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Numero do processo: 15504.731972/2013-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
EMPRESA COM TRABALHADORES EXPOSTOS A CONDIÇÕES ESPECIAIS DE TRABALHO. NÃO COMPROVAÇÃO DO REGISTRO DA ENTREGA DE EPI. EXIGÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL.
As empresas que mantêm trabalhadores expostos a condições especiais de trabalho devem se sujeitar ao pagamento da contribuição para financiamento da aposentadoria especial, a menos que comprovem a utilização de Equipamentos de Proteção Individual EPI que atenuem os efeitos dos agentes nocivos a níveis abaixo do limite de tolerância, apresentando os certificados dos EPI, registros de entrega e reposição, além de documentação relativa ao treinamento dos trabalhadores para utilização destes equipamentos.
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA.
De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEIXAR A EMPRESA DE ELABORAR E MANTER ATUALIZADO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO. LIMITE DA MULTA. VALOR MÍNIMO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. VALOR VIGENTE NA DATA DA ATUAÇÃO.
Para fins da aplicação da multa por deixar a empresa de elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e de fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento, prevista no art. 283, I, "h" do RPS/99, o valor mínimo a que se refere o art. 292, I, do mesmo RPS é o vigente na data da lavratura do auto de infração.
Numero da decisão: 2201-003.727
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
EDITADO EM: 09/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ALÍQUOTA ADICIONAL PARA APOSENTADORIA ESPECIAL Recorrente FERROVIA CENTROATLANTICA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 EMPRESA COM TRABALHADORES EXPOSTOS A CONDIÇÕES ESPECIAIS DE TRABALHO. NÃO COMPROVAÇÃO DO REGISTRO DA ENTREGA DE EPI. EXIGÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. As empresas que mantêm trabalhadores expostos a condições especiais de trabalho devem se sujeitar ao pagamento da contribuição para financiamento da aposentadoria especial, a menos que comprovem a utilização de Equipamentos de Proteção Individual EPI que atenuem os efeitos dos agentes nocivos a níveis abaixo do limite de tolerância, apresentando os certificados dos EPI, registros de entrega e reposição, além de documentação relativa ao treinamento dos trabalhadores para utilização destes equipamentos. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA. De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEIXAR A EMPRESA DE ELABORAR E MANTER ATUALIZADO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO. LIMITE DA MULTA. VALOR MÍNIMO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. VALOR VIGENTE NA DATA DA ATUAÇÃO. Para fins da aplicação da multa por deixar a empresa de elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e de fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento, prevista no art. 283, I, "h" do RPS/99, o valor mínimo a que se refere o art. 292, I, do mesmo RPS é o vigente na data da lavratura do auto de infração. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 73 19 72 /2 01 3- 79 Fl. 2447DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.446 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. EDITADO EM: 09/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (fls. 2.428/2.442), interposto contra decisão da DRJ em Ribeirão Preto/SP, de fls. 2.408/2.417, que julgou procedente o lançamento de contribuição patronal devida à Seguridade Social relacionada ao adicional RAT/SAT para fins de aposentadoria especial, não declarada em GFIP, bem como o lançamento de multa em virtude de descumprimento de obrigação acessória (CFL 89), conforme autos de infração de fls. 03/25 dos autos (DEBCADs 51.044.3052 e 51.044.3060), lavrados em 12/12/2013, relativo às competências de 01/2009 a 12/2009, com ciência da RECORRENTE em 13/12/2013 (fl. 03). O crédito tributário objeto da contribuição previdenciária objeto do DEBCAD 51.044.3052 foi apurado no valor de R$ 6.295.065,23, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e a correspondente multa de ofício no percentual de 75%. Por sua vez, o crédito tributário relativo à multa pelo descumprimento de obrigação acessória, objeto do DEBCAD 51.044.3060, foi apurado no valor de R$ 389.845,26. O Relatório Fiscal encontrase acostado às fls. 26/56. A RECORRENTE apresentou sua Impugnação de fls. 2.360/2.374 em 14/01/2014. Quando do julgamento do caso, a DRJ de origem, às fls. 2.408/2.417, dos autos, julgou procedente o lançamento. Tal decisão contém o seguinte relatório, que adoto, por sua clareza e precisão: Fl. 2448DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.447 3 Em que pese o fato de o contribuinte apresentar relação de segurados empregados sujeitos à exposição ao risco físico ruído (níveis de pressão sonora acima de 85 dB), atendendo ao Termo de Intimação Fiscal n° 02 de 22/05/2013, essa informação foi omitida em Folhas de Pagamento e GFIP, deixando de informar e recolher a alíquota adicional prevista no § 6° do art. 57 da Lei n° 8.213/91, alterada pela Lei n° 9.732 de 11/12/98. Com base na documentação examinada, em especial: Levantamentos Ambientais, Laudos Técnicos, Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PCMSO, Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP e Fichas de Controle e Entrega de EPI apresentados, a fiscalização constatou no ambiente de trabalho da empresa a presença do agente nocivo ruído, em níveis de concentração acima do limite de tolerância (acima de 85 dB), estabelecido pelo Anexo IV do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. A autuada não comprovou a eliminação ou neutralização do agente ensejador da aposentadoria especial, embora intimada (Termo de Intimação Fiscal n° 04 de 07/08/2013) a apresentar as fichas de controle de fornecimento de EPI dos trabalhadores expostos ao agente nocivo ruído. A autuada também não comprovou a realização de treinamento específicos de utilização de EPI. Também não comprovou tomar medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho que atenuassem o risco ao agente nocivo ruído a níveis toleráveis. Para cálculo das contribuições devidas, lançadas no Debcad 51.044.3052, foi aplicada a alíquota de 6%, correspondente à aposentadoria especial de 25 anos, tomando como base de cálculo informações nas GFIPs e folhas de pagamento. Valor total R$ 6.295.065,23. Também foi aplicado AutodeInfração (Debcad 51.044.3060) decorrente de descumprimento de obrigação acessória, uma vez que, embora intimada, a empresa não comprovou o fornecimento de cópia autêntica dos Perfis Profissiográficos Previdenciários PPP abrangendo as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores, quando da rescisão do contrato de trabalho, o que constitui infração ao disposto na Lei n° 8.213, de 24/07/1991, art. 58, § 4°, na redação dada pela Medida Provisória n° 1.523/96, reeditada até a conversão na Lei n° 9.528, de 10/12/1997, § 6°, acrescentado pela Lei n° 9.732, de 11/12/1998 combinado com art. 68, § 6°, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999. Em decorrência da infração praticada, foi aplicada a multa cabível, nos termos do artigo 283, inciso I, alínea "h", do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, c/c art. 133 e art. 134 da Lei n° 8.213/91, Fl. 2449DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.448 4 equivalente a R$ 1.717,38 (um mil setecentos e dezessete reais e trinta e oito centavos), por ocorrência. Constatada 227 ocorrências (PPP não entregue quando da rescisão do contrato de trabalho), o valor total da multa totaliza R$ 389.845,26. A autuada apresentou impugnação, com as seguintes alegações: A cobrança do adicional para financiamento de aposentadoria especial é inconstitucional, pois não foi criada por Lei Complementar; o adicional descaracterizou a cobrança do SAT, criando uma nova contribuição, logo deveria observar os artigos 154, I e 195, §4º da Constituição Federal; A obrigatoriedade de inclusão dos empregados na GFIP como sujeitos a um risco ambiental está condicionada à submissão do segurado empregado, de forma permanente e não intermitente; no presente caso tal situação não está configurada, pois os efeitos derivados da exposição ao agente tido como nocivo ruído foram eliminados ou atenuados em função da adoção de medidas protetivas; Em que pese todo o universo de documentos comprobatórios das sobreditas medidas protetivas não terem sido integralmente apresentados à fiscalização, tendo em vista os prazos exíguos e a dificuldade de localização de dados de quase 5 (cinco) anos atrás, a autuada já está colacionando todo o cabedal documental para trazer a estes autos posteriormente, antes da prolação de qualquer decisão, como autoriza o artigo 38 e seu § 1º, da Lei n° 9.784/99; A obrigatoriedade do registro de entrega dos EPPs por meio de livros fichas ou sistema eletrônico, foi inserida pela Portaria SIT n°107, de 25 de agosto de 2009, não podendo ser aplicado ao caso em tela, sob pena de violação ao princípio da irretroatividade; A efetiva adoção e exigência, pela Suplicante, quanto ao uso dos EPIs, pode ser constatada, primeiramente, pelo considerável volume de equipamentos adquiridos; Foram adotados diversos outros métodos de controle tanto da entrega quanto do uso efetivo do EPI, a saber: treinamento efetivo dos profissionais quanto ao uso do equipamento e consequências do descumprimento da obrigação (cumprindo as alíneas 'b' e 'd' do item 6.6.1 da NR6 ); advertências a funcionários que descumprem o dever de uso (cumprindo a alínea 'b', antes mencionada); divulgação de comunicados internos e eventos para incentivo ao correto utilização do equipamento (também item 'b'), dentre outras medidas; Além das medidas de proteção individual acima retratadas, foram adotadas, no ambiente de trabalho da Suplicante, diversas medidas coletivas de controle dos riscos ocupacionais, as quais Fl. 2450DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.449 5 igualmente serão apresentadas posteriormente, nos termos do referido artigo 38, e § 1º, da Lei n° 9.784. A constatação de que a quantidade de decibéis ultrapassa os limites aceitáveis, em certos departamentos da empresa, não pode implicar, ipso facto, a conclusão de que outros empregados, ali não alocados, estariam submetidos a condições que autorizariam a aposentadoria especial, cuja remuneração deva se submeter ao adicional do RAT; Da multa por descumprimento de obrigação acessória verificase erro na aplicação do valor da multa, na medida em que foi utilizado, como valor mínimo, a importância indicada na Portaria Interministerial MPS/MF n° 15/2013, qual seja, R$ 1.717,38; O correto, porém, seria a aplicação do valor constante do inciso I, artigo 283 do RPS , que é de R$636,17.” Conforme já exposto, a DRJ de origem julgou procedente o lançamento conforme a ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. É vedado à autoridade julgadora afastar a aplicação, por inconstitucionalidade ou ilegalidade, de lei, decreto ou ato normativo em vigor. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ADICIONAL PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. É devida contribuição para o financiamento dos benefícios previstos pelos artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213/1991, se a empresa não demonstra a neutralização ou redução do grau de exposição aos agentes nocivos a níveis legais de tolerância. APRESENTAÇÃO POSTERIOR DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido DO RECURSO VOLUNTÁRIO Fl. 2451DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.450 6 A RECORRENTE, devidamente intimada da decisão da DRJ em 17/05/2016, conforme faz prova o “Aviso de Recebimento” de fl. 706, apresentou o recurso voluntário de fls. 708/758 em 15/06/2016, conforme atesta o Termo de Solicitação de Juntada de fl. 707. Em suas razões, reiterou os argumentos da Impugnação, acrescentando o seguinte: Que seria possível o controle de constitucionalidade repressivo de leis pelo Poder Executivo que, em razão da sua função judicante, deve deixar de aplicar lei flagrantemente inconstitucional; No que diz respeito à obrigatoriedade do registro de entrega dos EPIs por meio de livros fichas ou sistema eletrônico, reitera que à época dos fatos, tal obrigação não existia, pois somente foi inserida pela Portaria SIT n°107, de 25 de agosto de 2009, não podendo ser aplicado ao caso em tela, sob pena de violação ao princípio da irretroatividade. Ademais, rebateu o acórdão recorrido ao defender a não aplicação do art. 179, §6º, inciso IV, da IN do INSS nº 20/2007, pois referido dispositivo não trata da exigência específica capitulada no lançamento fiscal (ex vi “registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistemas eletrônicos”), referindose àqueles casos em que deverá ser documentada a periodicidade de troca dos EPI’s, definida pelos programas ambientais. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. Acréscimo legal do RAT Conforme exposto, o presente processo tem por objeto o acréscimo de 6% no percentual das alíquotas referentes à contribuição para financiamento dos benefícios previdenciários concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, tendo em vista que a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa enseja a concessão de aposentadoria especial após vinte e cinco anos de contribuição. Fl. 2452DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.451 7 De acordo com art. 158 da Instrução Normativa INSS N° 20 de 10/10/2007, as condições de trabalho para fins do direito à aposentadoria especial deverão ser evidenciadas nos seguintes documentos: “Art. 158. As condições de trabalho, que dão ou não direito à aposentadoria especial, deverão ser comprovadas pelas demonstrações ambientais, que fazem parte das obrigações acessórias dispostas na legislação previdenciária e trabalhista. Parágrafo único. As demonstrações ambientais de que trata o caput, constituemse, entre outros, nos seguintes documentos: I Programa de Prevenção de Riscos AmbientaisPPRA; II – Programa de Gerenciamento de RiscosPGR; III – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção PCMAT; IV – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PCMSO; V – Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho LTCAT; VI – Perfil Profissiográfico PrevidenciárioPPP; VII – Comunicação de Acidente do TrabalhoCAT.” Conforme afirma a autoridade lançadora no relatório fiscal, para um correto e eficaz gerenciamento dos riscos existentes no ambiente de trabalho, não basta às empresas o simples cumprimento de formalidades ou de elaboração de documentos legalmente exigíveis. Assim, o mero fornecimento de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) ou o simples registro documental de que é utilizado também não é o bastante para se afirmar que a sua adoção é adequada e eficaz. É imprescindível que a empresa comprove o fornecimento, o treinamento, a utilização através de fichas de controle, a adequação no sentido de conforto e eficácia na atenuação, além de demonstrar com clareza, através de toda a documentação exigível, o eficaz gerenciamento de seu ambiente de trabalho. Com base na documentação apresentada (Levantamentos Ambientais, Laudos Técnicos, Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PCMSO, Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP e Fichas de Controle e Entrega de EPI – fls. 1.710/2.095) a fiscalização constatou no ambiente de trabalho da RECORRENTE a presença do agente nocivo ruído, em níveis de concentração acima do limite de tolerância (acima de 85 dB), o que é ensejador da concessão de aposentadoria especial após vinte e cinco anos de contribuição, conforme código 2.0.1 do Anexo IV do Regulamento da Previdência Social RPS (Decreto nº 3.048/99): CÓDIGO AGENTE NOCIVO TEMPO DE EXPOSIÇÃO Fl. 2453DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.452 8 2.0.1 RUÍDO a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A). (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de 2003) 25 ANOS Portanto, como a atividade exercida pelo segurado a serviço da RECORRENTE permite a concessão de aposentadoria especial após vinte e cinco anos de contribuição, a contribuição para o RAT devida pela empresa (art. 22, II, da Lei no 8.212/91) deve ter sua alíquota acrescidas de seis pontos percentuais, nos termos do disposto pelo art. 57, §6º, da Lei nº 8.213/91: Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (...) § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. Contudo, no caso concreto, a RECORRENTE deixou de informar no campo “ocorrência” da GFIP o correspondente código de aposentadoria especial. A própria RECORRENTE reconhece a existência do agente nocivo, no entanto alega que ao adotar EPI (Equipamentos de Proteção Individual) como forma de proteção, o agente nocivo ruído é atenuado a níveis abaixo dos limites de tolerância permitidos pela legislação, não se tornando dessa forma nocivo à saúde ou a integridade física de seus trabalhadores. Assim, em razão da eliminação ou atenuados do agente nocivo em função da adoção de medidas protetivas, a RECORRENTE entende que não deveria prevalecer o lançamento. Por outro lado, a RECORRENTE afirma que encontrou 1500 fichas de EPI de um total de 2611 solicitadas. Se defende sob a alegação de que as fichas não encontradas correspondem a empregados desligados e a sua característica de grande dispersão geográfica dificulta a localização de documentos (fl. 1.022). Em princípio, entendo que a apresentação de documentos é dever do contribuinte, que deve mantêlos em boa guarda pelo menos até findar o prazo de decadência do direito da Fazenda Nacional constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. Neste sentido, transcrevo o art. 195, parágrafo único, do CTN e o art. 37 da Lei nº 9.430/96: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Fl. 2454DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.453 9 Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Art. 37. Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. A fiscalização constatou que não foram disponibilizadas várias fichas de EPI dos trabalhadores expostos ao agente nocivo ruído, e da análise das fichas apresentadas verificou diversas irregularidades, como por exemplo a falta de registro de entrega EPI. Ora, se a RECORRENTE informa em GFIP nenhum código indicativo de que seus segurados exercem atividades que permita a concessão de aposentadoria especial, tal informação é incompatível com as conclusões expostas nos laudos técnicos analisados, os quais apontam a existem de ruído acima do limite permitido. Então a RECORRENTE deveria comprovar, por meio da apresentação de documentos, a eliminação ou atenuação de tais agentes. Não cabe aqui uma análise por amostragem, mas sim uma comprovação efetiva. A despeito de ter solicitado prazo para a apresentação posterior de documentos, com fundamento no art. 38, § 1º, da Lei n° 9.784/99, a RECORRENTE não acostou aos autos qualquer outra documentação até a presente data. Importante ressaltar que o lançamento foi efetuado com base em informação da própria RECORRENTE, quando apresentou relação de segurados empregados expostos ao risco físico ruído para centenas de seus trabalhadores acima dos limites de tolerância. Neste sentido, não basta apenas alegar a adoção de EPI que elimina/reduz o agente nocivo. Deveria ter apresentado documentação comprobatória de entrega do EPI para cada um dos trabalhadores por ela indicados como expostos ao agente nocivo. Vejamos as normas vigentes no anocalendário 2009, período em que houve a apuração da contribuição. Naquele período estava em vigência a Instrução Normativa INSS nº 20/2007, a qual estabelecia o seguinte: Art. 179. Os procedimentos técnicos de levantamento ambiental, ressalvada disposição em contrário, deverão considerar: I – a metodologia e os procedimentos de avaliação dos agentes nocivos estabelecidos pelas Normas de Higiene Ocupacional NHO da FUNDACENTRO; II – os limites de tolerância estabelecidos pela NR15 do MTE. § 1º Para o agente químico benzeno, também deverão ser observados a metodologia e os procedimentos de avaliação, dispostos nas Instruções Normativas MTE/SSST nº 1 e 2, de 20 de dezembro de 1995. Fl. 2455DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.454 10 § 2º As metodologias e procedimentos de avaliação não contemplados pelas NHO da FUNDACENTRO deverão estar definidos por órgão nacional ou internacional competente e a empresa deverá indicar quais as metodologias e os procedimentos adotados nas demonstrações ambientais de que trata o artigo 161 des Instrução Normativa. § 3º Deverão ser consideradas as normas referenciadas nesta Subseção, vigentes à época da avaliação ambiental. § 4º As metodologias e os procedimentos de avaliação que foram alterados por esta IN somente serão exigidos para as avaliações realizadas a partir de 1º de janeiro de 2004, sendo facultado à empresa a sua utilização antes desta data. § 5º Será considerada a adoção de Equipamento de Proteção ColetivaEPC, que elimine ou neutralize a nocividade, desde que asseguradas as condições de funcionamento do EPC ao longo do tempo, conforme especificação técnica do fabricante e respectivo plano de manutenção, estando essas devidamente registradas pela empresa. (incluído pela Instrução Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008). § 6º Somente será considerada a adoção de Equipamento de Proteção IndividualEPI, em demonstrações ambientais emitidas a partir de 3 de dezembro de 1998, e desde que comprovadamente elimine ou neutralize a nocividade e desde que respeitado o disposto na NR06 do MTE e assegurada e devidamente registrada pela empresa, no PPP, a observância: (parágrafo incluído Instrução Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008) I da hierarquia estabelecida no item 9.3.5.4 da NR09 do MTE (medidas de proteção coletiva, medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho e utilização de EPI, nesta ordem, admitindose a utilização de EPI somente em situações de inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade à implementação do EPC ou, ainda, em caráter complementar ou emergencial); (incluído pela Instrução Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008). II das condições de funcionamento e do uso ininterrupto do EPI ao longo do tempo, conforme especificação técnica do fabricante, ajustada às condições de campo; (incluído pela Instrução Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008). III do prazo de validade, conforme Certificado de Aprovação do MTE; (incluído pela Instrução Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008). IV da periodicidade de troca definida pelos programas ambientais, comprovada mediante recibo assinado pelo usuário em época própria; (incluído pela Instrução Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008). Fl. 2456DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.455 11 V da higienização. (incluído pela Instrução Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008). A norma acima faz menção à NR9, aprovada pela Portaria GM nº 3.214/78, a qual estabelece: 9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontraremse em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo se à seguinte hierarquia: a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; b) utilização de equipamento de proteção individual EPI. 9.3.5.5 A utilização de EPI no âmbito do programa deverá considerar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver no mínimo: a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, considerandose a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário; b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece; c) estabelecimento de normas ou procedimento para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas; d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva identificação dos EPI’s utilizados para os riscos ambientais. A RECORRENTE entende que a obrigatoriedade do registro de entrega dos EPIs por meio de livros fichas ou sistema eletrônico somente foi inserida pela Portaria SIT n° 107, de 25 de agosto de 2009, não podendo ser aplicado ao caso em tela, sob pena de violação ao princípio da irretroatividade. Ademais, afirma que o art. 179, §6º, inciso IV, da IN do INSS nº 20/2007 não se aplica ao caso concreto, pois tal dispositivo referese àqueles casos em que deverá ser documentada a periodicidade de troca dos EPIs, definida pelos programas ambientais. No entanto, entendo não haver dúvida de que o controle de EPI, mesmo no período do lançamento, deveria ser documentado pela empresa, nos termos do próprio art. 179, §6º, inciso IV, da IN do INSS nº 20/2007, uma vez que o mesmo expressa a necessidade de registro do recebimento dos EPI. Se o registro deve ser realizado na troca, por óbvio que a adoção da mesma medida deve ser observada quando da entrega do EPI. Fl. 2457DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.456 12 Devese levar em conta que a própria empresa forneceu relação de trabalhadores expostos ao agente ruído acima do limite legal de tolerância. Assim, deveria a RECORRENTE comprovar através da Fichas de Controle Individual, que forneceu aos seus empregados expostos ao agente nocivo ruído os EPIs adequados para protegêlos. No entanto, ao reconhecer a existência do agente nocivo ruído no ambiente laboral e não haver comprovado adequadamente a entrega dos equipamentos de proteção aos trabalhadores, a RECORRENTE deve se sujeitar ao pagamento da contribuição adicional para financiamento da aposentadoria especial. Neste sentido, colaciono jurisprudência deste CARF: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 (...) EMPRESA COM TRABALHADORES EXPOSTOS A CONDIÇÕES ESPECIAIS DE TRABALHO. NÃO COMPROVAÇÃO DO REGISTRO DA ENTREGA DE EPI. EXIGÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. As empresas que mantêm trabalhadores expostos a condições especiais de trabalho devem se sujeitar ao pagamento da contribuição para financiamento da aposentadoria especial, a menos que comprovem a utilização de Equipamentos de Proteção Individual EPI que atenuem os efeitos dos agentes nocivos a níveis abaixo do limite de tolerância, apresentando os certificados dos EPI, registros de entrega e reposição, além de documentação relativa ao treinamento dos trabalhadores para utilização destes equipamentos. (...) (Acórdão nº 2401003.488; 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária / 2ª Seção; julgado em 15/04/2014) Ademais, o art. 179, §6º, inciso I, da IN do INSS nº 20/2007 determina que seja observada uma hierarquia na adoção do EPI, admitindose a sua utilização somente em situações de inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade à implementação de medidas de proteção coletiva ou, ainda, em caráter complementar ou emergencial. A RECORRENTE afirma que foram adotadas, no ambiente de trabalho, diversas medidas coletivas de controle dos riscos ocupacionais e argumentou que iria apresentalos posteriormente nos autos. No entanto, até o momento, não acostou aos autos qualquer documentação acerca do assunto. Sendo assim, entendo que não devem prevalecer a defesa da RECORRENTE, devendo ser integralmente mantido o lançamento do acréscimo da alíquota do RAT em razão do exercício pelos segurados de atividade que permite a concessão de aposentadoria especial. Por fim, no que diz respeito às alegações de inconstitucionalidade do o acréscimo da alíquota do SAT/RAT, por não terem sido criadas por Lei Complementar, necessário esclarecer que referida alíquota adicional foi expressamente recepcionado pela Constituição, conforme art. 15 da EC nº 20/98: Fl. 2458DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.457 13 Art. 15. Até que a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1°, da Constituição Federal, seja publicada, permanece em vigor o disposto nos artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, na redação vigente à data da publicação desta Emenda. Também importante afirmar que, não tendo sido declarada a inconstitucionalidade de qualquer dispositivo legal que fundamentou o presente lançamento, não se pode cogitar a ilegalidade/inconstitucionalidade deste, haja vista que corretamente enquadrado nas normas em vigor. Sendo assim, não se pode cogitar seja afastada a aplicação dessas normas, pois gozam de presunção de constitucionalidade. Este tribunal administrativo deve afastar a aplicação de dispositivo declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do STF, nos termos do art. 62, I, do RICARF. Sendo assim, não pode ser objeto deste processo administrativo a alegação de que a cobrança do adicional para financiamento de aposentadoria especial é inconstitucional, por, supostamente, ser uma nova contribuição e que deveria ter sido criada por Lei Complementar. Portanto, com relação às inconstitucionalidades apontadas pela RECORRENTE, esta é matéria estranha a competência deste órgão julgador administrativo, conforme Súmula nº 02 do CARF, a conferir: “SÚMULA CARF Nº 02 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Da multa pelo descumprimento de obrigação acessória No que diz respeito ao lançamento de multa em virtude de descumprimento de obrigação acessória (CFL 89), a RECORRENTE se insurge tãosomente quanto a suposto erro na aplicação do seu valor, na medida em que foi utilizado, como valor mínimo, a importância indicada na Portaria Interministerial MPS/MF n° 15/2013, qual seja, R$ 1.717,38, enquanto o correto seria a aplicação do valor constante do inciso I, artigo 283 do RPS, que é de R$ 636,17. No entanto, não merece prosperar a alegação da RECORRENTE, haja vista que existe previsão legal para atualização anual do valor da multa. Neste sentido, a multa foi aplicada pelo fato de a empresa ter deixado de elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e de fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento, nos termos do art. 283, I, “h” do RPS. O art. 292, I, do mesmo RPS, por sua vez, dispõe que Art. 292. As multas serão aplicadas da seguinte forma: I na ausência de agravantes, serão aplicadas nos valores mínimos estabelecidos nos incisos I e II e no § 3º do art. 283 e nos arts. 286 e 288, conforme o caso; Fl. 2459DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.458 14 De fato, o valor mínimo exposto no art. 283, I, é de R$ 636,17. Estes valores possuem matriz legal no art. 92 da Lei nº 8.212/91, o qual afirma que: Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. Referidos valores da Lei nº 8.212/91 foram atualizados pela Portaria MPAS nº 4.479, de 4.6.98, a partir de 1º de junho de 1998, para, respectivamente, R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) e R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), razão pela qual o RPS apenas replica tais valores em seu texto ao dispor sobre as penalidades. Evidente que o valor da multa não poderia permanecer congelado desde 1991 (ano da edição da Lei nº 8.212) nem desde 1998 (ano da Portaria MPAS nº 4.479), razão pela qual o art. 102 da Lei nº 8.212/91 estabelece que “os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social”. A autoridade fiscal lavrou a multa com base nos valores atualizados à época do lançamento pela Portaria Interministerial MPS/MF n° 15/2013, qual seja, o valor mínimo de R$ 1.717,38. Entendo que foi correto o cálculo com base no valor vigente à época da lavratura do auto de infração em epígrafe. É que não se trata de legislação nova, pois a norma que prevê a aplicação da multa já existia quando da ocorrência dos fatos; o que aconteceu foi a mera atualização de seu valor por meio de Portaria Interministerial. Caso fosse aplicado o valor da multa originalmente previsto no texto da lei (R$ 636,17) ou aquele atualizado à época dos fatos (ano de 2009), o lançamento já nasceria defasado, visto que foi realizado em 2013. Sendo assim, o valor de R$ 1.717,38 representa uma mera atualização da moeda, por isso entendo que foi correto o cálculo adotado pela autoridade lançadora. Neste sentido, colaciono jurisprudência deste CARF: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 (...) OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GUIA DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO E INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL (GFIP). LIMITE DA MULTA. VALOR MÍNIMO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. VALOR VIGENTE NA DATA DA ATUAÇÃO. Para fins da aplicação da multa por deixar a empresa de apresentar a GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, prevista no revogado § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, o valor Fl. 2460DF CARF MF Processo nº 15504.731972/201379 Acórdão n.º 2201003.727 S2C2T1 Fl. 2.459 15 mínimo a que se referia o dispositivo era o vigente na data da lavratura do auto de infração. (...) (acórdão nº 2401004.759; 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção; julgado em 06/04/2017) A partir do momento da lavratura do auto, o valor da multa fica sujeito à juros e atualização pela taxa SELIC, de modo que quando do pagamento pelo contribuinte, o débito não estará defasado. Em outras palavras: o objetivo da Portaria Interministerial é meramente atualizar o valor da multa para cada ano, de modo que, quando do lançamento das multas, os valores não se encontrem defasados. Não se trata da majoração de uma multa. Por isso, deve ser mantido o lançamento também nesta parte. CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para manter integralmente o lançamento objeto do presente processo. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 2461DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11634.720375/2013-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. MESMO OBJETO. SÚMULA CARF Nº 1.
A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial contra a Fazenda Pública com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica, em relação à parte que esteja sendo discutida judicialmente, renúncia às instâncias administrativas, ou desistência do recurso interposto.
(Súmula Carf nº 1).
LEI TRIBUTÁRIA. COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. FATOS GERADORES SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 10.256, DE 2001. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade da lei tributária que instituiu contribuição previdenciária sobre a receita bruta de comercialização da produção rural.
(Súmula Carf nº 2).
NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE FUNDAMENTOS DA IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA DE DECISÃO SOBRE PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INEXISTÊNCIA.
Descabe a declaração de nulidade do acórdão recorrido quando o colegiado de primeira instância apreciou e rechaçou todas as teses relevantes listadas pela impugnante, inclusive consignado o motivo pelo qual não acatava o pedido de diligência relativo a oitiva de testemunhas.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECISÃO JUDICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MULTA DE OFÍCIO.
Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, cuja suspensão da exigibilidade, com base no provimento de apelação cível em mandado de segurança, tenha se dado antes do início do procedimento fiscal a ele relativo, não caberá lançamento de multa de ofício.
GRUPO ECONÔMICO DE FATO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE.
As empresas que integram grupo econômico de fato de qualquer natureza, em que há unidade de controle e administração, com articulação de recursos e esforços de forma coordenada para a consecução de objetivos comuns, respondem entre si, solidariamente, pelas contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção adquirida do produtor rural pessoa física.
Numero da decisão: 2401-005.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer parcialmente dos recursos e, na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial aos recursos para excluir a multa de ofício. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial em maior extensão para excluir o vínculo de responsabilidade atribuído à empresa FKM3.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier- Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. MESMO OBJETO. SÚMULA CARF Nº 1. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial contra a Fazenda Pública com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica, em relação à parte que esteja sendo discutida judicialmente, renúncia às instâncias administrativas, ou desistência do recurso interposto. (Súmula Carf nº 1). LEI TRIBUTÁRIA. COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. FATOS GERADORES SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 10.256, DE 2001. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade da lei tributária que instituiu contribuição previdenciária sobre a receita bruta de comercialização da produção rural. (Súmula Carf nº 2). NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE FUNDAMENTOS DA IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA DE DECISÃO SOBRE PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INEXISTÊNCIA. Descabe a declaração de nulidade do acórdão recorrido quando o colegiado de primeira instância apreciou e rechaçou todas as teses relevantes listadas pela impugnante, inclusive consignado o motivo pelo qual não acatava o pedido de diligência relativo a oitiva de testemunhas. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECISÃO JUDICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MULTA DE OFÍCIO. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, cuja suspensão da exigibilidade, com base no provimento de apelação cível em mandado de segurança, tenha se dado antes do início do procedimento fiscal a ele relativo, não caberá lançamento de multa de ofício. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. As empresas que integram grupo econômico de fato de qualquer natureza, em que há unidade de controle e administração, com articulação de recursos e esforços de forma coordenada para a consecução de objetivos comuns, respondem entre si, solidariamente, pelas contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção adquirida do produtor rural pessoa física.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer parcialmente dos recursos e, na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial aos recursos para excluir a multa de ofício. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial em maior extensão para excluir o vínculo de responsabilidade atribuído à empresa FKM3. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier- Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
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PESSOA FÍSICA. Recorrente KM3 INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. MESMO OBJETO. SÚMULA CARF Nº 1. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial contra a Fazenda Pública com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica, em relação à parte que esteja sendo discutida judicialmente, renúncia às instâncias administrativas, ou desistência do recurso interposto. (Súmula Carf nº 1). LEI TRIBUTÁRIA. COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. FATOS GERADORES SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 10.256, DE 2001. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade da lei tributária que instituiu contribuição previdenciária sobre a receita bruta de comercialização da produção rural. (Súmula Carf nº 2). NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE FUNDAMENTOS DA IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA DE DECISÃO SOBRE PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INEXISTÊNCIA. Descabe a declaração de nulidade do acórdão recorrido quando o colegiado de primeira instância apreciou e rechaçou todas as teses relevantes listadas pela impugnante, inclusive consignado o motivo pelo qual não acatava o pedido de diligência relativo a oitiva de testemunhas. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECISÃO JUDICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MULTA DE OFÍCIO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 03 75 /2 01 3- 82 Fl. 4884DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.885 2 Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, cuja suspensão da exigibilidade, com base no provimento de apelação cível em mandado de segurança, tenha se dado antes do início do procedimento fiscal a ele relativo, não caberá lançamento de multa de ofício. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. As empresas que integram grupo econômico de fato de qualquer natureza, em que há unidade de controle e administração, com articulação de recursos e esforços de forma coordenada para a consecução de objetivos comuns, respondem entre si, solidariamente, pelas contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção adquirida do produtor rural pessoa física. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 4885DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.886 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer parcialmente dos recursos e, na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial aos recursos para excluir a multa de ofício. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento parcial em maior extensão para excluir o vínculo de responsabilidade atribuído à empresa FKM3. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente). Fl. 4886DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.887 4 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto pelos devedores principal e solidário em face da decisão da 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), cujo dispositivo tratou de considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 14 49.427 (fls. 4.415/4.437): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. É vedado à autoridade julgadora afastar a aplicação, por inconstitucionalidade ou ilegalidade, de lei, decreto ou ato normativo em vigor. AÇÃO JUDICIAL CONCOMITANTE. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. A propositura de ação judicial implica renúncia ao contencioso administrativo no tocante à matéria em que os pedidos administrativo e judicial são idênticos, devendo o julgamento administrativo aterse, eventualmente, à matéria diferenciada. FORMAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; Impugnação Improcedente 2. Extraise do Termo de Verificação e Encerramento de Fiscalização, acostado às fls. 86/111, que o processo administrativo é composto do Auto de Infração (AI) nº 51.001.8831, compreendendo o período de 01/2009 a 12/2011, referente à contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física e do segurado especial incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural de origem animal (fls. 7/24). 2.1 De acordo com a acusação fiscal, a contribuição previdenciária é exigida da empresa adquirente, na condição de subrogada nas obrigações do produtor rural pessoa física, nos termos do art. 30, incisos III e IV, c/c art. 25, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, na redação dada pela nº 10.256, de 9 de julho de 2001. 2.2 Registra o agente lançador a existência do Processo Judicial nº 2008.70.01.0051352, movido pela empresa fiscalizada, que versa sobre a contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física. Fl. 4887DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.888 5 2.3 Durante o procedimento investigatório, a autoridade lançadora concluiu pela existência de um grupo econômico de fato integrado pela empresa fiscalizada, KM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ("KM3"), e a empresa FKM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ME ("FKM3"), CNPJ 08.583.077/000143, lavrando o respectivo Termo de Sujeição Passiva Solidária. 2.4 Quanto à pessoa jurídica "FKM3", há informações, conforme as fls. 44, da exclusão de ofício do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), por realizar atividade de cessão de mãodeobra. 3. Com ciência pessoal da autuação em 14/08/2013, segundo fls. 7, o sujeito passivo principal impugnou a exigência fiscal (fls. 4.304/4.317). Do mesmo modo, o responsável solidário protocolou impugnação (fls. 4.281/4.291). 4. Intimada por via postal da decisão de piso em 22/05/2014, às fls. 4.454, a devedora principal apresentou recurso voluntário em 23/06/2014 (fls. 4.456/4.465). 4.1. Em síntese, a empresa "KM3" expõe os seguintes argumentos de fato e de direito em face da decisão de piso que manteve o crédito tributário: (i) impetrou mandado de segurança, autuado sob o nº 2008.70.01.0051352, a fim de assegurar o direito ao não recolhimento da contribuição previdenciária incidente sobre a comercialização da produção rural adquirida de empregador rural pessoa física; (ii) o Tribunal Regional Federal da 4ª Região Fiscal (TRF/4ª Região), em grau de recurso, reconheceu o direito da recorrente, afastando a obrigação, por subrogação, de efetuar a retenção e o recolhimento da contribuição previdenciária, determinada no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991; (iii) a recorrente não efetuou a retenção da contribuição previdenciária, face à existência de ação judicial que discute a responsabilidade tributária, de maneira que a exigência fiscal deve ser imposta diretamente aos produtores rurais que comercializem a sua produção e não tiveram as respectivas parcelas retidas, os quais são os verdadeiros contribuintes por manifestarem a capacidade contributiva; (iv) não há formação de grupo econômico entre as empresas, mas tão somente desenvolvimento e planejamento de negócio comercial de forma lícita, cada pessoa jurídica exercendo suas atividades de maneira independente; (v) se mantido o débito, é admissível apenas a multa prevista no § 2º do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e não a penalidade de 75% sobre o valor do crédito tributário exigido, tendo em vista que a recorrente não recolhe a Fl. 4888DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.889 6 contribuição previdenciária porque detém decisão judicial que lhe ampara; e (vi) além da penalidade de 75% sobre o tributo, foi aplicada uma multa de 150% em relação aos créditos tributários dos DEBCAD´s nº 37.352.0778 e 51.001.8858, percentual exacerbado que se revela inconstitucional, dado o caráter confiscatório. 5. Este Colegiado, por intermédio da Resolução nº 2401000.491, de 18 de fevereiro de 2016, converteu o julgamento em diligência para fim de a unidade preparadora da RFB providenciar o saneamento do processo administrativo, à vista da ausência de intimação do devedor solidário quanto ao resultado do julgamento de primeira instância, com abertura de prazo recursal, na forma da legislação tributária (fls. 4.471/.4476). 6. A empresa solidária "FKM3" foi cientificada via postal em 11/04/2016 (fls. 4.485). Protocolou o recurso voluntário em 11/05/2016, com as alegações abaixo resumidas (fls. 4.487/4.500): (i) é evidente a nulidade do acórdão recorrido em razão da supressão de instância administrativa, eis que a decisão de piso deixou de analisar diversos pontos da sua impugnação tempestiva, a saber: (a) ilegalidade da exigência do FUNRURAL em relação à recorrente; (b) inaplicabilidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, diante da falta de lei complementar que disponha sobre a responsabilidade tributária; e (c) contestação quanto às obrigações acessórias e multas aplicadas; (ii) também existe nulidade do acórdão de primeira instância devido ao cerceamento do direito de defesa, uma vez que esquivouse de apreciar o pedido de realização de diligência consubstanciada na oitiva dos prepostos da empresa, com base na autorização do inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; (iii) não há formação de grupo econômico, mas sim um contrato de industrialização por encomenda junto à empresa devedora principal deste processo administrativo, também recorrente. As pessoas jurídicas envolvidas desempenham papeis específicos e distintos, inteiramente compatíveis com as atividades econômicas desenvolvidas, cujos atos praticados possuem evidente propósito negocial e estão dentro da estrita legalidade, não havendo que se imputar qualquer formação de grupo econômico; Fl. 4889DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.890 7 (iv) não pode ser imposta à recorrente a exigência da contribuição previdenciária a cargo do produtor rural, que deve ser retida pelo adquirente sobre a receita bruta da comercialização da produção, pois não é contribuinte, tampouco responsável tributário de tal exação. A empresa recorrente não tem qualquer relação na aquisição do gado que será encaminhado para sua industrialização, visto que a operação comercial de compra dos animais junto ao produtor rural é atribuição exclusiva da pessoa jurídica "KM3"; (v) não se sustenta a exigência fiscal com fundamento no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, haja vista a necessidade de edição de lei complementar para dispor sobre responsabilidade tributária; (vi) o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do Recurso Extraordinário (RE) nº 363.852/MG, decidiu de forma definitiva pela inconstitucionalidade das contribuições previdenciárias previstas nos incisos I e II do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991; e (vii) uma vez indevidas as contribuições previdenciárias lançadas, também são inexigíveis os encargos de mora aplicados, assim como as multas pelo descumprimento de obrigações acessórias. É o relatório. Fl. 4890DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.891 8 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 7. Há notícias nos autos da interposição de ação judicial, sob o nº 2008.70.01.0051352, em trâmite perante a 1ª Vara Federal da Justiça Federal de Londrina, Estado do Paraná, em que a empresa "KM3", devedora principal, postula o afastamento da exigência do recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção rural adquirida do empregador rural pessoa física (fls. 4.247/4.268). 8. Em primeiro grau, não havia sido reconhecida a legitimidade da empresa sub rogada para questionar a obrigação tributária do produtor rural. Entretanto, em grau de apelação, o TRF/4ª Região concedeu a segurança, reconhecendo a inexigibilidade do recolhimento da contribuição previdenciária prevista no art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, relativamente ao empregador rural pessoa física, afastando a responsabilidade da empresa "KM3" pelo recolhimento da exação, por subrogação, determinada no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991. 8.1 Para melhor compreensão do decidido pelo Poder Judiciário, reproduzo a parte dispositiva do votocondutor do acórdão do Tribunal Regional Federal (fls. 4.256): Assim, merece ser provido o apelo, para reconhecer a legitimidade ativa da Impetrante e julgar procedente o pedido inicial, para reconhecer a inexigibilidade do recolhimento da contribuição previdenciária, prevista no artigo 25 da Lei 8.212/91, relativamente aos produtores rurais empregadores, sendo, no entanto, devida pelos segurados especiais. Assim, resta afastada a obrigação da Impetrante, por subrogação, determinado no art. 30, IV, da Lei 8.212/91. Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento à apelação. 8.2 Eis a ementa do acórdão que deu provimento à apelação cível nº 2008.70.01.0051352/PR (fls. 4.248): TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. EMPREGADOR RURAL. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 363.852/MG, reconheceu a inconstitucionalidade da incidência de contribuição previdenciária sobre a comercialização de produtos vendidos por produtor rural, pessoa física, Fl. 4891DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.892 9 empregador, prevista no artigo 25 da Lei 8.212/91. Com efeito, resta afastada a obrigação, por subrogação, do recolhimento daquele tributo, relativamente às pessoas jurídicas descritas no inciso IV do artigo 30 da Lei 8.212/91. 9. Para que fique claro que a ação judicial interposta pela empresa "KM3" tem por objeto os fatos geradores regulados sob à égide da Lei nº 10.256, de 2001, copio trecho da decisão do TRF/4ª Região que impôs, com relação ao recurso extraordinário manejado pela empresa, o sobrestamento do feito até o julgamento de mérito pelo STF dos recursos extraordinários representativos de controvérsia, conforme hipótese prevista no Código de Processo Civil (fls. 4.247): Tratase de recurso extraordinário interposto com fundamento no art. 102, inciso III, da Constituição Federal, contra acórdão de Órgão Colegiado desta Corte, versando sobre contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física FUNRURAL (Análise da constitucionalidade do art. 1º da Lei 10.256/2001, no que deu nova redação ao art. 25 da Lei nº 8.212/1991. Permanência no ordenamento jurídico dos incisos I e II do art. 25 da Lei 8.212/1991 mesmo após o advento da Lei nº 10.256. Exigibilidade da contribuição incidente sobre a comercialização da produção rural do empregador a partir do advento da referida lei) (DESTAQUES DO ORIGINAL) 10. A existência de ação judicial com o mesmo objeto obsta o curso do contencioso administrativo, na linha de entendimento do enunciado da Súmula nº 1 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), assim redigida: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. 11. Ao optar pela discussão judicial, o sujeito passivo abdica da esfera administrativa. A renúncia às instâncias administrativas ou a desistência do recurso interposto configura fato impeditivo do direito de recorrer, não podendo ser conhecida a petição na parte concomitante. 12. Nesse cenário, uma vez que são matérias submetidas ao Poder Judiciário, não tomo conhecimento das razões de mérito, aduzidas pela devedora principal e/ou responsável solidária, referentes à exigência fiscal para recolhimento das contribuições previdenciárias com fundamento no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, quando subrogada nas obrigações do produtor rural pessoa física, assim como no tocante à validade do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, na redação da Lei nº 10.256, de 2001. Fl. 4892DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.893 10 12.1 Segundo se verifica da ementa do acórdão que deu provimento à apelação cível nº 2008.70.01.0051352/PR, compõe o âmbito da discussão no mandado de segurança impetrado pela empresa "KM3", inclusive, o próprio alcance da decisão do STF proferida no RE nº 363.852/MG, quanto à inconstitucionalidade da contribuição previdenciária dos incisos I e II do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, relativamente a fatos geradores após a edição da Lei nº 10.256, de 2001. 13. Por outro lado, o processo administrativo fiscal deve ter seguimento em relação à parte que não esteja sendo discutida judicialmente. Quanto a tais matérias distintas do processo judicial, uma vez satisfeitos os requisitos de admissibilidade, passo ao exame dos recursos voluntários. Preliminares a) Nulidade do acórdão: falta de apreciação de argumentos da impugnação 14. Aduz a empresa "FKM3", arrolada pela autoridade fiscal como solidária do crédito tributário, que não obstante constar do relatório do acórdão recorrido o resumo dos fundamentos deduzidos na sua impugnação, a decisão proferida em primeira instância deixou de apreciar aos seguintes pontos fundamentais para o deslinde da controvérsia, configurando supressão de instância: (i) ilegalidade da exigência do FUNRURAL em relação à recorrente; (ii) a inaplicabilidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, diante da falta de lei complementar que disponha sobre a responsabilidade tributária; e (iii) impugnação quanto às obrigações acessórias e multas aplicadas. 15. Assim não me parece. Embora algumas vezes de forma não tão explícita e direta, a decisão de piso enfrentou e rechaçou todas as teses relevantes listadas pela impugnante, ora recorrente. 16. Quanto à ilegalidade da exigência das contribuições previdenciárias da empresa recorrente, na condição de responsável solidária, porquanto não era produtora rural, tampouco adquirente da produção rural, ficou consignado no votocondutor do acórdão recorrido que a responsabilidade pelo crédito tributário do lançamento decorria do disposto no inciso IX do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, que exige tão somente a caracterização do grupo econômico (fls. 4.430): Em razão da constatação de formação de grupo econômico, a empresa FKM3 responde solidariamente pelo presente lançamento, em decorrência do disposto no art. 30, IX da Lei nº 8.212/1991: Art. 30 [...] [...] Fl. 4893DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.894 11 IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; A caracterização do grupo econômico de fato exige a comprovação por parte da fiscalização de que as empresas estão sob a direção ou administração de uma delas e no presente caso, ocorrem as seguintes situações: (...) 16.1 Segundo a decisão de piso, o conjunto dos fatos narrados permitia concluir pela existência de grupo econômico de fato entre as empresas. 17. No que tange à inaplicabilidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, a questão provocada pela recorrente diz respeito, sem dúvida alguma, à defesa da incompatibilidade da lei ordinária em face do art. 146 da Constituição da República de 1988, preceptivo que impõe, segundo a peticionante, a edição de lei complementar para dispor acerca da sujeição passiva tributária. 17.1 Nesse tipo de argumento, pela sua natureza de confronto com os preceitos de ordem constitucional, eis que contestam a presunção de constitucionalidade das leis, a decisão de piso foi logo enfática, ressaltando a vedação pela legislação vigente do exame no âmbito administrativo (fls. 4.426): Cabe esclarecer que as alegações de inconstitucionalidade não serão analisadas por esta instância de julgamento, em razão da vedação expressa no art. 26A do Decreto nº 70.235/1972 e art. 18 da Portaria RFB nº 10.875/2007. 17.2 Não há reparo a fazer. O afastamento da presunção de constitucionalidade de lei, aprovada pelo Poder Legislativo, demanda apreciação e decisão por parte do Poder Judiciário. De sorte que escapa à competência dos órgãos julgadores administrativos a declaração de inconstitucionalidade de lei tributária. Argumentos desse jaez são inoponíveis na esfera administrativa. 17.3 Nesse sentido, não só o "caput" do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 1972, como também o enunciado da Súmula nº 2, deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, assim redigida: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária 18. Por fim, quanto à contestação das obrigações acessórias e multas aplicadas pela autoridade fiscal, o acordão recorrido manifestouse expressamente com a seguinte abordagem (fls. 4.430): Quanto à alegação de que as multas referentes ao descumprimento de obrigações acessórias deve ser anulada, a mesma não procede, uma vez que no presente processo não há lançamento referente ao descumprimento de multa acessória. Em relação à aplicação de multa mais benéfica, de acordo com a determinação do art. 106, II, “c” do Código Tributário Fl. 4894DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.895 12 Nacional, esclarecese que no presente lançamento estão sendo lançados créditos decorrentes de fatos geradores ocorrido a partir de 01/2009, ou seja, após a edição da MP nº 449/2008. Portanto, não há que se falar em retroatividade de multa mais benéfica no presente AutodeInfração. 19. Em suma, sem razão a recorrente quanto à alegação de omissão na apreciação de fundamentos da impugnação pela instância de entrada. b) Nulidade do acórdão: cerceamento do direito de defesa 20. Requer a empresa "FKM3", igualmente, a nulidade do acórdão de primeira instância pelo fato de a decisão "a quo" não analisar e pronunciarse sobre o pedido de diligência realizado tempestivamente, consubstanciado na oitiva dos prepostos da pessoa jurídica, conforme inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972. 21. Pois bem. Transcrevo o pedido formulado pela empresa "FKM3" na sua impugnação (fls. 4.290): (...) Tendose em vista o exposto, requerse: 1. a realização de diligência para oitiva de prepostos da impugnante, a fim de que seja devidamente comprovado que inexiste formação de grupo econômico; (...) 22. A toda a evidência, cuidase de pedido genérico, desprovido da mínima justificativa para o deferimento de prova testemunhal, nem mesmo a qualificação das pessoas consideradas prepostos da empresa. A realização de diligência para produção de novas provas demanda a motivação da parte interessada, com vistas ao julgador administrativo avaliar a importância e utilidade para o deslinde do processo tributário. 23. Nessa compreensão, o que diz o Decreto nº 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (...) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas Fl. 4895DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.896 13 necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (...) 24. A empresa "KM3", devedora principal, também formulou pedido de diligência genérico para o oitiva dos seus sócios e testemunhas, com o propósito de "confirmar a atividade de negociação desenvolvida e que inexiste formação de grupo econômico" (fls. 4.316.4.317). 25. Em um e outro caso, o Colegiado de primeira instância deu uma única explicação e solução para a questão da prova do grupo econômico, não deixando de assumir posição sobre os pedidos de diligências. Ao contrário do alegado pela recorrente, a decisão de piso não se refere exclusivamente ao pleito formulado pela empresa "KM3", aplicandose aos pedidos das empresas as considerações acerca da falta de apresentação de documentação hábil no sentido da exclusão do grupo econômico de fato. Reproduzo o conteúdo do Acórdão nº 14 49.427: DO PEDIDO DE DILIGÊNCIA Quanto ao pedido de diligência, não o acatamos por entendemos que o mesmo não atende ao requerido pelo inciso IV do art.16 do Decreto n° 70.235 de 6 de Março de 1972, in verbis: IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. Ao contribuinte foi facultado trazer aos autos os documentos requisitados pela autoridade fiscal, tendo na fase impugnatória, a possibilidade de apresentar documentação hábil no sentido de elidir a exclusão em tela. Não obstante, não apresentou, como supra se expôs, documentação hábil a tornar insubsistente o Ato Declaratório ora atacado, sendo descabido o protesto genérico pela diligência fiscal, protesto esse, que deve ser rejeitado de plano, com fulcro no art. 18 do Decreto n° 70.235/72, com as modificações introduzidas pelo art. 1o da Lei n° 8.748/93. 26. Mais uma vez, portanto, cabe rejeitar a pretensão de declarar nulo o acordão recorrido. Mérito a) Sujeição passiva da empresa "KM3" 27. Reclama a empresa devedora principal, "KM3", adquirente da produção rural animal, que a sujeição passiva é cabível ao produtor rural pessoa física, o qual possui capacidade contributiva e deve sofrer naturalmente o ônus da incidência tributária. Fl. 4896DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.897 14 27.1 Prossegue argumentando que tendo em vista a existência de ação judicial que discute a responsabilidade da recorrente e o consequente provimento quanto à inexigibilidade do recolhimento da contribuição previdenciária sobre a comercialização da produção rural, não houve a retenção da parcela no momento das operações de compra. Desse modo, a exigência fiscal deve recair sobre os empregadores rurais pessoas físicas, sob pena de enriquecimento ilícito das pessoas naturais que comercializaram a sua produção. 28. Pois bem. A obrigação da pessoa jurídica adquirente de produção rural da pessoa física está expressa na Lei nº 8.212, de 1991: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (...) Art. 30 (...) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (...) (GRIFEI) 29. Ao ostentar o produtor rural pessoa física a condição de contribuinte de fato, a lei não prevê a existência do liame jurídico diretamente com a pessoa natural, cabendo ao Fisco exigir o recolhimento da exação da pessoa jurídica que adquire a produção rural. 29.1 O provimento judicial favorável ao adquirente de produtos rurais, que tem por obrigação a retenção e o recolhimento da contribuição previdenciária incidente sobre a comercialização da produção rural, não implica a transferência da sujeição passiva ao produtor rural pessoa natural, por falta de previsão legal. 30. A recorrente poderia ter procedido, junto ao produtor rural, a retenção da contribuição previdenciária incidente sobre a comercialização da produção rural quando das operações comerciais de aquisição de animais vivos. No entanto, fez opção por levar ao Poder Judiciário a discussão a respeito da legitimidade da obrigação tributária estabelecida na Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 4897DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.898 15 30.1 O acesso à tutela jurisdicional em face de lesão ou ameaça a direito é corretamente garantido pela Carta Política de 1988 a todas as pessoas físicas e jurídicas, porém não está livre de consequências econômicas quando desfavorável a sentença judicial ao demandante. 30.2 Uma vez mantida, ao final, a decisão judicial que afastou a obrigação do recolhimento da contribuição previdenciária determinada no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, a empresa "KM3" não sofrerá ônus financeiro, extinguindose o crédito tributário apurado pela fiscalização. 30.3. Por outro lado, decidindo o Poder Judiciário que, após a entrada em vigor da Lei nº 10.256, de 2001, é devida a contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta da comercialização de produtos pelo empregador rural pessoa física, sendo a empresa adquirente responsável, por substituição tributária, pela retenção e recolhimento da exação, não haverá mais provimento judicial que respalde a empresa "KM3" para eximirse do pagamento do tributo que tenha deixado de recolher ao tempo e modo previstos na Lei nº 8.212, de 1991. 31. Nesse sentido, o § 5º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991: Art. 33 (...) § 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. 32. Logo, sem razão a recorrente. b) Sujeição passiva da empresa "FKM3" 33. Em renovação aos argumentos trazidos por ocasião da impugnação, a recorrente arrolada como devedora solidária, "FKM3", volta a reafirmar a sua condição de alheia às operações comerciais de aquisição do gado, as quais são de responsabilidade exclusiva da empresa "KM3", na qualidade de encomendante dos produtos que são encaminhados à industrialização. 33.1 À vista disso, não é contribuinte, nem responsável tributário pela contribuição previdenciária incidente sobre a comercialização da produção rural da pessoa natural, o que afasta a imputação fiscal. 34. Pois bem. Como dito linhas acima, a sujeição passiva da recorrente é uma decorrência, segundo a autoridade fiscal, do inciso IX do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, novamente reproduzido abaixo: Art. 30 (...) IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; Fl. 4898DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.899 16 (...) 35. O art. 124 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, que veicula o Código Tributário Nacional (CTN), prevê as duas hipóteses clássicas de solidariedade pelas obrigações tributárias: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. 36. É certo que o interesse comum a que alude o inciso I não é o mero interesse econômico na situação que constitua o fato gerador, e sim o interesse jurídico, consistente na participação conjunta no fato gerador da obrigação tributária. 37. Entretanto, é distinta a concepção da responsabilidade solidária prevista no inciso IX do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, porque retira seu fundamento do inciso II do art. 124 do CTN. 37.1 Tratase de uma solidariedade de direito, em que é dispensável, com vênia aos defensores do ponto de vista contrário, o interesse jurídico no fato gerador das contribuições previdenciárias, isto é, que as empresas do grupo econômico de qualquer natureza participem, necessariamente, dos atos que configuram o fato gerador ou a infração. 38. Se as empresas envolvidas na acusação fiscal pertencem efetivamente ao mesmo grupo econômico é uma questão que será avaliada mais adiante, neste voto. 39. Sem razão a recorrente. c) Multa 40. As empresas recorrentes questionam a multa de ofício, no percentual de 75%, aplicada proporcionalmente sobre a contribuição previdenciária lançada, pugnando pela sua redução. A empresa "KM3", inclusive, lembra que a falta de recolhimento da exação é consequência da decisão judicial que lhe ampara. 41. Pois bem. A ciência do Termo de Início do Procedimento Fiscal deuse em 30/04/2002 (fls. 116/117). Por sua vez, a decisão proferida pelo TRF/4ª Região na apelação cível no mandado de segurança impetrado contra o Delegado da Receita Federal do Brasil em Londrina foi proferida na sessão de 21/07/2010 (fls. 4.248/4.263). A publicação do Diário Eletrônico ocorreu em 04/08/2010. 1 1 Consulta processual, www.trf4.jus.br Fl. 4899DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.900 17 42. Como cediço, as sentenças/acórdãos proferidas em ações de segurança devem ser executadas de imediato. Vêse, portanto, que antes do início da ação fiscal a empresa "KM3" era detentora de provimento judicial que suspendia a exigibilidade do crédito tributário lançado pela fiscalização. 43. Aplicável, nesse contexto, o art. 63 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. (GRIFEI) 44. Conquanto não tenha feito alusão ao art. 63 da Lei nº 9.430, de 1996, a decisão de piso manteve a multa de ofício de 75%, prevista no inciso I do art. 44 da mesma Lei, sob a justificativa de que não houve pagamento e nem a declaração da contribuição previdenciária devida em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP): Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) 45. Não compartilho do mesmo ponto de vista do julgador "a quo", porquanto a multa proporcional a que menciona o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que pune, ao mesmo tempo, as infrações de não recolher, não declarar e declarar com exatidão, alcança os lançamentos de ofício relacionados a tributos para os quais não tenha havido a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 46. Na hipótese de suspensão da obrigação de recolher a contribuição previdenciária, porém subsistindo a obrigação acessória de declaração em GFIP, é cabível a incidência da multa isolada de que trata o art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, quando constatada incorreções ou omissões. Ressalto, em que pese aproximadamente duas décadas de implantação da GFIP, o documento não tem campo especial para informação de valores com exigibilidade suspensa. Fl. 4900DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.901 18 47. Logo, cabe excluir a multa de ofício do crédito tributário lançado pela autoridade fiscal. 48. Assinalo, por fim, conforme já consignado na decisão de piso, que o lançamento fiscal, neste processo administrativo, não comportou multas pelo descumprimento de obrigações acessórias. d) Grupo Econômico 49. Ambos os apelos sustentam, em harmonia de discursos, a inexistência de grupo econômico entre as empresas. 50. Em linhas gerais, a argumentação quanto à ausência de configuração de grupo econômico apoiase na existência de um contrato de industrialização por encomenda firmado entre as empresa "KM3", encomendante, e "FKM3", encomendada, datado de 26 de fevereiro de 2007, com a finalidade de prestação de serviços de abate, resfriamento e posterior embarque de carcaças bovinas (fls. 4.297/4.300). 50.1 Segundo o contrato, a "KM3" realizaria as aquisições dos animais e enviaria as reses para a "FKM3". Esta, por sua vez, realizaria o abate, manipulação, preparação e conservação dos animais, devolvendo o produto já industrializado para a encomendante. Toda a operacionalização da industrialização por encomenda foi devidamente registrada pelas empresas na contabilidade. 50.2 Em todo o processo de industrialização, a estrutura física é da "KM3", cabendo a "FKM3" o fornecimento da mãodeobra. A utilização da estrutura da empresa encomendante, além de acarretar substancial redução de custos, é precipuamente funcional, dado o manuseio de produtos controlados e perecíveis destinado à venda comercial pela "KM3". 51. Voltando os olhos para a acusação fiscal, o agente lançador, após o detalhamento dos fatos no Termo de Verificação Fiscal, faz a seguinte síntese das razões que levaram a concluir pela existência de um grupo econômico de fato entre as empresas mencionadas (fls. 101/103): Unidade de atuação, como verificado nos serviços prestados pelo mesmo contador Sr. Claudinei Delbianco, CRCPR 029.247/01, atuando nas duas empresas; Documentos contábeis, Livros Diário e Livros Razão, e entrelaçamento dos lançamentos contábeis entre as contas das empresas FKM3 e KM3; A FKM3 (Encomendada) não contabiliza despesas com energia elétrica, telefones, conservação de imóveis; As despesas de energia elétrica, telefone, conservação de imóveis, etc, despesas operacionais constam como despesas e contabilizadas na empresa KM3 (Encomendante); Contabilização na empresa FKM3 de valores na conta (20.40001) Empréstimos a Pagar e na conta (20.80001) Fl. 4901DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.902 19 Antecipações de Cliente, da empresa KM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda (empresa do grupo). Não constam na contabilidade da empresa KM3, (conta: 11.01001 Contas a Receber e conta 11.31003 Adiantamento a Fornecedores/FRIGORÍFICO KM3 LTDA) os valores correspondentes aos Empréstimos a Pagar e Antecipações de Clientes, concedidos pela KM3, à empresa FKM3 e lançados em sua contabilidade; A empresa FKM3 Industria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ME, Encomendada,conforme Contrato Particular de Industrialização por Encomenda, presta serviços exclusivamente de Matadouro abate de reses à empresa KM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, Encomendante; Somente a FKM3 Industria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ME, mantém registrados no seu quadro de pessoal, os segurados empregados administrativos e operacionais necessários ao funcionamento de um frigorífico; A FKM3 através de seus funcionários executam todas as atividades operacionais e administrativas da empresa KM3, no mesmo local. A empresa KM3, não possui nenhum segurado empregado registrado no seu quadro de pessoal; Os serviços são executados no estabelecimento da KM3 (Encomendante). A FKM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ME (Encomendada), não possui imóvel ou equipamentos necessários para execução de atividades operacionais e administrativas através de seus empregados. A FKM3 não efetua pagamentos de aluguel (não contabiliza despesas com locação de imóveis); Os segurados empregados da FKM3 (Encomendada), são lotados e executam suas atividades empregatícias no imóvel que a KM3 (Encomendante), mantém sob contrato de locação; A empresa KM3 (Encomendante), apesar de adquirir reses para abate, industrialização e posterior comercialização dos produtos industrializados, não possui no seu quadro de pessoal nenhum segurado empregado registrado; A empresa FKM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ME, (Encomendada), colocou à disposição da empresa Encomendante KM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, e em suas dependências, segurados que realizam serviços contínuos e relacionados com atividade fim da empresa Encomendante, incorrendo em uma das situações vedadas pela Lei para recolhimento de imposto e contribuições na forma do Simples Nacional. Fl. 4902DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.903 20 52. Pois bem. Hodiernamente, a noção de grupo econômico transcende a questão de mera participação societária de uma pessoa jurídica em outra empresa, ou de um sócio ou acionista pessoa natural em várias empresas, o que acaba resultando no controle, direção ou administração sob a forma vertical de uma ou umas sobre as outras. 53. Os grupos econômicos de fato são destituídos de formalidades e decorrem de uma unidade de direção e administração. Duas ou mais empresas, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, articulam recursos e esforços de forma coordenada para a consecução de objetivos comuns, em comunhão de bens e interesses. Há na prática uma direção, controle ou administração em conjunto, compondo um grupo industrial, comercial ou qualquer outra atividade econômica. 54. Pelo que se depreende da leitura dos autos, e das justificativas e explicações contidas na peças recursais, as empresas engendraram uma arquitetura de negócios com o propósito de maximizar recursos próprios e minimizar custos das atividades econômicas, aproveitandose da expertise de cada uma na área de abate, industrialização e comércio de carnes e seus derivados. 54.1 Não tenho dúvida, por outro lado, que a finalidade também envolveu um planejamento fiscal, mediante a concentração da força de trabalho na empresa optante pelo Simples Nacional ("FKM3"). 55. A responsabilidade tributária solidária não é uma penalidade, mas sim concede garantia adicional à satisfação do crédito tributário. Mesmo na hipótese de prática de negócios lícitos e permitidos entre empresas, é possível a produção de efeitos tributários indesejados pela partes, algumas vezes não avaliados com a devida antecedência. 56. De forma isolada, os indícios trazidos pela fiscalização não se prestam a comprovar a formação de um grupo econômico de fato. Porém, o conjunto de tais indícios, mesmo que observadas as ressalvas da recorrente quanto às peculiaridades do funcionamento de um frigorífico, é dotado de seriedade e convergência, ganhando, ao final, força probante da existência de uma unidade de gestão e confusão patrimonial. Em outras palavras, a partir de um conjunto de fatos indiciários, admitese a existência do fato indiciado. 57. A razão social é similar entre as duas empresas, assim como o objeto social (itens 26 a 28, às fls. 92/95). Ambas utilizam a sigla "KM3". A correlação de identidade sugere vínculo e confiabilidade para o público externo. 57.1 A empresa KM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ("KM3") foi criada em 2003, tendo como um dos seus sócios o Sr. Rodolfo Carlos Diehi, que logo depois retirouse formalmente da sociedade (fls. 153/178). 57.2 Quanto à empresa FKM3 Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda ("FKM3"), foi constituída no final do ano do mês de novembro de 2006, um pouco antes da assinatura do contrato de industrialização por encomenda (fevereiro/2007), com o nome empresarial de Frigorífico KM3 Ltda, posteriormente alterado (fls. 180/195). Consta como sócio e administrador o Sr. Rodolfo Carlos Diehi. 58. Para viabilizar as atividades de abate de reses e preparação de carne no contrato de industrialização por encomenda, a empresa "FKM3" estabeleceu sua sede no mesmo endereço da "KM3", permitindo, desse modo, o uso comum do parque industrial, da estrutura Fl. 4903DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.904 21 física e dos recursos humanos da "KM3", que era uma empresa com marca conhecida e consolidada no mercado. 59. Em março/2007, houve a transferência dos segurados empregados operacionais e administrativos da "KM3", que segundo a recorrente estava com as atividades de abate reduzidas, para a "FKM3". 59.1 Contudo, não se procedeu à demissão e posterior admissão dos trabalhadores, mas somente anotação na Ficha de Registro de Empregados da "FKM3" acerca da transferência da força de trabalho entre as empresas, consignadose a mesma data de admissão e a mesma função constante no Livro de Registro da "KM3" (item 35, às fls. 98/101). Os avisos de férias e as rescisões de contrato de trabalho retratam tal aspecto peculiar do remanejamento dos empregados (fls. 274/283) 59.2 Sobre o episódio, afirma a recorrente que, ao assumir o nicho de abate, os contratos de trabalho vigentes deveria ter sido rescindidos e novamente firmados pela nova empresa, o que não ocorreu pela desorganização dos administradores da pessoa jurídica. 59.3 É uma explicação bastante singela, de difícil aceitação. A simples transferência dos empregados efetuada entre as empresas passa a ideia, na verdade, de continuidade gerencial e administrativa, situação que dispensaria a necessidade de pronta regularização do empregador. 60. Na contabilidade da empresa "FKM3", a fiscalização identificou empréstimos e suplementação de caixa recebidos da empresa "KM3". Não há sinalização sobre a devolução dos valores. 61. No processo de industrialização por encomenda, a "KM3" cedeu seu espaço industrial, com pagamento integral das despesas de energia elétrica, conservação e reparos, telecomunicações, entre outras. Na escrituração contábil da "FKM3" são contabilizados apenas os gastos com mãodeobra e encargos, nem mesmo há registro de pagamentos de alugueis. As receitas da "FKM3" registradas na contabilidade correspondem exclusivamente à prestação de serviços para a empresa "KM3". 62. No período fiscalizado, a empresa "KM3" não possui no seu quadro de pessoal nenhum segurado empregado registrado para execução de atividades operacionais e administrativas, apesar de adquirir reses para abate e comercializar os produtos industrializados. 62.1 Segundo consta dos recursos voluntários, as atividades da "KM3" eram desempenhadas tão só pelos sócios e representantes comerciais autônomos. É pouco crível, entretanto, não só pelos expressivos valores anuais relacionados à aquisição de gado para industrialização, na ordem de R$ 45/50 milhões de reais, como pela própria necessidade do acompanhamento e fiscalização do processo de industrialização pela "KM3" junto a "FKM3", caso não fossem empresas vinculadas. 63. Aponta ainda a fiscalização a presença de uma unidade de procedimento, como vinculação entre as notas fiscais e os correspondentes registros utilizando idêntico histórico no Livro de Registro de Entradas e Livro de Registro de Saídas. Fl. 4904DF CARF MF Processo nº 11634.720375/201382 Acórdão n.º 2401005.006 S2C4T1 Fl. 4.905 22 64. Entendo que o cenário é robusto para indicar a existência de um grupo econômico por coordenação, hipótese que as empresas atuam horizontalmente, no mesmo plano, participando ambas do mesmo empreendimento. 65. As duas empresas, mediante compartilhamento ordenado de recursos materiais e humanos, exercem atividades semelhantes e complementares, em prol de interesses comuns. Há clara confusão patrimonial e administrativa, sinalizando atividade integrada e unidade de direção, que são características dos grupos econômicos. 66. Mantémse, assim, o grupo econômico de fato e, por consequência, o vínculo de responsabilidade solidária da empresa "FKM3" pelo crédito tributário lançado pela fiscalização. e) Demais questões 67. Em relação ao Processo 11634.720766/201216, mencionado no recurso voluntário, diz respeito a fatos geradores do ano de 2008 e, portanto, não relacionados com o crédito tributário deste processo administrativo. 68. Quanto aos DEBCAD's n° 37.352.0778 e 51.001.8858, e aplicação de multa de ofício qualificada no importe de 150%, a matéria é estranha ao presente processo, visto que os débitos indicados não fazem parte do lançamento sob exame. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO parcialmente dos recursos voluntários e, na parte conhecida, REJEITO as preliminares e DOULHES PROVIMENTO PARCIAL para exclusão da multa de ofício de 75%. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 4905DF CARF MF
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Numero do processo: 13971.002139/2003-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 07/07/2008
COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA.
Preenchidos os requisitos legais, deve ser deferido o pedido de restituição formulado pelo contribuinte e afastada a alegação de decadência do direito respectivo.
Numero da decisão: 3201-001.164
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira
Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Os Conselheiros Paulo Sergio Celani e Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente) acompanharam o relator pelas conclusões.
Matéria: CPMF - proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Marcelo Ribeiro Nogueira
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I Processo n° Recurso n° Acórdão n° Sessão de Matéria Recorrente Recorrida MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO 13971.002139/2003-11 0000000 Voluntário 3201-001.164 - 2a Câmara / P Turma Ordinária 28 de novembro de 2012 IPMF Construtora Stein Ltda. Fazenda Nacional Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 07/07/2008 COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. Preenchidos os requisitos legais, deve ser deferido o pedido de restituição formulado pelo contribuinte e afastada a alegação de decadência do direito respectivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2a Câmara / 1a Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Paulo Sergio Celani e Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente) acompanharam o relator pelas conclusões. da~/ jJ"~ MARCOS.Af: ELIO ;;;~&ÃLADAO - preSi~ente. AI\OVV~fu Q.'O n.'. ~ ~~W"oJ.'. MARCELO RIBEIR~~ - Relat'a() .. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D'Amorim, Paulo Sérgio Celani (Suplente), Daniel Mariz Gudifío e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Esteve presente a Procuradora da Fazenda Nacional. Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância por entender que o mesmo resume bem os fatos dos autos até aquele momento processual: Trata o presente processo de pedido de restituição, protocolizado em 29/08/2003, de crédito relativo a recolhimentos indevidos que teriam sido efetuados a titulo de IPMF em setembro de 2003, no valor total de R$ 6.479,74 (folha OI). Na apreciação do pleito, manifestou-se a Delegacia da Receita Federal em Blumenau/SC pelo indeferimento do pedido de restituição (Despacho Decisório às folhas 32 a 34), fazendo-o com base na assertiva de que, em face dos conteúdos do inciso I do artigo 165 e inciso I do artigo 168 do Código Tributário Nacional (CTN), do Parecer PGFN/CAT 550/1999 e do Ato Declaratório SRF n. o 96/1999, o prazo para restituição do indébito tributário seria de cinco anos, com termo inicial na data do pagamento indevido. É que como os recolhimentos reclamados pela contribuinte foram efetuados em setembro de 1993, e o pedido de restituição foi protocolizado apenas em 29/08/2003, o pedido repetitório seria intempestivo. Irresignada com tal indeferimento, encaminhou a contribuinte a manifestação de inconformidade, às folhas 37 a 41, na qual contesta a decisão da DRF/Blumenau/SC com base na alegação de que já está firmada a jurisprudência no sentido de que o prazo para repetição do indébito seria de 10 anos (a chamada tese "dos cinco mais cinco''), e não de 5 anos como pretende a autoridade fiscal. A decisão recorrida recebeu de seus julgadores a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRiBUTARia Período de apuração: 01/09/1993 a 30/09/1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo decadencial de cinco anos, contado da data dopagamento indevido. Solicitação Indeferida o contribuinte, restando inconformado com a decisão de primeira instância, ~presento~ recurso voluntário no qual ratifica e reforça os argumentos trazidos em sua peça de/)/ Impugnaçao. ~ É o Relatório. Voto 2 Processo n° 13971.002139/2003-11 Acórdão n.o 3201-001.164 Conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira S3-C2T1 FI. 2 Entendo que o recurso voluntário é tempestivo e atende aos requisitos legais, portanto, dele tomo conhecimento. Venho defendendo que o prazo para restituição de qualquer valor pago indevidamente a título de tributo à administração federal e sujeito ao lançamento por homologação, cujo fato gerador fosse anterior à Lei Complementar n° 118/05, está sujeito unicamente ao prazo de 10 (dez) anos, até então, pacificado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o que está refletido em alguns julgados de que participei neste Colegiado. São exemplos desta jurisprudência: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTARIO FINSOCIAL. COMPENSAÇÃO PRESCRIÇÃO ARTIGO 66 DA LEI N° 8.383/91. 1. Nos tributos lançados por homologação, o prazo para a propositura da ação de repetição de indébito será de dez anos a contar do fato gerador, se a homologação for tácita (tese dos "cinco mais cinco''), e de cinco anos a contar da homologação, se expressa. Precedentes. 2. O artigo 66 da Lei n° 8.383/91 restringe a possibilidade de compensação aos tributos da mesma espécie e destinação constitucional. 3. Ainda que o título executivo emanado do Poder Judiciário não contemple a possibilidade de compensação dos créditos do Finsocial com outros tributos administrados pela SRF, nada obsta que tal pleito seja manejado na esfera administrativa sob a regência da legislação posteriormente concebida. 4. Recurso especial provido emparte. (REsp 931726/SP, Relator Ministro Castro Meira, rTurma, DJ27.06.2007,pág. 236) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTARIO AGRAVO REGIMENTAL. AGRA VO DE INSTRUMENTO ISENÇÃO PIS E COFINS. PRODUTOS DESTINADOS A ZONA FRANCA DE MANAUS. PRESCRIÇÃO TERMO INICIAL. FATO GERADOR. PAGAMENTO INDEVIDO ARTIGO 4~ DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENARIO MATÉRIA DECIDIDA PELA r SEÇÃO, NO RESP 1002932/SP, JULGADO EM 25/11/2009 SOB O REGIME DO ART. 543-C DO cpc. VIOLAÇÃOAO ART. 535, cpc. INOCORRÊNCIA. 1. O art. 4° do DL 288/67 e o art. 40 do ADCT ''preserva a Zona Franca de Manaus como área de livre comércio. estendendo às exportações destinadas a estabelecimentos situados naqUel~ 3 regzao os beneficios fiscais presentes nas exportações ao estrangeiro Ir. Consectariamente, para efeitos fiscais, a exportação de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivale a uma exportação de produto brasileiro para o estrangeiro. Sob esse enfoque, é assente nas Turmas de Direito Público que: "0 conteúdo do art. 4° do Dec.lei 288/67, foi o de atribuir às operações da Zona Franca de Manaus, quanto a todos os tributos que direta ou indiretamente atingem exportações de mercadorias nacionais para essa região, regime igual ao que se aplica nos casos de exportações brasileiras para o exterior. " 2. O art. 5° da Lei 7.714/88, com a redação dada pela Lei 9.004/95, bem como o art. r da Lei Complementar 70/91 autorizam a exclusão, da base de cálculo do PIS e da COFINS respectivamente, dos valores referentes às receitas oriundas de exportação de produtos nacionais para o estrangeiro. 3. Havendo equiparação dos produtos destinados à Zona Franca de Manaus com aqueles exportados para o exterior, infere-se que a isenção relativa à COFINS e ao PIS é extensiva à mercadoria destinada à Zona Franca. Precedentes: REsp 681. 395/SC, ReI. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 03/09/2010; REsp 802.474/RS, ReI. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/11/2009, DJe 13/11/2009; RESP 223.405-MT, DJ de 01.09.2003, Relator Min. Humberto Gomes de Barros; RESP 144. 785-PR, DJ de 16.12,2002, Relator Min. Paulo Medina). 4. O Supremo Tribunal Federal, em sede de medida cautelar na ADI n° 2348-9, suspendeu a eficácia da expressão "na Zona Franca de Manaus", contida no inciso I do 9 ]O do art. 14 da MP n° 2.037-24, de 23.11.2000, que revogou a isenção relativa à COFINS e ao PIS sobre receitas de vendas efetuadas na Zona Franca de Manaus. 5. Assim, considerando o caráter vinculante da decisão liminar proferida pelo E. STF, restam afastados, no caso concreto, os dispositivos da MP 2.037-24 que tiveram sua eficácia normativa suspensa. 6. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 7. A Primeira Seção, quando do julgamento do Resp 1002932/SP, sujeito ao regime dos "recursos repetitivos", reafirmou o entendimento de que: "(..) em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei --e/ 4 Processo n° 13971.002139/2003-11 Acórdão n.o 3201-001.164 complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. "). Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido." (RESP 1002932/SP, ReI. Ministro Luiz Fux,julgado em 25/11/2009) 8. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3~ o disposto no art. 106, I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional", constante do artigo 4~ segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 9. In casu, as parcelas foram recolhidas antes do advento da Lei, por isso que a tese é a consagração dos 5 anos de decadência da homologação acrescido dos 5 anos de prescrição, a contar da data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. 10. A ofensa ao art. 535 do CPC inexiste quando o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 11. Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag n° 1292410/AM, Relator Ministro Luiz Fux, r Turma, DJe 07/04/2011) S3-C2T1 FI. 3 Contudo, ao rever o voto proferido pela ilustre Conselheira Beatriz Veríssimo de Sena no julgamento do Recurso n° 136.260, do antigo Conselho de Contribuintes, passei a reconhecer como igualmente válida e adequada outra solução para este problema. o que me chamou a atenção naquela oportunidade foi a interpretação da ilustre colega sobre o teor do parágrafo terceiro do artigo 18 da Lei n° 10.522/02 confrontada com a Lei n° 11.051/04, que inseriu a matéria em exame entre aquelas listadas no referido artigo, durante os debates orais do Colegiado, isto porque na lei não há palavras inúteis e a vedação à restituição somente ex offieio parece indicar que seria possível a restituição a pedido do interessado. De fato, quando a Lei n° ] 1.051/04 quis vedar toda e qualquer hipótese de restituição assim o fez expressamente, como é o caso de seu parágrafo segundo do artigo ]0, verbis: 5 9 2º A utilização do crédito está limitada ao saldo da CSLL a pagar, observado o disposto no 9 ]º deste artigo, não gerando a parcela excedente, em qualquer hipótese, direito à restituição, compensação, ressarcimento ou aproveitamento em períodos de apuração posteriores. Idêntica distinção pode ser observada na própria Lei n° 10.522/02, em seu texto original, quando confrontamos os termos do parágrafo terceiro do artigo 18 com o parágrafo terceiro do artigo 31, respectivamente: 9 3º O disposto neste artigo não implicará restituição ex o(ficio de quantia paga. 9 3º O disposto neste artigo não implicará restituição de quantias pagas. (grifosdesterelator) Ora, por que esta distinção entre os dois textos da mesma lei? Isto deve ter um significado especial, numa hipótese legal está se vedando toda e qualquer restituição, noutra (que é a que interessa para o presente julgamento) só se veda a restituição ex ofjicio. O método de interpretação sistemática não parece deixar dúvida de que seria possível a restituição a pedido do interessado no presente caso, a partir da edição da Lei n° 10.522/02. Passo, portanto, à análise da natureza jurídica do comando extraído do artigo 18 da Lei n° 10.522/02. A mais evidente natureza jurídica é de renúncia ao direito de recorrer ao Poder Judiciário sobre as matérias ali elencadas. Também tem natureza jurídica de regra administrativa de afastamento de hipótese de responsabilidade funcional. Ainda tem natureza jurídica de renúncia do direito/dever de lançar, inscrever em dívida ativa e exigir o tributo. Por fim, quando analisada sob a influência dos Princípios Gerais da Administração Pública e o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nO 1.171, de 22 de Junho de 1994) tem natureza jurídica de reconhecimento genérico de dívida pública, no que se refere àqueles administrados que recolheram o tributo, agora reconhecido como indevido. Neste ponto, é interessante examinarmos o brilhante ensinamento do jurista Giuseppe Chiovenda sobre a distinção entre reconhecimento, renúncia e confissão: O reconhecimento é a declaração do réu de que a demanda do autor éjuridicamente fundada. Nisto se distingue da conjissão, a qual se volve para os diversos fatos, não para a ajirmaçã~ 6 Processo n° 13971.002139/2003-1 I Acórdão n.o 3201-001.164 jurídica em seu complexo. A renúncia é a declaração do autor de que sua ação é infundada; e também ela difere da confissão porque não reconhece nenhum fato afirmado pelo réu, senão que somente nega a consistência jurídica da ação. (Instituições de Direito Processual Civil, tradução de J. Guimarães Menegale. São Paulo, Edição Saraiva, 1965, v. 2, p.355.) S3-C2T1 FI. 4 Não se trata de confissão de dívida pública, portanto escapa ao controle imediato da Lei Complementar n° 101/2000, seja porque está na exclusão expressa no parágrafo 2° do artigo 9°, seja porque não caracteriza restos a pagar. E por ser genérico, isto é, sem relação com o fato ou análise da prova do recolhimento também não se enquadra na definição de despesa, novamente escapando dos limites da LC n° 10I/00. Assim, entendo que não houve violação dos comandos da Lei Complementar n° 101/00 no reconhecimento da dívida pública decorrente da Lei n° 10.522/02. Ocorre que neste momento, ou seja, a partir da edição da Lei nO10.522/02 e com o reconhecimento pela administração pública federal da inconstitucionalidade dos diplomas legais que embasaram a exigência do tributo, surge novo prazo prescricional, distinto daquele decorrente do recolhimento indevido, para que o interessado promova o pedido da restituição que lhe é devida (uma vez que, apesar do reconhecimento da inconstitucionalidade, o S 3° do art. 18 veda a restituição ex oificio). Está vedada a restituição voluntária pela administração, mas se o contribuinte a solicitar dentro do novo prazo de cinco anos, contado a partir do reconhecimento legal, a administração deverá promover a restituição. Outra possibilidade surge com a orientação prevista no Parecer COSIT n° 58/98, cujo texto conclui o seguinte: RESOLUÇÃO DO SENADO. EFEITOS. Resolução do Senado que suspende a eficácia de lei declarada inconstitucional pelo STF tem efeitos ex tunc. TRIBUTO PAGO COM BASE EM LEI DECLARADA INCONSTITUCIONAL. RESTITUIÇÃO HIPÓTESES. Os delegados e inspetores da Receita Federal estão autorizados a restituir tributo que foi pago com base em lei declarada inconstitucional pelo STF, em ações incidentais, para terceiros não-participantes da ação - como regra geral - apenas após a publicação da Resolução do Senado que suspenda a execução da (..) RESTITUIÇÃO DECADÊNCIA Somente são passíveis de restituição os valores recolhidos indevidamente que não tiverem sido alcançados pelo prazo decadencial de 5 (cinco) anos, contado a partir da data do ato que conceda ao contribuinte o efetivo direito de pleitear a restituição. (..) ~ 7 Assim, na forma de decisões do antigo Conselho de Contribuintes "até 30/11/1999, o entendimento da administração tributária era aquele consubstanciado no Parecer COSIT n° 58/98. Se debates podem ocorrer em relação à matéria, quanto aos pedidos formulados a partir da publicação do AD SRF nO 096/99, é indubitável que os pleitos formalizados até aquela data deverão ser solucionados de acordo com o entendimento do citado Parecer, até porque os processos protocolados antes de 30/11/99 e julgados, seguiram a orientação do Parecer. Os que embora protocolados nãoforam julgados antes daquela data, haverão de seguir o mesmo entendimento, sob pena de se estabelecer tratamento desigual entre contribuintes em situação absolutamente igual. " (Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, Recurso n° 126.655, unânime, relator Conselheiro Zenaldo Loibman) Tal entendimento encontra acolhida no artigo 100 do CTN, que estabelece que terá força normativa complementar, contudo, o AD SRF nO96/1999, emanado com fulcro no Parecer PGFN/CA T n° 1.538/99, revogou tacitamente o entendimento anterior ao estabelecer que o prazo para pleitear a restituição, mesmo no caso de lei posteriormente declarada inconstitucional pelo STF, em ação declaratória ou em Recurso Extraordinário (RE), extingue-se após cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário, conforme arts. 165,1 e 168, I, do CTN. Vejamos o texto do referido Ato Declaratório no que importa a este julgamento: o SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o teor do Parecer PGFN/CAT/N° 1.538, de 1999, declara: I - o prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extingue-se após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário - arts. 165, 1, e 168, 1, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). Portanto, a janela para aproveitamento deste prazo específico durou até 31 de novembro de 1999, quando foi publicado o referido Ato Declaratório Normativo SRF n° 96/99. Informo ainda que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a quem represento neste Colegiado, ajuizou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 248) no Supremo Tribunal Federal (STF), cujo relator designado é o Ministro Dias Toffoli, visando adequar o comando do artigo 168, I do Código Tributário Nacional (CTN) à Constituição, no que se refere ao prazo prescricional para a repetição de tributo declarado inconstitucional. O pedido formulado na referida ADPF é que o prazo prescricional comece a fluir somente a partir da decisão do STF que declarar o tributo inconstitucional. Destarte, na opinião deste relator, são quatro as possibilidades de contagem do prazo prescricional para o pedido de restituição/ressarcimento pelo contribuinte, todos válidos e mutuamente complementares. ~/ 8 .. . .. Processo n° 13971.00213912003-11 Acórdão n.o 3201-001.164 S3-C2T1 FI. 5 L_ o presente recurso trata, conforme já relatado, de recolhimentos indevidos de IPMF, relativos a setembro de 1993, tendo o pedido de restituição sido protocolado na repartição fazendária em 29 de agosto de 2003. Assim, VOTO por conhecer do recurso voluntário para dar-lhe provimento, devendo a autoridade fiscal responsável confirmar o efetivo recolhimento dos valores apontados como pagos pelo contribuinte antes de autorizar a compensação, bem como, o atendimento dos demais requisitos para a compensação .. 1\ I\OA;Qt ea r;) ~fi -p" A /"I /l;von {;L(~'lC\.J.' ' MARCELO RIBE~~~~~IRA - r~r 9 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006 00000007 00000008 00000009
score : 1.0
Numero do processo: 10880.018174/97-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3301-000.439
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, por unanimidade de votos, converteu-se o julgamento em diligência para que a Secretaria da Câmara junte ao processo o voto vencedor do acórdão.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente).
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, por unanimidade de votos, converteu-se o julgamento em diligência para que a Secretaria da Câmara junte ao processo o voto vencedor do acórdão. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente).
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(assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .0 18 17 4/ 97 -3 9 Fl. 430DF CARF MF Processo nº 10880.018174/9739 Resolução nº 3301000.439 S3C3T1 Fl. 431 2 Relatório Por economia processual, adoto o relato constante do despacho de admissibilidade dos embargos declaratórios opostos (fls. 427/429 dos autos): A DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM TAUBATÉ, invocou o art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, para interpor Embargos de Declaração contra o Acórdão nº 330100.420, de 03 de fevereiro de 2010, fls. 273 a 275, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/1988 a 31/12/1996 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA QÜINQÜENAL. O pleito de restituição/compensação de valores recolhidos a maior de PIS para os períodos de apuração até 30/09/1995, com base nos inconstitucionais DecretosLeis n°s 2.445 e 2.449, de 1988, tem como prazo de decadência/prescrição aquele de cinco anos, contado a partir da edição da Resolução n° 49 do Senado, que ocorreu em 10/10/1995 (até 10/10/2000) já para o período que vai de 01/10/95 a 28/02/1996, o prazo decadencial contase da data da publicação da ADin n° 1.417, que ocorreu em 13/08/1999 (até 12/08/2004). SEMESTRALIDADE. Até o advento da Medida Provisória 1.212/95 a base de cálculo do PIS corresponde ao sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Antônio Lisboa Cardoso (Relator), Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Maria Tereza Martinez Lopez. O arrazoado de fls. 277 a 278 , após síntese dos fatos relacionados com a lide, requer que seja conhecido e provido o recurso para que, sanandose a obscuridade que impede a correta execução do acórdão, tendo em vista que as razões constantes de sua ementa bem como o voto do eminente conselheiro relator, às fls. 274/275, trilham o caminho do provimento parcial ao recurso formulado e, o fecho da ementa (fls. 273 in fine) leva a outro entendimento. São esses os fatos. Os referidos embargos foram admitidos pelo então Presidente desta 3ª Câmara de Julgamento, Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, sob os seguintes fundamentos: Fl. 431DF CARF MF Processo nº 10880.018174/9739 Resolução nº 3301000.439 S3C3T1 Fl. 432 3 Nos termos do art. 65 do RICARF, cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma, e poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada, no prazo de cinco dias contados da ciência do acórdão. Afirma a embargante que o Acórdão n° 330100.420, prolatado, nestes autos, pela Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento (fls. 273/275) apresenta obscuridade, a qual impede, smj, sua correta execução. Assevera que as razões constantes da ementa do citado acórdão (fls. 273 in primo) bem como o voto do eminente conselheirorelator, às fls. 274/275, trilham o caminho do provimento parcial ao recurso formulado e que, o fecho da ementa (fls. 273 in fine) leva a outro entendimento, dele constando expressamente: “Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Antônio Lisboa Cardoso (Relator), Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Maria Tereza Martinez Lopez.” (destacou) Dessa forma, em prevalecendo a negativa ao recurso voluntário, deveria ser parte integrante do acórdão em comento o competente voto vencedor, em estrita consonância com os ditames do artigo 63, §1°, do já citado Regimento Interno do CARF: “Art. 63. As decisões das turmas, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo relator, pelo redator designado e pelo presidente, e delas constarão o nome dos conselheiros presentes e os ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. § 1o Vencido o relator, na preliminar ou no mérito, o presidente designará para redigir o voto da matéria vencedora um dos conselheiros que o adotar, o qual deverá ser entregue à secretaria no prazo de 30 (trinta) dias, contado da disponibilização dos autos ao redator designado.” Mediante análise dos autos, verifico a obscuridade alegada. De fato, enquanto a decisão se deu no sentido de negar provimento ao recurso, por voto de qualidade, tendo sido vencido o conselheiro relator, o mesmo redige o voto vencedor e decide pelo provimento parcial ao recurso, no sentido de reconhecer o direito à restituição/compensação dos valores recolhidos a maior a título de contribuição ao PIS/Pasep, no período de 01/07/1988 a 31/05/1992, comprovado através dos DARF's de fls. 39/55, com base nos Decretosleis n°s 2.445/88 e 2.449/88 e o que realmente seria devido com base na Lei Complementar n° 07/70, sem correção da base de cálculo. Fl. 432DF CARF MF Processo nº 10880.018174/9739 Resolução nº 3301000.439 S3C3T1 Fl. 433 4 Conclusão Com essas considerações, forte no § 3° do art. 65 do RICARF, com a redação que lhe foi dada pela Portaria MF nº 39, de 12 de fevereiro de 2016, acolho os aclaratórios interpostos pela Fazenda Nacional. Incluase o presente processo em lote de sorteio a um dos conselheiros da Terceira Seção. Ato contínuo, os autos foram distribuídos para minha relatoria. É o breve relatório. Fl. 433DF CARF MF Processo nº 10880.018174/9739 Resolução nº 3301000.439 S3C3T1 Fl. 434 5 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: Os Embargos Declaratórios foram admitidos conforme despacho de fls. 427/429 dos autos, portanto, passo a apreciálos. Como é cediço, nos termos do inciso V, parágrafo 1º do art. 65 do Regimento Interno do CARF, o titular da unidade da administração tributária também poderá opor embargos declaratórios. É o que se extrai da transcrição a seguir: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. §1º Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão: I por conselheiro do colegiado, inclusive pelo próprio relator; II pelo contribuinte, responsável ou preposto; III pelo Procurador da Fazenda Nacional; 49 IV pelos Delegados de Julgamento, nos casos de nulidade de suas decisões; ou V pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. Conforme relatado acima, aponta o Embargante que haveria obscuridade do julgado que impossibilita a sua execução, visto que as razões constantes da ementa bem como o voto do conselheirorelator, às fls. 274/275, trilham o caminho do provimento parcial ao recurso formulado, ao passo que o fecho da ementa (fls. 273 in fine) indica a negativa de seguimento ao Recurso Voluntário. Ao analisar o caso, constatase de pronto a obscuridade apontada. Para que não reste qualquer dúvida, trazse a seguir as passagens constantes da decisão embargada que levam à tal conclusão: EMENTA E ACÓRDÃO Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/1988 a 31/12/1996 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA QÜINQÜENAL. O pleito de restituição/compensação de valores recolhidos a maior de PIS para os períodos de apuração até 30/09/1995, com base nos inconstitucionais DecretosLeis n°s 2.445 e 2.449, de 1988, tem como prazo de decadência/prescrição aquele de cinco anos, contado a partir da edição da Resolução n° 49 do Senado, que ocorreu em 10/10/1995 (até 10/10/2000) já para o período que vai de 01/10/95 a 28/02/1996, o prazo decadencial contase da data da publicação da ADin n° 1.417, que ocorreu em 13/08/1999 (até 12/08/2004). Fl. 434DF CARF MF Processo nº 10880.018174/9739 Resolução nº 3301000.439 S3C3T1 Fl. 435 6 SEMESTRALIDADE. Até o advento da Medida Provisória 1.212/95 a base de cálculo do PIS corresponde ao sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Antônio Lisboa Cardoso (Relator), Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Maria Tereza Martinez Lopez. VOTO DO RELATOR Em face do exposto DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, a fim de reconhecer o direito à restituição/compensação dos valores recolhidos a maior a titulo de contribuição ao PIS/Pasep, no período de 01/07/1988 a 31/05/1992, comprovado através dos DARF's de fls. 39/55, com base nos Decretosleis n's 2.445/88 e 2.449/88 e o que realmente seria devido com base na Lei Complementar n° 07/70, sem correção da base de cálculo; Os valores dos indébitos remanescentes, após o desconto da contribuição devida com base nas Leis Complementares n° 7/70 e 8/70, devem ser corrigidos monetariamente, até 31/12/1995, de acordo com o provimento judicial e à partir de 1°/01/96, sobre os indébitos passam a incidir exclusivamente juros equivalentes à taxa Selic, acumulada mensalmente, até o mês anterior em que houver a restituição/compensação, acrescida de 1% relativamente ao mês da ocorrência da restituição ou compensação, por força do disposto no art. 39, § 4º, da Lei n° 9.250/95. Como se vê, houve uma falha quando da formalização da decisão em questão, visto que restou registrado apenas o conteúdo do voto vencido, sem que conste dos autos qualquer registro do conteúdo do voto vencedor. E, para que não reste qualquer dúvida de que o Relator restou vencido no presente caso, transcrevese a seguir o teor da data da sessão de julgamento em questão: Data:3/2/2010; Hora:14:00; Processo:108800181749739; Recurso:252770; Contribuinte: PILKINGTON BRASIL LTDA.; Colegiado:3301 PRIMEIRA TURMA TERCEIRA CÂMARA TERCEIRA SEÇÃO; Tipo Recurso: RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE; DRJ:3ª TURMA DRJ EM CAMPINAS SP Decisão: Pelo voto de qualidade, negouse provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Antônio Lisboa Cardoso, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Maria Tereza Martinez Lopez. Logo, denotase que a formalização do acórdão embargado encontrase em desacordo com o que dispõe o art. 63 do Regimento Interno do CARF, cujo teor colacionase a seguir: Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator Fl. 435DF CARF MF Processo nº 10880.018174/9739 Resolução nº 3301000.439 S3C3T1 Fl. 436 7 designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. § 1º Vencido o relator, na preliminar ou no mérito, o presidente designará para redigir o voto da matéria vencedora e a ementa correspondente um dos conselheiros que o adotar, o qual deverá ser formalizado no prazo de 30 (trinta) dias, contado da movimentação dos autos ao redator designado. Ora, não há como se ter conhecimento das razões do indeferimento do Recurso Voluntário interposto, sem que se tenha anexado aos autos o conteúdo do voto vencedor. Há, portanto, ausência de motivação da decisão recorrida, que precisa ser necessariamente sanada. Sendo assim, determino a remessa dos autos à Secretaria desta Câmara, para que esta providencie a juntada aos autos do voto vencedor do acórdão. De início, deverá ser verificada a eventual existência de algum registro do conteúdo do voto vencedor, anexandoo aos autos em caso positivo. Caso não haja, os autos deverão ser remetidos ao Presidente da presente Turma de Julgamento, para que seja designado redator ad hoc, para fins de formalização do referido voto vencedor, nos termos do que dispõe o art. 17 do Regimento Interno do CARF, in verbis: Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo colegiado e ainda: I presidir as sessões de julgamento; II determinar a ordem de assento dos conselheiros nas sessões, bem como garantir o assento ao Procurador da Fazenda Nacional à sua direita; III designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazêlo ou não mais componha o colegiado; (...) VII corrigir, de ofício ou por solicitação, erros de procedimento ou processamento; (Grifos apostos). Após, as partes deverão ser devidamente intimadas do seu conteúdo, reabrindo se o prazo legal para fins de interposição de recurso, em atendimento aos princípios constitucionais do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. É como voto. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 436DF CARF MF
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Numero do processo: 10835.000629/2001-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1996, 1997, 1998
PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Não há cerceamento do direito de defesa, alegado pelo fato do contribuinte ter obtido cópias dos autos somente após quinze dias da data da ciência do lançamento, pois teve a oportunidade de apresentar complementação à impugnação e não o fez até a data de julgamento. Improcedente também a alegada falta de descrição precisa dos fatos, quando o impugnante consegue contestar todos os elementos constantes do lançamento. Preliminar rejeitada.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Nos termos do art. 29, do Decreto nº 70.235/1972, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia e/ou diligência que entender desnecessário.
NORMAS PROCEDIMENTAIS. REFISCALIZAÇÃO. ARTIGO 149 CTN. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO DOS FATOS ENSEJADORES DA REVISÃO DA CONCLUSÃO FISCAL. IMPROCEDÊNCIA.
A revisão de lançamento fiscal somente poderá ser levada a efeito quando devidamente enquadrada no artigo 149, e incisos, do CTN, impondo, ainda, ao fiscal autuante a devida comprovação da ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes daquele dispositivo legal, em observância à segurança jurídica dos atos administrativos, bem como à ampla defesa e contraditório do contribuinte, sob pena de improcedência da autuação. O reexame de mesmo fato gerador, já devidamente contemplado por fiscalização anterior, em relação ao mesmo período, com a conseqüente constituição de crédito tributário exigindo diferenças de tributos não apurados na ação fiscal primitiva, representa por si só revisão de lançamento, independentemente da opção das formas/tipos de procedimentos adotados nas duas oportunidades.
REVISÃO DE LANÇAMENTO. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÃO.
O Relatório Fiscal da Notificação tem por finalidade demonstrar/explicitar de forma clara e precisa todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito tributário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e do contraditório, sobretudo quando decorrente de revisão de lançamento, com fulcro no artigo 149 do Códex Tributário.
IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. OCORRÊNCIA.
São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva.
IRPF. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO PELO PODER PÚBLICO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N° 42.
Não está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que possui imóvel alcançado por desapropriação pelo poder público, Súmula 42 do CARF.
Numero da decisão: 2401-005.040
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para: a) excluir o valor lançado no ano-calendário 1997; e b) excluir o imposto apurado sobre os valores advindos da desapropriação.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros:, Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1996, 1997, 1998 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não há cerceamento do direito de defesa, alegado pelo fato do contribuinte ter obtido cópias dos autos somente após quinze dias da data da ciência do lançamento, pois teve a oportunidade de apresentar complementação à impugnação e não o fez até a data de julgamento. Improcedente também a alegada falta de descrição precisa dos fatos, quando o impugnante consegue contestar todos os elementos constantes do lançamento. Preliminar rejeitada. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Nos termos do art. 29, do Decreto nº 70.235/1972, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia e/ou diligência que entender desnecessário. NORMAS PROCEDIMENTAIS. REFISCALIZAÇÃO. ARTIGO 149 CTN. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO DOS FATOS ENSEJADORES DA REVISÃO DA CONCLUSÃO FISCAL. IMPROCEDÊNCIA. A revisão de lançamento fiscal somente poderá ser levada a efeito quando devidamente enquadrada no artigo 149, e incisos, do CTN, impondo, ainda, ao fiscal autuante a devida comprovação da ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes daquele dispositivo legal, em observância à segurança jurídica dos atos administrativos, bem como à ampla defesa e contraditório do contribuinte, sob pena de improcedência da autuação. O reexame de mesmo fato gerador, já devidamente contemplado por fiscalização anterior, em relação ao mesmo período, com a conseqüente constituição de crédito tributário exigindo diferenças de tributos não apurados na ação fiscal primitiva, representa por si só revisão de lançamento, independentemente da opção das formas/tipos de procedimentos adotados nas duas oportunidades. REVISÃO DE LANÇAMENTO. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÃO. O Relatório Fiscal da Notificação tem por finalidade demonstrar/explicitar de forma clara e precisa todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito tributário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e do contraditório, sobretudo quando decorrente de revisão de lançamento, com fulcro no artigo 149 do Códex Tributário. IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. OCORRÊNCIA. São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. IRPF. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO PELO PODER PÚBLICO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N° 42. Não está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que possui imóvel alcançado por desapropriação pelo poder público, Súmula 42 do CARF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para: a) excluir o valor lançado no ano-calendário 1997; e b) excluir o imposto apurado sobre os valores advindos da desapropriação. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros:, Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não há cerceamento do direito de defesa, alegado pelo fato do contribuinte ter obtido cópias dos autos somente após quinze dias da data da ciência do lançamento, pois teve a oportunidade de apresentar complementação à impugnação e não o fez até a data de julgamento. Improcedente também a alegada falta de descrição precisa dos fatos, quando o impugnante consegue contestar todos os elementos constantes do lançamento. Preliminar rejeitada. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Nos termos do art. 29, do Decreto nº 70.235/1972, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia e/ou diligência que entender desnecessário. NORMAS PROCEDIMENTAIS. REFISCALIZAÇÃO. ARTIGO 149 CTN. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO DOS FATOS ENSEJADORES DA REVISÃO DA CONCLUSÃO FISCAL. IMPROCEDÊNCIA. A revisão de lançamento fiscal somente poderá ser levada a efeito quando devidamente enquadrada no artigo 149, e incisos, do CTN, impondo, ainda, ao fiscal autuante a devida comprovação da ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes daquele dispositivo legal, em observância à segurança jurídica dos atos administrativos, bem como à ampla defesa e contraditório do contribuinte, sob pena de improcedência da autuação. O reexame de mesmo fato gerador, já devidamente contemplado por fiscalização anterior, em relação ao mesmo período, com a conseqüente constituição de crédito tributário exigindo diferenças de tributos não apurados na ação fiscal primitiva, representa por si só revisão de lançamento, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 00 06 29 /2 00 1- 80 Fl. 612DF CARF MF 2 independentemente da opção das formas/tipos de procedimentos adotados nas duas oportunidades. REVISÃO DE LANÇAMENTO. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÃO. O Relatório Fiscal da Notificação tem por finalidade demonstrar/explicitar de forma clara e precisa todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito tributário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e do contraditório, sobretudo quando decorrente de revisão de lançamento, com fulcro no artigo 149 do Códex Tributário. IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. OCORRÊNCIA. São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. IRPF. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO PELO PODER PÚBLICO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N° 42. Não está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que possui imóvel alcançado por desapropriação pelo poder público, Súmula 42 do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 3 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, darlhe provimento parcial para: a) excluir o valor lançado no anocalendário 1997; e b) excluir o imposto apurado sobre os valores advindos da desapropriação. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros:, Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 614DF CARF MF 4 Relatório RUI FURLAN, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrado o Auto de Infração abaixo declinado, concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente de acréscimo patrimonial a descoberto e da omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos, em relação aos anoscalendário 1996 a 1998, conforme Termo de Verificação Fiscal, às efls. 340/350, e demais documentos que instruem o processo, consubstanciados no AI às efls. 360/366. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 17/04/2001, nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: a) ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, onde verificouse o excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados. b) OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS. Após regular processamento, interposta impugnação, contra exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do feito, a autoridade julgadora de primeira instância achou por bem julgar procedente em parte o lançamento, afastando parte do crédito tributário. Regularmente intimado e inconformado com a Decisão recorrida, o autuado apresentou Recurso Voluntário, às efls. 514/548, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, aduz preliminarmente ser indevido o lançamento em relação ao anocalendário 1997 devendo ser cancelado pelo fato de já ter sido objeto de fiscalização no ano de 1999, pois não é permitida a abertura de fiscalização para um mesmo ano e atinente a mesma matéria já apreciada e considerada regular. Ainda em caráter preliminar, pugna pela nulidade da decisão de primeira instância, por entender que houve cerceamento de defesa, na medida em que o processo só estava disponível no órgão da Receita em 09/05/2001, data esta na qual obteve cópia dos autos, enquanto a ciência do lançamento se deu em 24/04/2001, além de alegar imprecisão e incoerência na descrição de diversos fatos, acarretando o cerceamento de defesa, renovando o pedido nesta oportunidade. Também em sede de preliminar, solicita a conversão do julgamento em diligência, no sentido de serem efetuadas as retificações dos demonstrativos para deles constarem no mês de Janeiro de cada ano os saldos disponíveis nos meses de Dezembro de cada anocalendário objeto do lançamento, bem como excluir os valores a título de dispêndios não provadas nos autos. Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 4 5 Em relação ao mérito, insurgese contra a pretensão fiscal, sobretudo quanto ao acréscimo patrimonial a descoberto, sustentando que a fiscalização não considerou como recursos/origem os saldos disponíveis dos meses de dezembro de 1995 a 1997, uma vez que analisados esses valores, não haverá acréscimo patrimonial a descoberto. Alega também ter o fiscal elaborado erroneamente os demonstrativos de evolução patrimonial, porquanto esses devem ser confeccionados de forma anual e não mensal como procedeu o auditor fiscal. Esclarece que o questionado acréscimo patrimonial a descoberto não serviu de base para aumentar o seu efetivo patrimônio, constituído de bens e direitos, e, portanto, se não há aumento de riqueza não há o que tributar. Quanto ao ganho de capital na alienação de imóvel rural, argumenta não ter ocorrido efetiva alienação sujeita a apuração de ganho de capital, pois houve na realidade uma desapropriação amigável, razão pela qual se apresenta inconstitucional e indevida a classificação como ganho de capital o resultado obtido com a perda da propriedade por desapropriação, nos termos do artigo 3°, §3° da Lei n° 7.713/88. Em defesa de sua pretensão, colaciona jurisprudência do STJ e do antigo Conselho de Contribuintes. Esclarece, ainda, que não apurou ganho de capital porque considerou o valor de aquisição do DIAT, nos termos do artigo 8° da IN SRF n° 48/1998, e não houve DIAT do ano de alienação pois a CESP daria destinação ao imóvel diversa de atividade rural, conforme documento à fl. 218. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para preliminarmente decretar a nulidade do Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. Após, regular processamento do feito, em 20 de setembro de 2016, foi proposta resolução por este Nobre Conselheiro Relator, acatada pela unanimidade do Colegiado, às efls 568/573, in verbis: Nestes termos, não podemos olvidar da existência de refiscalização e/ou revisão de lançamento/conclusões fiscais, o que exige a análise da observância dos pressupostos legais para tanto, sobretudo em face da necessária segurança jurídica do ato administrativo, razão pela qual impõese converter o julgamento em diligência para que o fiscal autuante esclareça as seguintes indagações: 1) Na ação fiscal realizada em 1999, pertinente ao ano calendário 1997, foram analisados os mesmos fatos geradores da presente autuação? 2) Na ação fiscal procedida em 1999, relativamente ao ano calendário 1997, foram exigidos e entregues os mesmos documentos solicitados e fornecidos pela contribuinte nesta última fiscalização? 3) Caso haja correlação entre os fatos geradores fiscalizados e os documentos colocados a disposição do fisco nas duas fiscalizações, qual a razão que levou a autoridade lançadora a Fl. 616DF CARF MF 6 alterar o entendimento inicial pela inexistência de crédito tributário a ser constituído? Por todo o exposto, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO E CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos termos encimados, devendo ser oportunizado à contribuinte se manifestar a respeito do resultado da diligência no prazo de 30 (trinta) dias, se assim entender por bem. Em resposta a diligência encimada, a autoridade administrativa elaborou um relatório fiscal às efl. 586/588, informando o seguinte: 1) Na ação fiscal realizada em 1999, pertinente ao ano calendário 1997, foram analisados os mesmos fatos geradores da presente autuação? Resposta: SIM; 2) Na ação fiscal procedida em 1999, relativamente ao ano calendário 1997, foram exigidos e entregues os mesmos documentos solicitados e fornecidos pela contribuinte nesta última fiscalização? Resposta: SIM 3) Caso haja correlação entre os fatos geradores fiscalizados e os documentos colocados a disposição do fisco nas duas fiscalizações, qual a razão que levou a autoridade lançadora a alterar o entendimento inicial pela inexistência de crédito tributário a ser constituído: Para responder a este quesito e em complemento aos anteriores elaborei a planilha abaixo: [...] Esclareçase a princípio que para cada Mês há duas colunas: Plan 1. trata da planilha (fls. 324 a 330) utilizada neste processo, o que está em julgamento (processo 10835.000629/200180); Plan. 2 – planilhas utilizadas no processo 10835.001500/9911 (fls. 82 a 128 processo está apensado ao primeiro). Acredito (pois, os autores envolvidos não se encontram em exercício nesta DRF: uns se aposentaram e outros estão em exercícios em outras unidades) que o motivo para a reabertura da fiscalização tenha sido o fato de poder ter havido alguma incorreção quando da elaboração da planilha para apuração (Plan.2) de “variação patrimonial a descoberto”. Conforme se verifica as diferenças de valores substanciais encontramse na linha: empr. recebidos (total dispêndios/aplicações). No documento com informações dos Saldos mensais de dívidas e ônus reais (fls. 100) , temse os valores utilizados na elaboração das planilhas. Enquanto na Plan 1 os valores de empr. recebidos (recursos) de um mês é incluído nos dispêndios do mês seguinte, na Plan. 2 – não há esta inclusão, o que levou à inexistência de “variação patrimonial a descoberto”. Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 5 7 Após retorno ao Egrégio Conselho, os autos retornaram a minha relatoria e conseguinte inclusão em pauta. É o relatório. Fl. 618DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo a examinar as alegações recursais. Conforme já relatado, contra o contribuinte em epígrafe, foi lavrado o Auto de Infração às fls. 176183 relativo ao Imposto de Renda da Pessoa Física, anoscalendário 1996, 1997 e 1998, respectivamente, exercícios 1997, 1998 e 1999, que lhe exige crédito tributário no montante de R$ 126.143,56, sendo R$ 52.345,48 referentes a imposto, R$ 39.259,10 a multa de oficio e R$ 34.538,98 a juros de mora (calculados até 30/03/2001). DA PRELIMINAR DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA O Recorrente pugna pela nulidade da decisão de primeira instância, por entender que houve cerceamento de defesa, na medida em que o processo só estava disponível no órgão da Receita em 09/05/2001, data esta na qual obteve cópia dos autos, enquanto a ciência do lançamento se deu em 24/04/2001, além de alegar imprecisão e incoerência na descrição de diversos fatos, acarretando o cerceamento de defesa, renovando o pedido nesta oportunidade. No mesmo quesito, também alega a falta de coerência dos termos lavrados pela fiscalização, bem como que não houve a descrição precisa dos fatos. Entendo que não ocorreu cerceamento ao direito de defesa, sobretudo porque o contribuinte conseguiu apresentar claramente sua contestação aos pontos em que discordou do Auto de Infração, ficando claro que não houve imprecisão na descrição dos fatos, consoante relatório fiscal às fls. 170/175. No tocante A. solicitação de reabertura do prazo de 30 dias, por entender que teve prejuízo quanto ao prazo para impugnação, o deferimento seria meramente de caráter protelatório, visto ao tempo já decorrido sem que o contribuinte tenha apresentado qualquer aditamento à impugnação ora sob análise, e ainda, pelo fato do contribuinte ter recebido, juntamente com o Auto de Infração em si, o Termo de Verificação Fiscal, e todos os Demonstrativos, conforme se atesta no Aviso de Recebimento (AR), que se encontra à fl. 184, sendo que os demais elementos constantes do processo são documentos provenientes do próprio contribuinte. Pelo exposto, rejeito a preliminar de cerceamento do direito de defesa. DA PRELIMINAR PEDIDO DE DILIGÊNCIA Também em sede de preliminar, solicita a conversão do julgamento em diligência, no sentido de serem efetuadas as retificações dos demonstrativos para deles constarem no mês de Janeiro de cada ano os saldos disponíveis nos meses de Dezembro de cada anocalendário objeto do lançamento, bem como excluir os valores a título de dispêndios não provadas nos autos. Vale salientar que a demanda retornou de diligência nos termos propostos por este Relator, não havendo em se falar em nova conversão, uma vez que, como passaremos a demonstrar, no entendimento deste, não há necessidade de uma nova conversão. Portanto, não merece acolhimento a suscitada preliminar. DO MÉRITO REFISCALIZAÇÃO (ANOCALENDÁRIO 1997) Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 6 9 Em suas razões recursais, pretende a recorrente a reforma da decisão recorrida, a qual manteve a exigência fiscal em sua plenitude, aduzindo ser indevido o lançamento em relação ao anocalendário 1997 devendo ser cancelado pelo fato de já ter sido objeto de fiscalização no ano de 1999, pois não é permitida a abertura de fiscalização para um mesmo ano e atinente a mesma matéria já apreciada e considerada regular. Apesar de ter sido ventilada em sede preliminar, no entendimento deste Conselheiro, a matéria tratase de mérito, o qual passaremos a analise: Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o pleito do contribuinte deve ser acolhido, uma vez que, de fato, a autoridade lançadora não logrou comprovar os motivos que dariam ensejo à revisão do lançamento anterior já devidamente consolidado, não obstante o esforço dispensado neste sentido. Consoante se positiva dos autos, constatase que a exigência fiscal em comento decorre de procedimento de refiscalização do autuado, em observância à recomendação do Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Presidente Prudente/SP. Entrementes, o ilustre auditor fiscal ao lançar os tributos ora exigidos, mais precisamente em seu Relatório Fiscal, não comprovou de forma clara e precisa os motivos que deram suporte à revisão de lançamento, trazendo à colação simplesmente a autoria e as razões para as infrações, deixando de atender o pressuposto de tal procedimento, qual seja, a efetiva comprovação de uma das hipóteses do artigo 149 do Código Tributário Nacional, cerceando, igualmente, o direito de defesa do contribuinte que, ao oferecer sua impugnação e recurso voluntário, não teve conhecimento pleno das verdadeiras razões da refiscalização e conseqüente revisão de lançamento. Como se sabe, o ato administrativo deve ser fundamentado, ou seja, motivado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e congruente, os fatos e dispositivos legais que lhe suportaram, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de insubsistência do lançamento. Ademais, tratandose de revisão de lançamento, que tem natureza de excepcionalidade (foge à regra), com mais razão o procedimento levado a efeito pelo fisco deve estar devidamente motivado, tendo em vista os limites e condições impostos pela legislação de regência para tal conduta fiscal. Observese, que referido procedimento encontra respaldo no artigo 149 do Códex Tributário, o qual traz em seu bojo várias hipóteses que podem determinar a revisão de lançamento, como segue: “Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; Fl. 620DF CARF MF 10 IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior: IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuo, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade essencial. Parágrafo Único A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.” Como se verifica, o dispositivo legal encimado elenca uma infinidade de motivos que podem ensejar a revisão do lançamento, impondo a cada um deles a devida comprovação, por parte da autoridade fiscal, de sua efetiva ocorrência, tornando possível/válido tal procedimento, o que não se vislumbra no caso sub examine. Não bastasse isso, para que produza seus efeitos legais, deve, ainda, o artigo 149 do CTN, ser interpretado cumulativamente com o artigo 145, inciso III, do mesmo Diploma legal, que assim preceitua: “Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: [...] III – iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.” Na hipótese dos autos, constatase que o nobre fiscal autuante, ao constituir o crédito referente ao imposto de renda, a partir de procedimento de revisão de lançamento, inobstante a necessidade de interpretação conjunta das normas legais encimadas, sequer inscreveu e/ou informou o artigo supracitado (149 e incisos), para dar suporte ao lançamento ora guerreado, reforçando a fragilidade do feito. Nessa esteira de entendimento, é de bom alvitre esclarecer que não basta o fiscal autuante consignar no Relatório Fiscal e/ou MPF o documento da lavra de autoridade superior determinando a refiscalização e/ou revisão de lançamento (in casu, CI N° 40/00 do Delegado da RFB), ou mesmo o artigo utilizado como fundamento àquela empreitada (o que também não fez), tendo em vista não ter o condão de motivar o lançamento, de forma a torná lo válido, devendo haver a efetiva comprovação de uma das situações previstas no artigo 149 do CTN, sob pena de cerceamento do seu direito de defesa do contribuinte, não lhe oferecendo, igualmente, a segurança jurídica, que deve nortear os atos da administração. Mais a mais, o documento encimado (CI N° 40/00 do Delegado da Delegacia da Receita Federal em Presidente Prudente/SP), determina tão somente o reexame de período já fiscalizado, ou seja, a refiscalização, que não pode ser confundida com revisão de lançamento. Com efeito, a revisão do lançamento anteriormente efetuado, objeto do reexame, somente Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 7 11 poderá ser procedida quando restar comprovada uma das hipóteses permissivas constantes na legislação pertinente. Em outras palavras, existindo ordem expressa da autoridade fiscal competente, o fisco poderá refiscalizar/reexaminar períodos já fiscalizados quantas vezes entender necessárias. Porém, a revisão do lançamento anterior, ou melhor, a exigência de diferenças relativas a períodos já fiscalizados, objetos de lançamento pretérito, somente deverá ser efetuada quando encontrar sustentáculo na norma legal que regulamenta a matéria, artigo 149 do CTN, o qual impõe a comprovação da ocorrência das hipóteses insculpidas em seus incisos, o que não se constata no caso vertente. De igual forma, referida omissão impossibilita que as autoridades julgadoras tenham conhecimento pleno de todos os fatos motivadores do lançamento, com a finalidade de formar sua livre convicção quanto à regularidade do feito, notadamente quando é cediço que, tratandose de erro de direito na autuação anterior, não poderá haver a revisão do lançamento. Nessa toada, a indicação clara e precisa dos fatos que fundamentaram a revisão do lançamento, devidamente comprovados, com a respectiva motivação na norma legal (artigo 149 do CTN), é condição sine qua non à validade do ato administrativo sub examine. Ou seja, deve haver a perfeita subsunção da norma ao fato. Destarte, ao proceder de forma omissa, deixando de demonstrar e comprovar no Relatório Fiscal os motivos que levaram o fisco a promover a revisão do lançamento, na forma que determina a legislação tributária, o ilustre fiscal autuante incorreu em vício insanável, capaz de determinar a improcedência do feito. A doutrina pátria não discrepa deste entendimento, conforme preleciona Alberto Xavier em sua obra “Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro”, de onde pedimos vênia para transcrever o seguinte excerto a respeito do tema, in verbis: “[...] Tanto o ato de lançamento de ofício por revisão da declaração, quanto o ato de revisão de ofício (como todo o ato administrativo que afete direito e interesses do cidadão) devem ser fundamentados, isto é, devem indicar as razões de fato e de direito em que se baseiem, demonstrando a ocorrência dos pressupostos de fato para a sua realização, previstos em lei. Assim, não será válido lançamento de ofício que não demonstre que a declaração ou esclarecimento não foram prestados ou foram recusados, ou que ocorreu falsidade, erro ou omissão nos elementos declarados. Como também não será válida revisão de lançamento que não demonstre a existência de fraude, vício de forma ou erro de fato.” (Do Lançamento No Direito Tributário Brasileiro – Xavier, Alberto – 3ª Edição – Rio de Janeiro: Forense, 2005, pág. 254) (grifamos) Ainda a propósito da matéria, justificando a necessidade de motivação da refiscalização, aquele mesmo doutrinador assim se manifesta: “ CAPÍTULO II OS LIMITES DO PODER DE REVISÃO DO LANÇAMENTO O tema da revisão do lançamento por iniciativa de ofício da autoridade administrativa envolve a ponderação de um conflito latente entre o princípio da legalidade – favorável à eliminação Fl. 622DF CARF MF 12 da ilegalidade que tenha afetado o ato primário de lançamento – e o princípio da segurança jurídica – favorável à estabilidade pública. Ora, se é certo que a restauração da legalidade violada, pela revisão do ato ilegal, reclama o afastamento de limites que a impeçam ou dificultem, também é verdade que a inexistência desses limites geraria para os particulares intoleráveis situações de incerteza, submetendoos, porventura de surpresa, a uma pluralidade de novas definições da mesma situação jurídica, por ato da mesma autoridade ou de autoridade distinta, num re exercício ilimitado do seu poder de lançar. [...]” Por sua vez, a jurisprudência administrativa, igualmente, corrobora a pretensão da contribuinte, consoante se infere do julgado da lavra do eminente Presidente da 2ª Câmara do 2º Conselho, Antonio Carlos Atulim, à época Conselheiro da 1ª Câmara, assim ementado: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADES. CERCEAMENTO DE DEFESA. A apresentação de impugnação e de recurso voluntário com argumentação robusta e esquematizada por tópicos desautoriza a alegação de cerceamento do direito de defesa. PIS. REEXAME DE PERÍODO FISCALIZADO. REVISÃO DE LANÇAMENTO. Inexistindo no auto de infração motivação expressa, tanto para o reexame de período anterior como para a exigência de diferenças que deixaram de ser lançadas na ocasião, excluise o crédito tributário exigido em decorrência da revisão de lançamento anterior. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretensão fazendária. BASE DE CÁLCULO. RECUPERAÇÕES DE DESPESAS. Só constituem exclusões da base de cálculo da contribuição as recuperações de despesas que não constituam novos ingressos na contabilidade da pessoa jurídica, a teor do art. 3º, § 2º, II, da Lei nº 9.718/98. DESCONTOS INCONDICIONAIS. Só constituem exclusões da base de cálculo da contribuição os descontos concedidos de maneira incondicional, a teor do art. 3º, § 2º, I, da Lei nº 9.718/98. Recurso provido em parte.” (1ª Câmara do 2º Conselho, Recurso nº 126.730, Acórdão nº 20178.207, Sessão de 22/02/2005) (grifamos) Ainda em relação a matéria, em recente assertiva, a 1° Turma Ordinária da 2° Câmara da 1° Seção de Julgamento, igualmente como encimado, corrobora a pretensão da contribuinte, consoante se infere do Acórdão n° 1201001.687, assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008 Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 8 13 ARTIGO 149 DO CTN. REFISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DA AUTUAÇÃO. A revisão de lançamento fiscal somente é cabível no caso da fiscalização fundamentar e motivar a ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes do artigo 149 do CTN, sob pena de improcedência do Auto de Infração. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. ERRO DE DIREITO. VEDAÇÃO. É vedada à administração pública o reexame de matéria e período já fiscalizados com base na mudança de critério jurídico e/ou erro de direito. IRPJ. TRIBUTAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR. PRESUNÇÃO SIMPLES. ILEGALIDADE. É ilegal o lançamento de IRPJ feito com base na presunção simples de existência de lucro no exterior, apurado com base na receita de equivalência patrimonial registrada por empresa do grupo com base em balanço intermediário levantado em 30/11 para efeito de incorporação. Como se observa, a própria administração pública estabeleceu limites ao poder de revisão de seus atos, impondo a verdadeira comprovação de uma das possibilidades inscritas no artigo 149 do CTN, sob pena de estabelecerse uma imensa insegurança jurídica por parte do contribuinte em relação aos atos praticados pelo Poder Público, objetivando, da mesma forma, preservar o ato praticado pelo agente fiscal anteriormente. Com efeito, os atos administrativos, consoante se infere dos artigos 2º e 50, da Lei nº 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito do INSS, devem obedecer o princípio da segurança jurídica, bem como ser motivados, como segue: “Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.” Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e fundamentos jurídicos [...] §1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente [...]” A corroborar esse entendimento, o artigo 53 do mesmo Diploma legal, assim dispõe: “Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogálos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direito adquiridos.” No presente caso, a ilustre autoridade lançadora, ao promover o lançamento, a partir do procedimento de refiscalização, inobservou ao menos 04 (quatro) dos princípios inscritos no artigo 2º da Lei nº 9.784/99, eis que deixou de motivar o lançamento, em total Fl. 624DF CARF MF 14 afronta ao direito da ampla de defesa e contraditório da contribuinte, ferindo, igualmente, a segurança jurídica que deve nortear os atos administrativos. Registrese, por fim, que o Relatório Fiscal tem por finalidade demonstrar/explicar, resumidamente, como procedeu o fisco na constituição do crédito previdenciário, bem como os motivos que lhe deram suporte, devendo, dessa forma, ser claro e preciso relativamente aos procedimentos adotados pela fiscalização ao promover o lançamento, mormente tratandose de revisão de lançamento, concedendo ao contribuinte conhecimento pleno dos motivos ensejadores da notificação, possibilitandolhe o amplo direito de defesa. Importantíssimo salientar que em resposta a diligência, a autoridade fiscal afirmou que foram analisados os mesmos fatos geradores e documentos da oportunidade anterior, formulando ainda planilha apontando eventuais diferenças nas conclusões, no entanto em nenhum momento explicitando qualquer requisito do artigo 149 da CLT. Nesse contexto, deve ser declarada a improcedência do feito quanto a este anocalendário, em observância a legislação de regência, mas precisamente dos artigos do CTN e da Lei n° 9.784 encimados, uma vez que as omissões apontadas contaminam a exigência fiscal decorrente de procedimento de revisão de lançamento, tornandoa precária, não lhe oferecendo certeza ou liquidez, principalmente pelo fato de se mostrar insanável e ferir o princípio da segurança jurídica. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL SOBRA DE SALDO Insurgese contra a pretensão fiscal, sobretudo quanto ao acréscimo patrimonial a descoberto, sustentando que a fiscalização não considerou como recursos/origem os saldos disponíveis dos meses de dezembro de 1995 a 1997, uma vez que analisados esses valores, não haverá acréscimo patrimonial a descoberto. Alega também ter o fiscal elaborado erroneamente os demonstrativos de evolução patrimonial, porquanto esses devem ser confeccionados de forma anual e não mensal como procedeu o auditor fiscal. Esclarece que o questionado acréscimo patrimonial a descoberto não serviu de base para aumentar o seu efetivo patrimônio, constituído de bens e direitos, e, portanto, se não há aumento de riqueza não há o que tributar. Quanto a este questionamento no sentido de que não foram considerados os saldos de dezembro dos anos anteriores na composição para a verificação do acréscimo patrimonial, diferentemente do que ocorre nos outros meses do ano, a situação patrimonial do contribuinte no dia 31 de dezembro é espelhada pela declaração de bens integrante da declaração de ajuste anual. Assim, se do fluxo financeiro efetuado pela autoridade fiscal para fins de análise da evolução patrimonial, restarem recursos nos meses de janeiro a novembro, devem eles, por ausência de previsão legal para declaração de bens mensal, ser considerados no inicio do mês posterior como origem de recursos. Já no caso do mês de dezembro, consideram se como origem de recursos para o ano posterior, os saldos constantes da declaração de bens comprovados no procedimento fiscal. Se o contribuinte deixou de declarar valores que compunham o seu patrimônio em 31 de dezembro e que restarem evidenciados pela análise da evolução patrimonial, incumbe a ele a prova da sua existência, visto ser sua a obrigação original de declarálos. Na ausência de prova da permanência dos recursos resultantes da análise da evolução patrimonial no patrimônio do contribuinte ao final do anocalendário, não resta ao Fisco outra alternativa senão a de presumilos consumidos, que foi o procedimento adotado pela autoridade fiscal. ALIENAÇÃO DESAPROPRIAÇÃO Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 9 15 Quanto ao ganho de capital na alienação de imóvel rural, argumenta não ter ocorrido efetiva alienação sujeita a apuração de ganho de capital, pois houve na realidade uma desapropriação amigável, razão pela qual se apresenta inconstitucional e indevida a classificação como ganho de capital o resultado obtido com a perda da propriedade por desapropriação, nos termos do artigo 3°, §3° da Lei n° 7.713/88. Em defesa de sua pretensão, colaciona jurisprudência do STJ e do antigo Conselho de Contribuintes. Esclarece, ainda, que não apurou ganho de capital porque considerou o valor de aquisição do DIAT, nos termos do artigo 8° da IN SRF n° 48/1998, e não houve DIAT do ano de alienação pois a CESP daria destinação ao imóvel diversa de atividade rural, conforme documento à fl. 218. Como se verifica do documento de efls.186/198, área de propriedade do recorrente foi desapropriada para formação da Bacia de Acumulação da Usina Hidroelétrica de Porto Primavera, cuja construção está a cargo da expropriante CESP Companhia Energética de São Paulo. Quanto a matéria, peço vênia, para adotar como razões de decidir o voto da lavra da Ilma. Conselheira Dra. Ana Paula Fernandes, condutor do Acórdão 9202003.772, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, o qual transcrevo: De fato, o imposto sobre a renda, como o próprio nome está a indicar, incide sobre a renda ou proventos de qualquer natureza assim entendidos os acréscimos patrimoniais que decorrem de algo preexistente: a fonte produtora (art. 43, I e II do CTN). Todavia, na desapropriação não há ato de alienação que possa dar margem ao ganho de capital. Na desapropriação surge a justa e prévia indenização em dinheiro (art. 5°, XXIV, da CF) para recompor o patrimônio desfalcado pelo poder público. Observo atentamente que o acórdão recorrido explicita que deixou de aplicar a isenção prevista no diploma constitucional, pelo fato de que o decreto de desapropriação anexado aos autos, não tinha como objeto Reforma Agrária, mas sim para fins de utilidade pública, como melhoramento de vias e logradouros públicos, execução de planos de urbanização, e/ou ampliação do campo de pouso para aeronaves. A jurisprudência acerca da matéria também é farta, tanto que no RESP 111.6460 em sede de repetitivo de controvérsia, o ministro Fux exacerba que o STJ já firmou jurisprudência no sentido da nãoincidência da cobrança sobre as verbas auferidas a título de indenização oriunda de desapropriação, seja por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, por não representar acréscimo patrimonial. Ou seja, ele deixa claro que o que importa é que se trate de desapropriação, não importando a qual título. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. IMPOSTO DE RENDA. INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE DESAPROPRIAÇÃO. VERBA INDENIZATÓRIA. NÃOINCIDÊNCIA. Fl. 626DF CARF MF 16 VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. A incidência do imposto de renda tem como fato gerador o acréscimo patrimonial (art. 43, do CTN), sendo, por isso, imperioso perscrutar a natureza jurídica da verba percebida, a fim de verificar se há efetivamente a criação de riqueza nova: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Isto porque a tributação ocorre sobre signos presuntivos de capacidade econômica, sendo a obtenção de renda e proventos de qualquer natureza um deles. 2. Com efeito, a Constituição Federal, em seu art. 5º, assim disciplina o instituto da desapropriação: "XXIV a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;" 3. Destarte, a interpretação mais consentânea com o comando emanado da Carta Maior é no sentido de que a indenização decorrente de desapropriação não encerra ganho de capital, porquanto a propriedade é transferida ao poder público por valor justo e determinado pela justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas mera reposição do valor do bem expropriado. 4. "Representação. Argüição de Inconstitucionalidade parcial do inciso ii, do parágrafo 2., do art. 1., do Decretolei Federal n. 1641, de 7.12.1978, que inclui a desapropriação entre as modalidades de alienação de imóveis, suscetíveis de gerar lucro a pessoa física e, assim, rendimento tributável pelo imposto de renda. Não há, na desapropriação, transferência da propriedade, por qualquer negócio jurídico de direito privado. Não sucede, aí, venda do bem ao poder expropriante. Não se configura, outrossim, a noção de preço, como contraprestação pretendida pelo proprietário, 'modo privato'. O 'quantum' auferido pelo titular da propriedade expropriada é, tão só, forma de reposição, em seu patrimônio, do justo valor do bem, que perdeu, por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social. Tal o sentido da 'justa indenização' prevista na Constituição (art. 153, parágrafo 22). Não pode, assim, ser reduzida a justa indenização pela Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10835.000629/200180 Acórdão n.º 2401005.040 S2C4T1 Fl. 10 17 incidência do imposto de renda. Representação procedente, para declarar a inconstitucionalidade da expressão 'desapropriação', contida no art. 1., parágrafo 2., inciso ii, do decretolei n. 1641/78. (Rp 1260, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, TRIBUNAL PLENO, julgado em 13/08/1987, DJ 18111988) 4. In casu, a ora recorrida percebeu verba decorrente de indenização oriunda de ato expropriatório, o que, manifestamente, consubstancia verba indenizatória, razão pela qual é infensa à incidência do imposto sobre a renda. 5. Deveras, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmouse no sentido da nãoincidência da exação sobre as verbas auferidas a título de indenização advinda de desapropriação, seja por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, porquanto não representam acréscimo patrimonial. 6. Precedentes: AgRg no Ag 934.006/SP, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS, DJ 06.03.2008; REsp 799.434/CE, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, DJ 31.05.2007; REsp 674.959/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, DJ 20/03/2006; REsp 673273/AL, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJ 02.05.2005; REsp 156.772/RJ, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 04/05/98; REsp 118.534/RS, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 19/12/1997. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Independentemente da finalidade da desapropriação, importante firmar que ela se dá por ato do Poder Público, portanto, por ato de vontade externa ao contribuinte no intuito de atender ao interesse de toda coletividade. Se o contribuinte opta por fazêla de modo amigável ou não, o que importa é que o tenha feito com base em decreto de desapropriação, a fim de formalizar o ato em si, e diferenciálo de uma simples negociação de compra e venda. Insta aqui salientar que o § 2º, do art. 27 da lei básica da desapropriação, Decreto lei n.° 3.365/41, não está derrogado pela lei de imposto de renda e dispõe que: "na transmissão de propriedade, decorrente de desapropriação amigável ou judicial, não ficará sujeita ao imposto de lucro imobiliário”. Além das razões encimadas, a jurisprudência uníssona é no posicionamento pela não incidência do imposto de renda em casos de desapropriação, tendo tais posicionamentos, inclusive, motivado a elaboração da Súmula CARF n° 42, de aplicação obrigatória por parte dos Conselheiros deste Tribunal, in verbis: Fl. 628DF CARF MF 18 CARF Súmula n° 42: Não incide imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação. Desse modo, observados os dispositivos legais aplicáveis ao caso, corroborados pelas provas dos autos, afasto a aplicação de imposto de renda por ganho de capital sobre os valores advindos da desapropriação. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em desacordo parcial com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para: a) declarar a improcedência do feito quanto ao anocalendário 1997, em observância a legislação de regência, mas precisamente dos artigos do CTN, das Leis 8.212/91 e 9.784 encimados, uma vez que as omissões apontadas contaminam a exigência fiscal decorrente de procedimento de revisão de lançamento; e b) afastar a aplicação de imposto de renda por ganho de capital sobre os valores advindos da desapropriação, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 629DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10845.007212/91-13
Turma: Primeira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Sep 19 00:00:00 UTC 1996
Numero da decisão: 108-00.087
Decisão: RESOLVEM os Membros da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora
Nome do relator: Maria do Carmo S.R. de Carvalho
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RECURSO N°. MATÉRIA RECORRENTE RECORRIDA SESSÃO DE RESOLUÇÃO N°.: 10845-007.212/91-13 82.810 PISIFATURAMENTO - EXS.: DE 1986 a 1991 CONECTORES E SISTEMAS LTDA. DRF EM SANTOS - SP 19 DE SETEMBRO DE 1996 108-00.087 R E S O L U çà O N°.: 108-00.087 • Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por CONECTORES E SISTEMAS LTDA. RESOLVEM os Membros da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora. l..4NOV 1996 -, PROCESSO N°.: 10845-007.212/91-13 RESOLUÇÃO: N°.: 108-00.087 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JOSÉ ANTÔNIO MINATEL, PAULO IRVIN DE CARVALHO VIANNA, OSCAR LAFAIETE DE ALBUQUERQUE LIMA, RENATA GONÇALVES PANTOJA, MÁRIo JUNQUEIRA FRANCO JÚNIOR e LUIZ ALBERTO CAVA MACEIRA. 2 , , PROCESSONO, ACÓRDÃO N°. RECURSO N°. RECORRENTE MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES : 10845-007212/91-13 : 108-00.087 :82.810 : CONECTORES E SISTEMAS LIDA. RELATÓRIO • CONECTORES E SISTEMAS LIDA, já qualificada nos autos, apresenta recurso voluntário a este Egrégio Conselho de Contribuintes contra a decisão do Chefe Subst. da DIVTRIda Delegacia da Receita Federal em Santos, que julgou parcialmente procedente, as razõesde impugnação apresentadas às fls. 12175. A matéria em litígio trata,.se de PIS-faturamento cobrado através do auto de infraçãode fl. O1e seus anexos, onde estão discriminados os períodos de apuração, a alíquota aplicada, os demonstrativos de juros e multa e '0 artigo da lei infringido. A descrição dos fatos - documento .de fl. 09 - informa que noséXames procedidos nos documentos que 'compõemacontabilidade da empresa foi deteetadaa falta e/ou .'",", "insuficiênciado recolhimento da Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS'e que este trabalho fundamentou-se nos elementos da escrituração fiscal, DCTF'se DARF's, 40 período fiscalizado. PROCESSON°. ACÓRDÃO N°. MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES : 10845-007212/91-13 : 108-0 O • O 8 7 .' • A fiscalização recebe os autos para análise da impugnação interposta e, em diligência, reintima a contribuinte a apresentar as fotocópias das folhas do Registro de Apuração do IPI referente ao período fiscalizado, os DARF'soriginaisou fotocópias dos códigos 3885 - PIS -que comprovassem o efetivo recolhimento da Contribuição. Não foram apresentados os DARF'scomaalegação de extravio e que a constatação dos pagamentos foi verificada através dos lançamentos no Livro Diário. Apresenta para fins de prova -dospagamentos efetuados os mapas demonstrativos dos fatos alegados. Coma finalidade de instruir os autos, a Repartição apresenta o extrato de conta corrente .•.documentode fis.81185,comprovandoos pagamentos efetivamente 'efetuados pela impugnante e novamente a reintimasolicitando um demonstrativo do recolhimento da Contribuição, esclarecendo que'e as informações solicitadas deverão ser extraídas do livro Diário. =documentode fis.87. O relatório solicitadoencontra~se acostado aos autos às fis.89/92. Dos pagamentos que a empresa assegura ter efetuado, apenas um encontra-se com recolhimento confirmado, de acordo com as informações contidas na PAPELETA DE COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO -documento de fi. 94. Com base nestas informações o Auditor Fiscal ,autuante elaborou a informação fiscal de fi. 96, propondo a manutenção parcial do auto de infração impugnado excluindo-se da peça principal as parcelas comprovadamente quitadas. .-'.' ' manutenção do lançamento. rincipal, a autoridade monocrática acata a proposta de • PROCESSO~. ACÓRDÃO N°. MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES : 10845-007212/91-13 : 108-0 O . O8 7 • Irresignada com a decisão "a quo", a contribuinte apresenta recuTSovoluntário a este Egrégio Conselho de Contribuintes, ratificando as -alegações apresentadas na peça impugnatóriaque se referem às notas fiscais de saídas para simples remessa, das quais apensa inúmeras cópias relativas aos periodos-be fiscalizados, para fins de prova. É o Relatório. '. PROCESSO N°.ACÓRDÃO~. 10845-007.212/91-13108-00.087 v O T O • • • Como razões da impugnação e ratificadas na peça recursal, a maioria das notas de saída, como alegadas pela contribuinte não se referem a faturamento da empresa, mas sim de SIMPLES REMESSA PARA INDUSTRIALIZAÇÃO. Se não compõe o faturamento da empresa, consequentemente não compõem a base de cálculo para a contribuição do PIS; Não obstante as reiteradas alegações da contribuinte sustentando que estão inclusas na base de cálculo levantada pela fiscalização as notas de saída, sob a rubrica de simples remessa para industrialização, não vislumbro a análise deste mérito nos autos. Considerando-se a apreciável quantidade de cópias das notas fiscais apensadas à peça recursal, buscando-se comprovar as alegações interpostas no recurso, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a fiscaIização aprecie o mérito desta questão, analisando-se as notas fiscais de simples remessa, comparando-as com as escrituradas no livro de Registro de Saída de Mercadorias, elaborando parecer conclusivo para determinar corretamente a base da cálculo da contribuição em apreço, dando ciência ao contribuinte . 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006
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Numero do processo: 13116.002967/2007-55
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
Ementa:
ATIVIDADE RURAL. DISPÊNDIOS NA FORMAÇÃO DA LAVOURA CANAVIEIRA. EXAUSTÃO.
Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à exaustão e não à depreciação. Portanto, não se beneficiam do incentivo da depreciação rural acelerada, razão pela qual não podem ser apropriados integralmente como encargos do período correspondente a sua aquisição.
DEPRECIAÇÃO. PROJETOS FLORESTAIS DESTINADOS AO APROVEITAMENTO DE FRUTOS. EXAUSTÃO. RECURSOS FLORESTAIS DESTINADOS A CORTE.
O termo "florestais" presente nos artigos 307 (depreciação) e 334 (exaustão) do RIR/99 deve ser interpretado de forma abrangente, ou seja, aplica-se não apenas a floresta no sentido estrito, mas a formações vegetais como plantações, tanto que os dispêndios para formação de cultura de café, uva, laranja, dentre outros, são sujeitos a depreciação. A depreciação de bens aplica-se apenas àqueles que produzem frutos, que consistem em estrutura comestível que protege a semente e nascem a partir do ovário de uma flor. Para os demais casos, do qual o aproveitamento da cultura não decorre do aproveitamento de frutos (pastagem, cana-de-açúcar, eucalipto), aplica-se a exaustão.
Numero da decisão: 9101-002.983
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do recurso voluntário, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Luís Flávio Neto.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 Ementa: ATIVIDADE RURAL. DISPÊNDIOS NA FORMAÇÃO DA LAVOURA CANAVIEIRA. EXAUSTÃO. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à exaustão e não à depreciação. Portanto, não se beneficiam do incentivo da depreciação rural acelerada, razão pela qual não podem ser apropriados integralmente como encargos do período correspondente a sua aquisição. DEPRECIAÇÃO. PROJETOS FLORESTAIS DESTINADOS AO APROVEITAMENTO DE FRUTOS. EXAUSTÃO. RECURSOS FLORESTAIS DESTINADOS A CORTE. O termo "florestais" presente nos artigos 307 (depreciação) e 334 (exaustão) do RIR/99 deve ser interpretado de forma abrangente, ou seja, aplica-se não apenas a floresta no sentido estrito, mas a formações vegetais como plantações, tanto que os dispêndios para formação de cultura de café, uva, laranja, dentre outros, são sujeitos a depreciação. A depreciação de bens aplica-se apenas àqueles que produzem frutos, que consistem em estrutura comestível que protege a semente e nascem a partir do ovário de uma flor. Para os demais casos, do qual o aproveitamento da cultura não decorre do aproveitamento de frutos (pastagem, cana-de-açúcar, eucalipto), aplica-se a exaustão.
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DISPÊNDIOS NA FORMAÇÃO DA LAVOURA CANAVIEIRA. EXAUSTÃO. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à exaustão e não à depreciação. Portanto, não se beneficiam do incentivo da depreciação rural acelerada, razão pela qual não podem ser apropriados integralmente como encargos do período correspondente a sua aquisição. DEPRECIAÇÃO. PROJETOS FLORESTAIS DESTINADOS AO APROVEITAMENTO DE FRUTOS. EXAUSTÃO. RECURSOS FLORESTAIS DESTINADOS A CORTE. O termo "florestais" presente nos artigos 307 (depreciação) e 334 (exaustão) do RIR/99 deve ser interpretado de forma abrangente, ou seja, aplicase não apenas a floresta no sentido estrito, mas a formações vegetais como plantações, tanto que os dispêndios para formação de cultura de café, uva, laranja, dentre outros, são sujeitos a depreciação. A depreciação de bens aplicase apenas àqueles que produzem frutos, que consistem em estrutura comestível que protege a semente e nascem a partir do ovário de uma flor. Para os demais casos, do qual o aproveitamento da cultura não decorre do aproveitamento de frutos (pastagem, canadeaçúcar, eucalipto), aplicase a exaustão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, com retorno AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 00 29 67 /2 00 7- 55 Fl. 920DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 921 2 dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do recurso voluntário, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Luís Flávio Neto. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente em exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício). Relatório Tratam os autos de Recurso Especial, interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN (efls. 825/857) em face da decisão proferida no Acórdão nº 1202 000.795 (efls. 793/819), pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 12/06/2012, no qual foi dado provimento ao recurso voluntário interposto pela Contribuinte. Resumo Processual A autuação fiscal, relativa aos anoscalendários de 2003, 2004, e 2005, tratou das infrações tributárias (1) depreciação incentivada da atividade rural e (2) multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativa mensal. Foram lavrados autos de infração de IRPJ e CSLL (efls. 493 e segs). A Contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada parcialmente procedente pela primeira instância (DRJ), para efetuar ajustes na base de cálculo do ano calendário de 2004. Irresignada, a Contribuinte interpôs recurso voluntário, ao qual foi dado provimento para afastar integralmente as exigências. Foi interposto pela PGFN recurso especial, suscitando a existência de divergência jurisprudencial com relação a duas matérias: a primeira, de que a atividade empreendida pela Contribuinte não poderia ser considerada atividade rural e, por consequência, não haveria que se falar em depreciação acelerada incentivada, exclusiva para a atividade rural; Fl. 921DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 922 3 e a segunda, de que os custos com a formação da lavoura de cana de açúcar estariam sujeitos à exaustão, a eles não se aplicando a depreciação. O despacho de exame de admissibilidade de efls. 878/881 deu seguimento ao recurso especial da PGFN apenas com relação à segunda divergência (exaustão vs. depreciação). Cientificada deste despacho, a Procuradoria da Fazenda Nacional não interpôs agravo (efls. 911912). O contribuinte não apresentou contrarrazões. A seguir, maiores detalhes sobre a autuação fiscal e a fase contenciosa. Da Autuação Fiscal. O Termo de Verificação Fiscal TVF (efls. 489/490) discorre que a Contribuinte estava excluindo, integralmente, nos ajustes do lucro líquido do período (parte A do LALUR), os custos da lavoura em formação e, em contrapartida, adicionava o custo excluído nos quatro anos seguintes, nos ajustes do lucro líquido do período. Na descrição dos fatos que integra os autos de infração do IRPJ e da CSLL (efls. 495 e 509), informa o autuante que reconstituiu as bases de cálculo destes tributos da seguinte forma: “(...) excluindose: a) as exclusões do lucro líquido dos exercícios, referentes às depreciações aceleradas incentivadas das lavouras em formação (lavoura de cana de açúcar); b) as adições do lucro líquido dos exercícios, referentes às depreciações aceleradas incentivadas reversões lavoura em formação (lavoura de cana de açúcar).” Os demonstrativos dos ajustes feitos às bases de cálculo, acima relatados, encontramse nos autos: efls. 216/217 (IRPJ AC 2003 e 2004), efls. 276/277 (IRPJ AC 2005), efls. 383/384 (CSLL AC 2003 e 2004) e efls. 431/432 (CSLL AC 2005). Da Fase Contenciosa A contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada parcialmente procedente pela 2ª Turma da DRJ/Brasília, nos termos do Acórdão nº 0324.519 (efls. 629/659), conforme ementa a seguir. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 ATIVIDADE RURAL. LAVOURA CANAVIEIRA. Os custos de aquisição e de formação da cultura da canade açúcar, excluída a terra nua, devem ser objeto de quotas de exaustão; portanto, nesse caso, não é legalmente prevista, para pessoas jurídicas que explorem a atividade rural, a sua dedução Fl. 922DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 923 4 integral no próprio 'ano da aquisição, visto que aquela só é permitida em se tratando de depreciação propriamente dita dos bens do ativo permanente imobilizado adquiridos para uso na referida atividade. MULTAS ISOLADAS DO IRPJ E DA CSLL, DEVIDOS POR ESTIMATIVA MENSAL. Aplicase a Multa Isolada sobre as diferenças de recolhimento de IRPJEstimativa e CSLLEstimativa devidos mensalmente. MULTA DE OFÍCIO Encontrandose o contribuinte sob procedimento de Fiscalização, e não se configurando evidente intuito de fraude, aplicase a multa de oficio prevista no art. 44, I, da Lei 9.30/96 sobre a totalidade ou diferença de tributo devido apurado em cada período de apuração. A multa de mora de 20% é restrita a procedimento espontâneo. TAXA SELIC A aplicação taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC como índice para efeitos do cômputo dos juros de mora em percentual acima de 1% ao mês decorre da faculdade legal do § 1° do artigo 161 do Código Tributário Nacional CTN PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. Incabível a discussão de que a norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, os quais deverão ser observados pelo legislador no momento da criação da lei. Portanto, não cogitam estes princípios de proibição aos atos de oficio praticados pela autoridade administrativa em cumprimento às determinações legais inseridas no ordenamento jurídico, mesmo porque a atividade administrativa é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003, 2004, 2005 REFLEXO Aplicase. à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido o disposto em relação ao lançamento do IRPJ, por decorrer dos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. A parte provida pela DRJ corresponde a um ajuste na base de cálculo do ano calendário de 2004, por verificar que neste ano a fiscalização deixou de considerar que o contribuinte escriturara no LALUR, como adição ao lucro líquido, o valor de R$ 36.693,04, a título de “Reversão da depreciação acelerada da lavoura de eucalipto”, tanto para fins de IRPJ quanto de CSLL. Foi interposto recurso voluntário (efls. 680/725) pela Contribuinte, apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 12/06/2012. Fl. 923DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 924 5 Decidiu o Acórdão nº 1202000.795 (efls. 793/819) dar provimento ao recurso voluntário, para afastar integralmente as exigências, conforme ementa a seguir. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004 ATIVIDADE RURAL. CUSTOS DA LAVOURA CANAVIEIRA. DEPRECIAÇÃO INTEGRAL INCENTIVADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto, podem ser apropriados integralmente como encargos do período correspondente a sua aquisição. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003, 2004, 2005 TRIBUTAÇÃO REFLEXA Aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido o disposto cm relação ao lançamento do IRPJ, por decorrer dos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Foi interposto pela PGFN recurso especial (efls. 825/857). Na parte em que admitido o recurso (conforme o despacho de exame de admissibilidade de efls. 878/881), discorre a Procuradoria que o conceito de depreciação previsto no art. 314 do RIR/99, deve ser interpretado no sentido estrito, por ser renúncia fiscal, razão pela qual não se aplica aos custos de lavoura de cana de açúcar, os quais estariam sujeitos à exaustão. O despacho de encaminhamento de efls. 893 atesta que o contribuinte, tendo tomado ciência do Acórdão de Recurso Voluntário, do Recurso Especial da Procuradoria, e do Despacho de Admissibilidade de Recurso Especial da Procuradoria, conforme termo de efls. 886, não apresentou nem recurso especial nem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Em relação à admissibilidade, adoto as razões do Despacho de Admissibilidade de efls. 878/881, com fulcro no art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, para conhecer do Recurso Especial da PGFN. Fl. 924DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 925 6 Em relação ao mérito, a matéria a ser decidida é se os dispêndios para a formação de lavoura de cana de açúcar podem ser objeto de depreciação acelerada da atividade rural ou se submetem ao regime de exaustão. Registrese que esta matéria foi tratada pelo presente Colegiado recentemente, pelos acórdãos nº 9101002.214, na sessão de 03/02/2016, e nº 9101002.798, na sessão de 09/05/2017. Nesse sentido, aplico meu entendimento já proferido no mencionado Acórdão nº 9101002.798. O dispositivo normativo suscitado pela Contribuinte que permitiria a depreciação incentivada da lavoura de canadeaçúcar é o art. 6º da MP nº 2.15970/2001: Art. 6º Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano da aquisição. (grifei) Por outro lado, entendeu a Fiscalização que os dispêndios na formação de lavoura de canadeaçúcar contabilizados no ativo imobilizado estariam sujeitos à exaustão, portanto, fora do alcance do benefício em debate. A princípio, entendo ter sido a questão bem delineada no voto proferido no Acórdão nº 1202000.794, de relatoria da Conselheira Viviane Vidal Wagner. Não obstante ter sido o voto vencido, discorre com precisão sobre a situação: Resta agora perquirir sobre a questão da sujeição da cultura canavieira à depreciação ou à exaustão. Depreciação e exaustão, ao lado da amortização, são conceitos distintos, não se confundindo, como se vê da legislação societária (Lei no 6.404/76) abaixo: Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: [...] § 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: (Redação dada pela Lei n°11.941, de 2009) a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder a perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; Fl. 925DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 926 7 c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. (destaquei) Dentre as Normas Brasileiras de Contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, vale destacar o seguinte trecho da NBC T10 Atividades Agropecuárias, aprovada pela Resolução CFC 909, de 08.08.2001 (disponível em www.cfc.org.br): 0.14.4 — Entidades Agrícolas: Aspectos Gerais 10.14.4.1 As entidades agrícolas são aquelas que se destinam produção de bens, mediante o plantio, manutenção ou tratos culturais, colheita e comercialização de produtos agrícolas. 10.14.4.2 As culturas agrícolas dividemse em: a) temporárias: a que se extinguem pela colheita, sendo seguidas de um novo plantio; e b) permanentes: aquela de duração superior a um ano ou que proporcionam mais de uma colheita, sem a necessidade de novo plantio, recebendo somente tratos culturais no intervalo entre as colheitas. 10.14.5 Dos Registros Contábeis Das Entidades Agrícolas 10.14.5.1 Os bens originários de culturas temporárias e permanentes devem ser avaliados pelo seu valor original, por todos os custos integrantes do ciclo operacional, na medida de sua formação, incluindo os custos imputáveis, direta ou indiretamente, ao produto, tais como sementes, irrigações, adubos, fungicidas, herbicidas, inseticidas, mãodeobra e encargos sociais, combustíveis, energia elétrica, secagens, depreciações de prédios, máquinas e equipamentos utilizados na produção, arrendamentos de máquinas, equipamentos e terras, seguros, serviços de terceiros, fretes e outros. 10.14.5.6 A exaustão dos componentes do Ativo Imobilizado relativos às culturas permanentes, formado por todos os custos ocorridos até o período imediatamente anterior ao inicio da primeira colheita, tais como preparação da terra, mudas ou sementes, mãodeobra, etc., deve ser calculada com base na expectativa de colheitas, de sua produtividade ou de sua vida útil, a partir da primeira colheita. 10.14.5.10 Os custos de produção agrícola devem ser classificados no Ativo da entidade, segundo a expectativa de realização: a) no Ativo Circulante, os custos com os estoques de produtos agrícolas e com tratos culturais ou de safra necessários para a colheita no exercício seguinte; e Fl. 926DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 927 8 b) no Ativo Permanente Imobilizado, os custos que beneficiarão mais de um exercício. (destaquei) Notase, assim, que a contabilidade agrícola segrega os lançamentos entre os tipos de cultura existentes: temporária ou permanente. Culturas temporárias são arrancadas do solo na colheita e depois feito novo plantio, como arroz, feijão e milho, e o custo da plantação é contabilizado no Ativo Circulante. Por outro lado, culturas permanentes duram mais de um ano e proporcionam mais de uma colheita, como árvores frutíferas, araucária, pinus, eucalipto, café e canadeaçúcar. Nestes casos, os custos para a formação da cultura serão considerados Ativo Permanente Imobilizado e devem ser avaliados pelo montante que efetivamente representam dentro do patrimônio total da pessoa jurídica. Com apoio nos estudos de José Sérgio Della Giustina na dissertação de mestrado "Um sistema de contabilidade analítica para apoio a decisões do produtor rural", apresentada à Universidade Federal de Santa Catarina, em 1995 (Disponível em http://www.eps.ufsc.br/disserta/giustina/indice/index.htm#index), podem ser referidos exemplos claros de cada um dos institutos na atividade rural: (i) por se tratar a depreciação da perda de eficiência ou capacidade produtiva de bens do Ativo Permanente que são úteis a mais de um ciclo de produção, estão sujeitos a ela a máquinas, tratores, animais reprodutores ou de trabalho, fruticultura, dentre outros; (ii) por outro lado, estarão sujeitos as quotas de amortização os direitos adquiridos sobre bens de terceiros, traduzidos em Ativos Intangíveis, como direito de extração de madeira em floresta de propriedade de terceiros ou de gastos que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício financeiro, incrementando o processo produtivo, registrados no Ativo Diferido, tais como: desmatamento, corretivos, etc.; (iii) finalmente, considerando que, enquanto as propriedades físicas se deterioram física ou economicamente, os recursos naturais exauríveis se esgotam, na proporção em que são extraídos os recursos naturais, registrase a exaustão deste recurso, uma vez que o esgotamento é a extinção dos recursos naturais e a exaustão é a extinção do custo ou do valor desses recursos naturais. Como esclarece o autor do estudo, in verbis: exemplos de culturas que têm seu custo de formação, apropriados ao resultado pelo critério da exaustão, são as florestas artificiais de eucaliptos, de pinos, a canadeaçúcar, as pastagens artificiais etc. (destaquei) Sob esse aspecto, distinguemse claramente a cultura da cana deaçúcar da fruticultura, por exemplo, haja vista que, neste caso, o aproveitamento econômico do bem não compromete sua existência, por se limitar à extração dos frutos, enquanto na exploração canavieira, o resultado econômico apenas se verifica Fl. 927DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 928 9 com o sacrifício da própria planta, a qual se esgota e se torna imprestável após três ou quatro ciclos produtivos. Nesse caso, assim como nas florestas ou jazidas minerais, ocorre o esgotamento do próprio recurso natural com o passar do tempo. Como se pode observar, a cultura pode ser classificada como temporária ou permanente. A primeira é extinta pela colheita, demandando um novo plantio, como o arroz, feijão e milho, e o custo de plantação é escriturado no Ativo Circulante. O segundo caso trata de culturas que duram mais de um ano ou proporcionam mais de uma colheita, como árvores frutíferas, araucária, pinus, eucalipto, café, canadeaçúcar, pastagem artificial, dentre outros, situação na qual os dispêndios para sua formação são contabilizados no Ativo Permanente Imobilizado. As culturas contabilizadas no Ativo Permanente podem estar sujeitas à depreciação ou exaustão, a depender da sua natureza. Sujeitas à depreciação são aquelas frutíferas, do qual se pode extrair o fruto, como café ou uva, por exemplo. Por outro lado, aplicase à exaustão aquelas cuja extração demanda o sacrifício da planta em si, como a pastagem artificial, a canadeaçúcar, as florestas artificiais ou não (pinus, araucária, eucalipto, dentre outras). Vale investigar, com maior precisão, o conceito de fruto, que se mostra relevante para apreciação do caso concreto. Os arts. 307 e 334 tratam, respectivamente, dos bens objeto de depreciação e exaustão. Bens Depreciáveis Art. 307. Podem ser objeto de depreciação todos os bens sujeitos a desgaste pelo uso ou por causas naturais ou obsolescência normal, inclusive: I edifícios e construções, observandose que (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 9º): a) a quota de depreciação é dedutível a partir da época da conclusão e inicio da utilização; b) o valor das edificações deve estar destacado do valor do custo de aquisição do terreno, admitindose o destaque baseado em laudo pericial; II projetos florestais destinados a exploração dos respectivos frutos (DecretoLei nº 1.483, de 6 de outubro de 1976, art. 6º, parágrafo único,). Parágrafo único. Não será admitida quota de depreciação referente a (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, §§ 10 e 13): IV bens para os quais seja registrada quota de exaustão. (...) Art. 334. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente Fl. 928DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 929 10 diminuição do valor de recursos florestais, resultante de sua exploração (Lei nº 4.506, de 1964, art. 59, e DecretoLei nº 1.483, de 1976, art. 42). § 1º A quota de exaustão dos recursos florestais destinados a corte terá como base de cálculo o valor das florestas (Decreto Lei nº 1.483, de 1976, art. 42, § 12). § 2º Para o cálculo do valor da quota de exaustão será observado o seguinte critério (DecretoLei nº 1.483, de 1976, art. 42, § 22): I apurarseá, inicialmente, o percentual que o volume dos recursos florestais utilizados ou a quantidade de árvores extraídas durante o período de apuração representa em relação ao volume ou quantidade de árvores que no início do período de apuração compunham a floresta; II o percentual encontrado será aplicado sobre o valor contábil da floresta, registrado no ativo, e o resultado será considerado como custo dos recursos florestais extraídos. § 3º As disposições deste artigo aplicamse também as florestas objeto de direitos contratuais de exploração por prazo indeterminado, devendo as quotas de exaustão ser contabilizadas pelo adquirente desses direitos, que tomará como valor da floresta o do contrato (DecretoLei nº 1.483, de 1976, art. 42, § 3º). (grifei) Observase que há determinação expressa no art. 307 de que não será admitida quota de depreciação para os bens para os quais seja registrada quota de exaustão. Também que o termo "florestais" em ambos dispositivos é interpretado de forma abrangente, ou seja, aplicase não apenas a floresta no sentido estrito, mas a formações vegetais como plantações, tanto que os dispêndios para formação de cultura de café, uva, laranja, dentre outros, são sujeitos a depreciação. Vale recorrer novamente ao mencionado voto, que faz referência a doutrina especializada, do qual transcrevo na sequência. A doutrina especializada de José Carlos Marion (Contabilidade rural contabilidade agrícola, contabilidade da agropecuária, IRPJ, 4ª edição, São Paulo, Atlas, 1996, págs. 39, 41, 64, 65 e 71), corrobora o entendimento dado pelo Parecer Normativo da Coordenação do Sistema de Tributação — CST n° 18/79, consoante trechos abaixo transcritos: Culturas permanentes são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de unia colheita ou produção. Normalmente, atribuise ás culturas permanentes uma duração mínima de quatro anos. Do nosso ponto de vista basta apenas a cultura durar mais de uni ano e propiciar mais de uma colheita para ser permanente. Exemplos: canadeaçúcar cafeicultura etc. (pg. 39; destaquei). Fl. 929DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 930 11 No caso de cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura serão considerados Ativo Permanente Imobilizado ... Os principais custos são: adubação, formicidas, forragem, fungicidas, herbicidas, mãodeobra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc.... Há casos em que a cultura permanente não passa do estágio de cultura em formação para cultura formada, pois, no momento de se considerar acabada, ela é ceifada. São, normalmente, a canadeaçúcar, o palmito, o eucalipto, o pinho e outras culturas extirpadas do solo ou cortadas para brotarem novamente. (ibidem, destaquei). Colheita ou produção (da cultura permanente): a partir desse momento a preocupação é com a primeira colheita ou primeira produção, com sua contabilização e apuração do custo. A colheita caracterizase, portanto, como uni Estoque em Andamento, uma produção em formação, destinada a venda. Daí sua classificação no Ativo Circulante. Como o ciclo de floração, formação e maturação do produto normalmente é longo, podese criar uma conta de 'colheita em andamento', sempre identificando o tipo de produto que vai ser colhido. Essa conta é composta de todos os custos necessários para a realização da colheita: mãodeobra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação de herbicida, desbrota, raleação ..), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos...), custo com irrigação (energia elétrica, transporte de água, depreciação dos motores ...), custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros etc. Adicionase ao custo da colheita a depreciação (ou exaustão) da "cultura permanente formada", sendo consideradas as quotas anuais compatíveis com o tempo de vida útil de cada cultura. (op. cit., pg. 41; destaquei). Alkíndar de Toledo Ramos, em sua tese de doutoramento (O Problema da Amortização dos Bens Depreciáveis e as Necessidades Administrativas das Empresas), sugere que "a amortização, em sentido amplo, seria aplicada a quaisquer tipos de bens do ativo fixo, com vida útil limitada. Depreciação seria sinônimo de amortização, em sentido amplo, porém sendo aplicada somente aos bens tangíveis, como máquinas, equipamentos, móveis, utensílios, edifícios etc. Exaustão seria sinônimo da amortização em sentido amplo, porém sendo aplicada somente aos recursos naturais exauríveis, como reservas florestais, petrolíferas etc. Amortização, em sentido restrito, se confundiria com o seu sentido amplo, mas somente quando aplicada aos bens intangíveis de duração limitada, como as patentes, as benfeitorias ern propriedades de terceiros etc". Entendimento fiscal (na Agropecuária): Conforme disposições contidas no Parecer Normativo CST n. 18/79, o fisco dá sua interpretação no caso especifico da agricultura, em nada contradizendo os conceitos expostos. No que tange às culturas permanentes, as florestas ou árvores e a todos os vegetais de Fl. 930DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 931 12 menor porte, somente se pode falar em depreciações em caso de empreendimento próprio da empresa e do qual serão extraídos apenas os frutos. Nesta hipótese, o custo de aquisição ou formação da cultura é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção de frutos. Exemplo: café, laranja, uva etc. Quando se trata de floresta própria (ou vegetação em geral), o custo de sua aquisição ou formação (excluído o solo) será objeto de quotas de exaustão, à medida que seus recursos forem exauridos (esgotados). Aqui, não se tem a extração de frutos, mas a própria árvore é ceifada, cortada ou extraída do solo: reflorestamento, canadeaçúcar, pastagem etc.) (pg. 64, op. cit.; destaquei). (pg. 65, op. cit.; destaquei). O que se observa com clareza, pelas conclusões doutrinárias e do citado Parecer Normativo CST nº 18, de 1979 (publicado no DOU em 17/04/1979), é que a depreciação dos recursos de origem florestal aplicase apenas àqueles que produzem frutos. Nesse contexto, é direta a assertiva no sentido de que, no que tange às culturas permanentes, as florestas ou árvores e a todos os vegetais de menor porte, somente se pode falar em depreciações em caso de empreendimento próprio da empresa e do qual serão extraídos apenas os frutos. Assim, o custo de aquisição ou formação da cultura é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção de frutos. Exemplo: café, laranja, uva. Percebese claramente que o conceito de fruto é aquele adotado pela biologia, no qual consiste em estrutura comestível que protege a semente e nascem a partir do ovário de uma flor. Precisamente a situação da cultura do café, laranja, uva, dentre outras. Para os demais casos, do qual o aproveitamento da cultura não decorre da retirada do fruto, mas da extração da formação vegetal em si (pastagem, canadeaçúcar, eucalipto), aplicase a exaustão prevista no art. 344 do RIR/99. A diferença é bem delineada pelo doutrinador: Conforme os conceitos apresentados, toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Por um lado, a árvore produtora não é extraída do solo; seu produto final é o fruto e não a própria arvore. Um cafeeiro produz grãos de café (frutos), mantendose a árvore intacta. Um canavial, por outro lado, tem sua parte externa extraída (cortada), mantendose a parte contida no solo para formar novas árvores. Segundo esse raciocínio, sobre o cafeeiro incidirá depreciação e sobre o canavial, exaustão. (Grifei) É incontroverso que a extração da canadeaçúcar demanda o corte do caule, não havendo em se falar em floração e formação do fruto. Ou seja, tratase de processo que guarda semelhança maior com o que ocorre em pastagens e florestas artificiais, como eucalipto, por exemplo, do que com árvores frutíferas. Impossível se falar em extração de frutos, elemento comestível originado do ovário de uma flor que protege a semente, de uma cultura de canadeaçúcar. Portanto, para a matéria, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial da PGFN. Fl. 931DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 932 13 Enfim, há que se registrar que, como a decisão recorrida deu provimento integral ao recurso de Contribuinte, remanesceram matérias que não foram apreciadas pela turma a quo. Tanto que no voto vencido constou a seguinte observação: “As demais questões decorrentes da manutenção da glosa, todavia, deixam de ser apreciadas, em razão da posição defendida no presente voto ter sido vencida durante a sessão de julgamento, por dela discordar a maioria do colegiado.” Assim, devem os presentes autos retornar para a turma a quo apreciar as demais matérias aduzidas no recurso voluntário: a) improcedência da exigência de multas isoladas em concomitância com a multa de ofício; b) improcedência da aplicação da multa de 75%, pois o IRPJ que supostamente deixou de ser pago em decorrência da depreciação acelerada incentivada foi efetivamente recolhido por ocasião da adição dos encargos da depreciação normal nos anos posteriores, de sorte que o procedimento adotado pela Impugnante, caso venha a ser tido por incorreto, (...) resultou no mero diferimento do IRPJ, e não na ausência do seu recolhimento, e a multa aplicável seria então a multa de mora, prevista no art. 61 da Lei n. 9.430/96, a qual é limitada a 20%; c) ilegalidade da utilização do cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN, e determinar o retorno dos autos para a turma a quo apreciar as matérias remanescentes do recurso voluntário nos termos do presente voto. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Declaração de Voto Conselheiro Luís Flávio Neto. Na reunião de julho de 2017, a e. Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante “CSRF”) analisou o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN”), sendo recorrido JALLES MACHADO S/A (doravante Fl. 932DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 933 14 “contribuinte”), em face do acórdão n. 1202000.795 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”). Nesta declaração de voto, permissa vênia, apresento fundamentos que me fizeram votar pelo não provimento do recurso especial interposto. Está em discussão se a depreciação incentivada prevista no art. 314 do Regulamento do Imposto de Renda (“RIR/99”) é aplicável a canaviais, o que pressupõe saber estes estão sujeitos à “depreciação” ou à exaustão”. O aludido dispositivo possui a seguinte redação: Atividade Rural Art. 314. Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural (art. 58), para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano de aquisição (Medida Provisória nº 1.74937, de 1999, art. 5º). A norma tributária em questão confere a possibilidade do contribuinte depreciar integralmente os seus bens no próprio ano de aquisição, desde que cumpridos os seguintes requisitos: (1) o contribuinte seja pessoa jurídica tributada pelo lucro real; (2) o contribuinte explore atividade rural; (3) o bem seja utilizado para o desenvolvimento da atividade rural; (4) o bem componha o ativo imobilizado sujeito a depreciação. O cumprimento dos requisitos (1), (2) e (3), acima apontados, é questão incontroversa no presente caso. O recurso especial interposto pela PFN contesta o cumprimento do requisito (4), sob o argumento de que a canadeaçúcar estaria sujeita ao “exaurimento” e não seria, portanto “depreciável”. Quanto ao referido requisito (4), é fundamental considerar o disposto na Lei n. 6.404/76. (“Lei das SA”): Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: (...) IV no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial; IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007) Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: (...) § 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 933DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 934 15 a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. Como se pode observar, o legislador atribuiu o regime da exaustão ao ativo imobilizado extinto em decorrência de sua exploração, como é típico das minas: ao extrairse todo o minério, a fonte produtora deixa de existir sem possibilidade de renovação. Também florestas podem exaurirse, pois ao ceifarse o tronco da árvore, esta deixa de ter vida e não se renova. Já bens depreciáveis são aqueles sujeitos a desgaste ou perda pelo uso na atividade produtiva. O esgotamento ou desaparecimento físico do ativo, portanto, o elemento distintivo entre a exaustão e a depreciação. No curso do presente processo administrativo, restou evidenciado que o canavial não é extinto (não se esgota, não se exaure) com o seu primeiro corte. Os estudos trazidos aos autos indicam que a canadeaçúcar voltará a crescer mesmo após sucessivos cortes, embora para fins industriais a planta mantenha a eficiência necessária, em média, por até cinco cortes. Conforme a descrição trazida pelo voto vencedor do acórdão recorrido, “o plantio da canade açúcar se dá através de mudas que se fixam na terra, quando passam a se denominar touceiras. Essas touceiras se desenvolvem e se tornam colmos, que serão os caules da canade açúcar a serem cortados e enviados às usinas. Assim, os colmos é que são cortados, a cada safra, até que se tornem pobres em sacarose por conta dos sucessivos cortes e torne inviável economicamente a lavoura. Nesse momento, o produtor se vê obrigado a arrancar os ‘pés de canadeaçúcar’ improdutivos para plantio de nova lavoura, consequentemente, nova exploração das atividades da lavoura canavieira. O caule é cortado acima de 5cm do solo, mantendose, assim, a canadeaçúcar ‘viva’, que tratada adequadamente, voltará a sofrer novo corte. Ou seja, como se cortou o caule, o colmo da canadeaçúcar”. Também é relevante notar que, quando necessárias, novas plantações de canadeaçúcar poderão ser realizadas a partir das plantas já existentes: são os caules destas que servirão para o plantio de novas plantas e dai sucessivamente. O canavial, como se pôde observar, não é extinto (não se esgota, não se exaure) com o seu primeiro corte, mas é desgastado pelo uso ou emprego na atividade da fonte produtora, perdendo seu valor a cada corte, o que se adequa ao conceito de depreciação. Peço vênia para destacar o bem fundamentado parecer fornecido pela FIPECAFI e assinado pelo Professor Ariosvaldo dos Santos quanto aos aspectos contábeis relacionados à matéria, juntado aos autos do processo administivo n. 13116.002351/200946, recentemente julgado por este Colegiado, in verbis: Fl. 934DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 935 16 “1. Tendo em vista as características agronômicas da cultura da canade açúcar sintetizadas no Relatório Técnico elaborado pelo Centro de Tecnologia Canavieira, e, sobretudo, a conclusão de que se trata de cultura perene, indaga se: a perda de valor econômico da lavoura da canadeaçúcar (e dos respectivos custos que foram ativados para sua formação) pode ser classificada como depreciação? Resposta Entendemos que SIM, pois nas culturas perenes, a exemplo dos cafezais ou laranjais, os gastos realizados na formação da cultura da canadeaçúcar ao serem levados para o resultado do período devem ser tratados como depreciação. A depreciação representa a perda econômica dos direitos do ativo Imobilizado utilizados na operação da companhia onde dele se busca extrair os benefícios, e ao mesmo tempo assumindo os riscos e o controle.” Conclui o parecerista que, para um adequado tratamento contábil, os custos realizados na cultura de canadeaçúcar devem ser reconhecidos como depreciáveis e não como exauríveis, hábeis, portanto, à incidência da norma de depreciação incentivada veiculada pelo art. 314 do RIR/99. Esse é precisamente o entendimento adotado pela Administração Fiscal em pronunciamentos dotados de elevado potencial de gerar legítima expectativa de cumprimento por parte dos contribuinte (proteção da boafé e da confiança). No Parecer n. 333/87, emitido pela Superintendência Regional da Receita Federal da 4ª Região Fiscal, a pedido do Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (SINDAÇUCAR), restou consignado não ser correta a adoção do critério da exaustão: “Preliminarmente, é importante notar, à luz dos esclarecimentos contidos no Parecer Normativo n. 18/79, que o encargo a ser contabilizado pelas empresas que cultivam a canadeaçúcar, através de empreendimentos próprios, deve ser denominado depreciação” (grifo do original). Convergentemente, o Parecer COSIT n. 1.383/95, concluiu: “Os bens do ativo imobilizado (dispêndios aplicados na formação de canaviais), exceto a terra nua, quando destinados à produção, poderão ser depreciados integralmente, no próprio períodobase da aquisição. Por sua vez, esse mesmo entendimento tem sido adotado coerentemente em variados julgamentos do CARF, como se observa das ementas a seguir: Acórdão n. 1402002.372 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária. Sessão de 25.01.2017. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011 ATIVIDADE RURAL. LAVOURA DE CANADEAÇÚCAR. DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA. POSSIBILIDADE. NATUREZA E EMPREGO DO ATIVO. PREVALÊNCIA POR DIVERSOS CICLOS PRODUTIVOS. SUJEIÇÃO À DEPRECIAÇÃO. Fl. 935DF CARF MF Processo nº 13116.002967/200755 Acórdão n.º 9101002.983 CSRFT1 Fl. 936 17 A natureza e o uso dos ativos biológicos da lavoura canavieira, que sobrevivem por diversos ciclos produtivos com a renovação natural do objeto da colheita, sendo intencionalmente substituídos por outros espécimes vegetais em razão da diminuição de produtividade e não do seu esgotamento, confirmam a aplicação da regra de depreciação. Estando a lavoura canavieira, na condição de ativo não circulante imobilizado, sujeita à depreciação e não à exaustão, podem os recursos empregados na sua formação ser objeto do benefício da depreciação acelerada incentivada, previsto no art. 314 do RIR/99. Acórdão n. 1201001.441. 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. Sessão de 08.06.2016 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA. IRPJ Anocalendário: 2009 (...) CANADEAÇÚCAR. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, podem ser apropriados integralmente como encargos do período correspondente a sua aquisição. Acórdão n. 1401001.522. 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. Sessão de 01.02.2016 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 LAVOURA CANAVIEIRA. BENEFÍCIO FISCAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto podem integrar o benefício da depreciação acelerada incentivada. Acórdão n. 1401001.524. 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 01.02.2016. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 LAVOURA CANAVIEIRA. BENEFÍCIO FISCAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto podem integrar o benefício da depreciação acelerada incentivada. Nesse seguir, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial. (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Fl. 936DF CARF MF
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Numero do processo: 11020.003342/2008-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2201-000.279
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório O processo tem origem em Pedido de Ressarcimento ou Restituição Declaração de Compensação PER/DComp apresentado pela recorrente (fls 1), em que indicava como crédito passível de compensação o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF de cooperativas referente ao mês de abril de 2003 e totalizando R$ 70.690,42. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 20 .0 03 34 2/ 20 08 -2 5 Fl. 6915DF CARF MF Processo nº 11020.003342/200825 Resolução nº 2201000.279 S2C2T1 Fl. 6.916 2 A Delegacia da Receita Federal de Caxias do Sul solicitou uma demanda ao Serviço Federal de Processamento de Dados Serpro, que resultou na listagem "Apuração mensal de IRRF declarados nas Dirf das fontes pagadoras em que conste como beneficiário o CNPJ 87.827.689/000100, individualizado por cód. de retenção, no anocalendário de 2003" (fls 56). Com base nisso, elaborou o resumo que se encontra na fl 89, totalizando por mês e por código os valores declarados pelas fontes pagadoras. Para o mês de abril foi identificado o valor de R$ 27.982,65 para o código 1708 e R$ 29.357,29 para o código 3280. Com base nisso, foi exarado o Despacho Decisório nº 461, da DRF/CXL (fls 90), homologando a compensação no limite do somatório desses valores R$ 57.339,95. Cientificado dessa decisão (fl 122), o contribuinte apresentou sua impugnação (fls 123) que resultou, inicialmente, na conversão do julgamento em diligência, determinada pela 5ª Turma da DRJ/POA, através do Despacho nº 14 (fls 197), para que a Delegacia de origem intimasse a reclamante a apresentar os comprovantes de retenção emitidos em seu nome pelas fontes pagadoras dos rendimentos e, a partir deles, elaborasse relatório circunstanciado acerca do montante de crédito comprovado. A partir dos documentos fornecidos pela interessada a fiscalização elaborou o demonstrativo de fl 218, reconhecendo como comprovados para o mês de abril de 2003 os seguintes valores: R$ 18.002,21 no código 3280 e R$ 14.411,30 no código 1708. Em relação ao resultado da diligência, a empresa se manifestou argumentando que ela não havia atingido seu fim, já que teria se limitado aos valores já obtidos através das DIRFs, deixando de fora as demais retenções que foram informadas pela empresa (fls 226). A 5ª Turma da DRJ/POA exarou o Acórdão 1026.354, de 15 de julho de 2010 (fls 229), julgando improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que caberia à empresa comprovar o IRRF para que pudesse utilizálo. A ciência dessa decisão ocorreu em 09/08/2010 (fl 235) e o recurso voluntário foi apresentado tempestivamente em 01/09/2010 (fls 236). Em suas razões de recorrer, alega que as faturas apresentadas à fiscalização são suficientes para comprovar seu direito ao crédito e protesta pela realização de nova perícia. Chegando a este Conselho, a 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária desta Seção entendeu por bem converter novamente o julgamento em diligência (Resolução 2102000.079, de 10 de julho de 2012 fls 263), para que: (...) a autoridade fiscal apure o IRRF a partir das faturas emitidas pelo recorrente, inclusive, se for o caso, compulsando a contabilização do fiscalizado e intimando as fontes pagadoras, superando a mera análise a partir dos comprovantes de rendimentos ou das DIRfs". Em resposta a essa solicitação, foi elaborada a informação de fls 6259, datada de 15 de julho de 2013, na qual se alega deficiência nas informações prestadas pela empresa interessada e são apresentadas as seguintes conclusões: Fl. 6916DF CARF MF Processo nº 11020.003342/200825 Resolução nº 2201000.279 S2C2T1 Fl. 6.917 3 · Em análise das faturas, por amostragem, percebese que a competência a que se referem não são compatíveis com a data de emissão e/ou vencimento. Por ex: a data de emissão da fatura é anterior à data da competência. · O contribuinte utilizase do IRRF, muitas vezes, em competência posterior à apurada e, por isso, torna impossível fazer o batimento das informações do contribuinte(faturas) com o período de apuração informado no PER/DCOMP. Por ex: de acordo com a contabilidade, foi lançado na conta”IRRF a compensar Lei 8541/92”, no dia 01/03/2003 o valor de R$ 70.705,75. Se o lançamento foi efetuado no 1º dia do mês, por óbvio referese a fatos geradores do mês anterior (fevereiro). Entretanto, no PER/DCOMP nº 10667.19317.140803.1.3.057920 o contribuinte informa que essa retenção referese ao mês de abril. E assim, sucessivamente para todos os meses. O demonstrativo dos lançamentos efetuados nesta conta contábil entregue pelo próprio contribuinte e o razão da conta contábil, extraída do Contágil, comprovam o erro descrito. Além disso, fica fácil perceber este “deslocamento” do período de apuração na planilha entregue pelo contribuinte, na qual os valores declarados em DIRF estão “deslocados” em um mês em relação ao valor que o contribuinte entende correto naquele mês. · A conclusão do item anterior é corroborada pelo fato de que o total das divergências apontadas pelo contribuinte nas duas planilhas entregues corresponde exatamente ao valor deferido pela DRF para cada mês analisado, com base na DIRF. Ou seja, as fontes pagadoras declararam em DIRF num mês e o contribuinte considerou a retenção no mês seguinte. Após a elaboração dessa informação fiscal, em 26 de agosto de 2013, a empresa interessada peticiona (fls 6263) apresentando a documentação complementar, que inclui a planilha de fls 6271, na qual lista por CNPJ retenções relativas ao mês de abril de 2003, e a documentação que comprovaria essa retenção. Pelo despacho de fl 6906 o processo foi encaminhado a este Carf sem qualquer manifestação da Autoridade Fiscal quanto aos documentos que foram juntados pela interessada. De volta a este Conselho, o processo foi distribuído a esta Conselheira em sessão pública. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Conforme foi ressaltado no relatório, a informação fiscal de fls 6259 mostrouse inconclusiva sob alegação de dificuldade na apuração das informações. Fl. 6917DF CARF MF Processo nº 11020.003342/200825 Resolução nº 2201000.279 S2C2T1 Fl. 6.918 4 Após essa manifestação, houve a juntada de novos documentos que não foram analisados pela fiscalização. Em análise a essa documentação, selecionei por amostragem os seguintes itens: ITEM CONTRATANTE CNPJ IRRF 10 25970 00.808.377/000171 978,25 81 1181 88.626.080/000136 1.059,12 129 50140 90.608.712/000180 973,53 Comparando esses itens com a Dcomp apresentada, vêse que correspondem às informações 172, 235 e 127, ou seja, integram o montante sobre o qual foi solicitada a compensação. Por outro lado, confrontandoos com as planilhas "Apuração mensal de IRRF declarados nas Dirf das fontes pagadoras em que conste como beneficiário o CNPJ 87.827.689/000100, individualizado por cód. de retenção, no anocalendário de 2003" (fls 56), não consegui identificar uma correspondência para nenhum desses itens. Em uma análise sumária, podese concluir que nenhuma dessas retenções foi considerada nos créditos homologados pela DRF. Com esses elementos, verificase haver alguma verossimilhança nas alegações da contribuinte, contudo, tendo em vista o volume de informações e o fato de que a Autoridade Fiscal não analisou os documentos juntados pela recorrente a partir da fl 6264, entendo prudente converter novamente o julgamento em diligência para que haja essa manifestação e seja por fim dado cumprimento ao que foi determinado pela Resolução 2102000.079, de 10 de julho de 2012, no seguinte sentido: Ante o exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a autoridade fiscal apure o IRRF a partir das faturas emitidas pelo recorrente, inclusive, se for o caso, compulsando a contabilização do fiscalizado e intimando as fontes pagadoras, superando a mera análise a partir dos comprovantes de rendimentos ou das DIRFs. A autoridade que presidir a diligência acima deve produzir relatório circunstanciado de suas conclusões, dando ciência ao contribuinte, para, querendo, ofertar razões adicionais, no prazo de 20 dias. Superado tal prazo, com ou sem as razões adicionais do recorrente, devolver os autos a este Colegiado para prosseguimento do julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 6918DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.945394/2013-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2012 a 30/03/2012
REINTEGRA. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS. Para usufruir do benefício fiscal é necessário que todas as informações prestadas pelo contribuinte nos sistemas da Receita Federal estejam de acordo com a documentação comprobatória da operação de exportação. Eventuais inconsistências apontadas pela fiscalização deverão ser sanadas para fazer jus ao ressarcimento pleiteado.
JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999.
Numero da decisão: 3302-004.653
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas relativas às notas fiscais nºs 1141, 1185, 1217, 1219, 1221, 1237, 463, 464, 465, 466, 467, 475, 1031, 1032, 1044, 1055, 1056, 1057, 1062, 1063, 1089, 1104, 1105, 1119, 1133, 1148, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria L. A. Paes de Souza que davam provimento e maior extensão para reversão da glosa da NF 21382.
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
José Renato Pereira de Deus - Relator
EDITADO EM: 29/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2012 a 30/03/2012 REINTEGRA. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS. Para usufruir do benefício fiscal é necessário que todas as informações prestadas pelo contribuinte nos sistemas da Receita Federal estejam de acordo com a documentação comprobatória da operação de exportação. Eventuais inconsistências apontadas pela fiscalização deverão ser sanadas para fazer jus ao ressarcimento pleiteado. JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas relativas às notas fiscais nºs 1141, 1185, 1217, 1219, 1221, 1237, 463, 464, 465, 466, 467, 475, 1031, 1032, 1044, 1055, 1056, 1057, 1062, 1063, 1089, 1104, 1105, 1119, 1133, 1148, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria L. A. Paes de Souza que davam provimento e maior extensão para reversão da glosa da NF 21382. Paulo Guilherme Déroulède Presidente José Renato Pereira de Deus Relator EDITADO EM: 29/08/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 94 53 94 /2 01 3- 45 Fl. 302DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados de forma completa, adoto o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: " O presente processo trata sobre o pedido de ressarcimento, no valor de R$ 7.926.477,87 apurado no âmbito do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), Período de Apuração: 1° trimestre de 2012, conforme documentos de fls. 2 e ss. Ao analisar tal pretensão, a Delegacia de origem, no uso de sua competência regulamentar, proferiu o Despacho Decisório, fls. 66/74, no qual deferiu parcialmente o pedido de restituição tendo em vista as seguintes inconsistências: Registro de Exportação não vinculado à Declaração de Exportação; Nota Fiscal não relacionada à DE Exportação direta Fabricante não consta do Registro de Exportação Produto do Registro de Exportação não consta na Nota Fiscal Produto informado não está discriminado em Nota Fiscal válida. Irresignada com o referido despacho, a interessada apresentou a Manifestação de Inconformidade, fls. 11 a 16, em 11/12/2013, alegando que: o valor de R$ 6.115.005,37 é referente à glosa, sobre Notas Fiscais de exportação de suco de laranja concentrado e congelado, nas quais constaria o NCM 2009.11.00, diferente daquele constante nos Registros de Exportação, qual seja: NCM 2009.19.00; a glosa adotada pela DERAT não se sustenta, uma vez que a divergência entre os códigos NCM foi superada mediante a emissão de cartas de correção (Doe. 04) em relação às Notas Fiscais de exportação. A esse propósito, o NCM correto é o 2009.19.00, conforme indicado nos Registros de Exportação; em relação às Notas Fiscais, a Manifestante emitiu cartas de correção para cada uma delas, tendo em vista que o sistema eletrônico para emissão de documentos fiscais, administrado pelas Secretarias de Fazenda dos Estados, não permite esse tipo de correção; Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10880.945394/201345 Acórdão n.º 3302004.653 S3C3T2 Fl. 3 3 ademais, no âmbito do sistema PER/DCOM, o documento 36790.48096.030512.1.1.172874, transmitido em 03.05.2012, foi retificado através dos documentos 38325.13913.121212.1.5.17 4038 e 25046.62426.160713.1.5.17 3070, transmitidos, respectivamente, em 12.12.2012 e 16.07.2013, de modo a equalizar o NCM das Notas Fiscais com o NCM dos Registros de Exportação; independentemente disso, devese ressaltar que tanto o produto classificado no NCM 2009.11.00 quanto o produto classificado no NCM 2009.19.00 são beneficiados pelo REINTEGRA. Observese, nesse sentido, que a lista de produtos objeto do Anexo Único ao Decreto n° 7.633, de 2011, que regulamentou a Medida Provisória 540, de 2011, convertida na Lei n° 12.546, de 2011, faz referência ao capítulo "20" da TIPI (Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados), sem especificar os produtos inseridos nesse capítulo; para fins de fruição do REINTEGRA, portanto, é irrelevante o produto classificarse nos códigos NCM2009.11.00 ou 2009.1900; a divergência relativa ao NCM configura mero erro formal, vez que os produtos classificados pelo NCM 2009.11.00 e pelo NCM 2009.19.00 apresentam características sobremaneira semelhantes, diferenciandose um e outro a partir de especificidades técnicas, relativas ao processo produtivo do suco de laranja, entre as quais a temperatura de congelamento e o grau de concentra; com relação às Notas Fiscais 21.382 e 21.383, já solicitou a devida correção à Receita Federal, para informar o número correto da Nota Fiscal na Declaração de Exportação; a Manifestante resignase em relação às demais inconsistências apontadas no Despacho Decisório relacionadas com as Notas Fiscais 1.208, 1.218, 11.216,25.001; a DERAT/SP reconheceu direito ao crédito no montante de R$ 1.805.790,27, em contrapartida a R$ 7.926.477,87 pleiteados pela Requerente. Observase, portanto, a existência de uma diferença de R$ 6.120.687,60 entre o crédito apurado pela Requerente e o reconhecido. Consta à fl. 77 Ofício de Notificação encaminhado ao Delegado da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão PretoSP (Recebido em 30/04/2015, fl. 77) sobre a DECISÃO de 22/04/2015, fls. 78/79 no Mandado de Segurança n° 0206.2015.00429 (processo judicial n° 0003270 15.2015.403.6102). Segue excertos da DECISÃO proferida: ".../... A impetrante sustenta que protocolizou os recursos em 2013, não havendo resposta até o presente momento (fl. 03). Fl. 304DF CARF MF 4 E o relatório. Decido. ..../... No caso, observase que os recursos restaram transferidos para a Delegacia Julgamento em Ribeirão Preto há tempo suficiente para o exame (fls. 26, 33,40, 46). De outro lado, não deve prosperar o pedido liminar de ressarcimento. O impetrante não comprova a legitimidade da pretensão nem a pertinência dos cálculos que implicariam créditos fiscais. Ademais, a quantificação das bases de cálculo, a imposição das alíquotas e o devido cotejo com o que foi eventualmente recolhido demanda exame contábil e está a exigir instrução probatória que é incompatível com esta via. Ante o exposto, concedo parcialmente medida liminar e determino que a autoridade impetrada tome as providências necessárias para que sejam examinados os recursos administrativos referidos (fl. 03 e fls. 26/52), em trinta dias, a contar da intimação. Concedo ao impetrante prazo de cinco dias para que informe o novo valor dado à causa." Conforme consta da petição inicial da ação judicial (fls. 80 e ss), os recursos a que se refere a decisão judicial estão indicados às fls. 81 dos autos, ou seja; Processo Data do protocolo 10880.945394/2013 45 11/12/2013 10880.657986/2012 21 10/10/2013 10880.908210/2013 66 10/10/2013 12585.720155/2012 63 26/03/2013 Considerando que em sua manifestação de inconformidade a interessada apresentou documentos contrapondo as inconsistências que motivaram o deferimento parcial do ressarcimento, foi proposto o encaminhamento dos autos à Unidade de Origem para que a mesma se manifestasse a respeito dos documentos juntados aos autos (fls. 11 e ss), retificando ou ratificando o seu despacho de fls. 66/74, o que foi aceito por unanimidade. Todo o procedimento foi ratificado pela fiscalização. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10880.945394/201345 Acórdão n.º 3302004.653 S3C3T2 Fl. 4 5 Finda a diligência foi dada ciência do relatório ao contribuinte, fls. 137/140, e, caso desejasse se manifestasse no prazo de 30 dias. O contribuinte se manifestou em 13/07/2015, fls. 146 a 150, alegando o já alegado.." O Acórdão 1670.050, da 11ª Turma da DRJ/SPO, Sessão de 30 de setembro de 2015, do qual foi extraído o relatório alhures transcrito, por unanimidade de votos, indeferiu a solicitação contida na manifestação de inconformidade, não reconhecendo o crédito pleiteado de R$ 6.120.687,60. Valendose do direito que lhe é facultado pelo art. 33 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, alterado pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, a contribuinte manejou Recurso Ordinário, acostando ao mesmo os documentos já encartados nos autos, quando de suas manifestações. Em 29 de março do corrente ano, foi recebido nesse Conselho um mandado de notificação e intimação expedido pela MM Juíza da 3ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal, noticiando decisão liminar deferida em Mandado de Segurança, impetrado em face do Sr. Dr. Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, vazada nos seguintes termos: " (...) Com essas considerações, DEFIRO o pedido liminar, inaudita altera pars, para que a Autoridade Coatora promova, no prazo de 30 (trinta dias), o julgamento dos recursos referentes aos processos nº 12585.720155/201263, nº 10880.945394/201345, nº 10880.657986/201221 e nº 10880.9082010/201366. (...)" O mandado judicial acima referido foi, equivocadamente, encaminhado à 1ª TO2ª CÂMARA 1ª SEÇÃO, desse Tribunal (fl. 301), a qual declinando da competência em razão da matéria, encaminhou o presente processo ao Secam, para posterior envio à 3ª Seção de Julgamento, conforme estabelece o RICARF. Promovida a redistribuição o processo foi encaminhado para nova relatoria no último dia 30 de junho de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus, Relator: O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Fl. 306DF CARF MF 6 Não há na peça recursal alegação de matérias para discussão em sede de preliminares, razão pela qual passase a deliberar sobre o mérito do processo. I Do Mérito Programa REINTEGRA O presente processo trata de pedido de ressarcimento de valores, utilizando como base as permissões trazidas pelo Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, instituído pela MP 540/2011, convertida na Lei nº 12.546/2011. O objetivo do regime especial é reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes na cadeia de produção, permitindo que a pessoa jurídica produtora que efetua exportação de bens manufaturado no país, apure valores para fins de ressarcimento parcial ou total dos resíduos mencionados. A época do pedido de ressarcimento manejado pela contribuinte, regulamentava o REINTEGRA o Decreto nº 7.633, de 1ª de dezembro de 2011, que traz os requisitos necessários para o enquadramento no regime, além do modo pelo qual se promoveria o cálculo dos valores a ressarcir, nos seguintes termos: "Art. 1o Este Decreto regulamenta o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, instituído pela Medida Provisória nº 540, de 2 de agosto de 2011, e que tem por objetivo reintegrar valores referentes a custos tributários residuais existentes nas suas cadeias de produção. Art. 2o No âmbito do REINTEGRA, a pessoa jurídica produtora que efetue exportação dos bens manufaturados classificados nos códigos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI constantes do Anexo a este Decreto poderá apurar valor para fins de ressarcir parcial ou integralmente o resíduo tributário existente na sua cadeia de produção. § 1o O valor será calculado mediante a aplicação do percentual de três por cento sobre a receita decorrente da exportação de bens produzidos pela pessoa jurídica referida no caput. § 2o Para fins do § 1o, entendese como receita decorrente da exportação: I o valor da mercadoria no local de embarque, no caso de exportação direta; ou II o valor da nota fiscal de venda para empresa comercial exportadora ECE, no caso de exportação via ECE. § 3o O disposto neste artigo aplicase somente a bem manufaturado no País cujo custo total de insumos importados não ultrapasse o limite percentual do preço de exportação definido no Anexo Único a este Decreto. Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10880.945394/201345 Acórdão n.º 3302004.653 S3C3T2 Fl. 5 7 § 4o Para efeitos do § 3o, os insumos originários dos demais países integrantes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL que cumprirem os requisitos do Regime de Origem do MERCOSUL, serão considerados nacionais. § 5o Para efeitos do cálculo do custo de insumos importados referidos no § 3o deverá ser considerado o seu valor aduaneiro, atribuído conforme os arts. 76 a 83 do Decreto no 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, adicionado dos montantes pagos do Imposto de Importação e do Adicional sobre Frete para Renovação da Marinha Mercante, se houver. § 6o No caso de insumo importado adquirido de empresa importadora, será tomado como custo do insumo o custo final de aquisição do produto colocado no armazém do fabricante exportador. § 7o O preço de exportação, para efeito do § 3o, será o preço da mercadoria no local de embarque. § 8o Ao requerer a compensação ou o ressarcimento do valor apurado no REINTEGRA, a pessoa jurídica deverá declarar que o percentual de insumos importados não ultrapassou o limite de que trata o § 3o. § 9º As pessoas jurídicas de que tratam os arts. 11A e 11B da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, e o art. 1º da Lei nº 9.826, de 23 de agosto de 1999, poderão requerer o REINTEGRA. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) § 10. Do valor apurado referido no caput: (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) I 17,84% (dezessete inteiros e oitenta e quatro centésimos por cento) corresponderão a crédito da Contribuição para o PIS/PASEP; e (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) II 82,16% (oitenta e dois inteiros e dezesseis centésimos por cento) corresponderão a crédito da COFINS. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) Art. 3o A pessoa jurídica somente poderá utilizar o valor apurado no REINTEGRA para, a seu critério: I solicitar seu ressarcimento em espécie, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; ou II efetuar compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria. Art. 4o Para fins deste Decreto, considerase exportação a venda direta ao exterior ou a ECE, com o fim específico de exportação para o exterior. Fl. 308DF CARF MF 8 Parágrafo único. Quando a exportação realizarse por meio de ECE, o REINTEGRA fica condicionado à informação da empresa produtora no Registro de Exportação. Art. 5o O REINTEGRA não se aplica a: I ECE; e II bens que tenham sido importados e posteriormente exportados sem atender ao disposto no § 3odo art. 2o. Art. 6o A ECE fica obrigada ao recolhimento do valor atribuído à empresa produtora vendedora se: I revender, no mercado interno, os produtos adquiridos para exportação; ou II no prazo de cento e oitenta dias, contado da data da emissão da nota fiscal de venda pela empresa produtora, não houver efetuado a exportação dos produtos para o exterior. § 1º O recolhimento do valor referido no caput deverá ser efetuado até o décimo dia subsequente: (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) I ao da revenda no mercado interno; ou (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) II ao do vencimento do prazo estabelecido para a efetivação da exportação. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) § 2º O recolhimento do valor referido no caput deverá ser efetuado acrescido de multa de mora ou de ofício e de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Selic, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do mês subsequente ao mês da emissão da nota fiscal de venda dos produtos para a empresa comercial exportadora até o último dia do mês anterior ao mês do pagamento, e de um por cento no mês do pagamento. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013)" Em seu art. 7º, o Decreto 7.633/2011, ao tratar do pedido de ressarcimento ou da declaração de compensação, estabeleceu que: "Art. 7o O pedido de ressarcimento ou a declaração de compensação somente poderão ser transmitidos após: I o encerramento do trimestrecalendário em que ocorreu a exportação; e II a averbação do embarque. " Analisando os documentos trazidos aos autos do presente processo, podemos verificar, a princípio, que a contribuinte preenche os requisitos necessários para usufruir dos benefícios estabelecidos pelo regime especial. Passamos então a cotejar as razões de fato e de direito relacionadas a cada um dos pontos trazidos pela Decisão da DRJ, com aqueles trazidos pelo Recurso Voluntário manejado pela contribuinte. Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10880.945394/201345 Acórdão n.º 3302004.653 S3C3T2 Fl. 6 9 I.1 Itens analisados por diligência e voto da DRJ não constantes do Recurso Voluntário Podemos observar tanto do Relatório de Diligência de fls. 137 a 141, bem como do Acórdão nº 1670.050 (fls. 186 a 196), que alguns dos itens até então discutidos pela contribuinte recorrente, não foram objeto do Recurso Voluntário, mais especificamente no que diz respeito ao item 1) Registro de Exportação não vinculado a Declaração de Exportação, e item 3) Fabricante não consta do Registro de Exportação – Inconsistência R. Não foram infirmadas pela recorrente as informações trazidas pelas peças processuais, não havendo insurgência em ralação às glosas alia apontadas. Ressaltase que a contribuinte, cientificada da diligência promovida para a verificação da ocorrência ou não da irregularidades apontadas nos relatórios fiscais, não se manifestou a respeito, quedandose inerte quanto a referidos itens. Por tais razões, mantémse a glosa e o indeferimento do ressarcimento indicados na decisão da DRJ relacionada às operações descritas pelas NFs nºs 21383, 1208, 1218, 11216, 25001. I.2 Nota Fiscal não relacionada à DE Exportação Direta Segundo as informações trazidas pela fiscalização e outras mais apresentadas na decisão da DRJ, foi glosada a nota fiscal nº 21382, tendo em vista não estar relacionada à DE. De fato, pelo que podemos verificar dos documentos e informações constantes do processo, não houve a efetiva retificação da DE (DE: 2120066519/8, RE: 12/5023388001) que pudesse restabelecer a possibilidade de ressarcimento dos créditos que teriam por base os dados lançados no referido documento fiscal. As informações trazidas pela DRJ e os documentos juntados pela contribuinte, convergem para um mesmo ponto, qual seja, em que pese a informação de indicação equivocada de documento fiscal, a nota fiscal vinculada às exportações permanece inalterada, devendo permanecer a glosas dos créditos indicadas na decisão de 1ª instância. Vale ressaltar que em seu recurso voluntário a contribuinte fez juntar documentos que são idênticos àqueles colacionados na decisão recorrida, portanto, sem o efeito pretendido de desqualificar a decisão da DRJ. Dessa forma, decidese pela manutenção da glosa dos créditos pretendidos pela contribuinte relacionado a NF 21382. I.3 Produto do Registro de Exportação não consta na Nota Fiscal Conforme podemos observar dos autos a fiscalização glosou as Notas Fiscais 1141, 1185, 1217, 1219, 1221, 1237, 463, 464, 465, 466, 467, 475, 1031, 1032, 1044, 1055, 1056, 1057, 1062, 1063, 1089, 1104, 1105, 1119, 1133, 1148, pelo fato dos documentos indicarem NCM 2009.11.00, diferente daquele que constou nos RE, NCM 2009.19.00. Fl. 310DF CARF MF 10 Segundo a fiscalização e posteriormente a DRJ, mesmo ciente da inconsistência apontada nos documentos fiscais e declaração de exportação, a contribuinte não logrou êxito em demonstrar seu direito ao crédito, uma vez não ter apresentado documentos idôneos para tanto (retificação de nota fiscal em papel), nem ser possível o atendimento da alegação de que para fruição do Reintegra, seria irrelevante a indicação do código NCM, por serem ambos são beneficiários do regime. Em seu recurso voluntário a contribuinte entendendo ser válido seu direito ao crédito, novamente alegou que já teria realizado a retificação dos documentos (NFs), com a conseqüente troca dos NCMs, no entanto, para que não houvesse mais dúvidas sobre a retificação das informações, carreou aos autos prova de que as teria feito na forma eletrônica (fls. 225 a 269). Ainda no recurso voluntário a contribuinte trouxe a tese sobre a observância do principio da verdade material que deve permear o processo administrativo, colacionando diversos julgados sobre o tema que corroborariam a possibilidade de fruição de seu direito ao crédito. Pois bem. Por mais que tenhamos no presente processo a juntada, digamos, tardia de documentos pela contribuinte que teriam o condão de demonstrar seu direito ao crédito, trouxe, com sua manifestação do inconformidade, a princípio, documentos que demonstram sua intenção em retificar o equívoco cometido, qual seja, a troca dos códigos de NCM. Dessa forma os documentos dispostos nas páginas 225 a 269 do processo, demonstram a efetiva alteração dos códigos, dentro do que lhe é permitido pela legislação vigente e, ao meu sentir, permitindo a fruição do benefício fiscal. Para dar sustentação ao descrito acima, peço vênia, para utilizar como fundamentos a decisão em voto vencedor proferido pela Conselheira Cristiane Silva Costa, no processo n. 14098.000308/200974, Acórdão n. 9101002.781, da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em 06 de abril de 2017, vejamos: "Voto Vencedor Conselheira Cristiane Silva Costa, Redatora Designada Com a devida vênia ao Ilustre Relator, divirjo da interpretação conferida ao artigo 16, do Decreto nº 70.235/1972. Como mencionado pelo Ilustre Relator, prescreve o artigo 16, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10880.945394/201345 Acórdão n.º 3302004.653 S3C3T2 Fl. 7 11 profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) A interpretação isolada do artigo 16 e seu §4º poderia implicar na interpretação bastante rigorosa da impossibilidade de juntada de documentos depois da apresentação de impugnação administrativa, ressalvadas as hipóteses dos incisos do §4º, acima colacionado (impossibilidade de apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos). No entanto, não me parece seja o caso de adotar interpretação tão rigorosa. A Lei nº 9.784/1999 trata dos processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal, explicitando a Fl. 312DF CARF MF 12 necessidade de observância aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade proporcionalidade, ampla defesa e contraditório: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:... A mesma Lei acrescenta que os processos administrativos devem atender aos critérios dos quais se destacam: Art. 2º: (...) Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; (...) VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio. Os processos administrativos, portanto, devem atender a formalidade moderada, com a adequação entre meios e fins, assegurandose aos contribuintes a produção de provas e, principalmente, resguardandose o cumprimento à estrita legalidade, para que só sejam mantidos lançamentos tributários que efetivamente atendam à exigência legal. Especificamente sobre a possibilidade de juntada de provas, o artigo 38, da Lei nº 9.784/1999 prescreve que: Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10880.945394/201345 Acórdão n.º 3302004.653 S3C3T2 Fl. 8 13 Ao tratar do artigo 16, §4º, do Decreto nº 70.235/1972, são as pertinentes considerações de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López: Ao se levar às últimas consequências, as regras atualmente vigentes para o Decreto nº 70.235/72, estarseia mitigando a aplicação de um dos princípios mais caros ao processo administrativo que é o da verdade material. (...) Assim, revela destacar que a depender da situação é possível flexibilizar a norma, desde que evidentemente, a prova apresentada seja inconteste e nesse sentido independa da análise de uma instância inferior, eis que a preclusão ligase ao princípio do impulso processual. (...) Na prática, quer nos parecer que, o direito à parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da justiça. (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3ª edição, Dialética, 2010, fls. 305 e 306.)" Assim, considerando que as retificações apresentadas pela contribuinte das notas fiscais quanto à troca dos códigos de NCMs, e os ensinamentos trazidos pela transcrição do voto acima, entendo por bem considerar como válidos os créditos representados pelas NFs nºs 1141, 1185, 1217, 1219, 1221, 1237, 463, 464, 465, 466, 467, 475, 1031, 1032, 1044, 1055, 1056, 1057, 1062, 1063, 1089, 1104, 1105, 1119, 1133, 1148, garantindo a contribuinte a fruição dos benefícios do REINTEGRA. II Conclusão Diante do exposto, voto por acolher o recurso voluntário, para no mérito dar lhe parcial provimento nos seguinte termos: a) indeferir o ressarcimento indicado relacionado às operações descritas na NFs nºs 21383, 1208, 1218, 11216, 25001, pelo não cumprimento dos requisitos formais indicados pela legislação para fruição dos benefícios do REINTEGRA; b) indeferir o ressarcimento indicado na nota fiscal nº 21382, tendo em vista não estar relacionada à DE: 2120066519/8, RE: 12/5023388001; c) deferir o ressarcimento que tem por base as notas fiscais 1141, 1185, 1217, 1219, 1221, 1237, 463, 464, 465, 466, 467, 475, 1031, 1032, 1044, 1055, 1056, 1057, 1062, 1063, 1089, 1104, 1105, 1119, 1133, 1148, por entender sanadas as irregularidades apontadas pela fiscalização. José Renato Pereira de Deus Relator. Fl. 314DF CARF MF 14 Fl. 315DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720087/2011-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
CSLL. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO.
As despesas de amortização de ágio não são dedutíveis da base de cálculo da CSLL, com base em legislação específica aplicada a essa contribuição.
Numero da decisão: 1201-001.883
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para integrar a omissão suscitada. Vencidos os Conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa, que acolhiam os embargos, com efeitos infringentes, para cancelar a autuação relativa à CSLL. A Conselheira Gisele Barra Bossa acompanhou a divergência, que foi vencida, pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Cezar Fernandes de Aguiar - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: PAULO CEZAR FERNANDES DE AGUIAR
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma. CSLL. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. As despesas de amortização de ágio não são dedutíveis da base de cálculo da CSLL, com base em legislação específica aplicada a essa contribuição.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1680; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720087/201181 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1201001.883 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de setembro de 2017 Matéria DESPESAS AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO CSLL Embargante AMBEV S.A., SUCESSORA POR INCORPORAÇÃO DE AMBEV COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. CSLL. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. As despesas de amortização de ágio não são dedutíveis da base de cálculo da CSLL, com base em legislação específica aplicada a essa contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para integrar a omissão suscitada. Vencidos os Conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa, que acolhiam os embargos, com efeitos infringentes, para cancelar a autuação relativa à CSLL. A Conselheira Gisele Barra Bossa acompanhou a divergência, que foi vencida, pelas conclusões. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 87 /2 01 1- 81 Fl. 10842DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa. Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fls. 2.166 a 2.168) opostos pela contribuinte recorrente, em face da alegada existência de omissões no acórdão nº 1103 001.151, de 26.11.2014, (Turma extinta). Adoto o relatório do despacho de admissibilidade, complementandoo a seguir: A Portaria CARF nº 34, de 31 de agosto de 2015, dispõe: Art. 4º Os embargos contra acórdão prolatado por colegiado extinto, opostos anteriormente à vigência da Portaria MF nº 343, de 2015, com análise de admissibilidade pendente, terão o seguinte tratamento: [...] II se o conselheiro relator, ou redator do voto vencedor, não mais integrar a Seção de Julgamento: a) a admissibilidade dos embargos poderá ser realizada pelo Presidente da Câmara a que a Turma extinta estava vinculada e, se admitidos, o processo deverá ser sorteado, no âmbito da Seção, para relatoria [...] Considerando o dispositivo acima transcrito, passase a análise dos embargos de declaração interpostos pelo Sujeito Passivo, em face do Acórdão nº 1103 001.151, de 26.11.2014 , (Turma extinta), em cuja ementa consta: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Aplicase a norma de decadência do art. 173, I, do Código Tributário Nacional (CTN) aos casos de tributos submetidos ao regime de lançamento por homologação quando o sujeito passivo não realizar os pagamentos ditos antecipados, contando se o prazo qüinqüenal a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. A retenção de tributos por fonte pagadora não equivale à antecipação de pagamento realizada pelo próprio contribuinte, referida no art. 150 do CTN. ÁGIO. LUCRO REAL. DEDUÇÃO COMO DESPESA NA AMORTIZAÇÃO. TRATAMENTO DE BENEFÍCIO FISCAL. DESCABIMENTO. A vedação à amortização do ágio é regra geral na apuração da base de cálculo do imposto de renda pessoa jurídica, excepcionada nos casos reais de absorção de patrimônio mediante fusão, cisão ou incorporação, inexistindo, Fl. 10843DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201181 Acórdão n.º 1201001.883 S1C2T1 Fl. 3 3 na hipótese, qualquer característica de benefício fiscal para estimular operações entre empresas nacionais e estrangeiras. Encontrase sob o enfoque patrimonial justificativa para a amortização no cotejo entre o valor a maior investido e os lucros esperados, estes (os lucros futuros) que passam a representar a realização econômica cuja expectativa deu causa à decisão de investir. Não é admissível a dedução nos casos artificialmente montados com o fim único de economia tributária, quando a amortização do ágio deve ser tratada como despesa desnecessária à atividade da pessoa jurídica. ÁGIO DECORRENTE DE OFERTA PÚBLICA DE AQUISIÇÃO DE AÇÕES (OPA art. 254A da Lei 6.404/1976). TITULARIDADE. O ágio resultante de aquisição de ações decorrente de oferta pública realizada nos termos da lei societária (art. 254A da Lei 6.404/1976) deve ser registrado no patrimônio da sociedade legalmente definida como ofertante. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. JUROS PASSIVOS. CONTRATOS SEM REGISTRO NO BANCO CENTRAL DO BRASIL. As despesas de juros passivos estão sujeitas ao ajuste da legislação de preços de transferência quando os contratos de mútuo correspondentes não forem levados a registro no Banco Central do Brasil. MULTA QUALIFICADA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. A observância das formalidades legais na realização de todas as operações relativas à absorção de patrimônio de uma sociedade com registro de ágio, sem prova irrefutável de fraude ou de tentativa de mascarar ou encobrir os fatos, desautoriza a qualificação da multa de ofício. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. A multa de lançamento de ofício sofre a incidência de juros de mora com base na taxa Selic a partir do seu vencimento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão relativa ao auto de infração matriz deve ser igualmente aplicada no julgamento do auto de infração conexo, decorrente ou reflexo, no que couber, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os membros do colegiado, REJEITAR a preliminar de decadência, por maioria, [...], e, no mérito, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para determinar (i) o ajuste das compensações de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL de acordo com as decisões irrecorríveis proferidas nos processos 16561.000197/200746 e 16561.000204/200718, por unanimidade, e (ii) afastar a qualificação da multa de ofício, reduzindoa ao percentual ordinário de 75%, por maioria, [...]. Foram mantidas por unanimidade as parcelas da exigência relativas ao (i) ajuste decorrente de juros passivos de mútuo com pessoa vinculada no exterior sob o regime de preços de transferência e à (ii) CSLL como tributação reflexa. Por maioria, foram mantidos (i) a parcela relativa aos valores das Fl. 10844DF CARF MF 4 amortizações do ágio decorrente da OPA e (ii) os juros de mora sobre a multa de ofício, [...]. A parte relativa à amortização do ágio registrado pela InBev Holding Brasil por ocasião da contribuição ao seu capital em 30/05/2005 foi mantida pelo voto de qualidade, [...]. O Conselheiro Marcos Shigueo Takata apresentará declaração de voto. Notificado da referida decisão em 10.08.2015, o Sujeito Passivo opôs embargos de declaração em 14.08.2015, suscitando que: Os presentes embargos de declaração são opostos em razão da existência de omissões contidas no acórdão n ° 1103001.151, proferido pela C. 3a Turma da 1a Câmara da 1a Seção do CARF e assim ementado: [...] Com efeito, "data máxima vênia", tal decisão incorreu nas omissões a seguir apontadas, a ensejar a oposição dos presentes embargos de declaração. I QUANTO À DECLARAÇÃO DE VOTO VENCIDO Inicialmente, cabe salientar que muito embora na seção de julgamento o I. Conselheiro [...] tenha sido designado pelos Conselheiros vencidos, de comum acordo, para apresentar declaração de voto que retratasse a posição por eles adotada, conforme consignado na ata do julgamento no trecho acima transcrito, por motivos totalmente alheios à sua vontade e decorrentes de falhas do sistema informatizado deste E. Conselho viuse impossibilitado de fazêlo, tendo, apenas para que não transcorresse "in albis" o prazo regimental, apresentado a seguinte "declaração de voto", [...]. Como se vê, muito embora o I. Conselheiro Marcos Takata apenas para que não restasse descumprido o prazo regimental tenha apresentado tempestivamente manifestação que formalmente denominou "declaração de voto" com o objetivo de que constasse do acórdão, em sua própria "declaração de voto" consignou que por motivos alheios à sua vontade (no caso, problemas técnicos com o acesso remoto e a suspensão das sessões de julgamento) encontrouse 'IMPOSSIBILITADO DE REALIZAR A DECLARAÇÃO DE VOTO", não constando dos autos, consequentemente, "declaração de voto" que retrate os motivos pelos quais divergiram do I. Relator os I. Conselheiros vencidos. Nesse contexto, resta demonstrada a existência de omissão no v. acórdão embargado a demandar o provimento dos presentes embargos de declaração. No caso concreto, tendo o i. Conselheiro [...] apresentado tempestivamente, apenas para que se cumprisse o prazo regimental, "declaração de voto" em que tão somente é consignada sua divergência quanto ao voto vencedor, sem declarar, todavia, os motivos que levaram a ele e aos outros Conselheiros vencidos a adotar posição divergente, e tendo tal fato sido causado por circunstâncias totalmente alheias à vontade desses I. Conselheiros (falha de índole tecnológica no e processo e suspensão imprevista do calendário anual de sessões), devem ser providos os presentes embargos de Fl. 10845DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201181 Acórdão n.º 1201001.883 S1C2T1 Fl. 4 5 declaração para que seja reaberto o prazo regimentalmente previsto para a apresentação da declaração de voto vencido. Mas não é só. II QUANTO AO LANÇAMENTO DA CSL Em seu recurso voluntário a Embargante, reiterando o que já fora exposto na impugnação, demonstrou em um tópico específico intitulado "CSLL TRIBUTAÇÃO REFLEXA QUANTO AO ÁGIO IMPOSSIBILIDADE POR FALTA DE PREVISÃO LEGAL" [...] que "Admitindose, apenas para argumentar, que fosse procedente o lançamento quanto ao IRPJ, de qualquer modo o mesmo não poderia ser mantido quanto à CSLL por falta de previsão legar [...]. Para tanto, procedeu à análise dos dois dispositivos invocados pelo I. Fiscal autuante para justificar a exigência da CSL, a saber, o inciso III do artigo 13 da Lei n° 9.249/95 [...] e o artigo 57 da Lei n° 8.981/95 [...], colacionando, ainda, jurisprudência administrativa específica quanto à amortização do ágio que em situações análogas excluiu a tributação da CSL [...] Quanto ao primeiro desses dispositivos, o inciso III do artigo 13 da Lei n° 9.249/95, demonstrou a Embargante que "o artigo 13 da Lei n° 9.249/95 não se aplica ao caso concreto, uma vez que embora vede a dedução de despesas de amortização, tal vedação não se aplica a toda e qualquer "amortização", não devendo tal palavra ser lida isoladamente, mas dentro do contexto do inciso III, que trata "de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços" [...]. Já quanto ao segundo dispositivo invocado pelo I. fiscal autuante, o artigo 57 da Lei n° 8.981/95, a Embargante demonstrou que tal norma "ressalva expressamente em sua parte final que, embora as normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas sejam aplicáveis à CSLL, no que diz respeito à base de cálculo e à alíquota deve ser observada a legislação específica da CSLL" [...]. Não obstante, o v. acórdão recorrido "data máxima vênia" omitiuse por completo quanto a tais alegações da Embargante, o que pode ser facilmente percebido pela sua simples leitura no item da decisão intitulado "Reflexo CSLL", [...]. Como se vê, muito embora a Embargante tenha exposto em seu recurso voluntário, de forma clara e fundamentada, inclusive com amparo na jurisprudência administrativa, a tese em razão da qual demonstrou que os artigos 57 da Lei n° 8.981/1995 e 13, III, da Lei n° 9.249/1995 que foram invocados pelo I. fiscal autuante não justificariam a tributação da CSL no caso concreto, o v. acórdão recorrido limitouse a afirmar que tais Fl. 10846DF CARF MF 6 artigos justificariam o lançamento da CSL sem enfrentar, sequer minimamente, a tese exposta pela Embargante no recurso voluntário. [...] Nesse ponto, cabe salientar que no caso concreto a omissão em que incidiu o v. acórdão recorrido é particularmente grave, pois o órgão colegiado que o prolatou já havia anteriormente proferido decisão em processo que versava justamente sobre amortização do ágio no qual a tese em questão foi expressamente acolhida pela C. Turma julgadora, [...] Especificamente quanto à inexistência de base legal para extensão à CSL das normas atinentes à adição dos valores amortizados a título de ágio, além da decisão proferida pela própria C. Turma prolatora do v. acórdão recorrido (Acórdão n° 110300.630) e das decisões proferidas pela C. 3ª Câmara do extinto 1º Conselhos Contribuintes das quais participou o I. Relator do v. acórdão recorrido (Acórdãos n° 10322.749 e 103 22.113), todas já acima referidas, cabe mencionar ainda decisão de mesmo teor foi proferida em pela C. 1ª Turma da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF no julgamento do recurso no Processo n° 19647.013200/200497, [...]. Dessa forma, "data máxima vênia" não pode o I. Relator do v. acórdão recorrido simplesmente dizer de forma lacônica que "aplicase ao julgamento do auto de infração conexo, decorrente ou reflexo (CSLL), a decisão relativa ao auto de infração matriz (IRPJ), no que couber, conforme entendimento amplamente consolidado na jurisprudência deste colegiado, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção", sem dedicar sequer uma única palavra ao exame da tese invocada pela Embargante em seu recurso voluntário que já fora acolhida tanto pelo I. Relator do v. acórdão recorrido quanto pela própria C. Turma que o proferiu, devendo tal omissão ser suprida por meio do julgamento dos presentes embargos declaratórios. PEDIDO Ante o exposto, requer a Embargante sejam os presentes embargos de declaração providos para que sejam sanadas as omissões apontadas, inclusive com a atribuição de efeitos infringentes quanto ao provimento do recurso voluntário, possibilidade reiteradamente admitida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais [...]. Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios de obscuridade ou contradição no julgado ou omissão de algum ponto sobre o qual deveria pronunciarse o colegiado não se prestando, portanto, ao rejulgamento da matéria posta nos autos. Eles estão regulamentados no art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF) 1 e foram opostos no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão e atendem aos pressupostos de tempestividade e legitimidade. Passase a apreciar a admissibilidade. 1 Quanto à Declaração de Voto Vencido Tem cabimento transcrever excertos do acórdão embargado: Fl. 10847DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201181 Acórdão n.º 1201001.883 S1C2T1 Fl. 5 7 Declaração de Voto Conselheiro Marcos Shigueo Takata Rendo minhas homenagens ao brilhante Conselheiro Relator, Aloysio José Percínio da Silva. Com todas as vênias, discordei do ilustre Relator quanto à questão da amortização fiscal: a) do 1º ágio, decorrente da compra de ações da Ambev em OPA pela InBev Holding Brasil; e b) do 2º ágio, consequente à integralização do capital da InBev Holding Brasil pela holandesa IIBV com ações da Ambev. A IIBV havia recebido essas ações da Ambev na incorporação da Labatt Holding em Bahamas (controlada da IIBV) pela Ambev. Conforme a relação de troca estabelecida segundo o valor econômico da Labatt Holding e o valor econômico da Ambev, a IIBV recebeu uma quantidade de ações da Ambev por seu valor econômico e correspondente ao valor econômico do que foi “entregue” (ações da Labatt Holding): a IIBV registrou o investimento na Ambev pelo valor recebido, superior ao VP desta, e, por esse mesmo valor, conferiu as ações da Ambev ao capital da InBev Holding Brasil (portanto, com ágio). Não houve um 3º ágio alegado pelo autuante. A amortização fiscal do 1º e do 2º ágios se deu com a incorporação da InBev Holding Brasil pela Ambev (incorporação reversa). Registro, porém, que, desde antes de receber o voto do ilustre Relator, encontrome sem acesso remoto ao sistema eprocesso, por fatores que me são alheios. Supostamente, o problema decorre de atualização no sistema de acesso remoto (oVPN), em relação a que este Conselheiro tentou sua solução com o setor de informática competente do órgão, sem sucesso. Considerandose o prazo regimental para a formalização da declaração de voto, e a ausência de previsão para retorno das sessões de julgamento do CARF, este Conselheiro se encontra impossibilitado de realizar a declaração de voto – pois, sem o acesso remoto ao eprocesso, ou sem a sessão de julgamento presencial, não há como se assinar o acórdão nem se movimentar o processo. A situação de omissão não está apontada objetivamente. Houve expressa manifestação do julgado sobre ponto em que se impunha o seu pronunciamento de forma obrigatória, dentro dos ditames da causa de pedir. As declarações de voto somente integrarão o acórdão quando formalizadas no prazo de quinze dias do julgamento. Descumprido este o prazo considerase não formulada a declaração de voto (art. 63 do Anexo II RICARF). Sendo assim, a natureza jurídica da declaração de voto é meramente opinativa e não tem força normativa vinculante a gerar qualquer efeito no dispositivo do julgado. Por essa razão, não cabem embargos de declaração em face da declaração de voto, já que este Fl. 10848DF CARF MF 8 recurso é destinado a pedir ao julgadores prolatores do acórdão que esclareçam obscuridade, eliminem contradição ou supram omissão existente no julgado. 2 Quanto ao Lançamento da CSLL Tem cabimento transcrever excertos do acórdão embargado: Reflexo – CSLL O lançamento de CSLL é do tipo conexo, decorrente ou reflexo, com amparo no art. 57 da Lei 8.981/1995 e no art. 13, III, da Lei 9.249/1995. Nesses casos, aplicadase ao julgamento do auto de infração conexo, decorrente ou reflexo (CSLL), a decisão relativa ao auto de infração matriz (IRPJ), no que couber, conforme entendimento amplamente consolidado na jurisprudência deste colegiado, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. [...] A situação de omissão está apontada objetivamente. Não houve expressa manifestação do julgado sobre ponto em que se impunha o seu pronunciamento de forma obrigatória, dentro dos ditames da causa de pedir. No recurso voluntário foi exposta a tese de que o art. 57 da Lei n° 8.981, de 1995 e inciso III do art. 13 da Lei n° 9.249, de 1995, que foram indicados como base legal do lançamento não justificariam a tributação da CSLL e no acórdão embargado foi afirmado que tais dispositivos justificariam o referido lançamento sem pormenorizar os fundamentos da conclusão. Por todo o exposto, ADMITO PARCIALMENTE os embargos de declaração interpostos, quanto ao item "2 Quanto ao Lançamento da CSLL" e rejeito a alegação relativa ao item "1 Quanto à Declaração de Voto Vencido". O processo foi redistribuído em face de o antigo relator não atuar mais neste colegiado. O exame de admissibilidade ocorreu por meio do despacho de fls. 10.826 a 10.831. É o relatório Voto Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Relator. Admissibilidade. Uma vez que os pressupostos de admissibilidade já foram avaliados no despacho próprio, passase à análise do mérito dos embargos, relativamente à parte admitida. Omissão. Ágio. CSLL. Lançamento reflexo. A questão foi bem analisada pelo conselheiro redator do despacho de admissibilidade. Fl. 10849DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201181 Acórdão n.º 1201001.883 S1C2T1 Fl. 6 9 Consta do voto condutor acórdão embargado, relativamente ao lançamento da CSLL: Reflexo – CSLL O lançamento de CSLL é do tipo conexo, decorrente ou reflexo, com amparo no art. 57 da Lei 8.981/1995 e no art. 13, III, da Lei 9.249/1995. Nesses casos, aplicadase ao julgamento do auto de infração conexo, decorrente ou reflexo (CSLL), a decisão relativa ao auto de infração matriz (IRPJ), no que couber, conforme entendimento amplamente consolidado na jurisprudência deste colegiado, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. Após esse texto, consta a transcrição dos dispositivos legais nele citados. Ocorre que a recorrente, no voluntário, manifestou sua discordância com o entendimento de que o lançamento da CSLL seria do tipo decorrente ou reflexo e que não caberia tal lançamento com base nos dispositivos invocados pela autoridade autuante, em face de existirem normas específicas aplicáveis, trazendo jurisprudência administrativa que embasaria seu entendimento. Em face disso, caracterizada está a omissão. Fazse, pois, necessária a integração do voto condutor do acórdão embargado. Portanto, ao último tópico do voto, intitulado "Reflexo CSLL", após a redação que lhe deu o relator (excerto infra sem negrito), deve ser acrescido texto (abaixo, em negrito), fundamento para a decisão: Reflexo – CSLL O lançamento de CSLL é do tipo conexo, decorrente ou reflexo, com amparo no art. 57 da Lei 8.981/1995 e no art. 13, III, da Lei 9.249/1995. Nesses casos, aplicase ao julgamento do auto de infração conexo, decorrente ou reflexo (CSLL), a decisão relativa ao auto de infração matriz (IRPJ), no que couber, conforme entendimento amplamente consolidado na jurisprudência deste colegiado, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. Os referidos dispositivos legais assim dispõem: Lei 8.981/1995: "Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei.(Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995)" Lei 9.249/1995: Fl. 10850DF CARF MF 10 "Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...) III de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços;" É de se ver que o inciso III do artigo 13 da Lei 9.249/95 referese tanto ao IRPJ quanto à CSLL. A questão que se levanta é: a referida norma tem natureza geral e seria pertinente a quaisquer “despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros”, inclusive “quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis”? Ou tratarseia de norma restrita, alcançando apenas despesas de “bens móveis ou imóveis”, sejam elas “de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros” ou “quaisquer outros gastos” com tais bens? No presente caso, fazse necessário considerar o que o Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/99) indica quanto a essa questão, conforme se observa da interpretação explicitada no artigo 324, § 4º, que disciplina a dedutibilidade de amortizações, tanto em relação ao IRPJ, quanto à CSLL: Subseção IV. Amortização Dedutibilidade Art. 324. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, § 1º). § 1º Em qualquer hipótese, o montante acumulado das quotas de amortização não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem ou direito, ou o valor das despesas (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 2º). § 2º Somente serão admitidas as amortizações de custos ou despesas que observem as condições estabelecidas neste Decreto (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 5º). § 3º Se a existência ou o exercício do direito, ou a utilização do bem, terminar antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo no período de apuração em que se extinguir o direito ou terminar a utilização do bem (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 4º). § 4º Somente será permitida a amortização de bens e direitos intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso III). Fl. 10851DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201181 Acórdão n.º 1201001.883 S1C2T1 Fl. 7 11 Conforme essa interpretação, a norma do art. 13, III, da Lei n. 9.249/95, é ampla, no sentido de tutelar a dedutibilidade da amortização de “bens e direitos”, tanto em relação à base de cálculo do IRPJ quanto à da CSLL. No caso, a amortização se refere a ágio reconhecido pelo MEP, adotado em face de investimento em outras empresas (“direitos”). É necessário reconhecer que o ágio em questão pertence ao gênero dos sacrifícios suportados pela pessoa jurídica que, embora possam contribuir para os seus resultados, não são “intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços”. Portanto, conforme já explicitado acima, aplicase o entendimento expendido quanto ao lançamento do IRPJ àquele da CSLL. Conclusão. Em face de todo o exposto, voto no sentido de acolher os Embargos de Declaração, na parte admitida, sem efeitos infringentes, para que haja a integração do acórdão embargado, acrescentandose o texto imediatamente acima em negrito ao tópico do voto denominado "Reflexo CSLL". (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Fl. 10852DF CARF MF
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