Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,070)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,821)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,490)
- Segunda Turma Ordinária d (15,373)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,232)
- Segunda Turma Ordinária d (13,956)
- Primeira Turma Ordinária (12,798)
- Primeira Turma Ordinária (11,971)
- Segunda Turma Ordinária d (11,932)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,387)
- Terceira Câmara (64,066)
- Segunda Câmara (52,396)
- Primeira Câmara (17,064)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,374)
- Segunda Seção de Julgamen (110,145)
- Primeira Seção de Julgame (72,676)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,769)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,790)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,010)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,802)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,220)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 11128.007396/2006-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 01 00:00:00 UTC 2011
Numero da decisão: 3102-000.173
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o
julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: MARA CRISTINA SIFUENTES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201109
camara_s : Primeira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 11128.007396/2006-08
conteudo_id_s : 6438431
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 04 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 3102-000.173
nome_arquivo_s : 310200173_11128007396200608_201109.pdf
nome_relator_s : MARA CRISTINA SIFUENTES
nome_arquivo_pdf_s : 11128007396200608_6438431.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 01 00:00:00 UTC 2011
id : 5901735
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887418490880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1905; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 171 1 170 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.007396/200608 Recurso nº 8.867.82 Resolução nº 3102000.173 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 1 de setembro de 2011 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente AKZO NOBEL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Mara Cristina Sifuentes Relatora. EDITADO EM: 07/10/2011 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Mara Cristina Sifuentes, Ricardo Paulo Rosa, Nanci Gama, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Luciano Pontes de Maya Gomes. RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2ª Turma da DRJ São Paulo II SP, a qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 1740.025, proferido em 15 de abril de 2010. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigência de imposto de importação, juros de mora, multa de ofício de setenta e cinco por cento, aplicada por recolhimento fora do prazo legal, prevista no art. 44, I da Lei 9430/96, multa de trinta por cento do valor aduaneiro, aplicada pela exigência de novo licenciamento de importação, prevista no art. 169, I, b do Decretolei 37/66, e multa de um por cento do Fl. 177DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 172 2 valor aduaneiro, aplicada por classificação incorreta de mercadoria, prevista no art. 84, I da MP 215835 c/c art. 69 e 81,1V da Lei 10833/03. Tal cobrança se faz em face de reclassificação fiscal da mercadoria denominada TRIGONOX 42S, importada pela interessada sob a classificação 2915.90.90, relativa a outros ácidos monocarboxílicos acíclicos saturados e seus anidridos, halogenetos, peróxidos e perácidos, ésteres e sais, bem como os derivados (incluídos os derivados mistos) halogenados, sulfonados, nitrados ou nitrosados destes produtos. A mercadoria foi objeto de laudo de análises n° 2767 (fl. 25), o qual apontou que o produto se trata de 3,5,5TrimetilHexanoperoxoato de 1,1Dimetiletila, éster de um peróxido de ácido, derivado de peróxido de ácido monocarboxílico acíclico saturado, não sendo qualquer outro ácido monocarboxílico acíclico saturado e seus derivados. Em razão do laudo, a fiscalização entendeu correta a classificação 2915.90.50, relativa a peróxidos de ácidos. Cientificada do auto de infração, a interessada protocolizou impugnação, alegando, em síntese, que: • Ao contrário do laudo emitido pelo Laboratório de Análises, entende que o produto é um peróxido de éster; • Junta laudo detalhado aos autos, ao contrário do laudo 2767 da FUNCAMP; • Esse laudo define o que são peróxidos orgânicos (de ésteres e de ácidos), a composição do produto; • A descrição do produto nos documentos de importação não tem a ver com o constante no laudo; • Não é cabível a multa de 75% do tributo e de 30% do valor aduaneiro da mercadoria; • Requer seja julgado improcedente o lançamento. A DRJ traz a seguinte motivação e esclarecimento no seu voto: Enquanto a interessada defende a classificação no código 2915.90.90, relativa a outros ácidos monocarboxílicos acíclicos saturados e seus anidridos, halogenetos, peróxidos e perácidos, ésteres e sais, bem como os derivados (incluídos os derivados mistos) halogenados, sulfonados, nitrados ou nitrosados destes produtos, a fiscalização entende correta a classificação 2915.90.50, relativa a peróxidos de ácidos. Para urna adequada análise, imprescindível a reprodução dos textos dos códigos NCMs em questão: 29.15 ÁCIDOS MONOCARBOXILICOS ACICLICOS SATURADOS E SEUS ANIDRIDOS, HALOGENETOS, PEROXIDOS E PERÁCIDOS; SEUS DERIVADOS HALOGENADOS, SULFONADOS, NITRADOS OU NITROSADOS. 2915.90 Outros 2915.90.50 —Peróxidos de Ácidos 2915.90.90 — Outros Fl. 178DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 173 3 O laudo de análises n° 2767 (fl. 25) apontou que o produto se trata de 3,5,5 TrimetilHexanoperoxoato de 1,1Dimetiletila, éster de um peróxido de ácido, derivado de peróxido de ácido monocarboxílico aciclico saturado, não sendo qualquer outro ácido monocarboxílico acíclico saturado e seus derivados. O texto do código NCM 2915.90.50, sendo expresso ao citar peróxidos de ácidos, é o que encontra perfeita ressonância com o resultado do laudo de análise n° 2767, o que também é comprovado pela nota da posição 2915: Esta posição inclui os ácidos monocarboxílicos acíclicos saturados e seus anidridos, halogenetos, peróxidos e perácidos, ésteres e sais, bem como os derivados (incluídos os derivados mistos) halo genados, sulfonados, nitrados ou nitrosados destes produtos. O laudo apresentado pela interessada aponta o produto como peróxido de éster, outro peróxido orgânico, o que contraria o laudo oficial apenas em sua conclusão, urna vez que este último também aponta o produto como éster de um peróxido, mas de ácido, apresentandose como derivado de peróxido de ácido monocarboxílico acíclico saturado, uma conclusão mais completa e acertada, menos econômica. A análise oficial não está incompleta, o que a difere da apresentada pela interessada é que a mesma não se preocupa com diversas definições mas apenas com o produto em questão, o que realmente importa. As multas são cabíveis em função de descrição incompleta da mercadoria, sem todos os elementos necessários ao correto enquadramento tarifário e também por insuficiência de recolhimento de tributos. A recorrente apresenta recurso voluntário, fls. 145 e sgs, onde em síntese solicita: 14. A mercadoria em questão denominada TRIGONOX 42S é uma solução líquida de constituição química definida a base de Peróxido de 3,5,5 Trimetilexanoato de tButila, com teor de pureza de 97%. 15. Verificase, portanto, que não se trata de preparação, cuja adição do produto orgânico as ditas substâncias inorgânicas causa uma reação de forma a ativar a função para o qual a Recorrente pretende comercializar. Em outras palavras, não se tratam de substâncias que são deliberadamente deixadas no produto para tornálo particularmente apto para usos específicos de preferência a sua aplicação geral. 16. Conforme explicitado na impugnação ao auto de infração, a fórmula estrutural do produto em questão é um peróxido de éster, do tipo Peroxoéster de t Alquila, um Peróxido de Éster de Ácido Carboxílico, de forma genérica, diferentemente do Laudo do Laboratório de Análises que entendeu ser um Peróxido de Ácido. Em que pese o Laboratório de Análise da FUNCAMP ter identificado a correta composição química, conclui final tratase apenas de um Peróxido de Ácido, o que de fato não é um peróxido de ácido, mas sim um Éster de um Peróxido de Ácido. 17. Porém, em que pese as alegações e documentos técnicos trazidos na impugnação, houve a insistência de se afirmar que o produto químico se enquadra na posição 2915.90.50. Ou seja, quis dar interpretação equivocada e que não se coaduna com os laudos juntados aos presentes autos, sem qualquer fundamentação técnica. O fiscal não pode simplesmente desconsiderar o enquadramento dado pela Recorrente baseado em laudos químicos e estudos técnicos efetuados ao longo dos seus negócios. Fl. 179DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 174 4 18. Nesse sentido, tratandose de questão puramente técnica, não pode o fiscal interpretar o laudo técnico de acordo com a sua conveniência, pois não possui conhecimentos técnicos para tanto. É o que se pode verificar do seguinte julgado proferido por esse E. Conselho, verbis: [...] 19. Ademais, o próprio julgador de primeira instância argui que os laudos apontam o produto corno peróxido de éster e nesse sentido, não pode fazer tabula rasa sobre os aspectos técnicos e ignorar as razões colocadas em sede de impugnação. 20. Observando as posições e itens da NCMTEC podese notar que não tem um subitem especifico, isto é, cuja descrição seja coincidente ou que permita a inclusão da mercadoria de nome Peróxido de 3,5,5Trimetilexanoato de tButila, e por se tratar de um Peróxido de Éster foi classificada no código TEC 2915.90.90 — Outros, que é um dos subitems da Posição dos Peróxidos. 21. A ser dessa forma, a classificação fiscal adotada pela Recorrente na importação da mercadoria em referência ("TRIGONOX 42S") é a adequada, a vista de que a classificação foi determinada pelos textos das posições e das notas de Seção e de Capítulos, conforme determina as Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado RGISH. 22. Não obstante a relevância das argumentações trazidas nas presentes razões, para concluir que o processo administrativo é nulo de pleno direito, não se pode aceitar também a imposição da penalidade de 30% incidente sobre o valor das mercadorias importadas do exterior, supostamente sem guia de importação ou documento equivalente, conforme previsto no artigo 526; Do nãocabimento da multa por controle administrativo das importações de 30% sobre o valor das mercadorias inciso II, do Decreto n° 91.030/85 (Antigo Regulamento Aduaneiro) — legislação prevista para os fatos geradores ocorridos até 26 de dezembro de 2002, nem mesmo a multa de oficio no percentual de 75%, prevista no artigo 44 da Lei 9.430/96, e a multa de 1% por suposto erro de classificação fiscal. 23. Referida penalidade de 30% incidente sobre o valor das mercadorias importadas do exterior monta sozinha à quantia de R$ 19.759,90 (dezenove mil, setecentos e cinqüenta e nove reais e noventa centavos), ou seja, aproximadamente 49,00% (quarenta e nove por cento) do crédito tributário constituído por meio do lançamento fiscal em tela. 24. Relativamente a multa por controle administrativo das importações de 30% sobre o valor das mercadorias e a multa de 1% por suposto erro de classificação fiscal, conforme consta da peça acusatória fiscal, tal multa justificarseia diante da constatação de que a Recorrente haveria importado "mercadoria classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul". 25. A jurisprudência administrativa é pacífica, em suas diferentes instâncias, sobre o não cabimento da multa do controle administrativo das importações diante de casos de mera divergência na classificação fiscal adotada pelo importador, nos quais as mercadorias estejam devidamente descritas nos documentos de importação a permitir ao Fisco suas respectivas identificações. 26. Dentro desse contexto, não se pode nunca perder de vista que em nenhum momento foram glosadas ou contestadas as informações prestadas pela Recorrente sobre a mercadoria importada em seus documentos e dec14 3, de importação, tanto que foi plenamente identificada pelo Laboratório de Análise FUNCAMP. Toda a questão sempre se cingiu à classificação fiscal de produtos. Não há e nunca houve nenhuma Fl. 180DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 175 5 dúvida ou inconsistência nas informações prestadas pela Recorrente sobre a mercadoria. Daí porque restam infrutíferas todas as alegações do D. Julgador de primeira instância sobre a questão em referência. 28. No caso em concreto, a Recorrente descreveu na Declaração de Importação em comento nas presentes razões de que se trata de um peróxido orgânico — tipo D, sendo confirmado pelo Laboratório FUNCAMP tratase do mesmo produto "3,5,5 TrimetilHexanoperoxoato de 1,1Dimetiletila, Éster de um peróxido de ácido, derivado de peróxido de ácido monocarboxilinico aciclico saturado". Isso se confirma na decisão de primeira instância quando a Delegacia de Julgamento afirma que "o laudo apresentado pela interessada aponta o produto como peróxido de éster, outro peróxido orgânico, o que contraria o laudo oficial apenas em sua conclusão, uma vez que este último também aponta o produto como éster de um peróxido". 29. Não há como consentir que a Recorrente tenha efetuado uma descrição incorreta tão somente para desviar a fiscalização e adotar uma classificação fiscal com carga tributária menor. Essa foi a intenção do legislador ao determinar o percentual de 30% de multa sobre o valor aduaneiro. Tratase tão somente de divergência de interpretação de classificação fiscal, o que não dá ensejo a referida multa. 30. Cumpre mencionar o Ato Declaratório COSIT n° 12/1997 que determina que não constitui infração administrativa ao controle das importações, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado e ,de: não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou máfé por parte do declarante. Esse Ato Declaratório fora mencionado pela fiscalização no Auto de Infração, mas que se aplica a favor da Recorrente. 31. Por fim, em última instância administrativa, a Câmara Superior de Recursos Fiscais sacramenta tal entendimento jurisprudencial, afastando a exigência da multa em questão nos casos de simples divergências de classificação fiscal. Os dois recentes acórdãos abaixo transcritos refletem, com clareza, a hipótese legal em que a multa do controle administrativo das importações de 30% sobre o valor da mercadoria mostrase cabível, bem como aquela na qual sua aplicação resta afastada. Vejamos: [...] 32. Verificase, portanto, que se tratando a questão objeto da autuação fiscal de mera divergência na interpretação das regras de classificação fiscal, totalmente incabível a pretendida imposição de multa do controle administrativo das importações, além das multas de ofício no percentual de 75% e multa de 1% por suposto erro de classificação fiscal. É o relatório. VOTO Conselheira Mara Cristina Sifuentes, Relatora. O recurso é tempestivo, conforme disposto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72. Da Classificação da Mercadoria. Conforme mencionado, a dúvida reside em saber qual a classificação adequada para o produto TRIGONOX 42S, já que o sujeito passivo utilizou o código NCM 2915.90.90, enquanto a fiscalização entendeu ser específico para o composto em questão o código 2915.90.50: Fl. 181DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 176 6 29.15 ácidos monocarboxilicos aciclicos saturados e seus anidridos, halogenetos, peroxidos e perácidos; seus derivados halogenados, sulfonados, nitrados ou nitrosados. 2915.90 Outros 2915.90.50 —Peróxidos de Ácidos 2915.90.90 — Outros Nos termos do laudo técnico da FUNCAMP, extraído do Auto de Infração, fl. 25 : Identificação positiva para 3,5,5 – TrimetilHexanoperoxoato de 1,1 – Dimetiletila Índice de refração a 20°C: 1.430 Tratase de 3,5,5 – TrimetilHexanoperoxoato de 1,1 – Dimetiletila 1. Não se trata de Qualquer Outro Ácido Monocarboxílico Acíclico Saturado e seus Derivados. Tratase de 3,5,5Trimetil Hexanoperoxoato de 1,1Dimetiletila, Éster de um Peróxido de Ácido, Derivado de Peróxido de Ácido Monocarboxílico Aciclico Saturado. 2. Tratase de composto orgânico de constituição química definida. 3. De acordo com Referências Bibliográficas, TRIGONOX 42S refere se ao 3,5,5TrimetilHexanoperoxoato de 1,1Dimetiletila e utilizado como iniciador de polimerização de resinas poliacrílicas. De acordo com a Regra Geral nº 1 para a Interpretação do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, “para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo”. Contempla, também, referida Regra Geral, a utilização de regras interpretativas adicionais (regras 2, 3, 4 e 5), mas desde que estas “não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas”. Portanto, a Regra Geral nº 1 dá ampla importância à descrição dos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo para fins de classificação da mercadoria, aplicandose as demais regras apenas em caráter subsidiário, ou seja, diante da insuficiência da Regra nº 1 para a classificação do produto. Semelhante regramento, agora cuidando da classificação em subposições e itens e subitens, encontramos na Regra Geral de Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) nº 6. A NBM/SH traz o seguinte texto relacionado à posição de interesse, a informada pelo importador e a definida pela fiscalização aduaneira: 29.15 Ácidos monocarboxilicos aciclicos saturados e seus anidridos, halogenetos, peróxidos e perácidos; seus derivados halogenados, sulfonados, nitrados ou nitrosados. Também reproduzi os seguintes trechos das Notas de seção e de capítulo, abaixo: Capítulo 29 Fl. 182DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 177 7 Notas de Subposições. 1. No âmbito de uma posição do presente Capítulo, os derivados de um composto químico (ou de um grupo de compostos químicos) devem classificarse na mesma subposição que esse composto (ou esse grupo de compostos), desde que não se incluam mais especificamente em uma outra subposição e que não exista subposição residual denominada Outros na série de subposições que lhes digam respeito. 2. A Nota 3 do Capítulo 29 não se aplica às subposições do presente Capítulo. A divergência reside em a recorrente afirmar que o produto é um Éster de um Peróxido de Ácido e não um Peróxido de Ácido. O que vislumbro aqui é um problema de subsunção (socorrendome do termo utilizado pela doutrina tributária) da mercadoria à classificação fiscal correta, o laudo técnico oficial esclarece que o produto é um Éster de um Peróxido de Ácido, resta agora definir se um éster se enquadra na mesma classificação, a nível de item e subitem, de um peróxido, ou se seria uma outra classificação. Melhor indagando, os peróxidos abrangeriam os ésteres de peróxido? Pela aplicação da RG1 devemos analisar qual a posição é a mais adequada para o produto. Quanto a isto não há divergência. Ambas, recorrente e fiscalização, entendem que a posição correta é a 2915, ou seja, que o produto importado é um Ácido monocarboxílico acíclico saturado e também concordam que seja um peróxido. Também não há divergências sobre o enquadramento em subposição. A posição NCM 2915 traz em suas subposições diversos ácidos, e não existe uma posição que descreva o produto identificado como 3,5,5 – TrimetilHexanoperoxoato de 1,1 – Dimetiletila., pelo que o mesmo deve ser enquadrado na subposição NCM 2915.90 por aplicação da regra RG6 e da Nota de Subposição 1 do Capítulo 29, acima reproduzida: Sexta Regra geral. A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. Para a classificação da mercadoria em item e subitem, que é o que aqui se discute, devemos nos socorrer da Regra Geral Complementar RGC1: REGRA GERAL COMPLEMENTAR (RGC) 1. (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. Fl. 183DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 178 8 Temos então na NCM os seguintes itens possíveis de aplicação ao caso que se analisa: 2915.90 Outros 2915.90.10Cloreto de cloroacetila 2915.90.2Ácido 2etilexanóico, seus sais e seus ésteres 2915.90.3Ácido mirístico; ácido caprílico; seus sais e seus ésteres 2915.90.4Ácido láurico, seus sais e seus ésteres 2915.90.50Peróxidos de ácidos 2915.90.60Perácidos 2915.90.90Outros Pela RGC1 c/c RG3 “a” a posição específica prevalece sobre a genérica, e quando pela aplicação das regras RG3 “a” e “b” não for possível efetuar a classificação, então a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. 3. Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3 a), classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3 a) e 3 b) não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. Para uma correta análise devemos então nos socorrer das NESH – Notas Explicativas do Sistema Harmonizado, que são um elemento subsidiário para a correta classificação das mercadorias, devemos buscar a definição de um Éster de um Peróxido de Ácido e de um Peróxido de Ácido. CONSIDERAÇÕES GERAIS 2915 Fl. 184DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES Processo nº 11128.007396/200608 Resolução n.º 3102000.173 S3C1T2 Fl. 179 9 Os ácidos incluídos neste Subcapítulo são ácidos carboxílicos que contêm, na sua molécula, a função característica (–COOH), chamada “grupo carboxila” e, também teoricamente os ácidos hipotéticos, chamados “ortoácidos” (R.C.(OH)3), que podem ser considerados ácidos carboxílicos hidratados, (R.COOH + H2O=R.C.(OH)3), os quais não existem no estado livre, mas podem dar origem a estáveis ésteres (ortoésteres, a considerar como ésteres de ácidos carboxílicos hidratados). Consoante a molécula de um ácido carboxílico apresente um só ou mais grupos carboxílicos (–COOH), têmse um ácido monocarboxílico ou um ácido policarboxílico. Quando no grupo carboxila de um monoácido se subtrai a hidroxila (– OH), o restante constitui um radical ácido (acila), que, esquematicamente, se representa pela fórmula (R.CO–), onde R é um radical alquílico ou arílico (metila, etila, fenila, etc.). Os radicais ácidos encontramse nas fórmulas dos anidridos, dos alogenetos, dos peróxidos, dos perácidos, dos ésteres ou dos sais. C. PERÓXIDOS DE ÁCIDOS Os peróxidos de ácidos são compostos em que dois radicais ácidos se encontram ligados entre si por dois tomos de oxigênio. A sua fórmula esquemática é (R.CO–O–O–OC.R). E. ÉSTERES DE ÁCIDOS Os ésteres dos ácidos carboxílicos são compostos obtidos pela substituição do hidrogênio do grupo carboxílico (–COOH) de um ácido por um radical alquílico ou arílico. Podem ser representados pela fórmula esquemática (R.CO.O.R1), onde R e R1 são radicais alquílicos ou arílicos (metila, etila, fenila,etc.). Assim, não vislumbrando nos autos elementos que possam embasar decisão final inconteste, bem como, norteada pela busca pela verdade real como princípio informador do processo administrativo fiscal que clama de seus atores não se conformarem apenas com a verdade formal enquanto não esgotados todos os recursos para se conhecer a verdade real voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a autoridade preparadora diligencie a fim de que seja enviada a entidade que assinou o Laudo Técnico, no caso a FUNCAMP, para esclarecer: • O que é um éster de um peróxido de ácido? • O que é um peróxido de ácido? • Podese dizer que um éster de um peróxido de ácido é uma ESPÉCIE de peróxido de ácido? Ou tratase de outro composto químico? Após a conclusão do relatório a unidade deverá abrir prazo para que a recorrente apresente suas alegações. Mara Cristina Sifuentes Fl. 185DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENTES, Assinado digitalmente em 07/10/2 011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 07/10/2011 por MARA CRISTINA SIFUENT ES
score : 1.0
Numero do processo: 10680.721907/2011-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/1995 a 31/10/1999
LANÇAMENTO FISCAL. RECONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS PREVIDENCIÁRIOS. É válida a instauração de Processo Administrativo Fiscal formalizado com o objetivo de reconstituir créditos previdenciários anteriormente anulados, em face de vício formal. Auto de Infração Substitutivo lavrado em face da subsistência da exigibilidade da obrigação tributária derivada do lançamento anulado.
DECADÊNCIA. O lançamento em testilha foi realizado em 20/04/2011 em substituição ao lançamento fiscal anulado em virtude de vício formal, e apesar das contribuições lançadas se referirem a fato gerador ocorrido no período de 01/1999, os mesmos não estão decadentes, já que o direito da Fazenda Pública constituir seus créditos tributários extingue-se após cinco anos contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, a teor do que dispõe o artigo 173, inciso II do Código Tributário Nacional. A data em que se tornou definitiva a decisão que anulou o crédito tributário foi a data registrada no Aviso de Recebimento - AR, que a empresa foi cientificada de tal decisão, ocorrida em 01/03/2010.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL. ÓRGÃO PÚBLICO. O artigo 71, §2º da Lei 8.666/93 estabelece que a responsabilidade solidária da Administração Pública é restrita à cessão de mão de obra prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2302-003.674
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, acatando o Parecer da Advocacia Geral da União AC 55/2006, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Liége Lacroix Thomasi - Presidente
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
EDITADO EM: 09/09/2015
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1995 a 31/10/1999 LANÇAMENTO FISCAL. RECONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS PREVIDENCIÁRIOS. É válida a instauração de Processo Administrativo Fiscal formalizado com o objetivo de reconstituir créditos previdenciários anteriormente anulados, em face de vício formal. Auto de Infração Substitutivo lavrado em face da subsistência da exigibilidade da obrigação tributária derivada do lançamento anulado. DECADÊNCIA. O lançamento em testilha foi realizado em 20/04/2011 em substituição ao lançamento fiscal anulado em virtude de vício formal, e apesar das contribuições lançadas se referirem a fato gerador ocorrido no período de 01/1999, os mesmos não estão decadentes, já que o direito da Fazenda Pública constituir seus créditos tributários extingue-se após cinco anos contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, a teor do que dispõe o artigo 173, inciso II do Código Tributário Nacional. A data em que se tornou definitiva a decisão que anulou o crédito tributário foi a data registrada no Aviso de Recebimento - AR, que a empresa foi cientificada de tal decisão, ocorrida em 01/03/2010. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL. ÓRGÃO PÚBLICO. O artigo 71, §2º da Lei 8.666/93 estabelece que a responsabilidade solidária da Administração Pública é restrita à cessão de mão de obra prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10680.721907/2011-19
anomes_publicacao_s : 201509
conteudo_id_s : 5519530
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2302-003.674
nome_arquivo_s : Decisao_10680721907201119.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 10680721907201119_5519530.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, acatando o Parecer da Advocacia Geral da União AC 55/2006, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Liége Lacroix Thomasi - Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora EDITADO EM: 09/09/2015 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
id : 6123019
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:42:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887432122368
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2419; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 2 1 1 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.721907/201119 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2302003.674 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de março de 2015 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente CODEMIG COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MINAS GERAIS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1995 a 31/10/1999 LANÇAMENTO FISCAL. RECONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS PREVIDENCIÁRIOS. É válida a instauração de Processo Administrativo Fiscal formalizado com o objetivo de reconstituir créditos previdenciários anteriormente anulados, em face de vício formal. Auto de Infração Substitutivo lavrado em face da subsistência da exigibilidade da obrigação tributária derivada do lançamento anulado. DECADÊNCIA. O lançamento em testilha foi realizado em 20/04/2011 em substituição ao lançamento fiscal anulado em virtude de vício formal, e apesar das contribuições lançadas se referirem a fato gerador ocorrido no período de 01/1999, os mesmos não estão decadentes, já que o direito da Fazenda Pública constituir seus créditos tributários extinguese após cinco anos contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, a teor do que dispõe o artigo 173, inciso II do Código Tributário Nacional. A data em que se tornou definitiva a decisão que anulou o crédito tributário foi a data registrada no Aviso de Recebimento AR, que a empresa foi cientificada de tal decisão, ocorrida em 01/03/2010. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL. ÓRGÃO PÚBLICO. O artigo 71, §2º da Lei 8.666/93 estabelece que a responsabilidade solidária da Administração Pública é restrita à cessão de mão de obra prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 19 07 /2 01 1- 19 Fl. 190DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, acatando o Parecer da Advocacia Geral da União AC – 55/2006, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Liége Lacroix Thomasi Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora EDITADO EM: 09/09/2015 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10680.721907/201119 Acórdão n.º 2302003.674 S2C3T2 Fl. 3 3 Relatório Período de apuração: 05/1995 a 10/1999 Período do Débito: 01/1999 Data de lavratura do Auto de Infração: 16/04/2011. Data de ciência do Auto de Infração: 20/04/2011. Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela 8ª Turma de Julgamento da DRJ em Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio, especificamente em relação a este Processo Administrativo Fiscal, incluídos nos seguintes Autos de Infração: AI DEBECAD n° 37.315.2434 – Obrigação Principal contribuição da empresa, inclusive a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa, decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – RAT, destinadas à Seguridade Social – Valor Total: R$ 7.274,15; AI DEBECAD n° 37.330.2932 – Obrigação Principal contribuições devidas pelos segurados empregados. – Valor Total: R$ 2.771,09 Registrese que os autos de infração por descumprimento de obrigações principais integram um único processo, neste caso, identificado pelo COMPROT de n° 10680721.907/201119, por possuírem os mesmos elementos de prova, conforme preceitua o art. 9º do Decreto nº 70.235/72 e alterações, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 17/29. Impende ainda salientar que a execução do procedimento fiscal em comento, tem como escopo o lançamento em substituição de créditos julgados nulos, conforme decisão exarada no Acórdão n° 04/1310/2005 de 22/06/2005, objetivando restabelecer a exigência anulada por vício de forma no processo NFLD Debcad de n° 35.138.5576, lavrado em 11/05/2000, cadastrado no COMPROT sob o nº 37172.001886/200489. Ocorre que, somente em 01/03/2010 se tornou definitiva a decisão anulatória do lançamento, de acordo com o art. 42 do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972, e que, conforme disposto no art. 173, inciso II, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 CTN, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, razão pela qual a secretaria de Receita Federal do Brasil formalizou o presente Processo Administrativo Fiscal, para reconstituição dos referidos créditos. Tendo sido constatado que persistiu a exigibilidade da obrigação tributária constante no lançamento anulado, na reconstituição dos créditos, o Levantamento “RS – Responsabilidade Solidária”, foi desmembrado, por prestador de serviço ou cedente de mão de mão de obra, para atribuição da responsabilidade tributária, de forma individualizada, sendo que os créditos relacionados com o Levantamento “RET – Retenção de 11 em Nota Fiscal” foram incluídos em um único processo (COMPROT específico). Fl. 192DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Assim, nos presentes autos, o crédito previdenciário constituído em face da CODEMIG – Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, foi lançado em razão da RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA em relação às contribuições previdenciárias não recolhidas pelos empreiteiros/subempreiteiros de construção civil e cedentes de mão de obra, como no caso da empresa contratada –PRCI CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES LTDA. – no período 05/1995 a 01/1999, para a competência 01/1999 bem como das contribuições devidas em virtude da obrigatoriedade de retenção do percentual de 11% dos valores da mão de obra contida nas notas fiscais de serviços emitidas pelas subempreiteiras de construção civil e pelas prestadoras de serviços executado mediante cessão de mão de obra, no período de fevereiro a dezembro de 2009. Nesse descortino, face à caracterização da solidariedade atribuída pela Autoridade Fiscal, foi lavrado o Termo de Sujeição Passiva Solidária – (Fls. 89/90), por intermédio do qual a PRCI CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES LTDA foi cientificada da presente exigência tributária, na data de 16/06/2011, conforme se verifica da publicação do Edital DRF/BHE/SEFIS nº 040/2011, na data de 27/05/2011 (Fls. 95), entretanto a responsável solidária quedouse inerte, não apresentando qualquer manifestação. Inconformada com o supracitado lançamento tributário, a CODEMIG apresentou Impugnação a fls. 97/114, acompanhada dos documentos juntados às Fls. 115/131. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0245.662 8ª Turma da DRJ/BHE, a fls. 133/144, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Recorrente foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 11/11/2013, conforme Aviso de Recebimento às Fls. 153/154. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o ora Recorrente interpôs Recurso Voluntário a fls. 157/184, ratificando parte de suas alegações anteriormente expendidas e respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos termos a seguir expostos: Em sede de preliminar alega que houve decadência do débito levantado tendo em vista que o crédito cobrado no presente processo não é o mesmo cobrado na NFLD anulada, já que esta foi transformada em vários DEBCADs e vários AIs, o que por si só, e conforme reconhecido no acórdão recorrido demonstram que a cobrança não é a mesma; que a diferença se impõe pela alteração da forma do lançamento e de serem de diferentes competências cobradas; na NFLD anulada foi cobrada a competência 09/1995, 09/1998 e 12/1998 e aqui o lançamento diz respeito à competência de 01/1999, ou seja, não é o mesmo lançamento; tendo em vista se tratar de um novo lançamento e diverso do integrante da NFLD anulada e com outro fundamento legal para a autuação, é de fácil constatação que o prazo foi inobservado, já que se tratam de lançamentos de competência de 01/1999 e o lançamento datar 20/04/2011, passados mais de DOZE ANOS; Fl. 193DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10680.721907/201119 Acórdão n.º 2302003.674 S2C3T2 Fl. 4 5 que tanto o prazo prescricional como prazo decadencial, em matéria previdenciária, é de 5 (cinco) anos, de acordo com o estabelecido no CTN, devendo o prazo decadencial ser reconhecido de ofício já que atinge a própria obrigação tributária principal, o próprio direito; que o fato gerador das contribuições previdenciárias devidas pelas empresas é a folha de salários, e não faturas comerciais correspondentes aos serviços que prestam; Que não pode prevalecer o entendimento da Fazenda Pública em relação a aplicação do artigo 173, inciso II do CTN, até porque existem correntes doutrinárias com entendimento diverso, que entendem que a contagem do novo prazo de decadência, de 5 (cinco) anos, dáse após a decisão administrativa ou judicial que houver anulado o lançamento primitivo, e que, assim procedendo estatuem uma regra no sentido de que, no período que precedeu a nulidade do lançamento, houve a interrupção da decadência; a rigor o art. 173, II do CTN estatui um novo prazo, desta feita para que a Fazenda pública procede ao mesmo lançamento tributário, sem incorrer no vício informal que ensejou a anulação de seu procedimento anterior; ou seja, o lançamento será outro apenas formalmente, mas há que representar os mesmos elementos substanciais que se encontravam no anterior, e aqui nada disso se apresenta; o procedimento anulado por erro formal, no presente caso, foi severa e radicalmente alterado na presente autuação; Assim requer o reconhecimento de ofício da decadência tributária do presente Auto de Infração. No mérito alega que a CODEMIG está isenta de quaisquer vínculos e responsabilidades para com os empregados de seus Contratados, por força de disposição legal, já que a própria Lei nº 8.666/93, em seu artigo 71, regula a exceção da alegação em apreço; Tece considerações a respeito de sua natureza jurídica (sociedade de economia mista à época dos fatos que originaram o lançamento) e atualmente entidade da Administração Indireta do Governo do Estado de Minas Gerais, sujeita assim a regime jurídico especial e normas de controle e licitação; Alega que Administração Pública não pode responder por solidariedade inserta no inciso VI do artigo 30 da Lei 8.212/91, à falta de previsão legal; somente após regular lançamento é que o INSS pode voltarse para o devedor solidário e exigirlhe pagamento das contribuições previdenciárias porventura não recolhidas. Não antes; que o débito previdenciário do contratado já se encontra quitado, conforme demonstrado em ação fiscal (procedimento fiscal anulado), em que pese não restarem consignados em GRPS vinculada, e que a responsabilização da CODEMIG significaria bitributação; que a contratada se encontrava em situação regular perante a previdência social, conforme restou provado com cópia de CND emitidas pelo próprio INSS e de franco acesso a quem possa interessar; Fl. 194DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Enfim, repete os argumentos expendidos na Instância Regional para ao final requer o acatamento do recurso de modo a alterar a decisão recorrida, objeto do Acórdão 02 46.110, para fins de declaração da insubsistência da autuação com sua total improcedência. Após, sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10680.721907/201119 Acórdão n.º 2302003.674 S2C3T2 Fl. 5 7 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 11/11/2013, conforme AR juntado às fls. 153/154, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 10/12/2013, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA DECADÊNCIA Para se analisar a alegação de decadência, inicialmente fazse necessário esclarecer que o lançamento em debate não se refere a um “novo lançamento” como aduz o Recorrente em suas razões recursais. Referida questão já foi enfrentada na instância a quo, entretanto, é de bom alvitre repisar os fundamentos em que se baseou o presente lançamento. Conforme amplamente informado nos presentes autos, a execução do procedimento fiscal teve como escopo o lançamento em substituição de créditos julgados nulos, conforme decisão exarada no Acórdão n° 04/1310/2005 de 22/06/2005, objetivando restabelecer a exigência anulada por vício de forma, no processo NFLD DEBECAD n° 35.138.5576, lavrada em 11/05/2000, cadastrado no COMPROT sob o nº 37172.001886/200489. O presente crédito previdenciário foi constituído em face da Recorrente, na qualidade de responsável tributária – RESPONSÁVEL SOLIDÁRIA pelas contribuições previdenciárias não recolhidas pelos empreiteiros/subempreiteiros de construção civil e cedentes de mão de obra, no período 05/1995 a 01/1999, bem como das contribuições devidas em virtude da obrigatoriedade de retenção do percentual de 11% (onze por cento) dos valores da mão de obra contida nas notas fiscais de serviços emitidas pelas subempreiteiras de construção civil e pelas prestadoras de serviços executados mediante cessão de mão de obra, no período de fevereiro a dezembro de 1999. Fazse necessário retroceder nos fatos e informar que a apreciação do recurso, efetuada pela 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, culminou na decisão de anulação de todo o crédito constituído, ao argumento de que a autoridade fiscal deixou de informar, no anexo de “Fundamentos Legais do Débito” a fundamentação legal de validade para a execução do lançamento por arbitramento, ou seja, o § 3º do art. 33 da Lei n° 8.212/91, bem como o art. 31 que conferiu a qualidade de substituto solidário ao tomador de serviços prestados mediante cessão de mão obra (Acórdão n° 04/1310/2005). Fl. 196DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Ato contínuo o INSS protocola Pedido de Revisão e em 28/11/2006, nova decisão foi proferida pela 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, no sentido de não conhecer do recurso de pedido de revisão apresentado, conforme Acórdão n° 04/2064/2006. Desta feita, a 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, ao ser instada a prestar esclarecimentos sobre o Acordão acima proferido (n° 04/206 4/2006), profere o DESPACHO N° 2400050/2009, de 02 de abril de 2009, onde consta que manteve as decisões proferidas nos dois Acórdãos supramencionados, indeferindo o pedido de uniformização de jurisprudência requerido pelo INSS e determinando à Secretaria daquela 4ª Câmara, que encaminhasse o referido processo à unidade da SRFB encarregada da execução da decisão, a fim de que cientificasse a interessada do inteiro teor deste despacho e adotasse as demais providências cabíveis. É nesse momento que a Recorrente, conforme data registrada no Aviso de Recebimento – AR (fls. 87), é regularmente cientificada do DESPACHO N° 2400 050/2009 da 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, do qual, juntamente com a intimação de ciência, recebeu uma cópia, em 01/03/2010. Assim, em 01/03/2010 se torna definitiva a decisão anulatória do lançamento em referência, momento à partir do qual, em face ao que dispõe o art. 42 do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972, e em conformidade com a disposição constante no art. 173, inciso II, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 CTN, se inicia o prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, já que esse direito se extingue após 5 (cinco) anos, contados dessa data, em que se tornou definitiva a decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Foi a partir da ciência desse fato que a Secretaria da Receita Federal do Brasil pôde legitimamente se movimentar e verificar que persistiu a exigibilidade da obrigação tributária constante no lançamento anulado, razão pela qual promoveu a reconstituição dos créditos, até porque se adotasse esse procedimento antes da ciência do Contribuinte da decisão oriunda da 4ª CAJ/CRPS, novamente incorreria em nulidade. Nessa reconstituição, o levantamento correspondente à “RS – Responsabilidade Solidária” foi desmembrado por prestador de serviço ou cedente de mão de mão de obra, para atribuição da responsabilidade tributária de forma individualizada, sendo que os créditos relacionados com o Levantamento “RET – Retenção de 11 em Nota Fiscal” foram incluídos em um único processo com COMPROT específico, conforme minudencioso Relatório Fiscal (Fls. 17/29). Desta feita, como informado acima, o lançamento anterior (o que foi anulado) foi desmembrado, para atribuição da responsabilidade tributária de forma individualizada, por prestador de serviço (cedente de mão de obra), bem como para a cobrança individualizada dos créditos relacionados à retenção de 11%, logo, o valor exigido neste processo não será o mesmo do anterior, entretanto esse fato não é capaz, per si, de caracterizar um “novo lançamento” como pretende o Recorrente. Ainda devese ressaltar que todas as análises de mérito feitas pelo Serviço de Análise de Defesas e Recursos da Gerência Executiva de Belo Horizonte, quanto a contratos celebrados com prestadores de serviços, notas fiscais faturas, guias de recolhimentos apresentadas, bem como todas as alegações de recursos interpostos pela empresa, consolidadas na “REFORMA DE DECISÃONOTIFICAÇÃO Nº 11.401.4/0885/2003, de 20/10/2003”, Fl. 197DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10680.721907/201119 Acórdão n.º 2302003.674 S2C3T2 Fl. 6 9 foram levadas em conta na definição das bases de cálculo consideradas neste processo administrativo. Ou seja, não há nada que tenha sido incluído lá que não esteja contemplado neste procedimento fiscal; e neste procedimento fiscal não foi acrescentado nada que já não estivesse contemplado naquele feito. Por fim, em solução de continuidade pelo saneamento do presente feito, no que se refere a omissão dos dispositivos legais, apontada pela 4ª CAJ/CRPS, motivando a anulação dos créditos tributários incluídos na NFLD DEBECAD n° 35.138.5576, é importante esclarecer que este vício foi prontamente sanado, conforme se verifica do anexo “Fundamentos Legais do Débito – FLD”, que é parte integrante do Relatório Fiscal (Fls. 17/29). Logo absolutamente improcedentes as alegações do Recorrente de que operouse a decadência tendo em vista se tratar de um novo lançamento e diverso do integrante da NFLD anulada e com outro fundamento legal para a autuação. O que se observa é que todos os lançamentos realizados nesta ação fiscal, em substituição à que foi anulada, mesmo que formalizados em processos individualizados, referemse aos mesmos fatos geradores e contribuições lançadas na NFLD nº 35.138.5576. Nessa perspectiva, o presente lançamento observou o prazo decadencial estabelecido no Código Tributário Nacional em seu artigo 173, inciso II, apesar das contribuições lançadas se referirem a fato gerador ocorrido na competência 01/1999. Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: [...] II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Em reforço a esse entendimento, ensina o inciso II do artigo 42 do Decreto nº 70.235/1972 que as decisões de segunda instância administrativa tornamse definitivas quando não caiba mais recurso ou, se cabível, quando decorrido o prazo sem sua interposição. Cumpre focalizar que em face da decisão da 4ª Câmara de Julgamento CAJ do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS que considerou nula a NFLD nº 35.138.5576 (Acórdão n° 04/1310/2005), cabia, à época, “Pedido de revisão de Acórdão” e “Pedido de uniformização de jurisprudência”, com base, respectivamente, nos artigos 60 e 63 do Regimento Interno do CRPS, aprovado pela Portaria MPS/GM nº 88/2004. E tais recursos foram tempestivamente interpostos. No caso vertente, a comentada decisão de nulidade somente se tornou definitiva e veio a produzir efeitos com o Despacho nº 2400050/2009 da 4ª CAJ do CRPS, de 2/4/2009, que, após o não conhecimento do recurso de revisão (Acórdão nº 04/2064/2006 da 4ª CAJ, de 28/11/2006) indeferiu o pedido de uniformização de jurisprudência. Conforme data registrada no Aviso de Recebimento – AR, a empresa foi cientificada de tal decisão em 1/3/2010. Assim delimitadas as nuances do caso concreto, como o presente lançamento ocorreu em 20/4/2011 (data na qual o contribuinte teve ciência do AI), ou seja, dentro do prazo Fl. 198DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 de cinco anos contados da data em que se tornou definitiva a decisão que anulou a NFLD n° 35.138.5576, também não há que se falar em decadência, como pretende o Recorrente, arguindo a tese de que o prazo de decadência, de 5 (cinco) anos, começar a fluir a partir da decisão administrativa ou judicial que houver anulado o lançamento primitivo. Por tais razões, rejeito a preliminar de decadência e passo diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Inicialmente cumpre consignar que os fatos e/ou as matérias que não foram contestados expressamente, tanto em sede de Impugnação como em fase de Recurso Voluntário, são considerados verdadeiros, restando preclusa eventual arguição em sede de sustentação oral, nos termos da legislação que rege a matéria, razão pela qual não serão objeto de apreciação por este Colegiado. Impendese ainda ratificar que qualquer questão de fato ou de direito, estranhas ao presente lançamento, ou não oferecidas à apreciação perante o Órgão Julgador de 1ª Instância, não serão objeto de apreciação por esta Corte de Julgamento Administrativa, em face ao que dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Para melhor contextualizar o caso sub examine fazse necessário observar a natureza jurídica da Recorrente, tanto à época da atuação fiscal sociedade de economia mista à época dos fatos que originaram o lançamento como atualmente entidade da Administração Indireta do Governo do Estado de Minas Gerais . Dessa forma resta claro que essa está sujeita a regime jurídico especial e normas de controle e licitação específicas. Senão vejamos, dispõe o art. 71, §1º da Lei nº 8.666/93 que a Administração Pública só responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212/91, ou seja, quando a execução do contrato ocorrer mediante cessão de mãodeobra: "Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. § 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 2o A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)" Sendo a Lei nº 8.666/93 específica, pelo Princípio da Especialidade, sobrepõese à Lei nº 8.212/91. Desse modo, o sujeito passivo integrante do quadro da administração pública indireta não pode ser responsabilizado solidariamente pelas Fl. 199DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10680.721907/201119 Acórdão n.º 2302003.674 S2C3T2 Fl. 7 11 contribuições previdenciárias a cargo da empresa prestadora de serviço tal como previsto no art. 30, inciso VI da Lei nº 8.212/91. Nessa mesma esteira de entendimento destacase o Parecer AC nº 55/2006 da AGU, com aprovação Presidencial, o qual isentou a Administração Pública de responder solidariamente por créditos previdenciários devidos por empresas contratadas para prestação de serviços de construção civil prevista no art. 30, inciso VI da Lei 8.212/91, assim transcrito: "PREVIDENCIÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONTRATOS. OBRAS PÚBLICAS. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E RETENÇÃO. DEFINIÇÃO. I Desde a Lei nº 5.890/73, até a edição do DecretoLei nº 2.300/86, a Administração Pública respondia pelas contribuições previdenciárias solidariamente com o construtor contratado para a execução de obras de construção, reforma ou acréscimo de imóvel, qualquer que fosse a forma da contratação. II Da edição do DecretoLei nº 2.300/86, até a vigência da Lei nº 9.032/95, a Administração Pública não respondia, nem solidariamente, pelos encargos previdenciários devidos pelo contratado, em qualquer hipótese. Precedentes do STJ. III A partir da Lei nº 9.032/95, até 31.01.1999 (Lei nº 9.711/98, art. 29), a Administração Pública passou a responder pelas contribuições previdenciárias solidariamente com o cedente de mãodeobra contratado para a execução de serviços de construção civil executados mediante cessão de mãodeobra, nos termos do artigo 31 da Lei nº 8.212/91 (Lei nº 8.666/93, art. 71, § 2º), não sendo responsável, porém, nos casos dos contratos referidos no artigo 30, VI da Lei nº 8.212/91 (contratação de construção, reforma ou acréscimo). IV Atualmente, a Administração Pública não responde, nem solidariamente, pelas obrigações para com a Seguridade Social devidas pelo construtor ou subempreiteira contratados para a realização de obras de construção, reforma ou acréscimo, qualquer que seja a forma de contratação, desde que não envolvam a cessão de mãodeobra, ou seja, desde que a empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente (Lei nº 8.212/91, art. 30, VI e Decreto nº 3.048/99, art. 220, § 1º c/c Lei nº 8.666/93, art. 71). V Desde 1º.02.1999 (Lei nº 9.711/98, art. 29), a Administração Pública contratante de serviços de construção civil executados mediante cessão de mãodeobra deve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa contratada, cedente da mãodeobra (Lei nº 8.212/91, art. 31)" Fl. 200DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 Com efeito, ciente que nos termos do art. 40, §1º da Lei Complementar nº 73/93 os pareceres do Advogado Geral submetidos à aprovação pelo Presidente da República vincula a Administração Federal, outra direção não se deve seguir senão reconhecer a improcedência da obrigação imposta à CODEMIG neste lançamento. "Art. 40. Os pareceres do AdvogadoGeral da União são por este submetidos à aprovação do Presidente da República. § 1º O parecer aprovado e publicado juntamente com o despacho presidencial vincula a Administração Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento." É bom ressaltar que esta matéria também já foi objeto de julgamento na 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária desse E. Conselho, de relatoria da Ilustre Conselheira Carolina Landim, no Acórdão 2401003.202, de 17.09.2013, que assim ementou: "ÓRGÃO PÚBLICO. CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O artigo 71, §2º da Lei 8.666/93 estabelece que a responsabilidade solidária da Administração Pública é restrita à cessão de mão de obra prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91." Dessa forma, e pelos fatos e fundamentos acima elencados, reputase inválido o lançamento lavrado em face da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais CODEMIG. Noutro giro, é importante destacar que face à caracterização da solidariedade atribuída pela Autoridade Fiscal, foi lavrado o Termo de Sujeição Passiva Solidária – (Fls. 89/90), por intermédio do qual a PRCI CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES LTDA foi cientificada da presente exigência tributária, na data de 16/06/2011, conforme se verifica da publicação do Edital DRF/BHE/SEFIS nº 040/2011, na data de 27/05/2011 (Fls. 95), entretanto a responsável solidária quedouse inerte, não apresentando qualquer manifestação, ocorrendo assim a preclusão consumativa da matéria de fato e de direito ora discutida, e, por conseguinte, impossibilitando a análise e julgamento sobre a questão em relação à referida empresa. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, excluindo todo o crédito previdenciário em relação à CODEMIG ante a força vinculante do Parecer AGU 55/2006, aprovado pelo Presidente da República, mantendo a cobrança somente em relação à empresa PRCI CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES LTDA. Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI
score : 1.0
Numero do processo: 13808.006347/2001-10
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Apr 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1996
CSLL - ALÍQUOTA. MAJORAÇÃO. VIGÊNCIA. PRAZO NONAGESIMAL. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 10/96. INCONSTITUCIONALIDADE. A Emenda Constitucional nº 10/96, especialmente quanto ao inciso III do art. 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - objeto de questionamento - é um novo texto que veicula nova norma, e não mera prorrogação da emenda anterior. Necessidade de observância do princípio da anterioridade nonagesimal contido no art. 195, § 6º, da Constituição Federal. Repercussão geral reconhecida pelo STF. RE 587.008/SP, Ministro Dias Toffoli. 02/02/2011 - Plenário.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9101-002.012
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade dos votos, recurso negado provimento.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Valmar Fonsêca de Menezes Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO. VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado) e OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento).
Nome do relator: VALMAR FONSECA DE MENEZES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 1996 CSLL - ALÍQUOTA. MAJORAÇÃO. VIGÊNCIA. PRAZO NONAGESIMAL. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 10/96. INCONSTITUCIONALIDADE. A Emenda Constitucional nº 10/96, especialmente quanto ao inciso III do art. 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - objeto de questionamento - é um novo texto que veicula nova norma, e não mera prorrogação da emenda anterior. Necessidade de observância do princípio da anterioridade nonagesimal contido no art. 195, § 6º, da Constituição Federal. Repercussão geral reconhecida pelo STF. RE 587.008/SP, Ministro Dias Toffoli. 02/02/2011 - Plenário. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 22 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13808.006347/2001-10
anomes_publicacao_s : 201504
conteudo_id_s : 5472807
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 9101-002.012
nome_arquivo_s : Decisao_13808006347200110.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : VALMAR FONSECA DE MENEZES
nome_arquivo_pdf_s : 13808006347200110_5472807.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade dos votos, recurso negado provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO. VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado) e OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento).
dt_sessao_tdt : Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
id : 5958841
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887456239616
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1952; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 12 1 11 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13808.006347/200110 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.012 – 1ª Turma Sessão de 8 de outubro de 2014 Matéria CSLL Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SEGURATEC CORRETORA DE SEGUROS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1996 CSLL ALÍQUOTA. MAJORAÇÃO. VIGÊNCIA. PRAZO NONAGESIMAL. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 10/96. INCONSTITUCIONALIDADE. A Emenda Constitucional nº 10/96, especialmente quanto ao inciso III do art. 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias objeto de questionamento é um novo texto que veicula nova norma, e não mera prorrogação da emenda anterior. Necessidade de observância do princípio da anterioridade nonagesimal contido no art. 195, § 6º, da Constituição Federal. Repercussão geral reconhecida pelo STF. RE 587.008/SP, Ministro Dias Toffoli. 02/02/2011 Plenário. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade dos votos, recurso negado provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO. VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 63 47 /2 00 1- 10 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO 2 (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado) e OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento). Relatório A FAZENDA NACIONAL, inconformada com o decidido no acórdão n° 120200.104, de 18/06/2009, às fl. 100/106, interpôs recurso especial de divergência à Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), às fl. 110/122, com fulcro nos artigo 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno da CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, assim ementado, na parte que interessa ao presente julgamento: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Anocalendário: 1996 Ementa: CSLL — PRAZO NONAGESIMAL – EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 10/96 – Uma vez alterado o art. 72 do ADCT, para majorar a alíquota da CSLL e, especialmente, ampliar o aspecto temporal da incidência, verificandose a alteração material do aspecto quantitativo da mesma, na aplicação da nova alíquota é de se observar a determinação de observância do prazo nonagesimal, conforme o art. 195, § 6º da Constituição Federal, em face ao período abrangido pela alteração constitucional promovida pela citada emenda. Recurso voluntário provido. A recorrente apresentou como paradigma o Acórdão nº 10513.111, assim ementado: EX 1992 – IRPJ – IPC/BTNF – INCONSTITUCIONALIDADE DE ATOS NORMATIVOS – Falece competência ao Conselho para declaração originária de inconstitucionalidade de atos normativos, ante o princípio do plenário, prerrogativa esta outorgada pela Constituição Federal ao Poder Judiciário, eis que, em matéria de direito administrativo, presumemse constitucionais todas as normas emanadas dos Poderes Legislativo e Executivo. Em sede administrativa somente é dado a apreciação de inconstitucionalidade ou ilegalidade após a consagração do STF (art. 97, 102, III “a” e “b” da CF). (destaques acrescidos pela recorrente) A seguir, assevera a recorrente que os Conselhos de Contribuintes somente podem declarar a lei inconstitucional após decisão do STF. No caso, não há notícia de decisão do STF que tenha declarado a suposta inconstitucionalidade da Emenda nº 10/96. (negritei) O Presidente da Câmara recorrida considerou caracterizado o dissenso jurisprudencial, dando seguimento ao RE mediante Despacho nº 120000.238/2010, de 18/10/2010 (fls. 113/114). Não consta dos autos que o recorrido tenha apresentado contrarrazões. É o relatório. Voto Fl. 158DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO 3 Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes, Relator Tratase de recurso especial de divergência interposto pelo Procurador da Fazenda Nacional, obtendo seguimento mediante Despacho nº 120000.238/2010, de 18/10/2010 (fls. 113/114), considerando caracterizado o dissídio jurisprudencial, merecendo ser conhecido. Conforme relatado, a questão posta à nossa apreciação diz respeito à aplicabilidade da majoração da alíquota da CSLL, promovida através da Emenda Constitucional nº 10/96, sem a observância do prazo nonagesimal para o início da sua vigência. Entende a recorrente que o acórdão combatido deve ser reformado, porquanto decidiu matéria constitucional privativa do Poder Judiciário, já que, No caso, não há notícia de decisão do STF que tenha declarado a suposta inconstitucionalidade da Emenda nº 10/96. A decisão recorrida, datada de 12/07/2010 (fls.110), considerou que, em obediência ao princípio da anterioridade nonagesimal aplicáveis às contribuições sociais, referida majoração da alíquota da CSLL devida pelas entidades financeiras, somente poderia ser aplicada a partir do mês de junho de 1996, e não a partir do dia 1º de janeiro de 1996, muito embora a EC nº 10/96 estabeleça expressamente que o dia 1º de janeiro de 1996 seria o prazo inicial da sua vigência. Entretanto, em sessão plenária realizada no dia 02/02/2011, portanto em data posterior à interposição do recurso fazendário em exame, sobreveio decisão do Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do Recurso Extraordinário 587.008/SP, interposto pelo ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, sendo relator o Exmo. Sr. Ministro Dias Toffoli, ao qual, por unanimidade de votos, foi negado provimento, cuja ementa transcrevo a seguir: EMENTA Fl. 159DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO 4 Extraise do relatório da decisão Suprema que: Quando da análise da repercussão geral, este Tribunal reconheceu a existência de relevância econômica, política, social e jurídica da causa, que transcende os interesses das partes. Sendo assim, à vista dessa decisão do STF, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Fl. 160DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO
score : 1.0
Numero do processo: 13962.000594/2002-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
CRÉDITO PRESUMIDO. PRESCRIÇÃO.
O termo inicial do prazo de prescrição para solicitação de crédito presumido do IPI, em espécie, como ressarcimento do PIS/PASEP e COFINS, para os anos-calendários de 1995 e 1996 era a data de encerramento do balanço anual. A partir do período de apuração janeiro de 1997, passou a ser a data do encerramento do trimestre-calendário em que ocorrer saldo remanescente passível de ser ressarcido.
RECURSO VOLUNTÁRIO IMPROVIDO
Numero da decisão: 3101-001.833
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES
Presidente
VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
Relatora
Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Rodrigo.
Nome do relator: VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO. PRESCRIÇÃO. O termo inicial do prazo de prescrição para solicitação de crédito presumido do IPI, em espécie, como ressarcimento do PIS/PASEP e COFINS, para os anos-calendários de 1995 e 1996 era a data de encerramento do balanço anual. A partir do período de apuração janeiro de 1997, passou a ser a data do encerramento do trimestre-calendário em que ocorrer saldo remanescente passível de ser ressarcido. RECURSO VOLUNTÁRIO IMPROVIDO
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 13 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13962.000594/2002-01
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473503
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3101-001.833
nome_arquivo_s : Decisao_13962000594200201.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 13962000594200201_5473503.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Rodrigo.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
id : 5959537
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887458336768
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1736; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T1 Fl. 31 1 30 S3C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13962.000594/200201 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3101001.833 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de março de 2015 Matéria IPI COMPENSAÇÃO DECADÊNCIA Recorrente BUETTNER S/A IND. COM. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO. PRESCRIÇÃO. O termo inicial do prazo de prescrição para solicitação de crédito presumido do IPI, em espécie, como ressarcimento do PIS/PASEP e COFINS, para os anoscalendários de 1995 e 1996 era a data de encerramento do balanço anual. A partir do período de apuração janeiro de 1997, passou a ser a data do encerramento do trimestrecalendário em que ocorrer saldo remanescente passível de ser ressarcido. RECURSO VOLUNTÁRIO IMPROVIDO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Rodrigo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 96 2. 00 05 94 /2 00 2- 01 Fl. 637DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 13962.000594/200201 Acórdão n.º 3101001.833 S3C1T1 Fl. 32 2 O presente processo está muito bem relatado em fls. 591 a 594 dos autos emanados da decisão da DRJ/BEL, por meio do voto do relator Nelson Kautau Guerreiro Silva, que poderá ser lido em sessão se necessário. A decisão recorrida emanada do Acórdão nº 01.26.460 de fls. 590 traz a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/ 01/2002 a 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO. PRESCRIÇÃO. O termo inicial do prazo de prescrição para solicitação de crédito presumido do IPI, em espécie, como ressarcimento do PIS/PASEP e COFINS, para os anoscalendários de 1995 e 1996 era a data de encerramento do balanço anual. A partir do período de apuração janeiro de 1997, passou a ser a data do encerramento do trimestrecalendário em que ocorrer saldo remanescente passível de ser ressarcido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho – CARF onde alega em síntese o seguinte: I – Fatos; II – Do acordão DRJ/BEL nº 0126.460 de 11/06/2013; III – Instrução Normativa Posterior a Apuração do Crédito Presumido do IPI do 1º Trimestre de 2002; a) a exigência de que o crédito somente será ressarcido/restituído caso o Contribuinte tenha formalizado Pedido de Ressarcimento/Restituição teve seu marco inicial através da IN SRF 460, de 18/10/2004; IV – Inocorrência de Prescrição na alteração do pedido de ressarcimento do crédito presumido do IPI do 1º Trimestre de 2002: a) não concorda com a interpretação dada ao art. 1º do Decreto nº 20.910, de 06/01/32 que se contrapõe a Portaria do MF nº 38/97 que dispõe sobre o cálculo e utilização do crédito presumido do IPI e da Solução de Consulta nº 149, de 24 de agosto de 2001 pronunciada pela Superintendência Regional da Receita Federal da 6º Região Fiscal; b) não seria plausível declarar prescrito o direito aos créditos ressarcidos apenas por têlos pedido de forma autônoma. V – Pedido – a) Requer seja julgado procedente o seu recurso para reformar o acordão recorrido, anulando a decisão, determinando o retorno dos autos para análise do mérito, da alteração do Pedido de ressarcimento do Crédito Presumido do IPI do 1º trimestre de 2002 de R$ 571.345,50 para R$1.152.747,36; e b) Requer que intimações e atos recaiam na pessoa do subscritor do Recurso Voluntário, evitando prejuízos ao contribuinte. É o relatório. Fl. 638DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 13962.000594/200201 Acórdão n.º 3101001.833 S3C1T1 Fl. 33 3 Voto Conselheira Relatora Valdete Aparecida Marinheiro, O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento, por conter todos os requisitos de admissibilidade. A Recorrente apresentou, em 11.10.2002, a Declaração de compensação de fls.02 e 461, através da qual procurava efetuar a extinção dos seus débitos lá relacionados com a utilização de créditos de IPI do primeiro trimestre de 2002, no valor total de R$ 571.345,50. Através do parecer de fl. 529, a DRF Blumenau/SC reconheceu, em 30.07.2008, a homologação tácita da compensação efetuada, nos termos do § 5º da Lei nº 9.430, de 1996, arquivando o processo. Ou seja, por imposição legal os créditos foram reconhecidos no valor necessário para a quitação dos débitos. Ocorre que em 03.09.2008 a empresa solicitou manifestação da Unidade (fls. 556/557) acerca de pedido feito anteriormente, em 21.10.2007 (fls. 479/480), para que fosse alterado o pedido de ressarcimento original, aumentando o valor a ser ressarcido para R$ 1.152.747,36, conforme fl. 497 e anexos (fls. 499/528). No voto condutor da decisão recorrida, encontramos a afirmação de que: “Dessa forma, independentemente do tratamento dado ao pedido inicial, cuja compensação foi objeto de homologação tácita, o valor excedente do crédito do imposto foi requerido quando já estava prescrito o direito da contribuinte, estando correta a decisão da Unidade de origem”. Aqui, também, por prejudicial ao mérito, deve ser enfrentada, primeiramente, a prescrição do direito ao ressarcimento pretendido. Nessa questão, concordo com a decisão recorrida, O teor do art. 1º do citado Decreto nº 20.910/1932, assim dispõe: “Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originara.” O período de apuração apontado referese ao primeiro trimestre de 2002 cujo prazo prescricional, em regra, tem a contagem inicial em 30/04/2002 e a final em 30/04/2007. In casu, o ressarcimento pretendido referese a aquisições efetuadas no primeiro trimestre de 2002. A Portaria MF nº 038, de 27/02/1997, dispôs no art. 4º, § 3º, que “No caso de impossibilidade de utilização do crédito presumido na forma do caput ou do § lº, o contribuinte Fl. 639DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 13962.000594/200201 Acórdão n.º 3101001.833 S3C1T1 Fl. 34 4 poderá solicitar, à Secretaria da Receita Federal, o seu ressarcimento em moeda corrente.” E no parágrafo seguinte, a forma de apresentar o pedido de ressarcimento: “§ 4º O pedido de ressarcimento será apresentado por trimestrecalendário, em formulário próprio, estabelecido pela Secretaria da Receita Federal.” A obrigação acessória relativa ao ressarcimento em moeda corrente está prevista no art. 6º da mesma Portaria: “Art. 6º A empresa produtora e exportadora beneficiada com o crédito presumido deverá apresentar ao órgão da Secretaria da Receita Federal de seu domicílio fiscal, até o último dia útil dos meses de abril, julho, outubro e janeiro, demonstrativo referente à fruição do benefício nos trimestres encerrados, respectivamente, nos meses de março, junho, setembro e dezembro, imediatamente anteriores. O pedido, apresentado em 21/10/2007, referente ao primeiro trimestre de 2002, por via de consequência, encontrase integralmente prescrito, mirando o art. 1º do Decreto nº 20.910/32, ao dispor que: “As dívidas passivas da União (...) prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originara.” Também, entendo que a dívida da União decorrente do direito de gozo de benefício fiscal estabelecido em lei pode ser exercida nos prazos delimitados pelas normas constantes do ordenamento jurídico e a ele inerentes. Tratase de direito de agir, ou seja, de exigir uma prestação, representada pelo crédito presumido do IPI, primeiro pela observância de obrigação acessória estabelecida na legislação do IPI, referente à escrituração do Livro de Apuração do IPI, modelo 8, inerente à própria essência do tributo, compensando o crédito presumido com os débitos porventura escriturados e, no excesso, acionar o órgão competente, no caso a Receita Federal, para cumprir o desiderato legal de ressarcilo. Ou ainda, no caso de impossibilidade de execução do procedimento antes mencionado, requer o ressarcimento do benefício em moeda corrente. Portanto, entendo estar a norma do art. 1º do Decreto nº 20.910/32 reportandose, corretamente, ao instituto da prescrição. Assim, o fato é que não existe mais para a Recorrente o direito de pleitear tais valores junto ao Tesouro Nacional, por tratarse de apuração de valores relativos ao primeiro trimestre de 2002, cuja reivindicação somente foi efetuada em 21/10/2007, conforme consta dos autos. Isto posto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto Relatora – VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Fl. 640DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 13962.000594/200201 Acórdão n.º 3101001.833 S3C1T1 Fl. 35 5 Fl. 641DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001303/2005-10
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu May 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2003
DEPÓSITO JUDICIAL DA NÃO INTEGRALIDADE DO CRÉDITO. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR DEPOSITADO. MATÉRIA SUMULADA. SÚMULA CARF N º 5.
Súmula CARF nº 05: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.
Nos casos em que há depósito parcial, deverá incidir juros de mora apenas sobre o valor não depositado.
Numero da decisão: 9101-002.136
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o recurso e negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rego e Henrique Pinheiro Torres.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente.
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR - RELATOR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, ADRIANA GOMES REGO, KAREM JUREIDINI DIAS, LEONARDO DE ANDRADE COUTO (Conselheiro Convocado), ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente) e Henrique Pinheiro Torres (Presidente substituto).
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2003 DEPÓSITO JUDICIAL DA NÃO INTEGRALIDADE DO CRÉDITO. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR DEPOSITADO. MATÉRIA SUMULADA. SÚMULA CARF N º 5. Súmula CARF nº 05: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Nos casos em que há depósito parcial, deverá incidir juros de mora apenas sobre o valor não depositado.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu May 14 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16327.001303/2005-10
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473616
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 9101-002.136
nome_arquivo_s : Decisao_16327001303200510.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 16327001303200510_5473616.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o recurso e negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rego e Henrique Pinheiro Torres. HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente. JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR - RELATOR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, ADRIANA GOMES REGO, KAREM JUREIDINI DIAS, LEONARDO DE ANDRADE COUTO (Conselheiro Convocado), ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente) e Henrique Pinheiro Torres (Presidente substituto).
dt_sessao_tdt : Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
id : 5959650
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887460433920
conteudo_txt : Metadados => date: 2015-03-09T20:08:22Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2015-03-09T20:08:22Z; Last-Modified: 2015-03-09T20:08:22Z; dcterms:modified: 2015-03-09T20:08:22Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:a9b558d6-ff39-4946-8760-53d313ebbf89; Last-Save-Date: 2015-03-09T20:08:22Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-03-09T20:08:22Z; meta:save-date: 2015-03-09T20:08:22Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-03-09T20:08:22Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2015-03-09T20:08:22Z; created: 2015-03-09T20:08:22Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2015-03-09T20:08:22Z; pdf:charsPerPage: 1688; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2015-03-09T20:08:22Z | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 1.099 1 1.098 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.001303/200510 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.136 – 1ª Turma Sessão de 26 de fevereiro de 2015 Matéria IRPJ Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado METRO TECNOLOGIA INFORMÁTICA LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2003 DEPÓSITO JUDICIAL DA NÃO INTEGRALIDADE DO CRÉDITO. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR DEPOSITADO. MATÉRIA SUMULADA. SÚMULA CARF N º 5. Súmula CARF nº 05: “São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.” Nos casos em que há depósito parcial, deverá incidir juros de mora apenas sobre o valor não depositado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o recurso e negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rego e Henrique Pinheiro Torres. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente. JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR RELATOR Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 13 03 /2 00 5- 10 Fl. 1099DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/0 5/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, ADRIANA GOMES REGO, KAREM JUREIDINI DIAS, LEONARDO DE ANDRADE COUTO (Conselheiro Convocado), ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (VicePresidente) e Henrique Pinheiro Torres (Presidente substituto). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela FAZENDA NACIONAL, com fundamento no artigo 67 do Regimento Interno do E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. O presente processo administrativo é decorrente de Auto de Infração lavrado contra a empresa METRO TECNOLOGIA INFORMÁTICA LTDA. para a constituição de crédito relativo ao IRPJ e à CSLL, referente ao anocalendário de 2002. Insurgiuse a recorrente contra o acórdão nº 10517.382, proferido pelos membros da Quinta Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, na parte em que cancelou a parcela de juros de mora incidente sobre o montante do crédito tributário depositado judicialmente. O acórdão, na parte recorrida, foi assim ementado: “DEPÓSITO JUDICIAL JUROS DE MORA Comprovado que o depósito judicial promovido pelo contribuinte não alcança a integralidade do crédito tributário constituído, a exoneração dos juros de mora lançado deve ser feita proporcionalmente ao montante do crédito tributário objeto do referido depósito.” Ciente formalmente do referido acórdão, a Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração sob o fundamento de que houve omissão no voto condutor do acórdão recorrido, pois não houve manifestação acerca do disposto na Súmula nº 5 do CARF. Foi negado provimento aos Embargos e sobreveio o acórdão assim ementado: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RATIFICAÇÃO DA DECISÃO. Conhecidos os Embargos, vez que atendidos os requisitos de sua admissibilidade, há de se manter a decisão antes exarada se a apreciação da obscuridade apontada não conduz à conclusão diferente da expendida no voto condutor guerreado.” A Fazenda Nacional, nas razões recursais, argumentou que, nos casos em que não há depósito integral do débito, não há suspensão da exigibilidade do crédito, razão pela qual deve ser aplicada a multa e os juros sobre o valor total do crédito tributário. Afirmou que a decisão recorrida deu à lei tributária interpretação divergente da que lhe foi dada por outra Câmara deste Conselho e trouxe como paradigma o acórdão CSRF/0105.148, assim ementado: Fl. 1100DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/0 5/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR Processo nº 16327.001303/200510 Acórdão n.º 9101002.136 CSRFT1 Fl. 1.100 3 “SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – DEPÓSITO JUDICIAL INSUFICIENTE – MULTA E JUROS – O depósito parcial do crédito tributário não suspende a exigibilidade do crédito tributário e enseja a exigência de multa punitiva e juros de mora por meio de lançamento de ofício da Fazenda Pública.” Em sede de exame de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. O contribuinte apresentou contrarrazões, alegando, em síntese, que (i) o depósito judicial realizado é mais do que suficiente para fazer frente às exigências de IRPJ e de CSLL constantes no presente processo administrativo, após serem expurgadas as ilegalidades cometidas pela autuação e (ii) ainda que o depósito fosse parcial, a exigência dos juros de mora deveria ser proporcional ao valor supostamente não depositado. Por fim, pugnou pela manutenção do acórdão recorrido. O contribuinte apresentou, ainda, petição informando que transitou em julgado o decidido no mandado de segurança nº 2003.61.00.0032647 (ao qual o presente processo está vinculado) no sentido de afastar a exigência dos créditos tributários de IRPJ e CSLL sobre os lucros auferidos no exterior no período de 1996 a 2001 e sobre a variação cambial do investimento em 2002, Desse modo, requereu o cancelamento dos créditos de IRPJ e CSLL, com a consequente baixa do presente processo administrativo. É o relatório. Voto Conselheiro JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR RELATOR O cerne da questão cingese à definição da possibilidade ou não de incidência dos juros de mora sobre o montante do crédito tributário depositado judicialmente. A matéria em debate foi sumulada (Súmula CARF nº 5) e aprovada pelo Pleno na sessão realizada em 08/12/2009, ou seja, em data posterior à interposição do Recurso Especial, razão pela qual dele tomo conhecimento. A súmula nº 5 do CARF assim dispõe: “São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.” Fl. 1101DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/0 5/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR 4 De acordo com o disposto na súmula transcrita são devidos juros de mora sobre o valor não pago no vencimento, ainda que suspensa a exigibilidade do crédito, que ocorre nos seguintes casos, conforme artigo 151 do CTN, salvo na hipótese do inciso II: “Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) VI o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)” No entanto, apesar de constar no artigo transcrito que o depósito do montante integral do crédito é causa de suspensão do crédito tributário, tal hipótese é excluída na súmula CARF nº 5, ou seja, quando houver depósito integral do crédito não serão devidos juros de mora. Cumpre, nesse ponto, analisar o alcance do termo “integralidade do depósito”, ou seja, se a incidência dos juros, quando não depositado integralmente o crédito tributário, alcança apenas o valor não depositado ou a integralidade do crédito. Ora, se admitirmos a incidência de juros sobre o valor total do crédito, admitiríamos, por consequência: (i) a cobrança de juros de mora sobre valor que já está em posse da União, bem com (ii) a incidência de juros mora sobre valor que já está sendo remunerado por estar depositado. Assim, a partir da análise do que dispõe a súmula, a conclusão mais razoável é de que deverá incidir juros de mora apenas sobre o valor não depositado. É esta a inteligência da súmula. Nesse passo, se faz importante observar o que prevê o artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria de número 256, de 22 de junho de 2009: “Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF: (...) § 2° Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de Fl. 1102DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/0 5/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR Processo nº 16327.001303/200510 Acórdão n.º 9101002.136 CSRFT1 Fl. 1.101 5 jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF, ou que, na apreciação de matéria preliminar, decida pela anulação da decisão de primeira instância. (...)” Do exposto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional para negar lhe provimento e manter o acórdão recorrido para que seja cancelada a parcela de juros de mora incidente sobre o montante do crédito tributário depositado judicialmente. É como voto. JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR RELATOR Fl. 1103DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/0 5/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721244/2012-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2008 a 30/11/2008
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - AUTO DE INFRAÇÃO - ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 - NFLD CORRELATAS
A sorte de Autos de Infração relacionados a omissão em GFIP, está diretamente relacionado ao resultado dos AIOP lavradas sobre os mesmos fatos geradores.
INCONSTITUCIONALIDADE - ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.- CONTRIBUIÇÃO DE 2,5%
A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Tratando-se de valores pagos aos diretores estatutários, não há que se falar em exclusão da base de cálculo pela aplicação da lei 10.101/2000, posto que essa só é aplicável aos empregados.
Da mesma forma, inaplicável a regra do art. 158 da lei 6404/76, quando não se identifica que a distribuição decorreu do capital investido, mas tão somente da prestação de serviços.
AUTO DE INFRAÇÃO - OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 - OMISSÃO EM GFIP - PREVIDENCIÁRIO
A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto-de-infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária.
Inobservância do art. 32, IV, § 5º da Lei n ° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999.: informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97).
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO - POSSIBILIDADE LEGAL
Ao contrário do que entendeu o recorrente , a aplicação de juros sobre muito de ofício é aplicável na medida que esta faz parte do crédito apurado. O art. 161 do Código Tributário Nacional - CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o crédito a que se refere o caput do artigo.
Numero da decisão: 2401-003.810
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, I) pelo voto de qualidade: a) negar provimento ao recurso em relação ao pagamento de PLR aos administradores, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira que davam provimento. Acompanhou pela conclusões o conselheiro Carlos Henrique de Oliveira que apresentará declaração de voto. II) por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento de PLR dos empregados o primeiro pagamento de PLR de cada semestre, vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Viera (relatora) e Carlos Henrique de Oliveira que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. III) Pelo voto de qualidade: a) negar provimento ao recurso para o recálculo da multa de GFIP, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento parcial para aplicação da regra do art. 32-A da Lei nº 8.212/91; b) negar provimento para exclusão dos juros sobre multa de ofício, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira que excluíam.
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora e Presidente em Exercício
Kleber Ferreira de Araújo - Redator Designado
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201501
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/02/2008 a 30/11/2008 PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - AUTO DE INFRAÇÃO - ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 - NFLD CORRELATAS A sorte de Autos de Infração relacionados a omissão em GFIP, está diretamente relacionado ao resultado dos AIOP lavradas sobre os mesmos fatos geradores. INCONSTITUCIONALIDADE - ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.- CONTRIBUIÇÃO DE 2,5% A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte Tratando-se de valores pagos aos diretores estatutários, não há que se falar em exclusão da base de cálculo pela aplicação da lei 10.101/2000, posto que essa só é aplicável aos empregados. Da mesma forma, inaplicável a regra do art. 158 da lei 6404/76, quando não se identifica que a distribuição decorreu do capital investido, mas tão somente da prestação de serviços. AUTO DE INFRAÇÃO - OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 - OMISSÃO EM GFIP - PREVIDENCIÁRIO A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto-de-infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. Inobservância do art. 32, IV, § 5º da Lei n ° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999.: informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97). JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO - POSSIBILIDADE LEGAL Ao contrário do que entendeu o recorrente , a aplicação de juros sobre muito de ofício é aplicável na medida que esta faz parte do crédito apurado. O art. 161 do Código Tributário Nacional - CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o crédito a que se refere o caput do artigo.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 20 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16327.721244/2012-29
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473739
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2401-003.810
nome_arquivo_s : Decisao_16327721244201229.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 16327721244201229_5473739.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) pelo voto de qualidade: a) negar provimento ao recurso em relação ao pagamento de PLR aos administradores, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira que davam provimento. Acompanhou pela conclusões o conselheiro Carlos Henrique de Oliveira que apresentará declaração de voto. II) por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento de PLR dos empregados o primeiro pagamento de PLR de cada semestre, vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Viera (relatora) e Carlos Henrique de Oliveira que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. III) Pelo voto de qualidade: a) negar provimento ao recurso para o recálculo da multa de GFIP, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento parcial para aplicação da regra do art. 32-A da Lei nº 8.212/91; b) negar provimento para exclusão dos juros sobre multa de ofício, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira que excluíam. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora e Presidente em Exercício Kleber Ferreira de Araújo - Redator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
id : 5959773
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887495036928
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 39; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2501; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.721244/201229 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401003.810 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de janeiro de 2015 Matéria DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES, PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS Recorrente PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2008 a 30/11/2008 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL SEGURADOS EMPREGADOS PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PLR DESCUMPRIMENTO DA LEI INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO INOBSERVÂNCIA DA PERIODICIDADE SEMESTRAL Não prospera a argumentação de que pagamentos realizados em março/2008 referemse exercício anterior, qual seja 2007. Não importa se de planos distintos, ou de mesmo plano, a lei é enfática em proibir o pagamento em mais de duas vezes no mesmo ano. Assim, entendo acertado o lançamento em relação aos empregados que receberam PLR mais de 2 vezes no mesmo ano, ou em periodicidade inferior a um semestre. A empresa, para obedecer os ditames legais, e valerse da exclusão, deve adequar seus planos, nos mais diversos exercícios de forma a que não haja pagamento ou distribuição acima dos limites legais, quais sejam, duas vezes no ano e uma vez por semestre na época da ocorrência do presente lançamento. PAGAMENTOS DE MAIS DE UMA PARCELA NO MESMO SEMESTRE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO DA LEI 10.101/2000 INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA APENAS SOBRE AS PARCELAS EXCEDENTES. A empresa deve respeitar a norma que a impedia de efetuar o pagamento mais de uma vezes no mesmo semestre, o que restou descumprido. Todavia, a incidência tributária deve atingir apenas as parcelas que excederam a periodicidade legal. PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS DIRETORES ESTATUTÁRIOS AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 12 44 /2 01 2- 29 Fl. 423DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 2 Tratandose de valores pagos aos diretores estatutários, não há que se falar em exclusão da base de cálculo pela aplicação da lei 10.101/2000, posto que essa só é aplicável aos empregados. Da mesma forma, inaplicável a regra do art. 158 da lei 6404/76, quando não se identifica que a distribuição decorreu do capital investido, mas tão somente da prestação de serviços. AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 OMISSÃO EM GFIP PREVIDENCIÁRIO A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do autode infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. Inobservância do art. 32, IV, § 5º da Lei n ° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999.: “ informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)”. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO POSSIBILIDADE LEGAL Ao contrário do que entendeu o recorrente , a aplicação de juros sobre muito de ofício é aplicável na medida que esta faz parte do crédito apurado. O art. 161 do Código Tributário Nacional CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2008 a 30/11/2008 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 NFLD CORRELATAS A sorte de Autos de Infração relacionados a omissão em GFIP, está diretamente relacionado ao resultado dos AIOP lavradas sobre os mesmos fatos geradores. INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. CONTRIBUIÇÃO DE 2,5% A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 3 3 ACORDAM os membros do colegiado, I) pelo voto de qualidade: a) negar provimento ao recurso em relação ao pagamento de PLR aos administradores, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira que davam provimento. Acompanhou pela conclusões o conselheiro Carlos Henrique de Oliveira que apresentará declaração de voto. II) por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento de PLR dos empregados o primeiro pagamento de PLR de cada semestre, vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Viera (relatora) e Carlos Henrique de Oliveira que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. III) Pelo voto de qualidade: a) negar provimento ao recurso para o recálculo da multa de GFIP, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento parcial para aplicação da regra do art. 32A da Lei nº 8.212/91; b) negar provimento para exclusão dos juros sobre multa de ofício, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira que excluíam. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora e Presidente em Exercício Kleber Ferreira de Araújo Redator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 4 Relatório O presente processo correspondente ao lançamento de contribuições previdenciárias, incidentes sobre os valores pagos pela PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS. aos seus empregados, no período de 02/2008 a 11/2008, a título de Participação nos Resultados da empresa, bem como a multas por descumprimento de obrigações tributárias acessórias.encontrase assim dividido: I. (1) AI DEBCAD n.º 37.346.3367, consolidado em 17/10/2012, referente a contribuições destinadas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa e do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados e contribuintes individuais, não declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e não recolhidas, relativas a competências de 02/2008 a 11/2008; • II. (2) AI DEBCAD n.º 37.346.3375, consolidado em 17/10/2012, referente a contribuições destinadas a terceiros – salário educação e incra incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados, não declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e não recolhidas, relativas a competências de 02/2008 a 11/2008; • III. (3) AI DEBCAD n.º 37.346.3383, com código de fundamento legal 68, e multa no valor originário de R$ 242.568,00 (duzentos e quarenta e dois mil e quinhentos e sessenta e oito reais), por infração ao disposto no artigo 32, inciso IV e parágrafo 5º da Lei n.º 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei n.º 9.528, de 10/12/1997, e no artigo 225, inciso IV e parágrafo 4º do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/1999. Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 8 a 26, item 6., os fatos geradores das contribuições previdenciárias lançadas tiveram origem nas participações nos lucros atribuídos aos administradores da empresa, declarados nas GFIPs como categoria 5 Diretor não empregado Levantamento PA Participações dos Administradores, e nos pagamentos efetuados a segurados empregados a título de Participações nos Lucros ou Resultados, em desacordo com a lei nº 10.101/00 Levantamento PE – PLR Empregados; • item 7 Levantamento PA Participação Lucros administradores período do crédito previdenciário: 04/2008; No exame das folhas de pagamento constatouse o pagamento a diretores não empregados (administradores) na rubrica 0040 Participação nos Lucros ou Resultados. Registrados na conta contábil 3921110001 despesa com particip. lucros administradores estas participações atribuídas aos diretores pela Assembléia da CIA. foram adicionados na apuração do Lucro Real como determina a legislação do Imposto de Renda, porém não foram tributadas para efeito de contribuições previdenciárias conforme declaração das GFIPs e das folhas de pagamento do contribuinte (doc. 1 Registro Contábil das Participações dos administradores); ( doc.2 relação dos pagamentos a cada diretor , apresentado pelo contribuinte); ( doc.3 Ata da Fl. 426DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 4 5 Assembléia geral Ordinária e Extraordinária aprovando o montante participação dos administradores); Salienta que a lei específica que trata da participação nos lucros ou resultados da empresa, que prevê a isenção previdenciária, é apenas a Lei n° 10.101/00, que teve a sua origem na MP 794, de 29/12/94, e sucessivas reedições, regulamentando a CF (art. 7º, inciso XI), a Lei n° 8.212/91 (art. 28, § 9º, alínea j) e o Decreto n° 3.048/99 (art. 214, § 9º, inciso X); A MP n° 794/94, convertida na Lei n° 10.101/00, desvinculou da remuneração, não integrando o salário de contribuição e permitindo a dedução desta despesa na apuração do imposto de Renda a participação nos lucros ou resultados recebida somente pelos segurados empregados. Sendo assim, sobre a participação paga a diretores não empregados (segurado contribuinte individual) incide contribuição previdenciária e a despesa é indedutível; A Lei n" 6.404/76, em seu art. 152, § 1º, apenas estabelece os parâmetros para que a empresa, facultativamente, efetue o pagamento da referida verba aos administradores. Essa lei apenas faculta a Companhia que estabelecer em seu estatuto dividendo obrigatório de no mínimo 25% do lucro líquido e o atribuir aos acionistas pagar participação nos lucros aos administradores, desde que observado o limite. Não desvincula da remuneração tal verba e não cita que sobre ela não haverá incidência de contribuição previdenciária, pois não é o diploma legal que regulamentou a CF/88 e a lei 8212/91. Utilizandose dessa faculdade a empresa pagou a participação nos lucros ao diretores não empregados, denominados administradores pela Lei das S/A. Observa ainda que não se pode confundir participação nos lucros com dividendos, tendo em vista que os administradores da S/A podem ser acionistas ou não. Sendo acionista, além dos dividendos que todo empresário tem direito, poderá receber participação nos lucros em função do seu desempenho na gestão da companhia. Os dividendos ou distribuição de lucros é a remuneração do capital investido na empresa pelo sócio, não sendo necessária a execução de qualquer trabalho para auferilo. Logo, não há o que se falar em contribuição previdenciária incidente sobre dividendos. Já a participação nos lucros é paga em retribuição aos serviços prestados, e sendo assim, ao contrário dos dividendos, a participação nos lucros é considerada base de cálculo pelos motivos expostos acima; item 8 Levantamento PE Participação Lucros ou Resultados Empregados período do crédito previdenciário: 02/2008; 03/2008; 04/2008; 08/2008; 09/2008 e 11/2008; O contribuinte, em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal os acordos baseados na Lei 10101/00 que originaram estes pagamentos: a Convenção Coletiva de Trabalho celebrado entre o Sindicato dos Empregados em Empresas de Seguros Privados e Capitalização no Estado de São, conforme inciso II, do art. 2º da lei 10.101/00, os Acordos entre a Empresa e Comissão de Representantes dos Empregados integrada também por um representante do Sindicato da categoria, atendendo ao artigo 2°, inciso I, da Lei 10101/00 (doc. 4), e apresentou também as planilhas de valores pagos a título de PLR solicitadas (doc.5); Através das planilhas citadas e das folhas de pagamento constatouse que, para uma parcela de empregados, o contribuinte pagou a título de antecipação ou distribuição, nas rubricas referentes a Participações nos Lucros ou Resultados, três parcelas no ano calendário 2008, contrariando o disposto no § 2º artigo 3º da Lei 10101/00, que veda pagamentos em periodicidade inferior a um semestre civil , ou mais de duas vezes no ano civil. Cita alguns exemplos no item 8.8 do Relatório Fiscal, fls. 23/24. Dessa forma foram tributados, para efeito de contribuição previdenciária, apenas os valores pagos a título de PLR aos Fl. 427DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 6 segurados empregados que receberam em desacordo com este dispositivo legal, identificados individualmente por nome, competência e valor, onde se extraiu a base de cálculo utilizado neste Levantamento (Doc. 6). A Rubrica de folha 417 referese a adiantamentos de PLR pagos em competências anteriores, sendo descontado do total pago na competência informada; No Termo de Intimação Fiscal , de 12/03/2012, foram solicitadas as avaliações, memórias de cálculo e demonstrativos das participações atribuídas aos segurados empregados Nelson Peixoto e Luiz Paulo Horta de Siqueira. Estes 02 segurados, que ocupam cargos de Consultores Administrativos, receberam suas participações na competência 04/2008, a mesma dos diretores estatutários, e diferente dos outros empregados cujas participações foram pagas nas competências determinadas no plano próprio acordado; tem 4 a 5.2 – Da aplicação da multa mais benéfica ao contribuinte como a infração foi praticada antes do advento da Medida Provisória (MP) n.° 449, de 03/12/2008, convertida na Lei n.°11.941, de 27/05/2009, a penalidade aplicada deveria resultar da comparação entre a aplicação da multa de ofício estabelecida pelo inciso I do art. 44 da Lei n.° 9.430, de 27/12/1996, que corresponde a 75% (setenta e cinco por cento) sobre o valor da contribuição lançada, e a soma da multa de mora de 24% (vinte e quatro por cento), prevista no inciso I do art. 35 mais a multa estabelecida no § 5º do art. 32, ambos da Lei n.° 8.212, de 24/07/1991, aplicandose a que fosse mais benéfica ao sujeito passivo, em cumprimento ao conteúdo do art. 106, inciso II, alínea “c” da Lei n.° 5.172, de 25/10/1966 – Código Tributário Nacional (CTN); Nesse sentido, por conta da aplicação da legislação mais benéfica ao contribuinte, foi efetuado um quadro comparativo das multas, em anexo, constatandose que nas competências 02/2008; 04/2008 e 09/2008 a legislação anterior é mais benéfica ao contribuinte . Nas competências 03/2008; 08/2008 e11/2008 a legislação atual é mais benéfica. Seguindo essa linha de raciocínio, nas competências 02/2008; 04/2008 e 09/2008, que a legislação anterior mostrouse mais benéfica ao contribuinte, foi lavrado o Auto de Infração Infração (AI) DEBCAD nº 37.346.3383 (CFL) 68; por descumprimento de obrigação acessória, pois a empresa apresentou as GFIPs com os dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, infringindo o disposto no artigo 32, Inciso V, parágrafo 5 da Lei 8212/91. A empresa deixou de declarar os fatos geradores das contribuições devidas à Previdência Social lançados no Auto de Infração DEBCAD n° 37.346.3367, relativos à Participação nos Lucros dos Administradores e Participação nos Lucros ou Resultados dos Segurados Empregados; • assim, a multa a ser aplicada em decorrência da infração praticada pela empresa estaria capitulada na Lei n.° 8.212/91, art. 32, § 5º, acrescentado pela Lei n.° 9.528/97 e no RPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99, art. 284, inciso II e art. 373, consistindo em 100% (cento por cento) do valor devido relativo à contribuição não declarada, respeitado o limite estabelecido no § 4º do art. 32 da Lei n.° 8.212/91, perfazendo o montante de R$ 242.568,00; Importante, destacar que a lavratura do AI deuse em 17/10/2012, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 19/10/2012. Não conformada com a autuação a recorrente apresentou defesa, fls. 135 a 179. Foi exarada a Decisão de 1 instância, 264 a 297, que confirmou a procedência do lançamento, cabendo observar que os recolhimentos efetuados pela empresa através das GPS, anexa aos autos, deveriam ser devidamente apropriados, conforme requerido pela impugnante. Destacase ementa: Fl. 428DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 5 7 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2008 a 30/11/2008 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS DA EMPRESA EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DE TERCEIROS. OBRIGAÇÃO DO RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições a seu cargo e as de terceiros, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados. O pagamento a segurado empregado de participação nos lucros ou resultados da empresa, em desacordo com a lei específica, integra o salário de contribuição. PARTICIPAÇÃO ESTATUTÁRIA DE ADMINISTRADORES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A participação dos diretores não empregados nos lucros e resultados da Companhia, prevista na Lei nº 6.404/1976, sofre a incidência de contribuições previdenciárias, por caracterizar contraprestação aos serviços prestados, e por não se enquadrar em nenhuma hipótese de exclusão prevista em lei. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Apresentar a empresa Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias constitui infração à legislação previdenciária. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, porquanto parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. PEDIDO DE POSTERIOR APRESENTAÇÃO DE PROVAS/DOCUMENTOS. DILIGENCIA. INDEFERIMENTO. O pedido de juntada de documentos e outras provas admitidas em direito após a impugnação deve ser indeferido quando não tenha sido demonstrada a impossibilidade de apresentação oportuna da prova documental por motivo de força maior, não se refira esta a fato ou direito superveniente, e nem se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, e quando os elementos do processo forem suficientes para o convencimento do julgador. PAGAMENTO PARCIAL Recolhimentos efetuados através de GPS, após a ciência do Auto de Infração, são considerados para Fl. 429DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 8 efeito de liquidação parcial do crédito, uma vez que constituem pagamentos de valores tidos como incontroversos, configurando a anuência do sujeito passivo à exigência, cabendo sua apropriação ao crédito pelo setor responsável da Delegacia de jurisdição do sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 306 a 350, contendo em síntese os mesmos argumentos da impugnação, os quais podemos descrever de forma sucinta: 1. A não incidência das contribuições previdenciárias sobre a PLR e PPR paga aos empregados, mormente por inocorrência de pagamento em mais de duas vezes no ano, ou em periodicidade inferior a um semestre civil. Impossibilidade de descaracterização do montante total do PPR e PLR pago no ano calendário de 2008, sob a alegação de desenquadramento da lei 10.101/00. 1.1. Destaca a impugnante que os Acordos Coletivos de PLR não são objeto de questionamento, uma vez que as respectivas regras de distribuição de PLR são claras, objetivas e, portanto, efetivamente válidas, consoante as disposições da Lei n° 10.101/00. 1.2. Relata a impugnante que durante os anos de 2007 e 2008, a empresa estabeleceu, junto de seus empregados, tratativas destinadas a proporcionar a instituição da PLR, sendo firmados as Convenções Coletivas de Trabalho de 2007 e 2008 ("CCT 2007" e "CCT 2008" ou, conjuntamente, "CCT 2007/2008") (Doc. 04) e os Acordos de Participação em Lucros ou Resultados de 2007 e 2008 ("ACT 2007" e "ACT 2008" ou, conjuntamente, "ACT 2007/2008") (Doc. 05). 1.3. Afirma a impugnante que improcede a afirmação da fiscalização que o pagamento de PLR a seus funcionários, relativo à competência de 2008, ocorreu mais de duas vezes ao ano ( 3 três vezes), ou em periodicidade inferior a um semestre civil. Esclarece que a própria fiscalização reconhece que os pagamentos efetuados a título de antecipação de PLR sob o código 417 referemse ao desconto de antecipações relativas à competência de anos anteriores e, portanto, foram excluídos da autuação. 1.4. Afirma que se tivesse a Autoridade Fiscal aprofundado mais suas investigações, verificaria que os pagamentos efetuados de janeiro a março de 2008 referemse à PLR da competência de 2007, que sequer é objeto da presente autuação. 1.5. Os pagamentos efetuados até março de 2008 decorrem da competência de 2007, com base na Cláusula Segunda da CCT 2007, a qual transcreve, que prevê que os pagamentos a título de PLR poderão ser efetuados até março de 2008, respeitado um montante mínimo. Portanto, todos os pagamentos efetuados pela Impugnante até março de 2008, não consubstanciam PLR relativa à competência de 2008 e de nenhuma forma poderiam ter sido computados na autuação como fundamento de desrespeito à periodicidade de pagamento de PLR de 2008. 1.6. Da mesma forma, os pagamentos efetuados até março de 2008 estão fundados na Cláusula 7ª do ACT 2007, que prevê o pagamento da PLR até o mês de março do exercício seguinte, não consubstanciam PLR relativa à competência de 2008 e de nenhuma forma poderiam ter sido computados na autuação como fundamento de Fl. 430DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 6 9 desrespeito à periodicidade de pagamento de PLR de 2008, pois tratase de PLR remanescente de 2007. 1.7. Deveria o fisco ter segregados a PLR da competência de 2007 e de 2008, para, ao final, verificar a quantidade e periodicidade dos valores pagos a este título. Cabendo observar ainda que, como a própria fiscalização reconhece, os pagamentos efetuados sob o código 427 Antecipação P.L.R não podem ser computados para fins de verificação da periodicidade. 1.8. Aduz a Impugnante que, na remota hipótese de se entender pela manutenção dos AIs em tela, a despeito de sua inequívoca improcedência, cumpre salientar que estes devem ser revistos, uma vez que a Autoridade Fiscal não poderia simplesmente ter desconsiderado a natureza jurídica da totalidade dos pagamentos efetuados a título de PLR no ano calendário de 2008, ignorando por completo os ACT e CCT vigentes no período, pois estas jamais foram questionadas, tendo sido validadas pela Autoridade Fiscal, suas regras não são objeto de autuação. Ou seja, o debate do presente feito referese somente à periodicidade dos pagamentos, não se podendo admitir a desconsideração da natureza de todas as verbas pagas com base nos referidos acordos. 1.9. Salienta que, caso se entenda que a Impugnante tenha efetuado pagamentos de PLR em periodicidade superior àquela legalmente permitida, o que se cogita apenas ad argumentandum, devem ser autuados somente os pagamentos supostamente efetuados em desacordo com a Lei n° 10.101/2000, mas, jamais, todos os pagamentos efetuados a título de PLR no ano calendário de 2008. 2. A não incidência das contribuições previdenciárias sobre as verbas pagas aos administradores não empregados. Argumenta a natureza da gratificação não habitual dos pagamentos efetuados a esse título. 2.1. Improcede o lançamento sobre os valores pagos aos administradores não empregados, pois olvida da imunidade da PLR decorrente da própria Carta Magna, em especial o artigo 7º, inciso XI, da CF, que detém aplicabilidade integral in casu, transcrevendoo. 2.2. Referido preceito constitucional não deixa dúvidas quanto ao comando, de aplicabilidade imediata, segundo o qual a Participação nos Lucros ou Resultados não possui natureza remuneratória/salarial, independentemente de qualquer prescrição legal, cuja obrigatoriedade se refere exclusivamente à participação da gestão na empresa. Cita doutrina a respeito. 2.3. Assim, estando desvinculados da remuneração os valores destinados aos empregados sob a rubrica de participação nos lucros ou resultados, inegavelmente não possuem natureza salarial, não sofrendo a incidência de nenhum encargo, notadamente o de compor a base de cálculo da contribuição previdenciária. Ressalta que a norma constitucional ao utilizar a expressão "trabalhadores" é genérica, não fazendo qualquer distinção quanto aos trabalhadores não empregados, tampouco estando adstrita aos empregados. 2.4. Salienta ainda que ao utilizar referida restrição, distinguindo os trabalhadores entre empregados e não empregados, a fiscalização acaba por contrariar o entendimento da própria Administração Pública, o qual toma por base uma interpretação ampliativa dos conceitos de empregado e empregador. Fl. 431DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 10 2.5. Afirma ainda que, diante do comando auto aplicável do art.7º, inciso XI, da CF, mesmo que não houvesse a edição da MP nº 794/94, convertida na lei nº 10.101/00, os pagamentos efetuados pela empresa a título PLR a qualquer trabalhador, empregado ou não, estariam desvinculados da remuneração, razão pela qual sequer sofreriam a incidência da contribuição previdenciária. 2.6. Ademais, a fiscalização ao implementar requisito inexistente na legislação, qual seja, imunidade às contribuições previdenciárias sobre a PLR somente aos empregados, fere o princípio da legalidade. Assim, restando demonstrada a não incidência das contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de PLR aos diretores estatutários, o lançamento e a respectiva multa por descumprimento de obrigação acessória devem ser cancelados. 2.7. Sustenta ainda o recorrente que em complemento ao acima exposto, é fato que eventual Lei que se repute aplicável à PLR paga a administradores não estaria consubstanciada na Lei nº 10.101/00, mas sim na Lei n° 6.404/76, que não impõe a incidência previdenciária objetivada na autuação em tela. 2.8. Argúi ainda que o art. 152, da Lei n° 6.404/76, o qual transcreve, é o que trata do pagamento de PLR aos administradores estatutários – empregados, cumprindo assim o requisito estabelecido pela lei 8.212/91, não se submetendo, portanto, a hipótese de incidência das contribuições previdenciárias o pagamento de PLR a esses administradores. 2.9. Portanto, por mais esse motivo resta clara a não incidência de Contribuições Previdenciárias sobre a PLR paga a Administradores, seja pela imunidade constitucional de que goza, seja porque a lei que a rege (Lei n° 6404/76) não dá guarida a tal tributação, sendo evidente, ademais, a inaplicabilidade da Lei n° 10.101/00 a este tipo de pagamento (i.e., PLR de administradores). 2.10. Para arrematar, salienta o recorrente que a referida verba foi paga uma única vez no ano de 2008, em abril/2008, a alguns diretores, o que demonstra a falta de habitualidade do referido pagamento, pois se trata de ganho eventual, pago uma única vez aos beneficiados, não podendo compor o salário de contribuição. Nesse sentido, a Instrução Normativa n.° 04/99, da Diretoria Colegiada do INSS dispõe que os ganhos eventuais não integram o salário de contribuição 2.11. Segundo ele, a conclusão que se tira da simples leitura do artigo 22 acima transcrito é que a natureza salarial ou remuneratória dos pagamentos efetuados aos trabalhadores depende da caracterização de alguns elementos, destacandose, dentre eles, o da habitualidade 3. A necessária exclusão da penalidade por descumprimento de obrigação acessória – 3.1. Sustenta o recorrente que não existiu o alegado descumprimento de obrigação acessória, pois os débitos tidos por “não declarados” são indevidos e, por isso, não constaram da GFIP do período. 3.2. Segundo ela, o contribuinte tem o direito e dever de declarar ao Fisco verbas tributáveis, sendo que eventual discordância fiscal sobre a interpretação do contribuinte pode até ensejar sua cobrança, mas de nenhuma forma a exigência de que fosse declarada 3.3. originalmente, a despeito da não incidência reputada pelo contribuinte. Contrario sensu, deveria o contribuinte simplesmente declarar todas as verbas pagas, mesmo sem Fl. 432DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 7 11 incidência previdenciária, como tal, apenas para afastar a exigência de multa a posteriori. 3.4. Inova quanto ao equivoco do valor base da multa aplicada, deflagrando multa excessiva. 4. A indevida aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício. A DRFB encaminhou o processo para julgamento no âmbito do CARF. É o relatório. Fl. 433DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 12 Voto Vencido Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 1889. DO MÉRITO Assim, como já especificado pelo julgador de primeira instância, houve por parte do contribuinte o reconhecimento parcial do crédito em relação valores pagos a título de PLR aos funcionários Nelson Peixoto e Luiz Paulo Horta de Siqueira, na competência de 04/2008, razão pela qual não há mais o que ser apreciado sobre referidos fatos geradores. Na impugnação apresentada a empresa anexa aos autos, fl. 255, Guias da Previdência Social – GPS, cujo recolhimento foi efetuado em 28/11/12, e esclarece que o pagamento, referese, especificamente, aos valores pagos a título de PLR aos funcionários Nelson Peixoto e Luiz Paulo Horta de Siqueira, na competência de 04/2008, com a correta redução da multa proporcional aplicada. Na petição de fls. 250/251, reitera os termos da impugnação apresentada para reconhecer a procedência da parcela da autuação referente às verbas pagas aos funcionários Nelson Peixoto e Luiz Paulo Horta de Siqueira, na competência de 04/2008, e requer que seja reconhecida a extinção parcial do crédito, por pagamento, nos termos do art. 156, inciso I, do CTN. DA DEFINIÇÃO DE SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO PARA DIRETORES NÃO EMPREGADOS Como parte do lançamento envolve contribuições sobre os pagamentos feitos a contribuintes individuais, importante apreciar, primeiramente, o conceito de salário de contribuição em relação a estes segurados. Para os trabalhadores contribuintes individuais, aos quais se enquadram os diretores não empregados, o art. 28, III da referida lei, assim dispõe: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o §5º; Quanto a contribuição patronal às contribuições da empresa sobre a remuneração dos contribuintes individuais é regulada pelo art. 22, III da Lei n ° 8.212/1991, com redação conferida pela Lei n ° 9.876/1999, nestas palavras: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) Fl. 434DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 8 13 III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Inciso acrescentado pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99 vigência a partir de 02/03/2000 conforme art. 8º da Lei nº 9.876/99). De acordo com o previsto no § 4º do art. 201 do Regulamento da Previdência Social na redação conferida pelo Decreto n ° 4.032/2001: Art. 201. A contribuição a cargo da empresa, destinada à seguridade social, é de: II vinte por cento sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas no decorrer do mês ao segurado contribuinte individual; (Redação alterada pelo Decreto nº 3.265/99) A legislação previdenciária é clara quando destaca, em seu art. 28, §9º, quais as verbas que não integram o salário de contribuição. Tais parcelas não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial. Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do TrabalhoCLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) e) as importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10/12/97, e de 6 a 9 acrescentados pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de ServiçoFGTS; Fl. 435DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 14 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. recebidas a título de incentivo à demissão; 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; 8. recebidas a título de licençaprêmio indenizada; 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; f) a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal; i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; l) o abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Fl. 436DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 9 15 p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Ao contrário do afirmado pela recorrente, a verba paga aos diretores estatutários possui natureza remuneratória. Como destacado de forma minuciosa pelo auditor fiscal, a Lei n 6.404/1976 não regula a exclusão da participação nos lucros e resultados do conceito de remuneração, nem tampouco, pode valerse o recorrente da lei 10.101/2000, ou do argumento de que tratamse de gratificações não eventuais. Na verdade, tenta o recorrente abordando diversos aspectos de diferentes legislações excluir os pagamentos feitos aos estatutários do conceito de remuneração. Contudo seu entendimento não deve prevalecer, como passamos a apreciar. Fl. 437DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 16 A participação nos Lucros e Resultados PLR somente foi regulamentada após a Constituição Federal de 1988, donde devese observar os ditames legais, para que dito pagamento seja excluído do conceito de salário de contribuição. Diversamente do argumento trazido pelo recorrente quanto ao pagamento de acordo com a lei 6.404, a verba paga não remunerou o capital investido na sociedade, logo remunerou efetivamente o trabalho executado pelos diretores. Destaco que no relatório fiscal, tomou o auditor o cuidado de fazer um paralelo entre toda a legislação que engloba a matéria, destacando quando deve ser aplicado os dispositivos legais que excluem a verba PLR do conceito do salário de contribuição. Os pagamentos efetuados possuem natureza remuneratória. Tal ganho ingressou na expectativa dos segurados contribuintes individuais em decorrência do contrato e da prestação de serviços à recorrente, sendo portanto uma verba paga pelo trabalho e não para o trabalho o que pelo natureza também poderia excluir o valor do conceito de salário de contribuição. Entendo que a autoridade julgadora bem enfrentou a questão, quando esclareceu que o pagamentos realizados aconteceram em relação a prestação de serviços, denominada, “participação estatutária”, ou seja, diferente a participação recebida em função do capital investido nos moldes da Lei 6.404/76. Notese que nenhum argumento novo foi trazido pelo recorrente após as considerações apresentadas pela Decisão de 1 instância, tendo reproduzido os mesmos argumentos da impugnação. Senão vejamos, trecho da Decisão:, Inicialmente, considerando as alegações da Impugnante, é essencial destacar que a Constituição de 1988 estabelece em seu art. 7º, XI, a “participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração, conforme definido em lei”. Frisese: o legislador Constituinte, ao estabelecer o direito à participação dos empregados nos lucros ou resultados da empresa, remeteu à lei o poder de definir as condições e requisitos aplicáveis a tal direito. Ressaltese que, no caso, referida norma é de eficácia limitada, ou seja, depende de lei ordinária para sua eficácia plena. O legislador remeteu à lei ordinária para que fossem estabelecidos os elementos mínimos necessários a que a participação nos lucros ou resultados se desvinculasse da remuneração dos trabalhadores, sem contrariar o inciso I do artigo 195 da Constituição Federal, uma vez que aquela verba está inserida no conceito de pagamentos “a qualquer título” na relação empregador com pessoas físicas que lhes prestem serviço. Assim, a Constituição de 1988, apesar de desvincular expressamente a participação nos lucros das verbas salariais (art. 7o, XI), não tem aplicabilidade imediata, dada a sua eficácia limitada. Necessitava de regulamentação que acabou acontecendo por meio Medida Provisória nº 794/94, reeditada sucessivamente e com numeração variada, até que, com a Lei nº 10.101/2000, que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento da integração entre o capital e o trabalho, a matéria foi definitivamente regulamentada. Portanto, não se sustenta o argumento da Impugnante no sentido de que as parcelas por ela paga a Administradores não sofrem a Fl. 438DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 10 17 incidência de contribuição previdenciária, pois o art. 7º, inc. XI, da Constituição Federal que prevê a participação nos lucros ou resultados da empresa desvinculada da remuneração é norma constitucional de eficácia plena, que não depende da interposição do legislador para que produza efeitos.Outro ponto trazido pelo recorrente é de que o lançamento afronta o art. 7, XI da CF/88, na medida que a constituição afastou a natureza salarial da PLR, sendo que o conceito abarca a nomenclatura “trabalhadores” e não apenas empregados. (...) A impugnante alega ainda que a “participação estatutária” paga a seus “administradores”, não estaria consubstanciada na Lei nº 10.101/00, mas sim na Lei n° 6.404/76, que em seu art. 152, trata do pagamento de PLR aos administradores estatutários –empregados, cumprindo, assim, o requisito estabelecido pela lei 8.212/91, motivo pelo qual tais pagamentos não se submeteriam a hipótese de incidência das contribuições previdenciárias. No entanto, não procede tais argumentos, como se demonstrará. Os pagamentos tais como realizados aos Administradores poderão ocorrer por força do §1º do art. 152 da Lei 6.404/76, que está inserido no título “Remuneração” de administradores, e, cuja interpretação sistêmica não deixa dúvidas de que o comentado pagamento é feito em retribuição ao trabalho. Conforme disposto no inciso III do art. 22 e inciso III do art. 28, ambos da Lei 8.212/91, a contribuição previdenciária incide sobre a remuneração paga ao contribuinte individual pelos serviços prestados. O termo remuneração no ordenamento jurídico brasileiro corresponde a totalidade de retribuições, em dinheiro ou em utilidades, recebidas pelo trabalhador em contraprestação aos serviços prestados. Neste sentido a lição de Sergio Pinto Martins abaixo reproduzida: “A palavra remuneração contida no inciso III do art. 22 da Lei 8.212/91 tem sentido amplo, sendo os honorários dos autônomos. É o pagamento pela prestação dos serviços dos autônomos”(“Direito da Seguridade Social – Custeio da Seguridade Social, Benefícios, Acidente do Trabalho, Assistência Social, Saúde”, 24ª edição, Ed. Atlas, São Paulo – 2007). Nas Sociedades Anônimas, a remuneração do administrador pode comportar duas partes heterogêneas: uma fixa, denominada de “pro labore”, e outra variável, que consiste na participação nos lucros da companhia. Esta ultima será devida ou não dependendo do que dispuser o estatuto social. Contudo o estatuto somente pode estabelecer a participação nos lucros quando, simultaneamente, prevê dividendo obrigatório mínimo de 25% do lucro líquido e somente poderá ser paga no exercício que for atribuído aos acionistas o dividendo obrigatório de que Fl. 439DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 18 trata o artigo 202 da Lei nº 6.404/76. Tais limites são objeto do §1º do art. 152 da Lei das S.A. e, segundo a doutrina comercial, têm o objetivo de fixar parâmetros para o pagamento da remuneração dos administradores das SA, de modo a proteger os acionistas minoritários, coibindo abusos de acionistas majoritários, que se elegem para se atribuírem remuneração sem proporção com os serviços prestados. Ou seja, não há qualquer hipótese de afastamento da natureza remuneratória da referida verba. Cabe observar ainda que a participação estatutária dos administradores, assim como o pagamento de dividendos, é atribuição patrimonial ou destinação de resultado. Entretanto, esta característica comum entre os dois pagamentos, é incapaz de igualar a natureza de remuneração de capital, do dividendo, com a natureza de remuneração do trabalho, da participação estatutária. Dúvidas não há que o dividendo pago a acionista decorre da sua participação acionária na companhia, enquanto que a participação estatutária aos administradores é paga em razão da prestação do trabalho. Ressaltese que o artigo 7º, inciso XI, da Constituição Federal, retro citado, garantiu a todos os trabalhadores, a participação nos lucros e resultados, desvinculada da remuneração na forma prevista em lei. Em obediência ao preceito constitucional, a alínea “j” do § 9º, do artigo 28, da Lei nº 8.212/1991, estabeleceu, dentre as hipóteses livres da tributação previdenciária, “a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com a lei específica”. A lei específica, Lei nº 10.101/2000, que regulou o pagamento da participação no lucro e resultado, desvinculado da remuneração somente a previu para o empregado. Porém ao contrário do que afirma a recorrente, primeiramente, no meu entender, assim, como já se manifestou o julgador, a Participação nos Lucros e Resultados PLR é norma constitucional de eficácia limitada. Com efeito, o item 02, do Parecer CJ/MPAS n º 547, de 03 de maio de 1996, , aprovado pelo Exmo. Sr. Ministro do MPAS, bem esclarece dita questão, conforme descrito abaixo. Raciocínio, que entende aplicável ao presente caso: (...) de forma expressa, a Lei Maior remete à lei ordinária , a fixação dos direitos dessa participação. A norma constitucional em foco pode ser entendida, segundo a consagrada classificação de José Afonso da Silva, como de eficácia limitada, ou seja, aquela que depende "da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrandolhe a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses". (Aplicabilidade das normas constitucionais, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1968, pág. 150). (Grifamos) O Parecer CJ/MPAS nº 1.748/99 traz em seu bojo o seguinte teor, verbis: DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO TRABALHADOR PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS ART. 7º , INC. XI DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. 1) O art. 7º , inciso XI da Constituição da República de Fl. 440DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 11 19 1988, que estende aos trabalhadores o direito a participação nos lucros desvinculado da remuneração é de eficácia limitada. 2) O Supremo Tribunal Federal ao julgar o Mandado de Injunção nº 426 estabeleceu que só com o advento da Medida Provisória nº 794, de 24 de dezembro de 1994, passou a ser lícito o pagamento da participação nos lucros na forma do texto constitucional. 3) A parcela paga a título de participação nos lucros ou resultados antes da regulamentação ou em desacordo com essa norma, integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social. (...) 7. No entanto, o direito a participação dos lucros, sem vinculação à remuneração, não é auto aplicável, sendo sua eficácia limitada a edição de lei, consoante estabelece a parte final do inciso anteriormente transcrito. 8. Necessita portanto, de regulamentação para definir a forma e os critérios de pagamento da participação nos lucros, com a finalidade precípua de se evitar desvirtuamento dessa parcela. 9. A regulamentação ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, 29 de dezembro de 1994, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas e dá outras providências, hoje reeditada sob o nº 1.76956, de 8 de abril de 1999. 10. A partir da adoção da primeira Medida Provisória e nos seus termos, passou a ser lícito o pagamento de participação nos lucros desvinculada da remuneração, mas, destaco, a desvinculação da remuneração só ocorrerá se atender os requisitos pré estabelecidos. 11. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ao julgar o Mandado de Injunção nº 426, onde foi Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, que tinha por escopo suprir omissão do Poder Legislativo na regulamentação do art. 7º, inc. XI, da Constituição da República, referente a participação nos lucros dos trabalhadores, julgou a citada ação prejudicada, face a superveniência da medida provisória regulamentadora. 12. Em seu voto, o Ministro ILMAR GALVÃO, assim se manifestou: O mandado de injunção pretende o reconhecimento da omissão do Congresso Nacional em regulamentar o dispositivo que garante o direito dos trabalhadores de participarem dos lucros e resultados da empresa (art. 7º, inc. IX, da CF), concedendose a ordem para efeito de implementar in concreto o pagamento de tais verbas, sem prejuízo dos valores correspondentes à remuneração. Tendo em vista a continuação da transcrição a edição, superveniente ao julgamento do presente WRIT injuncional, da Medida Provisória nº 1.136, de 26 de setembro de 1995, que Fl. 441DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 20 dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências, verificase a perda do objeto desta impetração, a partir da possibilidade de os trabalhadores, que se achem nas condições previstas na norma constitucional invocada, terem garantida a participação nos lucros e nos resultados da empresa. (grifei) 14. O Pretório Excelso confirmou, com a decisão acima, a necessidade de regulamentação da norma constitucional (art. 7º, inc. XI), ficando o pagamento da participação nos lucros e sua desvinculação da remuneração, sujeitas as regras e critérios estabelecidos pela Medida Provisória. 15. No caso concreto, as parcelas referemse a períodos anteriores a regulamentação do dispositivo constitucional, em que o Banco do Brasil, sem a devida autorização legal, efetuou o pagamento de parcelas a título de participação nos lucros. 16. Nessa hipótese, não há que se falar em desvinculação da remuneração, pois, a norma do inc. XI, do art. 7º da Constituição da República não era aplicável, na época, consoante ficou anteriormente dito. (Grifamos) Ou seja, normas constitucionais de eficácia limitada são as que dependem de outras providências normativas para que possam surtir os efeitos essenciais pretendidos pelo constituinte. Conforme disposição expressa no art. 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91, notase que a exclusão da parcela de participação nos lucros na composição do saláriode contribuição está condicionada à estrita observância da lei reguladora do dispositivo constitucional. Essa regulamentação somente ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, de 29 de dezembro de 1994, reeditada sucessivas vezes e convertida na Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000, que veio regular o assunto em tela. Assim, não há que se falar em auto aplicabilidade. Conforme previsto na alínea “j” do § 9o do art. 28 da Lei n º 8.212, a única hipótese para que a participação nos lucros e resultados não sofra incidência de contribuição previdenciária é que seja paga de acordo com a lei específica. APLICAÇÃO DA LEI 10.101/2000 NO PAGAMENTO A CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS Vale de pronto afastar também, os argumentos do recorrente que o dispositivo constitucional, por si só , já afastaria para todo e qualquer trabalhador a “participação nos Lucros e resultados” do conceito de remuneração, por tratarse de imunidade constitucional. De forma expressa, a Constituição Federal de 1988 remete à lei ordinária a fixação dos direitos da participação nos lucros, nestas palavras: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) Fl. 442DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 12 21 XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. A Lei nº 8.212/1991, em obediência ao preceito constitucional, na alínea “j”, § 9º, do art. 28, dispõe, nestas palavras: Art. 28 § 9º Não integram o saláriodecontribuição: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. A edição da Medida Provisória nº 794, de 29 de dezembro de 1994, que dispunha sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas, veio atender ao comando constitucional. Desde então, sofreu reedições e renumerações sucessivamente, tendo sofrido poucas alterações ao texto legal, até a conversão na Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. A Lei nº 10.101/2000 dispõe, nestas palavras : Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: (grifo nosso) I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. (...) Art. 3º (...) § 3º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos Fl. 443DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 22 espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. (...) Art. 4º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizarse dos seguintes mecanismos de solução do litígio: I – Mediação; II – Arbitragem de ofertas finais. § 1º Considerase arbitragem de ofertas finais aquela que o árbitro deve restringirse a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes. § 2º O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes. § 3º Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes. § 4º O laudo arbitral terá força normativa independentemente de homologação judicial. Notese, conforme grifado no art. 1 da referida lei, que a PLR descrita na Lei 10.101/2000 serve apenas para regulamentar a distribuição no âmbito dos “empregados”, ou seja, não serve para afastar do conceito de remuneração os valores pagos à título de “participações estatutárias”. Não se pode elastecer o conceito de lucros ou resultados, nem tampouco, entender que a referida lei também se aplica aos trabalhadores não empregados, sob pena de todas as empresas enquadrarem como PLR, as verbas salariais pagas a todos os seus colaboradores. A Lei n ° 10.101, resultado da conversão das Medidas Provisórias anteriores, é cristalina nesse sentido. Não serve também como argumento o fato de que o “caput do art. 7 da CF/88, utilizou a nomenclatura “trabalhadores”. Basta analisarmos os 34 incisos do próprio art. 7º, para que identifiquemos, que o termo “trabalhadores urbanos e rurais”, referese ao direitos dos “empregados urbanos e rurais”. Os direitos elencados no dispositivo constitucional, nos trazem a certeza do sentido empregado pelo legislador, considerando que: férias com adicional de 1/3, FGTS, repouso semanal remunerado, salário mínimo, jornada de trabalho, piso salarial, licença maternidade, licença paternidade, aviso prévio, previsão de indenização no caso de dispensa imotivada, salário família, horas extras, adicional noturno, insalubridade, periculosidade, dentro outros muitos ali elencados, são assegurados apenas aos trabalhadores detentores de uma relação de emprego, ou seja, garantidos aos empregados. No parágrafo único, também observamos a nomenclatura “trabalhadores”, porém com referência aos empregados domésticos. Assim, seja pela não aplicação da lei 10.101/2000, já que a mesma é restrita aos empregados, seja pelo fato que os valores recebidos vinculamse aos trabalhos prestados e não ao dividendo distribuído pelo capital investido, o que impossibilita a aplicação da lei 6.404 para exclusão dos valores do conceito de remuneração, os valores lançados como participação Fl. 444DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 13 23 nos lucros aos diretores constituem salário de contribuição, razão pela qual procedente a autuação. DA HABITUALIDADE NO PAGAMENTO – GRATIFICAÇÃO EVENTUAL Por fim, ainda, tenta aduzir o recorrente que os valores constituem gratificações eventuais, razão pela qual não entrariam no conceito de salário de contribuição face a inexistência de habitualidade. E, relação a esse ultimo argumento também não prevalece o entendimento do recorrente. Argumentar que a verba não era paga com habitualidade, mas apenas eventualmente, também não demonstra equivoco no LANÇAMENTO. Alías, o conceito de habitual, no presente caso, não reportase a idéia de pagamentos constantes, porque se assim o fosse, de pronto já constituiriam salário de contribuição. A lei 10.101/2000 limite a distribuição de lucros a 2 pagamentos anuais, observando a semestralidade para sua concessão. O ajuste de distribuição de lucros, determinando o seu pagamento uma vez por ano, não é o fator determinante, tanto que normalmente não descrito entre os requisitos descumpridos pela autoridade fiscal. A habitualidade será determinante quando buscar a definição do conceito de remuneração para reflexos em outras verbas trabalhistas, tais com férias, 13 salário, ou mesmo se identificamos pagamentos diversos da relação contratual. Já para incidência de contribuições previdenciárias, o fator determinante é a natureza em si da verba, donde buscamos caracterizar a verba como salarial, ou indenizatória. Neste ponto já rechaço argumento do recorrente de que o pagamento em questão não possui correlação com o trabalho prestado, ou mesmo caracterizase como contraprestação pelo serviço prestado. Qual seria outra forma de enquadrar o pagamento de PLR aos administradores, que não contraprestação pelo serviço prestado, tanto o é, que se estabelecem metas de trabalho, desempenho, como forma de estímulo para que o empregado, produza cada vez mais, e por conseguinte, sintase recompensado. Não estou dizendo com isso que PLR é salário. Pelo contrário entendo estar claro no texto constitucional que a PLR será desvinculada do salário, porém tratase de norma com limitações prevista em lei específica, como reportase no próprio texto, nos moldes em que foi pago demonstra tratarse de verba salarial. Nem tampouco, acato os argumentos de que não se tratam de valores provenientes do trabalho. Respeito o posicionamento defendido pelo recorrente, contudo, possuo entendimento inverso a respeito do tema. A participação nos lucros ou resultados paga pela recorrente, conforme descrito em seus acordos, demonstra que o desempenho do empregado será avaliado, sendo fator determinante para que determine o montante a ser distribuído. Ora, não fosse o empenho do empregado e alcançar cada vez mais resultados positivos, como se falaria em uma avaliação positiva do seu trabalho. É fato que a PLR nada mais almeja do que o engajamento do empregado no capital da empresa, para que o mesmo sintase estimulado a executar suas atividades em prol não apenas do seu crescimento da empresa, mas do crescimento de toda a empresa. O seu engajamento renderá frutos não apenas sobre o crescimento do negócio, mas lhe proporcionará pagamentos na modalidade de participação nos lucros. É nesse sentido, que discordo do recorrente de que encontrase desvinculado do trabalho. Fl. 445DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 24 Ademais, a isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e desse modo, interpretase literalmente a legislação que disponha sobre isenção, conforme prevê o CTN em seu artigo 111, I, nestas palavras: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Assim, onde o legislador não dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação, sob pena de violarse os princípios da reserva legal e da isonomia. Dessa forma, não há de se afastar a natureza salarial da PLR por si só, devendo ser observada as condições de seu pagamento, para que só então seja possível excluir ditos valores do conceito de remuneração e por consequência da base de cálculo de contribuições previdenciárias. DA DEFINIÇÃO DE SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO PARA OS EMPREGADOS De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) grifo nosso. A legislação previdenciária é clara quando destaca, em seu art. 28, §9º, quais as verbas que não integram o salário de contribuição, assim, como transcrito acima. Tais parcelas não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial. Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Assim, é clara a legislação, ao descrever que apenas o pagamento de acordo com a lei específica é que garantirá a não integração dos pagamentos no salário de contribuição. Dessa forma o argumento de que os pagamentos realizados a título de PLR, mesmo que desconsiderados pela fiscalização como tal, não se adequam à hipótese de incidência das contribuições previdenciárias não merece guarida. Destacase que em momento algum desqualificou o auditor os acordos firmados, mas consubstanciados Fl. 446DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 14 25 QUANTO A PERIODICIDADE NO PAGAMENTO – DESCUMPRIMENTO Conforme descrito no relatório fiscal, através das planilhas citadas e das folhas de pagamento constatouse que, para uma parcela de empregados, o contribuinte pagou a título de antecipação ou distribuição, nas rubricas referentes a Participações nos Lucros ou Resultados, três parcelas no ano calendário 2008, contrariando o disposto no § 2º artigo 3º da Lei 10101/00, que veda pagamentos em periodicidade inferior a um semestre civil , ou mais de duas vezes no ano civil. Cita alguns exemplos no item 8.8 do Relatório Fiscal, fls. 23/24. Dessa forma foram tributados, para efeito de contribuição previdenciária, apenas os valores pagos a título de PLR aos segurados empregados que receberam em desacordo com este dispositivo legal, identificados individualmente por nome, competência e valor, onde se extraiu a base de cálculo utilizado neste Levantamento (Doc. 6). A Rubrica de folha 417 referese a adiantamentos de PLR pagos em competências anteriores, sendo descontado do total pago na competência informada; Realmente, conforme apontado pelo auditor, a lei 10.101/2000 não admite o pagamento de PLR mais duas vezes no ano, ou com periodicidade inferior a um semestre civil, ou seja, entendo que os dois prazos são cumulativos e não uma opção. Assim, ao pagar PLR em desconformidade com a lei, em relação a periodicidade, passam os valores distribuídos em sua totalidade a compor o conceito de salário de contribuição. Assim descreve o dispositivo legal a respeito: Art. 3º A participação de que trata o art. 2onão substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Contudo, para que seja descumprido o requisito da periodicidade, deve o auditor indicar que a empresa distribuiu efetivamente PLR aos empregados com a inobservância da lei. Se confirmada a alegação da empresa, que tratase de meras diferenças, esses valores, não merecem ser tratados como outra parcela de PLR, mas simples ajuste do mesmo, como o fim de realizar o pagamento correto após apuração. Só que diferença não deve ser confundir com complemento de PLR, ajuste de PLR ou adiantamento de PLR. Observase que a lei 10.101 é enfática ao dizer que é VEDADO O PAGAMENTO DE QUALQUER ANTECIPAÇÃO OU DISTRIBUIÇÃO. Identificase que os valores de diferença, que não devem ser considerados para verificação da periodicidade , dizem respeito a diferenças irrisórias, quando comparado aos valores de distribuição , decorrentes normalmente de rescisões contratuais, ou mesmo pequenos erros no pagamentos dos salários dos empregados. No presente caso, entendo que razão assiste ao recorrente.no sentido, que o simples fato de existirem mais pagamentos, não desnatura o PLR. Contudo, a Relação de empregados que receberam o PPR mais de duas vezes no ano calendário 2008, descreve empregado a empregado, aqueles que receberam em mais de duas parcelas, e não entendi, como os meras diferenças irrisórias. Fl. 447DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 26 Também não merece guarida a argumentação de que pagamentos realizados em março/2008 referemse exercício anterior, qual seja 2007. Não importa se de planos distintos, ou de mesmo plano, a lei é enfática em proibir o pagamento em mais de duas vezes no mesmo ano. Assim, entendo acertado o lançamento em relação aos empregados que receberam PLR mais de 2 vezes no mesmo ano, ou em periodicidade inferior a um semestre. A empresa, para obedecer os ditames legais, e valerse da exclusão, deve adequar seus planos, nos mais diversos exercícios de forma a que não haja pagamento ou distribuição acima dos limites legais, quais sejam, duas vezes no ano e uma vez por semestre na época da ocorrência do presente lançamento. Assim, embora, aceite o argumento teórico do recorrente, não consegui identificar nos presentes autos que os terceiros pagamentos, representem simples diferença, tendo o auditor identificado pontualmente cada um dos pagamentos e cada um dos beneficiados. CONCLUSÃO: entendo que para a relação apresentada pela autoridade fiscal, foi descumprido o limite máximo de salário de contribuição, razão pela qual deve consistir base de cálculo de contribuição. FUNDAMENTO: descumprimento do §2o do art. 3 da lei 10.101/2000. QUANTOS AOS AI DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Por fim, restou lavrado durante o mesmo procedimento o AI nº 37.262.8214, no qual foi aplicada multa por apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, o que configura infração ao disposto no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991; e Conforme descrito no relatório fiscal a autuação teve por fundamento o art. 32, IV da Lei n ° 8.212/1991, que disciplina que o contribuinte é obrigado informar ao INSS, por meio de documento próprio, informações a respeito dos fatos geradores de contribuições previdenciárias, nestas palavras: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97) (grifo nosso) Importante salientar, que tratandose de AI de obrigação acessória, não há quanto ao mérito qualquer questão a ser apreciada, posto que a procedência dos fatos geradores que ensejaram a multa ora aplicada, já foram objeto de apreciação no presente processo. Razão pela qual a procedência da obrigação principal, resulta na procedência das acessórias. DA ILEGALIDADE DA APLICAÇÃO DE JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Alega o recorrente que ilegal a cobrança de juros sobre a multa de ofício, contudo, entendo que razão não assiste ao recorrente neste ponto. Conforme já apreciado pela autoridade julgadora, Fl. 448DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 15 27 8. No caso concreto, aplicouse a multa de ofício prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e os juros de mora disciplinados no art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, por força dos arts. 35 e 35A da Lei n° 8.212, de 1991, nos termos da Lei n° 11.941, de 2009, conversão da Medida Provisória n° 449, de 2008. 8.1. O art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, determina a incidência da SELIC “sobre os débitos decorrentes de tributos e contribuições", ou seja, "débitos cuja origem remonta a tributos e contribuições". 8.2. Além disso, não há óbice à incidência de juros sobre a multa, pois esta integra a própria obrigação principal (CTN, art. 113, § 3º) e os juros incidem sobre a totalidade do crédito tributário (CTN, art. 161). Ao contrário do que entendeu o recorrente , a aplicação de juros sobre muito de ofício ´´e aplicável na medida que esta faz parte do crédito apurado. O art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. Assim, fazendo parte do crédito junto com o tributo, devem ser aplicados a multa os mesmos procedimentos e os mesmos critérios de cobrança, devendo, portanto, sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. No mesmo sentido, manifestouse por maioria a Câmara Superior de Recursos Fiscais, no processo 10.768.010559/200119, Acordão 920201.806 de 24 de outubro de 2011, cuja ementa transcrevo abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Ano calendário:1997 JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE. O art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo Recurso especial negado. É legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região. Recurso Especial Negado. A matéria sob exame pode ser dividida em duas questões, que se completam. A primeira, diz respeito à própria possibilidade genérica da incidência de juros sobre a multa, e centrase na interpretação do artigo 161 do CTN; a segunda questão envolve a discussão sobre a existência ou não de previsão legal para a exigência de juros sobre a multa, cobrados com base na taxa Selic. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 28 Sobre a incidência de juros de mora o citado art. 161 do CTN prevê o seguinte: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” Inicialmente entendo que o art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. Ou seja, tanto a multa como o tributo compõem o crédito tributário, devendolhes ser aplicado os mesmos procedimentos e os mesmos critérios de cobrança, devendo, portanto, sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Ademais, não haveria porque o valor da multa permanecer congelado no tempo. Por seu turno o § 1.º do art. 161 do CTN, ao prever os juros moratórios incidentes sobre os créditos não satisfeitos no vencimento, estipula taxa de 1% ao mês, não dispondo a lei de modo diverso. Abriu, dessa forma, possibilidade ao legislador ordinário tratar da matéria, o que introduz a segunda questão: a da existência ou não de lei prevendo a incidência de juros sobre a multa de oficio com base na taxa Selic. O artigo 43 da Lei nº 9.430/96 traz previsão expressa da incidência de juros sobre a multa. Confirase in verbis: "Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento." (grifei) Esse entendimento se coaduna com a Súmula nº 45 do extinto Tribunal Federal de Recursos, que já previa a correção monetária da multa: "As multas fiscais, sejam moratórias ou punitivas, estão sujeitas à correção monetária." Fl. 450DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 16 29 Considerando a natureza híbrida da taxa SELIC, representando tanto taxa de juros reais quanto de correção monetária, justificase a sua aplicação sobre a multa. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região: “TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. REPETIÇÃO. JUROS SOBRE A MULTA. POSSIBILIDADE. ART. 113, § 3º, CTN. LEI Nº 9.430/96. PREVISÃO LEGAL. 1. Por força do artigo 113, § 3º, do CTN, tanto à multa quanto ao tributo são aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. E não poderia ser diferente, porquanto ambos compõe o crédito tributário e devem sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Não haveria porque o valor relativo à multa permanecer congelado no tempo. 2. O artigo 43 da Lei nº 9.430/96 traz previsão expressa da incidência de juros sobre a multa, que pode, inclusive, ser lançada isoladamente. 3. Segundo o Enunciado nº 45 da Súmula do extinto TFR "As multas fiscais, sejam moratórias ou punitivas, estão sujeitas à correção monetária." 4. Considerando a natureza híbrida da taxa SELIC, representando tanto taxa de juros reais quanto de correção monetária, justificase a sua aplicação sobre a multa.” (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005.72.01.0000311/ SC, Relator: Desembargador Federal Dirceu de Almeida Soares) “TRIBUTÁRIO. ART. 43 DA LEI 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a exigência fiscal consistente na incidência de juros moratórios sobre multa de ofício aplicada ao contribuinte. Inteligência do artigo 43 da Lei 9.430/96 c/c art. 113, § 3, do CTN. 2. Improvida a apelação.” (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2004.70.00.0263869/ PR, Relator: Juiz Federal Décio José da Silva). Destarte, entendo que é legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Face a decisão proferida, entendo plenamente aplicável a incidência de juros sobre a multa de ofício, conforme demonstrado na decisão acima transcrita, a qual adoto como razão para determinar a procedência da multa aplicada. QUANTO AO VALOR BASE DA MULTA No que diz respeito ao valor base, entendo que não havendo o recorrente impugnado na época oportuna os valores da multa descritos na autuação , não poderá fazêlo Fl. 451DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 30 no recurso, face a preclusão. Na impugnação o recorrente argumento os outros pontos apreciados nesse recurso. Nos termos do § 6.º do art. 9.º da Portaria MPS/GM n.º 520/2004 c/c art. 17 do Decreto n.º 70.235/1972, a abrangência da lide é determinada pelas alegações constantes na impugnação, não devendo ser consideradas no recurso as matérias que não tenham sido aventadas na peça de defesa. Dessa forma, esse argumento não há de ser apreciado, mas merece destaque o fato do auditor autuante, ter cumprido todos o rito procedimento de constituição do lançamento. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para no mérito NEGARLHE PROVIMENTO em relação aos DEBCAD inclusos no presente processo. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 452DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 17 31 Voto Vencedor Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo Redator Designado Mesmo diante do seu brilhante voto, colocome em posição divergente daquela apresentada pela Ilustre Relatora no que diz respeito ao descumprimento por parte da autuada da regra da Lei n.º 10.101/2000 relativa à periodicidade. Vejamos. A Relatora, acompanhando o entendimento da DRJ, concluiu que os pagamentos efetuados a título de PLR aos segurados empregados listados em planilha feriam a Lei da PLR em razão da concessão da verba em periodicidade incompatível com aquela exigida na Lei. Em relação à periodicidade da distribuição dos lucros ou resultados, o fisco indicou que a autuada distribuiu lucros a determinados empregados em três ocasiões no mesmo ano civil. Assim, os Auditores concluíram que as contribuições previdenciárias deveriam incidir sobre todas as parcelas pagas aos empregados indicados em planilha a título de distribuição de lucros e resultados. Tal entendimento foi mantido pela DRJ e adotado pela Relatora. Peço vênias para discordar desse posicionamento. O art. 3º, §2º da Lei 10.101/00, na redação vigente à época dos fatos geradores, limitava o pagamento de antecipação ou distribuição de valores a título de PLR a duas vezes ao ano ou em periodicidade não inferior a um semestre civil: Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Da leitura da legislação (Lei 10.101/00) acima mencionada, verificase que não há nenhuma exceção em relação aos pagamentos referentes às competências anteriores ou posteriores, ou seja, ainda que se trate de antecipação ou complementação, tal parcela será considerada na aplicação da regra da periodicidade. Contudo, havendo dois pagamentos no mesmo semestre civil, entendo que não se pode tributar a totalidade dos pagamentos efetuados, mas apenas aquele pagamento que acabou por violar a regra de periodicidade prevista na lei. Esse posicionamento vem sendo manifestado tanto pela jurisprudência administrativa quanto a judicial, conforme se observa dos trechos abaixo transcritos: Quanto ao pagamento de PLR efetuado aos empregados nas localidades em que a recorrente firmou acordo coletivo com o sindicato da categoria, entendo que a recorrente deixou de cumprir os requisitos legais apenas no exercício de 2000, Fl. 453DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 32 quando efetuou pagamento de PLR três vezes no exercício, sendo duas delas dentro do mesmo semestre civil. A recorrente efetuou pagamentos em 05/2000, 06/2000 e 12/2000. A meu ver, a parcela que representou o descumprimento do requisito legal corresponde àquela efetuada em 06/2000 e sobre esta devem incidir as devidas contribuições. (CARF, trecho do voto condutor, proferido pela Relatora Conselheira Ana Maria Bandeira, Acórdão 20601.025, Sessão de 02/07/2008). TRIBUTÁRIO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÍNIMA DE SEIS MESES. ART. 3º, § 2º, da Lei 10.101/2000 (CONVERSÃO DA MP 860/1995) C/C O ART. 28, § 9º, "j", DA LEI 8.212/1991. REDUÇÃO DA MULTA MORATÓRIA. ART. 27, § 2º, DA LEI 9.711/1998. EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO INTEGRAL. ART. 35 DA LEI 8.212/1991. REDAÇÃO DADA PELA LEI 9.528/1997. DISCUSSÃO ACERCA DA CONSTITUCIONALIDADE. NÃOCONHECIMENTO.[...] 12. Escapam da tributação apenas os pagamentos que guardem, entre si, pelo menos seis meses de distância. Vale dizer, apenas os valores recebidos pelos empregados em outubro de 1995 e abril de 1996 não sofrem a incidência da contribuição previdenciária, já que somente esses observaram a periodicidade mínima prevista no art. 3º, § 2º, da Lei 10.101/2000 (conversão da MP 860/1995). [...] (STJ, REsp 496.949/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 31/08/2009) Desse modo, apenas sobre as parcelas dos lucros ou resultados pagas ou creditadas em inobservância à regra legal devem incidir as contribuições previdenciárias. Já as parcelas pagas em observância ao art. 3º, §2º da Lei n. 10.101/2000 – uma vez por semestre e, no máximo, duas vezes por ano – devem ser excluídas. Assim, pelo raciocínio acima, somente houve o descumprimento em relação ao segundo pagamento efetuado aos segurados empregados em cada semestre, posto que distribuída em desconformidade com a previsão legal de um pagamento por semestre civil. Todavia, o primeiro pagamento feito no semestre atende ao disposto no § 2. do art. 3. da Lei n. 10.101/2000, por isso não deve sofrer a tributação. Por consequência, em relação à aplicação da multa por falta de declaração na GFIP dos fatos geradores em questão, devese também excluir a primeira parcela da PLR paga aos segurados empregados. Conclusão Voto por afastar, nos AI n.º 37.346.3367 e n.º 37.346.3375, a incidência de contribuições sobre a primeira parcela da PLR paga aos segurados empregados, excluindo também esta parcela do cálculo da multa do AI n.º 37.346.3383. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 454DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 18 33 Declaração de Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Tratase o presente de recurso voluntário interposto contra o acórdão da DRJ que, entre outros pontos contraditados, entendeu procedente o lançamento fiscal sobre verba paga à titulo de participação nos lucros ou resultados, PLR, entendidas pela Fiscalização como pagas em desacordo com a legislação específica, uma vez que pagos em mais de duas vezes ao ano e com intervalo inferior a seis meses, e pagos extensivamente aos diretores estatutários, com base na Lei nº 6.404/76. O voto da ilustre Conselheira Relatora, acatado pela maioria desta turma, reconhece: i) o descumprimento do requisito disposto no artigo 3º, parágrafo 2º, da Lei nº 10.101, de 2000, ou seja, foi verificado o pagamento em mais de duas parcelas anuais. Entende o ínclito Relator que tal falha enseja a descaracterização da verba a partir do momento do descumprimento do preceito legal, ou seja, o valor pago por meio da terceira, ou posteriores, parcelas é que ferem o instituto previsto no artigo 7º, inciso XI, da Carta Fundamental, e disposto pela Lei nº 10.101; ii) a incidência de contribuição previdenciária patronal sobre verba paga à título de PLR aos diretores estatutários, a uma pela não aplicação da Lei 6.404/76 como lei específica exigida pela Lei nº 8.212/91 e a duas pela inaplicabilidade da Lei nº 10.101/00 aos segurados contribuintes individuais Permitome, com a máxima vênia, discordar. Como regra geral, as contribuições previdenciárias têm por base de cálculo a remuneração percebida pela pessoa física pelo exercício do trabalho. É dizer: toda pessoa física que trabalha e recebe remuneração decorrente desse labor é segurada obrigatória da previdência social e dela contribuinte, em face do caráter contributivo e da compulsoriedade do sistema previdenciário pátrio. De tal assertiva, decorre que a base de cálculo da contribuição previdenciária é a remuneração percebida pelo segurado obrigatório em decorrência de seu trabalho. Nesse sentido caminha a doutrina. Eduardo Newman de Mattera Gomes e Karina Alessandra de Mattera Gomes (Delimitação Constitucional da base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias ‘in’ I Prêmio CARF de Monografias em Direito Tributário 2010, Brasília: Edições Valentim, 2011. p. 483.), entendem que: “...não se deve descurar que, nos estritos termos previstos no art. 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91, apenas as verbas remuneratórias, ou seja, aquelas destinadas a retribuir o trabalho, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo disponibilizado ao empregador, é que ensejam a incidência da contribuição previdenciária em análise” (grifos originais) Fl. 455DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 34 Academicamente (OLIVEIRA, Carlos Henrique de. Contribuições Previdenciárias e Tributação na Saúde ‘in’ HARET, Florence; MENDES, Guilherme Adolfo. Tributação da Saúde, Ribeirão Preto: Edições Altai, 2013. p. 234.), já tivemos oportunidade de nos manifestar no mesmo sentido quando analisávamos o artigo 214, inciso I do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, que trata do salário de contribuição: “O dispositivo regulamentar acima transcrito, quando bem interpretado, já delimita o salário de contribuição de maneira definitiva, ao prescrever que é composto pela totalidade dos rendimentos pagos como retribuição do trabalho. É dizer: a base de cálculo do fato gerador tributário previdenciário, ou seja, o trabalho remunerado do empregado, é o total da sua remuneração pelo seu labor” (grifos originais) Assentados no entendimento sobre a base de cálculo das contribuições previdenciárias, vejamos agora qual a natureza jurídica da verba paga como participação nos lucros e resultados. De plano, é forçoso observar que os lucros e resultados decorrem do atingimento eficaz do desiderato social da empresa, ou seja, tanto o lucro como qualquer outro resultado pretendido pela empresa necessariamente só pode ser alcançado quando todos os meios e métodos reunidos em prol do objetivo social da pessoa jurídica foram empregados e geridos com competência, sendo que entre esses estão, sem sombra, os recursos humanos. Nesse sentido, encontramos de maneira cristalina que a obtenção dos resultados pretendidos e do conseqüente lucro foi objeto do esforço do trabalhador e portanto, a retribuição ofertada pelo empregador decorre dos serviços prestados por esse trabalhador, com nítida contraprestação, ou seja, com natureza remuneratória. Esse mesmo raciocínio embasa a tributação das verbas pagas a título de prêmios ou gratificações vinculadas ao desempenho do trabalhador, consoante a disposição do artigo 57, inciso I, da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, explicitada em Solução de Consulta formulada junto à 5ªRF (SC nº 28 – SRRF05/Disit), assim ementada: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias PRÊMIOS DE INCENTIVO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Os prêmios de incentivo decorrentes do trabalho prestado e pagos aos funcionários que cumpram condições pré estabelecidas integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias e do PIS incidente sobre a folha de salários. Dispositivos Legais: Constituição Federal, de 1988, art. 195, I, a; CLT art. 457, §1º; Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, I, III e §9º; Decreto nº 3.048, de 1999, art. 214, §10; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 2º, 9º e 50. (grifamos) Como bem apontado pela ilustre Relatora, a Lei nº 10.101, de 2000, que disciplinou a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), textualmente em seu artigo 3º determina que a verba paga a título de participação, disciplinada na forma do artigo 2º da Lei, “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade” o que afasta peremptoriamente a natureza salarial da mencionada verba. Ora, analisemos as inferências até aqui construídas. De um lado, concluímos que as verbas pagas como obtenção de metas alcançadas têm nítido caráter remuneratório uma vez que decorrem da prestação pessoal de serviços por parte dos empregados da empresa. Por Fl. 456DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 19 35 outro, vimos que a Lei que instituiu a PLR afasta – textualmente – o caráter remuneratório da mesma, no que foi seguida pela Lei de Custeio da Previdência Social, Lei nº 8.212, de 1991, que na alínea ‘j’ do inciso 9 do parágrafo 1º do artigo 28, assevera que não integra o salário de contribuição a parcela paga a título de “participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica” A legislação e a doutrina tributária bem conhecem essa situação, e a denominam isenção, reconhecendo ser a forma pela qual a lei de caráter tributário, como é o caso da Lei de Custeio, afasta determinada situação fática da exação. Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário 3ªed. São Paulo: Ed Saraiva. 2013. p.649), citando Jose Souto Maior Borges, diz que a isenção é uma hipótese de não incidência legalmente qualificada. Nesse sentido, devemos atentar para o alerta do professor titular da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que recorda que a isenção é vista pelo Código Tributário Nacional como uma exceção, uma vez que a regra é que: da incidência, surja o dever de pagar o tributo. Tal situação, nos obriga a lembrar que as regras excepcionais devem ser interpretadas restritivamente. Paulo de Barros Carvalho, coerente com sua posição sobre a influência da lógica semântica sobre o estudo do direito aliada a necessária aplicação da lógica jurídica, ensina que as normas de isenção são regras de estrutura e não regras de comportamento, ou seja, essas se dirigem diretamente à conduta das pessoas, enquanto aquelas, as de estrutura, prescrevem o relacionamento que as normas de conduta devem manter entre si, incluindo a própria expulsão dessas regras do sistema (abrogação). Por ser regra de estrutura a norma de isenção “introduz modificações no âmbito da regra matriz de incidência tributária, esta sim, norma de conduta” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013. p. 450), modificações estas que fulminam algum aspecto da hipótese de incidência, ou seja, um dos elementos do antecedente normativo (critérios material, espacial ou temporal), ou do conseqüente (critérios pessoal ou quantitativo). Podemos entender, pelas lições de Paulo de Barros, que a norma isentiva é uma escolha da pessoa política competente para a imposição tributária que repercute na própria existência da obrigação tributária principal uma vez que ela, como dito por escolha do poder tributante competente, deixa de existir. Tal constatação pode, por outros critérios jurídicos, ser obtida ao se analisar o Código Tributário Nacional, que em seu artigo 175 trata a isenção como forma de extinção do crédito tributário. Voltando uma vez mais às lições do Professor Barros Carvalho, e observando a exata dicção da Lei de Custeio da Previdência Social, encontraremos a exigência de que a verba paga a título de participação nos lucros e resultados “quando paga ou creditada de acordo com lei específica” não integra o salário de contribuição, ou seja, a base de cálculo da exação previdenciária. Ora, por ser uma regra de estrutura, portanto condicionante da norma de conduta, para que essa norma atinja sua finalidade, ou seja impedir a exação, a exigência constante de seu antecedente lógico – que a verba seja paga em concordância com a lei que regula a PLR – deve ser totalmente cumprida. Objetivando que tal determinação seja fielmente cumprida, ao tratar das formas de interpretação da legislação tributária, o Código Tributário Nacional em seu artigo 111 preceitua que se interprete literalmente as normas de tratem de outorga de isenção, como no caso em comento. Fl. 457DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 36 Importante ressaltar, como nos ensina André Franco Montoro, no clássico Introdução à Ciência do Direito (24ªed., Ed. Revista dos Tribunais, p. 373), que a: “interpretação literal ou filológica, é a que toma por base o significado das palavras da lei e sua função gramatical. (...). É sem dúvida o primeiro passo a dar na interpretação de um texto. Mas, por si só é insuficiente, porque não considera a unidade que constitui o ordenamento jurídico e sua adequação à realidade social. É necessário, por isso, colocar seus resultados em confronto com outras espécies de interpretação”. (grifos nossos) Nesse diapasão, nos vemos obrigados a entender que a verba paga à título de PLR não integrará a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias se tal verba for paga com total e integral respeito à Lei nº 10.101, de 2000, que dispõe sobre o instituto de participação do trabalhador no resultado da empresa previsto na Constituição Federal. Isso porque: i) o pagamento de verba que esteja relacionada com o resultado da empresa tem inegável cunho remuneratório em face de nítida contraprestação que há entre o fruto do trabalho da pessoa física e a o motivo ensejador do pagamento, ou seja, o alcance de determinada meta; ii) para afastar essa imposição tributária a lei tributária isentiva exige o cumprimento de requisitos específicos dispostos na norma que disciplina o favor constitucional. Logo, imprescindível o cumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101 para que o valor pago a título de PLR não integre o salário de contribuição do trabalhador. Vejamos quais esses requisitos. Dispõe textualmente a Lei nº 10.101/00: Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Art. 3º ... § 2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em Fl. 458DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 20 37 mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. (grifamos) Da transcrição legal podemos deduzir que a Lei da PLR condiciona, como condição de validade do pagamento: i) a existência de negociação prévia sobre a participação; ii) a participação do sindicato em comissão paritária escolhida pelas partes para a determinação das metas ou resultados a serem alcançados ou que isso seja determinado por convenção ou acordo coletivo; iii) o impedimento de que tais metas ou resultados se relacionem à saúde ou segurança no trabalho; iv) que dos instrumentos finais obtidos constem regras claras e objetivas, inclusive com mecanismos de aferição, sobre os resultados a serem alcançados e a fixação dos direitos dos trabalhadores; v) a vedação expressa do pagamento em mais de duas parcelas ou com intervalo entre elas menor que um trimestre civil. Nesse ponto minha discordância do voto proferido pela Conselheira Relatora. Não há que se falar em partição dos requisitos ou cumprimento parcial deles. Tratase, ao reverso, de um tudo ou nada, de um total adimplemento dos ditames legais ou de um descumprimento daquilo que o legislador impôs como requisito fundamental. Tanto isso é que, dentre todos os requisitos impostos pela Lei, a partição do pagamento em mais de duas parcelas ou a periodicidade inferior a um trimestre civil tem expressa vedação. Importante recordar que tal determinação tem nítida função de impedir que se substitua a remuneração do trabalhador por uma participação em determinados resultados, que se poderia facilmente obter se fosse possível o pagamento à titulo de PLR em parcelas mensais ou bimestrais. Em acréscimo podese alegar que não se cogita, quanto aos outros requisitos, flexibilizar os ditames da lei, como por exemplo, se aceitar que não haja participação de representante sindical nas negociações ou que essas não redundem em instrumento firmado, ou acordado sem metas claras e objetivas ou que versem sobre saúde e segurança do trabalho. Ressaltemos que a flexibilização das regras impostas pela lei, além de afrontar a reserva legal típica da norma isentiva, fere as regras de hermenêutica jurídica, pois não pode o aplicador do direito interpretar uma norma de maneira contrária a sua própria integração, isto é, uma interpretação que lhe desvirtue o sentido, a vontade do legislador quando da criação da norma, consoante as lições de Paulo de Barros Carvalho. Recordando, consta do próprio texto da Lei 10.101, especificamente no artigo 1º, que a PLR será objeto de negociação como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo a produtividade. Ora, pagamentos periódicos, por certo, acabariam por se tornar retributivos do trabalho e não modo de integração do trabalhador na mais valia alcançada pelo empregador, fruto também do capital por este investido na produção. Por todo o exposto, Sr. Presidente, entendo que o pagamento da verba decorrente de um acordo de participação nos lucros e resultados só estará isenta de incidência de contribuição previdenciária se cumprir todos os requisitos da Lei nº 10.101/2000 em sua inteireza. Passemos a examinar a questão da aplicação da Lei nº 10.101 aos contribuintes individuais. Fl. 459DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 38 Como vimos acima, os requisitos da lei que concede uma isenção é que devemos interpretar literalmente, ou como preferem alguns, restritivamente. O alcance de um programa de PLR, ao reverso, não pode distinguir determinados tipos de trabalhadores, ou categorias de segurados. Nesse sentido, como leciona Montoro, acima transcrito, que a interpretação literal deve ser feita em consonância com o sistema jurídico. Ou alguém poderia defender determina interpretação que discriminasse um trabalhador autônomo em relação a um empregado em determinado ponto, quanto mais quando esse entendimento obstasse um direito que a própria Carta Magna não concedeu. Ora, prezados Conselheiros, ao instituir uma gama de direitos aos trabalhadores, a Constituição Federal assim determinou: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: ... XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;” (grifamos) Não quis, o Constituinte, diferenciar os trabalhadores. Podemos assim inferir, pois quando optou por identificar determinados trabalhadores, a Carta Fundamental assim o fez, como se pode observar no inciso XXXIV e parágrafo único, ambos do mesmo artigo 7º acima, que se referem especificamente ao trabalhador avulso, que teve seus direitos equiparados; e ao doméstico, que na redação original da Carta, os teve diminuídos. Idêntica redação tem a Lei 10.101, de 2000, que em seu artigo 1º, explicita: “Art. 1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição.” (grifos não constam do texto legal) Para alguns, por mencionar a categoria dos empregados, nos caputs dos artigos 2º e 3º, dispositivos que explicitam os requisitos para a validade da PLR, a Lei nº 10.101 restringiria a estes trabalhadores o direito à participação nos lucros e resultados. Uma análise mais detida e isenta não corrobora tal entendimento. Vejamos. Tanto em um, como em outro artigo, o uso do vocábulo empregado se constituiu um pressuposto lógico, pois o dispositivo constante do artigo 2º trata da participação do sindicato na elaboração do plano, e o do artigo 3º versa sobre a integração da verba paga a título de PLR na remuneração e nos reflexos trabalhistas que só existem para o empregado. A uma não haveria outro modo de redigir a norma, pois ao desejar que os trabalhadores estivessem representados na mesa de negociação com os empregadores por alguém que lhe defendessem os interesses, esse alguém só poderia ser o sindicato, entidade típica dos empregados, que já tem – por expressa previsão constitucional – esse mister. A outra, porque reflexos trabalhistas sobre verbas pagas pelo trabalho, também só surgem para os empregados. Mera busca na letra fria da lei só encontra mais uma remissão aos empregados, justamente no parágrafo 1º do artigo 3º, de onde se conclui que não há, nem do ponto de vista semântico, a intenção do legislador de restringir o benefício. Reiterese, que, ao tratar da questão da tributação da renda decorrente do recebimento da PLR, volta novamente o legislador a utilizarse da expressão “trabalhador”. Fl. 460DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 16327.721244/201229 Acórdão n.º 2401003.810 S2C4T1 Fl. 21 39 Por fim, necessário recordar, numa interpretação teleológica, que o contribuinte individual, por exemplo, o diretor, contribui também com seu labor para o atingimento das metas e resultados da empresa. Subtrair tal benefício dessa categoria é discriminar alguém que, em regra, não sendo detentor do capital, só possui o trabalho para obter renda e sustentar sua família. Vários julgados deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais corroboram esse entendimento (PAF 10920.002868/200881, Ac. 2301003.024, dj; PAF 11020.002008/201079, Ac. 2301002.492 dj 18.01.2014). Wagner Balera e Thiago Taborda Simões, em obra de fôlego sobre o tema (Participação nos Lucros e nos Resultados: Natureza Jurídica e Incidência Previdenciária, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, FISCOSoft Editora, 2014, p. 163), asseveram: “...Na linha da literalidade, entendese que a norma de isenção descreve a materialidade a exclusão da incidência sobre as verbas pagas aos empregados da pessoa jurídica, conceito que não albergaria os contribuintes individuais (diretores estatutários, administradores, conselheiros), por não gozarem dessa qualidade. Por outro lado, a interpretação sistemática considera o benefício fiscal extensivo aos estatutários, por não integrarem o salário de contribuição. Enfileiramonos com a segunda posição. A norma de isenção da PLR é extensiva aos diretores (contribuintes individuais), já que a norma específica que trata do tema – Lei nº 10.101/2000 – não estabelece a limitação” Assim, acompanhados pela jurisprudência administrativa e pela moderna doutrina, e principalmente, por entender que a norma de isenção representada pela Lei nº 10.101/00, não limitou o benefício fiscal e trabalhista à determinada categoria de trabalhadores – até porque tal procedimento seria claramente discriminatório – somos de opinião que a PLR, desde que devidamente implementada, com o programa de criação do plano – devidamente aprovado pelo sindicato dos empregados explicitamente incluindo os contribuintes individuais, pode sim ser extensiva a todos os trabalhadores da empresa. É como voto. Carlos Henrique de Oliveira Fl. 461DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 22/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10925.721820/2013-93
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jun 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/04/2010, 14/05/2010, 14/06/2010
ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CABIMENTO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
FIXAÇÃO DE PRAZOS. PRAZO IMPRÓPRIO.
No Processo Administrativo Fiscal (PAF), os prazos para a Administração são denominados de impróprios, por não gerarem preclusão temporal quando não cumpridos.
Numero da decisão: 3803-006.916
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, Demes Brito, Paulo Renato Mothes de Moraes e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: HELCIO LAFETA REIS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/04/2010, 14/05/2010, 14/06/2010 ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CABIMENTO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). FIXAÇÃO DE PRAZOS. PRAZO IMPRÓPRIO. No Processo Administrativo Fiscal (PAF), os prazos para a Administração são denominados de impróprios, por não gerarem preclusão temporal quando não cumpridos.
turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jun 26 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10925.721820/2013-93
anomes_publicacao_s : 201506
conteudo_id_s : 5478135
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jun 26 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3803-006.916
nome_arquivo_s : Decisao_10925721820201393.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : HELCIO LAFETA REIS
nome_arquivo_pdf_s : 10925721820201393_5478135.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, Demes Brito, Paulo Renato Mothes de Moraes e João Alfredo Eduão Ferreira.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
id : 5995394
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:41:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887522299904
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2123; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 1.598 1 1.597 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.721820/201393 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.916 – 3ª Turma Especial Sessão de 18 de março de 2015 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO MULTA ADUANEIRA Recorrente J. MACIEL E CIA. LTDA. EPP E OUTRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 15/04/2010, 14/05/2010, 14/06/2010 IMPORTAÇÃO. OCULTAÇÃO DO REAL IMPORTADOR. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. MULTA SUBSTITUTIVA DA PENA DE PERDIMENTO. Constatada a ocorrência de ocultação do real comprador ou responsável pelas operações de importação, mediante interposição fraudulenta de terceiros, aplicase a multa substitutiva da pena de perdimento na hipótese de impossibilidade de apreensão das mercadorias importadas, por se configurar a infração como dano ao Erário. INFRAÇÃO NA IMPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA. Incluemse no pólo passivo da exigência as pessoas, físicas ou jurídicas, que participaram das operações configuradoras da infração, cujas atuações se subsumem às normas gerais de definição da responsabilidade tributária. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/04/2010, 14/05/2010, 14/06/2010 ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CABIMENTO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). FIXAÇÃO DE PRAZOS. PRAZO IMPRÓPRIO. No Processo Administrativo Fiscal (PAF), os prazos para a Administração são denominados de impróprios, por não gerarem preclusão temporal quando não cumpridos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 18 20 /2 01 3- 93 Fl. 1598DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.599 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, Demes Brito, Paulo Renato Mothes de Moraes e João Alfredo Eduão Ferreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão da DRJ São Paulo I/SP que julgou improcedente as Impugnações manejadas pelo contribuinte supra identificado e pelo responsável solidário, para se contraporem ao auto de infração consistente em multa equivalente a 100% do valor aduaneiro das mercadorias importadas, no montante de R$ 513.343,49, dada a impossibilidade de sua apreensão. O auto de infração (fls. 894 a 897) tem como enquadramento legal os arts. 673, 675, inciso V, 689 e § 1° do Decreto n° 6.759/09 e arts. 73, §§ 1° e 2° e 77 da Lei n° 10.833/03 e origem na “ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou responsável pelas operações de importação, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta de terceiros, infração considerada dano ao Erário, conforme expresso no artigo 23, inciso V, do Decretolei nº 1.455/1976, cominada com a pena de perdimento das mercadorias, conforme o §1º do mencionado diploma legal”. A pena de perdimento foi convertida em multa, equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, em razão da impossibilidade de apreensão das mercadorias (§ 3º, do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976). Foi arrolado como responsável solidário, por meio de Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 947 a 950), a pessoa jurídica Ulihort Hortigranjeiros Ltda. No amplo e detalhado relatório fiscal (fls. 898 a 945), constam as conclusões da auditoria realizada, sendo destacados, neste relatório, as seguintes constatações: a) a seleção das Declarações de Importação (DI) decorrera do fato de que “a natureza e quantidade das mercadorias e/ou a localização da unidade em que foram desembaraçadas indiciarem operações de importação por encomenda ou por conta e ordem de terceiros”; b) comprovouse ocorrência de interposição fraudulenta nas importações registradas em nome de J. Maciel e Cia. Ltda., em razão da “insuficiência econômico Fl. 1599DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.600 3 financeira e patrimonial dos sócios para alavancar o volume de importações realizadas, bem como para prover o capital social da empresa”, com “a ocultação do real adquirente das mercadorias objeto das DI destacadas, mediante simulação/interposição fraudulenta, amoldandose a situação fática à infração tipificada no artigo 23, inciso V, do Decretolei nº 1.455/1976”; c) por meio da ocultação do real adquirente, a empresa Ulihort Hortigranjeiros LTDA., pretendiase afastar as obrigações tributárias principais e acessórias, bem como a submissão a procedimentos de controle sobre as operações de comércio exterior; d) “[constatada] a ocorrência de fatos que, em tese, configuram ilícitos penais, foi formalizada Representação Fiscal para Fins Penais ao Ministério Público Federal, protocolizada sob o processo administrativo nº 10925.721.822/201382 (Portaria RFB nº 2.439/2010)”; e) J. Maciel, devidamente intimada e reintimada para comprovar “a regular origem, a disponibilidade, bem como a efetiva transferência dos recursos utilizados nas operações de comércio exterior”, por meio das DIs, dos livros contábeis e fiscais, dos extratos bancários, das notas fiscais, dos contratos de câmbio e dos comprovantes da efetiva integralização do capital social”, atendeu apenas em parte ao solicitado, deixando de apresentar documentos e informações imprescindíveis à comprovação da origem dos recursos utilizados nas suas importações de mercadorias, não tendo havido a identificação dos remetentes dos recursos creditados em suas contas bancárias; f) J. Maciel importou, de janeiro de 2009 a maio de 2011, cerca de R$ 13.088.627,23 em várias mercadorias, como cebola, alho e outros produtos alimentícios, além de sistemas de portões industriais automatizados. Nas DIs, registradas “por conta e ordem de terceiro”, a empresa figurou como adquirente das mercadorias, tendo se valido de um importador para proceder ao despacho aduaneiro de importação, o que indicava que era a própria J. Maciel que importava os produtos; g) as empresas J. Maciel e Ulihort celebraram um contrato de compra e venda mercantil, o que caracterizava a existência de um terceiro adquirente ou encomendante predeterminado para as mercadorias importadas, não se tratando, por conseguinte, de uma verdadeira importação por conta e ordem de terceiro; h) a legislação aduaneira somente admite a atuação dos importadores em três diferentes modalidades de operações, a saber: (i) importação direta, (ii) importação por conta e ordem de terceiro (típicas de trading companies e que devem estar de acordo com as normas de controle previstas na IN SRF 225, de 2002) e (iii) importação para revenda a encomendante predeterminado (art. 11 da Lei nº 11.281, de 2006, e IN SRF nº 634, de 2006 sujeição passiva e responsabilidade tributária a cargo do encomendante, sendo imprescindível a sua identificação na declaração de importação); i) em face da normatização acima referenciada, as trading companies passaram a realizar vendas previamente entabuladas, sendo remuneradas com uma espécie de comissão, agregada ao custo da mercadoria nacionalizada, convertendose em um “guarda chuva” para abrigar inúmeros importadores (adquirentes ou encomendantes), os quais acabavam não sendo devidamente identificados pelo Fisco, esquivandose do cumprimento de obrigações tributárias principais e acessórias, com o afastamento fraudulento da condição de Fl. 1600DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.601 4 contribuinte dos tributos incidentes no comércio exterior, dentre eles, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); j) ao se compararem os rendimentos declarados pelos sócios com o montante despendido pela J.Maciel nas importações, constatouse uma colossal incongruência, com manifesta discrepância entre os valores envolvidos, pois, nos anos de 2007 a 2010, a J.Maciel gastara com importações 123 vezes o total dos rendimentos declarados pelos sócios, sendo que, considerando somente os rendimentos do sócio majoritário (99%), Sr. Jacó Maciel, a J.Maciel gastara com importações 182,5 vezes o total dos rendimentos por ele declarados; k) os resultados econômicos apurados pela pessoa jurídica também destoavam da soma gasta com importações, sendo apurado, a partir da contabilidade, das Declarações de informações econômicofiscais (Dipj) e do Siscomex, que os valores despendidos com importações sobrepujavam significativamente as receitas brutas apuradas, conforme demonstram as planilhas de fls. 913 a 915, evidenciando a absoluta falta de capacidade econômica da J. Maciel para a realização das referidas operações; l) com o início da fiscalização, as importações subseqüentes da J. Maciel passaram a ser monitoradas, com exigência de comprovação da capacidade financeira, estancando, a partir de então, a realização de importações; m) em diligências realizadas na matriz e na filial da J.Maciel, com vistas a se avaliar a aptidão da empresa (instalações apropriadas, veículos, equipamentos, estoques, mão deobra etc.) para realizar as atividades atinentes ao seu objeto social (tudo devidamente fotografado e reproduzido no relatório fiscal), constatouse que a realidade da empresa, constituída de um escritório prestador de serviços (matriz) e de um galpão praticamente vazio (filial), não condizia com um comércio atacadista de alimentos ou de qualquer outro produto descrito no contrato social, inexistindo estoques e nem espaço ou arranjo destinado à armazenagem e à movimentação de mercadorias compatível com o volume de mercadorias transacionadas com o exterior; n) instigado a se manifestar acerca da falta de armazenagem de mercadorias, o sócioadministrador Jacó Maciel declarou que as mercadorias “ficam estocadas na filial da empresa, mas em alguns casos são remetidas diretamente para o cliente”; o) com o intuito de averiguar a disponibilidade de recursos humanos no período fiscalizado, consultaramse as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) entregues pela empresa, tendo sido observado que, no período de janeiro de 2009 a maio de 2011, a J. MACIEL não dispunha de empregados, mas somente do sócioadministrador, este cadastrado como contribuinte individual, com ocupação de gerente de operações comerciais, cujo salário era de R$ 255,00 por mês, situação essa não condizente com o volume importado de 7.188.913,00 kg e 5.615.647,00 kg de mercadorias em 2009 e 2010; p) diante dos fatos apurados, constatouse que a estrutura operacional da empresa se mostrava absolutamente incompatível com as atividades mercantis supostamente desenvolvidas no período fiscalizado, o que indicava que ela, de fato, embora tenha assim declarado, não realizara qualquer importação na modalidade “direta” ou “por ordem e conta próprias”, dada a sua evidente incapacidade operacional; q) “[a] estrutura encontrada denuncia verossímil o feito de que a empresa operava “por conta e ordem de terceiros” – que consiste, essencialmente, na prestação de Fl. 1601DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.602 5 serviços relacionados ao despacho aduaneiro, podendo compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial – sendo as mercadorias, nesses casos, geralmente, depois de desembaraçadas, remetidas diretamente aos adquirentes predeterminados, que, no presente caso, foram mantidos recônditos das autoridades fiscais responsáveis pelo despacho aduaneiro.”; r) constatouse a configuração de uma importação indireta, com prévio ajuste entre o encomendante ou adquirente e o importador para que este realizasse, a pedido daquele, os procedimentos necessários à nacionalização de mercadorias estrangeiras, sendo o real adquirente a empresa Ulihort, esta não identificada no registro das declarações de importação. Tal prática evidenciava, conforme demonstravam as notas fiscais emitidas, que as mercadorias importadas nem sequer transitavam pelas dependências da J. Maciel, tratandose de importação por conta e ordem de terceiros, estes mantidos ocultos das autoridades alfandegárias em sede de despacho aduaneiro de importação, via interposição fraudulenta; s) os recursos financeiros destinados a saldar os contratos de câmbio provieram, justamente, da empresa destinatária das mercadorias, a Ulihort, conforme demonstravam os lançamentos contábeis e os extratos bancários da J. Maciel; t) mais uma prova de que houvera a ocultação do real adquirente nas importações era o Contrato de Compra e Venda Mercantil celebrado entre J.Maciel e Ulihort, cujo objeto era a venda de mercadoria importada da China, contrato esse celebrado em data anterior à das importações realizadas, evidenciando, ainda mais, a simulação (interposição fraudulenta de terceiro § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976); u) o objetivo das fraudes era a obtenção de “indevidas vantagens fiscais, tais como: (a) desfrutarse impropriamente de benefícios ficais relativos ao imposto estadual sobre a circulação de mercadorias, a exemplo do Programa Próemprego do Estado de Santa Catarina e do benefício de que trata a Lei 14.985/2006 do estado do Paraná; (b) não figurar como contribuinte “equiparado a industrial” e evitar a incidência do IPI nas operações subseqüentes à importação; e (c) não se submeter a procedimentos de habilitação para atuar no comércio exterior. Além disso, o uso de interposta pessoa interfere na avaliação do risco da operação, mensurada em função do perfil e histórico cadastral dos intervenientes aduaneiros envolvidos”; v) a ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou responsável pelas operações de importação, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta de terceiros, configura a infração de dano ao Erário (art. 23, inciso V, do Decretolei n° 1.455/1976), punível com a pena de perdimento da mercadoria (§ 1° do art. 23 do Decretolei n° 1.455/1976) ou, na impossibilidade de sua apreensão, com a multa equivalente ao valor das mercadorias prevista no § 3° do art. 23 do Decretolei n° 1.455/1976; w) restou comprovado que tanto a J. Maciel quanto a empresa Ulihort concorreram e se beneficiaram da prática da infração tipificada no inciso V do art. 23 do DecretoLei n° 1.455, de 1976, com redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637, de 2002, figurando ambas, por conseguinte, no pólo passivo da atuação, a fiscalizada na figura de contribuinte e a empresa Ulihort na figura de responsável solidária; x) a responsabilidade solidária encontrase prevista art. 95 do DecretoLei n° 37, de 1966, com as inclusões realizadas pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, e pela Lei n° 11.281, de 2006, bem como no art. 124 do Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 1602DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.603 6 Cientificado do lançamento, o responsável solidário, empresa Ulihort, requereu a declaração de nulidade do Termo de Sujeição Passiva Solidária, alegando que tanto ela quanto a J. Maciel se encontravam aptas a realizar transações comerciais de compra e venda, não se sujeitando ao IPI as importações de alho. A empresa J. Maciel, por seu turno, requereu a declaração de improcedência do auto de infração, alegando, aqui apresentado de forma sucinta, o seguinte: a) em preliminar, a nulidade absoluta do auto de infração, por ofensa ao princípio da legalidade, dada a sua lavratura após dois anos da apresentação dos documentos e informações requisitados pela Fiscalização, contrariando o art. 9º da IN SRF nº 228, de 2002, inexistindo nos autos qualquer documento que comprovasse a prorrogação do prazo para conclusão do procedimento especial de fiscalização. Não tendo havido a decretação da pena de perdimento no prazo estipulado no ato normativo, temse por prejudicada a sua decretação extemporânea ou a aplicação de outra penalidade; b) em suas atividades, sempre se valeu de capital próprio, com disponibilidade de recursos financeiros, conforme demonstravam sua contabilidade e seus extratos bancários, podendo sua capacidade financeira ter sido aferida com base nos procedimentos de análise fixados pela CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (Coana) e não de forma aleatória como fizera a Fiscalização; c) o próprio Fisco Federal, no bojo do processo administrativo nº 10926.000546/200414, realizara análise prévia, concluindo pela capacidade financeira da empresa para realizar operações de comercio exterior até o limite aproximado de R$ 4.000.000,00, fato esse hábil para afastar os argumentos extrajurídicos expostos no auto de infração; d) a sua capacidade operacional fora analisada previamente pela Receita Federal, não podendo a Fiscalização, posteriormente, em uma única visita aos seus estabelecimentos, concluir de forma contrária, pois, na ocasião, havia estoques no armazém que demonstravam sua capacidade operacional, tudo devidamente registrado nos balancetes e no livro de inventário da pessoa jurídica; e) apenas aproximadamente 10% das mercadorias importadas eram enviadas diretamente aos clientes, tratandose, portanto, de situação excepcional, pois a regra era o armazenamento prévio para envio posterior aos adquirentes, conforme demonstravam as fotos então trazidas aos autos; f) as mercadorias importadas eram, em sua maioria, cereais e leguminosas, que, em alguns casos, necessitavam de venda imediata, não podendo ficar estocadas, como o eram os alhos vendidos à empresa Ulihort; g) para se manter no mercado de importação de cereais e leguminosas, há a necessidade de alto grau de especialidade e uma cadeia de clientes apta a adquirir as mercadorias logo após a sua importação, muitas vezes, antes da sua chegada em território nacional; h) no presente caso, por se tratar de alhos advindos de safras específicas, a compra avençada necessitava ser garantida pelo adquirente nacional; Fl. 1603DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.604 7 i) inexistiu interposição fraudulenta de terceiros, pois não se tratava de venda realizada antes da importação da mercadoria, conforme demonstravam os documentos apresentados à Fiscalização, mas de vendas regulares de produtos perecíveis no mercado interno, em situações em que não se podia aguardar o desembaraço aduaneiro para sua efetivação; j) o contrato de compra e venda de alho importado da China firmado com a empresa Ulihorti fora celebrado em 24 de março de 2010, com a obrigação de entrega da mercadoria em 24 de abril de 2010, posteriormente, portanto, à aquisição das mercadorias no exterior, esta ocorrida em fevereiro de 2010, não tendo havido venda entabulada previamente à importação; k) por questão de logística, a mercadoria pode ser entregue em diversos locais da Federação, inexistindo obrigatoriedade de seu trânsito pelos estabelecimentos físicos do importador, precipuamente quando, como no presente caso, o importador se localiza no Estado de Santa Catarina e a mercadoria é desembaraçada no Porto de Santos/SP e vendida a adquirente domiciliado no Estado do Espírito Santo; l) sua atividade preponderante é o comércio, principalmente de importação e exportação de produtos com o objetivo estritamente empresarial, e não armazenagem e logística, inexistindo exigência legal determinando a permanência das mercadorias importadas por determinado lapso de tempo em estabelecimentos e armazéns do importador; m) em sua atividade, após os contatos de praxe com o exportador domiciliado no exterior, os potenciais clientes nacionais são consultados acerca de eventual interesse na aquisição das mercadorias importadas, que, se confirmado, acarreta a formalização do contrato de compra e venda; n) as vendas no mercado interno são pagas à vista ou a prazo, dependendo das negociações e do histórico e credibilidade dos clientes; o) após o desembaraço, as mercadorias são acondicionadas em armazéns de cargas previamente contratados ou mantidas em contêineres, esta última hipótese nos casos de mercadorias já previamente negociadas no mercado interno (“quanto menor o tempo de armazenagem maior o lucro”); p) no período dos autos, recebera de clientes valores superiores aos montantes despendidos na importação das mercadorias, o que afasta os falsos argumentos da Fiscalização, utilizados para descaracterizar a natureza da importação como sendo por conta própria; q) a alegação da Fiscalização de que a prática delituosa objetivava a burla do Fisco Federal relativamente ao IPI não se sustenta, pois o produto importado (alho) não se sujeita a tal imposto, não possuindo, ainda, qualquer benefício fiscal; r) quanto à análise da matéria relativa à integralização do capital da pessoa jurídica, ela já se encontrava fulminada pela decadência, não podendo ser aventada após o prazo de seis anos; Fl. 1604DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.605 8 s) inexistência de interposição fraudulenta e ocultação do sujeito passivo, pois sua atividade de importação por conta própria encontrase devidamente comprovada, tendo sido observados todos os procedimentos determinados pela IN SRF nº 228, de 2002; t) inexistência de adiantamentos de terceiros ou de informação falsa quanto aos remetentes dos recursos; u) falta de comprovação da ocultação do sujeito passivo; v) impossibilidade de aplicação da multa substitutiva da pena de perdimento, sendo possível apenas a aplicação da multa de 10% sobre o valor da mercadoria importada (Lei nº 11.488, de 2007), por se tratar de pessoa interposta mas não oculta e por não se referir à ocultação de dinheiro ilícito, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp nº 1.144.751; w) a IN SRF nº 228, de 2002, acabou por estender a tipificação do crime por interposição fraudulenta originário, previsto em lei, para uma tipificação aberta, passível de abarcar qualquer infração à legislação, evidenciandose tratar de norma inconstitucional, conclusão essa também extraível da exigência indevida de garantia para a liberação das mercadorias importadas; x) falta de comprovação do dano ao Erário, o que inviabiliza a aplicação da pena de perdimento; y) ilegalidade da outorga dada à Receita Federal pelo parágrafo único do art. 68 da Medida Provisória nº 2.15835/01 para a regulamentação das infrações puníveis com a pena de perdimento de bens, estas taxativamente elencadas no art. 105 do Decretolei nº 37, de 1966; z) não ficou caracterizado o dolo, nem o intuito de fraudar, pois, em sua atividade, buscou cumprir com boafé todas as suas obrigações, não tendo havido qualquer prejuízo ao Erário. Não houve, ainda, a individualização da conduta dos sujeitos passivos necessária à atribuição de responsabilidade solidária. Junto à Impugnação, o contribuinte trouxe aos autos cópias de notas fiscais de serviços de beneficiamento a ele prestados por terceiros, bem como de devolução de mercadorias, e planilhas com identificação de movimentações financeiras (fls. 1137 a 1149). O acórdão da DRJ São Paulo I/SP (fls. 1155 a 1258), em que se decidiu por manter o crédito tributário, restou ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 15/04/2010 Dano ao Erário por infração de ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. Fl. 1605DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.606 9 A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio, devendo observar os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. A aplicação da pena de perdimento não deriva da sonegação de tributos, muito embora tal fato possa se constatar como efeito subsidiário, mas da burla aos controles aduaneiros, já que é o objetivo traçado pela Receita Federal do Brasil possuir controle absoluto sobre o destino de todos os bens importados por empresas nacionais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seu voto, o relator do voto condutor do acórdão destacou as seguintes constatações: 1) “[o] fulcro da IN SRF n° 228/02 foi estabelecer um procedimento especial de fiscalização específico para a verificação de empresas que revelem indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira apresentada, bem como a identificação do modo de financiamento dos recursos empregados em operações de comércio exterior e combate à ocultação do sujeito passivo”; 2) “[as] intimações à empresa importadora feitas no âmbito do procedimento especial de fiscalização tem por objetivo confirmar ou não as suspeitas da fiscalização aduaneira quanto a existência de prática de interposição fraudulenta de terceiros que tem o dever de combater”, sendo que “a alegada reintimacão para apresentação de documentos feita pela fiscalização aduaneira responsável pela aplicação do procedimento especial de fiscalização (IN SRF n° 228/02), não guarda qualquer relação com a exigência do crédito tributário aqui discutido”. (...) “Ambas as intimações serviram para que a fiscalização aduaneira formasse sua melhor convicção quanto à prática de interposição fraudulenta de terceiros pelo impugnante”; 3) “a Delegacia Regional de Julgamento não tem qualquer competência para dirimir questão relacionada ao procedimento especial de fiscalização – retenção ou não de despacho aduaneiro de importação”, cabendo a ela, “face as informações contidas no Relatório Fiscal e aquelas trazidas na impugnação, decidir se as suspeitas de prática de interposição fraudulenta de terceiros são procedentes ou não”, pois “o procedimento especial de fiscalização e a exigência da multa equivalente ao valor aduaneiro pelo rito do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011 são procedimentos autônomos”; 4) “[o] eventual desrespeito do prazo estipulado no artigo 9º da IN SRF nº 228/02 em nada obsta a aplicação da pena de perdimento e consequente exigência da multa equivalente ao valor aduaneiro, mesmo porque a natureza jurídica dessa exigência é de crédito a favor da União, cuja a passagem de lapso temporal dessa exigência, será balizada pelos institutos da decadência e da prescrição”; 5) “[é] obrigação de todo importador a comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, cujo descumprimento implica em Fl. 1606DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.607 10 prática presumida da interposição fraudulenta de terceiros, a luz da letra do §2º, do artigo 23, do Decreto Lei n° 1.455/76, dispositivo angular na ação fiscal implementada, que em 127 laudas de impugnação sequer é citado”; 6) “não há o que se falar em aplicação da pena de perdimento. Verificada a impossibilidade da apreensão da mercadoria a ser apenada com o perdimento, procedese com a extinção do processo no rito do artigo 27 do DecretoLei nº 1.455/76 (aplicação da pena de perdimento) e se instaura o processo para a exigência da multa equivalente ao valor aduaneiro”, tudo em conformidade com as exigências do art. 73 da Lei nº 10.833/03 e seus §§ 1º e 2º; 7) “a legislação permite que o combate à prática efetiva ou presumida da interposição fraudulenta de terceiros seja implementado a qualquer tempo e de forma diversificada”, podendo ocorrer no momento da habilitação da empresa importadora/exportadora no Sistema Radar (análise fiscal sumária) ou posteriormente, durante ou depois do despacho aduaneiro ou em procedimento de fiscalização; 8) “no caso de habilitação de importador para atuar por conta e ordem de terceiro, também o adquirente da mercadoria importada deve ser submetido à análise fiscal no procedimento de habilitação de seu responsável legal visto que os recursos utilizados nas operações de comércio exterior terão origem neste adquirente, conforme determinação, inicialmente, do art. 14 da IN SRF n.º 286 (de 15/01/03); depois, art. 36 da IN SRF n.º 455 (de 05/10/04); depois, art. 26 da IN SRF n.º 650 (de 15/05/06), hoje IN RFB nº 1.288 (de 31/08/2012)”; 9) “como fraude à nova sistemática, pode ocorrer que, não desejando o verdadeiro adquirente da mercadoria ser submetido à análise fiscal no procedimento de habilitação de seu responsável legal, contrate com pessoa jurídica já submetida ao procedimento de habilitação para que esta registre a operação de importação, como se fosse proprietária da mercadoria, ocultando o real adquirente da mesma”; 10) “no momento do despacho aduaneiro não há como a fiscalização antever que outros despachos aduaneiros serão patrocinados pela empresa no futuro, de modo a incorrer na discrepância desses critérios ou qualquer outra ilicitude. Não obstante, também não há como configurar ainda a prática de empresa interposta em importação, fato que só poderá ser apurado a partir da constatação do destino da mercadoria importada no mercado interno”; 11) “o procedimento de habilitação para operar no SISCOMEX é realizado dentro de um contexto preventivo, derivado do exercício do poder de polícia administrativa com vistas à proteção da sociedade. Justamente por ser um procedimento inserido em um contexto preventivo, mesmo que habilitada no Sistema RADAR, a empresa não está imune da verificação pela fiscalização de que suas transações em comércio exterior, no decorrer do tempo, permanecerão adstritas as estimativas previstas na habilitação. Tampouco, mesmo com a habilitação da empresa no Sistema RADAR nada impede que a mesma desempenhe a função de empresa interposta em operação de comércio exterior à margem do que é previsto na legislação aplicável”; 12) “a habilitação deferida pela RFB não é garantia de que o importador não sofrerá ação fiscal focada, entre outros, no combate à interposição fraudulenta de terceiros”; Fl. 1607DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.608 11 13) a legislação previu o perdimento da mercadoria de origem estrangeira quando constatada (i) a ocultação do sujeito passivo, na condição de real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, e (ii) a interposição fraudulenta de terceiros conceituada na lei como uma presunção decorrente da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados em uma operação de comércio exterior; 14) a infração relativa ao uso de interposta pessoa para ocultar os responsáveis pela operação de comércio exterior pode ser apurada de duas formas: (i) por ação direta, hipótese em que o Fisco deve provar que houve a ocultação, mediante fraude ou simulação, com base no rastreamento dos recursos aplicados na operação de comércio exterior, na constatação de irregularidade na sujeição passiva e na identificação da pessoa física ou jurídica responsável ou (ii) por ação indireta, quando o Fisco se baseia em ato omissivo do Importador em não comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados”; 15) “a preocupação em combater a interposição fraudulenta de terceiros não se limita a exigência de tributos incidentes nas operações de comércio exterior, mas também a proteção do mercado interno, através da identificação do contribuinte de fato e sua consequente tributação/penalização, inibindo assim que esse leve desleal vantagem através de esquemas de evasão ou elusão fiscal”; 16) “à luz do V, do artigo 23, do Decreto Lei n° 1.455/76, o responsável pela prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros pode ser identificado como aquele que tem pleno domínio do fato e oculto permanece à margem dos controles aduaneiros”; 17) “as informações e os dados relacionados à origem dos recursos devem permitir a comprovação exata a respeito da natureza do financiamento da operação de comércio exterior. Por outro lado, a comprovação incorreta ou insuficiente, desprovida de elementos que permitam a sua perfeita caracterização, deve dá motivação para imposição de restrições e penalidades”; 18) “[o] propósito do § 2º, do artigo 23, do Decreto Lei n° 1.455/76, incluído pela Lei n° 10.637, de 30/12/2002, foi justamente propiciar esse mecanismo com a estipulação da figura da prática presumida da interposição fraudulenta de terceiros a partir da não comprovação pelo importador/exportador da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados em operações de comércio exterior”; 19) instado a prestar esclarecimento a respeito da integralização com origem em reservas de lucros ou lucros acumulados e apresentar os livros Diário e Razão para a verificação da existência das reservas, o contribuinte alegou que não mais possuía tais documentos, por se encontrar expirado o prazo de sua guarda e conservação, argumento esse não acobertado pela legislação de regência, pois o marco inicial da necessidade de comprovação da disponibilidade financeira é a data do registro da Declaração de Importação (DI); 20) “[caracterizada] a prática de qualquer uma dessas duas modalidades de Importação – modalidade de Importação por “conta e ordem” e modalidade de Importação por “encomenda”, sem a adoção dos respectivos procedimentos previstos para a adequada identificação do adquirente ou do encomendante no mercado interno, resta configurada a Fl. 1608DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.609 12 ocultação do sujeito passivo (real beneficiário da importação) infração tipificada no inciso V, do artigo 23, do DecretoLei nº 1.455/76; 21) “[aquele] que é destinatário de bem importado, já conhecido no momento do registro da respectiva Declaração de Importação, deve ser necessariamente informado aos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros na forma da IN SRF nº 225/02 para a modalidade de Importação por “conta e ordem” e da IN SRF nº 634/2006 para a modalidade de Importação por “encomenda”, sob o risco de configuração da prática de interposição fraudulenta de terceiros e conduta tendente a burlar os controles aduaneiros”; 22) o registro da Declaração de Importação é o marco para a identificação do real comprador no mercado interno da mercadoria importada, sendo que, já se encontrando identificado nesse momento o destinatário da mercadoria, a importação se reveste de uma das seguintes modalidades: por conta e ordem de terceiro ou por encomenda; 23) no presente caso, se identificaram dois liames muito fortes que ligavam as empresas J.Maciel e Cia Ltda. e a Ulihort quanto à prática efetiva da interposição fraudulenta, a saber: (i) a existência de contrato anterior ao registro das Declarações de Importação, datado de 24/03/2010, e (ii) o fato de não se tratar de recursos próprios do importador, mas recursos do adquirente predeterminado; 24) para a caracterização da prática presumida da interposição fraudulenta de terceiros, bastava a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, com fulcro no § 2º do art. 23 do Decretolei n° 1.455/76, em que o legislador atribuiu todo o ônus dessa comprovação ao importador, sob pena de configuração da prática presumida da interposição fraudulenta de terceiros. A Fiscalização, no presente caso, trouxe aos autos robustas evidências da ausência de capacidade econômica da empresa J. Maciel e de seus sócios; 25) “veio a lume robusto indício de que a fiscalizada vinha atuando fraudulentamente no comércio exterior como testadeferro dos verdadeiros beneficiários dessas operações, os que auferiam, de fato, as vantagens econômicas, reais adquirentes das mercadorias, mantidos ocultos da fiscalização aduaneira em sede de despacho aduaneiro de importação”; 26) a Fiscalização demonstrou com vasto material probatório a ausência de capacidade econômica da empresa para a realização das importações registradas em seu nome, a sua falta de estrutura física e logística, a inexistência de disponibilidade de recursos humanos e a falta de comprovação da integralização regular do capital social; 27) o envio direto, após o desembaraço aduaneiro, das mercadorias importadas para a empresa Ulihort, bem como a origem dos recursos financeiros destinados à quitação do câmbio, estes pertencentes à empresa Ulihort, configuram a prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros (art. 23, V, do Decretolei nº 1.455, de 1976), pois indica que a mercadoria importada possuía comprador predeterminado; 28) na Impugnação, o contribuinte fez constantes citações dos artigos da IN SRF nº 650, de 2006, mas apenas em relação ao limite a ele autorizado para importar, evitando a todo custo comentar o teor do inciso V do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976, que define o dano ao Erário; Fl. 1609DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.610 13 29) em importações com interposição fraudulenta de terceiros, o real importador não é identificado pela Receita Federal, não se submetendo à condição de contribuinte dos tributos incidentes no comércio exterior, como o PIS e a Cofins, o IPI, o ICMS etc.; 30) “o legislador consagra a responsabilidade objetiva por atos infracionais aduaneiros, dispensando a Receita Federal do Brasil de perquirir fatos comprovadores da presença do dolo ou da culpa e elementos de materialidade efetiva para aplicar a sanção correspondente”; 31) em relação à alegação do contribuinte de que a multa aplicável seria a de 10% sobre o valor da mercadoria importada, prevista na Lei nº 11.488, de 2007, destacou o julgador que, na verdade, são duas as condutas infracionais que ensejam a aplicação de penalidades: (i) a do art. 33 da Lei 11.488/2007 (infração própria cometida apenas pelo importador de direito, em razão de sua habilitação no Siscomex, por ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários) e (ii) a do art. 23, inciso V, do Decreto Lei 1.455/76 (infração imprópria cometida tanto pelo importador de direito como pelo importador de fato, em coautoria); 32) o § 3º do art. 727 do Regulamento Aduaneiro – Decreto 6.759/2009 endossa o entendimento de que se trata de duas multas distintas, pois ali está dito a multa de 10% não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas e, conseqüentemente, da multa substitutiva da pena de perdimento; 33) a responsabilização dos sócios encontrase disciplinada nos arts. 23 e 95, I, do Decretolei nº 37, de 1976. Cientificada da decisão em 24/03/2014, a empresa Ulihort apresentou Recurso Voluntário em 23/04/2014 (fls. 1270 a 1274) e requereu o cancelamento de sua inclusão no pólo passivo da autuação, repisando os argumentos de defesa. A empresa J. Maciel, por seu turno, foi cientificada em 21/03/2004, tendo apresentado Recurso Voluntário em 22/04/2014 (fls. 1455 a 1590), quando reiterou seu pedido de cancelamento do auto de infração, repisando os mesmos argumentos de defesa. Alegou, ainda, o Recorrente que era equivocada a afirmativa do julgador de piso de que a Delegacia de Julgamento não seria competente para apreciar a legalidade do procedimento especial de fiscalização, pois, segundo o Recorrente, tratarseia de atuação em desconformidade com princípios e garantias constitucionais, uma vez que o procedimento de fiscalização precede a lavratura do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Hélcio Lafetá Reis Os recursos são tempestivos, atendem as demais condições de admissibilidade e deles tomo conhecimento. Fl. 1610DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.611 14 Conforme acima relatado, controvertese nos autos acerca de auto de infração lavrado para se exigir a multa substitutiva da pena de perdimento, equivalente a 100% do valor aduaneiro das mercadorias importadas, em razão da impossibilidade de sua apreensão. Tanto o contribuinte supra identificado quanto o responsável solidário interpuseram recurso voluntário, o primeiro para requerer o cancelamento do auto de infração e o segundo o cancelamento de sua inclusão no pólo passivo da autuação. A empresa Ulihort requereu a declaração de nulidade do Termo de Sujeição Passiva Solidária, alegando que tanto ela quanto a J. Maciel se encontravam aptas a realizar transações comerciais de compra e venda, não se sujeitando ao IPI as importações de alho, objeto da presente controvérsia. Registrese que o encaminhamento a ser dado a este voto abarca ambos os recursos, dado tratarse de um único conjunto de fatos que ensejara o lançamento da multa. I. Preliminar. Nulidade do auto de infração. A empresa J. Maciel alega, em preliminar, a nulidade absoluta do auto de infração, por ofensa ao princípio da legalidade, alegando que a sua lavratura se dera após dois anos da apresentação dos documentos e informações requisitados pela Fiscalização, contrariando o art. 9º da Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002, inexistindo nos autos qualquer documento que comprovasse a prorrogação do prazo para conclusão do procedimento especial de fiscalização. Segundo o Recorrente, não tendo havido a decretação da pena de perdimento no prazo estipulado no ato normativo, terseia por prejudicada a sua decretação extemporânea ou a aplicação de outra penalidade. A referida Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002, que dispõe sobre o procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas, prevê em seu art. 9º o seguinte: Art. 9º O procedimento especial previsto nesta Instrução Normativa deverá ser concluído no prazo de noventa dias, contado da data de atendimento às intimações previstas no art. 4º. Parágrafo único. O titular da unidade da SRF responsável pelo procedimento especial poderá, em situações devidamente justificadas, prorrogar por igual período o prazo previsto neste artigo. Conforme se verifica do dispositivo supra, houve a estipulação do prazo de 90 dias para a conclusão do procedimento especial de fiscalização, prorrogável por igual período, não tendo sido estipulado de forma expressa qualquer efeito sancionatório ou preclusivo em razão de sua inobservância. Tratase de prazo impróprio, prazo esse que se caracteriza por acarretar apenas sanções administrativas ao servidor que não o observe, mas não sanções processuais. Fl. 1611DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.612 15 Conforme nos ensina James Marins, “[no] Processo Administrativo federal, os prazos para a Administração são denominados de impróprios, por não gerarem preclusão temporal quando não cumpridos” 1. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em análise do prazo de 30 dias para a Administração decidir em processo administrativo federal, prazo esse previsto no art. 49 da Lei nº 9.784, de 1999, posicionouse no sentido de que tal prazo é impróprio, em razão da ausência de qualquer penalidade prevista na citada lei ante o seu descumprimento2. Nesse sentido, não tendo havido, no art. 9º da Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002, a previsão de preclusão ou de outra sanção qualquer, como, por exemplo, o impedimento de decretação da pena de perdimento alegado pelo Recorrente, temse que, de sua disciplina, não se pode extrair um fundamento à nulidade do auto de infração argüida. Portanto, mostrase totalmente infundada a alegação do Recorrente de ofensa ao princípio da legalidade, pois, além do fato de a referida instrução normativa não prever o efeito preclusivo por ele pretendido, temse que todo o trabalho fiscal encontrase pormenorizadamente relatado e referenciado na legislação regente, não se vislumbrando qualquer medida de cerceamento à ampla participação do investigado. Infundada, também, a alegação de ofensa a garantias constitucionais por parte da Delegacia de Julgamento, em razão da afirmativa do julgador de que aquele órgão não era competente para apreciar a legalidade do procedimento especial de fiscalização, pois o relator, na ocasião, pretendeu demonstrar ao contribuinte que a atuação da fiscalização se dera em conformidade com a legislação de regência, legislação essa não passível de afastamento pela autoridade administrativa julgadora com base em ilegalidade. Sem fundamento, ainda, a alegação de inconstitucionalidade da Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002, no que tange à tipificação do crime por interposição fraudulenta, pois tal infração encontrase prevista, em verdade, no § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976, com a redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, lei essa válida e vigente. Desarrazoada, também, a alegação de ilegalidade da outorga dada à Receita Federal pelo parágrafo único do art. 68 da Medida Provisória nº 2.15835/01 para a regulamentação das infrações puníveis com a pena de perdimento de bens, estas taxativamente elencadas no art. 105 do Decretolei nº 37, de 1966, pois, da mesma forma, tratase de lei válida e vigente, não passível de afastamento por parte da Administração Pública. Encontrandose o lançamento em conformidade com a lei, não se pode olvidar que este Colegiado não tem poderes para afastar a aplicação de dispositivos legais válidos e vigentes sob argumentos de inconstitucionalidade, conforme se verifica do teor da súmula a seguir transcrita; Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 1 MARINS, James. Direito processual tributário brasileiro (administrativo e judicial). 7. ed. São Paulo: Dialética, 2014, p. 273. 2 Agravo Regimental nº 58889 8/RJ no Agravo em Recurso Especial nº 2014/02480850. Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, j. 03/02/2015, p. 06/02/2015. Fl. 1612DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.613 16 Afastase, portanto, a preliminar de nulidade argüida. II. Mérito. Interposição fraudulenta. Alega o Recorrente que a Fiscalização se valeu de procedimento aleatório na aferição de sua capacidade financeira, pois, segundo ele, sempre utilizara capital próprio em suas atividades, dada a disponibilidade de recursos financeiros, conforme demonstravam sua contabilidade e seus extratos bancários, podendo sua capacidade financeira ser aferida com base nos procedimentos de análise fixados pela CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (Coana). No entanto, o Recorrente não especifica de forma pontual e direta que erros teriam ocorrido na apuração efetuada pela Fiscalização, pois, conforme se verifica do Relatório Fiscal (fls. 898 a 945), compararamse os resultados econômicos apurados pela pessoa jurídica e os rendimentos declarados pelos sócios com os montantes despendidos pela J.Maciel nas importações, tendo sido constatada uma colossal incongruência, com manifesta discrepância entre os valores envolvidos. Os resultados econômicos apurados pela pessoa jurídica destoavam, flagrantemente, da soma gasta com importações, sendo apurado, a partir da contabilidade, das Declarações de informações econômicofiscais (Dipj) e do Siscomex, que os valores despendidos com importações sobrepujavam significativamente as receitas brutas apuradas (planilhas de fls. 913 a 915), evidenciando a falta de capacidade econômica da J. Maciel para a realização das referidas operações. O Recorrente alega que, quanto à análise da integralização do capital social da pessoa jurídica, tratarseia de matéria que se encontrava fulminada pela decadência, não podendo ser aventada após o prazo de seis anos. Contudo, os institutos da prescrição e da decadência, previstos nos arts. 173 e 174 do Código Tributário Nacional (CTN), se aplicam à constituição e à cobrança de créditos tributários e não ao poderdever de o Fisco proceder à auditoria contábilfiscal, em conformidade com os arts. 194 a 200 do mesmo CTN. O Recorrente alega, também, que o próprio Fisco Federal, no bojo do processo administrativo nº 10926.000546/200414, realizara análise prévia, concluindo pela capacidade financeira da empresa para realizar operações de comercio exterior até o limite aproximado de R$ 4.000.000,00, fato esse, segundo ele, hábil para afastar os argumentos extrajurídicos expostos no auto de infração. No entanto, conforme destacou o julgador de primeira instância, essa análise prévia da capacidade financeira se insere no contexto de habilitação do requerente para operar no Siscomex, habilitação essa que não se constitui em garantia permanente de regularidade, pois, em ação fiscal posterior, podemse apurar irregularidades em fatos subseqüentes que indiquem o descumprimento da legislação tributária. No momento da habilitação, não há como configurar ainda a prática de interposição fraudulenta na importação, fato que só poderá ser apurado a partir da constatação do destino dado no mercado interno à mercadoria importada. Fl. 1613DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.614 17 Em relação à alegação do Recorrente acerca da necessidade de se observarem, na aferição da capacidade financeira, os procedimentos de análise fixados pela CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (Coana), há que se destacar que a Fiscalização, às fls. 916 e 917, referindose ao Ato Declaratório Executivo (ADE) Coana nº 33/2012, apontou que a capacidade financeira da empresa fora estimada, também, com base em recolhimentos de: (i) tributos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSLL) e sobre o faturamento (PIS e Cofins) e (ii) contribuição previdenciária relativa aos funcionários empregados. Utilizando a metodologia de cálculo da Coana, concluiu a Fiscalização que a empresa J.Maciel tinha sua capacidade de operar no comércio exterior estimada em U$ 15.000,17, aproximadamente R$ 30.000,00 a cada seis meses, valor esse muito abaixo das cifras milionárias que costumava operar. Quanto à sua capacidade operacional, o Recorrente mais uma vez alega que ela fora analisada previamente pela Receita Federal, em razão do quê não podia a Fiscalização, posteriormente, em uma única visita aos seus estabelecimentos, concluir de forma contrária, pois, na ocasião, havia estoques no armazém que demonstravam sua capacidade operacional, tudo devidamente registrado nos balancetes e no livro de inventário da pessoa jurídica. Alega também o Recorrente que apenas aproximadamente 10% das mercadorias importadas eram enviadas diretamente aos clientes, tratandose de situação excepcional, pois a regra era o armazenamento prévio para envio posterior aos adquirentes, conforme demonstravam as fotos então trazidas aos autos. Diferentemente do afirmado pelo Recorrente, referidas fotos não foram trazidas aos autos em sede de recurso, constando deles apenas as fotos presentes no Relatório Fiscal, em que se demonstra a subutilização do armazém da pessoa jurídica. O Recorrente também não conseguiu desconstruir a conclusão da Fiscalização quanto à falta de capacidade operacional apurada a partir da constatação de inexistência de empregados na pessoa jurídica. Conforme apontara o agente fiscal, com o intuito de averiguar a disponibilidade de recursos humanos no período fiscalizado, consultaramse as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) entregues pela empresa, tendo sido observado que, no período de janeiro de 2009 a maio de 2011, a J. MACIEL não dispunha de empregados, mas somente do sócioadministrador, este cadastrado como contribuinte individual, com ocupação de gerente de operações comerciais, cujo salário era de R$ 255,00 por mês, situação essa não condizente com o volume importado de 7.188.913,00 kg e 5.615.647,00 kg de mercadorias em 2009 e 2010. Para justificar a precariedade de sua estrutura organizacional, o Recorrente passa a alegar que, por se tratar de importações de produtos perecíveis (cereais e leguminosas), em alguns casos, havia a necessidade de venda imediata, não podendo os produtos ficar estocados, como no caso do alho vendido à empresa Ulihort. Ainda segundo ele, muitas vezes, as mercadorias importadas eram negociadas no mercado interno logo após a sua importação, antes da sua chegada em território nacional, dada a necessidade de se garantir, previamente, a sua venda interna. Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.615 18 Dessa forma, ao descrever os detalhes de suas importações, o Recorrente demonstra, ainda que involuntariamente, que não se trata de importações diretas, em que o importador negocia diretamente com o fornecedor as condições e os termos da compra e cuida dos trâmites aduaneiros, cambiais, de licenciamento etc., sendo as operações realizadas por conta própria e com recursos próprios. Uma vez não se tratando de importação direta, a operação controvertida nos autos somente pode se caracterizar como importação por conta e ordem de terceiros ou para revenda a encomendante predeterminado, hipóteses em que se devem observar os requisitos estipulados na legislação. A Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, estipula, em seu art. 80, inciso I, que a Secretaria da Receita Federal tem poderes para estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro, o que veio a se realizar com a edição da Instrução Normativa SRF nº 225, de 18 de outubro de 2002, reproduzida no Relatório Fiscal às fls. 903 e 904. De acordo com o art. 3º da instrução normativa, o importador deverá identificar na Declaração de Importação (DI) e na fatura o adquirente da mercadoria, refletindo a transação efetivamente realizada, sob pena de perdimento da mercadoria. Conforme registrou o agente fiscal, a Lei nº 11.281, de 20 de fevereiro de 2006, criou a figura do “encomendante predeterminado” nas importações, submetendo esta modalidade de operação, em seu art. 11, à regulamentação da Secretaria da Receita Federal (fl. 906), o que veio a ocorrer por meio da Instrução Normativa SRF nº 634, de 24 de março de 2006, reproduzida no Relatório Fiscal às fls. 906 e 907. Nessa hipótese, previuse, também, a necessidade de identificação do encomendante, devendo, ainda, estar o adquirente e o encomendante predeterminado habilitados no Siscomex, nos termos do art. 36 da Instrução Normativa SRF nº 455, de 2004, no art. 26 da Instrução Normativa SRF nº 650, de 2006, e no art. 2º, § 3º, da Instrução Normativa SRF nº 634, de 2006. Nesse sentido, não tendo sido observados os requisitos exigidos nas operações de importação por conta e ordem de terceiros e/ou por encomenda, temse por efetivada a operação em desconformidade com a legislação de regência, o que, aliado à ausência de capacidade financeira e operacional, configura ocultação do real comprador da mercadoria. Conforme restou extensamente demonstrado no Relatório Fiscal, a prática adotada pelo Recorrente indicava que ele operava “por conta e ordem de terceiros”, prestando serviços relacionados ao despacho aduaneiro e relacionados com a transação comercial, sendo as mercadorias, depois de desembaraçadas, remetidas diretamente ao adquirente predeterminado, este mantido à parte do controle aduaneiro. No presente caso, confirmou a Fiscalização tratarse de uma importação indireta, com prévio ajuste entre o verdadeiro adquirente (empresa Ulihort) e o importador (J. Maciel) para que este realizasse, a pedido daquele, os procedimentos necessários à nacionalização de mercadorias estrangeiras, não tendo a empresa Ulihort sido identificada no registro das declarações de importação. Fl. 1615DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.616 19 Restou demonstrado, também, de acordo com as notas fiscais emitidas, que as mercadorias importadas nem sequer transitavam pelas dependências da J. Maciel, tratando se, portanto, de importação por conta e ordem de terceiros, estes mantidos ocultos das autoridades alfandegárias em sede de despacho aduaneiro de importação, via interposição fraudulenta. Apurou, ainda, a Fiscalização que os recursos financeiros destinados a saldar os contratos de câmbio provinham da empresa destinatária das mercadorias, a Ulihort, conforme demonstravam os lançamentos contábeis e os extratos bancários da J. Maciel (fls. 928 a 937). Mais uma prova de que houvera a ocultação do real adquirente nas importações era o Contrato de Compra e Venda Mercantil celebrado entre J.Maciel e Ulihort, cujo objeto era a venda de mercadoria importada da China (alho), contrato esse celebrado em data anterior ao despacho aduaneiro e ao desembaraço das mercadorias importadas, evidenciando, ainda mais, a simulação – interposição fraudulenta de terceiro, prevista no § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976 (fl. 936). Tendo sido a empresa Ulihort intimada pela Fiscalização para prestar esclarecimentos, ela apresentou comprovante das transferências financeiras (TED) e confirmou a relação jurídica com a empresa J.Maciel, nos seguintes termos: 1.3) Em que momento a ULIHORT efetuava os pagamentos pelas mercadorias à J.MACIEL — se antecipadamente, à vista ou a prazo, em relação à efetiva entrega das mercadorias; R: Toda compra de alho se faz o pagamento antecipado, ou seja, isso é uma prática de todos os fornecedores. Ninguém entrega a mercadoria para receber depois, principalmente por ser uma relação comercial nova e com valores elevados. Diante dos fatos apurados e comprovados, concluiu a Fiscalização que as vendas das mercadorias no mercado interno realizadas pelo ora Recorrente estribavamse em simulações, pois as empresas adquirentes eram, desde o princípio, as destinatárias das mercadorias importadas, tendo sido omitidas em todos os documentos apresentados às autoridades aduaneiras no curso dos despachos de importação. Se na data do registro da Declaração de Importação (DI) já havia sido contratada a venda no mercado interno da mercadoria importada, o adquirente, na condição de encomendante ou de destinatário da operação por conta e ordem de terceiro, deveria ter sido identificado, nos termos exigidos pela legislação tributária. Essa prática configura operação “por conta e ordem de terceiros”, nos termos previstos no art. 27 da Lei nº 10.637, de 2002, verbis: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Conforme destacou a Fiscalização, o art. 80, inciso I, da Medida Provisória referenciada no art. 27 supra reproduzido é precisamente a matriz legal da Instrução Normativa Fl. 1616DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.617 20 SRF nº 225, de 2002, em que se estabelecem os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora em operações procedidas por conta e ordem de terceiros, tendo se configurado, no presente caso, o estratagema da interposição fraudulenta de terceiro, com a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas, ardil esse empregado para afastar as obrigações tributárias principais e acessórias que caberiam ao verdadeiro importador das mercadorias. O Recorrente alega que a referência feita pela Fiscalização à burla do Fisco Federal relativamente ao IPI, para caracterizar a operação como fraudulenta, não se sustenta, pois o produto importado (alho) não se sujeita a tal imposto, não possuindo, ainda, qualquer benefício fiscal relativo à tributação. No entanto, essa afirmativa da Fiscalização encontrase inserida na identificação genérica dos objetivos pretendidos pelas empresas que praticam a interposição fraudulenta de terceiros, não significando que, no presente caso, esse propósito específico se configurara. Muito bem destacou a Fiscalização que o uso de interposta pessoa interfere na avaliação do risco da operação, mensurada em função do perfil e histórico cadastral dos intervenientes aduaneiros envolvidos, sendo esse o escopo principal das importações realizadas nos moldes da ora analisada. O art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, especifica as infrações consideradas dano ao Erário, dentre as quais a “ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, na importação ou exportação”. O § 1º do artigo determina a pena de perdimento da mercadoria, o § 2º presume a interposição fraudulenta nas operações de comércio exterior quando não comprovada a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos utilizados nas transações e o § 3º estipula a conversão da pena de perdimento em multa. Eis o teor dos dispositivos referenciadas: Art. 23 Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (...) § 1° O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. Fl. 1617DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.618 21 § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. Conforme consta do Relatório Fiscal (fls. 900901 e 940941), a empresa J.Maciel fora intimada por duas vezes para comprovar a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos empregados nas importações, bem como a identificar os reais adquirentes das mercadorias importadas, não tendo ela atendido de forma plena ao solicitado, deixando de apresentar documentos e informações imprescindíveis à comprovação da origem dos recursos utilizados nas suas importações de mercadorias. Nesse sentido, em razão da imprecisão das alegações do Recorrente e da ausência de indicação precisa e de comprovação de quais itens do Relatório Fiscal não coincidiam com a verdade, temse por prejudicado o seu pedido de cancelamento do auto de infração. III. Mérito. Multa de 10% do valor da mercadoria. O Recorrente alega a impossibilidade de aplicação da multa substitutiva da pena de perdimento, somente sendo aplicável a multa de 10% sobre o valor da mercadoria importada, prevista na Lei nº 11.488, de 2007, por se tratar de pessoa interposta mas não oculta e por não se referir à ocultação de dinheiro ilícito, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp nº 1.144.751. No meu entendimento, o ato de ceder o nome para acobertar o real adquirente em importação configura o cometimento de duas infrações, previstas no art. 23, inciso V, do Decretolei 1.455 e no art. 33 da Lei 11.488/2007”, verbis: Decretolei 1.455, de 1976 Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for Fl. 1618DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.619 22 localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. Lei 11.488, de 2007 Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Dos excertos supra, constatase que se trata de infrações distintas: (i) uma decorrente de dano ao Erário, por ocultação do sujeito passivo ou por interposição fraudulenta de terceiros, quando a mercadoria não for localizada, e (ii) outra por cessão do nome para a realização de operações de comércio exterior. Tratase de uma multa decorrente de dano ao Erário, de caráter indenizatório ou reparatório, e outra por cessão do nome, de caráter preventivo, destinada a desestimular a violação das regras de controle do comércio exterior. Conforme nos ensina Paulo Roberto Coimbra Silva, o princípio do non bis in idem “tolera tãosomente a cumulação de sanções que exerçam funções distintas”, aplicando se, nos casos de sanções com a mesma função, a teoria da absorção, “devendo a sanção mais gravosa absorver aquelas outras de idêntica função” (...) “para evitarse a desproporcionalidade”. 3. Mesmo que o princípio do non bis in idem fosse aplicável ao presente caso, considerando, por hipótese, estarse diante de sanções com a mesma função, ainda assim, considerando a doutrina supra, não obteria vantagens o Recorrentes, pois, correspondendo a multa deste processo ao valor integral da operação de importação de mercadorias, o valor ora exigido “absorveria” a multa de 10% incidente sobre a mesma base de cálculo, dado tratarse penalidade de valor superior. Por outro lado, diante da singularidade dos dispositivos legais, não há que se invocar o alegado “princípio da especificidade”, para o qual se exigem uma disposição legal específica e outra disposição geral, mais ampla e genérica, ambas disciplinando o mesmo interesse jurídico, o que não ocorre neste processo. Além disso, a Lei nº 11.488, de 2007, não derrogou o art. 23, inciso V, do Decretolei nº 1.455, de 1976, permanecendo vigentes ambos os dispositivos supra reproduzidos, havendo, portanto, determinação legal quanto à exigência das penalidades, sob pena de responsabilidade, dado o caráter vinculado da Administração tributária. IV. Mérito. Responsabilidade. O Recorrente alega que não ficou caracterizado o dolo, nem o intuito de fraudar, pois, em sua atividade, buscou cumprir com boafé todas as suas obrigações, não tendo havido qualquer prejuízo ao Erário. 3 SILVA, Paulo Roberto Coimbra. Direito tributário sancionador. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 67. Fl. 1619DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.620 23 No entanto, conforme já havia apontado o julgador de primeira instância, a lei tributária consagra a responsabilidade objetiva por atos infracionais, dispensando a Receita Federal do Brasil de perquirir fatos comprovadores da presença do dolo ou da culpa, conforme se depreende do contido no art. 136 do CTN e § 2º do art. 94 do Decretolei nº 37, de 1966. Alega, ainda, que, no lançamento da multa, não se individualizou a conduta dos sujeitos passivos necessária à atribuição de responsabilidade solidária. Contudo, de acordo com o Relatório Fiscal, a Fiscalização demonstrou de forma plena a atuação de todos os envolvidos, tendo pautado suas conclusões em amplo material probatório, inclusive em informações prestadas pelos próprios Recorrentes, individualizando detalhadamente a participação de cada um dos envolvidos na operação de importação. Referido relatório, composto de 48 páginas, devidamente instruído com as informações a que faz referência, identifica de forma clara e pormenorizada os autuados, os fatos ocorridos, bem como o tratamento a eles dado pela legislação tributária, os dispositivos legais infringidos, as penalidades aplicáveis, a configuração da responsabilidade solidária, telas dos sistemas e aplicativos utilizados no comércio exterior, a comprovação da efetiva ocultação do sujeito passivo, a identificação e a descrição minuciosa das infrações cometidas, as intimações realizadas e as respostas obtidas, os registros contábeis, o contrato de câmbio, a configuração da simulação etc., tudo acompanhado de fotografias, reprodução de documentos, tabelas explicativas, dentre outros. Se a importação fora realizada por conta e ordem de terceiro ou por encomendante predeterminado, em sua operacionalização, deveriam ter sido observadas as normas que regem esse tipo de operação, o que não ocorreu, pois houve a opção formal pela importação seguida de venda no mercado interno, quando, em verdade, o que se pretendia era que o verdadeiro adquirente não fosse detectado pelos controles do comércio exterior, não importando aqui verificar que benefícios privados advieram dessa opção. Nesse sentido, temse uma infração plenamente demonstrada e documentada, não se vislumbrando excessos na atuação da Fiscalização, ou interpretações tendenciosas que pudessem fragilizar o conjunto probatório produzido. A meu ver, restou demonstrada a relação direta existente entre as empresa J. Maciel e Ulihort, havendo nos autos a demonstração da prática de interposição fraudulenta, configurandose a J. Maciel como intermediária nas operações de importação, realizadas em seu nome, com ocultação do real adquirente, a empresa Ulihort. Encontramse identificados, também, os pagamentos efetuados pela Ulihort à J. Maciel, em datas coincidentes com as dos atos, alegadamente próprios, realizados pela J. Maciel na efetivação da operação, como, por exemplo, a liquidação do contrato de câmbio. Encontrase demonstrado, portanto, a ocultação do real adquirente na operação de comércio exterior. Em relação à responsabilidade por infrações, o art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, assim estipula: Art.95 Respondem pela infração: Fl. 1620DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.621 24 I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...) IV a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. No presente caso, restou por comprovado que tanto a J. Maciel quanto a empresa Ulihort concorreram e se beneficiaram da prática da infração tipificada no inciso V do art. 23 do Decretolei n° 1.455, de 1976, com redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637, de 2002, tendo interesse comum na importação, figurando ambas no pólo passivo da autuação, em conformidade com o art. 124 do CTN, verbis: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. São improcedentes, portanto, a alegação da J. Maciel de falta de individualização das condutas dos sujeitos passivos e a alegação da Ulihort de nulidade do Termo de Sujeição Passiva Solidária. V. Conclusão. Diante do exposto, voto por REJEITAR a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis – Relator Fl. 1621DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10925.721820/201393 Acórdão n.º 3803006.916 S3TE03 Fl. 1.622 25 Fl. 1622DF CARF MF Impresso em 26/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 25/06/2015 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por HELCIO LAFETA REIS
score : 1.0
Numero do processo: 11080.918928/2012-68
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 23/01/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA.
Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA.
Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora.
INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2.
Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-005.111
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sérgio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 23/01/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 11 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 11080.918928/2012-68
anomes_publicacao_s : 201505
conteudo_id_s : 5473286
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3801-005.111
nome_arquivo_s : Decisao_11080918928201268.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : PAULO SERGIO CELANI
nome_arquivo_pdf_s : 11080918928201268_5473286.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
id : 5959320
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:38 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887531737088
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2148; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.918928/201268 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3801005.111 – 1ª Turma Especial Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria DCOMP ELETRONICO PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO Recorrente CALIENDO METALURGIA E GRAVACOES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 23/01/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 89 28 /2 01 2- 68 Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 3 2 Não compete aos julgadores administrativos pronunciarse sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo. Relatório Inicialmente, esclarecese que estão em julgamento nesta 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF cento e quarenta e oito processos da mesma contribuinte, em que o cerne da discussão é o mesmo: a certeza e liquidez de crédito pleiteado, decorrente de pagamento indevido ou a maior de Cofins, ou contribuição para o PIS/Pasep ou IPI, e o ônus da prova deste direito. Feitas estas observações, passase ao relato propriamente dito. Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem. O processo se iniciou com PER/DCOMP, por meio do qual a contribuinte pleiteou o reconhecimento de direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo e a compensação de débitos tributários com o crédito pleiteado. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 4 3 De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF informado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível suficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência/insuficiência de crédito, a compensação declarada não foi homologada ou foi homologada apenas parcialmente. Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, conforme quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório “ Extraio do relatório da decisão recorrida resumo das alegações apresentadas pela contribuinte contra o despacho decisório: “Na manifestação apresentada, a contribuinte argúi em preliminar a nulidade do Despacho Decisório, alegando o não atendimento ao requisito constitucional da fundamentação do ato administrativo, além de ferir os princípios de ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, estando, outrossim, revestido de desvio de finalidade. Expõe que o ato administrativo resumiuse a informar a não homologação da compensação declarada com o parco fundamento da inexistência de crédito disponível; entende que o procedimento correto da fiscalização seria o de intimar a contribuinte para que prestasse informações sobre a origem do crédito, bem como do fundamento de validade; e ressalta a necessidade de fundamentação ou motivação dos atos administrativos para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. Alega que o Despacho Decisório não se presta a dar início ao contraditório administrativo, eis que carente de fundamentação, restando prejudicado o seu direito de defesa, e que também extrapolou sua função precípua, tornandose meio oblíquo pelo qual a fiscalização buscou interromper o prazo de homologação da compensação declarada. Diz que a autoridade preparadora deixou de cumprir seu dever de ofício de bem instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações, apreensão de documentos, diligências, dentre outros expedientes. Sob o tema “Do Mérito”, discorre especificamente sobre o princípio da verdade material, citando diversos doutrinadores. Mas nada aduz sobre o origem do suposto crédito, apenas alegando a posterior juntada de documentos que comprovariam as ‘alegações trazidas na presente manifestação’, eis que o direito creditório, diz, pode ser comprovado a qualquer tempo. Por fim, argumenta sobre a inaplicabilidade da multa de mora em face do princípio constitucional de não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade.. A ementa do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente a manifestação de inconformidade contém o seguinte teor: “ASSUNTO: ... Data do Fato Gerador: ... CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INTIMAÇÃO PARA ESCLARECIMENTOS. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 5 4 A ausência de pedido de esclarecimentos ou realização de diligência na fase preparatória do procedimento fiscal não caracteriza cerceamento do direito de defesa, que é assegurado na fase do contraditório, inaugurada com a manifestação de inconformidade. 1PIS/PASEP. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. PAGAMENTO A MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar a existência de direito creditório pleiteado. MULTA E JUROS DE MORA. DÉBITOS NÃO HOMOLOGADOS. Os débitos indevidamente compensados sofrem a incidência de multa e juros de mora, nos percentuais determinados pela legislação, calculados a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento da contribuição até o dia em que se efetivar o seu pagamento, uma vez que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos não homologados.” No recurso voluntário a recorrente repete as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. 1 Nos processos em que o crédito alegado se refere à Cofins, consta COFINS. Nos processos em que o crédito seria originado de Contribuição para o PIS/Pasep, consta PIS/PASEP. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. Admissibilidade do recurso voluntário. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta turma especial. Preliminar de nulidade do despacho decisório. O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior do tributo em discussão. A Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório, no qual constam os artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN), e o artigo 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, como fundamentos para a não homologação da compensação. No mesmo quadro 3, consta que diante da inexistência do crédito não se homologava a compensação declarada, bem como o valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, e a data para pagamento. Há, ainda, a informação de que para verificação de valores devedores e emissão de DARF, deveria ser consultado o endereço da internet “www.receita.fazenda.gov.br”, na opção “Onde Encontro” ou através de certificação digital na opção “eCAC”, assunto “PER/DCOMP Despacho Decisório”. Logo, não procede a alegação de que o despacho decisório não contém fundamentação e de que houve desvio de finalidade. Por outro lado, a manifestação de inconformidade, a qual, por força do art. 74, §§ 9º a 11 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicamse as regras previstas no Decreto nº 70.235, de 1972, demonstra que a contribuinte exerceu plenamente seu direito ao contraditório, sem nenhuma dificuldade, provando que não houve cerceamento do direito de defesa. Por estas razões, votase por negar provimento às alegações preliminares. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 7 6 Certeza e liquidez do crédito pleiteado. Conforme visto acima: i) O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de tributo; ii) Foi constatado pela RFB que o pagamento informado como indevido ou a maior fora integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido; iii) Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório; iv) Esta constatação baseouse em dados constantes do sistemas informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias. Uma vez que o pagamento informado como indevido ou a maior estava totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum A DRJ/CTA, tendo em vista que a contribuinte não apresentou documentação fiscal e contábil hábil e suficiente para comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado, manteve o despacho decisório. As decisões da DRF e da DRJ estão amparadas no fato de a legislação tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário (art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos do interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do Código Tributário NacionalCTN), e de a lei que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve ser apresentada na impugnação (art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972). Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, nenhum documento ou livro fiscal ou contábil foi apresentado com o recurso voluntário. A recorrente limitouse a discorrer sobre o princípio da verdade material. Tratandose de despacho eletrônico, admitese a apresentação destes documentos e livros após a decisão da DRJ, pois alguns Conselheiros entendem que o princípio da verdade material assim autoriza, outros entendem que se está diante de caso em que a prova se destina a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, hipótese prevista no art. 16, §4º, letra “c” do Decreto nº 70.235, de 1972. O importante é que a contribuinte, até o presente, não apresentou nenhum documento ou livro, fiscal ou contábil, que pudesse comprovar seu direito. Logo, não comprovou a certeza e liquidez do crédito pleiteado. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 8 7 Não é só isso. A recorrente sequer argumentou sobre os fatos ou direito que ensejariam o crédito. Por estas razões, com fundamento no art. 170 do CTN e no art. 333 do CPC, aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, não cabe o reconhecimento do crédito pleiteado. Sobre multa e juros de mora Os artigos 61 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, deixam claro que são devidos juros de mora e multa no presente caso. Cito: “Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998)” “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) §2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) §6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos Fl. 132DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 9 8 indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §8º Não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no §9º. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) (...)” Vejase que os §§ 6º a 8º acima dispõem que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados e que, não homologada a compensação e não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, sendo devidos juros de mora e multa. A exigência do pagamento destes débitos não se submete a julgamento administrativo. Além disso, os membros do CARF não podem afastar aplicação ou deixar de observar lei sob fundamento de inconstitucionalidade, salvo em casos excepcionais não presentes, a teor do disposto no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/6/2009, e do disposto no art. 26A da Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009. O mesmo se conclui do enunciado da Súmula CARF nº 2, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918928/201268 Acórdão n.º 3801005.111 S3TE01 Fl. 10 9 Conclusão Pelo exposto, em especial, pela não comprovação da existência de direito de crédito líquido e certo, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 16024.000134/2007-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Apr 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/2005
VALIDADE DO LANÇAMENTO.
Não há nulidade do lançamento quando não configurado óbice à defesa ou prejuízo ao interesse público.
RELAÇÃO DE VÍNCULOS. RELATÓRIO INTEGRANTE DO AUTO DE INFRAÇÃO. NATUREZA INFORMATIVA.
A relação de vínculos anexa ao lançamento tributário previdenciário lavrado unicamente em desfavor de pessoa jurídica não tem o condão de atribuir responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas e não comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal por ter finalidade meramente informativa. Súmula nº 88 do CARF.
RETENÇÃO DO ARTIGO 31 DA LEI 8.212/91. NATUREZA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE DO TOMADOR DO SERVIÇO QUE DEIXOU DE EFETUAR A RETENÇÃO. PAGAMENTO FEITO PELO PRESTADOR DO SERVIÇO.
O instituto da retenção previsto no artigo 31 da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei 9.711/98 e alterações posteriores, é hipótese de substituição tributária, conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em Recurso Especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC, de observância obrigatória por este órgão julgador, com base no art. 62-A do Regimento Interno do CARF.
É direta a responsabilidade do tomador de serviço pela contribuição que deixou de reter do prestador, pois o artigo 31 da Lei 8.212/91 determina a observância da norma expressa pelo art. 33, § 5º do mesmo diploma legal, que traz a responsabilidade direta do tomador de serviço pelo adequado recolhimento.
O tomador do serviço que deixou de efetuar a retenção de que trata o artigo 31 da Lei 8.212/91 não aproveita o pagamento feito pelo prestador do serviço relativo às contribuições devidas sobre sua folha de pagamento.
RETENÇÃO. COBRANÇA. CESSÃO DE MÃO DE OBRA NÃO CARACTERIZADA.
A continuidade e a não eventualidade na prestação de serviços de cobrança não são suficientes para caracterizar a cessão de mão de obra, que depende, ainda, da demonstração de que os serviços são prestados nas dependências da tomadora ou nas de terceiros e que a direção do serviço está a cargo da tomadora.
RETENÇÃO SOBRE O VALOR TOTAL DA NOTA FISCAL. CONSTRUÇÃO CIVIL. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PELA CONTRATADA NÃO COMPROVADO. DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS EM DOCUMENTO ANEXO À NOTA FISCAL.
A retenção deve recair sobre o valor total das notas fiscais de serviços considerando que não há prova de que a contratada forneceu equipamentos e materiais, não há perfeita identificação desses itens nas notas fiscais, e existem declarações da contratada, consignadas em documentos anexos às notas fiscais, no sentido de que não houve fornecimento de equipamentos e materiais. De qualquer modo, o uso de equipamentos não é inerente aos serviços executados de construção e reforma de pisos, telhados, calçadas, fachada de loja e instalações em geral, razão pela qual o valor dos equipamentos só poderia ser excluído da base de cálculo da retenção de que trata o artigo 31 da Lei nº 8.212/91 se comprovado que seu fornecimento, pela contratada, estava previsto em contrato.
RETENÇÃO. SEGURANÇA. CONTABILIDADE. PROVA EM CONTRÁRIO. ÔNUS DA EMPRESA.
A contabilidade faz prova contra a empresa, cabendo a ela o ônus de demonstrar a inveracidade dos registros contábeis, de modo que não infirma o lançamento contábil de despesa com serviços de segurança a prova do sequestro do sócio da empresa sem a demonstração da correspondência entre o pagamento do resgate e o registro contábil.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.368
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que sejam excluídas do lançamento as contribuições lançadas com base nas notas fiscais de serviços emitidas pela empresa Dina Carla Bordini de Arruda.
Nereu Miguel Ribeiro Domingues Presidente em Exercício
Luciana de Souza Espíndola Reis - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente temporariamente, o Presidente Julio Cesar Vieira Gomes.
Nome do relator: LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/2005 VALIDADE DO LANÇAMENTO. Não há nulidade do lançamento quando não configurado óbice à defesa ou prejuízo ao interesse público. RELAÇÃO DE VÍNCULOS. RELATÓRIO INTEGRANTE DO AUTO DE INFRAÇÃO. NATUREZA INFORMATIVA. A relação de vínculos anexa ao lançamento tributário previdenciário lavrado unicamente em desfavor de pessoa jurídica não tem o condão de atribuir responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas e não comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal por ter finalidade meramente informativa. Súmula nº 88 do CARF. RETENÇÃO DO ARTIGO 31 DA LEI 8.212/91. NATUREZA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE DO TOMADOR DO SERVIÇO QUE DEIXOU DE EFETUAR A RETENÇÃO. PAGAMENTO FEITO PELO PRESTADOR DO SERVIÇO. O instituto da retenção previsto no artigo 31 da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei 9.711/98 e alterações posteriores, é hipótese de substituição tributária, conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em Recurso Especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC, de observância obrigatória por este órgão julgador, com base no art. 62-A do Regimento Interno do CARF. É direta a responsabilidade do tomador de serviço pela contribuição que deixou de reter do prestador, pois o artigo 31 da Lei 8.212/91 determina a observância da norma expressa pelo art. 33, § 5º do mesmo diploma legal, que traz a responsabilidade direta do tomador de serviço pelo adequado recolhimento. O tomador do serviço que deixou de efetuar a retenção de que trata o artigo 31 da Lei 8.212/91 não aproveita o pagamento feito pelo prestador do serviço relativo às contribuições devidas sobre sua folha de pagamento. RETENÇÃO. COBRANÇA. CESSÃO DE MÃO DE OBRA NÃO CARACTERIZADA. A continuidade e a não eventualidade na prestação de serviços de cobrança não são suficientes para caracterizar a cessão de mão de obra, que depende, ainda, da demonstração de que os serviços são prestados nas dependências da tomadora ou nas de terceiros e que a direção do serviço está a cargo da tomadora. RETENÇÃO SOBRE O VALOR TOTAL DA NOTA FISCAL. CONSTRUÇÃO CIVIL. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PELA CONTRATADA NÃO COMPROVADO. DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS EM DOCUMENTO ANEXO À NOTA FISCAL. A retenção deve recair sobre o valor total das notas fiscais de serviços considerando que não há prova de que a contratada forneceu equipamentos e materiais, não há perfeita identificação desses itens nas notas fiscais, e existem declarações da contratada, consignadas em documentos anexos às notas fiscais, no sentido de que não houve fornecimento de equipamentos e materiais. De qualquer modo, o uso de equipamentos não é inerente aos serviços executados de construção e reforma de pisos, telhados, calçadas, fachada de loja e instalações em geral, razão pela qual o valor dos equipamentos só poderia ser excluído da base de cálculo da retenção de que trata o artigo 31 da Lei nº 8.212/91 se comprovado que seu fornecimento, pela contratada, estava previsto em contrato. RETENÇÃO. SEGURANÇA. CONTABILIDADE. PROVA EM CONTRÁRIO. ÔNUS DA EMPRESA. A contabilidade faz prova contra a empresa, cabendo a ela o ônus de demonstrar a inveracidade dos registros contábeis, de modo que não infirma o lançamento contábil de despesa com serviços de segurança a prova do sequestro do sócio da empresa sem a demonstração da correspondência entre o pagamento do resgate e o registro contábil. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 22 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16024.000134/2007-77
anomes_publicacao_s : 201504
conteudo_id_s : 5472748
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 08 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2402-004.368
nome_arquivo_s : Decisao_16024000134200777.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS
nome_arquivo_pdf_s : 16024000134200777_5472748.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que sejam excluídas do lançamento as contribuições lançadas com base nas notas fiscais de serviços emitidas pela empresa Dina Carla Bordini de Arruda. Nereu Miguel Ribeiro Domingues Presidente em Exercício Luciana de Souza Espíndola Reis - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente temporariamente, o Presidente Julio Cesar Vieira Gomes.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
id : 5958782
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:40:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887534882816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2335; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 476 1 475 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16024.000134/200777 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.368 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 04 de novembro de 2014 Matéria CESSÃO DE MÃO DE OBRA: RETENÇÃO. EMPRESAS EM GERAL Recorrente LOJAS CEM S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/2005 VALIDADE DO LANÇAMENTO. Não há nulidade do lançamento quando não configurado óbice à defesa ou prejuízo ao interesse público. RELAÇÃO DE VÍNCULOS. RELATÓRIO INTEGRANTE DO AUTO DE INFRAÇÃO. NATUREZA INFORMATIVA. A relação de vínculos anexa ao lançamento tributário previdenciário lavrado unicamente em desfavor de pessoa jurídica não tem o condão de atribuir responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas e não comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal por ter finalidade meramente informativa. Súmula nº 88 do CARF. RETENÇÃO DO ARTIGO 31 DA LEI 8.212/91. NATUREZA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE DO TOMADOR DO SERVIÇO QUE DEIXOU DE EFETUAR A RETENÇÃO. PAGAMENTO FEITO PELO PRESTADOR DO SERVIÇO. O instituto da retenção previsto no artigo 31 da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei 9.711/98 e alterações posteriores, é hipótese de substituição tributária, conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em Recurso Especial submetido ao regime do art. 543C do CPC, de observância obrigatória por este órgão julgador, com base no art. 62A do Regimento Interno do CARF. É direta a responsabilidade do tomador de serviço pela contribuição que deixou de reter do prestador, pois o artigo 31 da Lei 8.212/91 determina a observância da norma expressa pelo art. 33, § 5º do mesmo diploma legal, que traz a responsabilidade direta do tomador de serviço pelo adequado recolhimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 02 4. 00 01 34 /2 00 7- 77 Fl. 476DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES 2 O tomador do serviço que deixou de efetuar a retenção de que trata o artigo 31 da Lei 8.212/91 não aproveita o pagamento feito pelo prestador do serviço relativo às contribuições devidas sobre sua folha de pagamento. RETENÇÃO. COBRANÇA. CESSÃO DE MÃO DE OBRA NÃO CARACTERIZADA. A continuidade e a não eventualidade na prestação de serviços de cobrança não são suficientes para caracterizar a cessão de mão de obra, que depende, ainda, da demonstração de que os serviços são prestados nas dependências da tomadora ou nas de terceiros e que a direção do serviço está a cargo da tomadora. RETENÇÃO SOBRE O VALOR TOTAL DA NOTA FISCAL. CONSTRUÇÃO CIVIL. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PELA CONTRATADA NÃO COMPROVADO. DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS EM DOCUMENTO ANEXO À NOTA FISCAL. A retenção deve recair sobre o valor total das notas fiscais de serviços considerando que não há prova de que a contratada forneceu equipamentos e materiais, não há perfeita identificação desses itens nas notas fiscais, e existem declarações da contratada, consignadas em documentos anexos às notas fiscais, no sentido de que não houve fornecimento de equipamentos e materiais. De qualquer modo, o uso de equipamentos não é inerente aos serviços executados de construção e reforma de pisos, telhados, calçadas, fachada de loja e instalações em geral, razão pela qual o valor dos equipamentos só poderia ser excluído da base de cálculo da retenção de que trata o artigo 31 da Lei nº 8.212/91 se comprovado que seu fornecimento, pela contratada, estava previsto em contrato. RETENÇÃO. SEGURANÇA. CONTABILIDADE. PROVA EM CONTRÁRIO. ÔNUS DA EMPRESA. A contabilidade faz prova contra a empresa, cabendo a ela o ônus de demonstrar a inveracidade dos registros contábeis, de modo que não infirma o lançamento contábil de despesa com serviços de segurança a prova do sequestro do sócio da empresa sem a demonstração da correspondência entre o pagamento do resgate e o registro contábil. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES Processo nº 16024.000134/200777 Acórdão n.º 2402004.368 S2C4T2 Fl. 477 3 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que sejam excluídas do lançamento as contribuições lançadas com base nas notas fiscais de serviços emitidas pela empresa Dina Carla Bordini de Arruda. Nereu Miguel Ribeiro Domingues – Presidente em Exercício Luciana de Souza Espíndola Reis Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente temporariamente, o Presidente Julio Cesar Vieira Gomes. Fl. 478DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão n.º 1424.314 da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Ribeirão Preto (SP), fl. 414439, com ciência ao sujeito passivo em 17/08/2009, fl. 443, que julgou procedente em parte a impugnação apresentada contra Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) lavrada sob o Debcad no 35.906.5295, da qual o sujeito passivo foi cientificado pessoalmente em 04/12/2006, fl. 3. De acordo com o relatório fiscal de fl. 3437, o lançamento trata da contribuição social de responsabilidade da empresa tomadora de serviços mediante cessão de mão de obra ou empreitada, correspondente a 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura emitida pela empresa prestadora de serviço, no período de 12/1999 a 12/2005. Relata, a autoridade lançadora, que as bases de cálculo foram extraídas das notas fiscais emitidas pelas seguintes empresas contratadas pela autuada: a) Dina Carla Bordini de Arruda – EPP, referente à prestação de serviços de cobrança; b) Beltrati Engenharia e Comércio Ltda, referente à prestação de serviços de construção civil; c) Construtora Beltrati Ltda, referente à prestação de serviços de construção civil; d) Pires Serviços de Segurança e Transporte de Valores Ltda, referente à prestação de serviços de vigilância patrimonial; e) Marko Construções Indústria e Comércio Ltda, referente à prestação de serviços de construção civil; f) além de pagamentos realizados a titulo de segurança. Informa, ainda, que os valores das notas fiscais que compuseram as bases de cálculo foram extraídos da contabilidade da empresa. Foram elaboradas planilhas identificando as empresas prestadoras do serviço, número das notas fiscais, valor dos serviços, conta contábil e data, as quais estão acompanhadas de cópias das notas fiscais, juntadas por amostragem, fl. 38170. Inconformada, a autuada impugnou as matérias do lançamento, alegando, em síntese, decadência qüinqüenal, indevida responsabilização tributária dos sócios, nulidade do lançamento por falta de suficiente caracterização do fato gerador, tributação indevida sobre serviços não sujeitos à retenção e cobrança indevida de multa e de juros. O órgão julgador de primeira instância converteu o julgamento em diligência, fl. 369370, solicitando que a fiscalização verificasse se o lançamento contemplou indevidamente serviços não sujeitos à retenção pela sua natureza ou por força de decisão judicial. Em atenção à solicitação de diligência foi emitida informação fiscal, fl. 373 374, com ciência ao sujeito passivo em 29/09/2008, fl. 381, e sobre ela houve manifestação da autuada em 24/10/2008, fl. 382385. A DRJ julgou a impugnação procedente em parte e manteve em parte o crédito tributário lançado, excluindo as contribuições lançadas até a competência 11/2001 em razão da decadência qüinqüenal, bem como as contribuições incidentes sobre as notas fiscais emitidas pelas empresas Pires Serviços de Segurança e Transportes de Valores Ltda e Marko Construções Indústria e Comércio Ltda, por haver decisão judicial vigente no período fiscalizado afastando a retenção de onze por cento. O julgado restou assim ementado: Fl. 479DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES Processo nº 16024.000134/200777 Acórdão n.º 2402004.368 S2C4T2 Fl. 478 5 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/2005 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA EM PARTE. A partir da publicação da Súmula Vinculante STF n° 08, a decadência no âmbito previdenciário passa a ser regida pelo CTN. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS. REPLEG. Constitui peça de instrução do processo administrativofiscal previdenciário. O Anexo REPLEG, que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação. NOTIFICAÇÃO. LEGALIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. A NFLD devidamente motivada, com a descrição das razões de fato e de direito, contendo as informações suficientes ao exercício do contraditório e da ampla defesa, é ato administrativo que goza de presunção de legalidade e veracidade. Preservado o direito de defesa do sujeito passivo quando os motivos fáticos e jurídicos são adequadamente apresentados pela Auditoria Fiscal. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Presentes os requisitos legais da NFLD e inexistindo ato lavrado por pessoa incompetente ou proferido com preterição ao direito de defesa, descabida a argüição de cerceamento de defesa e nulidade do feito. RETENÇÃO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR CESSÃO DE MÃODEOBRA OU EMPREITADA. A empresa contratante de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada está obrigada a reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e recolher a importância assim retida em nome da empresa cedente da mãodeobra. A retenção por parte do responsável pelo recolhimento sempre se presumirá feita, oportuna e regularmente, não lhe sendo lícito alegar qualquer omissão para se eximir da obrigação, permanecendo responsável pelo recolhimento das importâncias que deixar de reter RETENÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. EXCLUSÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MULTA E JUROS MORATÓRIOS. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES 6 As contribuições não recolhidas em épocas próprias estão sujeitas à multa e aos juros equivalentes à taxa SELIC, ambos de caráter irreleváveis. LEGALIDADE E CONSTITUCIONALIDADE. ÂMBITO ADMINISTRATIVO. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis e a legalidade dos atos normativos infralegais. Lançamento Procedente em Parte Em 15/09/2009, a autuada, por meio de advogado, interpôs recurso, fl. 445 472, apresentando suas alegações, cujos pontos relevantes para a solução do litígio são: Alega, em preliminar, que é indevida a inclusão, no relatório de vínculos, dos seus sócios e/ou diretores, pois não ficaram demonstradas as hipóteses do artigo 135 do CTN, e o art. 13 da Lei 8.620/93 é inaplicável por ter sido afastado pelo STJ e revogado pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Invoca a invalidade do lançamento por ofensa ao contraditório e por cerceamento de defesa, com base no argumento de que os documentos adotados para apuração do crédito previdenciário foram analisados e anexados aos autos por amostragem, de modo que não restou caracterizado o fato gerador. No mérito, sustenta que não pode ser responsabilizada pelo pagamento da contribuição porque a obrigação de efetuar a retenção não constitui responsabilidade tributária por substituição, uma vez que o retentor não tem relação jurídica com a hipótese de incidência da contribuição sobre a folha de salários, vinculada entre o empregador prestador do serviço e o INSS, mas mera obrigação acessória de reter, cuja infração ensejaria apenas a aplicação de penalidade. Como a responsabilidade da tomadora é de natureza subsidiária, alega que cabe à fiscalização verificar a existência de recolhimento da contribuição pela prestadora de serviços. Alega também que a empresa Dina Carla Bordini de Arruda prestou serviço de cobrança mediante empreitada e argumenta que o serviço de cobrança não faz parte da atividade fim da empresa, que consiste na comercialização de eletrodomésticos e móveis. Com relação aos serviços de construção civil prestados pela Construtora Beltrati Ltda, sustenta que a fiscalização desconsiderou a discriminação de serviços e de equipamentos contida nas notas fiscais e nos contratos e indevidamente incluiu na base de cálculo da retenção o valor relativo à locação e ao fornecimento de equipamentos, levando em conta meras correspondências da prestadora de serviço, relativas a serviços que ainda seriam prestados e que não têm qualquer vinculação com as notas fiscais. Sobre as despesas com segurança, informa que se trata de pagamento de resgate do seqüestro de seu diretor, ocorrido em 2002, e amplamente divulgado pela mídia. Ao final, requer a exclusão das pessoas físicas e da pessoa jurídica arroladas como coresponsáveis na NFLD, o reconhecimento da nulidade da NFLD e da decisão recorrida, em razão do cerceamento ao direito de defesa, o cancelamento do crédito tributário Fl. 481DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES Processo nº 16024.000134/200777 Acórdão n.º 2402004.368 S2C4T2 Fl. 479 7 lançado, ou que seja deferida a realização de diligências com o objetivo de se apurar a verdade dos fatos. Sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, os autos foram enviados a este Conselho para julgamento. É o relatório. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES 8 Voto Conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis, Relatora Conheço do recurso por estarem presentes os requisitos de admissibilidade. Preliminar de Ilegalidade do Arrolamento dos Sócios no Lançamento Tributário A empresa é o sujeito passivo do lançamento. O anexo “Relação de Vínculos” possui caráter informativo, prestandose a subsidiar a Procuradoria da Fazenda Nacional, caso haja a necessidade de execução judicial do crédito previdenciário, nas hipóteses em que fique configurada a responsabilidade pessoal de terceiros pelos atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, nos termos estatuídos no inciso III do art. 135 do CTN. Este é o entendimento consolidado no enunciado da Súmula CARF nº 88: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Eventual responsabilização de codevedor com base no inciso III do art. 135 do CTN ocorrerá após a adoção dos procedimentos previstos na Portaria PGFN nº 180, de 25 de fevereiro de 2010, e nas hipóteses previstas no seu art. 2o: Art. 2º A inclusão do responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União somente ocorrerá após a declaração fundamentada da autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) acerca da ocorrência de ao menos uma das quatro situações a seguir: (Redação dada pela Portaria PGFN nº 904, de 3 de agosto de 2010). I excesso de poderes; II infração à lei; III infração ao contrato social ou estatuto; IV dissolução irregular da pessoa jurídica. Fl. 483DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES Processo nº 16024.000134/200777 Acórdão n.º 2402004.368 S2C4T2 Fl. 480 9 Parágrafo único. Na hipótese de dissolução irregular da pessoa jurídica, os sóciosgerentes e os terceiros não sócios com poderes de gerência à época da dissolução, bem como do fato gerador, deverão ser considerados responsáveis solidários. Preliminar de invalidade do lançamento. Cerceamento de Defesa. Demonstração do Fato Gerador A recorrente alega que sofreu prejuízo em sua defesa porque o fato gerador não foi devidamente caracterizado, tendo sido identificado com base em documentos analisados por amostragem. Primeiramente, deve ficar consignado que parte do crédito tributário foi excluído do lançamento, por ter sido atingido pela decadência qüinqüenal, restando inalterado o crédito tributário decorrente das contribuições devidas pela contratação das empresas Dina Carla Bordini de Arruda, referente à prestação de serviços de cobrança, Construtora Beltrati Ltda, referente à prestação de serviços de construção civil, e, ainda, pagamentos realizados a titulo de segurança. Os fatos tributários que ensejaram a lavratura do auto de infração foram concretizados pelas notas fiscais de serviços, sendo que, anexo ao relatório fiscal, foram juntadas planilhas identificando todos os dados das notas fiscais emitidas pelas empresas contratadas, assim como os dados dos registros contábeis que serviram de base para o lançamento, bem como cópias de notas fiscais, fl. 38141. E o lançamento feito com base em serviços prestados na área de segurança está identificado no relatório fiscal pela conta contábil em que os valores pagos a este título foram registrados e pela data do lançamento contábil. Em suma, o relatório fiscal e seus anexos contêm todas as informações necessárias à identificação dos fatos tributários considerados no lançamento, o que permite à recorrente sobre eles se manifestar e apresentar documentos que entender necessários para corroborar sua tese de defesa. A nulidade do lançamento, por ser ato extremo, só deve ser declarada quando presente prejuízo insuperável para o sujeito passivo, sobretudo quando o vício do ato lhe impede exercitar amplamente a sua defesa, ou quando contrariar o interesse público, conforme se extrai do art. 55 da lei 9.784/99, contrario sensu: Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Portanto, rejeito as preliminares. Mérito Natureza jurídica do instituto da retenção prevista no artigo 31 da Lei nº 8.212/91. Responsabilidade do tomador de serviço. Pagamentos feitos pelo prestador de serviço. Fl. 484DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES 10 O instituto da retenção previsto no art. 31 da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.711/98 e alterações posteriores, é hipótese de substituição tributária onde o tomador de serviços executados mediante cessão de mãodeobra figura como substituto tributário e nessa condição é responsável pelo pagamento dos onze por cento do valor bruto na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços que deixar de reter e recolher em nome da empresa cedente de mãodeobra. Tratase de entendimento decorrente da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferido em Recurso Especial1 submetido ao regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO. RETENÇÃO DE 11% SOBRE FATURAS. ART. 31, DA LEI Nº 8.212/91, COM A REDAÇÃO DA LEI Nº 9.711/98. NOVA SISTEMÁTICA DE ARRECADAÇÃO MAIS COMPLEXA, SEM AFETAÇÃO DAS BASES LEGAIS DA ENTIDADE TRIBUTÁRIA MATERIAL DA EXAÇÃO. 1. A retenção de contribuição previdenciária determinada pela Lei 9.711/98 não configura nova exação e sim técnica arrecadatória via substituição tributária, sem que, com isso, resulte aumento da carga tributária. 2. A Lei nº 9.711/98, que alterou o artigo 31 da Lei nº 8.212/91, não criou nova contribuição sobre o faturamento, tampouco alterou a alíquota ou a base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento. 3. A determinação do mencionado artigo configura apenas uma nova sistemática de arrecadação da contribuição previdenciária, tornando as empresas tomadoras de serviço como responsáveis tributários pela forma de substituição tributária. Nesse sentido, o procedimento a ser adotado não viola qualquer disposição legal.(g.n.) 4. Precedentes: REsp 884.936/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/08/2008, Dje 20/08/2008; AgRg no Ag 906.813/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2007, Dje 23/10/2008; AgRg no Ag 965.911/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/04/2008, DJe 21/05/2008; EDcl no REsp 806.226/RJ, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/2008, DJe 26/03/2008; AgRg no Ag 795.758/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2007, DJ 09/08/2007. 5. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Essa decisão vincula este Órgão Julgador por força do art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. 1 REsp 1036375/SP, rel. Min. Luiz Fuz, DJe 30/03/2009. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES Processo nº 16024.000134/200777 Acórdão n.º 2402004.368 S2C4T2 Fl. 481 11 Podese afirmar também que a responsabilidade do tomador de serviço é direta, pois o artigo 31 da Lei 8.212/91 determina a observância da norma expressa pelo art. 33, § 5º do mesmo diploma legal, que traz a responsabilidade direta do tomador de serviço pelo adequado recolhimento: § 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. (g.n.) Portanto, o tomador do serviço é responsável direto pelo recolhimento do valor devido, ainda que tenha deixado de efetuar a retenção. A responsabilidade subsidiária do prestador de serviço pelo recolhimento das contribuições devidas sobre a remuneração dos empregados cedidos não autoriza o aproveitamento, pelo tomador, de eventual pagamento feito pelo prestador de serviço. Como visto, o instituto aqui tratado criou nova técnica de arrecadação por meio da retenção, tanto que a lei permite a compensação, pelo prestador de serviços, somente dos valores retidos na sua nota fiscal ou fatura (arts. 1o e 2o da Lei 8.212/91). Permitir que o tomador de serviço que agiu em desacordo com a lei ao deixar de efetuar a retenção ou de pagar o valor retido aproveite dos pagamentos feitos pelo prestador de serviço a título de contribuições previdenciárias mudaria a natureza da responsabilidade, que passaria a ser diretamente do prestador de serviços, tornando subsidiária a responsabilidade do tomador, em evidente afronta à lei. Reafirmo que a responsabilidade da tomadora não é subsidiária, mas direta, e, nessa condição, é responsável pelo pagamento do valor que deixou de reter sobre o valor total da nota fiscal ou fatura da prestadora de serviços. Serviços sujeitos à retenção Dina Carla Bordini de Arruda, referente à prestação de serviços de cobrança: A autoridade lançadora, em seu relatório complementar, fl. 373374, afirmou que a empresa Dina Carla Bordini de Arruda prestou serviços de cobrança mediante cessão de mão de obra em razão da habitualidade na prestação de serviço, verificável pela seqüência da notas fiscais emitidas, e por se tratar de atividade inerente aos objetivos sociais da autuada. Nem a autoridade lançadora nem a recorrente juntaram aos autos o contrato de prestação de serviços. Observase que não houve destaque nas notas fiscais de serviços, fl. 3941. De qualquer modo, o fato de a atividade de cobrança estar enquadrada no rol de atividades sujeitas à retenção não é suficiente para gerar a obrigação tributária, que só nasce na hipótese de o serviço ter sido prestado mediante cessão de mão de obra, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/91 e art. 219 § 2o, inc. VII do RPS/99. A autoridade fiscal, embora tenha demonstrado que os serviços foram prestados com continuidade, o que demonstra se tratar de necessidade permanente da Fl. 486DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES 12 contratante, deixou de demonstrar que os empregados da contratada ficaram à disposição da contratante e que a prestação dos serviços não ocorreu nas dependências da contratada. A existência de subordinação jurídica dos empregados à contratante mediante transferência da direção do cotidiano da prestação laborativa para o tomador de serviços é elemento fundamental para diferenciar a cessão de mão de obra da prestação de serviços em geral. Como não ficou demonstrada a ocorrência da hipótese legal autorizadora da retenção, que é a prestação do serviço de cobrança mediante cessão de mão de obra, fica afastada a obrigação da recorrente quanto às contribuições lançadas a título de onze por cento sobre as notas fiscais ou faturas emitidas pela empresa Dina Carla Bordini de Arruda. Construtora Beltrati Ltda, referente à prestação de serviços de construção civil. No lançamento exigese a diferença de valor não retido pela empresa, conforme planilha de cálculo das contribuições lançadas, fl. 140141. Assim, os valores retidos e recolhidos, incidentes sobre as notas fiscais de serviços contempladas no lançamento, foram deduzidos das contribuições lançadas. A autuada não incluiu na base de cálculo da retenção o valor discriminado nas notas fiscais de serviço a título de locação de equipamentos. O instituto da retenção estava disciplinado, no período do lançamento (12/2001 a 06/2004) pela Ordem de Serviço DAF nº 209, de 20 de maio de 1999, pela Instrução Normativa INSS/DC nº 71, de 10/05/2002 e Instrução Normativa INSS/DC nº 100, de 18 de dezembro de 2003. De acordo com a disciplina desses atos normativos, os valores dos materiais ou equipamentos, próprios ou de terceiros, exceto os equipamentos manuais, fornecidos pela contratada não integram a base de cálculo da retenção desde que: a) os valores estejam discriminados no contrato e na nota fiscal ou, b) não havendo discriminação do valor no contrato, que nele conste a previsão de seu fornecimento, ou, c) não havendo previsão contratual do fornecimento, que a utilização do equipamento seja inerente à execução dos serviços contratados. Logo, se não existir previsão contratual de fornecimento de material ou utilização de equipamento e o uso deste equipamento não for inerente ao serviço, mesmo havendo discriminação de valores na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, a base de cálculo da retenção será o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, conforme expressa previsão do art. 18 da OS DAF 209/99, art. 106 § 3o da IN INSS/DC nº 71/2002 e art. 160 da IN INSS/DC 100/2003, o qual transcrevo: Art. 160. Não existindo previsão contratual de fornecimento de material ou utilização de equipamento, e o uso deste equipamento não for inerente ao serviço, mesmo havendo discriminação de valores na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, a base de cálculo da retenção será o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, exceto no caso do serviço de transporte de passageiros, onde a base de cálculo da retenção corresponderá à prevista no inciso II do art. 159 Fl. 487DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES Processo nº 16024.000134/200777 Acórdão n.º 2402004.368 S2C4T2 Fl. 482 13 A recorrente não apresentou os contratos de prestação de serviços das obras a que se referem as notas fiscais abrangidas pelo lançamento, relativas ao período de 12/2001 a 06/2004. Juntou notas fiscais, guias de recolhimento código 2631, em nome da construtora Beltrati e contratos, fl. 294316, relativos a serviços contratados nos meses de abril, setembro e dezembro/2005, período não abrangido pelo lançamento relacionado a este prestador de serviço (Código de Levantamento RT3). Da análise das notas fiscais que embasaram o lançamento tributário2 constatase que a maioria delas se refere à locação de equipamentos de forma genérica, ou seja, sem especificálos. Nos casos em que equipamentos e materiais são identificados, o são como andaimes e formas3. De qualquer modo, o uso de equipamentos não é inerente aos serviços executados. São eles: reparo em telhado, piso e instalações, reparos na loja, reparos na fachada da loja, execução de fachada, reforma de fachada, reparo de rede de esgoto, reparo em piso e parede de uma loja, reparos em caixinhas de ferro, reparos em tubulação de água pluvial, reparo da impermeabilização da marquise e de calhas, troca de calçada. As correspondências que acompanham as notas fiscais, por meio das quais a construtora presta contas à contratada sobre os serviços incluídos na nota fiscal, detalhandoos, fornecendo medições e valores cobrados por metro quadrado, deixando de mencionar equipamentos e materiais. A alegação de que essas correspondências não têm relação com as notas fiscais não ficou comprovada. As evidências mostram o contrário, pois as correspondências são contemporâneas às datas de emissão das notas fiscais e se referem aos mesmos serviços e valores consignados nas notas fiscais. E mesmo que essas correspondências não pudessem ser consideradas provas eficazes da discriminação dos serviços prestados, ainda assim seria devida a retenção sobre o valor total da nota fiscal, pelos motivos já expostos. Em suma, não foi demonstrada a obrigação contratualmente prevista de a prestadora de serviços fornecer material e equipamentos e ficou evidenciado que o uso de equipamento não é inerente aos serviços prestados. Logo, mesmo havendo discriminação de valores na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, a base de cálculo da retenção será o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços. Despesas com segurança Tratase de retenção sobre serviços com segurança, com previsão no art. 219 § 2o do RPS/99: 2 cf. cópias das NF nº 13, 26, 43, 49, 50, 52, 53, 59, 60, 62, 106, 107, 108, 110, 115, 116, 117, 118, 125, 126, 127, 129, 130, 1312, 134, 135, 143, 146, 149, 150, 151, 175, 176, 177, 178, 192, 193, 194, 213, 228, 229, 231, 233, 264 às fl. 61139. 3 NF Nºs 13, 26, 115, 116, 117, 118, 146, 149, 150, 151, 192, 194, 228, 231. Nas demais NFs não estão identificados os equipamentos e materiais aos quais se referem os valores nelas discriminados. Fl. 488DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES 14 Art. 219. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, observado o disposto no § 5º do art. 216. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003) ... § 2º Enquadramse na situação prevista no caput os seguintes serviços realizados mediante cessão de mãodeobra: ... II vigilância e segurança; O fato tributário foi extraído da contabilidade da empresa. Na conta contábil intitulada “despesa com segurança” foi identificado pagamento de R$ 2.300.000,00 e na conta contábil intitulada “despesas gerais” foi identificado pagamento de R$ 300.000,00 com histórico de despesas com segurança. Embora intimada, a empresa deixou de apresentar documentos comprobatórios dessas despesas. A contabilidade faz prova contra as sociedades empresariais, conforme estatui o Código Civil, art. 226 e do Código de Processo Civil, art. 378. Código Civil Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Código de Processo Civil Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. Alega, a recorrente, que a despesa se refere a pagamento de resgate do seqüestro de seu diretor, ocorrido em 2002, e amplamente divulgado pela mídia. De acordo com a tese da recorrente, houve deliberado lançamento contábil em título indevido, tendo sido lançado como despesa de segurança um pagamento que se sabia não ter essa natureza. De qualquer modo, a eficácia probatória da contabilidade só pode ser afastada diante de prova contundente do erro cometido. Para tanto, não basta provar o fato que alega ser verdadeiro. É necessário também demonstrar a ilação entre o fato verdadeiro e o fato inverídico que se registrou contabilmente. Assim, a prova do seqüestro do sócio da empresa não infirma o lançamento contábil porque não ficou demonstrado que este último corresponde ao pagamento do resgate. Portanto, rejeito o recurso nessa parte. Fl. 489DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES Processo nº 16024.000134/200777 Acórdão n.º 2402004.368 S2C4T2 Fl. 483 15 Conclusão Com base no exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, excluindo as contribuições decorrentes da prestação de serviços pela empresa Dina Carla Bordini de Arruda. Luciana de Souza Espíndola Reis. Fl. 490DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/01/2015 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por NEREU MIGUE L RIBEIRO DOMINGUES
score : 1.0
Numero do processo: 13007.000188/2004-18
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 08 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2002
SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA, ATIVIDADE NÃO VEDADA. MANUTENÇÃO. ASSISTÊNCIA TÉCNICA.
A pessoa jurídica que presta serviços de assistência técnica em máquinas e equipamentos pode optar pelo Simples pois sua atividade não equivale aos serviços profissionais prestados por engenheiros.
Numero da decisão: 1101-000.273
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar
provimento ao recurso voluntário para cancelar a exclusão da contribuinte no simples, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado,
Nome do relator: Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201004
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA, ATIVIDADE NÃO VEDADA. MANUTENÇÃO. ASSISTÊNCIA TÉCNICA. A pessoa jurídica que presta serviços de assistência técnica em máquinas e equipamentos pode optar pelo Simples pois sua atividade não equivale aos serviços profissionais prestados por engenheiros.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 13007.000188/2004-18
conteudo_id_s : 5480940
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1101-000.273
nome_arquivo_s : Decisao_13007000188200418.pdf
nome_relator_s : Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro
nome_arquivo_pdf_s : 13007000188200418_5480940.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para cancelar a exclusão da contribuinte no simples, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado,
dt_sessao_tdt : Thu Apr 08 00:00:00 UTC 2010
id : 6010270
ano_sessao_s : 2010
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:41:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047887540125696
conteudo_txt : Metadados => date: 2010-11-18T18:39:19Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-11-18T18:39:19Z; Last-Modified: 2010-11-18T18:39:19Z; dcterms:modified: 2010-11-18T18:39:19Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:b2a7822c-81ab-4aac-ae34-93276285523c; Last-Save-Date: 2010-11-18T18:39:19Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-11-18T18:39:19Z; meta:save-date: 2010-11-18T18:39:19Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-11-18T18:39:19Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-11-18T18:39:19Z; created: 2010-11-18T18:39:19Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2010-11-18T18:39:19Z; pdf:charsPerPage: 1370; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-11-18T18:39:19Z | Conteúdo => Sl-C1111"11 Eh MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 13007000188/2004-18 Recurso re 171876 Voluntário Acórdão n" 1101-00.273 — 1" Câmara / 1 Turma Ordinária Sessão de 08/04/2010 Matéria SIMPLES Recorrente Zero Grau Indústria Comércio e Assistência Técnica Recorrida DRJ em Porto Alegre Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das, Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA, ATIVIDADE NÃO VEDADA. MANUTENÇÃO, ASSISTÊNCIA TÉCNICA, A pessoa jurídica que presta serviços de assistência técnica em máquinas e equipamentos pode optar pelo Simples pois sua atividade não equivale aos serviços profissionais prestados por engenheiros. Vistos relatados os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para cancelar a exclusão da contribuinte no simples, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado, EDEZWE -V IRA BESSA — Presidente Substituta iLuGuo-- ./ CARLOS EDUA.RDO-DE ALMEIDA GUERREIRO - Relator EDITADO EM: 21 Y9010 Participaram do presente julgamento os conselheiros, Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, Francisco (5.e: Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva e Shelley Henrique Dalcamim, 11 Relatório Trata-se de exclusão do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições da Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples (federal), com efeito a partir de 2002, sob alegação de que a atividade econômica exercida pela interessada não possibilita a adesão ao Simples. Em 06/10/2004, o contribuinte apresentou "impugnação" contra Ato Declamatório Executivo da Delegacia da Receita Federal de Porto Alegre (DRF-POA) que a excluiu do Simples, retroativamente a 2002, sob o argumento de que instalação e manutenção de sistemas centrais de ar condicionado de ventilação e refrigeração, código 4542-0/00, se enquadra no inciso XIII do art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996 (proc. fls. 1 a 8). A recorrente alega que sua atividade, informada nas suas declarações, é de reparação e manutenção de máquinas e aparelhos eletrodomésticos, exceto telefônicos, código 5271-0/01, que não poderia ser excluído retroativamente nem pela atividade que informou e nem pela que constou do ato, e menciona jurisprudência contrária a uma interpretação extensiva do inciso XIII do art. 9' da Lei n° 9317, de 1996, A DRI de Porto Alegre indeferiu a solicitação do contribuinte (proc. fls. 25 a 29). Fundamentou sua decisão na constatação de que, conforme o Contrato Social, a atividade da empresa é "manutenção e instalação de máquinas industriais em geral, serviços de usina gem, comércio de peças de reposição de máquinas industriais, manutenção de eletrodomésticos, indústria e comércio de produtos alimentícios pré condicionados e o desenvolvimento de projetos eletromecânicos", de sorte que esta está impedida de optar pelo Simples, inclusive como expressamente estabelece o Ato Declaratório Normativo Cosit ri° 4, de 2000, ao qual a DRJ deve obediência. O contribuinte foi intimado do acórdão, em 08/04/2008, e apresentou Recurso Voluntário , em 06/05/2008 (proc. fls.. 32 a 41). Repete os argumentos que havia apresentado na sua Manifestação de Inconformidade e adiciona que, embora no seu Contrato Social conste como um dos objetivos a manutenção e instalação de máquinas industriais, sua real atividade é a manutenção de ar condicionados. Também, enfatiza que a Lei Complementar ri° 123, de 2006, no inciso XI do § 1° do art. 17, permite optar pelo Simples Nacional as prestadoras de serviço de instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar condicionado e cita jurisprudência administrativa favorável a sua posição È o relatório 2 Processo n° 13007000188/2004-l8 Acórdão o ° 1101-00273 S1-CiTit EL 65' Voto O recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. No caso em exame, a exclusão sustentada pela DRF e pela DRI se fundamenta no entendimento de que a atividade do recorrente, constatada com base apenas nes seus dados cadastrais, equivale a de engenheiro (ou assemelhados) e, portanto, não permite ai opção pelo Simples, nos termos do inciso XIII do art. 9 0 da Lei n° 9.317, de 1996 A DRI aindar destaca o Ato Declaratório Normativo Cosit n° 4, de 2000, ao qual enfatiza dever obediência_ No entanto, não me parece que se possa considerar que a atividade de instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar condicionado seja alcançada pelo inciso XIII do art. 9° da Lei n° 9317, de 1996, pois não equivale, via de regra, a serviços profissionais de engenheiro, ou assemelhado. Ademais, da leitura conjunta dos arts, 146 e 179 da Constituição, de 1988, primeiro com a redação dada pela Emenda Constitucional n° 42, de 2003, e do art. 94 dg) ADCT, posto pela mesma Emenda, entendo que o Simples Nacional, criado pela Leii Complementar n° 123, de 2006, veio substituir o Simples Federal, criado pela Lei n° 9317, clic 1996. Nesse passo, analisando-se as condições estabelecidas para adesão ao Simples Naciosiall, percebe-se que passou a ser expressamente permitida a adesão por prestadoras de serviço de, instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar condicionado, conforme inciso XI do 1 0 do art. 17 Na seqüência, a partir da Lei Complementar n° 128, de 18 de dezembro de 20W, ficou explicitado que os "serviços de instalação, de reparos e de manutenção em geral" vedam a opção, embora serviços de engenharia estejam fora do sistema. Ou seja, a evolução dist legislação demonstra que os serviços de instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar condicionado, bem como os serviços de manutenção em geral e assistência técnica, não sk, equiparados a serviços profissionais de engenharia. Por estas razões, voto por dar provimento ao R.ecurso Voluntário, porvi cancelar a exclusão do contribuinte do Simples. CARLOS EDUARNYDE ALMEIDA GUERREIRO Processo n° 13007000188/2004-18 Acórdão n 1101-00.273 sl.-CTO1 FIL (r."(4,-; TERMO DE INTIMAÇÃO Intime-se um dos Procuradores da Fazenda Nacional, credenciado junta este Conselho, da decisão consubstanciada no acórdão supra, nos termos do art 81, § 3°, da anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria Ministerial if 256, de 22 i1157...: junho de 2009 Brasília, ??( /05/ »10 à ....t'=/-U'j (('f5L,, ..... .. -- i II ANTONIO DA SILVA J:-.15è .Antonio da Silva Chefe de Equipe cln II Irimeira Comera da 1' Seção do Conselho Admirlistrativo de Recursos Fiscais - N1F Ciência Data: Nome: Procurador(a) da Fazenda Nacional Encaminhamento da PFN: [ apenas com ciência; ] com Recurso Especial; ] com Embargos de Declaração; [
score : 1.0
