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Numero do processo: 11080.722948/2012-35
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 22 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF. GLOSA.
O recolhimento do imposto de renda efetuado pela fonte pagadora no ano-calendário de 2008 não autoriza a compensação do imposto retido na declaração de ajuste anual do ano-calendário de 2009.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2801-003.954
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente o Conselheiro Flavio Araujo Rodrigues Torres.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF. GLOSA. O recolhimento do imposto de renda efetuado pela fonte pagadora no ano-calendário de 2008 não autoriza a compensação do imposto retido na declaração de ajuste anual do ano-calendário de 2009. Recurso Voluntário Negado
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GLOSA. O recolhimento do imposto de renda efetuado pela fonte pagadora no ano calendário de 2008 não autoriza a compensação do imposto retido na declaração de ajuste anual do anocalendário de 2009. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente o Conselheiro Flavio Araujo Rodrigues Torres. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 29 48 /2 01 2- 35 Fl. 246DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11080.722948/201235 Acórdão n.º 2801003.954 S2TE01 Fl. 247 2 Por bem descrever os fatos, adoto o relatório do acórdão de primeira instância (fl. 156 deste processo digital), reproduzido a seguir: Mediante Notificação de Lançamento de fls. 06/09, exigese da contribuinte acima qualificado o recolhimento da importância de R$ 16.497,89, incluída a multa de mora e os juros de mora calculados até 29/02/2012, em virtude da constatação de irregularidades na declaração de ajuste anual do exercício de 2010, anocalendário de 2009. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 07, a fiscalização informa ter glosado compensação indevida de IRRF no valor de R$ 11.816,29, referente à fonte pagadora Hospital Nossa Senhora da Conceição S/A. Destaca a ausência de comprovação do recolhimento via DARF do IRRF incidente sobre valores recebidos por meio da Reclamatória Trabalhista nº 00515.026/0186, que tramitou na 26ª Vara do Trabalho de POA/RS. Segundo destacou a notificada é beneficiária como sucessora e inventariante de seu falecido esposo Paulo de Castro Delgado (CPF 000.440.32072). A notificada interpôs impugnação ao lançamento, às fls. 02 dos autos. Segundo referiu, em decorrência da ação trabalhista Proc. 00515.2001.026.04.000, foram efetuados depósitos em juízo e emitidos alvarás de liberação dos rendimentos em anos fiscais diferentes, fato que ocasionou divergência nas DIRF’s. Observou que o reclamado, Hospital Nossa Senhora da Conceição declarou os valores de acordo com o registrado na sua contabilidade. Informou ter declarado os valores efetivamente recebidos no ano 2009 (sistema de caixa) de acordo com as parcelas tributáveis recebidas nos meses de janeiro, maio, novembro e dezembro de 2009. Consta nos autos às fls. 10 e seguintes cópias de documentos. A impugnação apresentada foi julgada procedente em parte por intermédio do acórdão de fls. 155/158, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO. GLOSA. Deve ser cancelada a glosa de valor compensado a título de Imposto de Renda Retido na Fonte informado na declaração de ajuste anual quando comprovado o recolhimento e mantidos os valores não comprovados. Cientificada da decisão de primeira instância em 10/05/2012 (fl. 162), a Interessada interpôs, em 24/05/2012, o recurso de fls. 164/165, acompanhado dos documentos de fls. 166/242. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Fl. 247DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11080.722948/201235 Acórdão n.º 2801003.954 S2TE01 Fl. 248 3 A Vara do trabalho expediu diversos alvarás e os pagamentos aconteceram em diversos anos fiscais. O imposto de renda sobre as receitas recebidas foram quitados pela fonte pagadora, que fez os recolhimentos no ano fiscal da perda da ação. Na declaração de ajuste anual foram lançados conforme o recebimento das parcelas liberadas por alvará. Em 18/11/2008 o Reclamado recolheu IRRF no valor de R$ 10.936.694,70; em 30/06/2008 foi quitado o DARF no valor de R$ 3.006.363,73; em 17/12/2008 foi quitado o DARF no valor de R$ 3.410.673,343; em 30/06/2009 foi quitado o DARF no valor de R$ 3.155.378,44; em 29/10/2009 foi quitado o DARF no valor de 3.147.366,28. Não houve erro na utilização dos valores de imposto de renda retido, que foram compensados em cada ano fiscal declarado. O Reclamado recolheu, em DARF conjunto, todos os valores devidos de cada um dos contribuintes que entraram com a reclamatória trabalhista. Ao final, requer seja acolhido o presente recurso e cancelado o débito fiscal reclamado. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. Cingese a controvérsia à glosa de imposto de renda retido na fonte no montante de R$ 5.979,02, uma vez que o valor de R$ R$ 5.837,27 foi restabelecido pela decisão recorrida (fls. 155/158). O acervo probatório acostado aos autos não deixa nenhuma dúvida em relação ao acerto da decisão de piso, a ver: o “Resumo Geral dos Cálculos” de fls. 10/41 revela que houve quatro pagamentos à Recorrente (na qualidade de sucessora do Reclamante Paulo Geraldo de Castro Delgado) decorrentes de reclamatória trabalhista movida em face do Hospital Nossa Senhora da Conceição, sendo dois deles em 2008 e outros dois em 2009. No mesmo documento constam os valores de imposto de renda retido pela fonte pagadora relativamente a cada um dos reclamantes; às fls. 47/49 foram juntadas as telas “Consulta CONDARF” que demonstram que os quatro recolhimentos de imposto de renda efetuados pela Reclamada ocorreram em 30/06/2008, 17/12/2008, 30/06/2009 e 29/10/2009; no concernente ao pagamento e ao recolhimento de imposto efetuado em 30/06/2009 a fl. 31 dos autos evidencia que o favorecido Paulo Geraldo de Castro Delgado recebeu R$ 11.578,31 de rendimento bruto com R$ 2.916,77 de IRRF; Fl. 248DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11080.722948/201235 Acórdão n.º 2801003.954 S2TE01 Fl. 249 4 no atinente ao pagamento e ao recolhimento de imposto efetuado em 29/10/2009 a fl. 39 dos autos evidencia que o favorecido Paulo Geraldo de Castro Delgado recebeu R$ 11.593,12 de rendimento bruto com R$ 2.920,50 de IRRF; os recolhimentos de imposto de renda ocorridos em 2009 importam, portanto, o valor total de R$ 5.837,27 (R$ 2.916,77 + R$ 2.920,50), que corresponde exatamente ao montante de IRRF restabelecido pela decisão recorrida. os demais recolhimentos de IRRF foram efetuados no anocalendário de 2008, de modo que não podem ser compensados no anocalendário de 2009. Nesse contexto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 249DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN
score : 1.0
Numero do processo: 10840.003154/00-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/1995 a 31/10/1995, 01/02/1998 a 28/02/1998, 01/02/1999 a 30/06/2000
COFINS. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA.
O prazo de decadência para lançamento da COFINS é de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEFEITO NO PRODUTO. DEVOLUÇÃO DE PARTE DO VALOR DA VENDA.
Descontos são excluídos da base de cálculo da Cofins apenas se concedidos incondicionalmente. Venda são excluídas apenas se canceladas. A não-comprovação em momento processual previsto na legislação da ocorrência da concessão de descontos incondicionais ou de cancelamento de vendas impede a exclusão da base de cálculo da Cofins de valores devolvidos por causa de defeitos dos produtos.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA FINANCEIRA. RECUPERAÇÃO DE IMPOSTOS.
A majoração da base de cálculo da COFINS realizada pela Lei n.º 9.718/98 já foi afastada por inconstitucional, motivo pelo qual não podem ser tributadas as receitas financeiras.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECUPERAÇÃO DE TRIBUTOS.
O ADI n.º 25/2003 emitido pela RFB esclarece que as recuperações de tributos não são tributáveis pela COFINS.
COFINS. PAGAMENTOS A MAIOR. COMPENSAÇÃO.
Pagamentos a maior de COFINS devem ser requeridos em via própria.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-001.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não acolher as preliminares de impossibilidade do lançamento e reconhecer a decadência no período referente a outubro de 1995. No mérito, por unanimidade, dar provimento quanto à recuperação de tributos e receitas financeiras e negar provimento com relação à compensação de créditos com valor lançado; e por maioria negar provimento no que se refere aos descontos de vendas de produtos com defeito, vencidos neste ponto os Conselheiros Luciano Lopes de Almeida Moraes (relator) e Daniel Mariz Gudiño, designada Redatora a Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente, que assina para efeitos de formalização do Acórdão
(assinado digitalmente)
Luciano Lopes de Almeida Moraes - Relator
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Redator ad hoc (art. 17, inc. III, do Anexo II do RICARF).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente), Judith do Amaral Marcondes Armando, Mara Regina Sifuentes, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira e Daniel Mariz Gudiño.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/1995 a 31/10/1995, 01/02/1998 a 28/02/1998, 01/02/1999 a 30/06/2000 COFINS. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. O prazo de decadência para lançamento da COFINS é de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEFEITO NO PRODUTO. DEVOLUÇÃO DE PARTE DO VALOR DA VENDA. Descontos são excluídos da base de cálculo da Cofins apenas se concedidos incondicionalmente. Venda são excluídas apenas se canceladas. A não-comprovação em momento processual previsto na legislação da ocorrência da concessão de descontos incondicionais ou de cancelamento de vendas impede a exclusão da base de cálculo da Cofins de valores devolvidos por causa de defeitos dos produtos. COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA FINANCEIRA. RECUPERAÇÃO DE IMPOSTOS. A majoração da base de cálculo da COFINS realizada pela Lei n.º 9.718/98 já foi afastada por inconstitucional, motivo pelo qual não podem ser tributadas as receitas financeiras. COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECUPERAÇÃO DE TRIBUTOS. O ADI n.º 25/2003 emitido pela RFB esclarece que as recuperações de tributos não são tributáveis pela COFINS. COFINS. PAGAMENTOS A MAIOR. COMPENSAÇÃO. Pagamentos a maior de COFINS devem ser requeridos em via própria. Recurso Voluntário Provido em Parte
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2237; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10840.003154/0099 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201001.006 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de maio de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Recorrente CALDEMA EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/1995 a 31/10/1995, 01/02/1998 a 28/02/1998, 01/02/1999 a 30/06/2000 COFINS. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. O prazo de decadência para lançamento da COFINS é de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEFEITO NO PRODUTO. DEVOLUÇÃO DE PARTE DO VALOR DA VENDA. Descontos são excluídos da base de cálculo da Cofins apenas se concedidos incondicionalmente. Venda são excluídas apenas se canceladas. A não comprovação em momento processual previsto na legislação da ocorrência da concessão de descontos incondicionais ou de cancelamento de vendas impede a exclusão da base de cálculo da Cofins de valores devolvidos por causa de defeitos dos produtos. COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA FINANCEIRA. RECUPERAÇÃO DE IMPOSTOS. A majoração da base de cálculo da COFINS realizada pela Lei n.º 9.718/98 já foi afastada por inconstitucional, motivo pelo qual não podem ser tributadas as receitas financeiras. COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECUPERAÇÃO DE TRIBUTOS. O ADI n.º 25/2003 emitido pela RFB esclarece que as recuperações de tributos não são tributáveis pela COFINS. COFINS. PAGAMENTOS A MAIOR. COMPENSAÇÃO. Pagamentos a maior de COFINS devem ser requeridos em via própria. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 31 54 /0 0- 99 Fl. 503DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 3 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não acolher as preliminares de impossibilidade do lançamento e reconhecer a decadência no período referente a outubro de 1995. No mérito, por unanimidade, dar provimento quanto à recuperação de tributos e receitas financeiras e negar provimento com relação à compensação de créditos com valor lançado; e por maioria negar provimento no que se refere aos descontos de vendas de produtos com defeito, vencidos neste ponto os Conselheiros Luciano Lopes de Almeida Moraes (relator) e Daniel Mariz Gudiño, designada Redatora a Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente, que assina para efeitos de formalização do Acórdão (assinado digitalmente) Luciano Lopes de Almeida Moraes Relator (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Redator ad hoc (art. 17, inc. III, do Anexo II do RICARF). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente), Judith do Amaral Marcondes Armando, Mara Regina Sifuentes, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira e Daniel Mariz Gudiño. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 4 3 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: A empresa qualificada em epígrafe foi autuada em virtude da apuração de falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) nos períodos de outubro de 1995, fevereiro de 1998 e de fevereiro de 1999 a junho de 2000, exigindoselhe contribuição de R$ 13.127,17, multa de ofício de R$ 9.845,31 e juros de mora de R$ 2.425,66, perfazendo o total de R$ 25.398,14. O lançamento foi baseado na Lei Complementar (LC) nº 70, de 30 de dezembro de 1991, arts. 1º e 2º; Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, arts. 2º, 3º e 8º; Medida Provisória (MP) nº 1.807, de 28 de janeiro de 1999; Medida Provisória nº 1.858, de 29 de junho de 1999. Segundo o relatório de fl. 7, a fiscalização apurou que a contribuinte, no período acima, deduziu indevidamente da base de cálculo da Cofins os descontos concedidos e deixou de incluir as demais receitas operacionais. Sendo assim, foram lançadas de ofício as diferenças. Inconformada, a autuada impugnou o lançamento, alegando, em síntese que: o auto seria nulo porque está discutindo na Justiça o direito de não se sujeitar à Lei nº 9.718, de 1998; os descontos concedidos seriam na verdade cancelamentos de vendas, dedução permitida pela lei e que tais cancelamentos estariam documentados por correspondências dos clientes; excluiu também da base de cálculo da contribuição, como outras receitas operacionais, valores referentes a recuperação de impostos e contribuições recolhidos a maior e que tais recuperações equivaleriam a recuperação de créditos baixados como perda, cuja dedução da base cálculo da Cofins está prevista na Lei nº 9.718, de 1998, por não caracterizar ingresso de receitas; o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999) permite a dedução da base de cálculo do imposto de recuperações de custos e despesas desde que se comprove não os ter deduzido do lucro real em períodos anteriores, assim de acordo com o princípio da analogia, previsto no art. 108, I, do Código Tributário Nacional (CTN) tais recuperações também poderiam ser excluídas da base de cálculo da Cofins ou se poderia aplicar a eqüidade, prevista no inciso IV do mesmo artigo; Fl. 505DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 5 4 há dupla tributação, haja vista que a Cofins está incluída no preço de venda; as receitas financeiras consideradas a menor configuram um engano, pois o único mês que gerou saldo a recolher foi junho, quando a contribuição foi recolhida conforme Darf anexo, no restante dos meses os valores foram inferiores a R$ 10,00, que não podem ser recolhidos; no mês de maio de 1999 o valor correto das receitas financeiras é R$ 31.733,30 em vez de R$ 37.733,30, utilizado pela fiscalização, apresentando cópia de demonstrativos contábeis. Como a contribuinte alegou que estava discutindo judicialmente sua submissão à Lei nº 9.718, de 1998, e que obteve Tutela Antecipada, mas não apresentou provas, e, de acordo com o sítio do TRF – 3ª Região, havia um processo em seu nome, o presente foi baixado em diligência para que a contribuinte apresentasse as peças do processo. Após a diligência os documentos foram anexados ao processo, conforme fls. 73 a 128. Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto/SP manteve parcialmente o lançamento realizado, conforme Decisão DRJ/RPO nº 5.863, de 13/08/2004, fls. 131/138, assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/10/1995 a 31/10/1995, 01/02/1998 a 28/02/1998, 01/02/1999 a 30/06/2000 Ementa: FALTA DE RECOLHIMENTO. A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins, apurada em procedimento fiscal, enseja o lançamento de ofício com os devidos acréscimos legais. COFINS. BASE DE CÁLCULO. ABRANGÊNCIA. A partir de fevereiro de 1999, a base de cálculo da Cofins passou a ser composta da totalidade das receitas auferidas pela empresa. Lançamento Procedente em Parte. Às fls. 145 o contribuinte é intimado, apresentado recurso voluntário de fls. 146/157. Após, é dado seguimento ao processo. Iniciado o julgamento, o processo é convertido em diligência, para sanar algumas dúvidas, sendo exarada conclusão pela autoridade fiscalizadora. Fl. 506DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 6 5 Intimado o contribuinte, este se manifesta, juntado novos documentos obtidos de instituições bancárias. Após, retornamos autos para julgamento. É o Relatório. Fl. 507DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 7 6 Voto Vencido Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes, Relator Como vemos, discutese nos autos, dentre outros, a base de cálculo da COFINS. A decisão da DRJ manteve parcialmente a glosa ao analisar a impugnação interposta, mantendo a tributação das recuperações de tributos, das receitas financeiras e não aceitando os abatimentos das vendas de produtos com defeito. A recorrente interpõe recurso voluntário, pleiteando o afastamento integral do lançamento. Inicialmente, devemos analisar as preliminares levantadas. Das preliminares Quando à preliminar de impossibilidade de lançamento em face de decisão judicial, esta deve ser afastada, porque não há base legal para tal, haja vista não haver decisão transitado em julgado. Quanto à preliminar de decadência, entendo que esta é cabível, já que a contribuinte teve ciência do AI em 17/11/00, ou seja, as competências anteriores a novembro de 1995 estão decaídas, forte no art. 150, § 4º do CTN e na posição uníssona da jurisprudência administrativa e judicial. Nesse sentido, o CARF decide, exemplificativamente: Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 3ª Seção de Julgamento. 4ª Câmara. 3ª Turma Ordinária Acórdão nº 340300462 do Processo 16327000682200288 Data 29/07/2010 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS.PERÍODO DE APURAÇÃO: 31/03/1996 A 31/12/1998.NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. COFINS, DECADÊNCIA. O PRAZO DE DECADÊNCIA PARA LANÇAMENTO DO PIS E DA COFINS É DE CINCO ANOS, CONTADOS DA DATA DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, NOS TERMOS DO ART. 150, § 4º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.VISTOS, Fl. 508DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 8 7 Desta feita, é de ser acolhida a decadência de lançar a contribuição relativa ao mês de outubro de 1995. Dos abatimentos/vendas canceladas A fiscalização lançou valores a título de COFINS em face da não aceitação dos abatimentos realizados pela recorrente nos valores lançados a título de descontos para as empresas Diana e União São Francisco, pois não teria sido comprovado o defeito nas mercadorias vendidas. Neste sentido: Quanto ao mérito, a impugnante primeiramente alega que os descontos concedidos, utilizados para dedução da base de cálculo da contribuição, na verdade seriam valores relativos a vendas canceladas, cuja dedução está prevista na legislação de regência. Em tese, assistiria razão à contribuinte, pois há na legislação essa permissão. Entretanto, ela apenas alega, mas não traz ao autos qualquer prova ou evidência do alegado, tampouco as alegadas correspondências dos clientes. Logo, aplicase nesta situação em exame um conhecido brocardo jurídico: allegatio et non probatio quasi non allegatio (alegar e não provar é quase não alegar). Assim, não há como acolher a pretensão da contribuinte. A recorrente, a seu turno, trouxe aos autos declaração das referidas empresas, informando da referida ocorrência e a razão dos abatimentos realizados. Entendo assim que merece guarida a pretensão da recorrente, isso porque comprovou nos autos com sua contabilidade e com as declarações de seus clientes a ocorrência de problemas com seus produtos e a necessidade de ajuste do valor da venda em face de tal situação. A alegação da fiscalização de que a apenas existem os documentos contábeis da recorrente para comprovar sua alegação não é suficiente para afastar o informado pela empresa, até porque os documentos forma juntados posteriormente. Assim, entendo deva ser afastado do lançamento as parcelas referentes às vendas parcialmente canceladas debatidas nos autos, em face de produto com defeito, visto que comprovado com base na contabilidade da recorrente e nos documentos juntados. Da tributação das recuperações de tributos Entendo mereça guarida a pretensão da recorrente neste tópico, isso porque, além da recuperação de tributos não se equiparar a faturamento, existe posição da administração pública afastando esta tributação. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 9 8 Quanto à definição de faturamento, o STF já teve várias oportunidades de se manifestar sobre o conceito de faturamento, como o fez no RE 346084/PR, onde, mais uma vez, esclareceu que o "faturamento" é entendido como a renda obtida das vendas de mercadorias e serviços. A administração tributária assim também entende, de que a recuperação de tributos não se enquadra naquele conceito, não pode ser tributado pela contribuição em análise. Ademais, o ADI SRF n.º 25/03 da é claro sobre o tema: Art. 2º Não há incidência da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os valores recuperados a título de tributo pago indevidamente.(...) Assim, deve ser afastada a tributação ora realizada. Da tributação das receitas financeiras A tributação das receitas financeiras já foi afastada pelo STF em face de decisão plenária. Ainda que assim não o fosse, a recorrente possui decisão judicial transitada em julgado afastando a majoração da base de cálculo da COFINS, ou seja, mantendo apenas o faturamento como tal. Desta feita, deve ser afastada a tributação das receitas financeiras pela COFINS. Dos valores recolhidos a maior Analisando a tabela de fls. 12 e os DARF´s de fls. 164/167, pode se verificar que em alguns meses houve recolhimento a maior que o lançado, como ocorreu em 11/99 e 05/00. Entretanto, esta situação deve ser apurada em procedimento próprio de compensação, não nestes autos, onde se discute o lançamento realizado sobre determinadas rubricas. Ante o exposto, voto por rejeitar a preliminar de impossibilidade de lançamento em face de processo judicial, de acolher a preliminar de decadência e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso voluntário, prejudicados os demais argumentos. (assinado digitalmente) Luciano Lopes de Almeida Moraes Relator Fl. 510DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 10 9 Voto Vencedor Conselheiro Paulo Sérgio Celani, Redator ad hoc Tendo em vista que a Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando, redatora designada, aposentouse sem ter apresentado o voto vencedor, o Presidente da 2ª Câmara distribuiume o processo para redigilo. A matéria aqui tratada é apenas o desconto de vendas de produtos com defeito e sua exclusão da base de cálculo da Cofins, pois nas demais o voto do Conselheiro Relator foi acompanhado pela Turma. Não é qualquer desconto que pode ser excluído da base de cálculo da Cofins. Apenas os descontos incondicionais podem. Descontos concedidos por causa de alguma particularidade da operação não são excluídos. O faturamento, base de cálculo da contribuição, é constituído pelas vendas. A lei nº 9.718, de 27/11/1998, após determinar que a Cofins devida pelas pessoas jurídicas será calculada com base no seu faturamento, dispõe em seu artigo 3º que: “Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; (...)” Logo, para ter direito à exclusão da base de cálculo da Cofins dos valores descontados pela venda de produtos com defeito, a recorrente deveria provar que estes valores se caracterizam descontos incondicionais ou vendas canceladas. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 11 10 Segundo art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 6/3/1972, a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. A recorrente não apresentou com a impugnação os documentos em que se baseava, nem comprovou a ocorrência de alguma das situações que permitiriam a apresentação em momento posterior. Também não os apresentou com o recurso voluntário. Não obstante isto, o julgamento do recurso foi convertido em diligência, por meio da Resolução nº 320100.265 (fls. 312/315 do eprocesso), dandose nova oportunidade para apresentação de documentos. Em atendimento à resolução, foi expedida a Intimação nº 770/2011/DRF/RPO/Secat/EQCCTLTM, de 30/9/2011, por meio da qual a recorrente foi intimada a apresentar, no prazo de 60 (sessenta) dias, entre outras coisas, “Comprovantes (carta de clientes, cópia de balancetes, duplicatas, etc) de que, no período lançado, o seu faturamento foi reduzido em face da redução do preço de venda dos produtos por defeito nas peças, bem como comprove que tal redução não foi abatida das apurações posteriores do tributo em análise”. Após a apresentação de documentos com vistas ao atendimento da intimação, a recorrente foi novamente intimada por meio do Termo de Diligência e Intimação Fiscal de 433, a apresentar, no prazo de 10 (dez) dias, entre outros elementos e informações, cópias dos comprovantes do efetivo recebimento dos valores relativos à Nota Fiscal Fatura nº 25.409, de 31/7/1995, emitida contra a empresa Usina São Francisco S/A, à Nota Fiscal nº 1.230, de 10/6/1998, e à Duplicata 1984, emitidas contra a empresa Diana – Destilaria de Álcool Nova Avanhandava Ltda e demais informações e documentos hábeis e idôneos necessários à comprovação das operações amparadas por estas notas fiscais. As empresas Usina São Francisco S/A e DianaDestilaria de Álcool Nova Avanhandava Ltda também foram intimadas a apresentar os mesmo documento. Em 25/11/2011, foi lavrado Termo de Constatação e Intimação Fiscal, por meio do qual a autoridade fiscal constatou que a recorrente e os clientes intimados não apresentaram os documentos que comprovariam os valores recebidos pela recorrente e pagos por seus clientes. Apesar de escrituradas as ocorrências, uma vez que os documentos que lhe dariam suporte não foram apresentados, constatouse que não foram comprovados os valores efetivamente pagos nas operações de venda e os desconto questionados. Apenas depois de ser cientificada do teor do Termo de Constatação e Intimação Fiscal, quando lhe foi dada oportunidade para se manifestar, a recorrente juntou documentos que comprovariam os valores das vendas e os descontos. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Processo nº 10840.003154/0099 Acórdão n.º 3201001.006 S3C2T1 Fl. 12 11 Conforme visto acima, a contribuinte deveria possuir os documentos que davam suporte a sua escrituração contábil e fiscal antes do início do procedimento fiscal, sendolhe permitido apresentálos com a impugnação. Porém, os documentos não foram apresentados nos momentos processuais previstos na legislação. E, mesmo após ter sido dada nova oportunidade, a recorrente não os apresentou no prazo estabelecido. Apenas os descontos concedidos incondicionalmente e as vendas canceladas poderiam ser excluídas da incidência da contribuição. Pelo exposto, considerando que não ficou comprovado que foram concedidos descontos incondicionais ou que as vendas foram canceladas, votase por negar provimento ao recurso voluntário em relação a esta matéria. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Redator ad hoc Fl. 513DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 27/01/2015 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES
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Numero do processo: 10166.724227/2011-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 30 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2402-000.427
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Júlio César Vieira Gomes Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente o Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Júlio César Vieira Gomes Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente o Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado.
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Júlio César Vieira Gomes – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente o Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 24 22 7/ 20 11 -7 6 Fl. 2382DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.382 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedentes os lançamentos e as autuações fiscais lavradas com ciência em 26/07/2011 que decorrem da incidência de contribuições previdenciárias sobre dois supostos fatos geradores: pagamentos a administradores e auxílioalimentação. A decisão recorrida excluiu dos lançamentos os valores relativos ao auxílioalimentação, o que repercutiu sobre algumas autuações pelo descumprimento de obrigações acessórias. Serão objeto de exame os lançamentos e autuações relacionadas aos pagamentos a administradores de valores a título de distribuição de lucros e seus desdobramentos. Seguem transcrições de trechos do acórdão recorrido: GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Caracterizase grupo econômico quando duas ou mais empresas estão sob a direção, o controle ou a administração de outra, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, ainda que cada uma delas tenha personalidade jurídica própria. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza, respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações previdenciárias, conforme art. 30, inciso IX, da Lei Nº 8.212/91. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. São devidas pela empresa e equiparadas as contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais que lhes prestem serviços. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. DIRETOR NÃOEMPREGADO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. Para o contribuinte individual, o fato gerador da contribuição previdenciária ocorre com o exercício de atividade remunerada, incidindo a contribuição sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título no decorrer do mês. Integra a remuneração a parcela recebida a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada a administradores não empregados. SALÁRIOUTILIDADE. AUXÍLIOALIMENTAÇÃO IN NATURA. PAGAMENTO EM DESACORDO COM O PAT. IMPROCEDÊNCIA. O pagamento do auxílio alimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, conforme determina o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. Fl. 2383DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.383 3 A Relação de Vínculos e de Representantes Legais da Empresa são anexos que arrolam as pessoas que possuem ou possuíam poder de mando/direção à época da ocorrência dos fatos geradores, servindo para fins de cadastro e possível responsabilização nos casos em que a lei determina. FOLHASDEPAGAMENTO EM DESACORDO COM O REGULAMENTO. Constitui infração à Legislação Previdenciária deixar a empresa de preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela Previdência Social. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP. Determina a lavratura de auto de infração, a omissão de fatos geradores previdenciários na declaração prestada pela empresa em GFIP, conforme art. 32, inciso IV, e § 5º, da Lei n.º 8.212/91. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de auto de infração decorrente do descumprimento de obrigação tributária não definitivamente julgado, aplicase a lei superveniente, quando cominar penalidade menos severa que a prevista naquela vigente ao tempo de sua lavratura. Segundo a Portaria Conjunta PGFN/RFBnº14, de 2009, a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte... Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde reitera suas alegações iniciais: DOS AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DEBCAD 37.349.8942, 37.313.9934 e 37.313.9861. Das preliminares DA INEXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO DA JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STJ SOBRE O ASSUNTO. Alega a impugnante que o entendimento apresentado pela auditoria fiscal quanto à existência de grupo econômico entre ela e as empresas citadas no relatório fiscal, não se coaduna com sua realidade fática e nem com o entendimento dos nossos Tribunais, em destaque do Superior Tribunal de Justiça, quanto à interpretação da responsabilidade solidária trazida no art. 124, do Código Tributário Nacional. Fl. 2384DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.384 4 De acordo com o citado artigo só se pode falar em solidariedade entre pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária principal. Portanto, resta clara a necessidade da demonstração da existência de interesse comum, ou seja, a situação em que o fato gerador seja praticado por mais de um integrante do mesmo grupo econômico, não bastando o vínculo entre as empresas. Cita jurisprudência. Que, no caso em análise, o fato gerador das contribuições previdenciárias, tidas devidas, foi praticado só e tão somente pela Impugnante quando do fornecimento do auxílioalimentação aos seus empregados ou quando do pagamento da participação de lucros aos seus administradores, não participando do fato gerador qualquer outra empresa a justificar a solidariedade; Que o fato de haver entre as empresas relações comerciais financeiras (rateios) ou societárias (participação no capital de outra sociedade) não configura justificativa suficiente para a conclusão da autoridade fiscal, logo, o simples fato de integrarem um grupo econômico, por si só, não induz responsabilidade tributária solidária, na forma do art. 124 do CTN; revelam, quando muito, interesse econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária principal, e não o reclamado "interesse comum" ou "interesse jurídico", que diz respeito à realização comum ou conjunta da situação definida em lei como necessária e suficiente à ocorrência da obrigação tributária fato gerador. Portanto, no presente lançamento fiscal não ficou comprovado o interesse comum na realização do fato gerador das contribuições previdenciárias lançadas, que devem ser imputadas, caso não sejam anuladas, apenas e tão somente à impugnante. Desta forma, requer, ao final, que seja desconsiderada a solidariedade tida presente pelo agente fiscal. Do Mérito Da Participação nos Lucros dos Administradores No mérito, aduz ser impossível equiparar a natureza jurídica do pró labore, cuja origem estatutária é diversa e sujeita a outra disciplina legal, à natureza jurídica de participação no lucro da companhia, que somente existirá com o respeito integral à disciplina jurídica estabelecida pela Lei n° 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas). Que a Lei n° 6.404/76, especialmente nos artigos 152, 190 e 201, assegura aos administradores da companhia o direito ao recebimento da participação no lucro, desde que: _ haja lucro no exercício; _ tenham sido pagos dividendos aos acionistas, em percentual mínimo de 25% do lucro líquido; _ exista previsão específica nos estatutos; e _ ocorra a aprovação pelo Conselho de Administração para pagar a participação no lucro aos administradores. Fl. 2385DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.385 5 Alega, ainda, que constitui base de cálculo das contribuições previdenciárias apenas o valor da remuneração habitual, destinada a retribuir trabalho. E tal assertiva é confirmada pelo art. 28, da Lei n° 8.212/91, que, em seu § 9º, "e", item 7, estabelece que não integram o salário de contribuição as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais. Que não há como caracterizar a habitualidade no pagamento de participação nos lucros ante a verificação de se tratar de verba eventual e, fundamentalmente, incerta, uma vez que depende da ocorrência do resultado lucro por parte da companhia. Da imunidade tributária Art. 7º, inciso XI, da Constituição Federal Verba não remuneratória Alega que o art. 7º, inc. XI, da Constituição Federal de 1988, veicula norma de imunidade objetiva para os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, no que tange à exigência da contribuição previdenciária, nos seguintes termos: "Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...]XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;" Sem a necessidade de maiores digressões à respeito, vez que já foi exaustivamente discutida no âmbito do Poder Judiciário, o art. 7º, inc. XI, da CF veicula norma de eficácia plena no que diz respeito à natureza nãosalarial da verba destinada à participação nos lucros, pois explicita sua desvinculação da remuneração, acarretando o seu afastamento da base de incidência da contribuição previdenciária. No entanto, em relação à caracterização da participação nos lucros, o referido dispositivo veicula norma de eficácia contida, na medida em que depende de lei que a regulamente, razão pela qual não importa a qualificação jurídica atribuída pelos interessados à verba, mas sim a efetiva existência dessa participação nos termos da lei (sentido estrito). Assim, considerando a auto aplicabilidade da norma constitucional acerca da natureza jurídica da denominada participação nos lucros, e a estrita observância, por parte da impugnante, da Lei n° 6.404/76, bem como de seu respectivo estatuto, deve ser reconhecida a imunidade da aludida verba, afastandose a incidência da contribuição previdenciária. Por oportuno, para que não se alegue, com o objetivo de ilidir a aplicação do mandamento constitucional, que os administradores não são empregados, e, por isso não teriam direito à participação nos lucros ou resultados da empresa, impõese destacar que o art. 7º da Constituição Federal assegura tal benefício a todos os TRABALHADORES, indistintamente. Como trabalhador, sem esgotar o conceito, devem ser compreendidos tanto os empregados, cuja participação nos resultados é regulada pela Fl. 2386DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.386 6 Lei n° 10.101/00, como os administradores, que encontram na Lei n° 6.404/76 regramento equivalente. O tratamento dado pelas leis previdenciárias no que pertine ao pagamento, da participação nos lucros ou resultados da empresa, aos empregados, não poderia ser diferente daquele previsto para a situação em que o beneficiário da participação for o administrador, sob pena de ofensa direta a princípio constitucional consagrado pela Carta Magna em seus artigos 52, caput e 150, II. Nesse sentido, inclusive, impõese reconhecer que a Constituição Federal instituiu a regra de imunidade em questão, afastando da incidência da contribuição previdenciária a participação nos lucros, buscando atender seus objetivos fundamentais, como a valorização social do trabalho e da livre iniciativa; garantir a aplicação do princípio da isonomia; do estímulo ao exercício livre de qualquer trabalho, ofício ou profissão, evitando que os cidadãos vejam apenas na relação de emprego (e não no empreendedorismo), uma maneira lícita e produtiva de subsistência; garantindo aos trabalhadores manuais, técnicos e Intelectuais igualdade de tratamento. Se não bastasse a regra constitucional supracitada a Lei n° 8.212/91 traz regra isencional que consagra o caráter não remuneratório dos pagamentos a título de participação nos lucros da empresa, por não integrarem o salário de contribuição. Da isenção veiculada no art. 22, § 9°, alínea "j", da Lei 8.212/91 Não integra o salário de contribuição. Alega que, além da regra de imunidade vertida do art. 7º, inc. XIII da Constituição Federal, o legislador federal ordinário, atento aos primados da Carta, cuidou de criar no bojo da própria lei de custeio (8.212/91), norma de isenção específica para a contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de participação nos lucros. O legislador ordinário repetiu a previsão contida na Carta Magna de que a participação nos lucros não serve de base de cálculo da contribuição previdenciária, somando ao óbice constitucional para a incidência (art. 7º, inc. XIII da CF), a vedação legal em comento (art. 28, § 9º, alínea “j”). Observase que a disposição infraconstitucional citada também atribui, como o comando constitucional, à lei específica, o papel de regulamentar a participação nos lucros e no caso dos administradores, como amplamente vem sendo dito, é a Lei n° 6.404/76 que tem esta função legal. Do cumprimento por parte da impugnante de todos os requisitos exigidos pela Lei para o pagamento da participação nos lucros aos seus administradores. Aduz que a Lei n° 6.404/76 assegura aos administradores da companhia o direito ao recebimento da participação no lucro, desde que seja verificado o cumprimento de certos requisitos previstos naquele regramento. Fl. 2387DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.387 7 Sendo assim, impõese ratificar que a verba destinada aos administradores a título de participação no lucro da companhia possui natureza jurídica própria diversa de qualquer verba remuneratória tendo sido paga em obediência aos ditamos da Lei n° 6.404/76 e, portanto, não podendo incidir contribuição previdenciária, de maneira que o lançamento em análise deve ser extinto por total improcedência. DA ILEGITIMIDADE DAS PESSOAS RELACIONADAS COMO COOBRIGADAS Dispõe que não há responsabilidade tributária dos administradores, uma vez que a companhia tem bens suficientes para garantia do suposto débito, bem como, o simples inadimplemento não caracteriza infração legal, nem caracteriza prova do excesso de poderes, ou infração ao estatuto social, inexistindo, assim, corresponsabilidade tributária. DA INEXISTÊNCIA DE DOLO PARA CONFIGURAR SUPOSTO CRIME DE SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA OU CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA Ressalta que não há quaisquer indícios de crime previdenciário ou crime contra a ordem tributária no lançamento atacado, pois não restou comprovado o elemento subjetivo do tipo o dolo consubstanciado na vontade livre e consciente da empresa, por meio de seus gestores, de suprimir ou reduzir contribuição social, lesando, de conseqüência, o Estado, particularmente a Seguridade Social. Conforme restou comprovado por todos os argumentos acima expostos e as provas anexadas aos autos e as anexadas nesta defesa, não há qualquer elemento que comprove a intenção deliberada de suprimir ou reduzir contribuição previdenciária. O que ocorreu foram interpretações diversas da legislação tributária aplicada aos fatos geradores fiscalizados. A impugnante entende que os pagamentos efetuados por ela a título de auxílioalimentação e participação nos lucros não deve incidir contribuição previdenciária conforme a legislação de regência e a Jurisprudência de nossos Tribunais. Em posição contrária foi o entendimento da fiscalização. Interpretações diversas sobre a ocorrência da hipótese de incidência do tributo não justifica o elemento subjetivo do tipo penal em referência (337A, do CP) para se concluir pelo dolo específico de suprimir ou reduzir tributo. DOS AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Preliminarmente, apresenta o mesmo argumento dos autos de infração de obrigação principal quanto à inexistência de grupo econômico. DEBCAD 37.349.8950 (CFL 30) Dispõe que os fatos descritos neste auto de infração como fatos geradores de contribuição previdenciária: pagamentos feitos a título de auxílio alimentação são inconsistentes, uma vez que sobre tais valores não há incidência de contribuições previdenciárias e, por conseguinte não era o caso de incluir em folha de pagamento o valor indicado, não havendo que se falar em descumprimento de obrigação acessória. Fl. 2388DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.388 8 Apresenta os mesmos argumentos da defesa dos autos de obrigação principal (37.349.8942, 37.313.9934 e 37.313.9861), entendendo que uma vez anulados ou extintos os lançamentos principais, não subsistirá o presente lançamento referente à obrigação acessória. DEBCAD 37.349.8969 (CFL 59) Dispõe que os fatos descritos neste auto de infração como fatos geradores de contribuição previdenciária: pagamentos feitos a título de auxílio alimentação são inconsistentes, uma vez que sobre tais valores não há incidência de contribuições previdenciárias e, por conseguinte não era o caso de recolhimento, mediante desconto das remunerações, os valores correspondentes às contribuições dos segurados empregados. Apresenta os mesmos argumentos da defesa dos autos de obrigação principal (37.349.8942, 37.313.9934 e 37.313.9861), entendendo que uma vez anulados ou extintos os lançamentos principais, não subsistirá o presente lançamento referente à obrigação acessória. DEBCAD 37.349.8993 (CFL 68) Alega que não merece prosperar este auto de infração, por não ter ocorrido qualquer descumprimento de obrigação acessória, uma vez que os pagamentos a título de participação nos lucros possuem natureza jurídica própria – diversa de qualquer verba remuneratória tendo sido paga em obediência aos ditames da Lei n. 6.404/76 e, portanto, não sendo o caso de inclusão de informações em GFIP. DEBCAD 37.349.8985 (CFL 78) Dispõe que o presente lançamento deve ter sua multa relevada e, portanto, anulado, tendo em vista que a impugnante cumpriu com a obrigação acessória, dentro do prazo de defesa administrativa, corrigindo a falta apontada (SEFIP retificadoras – doc. 2), inexistindo circunstâncias agravantes contra a mesma, bem como por sua primariedade. Caso não seja relevada a multa, o lançamento deve ser anulado em razão de que a omissão verificada decorreu única e exclusivamente de limitações no processo do sistema da Receita Federal, em razão de falta de campo na SEFIP 8.30, que permitisse, para o mesmo empregado e um mesmo PIS, a informação de recebimento, também de honorários como contribuinte individual, além de não terem sido verificadas as 40 (quarenta) supostas omissões da competência de janeiro de 2008. Estas limitações foram corrigidas no SEFIP 8.40, o que demonstra que, à época dos fatos geradores apreciados, não havia a possibilidade de tais informações. O DEBCAD n. 37.349.8977 (CFL 34), foi baixado por pagamento, em 30/08/2011, conforme Consulta Dados Identificadores de Processo – SICOB, anexo às folhas 928. É o Relatório. Fl. 2389DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10166.724227/201176 Resolução nº 2402000.427 S2C4T2 Fl. 2.389 9 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Da análise dos itens 42 e 43 do REFISC (fls. 48/49), constatase que a fiscalização concluiu que o pagamento da distribuição de lucros era realizado em folha de pagamento, conforme Anexo XIII (fls. 906); contudo, ainda que juntada a planilha seria prudente se confirmar se os pagamentos a título de distribuição de lucros foram realizados como despesa de pessoal ou efetivamente já se teria apurado o lucro. Assim, é mister que a fiscalização junte aos autos os razões contábeis das contas onde transitaram os pagamentos efetuados a título de distribuição de lucros. Outrossim, aproveitase a oportunidade para se indagar se os valores pagos sob a rubrica de distribuição de lucros foram embasados pelas deliberações em atas de assembléia. Inclusive, a confirmação se as distribuições de lucros de 2007 e 2008 (objeto dos Levantamentos PL, PL1 e PL2) decorrem dos saldos constantes nas atas das assembléias que deliberaram sobre a distribuição de lucros de tais períodos (conforme atas de fls. 446 e 478/479, respectivamente). Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que as providências acima sejam realizadas, devendo a recorrente ser intimada a se manifestar sobre a informação fiscal no prazo de 30 dias. É o voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 2390DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 11516.722503/2011-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2301-000.510
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Marcelo Oliveira Presidente
Adriano Gonzales Silvério - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, ADRIANO GONZALES SILVERIO.
Nome do relator: ADRIANO GONZALES SILVERIO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Marcelo Oliveira Presidente Adriano Gonzales Silvério - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, ADRIANO GONZALES SILVERIO.
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Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Marcelo Oliveira – Presidente Adriano Gonzales Silvério Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, ADRIANO GONZALES SILVERIO. Segundo o relatório fiscal o presente processo administrativo contempla os seguintes Debcads: i) DEBCAD n°. 51.004.2260 é relativo à contribuição devida à Seguridade Social pela empresa, composta pela contribuição patronal destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, incidente no percentual de 3% (três por cento), RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 16 .7 22 50 3/ 20 11 -1 5 Fl. 3604DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 19/02 /2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ADRIANO GONZALES SILVERIO Processo nº 11516.722503/201115 Resolução nº 2301000.510 S2C3T1 Fl. 3.605 2 acrescido do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), sobre a remuneração paga aos segurados empregados no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2010 e 13º salário de 2010; ii) DEBCAD n° 51.004.2279– é relativo às contribuições destinadas a outras entidades e fundos, (FNDE no percentual de 2,5% e INCRA no percentual de 0,2%), incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010, inclusive a do décimo terceiro salário de 2009 e 2010; iii) DEBCAD n° 51.004.2287, decorre da apresentação de Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIPs nas competências janeiro/2008; março/2008; maio/2008 a março/2009; maio/2009; julho/2009; setembro/2009 a novembro/2009 e janeiro/2010, com omissões de informações relacionadas a fato gerador de contribuição previdenciária resultantes da parte recolhida, antes do início do procedimento fiscal e não declarada, bem como, incorreções de informações nos campos (código do FPAS, Outras Entidades e CNAE Preponderante) De acordo com o relatório fiscal na auditoria realizada da análise das GFIPs verificouse que o SESI informou incorretamente o código FPAS 507, quando o correto seria o código 523, bem como, informou no campo destinado às terceiras entidades e fundos o código 0000, o qual não gera contribuições a recolher para as referidas entidades, enquanto que o código correto é o 0003, que corresponde ao seguinte somatório (salário – educação = 0001 e INCRA 0002). O auto enquadramento da empresa deuse em virtude do entendimento de que essas contribuições eram indevidas. Em sede de impugnação sustenta a impugnante, em breve síntese, que é isenta por lei das contribuições em questão, citando precedentes do CARF e do STJ. Ademais em relação ao FAP/GILRAT, argumenta que nos autos da Ação Ordinária nº 500035385.2010.404.7200/ SC, que prevaleceu até 10/2010, o SESI obteve antecipação de tutela deferida para depositar os valores incontroversos em conta vinculada ao juízo e posteriormente em sentença de 1º grau foi reconhecida a inexistência da relação jurídica tributária entre a autuada e a previdência social. A DRJ de Florianópolis negou provimento à impugnação, mantendo integralmente o lançamento. A recorrente apresentou recurso voluntário repisando seus argumentos iniciais. É o relatório. Conselheiro Adriano Gonzales Silvério Antes de ingressar ao mérito dos levantamentos efetuados pelo Fisco face às alegações sustentadas pelo recorrente entendo ser oportuna a realização de diligência para verificar eventual aplicação da Sumula CARF 01. Isto, porque segundo afirmado pelo recorrente, bem como pela fiscalização a questão relativa ao adicional do FAP é objeto de discussão na ação judicial nº 500035385.2010.404.7200/SC. Fl. 3605DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 19/02 /2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ADRIANO GONZALES SILVERIO Processo nº 11516.722503/201115 Resolução nº 2301000.510 S2C3T1 Fl. 3.606 3 Pelo exposto, CONVERTO O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA a fim de que a autoridade administrativa intime o sujeito passivo a trazer aos autos cópia integral da Ação Ordinária nº 500035385.2010.404.7200/SC. Após remetamse os autos ao CARF para processamento e julgamento. Adriano Gonzales Silvério Relator Fl. 3606DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 19/02 /2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ADRIANO GONZALES SILVERIO
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Numero do processo: 10380.726493/2010-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 29/12/2005
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO, NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO
A simulação existe quando a vontade declarada no negócio jurídico não se coaduna com a realidade do negócio firmado, Para se identificar a natureza do negócio praticado pelo contribuinte, deve ser identificada qual é a sua causalidade, ainda que esta causalidade seja verificada na sucessão de vários negócios intermediários sem causa, na estruturação das chamadas step transactions. Assim, negócio jurídico sem causa não pode ser caracterizado corno negócio jurídico indireto. O fato gerador decorre da identificação da realidade e dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos, e não de vontades formalmente declaradas pelas partes contratantes ou pelos contribuintes,
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MULTA,
No planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há corno ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n 4.502/64.
JUROS SOBRE MULTA.
A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei n° 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido.
Recurso provido em parte
Numero da decisão: 2202-002.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, QUANTO AO IMPOSTO E JUROS: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO, FABIO BRUN GOLDSCHMIDT e PEDRO ANAN JUNIOR, que proviam o recurso. Os Conselheiros PEDRO ANAN JUNIOR e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT apresentarão declaração de votos. QUANTO A MULTA DE OFÍCIO: Por maioria de votos, dar provimento parcial para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%.Vencidos os Conselheiros DAYSE FERNANDES LEITE (Suplente convocada) e MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado). Fez sustentação oral pelo contribuinte Dr. Miguel Neto, OAB/SP 85688.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator
(Assinado digitalmente)
Pedro Anan Junior Declaração de voto
(Assinado digitalmente)
Fábio Brun Goldshmidt Declaração de voto
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldschmidt.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Data do fato gerador: 29/12/2005 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO, NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO A simulação existe quando a vontade declarada no negócio jurídico não se coaduna com a realidade do negócio firmado, Para se identificar a natureza do negócio praticado pelo contribuinte, deve ser identificada qual é a sua causalidade, ainda que esta causalidade seja verificada na sucessão de vários negócios intermediários sem causa, na estruturação das chamadas step transactions. Assim, negócio jurídico sem causa não pode ser caracterizado corno negócio jurídico indireto. O fato gerador decorre da identificação da realidade e dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos, e não de vontades formalmente declaradas pelas partes contratantes ou pelos contribuintes, PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MULTA, No planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há corno ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n 4.502/64. JUROS SOBRE MULTA. A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei n° 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido. Recurso provido em parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, QUANTO AO IMPOSTO E JUROS: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO, FABIO BRUN GOLDSCHMIDT e PEDRO ANAN JUNIOR, que proviam o recurso. Os Conselheiros PEDRO ANAN JUNIOR e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT apresentarão declaração de votos. QUANTO A MULTA DE OFÍCIO: Por maioria de votos, dar provimento parcial para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%.Vencidos os Conselheiros DAYSE FERNANDES LEITE (Suplente convocada) e MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado). Fez sustentação oral pelo contribuinte Dr. Miguel Neto, OAB/SP 85688. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator (Assinado digitalmente) Pedro Anan Junior Declaração de voto (Assinado digitalmente) Fábio Brun Goldshmidt Declaração de voto Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldschmidt.
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Assim, negócio jurídico sem causa não pode ser caracterizado corno negócio jurídico indireto. O fato gerador decorre da identificação da realidade e dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos, e não de vontades formalmente declaradas pelas partes contratantes ou pelos contribuintes, PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MULTA, No planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há corno ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n 4.502/64. JUROS SOBRE MULTA. A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei n° 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido. Recurso provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 64 93 /2 01 0- 18 Fl. 1773DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 2 Acordam os membros do Colegiado, QUANTO AO IMPOSTO E JUROS: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO, FABIO BRUN GOLDSCHMIDT e PEDRO ANAN JUNIOR, que proviam o recurso. Os Conselheiros PEDRO ANAN JUNIOR e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT apresentarão declaração de votos. QUANTO A MULTA DE OFÍCIO: Por maioria de votos, dar provimento parcial para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%.Vencidos os Conselheiros DAYSE FERNANDES LEITE (Suplente convocada) e MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado). Fez sustentação oral pelo contribuinte Dr. Miguel Neto, OAB/SP 85688. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente e Relator (Assinado digitalmente) Pedro Anan Junior – Declaração de voto (Assinado digitalmente) Fábio Brun Goldshmidt – Declaração de voto Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldschmidt. Fl. 1774DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Em desfavor da contribuinte, PAULO TARSO REGO DE LIMA, foi lavrado Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), fls. 02/09, para cobrança do Imposto de Renda, apurado no valor de R$ 3.056.561,11. Sobre o Imposto de Renda Pessoa Física foi lançada a penalidade de Multa de Ofício, no percentual de 150% (qualificada), no valor de R$ 4.584.841,66, tendo havido representação fiscal para fins penais. O crédito tributário totalizou, em 30/11/2010, o valor de R$ 9.283.081,74. De acordo com a descrição dos fatos e enquadramento legal, anexo ao Auto de Infração, e com o Termo de Verificação Fiscal, fls.09/44, o crédito tributário é relativo a fato gerador ocorrido no mês dezembro 2005, alienação de participação societária, 50% das quotas de capital, com ganho de capital. O crédito tributário decorreu de infração de falta de recolhimento de Imposto de Renda relativo a ganho de capital na alienação de participação societária, quotas de capital, ocorrida no dia 29 de dezembro de 2005, relativamente à empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA, CNPJ nº 63.310.411/000101, na qual o senhor contribuinte participava, na data de 29/12/2005, com 12,282% do capital social A Declaração de Ajuste Anual do exercício financeiro de 2006, ano calendário 2005, demonstra: 1) rendimentos tributáveis no valor total de R$ 29.967,34, percebidos das seguintes pessoas jurídicas: SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA, PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, PRINCIPAL COMÉRCIO DE INDUSTRIA DE CAFÉ LTDA e BRASILPREV SEGUROS E PREVIDÊNCIA S/A. 2) rendimentos de distribuição de lucros, no valor total de R$ 1.823.357,00, redução de capital e resgate de ações, no valor total de R$ 19.443.859,38, outros rendimentos isentos e não tributáveis, no valor de R$ 2.010.859,18, totalizando o valor de R$ 23.278.075,56; 3) rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva, como ganho da capital na alienação de bens e direitos, no valor de R$2.735.455,40; 4) juros sobre capital próprio, no valor de R$ 2.368.383,33, rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva; 5) evolução patrimonial no valor de R$ 18.174.236,83. A evolução patrimonial está justificada pelos rendimentos tributáveis, no valor total de RS 29.967,34, rendimentos isentos (lucros e dividendos recebidos e resgate de quotas e ações), no valor total de R$ 23.278.075,56, rendimentos com tributação exclusiva na fonte, no valor de R$ 5.103.838,73, e ganho de Fl. 1775DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 4 capital na alienação de bens e direitos, no valor de R$ 2.735.455,40. Anexo à Declaração de Ajuste Anual constam dois Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital: 1) um que demonstra alienação de quotas de capital da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA para a empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, em 13/01/2005. Pelo demonstrativo, o senhor contribuinte teria alienado, em 13/01/2005, uma quantidade de 219.919.610 quotas de capital da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA para a empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, apurando ganho de capital, no valor de R$ 1.743.412,75, pagando Imposto de Renda, no valor de R$ 261.511,91; 2) outro que demonstra alienação de quotas de capital da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA para a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, em 29/12/2005. Pelo demonstrativo, o senhor contribuinte teria alienado, em 29/12/2005, uma quantidade de 192.495.794 quotas de capital da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA para a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, apurando ganho de capital, no valor de R$ 1.474.770,05, pagando Imposto de Renda, no valor de R$ 221.215,50 A Declaração de Ajuste Anual foi selecionada pela fiscalização para averiguação quanto ao ganho de capital e à evolução patrimonial. No procedimento de fiscalização, verificouse operação de alienação de quota de capital, acontecida no dia 29/12/2005, com ganho de capital, envolvendo os sócios da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, relacionada ao demonstrativo de apuração de ganho de capital, anexo à Declaração de Ajuste Anual, que tem como adquirente a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A. O presente Auto de Infração trata da operação de alienação de quotas de capital relacionada aos sócios da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA que alienaram, em 29 de dezembro de 2005, 50% da participação em quotas de capital para a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, pertencente ao grupo STRAUSSELITE. A empresa ELITE INTERNACIONAL BV, com sede em Amsterdã, na Holanda, representa a Divisão de Café Internacional do Grupo STRAUSSELITE, líder no segmento alimentício em Israel. Referido grupo nasceu da aquisição da ELITE pela STRAUSS, ambas com larga experiência no setor alimentício, operando em Israel, Europa e Estados Unidos. O Grupo STRAUSSELITE estava, à época, entre as dez maiores indústrias de café do mundo e contava com diversas fábricas, Fl. 1776DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 4 5 tendo adquirido, em dezembro de 2000, a principal indústria de café do Estado de Minas Gerais e uma das oito maiores do Brasil: a CAFÉ 3 CORAÇÕES S/A. A operação de alienação de quotas de capital de que trata o presente Auto de Infração envolve as seguintes pessoas físicas e as seguintes pessoas jurídicas: a) a empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, CNPJ nº 63.310.411/000101, com sede na cidade de Eusébio, Ceará; b) sócios da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, a saber: PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA, PAULO TARSO REGO DE LIMA, VICENTE DE PAULA REGO DE LIMA e PRL – PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, CNPJ nº 03.499.195/000154; c) a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, CNPJ nº 05.534.721/000103, com sede em Amsterdã, Holanda; d) a empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, CNPJ nº 17.467.515/000107, com sede na cidade de Santa Luzia, Minas Gerais; e) a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, CNPJ nº 07.473.767/000187 (empresa veículo|) constituída por parte da empresa SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA); f) a empresa ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ nº 04.934.059/000108 (empresa veículo constituída por parte da empresa ELITE INTERNACIONAL BV). Um dia antes da operação de alienação das quotas de capital, que segundo a fiscalização, ocorreu no dia 29 de dezembro de 2005, a empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, com sede na cidade de Eusébio, no Ceará, com atividade de industrialização e comercialização de café, alcançando, na época da venda, o posto de segunda maior indústria de café do Brasil, com capital social de R$ 15.673.023,87, apresentava no seu quadro societário os seguintes sócios: PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA, PAULO TARSO REGO DE LIMA, VICENTE DE PAULA REGO DE LIMA e PRL – PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A. PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO e VICENTE DE PAULA, (irmãos), cada um participava com 12,282%, e a empresa PRL – PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A participava com 63,162%, conforme demonstrativo, abaixo: Fl. 1777DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 6 A empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, com capital social no valor de R$ 3.476.520,00, apresentava no seu quadro societário os seguintes sócios: PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA, PAULO TARSO REGO DE LIMA e VICENTE DE PAULO REGO DE LIMA, cada um com 33,333% do total das ações, conforme demonstrativo, abaixo: Na concepção de alienação de quotas de capital, que teria ocorrido em 29/12/2005, a fiscalização constatou que os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO, VICENTE DE PAULA e PRL EMPREENDIMENTOS S/A, alienaram, individualmente, 50% da quota de participação no capital para a empresa ELITE INTERNACIONAL BV. A fiscalização constatou que a alienação ocorreu pelo valor de R$ 215.500.000,00 (valor de 50% da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA), e que, nessa operação, houve ganho de capital. Para o contribuinte, PEDRO ALCÂNTARA, o ganho de capital foi apurado no valor de R$ 20.377.074,12. Não tendo havido, nessa operação, recolhimento do Imposto de Renda sobre o Ganho de Capital foi lançado o Imposto de Renda correspondente apurado no valor de R$ 3.056.561,11. A empresa adquirente das quotas de capital, ELITE INTERNACIONAL BV, com sede em Amsterdã, na Holanda, integrante do grupo empresarial STRAUSSELITE, na data da operação, participava, desde o ano de 2000, do capital da empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, sediada na cidade de Santa Luzia, do Estado de Minas Gerais. A empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, na época da operação, ocupava a oitava posição na classificação das empresas Fl. 1778DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 5 7 produtoras de café, apresentando capital no valor de R$ 3.886.360,00, conforme o quadro societário, abaixo demonstrado: A fiscalização constatou que a operação de alienação não foi direta, sócio da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO transferindo suas quotas de capital para a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, mas houve planejamento tributário evasivo, na espécie de simulação relativa, arquitetado pelos alienantes, sócios da CAFÉ SANTA CLARA, e pela empresa adquirente, sócios da ELITE INTERNACIONAL BV. O planejamento tributário consistiu na montagem de um sistema de associação de empresas, “jointventure”, entre as empresas SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, com criação de empresasveículo, SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A (HOLDING), por parte da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, e ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES S/A, por parte da empresa ELITE INTERNACIONAL BV (CAFÉ TRÊS CORAÇÕES). Como resultado da “jointventure”, a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, sócia da empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, passou a fazer parte do quadro societário da empresa CAFÉ SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA, como participação de 50% do capital social, juntamente com a empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, com participação de 50%. Também como resultado da “jointventure”, os sócios PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO e VICENTE DE PAULA deixaram a participação direta na empresa SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Pela “jointventure” a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, através da empresa ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES S/A (empresa veículo), investiu, em 29/12/2005, um montante de R$ 215.500.000,00, na empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, conseqüentemente, investia na SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO e VICENTE DE PAULA deixaram de participar diretamente da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, havendo redução de capital, resgataram ações da empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A e receberam lucros acumulados da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e da PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A. Segundo o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, cada sócio recebeu, proporcionalmente à participação no capital, de rendimentos isentos e não tributáveis, em 29/12/2005, um montante equivalente ao valor do ganho de capital relacionado ao ingresso de recursos aportados pela empresa ELITE INTERNACIONAL BV. Na data do aporte da quantia de R$ 215.500.000,00, a empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA era controlada pela empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, que apresentava o seguinte quadro societário: Fl. 1779DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 8 Pelo contrato da “jointventure” a empresa ELITE INTERNACIONAL BV ingressou na empresa CAFÉ SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO através da empresa veículo SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A que, por sua vez, possuía no seu quadro societário as empresas PRL – PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A e a empresa ELITE DO BRASIL. A empresa ELITE DO BRASIL possuía no seu quadro societário a empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, que por sua vez possuía no seu quadro societário a empresa ELITE INTERNACIONAL BV. A empresa ELITE DO BRASIL ingressou no quadro societário da empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, aportando o valor de R$ 215.500.000,00, composto dos seguintes valores: 1) valor de R$ 76.500.000,00, representado pelas ações da empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A; 2) valor de R$ 139.000.000,00, em moeda corrente. Do valor aportado, R$ 215.500.000,00, foi destinado para aumento de capital da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, o valor de R$ 17.480.829,50. A diferença, no valor de R$ 198.019.170,64 foi destinada a reserva de ágio. A empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, a partir de 29/12/2005 e até 30/06/2007, possuía no seu quadro societário os seguintes sócios: a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, com 100% das quotas e Pedro Alcântara Rego de Lima, com 1 quota. No período de 29/12/2005 a 30/06/2007, aconteceram os seguintes fatos: 1) PEDRO, PAULO e VICENTE voltam a ser acionistas da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, com transferência de 1 ação para cada um por parte da PRL – PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A; 2) A SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A admite como sócios as seguintes pessoas físicas através de transferência de 1 ação da empresa ELITE DO BRASIL para cada pessoa física: OFRA YASMIN STRAUSS, EREZ PINHAS VIGODMAN E PIETER POLHUIJS; Fl. 1780DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 6 9 3) A SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES aumenta o capital da SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA em R$ 12.216.028,00; 4) aumento da capital da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES em R$ 12.216.028, integralizadas pela PRL e ELITE DO BRASIL, 50% de cada uma; 5) aumento da capital da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES em R$ 7.783.972,00, integralizadas pela PRL e ELITE DO BRASIL, 50% de cada uma; 6) cisão parcial da ELITE DO BRASIL, com versão de 93% do patrimônio para SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; 7) a SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA incorpora a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A. Em 30/06/2007, decorrido um ano e seis meses do aporte de R$ 215.500.000,00, pela empresa ELITE INTERNACIONAL BV na empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, a empresa CAFÉ SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA incorpora a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A. Os sócios da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A e PEDRO) decidem pela incorporação total do patrimônio liquido da empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, aprovando integralmente o laudo de avaliação apresentado pela empresa EQUITY SERVIÇOS DE AUDITORIA CONTÁBIL LTDA, a qual apurou o quantum de R$ 178.075.675,00 , a ser incorporado ao patrimônio da SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA, sendo: 1) o valor de R$ 56.699.966,09 levado a aumento de capital da incorporadora; e 2) o valor de R$ 121.375.706,00 destinado para reserva de ágio. Assim, em 30/06/2007, a empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, passou a possuir em seu quadro societários os seguintes sócios: PRL – PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, ELITE INTERNACIONAL BV, PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA, VICENTE DE PAULA REGO DE LIMA, PAULO TARSO REGO DE LIMA, MAREEL JOSEPH LOUIS CORBEAU, CIFRA STRAUSS, EREZ VIGODMAN E PIETER POLHUIJS, conforme demonstrativo abaixo A conclusão da fiscalização de que na “jointventure” houve de fato uma alienação de quotas de participação societária com ganho de capital sujeito à tributação do Imposto de Renda fundamentou se nos seguintes fatos: Fl. 1781DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 10 1) criação de empresas veículo com capital irrisório possuindo sócios que integram associações de advogados e contadores especializados em planejamento tributário, endereço da associação especializada no planejamento tributário; 2) transferência das ações dos sócios advogados da empresaveículo para os sócios da SANTA CLARA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA, por liberalidade; 3) a empresa veículo não teve existência de fato, existindo apenas na formalidade, nos atos contábeis registrados na junta comercial; 4) transferência das quotas de capital da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA para a empresa veículo; 5) a Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, DIPJ, relativa à empresa veículo, não demonstra atividade operacional, mas tão somente o balanço patrimonial, retratando o ativo e o passivo, conforme a formalidade contábil da empresa; 4) diversidade de fatos e de atos contábeis, acontecidos em um intervalo de tempo curto, até mesmo em um mesmo dia, tais como: diminuição de capital, no valor de R$ 47.872.024,38, aumento de capital, no valor de R$ 83.506.847,24, mudança da razão social, resgate de quotas capital, transferências de quotas de capital, saída de sócios pessoas físicas; 5) saída dos sócios PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO E VICENTE DE PAULA da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA, resgatando quotas de capital, ações e lucros acumulados, cuja soma, proporcionalmente à participação no capital da CAFÉ SANTA CLARA INDUSTRIA E COMERCIO, foi no valor equivalente ao ganho de capital pelo aporte da empresa ELITE INTERNACIONAL BV na empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; 6) a contabilidade da empresa SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA, no início de dezembro de 2005, demonstrava existência de recursos de lucros acumulados e viabilidade de redução de capital com resgate de quotas, em valor compatível, proporcionalmente à participação dos sócios, com o ingresso de recursos da empresa ELITE INTERNACIONAL BV, no montante de R$ 215.500.000,00; 7) os recursos aportados pela ELITE INTERNACIONAL BV poderiam sair para o patrimônio de cada sócio através de distribuição de lucros acumulados, resgate de quotas por diminuição de capital e resgate de ações; 8) noticias de compra por parte da empresa ELITE INTERNACIONAL BV de 50% da empresa SANTA CLARA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA; 9) o aporte no valor de R$ 215.500.000,00 foi compatível com o valor de avaliação da empresa SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA, apurado conforme o valor de avaliação da “jointventure”, formada pelas empresas SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES, e o valor de avaliação da empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A; 10) os sócios receberam recursos financeiros que foram aplicados e para justificar a evolução patrimonial na Declaração de Ajuste Anual decorrente do saldo de aplicação financeira, apurou se um ganho de capital decorrente de valorização de quota de capital e transferência para empresa que se tornaria controladora, além de liberação de lucros acumulados; Fl. 1782DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 7 11 11) os sócios da empresa SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA não apresentaram MEMORANDO DE ENTENDIMENTO, CONTRATO DE INVESTIMENTO E ACORDO DE ACIONISTAS, apesar de ter havido intimação; 12) a empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A., em Assembléia Geral Extraordinária, ocorrida em 29/12/2005, aprovou a celebração do Contrato de “Joint Venture” e do Acordo de Acionistas entre a ELITE INTERNACIONAL BV e a PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A; 13) apesar da negativa, houve a assinatura de um contrato e de u acordo de acionistas. A não apresentação de tais documentos reforçou a evidente intenção do contribuinte de esconder do Fisco o verdadeiro fato ocorrido (venda de ações com ganho de capital). A prova de que houve simulação consistiu na demonstração de que os atos societários (assembléia geral extraordinária) e os fatos contábeis (constituição societária das empresas) representavam operação visível, simulada, encobertando uma operação invisível, dissimulada, alienação de quotas de capital, fraude perfeitamente concebida pela documentação que embasa uma falsa “jointventure”. Há de se ressaltar que na preparação da empresa veículo SANTA CLARA PARTICIPAÇÃO S/A, para recebimento das quotas da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (transferência das quotas de capital da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA, ocorrida em 29/12/2005), houve valorização das quotas de capital, apuração de ganho de capital e recolhimento de Imposto de Renda sobre o ganho de capital. Nessa operação, o senhor contribuinte recolheu Imposto de Renda no valor de R$ 221.215,50, conforme o Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital da Declaração de Ajuste Anual, já bastante esclarecido, acima. Em 29/12/2005, os sócios da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA transferem suas quotas de capital, com valorização de R$ 27.675.975, para a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A. No Termo de Verificação Fiscal, o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil demonstra ganho de capital com Imposto de Renda, apurado no valor de R$ 3.056.561,11. Os atos societários e os fatos contábeis que demonstravam uma montagem de uma “joint venture”, entre as empresas SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A foram tidos pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, por simulados, por esconderem uma operação de alienação de quotas de capital com ganho de capital, no valor de R$ 20.377.074,12, e, o não pagamento de Imposto de Renda, no valor de R$ 3.056.561,11. O autor do procedimento de fiscalização analisou todos os atos societários e os fatos contábeis, relacionados à alegada “jointventure”, concluindo que os sócios da empresa SANTA CLARA IND E COM, PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA, VICENTE DE PAULA REGO DE LIMA, PAULO TARSO REGO DE LIMA E PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA, transferiram por alienação, em 29/12/2005, 50% de suas quotas para a empresa ELITE INTERNACIONAL, tudo por intermédio das empresas veículo criadas. A fiscalização concluiu, também, que os fatos e os documentos demonstram que o grupo STRAUSSELITE pagou o valor de R$ 215.500.000,00. Fl. 1783DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 12 O fiscalizado, PAULO TARSO REGO DE LIMA, detinha 12,282% das quotas da SANTA CLARA IND E COM e o ganho de capital foi calculado proporcionalmente a essa participação, conforme demonstrativo, abaixo: Foi informado que o custo de aquisição de uma quota de capital foi no valor de R$ 0.01 (um centavo de real). Na venda de 50% da SANTA CLARA IND E COM foram “transferidas” para a ELITE INTERNACIONAL BV por intermédio das empresasveículo SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES e ELITE DO BRASIL metade das quotas da SANTA CLARA IND E COM, ou seja, 4.958.993.556 quotas. Destas, 12,282% pertenciam ao fiscalizado, o que representa 609.063.588. O custo total das quotas vendidas pelo fiscalizado foi, portanto: Pelos motivos acima expostos, a fiscalização lavrou o Auto de Infração, decorrente de omissão de ganho de capital na alienação de bens e direitos, no valor de R$ 20.377.074,12. Para um melhor entendimento sobre o planejamento tributário, transcrevem se os seguintes trechos do Termo de Verificação Fiscal: Da análise de todos os documentos e informações coletadas, esta Fiscalização concluiu que, em 29/12/2005, os sócios da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., CNPJ nº 63.310.411/000101, atualmente denominada TRÊS CORAÇÕES ALIMENTOS S.A., praticaram negócio jurídico típico de alienação de participação societária, por meio do qual alienaram 50% de suas quotas para a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, CNPJ nº 05.534.721/000103, atualmente denominada STRAUSS COFEE BV, sem a devida apuração e recolhimento do IMPOSTO DE RENDA SOBRE O GANHO DE CAPITAL. Para tanto, os vendedores arquitetaram um planejamento tributário absolutamente contrário aos interesses do Fisco, com uma série de operações societárias na SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA e em outras empresas constituídas, especificamente, para esse fim, Fl. 1784DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 8 13 com a intenção de fazer crer não se tratar de venda, mas sim de um investimento societário. Colocamos abaixo, desde já, um resumo do planejamento tributário engendrado, com o fim de facilitar o entendimento do presente Termo: 1) A SANTA CLARA IND E COM, uma das maiores indústrias de café do Brasil, tinha nos irmãos PEDRO, PAULO e VICENTE seus únicos proprietários. No ano de 2005, os irmãos decidem vender para uma empresa estrangeira, a ELITE INTERNACIONAL BV, metade da SANTA CLARA IND E COM; 2) A venda seria por um valor muito superior ao do custo de aquisição, gerando, assim, elevado ganho de capital. Foi com o intuito de evitar o pagamento do Imposto de Renda incidente sobre referido ganho, que teve início o planejamento tributário; 3) A idéia era fazer a venda de metade da SANTA CLARA IND E COM para a ELITE INTERNACIONAL BV parecer uma operação de reorganização societária. Para isso, foram criadas duas empresas veículo com capital social irrisório: a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES (atuando em nome dos vendedores) e a ELITE DO BRASIL (atuando em nome dos compradores). Ambas constituídas por advogados que, “coincidentemente”, possuíam outras empresas “de Participações”; 4) Acertada as bases do planejamento tributário, os advogados saem de cena: uma empresaveículo (ELITE DO BRASIL) é integralmente transferida para os compradores e a outra empresa veículo (SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES) é totalmente transferida para os vendedores; 5) No dia da venda (29/12/2005), as empresas SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES e ELITE DO BRASIL têm o capital aumentado para 27,6 milhões e 226,0 milhões, respectivamente: 5.1) Os acionistas da SANTA CLARA IND E COM integralizaram o capital da empresaveículo (SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES) justamente com todas as quotas que detinham na empresa que seria vendida (a própria SANTA CLARA IND E COM). A partir desse momento, quem comprasse a “PARTCIPAÇÕES” (controladora) estaria, na realidade, comprando a “IND E COM” (controlada); 5.2) A empresa ELITE DO BRASIL foi capitalizada pela compradora (ELITE INTERNACIONAL BV) com R$ 216 milhões e, horas depois, “investiu” R$ 215,5 milhões na SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES, empresa que, horas antes, acabara de receber todas as quotas da empresa que seria comprada (SANTA CLARA IND E COM); 6) Horas depois, os irmãos PEDRO, PAULO e VICENTE saem da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES resgatando, ao todo, 10.199.183 ações (a R$ 1,00 cada), e recebendo R$ 54 milhões. A partir desse momento, as empresas PRL (dos irmãos PEDRO, Fl. 1785DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 14 PAULO e VICENTE) e ELITE DO BRASIL ficam com 50% da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES cada uma; 7) Ainda no dia da venda (29/12/2005), cada irmão recebe, totalmente livre de imposto de renda, o valor de R$ 20,3 milhões, o mesmo valor do ganho de capital escondido; 8) Um ano e meio depois, em uma operação na qual a controlada (“filha”) incorpora a controladora (“mãe”), a SANTA CLARA IND E COM incorpora a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES. Chegavase, assim, à configuração desejada desde o início: metade da SANTA CLARA IND E COM pertencendo aos irmãos PEDRO, PAULO e VICENTE (por intermédio da PRL) e a outra metade pertencendo à empresa ELITE INTERNACIONAL BV. (...) Em 2005, a empresa APPRAISAL AVALIAÇÕES E PERÍCIAS S/C LTDA, com endereço em São Paulo, foi contratada para avaliar a Joint Venture formada pelas empresas operacionais Santa Clara Indústria e Comércio de Alimentos Ltda e Café 3 Corações S/A, chegando a um valor entre R$ 540 milhões e 590 milhões. Na mesma data, também foi feita a avaliação da empresa Café Três Corações S/A (R$ 76.500.000,00). De posse das referidas análises, as partes chegaram ao valor da empresa a ser vendida (SANTA CLARA IND E COM) O “investimento” de R$ 215,5 milhões que a ELITE fez na SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES foi concebido para parecer real; as partes envolvidas na compra e venda procuraram seguir um roteiro cuidadosamente planejado. Nesse sentido, podese afirmar que: 1) toda a operação analisada pela fiscalização encontrase registrada nos livros contábeis; 2) os atos societários estão registrados nas Juntas Comerciais (Ceará e São Paulo); 3) a contabilidade demonstra operação de investimento com subscrição de novas ações pela empresa ELITE DO BRASIL, e pagamento de dividendos aos sócios de acordo com o resultado do exercício, tudo devidamente apurado conforme a lei societária. Em um lance característico desse tipo de planejamento tributário, houve, inclusive, pagamento de Imposto de Renda sobre o Ganho de Capital apurado por ocasião da transferência das ações da SANTA CLARA IND E COM pertencentes ao patrimônio das pessoas físicas PEDRO, PAULO e VICENTE para a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES (item 3.3.1). Os três apuraram e recolheram, cada um, R$ 221.215,51; valor, obviamente, bem inferior ao realmente devido. Embora concebido por profissionais do ramo, os atos legais praticados foram incapazes de esconder que a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES e a ELITE DO BRASIL foram constituídas sem nenhum propósito negocial ordinário, servindo apenas para Fl. 1786DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 9 15 a execução de uma parte do roteiro previamente elaborado: a venda de 50,0% da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO. Todos esses fatos envolvendo o negócio jurídico celebrado na venda de metade da empresa SANTA CLARA IND E COM foram dolosamente obstaculizados ao conhecimento do Fisco. Tal comportamento, voluntário e consciente das pessoas físicas e jurídicas citadas, foi montado para impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Observase que não se trata de atos isolados, mas uma seqüência de atos praticados pelo contribuinte com expressivos valores envolvidos. Houve, claramente, um acerto para fazer um negócio venda e mostrar outro, restando evidente que os atos visíveis não tiveram fim extratributário. A conduta praticada por cada uma das pessoas físicas alienantes, se subsume integralmente nos ditames do art. 71 da Lei nº 4.502/64, fato que, além de chamara incidência do art. 957, inciso II do RIR/99 (matriz legal art. 44, inciso II da Lei nº 9.430/96), desloca, inclusive, a contagem do prazo decadencial, do § 4ª do art. 150, para o art. 173, inciso I do CTN. Consentânea com toda esta tese, observadas as adaptações de praxe, estão as Decisões do 1º Conselho de Contribuintes Ac. Nº 10421.675/ 2004, 10709263/ 2007, 20402050/ 2006, 1094771/ 2004, 102¬46545/2004, 10420749/ 2005, 10614720/ 2005, 10195693/ 2006, 10323041/ 2007. Por estas razões, aplicarseá a multa qualificada de 150% sobre o imposto de renda apurado, conforme disposto no artigo 44 da Lei nº 9.430/96. O autor do procedimento de fiscalização juntou aos autos todos os atos societários e contábeis que foram analisados e que serviram de fundamento para a conclusão de existência de simulação encobertando fato jurídico gerador do imposto de renda. Documentos juntados aos autos às fls. 57/1094. Inconformado com a exigência, da qual tomou ciência, em 22/12/2010, conforme Termo de Encerramento, fls. 1088, o contribuinte apresentou, em 19/01/2011, impugnação, documentos anexados às fls. 1090/1168, através de procuração, instrumento anexado às fls. 1169, contestando todas as conclusões do Termo de Verificação Fiscal e o Auto de Infração. O contribuinte argumentou contra todas as conclusões do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, destacando os atos societários, os fatos contábeis e demonstrando a formação de uma “joint venture”, fato que, segundo seu entendimento, aconteceu. Os argumentos contra o Auto de Infração, em síntese, foram: 1) não houve a alegada operação de alienação de quotas de capital, tendo havido conclusão equivocada por parte do Auditor Fl. 1787DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 16 Fiscal da Receita Federal do Brasil na análise dos atos societários e dos fatos contábeis, apresentados pela empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A; 2) o que de fato aconteceu foi formação de uma “jointventure” entre SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A) e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A (ELITE INTERNACIONAL BV); 3) todos os atos societários (ata de assembléia geral extraordinária) e os fatos contábeis (diminuição de capital, aumento de capital, transferências de quotas e ações, resgate de quotas e de ações, cisão, incorporação, distribuição de lucros), são parte de uma reestruturação da sociedade SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA para atendimento de um contrato de “jointventure” com a empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, controlada pela empresa ELITE INTERNACIONAL BV; 4) pelo contrato de “jointventure” a empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA teria que ser controlada apenas pela empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, tendo havido a saída dos sócios pessoas físicas; 5) no processo de reestruturação, houve avaliação das quotas de capital, apuração de ganho de capital e recolhimento do Imposto de Renda. A Declaração de Bens da Declaração de Ajuste Anual demonstra, claramente, os fatos ocorridos pela reestruturação, não tendo havido intenção de ocultar os fatos à fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil; 6) o entendimento do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil fundamentase em uma premissa equivocada de venda de quotas de capital, concebida a partir de notícias econômicas relacionadas à avaliação do valor econômico da “jointventure” SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES, veiculadas na internet; 7) para que a “jointventure” fosse viável, a empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES, possuindo capital bem inferior ao capital da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, teve que receber investimento de sua controladora, ELITE INTERNACIONAL BV, em valor total de R$ 215.500.000,00. 8) os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO e VICENTE DE PAULA, dentro do processo de reestruturação societária, tiveram que deixar a empresa, recebendo lucros acumulados e resgatando quotas de capital, tudo devidamente demonstrado pela contabilidade e pela Declaração de Ajuste Anual. 9) o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, dentro do seu errôneo entendimento, concebeu o valor da alienação de quotas de capital e o valor do ganho de capital a partir de dados colhidos em noticia sobre a avaliação econômica da “joint venture” SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A e da empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A. Fl. 1788DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 10 17 Entendeu, erroneamente, que os sócios (PEDRO ALCANTARA, PAULO TARSO, VICENTE DE PAULA e PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A) receberam proporcionalmente à participação no capital um valor próximo da avaliação econômica; 10) partindo do valor de R$ 215.500.000,00 apurou o quanto cada sócio teria recebido, apurou o ganho de capital e comparou o ganho de capital com os valores recebidos a título de lucros acumulados, resgates de quotas ou de resgates de ações; 11) os recursos da ELITE INTERNACIONAL BV (US 60.000.000,00, em espécie, equivalente a R$ 139.440.000,00, e o capital da CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, R$ 76.500.000,00) ingressaram na empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A e não foram transferidos para os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO E VICENTE DE PAULA e PRL – PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A; 12) os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO E VICENTE DE PAULA, receberam lucros acumulados, resgate de quotas de capital, resgate de ações e juros sobre o capital próprio, em conseqüência da formação da “joint venture”, tudo conforme a contabilidade das empresas SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, PRLPARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTO S/A e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A; 13) os valores recebidos a título de lucros acumulados, resgate de quotas de capital, resgate de ações e juros sobre o capital próprio estão registrados na contabilidade e nos atos societários. Os valores foram confirmados pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, equivocadamente, comparou o montante desses recebimentos com o valor do investimento da ELITE INTERNACIONAL BV (R$ 215.500.000,00), em parte proporcional à participação no capital, como se o investimento tivesse sido transferidos para os sócios, ou seja, os sócios teriam recebidos, proporcionalmente à participação no capital, o valor do investimento (o auditor fiscal estabeleceu uma equivalência entre o ganho de capital, R$ 20.377.074,12 com o somatório dos lucros acumulados e dos resgates de quotas, no valor de R$ 20.342.301,72, percebidos em dezembro de 2005); 14) lucros acumulados, resgate de quotas de capital por redução do capital e resgate de ações são rendimentos isentos, conforme legislação tributária. Esses rendimentos foram devidamente informados na Declaração de Ajuste Anual como isentos; 15) os rendimentos isentos, conforme informados na Declaração de Ajuste Anual, foram devidamente comprovados através da documentação apresentada ao Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil; 16) a documentação relativa aos rendimentos de lucros acumulados, aos rendimentos de resgate de quotas de capital e Fl. 1789DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 18 aos rendimentos de resgate de ações comprovam a efetividade do recebimento. Esses rendimentos foram recebidos da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (lucros acumulados e resgate de quotas), da empresa PRLPARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A (lucros acumulados e resgate de ações) e da empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A (resgate de ações); 17) os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO e VICENTE DE PAULA, não receberam nenhum numerário, relacionado ao investimento no valor de R$ 215.500.000,00. O investimento ingressou no patrimônio da empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; 18) ficou demonstrado que os sócios receberam somente rendimentos de lucros acumulados, resgates de quotas de capital, resgate de ações e de juros sobre o capital próprio; 19) não houve dolo, fraude ou simulação, uma vez que os atos societários e os fatos contábeis demonstram claramente a formação de uma “joint venture” e a Declaração de Bens da Declaração de Ajuste Anual informa todos os fatos relacionados à formação da “joint venture”, inclusive apuração de ganho de capital quando da transferência das quotas de capital da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA para a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A. Para o caso não se aplica as disposições do parágrafo único do artigo 116 do CTN (evasão fiscal); 20) o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil partiu das informações da Declaração de Ajuste Anual, variação patrimonial elevada e apuração de ganho de capital. Os fatos analisados pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil estão informados na Declaração de Bens, não tendo havido ocultação de informação que ensejasse sonegação fiscal 21) o fato concebido pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, simulação e alienação de quotas de capital e ganho de capital, não se enquadra dentro das hipóteses de dolo, fraude e simulação, uma vez que não houve simulação, sendo ilegal o lançamento da Multa de Ofício Qualificada; 22) em prevalecendo o entendimento do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, que seja reduzida a Multa de Ofício para o percentual de 75%; 23) em prevalecendo o entendimento do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, não haja incidência de Juros de Mora, Taxa Selic, sobre a Multa de Ofício; 24) em prevalecendo o entendimento do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil que seja considerado o Imposto de Renda sobre o ganho de capital que foi recolhido, conforme a Declaração de Ajuste Anual. A DRJ julga a impugnação improcedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 1790DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 11 19 Data do fato gerador: 29/12/2005 GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. Para efeito de apuração do ganho de capital é suficiente a ocorrência do fato gerador, ou seja, a alienação do bem, materializada pelo efetivo recebimento do preço da operação e pela variação patrimonial ocorrida pela aquisição de novos bens com o produto da alienação, tudo devidamente demonstrado com fatos e documentos. O Imposto de Renda sobre o ganho de capital recolhido pelo contribuinte deve ser compensado com o apurado no Auto de Infração, desde que o que foi pago pelo contribuinte seja relativo à mesma operação de alienação objeto do Auto de Infração. O ganho de capital relacionado ao ato simulado, existente só no papel, nos atos formais, deve ser considerado como parte do ganho de capital relacionado ao fato real, escondido pelo ato simulado. Houve ganho de capital, mas relacionado à operação real demonstrada pela fiscalização e não conforme o demonstrativo apresentado pelo contribuinte. SIMULAÇÃO RELATIVA. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ILÍCITO. EVASÃO FISCAL. A simulação se caracteriza pela divergência entre o ato aparente, realização formal, e o ato que se quer materializar, oculto. Assim, na simulação, os atos exteriorizados são sempre desejados pelas partes, mas apenas formalmente, pois materialmente o ato praticado é outro. Para que não se configure simulação é necessário que as partes queiram praticar esses atos não apenas formalmente, mas também materialmente Na operação de alienação de quotas de capital, o sócio incorre na pratica de simulação relativa, ato tido como nulo pelo Código Civil e ato típico de evasão fiscal e de lançamento de Imposto de Renda sobre ganho de capital pelo Código Tributário Nacional, ao utilizar as situações financeira e econômica da empresa da qual detinhas as quotas, devidamente demonstrada na contabilidade, para criar uma operação de investimento, recebimento de dividendos e resgate de quotas, tudo no valor da alienação das quotas, através de atos societários e fatos contábeis, montados em seqüência, com a finalidade única de ocultar o fato real de alienação de quotas, fato gerador do ganho de capital. No âmbito do direito tributário, o negócio jurídico formal, mesmo que devidamente estruturado com base na lei das sociedades por ações, não pode prevalecer se não representar o fato real ocorrido, quando esse fato real é Fl. 1791DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 20 tipificado como fato gerador do imposto de renda, devidamente comprovado pela inconsistência dos atos societários e dos fatos contábeis. PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 116 DO CTN. LEI COMPLEMENTAR Nº 104, DE 2001. NORMA ANTIELISÃO. Estando comprovada a ocorrência do fato gerador, alienações de quotas de capital, e se verificando que o contribuinte usou de negócio jurídico simulado, usando a empresa da qual vendeu sua participação, exteriorizando operação de investimento, feito pela empresa adquirente das quotas de capital, recebimento de dividendos, por parte do vendedor, prejudicando a fisco, o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, amparado no inciso VII do artigo 149 do CTN, deve constituir o crédito tributário tendo por objeto o ato dissimulado (alienação de quotas de capital), uma vez que o ato simulado (investimento) é nulo, nos termos do Código Civil, subsistindo o ato dissimulado. SIMULAÇÃO. EVASÃO. GANHO DE CAPITAL A realização de operações simuladas, com o objetivo de elidir o surgimento da obrigação tributária principal ou de gerar maiores vantagens fiscais, não inibe a aplicação de preceitos específicos da legislação de regência, bastando que, pela finalidade do ato ou negócio, sejam obtidos rendimentos ou ganhos de capital submetidos à incidência do imposto de renda, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio, que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma específica de incidência do imposto de renda. SIMULAÇÃO. EVASÃO. OPERAÇÕES ESTRUTURADAS EM SEQÜÊNCIA. O fato de cada uma das transações, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO LÍCITO. ELISÃO. No planejamento tributário lícito, também conceituado como elisão, evitase a ocorrência do fato gerador sem afrontar a lei tributária. Nesse procedimento utilizase das regras legais como motivação para se evitar a ocorrência do fato gerador, realizandose atos verdadeiros em consonância com a vontade entre as partes. Planejamento tributário deve designar tão somente a técnica de organização preventiva de negócios, visando a uma lícita economia de tributos, seja evitando a incidência destes, seja reduzindo ou diferindo o respectivo impacto fiscal sobre as operações. SIMULAÇÃO. FRAUDE. EVASÃO FISCAL. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ILÍCITO. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Fl. 1792DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 12 21 Constatada a prática de simulação, perpetrada mediante a articulação de operações com o intuito de evitar a ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, é cabível a exigência do tributo, acrescido de multa qualificada, conforme o art. 44, inciso II, da Lei nº. 9.430, de 1996. JUROS MORATÓRIOS.TAXA SELIC. A cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, após o vencimento, acrescidos de juros moratórios calculados com base na taxa referencial do Selic, decorre de expressa disposição legal. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE A incidência de juros de mora sobre a multa de oficio, após o seu vencimento, está prevista pelos artigos 43 e 61, §3º, da Lei nº 9.430/96. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 29/12/2005 VERDADE MATERIAL. MEIOS DE PROVAS. Por se tratar de a simulação de divergência entre realidade e subjetividade, é difícil, quando não impossível, comprovála diretamente, pelo que se admite que seja provada por todos os meios admitidos em Direito, inclusive indícios e presunções. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Aplicase a súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, CARF, que possua efeito vinculante, conforme Portaria do Ministro da Fazenda nº 383, de 2010. Não se enquadrando o julgado, posto como norma a ser observada, dentre os acórdãos paradigmas da súmula do CARF, o julgador da DRJ é livre, podendo seguir ou não o entendimento do julgado do CARF. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A DRJ entendeu por bem cancelar em parte a exigência uma vez que ficou demonstrado o recolhimento de Imposto de Renda no valor de R$ 221.215,50, conforme o Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital da Declaração de Ajuste Anual, já bastante esclarecido, acima. Em 29/12/2005, os sócios da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA transferem suas quotas de capital, com valorização de R$ 27.675.975, para a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A. No entendimento da autoridade recorrida somente existiu uma única operação que foi a de alienação das quotas de capital, que ocorreu em 29/12/2005, com apuração de Fl. 1793DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 22 ganho de capital, no valor de R$ 20.377.074,12, e Imposto de Renda no valor de R$ 3.056.561,11. Desta forma, o Imposto de Renda sobre o ganho de capital apurado pelo senhor contribuinte que foi recolhido no valor de R$ 221.215,50 deve ser compensado com o apurado no Auto de Infração. Intimado do acórdão proferido pela DRJ, o contribuinte interpôs recurso voluntário, onde reitera argumentos da impugnação. no que toca aos pontos principais, destacando os seguintes aspectos no final de seu recurso. Preliminarmente, afirma que a decisão recorrida ignorou todos os argumentos fáticos e de direito apresentado ao longo da impugnação, limitandose a repetir as palavras do fiscal autuante.; Da desconsideração da jurisprudência colacionada pleo recorrente no corpo da impugnação; Das premissas necessárias a compreensão dos atos jurídicos objeto de autuação mantida pelo decisão recorrida, entre eles destaquemse: i) da autuação mercadológica da Santa Clara Ind e Com, no Brasil antes de Dezembro de 2005; ii) da autuação mercadológica da StraussElite Groupo, no Brasil e no mundo antes de Dezembro de 2005; iii) Das razões que levaram os grupos da Santa Calara e Strauus –Elite a se associaram, assim como as implicações da constituição de uma jointventure; iv) dos atos societários acordados entre a Santa Clara e o Strauss Elite Group; v) da impropriedade do cálculo realizado para inferir a apuração do suposto ganho de capital. Da existência de uma diferença entre o montante apontado como ganho de capital de R$ 20.377.074,12 e aquele demonstrado pelo somatório dos lucros, redução de capital e resgate de ações que totaliza R$ 20.342.3012,72. Do enfrentamento dos argumentos utilizados pela fiscalização para alegar a ocorrência de simulação nocente; Questiona também o entendimento da autoridade recorrida reforçando que a mesma limitouse a transcrever termos do termo de verificação fiscal; Não houve a alegada operação de alienação de quotas de capital, tendo havido conclusão equivocada por parte do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil na análise dos atos societários e dos fatos contábeis, apresentados pela empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A; Todos os atos societários (ata de assembléia geral extraordinária) e os fatos contábeis (diminuição de capital, aumento de capital, transferências de quotas e ações, resgate de quotas e de ações, cisão, incorporação, distribuição de lucros), são parte de uma reestruturação da sociedade SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA para atendimento de um contrato de “jointventure” com a empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, controlada pela empresa ELITE INTERNACIONAL BV; Pelo contrato de “jointventure” a empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA teria que ser controlada apenas pela empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, tendo havido a saída dos sócios pessoas físicas; Fl. 1794DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 13 23 No processo de reestruturação, houve avaliação das quotas de capital, apuração de ganho de capital e recolhimento do Imposto de Renda. A Declaração de Bens da Declaração de Ajuste Anual demonstra, claramente, os fatos ocorridos pela reestruturação, não tendo havido intenção de ocultar os fatos à fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil; O entendimento do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil fundamenta se em uma premissa equivocada de venda de quotas de capital, concebida a partir de notícias econômicas relacionadas à avaliação do valor econômico da “jointventure” SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES, veiculadas na internet; Para que a “jointventure” fosse viável, a empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES, possuindo capital bem inferior ao capital da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, teve que receber investimento de sua controladora, ELITE INTERNACIONAL BV, em valor total de R$ 215.500.000,00; os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO e VICENTE DE PAULA, dentro do processo de reestruturação societária, tiveram que deixar a empresa, recebendo lucros acumulados e resgatando quotas de capital, tudo devidamente demonstrado pela contabilidade e pela Declaração de Ajuste Anual. os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO E VICENTE DE PAULA, receberam lucros acumulados, resgate de quotas de capital, resgate de ações e juros sobre o capital próprio, em conseqüência da formação da “joint venture”, tudo conforme a contabilidade das empresas SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, PRLPARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTO S/A e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A; os valores recebidos a título de lucros acumulados, resgate de quotas de capital, resgate de ações e juros sobre o capital próprio estão registrados na contabilidade e nos atos societários. Os valores foram confirmados pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, equivocadamente, comparou o montante desses recebimentos com o valor do investimento da ELITE INTERNACIONAL BV (R$ 215.500.000,00), em parte proporcional à participação no capital, como se o investimento tivesse sido transferidos para os sócios, ou seja, os sócios teriam recebidos, proporcionalmente à participação no capital, o valor do investimento (o auditor fiscal estabeleceu uma equivalência entre o ganho de capital, R$ 20.377.074,12 com o somatório dos lucros acumulados e dos resgates de quotas, no valor de R$ 20.342.301,72, percebidos em dezembro de 2005); os sócios, PEDRO ALCÂNTARA, PAULO TARSO e VICENTE DE PAULA, não receberam nenhum numerário, relacionado ao investimento no valor de R$ 215.500.000,00. O investimento ingressou no patrimônio da empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; ficou demonstrado que os sócios receberam somente rendimentos de lucros acumulados, resgates de quotas de capital, resgate de ações e de juros sobre o capital próprio; não houve dolo, fraude ou simulação, uma vez que os atos societários e os fatos contábeis demonstram claramente a formação de uma “joint venture” e a Declaração de Bens da Declaração de Ajuste Anual informa todos os fatos relacionados à formação da “joint venture”, inclusive apuração de ganho de capital quando da transferência das quotas de capital Fl. 1795DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 24 da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA para a empresa SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A. Para o caso não se aplica as disposições do parágrafo único do artigo 116 do CTN (evasão fiscal); que em prevalecendo o entendimento do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, não haja incidência de Juros de Mora, Taxa Selic, sobre a Multa de Ofício; que em prevalecendo o entendimento do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil que seja considerado o Imposto de Renda sobre o ganho de capital que foi recolhido, conforme a Declaração de Ajuste Anual. É o relatório. Fl. 1796DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 14 25 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. DOS ARGUMENTOS Conforme entendimento da Fiscalização e a DRJ, os contribuintes praticaram simulação pela utilização de operações estruturadas em sequência e utilização de empresas veículo no intuito de reduzir a base de cálculo sobre a qual incidiria o IRPF sobre o ganho de capital na alienação da participação societária na empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO à empresa ELITE INTERNACIONAL BV, pertencente ao grupo holandês STRAUSSELITE. Para a autoridade fiscal teria ocorrido um planejamento tributário abusivo com o objetivo de reduzir o valor do ganho de capital tributável pelo IRPF na alienação de 50% das quotas da sociedade SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA dos irmãos PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA, PAULO TARSO REGO DE LIMA e VICENTE DE PAULA REGO DE LIMA para a sociedade ELITE INTERNACIONAL BV, empresa membro do grupo israelense STRAUSSELITE. Ainda na visão da fiscalização a utilização de operações estruturadas em sequência e empresasveículo permitiu que o pagamento aos alienantes pessoas físicas se desse através de distribuição de supostos lucros acumulados, resgate de ações, resgate de quotas de capital, adiantamento para futuro aumento de capital e juros sobre capital próprio. O recorrente por sua vez afirma que na verdade ocorreu uma joint venture entre a SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA e a CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S.A. A operação tinha finalidade estratégica, não podendo nunca se confundir como uma operação sem propósito negocial. A estruturação da operação teria sido realizada para permitir a operação tendo em vista que envolviam empresas de natureza e cultura muito diferenciada. DA CRONOLOGIA DA OPERAÇÃO Segundo o que descreve os autos a operação teria ocorrido em 29 de dezembro de 2005, a seguir apresentase as principais etapas da operação: SITUAÇÃO INICIAL A sociedade empresária SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, constituída pelos sócios PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA (12,282%), PAULO TARSO REGO DE LIMA (12,282%), VICENTE DE PAULA REGO DE LIMA (12,282%) e PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A (63,162%), sendo que a Fl. 1797DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 26 PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A era composta pelos três irmãos Lima, PEDRO, PAULO e VICENTE, cada um com 33,333% de suas ações. As partes vendedoras constituíram a empresa veículo SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; CONSTITUIÇÃO DAS EMPRESAS VEÍCULOS 31/05/2005, foi constituída por Assembleia Geral a empresa ALIMA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A, com sede em São Paulo, tendo como sócios LAGUNA PARTICIPAÇÕES LTDA (a qual se declarou inativa perante a Receita Federal no anocalendário de 2005) e uma PESSOA FÍSICA. O capital social da ALIMA era de R$ 500,00 (quinhentos reais). 9/12/2005, em Assembleia Geral Extraordinária, os sócios da ALIMA decidem “ceder” todas as suas ações para a empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A. Na mesma AGE, foi decidido: a alteração do nome empresarial da ALIMA para SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; a mudança do objeto social da companhia para incluir também a compra, processamento e venda de produtos de café; o aumento de capital da companhia no valor de R$ 27.675.974,00 mediante a emissão de 27.675.974 novas ações ordinárias no valor nominal de R$ 1,00, mediante conferência à companhia de todas as quotas detidas pelos novos acionistas PAULO, PEDRO e VICENTE, bem como a própia PRL, na SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Notese que ai surge a empresa veículo SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, tendo como sócios PEDRO, PAULO, VICENTE e a PRL PARTICIPAÇÕES. Nesse momento a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A se tornou sócia única da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Na parte das compradoras havia também uma empresa veículo a ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES LTDA, conforme mencionado no Termo de Verificação Fiscal. Ficou, então, constituído que precede à operação de venda. De um lado havia a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A como única quotista da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e, do outro, a ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES LTDA. DIA DA OPERAÇÃO (29/12/2005) 29/12/2005 Em AGE realizada, foi aprovado o aumento do capital social na ordem de R$ 122.074.875,00, mediante a criação de 13.428.249 ações ordinárias sem valor nominal, integralizadas pela ELITE INTERNACIONAL BV através de créditos que esta detinha com a própria CAFÉ TRÊS CORAÇÕES. 29/12/2005 Na mesma AGE, foi aprovada a celebração do Contrato de Joint Venture e do Acordo de Acionistas entre a ELITE INTERNACIONAL BV e a PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A relativos à SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES. A CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A anuiu a esse contrato na forma de interveniente. 29/12/2005 Por intermédio da alteração do contrato social da ELITE DO BRASIL, houve o aumento de capital da sociedade em R$ 216.028.200,00, pela criação de novas quotas integralizadas totalmente pela sócia ELITE INTERNACIONAL BV mediante 13.855,748 ações ordinárias que detinha na CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A no valor de R$ 76.500.000,00, bem como aporte em dinheiro no valor de R$ 139.528.200,00; Fl. 1798DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 15 27 29/12/2005 Em AGE às 14h, a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A aumentou seu próprio capital social em R$ 17.477.292,00, mediante a criação da mesma quantidade de ações classe “C”. 29/12/2005 A ELITE DO BRASIL, empresa veículo da ELITE INTERNACIONAL BV, integraliza as novas ações da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A pagando R$ 215.500.000,000, mediante o aporte de R$ 139.000.000,00 em moeda nacional e cessão de 13.855.748 ações ordinárias que detinha no capital da CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A pelo valor de R$ 76.500.000,00. Isso gerou a inserção de R$ 17.477.292,00 no próprio capital social e a constituição de R$ 198.022.708,00 de Reserva de Ágio. A ELITE DO BRASIL é agora acionista da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, a qual é quotista única da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. 29/12/2005, às 19h, esta companhia aprovou o resgate das ações dos três irmãos, extinguindo a “Classe B” de ações, titularizada pelas pessoas físicas, e reduzindo o capital social da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A em virtude da saída dos três sócios. As Classes A e C, titularizadas respectivamente pela PRL e pela ELITE DO BRASIL, foram unificadas, tendo os sócios os mesmos direitos. Ao final do processo a ELITE DO BRASIL, controlada pelos compradores do grupo STRAUSSELITE, e a PRL, controlada pelos vendedores do grupo SANTA CLARA, detinham cada um 50% do controle acionário da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, a qual era quotista única da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Os três irmãos se retiraram da sociedade recebendo os valores integralizados na SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES pelo grupo STRAUSSELITE, DA NATUREZA DA OPERAÇÃO Conforme se depreende do Termo de Verificação Fiscal, o montante de R$215.500.000,00 é compatível com a avaliação patrimonial da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Segundo os autos em 2005, em avaliação pela empresa APPRAISAL – AVALIAÇÕES E PERÍCIAS S/C LTDA do valor da joint venture entre a CAFÉ TRÊS CORAÇÕES e SANTA CLARA, totalizaria um valor entre R$ 540 e 590 milhões. Considerando que a CAFÉ TRÊS CORAÇÕES foi avaliada em laudo da mesma consultoria por R$ 76.577.146,00, o valor da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA gravitava entre R$ 439.334.000,00 e R$ 513.500.000,00, sendo o preço de 50% de suas quotas R$ 219.600.000,00, valor próximo do “investido” pelo grupo STRAUSSELITE. Registrese que : 09/12/2005, a SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA reduziu seu capital social de R$ 63.545.048,25 para R$ 15.673.023,87 (diferença de R$ 47.872.024,38). Este valor foi liberado para os sócios, cabendo aos contribuintes PEDRO e PAULO o valor de R$ 4.467.896,04; Fl. 1799DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 28 29/12/2005, o capital da sociedade SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA foi aumentado para R$ 99.179.871,11 (diferença de R$ 83.506.847,24), sendo essa diferença integralizada pela SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A com recursos recebidos da ELITE INTERNACIONAL BV, através da ELITE DO BRASIL. 29/12/2005, houve a operação descrita anteriormente, pela qual a ELITE DO BRASIL aporta R$ 215.500.000,00 na SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A como investimento para integralização de ações. Com a redução do capital social da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, além do valor a que fariam jus os sócios pessoas físicas, também lhe foram distribuídos denominados lucros acumulados. O pagamento se deu por intermédio de um TED para a conta conjunta dos três irmãos no valor total de R$ 24.404.252,12. Na mesma data, ocorreu a redução de capital da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A pela extinção da classe de ações dos sócios pessoas físicas. Nessa operação, foi destinado aos sócios retirantes o valor de R$ 44.927.890,00. Esse valor também foi depositado em conta conjunta dos irmãos via TED. A soma dos valores depositados pelas duas empresas do grupo SANTA CLARA é de R$ 69.292.556,76, totalizando R$ 23.463.400,00 para cada um dos exsócios. Observe que esse vultuoso pagamento foi realizado logo após o aporte de R$ 215.500.000,00 da ELITE DO BRASIL no grupo SANTA CLARA. DOS CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO O que é válido fazer para reduzir, postergar ou afastar a incidência de tributos (“tax avoidance”) com uso de operações societárias? Responder a esta pergunta não é tarefa fácil. No Brasil, esta dificuldade é agravada pelo fato das figuras jurídicas formalmente apontadas para realizar tal balizamento como “simulação”, “fraude à lei”, dentre outras na prática, serem aplicadas de forma confusa e imprecisa. Shoueri et. al., em 2010, realizaram uma pesquisa a partir dos “acórdãos” (nome dado aos julgamentos) do então CC, onde se procurou identificar estes “reais” critérios utilizados pelos julgadores na análise de atividades de planejamento tributário. Tal estudo, abrindo mão de rastrear conceitos préestabelecidos pela legislação (como os citados acima), partiu diretamente das características fáticas e argumentativas trazidas pelos julgadores (conselheiros) e analisouos em face de sua conclusão, fazendo uso da metodologia criada por Alchourrón e Bulygin em 1975, conhecida como “normative systems”. Esta técnica assemelhase a ou é uma espécie de metodologia de análise de conteúdo. Entretanto, ela encontra maior compatibilidade para uso em conteúdos jurídicos (SHOUERI et al, 2010; SANTI, 2012), já que as tradicionais metodologias de análise de conteúdo carregam um compromisso muito grande pelo que está efetivamente escrito (se há a presença deste ou daquele termo, etc.), enquanto o “normative systems” permite algum tipo de interpretação, ou sistematização de ideias que permita interpretação posterior: “O modelo mais adequado para sistematizar o material jurídico e identificar suas inconsistências é o ‘Normative Systems’. Desta forma, SHOUERI et al (2010) analisaram acórdãos publicados entre 2002 e 2008 (além de algumas decisões mais antigas) que discutiram condutas de tax avoidance um número total de 78 acórdãos , e chegaram as seguintes conclusões: Fl. 1800DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 16 29 a) O Conselho de Contribuintes considera inválidos os planejamentos tributários sempre que considera que os fatos não ocorreram tais como descritos pelos contribuintes; b) A desconsideração dos fatos tais como descritos pelos contribuintes se dá de forma direta, a partir da constatação de que os negócios jurídicos praticados não correspondem à realidade. Contudo, em muitos casos, o critério relevante para desconsiderálos foi a falta de motivos extratributários para as estruturas negociais. Não está claro se o Conselho de Contribuintes considera a falta de motivos como critério autônomo para invalidar o planejamento, ou se o emprega como indício de simulação; c) Para constatar a falta de motivos nãotributários para os negócios, o Conselho de Contribuintes leva em consideração, principalmente, a adequação do intervalo temporal entre os negócios jurídicos praticados e a sua coerência com as atividades empresariais do contribuinte. A independência entre as partes é fator relevante nos julgamentos do órgão, mas não é tão determinante quanto os demais. Estes fatores podem implicar, também, a desconsideração direta dos negócios praticados pelos contribuintes, sem qualquer referência aos motivos empresariais; d) O atendimento às regras cogentes nãotributárias é importante para a estruturação de operações aceitas pelo Conselho de Contribuintes, que tende a considerar inválidos os planejamentos tributários que violam as normas jurídicas não tributárias, formais ou materiais. Mas não é garantia de sucesso do planejamento, vez que o tribunal administrativo julgou inválidos diversos casos de planejamento tributário em que os contribuintes observaram todas as normais legais pertinentes ao negócio. (SHOUERI et al, 2010, p. 440). Com base nessas considerações gerais cabe apontar as principais características do caso concreto, identificando critérios para análise da validade do planejamento tributário. 1. A operação teve outros motivos que não os tributários? Não. Havia um interesse especial em assegurar o menor pagamento de tributos por parte do recorrente. Em suma no caso concreto, não se identifica uma motivação, outra que não a fiscal para a realização da operação, que poderia ser feita de modo mais direto e objetivo. 2. Houve um adequado intervalo temporal entre as operações? Não. As operações foram realizadas concentradas no dia 29/12/2005. Todos a maioria dos atos foram concentrados no mês de dezembro de 2005 3. Os fatos foram considerados existentes tais como foram descritos pelo contribuinte? Fl. 1801DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 30 Não. Ficou a dúvida se seria realmente uma operação de Joint Venture. A definição de uma joint venture prescinde uma idéia de parceria, nos termos expostos transpareceu como uma operação de aquisição. 4. Foram observadas as regras cogentes nãotributárias? Não é apontada qualquer ilegalidade de regras cogentes não tributárias. Entretanto no que toca a joint ventures, merece destaque a observação presente no Termo de Verificação de que o recorrente não teria disponibilizado a fiscalização o préacordo, ou mesmo o acordo de acionista, que se seria de esperar numa operação dessa natureza e complexidade. 5. As partes envolvidas eram independentes? Não. Ocorreram operações envolvendo empresas veículo, controladas e utilizada exclusivamente para a operação. As transações realizadas entre com as empresas veículo foram cruciais para o planejamento tributário proposto. 6. Existe coerência entre as operações e as atividades empresariais das partes envolvidas? Não. As operações poderiam ser realizada diretamente, com a simples aquisições das ações do recorrente, sem a realização de uma serie encadeada de operações, estruturadas para dessimular os atos apresentados. No contexto apresentado não vejo como dar guarida ao planejamento tributário utilizado. Em face de todos os elementos detalhadamente expostos no termo de verificação fiscal não vejo como acolher os argumentos do Recorrente. Conforme posição consolidada em vários precedente no CARF, se os atos formalmente praticados, analisados pelo seu todo, demonstram não terem as partes outro objetivo que não se livrar de uma tributação específica, e seus substratos estão alheios às finalidades dos institutos utilizados ou não correspondem a uma verdadeira vivência dos riscos envolvidos no negócio escolhido, tais atos não são oponíveis ao fisco, devendo merecer o tratamento tributário que o verdadeiro ato dissimulado produz. Subscrição de participação com ágio, seguida de imediata cisão e entrega dos valores monetários referentes ao ágio, traduz verdadeira alienação de participação societária. Os fatos desencadeados pelas empresas envolvidas nas operações, representam, no meu entendimento, uma série de atos que não guardam qualquer correspondência com a real intenção das partes, porquanto se produziu uma série de documentos envolvendo uma pretensa operação de participação societária, quando na verdade o único objetivo do negócio foi de transferir parte das atividades do recorrente para a empresa adquirente, afastando o ônus tributário. Pragmaticamente, tenho dificuldade em conciliar o argumento de que ocorreu um mero investimento para formação de joint venture com empresa estrangeira e, no mesmo intervalo, tenha sido liberado o pagamento de lucros acumulados, resgate de quotas, resgate de ações, crédito para futuro aumento de capital e juros sobre o capital próprio. DA BASE DE CÁLCULO DA INFRAÇÃO A base de cálculo do IRPF, no caso, foi calculada considerandose a participação de cada irmãosócio no capital social da SANTA CLARA INDÚSTRIA E Fl. 1802DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 17 31 COMÉRCIO LTDA (12,282%), aplicado sobre o ganho de capital de R$ 165.910.064,40 (diferença entre o preço de R$ 215.500.000,00 e o custo de aquisição de R$ 49.595.935,56), totalizando um ganho de capital tributável para cada contribuinte no valor de R$20.377.074,12. Com fins ilustrativo a fiscalização apresentou no termo de verificação fiscal na fls 37 tentativa de explicar como os valores efetivamente entraram na conta corrente dos irmãos, no mesmo dia da venda. No cálculo ilustrativo proposto pela fiscalização o valor recebido seria de R$ 20.342.302,72. Nesse ponto o recorrente questiona essa diferença numérica, entretanto cabe registrar que essa não foi a base de cálculo utilizada para apuração do imposto. Devese reconhecer que a ilustração da fiscalização não é a mais coerente e gera dúvidas, portanto não merece ser enfatizadas. Porem isso não compromete o critério efetivamente utilizado para apurar a base de cálculo. Na realidade mais oportuno, no caso concreto, seria demonstrar o que os contribuintes teriam recebido no dia 29/12/2005, e nesse ponto constatase que no dia 29/12/2005, o recorrente e irmãos tiveram depositados em sua conta corrente mediante TED e mediante um crédito na Santa Clara Participações o montante equivalente a venda de parte de suas ações. Aprecie no quadro a seguir o demonstrativo de base de cálculo da fiscalização (16), o exemplo ilustrativo oferecido pela fiscalização no Termo de Verificação Fiscal (811) e a relação dos valores recebidos pelo recorrente e irmãos no dia 29/12 fruto da venda de sua participação (1217). 1. Valor de Alienação 215.500.000,00 2. Participação Individual, % 12,282% 3. Participação Individual R$ 26.467.710,00 4. Valor de 50% das Cotas 49.589.935,56 5. Custo Individual ´=2 x 4 6.090.635,89 6. Ganho de Capital ´= 3‐5 20.377.074,11 8. Dividendos 898.283,33 9. Redução Capital 4.468.055,61 10. Resgate Ações 14.975.963,78 11. Ganho de Capital (exemplo) 20.342.302,72 12. Recebimentos TED SC LTDA 24.404.252,12 13. Recebimentos TED SC S/A 44.927.890,32 14. Crédito Contábil na SC S/A 10.000.000,00 15. Creditos a Favor dos Irmãos 79.332.142,44 16. Participação Individual, % 33,333% 17. Participação Individual, R$ 26.444.047,48 Por oportuno, mediante o lançamento se afasta os efeitos de vários negócios intermediários sem causa, na estruturação das chamadas step transactions. O fato gerador decorre da identificação da realidade e dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos, e não de vontades formalmente declaradas pelas partes contratantes ou pelos contribuintes. Ou seja o que vale é a efetiva venda das participações societárias, perdendo validade os efeitos desejados das normas de contorno propostas. Em suma, a maneira como o recorrente procedeu o Fl. 1803DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 32 pagamento dessas aquisição é desconstituída pelos efeitos jurídicos propostos. Não haveria nesse contexto como coexistir a operação venda de ações, com a distribuição de dividendos, redução de capital e resgate de ações. O que se passa a tributar é a operação de venda de ações com ganho de capital. Da Multa Qualificada Segundo a fiscalização a recorrente teria simulado a operação, adotando conduta no sentido de impedir o lançamento e retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária. Inobstante respeitável entendimento da autoridade fiscalizadora, não vejo circunstâncias que caracterizem um evidente intuito de fraude. Na verdade, como já se demonstrou as escâncaras, tratouse de um sucessão de negócios jurídicos típicos produzindo um efeito atípico, de fraudar as leis do Imposto de Renda, usando “norma de cobertura”, que protegeria a conduta realizada, isentandoa do pagamento dos tributos devidos. Não há dolo ou evidente intuito de fraude, pois a “fraude a lei” significa a fraude com a acepção totalmente diferente da fraude referida no art. 72 da Lei nº 4.502/64. A aplicação da multa de lançamento de ofício qualificada, decorrente do art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996, atualmente aplicada de forma generalizada pela autoridade lançadora, deve obedecer toda cautela possível e ser aplicada, tão somente, nos casos em que ficar nitidamente caracterizado o evidente intuito de fraude, conforme farta Jurisprudência emanada do Egrégio Primeiro Conselho de Contribuintes, bem como da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Com a devida vênia dos que pensam em contrário, a simples omissão de de rendimentos; a simples declaração inexata de receitas ou rendimentos; a classificação indevida de receitas/rendimentos na Declaração de Ajuste Anual ou a falta de inclusão de algum valor, bem ou direito na Declaração de Bens ou Direitos, não tem, a princípio, a característica essencial de evidente intuito de fraude. Quando a lei se reporta à evidente intuito de fraude é óbvio que a palavra intuito não está em lugar de pensamento, pois ninguém conseguirá penetrar no pensamento de seu semelhante. A palavra intuito, pelo contrário, supõe a intenção manifestada exteriormente, já que pelas ações se pode chegar ao pensamento de alguém. Há certas ações que, por si só, já denotam ter o seu autor pretendido proceder, desta ou daquela forma, para alcançar, tal ou qual, finalidade. Intuito é, pois, sinônimo de intenção, isto é, aquilo que se deseja, aquilo que se tem em vista ao agir. O evidente intuito de fraude floresce nos casos típicos de adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc. É de se ressaltar, que não basta que atividade seja ilícita para se aplicar à multa qualificada, deve haver o evidente intuito de fraude, já que a tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Fl. 1804DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 18 33 No caso concreto não tenho como presumir que a conduta foi eivada de vício, mas tão somente de omitir do fisco com conhecimento de fato relevante. MULTA QUALIFICADA A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 14) Nestes termos, posicionome no sentido de rejeitar as preliminares, e no mérito, dar provimento parcial ao recurso de voluntário para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Da Incidência de Juros Sobre a Multa de Ofício Acompanho o entendimento da legalidade da incidência de juros sobre a multa de ofício. Uma análise sistemática dos arts. 113, 139 e 161 do CTN revela que a multa de ofício (penalidade pecuniária), por integrar o crédito tributário, recebe igualmente o acréscimo moratório de juros. Ante ao exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de oficio reduzindoa a 75% (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez . Fl. 1805DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 34 Declaração de Voto O voto do nobre relator conselheiro AntonioLopo Martinez, está muito bem fundamentado. Apesar das razões e fundamentos que o levaram a chegar a tal conclusão, tenho entendimento diverso do dele em alguns pontos, daí a razão de ter necessidade de elaborar a presente declaração de voto Antes de mais nada gostaria de destacar que o assunto por nós analisado não é novo nesse tribunal administrativo. Ele já foi analisado por diversas vezes, por nosso órgão de julgamento. E cabe a nós decidirmos se essa operação teve como finalidade esconder uma operação de compra e venda, onde se procura reduzir o ganho de capital tributável, ou se o caso dos autos foi uma legítima reestruturação societária, que teve motivação econômica para ocorrer. Para tanto gostaria de citar recente caso que foi julgado por esse respeitável tribunal administrativo, conforme ementa abaixo transcrita: CARF 1a. Seção / 1a. Turma da 4a. Câmara / ACÓRDÃO 1401 00.582 em 29/06/2011 IRPJ/CSLL ASSUNTO: AUTO DE INFRAÇÃO. EMENTA NULIDADE. Tendo o auto de infração preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de contestar o lançamento, descabe a alegação de nulidade. NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO. OPERAÇÃO CASAS E PARA . A subscrição de novas ações de uma sociedade anônima, com a sua integralização em dinheiro e registro de ágio, para subseqüente retirada da sociedade da sócia originária, com resgate das ações para guarda e posterior cancelamento caracteriza negócio jurídico indireto de venda da participação societária. NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO. INOPONIBILIDADE AO FISCO. O fato de ser um negócio jurídico indireto não traz a consequência direta de tornar eficaz o procedimento da interessada, pois essa figura não é oponível ao fisco quando, como é o caso concreto, sem propósito negocial algum, visto de seu todo, visar apenas a mera economia de tributos. No caso concreto, houve por conseguinte fraude à lei do imposto de renda que comanda a tributação do ganho de capital na alienação de bens do ativo permanente através da utilização de norma de cobertura. Fl. 1806DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 19 35 NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO. MULTA. No negócio jurídico indireto, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Estendese ao lançamentos decorrente, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, afastar a preliminar de nulidade por erro na imposição da base de cálculo, vencidos os conselheiros Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Maurício Pereira Faro e KaremJureidini Dias. Por maioria de votos, dar provimento parcial para afastar a multa qualificada, vencido o conselheiro Maurício Pereira Faro que dava provimento integral ao recurso. Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Podemos verificar que, o que caracteriza uma operação como sendo de casa e separa, onde o real intuito das partes é mitigar a tributação do ganho de capital tentando ocultar uma operação de compra e venda seriam: a) as operações são realizadas em curto espaço de tempo, normalmente em horas ou dias; e, b) ausência de propósito negocial – não há motivação lógica e jurídica que a realização de toda reestruturação societária, pois a real intenção é efetuar uma compra e venda. Peço licença para transcrever o trecho do voto do conselheiro Antonio Bezerra Neto onde isso fica bem claro: Recordemos. No caso concreto, foram estruturados em seqüência os atos societários abaixo mencionados, realizados na TATERKA Comunicações S/A: 1) no dia 17/02/2003, a subscrição, pela TBWA Brasil Participações S/C Ltda., de 28.333 ações, ao valor nominal de R$ 1,00 cada uma, pelo valor de R$ 5.500.000,00, ou seja, com ágio de R$ 5.471.667,00, levado a conta de reserva de capital; 2) no dia seguinte, 18/02/2003, a incorporação da dita reserva ao capital e a cisão parcial da companhia, com a versão de ativos aos antigos Fl. 1807DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 36 sócios, Vera Cruz Eventos Ltda. e Dorian Taterka. Notese que fora previamente estipulada a cisão parcial e seletiva da companhia investida, o que fica evidente na leitura do Anexo I à Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 17/02/2003 (fl. 37), que registra a necessidade "de saneamento do seu balanço, mediante a eliminação de ativos que não oferecem perspectivas próprias de retorno dos investimentos ". Diversos negócios, portanto, concatenados em curto espaço de tempo, cujas funções se conjugam para a produção dos efeitos de um negócio de cuja forma se desejou esquivar, exclusivamente por motivos tributários. Por outras palavras, como já se demonstrou as escâncaras, tratouse de um sucessão de negócios jurídicos típicos produzindo um efeito atípico, de fraudar as leis do Imposto de Renda, usando “norma de cobertura” sem propósito negocial algum que protegeria a conduta realizada, isentandoa do pagamento dos tributos devidos, com fins meramente de economia tributária. Propósito Negocial Elemento importante no processo de interpretação do fato para formação da convicção do julgador no sentido de desconsiderar o negócio jurídico com fins meramente de economia tributável. A esse respeito, dos autos extraio a completa falta do propósito negocial, trilhando a Recorrente o caminho mais complexo. Tais características (realização da operação e curto espaço de tempo e sem propósito negocial) também foram observadas nos casos julgados cuja ementa seguem abaixo transcritas: 1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara / ACÓRDÃO 108 09.037 em 18.10.2006 IRPJ e OUTROS EX.: 2001 OPERAÇÃO ÁGIO SUBSCRIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO COM ÁGIO E SUBSEQÜENTE CISÃO VERDADEIRA ALIENÇÃO DE PARTICIPAÇÃO Se os atos formalmente praticados, analisados pelo seu todo, demonstram não terem as partes outro objetivo que não se livrar de uma tributação específica, e seus substratos estão alheios às finalidades dos institutos utilizados ou não correspondem a uma verdadeira vivência dos riscos envolvidos no negócio escolhido, tais atos não são oponíveis ao fisco, devendo merecer o tratamento tributário que o verdadeiro ato dissimulado produz. Subscrição de participação com ágio, seguida de imediata cisão e entrega dos valores monetários referentes ao ágio, traduz verdadeira alienação de participação societária. PENALIDADE QUALIFICADA EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE INOCORRÊNCIA SIMULAÇÃO RELATIVA A evidência da intenção dolosa, exigida na lei para agravamento da penalidade aplicada, há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. O atendimento a todas as solicitações do Fisco e observância da Fl. 1808DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 20 37 legislação societária, com a divulgação e registro nos órgãos públicos competentes, inclusive com o cumprimento das formalidades devidas junto à Receita Federal, ensejam a intenção de obter economia de impostos, por meios supostamente elisivos, mas não evidenciam máfé, inerente à prática de atos fraudulentos IRPJ ATO NEGOCIAL ABUSO DE FORMA A ação do contribuinte de procurar reduzir a carga tributária, por meio de procedimentos lícitos, legítimos e admitidos por lei revela o planejamento tributário. Porém, tendo o Fisco demonstrado à evidência o abuso de forma, bem como a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, cabível a desqualificação do negócio jurídico original, exclusivamente para efeitos fiscais, requalificandoo segundo a descrição normativotributária pertinente à situação que foi encoberta pelo desnaturamento da função objetiva do ato. MULTA QUALIFICADA EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE A evidência da intenção dolosa, exigida na lei para agravamento da penalidade aplicada, há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. O atendimento a todas as solicitações do Fisco e observância da legislação societária, com a divulgação e registro nos órgãos públicos competentes, inclusive com o cumprimento das formalidades devidas junto à Receita Federal, ensejam a intenção de obter economia de impostos, por meios supostamente elisivos, mas não evidenciam máfé, inerente à prática de atos. (ACÓRDÃO 10195552) CARF 1a. Seção / 1a. Turma da 4a. Câmara / ACÓRDÃO 1401 00.155 em 28/01/2010 IRPJ E OUTROS Ganho de Capital ASSUNTO: NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO A simulação existe quando a vontade declarada no negócio jurídico não se coaduna com a realidade do negócio firmado, Para se identificar a natureza do negócio praticado pelo contribuinte, deve ser identificada qual é a sua causalidade, ainda que esta causalidade seja verificada na sucessão de vários negócios intermediários sem causa, na estruturação das chamadas steptransactions. Assim, negócio jurídico sem causa não pode ser caracterizado como negócio jurídico indireto. O fato gerador decorre da identificação da realidade e dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos, e não de vontades formalmente declaradas pelas partes contratantes ou pelos contribuintes. SIMULAÇÃO A subscrição de novas ações de uma sociedade anônima, com a sua integralização em dinheiro e registro de ágio, para subseqüente retirada da sociedade da sócia Fl. 1809DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 38 originária, com resgate das ações para guarda e posterior cancelamento caracteriza simulação de venda da participação societária. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MULTA. No planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64. JUROS SOBRE MULTA. A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei n° 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido, Não procede ao argumento de que somente no caso do parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Isso porque a previsão contida no dispositivo refere se à aplicação de multa isolada sem crédito tributário, Assim, nada mais lógico que venha dispositivo legal expresso para fazer incidir os juros sobre a multa que não torna como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa. MULTA ISOLADA E MULTA ACOMPANHADA DE TRIBUTO. AUSÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA. Por se referirem as inflações distintas, a multa de oficio exigida isoladamente sobre o valor do imposto apurado por estimativa no curso do ano calendário, que deixou de ser recolhido, é aplicável concomitantemente com a multa de oficio calculada sobre o imposto devido com base no lucro real. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, dar provimento parcial ao recurso , nos seguintes termos: I) Por maioria de votos, dar provimento para desqualificar a multa de oficio, reduzindoa de 150% (cento e cinqüenta por cento) para 75% (setenta e cinco por cento), vencida a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa; II) Pelo voto de qualidade, negar provimento em relação à multa isolado vencidos os Conselheiros Alexandre Antônio Alkmim Teixeira (Relator), João Francisco Bianco e KaremJureidini Dias, designado o Conselheiro Antonio Bezerra Neto para redigir o voto vencedor em relação a esta MATÉRIA ; III) Por maioria de votos, negar provimento em relação aos juros de mora sobre a multa de oficio, vencidos os Conselheiros João Francisco Bianco e KaremJureidini Dias; e IV) Por maioria de votos, em relação à manutenção do lançamento, negar provimento ao recurso , vencido o Conselheiro João Francisco Bianco que dava provimento integral, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado, Os Conselheiros Antonio Bezerra Neto e João Francisco Bianco apresentarão declarações de voto. Fl. 1810DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 21 39 Podemos verificar que nos casos acima citados que foram julgados por esse respeitável tribunal administrativo, ficou claro que a real intenção das partes era de realizar uma compra e venda de participação societária e não uma reestruturação societária. Que no meu entender está correto o entendimentos esposados pelas turmas de julgamento. Feitas essas considerações iniciais, passarei a analisar se no caso que estamos analisando tais condições ocorreram ou não. A questão a ser analisada, é o que levou a Recorrente e seus sócios, a efetuar a reestruturação societária objeto de questionamento por parte da autoridade fiscal. Podemos verificar que a reestruturação societária efetuada pela Recorrenteconsistiu na montagem de um sistema de associação de empresas, “joint venture”, entre as empresas SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, com criação das empresas, SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A (HOLDING), por parte da empresa SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, e ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES S/A, por parte da empresa ELITE INTERNACIONAL BV (CAFÉ TRÊS CORAÇÕES). Como resultado da “joint venture”, a empresa ELITE INTERNACIONAL BV, sócia da empresa CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A, passou a fazer parte do quadro societário da empresa CAFÉ SANTA CLARA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA, como participação de 50% do capital social, juntamente com a empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A, com participação de 50%. Podemos concluir que todos os atos praticados pela RECORRENTE, no tocante aos efeitos fiscais que deles decorrem, estão devidamente regulados e foram todos observados. Nada impede do contribuinte buscar na legislação comercial e societária o caminho que lhe seja mais conveniente, desde que se submeta aos efeitos fiscais decorrentes da opção adotada. Analisando os efeitos de cada um deles, ele pode optar pelo caminho fiscalmente lícito que melhor se ajusta a seus objetivos, aderindo a norma tributária da melhor maneira possível. Além disso, não é fato desconhecido pelos operadores do Direito, bem como administradores empresariais, que a estruturação dos negócios jurídicos, deve ser pautada de modo a arcarse com o menor ônus tributário possível, sendo para isso podem ser utilizadas as formas legais – não vedadas pelo ordenamento jurídico pátrio – é prática comum e corriqueira realizadas pelas empresas em geral, que visam minimizar o impacto dos tributos sobre sua situação financeira, econômica e patrimonial. Na realidade, a boa gestão tributária não se limita a optar por esta ou aquela opção de tributação existente na legislação competente, mas de, efetivamente, elaborar um estudo e traçar estratégias, a fim de propiciar um menor desembolso com o gasto tributário. São casos exemplificativos: opção pelo regime do lucro real ou do presumido, ou ainda pelo Simples (atendidos os limites legais); creditar ou não juros sobre o capital próprio; reavaliar ou não ativos da empresa; depreciar ou não ativos, ou ainda, usar de depreciação acelerada ou não. Dentre outras! Fl. 1811DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 40 No meu entender a Recorrente utilizouse de opção fiscal como ferramenta de gestão estratégica empresarial, o que não é lhe é vedado pelo ordenamento jurídico, muito pelo contrário, tanto não é vedado, que nossa legislação trata como um dever dos administradores de sociedades.1 O particular tem o direito de organizar seus negócios jurídicos da forma que melhor lhe aprouver, sob o aspecto fiscal, eis que o próprio ordenamento jurídico lhe faculta optar por um determinado regime tributário mais benéfico, independentemente de qualquer razão extratributária, a qual, no entanto, no caso presente está presente e era efetivamente necessária, conforme cabalmente comprovado nos autos. Assim resumindo o que se praticou, temos que: Houve Planejamento mais amplo, que envolveu efeitos de ordem Societária, mas que era necessário naquele momento tendo em vista estratégia empresarial de crescimento de participação no mercado de café, e que acabou sendo efetivamente implementado; No que diz respeito à parte tributária, usouse de Opção permitida pela Lei, materializado por escolha dentre duas ou mais OPÇÕES FISCAIS, todas lícitas e vigentes, calcadas em permissão expressa na Lei, sem que houvesse nelas quaisquer lacunas. Desta forma, o contribuinte não pode ser penalizado pelo fato de ter optado pelo caminho que oferecesse menor carga tributária, desde que a operação tivesse o devido propósito negocial, que é o que podemos verificar que houve no caso em concreto. Além do mais em momento algum a autoridade lançadora questionou a validade da distribuição de lucros e redução de capital efetuada pelo RECORRENTE, que na data da operação possuía disponibilidade para efetuar tal pagamento. Desta forma, voto no sentido de dar provimento ao recurso interposto pela Recorrente. (Assinado Digitalmente) Pedro Anan Junior 1Art. 155, da Lei nº 6.404/76, dentre outros. Fl. 1812DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 22 41 DECLARAÇÃO DE VOTO Em que pese o bem fundamentado voto do relator conselheiro, ouso dele dissentir como abaixo exponho. 1) Ausência de fundamentação legal para a autuação Primeiramente é necessário verificar que o auto de lançamento é nulo por ausência de fundamento legal. Da leitura do termo de verificação fiscal percebese claramente que ele se fundamenta na ocorrência de suposta simulação. Para tanto, há a obrigatoriedade da desconsideração da operação ocorrer sob a égide do art. 149, ou então pelo art. 116, parágrafo único, ambos do CTN, ou enfim, com assento em ALGUM dispositivo legal, seja de que diploma for. Todavia, da leitura do auto de infração (fl.4), percebese que não há nele qualquer menção aos referidos artigos, ou a qualquer dispositivo que trate de abuso de forma ou descaracterização do negócio jurídico. Ou seja, houve desconsideração do negócio jurídico SEM RESPALDO EM DISPOSITIVO LEGAL. Vejase o enquadramento legal dado: É de suma importância para o contribuinte saber de que imputação está se defendendo, para poder apresentar sua defesa. No caso, não tendo o auto sequer optado por um dos dispositivos, todos, ou mesmo outro, não há embasamento legal para a desconsideração do negócio formulado, acarretando nulidade diante do incontornável cerceamento de defesa. Verificase o descumprimento do art. 10, inciso IV, do Decreto nº 70.2357 cumulado com art. 59, inciso II, do mesmo diploma legal que assim dispõem: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; Fl. 1813DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 42 III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Nesse sentido, precedentes deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2007, 2008 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA A descrição dos fatos e enquadramento legal incompletos ensejam a nulidade do auto de infração, se resta configurado prejuízo ao direito de defesa da recorrente. CSLL. TRIBUTAÇÃO DECORRENTE DO IRPJ. VINCULAÇÃO AO LANÇAMENTO PRINCIPAL. Igual sorte devem colher os lançamentos decorrentes dos mesmos fatos que ensejaram a lavratura do auto de infração de IRPJ, na medida que inexistem circunstâncias ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. (Acórdão nº 1301001.314, Relator(a) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior) Sendo assim, entendo que ocorre a nulidade do auto de lançamento no ponto, por cerceamento de defesa. 2) Sobre a desconsideração do negócio jurídico lícito, a exigência de lex praevia e o vício de fundamentação “Alguém devia ter caluniado Josef K., visto que uma manhã o prenderam, embora ele não tivesse feito qualquer mal”. A frase vestibular da obra O Processo de Franz Kafka ilustra com riqueza a insegurança e opressão gerada sobre o indivíduo quando não há qualquer amarra de legalidade e previsibilidade entre a acusação (e o processo que a veicula) e aquele sobre o qual recai. É sob essa égide que o tema do planejamento tributário vem sendo tratado no Direito brasileiro, quando autos de infração são lavrados sob o argumento de que a Fl. 1814DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 23 43 operação realizada pelo contribuinte, em que pese formalmente válida, teve como único fim a redução da carga tributária, sem qualquer propósito negocial ou substrato econômico. A partir dessa premissa, o Fisco não busca questionar a legalidade da operação redutora de tributos, mas limitase a desconsiderar as operações realizadas, porque ausentes de outras motivações que não a economia tributária. Utilizandose de termos como ausência de propósito negocial, ausência de substrato econômico, ausência de motivos extratributários, o Fisco passa a tributar operações legítimas. Gostaria de fazer um alerta sobre os perigos de uma tal linha de ação. O apego à lei está na própria razão de ser do Direito Tributário, nascido como foi dos excessos e arbitrariedades na cobrança de impostos, que desaguaram na máxima “no taxation without representation” estampada na histórica Carta de João Sem Terra de 1215. Ou ainda, a vitória da objetividade e da certeza sobre a subjetividade e a incerteza na imposição e cobrança tributárias. Agora vemonos voltando à Idade Média, permitindo que se cobre tributos onde a lei rigorosa e objetivamente NÃO PREVÊ; autorizando que o crédito tributário seja criado a partir não da vontade do Congresso, mas da criação cerebrina de um único sujeito que edita novos fatos geradores, declarada e reconhecidamente SEM previsão pontual em lei, senão que baseados em ilações, analogias e num enunciado geral que autoriza a desconsideração de negócios jurídicos, como se isso bastasse para criar tributo sem previsão em lei. A insegurança daí decorrente é total. E o “ganho” do Fisco daí resultante é um ganho instantâneo que, dado o clima de incerteza que gera, só implica aumento de arrecadação naquele microscópico caso, pois no cenário geral do nível de arrecadação, deteriora as contas do Fisco, pois afugenta toda sorte de investimento. O capital, já se disse, é um animal que se assusta fácil. E foge. Em outras palavras, a aceitação de tal sorte de prática constitui a típica vitória de Pirro, expressão que, aliás, se origina justamente de frase pronunciada pelo general greco Pirro que, após a vitória na batalha de Ásculo com um estrondoso número de baixas disse: “mais uma vitória como essa e estamos perdidos”. Pois assim é com o tratamento dado pela Receita hoje aos planejamentos tributários. O primeiro ponto que está na base do raciocínio das autuações que, como a presente, desconsideram operações LÍCITAS, está em considerar que toda operação que tem como única finalidade reduzir tributos é ILÍCITA. Em outras palavras, o contribuinte não pode objetivar economizar tributos, sendo este um fim em si mesmo. E aí já aflora a primeira incoerência: ora, o Direito Tributário – tal como o Direito Penal – é um direito de DEFESA, constituído para proteção do contribuinte e limitação do Poder do Estado (que não por outra razão se nomina “competência”, terminologia que supõe o Poder recortado e perfeitamente delimitado). Justamente por isso a CF contém um Capítulo nominado “Limitações ao Poder de Tributar”, no qual dispõe que “sem prejuízo de outras garantias” é vedado ao Estado (...), a evidenciar que o rol de garantias é aberto e deseja o influxo de OUTRAS garantias adicionais, em contraste com o rol de “Poderes”, que é numerus clausus. Como já disse TIPKE, “en general puede afirmarse que los funcionarios de Hacienda no tienen el deber de ‘recaudar todos los impuestos posibles’ con cualquier tipo de medios. «El aumento de recaudación no puede ser el estímulo ni la medida del rendimiento del funcionario de Hacienda. Su ideal ha de ser, más bien, el de tutelar el Derecho tributario».” Fl. 1815DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 44 (TIPKE, Klaus. Moral tributaria del estado y de los contribuyentes. Madrid: Marcial Pons, 2002. p. 82) Em outras palavras, fica evidente que o contribuinte possui o direito de pagar o menor tributo possível, dentro da lei. E que ao Estado só é autorizado exigir aquele sacrifício expressamente previsto em lei. Previsto em lei, digase, há de ser entendido como em “lei anteriormente POSTA”, já que o conceito de “lex praevia” é inerente à legalidade e supõe deveres conhecidos PREVIAMENTE à exigência; jamais CRIADOS PARA A EXIGÊNCIA. Como se sabe, a legalidade congrega não apenas uma garantia de certeza (lex certa), senão que também a garantia de que tal norma seja conhecida e compreendida pelo particular previamente à sua exigência (lex praevia), o que impede que por meio da somatória de dois ou mais enunciados se pretenda a criação de um terceiro, não previsto em lei alguma – nem, por isso mesmo, conhecido pelo particular e que redunde na exigência de imposto ou, pior, na imposição de sanção. Tratase de enxergar, no conjunto deôntico conformador do tipo de cada norma expressiva de sanção, também um limite objetivo, de modo a respeitar a relação “se...então” nele contida. E, com isso, impedirse que, da realização de um dado e único suposto (“se”), possam resultar inúmeras consequências, capazes de comprometer sua integridade lógica. À forma dáse a função de garantir a substância do direito, impedindose que no exercício hermenêutico se possa deformar o equilíbrio e o limite contido na relação de causa e consequência, pela adoção de resultado sancionador (final) não previsto em norma alguma (lex praevia).2 No caso, estáse criando a “lei” NO MESMO ATO pelo qual se exige o imposto e se impõe a sanção, o que se evidencia pela circunstância de que a “norma” não existia antes no ordenamento e passou a existir no exato momento de sua formulação pela autoridade lavradora do auto. Não podia ser antes conhecida, nem, consequentemente, poderia obrigar, vincular ou pautar o comportamento de quem quer que seja. Quanto mais para o efeito de se pretender que, do seu descumprimento, pudesse derivar o direito a punir. Mas admitamos – para efeitos meramente argumentativos que a busca pelo menor imposto é ILÍCITA se não acompanhada de um “propósito negocial” subjacente, que vá além da mera decisão de economizar e fazer uso da alternativa mais barata do ponto de vista tributário (de mais a mais um imperativo de qualquer negócio ou empresa, ou mesmo da dinâmica de economia doméstica). Ora, então morram de medo todos os aplicadores da poupança (que nela aplicam para fugir do IR cobrado nos demais investimentos), pois vocês serão os próximos! Morra de medo você, mecânico, eletricista ou marceneiro, que constitui uma empresa e a coloca no SIMPLES para pagar menos tributo. Afinal, suas decisões de investimento e de forma de se organizar juridicamente estão baseadas fundamentalmente na economia tributária delas decorrentes! 2 Por todos, citese a STC 60/1991 de 23 marzo, do Tribunal Constitucional Espanhol, que bem resume o tema: "el principio de legalidad comprende una doble garantía, la primera de orden material y alcance absoluto, referido tanto al ámbito estrictamente penal, como al de las sanciones administrativas, refleja la especial trascendencia del principio de seguridad jurídica en dichos campos limitativos y supone la imperiosa necesidad de predeterminación normativa de las conductas infractoras y de las sanciones correspondientes; es decir, la existencia de preceptos jurídicos (lex previa) que permitan predecir con suficiente grado de certeza (lex certa) aquellas conductas y se sepa a qué atenerse en cuanto a la aneja responsabilidad y a la eventual sanción; la segunda, de carácter formal, relativa a la exigencia y existencia de una norma de adecuado rango, y que este Tribunal ha identificado como la ley en sentido formal, interpretando así los términos legislación vigente del artículo 25 CE." Fl. 1816DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 24 45 Ora, o Fisco só pode aquilo que a lei expressamente lhe autoriza e que, no mais, vige o prestígio à liberdade de iniciativa (valor estampado no artigo 1º da CF) e à propriedade privada (base do sistema capitalista), entendidos como base para o “desenvolvimento nacional” objetivado pelo art. 3º da Carta, a balizar nossa Ordem Econômica, na forma do art. 170. É ilícito, cobrar MAIS do que aquilo que a lei expressamente prevê, especialmente quando isso é feito sem que as regras do jogo sejam dadas a conhecer ANTES do ato que obriga e pune (lex praevia) o comportamento (vide arts. 105 e 106 do CTN). Mas, evoluindo na análise do caso, o que se vê é que, em autuações como a presente, não se atenta para o quadro normativo aplicável, isto é, não se perquire em quais situações o Código Tributário Nacional autorizou essa espécie de procedimento de desconsideração do negócio, nem se, na ausência de autorização expressa do Código Tributário Nacional, esse instituto pode ser utilizado. Deve ser questionado se os conceitos de propósito negocial, substrato econômico e fraude à lei tributária, podem ser usados como motivos da autuação, ou se seriam apenas meios para aferir a ocorrência de uma das anomalias para as quais o CTN permite o lançamento. O Nobre Relator faz referência em seu voto ao trabalho coordenado por Luiz Eduardo Schoueri, em 2010. Em referido estudo, os autores analisaram e sistematizaram as decisões do então Conselho de Contribuintes sobre planejamento tributário, procurando identificar o âmago dos critérios utilizados para definir quais seriam os fatores preponderantes para aferição da existência ou não de sua validade. A importância deste trabalho é grandiosa quando levamos em consideração que buscou e conseguiu sistematizar a ratio decidendi de 78 julgados do Conselho, encontrando um fio condutor do pensamento do Conselho para a (des)configuração do propósito negocial. Todavia, como adverte em suas conclusões, citadas inclusive pelo Nobre Relator: b) A desconsideração dos fatos tais como descritos pelos contribuintes se dá de forma direta, a partir da constatação de que os negócios jurídicos praticados não correspondem à realidade. Contudo, em muitos casos, o critério relevante para desconsiderálos foi a falta de motivos extratributários para as estruturas negociais. Não está claro se o Conselho de Contribuintes considera a falta de motivos como critério autônomo para invalidar o planejamento, ou se o emprega como indício de simulação; (SHOUERI et al, 2010, p. 440). Como bem apontado por Schoueri, é sobre este tema que o Conselho deveria se pronunciar: a ausência de critérios extratributários é suficiente para invalidar o planejamento tributário? Não sendo, pode ser utilizada como indício de simulação? Sendo usada como indício, é suficiente para desconsideração de planejamentos tributários por outras “patologias” que não a simulação, o dolo e a fraude? Para tanto, não se pode investigar tais questionamentos à luz unicamente da jurisprudência, senão que à luz da legislação tributária. Decorre do próprio Estado Democrático de Direito, que dispôs em seu artigo 5º, inciso II, da CF/88 que determina que “ninguém será Fl. 1817DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 46 obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. A legalidade encontra nova especialização no âmbito tributário ao determinar, em seção referente às limitações ao Poder de Tributar, que é vedado aos Entes Tributantes “exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. Fora da legislação, portanto, não há como se permitir que o Fisco desconsidere qualquer negócio jurídico válido, para fins de efetuar a exigência tributária. Dito isso, necessário afirmar que não se pode aceitar que uma desconsideração de negócio jurídico se dê de qualquer forma que não decorra da Lei. Sequer como defendem alguns autores, com base em princípios como da capacidade contributiva ativa e no princípio da solidariedade. Tais princípios têm e devem ter suas vigências observadas enquanto normas programáticas, mas jamais podem ser usados como base para a própria CRIAÇÃO de NOVOS fatos geradores não previstos PONTUALMENTE em lei (tipicidade cerrada). Exposto esse questionamento, é necessário indagar quando a legislação tributária permite a desconsideração do negócio praticado. Nesse ponto, é evidente que a validade dos atos ou negócios jurídicos realizados pelo contribuinte representam um limite à sua liberdade fiscal. O artigo 149 do CTN, em seu inciso VII, previu que o lançamento será feito de ofício pela autoridade administrativa quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação. A prática do ilícito com o intuito de evitar a tributação é que se chama de evasão tributária. Contrapondose à evasão, historicamente, a doutrina cunhou o termo da elisão fiscal, conceituada como “os atos ou omissões destinados a evitar, reduzir ou retardar o envolvimento do indivíduo na relação tributária, mediante a utilização de meios legalmente permitidos e sem que haja ‘divergências abusivas entre a forma jurídica adotada e a realidade econômica visada pelas partes”.3 A elisão, portanto, é lícita, e mesmo quando praticada com o único fim de evitar a tributação, não poderia ser objeto de revisão fiscal, salvo se expressamente previsto na Lei, nas chamadas normas antielisivas. Entre esses dois polos surgiu, à luz da doutrina estrangeira, a figura da elusão tributária, correspondente àqueles atos que, embora revestidos das legalidades formais, são praticados através de artifícios irreais, com intuito de contornar regras tributárias. Como referido por Heleno Taveira Tôrres, seria “o fenômeno pelo qual o contribuinte usa de meios dolosos para evitar a subsunção dos negócios praticados ao conceito normativo do fato típico e a respectiva imputação dos efeitos jurídicos, de constituição da obrigação tributária”4. Tratase de situação sui generis. O contribuinte não vem afrontar diretamente a lei tributária, como no caso da evasão, pois o negócio jurídico trazido a lume é válido formalmente. Ocorre, entretanto, que a motivação do contribuinte não encontra correspondência no substrato do negócio jurídico declarado, mas em outro cujos efeitos lhe interessam. Nesses casos, a figura da elusão permitiria que a administração tributária, embora reconhecendo a legalidade do negócio declarado, conseguisse atingir o âmago do negócio jurídico praticado e exigir a tributação correspondente a esse fato. Justamente por adentrar na seara de aspecto volitivo do contribuinte, é que cada país criou seus próprios mecanismos para sua contenção, geralmente atribuindo a correspondência entre o negócio praticado e declarado pela verificação de indícios 3 GERMANO, Livia de Carli. Planejamento Tributário e Limites para a Desconsideração dos Negócios Jurídicos. Editora Saraiva, 2013. 4 TÔRRES, Heleno Taveira. Limtes ao Planejamento tributário – normas antielusivas (gerais e preventivas) – a norma geral de desconsideração de atos ou negócios do direito brasileiro. In: Marins, James (Coord.). Tributação e Antielisão. Curitiba: Juruá, 2003, p. 40 Fl. 1818DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 25 47 econômicos que motivassem o negócio jurídico, como é o caso das normas antielusivas do Direito Português5 e Espanhol6, bem como a Economic Substance Doctrine do Direito Americano. É importante notar que, na Espanha e em Portugal, tal disposição normativa não concorre com a ocorrência de simulação, que é instituto albergado em outro dispositivo dos referidos diplomas.7 8 O legislador pátrio, sabedor de que o lançamento de ofício previsto no art. 149 do CTN não alcançaria aquelas operações nas quais o contribuinte buscasse contornar, através de meios lícitos, a ocorrência do fato gerador, buscou introduzir norma que permitisse tal tributação. Assim, por meio da Lei Complementar nº 104/2001, que introduziu o parágrafo único do art. 116 do CTN, introduziu a figura da desconsideração do negócio jurídico praticado para dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Todavia, condicionou que tal desconsideração deveria obedecer aos procedimentos a serem obedecidos em lei. Na tentativa de regulamentar tais procedimentos, o Governo Federal apresentou a Medida Provisória nº 66/02 que, em seu artigo 14, expressamente determinava que: Art. 14. São passíveis de desconsideração os atos ou negócios jurídicos que visem a reduzir o valor de tributo, a evitar ou a 5Lei Geral Tributária (DecretoLei n.º 398/98). Artigo 38.º Ineficácia de actos e negócios jurídicos (...) 2 São ineficazes no âmbito tributário os actos ou negócios jurídicos essencial ou principalmente dirigidos, por meios artificiosos ou fraudulentos e com abuso das formas jurídicas, à redução, eliminação ou diferimento temporal de impostos que seriam devidos em resultado de factos, actos ou negócios jurídicos de idêntico fim económico, ou à obtenção de vantagens fiscais que não seriam alcançadas, total ou parcialmente, sem utilização desses meios, efectuandose então a tributação de acordo com as normas aplicáveis na sua ausência e não se produzindo as vantagens fiscais referidas. 6 Ley General Tributaria (Ley 58/2003) Artículo 15. Conflicto en la aplicación de la norma tributaria. 1. Se entenderá que existe conflicto en la aplicación de la norma tributaria cuando se evite total o parcialmente la realización del hecho imponible o se minore la base o la deuda tributaria mediante actos o negocios en los que concurran las siguientes circunstancias: a) Que, individualmente considerados o en su conjunto, sean notoriamente artificiosos o impropios para la consecución del resultado obtenido. b) Que de su utilización no resulten efectos jurídicos o económicos relevantes, distintos del ahorro fiscal y de los efectos que se hubieran obtenido con los actos o negocios usuales o propios. 2. Para que la Administración tributaria pueda declarar el conflicto en la aplicación de la norma tributaria será necesario el previo informe favorable de la Comisión consultiva a que se refiere el artículo 159 de esta ley. 3. En las liquidaciones que se realicen como resultado de lo dispuesto en este artículo se exigirá el tributo aplicando la norma que hubiera correspondido a los actos o negocios usuales o propios o eliminando las ventajas fiscales obtenidas, y se liquidarán intereses de demora, sin que proceda la imposición de sanciones. 7 Ley General Tributaria (Ley 58/2003) Artículo 16. Simulación. 1. En los actos o negocios en los que exista simulación, el hecho imponible gravado será el efectivamente realizado por las partes. 2. La existencia de simulación será declarada por la Administración tributaria en el correspondiente acto de liquidación, sin que dicha calificación produzca otros efectos que los exclusivamente tributarios. 3. En la regularización que proceda como consecuencia de la existencia de simulación se exigirán los intereses de demora y, en su caso, la sanción pertinente. 8 Lei Geral Tributária (DecretoLei n.º 398/98) Artigo 39.º Simulação dos negócios jurídicos 1 Em caso de simulação de negócio jurídico, a tributação recai sobre o negócio jurídico real e não sobre o negócio jurídico simulado. Fl. 1819DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 48 postergar o seu pagamento ou a ocultar os verdadeiros aspectos do fato gerador ou a real natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. § 1º Para a desconsideração de ato ou negócio jurídico dever seá levar em conta, entre outras, a ocorrência de: I falta de propósito negocial; ou II abuso de forma. § 2º Considerase indicativo de falta de propósito negocial a opção pela forma mais complexa ou mais onerosa, para os envolvidos, entre duas ou mais formas para a prática de determinado ato. § 3º Para o efeito do disposto no inciso II do § 1, considerase abuso de forma jurídica a prática de ato ou negócio jurídico indireto que produza o mesmo resultado econômico do ato ou negócio jurídico dissimulado. Vejase que a Medida Provisória nº 66/02, expressamente afirmou que, tanto a ausência de propósito negocial, quanto o abuso de forma, são meios para analisar e presumir que a vontade declarada está em descompasso com a vontade real e permitir a desconsideração do negócio jurídico praticado, para tributar o negócio jurídico pretendido intimamente pelo contribuinte. Ocorre que a tentativa de internalização desses procedimentos no ordenamento pátrio não foi efetuada, devido à rejeição da proposta governamental, em 2002, pelo Parlamento. Ou seja, a figura da desconsideração de negócio jurídico formalmente válido não é permitida no ordenamento jurídico brasileiro, porquanto o art. 116, parágrafo único, não possui vigência, eficácia ou validade à falta de lei regulatória. Nesse sentido, Ives Gandra da Silva Martins afirma que “não há, pois, no direito tributário brasileiro, regido pelo princípio da estrita legalidade, tipicidade fechada e reserva absoluta da lei tributária, a figura desconsiderativa, nem o princípio de que à falta de propósito negocial, o planejamento fiscal, que apenas objetive reduzir a carga tributária UTILIZANDOSE DO INSTRUMENTO LEGAL EXISTENTE, seja ilegal”. 9 Cotejando os artigos 149 e 116 do CTN percebese a diferença de seus alcances. A simulação, a teor do art. 167 do diploma civil, ocorre quando os negócios jurídicos aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira, ou quando os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. No caso do art. 116, esses requisitos não são observados. Tratase de permissão de desconsideração quando os fatos reportados e declarações são verdadeiros, ou seja, não se está operando no âmbito da veracidade, mas no âmbito da vontade, da causa. E é justamente essa a grande novidade que veio trazer a norma prevista no art. 116 do CTN. O artigo 149 permitia o lançamento de ofício com base na simulação: ou seja, permitia desconsiderar atos que, em que pese declarados, não eram verdadeiros. Já o artigo 116 veio a permitir que aqueles atos que, declarados e existentes de fato, só ocorreram para contornar uma outra situação que exigia tributação mais elevada. 9 MARTINS, Ives Gandra da Silva. Grandes Questões em Discussão no CARF Fl. 1820DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 26 49 Vejase que é justamente esse o substrato da presente autuação, conforme Item 3.2 fl. 14, do Termo de Verificação Fiscal “É sabido que o fato de cada uma das transações isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando resta comprovado que os atos praticados tinham intuito diverso daquele que lhes é próprio, pois no âmbito do direito tributário, o negócio jurídico formal, mesmo que devidamente estruturado com base na lei das sociedades por ações, não pode prevalecer se não representar o fato real ocorrido, quando este é tipificado como fato gerador do imposto de renda. É com foco nesse contexto, que passamos a descrever as principais etapas percorridas no Planejamento Tributário engendrado, o qual objetivou o afastamento da caracterização do negócio jurídico de compra e venda”. É interessante notar que ABERTAMENTE a autuação se dá com base no art. 116 do Código Tributário Nacional, embora tal artigo não seja elencado nos fundamentos da autuação, motivo pelo qual a fiscalização o utiliza, de maneira indireta, albergada pelo conceito de simulação. É o que se depreende, por exemplo, ao se referir: Item 1, fl. 9, “Para tanto (fugir da tributação do IRGC) os vendedores arquitetaram um planejamento tributário absolutamente contrário aos interesses do Fisco...” Item 3.2, fl. 14 “...visualizase uma série de atos praticados encadeadamente, tudo no sentido de consignar legitimidade entre aquilo que almejavam de fato (contrato de compra e venda) e aquilo que deixara contabilmente registrado apenas formalmente, mas não substancialmente” Item 3.2 item I, fl. 15 ao referir que a criação de empresa Laguna Participações, não “parece” ter propósito negocial, além de servir como instrumento para o negócio (venda) que os compradores e vendedores tinham em vista. Item 4, fl. 30, quando refere ser “importante lembrar que a liberdade de autoorganização não endossa a prática de atos sem motivação de negócio sob o argumento de exercício de planejamento tributário”. Percebese, portanto, que quem acaba por incidir em dissimulação é a própria autuação, pois apesar de tratarse de auto de infração verdadeiro e formalmente hígido com base no art. 149, na verdade esconde uma autuação com base no art. 116, parágrafo único, do CTN. Ou seja, sempre se concordou que a operação obedeceu a todas as formalidades, mas, utilizando método de aferição (propósito negocial) cuja internalização foi rechaçada pelo Parlamento, defende que tal operação não teve motivação, sendo usada unicamente para evitar a tributação incidente sobre uma compra e venda direta. Em tais situações é impossível cogitar da desconsideração, posto que demandaria a aplicação do art. 116, parágrafo único, do CTN que, como vimos, não possui eficácia enquanto pendente de regulação. Nesse sentido já decidiu o CARF: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2006, 2007, 2008 SIMULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. A utilização de uma empresa componente do grupo (Subsidiária integral) para a organização de negócios e a válida implementação da estrutura análoga às dos “correspondentes bancários” (Resolução BACEN no 3.110/2003 e 3.954/2011), mesmo que essa não possua estrutura própria, não se mostra suficiente para presumir a ocorrência de fraude. O reconhecimento da existência de “objetivo negocial” Fl. 1821DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 50 não está atrelado à existência de empregados, escritórios ou demais elementos materiais, mas sim, de sua efetiva presença e atuação nos negócios considerados, o que efetivamente restou validamente comprovado nos autos. A caracterização de simulação, na presente vertente, sem a necessária configuração das hipóteses próprias do art. 167 do Código Civil, somente seria possível com a aplicação das disposições do parágrafo único do Art. 116 do CTN, o que, atualmente por falta de específica regulamentação , não pode ser promovido pelos agentes da fiscalização fazendária. (Acórdão: 1301001.356; Relator: Carlos Augusto de Andrade Jenier) Sendo assim, por todos esses fundamentos, entendo que merece ser cancelada a autuação. 3) Ad argumentandum: a verificação do propósito negocial à luz de uma possível qualificação de “simulação”, à luz do art. 149 do CTN Mas mesmo considerando que a conduta imputada pelo agente ao contribuinte pudesse ser qualificada como a de simulação, e não a de dissimulação; e mesmo considerando que o propósito negocial seja via possível para aferição da ocorrência ou não da patologia, igualmente não prosperam as razões da autuação. Como se viu, a conduta simulada caracterizase quando a operação noticiada de fato não ocorreu. Para a fiscalização, a documentação trazida denota que os sócios da empresa Santa Clara Indústria e Comércio transferiram por alienação, em 29/12/2005, 50% de suas cotas para a empresa Elite Internacional, por intermédio de empresas veículo criadas. Os fatos e documentos demonstrariam que o grupo StraussElite teria adquirido as respectivas cotas no valor de R$ 215.500.000,00 (fl. 1706). Com tal argumento, a autoridade fiscal desconsiderou o negócio de joint venture e as operações que o antecederam, como se tal operação tivesse como único objetivo permitir a transferência desses ativos. A doutrina do propósito negocial (businesspurpose doctrine) teve início em 1935, no leading case denominado Gregory v. Helvering, no qual a Suprema Corte analisou operação realizada pela Sra. Gregory, com o intuito de verificar a existência de “substância” nessa operação. A contribuinte detinha empresa chamada United Mortgage Corporation que, por sua vez, detinha 1.000 ações de uma outra empresa, a Monitor Securities Corporation, que a contribuinte pretendia negociar. Com o intuito de minorar a tributação, a contribuinte criou uma quarta empresa, a Averril Corporation e alguns dias depois, transferiu as 1.000 ações da Monitor para a Averril. Logo em seguida, a contribuinte dissolveu a Averril, liquidando os ativos dessa nova empresa, transferindoos para si mesma, ensejando a aplicação de norma específica que previa a isenção nos casos em que determinada empresa distribuísse a seus acionistas quotas que detinha de outra empresa, objeto de reestruturação societária. A Suprema Corte pretendeu então analisar a causa do referido negócio, para verificar se a Averril foi utilizada com o único escopo de viabilizar o tratamento tributário. Nesse sentido, referiu que a empresa criada e logo dissolvida teria servido de mero instrumento criado com o escopo único de viabilizar o tratamento benéfico concedido a tais organizações societárias. Fl. 1822DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 27 51 Estimulada por tal precedente, a jurisprudência administrativa brasileira passou a se utilizar do conceito referido, valendose de diferentes nomenclaturas (como motivações extratributárias, propósito negocial, substância sobre a forma) e consolidando alguns aspectos que são levados em consideração para verificação da validade da operação, tais como assentado por Schoueri: Se a operação teve outros motivos extratributários. Se as operações são realizadas com pouco intervalo entre cada rodada de decisões, de forma que as operações realizadas não cheguem a surtir efeitos, até que uma próxima operação sobrevenha, denotando a irrealidade da operação. Ausência de interdependência entre as partes, que configura a ausência de efeitos econômicos perante terceiros. Anormalidade das operações realizadas, que destoam da rotina empresarial da sociedade. Vejase, entretanto, que o teste do propósito negocial, tendo em vista a validade dos negócios realizados, é medida de caráter negativo, isto é, é necessário que a autuação prove a ausência do substrato. Assim, condições como o lapso temporal, anormalidade das operações, ausência de interdependência, são meros indícios, não valendo, por si só, para afastar a higidez das operações. Verificado que a forma utilizada prestouse para a consecução dos objetivos propostos, não há como não reconhecer o propósito negocial. No caso, tanto a fiscalização DEIXOU de demonstrar e comprovar a ausência de substrato, quanto é facilmente verificável pela prova carreada aos autos a EXISTÊNCIA de um propósito negocial e a utilidade dos meios empregados para a consecução dos fins almejados. A operação analisada referese à sucessão de operações societárias realizadas entre Grupo Santa Clara e Grupo Strauss Elite, que resultaram na transferência de 50% das contas da Sociedade Santa Clara Industria e Comércio de Alimentos Ltda, para a Empresa Elite Internacional BV, em 29/12/2005. E noticia o contribuinte que a organização societária decorre da criação de uma joint venture com participação societária igualitária de 50% do Grupo Santa Clara e 50% Grupo Strauss Elite. O nítido propósito negocial e substrato econômico da operação realizada pode ser objetivamente comprovado mediante comparativo entre as situações inicial e final da operação realizada: Situação inicial (em 09/12/2005): Fl. 1823DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 52 ESTRUTURA ORIGINAL PRL Santa Clara Ind. e Com. (SCI) Elite Internacional Elite do Brasil Café 3 Corações 100% 72% 3X9,33% Com a criação de uma joint venture (em 30/06/2007). ESTRUTURA FINAL PRL Santa Clara Ind. e Com. (SCI) Elite Internacional Café 3 Corações Vejase que não houve mera operação de compra e venda. Na compra e venda há interesses antagônicos entre parte compradora e vendedora: uma quer vender, outra quer comprar, por preços díspares, tentando maximizar suas vantagens pessoais. Uma vez realizada a operação, ambas as partes seguem alijadas de interesses em comum, seguindo cada qual apenas com as partes a que cada uma pretendeu. No caso em análise, ao contrário, verificase desde o início o total alinhamento entre os interesses das partes em transformar o negócio, como efetivamente o fazem. É o que se poderia denominar de prova matemática da boa sociedade – a prova de que o affectio societatis efetivamente existe. Isso se dá quando a união de forças gera um resultado SUPERIOR à simples soma de talentos. A Sociedade incontestavelmente REAL E PROFÍCUA é aquela em que 2 + 2 não são 4, mas 5 ou 6. Esta é a JUSTIFICATIVA OBJETIVA DA EXISTÊNCIA DO PROPÓSITO NEGOCIAL. No caso, a união de esforços do Grupo Santa Clara e Grupo Strauss Elite criou um novo grupo com muito mais potencial de faturamento, geração de empregos e penetração de mercado. As informações trazidas pelo Recorrente em memorais comprovam de forma contundente a existência de propósito negocial à luz do critério objetivo e matemático por nós adotado: 2005 – Antes da Joint Venture Pós Joint Venture Santa Clara Três Corações 2012 Fl. 1824DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 28 53 Patrimônio líquido 107 44 309 Faturamento 527 112 2.235 Nº de empregados 1.831 271 4.038 Nº de Estabelecimentos 16 6 32 Participação no Mercado 8,30% 3,20% 20,50% Analisando o faturamento da empresa nos 5 anos que posteriores à operação, temos (fls. 1746): 0 500 1000 1500 2000 2006 2007 2008 2009 2010 Faturamento em milhões O crescimento da companhia resultante deixa claro que o objetivo das partes nunca foi a mera troca de ativos, mas sim a formação de um grupo econômico, o que se comprova inclusive pelo fato de que o Grupo Santa Clara, em que pese tenha permanecido com seus supostos “vendedores” na direção do conselho administrativo, modificou seu próprio nome para 3 Corações Alimentos S.A. Vejase que tal argumento encontra respaldo em notícias veiculadas cinco anos após a criação do grupo, como se lê do quanto publicado no Estadão, dia 10/05/2010:10 Durante décadas, o grupo potiguar responsável pelo beneficiamento, industrialização e comercialização de seis marcas de café no País atendeu pelo nome de Santa Clara e reinou absoluto no Norte e Nordeste. Mas a aquisição da mineira 3 Corações, em 2005, mudou a trajetória da empresa. O café 3 Corações cresceu tanto e ficou tão conhecido que o conglomerado decidiu adotálo como marca institucional. O Grupo 3 Corações será oficialmente apresentado hoje aos varejistas e consumidores, na abertura da feira da Associação Paulista de Supermercados(Apas). "Queríamos um nome capaz de consolidar o grupo como marca nacional", diz Pedro Lima, presidente da empresa. Após contratar uma consultoria especializada, a Thymus Branding, ouvir funcionários e consumidores, Lima e seus sócios chegaram à conclusão de que a nova identidade estava dentro de casa. 10 http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,osantaclaravirou3coracoesimp,549405 Fl. 1825DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 54 Quando entrou na 3 Corações, a partir de uma joint venture com o grupo israelense Strauss, dono da marca, a intenção de Lima era clara: chegar à região Sudeste. Não só conseguiu o objetivo, como colocou a 3 Corações, fundada no município de Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte, na liderança do mercado nacional, com 19,8% de market share, disputado xícara a xícara com a americana Sara Lee, dona do café Pilão, segundo a consultoria Kantar Worldpanel. "Quando chegamos a São Paulo, a 3 Corações detinha 1% do mercado local; hoje temos 15%", diz Lima. A expansão da empresa, há 20 anos mantida num ritmo superior aos dois dígitos, se deve, segundo Lima, às ações nas áreas de marketing, logística e operações. O Grupo 3 Corações, que transferiu sua sede de São Miguel, no interior do Rio Grande do Norte, para Fortaleza, conta com quatro mil funcionários, sete fábricas, três beneficiadoras de grãos verdes e 23 centros de distribuição próprios. Atualmente, seus produtos são vendidos em cerca de 95 mil pontos de venda, chegando a uma receita de R$ 1,45 bilhão em 2009 Analisando o site da Sociedade, percebese que a gestão é totalmente partilhada entre os dois grupos:11 11 http://www.3coracoes.com.br/companhia/governancacorporativa/acionistasconselho.php Fl. 1826DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 29 55 Resta plenamente demonstrado que o intuito, a causa do negócio jurídico, jamais foi uma simples operação “casa e separa” visando à venda. Após quase dez anos de casamento, as empresas permanecem unidas e vão gerando frutos que sozinhas não gerariam, como bem espelha a multiplicação de marcas gerada a partir da joint venture (conforme foto do memorial abaixo): Para que houvesse a ocorrência da simulação, o teste do propósito negocial deveria aferir que a operação societária realizada não foi condizente com a declarada. Não há como sustentar a ocorrência de compra e venda quando a empresa, graças à união de esforços, aumentou seu faturamento, alargou seu market share e ainda dirige o negócio de forma conjunta. E diante do evidente substrato econômico da operação, é despropositado perquirir se seus passos transcorreram em breve lapso de tempo ou mesmo mediante o uso de empresas veículo (de mais a mais um imperativo para se garantir segurança jurídica às partes). 4) Da base de cálculo do imposto apurado: vício insanável – irretroatividade e ato jurídico perfeito No item 5.3, do Termo de Verificação, a autoridade fazendária trata da forma pela qual os valores supostamente pagos pela Elite do Brasil teriam passado para as mãos dos sócios da Santa Clara Ind. e Com. Segundo a fiscalização, a base de cálculo seria equivalente às parcelas de a) distribuição de lucros, b) redução de capital, c) resgate de ações, cujos dados passo a reportar: a) Em relação aos dividendos: Em ata de reunião de quotistas da Santa Clara Ind e Com, realizada em 28/12/2004, foi deliberada a distribuição de dividendos, mediante depósito em conta corrente Fl. 1827DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 56 de quotistas, referentes aos lucros acumulados dos exercícios de 1999 até aquela data, fazendo jus à quantia de R$ 2.500,00 para cada irmão (fl. 35): Em ata de Reunião de SóciosCotistas da Santa Clara Ind e Com realizada em 31/1/2005, às 09h, foi deliberada a distribuição de lucros, mediante a entrega de moeda corrente, no valor total de R$ 1.637.024,75, formados no exercício de 2004 (fl. 35): Em AGO da PRL Participações e Empreendimentos S.A, realizada em 29/04/2005, às 11h, foi deliberada a distribuição de dividendos na importância total de R$ 175.727,28 (fl. 35). Seis meses depois, em Ata de Reunião de SóciosCotistas da Santa Clara Ind. e Com., foi deliberada a distribuição de lucros, mediante a entrega de moeda corrente, no valor total de R$ 864.895,61 (fl. 35), formados no exercício de 2003: Em ata de reunião de sócios da Santa Clara Ind e Com. Realizada em 9/12/2005, às 18h, foi deliberada a distribuição de dividendos, na importância total de R$ 27.894.000,00, contabilmente registrados na conta “Lucros Acumulados” formados em exercícios sociais encerrados até 31 de dezembro de 2004, e lucro do anocalendário de 2005, constante do balanço encerrado em 30/11/2005. Ata de 9/12/2005 Valor (R$) Pedro Lima 1.387.293,33 Paulo Lima 1.387.293,33 Fl. 1828DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 30 57 Vicente Lima 1.387.293,34 PRL 23.732.120,00 Tais valores foram somados, juntamente aos saldos de dividendos a receber em 2004 e 2005, constante nas respectivas DIRPFs, chegandose aos seguintes valores de Lucros/Dividendos efetivamente recebidos no ano da venda: Pedro Lima R$ 2.527.394,88 Paulo Lima R$ 1.865.960,93 Vicente Lima R$ 1.870.690,35 b) Em relação à redução do capital Em 09/12/2005, os sócios da Santa Clara Ind. e Com. Através da 65ª Alteração Contratual, decidiram reduzir o Capital Social totalmente integralizado, de R$ 63.545.048,25 para R$ 15.673.023,87, uma redução, portanto, de R$ 47.872.024,38, por considerálo excessivo às necessidades operacionais da sociedade (fl. 36). A diminuição do capital social levou à restituição dos seguintes valores para Pedro, Paulo e Vicente Lima, bem como para a PRL, empresa controlada pelos irmãos: PRL 34.467.857,55 Pedro Lima 4.468.055,61 Paulo Lima 4.468.055,61 Vicente Lima 4.468.055,61 Considerando que tal redução importou na diminuição da participação de cada sócio, com o resgate em dinheiro das seguintes rubricas, que englobaram ainda o recebimento de lucros (R$ 898.283,33 para cada), juros sobre capital próprios (R$ 2.368.383,33 para cada) e o crédito decorrente de adiantamento (R$ 406.626,00) para futuro aumento de capital (fls. 339), que somado aos R$ 4.468.055,61 supra referidos da redução de capital social, chegarseia a seguinte totalização por irmão: Pedro Lima 8.121.555,58 Paulo Lima 8.141.348,27 Vicente Lima 8.141.348,27 Fl. 1829DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 58 Segundo o termo de verificação fiscal, referida quantia foi repassada através de depósito via TED, ocorrido e 29/12/2005, em conta conjunta que os irmãos possuem no Banco do Brasil, no valor total de R$ 24.404.252,12 (fls. 410). c) Em relação ao resgate de ações. Em 29/12/2005, os sócios da Santa Clara Participações aprovaram o resgate de 10.199,183 ações ordinárias de propriedade dos irmãos Pedro, Paulo e Vicente, ficando acertado que o pagamento seria realizado através da transferência do montante total de R$ 54.927.890,00, divididos proporcionalmente para cada um (fl. 37). Somando as quantias definidas, a TED de 29/12/2005 teria depositado um valor total de 44.927.890,32 (fls. 37). A diferença de 10.000.000,00, entre o valor acertado do resgate de ações e o valor depositado, foi contabilizado como crédito dos irmãos na Santa Clara Participações, para fazer frente a eventuais provisões contábeis que poderiam ser apontadas pelos auditores da Elite. De tal depósito via TED, caberia a cada irmão uma quantia de 14.975.963,77 a título de resgates de ações (fls. 37). Sendo assim, a fiscalização entendeu que cada um dos irmãos teria recebido da Santa Clara, no dia da suposta venda, um total de R$ 20.342.302,72, referente a R$ 898.282,33 a título de Lucros distribuídos, R$ 4.468.055,61 a título de Redução de Capital e R$ 14.975.963,78 à título de Resgate de ações. A fiscalização, então, apresenta o cálculo do ganho de capital que entenderia correto e que foi efetivamente lançado. Assim discorre: “tendo a Santa Clara Ind. e Com, em 29/12/2005, um Capital Social de R$ 99.179.871,11, podese dizer que metade da empresa (R$ 49.489.935,56) foi vendida por R$ 215.000.000,00, gerando assim, um Ganho de Capital de R$ 165.910,064,40, (...)temos que o ganho de capital relativo à participação Direta de cada irmão na Santa Clara Ind. e Com. (12,82%) foi de R$ 20.377.074,12 (fls.37). Percebese, portanto, que a autuação procedeu a uma conta de chegada, para apurar, entre os valores recebidos pelo autuado e seus irmãos, no período que antecedeu a joint venture, uma quantia que estivesse “próxima” ao que entende ser o valor devido a título de ganho de capital. Utiliza para tal conta de chegada as duas TEDs que foram depositadas em 29/12/2005: Valor Total Valor Individual Composição Individual R$ 898.283,33 – Distribuição de Lucros TED 1 (fls. 338/339) R$ 24.404.252,12. RS 8.141.348,27 R$ 2.368.383,33 Juros Sobre Capital Próprios Fl. 1830DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 31 59 R$ 406.626,00 Crédito decorrente de Adiantamento R$ 4.468.055,61 Redução de Capital Social Valor Total Valor Individual Composição Individual TED 2 (fls. 340/341) R$ 44.927.890,32 RS 14.975.963,78 R$ 14.975.963,78– Resgate de ações Ora, se a distribuição de lucros é considerada simulada, então todas as mesmas deveriam ser consideradas pela fiscalização. Pinçar somente algumas para o efeito de dar “lógica” e “precisão” ao seu cálculo é obviamente inadequado, especialmente porque põe em xeque o fundamento da desconsideração. Da análise da primeira planilha, percebese que a fiscalização, para fazer valer sua conta de chegada, escolhe as rubricas referentes à distribuição de dividendos e redução do capital social, sem fazer qualquer menção do porque desconsiderou os valores referentes ao JSCP e do Crédito decorrente de Adiantamento. Os JSCP, como sabemos, são retidos na fonte quando do seu pagamento. Mas ainda assim, não houve justificativa para a não inclusão dos valores a esse título ou daquele referente crédito decorrente de adiantamento, restando evidente que o Fisco procedeu a uma conta de chegada para respaldar a autuação. E mais importante. Em que pese tenha equivocadamente desconsiderado o negócio jurídico realizado, é certo que a fiscalização levou em consideração para apuração da base de cálculo, valores que decorreram de operações anteriores àquela reputada simulada e que, portanto, são inalcançáveis pelo lançamento. Vejamos: Operações Realizadas antes de 29/12/2005 Operações Realizadas em 29/12/2005 Base da tributação: R$ 5.366338,94 Base da Tributação R$ 14.975.963,78 09/12/2005 65ª Alteração Contratual, determinou a redução do Capital Social totalmente integralizado. Gerou ao autuado a restituição ao autuado de R$ 4.468.055,61 R$ 898.283,33 – Saldo de Distribuição de Lucros conforme deliberações de 28/12/2004 (fls. 245), 03/01/2005 (fl. 247), 31/10/2005 (fl. 249), 09/12/2005 (fl. 251), na forma descrita na alínea a. Resgate de Ações – deliberado em assembleia em 29/12/2005 – no valor 14.975.963,78 Fl. 1831DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 60 Ainda, no tocante aos dividendos, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal, foi deliberada a distribuição de lucros acumulados no valor de R$ 2.527.394,88 (fls. 245/251). Ou seja, ao longo do ano a Sociedade decidiu que tais valores seriam distribuídos aos sócios. De acordo com os comprovantes juntados (Recibos de distribuição de lucros) às fls. 256 a 391, temos que houve a distribuição de dividendos, em diversos períodos do ano, cuja soma alcançou quantia maior do que os R$ 898.283,33, recebidos pelo contribuinte em 29/12/2005 (fl. 310) e que foram utilizadas como referência pela autuação. Vêse que a sociedade, em decisão que só a ela traz efeitos, decidiu distribuir um determinado valor a título de dividendos, o que foi devidamente registrado nos seus atos societários. Realiza esses pagamentos ao longo do ano, o que foi devidamente documentado. Mas, pelo fato de um determinado valor ter sido pago no dia 29/12/2005, por mais uma discricionariedade da empresa, o Fisco desconsidera tal pagamento, para afirmar ser este um recebimento em decorrência de uma compra e venda. Se tal quantia fosse repassada ao sócio uma semana antes, ou uma semana depois, haveria diferença para fins de descaracterização do ato jurídico praticado? Para o Fisco, sim, pois do contrário, não poderia ter “pinçado” dentre um universo de pagamentos um único pagamento para entender ser este decorrente do um recebimento a título de uma alienação societária. Vejase, portanto, que o Fisco utilizou um ato que já estava consolidado no tempo para apurar o tributo e, sem justificativa, desconsiderou outros tantos. Aqui, entendo que há um ponto que deva ser mais bem explorado. o desconsiderar o negócio jurídico, a fiscalização entendeu que todos aqueles valores recebidos a título de dividendos, bem como de redução do capital social cujo pagamento ocorreu em 29 de dezembro de 2005, seriam valores retirados pelos sócios, a título da venda das quotas da Santa Clara Ind. e Com. Ocorre que tais valores decorrem de ATOS PRATICADOS em momentos anteriores à etapa supostamente simulada e dizem respeito a decisões societárias PRÉVIAS à joint venture firmada posteriormente, dizendo respeito às próprias sociedades e aos sócios que os praticaram. Para tanto, necessário que se tome por base o desenrolar dos fatos, conforme se lê no voto do Nobre Relator: SITUAÇÃO INICIAL A sociedade empresária SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, constituída pelos sócios PEDRO ALCÂNTARA REGO DE LIMA (12,282%), PAULO TARSO REGO DE LIMA (12,282%), VICENTE DE PAULA REGO DE LIMA (12,282%) e PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A (63,162%), sendo que a PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A era composta pelos três irmãos Lima, PEDRO, PAULO e VICENTE, cada um com 33,333% de suas ações. As partes vendedoras constituíram a empresa veículo SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; Fl. 1832DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 32 61 CONSTITUIÇÃO DAS EMPRESAS VEÍCULOS 31/05/2005, foi constituída por Assembleia Geral a empresa ALIMA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A, com sede em São Paulo, tendo como sócios LAGUNA PARTICIPAÇÕES LTDA (a qual se declarou inativa perante a Receita Federal no ano calendário de 2005) e uma PESSOA FÍSICA. O capital social da ALIMA era de R$ 500,00 (quinhentos reais). 9/12/2005, em Assembleia Geral Extraordinária, os sócios da ALIMA decidem “ceder” todas as suas ações para a empresa PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A. Na mesma AGE, foi decidido: a alteração do nome empresarial da ALIMA para SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A; a mudança do objeto social da companhia para incluir também a compra, processamento e venda de produtos de café; o aumento de capital da companhia no valor de R$ 27.675.974,00 mediante a emissão de 27.675.974 novas ações ordinárias no valor nominal de R$ 1,00, mediante conferência à companhia de todas as quotas detidas pelos novos acionistas PAULO, PEDRO e VICENTE, bem como a própria PRL, na SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Notese que aí surge a empresa veículo SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, tendo como sócios PEDRO, PAULO, VICENTE e a PRL PARTICIPAÇÕES. Nesse momento a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A se tornou sócia única da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Na parte das compradoras havia também uma empresa veículo a ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES LTDA, conforme mencionado no Termo de Verificação Fiscal. Ficou, então, constituído que precede à operação de venda. De um lado havia a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A como única quotista da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e, do outro, a ELITE DO BRASIL PARTICIPAÇÕES LTDA. DIA DA OPERAÇÃO (29/12/2005) 29/12/2005 Em AGE realizada, foi aprovado o aumento do capital social na ordem de R$ 122.074.875,00, mediante a criação de 13.428.249 ações ordinárias sem valor nominal, integralizadas pela ELITE INTERNACIONAL BV através de créditos que esta detinha com a própria CAFÉ TRÊS CORAÇÕES. 29/12/2005 Na mesma AGE, foi aprovada a celebração do Contrato de Joint Venture e do Acordo de Acionistas entre a ELITE INTERNACIONAL BV e a PRL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS S/A relativos à SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES. A CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A anuiu a esse Fl. 1833DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 62 contrato na forma de interveniente. 29/12/2005 Por intermédio da alteração do contrato social da ELITE DO BRASIL, houve o aumento de capital da sociedade em R$ 216.028.200,00, pela criação de novas quotas integralizadas totalmente pela sócia ELITE INTERNACIONAL BV mediante 13.855,748 ações ordinárias que detinha na CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A no valor de R$ 76.500.000,00, bem como aporte em dinheiro no valor de R$ 139.528.200,00; 29/12/2005 Em AGE às 14h, a SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A aumentou seu próprio capital social em R$ 17.477.292,00, mediante a criação da mesma quantidade de ações classe “C”. 29/12/2005 A ELITE DO BRASIL, empresa veículo da ELITE INTERNACIONAL BV, integraliza as novas ações da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A pagando R$ 215.500.000,000, mediante o aporte de R$ 139.000.000,00 em moeda nacional e cessão de 13.855.748 ações ordinárias que detinha no capital da CAFÉ TRÊS CORAÇÕES S/A pelo valor de R$ 76.500.000,00. Isso gerou a inserção de R$ 17.477.292,00 no próprio capital social e a constituição de R$ 198.022.708,00 de Reserva de Ágio. A ELITE DO BRASIL é agora acionista da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, a qual é quotista única da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. 29/12/2005, às 19h, esta companhia aprovou o resgate das ações dos três irmãos, extinguindo a “Classe B” de ações, titularizada pelas pessoas físicas, e reduzindo o capital social da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A em virtude da saída dos três sócios. As Classes A e C, titularizadas respectivamente pela PRL e pela ELITE DO BRASIL, foram unificadas, tendo os sócios os mesmos direitos. Ao final do processo a ELITE DO BRASIL, controlada pelos compradores do grupo STRAUSSELITE, e a PRL, controlada pelos vendedores do grupo SANTA CLARA, detinham cada um 50% do controle acionário da SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES S/A, a qual era quotista única da SANTA CLARA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Os três irmãos se retiraram da sociedade recebendo os valores integralizados na SANTA CLARA PARTICIPAÇÕES pelo grupo STRAUSSELITE, Segundo a narração dos fatos, portanto, a realização do ato simulado ocorreu no dia 29/12/2005, quando efetivamente há prática de todos os atos que importaram no início de relação jurídica entre os dois grupos econômicos. Até então, naquilo que foi denominado fase preparatória, não há qualquer vinculação entre as Fl. 1834DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 33 63 partes capazes de macular um ato válido que poderia ser normal e regularmente exercido no contexto das sociedades. Independentemente da questão atinente à possibilidade de desconsideração de operações alegadamente simuladas ou dissimuladas, portanto, o raciocínio desenvolvido na autuação peca por ofensa a cláusulas constitucionais de IRRETROATIVIDADE e proteção aos ATOS JURÍDICOS PERFEITOS. Como ensina o constitucionalista e Ministro do STF Luís Roberto BARROSO12 “a garantia contra a retroatividade da lei prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição, impede que os contratos, mesmo aqueles de trato sucessivo, ou quaisquer outros atos jurídicos perfeitos, sejam afetados pela incidência da lei nova, tanto no que diz respeito à sua constituição válida, quanto no que toca à produção de seus efeitos, ainda que estes se produzam já sob o império da nova lei.” PONTES DE MIRANDA, em Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda nº 1 de 1969, t. V, 1971, p. 102, ensina que “o ato jurídico perfeito, a que se refere o art. 153, § 3° [agora, art. 5°, XXXVI], é o negócio jurídico, ou o ato jurídico stricto sensu; portanto, assim as declarações unilaterais de vontade como os negócios jurídicos bilaterais, assim os negócios jurídicos, como as reclamações, interpretações, a fixação de prazo para a aceitação de doação, as comunicações, a constituição de domicílio, as notificações, o reconhecimento para interromper a prescrição ou com sua eficácia (ato jurídico stricto sensu)”; e José Afonso da SILVA, em Curso de direito constitucional positivo, 1997, p. 414, explica que “a diferença entre direito adquirido e ato jurídico perfeito está em que aquele emana diretamente da lei em favor de um titular, enquanto o segundo é negócio fundado na lei”13. A construção da autoridade fiscal está lastreada na premissa de que não houve joint venture, mas uma venda de 50% das quotas da Santa Clara Ind. e Com. pelos irmãos Lima (TVF – fl. 37). Esse o ato que se reputa simulado e que dá ensejo à tentativa de desconstituição pelo Fisco. O que ocorreu ANTES dele, antes de 29.12.2005, portanto, é inatacável sob esse argumento. Constituem atos jurídicos perfeitos, regular e higidamente consumados consoante as regras e formas próprias quando de sua prática. A prova maior disso é que, caso não tivesse ocorrido a operação do dia 29.12.2005, nenhum vício teria sido imputado aos referidos atos; nenhuma ilegalidade teria sido imputada aos autuados. Ou seja, seus atos seriam, À LUZ DA PRÓPRIA AUTORIDADE AUTUANTE, considerados perfeita e validamente consumados. Como explica MOREIRA ALVES, “se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente a ela, será essa lei retroativa porque vai interferir na causa, que é um ato ou fato ocorrido no passado. "14 O pagamento, parece óbvio, é um efeito de um contrato/ato/negócio celebrado anteriormente, que constitui sua causa, exatamente como ensina a clássica obra de MOREIRA ALVES. É essa que está sob análise quando se pretende caracterizar a simulação. É 12 Em algum lugar do passado Segurança jurídica, direito intertemporal e o novo Código Civil. In http://www.migalhas.com.br/arquivo_artigo/art_031002.htm 13 Segundo BARROSO, ibidem. 14 Idem, ibidem. Fl. 1835DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT 64 essa operação que se pretende declarar nula por viciada, pouco importando se o pagamento ocorreu no dia “x” ou “y”. Ou mesmo se o pagamento ocorreu no dia em que foram praticados os atos conducentes à efetiva integração dos Grupos pela joint venture. Afinal, é natural que a prática de alguns atos LÍCITOS possa ter sido estimulada pela realização do negócio e mesmo que determinados atos jamais tivessem ocorrido se a joint venture, efetivamente, não chegasse a se consumar. Mas isso é obviamente insuficiente para se lhes considerar ILÍCITOS. Repetimos: a prova de fogo, aqui, está em verificar que, acaso não ocorrida a joint venture, todos esses atos estariam – como estão perfeitamente dentro da esfera de liberdade das sociedades e sócios e, na pior das hipóteses, constituiriam uma má decisão administrativa. Nada além disso. Se uma empresa, v.g., realiza uma cisão para vender parte de um Grupo ou empresa, esta cisão é lícita, ocorrendo ou não a transação que se objetivara. Se um particular decide integrar um imóvel ao patrimônio de uma empresa em nome de um aumento de capital a ser realizado por seu sócio, mas esse não chega a ocorrer, tampouco este ato terá sido ilícito ou simulado. BARROSO explica o ponto dizendo “a questão, na verdade, como já se tinha destacado desde o início, não é controvertida (grifo nosso). A doutrina aponta a existência de consenso no sentido de subordinar os efeitos do contrato à lei vigente no momento em que tenha sido firmado, mesmo quando tal aplicação importa em atribuir ultratividade à lei anterior, negandose efeito à lei nova. A aplicação imediata da lei nova, nesse caso, produziria a denominada retroatividade mínima, que por ser igualmente gravosa à segurança jurídica, é também vedada pelo sistema constitucional.”15 16 Se isto vale para as leis, normas gerais e abstratas, com muito mais razão haverá de valer para a norma individual e concreta criada pela fiscalização para o efeito de considerar simulado o negócio. E, para que não pairem dúvidas sobre a aplicação da doutrina ao caso em exame, assim é inclusive para as leis ditas de ordem pública, como anota novamente o Ministro BARROSO, “esta conclusão não se altera pelo fato de a norma nova poder ser qualificada como norma de ordem pública. A Constituição não distingue entre espécies de leis e não se pode admitir que a norma infraconstitucional, qualificando a si própria de uma determinada forma, afaste a garantia constitucional. A proteção constitucional recai sobre o núcleo da 15 Idem, ibidem. 16 Clássica a lição de Moreira Alves no voto proferido na ADIn 493, sobre os três graus de retroatividade – máxima, média e mínima: “Dáse a retroatividade máxima (também chamada restitutória, porque em geral restitui as partes ao status quo ante), quando a lei nova ataca a coisa julgada e os fatos consumados (transação, pagamento, prescrição). Tal é a decretal de ALEXANDRE III que, em ódio à usura, mandou os credores restituírem os juros recebidos. À mesma categoria pertence a célebre lei francesa de 2 de novembro de 1793 (12 brumário do ano II), na parte em que anulou e mandou refazer as partilhas já julgadas, para os filhos naturais serem admitidos à herança dos pais, desde 14 de julho de 1789. A carta de 10 de novembro de 1937, art. 95, parágrafo único, previa a aplicação da retroatividade máxima, porquanto dava ao Parlamento a atribuição de rever decisões judiciais, sem excetuar as passadas em julgado, que declarassem inconstitucional uma lei. A retroatividade é média quando a lei nova atinge os efeitos pendentes de ato jurídico verificados antes dela, exemplo: uma lei que limitasse a taxa de juros e fosse aplicada aos vencidos e não pagos. Enfim, a retroatividade é mínima (também chamada temperada ou mitigada) quando a lei nova atinge apenas os efeitos dos atos anteriores produzidos após a data em que ela entra em vigor. Tal é, no direito romano, a lei de Justiniano (C. 4, 32, de usuris, 26, 2 e 27 pr.), que, corroborando disposições legislativas anteriores, reduziu a taxa dos juros vencidos após a data da sua obrigatoriedade. Outro exemplo: o DecretoLei nº 22.626, de 7 de abril de 1933, que reduziu a taxa de juros e se aplicou, ‘a partir da sua data, aos contratos existentes, inclusive aos ajuizados (art. 3º)’. Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 10380.726493/201018 Acórdão n.º 2202002.732 S2C2T2 Fl. 34 65 manifestação de vontade das partes e seus efeitos, e não sobre o tratamento legal do instituto ou da matéria”.17 Ademais, além de violação à irretroatividade, resta flagrante que o Fisco acabou por desconsiderar os efeitos jurídicos de todos os atos anteriores, os quais já estavam consolidados na forma de atos jurídicos perfeitos, sem qualquer fundamentação e sem qualquer base legal para tanto. Não custa lembrar, por seu turno, que o Código Tributário Nacional estabelece que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada (art. 144). Da mesma forma, dispõe que o fato gerador se perfectibiliza no momento em que verificam as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios (art. 116). Da análise de ambos os dispositivos, percebese que o negócio jurídico consumado num determinado ponto no espaçotempo deve ou não configurar um fato gerador segundo uma lei vigente. Caso configure, nascerá a obrigação tributária. Caso não configure, haverá um negócio jurídico perfeito, consumado, e que passará ao largo da tributação. Não é a toa que para haver a desconsideração desse ato, o legislador teve que introduzir o § 1º ao próprio art. 116 do CTN, cuja aplicabilidade resta impossibilitada pelos motivos já amplamente expostos neste voto. Em resumo, entendo que a fiscalização jamais poderia considerar, como base de cálculo para a aferição do ganho de capital, atos e negócios ocorridos e perfeitamente consumados antes da ocorrência daquele ato que se busca desconstituir por viciado/simulado. Tal vício – dada a impossibilidade deste Conselho relançar o tributo, por se tratar de competência privativa da autoridade fiscal – implica na total imprestabilidade do auto lavrado, que assim padece de vício insanável. É como voto. (Assinado Digitalmente) Fabio Brun Goldschimidt 17 Idem, ibidem. Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 09/12/201 4 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado dig italmente em 09/12/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT
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Numero do processo: 15586.720031/2011-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social.
AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM.
As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91.
Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja aplicada a multa de mora considerando às disposições contidas no artigo 35, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449/2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Os Conselheiros Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes acompanharam pelas conclusões.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja aplicada a multa de mora considerando às disposições contidas no artigo 35, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449/2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Os Conselheiros Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes acompanharam pelas conclusões. Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 00 31 /2 01 1- 85 Fl. 310DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja aplicada a multa de mora considerando às disposições contidas no artigo 35, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449/2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Os Conselheiros Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes acompanharam pelas conclusões. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 677 3 Relatório Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007. Data de lavratura dos Autos de Infração: 01/03/2011. Data da ciência dos Autos de Infração: 04/03/2011. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ no Rio de Janeiro I/RJ que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio dos Autos de Infração nº 37.299.5942, 37.299.5950, 37.299.5969, 37.299.5977 e 37.299.5985, consistentes em contribuições sociais previdenciárias a cargo dos segurados, incidentes sobre os seus respectivos Salários de Contribuição, bem como contribuições patronais, de responsabilidade da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, e a Outras Entidades e Fundos incidentes sobre verbas de natureza remuneratória, além de crédito tributário decorrente do descumprimento de obrigações tributárias acessórias, conforme descrito no relatório fiscal a fls. 27/34. De acordo com a Resenha Fiscal, o crédito tributário objeto do presente Processo Administrativo Fiscal houvese por constituído mediante os Autos de Infração decorrentes do descumprimento de obrigações tributárias principais e acessórias abaixo relacionados: · DEBCAD nº 37.299.5942, valor total R$ 1.139.788,55 contribuições previdenciárias previstas no art. 22, incisos I, II, “c” e “b” da Lei n° 8.212, de 24/07/91, com as alterações das Leis 9.732/98 e 9.876/99, concernentes à contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (RAT); · DEBCAD nº 37.299.5950, valor total R$ 33.153,42 contribuições previdenciárias previstas no art. 20 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, com alterações da Lei 9.032/95, relativas à contribuição a cargo dos segurados empregados; · DEBCAD nº 37.299.5969, valor total R$ 228.357,87 contribuições sociais devidas a Terceiros/Outras Entidades, correspondentes à contribuição destinada ao Salário Educação, INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE; · DEBCAD nº 37.299.5977 penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória: infração ao Art. 32, inciso I, da Lei nº. 8.212, de 24/07/91, combinado com o art. 225, inciso I, e parágrafo 9º. Do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3.048, de 06/05/99; · DEBCAD nº 37.299.5985 penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória: infração à Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 30, I, "a", e alterações posteriores, combinado com o art. 216, inciso I, alínea “a” do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06/05/99. Fl. 312DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 São os fatos geradores apurados pela Fiscalização: · Levantamento PL1 “PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS”, paga em desacordo com a Lei nº 10.101/2000. · Levantamento AM1 – “ASSISTÊNCIA MÉDICA”, abrangendo exclusivamente a parcela referente aos dependentes dos empregados. · Levantamento CI1 “ CONTRIBUINTE INDIVIDUAL”, referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga ao trabalhador autônomo Hersio Antonio Ranzani Junior, em 03/01/2007. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o Autuado impugnação Administrativa em face do Lançamento em debate, a fls. 162/193, instaurando a fase contenciosa do Processo Administrativo Fiscal. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I/RJ lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 1257.681 13ª Turma da DRJ/RJ1, a fls. 210/217, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 16/08/2013, conforme Aviso de Recebimento a fl. 220. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o Sujeito Passivo interpôs Recurso Voluntário a fls. 222/232, respaldando sua contrariedade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Que as condições de comprometimento e de fruição do benefício da PLR estão dispostas em várias cláusulas do acordo, e chegam a ser de clareza e objetividade literais; · Que o objetivo proposto pela Recorrente é o atingimento de lucro, entendido esse como o resultado positivo que na prática pode envolver R$ 0,01 ou R$ 1.000.000,00 em seu balanço; · Que o direito ao PLR não decorre tãosomente do atingimento de lucro pela Recorrente, mas, sim, e especialmente, da avaliação de desempenho pessoal de cada funcionário, respeitados os parâmetros do cargo exercido; Ao fim, requer a exclusão do Salário de Contribuição as verbas distribuídas a título de PLR. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 678 5 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi valida e eficazmente cientificado da decisão recorrida em 16/08/2013. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 12/09/2013, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DOS RECOLHIMENTOS EFETUADOS APÓS O INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. O Recorrente alega, em preliminar, ter efetuado o pagamento das multas impostas pelos Autos de Infração de Obrigação Acessória n° 37.299.5970 e 37.299.5985, assim como os créditos tributários exigidos em decorrência da assistência médica estendida aos dependentes de seus empregados e das contribuições sobre contribuintes individuais, constituídos pelos Autos de Infração de n° 37.299.5942, 37.299.5950 e 37.299.5969, contestando, tão somente, a parcela relativa aos pagamentos efetuados a título de PLR a seus empregados. Pondera, todavia, que à época da ciência dos Autos de Infração em questão, a empresa efetuou o pagamento parcial dos créditos constituídos pela Fiscalização (fls. 202/206), especificamente as contribuições sociais incidentes sobre a assistência médica e sobre os pagamentos realizados a segurados contribuintes individuais, porém tais pagamentos não foram objeto de abatimento dos valores das autuações considerados como devidos. Os recolhimentos efetuados após o início da ação fiscal não ensejam, todavia, a revisão do lançamento, ante a perda da espontaneidade do pagamento, estando os créditos tributários sujeitos ao lançamento de ofício, inclusive com multa de ofício, servindo os recolhimentos efetuados apenas para reduzir os montantes devidos quando da sua cobrança, ao término do Processo Administrativo Fiscal correspondente. Dessarte, os recolhimentos realizados pelo Recorrente, representados pelos Comprovantes de Pagamento a fls. 202/206, não podem ser imediatamente apropriados aos levantamentos efetuados pela Fiscalização, devendo o contribuinte suscitálos perante o órgão competente de cobrança da Secretaria da Receita Federal do Brasil, para que seja realizada a imputação proporcional do pagamento ao débito definitivamente constituído, quando então serão considerados os juros de mora e as multas de mora e de ofício, se for o caso, previstas respectivamente, no art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, e art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008. Fl. 314DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Vencidas as preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DA PLR. Alega o Recorrente que as condições de comprometimento e de fruição do benefício da PLR estão dispostas em várias cláusulas do acordo, e chegam a ser de clareza e objetividade literais. Aduz que o objetivo proposto pela Recorrente é o atingimento de lucro, entendido esse como o resultado positivo que na prática pode envolver R$ 0,01 ou R$ 1.000.000,00 em seu balanço. Acrescenta o Autuado que o direito ao PLR não decorre tãosomente do atingimento de lucro pela Recorrente, mas, sim, e especialmente, da avaliação de desempenho pessoal de cada funcionário, respeitados os parâmetros do cargo exercido. Grassa no seio dos que operam no mètier do Direito do Trabalho a serôdia ideia de que a remuneração do empregado é constituída, tão somente, por verbas representativas de contraprestação de serviços efetivamente prestados pelos empregados. A retidão de tal concepção poderia até ter sua primazia aferida ao tempo da promulgação do DecretoLei nº 5.452/43 (nos idos de 1943), que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinquenta por cento) do salário percebido pelo empregado. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §3º Considerase gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas Fl. 315DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 679 7 contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por forca do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) §1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo (arts. 81 e 82). (Incluído pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro saúde; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) V – seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VII – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) §3º A habitação e a alimentação fornecidas como salárioutilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do saláriocontratual. (Incluído pela Lei nº 8.860, de 24.3.1994) §4º Tratandose de habitação coletiva, o valor do salárioutilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de coabitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. (Incluído pela Lei nº 8.860/94) Todavia, como bem professava Heráclito de Ephesus, há 500 anos antes de Cristo, Nada existe de permanente a não ser a eterna propensão à mudança. O mundo evolui, as relações jurídicas se transformam, acompanhando..., os conceitos evolvemse... Nesse compasso, a exegese das normas jurídicas não é, de modo algum, refratária a transformações. Ao contrário, tais são exigíveis. A sucessiva evolução na interpretação das normas já positivadas ajustamnas à nova realidade mundial, resgatandolhes o alcance visado pelo legislador, mantendo dessarte o ordenamento jurídico sempre espelhado às feições do mundo real. Hodiernamente, o conceito de remuneração não se encontra mais circunscrito às verbas recebidas pelo trabalhador em razão direta e unívoca do trabalho por ele prestado ao empregador. Se assim o fosse, o décimo terceiro salário, as férias, o final de semana remunerado, as faltas justificadas e outras tantas rubricas frequentemente encontradas nos contracheques não teriam natureza remuneratória, já que não representam contraprestação por serviços executados pelo obreiro. Paralelamente, as relações de trabalho hoje estabelecidas tornaramse por demais complexas e diversificadas, assistimos à introdução de novas exigências de exclusividade e de imagem, Fl. 316DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 novas rubricas salariais foram criadas para contemplar outras prestações extraídas do trabalhador que não o suor e o vigor dos músculos. Esses ilustrativos, dentre tantos outros exemplos, tornaram o ancião conceito jurídico de remuneração totalmente démodé. Antenada a tantas transformações, a doutrina mais balizada passou a interpretar remuneração não como a contraprestação pelos serviços efetivamente prestados pelo empregado, mas sim, as verbas recebidas pelo obreiro decorrentes do contrato de trabalho. Com efeito, o liame jurídico estabelecido entre empregador e empregado segue os contornos delineados no contrato de trabalho no qual as partes, observado o minimum minimorum legal, podem pactuar livremente. No panorama atual, a pessoa física pode oferecer ao contratante, além do seu labor, também a sua imagem, o seu não labor nas empresas concorrentes, a sua disponibilidade, sua credibilidade no mercado, ceteris paribus. Já o contratante, por seu turno, em contrapartida, pode oferecer não só o salário stricto sensu como também uma série de vantagens diretas, indiretas, em utilidades, in natura, e assim adiante... Mas ninguém se iluda: Mesmo as parcelas oferecidas sob o rótulo de mera liberalidade, todas elas ostentam, em sua essência, uma nota contraprestativa. Todas elas colimam, inequivocamente, oferecer um atrativo financeiro/econômico para que o obreiro estabeleça e mantenha vínculo jurídico com o empregador. Por esse novo prisma, todas aquelas rubricas citadas no parágrafo precedente figuram abraçadas pelo conceito amplo de remuneração, eis que se consubstanciam acréscimos patrimoniais auferidos pelo empregado e fornecidas pelo empregador em razão do contrato de trabalho e da lei, muito embora não representem contrapartida direta pelo trabalho realizado. Nesse sentido, o magistério de Amauri Mascaro Nascimento: “Fatores diversos multiplicaram as formas de pagamento no contrato de trabalho, a ponto de ser incontroverso que além do saláriobase há modos diversificados de remuneração do empregado, cuja variedade de denominações não desnatura a sua natureza salarial ... (...) Salário é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação pelo trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei” Nascimento, Amauri M. , Iniciação ao Direito do Trabalho, LTR, São Paulo, 31ª ed., 2005. Registrese, por relevante, que o entendimento a respeito do alcance do termo “remuneração” esposado pelos diplomas jurídicos mais atuais se divorciou de forma substancial daquele conceito antiquado presente na CLT. O baluarte desse novo entendimento tem sua pedra fundamental fincada na própria Constituição Federal, cujo art. 195, I, alínea “a”, estabelece: Constituição Federal de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Fl. 317DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 680 9 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (grifos nossos) Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições previdenciárias não se restringe ao salário, mas, sim, a “folha de salários”, propositadamente no plural, a qual é composta, segundo a mais autorizada doutrina, por todos os lançamentos efetuados em favor do trabalhador em contraprestação direta pelo trabalho efetivo prestado à empresa, acrescido dos “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”, parcela esta que abraça todas as demais rubricas devidas ao trabalhador em decorrência do contrato de trabalho, de molde que, toda e qualquer espécie de contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS encontramse abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição. Nessa perspectiva, todo e qualquer lançamento a conta de despesa da empresa representativa de rubrica paga, devida ou creditada a segurado obrigatório do RGPS, que tiver por motivação e origem o trabalho realizado pela pessoa física em favor do Contribuinte, ostentará natureza jurídica remuneratória, e como tal, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Na prática, inexiste dificuldade em tal discernimento. Basta hipoteticamente suprimir o trabalho realizado pela pessoa física na consecução do objeto social da sociedade. A importância que deixar de ser vertida a essa pessoa corresponderá, assim, à parcela do trabalho que o obreiro dedicou à empresa. Ao revés, a fração que ainda for devida à pessoa, independentemente do eventual labor físico ou intelectual por ela realizado, representará mera liberalidade do empregador. Como visto, o próprio Legislador Constituinte honrou deixar consignado no Texto Constitucional a real amplitude da base de incidência da contribuição social em destaque: as contribuições previdenciárias incidem não somente a “folha de salários”, como também, sobre os “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Tal compreensão caminha em harmonia com as disposições expressas no §11 do artigo 201 da Constituição Federal, que estendeu a abrangência da base de incidência das contribuições previdenciárias aos ganhos habituais do empregado, recebidos a qualquer título. Constituição Federal de 1988 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) §11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Portanto, a contar da EC n° 20/98, todas as verbas recebidas com habitualidade pelo empregado, qualquer que seja a sua origem e título, passam a integrar, por força de norma constitucional, Fl. 318DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 o conceito jurídico de SALÁRIO (Instituto de Direito do Trabalho) e, nessa condição, passam a compor obrigatoriamente o SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (Instituto de Direito Previdenciário) do segurado, se sujeitando compulsoriamente à incidência de contribuição previdenciária e repercutindo no benefício previdenciário do empregado. Nesse sentido caminha a jurisprudência trabalhista conforme de depreende do seguinte julgado: TRT7 Recurso Ordinário: Processo: RECORD 53007520095070011 CE 00053007520095070011 Relator (a):DULCINA DE HOLANDA PALHANO Órgão Julgador: TURMA 2 Publicação: 22/03/2010 DEJT RECURSO DA RECLAMANTE CTVA NATUREZA SALARIAL CONTRIBUIÇÃO A ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. A parcela CTVA, paga habitualmente e com destinação a servir de compromisso aos ganhos mensais do empregado, detém natureza salarial, devendo integrar a remuneração para todos os fins, inclusive para o cálculo da contribuição a entidade de previdência privada. RECURSO DO RECLAMADO CEF CTVA. Com efeito, se referidas gratificações são pagas com habitualidade se incorporam ao patrimônio jurídico do reclamante, de forma definitiva, compondo sua remuneração para todos os efeitos. Atentese que a natureza de tal verba não mais será de "gratificação", mas, sim, de "Adicional Compensatório de Perda de Função" A norma constitucional acima citada não exclui da tributação as rubricas recebidas em espécie de forma eventual. A todo ver, a norma constitucional em questão fez incorporar ao SALÁRIO (instituto de direito do trabalho) todos os ganhos habituais do empregado, a qualquer título. Ocorre, contudo, que o conceito de SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (instituto de direito previdenciário) é muito mais amplo que o conceito trabalhista mencionado, compreendendo não somente o SALÁRIO (instituto de direito do trabalho), mas, também, os INCENTIVOS SALARIAIS, assim como os BENEFÍCIOS. Assim, as verbas auferidas de forma eventual podem se classificar, conforme o caso, ou como incentivos salariais ou como benefícios. Em ambos os casos, porém, integram o conceito de Salário de Contribuição, nos termos e na abrangência do art. 28 da Lei nº 8.212/91, observadas as excepcionalidades contidas em seu §9º. Leinº8.212,de24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) II para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem Fl. 319DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 681 11 estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). IV para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Notese que o conceito jurídico de Salário de contribuição, base de incidência das contribuições previdenciárias, foi estruturado de molde a abraçar toda e qualquer verba recebida pelo obreiro, a qualquer título, em decorrência não somente dos serviços efetivamente prestados, mas também, no interstício em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, nos termos do contrato de trabalho. Advirtase que o termo “remunerações” encontrase empregado no caput do transcrito art. 28 em seu sentido amplo, abarcando todos os componentes atomizados que integram a contraprestação da empresa aos segurados obrigatórios que lhe prestam serviços. Em verdade, até mesmo a remuneração referente ao tempo ocioso em que o empregado permanecer à disposição do empregador não escapa da amplitude do conceito de salário de contribuição. Tais conclusões decorrem de esforços hermenêuticos que não ultrapassam a literalidade dos enunciados normativos supratranscritos, eis que o texto legal revelase cristalino ao estabelecer, como base de incidência, o “total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título”. Nesses termos, compreendemse no conceito legal de remuneração os três componentes do gênero, assim especificados pela doutrina: 1 Remuneração Básica Também denominada “Verbas de natureza Salarial”. Referese à remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de trabalho. Diz respeito ao pagamento fixo que o obreiro aufere de maneira regular, na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora. 2 Incentivos Salariais São programas desenhados para recompensar funcionários com bom desempenho. Os incentivos são concedidos sob diversas formas, como bônus, gratificações, prêmios, participação nos resultados a título de recompensa por resultados alcançados, dentre outros. 3 Benefícios Quase sempre denominados como “remuneração indireta”. Muitas empresas, além de ter uma política de tabela de salários, oferecem uma série de benefícios ora em pecúnia, ora na forma de utilidades ou “in natura”, que culminam por representar um ganho patrimonial para o trabalhador, seja pelo valor da utilidade recebida, seja pela despesa que o profissional deixa de desembolsar diretamente. Nesse novel cenário, a regra primária importa na tributação de toda e qualquer verba paga, creditada ou juridicamente devida ao empregado, ressalvadas aquelas que a própria lei excluir do campo de incidência. No caso específico das contribuições previdenciárias, a regra de excepcionalidade Fl. 320DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 encontrase estatuída no parágrafo 9º do citado art. 28 da Lei nº 8.212/91, o qual, dada a sua relevância, transcrevemos em sua integralidade: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) a) Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). b) As ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) A parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). e) As importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) 1. Previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. Relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; 3. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. Recebidas a título de incentivo à demissão; 6. Recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 7. Recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 8. Recebidas a título de licençaprêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 9. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). f) A parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). h) As diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por cento) da remuneração mensal; i) A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (grifos nossos) Fl. 321DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 682 13 l) O abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) m) Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) n) A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) o) As parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). p) O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couberem, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) q) O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) r) O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) s) O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) O valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). u) A importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) v) Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) x) O valor da multa prevista no §8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Fl. 322DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 Cumpre observar que, nos termos do art. 111, II do CTN, devese emprestar interpretação restritiva às normas que concedam outorga de isenção. Nesse diapasão, em sintonia com a norma tributária há pouco citada, para se excluir da regra de incidência é necessária a fiel observância dos termos da norma de exceção, tanto assim que as parcelas integrantes do supraaludido § 9º, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, passam a integrar a base de cálculo da contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. Código Tributário Nacional CTN Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Conjuguese ainda, nesse mister, que o preceito encartado no art. 176 do CTN exige previsão legal para a concessão de isenção, não podendo tal requisito ser suprido por acordo coletivo de trabalho, os quais produzem efeitos, unicamente, entre as partes que os celebram, sendo imprestáveis para vincular o Estado aos termos pactuados em suas cláusulas. Código Tributário Nacional Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração. (grifos nossos) Contextualizado nesses termos o quadro jurídiconormativo aplicável ao casoespécie, visualizando com os olhos de ver a questão controvertida ora em debate, sob o foco de tudo o quanto até o momento foi apreciado, verificamos que a alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 estatuiu, de forma expressa, que não integram o Salário de contribuição, as importâncias recebidas a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. O Programa de Participação nos Lucros ou Resultados PLR consubstanciase numa ferramenta de gestão que visa ao alinhamento das estratégias organizacionais com as atitudes e desempenho dos empregados dentro do ambiente de trabalho. Tratase de um instrumento gerencial bastante utilizado pelas empresas, mundialmente disseminado, que auxilia no cumprimento das metas e diretrizes das organizações, permitindo uma maior participação e empenho dos empregados na produtividade da empresa, além do seu esforço ordinário decorrente do contrato de trabalho, proporcionando, dessarte, atração, retenção, motivação e comprometimento dos funcionários na busca de melhores resultados empresariais. Constituise o PLR num tipo de remuneração variável a ser oferecida àqueles que efetivamente colaboram na obtenção de lucros e/ou no atingimento das metas préestabelecidas pelo empregador. Tratase de um Direito Social de matriz constitucional, tendo o Constituinte Originário, taxativamente, outorgado à lei ordinária a competência para a estipulação dos parâmetros legais da conformação do Direito dos trabalhadores, in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) Fl. 323DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 683 15 XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Sendo um instrumento de integração capitaltrabalho e de estímulo à produtividade das empresas, buscase por meio da regra imunizante e da consequente redução da carga tributária proporcionar vantagens competitivas às empresas que, regularmente, implementam mecanismos efetivos de integração e participação de seus empregados, sem que, com isso, haja substituição da remuneração devida. Decorre daí a norma de desvinculação do pagamento a titulo de PLR da remuneração em geral. A Participação nos Lucros é norma constitucional de eficácia limitada. Nesse sentido dispõe o Parecer CJ/MPAS nº 547, de 03 de maio de 1996, aprovado pelo Exmo. Sr. Ministro do MPAS, ad litteris et verbis: (...) de forma expressa, a Lei Maior remete à lei ordinária , a fixação dos direitos dessa participação. A norma constitucional em foco pode ser entendida, segundo a consagrada classificação de José Afonso da Silva, como de eficácia limitada, ou seja, aquela que depende "da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrandolhe a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses". (Aplicabilidade das normas constitucionais, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1968, pág. 150). (Grifamos) Tais diretivas não atritam com entendimento esposado no Parecer CJ/MPAS nº 1.748/99, cujo teor transcrevemos na sequência: DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO TRABALHADOR PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS ART. 7º , INC. XI DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. 1) O art. 7º , inciso XI da Constituição da República de 1988, que estende aos trabalhadores o direito a participação nos lucros desvinculado da remuneração é de eficácia limitada. 2) O Supremo Tribunal Federal ao julgar o Mandado de Injunção nº 426 estabeleceu que só com o advento da Medida Provisória nº 794, de 24 de dezembro de 1994, passou a ser lícito o pagamento da participação nos lucros na forma do texto constitucional. 3) A parcela paga a título de participação nos lucros ou resultados antes da regulamentação ou em desacordo com essa norma, integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social. (...) 7. No entanto, o direito a participação dos lucros, sem vinculação à remuneração, não é auto aplicável, sendo sua eficácia limitada a edição de lei, consoante estabelece a parte final do inciso anteriormente transcrito. 8. Necessita, portanto, de regulamentação para definir a forma e os critérios de pagamento da participação nos lucros, com a finalidade precípua de se evitar desvirtuamento dessa parcela. Fl. 324DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 9. A regulamentação ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, 29 de dezembro de 1994, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas e dá outras providências, hoje reeditada sob o nº 1.76956, de 8 de abril de 1999. 10. A partir da adoção da primeira Medida Provisória e nos seus termos, passou a ser lícito o pagamento de participação nos lucros desvinculada da remuneração, mas, destaco, a desvinculação da remuneração só ocorrerá se atender os requisitos pré estabelecidos. 11. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ao julgar o Mandado de Injunção nº 426, onde foi Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, que tinha por escopo suprir omissão do Poder Legislativo na regulamentação do art. 7º, inc. XI, da Constituição da República, referente a participação nos lucros dos trabalhadores, julgou a citada ação prejudicada, face a superveniência da medida provisória regulamentadora. 12. Em seu voto, o Ministro ILMAR GALVÃO, assim se manifestou: O mandado de injunção pretende o reconhecimento da omissão do Congresso Nacional em regulamentar o dispositivo que garante o direito dos trabalhadores de participarem dos lucros e resultados da empresa (art. 7º, inc. IX, da CF), concedendose a ordem para efeito de implementar in concreto o pagamento de tais verbas, sem prejuízo dos valores correspondentes à remuneração. Tendo em vista a continuação da transcrição a edição, superveniente ao julgamento do presente WRIT injuncional, da Medida Provisória nº 1.136, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências, verificase a perda do objeto desta impetração, a partir da possibilidade de os trabalhadores, que se achem nas condições previstas na norma constitucional invocada, terem garantida a participação nos lucros e nos resultados da empresa. (grifei) 14. O Pretório Excelso confirmou, com a decisão acima, a necessidade de regulamentação da norma constitucional (art. 7º, inc. XI), ficando o pagamento da participação nos lucros e sua desvinculação da remuneração, sujeitas as regras e critérios estabelecidos pela Medida Provisória. 15. No caso concreto, as parcelas referemse a períodos anteriores a regulamentação do dispositivo constitucional, em que o Banco do Brasil, sem a devida autorização legal, efetuou o pagamento de parcelas a título de participação nos lucros. 16. Nessa hipótese, não há que se falar em desvinculação da remuneração, pois, a norma do inc. XI, do art. 7º da Constituição da República não era aplicável, na época, consoante ficou anteriormente dito. (Grifamos) Tratandose de norma constitucional de eficácia limitada, esta depende da integração de documento normativo editado pelo órgão legislativo competente para que suas disposições possam produzir os efeitos jurídicos colimados pelo Constituinte. Tal matéria já foi bater às portas da Suprema Corte, cuja Segunda Turma, no julgamento do Agravo Regimental no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n° 505.597, pacificou o entendimento que deve prevalecer nas situações desse jaez. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Fl. 325DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 684 17 SOBRE A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. ART. 7º, XI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. MP 794/94. Com a superveniência da MP n. 794/94, sucessivamente reeditada, foram implementadas as condições indispensáveis ao exercício do direito à participação dos trabalhadores no lucro das empresas [é o que extrai dos votos proferidos no julgamento do MI n. 102, Redator para o acórdão o Ministro Carlos Velloso, DJ de 25.10.02]. Embora o artigo 7º, XI, da CB/88, assegure o direito dos empregados àquela participação e desvincule essa parcela da remuneração, o seu exercício não prescinde de lei disciplinadora que defina o modo e os limites de sua participação, bem como o caráter jurídico desse benefício, seja para fins tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (grifos nossos) Na mesma linha de entendimento: RE 398.284 / RJ Rel. Min. MENEZES DIREITO Órgão Julgador: Primeira Turma DJe de 19122008 Participação nos lucros. Art. 7°, XI, da Constituição Federal. Necessidade de lei para o exercício desse direito. 1. O exercício do direito assegurado pelo art. 7°, XI, da Constituição Federal começa com a edição da lei prevista no dispositivo para regulamentálo, diante da imperativa necessidade de integração. 2. Com isso, possível a cobrança das contribuições previdenciárias até a data em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido. Deflui dos termos dos julgados suso transcritos que o exercício do direito social em debate sujeitase às disposições estabelecidas na lei disciplinadora, à qual foi confiada a definição do modo e dos limites de sua participação, bem como do caráter jurídico desse benefício, seja para fins tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária. Atentese, por relevante, que o direito social estampado no inciso XI do art. 7º da CF/88 é dirigido à classe de trabalhadores que laboram mediante o vínculo jurídico de uma relação de emprego, não abraçando as pessoas físicas que, assumindo o risco da atividade econômica, exercem por conta própria, determinada atividade profissional de natureza urbana, como é o caso dos Diretores não empregados e demais segurados contribuintes individuais, eis que entre estes e as respectivas empresas não se formaliza vínculo empregatício. Das disposições plasmadas no caput do art. 2º do Diploma Legal acima desfiado ergue se como fato incontroverso que o direito social objeto de regulamentação abarca, tão somente, os empregados da empresa, assim compreendidos os trabalhadores vinculados mediante um liame Fl. 326DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 empregatício com a entidade empresarial em questão, não irradiando efeitos sobre as demais categorias de obreiros, aqui incluídos os segurados contribuintes individuais. A assertiva ora alinhada encontra amparo, igualmente, nas disposições insculpidas no §4º do art. 218 de nossa Lei Soberana, cuja norma de caráter programático prevê o apoio e estímulo às empresas que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. Constituição Federal de 1988 Art. 218 O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. (...) §4° A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. (grifos nossos) Com efeito, a Lei nº 8.212/1991, em obediência ao preceito constitucional em testilha, honrou materializar na alínea “j” do §9º do seu art. 28 a hipótese de não incidência tributária assinalada no inciso XI, in fine, do art. 7º da CF/88, excluindo do campo de tributação das contribuições previdenciárias as importâncias pagas, creditadas ou devidas a título de PLR, sempre que estas verbas forem pagas de acordo com a lei própria de regência, in casu, a Lei nº 10.101/2000, como assim prevê a Norma Matriz. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28 – (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. Relembrando, a edição da Medida Provisória nº 794/94 veio ao atendimento do comando constitucional em tela, introduzindo no Ordenamento Jurídico os primeiros traços definidores do direito social ora em debate, vindo a sofrer, ao longo do tempo, em suas reedições e renumerações, um volume pouco expressivo de modificações legislativas, até a sua definitiva conversão na Lei nº 10.101/2000. Lei nº 10.101 de 19 de dezembro de 2000 Art.1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: (grifos nossos) I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. (grifos nossos) Fl. 327DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 685 19 §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. §2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. (...) Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1o Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. §3o Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. §4o A periodicidade semestral mínima referida no §2o poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. §5o As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. Art. 4º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizarse dos seguintes mecanismos de solução do litígio: I – Mediação; II – Arbitragem de ofertas finais. §1º Considerase arbitragem de ofertas finais aquela que o árbitro deve restringirse a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes. §2º O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes. §3º Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes. §4º O laudo arbitral terá força normativa independentemente de homologação judicial. Fl. 328DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 Colhemos dos princípios idealizadores da rubrica em pauta, que a verba paga a título de PLR tem por espírito e essência de sua instituição servir como um instrumento de incentivo à produtividade dos trabalhadores e, consequentemente, da empresa, mediante o pagamento de um plus remuneratório além do salário e dos demais benefícios devidos ao trabalhador, como forma de estimular o empregado a ter um rendimento operacional que exceda ao desempenho ordinário que lhe é exigido habitualmente como decorrência comum, inerente e direta do contrato de trabalho. O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e objetiva, um fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do trabalhador, estimulado que está pela promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR. Nos termos do §1º, in fine, do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, tal fim extraordinário pode ser estabelecido como um índice de produtividade, de qualidade da produção ou de lucratividade da empresa. Pode, igualmente, ser traduzido por um programa de metas, de resultados ou de prazos, ou por qualquer uma outra ferramenta gerencial que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a produzir mais e melhor do que aquele desempenho ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho. Assim: · O desempenho regular e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário; · O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa que excedam aos resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas. Realizase, assim, a integração Capital vs Trabalho: A empresa ganha com o aumento da produtividade, qualidade, lucratividade, volume de produção, prazos, etc. O trabalhador ganha também, mediante o auferimento do plus remuneratório consubstanciado na PLR. Conforme dessai dos incisos I e II do §1º do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, optou o legislador infraconstitucional por não engessar na Lei os fins extraordinários a serem almejados nos planos de incentivo à produtividade, delegando às próprias empresas a prerrogativa de estabelecer nos seus planos de PLR os objetivos que melhor de adequem à realidade e às características intrínsecas de cada pessoa jurídica. Dentre tais fins extraordinários, elencou a lei, exemplificativamente, dentre outros possíveis e viáveis, os seguintes critérios e condições: · Índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; · Programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. Mas não se iludam, caros leitores. Muito embora a legislação infraconstitucional não obrigue a empresa a seguir este ou aquele objetivo específico, a existência e delimitação clara e precisa, Fl. 329DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 686 21 no plano de PLR, de um fim extraordinário específico a ser atingido pelo quadro funcional da Entidade é mandatória e indispensável para a caracterização da PLR legal. Assim, mesmo que a empresa decline de optar por qualquer um dos critérios ilustrativamente descritos nos incisos I e II do §1º do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, ela tem que, necessariamente, descrever em detalhes, e de maneira prévia, um objetivo extraordinário específico a ser almejado pelo seu corpo funcional na consecução e realização do plano de participação nos lucros e resultados da empresa, sob pena de descaracterização da PLR legal. Almeja com isso a Lei um comprometimento efetivo dos empregados no sentido de oferecer uma dedicação, um cuidado e um empenho de excelência, superior ao ordinário, usual e cotidiano, na busca pela consecução dos objetivos fixados no acordo e na obtenção do direito subjetivo estipulado no plano. Isso porque, conforme já salientado, qualquer verba paga em razão do desempenho regular e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho tem natureza jurídica de salário, remuneração direta e inescusável pelo labor rotineiro e usual oferecido cotidianamente pelo trabalhador à empresa e, nessas condições, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Dessarte, sem o estabelecimento prévio no plano de PLR de um objetivo especial, que incentive e alavanque a produtividade, a ser atingido pelo operariado, o qual, se atingido satisfatoriamente, tem o condão de premiar os trabalhadores que efetivamente envidaram esforços supranormais na sua consecução, o plano de PLR recai na tábula rasa do trabalho comum e ordinário, o qual é remunerado mediante salário, sofrendo a incidência, assim, das obrigações previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social. O pagamento de verba com o rótulo de PLR Legal em retribuição ao trabalho comum, ordinário, usual e cotidiano do empregado, desconectado a qualquer incentivo à produtividade, é expressamente vedado pela Lei nº 10.101/2000, cujo art. 3º obsta o pagamento de tal rubrica em substituição ou complementação à remuneração devida a qualquer empregado. As regras claras e objetivas quanto ao direito substantivo referemse ao direito dos trabalhadores de conhecerem, previamente, no corpo do próprio instrumento de negociação, o quanto irão receber a depender do lucro auferido pelo empregador se os objetivos forem cumpridos, o que terá que fazer para receber tal quantia e como irá recebêla. Quanto às regras adjetivas, deve o trabalhador ter ciência dos mecanismos de aferição de seu desempenho, de como aferilo em determinado momento e situação, das metas e índices de produtividade a serem alcançados e o que falta para alcançálos, etc. A inexistência de tais regras, de forma clara e objetiva, no instrumento de negociação, implica a sua estipulação e avaliação dos trabalhadores por ato unilateral do empregador, circunstância que colide com o objetivo almejado pelo legislador. A exigência de regras claras e objetivas justificase como forma de inviabilizar a discriminação de empregados e de se consumar a própria finalidade do instituto criado. Sendo o resultado finalístico almejado pela norma o fomento da produtividade da mão de obra, nada mais compreensível e pertinente que os empregados tenham o real conhecimento da exata dimensão do direito a eles concedido e do esforço e dedicação que eles devem empreender para alcançálo. Exige a Lei n° 10.101/2000 que do acordo constem os “mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado", de modo a assegurar aos empregados a transparência nas informações por parte da empresa, o fornecimento dos dados necessários à definição das metas, a adoção de indicadores de produtividade, qualidade ou lucratividade que sejam Fl. 330DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 compreendidos por todos, a possibilidade de fiscalização do regular cumprimento das regras pactuadas e o acompanhamento progressivo da constituição do direito em debate por parte do empregado. Da pena de Sergio Pinto Martins (in Participação dos Empregados nos Lucros das Empresas, Editora Atlas, 2009, pág. 150) já se escreveu: "Os critérios da participação nos resultados não poderão ficar sujeitos apenas a condições subjetivas, mas objetivas, determinadas, para que todos as possam conhecer e para que não haja dúvida posteriormente sobre se o empregado atingiu o resultado almejado pela empresa". Exsurge a todo ver que a regulamentação legal pautase no desígnio da proteção do trabalhador para que sua participação nos lucros seja concreta, justa e impessoal. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º da Lei de regência, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. Visa o Legislador Ordinário a impedir que condições ou critérios subjetivos obstem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados ou que a empresa utilize a rubrica em foco como forma dissimulada de remuneração, o que é expressamente vedado pelo art. 3º do Diploma Legal Regulador. Assim, devem as regras conformadoras do direito em palco ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos objetivamente, de modo que o obreiro possa exigir do empregador o seu efetivo cumprimento, eis que, alcançados os termos assentados no acordo, o trabalhador passa a ser titular do direito subjetivo ao recebimento da importância a que faz jus. Concretizase, dessarte, a integração entre o capital e o trabalho e o incentivo à produtividade tão visados pela lei. Mas a Lei não se contenta só com a explicitação dos direitos objetivos dos trabalhadores. Ela exige que o instrumento de acordo coletivo especifique os critérios e procedimentos a serem seguidos para a mensuração do quanto do acordado já se houve por cumprido, bem como para a aferição de quanto cada empregado já contribuiu para o alcance das metas propostas. Em primoroso trabalho doutrinário, Kertzman e Cyrino (KERTZMAN, Ivan e CYRINO, Sinésio. In Salário de contribuição; Salvador, Editora Jus Podivm, 2ª edição, 2010) realçaram as notas características da hipótese de não incidência de contribuições previdenciárias ora em trato: “A exigência de regras claras é uma forma de impossibilitar a discriminação dos empregados e de alcançar a própria finalidade do instituto criado. Se o objetivo é estimular a produtividade dos empregados, nada mais correto do que se exigir que estes tenham conhecimento das regras do benefício proposto, pois, se assim não fosse, não seria possível a promoção de um esforço adicional para alcançar a meta estabelecida, e o programa seria apenas uma forma de remuneração disfarçada”. A lei exige que nos instrumentos decorrentes da negociação constem as regras adjetivas do plano de PLR, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, para que o trabalhador possa saber, de antemão, como ele será avaliado e como será apurado o cumprimento das metas previamente estabelecidas, não se contentando a Lei com a mera divulgação, a posteriori, na internet ou em outro meio qualquer de comunicação da empresa, da consolidação dos resultados alcançados. A Lei preconiza um enfoque proativo, de natureza dinâmica, antecipando de maneira clara e precisa qual será efetivamente o mecanismo de avaliação dos trabalhadores quanto às metas Fl. 331DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 687 23 estabelecidas e de qual será o critério e metodologia de apuração do cumprimento das metas estabelecidas no acordo. Não se satisfaz com a mera postura estática, retroativa, de apenas medir e relatar os resultados alcançados. Alertese que a estipulação de metas e a divulgação estática dos resultados alcançados no final do período de apuração não se confundem com descrição dos mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. A Lei nº 10.101/2000 exige ambas. Não se basta só com a primeira. De outro eito, decorre por dedução lógica e, principalmente, pelas disposições expressas na lei, que a definição e formalização em documento próprio das condições de contorno do plano de PLR têm que estar concluídas e tornadas públicas aos empregados previamente ao período de apuração dos objetivos pactuados entre as partes, de maneira que o trabalhador tenha o perfeito e exato conhecimento daquilo que precisa fazer, de como precisa fazer, do quanto e quando precisa fazer, de como serão mensurados e avaliados os objetivos estabelecidos pela empresa e de como o empregado será avaliado pela empresa para fazer jus ao ganho patrimonial especificamente consignado e prometido na negociação coletiva REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. Tendo por finalidade a norma em tela a integração entre capital e trabalho e o ganho de produtividade, exige a lei a negociação prévia entre empresa e os empregados, mediante acordo coletivo ou comissão de trabalhadores, da qual resulte clareza e objetividade das condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direito substantivo). Tendo a PLR a finalidade de incentivar o trabalhador a realizar e oferecer à empresa um plus de produtividade que exceda ao resultado rotineiro e ordinário decorrente do contrato de trabalho, avulta que acordo tem que ser assinado antes do início do período de apuração, para que os trabalhadores saibam, com precisão, o quê, como, quando e quanto precisam fazer para auferir o ganho patrimonial que lhes é prometido por intermédio do plano ajustado. Por isso, os trabalhadores, antes do início do período de apuração, necessitam ter o claro e preciso conhecimento de quanto e quando irão ganhar, sob que forma, e como serão avaliados, para poderem decidir se vale ou não a pena se empenhar de maneira excessiva à ordinária e comum. São as tais das REGRAS CLARAS E OBJETIVAS quanto aos direitos substantivos dos trabalhadores. O espirito da lei pautase na transparência, conhecimento e registro documental prévio dos direitos subjetivos dos trabalhadores na participação nos lucros e resultados da empresa, bem como das condições e dos fins excepcionais que deverão de ser atingidos com o empenho incentivado pelo plano, para a consecução de tal ganho patrimonial. Deve ser enaltecido que o instrumento de acordo celebrado não figura como mera peça decorativa na indigitada lei específica, mas, sim, como documento formal para o registro dos fins extraordinários a serem alcançados pelo corpo funcional da empresa, das regras claras e objetivas referentes aos direitos substantivos dos empregados, ou seja, do incentivo contraprestacional que irão auferir caso atinjam os objetivos do plano, e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Fl. 332DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 Deflui da simbiose dos fundamentos jurídicos e principiológicos dimanados dos dispositivos legais ora revisitados que o instrumento de negociação celebrado entre patrões e empregados seja arquivado PREVIAMENTE na entidade sindical da categoria, como garantia dos direitos dos trabalhadores, porquanto os sindicatos ostentam, como uma de suas principais funções, a defesa dos interesses econômicos, profissionais, sociais e políticos dos seus associados. A Lei nº 10.101/2000 não se satisfaz com o mero convite ou carta de convocação aos sindicatos. Ela exige a participação efetiva dos sindicatos na mesa de negociações! A eventual escusa dos sindicatos de participar da celebração do plano de PLR não é excludente da exigência estatuída no Diploma Legal ora em foco, uma vez que o Ordenamento Jurídico prevê caminhos alternativos de sanatória de tal ausência, fixados no art. 616 da Consolidação das Leis do Trabalho, ad litteris et verbis: Consolidação das Leis do Trabalho Art. 616 Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação sindical, quando provocados, não podem recusarse à negociação coletiva. (Redação dada pelo Decretolei nº 229/67) §1º Verificandose recusa à negociação coletiva, cabe aos Sindicatos ou empresas interessadas dar ciência do fato, conforme o caso, ao Departamento Nacional do Trabalho ou aos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, para convocação compulsória dos Sindicatos ou empresas recalcitrantes. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) §2º No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, pelo desatendimento às convocações feitas pelo Departamento Nacional do Trabalho ou órgãos regionais do Ministério de Trabalho e Previdência Social, ou se malograr a negociação entabolada, é facultada aos Sindicatos ou empresas interessadas a instauração de dissídio coletivo. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) §3º Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro dos 60 (sessenta) dias anteriores ao respectivo termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse termo. (Redação dada pelo Decretolei nº 424/69) §4º Nenhum processo de dissídio coletivo de natureza econômica será admitido sem antes se esgotarem as medidas relativas à formalização da Convenção ou Acordo correspondente. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) Nessa esteira, não atendendo os sindicatos à convocação levada a efeito pela Recorrente, deveria esta ter dado ciência do fato ao órgão responsável do Ministério do Trabalho, ou ao órgão governamental competente que lhe faça as vezes, para que procedesse à convocação compulsória dos Sindicatos recalcitrantes. Dessarte, sem a presença de um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria e enquanto não se promover o efetivo arquivamento do instrumento de acordo celebrado na entidade sindical dos trabalhadores, irregular, incompleta e em desacordo com a Lei nº 10.101/2000 estará a negociação entre patrões e empregados, circunstância que exclui toda e qualquer verba paga a título de PLR do campo de não incidência tributária delimitado na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. Cumpre observar que, nos termos do art. 111, II, do CTN, devese emprestar interpretação restritiva às normas que concedam outorga de isenção. Nesse diapasão, em sintonia com a norma tributária há pouco citada, para se excluir da regra de incidência é necessária a fiel observância dos termos da norma de exceção, tanto assim que as parcelas integrantes do supraaludido §9º, quando Fl. 333DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 688 25 pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, passam a integrar a base de cálculo da contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. Código Tributário Nacional CTN Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Dado à exegese restritiva exigida pelo CTN, somente serão extirpadas da base de cálculo das contribuições previdenciárias as verbas pagas sob o rótulo de participação nos lucros e resultados (PLR) que forem pagas ou creditadas a segurados empregados, e em estreita e inafastável consonância com a lei específica que rege o benefício em pauta. Do contrário, não. Permanecerão qualificadas como Salário de Contribuição. Diante dos aludidos dispositivos, deflui que o efeito sublime da desoneração prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei de Custeio da Seguridade Social somente toma vulto na exclusiva condição de as verbas pagas ou creditadas a título de participação nos lucros e resultados atenderem cumulativamente aos seguintes requisitos: · A verba paga a título de participação nos lucros e resultados da empresa tem que ser representativa de um plano gerencial de incentivo à produtividade, consoante art. 1º da Lei nº 10.101/2000. · O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e objetiva, um fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do trabalhador, estimulado que está pela promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR, de maneira que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a produzir mais e melhor do que aquele desempenho ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho. Ø O desempenho regular, rotineiro e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário; Ø O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa que excedam aos resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas. · Tem que resultar de negociação formal entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria ou de convenção/acordo coletivo; · Das negociações suso citadas, deverão resultar instrumentos formais que registrem o plano de incentivo à produtividade adotado pela empresa, os objetivos a serem alcançados na execução de tal plano, as regras claras e objetivas definidoras dos Fl. 334DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 direitos substantivos dos trabalhadores, bem como a regras adjetivas, abarcando os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, etc. · A negociação entre empresa e trabalhadores tem que ser concluída e assinada previamente ao período de execução do plano, de modo que os empregados dele participem com a perfeita e exata noção do que, do quanto, do quando e do como fazer para o atingimento dos objetivos pactuados, do quanto receberão pelo seu sucesso, e de como serão avaliados para fazerem jus à PLR prometida; · O instrumento formal resultante do acordo em realce tem que ser arquivado previamente ao período de execução do plano na entidade sindical dos trabalhadores; · A PLR não pode substituir, tampouco complementar a remuneração devida a qualquer empregado; · A PLR não pode ser distribuída em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil; No caso em apreço, apurou a Fiscalização a ocorrência de pagamentos a título de PLR abrangendo os períodos de janeiro a dezembro de 2006 e de janeiro a dezembro de 2007, no entanto, em desconformidade com a Lei nº 10.101/2000, uma vez que: a) Em nenhuma cláusula do acordo foi explicitada a meta a ser alcançada. b) Pelo fato de o acordo não ter estabelecido a meta a ser alcançada, não se estabeleceu o elo entre as metas definidas e a dedicação dos empregados em alcançálas, conduzindo ao incremento da produtividade, um dos objetivos fundamentais da lei. c) Apesar de não ter definido as metas a serem alcançadas, a empresa comprometeuse a pagar a PLR a todos empregados cuja diretoria tenha alcançado os resultados pré determinados positivos, (resultados esses não definidos nos acordos) desde que o resultados da empresa tenham sido positivos. d) Ao não definir quais seriam as metas a serem alcançadas e ao não definir quais seriam os resultados prédeterminados das diretorias, não foi obedecido o que determina a Lei 10.101 de 16/12/200, em seu art. 2º, §1º, que determina que os instrumentos decorrentes da negociação devam constar regras claras e objetivas quanto a fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas. Compulsando os autos, em especial os ACORDOS DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS a fls. 121/129, 130/139 e 140/151, constatamos a incorrência em diversas violações às regras e objetivos fixados na Lei nº 10.101/2000, na caracterização da PLR legal. 1) Inexistência de metas a serem atingidas pelos empregados. A ocorrência de lucro, mesmo que seja de R$ 0,01, como alega o Recorrente, não é meta, mas, sim, Fl. 335DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 689 27 condição sine qua non para a distribuição de lucros, pois, se não houver lucros nada haverá para ser distribuído. Inexiste nos autos qualquer relação de pertinência entre os valores que seriam devidos aos empregados, a título de PLR, e o montante de lucro apurado. De tal omissão resulta que os valores a serem distribuídos são definidos unilateralmente pela empresa, e no momento em que se realiza tal distribuição, e não em razão de negociação previa entre empresa e trabalhadores, como assim determina a Lei; O pagamento de verba com o rótulo de PLR Legal em retribuição ao trabalho comum, ordinário, usual e cotidiano do empregado, desconectado a qualquer incentivo à produtividade, é expressamente vedado pela Lei nº 10.101/2000, cujo art. 3º obsta o pagamento de tal rubrica em substituição ou complementação à remuneração devida a qualquer empregado. 2) Inexistência, nos acordos de PLR, de qualquer estipulação do que os empregados devem fazer, além do cotidiano, ordinário e corriqueiro, para fazer jus ao plus remuneratório. Como dito, o trabalho regular, rotineiro e ordinário do trabalhador, decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho, é remunerado mediante salário – base de cálculo das contribuições previdenciárias, não com PLR. Esta tem por propósito o incentivo à produtividade, do que se pressupõe um desempenho de excelência, tendente a alcançar um resultado superior ao usual, fixado de maneira clara e objetiva no Acordo entre Patrões e Empregados. Não havendo metas a serem atingidas, o empregado não sabe o que precisa fazer, quanto fazer, como fazer, com que qualidade fazer para se constituir como sujeito de direito ao benefício em pauta. Tudo fica estabelecido, unilateralmente, pela empresa e mantido ao desconhecimento objetivo do empregado, que não tem instrumentos documentais para exigir a PLR do empregador. Nestas circunstâncias, a empresa, a seu único e exclusivo critério e conveniência, pode ou não distribuir a rubrica em questão. Onde estará o incentivo à produtividade exigido pela Lei ? Não há ! Diz a cláusula quarta, in verbis: CLÁUSULA QUARTA A COTIA e a COMISSÃO acordam para o 1° e 2° semestre do ano de 2007, o seguinte: O cálculo do montante global de Participação será feito considerando os resultados obtidos no 1° semestre de 2007 relativos ao período compreendido de janeiro a junho de 2007 e no 2° semestre de 2007, período compreendido de julho à dezembro de 2007, sendo que os valores a serem atribuídos a cada empregado terão como base seus respectivos salários, Grupo Ocupacional e Avaliação de Desempenho. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 Parágrafo Primeiro A COTIA comprometese a pagar a Participação nos Lucros e Resultados do 1° e 2° semestre do ano de 2007, observandose a Tabela de Participações nos Lucros / Resultados, que será utilizada para o primeiro e segundo semestre de 2007, respeitados os parâmetros de cargo e avaliação de desempenho individual, a todos os empregados cuja diretoria tenha alcançado os resultados prédeterminados positivos e desde que o resultado da empresa seja positivo tanto no primeiro, quanto no segundo semestre de 2007. Parágrafo Segundo A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS do 1° semestre de 2007 será paga em 02 de agosto de 2007 e do 2° semestre de 2007 será paga em 29 de fevereiro de 2008. Parágrafo Terceiro O Salário/Mês, que servirá de base para cálculo de PARTICIPACAO NOS LUCROS E RESULTADOS do 1° semestre de 2007, será aquele praticado na Folha de Pagamento de 30.06.2007 e do 2° semestre de 2007 será aquele praticado na Folha de Pagamento de 31.12.207. Malgrado a cláusula quarta estatua que “O cálculo do montante global de Participação será feito considerando os resultados obtidos no 1° semestre de 2007 relativos ao período compreendido de janeiro a junho de 2007 e no 2° semestre de 2007, período compreendido de julho à dezembro de 2007”, o acordo, em momento algum, define como se dará tal “consideração”. O Recorrente alega que “se a empresa apresentar R$ 0,01 (um centavo de real) positivo em seu resultado, seus funcionários, conforme o desempenho apresentado, farão jus ao PLR”. Em verdade, se o lucro fosse, de fato, de R$ 0,01, como alega o Recorrente, haveria a distribuição de quase Dois Milhões de Reais em 2007 ??? Nessas condições, tal verba não se reveste das características da PLR legal, mas mero prêmio de produtividade definido unilateralmente pelo empregador. 3) Inexistência de regras claras e objetivas quanto aos critérios de avaliação dos trabalhadores. A cláusula quinta do acordo estabelece que a PLR em pauta está condicionada ao nível de desempenho individual dos trabalhadores, que serão avaliados pelos seus respectivos superiores imediatos, através do instrumento de AVALIAÇAO DE DESEMPENHO/RESULTADOS. CLÁUSULA QUINTA A Participação de que trata este ACORDO caracterizase como Participação nos Resultados, e está condicionado ao resultado da Organização, da Diretoria e de seu nível de desempenho individual, que será medido através do instrumento de AVALIAÇAO DE DESEMPENHO/RESULTADOS. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 690 29 Parágrafo Primeiro Cada funcionário será avaliado pelo seu superior imediato e o instrumento de avaliação está vinculado ao grupo ocupacional / nível do cargo na estrutura organizacional da empresa, a saber: 1) AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO/RESULTADOS MODELO 1: Para cargos de Traders e Apoio (Técnico, Administrativo e Serviços). 2) AVALIAÇAO DE DESEMPENHO/RESULTADOS MODELO 2: Para Executivos, cargos de Diretoria, Gerência, Coordenadores e Supervisores. Parágrafo Segundo A Avaliação será semestral, para o 1° semestre de 2006, abrangendo o período de janeiro de 2006 a junho de 2006 e para o 2° semestre de 2006, o período de julho de 2006 a dezembro de 2006. Parágrafo Terceiro As avaliações serão procedidas através de conceitos, levandose em consideração o desempenho individual de cada empregado, as quais gerarão um conceito assim definido: ACIMA DO ESPERADO, ESPERADO, ABAIXO DO ESPERADO. Segundo a classificação obtida pelo empregado que se refletirá através do conceito por ele obtido, e levando em consideração o cargo ocupado dentro da empresa, chegarseá ao valor da participação que o empregado fará jus de acordo com as Tabelas de Valores de Participação nos Resultados, previamente aprovada pelos empregados, anexa ao presente, e que faz parte integrante deste. Parágrafo Quarto , Poderá haver acréscimo na Participação nos Lucros e Resultados ora estabelecida, acima do fixado nas Tabelas de Valores de Participação nos Resultados, relativamente às pessoas que tiverem classificação ACIMA DO ESPERADO e obtiverem DESTAQUE em seus resultados, contribuindo sobremaneira para com os negócios da Organização/Diretoria, mediante recomendação do respectivo Vice Presidente. Parágrafo Quinto Os modelos dos instrumentos de AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO/RESULTADOS modelos 1 e 2, e a Tabela de Valores de Participação nos Lucros e Resultados fazem parte integrante deste acordo. Acontece que a maioria dos critérios de avaliação são totalmente subjetivos, e dependentes do humor e da empatia do avaliador. Também ficam à calva de definição o que a empresa entende como ESPERADO, ACIMA DO ESPERADO, ABAIXO DO ESPERADO e DESTAQUE. Dessarte, de Fl. 338DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 nada adianta a existência de um critério supostamente objetivo de produtividade/qualidade se os parâmetros de avaliação são omitidos do conhecimento do trabalhador avaliado. Nessa prumada, o que será considerado como ESPERADO será definido unilateralmente pelo empregador, de acordo com os seus humores de comodidade e oportunidade do momento da avaliação. Aditese que a inexistência de regras claras e objetivas é tão marcante que o acordo de PLR de 2006, para pagamento em fevereiro/2007, houvese por assinado, tão somente, em 08 de dezembro de 2006, dia de Nossa Senhora da Conceição, sendo arquivado na entidade sindical em 21/12/2006. Ou seja: o acordo foi assinado quando já se encontrava quase que totalmente exaurido o período de apuração de metas e de avaliação dos trabalhadores. 4) Inexistência de regras claras e objetivas quanto aos Direitos Substantivos dos Trabalhadores. Do exame dos acordos de participação nos lucros e resultados da Recorrente avulta que os trabalhadores não extraem a exata dimensão de qual será o benefício por eles auferido caso dediquemse ao trabalho com a máxima excelência e determinação. A uma, porque não há metas a serem alcançadas. A duas, porque não há qualquer estipulação de quanto do lucro será distribuído aos empregados. A três, porque não há qualquer mecanismo de aferição do quanto das metas fixadas já foram cumpridas, até porque não há metas. A quatro, porque os mecanismos de avaliação dos trabalhadores é totalmente subjetivo e dependente do humor e da empatia do avaliador, e os parâmetros de enquadramento não se encontram especificados no Instrumento de Acordo, sendo objeto de total discricionariedade do empregador no momento da avaliação dos empregados. A cinco, porque o acordo de 2006, para pagamento em fevereiro de 2007, foi assinado somente em 08/12/2006, quando já se encontrava praticamente esgotado o período de apuração de metas e de avaliação dos trabalhadores. De nada adianta a tabela de Quantidade de Salários a fl. 147, porque os limites objetivos dos conceitos de ESPERADO, ACIMA DO ESPERADO e ABAIXO DO ESPERADO não se encontram especificados no acordo de PLR. Por outro viés, a título meramente exemplificativo, um diretor avaliado como “ESPERADO” pode auferir a título de PLR de 0,25 a 5,0 salários, inexistindo no acordo qualquer parâmetro de correlação biunívoca entre o seu desempenho profissional e a escala de vinte pontos acima apontada. Dessa discricionariedade decorre que havendo dois diretores avaliados no conceito de “ESPERADO”, um pode receber vinte vezes mais que o outro, tudo a depender do interesse, oportunidade e empatia do superior responsável pela estipulação do quantum remuneratório da rubrica em pauta. Fl. 339DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 691 31 Notese que o §4º da Cláusula 5ª estatui que “poderá haver acréscimo na Participação nos Lucros e Resultados ora estabelecida, acima do fixado nas Tabelas de Valores de Participação nos Resultados, relativamente às pessoas que tiverem classificação ACIMA DO ESPERADO e obtiverem DESTAQUE em seus resultados, contribuindo sobremaneira para com os negócios da Organização/Diretoria, mediante recomendação do respectivo VicePresidente”. Mas que acréscimo será esse? Qual o parâmetro de enquadramento daquilo que se considera como “ACIMA DO ESPERADO” e “DESTAQUE”? Qual o parâmetro objetivo a partir do qual será devido tal acréscimo ? No acordo não há nada de objetivo. Aliás, há. Subjetivo, porém. Por “recomendação do respectivo vicepresidente”. Nessas condições, tal verba não se reveste das características da PLR legal, mas mero prêmio / gratificação definido unilateralmente pelo empregador, consoante seus imperativos de interesse e oportunidade, despidos de qualquer direito subjetivo dos trabalhadores. Por tais razões, os valores pagos foram considerados pela Fiscalização como Salário de Contribuição, nos termos do art. 28, I, da Lei nº 8.212/1991. 3.2. DA PENALIDADE PECUNIÁRIA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FORMALIZADA MEDIANTE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Malgrado não haja sido suscitada pelo Recorrente, a condição intrínseca de matéria de ordem pública nos autoriza a examinar, ex officio, a questão relativa à penalidade pecuniária decorrente do atraso no recolhimento do tributo devido, a ser aplicada mediante lançamento de ofício. E para fincar os alicerces sobre os quais será erigida a opinio iuris que ora se escultura, atinese que o nomem iuris de um instituto jurídico não possui o condão de lhe alterar ou modificar sua natureza jurídica. JULIET: ”Tis but thy name that is my enemy; Thou art thyself, though not a Montague. What's Montague? it is nor hand, nor foot, Nor arm, nor face, nor any other part Belonging to a man. O, be some other name! What's in a name? that which we call a rose By any other name would smell as sweet; So Romeo would, were he not Romeo call'd, Retain that dear perfection which he owes Without that title. Romeo, doff thy name, And for that name which is no part of thee Take all myself”. Fl. 340DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 32 William Shakespeare, Romeo and Juliet, 1600. A questão ora em apreciação trata de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício. Iluminese, inicialmente, que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Com efeito, o regramento legislativo relativo à aplicação de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal, vigente à data inicial do período de apuração em realce, encontravase sujeito ao regime jurídico inscrito no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Fl. 341DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 692 33 b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). II Para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). §1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. §2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. §3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o §1º deste artigo. §4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Fl. 342DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 34 No caso vertente, o lançamento tributário sobre o qual nos debruçamos promoveu a constituição formal do crédito tributário, mediante lançamento de ofício consubstanciado nos Autos de Infração de Obrigação Principal nº 37.299.5942, 37.299.5950 e 37.299.5969, referente a fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro a dezembro/2007. Nessa perspectiva, tratandose de lançamento de ofício formalizado mediante os Autos de Infração de Obrigação Principal acima indicado a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal há que ser dimensionalizada, no período anterior à vigência da MP nº 449/2008, de acordo com o critério de cálculo insculpido no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui denominada “multa de mora”, variando de 24%, se paga até quinze dias do recebimento da notificação fiscal, até 50% se paga após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, hoje CARF, enquanto não inscrito em Dívida Ativa. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não incluídas em lançamentos Fiscais de ofício, ou seja, quando o recolhimento não for resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado, no horizonte temporal em relevo, em conformidade com a memória de cálculo assentada no inciso I do mesmo dispositivo legal acima mencionado, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, variando de oito por cento, se paga dentro do mês de vencimento da obrigação, até vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da exação. Tal discrimen encontrase tão claramente consignado na legislação previdenciária que até o organismo cognitivo mais rudimentar em existência – o computador – consegue, sem margem de erro, com uma simples instrução IF – THEN – ELSE unchained, determinar qual o regime jurídico aplicável a cada hipótese de incidência: IF lançamento de ofício THEN art. 35, II da Lei nº 8.212/91 ELSE art. 35, I da Lei nº 8.212/91. Traduzindose do “computês” para o “juridiquês”, tratandose de lançamento de ofício, incide o regime jurídico consignado no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Ao revés, nas demais situações, tal como na hipótese de recolhimento espontâneo de contribuições previdenciárias em atraso, aplicase o regramento assinalado no Inciso I do art. 35 desse mesmo diploma legal. Com efeito, as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades pecuniárias decorrentes do não recolhimento tempestivo de contribuições previdenciárias foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator no caso do recolhimento espontâneo a destempo pelo Obrigado, porém, mais severas para o sujeito passivo, no caso de lançamento de ofício, do que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, revogou o art. 34 e deu nova redação ao art. 35, ambos da Lei nº 8.212/91, estatuindo que os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições Fl. 343DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 693 35 devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, seriam acrescidos de multa de mora e juros de mora nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96. Mas não parou por aí. Na sequência da lapidação legislativa, a mencionada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, fez inserir no texto da Lei de Custeio da Seguridade Social o art. 35A que fixou, nos casos de lançamento de ofício, a aplicação de penalidade pecuniária, então batizada de “multa de ofício”, à razão de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 344DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 36 V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Fl. 345DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 694 37 Como visto, o regramento da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal a ser aplicada nos casos de recolhimento espontâneo feito a destempo e nas hipóteses de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias que, antes da metamorfose legislativa promovida pela MP nº 449/2008, encontravamse acomodados em um mesmo dispositivo legal, citese, incisos I e II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, nessa ordem, agora se encontram dispostos em separado, diga se, nos artigos 61 e 44 da Lei nº 9.430/96, respectivamente, por força dos preceitos inscritos nos art. 35 e 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Nesse novo regime legislativo, a instrução de seletividade invocada anteriormente passa a ser informada de acordo com o seguinte comando: IF lançamento de ofício THEN art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. ELSE art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Diante de tal cenário, a contar da vigência da MP nº 449/2008, a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui referida pelos seus genitores com o nome de batismo de “multa de ofício”, calculada de acordo com o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado em conformidade com as disposições inscritas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, calculada de acordo com o disposto no art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Não demanda áurea mestria perceber que o nomem iuris consignado na legislação previdenciária para a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, que nas ordens do Ministério da Previdência Social recebeu a denominação genérica de “multa de mora”, art. 35, II da Lei nº 8.212/91, no âmbito do Ministério da Fazenda houvese por batizada com a singela denominação de “multa de ofício”, art. 44 da Lei no 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008. Mas não se iludam, caros leitores ! Malgrado a diversidade de rótulos, as suas naturezas jurídicas são idênticas: penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. No que pertine à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal não incluída em lançamento de ofício, o título designativo adotado por ambas as legislações acima referidas é idêntico: “Multa de Mora”. Fl. 346DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 38 Não carece de elevado conhecimento matemático a conclusão de que o regime jurídico instaurado pela MP nº 449/2008, e convertido na Lei nº 11.941/2009, instituiu uma apenação mais severa para o descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício (75%) do que o regramento anterior previsto no art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (de 24% a 50%), não havendo que se falar, portanto, de hipótese de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, durante a fase do contencioso administrativo. Código Tributário Nacional Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Conforme acima demonstrado, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, antes do advento da MP nº 449/2008, encontravase disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Contudo, após o advento da MP nº 449/2008, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício passou a ser regida pelo disposto no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela citada MP nº 449/2008. Não é cabível, portanto, efetuarse o cotejo de “multa de mora” (art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) com “multa de mora” (art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008), pois estarseia, assim, promovendo a comparação de nomem iuris com nomem iuris (multa de mora) e não de institutos de mesma natureza jurídica (penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício). Tal retroatividade não se coaduna com a hipótese prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, a qual se circunscreve a penalidades aplicáveis a infrações tributárias de idêntica natureza jurídica, in casu, penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. Lé com lé, cré com cré (Jurandir Czaczkes Chaves, 1967). Reiterese que não se presta o preceito inscrito no art. 106, II, ‘c’ do CTN para fazer incidir retroativamente penalidade menos severa cominada a uma infração mais branda para uma transgressão tributária mais grave, à qual lhe é cominado em lei, especificamente, castigo mais hostil, só pelo fato de possuir a mesma denominação jurídica (multa de mora), mas naturezas jurídicas distintas e diversas. Conforme acima demonstrado, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, antes do advento da MP nº 449/2008, encontravase disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. De outro eito, após o advento da MP nº 449/2008, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício passou a ser regida pelo disposto no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela citada MP nº 449/2008. Fl. 347DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 695 39 Como visto, a norma tributária encartada no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008, c.c. art. 61 da Lei nº 9.430/96 só se presta para punir o descumprimento de obrigação principal não formalizada mediante lançamento de ofício. Nos casos de descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, tanto a legislação revogada (art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99), quanto a legislação superveniente (art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96) preveem uma penalidade pecuniária específica, a qual deve ser aplicada em detrimento da regra geral, em atenção ao princípio jurídico lex specialis derogat generali, aplicável na solução de conflito aparente de normas. Nessa perspectiva, nos casos de lançamento de ofício, o cotejamento de normas tributárias para fins específicos de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN somente pode ser efetivado, exclusivamente, entre a norma assentada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96 com a regra encartada no art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, uma vez que estas tratam, especificamente, de penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, ou seja, penalidades de idêntica natureza jurídica. Nesse contexto, vencidos tais prolegômenos, tratandose o vertente caso de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, o atraso objetivo no recolhimento de tais exações pode ser apenado de duas formas distintas, a saber: a) Tratandose de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores, circunstância que implica a incidência de multa de mora nos termos do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, na razão variável de 24% a 50%, enquanto não inscrito em dívida ativa. b) Tratandose de fatos geradores ocorridos após a vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que promoveu a inserção do art. 35A na Lei de Custeio da Seguridade Social, situação que importa na incidência de multa de ofício de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio, em que tal percentual é duplicado. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro de 2008, exclusive, o cotejo entre as hipóteses acima elencadas revela que a multa de mora aplicada nos termos do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, sempre se mostrará menos gravoso ao contribuinte do que a multa de ofício prevista no art. 35A do mesmo Diploma Legal, inserido pela MP nº 449/2008, contingência que justifica a não retroatividade da Lei nº 11.941/2009, uma vez que a penalidade por ela imposta se revela mais ofensiva ao infrator. Dessarte, para os fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2008, inclusive, o cálculo da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser efetuado com observância aos comandos inscritos no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99. Na mesma hipótese especifica, para os fatos geradores ocorridos a partir da competência dezembro/2008, inclusive, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de Fl. 348DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 40 obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada consoante a regra estampada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. O raciocínio acima delineado é válido enquanto não for ajuizada a correspondente ação de execução fiscal. Como se depreende do art. 35 da Lei n° 8.212/91, na redação da Lei nº 9.876/99, o valor da multa de mora decorrente de lançamento de ofício de obrigação principal é variável em função da fase processual em que se encontre o Processo Administrativo Fiscal de constituição do crédito tributário. De fato, encerrado o Processo Administrativo Fiscal e restando definitivamente constituído, no âmbito administrativo, o crédito tributário, não sendo este satisfeito espontaneamente pelo Sujeito Passivo no prazo normativo, tal crédito é inscrito em Dívida Ativa da União, pra subsequente cobrança judicial. Ocorre que, após o ajuizamento da execução fiscal, a multa pelo atraso no recolhimento de obrigação principal é majorada para 80% ou 100%, circunstância que torna a multa de ofício (75%) menos ferina, operandose, a partir de então, a retroatividade da lei mais benéfica ao infrator, desde que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro/2008, exclusive, considerando a necessidade de se observar o preceito insculpido no art. 106, II, "c" do CTN concernente à retroatividade benigna, o novo mecanismo de cálculo da penalidade pecuniária decorrente da mora do recolhimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício trazido pela MP n° 449/08 deverá operar como um limitador legal do quantum máximo a que a multa poderá alcançar, in casu, 75%, mesmo que o crédito tributário seja objeto de ação de execução fiscal. Nestas hipóteses, somente irá se operar o teto de 75% nos casos em que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Da conjugação das normas tributárias acima revisitadas concluise que, nos casos de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, a penalidade pecuniária pelo descumprimento da obrigação principal deve ser calculada de acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores inadimplidos, conforme se vos segue: a) Para os fatos geradores ocorridos até novembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, observado o limite máximo de 75%, desde que não estejam presentes situações de sonegação, fraude ou conluio, em atenção à retroatividade da lei tributária mais benigna inscrita no art. 106, II, ‘c’ do CTN. b) Para os fatos geradores ocorridos a partir de dezembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada de acordo com o critério fixado no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. No caso dos autos, considerando ser de janeiro a dezembro de 2007 o período de apuração do crédito tributário, e considerando não haver sido verificada a presença dos elementos objetivos e subjetivos de conduta que, em tese, qualificase como fraude e sonegação, tipificadas nos artigos 71 e 72 da Lei nº 4.502/64, resulta que a penalidade pecuniária pelo descumprimento de Fl. 349DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.720031/201185 Acórdão n.º 2302003.560 S2C3T2 Fl. 696 41 obrigação tributária principal formalizada mediante o presente lançamento de ofício deve ser aplicada de acordo com o art. 35, II, da art. Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, em atenção ao princípio tempus regit actum. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo o regramento a ser dispensado à aplicação de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício obedecer à lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, observado o limite máximo de 75%, em atenção à retroatividade da lei tributária mais benigna inscrita no art. 106, II, ‘c’, do CTN. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 350DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 15540.720195/2012-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO CONSUMO DA RENDA.
O art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Trata-se de presunção legal onde, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos.
Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada - Súmula CARF nº 26.
Hipótese em que o Fisco cumpriu todos os requisitos legais e o recorrente não logrou comprovar a origem dos depósitos bancários.
ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DA ESCRITURAÇÃO.
Correto o arbitramento dos lucros quando o contribuinte deixou de apresentar sua escrituração, em especial os livros Razão, para registro de inventário e de Apuração do Lucro Real - LALUR, e entregou Livro Diário registrado em partidas mensais, e não diárias.
LANÇAMENTO REFLEXO DE PIS, COFINS E CSLL. MESMA MATÉRIA FÁTICA.
Aplica-se ao lançamento da Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL o decidido em relação ao lançamento do tributo principal, por decorrerem da mesma matéria fática.
Recurso Conhecido em Parte.
Preliminares Rejeitadas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1102-001.255
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso na parte em que se pleiteia a desqualificação da multa de ofício, vencido o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, que conhecia desta matéria e prosseguia no exame do mérito, e, na parte conhecida, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
___________________________________
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente
(assinado digitalmente)
___________________________________
José Evande Carvalho Araujo- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, e Antonio Carlos Guidoni Filho.
Nome do relator: João Otávio Oppermann Thomé
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 LIMITES DA LIDE. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Como o contribuinte não discutiu, em sua impugnação, a qualificação da multa de ofício, tal matéria deixou de compor a lide, não podendo ser conhecida em sede de recurso voluntário. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO PELO FISCO. CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. A quebra do sigilo bancário pelo Fisco, sem autorização judicial, está prevista no art. 6o da Lei Complementar nº 105, de 2001, dispositivo em plena vigência, apto a embasar procedimento fiscal. Tal conclusão não se altera pelo fato de a matéria estar em discussão no Recurso Extraordinário nº 601.314/MG, com reconhecimento de repercussão geral, nos termos do artigo 543B, do Código de Processo Civil CPC, pois somente as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do CPC, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, como determinado pelo art. 62A do anexo II do RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Súmula CARF nº 2. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009 NULIDADE DO LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. Não é nulo o lançamento que seguiu todas a determinações legais, fundamentando corretamente o arbitramento dos lucros e compensando os tributos já pagos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 01 95 /2 01 2- 10 Fl. 3168DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.169 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO CONSUMO DA RENDA. O art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tratase de presunção legal onde, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos. Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada Súmula CARF nº 26. Hipótese em que o Fisco cumpriu todos os requisitos legais e o recorrente não logrou comprovar a origem dos depósitos bancários. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DA ESCRITURAÇÃO. Correto o arbitramento dos lucros quando o contribuinte deixou de apresentar sua escrituração, em especial os livros Razão, para registro de inventário e de Apuração do Lucro Real LALUR, e entregou Livro Diário registrado em partidas mensais, e não diárias. LANÇAMENTO REFLEXO DE PIS, COFINS E CSLL. MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplicase ao lançamento da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL o decidido em relação ao lançamento do tributo principal, por decorrerem da mesma matéria fática. Recurso Conhecido em Parte. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso na parte em que se pleiteia a desqualificação da multa de ofício, vencido o Fl. 3169DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.170 3 conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, que conhecia desta matéria e prosseguia no exame do mérito, e, na parte conhecida, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ___________________________________ João Otávio Oppermann Thomé Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, e Antonio Carlos Guidoni Filho. Relatório AUTUAÇÃO Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrado Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, bem como Autos de Infração reflexos de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins e Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, relativos aos anos de 2007 e 2008, que totalizaram R$ 25.811.613,46, incluindo principal, multa de 150% e juros de mora calculados até maio de 2012 (fls. 5 e 31 a 75). Nessas autuações, constatouse a infração de omissão de receitas como base em depósitos bancários de origem não comprovada. Foram também lavrados Autos de Infração de IRPJ e de CSLL para arbitrar os lucros do ano de 2009 com base na receita conhecida, que totalizaram R$ 7.205.510,65, incluindo principal, multa de 150% e juros de mora calculados até maio de 2012 (fls. 6 e 76 a 93). Por bem narrar os fatos, transcrevo a descrição da ação fiscal e das infrações lançadas constante no relatório do acórdão de primeira instância (fls. 3.040 a 3.047): a) A ação fiscal originouse em seleção interna da SAPAC da DRF/Niterói, inicialmente para o anocalendário de 2007, tendo em vista a expressiva movimentação financeira (R$ 43.180.429,29) confrontada com a receita bruta declarada (R$ 1.722.856,89), configurando, assim, um indício de omissão de receita da ordem de R$ 41.457.572,40; b) Ademais, apenas os valores de compras da empresa informados por terceiros eram da ordem de R$ 9.257.185,55 equivalente a 5,4 vezes a receita bruta declarada, tendo ainda a contribuinte apresentado a DCTF tomando como base a reduzida receita bruta Fl. 3170DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.171 4 declarada e aprasentando sua DIPJ na modalidade Lucro Presumido; c) No decorrer da ação fiscal, foi recebida na DRF denúncia realizada pelo Sr. Antonio da Silva Duarte, CPF 034.602.74700 e seu filho Cláudio Lopes Duarte, CPF 397.570.05720, acusandoo de diversas irregularidades cometidas dentro da empresa DISFRIO ADM. E SERVIÇOS LTDA, com a utilização de outras empresas, dentre elas a M J LAGOS DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA.; d) Conforme constatado pela Sapac desta DRF diversos pontos da denúncia evidenciam fatos que demonstram a existência de confusão patrimonial entre as várias empresas denunciadas, as quais parecem formar um grupo econômico (GRUPO BOIBOM); e) Há relatos de movimentações de recursos de uma empresa na outra, transações atípicas com cheques, troca de cheques entre empresas, sócios e terceiros, confusão nas despesas com pessoal, utilização de folha de pagamento única para várias empresas, despesas com funcionários que não exercem atividades na empresa, pagamentos de despesas de uma empresa por outra, pagamentos com recursos da empresa de despesas particulares de terceiros, etc.; f) Na denúncia constam empresas de diversos ramos de atuação, entre os quais distribuidoras de carnes e alimentos, administração e serviços de transporte de cargas, revenda de combustíveis, locadora de veículos e comércio de gás; g) Tendo em vista a existência à época, de ação fiscal já iniciada para o anocalendário de 2007, foram analisadas pela SAPAC, no que se refere à MJ LAGOS, as informações relativas aos anos calendário de 2008 e 2009; h) Das análises realizadas verificouse que a empresa apresentou DIPJ relativa ao anocalendário de 2008 na modalidade lucro presumido, com receita bruta declarada de R$ 3.858.912,34, totalmente discrepante da movimentação financeira constante na DIMOF – crédito (R$ 93.689.813,12) e as compras declaradas (R$ 74.973.327,84); i) Assim, foi proposta a ampliação da ação fiscal já em andamento, incluindo os anoscalendário de 2008 (movimentação financeira incompatível com a Receita Declarada) e 2009 (LR – Comércio – Compras); j) Em face das inúmeras tentativas em obter os extratos bancários e de várias respostas, onde a interessada informara que apresentaria em breve os respectivos documentos solicitados, sem que o fizesse a contento, foi emitida pelo Fisco a RMF (Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira) ao UNIBANCO e BRADESCO; Fl. 3171DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.172 5 k) Também foi intimada a prestar esclarecimentos sobre diversos pagamentos realizados a terceiros (FOKO COMÉRCIO E DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS; GRAU DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS E PETER MALHEIROS MACIOKAS), nos anos de 2008 e 2009; l) O fisco intimou ainda o sócio destas empresas, Sr. Antonio da Silva Duarte, a prestar esclarecimentos relativos aos pagamentos realizados a elas; m) A contribuinte, representada por seus sócios, Manoel Gonçalves Costa Moreira e Carlos Jorge da Silva Francisco, em resposta à intimação, informou que os pagamentos realizados a favor da empresa GRAU DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LTDA. referemse a distribuição de lucros da fiscalizada MJ LAGOS, depositados a ordem do Sr. Antonio da Silva Duarte e Cláudio Lopes Duarte, que também são donos da MJ LAGOS. Afirmaram ainda que “a fiscalizada somente está em nosso nome por problemas de ordem particular dos Srs. Antonio Silva Duarte e Cláudio Lopes Duarte, porém os reais donos são eles”. Quanto aos pagamentos efetuados a favor do Sr. Peter Malheiros Maciokas, informa que o “mesmo era funcionário dos Srs. Antonio Silva Duarte e Cláudio Lopes Duarte e os depósitos feitos por ordem destes; n) Já o Sr. Antonio Silva Duarte informara que não teria qualquer relacionamento societário, administrativo, financeiro ou comercial com a empresa MJ LAGOS; o) Constatouse ainda que a contribuinte não apresentou quaisquer elementos, livros e/ou documentos solicitados através do Termo de Intimação Fiscal, de 02/02/2012, ou seja: com relação ao ano de 2009, livros Diário, Razão, Apuração do Lucro Real, Registro de Inventário e livros auxiliares da escrituração, declaração de rendimentos do titular, administradores e dirigentes; demonstrativo da composição do passivo referente à conta fornecedores, devidamente preenchido e acompanhado da documentação comprobatória; p) Com referência ao anocalendário de 2008, os extratos bancários do Banco Bradesco; q) Com referência ao ano de 2007, a comprovação da origem dos recursos creditados nas contas 549347 do Bradesco e 1229672 do Unibanco; r) De posse dos extratos bancários a fiscalização, após exame dos documentos, elaborou Termo de Intimação Fiscal, no qual foram relacionadas as operações a crédito das contas correntes movimentadas nos anos de 2007 e de 2008, para fins de serem apuradas as origens dos recursos que possibilitaram os referidos depósitos; s) Em 18/04/2012, o fisco retornou ao estabelecimento da interessada e entregou a intimação fiscal, no qual foi solicitada a Fl. 3172DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.173 6 apresentação, no prazo de 10 dias, da comprovação dos recursos vinculados às operações bancárias efetuadas a crédito nas contas correntes nºs. 1229672 – UNIBANCO e 54.9347 – BRADESCO, realizadas no ano de 2007, conforme relação de 125 páginas rubricadas e anexas ao referido Termo. t) Os créditos constantes às fls. 103/512 foram os que efetivamente deveriam representar a receita da empresa, eis que se excluiu os valores referentes a estornos, empréstimos, transferências da mesma titularidade, acertos e devoluções de cheque; u) Ficou constatado ainda que a fiscalizada se sujeitava ao arbitramento dos lucros, uma vez que não cumpriu até aquela data e continua não cumprindo até esta, as intimações lavradas em 02/02/2012, 18/04/2012 e inclusive a intimação lavrada em 17/05/2012; v) A seguir, demonstrase os valores dos créditos bancários, as receitas declaradas e a correspondente omissão de receitas, lançadas mês a mês, com base nos extratos bancários, nas DIPJ, DCTF e DACONs apresentadas pela fiscalizada; w) A seguir, demonstrase os valores dos créditos bancários, as receitas declaradas e a correspondente omissão de receitas, lançadas mês a mês, com base nos extratos bancários, nas DIPJ, DCTF e DACONs apresentadas pela fiscalizada; MÊS/ANO RECEITA APURADA RECEITA DECLARADA RECEITA OMITIDA MAIO/2007 2.016.745,26 212.460,18 1.804.285,08 JUNHO/2007 4.478.776,24 215.412,87 4.263.363,37 JULHO/2007 5.680.912,81 210.718,40 5.470.194,41 AGOSTO/2007 6.021.116,94 205.415,49 5.815.701,45 SETEMBRO/2007 5.336.888,19 208.363,00 5.128.525,19 OUTUBRO/2007 6.990.911,76 214.386,00 6.776.525,76 NOVEMBRO/2007 6.546.020,88 225.487,69 6.320.533,19 DEZEMBRO/2007 7.384.409,73 230.612,00 7.153.797,73 JANEIRO/2008 10.221.838,49 228.488,00 9.993.350,49 FEVEREIRO/2008 7.875.529,61 226.981,93 7.648.547,68 MARÇO/2008 6.257.505,49 242.987,61 6.014.517,88 ABRIL/2008 6.540.286,14 268.286,37 6.271.999,77 MAIO/2008 6.741.188,87 294.283.16 6.446.905,71 JUNHO/2008 6.585.383,25 307.964,08 6.277.419,17 JULHO/2008 7.349.095,53 7.349.095,53 AGOSTO/2008 6.968.031,44 6.968.031,44 SETEMBRO/2008 8.298.088,75 8.298.088,75 OUTUBRO/2008 7.981.788,45 7.981.788,45 NOVEMBRO/2008 6.901.166,61 6.901.166,61 DESEMBRO/2008 9.600.292,92 9.600.292,92 TOTAIS 135.775.977,36 3.291.846,78 132.484.130,58 x) Conforme demonstrativo acima, apurouse o total de R$ 44.455.781,81, correspondente aos depósitos de origem não Fl. 3173DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.174 7 comprovada, para o período de maio a dezembro de 2007, que deduzido do valor declarado de R$ 1.722.855,63, verificase omissão de receita na importância de R$ 42.732.926,18, para o período. Para o período de janeiro a dezembro de 2008, apurouse o toai de R$ 91.320.195,55, correspondente aos depósitos de origem não comprovada, que deduzido do valor declarado de R$ 1.568.991,15, verificase omissão de receita na importância de R$ 89.751.204,40. Toda a omissão apurada será lançada de ofício, através do presente auto de infração. y) Oportuna se toma a explanação de que, como de conhecimento, a regra geral é a de que cabe à fiscalização comprovar os fatos que sustentam a acusação fiscal. Por sua vez, a presunção legal em favor do Fisco, prevista na Lei 9.430/96, em seu art. 42, cuida de inverter o ônus da prova quanto à descaracterização do fato presumido omissão de rendimentos, que é do sujeito passivo. Assim, em tendo havido a intimação ao contribuinte, como de fato houve, para comprovar a origem dos créditos em conta de depósito mantida junto às instituições financeiras, perfeita está a situação fática que se subsume ao antecedente da norma presuntiva, que, por sua vez, autoriza a afirmar que os depósitos se originam de recursos próprios gerados pela atividade da empresa; z) As denúncias, contradenuncias e acusações de irregularidades cometidas dentro da Empresa DISFRIO ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS LTDA. CNPJ 32.245.888/000119, onde encontram se instaladas várias outras empresas, dentre elas a Empresa M J LAGOS DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA., objeto desta fiscalização, estão formalizadas, oficialmente, nos processos n°s. 001515868.2011.8.19.0014 (inquérito policial), 1.30.009.000160/201064 (procedimento investigatório na 2a Vara Criminal da Comarca de Campos dos Goytacazes ) em andamento nas esferas do Ministério Público, Polícia e Justiça e 10730.011316/201016 (Receita Federal do Brasil), estando os volumes, por cópias, anexados ao presente auto de infração, nos quais se encontram relatos, documentos e identificação de pessoas, supostamente responsáveis e/ou beneficiárias dos valores sonegados, cuja imputação às pessoas denunciadas somente: . poderá ser confirmada através dos órgãos citados, dada a necessidade de investigações policiais, acareações, buscas e apreensões, que, neste caso fogem à alçada da fiscalização, mormente quando já existem tais procedimentos em andamento em outros órgãos públicos competentes. A seguir se relacionam as pessoas sócias da fiscalizada, procuradores, denunciadas e acusadas através dos processos mencionados: Fl. 3174DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.175 8 Nome : M J LAGOS DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA. MANOEL GONÇALVES COSTA MOREIRA 188.415.03734 CARLOS JORGE DA SILVA FRANCISCO 003.056.06751 CLAUDIO LOPES DUARTE 905.396.48787 ANTÔNIO SILVA DUARTE 034.602.74700 HUGO CECÍLIO DE CARVALHO 397.570.05720 MARIA NILZA M. C. DE CARVALHO 580.709.23768 LUIZ FELIPE DA C. RODRIGUES 286.175.09791 OSNILDO DAGOBERTO BIGHI 357.496.44987 MIGUEL LOPES FILHO 003.494.35871 MARIANA NEVES PEREZ 083.309.32745 DEMERVAL BUSQUET BASTOS 452.706.19768 FRANCISCO CARLOS MACHADO AIROSO 426.275.24704 ELUANA PEREIRA TERRA DE CASTRO 056.218.26752 ANA PAULA DE CARVALHO LEITÃO 047.682.00737 JULIO DA SILVA DE JESUS 099.116.25796 MARCOS ANDRÉ NASCIMENTO VIANNA 004.898.74762 JOELMO PEREIRA RODRIGUES 789.902.03791 PETER MALHEIROS MACIOKAS 285.964.55787 LUIZ CLÁUDIO MONTEIRO DOS SANTOS 522.837.20753 PAOLA MARTINS PEREIRA DE MIRA 511.703.02220 MÁRCIA VALÉRIA VIEIRA CEZÁRIO 001.940.46702 ROGÉRIO LOURENÇO DA SILVA 015.116.48783 CARLOS DOMINGOS DE OLIVEIRA 477.369.41734 Do arbitramento do Lucro Tendo em vista que a fiscalizada apresentou para o anocalendário de 2009 declaração com opção pelo lucro real e, devidamente intimado e reintimado não logrou apresentar à fiscalização os livros contábeis e fiscais, tais como Diário, Razão, de Inventário, Apuração do Lucro Real, bem como os documentos comprobatórios de seu passivo, e, ainda, apresentando elevados saldos de caixa sem registro, e diante da omissão da Empresa quanto à entrega dos livros e documentação contábil e fiscal que permitisse aferir as bases de cálculo dos tributos e contribuições federais devidos, apesar de intimada e reintimada, ensejou assim, a tributação com base nos critérios do lucro arbitrado, em conformidade com o artigo 530, inciso I, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto Fl. 3175DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.176 9 3.000/99, considerada para efeito de cálculo a receita bruta conhecida, qual seja, aquela composta dos valores verificados pela fiscalização, de conformidade com as importâncias lançadas nas DIPJ, DCTF e DACON, apurandose a base de cálculo para a cobrança do Imposto de Renda, Contribuição Social, trimestralmente e para a cobrança mensal do PIS e COFINS, de acordo como a seguir demonstrado. Demonstrativo das Receitas de 2009 MESES VENDAS DEVOLUÇÕES VENDAS LÍQ. VEND LÍQ/TRIM. JAN 8.805.566,13 185.790,18 8.619.775,95 FEV 7.794.033,07 237.380,73 7.556.652,34 MAR 6.084.228,04 44.951,59 6.039.276,45 22.215.704,74 ABR 6.623.968,13 50.027,35 6.573.940,78 MAI 5.893.051,17 78.146,68 5.814.904,49 JUN 6.153.140,91 97.635,58 6.055.505,33 18.444.350,60 JUL 6.197.908,70 94.846,80 6.103.061,90 AGO 5.320.952,49 65.730,80 5.255.221,69 SET 5.888.965,01 88.978,76 5.799.986,25 17.158.269,84 OUT 6.507.489,77 139.061,82 6.368.427,95 NOV 5.587.496,88 88.876,40 5.498.620,48 DEZ 8.936.509,88 325.301,84 8.611.208,04 20.478.256,47 TOTAL 79.793.310,18 1.496.728,53 78.296.581,65 78.296.581,65 Demonstrativo dos débitos lançados em DCTF MESES IR DECL. CSLL DECL. PIS DECL. COFINS DECL. JAN 2.837,36 13.095,48 FEV 3.147,20 14.496,18 MAR 23.121,80 13.873,08 3.447,27 15.878,33 ABR 3.497,44 16.109,44 MAI 3.180,70 14.650,50 JUN 43.246,39 17.728,70 JUL 3.213,38 14.801,03 AGO 3.050,66 14.051,52 SET OUT NOV 3.199,72 14.738,10 DEZ TOTAL 66.368,19 31.601,78 25.573,73 117.820,58 Do Crime Fiscal Por essas ações e/ou omissões e tudo mais constante deste Termo, bem como dos processos aqui relacionados, caracterizada está a transgressão aos artigos 71 inciso I e 73, da Lei n° 4.502, de 30/11/1964. Através dos fatos aqui relatados, ficam claros os indícios da sonegação e do conluio, crimes contra a ordem tributária que se caracteriza pelo ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando os efeitos da sonegação e da fraude fiscal, de que trata a Lei n° 4.502, de 30/11/1964 art. 73, que, neste caso, indiciam serem os agentes os efetivos donos do negócio, ocultos até o momento Fl. 3176DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.177 10 atual, e as interpostas pessoas, os supostos sócios da empresa, conforme declarados por eles próprios, em documento assinado e anexo ao presente. Concluindo, tendo em vista a existência do Inquérito Policial n° 0015158 68.2011.8.19.0014 e do procedimento investigatório criminal n° 1.30.009.000160/201064 e que a ação fiscal se ampliou conforme solicitação do Ministério Público Federal, através do Ofício n° 510/2010MPF/PRMSPA/GAB02, e, em face da impossibilidade desta DRF nomear os efetivos integrantes do conluio sem a indispensável ação policial, o fisco remetera todo o material disponível ao Ministério Público Federal, para as providências que o caso requer, dispensada a formalização de processo específico, nos termos do § 3o do art. 3o, da Portaria RFB n° 2439, de 21/12/2010. IMPUGNAÇÃO Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação (fls. 2.963 a 2.982), acatada como tempestiva. Socorrome, mais uma vez, do relatório do acórdão de primeira instância na parte em que descreve os termos desse recurso (fls. 3.047 a 3.050): Da Preliminar – Nulidade da Notificação a) A notificação resta eivada de nulidades, pois em conformidade com o que preconiza o ordenamento jurídico, o auto de infração relata que o arbitramento se faz, tendo em vista que o contribuinte não possui escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, fato este inverídico, visto que a empresa possui todos os livros e documentos necessários à fiscalização e os mesmos foram devidamente e tempestivamente entregues ao fiscal, como podese verificar do termo de informação fiscal datado de 12/04/2012 (documento 01; 03; 04 e 05), o que faz cair por terra a informação de que a interessada, à época da fiscalização, não havia apresentado livros e documentos; b) O próprio Termo de Devolução de Livros e Documentos desmente a afirmação do auto de infração, no que tange ao arbritramento do lucro; c) Verificase que a falta de consideração dos livros e documentos apresentados e os respectivos valores dos impostos já pagos e não deduzidos pelo fiscal e que serviram de amparo para o levantamento efetuado redundaram em erro do fisco, conforme demonstrativo apresentado no auto de infração; d) A igualdade constitucional que previsiona a Ampla Defesa, faz ver que os lançamentos devem contar com a devida clareza o que não ocorreu neste caso, restando, assim, nula a notificação aqui objeto, dado que deixa de informar os valores corretso da pretensa infração e que geraram o valor cobrado por arbitramento, cerceando a plena defesa; Fl. 3177DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.178 11 Do Mérito Termo Complementar à Descrição dos Fatos – Anexo ao Auto de Infração a) A presunção legal a favor do Fisco resta prejudicada, ante a comprovação da apresentação de todos os livros e documentos e a não consideração de tais provas, configurando, assim, a nulidade do auto de infração; b) O artigo 42 da Lei nº 9.430/1996 constitui uma presunção legal a favor do Fisco; entretanto, esta não é absoluta; c) É comum contribuintes sacarem valores, utilizarem parcialmente e depositarem o restante novamente nas mesmas contas, transferirem valores de uma conta para outra, sacarem valores para realizar um negócio qualquer, o qual posteriormente não é concretizado com o retorno integral dos valores à conta correspondente etc.; d) Esses fatos podem justificar, no todo ou em parte, a movimentação bancária não declarada, razão pela qual a fiscalização não pode simplesmente considerar cada depósito bancário como rendimento, para fins de cobrança do imposto de renda; e) É necessário comprovar que o depósito não declarado equivale a algum rendimento omitido na respectiva declaração; f) O fato meramente alegado de cuja ocorrência não é demonstrada, não tem o condão de obrigar o contribuinte; g) A quebra do sigilo bancário pelo Fisco sem autorização judicial deve ser reconhecida à ilicitude da prova; h) Ao contrário do que afirma o fisco, todos os documentos estavam a sua disposição e mesmo assim o fiscal alega não ter recebido sem nenhuma explicação, quebrando ainda o sigilo bancário do impugnante sem mandado judicial a respaldalo; i) Entende a fiscalizada que a comprovação mais idônea, mais perfeita, mais regular da origem dos depósitos é certificada pela própria fiscalização ao cotejar os extratos e livros contábeis, não cabendo, destarte, qualquer exigência por falta de comprovação de sua origem ou desacordo com o que foi declarado, visto que, como já demonstrou e a própria fiscalização o certificou, a mesma não se deu ao trabalho de ver os livros e documentos, conforme descrito no próprio auto de infração; j) O conflito entre os poderes da fiscalização (necessários à efetividade dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva) e os direitos individuais do contribuinte fiscalizado (intimidade, privacidade, propriedade, livre iniciativa etc.) questão de grande relevo diz respeito ao sigilo bancário e à sua quebra por autoridades administrativas asseguradas pela LC nº 105/2001; Fl. 3178DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.179 12 k) Se for certo que o direito ao sigilo não é absoluto, devendo ser conciliado com as atribuições de uma fiscalização a fim de prestigiar os princípios da capacidade contributiva e da isonomia, é igualmente certo que as atribuições dessa fiscalização também não são absolutos, e não podem suprimir o direito ao sigilo de que se cuida; l) A regra é o respeito ao sigilo, sendo exceção a sua quebra, em face de circunstâncias que justifiquem a atribuição de maior peso aos princípios que justificam a fiscalização que os protegem a intimidade do fiscalizado; m) É inconstitucional o dispositivo que praticamente torna esse sigilo inexistente, ao determinar que o poder Executivo disciplinar (Por Decreto) a periodicidade e os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços (LC n° 105/2001, art. 5°); n) Com efeito, citado artigo não apenas relativisa o direito ao sigilo, possibilitando sua conciliação com outros à luz do caso concreto. O citado artigo transforma a "quebra" do sigilo em uma regra sem exceções; o) E, mesmo que assim não fosse, o artigo padeceria de outra inconstitucionalidade (que também vicia o art. 6° da mesma lei complementar) porquanto deixa nas mãos da administração, parte interessada e não do poder judiciário, em tese imparcial, o juízo acerca da presença das circunstâncias que justificam a quebra; p) Não se venha invocar, ainda na defesa dos dispositivos da LC n° 105/2001, o chamado "sigilo fiscal" que procedeu a alterações no art 198 do CTN que praticamente aboliram o dever de sigilo fiscal autorizando a "divulgação" de informações relativas a uma série de situações que enumera; q) Esses fatos podem justificar, no todo ou parte, a movimentação bancária não declarada, razão pela qual a fiscalização não pode simplesmente considerar cada depósito bancário como "rendimento", para fins de cobrança do imposto de renda. É necessário comprovar que o depósito não declarado equivale a algum rendimento omitido; r) A interpretação integrada do art. 197 do Código Tributário Nacional com o art. 38, § 5°, da Lei n° 4.595/64, conduz à conclusão de que os Auditores Fiscais somente poderão ter acesso às informações sobre a movimentação bancária de qualquer pessoa física ou jurídica quando houver processo instaurado e as mesmas forem consideradas indispensáveis pela autoridade competente, desde que haja autorização judicial nesse sentido; s) Não pode simplesmente o Fisco arbitrar o lucro da empresa e cobrar as contribuições e impostos com base meramente nos extratos bancários não só por sua inconstitucionalidade como Fl. 3179DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.180 13 também por não ter esgotado todos os meios persecutórios para obtenção dos livros e documentos da empresa. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) julgou a impugnação improcedente, em acórdão que possui a seguinte ementa (fls. 3.037 a 3.058): Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DELIMITAÇÃO DA LIDE. MULTA QUALIFICADA. A interessada, ao deixar de trazer argumentos acerca da aplicação da multa qualificada à época impugnatória, faz com que o assunto fique excluído dos limites da lide. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Deixa de se declarar a nulidade do auto de infração quando sua confecção encontrase perfeita e dentro das exigências legais. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. EXAME DE EXTRATOS. Havendo procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados não se configura quebra de sigilo bancário, mas mera transferência de dados protegidos pelo sigilo bancário às autoridades obrigadas a mantêlos no âmbito do sigilo fiscal. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A Lei nº 9.430, de 1996, em seu artigo 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza lançar o imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS CONTÁBEIS E DOCUMENTOS FISCAIS. Para o ano que se pretende conferir as informações prestadas pelo contribuinte na sua declaração de rendimentos, necessário se torna a apresentação para aquele ano específico dos livros da contabilidade e dos documentos que lhes dão suporte, de forma tal, que seja possível a apuraçã do lucro conforme devidamente Fl. 3180DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.181 14 declarado. Caso contrário, não restará alternativa ao fisco senão o arbitramento do lucro. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 2007, 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. CSLL. Ao subsistir o Auto de Infração principal, igual sorte colherão os dele decorrentes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Os fundamentos dessa decisão foram os seguintes: a) correto o arbitramento do lucro em 2009, pois o Livro Diário apresentado estava em partidas mensais, e não diárias, e não foi apresentado Livro Razão do período, tendo o contribuinte sido intimado e reintimado por diversas vezes a apresentálos; b) correto o lançamento com base no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, tendo sido cumpridos todos os requisitos da lei, sendo que os argumentos de defesa são vagos e genéricos, não servindo para comprovar a origem da movimentação bancária; c) impossível se descontar da tributação os tributos já recolhidos, já que o contribuinte não demonstrou quais as receitas estariam declaradas na DIPJ e quais seriam as apuradas durante o procedimento fiscal; d) o direito à quebra do sigilo bancário pelo Fisco decorre de lei, não cabendo a apreciação sobre a inconstitucionalidade arguida na esfera administrativa; e) quanto às demais bases da autuação, até mesmo sobre a aplicação da multa qualificada, o contribuinte não se manifestou em sua impugnação. Fl. 3181DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.182 15 RECURSO VOLUNTÁRIO Cientificado da decisão de primeira instância em 12/9/2012 (fl. 3.068), o contribuinte apresentou, em 26/9/2012, o recurso voluntário de fls. 3.070 a 3.101, acompanhado dos documentos de fls. 3.102 a 3.154, onde afirma que: a) o lançamento é nulo, pois (i) o auto de infração relata que o arbitramento se fez tendo em vista que o contribuinte não possuía escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, fato esse inverídico, visto que a empresa possui todos os livros e documentos necessários à fiscalização, que foram devidamente e tempestivamente entregues ao fiscal, conforme comprovam termos de intimação e de devolução de documentos; (ii) os impostos já pagos não foram deduzidos; b) o Sr. Antonio Silva Duarte, um dos denuciantes do esquema ao Fisco, e o Sr. Claudio Lopes Duarte eram os verdadeiros sócios ocultos da empresa autuada, devendo o lançamento ser a eles redirecionado. Já os denunciados, os Srs. Manoel Gonçalves Cota Moreira e Hugo Cecílio de Carvalho, eram seus empregados; c) a presunção legal em favor do Fisco, prevista no art. 42 da Lei n° 9.430/96, não é absoluta; d) é comum contribuintes sacarem valores, utilizarem parcialmente, e depositarem o restante novamente nas mesmas contas, transferirem valores de uma conta para outra, sacarem valores para realizar um negócio qualquer, o qual posteriormente não é concretizado, com o retorno integral dos valores à conta correspondente e etc. Esses fatos podem justificar, no todo ou em parte, a movimentação bancária não declarada, razão pela qual a Fiscalização não pode simplesmente considerar cada depósito bancário como “rendimento”, para fins de cobrança do imposto de renda. É necessário comprovar que o depósito não declarado equivale a algum rendimento omitido na respectiva declaração; e) o Tribunal Federal de Recursos, através da Súmula 182, e a Câmara superior de Recursos Fiscais não admitem a tributação com base em depósitos bancários. É necessário demonstrar os sinais exteriores de riqueza; f) não é possível a quebra do sigilo bancário sem ordem judicial; g) o arbitramento de lucro mediante desclassificação da escrita contábil é uma medida extrema a ser adotada na impossibilidade de apuração da base de cálculo do imposto. Quando as receitas omitidas podem ser identificadas e quantificadas não servem como fundamento para o arbitramento de lucro; h) o 1° C.C. tem decidido que, estando os lançamentos contábeis individualizados, apenas com indicação de data única do final do mês, não caracteriza registros em partidas mensais, de forma a dar imprestabilidade à escrituração e motivar o arbitramento dos lucros (ac. 10322.409/2006 no DOU de 06.06.06); i) improcede o abandono da escrita quando a escrituração do Diário é feita de forma global em partidas mensais, mas a prova acostada aos autos nos dá conta de que, embora realizadas no final de cada mês, os lançamentos contábeis são feitos a débito e a crédito, com destaque, documento a documento, operação a operação, indicação de números de cheques, Fl. 3182DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.183 16 com existência de balancetes analíticos, permitindo a identificação da conta utilizada no lançamento, com sua nomenclatura (ac. n° 101.10192.946/00 do C.C. no DOU de 140300); j) quando a Fiscalização glosa a totalidade dos custos e das despesas operacionais e mantém a tributação com base no lucro real, as Delegacias de Julgamento têm dado provimento para as impugnações e o 1° C.C., por unanimidade de votos, tem negado provimento aos recursos de ofício; k) no arbitramento de lucro da empresa, deveria terse aplicado o percentual de 9,6% sobre a receita bruta; l) para que se proceda o arbitramento do lucro, é necessário que o contribuinte seja previamente intimado a providenciar a regularização da escrita; m) o art. 538 do RIR/99 dispõe que o arbitramento do lucro não exclui a aplicação das penalidades cabíveis, o que significa que é uma forma ou regime de tributação, não constituindo em penalidade. Com isso, se a iniciativa do arbitramento for do Fisco, sobre o imposto de renda devido será aplicada a multa de ofício de 75%, o que se contesta a aplicação da multa de 150% prevista no art. 44, da Lei n° 9.430/96; n) não houve a comprovação de interposição de pessoa, devendose desqualificar a multa de ofício; o) o 1o C.C. tem decidido que não comporta a cobrança de multa isolada por falta de recolhimento de tributo por estimativa concomitante com a multa de lançamento de ofício, ambas calculadas sobre os mesmos valores apurados em procedimento fiscal. RESOLUÇÃO Nº 1102000.082: SOBRESTAMENTO Por meio da Resolução nº 1101000.082 (fls. 3.157 a 3.166), a 1a Turma Ordinária da 1a Câmara da 1a Seção de Julgamento decidiu por determinar o sobrestamento do julgamento do recurso, à luz do art. 62A do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e do § único do art. 1º da Portaria CARF nº 1, de 3 de janeiro de 2012, em virtude da repercussão geral do Recurso Extraordinário 601.314/MG, que discutia a possibilidade do fornecimento de informações sobre movimentação bancária de contribuintes, pelas instituições financeiras, diretamente ao Fisco, sem prévia autorização judicial. Contudo, a Portaria GMF nº 545, de 18 de novembro de 2013, revogou os parágrafos primeiro e segundo do art. 62 A do anexo II do RICARF, acabando assim com o instituto do sobrestamento, devendo o processo retornar para apreciação da Turma Julgadora. Contudo, como a relatora da resolução que determinou o sobrestamento não mais compunha o Colegiado que a aprovou, os autos foram objeto de nova distribuição por sorteio (fl. 3.167), sendo a mim encaminhados para apreciação. Esclareçase que todas as indicações de folhas neste voto dizem respeito à numeração digital do eprocesso. É o relatório. Fl. 3183DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.184 17 Voto Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator Os lançamentos sob análise tratam de: a) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, com fulcro no art. 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a qualificação da multa pela prática de sonegação e conluio, nos anos de 2007 e 2008. b) arbitramento do lucro com base na receita conhecida, nos termos do art. 530, inciso I, do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, com a qualificação da multa pela prática de sonegação e conluio, no ano de 2009. Em sua defesa, o recorrente levanta diversas preliminares de nulidade do lançamento, bem como ataca o mérito da autuação. 1 – PRELIMINARES DE NULIDADES DO LANÇAMENTO O recorrente defende que o lançamento é nulo, pois (i) o auto de infração relata que o arbitramento se fez tendo em vista que o contribuinte não possuía escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, fato esse inverídico, visto que a empresa possui todos os livros e documentos necessários à fiscalização, que foram devidamente e tempestivamente entregues ao fiscal, conforme comprovam termos de intimação e de devolução de documentos; e (ii) os impostos já pagos não foram deduzidos. O primeiro vício diz respeito ao próprio fundamento utilizado para se arbitrar os lucros da empresa, e, nesse sentido, confundese com o mérito da autuação, devendo ser junto a ele analisado, não sendo possível seu enfrentamento em sede preliminar. Já o segundo vício apontado, caso constatado, não levaria à anulação do lançamento como um todo, mas apenas ao provimento parcial do recurso para a dedução dos valores não aproveitados. Contudo, uma simples análise das autuações revela que, de fato, a Fiscalização aproveitou os tributos já pagos. Para a infração de omissão de rendimentos com base em depósitos de origem não comprovada, a tabela de fl. 514, no Termo Complementar à Descrição dos Fatos, demonstra que a autoridade fiscal descontou, das receitas apuradas, os rendimentos declarados nas DIPJs, DCTFs e DACONs, e tributou apenas a diferença (fls. 33 e 34, para o IRPJ). Assim, apesar de correto o argumento da decisão recorrida de que não seria necessário descontar os valores declarados se o contribuinte não fizesse uma relação direta com a movimentação bancária, a Fiscalização optou por fazer a dedução, o que significa que excluiu do lançamento as receitas já oferecidas à tributação. Fl. 3184DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.185 18 Já para o auto de infração relativo ao arbitramento dos lucros, os demonstrativos de fls. 81 a 82 e 88 a 89 comprovam que foram deduzidos tanto para o IRPJ, quanto para a CSLL, os tributos já pagos. Dessa forma, rejeito as preliminares de nulidade. 2 – DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA 2.1 – A Previsão Legal O lançamento tributou omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, com base no art. 42 da Lei no 9.430, de 1996. Transcrevo o dispositivo legal que embasou o lançamento: Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 1997) §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou Fl. 3185DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.186 19 receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) Acrescentese que os limites do inciso II do § 3º foram alterados para R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente, pelo art. 4o da Lei nº 9.481, de 13 de agosto de 1997. Assim, vêse que a lei criou uma presunção legal de omissão de receita, que se caracteriza quando o titular de conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, após regular intimação, não comprove a origem dos recursos creditados nessas contas, mediante documentação hábil e idônea. Por isso, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos. Nesse sentido, sem razão a defesa quando afirma que seria ônus da Fiscalização a demonstração de que cada depósito correspondia a uma receita omitida. Para afastar a presunção legal, não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas, como os trazidos pela defesa, que afirma ser normal que valores sejam sacados da conta corrente para realização de negócios, mas novamente depositados quando o negócio não se concretiza, sem apresentar quaisquer provas de que situações semelhantes ocorreram. No caso, verifico que o procedimento fiscal atendeu os termos da lei, pois o contribuinte foi intimado a apresentar seus extratos bancários; com a não apresentação eles foram obtidos diretamente dos bancos; depois da totalização dos créditos, intimouse o sujeito passivo a justificar sua origem; e só após foi lavrado o auto de infração com os depósitos sem origem justificada. Fl. 3186DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.187 20 2.2 – Necessidade de Comprovação do Consuma da Renda O recorrente defende a impossibilidade de tributação de extratos bancários, e afirma que a movimentação bancária não é receita, sendo necessário que se faça comprovação da utilização dos valores depositados, de forma a evidenciar os chamados “sinais exteriores de riqueza”. Contudo, a jurisprudência e argumentos citados se referiam à legislação anterior ao art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, sendo que o novo regramento tem sua aplicação pacificamente aceita nos moldes acima exposto. De qualquer modo, a matéria não comporta mais discussão administrativa desde a publicação da Súmula CARF nº 26, que possui o seguinte enunciado: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. 2.3 – Quebra do Sigilo Bancário pelo Fisco O recorrente afirma não ser possível a quebra do sigilo bancário pelo Fisco, sem autorização judicial, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal – STF. Inicio com a transcrição do dispositivo legal que permite o acesso à movimentação financeira pela Fisco, o art 6o da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001: Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Esse artigo de lei está em plena vigência, não possuindo este CARF competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, nos termos da Súmula CARF nº 2. Tal conclusão não se altera pelo fato de a matéria estar em discussão no Recurso Extraordinário nº 601.314/MG, com reconhecimento de repercussão geral, nos termos do artigo 543B do Código de Processo Civil – CPC. Isso porque apenas as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, Fl. 3187DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.188 21 na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do CPC, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, como determinado pelo art. 62 A do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Acrescentese que a Portaria GMF nº 545, de 18 de novembro de 2013, revogou os parágrafos primeiro e segundo do art. 62 A do anexo II do RICARF, acabando assim com a possibilidade de sobrestamento de julgamentos no CARF até a decisão definitiva do STF. Dessa forma, correto o procedimento fiscal embasado em dispositivo legal em plena vigência. 3 – ARBITRAMENTO DOS LUCROS A Fiscalização também arbitrou os lucros do ano de 2009 pela não apresentação dos livros contábeis e fiscais, tais como Diário, Razão, de Inventário, Apuração do Lucro Real, bem como os documentos comprobatórios de seu passivo, nos termos do art. 530, inciso I, do RIR/99, a seguir transcrito: Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; (...) O recorrente afirma que tal acusação é inverídica, pois os termos de intimação e devolução de documentos comprovam que apresentou seus livros à Fiscalização. A decisão recorrida considerou correto o arbitramento, pois o Livro Diário apresentado estava em partidas mensais, e não diárias, e não foi entregue Livro Razão do período, tendo o contribuinte sido intimado e reintimado por diversas vezes a apresentálos. Antes de prosseguir na análise desses argumentos, devese verificar quais são os documentos que a legislação aponta como necessários para considerar que a escrituração se deu na forma das leis comerciais e fiscais. Tais disposições se encontram nos arts. 251 a 263 do RIR/99, que listam a obrigatoriedade dos Livros Diário e Razão, bem como dos livros para registro de inventário, para registro de entradas (compras) e de Apuração do Lucro Real – LALUR. Com relação ao Livro Razão, o § 2o do art. 259 é explícito ao afirmar que a sua ausência implicará o arbitramento do lucro da pessoa jurídica. Fl. 3188DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.189 22 Ora, o próprio documento apresentado pela defesa indica que não foi apresentado o Livro Razão do ano de 2009, fato que, por si só, autoriza o arbitramento do lucro. Já o documento de fl. 608, atesta a apresentação do Livro Diário de 2009 em 18/5/2011. Mas, no Termo de Intimação Fiscal nº 0003, cientificado em 14/6/2011, o contribuinte foi intimado a apresentar os livros Diário e Razão de acordo com o art. 258 do RIR/99, contendo lançamentos dia a dia (fl. 628). Assim, mesmo o Livro Diário apresentado não atendia à legislação, pois estava registrado em partidas mensais, e não diárias, sendo, portando, considerado imprestável. Não localizei, nos autos, cópias do citado Livro Diário, nem o contribuinte as trouxe no recurso, não sendo possível verificar se a ele se aplicam as jurisprudências citadas pela defesa, que admitem a escrituração mensal desde que seja possível se identificar os lançamentos diários. De qualquer modo, a ausência dos livros Razão, para registro de inventário e de Apuração do Lucro Real – LALUR já justifica o arbitramento, que deve ser considerado como corretamente motivado. Além disso, o contribuinte foi por diversas vezes intimado a apresentar seus livros contábeis e fiscais, com tempo razoável para tanto, não sendo possível se furtar da obrigação com a alegação de que deveria ter sido previamente intimado a providenciar a regularização da escrita. Finalmente, não procede o argumento de que o art. 538 do RIR/99, ao afirmar que o arbitramento do lucro não exclui a aplicação das penalidades cabíveis, estaria obrigando a aplicação da multa de ofício de 75%, e não a de 150%, já que a lei simplesmente determina a aplicação das penalidades cabíveis, não excluindo quaisquer de suas modalidades. A defesa trouxe também algumas alegações que não se aplicam ao caso. Isso aconteceu quando afirmou que as receitas omitidas não servem como fundamento para o arbitramento de lucro quando puderem ser identificadas e quantificadas, pois o arbitramento não se deu em decorrência da omissão de rendimentos, mas pela não apresentação da escrituração. Do mesmo modo, não há sentido quando se postulou que deveria ter sido aplicado o percentual de 9,6% sobre a receita bruta, pois foi justamente esse o percentual de arbitramento utilizado (fl. 80). Não procede, também, o argumento de impossibilidade de glosa da totalidade dos custos e das despesas operacionais, ou de concomitância das multas de ofício e isolada, já que tais infrações não constam dos autos de infração. Por fim, vale ressaltar que não alteram o lançamento as alegações de que as pessoas que fizeram a denúncia ao Fisco são, de fato, os verdadeiros proprietários da pessoa jurídica autuada, devendose redirecionar a autuação para elas. Fl. 3189DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 15540.720195/201210 Acórdão n.º 1102001.255 S1C1T2 Fl. 3.190 23 Como relatado pela autoridade fiscal, não foi possível se firmar convicção sobre quais pessoas realmente participavam da sonegação fiscal, e por isso se optou por incluir como sujeito passivo apenas a pessoa jurídica, deixando para que as autoridades policiais e judiciais apurassem a participação de cada envolvido. Observase, inclusive, que os nomes dos denunciantes também foram incluídos entre aqueles que deveriam ser investigados. Por todo o exposto, mantenho o arbitramento dos lucros do ano de 2009. 4 – MULTA QUALIFICADA O recorrente alega que não é possível a qualificação da multa, porque não foi comprovada a interposição de pessoas. Contudo, como atestado pela decisão recorrida, tal matéria não constou da impugnação (fls. 2.963 a 2.982), e por isso deixou de compor a lide, restando consolidada na esfera administrativa. Nesse sentido, não conheço do recurso quanto a essa matéria. 5 CONCLUSÕES Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso na parte em que se pleiteia a desqualificação da multa de ofício, e, na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José Evande Carvalho Araujo Fl. 3190DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/ 12/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME
score : 1.0
Numero do processo: 10980.006691/2003-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 11/12/1992 a 31/12/1995
RETORNO DE DILIGÊNCIA - VALORES CONFIRMADOS
Reconhecido o crédito, deve ser cancelado o auto de infração resultante de sua negativa.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3301-002.459
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Da Costa Pôssas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo Da Costa Pôssas Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 66 91 /2 00 3- 73 Fl. 158DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10980.006691/200373 Acórdão n.º 3301002.459 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado para exigir da recorrente valores a título da COFINS em razão da ausência de recolhimento do tributo declarado em DCTF. A recorrente alega que os valores exigidos em auto de infração foram compensados com créditos de PIS, que por sua vez se encontram vinculados a pedido de restituição materializado no processo administrativo n° 10980.001760/200191, indeferido pela DRF competente mas até então objeto de recurso perante esse Conselho. Também foram indeferidos pedidos de compensação incluídos no processo n° 10980.003733/200314 em razão da ausência de reconhecimento dos créditos de PIS, conforme cópia do despacho decisório. O Termo de Verificação Fiscal de fls. corrobora tais afirmações. A recorrente apresentou impugnação alegando a impossibilidade de cobrança dos créditos de COFINS enquanto tramitar o pedido de restituição na esfera administrativa, o que foi afastado pelo acórdão da DRJ que velou pela independência entre os processos e considerou o lançamento procedente. Em seu recurso voluntário a recorrente alega, em síntese, que o resultado dos processos administrativos relacionados é essencial ao prosseguimento da cobrança materializada nesses autos. Em análise do recurso voluntário a 1ª Turma Especial da 1ª Câmara dessa Seção entendeu que “o auto de infração, portanto, decorre diretamente do não reconhecimento, pela autoridade administrativa, do direito creditório pretendido pelo contribuinte, o qual seria utilizado para fins de compensação com os valores objeto do lançamento. Assim, não há como proferir manifestação definitiva nos presentes autos, enquanto não encerrado o processo administrativo relativo ao reconhecimento de tal direito.” Foi então o julgamento convertido em diligência para determinar: “1. Juntar ao presente cópia do acórdão proferido pela DRJ/Curitiba relativo ao processo n° 10980.001760/200191, caso seja a decisão final, ou aguardar até que esta seja prolatada, na hipótese de apresentação de recurso voluntário, juntando cópia de ambas as decisões; 2. Retornar o presente a este CARF para julgamento” Retornando o processo da diligência pleiteada a DRF de origem atestou que os valores de COFINS em cobrança por meio do presente auto de infração, informados pelo contribuinte em DCTF, foram compensados com créditos de PIS objeto do pedido de restituição de que trata o processo administrativo no 10980.001760/200191. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10980.006691/200373 Acórdão n.º 3301002.459 S3C3T1 Fl. 4 3 Assim, caso fosse deferida a restituição dos valores pleiteados naquele processo restariam extintos os créditos tributários em cobrança nestes autos. Em cumprimento à determinação de diligência exarada pela 1ª Turma Especial da 1ª Câmara dessa 3ª Seção do CARF, foram anexadas aos presentes autos as decisões proferidas naquele processo de n.º 10980.001760/200191 que deferiu apenas em parte o pedido de restituição de valores de PIS, tendo indeferido os pedidos relativos a fatos geradores anteriores a 01/1995 em razão da ocorrência da “decadência, entretanto, o acórdão proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara dessa 3ª Sessão reformou a decisão de primeiro grau e reconheceu a procedência do recurso do contribuinte para lhe permitir a restituição de todo o montante pleiteado, inclusive os valores relacionados aos exercícios de 1992 em diante, conforme os seguintes termos: “Sendo essas as considerações que reputo suficientes e necessárias à resolução da lide, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a inocorrência de prescrição e, portanto, o direito à restituição de valores pagos a maior, de acordo com a sistemática do PIS/Repique, devidamente corrigidos e homologar as compensações declaradas, até o limite do crédito reconhecido.” Entretanto, por não saber qual foi o total do crédito reconhecido e se ele foi suficiente para suprir a cobrança decorrente do presente auto de infração a 1ª Turma Especial novamente baixou o processo para a DRF de origem para que fosse feita a apuração do crédito reconhecido no processo de n.º 10980.001760/200191 e fosse informado se houve algum débito remanescente dos respectivos pedidos de compensação. É o que importa relatar. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10980.006691/200373 Acórdão n.º 3301002.459 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl Tratase de retorno de diligência. Pelo que pode ser visto a diligência requerida serviu para confirmar a existência de crédito a favor da contribuinte. A DRF em Curitiba concluiu que os montantes eram suficientes para homologar as compensações, tendo inclusive havido direito creditório residual. Não havendo, desse modo, mais valores em litígio decorrente do processo n.º 10980.001760/200191 nada há mais a fazer senão julgar procedente o presente Recurso Voluntário para cancelar o presente auto de infração. É como voto. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 161DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 10865.903135/2008-78
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO JÁ EXAMINADO EM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO QUE FOI OBJETO DE OUTRO PROCESSO. RESTITUIÇÃO JÁ PROCESSADA.
Se em outros autos havia pedido de restituição que tratava integralmente do crédito cuja fração amparava a declaração de compensação objeto deste processo, e se esse pedido já produziu seus normais efeitos no contexto daqueles outros autos, inclusive com restituição de crédito em conta bancária da Contribuinte, resta prejudicada a compensação objeto deste processo, por ausência de crédito que possa ser nele aproveitado.
Numero da decisão: 1802-002.437
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Henrique Heiji Erbano, Nelso Kichel e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Nome do relator: JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO JÁ EXAMINADO EM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO QUE FOI OBJETO DE OUTRO PROCESSO. RESTITUIÇÃO JÁ PROCESSADA. Se em outros autos havia pedido de restituição que tratava integralmente do crédito cuja fração amparava a declaração de compensação objeto deste processo, e se esse pedido já produziu seus normais efeitos no contexto daqueles outros autos, inclusive com restituição de crédito em conta bancária da Contribuinte, resta prejudicada a compensação objeto deste processo, por ausência de crédito que possa ser nele aproveitado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Henrique Heiji Erbano, Nelso Kichel e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
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DIREITO CREDITÓRIO JÁ EXAMINADO EM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO QUE FOI OBJETO DE OUTRO PROCESSO. RESTITUIÇÃO JÁ PROCESSADA. Se em outros autos havia pedido de restituição que tratava integralmente do crédito cuja fração amparava a declaração de compensação objeto deste processo, e se esse pedido já produziu seus normais efeitos no contexto daqueles outros autos, inclusive com restituição de crédito em conta bancária da Contribuinte, resta prejudicada a compensação objeto deste processo, por ausência de crédito que possa ser nele aproveitado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Henrique Heiji Erbano, Nelso Kichel e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 31 35 /2 00 8- 78 Fl. 396DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, que manteve a negativa de homologação em relação a declaração de compensação apresentada pela Contribuinte, nos mesmos termos que já havia decidido anteriormente a Delegacia de origem. Os fatos que deram origem ao presente processo estão assim descritos no relatório da decisão recorrida, Acórdão nº 1429.148, às fls. 103 a 111: Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório em que foi apreciada Declaração de Compensação (PER/DCOMP), por intermédio da qual a contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo (IRPJestimativa, código de arrecadação 5993), concernente ao período de apuração 01/2003. Por despacho decisório, não foi reconhecido direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, nãohomologada a compensação declarada no presente processo, ao fundamento de que os pagamentos informados foram integralmente utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, de acordo com suas próprias razões: que no anocalendário de 2003 teria apurado saldo negativo de IRPJ e CSLL, no valor de R$ 556.671,88 e R$ 218.360,83, respectivamente, bem como retenções de IRRF sobre aplicações financeiras no valor de R$ 2.452,11, que teriam sido informadas em DIPJ/2004. Os saldos negativos assim apurados teriam sido utilizados para compensação de débitos próprios, mediante transmissão de diversos PER/DCOMP; que teria incorrido em equívoco “quanto ao preenchimento relativo ao campo 'Tipo do Crédito', selecionou 'Pagamento Indevido ou a Maior' ao invés de 'Saldo Negativo de IRPJ', bem como relacionou os DARF's relativos ao pagamento por estimativa mensal, como o presente”. Em que pese o erro, a requerente teria direito ao crédito declarado, como estaria a comprovar a documentação anexa à manifestação de inconformidade; que “desconsiderar os valores recolhidos a maior pela Requerente (apuração de saldo negativo de IRPJ e CSLL ano calendário/2003), seria o mesmo que tributar parcela não Fl. 397DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 4 3 correspondente ao conceito de renda e de lucro líquido, hipótese, por óbvio, manifestamente inconstitucional”; que os alegados créditos não teriam sido utilizados em qualquer outra compensação ou restituição, além daquelas informadas; Ao final, requer reconhecimento do direito creditório pleiteado e homologação integral das compensações efetuadas, bem como sejam as intimações dirigidas a seus procuradores (advogados). Como mencionado, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP manteve a negativa em relação à compensação, expressando suas conclusões com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 DCOMP. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. Pendente, nos autos, a comprovação do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese o seu indeferimento. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 05/08/2010, a Contribuinte apresentou recurso voluntário em 03/09/2010, onde reitera os mesmos argumentos de sua manifestação de inconformidade, conforme descrito nos parágrafos anteriores. Além disso, no intuito de afastar qualquer dúvida acerca do crédito pleiteado saldos negativos de IRPJ e CSLL, informa que está apresentando cópia de toda a documentação contábil mencionada pela decisão de primeira instância administrativa, que os originais destes documentos se encontram à inteira disposição para exame, e que se coloca à inteira disposição acerca de quaisquer outros documentos que venham a ser considerados como necessários. Fl. 398DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 5 4 Na sessão realizada em 06/08/2013, esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF proferiu a Resolução nº 1802000.298 (fls. 339 a 348), solicitando realização de diligência à DRF Limeira/SP, para onde os autos foram encaminhados. O Processo foi devolvido ao CARF com a Informação Fiscal de fls. 359/360. Na sessão realizada em 05/11/2013, esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF proferiu a Resolução nº 1802000.384 (fls. 362 a 373), solicitando novamente a realização de diligência à DRF Limeira/SP. O Processo retornou ao CARF com a Informação Fiscal de fls. 380 a 381, e também com nova manifestação da Contribuinte, às fls. 384 a 394. Este é o Relatório. Fl. 399DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 6 5 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme mencionado, o julgamento do presente recurso voluntário foi iniciado na sessão de 06/08/2013, ocasião em que esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção do CARF proferiu a Resolução nº 1802000.298 (fls. 339 a 348), solicitando realização de diligência à DRF Limeira/SP. No presente processo, a Contribuinte questiona decisão que não homologou declaração de compensação (retificadora) por ela apresentada em 18/04/2008, na qual utilizou um alegado crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior referente à estimativa de IRPJ do mês de janeiro/2003, no valor de R$ 56.928,87. A Delegacia de origem não homologou a compensação, porque o referido pagamento havia sido integralmente utilizado para a quitação de débito da Contribuinte (quitação da própria estimativa declarada), não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando que o tipo de crédito da compensação deveria ser “Saldo Negativo de IRPJ” em vez de “pagamento indevido ou a maior” de estimativa. Informou ter apurado no anocalendário de 2003 saldos negativos de IRPJ e CSLL, nos valores de R$ 556.671,88 e R$ 218.360,83, respectivamente, bem como retenções de IRRF sobre aplicações financeiras no valor de R$ 2.452,11, conforme a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ apresentada à Receita Federal. Registrou também que havia vários outros processos e outros PER/DCOMP pendentes de análise, os quais relacionou, consignando que todos eles possuiriam origem no mesmo direito creditório (saldos negativos de IRPJ e CSLL do anocalendário de 2003), e que seria oportuno que todos fossem analisados conjuntamente como saldo negativo. Na seqüência, a Delegacia de Julgamento (DRJ) manteve a negativa em relação à compensação. Em sua decisão, a DRJ fez uma série de considerações e enumerou requisitos para a caracterização de saldo negativo a ser restituído/compensado, concluindo que a Contribuinte não se desincumbiu do ônus de demonstrar a certeza e liquidez do alegado direito creditório. Na presente fase de recurso voluntário, a Contribuinte reiterou os mesmos argumentos de sua manifestação de inconformidade, e juntou documentos contábeis e fiscais, no intuito de ver homologada a pretendida compensação. Fl. 400DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 7 6 Ao proferir a referida Resolução nº 1802000.298, em 06/08/2013, esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF esclareceu as razões pelas quais normalmente desconsidera o erro formal de a Contribuinte indicar nos PER/DCOMP (como crédito) os recolhimentos individuais de estimativa em vez de indicar o saldo negativo formado a partir do conjunto destas mesmas estimativas. Além disso, registrou que esse passo já tinha sido dado pela DRJ; que a decisão de primeira instância já havia admitido o exame do crédito sob a ótica de saldo negativo; e que o indeferimento da compensação fora mantido por falta de elementos comprobatórios do saldo negativo (e não mais porque o pagamento da estimativa estava alocado ao próprio débito de estimativa declarado em DCTF). Nesse contexto, e após tecer comentários sobre a dinâmica do PAF quanto à apresentação de elementos de prova, esta Turma julgadora elaborou a referida resolução, com o conteúdo final transcrito abaixo: [...] Na linha, então, do que apontou a Delegacia de Julgamento, a Contribuinte juntou ao recurso voluntário cópias dos seguintes documentos: DARF´s recolhidos ao longo de 2003; Demonstrativo de Rendimentos Financeiros e de Retenções de IR em 2003; Livro Razão contendo lançamentos nas contas “IRPJ pago por Estimativa”, “Contr. Soc. s/ Lucro pg. Estimat.” e “IRRF s/ Aplicação Financeira”; Livro Diário contendo lançamentos referentes aos pagamentos das estimativas de IRPJ e CSLL; Balanço de Suspensão de Novembro/2003; Balancetes de Verificação para cada um dos meses de 2003 (janeiro a dezembro); Balanço Anual de 2003; Demonstração de Resultado do Exercício; e Livro LALUR com registros em novembro e dezembro/2003. Pela DIPJ do anocalendário de 2003, às fls. 39, a Contribuinte apurou IRPJ anual no valor de R$ 78.332,30 e realizou deduções a título do Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT (R$ 1.913,09), dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (R$ 600,00), de IR fonte (R$ 2.452,11) e de IR mensal pago por estimativa (R$ 630.038,98), o que resultou em saldo negativo de IRPJ no valor de R$ 556.671,88. Nos meses de janeiro a outubro de 2003, a Contribuinte realizou recolhimentos de estimativa com base na Receita Bruta e acréscimos. Já nos meses de novembro e dezembro, ela suspendeu o pagamento das estimativas mediante balancetes de suspensão. O quadro abaixo indica os valores das estimativas mensais constantes da DIPJ e os valores dos DARF´s apresentados: PA Estimativas de IRPJ em 2003 DIPJ DARF jan/03 93.135,68 88.881,45 Fl. 401DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 8 7 fev/03 64.065,05 56.171,72 mar/03 66.840,37 66.352,13 abr/03 50.304,98 49.856,63 mai/03 65.076,12 65.222,70 jun/03 39.088,27 39.055,58 jul/03 82.839,95 82.843,14 ago/03 68.810,45 68.812,77 set/03 49.626,27 53.509,66 out/03 51.423,38 57.313,27 Total 631.210,52 628.019,05 A solução deste processo demanda uma instrução processual complementar. Embora a indicação seja de existência de saldo negativo, ainda não é possível apurar o seu exato valor. Há divergências entre os valores das estimativas constantes da DIPJ e os DARF´s correspondentes. Além disso, a estimativa de julho foi recolhida em atraso, o que enseja imputação proporcional do pagamento para apartação correta da rubrica principal e dos acréscimos legais. Há também deduções a outros títulos que demandam requisitos específicos, ainda não examinados pela Delegacia de origem, porque o despacho decisório não tratou do reivindicado crédito sob a ótica de saldo negativo, o que deverá ser feito agora. A condução do exame do PER/DCOMP fez com que a documentação contábil e fiscal só fosse apresentada nessa fase processual. É necessário, portanto, que os autos sejam encaminhados à Delegacia da Receita Federal em Limeira/SP, para que aquela unidade, à luz dos documentos contábeis e fiscais apresentados pela Recorrente, e de outros que se entenda necessários: 1) verifique e informe: a base de cálculo e o respectivo IRPJ no anocalendário de 2003; o valor a ser considerado como dedução a título de estimativas mensais; o valor a ser considerado como dedução referente ao Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT; o valor a ser considerado como dedução referente aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente; Fl. 402DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 9 8 o valor a ser considerado como dedução a título de IR fonte, levando em conta se as receitas correspondentes foram computadas pela Contribuinte na apuração do lucro real; 2) apresente relatório circunstanciado esclarecendo se há saldo negativo de IRPJ a ser restituído/compensado, e qual o seu valor; 3) cientifique a Contribuinte deste relatório, para que ela possa se manifestar no prazo de 30 dias. Deste modo, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a DRF Limeira/SP atenda ao acima solicitado. Em resposta à diligência que lhe foi demandada pelo CARF, a DRF/Limeira/SP prestou a Informação Fiscal de fls. 359/360, nos seguintes termos: Trata este processo da declaração de compensação n.º 35577.68690.180408.1.7.04 1765 em que o contribuinte utilizou o crédito que havia sido discriminado na declaração de compensação n.º 35432.35217.150304.1.3.044680, a qual se referia ao pagamento da estimativa de IRPJ do mês de janeiro de 2003, no valor de R$ 56.928,87. O documento n.º 35432.35217.150304.1.3.044680 foi retificado pelo 41042.84640.210906.1.7.041174. A compensação não foi homologada, porque o pagamento encontrase totalmente vinculado ao débito e aquela decisão foi mantida pela Delegacia de Julgamento. O contribuinte entrou com recurso alegando que havia se equivocado e que seu crédito era saldo negativo de IRPJ e não pagamento indevido. O argumento foi acatado pela 2ª Turma Especial do CARF que baixou o processo para diligência. Em consulta aos sistemas da RFB, foi verificado que o contribuinte entregou em 23.06.2009, pedido de restituição do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2003/exercício 2004, cuja via completa está sendo anexada a este processo. [...] O contribuinte induziu o nobre julgador a erro e provavelmente utilizou de máfé ao manter a alegação de que se tratava de saldo negativo quando já havia solicitado este mesmo crédito em outro procedimento. Não há dúvida de que a conversão do pedido feita pelo CARF implica a concomitância de pedidos do mesmo crédito, o que é extremamente temerário, principalmente porque entendimento semelhante foi proferido em outros processos do mesmo contribuinte ou seja, há o risco de se multiplicar indevidamente o crédito para o contribuinte, ressaltando que há mais processos com esta mesma matéria a ser apreciado pelo CARF. Fl. 403DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 10 9 Assim, proponho o retorno deste processo àquela instância de julgamento para que se manifeste sobre a manutenção deste entendimento e a necessidade de realização da diligência, sugerindose que a declaração de compensação n.º 31383.04781.230609.1.6.021937 seja examinada para que se confirme que o próprio contribuinte incluiu o pagamento da estimativa de IRPJ do mês de janeiro de 2003, no valor de R$ 56.928,87 no rol dos pagamentos que geraram o saldo negativo de IRPJ desse mesmo período, o que só vem confirmar que o pagamento não era não é e nunca foi indevido e este processo não pode ser convertido em saldo negativo. Em síntese, a DRF/Limeira/SP registrou: que a Contribuinte apresentou em 23/06/2009 um pedido de restituição do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2003 (PER/DCOMP nº 31383.04781.230609.1.6.02 1937, juntado aos autos); que a decisão do CARF implicava na concomitância de pedidos do mesmo crédito; que a decisão do CARF em converter a compensação de estimativa em compensação de saldo negativo era temerária; e que o pagamento de estimativa não poderia ser convertido em saldo negativo. Com estas considerações, a DRF/Limeira devolveu o processo ao CARF, para que este órgão se manifestasse sobre a manutenção de seu entendimento e sobre a necessidade da realização da diligência. Na sessão realizada em 05/11/2013, esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF se manifestou sobre a necessidade da diligência que havia demandado, proferindo outra Resolução, de nº 1802000.384 (fls. 362 a 373), nos seguintes termos: A resolução proferida por esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF apresenta motivação adequada e suficiente. Quanto à solicitação de diligência, é oportuno relembrar que “na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias”, e que quando “determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusarse de cumpri las”, conforme artigos 29 e 37 do Decreto 70.235/1972 (PAF), e artigo 36, § 3º, do Decreto 7.574/2011. Ao proferir a referida Resolução nº 1802000.298, em 06/08/2013, esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF esclareceu as razões pelas quais normalmente desconsidera o erro formal de a Contribuinte indicar nos PER/DCOMP (como crédito) os recolhimentos individuais de Fl. 404DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 11 10 estimativa em vez de indicar o saldo negativo formado a partir do conjunto destas mesmas estimativas. Não bastasse isso, esta Turma Julgadora também registrou que esse passo já tinha sido dado pela DRJ; que a decisão de primeira instância já havia admitido o exame do crédito sob a ótica de saldo negativo; e que o indeferimento da compensação fora mantido por falta de elementos comprobatórios do saldo negativo (e não mais porque o pagamento da estimativa estava alocado ao próprio débito de estimativa declarado em DCTF). Não que esse entendimento seja imutável, mas há meios formais para revertêlo, a exemplo dos embargos de declaração da Procuradoria da Fazenda Nacional, ou dos Recursos Especiais apresentados por aquele mesmo órgão. O fato é que ao servidor designado para o cumprimento de diligência não é dada a livre vontade para cumprir ou não as decisões do CARF. De qualquer modo, a resposta dada pela Delegacia de origem, embora não atendendo ao que lhe foi solicitado, trouxe aos autos uma informação adicional relevante, que merece ser analisada no contexto dos fatos que envolvem o presente processo. A Contribuinte ingressou em 2004 com vários PER/DCOMP referentes a pagamentos indevidos ou a maior de IRPJ e CSLL em 2003, entre eles o que configura objeto destes autos. Ela indicou que o crédito utilizado nestes PER/DCOMP decorreria de pagamentos individuais a título de estimativas mensais, em vez de indicar o saldo negativo do período anual (que é formado a partir do conjunto destas mesmas estimativas). Em meados de 2008 foram proferidos os despachos decisórios negando a compensação, porque cada um destes pagamentos já havia sido utilizado para a quitação de débito da Contribuinte (quitação da própria estimativa declarada em DCTF). A Contribuinte apresentou manifestações de inconformidade, pleiteando que seu crédito fosse apreciado como saldo negativo, e não como pagamento indevido ou a maior de estimativa, e os processos vieram caminhando até a presente instância recursal. Nesse interregno, em 22/12/2008, a Contribuinte apresentou o pedido de restituição PER/DCOMP nº 04011.89490.221208.1.2.026498, retificado pelo PER/DCOMP nº 31383.04781.230609.1.6.021937, que foi mencionado na informação fiscal da Delegacia de origem. O fato de a Contribuinte ter apresentado o pedido de restituição acima referido, e continuar alegando que o crédito debatido nestes autos era mesmo referente a saldo negativo (o que implicava na concomitância de pedidos do mesmo crédito), foi entendido como uma provável máfé de sua parte. Fl. 405DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 12 11 Mas é preciso considerar que caso não houvesse, nas instâncias de julgamento, a reversão da posição manifestada pela Delegacia de origem, uma nova solicitação do indébito (saldo negativo) somente após a conclusão dos processos de compensação certamente estaria prejudicada pelo prazo prescricional do art. 168, I, do Código Tributário Nacional, ainda que houvesse saldo negativo a ser restituído/compensado. Cabe registrar também que o PER/DCOMP mencionado na informação fiscal é referente a pedido de restituição. A Contribuinte não buscou a compensação de novos débitos com o mesmo crédito. Vêse que no contexto da decisão da Delegacia de origem, não havia outra maneira de a Contribuinte se resguardar da prescrição de seu alegado direito creditório (a não ser mediante a apresentação de um novo PER/DCOMP), principalmente porque depois de proferidos os despachos decisórios, os PER/DCOMP originais não podiam mais ser retificados (IN SRF 600/2005, art. 57). No recurso voluntário, a Contribuinte ainda destacou que havia vários outros processos envolvendo o mesmo crédito (saldo negativo em 2003), e que todos eles deveriam ser analisados em conjunto, sob a ótica de saldo negativo. Não vislumbro a alegada máfé da Contribuinte, e nem óbice de natureza procedimental ao seu pleito. Nesse sentido, cabe ainda mencionar que sempre existe a possibilidade de os contribuintes apresentarem vários PER/DCOMP a partir do mesmo direito creditório, ainda que se trate de saldo negativo. E nos casos em que os contribuintes vão utilizando em partes um único crédito, há sempre o risco de este crédito não ser suficiente para a quitação de todos os débitos, seja em razão de um simples erro matemático na evolução do crédito, ou por um inadequado cômputo dos acréscimos moratórios no encontro de contas, etc. Esta é uma das razões pelas quais a declaração de compensação “extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação”, conforme o § 2º do art. 74 da Lei 9.430/1996. Realmente, o ideal é que os PER/DCOMP que utilizam o mesmo crédito sejam examinados em conjunto. De todo modo, na medida em que o crédito vai sendo consumido em várias compensações, o resultado final dos PER/DCOMP posteriores (seja para fins de compensação ou de restituição) está sempre condicionado ao montante do crédito que remanesce dos PER/DCOMP anteriores, após a dedução das parcelas já restituídas ou compensadas. Fl. 406DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 13 12 Isso é uma situação comum para o caso de vários PERDCOMP fundados no mesmo crédito. No caso, a DRF Limeira/SP informou que a Contribuinte ingressou com pedido de restituição do saldo negativo de 2003 (apresentado em 22/12/2008, e retificado em 23/06/2009), mas não esclareceu se houve algum exame sobre esse saldo negativo, se ele já foi restituído à Contribuinte, se a DRF está aguardando o desenrolar dos processos referentes às compensações, etc. Havendo algum saldo negativo a ser restituído/compensado, não entendo que a melhor decisão seja a de reconhecer o direito à restituição desse indébito e, por outro lado, insistir na exigência dos débitos que a Contribuinte pretende quitar por compensação com este mesmo direito creditório. Também não seria adequado condicionar a restituição do direito creditório (caso ele seja confirmado) ao pagamento dos débitos que poderiam ser com ele quitados por compensações declaradas pela própria Contribuinte. Por tudo o que já se disse sobre a relação entre as estimativas mensais e o saldo negativo que delas decorre, havendo confirmação de algum saldo negativo em 2003, a melhor solução é promover os encontros de contas pretendidos pela Contribuinte em seus PER/DCOMP, no limite do crédito reconhecido. Diante de todo esse contexto, é necessário que os autos novamente retornem à DRF Limeira/SP, para que aquela unidade: atenda ao já demandado na Resolução nº 1802000.298, proferida por esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF em 06/08/2013; informe se houve algum exame sobre o valor e a disponibilidade do saldo negativo de IRPJ em 2003, no contexto do PER/DCOMP nº 31383.04781.230609.1.6.021937; informe se houve restituição do crédito indicado no PER/DCOMP acima referido, relativo ao saldo negativo de IRPJ em 2003. No caso de a DRF estar aguardando o resultado final do PER/COMP objeto destes autos (bem como dos demais relacionados à mesma apuração do anocalendário de 2003), para dar encaminhamento ao PER/DCOMP nº 31383.04781.230609.1.6.021937 (que é posterior aos demais), é importante que fique consignada esta informação. Deste modo, voto no sentido de novamente converter o julgamento em diligência para que a DRF Limeira/SP atenda ao acima solicitado. Fl. 407DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 14 13 Dando encaminhamento a essa segunda resolução, a DRF/Limeira/SP levantou novas informações, às fls. 380/381, que subsidiaram o despacho de devolução do processo ao CARF: [...] Verificado que a Resolução n.° 1.802/000.295 requeria a apuração da base de cálculo do IRPJ do anocalendário de 2003 bem como a deduções ao Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, Fundos dos Diretos da Criança e do Adolescente, o processo foi encaminhado ao Serviço de Fiscalização para cumprimento da diligência. Porém, tivemos conhecimento de que o SCC processou o pedido de restituição do saldo negativo de IRPJ do contribuinte e depositou em sua conta corrente o valor de R$1.199.103,58, no dia 20/05/2014 (fl.391). Diante deste fato e verificado que a diligência ainda não havia sido iniciada por motivo de férias do auditor fiscal designado, foi solicitado o retorno deste processo ao Seort. Respondendo à parte dos quesitos, o crédito foi examinado e a restituição foi paga. O pedido de restituição n.° 31383.04781.230609.1.6.021937 bem como a declaração de compensação n.° 41042.84640.210906.1.7.041174 em que o contribuinte utilizou como crédito para compensação o pagamento da estimativa de IRPJ do mês de janeiro de 2003, no valor de R$ 56.928,87, objeto deste processo, tiveram sua análise automática pelos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, de forma que não houve sobrestamento do pedido de restituição, pois a regra geral é que todos os documentos sejam processados automaticamente e não há funcionalidade no sistema que permita à DRF/Limeira interromper o ciclo automático para depois retomálo. Quanto aos itens requeridos pela Resolução n.° 1.802/000.295, o sistema que analisa automaticamente o saldo negativo de IRPJ não gera um relatório das verificações feitas por ele para que se possa atendêla, sendo necessária a repetição manual do quanto já realizado por ele, para atender completamente as resoluções do CARF. Considerando a relevância do fato de o contribuinte já ter recebido a restituição e o entendimento do CARF de que “ao servidor designado para o cumprimento de diligência não é dada a livre vontade para cumprir ou não as decisões do CARF”, proponho o encaminhamento deste processo ao Gabinete da DRF/Limeira para que autorize o envio deste processo àquele órgão de julgamento para ciência dos fatos, retornando o processo, caso entendam imprescindível o cumprimento da Resolução n.° 1.802/000.295. Fl. 408DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 15 14 Na seqüência, a Contribuinte ingressou com a petição de fls. 384 a 394, informando: que enquanto aguardava a realização da diligência requerida, em 20/05/2014 teve creditado em sua conta corrente o valor de R$ 1.199.103,58; que dado o fato de que o aludido saldo negativo já fora utilizado em diversas compensações anteriormente ao pedido de restituição, conforme já constante em suas razões de defesa, a Recorrente no dia seguinte ao crédito realizado em sua conta corrente, diligenciou à Receita Federal para verificar o ocorrido, bem como o procedimento para devolução do valor, tendo sido orientada a requerer a expedição de guia para tal; que tal providência foi adotada já no dia seguinte (22/05/2014), conforme se comprova com a petição anexa; que desde o início pode ser constatada a boafé da empresa em adotar todas as providências que se encontravam ao seu alcance para devolver o dinheiro indevidamente creditado em sua conta; que em 17/06/2014, recebeu Despacho Decisório (doc. anexo) no sentido de que a guia para devolução do dinheiro não seria expedida, sendo o processo suspenso até a decisão final dos processos administrativos de compensação; que a presente petição serve para cientificar e esclarecer os fatos ocorridos neste e em todos os outros processos em que se discute o legítimo direito do contribuinte em ter seu crédito processado como “Saldo Negativo”, afastando qualquer dúvida acerca de sua boafé, consignando expressamente que em nenhum momento pretendeu se aproveitar do crédito em duplicidade, tendo os pedidos de restituição sido efetuados posteriormente às compensações e apenas para resguardar seu direito; que ratifica seu pedido de homologação das compensações efetuadas, e que o valor indevidamente creditado em sua conta corrente será devolvido imediatamente quando da expedição da guia competente por parte da DRF/Limeira. Ao proferir a segunda resolução que reiterou a diligência demandada à Delegacia de origem, esta 2ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF não compartilhou do entendimento de que a apresentação do pedido de restituição do saldo negativo, posteriormente às declarações de compensação, poderia configurar máfé da Contribuinte, com tentativa de aproveitamento em duplicidade do mesmo crédito, ou algo semelhante. Mas também é importante registrar que o referido pedido de restituição, embora servindo para evitar uma eventual prescrição do crédito, não tinha seus efeitos limitados a essa finalidade. Desde a sua apresentação, o pedido de restituição poderia produzir seus normais efeitos, especialmente porque indicava corretamente a espécie do crédito reivindicado (saldo negativo), sem incorrer no mesmo erro de preenchimento das declarações de compensação. Fl. 409DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903135/200878 Acórdão n.º 1802002.437 S1TE02 Fl. 16 15 Nesse passo, cabe destacar que as informações prestadas tanto pela Delegacia de origem, quanto pela própria Contribuinte, noticiam que o pedido de restituição foi processado e que o crédito relativo ao saldo negativo de IRPJ de 2003 já foi restituído/ depositado na conta corrente bancária da interessada. Se em outros autos havia pedido de restituição que tratava integralmente do crédito cuja fração amparava a declaração de compensação objeto deste processo, e se esse pedido já produziu seus normais efeitos no contexto daqueles outros autos, inclusive com restituição de crédito em conta bancária da Contribuinte, resta prejudicada a compensação objeto deste processo, por ausência de crédito que possa ser nele aproveitado. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 410DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
score : 1.0
Numero do processo: 10680.721222/2010-91
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2006
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. VERBA NÃO TRIBUTÁVEL.
O auxílio-alimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT.
Recurso Voluntário Provido Em Parte - Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 2803-003.719
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para cancelar o crédito tributário objeto do lançamento com base nos valores referentes à alimentação dos segurados.
(Assinado Digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Ricardo Magaldi Messetti, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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CUSTEIO. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. VERBA NÃO TRIBUTÁVEL. O auxílioalimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Recurso Voluntário Provido Em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para cancelar o crédito tributário objeto do lançamento com base nos valores referentes à alimentação dos segurados. (Assinado Digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Ricardo Magaldi Messetti, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 12 22 /2 01 0- 91 Fl. 255DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 24/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 10680.721222/201091 Acórdão n.º 2803003.719 S2TE03 Fl. 256 2 Relatório O presente processo tem como objeto a decisão da DRJ(fls. 101 e seguintes), que manteve o crédito tributário oriundo da aplicação de contribuições previdenciárias patronais e destinadas terceiras entidades incidentes sobre rendimentos em benefício dos empregados da Recorrente a título de pagamento de alimentação in natura sem inscrição ao Programa de Alimentação do Trabalhador (mediante pagamento de restaurantes, reembolso de recibos e cestas básicas), remunerações pagas e/ou creditadas a segurados contribuintes individuais que prestaram serviços de transporte rodoviário autônomo de carga à empresa, conforme recibos de pagamento apresentados, apuradas junto A escrituração contábil e não declaradas em GFIP, sobre as quais foram apuradas contribuições para o Serviço Social do Transporte — SEST e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte — SENAT; remunerações pagas e/ou creditadas a segurados empregados lançadas em folha de pagamento e não declaradas em GFIP. O período de 01/01/2006 a 31/12/2006. A ciência do auto de infração inaugural foi em 08/06/2010 (fls. 01). Atentese que desde a impugnação, apenas foram contestados os créditos tributários lançados com base pagamentos em benefício dos empregados da Recorrente a título de pagamento de alimentação in natura sem inscrição ao Programa de Alimentação do Trabalhador. Apesar de constar registro da interposição do Recurso Voluntário às fls. 236 dos autos digitais, conforme despacho de 18.11.2011, o documento juntado às fls. 226 dos autos digitais, ele se referiam a outro processo, o de n. 10680.721225/201025 . O julgamento foi convertido em diligência para desentranhamento da peça recursal equivocada e juntada da correta. O que foi cumprido. À fls. 243 e seguintes foi juntado o recurso voluntário correto, em que apenas houve repetição dos argumentos da impugnação. Esse é o relatório. Os autos foram devolvidos à esta Turma para apreciação. É o relatório. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 24/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 10680.721222/201091 Acórdão n.º 2803003.719 S2TE03 Fl. 257 3 Voto Conselheiro Gustavo Vettorato 1) O recurso é tempestivo, preenchendo os requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. 2) Devese anotar quanto à hipótese de incidência e base de cálculo do tributo em questão, os valores pagos a título de auxílio alimentação, mediante in natura, verbas encontramse na lista daquelas que não integram o saláriodecontribuição, nos moldes do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, desde que o contribuinte, observe os critérios que o próprio dispositivo legal estabelece. A inobservância dos critérios previstos em lei, certamente levará a autoridade administrativa incumbida do lançamento a cumprir seu dever legal, sob pena de responsabilidade funcional, conforme assevera o parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN. Realizado o lançamento, ao contribuinte será dada a oportunidade de se defender via impugnação e, sendo mantido o lançamento, via recurso voluntário à segunda instância administrativa, que na situação vertente é o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) do Ministério da Fazenda. Na hipótese de o contribuinte continuar vencido em suas argumentações também na segunda instância administrativa, observadas as regras previstas na legislação tributária vigente, o crédito, a partir do esgotamento de recursos nessa esfera, será objeto de cobrança pela via judicial, cobrança essa manejada pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional. Como o assunto diz respeito ao descumprimento de legislação federal, o rito processual será realizado na Justiça Federal, podendo a discussão chegar (e em regra chega) ao Superior Tribunal de Justiça – STJ. Toda essa movimentação, obviamente, trará para as partes despesas de vários matizes, tendo em vista que nada sai de graça na utilização da máquina do judiciário. Partindo das premissas acima descritas e refletindo melhor sobre posicionamentos anteriores, percebo que algumas verbas, mesmo previstas em lei, e apesar da correção do lançamento levado a efeito pela autoridade administrativa, não serão alcançadas pelo fisco, tendo em vista que, ao fim e ao cabo, o Poder Judiciário, o STJ, em especial, a qualificará como não incidente de contribuição previdenciária, como é o caso do pagamento de auxilioalimentação sem o devido registro da empresa perante o Ministério do Trabalho e Emprego. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 24/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 10680.721222/201091 Acórdão n.º 2803003.719 S2TE03 Fl. 258 4 Tais afirmativas encontram ressonância, por exemplo, na decisão proferida pelo STJ, no AgRg no AREsp 5810 / SC AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2011/00810687, publicado no DJe de 10/06/2011, cuja ementa transcrevo, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DA TRIBUTAÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. Caso em que se discute a incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas recebidas a título de auxílio alimentação in natura, quando a empresa não está inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. 2. A jurisprudência desta Corte pacificouse no sentido de que o auxílioalimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Precedentes: EREsp 603.509/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJ 8/11/2004; REsp 1.196.748/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2010; AgRg no REsp 1.119.787/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29/6/2010. 3. Agravo regimental não provido. (grifouse e destacouse) Como se pode observar, tratase de jurisprudência pacificada no STJ, situação essa que a meu ver deve balizar os julgamentos nas esferas administrativas, motivo pelo qual passo, de agora em diante, a conduzir meus votos nesse sentido, considerando que a verba ora guerreada não possui natureza salarial, sendo, inclusive, desnecessária a inscrição ou não do empregador no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT. Ou seja, é um caso de nãoincidência, não de isenção, pois tais valores não se encontram no alcance e sentido do fato gerador e base de cálculo definidas no art. 28, I, da Lei n. 8.212/1991, que exige a natureza remuneratória (contraprestação pelo serviço) de tais pagamentos. Entendimento esse inclusive reconhecido pelo Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, DOU de 24/11/2011, Ato Declaratório nº 03/2011. Em razão dos argumentos acima expendidos excluo do lançamento a parcela in natura paga a título de alimentação (mesmo em vale/ticket alimentação, fornecimento de cestas básicas, ressarcimento de custos com restaurantes, restaurantes pagos pela empresa, pois somente pode ser utilizado para obtenção de alimentos pelo funcionário, mantendo sua característica), tendo em conta que ela não tem natureza salarial, bem como ser despiciendo o registro da empresa no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, do Ministério do Trabalho e Emprego. Neste caso, merece acolhimento o recurso. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 24/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 10680.721222/201091 Acórdão n.º 2803003.719 S2TE03 Fl. 259 5 3) Observese que os demais lançamentos não foram questionados, assim não há como apreciálos, art. 17, do Dec. 70235. Isso posto, voto por conhecer o recurso voluntário, para, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso, no sentido de reformar a decisão a quo e o lançamento para cancelar o crédito tributário objeto do lançamento com base nos valores referentes à alimentação dos segurados. É como voto. (assinado digitalmente) Gustavo Vettorato – Relator Fl. 259DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 24/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
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