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Numero do processo: 12689.000853/2009-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 10 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO - II
Data do fato gerador: 02/09/2009
PENALIDADE. TIPICIDADE. SUBSUNÇÃO DO FATO À NORMA. PUNIBILIDADE. IMPUTABILIDADE. DÚVIDA. INTERPRETAÇÃO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE.
A lei tributária que define infração e comina penalidade deve ser interpretada da maneira mais favorável ao contribuinte quando houver dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à imputabilidade, à punibilidade, à natureza da penalidade aplicável.
Recurso de Ofício Negado
Numero da decisão: 3102-01.251
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Ricardo Paulo Rosa
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TIPICIDADE. SUBSUNÇÃO DO FATO À NORMA. PUNIBILIDADE. IMPUTABILIDADE. DÚVIDA. INTERPRETAÇÃO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A lei tributária que define infração e comina penalidade deve ser interpretada da maneira mais favorável ao contribuinte quando houver dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à imputabilidade, à punibilidade, à natureza da penalidade aplicável. Recurso de Ofício Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Ricardo Paulo Rosa Relator. EDITADO EM: 23/11/2011 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes de Maya Gomes, Winderley Pereira, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Relatório Fl. 174DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 2 Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. O presente processo trata de Auto de Infração (AI) relacionado à multa proporcional ao valor da mercadoria estrangeira em situação irregular que fora consumida ou entregue a consumo, totalizando, quando de sua lavratura, um crédito tributário no valor de R$ 11.027.548,35. DO LANÇAMENTO A Autoridade Fiscal, quando da descrição dos fatos que levaram à lavratura do Auto de Infração em apreço, elaborou Relatório de Auditoria Fiscal afirmando, em síntese, que: em 12/08/2009 a Alfândega da Receita Federal do Brasil do Porto de Salvador apreendeu carga de procedência estrangeira (269.100 óculos de sol da marca AOLISE e 8.250 quadros diversos), originária da China, devido a constatação pela Auditoria Fiscal da RFB da tentativa de se promover a entrada clandestina (descaminho) de mercadoria estrangeira sob falsa declaração de conteúdo; as mercadorias se encontravam no contêiner n.° KHJU8407073, estando consignadas à empresa Lascan Brasil Comercial Ltda ME, CNPJ n° 64.645.674/000126. Ao serem desembarcadas no Porto de Salvador, permaneceram armazenadas dentro do citado contêiner, que foi depositado no recinto alfandegado da empresa TECON SALVADOR S.A (TECON), CNPJ 03.642.342/000101; “Após verificação física efetivada pela AuditoriaFiscal da RFB do Porto de Salvador, na presença de representante do Depositário, e a constatação da falsidade na declaração do conteúdo da carga, as mercadorias foram recolocadas no contêiner n.° KHJU8407073, o qual recebeu o lacre da RFB n.° A039641, permanecendo armazenado no TECON Salvador, tendo sido lavrado o Termo de Abertura de Volumes n° 02/2009 (doc.02). Dos dados colhidos no Sistema Mercante, responsável pelo registro e controle de cargas marítimas, verificase, através de consulta ao CEMercante n° 100905090368706 (doc.01), que a carga contida no contêiner n° KHJU8407073 foi descrita como ladrilhos e placas (lajes), para pavimentação ou revestimento, não vidrados nem esmaltados, de cerâmica; cubos, pastilhas e artigos semelhantes, com código de posição 6907 no Sistema Harmonizado Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).” (Destaques no original); em 20/08/2009, foi realizada uma retirada de amostra dos óculos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) para se proceder a realização de Perícia Técnica pela ABIOTICA Associação Brasileira de Produtos e Equipamentos Ópticos, no intuito de verificar a possibilidade de se tratar de contrafação. Na ocasião, foi lavrado o Termo de Retirada de Amostra nº 001/2009, bem assim foi colocado o novo lacre da RFB (n° A001272); em 02/09/2009, a AuditoriaFiscal da Alfândega do Porto de Salvador dirigiuse ao recinto alfandegado (TECON) para ratificar a contagem das mercadorias, com fito de promover a formalização do Termo de Apreensão e Guarda Fiscal. Na ocasião, estando acompanhada de preposto daquele recinto, constatou o rompimento do lacre RFB n° A001272 e o Fl. 175DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 2 3 desaparecimento de quase a totalidade da mercadoria apreendida, conforme teor do Termo de Ocorrências na Conferência Física de Mercadorias Apreendidas; em 10/09/2009, foi efetuada Vistoria Aduaneira no contêiner n° KHJU8407073 com a presença do AuditorFiscal da RFB Hermogens Costa dos Santos e do representante do depositário, quando constatouse o extravio de 238.500 unidades da mercadoria óculos de sol (NCM 9004.10.00), conforme Termo de Vistoria n° 003/SAVIG/2009; conforme o artigo 490 do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI), aprovado pelo Decreto nº 4.544/2002, a situação recém descrita estabelece multa igual ao valor comercial da mercadoria para o responsável pelo estabelecimento do qual tenha saído produto de procedência estrangeira sem que tenha havido registro da declaração da importação no Siscomex; o parágrafo 2o do artigo recém citado reduz a aplicação da penalidade em comento aos casos em que os produtos de procedência estrangeira sejam introduzidos clandestinamente no País. Ora, estando a mercadoria depositada em recinto alfandegado e ocorrendo seu extravio, conforme Termo de Ocorrências na Conferência Física de Mercadorias Apreendidas e Termo de Vistoria supracitados, concluise que ela saiu do controle aduaneiro e adentrou no território nacional, o que caracteriza sua introdução de forma clandestina no País; percebase que a mercadoria estava sob responsabilidade do TECON, que tinha obrigação de prover sua segurança aduaneira e não permitir sua saída do controle aduaneiro sem os devidos procedimentos legais; “Ressaltese que a presença da mercadoria no recinto já havia sido constatada pela fiscalização. Ao contrário de uma simples constatação de falta de volumes apurada em Vistoria Aduaneira para fins de definição de responsabilidades tributárias, neste caso as mercadorias extraviadas estavam sob procedimento fiscal e já haviam sido qualificadas e quantificadas pela Aduana. A situação foi agravada pela carga estar sujeita a pena de perdimento devido à falsa declaração de conteúdo constatada, conforme Termo de Ocorrências na Conferência Física de Mercadorias Apreendidas em anexo.” dada a função primordial da Aduana, que vai muito além da simples arrecadação tributária, vêse que a apuração das responsabilidades tributárias e o recolhimento dos impostos devidos na importação são insuficientes para sanear os danos causados pela introdução desta carga no mercado nacional. No caso, o responsável pelo recinto alfandegado, em descumprimento de sua responsabilidade legal, permitiu que produtos sob controle aduaneiro adentrassem o território nacional de forma irregular, permitindo “... que as referidas mercadorias atingissem o mercado interno, disponibilizandoas para consumo pela sociedade e causando danos irreparáveis às empresas regularmente constituídas que comercializam o mesmo tipo de produtos (sic) Fl. 176DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 4 e aos consumidores brasileiros, que estarão sujeitos a adquirir mercadorias que firam seus direitos de consumidores e de cidadãos”; verificandose que a conduta de importar óculos tentando passálos por ladrilhos configura fraude, nos termos do artigo 72 da Lei nº 4.502/64; e em obediência ao artigo 86, inciso I do Decreto nº 6.759/09 (Regulamento Aduaneiro), fazse necessária a determinação do preço da mercadoria por meio de arbitramento; após infrutíferas tentativas de se encontrar importações de mercadorias da mesma natureza e marca, para subsidiar o arbitramento, realizouse pesquisa na internet onde se encontrou o valor de US$ 10,99 para os óculos da marca AOLISE no sítio eletrônico www.sunshineblocker.com; demonstrando a razoabilidade do valor de US$ 10,99 que aqui se utilizará como base para o arbitramento, trazse à colação a Resolução n° 44/2007 da Câmara de Comércio Exterior, que estabelece a aplicação do direito antidumping sobre o valor de armações de óculos importados com valores igual ou inferior a US$10,00, indicando ser este o valor mínimo aceitável para importações brasileiras de armações de óculos: RESOLUÇÃO No 44 , DE 04 DE OUTUBRO DE 2007. O PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS DA CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR, no exercício da atribuição que lhe confere o § 3º do art. 5º do Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, com fundamento no que dispõe o inciso XV do art. 2º do mesmo diploma legal e tendo em vista o que consta nos autos do Processo MDIC/SECEX 52000.012438/200638, RESOLVE, ad referendum do Conselho: Art. 1o Aplicar direito antidumping definitivo, por um prazo de até 5 anos, nas importações brasileiras de armações de óculos, com ou sem lentes corretoras, classificadas nos itens 9003.11.00, 9003.19.10, 9003.19.90, 9004.90.10 e 9004.90.90 da Nomenclatura Comum do MERCOSUL NCM, originárias da República Popular da China, a ser recolhido sob a forma específica de US$270,56/kg (duzentos e setenta dólares estadunidenses e cinqüenta e seis centavos por quilograma), limitado às armações de óculos com preço CIF igual ou inferior a US$10,00 (dez dólares estadunidenses) por peça. Art. 2o Tornar públicos os fatos que justificaram esta decisão, conforme o Anexo a esta Resolução. Art. 3o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. tendo como base o preço de US$ 10,99 por óculos, rateando o frete proporcionalmente aos mesmos (não há informação sobre pagamento de seguro), e aplicando a taxa de câmbio do dia da Vistoria Aduaneira chegase a um valor unitário de R$ 20,07; para apurar o custo total do produto para seu importador, acrescentou se ao Valor Aduaneiro os tributos incidentes no comércio exterior (II – 20%; IPI – 15%; ICMS – 17%; Cofins – 7,6%; Pis – 1,65%), o que fez com que o valor da mercadoria chegasse RS$ 35,56; por fim, para se chegar ao valor de revenda da mercadoria, “...devem ser consideradas, ainda, outras despesas, tais como, armazenagem, tributos incidentes na revenda das mercadorias (IPI, ICMS), tributos incidentes sob o faturamento (Cofins, Pis) e outras despesas operacionais, assim como a margem de lucro do importador. Podemos definir, de forma conservadora, Fl. 177DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 3 5 que tais despesas e acréscimos devem ser, no mínimo, de 30%, chegando ao valor final de revenda de R$ 46,24”; multiplicandose esse valor pela quantidade de mercadorias extraviadas (238.500) chegouse ao montante de R$ 11.027.548,35, sendo esse o valor do total do crédito tributário a ser constituído em razão da multa aplicável ao responsável por dar causa a entrada no território nacional de mercadoria sem o registro de declaração de importação no Siscomex. DA IMPUGNAÇÃO Em 18 de setembro de 2009, o sujeito passivo foi cientificado deste lançamento, vindo a apresentar Impugnação no dia 19 de outubro do mesmo ano (fl. 37/84), na qual, além de trazer o teor do Relatório da Autuação, alegou, em síntese, que: o presente processo originase dos mesmos fatos dos processos de nos 10580.725147/200922, 12689.000850/200941 e 12689.000859/200952, pelo que se entende recomendável sejam examinados em conjunto; inicialmente cabe destacar que a Autuada não tem qualquer relação com a fraude na importação detectada, sendo que esta, como infração originária, foi esquecida pelo Fisco. Restando comprovada a introdução de mercadoria estrangeira no país sob falsa declaração, esta deve ser o objeto de apuração; a introdução ilegal de “mercadoria estrangeira (?)” se deu bem antes do desaparecimento da carga nas dependências da Autuada. Tal destaque se faz em virtude de sequer existir comprovação de que se trata de mercadoria original, ou mesmo estrangeira; com a chegada da mercadoria no Porto de Salvador, a Fiscalização da Alfândega, em operação especial, determinou o posicionamento do Container dentro do pátio da Autuada, realizando sua abertura com a presença de funcionário deste Terminal, mas sem qualquer representante da Importadora LASCAN, quando se apurou a divergência entre a mercadoria descarregada e a declarada nos documentos de transporte. Neste momento já se configurou a fraude na importação e a entrada irregular de “mercadoria estrangeira (?)” no território nacional. Assim, não resta dúvida de que a Autuada, no caso em análise, não cometera qualquer das infrações apontadas pela Fiscalização da Alfândega de Salvador; é fato que a Autuada é Depositária e Operadora Portuária, mas o container em questão sequer deveria ter sido armazenado nas dependências da Autuada, posto que não estava sob contrato para essa finalidade. Tal container estava sim destinado a outra empresa Depositária, localizada nas proximidades do TECON. Somente por determinação dos Fiscais da RFB o referido container, com a carga ilegal, fora redirecionado para as dependências da Impugnante, onde permaneceu inclusive após as averiguações realizadas; não cometeu qualquer fraude na importação, tampouco promoveu o ingresso ilegal de mercadoria estrangeira no território nacional. Deste modo, Fl. 178DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 6 não se pode inserila no contexto a que se refere o art. 72, da Lei n° 4.502, de 30/11/1064; “...de forma irregular e ilegal, pretendese impor ao TECON, colocado como Depositário da referida carga em uma situação especial, sem que para isso houvesse qualquer contrato, tampouco a contrapartida (pagamento) pelo serviço extra que lhe foi atribuído, pesados ônus, que vão desde a exigência de diversos tributos que incidiriam sobre uma importação regular, como também a pesada penalidade estampada no presente Auto de Infração.”; não cabe a aplicação da legislação relacionada ao IPI em relação à Autuada, na qualidade de Depositária e Operadora Portuária; “Quando a legislação (RIPI) determina que incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria, ou ao que lhe é atribuído em nota fiscal, os que entregarem ao consumo, ou que consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País, ou importado irregular ou fraudulentamente, ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação no SISCOMEX, salvo se estiver dispensado do registro, ou desacompanhado de Guia de Licitação ou Nota Fiscal, conforme o caso (Lei 4.502/64, art. 83 e D.Lei n° 400/68, art. Io, alteração 2a.), evidentemente que está se referindo aos contribuintes do IPI e não ao depositário, ou operador portuário, ou qualquer outro, que não industrializam mercadoria alguma e que, por isto mesmo, não disponham de estabelecimento industrial.”; não há dúvida de que a norma, ao falar: "...que tenham entrado no estabelecimento..." está tratando de "Estabelecimento Industrial", que em nenhuma hipótese se aplica à Autuada; e quando a norma reportase ao registro da Declaração de Importação (DI), no mesmo dispositivo : "...sem que tenha havido registro da declaração da importação no SISCOMEX...", certamente também está se referindo ao contribuinte do IPI, quando da importação de mercadoria, ilegal ou fraudulentamente. Vêse, assim, que o Depositário jamais poderia ser atingido pela referida norma, posto que em nenhuma hipótese lhe cabe promover registros de DI no SISCOMEX, uma vez que não se reveste da qualidade de importador, tampouco de indústria ou estabelecimento industrial; incabível também a aplicação do valor comercial da mercadoria, tendo em vista que tal mercadoria jamais poderia ser comercializada por estar sujeita à pena de perdimento; menos ainda se falar em nota fiscal, que jamais poderia ser emitida pela Autuada; “Como se constata, os dispositivos legais que dão suporte à exação fiscal ora atacada não se aplicam, evidentemente, à hipótese pretendida, ou seja, penalizar o Depositário com a multa prevista no art. 490, e incisos, do Regulamento do IPI já mencionado.”; “Inteiramente fora de questão, também, as hipóteses de a Autuada haver entregue a consumo, ou mesmo ter consumido, a mercadoria que se tem como extraviada, de origem e procedência ignorada, bem como de qualidade duvidosa.”; Fl. 179DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 4 7 pelo até então exposto, requerse, desde já, seja declarada a total improcedência da ação fiscal em questão, com o arquivamento em definitivo destes autos; é falsa a afirmação de que o ingresso da mercadoria estrangeira no território nacional só se dá quando ela sai do recinto alfandegado. Tal afirmação só poderia ser aceita caso o recinto alfandegado não fosse considerado parte do território brasileiro, o que é absurdo. Pesquisandose no Decreto Lei nº 37/66, no que trata do Imposto de Importação, resta claro que o ingresso da mercadoria estrangeira em território nacional se configura muito antes da sua saída do recinto alfandegado; uma particularidade em relação à Autuada é que suas dependências estão incrustadas em uma área alfandegada maior (também sob controle aduaneiro), ou seja, “...quando a mercadoria ou container deixa as dependências do TECON, não está saindo para a rua e, ainda, não está saindo do controle aduaneiro, mas sim adentrando, mesmo que transitoriamente, em uma área de controle aduaneiro ainda maior, que é a área da CODEBA, permanecendo, obviamente, sob plena fiscalização por parte da Receita Federal do Brasil até que passe pelos portões da mesma CODEBA para a rua”; sendo obrigação da Receita Federal do Brasil exercer o controle das mercadorias saídas deste recinto; “É falsa, portanto, a afirmação fiscal do Auto de Infração, no sentido de que se a mercadoria foi extraviada no interior do TECON, saiu do controle aduaneiro e adentrou o território nacional.”; “Definitivamente a mercadoria passou de uma área sob controle aduaneiro para outra maior e mais relevante, onde se encontram os portões que podem levar mercadorias para a rua.”; como não há informação sobre o controle da saída das mercadorias extraviadas da CODEBA, não há como se afirmar que a mercadoria tenha saído do controle aduaneiro ainda sob a responsabilidade da Autuada; outra irregularidade na autuação está no fato de que, apesar de a Fiscalização haver coletado amostras para realização de perícia, inexiste a confirmação da realização de tal perícia, tampouco o seu resultado. Não há, pois, como se confirmar a originalidade dos produtos (marca AOLISE), podendo estes serem falsificados (hipótese de contrafação), o que invalidaria o valor que lhes foram atribuído pelo Fisco (U$ 10,99); por o mercado brasileiro não ser destino daquela marca de óculos (o que a RFB apurou em suas pesquisas), é possível a mercadoria ter sido fabricada no Brasil por “fabriquetas” e colocada por quadrilha criminosa no referido container ainda quando estava no porto de Itaguaí; não bastasse o já exposto, quando da apuração do “valor comercial da mercadoria”, além de haver considerado toda uma tributação sobre um ato ilícito, o que é inadmissível, adicionouse frete, outras despesas operacionais Fl. 180DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 8 e margem de lucro: um verdadeiro absurdo. Ora, tratandose de mercadoria objeto de fraude na importação não cabe a aplicação de qualquer acréscimo, como frete; que seria relativo à mercadoria inicialmente declarada, seguro; e, muito menos, margem de lucro. Inadmissível, portanto, o valor unitário de R$ 46,24 alcançado pelo Fisco, gerando o valor descabido de R$ 11.027.548,35; por último, caso se entenda cabível a Autuação, ainda que em parte, o que se comenta mas não se admite, solicitase que o julgamento fique sobrestado até o conhecimento do resultado final do IPL 1127/2009 SR/BA, tendo em vista que o mesmo poderá apontar tanto a autoria do ilícito verificado quanto o paradeiro das mercadorias extraviadas; ante o exposto, protestase pela produção e apresentação de provas, a qualquer tempo, confiandose no acolhimento das razões ora apresentadas, como exemplar aplicação da justiça. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 02/09/2009 INQUÉRITO POLICIAL EM ANDAMENTO. SUSPENSÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. O Inquérito Policial, ainda que relacionado à ação fiscal, não tem o condão de sobrestar o julgamento dos créditos a esta relacionados, devendo ambos seguirem seus cursos normais, de forma independente, até o desfecho final. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 02/09/2009 PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que seja demonstrada uma das restritas hipóteses autorizadoras. BASE DE CÁLCULO. NÃO COMPROVAÇÃO DA CORREÇÃO DO ARBITRAMENTO. VÍCIO. NÃO CABIMENTO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE QUANDO O MÉRITO É FAVORÁVEL AO SUJEITO PASSIVO. Ainda que a falta de comprovação de que o arbitramento da base de cálculo do lançamento se deu de forma correta seja motivo para declaração de sua nulidade, tal não será feito quando o mérito puder ser decidido em favor do sujeito passivo. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 02/09/2009 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. NÃO SUBSUNÇÃO DO FATO À NORMA. IMPROCEDÊNCIA. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 5 9 A aplicação de penalidade requer que o fato ocorrido se subsuma inequivocamente à norma que fundamenta o lançamento sob pena de este ser considerado improcedente. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Tratase de Recurso de Ofício da decisão tomada em primeira instância, que exonerou a multa aplicada pela fiscalização em face do desaparecimento de mercadorias apreendidas e depositadas sob a custódia do Tecon Salvador. A apreensão foi motivada pela constatação de falsidade na declaração do conteúdo do container no qual os bens estavam armazenados. Enquanto os documentos informavam ladrilhos e placas para pavimentação ou revestimentos, a verificação física identificou de 269.100 óculos de sol marca AOLISE e 8.250 quadros diversos originários da China. Uma vez constatada a ruptura do lacre aposto pela fiscalização da Secretaria da Receita Federal e a ausência da carga que guardava, foi aplicada a multa pela infração tipificada como consumir ou entregar a consumo produtos de procedência estrangeira introduzidos clandestinamente no país ou importados irregular ou fraudulentamente, ou que tenham entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido, sem que tenha havido registro da declaração da importação no SISCOMEX, salvo se estiver dispensado do registro, ou desacompanhado de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso. A multa em questão tem origem no artigo 83, inciso I, da Lei nº 4.502, de 1964, com alteração introduzida pelo DecretoLei nº 400, de 1968, com a seguinte redação. A Lei 4.502/64 foi publicada com o seguinte texto: Art . 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente I os que entregarem ao consumo, ou consumirem, produtos de procedência estrangeira introduzidos clandestinamente no país ou importados irregular ou fraudulentamente, ou que tenham entrado no estabelecimento, dêle saído ou nêle permanecido, desacompanhados da nota de importação ou de nota fiscal com tudo os requisitos desta lei [sic], conforme o caso ou sem que tenham sido regularmente registrados, quando da entrada e da saída, nos livros ou fichas de contrôle quantitativo próprio; II os que emitirem, fora dos casos permitidos nesta lei, notas fiscais que não correspondam à saída efetiva dos produtos nelas descritos, do estabelecimento emitente, e os que, em proveito próprio ou alheio, se utilizarem dessas notas para produção de qualquer efeito fiscal. O DecretoLei nº 400/68 alterou, quatro anos mais tarde, a redação original. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 10 Art . 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente I Os que entregarem ao consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dêle saído ou nêle permanecido desacompanhado da nota de importação ou da notafiscal, conforme o caso; II Os que emitirem, fora dos casos permitidos nesta Lei, notafiscal que não corresponda à saída efetiva, de produto nela descrito, do estabelecimento emitente, e os que, em proveito próprio ou alheio, utilizarem, receberem ou registrarem essa nota para qualquer efeito, haja ou não destaque do impôsto e ainda que a nota se refira a produto isento. Os parágrafos primeiro e segundo, a seguir transcritos, já constavam do texto original da Lei 4.502/64. O parágrafo terceiro e seus incisos foram incluídos pelo DecretoLei 400/68, sendo muito mais tarde revogados pela Lei 9.532/97. § 1º No caso do inciso I, a pena não prejudica a que fôr aplicável ao comprador ou recebedor do produto, e no caso do inciso II, é independente da que fôr cabível pela falta ou insuficiência de recolhimento do impôsto, em razão da utilização da nota, não podendo, em qualquer dos casos, o mínimo da multa aplicada ser inferior ao grau máximo da pena prevista no artigo seguinte para a classe de capital do infrator. § 2º Incorre na multa de 50% (cinqüenta por cento) do valor comercial da mercadoria o transportador que conduzir produto de procedência estrangeira que saiba, ou deva presumir pelas circunstâncias do caso, ter sido introduzido clandestinamente no país ou importado irregular ou fraudulentamente. § 3º Aplicase a multa de 30% (trinta por cento) do valor comercial do produto estrangeiro legalmente importado ou adquirido a todo aquêle: I que receber, conservar, entregar a consumo ou consumir, sem registro nos livros ou fichas de contrôle quantitativos próprios, quando da entrada ou saída do estabelecimento; II que emitir notafiscal sem algum dos requisitos legais ou regulamentares; III que não o tiver marcado ou selado na forma prevista no regulamento ou em ato normativo. Não me parece haver dúvida de que o legislador desde o início referiuse no inciso I a mais do que uma situação em que a multa equivalente ao valor comercial das mercadorias deveria ser aplicada. No texto original, consideraramse alcançados pela pena todos os que entregassem a consumo ou consumissem os produtos de procedência estrangeira (i) introduzidos clandestinamente no país, (ii) importados irregular ou fraudulentamente, (iii) que tivessem entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido, desacompanhados da nota de importação ou de nota fiscal regularmente emitida e (iv) que não tivessem sido regularmente registrados nos livros ou fichas de controle quantitativo próprio. Na alteração subseqüente, foram mantidas as três primeiras hipóteses e excluída a quarta, que passou a constar em separado, no parágrafo terceiro, introduzido pelo DecretoLei 400/68, com multa mais branda, equivalente a trinta por cento do valor comercial da mercadoria, não mais de cem por cento, mantido para as três primeiras situações. Fl. 183DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 6 11 Reconstituindo o processo legislativo que deu origem à multa em epígrafe, temse, então, que o legislador, no intento de coibir a introdução irregular de mercadorias no país, ampliou a aplicação da pena às situações em que não se podia provar que as mercadorias tivessem sido introduzidas clandestinamente ou importadas fraudulentamente (hipóteses contempladas nas situações i e ii), mas que comprovadamente tinham circulado pelo estabelecimento sem documentação ou sem registro nos livros ou fichas de controle quantitativo próprio (iii e iv). Isso remete à insofismável compreensão de que as mercadorias estrangeiras que tivessem circulado desacompanhadas da documentação fiscal exigida pela legislação seriam apenadas com a multa idêntica àquela aplicável às mercadorias introduzidas clandestinamente ou importadas fraudulentamente, pois em tal circunstância enquadrarseiam no caput do artigo 83 como mercadoria entrada “no estabelecimento, dêle saído ou nêle permanecido desacompanhado da nota de importação ou da notafiscal”, e não no parágrafo terceiro como “produto estrangeiro legalmente importado ou adquirido, mas não registrado nas “fichas de contrôle quantitativos próprios, quando da entrada ou saída do estabelecimento”. De fato, não há como admitir interpretação que conduza à conclusão de que produtos que circulassem pelo estabelecimento desacompanhados de documentação fiscal própria não estivessem compreendidos em nenhuma das hipóteses contempladas pela norma, enquanto que produtos regularmente importados, mas não registrados nos livros da escrita contábil, ensejavam a aplicação de multa. A pena está expressa hoje no artigo 572 do Regulamento do Imposto Sobre Produtos Industrializados, aprovado pelo Decreto 7.212/10. O texto tem o seguinte teor. Art. 572. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe for atribuído na nota fiscal, respectivamente (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, e Decreto Lei no 400, de 1968, art. 1o, alteração 2a): I os que entregarem a consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração de importação no SISCOMEX, salvo se estiver dispensado do registro, ou desacompanhado de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, inciso I, e DecretoLei no 400, de 1968, art. 1o, alteração 2a); e II os que emitirem, fora dos casos permitidos neste Regulamento, nota fiscal que não corresponda à saída efetiva, de produto nela descrito, do estabelecimento emitente, e os que, em proveito próprio ou alheio, utilizarem, receberem ou registrarem essa nota para qualquer efeito, haja ou não destaque do imposto e ainda que a nota se refira a produto isento (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, inciso II, e DecretoLei no 400, de 1968, art. 1o, alteração 2a). § 1o No caso do inciso I, a imposição da pena não prejudica a que é aplicável ao comprador ou recebedor do produto, e, no caso do inciso II, independe da que é cabível pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto em razão da utilização da nota (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, § 1o). Fl. 184DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 12 § 2o A multa a que se refere o inciso I aplicase apenas às hipóteses de produtos de procedência estrangeira introduzidos clandestinamente no País ou importados irregular ou fraudulentamente. Persiste a tipificação de consumir ou entregar a consumo, produto de procedência estrangeira (i) introduzido clandestinamente no País ou (ii) importado irregular ou fraudulentamente ou (iii) que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem declaração da importação, Guia de Licitação ou nota fiscal, sendo que, agora, conforme parágrafo 2º, ficou definido que a pena aplicase apenas às hipóteses de produtos de procedência estrangeira introduzidos clandestinamente no País ou importados irregular ou fraudulentamente. Em que pese a hipótese de ausência da documentação fiscal hábil a comprovar a situação regular do produto continue prevista no inciso primeiro, no qual a infração é tipificada, o parágrafo segundo estabelece agora clara restrição, ao definir que a sanção aplicase exclusivamente às situações em que tenha ocorrido a introdução clandestina ou importação irregular ou fraudulenta do produto no território nacional. Essa alteração confirma as premissas até aqui defendidas. As características essenciais da pena estão mantidas e ratificados os propósitos originalmente vislumbrados pelo legislador, na medida em que a exigência introduzida pelo parágrafo segundo impede que a multa seja aplicada nos casos de produtos de procedência estrangeira adquiridos no mercado interno sem nota fiscal de compra, mas importados de forma regular. Equiparase, assim, a ausência de documentação à importação ou introdução irregular de mercadorias, mas fica fora do alcance da norma o produto estrangeiro legalmente importado, situação excluída do inciso I desde a alteração introduzida pelo Decreto 400/68. Ao longo de muito tempo essa infração foi tomada por empréstimo pela fiscalização aduaneira da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados, constituindo se na única infração capaz de compensar, pelo menos em parte, o prejuízo causado pela introdução de mercadorias estrangeiras sujeitas à pena de perdimento e não localizadas. Foi exatamente nesta condição, de multa alternativa à pena de perdimento dos bens, que foise firmando jurisprudência administrativa contrária à exigência dos impostos aduaneiros quando a multa houvesse sido lançada no auto de infração. Assim entendeuse porque a legislação aduaneira (Regulamento Aduaneiro) excluía da hipótese de incidência do Imposto de Importação as mercadorias que tivessem sido objeto da pena de perdimento. Art. 71. O imposto não incide sobre: I mercadoria estrangeira que, corretamente descrita nos documentos de transporte, chegar ao País por erro inequívoco ou comprovado de expedição, e que for redestinada ou devolvida para o exterior; II mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine a reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda; III mercadoria estrangeira que tenha sido objeto da pena de perdimento; (grifei) Fl. 185DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 7 13 IV mercadoria estrangeira devolvida para o exterior antes do registro da declaração de importação, observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda; e V embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior, que retornem ao registro brasileiro, como propriedade da mesma empresa nacional de origem (Lei no 9.432, de 8 de janeiro de 1997, art. 11, § 10). De plano, há que se questionar se é essa a melhor interpretação, pois a exclusão do campo de incidência do Imposto compreendera apenas as mercadorias objeto da pena de perdimento e nunca as que estivessem sujeitas à pena, e que, em razão da impossibilidade de sua apreensão, não houvessem sido perdidas. A despeito disso, o fato é que os impostos e consectários foram excluídos repetidas vezes em julgamentos processados em âmbito administrativo, ainda dentro da própria Secretaria da Receita Federal, por força do entendimento de que a exigência da multa excluía a dos impostos. Além da questão eminentemente jurídica, opunhase à interpretação que equiparava o efeito das penas, o fato de mercadorias não apreendidas e, por conseguinte, promotoras de efeitos econômicos nocivos, receberem o mesmo tratamento de mercadorias cuja circulação havia sido prevenida por sua efetiva apreensão, evitando o ingresso dos bens na cadeia produtiva da economia interna. Também não havia equidade em dar efeitos tributários idênticos aos que fossem imediatamente subtraídos de seus bens e aos que discutiriam administrativamente uma multa compensatória no valor destes bens e, ainda, passível de redução. Foi neste contexto que vieram as inovações introduzidas pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03, corrigindo as distorções acima descritas, por meio de previsão de nova multa, agora não mais passível de redução mediante pagamento, e da exclusão do rol de hipóteses de nãoincidência do Imposto as situações em que as mercadorias não houvessem sido objeto da pena de perdimento. Lei 10.637/02 Art. 59. O art. 23 do DecretoLei no 1.455, de 7 de abril de 1976, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art.23. ................................................................................................. .................................................................................................. (...) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2o (...) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. Lei 10.833/03 Fl. 186DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 14 Art. 73. Verificada a impossibilidade de apreensão da mercadoria sujeita a pena de perdimento, em razão de sua nãolocalização ou consumo, extinguirseá o processo administrativo instaurado para apuração da infração capitulada como dano ao Erário. § 1o Na hipótese prevista no caput, será instaurado processo administrativo para aplicação da multa prevista no § 3o do art. 23 do DecretoLei no 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002. § 2o A multa a que se refere o § 1o será exigida mediante lançamento de ofício, que será processado e julgado nos termos da legislação que rege a determinação e exigência dos demais créditos tributários da União. Art. 77. Os arts. 1o, 17, 36, 37, 50, 104, 107 e 169 do DecretoLei no 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 1o ........................................................................... ........................................................................... § 4o O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira: I – (...) II – (...) III que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida." (NR) Art. 81. A redução da multa de lançamento de ofício prevista no art. 6o da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991, não se aplica: I – (...) II – (...) III – à multa prevista no § 3o do art. 23 do DecretoLei no 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002; IV – (...) V – (...) VI – (...) Quase concomitantemente à entrada em vigor da Lei 10.637/02 foi publicada nova edição do Regulamento Aduaneiro – Decreto 4.543/02, no qual ficou assentada interpretação bastante restritiva em relação às possibilidades de aplicação da pena nova. Ela ficou reduzida às situações em que a mercadoria já tivesse sido objeto da pena de perdimento. Art. 631. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação no Siscomex, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, inciso I, e Decretolei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Fl. 187DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 8 15 Parágrafo único. A multa referida no caput não será exigida quando já tenha sido aplicada a pena de perdimento do bem, caso em que será procedida à conversão de que trata o § 1o do art. 632. (grifei) Com o advento da Lei 10.833/03 ficou claro que a pena não estava restrita às situações descritas no parágrafo único do artigo 631 do Regulamento Aduaneiro, razão pela qual o texto atual (Decreto 6.759/09) não mais orienta neste sentido. Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto. Reconstituídos eventos que vemse sucedendo há mais de quarenta anos e as alterações legislativas promovidas no intento de adequar as normas às necessidades da Administração e da própria sociedade, cabe agora avaliar se a multa imposta à recorrente encontra amparo nas disposições legais em vigor ou se, como entendeu a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, tratase de penalidade inaplicável ao caso concreto. Creio que um primeiro destaque deva ser feito a um dos apontamentos contido no voto condutor da decisão recorrido de ofício. Transcrevo a seguir o texto. A Autoridade Autuante, quando de sua argumentação, centrouse na parte do inciso I que trata de mercadoria que saiu do estabelecimento (Recinto Alfandegado) e fora introduzida irregular ou fraudulentamente no País. À primeira vista, podese entender ser exatamente essa a situação em liça, tendo em vista que a mercadoria fora importada irregular ou fraudulentamente e, de fato, saiu do Recinto Alfandegado (“estabelecimento”). No entanto, fazendose uma análise mais acurada da situação, dentro de uma interpretação sistêmica e teleológica da norma em questão, entendese que o fato ocorrido, na espécie, não se subsume à norma em comento. Começandose pela multa aplicada, percebese ser o seu caráter eminentemente mercantil (... multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe for atribuído na nota fiscal). Falase em valor comercial, nota fiscal, dando já o entendimento de ser esta uma multa tipicamente direcionada a uma conduta envolvendo a destinação mercantil da mercadoria e não relacionada a um contrato de depósito que tem por fim não a mercadoria em si, mas sim a sua guarda. Outro aspecto, é que o Relatório de Auditoria Fiscal fala em produto importado irregular ou fraudulentamente ao qual o estabelecimento deu saída. Para se fazer uma análise mais consistente, buscarseá entender o inciso I da norma recém transladada como um todo. O inciso começa falando de entregar a consumo ou consumir. Percebase aí mais uma forte indicação de que a penalidade em questão é direcionada a operações comerciais e industriais. Neste ponto, cabe ressaltar que, caso se consiga demonstrar que o Recinto Alfandegado entregou a consumo ou consumiu, entendese haver uma equiparação de sua condição com a do Fl. 188DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 16 estabelecimento nos moldes descritos na norma em análise. Tal situação diferencia se da regra geral, pois nesta, pelo próprio objeto do estabelecimento (comercial ou industrial) permite presumir que as mercadorias que lá circulam terão sempre esse fim (dar a consumo ou consumir). Desta feita, no caso do Recinto Alfandegado, cujo objeto em questão é uma relação de depósito, a entrega a consumo ou o próprio consumo da mercadoria importada irregular ou fraudulentamente devem ser demonstrados, o que não foi o caso. Seguindo no mesmo inciso, importa verificar a conduta que a Autoridade Autuante destacou quando de seu relato, qual seja: a saída de estabelecimento. Não há como se negar que um Recinto Alfandegado é um estabelecimento em sentido lato, todavia, conforme a linha adotada neste voto, o Recinto Alfandegado, em virtude do tipo de atividade exercida, não estaria enquadrado, em regra, no conceito de estabelecimento firmado na norma em questão. Caso assim não fosse, poderíamos chegar a uma situação esdrúxula onde o simples fato de a mercadoria haver transitado pelo Recinto Alfandegado já ensejaria a multa em questão, já que o tipo normativo fala em... entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido... Assim, a simples chegada de mercadoria irregular na zona primária, ao configurar a entrada no “estabelecimento” de produto, sem que tenha havido registro da declaração da importação no SISCOMEX, satisfaria o tipo normativo, ensejando, de imediato, a aplicação da multa em testilha. Aqui, desnecessário é fazer qualquer esforço interpretativo para saber que esse não é o objetivo da norma. Após todo esse esquadrinhamento da norma que alicerçou o Auto de Infração em liça, concluise que os fatos em análise não se enquadram em qualquer das situações nela previstas, motivo pelo qual se entende ser este improcedente, não devendo, portanto, prosperar. Com efeito, considero que seja de relevante interesse perquirir quanto a subsunção do fato à norma. Tanto a reconstituição histórica das disposições legais nas quais se insere a multa aplicada pela fiscalização, quanto a “interpretação sistêmica e teleológica da norma em questão” apresentada pelo i. Julgador de primeira instância parecem conduzir, ambas, em sentido contrário. A ocorrência, incontroversa nos autos, identificase bem com a que está prevista no artigo 652 do Código Civil, para a qual foi estipulado o ressarcimento dos prejuízos causados, além de prisão. Art. 652. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazêlo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos. Não se trata, é claro, de um procedimento levado a efeito no âmbito da administração tributário, não havendo, assim, razão de se cogitar finalidade indenizatória na multa no valor comercial das mercadorias. Como bem relatado na decisão a quo, tratase de uma multa por entregar a consumo ou consumir, terminologia imprópria ao tipo de atividade exercido pela autuada e, especialmente, à função da qual se desincumbia naquele negócio. Ainda que ampliado o significado alcançado pela expressão consumir ou entregar a consumo, não há como evitar a percepção de que a intenção do legislador nunca passou perto de fatos jurídicos desta natureza. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12689.000853/200985 Acórdão n.º 310201.251 S3C1T2 Fl. 9 17 Noutro vértice, seguindo uma leitura mais literal das disposições contidas no Regulamento Aduaneiro, percebese previsão de responsabilidade do depositário em diversas situações, mas sempre em relação aos tributos não pagos, nunca às infrações. Melhor retrato disse não há que o artigo 674 do Decreto 6.759/09. Art. 674. Respondem pela infração (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95): I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; II conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto à que decorra do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes; III o comandante ou o condutor de veículo, nos casos do inciso II, quando o veículo proceder do exterior sem estar consignado a pessoa física ou jurídica estabelecida no ponto de destino; IV a pessoa física ou jurídica, em razão do despacho que promova, de qualquer mercadoria; V conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95, inciso V, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 78); e VI conjunta ou isoladamente, o importador e o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95, inciso VI, com a redação dada pela Lei no 11.281, de 2006, art. 12). Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto no inciso V, presumese por conta e ordem de terceiro a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos deste, ou em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma da alínea “b” do inciso I do § 1o do art. 106 (Lei no 10.637, de 2002, art. 27; e Lei no 11.281, de 2006, art. 11, § 2o). Neste mesmo diapasão, de se acrescentar que o retro citado artigo 704 do mesmo diploma legal é taxativo ao definir que “a pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto”. Constando pena de perdimento para mercadoria estrangeira, chegada ao País com falsa declaração de conteúdo no inciso XII do artigo 689, difícil fugir a interpretação de que a fiscalização, data máxima vênia, também incorre em erro na tipificação da penalidade aplicada. De tudo isso, também não há como fugir ao disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional. Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; Fl. 190DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA 18 II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Por todo o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício interposto pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento. Sala de Sessões, 10 de novembro de 2011. Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 16/08/2013 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 06/03/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 23/11/2011 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 13804.000711/00-26
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2009
Ementa: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES
Período de apuração: 01/06/1990 a 31/0.3/1992
FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO E/OU COMPENSAÇÃO, PRAZO PARA SOLICITAÇÃO DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DECADÊNCIA.
Segundo entendimento consolidado pelo STJ, está fluido o prazo para repetição de indébito após esgotado o prazo de 10 (dez) anos, contados do fato gerador, condizente à soma do prazo de 5 (cinco) anos, previsto no § 4º do artigo 150 do CTN, e de igual interstício (cinco anos) assinalado no artigo 168, I, do referido diploma.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3102-000.120
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do redator designado. Vencido o Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes (Relator), que deu provimento integral. Designado para redigir o acórdão o Conselheiro Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES
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RESTITUIÇÃO E/OU COMPENSAÇÃO, PRAZO PARA SOLICITAÇÃO DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DECADÊNCIA. Segundo entendimento consolidado pelo STJ, está fluido o prazo para repetição de indébito após esgotado o prazo de 10 (dez) anos, contados do fato gerador, condizente à soma do prazo de 5 (cinco) anos, previsto no § 4" do artigo 150 do CTN, e de igual interstício (cinco anos) assinalado no artigo 168, I, do referido diploma, Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do redator designado. Vencido o Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes (Relator), que deu provimento integral. Designado para redigir o acórdão o Conselheiro Corintho Oliveira Machado. • M !roia, Hele4 TrajaiiNo D' orim - Presidente Luciano Lopes derNirteida Moraes - Relatar Corintho Oliveir4 - Redator Designado EDITADO EM: 19/10/2010 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mércia. Helena Trajano Damorim, Ricardo Paulo Rosa, Corintho Oliveira Machado, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira, Beatriz Veríssimo de Sena, Rosa Maria de Jesus da Silva Costa de Castro e Judith do Amaral Marcondes Armando. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: O contribuinte acima identificado requer, por meio do presente processo administrativo, a restituição/compensação de valores recolhidos a título de FINSOCIAL, para os períodos de apuração de junho de 1990 a março de 1992 (DARFs às /is. 12- 22) e a titulo de COFINS para os períodos de apuração de abril de 1992 a abril de 1993 (DARFs às fls. 23-28) alegando que os recolhimentos foram efetuados com base nas inconstitucionais majorações de alíquotas, já que a exação era devida tão-somente à alíquota de 0,5%. 2. Mediante o Despacho Decisório datado de 17/11/2005 Oh 39-43), a autoridade competente da Delegacia da Receita Federal em São Paulo indeferiu a restituição pretendida do Finsocial e da Cofins, em conseqüência, prejudicada a compensação com débitos de terceiros e concluindo, com base no disposto no Ato Declaratório SRF n õ 96, de 26.11 _1999, que o prazo para pleitear a restituição é de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário, inclusive para as hipóteses nas quais o pagamento ,foi efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional Destarte, tendo em vista que o presente pedido foi protocolizado em 24/03/2000, o prazo para pleitear a restituição/compensação já se havia escoado, O Despacho Decisório apurou ainda em relação à COFINS incluída nas Manilhas (lis. 02/03) dos períodos de apuração de abril de 1992 a abril de 1993 que: 2..1.1. A Lei Complementar n" 70/91, que instituiu a CUPINS, entre outras disposições, .fixou a contribuição à ai/quota de 2% sobre o .faturamento mensal e o termo inicial para produzir efeitos (arts. 2 0 e 13), 21.2. O STF, no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade n" 1-1/600, de 01.12,93, declarou a improcedência das alegações de inconstitucionalidade da contribuição social instituída pela mencionada LC, bem como a constitucionalidade de seus diversos artigos, entre os quais, os que estabelecem a exigência da contribuição à ai/quota de 2% e os efeitos a partir do período de apuração 04/92. 3. Inconformado com o Despacho Decisório, do qual foi devidamente cientificado em 09/01/2006, o contribuinte protocolizou, em 30/01/2006, a lnanifestação de inconformidade / de/is. 46 a 53, na qual deduz, em síntese, as alegações a seguir discriminadas: 2 Processo na 13804.000711/00-26 S3-C1T2 Acórdão n." 3102-00.120 Fl, 87 3,1, Em razão da edição das Leis 7787/89, 7894/89 e 8147/90, recolheu as Contribuições ao FINSOCIAL com alíquota majorada. Em face de decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal que declarou a inconstitucionalidade das alíquotas superiores a 0,.5%, até o advento da LC n" 70/91, que instituiu a COFINS em substituição ao FINSOCIAL. Assim, possui crédito em relação à diferença de alíquota, 3,1,1. Tal decisão do STF foi acatada na esfera administrativa através da IN SRF n" 31/97, art. I', III, que determinou a dispensa da constituição de crédito tributário e cancelamento de lançamento relativo ao excedente de 0,5% do FINSOCIAL recolhido e através da IN SRF n°32/97, art. 2", que determinou a convalidação da compensação efetivada pelos contribuintes das parcelas excedentes do FINSOCIAL, recolhidos com base nos dispositivos julgados inconstitucionais, com a Contribuição da COFINS Nesse sentido, menciona acórdãos do CC. 312. A MP n°1.110/95, art. 17, III, e todas as MP seguintes que reeditaram essa determinação até meados de 1998, impediam a restituição pelo Poder Público dos excedentes pagos. Tal vedação à restituição, em realidade, perdurou até a edição da MP n° 1.621-36/98, que através do parágrafo 2' do ar!. 18, dispôs que não implicará a restituição ex officio de quantias pagas. Por conseguinte, somente a partir da edição dessa MP n" 1,621-36/98 é que se tornou viável o pleito de restituição perante a Autoridade Administrativa. O prazo decadencial somente poderia ocorrer a partir da edição da mencionada MP n° L.621- 36/98, 3,2, Nos casos de lançamento por homologação (CTN, art, 150), em que o contribuinte realiza o pagamento sem prévia verificação pela repartição Fiscal, como ocorreu com os recolhimentos do FINSOCIAL, segundo a .jurisprudência do STJ, a contagem do prazo inicia-se a partir da homologação do lançamento, que sendo tácita considera-se ocorrida após 5 anos da ocorrência do .fato gerador. Nesse sentido, reproduz acórdão do STJ 3.2.1. Ao convalidar a compensação efetivada pelo contribuinte, em 10/04/97, implicitamente, reconheceu a inexistência da decadência dos valores do FINSOCIAL, porquanto, contado o prazo de decadência na forma do Ato Declaratório SRF 96/99, os valores recolhidos entre janeiro/90 a março/92, na data da edição da IN SRF 32/97, já teriam sido atingidos pela decadência. Reproduz acórdão do CC. 3.2.2, A IN SRF 32/97 é incompatível com o AL) SRF 96/99, Ao convalidar as compensações entre o FINSOCIAL e a COFINS, em 10,04.97, a IN 32/97 implicitamente, afasta o preceito do AD 96/99 sobre a forma de contagem do prazo para efeito de decadência, 3,2,3. Tratando-se na hipótese de alteração de critério jurídico, 1com base no art.. 146 conjugado com o art.. 100, ambos do CTN, 3 a concentração do AD 96/99 somente pode ser aplicada a partir de sua edição.. 32.4. Consoante o art. 66 da Lei n' 8383/91, nos caso de pagamento indevido ou a maior de tributos e Contribuições federais, inclusive previdenciárias, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a períodos subseqüentes, .3.3. Por fim, requer seja autorizada a restituição/compensação dos créditos do FINSOCIAL relativos ao processo, atualizados e acrescidos de valores referentes aos seguintes dispositivos legais: Lei n° 8.383/91, art. 66, parágrafo 3 0, Lei 9.069/9.5, art. 58, Lei 9.250/95, art. 39, parágrafo 4', e IN SRF 22/96 Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP indeferiu o pleito da recorrente, conforme Decisão DRJ/SPOI 10.962, de 03/10/2006, fls. 61/69: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/06/1990 a 31/03/1992 FINSOCIAL RESTITUIÇÃO - DECADÊNCIA O prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declara tória ou em recurso extraordinário, extingue-se após o transcurso do prazo de cinco anos, contado da data da extinção do crédito tributário Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social-Cofins - Período de apuração: 01/04/1992 a 30/04/1993 COFINS CONSTITUCIONALIDADE É aplicável a alíquota de 2% da COFINS por ter sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade PEDIDO DE COMPENSAÇÃO - CRÉDITOS DE TERCEIRO - IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - EXIGIBILIDADE Só há que se falar em Declaração de Compensação quando o procedimento for relativo a créditos e débitos de um mesmo sujeito passivo. A nova redação do ar!. 74 da Lei 11' 9.430/96 expressamente exclui os casos de compensação com créditos de terceiros. A presente manifestação de inconformidade não 1suspende a exigibilidade dos créditos tributários constantes dos / pedidos de compensação com créditos de terceiros Solicitação Indeferida 4 Processo na 13804000711/00-26 S3-C1T2 Acórdão n " 3102-00.120 Fl. 88 Às fls. 701v o contribuinte foi intimado da decisão supra, motivo pelo qual apresenta Recurso Voluntário de fls. 71/83, tendo sido dado, então, seguimento ao recurso interposto. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes, Relatar O recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. O presente caso trata da repetição dos pagamentos do Finsocial referentes ao período de apuração de 06/1990 a 03/1992, cujo pedido data de 24/03/2000. O pedido foi negado, sob a alegação de que restaria decaído o direito da recorrente em pleitear os valores requeridos a título de FinsociaL A matéria decadência é por demais conhecida de todos, motivo pelo qual faço uso de excertos do voto da L Conselheira Simone Cristina Bissoto, ex-integrante desta Segunda Câmara, nos quais são encontrados os fundamentos de decidir que encampo: Cinge-se o presente recurso ao pedido do contribuinte de que seja acolhido o pedido originário de restituição/compensação de crédito que alega deter junto a Fazenda Pública, em razão de ter efetuado recolhimento a título de contribuição para o FINSOCIAL, em alíquotas superiores a 0,5%, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, quando do exame do Recurso Extraordinário 150,764/PE, julgado em 16/12/92 e publicado no RI de 02/04/93, O desfecho da questão colocada nestes autos passa pelo enfrentamento da controvérsia acerca do prazo para o exercício do direito à restituição de indébito. Passamos ao largo da discussão doutrinária de tratar-se o prazo de restituição de decadência ou prescrição, vez que o resultado de tal discussão não altera o referido prazo, que é sempre o mesmo, ou seja, 5 (cinco) anos, distinguindo-se apenas o início de sua contagem, que depende da forma pela qual se exterioriza o indébito.. Das regras do CTN — Código Tributário Nacional, exteriorizadas nos artigos 16.5 e 168, vê-se que o legislador não cuidou da tipificação de todas as hipóteses passíveis de ensejar o direito à restituição, especialmente a hipótese de tributos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Veja-se: "Art. 168 — O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: 1 — nas hipóteses dos incisos 1 e 11 do art. 165, da data da extinção do crédito tributário; Pe 5 II — na hipótese do inciso III do art. 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória," Veja-se que o prazo é sempre de 5 (cinco) anos, sendo certo que a distinção sobre o início da sua contagem está assentada nas diferentes situações que possam exteriorizar o indébito tributário, situações estas elencadas, em caráter exemplificativo e didático, pelos incisos do referido art. 165 do CTN, nos seguintes termos..- "Art 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4° do art. 162, nos seguintes casos: — cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II — erro na edjficação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III — reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. " Somente a partir da Constituição de 1988, à vista das inúmeras declarações de inconstitucionalidade de tributos pela Suprema Corte, é que a doutrina pátria debruçou-se sobre a questão do prazo para repetir o indébito nessa hipótese especifica. Foi na esteira da doutrina de incontestáveis tributaristas como Alberto Xavier, J Artur Lima Gonçalves, Hugo de Brito Machado e Ives Gandra da Silva Martins, que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou-se, no sentido de que o início do prazo para o exercício do direito à restituição do indébito deve ser contado da declaração de inconstitucionalidade pelo STF. Não obstante a ,falta de unanimidade doutrinária no que se refere a aplicação, ou não, do CTN aos casos de restituição de indébito .fundada em declaração de inconstitucionalidade da exação pelo Supremo Tribunal Federal, é fato inconteste que o Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento de que o prazo prescricional inicia-se a partir da data em que foi declarada inconstitucional a lei na qual se fundou a exação (Resp n" 69233/RN; Resp n° 68292-4/SC; Resp 75006/PR, entre tantos outros). A jurisprudência do STJ, apesar de sedimentada, não deixa claro, entretanto, se esta declaração diz respeito ao controle difuso ou concentrado de constitucionalidade, o que induz à necessidade de uma meditação mais detida a respeito desta questão. 6 Processo riu 13804 000711/00-26 S3-C1T2 Acórdão r, 3102-00120 Fl 89 Vale a pena analisar, nesse mister, um pequeno excerto do voto do Ministro César A.sfor Rocha, Relatar dos Embargos de Divergência em Recurso Especial n°, 43.995-.5/RS, por pertinente e por tratar de julgado que pacificava a jurisprudência da 1" Seção do STJ, que justamente decide sobre matéria tributária:' "A tese de que, declarada a inconstitucionalidade da exação, segue-se o direito do contribuinte à repetição do indébito, independentemente do exercício em que se deu o pagamento, podendo, pois, ser exercitado no prazo de cinco anos, a contar da decisão plenária declaratória da inconstitucionalidade, ao que saiba, não .foi ainda expressamente apreciada pela Corte Maior, Todavia, creio que se ajusta ao julgado no RE 12688.3/1U, Relator o eminente Ministro Sepúlveda Pertence, assim ementado (RTJ 1237/936): "Empréstimo Compulsório (Decreto-lei n°. 2,288/86, art. 10): incidência_ ". ) A propósito, aduziu conclusivamente no seu douto voto (rtj 127/938): "Declarada, assim, pelo plenário, a inconstitucionalidade material das normas legais em que se fundava a exigência de natureza tributária, porque .feita a título de cobrança de empréstimo compulsório, segue-se o direito do contribuinte à repetição do que pagou (Código Tributário Nacional, art.. 165), independente do exercício ,financeiro em que tenha ocorrido o pagamento indevido," (g.n.) Ora, no DOU de 08 de abril de 1997, foi publicado o Decreto n°, 2,194, de 07/04/1997, autorizando o Secretário da Receita Federal "a determinar que não sejam constituídos créditos tributários baseados em lei, tratado ou ato normativo .federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação processada e julgada originalmente ou mediante recurso extraordinário", (art 1 0), E, na hipótese de créditos tributários já constituídos antes da previsão acima, "deverá a autoridade lançadora rever de oficio o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso" (art. 2°). Em 10 de outubro de 1997, tal Decreto foi substituído pelo Decreto n°, 2,346, pelo qual se deu a consolidação das normas de procedimentos a serem observadas pela Administração Pública Federal em razão de decisões judiciais, que estabeleceu, em seu artigo primeiro, regra geral que adotou o saudável preceito de que "as decisões do STF que ,fixem, de maneira inequívoca e definitiva, interpretação do texto constitucional, deverão ser uniformemente observadas pela Administração Pública Federal direta e indireta". 7 Para tanto, referido Decreto — ainda em vigor — previu duas hipóteses de procedimento a serem observados, A primeira, nos casos de decisões do STF com eficácia erga omnes, A segunda — que é a que nos interessa no momento — nos casos de decisões sem eficácia erga omnes, assim consideradas aquelas em que "a decisão do Supremo Tribunal Federal não . for proferida em ação direta e nem houver a suspensão de execução pelo Senado Federal em relação à norma declarada inconstitucional." Nesse caso, três são as possibilidades ordinárias de observância deste pronunciamento pelos órgãos da administração federal, a saber.: (i) se o Presidente da República, mediante proposta de Ministro de Estado, dirigente de órgão integrante da Presidência da República ou do Advogado-Geral da União, poderá autorizar a extensão dos efeitos .jurídicos de decisão proferida em caso concreto (art. 1 0, § 3 0); (h) expedição de súmula pela Advocacia Geral da União (art. 2°); e (iii) determinação do Secretário da Receita Federal ou do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, relativamente a créditos tributários e no âmbito de suas competências, para adoção de algumas medidas consignadas no art. 4°, Ora, no caso em exame, não obstante a decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal não tenha sido unânime, é .fato incontroverso — ao menos neste momento em que se analisa o presente recurso, e passados mais de 10 anos daquela decisão — que aquela declaração de inconstitucionalidade, apesar de ter sido proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade, foi proferida de forma inequívoca e com ânimo definitivo. Ou, para atender o disposto no Decreto n° 2.346/97, acima citado e parcialmente transcrito, não há como negar que aquela decisão do STF, nos autos do Recurso Extraordinário 150.764/PE, julgado em 16/12/92 e publicado no DJ de 02/04/93, .fixou, de forma inequívoca e definitiva, interpretação do texto constitucional, no que se refere especificamente à inconstitucionalidade dos aumentos da alíquota da contribuição ao FINSOCIAL acima de 0,5% para as empresas comerciais e mistas, Assim, as empresas comerciais e mistas que efetuaram os recolhimentos da questionada contribuição ao FINSOCIAL, sem qualquer questionamento perante o Poder Judiciário, têm o direito de pleitear a devolução dos valores que recolheram, de boa fé, cuja exigibilidade foi posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, na solução de relação jurídica conflituosa ditada pela Suprema Corte — nos dizeres do Prof. José Antonio Minatel, acima transcrita — ainda que no controle difuso da constitucionalidade, momento a partir do qual pode o contribuinte exercitar o direito de reaver os valores que recolheu. Isto porque determinou o Poder Executivo que "as decisões do Supremo Tribunal Federal que fixem, de forma inequívoca e definitiva, interpretação do texto constitucional, deverão ser uniformemente observadas pela Administração Pública Federal, direta e indireta" (g,n.)— Art. 1, capta, do Decreto n° 2.346/97. 8 Processo o' 13804000711/00-26 S3-C1T2 Acórdão n '3102-00.120 Fl. 90 Para dar efetividade a esse tratamento igualitário, determinou também o Poder Executivo que, "na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal." (Dec, n° 2.346/96, art. 4°, ,§ único), Nesse passo, a despeito da incompetência do Conselho de Contribuintes, enquanto tribunal administrativo, quanto a declarar; em caráter originário, a inconstitucionalidade de qualquer lei, não há porque afastar-lhe a relevante missão de antecipar a orientação já traçado pelo Supremo Tribunal Federal, em idêntica matéria. Afinal, a partir do momento em que o Presidente da República editou a Medida Provisória n° 1,110, de 30/08/95, sucessivamente reeditada até a Medida Provisória 2, 176-79, de 23/08/2002 e, mais recentemente, transformada na Lei n°, 10.522/2002 (art 18), pela qual determinou a dispensa da constituição de créditos tributários, o ajuizamento da execução e o cancelamento do lançamento e da inscrição da parcela correspondente à contribuição para o FINSOCIAL das empresas exclusivamente vendedoras de mercadorias e mistas, na alíquota superior a 0,5%, bem como a Secretaria da Receita Federal fez publicar no DOU, por exemplo, Ato Normativo nesse mesmo sentido (vg, Parecer COSIT 58/98, entre outros, mesmo que posteriormente revogado), parece claro que a Administração Pública reconheceu que o tributo ou contribuição foi exigido com base em lei inconstitucional, nascendo, nesse momento, para o contribuinte, o direito de, administrativamente, pleitear a restituição do que pagou à luz da lei tida por inconstitucional, (Nota MF/COSIT n°312, de 16/07/99) E dizemos administrativamente porque assim permitem as Leis 8,383/91, 9.430/96 e suas sucessoras, bem como as Instruções Normativas que trataram do tema "compensação/restituição de tributos" (IN SRF 21/97, 73/97, 210/02 e 310/03). Nessa linha de raciocínio, entende-se que o indébito, no caso do FINSOCIAL, restou exteriorizado por situação jurídica conflituosa, contando-se o prazo de prescrição/decadência a partir da data do ato legal que reconheceu a impertinência da exação tributária anteriormente exigida — a MP 1,110/95, no caso — entendimento esse que contraria o recomendado pela Administração Tributária, no Ato Declaratório SRF n° 96/99, baixado em consonância com o Parecer PGFN/CAT n° 1.538, de 18/10/99, cujos atos administrativos, contrariamente ao que ocorre em relação às repartições que lhe são afetas, não vinculam as decisões dos Conselhos de Contribuintes. Para a formação do seu livre convencinzento, o julgador deve se ipautar na mais fiel observância dos princípios da legalidade e • da verdade material, podendo, ainda, recorrer à jurisprudência 9 administrativa e judicial existente sobre a matéria, bem como à doutrina de procedência reconhecida no meio :jurídico- tributário. No que diz respeito à Contribuição para o FINSOC1AL, em que a declaração de inconstitucionalidade do Supremo Tribunal Federal acerca da majoração de alíquotas, deu-se em julgamento de Recurso Extraordinário — que, em princípio, limitaria os seus efeitos apenas às partes do processo — deve-se tomar como marco inicial para a contagem do prazo decadencial a data da edição da Medida Provisória n° 1_110, de 30/08/95, sucessivamente reeditada até a Medida Provisória n° 2 176-79, de 23/08/2002 e, mais recentemente, transformada na Lei n°, 10.522/2002 (art, 18), Através daquela norma legal (MP 1,110/95), a Administração Pública determinou a dispensa da constituição de créditos tributários, o ajuizamento da execução e o cancelamento do lançamento e da inscrição da parcela correspondente à contribuição para o F1NSOCIAL das empresas exclusivamente vendedoras de mercadorias e mistas, na aliquota superior a 0,5%. Soaria no mínimo estranho que a lei ou ato normativo que autoriza a Administração Tributária a deixar de constituir crédito tributário, dispensar a inscrição em Dívida Ativa, dispensar a Execução de Norma Fiscal e cancelar os débitos cuja cobrança tenha sido declarada inconstitucional pelo STF, acabe por privilegiar os maus pagadores — aqueles que nem recolheram o tributo e nem o questionaram perante o Poder Judiciário — em detrimento daqueles que, no estrito cumprimento de seu dever legal, recolheram, de boa fé, tributo posteriormente declarado inconstitucional pelo STF e, portanto, recolheram valores de/ato e de direito não devidos ao Erário. Ora, se há determinação legal para "afastar a aplicação de lei declarada inconstitucional" aos casos em que o contribuinte, por alguma razão, não efetuou o recolhimento do tributo posteriormente declarado inconstitucional, deixando, desta forma, de constituir o crédito tributário, dispensar a inscrição em Dívida Ativa, dispensar a Execução Fiscal, bem como cancelar os débitos cuja cobrança tenha sido declarada inconstitucional pelo STF, muito maior razão há, por uma questão de isonomia, justiça e equidade, no reconhecimento do direito do contribuinte de reaver, na esfera administrativa, os valores que de boa fé recolheu à título da exação posteriormente declarada inconstitucional, poupando o Poder Judiciário de provocações repetidas sobre matéria já definida pela Corte Supreina.(,) Entendo, portanto, que independentemente do posicionamento da Administração Tributária estampado na decisão recorrida, os quais não vinculam este Conselho, o marco inicial para a contagem do prazo decadencial de 5 anos para a founalização dos pedidos de restituições da citada contribuição paga a maior, é a data da publicação da MP n° 1,110/95, ou seja, em 31/08/95, estendendo-se o período legal deferido ao contribuinte até 31/08/2000, inclusive, sendo este o dies ad quem. 10 Processo n° 13804.000711/00-26 Acórdão n.° 3102-00.120 S3-C1T2 Fl 91 Como o pedido em análise foi realizado em 24/03/2000, dentro do prazo abarcado pela tese supra, deve ser revisto o julgamento a quo, no sentido de dar provimento ao recurso interposto pelo contribuinte. No vinco do exposto, voto no sentido de prover o recurso, para afastar a decadência aplicada no presente caso, e para que retorne o expediente à Delegacia da Receita Federal de origem, onde devem ser analisadas as demais circunstâncias do pedido de restituição/compensação formulado pelv. Recorrente. Luciano Lopes de Afriféida Mordes Voto Vencedor Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Redator Designado A matéria decadência em expedientes de restituição e/ou compensação de FINSOCIAL é iterativa nesta Câmara. Minha convicção anterior foi extemada muitíssimas vezes neste Colegiado, no sentido de que o dies a quo de tal contagem do prazo decadencial seria a data em que os contribuintes tiveram seus direitos reconhecidos pela Administração Tributária, consubstanciado na publicação da medida provisória n° 1.110/95 e suas reedições. Nada obstante, em sessão recente passada, um voto da i. Conselheira ROSA MARIA DE JESUS DA SILVA COSTA DE CASTRO, inclusive declarado na e. Câmara Superior de Recursos Fiscais, da qual a brilhante Conselheira faz parte, sensibilizou-me no sentido de acolher a tese dos cinco mais cinco do e. Superior Tribunal de Justiça, o qual peço vênia para reproduzi-lo parcialmente: Como é cediço, o Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão plenária realizada em dezembro de 1992, quando do julgamento do Recurso Extraordinário n° 150,764-1/PE, declarou a inconstitucionalidade incidental de todos os dispositivos que aumentaram a aliquota do Finsocial (Leis n° 7,787/89; 7.787/89;- e, 8.147/90, reconhecendo a constitucionalidade unicamente da ai:quota de incidência originária, equivalente a 0,5% sobre a receita bruta de venda de mercadorias. "CONTRIBUIÇÃO SOCIAL-PARÂMETROS-NORMAS DE REGÊNCIA-FINSOCIAL-BALIZAMENTO TEMPORAL. A teor do disposto no art. 195 da Constituição Federal, incumbe à sociedade, como um todo, financiar, de forma direta e indireta, nos termos da lei, a seguridade social, atribuindo-se aos empregadores a participação mediante bases de incidência próprias - folha de salários, o faturarnento e o lucro. Em norma de natureza constitucional transitória, emprestou-se ao FINSOCIAL característica de contribuição, jungindo-se a imperatividade das regras insertas no Decreto-Lei n° 1940/82, com as alterações ocorridas até a promulgação da Carta de 1988, ao espaço de tempo relativo à edição da lei prevista no referido artigo. Conflita com as disposições constitucionais - artigos 195 do corpo permanente e 56 do Ato das Disposições / Constitucionais Transitórias - preceito de lei que, a título de 11 viabilizar o texto constitucional, toma de empréstimo, por simples remissão, a disciplina do FINSOCIAL, Incompatibilidade manifesta do art. 9° da Lei n° 7689/88 com o Diploma Fundamental, no que discrepa do texto constitucional". Durante vários meses defendi posicionamento idêntico ao sustentado pela Interessada, qual seja, visto que os textos legais têm pressuposto de legalidade e de constitucionalidade, o prazo de cinco anos para requerer a restituição dos valores indevidamente recolhidos a título de contribuição ao Finsocial, somente poderia começar a ser contado a partir da modificação levada a efeito pela Medida Provisória n° 1.621-36, ou seja, a partir de 10 de junho de 1998. Nesse esteio, o prazo somente se encerraria em 10 de junho de 2003. Nada obstante, após muitas considerações e discussões com meus pares, acabei por acatar uma ponderação que entendo ser totalmente coerente: O Poder Executivo não pode ser compelido a restituir mais do que aquilo que está pacifico pelo Poder Judiciário. Nesse esteio, a partir da presente Sessão, altero minha posição para acatar a linha de entendimento consolidado, e confirmado recentemente pelo STJ, segundo o qual o prazo de 5 (cinco) anos estabelecido para a decadência do crédito decorrente de indébito tributário (artigo 168, I, do CTN) deve ser somado ao interstício hábil à homologação assinalada no áç 4' do artigo 150 do CTN.. "§ 4'. Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação," Se não se operou a homologação expressa ventilada em tal dispositivo, deflui daí a consumação tácita de tal expediente administrativo, dependente do transcurso de 5 (cinco) anos contados da ocorrência de cada qual dos fatos geradores do tributo considerado para ser reputado materializado. Antes de esgotados os prazos referidos (5 anos ,5 anos) não se pode cogitar de extinção do direito de a Interessada requerer a restituição de tributo indevidamente recolhido, sobretudo porque não transcorrido o período hábil à constatação formal, pela Fazenda Pública, de que a mesma promoveu pagamentos indevidos. Consulte-se, nesta toada, o entendimento do STJ sobre o tema, que em tudo confirma as observações adredemente formuladas (RE n°327043): "1. Questiona-se, aqui, (a) a natureza — se interpretativa ou não - do art. 3° da LC 118/2005, segundo o qual, para efeito de contagem do prazo para a repetição do indébito, deve ser considerado que "a extinção do crédito tributário ocorre, no caso ide tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado", bem como (b) a legitimidade da art. 12 Processo n° 13804 000711/00-26 S3-C1T2 Acórdão n 3102 -00.120 Fl 92 4', segunda parte, da mesma Lei, que determina a aplicação retroativa daquele artigo 3 0, tal corno prevê o art. 106, 1, do CTN. (—) 6. Ainda que se admita a possibilidade de edição de lei interpretativa, como prevê o art. 106, 1, do CTN, mas considerando o que antes se disse sobre o processo interpretativo e seus agentes oficiais (= a norma é aquilo que o Judiciário diz que é), evidencia-se como hipótese paradigmática de lei inovadora (e não simplesmente interpretativa) aquela que, a pretexto de interpretar, confere à norma interpretada um conteúdo ou um sentido diferente daquele que lhe foi atribuído pelo Judiciário ou que limita o seu alcance ou lhe retira um dos seus sentidos possíveis. É o que ocorre no caso em exame. Com efeito, sobre o tema relacionado com a prescrição da ação de repetição de indébito tributário, a jurisprudência do Sn (1 a Seção) é no sentido de que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo de cinco anos, previsto no art. 168 do CTN, tem inicio, não na data do recolhimento do tributo indevido, e sim na data da homologação — expressa ou tácita - do lançamento. Segundo entende o Tribunal, para que o crédito se considere extinto, não basta o pagamento: é indispensável a homologação do lançamento, hipótese de extinção albergada pelo art. 156, VII, do CTN. Assim, somente a partir dessa homologação é que teria início o prazo previsto no art. 168, L E, não havendo homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito acaba sendo, na verdade, de dez anos a contar do fato gerador. (-) Ora, o art. 30 da LC 118/2005, a pretexto de interpretar esses mesmos enunciados, conferiu-lhes, na verdade, um sentido e um alcance diferente daquele dado pelo Judiciário.. Ainda que defensável a "interpretação" dada, não há como negar que a lei inovou no plano normativo, pois retirou das disposições normativas interpretadas um dos seus sentidos possíveis, justamente aquele tido como correto pelo STJ, intérprete e guardião da legislação federal, Se, como se disse, a norma é aquilo que o Judiciário, como seu intérprete, diz que é, não pode ser considerada simplesmente interpretativa a lei que dá a ela outro significado, Em outras palavras: não pode ser considerada interpretativa a lei que tem o evidente objetivo de modificar a jurisprudência dos Tribunais. Somente a jurisprudência é que pode, legitimamente, alterar a jurisprudência, 7 Não se nega ao Legislativo o poder de alterar a norma (e, portanto, se for o caso, também a interpretação formada em relação a ela).. Pode, sim, fazê-lo, mas não com efeitos retroativos. C ,y' 13 Nessa moldura, assente que a solicitação efetuada pela Interessada foi protocolizaria em 24/03/2000, e os fatos geradores da contribuição a ser restituída referem-se aos períodos de 01/06/1990 a 31/03/1992, entendo que houve decadência parcial do direito pleiteado. Ante o exposto, voto pelo DEFERIMENTO PARCIAL do recurso voluntário, para afastar parcialmente a decadência aplicada no presente caso, e para que retome o expediente à Delegacia da Receita Federal de origem, onde devem ser analisadas as demais circunstâncias do pedido de restituigão/compensação formulado pela Recorrente. Corintho Olkv"iMachado 14
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Numero do processo: 13746.000144/2003-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004
PROCESSO CONEXO - DECISÃO ÚNICA PROFERIDA NOS AUTOS DO PROCESSO PRINCIPAL - APLICAÇÃO
Um vez que a complexidade da matéria fez com que a turma de julgamento analisasse os casos de forma concomitante e proferisse uma única decisão, adota-se integralmente nos processos conexos a decisão proferida nos autos do processo principal.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-002.827
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, , por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Fez sustentação oral: Ricardo Alexandre Hidalgo Pace - OAB/SP 182632.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(assinado digitalmente)
FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora.
EDITADO EM: 14/05/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Paulo Guilherme Deraulede, Gileno Gurjão Barreto, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fabiola Cassiano Keramidas.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 PROCESSO CONEXO - DECISÃO ÚNICA PROFERIDA NOS AUTOS DO PROCESSO PRINCIPAL - APLICAÇÃO Um vez que a complexidade da matéria fez com que a turma de julgamento analisasse os casos de forma concomitante e proferisse uma única decisão, adota-se integralmente nos processos conexos a decisão proferida nos autos do processo principal. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, , por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Fez sustentação oral: Ricardo Alexandre Hidalgo Pace - OAB/SP 182632. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora. EDITADO EM: 14/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Paulo Guilherme Deraulede, Gileno Gurjão Barreto, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fabiola Cassiano Keramidas.
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Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, , por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Fez sustentação oral: Ricardo Alexandre Hidalgo Pace OAB/SP 182632. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 6. 00 01 44 /2 00 3- 45 Fl. 355DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 2 EDITADO EM: 14/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Paulo Guilherme Deraulede, Gileno Gurjão Barreto, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fabiola Cassiano Keramidas. Relatório Tratase de processo administrativo de compensação para a qual o contribuinte utilizouse de crédito de IPI decorrente da entrada de insumos isentos. O direito ao crédito foi reconhecido por meio de ação judicial já transitada em julgado. O caso é complexo e envolve muitos processos administrativos e judiciais. Por razão de economia processual e lógica de julgamento, todos os processos administrativos referentes a este assunto, portanto conexos, que estavam em pauta na sessão de 27 de janeiro de 2015, foram julgado concomitantemente, tendo sido proferido uma única e completa decisão nos autos do processo administrativo principal, qual seja: 10735.000001/99 18. Em virtude deste fato, adoto, para os devidos fins de direito, o relatório proferido naqueles autos e lido em sessão. Voto Conselheira FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS O recurso é tempestivo e atende os pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Conforme relatado, este processo foi julgado concomitantemente ao processo administrativo principal no 10735.000001/9918. Nesta oportunidade resumiuse o assunto em discussão da seguinte forma: “O debate em relação ao CRÉDITO abrange os efeitos da alteração da norma que obrigou (i) o trânsito em julgado da ação para fins de compensação (art. 170A do CTN) e os efeitos da Instrução Normativa nº 41/2000, que inseriu uma nova situação ao direito da contribuinte em contraposição à coisa julgada favorável à empresa Nitriflex, proferida nos autos do MS nº 98.00166580 (o qual concedia o direito de crédito no período de Jul/88 a Jul/98 e autorizava a compensação nos moldes da IN 21/97) (ii) a situação específica da Recorrente em face da decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança no 2001.51.10.0010250 e, (iii) os efeitos da IN/SRF 517, que a partir de 2005 passou a exigir a habilitação de créditos reconhecidos por decisões judiciais transitadas em julgado (iv) quantificação dos créditos. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13746.000144/200345 Acórdão n.º 3302002.827 S3C3T2 Fl. 11 3 Em relação aos DÉBITOS é preciso analisar (i) a homologação tácita das compensações de terceiros e (ii) especificamente em relação aos processos administrativos no 11516.002703/200411, 11610.001259/200367 e 10930.003102/200391 a preliminar de nulidade da decisão proferida pela DRFFlorianópolis/SC, por suposta incompetência para tanto, nos termos da IN/SRF 21/97.” A decisão proferida foi única e completa, tendose analisado, nesta oportunidade, todas as matérias em julgamento. Ante o exposto, é o presente para ADOTAR e REITERAR a decisão proferida nos autos do processo 10735.000001/9918, concluindose pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso ora analisado. É como voto. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 357DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 13629.001240/2007-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Jul 01 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1401-000.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva– Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 36 29 .0 01 24 0/ 20 07 -7 1 Fl. 1DF CARF MF Impresso em 01/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA Processo nº 13629.001240/200771 Resolução nº 1401000.180 S1C4T1 Fl. 3 2 Dentre as questões em discussão no presente feito, encontrase a utilização da Requisição de Movimentação Financeiras – RMF, por parte da Autoridade Fiscal, como forma de conhecer os extratos bancários da Recorrente. A constitucionalidade de referido instrumento está em julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nos autos do RE 601.314. Ainda, no RE 410.054 AgRg, foi determinado o sobrestamento do feito até o julgamento do processo em repercussão geral. Segundo o art. 62, § 1º Código de Processo Civil, “Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543b, do CPC”. Ainda, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o reconhecimento da repercussão geral conduzirá |à aplicado no art. 543B do CPC. Senão, veja se: Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzirse em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil, podendo pedirlhes informações, que deverão ser prestadas em 5 (cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543B do Código de Processo Civil. (sem grifos no original). Ainda, a Portaria nº 138, de 23 de julho de 2009, do Supremo Tribunal Federal, impõe que todo processo onde tiver havido repercussão geral deverá ser sobrestado, independentemente de determinação expressa nesse sentido. Leiase o dispositivo, in verbis: PORTARIA Nº 138, DE 23 DE JULHO DE 2009 O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 543B, § 5º, do Código de Processo Civil, com a redação da Lei nº 11.418/06, e no art. 328, parágrafo único, do Regimento Interno, com redação da Emenda Regimental nº 21/07, RESOLVE: Art. 1º Determinar à Secretaria Judiciária que devolva aos Tribunais, Turmas Recursais ou Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais os processos múltiplos ainda não distribuídos relativos a matérias submetidas à análise de repercussão geral pelo STF, os encaminhados em desacordo com o disposto no § 1º do art. 543B, do Código de Processo Civil,bem como aqueles em que os Ministros tenham determinado sobrestamento ou devolução. Por fim, a Portaria nº 01/2012 deste Conselho determina o sobrestamento do feito, sempre que, cumulativamente, a matéria encontrase em repercussão geral e tiver havido Fl. 2DF CARF MF Impresso em 01/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA Processo nº 13629.001240/200771 Resolução nº 1401000.180 S1C4T1 Fl. 4 3 ordem de sobrestamento de processos por força de referida situação. No caso, essa cumulação de requisitos se apresenta pelos RE 601.314 e RE 410.054 AgRg, ambos do Supremo Tribunal Federal. Pelo exposto, nos termos da Portaria nº 1 do CARF, voto no sentido de sobrestar o julgamento do presente feito até ulterior análise da questão constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Transitada em julgada a decisão do Excelso Pretório, retornem os autos para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Fl. 3DF CARF MF Impresso em 01/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 19311.720464/2012-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Apr 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
RECURSO DE OFÍCIOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EXCLUSÃO.
Inexistindo nos autos qualquer indicação de ato praticado pelas inicialmente indicadas responsáveis tributárias pelo crédito constituído, sobretudo nos termos especificamente apontados pelas disposições do conhecido Art. 135, inciso III do CTN, correta se apresenta a decisão de primeira instância que impôs a sua desconsideração na hipótese.
RECURSO VOLUNTÁRIO. SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR N. 105. INEXISTENCIA.
Nos termos expressos pelas disposições da Lei Complementar n. 105, não constitui violação ao dever de sigilo, dentre outras hipóteses, a válida obtenção e utilização, pelos representantes da Fazenda Pública, de informações relativas às movimentações financeiras realizadas pelos contribuintes submetidos à especifica fiscalização, nos termos do regulamento aplicável.
SIGILO BANCÁRIO. OFENSA CONSTITUCIONAL. SÚMULA CARF N. 02.
Nos termos da Súmula CARF n. 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A discussão a respeito da eventual (in)validade das disposições das normas vigentes compete ao Poder Judiciário.
OMISSÃO DE RECEITA. APLICAÇÃO DE PRESUNÇÃO. ART. 42 DA LEI 9.430/96
De acordo com as expressas disposições do art. 42 da Lei 9.430/96, caracterizam omissão de receita a identificação de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
DECADÊNCIA. ART. 173, INCISO I DO CTN. SÚMULA CARF N. 72
Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN.
ISSQN. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF N. 02
Conforme aqui já apontado, não compete a este Conselho a discussão a respeito da (in)constitucionalidade dos atos normativos regularmente constitutídos.
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO.
Restando devidamente verificado nos autos que a hipótese tratada não se refere à simples aplicação de presunção de omissão de receitas, mas sim da presença específica de atos da contribuinte que importam em configuração de fraude, dolo e/ou simulação, é de ser mantida a qualificação da penalidade de ofício aplicada, nos termos do parágrafo primeiro do Art. 44 da Lei 9.430/96.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ESPECÍFICO APONTAMENTO DE ATOS. REGULARIDADE.
Com exclusão das pessoas indicadas pela r. decisão de primeira instância, verifica-se que, em relação aos agentes restantes, especificamente comprovados nos autos a atuação ilícita dos respectivos gestores - sobretudo com a utilização de "laranjas" para o encobrimento dos fatos praticados -, o que, com toda a certeza, caracteriza a hipótese do art. 135, inciso III do CTN, sendo, assim, perfeitamente legítima a imposição da respectiva responsabilidade tributária pessoal/solidária dos mesmos.
Numero da decisão: 1301-001.764
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício. 2) Por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário.
(Assinado digitalmente)
VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 RECURSO DE OFÍCIOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EXCLUSÃO. Inexistindo nos autos qualquer indicação de ato praticado pelas inicialmente indicadas responsáveis tributárias pelo crédito constituído, sobretudo nos termos especificamente apontados pelas disposições do conhecido Art. 135, inciso III do CTN, correta se apresenta a decisão de primeira instância que impôs a sua desconsideração na hipótese. RECURSO VOLUNTÁRIO. SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR N. 105. INEXISTENCIA. Nos termos expressos pelas disposições da Lei Complementar n. 105, não constitui violação ao dever de sigilo, dentre outras hipóteses, a válida obtenção e utilização, pelos representantes da Fazenda Pública, de informações relativas às movimentações financeiras realizadas pelos contribuintes submetidos à especifica fiscalização, nos termos do regulamento aplicável. SIGILO BANCÁRIO. OFENSA CONSTITUCIONAL. SÚMULA CARF N. 02. Nos termos da Súmula CARF n. 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A discussão a respeito da eventual (in)validade das disposições das normas vigentes compete ao Poder Judiciário. OMISSÃO DE RECEITA. APLICAÇÃO DE PRESUNÇÃO. ART. 42 DA LEI 9.430/96 De acordo com as expressas disposições do art. 42 da Lei 9.430/96, caracterizam omissão de receita a identificação de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DECADÊNCIA. ART. 173, INCISO I DO CTN. SÚMULA CARF N. 72 Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN. ISSQN. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF N. 02 Conforme aqui já apontado, não compete a este Conselho a discussão a respeito da (in)constitucionalidade dos atos normativos regularmente constitutídos. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Restando devidamente verificado nos autos que a hipótese tratada não se refere à simples aplicação de presunção de omissão de receitas, mas sim da presença específica de atos da contribuinte que importam em configuração de fraude, dolo e/ou simulação, é de ser mantida a qualificação da penalidade de ofício aplicada, nos termos do parágrafo primeiro do Art. 44 da Lei 9.430/96. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ESPECÍFICO APONTAMENTO DE ATOS. REGULARIDADE. Com exclusão das pessoas indicadas pela r. decisão de primeira instância, verifica-se que, em relação aos agentes restantes, especificamente comprovados nos autos a atuação ilícita dos respectivos gestores - sobretudo com a utilização de "laranjas" para o encobrimento dos fatos praticados -, o que, com toda a certeza, caracteriza a hipótese do art. 135, inciso III do CTN, sendo, assim, perfeitamente legítima a imposição da respectiva responsabilidade tributária pessoal/solidária dos mesmos.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 34; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2364; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2 1 1 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19311.720464/201201 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1301001.764 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de fevereiro de 2015 Matéria Omissão de receitas. Depósitos bancários Recorrentes TRIUMPH ADMINISTRAÇÃO E ASSESSORIA LTDA ME FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 RECURSO DE OFÍCIOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EXCLUSÃO. Inexistindo nos autos qualquer indicação de ato praticado pelas inicialmente indicadas responsáveis tributárias pelo crédito constituído, sobretudo nos termos especificamente apontados pelas disposições do conhecido Art. 135, inciso III do CTN, correta se apresenta a decisão de primeira instância que impôs a sua desconsideração na hipótese. RECURSO VOLUNTÁRIO. SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR N. 105. INEXISTENCIA. Nos termos expressos pelas disposições da Lei Complementar n. 105, não constitui violação ao dever de sigilo, dentre outras hipóteses, a válida obtenção e utilização, pelos representantes da Fazenda Pública, de informações relativas às movimentações financeiras realizadas pelos contribuintes submetidos à especifica fiscalização, nos termos do regulamento aplicável. SIGILO BANCÁRIO. OFENSA CONSTITUCIONAL. SÚMULA CARF N. 02. Nos termos da Súmula CARF n. 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A discussão a respeito da eventual (in)validade das disposições das normas vigentes compete ao Poder Judiciário. OMISSÃO DE RECEITA. APLICAÇÃO DE PRESUNÇÃO. ART. 42 DA LEI 9.430/96 De acordo com as expressas disposições do art. 42 da Lei 9.430/96, caracterizam omissão de receita a identificação de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 04 64 /2 01 2- 01 Fl. 638DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 2 em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DECADÊNCIA. ART. 173, INCISO I DO CTN. SÚMULA CARF N. 72 Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. ISSQN. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF N. 02 Conforme aqui já apontado, não compete a este Conselho a discussão a respeito da (in)constitucionalidade dos atos normativos regularmente constitutídos. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Restando devidamente verificado nos autos que a hipótese tratada não se refere à simples aplicação de presunção de omissão de receitas, mas sim da presença específica de atos da contribuinte que importam em configuração de fraude, dolo e/ou simulação, é de ser mantida a qualificação da penalidade de ofício aplicada, nos termos do parágrafo primeiro do Art. 44 da Lei 9.430/96. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ESPECÍFICO APONTAMENTO DE ATOS. REGULARIDADE. Com exclusão das pessoas indicadas pela r. decisão de primeira instância, verificase que, em relação aos agentes restantes, especificamente comprovados nos autos a atuação ilícita dos respectivos gestores sobretudo com a utilização de "laranjas" para o encobrimento dos fatos praticados , o que, com toda a certeza, caracteriza a hipótese do art. 135, inciso III do CTN, sendo, assim, perfeitamente legítima a imposição da respectiva responsabilidade tributária pessoal/solidária dos mesmos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício. 2) Por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Relatório Fl. 639DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 3 3 Por bem descrever as circunstâncias contidas nos autos, adoto o relatório apresentado pela r, decisão de primeira instância, donde destaco: Os autos de infração a fls. 333/369 exigem da interessada o recolhimento de crédito tributário no montante de R$ 4.028.924,68, assim discriminado: Descrição das infrações imputadas O autuante, reportandose ao termo de verificação fiscal a fls. 370 a 375, atribui à autuada a infração de cuja descrição adiante se faz uma síntese. OMISSÃO DE RECEITAS POR PRESUNÇÃO LEGAL DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Datas dos fatos geradores: 31/01/2008, 28/02/2008, 31/03/2008, 30/04/2008, 31/05/2008, 30/06/2008, 31/07/2008, 31/08/2008, 30/09/2008, 31/10/2008, 30/11/2008 e 31/12/2008. Multa: 150%. Enquadramento legal para o IRPJ: Art. 3º da Lei n° 9.249/95; Art. 42 da Lei n° 9.430/96 c/c arts. 518 e 528 do RIR/99. Enquadramento legal para a CSLL: Art. 2º da Lei n° 7.689/88 com as alterações introduzidas pelo art. 2º da Lei n° 8.034/90; Art. 2º da Lei n° 9.249/95; Art. 29, inciso I, da Lei n° 9.430/96; Art. 24, § 2º, da Lei n° 9.249/95; Art. 37 da Lei n° 10.637/02; Art. 22 da Lei n° 10.684/03; Art. 3º da Lei n° 7.689/88 com redação dada pelo art. 17 da Lei n° 11.727/08; Art. 24, § 2º, da Lei n° 9.249/95 com as alterações introduzidas pela Medida Provisória n° 449/08. Enquadramento legal para a Cofins: Art. 8º da Lei n° 9.718/98; Art. 1º da Lei Complementar n° 70/91; Art. 2º da Lei n° 9.718/98; Art. 24, § 2º, da Lei n° 9.249/95; Art. 3º da Lei n° 9.718/98 com as alterações introduzidas pelo art. 2º da Medida Provisória n° 2.15835/01 e pelo art. 41 da Lei n° 11.196/05; Art. 24, § 2°, da Lei n° 9.249/95 com as alterações introduzidas pelo art. 28 da Medida Provisória n° 449/08. Enquadramento legal para a contribuição para o PIS: Art. 1º da Lei Complementar n° 7/70; Arts. 2º, inciso I, e 9º da Lei n° 9.715/98; Art. 2º da Lei n° 9.718/98; Art. 24, § 2º, da Lei n° 9.249/95; Art. 8º, inciso I, da Lei n° 9.715/98; Art. 3º da Lei n° 9.718/98 com as alterações introduzidas pelo art. 2º da Medida Provisória n° 2.15835/01 e pelo art. 41 da Lei n° 11.196/05; Art. 24, § 2º, da Lei n° 9.249/95 com as alterações introduzidas pelo art. 28 da Medida Provisória n° 449/08. Termo de verificação fiscal No termo de verificação fiscal a fls. 370 a 375, o autuante apresenta a motivação dos lançamentos. Dele extraemse as observações e argumentos resumidos adiante. Fl. 640DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 4 · A fiscalizada, conforme contrato social e DIPJ, atua nos ramos de aluguel de imóveis próprios e de prestação de serviços combinados de escritório e apoio administrativo. · No anocalendário de 2008, ela adotou como sistemática de tributação a do lucro presumido, declarando em DIPJ receita anual de apenas R$ 24.000,00 (fls. 09/24). · Por meio de termo de início de procedimento fiscal, a fiscalizada foi pessoalmente intimada a apresentar livros contábeis e extratos bancários. A ciência do termo foi dada à funcionária Edilaine Silveira (fls. 67). · O endereço cadastral fornecido pela fiscalizada encontravase desatualizado, uma vez que ela não foi localizada nele, o que motivou a sua intimação para regularizálo (fls. 68). · Não tendo se manifestado, a fiscalizada foi reintimada por via postal . A correspondência foi devolvida pelos Correios com a informação "Mudouse" (fls. 68/69). · Intimações e reintimações foram então encaminhadas para as duas sócias, Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro (fls. 70/77). · Não havendo nenhuma resposta, foram expedidas RMFs para o Banco Bradesco S/A e Banco Santander Brasil S/A (fls. 78/85). · Com base nos extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras, foram identificados créditos e depósitos em contas bancárias de titularidade da fiscalizada (fls. 100/115 e 117/149). · Por meio de termo de intimação, foi exigida comprovação acerca da origem dos créditos identificados, no montante de R$ 11.004.130,00 (fls. 153/166). · Foram também identificadas, por meio do cartão de assinaturas do Bradesco, as pessoas autorizadas a movimentarem a conta bancária da fiscalizada: Waltair Porto Ribeiro, Osvaldo Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro (fls. 148/149). · Não havendo nenhuma manifestação a respeito dos termos lavrados, foi solicitado o comparecimento das seguintes pessoas para prestar esclarecimentos: Marisa Bonassi Ribeiro e Lilian Barbosa de Mello Pressutti (sócias); Edilaine Silveira Pacheco (funcionária); Waltair Porto Ribeiro e Osvaldo Pressutti (exsócios e cônjuges das sócias); e Jonatas Sigrist (contabilista responsável pela escrituração do anocalendário de 2008) – (fls. 86/97 e 167/170). · Compareceram somente Jonatas Sigrist e Osvaldo Pressutti. · O contabilista Jonatas Sigrist declarou (fls. 150): * que é contador e tem escritório de contabilidade na cidade de Campinas; * que foi contador da Triumph Administração e Assessoria Ltda desde sua constituição, em 1996, até outubro de 2010; * que a Triumph atuou no ramo de factoring até o ano de 2001 ou 2002, depois permaneceu inativa por alguns anos e, nos anos de 2008, 2009 e 2010, passou a atuar na administração de imóveis e assessoria administrativa; * que o contato com a Triumph era feito com Osvaldo Pressutti, com quem não mantém contato há mais de quatro anos, e com a Sra. Edilaine, a partir de novembro de 2007; * que depois que a Triumph encerrou a atividade de factoring, ela ficou inativa, e, a partir desse período, ele não teve mais contato pessoal com nenhuma pessoa da empresa; Fl. 641DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 4 5 * que conheceu Waltair Porto Ribeiro por ocasião da constituição da empresa; * que não conhece pessoalmente a Sra. Edilaine, o contato era feito por telefone e email; * que a documentação da Triumph para escrituração era recebida por via postal (folha de pagamento, contas de telefone, entre outros documentos); * que o faturamento da Triumph era originado da receita de aluguel de seu único imóvel no valor mensal de R$ 2.000,00; * que não teve acesso a cópia do contrato de locação e não sabe quem era o locatário; * que as guias do INSS, FGTS e DARFs eram transmitidas para Sra. Edilaine por email; * que toda a documentação (livros e documentos) da Triumph foi devolvida em outubro de 2010, cessando nesta data a prestação de serviços. · Osvaldo Pressutti declarou (fls. 171): * que era, na data do depoimento, gerente financeiro da empresa A. C. Truman, estabelecida na cidade de São Paulo; * que era, juntamente com Waltair Porto Ribeiro, o administrador da Triumph até o ano de 2008; * que era, juntamente com Waltair Porto Ribeiro, o responsável pela movimentação bancária e pela emissão de cheques da Triumph; * que a Triumph atuou no ano de 2008 na prestação de serviços de cobrança, envio de boletos para algumas empresas, em especial para a Cotton Fios Fiação Ltda; * que a Cotton Fios comprava algodão de produtores rurais e cooperativas situados na Bahia, Goiás e Mato Grosso; * que a Cotton Fios não fazia nenhuma operação de industrialização e revendia para clientes no ramo de fiação concentrados nos estados de São Paulo e Minas Gerais; * que a movimentação financeira da Triumph era proveniente de prestação de serviços em operações de cobrança e de pagamentos para fornecedores de terceiros; * que a receita da Triumph no ano de 2008 era suficiente para cobrir os encargos com folha de pagamento de seus três funcionários; * que o contador da Triumph era Jonatas Sigrist, tendo sido transferida posteriormente a responsabilidade pela escrita contábil e fiscal para o contador Sérgio; * que a documentação contábil e fiscal (livros e notas fiscais) encontrase em poder do contador Sérgio; * que o endereço cadastral será regularizado perante o CNPJ. · Segundo o depoimento do exsócio Osvaldo Pressutti, havia um vínculo operacional entre a fiscalizada e a empresa Cotton Fio Fiação Ltda, CNPJ 04.408.202/000128. Fl. 642DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 6 · No entanto, a Cotton Fio Fiação Ltda apresentou a DIPJ relativa ao anocalendário de 2008 com todos os valores zerados. No quadro de sócios da DIPJ, figuraram Osvaldo Pressutti e Waltair Porto Ribeiro, na razão de 50% para cada (fls. 25/66). · Os reais administradores da fiscalizada no ano sob investigação são Osvaldo Pressutti e Waltair Porto Ribeiro, que alteraram o contrato social de modo a deixar a sociedade nas mãos de suas esposas, sem que elas tenham participado de qualquer ato de gestão. · Após o depoimento prestado por Osvaldo Pressutti, foi apresentado um conjunto de folhas, nem sequer encadernadas, com a finalidade de representar os livros Diário e Razão da fiscalizada relativos ao ano de 2008 (fls. 206/322). · Do conjunto de folhas constam termos de abertura e de encerramento, firmados pela sócia Lilian Barbosa de Mello Pressutti e pelo contabilista Sergio Aparecido De Oliveira. · O conjunto de folhas não atende às formalidades necessárias para a validade jurídica de um livro Diário, como seu registro e autenticação. · Da Demonstração do Resultado do Exercício do suposto livro Diário consta receita bruta anual de R$ 164.000,00, valor superior aos R$ 24.000,00 declarados em DIPJ, o que por si só já evidencia a omissão de receitas quando da apresentação de informações ao fisco (fls. 264). · Limitouse a fiscalizada a apresentar os supostos livros contábeis, deixando de apresentar a documentação exigida para a comprovação da origem dos créditos em conta bancária no montante de R$ 11.004.130,00. · Desta forma, cabe a aplicação do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, de maneira a serem caracterizados como omissão de receitas os valores creditados nas contas bancárias da fiscalizada sem a comprovação de sua origem. · Para efeito de apuração da receita omitida mensalmente, foi subtraído dos subtotais mensais o valor de R$ 2.000,00, declarado e tributado em DIPJ. O resultado será tributado conforme opção pelo lucro presumido manifestada em DIPJ, ao coeficiente de 32% (prestação de serviços). · Os fatos ocorridos, em tese, caracterizam o intuito da sonegação de tributos, ensejando a aplicação da multa de 150%. · Nos termos do art. 124, I, do CTN, caracterizase a sujeição passiva solidária de Osvaldo Pressutti, Waltair Porto Ribeiro, Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro. Ciência dos lançamentos Em 25/02/2013, as sócias Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro tiveram, por via postal, ciência dos autos de infração, conforme avisos de recebimentos a fls. 377/378. Termos de sujeição passiva solidária (processos apensados) Os termos de sujeição passiva solidária lavrados em nome de Osvaldo Pressutti, Waltair Porto Ribeiro, Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro deram origem, respectivamente, aos processos de ns. 19311.720467/201236, 19311.720469/201225, 19311.720471/201202 e 19311.720473/201293, todos estes juntados em apenso ao presente processo. Em 25/02/2013, as quatro pessoas citadas tiveram ciência, por via postal, do termo de sujeição passiva solidária, dos autos de infração e do termo de verificação fiscal, conforme avisos de recebimentos juntados nos referidos processos em apenso. Fl. 643DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 5 7 Representação fiscal para fins penais (processo apensado) Formalizouse representação fiscal para fins penais, a qual deu origem ao processo de nº 19311.720465/201247, também juntado em apenso ao presente processo. Impugnação apresentada por Triumph Administração e Assessoria Ltda ME Em 27/03/2013, Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, por intermédio do advogado Felipe Simonetto Apollonio, apresentou a impugnação a fls. 386/427. Os enunciados seguintes resumem o seu conteúdo. I Dos fatos · Tratase de exigência fiscal em virtude da suposta omissão de receitas em face da possível existência de depósitos bancários de origem não comprovada, os quais foram levantados com base em dados apurados através de mera presunção mediante confrontação de dados bancários da impugnante, protegidos constitucionalmente pelo sigilo bancário, sem que houvesse a necessária ordem judicial. · Presumiuse a existência de suposta diferença de valores a recolher em relação aos valores devidamente declarados em DIPJ e recolhidos. · Lavraramse os autos de infração sem a escorreita apuração dos valores passíveis de tributação. Não houve sequer a determinação da base de cálculo legal do IRPJ e das reflexas contribuições. Considerouse que todos os valores identificados por presunção seriam aptos à identificação da base imponível das exações. · Entendeu a fiscalização, sem nenhum elemento de prova inequívoca, que houve intuito de fraude, dolo e sonegação, aplicandose pesada multa proporcional no absurdo e desarrazoado percentual de 150%, mesmo frente à inexistência dos requisitos ensejadores dessas penalidades, desprezando os posicionamentos dos Conselhos de Contribuintes. · Inexiste razão para manutenção dos autos de infração, seja pela inconstitucional quebra do sigilo bancário da impugnante, seja pela presunção ilegítima acerca dos fatos geradores das exações, seja pelas multas absurdas e desproporcionais aplicadas. II – Preliminarmente II.a – Da nulidade dos autos de infração lavrados · Utilizouse como base dos lançamentos supostos depósitos não contabilizados e presumida omissão de receitas. · A impugnante discorre sobre norma jurídica tributária e obrigação tributária. · Inexiste no presente processo identificação da ocorrência do critério material da regra matriz de incidência tributária que ensejasse a lavratura do auto de infração. · Não se apuraram os efetivos valores pertinentes à incidência das exações, presumindo se que todos os valores identificados na conta bancária seriam fato gerador e base de cálculo para a exigência fiscal. · O sujeito passivo do IRPJ, da CSLL, da Cofins e da contribuição para ao PIS é a pessoa jurídica que obtém montante de renda, lucro e de receita bruta tributável, o que não foi demonstrado pela fiscalização. · A fiscalização se limitou a uma singela descrição sem fornecer os elementos que a levaram a conclusão apresentada. Fl. 644DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 8 · O agente fiscal utilizouse de dados protegidos pelo sigilo bancário, sem ordem judicial. · Não há como manter o presente lançamento sem ferir princípios básicos de direito. · Afrontaramse os princípios constitucionais da segurança jurídica, da estrita tipicidade em matéria tributária e da capacidade contributiva. · Impõese a declaração de nulidade dos lançamentos, por violação à ordem constitucional. II.b – Da homologação dos valores declarados e pagos referentes a janeiro de 2008 · O lançamento se refere ao ano de 2008, tendo sido intimado e notificado o contribuinte apenas em 25 de fevereiro de 2013. · “A apuração do referido lançamento no tocante ao IRPJ, CSLL, PIS e COFINS deve ter como base o mesmo critério temporal referido nas contribuições para o PIS, os quais foram declarados e pagos tendo como base de cálculo os valores constantes em DIPJ”. · O relatório fiscal não apontou valores declarados e não pagos ou nenhum outro tipo de procedimento que implicasse não pagamento do tributo apurado em DIPJ. · Verificase que “os valores foram declarados e pagos pelo contribuinte durante o mês de janeiro de 2.008, com base na DIPJ, conforme consta das próprias planilhas de diferenças a recolher elaborada pelo Ilustre agente fiscal”. · Os tributos em questão sujeitamse ao chamado lançamento por homologação, sobre o qual discorre a impugnante, citando decisões do Primeiro Conselho de Contribuintes e do STJ. · O crédito tributário em tela encontrase extinto pelo pagamento havido e sua posterior homologação. III – Do mérito III.a – Da fiscalização · A fiscalização foi levada a efeito em virtude da quebra do sigilo bancário da impugnante, sem a necessária autorização judicial para tal medida excepcional, a qual relativiza o direito constitucional à intimidade e ao sigilo das informações. · A partir da confrontação das informações das referidas contas bancárias com os valores declarados por meio de DIPJ e devidamente recolhidos, apurouse, por mera presunção, diferenças a recolher e omissão de receitas, alegandose que havia depósitos de origem não comprovada. · Não poderia a fiscalização, apenas por meio de presunções, instituir que os valores identificados seriam aptos aos fatos geradores e à base de cálculo do IRPJ, da CSLL, da contribuição para o PIS e da Cofins. · Da mesma forma, não poderia ter desconsiderado as declarações do representante da impugnante à época dos fatos geradores, o qual declarou expressamente que as movimentações financeiras eram provenientes da prestação de serviços em operações de cobrança e pagamentos para fornecedores de terceiros, ou seja, valores estranhos à impugnante e que somente permaneciam transitoriamente em suas contas bancárias até que fossem repassados aos seus clientes. · A fiscalização instituiu norma de responsabilidade solidária a pessoas estranhas ao fato gerador das referidas exações. · Foi consignado pelo agente fiscal que terceiros, no caso os sócios contemporâneos aos fatos objeto da presente exigência, bem como as sócias atuais, seriam solidariamente Fl. 645DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 6 9 responsáveis em virtude do interesse comum no fato gerador dos tributos questionados, nos termos do art. 124, I, do CTN. · Tratase de renda, lucro, e faturamento adstrito à pessoa jurídica da impugnante, e não há comprovação de interesse comum, ou de requisitos que permitam a responsabilidade pessoal dos sócios e administradores nos termos do art. 135, III, do CTN. III.b – Da inconstitucional quebra do sigilo bancário da impugnante · A justificativa para a expedição de RMFs, ao arrepio do texto constitucional, revelase na suposta ausência da prestação de informações acerca de movimentações financeiras por parte da impugnante. · Inexiste fundamento para a quebra de sigilo e realização de presunção com base nas informações obtidas para efeito de lançamento dos tributos. · Os valores apurados a partir das informações obtidas com a quebra do sigilo bancário correspondem a valores provenientes de cobranças e recebimentos em nome de terceiros para os quais a impugnante prestava serviços. · A partir da Lei Complementar n° l05, de 2001, permitiuse ao fisco utilizar as informações prestadas pelas instituições financeiras para lançar créditos tributários, o que antes era vedado expressamente. · A quebra de sigilo e utilização das informações somente pode ocorrer quando houver processo administrativo instaurado, desde que seja justificável e autorizada judicialmente tal medida. · Independentemente de a fiscalização fundamentar seus atos na RMF, não se pode olvidar que o sigilo bancário é protegido pelo art. 5º, X e XII, da Constituição Federal. · O sigilo bancário encontrase devidamente incluído no conceito de direito constitucional à intimidade, conforme já sedimentado pelo STF. · Transcrevese ementa de decisão proferida pelo STF no julgamento do RE 219780. · A legislação pertinente à RMF não modifica a estrutura da garantia ao sigilo fiscal e bancário, de forma que não pode a fiscalização desconsiderar toda a contabilidade do contribuinte regular que cumpre com suas obrigações. · A jurisprudência, inclusive do STF, tem se firmado no sentido de reconhecer a necessidade de prévia autorização judicial para utilização de dados protegidos pelo sigilo bancário. · A impugnante invoca em seu favor a decisão do STF no julgamento do RE 389808. · Os dispositivos que embasam a quebra do sigilo bancário pela RFB mediante RMF foram declarados inconstitucionais pelo STF, de modo que os dados bancários obtidos na fiscalização não podem ser utilizados. · Transcrevemse ementas de decisões proferidas pelo STF ao julgar o RE 318136 AgR e o RE 215301, segundo as quais o Ministério Público necessita de autorização judicial para promover a quebra de sigilo bancário. · A fiscalização andou mal em utilizar as informações bancárias fornecidas pelas operadoras de cartão de crédito, quebrando indevidamente o sigilo bancário da autora, violando frontalmente o texto constitucional em seu artigo 5º, X e XII, bem como a jurisprudência pacífica da Suprema Corte (AI 655298; RE 225099; RE 276997; AI 334006). Fl. 646DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 10 · Embora a jurisprudência acima referenciada não tenha efeitos “erga omnes”, a quebra do sigilo bancário pela RFB, nos termos da Lei Complementar nº 105, de 2001 é objeto de várias ADIs, como, por exemplo, as ADIs ns. 4006, 2990 e 2386. · STJ também firmou o entendimento (RMS 25375, REsp 124272 e RMS 24174, dentre outros) pela necessidade de ordem judicial para que sejam utilizados dados protegidos pelo sigilo bancário. · E ainda, para que haja tal quebra, deve haver a comprovação de motivação hábil, lícita e plausível, respeitandose a razoabilidade e a proporcionalidade, o que não ocorreu no caso. · Transcrevese ementa de decisão do STF no julgamento do RMS 25174. · Inexiste motivo para quebra de sigilo bancário, pois a impugnante prestou as informações necessárias, inclusive informando a origem dos depósitos. · A fiscalização ignorou as informações obtidas para autuar com base em meras presunções, sem autorização judicial para a utilização dos dados fornecidos pelas operadoras de cartão, impondose o cancelamento da exigência fiscal. III.c – Da impossibilidade de manutenção do lançamento realizado no tocante ao IRPJ e reflexos de CSLL, PIS e Cofins · Conforme a jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, a mera presunção acerca do fato gerador do tributo não confere consistência ao lançamento realizado, tornandoo ilegítimo. · Transcrevese ementa do acórdão nº 10193956 do Primeiro Conselho de Contribuintes. · Há necessidade de cancelamento do lançamento tendo em vista que a identificação do fato gerador das exações deuse em virtude de presunção desprovida de qualquer elemento que fornecesse verossimilhança às alegações da fiscalização, sem falar na inconstitucional quebra do sigilo bancário da impugnante. Da exigência do IRPJ · Inexiste no presente processo identificação da ocorrência do critério material da regra matriz de incidência tributária. · O imposto sobre a renda não tem como base de cálculo as movimentações financeiras, como lançou o agente fiscal, o qual aplicou a alíquota do imposto de renda como se CPMF fosse e, de forma reflexa, lançou a contribuição para o PIS, a Cofins e a CSLL, o que é inadmissível. · O contribuinte do imposto de renda pessoa jurídica é a pessoa jurídica que adquire disponibilidade econômica ou jurídica da renda, o que inexiste nos demonstrativos apresentados pela fiscalização. · Transcrevemse trechos do acórdão nº 10608339 do Primeiro Conselho de Contribuintes. · Questionase onde estão o demonstrativo da renda consumida e os sinais exteriores de riqueza. · Transcrevese ementa de decisão atribuída a Conselho de Contribuintes. · Somente pode ocorrer o arbitramento quando ficar comprovado o nexo causal entre o depósito e a omissão de rendimento ou, ainda, a comprovação da utilização dos valores depositados para a atividade, o que não ocorreu. Fl. 647DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 7 11 · A presunção de forma alguma deve fundamentar o lançamento fiscal sob pena de mutilação da busca do primado pela verdade, sendo de rigor o cancelamento da exigência fiscal. Da exigência da CSLL · Há ainda a exigência de CSLL em virtude de suposto não recolhimento. · Todavia, a autuação merece reforma na totalidade frente a sua dissonância em relação ao nosso direito positivo. · Os prejuízos fiscais e bases negativas devem sempre ser deduzidos dos resultados positivos obtidos em exercícios futuros, indefinidamente e sem qualquer limitação, sob pena de desnaturarmos o real conteúdo da base de cálculo constitucionalmente prevista. · É inaplicável a limitação imposta pelo agente fiscal. · Não há que falar em imposto sobre a renda ou contribuição social sobre o lucro sem que primeiramente se deduza integralmente os prejuízos fiscais e bases negativas da contribuição social sobre o lucro líquido acumulados, uma vez que, até que estes tenham sido totalmente absorvidos pelos resultados positivos apurados, não ocorrerá o binômio base de cálculo hipótese de incidência. Da natureza constitucional das contribuições e dos princípios afrontados · A Constituição Federal traz todos os arquétipos fundamentais possíveis para instituição de tributos, dentre eles as contribuições. · As contribuições devem respeitar princípios, dentre eles o da capacidade contributiva, oposto da limitação à compensação. · É vedado ao legislador tributar parcelas que não exteriorizem riqueza econômica do contribuinte e que não extravasem essa capacidade, os chamados sinais exteriores de riqueza. · O respeito ao princípio da capacidade contributiva possui forte liame com o princípio constitucional da livre concorrência. · A hipótese de incidência tributária, em especial quando da realização de seu critério quantitativo, deve refletir sinal exterior de riqueza do contribuinte e jamais parcela de terceiro. · O processo administrativo deve obedecer ao princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, o que não foi respeitado no presente, visto que a sanção apontada é totalmente desproporcional à hipótese elencada, bem como foge à razoabilidade. Da ilegal inclusão do ISSQN na base de cálculo do PIS e da Cofins · Entende a fiscalização que a ausência de excludente específica em relação ao ISSQN redundaria na sua inserção na base de cálculo da Cofins. · O ISSQN, conforme delineado na competência tributária dos Municípios e do Distrito Federal, a eles pertence, não possuindo liame com o patrimônio da impugnante. · É clara a ofensa ao art. 195, I, da Constituição Federal. · Conforme sedimentado pela doutrina e jurisprudência, tanto a Cofins como a contribuição para o PIS, caso dos autos, não podem incidir sobre o ISSQN. · A impugnante invoca em seu favor decisão do TRF da 3ª Região. Fl. 648DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 12 · A constitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins encontrase pendente de julgamento no STF, mas já foram obtidos os votos necessários para decisão favorável aos contribuintes. · A questão debatida referente ao ICMS é plenamente aplicável ao ISSQN. IV Da impossibilidade de aplicação de multa de 150% no caso em tela · As multas aplicadas sobre parcela desconexa com o patrimônio da impugnante fogem à sua capacidade econômica e possuem caráter confiscatório, ferindo os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e vedação de confisco. · Em nenhum momento se comprovou tentativa de fraude ou de omissão de informações ao fisco. · Os Conselhos de Contribuintes já decidiram que, se não caracterizado o evidente intuito de fraude, não procede a aplicação da multa de 150%. · Se houve presunção até mesmo na realização do lançamento, em hipótese alguma poderia se presumir algo que deveria ser evidente. · Conforme jurisprudência pacífica do STF, são cabíveis à luz do princípio da vedação ao confisco multas em montante não superior a 20% do crédito tributário constituído. · Citamse decisões do Primeiro Conselho de Contribuintes e do STF. · As multas exigidas, manifestamente confiscatórias, devem ser diminuídas ou canceladas em virtude da inexistência de comprovação de manifesto intuito de dolo, fraude ou simulação. · Mesmo que se entenda pela legitimidade dos gravames aplicados, estes devem ser reduzidos, pois tiveram por base valores equivocadamente apurados mediante presunção. V – Do pedido · Requerse o acolhimento de preliminar de violação a diversos princípios constitucionais, determinandose a anulação da exigência fiscal. · Requerse ainda o acolhimento de preliminar de decadência relativamente a janeiro de 2008, determinandose o cancelamento da exigência fiscal ou, no mínimo, o relançamento com a exclusão dos valores atingidos pela decadência. · Quanto ao mérito, requerse o cancelamento da autuação e seus consectários, pela inconstitucionalidade da quebra do sigilo bancário e apuração, com base em meras presunções, de tributos referentes a valores não representativos de acréscimo patrimonial ou lucro. · Se rechaçadas as pretensões acima, requerse o cancelamento das multas aplicadas, pela não comprovação de dolo, fraude, simulação ou sonegação, ou, no mínimo, a redução delas ao limite legal de 20% à luz do princípio da vedação ao confisco. · Requerse, por fim, o encaminhamento de todas as correspondências e intimações ao patrono da impugnante. Impugnações apresentadas pelos responsáveis solidários Em 27/03/2013, Osvaldo Pressutti, por intermédio da advogada Graziela de Paiva Arantes, apresentou impugnação nos autos do processo de nº 19311.720467/201236 (em apenso). Fl. 649DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 8 13 Em 27/03/2013, Waltair Porto Ribeiro, por intermédio da advogada Graziela de Paiva Arantes, apresentou impugnação nos autos do processo de nº 19311.720469/201225 (em apenso). Lilian Barbosa de Mello Pressutti, por intermédio do advogado Felipe Simonetto Apollonio, apresentou impugnação nos autos do processo de nº 19311.720471/201202 (em apenso). Não há registro da data de sua apresentação. Marisa Bonassi Ribeiro, por intermédio do advogado Felipe Simonetto Apollonio, apresentou impugnação nos autos do processo de nº 19311.720473/201293 (em apenso). Não há registro da data de sua apresentação. As impugnações apresentadas pelos quatros responsáveis solidários são praticamente idênticas, razão pela qual são adiante resumidas de forma conjunta. I Dos fatos · Tratase de exigência fiscal em virtude da ilegal atribuição de responsabilidade solidária em face da suposta omissão de receitas atribuída à empresa Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, da qual Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro são sócias e Osvaldo Pressutti e Waltair Porto Ribeiro são ex sócios. · A autuação foi firmada em face da possível existência de depósitos bancários de origem não comprovada, os quais foram levantados com base em dados apurados através de mera presunção mediante confrontação de dados bancários da empresa, protegidos constitucionalmente pelo sigilo bancário, sem que houvesse a necessária ordem judicial. · Presumiuse a existência de suposta diferença de valores a recolher em relação aos valores devidamente declarados em DIPJ e recolhidos. · Lavraramse os autos de infração sem a escorreita apuração dos valores passíveis de tributação. Não houve sequer a determinação da base de cálculo legal do IRPJ e das reflexas contribuições. Considerouse que todos os valores identificados por presunção seriam aptos à identificação da base imponível das exações. · Entendeu a fiscalização, sem nenhum elemento de prova inequívoca, que houve intuito de fraude, dolo e sonegação, aplicandose pesada multa proporcional no absurdo e desarrazoado percentual de 150%, mesmo frente à inexistência dos requisitos ensejadores dessas penalidades, desprezando os posicionamentos dos Conselhos de Contribuintes. · Inexiste razão para manutenção dos autos de infração, seja pela impossibilidade de responsabilização pessoal dos impugnantes pelos débitos da empresa, seja pela inconstitucional quebra do sigilo bancário desta, seja pela presunção ilegítima acerca dos fatos geradores das exações, seja pelas multas absurdas e desproporcionais aplicadas. II – Preliminarmente II.a – Da impossibilidade de exigência dos valores em face dos impugnantes – ausência de responsabilidade pessoal e solidária · Inexiste nexo de causalidade entre a suposta omissão de receitas e qualquer ação ou omissão dos impugnantes. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 14 · Inexiste motivo apto a embasar a manutenção dos impugnantes como devedores solidários, seja pela impossibilidade de sua responsabilização nos termos do art. 124, I, do CTN, seja pela ausência de comprovação de qualquer ato que implique sua responsabilidade pessoal. · A solidariedade fundada no art. 124, I do CTN somente pode existir entre sujeitos que figurem no mesmo pólo da relação obrigacional, pois só assim o interesse poderá ser considerado comum. · Quando uma sociedade pratica um fato gerador tributário, ocorre uma relação jurídica entre esta e o fisco, porque ambos possuem interesses conflitantes: a sociedade deve pagar o tributo e a fazenda tem direito de o receber. · Quem deve pagar o tributo é a sociedade, e não o sócio. Portanto, a realização do fato gerador pela sociedade não atinge os impugnantes em sua esfera de direitos ou deveres, e por isto eles não fazem parte da relação jurídica. Por consequência, não têm interesse jurídico nesta relação que lhes é alheia. · A responsabilidade solidária como defendida pela fiscalização inova no ordenamento jurídico, de modo a criar a incidência de IRPJ, de CSLL, de contribuição para o PIS e de Cofins sobre rendimentos de pessoa física, o que conflita veementemente com a carta política nacional. · Não há interesse comum entre a sociedade e os impugnantes, estes são pessoas distintas que não praticaram o fato gerador conjuntamente. · O crédito tributário apenas poderá ser exigido dos sócios e demais administradores se estes tiverem praticado atos com excesso de poderes, infrações à lei, contrato social ou estatutos, nos termos do art. 135, III do CTN, o que não foi objeto de análise pelo agente fiscal. · Os argumentos de defesa se baseiam na mais escorreita jurisprudência do STJ. · A jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes já se firmou no sentido de que é necessária a comprovação inequívoca do interesse comum na situação objeto do fato gerador. II.b – Da impossibilidade do arrolamento do bem de família · Realizouse arrolamento de bem de família dos impugnantes Waltair Porto Ribeiro e Marisa Bonassi Ribeiro. · O bem de família é absolutamente impenhorável à luz da Lei nº 8.009, de 1990. · Tratase de nulidade absoluta, que pode ser suscitada a qualquer tempo. · Waltair Porto Ribeiro e Marisa Bonassi Ribeiro requerem “seja acolhida a presente questão preliminar determinandose o cancelamento da penhora realizada sobre o imóvel de propriedade da Embargante, o qual é um bem de família onde a Requerente reside, e consequentemente, impenhorável.” II.c – Da nulidade dos autos de infração lavrados · As razões de defesa suscitadas são idênticas às do item II.a da impugnação apresentada por Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, sendo bastante fazer aqui apenas remissão ao seu resumo em trecho anterior deste relatório. II.d – Da homologação dos valores declarados e pagos referentes a janeiro de 2008 · As razões de defesa suscitadas são idênticas às do item II.b da impugnação apresentada por Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, sendo bastante fazer aqui apenas remissão ao seu resumo em trecho anterior deste relatório. Fl. 651DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 9 15 III – Do mérito · As razões de defesa suscitadas são idênticas às do item III da impugnação apresentada por Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, sendo bastante fazer aqui apenas remissão ao seu resumo em trecho anterior deste relatório. IV Da impossibilidade de aplicação de multa de 150% no caso em tela · As razões de defesa suscitadas são idênticas às do item IV da impugnação apresentada por Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, sendo bastante fazer aqui apenas remissão ao seu resumo em trecho anterior deste relatório. V – Do pedido · Requerse o acolhimento da preliminar de impossibilidade de responsabilização solidária dos impugnantes, determinandose o cancelamento do auto de infração. · Requerse o acolhimento de preliminar de violação a diversos princípios constitucionais, determinandose a anulação da exigência fiscal. · Requerse o acolhimento de preliminar de decadência relativamente a janeiro de 2008, determinandose o cancelamento da exigência fiscal ou, no mínimo, o relançamento com a exclusão dos valores atingidos pela decadência. · Quanto ao mérito, requerse o cancelamento da autuação e seus consectários, pela inconstitucionalidade da quebra do sigilo bancário e apuração, com base em meras presunções, de tributos referentes a valores não representativos de acréscimo patrimonial ou lucro. · Se rechaçadas as pretensões acima, requerse o cancelamento das multas aplicadas, pela não comprovação de dolo, fraude, simulação ou sonegação, ou, no mínimo, a redução delas ao limite legal de 20% à luz do princípio da vedação ao confisco. · Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro requerem, ainda, o encaminhamento de todas as correspondências e intimações ao seu patrono. Da análise de todas essas considerações, entendeu a douta 3ª Turma da DRJ/BHE pela PROCEDÊNCIA PARCIAL da impugnação, destacando, na ementa do acórdão lavrado, as seguintes e específicas considerações: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 SIGILO BANCÁRIO. Não constitui violação do dever de sigilo e independe de autorização judicial a prestação de informações pelas instituições financeiras nos termos e condições estabelecidos pelos artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001. DECADÊNCIA. Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizamse como omissão de receita os valores creditados em conta bancária cuja origem não seja comprovada pelo titular, mediante documentação hábil e idônea. Fl. 652DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 16 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Aplicase a multa de ofício no percentual de cento e cinquenta por cento se estiverem comprovadas as circunstâncias previstas em lei como caracterizadoras de infração qualificada. LANÇAMENTOS DECORRENTES. CSLL. PIS. COFINS. O decidido para o lançamento de IRPJ estendese aos lançamentos que com ele compartilham o mesmo fundamento factual e para os quais não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhes recomende tratamento diverso. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador são solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido Acórdão Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade, nos termos do voto do relator, parte integrante deste acórdão, em NÃO CONHECER das alegações relativas a arrolamento de bens e direitos e JULGAR PROCEDENTES EM PARTE as impugnações apresentadas para: · INDEFERIR os pedidos de envio de correspondência a advogado de sujeito passivo; · MANTER os vínculos de responsabilidade solidária de Osvaldo Pressutti e de Waltair Porto Ribeiro; · AFASTAR os vínculos de responsabilidade solidária de Lilian Barbosa de Mello Pressutti e de Marisa Bonassi Ribeiro; · REJEITAR as demais preliminares suscitadas; · MANTER INTEGRALMENTE os lançamentos de IRPJ, de CSLL, de Cofins e de contribuição para o PIS. Além do Presidente e do relator, participaram do presente julgamento os julgadores Paulo Roberto de Sousa e Maria Helena Cotta de Oliveira Guimarães. À DRF de origem, para dar ciência deste acórdão aos interessados Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, Osvaldo Pressutti, Waltair Porto Ribeiro, Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro, bem como intimar Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME, Osvaldo Pressutti e Waltair Porto Ribeiro para pagamento do crédito tributário no prazo de 30 dias, facultandolhes interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em igual prazo, conforme facultado pelo art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, alterado pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 1993, e pelo art. 32 da Lei nº 10.522, de 2002. DESTE ACÓRDÃO RECORRESE DE OFÍCIO ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tendo em vista o afastamento dos vínculos de responsabilidade solidária de Lilian Barbosa de Mello Pressutti e de Marisa Bonassi Ribeiro. Como se verifica no comando contido no acórdão aqui analisado, tendo em vista a exoneração parcial do crédito tributário, no caso, especificamente em relação ao Fl. 653DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 10 17 afastamento da responsabilidade tributária imputada às pessoas Lilian Barbosa de Mello Pressutti e de Marisa Bonassi Ribeiro, foi então promovida a interposição do Recurso de Ofício, determinando então a análise dos fundamentos por este CARF. Regularmente intimadas, as partes apresentaram os seus respectivos recursos voluntários, verificandose, nestes autos (PAF 19311.720464/201207) o recurso da contribuinte principal (TRIUMPH ADMINISTRAÇÃO E ASSESSORIA LTDAME), redarguindo todos os fundamentos antes apresentados em sua impugnação, verificandose que os sujeitos passivos solidários OSVALDO PRESSUTTI e WALTAIR PORTO RIBEIRO apresentaram Recurso Voluntário em 24/04/14; e LILIAN BARBOSA DE MELLO PRESSUTTI e MARISA BONASSI RIBEIRO, manifestação contra o Recurso de Ofício da DRJ/BHE em 23/04/14, conforme processos juntados por apensação a este processo: 1) 19311.720.467/201236: OSVALDO PRESSUTTI, CPF 837.180.44820; 2) 19311.720.469/201225: WALTAIR PORTO RIBEIRO, CPF 873.847.52868. O contribuinte não foi formalmente cientificado do Acórdão da DRJ/MG, porém uma vez que houve interposição de recurso voluntario em 24/04/14, o mesmo foi considerado cientificado da decisão de 1ª instancia na supracitada data, nos termos do art. 26, §5° da Lei 9.784/99. 3) 19311.720.471/201202: LILIAN BARBOSA DE MELLO PRESSUTTI, CPF 285.141.64805; 4) 19311.720.473/201293: MARISA BONASSI RIBEIRO, CPF 266.929.24880. É o que se tem aqui a relatar. Fl. 654DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 18 Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. Sendo regular o recurso de ofício apresentado, e, ainda, tempestivos os recursos voluntários oferecidos, conheço de todos eles. DO RECURSO DE OFÍCIO Como primeiro ponto de análise, relevante aqui se faz o destaque aos termos próprios do apontado Recurso de Ofício, este, especificamente relacionado à parcela do crédito tributário exonerado, que, conforme antes destacado, tratase, específica e exclusivamente, da análise a respeito da inaplicabilidade, em relação às Sras. LILIAN BARBOSA DE MELLO PRESSUTTI e MARISA BONASSI RIBEIRO, da apontada responsabilidade tributária, dita solidária. Da análise dos termos da decisão exarada, relevante aqui se mostra o destaque do trecho específico onde restara apontada a referida exoneração, que, no caso, pode ser aqui assim reproduzido: Com base no art. 124, I, do CTN, o autuante lavrou termos de sujeição passiva solidária em nome de Osvaldo Pressutti, de Waltair Porto Ribeiro, de Lilian Barbosa de Mello Pressutti e de Marisa Bonassi Ribeiro. Esses termos deram origem aos processos de ns. 19311.720467/201236, 19311.720469/2012 25, 19311.720471/201202 e 19311.720473/201293, todos estes juntados em apenso ao presente processo. (...) Alegam os impugnantes que inexiste motivo para mantêlos como devedores solidários, seja pela impossibilidade de sua responsabilização nos termos do art. 124, I, do CTN, seja pela ausência de comprovação de ato do qual resulte sua responsabilidade pessoal. Mas segundo o autuante, no anocalendário de 2008, os reais administradores da Triumph Administração e Assessoria Ltda – ME eram Osvaldo Pressutti e Waltair Porto Ribeiro, “que alteraram o contrato social de modo a deixar a sociedade nas mãos de suas esposas, sem que elas tenham participado de qualquer ato de gestão”. De fato, segundo os dados da ficha cadastral da Junta Comercial do Estado de São Paulo juntada a fls. 447/449, em 03/08/2006, ocorreu a última alteração do quadro social, quando se retiraram da sociedade os sócios e administradores Osvaldo Pressutti e Waltair Porto Ribeiro, ao passo que foram admitidas as respectivas esposas, Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro, na condição de sócias e administradoras. Corrobora ainda as constatações do autuante o depoimento prestado pelo próprio Osvaldo Pressutti a fls. 171, nos seguintes termos: “que era juntamente com Waltair Porto Ribeiro o administrador da Triumph até o ano de 2008” e “que era juntamente com Waltair Porto Ribeiro o responsável pela movimentação bancária e pela emissão de cheques da Triumph”. (...) Já no que diz respeito à responsabilidade atribuída às sócias Lilian Barbosa de Mello Pressutti e Marisa Bonassi Ribeiro, não se demonstrou, de forma clara e congruente, o seu “interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal”. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 11 19 Cabe ressaltar que, não obstante apenas elas constassem formalmente como sócias e administradoras da sociedade à época dos fatos geradores, foi o próprio autuante quem afirmou que elas não participaram de nenhum ato de gestão. Por conseguinte, impõese manter os vínculos de responsabilidade de Osvaldo Pressutti e de Waltair Porto Ribeiro, mas afastar os vínculos de responsabilidade de Lilian Barbosa de Mello Pressutti e de Marisa Bonassi Ribeiro. Da análise dos argumentos expendidos pela r. decisão de primeira instância, sendo o fundamento da apontada responsabilização as disposições do apontado Art. 124, inciso I do CTN, que, como bem se sabe, aponta para a possibilidade da configuração de "obrigação solidária" das pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. A respeito da possibilidade de utilização daquele normativo como fundamento para a imposição da responsabilidade tributária a terceiros, há tempos temos já sustentado nosso entendimento a respeito do descabimento dessa linha argumentativa, sobretudo porque, assim o sendo, as disposições do Art. 124, inciso I acabariam tornando "tabula rasa" as disposições expressamente indicadas pelo CTN nos comandos contidos nos artigos 134 e 135, o que, na mais primitiva técnica de hermenêutica, já se mostra completamente equivocado. Independentemente dessa discussão, ou mesmo da possibilidade, ao menos em tese, da possibilidade de ulterior adequação da fundamentação jurídica da responsabilidade imposta (dependendo, sempre, das razões fáticas especificamente descritas na autuação), fato é que, especificamente em relação às Sras. LILIAN BARBOSA DE MELLO PRESSUTTI e MARISA BONASSI RIBEIRO, o que se verifica nos autos é a efetiva inexistência de qualquer ato que, mesmo eventualmente, pudesse aqui ser considerado como suficiente para a responsabilização pretendida. Sem a prática de qualquer ato que dê sustentação a essa imposição, o que se verifica é que, ao cabo, estarseia estabelecendo uma responsabilidade objetiva das referidas Sras., o que, com toda a certeza, não se coaduna com os comandos contidos em nosso ordenamento jurídico pátrio, mostrandose, assim, perfeitamente legítimo o afastamento efetivado. Em face dessas considerações, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício, mantendo o afastamento da responsabilidade tributária inicialmente imposta às Sras. LILIAN BARBOSA DE MELLO PRESSUTTI e MARISA BONASSI RIBEIRO, especificamente por se tratarem de meras "laranjas" e nunca terem praticado qualquer ato de gestão das atividades da requerida, não lhe sendo válida, assim, a imposição das disposições do Art. 124, inciso I do CTN, ou mesmo ainda as disposições do Art. 135, inciso III daquele mesmo diploma. DO RECURSO VOLUNTÁRIO DA CONTRIBUINTE Sobre a inconstitucionalidade da obtenção de informações bancárias sem a prévia quebra do sigilo bancário por determinação judicial – inconstitucionalidade da LC 105/2001 Fl. 656DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 20 Da análise do recurso voluntário interposto pela empresacontribuinte, verificase que ela, redarguindo os mesmos argumentos antes apresentados em sua impugnação, pretende ver reconhecida a invalidade do lançamento efetivado, especificamente em decorrência de ter sido ele lavrado com base, especificamente, nas informações relativas às suas movimentações financeiras, obtidas junto às respectivas instituições bancárias sem qualquer intervenção judicial, acarretando, assim, a inválida quebra do sigilo bancário. A Antes, entretanto, de qualquer consideração a respeito da matéria, cumpre aqui destacar então o que expressamente previsto na norma em referência, ressaltando, especificamente, a autorização legal de obtenção das referidas informações. Vejamos: Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3o Não constitui violação do dever de sigilo: I – a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III – o fornecimento das informações de que trata o §2o do art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Complementar. (...) Art. 5o O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (Regulamento) § 1o Consideramse operações financeiras, para os efeitos deste artigo: I – depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de poupança; II – pagamentos efetuados em moeda corrente ou em cheques; III – emissão de ordens de crédito ou documentos assemelhados; IV – resgates em contas de depósitos à vista ou a prazo, inclusive de poupança; V – contratos de mútuo; VI – descontos de duplicatas, notas promissórias e outros títulos de crédito; VII – aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou variável; VIII – aplicações em fundos de investimentos; IX – aquisições de moeda estrangeira; Fl. 657DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 12 21 X – conversões de moeda estrangeira em moeda nacional; XI – transferências de moeda e outros valores para o exterior; XII – operações com ouro, ativo financeiro; XIII operações com cartão de crédito; XIV operações de arrendamento mercantil; e XV – quaisquer outras operações de natureza semelhante que venham a ser autorizadas pelo Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários ou outro órgão competente. § 2o As informações transferidas na forma do caput deste artigo restringirseão a informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados. § 3o Não se incluem entre as informações de que trata este artigo as operações financeiras efetuadas pelas administrações direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 4o Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos. § 5o As informações a que refere este artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, na forma da legislação em vigor. A partir da análise dessas disposições, verificase que, sob o ponto de vista estritamente legal, não se configura a “quebra do sigilo bancário” a prestação de informações pelas instituições financeiras e bancárias aos agentes da Fiscalização Fazendária quando por eles requerido. A (in)constitucionalidade dessas disposições, é bem verdade, ainda hoje é tema debatido na doutrina e jurisprudência pátria, estando pendente ainda a apreciação da questão pelo Supremo Tribunal Federal, que, a respeito do assunto, já expressamente reconheceu a repercussão geral da matéria quando do destaque das disposições do RE 601314 (Relator: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI). Nada obstante, considerando que a avaliação a respeito da constitucionalidade das normas é competência própria da atuação do Poder Judiciário, aplicandose, na atuação administrativa, a necessária presunção de validade dos comandos legais, destacase, a esse respeito, os dizeres específicos da Súmula CARF no 2 que assim, inclusive, especificamente já se pronuncia: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante dessas razões, afasto a análise a respeito da (in)constitucionalidade das disposições da LC no 105/2001 pretendida pelo recorrente e, com isso, presumindo válidas as Fl. 658DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 22 informações contidas nos autos a partir da expedição das competentes Requisições de Movimentação Financeiras – RMF’s aqui então especificamente retratadas. Da aplicação da presunção de omissão de receitas Continuando suas razões, a contribuinte sustenta também a invalidade da aplicação de presunção de receitas na espécie, destacando, novamente, ofensa a princípios constitucionais como proporcionalidade, razoabilidade , legalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, etc. A aplicação, no caso, da presunção de omissão de receitas, vale destacar, decorrem, especificamente, da aplicação das disposições do Art. 42 da Lei 9.430/96, que, sobre a matéria, assim então especificamente destaca: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (destaques nossos) Por essas disposições, verificase que, obtendo os agentes da fiscalização as informações a respeito das movimentações financeiras realizadas nas contascorrentes da fiscalizada e não tendo ela apresentado, ao tempo e modo devido, os específicos e devidos registros dos respectivos montantes em sua contabilidade com a comprovação de sua origem e natureza, perfeitamente válida, mais uma vez, se mostra a aplicação da presunção de omissão Fl. 659DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 13 23 de receitas, da forma como efetivada, não se podendo aqui, portanto, deixarse de observar a especifica determinação legal aqui apontada. À fiscalizada, insistase, assistiria o direito de efetivamente desconstituir as presunções aplicadas, apresentando, quando devidamente intimada para tanto, as respectivas comprovações a respeito da origem e natureza dos apontados recursos, o que, mais uma vez, não se verifica no presente caso. Diante disso, perfeitamente válida e regular, no caso, se verifica a aplicação da presunção de omissão de receitas promovida na atuação realizada, não se havendo falar aqui, absolutamente, em qualquer invalidade das disposições do Art. 42 da Lei 9.430/96 (Súmula CARF no 2) e, ainda, em qualquer ofensa a princípios da razoabilidade, proporcionalidade, contraditório, ampla defesa ou qualquer outra disposição constitucional apontada. Da Decadência Especificamente no que tange à análise das circunstâncias próprias relativas à identificação da ocorrência ou não de decadência em relação aos créditos tributários lançados, relevante observar que a intimação da contribuinte a respeito dos termos da autuação efetivada somente ocorrera em 25/02/2013, tratandose ali de fatosgeradores ocorridos no ano de 2008. A decisão da douta DRJ, analisando essa matéria, especificamente destaca que a discussão aqui empreendida referese à identificação do regramento a ser objetivamente aplicado, se as disposições do Art. 150, par.4o ou se a regra geral contida no Art. 173, inciso I, ambos do CTN. Essa matéria, é bem verdade, por muito tempo foi debatida pela doutrina e pela jurisprudência, havendo, recentemente, o estabelecimento de entendimento específico pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, que, nos termos do Art. 543C (Recursos Repetitivos), assim definiu a querela: RECURSO ESPECIAL Nº 973.733 SC (2007/01769940) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS REPR. POR : PROCURADORIAGERAL FEDERAL PROCURADOR : MARINA CÂMARA ALBUQUERQUE E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : CARLOS ALBERTO PRESTES E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo Fl. 660DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 24 inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Eliana Calmon e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 12 de agosto de 2009(Data do Julgamento) MINISTRO LUIZ FUX Relator Pelo que aqui assentado, a aplicação ou não das disposições do Art. 150, §4o do CTN, passam, agora, a depender da verificação da existência de “pagamento” pelo contribuinte no período respectivo, não importando ser ele suficiente ou não para o adimplemento do crédito tributário no exercício, sendo certo que, inexistente qualquer pagamento, aplicamse, então, as disposições do mencionado Art. 173, I do CTN. Fl. 661DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 14 25 Nessas circunstâncias, essencial, aqui, é a verificação de qual regra decadencial deve ser aplicada, o que, a partir dos mandamentos contidos na decisão proferida pelo Colendo STJ, e aqui antes referenciada, necessária se faz a verificação, ou não, de pagamento de tributo no exercício respectivo, sendo destacável que, havendo pagamento no exercício, aplicamse as disposições do Art. 150, §4o do CTN, ao passo que, sendo este inexistente, aplicamse, então, as disposições do Art. 173, I. Além da questão da identificação do pagamento, relevante ainda observar que, mesmo nas hipóteses em que ele se apresente especificamente materializado e comprovado, sendo constatada a existência de dolo, fraude ou simulação, também por isso se afastam as disposições da regra especial do Art. 150, para impor a aplicação das disposições do mencionado Art. 173 do CTN, conforme, inclusive, especificamente apontado nas disposições da Súmula CARF n. 72: Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. No caso dos autos, na linha do que sustenta a recorrente, verificase, de fato, a existência do pagamento dos tributos ao longo do exercício fiscalizado, o que, a princípio, legitimaria a aplicação das regras especiais contidas no Art. 150, par. 4o do CTN. A r. decisão de primeira instância, entretanto, mesmo tendo verificado a existência do pagamento, especificamente destaca a existência de dolo, registrando a sua avaliação no tópico relativo à qualificação da penalidade de ofício aplicada, donde se destaca o seguinte: Enquanto os créditos bancários sem origem comprovada atingiram o expressivo montante de R$ 11.004.130,00, tão somente R$ 164.000,00 foram registrados a título de receita bruta na escrituração da empresa. Menor ainda foi a receita bruta anual declarada em sua DIPJ, de apenas R$ 24.000,00. Ressaltese que a omissão de receita foi apurada, sem exceção, em todos os meses do período fiscalizado. Evidenciouse, ainda, a existência de sócios de fato da autuada, os quais também eram sócios de direito de outra empresa, a Cotton Fio Fiação Ltda. Esta, por sua vez, mesmo tendo entregado a DIPJ relativa ao anocalendário de 2008 com todos os valores zerados, foi a responsável por transferir para a conta bancária da autuada grande parte dos valores cuja origem não se comprovou. Cumpre acrescentar a tudo isso a não localização da empresa autuada em seu endereço cadastral, a ausência de participação das sócias administradoras (esposas dos sócios de fato) nos atos de gestão da sociedade e, ainda, a apresentação de escrituração sem observância de formalidades legais. A partir desses apontamentos, verificase que no presente caso não se trata de pura e simples 'omissão de receitas', no sentido do efetivo non facere do contribuinte, mas sim da existência de práticas específicas relacionadas com a pretensão de ocultação e mascaramento da realidade, o que, por certo, atrai, de fato, a configuração da conduta dolosa, e, Fl. 662DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 26 por essa razão, efetivamente afastada a aplicação das disposições do Art. 150, par. 4o da forma como pela recorrente pretendido. Nesses termos, estando presentes nos autos elementos suficientes para a consideração da existência de efetiva conduta dolosa da contribuinte, regular se apresenta, então, a aplicação das disposições do Art. 173, inciso I do CTN, e, por isso, efetivamente afastada qualquer possibilidade de consideração de decadência ocorrida nos presentes autos. Sobre a pretensão de discussão a respeito da inclusão do ISSQN na base de cálculo do PIS e da COFINS Seguindo nas argumentações apresentadas pela contribuinte, forçoso destacar a completa impropriedade da pretensão de discussão a respeito da incidência das contribuições do PIS e da COFINS sobre os montantes devidos pela empresa a título de ISSQN. Isso porque, conforme muito bem assentou a decisão de primeira instância, o lançamento presente fora efetivado com base na exclusiva aplicação das disposições do Art. 42 da Lei 9.430/96, consubstanciandose em verdadeira e própria aplicação de presunção legal, sendo, pois, completamente descabida a pretensão da discussão apontada. Não fosse por isso, urge destacar que, mais uma vez, o que pretende a recorrente é a discussão a respeito de inconstitucionalidade das disposições que regem as referidas contribuições, o que, como aqui já apontado, não pode de forma alguma ser admitido no âmbito do presente processo administrativo fiscal, conforme, inclusive, específica e expressamente apontado pelas disposições da Súmula CARF n. 02, que assenta: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por essas razões, completamente descabida a pretensão deduzida pela recorrente, aqui não podendo, de forma alguma, ser acolhida. Da qualificação da multa de ofício Por fim, sustenta ainda a recorrente o descabimento da qualificação da penalidade pecuniária aplicada. Em suas razões, destaca que tal prática ofende os princípios da capacidade contributiva, impondo efetivo e verdadeiro efeito confiscatório, o que seria rejeitado por nosso sistema. Ocorre que, como já aqui amplamente assentado, a aplicação da multa qualificada decorre de expressa previsão legal contida nas disposições do Art. 44 da Lei 9.430/96, que, a respeito dessa matéria, assim então aponta: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 663DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 15 27 (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) A respeito das condutas indicadas pelos agentes da fiscalização como suficientes para a qualificação da penalidade (aquelas inclusive apresentadas para o afastamento da aplicação das disposições do Art. 150, par. 4o do CTN para a definição da regra aplicável de decadência), relevante destacar a objetiva e própria indicação de fatos praticados que denotam efetivo e verdadeiro dolo no sentido de dificultar, retardar e exigir o crédito tributário, estando, assim, perfeitamente presentes as circunstâncias autorizadoras da qualificação. Observese que, no presente caso, não se trata de mera qualificação em decorrência da prática da omissão de receitas. Esta, na verdade, é consequencia de todos os demais atos praticados pelos gestores da empresa, sobretudo a partir da utilização de laranjas (colocação das esposas na composição do quadro societário, em substituição aos seus verdadeiros administradores de fato), o que, por si só, já demonstra a perfeita regularidade da qualificação da penalidade efetivada. Em face dessas considerações, penso não assistir razão a recorrente, entendendo aqui pela manutenção da qualificação da penalidade, da forma como apontado pelos agentes da fiscalização. Da responsabilidade solidária aplicada Como último ponto de destaque, relevante ainda a discussão a respeito da imputação da responsabilidade solidária aos sócios (de fato) da pessoa jurídica, providência que, conforme se verifica, fora fundada nas disposições do Art. 124, inciso I do CTN. A discussão, conforme aqui se verifica, referese, inicialmente, à identificação dos contornos fáticos da demanda, e, a partir daí, a possibilidade (ou não) de imposição de responsabilidade a terceiros (sócios, representantes, mandatários, etc.), fundada nas disposições contidas em nosso ordenamento jurídico pátrio. A matéria, é bem verdade, não é nova na doutrina e jurisprudência nacionais, sendo, a seu respeito, inclusive, as célebres lições a respeito da hermenêutica própria aplicável às disposições do Art. 135 do CTN, especificamente quanto ao seu inciso III e, no caso, os limites de sua aplicação. Eis o teor específico do dispositivo invocado: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; Fl. 664DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 28 III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. (Destaque nosso) A par de todo o desenvolvimento teórico a respeito da matéria, é relevante destacar que, atualmente, a questão encontrase já pacificada pela jurisprudência nacional, sobretudo ante a análise do julgamento proferido pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça – STJ, que, sob a sistemática própria dos chamados “Recursos Repetitivos” (Art. 543C do CPC), assim então já se pronunciou no julgamento do REsp 1101728 / SP: Processo REsp 1101728 / SP RECURSO ESPECIAL 2008/02440246 Relator(a) Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124) Órgão Julgador S1 PRIMEIRA SEÇÃO Data do Julgamento 11/03/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 23/03/2009 Ementa TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DISPENSA. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO. TRIBUTO NÃO PAGO PELA SOCIEDADE. 1. A jurisprudência desta Corte, reafirmada pela Seção inclusive em julgamento pelo regime do art. 543C do CPC, é no sentido de que "a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco" (REsp 962.379, 1ª Seção, DJ de 28.10.08). 2. É igualmente pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só, nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa (EREsp 374.139/RS, 1ª Seção, DJ de 28.02.2005). 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. Acórdão Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso especial e, nessa parte, darlhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Eliana Calmon e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator. Fl. 665DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 16 29 Sustentou, oralmente, o Dr. AYLTON MARCELO BARBOSA DA SILVA, pela recorrida. (Destaque nosso) Pelo que aqui se verifica, na linha que há tempos, inclusive, temos já sustentado, o julgamento paradigma fundamental editado pelo Colendo STJ a respeito aos específicos contornos da aplicação das disposições do Art. 135, inciso III do CTN – e, no caso, a responsabilização tributária de terceiros , é clarividente no sentido que não se mostra suficiente a simples demonstração ou identificação da ocorrência do inadimplemento do montante devido. É fundamental que, em cada caso, reste devida e especificamente comprovada a atuação com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa, sem a qual, definitivamente, não se pode admitir a responsabilização dos referidos agentes. Estando hoje já assentado o entendimento a respeito das limitações próprias do campo de aplicação do referido dispositivo, temse verificado, nos dias atuais, um “redirecionamento” dos fundamentos, agora não mais se limitando à aplicação das disposições do mencionado Art. 135, mas sim, objetivamente, buscandose a partir das disposições do Art. 124, inciso I do CTN, a (re)abertura do flanco de responsabilidade de terceiros. O art. 124 do CTN, por sua vez, assim especificamente se apresenta: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Pelos muitos debates que temos empreendido, verificase que, de forma reiterada, os fundamentos trazidos pelos agentes da fiscalização fazendária (e muitas vezes, inclusive, especificamente admitidos nas sessões de julgamento) apontam para a existência do dito “interesse comum” no fato de que o resultado da operação ilícita/irregular seria, de alguma forma, beneficiado os agentes especificamente considerados (sócios, representantes, mandatários, etc.), possibilitandose, assim – segundo entendem , a imposição da referida responsabilidade solidária. Ocorre que, com a mais respeitosa vênia, o entendimento indicado por aqueles que defendem essa tese não se mostra coerente com a interpretação de nosso próprio ordenamento jurídico, sobretudo porque, acaso admitida na espécie, com toda a certeza, as disposições do Art. 124, inciso I simplesmente tornariam inúteis e desnecessárias quaisquer outras considerações relativas aos critérios normativos de responsabilidade de terceiros, tornando imprestáveis, assim, tudo o que até hoje já se construiu a respeito da hermenêutica própria daquele mencionado Art. 135, inciso III do CTN. Tal distinção, penso, é aqui fundamental, sobretudo porque ao admitir a possibilidade de imposição de responsabilidades a terceiros pela via das disposições do Art. 124 do CTN, impõese a completa e total inutilidade das disposições dos artigos 134 e 135 Fl. 666DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 30 daquele mesmo diploma legal, o que, por sua vez, não se mostra como a mais adequada hermenêutica a ser aplicada à espécie (“A lei não contém palavras inúteis”). As disposições do mencionado Art. 124 do CTN, com toda a certeza, tratam, na verdade, as “normas gerais” para a definição (legal) da chamada Sujeição Passiva Tributária, não se referindo, absolutamente, a qualquer comando que importe na possibilidade de responsabilidade de terceiros, da forma como se tem então equivocadamente sustentado. Diante da adequada interpretação a ser aplicada ao referido dispositivo, não vejo como razoável ou possível a imposição de responsabilidade de sócios, gestores ou mandatários pela aplicação das disposições do mencionado Art. 124, inciso I do CTN, devendo, sempre, e em cada caso, ser efetivamente identificada a configuração das limitadas hipóteses presentes nas disposições dos Art.s 134 e 135 do Código Tributário Nacional. O Colendo Superior Tribunal de Justiça, vale destacar, possui inúmeros precedentes no exato sentido de inadmitir a aplicação das disposições do mencionado Art. 124 do CTN como meio para a imposição de responsabilidade tributária solidária a terceiros, destacando, de forma renitente, que a solidariedade pretendida somente se mostra possível quando os agentes especificamente considerados tenham, efetivamente, participado da prática do ato legalmente definido como o fato gerador do tributo lançado. Nesse sentido, destacamse os seguintes precedentes: Processo AgRg no AREsp 429923 / SP Relator(a) Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 10/12/2013 Data da Publicação/Fonte DJe 16/12/2013 Ementa PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. 1. Não há a alegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida. 2. Vêse, pois, na verdade, que a questão não foi decidida conforme objetivava a recorrente, uma vez que foi aplicado entendimento diverso. 3. É sabido que o juiz não fica obrigado a manifestarse sobre todas as alegações das partes, nem a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos, quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão, o que de fato ocorreu. 4. Correto o entendimento firmado no acórdão recorrido de que, nos termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. 5. A pretensão da recorrente em ver reconhecida a confusão patrimonial apta a ensejar a responsabilidade solidária na forma prevista no art. 124 do CTN encontra óbice na Súmula 7 desta Corte. Agravo regimental improvido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, cordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)Relator(a)." Os Srs. Ministros Herman Fl. 667DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 17 31 Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques (Presidente) e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. A jurisprudência daquela Colenda Corte, como se verifica, de forma reiterada afirma que a aplicação das disposições do Art. 124, inciso I do CTN somente possuem cabimento nas circunstâncias em que reste devidamente comprovado que as pessoas especificamente consideradas tenham ambas participado da efetiva e eficaz concretização do fato gerador tributário, sendo essa, então, o exclusivo campo de utilização do referido comando normativo. A imposição de responsabilidade tributária a terceiros (sócios, gestores e dirigentes) somente se mostra possível nas hipóteses em que reste devidamente comprovada a concretização das hipóteses expressamente previstas nas disposições dos Artigos 134 ou 135 do CTN. Nesse sentido, inclusive, vejamos o entendimento reiterado naquela por aquela Corte no seguinte precedente: Processo EREsp 702232 / RS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL 2005/00888180 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador S1 PRIMEIRA SEÇÃO Data do Julgamento 14/09/2005 Data da Publicação/Fonte DJ 26/09/2005 p. 169 Ementa TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ART. 135 DO CTN. RESPONSABILIDADE DO SÓCIOGERENTE. EXECUÇÃO FUNDADA EM CDA QUE INDICA O NOME DO SÓCIO. REDIRECIONAMENTO. DISTINÇÃO. 1. Iniciada a execução contra a pessoa jurídica e, posteriormente, redirecionada contra o sóciogerente, que não constava da CDA, cabe ao Fisco demonstrar a presença de um dos requisitos do art. 135 do CTN. Se a Fazenda Pública, ao propor a ação, não visualizava qualquer fato capaz de estender a responsabilidade ao sóciogerente e, posteriormente, pretende voltarse também contra o seu patrimônio, deverá demonstrar infração à lei, ao contrato social ou aos estatutos ou, ainda, dissolução irregular da sociedade. 2. Se a execução foi proposta contra a pessoa jurídica e contra o sóciogerente, a este compete o ônus da prova, já que a CDA goza de presunção relativa de liquidez e certeza, nos termos do art. 204 do CTN c/c o art. 3º da Lei n.º 6.830/80. 3. Caso a execução tenha sido proposta somente contra a pessoa jurídica e havendo indicação do nome do sóciogerente na CDA como coresponsável tributário, não se trata de típico redirecionamento. Neste caso, o ônus da prova compete igualmente ao sócio, tendo em vista a presunção relativa de liquidez e certeza que milita em favor da Certidão de Dívida Ativa. 4. Na hipótese, a execução foi proposta com base em CDA da qual constava o nome do sóciogerente como coresponsável tributário, do que se conclui caber a ele o ônus de provar a ausência dos requisitos do art. 135 do CTN. 5. Embargos de divergência providos. Acórdão Fl. 668DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 32 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça "A Seção, por unanimidade, conheceu dos embargos e deulhes provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." A Sra. Ministra Denise Arruda e os Srs. Ministros Francisco Peçanha Martins, Eliana Calmon, Franciulli Netto, Luiz Fux, João Otávio de Noronha e Teori Albino Zavascki votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado. Na mesma linha de entendimento, verificase que na jurisprudência daquela Colenda Corte, não basta que o interesse seja “econômico”, conforme, mais uma vez, extraise dos seguintes arestos: Processo REsp 834044 / RS RECURSO ESPECIAL 2006/00654491 Relator(a) Ministra DENISE ARRUDA (1126) Órgão Julgador T1 PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento 11/11/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 15/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. LEGITIMIDADE PASSIVA. EMPRESAS PERTENCENTES AO MESMO CONGLOMERADO FINANCEIRO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 124, I, DO CTN. NÃOOCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO. 1. "Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas" (HARADA, Kiyoshi. "Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador"). 2. Para se caracterizar responsabilidade solidária em matéria tributária entre duas empresas pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro, é imprescindível que ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, sendo irrelevante a mera participação no resultado dos eventuais lucros auferidos pela outra empresa coligada ou do mesmo grupo econômico. 3. Recurso especial desprovido. Acórdão Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Francisco Falcão, Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora. (grifos e destaques nossos) =================================================== Processo AgRg nos EDcl no REsp 375769 / RS AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL 2001/01537884 Fl. 669DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19311.720464/201201 Acórdão n.º 1301001.764 S1C3T1 Fl. 18 33 Relator(a) Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2007 Data da Publicação/Fonte DJ 14/12/2007 p. 379 Ementa TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS – CESSÃO DE MÃODEOBRA – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TOMADOR (CONTRATANTE) – ART. 31 DA LEI 8.212/91. 1. O STJ entende haver responsabilidade solidária entre a empresa tomadora e a prestadora de serviço, para o cumprimento das obrigações previdenciárias, admitindo, contudo, a isenção da referida solidariedade apenas se a prestadora de serviço recolher, previamente, as ditas contribuições previdenciárias. 2. Caracterizase solidariedade tributária quando duas ou mais pessoas sejam simultaneamente obrigadas pelo pagamento do crédito tributário. 3. O instituto está previsto no art. 124 do CTN, em que o inciso I determina a solidariedade quando os sujeitos estão na mesma relação obrigacional. Deve ocorrer interesse comum das pessoas que participam da situação que origina o fato gerador. Conseqüentemente, passam à condição de devedores solidários. Agravo regimental improvido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a)." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr. Ministro Relator. A partir desses precedentes, verificase, sem qualquer sombra de dúvidas, que as disposições do mencionado Art. 124, inciso I do CTN não se prestam, de forma alguma, para a imposição da responsabilidade de terceiros, conforme assaz pretendido, mas sim, referemse às circunstâncias em que pessoas (contribuintes) atuem na prática objetiva da situação legalmente prevista como hipótese de incidência tributária (materialização do fato gerador), o que, com toda a certeza, é muitíssimo distinta daquela tratada no presente feito. Entretanto, em que pese rejeitarmos aqui a imputação da responsabilidade de terceiros a partir da aplicação das disposições do mencionado Art. 124, inciso I do CTN, relevante observar que tal fato não impede que, diante das específicas circunstâncias fáticas apresentadas na autuação, seja verificada a prática dos atos que possibilitassem a imputação da responsabilidade, agora, a partir da aplicação das disposições dos art. 134 e/ou 135 do CTN. Apenas para evitar qualquer malentendido a respeito desse entendimento, não se trata aqui de "aprimoramento" do lançamento, mas sim da indicação do fundamento jurídico próprio e adequado, diante das mesmas circunstâncias fáticas relacionadas. Fl. 670DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 34 Em face dessas considerações, aqui já se destacaram as atuações dos agentes apontados, destacandose, de todas elas, a utilização de efetivos "laranjas", o que, per se, já representam as hipóteses de infração à Lei, especificamente a partir do que consta nas disposições do Art. 72 da Lei 4.502/64, que, inclusive, assim especificamente aponta: Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Restando, pois, devidamente configurada a hipótese de infração à lei, nos termos aqui considerados, penso como perfeitamente regular a imputação da responsabilidade aos indicados "sócios de fato" (Srs. Osvaldo Pressutti e de Waltair Porto Ribeiro), esta com base nas específicas e próprias disposições do Art. 135, inciso III do CTN, e, portanto, perfeitamente regular a solidarização realizada. Conclusão Diante de todo o exposto, encaminho o meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício e também aos Recursos Voluntários interpostos, mantendo, assim, integralmente a decisão exarada em primeira instância e, por consequência, todas as disposições do auto de infração considerado. É como voto. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 671DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004543/2003-85
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu May 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/1998 a 30/06/2000
Ementa:
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I, DO CTN. VINCULAÇÃO DOS CONSELHEIROS DO CARF ÀS DECISÕES PROFERIDAS PELO STJ EM RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 62-A DO NOVO REGIMENTO INTERNO DO CARF (PORTARIA 249/2009).
O direito da fiscalização constituir o crédito tributário referente a tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido declarados mas não pagos decai, conforme o julgamento do recurso especial representativo de controvérsia de nº 973.733, em 5 (cinco) anos a contar do exercício seguinte ao fato gerador, em conformidade ao que dispõe o artigo 173, I, do CTN.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9303-003.117
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Nanci Gama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Antonio Carlos Atulim, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento).
Nome do relator: NANCI GAMA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/06/1998 a 30/06/2000 Ementa: TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I, DO CTN. VINCULAÇÃO DOS CONSELHEIROS DO CARF ÀS DECISÕES PROFERIDAS PELO STJ EM RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 62-A DO NOVO REGIMENTO INTERNO DO CARF (PORTARIA 249/2009). O direito da fiscalização constituir o crédito tributário referente a tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido declarados mas não pagos decai, conforme o julgamento do recurso especial representativo de controvérsia de nº 973.733, em 5 (cinco) anos a contar do exercício seguinte ao fato gerador, em conformidade ao que dispõe o artigo 173, I, do CTN. Recurso Especial do Procurador Provido
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INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I, DO CTN. VINCULAÇÃO DOS CONSELHEIROS DO CARF ÀS DECISÕES PROFERIDAS PELO STJ EM RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 62A DO NOVO REGIMENTO INTERNO DO CARF (PORTARIA 249/2009). O direito da fiscalização constituir o crédito tributário referente a tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido declarados mas não pagos decai, conforme o julgamento do recurso especial representativo de controvérsia de nº 973.733, em 5 (cinco) anos a contar do exercício seguinte ao fato gerador, em conformidade ao que dispõe o artigo 173, I, do CTN. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Nanci Gama Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 45 43 /2 00 3- 85 Fl. 321DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.004543/200385 Acórdão n.º 9303003.117 CSRFT3 Fl. 322 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Antonio Carlos Atulim, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional em face do acórdão de nº 340100.741, por meio do qual se aplicou a Súmula Vinculante nº 8 para reconhecer a decadência do direito de o fisco lançar o crédito tributário, aplicandose o artigo 150, § 4º, do CTN, não obstante a inexistência de pagamento. Inconformada com essa parte do acórdão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial por divergência indicando, para tanto, o acórdão de nº 910100.460 e o anexando às fls. 285 e seguintes. Em despacho de fl. 290, o i. Presidente da Quarta Câmara do CARF deu seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Regularmente intimado por edital, o contribuinte não apresentou suas contrarrazões. È o relatório. Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora Conheço o recurso especial da Fazenda Nacional por tempestivo e por restar demonstrada a divergência do acórdão recorrido para com o paradigma, estando atendidos, portanto, os pressupostos de admissibilidade. Com efeito, passo à análise do mérito acerca do termo para contagem do prazo decadencial tratandose de tributo sujeito a homologação, mas cujo pagamento do tributo pelo contribuinte não ocorreu. Vale mencionar, primeiramente, que os Conselheiros deste Eg. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais passaram, com a vigência do artigo 62A1 do Regimento Interno aprovado pela Portaria 256/2009, a estarem vinculados às decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em recursos especiais representativos de controvérsia. 1 “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 322DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.004543/200385 Acórdão n.º 9303003.117 CSRFT3 Fl. 323 3 Dessa forma, em que pese o meu entendimento pessoal sobre a matéria in casu, cabeme julgar a presente questão em consonância ao recurso especial representativo de controvérsia de nº 973.7332 julgado pelo STJ no sentido de entender que o prazo decadencial para a fiscalização constituir crédito tributário de tributos sujeitos a lançamento por homologação, que foram declarados mas não pagos, será aquele previsto no artigo 173, I, do CTN3, o qual prevê o prazo decadencial de 5 (cinco) anos a contar do exercício seguinte ao fato gerador, a saber: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, 2 REsp 973.733, Min. Rel. Luiz Fux, DJe 18/09/2009. 3 “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;” Fl. 323DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.004543/200385 Acórdão n.º 9303003.117 CSRFT3 Fl. 324 4 iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Dessa forma, considerando que no presente caso não houve pagamento por parte do contribuinte do tributo questionado, mostrase cabível, por força do artigo 62A do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, combinado com o julgamento do recurso especial representativo de controvérsia supracitado, a aplicação do prazo decadencial prevista no artigo 173, I, do CTN. Assim, tendo a ciência do presente auto de infração sido dada em 12/12/2003 e o período de apuração se refere a 01/06/1998 e 30/06/2000, cabe afastar a decadência acolhida no acórdão recorrido. Dessa forma, conheço o recurso especial de divergência da Fazenda Nacional e, no mérit,o voto por darlhe provimento. É como voto. Nanci Gama Fl. 324DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 13/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 11128.001429/2007-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 29/12/2006
MULTA ADMINISTRATIVA. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO ESTABELECIDO EM ORDEM DE SERVIÇO. ATO ADMINISTRATIVO INADEQUADO.
É incabível a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória ao agente de carga , quando essa obrigação é instituída por ordem de serviço, ato administrativo que não detém competência para promover qualquer inovação em relação às normas tributárias e aduaneiras em vigor.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 3302-002.868
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Os conselheiros Walber José da Silva, Paulo Guilherme Déroulède, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Jonathan Barros Vita e Cláudio Monroe Massetti acompanharam a relatora pelas conclusões
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(assinado digitalmente)
FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e Fabiola Cassiano Keramidas.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 29/12/2006 MULTA ADMINISTRATIVA. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO ESTABELECIDO EM ORDEM DE SERVIÇO. ATO ADMINISTRATIVO INADEQUADO. É incabível a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória ao agente de carga , quando essa obrigação é instituída por ordem de serviço, ato administrativo que não detém competência para promover qualquer inovação em relação às normas tributárias e aduaneiras em vigor. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Os conselheiros Walber José da Silva, Paulo Guilherme Déroulède, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Jonathan Barros Vita e Cláudio Monroe Massetti acompanharam a relatora pelas conclusões (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e Fabiola Cassiano Keramidas.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1790; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 275 1 274 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.001429/200789 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302002.868 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de março de 2015 Matéria Multa Aduaneira Recorrente DHL LOGISTICS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 29/12/2006 MULTA ADMINISTRATIVA. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO ESTABELECIDO EM ORDEM DE SERVIÇO. ATO ADMINISTRATIVO INADEQUADO. É incabível a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória ao agente de carga , quando essa obrigação é instituída por ordem de serviço, ato administrativo que não detém competência para promover qualquer inovação em relação às normas tributárias e aduaneiras em vigor. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Os conselheiros Walber José da Silva, Paulo Guilherme Déroulède, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Jonathan Barros Vita e Cláudio Monroe Massetti acompanharam a relatora pelas conclusões (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 14 29 /2 00 7- 89 Fl. 275DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 276 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e Fabiola Cassiano Keramidas. Relatório Tratase de auto de infração (fls.01/06) lavrado para o fim de constituir Multa Regulamentar, no valor de R$5.000,00, pela ausência de entrega de informação aduaneira. Por retratar a realidade dos fatos, peço vênia a meus pares para transcrever a decisão de primeira instância administrativa, verbis: “Em 29/12/2006, o agente de carga, em cumprimento ao disposto na Ordem de Serviço Alf/Stos n° 04/2001, protocolizou o Registro de Manifesto de Carga Consolidada NVOCC n° 006/126.533, fls.07/11, referente ao Conhecimento de Carga submaster n° SLLHKGRDJ0611060A, emitido por System Logistics Ltd. e o Conhecimento de Carga 'House' n° BKK048590, emitido por Danmar Lines Ltd., representado no país pela DHL Logistics Ltda. Tratase de conhecimentos referente as cargas descarregadas do navio 'Mol Strenght', atracado no porto de Santos, em 24/12/2006, conforme DTEDeclaração de Trânsito Eletrônica, fls. 12/13 e Termo de Visita Aduaneira n° 006/005.185Eqvab, fl.14. Ocorre que a entrega dos documentos ocorreu a destempo (prazo de 48 horas úteis, antes da previsão de atracação do navio, até o final do expediente do dia útil seguinte ao de sua efetiva atracação). No caso sob exame, o navio atracou em 24/12/2006 e os documentos deveriam ter sido apresentados até o final do expediente do dia 25/12/2006, fazendoo, entretanto, somente em 29/12/2006. Descumprindo o prazo previsto na legislação de regência, caracterizada a infração, a fiscalização aplicou a penalidade do art. 107, IV, ' e ' do DL n° 37, de 1966, com a redação do art. 77 da Lei n° 10.833, de 2003. A contribuinte foi intimada e cientificada, fl. 20v., em 20/03/2007, apresentando sua Impugnação, fls.21/26, onde alega que: em 29/12/2006, a empresa protocolizou o Registro de Manifesto de Carga ConsolidadaNVOCC n° 006/123.533, atendendo a Ordem de Serviço Aif/Sts n° 04/2001, referente ao Conhecimento de Carga Submaster n°. SLLHKGRDJ0611060A, emitido pelo consolidador de carga System Logistics Ltd e o Conhecimento de Carga 'House' n" BKK048590, emitido por Fl. 276DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 277 3 Danmar Lines Ltd., representado no país pela DHL Logistics Ltda.; as cargas foram descarregadas do navio 'Mol Strenght', atracado no Porto de Santos, em 24/12/2006, conforme DTE Declaração de Trânsito Eletrônica e Termo de Visita Aduaneira n° 006/005.185Eqvab; a empresa fez a entrega do Registro de Manifesto no prazo de 48 horas úteis, conforme determina a legislação em vigor; que atendeu o disposto no art. 40, § 2odo Decreto n°4.543, de 2006; que em nenhum momento deixou de apresentar o Registro de Manifesto de Carga.” Após analisar o recurso da Recorrente a 1a Turma da DRJ/SP2 proferiu o acórdão no 1749.427, por meio do qual manteve o auto de infração da forma como lavrado, a saber: “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 27/12/2006 MULTA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA, FORA DO PRAZO. Cabível a aplicação da penalidade do art. 107, inciso IV, alínea 'e' do D.L. n° 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03, pela prestação de informação sobre carga transportada, a destempo do prazo estabelecidos pela RFB. Impugnação Improcedente.” Em síntese, a decisão recorrida entendeu que as informações deveriam ter sido prestadas até 26/12/06, sem o que é devida a multa regulamentar; Irresignada a Recorrente interpôs recurso voluntário por meio do qual reiterou suas razões de impugnação. É o relatório. Voto Conselheira FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Conforme relatado, tratase de auto de infração lavrado para fim de constituir multa aduaneira, aplicável em razão do atraso na prestação de informações aduaneiras. A Fl. 277DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 278 4 decisão recorrida manteve o auto de infração porque a informação realmente foi prestada com dias de atraso. Entendo aplicável ao caso o dispositivo legal da denúncia espontânea. É que a Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, alterou o artigo 102 do Decretolei nº 37/66, para o fim de permitir a aplicação do instituto da denúncia espontânea também para as multas aduaneiras, a saber: Lei nº 12.350/2010 “Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui somente as penalidades de natureza tributária. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) (Vide Medida Provisória n° 497, de 27 de julho de 2010) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010)” – destaquei. A meu sentir não resta dúvida acerca da possibilidade de reconhecer a denúncia espontânea para o caso em apreço. Imperioso esclarecer que não há divergência acerca do fato de a Recorrente ter declarado a infração cometida antes de qualquer procedimento de fiscalização, apenas isso seria suficiente para o caso da penalidade aduaneira em apreço. Registro ainda que caso análogo foi julgado neste tribunal, tendo a Turma, por unanimidade concluído por esta mesma solução. É o que se verifica do excelente voto de lavra do Conselheiro Luiz Roberto Domingo, nos autos do processo administrativo nº 11128.001966/200729, acórdão nº 3101000.996, verbis: “A questão em debate cingese à incidência da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, em que a Recorrente protesta pela atipicidade dos fatos praticados, pela nulidade do auto de infração que apresentou fundamentos conflitantes para a penalidade, bem como requer o benefício da denúncia espontânea, haja vista ter apresentado as informações previstas pela IN/SRF nº 28/94. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 279 5 (...) É que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela estamos diante de uma excludente da punibilidade, haja vista estar a Recorrente perfeitamente amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. É que a penalidade correspondente é excluída. Dispõe o art. 102 (caput §2º) do DecretoLei nº 37/66 que: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...]§ 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Com isso recompensase a boafé do administrado, que espontaneamente declara ao Poder Público o descumprimento de uma obrigação, cujo exercício antes de qualquer intimação por parte da Administração, constitui excludente de punibilidade. Leandro Paulsen1 leciona no sentido de que a denúncia espontânea tem a virtude de apontar para o Fisco determinadas pendências que sequer seriam percebidas no contexto das infinitas relações jurídicas das quais ele deve dar conta. O sistema é falível e o contribuinte, imbuído de boafé, não pode ser responsabilizado quando corrobora com o trabalho da administração, suprindolhe lacunas estruturais, vejamos: O objetivo da norma é de estimular o contribuinte infrator a colocarse em situação de regularidade, resgatando as pendências deixadas e ainda desconhecidas por parte do Fisco [...] A previsão legal é absolutamente consentânea com uma estrutura tributária incapaz de proceder à fiscalização efetiva de todos os contribuintes e que precisa, demais, estimular o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias, seja tempestiva, seja tardiamente. Na medida em que a responsabilidade por infrações resta afastada apenas com o reconhecimento e cumprimento da obrigação, preservase a higidez do sistema [...] 1 PAULSEN, Leandro. DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. 9ª Ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado: ESMAFE, 2007, p. 927. Fl. 279DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 280 6 Para o autor, tal instituto tem a função de estimular o cumprimento espontâneo das obrigações, quando já inadimplente o contribuinte. Isso nos permite ver emergir um aspecto de relevada importância. É que o jurisdicionado, confiante na exclusão da penalidade, fornece as informações ao Fisco, permitindolhe a ciência de fatos, que poderiam até passar despercebidos. Transportando esses argumentos para o caso em tela, percebemos que as condicionantes para aplicabilidade dos efeitos da denúncia espontânea estão satisfeitas. Está evidenciado que o procedimento fiscalizatório iniciou se depois que o contribuinte apresentou à autoridade competente as retificações noticiadas, muito embora estivessem fora do prazo determinado pela IN/SRF nº28/94. Foi a denúncia espontânea que permitiu ao Fisco autuálo pelo atraso na entrega das informações e/ou retificações, conforme exigido por lei, bem como foi a denúncia espontânea que forneceu à administração as informações necessárias para que identificasse a regularidade ou não dos atos declarados. Tal constatação se reveste de grande relevância para o caso, haja vista que a declaração acerca das mercadorias já embarcadas, no prazo de sete dias ou depois, não promoverá diferença substancial para o conteúdo da informação prestada, uma vez que no tempo fixado para prestar as informações as mercadoria já não mais estavam disponíveis para conferência física, pois embarcadas em navio que se encontra em altomar. Ademais, o contribuinte apresentou as informações relativas ao embarque antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório, diferentemente do que ocorre com o atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, para o qual o sistema da Receita Federal condiciona a transmissão se o contribuinte confirmar o recebimento da intimação do lançamento da penalidade pela entrega fora do prazo. Ressaltese, também, que, no sistema da DCTF, da retificação da informação prestada não decorre qualquer aplicação de penalidade. Com isso, sabendo que a Recorrente informou a retificação do embarque antes de qualquer ato de ofício por parte da autoridade aduaneira ou do auto de infração, apresentamse satisfeitas as condições materiais da denúncia espontânea, ou seja, sua apresentação antes de qualquer procedimento fiscal. Além disso, por ser legalmente possível a denúncia espontânea nos casos de infrações de natureza Fl. 280DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 281 7 administrativa (§2º do art. 102 d DecretoLei nº 37/66), entendo pela incidência desse instituto ao caso, impondo a imediata exclusão da penalidade lavrada nos autos. Ressaltese que a alteração do art. 102, § 2º, do DecretoLei n° 37/66, que permite a aplicação do instituto da denúncia espontânea para as obrigações administrativas, só ingresso para o sistema de direito positivo com a publicação da Lei n°12.350/2010. Contudo, o regime jurídico das penas impõe sua aplicação retroativa, haja vista que vige princípio excludente da punibilidade sempre que a norma nova é mais benéfica ao acusado (princípio positivado no âmbito tributário no art. 106 do CTN). Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário.” – destaquei. Desta forma e, face a clareza do artigo 1062 do Código Tributário Nacional – CTN – apresentei meu voto no sentido de aplicar a Lei nº 12.350/10 e, consequentemente, reconhecer a denúncia espontânea ocorrida. Entretanto, os demais conselheiros acompanharam apenas a conclusão deste voto proferido em sessão, com fundamentos diversos do acima exposto, o que implica a necessidade de adoção dos argumentos vencedores com a consequente reprodução de tais fundamentos no voto e ementa, nos termos do §9º do artigo 63 do Anexo II da Portaria MF nº 259/2009, abaixo transcrito: “Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. {2} [...] § 9º Na hipótese em que a maioria dos conselheiros acolher apenas a conclusão do voto do relator, caberá ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros. {2}” destaquei Passo a reproduzir, portanto, as razões adotadas pela maioria do colegiado: Ressaltase que não há controvérsia quanto à informação de desconsolidação da carga após a atracação. A data de atracação foi 24/12/2006, e o registro no sistema ocorreu 2 “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” Fl. 281DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 282 8 em 29/12/2006, portanto, posterior ao prazo encerrado no dia 26/12/2006, de acordo com a Ordem de Serviço ALF/STS nº 4/2001. Quanto à obrigação de prestação das informações pelo agente de carga, o artigo 37 do Decretolei nº 37/66 e o artigo 30 do Decreto nº 4.543/2007 assim dispõem: Decretolei nº 37/66: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Decreto nº 4.543/2007: Art. 30. O transportador prestará à Secretaria da Receita Federal as informações sobre as cargas transportadas, bem assim sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o Ao prestar as informações, o transportador, se for o caso, comunicará a existência, no veículo, de mercadorias ou de pequenos volumes de fácil extravio. § 2o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, também deve prestar as informações sobre as operações que execute e sobre as respectivas cargas. § 3o Poderá ser exigido que as informações referidas neste artigo sejam emitidas, transmitidas e recepcionadas eletronicamente. [...] Art. 40. O responsável pelo veículo apresentará à autoridade aduaneira, na forma e no momento estabelecidos em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, o manifesto de carga, com cópia dos conhecimentos correspondentes, e a lista de sobressalentes e provisões de bordo (Decretolei no 37, de 1966, art. 39). Verificase que o prazo para prestar tais informações foi estabelecido em ordem de serviço específica da Alfângeda de Santos, a qual lastreou o Auto de Infração. Ocorre que a Ordem de Serviço nº 4/2001 revelase ato inadequado para a estipulação de obrigações acessórias, de acordo com o artigo 94 do Decretolei nº 37/66: Fl. 282DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 283 9 Art.94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. A legislação tributária compreende consoante o artigo 96 do CTN, as leis, tratados e convenções internacionais, decretos e as normas complementares especificadas no artigo 100 do mesmo diploma, dentre elas, os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. A Portaria SRF nº 001/2001 (revogada pela Portaria nº 1.098/2013) relacionava os atos tributários e aduaneiros normativos, não comportando a ordem de serviço como ato tributário ou aduaneiro normativo: Art. 1º Os atos editados, os despachos proferidos e a correspondência expedida pelas autoridades da Secretaria da Receita Federal (SRF) observarão as disposições desta Portaria. [...] Art. 2º Os atos a que se refere o art. 1º serão agrupados em função da matéria sobre as quais versam: I – atos tributários e aduaneiros ( Anexo I ), compreendendo: Instrução Normativa (IN); Norma de Execução (NE); Ato Declaratório Interpretativo (ADI); Ato Declaratório Executivo (ADE); Circular; Solução de Consulta; Solução de Divergência; Decisão; II – atos administrativos ( Anexo II ), compreendendo: Portaria; Ato de Destinação de Mercadorias (ADM); Ordem de Serviço (OS). No referido Anexo II está previsto o emprego destinado a estes atos: Fornece aos executores instruções detalhadas para a realização das tarefas estabelecidas em portaria de autoridade de hierarquia superior. Embora não haja transcrição da referida ordem no processo, aparentemente, foi editada com base na atribuição conferida pelo artigo 227, inciso II, do Regimento Interno da Receita Federal do Brasil à época Portaria MF nº 259/2001 que dispunha: Art. 227. Aos Delegados da Receita Federal e, no que couber, aos Inspetores e aos Chefes de Inspetoria, incumbe: [...] II editar atos relacionados com a execução de serviços, observadas as instruções da SRRF sobre a matéria tratada; Fl. 283DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 284 10 Assim, a ordem de serviço possui o objetivo de detalhar a execução das atividades dos servidores do órgão e não, propriamente, normatizar o cumprimento de obrigação acessória, ou seja, é ato com função administrativa. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3101001.070, proferido em 21/03/2012, pela Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, cujos excertos e ementa abaixo transcrevemse: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 13/03/2007 É incabível a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória ao agente de carga , quando essa obrigação é instituída por ordem de serviço, ato administrativo que não detém competência para promover qualquer inovação em relação às normas tributárias e aduaneiras em vigor. Excerto: “No mesmo sentido, o Professor Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua “ordem de serviço” como “fórmula usada para transmitir determinação aos subordinados quanto à maneira de conduzir determinado serviço. Ao invés desta fórmula, as ordens por vezes são veiculadas por via circular (in Curso de Direito Administrativo, 7ª ed., Malheiros, 1995, p. 253/254)”. Trazendo os ensinamentos acima ao caso sob análise, concluímos que o ato administrativo “ordem de serviço” pode fixar procedimentos relativos ao despacho de importação a serem praticados no âmbito de qualquer Alfândega, de forma a orientar internamente os seus servidores. Todavia, não pode haver qualquer inovação por parte desse ato em relação à legislação tributária vigente. Verificase que a regulamentação dos prazos ocorreu com a publicação da IN RFB nº 800/2007, vigente após a ocorrência do fato gerador. Embora não aplicável o instituto da denúncia espontânea após a formalização da entrada, em vista dos artigos 27, 31 e 612 do Decreto nº 4.543, de 2002 (RA/2002), a multa lançada é indevida por lastrearse em informação considerada extemporânea a prazo definido por ordem de serviço. Ante o exposto, conheço do presente recurso para o fim de DARLHE PROVIMENTO, reformando, assim, a decisão de primeira instância administrativa. É como voto. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 284DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11128.001429/200789 Acórdão n.º 3302002.868 S3C3T2 Fl. 285 11 Fl. 285DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 25/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002380/2009-39
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
IRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS.
Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela Lei nº 9.250/95.
Restabelece-se a dedução de despesas médicas lastreadas em recibo e/ou declaração firmada pelo profissional que confirma a autenticidade destes e a efetiva prestação dos serviços, se nada mais há nos autos que desabone tais documentos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2802-002.678
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Redator ad hoc.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (presidente da turma), Jaci de Assis Junior, Dayse Fernandes Leite, Jimir Doniak Júnior, Carlos André Ribas de Mello e Julianna Bandeira Toscano.
Nome do relator: JULIANNA BANDEIRA TOSCANO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 IRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela Lei nº 9.250/95. Restabelece-se a dedução de despesas médicas lastreadas em recibo e/ou declaração firmada pelo profissional que confirma a autenticidade destes e a efetiva prestação dos serviços, se nada mais há nos autos que desabone tais documentos. Recurso Voluntário Provido.
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DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela Lei nº 9.250/95. Restabelecese a dedução de despesas médicas lastreadas em recibo e/ou declaração firmada pelo profissional que confirma a autenticidade destes e a efetiva prestação dos serviços, se nada mais há nos autos que desabone tais documentos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Redator ad hoc. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (presidente da turma), Jaci de Assis Junior, Dayse Fernandes Leite, Jimir Doniak Júnior, Carlos André Ribas de Mello e Julianna Bandeira Toscano. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 23 80 /2 00 9- 39 Fl. 48DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/05/20 15 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 20/05/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SP2, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor de R$ 10.477,88, relativo ao anocalendário 2006 (fls. 3/5). O lançamento decorreu da glosa de dedução de despesas médicas no valor de R$ 19.000,00, relacionada ao prestador de serviços Marcos Gabriel Frascino Bittar, por falta de comprovação do efetivo pagamento. Em sua impugnação de fls. 1/2, o contribuinte alegou ter apresentado os documentos exigidos e que os valores foram pagos em espécie, para aquisição de serviços médicos lícitos e comprovados mediante recibo emitido por profissional habilitado. A decisão de primeiro grau manteve a exigência (fls. 16/19), considerando não estar evidenciado que a despesa tenha efetivamente ocorrido e o serviço sido prestado. O recurso voluntário foi interposto em 19/9/2009, repisando as razões e o pedido da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Redator ad hoc Cabe esclarecer, inicialmente, que a formalização do acórdão não foi concluída pela relatora, Julianna Bandeira Toscano, diante de superveniente impossibilidade desta, razão pela qual o voto condutor é apresentado pelo redator ad hoc. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, tendo sido, portanto, conhecido pela Turma. Como se observa, o litígio gira em torno da necessidade da comprovação do efetivo pagamento de despesas médicas, em que os documentos apresentados pelo notificado foram considerados insuficientes para fins de comprovar o pagamentos declarado. Nesse aspecto, a Turma entendeu que, a princípio, os recibos emitidos por profissionais legalmente habilitados e que atendam às formalidade legais são hábeis a comprovar as deduções pleiteadas. Apenas na hipótese de ausência dos recibos na forma determinada pela Lei nº 9.250/95, ou em havendo fortes indícios de que a documentação apresentada seria inidônea, estaria a autoridade lançadora autorizada a exigir a prova do efetivo pagamento. Assim, a decisão sobre a dedutibilidade ou não da despesa médica merece análise caso a caso, consoante os elementos trazidos aos autos, os quais serão decisivos para a formação da livre convicção do julgador. Fl. 49DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/05/20 15 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 20/05/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10882.002380/200939 Acórdão n.º 2802002.678 S2TE02 Fl. 49 3 Este Colegiado tem reiteradamente decidido que os recibos e declarações emitidos por profissionais legalmente habilitados que atendam as formalidades legais são hábeis a comprovar as deduções pleiteadas, independentemente da comprovação do efetivo pagamento. Com efeito, o contribuinte carreou aos autos (fl. 7) declaração de lavra do profissional Marcos Gabriel Frascino Bittar que corrobora as informações prestadas em sua Declaração de Ajuste. Por conseguinte, entendese estarem presentes os requisitos exigidos pela Lei nº 9.250/95 para a dedução da despesa vinculada a esse prestador de serviços no ano calendário 2006. Ante o exposto, devese DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para fins de restabelecer a dedução de despesas médicas pagas a Marcos Gabriel Frascino Bittar, no valor de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais). (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 50DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/05/20 15 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 20/05/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 10950.004310/2008-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Apr 15 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA
SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE FORNECEDORES NÃO CONTRIBUINTES DE PIS E COFINS.
A Lei n. 9.363/1996 instituiu o crédito presumido de IPI, e em seu art. 2° menciona a composição da base de cálculo, qual seja, o valor total das aquisições com matéria prima, produto intermediário, e material de embalagem. A lei não menciona que os fornecedores dos insumos devem ser contribuintes de PIS e COFINS, apenas a IN 23/97 traz essa exclusão. Instrução Normativa não é meio hábil para redução ou ampliação de texto de lei, possuindo somente a função de complementá-lo. (Precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010).
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC.
A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio
constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte
em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010; e REsp REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 26.04.2009).
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. REGIME ALTERNATIVO. ATIVIDADE AGRÍCOLA.
O valor das aquisições de matérias-primas, produtos intermediários, materiais de embalagem, combustíveis e lubrificantes empregados na fase agrícola do processo produtivo (cultivo da cana-de-açúcar) devem ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido.
CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS.
Só geram direito ao crédito presumido os materiais intermediários que sejam consumidos no processo produtivo mediante contato físico direto com o produto em fabricação e que não sejam passíveis de ativação obrigatória (Súmula CARF n° 19; Pareceres Normativos nº 181/79 e 65/79).
IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS.
As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de aquisição de mercadorias, conforme previsto no artigo 1º, da Lei nº 9.363/96.
Recurso voluntário parcialmente provido.
Numero da decisão: 3202-001.604
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. Ausente, temporariamente, a Conselheira Tatiana Midori Migiyama. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, a advogada Denise da S.P. de A. Costa, OAB/SC nº.10.264.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente
Gilberto de Castro Moreira Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Bruno Maurício Macedo Curi.
Nome do relator: GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE FORNECEDORES NÃO CONTRIBUINTES DE PIS E COFINS. A Lei n. 9.363/1996 instituiu o crédito presumido de IPI, e em seu art. 2° menciona a composição da base de cálculo, qual seja, o valor total das aquisições com matéria prima, produto intermediário, e material de embalagem. A lei não menciona que os fornecedores dos insumos devem ser contribuintes de PIS e COFINS, apenas a IN 23/97 traz essa exclusão. Instrução Normativa não é meio hábil para redução ou ampliação de texto de lei, possuindo somente a função de complementá-lo. (Precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010). CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010; e REsp REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 26.04.2009). CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. REGIME ALTERNATIVO. ATIVIDADE AGRÍCOLA. O valor das aquisições de matérias-primas, produtos intermediários, materiais de embalagem, combustíveis e lubrificantes empregados na fase agrícola do processo produtivo (cultivo da cana-de-açúcar) devem ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. Só geram direito ao crédito presumido os materiais intermediários que sejam consumidos no processo produtivo mediante contato físico direto com o produto em fabricação e que não sejam passíveis de ativação obrigatória (Súmula CARF n° 19; Pareceres Normativos nº 181/79 e 65/79). IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS. As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de aquisição de mercadorias, conforme previsto no artigo 1º, da Lei nº 9.363/96. Recurso voluntário parcialmente provido.
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COMPENSAÇÃO Recorrente USINA DE AÇÚCAR SANTA TEREZINHA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE FORNECEDORES NÃO CONTRIBUINTES DE PIS E COFINS. A Lei n. 9.363/1996 instituiu o crédito presumido de IPI, e em seu art. 2° menciona a composição da base de cálculo, qual seja, o valor total das aquisições com matéria prima, produto intermediário, e material de embalagem. A lei não menciona que os fornecedores dos insumos devem ser contribuintes de PIS e COFINS, apenas a IN 23/97 traz essa exclusão. Instrução Normativa não é meio hábil para redução ou ampliação de texto de lei, possuindo somente a função de complementálo. (Precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010). CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010; e REsp REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 26.04.2009). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 43 10 /2 00 8- 83 Fl. 958DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 941 2 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. REGIME ALTERNATIVO. ATIVIDADE AGRÍCOLA. O valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem, combustíveis e lubrificantes empregados na fase agrícola do processo produtivo (cultivo da canadeaçúcar) devem ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. Só geram direito ao crédito presumido os materiais intermediários que sejam consumidos no processo produtivo mediante contato físico direto com o produto em fabricação e que não sejam passíveis de ativação obrigatória (Súmula CARF n° 19; Pareceres Normativos nº 181/79 e 65/79). IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS. As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de “aquisição” de mercadorias, conforme previsto no artigo 1º, da Lei nº 9.363/96. Recurso voluntário parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. Ausente, temporariamente, a Conselheira Tatiana Midori Migiyama. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, a advogada Denise da S.P. de A. Costa, OAB/SC nº.10.264. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente Gilberto de Castro Moreira Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Bruno Maurício Macedo Curi. Relatório Para melhor elucidação dos fatos, transcrevo o relatório do acórdão proferido pela DRJ/Ribeirão Preto: Fl. 959DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 942 3 Trata o presente de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório que indeferiu o pedido de ressarcimento do crédito presumido apurado no período em destaque e não homologou as compensações declaradas, em razão dos seguintes fundamentos: l)Os recursos aplicados na formação da lavoura de cana de açúcar devem ser contabilizados no ativo permanente, pois esta não se extingue com um único corte, conforme posicionamento do Conselho de Contribuintes, com gastos dispendidos no que concerne a máquinas e equipamentos de instalações industriais, veículos rurais, veículos pás e, principalmente, às lavouras formadas de cana. 2) No cálculo original do benefício, foram aproveitados pela requerente todos os gastos na formação da lavoura canavieira: mudas, defensivos, corretivos de solos, fertilizantes, peças para máquinas, lubrificantes, energia elétrica, combustíveis para maquinários e materiais diversos. 3) Os gastos com manutenção industrial não foram comprovados e somente foram aceitas as aquisições de cana de açúcar de pessoas jurídicas com entradas correspondentes ao CFOP 1101. As aquisições de produção própria ou de filiais, não foram acolhidas, pois se trata de mera transferência de matéria prima, sem a incidência das contribuições do Pis e da Cofins; outrossim, as aquisições de pessoas físicas também não foram aceitas. Insubmissa à decisão administrativa, a contribuinte apresentou sua manifestação de inconformidade em que, resumidamente, contesta o cômputo de saldo negativo período anterior; outrossim, sendo a manifestante empresa agroindustrial e que exerce atividade rural (extração e exploração vegetal e animal) os gastos com insumos na formação da lavoura, notadamente as fases de cultivo e tratos culturais (fertilizantes e defensivos agrícolas), corte e transporte, conforme laudo técnico; concorda que os gastos com insumos na fase de adequação de preparo do solo devem ser classificados no ativo imobilizado e reconhece que insumos usados na fase de plantio de cana de açúcar foram equivocadamente incluídos e devem ser excluídos oportunamente; quanto a insumos adquiridos de pessoas físicas, especificamente a cana de açúcar, o Conselho de Contribuintes reconhece o cabimento da inclusão na base de cálculo do benefício, pois a legislação não impôs restrições às aquisições de produtores rurais; créditos de produtos intermediários (insumos de uso industrial, lubrificantes para uso industrial e agrícola, materiais diversos, itens para manutenção geral, combustíveis, peças e materiais para manutenção de máquinas agrícolas) não foram considerados, apesar de autorização na Lei n° 10.276/2001, porque não haveria memória de cálculo para vinculação dos gasto (pelo que pede a nulidade do Despacho), mas há o laudo descritivo da atividade, juntado: os lubrificantes de uso agrícola, combustível, peças e materiais utilizados na manutenção de máquinas agrícolas e caminhões são materiais intermediários, pois não se integram ao produto final, mas são consumidos no processo industrial, especialmente na fase de corte e transporte da cana de açúcar; é ilegal a exclusão de créditos relativos a transferências de matéria prima; ademais, deve ser deferido o ressarcimento com o acréscimo de juros calculados pela taxa Selic para que seja mantido o valor do pleito no tempo, sob pena de enriquecimento sem causa da Administração, devendo ser utilizada a analogia com o instituto da restituição, nos termos de Fl. 960DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 943 4 jurisprudência apontada; por fim, requer o reconhecimento dos créditos apurados e a homologação das compensações em face da lisura dos procedimentos adotados. A ementa do acórdão da DRJ/Ribeirão Preto é a seguinte: Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 CRÉDITO PRESUMIDO. REGIME ALTERNATIVO. CUSTOS DE AQUISIÇÃO ADMITIDOS. Para fins de cálculo do crédito presumido no regime alternativo, somente é admitida a inclusão na respectiva base de cálculo de custos de aquisição de energia elétrica,e de combustíveis utilizados no processo industrial; devem ser observadas, outrossim, as restrições preconizadas na Lei n° 9.363, de 13 de dezembro de 1996, aplicada subsidiariamente, notadamente quanto às aquisições de insumos de pessoas físicas ou transferidos de estabelecimentos filiais, de insumos sem comprovação documental e de bens não correspondentes à verdadeira acepção de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS OU TRANSFERIDOS DE ESTABELECIMENTOS FILIAIS. São glosados os valores referentes a aquisições de insumos de pessoas físicas, nãocontribuintes do PIS e da Cofins, ou a transferências de insumos de filiais, pois, conforme a legislação de regência, os insumos adquiridos devem sofrer o gravame das referidas contribuições. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. ADMISSIBILIDADE. AÇÃO DIRETA SOBRE O PRODUTO. Somente os insumos que exerçam ação direta sobre o produto em fabricação, ainda que sem integrar o produto final (produtos intermediários), mas com desgaste no processo industrial, representam aquisições passíveis de integrar a base de cálculo do benefício fiscal. CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. É incabível a concessão do estímulo fiscal acrescido de juros de mora pela taxa Selic, por ausência de autorização legal. Inconformada com tal decisão, a Recorrente apresentou recurso voluntário, onde repisa os argumentos anteriormente apresentados. É o Relatório. Voto Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior, Relator Fl. 961DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 944 5 O recurso voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Crédito presumido de IPI. SELIC Em relação ao crédito presumido de IPI na aquisição de pessoas físicas, reproduzo meu voto no acórdão 3202000.471 que sintetiza meu entendimento, inclusive em relação à correção monetária pela SELIC: ... Instruções Normativas não são instrumentos normativos hábeis a inovar ou modificar o texto legal ao qual estão adstritos, mas apenas complementá lo, sem promover alteração no seu conteúdo e alcance. Ora, se a própria lei que instituiu o crédito presumido de IPI, Lei n. 9.363/1996, não excluiu da base de cálculo as aquisições de fornecedores que não são contribuintes de PIS e COFINS, não pode a Instrução Normativa fazer tal restrição. Na mesma linha caminha o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que apreciou o assunto em sede de recurso representativo da controvérsia. Vejamos o trecho da ementa do Ministro Luiz Fux, no julgamento do Recurso Especial n. 993.164 – MG, em 13/12/2010: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo . Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior." Fl. 962DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 945 6 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS ." 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciarse ão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Fl. 963DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 946 7 Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtor exportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição" ; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI, posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais" ; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). ... 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008” (grifamos) Vejamos, ademais, outros precedentes do Superior Tribunal de Justiça: “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTARIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇAO AO ART. 535 DO CPC. NAOOCORRENCIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N.º 9.363/96. INSTRUÇAO NORMATIVA SRF N.º 23/97. ILEGALIDADE. 1. O incentivo cognominado crédito presumido de IPI, instituído pela Lei n.º 9.363/96, revela como ratio essendi, desonerar as exportações do valor do PIS/PASEP e da COFINS incidentes ao longo de toda a cadeia produtiva, independentemente do fato de estar ou não o fornecedor direto do exportador sujeito ao pagamento destas contribuições. 2. Conseqüentemente, o não pagamento do PIS e da COFINS pelo fornecedor dos insumos não pode impedir o nascimento do crédito presumido. 3. Deveras, este ressarcimento, que por ser presumido e estimado na forma da lei, referese às possíveis incidências das contribuições em todas as etapas anteriores à aquisição dos insumos e à exportação.” (STJ, REsp 767617 / CE, Relator Ministro Luiz Fux, Órgão Julgador Primeira Turma, Sessão de 12/12/2006) (grifamos) “TRIBUTARIO. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. IN/SRF 23/97 ILEGALIDADE. 1. O crédito presumido de IPI instituído pela Lei 9.363/96 teve por objetivo desonerar as exportações do valor do PIS/PASEP e da COFINS incidentes ao longo de toda a cadeia produtiva, independentemente de estar ou não o fornecedor direto do exportador sujeito ao pagamento dessas contribuições. Por isso mesmo, é ilegítima a limitação constante do art. 2º, 2º da IN SRF 23/97, segundo o qual "o crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção de bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS". Precedente: RESP 586.392/RN, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 06.12.2004. 2. Recurso especial a que se nega provimento.” (STJ, REsp 617733/CE, Relator Fl. 964DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 947 8 Teorio Albino Zavascki, Órgão Julgador Primeira Turma, Sessão de 03/08/2006) (grifamos) “TRIBUTARIO. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. INDUSTRIALEXPORTADOR. RESSARCIMENTO DE PIS E COFINS EMBUTIDOS NO PREÇO DOS INSUMOS. INCLUSAO NA BASE DE CALCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. LEI Nº 9.363/96. PRECEDENTES. 1. "De acordo com o disposto no art. 1º da Lei 9.363/96, o benefício fiscal de ressarcimento de crédito presumido do IPI, como ressarcimento do PIS e da COFINS, é relativo ao crédito decorrente da aquisição de mercadorias que são integradas no processo de produção de produto final destinado à exportação. Portanto, inexiste óbice legal à concessão de tal crédito pelo fato de o produtor/exportador ter encomendado a outra empresa o beneficiamento de insumos, mormente em tal operação ter havido a incidência do PIS/COFINS, o que possibilitará a sua desoneração posterior, independente de essa operação ter sido ou não tributada pelo IPI " (REsp nº 576857/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 19/12/2005). 2. "Mesmo quando as matériasprimas ou insumos forem comprados de quem não é obrigado a pagar as contribuições sociais para o PIS/PASEP, as empresas exportadoras devem obter o creditamento do IPI" (REsp nº 763521/PI, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 07/11/2005) 3. O crédito presumido previsto na Lei nº 9.363/96 não representa receita nova. É uma importância para corrigir o custo. O motivo da existência do crédito são os insumos utilizados no processo de produção, em cujo preço foram acrescidos os valores do PIS e COFINS, cumulativamente, os quais devem ser devolvidos ao industrialexportador. 4. Precedentes das egrégias 1ª e 2ª Turmas desta Corte. 5. Recurso nãoprovido.” (STJ, REsp 813280/SC, Relator Ministro José Delgado, Órgão Julgador Primeira Turma, Sessão de 06/04/2006) (grifamos). Ainda na mesma direção foi o posicionamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) do Conselho de Contribuintes: “IPI CRÉDITO PRESUMIDO AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de MP, PI e ME, referidos no art. 1° da Lei n° 9.363/96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art.2° da Lei n° 9.363/96). A lei mencionada referese a "valor total" e não prevê qualquer exclusão. As IN SRF n°s 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei n° 9.363/96, ao estabelecerem que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN SRF n° 23/97) não geram direito ao crédito presumido (IN SRF n° 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante lei, pois as instruções normativas são normas complementares (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto das normas que complementam. Na verdade, o crédito presumido de IPI na exportação utiliza o princípio da praticibilidade, que usa a presunção como o meio mais simples e viável de se atingir o objetivo da lei, dando à administração o alívio do fardo da investigação exaustiva de cada caso isolado, dispensandoo da coleta de provas de difícil, ou até impossível, configuração. A apuração por presunção utiliza um cálculo padronizante, que abstrai o individual, o específico, o único, em favor do Fl. 965DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 948 9 geral, criase uma abstração generalizante, imposta, ex dispositionis legis, ao contribuinte, desprezandose os desvios individuais.” (CSRF, Acórdão n. 0201.707, Relator Manoel Antonio Gadelha Dias, Sessão de 11.05.2004) “IPI CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI NA EXPORTAÇÃO AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, e material de embalagem referidos no art. 1º da Lei nº 9.363, de 13.12.96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art. 2º da Lei nº 9.363/96). A lei citada referese a "valor total" e não prevê qualquer exclusão. As Instruções Normativas nºs 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei nº 9.363, de 13.12.96, ao estabeleceram que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN nº 23/97), bem como que as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas não geram direito ao crédito presumido (IN nº 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante Lei ou Medida Provisória, visto que as Instruções Normativas são normas complementares das leis (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto da norma que complementam.” (CSRF, Acórdão n. 0201.653, Relator Dalton César Cordeiro de Miranda, Sessão de 10/05/2004) O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62A: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. Fl. 966DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 949 10 § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes.” Pelo exposto, além de entender que a Recorrente tem direito ao crédito presumido de IPI de que trata a Lei n. 9.363/1996, mesmo quando os insumos utilizados no processo produtivo de bens destinados ao mercado externo sejam adquiridos de não contribuintes de PIS e COFINS, como é o caso das aquisições feitas de pessoas físicas e cooperativas, a decisão do Superior Tribunal de Justiça Federal no Recurso Especial n. 993.164/MG deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. DA TAXA SELIC A Recorrente alega que tem direito à atualização do ressarcimento dos créditos presumidos de IPI pela Taxa Selic, e como fundamento de seu pleito cita o art. 39, §4°, da Lei n. 9.250/1995 e o Decreto n. 2.138/1997, que reconheceu que os institutos jurídicos da restituição e do ressarcimento devem receber o mesmo tratamento. Entendo que razão assiste à Recorrente. Com relação ao tema, verificase também que o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise dos chamados recursos representativos da controvérsia. Tratase do mesmo precedente anteriormente mencionado (REsp 993164/MG), cujo trecho da ementa tratando da matéria é o seguinte: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. ... 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp Fl. 967DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 950 11 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). ... 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (grifamos). A decisão acima foi proferida justamente em julgamento relativo a pedido de ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, de que trata a lei n. 9.363/1996, em que atos normativos infralegais obstaculizaram a inclusão na base de cálculo do incentivo das compras realizadas junto a pessoas físicas e cooperativas. No mesmo sentido também foi proferida a decisão no REsp 1035847/RS, cuja ementa abaixo reproduzo: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543_C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Restou consolidado, assim, no âmbito do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, a atualização do ressarcimento de créditos presumidos de IPI pela taxa SELIC. Verificase, portanto, que as referidas decisões do Egrégio Superior Tribunal de Justiça devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Dessa forma, adoto o entendimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça em relação aos créditos de IPI, para Fl. 968DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 951 12 inclusão na base de cálculo dos valores referentes às aquisições de fornecedores não contribuintes de PIS e COFINS, bem como em relação à aplicação da Taxa Selic aos valores objeto de ressarcimento. Sendo assim, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente, concedendo direito ao crédito de IPI com relação aos valores referentes às aquisições de insumos de não contribuintes de PIS e COFINS, e para a aplicação da Taxa Selic aos valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI, desde o protocolo do pleito ... A Primeira Seção do STJ também já decidiu acerca da correção dos créditos quando do julgamento dos Embargos de Divergência em Agravo n° 1.220.942, verbis: 4. Situação do crédito escritural: Devese negar ordinariamente o direito à correção monetária quando se fala de créditos escriturais recebidos em um período de apuração e utilizados em outro (sistemática ordinária de aproveitamento), ou seja, de créditos inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados em períodos de apuração subseqüentes. Na exceção à regra, se o Fisco impede a utilização desses créditos escriturais, seja por entendêlos inexistentes ou por qualquer outro motivo, a hipótese é de incidência de correção monetária quando de sua utilização, se ficar caracterizada a injustiça desse impedimento (Súmula n. 411/STJ). Por outro lado, se o próprio contribuinte acumula tais créditos para utilizálos posteriormente em sua escrita fiscal por opção sua ou imposição legal, não há que se falar em correção monetária, pois a postergação do uso foi legítima, salvo, neste último caso, declaração de inconstitucionalidade da lei que impôs o comportamento. 5. Situação do crédito objeto de pedido de ressarcimento: Contudo, no presente caso estamos a falar de ressarcimento de créditos, sistemática diversa (sistemática extraordinária de aproveitamento) onde os créditos outrora escriturais passam a ser objeto de ressarcimento em dinheiro ou ressarcimento mediante compensação com outros tributos em virtude da impossibilidade de dedução com débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos (normalmente porque isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero), ou até mesmo por opção do contribuinte, nas hipóteses permitidas por lei. Tais créditos deixam de ser escriturais, pois não estão mais acumulados na escrita fiscal para uso exclusivo no abatimento do IPI devido na saída. São utilizáveis fora da escrita fiscal. Nestes casos, o ressarcimento em dinheiro ou ressarcimento mediante compensação com outros tributos se dá mediante requerimento feito pelo contribuinte que, muitas vezes, diante das vicissitudes burocráticas do Fisco, demora a ser atendido, gerando uma defasagem no valor do crédito que não existiria caso fosse reconhecido anteriormente ou caso pudesse ter sido utilizado na escrita fiscal mediante a sistemática ordinária de aproveitamento. Essa foi exatamente a situação caracterizada no Recurso Representativo da Controvérsia REsp. nº 1.035.847 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24.6.2009, onde foi reconhecida a incidência de correção monetária. Fl. 969DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 952 13 6. A lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI,PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza também achamada "resistência ilegítima" exigida pela Súmula n. 411/STJ. Precedentes:REsp. n. 1.122.800/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,julgado em 1.3.2011; AgRg no REsp. n. 1082458/RS e AgRg no AgRg no REsp. n.1088292/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgados em 8.2.2011. 7. O Fisco deve ser considerado em mora somente a partir da data do protocolo dos pedidos de ressarcimento. No mesmo sentido é o acórdão 3402001.967 de relatoria do ilustre Conselheiro João Carlos Cassuli Junior: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DEMORA NA ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXEGESE DO RESP 1.035.847/RS. PRECEDENTES DO STJ. A partir do julgamento, pelo STJ, do REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos Recursos Repetitivos (CPC, art. 543C), foi firmado entendimento no sentido de que é devida a atualização pela SELIC dos créditos objeto de pedido de ressarcimento ou compensação, por resistência ilegítima da Administração, ainda que seja decorrente da demora na análise do respectivo processo administrativo. Direito a atualização do crédito ressarciendo desde o protocolo do pedido até o efetivo aproveitamento, via restituição ou compensação. Materiais aplicados na produção de canadeaçúcar A fiscalização excluiu o valor das aquisições de insumos e defensivos utilizados na formação e no cultivo da canadeaçúcar. A Recorrente aceitou a glosa das aquisições de insumos aplicados na formação da lavoura, mas questionou a glosa dos materiais aplicados no cultivo de canadeaçúcar própria, por se tratar de atividade agroindustrial. O § 5º, do artigo 1º, da Lei nº 10.276/2001 determinou que se aplica ao regime alternativo de aproveitamento do crédito presumido de IPI todas as demais noras estabelecidas na Lei nº 9.363/96. (...) § 5o Aplicamse ao crédito presumido determinado na forma deste artigo todas as demais normas estabelecidas na Lei no 9.363, de 1996. A Lei nº 9.363/96, por sua vez, determina que: Art. 1º. A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado Fl. 970DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 953 14 interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante na respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. (grifamos) A matéria foi objeto de análise no acordão 3301002.406, conforme trecho abaixo: Portanto está claro que este é um benefício fiscal instituído pela Lei nº 9.363/96, a qual delimitou a sua utilização. Assim, o crédito presumido de IPI é calculado sobre as aquisições de matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem utilizadas no processo produtivo do produto exportado, que aqui no caso é o açúcar. A própria lei determinou que os conceitos de insumos e de produção são os definidos na legislação do IPI. Por sua vez a legislação do IPI, art. 82, inc. I do Decreto nº 87.981/82, cuja redação foi mantida nos regulamentos posteriores, estabeleceu que se incluem no conceito de matériaprima e produto intermediário os bens que, embora não se integrando ao novo produto, sejam consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos no ativo permanente. O Parecer Normativo CST nº 65, de 06/11/79, colacionado no acórdão recorrido, firmou o entendimento, amplamente adotado por este órgão julgador, de que além das matériasprimas e produtos intermediários “stricto sensu”, também se integram no conceito, gerando direito ao crédito, aqueles que se consumirem em decorrência de uma ação direta sobre o produto em fabricação. Ou seja, o conceito de insumo na legislação do IPI é restrito às matériasprimas e produtos intermediários que se consomem de maneira direta no processo produtivo. Diante desta premissa, não há como acatar créditos decorrentes de insumos utilizados na produção própria da canadeaçúcar, por absoluta falta de previsão legal. A Lei nº 9.363/96 não autorizou crédito presumido de IPI na aquisição de quaisquer insumos, não estando amparadas as aquisições de produtos não relacionados diretamente com a fabricação do produto exportado. Não se tratando o cultivo da cana de uma operação de industrialização, quer me parecer que não haveria direito de aproveitamento do crédito presumido em relação aos custos incorridos nesta fase como muito bem apontado no acórdão 3403001.953, de relatoria do ilustre Conselheiro Antonio Carlos Atulim, verbis: Fl. 971DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 954 15 CRÉDITO PRESUMIDO. REGIME ALTERNATIVO. ATIVIDADE AGRÍCOLA. O valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem, combustíveis e lubrificantes empregados na fase agrícola do processo produtivo (cultivo da canadeaçúcar) devem ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido. Razão, portanto, não assiste a Recorrente em relação a este tema. Crédito presumido de produtos intermediários Analisando a manifestação de inconformidade de Recorrente é possível verificar que os itens glosados pela fiscalização dizem respeito a: LUBRIFICANTES; MATERIAIS DIVERSOS; MANUTENÇÃO GERAL E OUTROS ITENS INDUSTRIAIS; LUBRIFICANTES DE USO AGRÍCOLA; COMBUSTÍVEIS; PEÇAS E MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS. Por primeiro, a Súmula CARF n° 19 determina que “Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário”. Diante disso, entendo que fica afastada de plano a possibilidade de crédito de combustíveis e lubrificantes. Em relação aos demais itens, é importante frisar que, no intuito de dirimir as controvérsias então existentes naquela época, a Administração Tributária baixou o Parecer Normativo CST nº 65/79, com a seguinte ementa: A partir da vigência do RIPI/79, "ex vi" do inciso I de seu artigo 66, geram direito ao crédito ali referido, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários "stricto sensu", e material de embalagem), quaisquer outros bens, desde que não contabilizados pelo contribuinte em seu ativo permanente, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. Inadmissível a retroação de tal entendimento aos fatos ocorridos na vigência do RIPI/72 que continuam a se subsumir ao exposto no PN CST n° 181/74. Diante das disposições contidas nos Pareceres Normativos nºs 181/74 e 65/79, a decisão recorrida conclui no seguinte sentido: Assim sendo, nos termos dos Pareceres retro citados e em consonância com o inciso I do art. 82 do RIPI/1982, geram direito ao credito, além das matériasprimas, produtos intermediários "strictosensu" e material de embalagem que se integram ao produto final, quaisquer outros bens desde que não contabilizados pela contribuinte em seu ativo permanente que se consumam por decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, que Fl. 972DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 955 16 sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, restando definitivamente excluídos aqueles que não se integrem nem sejam consumidos na operação de industrialização, como e o caso dos produtos listados pela própria requerente, Assim, excluemse os lubrificantes e combustíveis, as pecas e materiais de manutenção industrial, e os materiais diversos. Em relação as transferências, não se trata de aquisição de insumo, e portanto, não há qualquer previsão legal para a inclusão desses valores no calculo do beneficio. Só geram, portanto, direito ao crédito presumido os materiais intermediários que sejam consumidos no processo produtivo mediante contato físico direto com o produto em fabricação e que não sejam passíveis de ativação obrigatória. Transferências de insumos para filiais Em relação às transferências de insumos para filiais, a matéria já se encontra bastante discutida neste Conselho, conforme se observa nas decisões abaixo reproduzidas: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 30/04/2001 a 30/06/2001 Ementa: (...) IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS. EXTRAÇÃO MINERAL. As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de “aquisição” de mercadorias, nos termos do artigo 1º, da Lei nº 9.363/96. (...) (Acórdão nº 340301.648, de 26/06/2012, Conselheiro Relator Marcos Tranchesi Ortiz) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 CRÉDITO PRESUMIDO As transferências de matéria prima, mediante a emissão de notas fiscais de transferência e de notas fiscais de entradas, ambas emitidas pelo próprio contribuinte, não geram créditos presumidos de IPI. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão nº 330101.414, de 24/04/2012, Conselheiro Relator José Adão Vitorino de Morais) CRÉDITO SOBRE TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIAPRIMA ENTRE FILIAIS. GLOSA. PROCEDÊNCIA. Fl. 973DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.004310/200883 Acórdão n.º 3202001.604 S3C2T2 Fl. 956 17 O art. 1º da Lei nº 9.363/96 prevê o crédito presumido incidente nas aquisições de matériaprima. A transferência de matériasprimas entre estabelecimentos da mesma empresa não corresponde a uma aquisição, pois não há transferência de titularidade do bem. (Acórdão 3301002.406, de 19/08/2014, Conselheiro Relator Andrada Márcio Canuto Natal) Como nas transferências entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica não há mudança de propriedade, não que falar em aquisição, motivo pelo qual correta foi a decisão de primeiro grau. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, concedendo direito ao crédito de IPI com relação aos valores referentes às aquisições de insumos de pessoas físicas e cooperativas, bem como para a aplicação da Taxa Selic aos valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI, desde o protocolo do pleito. Gilberto de Castro Moreira Junior Fl. 974DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
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Numero do processo: 10830.000528/2006-63
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. NÃO APLICÁVEL.
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do pedido de restituição ou ressarcimento no prazo de 5 anos. O Art. 150, §4º, do Código Tributário Nacional-CTN, dispõe sobre o prazo decadencial para a homologação do lançamento; o art. 173 do CTN trata de prazo para constituição de crédito tributário; o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação. Nenhum destes prazos se aplica à apreciação de pedidos de restituição ou ressarcimento.
MANUTENÇÃO PEDIAL. CRÉDITO DA COFINS. IMPROCEDÊNCIA. A manutenção predial corretiva ou preventiva, não preenche a condição de insumo, aplicado direta ou indiretamente à produção de bem ou a prestação de serviço.
FRETES DE TRANSFERÊNCIA. CRÉDITO DA COFINS. PROCEDÊNCIA. Confere direito ao crédito referente ao frete entre estabelecimentos do próprio contribuinte, em se tratando do frete de produtos inacabados, caso em que o dispêndio consistirá custo de produção e funcionará como insumo da atividade produtiva, nos termos do inciso II, do art. 3º das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03.
COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
A denúncia espontânea resta configurada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando o contribuinte ao efetuar a compensação, concomitantemente ou em ato posterior o declara, anteriormente a qualquer procedimento do Fisco. Art. 138 do CTN. (Súmula 360/STJ e RESP nº 1.149.022/SP).
EXIGÊNCIA DO IRPJ E DA CSLL ESTIMATIVA. Passíveis de sanções pelo inadimplemento da obrigação.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3801-005.224
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: I) Pelo voto de qualidade, não acatar a tese de homologação tácita. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo (Relator) e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Paulo Sérgio Celani; II) Por unanimidade de votos, manter a glosa referente aos créditos decorrentes de manutenção predial; III) Por maioria de votos, restabelecer os créditos decorrentes dos fretes de transferência nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Flávio de Castro Pontes; IV) Por maioria de votos, reconhecer o instituto da denúncia espontânea nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Flávio de Castro Pontes; V) Por unanimidade de votos, manter a possibilidade de cobrança dos débitos de estimativa de IRPJ e CSLL. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Daniel Borges Costa, OAB/SP 250.118.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. NÃO APLICÁVEL. Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do pedido de restituição ou ressarcimento no prazo de 5 anos. O Art. 150, §4º, do Código Tributário NacionalCTN, dispõe sobre o prazo decadencial para a homologação do lançamento; o art. 173 do CTN trata de prazo para constituição de crédito tributário; o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação. Nenhum destes prazos se aplica à apreciação de pedidos de restituição ou ressarcimento. MANUTENÇÃO PEDIAL. CRÉDITO DA COFINS. IMPROCEDÊNCIA. A manutenção predial corretiva ou preventiva, não preenche a condição de insumo, aplicado direta ou indiretamente à produção de bem ou a prestação de serviço. FRETES DE TRANSFERÊNCIA. CRÉDITO DA COFINS. PROCEDÊNCIA. Confere direito ao crédito referente ao frete entre estabelecimentos do próprio contribuinte, em se tratando do frete de produtos inacabados, caso em que o dispêndio consistirá custo de produção e funcionará como insumo da atividade produtiva, nos termos do inciso II, do art. 3º das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea resta configurada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando o contribuinte ao efetuar a compensação, concomitantemente ou em ato posterior o declara, anteriormente a qualquer procedimento do Fisco. Art. 138 do CTN. (Súmula 360/STJ e RESP nº 1.149.022/SP). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 05 28 /2 00 6- 63 Fl. 416DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 3 2 EXIGÊNCIA DO IRPJ E DA CSLL ESTIMATIVA. Passíveis de sanções pelo inadimplemento da obrigação. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I) Pelo voto de qualidade, não acatar a tese de homologação tácita. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo (Relator) e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Paulo Sérgio Celani; II) Por unanimidade de votos, manter a glosa referente aos créditos decorrentes de manutenção predial; III) Por maioria de votos, restabelecer os créditos decorrentes dos fretes de transferência nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Flávio de Castro Pontes; IV) Por maioria de votos, reconhecer o instituto da denúncia espontânea nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Flávio de Castro Pontes; V) Por unanimidade de votos, manter a possibilidade de cobrança dos débitos de estimativa de IRPJ e CSLL. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Daniel Borges Costa, OAB/SP 250.118. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório A recorrente, BENTELER COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA, na data de 06/01/2006, apresentou Pedido de Ressarcimento ou Restituição – Declaração de Compensação nº 20721.87277.060106.1.1.108796 (fls. 27 a 29), no montante de R$ 1.071.102,04 decorrentes de operações de mercado interno ocorridas nos meses de julho, agosto e setembro de 2005 (3º trimestre de 2005); Na data de 30/01/2006 formalizou DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO, através do formulário 1 do Anexo IV da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005 (fls. 3), requerendo a compensação de débitos – código de receita: 2362 (IRPJ – Estimativa Mensal) para o período de apuração 30/11/2005, com a utilização do montante do crédito contido na PER/DCOMP antes citada; No campo “Outras Informações” da Declaração de Compensação, destaca: “Nesta compensação utilizamos o instituto da denúncia espontânea constante do Artigo 138 do Código Tributário Nacional (CTN). Segue Petição de compensação em anexo”; a título explicativo destacas a seguinte parte: 1. Inicialmente, cumpre mencionar que a requerente é Pessoa Jurídica cujo objeto social abarca, preponderantemente, a fabricação e comercialização dos produtos relacionados nos anexos I e II da Lei 10.485/2002. Outrossim, referida Sociedade também realiza execução de industrialização por encomenda dos referidos produtos, sujeitando, as respectivas receitas, à hipótese de redução a zero das alíquotas das contribuições ao PIS e à COFINS. 2. Goza, outrossim, da não incidência das contribuições incidentes sobre o faturamento, segundo o disposto nos artigos 5o e 6o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, e, de acordo com o artigo 149, parágrafo 2o , inciso I, da Constituição Federal, decorrente das operações de exportação de mercadorias para o exterior, operação usual praticada pela Sociedade. 3. Por conseguinte, tendo em vista a realidade fática apresentada, é corriqueiro o acúmulo de créditos de PIS/COFINS, motivo pelo qual, habitualmente, a Requerente recorre aos pedidos de ressarcimento e compensação disponibilizados pela Secretaria da Receita Federal. 4. Nesse contexto, procedeu ao pedido de ressarcimento dos créditos acumulados competentes aos segundo, terceiro e quarto trimestres do exercício de 2005, nos termos das disposições da novel Instrução Normativa SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005. [...] 7. Posteriormente, como de praxe, a Requerente optou por realizar a compensação dos créditos objeto do pedido de ressarcimento efetuado outrora. [...] Fl. 418DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 5 4 Em atendimento ao requerimento da Contribuinte, o SEFIS – Serviço de Fiscalização da DRF de Campinas/SP implantou procedimento com exame documental e escritural, necessários à instrução do processo, pontuando o seguinte: f) Verificação da legitimidade dos créditos registrados no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais (DACON) mediante o exame, por amostragem, das notas fiscais, contratos e documentos referentes aos bens e serviços utilizados como insumos, despesas de energia elétrica, despesas de aluguéis de máquinas, equipamentos e prédios locados de pessoas jurídicas, despesas de fretes, bem como de outros créditos previstos na legislação de regência; Do exame realizado o fisco constatou o registro de créditos do PIS/PASEP sem amparo legal conforme relatado: No curso das verificações ora citadas, identificouse que o contribuinte inseriu despesas de "manutenção predial corretiva e manutenção predial preventiva" dentre os valores que compõem a base de cálculo dos créditos relativos a "Serviços Utilizados como Insumos". Porém, conforme art. 3 o da Lei n° 10.833/2003 não há previsão legal para o aproveitamento de créditos decorrentes de despesas dessa natureza. Dessa forma, devem ser excluídos os seguintes valores da base de cálculo dos créditos da PIS/PASEP: Discriminação Abril Maio Junho Manutenção Predial Corretiva 19.110,09 29.193,55 14,499,94 conta contábil 440206001 Manutenção Predial Preventiva 5.266,07 14,584,90 44,726,87 conta contábil 440206011 Total 24.376,16 43.778,45 59.226,81 Também foi identificado que o contribuinte inseriu nas despesas de fretes de entrada, valores de fretes de transferência de produtos do estabelecimento localizado em Campinas São Paulo para o outro estabelecimento da empresa na cidade de Camaçari Bahia. As despesas de fretes de entrada compuseram a base de cálculo dos créditos relativos a "Serviços Utilizados como Insumos". Porém, conforme art. 3o da Lei n° 10.833/2003, não há previsão legal para o aproveitamento de créditos decorrentes de despesas de fretes de transferência. Dessa forma, devem ser excluídos os seguintes valores da base de cálculo dos créditos do PIS/PASEP: Discriminação Abril Maio Junho Fretes entrada conta contábil 440214001 791.586,11 841.762,20 758.728,39 Fretes transferência incluídos na conta 440214001 273.244,07 301.804,57 253.600,70 Valor a ser excluído da base de cálculo 273.244,07 301.804,57 253.600,70 Fl. 419DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 6 5 As folhas 46 apresentou planilha com o cálculo da glosa de tais valores no montante de crédito peticionado pela contribuinte, conforme a seguir resumido e faz a seguinte conclusão: Discriminação Abril Maio Junho Valor da glosa 4.611,18 5.369,69 4.921,64 Não foram identificadas outras exclusões da base de cálculo da contribuição nem outros créditos apurados de forma irregular além dos mencionados acima. Assim, refazendose o cálculo do crédito devido, teremos a seguinte situação: Informações sobre os créditos Abril Maio Junho Total Crédito proc 10830.000528/200663 340.735,32 376.255,15 354.111,57 1.071.102,04 Crédito apurado pela fiscalização 336.124,14 370.885,46 349.189,93 1.056.199,54 Tendo sido efetuadas as verificações necessárias à apuração da contribuição para a PIS/PASEP, bem como do cálculo dos créditos da referida contribuição, propõese o envio do presente processo ao Seort / DRF Campinas para prosseguimento. O Serviço de Orientação e Análise Tributária – SEORT da DRF de Campinas/SP proferiu despacho decisório (fls.51), com a seguinte fundamentação e decisão: FUNDAMENTAÇÃO O pedido de ressarcimento está amparado na Lei n° 5.172, de 25/10/66, na Instrução Normativa RFB n° 900, de 30/12/2008, que disciplina, entre outros, o ressarcimento e a compensação de créditos da Contribuição para PIS/PASEP, assim como nas Leis n° 10.833/2003 e 11.033/2004. A exatidão das informações, a que se refere o artigo 65 da IN RFB n° 900/2008, foi aferida em análise efetuada pelo Serviço de Fiscalização desta DRF e resumida na Informação Fiscal à fls. 41/44, parte integrante e inseparável do presente despacho, sendo constatada a parcial regularidade das operações incentivadas, do que resultou a glosa de R$ 14.902,50 e a disponibilidade de crédito no valor de R$ 1.056.199,54. DECISÃO Assim, pela competência a mim delegada, reconheço à interessada, em face do PER à fls.25/27, o direito creditório de R$ 1.056.199,54 e homologo até esse limite a compensação declarada pela DCOMP à fl. 01 de acordo com os demonstrativos SIEF à fls. 45 e o extrato PROFISC à fls. 46. Seguese a ciência do presente Despacho Decisório e a exigência do saldo devedor em aberto, facultandose à interessada a apresentação de manifestação de inconformidade à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no prazo de 30 (trinta) dias contados da data de ciência deste. Fl. 420DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 7 6 Conforme decisão do SEORT, o extrato PROFISC, fls.48 do processo, discrimina o débito declarado e a compensação com o crédito reconhecido até o limite de R$ 1.056.199,54 resultando num saldo devedor para o tributo 2362 (IRPJ) PA/EX: 11/2005 Vcto IMP: 29/12/2005 no valor de R$ 105.265,58. O fisco não reconheceu a denuncia espontânea alegada pela contribuinte e acrescentou aos valores dos impostos declarados, o valor da multa e dos juros de mora, para após efetuar a compensação. O sujeito passivo da obrigação tributária foi intimado a recolher o saldo devedor em aberto aos cofres da Fazenda Nacional, na data de 09/11/2010 (fls.53), facultada a apresentação de manifestação de inconformidade à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. No prazo legal foi apresentado MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE (fls.56/79), culminando com o seguinte pedido: 81. Por todo exposto, requer, preliminarmente, seja reconhecida a decadência do direito de o Fisco analisar a procedência dos créditos de COFINSmercado interno apurados entre abril a junho de 2005, motivo pelo qual devem ser integralmente homologados os Pedidos de Restituição e de Compensação objetos do r. Despacho Decisório em referência. 82. Caso por absurdo assim não se entenda e não seja acolhida a preliminar de decadência, requer a Requerente seja julgada procedente a presente Manifestação de Inconformidade, a fim de que seja reformado o r. despacho decisório, devendo ser integralmente reconhecido o montante creditório pleiteado relativamente às operações de mercado interno efetuadas no 2o trimestre de 2005, bem como para que seja reconhecida a regularidade da denúncia espontânea dos débitos de IRPJ, afastandose, assim, a incidência de multa de mora sobre os valores compensados, a fim de que sejam integralmente homologadas as compensações efetuadas, ante a regularidade do crédito apurado e, por conseguinte, seja cancelada a cobrança em razão de extinção do débito, de acordo com o artigo 156, II, do Código Tributário Nacional. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. GERAÇÃO DE CRÉDITOS. GASTOS NÃO CARACTERIZADOS COMO INSUMOS. IMPOSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO PREDIAL. FRETES DE PRODUTOS EM ELABORAÇÃO. Não geram créditos no regime da não cumulatividade os dispêndios com bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo definido na legislação, como manutenção predial e fretes contratados para transporte de bens em elaboração. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 8 7 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Apesar de não fazer parte da ementa acima transcrita a DRJ se posicionou também, sobre as teses de defesa relacionadas a decadência e denúncia espontânea, bem como, sobre a compensação efetuada. Sobre estes temas a DRJ assim se manifestou: De início, é importante registrar que os autos não tratam de lançamento fiscal, ou seja, não há constituição de crédito pela Fazenda Pública que chame a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 150, §4º do Código Tributário Nacional. Os débitos que eventualmente venham a ser objeto de cobrança foram confessados pela própria contribuinte nas declarações de compensação, previamente a qualquer ação do Fisco. Por outro lado, o prazo que corria contra a Administração é tratado no art. 74, §5º da Lei nº 9.430, de 1996, e diz respeito à homologação da compensação declarada pela contribuinte. No caso em exame, a DCOMP que se aproveita do direito de crédito pleiteado foi apresentada em 30/01/2006 (fl. 1). Por sua vez, a ciência do despacho que homologou parcialmente a citada declaração de compensação se deu em 09/11/2010, portanto, na guarda do prazo tratado no art. 74, §5º, da Lei nº 9.430, de 1996. Assim, a Administração Tributária agiu no sentido de aferir, dentro do prazo que lhe cabia, a correção do procedimento de compensação. A nova apuração do saldo de créditos da não cumulatividade é, dessa forma, atividade imprescindível à certificação da compensação e não está sujeita aos ritos e aos prazos aplicáveis à constituição de crédito tributário pela Fazenda Pública. [...] No caso em tela, a repercussão tributária do saldo credor coincide com o do aproveitamento do crédito em DCOMP. Não há portanto, a alegada expiração do prazo na ação da Fazenda Pública. [...] Notese que o dispositivo (art. 138 do CTN) condiciona a caracterização da denúncia ao pagamento do tributo devido e dos juros de mora. O dispositivo não menciona outras formas de extinção do crédito como beneficiárias do instituto. Assim, de pronto, tratando o citado artigo de regra de direito excepcional, sua interpretação deve ser estrita, o que coloca a compensação fora dos efeitos da denúncia espontânea. Além disso, ainda que se considere a compensação como forma de extinção alcançada pelo disposto no art. 138, do CTN, não ficaria afastada a multa de mora no caso. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 9 8 Sustenta a contribuinte que, ao declarar a compensação de tributos vencidos, ficou ao abrigo do instituto da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN. A esse respeito devese lembrar, de início, rememorar o dever legal que compele o contribuinte a extinguir a obrigação tributária no prazo de vencimento. Neste sentido, para o crédito não integralmente pago no vencimento, o art. 161 do CTN determina o acréscimo de juros de mora, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária, dentre as quais inserese a multa de mora, estipulada na Lei nº 9.430, 1996. Inconformada, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário onde espera ver integralmente reformado o acórdão recorrido e homologada por completo a compensação efetuada, sob os seguintes argumentos de defesa: DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO ANALISAR A APURAÇÃO DO SALDO CREDOR RELATIVO AO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2005 NULIDADE DO PROCEDIMENTO ADOTADO No presente caso, como os valores utilizados como crédito de PISmercado interno para compensação foram apurados no terceiro trimestre de 2005, a D. Fiscalização somente poderia ter questionado tal procedimento até o terceiro trimestre de 2010, respeitandose o prazo decadencial de cinco anos, em atenção ao disposto no artigo 150, § 4°, do CTN, porém, não foi o que ocorreu, pois a ora Recorrente somente foi intimada acerca do Despacho Decisório no dia 09/11/2010 (após decurso do prazo decadencial de cinco anos). Dessa forma, concluise que ocorreu a extinção do crédito tributário, nos termos do artigo 156, inciso V, do CTN. Portanto, no presente caso, não se poderia ter procedido à glosa dos créditos de PISmercado interno, realizando verdadeira revisao da apuração do tributo, após o decurso do prazo decadencial, sem procedimento próprio e inerente ao lançamento de ofício. DO DIREITO AO INTEGRAL RESSARCIMENTO DOS VALORES PLEITEADOS Assim, os valores decorrentes da manutenção de prédios e instalações fabris devem servir de base de cálculo para o cálculo dos créditos de PIS, sendo indevida a glosa procedida pelo i. Auditor Fiscal e ratificada pelo acórdão ora recorrido, vez que tais gastos influenciam diretamente na fabricação dos produtos da Sociedade, porquanto depende das instalações prediais operando com pleno vigor e eficiência para fabricar seus produtos e desempenhar sua atividade, configurandose, portanto, em efetivos insumos aplicados na produção de bens, ao contrário do afirmado no acórdão recorrido. Fl. 423DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 10 9 Portanto, o que se pode verificar é que o frete utilizado pela Recorrente para composição de seu saldo credor de PIS é efetivamente o de um "serviço utilizado como insumo", haja vista que a transferência de um produto semielaborado para industrialização final em outro estabelecimento nada mais é senão um insumo na cadeia econômica da Recorrente e assim deve ser considerado para fins de aproveitamento dos créditos. DA IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DO IRPJ E DA CSLL ESTIMATIVA Encerrado o anocalendário, foi apurado pre1mzo fiscal, o que significa dizer que os valores das estimativas deixaram de ser devidos, já que não foi apurada base de cálculo passível de incidência do tributo. E, sendo assim, ainda que não fosse reconhecido o direito creditório da Recorrente, certamente não podem ser exigidos os valores a título de estimativa, mas apenas e tão somente, poderse ia ajustar o valor dos saldos negativos apurados. Aliás, nem mesmo se fosse apurada base de cálculo positiva, com o encerramento do anocalendário, as estimativas seriam devidas, pois, neste momento, seria apurado o valor definitivo a título de IRPJ e CSLL. Desta feita, insistase, eventual diferença de estimativa recolhida a menor, deveria ser atribuído ao resultado final do anocalendário, com o ajuste da base de cálculo apurado, o que, no presente caso, resultaria em redução do saldo negativo apurado. DA IMPOSSIBILIDADE DE IMPUTAÇÃO DE MULTA DE MORA DENÚNCIA ESPONTÂNEA De fato, a norma geral determina a aplicação de multa moratória nos casos de tributo recolhido fora do prazo determinado. Entretanto, o artigo 138 do Código Tributário Nacional traz hipótese de exceção. Tal dispositivo impõe certas condições, conforme segue: "Art. 138 A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração." Pelo visto acima, duas são as condições a serem observadas para o gozo do benefício da denúncia espontânea. A primeira referese ao pagamento integral do débito tributário, devidamente acrescido dos juros de mora devidos. A segunda refere se ao pagamento antes de qualquer atividade de fiscalização. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 11 10 No presente caso, ambos os requisitos foram devidamente preenchidos pela ora Recorrente. Dessa forma, uma vez que a ora Recorrente seguiu à risca a regra imposta pelo Código Tributário Nacional, é de se concluir que o pagamento (compensação) espontâneo do débito em atraso rechaçou a incidência da multa de mora. Ademais, a indenização pelo mero atraso já resta satisfeita com a inclusão dos juros de mora, condição cumprida pela Recorrente para a configuração da denúncia espontânea. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Cássio Schappo, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. Conforme relatado, as questões aqui discutidas se dividem em dois fatos: 1º) o PEDIDO DE RESSARCIMENTO OU REESTITUIÇÃO/DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO – PER/DCOMP nº 20721.87277.060106.1.1.108796, transmitida em 06/01/2006, que trata de créditos do PIS/PASEP nãocumulativo – mercado interno referente aos meses de julho, agosto e setembro de 2005, ou seja, 3º trimestre/2005; 2º) a DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO recepcionada pela DRF – Campinas/SP na data de 30/01/2006, indicando os débitos do IRPJ apurados por estimativa em 30/11/2005, compensados com os créditos dispostos no PER/DCOMP acima mencionado. O embate fisco/contribuinte se dá a partir do Despacho Decisório SEORT DRF/CPS/2302/2010, cientificado na data de 09/11/2010, o qual comunica: que foi deferido em parte o pedido de ressarcimento do PISMERCADO INTERNO relativo ao 3º trimestre de 2005, reduzindo o crédito declarado de R$ 1.071.102,04 para R$ 1.056.199,54 resultante da glosa de R$ 14.902,50 correspondente a créditos sem previsão legal, relativos a “Serviços Utilizados como Insumos” inseridos como despesas de “manutenção predial corretiva e manutenção predial preventiva” e de valores de fretes de transferência de produtos em processo de fabricação do estabelecimento localizado em Campinas/SP para o outro estabelecimento da empresa na cidade de Camaçari/BA; que foi homologada parcialmente a compensação objeto da DCOMP formalizada no processo em discussão, resultante da glosa de crédito da PER/DCOMP e da multa de mora não considerada nos cálculos da contribuinte para os débitos vencidos relacionados na DCOMP; dessa forma o contribuinte foi intimado a recolher o saldo devedor em aberto aos cofres da Fazenda Nacional, conforme DARF no valor de R$ 105.265,58 a título de imposto, mais multa e juros de mora; Fl. 425DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 12 11 A inconformidade manifestada pela contribuinte foi julgada improcedente pela DRJ em Campinas/SP e por consequência não reconhecido o direito creditório nos termos do Despacho Decisório SEORT/DRF/DSP e fundamentos já destacados no relatório. O recurso voluntário foi instruído sem destaque de preliminares, expondo em sequência as teses de defesa, que serão seguidas no encaminhamento do voto, começando pela PER/DCOMP (questão 1): 1 DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO ANALISAR A APURAÇÃO DO SALDO CREDOR RELATIVO AO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2005 – NULIDADE DO PROCEDIMENTO ADOTADO. A recorrente busca através dessa premissa, anular a glosa do crédito do PIS/PASEP referente ao 3º trimestre do ano de 2005, devidamente declarado ao fisco, por não estar mais sujeito a revisão, uma vez ultrapassado o prazo decadencial de 5 (cinco) anos contados da data do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. Cabe aqui esclarecer que a atividade do contribuinte de registrar os créditos do PIS/PASEP para o período de julho, agosto e setembro de 2005, já havia sido declarada ao fisco através da DACON e não pela PER/DCOMP como dito no julgamento pela DRJ. O prazo decadencial estabelecido pelo mencionado dispositivo do CTN, passa a contar do fato gerador declarado, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, em que a Fazenda Pública tomando conhecimento da atividade do obrigado expressamente a homologa. E não o fazendo, deixando transcorrer esse tempo, considerase tacitamente homologado. O Serviço de Fiscalização agiu em perfeita consonância com o estabelecido no art. 150 do CTN, porém, concluiu sua análise, dando ciência ao contribuinte sobre a atividade declarada, ou seja, sobre o montante de créditos acumulados do PIS/PASEP no 3º trimestre de 2005, na data de 09/11/2010, quando já homologado tacitamente por decurso de prazo. A DRJ em seu julgamento nem leva o assunto ao texto do art. 173, I do CTN, restringindo ao fato do despacho da SEORT estar amparado no art. 74, § 5º da Lei nº 9.430, de 1996, que trata do prazo para homologação da compensação declarada pela contribuinte. Além do que, não existe lançamento de ofício para que se discuta eventual ocorrência de decadência na presente exigência. Os prazos aqui mencionados não se confundem e nem se complementam. O prazo para homologação da atividade declarada, do tributo apurado e declarado é um e o prazo de homologação da compensação requerida é outro, apesar de serem atribuídos para os dois casos o prazo de 5 (cinco) anos. Excelente comentário sobre o tema envolvendo o art. 150, § 4º do CTN, da lavra de José Oleskovicz, ExConselheiro do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, contribui e enriquece a discussão, destacandose: As disposições do § 4º do art. 150 do CTN, têm sido utilizadas para considerar que a data de início do prazo decadencial de 5 (cinco) anos do direito de a Fazenda Pública efetuar o lançamento iniciar Fl. 426DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 13 12 seia, ao contrário do que dispõe o art. 173 do CTN, a contar da data da ocorrência do fato gerador do tributo. Esse entendimento, entretanto, não encontra respaldo legal, como se pode constatar do § 4º do art. 150 do CTN, abaixo transcrito, que, literalmente, não trata de decadência, mas tãosomente de constituição e extinção do crédito tributário pela modalidade de lançamento por homologação tácita: "Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa" "§ 4o Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.". O prazo de 5 anos contado da data do fato gerador foi estabelecido pelo § 4º do art. 150 do CTN para delimitar o período de tempo em que a Administração Tributária deve constituir o crédito tributário, mediante homologação expressa da atividade apuratória do tributo informada pelo contribuinte, mesmo na hipótese de falta, total ou parcial, de pagamento. Se nesse prazo o Fisco não homologar expressamente a referida atividade, esta se considerará tacitamente homologada e, automaticamente, efetuado o lançamento, ou seja, constituído o crédito tributário, bem como extinto este, integral ou parcialmente, na proporção do que houver sido pago antecipadamente, pois o que se homologa é a atividade, não o pagamento, conforme farta doutrina e jurisprudência. Desse ensinamento, concluise que existe uma clara distinção entre o prazo à homologação da atividade apuratória do tributo, devidamente declarada ao fisco pelo contribuinte, art. 150, § 4º do CTN e o prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo, art. 173, I do CTN. No primeiro caso, transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador sem que houvesse pronunciamento pelo fisco, a atividade do contribuinte fica automática e tacitamente homologada, tornandose definitivos os valores declarados. No segundo caso, do prazo decadencial para lançamento de ofício do tributo, este se extingue após 5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ai considerados, inclusive, as ocorrências comprovadas de dolo, fraude ou simulação, passíveis de aplicação de multa qualificada. Evidente que a atividade tacitamente homologada não mais estaria sujeita ao lançamento, este só poderia atingir fatos não declarados. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 14 13 A jurisprudência assente no STJ faz referência ao fato de haver pagamento, mesmo que parcial, com relação à atividade declarada ao fisco pelo contribuinte, onde a contagem do prazo decadencial se dá na forma prevista no art. 150, § 4º do CTN. O entendimento firmado pelo STJ, de haver pagamento mesmo que parcial, está relacionado ao fato de existir débito apurado e declarado, diferentemente do aqui exposto que trata da existência de saldo credor no final do período declarado. Do contrário recairíamos em um tratamento desigual para casos essencialmente idênticos. Basta compararmos dois contribuintes com atividade industrial que apuram e declaram ao fisco o tributo de um mesmo período, só que um apresentou saldo credor e outro um saldo devedor de apenas R$ 10,00 recolhendoos rigorosamente em seu vencimento. Depois de transcorridos 5 (cinco) anos o primeiro estaria sob a égide do art. 173, I do CTN e o segundo contribuinte estaria amparado pela decadência nos termos do art. 150, § 4º do CTN. Se a homologação tácita recai sobre a atividade de um determinado período de apuração declarado ao fisco e não somente se homologa o pagamento que chegou aos cofres públicos, após passados 5 (cinco) anos do fato gerador o credito fica extinto e a administração tributária está impedida de questionar os fatos que contribuíram para a atividade declarada pelo contribuinte, salvo os casos comprovados de dolo, fraude ou simulação (art. 150, § 4º do CTN). Nos casos de lançamento por homologação, que se aplica ao PIS/PASEP, em que o contribuinte tem a obrigação de fazer os registros fiscais de entrada, de saída e apurar o imposto devido por períodos determinados, declarando essa atividade ao fisco, não só preenche inicialmente o princípio constitucional da não cumulatividade do imposto, como também, define a data inicial de contagem do prazo para que a administração tributária a homologue, expressamente ou tacitamente, decorridos o período quinquenal do fato gerador. O dever de antecipar o pagamento, quando da existência de tributo a recolher, sem prévio exame da autoridade administrativa é inerente ao processo do lançamento por homologação. Caso contrário recairia na hipótese da homologação apenas do pagamento e não é essa a melhor exegese do art. 150, § 4º do CTN. Diante desses fatos, acolho a pedido, considerando tacitamente homologado a atividade do contribuinte para o período referente ao 3º trimestre de 2005, com base no art. 150, § 4º do CTN e por consequência reabilitado o crédito do PIS/PASEP informado na PER/DCOMP. 2 DIREITO AO CRÉDITO DO PIS/PASEP 2.1 – MANUTENÇÃO PREDIAL Sobre os valores glosados pela SEFIS – Serviço de Fiscalização no curso das verificações sobre créditos do PIS/PASEP possuem duas questões distintas relacionadas à GLOSA. Para o primeiro caso – MANUTENÇÃO PREDIAL CORRETIVA E MANUTENÇÃO PREDIAL PREVENTIVA, a interpretação do fisco está correta e, portanto, procedente a glosa praticada, caso não estivesse sujeito ao prazo de homologação como visto no tópico anterior. No aspecto teórico o registro fiscal como praticado pela contribuinte, lançamento como insumo de produção os gastos com manutenção predial corretiva e preventiva, contraria as melhores formulações conceituais a respeito de insumos sujeitos à Fl. 428DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 15 14 crédito do PIS/PASEP. Porém, fere o princípio da não cumulatividade do tributo, pois os gastos de manutenção do prédio do setor produtivo, com incidência do PIS/PASEP em sua origem e que participam do preço de venda, também, com incidência do PIS/PASEP, está sendo excluído. O que mais se aproximaria às justificativas da defesa seria o tratamento dado ao item máquinas, equipamentos e demais bens incorporados ao ativo imobilizado, abrangidos pelo inciso VI do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, quando estiverem relacionados à produção das mercadorias vendidas ou aos serviços prestados pela pessoa jurídica, abrangidos pelo conceito de insumo, empregado pela legislação do PIS/PASEP e da COFINS. Nesse sentido apontase precedente do CARF, conforme se verifica pela ementa do acórdão nº 3202000.411, de 24/01/2012 da 2ª TO da 2ª Câmara da 3ª Seção, com semelhante entendimento adotado por outras turmas, de outras câmaras, também da 3ª Seção: CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMOS. Devem ser considerados insumos todos os bens e serviços empregados direta ou indiretamente na fabricação do bem e na prestação do serviço cuja subtração importe na impossibilidade da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Estender esse entendimento a manutenção predial, seja corretiva ou preventiva, com classificação de insumo imprescindível à produção, foge a melhor conceituação dada até agora a permissão de crédito do PIS/PASEP, no âmbito do CARF. Não assiste razão ao sujeito passivo pelo crédito praticado sob a rubrica de manutenção predial corretiva e preventiva. 2.2 FRETE DE TRANSFERÊNCIA Porém, contrariamente ao entendimento dado pelo fisco e pelo julgamento firmado pela DRJ em Campinas/SP, razão assiste ao sujeito passivo pelo crédito praticado a título “fretes de transferência” de peças em produção entre estabelecimentos da mesma empresa, agregados a “Serviços Utilizados como Insumos”. Os valores de fretes glosados se referem a transferência de produtos inacabados, do estabelecimento localizado em Campinas/SP para outro estabelecimento da empresa na cidade de Camaçari/BA, que de acordo com a interpretação dada pelo fisco ao art. 3º da Lei nº 10.833/2003 não há previsão legal para o aproveitamento de créditos decorrentes de fretes de transferência. Conforme detalhado pela recorrente as folhas 117 a 121, o frete de transferência referese a produto semielaborado para industrialização final em outro estabelecimento, que nada mais é senão um insumo na cadeia econômica da Recorrente, assim demonstrado: A Benteler Componentes Campinas, fabrica o item 899500315AA Eixo Traseiro BV226 e o item 899500316AA Eixo Traseiro BV256, onde os componentes comprados conforme lista técnica abaixo são soldados e pintados: [...] Fl. 429DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 16 15 Após esse primeiro processo, esses itens são transferidos para a Benteler Camaçari, onde o processo de Industrialização é finalizado. A partir dos Eixos recebidos de Campinas, a planta de Camaçari agrega vários outros componentes, conforme lista técnica abaixo, transformandoo em um Módulo de Suspensão o qual é Vendido para a FORD. Tecnicamente a conceituação de custo de aquisição compreende as despesas de transporte, como previsto no art. 13, § 1º. “a” do DecretoLei nº 1.598/1977: Art 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. § 1º O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente: a) o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo; Nesse sentido o CARF tem reconhecido o direito ao crédito no transporte de produtos não acabados entre estabelecimentos do mesmo contribuinte, consoante acórdãos nº 330100.424 – 3ª S. 1ª T.O. 3ª C.; nº 3403002.508 – 3ª S. 3ª T.O. 4ª C.; com destaque para ementa do acórdão nº 3403002.010 – 3ª S. 3ª T.O. 4ª C. data de 03/05/2013, da relatoria do Cons. Marcos Tranchesi Ortiz: [...]COFINS. NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO. FRETE ENTRE ESTABELECIMENTOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. A contratação de serviço de transporte entre estabelecimentos do próprio contribuinte somente enseja a apropriação de crédito, na sistemática de apuração nãocumulativa do PIS e da COFINS, em se tratando do frete de produtos inacabados, caso em que o dispêndio consistirá de custo de produção e, pois, funcionará como insumo da atividade produtiva, nos termos do inciso II, do art. 3o das Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03. [...] Neste processo, não há divergência quanto ao fato de que o frete envolvido está integralmente relacionado com o transporte de produtos ainda em fase de elaboração entre estabelecimentos industriais do sujeito passivo e nem tem como descaracterizálo como custo de produção, cujo direito ao crédito está previsto no art. 3º, inciso II da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003. “In verbis”: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004). 3 DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA – ART. 138 DO CTN Fl. 430DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 17 16 A contribuinte efetuou a compensação de débito de IRPJ estimativa, do período de apuração novembro de 2005, cuja declaração foi satisfeita pela transmissão da DCTF retificadora do período, transmitida na data de 04/04/2006. A DCTF original do período novembro/2005 não declarou débito apurado a título de IRPJ estimava. Dessa forma, o benefício da denúncia espontânea fica respaldado pelo art. 138 do CTN, pleiteada pela recorrente, o qual encontra ressonância com os atos normativos da RFB e a jurisprudência do CARF e STJ, ressalvado os valores declarados na DCTF em data anterior a Declaração de Compensação. O CARF em recente julgado, Acórdão nº 1301001.366 da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, Sessão de 05/12/2013, tratou do assunto e firmou o seguinte entendimento: Assim, entendese por denúncia espontânea aquela que é feita antes de a autoridade administrativa tomar conhecimento da infração ou antes do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionada com a infração denunciada. Se o contribuinte, espontaneamente e antes do início de qualquer procedimento fiscal relacionado com a infração, denuncia o ilícito cometido, efetuando, se for o caso, concomitantemente, o pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ficará excluído da responsabilidade pela infração à legislação tributária. Ou seja, não poderá ser dele exigida a multa de mora ou de ofício. O objetivo do art. 138 do CTN é o de estimular o contribuinte infrator a regularizar a sua situação, denunciando fatos desconhecidos por parte do Fisco, sendo certo que sua conduta – denúncia espontânea – tem por conseqüência o recolhimento de tributo devido acompanhado dos juros de mora, cujo recolhimento não fora efetuado dentro do prazo legal e que não fosse sua iniciativa, talvez nunca viesse a lhe ser exigido de ofício. Por outro lado, não configura denúncia espontânea a situação em que o contribuinte apresenta declarações que constituem o crédito tributário, tais como DCTF, DIRPF, Dcomp, etc. e em momento posterior quita o débito, mediante pagamento ou compensação. O Superior Tribunal de Justiça – STJ em Recurso Especial representativo de controvérsia tratou desse assunto e assim ementou sua decisão: RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022 SP (2009/01341424) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543 C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. Fl. 431DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 18 17 POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. Fl. 432DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 19 18 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. O instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN, permite ao devedor de um determinado tributo, antes do início de qualquer procedimento da fiscalização, informar voluntariamente à Administração Tributária, sendolhe assegurado a não cobrança da multa de mora, desde que acompanhado do pagamento do respectivo tributo e dos juros de mora. Confere o texto do dispositivo legal citado: Art. 138 – A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único – Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Conforme disposto na Súmula 360 do STJ, não é a situação de qualquer tributo que lhe assegura o benefício da exclusão da multa: “o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo”, mesmo que anteriormente a qualquer procedimento do fisco. Contrariamente ao entendimento da DRJ nestes autos, a Receita Federal, através da Nota Técnica nº 1 COSIT de 18/01/2012, com fundamento no Ato Declaratório PGFN nº 4 de 2011 e Ato Declaratório PGFN nº 8 de 2011, reconhece que a declaração de compensação, se atendidos os demais requisitos, pode configurar denúncia espontânea. Isso porque, a compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação. Segue transcrita parte da Nota Técnica nº 1 COSIT de 18/12/2012, que trata do assunto: 18. Com relação à aplicabilidade da denúncia espontânea na compensação de tributos, não se pode perder de vista que pagamento e compensação se equivalem; ambos apresentam a mesma natureza jurídica, seus efeitos são exatamente os mesmos: a extinção do crédito tributário. Como consequência, a compensação também é instrumento apto a configurar a denúncia espontânea. 18.1 Tanto é assim que o art. 28 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, ao dar nova redação ao art. 6° da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, conferiu à compensação o mesmo tratamento dado ao pagamento para efeito de redução das multas de lançamento de ofício. 18.2 Essa equiparação do pagamento e compensação na denúncia espontânea resulta da aplicação da analogia, prevista como método de integração da legislação pelo art. 108, I, do CTN. 18.3 Dessa forma, respondendo às indagações formuladas nas letras h e i do item 3 desta Nota Técnica: Fl. 433DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 20 19 a) se o contribuinte não declara o débito na DCTF, porém efetua a compensação desse débito na Dcomp, sendo os atos de confessar e compensar concomitantes aplicase o mesmo raciocínio previsto no item 10, ou seja, neste caso resta configurada a denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN; Pelas razões expostas, fica afastada a incidência de multa moratória sobre o débito compensado, que foi objeto de DCTF retificadora dos débitos apurados (04/04/2006), por ter sido em data posterior a Declaração de Compensação requerida (30/01/2006), prevalecendo a denuncia espontânea prevista no art. 138 do CTN que afasta a incidência da multa de mora. 4 DA IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DO IRPJ E DA CSLL ESTIMATIVA. Sobre esse ponto e da forma como transcorrido o processo desde a apresentação da DECOMP, improcedem os argumentos da recorrente, não merecendo nenhum reparo às colocações dadas pelas DRJ em Campinas/SP. Tratase de valores declarados, com data de vencimento estabelecidas em lei e sujeitos a sanções pelo inadimplemento da obrigação. Esta situação não se altera quando ao final do exercício eventual saldo negativo venha a ser apurado. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Voto Vencedor Conselheiro Paulo Sergio Celani, Redator Designado. Apesar do excelente voto do Conselheiro Relator, ouso dele discordar em relação à tese de homologação tácita defendida com base na premissa de que a contribuinte declarou os créditos da contribuição social referente ao período de apuração em DACON e não através do PER/DCOMP conforme havia dito a turma de julgamento da DRJ. Diferentemente da DCTF e da DCOMP, o DACON não é documento hábil para a constituição de crédito tributário, logo, não se pode dizer que seja passível de homologação. Os prazos para o Fisco proceder à homologação do lançamento, ao final dos quais este se considera tacitamente homologado, estabelecidos nos arts. 150 e 173 do CTN não se aplicam ao presente caso, simplesmente, porque não houve lançamento que pudesse ser homologado e não se está diante de lançamento de ofício para constituição de crédito tributário. Vejase o O CTN: Fl. 434DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 21 20 “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.” Aceitar que ocorreu homologação tácita em relação aos créditos pleiteados implicaria afastar a exigência de que o crédito deve ser líquido e certo, arts. 165 e 170 do CTN, e negar à autoridade fiscal o poder/dever de apurar a liquidez e certeza do crédito. Não há norma que diga que valores informados em DACON sejam considerados homologados após determinado prazo. Outra hipótese de homologação é a prevista no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, que também não se aplica ao caso, pois, conforme relatório do acórdão, a Administração Tributária não extrapolou o prazo de cinco anos para decidir sobre a compensação declarada. Cito esta norma: Fl. 435DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.000528/200663 Acórdão n.º 3801005.224 S3TE01 Fl. 22 21 “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) (...) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (...)” Logo, não está presente nenhuma das hipóteses previstas em lei que ensejariam alguma homologação tácita, motivo pelo qual, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário quanto à alegação de que houve homologação tácita do crédito alegado. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Fl. 436DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 28/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmen te em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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