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Numero do processo: 11060.002692/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Apr 28 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1402-000.153
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, resolvem declinar a competência do julgamento para a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção.
Ausência momentânea: LEONARDO HENRIQUE MAGALHÃES DE OLIVEIRA
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinada digitalmente)
Carlos Pelá - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonado de Andrade Couto.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, resolvem declinar a competência do julgamento para a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção. Ausência momentânea: LEONARDO HENRIQUE MAGALHÃES DE OLIVEIRA (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinada digitalmente) Carlos Pelá - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonado de Andrade Couto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 2; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1375; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 2 1 1 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11060.002692/201012 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1402000.153 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 07 de novembro de 2012 Assunto ENCAMINHAMENTO PROCESSO CONEXO Recorrente GOBBA LEATHER INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA Recorrida 5ª TUMA DRJ/POA Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, resolvem declinar a competência do julgamento para a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção. Ausência momentânea: LEONARDO HENRIQUE MAGALHÃES DE OLIVEIRA (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinada digitalmente) Carlos Pelá Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonado de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 60 .0 02 69 2/ 20 10 -1 2 Fl. 2210DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2013 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 18/07/2013 por LEON ARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2013 por CARLOS PELA Processo nº 11060.002692/201012 Resolução nº 1402000.153 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Verificase que o processo trata de auto de infração no qual se exige o pagamento de Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, em virtude da constatação de pagamentos efetuados a terceiros sem causa comprovada, apurada nos anoscalendário 2007 e 2008 (fls. 512 a 516), conforme “Relatório de Fiscalização” de fls. 530 a 548. A presente ação fiscal teve início no procedimento de diligência objetivando aferir a legitimidade dos créditos da Contribuição para o PIS, da Cofins e do IPI dos anos calendário 2006 e 2007, pleiteados pela contribuinte. Conforme despachos proferidos pela 2ª Seção às fls. 2201/2203 e fls. 2204/2205, está claro que o lançamento dos autos baseiase nos mesmos elementos de prova dos lançamentos do IRPJ e da CSLL, apuradas no curso da mesma ação fiscal e discutidos no processo administrativo nº. 11060.002706/201006, tratandose, portanto, de procedimentos conexos. Além disso, conforme pesquisa realizada no sítio eletrônico deste Conselho, o processo administrativo nº. 11060.002706/201006 já teve seu julgamento iniciado pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta 1ª Seção, sob relatoria do conselheiro Eduardo de Andrade. Nos autos do comentado processo, em 12/06/2012, foi proferida a Resolução nº. 1302.000169, determinando, por unanimidade de votos, a conversão do julgamento em diligência, para que fossem reunidos a este auto, com a redistribuição deste PA 11060.002692/201012, devendo, ambos, retornar para julgamento naquela turma. Voto Considerando que (i) de acordo com o art. 2º, inciso IV, do Regimento Interno deste Conselho (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010), os recursos voluntários em processo administrativo relativos à tributação de pessoa física ou outro tributo, quando lastreados em fatos cuja apuração serviu também para determinar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ, devem ser julgados pelas turmas da Primeira Seção do CARF, e (ii) que o processo relacionado à tributação do IRPJ já se encontra em julgamento perante a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta 1ª Seção, ACOLHO o entendimento proferido na mencionada Resolução nº. 1302.000169, no sentido de que a melhor solução ao presente caso, para que se evitem decisões conflitantes para o deslinde do litígio, bem como sejam atendidos os preceitos veiculados no Regimento Interno do CARF, é a reunião dos processos naquela turma. Por tudo quanto exposto até aqui, Senhor Presidente, proponho que o presente processo seja encaminhado para a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara, Primeira Seção, para julgamento em conjunto com o processo administrativo 11060.002706/201006. (assinado digitalmente) Carlos Pelá Relator Fl. 2211DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2013 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 18/07/2013 por LEON ARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2013 por CARLOS PELA
score : 1.0
Numero do processo: 15578.000096/2007-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
MÚTUO. DESPESA DE VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. DEDUÇÃO.
A operação de mútuo contratada pela Contribuinte não resta descaracterizada por eventos supervenientes à sua contratação, como a ausência de liquidação ou utilização dos recursos para aquisição de participação societária em outra empresa, nem tampouco em razão de ausência de previsão de pagamento de juros, devendo permanecer todos os efeitos conseqüentes de tal operação, dentre os quais, a dedução da despesa de variação cambial passiva.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. ART. 138 DO CTN. POSSIBILIDADE.
O art. 138 do CTN é claro ao prever que, em ocorrendo a denúncia espontânea, o contribuinte efetuará o pagamento apenas do tributo e dos juros de mora. Não existe qualquer alusão genérica ou específica, direta ou indireta, a multas de qualquer natureza.
As multas moratórias e as multas de ofício são, ambas, repercussões da prática de ilícitos tributários e evidenciam o aspecto sancionador da Administração Tributária, no exercício da supremacia e indisponibilidade do interesse público.
Não há que se falar que as multas de mora possuem caráter indenizatório, pois, para isso, existem os juros de mora. A multa moratória tem caráter punitivo.
Numero da decisão: 1201-001.074
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO - Presidente
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
EDITADO EM: 28/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rafael Vidal de Araujo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Júnior.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 MÚTUO. DESPESA DE VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. DEDUÇÃO. A operação de mútuo contratada pela Contribuinte não resta descaracterizada por eventos supervenientes à sua contratação, como a ausência de liquidação ou utilização dos recursos para aquisição de participação societária em outra empresa, nem tampouco em razão de ausência de previsão de pagamento de juros, devendo permanecer todos os efeitos conseqüentes de tal operação, dentre os quais, a dedução da despesa de variação cambial passiva. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. ART. 138 DO CTN. POSSIBILIDADE. O art. 138 do CTN é claro ao prever que, em ocorrendo a denúncia espontânea, o contribuinte efetuará o pagamento apenas do tributo e dos juros de mora. Não existe qualquer alusão genérica ou específica, direta ou indireta, a multas de qualquer natureza. As multas moratórias e as multas de ofício são, ambas, repercussões da prática de ilícitos tributários e evidenciam o aspecto sancionador da Administração Tributária, no exercício da supremacia e indisponibilidade do interesse público. Não há que se falar que as multas de mora possuem caráter indenizatório, pois, para isso, existem os juros de mora. A multa moratória tem caráter punitivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO - Presidente (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator. EDITADO EM: 28/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rafael Vidal de Araujo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Júnior.
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DESPESA DE VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. DEDUÇÃO. A operação de mútuo contratada pela Contribuinte não resta descaracterizada por eventos supervenientes à sua contratação, como a ausência de liquidação ou utilização dos recursos para aquisição de participação societária em outra empresa, nem tampouco em razão de ausência de previsão de pagamento de juros, devendo permanecer todos os efeitos conseqüentes de tal operação, dentre os quais, a dedução da despesa de variação cambial passiva. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. ART. 138 DO CTN. POSSIBILIDADE. O art. 138 do CTN é claro ao prever que, em ocorrendo a denúncia espontânea, o contribuinte efetuará o pagamento apenas do tributo e dos juros de mora. Não existe qualquer alusão genérica ou específica, direta ou indireta, a multas de qualquer natureza. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 00 96 /2 00 7- 23 Fl. 436DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO Presidente (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. EDITADO EM: 28/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rafael Vidal de Araujo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Júnior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ/RJ I (fls 586/593) que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade (fls. 240/251) apresentada pela ora Recorrente em 18/03/2008, em face do Parecer Conclusivo e Despacho Decisório de fls. 205/214, exarado pela DRF/Vitória, em 27/11/2007 (fl.214). Da análise do mencionado parecer, constatase retificação dos saldos negativos de IRPJ: i) de R$ 2.721.126,26 para R$ 0,00, em 2001; de R$ 24.049.441,17 para R$ 23.833.590,10, em 2002; e iii) de R$ 59.228.556,35 para R$ 57.960.224,37, em 2003. Conforme Termo de Constatação de fls. 190/192 e Parecer Seort /DRFNIT de fls. 205/214, o procedimento fiscal teve inicio a partir de Mandado de Procedimento Fiscal Diligência, emitido para que fosse verificada a exatidão das informações prestadas em diversas Declarações de Compensação — DCOMP, apresentadas pela ora Recorrente, a fim de se compensar saldo negativo IRPJ. No curso do procedimento fiscal, a ora Recorrente foi intimada a prestar esclarecimentos acerca das variações cambiais passivas relativas ao anocalendário 2000. Em resposta, foi apresentada cópia de um contrato de mútuo celebrado com a pessoa jurídica estrangeira Adm Investments Limited, no valor de US$ 119.446.098,60. Tal contrato teve seu vencimento, inicialmente previsto para 29/12/2002, prorrogado por 120 dias, o que vem ocorrendo até os dias de hoje. O auditor fiscal assinala que a mutuante é controladora da ora Recorrente. Na folha 212 do seu parecer, o auditor fiscal faz os seguintes esclarecimentos acerca do contrato de mútuo: Fl. 437DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 15578.000096/200723 Acórdão n.º 1201001.074 S1C2T1 Fl. 639 3 “ 1. De acordo com os artigos 1.256, 1.261, e 1.264 da lei 3.071/16 (antigo Código Civil), contrato de mútuo é o contrato de empréstimo de coisa fungível, com duração determinada, sendo imprescindível a devolução de coisa do mesmo gênero, equivalente em quantidade e qualidade, findo o prazo do empréstimo. À luz desse entendimento, há de se ter como não configurado, no caso, o mútuo, já que em nenhum momento houve restituição da quantia supostamente emprestada pela mutuante. 2. Em que pese a alteração de contrato social apresentada (fls.197 a 199 e 202 a 204), o beneficiário do não pagamento da divida à época da assinatura do contrato de mútuo seria o sócio da ADM Brasil, que, por sua vez, é a própria mutuante – ADM Investments Limited. 3. A operação de investimento externo foi erroneamente qualificada como empréstimo no instrumento particular de contrato de mútuo às fls. 132 a 134. Se a operação de fato foi investimento externo, não se trata de um empréstimo sujeito a variações cambiais, dado que não há obrigação de a ADM Brasil pagar o valor de US$ 119.446.098,60 (...) A empresa ADM Investiments. Obrigação esta que teria gerado as variações cambiais passivas discriminadas às fl. 149 e a ocorrência de prejuízo fiscal, conforme fichas 06A, 09A e 12A da declaração de rendimentos (fls. 73 a 84).” Por fim, o auditor glosa as variações cambiais passivas contabilizadas no anocalendário de 2001, transformando o saldo negativo do IRPJ, no valor de R$ 2.721.126,26, em Imposto de Renda a pagar, no valor de R$ 1.779.115,23. Quanto ao anocalendário de 2002, o valor informado na DIPJ, a titulo de Imposto de Renda Retido na Fonte, foi retificado pelo auditor de R$ 2.674.711,61 para R$ 2.458.860,54, por ter ele constatado que a interessada não ofereceu à tributação, a totalidade dos Rendimentos Tributáveis sobre os quais houve a incidência do Imposto. Relativamente ao anocalendário de 2003, houve alteração no saldo negativo do Imposto a Pagar, de R$ 59.228.556,35 para R$ 57.960.224,37. Não satisfeita com o resultado do procedimento fiscal, a ora Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 240/251), onde argumenta, em síntese: Contrato de Mútuo O art. 1.262 do Código Civil de 1916 dispõe que só é permitida a exigência de juros nos contratos de mútuo mediante disposição expressa em contrato. Assim, no entendimento da interessada, a legislação em vigor à época da elaboração do contrato, não previa a obrigatoriedade e a presunção da estipulação de juros nos contratos de mútuo em dinheiro. Discorda do auditor quanto ao fato de desclassificar o contrato de mútuo pelo fato de seu objeto — dinheiro — nunca ter sido restituído, perdendo uma de suas características, que é a temporariedade, desvirtuandoo em sua essência. Em relação a esse ponto, diz que a prorrogação da data de vencimento — 30/12/2002 — até os dias de hoje foi Fl. 438DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 4 feita por mera vontade e liberalidade das partes. O fato de haver diversas prorrogações não implica a indefinição da data de vencimento do contrato. Que a falta de estipulação de juros no contrato não acarreta perda ou prejuízo para o mutuante, vez que a recomposição patrimonial está atrelada à correção monetária, e não aos juros. Que a estratégia de financiamento das operações do Grupo Econômico à época do contrato era viabilizar um rápido retorno dos recursos ao exterior, o que poderia não acontecer se fosse investimento direto, e seu retorno estaria vinculado à existência de lucros, o que poderia não ocorrer, pois a empresa estava há pouco tempo no Brasil e o risco de se apurar prejuízo nesse período era grande. Aduz que havia uma estratégia financeira como propósito da transação. Diz que se o contrato previsse juros, isso seria benéfico para a mutuária, vez que estes são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social. Enfim, quanto a essa questão, diz que a transação foi licita, e que não há como descaracterizála só porque em algum momento houve desvantagem para o Fisco. Para corroborar seus argumentos faz citações doutrinárias e jurisprudenciais. Exclusão da Multa Espontânea Declara a ora Recorrente que apresentou algumas DCOMPs depois do prazo do vencimento do tributo compensado, sem a inclusão de multa, mas apenas juros sobre o principal. Entende que o seu procedimento decorre do que dispõe art. 138 do Código Tributário Nacional, conforme entendimento esposado por vários doutrinadores e pela jurisprudência pacifica dos tribunais superiores. Interpretação Equivocada das Declarações da Manifestante. Quanto aos anos de 2002 e 2003, houve uma leitura equivocada das declarações entregues pela Manifestante, ora Recorrente, porque o auditor não levou em conta que o valor do IRPJ informado nas DCTF é líquido do IRRF. Em decisão de fls. 586/593, a DRJ/RJ I julgou Improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, com os seguintes argumentos: o dinheiro (coisa emprestada), não foi restituído ate os dias de hoje, o que afasta a temporariedade, característica essencial do contrato de mútuo; a ausência de cláusula que previsse os juros no contrato é circunstância estranha em operações internacionais de empréstimos em dinheiro; a interessada se beneficiou pela ausência de juros no Contrato, pois, se por um lado os juros são dedutiveis na apuração de Lucro Real, por outro sofre a incidência do Imposto de Renda na Fonte sobre os mesmos. Desse modo, a cláusula estipulando juros, se Fl. 439DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 15578.000096/200723 Acórdão n.º 1201001.074 S1C2T1 Fl. 640 5 houvesse, não traria beneficio para a empresa, posto que a Variação Cambial Passiva absorveu todo o resultado positivo do período, e os juros, se houvesse, não alterariam isso; o contrato é na realidade um investimento direto (não passível de atualização pela variação cambial) e não mútuo, uma vez que os recursos vindos do exterior, no valor de US$ 119.446.098,60, foram integralmente utilizados para capitalizar a ADM Exportadora e Importadora S/A e esta, por sua vez, empregou os recursos recebidos na aquisição de ações da Sadia Oeste S/A; conforme disposto no art. 138 do CTN, a denúncia espontânea da infração, não obsta a exigência de multa de mora; em relação ao anocalendário 2002, a diferença apurada pelo auditor fiscal entre a DIPJ e a DCTF, no valor de R$ 1.268.331,98, o valor a ser informado na Ficha 12A, linha 13 (fl. 53) deve (ou deveria ser) o somatório dos valores pagos ou retidos nos meses do anocalendário. Assim, o somatório do Imposto de Renda Retido na Fonte — IRRF — de todos os meses de 2003 seria de R$ 27.036,10. em relação ao anocalendário 2003, a empresa não trouxe aos autos provas de que ofereceu integralmente à tributação os rendimentos que serviram de base de cálculo do IRRF do anocalendário 2002. Assim, correto o critério utilizado pelo auditor fiscal de diminuir o IRRF de R$ R$ 2.674.711,61 para R$ 2.458.860,74, proporcional à diferença entre os rendimentos oferecidos à tributação (R$ 30.185.730,21) e aqueles que constam dos comprovantes de retenção do IRRF de fls. 122/131 (R$ 32.835.584,46). Em Recurso Voluntário de fls. 601614, a Recorrente ratifica os argumentos da Manifestação de Inconformidade, com os seguintes destaques: o fato de haver diversas prorrogações do mesmo contrato não implica de maneira alguma a indefinição da data de vencimento deste. o art. 12 da Lei n° 10.925/04 prevê que a mera repactuação de prazos nos contratos de mútuo vinculados a títulos de crédito internacionais de amortização mínima de 96 meses não afeta a alíquota zero de imposto de renda na fonte nas remessas a eles vinculadas; quem sofre os efeitos da variação cambial é a mutuaria, no caso, .a Recorrente, não havendo qualquer ganho ou perda para a mutuante É o relatório Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. Do Mútuo Fl. 440DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 6 Primeiramente, cabe avaliar a matéria referente ao contrato celebrado pela ora Recorrente e a empresa ADM Investments no valor de US$ 119.446.098,60, qual seja, se este revestese da natureza de contrato de mútuo como afirma a Recorrente ou se trata de verdadeiro investimento direto, conforme defendido pela Fiscalização e ratificado pela DRJ/RJ em decisão de primeira instância. A Recorrente celebrou contato de mútuo com empresa coligada no exterior, contabilizou a operação como tal e registrou todos os efeitos daí decorrentes, inclusive, a despesa da variação cambial em seu passivo, que afetou seu resultado contábil e fiscal. A Fiscalização desqualificou a operação como mútuo, afirmando se tratar, na realidade, de verdadeiro investimento direto que, não possibilitaria à Recorrente a dedução dos efeitos da variação cambial em seu passivo, dedução esta que foi glosada. Para tal análise, foram levadas em consideração, os seguintes fatos: a) o contrato em questão não prevê qualquer pagamento de juros; b) o valor emprestado não foi pago, inexistindo qualquer ação de cobrança da mutuante contra a mutuaria, ora Recorrente; c) conforme verificase na 2° a Ata de Assembléia Geral Extraordinária Visando Aumento de Capital (fls. 170171), constatase que ali está consignado que os recursos vindos do exterior, no valor de US$ 119.446.098,60, foram integralmente utilizados para capitalizar a ADM Exportadora e Importadora S/A. Esta, por sua vez, empregou os recursos recebidos na aquisição de ações da Sadia Oeste S/A, conforme a interessada afirma em documento de fl. 155, item 2, e nos contratos de fls. 170/171, 175/184 e 185/189, todos celebrados em dezembro de 1997, mês de entrada dos recursos no Brasil. Pois bem, à época da celebração do contrato de mútuo pela Recorrente, ainda encontravase em vigor, o Código Civil de 1916 (Lei 3.071/16), que trazia as seguintes previsões acerca do contrato de mútuo: Art.1.256. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisas do mesmo gênero, qualidade ou quantidade. Art.1.257. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. Art.1.258. No mútuo em moedas de ouro e prata pode convencionarse que o pagamento se efetue nas mesmas espécies e quantidades, qualquer que seja ulteriormente a oscilação dos seus valores. Art.1.259. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores, ou abonadores (art. 1.502). Art.1.260. Cessa a disposição do artigo antecedente: I se a pessoa de cuja autorização necessitava o mutuário, para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; Fl. 441DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 15578.000096/200723 Acórdão n.º 1201001.074 S1C2T1 Fl. 641 7 II se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III se o menor tiver bens da classe indicada no art. 391, II. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças. Art.1.261. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança na fortuna. Art.1.262. É permitido, mas só por cláusula expressa, fixar juros ao empréstimo de dinheiro ou de outras coisas fungíveis. Esses juros podem fixarse abaixo ou acima da taxa legal (art. 1.062), com ou sem capitalização. Art.1.263. O mutuário, que pagar juros não estipulados, não os poderá reaver, nem imputar no capital. Art.1.264. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: I até à próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para a semeadura; II de 30 (trinta) dias, pelo menos, até prova em contrário, se for de dinheiro; III do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. Da simples leitura dos artigos acima, é possível perceber que a cobrança de juros nos empréstimos em dinheiro, era algo permitido, desde que prevista expressamente no contrato. Importante destacar: a cobrança de juros era permitida e não obrigatória. Daí é possível concluir que a ausência de cobrança de juros, não deve, por si só, ser elemento que descaracterize o contrato de mútuo. Logicamente, tratase aqui acerca das condições mínimas para caracterização de um contrato de mútuo. Temos, neste caso, o contrato celebrado, o montante efetivamente transferido e registrado na forma da lei e das normas do CMN e Bacen e, por fim, os registros contábeis e fiscais da operação. Certamente, existem diversas formas de questionamento das operações de mútuo entre coligadas, como pagamento excessivo de juros ou endividamento excessivo ou artificial. Para tais questões, foram criadas legislações específicas no Brasil, que prevêem de forma clara e objetiva, os limites de tais contratações, ao menos, em relação aos efeitos tributários daí decorrentes. Falo aqui das normas de Preços de Transferência e de Thin Capitalization, que trazem, respectivamente, regras especificas acerca das condições de juros praticadas e dos limites de endividamento com coligadas no exterior, regras essas que, se desobedecidas ou não Fl. 442DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 8 observadas, obrigam o contribuinte a efetuar ajustes em relação à dedução fiscal da despesas de juros contratadas. Contudo, no presente caso, não se discute acerca de limites, mas sim, da qualificação da operação como mútuo ou investimento direto, face à ausência de previsão de juros, não ocorrência do pagamento do valor pela mutuária e posterior utilização do montante para capitalização de outra empresa do grupo. Em certo trecho do voto relator da decisão da DRJ/RJ, lemos que “ A ausência de cláusula estipulando juros sobre o empréstimo é uma circunstância completamente estranha em operações internacionais de empréstimo em dinheiro, uma vez que a detentora dos recursos dificilmente aplicaria seus recursos no mercado financeiro, no Brasil ou no exterior, sem que o tomador remunerasse o capital investido”. A afirmação é correta. De fato, a situação é atípica. Contudo, tratase de operação entre coligadas, em que as condições contratadas nem sempre são as de mercado. Aliás, a ausência de cobrança de juros poderia, sim, criar um problema fiscal para a mutuante em seu respectivo domicílio fiscal, problema este, que não é de competência do CARF. A discussão sobre se a Recorrente beneficiouse ou não da ausência de juros, me parece inócua. Isso porque, a legislação permite, no caso de empréstimos contraídos no exterior, a dedução tanto dos juros contratados, quanto da variação cambial incorrida. Certamente, a despesa só foi incorrida pela ora Recorrente, em razão de forte valorização do dólar frente ao Real, pois, se houvesse ocorrido o inverso, a presente discussão sequer existiria. Com isso, quero dizer que o fato superveniente que deu origem à despesa ( de variação monetária passiva), estava totalmente fora do controle da Recorrente ou da mutuante. O fato do montante emprestado ter sido utilizado para a capitalização de outra empresa do grupo e posterior compra da empresa Sadia Oeste, em nada modifica a natureza da operação original, qual seja, mútuo. Isso porque, não são necessárias maiores digressões sobre a possibilidade do valor tomado em empréstimo, ser utilizado da forma como melhor convir para a mutuária. Se o valor foi utilizado para aumento de parque industrial, pagamento de dívidas ou compra de outras empresas, pouco importa. O fato é que a operação continua tendo a natureza de mútuo. Além disso, do “empréstimo” ter sido prorrogado por diversas vezes, sem ter sido liquidado pela mutuária, ora Recorrente, , não deve servir como argumento para desqualificar a operação. Isso porque, o destino final do contrato de empréstimo, não macula sua origem. Fosse assim, qualquer operação de crédito não liquidada dentro do prazo, perderia sua natureza. A própria legislação do IOF prevê as situações e respectivo tratamento para os casos de renegociação, repactuação ou prorrogação de operações de crédito. Em momento algum, mencionada legislação trata tais eventos como suficientes para descaracterizar a operação original. Aliás, em que o momento deveria ocorrer suposta descarterização do contrato de mútuo? Logo após seu vencimento? Após a primeira prorrogação? Segunda? Não há resposta, o que evidencia a subjetividade da interpretação dada pela Fiscalização. Não defendo aqui uma certeza absoluta e inconteste acerca da operação contratada pela ora Recorrente, que não pudesse ser contestada pelo Fisco. Contudo, para Fl. 443DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 15578.000096/200723 Acórdão n.º 1201001.074 S1C2T1 Fl. 642 9 descaracterização da operação da forma como contratada, registrada e tratada contábil e fiscalmente pela Recorrente, a fiscalização deveria ter trazido elementos que demonstrassem a ocorrência de simulação, o que não fez ou sequer afirmou. Isso porque, se estamos diante de situação em que o contribuinte declara algo totalmente divergente do fato praticado, estaríamos diante de ato de simulação. Na definição de Clóvis Beviláqua, a simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado(2). Segundo Orlando Gomes, ocorre a simulação quando "em um negócio jurídico se verifica intencional divergência entre a vontade real e a vontade declarada, com o fim de enganar terceiros"(3). A simulação é uma deformação voluntária do ato ou negócio jurídico com o intuito de fugir à disciplina normal prevista em lei. Nela ocorre um desacordo intencional entre a vontade interna das partes, efetivamente querida, e a declarada. Para Silvio Rodrigues, negócio simulado "é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam"(4). Uma das mais freqüentes hipóteses de simulação ocorre justamente na messe do direito tributário. De fato, é extremamente comum a simulação de venda por preço inferior ao efetivamente ajustado, com o intuito de burlar o fisco. Contudo, no presente caso, em momento algum, a Fiscalização tratou a operação como ato simulado ou trouxe elementos que assim o demonstrasse. Não cabendo, portanto, descaracterizar o ato praticado com base em opiniões vagas sobre a normalidade das condições da operação. Diante do acima exposto, considero que a operação de mútuo contratada pela ora Recorrente, não restou descaracterizada pelos eventos supervenientes à sua contratação, como a ausência de liquidação ou utilização dos recursos para aquisição de participação societária, tampouco, em razão da ausência de previsão de pagamento de juros, devendo permanecer todos os efeitos conseqüentes de tal operação, dentre os quais, a despesa de variação cambial passiva, combatida pela Fiscalização. Da Exclusão da Multa Moratória na Denúncia Espontânea A exclusão da multa moratória no caso de Denúncia Espontânea, decorre da simples leitura do art. 138 do CTN, in verbis: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.” Ora, o art. 138 do CTN é claro ao prever que, em ocorrendo a denúncia espontânea, o contribuinte efetuará o pagamento apenas do tributo e dos juros de mora. Não existe qualquer alusão genérica ou específica, direta ou indireta, a multas de qualquer natureza. Além disso, as multas moratórias e as multas de ofício são, ambas, repercussões da prática de ilícitos tributários e evidenciam o aspecto sancionador da Administração Tributária, no exercício da supremacia e indisponibilidade do interesse público. Fl. 444DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 10 Não há que se falar que as multas de mora possuem caráter indenizatório, pois, para isso, existem os juros de mora. A multa moratória tem sim caráter punitivo. Neste sentido, o STJ já se posicionou em sede de Recurso Repetitivo no julgamento do Recurso Especial nº 1.149.022 SP (2009/01341424): PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de Fl. 445DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 15578.000096/200723 Acórdão n.º 1201001.074 S1C2T1 Fl. 643 11 caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Neste ponto aplico o disposto no art 62A do Regimento Interno do CARF que assim dispõe: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Assim, tem razão a Recorrente ao invocar o disposto no art. 138 do CTN, para fins de afastamento da multa de mora. Contudo, tal dispositivo, somente se aplica, no presente processo, aos casos em que o PERDCOMP fora enviado antes da declaração do débito pela Recorrente em DCTF. Desta forma, considerando os documentos acostados pela Recorrente aos autos, o benefício da Denúncia Espontânea não se aplica ao débito de CSLL do período de apuração de março de 2004, que fora liquidado através do PERDCOMP 23943.23393.300404.1.3.02 –0984, uma vez que, para tal débito, a Recorrente não logrou êxito em demonstrar que a declaração do débito, efetivamente, ocorreu em período posterior à respectiva liquidação por meio de compensação. Do anocalendário de 2002 Relativamente ao Quadro 9, fl. 211, do Parecer de fls. 205/214, de fato, a ora Recorrente não logrou êxito em trazer evidências de que os rendimentos que serviram de base de cálculo do IRRF do anocalendário 2002, foram oferecidos integralmente à tributação. Desta forma, não merece qualquer reparo o racional adotado pela Fiscalização, ratificada pela decisão da DRJ/RJ, de reduzir o valor do IRRF proporcionalmente aos rendimentos comprovadamente oferecidos à tributação, que saiu de R$ R$ 2.674.711,61 para R$ 2.458.860,74 Do anocalendário 2003 Quanto à diferença apurada pelo auditor fiscal entre a DIPJ e a DCTF, no valor de R$ 1.268.331,98, a ora Recorrente apresentou informações e documentação suporte (DCTF; DIPJ e Informes de Rendimento) que demonstram que o valor total de IRRF do período foi de R$ 1.295.368,07, ficando claro que a divergência apontada decorre do fato da DIPJ – linha 17 – ficha 12, conter informações que compõem as estimativas do período, ao passo que na DCTF, o valor de IRRF não é informado para fins de composição das estimativas. CONCLUSÃO Fl. 446DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 12 Com estes fundamentos, voto por CONHECER do Recurso e no mérito DAR PARCIAL PROVIMENTO, para reconhecer o direito da Recorrente: i) em deduzir a despesa de variação cambial decorrente do contrato de mutuo realizado; ii) excluir a multa de mora abarcada pela Denúncia Espontânea para os débitos compensados através das PERDCOMP n. 08899.14249.290604.1.3.028225; 35023.91911.310504.1.3.027374; 22418.67972.030504.1.3.029860; 23943.23393.300404.1.3.020984 10207.37174.270204.1.3.027034 e 32432.15546.270204.1.3.021763, com exceção do débito de CSLL do mês de março de 2004 sobre o qual a multa deve ser mantida e, por fim, iii) considerar o valor de R$ 1.295.368,07 de IRRF no anocalendário de 2003, para que sejam considerados os efeitos do reconhecimento de tais direitos da Recorrente para fins de composição do saldo negativo dos anos de 2001 e 2003. É como voto! (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Fl. 447DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Numero do processo: 19740.000491/2005-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 04 00:00:00 UTC 2011
Numero da decisão: 3302-000.114
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da redatora designada. Vencido o conselheiro Alan Fialho Gandra. Designado a conselheira Fabiola Cassiano Keramidas para redigir o voto vencedor. Esteve presente à sessão a Dra. Maria de Fátima da Fonseca Dutra Rodrigues, OAB/DF nº 20290
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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Assunto Solicitação de Diligência Recorrente INSTITUTO AERUS DE SEGURIDADE SOCIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da redatora designada. Vencido o conselheiro Alan Fialho Gandra. Designado a conselheira Fabiola Cassiano Keramidas para redigir o voto vencedor. Esteve presente à sessão a Dra. Maria de Fátima da Fonseca Dutra Rodrigues, OAB/DF nº 20290. Walber José da Silva Presidente Fabiola Cassiano Keramidas – Redatora Designada EDITADO EM: 11/02/2011 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva (Presidente), José Antonio Francisco, Alan Fialho Gandra, Fabiola Cassiano Keramidas (Relatora), Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Fl. 645DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/02/201 2 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19740.000491/200576 Resolução n.º 330200.114 S3C3T2 Fl. 2 2 Contra o INSTITUTO AERUS DE SEGURIDADE SOCIAL foi lavrado auto de infração para exigir o pagamento de PIS, relativo a fatos geradores ocorridos entre fevereiro de 1999 e julho de 2002, tendo em vista que a Fiscalização constatou a existência de recolhimento a menor da exação, nos termos do Termo de Verificação Fiscal de fls. 311/317. Inconformada com a autuação a entidade interessada impugnou o lançamento, cujas razões estão sintetizadas no relatório do acórdão recorrido, que leio em sessão. A 4a Turma de Julgamento da DRJ no Rio de Janeiro RJ julgou parcialmente procedente o lançamento, para reconhecer a decadência dos períodos de apuração de 02/1999 a 11/2000, nos termos do Acórdão no 1320.331, de 23/01/2008, cuja ementa abaixo se transcreve. “DECADÊNCIA. O prazo decadencial para a constituição de créditos relativos à Contribuição para o PIS é de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador. Deve ser cancelado o lançamento da referida contribuição efetuado fora desse prazo. ÓRGÃOS JULGADORES ADMINISTRATIVOS. AFASTAMENTO. APLICAÇÃO DE LEI. Os órgãos julgadores da Administração Fazendária somente devem afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal com base nas decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal que declare a sua inconstitucionalidade, em controle difuso, mediante autorização do Secretário da Receita Federal. ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. INCIDÊNCIA DA COFINS. A Contribuição para o PIS, devida pelas entidades fechadas de previdência privada, é calculada com base no seu faturamento, entendido como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. COFINS. ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. EXCLUSÕES. As exclusões das receitas de aluguel, venda e reavaliação de imóveis nas bases de cálculo da Contribuição para o PIS, para as Entidades Fechadas de Previdência Complementar, somente são permitidas para os fatos geradores a partir de agosto/2002. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Procede a cobrança de encargos de juros com base na taxa Selic, porque se encontra amparada em lei, cuja constitucionalidade não pode ser aferida na esfera administrativa.” A entidade teve ciência da decisão de primeira instância no dia 07/08/2008, uma quintafeira, conforme AR de fl. 400. Fl. 646DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/02/201 2 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19740.000491/200576 Resolução n.º 330200.114 S3C3T2 Fl. 3 3 Não concordando com a referida decisão, a interessada ingressou, no dia 09/09/2008 (terçafeira), com o recurso voluntário de fls. 403/413, no qual alega, em síntese, que: 1 o auto de infração é nulo por manifesta inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98; 2 o resultado da reavaliação de imóveis, receita de aluguéis e ganhos na venda de investimentos não podem compor a base de cálculo do PIS; 3 é ilegal a aplicação da taxa Selic para o cálculo dos juros de mora; 4 existe erro de cálculo dos juros de mora constantes dos DARF encaminhados para a recorrente pela RFB. Na forma regimental, o recurso voluntário foi distribuído a este Conselheiro Relator. É o Relatório. Voto Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas, Redatora Designada Pedi vista destes autos para melhor analisar a matéria em vista de o ilustre Conselheiro Relator discutir acerca da possível perempção do recurso. Ocorre que, de acordo com a sustentação oral realizada pela patrona da recorrente, tratase de empresa sujeita a regime especial de intervenção judicial, sendo que no momento da citação já teria havido a declaração de intervenção. Ocorre que de acordo com as normas especificas (Decreto Lei nº 7.661/45, artigo 63; Lei nº 11.101, artigo 197 e Lei 6.024) a decretação da quebra (ou intervenção) ocasiona a alteração do pólo passivo. Na hipótese desta informação estar correta a questão em julgamento se desloca, deixa de ser perempção ou necessidade de intimação pessoal, para tratarse de erro de pólo passivo. Dos documentos trazidos à colação não há meios de se firmar uma conclusão acerca dos fatos alegados. Não constam os documentos que provam que já havia sido declarada a intervenção à época da citação o que significaria um possível erro na intimação. Ante o exposto, voto por converter o presente julgamento em diligência para que a Recorrente seja intimada a apresentar, no prazo de 30 dias, toda a documentação necessária e hábil à comprovação do alegado, esclarecendo o momento da intervenção judicial. É como voto. Fl. 647DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/02/201 2 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19740.000491/200576 Resolução n.º 330200.114 S3C3T2 Fl. 4 4 (assinado digitalmente) Fabiola Cassiano Keramidas Fl. 648DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/02/201 2 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 11080.918929/2012-11
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 23/01/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA.
Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA.
Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora.
INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2.
Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-005.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sérgio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 23/01/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.
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DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 89 29 /2 01 2- 11 Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 3 2 Não compete aos julgadores administrativos pronunciarse sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo. Relatório Inicialmente, esclarecese que estão em julgamento nesta 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF cento e quarenta e oito processos da mesma contribuinte, em que o cerne da discussão é o mesmo: a certeza e liquidez de crédito pleiteado, decorrente de pagamento indevido ou a maior de Cofins, ou contribuição para o PIS/Pasep ou IPI, e o ônus da prova deste direito. Feitas estas observações, passase ao relato propriamente dito. Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem. O processo se iniciou com PER/DCOMP, por meio do qual a contribuinte pleiteou o reconhecimento de direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo e a compensação de débitos tributários com o crédito pleiteado. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 4 3 De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF informado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível suficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência/insuficiência de crédito, a compensação declarada não foi homologada ou foi homologada apenas parcialmente. Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, conforme quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório “ Extraio do relatório da decisão recorrida resumo das alegações apresentadas pela contribuinte contra o despacho decisório: “Na manifestação apresentada, a contribuinte argúi em preliminar a nulidade do Despacho Decisório, alegando o não atendimento ao requisito constitucional da fundamentação do ato administrativo, além de ferir os princípios de ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, estando, outrossim, revestido de desvio de finalidade. Expõe que o ato administrativo resumiuse a informar a não homologação da compensação declarada com o parco fundamento da inexistência de crédito disponível; entende que o procedimento correto da fiscalização seria o de intimar a contribuinte para que prestasse informações sobre a origem do crédito, bem como do fundamento de validade; e ressalta a necessidade de fundamentação ou motivação dos atos administrativos para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. Alega que o Despacho Decisório não se presta a dar início ao contraditório administrativo, eis que carente de fundamentação, restando prejudicado o seu direito de defesa, e que também extrapolou sua função precípua, tornandose meio oblíquo pelo qual a fiscalização buscou interromper o prazo de homologação da compensação declarada. Diz que a autoridade preparadora deixou de cumprir seu dever de ofício de bem instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações, apreensão de documentos, diligências, dentre outros expedientes. Sob o tema “Do Mérito”, discorre especificamente sobre o princípio da verdade material, citando diversos doutrinadores. Mas nada aduz sobre o origem do suposto crédito, apenas alegando a posterior juntada de documentos que comprovariam as ‘alegações trazidas na presente manifestação’, eis que o direito creditório, diz, pode ser comprovado a qualquer tempo. Por fim, argumenta sobre a inaplicabilidade da multa de mora em face do princípio constitucional de não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade.. A ementa do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente a manifestação de inconformidade contém o seguinte teor: “ASSUNTO: ... Data do Fato Gerador: ... CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INTIMAÇÃO PARA ESCLARECIMENTOS. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 5 4 A ausência de pedido de esclarecimentos ou realização de diligência na fase preparatória do procedimento fiscal não caracteriza cerceamento do direito de defesa, que é assegurado na fase do contraditório, inaugurada com a manifestação de inconformidade. 1PIS/PASEP. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. PAGAMENTO A MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar a existência de direito creditório pleiteado. MULTA E JUROS DE MORA. DÉBITOS NÃO HOMOLOGADOS. Os débitos indevidamente compensados sofrem a incidência de multa e juros de mora, nos percentuais determinados pela legislação, calculados a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento da contribuição até o dia em que se efetivar o seu pagamento, uma vez que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos não homologados.” No recurso voluntário a recorrente repete as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. 1 Nos processos em que o crédito alegado se refere à Cofins, consta COFINS. Nos processos em que o crédito seria originado de Contribuição para o PIS/Pasep, consta PIS/PASEP. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. Admissibilidade do recurso voluntário. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta turma especial. Preliminar de nulidade do despacho decisório. O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior do tributo em discussão. A Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório, no qual constam os artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN), e o artigo 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, como fundamentos para a não homologação da compensação. No mesmo quadro 3, consta que diante da inexistência do crédito não se homologava a compensação declarada, bem como o valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, e a data para pagamento. Há, ainda, a informação de que para verificação de valores devedores e emissão de DARF, deveria ser consultado o endereço da internet “www.receita.fazenda.gov.br”, na opção “Onde Encontro” ou através de certificação digital na opção “eCAC”, assunto “PER/DCOMP Despacho Decisório”. Logo, não procede a alegação de que o despacho decisório não contém fundamentação e de que houve desvio de finalidade. Por outro lado, a manifestação de inconformidade, a qual, por força do art. 74, §§ 9º a 11 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicamse as regras previstas no Decreto nº 70.235, de 1972, demonstra que a contribuinte exerceu plenamente seu direito ao contraditório, sem nenhuma dificuldade, provando que não houve cerceamento do direito de defesa. Por estas razões, votase por negar provimento às alegações preliminares. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 7 6 Certeza e liquidez do crédito pleiteado. Conforme visto acima: i) O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de tributo; ii) Foi constatado pela RFB que o pagamento informado como indevido ou a maior fora integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido; iii) Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório; iv) Esta constatação baseouse em dados constantes do sistemas informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias. Uma vez que o pagamento informado como indevido ou a maior estava totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum A DRJ/CTA, tendo em vista que a contribuinte não apresentou documentação fiscal e contábil hábil e suficiente para comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado, manteve o despacho decisório. As decisões da DRF e da DRJ estão amparadas no fato de a legislação tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário (art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos do interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do Código Tributário NacionalCTN), e de a lei que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve ser apresentada na impugnação (art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972). Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, nenhum documento ou livro fiscal ou contábil foi apresentado com o recurso voluntário. A recorrente limitouse a discorrer sobre o princípio da verdade material. Tratandose de despacho eletrônico, admitese a apresentação destes documentos e livros após a decisão da DRJ, pois alguns Conselheiros entendem que o princípio da verdade material assim autoriza, outros entendem que se está diante de caso em que a prova se destina a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, hipótese prevista no art. 16, §4º, letra “c” do Decreto nº 70.235, de 1972. O importante é que a contribuinte, até o presente, não apresentou nenhum documento ou livro, fiscal ou contábil, que pudesse comprovar seu direito. Logo, não comprovou a certeza e liquidez do crédito pleiteado. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 8 7 Não é só isso. A recorrente sequer argumentou sobre os fatos ou direito que ensejariam o crédito. Por estas razões, com fundamento no art. 170 do CTN e no art. 333 do CPC, aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, não cabe o reconhecimento do crédito pleiteado. Sobre multa e juros de mora Os artigos 61 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, deixam claro que são devidos juros de mora e multa no presente caso. Cito: “Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998)” “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) §2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) §6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 9 8 indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §8º Não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no §9º. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) (...)” Vejase que os §§ 6º a 8º acima dispõem que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados e que, não homologada a compensação e não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, sendo devidos juros de mora e multa. A exigência do pagamento destes débitos não se submete a julgamento administrativo. Além disso, os membros do CARF não podem afastar aplicação ou deixar de observar lei sob fundamento de inconstitucionalidade, salvo em casos excepcionais não presentes, a teor do disposto no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/6/2009, e do disposto no art. 26A da Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009. O mesmo se conclui do enunciado da Súmula CARF nº 2, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918929/201211 Acórdão n.º 3801005.112 S3TE01 Fl. 10 9 Conclusão Pelo exposto, em especial, pela não comprovação da existência de direito de crédito líquido e certo, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10283.907541/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 13 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3101-000.418
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso voluntário nos termos do voto da relatora.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES
Presidente
VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
Relatora
Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, José Henrique Mauri, Adolpho Bergamini e Fernando Luiz da Gama Deça.
Nome do relator: VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
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EXP. E COM. LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso voluntário nos termos do voto da relatora. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, José Henrique Mauri, Adolpho Bergamini e Fernando Luiz da Gama D’eça. Por bem relatar, adotase o Relatório de fls. 68 versos dos autos emanados da decisão DRJ/BEL, por meio do voto do relator Roberto Paulo da Silva Santos, nos seguintes termos: “Trata o presente processo de PER/DCOMP transmitido em 10/08/2007, através do qual foi efetivada a compensação de débitos da interessada acima identificada, com crédito de Cofins referente a pagamento indevido ou a maior, no valor de R$ 29.668,01, recolhido através de DARF em 15/05/2006. 2. A DRF/Manaus, através de despacho decisório eletrônico (fl. 10), considerou "não homologada" a referida compensação, em virtude de o DARF apontado haver sido integralmente utilizado na quitação de débito da empresa. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 83 .9 07 54 1/ 20 09 -3 1 Fl. 187DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10283.907541/200931 Resolução nº 3101000.418 S3C1T1 Fl. 32 2 3. A interessada apresentou, tempestivamente, em 20/11/2009, manifestação de inconformidade (fl.09) na qual informa que, após haver confessado em DCTF e quitado o débito, constatou, mediante o cruzamento das informações prestadas na DACON e na DCTF, que o valor real a ser pago seria menor, motivo pelo qual efetuou a retificação desta última declaração, utilizando o crédito resultante no PER/DCOMP ora em análise.” A decisão recorrida emanada do Acórdão nº. 0118.471 de fls. 68 traz a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 2006 DÉBITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. ERRO. ONUS DA PROVA. O crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de dívida previstas pela legislação tributária, como é o caso da DCTF.Tratandose de suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado, o contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho – CARF, em (fls. 71 a 78) resumidamente apresentando as seguintes alegações: Fatos –A Recorrente no período de Abril de 2006, apurou a COFINS de maneira equivocada, declarando os valores apurados em obrigação acessória DCTF, constituindo assim o crédito tributário; A questão fundamental é que não foi considerado o pagamento a maior efetuado com base em dados errados, que resultou no valor a compensar; Requisitos formais para admissibilidade do Recurso Voluntário. 2.1 Tempestividade; 2.2 Divergência – confrontando as provas pelas quais originaramse os valores recolhidos indevidamente e também os valores gerados e recolhidos em conformidade com a legislação vigente para apuração do COFINS. Procura comprovar as alegações juntando os documentos relacionados em fls. 74; 2.2.1 Inaplicabilidade do parágrafo 1º do art. 5º do DecretoLei n. 2124 de 1984; Mérito – 3.1 Inaplicabilidade do Art. 113 parágrafo 1º do CTN; Pedido – Requer: a) reconhecimento do valor da compensação, tornandose insubsistente o débito em questão; b) reconhecer o crédito tributário constituído na nova DCTF RETIFICADORA nos termos do artigo 114 e 115, do CTN; c) reconhecer a compensação a maior declarado em PERDCOMP com o referido DARF elencado; É o relatório. Conselheira Relatora Valdete Aparecida Marinheiro, O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento, por conter todos os requisitos de admissibilidade. A Recorrente desde a manifestação de inconformidade insiste na tese de que o seu direito creditório tem fundamento, pois, após haver confessado em DCTF e quitado o débito, constatou, mediante o cruzamento das informações prestadas na DACON e na DCTF, Fl. 188DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10283.907541/200931 Resolução nº 3101000.418 S3C1T1 Fl. 33 3 que o valor real a ser pago seria menor, motivo pelo qual efetuou a retificação desta última declaração, utilizando o crédito resultante no PER/DCOMP correspondente. A DRF/Manaus, através de despacho decisório eletrônico considerou não homologada a referida compensação em virtude de o DARF apontado haver sido integralmente utilizado na quitação de débito da empresa. Por outro lado, a Recorrente alega que a questão fundamental é que não foi considerado o pagamento a maior efetuado com base em dados errados, que resultou no valor a compensar; Existe nos autos muitos documentos, no entanto, a decisão recorrida, entendeu não haver provas do crédito do contribuinte. Do exame do despacho decisório que indeferiu a compensação, verifica –se que essa matéria não foi apreciada (falta de provas). A autoridade fiscal, em síntese, apenas considerou os dados apresentados na DCTF original não na retificadora. Assim, a interessada não foi intimada a justificar a origem de seu crédito, ou de explicalo, o que de fato lhe trouxe prejuízo. Convém ressaltar que o simples erro de preenchimento da Dacon/DCTF não pode resultar em enriquecimento ilícito da Fazenda Nacional. De sorte que o mero erro de fato no preenchimento da Dacon/DCTF não é elemento suficiente para afastar o direito à restituição de tributo pago a maior indevidamente. Com efeito, é incontroverso o bom direito da recorrente. Neste sentido, os dados da DCTF/Dacon retificadora e os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. Em que pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constatase que, no caso vertente, os documentos apresentados são suficientes para se apurar a correta composição da base de cálculo da contribuição Cofins e eventuais pagamentos a maior decorrentes da incidência da contribuição em questão, para se saber se houve ou não recolhimento a maior. Assim, considero que há um indício de que o contribuinte tem um crédito e ele deve ser encontrado diante das alegações e documentos apresentados pelo mesmo em nome do princípio da verdade material que deve ser encontrada nos autos. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: a) apure o valor a recolher da contribuição Cofins com base na escrituração fiscal e contábil, com todos os documentos existentes nos autos, período de apuração de Abril de 2006 e se existe o recolhimento a maior no valor de R$ 29.668,01 recolhido através de DARF em 15/05/2006; b) cientifique a interessada quanto ao teor dos cálculos para, desejando, manifestarse no prazo de dez dias. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10283.907541/200931 Resolução nº 3101000.418 S3C1T1 Fl. 34 4 c) depois de concluída a diligência retorne a esse Conselho para julgamento. É como voto. Relatora – VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Fl. 190DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
score : 1.0
Numero do processo: 10380.009200/2003-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 1997
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO PENDENTE DE JULGAMENTO E LANÇAMENTO DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO.
A existência, em nome da interessada, de processo pendente de decisão definitiva acerca de pedido indeferido de compensação não invalida o lançamento de ofício, realizado no intuito de prevenir a decadência do crédito que o Fisco reputa devido, principalmente quando a autoridade julgadora condiciona fixação definitiva do quantum ao encerramento daquele processo judicial.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3102-00.851
Decisão: Acórdão os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausente a Conselheira Nanci Gama.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Luis Marcelo Guerra de Castro
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AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO. A existência, em nome da interessada, de processo pendente de decisão definitiva acerca de pedido indeferido de compensação não invalida o lançamento de ofício, realizado no intuito de prevenir a decadência do crédito que o Fisco reputa devido, principalmente quando a autoridade julgadora condiciona fixação definitiva do quantum ao encerramento daquele processo judicial. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acórdão os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausente a Conselheira Nanci Gama. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Ricardo Paulo Rosa, Beatriz Veríssimo de Sena, Luciano Pontes de Maya Gomes, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro. Relatório Fl. 1DF CARF MF Emitido em 01/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 2 Por bem descrever a matéria litigiosa, adoto relatório que embasou o acórdão recorrido, que passo a transcrever: Contra o sujeito passivo acima identificado foi lavrado auto de infração relativa à contribuição para o Programa de Integração Social – PIS (fls. 18/22) para formalização e cobrança do crédito tributário nele estipulado, no valor total de R$ 22.884,29. O lançamento teve origem na Auditoria Interna das Declarações de Contribuições e Tributos Federais – DCTF, relativas aos terceiro e quarto trimestres de 1997, onde foram constatadas irregularidades nos créditos vinculados informados pelo contribuinte na DCTF, conforme “Anexo I – Demonstrativo dos Créditos Vinculados Não Confirmados” (fls. 20/21) e “Anexo III – Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar” (fl. 22). Inconformada com a exigência da qual tomou ciência em 18/03/2002, por meio de Aviso de Recebimento (fl. 17), a contribuinte apresentou impugnação em 28/03/2002 (fls. 02/03), alegando que os débitos de PIS e Cofins foram compensados por força de liminar em medida cautelar, processo nº 97.0014310-4, carreando aos autos cópias da sentença nº 1060/98, despachos e demonstrativo de compensação. Diante do exposto, requer a contribuinte que seja declarada improcedente e cancelada a exigência fiscal. Ponderando as razões aduzidas pela autuada, juntamente com o consignado no voto condutor, decidiu o órgão de piso pela manutenção parcial da exigência, conforme se observa na ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1997 AÇÃO JUDICIAL. PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. O crédito tributário deve ser constituído pelo lançamento em razão do dever de ofício e da necessidade de serem resguardados os direitos da Fazenda Nacional, previnindo-se contra os efeitos da decadência. MULTA VINCULADA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tendo em conta a nova redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051, de 2004, ao art. 18 da Lei 10.833, de 2003, em combinação com o art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, cancela-se a multa de ofício vinculada aplicada. Após tomar ciência da decisão de 1ª instância, comparece a autuada mais uma vez ao processo para, em sede de recurso voluntário, essencialmente, sustentar: a) o deferimento da medida cautelar suspendeu exigibilidade do crédito relativo às contribuições da COFINS do PIS, teria o condão de evitar que sejam produzidos lançamentos em desfavor do sujeit passivo; Fl. 2DF CARF MF Emitido em 01/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10380.009200/2003-13 Acórdão n.º 3102-00.851 S3-C1T2 Fl. 2 3 b) consequentemente, o lançamento objeto do presente processo, bem assim a decisão recorrida feririam dito comando jurisdicional, ensejando a obrigação de pagar os valores que constam dos anexos ao acórdão recorrido ou ou sofrer o processo executivo, mediante emissão de CDA da qual constará o débito indevidamente lançado; c) o dever administrativo de promover o lançamento para prevenir a decadência não poderia malferir a segurança jurídica; d) “a realização da justiça”, determinaria a presunção de verdade dos feitos e decisões do judiciário para o caso concreto”, de modo a fazer prevalecer a decisão judicial sobre o acórdão que permitita a exigência do “instrumental fazendário em face da Recorrente”; e) contesta o não reconhecimento dos processos judiciais, reitera, ademais, seu direito a compensação de débitos com créditos que alega deter perante o Fisco; e) sustenta, finalmente, a caracterização de abuso de autoridade por parte do Fisco, na medida em que não reconhece os “valores que restam em conta corrente de tributos e contribuições sob a titularidade da Recorrente”, aduzindo, inclusive, que tal “desacatamento” da ordem judicial ensejaria a reparação dos danos causados ao contribuinte, que despenderia recursos para quitar obrigação tributária declarada inconstitucional. É o Relatório Voto Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Relator Tomo conhecimento do presente recurso, que foi tempestivamente apresentado e trata de matéria afeta a esta Terceira Seção. O presente litígio, a meu ver, tem como ponto fulcral a demarcação dos efeitos da medida judicial exarada nos autos do processo nº 97.0014310-4, posteriormente ratificada em sentença. Nesse ponto, desde já me permito discordar da alegação de que a acusação da não localização do processo informado nas Declarações de Contribuições e Tributos Federais – DCTF formuladas pelo sujeito passivo não teria sido afastada pelo órgão recorrido. O reconhecimento do referido processo consta expressamente da parte dispositiva do acórdão. Senão vejamos: ACORDAM os Membros da Quarta Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, em considerar PROCEDENTE EM PARTE o lançamento para considerar devida a contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e exonerar a multa de ofício vinculada incidente sobre o crédito tributário ora mantido, sem prejuízo de sua cobrança com os respectivos encargos moratórios, de acordo com a legislação de regência, observando-se o que for decidido no Processo Judicial nº 97.0014310-4 ajuizado pela contribuinte, nos termos do Fl. 3DF CARF MF Emitido em 01/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 4 Relatório e Voto que passam a integrar o presente julgado. (original não destacado). Por outro lado, ao determinar que a cobrança se dê nos termos do decidido no referido processo judicial, deixou claro que tal cobrança será executada se o Fisco sagrar-se vencedor e nos exatos termos desse pronunciamento definitivo. Ou seja, dúvida não há que o efeito pretendido pelo sujeito passivo, qual seja, a proibição para realização de lançamento para prevenir a decadência, efetivamente não foi ratificado pelo acórdão de piso, mas isso não significa, s.m.j, que o acórdão recorrido determinou o procedimento dos atos executivos necessários à cobrança do montante lançado. Também não há dúvida que o sujeito passivo não pretende rediscutir administrativamente a matéria que é alvo de discussão judicial. De tal sorte, em suma, é dever deste colegiado decidir se a norma individual e concreta, consubstanciada na decisão judicial, efetivamente, proibia a realização do lançamento ou ainda se, independentemente de tal proibição, o lançamento para prevenir a decadência encontra espeque na legislação. Para facilitar tal decisão, transcrevo a parte dispositiva da sentença juntada por cópia às fls. 06 a 10. 18. Assim, ante o exposto, julgo a presente lide PROCEDENTE, tornando definitiva a liminar anteriormente concedida, nos termos do pedido, para assegurar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário referente às parcelas vincendas do PIS (MP 1.212/96 e suas reedições) e COFINS (Lei Complementar 70/91), até o limite de seu crédito, oriundo do pagamento indevido efetuado a título de PIS na forma dos Decretos-lei nº 2.445/88 e 2.449/88, devendo o Delegado da Receita Federal se abster de praticar quaisquer atos de cobrança relativa ao crédito em tela, decisão que há de subsistir eficaz até a final solução da lide. 19. Fica, no entanto, ressalvado à Fazenda Nacional a prerrogativa de aferir o montante dos créditos que se hão de suspender. (destaques acrescidos) A leitura dos itens transcritos, especialmente a ressalva fixada no item 19 do aresto, a meu ver, deixa claro que o MM Juiz que preside o feito não proibiu a realização do lançamento, mas a execução de atos de cobrança. Ora, como é cediço, o art. 142 do CTN deixa claro que o lançamento é o único meio para que se proceda ao cálculo do quantum devido ou, como se verifica no presente processo, suspenso. Confira-se: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (original não destacado) Fl. 4DF CARF MF Emitido em 01/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10380.009200/2003-13 Acórdão n.º 3102-00.851 S3-C1T2 Fl. 3 5 Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. A leitura do parágrafo único, por outro lado, aponta para a higidez do ato de lançar para prevenir a decadência: ausente impedimento à realização do lançamento, é dever da autoridade fiscal promovê-lo, sob pena de violação de dever funcional. Ante ao exposto, afasto a arguição de nulidade do auto de infração e nego provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 10 de dezembro de 2010 (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Fl. 5DF CARF MF Emitido em 01/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 27/12/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
score : 1.0
Numero do processo: 10980.723756/2009-34
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jul 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
DIREITO CREDITÓRIO. DESPESAS COM FRETE INTERNACIONAL.
Não geram direito de crédito as despesas incorridas com transportadores não domiciliados no País, ainda que, por escolha do contribuinte, estas sejam creditadas a agente marítimo que os represente.
ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. VIGÊNCIA DO ART. 31 DA LEI 10.865/2004.
Não fere direito adquirido nem contraria regra de lei a regra do art. 31 da lei 10.865/2004, a qual, para períodos de apuração posteriores a 01/05/2004, veda o aproveitamento dos encargos de depreciação como descontos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-004.191
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER do Recurso Voluntário pra NEGAR-LHE o provimento.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira e Bruno Maurício Macedo Curi (Relator).
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 DIREITO CREDITÓRIO. DESPESAS COM FRETE INTERNACIONAL. Não geram direito de crédito as despesas incorridas com transportadores não domiciliados no País, ainda que, por escolha do contribuinte, estas sejam creditadas a agente marítimo que os represente. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. VIGÊNCIA DO ART. 31 DA LEI 10.865/2004. Não fere direito adquirido nem contraria regra de lei a regra do art. 31 da lei 10.865/2004, a qual, para períodos de apuração posteriores a 01/05/2004, veda o aproveitamento dos encargos de depreciação como descontos. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER do Recurso Voluntário pra NEGAR-LHE o provimento. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira e Bruno Maurício Macedo Curi (Relator).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1781; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 564 1 563 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.723756/200934 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3802004.191 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria DCOMP PIS/PASEP Recorrente WOODGRAIN DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 DIREITO CREDITÓRIO. DESPESAS COM FRETE INTERNACIONAL. Não geram direito de crédito as despesas incorridas com transportadores não domiciliados no País, ainda que, por escolha do contribuinte, estas sejam creditadas a agente marítimo que os represente. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. VIGÊNCIA DO ART. 31 DA LEI 10.865/2004. Não fere direito adquirido nem contraria regra de lei a regra do art. 31 da lei 10.865/2004, a qual, para períodos de apuração posteriores a 01/05/2004, veda o aproveitamento dos encargos de depreciação como descontos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER do Recurso Voluntário pra NEGARLHE o provimento. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 37 56 /2 00 9- 34 Fl. 564DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira e Bruno Maurício Macedo Curi (Relator). Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 563), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. O contribuinte WOODGRAIN DO BRASIL LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0633.990, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada por insuficiência de direito creditório, negandoo. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da manifestação de inconformidade, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o presente processo do pedido de ressarcimento de crédito do PIS/Pasep não cumulativo vinculado às receitas de exportação do 2º trimestre de 2006, no valor de R$ 125.482,27 (cem e vinte cinco mil e quatrocentos e oitenta e dois reais e vinte e sete centavos), formalizado através do PER/DCOMP nº 37950.83737.020908.1.1.088887. A análise do referido pedido foi realizada pelo Serviço de Orientação e Análise Tributária, da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba, que, em conclusão aos trabalhos realizados, emitiu o Despacho Decisório DRF/CTA, de 30 de junho de 2010, o qual reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado, no valor de R$ 81.109,54 (oitenta e um mil e cento e nove reais e cinqüenta quatro centavos). Ressaltese que a análise do pedido foi efetuada em atendimento a liminar proferida no Mandado de Segurança nº 2009.70.00.0210978/PR. Conforme consta da decisão mencionada, a autoridade fiscal realizou, primeiramente, um ajuste nos valores das receitas informadas no DACON. Foram considerados como receitas de exportação e do mercado interno os valores constantes dos Livros de Registro de Saídas, excluindose os valores das receitas financeiras; e do valor da receita bruta foram excluídos os descontos concedidos pela empresa de forma incondicional, pelo fato de os mesmos não integrarem a base de cálculo das contribuições (PIS e Cofins). Em conseqüência dessas correções, a autoridade procedeu a um novo cálculo do rateio proporcional a ser aplicado sobre os valores dos créditos da nãocumulatividade. No tocante aos créditos da nãocumulatividade a autoridade administrativa realizou glosas nas seguintes rubricas: a) Bens Utilizados como Insumos: relativamente às Notas Fiscais de Entrada das empresas Seven Madeiras Ltda., CNPJ nº 06.136.813/000190, e Cyklop Fl. 565DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10980.723756/200934 Acórdão n.º 3802004.191 S3TE02 Fl. 565 3 do Brasil Embalagens S/A, CNPJ nº 56.993.512/000150, para as quais constam CFOP (5.501 e 6.501) que indicam aquisições com o fim específico de exportação. Nessa situação descritas, as aquisições teriam ocorrido sem a incidência das contribuições (PIS/PASEP e a COFINS), ficando impedido o aproveitamento dos créditos, conforme estabelece o artigo 3º, § 2º, inc. II das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003. b) Serviços Utilizados como Insumo: relativamente ao mês de junho, tendo em vista comprovação em valor menor do que o informado no DACON; c) Despesas de Energia Elétrica: relativamente às despesas constantes das faturas que não correspondam ao consumo de energia elétrica, tais como encargos moratórios (juros, multa e correção monetária) e taxa de iluminação pública; d) Despesas de Fretes pagos na operação de venda: nesta rubrica foram considerados somente os fretes internacionais pagos pela empresa exportadora a transportador domiciliado no Brasil (empresa nacional); foram glosados, portanto, os valores de fretes internacionais cujos pagamentos foram realizados a agentes nacionais, que representam transportador não domiciliado no Brasil, em atendimento ao disposto no inciso II, § 3º, art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003; e) Encargos de Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado: relativamente aos encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 01/05/2004, em atendimento ao artigo 31 da Lei nº 10.865/2004. Por fim, a autoridade fiscal realizou a apuração dos créditos do mercado interno e do mercado externo do trimestre, levandose em consideração os ajustes anteriormente mencionados (nas receitas, no rateio proporcional e nos créditos) e o Saldo de Crédito do Mês Anterior (relativo ao mercado interno), e descontandose dos créditos apurados os valores da contribuição devida do próprio trimestre, gerada em decorrência das saídas tributadas. A contribuinte foi cientificada do despacho decisório em 02/07/2010 e apresentou, em 03/08/2010, a manifestação de inconformidade, cujo conteúdo é resumido a seguir. Após um breve relato dos fatos, a interessada defende no primeiro tópico (“Do Princípio da NãoCumulatividade”) a aplicação plena da não cumulatividade. Argumenta que o legislador ordinário não pode restringir a nãocumulatividade da contribuição, uma vez que a mesma tem status constitucional, implementado através da Emenda Constitucional nº 42/2003, que deu nova redação ao § 12, artigo 195, da Constituição Federal. Sustenta que a nãocumulatividade aplicada ao PIS e a Cofins “se opera de forma diversa daquela aplicada ao IPI e ao ICMS, isso porque para as contribuições, referida sistemática consiste em uma redução da base de cálculo com a respectiva dedução de créditos relativos às contribuições que foram recolhidas sobre bens e/ou serviços objeto de faturamento em etapas anteriores.” Em resumo, argumenta a interessada “que o regime não cumulativo das referidas contribuições não pode ser restringido, pois os Fl. 566DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 contribuintes tem o direito ao crédito da contribuição exigidos anteriormente, como forma de minorar a carga tributária sobre o faturamento, objetivo primordial dessa sistemática.” Nos dois tópicos seguintes (“Das Despesas com Fretes Internacionais” e “Do Princípio da Estrita Legalidade”) a contribuinte dirige sua inconformidade contra as glosas relativas às despesas com fretes internacionais. Relata que no despacho decisório a autoridade fiscal proferiu o entendimento “de que o crédito de PIS/COFINS decorrente de despesas com fretes internacionais é passível de aproveitamento, desde que o seu pagamento seja feito ao transportador domiciliado no Brasil, não bastando para tal que o seu agente o seja.”. Sustenta que o entendimento da autoridade fiscal é equivocado e não merece manutenção em face dos princípios da legalidade e da estrita legalidade tributária (art. 5º, inciso II e art. 150, inciso I da Constituição Federal). Argumenta que “não se vislumbra nos regramentos aplicáveis ao caso (Lei 10.637/02 e 10.833/03) qualquer dispositivo que obstaculize ou mesmo limite o aproveitamento do crédito oriundo de despesas com frete internacional, mesmo que praticada por agente transportador”, e que para se realizar o aproveitamento do crédito as referidas leis exigem somente: que o ônus do pagamento do frete seja suportado pelo vendedor, e; que o frete seja pago ou creditado à pessoa jurídica domiciliada no país. Sustenta que estas exigências foram atendidas pela empresa, “uma vez que, na qualidade de vendedora, arcou com os custos relativos ao frete para a remessa de sua mercadoria ao exterior e referida despesa foi paga à empresa estabelecida no território brasileiro, pouco importando se tais empresas correspondem a agentes transportadores.” Para sustentação de sua tese colaciona cópia das ementas das Soluções de Consulta nº 169/2006 da 10º RF e nº 175/07 da 9º RF. Na seqüência, no tópico “Dos Encargos de Depreciação – Bens Adquiridos antes de 01/05/2004”, a interessada defende a inconstitucionalidade do art. 31, da Lei 10.865/2004, que trata da vedação de desconto de créditos relativos à depreciação de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos antes de 01/05/2004. Argumenta que referido artigo atingiu fatos pretéritos e afrontou os princípios constitucionais do direito adquirido, da irretroatividade da lei tributária e da segurança jurídica. Em corroboração a sua tese colaciona cópia de parte do Acórdão do processo judicial nº 2005.71.010.0044698. Por fim, nos últimos dois tópicos (“Das Demais Glosas” e “Das Provas”), a contribuinte aduz que: discorda das demais glosas realizadas, dizendo que a improcedência das mesmas “será comprovada oportunamente através da juntada de documentos hábeis e idôneos, os quais certamente ensejarão no reconhecimento integral do crédito reclamado”; e que em face do direito à ampla defesa e ao contraditório “pretende provar o alegado por meio de todos as prova em direito admitidas, principalmente através da juntada de novos documentos, a fim de evidenciar melhor a idoneidade do crédito ora guerreado.” Diante dos argumentos apresentados, a contribuinte requer que seja dado provimento à manifestação de inconformidade e que o despacho decisório seja reformado, de modo que seja reconhecido integralmente o crédito pleiteado. Fl. 567DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10980.723756/200934 Acórdão n.º 3802004.191 S3TE02 Fl. 566 5 É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a rejeição ao direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. ESFERA ADMINISTRATIVA. NÃO CABIMENTO. O exame da legalidade e da constitucionalidade de normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional compete ao poder judiciário, restando inócua e incabível qualquer discussão, nesse sentido, na esfera administrativa. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. FRETE INTERNACIONAL. Os gastos com fretes internacionais arcados pela vendedora, decorrentes da exportação de seus produtos, não dão direito a crédito para desconto dos valores devidos a título de PIS/PASEP, na sistemática de não cumulatividade, se o transportador for pessoa jurídica domiciliada no exterior, mesmo se o agente do transportador tiver domicílio no País. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS DO ATIVO IMOBILIZADO. Com a edição da Lei nº 10.865, de 2004, somente poderão ser aproveitados os créditos dos encargos de depreciação ou amortização de bens e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1º de maio de 2004. PROVAS. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A apresentação de provas deve ser realizada junto à impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outra ocasião, ressalvada a impossibilidade por motivo de força maior, quando se refira a fato ou direito superveniente ou no caso de contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba – DRJ/CTA, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade, e requer o reconhecimento da homologação de compensação. É o relatório. Fl. 568DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 563), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. O Recurso Voluntário, assim como a manifestação de inconformidade, combate as glosas realizadas em basicamente dois itens: Despesas com fretes internacionais (objeto de dois tópicos do recurso); Encargos de depreciação. Relativamente à digressão sobre o princípio da nãocumulatividade que inaugura a argumentação de mérito do Recurso Voluntário, como se trata de argumentação ampla e, a rigor, principiológica (que não pode ser apreciada pelo CARF, conforme verbete Sumular nº 02), não adentrarei em sua análise pormenorizadamente. O Recurso Voluntário não ataca frontalmente as glosas referentes a insumos adquiridos (i) com fim específico de exportação; (ii) junto a empresa preponderantemente exportadora; além de (iii) encargos financeiros decorrentes de pagamento em atraso de faturas de energia elétrica (despesas com multas, juros e correção monetária) e contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Isso pois, diferentemente da manifestação de inconformidade, não há o questionamento quanto às “demais glosas”, pelo que reputo como não mais contestadas tais vedações, nos termos do art. 17 do RPAF, aplicável mutatis mutandi ao Recurso Voluntário. De toda forma, no que tange às duas glosas combatidas pelo Recorrente, passase às considerações de mérito. 1. Despesas com fretes internacionais Foram glosadas despesas incorridas com fretes nas operações de venda, pagos a agentes nacionais que representam transportador estrangeiro. A glosa dessas despesas embasouse no art. 3o, § 3o, II, das leis 10.637/2002 (para o PIS) e 10.833/2003 (para a COFINS), o qual assim dispõe: § 3oO direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: (...) II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; Fl. 569DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10980.723756/200934 Acórdão n.º 3802004.191 S3TE02 Fl. 567 7 A decisão recorrida entendeu correta a glosa procedida pela autoridade administrativa, ante a presunção de que conforme a legislação citada, para que o dispêndio possa gerar crédito, é preciso que as despesas sejam pagas ou creditadas a pessoa jurídica domiciliada no País, o que não ocorre no caso em tela. Na verdade a interessada contrata pessoas jurídicas domiciliadas no País que se dedicam à atividade de agenciamento de fretes internacionais (agente marítimo) e faz o pagamento do serviço de transporte para elas, sendo de ser ressaltado que o agente marítimo não presta o serviço de transporte e não é ele que recebe o pagamento por tal serviço; o valor entregue para o agente, na verdade corresponde ao pagamento do armador. Ocorre que o agente marítimo (agente do armador) é mero preposto do armador, para gerir ou administrar seus negócios, inclusive cobrando os respectivos fretes, que são o pagamento do proponente pela prestação do serviço de transporte. Portanto, para que a exigência legal (custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País) fosse atendida, seria preciso que o transportador (o prestador do serviço de transporte marítimo internacional) fosse domiciliado no País, donde, nos casos em que o transportador não tenha domicilio no País, não há o direito a crédito, mesmo que o agente do transportador tenha domicílio no País. O Recorrente, ao seu turno, defende a legitimidade do aproveitamento das referidas despesas como desconto ante a premissa de que há “apenas dois requisitos que merecem observância para que se faça jus aos créditos, quais sejam: 1) o ônus dos valores despendidos com o frete deve ser suportado pelo vendedor, no caso a Recorrente; e 2) os custos relativos ao frete devem ser pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País”. A celeuma se restringe, portanto, à definição se a utilização de agente marítimo brasileiro se enquadra no inciso II do § 3o do art. 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Entendo, diferentemente do que supõe o Recorrente, que as despesas incorridas no caso não devem ser aproveitadas como desconto. Explico. No caso em tela, consta dos autos que o frete foi prestado por transportador estrangeiro (pessoa jurídica não domiciliada no Brasil, portanto). Tal é a essência da despesa incorrida pelo Recorrente. Apesar de todas as ressalvas cabíveis ao caso do ponto de vista principiológico, inclusive de ordem isonômica em acordos internacionais comerciais celebrados pelo Brasil, fato é que ao CARF é vedado apreciar a inconstitucionalidade das normas tributárias. Todavia, do ponto de vista puramente legal, o comando vigente permite o aproveitamento de despesas como desconto apenas se estas forem incorridas com pessoa jurídica domiciliada no Brasil. Fato é que a norma se refere a despesas incorridas, pagas ou creditadas a pessoa jurídica domiciliada no País, e concretamente o crédito se deu a um agente marítimo domiciliado no País. Ocorre, contudo, que esse crédito se refere a uma prestação de serviços efetivada por estrangeiro, e a utilização de um intermediário por este não reflete a materialidade da despesa incorrida. Fl. 570DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Notese que a Recorrente em momento algum afirma que o agente marítimo lhe prestou qualquer serviço de transporte, mas apenas se pauta na expressão legal e do fato de ter havido crédito em favor de pessoa jurídica domiciliada no País. Ora, o agente marítimo em termos concretos nada mais é do que um mero mandatário do transportador domiciliado fora do País. A respeito de sua caracterização, trago digressão da Em. Min. Eliana Calmon no RESP 731226 (DJ de 20/09/2007): "(...)pessoas encarregadas pelos armadores, ou por quem as suas vezes faça em cada caso particular, temporária ou permanentemente, do mandato de realizar as operações comerciais que originalmente corresponderiam ao capitão ou armador,nos portos de carga ou descarga, de ajudar o capitão emqualqueroperaçãoedecuidardosinteressesdonavioedacarga,nãosóperantea sautoridades,mastambémnasrelações privadas(SOARES, Luiz Dantas de Souza Soares. Agente de navegação responsabilidade civil. In: Revista de direito mercantil,n.º34,abril/junho1979,p.54).O agente marítimo comprometese a representar o navio em terra, praticando em nome do armador ou capitão os atos que esse teria de realizar pessoalmente. Valese, para isso, de contrato consensual, bilateral e oneroso que corresponde perfeitamente à idéia do mandato profissional, figura jurídica tratada no art. 658 do CC de 2002.” Assim, havendo mera relação de mandato (ou seja, simples intermediação) entre o agente marítimo e o Recorrente, não se pode caracterizar que o frete tenha sido pago a pessoa jurídica domiciliada no País. Concretamente o frete foi pago a pessoa jurídica domiciliada no estrangeiro, todavia por intermédio de um representante legal seu. Noutras palavras, a natureza do creditamento feito em favor do agente marítimo se deu em razão de atividade de intermediação, dado que este fornecedor efetivamente não prestou serviço de transporte para o Recorrente. O transportador está domiciliado fora do País, de modo que a opção de pagar a um intermediário domiciliado no Brasil é ato de mera escolha, ação volitiva da Recorrente, sem essência econômica suficiente e apta a alterar o critério de tributação (que se percebe no discrímen legal entre a contratação de uma empresa transportadora domiciliada no País ou no exterior). O CARF já se posicionou no mesmo sentido, conforme se verifica do Acórdão 3403002.718, de relatoria do Em. Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz (sessão de 29 de janeiro de 2014), cuja ementa segue abaixo: "PIS NÃOCUMULATIVO. FRETE INTERNACIONAL. TRANSPORTADOR ESTRANGEIROREPRESENTADOPORAGENTEMARÍTIMOSEDIADONO PAÍS.DIREITODECRÉDITO. Sujeito passivo que contrata frete internacional junto a transportador marítimodomiciliadoforadoPaís,emborarepresentadoporagentemarítimo estabelecido no Brasil. Agente marítimo que atua na condição de mandatário profissional do armador. Direito de crédito inexistente." Diante do exposto, não merece acolhida o pleito da Recorrente quanto a tais despesas. 2. Dos encargos de depreciação Fl. 571DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10980.723756/200934 Acórdão n.º 3802004.191 S3TE02 Fl. 568 9 O item remanescente discute a glosa de encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado, adquiridos anteriormente a 01/05/2004, nos termos do art. 31 da lei nº 10.865/2004. Dispõe a referida norma: "Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1odo art. 3odas Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. § 1oPoderão ser aproveitados os créditos referidos no inciso III do § 1odo art. 3odas Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, apurados sobre a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1ode maio. § 2oO direito ao desconto de créditos de que trata o § 1odeste artigo não se aplica ao valor decorrente da reavaliação de bens e direitos do ativo permanente. § 3oÉ também vedado, a partir da data a que se refere o caput, o crédito relativo a aluguel e contraprestação de arrendamento mercantil de bens que já tenham integrado o patrimônio da pessoa jurídica." A decisão recorrida foi bastante objetiva nesse aspecto, apenas indicando que necessita obedecer as regras vigentes, e que quaisquer formas de contestação do texto legal devem ser obtidas pela via própria, que não a administrativa. O Recorrente, ao seu turno, constrói argumento de cronologia das normas, indicando que desde o início da vigência das Medidas Provisórias que restaram convertidas nas leis 10.637/2002 e 10.833/2003, foi permitido aos contribuintes aproveitar como descontos créditos relativos a encargos de depreciação. Prossegue afirmando que, já que as normas existem desde o nascedouro do regime não cumulativo, o contribuinte teria direito adquirido aos créditos (fl. 629 dos autos), de modo que houve ato jurídico perfeito prócontribuinte em relação aos plurimencionados créditos (fl. 630). Entendo que o contribuinte teria razão em seus fundamentos, caso estivéssemos diante de glosa retroativa de créditos aproveitados antes da vigência da lei 10.865/2004. Porém, esse não é o caso: nos autos tratase de encargos de depreciação em período posterior ao início da vigência da lei 10.865/2004. Dessa forma, não me parece ser o caso de se considerar que o contribuinte teria direito imutável e irrevogável aos créditos decorrentes dos encargos de depreciação, sendo certo que eventual aumento na carga tributária (oriundo da vedação ao aproveitamento dos encargos a partir de maio de 2004, nos termos do art. 31 da lei 10.865/2004) é, em última análise, resultado da auto tributação imposta pela própria sociedade, por intermédio de seus mandatários no Congresso Nacional. Fl. 572DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 10 Não há, nesse sentido, nenhuma vedação legal (como é o caso do art. 178 do CTN, que veda a revogação de isenções concedidas por prazo certo e em caráter oneroso) à alteração no aproveitamento de créditos. A título ilustrativo valhome, a propósito, da fundamentação adotada no Mandado de Segurança 2005.71.000044698, cujas razões de decidir foram trazidas à lume pelo Recorrente quando da concessão de liminar: "Quanto à análise da sucessão de regimes estabelecidos para a não cumulatividade do PIS e da COFINS, tenho que o princípio da irretroatividade e da segurança jurídica não alcançam a dimensão preconizada na inicial. O legislador não fica eternamente vinculado à extensão e ao alcance do benefício fiscal concedido em determinado momento, podendo, da mesma forma com que é permitida a revogação da isenção, reduzilo ou suprimilo, na presença de motivação suficiente e adequada para tanto. Existem diversos graus de retroatividade, e a que aqui se trata é a retroatividade mínima referindose ao efeito futuro dos atos passados." Em se tratando de depreciação e amortização, o tratamento contábil e financeiro que lhes é dispensada pode assumir uma feição semelhante a uma relação continuativa. Existem financiamentos que são amortizados no longuíssimo prazo, e certos bens mais refratários ao processo de obsolescência podem gerar encargos de depreciação que venham a superar dez anos. Ora, os princípios constitucionais trazidos à lume pela impetrante não tutelam planejamentos tributários desta amplitude, visam a proteger direitos de bruscas alterações de curto e médio prazo, não se podendo engessar a atividade legislativa de tal forma que se impeça a adequação dos benefícios concedidos aos imperativos de uma política industrial, ou à situação estrutural (não conjuntural) da política econômicofiscal. Em suma, entendo ser lícito ao legislador que implanta regime tributário totalmente novo (como o PIS/Cofins não cumulativo) algumas alterações e correções de rota, quando não evidenciado lesão aos princípios da retroatividade média (contraprestações estatais descumpridas quando da alteração legislativa) e máxima (situações consumadas no passado). Somese a isso a noção de que a depreciação que visa a compensar o desgaste de máquinas e equipamentos em face do decurso do tempo e a amortização tocante ao prazo em que é imputado determinado custo financeiro são apropriadas em quotas mensais, ou seja, apenas incorporamse ao patrimônio do beneficiado á medida em que passam a integrar a sua contabilidade. Inexistindo a possibilidade da amortização ou da depreciação imediata, não há violação ao princípio da irretroatividade ou da Segurança Jurídica, pois há uma expectativa de benefício fiscal que só se transmuda em direito adquirido à medida em que cada período contabilmente relevante para a amortização/depreciação é atingido. Destarte, não entendo haver guarida aos argumentos do contribuinte, quanto a este item de seu Recurso. Conclusão Isto posto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para NEGARLHE o provimento. Fl. 573DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10980.723756/200934 Acórdão n.º 3802004.191 S3TE02 Fl. 569 11 Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 574DF CARF MF Impresso em 31/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 31/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 31/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 14090.000423/2007-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI
Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. PRODUTOS QUE NÃO SE SUBMETERAM A OPERAÇÃO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Nos termos do art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 9.363/96, a definição de estabelecimento produtor, para efeito de aplicação do incentivo fiscal ali definido, deve ser buscada na legislação do IPI, sendo de rigor a observância das prescrições da Tabela de Incidência do imposto, que vincula de toda a Administração. Não sendo industrializado o produto exportado, descabe o direito ao benefício.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3102-001.121
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama e Álvaro Almeida Filho. Ausente justificadamente o Conselheiro Luciano Pontes de Maya Gomes.
Nota de correção: Conforme o registro da ata de julgamento de 07/2011, o acórdão nº 3102-001.121, foi formalizado como acórdão o nº é 3102-000.121.
Nome do relator: Paulo Sergio Celani
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RESSARCIMENTO. PRODUTOS QUE NÃO SE SUBMETERAM A OPERAÇÃO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 9.363/96, a definição de estabelecimento produtor, para efeito de aplicação do incentivo fiscal ali definido, deve ser buscada na legislação do IPI, sendo de rigor a observância das prescrições da Tabela de Incidência do imposto, que vincula de toda a Administração. Não sendo industrializado o produto exportado, descabe o direito ao benefício. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama e Álvaro Almeida Filho. Ausente justificadamente o Conselheiro Luciano Pontes de Maya Gomes. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Marcelo Guerra de Castro, Nanci Gama, Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes de Maya Gomes, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Paulo Sergio Celani. Fl. 150DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 2 Relatório Para historiar os fatos, transcrevo o relatório do acórdão recorrido: “Cingese a presente lide ao indeferimento do ressarcimento de crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 13/12/1996, referente ao 2º trimestre do anocalendário de 2002, cujo pedido no montante de R$211.556,09 foi formalizado, em 02/12/2003, por intermédio de transmissão da PER/DCOMP nº 13741.29759.021203.1.1.010680. Instruída pela Informação Fiscal de fls. 40/41, de 06/12/2007, a autoridade competente da Delegacia da Receita Federal em Cuiabá, MT, exarou, às fls. 58/60, Despacho Decisório indeferindo o crédito presumido pleiteado, sob o argumento de que as exportações da contribuinte, todas realizadas por intermédio da Amaggi Importação e Exportação, referiamse à soja em grãos, produto que é não tributado (NT) pelo IPI. Regularmente notificada, a requerente apresenta a manifestação de inconformidade de fls. 63/68, para alegara que: 9. Não há na legislação qualquer restrição ao direito do crédito ser ou não ser o produto nacional industrializado e exportado, tributado no final da cadeia pelo Imposto sobre Produtos Industrializados, Aliás, todos os produtos exportados são desonerados do IPI, por previsão constitucional. 10. O benefício instituído pela Lei n° 9.363/96 é claro sim em referir que faz jus ao crédito presumido do IPI tão somente os produtores e exportadores de produtos nacionais, como preceitua o artigo 10 desse dispositivo legal, e em nenhum momento fazse qualquer alusão a restrições, vejamos: [...] 11. A Recorrente é produtora e exportadora de produtos nacionais e por essa razão faz jus ao direito supradescrito, e o fato do produto final por ela produzido não se sujeitar à incidência do IPI, não lhe tira o direito ao crédito presumido, aliás a própria legislação que o instituiu indicou como seria tratado aquele contribuinte que tivesse um produto final não tributado pelo IPI. [...] 12. Ora, a previsão do artigo 4° da Lei n° 9.363/96 só comprova que o legislador ao instituir o crédito presumido do IPI tinha como objetivo a recuperação das contribuições do PIS e da COFINS que tivessem onerado as matérias primas, produtos intermediários e ou material de embalagem adquiridos no mercado interno, para utilização no processo produtivo de produtos exportados, sem lhe interessar ser ou não ser o produtor exportador contribuinte do IPI. 13. Assim, a empresa que não possui débitos de IPI, em conseqüência da não incidência desse imposto sobre o seu produto final tem a possibilidade, conforme estabelece o artigo 4º da Lei na 9.363/96, de requerer por trimestrecalendário o seu ressarcimento em moeda corrente, por fazer jus ao credito presumido do IPI. 14. Dessa forma, temse que a Recorrente tem direito ao ressarcimento do crédito presumido do IPI, uma vez que não há qualquer vedação legal para utilização desta espécie de crédito. Esse é, inclusive o entendimento da Câmara Superior de Recursos [...]. Fl. 151DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 14090.000423/200757 Acórdão n.º 3102000.121 S3C1T2 Fl. 3.27 3 Por fim, a contribuinte requereu a procedência do pedido formulado relativamente ao crédito presumido de IPI.” A unidade julgadora de primeira instância indeferiu a solicitação contida na manifestação de inconformidade, mantendo o indeferimento do crédito presumido pleiteado, conforme decisão anterior da unidade da RFB. A ementa do acórdão recorrido está assim redigida: “Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NT. O direito ao crédito presumindo do IPI instituído pela Lei nº 9.363/96 condicionase a que os produtos estejam dentro do campo de incidência do imposto, não estando, por conseguinte, alcançados pelo benefício os produtos nãotributados (NT). Solicitação Indeferida” Contra esta decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário, repetindo o que contido na manifestação de inconformidade. Acrescenta pedido de correção do crédito pleiteado, vez que não o aproveitou, compensandoo com obrigação tributária, e a Administração Tributária, por sua vez, ao indeferir o pleito, teria causado postergação ilegítima no ressarcimento de valores já recolhidos aos cofres públicos. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade,e matéria é da competência da 3a. Seção de Julgamento, devendo ser conhecido. Inicialmente, esclareço que, em nenhum momento, a contribuinte questionou a classificação fiscal indicada pelo Fisco para o produto exportado, nem tampouco sua caracterização como não tributado (NT) na TIPI. A controvérsia restringese à possibilidade de serem considerados no cálculo do créditoprêmio de que trata a Lei n.º 9.363/96 as aquisições de insumos utilizados na obtenção de produtos classificados na TIPI como NT. A esse respeito, com fundamento em voto muito bem lançado pelo Conselheiro Júlio César Alves Ramos, no Acórdão 20403.428, de 04/09/2008, a 4a. Câmara do 2o.Conselho de Contribuintes, em decisão por voto de qualidade, ao julgar processo que tratava Fl. 152DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 4 de pedido de ressarcimento do crédito presumido de IPI previsto na Lei nº 9.363/96, formulado por uma cooperativa exportadora de café cru não descafeinado, classificado na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI – como não tributado (NT), decidiu que, não sendo industrializado o produto exportado, não caberia o direito ao benefício. Por concordar com este entendimento e considerálo aplicável no presente caso, em que o produto exportado, soja em grão, também consta na TIPI como NT, transcrevo, nas linhas que seguem, trechos daquele voto, cujas razões de decidir adoto. “Entendo não assistir razão à recorrente. É que, como ela mesma reconhece, a lei instituidora do benefício exigiu a ocorrência de produção. De fato, o seu art. 1º apenas o confere a quem seja empresa produtora e exportadora. Confirase: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Mas, diferentemente do que ela afirma, a mesma Lei estabelece sim o que seja “produção” para esses efeitos, remetendo o intérprete e aplicador do direito às disposições da “legislação” do IPI. Tratase, como se sabe, do parágrafo único do art. 3º a seguir transcrito: Art. 3o Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1o, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. Com isso, pareceme fora de qualquer discussão que o beneficiário do instituto criado em 1996 tem de ser um estabelecimento produtor na forma do que preceitua a legislação do imposto. Como o próprio contribuinte afirma, nas palavras de Ulhoa Conta, não há necessidade de interpretar esse comando: ele é, por si só, cristalino. Ora, a legislação do IPI referida na norma tem como âncora a Lei nº 4.502 que, desde 1964, define o que seja produção para efeitos do IPI em seu art. 3º. ART.3 Considerase estabelecimento produtor todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considerase industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, salvo: I o conserto de máquinas, aparelhos e objetos pertencentes a terceiros; Fl. 153DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 14090.000423/200757 Acórdão n.º 3102000.121 S3C1T2 Fl. 4.27 5 II o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto. III o preparo de medicamentos oficinais ou magistrais, manipulados em farmácias, para venda no varejo, diretamente e consumidor, assim como a montagem de óculos, mediante receita médica. * Inciso III acrescido pelo DecretoLei n. 1.199, de 27/12/1971. IV a mistura de tintas entre si, ou com concentrados de pigmentos, sob encomenda do consumidor ou usuário, realizada em estabelecimento varejista, efetuada por máquina automática ou manual, desde que fabricante e varejista não sejam empresas interdependentes, controladora, controlada ou coligadas. * Inciso IV acrescido pela Lei n. 9.493, de 10/09/1997 (DOU de 11/09/1997, em vigor desde a publicação). Mas nesse conceito original, cabia sim interpretar o alcance das expressões “alterar o acabamento ou a apresentação do produto”. Os diversos decretos que aprovaram regulamentos do IPI (RIPI) delimitaram o alcance das expressões contidas na lei ao definir, com precisão, cinco modalidades de industrialização. No período das exportações promovidas pela recorrente, o que vigia era ainda o RIPI baixado pelo decreto de nº 87.981, em 1982. Seu art. 4º assim regulamentava a definição de industrialização (disposição repetida em todos os regulamentos posteriores): Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único): I a que, exercida sobre matériasprimas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou V a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. Como se observa, a regulamentação, embora aprofundasse o alcance das expressões originais, ainda deixava aberto o campo de interpretação quanto aos Fl. 154DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 6 limites das alterações que devem ser promovidas pelo “produtor” sobre o produto para que se configure uma industrialização. Por esse motivo, esta Câmara, por maioria, tem entendido possível ao contribuinte demonstrar o cumprimento dos requisitos previstos nesse dispositivo para enquadrarse como “produtor”, ainda que o seu produto esteja indicado na TIPI como NT. Dentre as modalidades ali definidas – ressalvese que de modo exemplificativo – duas parecem cogitáveis ao caso concreto: o beneficiamento e o acondicionamento. É também por esse motivo que se firmou o entendimento de que não cabe excluir a receita de exportação de produtos NT do total daquela receita que integra o numerador da relação utilizada para apurar a base de cálculo (receita de exportação sobre receita total). Assim, caso deferido o benefício, caberia também a revisão desse critério adotado pela fiscalização. Divirjo desse entendimento, embora deixando registrado que não concordo com o simples argumento de que basta o produto ser NT na TIPI para que o benefício se torne incogitável. Cumpre esclarecer esse meu posicionamento. É que entendo que aquela tabela, igualmente baixada por meio de decreto regulamentar expedido pela Presidência da República, vem exatamente para impedir interpretações divergentes, no âmbito administrativo, acerca do que seja industrialização para efeito do IPI.” Após tecer tais considerações e transcrever doutrina de Hely Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Mello, extraídas de suas reconhecidas obras, respectivamente, Direito Administrativo Brasileiro e Curso de Direito Administrativo, com vistas a realçar a força normativa dos decretos e regulamentos, por conseguinte, a força normativa da TIPI, vez que veiculada por meio de decreto, o ilustre Conselheiro conclui que dúvidas sobre o que seria industrialização se resolveriam pela utilização da TIPI, não sendo permitido ao agente administrativo considerar industrializado produto que nesta tabela conste como não tributado. Prossegue o voto com as seguinte palavras: “Trocando em miúdos, sempre que uma dada operação aparentemente puder enquadrarse como industrialização é aquela norma regulamentar que dirimirá, no âmbito das obrigações atinentes ao IPI, o correto entendimento (ao menos o correto na visão do Poder Executivo, de onde provém), e de forma vinculante a todos os aplicadores do direito integrantes de sua estrutura administrativa. E é claro que esse entendimento pode ser contestado pelos contribuintes, mas então há de ser objeto de apreciação pela instância constitucionalmente capaz: o Poder Judiciário. Nessa esteira é que entendo que não podem os aplicadores do direito não integrantes do Poder Judiciário ultrapassar as definições emanadas da TIPI no que se refere ao alcance do conceito de industrialização para efeito do IPI. Mas, como disse, esse posicionamento tampouco autoriza que se remeta automática e acriticamente à TIPI para desconfigurar o direito do postulante ao crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96, apenas porque na TIPI o produto apareça como NT. E isso porque nem todos os produtos que ali aparecem com tal expressão o fazem por serem produtos não industrializados. De fato, muitos, sem dúvida a maioria, o são. Mas ao lado deles há também os casos da imunidade conferida a Fl. 155DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 14090.000423/200757 Acórdão n.º 3102000.121 S3C1T2 Fl. 5.27 7 alguns produtos. Para eles também a TIPI reserva a expressão NT, desde que aquela não incidência não dependa de qualquer condição. No que respeita apenas à aplicação do IPI não faz qualquer diferença o motivo: sendo NT, o produto está fora do campo de incidência daquele imposto e quem o produz nenhuma obrigação tem com respeito ao tributo. Mas, quando se examina a TIPI com olhos no benefício da Lei 9.363/96, isso faz sim diferença, pois ela não exigiu, e nisso a recorrente tem inteira razão, que os produtos exportados estejam no campo de incidência do IPI. O que ela exige é que eles tenham sido submetidos a uma operação de industrialização. E, como espero ter deixado claro, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Essa ressalva, porém, não afeta a situação sob exame. O produto exportado pela empresa é definido na TIPI como NT exatamente porque os processos a que se possa submeter não foram considerados pelo legislador suficientes para caracterizar uma industrialização. Vale enfatizar que nessa caracterização a existência ou não de maquinário é inteiramente irrelevante. Com efeito, tanto um estabelecimento pode ser definido como industrial mesmo sem dispor de qualquer maquinário, como outro, que o detenha, nem por isso se torna “produtor”. Por isso, não sendo o recorrente estabelecimento produtor nos termos exigidos pela legislação concessiva do favor fiscal, não tem direito a ele. Correta a decisão que o denegou, ao recurso do contribuinte deve ser negado provimento. No caso deste processo, em que o produto exportado também não foi submetido a processo de industrialização, nos termos da legislação do IPI, especialmente, porque consta na TIPI como não tributado, a recorrente não tem direito ao crédito presumido de que trata a lei n.º 9.363/96, logo, não há que se falar em atualização monetária ou acréscimos de juros. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Paulo Sergio Celani. Fl. 156DF CARF MF Emitido em 25/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
score : 1.0
Numero do processo: 10680.922655/2012-24
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jul 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO ALEGADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito do pedido de ressarcimento é fundamental a comprovação da materialidade do crédito pleiteado.
Diferentemente do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3802-004.283
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER do Recurso Voluntário pra NEGAR-LHE o provimento.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira e Bruno Maurício Macedo Curi (Relator).
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO ALEGADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito do pedido de ressarcimento é fundamental a comprovação da materialidade do crédito pleiteado. Diferentemente do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO ALEGADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito do pedido de ressarcimento é fundamental a comprovação da materialidade do crédito pleiteado. Diferentemente do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER do Recurso Voluntário pra NEGARLHE o provimento. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 92 26 55 /2 01 2- 24 Fl. 40DF CARF MF Impresso em 21/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 21/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira e Bruno Maurício Macedo Curi (Relator). Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 39), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. Tratase de recurso voluntário que chega a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais em razão da insurgência do contribuinte em epígrafe contra Acórdão lavrado pela 2ª Turma da DRJ de Belo Horizonte, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela interessada. Em momento prévio à análise das motivações recursais, é conveniente que sejam revisitados os atos e fases processuais já superados. Por bem resumir a controvérsia até a respectiva fase processual, tomo emprestado a descrição fática lançada no acórdão da instância a quo acima referido: O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório nº rastreamento 40910565 emitido eletronicamente em 05/12/12, referente ao PER/DCOMP nº 26060.94051.231211.1.3.041721. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório correspondente a COFINS –Código de Receita 5856, no valor original na data de transmissão de R$ 2.655,93, representado por Darf recolhido em 19/09/08 e de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Fl. 41DF CARF MF Impresso em 21/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 21/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10680.922655/201224 Acórdão n.º 3802004.283 S3TE02 Fl. 41 3 Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando que o que ocorreu foram problemas com as Dacon, DCTF e DIPJ a que se vinculam as compensações glosadas. Que os documentos foram entregues com erro e alguns deixaram de ser entregues na época própria tendo sido necessária a apresentação das declarações faltantes e retificadoras. Afirma que juntamente com a manifestação de inconformidade juntou todos os documentos possíveis e que poderia apresentar todos os que a autoridade julgar necessários. Invoca o princípio da verdade material, a ampla defesa, o devido processo legal, a segurança jurídica e a oficialidade, discorrendo sobre eles. Que caberia ao julgador diligenciar para descobrir a verdade material. Que direito aos créditos de PIS e COFINS nascem de vendas tributadas à alíquota zero. Cita leis. Afirma que referidos créditos são comprovados pelos documentos pertinentes (demonstrativos de crédito, notas fiscais de aquisição e outros). Diante disso, pede que sejam realizadas diligências e perícias que a autoridade julgar necessárias e que seja reformado o despacho decisório com a homologação das compensações pleiteadas. Requer a reavaliação do Despacho Decisório. Ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a 2ª Turma da DRJ/BHE entendeu pela improcedência do pleito do sujeito passivo, mantendo a glosa do crédito requerido e proferiu o seguinte acórdão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Ano calendário: 2008 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O julgador de 1ª instância entendeu que, diante da divergência entre os valores de débito constantes na DCTF e no Dacon (formadores do direito creditório), o pleito careceu de materialidade do crédito, mormente ante a ausência de prova nos autos. Afirma a decisão recorrida que: Nesse ponto, cumpre assinalar que as contradições foram evidenciadas entre informações prestadas pelo próprio contribuinte (DCTF original, Dacon e Dacon retificadora), motivo pelo qual o manifestante deveria cuidar de provar efetivamente qual valor (informação) corresponde à realidade dos fatos, a fim de conferir a necessária certeza ao crédito pretendido, não cabendo à autoridade julgadora mandar sanar a insuficiência de prova por meio de realização diligência. Fl. 42DF CARF MF Impresso em 21/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 21/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 Em seu Recurso Voluntário, que ora é objeto de exame, o sujeito passivo se insurge contra o acórdão a quo, sob o argumento de que, ao contrário do indicado na decisão recorrida, o direito creditório existe, e para tanto acosta diversos documentos aos autos, eminentemente notas fiscais de aquisições e de saídas. Com base nos argumentos apresentados, a Recorrente pede a procedência do Recurso Voluntário para que seja reformada a decisão de 1ª instância e, consequentemente, homologadas as compensações efetuadas. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 39), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. O presente recurso é tempestivo e, ausentes outras questões preliminares, passo à análise de mérito. Tratase de processo de revisão de compensação, em que o contribuinte embasa seu pleito na alegação de que teria, equivocadamente, apurado erroneamente o PIS e a COFINS, mas afirma que o direito de crédito decorre de vendas efetuadas com alíquota zero nos termos do art. 17 da lei 11.033/2004, “bem assim das diversas rubricas previstas no art. 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que permitem o direito ao crédito das contribuições”. Ocorre que, nada obstante o Recorrente afirmar no Recurso Voluntário que acosta diversas notas fiscais comprobatórias do seu direito de crédito, estas não constam dos autos. Ora, no rito do processo de análise de pedidos de compensação ou ressarcimento, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. No caso em tela, o Recorrente não me parece ter demonstrado, de modo cabal, a verdade material que lhe assiste. Vale repisar, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de ressarcimento o contribuinte deve demonstrar cabalmente as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Destarte, oriento meu voto no sentido de que seja mantida a decisão de primeira instância, pois ausente demonstração cabal da origem dos créditos de PIS e da COFINS a serem compensados. Conclusão Fl. 43DF CARF MF Impresso em 21/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 21/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10680.922655/201224 Acórdão n.º 3802004.283 S3TE02 Fl. 42 5 Isto posto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para NEGARLHE o provimento. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 44DF CARF MF Impresso em 21/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 21/07/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/07/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720647/2011-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2010
Ementa:
OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS.
Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado.
MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA
A existência de correntes doutrinárias divergentes, além de precedentes jurisprudenciais favoráveis ao negócio jurídico praticado pelo contribuinte, demonstra, na verdade, uma hipótese de erro de proibição. Não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, quando se percebe dos autos a convicção do recorrente no sentido de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC.
Numero da decisão: 2201-002.635
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%. Vencidos os Conselheiros NATHÁLIA MESQUITA CEIA, VINÍCIUS MAGNI VERÇOZA (Suplente convocado) e GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), que deram provimento integral ao recurso, inclusive desqualificaram a multa de ofício e excluíram os juros de mora sobre ela incidentes. A Conselheira NATHÁLIA MESQUITA CEIA fará declaração de voto.
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH - Relator.
EDITADO EM: 19/05/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ e GUSTAVO LIAN HADDAD.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007, 2010 Ementa: OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA A existência de correntes doutrinárias divergentes, além de precedentes jurisprudenciais favoráveis ao negócio jurídico praticado pelo contribuinte, demonstra, na verdade, uma hipótese de erro de proibição. Não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, quando se percebe dos autos a convicção do recorrente no sentido de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%. Vencidos os Conselheiros NATHÁLIA MESQUITA CEIA, VINÍCIUS MAGNI VERÇOZA (Suplente convocado) e GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), que deram provimento integral ao recurso, inclusive desqualificaram a multa de ofício e excluíram os juros de mora sobre ela incidentes. A Conselheira NATHÁLIA MESQUITA CEIA fará declaração de voto. Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH - Relator. EDITADO EM: 19/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ e GUSTAVO LIAN HADDAD.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2191; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720647/201141 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201002.635 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de janeiro de 2015 Matéria IRPF Recorrente EVANDRO LUIZ DE ALMEIDA PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007, 2010 Ementa: OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA A existência de correntes doutrinárias divergentes, além de precedentes jurisprudenciais favoráveis ao negócio jurídico praticado pelo contribuinte, demonstra, na verdade, uma hipótese de erro de proibição. Não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, quando se percebe dos autos a convicção do recorrente no sentido de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 06 47 /2 01 1- 41 Fl. 696DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Vencidos os Conselheiros NATHÁLIA MESQUITA CEIA, VINÍCIUS MAGNI VERÇOZA (Suplente convocado) e GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), que deram provimento integral ao recurso, inclusive desqualificaram a multa de ofício e excluíram os juros de mora sobre ela incidentes. A Conselheira NATHÁLIA MESQUITA CEIA fará declaração de voto. Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Relator. EDITADO EM: 19/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ e GUSTAVO LIAN HADDAD. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anoscalendário 2006 e 2009, consubstanciado no Auto de Infração, fls. 375/383, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 1.610.173,16, calculado até 30/06/2011. A fiscalização apurou omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa, com aplicação da multa qualificada de 150%. A autoridade recorrida descreveu a infração da seguinte forma: Omissão de Ganhos de Capital na Alienação de Ações/Quotas Não Negociadas em Bolsa Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/12/2006 9.914.766,15 150 30/09/2009 11.154.321,25 150 Segundo o Termo de Verificação Fiscal de fls. 322/339, re ratificado mediante o Termo de ReRatificação Fiscal de fls. 352/372, em dezembro de 2006, após um complexo processo de reorganização societária, o contribuinte alienou à empresa UBS Brasil Participações Ltda a participação que possuía no Banco Pactual, representada por 7.371.501 (sete milhões, trezentas e setenta e um mil, quinhentas e uma) ações ordinárias. Tal Fl. 697DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 3 3 alienação resultou na apuração de um ganho de capital no valor aproximado de R$ 25,5 milhões e de um imposto de renda pessoa física da ordem de R$ 3,16 milhões, sendo R$ 1,49 milhão no ano de 2006 e R$1,67 milhão em 2009 (uma vez que parte do valor da venda foi recebida apenas nessa data, diferindose, assim, sua tributação). Afirma a autoridade lançadora que, antes de concluir a venda de sua participação no Banco Pactual S/A à UBS Brasil Participações Ltda, o contribuinte elevou indevidamente o custo de aquisição dessa participação, utilizandose de sofisticados artifícios contábeis, engendrados através de diversos negócios societários, que, resumidamente, consistiram na elevação do capital em empresas investidoras, via equivalência patrimonial com as empresas investidas e a quase simultânea extinção das holdings que detinham participação societária no Banco Pactual, por meio de sucessivas incorporações reversas, culminando com a alienação das ações do Banco diretamente pelos acionistas pessoas físicas da instituição. Com isto, o contribuinte inflou artificialmente o custo das ações que pretendia vender, com o propósito de reduzir o montante de seu ganho de capital e conseqüentemente o valor do IR incidente sobre essa alienação. De acordo ainda com o Termo de Verificação Fiscal, através dessa manobra, o contribuinte promoveu, em 2006, um aumento do custo de aquisição de sua participação no Banco Pactual de incríveis 695,43%, enquanto que, no mesmo período, o patrimônio líquido do Banco experimentou um aumento de 84,45%. Conclui, então, o fiscal autuante que a análise em conjunto de todas as operações que antecederam a alienação das ações representativas do capital social do Banco Pactual, realizadas entre o grupo Pactual e o contribuinte, evidenciam que este incorreu na prática de ato simulado, ao inflar artificialmente o custo de aquisição das ações, com capitalização cumulativa de valores derivados dos lucros apurados por equivalência patrimonial, nas operações de incorporações inversas, com o propósito de lesar terceiros, no caso a Fazenda Nacional, configurandose a hipótese de incidência prevista no inciso I, do parágrafo primeiro, do art. 167 do Código Civil, combinado com seu parágrafo 2º. Assim, para efeito da correta apuração do ganho de capital ocorrido na alienação da participação societária que o contribuinte possuía no Banco Pactual S/A, foi expurgado, para fins de cálculo de seu efetivo custo de aquisição, o efeito produzido pelas capitalizações de lucros e/ou reservas nas empresas Nova Pactual Participações e Pactual Holdings, ocorridas em 13/10/2006, nos respectivos valores de R$ 686 milhões e de R$ 202,5 milhões, uma vez que, como acima evidenciado, esse efeito foi utilizado em duplicidade e está embutido na capitalização de lucros da Pactual S/A, realizada em 03/11/2006, no valor de R$996.087.876,00. Fl. 698DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 4 Expurgandose o acréscimo promovido pelo contribuinte no custo de aquisição de suas ações, em razão capitalização da empresa Nova Pactual Participações, no valor de R$ 6.474.568,00, foi apurado o valor correto do custo de aquisição das ações alienadas, que somou R$ 8.572.820,70 (R$ 16.690.444,70 R$ 8.117.624,00). Cientificado do lançamento, o contribuinte apresenta Impugnação alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: 1. antes da reestruturação, o impugnante era titular de investimentos representativos de 0,83% da Nova Pactual Participações Ltda, sociedade holding titular de investimentos representativos de 78,18% do capital da empresa Pactual S/A., holding titular de investimentos representativos de 100% do capital do Banco Pactual; 2. os investimentos representativos dos demais 21,82% do capital da Pactual S/A eram de propriedade da Pactual Holdings S/A., sociedade holding na qual o impugnante não tinha qualquer participação; 3. os principais atos da reestruturação questionados pelo Auto de Infração foram: i) aumento de capital da Nova Pactual Participações, realizado em 13/10/2006, mediante a capitalização de lucros gerados pelo Banco Pactual e por ela reconhecidos em razão da aplicação do Método de Equivalência Patrimonial (MEP), resultando em acréscimo do custo dos investimentos do impugnante em R$8.117.624,00; ii) aumento de capital da Pactual Holdings, na mesma data, mediante a capitalização e lucros gerados pelo Banco Pactual e por ela reconhecidos em razão da aplicação do MEP, o qual é irrelevante no caso concreto porque, como visto acima, o impugnante não era titular de investimentos na Pactual Holdings; iii) incorporação da Nova Pactual Participações (e Pactual Holdings, o que não é relevante no caso) pela Pactual S/A, sua controlada (incorporação reversa), e transferência ao impugnante, em substituição à sua participação no capital da incorporada, de investimentos diretos na incorporadora, ou seja, na Pactual S/A; iv) aumento de capital da Pactual S/A, em 03/11/2006, mediante a capitalização de lucros gerados pelo Banco Pactual e por ela reconhecidos em razão da aplicação do MEP, resultando em aumento do custo dos investimentos do impugnante na Pactual S/A em R$ 6.474.568,00; v) incorporação da Pactual S/A pelo Banco Pactual (incorporação reversa), tendo o impugnante recebido, em substituição à sua participação no capital da incorporada, extinta com a incorporação, investimentos diretos na incorporadora, ou seja, no Banco Pactual; 4. depois da incorporação da Pactual S/A pelo Banco Pactual, as ações deste último, das quais o impugnante se tornou proprietário, foram alienadas à UBS Brasil Participações Ltda, pelo preço total de R$ 34.083.513,27, sendo que uma parcela foi paga a vista, em 2006 (R$ 13.246.603,51), e outra parcela, em 2009 (R$ 14.902.708,62); Fl. 699DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 4 5 5. o saldo restante, R$ 5.934.201,14, ficou de ser pago em quatro parcelas com vencimento em março de 2010, setembro de 2010, março de 2011 e julho de 2011, porém o contribuinte optou por não diferir a tributação, considerando o total realizado; 6. após a implementação da reestruturação, o custo dos investimentos do impugnante no Banco Pactual passou a ser de R$ 16.690.444,70; 7. a capitalização de lucros gerados pelo Banco Pactual, refletida em suas investidoras em razão da aplicação do MEP, seguida da incorporação inversa dessas mesmas investidoras por suas investidas, acarretou majoração do custo de aquisição dos investimentos do impugnante no Banco e a conseqüente redução do montante do ganho de capital e do IRPF sobre ele incidente; 8. no Termo de Verificação Fiscal anexo ao Auto de Infração, a fiscalização afirma que a reestruturação: i) implicou na majoração indevida do custo de aquisição dos investimentos do impugnante no Banco Pactual, a qual decorreria de uma interpretação equivocada do art. 135 do RIR com relação aos efeitos das incorporações inversas; ii) consubstanciou ato simulado cujos efeitos, nos termos do art. 116, § único, do CTN, poderiam ser desconsiderados para fins fiscais; iii) implicou na caracterização cumulativa de todas as hipóteses previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, quais sejam, sonegação, fraude e conluio, motivando a aplicação da multa de 150%; 9. em razão do exposto, a fiscalização desconsiderou parte do acréscimo do custo de aquisição dos investimentos do impugnante no Banco Pactual, qual seja, aquele decorrente da capitalização de lucros pelas holdings do Banco Pactual (Nova Pactual Participações e Pactual S.A), no que excederam os lucros existentes no próprio Banco Pactual; 10. o auto indica, como enquadramento legal, uma série de dispositivos que apenas contém regras gerais relativas à apuração e à tributação dos ganhos de capital auferidos por pessoas físicas, e nenhum deles foi infringido pelo impugnante; 11. o Grupo Pactual era composto por diversas holdings existentes há mais de dez anos e constituídas em uma época em que as pessoas físicas integrantes do grupo (controladores) sequer cogitavam alienar seus investimentos no Banco Pactual; 12. os objetivos das holdings eram exclusivamente os de organizar o exercício do controle do Banco Pactual e a distribuição de seus resultados e, dessa forma, a alienação do Banco Pactual a terceiros faria com que as mesmas se tornassem totalmente desnecessárias; 13. em tese, as holdings poderiam ser extintas antes ou depois da concretização da venda do Banco Pactual, sendo que, na primeira hipótese, os controladores figurariam no pólo vendedor Fl. 700DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 6 da operação, ao passo que, na segunda, as holdings ocupariam essa posição; 14. pela natureza do negócio celebrado com o UBS Brasil, optouse pela extinção das holdings antes da realização do negócio; 15. como é comum em vendas de instituições financeiras com as características do Banco Pactual, seus principais acionistas assumiram obrigações de caráter personalíssimo, como a de não competirem com a sociedade vendida e mesmo de nela continuarem atuando até que seu fundo de comércio tenha se consolidado após a transferência de seu controle acionário; 16. nada mais lógico que eles fossem parte no negócio e não meros intervenientes 17 o caminho trilhado pelos controladores para se tornarem vendedores do Banco Pactual foi o mais lógico, rápido e econômico possível e o acréscimo de custo de seus investimentos é mera consequência da aplicação das normas em vigor; 18. entre as diversas variantes que poderiam ser adotadas para fazer com que os controladores figurassem como vendedores, tais como: i) a liquidação das holdings com a entrega dos ativos (no que se incluiriam as ações do Banco Pactual) aos controladores em devolução do capital; ii) a redução do capital das holdings, mediante entrega dos investimentos no Banco Pactual aos controladores; iii) incorporações diretas ou tradicionais, cujos inconvenientes são enormes, ressaltando que a incorporação de um banco como o Pactual por outra empresa, sobretudo uma que não seja instituição financeira, seria extremamente complexa e onerosa; iv) a venda, pelos controladores, de investimentos diretos nas holdings, hipótese em que seria desnecessária qualquer reestruturação societária prévia; a última variante disponível, a incorporação reversa das holdings pelo Banco Pactual, sem dúvida, era a mais conveniente do ponto de vista prático, operacional, negocial e fiscal; 19. desde que o art. 8° da Lei n° 9.532, de 10/12/1997, definiu os efeitos fiscais das incorporações inversas, as incorporações de holdings têm sido a primeira opção para a eliminação de empresas cuja existência se torna desnecessária; 20. não procede, assim, a alegação de que a opção pelas incorporações inversas consistiu em um artifício motivado exclusivamente pela economia fiscal; 21. nas incorporações, a incorporadora recebe um conjunto patrimonial (bens, direitos e obrigações) e “paga” aos acionistas da incorporada pelo mesmo, em ações representativas de aumento de seu capital; 22. não se apuram resultados na substituição de ações da incorporada por ações da incorporadora e, por essa razão, as ações da incorporadora recebidas pelos acionistas da incorporada têm o mesmo custo de seus investimentos na incorporada, declarados extintos na incorporação; Fl. 701DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 5 7 23. a incorporação das holdings pelo Banco Pactual é um exemplo de incorporação “inversa” ou “reversa”, na qual a investida (Banco Pactual) sucede as investidoras (as holdings) em todos os seus bens, direitos e obrigações, dentre os quais figuram os investimentos da investidora/incorporada na investida/incorporadora, cabendo à investida/incorporadora aumentar seu capital social e entregar as ações representativas desse aumento aos acionistas da investidora/incorporada; 24. contudo, a investida/incorporadora passa a ter ações representativas de seu próprio capital social, que são canceladas no próprio ato ou, opcionalmente, mantidas em tesouraria, na hipótese de a investida dispor de lucros ou reservas suficientes à subsistência das ações; 25. ocorre, assim, um aumento de capital (para a emissão de ações destinadas aos acionistas da investidora/incorporada) e uma subsequente redução do capital para cancelamento das ações representativas do próprio capital da investida, caso a mesma não possa ou não queira mantêlas em tesouraria; 26. o conjunto patrimonial destinado à realização do aumento de capital corresponde à diferença entre o valor dos ativos e das obrigações da incorporada, isto é, ao seu patrimônio líquido; 27. a parcela do patrimônio líquido da incorporada, representada por lucros ou reservas de lucro, por exemplo, transformase em capital da incorporadora no processo de incorporação e, por essa razão, é indiferente que, antes da incorporação, os lucros da incorporada sejam ou não capitalizados; 28. a automática conversão de todas as contas do patrimônio líquido da incorporada em capital da incorporadora é reconhecida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e até mesmo pelo fisco; 29. não fosse a distribuição e capitalização prévia de lucros, a incorporação faria com que as quotas da incorporadora (Pactual S/A.), destinadas aos quotistas da Nova Pactual Participações Ltda em substituição de suas participações na mesma, fossemlhes atribuídas na proporção do capital social, fazendo com que os lucros acumulados até então fossem distribuídos também nesta proporção; 30. em vista disto, os lucros de Nova Pactual Participações foram distribuídos em bases desproporcionais e reaplicados na empresa, acertando as participações dos acionistas no patrimônio líquido antes da incorporação; 31. tal assertiva é comprovada pela simples análise da capitalização de lucros de Nova Pactual Participações, realizada nos termos de sua 4a Alteração Contratual, datada de 13/10/2006 oportunidade em que o capital de Nova Pactual foi aumentado em R$ 686.000.000,00, mediante a conversão de Fl. 702DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 8 créditos detidos por seus quotistas, créditos estes decorrentes do direito ao recebimento de lucros; 32. esta foi, portanto, a razão de a capitalização de lucros de Nova Pactual Participações ter sido expressa e não mera decorrência de sua incorporação por Pactual; 33. a legislação do Imposto de Renda determina, no art. 130, §1º e art. 135 do RIR, que o custo de aquisição de ações ou quotas de titularidade de uma pessoa física corresponde ao custo original do investimento acrescido do montante dos lucros ou reservas de lucros capitalizados; 34. nas incorporações inversas, se, por um lado, os acionistas da incorporadora recebem ações da incorporada por custo idêntico ao das ações da incorporadora, por outro lado, ocorre a capitalização de lucros ou reservas eventualmente existentes na incorporada e o novo custo de aquisição das ações dos acionistas da incorporada passa a corresponder ao valor original de seu investimento acrescido do montante dos lucros e reservas de lucros da incorporada; 35. no caso concreto, a capitalização de lucros e reservas de lucros das holdings foi deliberada antes da incorporação, mas a capitalização existiria independentemente desta deliberação; 36. o ajuste de custo do valor dos investimentos se verificaria, quer houvesse deliberação expressa específica no sentido da capitalização dos lucros das holdings, como houve, quer não; 37. a legislação em vigor prevê que a capitalização dos lucros gera acréscimo de custo para os acionistas pessoas físicas, sem cogitar da natureza do lucro; 38. quer a capitalização dos lucros das holdings tivesse resultado de deliberação específica, quer houvesse ocorrido no processo de incorporação, seus sócios ou acionistas eram os vendedores e, dentre eles, estava o impugnante e, assim, o ajuste do custo dos seus investimentos decorre da aplicação da lei, não havendo como rejeitálo; 39. a opção de eliminaremse as holdings mediante incorporações reversas era o caminho lógico, natural e admitido por lei para viabilizar a venda das ações do Banco Pactual pelos controladores e o aumento de custo das ações do impugnante foi mera consequência da adoção dessa opção legítima e essencial aos negócios; 40. ainda que a majoração dos investimentos do impugnante no Banco Pactual seja em montante superior aos lucros auferidos pelo próprio Banco e que esta seja encarada como uma distorção, ela resulta da aplicação das normas societárias em vigor; 41. não se pode esperar que o contribuinte deixe de aplicar a lei em razão de a mesma lhe favorecer, pela peculiaridade de determinada situação; por outro lado, o fisco também não pode deixar de aplicála por considerar que ela beneficia indevidamente o contribuinte; Fl. 703DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 6 9 42. as distorções decorrentes da aplicação do método de equivalência patrimonial ocorrem não só nas hipóteses de incorporações reversas, mas também em outras situações; 43. o 1º Conselho de Contribuintes já decidiu que “a existência de falhas na legislação” não pode ser suprimida pelo julgador, ou, ainda, que “não cabe à autoridade fiscal ignorar o preceito representativo da vontade do legislador”; 44. as distorções que ocorrem devem ser corrigidas por quem tem competência para isso, o legislador, estando o intérprete e o aplicador da lei adstritos aos seus termos, não lhes cabendo deixar de aplicála por considerar que deveria ter tratado de forma diversa uma situação específica; 45. ao afirmar que o impugnante deveria ter baixado uma parcela do custo de aquisição de seus investimentos quando ocorreu a incorporação reversa das holdings do Grupo Pactual, a fiscalização quer impor a adoção de procedimento sem base legal e sequer previsto em norma editada pela Receita Federal do Brasil; 46. além disso, faltaria até lógica a esse procedimento, pois, ao fazêlo, a venda do investimento após a incorporação reversa (e redução de custo) importaria no reconhecimento de injustificável ganho de capital; 47. o impugnante tinha investimentos direitos na Nova Pactual Participações e a realização de aumento de capital dessa empresa propiciou um aumento de custo de R$8.177.624,00; 48. por outro lado, após a incorporação da Nova Pactual Participações pela Pactual S/A ocorreu um aumento de capital dessa última, que proporcionou ao impugnante um acréscimo de custo no montante de R$ 6.474.568,00, sendo que o auto de infração desconsidera o acréscimo de custo decorrente do segundo aumento de capital, ou seja, o de menor valor; 49. por coerência com o que consta do auto de infração, se alguma parcela de custo tivesse que ser desconsiderada, seria a decorrente do aumento de capital da Pactual S/A e não da Nova Pactual Participações uma vez que: i) o aumento vinculado à esta última empresa é resultante da utilização de lucros nela existentes e o impugnante tinha investimentos diretos na empresa; e ii) esse aumento de custo teria ocorrido mesmo na hipótese da empresa Nova Pactual Participações (a investidora) ter incorporado a Pactual S/A (a investida), dentro do que seria o “padrão normal” destas operações, conforme sustenta o auto de infração; 50. o art. 167, §1º, inciso I, do Código Civil contempla situação em que pessoas sem qualquer interesse real (as chamadas interpostas pessoas) participam de negócios jurídicos com o único objetivo de ocultar um de seus verdadeiros participantes; Fl. 704DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 10 51. no caso concreto, não houve simulação por interposição de pessoa, pois em nenhum momento aparentouse conferir direitos a pessoa distinta com o objetivo de ocultar a que efetivamente os recebeu, não tendo havido em qualquer etapa da reestruturação a interposição de parte oculta; 52. a alienação do Banco Pactual foi celebrada entre seus proprietários e o UBS Brasil, tendo a reestruturação sido feita às claras para viabilizar a negociação das ações do Banco Pactual diretamente pelos controladores e, nesse particular, ela não foi contestada; 53. os bens transferidos aos controladores foram ações do Banco Pactual e não direitos caracterizados pela majoração artificial do custo de aquisição das ações alienadas do Banco Pactual S/A; 54. ainda que a legislação vedasse a elevação dos custos do investimento do impugnante, a reestruturação teria ocorrido exatamente da mesma forma que ocorreu, pois ela representava a maneira mais rápida e econômica de viabilizar o negócio; 55. de acordo com a maior parte dos precedentes do 1º CC, a caracterização de simulação por interposta pessoa, prevista no art. 167, §1º, do CC/02, verificase quando direitos são entregues a pessoas que não são seus verdadeiros proprietários e sequer têm ingerência sobre eles; 56. o art. 116, § único, do CTN é inaplicável, seja porque ele não se destina ao combate de atos simulados, seja porque ele é ainda ineficaz, por não ter sido regulamentado; 57. o referido dispositivo não é autoaplicável e o próprio texto faz referência aos “procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”, sem os quais o referido dispositivo não produz efeitos; 58. a fiscalização não lançou a multa agravada com base na ocorrência de simulação, a qual foi suscitada no TVF unicamente para justificar a aplicação do art. 116, § único do CTN; 59. todavia, se este tivesse sido o caso, a inaplicabilidade da multa já teria restado plenamente comprovada, pois, conforme visto, não houve qualquer ato simulado na reestruturação; 60. o fato de o TVF indicar a existência cumulativa de simulação, sonegação, fraude e conluio é um fortíssimo indício de que a fiscalização não se preocupou em comprovar suas alegações, optando por mencionar todas as patologias que lhe ocorreram; 61. tal procedimento contraria a jurisprudência pacífica do CARF e da CSRF, que em numerosos julgados têm decidido que a aplicação da multa agravada está condicionada à comprovação, por parte do fisco, da existência de “evidente intuito de fraude do sujeito passivo”; Fl. 705DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 7 11 62. diante do exposto, fica evidente que não se verificaram, no caso concreto, os pressupostos da aplicação da multa de 150%, razão pela qual a cobrança da mesma é improcedente; 63. é descabida a incidência de juros sobre a multa porque isso implicaria numa indireta majoração da própria penalidade e não se pode falar em mora na exigência de multa; 64. à vista do exposto, requer que seja julgado improcedente o auto de infração, com a consequente extinção do crédito tributário dele decorrente. Para fins de instrução processual, o contribuinte juntou aos autos, entre outros, os documentos de fls. 438/565. A 16ª Turma da DRJ em São Paulo/SPI julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: ENQUADRAMENTO LEGAL GENÉRICO. O fato de constar do auto de infração vários dispositivos legais concernentes a aspectos gerais relativos à tributação dos rendimentos de ganho de capital não macula o lançamento, quando restar caracterizado que não houve prejuízo ao contribuinte, seja porque a descrição da infração lhe possibilita ampla defesa, seja porque a impugnação apresentada revela pleno conhecimento da infração imputada. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. VALIDADE. Só é considerado válido o planejamento tributário, conjunto de medidas e atos adotados pelo contribuinte na organização de sua vida econômicofiscal, se este anteceder o fato gerador e pautarse pela legalidade, com o afastamento de qualquer forma de simulação em relação aos atos e negócios praticados. OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. INCORPORAÇÕES REVERSAS. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. SIMULAÇÃO. OPERAÇÕES ESTRUTURADAS EM SEQUÊNCIA. O fato de cada uma das transações dentro do grupo societário, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando restar comprovada a simulação, visto que, por trás da verdade declarada, uma aparente reorganização societária representada por um conjunto de alterações contratuais, existia uma outra Fl. 706DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 12 verdade, qual seja, a majoração artificial do custo das ações do acionista pessoa física e a obtenção de benefícios fiscais, que, de outra forma, não poderiam ser alcançados. MULTA QUALIFICADA. É cabível, por disposição literal de lei, a incidência de multa de ofício sobre o valor do imposto apurado em procedimento de ofício, que deverá ser exigida juntamente com o imposto não pago espontaneamente pelo contribuinte, independentemente do motivo determinante da falta. No caso em exame, tendo sido comprovado o intento doloso do contribuinte de reduzir indevidamente sua base de cálculo, a fim de se eximir do pagamento do imposto devido, cabível é a aplicação da multa qualificada. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Considerando que a multa de ofício é classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é correta a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de ofício não pagos, a partir de seu vencimento. Impugnação Improcedente O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 11/10/2012 (fl. 605) e, em 05/11/2012, interpôs o recurso de fls. 608/657, sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos postos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade. Cuida o presente lançamento de omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa, relativamente a fatos ocorridos nos anoscalendário 2006 e 2009. Como visto do relatório, cingese a controvérsia na regularidade do procedimento adotado pelo recorrente para a apuração do custo de aquisição das ações do Banco Pactual que foram alienadas a UBS Brasil. Em seu apelo, defende o contribuinte a higidez da operação alegando que o Grupo Pactual era composto por diversas holdings constituídas há mais de dez anos, cujo objetivo era organizar o controle do Banco, quando sequer cogitavam alienar seus investimentos. Afirma que as incorporações de holdings tem sido a opção para a eliminação de empresas cuja existência se torna desnecessária, conforme dispõe o art. 8º da Lei 9.532/1997. Assegura que é inaplicável o art. 116, parágrafo único, do CTN, já que a validade do método encontra respaldo no art. 135 do RIR/1999. Por fim, assevera que “... o caminho trilhado pelos controladores para se tornarem vendedores do Banco Pactual foi o mais lógico, rápido e Fl. 707DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 8 13 econômico possível e o acréscimo de custo de seus investimentos é mera consequência da aplicação das normas em vigor”. Pois bem, para o deslinde da controvérsia, cumpre reproduzir, de antemão, trecho do Termo de Verificação Fiscal (fls. 322/341) e Termo de ReRatificação Fiscal (fls. 352/374): Ao observarmos, os negócios perpetrados pelo "GRUPO PACTUAL", entre os dias 13.10.06 e 01.12.06, verificamos de pronto o seguinte padrão: o aumento de capital em uma determinada empresa, através de créditos detidos por seus sócios pessoas físicas, e sua subseqüente incorporação em outra empresa que, por sua vez, sofrerá novo aumento de capital e nova incorporação. E, ainda, que os ativos das empresas incorporadas se constituíam quase que integralmente, ou integralmente no último caso, do investimento na incorporadora. Através dessa manobra o Contribuinte promoveu, em 2006, um aumento do Custo de Aquisição de sua participação no "BANCO" de incríveis 695,43%, (que passou de R$ 2.098.285,20 para R$ 16.690.444,70), enquanto que no mesmo período o patrimônio líquido do "BANCO" experimentou um aumento de 84,45% (de R$ 625.223.115.04, conforme informado em sua DIPJ, para R$ 1.153.225.211,81 na data da alienação, conforme fl. 82 de seu balancete analítico, anexa). Essas incorporações, não seguiram o padrão normal que é aquele onde a investidora incorpora a investida, mas o inverso, onde as investidas incorporam suas investidoras em operações conhecidas como incorporações reversas. Não há obste legal que impeça os contribuintes de optar por qualquer uma das formas de incorporação, sendo que é comum a utilização da forma reversa em alguns planejamentos tributários com objetivo de se aproveitar o prejuízo fiscal da incorporadora, o que não seria possível através da forma tradicional devido à expressa vedação imposta pelo art. 514 do RIR/99.(1) A par da licitude da vontade e realidade dos atos societários examinados que permearam a reorganização societária quanto a sua adequada cronologia, execução e tempestividade de arquivamento no registro de comércio, no presente caso essas capitalizações seguidas das incorporações reversas serviram, como se demonstrará a seguir, para á elevação indevida do custo da participação que o Contribuinte possuía no "BANCO", reduzindo assim o valor do Ganho de Capital na posterior alienação dessa participação e conseqüentemente o valor do imposto devido. (...) Procurar dar outra conotação ao art.135 do RIR/99 seria presumir que o mesmo tenha pretendido extinguir a figura do Ganho de Capital e por decorrência á sua tributação, uma vez Fl. 708DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 14 que, como foi visto acima, o seu valor ficaria exclusivamente a critério do contribuinte que poderia inclusive transformálo em prejuízo. IV.i Operação Simulada Pretendeuse simular, através das operações acima descritas, que o Custo, de aquisição da participação societária detida pelo CONTRIBUINTE junto ao BANCO PACTUAL S/A e alienada a UBS BRASIL PARTICIPAÇÕES LTDA. Expurgandose o acréscimo promovido pelo contribuinte no custo de aquisição de suas ações, em razão da capitalização da "PARTICIPAÇÕES", no valor de R$ 8.117.624,00, encontraremos o correto valor do custo de aquisição das ações alienadas que somam R$ 8.572.820,70 (R$ 16.690.444,70 R$ 8.117.624,00). (...) VIICONCLUSÃO Antes de concluir a venda de sua participação no Banco Pactual S/A à UBS Brasil Participações Ltda., o Contribuinte elevou indevidamente o custo de aquisição dessa participação através dos artifícios contábeis, acima detalhados, que, resumidamente consistiram, na elevação do capital em empresas investidoras, via equivalência patrimonial com as empresas investidas e a quase simultânea incorporação reversa daquelas por estas últimas. Com isto, a cada incorporação realizada, o Contribuinte aumentava o custo da participação que intencionava vender e assim, subtrair parte do ganho de capital que ocorreria na alienação. Entretanto, os aumentos de capital promovidos pelo Sr. Evandro Luiz de Almeida Pereira e utilizados como justificativa para esses aumentos de custo tiveram por gênese um único fato econômico: o Lucro obtido pelo Banco Pactual S/A, os demais aumentos de custo foram efetuados destituídos de qualquer amparo material e econômico. Pretendeuse, aumentar o custo do Banco Pactual não através de recursos, mas através de reflexos/imagens de recursos. Do exposto, verificase que o recorrente aumentou o custo de aquisição de sua participação, por meio de artifícios contábeis que tiveram como única origem o lucro obtido pelo Banco Pactual S/A. Na verdade, a mesma riqueza representou aumento do custo de aquisição mais de uma vez, reduzindo, dessa feita, o ganho de capital e, por consequência, o pagamento do imposto de renda devido. Como bem pontuou o recorrente, não há qualquer impedimento à utilização do art. 135 do RIR/1999 para computar no custo de aquisição os lucros ou reservas de lucros oriundos do aumento de capital ou incorporação dos resultados apurados pela sociedade, contudo, uma vez utilizados os lucros e reservas de capital, não é plausível que eles possam lastrear nova operação, já que, no caso dos autos, não houve geração de lucros autônomos e independentes nas sociedades investidoras. O método de equivalência patrimonial consiste em atualizar o valor contábil do investimento ao valor equivalente à participação societária da sociedade investidora no patrimônio líquido da sociedade investida. Portanto, o contribuinte pode promover o acréscimo Fl. 709DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 9 15 ao custo de aquisição de investimento por meio da capitalização de lucros ou reserva de lucros, mesmo que esses tenham sido apurados única e exclusivamente com base em resultados decorrentes da aplicação do método de equivalência patrimonial. Entretanto, in casu, houve o aumento do custo de aquisição pelo efeito multiplicativo dos resultados do Banco Pactual, evidenciando, repisese, a elevação artificial do custo de alienação das ações, conforme se infere da comparação do aumento do patrimônio líquido do Banco Pactual no período de 31/12/2005 a 31/11/2006 ao acréscimo do custo de aquisição das ações do contribuinte no mesmo período. Com efeito, não é dado ao contribuinte criar determinada situação para se encaixilhar na situação legalmente prevista, ou seja, proceder a uma interpretação jurídica da norma descasada com seu aspecto econômico. O fato de cada uma das transações isoladamente e do ponto de vista formal ostentar legalidade, não garante a legitimidade, perante o fisco, do conjunto de operações, quando fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio. O princípio da liberdade de autoorganização, mitigado que foi pelos princípios constitucionais da isonomia tributária e da capacidade contributiva, não mais endossa a prática desses atos. Concluise, pois, que o recorrente majorou artificialmente o custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, já que seu propósito era de fato reduzir o montante de seu ganho de capital e consequente imposto incidente sobre essa alienação. Essa premissa fica mais evidente quando se constata que os aumentos de capital tiveram origem em um único fato econômico, o lucro obtido pelo Banco Pactual S/A, sendo que os demais aumentos de custo foram destituídos de qualquer amparo material e econômico. Em decisões semelhantes, envolvendo outros sócios/acionistas, o CARF reiteradamente posicionouse no sentido da ilegitimidade da majoração artificial do custo de aquisição, consoante se observa das ementas transcritas: OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202002.165) .... OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Fl. 710DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 16 Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202002.428) .... GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE AÇÕES. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS REFLETIDOS NAS HOLDINGS. MAJORAÇÃO ARTIFICIAL DO CUSTO DE AQUISIÇÃO. Na incorporação societária é indevida a majoração do custo de aquisição na capitalização de lucros ou reservas de lucros apurados pela empresa investidora (operacional) refletidos nas investidas (holdings), apurados pelo Método de Equivalência Patrimonial, por se tratar de serem os mesmos lucros refletidos da investidora e das investidas holdings. (Acórdão n° 2201002.196) .... OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítido inobsevância do Principio da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202002.167) .... OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítido inobsevância do Principio da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202002.166) Quanto à alegação de erro na base de cálculo, penso que não tem passagem, já que a autoridade fiscal identificou corretamente a base de cálculo, conforme o valor de cotas Fl. 711DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 10 17 apontadas pelo próprio recorrente em sua declaração de ajuste anual, tendo, inclusive, compensado o valor tempestivamente recolhido pelo contribuinte (fls. 371/372). Portanto, correto o procedimento adotado pela fiscalização de se expurgar o efeito das seguidas capitalizações nas participações, tendo em vista que a operação implicaria em capitalização duplicada, e sem fundamentação econômica. No que tange à multa qualificada, entendeu a autoridade autuante que a forma utilizada pelo contribuinte para a implementação da alienação de sua participação societária demonstra, inequivocamente, a intenção de impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária das circunstâncias materiais do fato gerador, configurandose a sonegação definida no art. 71 da Lei n° 4.502/1964. Com a devida vênia, entendo que a operação praticada pelo contribuinte foi determinante para a apuração da omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas, contudo, penso que não pode ser indicativo de evidente intuito de fraude. A propósito, valho me dos bem lançados fundamentos do Conselheiro Nelson Mallmann quando discorreu sobre o evidente intuito de fraude no Acórdão nº: 10421.480, de 23 de março de 2006: O evidente intuito de fraude floresce nos casos típicos de adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc., A existência de correntes doutrinárias divergentes, bem como de precedentes jurisprudenciais favoráveis ao negócio jurídico praticado pelo contribuinte, demonstram, na verdade, uma hipótese de erro de proibição. Com efeito, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, quando se percebe dos autos a convicção do recorrente no sentido de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios. Nessa ordem de ideias, só posso concluir pela inaplicabilidade da multa de ofício qualificada, devendo a penalidade ser reduzida ao percentual de 75%. Por fim, os juros de mora sobre a multa são devidos em função do § 3º do art. 113 do CTN, já que tanto a multa quanto o tributo compõe o crédito tributário, sendo, portanto, aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. Esse entendimento está pacificado na CSRF: Acórdão nº 920201.806 e Acórdão nº 920201.991. Ressaltese que o próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a legalidade dos juros de mora sobre a multa de oficio (AgRg no REsp 1.1335.688/PR; REsp 1.129.990PR; REsp 834.681MG). Ante ao exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 712DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 18 Declaração de Voto Conselheira Nathália Mesquita Ceia. 1. Custo de Aquisição – Elemento formador da base de cálculo Ganho de capital é base de cálculo do imposto sobre a renda e consiste na diferença positiva entre o valor de venda e o custo de aquisição de investimento. Assim, como o custo de aquisição e o valor de venda são elementos formadores da base de cálculo, ambos devem ser devidamente definidos na norma tributária, com vistas a garantir a segurança jurídica e evitar critérios subjetivos e casuísticos. A definição do custo de aquisição não pode ser entendida como um conceito aberto, sujeito a interpretações subjetivas e casuísticas. Por se tratar de elemento formador da base de cálculo do tributo sua definição deve ser clara e objetiva. No caso em questão, a discussão se trava quanto à possibilidade de incremento do custo de aquisição do investimento detido pelo Recorrente, especialmente em face da capitalização de lucros/reserva de lucros resultantes única e exclusivamente de equivalência patrimonial. Logo, tratase de tema que impacta a base de cálculo do imposto de renda. A norma tributária dispõe, no artigo 135 do RIR/99, como é definido o custo de aquisição do investimento quando da capitalização de lucros ou reserva de lucros, confira se: Custo de Participações Societárias Adquiridas com Incorporação de Lucros e Reservas Art. 135. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital ou incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista (Lei nº 9.249, de 1995, art.10, parágrafo único). Fl. 713DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 11 19 Logo, percebese que a definição do custo de aquisição encontrase prevista em lei e, portanto, não cabe definição casuística. O dispositivo em questão goza de caráter genérico e deve ser aplicado de forma indistinta a todos os fatos que se enquadrem na sua disposição. No caso em apreço, tanto a fiscalização quanto o Recorrente não discordam que o referido dispositivo legal se aplica, porém não há concordância acerca da interpretação do dispositivo legal. Se por um lado a autoridade tributária entende que é a capitalização de lucros ou reserva de lucros resultantes única e exclusivamente de equivalência patrimonial representa a mesma riqueza e, portanto apenas passível de incrementar o custo de aquisição do investimento uma única vez, por outro lado o Recorrente entende que não há vedação legal para se proceder ao incremento do custo de aquisição do investimento em face lucros ou reserva de lucros oriundos de equivalência patrimonial. Em face das interpretações apresentadas, a lei faculta ao contribuinte o acréscimo ao custo de aquisição de investimento a capitalização de lucros ou reserva de lucros, mesmo que esses tenham sido apurados única e exclusivamente com base em resultado de equivalência patrimonial. Isso porque não há dispositivo legal que impeça o incremento do custo de aquisição com base em resultados oriundos de equivalência patrimonial e como mencionado anteriormente por ser elemento formador da base de cálculo do imposto sobre a renda, a definição do custo de aquisição deve ser clara e objetivamente determinada, não sendo possíveis interpretações que se afastem do caráter objetivo da norma. Logo, onde o legislador não restringiu não cabe ao intérprete fazêlo. Assim, procedeu de forma correta o Recorrente ao acrescer ao custo de aquisição do investimento as capitalizações de lucro e reservas de lucros oriundos de resultados única e exclusivamente apurados com base em equivalência patrimonial. Porém, esse não é o único argumento pelo qual o auto de infração não deve ser mantido. A diferenciação entre os efeitos econômicos e jurídicos para fins tributários também é de importante análise para esses fins. 2. Tributação Jurídica x Econômica Sob a alegação que a capitalização de lucros e reserva de lucros resultantes de equivalência patrimonial não deve ser considerada para fins de aumento do custo de aquisição, a fiscalização pretende reduzir o custo de aquisição do Recorrente utilizado para apurar o ganho de capital na venda do investimento. Fl. 714DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 20 O lucro resultante de equivalência patrimonial nada mais é que a riqueza auferida pela investida (Banco Pactual) refletida nos registros contábeis das investidoras (holdings). Assim, no entendimento da fiscalização, permitir que o custo de aquisição seja aumentado em face da capitalização de lucros oriundos de equivalência patrimonial, seria permitir que a mesma riqueza representasse aumento do custo de aquisição mais de uma vez, fato que acaba por refletir na apuração do ganho de capital e, por consequência, em pagamento a menor de tributo. Sob a ótica econômica, é certo que o lucro da investida é refletido no lucro da investidora por equivalência patrimonial e se isolarmos esse fato e apenas pensarmos economicamente, chegamos à conclusão que é a mesma riqueza e de o fato é. A partir desse raciocínio que a autoridade tributária desconsidera parte dos lucros capitalizados, pois já que é economicamente a mesma riqueza, não poderiam aumentar o custo de aquisição (elemento integrante da base de cálculo do ganho de capital) duplamente. Porém, os efeitos econômicos não devem ser utilizados para exigir indistintamente a tributação, especialmente quando há norma formal expressa sobre o tema. A tributação econômica ocorre diariamente e não deve ser tomada como base para fins de cobrança de imposto ou para fins de nãopagamento de imposto. Para tanto devemos considerar a tributação jurídica, aquela prescrita nas normas tributárias que garantem aos jurisdicionados a segurança jurídica. Proponho um exercício sob outra perspectiva, qual seja, quando o contribuinte, sob a ótica econômica, paga duas vezes tributo sobre a mesma riqueza. Imaginemos um profissional assalariado que recebe mensalmente seu ordenado e é descontado na fonte o imposto de renda. Tal profissional recebe seu rendimento líquido de imposto e contrata os serviços de um arquiteto para reformar sua residência. Pois bem. O profissional assalariado remunera o arquiteto pelos serviços prestados e o arquiteto, por também ser contribuinte do imposto de renda, deve recolher imposto sobre esse rendimento auferido. Percebase que sob a ótica econômica tratase do mesmo rendimento, qual seja da mesma riqueza (salário e honorários do arquiteto). Porém, não há possibilidade de o arquiteto não pagar imposto de renda sobre o rendimento auferido sob a alegação que se trata de riqueza economicamente já tributada no nível do profissional assalariado. Isso porque o ordenamento jurídico brasileiro é pautado na tributação jurídica da renda e não em sua tributação econômica. Devese tributar aquilo que a lei prescreve como tributável, independente do efeito econômico. Fl. 715DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 12 21 Assim, não se pode sob o pretexto de uma tributação econômica desconsiderar por completo a legislação posta. A tributação não pode ser decidida casuisticamente e com base em critérios econômicos, aritméticos ou matemáticos como defende a fiscalização. A tributação deve observar a norma legal, mesmo que essa por algumas vezes, não se coadune de forma perfeita com a realidade econômica dos fatos. Desta forma, tendo em vista que a presente autuação é exclusivamente baseada em critérios econômicos, entendo que o auto de infração não deve prosperar. 3. Afastamento da multa de ofício qualificada A fiscalização entende aplicável multa de ofício qualificada por restar caracterizado o evidente intuito de fraude do Recorrente no sentido de impedir ou retardar, total ou parcialmente a ocorrência do fato gerador do imposto de renda ou a excluir ou modificar as suas características essenciais Com vistas a respaldar o entendimento acima, a fiscalização elenca uma série de condutas do Recorrente e dos exacionistas do Grupo Pactual. Vejamos a seguir os argumentos levantados pela fiscalização e o contraponto do Recorrente. 3.1. Estrutura do Grupo Pactual em holdings A estrutura societária do Grupo Pactual com holdings já existia antes do processo de venda. Era a forma societária pela qual o Grupo executava suas atividades. De acordo com o apresentado pelo Recorrente, a referida estrutura vale por uma questão de assegurar a divisão da gestão e controle do Grupo, bem como para repartir os lucros em face dos acionistas que mais contribuíram para alcançar resultado, com base no sistema da meritocracia. Ou seja, aqueles acionistas que gerem melhor suas áreas de atuação recebem mais retorno financeiro. A estrutura da forma que se encontra é validamente aceitável perante o ordenamento jurídico brasileiro e atinge aos objetivos a que se propõe. Ou melhor, a estrutura de holding não foi criada para fins de planejamento tributário. Assim, a argumentação no sentido de que a estrutura societária com holdings objetiva redução do pagamento de imposto devido em face da operação de alienação não pode ser acatada, pois a estrutura de holdings apresentada pelo Grupo existe muito antes de se cogitar a venda do Banco Pactual, bem como a estrutura apresenta propósito jurídico válido, ou seja, organizar não apenas a divisão do controle e gestão do Grupo Pactual, mas também repartir os resultados de forma meritória entre aos acionistas. Fl. 716DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 22 3.2. Incorporação inversa A fiscalização entende que as incorporações inversas tiveram como único objetivo incrementar artificialmente o custo de aquisição do investimento detido pelo Recorrente. Argumentar que a incorporação inversa não seria o processo “normal”, parece uma limitação aquilo que o legislador não pretendeu limitar. Não há na lei processo normal ou alternativo à operação de incorporação. De acordo com o artigo 227 da Lei nº 6.404/76, temse que: A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Verificase da leitura do dispositivo legal que não há “processo normal” de incorporação. A incorporação é uma operação societária que visa absorção de sociedades com a sucessão de direitos e obrigações. Não há na lei menção há investidoras e investidas. A ilação da fiscalização busca conceder à operação um caráter escuso que essa não apresenta. O Recorrente argumenta que efetuar a reestruturação societária para fins de venda da forma que a fiscalização sugere é um processo mais gravoso, burocrático e demorado, além de por em risco negócios firmados pelo Banco Pactual, tendo em vista que nos contratos financeiros há cláusulas expressas que vedam a incorporação da instituição financeira por outra sociedade, cláusula que visa garantir a integridade do banco para seus credores. Ademais, a atividade financeira apresenta como principal característica a fidúcia, ou seja, seus clientes e credores devem ter a confiança que a instituição vai ali permanecer sem alterações substanciais. Logo, tendo em vista o fato concreto em questão, promover a reestruturação com a incorporação do Banco Pactual pela sua investidora acabaria por prejudicar as atividades do Banco e possivelmente influenciaria de forma negativa a operação de alienação. Além disso, a incorporação do Banco Pactual pela sua investidora, especialmente porque sua investidora não é qualificada como instituição financeira perante o Banco Central do Brasil, acabaria por acarretar necessidade de um tempo maior, com vistas a serem atendidos os requisitos regulatórios nacionais para que a investidora pudesse assumir as atividades do Banco Pactual. Portanto, não há ilícito na forma pela qual a reestruturação societária foi efetuada. Ilicitude haveria se tal reestruturação fosse realizada para dissimular ou fraudar o real objetivo das partes. São coerentes, razoáveis e justificáveis os fatos apresentados pelo Recorrente para justificar a reestruturação da forma que ocorreu. 3.3. Atos societários sucessivos Fl. 717DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 13 23 A fiscalização também se prende à questão dos atos societários terem sido praticados em curto espaço de tempo, fato que pode ser entendido como um planejamento ilícito. Como demonstrado pelo Recorrente, o fato dos atos societários terem sido praticados de forma sucessiva e em curto espaço de tempo decorrem única e exclusivamente do caráter negocial da operação. Ou melhor, os então acionistas do Grupo Pactual possuíam uma “janela de oportunidade” para alienar o Banco Pactual. Em face da oportunidade, os exacionistas se deparam com a condição do comprador que deseja apenas adquirir a unidade operacional do Grupo, qual seja, o Banco Pactual. Ao comprador não interessa a aquisição de uma estrutura de holdings que apenas faz sentido da forma que o Grupo Pactual era estruturado em face da sua multiplicidade de acionistas, sendo preciso um mecanismo societário eficaz que conseguisse alocar poder de decisão, gestão e repartição de resultados. Assim, em face da premência do fechamento do negócio, os vendedores envidam seus melhores esforços para que em um espaço de tempo reduzido apenas reste o Banco Pactual como ativo a ser alienado ao comprador. Daí, os atos societários terem sido realizados em curto espaço de tempo e quase que em dias sucessivos. Argumenta o Recorrente que a incorporação da investidora pela investida foi adotada como forma de extinção das holdings, pois era o procedimento mais célere e menos burocrático dentre todos os possíveis. Portanto, entendo que o fato de os atos societários das incorporações terem ocorrido de forma sucessiva e em curto espaço de tempo mantém total alinhamento com o objetivo dos negócios nos tempos atuais, qual seja, celeridade. Não resta comprovado haver intuito de fraude, abuso de direito ou simulação nos atos societários que foram praticados para fins de incorporação. Os mesmos observaram seus objetivos, quais sejam reduzir o Grupo Pactual a uma única empresa para venda e foram praticados em linha com o ordenamento jurídico pátrio. 3.4. Estratégia de alienação do investimento A fiscalização ainda no auto de infração buscou simular operações onde haveria pagamento a maior ou a menor de imposto. De fato, a operação adotada pelo Recorrente resulta no pagamento de menos imposto quando comparada a outra, porém ambas encontram respaldo na legislação, não há óbices ou ilícitos em adotar uma ou outra. Não pode a fiscalização exigir do contribuinte o comportamento que resulte em pagamento maior de tributos quando há alternativa lícita e legal que resulte em menos pagamento de tributo. Isso seria interferir na vontade, nas intenções, na vida privada dos contribuintes. Fl. 718DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 24 Desta forma, não pode a fiscalização impor ao contribuinte que efetue o negócio jurídico da forma que mais onerosa, especialmente quando a operação tem fundado propósito negocial, quer para fins civis quanto para fins comerciais e econômicos. 3.5. Abuso de direito, fraude ou simulação Apesar da argumentação da fiscalização no sentido de restar caracterizado abuso de direito fraude ou simulação, o caso não se trata de abuso de direito, mas sim de divergência de interpretação da norma. A norma pode ser interpretada de várias formas a depender do operador do direito que a esteja manejando. A interpretação literal e a interpretação teleológica são formas de interpretação aceitas pelo ordenamento jurídico pátrio e lançar mão de uma ou de outra para observar a norma não caracteriza de forma alguma abuso de direito. A fiscalização interpreta a letra e o espírito da norma sob o viés econômico, enquanto o contribuinte compreende o disposto na norma sob uma acepção jurídica. Interpretações antagônicas não caracterizam abuso de direito, mas sim divergência. E, quando há divergência de interpretação, cabe aos julgadores nortearem o melhor sentido para aplicação da norma. Ademais, não houve prestação de informação falsa pelo Recorrente, esse de fato ao elaborar o cálculo do ganho de capital entende estar aplicando a legislação fiscal vigente. O máximo que poderia ter ocorrido, e já afasto essa hipótese, seria um equívoco de interpretação legislativa do contribuinte. Logo, resta comprovado o propósito negocial da estrutura, não havendo que se ventilar simulação, fraude ou abuso de direito. Pelo contrário os atos praticados isoladamente, bem como os atos vistos dentro de um conjunto têm como objetivo a alienação do Banco Pactual ao comprador da forma mais célere e menos onerosa possível, dentro dos limites e ditames legais. Em resumo, pelos fatos e argumentos acima narrados, a aplicação de multa de ofício qualificada não condiz com a realidade fática e deve ser afastada. 4. Juros de Mora sobre a Multa de Ofício O Recorrente em antecipação já defende a não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada, em razão da ausência de respaldo legal, bem como se tratar de uma dupla penalização. A cobrança de juros sobre multa de oficio ocorre em face do Parecer MF nº. 28, de 02.04.1998, emitido pela Coordenação Geral do Sistema de Tributação (COSIT), cuja conclusão deixa exposto que: Fl. 719DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.720647/201141 Acórdão n.º 2201002.635 S2C2T1 Fl. 14 25 “O referido Parecer conclui, com base no disposto nos arts. 29 e 30 da Medida Provisória n. 1.62131, de 13.1.98, no art. 84 da Lei n. 8.981/95 e no art. 13 da Lei n. 9.065/95, que as multas de ofício, associadas a fatos geradores ocorridos até 21.12.94, que não tenham sido objeto de parcelamento requerido até 31.8.95, estão sujeitas à incidência de juros de mora, se recolhidas em atraso. Conclui, igualmente, com apoio no art. 61 e seu parágrafo 3º, da Lei n. 9.430/96, que, com relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1.1.97, incidirão juros moratórios sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições – inclusive, pois, relativos às multas de ofício não pagas nos respectivos vencimentos.” Contudo, essa conclusão parte de uma exegese equivocada, porquanto o art. 61 da Lei nº. 9.430/96 trata da possibilidade de cobrança de juros de mora sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, não havendo qualquer menção às multas de oficio, que não são espécie tributária, conforme previsão do art. 3º do Código Tributário Nacional. Assim, não é cabível a cobrança de juros de mora sobre a multa de oficio. NATHÁLIA MESQUITA CEIA “Declaração de Voto autêntica, porém sem possibilidade de assinatura eletrônica, por limitação tecnológica” Fl. 720DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por EDUARDO TADEU FARAH
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