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Numero do processo: 11516.722478/2011-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Nov 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2006
SIMULAÇÃO. MAIS DE UMA EMPRESA. MESMA ÁREA GEOGRÁFICA.
Caracteriza simulação a instalação de três empresas na mesma área geográfica, com o objetivo de subtrair o pagamento de tributos. A comprovação de tal fato autoriza o Fisco a alcançar o negócio jurídico que se dissimulou, para proceder a devida tributação.
DEPÓSITO BANCÁRIO. ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITA.
Caracteriza omissão de receita decorrente de presunção legal a ausência de comprovação da origem de depósitos mantidos em conta corrente bancária.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. SIMULAÇÃO. TERMO INICIAL.
A regra acerca da contagem de decadência para os lançamentos por homologação excepciona as situações em que exista dolo, fraude ou simulação. Nestes casos, aplica-se a regra geral do art. 173 do CTN, que estabelece como marco inicial da contagem do prazo decadencial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA.
Correta a qualificação da multa de ofício quando demonstrado que o sujeito passivo valeu-se de artifício doloso, visando sonegação fiscal.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são calculados com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
IPI. LANÇAMENTO REFLEXO. OMISSÃO DE RECEITAS.
Comprovada a omissão de receitas em lançamento de ofício respeitante ao IRPJ, é devida, por decorrência, a exigência do IPI correspondente e dos respectivos consectários legais, em virtude da irrefutável relação de causa e efeito.
INDUSTRIALIZAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO.
A fabricação de embarcações completas, mesmo que mediante a aquisição de cascos nus, caracteriza-se como industrialização, sujeitando as operações à incidência do IPI.
Numero da decisão: 1301-002.694
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e a arguição de decadência, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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MAIS DE UMA EMPRESA. MESMA ÁREA GEOGRÁFICA. Caracteriza simulação a instalação de três empresas na mesma área geográfica, com o objetivo de subtrair o pagamento de tributos. A comprovação de tal fato autoriza o Fisco a alcançar o negócio jurídico que se dissimulou, para proceder a devida tributação. DEPÓSITO BANCÁRIO. ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITA. Caracteriza omissão de receita decorrente de presunção legal a ausência de comprovação da origem de depósitos mantidos em conta corrente bancária. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. SIMULAÇÃO. TERMO INICIAL. A regra acerca da contagem de decadência para os lançamentos por homologação excepciona as situações em que exista dolo, fraude ou simulação. Nestes casos, aplicase a regra geral do art. 173 do CTN, que estabelece como marco inicial da contagem do prazo decadencial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Correta a qualificação da multa de ofício quando demonstrado que o sujeito passivo valeuse de artifício doloso, visando sonegação fiscal. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são calculados com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 24 78 /2 01 1- 61 Fl. 2857DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.858 2 IPI. LANÇAMENTO REFLEXO. OMISSÃO DE RECEITAS. Comprovada a omissão de receitas em lançamento de ofício respeitante ao IRPJ, é devida, por decorrência, a exigência do IPI correspondente e dos respectivos consectários legais, em virtude da irrefutável relação de causa e efeito. INDUSTRIALIZAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. A fabricação de embarcações completas, mesmo que mediante a aquisição de cascos nus, caracterizase como industrialização, sujeitando as operações à incidência do IPI. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e a arguição de decadência, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 2858DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.859 3 Relatório ESTALEIRO SCHAEFER YACHTS LTDA recorre a este Conselho contra a decisão proferida pela DRJ em primeira instância (Acórdão 1437.388) que julgou improcedente a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Tratase de exigência reflexa de IPI decorrente de lançamento de IRPJ em razão de suposta omissão de receitas com base em depósitos bancários sem comprovação de origem, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. A exigência de IRPJ e reflexos (CSLL, PIS e Cofins) encontrase formalizada no processo 11516.722477/201117. Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no auto de infração de fls. 2586/2594, lavrado em 19/12/2011, com ciência da contribuinte em 21/12/2011, totalizando o crédito tributário de R$ 39.356.340,26. Segundo a descrição dos fatos de fls. 2587/2590 e o Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal de fls. 2536/2584, foram constatadas diversas irregularidades em relação ao IPI: No período de janeiro a dezembro de 2006 foram constatadas: 1. Falta de lançamento do IPI na saída de produtos tributados, em razão da emissão de notas fiscais com valores tributáveis menores do que o valor total da operação, por não ter a contribuinte considerado parte de sua atividade como industrial; 2. Falta de lançamento do IPI, em virtude da saída de produtos do estabelecimento sem a emissão de nota fiscal, apurada através da constatação de receitas omitidas, decorrentes da existência de créditos em conta corrente mantida em instituição bancária, cuja origem não foi comprovada; No período de outubro e dezembro de 2010 foi constatada falta de lançamento do IPI na saída de produtos tributados, apurada através da constatação de receitas omitidas, decorrentes da existência no passivo de registro de exigibilidades que não foram comprovadas; Em julho, setembro, outubro e novembro de 2010, falta de lançamento de IPI na saída de produtos tributados, pela emissão de notas fiscais com valores tributáveis menores do que o valor real da operação. Fl. 2859DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.860 4 Em julho de 2010 foi constatada falta de lançamento de IPI na saída de produtos tributados, por ter se utilizado incorretamente do instituto da suspensão prevista no inciso II do art. 43 do RIPI/2010, na saída para exposição em feiras, pois não houve o retorno do produto ao final da feira. O procedimento fiscal iniciouse com intimação à contribuinte para apresentar, dentre outros, contrato social, livros contábeis e fiscais, extratos de contas bancárias, documentos que lastrearam os registros contábeis além de arquivos magnéticos dos registros contábeis relativos ao anocalendário de 2006. Em atendimento a contribuinte apresentou contrato social, extratos do Banco Safra e Banco Bradesco, além de outros documentos. Solicitou prazo para apresentação dos livros contábeis e fiscais, além de descrever o processo produtivo (fls. 02/06). Posteriormente o procedimento de fiscalização estendeuse para o período de maio a dezembro do anocalendário de 2010, relativamente ao IRPJ e reflexos, além do IPI para o anocalendário de 2006 e junho a dezembro de 2010. Conforme consta do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 2536/2584) juntamente com as empresas SPA Comércio de Embarcações e Equipamentos Náuticos Ltda., CNPJ n. 07.029.802/000173 e Estaleiro Kiwi Boats Ltda., CNPJ n. 86.994.993/000180, a contribuinte compõe um grupo empresarial que fabrica embarcações de luxo para lazer e funciona na mesma planta industrial. O desmembramento das atividades nas três empresas foi efetuado com a intenção de burlar a apuração de impostos, fato constatado após o grupo ter sido submetido a Regime Especial de Fiscalização (fls.911/926). O despacho decisório que concluiu pela implementação do REF fundamentouse não só no embaraço à fiscalização, como também na provável confusão patrimonial e de atividade, caracterizada pela localização de três empresas na mesma planta, com ressalva de que tal circunstância, por si só, não implica ilegalidade, desde que as sociedades empresárias participantes fossem distintas. A ação fiscal voltouse inicialmente para o ano calendário de 2005 e maio de 2010. Após ter sido constatado que os anos calendário de 2006 e 2007 apresentavam indícios de sonegação, materializados na apresentação de Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) sem registro de faturamento, além de recolhimento de tributos em valores insignificantes, se comparados com a movimentação financeira, foi emitido o MPF 0920100.2010.009557 para fiscalização do IRPJ do anocalendário de 2006, além de MPF específicos para diligências nas contribuintes Spa Comércio de Embarcações e Equipamentos Náuticos Ltda. e Estaleiro Kiwi Boats Ltda. O objetivo foi o de apurar elementos relativos às operações da contribuinte. Posteriormente foram incluídos outros períodos para incidir a ação fiscal. Das intimações Para demonstrar que as operações industriais e comerciais referiamse a uma única sociedade empresária foram dirigidas intimações para que as três integrantes do grupo apresentassem escrita contábil e fiscal, extratos bancários relativos ao anocalendário de 2006, além da descrição dos serviços prestados e produtos comercializados. Em resposta a contribuinte alegou que a empresa Estaleiro Kiwi Boats produzia cascos em fibra de vidro; a Estaleiro Schaefer Yachts Ltda. montava kits conforme o Fl. 2860DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.861 5 modelo da embarcação e a Spa prestava serviços de administração de contratos. Após as intimações terem sido reiteradas foram apresentados elementos da escrita fiscal e contábil, exceto os arquivos magnéticos da Spa. Intimada a identificar a origem dos valores creditados nas contas bancárias relativas aos extratos apresentados a contribuinte não apresentou qualquer resposta. Estaleiro Kiwi Boats Ltda. Foi intimada a apresentar notas fiscais de entrada de valor contábil superior a R$ 10.000,00 e/ou com crédito de IPI em importância igual ou superior a R$ 200,00, além de notas fiscais de saídas com o registro de cancelamento no Livro de Registro de Saídas de Mercadorias. A autoridade fiscal constatou que na escrituração fiscal não existe entre a Estaleiro Schaefer e a Estaleiro Kiwi Boats segregação entre os bens que transitam pelas empresas. Conquanto as embarcações fossem encaminhadas para representantes comerciais por meio de nota fiscal emitida por Estaleiro Kiwi, não havia lançamento contábil que justificasse o aparecimento das embarcações. Quando alguma das embarcações em demonstração era vendida o representante emitia nota fiscal de devolução da demonstração para Estaleiro Kiwi, com destaque de IPI e ICMS. Em seguida o Estaleiro Kiwi emitia nota fiscal de venda do casco, enquanto a Estaleiro Schaefer emitia nota fiscal de venda com registro de venda de kit e acessórios e mão de obra de montagem. Em ambas notas o destinatário era o adquirente. Após descrever algumas operações que foram efetuadas com a utilização desta sistemática, a autoridade fiscal consignou que tal procedimento acobertou a sonegação de IPI e ICMS. O IPI passou a ser calculado apenas sobre o valor do casco. O ICMS, que seria de 25% por se tratar de venda a consumidor final, também era calculado apenas sobre o valor do casco. As parcelas do Estaleiro Schaefer eram calculadas à alíquota de 17% sobre os produtos e zero sobre a mãodeobra. O quadro de fls. 2548 demonstra os valores de impostos sonegados. Do que consta, inferese que havia lançamento de IPI apenas sobre o valor do casco, sem considerar o processo de montagem, pois ocorria venda de um barco, não de casco e componentes, separadamente. Tal situação ocorria também com os motores das embarcações. Spa Comércio de Embarcações e Equipamentos Náuticos Ltda. Embora tivesse alegado que sua atividade era a de administrar contratos, constatouse que os documentos que apresentou denominados “contratos de prestação de serviços”, de fato eram contratos de venda de embarcações, em que a Spa figura como contratada para administração e intermediação da compra de embarcação, sem qualquer previsão de recebimento pelos serviços prestados. O valor total da contratação corresponde à importância da venda. Grande parte dos contratos não está assinada pelos contratantes; alguns nem pela contratada. Registra o termo que da amostra de contratos figuram como contratantes empresas de representação que não adquirem as embarcações, conforme atestam as notas fiscais de venda. Fl. 2861DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.862 6 Ademais, a prestação de serviço praticada pela Spa era ilógica, pois 1) uma pessoa interessada em adquirir uma embarcação da Schaefer Yachts vai até as instalações da Schaefer e contrata a SPA (que funciona no mesmo endereço conforme declaração do sócio) para intermediar a aquisição da embarcação. Quem faz a intermediação é o sr. Márcio Schaefer (dono de 90% da SPA) e o sr. Pedro Odílio (10% do capital da SPA) na compra da embarcação fabricada pelo Estaleiro Schaefer Yachts Ltda., do qual o sr. Márcio Schaefer possui 95% do capital e o sr. Pedro 5%; 2) as empresas representantes da empresa Estaleiro Schaefer Yachts Ltda. (Band Náutica; Celmar; Força 10; MCC Náutica) que apenas recebem embarcações em demonstração, firmam contratos com a SPA para que esta (a SPA) administre e faça a intermediação da aquisição de uma embarcação que ela não vai adquirir, vai apenas deixar em demonstração em seu estabelecimento. A escrituração contábil da Spa não registra saldo inicial nas contas patrimoniais, acrescido do fato de que a conta “Fornecedores Nacionais” registra diversos pagamentos sem as entradas correspondentes, resultando em saldo devedor de R$ 6.046.369,56 (fls. 1021/1052). Todas as observações antes lançadas serviram para corroborar a ausência de autonomia patrimonial entre as empresas, em afronta ao princípio contábil da entidade, previsto no art. 4º da Resolução CFC 750/1993. Do IRPJ Segundo a autoridade fiscal, a apuração do IRPJ ocorreu de forma consolidada, abrangendo as três sociedades empresárias anteriormente citadas, em face de que ficou demonstrado inexistir autonomia patrimonial, tratandose, de fato, de uma só contribuinte. A autoridade fiscal valeuse da prerrogativa de apuração do IRPJ e da CSLL pela sistemática do arbitramento do lucro, com base no art. 530 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999) em face de que as três contribuintes apresentaram DIPJ relativas ao ano calendário de 2006 com apuração lucro real sem qualquer valor registrado como receita, os registros contábeis não serem confiáveis, não haver documentação representativa dos recebimentos, o que impossibilitou a reconstituição do fluxo financeiro, A base de cálculo para o arbitramento foi a receita conhecida, abrangendo a receita das atividades lastreada em notas fiscais de vendas de mercadorias e serviços além das receitas omitidas. Os quadros de fls. 2559/2560 demonstram as receitas utilizadas pela fiscalização para o arbitramento do lucro, obtidas das notas fiscais emitidas para o mercado interno e das atividades de exportação. A planilha de fl. 2561 relaciona os créditos bancários Fl. 2862DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.863 7 cuja origem não foi comprovada, considerados receita omitida. O demonstrativo de fls. 2561/2562 sintetiza as receitas e os depósitos bancários. Às fls. 2562/2565 encontramse relacionados os valores dos tributos declarados ou recolhidos pela contribuinte, cujas importâncias foram deduzidas para efeito de constituição do crédito tributário. Relativamente ao anocalendário de 2010, quando o grupo assumiu a entidade única da Estaleiro Schaefer Yachts Ltda., em vista de que a contribuinte não atendeu as intimações para esclarecer a composição da conta “Adiantamento de Clientes”, a fiscalização considerou o saldo apresentado em 31/12/2010, de R$ 23.336.151,17 como obrigações cuja exigibilidade não foi comprovada, caracterizando omissão de receita, além do valor do lançamento efetuado a débito da conta Banco Safra e a crédito da conta Fornecedores Nacionais, no valor de R$ 196.649,26 (fls. 2565/2566). Após circularização de informações entre os adquirentes de embarcações, durante o período em que a contribuinte esteve sob o regime especial de fiscalização constatou se que as notas fiscais de vendas foram emitidas por valor inferior ao total da transação, conforme sintetizado no quadro de fls. 2567 e descrito nas fls. 2567/2568. Intimada a se manifestar, a contribuinte alegou que o valor da transação é o que consta das notas fiscais, em conformidade com os contratos que apresentou, no que foi contestada pela fiscalização, que descreveu eventos em que os fatos militam em desfavor das alegações da autuada. As importâncias relativas à omissão de receita apurada estão descritas nos demonstrativos de fl. 2569. Do Imposto Sobre Produtos Industrializados Pela falta de distinção entre as operações das empresas, a apuração do IPI também foi consolidada para as três empresas. ANO DE 2006 1. Falta de lançamento do IPI na saída de produtos tributados, por não ter a contribuinte considerado parte de sua atividade como industrial. A contribuinte dissimulava a fabricação de embarcações de luxo, fracionando seus negócios em três diferentes empresas, e para efeito de IPI, considerava industrialização apenas a fabricação do casco nu, pela empresa Estaleiro Kiwi. Na realidade a contribuinte vende embarcações completas de alto luxo, fabricadas por ela desde o casco, incluindo a montagem nesse casco, de diversos outros componentes elétricos, eletrônicos, de mobília, estofados, divisórias, revestimentos e equipamentos, e, eventualmente, motores e entrega ao cliente um barco completo. A empresa Estaleiro Kiwi fabrica cascos nus e os transfere, na mesma unidade industrial, para a empresa Estaleiro Schaefer que monta nesse casco os demais itens. A empresa Estaleiro Schaefer sustenta que sua atividade é de prestação de serviços, e descreve a operação como a venda de um kit, quando na verdade executa uma operação industrial de montagem, recebendo um casco nu e entregando um barco completo. Fl. 2863DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.864 8 O valor do IPI não lançado encontrase demonstrado às fls. 2572/2573. 2. Falta de lançamento do IPI, em virtude da saída de produtos do estabelecimento sem a emissão de nota fiscal, apurada através de créditos em conta corrente mantida em instituição bancária, cuja origem não foi comprovada. Conforme já descrito acima, na fiscalização do IRPJ, foram constatados depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, caracterizando omissão de receitas. Em decorrência, foi lançado o IPI relativo às receitas omitidas, em conformidade com o parágrafo 2º, do art. 448 do RIPI/2002. Os valores estão demonstrados às fls. 2573/2574. ANO DE 2010 1. Falta de lançamento do IPI na saída de produtos tributados, apurada através da constatação de receitas omitidas, decorrentes da existência no passivo de registro de exigibilidades que não foram comprovadas. Conforme já descrito acima, na fiscalização do IRPJ, foram constatados no passivo, em outubro e dezembro de 2010, valores cuja exigibilidade não pode ser comprovada, caracterizando omissão de receitas. Os valores estão demonstrados à fl. 2579. 2. Falta de lançamento de IPI na saída de produtos tributados, pela emissão de notas fiscais com valores tributáveis menores do que o valor real da operação. Conforme já descrito acima, na fiscalização do IRPJ, nos meses de julho, setembro, outubro e novembro de 2010, mediante a circularização de clientes, constatouse que foram emitidas notas fiscais de vendas por valor inferior ao total da transação. Os valores estão demonstrados à fl. 2579. 3. Falta de lançamento de IPI na saída de produtos tributados, por ter se utilizado incorretamente do instituto da suspensão prevista no inciso II do art. 43 do RIPI/2010. Em julho/2010, a contribuinte remeteu três embarcações para exposição em feira, com a suspensão do IPI prevista no inciso II do art. 43 do RIPI/2010, entretanto, as embarcações não retornaram ao estabelecimento após o encerramento da feira, tendo sido remetidas para um representante. Posteriormente, em setembro, para tentar corrigir a situação, a contribuinte efetuou o lançamento do imposto. Conseqüentemente, foi lançado o IPI que deixou de ser lançado em julho, e, na reconstituição da escrita fiscal, foram excluídos os débitos lançados em setembro, conforme demonstrado à fl. 2578. Em relação ao ano de 2006, por entender que existiu dolo materializado nas figuras qualificadoras de sonegação, fraude e conluio, a multa de ofício imposta foi majorada para 150% dos tributos lançados. Para o ano de 2010, foi aplicada a multa de ofício de 150% em virtude da contribuinte estar submetida a regime especial de fiscalização previsto no art. 33 da Lei nº 9.430/96. Fl. 2864DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.865 9 Regularmente intimada da imposição tributária a contribuinte ingressou com a impugnação de fls. 2603/2641, em que pleiteia sejam as intimações remetidas para o endereço profissional de seus representantes. Em sua defesa, arguiu que o procedimento é ilegal e arbitrário em face de que a autoridade fiscal (i) desconsiderou, indevidamente, no ano calendário de 2006, a estrutura jurídica das empresas Estaleiro Schaefer Yachts Ltda., Estaleiro Kiwi Boats Ltda., SPA Comércio de Embarcações e Equipamentos Náuticos Ltda, para considerar que todas as empresas mencionadas deveriam ser tributadas como uma única pessoa jurídica (Estaleiro Schaefer Yachts Ltda); (ii) considerou, erroneamente, que tanto as atividade desenvolvidas pelas empresas Estaleiro Schaefer Yachts Ltdfa.(revenda e prestação de serviços) e SPA Comércio de Embarcações e Equipamentos Náuticos Ltda (prestação de serviços) estão sujeitas a tributação de IPI; (iii) não cumpriu com o dever de investigação necessário à obtenção dos elementos de convicção e certeza, indispensáveis a constituição do crédito tributário, baseandose em simples indícios e erros isolados na escrita fiscal que não sustentam, por si só, a presunção legal de omissão de receita; (iv) não examinou de forma criteriosa os documentos apresentados pela Impugnante, os quais, se analisados em conjunto, comprovariam que os valores creditados nas contas bancárias possuem origem identificada, estando devidamente escriturados e submetidos à tributação; (v) não excluiu da receita supostamente omitida os valores decorrentes de transferências entre contas da própria pessoa jurídica, empréstimos, estornos e contratos de câmbio; (vi) não examinou de forma criteriosa as notas fiscais apresentadas pela Impugnante, as quais, se analisadas em conjunto com as demais documentações, comprovariam que não houve saída do estabelecimento de produtos com valores tributáveis menores do que o valor total da operação; (vii) não aplicou o instituto da decadência ao crédito tributário referente ao anocalendário de 2006, o que implica a sua imediata extinção, nos termos do art. 156, V, do Código Tributário Nacional. (vi) qualificou a multa de 150% com base na simples presunção de fraude, infirmada pela própria fundamentação adotada pelo Fiscal para justificar o arbitramento do lucro. Acrescentou que: Fl. 2865DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.866 10 a desconsideração dos atos e negócios jurídicos baseada no parágrafo único do art. 116 do CTN é ilegítima pois aquele normativo não é autoaplicável e exige procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária que até o momento não foi editada; enquanto a empresa Kiwi Boats produz casco nu de embarcações, a impugnante revende equipamentos e acessórios e presta serviços de instalação e montagem específico para cada adquirente; os motores, aparelhos de som e demais equipamentos não sofrem qualquer alteração de natureza ao serem instalados, não se caracterizando como industrialização, estando a atividade sujeita à incidência do ISS; a empresa SPA apenas presta serviços de administração de contratos e de assessoria na aquisição das embarcações; é descabido considerar a omissão de receita decorrente dos depósitos bancários e ao mesmo tempo tributar o que se encontra registrado nos livros fiscais e já fora submetido à tributação. Quando muito poderia ter tributado a diferença como omissão de receita, considerando a escrituração fiscal; não há como considerar omissão de receita importâncias referentes às outras empresas. Se houve inconsistências, a fiscalização deveria ter sido dirigida em desfavor daqueles contribuintes; mesmo que fosse constatada a omissão de receitas, não haveria IPI a cobrar pois não há incidência de IPI nas atividades da impugnante; o lançamento da importância de R$ 196.649,26 a débito da conta Bancos e a crédito da conta Fornecedores foi reconhecido como erro pela impugnante e corrigido, entretanto, a fiscalização manteve o lançamento decorrente; o valor de R$ 23.336.151,17 referese a valores de adiantamento de clientes para aquisição de itens que não são fabricados pela impugnante; as diferenças de valor entre as notas fiscais emitidas e os contratos obtidos pela fiscalização através de circularização de clientes decorrem do fato de que as notas se referiam somente ao valor da embarcação enquanto os contratos abrangem o valor da embarcação e os valores adiantados pelos clientes para compra de equipamentos através de fornecedores; a exasperação da multa de ofício ressentese da comprovação da intenção dolosa por parte da impugnante; a imposição da taxa Selic é inconstitucional. Ao final requereu da autoridade julgadora: (i) receber e processar a presente impugnação, nos termos dos arts. 14, 15 e 16 do Decreto n° 70.235/1972, suspendendose a exigibilidade do crédito tributário nos termos do art. 151, inciso III, do CTN; Fl. 2866DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.867 11 (ii) determinar o cancelamento da exigência fiscal, uma vez que: (a) restou comprovado que a impugnante não agiu com simulação ou fraude; (b) a preponderância da prestação de serviços (de instalação de equipamentos nos cascos nus de fibra de vidro) e comercialização nas atividades da impugnante, sem ocorrência de industrialização; (c) o parágrafo único do art. 116 do CTN que prevê a desconsideração de atos e negócios jurídicos carece de regulamentação; (d) inexiste previsão legal que permita a tributação de grupo econômico de maneira unificada, havendo, conseqüentemente, erro de identificação do sujeito passivo e na quantificação da base de cálculo; (e) a desconsideração da personalidade jurídica é possível apenas por meio de decisão judicial; (f) demonstrada a inexistência de simulação, os débitos se encontram decaídos; (g) a autoridade fiscal não cumpriu com o dever de investigação necessário à obtenção dos elementos de convicção e certeza, indispensáveis a constituição do crédito tributário, baseandose em simples indícios e erros isolados na escrituração contábil, que não sustentam a presunção legal de omissão de receita; (h) os documentos apresentados pela Impugnante, analisados em conjunto, comprovam que os valores creditados nas contas bancárias possuem origem identificada, estando devidamente escriturados e submetidos à tributação; (i) não foram excluídos os valores decorrentes de transferências entre contas da própria pessoa jurídica, empréstimos e contratos de câmbio; (iii) determinar o cancelamento dos juros Selic; (iv) por fim, determinar o cancelamento da multa qualificada ou, alternativamente, a redução para o percentual de 75% (setenta e cinco por cento), na hipótese de se entender devido o pagamento do crédito tributário. Analisando a impugnação apresentada, o colegiado a quo julgoua improcedente. O contribuinte foi cientificado da decisão em 17 de maio de 2012 (fl. 2.708), apresentando recurso voluntário em 15 de junho de 2012 (fls. 2.7102756), reafirmando os termos de sua impugnação. É o relatório. Fl. 2867DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.868 12 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, assinado por procurador devidamente habilitado. Dessa forma, preenchidos os pressupostos legais para sua admissibilidade, dele conheço. 1 OMISSÃO DE RECEITAS Tratandose de auto de infração reflexo, baseado nos mesmos elementos de prova, em relação à preliminar de nulidade, arguição de decadência e omissão de receitas, adoto o fundamento do voto condutor do acórdão 1401001.102 (processo 11516.722477/2011 17) que, por unanimidade de votos, rejeitou a preliminar de nulidade, afastou a decadência e negou provimento ao recurso ao voluntário: Tratase de lançamento referente às seguintes infrações: a) omissão de receitas decorrente da emissão de documentos fiscais em valores inferiores aos efetivamente praticados; b) omissão de receita decorrente de passivo fictício e c) omissão de receita decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada. Arguição de decadência Repetindo o que foi alegado na fase impugnatória, a contribuinte argüiu a decadência do direito de constituir o crédito tributário referente aos fatos geradores que antecederam a notificação do lançamento (21/12/2011fl. 2658), sob a alegação de que tais tributos estão sujeitos ao regime de lançamento por homologação, consoante art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional A regra geral de contagem do prazo de decadência, prevista no art. 173 do CTN estabelece como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. A antecipação do termo inicial do prazo de decadência, tal como prevista no art. 150, § 4º do CTN, somente ocorre quando forem cumpridos os seguintes requisitos cumulativos: 1) tenha havido pagamento ou tenha sido dado conhecimento da atividade ao sujeito ativo da obrigação tributária, e 2) que não tenha ocorrido a figura do dolo, da fraude ou de simulação. Postergo a análise desta alegação para momento oportuno, tendo em vista a necessidade de apreciar previamente se a contribuinte incorreu ou não na prática de dolo, fraude ou simulação. Arguição de impossibilidade de quebra de sigilo bancário e/ou utilização dos extratos bancários com base na Lei Complementar nº 105/2001 De maneira inovadora em relação ao que foi alegado na fase impugnatória, a recorrente considerou impossível a quebra do sigilo bancário bem como a Fl. 2868DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.869 13 utilização de extratos bancários, com base na Lei Complementar nº 105/2001, considerando o novo entendimento do STF no julgamento do RE 390.8086/PR. Não assiste razão à recorrente. No presente caso não houve quebra de sigilo bancário, não tendo sido emitida pelo Fisco nenhuma RMF – Requisição de Movimentação Financeira. Os extratos bancários que lastrearam o presente lançamento foram apresentados espontaneamente pela contribuinte, em atendimento a intimações específicas expedidas pelas autoridades fiscais. Assim sendo, considero que a presente alegação do contribuinte não merece prosperar. Mérito Da unificação das pessoas jurídicas Conforme se verifica a partir dos documentos acostados aos autos, as sociedades empresárias Estaleiro Schefer Yachts, Estaleiro Kiwi Boats e Spa Comércio partilhavam a mesma planta industrial. Segundo a recorrente, cada uma dessas pessoas jurídicas exercia uma função específica. O acórdão recorrido deixou claro que o mero compartilhamento da mesma planta industrial por parte das três pessoas jurídicas, por si só, não teria o condão de descaracterizar a natureza jurídica existente, desde que as citadas empresas efetivamente tivessem existência autônoma. No presente caso, contudo, o Fisco logrou contatar que não havia individualização das três pessoas jurídicas. Conforme devidamente demonstrado pelo Fisco, inexistia registro contábil distinto para cada uma das empresas, requisito essencial para demonstrar a evolução de seus ativos e para demonstrar a que cada uma daquelas sociedades empresárias existia de forma autônoma. Os fatos acima descritos forçadamente conduziram à conclusão de que se tratava de uma única entidade empresarial com três denominações diferentes. No entender do colegiado julgador a quo, “tal circunstância foi confirmada em face de o grupo ter assumido a identidade única de Estaleiro Yachts Ltda.”. A questão em apreço foi analisada com grande precisão e objetividade pelo colegiado recorrido, fls. 27532754: A alegação de impossibilidade de aplicação do parágrafo único do art. 116 CTN deve ceder passo à interpretação econômica dada ao que foi constatado pela fiscalização, em que a forma eleita pelo contribuinte, por camuflar operação econômica tributável com mais gravosidade é desconsiderada em favor da real atividade praticada por ela. Aurélio Pitanga Seixas Filho (in A Elisão Tributária e a Interpretação Econômica, RTFP n. 67, marabr/2006) leciona que O planejamento tributário na medida em que tem sua licitude no uso de formas Fl. 2869DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.870 14 alternativas ou indiretas representando realmente o fenômeno econômico praticado, tem seu limite, entretanto, na falta de equivalência entre o fato praticado e o seu registro jurídico, configura o artifício dissimulador usado para disfarçar ou camuflar o verdadeiro e real ato praticado. Não é defeso à contribuinte escolher a alternativa que resulte em menor pagamento de tributo, desde que não haja afronta ao sistema jurídico posto. No caso presente, a fiscalização demonstrou que ocorreu verdadeira confusão patrimonial, o que leva a concluir tratarse de apenas uma entidade econômica. Repisese que o fato de existir mais de uma empresa localizada na mesma planta industrial, como é o caso em questão, não tem o condão de descaracterizar a individualidade de cada uma delas. O que ensejou a unificação foi o fato de não haver distinção contábil que caracterizasse cada uma das atividades. As condutas praticadas pela contribuinte sequer atendem ao requisito de licitude que Marco Aurélio Greco enumera como um dos vestibulares para que se possa admitir o planejamento tributário e a elisão fiscal (in Planejamento Tributário, 2ª ed., Dialética, pág. 113), pois a impugnante simulou a existência de três entidades quando, de fato, existia apenas uma. Extremamente relevante para o deslinde desta questão é a descrição do modus operandi da contribuinte, conforme bem descrito no acórdão recorrido, fls. 2754: Citese a descrição da venda (fl. 2545) em que o Estaleiro Kiwi Boats remete a embarcação à destinatária MCC Náutica Importação e Comércio Ltda. para demonstração. Algum tempo depois a Estaleiro Schaefer emite nota fiscal de venda com vários itens e um kit 290 mais mãode obra de montagem. Na mesma data o Estaleiro Kiwi Boats emite nota fiscal de venda de um casco nu. Cinco dias depois a MCC Náutica emite nota de devolução da embarcação. Ora, o que ocorre é a venda de um barco; não de casco e kit de montagem, pois ele está montado e pronto para uso. Utilizandose de raciocínio analógico, seria o mesmo que uma montadora de automóveis emitir documento fiscal da venda da carcaça do veículo; outra empresa interligada venderia o motor; outra venderia alguns acessórios, e assim por diante. Fl. 2870DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.871 15 Em sua defesa, a recorrente alegou que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) já apreciou situação semelhante, prolatando decisão favorável à contribuinte. Devese ter em conta, porém, que no precedente mencionado pela recorrente o Fisco não aprofundou devidamente a ação fiscal. Por consequência, naquela ocasião o Fisco não logrou êxito em desconstituir a presunção de legitimidade dos atos praticados pela contribuinte. Para constatar este fato, convém analisar um pequeno trecho do acórdão referido pela recorrente (processo n. 11516.002462/200418), na parte em que considerou insuficiente a instrução probatória que visava justificar a exigência fiscal (grifado): Como os atos simulados são praticados com o objetivo de ludibriar, escondendo os atos dissimulados e efetivos, a prova da simulação é difícil, árdua, às vezes impossível, pois divergência psicológica de intenção das partes que é, escapa a uma prova direta, dificilmente os que simulam deixam evidências, a prova escrita do fingimento é impossível e a contradeclaração, reveladora do negócio dissimulado, raríssima. Por isso, o fisco, a quem incumbe desconstituir a presunção de legitimidade de que gozam os atos e negócios jurídicos atacados, provando que não passam de mera aparência ou ocultam uma outra relação jurídica de natureza diversa, escamoteando a ocorrência do fato gerador, há de se valer da prova indireta, de indícios, que hão de ser graves, precisos, concordantes entre si, resultantes de uma forte probabilidade e indutores de ligação direta do fato desconhecido como fato conhecido. A meu sentir, disso não se desincumbiu o fisco. A falta de aprofundamento da ação fiscal faz com que os fatos apontados como indícios de simulação, quais sejam, a instalação das duas empresas na mesma área geográfica e as alterações dos seus objetivos sociais, reservando se a uma a fabricação do casco e à outra os serviços de montagem da embarcação, possam ser tidos como desdobramento da atividade antes exercida por uma delas, objetivando racionalizar as operações e minorar a carga tributária. A conclusão diversa chegaria se a fiscalização comprovasse que a empresa desqualificada não mantinha registros e inscrições fiscais próprias, que não possuía quadro próprio de empregados, que não celebrava negócios, que não emitia documentação, que não mantinha escrituração fiscal relativa a seus negócios. O argumento de que o desmembramento das atividades operacionais teve por único escopo obter economia tributária não é suficiente, por si Fl. 2871DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.872 16 só, para a desconsideração dos atos e negócios jurídicos realizados com amparo legal. No presente caso, ao contrário do que ocorreu no caso mencionado pela contribuinte, considero que os elementos probatórios constantes dos autos são amplamente suficientes para demonstrar que a contribuinte, de maneira fraudulenta, forjou a aparência de três sociedades empresárias quando, na verdade, existia uma só. No caso ora em análise, conforme bem referido pela decisão recorrida, não há que se falar em responsabilização de terceiros, conforme indevidamente alegado pela contribuinte, tanto em sede impugnatória quanto em sede recursal. Também não se trata de desconsideração de personalidade jurídica, conforme previsto no art. 50 do Código Civil, mas sim de reconhecimento do desvio de finalidade das demais entidades empresariais e de confusão patrimonial entre todas elas. No presente caso, as autoridades fiscais simplesmente atribuíram a responsabilidade tributária a quem de direito, ou seja, à entidade que efetivamente exercia atividade econômica e que, portanto, se revestia da condição de contribuinte perante o fisco federal. No caso descrito nos presentes autos, não há dúvida de que as três entidades jurídicas (aparentemente distintas) constituíam uma única entidade econômica. Tal realidade fática, conforme bem apontado pelas autoridades fiscais, foi reconhecida pela própria contribuinte, quando formalmente unificou suas atividades em uma única pessoa jurídica, no anocalendário de 2010. Sobre o tema, posicionouse com suficiente clareza o acórdão recorrido, fls. 2755: O que está demonstrado nos autos é ausência de registros contábeis que pudessem justificar o trânsito de bens entre as empresas durante o processo produtivo, aliada à dissimulação da venda do produto, registrada como retorno para a unidade que a enviou e a posterior venda de partes, como se a embarcação tivesse sido desmontada em vendida aos pedaços. Desta sequência de atos e fatos (retorno da embarcação que havia sido enviada para demonstração e venda de partes, sem considerar o processo de montagem) resulta significativo prejuízo ao erário, conforme se verifica do quadro de fls. 2548. Conforme registrou a fiscalização (fl. 2548, último parágrafo), por que adquirir partes e peças de motores se a Estaleiro Kiwi apenas fabrica cascos? Semelhante situação se apresenta com a administração de contratos e prestação de serviços efetuada pela SPA Comércio de Embarcações, em que os contratos apresentados registram como valor do serviço prestado o preço total da embarcação. Fl. 2872DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.873 17 Diante do exposto, considero que em relação a este tema, o acórdão recorrido não merece quaisquer reparos. Do arbitramento do lucro [...] Da presunção de omissão de receita Conforme relatado, uma parte da base imponível foi apurada com base em presunção de omissão de receitas, caracterizada por: a) existência de depósitos bancários de origem não comprovada; b) existência de passivo fictício. Conforme bem apontado pela decisão de piso, as presunções legais são aquelas que decorrem de norma jurídica expressa apresentando a natureza de verdades jurídicas, por força de lei. Tal atitude do legislador se justifica amplamente, ante a dúvida ou a própria impossibilidade humana de atingir o conhecimento preciso sobre determinados fatos. Nestas situações, a lei declara antecipadamente a verdade jurídica sobre eles, que passam, assim, a se ter como provados por presunção legal. As presunções de omissão de receita de que se trata do presente processo constituem presunções relativas (juris tantum), admitindo prova em contrário. Tais provas deveriam ter sido produzidas pela contribuinte. Em outras palavras, nas hipóteses de omissão de receita objeto do presente processo, ocorre a inversão do ônus da prova, ou seja, após o Fisco demonstrar a ocorrência da hipótese autorizadora da presunção, compete ao contribuinte provar o contrário. Ressaltese que em homenagem ao princípio constitucional da ampla defesa foi assegurado à contribuinte, desde a lavratura do auto de infração até o presente momento, a possibilidade de produzir provas capazes de refutar tal presunção. No que tange aos depósitos bancários, a caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda se dá pela constatação do crédito bancário associado à falta de esclarecimentos da origem do numerário creditado e do seu regular oferecimento à tributação. Como facilmente se percebe, a presunção legal em apreço não fere o conceito legal de fato gerador a que se refere o art. 43 do CTN. Conforme bem apontador pelo acórdão recorrido, a presunção em apreço ressalta o fato de que o sujeito passivo adquiriu a disponibilidade econômica ou jurídica dos valores creditados em sua conta corrente bancária, sem que tivesse comprovado o regular oferecimento de tais valores à tributação. Registrese, por oportuno, que em nenhum momento a contribuinte apresentou esclarecimentos minimamente satisfatórios, tendentes a comprovar a origem dos valores depositados em suas contas correntes, seja no decorrer do procedimento fiscal, seja na fase impugnatória, seja na fase recursal. Conforme bem apontado pelo acórdão de piso, eventual dedução das receitas declaradas pela contribuinte do montante dos depósitos bancários considerados, por presunção legal, como receita omitida somente poderia ocorrer se a contribuinte correlacionasse algum depósito bancário com o ingresso de receita devidamente tributadas. Tal fato, contudo, não ocorreu. Fl. 2873DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.874 18 No que tange à presunção de omissão de receitas por passivo fictício, no montante de R$ 196.649,26, a própria contribuinte reconheceu a existência de erro. Tal reconhecimento, conforme bem apontado pela decisão recorrida, evidencia com clareza que, à época, realmente existia o passivo fictício identificado pelo Fisco. Ressaltese, por oportuno, que também em relação a estes valores a contribuinte abstevese de apresentar demonstração cabal da existência do erro e da devida regularização contábil. Por fim, quanto ao valor de R$ 23.336.151,17, que foi considerado como omissão de receita por passivo fictício, a recorrente limitouse a apresentar meras alegações, totalmente desacompanhadas da necessária comprovação. Segundo a recorrente, os adquirentes dos produtos adiantavam importâncias para que a contribuinte realizasse compras em nome deles. No entanto, tal fato deveria ser devidamente demonstrado pelos registros contábeis, o que não foi feito. A recorrente também alegou que tais valores corresponderiam a itens que compõe a embarcação, mas que não são fabricados pela contribuinte. Ora, tal fato apenas confirma o fato de que a contribuinte efetivamente executava a montagem das embarcações, mas sem dar o devido conhecimento deste fato à autoridade fazendária. Por todo o exposto, em relação a este tema, considero que o acórdão recorrido não merece quaisquer reparos. Da qualificação da multa A qualificação da multa de ofício, de 75% para 150%, prevista no art. 44, II da Lei n.º 9.430, de 1996, exige a presença da figura jurídica do dolo. Sobre o tema, manifestouse com propriedade o acórdão recorrido, fls. 27602761: O conceito de dolo, para os fins de tipificação do delito em apreço, encontrase no inciso I do art. 18 do Código Penal, ou seja, crime doloso é aquele em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo. A lei penal brasileira adotou, para a conceituação do dolo, a teoria da vontade. Isto significa que o agente do crime deve conhecer os atos que realiza e a sua significação, além de estar disposto a produzir o resultado deles decorrente. Em outras palavras, podemos dizer que os elementos componentes do dolo, de acordo com a teoria da vontade são : a) vontade de agir ou de se omitir; b) consciência da conduta (ação ou omissão) e do seu resultado; e c) consciência de que esta ação ou omissão vai levar ao resultado (nexo causal). Fl. 2874DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.875 19 Como se verifica, o dolo é animus, vontade de querer o resultado ou assumir o risco de produzi lo. É momento subjetivo. Entendese que esse animus, vontade de querer o resultado, ou assumir o risco de produzilo, ficou evidenciado e provado nos autos, em face de a contribuinte ter recebido vultosas quantias em depósito durante o período fiscalizado e não têlas oferecido à tributação, bem assim na entrega da DIPJ com apuração do resultado pela sistemática do lucro real sem, contudo ter qualquer espécie de apuração dos estoques, conforme descrito anteriormente. Os atos praticados reiteradamente, de dissimular o valor das vendas, apresentar DIPJ sem registros contábeis e não oferecer os depósitos bancários à tributação demonstram o propósito deliberado de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador, obtendo como resultado a redução do montante do tributo devido. Esses procedimentos que evidenciam consciente intuito de não pagar ou pagar menos tributos e contribuições enquadramse perfeitamente às hipóteses previstas na Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964: [...] O fato de a autoridade fiscal ter utilizado a e expressão “em tese”, ao qualificar a multa de ofício, não afeta a clara constatação de que a contribuinte efetivamente utilizouse de meios fraudulentos para dissimular o valor das vendas de seus produtos, não apresentando documentação hábil e idônea referente a créditos de elevado valor em suas contas correntes, além de ter prestado informações falsas em sua DIPJ. Conforme bem apontado pelo colegiado julgador a quo, tal afirmação das autoridades autuantes deve ser entendida no sentido de que “a contribuinte incidiu nos ilícitos administrativos de fraude e sonegação e na esfera penal, em tese, praticou crime contra a ordem tributária”. Ressaltese, por oportuno, que a representação fiscal para fins penais visa informar ao Ministério Público a prática de atos que possam caracterizar a ocorrência de crimes. No caso concreto, há de se ter em conta, ainda, que na prática do delito fiscal verificouse a utilização de interpostas pessoas, no caso aquelas pessoas jurídicas que ostentavam existência meramente jurídica, sem existência de fato. Diante do exposto, considero amplamente justificada a qualificação da multa de ofício, razão pela qual em relação a este tema devese negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 2875DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.876 20 Da decadência1 Uma vez confirmada a qualificação da multa de ofício, tornase possível apreciar a argüição de decadência. A regra acerca da contagem de decadência para os lançamentos por homologação excepciona as situações em que exista dolo, fraude ou simulação. Nestes casos, aplicase a regra geral do art. 173 do CTN, que estabelece como marco inicial da contagem do prazo decadencial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Contandose o prazo decadencial segundo as regras do art. 173 do CTN, é forçoso concluir que os fatos geradores objetos do presente lançamento não foram alcançados pela decadência. Dos juros Selic Com relação aos juros de mora exigidos com base na taxa Selic, cumpre aplicar o disposto na Súmula CARF nº 4, verbis: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. 2 DAS ALEGAÇÕES ESPECÍFICAS À EXIGÊNCIA DE IPI No que diz respeito à exigência de IPI, conforme já evidenciado no voto condutor da exigência principal (IRPJ), não há um único documento fiscal que dê suporte às transferências dos cascos nus da empresa Kiwi para a empresa Schaefer. De igual forma, a empresa Schaefer não registrou nenhuma de entrada de cascos. Na realidade, se efetivamente Kiwi e Schaefer fossem estabelecimentos distintos, sempre que Kiwi desse saída de cascos para Schaefer deveria ser realizado o destaque de IPI. Como bem consignou a decisão de primeira instância: Não é o que ocorre. Há simplesmente uma ordem de serviço que acompanha o produto a ser fabricado, desde o início até a obtenção do produto final, os barcos de luxo completos e prontos para o uso. Desta sequência de atos e fatos (retorno da embarcação que havia sido enviada para demonstração e venda de partes, sem considerar o processo de montagem) resulta significativo prejuízo ao erário, conforme se verifica do 1 Especificamente em relação à exigência de IPI, o primeiro período de apuração objeto de lançamento referese a janeiro/2006. Portanto, a contagem do prazo decadencial deve iniciarse a partir do primeiro dia do exercício seguinte, isto é, a partir de 01/01/2007. Desse modo, o termo ad quem para a contagem do prazo decadencial dar seia apenas em 31/12/2011. Como a ciência do lançamento ocorreu em 21/12/2011, não há que se falar em decadência. Fl. 2876DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.877 21 quadro de fls. 2548. Conforme registrou a fiscalização (fl. 2548, último parágrafo), por que adquirir partes e peças de motores se a Estaleiro Kiwi apenas fabrica cascos? Semelhante situação se apresenta com a administração de contratos e prestação de serviços efetuada pela SPA Comércio de Embarcações, em que os contratos apresentados registram como valor do serviço prestado o preço total da embarcação. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI – ATIVIDADE INDUSTRIAL Alega a recorrente que a atividade desenvolvida por ela desenvolvida seria de prestação de serviços. Explica que a operação realizada seria a instalação de um kit adquirido pelo cliente, nos cascos nus fornecidos pela empresa Estaleiro Kiwi. Tal conclusão já foi rechaçada tanto no voto condutor do processo principal (IRPJ), quanto no início deste voto quanto às questões específicas ao lançamento de IPI. Nos termos discorridos alhures, não há um único documento fiscal que dê suporte às transferências dos cascos nus da empresa Kiwi para a empresa Schaefer. De igual forma, a empresa Schaefer não registrou nenhuma de entrada de cascos. Na realidade, se efetivamente Kiwi e Schaefer fossem estabelecimentos distintos, sempre que Kiwi desse saída de casos para Schaefer deveria ser realizado o destaque de IPI. Além disso, inexiste lançamento do IPI no momento da transferência dos cascos de um estabelecimento para o outro. A toda evidência, salta aos olhos que, em uma única unidade industrial, adquiremse insumos e realizase a fabricação completa de uma embarcação (vide catálogos de fls. 24782497). Com efeito, mostrase acertado o critério adotado pela autoridade fiscal de lançar o IPI sobre os valores de "prestação de serviço" apurados pela empresa Estaleiro Schaefer. Isso porque o valor tributável do IPI é exatamente o valor total de venda das embarcações, ou seja, com a inclusão do preço do casco nu, do kit e da mão de obra. E, se efetivamente fossem duas empresas, o efeito fiscal não seria outro, como bem asseverou a decisão recorrida: De qualquer forma, ainda que se considere a existência de duas empresas, ainda assim, a operação executada pela empresa Estaleiro Schaefer caracterizase como operação de industrialização. De início, cabe refutar as decisões judiciais e administrativas transcritas pela impugnante. Ao contrário do que afirma a recorrente, os casos julgados não se assemelham ao presente. Tratase apenas da colocação de um motor em uma embarcação pronta. Aqui não. A Schaefer recebe um casco nu, não uma embarcação pronta, e monta no casco diversos componentes tais como equipamentos elétricos e eletrônicos, mobília, estofados, divisórias, revestimentos, equipamentos de navegação e motores, entregando um barco completo ao cliente. O Fl. 2877DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.878 22 produto final, embarcação pronta e acabada, apta a ser utilizada, é distinto do produto inicial, casco nu. Desse modo, ainda que admitíssemos a existência de duas empresas, a operação realizada pela Schaefer caracterizase como industrialização, estando correto o lançamento do IPI. Também não procede a alegação de que a empresa SPA Comércio de Embarcações realiza apenas atividade de assessoramento na aquisição das embarcações. Como já demonstrado, não há distinção entre as empresas, o que por si só já é suficiente para incluir o valor cobrado pela SPA na base de cálculo do IPI. Além disso, qual seria a lógica de um cliente procurar a SPA, de propriedade dos mesmos sócios da fabricante, para assessorála na aquisição de embarcação? Em primeiro lugar, como via de regra, as embarcações são comercializadas através de revendedores. De qualquer forma, no caso de compra direta do fabricante, não haveria sentido no adquirente contratar empresa do próprio fabricante, situada na mesma sede do fabricante, para assessorála na compra da embarcação. Portanto, mantémse o lançamento efetuado. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI – SAÍDAS COM SUSPENSÃO PARA EXPOSIÇÃO EM FEIRA Como bem asseverou a decisão recorrida, tal matéria sequer foi objeto de impugnação, tornandose definitiva na esfera administrativa desde então, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI – OMISSÃO DE RECEITAS Foram três as espécies de omissão de receitas apontadas no lançamento: i) omissão de receitas decorrente da emissão de documentos fiscais em valores inferiores aos que foram efetivamente negociados, nos meses de julho, setembro, outubro e novembro de 2010; ii) omissão de receitas decorrente de manutenção de passivo fictício em outubro e dezembro de 2010; iii) e omissão de receitas decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada durante o ano de 2006. No que diz respeito às diferenças de valor entre os documentos fiscais emitidos pela contribuinte e os contratos obtidos pela fiscalização através da circularização de clientes, o argumento da recorrente de que as notas fiscais referiamse somente ao valor da embarcação, ao passo que os contratos abrangeriam o valor da embarcação e os valores adiantados pelos clientes para compra de equipamentos através de fornecedores, para que se pudesse dar guarida a tal argumentação, o contribuinte deveria ter apresentado documentação que comprovasse suas alegações, o que não foi feito em nenhum momento processual. A despeito dessa ausência de comprovação, é importante ressaltar que de acordo com art. 130 e inciso II do art. 131do RIPI/2002, a base de cálculo do IPI é o valor total da operação. Nesse caso, considerando o contexto já narrado, os valores dos motores e Fl. 2878DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.879 23 equipamentos instalados nas embarcações deveriam, de qualquer forma, compor a base de cálculo do IPI. Desse modo, mantémse integralmente o lançamento correspondente. No que atine às omissões de receitas relativas ao “passivo fictício” e aos depósitos bancários sem comprovação de origem, tendo sido integralmente mantidas no processo principal, replicase no auto reflexo a mesma conclusão, nos termos do voto já reproduzido alhures. Especificamente em relação ao IPI, a formalização da exigência se deu em conformidade com o parágrafo 2º, do art. 448 do RIPI/20022. 2 Art. 448. Constituem elementos subsidiários, para o cálculo da produção, e correspondente pagamento do imposto, dos estabelecimentos industriais, o valor e quantidade das matériasprimas, produtos intermediários e embalagens adquiridos e empregados na industrialização e acondicionamento dos produtos, o valor das despesas gerais efetivamente feitas, o da mãodeobra empregada e o dos demais componentes do custo de produção, assim como as variações dos estoques de matériasprimas, produtos intermediários e embalagens (Lei nº 4.502, de 1964, art. 108). §1ºApurada qualquer falta no confronto da produção resultante do cálculo dos elementos constantes desse artigo com a registrada pelo estabelecimento, exigirseá o imposto correspondente, o qual, no caso de fabricante de produtos sujeitos a alíquotas e preços diversos, será calculado com base nas alíquotas e preços mais elevados, quando não for possível fazer a separação pelos elementos da escrita do estabelecimento. (Incluído pelo Decreto nº 4.859, de 14.10.2003) §2ºApuradas, também, receitas cuja origem não seja comprovada, considerarseão provenientes de vendas não registradas e sobre elas será exigido o imposto, mediante adoção do critério estabelecido no § 1º. (Incluído pelo Decreto nº 4.859, de 14.10.2003) Fl. 2879DF CARF MF Processo nº 11516.722478/201161 Acórdão n.º 1301002.694 S1C3T1 Fl. 2.880 24 Desse modo, não há reparos a se fazer em relação à exigência de IPI. 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por rejeitar a preliminar e a arguição de decadência, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 2880DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.001742/2010-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009
PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, busca-se a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte.
Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço.
COOPERATIVA PRODUTORA DE LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. PALLETS DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO STRETCH. PROCESSO DE "PALLETIZAÇÃO". DIREITO AO CRÉDITO.
Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. Assim, os pallets utilizados para armazenagem e movimentação das matérias-primas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, devem ser considerados como insumos. Da mesma forma, os materiais de acondicionamento e transporte - plástico de coberto e filme plástico do tipo "stretch" - são insumos pois indispensáveis ao adequado armazenamento e transporte das mercadorias produzidas pela Contribuinte, face ao tamanho reduzido das embalagens.
Numero da decisão: 9303-006.055
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CRÉDITO. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA SANTA CLARA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. COOPERATIVA PRODUTORA DE LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. “PALLETS” DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO “STRETCH”. PROCESSO DE "PALLETIZAÇÃO". DIREITO AO CRÉDITO. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. Assim, os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das matériasprimas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, devem ser considerados como insumos. Da mesma forma, os materiais de acondicionamento e transporte plástico de coberto e filme plástico do tipo "stretch" são insumos pois indispensáveis ao adequado armazenamento e transporte das mercadorias produzidas pela Contribuinte, face ao tamanho reduzido das embalagens. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 17 42 /2 01 0- 11 Fl. 295DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 3802001.628, proferido em 28/02/2013, que possui ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO. INSUMO. CONCEITO. CUSTO DE PRODUÇÃO. DESPESAS DE VENDA. EXIGÊNCIAS REGULATÓRIAS INDISPENSÁVEIS AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. O conceito de insumo, ressalvadas as exceções expressamente previstas na Lei nº 10.833/2003, abrange o custo de produção (DecretoLei n. 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto n. 3.000/1999, arts. 290 e 291) e as despesas de venda do produto industrializado, quando incorridas para atender exigências regulatórias indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. AQUISIÇÃO DE “PALLETS” DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO “STRETCH”. INSUMO. DIREITO AO CRÉDITO RECONHECIDO. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 4 3 Não cabe, à luz das disposições da Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004, restringir o direito ao crédito às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. No segmento de laticínios, a paletização que envolve o acondicionamento no “pallet”, plástico de coberto e colocação do filme “strecht” não é realizada apenas para fins de transporte, mas para a própria estocagem do produto no estabelecimento industrial. Decorre ainda de normas de controle sanitário na área de alimentos (Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997), que exigem o acondicionamento dos produtos acabados em estrados (item 5.3.10), de forma a impedir a contaminação e a ocorrência de alteração ou danos ao recipiente ou embalagem (item 8.8.1). Tratandose, assim, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que decorre de exigências sanitárias, deve ser reconhecido o direito ao crédito. RECEITAS DECORRENTES DA VENDA DE PRODUTOS SUJEITO À ALÍQUOTA ZERO. CRITÉRIO DE RATEIO PROPORCIONAL. O critério de rateio proporcional, nos termos do art. 3º, §§ 7º e 8º, II, da Lei nº 10.883/2003, deve considerar a totalidade da receita bruta auferida no mês, e não apenas as receitas do estabelecimento produtor de bens sujeitos à alíquota zero. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Em face da referida decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial alegando divergência jurisprudencial quanto ao reconhecimento do direito de crédito das contribuições não cumulativas com relação a materiais de embalagem, acondicionamento e transporte – empregados na “palletização” – concedidos em sede de julgamento de recurso voluntário. Colacionou como paradigmas os acórdãos 3302002.027 e 310100.795. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido por meio de despacho proferido pelo Presidente da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época. A Cooperativa Santa Clara apresentou contrarrazões postulando a negativa de provimento ao recurso especial. Na mesma oportunidade apresentou recurso especial, que, todavia, teve o seguimento negado, razão pela qual não será objeto de exame por este Colegiado. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.045, de 12/12/2017, proferido no julgamento do processo 11020.001732/201085, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 297DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 5 4 Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.045): "Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito A discussão principal posta nos autos referese ao conceito de insumos para determinação se pode ser utilizado pela Contribuinte como crédito de PIS/Pasep os gastos incorridos com os materiais utilizados para a “palletização” – material de embalagem, acondicionamento e transporte dos produtos finais para a venda. Cumpre observar ter sido deferido nos presentes autos o direito ao creditamento das aquisições de matérias de embalagem (pallets de madeira), plástico de coberto e filme plástico do tipo “stretch”, com fulcro na atividade econômica desempenhada pela Contribuinte; na essencialidade dos referidos insumos para a produção e, ainda, nas exigências sanitárias correspondentes para o processo produtivo e de transporte, além da própria estocagem no estabelecimento industrial. Para o reconhecimento do direito ao crédito e reforma da decisão proferida pela DRJ, o acórdão recorrido passou ao largo da apresentação de provas pela Contribuinte, razão pela qual esse aspecto encontrase superado na presente demanda. Portanto, a discussão a ser travada no recurso especial referese à possibilidade de deferimento de créditos de PIS/Pasep dos valores relativos à aquisição de “pallets” de madeira, plástico de coberto e colocação do plástico filme “stretch”. Inicialmente, explicitase o conceito de insumos adotado no presente voto, para posteriormente adentrarse à análise dos itens individualmente. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda.1 1 Lei nº 10.637/2002 (PIS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; [...]. Lei nº 10.8332003 (COFINS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] Fl. 298DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 6 5 O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. 2 A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotarse o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. 2 Constituição Federal de 1988. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...]§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (grifouse) Fl. 299DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 7 6 As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processo no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao Fl. 300DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 8 7 processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo únic o, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam Fl. 301DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 9 8 sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifouse) Ainda no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema está novamente em julgamento no recurso especial nº 1.221.170 PR, pela sistemática dos recursos repetitivos, contendo votos pelo reconhecimento da ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério amplo/próprio na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. O julgamento não foi concluído até a presente data. A posição do Superior Tribunal de Justiça, para definição de insumo, mantémse pela adoção de critério próprio/amplo em função da receita, atendendo aos requisitos da pertinência, relevância e essencialidade. Embora existam casos isolados cujas decisões adotaram o critério restritivo (IPI), não há fato novo ou mudança de entendimento do Tribunal da Cidadania suficiente para acarretar mudança de posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Do contrário, estarseia adotando premissa de julgamento equivocada e, ainda, violando frontalmente o princípio da segurança jurídica. Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. De posse do critério a ser adotado para definição dos insumos aptos a gerar créditos de PIS e COFINS não cumulativos, adentrarseá a análise do caso concreto. A Contribuinte é pessoa jurídica que, nos termos do art. 2º do seu Estatuto Social (fls. 41 a 63), exerce atividade econômica na área de alimentos e tem por objetivos sociais: Art. 2º A Sociedade objetiva, com base na colaboração recíproca a que se obrigam seus associados, promover: I o estímulo, o desenvolvimento e a defesa de suas atividades econômicas de caráter comum; II A importação, a exportação, a industrialização e a comercialização em comum de sua produção agrícola, produção animal em geral, pecuária e de hortifrutigranjeiros, industrializada ou em espécie, tais como carnes, ovos, peixes, frutas, cereais, verduras, legumes, gorduras, condimentos em geral; café e ervas para infusão, laticínios, margarinas e derivados de soja, massas alimentícias, farinhas e fermentos em geral; doces, pós para fabricação de doces, açúcar e adoçantes em geral, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, xaropes e sucos em geral; animais vivos e ovos para incubação; alimentos para animais; plantas e flores naturais, etc, nos mercados locais, nacionais ou internacionais; [...] Fl. 302DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 10 9 Em razão de sua atividade econômica, sujeitase a controles e exigências de diversos órgãos públicos, exemplificativamente: Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, Ministério da Agricultura, Serviço de Inspeção Federal, Ministério da Saúde. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. No que concerne às embalagens utilizadas para transporte no processo produtivo da Contribuinte, uma vez essenciais, pertinentes e relevantes para obtenção do produto final, há de se considerarem as mesmas como insumos. As embalagens são realmente necessárias à armazenagem/conservação do produto nas diversas fases do processo produtivo. Considerandose a atividade própria da Contribuinte, temse que os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das matériasprimas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, também devem ser considerados como insumos. Para atendimento das exigências sanitárias impostas pelos órgãos públicos responsáveis pelo controle e fiscalização, na movimentação e na armazenagem das matériasprimas e dos bens a serem utilizados na fabricação do produto final, e dos produtos finais em si, não pode haver contato com o chão, justamente para se evitar a contaminação por microorganismos, constituindose em mais uma das razões pelas quais é imprescindível a utilização dos “pallets” na cadeia produtiva. Levandose em conta a significativa quantidade de matériasprimas e produtos que serão empregados no processo produtivo e que precisam ser armazenados e transportados no ambiente fabril, é indispensável à Contribuinte utilizarse de mecanismos e ferramentas que, além de garantirem a observância das normas de higiene e limpeza, impostas pela ANVISA, otimizem o seu processo produtivo. Há de ser destacada, nesse aspecto, a desnecessidade do consumo do produto em contato direto com o bem produzido, admitindose o emprego indireto no processo de produção para caracterizarse determinado bem como insumo. Assim, os pallets guardam nítida relação de pertinência, relevância e essencialidade com a atividade produtiva do Sujeito Passivo, constituindose em insumos do processo produtivo e da fase de comercialização passíveis de creditamento de PIS e COFINS não cumulativos. Com relação a esse item, essa 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu decisão em casos análogos, nos processos administrativos nºs 10925.720046/2012 12 e 10925.720686/201222, na sessão realizada, em que receberam a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. A indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao processo produtivo e, como tal, gera direito a crédito DO PIS/COFINS. PIS/COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. ALÍQUOTA. Após a alteração veiculada pela Lei nº 12.865, de 2013, expressamente interpretativa, indiscutivelmente, os insumos da indústria alimentícia que processem produtos de origem animal classificados Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18, adquiridos de não contribuintes farão jus ao crédito Fl. 303DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 11 10 presumido no percentual no percentual de 60% do que seria apurado em uma operação tributada. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS As leis instituidoras da sistemática nãocumulativa das contribuições PIS e COFINS, ao exigirem apenas que os insumos sejam utilizados na produção ou fabricação de bens, não condicionam a tomada de créditos ao "consumo" no processo produtivo, entendido este como o desgaste em razão de contato físico com os bens em elaboração. Comprovado que o bem foi empregado no processo produtivo e não se inclui entre os bens do ativo permanente, válido o crédito sobre o valor de sua aquisição. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. Nos termos do § 4º do art. 3º das Leis 10.637 e 10.833 "o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subsequentes". Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 TAXA SELIC. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. REP Provido em Parte e REC Provido em Parte Acordam os membros do Colegiado, por maioria, em dar provimento parcial aos recursos especiais da Fazenda Nacional e do sujeito passivo, nos seguintes termos: I) recurso especial da Fazenda Nacional: a) limpeza e desinfecção: por maioria, em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto; b) embalagens utilizadas para transporte: por maioria em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres e Carlos Alberto Freitas Barreto; c) despesas de períodos anteriores: por maioria, em negar provimento. Vencido o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres; d) serviços de lavagem de uniformes: pelo voto de qualidade, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e) percentual de crédito presumido: por unanimidade, em negar provimento; f) juros sobre multa de ofício: por maioria, em dar provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e II) recurso especial do sujeito passivo: a) indumentária: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator), Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas e Carlos Alberto Freitas Barreto; e b) pallets: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto. Designados para redigir os votos vencedores o Conselheiro Júlio César Alves Ramos em relação às letras "a", “b” e “c” do item I e letra “b” do item II; e o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho em relação à letra a do item II. (grifouse) Há, ainda, de se examinar a caracterização dos materiais de acondicionamento e transporte plástico de coberto e filme plástico do tipo “stretch” – como insumos passíveis de gerar crédito de PIS/Pasep. Na linha relacional traçada no presente voto, considerandose que as mercadorias para serem devidamente armazenadas e transportadas após a produção, até chegarem ao consumidor final, exigem a utilização do plástico de coberto e do filme plástico do tipo “stretch”, é nítida a relação de pertinência, relevância e essencialidade com o processo produtivo, sendo imprescindível o seu reconhecimento como insumo. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 11020.001742/201011 Acórdão n.º 9303006.055 CSRFT3 Fl. 12 11 Por fim, cumpre consignar que os itens, analisados no presente recurso especial, são empregados na “palletização” dos produtos a serem estocados e transportados pela Contribuinte, procedimento indispensável à correta armazenagem dos produtos face ao tamanho reduzido das embalagens individuais e, mais ainda, ao atendimento de exigências das normas de controle sanitário da área de alimentos, consoante Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) nº 326/1997. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendose o reconhecimento ao direito creditório da Contribuinte. " Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 305DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000037/2002-36
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2000
INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS. MENSALIDADES ESCOLARES. RECEITAS DA ATIVIDADE PRÓPRIA. ISENÇÃO (SÚMULA CARF 107).
Conforme Súmula CARF nº 107, A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.158-35, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997.
RECURSO ESPECIAL CONTRARIANDO SÚMULA DO CARF. NÃO CONHECIMENTO.
O § 3º do art. 67 do RICARF estabelece que Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso.
DEMAIS RECEITAS DE INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO, NÃO ORIUNDAS DE MENSALIDADES ESCOLARES. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO AFASTADA NO REGIME CUMULATIVO.
As demais receitas de instituições de educação, que não sejam de mensalidades escolares (como as decorrentes de aplicações financeiras), não estão abarcadas nem pela imunidade nem por precedentes administrativos ou judiciais vinculantes que determinem o reconhecimento da sua isenção, mas afastada está a sua inclusão na base de cálculo no regime cumulativo de apuração da Cofins, em razão da inconstitucionalidade do chamado alargamento da base de cálculo, que culminou na revogação do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98.
IMUNIDADE. APLICAÇÃO RESTRITA ÀS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.
As instituições de educação sem fins lucrativos são imunes somente aos impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, conforme art. 150, VI, c, da Constituição Federal, estando restrita a limitação da competência tributária para a instituição de contribuições para a seguridade social, trazida no art. 195, § 7º, apenas às entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.778
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Valcir Gassen (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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MENSALIDADES ESCOLARES. RECEITAS DA ATIVIDADE PRÓPRIA. ISENÇÃO (SÚMULA CARF 107). Conforme Súmula CARF nº 107, “A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997”. RECURSO ESPECIAL CONTRARIANDO SÚMULA DO CARF. NÃO CONHECIMENTO. O § 3º do art. 67 do RICARF estabelece que “Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso”. DEMAIS RECEITAS DE INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO, NÃO ORIUNDAS DE MENSALIDADES ESCOLARES. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO AFASTADA NO REGIME CUMULATIVO. As demais receitas de instituições de educação, que não sejam de mensalidades escolares (como as decorrentes de aplicações financeiras), não estão abarcadas nem pela imunidade nem por precedentes administrativos ou judiciais vinculantes que determinem o reconhecimento da sua isenção, mas afastada está a sua inclusão na base de cálculo no regime cumulativo de apuração da Cofins, em razão da inconstitucionalidade do chamado “alargamento” da base de cálculo, que culminou na revogação do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 00 37 /2 00 2- 36 Fl. 642DF CARF MF Processo nº 19515.000037/200236 Acórdão n.º 9303005.778 CSRFT3 Fl. 643 2 IMUNIDADE. APLICAÇÃO RESTRITA ÀS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. As instituições de educação sem fins lucrativos são imunes somente aos impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, conforme art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, estando restrita a limitação da competência tributária para a instituição de contribuições para a seguridade social, trazida no art. 195, § 7º, apenas às entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial e, no mérito, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Valcir Gassen (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência, interposto pela Fazenda Nacional, contra Acórdão 340201.046, de 1º/3/2011, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF, sob a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2000 BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. A base de cálculo da Cofins é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas dessa base as receitas tributadas com base no dispositivo legal declarado inconstitucional. ENTIDADE DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ATIVIDADE PRÓPRIA. A receita decorrente da prestação de serviço para cumprimento de convênio firmado pela entidade de educação e de assistência social configura receita de atividade própria quando o serviço prestado está previsto no objeto social da entidade. Fl. 643DF CARF MF Processo nº 19515.000037/200236 Acórdão n.º 9303005.778 CSRFT3 Fl. 644 3 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2000 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE INFERIOR AO DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso de ofício de decisão que tenha exonerado crédito tributário de valor inferior ao limite de alçada definido pelo Ministro de Estado da Fazenda. Recurso de ofício não conhecido A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão buscando, de início, fundamentos constitucionais, com a "correta interpretação do art. 195, §7° ..., para que não remanesça dúvida acerca do fato de que a contribuinte também não possui imunidade em relação à Cofins. As instituições que prestam serviço remunerado de ensino não estão insertas no conceito constitucional de assistência social". Ao final, toma por base os fundamentos delineados nos parágrafos que transcrevo a seguir: " ... é de se admitir que tais entidades possam prestar serviços, realizar investimentos financeiros ou mesmo atividade econômica visando à obtenção de recursos para a melhor execução das suas finalidades, desde que os destinem à consecução de seus objetivos sociais e não distribuam lucros a quaisquer de seus membros, mas o que NÃO se pode aceitar é que as referidas receitas, não decorrentes das suas "atividades próprias" fiquem à margem da tributação. Portanto, a norma tributária, definitivamente, NÃO veda a percepção de receitas contraprestacionais pelas referidas entidades, mas, ao revés, reclamalhe a tributação devida e necessária, afinal qualquer hospital ou escola que realize os serviços prestados pela contribuinte sofrerão igualmente tributação. A prestação de serviços, no caso, não foi assistencial". A questão nodal, então, gira em torno da receitas contraprestacionais (no caso, recebidas por convênio com outras entidades), que, para fins tributários, fugiriam do conceito de receitas decorrentes das "atividades próprias" da entidade. Em Exame de Admissibilidade, foi dado prosseguimento ao Recurso, consignando o Conselheiro responsável que "A Fazenda insurgiuse em face da decisão recorrida, aduzindo discordar do entendimento de que as receitas de convênio, com caráter de contraprestação, de instituições educacionais sem fins lucrativos, poderiam se incluir, para fins de isenção da COFINS, no conceito de “atividades próprias” de instituições educacionais, no sentido do art. 14, inc. X, da MP 2.15835/01.". O contribuinte apresentou Contrarrazões, alegando como Preliminares: 1) Que o Recurso não poderia ser admitido, obedecendo ao comando do art. 67, § 3º, do RICARF, pois contrário à Súmula CARF nº 107. Fl. 644DF CARF MF Processo nº 19515.000037/200236 Acórdão n.º 9303005.778 CSRFT3 Fl. 645 4 No bojo desta alegação, diz expressamente "se trata o Recorrido de entidade sem fins lucrativos cujos convênios previstos em seu Estatuto são integralmente voltados à educação". 2) Falta de prequestionamento (art. 67, § 5º do RICARF), pois o que "subiu" foi o discutido no Recurso de Ofício, afastado por não ter alcançado o valor de alçada; 3) Falta de demonstração da divergência, pois os acórdãos paradigmas estariam a contrariar a Súmula nº 107 do CARF (art. 67, § 12, III, do RICARF). No mérito alega que "...sendo as receitas de convênio, receitas dos serviços próprios da atividade do Recorrido, essas receitas, advindas da prestação de serviços próprios figuram no âmbito das receitas de atividade própria, alcançadas portanto, pela isenção prevista na Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, nos precisos termos da Súmula 107". É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Vejamos o que diz a Súmula CARF nº 107: A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. E, agora, o que prescreve o RICARF: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso. A Súmula transcrita é tão abrangente a ponto de simplesmente não conhecer do Recurso Especial interposto, em observância ao disposto no RICARF? Penso que o termo “alcança” é suficiente para afastar a tributação das receitas decorrentes das mensalidades escolares, de cunho contraprestacional, mas não de todo e qualquer ingresso obtido pela entidade. Fl. 645DF CARF MF Processo nº 19515.000037/200236 Acórdão n.º 9303005.778 CSRFT3 Fl. 646 5 Tanto é que outra manifestação – desta feita do Poder Judiciário (STJ) – que vincularia estes Conselheiros (a teor do art. 62, § 2º, do mesmo RICARF), claramente diz que trata exclusivamente das mensalidades escolares (não que afaste, mas sim que, simplesmente, não versa sobre outras receitas), que é o REsp nº 1.353.111/RS, cuja ementa transcrevo parcialmente a seguir (os grifos são originais): PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, § 2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Vejase que a ementa, ao final, fala “nesta extensão”. Não abrange todas as receitas auferidas pela entidade. E o contribuinte, expressamente, diz, em suas Contrarrazões, que "se trata o Recorrido de entidade sem fins lucrativos cujos convênios previstos em seu Estatuto são integralmente voltados à educação" (grifei), então aplicamse aqui perfeitamente as decisões colacionadas. Fl. 646DF CARF MF Processo nº 19515.000037/200236 Acórdão n.º 9303005.778 CSRFT3 Fl. 647 6 Sem dúvida, eu não poderia contestar a observação de alguém que aqui dissesse que esta discussão é totalmente inócua, já que, in casu, a Entidade era tributada pelo regime cumulativo de apuração da Cofins, e a inclusão na base de cálculo de outras receitas que não as típicas da atividade foi afastada em razão da inconstitucionalidade do chamado “alargamento” da base de cálculo, que culminou na revogação do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Isto não se discute, razão pela qual não pode prosperar o Recurso da Procuradoria, mesmo na parte conhecida (restando a este Relator não deixar de consignar sua posição a respeito, caso a situação fosse outra, ou seja, que o regime fosse o da nãocumulatividade). No que se refere à imunidade – também a título de observação, já que não poderia aqui alterar o resultado do julgamento, na sua “materialidade” –, atinge as instituições de educação sem fins lucrativos somente no tocante aos impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, conforme art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, estando restrita a limitação da competência tributária para a instituição de contribuições para a seguridade social, trazida no art. 195, § 7º, apenas às entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei, as quais, aqui, somente em parte foram preenchidas. Finalmente, no que se refere ao não conhecimento em face da matéria do Recurso de Ofício também não o sêlo, pelo julgamento da Turma Ordinária da 3ª Seção, já há uma preliminar afastando a parte não conhecida (que não foi objeto de Recurso de Ofício) e, na parte conhecida, foi negado provimento (por outra motivação, mas, ao final, resulta na mesma não exigência do crédito tributário reclamada pela autuada). Ex positis, voto por não conhecer, em parte, o Recurso Especial interposto pela Procuradoria e, na parte conhecida, negar provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 647DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.075313/92-81
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1989 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. Em se tratando de consectário do tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo decadencial começa a fluir da ocorrência do fato gerador se existir pagamento antecipado. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. CERTIDÃO NEGATIVA. COMPETÊNCIA DA DRF QUE JURISDICIONA O SUJEITO PASSIVO. A expedição da certidão negativa compete a DRF que jurisdiciona o sujeito passivo. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Os lançamentos de IRRF e de CSLL sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ.
Numero da decisão: 1801-001.566
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Carmen Ferreira Saraiva
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1989 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. Em se tratando de consectário do tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo decadencial começa a fluir da ocorrência do fato gerador se existir pagamento antecipado. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. CERTIDÃO NEGATIVA. COMPETÊNCIA DA DRF QUE JURISDICIONA O SUJEITO PASSIVO. A expedição da certidão negativa compete a DRF que jurisdiciona o sujeito passivo. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Os lançamentos de IRRF e de CSLL sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1916; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE01 Fl. 233 1 232 S1TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.075313/9281 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1801001.566 – 1ª Turma Especial Sessão de 07 de agosto de 2013 Matéria LUCRO REAL Recorrente RUMER ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1989 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. Em se tratando de consectário do tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo decadencial começa a fluir da ocorrência do fato gerador se existir pagamento antecipado. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. CERTIDÃO NEGATIVA. COMPETÊNCIA DA DRF QUE JURISDICIONA O SUJEITO PASSIVO. A expedição da certidão negativa compete a DRF que jurisdiciona o sujeito passivo. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Os lançamentos de IRRF e de CSLL sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 07 53 13 /9 2- 81 Fl. 233DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 234 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Cláudio Otavio Melchiades Xavier, Carmen Ferreira Saraiva, Leonardo Mendonça Marques, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira e Ana de Barros Fernandes. Relatório I Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 107114 com a exigência do crédito tributário no valor de 14.225,87 UFIR, a título de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), juros de mora e multa de ofício proporcional, referente ao anocalendário de 1988 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real anual. O lançamento fundamentase nos seguintes ilícitos, em conformidade com a Descrição dos Fatos, fl. 113 e o Termo de Verificação Fiscal, fls. 97100: (a) glosa por apropriação indevida como despesa própria da importância de Cz$5.112.156,14, uma vez que esse valor já havia sido utilizado como custo de obra, caracterizando assim a duplicidade de dedução para fins de apuração do lucro líquido pela administração das obras imobiliárias; e (b) insuficiência do valor de Cz$28.502.537,48 decorrente de erro na apuração da correção monetária do balanço. Foram analisadas as informações constantes na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIRPJ) anocalendário de 1988, fls. 0411, no Livro de Registro de Apuração do Lucro Real (Lalur), fls. 1214, no Livro Diário, fls. 1522, nas Notas Fiscais Fatura de Serviços, fls. 2324, nos Demonstrativos de Obras, fls. 2549, na Folhas de Pagamentos e Recibos, fls. 5079 e nas Contas Correntes dos Pagamentos das Despesas da Obras, fls. 80107. Fl. 234DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 235 3 Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 179, art. 191, art. 347, art. 348, art. 356 e art. 361 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 85.450, de 04 de dezembro de 1980 (RIR, de 1980). Em decorrência de serem os mesmos elementos de provas indispensáveis à comprovação dos fatos ilícitos tributários foi constituídos o seguinte crédito tributário pelo lançamento formalizados neste processo: II O Auto de Infração às fls. 141143 com a exigência do crédito tributário no valor de 1.407,92 UFIR a título de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte sobre o Lucro Líquido (ILL), juros de mora e multa de ofício proporcional. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 35 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. III O Auto de Infração às fls. 170172, com a exigência do crédito tributário no valor de 3.793,48 UFIR a título da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), juros de mora e multa de ofício proporcional. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: §§ do art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988. Cientificada em 30.10.1992, fls. 112, 142 e 172, a Recorrente apresentou as impugnações em 30.11.1992, fls. 116119, 146149 e 176179, com as alegações abaixo sintetizadas. Em relação a conta corrente da obra, aduz que Veja, E. Julgador, a acusação fiscal fala em despesas próprias a importância de CZ$5.112.156,14 (cinco milhões, cento e doze mil, cento e cinquenta e seis cruzados e quatorze centavos), ora glosada, na apropriação aos custos das obras administrativas pela fiscalizada, com os seus valores apropriados em duplicidade, o que ocorre é que a contabilização foi feita de forma, que deixou margens de dúvidas ao agente fiscalizador, como veremos: As despesas das obras foram embutidas como Despesas operacionais próprias, em razão de gerar uma Receita dessas despesas, por ter sido emitidas notas fiscais de Prestações de Serviços, e sua contabilização foi feita da seguinte forma: Débito Na conta de Despesas ref.despesas da obra; Débito Na conta corrente Obra ref. ao custo das despesas; Crédito Na conta Prestação de Serviços (receita) ref. as despesas operacionais da obra; Crédito Na conta Corrente Obra pelo recebimento, dos gastos e serviços. No que se refere à prestação de serviços, alega que Como a conta prestação de serviços é uma conta de Receita foi oferecido tributação dessa conta, logo pode ser visto que não existe duplicidade, porque essa Fl. 235DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 236 4 despesa, gerou receita pela emissão das notas fiscais de Serviços como se pode verificar: Mês Denominação Vlr Notas Fiscais de Serviços Cruzados Nº Vlr 01/88 GAIVOTAS 101.127,62 080 199.117,60 02/88 GAIVOTAS 164.463,56 083 172.785,24 03/88 GAIVOTAS 174.307,10 089 234.002,11 04/88 GAIVOTAS 219.816,61 090 328.453,25 05188 GAIVOTAS 289.372,95 093 441.443,95 06/88 GAIVOTAS 544.124,70 098 670.502,86 07/88 GAIVOTAS 463.258,41 099 617.353,94 08/88 GAIVOTAS 380.965,99 101 619.124,81 09188 GAIVOTAS 508.174,75 104 647.254,94 10/88 GAIVOTAS 434.538,49 106 428.856,29 11/80 GAIVOTAS 505.459,61 110 614.444,23 12/88 GAIVOTAS 1.1105.817,41 108 888.808,37 No mês de Dezembro de 1988, o valor está a maior pelo provisionamente da folha de pagamento no valor Cz$365.697,54, para cálculo no mês de janeiro do próximo exercício. NCz$ CRUZADOS NOVOS 10/88 UVAIAS 45.372,46 11/88 UVAIAS 7 3.640,68 12/88 UVAIAS 101.715,80 03/89 114 825,00 Atinente à correção monetária suscita A correção Monetária, com aumento de CZ$4.900.000,00, em julho de 1988, teve o saldo corrigido pela totalidade; já que na Reserva de Capital cujo saldo inicial CZ$2.510.893,22, teve sua correção, feito pelo saldo diminuído para a conta de Capital, cujo saldo em 07/88 CZ$910.893,22, isto quer dizer que houve correção a menor da conta de Reserva de Capital, cujo valor seria levado a débito da conta de Despesas, não levada em conta pelo agente fiscalizador. Conclui Fl. 236DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 237 5 Em vista de todo o exposto, requer o provimento da presente impugnação, com o fim de serem canceladas as exigências, as multas e acréscimos impostos, bem como os itens consequentes requerendo expressamente o retorno da fiscalização para a comprovação a ser feita em seus documentos. Nestes Termos, p. Deferimento. Está registrado como resultado do Acórdão da 1ª TURMA/DRJ/CTA/PR nº 6.480, de 30.06.2004, fls. 189193: “Lançamento Procedente”. Notificada em 06.02.2008, fls. 198, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 04.03.2008, fls. 199208, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge no seguinte sentido: Alega que o crédito tributário não poderia ser constituído porque foi alcançado pela decadência (art. 173 do Código Tributário Nacional). Destaca que ocorreu a prescrição intercorrente e assim o lançamento deve ser cancelado (art. 174 do Código Tributário Nacional). Explica que tem direito à expedição da certidão negativa, uma vez que a exigência está extinta. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referências a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui Assim, seja como for, caso de prescrição ou decadência, patente é o fato de que o crédito tributário está extinto, ante a havida paralisação do feito administrativo por período aproximado de doze anos, ou seja, muito superior ao qüinqüênio legal previsto para a ocorrência, tanto da prescrição, como da decadência. [...]. Ex positis, requerse o reconhecimento do instituto da prescrição intercorrente, ou da decadência, conforme o entendimento deste Colendo Conselho, bem como a expedição de certidão negativa de débito em nome da recorrente, ante a ocorrência da extinção do crédito tributário. Termos em que, Pede deferimento. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora Fl. 237DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 238 6 O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. A Recorrente diz que o crédito tributário não poderia ser constituído porque foi alcançado pela decadência. Compete analisar a objeção de decadência por ser matéria de ordem pública, que pode ser conhecida a requerimento da parte ou de ofício e a qualquer tempo e em qualquer instância de julgamento.Este instituto pode ser definido como a perda do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário pelo lançamento, tendo em vista decurso do lapso temporal de cinco anos previsto em lei. Em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação, no caso em que o sujeito passivo efetue o pagamento antecipado sem a necessidade do exame prévio por parte da Administração Pública, o prazo decadencial começa a fluir da ocorrência do fato gerador. Por seu turno, comprovada a conduta dolosa qualificada pela sonegação, pela fraude ou pela simulação, bem como se verificada a inexistência do pagamento antecipado, o prazo de cinco anos se inicia a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial repetitivo nº 973.733/SC1, cujo trânsito em julgado ocorreu em 29.10.2009 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF2. No presente caso, tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação, o termo de início da contagem do prazo decadencial começa a fluir da ocorrência do fato gerador. A intimação foi efetivada em 30.10.1992, fls. 112, 142 e 172, de modo que desde a data do fato gerador ocorrido em 31.12.1988 não se verificou o transcurso do prazo legal de caducidade. A contestação aduzida pela defendente, por isso, não pode ser sancionada. A Recorrente suscita que ocorreu a prescrição intercorrente e assim o lançamento deve ser cancelado. A Recorrente alega que a ação para a cobrança do crédito tributário está prescrita.A prescrição é matéria de ordem pública que pode ser conhecida a requerimento da parte ou de ofício, a qualquer tempo e em qualquer instância de julgamento. Este instituto pode ser definido como a perda da pretensão do direito de a Fazenda Pública cobrar o crédito tributário já constituído pelo lançamento, tendo em vista o decurso do prazo de cinco anos previsto em lei. Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término regular do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração pública federal. Ademais, não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.3 1 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 973733/SC. Ministro Relator: Luiz Fux, Primeira Seção, Brasília, DF, 12 de agosto de 2009. Dsponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=901905&sReg=200701769940&sData=2009 0918&formato=PDF> .Acesso em: 26 ago. 2011. 2 Fundamentação legal: § 4° do art. 150 e inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional, art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF e art. 269 do Código de Processo Civil. 3 Fundamentação legal: inciso III do art. 151, inciso V do art. 156 e art. 174 do Código Tributário Nacional, art. 269 do Código de Processo Civil, Lei nº 9.873, de 23 de novembro de 1999 e Súmula CARF nº 11. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 239 7 No presente caso o crédito tributário está com a exigibilidade suspensa pela apresentação do recurso voluntário e assim não está definitivamente constituído na esfera administrativa, nos termos das leis reguladoras do processo administrativo fiscal, medida que tem o efeito de impedir o início da contagem do prazo de prescrição. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente afirma que tem direito à expedição da certidão negativa, uma vez que a exigência está extinta. A legislação exige a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, para que seja expedida a certidão negativa, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido. Tem os mesmos efeitos a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança administrativa ou executiva, cuja exigibilidade esteja suspensa4. Vale esclarecer que estas atribuições são próprias das Delegacias da Receita Federal do Brasil quanto aos tributos administrados pela RFB a quem compete, no âmbito da respectiva jurisdição, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação e acompanhamento dos maiores contribuintes, de atendimento e interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento, avaliação e organização, modernização, nos termos do art. 224 do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012. Nesse sentido, a expedição de certidão negativa não se conforma com o Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, que trata do rito do processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União. Por essa razão deve ser requerida junto a DRF que jurisdiciona a Recorrente. A afirmação suscitada pela defendente, destarte, não é pertinente. A Recorrente defende que o lançamento não é procedente. Em relação à glosa por apropriação indevida como despesa própria da importância de Cz$5.112.156,14, temse que esse valor já havia sido utilizado como custo de obra, caracterizando assim a duplicidade de dedução para fins de apuração do lucro líquido pela administração das obras imobiliárias, a legislação determina que a receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados e ainda que são operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora 5 Verificase que as Notas Fiscais Fatura de Serviços, fls. 2324, discriminam “honorários referente à administração da obra” e contemplam tãosomente o ressarcimento dos custos inerentes. Ainda restou comprovado que esses valores eram reembolsados mediante pagamentos efetuados pelos proprietários das unidades imobiliárias e creditados em "conta corrente de obras", fls. 2549 e o Demonstrativo às fls. 105107. Assim esses valores quando 4 Fundamentação legal: art. 205 e art. 206 do Código Tributário Nacional. 5 Fundamentação legal: Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 240 8 recebidos eram registrados na contabilidade na "conta corrente de obras" debitada pelos custos das obras e creditada pelos valores ressarcidos pelos titulares dos imóveis. Nesse sentido, a Recorrente não pode concomitantemente registrar parte dessas quantias também como despesas operacionais próprias deduzindoas da base tributável. No que concerne à insuficiência do valor de Cz$28.502.537,48 decorrente de erro na apuração da correção monetária do balanço temse que os efeitos da modificação do poder de compra da moeda nacional sobre o valor dos elementos do patrimônio e os resultados do exercício são computados na determinação do lucro real pela correção monetária, na ocasião da elaboração do balanço patrimonial. Os saldos das contas da escrituração são ajustados aos saldos corrigidos são determinados mediante lançamentos nas próprias contas, cuja contrapartida será debitada ou creditada à conta especial, das contrapartidas dos ajustes de correção monetária, exceto a correção da conta do capital integralizado, que será creditada à conta especial de reserva de capital. O saldo credor da conta de correção monetária é computado na determinação do lucro real 6. Cabe esclarecer que o valor inicial de Cz$2.510.893,22, corrigido para todo o anocalendário de 1988, pela aplicação do índice de 9,1606, resulta em uma correção monetária de Cz$20.490.395,21. Em conformidade com o Demonstrativo às fls. 101104, no Quadro 04, estão detalhados todos os cálculos e os valores originais e atualizados correspondentes: (a) Cz$3.196.160,00 como correção da parcela de Cz$1.600.000,00 integralizada ao capital no mês de julho de 1988 pelo período da data da integralização até 31.12.1988 pelo índice de 2,9976; (b) Cz$17.294.235,21 como correção monetária de toda a parcela de Cz$2.510.893,22 pelo índice de 9,1606, sendo excluído do resultado o valor de Cz$3.196.000,00, já considerado como correção da parcela de Cz$1.600.000,00 integralizada em julho de 1988 e transferida da conta ‘Reserva'. Como a conta de 'Reserva' já havia sido corrigida durante o anocalendário de 1988, e tendo em vista que a importância destinada ao aumento de capital foi de novamente corrigida até o fim do ano, a parte transferida à conta ‘Capital’ deve ser subtraída da conta 'Reserva' para que a correção monetária não fique apropriada em duplicidade. A tese protetora exposta ela defendente, assim sendo, não está demonstrada. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso7. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de 6 Fundamentação legal: Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. 7 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.075313/9281 Acórdão n.º 1801001.566 S1TE01 Fl. 241 9 observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade8. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. O nexo causal entre as exigências de créditos tributários, formalizados em autos de infração instruídos com todos os elementos de prova, determina que devem ser objeto de um único processo no caso em que os ilícitos dependam da mesma comprovação e sejam relativos ao mesmo sujeito passivo9. Os lançamentos de IRRF e de CSLL sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ. Em assim sucedendo voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 8 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. 9 Fundamentação Legal: art. 9º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2 013 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 20/08/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 10935.004640/2008-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007
LANÇAMENTO. NULIDADES. INEXISTÊNCIA.
A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório.
RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. AQUISIÇÃO DE FUNDO OU ESTABELECIMENTO. CONTINUIDADE DA RESPECTIVA EXPLORAÇÃO.
Cabível a responsabilização tributária à luz do artigo 133 do CTN, quando o forte conteúdo probatório revela a existência de aquisição de fundo ou estabelecimento e a continuidade da respectiva exploração.
Numero da decisão: 2402-005.993
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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NULIDADES. INEXISTÊNCIA. A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. AQUISIÇÃO DE FUNDO OU ESTABELECIMENTO. CONTINUIDADE DA RESPECTIVA EXPLORAÇÃO. Cabível a responsabilização tributária à luz do artigo 133 do CTN, quando o forte conteúdo probatório revela a existência de aquisição de fundo ou estabelecimento e a continuidade da respectiva exploração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 46 40 /2 00 8- 67 Fl. 333DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou o presente Auto de Infração (AI) DEBCAD 37.172.0036, por ter a empresa deixado de recolher as seguintes contribuições devidas à seguridade social: a) parte segurados, incidentes sobre as remunerações de segurados empregados constantes das folhas de pagamento. Segundo o relatório fiscal da infração, a auditoria fiscal teria constatado que a autuada, até a competência 03/2008, encontravase exercendo as atividades empresariais no endereço da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (RTS), utilizando a sua mesma infraestrutura, equipamentos e funcionários. Os fatos caracterizariam sucessão empresarial e a responsabilização tributária, nos termos do art. 133 do CTN e do art. 751 da IN SRP 3/05. Segue a descrição dos fatos constante do relatório fiscal: 8. [...] Iniciada a ação fiscal 0910300.2008.000539 em 08.02.2008 esta auditoria se dirigiu ao estabelecimento da RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, cadastrada nos sistemas informatizados, tanto da Receita Federal do Brasil, quanto da Previdência Social, como Av. Parigot de Souza 1864 Toledo PR. Neste local a fiscalização foi recebida pelo Sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. 9. Perguntado pela fiscalização, informou que no local encontrava se funcionando a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA CNPJ 08.958.074/000147. Sobre o endereço onde estava operando a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA e sobre o seu vínculo com as empresas, o Sr. RONALDO informou que a empresa RTS estava com as atividades encerradas e que não possuía vínculo com nenhuma das empresas. Informou que estava apenas prestando ajuda no local e, ainda, que o escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, situado na Av. Parigot de Souza, 1986 sala 3 Toledo PR realizava a escrituração contábil das empresas. 10. Em seguida, na mesma data (08.02.2008) a auditoriafiscal dirigiuse ao já referenciado escritório contábil, tendo então dado ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal TIAF a sra. NEURA GRANDI SAVARIS, contadora responsável pela área de pessoal do escritório, com prazo para atendimento da intimação em 12.02.2008. 11. A apresentação de documentos pelo escritório contábil, representando a RTS, foi efetuado parcialmente e de acordo com o Mandado de Procedimento Fiscal se limitava ao exercício de 2004. Fl. 335DF CARF MF 4 12. Iniciado o exame dos documentos básicos para uma auditoria fiscal nas contribuições sociais incidentes sobre pagamentos/créditos de remunerações a segurados, tais como folhas e recibos de pagamentos e de férias, rescisões de contrato de trabalho, livro de registro de empregados, guias de recolhimento do FGTS e da Previdência Social e os livros contábeis dos registros comerciais, dentre outros, esta auditoria observou que a quase totalidade destes documentos eram assinados pelo sr RONALDO TAVARES DA SILVA. 13. Tal constatação, relativamente aos documentos do exercício financeiro de 2004, indicava que o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA possuía um vínculo com a RTS mais amplo do que havia mencionado. Ademais, aplicavase ao caso concreto a hipótese da RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que continuou as atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (art. 133, do Código Tributário Nacional e art. 751, da Instrução Normativa SRP 3/2005). Tais fatos motivaram esta auditoria a requerer a ampliação do período a ser examinado na RTS, bem como a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal a ser cumprido na empresa AMM. 14. Tendo sido providenciada a ampliação do período a ser examinado na empresa RTS, bem como a abertura do procedimento fiscalizatório na AMM, esta auditoriafiscal em 26.02.2008 dirigiu se ao estabelecimento, sendo recebida novamente pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Na oportunidade foi dada ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, qualificandose o sr. RONALDO como gerente da empresa (vide cópia do TIAF). Contudo, se negou a cientificar o Termo da RTS COMÉRCIO DE PECAS LTDA. 15. A ciência ao Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, relativo a ampliação do período a ser examinado na RTS foi dada pela sra. NEIVA MARIA THEOBALD DA SILVA, contadora no escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, em 26.02.2008. 16. Tendo sido cumpridas as Intimações cientificadas em 26.02.2008, ambas as empresas apresentaram os documentos/livros contábeis solicitados. 17. Ao examinar os documentos já mencionados no item 12 acima, esta auditoriafiscal pôde comprovar que o vínculo do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, com a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA foi ininterrupto, contínuo e habitual, estabelecido desde a constituição da pessoa jurídica (de 2003 até 2007). Reforçando: a integralidade da documentação (ou quase) que necessitava da assinatura dos sócios era por ele firmada, inclusive os livros de registro de empregados e contábeis (vide cópia de farta e extensa documentação comprobatória). 18. Além dos fatos acima narrados, outros constatados por esta auditoria levaramna a concluir sobre a aplicação da hipótese de incidência do art. 14, IV, da Lei n e 9.317/96 ao caso concreto Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 4 5 (exclusão do SIMPLES por constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios). 19. A empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, até o exercício financeiro de 2006, não possuía em seus registros contábeis um ativo imobilizado (máquinas, equipamentos e imóvel) compatível com algumas das atividades exercidas, tais como a retifica de motores. Não possuía, também, escrituração de despesas com aluguel. 20. A empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA também não possuía os elementos comerciais/industriais citados na alínea anterior e mais grave, até a competência março de 2008, estava utilizando os funcionários registrados na RTS para gerir suas atividades econômicas. 21. Diante de tais constatações, a auditoriafiscal intimou ambos contribuintes a apresentar documentos e prestar, até 14.03.2008, as seguintes informações: a) esclarecimento por escrito sobre a propriedade do imóvel localizado na Av. Parigot de Souza, 1864 Toledo PR, juntamente com os documentos comprobatórios: registro imobiliário, contrato de locação ou comodato, dentre outros; b) esclarecimento por escrito sobre o endereço de funcionamento das atividades ou sobre o encerramento das atividades da empresa RTS; c) na hipótese de encerramento das atividades, esclarecimento por escrito sobre a transferência de máquinas/equipamentos e do ponto comercial para empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA CNPJ 08.958.074/000147. 22) As intimações foram assinadas pelo sr. RONALDO em 11.03.2008 (vide cópias), se qualificando como gerente, inclusive na empresa RTS. Em razão dessas intimações, esteve presente na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel, no dia 13.03.2008, o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, qualificado como sóciogerente no contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. 23) Na ocasião, em razão das robustas provas que se apresentavam até aquele momento da constituição das pessoas jurídicas (RTS e AMM) por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios (respectivamente, art. 14, IV, da Lei ne 9.317/96 e art. 29, IV, da Lei Complementar n s 123/2006), a auditoriafiscal resolveu entrevistar o sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, na presença dos auditores fiscais ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matrícula 1286863 e ANTÔNIO CARLOS FIORI matrícula 1450704. O relatório decorrente da entrevista foi reduzido a um Termo de Constatação (cópia em anexo), cujo conteúdo transcrevemos: Fl. 337DF CARF MF 6 [...] 24) Deve ficar evidenciado que o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, sóciogerente constante do contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, somente confirmou verbalmente o que os documentos e os fatos já demonstravam, ou seja, que ele e outras pessoas foram utilizadas como interpostas pessoas para acobertar a constituição das pessoas jurídicas pelos verdadeiros sócios srs. RONALDO DA SILVA TAVARES e ROSALVO DA SILVA TAVARES. É muito provável que a interposição de pessoas na constituição das empresas decorreu em virtude da impossibilidade da opção pelos regimes de tributação diferenciada do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, pois vejamos as "coincidências": 25) Outro ponto a se ressaltar é que, apesar da tentativa do sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO em prorrogar o prazo das intimações assinadas em 11.03.2008, o prazo fixado pela auditoria fiscal (14.03.2008) correu "in albis", motivo que ensejou a lavratura de Auto de Infração Obrigação Acessória AIOA 37.172.0028. Somente em 23.04.2008 as Intimadas protocolizaram na Delegacia da Receita Federal em Cascavel correspondência justificando pontos relativos à intimação. Nesta correspondência demonstraram certa indignação pelo requerimento das informações fiscais e, pelo seu conteúdo, consideraram prestados os devidos esclarecimentos, sendo, ainda, anexadas cópias dos seguintes documentos: [...] 26) Deve ficar destacado que somente prestou informações a empresa AMM, esclarecendo situações que envolviam ambas as empresas, com quarenta dias de atraso. Ademais não foi informada sobre a continuidade ou não das atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. 27) Ocorre, também, que os reconhecimentos das firmas constantes das cópias dos contratos anexados na prestação das informações não foram confirmados pelo 6º Tabelionato Mônica Malucelli, situado na Rua Comendador Araújo, 143 Curitiba Paraná. Procurado pessoalmente, o escrevente cartorário Sr. HENRIQUE LEMES DOS SANTOS informou que a sua assinatura aposta no carimbo do cartório era falsa. A falsidade foi posteriormente confirmada expressamente por meio de ofício (cópia em anexo). 28) Diante da gravidade do fato, a auditoriafiscal intimou em 13.05.2008, na pessoa do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, a RTS a apresentar os originais dos citados contratos, bem como comprovar a propriedade das máquinas, equipamentos e ferramentas locadas pela sra. LILIAN TAVARES DA SILVA para a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. 29) O fato é que a empresa RTS deixou o prazo (15.05.2008) passar em "branco", sem cumprimento do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (cópia em anexo). 30) Desta forma, por apresentar cópia de documento com informações diversas da realidade (reconhecimento de firma Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 5 7 falsificada), a RTS incorreu na infração capitulada no art. 33, §§ 2º e 3º , da Lei n° 8.212/91 combinado com os arts. 232 e 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Tal conduta da Auditada ensejou a aplicação de multa com a agravante prevista no art. 290, II, do Decreto n° 3.048/99. Ademais, o fato caracteriza "em tese" crime de falsidade ideológica, razão pela qual foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais RFFP. 31) Paralelamente as provas acima citadas, outras evidências auxiliam na comprovação de que as empresas RTS e AMM foram constituídas por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios: a. as iniciais da empresa RTS coincidem com os nomes dos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA; b. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA foi nomeado procurador da RTS, possuindo amplos e ilimitados poderes para administrar a sociedade (vide cópia da procuração); c. nas quatro oportunidades em que esta auditoria esteve na Av. Parigot de Souza 1684 Toledo PR, sempre foi atendida pelo sr. RONALDO, em seu escritório no 1º andar (vide cópias dos TIAFs e TIADs). d. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre assinou tanto as CTPS dos empregados, como os documentos relativos a administração de pessoal, bem como os livros de registro de empregados e livros comerciais (vide cópias de farta e extensa documentação); e. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre agiu como preposto das empresas nas ações trabalhistas movidas contra as Auditadas (vide cópias de reclamatórias trabalhistas); f. a sra. ELIANE GRUNFELD sócia ingressante da 1º alteração de contrato social da RTS outorgou procurações em caráter irretratável para o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA efetuar a venda de imóveis em 2002 na cidade de Cascavel (vide cópias das procurações), demonstrando, desde data anterior a constituição da pessoa jurídica, possuírem estreitos vínculos de confiança; g. o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA constituiu, ainda, outra empresa com as mesmas iniciais de seu nome, ou seja, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101; h. a sra. LILIAN TAVARES DA SILVA sóciagerente ingressante da 1º alteração de contrato social da RTS outorgou procuração para seu pai o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA efetuar a administração plena de todos os seus bens (vide cópia da procuração). i. na reclamatória trabalhista 00064200806809001 (cópia em anexo) movida por José Strelin contra as Auditadas, protocolada na Fl. 339DF CARF MF 8 Vara do Trabalho em Toledo em 17.01.2008 (data anterior ao início do procedimento fiscal), o empregado na petição inicial confirma: "As rés são geridas e administradas por um mesmo grupo econômico ou de pessoas. Ambas funcionam no mesmo edifício. O que as diferenciam são apenas o local de acesso e a placa de publicidade, sendo que para a primeira a entrada é pela Avenida Parigot de Souza e a segunda é pela rua México, que faz fundos com o edifício onde ambas estão instaladas. (...)" j . na reclamatória trabalhista 00334200806809004 (cópia em anexo), movida por Adelar de Almeida Bueno contra a RTS, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 27.02.2008, o empregado na petição inicial informa: "(...). No presente caso há prova inequívoca da demissão arbitrária do autor, através de documentos ora anexados e assinados pelo representante do empregador Sr. Ronaldo Tavares da Silva." No AI DEBCAD 37.172.0095, integrante do PAF 10935.004632/200811, ainda foi apurada a infração consistente na apresentação da GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. De acordo com o relatório fiscal: [...] até a versão 7.0 do SEFIP, a Previdência Social considerava todas as declarações prestadas pelo contribuinte em GFIPs, mesmo que este prestasse a informação por diversas vezes. Com o advento da versão 8.0 do SEFIP, a entrega de uma nova GFIP retifica as demais informações anteriormente prestadas, sendo válidas para a Previdência Social somente as informações constantes da última versão da GFIP. Efetuados estes esclarecimentos, resta informar que a sucedida, de junho até dezembro de 2007, realizou, dentro de uma mesma competência, diversas entregas de GFIPs, todas com a utilização das versões 8.0 e seguintes do SEFIP, de forma a recolher parcialmente o FGTS em atraso de um empregado. Assim procedendo, declarou as informações para Previdência Social apenas deste empregado com o FGTS em atraso, deixando de prestar as informações dos demais segurados por ela remunerados. A contribuinte apresentou sua impugnação tempestivamente (cujos fundamentos são idênticos aos do seu recurso voluntário), a qual foi julgada improcedente pela DRJ. Intimada da decisão em 20/08/2009 (fl. 285), através de aviso de recebimento, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 21/09/2009 (fls. 289 e seguintes), no qual reafirmou as seguintes teses de defesa: a) nulidade do acórdão recorrido diante da ausência de manifestação acerca da identidade de condutas imputadas pelo fisco neste auto de infração e no auto de infração 37.172.0087; Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 6 9 b) conclusão açodada e inverídica de sucessão empresarial e constituição por interposta pessoa; c) a recorrente é pessoa jurídica distinta da RTS, tendo objetos e quadros societários diferentes; d) a reclamatória trabalhista mencionada no relatório fiscal foi extinta em relação à recorrente; e) o funcionário em questão jamais pertenceu ao seu quadro de funcionários; f) a RTS não encerrou suas atividades e tampouco o fez de forma irregular; g) a entrevista feita pela auditoria consigna dados inverídicos e sem razoabilidade, além de não ter qualquer valor probatório; h) o documento da entrevista é apócrifo; i) a Recorrente não se encontra estabelecida no endereço para onde foram encaminhadas todas as intimações e correspondências fiscais, as quais foram recebidas por terceiro, estranho ao seu quadro social, de forma que as autuações seriam nulas; j) não há provas dos fatos imputados à recorrente e as autuações estão baseadas em ilações; k) a autoridade fiscal se limitou em indicar como motivos e fundamentos os artigos da Lei n° 8.212/91, os quais, de forma isolada, nada dizem; l) a recorrente não pode ser demandada por obrigações de terceiros e sempre declarou o que havia a declarar. Ao final, a recorrente pediu o cancelamento do Auto de Infração. O julgamento do recurso foi convertido em diligência, diante da conexão ou continência entre os lançamentos fiscais decorrentes da obrigação tributária principal (AIs 37.172.0087, 37.172.0036, 37.172.0044, 37.172.0052, 37.172.0060 e 37.172.0079) e o auto de infração 37.172.0095. Houve a prolatação de despacho de conexão e todos os Autos foram distribuídos a este Conselheiro. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 341DF CARF MF 10 Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da nulidade das autuações No requerimento final de seu recurso, o sujeito passivo pede a improcedência do auto de infração, afirmandoo por razões de mérito. Vejase: Em face de todo exposto, requer sejam recebidas as presentes razões, para ao final julgar improcedente o auto de infração em questão, pela esteira de argumentos despendidos, culminando com seu CANCELAMENTO INTEGRAL, POR SEUS PRÓPRIOS MÉRITOS [...]. Ocorre que, na fundamentação, o sujeito passivo defende a existência daquilo que chamou de nulidade das autuações e notificações. Preliminarmente, portanto, é necessário verificar se há nulidades. Nesse tocante, observase que a ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório. Vejase que o Auto de Infração foi devidamente recepcionado, tanto que a recorrente apresentou sua impugnação de forma tempestiva, sendo equivocado afirmar que ela não se encontraria no endereço informado. Por outro lado, é amplamente sabido que somente há nulidade quando o descumprimento de uma regra legal ou infralegal cause prejuízo ao direito de defesa do contribuinte. As eventuais formalidades constantes da legislação tributária não constituem um fim em si mesmas, mas sim representam um meio de assegurar o direito do devido processo legal. O contribuinte ou responsável tem todo o direito de saber os fatos contra si imputados e as provas nos quais ele se alicerçam. Todos os atos e termos devem ser lavrados por pessoa competente, e os despachos e as decisões devem ser devidamente fundamentados, e de forma alguma pode, por qualquer via, ser preterido o direito de defesa. Expressandose de outra forma, e apoiandose na inexcedível doutrina do professor Leandro Paulsen, "a nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 7 11 constitucionalmente"1, já que as formalidades "não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa"2. Neste caso concreto, a recorrente fez alegações extremamente genéricas acerca do cerceamento do seu direito de defesa. Nem mesmo num patamar mínimo aceitável, ela precisou de que forma estaria caracterizado tal cerceamento. É óbvio que, a depender do grau de deficiência da instrução processual ou da decisão prolatada no processo administrativo, o sujeito passivo realmente não tem como fazer uma indicação mais detalhada, mas não é isso que ocorre neste caso. Pelo contrário, todos os atos foram devidamente fundamentados e foram assegurados todos os prazos para a apresentação de defesa e documentos. Finalmente, e quanto à não devolução dos livros contábeis, não há qualquer prova das alegações formuladas pela contribuinte. Ou seja, a fiscalização transcorreu dentro da mais restrita legalidade e não houve qualquer inobservância ao direito de defesa, rejeitandose, portanto, a preliminar de nulidade. 3 Da nulidade do acórdão recorrido Nesse ponto, a recorrente discorre sobre a nulidade do acórdão recorrido, diante da alegada ausência de manifestação acerca da identidade de condutas imputadas pelo fisco neste auto de infração e no auto de infração 37.172.0087. Em outras palavras, a recorrente afirma que a presente autuação está exigindo as mesmas rubricas exigidas naquele auto de infração, o que já havia suscitado em sede de impugnação, sem que a DRJ tenha enfrentado esse argumento. Analisandose a peça impugnatória, efetivamente se observa que o sujeito passivo vinha defendendo a existência de duplicidade de cobrança. Vejase excerto extraído da folha 31: Ocorre que uma análise detida do Processo Administrativo Auto de Infração n° 37.172.0087, dá conta de que a exata exação, inclusive com idênticos fundamentos legais, foram utilizadas neste feito, como se depreende da imputações lá lançadas, verbis: O acórdão recorrido, contudo, realmente não enfrentou esse argumento. Foram julgadas as teses atinentes à exclusão do simples nacional, à sucessão empresarial, à motivação do lançamento, ao prejuízo do direito de defesa, à instrução probatória e à devolução de documentos, mas não se vislumbra qualquer pronunciamento acerca da duplicidade de cobrança, o que ensejaria a declaração de nulidade da decisão recorrida. 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 133. 2 PAULSEN, Leandro. Obra citada, p. 133. Fl. 343DF CARF MF 12 Ocorre que, na dicção do § 3º do art. 59 do Decreto 70.235/72, "quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta". Como se verá no tópico seguinte, a decisão de mérito é favorável à recorrente, o que enseja a aplicação do dispositivo legal mencionado. 4 Da sucessão empresarial Questão de fundamental importância para a solução deste caso é (i) a existência ou não de sucessão de atividade empresarial por aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento comercial; e (ii) a cessação da exploração do comércio pela empresa adquirida, uma vez que a acusação fiscal parte desse pressuposto e também porque a principal tese de defesa se sustenta nessa quadra. Iniciandose pela norma, o art. 133 do CTN prevê a existência de responsabilidade pelos tributos à pessoa que adquirir de outra, por qualquer título, fundo ou estabelecimento, e continuar a respectiva exploração, sendo essa responsabilidade integral, caso o alienante cesse as atividades. Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; Como se vê, o fato de a empresa dita sucessora ocupar o mesmo imóvel antes ocupado pela empresa dita sucedida não é suficiente para ensejar a responsabilidade de que trata o artigo. Deve haver a aquisição do fundo ou estabelecimento, compreendido como todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou sociedade empresária (art. 1142 do CC). Art. 1.142. Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. A distinção entre local e fundo ou estabelecimento não é sutil; e a sucessão por conta da alienação do estabelecimento ou fundo faz sentido porque eles constituem um ativo da empresa, aos quais se vinculam os tributos devidos até a data do ato. Conforme a doutrina do professor Ives Gandra da Silva Martins: [...] fundo de comércio não se confunde com ponto comercial. Fundo é a integralidade dos bens patrimoniais, inclusive os de natureza pessoal e de valor imaterial, e não apenas um local, para exploração de idênticas atividades, mas não da respectiva atividade. A expressão ... implica sempre um sentido de universalidade. A aquisição, portanto, apenas pode ser Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 8 13 caracterizada como geradora de obrigações tributárias, quando a assunção do estabelecimento ... implicar a aquisição da universidade dos bens, do fundo de comércio, das marcas, da clientela específica do good will [...]3. Como reforço, vejase que a parte final do art. 133 restringe a responsabilidade do adquirente pelos tributos "relativos" ao fundo ou estabelecimento adquirido. Ainda que não contabilizados, o fundo ou estabelecimento são uma medida de grandeza da entidade, fazendo todo sentido responderem pelos tributos que lhes são correlatos. A doutrina de Luís Eduardo Schoueri está expressa nos seguintes termos: [...] a sucessão exige transferência de estabelecimento ou fundo de comércio. Se um mesmo imóvel, antes ocupado por uma empresa, é ocupado por outro, noutro ramo de atividade, não há que se falar em sucessão; se a nova empresa ocupa o mesmo imóvel e mantém o mesmo objeto, então é possível que se cogite de transferência de fundo de comércio, a ensejar a sucessão (matéria que deve ser verificada em cada caso) 4. A par da transferência do fundo ou estabelecimento, a norma ainda determina a continuidade da "respectiva exploração" como critério de aplicação da responsabilidade tributária, conforme se demonstrou na transcrição do dispositivo legal e na doutrina do professor Ives Gandra da Silva Martins. Neste caso concreto, contudo, sequer há identidade entre os objetos sociais de ambas as empresas, na medida em que a RTS era uma empresa de comércio de auto peças, ao passo que a AMM era uma retificadora de motores (vide denominação social de ambas as sociedades e contratos constitutivos de fls. 710/711 e 903/905). Logo, não há que se falar em continuidade da respectiva exploração. Ademais, a despeito de todos os indícios apurados em sede de fiscalização, como amplamente relatado acima, a autoridade também não demonstrou que a recorrente passou a se utilizar dos mesmos ativos tangíveis ou intangíveis que pertenciam à RTS, tais como máquinas, equipamentos, veículos, marcas, etc, tampouco que tenha explorado a mesma clientela. Não houve, ainda, prova da relação de continuidade entre a atividade anteriormente exercida pela RTS e a atividade da recorrente. Nesses termos, a autuação carece de provas da aquisição do fundo ou estabelecimento comercial. Isto é, muito embora haja provas a respeito (i) da constituição de empresas por interpostas pessoas; (ii) da utilização, pela AMM, de parte dos empregados registrados na 3 Citado por PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 942. 4 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 611. Fl. 345DF CARF MF 14 RTS; e (iii) fortes indícios de falsificação de documentos, fatos estes de grande gravidade e que podem repercutir da esfera penal, entendese que a autoridade fiscal não demonstrou a subsunção dos fatos concretos à norma do art. 133 do CTN, principalmente diante da falta de comprovação da alienação do estabelecimento e da continuidade da respectiva exploração. Como dito, os objetos sociais de ambas as empresas eram distintos e a administração fazendária não conseguiu provar que a recorrente se utilizou dos mesmos ativos da pessoa jurídica dita sucedida. Sabese das dificuldades que a fiscalização tem em procedimentos de tal natureza, mas, por outro lado, não se pode perder de vista que tal procedimento tem um viés fortemente acusatório, cabendo à autoridade empreender todos os esforços para demonstrar a efetiva ocorrência do fato gerador e de todos os requisitos legais para a aplicação da norma de responsabilidade por sucessão. A norma de responsabilização, além de pressupor a ocorrência do fato gerador, tem requisitos específicos. Expressandose de outra forma, a extensão da relação jurídicotributária, que originariamente recaía sobre determinada pessoa, a um terceiro, requer a ocorrência de todos os elementos fáticos previstos em lei, ou seja, a concretização de todas as circunstâncias legais atinentes à responsabilidade tributária. A responsabilidade pressupõe a regramatriz de incidência e a regramatriz de responsabilidade, cada uma com seus pressupostos fáticos e seus sujeitos próprios (contribuintes/solidários e responsáveis). Por todos esses motivos, entendese que não há como se aplicar o art. 133 ao caso concreto, devendo ser dado provimento ao recurso, para cancelar a autuação e o lançamento. 5 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER do recurso voluntário, para REJEITAR A PRELIMINAR de nulidade da decisão recorrida e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 9 15 Voto Vencedor Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Redator designado Designado para redigir o voto vencedor, passo a abordar as matérias apontadas nos itens 3 e 4 do voto do relator. Da nulidade do acórdão recorrido. Sustenta a recorrente que não teria havido manifestação acerca da identidade de condutas imputadas pelo fisco neste auto de infração e no auto de infração 37.172.0087. É dizer: alega que a presente autuação está exigindo as mesmas rubricas exigidas no auto de infração 37.172.087, o que já havia suscitado em sede de impugnação, sem que a DRJ tivesse enfrentado esse argumento. Notese que referida alegação, tal como formulada, não demandará, para sua apreciação, qualquer manifestação de cunho decisório por parte de colegiado a ensejar eventual supressão de instância e violação ao duplo grau de jurisdição administrativa. Ao contrário, as considerações adiante, além de procurarem esclarecer a possível dúvida do recorrente, prestigiam os princípios, dentre outros, da eficiência, oficialidade e da celeridade processual. O presente feito, formalizado sob o nº 10935.004640/200867, trata, especificamente, do débito constituído de nº 37.172.0036, ao passo que os demais, como abaixo tabulados, de débitos com distintos fatos geradores e tipos tributários próprios. Vejase: PAF DÉBITO MATÉRIA PERÍODO 10935.004632/200811 37.172.0095 MULTA FATOS GERADORES NÃO DECLARADO EM GFIP 23/07/2007 10935.004634/200818 37.172.0087 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL PARTE SEGURADOS EMPREGADOS DECLARADOS EM GFIP 06/2007 a 12/2007 10935.004635/200854 37.172.0079 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL PARTE PATRONAL CONT .INDIVIDUAL . PAGTO A RONALDO T DA SILVA 07/2007 a 12/2007 10935.004636/200807 37.172.0060 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL PARTE SEGURADOS CONT .INDIVIDUAL PAGTO A RONALDO T DA SILVA 07/2007 a 12/2007 10935.004637/200843 37.172.0052 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL PARTE PATRONAL 07/2007 a 12/2007 10935.004638/200898 37.172.0044 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL ENTIDADES CONVENIADAS TERCEIROS 07/2007 a 12/2007 10935.004640/200867 37.172.0036 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL PARTE SEGURADOS EMPREGADOS NÃO DECLARADOS EM GFIP 07/2007 a 12/2007 10935.004631/200876 37.172.0109 MULTA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS NÃO CONDIZENTES COM A REALIDADE 10935.004630/200821 37.172.0117 MULTA NÃO APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS, FINANCEIRAS E CONTÁBEIS Nesse sentido, o resumo acima propõese, tão somente, seja esclarecida a dúvida manifestada pelo recorrente. Da sucessão empresarial Em que pese o muito bem fundamentado voto do relator, ouso a, neste ponto, discordar de sua conclusão. Ao artigo 133 do CTN, ao tratar da responsabilidade pela sucessão empresarial, assim dispõe: Fl. 347DF CARF MF 16 Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; (...) O ponto sob análise resumese a determinar se houve, ou não, a efetiva aquisição do "fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional" e a continuidade da "respectiva exploração". Os fatos trazidos pela Fiscalização, ladeados aos elementos que constam dos autos, evidenciam que, a meu ver e sem sobras de dúvidas, a recorrente adquiriu o fundo de comércio da pessoa jurídica RTS, mantendo, inclusive, a exploração da mesma atividade empresarial. Vejamos: Iniciada a ação fiscal _0910300.2008.000539 em 08.02.2008 a auditoria se dirigiu ao estabelecimento da RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA, cadastrada nos sistemas informatizados, tanto da Receita Federal do Brasil, quanto da Previdência Social, como Av. Parigot de Souza 1864 Toledo PR. Neste local a fiscalização foi recebida pelo Sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Perguntado pela Fiscalização, informou que no local encontravase funcionando a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA CNPJ 08.958.074/000147. Sobre o endereço onde estava operando a empresa RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA e sobre o seu vínculo com as empresas, o Sr. RONALDO informou que a empresa RTS estava com as atividades encerradas e que não possuía vínculo com nenhuma das empresas. Informou que estava apenas prestando ajuda no local e, ainda, que o escritório ORCA CONTABILIDADE SIS LTDA, situado na Av. Parigot de Souza, 1986 sala 3 Toledo PR realizava a escrituração contábil das empresas. Em seguida, na mesma data (08.02.2008) a auditoriafiscal dirigiuse ao já referenciado escritório contábil, tendo então dado ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal TIAF a sra. NEURA GRANDI SAVARIS, contadora responsável pela área de pessoal do escritório, com prazo para atendimento da intimação em 12.02.2008. A apresentação de documentos pelo escritório contábil, representando a RTS, foi efetuado parcialmente e de acordo com o Mandado de Procedimento Fiscal se limitava ao exercício de 2004. Iniciado o exame dos documentos básicos para uma auditoriafiscal nas contribuições sociais incidentes sobre pagamentos/créditos de remunerações a segurados, tais como folhas e recibos de pagamentos e de ferias, rescisões de contrato de trabalho, livro de registro de empregados, guias de recolhimento do FGTS e da Previdência Social e os livros contábeis dos registros comerciais, dentre outros, observouse que a quase totalidade destes documentos eram assinados pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 10 17 Tal constatação, relativamente aos documentos do exercício financeiro de 2004, indicava que o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA possuía um vínculo com a RTS mais amplo do que havia mencionado. Ademais, aplicase ao caso concreto a hipótese da RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTARIA POR SUCESSAO, da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que continuou as atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (art. 133, do Código Tributário Nacional e art. 751, da Instrução Normativa SRP 3/2005). Tais fatos motivaram a Fiscalização a requerer a ampliação do período a ser examinado na RTS, bem como a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal a ser cumprido na empresa AMM. Tendo sido providenciada a ampliação do período a ser examinado na empresa RTS, bem como a abertura do procedimento fiscalizatório na AMM, a auditoriafiscal em 26.02.2008 dirigiuse ao estabelecimento, sendo recebida novamente pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Na oportunidade foi dada ciência ao Termo de Inicio da Ação Fiscal da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA, SUCESSORA DE RTS COMÉRClO DE PEÇAS LTDA, qualificandose o sr. RONALDO como gerente da empresa (vide cópia do TIAF). Contudo, teria se negado a cientificar o Termo da RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. A ciência ao Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, relativo a ampliação do período a ser examinado na RTS foi dada pela sra. NEIVA MARIA THEOBALD DA SILVA, contadora no escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, em 26.02.2008. Tendo sido cumpridas as intimações cientificadas em 26.02.2008, ambas as empresas apresentaram os documentos/livros contábeis solicitados. Ao examinar os documentos já mencionados no item acima, a auditoriafiscal pode comprovar que o vínculo do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, com a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA foi ininterrupto, contínuo e habitual, estabelecido desde a constituição da pessoa jurídica (de 2003 até 2007). Reforçando: a integralidade da documentação (ou quase) que necessitava da assinatura dos sócios era por ele firmada, inclusive os livros de registro de empregados e contábeis (vide cópia de farta e extensa documentação comprobatória). Além dos fatos acima narrados, outros constatados pela auditoria levaramna a concluir sobre a aplicação da hipótese de incidência do art. 14, IV, da Lei n° 9.317/96 ao caso concreto (exclusão do SIMPLES por constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios). A empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, até o exercício financeiro de 2006, não possuía em seus registros contábeis um ativo imobilizado (maquinas, equipamentos e imóvel) compatível com algumas das atividades exercidas, tais como a retifica de motores. Não possuía, também, escrituração de despesas com aluguel. A empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA também não possuía os elementos comerciais/industriais citados no parágrafo anterior e mais grave, até a competência março de 2008, estava utilizando os funcionários registrados na RTS para gerir suas atividades econômicas. Fl. 349DF CARF MF 18 Diante de tais constatações, a auditoriafiscal intimou ambos contribuintes a apresentar documentos e prestar, ate 14.03.2008, as seguintes informações: a) esclarecimento por escrito sobre a propriedade do imóvel localizado na Av. Parigot de Souza, 1864 Toledo PR, juntamente com os documentos comprobatórios: registro imobiliário, contrato de locação ou comodato, dentre outros; b) esclarecimento por escrito sobre o endereço de funcionamento das atividades ou sobre o encerramento das atividades da empresa RTS; c) na hipótese de encerramento das atividades, esclarecimento por escrito sobre a transferência de maquinas/equipamentos e do ponto comercial para empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA CNPJ 08.958.074/000147. As intimações foram assinadas pelo sr. RONALDO em 11.03.2008 (vide cópias), se qualificando como gerente, inclusive na empresa RTS. Em razão dessas intimações, esteve presente na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel, no dia 13.03.2008, o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, qualificado como sóciogerente no contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. Na ocasião, em razão das robustas provas que se apresentavam até aquele momento da constituição das pessoas jurídicas (RTS e AMM) por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios (respectivamente, art. 14, IV, da Lei n° 9.317/96 e art. 29, IV, da Lei Complementar n° 123/2006), a auditoriafiscal resolveu entrevistar o sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, na presença dos auditores fiscais ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matricula 1286863 e ANTÔNIO CARLOS FIORI matricula 1450704. O relatório decorrente da entrevista foi reduzido a um Termo de Constatação, cujo conteúdo segue transcrito a baixo: () II RELATÓRIO MARCOS ALBERTO SUSSUMU LOURENÇO, matricula SIAPE 2205369, na presença das testemunhas ANTÔNIO CARLOS FIORI matricula SIAPE 1450704 e ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matrícula SIAPE 1286863, todos auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, no dia 13 de março de 2008 as 16h e 30min, considerando o comparecimento do sóciogerente da empresa identificada na epígrafe nesta delegacia da Receita Federal do Brasil, Sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, portador da carteira de 'identidade civil RG 5.281.6440 (SSP PR) e do CPF 809.023.91968, com o objetivo de protocolar pedido de prorrogação de prazo para apresentação de documentos, decorrente da intimação assinada em 11 de março de 2008 (cópia em anexo), procedeu a oitiva deste, visando esclarecer pontos relativos aos procedimentos fiscais 0910300.2008.00053 e 0910300.2008.00128, tendo ocorrido os seguintes fatos: a) Indagado sobre a data de inicio das atividades da empresa AMM que não se arriscaria a dizer a data, pois poderia fornecer uma informação incorreta; Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 11 19 b) Indagado sobre sua experiência profissional relacionada com a atividade da empresa que já exerceu e exerce diversas atividades para muitas pessoas, dentre estas o sr. Rosalvo Tavares da Silva; c) Perguntado sobre o tipo de vínculo pessoal ou profissional com o sr. Rosalvo Tavares da Silva que há muito tempo conhece e trabalha para ele sem vínculo empregatício, realizando serviços gerais; d) Perguntado sobre como conheceu o sr. Ronaldo Tavares da Silva que o conheceu em razão de ser irmão do sr. Rosalvo Tavares da Silva; e) Indagado sobre a administração da AMM Retificadora de Motores Ltda que não administra a empresa; que é o sr. Ronaldo Tavares da Silva que efetivamente realiza a administração da empresa; que somente presta serviços gerais como motorista, mecânico e outros como entrega de documentos (similares a atividade de "office~boy" termo não utilizado pelo declarante); que ao necessitar de dinheiro para custear despesas requer a empresa AMM o pagamento pelos serviços realizados; que trabalha muito em diversas atividades e para diversos tomadores de serviço; f) Perguntado sobre ser o proprietário da empresa AMM Retificadora de Motores Ltda que seu nome consta dos documentos de constituição da empresa, mas de forma confusa relatou que seria o sr. Rosalvo Tavares da Silva o verdadeiro proprietário da empresa. Naquele momento da entrevista, o declarante se mostrou embaraçado e confuso, dizendo que estava realizando uma entrega no CEASA em Cascavel, quando recebeu uma ligação telefônica, onde o interlocutor lhe disse ser necessário entregar um documento na Receita Federal (o declarante não informou o nome do interlocutor). Apesar de ser portador e de ter assinado o documento acima referido, o declarante informou que não entendia a que este se prestava, perguntando se poderia deixar de prestar as informações requeridas pela auditoria fiscal. Considerando o estado psicológico de dúvidas que se abateu sobre o declarante, a Fiscalização informou que ele não estava obrigado a dar continuidade à entrevista. Aproveitando o momento, prestouse ao declarante algumas informações relativas ao procedimento fiscal, além das possíveis repercussões legais daí decorrentes. Nesse sentido, foram esclarecidos, em síntese, os seguintes pontos: que de acordo com o art. 133, do Código Tributário Nacional a empresa AMM Retificadora de Motores Ltda seria considerada sucessora da empresa RTS Comércio de Peças Ltda, devendo aquela assumir a responsabilidade pelos tributos devidos aos cofres públicos; que sucedida e sucessora se encontravam em débito com a Seguridade Social, inclusive de contribuições sociais objeto “em tese" dos crimes de “apropriação indébita previdenciária” e “sonegação"; Fl. 351DF CARF MF 20 que os administradores das sociedades poderiam vir a responder aos processos penais decorrentes de tais crimes; e que a constituição de uma empresa por “interposta pessoa" estaria capitulada como um procedimento ilegal. Dadas as explicações, a auditoriafiscal indagou se as informações prestadas estavam suficientemente claras para o declarante. Neste ponto o declarante, de forma titubeante, chegou a se expressar que seria, então, um “laranja” do sr. Rosalvo. A auditoria fiscal, então, explicoulhe que caso não fosse “de fato" sócio da empresa. este seria o nome comumente utilizado. O declarante, num lampejo de emoção, disse: que estava preparado para cumprir penalidades comunitárias alternativas, chegando a mencionar que “tinha entrado numa fria", que trabalhava muito somente para sobreviver; que se encontrava passando por dificuldades no relacionamento com sua esposa; que estava pensando, inclusive, em trabalhar no Paraguai, pais onde já havia vivido e trabalhado; e que a partir do momento em que havia tido recursos financeiros apreendidos durante o Plano Collor, havia se decepcionado com o governo brasileiro. Considerando o estado emocional do declarante; Considerando o pedido verbal do declarante para interromper a entrevista formal e para não assinar o termo circunstanciado; Considerando, ainda, que o declarante demonstrava não entender o real conteúdo e finalidade do documento que, portava para protocolo; A Fiscalização interrompeu, naquele momento, a entrevista para obtenção de esclarecimentos, bem como resolveu emitir este termo de constatação, visto que os fatos então narrados teriam ocorrido na presença das testemunhas arroladas adiante. Evidenciouse que o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, sóciogerente constante do contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, somente confirmou verbalmente o que os documentos e os fatos já demonstravam, ou seja, que ele e outras pessoas foram utilizadas como interpostas pessoas para acobertar a constituição das pessoas jurídicas pelos verdadeiros sócios srs. RONALDO DA SILVA TAVARES e ROSALVO DA SILVA TAVARES. E muito provável que a interposição de pessoas na constituição das empresas decorreu em virtude da impossibilidade da opção pelos regimes de tributação diferenciada do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, pois vejamos as “coincidências": I a constituição da RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA ou da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA, pelos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA, impossibilitaria a opção pelo sistema de tributação, respectivamente, do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, haja vista já serem sócios das seguintes empresas: Auto Posto Tavares Ltda CNPJ 00.797.920/000182, Fidelcino Santos & Cia Ltda CNPJ 00.219.670/000101, Jr Adminstração e Participações Ltda CNPJ 36.956.589/000143, O. Nunes & Tavares Ltda CNPJ 79.782.660/000121, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101 e Rosalvo Tavares Da Silva 8. Cia Ltda CNPJ 72.566.953/000122 (vedações constantes do art. 9°,lX, Lei 9.317/96 e do art. 3°, §4°, IV, da Lei Complementar 123/2006); Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 12 21 II a mudança da opção do SIMPLES para o SIMPLES NACIONAL pela RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que poderia ser requerida no mês de julho de 2007 (data de constituição da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA) não seria possível em razão da existência de débitos para com a Seguridade Social declarados em GFIP. Outro ponto a se ressaltar é que, apesar da tentativa do sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO em prorrogar o prazo das intimações assinadas em 11.03.2008, o prazo fixado pela auditoriafiscal (14.03.2008) correu “in albis", motivo que ensejou a lavratura de Auto de Infração Obrigação Acessória AIOA 37.172.0028. Somente em 23.04.2008 as intimadas protocolizaram na Delegacia da Receita Federal em Cascavel correspondência justificando pontos relativos à intimação. Nesta correspondência demonstraram certa indignação pelo requerimento das informações fiscais e, pelo seu conteúdo, consideraram prestados os devidos esclarecimentos, sendo, ainda, anexadas cópias dos seguintes documentos: a) certidão n° 5165, do 1° Ofício do Registro de Imóveis da Comarca de Toledo/PR relativa ao lote urbano n° 7, da quadra 623, situado no Jardim Novo Bandeirantes; b) instrumento particular de compromisso de comodato para uso de imóvel comercial firmado entre as empresas RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA e AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA datado de 10 de julho de 2007 e com reconhecimento das firmas na mesma data; c) instrumento particular de locação de maquinas e equipamentos firmado entre LILIAN TAVARES DA SILVA e AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA datado de 10 de julho de 2007 e com reconhecimento das firmas na mesma data. Deve ficar destacado que somente prestou informações a empresa AMM, esclarecendo situações que envolviam ambas as empresas, com quarenta dias de atraso. Ademais, näo foi informada sobre a continuidade ou não das atividades da empresa RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. Ocorre, também, que os reconhecimentos das firmas constantes das cópias dos contratos anexados na prestação das informações não foram confirmados pelo 6° Tabelionato Mônica Malucelli, situado na Rua Comendador Araújo, 143 Curiti_ba Parana. Procurado pessoalmente, o escrevente cartorário Sr. HENRIQUE LEMES DOS SANTOS informou que a sua assinatura aposta no carimbo do cartório era falsa. A falsidade foi posteriormente confirmada expressamente por meio de ofício (cópia em anexo), Diante da gravidade do fato, a auditoriafiscal intimou em 13.05.2008, na pessoa do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, a RTS a apresentar os originais dos citados contratos, bem como comprovar a propriedade das máquinas, equipamentos e ferramentas locadas pela sra. LILIAN TAVARES DA SILVA para a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. Fl. 353DF CARF MF 22 O fato é que a empresa RTS deixou o prazo (15.05.2008) passar em "branco", em cumprimento do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (cópia em anexo). Paralelamente as provas acima citadas, outras evidências auxiliam na comprovação de que as empresas RTS e AMM foram constituídas por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios: I As iniciais da empresa RTS coincidem com os nomes dos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA; II O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA foi nomeado procurador da RTS, possuindo amplos e ilimitados poderes para administrar a sociedade (vide cópia da procuração); III Nas quatro oportunidades em que esta auditoria esteve na Av. Parigot de Souza 1684 Toledo PR, sempre foi atendida pelo sr. RONALDO, em seu escritório no 1° andar (vide cópias dos TIAFs e TlADs). IV O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre assinou tanto as CTPS dos empregados, como os documentos relativos a administração de pessoal, bem como os livros de registro de empregados e livros comerciais (vide cópias de farta e extensa documentação); V O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre agiu como preposto das empresas nas ações trabalhistas movidas contra as Auditadas (vide cópias de reclamatórias trabalhistas); VI A sra. ELIANE GRUNFELD sócia ingressante da 1“ alteração de contrato social da RTS outorgou procurações em caráter irretratável para o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA efetuar a venda de imóveis em 2002 na cidade de Cascavel (vide cópias das procurações), demonstrando, desde data anterior a constituição da pessoa jurídica, possuírem estreitos vínculos de confiança; VII O sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA constituiu, ainda, outra empresa com as mesmas iniciais de seu nome, ou seja, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101; VIII A sra. LILIAN TAVARES DA SILVA sóciagerente ingressante da 1” alteração de contrato social da RTS outorgou procuração para seu pai o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA efetuar a administração plena de todos os seus bens (vide copia da procuração). IX Na reclamatória trabalhista 000642008068O9001 (copia em anexo) movida por José Slrelin contra as Auditadas, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 17.01.2008 (data anterior ao inicio do procedimento fiscal), o empregado na petição inicial confirma: “As rés são geridas e administradas por um mesmo grupo econômico ou de pessoas. Ambas funcionam no mesmo edifício. O que as diferenciam são apenas o local de acesso e a placa de publicidade, sendo que para a primeira a entrada é pela Avenida Parigot de Souza e a segunda é pela rua México, que faz fundos com o edifício onde ambas estão instaladas. (...)" Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10935.004640/200867 Acórdão n.º 2402005.993 S2C4T2 Fl. 13 23 X Na reclamatória trabalhista 003342008'O6809004 (cópia em anexo), movida por Adelar de Almeida Bueno contra a RTS, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 27.02.2008, o empregado na petição inicial informa: “(...). No presente caso há prova inequívoca da demissão arbitrária do autor, através de documentos ora anexados e assinados pelo representante do empregador Sr. Ronaldo Tavares da Silva." No caso sob análise, a aparente, ou sob o ponto de vista formal, não identidade entre os objetos sociais de ambas as empresas, na medida em que a RTS seria uma empresa de comércio de auto peças, ao passo que a AMM, uma retificadora de motores, cede espaço ao forte conteúdo probatório que conduz à convicção de que a sucessora permaneceu exercendo o negócio da sucedida, seja pelo aproveitamento de parcela de seus funcionários, bem como de suas máquinas e equipamentos, seja pela "gerência" comum a cargo do Sr Ronaldo, seja ainda pelo o que constou na exordial da reclamatória trabalhista RT 56/2006, de 23.01.2006, no sentido de que o lá reclamante teria sido contratado para ocupar o cargo de montador de motor (motores em geral principalmente motores a diesel de caminhões, tratores, máquinas industriais, e outros) e que fazia também recuperação de motores velhos (desmontar, montar, lavar peças, fazer lubrificação, etc), atividades não compatíveis com as que se espera de um comércio e de auto peças. Somase às robustas evidências encimadas, a conduta reprovável dos gestores das empresas envolvidas que navegou desde a utilização de interposta pessoa à tentativa de aproveitamento de documento falso. Por todo o exposto, tenho que, neste caso, o reconhecimento da responsabilidade por sucessão é um imperativo. Nesse sentido, VOTO por CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR LHE provimento. Mauricio Nogueira Righetti (assinado digitalmente) Fl. 355DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.910678/2011-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Data do fato gerador: 21/05/2005
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.546
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Recorrente BANCO VOLKSWAGEN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 21/05/2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 06 78 /2 01 1- 11 Fl. 88DF CARF MF Processo nº 16327.910678/201111 Acórdão n.º 3402004.546 S3C4T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a Decisão da DRJ em Ribeirão Preto (SP), que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo o Despacho Decisório eletrônico proferido, que, por sua vez, indeferiu o Pedido de Restituição, referente a suposto pagamento de IOF a maior no ano de 2005. Conforme o que consta do referido Despacho Decisório, o pleito foi negado tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para a quitação do débito de IOF, não restando saldo de crédito disponível para a restituição almejada. Cientificada da decisão proferida, a empresa interpôs a Manifestação de Inconformidade alegando homologação por decurso de prazo, já que ultrapassado o prazo de cinco anos entre a data de envio, tanto do Pedido de Restituição (PER) quanto da Declaração de Compensação (DCOMP) a ele atrelada, e a data de proferimento do Despacho Decisório. Com base nessas considerações requer a reforma da decisão, com a consequente homologação da compensação declarada. No entanto, os argumentos aduzidos pelo Recorrente não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme Ementa do Acórdão nº 14061.043, prolatado pela DRJ em Ribeirão Preto (SP): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 21/05/2005 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO DECLARADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integralmente alocado à débito validamente declarado em DCTF. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para a homologação tácita de pedido de restituição, nem previsão de perda do poder de decidir por decurso de prazo em pedidos desta natureza. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Devidamente cientificada desta decisão a recorrente interpôs, tempestivamente, o presente recurso voluntário, alegando as seguintes razões: (i) consta do Despacho Decisório que "foram localizados pagamentos, mas que foram integralmente utilizados para a quitação de débitos do Recorrente, não restando crédito disponível para restituição". Porém, tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em dezembro/2006, operandose, portanto, a homologação da compensação em dezembro de 2011; Fl. 89DF CARF MF Processo nº 16327.910678/201111 Acórdão n.º 3402004.546 S3C4T2 Fl. 4 3 (ii) cita e transcreve como base legal, o §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), bem como, registra o Acórdão nº 3801000.530, de 29/09/2010, proferido pelo CARF nos autos do PAF nº 10830.007499/9736; (iii) conclui que, dessa forma operouse a homologação tácita em dezembro de 2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente por meio de Despacho Decisório proferido em 2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Por fim, requer que o presente Recurso Voluntário seja recebido e julgado, com a conseqüente reforma da decisão recorrida e homologação da compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.467, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 16327.910558/201113, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.467): "1. Da admissibilidade do Recurso O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. 2. Objeto da lide Verificase que o Recorrente não contesta a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório. O que se discute no recurso é a alegação de homologação tácita quanto ao Pedido de Restituição (PER). 3. Análise do Pedido Como relatado, o Recorrente pede o provimento do seu recurso unicamente sob o argumento da homologação tácita do seu Pedido de Restituição (PER) nº 01445.28437.211206.1.2.046453, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional. Aduz que tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em 21 e 26 dezembro de 2006, respectivamente e, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, operouse a homologação tácita da compensação em 26/12/2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente, por meio de Fl. 90DF CARF MF Processo nº 16327.910678/201111 Acórdão n.º 3402004.546 S3C4T2 Fl. 5 4 Despacho Decisório proferido em 03/01/2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Pois bem. É cediço que o Código Tributário Nacional (CTN), regulamenta o prazo decadencial de 5 anos para o agente fiscal homologar o lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, por determinação legal, em substituição ao agente arrecadador, possui a obrigação de apurar o tributo devido, em face da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, efetuar o seu recolhimento e realizar a respectiva declaração. No contexto do procedimento de homologação das compensações, no qual se atesta a existência e a suficiência do direito creditório invocado para a extinção dos débitos compensados, a única limitação imposta à atuação da Administração Tributária é o prazo de cinco anos da data da apresentação das declarações de compensação, depois do qual os débitos compensados devem ser extintos, independentemente da existência e suficiência dos créditos, conforme determina o artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 1996. Destaco a seguir seu conteúdo: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1º (...). § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (Grifei). No mesmo sentido, define a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, assim como as Instruções Normativas que a sucederam na regulamentação dessa matéria. Como se vê, por disposição legal expressa, a homologação tácita é aplicável unicamente à Declaração de Compensação, não havendo possibilidade de sua aplicação aos Pedidos de Restituição e Ressarcimento (PER). Isto ocorre porque quando o contribuinte realiza um pedido de compensação, nada mais está fazendo do que um lançamento por homologação: apura o tributo devido, realiza a declaração, e substitui o pagamento em espécie, por um pagamento com crédito tributário que possui junto ao ente tributante. E é por essa razão que, quando não há a apreciação expressa do pedido de compensação, passados 5 anos após a sua apresentação, ocorre a respectiva homologação. Em última análise, o que há é a homologação do lançamento realizado pelo contribuinte, sendo que o pagamento da obrigação tributária se dá com a utilização do seu direito creditório. Portanto, tal regra não se aplica ao caso do Recorrente com relação ao Pedido de Restituição de fls. 25/27, datado de 21/12/2006, justamente por se tratar de Pedido de Restituição e não de uma Fl. 91DF CARF MF Processo nº 16327.910678/201111 Acórdão n.º 3402004.546 S3C4T2 Fl. 6 5 Declaração de Compensação. O Pedido de Restituição não pode ser confundido com uma Declaração de Compensação, muito embora em ambos os casos esteja a se tratar de direito a um crédito tributário. A compensação está sempre atrelada a um lançamento. E é por isso que a ela se aplica o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 150 do CTN. O pedido de restituição não. Ele é independente de qualquer lançamento e requer necessariamente um pronunciamento do Fisco. Contudo, embora o Fisco deva nortear seus atos observando a eficiência e a celeridade, pois sua ação deve preservar os interesses públicos, nada o impede de, quase seis anos após o Pedido de Restituição (PER) formulado pelo Recorrente, indeferilo, por não vislumbrar o direito pleiteado. Não há a homologação tácita desse pedido, porquanto não ocorre qualquer lançamento que enseje a aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, como defende a Recorrente. Não há previsão legal para essa homologação. De se observar, também, que o Recorrente não rebate a alocação do pagamento (crédito solicitado no PER) ao débito de IOF do período de apuração tratado neste processo, o qual consta confessado em DCTF. Não contesta, portanto, a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório, dando margem ao entendimento de que o crédito almejado no Pedido de Restituição, não existe. Desta forma, considerando que o Recorrente se limitou a argüir a homologação tácita do Pedido de Restituição, com base no artigo 150, § 4º, do CTN, sem trazer qualquer documentação ou argumentação que comprovasse a existência de seu crédito, não há mesmo como acatar o seu pedido. 4. Dispositivo Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 92DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13504.000075/2001-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Dec 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 23/02/1996 a 21/11/1996
DRAWBACK. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ADIMPLEMENTO.
Somente serão aceitos para comprovação do adimplemento da condição resolutiva do Regime Aduaneiro Especial de Drawback registros de exportação devidamente vinculados ao respectivo ato concessório e que contenham o código de operação próprio do Regime.
Numero da decisão: 9303-005.863
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Período de apuração: 23/02/1996 a 21/11/1996 DRAWBACK. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ADIMPLEMENTO. Somente serão aceitos para comprovação do adimplemento da condição resolutiva do Regime Aduaneiro Especial de Drawback registros de exportação devidamente vinculados ao respectivo ato concessório e que contenham o código de operação próprio do Regime.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ADIMPLEMENTO. Somente serão aceitos para comprovação do adimplemento da condição resolutiva do Regime Aduaneiro Especial de Drawback registros de exportação devidamente vinculados ao respectivo ato concessório e que contenham o código de operação próprio do Regime. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 4. 00 00 75 /2 00 1- 51 Fl. 631DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte contra decisão tomada no Acórdão nº 3101001.584, de 26 de fevereiro de 2014 (efolhas 530 e segs), que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS PERÍODO DE APURAÇÃO: 23/02/1996 A 21/11/1996 DRAWBACK SUSPENSÃO. COMPROVAÇÃO. IRREGULARIDADES NO REGISTRO DE EXPORTAÇÃO. CÓDIGO DE OPERAÇÃO. AUSÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO ATO CONCESSÓRIO. CONTROLE ADUANEIRO O tempestivo enquadramento dos Registros de Exportação ao regime especial de drawback suspensão (código 81101) e sua vinculação ao Ato Concessório são requisitos indispensáveis para a fruição do incentivo do Drawback Suspensão, em atendimento à previsão Constitucional de controle aduaneiro. A ausência de alguma dessas informações exclui o benefício do Drawback, em face da impossibilidade de verificação tempestiva das exportações para atendimento do Regime. Recurso Voluntário Negado. A divergência suscitada no recurso especial (efolhas 543 e segs) diz respeito à repercussão jurídica dos equívocos praticados pelo importador no preenchimento dos Registros de Exportação, especificamente quanto ao enquadramento da operação e vinculação do RE ao AC. A recorrente defende que tais irregularidades formais não são suficientes para que se considere inadimplido o regime aduaneiro especial de Drawback. O recurso especial foi admitido conforme despacho de admissibilidade de e folhas 615 e segs. Contrarrazões da Fazenda Nacional às efolhas 619 e segs. Requer que se negue provimento ao recurso especial. Fl. 632DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 4 3 É o Relatório. Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Relator. O exame de admissibilidade é irretocável. O recurso foi apresentado dentro do prazo. Dele tomo conhecimento. Discutemse as consequências jurídicotributárias decorrentes da ausência de informação tempestiva, nos registros de exportação de Drawback, (i) do código da operação de Drawback, 81.101 e/ou (ii) do número do Ato Concessório correspondente. O voto condutor da decisão de primeira instância esclarece as circunstâncias fáticas específicas do caso concreto: No caso concreto, compulsando os REs acostados dos autos (fls. 128407), inclusive aqueles a que alude a impugnante, constata se que, embora contenham, além do código relativo a exportação normal (80000) ou Befiex (80116), também o código referente a drawback (81101), e ainda a indicação, no campo 24, do número do Ato Concessório, tais informações foram inseridas nos documentos posteriormente à averbação das exportações, à exceção dos REs nºs 97/0766454001, 97/0919084001 e 97/0978950001, conforme atesta o autuante no relatório de diligência. A recorrente pretende a mitigação dos efeitos da inobservância das formalidades por ela negligenciadas, em prestígio ao primado da verdade material. Analisemos as alegações de defesa à luz das particularidades do regime e da legislação que regulamenta as condições para sua concessão e para o adimplemento da obrigação que lhe confere condição de eficácia. O Regime Especial de Drawback, modalidade suspensão, está previsto no inciso II do art.78 do DecretoLei n°37, de 18 de novembro de 1966, c/c o art.1º, inciso I, da Lei n.° 8.402/92. Ele oferece a suspensão do pagamento dos tributos incidentes na importação de insumos, mediante compromisso do importador e beneficiário do regime de aplicálos na Fl. 633DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 5 4 fabricação de produtos destinados à exportação, nas condições e prazos firmados pela contribuinte e que passam a compor o correspondente Ato Concessório expedido pela SECEX, verbis: Art.78 Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: I restituição,total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento,ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada; II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; III isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. (Vide Lei nº8.402,de 1992) (...) Na modalidade suspensiva, o Regime permite à contribuinte importar insumos com suspensão dos tributos incidentes na importação, com o compromisso firmado de, em certo prazo e condições, utilizálos no beneficiamento ou industrialização de produtos e efetivamente reexportálos. Cumprido esse compromisso aquela suspensão inicial dos tributos é convertida em uma isenção. Tratandose de uma isenção condicionada, portanto, reclama a aplicação dos art.111, 155 e 179 do CTN, in verbis: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Fl. 634DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 6 5 III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa,em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. (...) §2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicandose, quando cabível, o disposto no artigo155. Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor,cobrandose o crédito acrescido de juros de mora: (...) Pois bem, o Registro de Exportação é o documento que comprova a exportação vinculada ao regime drawback e, por conseguinte, tanto o correto enquadramento do tipo de regime quanto a sua vinculação ao Ato Concessório são obrigações acessórias inerentes ao cumprimento do regime. Não havendo vinculação entre os Registros de Exportação apresentados e o citado Ato Concessório, resta evidenciado que a contribuinte infringiu ao disposto no artigo 325 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº. 91.030/85, vigente à época de ocorrência dos respectivos fatos geradores, in verbis: Art.325 – A utilização do benefício previsto neste Capítulo será anotada no documento comprobatório da exportação. Além disso, o Registro de Exportação que não contenha ou que contenha de forma inexata informação relativa ao código da operação de Drawback também não faz prova do cumprimento do regime. Este entendimento tem como pressuposto o fato de que a indicação de um código de operação diverso ao regime Drawback e/ou a falta da indicação do número do Ato Concessório no Registro de Exportação impedem o controle na utilização dos benefícios fiscais inerentes ao regime. Nesse sentido, confiramse as disposições normativas que seguem: Portaria SCE nº 02, de 1992: Fl. 635DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 7 6 Art. 10 – O Registro de Exportação no SISCOMEX – RE é o conjunto de informações de natureza comercial, financeira e fiscal que caracterizam a operação de exportação de uma mercadoria e definem o seu enquadramento. (...) §3.º As tabelas com os códigos utilizados no preenchimento do RE, do RV e do RC estão contidas no Anexo‘I’desta Portaria. Em simples leitura das normas de regulamentação do Regime, verificase a necessidade de constar nesses documentos eletrônicos (Registros de Exportação) o correto enquadramento da operação e também a sua vinculação ao Ato Concessório. Sem a devida averbação de tais dados no Registro de Exportação não há como o Fisco controlar a adimplemento do regime aduaneiro especial de drawback. O ônus probatório é da contribuinte. Cabe a ele comprovar que o Registro de Exportação está corretamente preenchido e devidamente vinculado aos respectivos Atos Concessórios. Ademais, o despacho de exportação é a oportunidade que a contribuinte tem de apresentar à autoridade alfandegária os produtos que estão sendo exportados com aproveitamento dos bens beneficiados com o tratamento fiscal do drawback e, desse modo, comprovar o cumprimento da condição suspensiva. E nesse momento, com base nas informações prestadas pela contribuinte no Registro de Exportação é que a Aduana vai inspecionar os produtos e, a partir dessa inspeção, manifestar sua anuência sobre a comprovação aqui em discussão. Se a contribuinte não informa corretamente à Aduana que são exportações decorrentes de regime drawback, elas não recebem o correspondente e necessário procedimento de verificação. Como se vê, a informação inexata nos Registros de Exportação não significa “mero” erro formal, como deseja crer a Recorrente, mas subtração da condição de verificação para se concluir pela extinção da obrigação tributária. Esses "erros de preenchimento" dos Registros de Exportação praticados pela contribuinte, na verdade, mascaram as correspondentes operações de exportação. Assim, a alegação feita no curso do recurso especial (efolha 552) de que "eventuais averbações posteriores das informações contidas nos RE's não se praticavam ao alvedrio do contribuinte (...)" não pode trazer o efeito pretendido pela parte. Levandose em considerações as particularidades do regime e os requisitos de controle acima esboçados, pareceme até despiciendo dizer que de nada adianta apor tardiamente essas informações nos Registros de Exportação. Na essência, não se discute neste ponto se a contribuinte modificou Fl. 636DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 8 7 deliberadamente os dados do RE, mas se sua conduta foi efetiva. Por óbvio, informações prestadas tardiamente não irão cumprir o papel a que se destinavam. O mesmo juízo se faz em relação ao argumento de que os Registros de Exportação foram devidamente vinculados aos Atos Concessórios, embora em campo distinto daquele especificado nas normas regulamentares. Isso de fato ocorreu, como confirma o excerto a seguir reproduzido, extraído do Relatório Fiscal, eflolha 14: Para a grande maioria destes RE, a empresa pretendeu informar no campo 24 o AC ao qual estariam estes REs vinculados. Ora ao preencher o campo "2a", destinado ao código da operação, com 80000, e deixar o campo 2f em branco o exportador automaticamente descarta a possibilidade que pudesse ser o RE um documento hábil para comprovação da exportação pois como já foi escrito uma operação "Exportação Comum" não comporta maiores complexidades na fiscalização no porto de embarque. Contudo, se, por um lado, o relato do Fisco confirma a informação prestada pela recorrente, também reprisa as razões por que essa irregularidade não pode ser tomada como descuido ocasional. Não se trata de simples escolha indevida do campo de preenchimento. Todas as informações, inclusive a retificação do código da operação, como dito acima, foram registradas depois do embarque das mercadorias; conduta que, no todo, terminou inviabilizando o controle aduaneiro das operações. É de se destacar que, quando apenas meros erros formais foram identificados, tal como ocorreu nos REs nºs 97/0766454001, 97/0919084001 e 97/09789500011, a pretensão da parte foi provida já em primeira instância de julgamento. Observese a interpretação dada a essas circunstâncias pelo relator de primeiro grau (efolhas 452): 1 O excerto a seguir já foi transcrito na parte introdutória do vertente voto. Nele a DRJ faz referência aos três REs citados. No caso concreto, compulsando os REs acostados dos autos (fls. 128407), inclusive aqueles a que alude a impugnante, constatase que, embora contenham, além do código relativo a exportação normal (80000) ou Befiex (80116), também o código referente a drawback (81101), e ainda a indicação, no campo 24, do número do ato concessório, tais informações foram inseridas nos documentos posteriormente à averbação das exportações, à exceção dos REs nºs 97/0766454001, 97/0919084001 e 97/0978950001, conforme atesta o autuante no relatório de diligência. Fl. 637DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 9 8 DA ADMISSIBIL1DADE DOS REs Nº 97/0766454001, 97/0919084001 e 97/0978950001 (...) Todavia, haja vista a indicação do código relativo ao Drawback e da indicação do Ato Concessório, no tocante a esses três REs não subsiste o argumento da Fiscalização, pois, não ha prova de que tais informações tenham sido inseridas após a averbação da exportação, pelo que se infere que existiam desde a época dos respectivos despachos aduaneiros. Ademais, por ocasião da diligência, em que teve oportunidade de se manifestar, o fiscal autuante não trouxe nenhum argumento adicional que descaracterizasse a vinculação dos citados RE s ao drawback e ao respectivo Ato Concessório ou que apontasse qualquer outra irregularidade, limitandose a informar que não foram alterados após a averbação, o que implica reconhecer a idoneidade dos documentos para fins de comprovação do drawback. Noutro giro, percebese que a recorrente, no intuito de contrapor os argumentos expendidos pelo Fisco para manutenção do crédito tributário (baseados nas disposições do art. 179 do CTN), defende, repetidas vezes, que, na espécie, adimpliu na íntegra o contrato para concessão do benefício fiscal. Alega que, em se tratando de regime aduaneiro especial de Drawback, o contrato é o próprio Ato Concessório, no qual não há nenhuma menção à obrigatoriedade de vinculação do Registro de Exportação ou de anotação de um código de operação específico. Assim, sempre segundo entende, não se deveria falar em prova do preenchimento das condições e requisitos previstos em lei, como quer o Fisco, mas apenas naquelas previstas em contrato2. Quanto a isso, destaco o disposto no artigo 176 do CTN, a seguir transcrito. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. 2 Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa,em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. Fl. 638DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 10 9 Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. E, de fato, chega a ser ingênuo cogitar da possibilidade de que cláusulas contratuais pudessem esvaziar o conteúdo normativo legal próprio de determinado regime especial de tributação. Por fim, também não pode subsistir a ideia de que o Relatório de Comprovação de Drawback tenha, por si só, o condão de afastar as irregularidades identificadas pela Fiscalização Federal. Como bem destacado no relatório fiscal, esse documento não passa de uma declaração prestada pela beneficiária do regime, nos seguintes termos. DECLARAÇÃO Empresa CGC: Finalidade: Comprovação de exportações vinculadas ao Regime Aduaneiro Especial de Drawback, modalidade suspensão. Declaramos, sob as penas da lei, para fins do cumprimento do disposto no art. 2o. da portaria SECEX no. 07 de 27 de abril de 1993, que as mercadorias relacionadas no Relatório de Comprovação de Drawback, anexo, foram exportadas e tiveram seus embarques averbados ou se encontram em fase de averbação pela Secretaria da Receita Federal. Declaramos, ainda, estar ciente de que, caso julgado necessário, a qualquer tempo deverá(ão) ser apresentado(s) documentos(s) comprobatório(s) da averbação do(s) respectivo(s) embarque(s). Local e data (carimbo e assinatura) De todo o exposto, constatase que é da contribuinte a obrigação de comprovar o integral cumprimento das exportações para se beneficiar do referido benefício fiscal. No meu entender, a autuada não obteve esse êxito, além de adotar procedimentos que dificultaram o controle das operações decorrentes da adoção do Drawback Suspensão, como ficou exaustivamente demonstrado no lançamento fiscal. Fl. 639DF CARF MF Processo nº 13504.000075/200151 Acórdão n.º 9303005.863 CSRFT3 Fl. 11 10 Ressalto que este colegiado, embora utilizando de fundamentação discretamente diferente, também já decidiu nesse sentido.Transcrevese abaixo a ementa do Acórdão nº 9303003.850, de 17/05/2016, da relatoria do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas: ASSUNTO:REGIMES ADUANEIROS Período de apuração:23/01/2007 a 12/12/2007 Data do fato gerador:16/07/1996 (...) DRAWBACK. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ADIMPLEMENTO. Somente serão aceitos para comprovação do regime de Drawback, registros de exportação devidamente vinculados ao respectivo Ato Concessório e que contenham o código de operação relativo ao Drawback. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Com base nessas premissas,voto por negar provimento ao recurso especial interposto pela contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 640DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.003475/2006-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO. UTILIZAÇÃO. REQUISITO.
O imposto retido na fonte sobre rendimentos ou ganhos de capital, submetidos à tributação ao final do período de apuração, poderá ser compensado na declaração de pessoa jurídica, se o contribuinte possuir comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, ou outros elementos de provas hábeis a demonstrar que sofreu o ônus da retenção.
Numero da decisão: 1402-002.769
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO. UTILIZAÇÃO. REQUISITO. O imposto retido na fonte sobre rendimentos ou ganhos de capital, submetidos à tributação ao final do período de apuração, poderá ser compensado na declaração de pessoa jurídica, se o contribuinte possuir comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, ou outros elementos de provas hábeis a demonstrar que sofreu o ônus da retenção.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1496; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 403 1 402 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.003475/200668 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.679 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de setembro de 2017 Matéria IRPJ Recorrente BANCO DO ESTADO DE SANTA CATARINA S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO. UTILIZAÇÃO. REQUISITO. O imposto retido na fonte sobre rendimentos ou ganhos de capital, submetidos à tributação ao final do período de apuração, poderá ser compensado na declaração de pessoa jurídica, se o contribuinte possuir comprovante • da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, ou outros elementos de provas hábeis a demonstrar que sofreu o ônus da retenção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 34 75 /2 00 6- 68 Fl. 403DF CARF MF 2 Relatório Por bem resumir a controvérsia, adoto o relatório do v. acórdão da DRJ proferido nos autos, que abaixo transcrevo: Fl. 404DF CARF MF Processo nº 11516.003475/200668 Acórdão n.º 1402002.679 S1C4T2 Fl. 404 3 Fl. 405DF CARF MF 4 O v. acórdão decidiu dar provimento parcial a manifestação de inconformidade nos seguintes termos: Fl. 406DF CARF MF Processo nº 11516.003475/200668 Acórdão n.º 1402002.679 S1C4T2 Fl. 405 5 Fl. 407DF CARF MF 6 Fl. 408DF CARF MF Processo nº 11516.003475/200668 Acórdão n.º 1402002.679 S1C4T2 Fl. 406 7 Inconformada com o v. acórdão a Recorrente interpôs Recurso Voluntário de fls. 286/328. Em seguida a C. 2 Turma Especial da 1 Seção, decidiu converter o julgamento do recurso em diligência nos seguintes termos: Como se extrai do relatório, os presentes autos versam sobre a legitimidade e existência do saldo negativo de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, do anocalendário de 2002. As DCOMP 36052.44107.020104.1.3.023548 e 05525.17177.070104.1.3.02 9930 noticiam que o crédito correspondente ao saldo negativo do período é de R$ 1.215.822,00. Referido saldo, conforme consta na DCOMP apresentada pelo contribuinte, é decorrente de imposto de renda retido na fonte por terceiros, no montante de R$ 457.987,62, e pelas estimativas de setembro de 2002, no montante de R$ 757.834,38. Para comprovação do saldo negativo pleiteado, a autoridade fiscal intimou o contribuinte a apresentar os comprovantes de rendimento, trazido aos autos às efls. 27/38. Houve o reconhecimento do saldo negativo de R$ 889.148,25, pela liquidação da estimativa do mês de setembro de 2002, e pelo reconhecimento parcial das retenções na fonte, conforme consta do Despacho Decisório (efls 43): Foram aceitos os comprovantes que contêm os dados prescritos pelas normas que regulam a matéria e que tratam do mesmo anocalendário que o saldo negativo usado na DCOMP. Foram Fl. 409DF CARF MF 8 também consideradas as retenções que, apesar de não comprovadas pelo contribuinte, encontram confirmação nas DIRF entregues pelas fontes pagadoras. As tabelas a seguir indicam as retenções informadas na DCOMP e aquelas aceitas como dedutíveis do imposto devido. [...] tabela com as retenções informadas nas DCOMPs (fl. 5 da Resolução fl 335 do eprocesso). (2) O comprovante de fl. 29 tem período de apuração (ano calendário 2001) diverso daquele a que se refere a declaração em análise (anocalendário 2002). Não há comprovação nas DIRF do anocalendário 2002 para as retenções de R$ 8.678,97 indicadas na DCOMP. [...] (4) O documento de fl. 32 foi elaborado pelo próprio beneficiário, não se enquadra como comprovante de rendimentos válido. Conforme a DIRF foi retido por essa fonte pagadora no código 6188 R$ 219.082,39, assim a parcela correspondente ao IRPJ é R$ 74.575,64, valor inferior ao indicado na DCOMP. (5) Não foi apresentado comprovante de rendimentos referente a essa fonte pagadora. A retenção comprovada em DIRF R$ 60,06 (fl. 19) é inferior a indicada na DCOPMP (sic) (R$ 537,23). (6) As retenções comprovadas em DIRF R$ 3.018,67 (fl. 20) são inferiores às indicadas na DCOMP R$ 10.865,99. Os valores constantes dos documentos de fls. 33/35 apresentados pelo contribuinte estão contidos no montante de R$ 3.018,67, conforme demonstra o extrato detalhado de fl. 36. [...] Como se observa, a autoridade julgadora analisou o limite do direito creditório dos 06 (seis) cedentes, com base no constante na DCOMP. Especificamente quanto a alguns destes cedentes, argumenta o contribuinte possuir saldo de crédito superior ao declarado em DCOMP e DIPJ, aumentando assim o direito creditório ao indébito, conforme sustenta às efls. 288: Nada obstante e tendo em mente o acolhimento parcial da manifestação de inconformidade apresentada, podese observar que o saldo remanescente de R$ 143.228,42 decorre diretamente da não aceitação do comprovante de rendimentos do INSS, relativo ao ano de 2001 (parcela de novembro/2001, registrada na contabilidade em 2002) para fins de composição da base negativa apurada pelo Recorrente que, se regularmente considerado, geraria um crédito de R$ 208.684,09, ou seja, superior em R$ 65.455,67 ao débito remanescente apurado, conforme se pode observar pelo quadro abaixo: [...] Quadro 3 com os Rendimento pago pelo INSS. Pertinente ressaltar que a retenção antes noticiada não foi aproveitada para fins de composição do saldo negativo de IRPJ Fl. 410DF CARF MF Processo nº 11516.003475/200668 Acórdão n.º 1402002.679 S1C4T2 Fl. 407 9 do anocalendário de 2002, sob a alegação de referirse ao ano de 2001 (portanto anterior ao do processo – 2002), e não por entender ser inexistente o crédito em favor do Recorrente. E isso restou incontroverso. Assim, pelas razões suscitadas, não remanesce dúvida de que o saldo negativo de IRPJ declarado é suficiente para a compensação integral das DCOMP apresentadas, urgindo seja reformado o acórdão recorrido em face da real e demonstrada existência de crédito em favor do Recorrente. [...] Diante destes fatores, devese analisar se o tributo retido na fonte concernente ao CNPJ 29.979.036/000140 na DIRF do anocalendário de 2001, em seu mês de Novembro, já foi ou não utilizado pelo contribuinte. Por merecida análise dessa questão, sob pena de enriquecimento ilícito da Fazenda Nacional, converto o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem, através de relatório circunstanciado demonstre se o crédito relativo ao IRPJ deste CNPJ (29.979.036/000140) do mês de novembro de 2001 está disponível para suportar os débitos arrolados nestes autos. Do relatório proferido pela autoridade, deverá ser intimado o contribuinte para que exerça o contraditório, caso desejar. Após a diligência e o prazo para manifestação do contribuinte, retornemse os autos para julgamento. Em seguida veio a Informação Fiscal da DIORT/DRF Brasília de fls. 377/378 com o seguinte texto: Trata o presente processo de Declarações de Compensação – DCOMP's, que utilizam como crédito o saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, do anocalendário de 2002. 2.No Despacho Decisório(fls. 40 a 45), foi validado o direito creditório no montante de R$ 889.148,25, ao passo que o saldo negativo solicitado nas DCOMP's foi de R$ 1.215.882,00. Deste modo, foi homologada a DCOMP n° 36052.44107.020104.1.3.023548; e homologada parcialmente a DCOMP n° 05525.17177.070104.1.3.029930. 3.Cientificada da decisão em 12/01/2007, consoante Aviso de Recebimento(fl. 48), a interessada apresentou manifestação de inconformidade(fls. 49 a 53) em 15/02/2007 4.A DRJ julgou como parcialmente procedente a manifestação de inconformidade, e entendeu que a contribuinte não poderia aproveitar valor de retenção referente a anocalendário Fl. 411DF CARF MF 10 diferente daquele para o qual pleiteava o aproveitamento de saldo negativo. 5.Não satisfeita com a decisão, a contribuinte entrou com recurso voluntário(fls. 282 a 292) perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF em 01/06/2012. 6. O CARF, por sua vez, apesar da determinação do art. 2º, § 4º, inciso III, da Lei 9430/1996 que prevê que o IRRF somente poderá reduzir o Imposto a pagar quando os rendimentos que geraram a retenção também tiverem sido levados a resultado como receita, decidiu por converter o julgamento em diligência para que esta Delegacia apurasse se o tributo retido na fonte concernente ao CNPJ 29.979.036/000140 na DIRF do ano calendário de 2001, em seu mês de Novembro, já foi ou não utilizado pelo contribuinte. 7.Assim, para atender a determinação do CARF, pesquisouse no Sistema SIEF/PERDCOMP(fls. 344 a 358), e verificouse que não há nenhuma Declaração de Compensação ou Pedido de Restituição que tenha utilizado a retenção mencionada no parágrafo anterior como crédito. Também foi consultado o COMPROT(fls, 359 a 373), e não foi encontrado nenhum processo de compensação no período de 2001 a 2002. 8. Diante do exposto, proponho que se dê ciência a interessada do teor desta Informação Fiscal, para que se a contribuinte entender necessário apresente defesa, e que em seguida se devolva este processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Em seguida, a Recorrente se manifestou sobre a diligência feita (fls.388/389), alegando que como o crédito remanescente não foi utilizado em nenhuma outra compensação, não resta óbice para o reconhecimento do crédito e para sua respectiva homologação. É o relatório. Fl. 412DF CARF MF Processo nº 11516.003475/200668 Acórdão n.º 1402002.679 S1C4T2 Fl. 408 11 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O recurso é tempestivo, foi interposto por signatário devidamente legitimado e trata de outras matérias que não estão albergas pelo mandado de segurança, motivo pelo qual dele conheço. O valor que restou a ser analisado em sede Recurso Voluntário é de R$ 208.914,76 relativo ao IRRF, conforme quadro do v. acórdão recorrido abaixo. Cumpre ressaltar que o valor de R$ 9.804,46 não foi defendido e recorrido pela Recorrente, tornandose incontroverso nos autos. Vejamos a delimitação do litígio, conforme muito bem analisado pela DRJ: Fl. 413DF CARF MF 12 Em relação ao crédito no importe de R$ 208.914,76 de crédito oriundo de IRRF, a resposta da fiscalização sobre a diligência determinada foi a seguinte: Trata o presente processo de Declarações de Compensação – DCOMP's, que utilizam como crédito o saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, do anocalendário de 2002. 2.No Despacho Decisório(fls. 40 a 45), foi validado o direito creditório no montante de R$ 889.148,25, ao passo que o saldo negativo solicitado nas DCOMP's foi de R$ 1.215.882,00. Deste modo, foi homologada a DCOMP n° 36052.44107.020104.1.3.023548; e homologada parcialmente a DCOMP n° 05525.17177.070104.1.3.029930. 3.Cientificada da decisão em 12/01/2007, consoante Aviso de Recebimento(fl. 48), a interessada apresentou manifestação de inconformidade(fls. 49 a 53) em 15/02/2007 4.A DRJ julgou como parcialmente procedente a manifestação de inconformidade, e entendeu que a contribuinte não poderia aproveitar valor de retenção referente a anocalendário diferente daquele para o qual pleiteava o aproveitamento de saldo negativo. 5.Não satisfeita com a decisão, a contribuinte entrou com recurso voluntário(fls. 282 a 292) perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF em 01/06/2012. 6. O CARF, por sua vez, apesar da determinação do art. 2º, § 4º, inciso III, da Lei 9430/1996 que prevê que o IRRF somente poderá reduzir o Imposto a pagar quando os rendimentos que geraram a retenção também tiverem sido levados a resultado como receita, decidiu por converter o julgamento em diligência para que esta Delegacia apurasse se o tributo retido na fonte concernente ao CNPJ 29.979.036/000140 na DIRF do ano calendário de 2001, em seu mês de Novembro, já foi ou não utilizado pelo contribuinte. 7.Assim, para atender a determinação do CARF, pesquisouse no Sistema SIEF/PERDCOMP(fls. 344 a 358), e verificouse que não há nenhuma Declaração de Compensação ou Pedido de Restituição que tenha utilizado a retenção mencionada no parágrafo anterior como crédito. Também foi consultado o Fl. 414DF CARF MF Processo nº 11516.003475/200668 Acórdão n.º 1402002.679 S1C4T2 Fl. 409 13 COMPROT(fls, 359 a 373), e não foi encontrado nenhum processo de compensação no período de 2001 a 2002. 8. Diante do exposto, proponho que se dê ciência a interessada do teor desta Informação Fiscal, para que se a contribuinte entender necessário apresente defesa, e que em seguida se devolva este processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Notese que a Resolução demonstrou que a Recorrente não tem direito ao crédito que se pretende o reconhecimento e compensação. Como se não bastasse a constatação de que a Recorrente não tem direito ao crédito, nos autos, existe outro ponto importante relativo a competência para o oferecimento da receita, onde deveria estar incluído o IRRF, que não foi analisado nem na Resolução e nem na resposta a diligência fiscal (Informação Fiscal). No caso, o crédito de IRRF é de novembro de 2001, diverso do ano calendário o qual foi registrado, anocalendário de 2002. Tal fato acima comentado, apesar de não ter sido expressamente abordado na Informação Fiscal e ignorado pela Resolução proferida pela C. Turma deste E. CARF/MF, não altera o julgamento deste recurso, pois este crédito não pode ser reconhecido eis que o IRRF é do anocalendário de 2001, diferente daquele o qual foi pleiteado o aproveitamento de saldo negativo que se pretende compensar de 2002, contrariando o regime de competência. Sendo assim, além de a Recorrente não ter direito ao crédito, conforme demonstrado na resposta a diligência, também não poderia se reconhecer seu direito eis que o IRRF não é do mesmo período do qual foi pleiteado o aproveitamento do saldo negativo que se pretende compensar; Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento ao Recurso Voluntário. Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Fl. 415DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.002872/2007-08
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2006
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2006 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 28 72 /2 00 7- 08 Fl. 958DF CARF MF 2 Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 10935.002873/200744 37.066.0838 Obrig. Principal Dívida Ativa 10935.002876/200788 37.066.0870 Obrig. Principal Recurso Especial 10935.002874/200799 37.066.0862 Obrig. Principal Excluído RV negado 10935.002872/200708 37.066.0846 Obrig. Acessória Recurso Especial 10935.002875/200733 37.066.0854 Obrig. Acessória Dívida Ativa O presente processo trata do Debcad 37.066.0846 (AI68), lavrado em razão de a empresa apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. A autuada deixou de informar em GFIPs a rubrica "gratificação por produtividade" devida aos seus empregados em razão de Convenção Coletiva de Trabalho. Em sessão plenária de 08/02/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 280300.472 (fls. 813 a 822), assim ementado: “ASSUNTO : OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/05/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE DEVERES INSTRUMENTAIS. NEGOCIO JURÍDICO SIMULADO. DESCONSIDERAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. LEI N ° 11.941/09. REDUÇÃO DA MULTA. As multas referentes a declarações em GFIP foram alteradas pela lei n° 11.941/09 o que, em tese, beneficia o infrator. Foi Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10935.002872/200708 Acórdão n.º 9202006.200 CSRFT2 Fl. 959 3 acrescentado o art. 32A à Lei n ° 8.212/91. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, devese aplicar a norma mais benigna ao contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte.” A decisão foi assim registrada: “ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido(a) o(a) Conselheiro(a) Eduardo de Oliveira. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Gustavo Vettorato.” O provimento parcial é elucidado com a seguinte conclusão do voto vencedor (fls. 832): "Isso posto, voto por conhecer o presente Recurso Voluntário, no mérito DARLHE PROVIMENTO PARCIAL no sentido apenas para reformar o lançamento no que tange a aplicação da sanção que deve ser regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, § 5o, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008." O processo foi recebido na PGFN em 16/08/2011 (carimbo aposto à Relação de Movimentação de fls. 824) e, em 22/08/2011, foi interposto o Recurso Especial de fls. 826 a 834 (Relação de Movimentação de fls. 825) . O apelo está fundamentado no art. 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Nesse passo, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, no sentido de se verificar, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e art. 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2300 232/2012, de 11/05/2012 (fls. 836/837). Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 29/05/2012 (AR Aviso de Recebimento de efls. 904), a Contribuinte, em 13/06/2012, ofereceu as Contrarrazões de efls. 905 a 907 e interpôs o Recurso Especial de efls. 908 a 945. Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte argumenta: o art. 106 do CTN possibilita a aplicação retroativa de legislação benigna em favor do sujeito passivo, e no caso concreto deve ser aplicado o artigo 32A, I da Lei nº 11.941, de 2009, que é amplamente mais favorável ao sujeito passivo em comparação com o Fl. 960DF CARF MF 4 artigo art. 32, IV, § 5º, da Lei nº 8.21, de 1991, com a redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008; além disso, o artigo 112 do CTN, em seu inciso IV, é taxativo quanto à interpretação favorável que se deve realizar em favor do sujeito passivo, no caso de legislação tributária que define infrações e comina penalidades. Ao final, a Contribuinte requer que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional não seja conhecido, ou, se conhecido não lhe seja dado provimento. Ao Recurso Especial da Contribuinte foi negado seguimento, conforme despacho de 19/01/2016 (efls. 950 a 953). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase do Debcad 37.066.0846 (AI68), lavrado em razão de a empresa apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. O mesmo procedimento fiscal gerou os Debcads 37.066.0838 (processo nº. 10935.002873/200744), 37.066.0870 (processo nº 10935.002876/200788) e 37.066.0862 (processo nº 10935.002874/200799), que tratam das obrigações principais, conforme Termo de Encerramento da Ação Fiscal TEAF de fls. 08/09. Na decisão recorrida, foi determinada a aplicação da multa do artigo 32A, da Lei n° 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, caso esta seja mais benéfica à Contribuinte. Os artigos da Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações da Lei n° 9.528, de 1997, que orientavam o Auto de Infração tinham a seguinte redação: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciárias e outras informações de interesse do INSS. (...) § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (...) Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10935.002872/200708 Acórdão n.º 9202006.200 CSRFT2 Fl. 960 5 Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º e abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (...) II. para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c)vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRP; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa.” Assim, no caso em apreço, considerandose que houve exigência por meio de procedimentos separados (descumprimento de obrigação acessória, objeto do presente processo, e descumprimento de obrigação principal), foram aplicadas duas multas, no contexto de lançamento de ofício. Com efeito, o entendimento desta CSRF é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei nº 8.212, de 1991, não contivesse a expressão “lançamento de ofício”, o fato de as penalidades serem exigidas por meio de Auto de Infração não deixa dúvidas acerca da natureza material de multas de ofício. Resta perquirir se as alterações posteriores à autuação, implementadas pela Lei nº 11.941, de 2009, representariam a exigência de penalidade mais benéfica ao Contribuinte, hipótese que autorizaria a sua aplicação retroativa, a teor do art. 106, II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei nº 11.941, de 2009, a ver se efetivamente seria o caso, e em que condições aplicarseia a retroatividade benigna. As alterações promovidas pela Lei nº 11.941, de 2009, nos artigos 32 e 35, da Lei nº 8.212, de 1991, no sentido de uniformizar os procedimentos de constituição e exigência dos créditos tributários, previdenciários e não previdenciários, são as seguintes: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; Fl. 962DF CARF MF 6 (...) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (...) Art. 32A.O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 44 da Lei nº. 9.430, de 1996, por sua vez, assim estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (grifei) Destarte, resta claro que, com o advento da Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento de ofício, envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de declaração inexata do respectivo fato gerador em GFIP, como ocorreu no presente caso, sujeita o Contribuinte a uma única multa, no percentual de 75%, sobre a totalidade ou diferença da contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Com efeito, a interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada Fl. 963DF CARF MF Processo nº 10935.002872/200708 Acórdão n.º 9202006.200 CSRFT2 Fl. 961 7 com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, determinando que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 964DF CARF MF
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Numero do processo: 13819.720126/2010-10
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SIMPLES NACIONAL Ano-calendário: 2007, 2008 SIMPLES. EXCLUSÃO. Será excluída do SIMPLES a empresa que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1801-000.941
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: Edgar Silva Vidal
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EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2007, 2008 SIMPLES. EXCLUSÃO. Será excluída do SIMPLES a empresa que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (Documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes _Presidente (Documento assinado digitalmente) Edgar Silva Vidal Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carmem Ferreira Saraiva, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Maria de Lourdes Ramirez, Edgar Silva Vidal, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira e Ana de Barros Fernandes Fl. 38DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 04/04/2012 po r ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL 2 Relatório A Recorrente foi excluída do SIMPLES NACIONAL a partir de 01 de janeiro de 2011, pelo Ato Declaratório Executivo DRF/SBC nº 441366, de 01 de setembro de 2010,por possuir débitos do Regime Especial, com exigibilidade não suspensa, relacionados no mesmo Ato, conforme disposto no inciso V do art. 17 da Lei Complementar 123, de 14/10/2006, e na alínea ”c”do inciso II do art. 3º, combinada com o inciso I do art. 5º, ambos da Resolução CGSN 15, de 23/07/2007 Em 29 de setembro de 2010 apresentou Manifestação de Inconformidade alegando que tem vários parcelamentos em andamento: Processo nº 18208.720.548/200793 – Refis 01/ 2004 a 04/2005; Parcelamento Simples Nacional RFBNP; aderiu ao parcelamento da Lei nº 11941/2009, inclusive quitou a parcela referente ao mês 07/2007 que faz parte da relação de débitos constantes do ADE nº 441366. Está tentando regularizar a situação da empresa junto a Secretaria da Receita Federal do Brasil. Mais uma vez reitera a intenção de pagar os débitos devidos do ADE e solicita que os mesmos sejam parcelados. Juntou o DAS referente à arrecadação do mês 07/2007. Em sessão de 08 de junho de 2011, a 8ª Turma da DRJ/CPS julgou a Manifestação Improcedente, conforme Acórdão 0533.882, tendo por fundamento: I – os débitos informados pela Recorrente referentes ao parcelamento do REFIS 01/2004 a 04/2005 não constam do ADE; II – no ADE constam débitos sem exigibilidade suspensa que vão de 07/2007 a 12/2008; III –a adesão ao parcelamento da Lei nº 11.941/2009 foi vedada pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 06, de 22/07/2009, que teve sua legalidade acatada no Resp. 1.236.488RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26/04/2011, na qual foi determinado em seu art. 1º, § 3º: Art. 1º Os débitos de qualquer natureza junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ou à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), vencidos até 30 de novembro de 2008, que não estejam nem tenham sido parcelados até o dia anterior ao da publicação da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009,, poderão ser excepcionalmente pagos ou parcelados, no âmbito de cada um dos órgãos, na forma e condições previstas neste Capítulo. (...) § 3º O disposto neste Capítulo não contempla os débitos apurados na forma do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Fl. 39DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 04/04/2012 po r ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL Processo nº 13819.720126/201010 Acórdão n.º 180100.941 S1TE01 Fl. 39 3 Intimada.do Acórdão em 18 de julho de 2011, interpôs Recurso Voluntário em 05 de agosto de 2011, reiterando seu inconformismo com a exclusão do SIMPLES NACIONAL, baseado no fato de que aderiu ao parcelamento da Lei nº 11.941/2009. É o relatório. Fl. 40DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 04/04/2012 po r ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL 4 Voto Conselheiro Edgar Silva Vidal Relator O Recurso é tempestivo e dele conheço. A Recorrente foi excluída do SIMPLES NACIONAL por possuir débitos com exigibilidade não suspensa, conforme disposto no inciso V do art. 17 da Lei Complementar 123, de 14/10/2006, e na alínea ”c”do inciso II do art. 3º, combinada com o inciso I do art. 5º, ambos da Resolução CGSN 15, de 23/07/2007 A Recorrente alega que aderiu ao parcelamento da Lei 11.941, de 2009 e, por isso, que se manter no SIMPLES NACIONAL.Como bem posto pela DRJ, o parcelamento de que trata a Lei nº 11.941/2009 foi vedado às empresas do SIMPLES NACIONAL , de acordo com a Portaria Conjunto PGFN/RFB nº 06, de 22/07/2009, art. 1º, § 3º. Diante do exposto voto para negar provimento ao Recurso Voluntário. (Documento assinado digitalmente) Edgar Silva Vidal Relator. Fl. 41DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 04/04/2012 po r ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 25/03/2012 por EDGAR SILVA VIDAL
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