitado, pois não se está frente a situação de dúvida (não há dúvida quanto à prática reiterada de infração à legislação tributária nos anoscalendário 2001, 2002 e 2003 ou quanto à definitividade do ADE em questão, estas estão sacramentadas no processo n° 10768.003651/200475), ainda menos dúvida em relação: i) à capitulação legal do fato; ii) à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; iii) à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e iv) à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. 8. Por todo o exposto, o meu voto é por DAR provimento ao Recurso Especial. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Fl. 119DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 07/05/20 15 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O
score : 1.0
Numero do processo: 15504.010425/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jun 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2008
IOF. MÚTUO. CARACTERIZAÇÃO. Para a caracterização da distribuição antecipada de lucros deve ser apurado balancete para demonstrar a possibilidade de tal distribuição. Além disso, não basta que haja saldo na conta de Reserva de Lucros do Patrimônio Líquido da empresa, é necessário que a distribuição seja prevista em contrato social e que haja deliberação dos sócios acerca de tal antecipação. A forma como as operações foram contabilizadas no ativo da contribuinte demonstram a natureza de mútuo.
IOF. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. DISPONIBILIZAÇÃO DO RECURSO AO MUTUÁRIO.
O fato gerador ocorre "na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado", ao passo que a base de cálculo é apurada verificando-se o saldo devedor ao final de cada mês. Decadência reconhecida em relação aos saldos devedores já existentes quando da primeira operação de crédito de 2006.
IOF. LIMITE DE 365 DIAS. VALOR DO CRÉDITO INDEFINIDO. INAPLICABILIDADE.
As operações de crédito sem principal definido não estão sujeitas ao limite de 365 dias, uma vez que os §§ 1º e 4º do art. 7º do Decreto nº 6.306/07, bem como o Decreto nº 4.494/02, excluem expressamente as operações cuja base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários.
IOF. CÁLCULO. ALÍQUOTA DE 0,0041% SOBRE A SOMA DOS SALDOS DEVEDORES DIÁRIOS AO FINAL DO MÊS. ADICIONAL DE 0,38% SOBRE O VALOR DISPONIBILIZADO, INDEPENDENTE DO PRAZO.
A base de cálculo do IOF é o principal, não devendo ser incluídos os juros incidentes. No que tange à alíquota, somente o adicional de 0,38% é aplicado diretamente sobre o valor disponibilizado, independente do prazo da operação. Em relação à alíquota de 0,0041%, sua incidência, no caso de operação de crédito com valor definido, é aplicada diariamente. Isto porque o IOF é calculado em função do prazo pelo qual o recurso permaneceu à disposição do tomador (art. 1º da IN RFB nº 907/09).
INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. SÚMULA CARF Nº 01.
Por fim, a impossibilidade de análise da inconstitucionalidade da lei tributária por este Conselho foi consolidada na Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Diante da impossibilidade de ser pronunciada a inconstitucionalidade de lei tributária, não podem ser analisados as matérias que se pautam na violação aos arts. 146, inciso III, e 153, inciso V, da Constituição Federal.
Numero da decisão: 3401-002.877
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria, em dar parcial provimento ao recurso nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Eloy Nogueira, que negava provimento e apresenta declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr André Bernardes OAB/MG 83692
JULIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente.
BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA - Relator.
ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA - Redator designado.
EDITADO EM: 28/05/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS, ROBSON JOSE BAYERL, ANGELA SARTORI, JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA e BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
Nome do relator: BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201501
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2008 IOF. MÚTUO. CARACTERIZAÇÃO. Para a caracterização da distribuição antecipada de lucros deve ser apurado balancete para demonstrar a possibilidade de tal distribuição. Além disso, não basta que haja saldo na conta de Reserva de Lucros do Patrimônio Líquido da empresa, é necessário que a distribuição seja prevista em contrato social e que haja deliberação dos sócios acerca de tal antecipação. A forma como as operações foram contabilizadas no ativo da contribuinte demonstram a natureza de mútuo. IOF. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. DISPONIBILIZAÇÃO DO RECURSO AO MUTUÁRIO. O fato gerador ocorre "na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado", ao passo que a base de cálculo é apurada verificando-se o saldo devedor ao final de cada mês. Decadência reconhecida em relação aos saldos devedores já existentes quando da primeira operação de crédito de 2006. IOF. LIMITE DE 365 DIAS. VALOR DO CRÉDITO INDEFINIDO. INAPLICABILIDADE. As operações de crédito sem principal definido não estão sujeitas ao limite de 365 dias, uma vez que os §§ 1º e 4º do art. 7º do Decreto nº 6.306/07, bem como o Decreto nº 4.494/02, excluem expressamente as operações cuja base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários. IOF. CÁLCULO. ALÍQUOTA DE 0,0041% SOBRE A SOMA DOS SALDOS DEVEDORES DIÁRIOS AO FINAL DO MÊS. ADICIONAL DE 0,38% SOBRE O VALOR DISPONIBILIZADO, INDEPENDENTE DO PRAZO. A base de cálculo do IOF é o principal, não devendo ser incluídos os juros incidentes. No que tange à alíquota, somente o adicional de 0,38% é aplicado diretamente sobre o valor disponibilizado, independente do prazo da operação. Em relação à alíquota de 0,0041%, sua incidência, no caso de operação de crédito com valor definido, é aplicada diariamente. Isto porque o IOF é calculado em função do prazo pelo qual o recurso permaneceu à disposição do tomador (art. 1º da IN RFB nº 907/09). INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. SÚMULA CARF Nº 01. Por fim, a impossibilidade de análise da inconstitucionalidade da lei tributária por este Conselho foi consolidada na Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Diante da impossibilidade de ser pronunciada a inconstitucionalidade de lei tributária, não podem ser analisados as matérias que se pautam na violação aos arts. 146, inciso III, e 153, inciso V, da Constituição Federal.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jun 18 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 15504.010425/2010-11
anomes_publicacao_s : 201506
conteudo_id_s : 5477136
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jun 18 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3401-002.877
nome_arquivo_s : Decisao_15504010425201011.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
nome_arquivo_pdf_s : 15504010425201011_5477136.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, em dar parcial provimento ao recurso nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Eloy Nogueira, que negava provimento e apresenta declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr André Bernardes OAB/MG 83692 JULIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente. BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA - Relator. ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA - Redator designado. EDITADO EM: 28/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS, ROBSON JOSE BAYERL, ANGELA SARTORI, JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA e BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
dt_sessao_tdt : Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
id : 5975158
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:41:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887376547840
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2483; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 414 1 413 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.010425/201011 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401002.877 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2015 Matéria IOF Recorrente GLOBAL ENGENHARIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2008 IOF. MÚTUO. CARACTERIZAÇÃO. Para a caracterização da distribuição antecipada de lucros deve ser apurado balancete para demonstrar a possibilidade de tal distribuição. Além disso, não basta que haja saldo na conta de Reserva de Lucros do Patrimônio Líquido da empresa, é necessário que a distribuição seja prevista em contrato social e que haja deliberação dos sócios acerca de tal antecipação. A forma como as operações foram contabilizadas no ativo da contribuinte demonstram a natureza de mútuo. IOF. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. DISPONIBILIZAÇÃO DO RECURSO AO MUTUÁRIO. O fato gerador ocorre "na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado", ao passo que a base de cálculo é apurada verificandose o saldo devedor ao final de cada mês. Decadência reconhecida em relação aos saldos devedores já existentes quando da primeira operação de crédito de 2006. IOF. LIMITE DE 365 DIAS. VALOR DO CRÉDITO INDEFINIDO. INAPLICABILIDADE. As operações de crédito sem principal definido não estão sujeitas ao limite de 365 dias, uma vez que os §§ 1º e 4º do art. 7º do Decreto nº 6.306/07, bem como o Decreto nº 4.494/02, excluem expressamente as operações cuja base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários. IOF. CÁLCULO. ALÍQUOTA DE 0,0041% SOBRE A SOMA DOS SALDOS DEVEDORES DIÁRIOS AO FINAL DO MÊS. ADICIONAL DE 0,38% SOBRE O VALOR DISPONIBILIZADO, INDEPENDENTE DO PRAZO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 04 25 /2 01 0- 11 Fl. 414DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 A base de cálculo do IOF é o principal, não devendo ser incluídos os juros incidentes. No que tange à alíquota, somente o adicional de 0,38% é aplicado diretamente sobre o valor disponibilizado, independente do prazo da operação. Em relação à alíquota de 0,0041%, sua incidência, no caso de operação de crédito com valor definido, é aplicada diariamente. Isto porque o IOF é calculado em função do prazo pelo qual o recurso permaneceu à disposição do tomador (art. 1º da IN RFB nº 907/09). INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. SÚMULA CARF Nº 01. Por fim, a impossibilidade de análise da inconstitucionalidade da lei tributária por este Conselho foi consolidada na Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Diante da impossibilidade de ser pronunciada a inconstitucionalidade de lei tributária, não podem ser analisados as matérias que se pautam na violação aos arts. 146, inciso III, e 153, inciso V, da Constituição Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, em dar parcial provimento ao recurso nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Eloy Nogueira, que negava provimento e apresenta declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr André Bernardes OAB/MG 83692 JULIO CESAR ALVES RAMOS Presidente. BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA Relator. ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Redator designado. EDITADO EM: 28/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS, ROBSON JOSE BAYERL, ANGELA SARTORI, JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA e BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA Relatório Tratase de auto de infração de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF, lavrado em razão de contratos de mútuo realizados pela ora Recorrente com seus sócios Maurílio Reis Bretas e José Newton Kury, bem como com as empresas Sanarj Saneamento Básico Ltda., Coságua Saneamento Fl. 415DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 15504.010425/201011 Acórdão n.º 3401002.877 S3C4T1 Fl. 415 3 Básico Ltda. A Recorrente reconhece que não procedeu ao recolhimento do IOF sobre tais contratos de mútuo. No que tange aos empréstimos concedidos às pessoas físicas, a Recorrente declarou que os mútuos foram registrados e que se trata de contratos tácitos efetuados entre as partes. Já no que se refere aos mútuos realizados com pessoa jurídica, a Recorrente apresentou os contratos pertinentes, em que se verifica tratarse de contratos com prazo de liquidação indeterminado e com principal definido. Assim, tendo sido intimada a comprovar o recolhimento do IOF, a empresa declarou que, por julgar aplicável a tributação somente às instituições financeiras, não reteve nem recolheu o tributo incidente sobre as referidas operações, pelo que a fiscalização promoveu a apuração da base de cálculo e do valor devido no período, conforme demonstrativos de fls. 92/95, procedendo ao lançamento do imposto devido. A Recorrente apresentou impugnação, a qual foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG) em acórdão cuja ementa se transcreve: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS I OF Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2008 Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, não tendo havido pagamento parcial da obrigação, extinguese o direito de constituir o crédito tributário em cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a Recorrente interpôs o competente Recurso Voluntário, alegando, em síntese: a) inexistência de operação de crédito em relação aos sócios da Recorrente, uma vez que se trata de adiantamento da distribuição lucros e dividendos da pessoa jurídica, o que era possível, pois à época possuía Reserva de Lucros; b) decadência dos fatos geradores ocorridos em data anterior ao ano de 2006, nos termos do art. 150 do Código Tributário Nacional, em relação às operações de crédito sem valor definido. Considerando que o fato gerador destas operações ocorreu com a disponibilização dos recursos ao mutuário, não poderia a autoridade fiscal ter efetuado o Fl. 416DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 lançamento com base nos saldos devedores existentes a partir de janeiro de 2006, eis que, para estas operações, a disponibilização do recurso ocorreu em data anterior; c) aplicação do limite de 365 dias na apuração do montante do IOF devido à alíquota diária de 0,0041%, conforme determina o art. 7º, § 1º do Decreto nº 6.306/07; d) equívoco no cálculo do tributo, pois a alíquota de 0,0041% deveria ser aplicada somente uma vez, no momento da disponibilização do recurso; e) inconstitucionalidade do art. 13 da Lei nº 9.779/99. É o Relatório. Voto Conselheiro Bernardo Leite de Queiroz Lima O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. 1 Da inexistência de operação de crédito Afirma a Recorrente que, em relação aos mútuos realizados com os sócios Maurílio Reis Bretas e José Newton Kury não houve operação de crédito, mas antecipação dos lucros e dividendos da Recorrente. Olvidase a Recorrente, que, para ocorrer a distribuição antecipada de lucros, deve ser apurado balancete para demonstrar a possibilidade de tal distribuição. Além disso, não basta que haja saldo na conta de Reserva de Lucros do Patrimônio Líquido da empresa, é necessário que a distribuição seja prevista em contrato social e que haja deliberação dos sócios acerca de tal antecipação. Não basta o sócio retirar numerário do caixa da empresa, alegando que está antecipando o lucro que, em tese, lhe é devido. Devem ser seguidos os procedimentos corretos para tal antecipação. Mesmo que os saques realizados tenham sido contabilizados e controlados nos livros da empresa, é necessário, em contrapartida a tais lançamentos, o respectivo ajuste na conta de Reserva de Lucros. Quanto à alegação de que a lei prevê a "Distribuição Disfarçada de Lucros", a Recorrente equivocase em relação à verdadeira natureza desta norma, cujo intuito é evitar que empresas relacionadas, por meio de operações que fogem aos padrões praticados no mercado, remanejem o lucro de empresas de forma a evitar a tributação pelo Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. De forma alguma as regras de DDL têm o escopo de permitir que os sócios, a seu belprazer, retirem recursos das pessoas jurídicas sob o argumento de que estão antecipando a distribuição de lucros ou dividendos. Por fim, vale ressaltar que a alegação da Recorrente vai contra sua contabilidade, uma vez que a própria empresa contabilizou os empréstimos em contas do ativo: Fl. 417DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 15504.010425/201011 Acórdão n.º 3401002.877 S3C4T1 Fl. 416 5 contas 1.1.04.01.00022314 Maurilio Reis Bretas e conta 1.1.04.01.00022315 José Newton Cury. Resta caracterizado, portanto, o mútuo entre a Recorrente e os sócios Maurilio Reis Bretas e José Newton Cury. 2 Do período autuado Segundo afirma o Recorrente, o fato gerador do IOF, inclusive no caso em que não for definido o valor do principal a ser utilizado pelo usuário, é a sua colocação à disposição do usuário, conforme art. 3º do Decreto nº 6.306/07: Art. 3o O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado § 1o Entendese ocorrido o fato gerador e devido o IOF sobre operação de crédito: I na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado; II no momento da liberação de cada uma das parcelas, nas hipóteses de crédito sujeito, contratualmente, a liberação parcelada; III na data do adiantamento a depositante, assim considerado o saldo a descoberto em conta de depósito; IV na data do registro efetuado em conta devedora por crédito liquidado no exterior; V na data em que se verificar excesso de limite, assim entendido o saldo a descoberto ocorrido em operação de empréstimo ou financiamento, inclusive sob a forma de abertura de crédito; VI na data da novação, composição, consolidação, confissão de dívida e dos negócios assemelhados, observado o disposto nos §§ 7o e 10 do art. 7o; VII na data do lançamento contábil, em relação às operações e às transferências internas que não tenham classificação específica, mas que, pela sua natureza, se enquadrem como operações de crédito. Neste passo, vale ressaltar que a autoridade fiscal procedeu ao lançamento com base nos saldos devedores diários existentes nas contas da Recorrente a partir de janeiro de 2006. Ora, equivocouse a autoridade fiscal neste ponto, pois, a existência de saldo devedor diário é elemento necessário para a apuração da base de cálculo do IOF, não se confundindo com o seu fato gerador. Importante trazer à baila o art. 7º, inciso I, do Decreto nº 6.306/07, que trata da base de cálculo nas operações em que não há principal definido: Fl. 418DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 Art. 7o A base de cálculo e respectiva alíquota reduzida do IOF são (Lei no 8.894, de 1994, art. 1o, parágrafo único, e Lei no 5.172, de 1966, art. 64, inciso I): I na operação de empréstimo, sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito: a) quando não ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, inclusive por estar contratualmente prevista a reutilização do crédito, até o termo final da operação, a base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, inclusive na prorrogação ou renovação: Fica claro que houve um equívoco entre o momento da ocorrência do fato gerador e a forma de apuração da base de cálculo do tributo. O fato gerador ocorre "na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado", ao passo que a base de cálculo é apurada verificandose o saldo devedor ao final de cada mês. Para que exista saldo devedor no mês, é necessário que, antes disso, tenham sido disponibilizados recursos ao mutuário. O saldo devedor nada mais é do que o valor que o mutuário deve ao mutuante e que ainda não foi amortizado. Isto porque o IOF é apurado considerando o prazo em que o recurso fica à disposição do tomador do crédito, sendo este prazo um critério para definir o valor do tributo, mas não a ocorrência do fato gerador, que se dá no momento da disponibilização. O art. 1º da IN RFB nº 907/09 esclarece esta questão: Art 1º O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) incidente sobre operações de crédito será calculado em função do prazo pelo qual o recurso permaneceu à disposição do tomador. O prazo, portanto, define o cálculo do IOF, mas não o momento da ocorrência do fato gerador. No caso do auto de infração, o lançamento considerou os saldos devedores existentes a partir de janeiro de 2006. A existência destes saldos apenas demonstra que recursos foram liberados antes desta data. Deve ser ressaltado que, no caso da operação de crédito sem valor definido, cada vez que o mutuário realiza novo 'saque', há a ocorrência do fato gerador do IOF. Assim, devem ser desconsiderados os saldos devedores anteriores à primeira operação de crédito de 2006 (saque da conta). 3 Aplicação do limite de 365 dias É importante destacar que as operações de crédito sem principal definido não estão sujeitas ao limite de 365 dias, uma vez que os §§ 1º e 4º do art. 7º do Decreto nº 6.306/07, bem como o Decreto nº 4.494/02, excluem expressamente as operações cuja base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários, quais sejam, as operações sem principal definido: Art. 7o A base de cálculo e respectiva alíquota reduzida do IOF são : I na operação de empréstimo, sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito: Fl. 419DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 15504.010425/201011 Acórdão n.º 3401002.877 S3C4T1 Fl. 417 7 a) quando não ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, inclusive por estar contratualmente prevista a reutilização do crédito, até o termo final da operação, a base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, inclusive na prorrogação ou renovação: (...) § 1o O IOF, cuja base de cálculo não seja apurada por somatório de saldos devedores diários, não excederá o valor resultante da aplicação da alíquota diária a cada valor de principal, prevista para a operação, multiplicada por trezentos e sessenta e cinco dias, acrescida da alíquota adicional de que trata o § 15, ainda que a operação seja de pagamento parcelado § 14. Nas operações de crédito contratadas por prazo indeterminado e definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, aplicarseá a alíquota diária prevista para a operação e a base de cálculo será o valor do principal multiplicado por trezentos e sessenta e cinco.. No caso dos mútuos realizados com pessoas físicas, não havia um contrato escrito, podendo os sócios retirarem os valores que bem entendessem da Recorrente. Isto caracteriza uma operação de crédito sem principal definido. Isto fica claro ao observamos o fluxo de recursos disponibilizados aos sócios da Recorrente: Maurílio Reis Bretas (conta 1.1.04.01.0001 2314) Anocalendário 2006: 61 registros de débito na conta de ativo Anocalendário 2007: 46 registros de débito na conta de ativo Anocalendário 2008: 37 registros de débito na conta de ativo José Newton Kury (conta 1.1.04.01.0002 2315) Anocalendário 2006: 304 registros de débito na conta de ativo Anocalendário 2007: 756 registros de débito na conta de ativo Anocalendário 2008: 521 registros de débito na conta de ativo Logo, por se tratar de mútuo sem principal definido, similar uma conta corrente, a base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários, motivo pelo qual não há que se aplicar o limite de 365 dias nestas operações. Por outro lado, em relação aos mútuos com pessoas jurídicas, há contrato escrito estabelecendo o valor a ser disponibilizado ao mutuário. Tratandose, portanto, de operação com principal definido, aplicase o limite de 365 dias previsto no § 1º do art. 7º do Decreto nº 6.306/07 e do Decreto nº 4.494/02. Contudo, conforme se verifica na planilha Apuração do IOF Devido Principal Definido AnosCalendário 2006, 2007 e 2008, a autoridade fiscal apurou o IOF aplicandose o limite de 365, nos termos do § 14 do art. 7º do Decreto nº 6.306 e § 1º do art. 7º do Decreto nº 4.494/02. Fl. 420DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 8 Destarte, não merece prosperar a alegação da Recorrente neste ponto. 4 Do cálculo do IOF Afirma a Recorrente que "o fato gerador do IOF nas operações de crédito é a efetiva entrega da quantia objeto da transação ou a sua disponibilização ao interessado e a base de cálculo do tributo é exatamente o montante total do valor da obrigação, compreendendo o principal e os juros. (...) Assim sendo, para se realizar, portanto, o cálculo do valor devido a título de IOF, basta aplicar uma única vez a alíquota do imposto ao valor dos recursos entregues ou disponibilizados aos mutuários,no exato momento da concessão do crédito. (...) Portanto, para calcular o IOF em tese devidos nas operações fiscalizadas, deve ser simplesmente aplicada, uma única vez e quando da concessão do crédito respectivo, a alíquota de 0,0041% apenas e tão somente sobre os valores efetivamente entregues ou disponibilizados aos interessados (..)". A Recorrente encontrase completamente equivocada em seus argumentos. A base de cálculo do IOF é o principal, não devendo ser incluídos os juros incidentes. No que tange à alíquota, somente o adicional de 0,38% é aplicado diretamente sobre o valor disponibilizado, independente do prazo da operação. Em relação à alíquota de 0,0041%, sua incidência, no caso de operação de crédito com valor definido, é aplicada diariamente. Isto porque o IOF é calculado em função do prazo pelo qual o recurso permaneceu à disposição do tomador (art. 1º da IN RFB nº 907/09). Ademais, ao contrário do que afirmado pela Recorrente, a alíquota máxima do IOF sobre operação de crédito com principal definido não é 1,4965%, mas, sim, 1,88%, eis que deve ser considerada a alíquota adicional de 0, 38%. Desta forma, devem ser rejeitadas as alegações da Recorrente em relação ao cálculo do IOF. 5 Da inconstitucionalidade do art. 13 da Lei nº 9.779/99 A Recorrente suscita a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei nº 9.779/99, eis que viola o disposto nos arts. 146, inciso III, e 153, inciso V, da Constituição Federal, os quais, segundo afirma, exigiriam a edição de lei complementar para estabelecer a definição do IOF. Para que as alegações do Recorrente pudessem ser acolhidas, seria necessário afastar a aplicação da legislação tributária pautandose na sua inconstitucionalidade, o que é vedado a este conselho. Assim dispõe o art. 26A do Decreto nº 70.235/76: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Da mesma forma determina o art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 15504.010425/201011 Acórdão n.º 3401002.877 S3C4T1 Fl. 418 9 Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Por fim, a impossibilidade de análise da inconstitucionalidade da lei tributária por este Conselho foi consolidada na Súmula CARF nº 02: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante da impossibilidade de ser pronunciada a inconstitucionalidade de lei tributária, não merece prosperar este argumento da Recorrente, que se pauta na violação aos arts. 146, inciso III, e 153, inciso V, da Constituição Federal. Pelo exposto, voto por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário. Conselheiro Bernardo Leite de Queiroz Lima Relator Fl. 422DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 10 Declaração de Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Senhores Conselheiros malgrado o bem fundamentado voto do relator, que espelha seus profundos conhecimentos e experiência no tema em discussão, ouso divergir sobre a decisão que excluiu do lançamento do IOF os saldos diários provenientes de operações de créditos iniciadas nos anos anteriores ao período de fiscalização. Ouso ainda apresentar alguma breves considerações para justificar e explicar minha conclusão contrária à assumida nesse julgamento. Para tanto,peço permissão para recordar os fundamentos da exigência do IOF. São os seguintes os dispositivos legais que criam e disciplinam o IOF: Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172, de1966) Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; [...] IV quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável. Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito. Art. 64. A base de cálculo do imposto é: I quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros; .............. Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustálo aos objetivos da política monetária. Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei. Art. 67. A receita líquida do imposto destinase a formação de reservas monetárias, na forma da lei. Lei n° 8.894/94: Art. 1° O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos e Valores Mobiliários será cobrado à alíquota máxima de 1,5% ao dia, sobre o valor das Fl. 423DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 15504.010425/201011 Acórdão n.º 3401002.877 S3C4T1 Fl. 419 11 operações de crédito e relativos a títulos e valores mobiliários. [...] Art. 2° Considerase valor da operação: I nas operações de crédito, o valor do principal que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; [...] Art. 3° São contribuintes do imposto: I os tomadores de crédito, na hipótese prevista no art. 2°, inciso I; Lei n° 9.779/99: Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. § 1° Considerase ocorrido o fato gerador do IOF, na hipótese deste artigo, na data da concessão do crédito. § 2° Responsável pela cobrança e recolhimento do IOF de que trata este artigo é a pessoa jurídica que conceder o crédito. § 3° O imposto cobrado na hipótese deste artigo deverá ser recolhido até o terceiro dia útil da semana subseqüente à da ocorrência do fato gerador. Decreto n° 6.306/2007 (Regulamento do IOF): Art. 2°. IOF incide sobre: I operações de crédito realizadas: a)por instituições financeiras (Lei n° 5.143, de 20 de outubro de 1966, art. 1°); b)por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)(Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 15, §1°, inciso III, alínea "d", e Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 58); c)entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999, art. 13). [...] Art. 3o O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado (Lei no 5.172, de 1966, art. 63, inciso I). Fl. 424DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 12 § 1o Entendese ocorrido o fato gerador e devido o IOF sobre operação de crédito: I na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado; II no momento da liberação de cada uma das parcelas, nas hipóteses de crédito sujeito, contratualmente, a liberação parcelada; III na data do adiantamento a depositante, assim considerado o saldo a descoberto em conta de depósito; IV na data do registro efetuado em conta devedora por crédito liquidado no exterior; V na data em que se verificar excesso de limite, assim entendido o saldo a descoberto ocorrido em operação de empréstimo ou financiamento, inclusive sob a forma de abertura de crédito; VI na data da novação, composição, consolidação, confissão de dívida e dos negócios assemelhados, observado o disposto nos §§ 7o e 10 do art. 7o; VII na data do lançamento contábil, em relação às operações e às transferências internas que não tenham classificação específica, mas que, pela sua natureza, se enquadrem como operações de crédito. § 2o O débito de encargos, exceto na hipótese do § 12 do art. 7o, não configura entrega ou colocação de recursos à disposição do interessado. § 3o A expressão “operações de crédito” compreende as operações de: I empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito e desconto de títulos (DecretoLei no 1.783, de 18 de abril de 1980, art. 1o, inciso I); II alienação, à empresa que exercer as atividades de factoring, de direitos creditórios resultantes de vendas a prazo (Lei no 9.532, de 1997, art. 58); III mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei no 9.779, de 1999, art. 13). [....] Da Base de Cálculo e das Alíquotas Reduzidas Art. 7o A base de cálculo e respectiva alíquota reduzida do IOF são (Lei no 8.894, de 1994, art. 1o, parágrafo único, e Lei no 5.172, de 1966, art. 64, inciso I): I na operação de empréstimo, sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito: Fl. 425DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 15504.010425/201011 Acórdão n.º 3401002.877 S3C4T1 Fl. 420 13 a) quando não ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, inclusive por estar contratualmente prevista a reutilização do crédito, até o termo final da operação, a base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, inclusive na prorrogação ou renovação: 1. mutuário pessoa jurídica: 0,0041%; b) quando ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, a base de cálculo é o principal entregue ou colocado à sua disposição, ou quando previsto mais de um pagamento, o valor do principal de cada uma das parcelas: 1. mutuário pessoa jurídica: 0,0041% ao dia; Dos dispositivos de leis, acima reproduzidos, podese concluir o seguinte: O IOF incide sobre operações de crédito; 1. Entre as hipóteses de incidência possíveis para o IOF sobre operações de crédito estão os contratos de mútuo, que consiste em empréstimo de bens fungíveis. Ao celebrar contrato de mútuo o mutuante concede um crédito ao mutuário. 2. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. 3. Sublinho que, nos termos do artigo 13 da Lei n. 9.799, de 1999, acima transcrito, o IOF incide sobre operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros e que a incidência desse tributo não está condicionada à existência de um contrato formal de mútuo. Nesse sentido, podemos ver que o STJ decidiu, no RESP n.º 1.239.101/RJ, cuja ementa ficou assim redigida: TRIBUTÁRIO. IOF. TRIBUTAÇAO DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO CORRESPONDENTES A MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. ART. 13 DA LEI N.º 9.779/99. O art. 13 da Lei 9.779/99 caracteriza como fato gerador do IOF a ocorrência de "operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas " e não a específica operação de mútuo. Sendo assim, no contexto do fato gerador do tributo devem ser compreendidas também as operações realizadas ao abrigo de contrato de conta corrente entre empresas coligadas com a previsão de concessão de crédito. 2. Recurso especial não provido. Brasília (DF), 13 de setembro de 2011. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator Mas o que é um contrato de mútuo? Segundo posso ler no Código Civil, ele é empréstimo de bem fungível o qual tem o domínio transferido ao mutuário, que, por sua vez, Fl. 426DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 14 assume o dever de restituir ao mutuante, no termo aprazado, coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Faço notar que: (1º) o contrato de mútuo, para seu aperfeiçoamento, depende da tradição da coisa mutuada; (2º) ele possui dimensão temporal em sua natureza, ou seja, o empréstimo se estende no tempo, e, sendo temporário, ele pode ser por prazo determinado ou indeterminado. Essas características são transpostas às operações de crédito a que se refere o artigo 13 da lei n. 9.779, de 1999. E elas me permitem compreender por que a definição legal considera ocorrido o fato gerador na data da efetiva entrega do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado. Não basta haver o contrato, ele precisa se aperfeiçoado. E o aperfeiçoamento do mutuo depende da tradição do bem, da transferência do domínio desse bem. E, na hipótese de não se conhecer essa data, passase a ter como ocorrido o fato gerador na data do lançamento contábil, em relação às operações e às transferências internas que não tenham classificação específica, mas que, pela sua natureza, se enquadrem como operações de crédito. Ademais, constatamos que a apuração do tributo depende do fator temporal. Afinal, a relação obrigacional entre mutuário e mutuante prossegue no tempo, para além do seu termo inicial, enquanto não for adimplida. Em termos tributários, s.m.j., pareceme que o fato gerador se protrai no tempo, como um fato continuado, dia após dia, mas cuja base de cálculo do tributo dependerá do valor dessa operação de crédito, entre eles, naquele dia. Estes aspectos, creio, são fundamentais para também compreendermos como pode ocorrer a decadência no IOF apurado com base em saldo diário da operação de crédito. A meu ver, a decadência não é determinada pela data inicial ou original da operação de crédito. Para se verificar a ocorrência da decadência é necessário se considerar cada uma das datas que constituem o prosseguimento desse mútuo ao longo do tempo. Assim, seria possível que um mesmo mútuo ou operação de crédito tivesse um período abrangido pela decadência e outro não abrangido pela decadência. Apenas como hipótese exemplificativa, um mútuo feito há 20 anos, enquadrado na situação prevista na letra 'a' do inciso I do artigo 7º do Decreto 6.306/2007, que o mutuário vem liquidando em suaves prestações, é operação de crédito sobre a qual incide IOF para o período de cinco anos previsto na Lei como não decaído. Não é motivo para afastar essa incidência do IOF o fato do empréstimo ter sido feito para além desse período não decadencial, pois esse mútuo essa operação de crédito se estende no tempo, permanecendo, ele, válido e objeto da incidência tributária em questão. Pensar o contrário, pareceme, seria reduzir substancialmente a efetividade do IOF como instrumento de política econômica, que é a sua principal finalidade (art. 65 do CTN). 1ªconclusão: No caso tratado nestes autos, entendo que agiu consoante o que prescreve e disciplina a legislação, a autoridade fiscal ter considerado como compondo o fato gerador e a apuração do IOF o saldo do mútuo iniciado em período anterior ao fiscalizado. Mais especificamente, entendo que no primeiro dia do ano fiscalizado, há operação de crédito que é a continuação do mútuo pretérito, e devendo ele ser tributado pelo IOF. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 15504.010425/201011 Acórdão n.º 3401002.877 S3C4T1 Fl. 421 15 Por essas breves razões que entendo que não tem sustentação legal excluir, do fato gerador e da apuração do IOF, os saldos diários das operações de créditos originadas em anos anteriores ao fiscalizado, mesmo que aqueles tenham sido alcançados pela decadência. 2ª conclusão: Como vimos nos excertos legais reproduzidos acima, o artigo 7º, inciso I, do Decreto n. 6.306, de 2007, prevê duas situações para apuração do IOF: (a) a base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, quando não ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, inclusive quando há reutilização do crédito até o termo final da operação; (b) a base de cálculo é o principal entregue ou colocado à disposição, ou cada uma das parcelas do principal, quando ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário. Compulsando o que consta desses autos, vejo que o recurso financeiro foi concedido e ou mantido sistematicamente à disposição. E que não houve contrato formal de mútuo. A falta do contrato formal deixa as partes despossuídas de meios para comprovar condições eventualmente regentes dessa relação obrigacional. Entre elas, considero as questões referentes ao propósito da operação de crédito, e à existência de um valor principal. Portanto, a meu ver, não tem sustentação a aplicação da letra "b" do inciso I do artigo 7º do Decreto n. 6.306, de 2007, quando a operação de crédito prossegue ao longo do tempo, não há prévio contrato formal e, por conseguinte, não há definição de um valor de principal ou é ele desconhecido. Por isso concluo e propugno que a utilização de uma rubrica contábil para registrar transferências de recursos entre empresas ligadas, sem contrato formal de mútuo, caracteriza a existência de uma contacorrente, devendose apurar o IOF devido segundo as regras próprias das operações de crédito rotativo. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Fl. 428DF CARF MF Impresso em 18/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 31/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/06/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 11968.000739/2008-75
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 02/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA
A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração.
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.
A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da obrigação acessória violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.836
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201501
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 02/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da obrigação acessória violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 11968.000739/2008-75
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5474016
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3801-004.836
nome_arquivo_s : Decisao_11968000739200875.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 11968000739200875_5474016.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
id : 5960050
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:41:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887390179328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2607; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11968.000739/200875 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3801004.836 – 1ª Turma Especial Sessão de 27 de janeiro de 2015 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO ADUANEIRO Recorrente ALIANCA NAVEGACAO E LOGISTICA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 02/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo devese considerar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 07 39 /2 00 8- 75 Fl. 124DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 3 2 Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de o presente processo de Auto de Infração lavrado face ao descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre veículo ou carga transportada ou sobre operações que executar, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de acordo com o que dispõe o art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto lei37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833, de 2003. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a impugnação na qual alega, em breve síntese, que não é parte legitima para figurar no pólo passivo, tendo em vista que atuou na qualidade de mera agência de navegação marítima da empresa transportadora e que não responde por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos por esta. Afirma que o agente marítimo age em nome do Armador e com este não se confunde, razão pela qual não pode ser pessoalmente responsabilizada pela autuação em tela, até porque a própria Lei (art. 107, IV "e" do Decreto Lei 37/66) assim não prevê. Alega ausência de tipicidade, porque não deixou de prestar informação no prazo previsto em Regulamento. Apenas retificou posteriormente a sua informação, o que é uma hipótese diferenciada da penalidade estipulada e não se encontra tipificada na alínea 'e' do inciso IV, do art. 107 do Decreto Lei 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/03. Aduz que a autuação carece de elemento essencial de validade, pois, conforme o art. 113, § 2º do CTN, não há um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, ou seja, o eventual descumprimento de prestar informações no prazo estipulado não gera qualquer prejuízo ao Fisco. Afirma que o lançamento fere o princípio da Reserva Legal, porque fundamentado em dispositivo constante em Instrução Normativa. Argui que não existe amparo legal para aplicação de penalidade para a ação de alteração/correção de dados no Sistema Sicarga. Alega que o procedimento fiscalizatório somente foi iniciado após ter formalizado a denúncia espontânea, o que a exime de qualquer penalidade, conforme o disposto no parágrafo 2 do art. 102, do Decreto Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, cuja redação foi alterada pela Medida Provisória n 497, de 27 de julho de 2010, bem como o art. 138, caput, do Código Tributário Nacional. Requer seja anulado ou cancelado o auto de infração. A DRJ no Recife (PE) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito. Colaciono a ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 02/09/2008 RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES TRIBUTÁRIAS. INTENÇÃO DO AGENTE. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações à legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 02/09/2008 Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 5 4 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÃO ACERCA DA CARGA TRANSPORTADA Aplicase a multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei n 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação pela Lei n 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para cada deferimento, automático ou não, de retificação do manifesto eletrônico, conhecimento eletrônico ou item de carga. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com improcedência de sua impugnação, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, expondo que: Por ser uma agência de navegação da transportadora não poderia ser considerado representante do transportador para fins de responsabilidade tributária não lhe correndo os efeitos do Decreto Lei 37/66; Alega que a sua declaração extemporânea teria os mesmos efeitos que a denúncia espontânea e esta seria aplicável às obrigações acessórias; Entende que a Instrução Normativa nº 800/07, infringe o princípio da reserva legal, conforme art. 97, V do CTN; Entende que sua conduta, retificação, seria atípica com relação à sanção prevista no art. 107 do Decreto Lei nº 37/66; Alega que a multa regulamentar, enquanto obrigação acessória, carece de validade essencial, por não estar demonstrado o interesse da arrecadação ou fiscalização de tributos, não sendo assim justificada aplicação da mesma; Entende que não deixou de apresentar informações dentro do prazo referido pela IN nº800/07, mas promoveu a retificação destas. É o sucinto relatório. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Ilegitimidade Passiva Muito embora compartilhe do entendimento que as agências marítimas não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que no presente caso tal argumentação não se aplica. A recorrente é empresa transportadora, conforme demonstra o seu CNPJ e objeto social, que assim determina a Cláusula Segunda que: A sociedade tem por objeto a navegação marítima de longo curso marítima (...) o exercício das atividades de agente de transporte multimodal, assessoria ao transporte marítimo e terrestre de cargas em todo o território nacional (...) Face a isto, afasto o argumento da Recorrente de que, por ser a empresa uma agência marítima, e não uma transportadora, não está configurada sua responsabilidade quanto à prática da infração objeto dos autos. Diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Ultrapassados tais argumentos, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso por motivos diversos. Denúncia Espontânea Inicio a análise do argumento da denúncia espontânea, pois uma vez julgado o seu provimento, todas as demais matérias se tornarão prejudicadas. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 7 6 O Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora,ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Ocorre que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 8 7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) Cabe analisar a restrição imposta pelo art. 683, §3º do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Este determina que: Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos tributos dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 102, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 1o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 138, caput). (…) Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 9 8 §3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. O texto original do Decreto nº 6.759/2009 previa em seu §3oque a espontaneidade era afastada depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior e por conseqüência igualmente afastada seria a denúncia espontânea. Notese que esta redação deve ser lida em consonância com o disposto na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010 que passou a ter a seguinte redação: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) Notese que o Decreto nº 6.759/2009 deve ser lido em conformidade com a Lei nº 12.350/2010. Tratase de norma superior e posterior. Assim, tanto pelo critério da hierarquia, quanto pelo critério cronológico deve prevalecer a norma posterior. Da leitura da lei posterior se nota que não há a restrição prevista no §3o, do art. 683 do Decreto nº 6.759/2009, de tal modo que onde não houve restrição legal não poderá a norma regulamentadora restringir, sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade. Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o veículo e carga transportada fora do prazo estabelecido, por força do art. 107 do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 10 9 Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreenderem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕESACESSÓRIAS Datadofatogerador:31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. RecursoNegado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Obrigação Acessória Carece de razão a alegação da recorrente quanto à carência de elemento essencial na autuação por descumprimento de obrigação acessória. Isto porque as obrigações acessórias não possuem uma relação de dependência de uma obrigação principal. Como o próprio artigo citado pela recorrente são prestações positivas ou negativas, fazer ou não fazer algo em benefício do interesse arrecadatório ou fiscalizatório. No caso dos autos, a declaração que gerou a autuação da recorrente era uma obrigação acessória, positiva e com finalidade fiscalizatória, pois se caracteriza em um dever de declarar o bem carregado e cujas informações contidas auxiliam o fisco a verificar a adequada descrição de bem importado pelo importador, se houve emissão de notas fiscais, se a importadora estaria correta em sua escrituração fiscal. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107 do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, não sendo prestada a obrigação de declaração de mercadorias dentro do prazo legal, houve prejuízo na fiscalização aduaneira, devida, portanto, a multa pelo descumprimento. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 11 10 Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Tipificação A recorrente alega que não incorreu no tipo específico de descumprimento de declaração de mercadoria, conforme art.37 e 107, IV, “e” do DecretoLei 37/66, posto que não deixou de prestar informações sobre o veículo ou sobre a carga transportada entendendo que retificação, conduta que afirma ter praticado seria diferente de deixar de informar. Entendo que não assiste razão a recorrente, tendo em vista que no auto de infração é possível verificar que o recorrente apresentou Conhecimento de Embarque, promovendo a alteração de NCM fora dos prazos de atracação do navio e conforme art.37 do Decretolei 37/66 “o transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecido, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado”. O entendimento deste Conselho, inclusive para esta empresa em autuação pretérita foi o seguinte: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2006 a 15/01/2009 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não há que se falar em denúncia espontânea de obrigação acessória se a norma em comento tem como finalidade a prestação de informações na forma e, sobretudo, no prazo fixado pela legislação, prazo esse que não seria observado se se considerar que a prestação de informações fora do prazo configuraria denúncia espontânea. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 12 11 Recurso Voluntário Negado. Nesta senda, uma vez não cumprindo o prazo de apresentação das declarações o transportador já incorre no fato gerador da multa regulamentar, resta devidamente enquadrada a conduta da recorrente à infração referida, não havendo qualquer traço de atipicidade. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Art. 50 da Instrução Normativa 800/2007 Entendo que não assiste razão ao recorrente. Conforme a redação do artigo 50 da IN 800/07, informa que os prazos de antecipação de informação previstos no art. 22º da mesma instrução somente serão obrigatórios a partir de 1 de janeiro de 2009. Vejamos: Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009. Parágrafoúnico. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País.(grifonosso) Este dispositivo, ao mesmo tempo em que prevê que os prazos mínimos para a prestação de informações à RFB previstos no artigo 22 da IN RFB nº 800/2007 somente são obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009, dispõe que o transportador tem a obrigação de prestar informações sobre as cargas transportadas antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Resta claro, portanto, que já a partir do momento em que se inicia a produção de efeitos da IN RFB nº 800/2007, qual seja 31 de março de 2008, as informações sobre as cargas transportadas devem ser prestadas pelas transportadoras antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País, conforme art. 52 da Instrução Normativa, prazo também descumprido pelo contribuinte. Em adição, havendo prazo que estabeleça o início da vigência das antecipações, nos caso dos fatos geradores que antecedem a vigência da Instrução Normativa 800/07, o contribuinte deveria ter cumprido o prazo de sete dias descritos art. 37 da Instrução Normativa SRF n° 28, de 1994, com a redação dada pela IN SRF n° 510, de 2005, para a apresentação da declaração, no que ultrapassou demasiado. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Penalidade Aplicada Por Viagem Fl. 134DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 13 12 A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra cada uma das declarações de forma extemporânea, tendo em vista que o entendimento da Receita Federal sobre o assunto em Consulta Interna teria determinado que o transportador fosse multado uma única vez pela prestação de informações fora do prazo, referindo a COSIT SCI nº 8 de 14 de fevereiro de 2008. Não obstante os auditores fiscais tenham interpretado, em sua maioria, a legislação como que a multa deveria ser aplicada por cada declaração fora do prazo, o dispositivo legal deixa brecha para tanto interpretar que a penalidade deve ser aplicada por viagem quanto por declaração, visto que o dispositivo aborda apenas o aspecto quantitativo da multa, a tipificação da conduta, no caso, deixar de apresentar informações nos prazo estabelecidos à Receita Federal e identificação do infrator, qual seja a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de transporte internacional expresso ou agente de carga. Neste sentido, entendo que se deve interpretar a norma de forma mais favorável ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; e à natureza da penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comento, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN).A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado Fl. 135DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 14 13 em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que a penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, devendo as penalidades aplicadas por declaração excluídas para que fiquem apenas a multa aplicada por viagem apurada no auto de infração. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 136DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar em relação à aplicação do instituto da denúncia espontânea. Da aplicação do instituto da denúncia espontânea No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária apta a atrair o instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. A prestação de informações no Siscomex, como é o caso, é uma obrigação acessória e, aplicandose essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula CARF n° 49, que adota a mesma interpretação: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Apesar de alguns julgados recentes do CARF estarem admitindo a caracterização da denúncia espontânea com fundamento da nova redação do dispositivo, entendo que na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 16 15 Esse entendimento, do qual eu compartilho, foi evidenciado em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a TO. S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser Fl. 138DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 17 16 citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 139DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000739/200875 Acórdão n.º 3801004.836 S3TE01 Fl. 18 17 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 140DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 13899.000706/2005-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2001, 2002, 2003
IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRATIVO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. NULIDADE.
De acordo com a Lei 7.713/88, o acréscimo patrimonial a descoberto deve ser apurado através de demonstrativo de evolução patrimonial que indique, mensalmente, tanto as origens e recursos, como os dispêndios e aplicações.
Ausente qualquer demonstrativo de variação do patrimônio do contribuinte apto a presumir a omissão de rendimentos, na forma da legislação, nulo o auto de infração por fazer incidir o tributo sobre a simples remessa ao exterior.
IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. APURAÇÃO.
“Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal” (Súmula CARF n. 67).
Recurso provido.
Numero da decisão: 2101-001.149
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201106
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRATIVO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. NULIDADE. De acordo com a Lei 7.713/88, o acréscimo patrimonial a descoberto deve ser apurado através de demonstrativo de evolução patrimonial que indique, mensalmente, tanto as origens e recursos, como os dispêndios e aplicações. Ausente qualquer demonstrativo de variação do patrimônio do contribuinte apto a presumir a omissão de rendimentos, na forma da legislação, nulo o auto de infração por fazer incidir o tributo sobre a simples remessa ao exterior. IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. APURAÇÃO. “Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal” (Súmula CARF n. 67). Recurso provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 13899.000706/2005-79
conteudo_id_s : 5479709
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2101-001.149
nome_arquivo_s : Decisao_13899000706200579.pdf
nome_relator_s : ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
nome_arquivo_pdf_s : 13899000706200579_5479709.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
dt_sessao_tdt : Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2011
id : 6005412
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:41:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887395422208
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1968; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 116 1 115 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13899.000706/200579 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 210101.149 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de junho de 2011 Matéria IRPF Recorrente KAZUYUKI TSURUMAKI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRATIVO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. NULIDADE. De acordo com a Lei 7.713/88, o acréscimo patrimonial a descoberto deve ser apurado através de demonstrativo de evolução patrimonial que indique, mensalmente, tanto as origens e recursos, como os dispêndios e aplicações. Ausente qualquer demonstrativo de variação do patrimônio do contribuinte apto a presumir a omissão de rendimentos, na forma da legislação, nulo o auto de infração por fazer incidir o tributo sobre a simples remessa ao exterior. IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. APURAÇÃO. “Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal” (Súmula CARF n. 67). Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente Substituto Fl. 117DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 117 2 (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Participaram do julgamento os Conselheiros José Raimundo Tosta Santos (Presidente Substituto), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Celia Maria de Souza Murphy, José Evande Carvalho Araujo (convocado), Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 103/112) interposto em 30 de dezembro de 2008 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP) (fls. 91/98), do qual o Recorrente teve ciência em 04 de dezembro de 2008 (fl. 102), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração de fls. 68/70, lavrado em 26 de setembro de 2005, em decorrência de acréscimo patrimonial a descoberto, verificado nos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002. O acórdão teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000, 2001, 2002 ILEGITIMIDADE PASSIVA. Existindo nos autos elementos que identificam o contribuinte como sendo o autor de transferências bancárias no exterior, não há como prosperar a alegação de erro na identificação do sujeito passivo. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Durante a ação fiscal vige o princípio inquisitório. Somente na fase litigiosa, iniciada por impugnação válida, há que se falar em contraditório e ampla defesa, assegurados no presente caso. MEIOS DE PROVA. MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NO EXTERIOR. As informações constantes de relatório da Secretaria da Receita Federal SRF decorrem de Laudo Técnico do Instituto Nacional de Criminalística INC, elaborado a partir das mídias eletrônicas e documentos apresentados pela Promotoria do Distrito de Nova Iorque à Justiça Federal, e identificam o contribuinte como sendo o responsável por remessas de recursos para o exterior, e constituem prova plenamente válida. SIGILO BANCÁRIO. A quebra do sigilo bancário e a transferência de dados para a Receita Federal decorreram de autorização judicial, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 118 3 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. A variação patrimonial apurada, não justificada por rendimentos declarados ou comprovados, está sujeita a lançamento de ofício por caracterizar omissão de rendimentos. Somente a apresentação de provas inequívocas é capaz de ilidir a presunção legal de omissão de rendimentos, invocada pela autoridade lançadora. Lançamento Procedente” (fls. 91/92). Não se conformando, o Recorrente interpôs o recurso voluntário de fls. 103/112, pedindo a reforma do acórdão recorrido, para cancelar o auto de infração, pois, segundo alega, “(...) nunca efetuou quaisquer envios de recursos do Brasil ao exterior no período em questão(...)” (fls. 104/105). É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. No presente caso, o Recorrente foi identificado como “order customer” [cliente que determinou a ordem de pagamento]” de remessas para o exterior. A matéria, em um primeiro momento, foi objeto de dois julgamentos que ocorreram em reunião da então 2ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, da qual fui membro, no mês de dezembro de 2008, sendo que a situação do ordenante foi examinada no Recurso 162.573, e a do beneficiário final, no Recurso 159.609. No primeiro caso, fui o relator, tendo proferido o seguinte voto: “O recurso preenche seus requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. No mérito, a Recorrente cingese a aduzir que (i) os documentos trazidos aos autos não teriam qualquer valor probante, eis que produzidos em idioma alienígena ao vernáculo nacional, o que demandaria a sua tradução para o português por meio de tradutor juramentado, sob pena de restarem ineficazes as provas produzidas; (ii) o Fisco não teria se desincumbido de seu ônus probatório, razão pela qual restaria sem demonstração a efetiva ocorrência do fato gerador do imposto de renda e, desta forma, igualmente insubsistente o lançamento perpetrado in casu; e, por fim, (iii) está a Recorrente separada de fato de Miguel de Souza Dantas desde 1997, sendo dele hoje divorciada, de modo que desconhecia a existência de quaisquer movimentações de recursos na subconta RIGLER, que deveriam ser atribuídas ao seu excônjuge. Pois bem. Traçado o panorama da discussão travada nos presentes autos, entendo oportuna, antes mesmo de aferir a legitimidade dos argumentos oferecidos pela Recorrente, uma breve digressão acerca do indigitado “Escândalo do BANESTADO – Banco do Estado do Paraná” (desbaratado pela designada Fl. 119DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 119 4 ‘Operação Farol da Colina’, tradução literal de Beacon Hill), a partir do qual foi lavrado o presente auto de infração. Breve folhear dos autos, em especial no que atine ao Laudo de Exame EconômicoFinanceiro (Laudo nº. 1046/04 – INC – fls. 71 a 83) e ao Memorando Circular Cofis/GAB nº. 2004/00652, este último subscrito pelo Ilmo. Sr. CoordenadorGeral de Fiscalização, Sr. Marcelo Fisch de Berredo Menezes, leva a inferência do ocorrido à época, ou seja, que teriam sido transferidas, ilegalmente, divisas ao exterior, cuja origem não teria sido declarada à Receita Federal, ilícito este proporcionado pelo mecanismo designado em jargão como “dólarcabo”. O histórico fornecido pelos documentos acostados aos autos demonstra que o Departamento de Polícia Federal, mais especificamente a Superintendência Regional no Estado do Paraná, requereu, em estrita obediência ao estatuído pelo art. 5º, incisos X e XII, da Lei Maior, através do Ofício nº. 120/03PF/FT/SR/DPF/PR, ao Juízo da 2ª Vara Criminal de Curitiba, a quebra do sigilo bancário de diversas contas, dentre elas a conta administrada pela Beacon Hill Services Corp. (“BHSC”), representada por doleiros e/ou empresas offshore constituídas pelos mesmos, bem como de suas respectivas subcontas, pedido este deferido na decisão de fls. 98 a 103, proferida no dia 14/08/2003. Com fundamento na respeitável decisão do magistrado então em exercício perante a 2ª Vara Criminal Federal de Curitiba (Seção Judiciária do Paraná), o Departamento de Polícia Federal expediu o Ofício nº. 001/03 PF/FT/NY/SR/DPF/PR ao PromotorChefe do Condado de Nova Iorque (District Attorney’s for the County of New York), solicitando que fosse fornecida toda a documentação relativa à Beacon Hill Service Corp., e de suas respectivas subcontas (fls. 104 a 106). Em atendimento ao aludido ofício, a Promotoria do Distrito de Nova Iorque apresentou diversos documentos, a partir dos quais a Equipe Especial de Fiscalização procurou separar os contribuintes como ordenantes (Order Customer), remetentes (Remmittance) e beneficiários (ACC Party). A documentação apresentada pela Polícia Federal, em atuação conjunta com a Promotoria do Distrito de Nova Iorque, deflagrou esquema fraudulento de operações de câmbio não autorizadas pelo Banco Central na forma da então vigente Circular nº. 2.267, de 10 de abril de 1996, em que os contribuintes remetiam divisas ao exterior por meio do famigerado “Mercado Paralelo” ou “Mercado Negro” (onde o dólar é negociado com ágio), largamente conhecido no Brasil em razão de sua histórica rigidez no controle do câmbio oficial, levemente amenizada com a criação do Segmento de Câmbio das Taxas Flutuantes (dólarturismo), por meio da Resolução 1.552, de 1988. O arquitetado esquema de remessa ilegal de divisas era feito utilizando um sistema de compra e venda de dólares, em operações que os doleiros utilizavam “laranjas”, isto é, pessoas físicas ou mesmo jurídicas que tinham seus nomes veiculados para a abertura e movimentação de contas bancárias que receberiam verbas oriundas de terceiros para a prática do ilícito. Tudo era feito da seguinte forma: os contribuintes procuravam os doleiros entregando a estes ou depositando em contas de “laranjas” o numerário que desejavam remeter ao exterior, e, ato contínuo, os doleiros valiamse da contaônibus “BHSC” e mais especificamente de uma de suas subcontas para determinar o correspondente crédito na conta de um beneficiário, em valor equivalente em dólares no exterior. É dizer, entregavase uma quantia em reais no Brasil para o doleiro que, acionando a “BHSC” no JP Morgan Chase Bank, em Nova Iorque, disponibilizava, imediatamente, o valor correspondente em dólares no exterior, através deste sistema Fl. 120DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 120 5 de compensação internacional paralelo (sem registro em órgãos oficiais), operação esta conhecida como dólarcabo. É bem de ver, portanto, que a operação de dólarcabo (“Wire Transfer”) era feita apenas com a transferência eletrônica de dados, sem a transferência física do numerário para o exterior, na qual o doleiro emitia uma ordem de pagamento em nome de um terceiro ordenante para um respectivo beneficiário, que receberia a quantia no exterior sem comunicar a transferência ao Governo Federal. Desta maneira, os doleiros operavam como verdadeiras casas de câmbio não autorizadas, ilícito inclusive tipificado como crime pelo art. 22 da Lei nº. 7.492/86. Vale ressaltar, outrossim, que a transferência pela via acima exposta evitava a comunicação dos dados ao BACEN, burlando o tradicional meio de transferência internacional de fundos, operacionalizado pelo SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication). Feita a apresentação genérica do caso, cumpre mover ao caso objeto do presente recurso. Neste, a Recorrente, juntamente com o Sr. Miguel de Souza Dantas, seu excônjuge, figura como ordenante de diversos pagamentos feitos a contas situadas no exterior, nos valores de U$ 30.000,00; U$ 25.000,00; U$ 50.000,00; U$ 20.000,00; U$ 50.000,00 e U$ 45.145,00 (fls. 69 e 70), todos eles creditados na subconta RIGLER, número 530765047, abarcada pela contaônibus “BHSC”. A partir de um exame pormenorizado dos autos, vêse que a conta RIGLER referiase à sociedade RIGLER S.A., também designada, por vezes, de RIGLER CORP. S.A., pessoa jurídica constituída em Montevidéu, na qual o Sr. GABRIEL LEWI e a Sra. CLEMENTE DANA constam como únicos diretores, sociedade esta que intermediava a transferência ilegal de recursos por meio das ditas ordens de pagamento. Portanto, à luz do que a Fiscalização houve por bem inferir, a ora Recorrente teria ordenado a remessa de valores para o exterior, através do malfadado mecanismo do dólarcabo, em operação realizada pela conta RIGLER, conta esta aberta por doleiros nacionais em nome de sociedade constituída de acordo com a legislação uruguaia. Importa tecer, ainda, alguns comentários acerca da legislação uruguaia, especialmente no que concerne à SAL (Sociedad Anônima Local). Neste ponto, importa referir que o Uruguai, muito embora não tenha sido incluído na lista negra de estudo da OCDE, é conhecido por ser destino comum de sociedades offshore constituídas para acumular riquezas com tributação reduzida. Uma das principais vantagens, e talvez por isso tenha sido designado por muitos como a “Suíça da América do Sul”, é a existência de sigilo nas informações e escasso controle sobre o câmbio. A “Sociedad Anônima Local” (SAL), neste esteio, é um veículo especialmente vantajoso para intermediar relações de exportação e importação, possuindo regulamentação que possibilita, dentre outras facilidades, a acumulação de rendimentos em uma jurisdição virtualmente livre de impostos, ainda que estes bens jamais ingressem em território uruguaio. É exatamente por isso, portanto, que muitos doleiros valemse deste tipo de sociedade para operarem verdadeiras casas de câmbio clandestinas, nas quais a principal forma de remessa de quantias ao exterior deriva de ilícitos aduaneiros, em especial aqueles relacionados a exportações ou importações em quantidade diferente do declarado ou em falsa declaração de Fl. 121DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 121 6 conteúdo, desembaraços subfaturados ou superfaturados, ou, ainda, exportações fictícias. Ora, in casu, pareceme verossímil que a sociedade RIGLER, proprietária da subconta responsável pela operação fraudulenta, efetivamente utilizava este mecanismo para “abastecer” seus cofres de divisas ilegais, estas utilizadas para as transações efetuadas no caso “BANESTADO”. Notese, inclusive, que, consoante se observa à fl. 75, a aludida sociedade inclusive declarou às autoridades que seus clientes são, em geral, envolvidos com negócios de importação e exportação, sendo certo, ainda, que o modelo societário escolhido (SAL) favorece a acumulação de divisas expatriadas. Vale observar, contudo, que o fato de restar clarividente que a subconta foi utilizada para fins espúrios não significa dizer que é idôneo o presente auto de infração, de modo que as ilações precedentes tiveram apenas o condão de esclarecer as operações e facilitar a análise dos argumentos expendidos ao longo do presente recurso. Pois bem. Passaremos, agora, à análise dos pontos suscitados pela Recorrente. ... Cumpre mover, portanto, à segunda alegação da Recorrente, qual seja, de que o Fisco não se desincumbiu de comprovar que a Recorrente efetivamente emitiu ordem de pagamento das quantias referidas no Termo de Verificação Fiscal (fls. 135 a 139) e, por conseguinte, seria nulo o auto de infração por essa razão. Analisando o argumento da Recorrente, a decisão recorrida houve por bem rechaçar sua pretensão sob o fundamento de que “de acordo com o artigo 42 da Lei 9.430, de 1996, caracterizam omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações” (fl. 181). Quanto a este ponto específico, tenho para mim que assiste total razão à Recorrente. Inicialmente, cumpre destacar que uma simples análise da decisão proferida em primeira instância demonstra, cabalmente, que partiu o douto relator de falsa premissa, qual seja, a de que a fiscalização tivesse apontado a Recorrente como beneficiária dos recursos, de modo que esta os tivesse recebido no exterior, em conta sua, e não tivesse se desincumbido de comprovar a sua origem. Assim sendo, partindo de uma premissa equivocada, igualmente equivocada a conclusão alçada. Neste esteio, cumpre pontuar que o exame do documento acostado às fls. 69 e 70 dos autos demonstra, à saciedade, que foi imputada à Recorrente a qualidade de ordenante (Order Customer) e não de beneficiária dos valores, razão pela qual jamais poderia ter sido o auto de infração lavrado com fundamento na presunção estatuída com base em depósitos de origem não comprovada. Repitase: a Recorrente não recebeu em conta sua depósitos de origem não comprovada, eis que a conta em que foi creditado o valor não lhe pertence. Muito ao contrário, vêse que a conta utilizada era de propriedade da sociedade RIGLER S.A., ou RIGLER CORP. S.A., sociedade esta constituída em conformidade com a Fl. 122DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 122 7 legislação uruguaia e representada por GABRIEL LEWI e CLEMENTE DANA, pessoas estas que sequer possuem relação comprovada com a Recorrente. Ora, se a conta não é da titularidade da Recorrente, já se pode depreender uma primeira irregularidade da fiscalização, qual seja, utilizar a norma legal estatuída pelo art. 42 para permitir a presunção em situação que não se subsume à hipótese de incidência do dispositivo, o que fere frontalmente o princípio da legalidade, da tipicidade cerrada, da capacidade contributiva e do nãoconfisco, o que não se pode admitir. Isso sem mencionar o princípio da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal, de observância obrigatória nos processos administrativos. Há que se observar, por oportuno, que a utilização equivocada da presunção em referência cria a figura conhecida no direito processual como “prova diabólica” (diabolica probatio), em que se imputa ao acusado o mister de comprovar que desconhecia a conta, ou que não possuía qualquer relação com os mandatários da sociedade RIGLER. Isto porque uma afirmativa de tal sorte indefinida seria tão difícil de comprovar que levaria praticamente à presunção absoluta, não admitida em direito tributário. Quanto a este aspecto curial, vale trazer à baila os ensinamentos de Moacyr Amaral Santos, in verbis: “Daí dizerse, repetindo COCEEI, que, se não pode ser provada a negativa indefinida, não é porque seja negativa, mas porque é indefinida, tanto que nem a afirmativa o pode: “Si negotia indefinita probari non potest id non inde est quia negativa, sed quia indefinita, quum sec afirmativa indefinita potest”. Não se faz a prova de uma negativa indefinida, que seja realmente impossível, não em razão de seu caráter negativo, pois que a prova de uma afirmativa indefinida seria igualmente impraticável: como provar que jamais vi tal pessoa? Mas como, por sua vez, provar que sempre usei tal jóia? Em suma, podese concluir que a impossibilidade não decorre da circunstância de se tratar de um fato negativo, mas sim de ser ele indefinido, tanto que diversamente não ocorreria na hipótese de uma afirmativa indefinida” (SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Cível e no Comercial. 5ª edição. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 1983, p. 190). Desta maneira, quisesse a fiscalização imputar o ilícito à Recorrente, deveria, ao menos, ter se valido da forma de presunção correta, autorizada em lei para o caso em espécie, qual seja, a demonstração, a partir de Demonstrativos de Variação Patrimonial feitos mensalmente, que a Recorrente não teria recursos para suportar a remessa das quantias ao exterior, eis que, vale repetir, em nenhum momento falouse que a Recorrente era beneficiária de tais recursos. Outrossim, ainda que a autuação tivesse sido fundamentada pelo §1º, do art. 3º, da Lei 7.713/88, o que, como visto, não logrou ocorrer, ainda assim estaria o presente auto de infração inquinado de vício insanável. Isto porque, consoante se observa dos autos, a única prova de que dispõe o Fisco para demonstrar a ocorrência do ilícito é o documento de fls. 69 e 70, no qual o nome da Recorrente figura como Order Customer. Em nenhum momento comprovase que a Recorrente efetivamente entregou o numerário aos doleiros no Brasil e que tal quantia teria sido disponibilizada, em seu equivalente em dólares, ao remetente no exterior. Sequer a Recorrente é apontada como efetiva remetente das divisas! O único e solitário documento apresentado pela fiscalização compõese de um aglomerado de “tiras”, em que a Recorrente tem seu nome veiculado como Fl. 123DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 123 8 ordenante da remessa. Mais nada. Nada que comprove a entrega do numerário aos doleiros, ou mesmo que demonstre a ligação da Recorrente com a sociedade titular da subconta RIGLER ou mesmo com seus mandatários. Nada, absolutamente nada, que relacione a Recorrente aos ilícitos perpetrados pela quadrilha do escândalo do BANESTADO. Vale mencionar, porque elucidativo, que nesse tipo de negociação envolvendo doleiros é corriqueiro que se indiquem nomes de “laranjas” para figurarem como ordenantes das remessas, de modo que o fato de a Recorrente constar como ordenante não significa dizer que efetivamente tenha sido ela quem remeteu as quantias ao exterior por meio do dólarcabo. Apenas demonstra que, de alguma forma, os doleiros tiveram acesso a algum ou alguns dos dados da Recorrente, utilizandoos de maneira ilícita e criminosa. Assim sendo, ainda que se tratasse de acréscimo patrimonial a descoberto, deveria a fiscalização ter comprovado que o benefício foi auferido pelo contribuinte com o dispêndio lançado no rol das aplicações de recursos. Era da fiscalização, portanto, o ônus de provar que tais dispêndios de alguma forma favoreceram a Recorrente. Vale citar, neste sentido, os seguintes acórdãos, a seguir ementados: “IRPF – ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO – SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA – Na apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, mediante confronto mensal de “origens” e “aplicações” imprescindível a comprovação efetiva de gastos, não subsistindo valores lançados como aplicações baseados exclusivamente em saque bancário pois não constituem, por si só, prova de gasto, sendo necessária a aprofundação investigatória.” (1º Conselho de Contribuintes, 4ª Câmara, Recurso Voluntário n. 121.991, Relator Conselheiro José Pereira do Nascimento, sessão de 13 de julho de 2000) “ACRÉSCIMO PATRIMONIAL MENSAL. FLUXO DE RECURSOS E APLICAÇÕES. SAQUES BANCÁRIOS. Incabível o lançamento fiscal formalizado em mera presunção de que saques bancários constituemse em aplicação de recursos quando não vinculados efetivamente a uma despesa, ou seja, quando não comprovada sua destinação, aplicação ou consumo.” (1º Conselho de Contribuintes, 6ª Câmara, Recursos Ex Officio e Voluntário n. 151.264, Relator Conselheiro Luiz Antonio de Paula, sessão de 20 de setembro de 2006) Assim, entendo que a fiscalização deveria ter aprofundado a investigação no presente caso, a fim de comprovar a que título se deram tais transferências, o que não foi observado, in casu. Por todas estas razões, em especial por entender que a ausência completa de prova no presente caso, insuficiente sequer a apontar para um indício de que a Recorrente teria, efetivamente, expatriado divisas de maneira ilícita ao exterior, acobertando, dessa forma, a aquisição de renda apta à tributação pelo IRPF, entendo que não deve subsistir o presente auto de infração, por violar princípios básicos estabelecidos tanto pelo Decreto 70.235/72, como também pela Lei Federal n. 9.784/99, em especial no que atine aos princípios da ampla defesa, contraditório, legalidade e segurança jurídica, elencados pelo art. 2º, caput, deste último diploma legal. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 124 9 Desta maneira, resta prejudicada a análise da alegação da Recorrente de que já estaria separada de fato de seu excônjuge, também apontada no auto de infração, eis que tal informação em nada contribui para a análise do presente caso. É preciso mencionar, nesse passo, que este Primeiro Conselho de Contribuintes, a partir de acórdãos proferidos por outras câmaras julgadoras, analisando casos absolutamente idênticos, já se posicionou no sentido de que são nulos os autos de infração produzidos sem suporte em evidências suficientes a comprovar a efetiva existência de renda tributável, a teor do que determina o art. 43 do CTN.” Se esses argumentos já não fossem suficientes para justificar o provimento do recurso, o presente caso apresenta outras especificidades que autorizam, igualmente, o acolhimento das razões do Recorrente. De fato, na hipótese dos autos, em que pese ao fato de haver a fiscalização lavrado o auto de infração com base em acréscimo patrimonial a descoberto, fundamento jurídico adequado para a hipótese do order customer, consoante já registrei em outra oportunidade, deixou de demonstrar, especificamente, a existência de gastos superiores aos recursos declarados na respectiva DIRPF do contribuinte. Nesse esteio, pois, ainda que se entendesse ad argumentandum tantum restarem comprovadas as remessas efetuadas ao exterior, não se afigura cabível a incidência de imposto de renda sobre a simples remessa. Em outras palavras, a comprovação da remessa de recursos, isto é, pagamentos ou creditamentos, não importa em qualquer acréscimo patrimonial para quem deles dispõe, mas, sim decréscimo patrimonial. A simples remessa de valores, pois, à exceção das hipóteses em que feita a não residente (art. 685 do RIR/99), não é fato gerador do imposto de renda, a menos que a fiscalização comprove, adequadamente e por meio de demonstrativo de variação patrimonial mensal, a ocorrência de gastos superiores aos recursos declarados. Notese bem: o acréscimo patrimonial a descoberto, previsto pelo art. 3º, §1º da Lei n.º 7.713/88, não se traduz em um fato gerador sobre pagamentos, mas em uma presunção de omissão de rendimentos, na medida em que o contribuinte deve suportar os gastos efetuados, via de regra, com rendimentos auferidos. Por esta razão precípua, verificandose que o auto de infração em referência não possui demonstrativo mensal de variação patrimonial, apto a comprovar dispêndios feitos em dissonância com os recursos declarados pelo contribuinte, afigurase absolutamente nulo, eis que sem fundamento legal a base de cálculo apurada in casu. A respeito da necessidade de demonstrativo de variação patrimonial mensal para a apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, cumpre conferir os seguintes precedentes, in verbis: “ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO A variação patrimonial do contribuinte deve, necessariamente, ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributamse na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais encontrados através da apuração mensal. Interpretação sistemática das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90.” Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13899.000706/200579 Acórdão n.º 210101.149 S2C1T1 Fl. 125 10 (1º Conselho de Contribuintes, 2ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 143.035, relator Conselheiro Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho, sessão de 05/07/2007) “IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO A variação patrimonial do contribuinte deve, necessariamente, ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributamse na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais encontrados através da apuração mensal. Interpretação sistemática das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90.” (1º Conselho de Contribuintes, 6ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 139.288, relator Conselheiro Gonçalo Bonet Allage, sessão de 17/03/2005) Assim, ausente o demonstrativo de variação patrimonial mensal, incabível a tributação de acréscimos patrimoniais a descoberto, pois o documento de fls. 62/67 inclui todos os valores recebidos no mês de dezembro de cada anocalendário, e não mensalmente, conforme determina a legislação. Se tudo isso não bastasse, não foi observado, in casu, o disposto na Súmula CARF n. 67, segundo a qual “Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal.” Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 03/06/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S
score : 1.0
Numero do processo: 11610.004251/2007-86
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Aug 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2006
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA.
Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, é descabida a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo, na hipótese de os débitos não terem sido anteriormente declarados à Receita Federal.
Numero da decisão: 1803-001.658
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório de voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Presidente e Redator para Formalização do Acórdão
Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, que a 3ª Turma Especial da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF), e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura, para fins de formalização. Da mesma maneira, tendo em vista que, na data da formalização da decisão, o relator VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização do voto.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente à Época do Julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sergio Rodrigues Mendes, Maria Elisa Bruzzi Boechat.
Nome do relator: VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201304
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2006 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, é descabida a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo, na hipótese de os débitos não terem sido anteriormente declarados à Receita Federal.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 25 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 11610.004251/2007-86
anomes_publicacao_s : 201508
conteudo_id_s : 5511275
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 25 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1803-001.658
nome_arquivo_s : Decisao_11610004251200786.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN
nome_arquivo_pdf_s : 11610004251200786_5511275.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório de voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Presidente e Redator para Formalização do Acórdão Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, que a 3ª Turma Especial da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF), e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura, para fins de formalização. Da mesma maneira, tendo em vista que, na data da formalização da decisão, o relator VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização do voto. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente à Época do Julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sergio Rodrigues Mendes, Maria Elisa Bruzzi Boechat.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2013
id : 6099968
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:42:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887399616512
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2230; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 2 1 1 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11610.004251/200786 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803001.658 – 3ª Turma Especial Sessão de 09 de abril de 2013 Matéria NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Recorrente ENERTRADE COMERCIALIZACAO E SERVICOS DE ENERGIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2006 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, é descabida a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo, na hipótese de os débitos não terem sido anteriormente declarados à Receita Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório de voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Presidente e Redator para Formalização do Acórdão Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, que a 3ª Turma Especial da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF), e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura, para fins de formalização. Da mesma maneira, tendo em vista que, na data da formalização da decisão, o relator VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização do voto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 42 51 /2 00 7- 86 Fl. 113DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004251/200786 Acórdão n.º 1803001.658 S1TE03 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente à Época do Julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sergio Rodrigues Mendes, Maria Elisa Bruzzi Boechat. Relatório Tratase de impugnação a autuação eletrônica decorrente de auditoria interna em DCTF, de acordo com IN SRF nos 45/98 e 77/98, que constatou pagamentos de CSLL, código 2484, referentes aos períodos de apuração 02/2004 e 03/2004, após o vencimento, desacompanhados da respectiva multa de mora conforme auto de infração de fls. 1625, no qual se exige o recolhimento de crédito tributário (multa) no valor de R$33.553,14. Cientificado do auto de infração, o contribuinte apresentou impugnação sustentando em síntese, que já efetuou o pagamento do tributo espontaneamente não havendo por isso qualquer acréscimo legal a título de multa de mora a compor o efetivo pagamento. Em sede de cognição ampla foi mantido lançamento impugnado, sob o fundamento de que a benesse da denúncia espontânea não tem o condão de afastar a incidência da multa de mora. Inconformado com a r. decisão, a empresa contribuinte interpõe Recurso Voluntário requerendo a sua reforma. Cabe formalizar a presente decisão conforme apresentada em plenário, dado que o relator original não mais compõe o colegiado, nos termos do art. 17 e do art. 18 ambos do Anexo II do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 343, 09 de junho de 2015, que em seu art. 6º extinguiu as turmas especiais. Está registrada na Ata da Reunião de Julgamento formalizada no processo nº 15169.000109/201162: Aos nove dias do mês de abril do ano de dois mil e treze, às quatorze horas , reuniramse os membros da 3ªTE/4ªCÂMARA/1ªSEJUL/CARF/MF/DF, estando presentes WALTER ADOLFO MARESCH (Presidente em Exercício), MEIGAN SACK RODRIGUES, VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, SERGIO RODRIGUES MENDES, MARIA ELISA BRUZZI BOECHAT e eu, MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES, Chefe da Secretaria, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. [...] Relator(a): VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN Processo: 11610.004251/200786 Recorrente: ENERTRADE COMERCIALIZACAO E SERVICOS DE ENERGIA S/A e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 1803001.658 Informações Adicionais: Por unanimidade de votos, dar provimento integral ao recurso. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004251/200786 Acórdão n.º 1803001.658 S1TE03 Fl. 4 3 Votação: Por Unanimidade Questionamento: RECURSO VOLUNTARIO Resultado: Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado É o Relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura Redator para Formalização do Voto. Em face da necessidade de formalização da decisão proferida nos presentes autos, e tendo em vista que o relator originário do processo não mais integra o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, encontrome na posição de Redator, nos termos dos arts. 17 e 18, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (RICARF). Informo que, na condição de Redator, transcrevo literalmente a minuta que foi apresentada pelo Conselheiro durante a sessão de julgamento. Portanto, a análise do caso concreto reflete a convicção do relator do voto na valoração dos fatos. Ou seja, não me encontro vinculado: (1) ao relato dos fatos apresentado; (2) a nenhum dos fundamentos adotados para a apreciação das matérias em discussão; e (3) a nenhuma das conclusões da decisão incluindose a parte dispositiva e a ementa. A seguir, a transcrição do voto. O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. A questão sob julgamento é saber se a denúncia espontânea tem o condão de alcançar a multa de mora. Destarte, restou evidenciado nos autos de que o contribuinte declarou posteriormente o crédito tributário, sendo o auto de infração lavrado unicamente em razão de entender a fiscalização de que a denúncia espontânea não alcança a multa de mora. A questão relativa à denúncia espontânea nos casos de tributos recolhidos espontaneamente com atraso, foi submetida pelo Superior Tribunal de Justiça ao rito do recurso repetitivo (art. 543C, do Código de Processo Civil), por meio do REsp 1.149.022, com decisão proferida em 09/06/10 (publicada em 24/06/10) e trânsito em julgado ocorrido em 30/08/10, sendo oportuno transcrever a ementa do respectivo julgado: “RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022 SP (2009/01341424) RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE: BANCO PECÚNIA S/A Fl. 115DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004251/200786 Acórdão n.º 1803001.658 S1TE03 Fl. 5 4 ADVOGADO: SERGIO FARINA FILHO E OUTRO(S) RECORRIDO: UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) PROCURADOR: PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de Fl. 116DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004251/200786 Acórdão n.º 1803001.658 S1TE03 Fl. 6 5 dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Pelo exposto, resta caracterizada a denúncia espontânea, que exclui a incidência da multa de mora nos casos em que houve o recolhimento com atraso de tributos que ainda não haviam sido declarados à Receita Federal do Brasil, como ocorre nos casos em que o pagamento extemporâneo de tributos declarados em DCTF, entregue após o citado pagamento. Por oportuno, depreendese importante salientar que diante da abordagem definitiva da matéria pelo STJ, foi editada a Nota Técnica da CoordenaçãoGeral de Tributação da Receita Federal do Brasil com o objetivo de orientar as unidades daquele órgão a interpretar as consequências decorrentes dos Atos Declaratórios PGFN nº 4/2011 e 8/2011, sendo que este último autorizou a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nos casos alcançados pela decisão proferida no Resp 1.149.022. Assim, devese afastar a multa de mora em face da ocorrência de denúncia espontânea nos moldes do artigo 138 do CTN. Em assim sucedendo, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Redator para Formalização do Voto Fl. 117DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA
score : 1.0
Numero do processo: 35432.000910/2006-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri May 15 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2002
NORMAS GERAIS. AÇÃO JUDICIAL. EXISTÊNCIA. IDENTIDADE DE OBJETO. RENÚNCIA, RECURSO VOLUNHTÁRIO. NÃO CONHECIMENTO.
Como demonstrado no presente caso, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1).
Numero da decisão: 2301-004.333
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Sustentação oral: José Manuel Brito. OAB: 130.113/RJ.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVERIO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, BRUNO RODRIGUES PENA, THEODORO VICENTE AGOSTINHO.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2002 NORMAS GERAIS. AÇÃO JUDICIAL. EXISTÊNCIA. IDENTIDADE DE OBJETO. RENÚNCIA, RECURSO VOLUNHTÁRIO. NÃO CONHECIMENTO. Como demonstrado no presente caso, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1).
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 15 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 35432.000910/2006-91
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473656
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2301-004.333
nome_arquivo_s : Decisao_35432000910200691.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : MARCELO OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 35432000910200691_5473656.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: José Manuel Brito. OAB: 130.113/RJ. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVERIO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, BRUNO RODRIGUES PENA, THEODORO VICENTE AGOSTINHO.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
id : 5959690
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887401713664
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1631; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 2 1 1 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 35432.000910/200691 Recurso nº 145.557 Voluntário Acórdão nº 2301004.333 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de março de 2015 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente SOCIEDADE VISCONDE DE SÃO LEOPOLDO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2002 NORMAS GERAIS. AÇÃO JUDICIAL. EXISTÊNCIA. IDENTIDADE DE OBJETO. RENÚNCIA, RECURSO VOLUNHTÁRIO. NÃO CONHECIMENTO. Como demonstrado no presente caso, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: José Manuel Brito. OAB: 130.113/RJ. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 43 2. 00 09 10 /2 00 6- 91 Fl. 335DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVERIO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, BRUNO RODRIGUES PENA, THEODORO VICENTE AGOSTINHO. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 35432.000910/200691 Acórdão n.º 2301004.333 S2C3T1 Fl. 3 3 Relatório Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Previdenciária (DRP), 0214, que julgou procedente a Informação Fiscal para cancelamento da isenção da cota patronal do contribuinte, nos seguintes termos: DESCUMPRIMENTO DE REQUISITOS NECESSÁRIOS À MANUTENÇÃO DA ISENÇÃO DA COTA PATRONAL. ATO CANCELATÓRIO. Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelar a isenção das contribuições de que tratam os artigos 201, 202 e 204 do Regulamento da Previdência Social, se verificado o descumprimento de requisitos. Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, art. 206, parágrafos 7.° e 8.°, inciso I. INFORMAÇÃO FISCAL PROCEDENTE Segundo a fiscalização, de acordo com a IF, a isenção deve ser cancelada por, em síntese, o contribuinte ter descumprido os incisos IV e V. do Art. 55 da Lei 8.212/1991, bem como desatender ao exigido pelo Art. 30 do Regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social, em seus inciso VI e § 4°, na redação dada pelo Decreto 612/92, fls. 017. Para o Fisco: 1. A entidade deixou de cumprir o requisito do inciso IV do art. 55 da Lei n.° 8.212/91, ao remunerar o Sr. Cyro Raphael Monteiro Silva, para o exercício do cargo de Diretor Geral, como se constata pelo seu histórico funcional, quando contratado pela instituição para exercer a função de professor e de engenheiro em estabelecimentos mantidos por ela, e quando exercendo o cargo de Diretor Geral; 2. Ainda segundo a IF, o contribuinte descumpriu, também, o requisito do inciso V do art. 55 da Lei n.° 8.212/91, ao direcionar recursos provenientes das suas atividades operacionais para finalidade estranha a seus objetivos institucionais, qual seja, conceder empréstimos a MITRA DIOCESANA DE SANTOS (CNPJ 58.259.771000188), em 06/02/1996, no valor de R$700.000,00 (32% do resultado operacional, excluídas as receitas financeiras), e em 19/06/1998, no valor de R$600.000,00 (20% do resultado operacional); Fl. 337DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA 4 3. A Informação Fiscal relata que a entidade impugnante distribuiu no período de 1996 a 2002 parcela considerável de seu patrimônio para entidade com personalidade jurídica distinta, para a constituição e desenvolvimento desta, ferindo o disposto no inciso VI do art. 30 do ROCSS, da seguinte forma: 3.1 A Sociedade Visconde de São Leopoldo, dentre as diversas formas de aplicação de gratuidade que pratica, concede bolsas de estudos denominadas ''Bolsas Reembolsáveis", que se constitui numa modalidade de crédito educativo privado, pelo qual o aluno assume o compromisso de restituir o beneficio recebido, após a conclusão do curso; 3.2 Os créditos, assim constituídos, representam "valores a receber" e deveriam estar contabilizados no Ativo da entidade, entretanto, tais valores deixaram de ser contabilizados como tal e os direitos representados pela expectativa de recebimento daqueles foram cedidos gratuitamente, por um acordo tácito, para a "Fundação Dom David" (com CNPJ 55.674.030000175), para que esta operacionalizasse a cobrança e absorvesse os resultados como "receitas de doações". Essa transação propiciou, entre 1996 a 2002, um desvio patrimonial superior a três milhões de reais; 3.3 Pelos fatos relatados verificase que a Entidade impugnante além de ter distribuído seu patrimônio, infringindo o inc. VI do art. 30 do ROCSS, aplicouo de forma irregular em atividade não compatível aos seus mandamentos estatutários, caracterizando, novamente, o desvio de objetivos institucionais, vedado pelo inciso V do art. 55 da Lei n.° 8.212/91; e 4. Foi constatado, ainda, que a entidade deixou de aplicar em gratuidade, no mínimomo, o equivalente à isenção de contribuições previdenciárias usufruídas, desatendendo o que dispõe o parágrafo 4.° do art. 30 do ROCSS. Em 16/12/2003 foi dada ciência à recorrente do lançamento, fls. 0207. Contra a IF, a contribuinte apresentou impugnação, fls. 0208, alegando, em síntese, que: 1. Em nenhum momento se desviou de seus propósitos ou infringiu qualquer norma legal a que devesse dar cumprimento para usufruir, compensatoriamente, da imunidade previdenciária e merecer o CEAS; 2. Solicita que a conclusão da IF seja desconstituída, e protesta por provas periciais de engenharia e contábil, inquirição de testemunhas e juntada de documentos relativamente a cada um dos quatro itens da IF; Fl. 338DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 35432.000910/200691 Acórdão n.º 2301004.333 S2C3T1 Fl. 4 5 3. A fiscalização equivocouse ao atribuir a remuneração recebida pelo Engenheiro Cyro Raphael Monteiro da Silva, durante o período de 1996 a 1998, como contra partida pelo cargo que ocupou de Diretor Geral, por tratarse de remuneração pelos serviços prestados como engenheiro e como Chefe do Patrimônio; 4. Além de outros serviços de engenheiro prestados ao longo de sua carreira profissional dentro da entidade, no período em que ocupou o cargo de Diretor Geral executou serviços de assessoria e projetos à diversos imóveis; 5. Na fase probatória, quer no plano da engenharia, quer no plano contábil, demonstrará que a modesta remuneração mensal percebida foi efetuada como contraprestação desses serviços; 6. Quanto à não aplicação de recursos dentro dos Objetivos Institucionais, esclarece que, embora preocupada com a mais correta aplicação dos recursos recolhidos, viu se obrigada a capitalizar tais recursos para atender a necessidade de expansão do espaço físico do Liceu Santista e da Universidade, para acolhida de um maior número de alunos em novos cursos de graduação e pósgraduação, e para aperfeiçoamento da sua estrutura de laboratórios e pesquisas, em obediência as diretrizes do Ministério da Educação; 7. Dessa forma, para atender o exposto acima, surgiu a possibilidade de serem transferidos bens imóveis da Mitra Diocesana para a contestante, e transferidos recursos desta para àquela, como antecipação de alugueis; 8. Portanto, as operações de transferência das parcelas de R$700.000,00 (1996) e R$600.000,00 (1998) não foram subtraídas dos recursos operacionais, em detrimento de seus objetivos institucionais, mas originários da capitalização que, ao final, resultou no engrandecimento desses mesmos objetivos institucionais; 9. Na fase probatória, com perícia de engenharia e perícia contábil vaise demonstrar o acerto da conduta da contestante, mercê da bem sucedida realização de seu projeto; 10. Quanto a distribuição de patrimônio, informa que, na década de 1980, pôs em execução um sistema de Fl. 339DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA 6 responsabilidade social, em termos de ensino superior, pelo qual o aluno, que tivesse feito o seu curso com o beneficio de bolsa, depois de formado e já no exercício da profissão correspondente, teria a responsabilidade de bancar ulna bolsa de valor equivalente em favor de aluno carente, que ele adotaria, para estabelecer uma relação pessoal de responsabilidade social entre ele e o novo aluno carente, deixando para a contestante a incumbência de conceder a bolsa por ele bancada; 11. Desse modo, ficava na ingrata condição de parecer cobrar, em interesse próprio, o que não passava do cumprimento de uma responsabilidade social de terceiro; 12. Assim, para superar essas dificuldades, a impugnante resolveu criar uma Fundação, fiscalizada pelo Ministério Público Estadual, para que, como sua mandatária, cobrasse a responsabilidade social dos seus exalunos, direcionando o resultado para a concessão de bolsas equivalentes; 13. Informa, ainda, que os aspectos contábeis desse modelo ficarão definitivamente esclarecidos na prova pericial pela qual protesta; 14. Que o 'ativo' em causa, transparentemente, é um ativo vinculado a uma obrigação de valor equivalente', o que lhe garante a posição de neutralidade econômica, quer esteja inserido com sua obrigação correlata, no patrimônio desta ou daquela pessoa jurídica; 15. Quanto ao fato da não aplicação em gratuidade do equivalente a isenção, informa que concede bolsas efetivas, que vão gerar, no plano externo, uma responsabilidade social de seus exalunos, que será ou não atendida. Se o for, será uma receita que lhe virá, em tempo futuro, em razão da matricula de um aluno carente que, com ela, quitará a sua mensalidade, mês a mês; 16. Informa que também concede bolsa a fundo perdido e, muito mais que isso, subsidia as mensalidades, em geral, quando é obrigada a fixar o seu valor no montante que, no seu todo, fica aquém do custo do ensino ministrado na Universidade; e 17. Protesta pela perícia contábil, a qual demonstrará que concede a seus alunos, expressa ou implicitamente, benefícios de redução de mensalidade em valor muito superior à isenção de que goza por determinação constitucional. Fl. 340DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 35432.000910/200691 Acórdão n.º 2301004.333 S2C3T1 Fl. 5 7 A Delegacia analisou a IF e a impugnação, julgando procedente a IF, determinando o cancelamento da isenção a partir de 01/1994, fls. 0231, bem como declarar devidas as contribuições reflexas, nos mesmo período. Foi expedido o devido Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais (AC), fls. 0233. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário, fls. 0236, acompanhado de anexos, onde alega, em síntese, as razões constantes da impugnação e que: 1. A IF foi encaminhada pelo INSS ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), para cancelamento co certificado, e a representação administrativa foi arquivada, renovandose o cerificado; 2. O CNAS decidiu pela legalidade dos atos praticados pela recorrente; 3. A própria fiscalização, no item 15, afirma que a concessão de empréstimo à Mitra em nada comprometeram o patrimônio da entidade; 4. Transferências nunca consubstanciaram desvio de finalidade; 5. Notese que no caso em tela a transferência do recurso foi ressarcida aos cofres da recorrida, tendo sido efetuada filantropia de todo o montante; 6. O envio de recurso para a Fundação Dom David não caracteriza desvio de recursos pela recorrente, pois os fins estatutários da Fundação são relacionados aos fins estatutários da recorrente; 7. O dirigente recebeu a remuneração pro função diversa, exercida na recorrente; 8. Em razão do exposto, solicita proviemnto de seu recurso.os mesmos da Foi determinada diligência, pelo CARF, fls. 0268, para junta de processos reflexos. O Fisco emitiu Informação Fiscal, fls. 0271. A contribuinte foi cientificada da diligência e apresentou seus argumentos, anexando, inclusive, parecer do Ministério da Justiça que conclui que não foi paga remuneração a dirigente e o Título de Utilidade Pública Federal deve ser mantido. Os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão, e os processos reflexos foram apensados. É o Relatório. Fl. 341DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA 8 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Sendo tempestivo, conheço do recurso quanto à tempestividade e passo à análise dos demais requisitos obrigatórios para o conhecimento do recurso. Nesse sentido, há questão a ser analisada. Verificando os autos, encontramos petição da contribuinte, que afirma, de forma literal, que há discussão judicial (2004.34.00.0230168/DF) sobre a única matéria constante em suas alegações: a contribuinte possui, ou não, direito á isenção. Na análise da decisão proferida, precária, pois recorrível, há, no relatório, o cerne do pleito: "Cuidam os autos de remessa oficial e apelações interpostas por Sociedade Visconde de São Leopoldo e pelo INSS, em face da sentença de fls. 8284, proferida pelo Juizo da 7" Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal. Em referida peça decisória, o Magistrado a quo julgou procedente a pretensão vestibular, declarando a isenção da sociedade autora em relação ao recolhimento de contribuição previdenciária, independentemente do cumprimento dos requisitos previstos em lei posterior ao DecretoLei 1.572/77. Em suas razões (fls. 8794), a sociedade apelante sustenta, basicamente, a necessidade de reforma dos honorários advocatícios que entende terem sido arbitrados em valores infimos. Agravo retido do INSS às fls. 9799, requerendo a redução do valor da causa para R$1.000,00 (mil reais), eis que atribuido de modo exorbitante e aleatório na peça vestibular. Por sua vez, em sua apelação (fls. 101123), o INSS alega, basicamente, o seguinte: a) preliminarmente, requer a apreciação do agravo retido interposto; b) no cerne, a constitucionalidade da legislação que prevê os requisitos necessários à fruição da imunidade prevista no artigo 195, S 7°, da Constituição Federal; c) a sociedade autora deixou de atender às condições necessárias para continuar com o CEBAS, deixando de atender aos requisitos de fruição da imunidade; d) obrigatoriedade do cumprimento das obrigações acessórias por entidades que gozem de isenção ou imunidade; e) incompatibilidade do direito adquirido à isenção, em face da nova ordem constitucional e ao regime juridico." Fl. 342DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 35432.000910/200691 Acórdão n.º 2301004.333 S2C3T1 Fl. 6 9 Ora, como está claro, há identidade de objetos, na esfera administrativa e na judicial. Nesse sentido, há Súmula do CARF, de aplicação obrigatória: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Pelo exposto, como determinado na Súmula, voto em não conhecer do recurso. CONCLUSÃO: Em razão do exposto, voto em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 343DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/05/2015 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10735.901675/2008-01
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri May 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA.
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do pedido de restituição no prazo de 5 anos. O Art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar a o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o pedido de restituição.
RECURSO
Numero da decisão: 3801-005.312
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos por negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cássio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Flávio de Castro Pontes.
Nome do relator: MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do pedido de restituição no prazo de 5 anos. O Art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar a o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o pedido de restituição. RECURSO
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 08 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10735.901675/2008-01
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473139
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3801-005.312
nome_arquivo_s : Decisao_10735901675200801.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
nome_arquivo_pdf_s : 10735901675200801_5473139.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cássio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Flávio de Castro Pontes.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
id : 5959173
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887408005120
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1526; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 11 1 10 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10735.901675/200801 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3801005.312 – 1ª Turma Especial Sessão de 19 de março de 2015 Matéria Crédito Presumido de IPI Recorrente RIOBRÁS TRANSPORTES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do pedido de restituição no prazo de 5 anos. O Art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar a o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o pedido de restituição. RECURSO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 90 16 75 /2 00 8- 01 Fl. 107DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 06/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA I NES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cássio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Flávio de Castro Pontes. Relatório Por bem descrever os fatos, transcrevo o relatório da douta Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Rio de Janeiro (I):g Trata o processo de declaração de compensação Dcomp nº 40598.05420.170906.1.7.046501 (fls.7/11), por meio da qual o interessado compensa o crédito relativo ao pagamento indevido ou a maior de programa de integração social PIS (Darf no valor de R$ 35.000,00, código 6912, recolhido em 10/01/2004) com diversos débitos. 2. A DRF Nova Iguaçu/RJ por meio do despacho decisório eletrônico de fl. 14, emitido em 20/05/2008, não homologou a compensação declarada, uma vez que o Darf discriminado na Dcomp não foi localizado nos sistemas da Receita Federal do BrasilRFB. 3. Cientificado da decisão em 29/05/2008 (fl.17), o interessado apresentou em 30/06/2008 a manifestação de inconformidade de fls. 18/35, acompanhada dos documentos de fls. 36/42, alegando, em síntese, que: os créditos utilizados na compensação estão relacionados no pedido de restituição nº 13748.000436/200368, de 24/09/2003; incorreu em erro material, gerada pela inexperiência no uso do programa PERDCOMP, que apenas aceitava um único Darf, quebrando todo o processo de levantamento e utilização de formulários de compensação em papel que permitia transcrever quaisquer quantidades de Darf e créditos; como detém os créditos que seriam objeto da compensação, solicita que a declaração de compensação seja refeita, agregandose os juros e multa legais, utilizandose dos créditos relacionados no processo de restituição; Analisando o caso, a DRJ no Rio de Janeiro (I) entendeu por bem manter o indeferimento do pleito, nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2008 PAGAMENTO INDEVIDO DE PIS. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. É defeso ao contribuinte retificar a DCOMP após a ciência da decisão administrativa. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 06/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA I NES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10735.901675/200801 Acórdão n.º 3801005.312 S3TE01 Fl. 12 3 Inconformado, o contribuinte apresentou o seu Recurso Voluntário, no qual traz argumentação diferente da que restou apresentada na Manifestação de Inconformidade. Neste Recurso, alega, em síntese, que houve homologação tácita do pedido de restituição dos créditos, uma vez que não houve análise pela Receita Federal do Brasil dentro do prazo de 05 anos, contados da data de protocolo. É o relatório. Voto Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel O Recurso Voluntário foi apresentado no prazo legal e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Portanto, dele conheço. Primeiramente, cumpre consignar que o Recurso Voluntário ora analisado é bastante confuso, sem nenhuma correlação lógica entre os fatos e os argumentos apresentados, o que dificulta sobremaneira o trabalho do julgador administrativo. Ademais, em um primeiro momento, quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, o Recorrente alegou que o não reconhecimento do seu crédito se deu por erro no preenchimento do pedido de compensação. Não tendo sido acolhida a argumentação lançada pelo acórdão recorrido, em Recurso confuso, o Recorrente traz extensa argumentação acerca da necessidade de reconhecimento da homologação tácita do pedido de restituição apresentado, uma vez que decorrido prazo de 05 anos, sem que fosse proferida qualquer decisão administrativa. Pois bem. Em julgados anteriores, esta Turma de Julgamento já se posicionou pela possibilidade de haver retificação das declarações posteriormente à decisão administrativa. Contudo, a retificação deve vir com a comprovação documental da origem dos créditos, até mesmo para que haja elementos nos autos capazes de aferir o direito creditório do contribuinte. Contudo, no presente caso, não há nos autos qualquer comprovação do direito creditório, nem mesmo as declarações retificadoras do Recorrente. Inclusive, como restou consignado no acórdão recorrido, antes de ser proferido o despacho decisório, foi dada a oportunidade ao Recorrente de justificar a origem do seu crédito e, se fosse o caso, retificar as suas declarações, o que, entretanto, não foi feito. Como se não bastasse, a princípio desprezando a linha de defesa exposta em sua Manifestação de Inconformidade, o Recorrente alega no Recurso Voluntário que houve a homologação tácita do pedido de restituição dos créditos, uma vez que transcorrido prazo de 05 anos, contados da data do protocolo do pedido. Contudo, não há como acatar tal linha de defesa, uma vez que o Código Tributário Nacional regulamenta o prazo decadencial de 5 anos para o agente fiscal homologar o lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, por determinação legal, em substituição ao agente arrecadador, possui a obrigação de apurar o tributo devido, em face da Fl. 109DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 06/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA I NES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL 4 ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, efetuar o seu recolhimento e realizar a respectiva declaração. Quando o contribuinte realiza um pedido de compensação, nada mais está fazendo do que um lançamento por homologação: apura o tributo devido, realiza a declaração, e substitui o pagamento em espécie, por um pagamento com crédito tributário que possui junto ao ente tributante. E é por essa razão que, quando não há a apreciação expressa do pedido de compensação, passados 5 anos após a sua apresentação, ocorre a respectiva homologação. Em última análise, o que há é a homologação do lançamento realizado pelo contribuinte, sendo que o pagamento da obrigação tributária se dá com a utilização do seu direito creditório. Contudo, essa linha de raciocínio não pode ser utilizada nos casos de pedido de restituição, como pretendeu o Recorrente. O pedido de restituição não pode ser confundido com o pedido de compensação, muito embora em ambos os casos esteja a se tratar de direito a um crédito tributário. A compensação está sempre atrelada a um lançamento. Por isso a ela se aplica o prazo decadencial de 5 anos previsto no CTN. O pedido de restituição não. Ele é independente de qualquer lançamento (quando não atrelado a um pedido de compensação), e requer necessariamente um pronunciamento do Fisco. É sabido que os contribuintes vêm sofrendo prejuízos financeiros e danos morais decorrentes da morosidade da Administração Tributária Federal em proferir decisões sobre os requerimentos apresentados perante as repartições fiscais de sua circunscrição. Contudo, o Princípio Constitucional da razoável duração do procedimento administrativo, nos termos do artigo 5o, inciso LXXVIII da Carta Magna de 1.988, não pode ser aplicado como se regra fosse. Deve, sim, nortear o agente administrativo e todos os seus atos, mas não há, ainda, na legislação vigente, nenhuma norma que o obrigue a efetuar a análise de um pedido de restituição no prazo de 2, 3 ou 5 anos, por exemplo, sob pena de seu acatamento sem maiores delongas. Por conseguinte, embora o Fisco deva nortear seus atos observando a eficiência e a celeridade, pois sua ação deve preservar os interesses públicos (os interesses de todos nós, cidadãos), nada o impede de, depois de transcorridos mais de 05 anos após o pedido de restituição formulado pela Recorrente, indeferilo, por não vislumbrar o direito pleiteado. Não há a homologação tácita desse pedido, porquanto não ocorre qualquer lançamento que enseje a aplicação do artigo 150, § 4o., do CTN, como defende o Recorrente. Não há previsão legal para essa homologação. Considerando que o Recorrente se limitou a arguir a homologação tácita do pedido de restituição, com base no artigo 150, § 4o., do CTN, sem trazer qualquer documentação ou argumentação que comprovasse a existência de seu crédito, não há mesmo como acatar o seu pedido. Por essas razões, nego provimento ao Recurso Voluntário. Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Fl. 110DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 06/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA I NES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL Processo nº 10735.901675/200801 Acórdão n.º 3801005.312 S3TE01 Fl. 13 5 Fl. 111DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 06/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por MARIA I NES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
score : 1.0
