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Numero do processo: 13727.000478/2002-66
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 02 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Sep 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL COFINS
Período de apuração: 28/02/1999 a 30/06/2000
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. SOLIDARIEDADE.
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.
A teor dos artigos 124 e 128 do CTN, no regime de substituição tributária
existe solidariedade entre o substituto e o substituído.
FALTA DE RECOLHIMENTO. REVENDEDORA DE COMBUSTÍVEIS.
REFORMA DE DECISÃO JUDICIAL.
É cabível a exigência da contribuição por meio de lançamento de ofício,
quando a quantia é recebida por força de tutela antecipada posteriormente
revogada.
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. FATO GERADOR PRESUMIDO.
RESTITUIÇÃO.
No regime da substituição tributária só existe direito à restituição de que trata
o art. 150, § 7º da CF/88, se o fato gerador presumido não ocorrer.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 28/02/1999 a 30/06/2000
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. SOLIDARIEDADE.
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.
A teor dos artigos 124 e 128 do CTN, no regime de substituição tributária
existe solidariedade entre o substituto e o substituído.
FALTA DE RECOLHIMENTO. REVENDEDORA DE COMBUSTÍVEIS.
REFORMA DE DECISÃO JUDICIAL. É cabível a exigência da contribuição por meio de lançamento de ofício,
quando a quantia é recebida por força de tutela antecipada posteriormente
revogada.
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. FATO GERADOR PRESUMIDO.
RESTITUIÇÃO.
No regime da substituição tributária só existe direito à restituição de que trata
o art. 150, § 7º da CF/88, se o fato gerador presumido não ocorrer.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3403-001.242
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento
ao recurso nos termos do voto do Redator Designado. Vencidos os Conselheiros Domingos de
Sá Filho (Relator) e Marcos Tranchesi Ortiz. O Conselheiro Ivan Allegretti votou pelas
conclusões.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 28/02/1999 a 30/06/2000 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. SOLIDARIEDADE. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. A teor dos artigos 124 e 128 do CTN, no regime de substituição tributária existe solidariedade entre o substituto e o substituído. FALTA DE RECOLHIMENTO. REVENDEDORA DE COMBUSTÍVEIS. REFORMA DE DECISÃO JUDICIAL. É cabível a exigência da contribuição por meio de lançamento de ofício, quando a quantia é recebida por força de tutela antecipada posteriormente revogada. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. FATO GERADOR PRESUMIDO. RESTITUIÇÃO. No regime da substituição tributária só existe direito à restituição de que trata o art. 150, § 7º da CF/88, se o fato gerador presumido não ocorrer. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 28/02/1999 a 30/06/2000 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. SOLIDARIEDADE. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. A teor dos artigos 124 e 128 do CTN, no regime de substituição tributária existe solidariedade entre o substituto e o substituído. FALTA DE RECOLHIMENTO. REVENDEDORA DE COMBUSTÍVEIS. REFORMA DE DECISÃO JUDICIAL. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO 2 É cabível a exigência da contribuição por meio de lançamento de ofício, quando a quantia é recebida por força de tutela antecipada posteriormente revogada. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. FATO GERADOR PRESUMIDO. RESTITUIÇÃO. No regime da substituição tributária só existe direito à restituição de que trata o art. 150, § 7º da CF/88, se o fato gerador presumido não ocorrer. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Redator Designado. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho (Relator) e Marcos Tranchesi Ortiz. O Conselheiro Ivan Allegretti votou pelas conclusões. Antonio Carlos Atulim Presidente e Redator Designado. Domingos de Sá Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Domingos de Sá Filho, Antonio Carlos Atulim, Winderley Morais Pereira, Liduina Maria Alves Macambira, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório Tratase de recurso voluntário em decorrência do v. Acórdão que manteve o Auto de Infração, referente à constituição do crédito tributário relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e para o Programa de Integração Social – PIS, referente ao período de 01/02/1999 a 30/06/2000. O lançamento deuse por recomendação da procuradoria da Fazenda Nacional, conforme se vê do documento de fl.04. A Recorrente participou na qualidade de litisconsorte da Ação Ordinária número 2001.51010031482, 17ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro, movida contra a União Federal, pleiteando a restituição de suposto pagamento a maior a título de COFINS e de PIS, em decorrência da sistemática de substituição tributária vigente no período de primeiro de fevereiro a primeiro de julho de 1998, disciplinado pelo art. 4º, da Lei nº 9.718/98, alterada pela Medida Provisória nº 1.858, de novembro de 1999. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO Processo nº 13727.000478/200266 Acórdão n.º 340301.242 S3C4T3 Fl. 2 3 Em síntese o auto de infração visa exigir os valores das contribuições de PIS e Cofins que a Interessada obteve a título de devolução da Petrobrás por força de decisão judicial. No período acima mencionado cabiam às refinarias na condição de substitutas tributárias recolherem as contribuições à União Federal, referente às operações futuras realizadas pelos varejistas, postos de combustíveis. Os autores obtiveram provimento judicial favorável em sede de antecipação de tutela, que autorizava de forma imediata e preferencial o estorno do excesso pago a título de COFINS e PIS pelo regime de substituição tributária, para tanto, autorizou a PETROBRÁS, que no mento em que recolhesse as contribuições compensasse o valor a pagar com os créditos que as autoras tinham a título de tais contribuições. Determinou, ainda, tãologo a Petrobrás procedesse tal compensação, no prazo de 24 horas, a entrega dos créditos não repassados a União Federal, fosse o valor depositado em uma das Agencias da Caixa Econômica Federal, e, assim se realizou. Depositado o valor, expediuse alvará para o saque. Posteriormente, em 23 de janeiro de 2001, excluiu da relação processual a Recorrente, determinando, à Petrobrás que apresentasse relação nominal dos valores devolvidos a cada um dos litisconsortes, decisão transitou em julgado. Com base nesta planilha fornecida pela Petrobrás foi lavrado o auto de infração que constituiu o crédito tributário referente às Contribuições. Irresignada, a Recorrente ofereceu resistência por meio de impugnação, sustentando que é empresa dedicada ao comércio varejista de combustíveis derivados do petróleo (“posto de gasolina)”. Por tratarse de operações relativas a tais produtos foram submetidas ao regime de substituição tributária, instituída pela Lei nº 9.718/98, em relação às contribuições para a COFINS e o PIS, conforme art. 4º. Por essa razão o período de 01 de fevereiro de 1999 a primeiro de julho de 2000, teria sido cobrado da recorrente, contribuinte substituída, pela “refinaria”, contribuinte substituta, por meio do seu “distribuidor”, as contribuições que seriam devidas na operação subseqüente de revenda ao consumidor. Conclui alegando que quem deixou de recolher a contribuição integral aos cofres públicos foi a Petrobrás, sujeito passivo da obrigação tributária definido por lei, o contribuinte. Em razões recursais, reprisa os argumentos articulados em sua impugnação, que a Recorrente não é o sujeito passivo da obrigação tributária. A decisão vergastada no primeiro parágrafo esclarece: “O art. 121 do Código Tributário Nacional dispõe que o sujeito passivo da obrigação tributária principal é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo, que pode ser o próprio contribuinte ou outra pessoa responsável por disposição legal expressa”. Mas não restam dúvidas que o ônus é sempre do contribuinte, ainda que este não tenha a obrigação legal de efetuar o pagamento do Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO 4 valor que lhe foi retido ou, como no presente caso, cobrado por ocasião da aquisição dos combustíveis, como disposto no art. 4º da Lei n. 9.718/1998. Entretanto, se o próprio contribuinte move a máquina judiciária e obtém de volta, provisoriamente, o tributo que o responsável por disposição legal repassou aos cofres públicos, recai sobre ele, contribuinte, a responsabilidade quanto ao valor recebido de volta, até a decisão definitiva. Nesse sentido, de acordo com o entendimento exarado no Parecer DISIT (7ª SRRF) n. 37, de 01/09/2000 (fls. 351/352), que concluiu pela aplicabilidade do art. 811 do Código de Processo Civil – CPC (1973) nos casos em que o contribuinte dá causa a medida judicial que suspenda a aplicação da lei tributária seria da interessada a responsabilidade pelo pagamento do tributo.”“. É o relatório. Voto Conselheiro Domingos de Sá Filho, Relator Conheço do recurso por ser tempestivo e atender os demais pressupostos de admissibilidade. A celeuma instaurada no recurso centrase em saber a verdadeira condição tributária da recorrente e se se trata de crédito tributário. A Lei nº 9.718/98 atribuiu às refinarias a condição de substituto dos comerciantes varejistas, a contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP, bem como a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, devidas nas etapas subseqüentes da cadeia de comercialização. De modo que, passamos ao exame da questão essencial em relação ao pagamento antecipado das contribuições devidas ao PIS e a COFINS referentes às operações de venda para frente em conformidade com o regime de substituição tributária das contribuições devidas ao PIS e a COFINS. A substituição tributária para frente dáse com arrimo no art. 150, parágrafo 7º, da Constituição Federal. É de conhecimento geral que se trata de sistemática de arrecadação que se atribui à condição de sujeito passivo do tributo, devido em todas as etapas do ciclo de produção e circulação dos produtos ou de prestação de serviços a um único contribuinte, antes de ocorrido o fato jurídico tributário futuro. Embora, boa parte da doutrina, entender não ser possível à incidência de norma jurídica tributária que estabeleça o dever de pagar o imposto sem que ocorra o que se denomina de fenômeno da subsunção, isto é, antes de ocorrer o fato tido por gerador do imposto, a jurisprudência consolidou o entendimento de que é constitucional à exigência dos tributos antes mesmo do fato típico. A Emenda Constitucional número 3/93 inseriu o parágrafo 7º no art. 150 da Carta da República, que assim restou redigido: Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO Processo nº 13727.000478/200266 Acórdão n.º 340301.242 S3C4T3 Fl. 3 5 “A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurado à imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido”. O STJ tem chancelado a substituição tributária para frente, inclusive no período anterior ao advento da EC nº 03/93, como se pode ver do artigo da lavra do eminente Ministro Pádua Ribeiro, que se refere a essa sistemática como sendo técnica de tributação, modelos utilizados algum tempo, vejam: “Consiste a substituição tributária para frente em obrigar alguém a pagar, não apenas o imposto atinente à operação por ele praticada, mas, também, o relativo à operação ou operações posteriores. O instituto não é novo no nosso direito, mas, a partir da sua” constitucionalização”, passou a receber acerbo ataques de alguns eminentes tributaristas... ”(Doutrina no sentido da constitucionalidade, Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, no artigo Substituição Tributária para Frente (palestra proferida no CJF em junho/1996, publicado na revista eletrônica Teia Jurídica e também na Revista do CEJ – Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal). Esclareçase, que a operação tributária pelo regime de substituição tributária não é a aquisição de mercadorias, mas sim a operação subseqüente. Portanto, tratase, na verdade, de mero aspecto temporal da hipótese da incidência, no caso deste caderno das contribuições sociais. O STF também decidiu que é constitucional o regime de substituição tributária para frente em que se exige do fabricante, do atacadista, ou de outra categoria de contribuinte, na qualidade de substituto, o recolhimento antecipado do tributo incidente sobre o valor final do produto cobrado ao consumidor, retirandose do revendedor ou varejista, substituído, a responsabilidade tributária. Para tanto, exigese que a responsabilidade do substituto seja imposta por lei, como medida de política fiscal, justificado a conveniência da administração pública à necessidade de sua implementação. O Legislador Ordinário ao atribuir tal condição ao fabricante e impondo o pagamento antecipado das contribuições ao contribuinte inicial da cadeia, como técnica moderna de arrecadação, instituiu procedimento capaz de evitar a sonegação. A “refinaria” de produtos derivados do petróleo foi eleita à condição de contribuinte e de substituto dos comerciantes varejistas por imposição de lei. É inegável que o tributo pago na primeira etapa do ciclo de comercialização de acordo com a sistemática de arrecadação antecipada do tributo devido para as etapas futuras, afasta qualquer incidência destas mesmas contribuições em operações intermediárias, desde que, o legislador ordinário tenha nomeado o substituto, uma vez que essa condição só pode ser atribuída por meio de lei. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO 6 Assim, o chamado fenômeno da responsabilidade, (“substituição”) tributária encontrase incerto no Art. 4º da Lei n. 9.718/98, o qual prevê a possibilidade da lei atribuir as refinarias de petróleo à condição de responder pelas contribuições, em combinação com o disposto no inciso II do parágrafo único do art. 121 do CTN. O legislador ordinário, atendendo os interesses ou necessidade da Administração Tributária Federal, impôs por força o dever de satisfazer o crédito tributário a quem não realize o fato gerador da obrigação, portanto, não pode em decorrência de determinadas circunstâncias a Autoridade Administrativa inverter o que restou determinado por lei, sendo assim, deixa de ser legítima a exigência em relação ao sujeito na condição de substituído, pois não é o responsável tributário. Ensina Bernardo Ribeiro de Moraes, que: “Em relação ao responsável tributário, o vínculo surge da lei específica e não da lei que define o fato gerador da obrigação tributária”, Compêndio de Direito Tributário, segundo volume, 3ª edição, 1995, p.286. Diz ainda o mestre, que o sujeito passivo, seja como contribuinte ou responsável, é devedor por débito próprio: “Ambos são devedores por débito próprio, pois a lei não faz distinção ao definir o sujeito passivo. O responsável, mesmo quando seja terceiro obrigado, paga dívida própria e não alheia”.(Compêndio de Direito Tributário, segundo volume, 3ª ed., 1995, p. 282/283). No caso dos autos, o contribuinte de direito do tributo é o fabricante (“refinaria de petróleo”), que é o responsável legal pelos recolhimentos das contribuições (COFINS e PIS). Segundo os ensinamentos de Rubens Gomes de Souza, Sujeito Passivo das Taxas, RDP, vol. 16/350, “... a lei ordinária que atribuísse sujeição passiva a quem não tenha qualquer relação com a hipótese de incidência estaria definindo, não um responsável, mas um contribuinte, e o estaria fazendo em desacordo com o inciso I do dispositivo do art. 121 do CTN”. Mencionam nos autos por diversas vezes que o lançamento deuse com base em determinação judicial, entretanto, não logrei êxito em localizar tal autorização, pois só encontrei a cópia da decisão que excluiu os litisconsortes ingressados na ação depois de estabelecido à triangulação, onde restou definido que a Petrobrás informaria os valores que cada um dos autores recebeu a título de devolução. Há sim recomendação da procuradoria para proceder ao lançamento, tomando como fonte o valor informado pela Petrobrás S/A. Caso existisse não modificava o meu modo de pensar, pois tenho como certo que o caso dos autos não configura uma relação jurídica tributária. O parecer mencionado na decisão, em parte com acerto, pois dispõe o art. 811 do CPC, que o requerente do procedimento cautelar que causar prejuízo se ocorrente qualquer das espécies previstas nos itens I a IV, deve indenizar o prejudicado. Dispõe o art. 811 do Código de Processo Civil: Fl. 6DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO Processo nº 13727.000478/200266 Acórdão n.º 340301.242 S3C4T3 Fl. 4 7 “Art. 811 Sem prejuízo do disposto no art. 16 o requerente do procedimento cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que lhe causar a execução da medida”: Parágrafo único: A indenização será liquidada nos autos do procedimento “cautelar”. Mesmo tratando de institutos distintos, pois no caso dos autos houve uma antecipação de tutela, conforme disposto no art. 273 do CPC, penso que procedimento de ressarcimento dos danos causados é o mesmo expresso no art. 811 do Código de Rito. Portanto, tenho para mim, tratarse de tipo de crédito que não possui caráter tributário por ter natureza jurídica de ressarcimento decorrente de prejuízo causado por terceiro ao movimentar a máquina do judiciário e causar dano, razão pela qual não se submete ao regime jurídico tributário. Tal crédito integra a Dívida Ativa não tributária, art. 39, parágrafo 2º, da Lei nº 4.320/64, não sendo aplicável as disposições constantes do Código Tributário Nacional. Portanto, entendo que a via eleita para o “ressarcimento” ou “indenização”, qual seja, o lançamento fiscal não se coaduna com o sistema tributário, cuja competência atribuída à autoridade administrativa é para constituir crédito tributário, é o que se extrai do art. 142 do CTN. De modo que, cabe a Administração buscar o ressarcimento dos danos sofridos por meio de procedimento ordinário com fulcro na legislação processual civil. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e dar provimento para tornar insubsistente o auto de infração, consequentemente, cancelar o crédito tributário constituído. É como voto. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Redator Designado. Ouso divergir do ilustre Relator. É cediço que na substituição tributária o substituto responde por obrigação própria, pois ainda que não tenha praticado o evento jurídico tributário, é a lei que lhe atribui o dever de pagar o tributo. A obrigação de pagar o tributo já nasce diretamente para o substituto em função da lei e não para quem praticou o fato gerador. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO 8 Portanto, o substituto tributário é sujeito passivo direto, uma vez que a obrigação de pagar o tributo decorre de dívida tributária própria. O fato gerador é praticado pelo substituído, mas o substituto tributário é quem paga a dívida tributária do substituído. Conquanto o substituído não seja sujeito passivo de obrigação tributária, é inegável que ele tem interesse na situação que constitui o fato gerador da obrigação, pois o substituto inclui no preço de venda ao substituído o tributo da operação que vai ser praticada pelo substituído. Desse modo, concluise que existe solidariedade entre substituto e substituído, pois o art. 124 do CTN, ao utilizar o verbo “ser” no presente do indicativo, estabelece de forma imperativa que são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Por outro lado, o art. 128 do CTN, estabelece que a lei tributária poderá atribuir a responsabilidade pelo recolhimento do tributo a terceiro (que no caso é o substituto) e, ao mesmo tempo, excluir total ou parcialmente a responsabilidade do contribuinte (que no caso é o substituído). Pela conjugação dos arts. 124 e 128 do CTN, podese concluir que a regra é no sentido de que o substituto e o substituído são responsáveis solidários pelo cumprimento da obrigação tributária. E a exceção é no sentido de que a exclusão ou atenuação da responsabilidade do contribuinte só ocorre por expressa disposição da lei. Portanto, se não houver previsão legal em sentido contrário, o Fisco poderá cobrar o tributo do substituído se o substituto não retiver ou não efetuar o pagamento. Ora, no caso dos autos o substituto efetuou a retenção e o recolhimento nos moldes determinados pelo art. 4º da Lei nº 9.718/98, mas foi obrigado por determinação judicial provisória a devolver uma parte dos valores recolhidos ao substituído. Uma vez revogado provimento judicial que determinou a devolução indevida, a recorrente (substituída) deveria ter efetuado o recolhimento das quantias recebidas com os acréscimos legais, pois como bem apontou a decisão de primeira instância, o art. 811 do CPC estabelece que a responsabilidade pela reversão de provimentos judiciais não definitivos cabe a quem os provocou e deles se beneficiou. Portanto, são improcedentes as alegações da recorrente. À luz dos artigos 124 e 128 do CTN e inexistindo na Lei nº 9.718/98 disposição expressa que exclua ou atenue a sua responsabilidade, é perfeitamente cabível a exigência da contribuição por meio do lançamento de ofício. É irrelevante que na época do lançamento a recorrente já não fosse contribuinte do tributo em questão, pois o lançamento reportase à ocorrência dos fatos geradores, a teor do art. 144 do CTN. Se tal exigência não fosse cabível, o próprio juiz não teria solicitado à Petrobrás a indicação dos valores repassados e nem teria intimado a PFN para adoção das providencias previstas no art. 142 do CTN. No tocante ao mérito do direito à restituição de tributo recolhido no regime da substituição tributária, não assiste razão à recorrente. Isto porque o art. 150, § 7º da CF/88, somente assegura a devolução nos casos em que o fato gerador presumido não ocorrer. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO Processo nº 13727.000478/200266 Acórdão n.º 340301.242 S3C4T3 Fl. 5 9 Com estas considerações, divirjo do ilustre Relator e voto no sentido de negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Fl. 9DF CARF MF Emitido em 06/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 01/10/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/09/2011 por DOMINGOS DE SA FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 10675.002741/2006-40
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL RECURSO ESPECIAL DIVERGÊNCIA
ITR EXIGÊNCIA DO ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA.
Não se pode conhecer do recurso especial de divergência quando a decisão recorrida e o acórdão apontado como paradigma analisaram normas distintas. Enquanto este apreciou lançamento de ITR do exercício 1997, concluindo que o contribuinte deveria apresentar o ADA, por força da IN/SRF n° 43/97, com redação dada pela IN/SRF n° 67/97, aquele considerou que prescinde do ADA a comprovação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada para o ITR do exercício 2002, portanto, após o advento da Lei n°
10.165/2000, que alterou a Lei n° 6.938/81. Assim, o acórdão recorrido não deu à lei tributária interpretação divergente daquela manifestada pela Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, no acórdão n° 302-36.278
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-001.602
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso por ausência de pressuposto de admissibilidade pertinente à comprovação da divergência jurisprudencial.
Matéria: ITR - ação fiscal (AF) - valoração da terra nua
Nome do relator: Gonçalo Bonet Allage
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Não se pode conhecer do recurso especial de divergência quando a decisão recorrida e o acórdão apontado como paradigma analisaram normas distintas. Enquanto este apreciou lançamento de ITR do exercício 1997, concluindo que o contribuinte deveria apresentar o ADA, por força da IN/SRF n° 43/97, com redação dada pela IN/SRF n° 67/97, aquele considerou que prescinde do ADA a comprovação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada para o ITR do exercício 2002, portanto, após o advento da Lei n° 10.165/2000, que alterou a Lei n° 6.938/81. Assim, o acórdão recorrido não deu à lei tributária interpretação divergente daquela manifestada pela Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, no acórdão n° 302 36.278 Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por ausência de pressuposto de admissibilidade pertinente à comprovação da divergência jurisprudencial. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10675.002741/200640 Acórdão n.º 920201.602 CSRFT2 Fl. 188 2 Henrique Pinheiro Torres Presidente – Substituto (Assinado digitalmente) Gonçalo Bonet Allage – Relator (Assinado digitalmente) EDITADO EM: 13/05/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Ausente, momentaneamente, a Conselheira: Susy Gomes Hoffmann. Relatório Em face de Renato Bernardes Filgueiras foi lavrado o auto de infração de fls. 6671, para a exigência de imposto sobre a propriedade territorial rural, exercício 2002, em razão da glosa de áreas declaradas como sendo de preservação permanente e de reserva legal, pela ausência de apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, além da majoração do VTN, relativamente ao imóvel denominado Fazenda Reata, situado no município de Santa Vitória (MG). O contribuinte protocolou o ADA junto ao IBAMA em 10/03/2004 (fls. 09), onde informou 62,8 hectares como área de preservação permanente e 445,2 hectares como área de reserva legal, sendo que em 25/05/2006 teve início a ação fiscal (fls. 03). No Termo de Verificação de Infração de fls. 6465 a autoridade lançadora consignou que: Do confronto entre a DITR/2002 e a documentação apresentada pelo contribuinte e de dados disponíveis em sistemas da Receita Federal, constatouse que: • Área de Preservação Permanente( art. 10 e 11 do Decreto n°4.382, de 19 de setembro de 2002): Foi declarada uma área de 62,8 ha. Para comprovação desta área, estabelece a legislação de regência (§ 3° do art. 10 do Decreto n° 4.382, de 19/09/2002) que o documento hábil é o Ato Declaratório Ambiental ADA , expedido pelo IBAMA, ou seu protocolo até 6 (seis) meses após a data prevista para a entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — DITR —, que foi em 3009 2002. O ADA foi protocolado apenas em 10032004, fora do prazo legal, portanto, devendo ser glosada esta área. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10675.002741/200640 Acórdão n.º 920201.602 CSRFT2 Fl. 189 3 • Área de Utilização Limitada (art. 10 e 12 a 15 do Decreto n° 4.382, de 19 de setembro de 2002): Foi declarada área de 445,2 ha. Para comprovação desta área, além da averbação à margem do Registro do imóvel, estabelece a legislação de regência (§ 3° do art. 10 do Decreto n° 4.382, de 19/09/2002) que o documento hábil é o ADA — Ato Declaratório Ambiental expedido pelo IBAMA ou protocolo do mesmo e que deverá feito no órgão competente até 06 (seis) meses após a data prevista para a entrega da DITR — Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, que foi e 30/09/2002. Logo, o ADA deveria ter sido protocolado até 31/03/2003 para o exercício de 2002. Como o documento foi apresentado em 10032004, há de se glosar a área declarada. As áreas de preservação permanente e de utilização limitada foram reduzidas de 62,8 ha para 0,0 ha e de 445,2 ha para 0,0 ha, respectivamente (fls. 66). A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília (DF) considerou o lançamento procedente em parte, reduzindo o valor do VTN (fls. 106116). Por sua vez, a Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, apreciando o recurso voluntário interposto pelo contribuinte, proferiu o acórdão n° 30335.547, que se encontra às fls. 142151, cuja ementa é a seguinte: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2002 DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/ APRESENTAÇÃO OBRIGATÓRIA DO ADA. A comprovação da existência de área de preservação permanente e reserva legal, para efeito de sua exclusão da base de cálculo do ITR, não depende do seu reconhecimento pelo IBAMA por meio de Ato Declaratório Ambiental ADA. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO A decisão recorrida, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário para considerar insubsistente o lançamento. Os Conselheiros Tarásio Campelo Borges, Luis Marcelo Guerra de Castro, Celso Lopes Pereira Neto e Anelise Daudt Prieto votaram pela conclusão. Intimada do acórdão em 10/02/2009 (fls. 152), a Fazenda Nacional interpôs, com fundamento no artigo 7°, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais então vigente, recurso especial às fls. 156166, acompanhado do documento de fls. 167, cujas razões podem ser assim sintetizadas: a) O acórdão recorrido deu provimento ao recurso do contribuinte; b) A decisão vergastada merece reforma, porquanto em flagrante contrariedade à legislação tributária aplicável à espécie. O aresto recorrido também diverge da interpretação conferida à legislação Fl. 3DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10675.002741/200640 Acórdão n.º 920201.602 CSRFT2 Fl. 190 4 tributária pela Segunda Câmara do Terceiro Conselho ao apreciar o recurso voluntário n.° 128.241 acórdão n.° 30236.278; c) O acórdão n° 30236.278 exige a apresentação tempestiva do ato específico do órgão competente, para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e utilização limitada (ADA), bem como a averbação da área de reserva legal junto ao Cartório de Registro de Imóveis; d) No voto condutor do acórdão paradigma, restou ressaltada a necessidade da apresentação tempestiva do ADA relativamente ao ITR de 1997, objeto daquele processo. A conclusão referente à tempestividade do ato do IBAMA é válida para os demais períodos, porquanto fundamentada na necessidade de se observar os comandos da IN SRF n° 43/97; e) Nessas condições, demonstrada a seguir a contrariedade à legislação tributária, bem assim a divergência jurisprudencial, afiguramse presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso especial segundo disposições dos arts. 7°, inciso II, e 15, ambos do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais; f) Da análise das alegações e da documentação apresentadas pelo contribuinte, com a finalidade de justificar as áreas de preservação permanente declarada, confirmase o não cumprimento das exigências da protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental ADA, emitido pelo IBAMA ou órgão conveniado; g) A Lei n° 9.393/96 prevê a exclusão da área de preservação permanente da incidência do ITR no artigo 10, inciso II, § 1°; h) Já a referida exigência apresentação do ADA ou comprovação da protocolização dentro do prazo legal do seu requerimento consta do art. 10, § 4°, da IN/SRF n° 43/1997, com redação do art. 1°, II da IN/SRF n° 67/1997, que também estabelece o prazo de seis meses, contado da data da entrega da declaração do ITR, para o contribuinte protocolar o requerimento do ADA; i) No presente caso, a protocolização do requerimento do ADA junto ao IBAMA ocorreu quando há muito transcorrido o prazo legal, conforme se verifica do carimbo de recepção do órgão, aposto no canto inferior direito do referido documento; j) Em síntese, a solicitação tempestiva do ADA não se trata de mera formalidade, constituise um ônus para o contribuinte. Assim, caso não desejasse a incidência do ITR sobre a referida área, o proprietário do imóvel deveria ter providenciado, dentro do prazo legal, o requerimento do ADA ou, não adotada tal atitude, deveria oferecer a área de preservação permanente à tributação; k) É de se destacar que o ADA não caracteriza obrigação acessória, posto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou Fl. 4DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10675.002741/200640 Acórdão n.º 920201.602 CSRFT2 Fl. 191 5 fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. 113, § 2° e 3°, da Lei n°. 5.172/1.966 CTN. Ou seja, a ausência do ADA não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória , mas sim incidência do imposto; l) Assim sendo, restando não cumprida a exigência de apresentação do ADA nem comprovada a protocolização tempestiva de seu requerimento, para fins de não incidência do ITR do exercício de 2002, deve ser mantida a glosa da área declarada como sendo de preservação permanente para efeito de apuração do crédito tributário suplementar; m) A exigência da averbação da área de utilização limitada/reserva legal à margem do seu registro imobiliário está prevista, originariamente, no § 2° do artigo 16, da Lei n° 4.771/1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Lei n° 7.803/1.989; n) Desta forma, ao se reportar à essa lei ambiental, a Lei n° 9.393/1.996 está condicionando, implicitamente, a não tributação das áreas de reserva legal ao cumprimento dessa exigência averbação à margem da matrícula do imóvel; o) A averbação da área de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, do exercício de 2002, deveria ocorrer até 01/01/2002, data do respectivo fato gerador, nos termos do art. 1° da Lei n° 9.393/1996, o que não ocorreu in casu; p) Tratandose de isenção ou exclusão da tributação, conforme determina o art. 111 do CTN, deve ser observado o rigor da interpretação literal da lei; q) É de ser reconhecido que não restou comprovado o cumprimento, tempestivo, das exigências anteriormente fundamentadas, para fins de restabelecer, as áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal glosadas pela fiscalização, devendo, portanto, ser mantida a tributação. Admitido o recurso por intermédio do Despacho n° 920200.184 (fls. 169), o contribuinte foi intimado e apresentou contrarrazões às fls. 174184, onde defendeu, fundamentalmente, a necessidade de manutenção do acórdão de segunda instância, destacando, ao final, que a área de reserva legal declarada encontrase devidamente averbada à margem da matrícula do imóvel desde 09/07/1998. É o Relatório. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10675.002741/200640 Acórdão n.º 920201.602 CSRFT2 Fl. 192 6 Voto Conselheiro Gonçalo Bonet Allage, Relator Na visão deste julgador, o recurso especial da Fazenda Nacional não pode ser conhecido. Reitero que o acórdão proferido pela Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo, considerando que, para efeito de exclusão da base de cálculo do ITR do exercício 2002, prescinde do ADA a comprovação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada. A recorrente defendeu, fundamentalmente, que devem ser mantidas as glosas realizadas pela autoridade lançadora, pois o contribuinte apresentou o ADA a destempo e não averbou a área de utilização limitada à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Com o objetivo de comprovar a divergência que autorizaria a interposição de recurso especial com fundamento no artigo 7°, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, então vigente, a Fazenda Nacional trouxe à colação o acórdão n° 30236.278, cuja ementa é a seguinte: RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR EXERCÍCIO DE 1997. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. A existência de áreas de preservação permanente deve ser reconhecida mediante ato declaratório do IBAMA, ou órgão delegado através de convênios. As áreas reservadas legal devem ser averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. NEGADO PROVIMENTO POR UNANIMIDADE. Tal decisão envolve o ITR do exercício 1997, quando a obrigatoriedade de apresentação do ADA estava prevista apenas em Instruções Normativas da Receita Federal (IN/SRF n° 43/97, com redação dada pela IN/SRF n° 67/97). Atualmente, referida questão encontrase superada por força do Enunciado CARF n° 41, segundo o qual: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. O caso em apreço, insisto, envolve o exercício 2002, quando a apresentação do ADA tinha previsão no artigo 17O da Lei n° 6.938/81, na redação dada Lei n° 10.165, de 27/12/2000. Portanto, são distintas as normas apreciadas pelas decisões postas em confronto, motivo pelo qual, sob minha ótica, o acórdão recorrido não deu à lei tributária Fl. 6DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10675.002741/200640 Acórdão n.º 920201.602 CSRFT2 Fl. 193 7 interpretação divergente daquela manifestada pela Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, no acórdão n° 30236.278. Penso que só restaria demonstrada a divergência se a recorrente trouxesse como paradigma acórdão que, aplicando a regra do artigo 17O da Lei n° 6.938/81, na redação dada pela Lei n° 10.165/2000, considerou pertinente a exigência de apresentação de ADA para a exclusão da base de cálculo do ITR de áreas de preservação permanente e de reserva legal, relativamente a fatos ocorridos a partir do exercício 2001. No entanto, não foi isso que ocorreu. Quanto à área de reserva legal, a Fazenda Nacional defendeu, ainda, a necessidade da respectiva averbação à margem da matrícula do imóvel em momento anterior à ocorrência do fato gerador do tributo. Este fato não motivou a glosa promovida pela fiscalização, que decorreu, unicamente, da apresentação a destempo do ADA. Ademais e conforme bem observado pelo contribuinte em sede de contrarrazões, a área de reserva legal declarada de 445,28 hectares encontrase devidamente averbada à margem da matrícula do imóvel desde 09/07/1998 (fls. 07), sendo que o lançamento está relacionado ao exercício 2002. A recorrente deixou de observar este fato. Diante de tais constatações, entendo que inexiste divergência jurisprudencial a ser dirimida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Voto, portanto, no sentido de não conhecer do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Gonçalo Bonet Allage (Assinado digitalmente) Fl. 7DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10675.002741/200640 Acórdão n.º 920201.602 CSRFT2 Fl. 194 8 Fl. 8DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 19/05/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S
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Numero do processo: 11075.900196/2006-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI
A exportação de produtos NT não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, lei nº 9.369/96, por não estarem os produtos dentro do campo de incidência do imposto.
Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-001.781
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, que davam provimento. Os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann votaram pelas conclusões. A Conselheira Nanci Gama apresentou declaração de voto.
Matéria: IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
Nome do relator: Rodrigo da Costa Possas
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Recurso Especial do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, que davam provimento. Os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann votaram pelas conclusões. A Conselheira Nanci Gama apresentou declaração de voto. (assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (assinado digitalmente) RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Fl. 0DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo acima qualificado, que solicitou o ressarcimento de crédito presumido de IPI, instiuído pela Lei n° 9.363, de 13 de dezembro de 1996, cumulado com declaração de compensação. Em despacho decisório proferido pela DRF, não se reconheceu o direito creditório e, por conseguinte, não se homologou as compensações declaradas em DCOMP. O interessado apresentou a Manifestação de Inconformidade, que foi indeferida. Também apresentou Recurso Voluntário, que também foi negado. Agora em sede de Recurso especial, devidamente admitido por Despacho do Presidente da Câmara, pleiteia a reforma da decisão proferida pela instância a quo. É o relatório. Voto A matéria objeto da divergência apontada pelo sujeito passivo diz respeito à questão do direito ou não ao crédito presumido de IPI, como forma de ressarcimento do PIS e da COFINS nas exportações de produtos que constam da TIPI com a notação NT (não tributados). Realmente é uma matéria divergente como demonstrou o contribuinte em seu Recurso Especial. Assim, conheço o recurso e passo a análise do mérito. Visando incentivar as exportações de produtos industrializados, de alto valor agregado, a União criou o crédito presumido de IPI como uma forma de ressarcimento das contribuições sociais do PIS e COFINS, incidentes sobre as aquisições, no mercado interno (nacionais), de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados no processo produtivo de bens exportados. Tal crédito presumido foi criado pela Lei 9.363/96, que adveio da MP 948/95 e reedições. Para o cumprimento do objetivo a lei criou o ressarcimento ao produtor e exportador do pagamento das contribuições PIS e COFINS, incidentes no processo de produção da mercadoria a ser exportada. Tal discussão tem resultado em interpretações divergentes no Poder Judiciário o no próprio CARF. A depender das composições dos tribunais, tanto administrativos quanto judiciais, o resultado dos julgamentos tem dado soluções divergentes, ora permitindo, ora negando, o direito ao creditamento previsto na referida lei. Isso causa uma insegurança jurídica nos contribuintes. Já é hora de tentar pacificar a questão, mesmo sabendo que não é uma tarefa fácil. Até porque os nossos tribunais superiores ainda não se manifestaram a respeito. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11075.900196/200681 Acórdão n.º 930301.781 CSRFT3 Fl. 211 3 Porém já percebemos uma certa tendência dos Tribunais Regionais Federais de negar o aproveitamento do créditos nos casos em que as mercadorias exportação não são consideradas industrializadas (NT). Podemos citar como exemplos de decisões que negaram o aproveitamento do crédito: TRF da 3ª Região, Apelação em MS 309.564/MS, Processo 2005.61.00.0013479, Rel. Juiz convocado Dês.Federal Roberto Jeuken, 3ª T., julg. 04/12/2008, DJ 20/01/2009. Apelação cível 1.245.945/MS, processo 1999.61.00.0019753, Rel. dês. Federal Cecília Marcondes, 3ª T.., julg. 27/11/2008, DJ 09/12/2008. TRF da 5ª Região, AMS 89.109/PE, Processo 000236988.2003.4.058308, Rel. Des. Federal Francisco Barros Dias, 2ª T., julg. 18/08/2009, DJ, 11/09/2009. Apelação em MS93782/PE, Processo 000992245.2005.4.05.8300/03, Rel. Des. Federal Rivaldo Costa, 3ª T., DJ 28/08/2007. Como já dissemos, os Tribunais Superiores ainda não se manifestaram diretamente sobre o tema. Para continuarmos a discorrer sobre o tema, é essencial ao deslinde da demanda, determinar se os produtos com a classificação “NT” na TIPI, que trata de produtos em que não há a incidência do IPI, por não serem industrializados e, portanto, não estarem no campo de incidência do imposto, podem se caracterizar como produtos originários de empresa produtora e exportadora descrita no art. 1º da Lei 9.363/96, transcrito abaixo. A lei, muita das vezes, apesar de não ser o meio ideal, deve dar definições aos institutos. Tal conduta do legislador serve para dar contornos precisos a alguns termos usados, como por exemplo o conceito de produto industrializado. A lei assim o faz. E mais. A Legislação complementar é de suma importância, quando traz a tabela TIPI com informações de quais produtos seriam NT e que tais produtos estariam forma do campo de incidência do IPI, não sendo considerados, portanto, produtos industrializados. O benefício fiscal chamado “Crédito Presumido de IPI Exportações” consiste em um crédito adicional de IPI para sociedades industriais que diretamente ou indiretamente exportam seus produtos industrializados ao mercado internacional. Tem como objetivo principal desonerar a cadeia produtiva dos produtos a serem exportados do custo econômico da COFINS e do PIS, conforme podemos notar pelo texto do art. 1º da Lei 9.363/96: “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo”. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 “Parágrafo Único O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior”. Considerandose, então, que o artigo 1° da Lei 9.363/96 autoriza a fruição do beneficio do crédito presumido do IPI às empresas que satisfaçam, cumulativamente, dentre outras, a duas condições — ser produtora e ser exportadora —, não resta dúvida quanto à total impossibilidade de existência e aproveitamento de crédito do IPI para os estabelecimentos cujos produtos fabricados são classificados como NT na TIPI. Isso porque os estabelecimentos que produzem mercadorias NT não são considerados como produtor, para efeitos da legislação fiscal. Com efeito, se nas operações relativas aos produtos não tributados a empresa não é considerada como produtora, ela não satisfaz, por conseguinte, a uma das condições imposta pelo beneficio em análise, qual seja, o de ser produtora. Esta condição está intimamente relacionada à própria natureza do crédito presumido. Ser industrializado o produto exportado é característica essencial da finalidade da lei: estimulo às empresas para que destinem seus produtos com maior valor agregado à exportação, melhorando nossa balança comercial e reduzindo a taxa de desemprego. São justamente os produtos industrializados que agregam mais fatores de produção, sobretudo mãodeobra. São eles que possuem cadeia produtiva mais extensa e, portanto, de maior influência para o desenvolvimento econômico. Não é a exportação de produtos primários que se procurou estimular, já que esta sempre foi a vocação do país ao longo de toda a sua história. Com efeito, cabe aos intérpretes das leis, trazer o real e correto significado das normas nela contidas. Se a norma é dúbia cabe aos operadores do direito a sua correta interpretação, conforme as técnicas da ciência da Hermenêutica Jurídica, e não fazer a interpretação de modo aleatório e intuitivo. Nem mesmo uma interpretação literal do art. 1º da referida lei poderia levar concluir que a empresa produtora e exportadora também abarcaria àquelas que não são contribuintes do imposto. Porém, como já dito, esse seria o pretenso resultado de uma interpretação meramente literal. Esse tipo de análise somente pode ser feito quando a lei expressamente determinar. Pelo contrário, qualquer tipo de interpretação nos levaria ao mesmo resultado, como acontece com os texto legais bem elaborados. Deve, neste caso, fazer uma interpretação sistemática, que consiste em harmonizar a presente norma de um modo contextualizado com todo o texto da mesma lei e com o arcabouço legal pátrio, principalmente na área tributária. Teremos de fazer a nossa análise em conjunto com toda a legislação que rege o IPI. Em um estudo da lei incentivadora, nos artigos posteriores ao 1º, o legislador já deixa mais claro que a delimitação do benefício se daria somente em relação aos produtos industrializados. Isso nos remete à matriz legal do IPI. A Lei nº 4.502/64 é muito precisa na definição do que seja estabelecimento produtor quando preceitua em ser art. 3º que “considerase estabelecimento produtos todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto”. Assim fica claro que tanto na acepção econômica quanto jurídica, não há como se enquadrar empresas não sujeitas ao IPI como estabelecimento industrial ou estabelecimento produtor. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11075.900196/200681 Acórdão n.º 930301.781 CSRFT3 Fl. 212 5 É pacífico que os produtos classificados na TIPI como "NT" não estão incluídos no campo de incidência do IPI, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 2° do RIPI/98. (Decreto 2.637, de 25/06/98). "Art. 2° Parágrafo Único O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação NT (nãotributado) (Lei n.° 9.493, de 10 de setembro de 1997, art. 13 )” Logo, quem produz esses produtos, ainda que sob uma das operações de industrialização previstas no artigo 4° do Regulamento do IPI não é considerado, à luz da legislação de regência desse imposto, como estabelecimento produtor ou industrial, de acordo com o artigo 8° do RIP1/98, que prescreve: Art. 8° Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4°, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei n.° 4.502, de 1964, art. 3°). Estabelecimento produtor ou industrial é aquele que executa qualquer das operações definidas na legislação do imposto como de industrialização; da qual, cumulativamente, resulte um produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento. Ora, de fato, seu beneficiário necessariamente deve produzir industrializados sujeitos à incidência do PI e exportálos, diretamente ou através de empresa comercial exportadora, para que lhe seja reconhecido o direito ao crédito presumido, conforme a sistemática instituída pela Lei n° 9.363/96. Se o benefício fosse estendido a todas as empresas produtoras exportadoras, sem a delimitação de ser contribuinte do imposto algumas questões ficariam sem uma solução prevista na lei, como por exemplo, como se daria a escrituração dos créditos para a futura compensação? Não existe previsão de livro registro de apuração do IPI para não contribuintes. Todos sabemos que a apuração do imposto a pagar ou dos créditos devem ser escriturados no referido livro. Ademais a lei não contém palavra inúteis. Se fosse para abarcar os exportadores que não fossem produtores porque a lei traria e expressão “produtora e exportadora”. Bastaria o uso da palavra “exportadora”. Está claro, dessa forma, que há que se interpretar a linguagem legislativa contida no art. 1º da Lei 9.363/96 e cabe a nós, desse tribunal administrativo, elucidar e resolver o presente caso concreto ora apresentado a essa corte. È da interpretação que cuida a hermenêutica jurídica. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 Primeiramente cabe esclarecer o conceito de hermenêutica “que provém do latim hermeneutica (que interpreta ou explica), é empregado na técnica jurídica para assinalar o meio ou modo por que se devem interpretar as leis, a fim de que se tenha delas o exato ou o melhor sentido. Na hermenêutica jurídica, assim, estão encerrados todos os princípios e regras que devam ser judiciosamente utilizados para a interpretação do texto legal. E esta interpretação não se restringe ao esclarecimento de pontos obscuros, mas toda elucidação a respeito da exata compreensão da regra jurídica a ser aplicada aos fatos concretos. È o que faz a hermenêutica jurídica, interpreta as leis. Deixo claro também que não se trata de lacuna na lei. Caso assim fosse, teríamos que fazer uma integração legislativa e não a interpretação. Mais abaixo deixaremos claro que mesmo àqueles que consideram que a lei é omissa e que há que se fazer a integração,também chegaremos à mesma conclusão: A exportação de produtos NT não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, lei nº 9.369/96, por não estarem os produtos dentro do campo de incidência do imposto. Podemos concluir que tanto em uma análise econômica quanto jurídica não há como se interpretar o art. 1º da Lei 9.363/96, a ponto de considerar que a empresa produtora e exportadora ali mencionada abarcaria até mesmo àquelas não contribuintes do IPI, ou seja, somente os estabelecimentos industriais é que podem compensar os créditos presumidos de IPI nos casos de exportação. Economicamente falando, não há porque se incentivar, com desoneração tributária, a produção de produtos não industrializados, como por exemplo, as comodities, pois todos sabem que o Brasil tem expertise nesta área, sendo um dos maiores exportadores mundiais. Em se tratando de uma interpretação meramente jurídica, se fosse a intenção do legislador, a lei teria de ser muito clara, e não deixar nenhuma margem de dúvida quanto à extensão do benefício, conforme preceitua o CTN e várias outras leis tributárias e financeiras. Além do mais a lei que trata de qualquer tipo de exoneração tributária deve ter a sua interpretação restritiva, para abarcar somente os caso expressamente permitidos. É necessária a autorização legislativa para a concessão do beneficio em face do principio da legalidade. Como se sabe, o Princípio Constitucional da Legalidade impõe como dever aos agentes públicos que não somente proceda em consonância com as leis, mas também que somente atue quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Melhor dizendo, não tem a liberdade de fazer o que lhe convém apenas pela ausência de norma proibitiva, mas somente fazer o que a lei autoriza ou determina. O princípio da legalidade vale tanto para a exação quanto para a isenção. Sabemos que o crédito presumido é um tipo de isenção parcial. È indiscutível que a lei que trata de isenção deve descrever, pormenorizadamente, todos os elementos da norma jurídica tributária. A descrição deve ser exaustiva para a própria segurança jurídica dos contribuintes. Não pode haver subjetivismos ou interpretações não jurídicas. O art. 1º da lei isentiva faz exatamente isso. Descreve minuciosamente os contornos de quem tem o direito ao crédito presumido para evitar que o intérprete ou aplicador da lei tenha entendimentos contraditórios, gerando incerteza e insegurança para o contribuinte. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11075.900196/200681 Acórdão n.º 930301.781 CSRFT3 Fl. 213 7 Com efeito não há outra conclusão que não a constatação que crédito presumido de IPI somente poderá ser efetuado pela empresa exportadora ou, no caso de exportação indireta, pelo fornecedor da comercial exportadora, levandose em conta apenas os insumos adquiridos no mercado interno utilizados na industrialização de bens destinados à exportação. Para corroborar e elucidar todo o exposto, por ser de uma precisão ímpar trago o Presidente Henrique Pinheiro Torres, no Acórdão nº 202.16.066: “A questão envolvendo o direito de crédito presumido de IPI no tocante às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagens utilizados na confecção de produtos constantes da Tabela de Incidência do IPI com a notação NT (Não Tributado) destinados à exportação, longe de estar apascentada, tem gerado acirrados debates na doutrina e na jurisprudência. No Segundo Conselho de Contribuintes, ora prevalece a posição do Fisco, ora a dos contribuintes, dependendo da composição das Câmaras. A meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela exclusão dos valores correspondentes às exportações dos produtos não tributados (NT) pelo IPI, já que, nos termos do caput do art. 1º da Lei 9.363/1996, instituidora desse incentivo fiscal, o crédito é destinado, tãosomente, às empresas que satisfaçam, cumulativamente, dentre outras, a duas condições: a) ser produtora; b) ser exportadora. Isso porque, os estabelecimentos processadores de produtos NT, não são, para efeitos da legislação fiscal, considerados como produtor. Isso ocorre porque, as empresas que fazem produtos não sujeitos ao IPI, de acordo com a legislação fiscal, em relação a eles, não são consideradas como estabelecimentos produtores, pois, a teor do artigo 3º da Lei 4.502/1964, considerase estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto. Ora, como é de todos sabido, os produtos constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI com a notação NT (Não Tributados) estão fora do campo de incidência desse tributo federal. Por conseguinte, não estão sujeitos ao imposto. Ora, se nas operações relativas aos produtos não tributados a empresa não é considerada como produtora, não satisfaz, por conseguinte, a uma das condições a que está subordinado o beneficio em apreço, o de ser produtora. Por outro lado, não se pode perder de vista o escopo desse favor fiscal que é o de alavancar a exportação de produtos elaborados, e não a de produtos primários ou semielaborados. Para isso, o legislador concedeu o incentivo apenas aos produtores, aos industriais exportadores. Tanto é verdade, que, afora os produtores exportadores, nenhum outro tipo de empresa foi agraciada com tal benefício, nem mesmo as trading Fl. 6DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 companies, reforçandose assim, o entendimento de que o favor fiscal em foco destinase, apenas, aos fabricantes de produtos tributados a serem exportados. Cabe ainda destacar que assim como ocorre com o crédito presumido, vários outros incentivos à exportação foram concedidos apenas a produtos tributados pelo IPI (ainda que sujeitos à alíquota zero ou isentos). Como exemplo podese citar o extinto crédito prêmio de IPI conferido industrial exportador, e o direito à manutenção e utilização do crédito referente a insumos empregados na fabricação de produtos exportados. Neste caso, a regra geral é que o benefício alcança apenas a exportação de produtos tributados (sujeitos ao imposto); se se referir a NT, só haverá direito a crédito no caso de produtos relacionados pelo Ministro da Fazenda, como previsto no parágrafo único do artigo 92 do RIPI/1982. Outro ponto a corroborar o posicionamento aqui defendido é a mudança trazida pela Medida Provisória nº 1.50816, consistente na inclusão de diversos produtos no campo de incidência do IPI, a exemplo dos frangos abatidos, cortados e embalados, que passaram de NT para alíquota zero. Essa mudança na tributação veio justamente para atender aos anseios dos exportadores, que puderam, então, usufruir do crédito presumido de IPI nas exportações desses produtos. Diante de todas essas razões, é de se reconhecer que os produtos exportados pela reclamante, por não estarem incluídos no campo de incidência do IPI, já que constam da tabela como NT (não tributado), não geram crédito presumido de IPI”. Também, colaciono parte do voto do Conselheiro Gilson Rosemburg Filho, em voto recentemente proferido neste plenário: Por outra parte, é cediço que os produtos classificados na TIPI como “NT” não estão incluídos no campo de incidência do IPI. Logo, quem fabrica tais produtos, mesmo sob uma das operações de industrialização previstas no Regulamento do IPI (no caso, as operações dispostas no art. 3º, caput e incisos, do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 87.981, de 23/12/1982 – RIPI/82), não é considerado, à luz da legislação de regência desse imposto, como estabelecimento industrial. Isso porque, de acordo como o art. 8º do RIPI/82 (abaixo transcrito), estabelecimento industrial é o que industrializa produtos sujeitos à incidência do IPI, ou seja, é aquele estabelecimento que executa qualquer das operações definidas na legislação do imposto como “de industrialização”, da qual, cumulativamente, resulte um produto “tributado”, ainda que de alíquota zero ou isento. Ao contrário, não é estabelecimento industrial para fins de IPI aquele que elabora produtos classificados na TIPI como nãotributado (NT), bem como quem realiza operação excluída do conceito de industrialização dado pelo RIPI. “Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no artigo 3º, de que resulte produto Fl. 7DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11075.900196/200681 Acórdão n.º 930301.781 CSRFT3 Fl. 214 9 tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, art. 3º).” Neste diapasão, Raimundo Clóvis do Valle Cabral em “Tudo sobre o IPI”, 4ª edição, São Paulo, Ed. Aduaneiras, págs. 54/55 e 57, assim assevera: “Estabelecimento Industrial é o que industrializa produtos sujeitos à incidência do imposto, ou seja, aquele que executa operações definidas na legislação do IPI como de industrialização (transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento/reacondicionamento e renovação/recondicionamento) e da qual resulte um produto tributado, ainda que de alíquota zero, ou isento. Tem por base legal o artigo 3º da Lei nº 4.502, de 1964, alterado pelo artigo 12 do DL nº 34/66, que tem o seguinte texto: ‘Considerase estabelecimento industrial todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto’(art. 8º). As expressões ‘fábrica’ e ‘fabricante’ são equivalentes a ‘estabelecimento industrial’, como definido acima (art. 487II). Se o produto por ele industrializado corresponde uma alíquota positiva (diferente de zero) estará ele obrigado a destacar o imposto na nota fiscal emitida, observando as demais obrigações concernentes à escrituração fiscal e ao recolhimento do imposto, assumindo o real papel de contribuinte – sujeito passivo de obrigação principal, salvo se optante pela inscrição no Simples (art. 20I, 23II e 107). Se o produto industrializado estiver sujeito à alíquota zero, ou for isento, embora não haja imposto a ser destacado nem recolhido, ele estará obrigado a emitir nota fiscal e proceder às demais obrigações relativas à escrituração fiscal prevista no Ripi, pois está definido como sujeito passivo de obrigações acessórias (art. 21). Contrario sensu, chegase à conclusão de não ser estabelecimento industrial, para fins do IPI, aquele que elabora produtos classificados na Tipi como NT (nãotributados), bem assim os resultantes de operações excluídas do conceito de industrialização pelo artigo 5º do RIPI.” O texto reproduzido acima traduz a essência da expressão “NT” aposta na TIPI ao lado dos produtos excluídos do campo de incidência do IPI, qual seja: o estabelecimento que dá saída a produtos nãotributados, não se classifica, nessas operações, para fins de incidência do imposto, como estabelecimento industrial, ou seja, como contribuinte do IPI. E o aproveitamento de créditos do IPI está intimamente ligado ao conceito do que seja estabelecimento industrial para a legislação desse imposto, no sentido de que não ser um estabelecimento de tal espécie implica o nãoreconhecimento da existência de créditos ou débitos de IPI, impossibilitando o aproveitamento dos primeiros Fl. 8DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 10 (dos créditos) ou o surgimento da obrigação tributária principal decorrente dos segundos (dos débitos). Nessa linha, merece citar, especificamente no tocante ao crédito presumido do IPI objeto de análise no presente processo, o preceito do art. 1º combinado com o do parágrafo único do art. 3º, ambos da Lei nº 9.363/96: “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus ao crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (...). Art. 3º (...). Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação (...) do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento (...) dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, (...).” Lógico que “produção” conformase na atividade do “produtor". E, nos termos da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, matriz legal de grande parte da legislação do IPI, “estabelecimento produtor” é aquele que industrializa produtos sujeitos ao imposto. Estabelece o art. 3º da aludida lei: “Art. 3º Considerase estabelecimento produtor todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto.” Considerandose, então, que o art. 1º da Lei nº 9.363/96 autoriza a fruição do crédito presumido do IPI ao “estabelecimento produtor e exportador”, e que o art. 3º da Lei 4.502/64 é a matriz do Regulamento do Imposto de Produtos Industrializados, não resta dúvida quanto à total impossibilidade de existência e, conseqüentemente, de aproveitamento de crédito do IPI para os estabelecimentos cujos produtos fabricados são classificados como “NT” na TIPI. Pelos fundamentos expostos, é possível arrolar as seguintes conclusões: O estabelecimento industrial é aquele que industrializa produtos sujeitos à incidência do imposto, ou seja, aquele que executa as operações definidas na legislação do IPI como de industrialização e da qual resulta um produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento. Portanto, os produtos exportados que não se encontram no campo de incidência do IPI, por constar da tabela como NT (não tributado), não geram crédito presumido de IPI; A legislação que trata do específico benefício do crédito presumido do IPI determina que as “mercadorias” devam decorrer de “estabelecimento produtor”, o qual, à luz da legislação do IPI, é somente o que industrializa produtos tributados por essa exação. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11075.900196/200681 Acórdão n.º 930301.781 CSRFT3 Fl. 215 11 Assim não há que se falar em questões fáticas, mas meramente jurídicas. Por isso toda a análise se absteve de ilações de fato, mas argumentações meramente jurídicas, como aliás devem ser todas as questões trazidas a interpretação pelos tribunais.. Também não há discussão acerca de os produtos que não tributados – NT, estarem, ou não, no campo de incidência do IPI. Senão teríamos de fazer uma longa explanação sobre outros institutos tributários como isenção, imunidade, não incidência, lançamento, fato gerador, dentre outros. Podemos concluir que tanto em uma análise econômica quanto jurídica não há como se interpretar o art. 1º da Lei 9.363/96, a ponto de considerar que a empresa produtora e exportadora ali mencionada abarcaria até mesmo àquelas não contribuintes do IPI, ou seja, somente os estabelecimentos industriais é que podem compensar os créditos presumidos de IPI nos casos de exportação. Economicamente falando, não há porque se incentivar, com desoneração tributária, a produção de produtos não industrializados, como por exemplo, as comodities, pois todos sabem que o Brasil tem expertise nesta área, sendo um dos maiores exportadores mundiais. Em se tratando de uma interpretação meramente jurídica, se fosse a intenção do legislador, a lei teria de ser muito clara, e não deixar nenhuma margem de dúvida quanto à extensão do benefício, conforme preceitua o CTN e várias outras leis tributárias e financeiras. Dessa forma, o crédito presumido de IPI somente poderá ser ressarcido pela empresa exportadora ou, no caso de exportação indireta, pelo fornecedor da comercial exportadora, levandose em conta apenas os insumos adquiridos no mercado interno, onerados pelo PIS e COFINS, e utilizados na industrialização de bens destinados à exportação. Mesmo para aqueles que entendem que existe omissão legal e que pretendem fazer a integração prevista no art. do CTN, In verbis: Interpretação e Integração da Legislação Tributária Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo. Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I a analogia; II os princípios gerais de direito tributário; III os princípios gerais de direito público; IV a eqüidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. § 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 12 Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. A ordem de integração é obrigatória, como determina a Lei. Podemos usar a analogia com o caso dos créditos básicos e assim chegarmos à conclusão que não geram direito ao crédito a exportação de produtos NT. Neste caso existe até uma súmula do CARF: Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Porém podemos passar também para o segundo critério de integração. Tratase de usarmos os princípios gerais de Direito Tributário. O princípio mais específico em relação ao IPI é o princípio constitucional da não cumulatividade do IPI, transcrito abaixo: Art. 153, § 3º: “O imposto previsto no inciso IV: I – será seletivo, em função da essencialidade do produto; II – será não cumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”. Fica claro aqui também que tem que haver tributo devido para que possamos aplicar o princípio. Se o produto final não é tributado, não há que se falar em aproveitamento de crédito. Obviamente a lei pode excepcionar e permitir o aproveitamento do crédito, já que não há óbice constitucional como ocorre com o ICMS. Mas, como dito acima a lei tem que ser clara ao permitir o creditamento nessas situações especiais o que não ocorre in casu. Fl. 11DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11075.900196/200681 Acórdão n.º 930301.781 CSRFT3 Fl. 216 13 O próprio TRF da 3ª Região tem exarado decisões que vedam o direito ao incentivo da lei 9.363 quando não há o recolhimento do IPI na cadeia de industrialização da mercadoria a ser exportada. O Direito Pátrio não autoriza o aproveitamento do crédito presumido de IPI em relação a mercadorias exportadas que figurem como NT na tabela do IPI – TIPI. Essa é a única conclusão juridicamente aceitável ao interpretarmos, por todas as técnicas existentes, os diplomas legais do crédito presumido – Lei 9.363/96, em cotejo com as demais legislações do IPI. Àqueles que defendem que a lei instituidora do incentivo é lacunosa, podemos fazer a integração nos moldes permitidos pelo CTN e chegaremos à mesma conclusão acima exposta. Diante de todo o exposto voto pelo não provimento do Recurso Especial interposto pelo contribuinte. Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Declaração de Voto A controvérsia aduzida nos presentes autos consiste em definir se os insumos utilizados para a produção de produtos, classificados como não tributáveis “NT” pela TIPI, integram a base de cálculo do crédito presumido do IPI ao serem exportados. Em que pesem as razões aduzidas no acórdão recorrido, entendo que as mesmas não mereçam prosperar eis que o artigo 1º da lei nº 9.363/961, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à “empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais”, não o restringiu apenas aos produtos industrializados, não cabendo, com a devida venia, ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez. Assim, tendo o benefício fiscal em tela sido dado ao gênero “mercadorias nacionais”, não cabe ao intérprete restringilo à espécie de “produtos industrializados”. 1 “Art. 1º. A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo.” (grifouse) Fl. 12DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 14 Nesse sentido, peço a devida licença para transcrever como meu, o voto proferido pelo i. Conselheiro Dalton Cesar Cordeiro de Miranda quando do julgamento do Recurso nº 202126.282, cujas razões passo a aduzir: “Não cabe ao intérprete da norma jurídica estabelecer distinção onde o legislador não o fez. Ao excluir as aquisições, cuja última operação não esteja sujeita à incidência das contribuições por haver um distanciamento do critério legal de apuração da carga de contribuições contida nos insumos, automaticamente estarseia legitimando o pleito de um ressarcimento maior que o previsto em lei para os casos em que a carga de contribuições contida no valor das mercadorias fosse maior que o valor resultante da aplicação do critério previsto em lei, em razão do maior número de etapas que tenha percorrido. O erro da exigência da efetiva incidência das contribuições na última operação decorre, na minha opinião, de dois fatores. A tentativa da administração de barrar o benefício dado pela lei às empresas que adquiram produtos sem a incidência das contribuições, em razão do evidente ganho que auferem pela critérios contidos na lei. O outro é a decorrente da transferência indevida das regras vigentes na apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI para a presente sistemática de apuração dos créditos de COFINS e PIS a serem ressarcidos. Como é sabido, a legislação do IPI, como regra geral, expressamente proíbe o registro do crédito do imposto, se a operação de aquisição não está sujeita à incidência do referido imposto. Em razão do nome “crédito presumido de IPI” a Secretaria da Receita Federal deu ao incentivo fiscal o tratamento de crédito de IPI (conforme fica evidenciado pelas diversas normas administrativas expedidas por aquele órgão), como é o caso das mercadorias classificadas como “Não Tributadas” (ou NT) na tabela de incidência do IPI, hipótese em que as considera fora do incentivo fiscal em tela. O crédito passível de registro nos livros fiscais do IPI foi apenas uma forma criada pelo legislador para o ressarcimento mais rápido das contribuições, e seu valor não pode ser confundido com o IPI. Por outro lado, a lei autoriza que se utilize os conceitos da legislação do IPI apenas no que se refere aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem (art. 3o., parágrafo único, da Lei nº 9.363/96). O fato de ser ressarcido mediante a compensação com créditos de IPI não lhe altera a natureza jurídica, que permanece sendo de contribuição para o PIS e COFINS. Finalmente, não cabe à autoridade administrativa tentar corrigir eventuais distorções contidas na lei, como é o caso do ressarcimento das contribuições nos casos em que não houve essa incidência na operação anterior por não ser praticada por contribuinte, como nos casos de pessoas físicas e cooperativas, entre outros. Da mesma forma como a lei beneficiou as empresas que adquirem mercadorias de não contribuintes do PIS e PASEP, ao estabelecer um critério uniforme de apuração do crédito a ser ressarcido para todas as situações, igualmente prejudicou aquelas, cujos produtos percorrem várias etapas, sendo oneradas pelas contribuições de forma mais intensa, pela cumulação da incidência tributária, lhes retirando a competitividade, especialmente no mercado internacional, onde a regra é a não exportação de tributos. Entendo que a lei deva ser aplicada da forma como foi concebida pelo legislador, e que somente a este compete aprimorála. Evidentemente, por Fl. 13DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11075.900196/200681 Acórdão n.º 930301.781 CSRFT3 Fl. 217 15 todas razões expostas, sou da opinião de que as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, mesmo que adquiridos de não contribuintes do PIS e da COFINS, ou que, por outro motivo, essas contribuições não tenham incidido na aquisição dessas mercadorias, os valores correspondentes a essas operações devem compor a base de cálculo do incentivo fiscal em tela, sendo, portanto, incorreta a glosa aplicada pela fiscalização.” (...) “Como já por diversas vezes decidido na Câmara Superior de Recursos Fiscais, a finalidade da Lei nº 9.363/96 foi a de desonerar as exportações de mercadorias nacionais e, como conseqüência, melhorar o balanço de pagamentos. Aliás, tal entendimento está em linha com o que doutrinariamente defendido por José Erinaldo Dantas Filho, “O espírito do citado diploma legal foi o de incentivar a exportação de produtos nacionais, tentando diminuir o chamado ‘custo Brasil’ para os produtos pátrios, de maneira que sejam ‘exportados tributos para o exterior’. O legislador federal visualizou a extrema necessidade de desonerar a exagerada carga tributária para os produtos exportados, bem como visou a combater o acentuado déficit da balança comercial de nosso País, assim gerando mais empregos e maior arrecadação.”2. Diferente não é, aliás, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, conforme já consubstanciado no acórdão referente ao julgamento do já mencionado e citado Recurso Especial nº 586.392/RN3. Creio, ainda, abrindo aqui parênteses a bem ilustrar o debate, que do exame do Regulamento do IPI (Decreto nº 2.637/98), que trata dos conceitos de industrialização (transformação; beneficiamento; montagem; acondicionamento; e renovação e recondicionamento), entendo possível afirmar que as “mercadorias” exportadas pela recorrente (produtos de origem animal), são sim objeto ou resultante de um processo produtivo, mesmo que classificados como NT. Neste sentido, vale citar trechos de artigo de Júlio M. de Oliveira, intitulado “A Constituição, A Lei e o Regulamento do IPI – Hipóteses de Conflito”4:” (...) “Ao nosso ver, o objeto do imposto não consiste meramente no ato de produzir acima delineado, pelo contrário, a materialidade da hipótese de incidência reside no resultado final deste ato – o produto. Assim não fosse, estaríamos diante de um imposto sobre industrialização e não sobre o produto industrializado. Neste sentido, cabe lembrar as sempre lúcidas considerações do mestre Geraldo Ataliba, verbis: “... Pela sua utilização (desse conjunto de componentes) é que se obtém, afinal, um produto. Se, portanto, a produção ou industrialização for posta na 2 “Da impossibilidade de Restrições ao Crédito Presumido de IPI através de Normas Administrativas Complementares”, in Revista Dialética de Direito Tributário, volume 75, p. 77. 3 REsp 586.392/RN, Ministra relatora Eliana Calmon, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, acórdão publicado no D.J.U., Seção I, de 6/12/2004 4 “IPI – Aspectos Jurídicos Relevantes – Coordenação Marcelo Magalhães Peixoto” – São Paulo: Quartier Latin, 2003, pp. 221 a 238 Fl. 14DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 16 materialidade da hipótese de incidência do imposto, já não se estará diante do IPI, mas de tributo diverso.” Porém, esgotarse na existência de produtos industrializados a materialidade da hipótese de incidência do IPI, em outras palavras, o mero surgimento de um produto industrializado é suficiente para caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto? Quer nos parecer que não.” (...) “E a propósito da discussão travada nestes autos, necessária se faz reafirmar que o benefício do crédito presumido está expressamente direcionado à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. O artigo de lei é abrangente, portanto, daí não ser possível restringir o debate entre a distinção entre “produto industrializado não tributado” e “produto industrializado tributado”, pois tanto um como outro são “mercadorias”5 e, conseqüentemente, abrangidos pela Lei nº 9.363/96.” Dessa forma, restase evidente o entendimento de que, tendo o crédito presumido em análise o objetivo de ressarcir as contribuições incidentes sobre as etapas anteriores da cadeia produtiva, não é relevante se o produto é ou não tributado pelo IPI na sua saída final. Face ao exposto, conheço do recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte para, no mérito, darlhe provimento. NANCI GAMA Conselheira 5 “Aquilo que é objeto de comércio; bem econômico destinado à venda; mercancia. ...” Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. “Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa/3ª edição – Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999 Fl. 15DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 10/05/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por NANCI GAMA, Assinado digita lmente em 01/06/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 11543.002336/2006-90
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Anocalendário:
2002
RENDIMENTOS DO TRABALHO. OMISSÃO. CRUZAMENTO COM A
DIRF. EXIGÊNCIA DA DIFERENÇA DE IMPOSTO.
Demonstrada a diferença entre a declaração de ajuste anual apresentada pelo
contribuinte e os rendimentos identificados através de DIRF apresentada pela
fonte pagadora, não elidida por prova em contrário, legítima a autuação para
exigir a diferença de imposto devido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2801-001.808
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES
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OMISSÃO. CRUZAMENTO COM A DIRF. EXIGÊNCIA DA DIFERENÇA DE IMPOSTO. Demonstrada a diferença entre a declaração de ajuste anual apresentada pelo contribuinte e os rendimentos identificados através de DIRF apresentada pela fonte pagadora, não elidida por prova em contrário, legítima a autuação para exigir a diferença de imposto devido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Amarylles Reinaldi e Henriques Resende, Eivanice Canário da Silva, Luiz Cláudio Farina Ventrilho, Tânia Mara Paschoalin e Carlos César Quadros Pierre. Relatório Fl. 48DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL Processo nº 11543.002336/200690 Acórdão n.º 280101.808 S2TE01 Fl. 46 2 Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da 2a Turma de Julgamento da DRJ/Santa Maria (RS) que julgou procedente o lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) às fls. 05/10, este decorrente da revisão efetuada na declaração de rendimentos apresentada pelo contribuinte, referente ao exercício 2003, anocalendário 2002. A autoridade lançadora efetuou alteração no valor declarado pelo contribuinte a título de rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, de R$ 51.074,89 para R$ 65.888,63, face a omissão de rendimentos decorrentes de trabalho com vínculo empregatício no valor de R$ 14.813,74 constatada na ação fiscal. Tal procedimento resultou na exigência de crédito tributário no valor total de R$ 9.415,31, incluídos a multa de oficio e os juros de mora, estes calculados até agosto de 2006. Cientificado do lançamento em 24/10/2006, conforme faz prova o AR – Aviso de Recebimento à fl. 13, o contribuinte apresentou impugnação em 14/11/2006, às fls. 01/04 dos autos. Em sua defesa argumentou, em síntese, que: o auto de infração trata de lançamento de oficio efetuado de forma totalmente equivocada, pois, o procedimento fiscal foi instaurado sem qualquer comunicação ao impugnante, que dele tomou conhecimento somente quando notificado para recolher o imposto, sendo essa irregularidade procedimental por demais suficiente para invalidar o processo desde o seu nascedouro; no caso, uma outra nulidade se verifica nos autos, com relação aos documentos que deram suporte ao lançamento, pois foram obtidos de forma que o impugnante desconhece, uma vez que não foi notificado para acompanhar o feito administrativo, em qualquer de suas fases; tratase de documentos que foram obtidos sem a fiscalização do impugnante, que também não teve oportunidade de impugnálos, e deste modo, podem ter sido originados de fonte não segura, e não corresponder à realidade fática; seja por inobservância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, ou por ter como base documentos obtidos irregularmente e que não retratam a realidade dos fatos, o auto de infração é nulo e deve, ainda na esfera administrativa, ser tratado como tal. Por fim, diante das nulidades apontadas, o contribuinte solicitou que fosse julgado insubsistente o lançamento. Ao apreciar a lide, decidiu aquele Colegiado, por unanimidade de votos, julgar procedente o lançamento, nos termos do Acórdão DRJ/STM nº 189.924, de 20/11/2008, às fls. 26/28, rejeitando as arguições de nulidade suscitadas e asseverando que o autuado não apresentou nenhum argumento ou elemento capaz de elidir a exigência fiscal. Devidamente intimado da decisão a quo em 09/12/2009, conforme ciência à fl. 33, o contribuinte interpôs, em 30/12/2009, o Recurso Voluntário às fls. 34/36. Em suas razões, alega que: por não ter considerado necessário, à época da impugnação, ter ingressado no mérito da questão, tal o absurdo do lançamento exoficio efetuado muitos anos após o encerramento do exercício fiscal em questão, por ocasião do recurso o faz, uma vez que tais Fl. 49DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL Processo nº 11543.002336/200690 Acórdão n.º 280101.808 S2TE01 Fl. 47 3 rendimentos não devem ser enquadrados como salários, e assim, não estão sujeitos ao ajuste anual para fins de apuração do imposto devido; o valor apontado na autuação se refere à Reserva de Poupança do Plano Valia (estabelecido pela Companhia Vale do Rio doce, exempregadora), sendo fruto de indenização trabalhista e, seu rendimento, oriundo de aplicações financeiras; assim, não pode ser considerado como salário, muito menos como proveniente de trabalho com vinculo empregatício, devendo ser tratado, na pior das hipóteses, como rendimento tributado exclusivamente na fonte, conforme legislação em vigor; causa estranheza o órgão da Receita Federal desconhecer este fato, pois foi alvo de inúmeros processos administrativos, onde invariavelmente os direitos dos reclamantes eram reconhecidos, haja vista a devolução do imposto retido indevidamente por ocasião da rescisão contratual. Ao final, anexando cópia de decisão do STJ, requer o recorrente, ao final de sua defesa, a apreciação da matéria alvo da questão. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Relator O presente Recurso Voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal, razão pela qual dele tomo conhecimento. Trata o presente processo de autuação em que foi apontada a omissão de rendimentos no valor de R$ 14.813,74, recebidos pelo contribuinte da pessoa jurídica Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social/Valia (CNPJ n° 42.271.429/000163), decorrentes de trabalho com vínculo empregatício. Na impugnação limitouse o recorrente a suscitar a nulidade do lançamento por ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, seja com base em argumentação relacionada à instauração do procedimento fiscal, posto que não teria sido comunicado do seu início, nem notificado para acompanhar o feito administrativo em quaisquer de suas fases, como também diante da alegação de que o lançamento teria se baseado em documentos obtidos irregularmente e que não retratariam a realidade dos fatos. A respeito, observase que a decisão DRJ rejeitou as arguições de nulidade destacadas pelo interessado. O relator do voto ali proferido também deixou claro que: fls. 28 dos autos (...) É na fase da impugnação que o autuado tem a oportunidade de apresentar os esclarecimentos que julgar necessários e os documentos que comprovem suas alegações a fim de ser proferida, apreciandose todos os seus argumentos e provas e, à Fl. 50DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL Processo nº 11543.002336/200690 Acórdão n.º 280101.808 S2TE01 Fl. 48 4 luz da legislação tributária, o acórdão de primeira instância administrativa. No caso em tela, tendo sido facultado ao contribuinte impugnação, na qual o autuado demonstra, de forma inequívoca, seu pleno conhecimento do processo fiscal, não procede a argüição de nulidade por cerceamento do direito de defesa. No Recurso Voluntário o contribuinte ofereceu outra argumentação, agora relacionada ao mérito, sob a demanda de que os rendimentos recebidos da Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social/Valia, apontados no auto de infração, não seriam tributáveis, não obstante, de pronto, se possa verificar que os documentos colacionados pelo recorrente às fls. 38/43 não se revelam hábeis a refutar a fundamentação do lançamento. Nesse ponto, salientese que o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho colacionado pelo recorrente à fl. 41 dos autos apenas corrobora o entendimento de que a verba intitulada como “indenização complementar” possui natureza de rendimento tributável para fins de Imposto de Renda. Quanto à decisão judicial anexada às fls. 42/43, verificase que não registra o nome do contribuinte, e deste modo, não sendo o mesmo parte naquela lide, o entendimento ali expresso não vincula o presente julgado. Hígido, portanto, o lançamento às fls. 05/10, que tomou por base os valores tributáveis informados na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF, à fl. 24, apresentada pela fonte pagadora (Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social/Valia CNPJ n° 42.271.429/000163). Face o exposto, VOTO por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães Fl. 51DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGAL
score : 1.0
Numero do processo: 35301.014144/2006-37
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO A DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO.
No presente caso há decisão judicial com trânsito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte.
As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.470
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ELIAS SAMPAIO FREIRE
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I MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo n° 35301.014144/2006-37 Recurso n° 245.952 Especial do Procurador Acórdão n° 9202-01.470 — 2 Turma Sessão de 12 de abril de 2011 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MI MONTREAL INFORMÁTICA LTDA. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO A DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. No presente caso lid decisâo judicial com trânsito em julgado que deft= o domicilio tributário do contribuinte. As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Elias Sampaio Freire — Relator e Presidente-Substituto EDITADO EM: 26/04/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire (Presidente-Substituto), Gonçalo Bonet Allage (Vice-Presidente Substituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Ronaldo de Lima Macedo (Conselheiro Convocado). i Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão n° 205- 00.655, proferido pela antiga Quinta Câmara do 2° CC em 03/06/2008 (fls. 395/404), interpôs, dentro do prazo regimental, recurso especial de contrariedade A. Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 409/423), nos termos do art. 7°, inciso I c/c art. 15, ambos do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 147/2007. O acórdão recorrido, por maioria de votos, acatou a preliminar de domicilio tributário para anular o lançamento. Segue abaixo sua ementa: DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ESTABELECIMENTO CENTRALIZADOR. Prevalece o direito ei eleição do domicilio tributário que somente pode ser recusado nas hipóteses comprovadas de impossibilidade ou dificuldade de realização da ação fiscal no domicilio eleito. Processo Anulado." A recorrente afirma que o acórdão proferido merece ser reformado, pois contraria a legislação tributária de regência da matéria, precisamente, o art. 127, §2° do CTN; arts. 9°, §2°, 11, 59,60 e 61, todos do Decreto n°70.235/72; e, ainda, arts. 2°, ix e 22, da Lei n° 9.784/99. No seu entender contraria também a prova dos autos, no ponto em que interpreta equivocadamente a decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 2a Região. Explica que não há fundamento jurídico que respalde a decretação de nulidade do auto de infração sob a argumentação de que a autoridade fiscal não demonstrou os motivos que ensejaram a recusa do domicilio fiscal eleito pelo sujeito passivo, ou ainda, que a decisão final do TRF determina a anulação dos autos praticados pela fiscalização no domicilio escolhido para realização dos trabalhos fiscais. Entende que a decisão recorrida, ao anular o presente procedimento fiscal diante de decisão do TRF que declarou que o domicilio fiscal da pessoa jurídica era aquele constante da alteração do contrato social, partiu de premissa equivocada, pois atribuiu ao acórdão em comento um efeito constitutivo de anulação que ele não tem. Desse modo, violou o teor da decisão judicial, prova coligida nos autos. Em seguida, aduz que, se foram confilluadas as razões para a desconsideração do domicilio eleito pela contribuinte, ao anular a autuação a decisão atacada afronta o art. 127, §2° do CTN. Pondera que, 6. luz do regramento legal pertinente, não subsiste motivo para a anulação da autuação, afinal os procedimentos de fiscalização são válidos mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicilio tributário do sujeito passivo. In casu, o auto de infração foi lavrado por servidor competente, muito embora este não fosse lotado no suposto domicilio fiscal da contribuinte. Nesse contexto, o acórdão recorrido viola o art. 9°, §2° do PAF. Alega que, da leitura detida do auto de infração, bem como do Relatório Fiscal e demais termos que acompanham o procedimento fiscal, conclui-se que tudo está em plena confonindade com o que estabelece os arts. 10, 11, 59, 60 e 61 do Decreto n° 70235/72 e a Lei no 8212/91. 2 Processo n° 35301.014144/2006-37 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.470 Fl. 2 Em sua opinião, a descrição pormenorizada dos fatos e dos fundamentos legais que sustentam a autuação estão precisamente explicitados nos termos do procedimento fiscal. Assim, todos os elementos essenciais ao ato praticado estão presentes, não restando evidenciada situação de prejuízo ao direito de defesa a ensejar a decretação de nulidade do processo. Sustenta que o contribuinte em momento algum demonstrou de forma concreta e efetiva o prejuízo advindo da desconsideração do domicilio tributário. Na verdade, teria demonstrado ter pleno conhecimento da origem da autuação, tanto que rebate de forma bem minuciosa o débito. Cita jurisprudência da CSRF segundo a qual, se o autuado revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não somente preliminares, mas também razões de mérito, mostra-se incabível a declaração de nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa, devendo prevalecer os princípios da instrumentalidade e economia processual em lugar do rigor das formas. Ao final, requer seja dado provimento ao recurso. Nos termos da Informação e Decisão de fls. 438/444, negou-se seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Às fls. 448/453, a PGFN interpôs agravo em face da Decisão acima descrita. Nos termos do Despacho n° 2401-135/2009 (fls. 455/457), que reexaminou a admissibilidade do recurso interposto, deu-se seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. 0 contribuinte ofereceu contra-razões às fls. 470/503. Inicialmente afirma que, nos termos do art. 7 0, §3° do Regimento Interno, o Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional não deve ser admitido, uma vez que o acórdão recorrido apreciou matéria preliminar de nulidade do lançamento, decidindo por anular a decisão de primeira instância, bem como todo o procedimento fiscal. Não deve ser admitido também porque as provas dos autos comprovam a nulidade de todo o procedimento fiscal, viciado desde sua origem. Entende que a legislação tributária estabelece que a recusa ao domicilio deve ser justificada, o que não ocorreu no presente caso. Ressalta que o domicilio da empresa, desde 1995, é sua sede em Rio das Flores. A declaração judicial citada pela recorrente, que confirma tal fato, produz reflexos em relação a uma fiscalização levada a efeito em local diverso do declarado. Explica que se a Fiscalização, embora ciente do local correto a fiscalizar, optou por efetivar o ato fiscal fora do domicilio da empresa e, se ela, empresa, não está obrigada a apresentá-los em local diverso do seu centralizador, não há como se aplicar a aferição indireta. Eis o vicio da fiscalização, em sua opinião. Ressalta que não foi demonstrado qualquer empecilho para a rrdricia fiscal, tanto assim que outros Órgaos Municipais, Estaduais e Federais procedem nrmlmçnte 3 As suas fiscalizações. A empresa apontou o equivoco dos fiscais e indicou o endereço correto para a diligência fiscal, informação desprezada pelo Fisco. Assim, não se justifica a recusa do domicilio fiscal da recorrida. Pondera que o cerceamento de defesa se deu pela ausência de acompanhamento da ação fiscal por técnico habilitado, com a prestação de informações e apresentação de documentos necessários A. conferência da regularidade fiscal da empresa. Ao final, requer que não seja admitido o Recurso Especial interposto pela União e, caso assim não entenda, que seja negado provimento ao mesmo, mantendo-se a decisão que anulou o lançamento em tela. Eis o breve relatório. Voto Conselheiro Elias Sampaio Freire, Relator Saliente-se que, não obstante o aludido recurso não encontrar previsão no atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a Portaria Ministerial MF n°. 256, de 22 de junho de 2009, em suas disposições transitórias, prevê que os recursos com base no inciso I do art. 7° e do art. 9° do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 147, de 25 de junho de 2007, interpostos em face de acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior A 1° de julho de 2009, serão processados de acordo com o rito previsto nos arts. 15 e 16 e nos arts. 43 e 44 daquele Regimento. Por seu turno o inciso I do art. 7° do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147, de 25 de junho de 2007, fazia previsão de interposição de recurso especial na hipótese de contrariedade à lei. 0 recurso é tempestivo e examinando-se o recurso especial apresentado verifica-se que ele demonstrou, fundamentadamente, em que a decisão recorrida seria contraria h. lei, no entendimento da Fazenda Nacional, consoante o disposto no inciso I do artigo 7° do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Assim, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Para melhor elucidação da controvérsia, transcrevo trecho do relato contido no Acórdão da Apelação Cível n.° 2003.51.01.022430-0 da Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 2 Região, de relatoria do desembargador Sérgio Schwaitzer: Trata-se de recurso de apelação interposto por MI MONTREAL INORMÁTICA LTDA em ataque a sentença proferida pelo MM Juizo da 19a Vara Federal desta Cidade, nos autos de ação sob procedimento ordincirio movida pela ora Apelante em face do INSS. A espécie jOi sumariada pelo ilustre sentenciante nos seguintes termos: -MI. MONTREAL INFORMÁTICA LTDA, qualificada na inicial, ajuiza a presente ação ern face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, objetivando a declaração de 4 Processo n°35301.014144/2006-37 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.470 Fl. 3 que o domicilio fiscal da autora é o local de sua sede, situada na Rua Capitão Jorge Soares, n°4 — Rio da Flores — R.J Postula, ainda, seja determinado que seus requerimentos sejam recebidos e processados pela Gerência Regional de Arrecadação e Fiscalização de Volta Redonda, ao qual o Município de Rio das Flores está vinculado, e, ainda, que todos os atos administrativos praticados pelo réu sejam provenientes da referida Gerência Regional de Volta Redonda. Como causa de pedir, alega que tem sua sede fixada na Rua Capitão Soares, n° 4, no Município de Rio das Flores, conforme consta de seu Contrato Social, que foi devidamente registrado. Portanto, este é o seu domicilio fiscal, nos exatos termos do disposto no art. 127, do Código Tributário Nacional, e está ele submetido a fiscalização pela Gerência Regional de Arrecadação e Fiscalização de Volta Redonda. Entretanto, o Réu insiste em fiscalizá-la na sua filial, situada na Rua São José, n° 90, no Centro do Rio de Janeiro. Sustenta a ilegalidade da atuação do réu, que discricionariamente, elegeu filial para efetuar fiscalização impedindo-lhe de realizar seus atos administrativos na Gerência Regional de Volta Redonda, obstando, inclusive, o protocolo dos requerimentos de certidões. Dai o pedido. (.) Ademais, lid de se salientar que transitou em julgado a seguinte decisão judicial: "dou provimento ao recurso para, reformando a sentença, julgar procedente o pedido e declarar como domicilio tributário da Autora a sua sede, situada na Rua Capitão Jorge Soares no 04, Centro, Município de Rio das Flores — RJ.", assim ementada: "ADMINISTRATIVO — ALTERAÇÃO DE SEDE - DOMICILIO TRIBUTÁRIO — RECUSA PELA ADMINISTRAÇÃO - ART. 127, § 2°, DO CTN. — Da leitura do caput do artigo 127 do CTN verifica-se que, a principio, a eleição de domicilio tributário é prerrogativa do contribuinte. Se o mesmo não o elege, passa a Administração a avaliar as alternativas legais para sua definição, enumeradas nos incisos do referido artigo. Nesta situa cão, em se tratando de pessoa jurídica de direito privado, tem-se como domicilio tributário, ex vi do inciso II, o local de sua sede. — A autonomia que a pessoa jurídica possui para definir, em seus atos constitutivos, o local de sua sede, não se confunde com o exercício da faculdade de eleição do seu domicilio tributário. O § 2° do art. 127 do CTN permite que a autoridade administrativa recuse domicilio fiscal apenas quando este tenha sido fixado por eleição, e não em virtude de mudança de sede promovida por conta de alteração de contrato social da empresa. 111 — Recurso provido." Como se vê, no presente caso há decisão judicial com trânsito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte. As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas. Portanto, o tratamento a ser conferido na esfera administrativa lid de se vincular ao conteúdo da decisão judicial transitada em julgado cuja conseqüência é sua imperatividade e imutabilidade da resposta jurisdicional. Acerca do tema, assim nos ensina o eminente jurista Luiz Fux em sua obra "Curso de Direito Processual Civil", Ed. Forense, 2001, p. 694/695, da qual se extrai o seguinte excerto: "A imutabilidade da decisão é fator de equilíbrio social na medida em que os contendores obtêm a última e decisiva palavra do Judiciário acerca do conflito intersubjetivo e a sua imperatividade da decisão completa o ciclo necessário de atributos que permitem ao juiz conjurar a controvérsia pela necessária obediência ao que foi decidido." A decisão judicial faz lei entre as partes, a ser aplicada ao caso concreto, não cabendo a este Colegiado dar-lhe outro entendimento diferente daquele expresso, sob pena de desobediência à determinação judicial. Neste sentido: "PREVIDENCIÁRIO — CUSTEIO — NFLD — DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL - DOMICILIO TRIBUTÁRIO. Havendo decisão judicial que determina o domicilio tributário do contribuinte, deve ser esse o domicilio a ser considerado pela autoridade fiscal, salvo se comprovado obstrução ou justificativa para desconsiderá-lo, desde que devidamente justificado. A simples alegação de confronto das informa cães de GFIP com a verificação fisica não é suficiente para desconsiderar domicilio determinado pela justiça, se não comprovada obstrução. Processo Anulado" (Acórdão CARP n° 2401-01.604, Relatora: conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira) Pel osto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional. Elias ampaio Freire 6
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Numero do processo: 10280.002237/2007-64
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Anocalendário:
2002
MULTA ISOLADA. APURAÇÃO PELA ESTIMATIVA.
A imposição de multa isolada por insuficiência de recolhimento deve
respeitar a opção do contribuinte que exerceu o pagamento dos valores,
apurados em DCTF, sobre base de cálculo estimada.
Numero da decisão: 1803-001.027
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF- lucro presumido(exceto omis.receitas pres.legal)
Nome do relator: MEIGAN SACK RODRIGUES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 MULTA ISOLADA. APURAÇÃO PELA ESTIMATIVA. A imposição de multa isolada por insuficiência de recolhimento deve respeitar a opção do contribuinte que exerceu o pagamento dos valores, apurados em DCTF, sobre base de cálculo estimada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 01/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 01/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10280.002237/200764 Acórdão n.º 180301.027 S1TE03 Fl. 112 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório Contra a empresa recorrente foi lavrado auto de infração cobrando multa isolada de 75%, vez que a empresa apurou valores na DCTF, recolhidos no mês de abril de 2002 IRPJ a menor sobre a base de cálculo estimada. Intimada regularmente, a empresa recorrente apresenta suas razões em impugnação alegando, em apertada síntese, o que segue. Refere, a empresa recorrente, que de fato apurou, em DCTF original do 2° trimestre de 2002, por equívoco, unicamente o valor do DARF recolhido, mas por haver constatado a existência desse erro, após a entrega da declaração, a mesma elaborou, em 28 de maio de 2007, uma Declaração Retificadora referente a este período, que foi recebida via Internet pelo Agente Receptor SEPRO, conforme consta recibo de n° 1551322123. E neste caminho, salienta a empresa que a declaração anteriormente entregue poderá ser retificada, nas hipóteses em que admitida, independentemente de autorização administrativa, e terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada (art. 18 da Medida Provisória n. 2.18949, de 2001 e o art. 1° da Instrução Normativa n. 166, de 1999). Acrescenta que o prazo final para a retificação da declaração da pessoa jurídica é de 5 (cinco) anos, a contar da data fixada para a entrega tempestiva da declaração original, estando pois válida a retificação efetuada pela recorrente. Dispõe a contribuinte que na DIPJ 2003 (ano calendário 2002) foi apurado seu IRPJ do mês de abril no valor de R$187.113,64 (cento e oitenta e sete mil, cento e treze reais e sessenta e quatro centavos) e que tal valor foi declarado na DCTF do 2° trimestre/2002 retificadora como tendo sido pago da seguinte forma: R$181.103,72 foram compensados através do processo administrativo n° 10280.002918/200218 R$ 6.009,92 foram pagos através de DARF no valor de R$10.687,85 no dia 31/05/200 Prossegue dispondo que é possível verificar que a empresa recolheu integralmente o IRPJ devido, bem como pagou a maior R$4.677,93, valor este que foi posteriormente compensado através do PER/DCOMP n° 00076.52842.310703.1.3.045900. Ainda, salienta que apesar do processo administrativo de compensação n. 10280.00291812002 18 ter sido indeferido, a mesma ajuizou uma ação judicial anulatória de débito (proc. n° 2004.34.000402990) e suspendeu a exigibilidade desse débito até o fim da discussão judicial e deduz que houve um engano por parte da Receita Federal, quando na análise da declaração, uma vez que ela apreciou apenas a DCTF originária, ignorando a existência da Declaração Retificadora que corrigia os erros em comento. Por fim, requer a improcedência do auto de infração. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 01/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 01/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10280.002237/200764 Acórdão n.º 180301.027 S1TE03 Fl. 113 3 A autoridade julgadora a quo, ao apreciar as razões da recorrente, dispostas em Impugnação, julgou não conhecida a Impugnação por haver concomitância da matéria pleiteada na esfera administrativa e na judicial. Refere que da descrição dos fatos, carreadas aos autos, verificase que a antecipação de IRPJ devida relativa ao mês de abril de 2002, no valor de R$181.103,72, encontrase sob litígio judicial, conforme fls. 86, 87 e 96 a 98. Acrescenta a autoridade de primeira instância que o referido valor foi objeto de compensação negada pela via administrativa (processo n. 10280.002918/200218), razão pela qual a recorrente se socorreu do Poder Judiciário. Disso observase que o débito, cuja compensação é pleiteada judicialmente, é também a motivação para a aplicação da multa de oficio isolada, sendo que a opção da empresa recorrente pela via judicial implica na desistência do contencioso administrativo fiscal sob o rito previsto no Decreto n° 70.235, de 6.3.1972. A empresa recorrente, tomando ciência da decisão proferida pela Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil, apresentou, tempestivamente, suas razões em Recurso Voluntário. Referente ao mérito, reportase às suas alegações dispostas na Impugnação e quanto à concomitância entre as esferas: judicial e administrativa, observa que o mérito da ação anulatória n. 2004.34.000402990 e o cabimento da multa isolada sobre a qual versa o presente processo administrativo não se confundem. Isso porque, apesar do processo administrativo de compensação n. 10280.002918/200218 ter sido indeferido na via administrativa, a empresa ajuizou uma ação anulatória de débito (processo n. 2004.34.000402990), tendo obtido decisão judicial para suspender a exigibilidade desse débito até o fim da discussão judicial, conforme fez prova a recorrente por meio do DOC. 7, anexo à impugnação. Ademais, alude que a referida medida judicial prestase apenas à discussão acerca da validade ou não da compensação pleiteada, não guardando qualquer relação com autônomo auto de infração lavrado para aplicação da multa isolada. Neste caminho, a empresa recorrente entende que a discussão travada nos autos da ação judicial diz respeito à obrigação principal, qual seja, a validade ou não da compensação utilizada para o fim de quitar o IRPJ referente ao mês de abril de 2002, ao passo que o auto de infração autônomo consubstanciado no presente processo administrativo é assentado na obrigação acessória, qual seja, a multa isolada, no seu entender indevidamente aplicada. Cita a empresa recorrente o artigo 113 do CTN, bem como o parecer da COSIT 03/96, bem como jurisprudência. Prossegue aduzindo que não obstante a clara distinção entre as matérias discutidas nas vias judicial e administrativa, afastando a alegada concomitância e acarretando na necessidade de apreciação da impugnação apresentada pela recorrente, constatase que o crédito tributário jamais poderia ter sido constituído em virtude da incidência da decadência. Neste contexto, refere ainda que se considerar a existência de concomitância, o que se admite apenas para argumentar, a decadência, como cediço, não estaria incluída no mérito da ação judicial n 02004.34.000402990. Conclui mencionando que os créditos exigidos relativos à multa isolada incidente sobre o suposto recolhimento a menor do IRPJ de abril de 2002 encontramse extintos por forca da decadência, nos termos do §4° do artigo 150 do Código Tributário Nacional. Cita jurisprudência nesse sentido. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 01/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 01/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10280.002237/200764 Acórdão n.º 180301.027 S1TE03 Fl. 114 4 É o relatório Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues, Relatora O recurso preenche os requisitos de sua admissibilidade, e dele tomo conhecimento. Tratase, o presente feito, de cobrança de multa isolada pelo recolhimento a menor de IRPJ, apurado em DCTF, recolhidos no mês de abril de 2002, sobre base de cálculo estimada. Frente ao equívoco, a empresa apresentou retificadora no mês de maio de 2007, na qual apurou o valor correto a ser recolhido, tendo efetuado o pagamento de parte, através de DARF e compensado o restante com créditos oriundos de valores discutidos no processo n. 10280.002918/200218. Ocorre que o processo administrativo de compensação n. 10280.0029181200218 foi indeferido, tendo a empresa recorrente ajuizado ação judicial anulatória de débito (proc. n° 2004.34.000402990), na qual teve a exigibilidade desse crédito suspensa até o fim da discussão judicial. A autoridade de primeira instância entendeu pela concomitância entre as esferas administrativa e judicial e deixou de conhecer a impugnação protocolada. Entendo que o presente auto de infração não pode prosperar, visto que a imposição de multa isolada por insuficiência de recolhimento deve respeitar a opção do contribuinte que exerceu o pagamento dos valores, apurados em DCTF, sobre base de cálculo estimada, e apresentou retificadora, com apuração do valor correto a ser recolhido, efetuando o pagamento através da faculdade de suspender ou reduzir a antecipação mediante balancetes próprios. Ademais, o imposto já apurado durante o anocalendário deverá ser considerado para constatação do montante recolhido a menor. Diante do exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É o voto. (Assinado digitalmente ) Fl. 177DF CARF MF Impresso em 01/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 01/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10280.002237/200764 Acórdão n.º 180301.027 S1TE03 Fl. 115 5 Meigan Sack Rodrigues Relatora Fl. 178DF CARF MF Impresso em 01/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 01/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES
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Numero do processo: 11543.000759/2001-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jul 25 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Jul 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1997
ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE.
O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada
à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis é uma providência que potencializa a extra fiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extra fiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extra fiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir dos isentivos tributários. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal.
Recurso do procurador provido.
Numero da decisão: 9202-001.641
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Relator), Susy Gomes Hoffmann, Gonçalo Bonet Allage e Gustavo Lian Haddad. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos.
Matéria: IRPJ - tributação de lucro inflacionário diferido(LI)
Nome do relator: Rycardo Henrique Magalháes de Oliveira
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NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir dos isentivos tributários. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 2 2 Recurso do procurador provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Relator), Susy Gomes Hoffmann, Gonçalo Bonet Allage e Gustavo Lian Haddad. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator (Assinado digitalmente) Giovanni Christian Nunes Campos RedatorDesignado EDITADO EM: 04/08/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório ARACRUZ CELULOSE S/A, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já devidamente qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 05/04/2001, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 1997, incidente sobre o imóvel rural denominado “Bloco 13 AR”, localizado no município de Aracruz/ES, inscrita na RFB sob o nº 46120726, conforme peça inaugural do feito, às fls. 27/32, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Terceiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 2a Turma da DRJ em Recife/PE, Acórdão nº 1.892/2002, às fls. 42/47, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 3ª Câmara, em 10/08/2004, por maioria de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DA CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 30331.543, sintetizados na seguinte ementa: “ITR/1997. ÁREA DE RESERVA LEGAL. É suficiente para fim de isenção do ITR a simples declaração relativa às áreas de preservação permanente e de reserva legal no seu imóvel rural, devendo o contribuinte declarante responder pelo pagamento do imposto ITR e seus consectários legais em caso de falsidade. (Art. 10, parágrafo 7°, da Lei n°9.393/96, modificado pela Medida Provisória n°2.166. Recurso voluntário provido.” Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 102/109, com arrimo no artigo 5º, inciso I, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55/1998, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado a legislação de regência e as provas constantes dos autos, uma vez não comprovarem a averbação tempestiva da reserva legal junto a matrícula do imóvel, capaz de justificar a isenção do ITR na forma inscrita no decisum guerreado, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente. Sustenta que a Lei nº 4.771/1965 (Código Florestal), na redação dada pela Lei nº 7.803/1989, impõe que a comprovação da existência de área de reserva legal, para fins de não incidência do ITR, depende de prévia averbação tempestiva à margem da matrícula do imóvel, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Em defesa de sua pretensão, assevera que a exigência encimada foi expressamente inserida no art. 10, § 4º, inciso I, da IN/SRF/nº 43/1997, (que disciplinou a Lei 9.363/96), com redação do art. 1º, inciso II, da IN/SRF nº 67/1997. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 4 4 Alega que a Medida Provisória nº 2.166/2001, a qual dispôs sobre a declaração das áreas na Lei nº 9.393/1996, utilizada como esteio ao Acórdão atacado, em nada alterou a necessidade da averbação tempestiva da reserva legal junto à matrícula do imóvel, eis que, igualmente, contemplou essa exigência, remetendo às disposições do Código Florestal, instituído pela Lei nº 4.771/1965. Tece comentários a propósito do conceito e finalidade da “Reserva Legal”, traçando histórico da legislação que regulamenta a matéria, notadamente Código Florestal, aprovado pela Lei nº 4.771/1965, bem como Lei nº 7.803/1989, a qual estabeleceu a necessidade da averbação ou registro da reserva legal à margem da inscrição da matrícula do imóvel, concluindo que aludida exigência visa justamente atender o fim precípuo da reserva legal, a partir da publicidade dessa situação de fato e de direito. Contrapõese ao entendimento da Câmara recorrida, aduzindo para tanto que áreas de reserva legal são aquelas definidas pelo citado Código Florestal em seu artigo 16 e que, para serem consideradas como tal não bastam apenas “existir” no mundo fático, mas devem “existir” também no mundo jurídico quando averbadas na matrícula do imóvel, mormente quando referida exigência decorre da legislação de regência, mais precisamente a Lei nº 4.771/65, que deverá ser interpretada literalmente, com arrimo no artigo 111 do Códex Tributário. Elucida, ainda, para fins de não incidência do ITR, que a averbação da reserva legal junto à matrícula do imóvel, deve ser procedida antes do fato gerador do tributo, somente passando a produzir efeitos a partir de tal providência, não retroagindo, portanto, a fatos geradores ocorridos anteriormente a esse ato, em observância ao disposto no artigo 144 do Código Tributário Nacional, com vistas a assegurar os interesses coletivos relativamente à proteção do meio ambiente. Assim, inexistindo na hipótese dos autos provas de que a contribuinte procedeu tempestivamente à averbação em comento impõese à manutenção da glosa realizada pela fiscalização. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da então 3ª Câmara do 3º Conselho, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Fazenda Nacional, em relação à necessidade de averbação tempestiva da reserva legal junto a matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador, para fins de não incidência do tributo (ITR), sob o argumento de terem sido observados os pressupostos para conhecimento do recurso, uma vez tempestivo e por tratarse de decisão não unânime, além da existência do préquestionamento da matéria e indício de contrariedade à lei, conforme Despacho nº 146/2005, às fls. 111/112. Instada a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, a contribuinte apresentou suas contrarrazões, às fls. 120/127, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção, ressaltando e comprovando a ocorrência da averbação da reserva legal, ainda que intempestivamente, em 24/05/2004, constante da matrícula do imóvel de fls. 128/130. É o Relatório. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 5 5 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pela ilustre Presidente da então 3ª Câmara do 3º Conselho a contrariedade à provas/lei suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram provas constantes dos autos, bem como os dispositivos legais que regulamentam a matéria, uma vez que não comprovam a averbação tempestiva da reserva legal junto à matrícula do imóvel, capaz de justificar a isenção do ITR na forma inscrita no decisum guerreado Sustenta, ainda, a PFN que ao desconsiderar a exigência da prévia averbação de reserva legal para fins da benesse isentiva, a Câmara recorrida contrariou as normas insertas no Código Florestal Nacional (Lei nº 4.771/65 e atualizações), bem como as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos, pela recorrente, é a discussão a propósito da necessidade de averbação tempestiva da reserva legal à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador do tributo, para fins de não incidência do Imposto Territorial Rural ITR. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não merece acolhimento, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta e mansa jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; Fl. 5DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 6 6 b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) Conforme se extrai dos dispositivos legais encimados, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de assentamento nos registros cartorários, de reserva legal em imóvel rural, não é, em si, condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo à gleba de terra destinada à proteção ambiental, ao revés do entendimento da recorrente. Melhor elucidando, a norma concessiva do beneficio fiscal em apreço, acima transcrita, sequer fala em necessidade de comprovação por parte do declarante, para fins de afastar a tributação do ITR da parcela destinada à reserva ambiental. Apenas reconhece que a simples declaração do contribuinte, no sentido de que determinada gleba destinase a proteção, é suficiente para assegurar o direito à isenção, sem prejuízo, é obvio, de eventual constatação contrária. Tratase, pois, do conhecido lançamento por homologação, promovido pelo contribuinte sujeito a posterior exame da autoridade fazendária. Com efeito, a partir do momento em que a norma isentiva não exige sequer a comprovação da existência da reserva legal propriamente dita, não há sentido lógico que sustente a exigência do prévio assentamento no Cartório de Registro de Imóveis – CRI, como condição para exclusão da incidência do ITR. Destarte, não sendo legalmente viável exigir a comprovação da existência da área destinada à proteção ambiental, muito menos poderá condicionar a isenção a prévio assentamento cartorário. É preciso reconhecer que ao desvincular a isenção em comento, da necessidade de comprovação da existência da área de reserva legal, a legislação de regência prestigia a destinação ambiental a ser dada à gleba destacada da propriedade rural, em clara preterição a procedimentos burocráticos, que apenas frustrariam o objetivo legal maior, Fl. 6DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 7 7 consubstanciado no alcance da exploração consciente e adequada do meio rural, preservando se as condições mínimas para o saudável equilíbrio do meio ambiente. Sob o enfoque da análise de uma norma concessiva de isenção fiscal, a interpretação conferida pela autoridade lançadora, corroborada pela decisão da douta DRJ e defendida pela PFN, no sentido de condicionar a isenção do ITR a prévio registro em cartório da área de proteção ambiental, criando exigências onde a própria Lei instituidora não as criou, apenas limita o alcance da norma de isenção em apreço, mediante interpretação extensiva de uma condição não legalmente prevista, o que em letras frias significa clara afronta ao artigo 111, I e II do CTN, que exige uma interpretação literal de tais normas. Não se pode perder de vista ainda o fato de que a isenção, a teor do artigo 176 do CTN, e na esteira da previsão contida no § 6º do artigo 150 da Constituição Federal, decorre da lei que a instituiu, e que especificará, dentre outros aspectos, as condições e os requisitos exigidos para sua concessão, ou seja, a lei instituidora da isenção será especifica e trará todos os elementos necessários para o gozo do beneficio fiscal que está concedendo. Ao que nos parece, o texto codificado lança o alerta de que a isenção reporta se apenas a legislação que a contemplou, estando vinculada aos eventuais requisitos e condições nela expressamente delimitados, marcando sua natureza exclusiva. Tal alerta, vale lembrar, tem dois focos distintos, um direcionado ao sujeito passivo, assegurandolhe o beneficio fiscal se comprovada à observância das condicionantes previstas na legislação que o concedeu, e outro voltado ao sujeito ativo, no sentido de reforçalhe a certeza de que apenas ao legislador especifico é outorgado o direito de condicionar a isenção por ele instituída. Essa natureza exclusiva da norma que concede a isenção fiscal é passo fundamental para bem compreendermos que leis diversas, reguladoras de matérias estranhas à isenção propriamente dita, tais como Direito Civil, Penal, Florestal, etc., não podem servir de fundamento legal nem para o seu gozo, assim como para criar obrigação ou condição que frustre o usufruto do seu direito1. A Lei que concede a isenção, e apenas ela, pode condicionar a sua fruição. Por essas razões, não merece ressalvas o voto condutor do Acórdão ora guerreado, ao rechaçar o entendimento do Fisco/Fazenda Nacional, escorado no Código Florestal, para se exigir prévio registro da área de reserva ambiental no competente CRI, como condição para isenção do ITR, porquanto tal exigência não se reporta à legislação que instituiu o favor fiscal, mas outra que lhe é entranha. Somente a título elucidativo, não sendo o prévio assentamento da reserva legal em Cartório condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, e na linha do que fora exposto no julgado recorrido, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. Contudo, ainda que a legislação exigisse a comprovação por parte do contribuinte, ad argumentandum tantum, o reconhecimento da inexistência de reserva legal decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra 1 Misabel Derzi, Comentários de atualização da 11ª Edição da Obra Direito Tributário Brasileiro, do mestre Aliomar Baleeiro, a sua pág. 932. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 8 8 para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, a mera inscrição em Cartório ou ainda o requerimento do ADA, não se perfazem nos únicos meios de se comprovar a existência ou não de reserva legal. Assim, realizado o lançamento de ITR decorrente da glosa de reserva legal, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pelo não assentamento prévio em cartório ou requisição do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à reserva legal. Mais a mais, com esteio no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. In casu, o que torna ainda mais digno de realce, relativamente à área de reserva legal, e que fora determinante para os demais Conselheiros que acompanharam o presente voto pelas conclusões, é que o contribuinte trouxe à colação documentos comprobatórios de sua existência, dando conta, inclusive, que a averbação fora procedida, ainda que intempestivamente (posteriormente ao fato gerador e ação fiscal), como se extrai da matrícula do imóvel, às fls. 128/130. Nesse sentido, afora entendimento pessoal a propósito da matéria acima alinhavada, o certo é que a averbação à margem da escritura do imóvel, mesmo intempestiva, associada ao Ato Declaratório Ambiental – ADA, datado de 21/09/1998 (antes do início da ação fiscal), de fl. 05, se prestam a comprovar a existência da área de reserva legal, rechaçando de uma vez por todas a pretensão da Fazenda Nacional. Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica não condiciona a isenção em comento à averbação tempestiva da reserva legal junto à matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador do tributo, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as Fl. 8DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 9 9 circulares e demais atos normativos internos da Administração Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário da contribuinte, na forma decidida pela então 3ª Câmara do 3° Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 9DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 10 10 Voto Vencedor Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Designado A controvérsia se resume a decidir quanto à pertinência da averbação da área de reserva legal à margem do registro imobiliário do imóvel rural, como condição para fruição de exclusão de tal área da incidência do ITR. Especificamente, a reserva legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas (art. 1º, § 2º, III, do Código Florestal), sendo certo que o Código Florestal, no art. 16, especifica os percentuais mínimos da propriedade rural que deve ser afetada à reserva legal, nas diversas regiões do país, determinando, ainda, que tal reserva seja averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel (art. 16, § 8º, do Código Florestal). Inicialmente, farseá um breve apanhado jurisprudencial sobre a necessidade, ou não, da averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel. Primeiramente, apreciase a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, intérprete máximo da lei federal brasileira. Começase pelo REsp 1.125.632/PR, da Primeira Turma, sessão de 20/08/2009, relator o Ministro Benedito Gonçalves, unânime, onde há um razoável apanhado da jurisprudência dessa Superior Corte. Eis a ementa desse julgado: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ITR. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DESNECESSIDADE DE AVERBAÇÃO OU DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. INCLUSÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL ANTE A AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO. 1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a prestação jurisdicional, o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia. 2. O art. 2º do Código Florestal prevê que as áreas de preservação permanente assim o são por simples disposição legal, independente de qualquer ato do Poder Executivo ou do proprietário para sua caracterização. Assim, há óbice legal à incidência do tributo sobre áreas de preservação permanente, sendo inexigível a prévia comprovação da averbação destas na matrícula do imóvel ou a existência de ato declaratório do IBAMA (o qual, no presente caso, ocorreu em 24/11/2003). Fl. 10DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 11 11 3. Ademais, a orientação das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte firmouse no sentido de que "o Imposto Territorial Rural ITR é tributo sujeito a lançamento por homologação que, nos termos da Lei 9.393/1996, permite a exclusão da sua base de cálculo de área de preservação permanente, sem necessidade de Ato Declaratório Ambiental do IBAMA" (REsp 665.123/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 5.2.2007). 4. Ao contrario da área de preservação permanente, para a área de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal, o que não aconteceu no caso em análise. 5. Recurso especial parcialmente provido, para anular o acórdão recorrido e restabelecer a sentença de Primeiro Grau de fls. 139145, inclusive quanto aos ônus sucumbenciais. (grifouse) Acima se exigiu a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel como condição para fruição da redução do ITR. Porém, a mesma Primeira Turma do STJ julgou o Resp nº 1.060.886/PR, na sessão de 1º/12/2009, relator o Ministro Luiz Fux, quando asseverou que a falta de averbação da reserva legal na matrícula do imóvel ou a averbação a destempo, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção no âmbito do ITR, em votação unânime, ou seja, em manifesto confronto com o REsp 1.125.632/PR, também unânime, que determinou a obrigatoriedade da averbação da reserva legal no cartório de registro de imóvel para fruição do benefício no âmbito do ITR, ressaltando que a decisão de dezembro de 2009 não faz qualquer menção à decisão pretérita da mesma Turma. Para tanto, vejase o excerto da ementa do Resp nº 1.060.886/PR, verbis: Consectariamente, decidiu com acerto o acórdão a quo ao firmar entendimento no sentido de que "A falta de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel, ou a averbação feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. Reconhecese o direito à subtração do limite mínimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, relativo à área de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a proteção legal sobre tal área". Já no âmbito da Segunda Turma do STJ, no tocante à averbação cartorária da área de reserva legal, recentemente se firmou uma posição pela necessidade da averbação como condição para fruição da benesse no âmbito do ITR, como se pode ver no Recurso Fl. 11DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 12 12 Especial nº 1.027.051 – SC (STJ, 2011 C), sessão de 07/04/2011, por maioria (relator vencido), com a seguinte ementa no votovista do Ministro Castro Meira: TRIBUTÁRIO. AMBIENTAL. ITR. ISENÇÃO. LEIS 8.971/91 E 9.393/96. RESERVA LEGAL FLORESTAL. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. O Código Florestal exige a aprovação dos órgãos ambientais quanto à localização da reserva legal, bem como a sua averbação no registro de imóveis. A imprescindibilidade da averbação justificase não apenas para facilitar o controle do Poder Público, mas também em razão do caráter propter rem da obrigação de manter a reserva legal que, em regra, não se altera nos casos de transmissão, desmembramento ou de retificação da área. 2. O imposto territorial rural ITR possui inequívoco propósito extrafiscal, sendo utilizado para combater o latifúndio improdutivo e para incentivar e proporcionar a utilização racional dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente. Caracterizase, portanto, como um imposto que auxilia o Estado no disciplinamento da propriedade rural, tendo como norte a função social da propriedade. 3. Os incentivos fiscais assumem considerável relevância na consecução dos objetivos constitucionais, o que implica reconhecer, sob a ótica da proteção ao meio ambiente, que a interpretação da norma instituidora da isenção tributária não pode se afastar dos valores e princípios veiculados na Constituição e na legislação ambiental. 4. Apesar de o art. 111 do CTN consignar que se interpreta literalmente a norma que outorga isenção, isso não significa que seja vedada a utilização dos critérios teleológico, histórico e sistemático. O hermetismo do ordenamento jurídico não prescinde da atuação do intérprete, cumprindolhe buscar uma identidade lógicojurídica do deverser. Assim, é impossível conferir à lei uma aplicação em descompasso com o sistema normativo no qual esteja inserida. 5. Quando as Leis nºs 8.171/91 e 9.393/96 isentam o tributo referente à área de reserva legal prevista na Lei nº 4.771/65, significa que apenas se sujeitam à exclusão do crédito tributário as áreas que estiverem em consonância com a legislação de proteção ao meio ambiente, visto que não é possível conferir um benefício fiscal àqueles que descumpriram a própria lei que serve de base para a isenção. Entender o contrário seria desconsiderar o modelo de proteção ambiental contemplado no Texto Maior, bem assim o princípio cooperativo insculpido no art. 225 da CF. 6. A previsão contida no § 7º do art. 10 da Lei n. 9.393/96, segundo a qual o contribuinte não precisa comprovar a regularidade das deduções efetuadas em decorrência da isenção, apenas disciplina a forma de constituição do crédito tributário, que se dá por meio do autolançamento, em nada interferindo Fl. 12DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 13 13 quanto à exclusão do crédito tributário, ou seja, sobre os requisitos para obtenção do benefício fiscal. 7. Recurso especial provido. (grifouse) Claramente se vê que a Segunda Turma do STJ, com supedâneo no caráter extrafiscal do ITR, albergou a necessidade da averbação cartorária da área de reserva legal, como condição para fruição de benesse no âmbito do ITR. Observese que se trata de Acórdão em que a Turma debateu a matéria com profundidade, como se comprova pela existência de voto vencido. Por tudo, no tocante à averbação cartorária da área de reserva legal, a Segunda Turma do STJ asseverou sua necessidade, não havendo ainda concordância no âmbito da Primeira Turma. Porém, se há dúvidas no âmbito da jurisprudência do STJ sobre a presente controvérsia, como se vê pelas decisões conflitantes no âmbito da Primeira Turma do STJ, tal situação não é amainada pelo que ocorre no âmbito da jurisprudência administrativa, como abaixo se demonstrará. A jurisprudência do Terceiro Conselho de Contribuintes, competente para apreciar as controvérsias no seio do ITR até março de 2009, era oscilante no tocante à averbação cartorária da área de reserva legal. Abaixo, breve apanhado da jurisprudência do Terceiro Conselho de Contribuintes, para exercícios posteriores ao ITRexercício 2001 (que pode ser aplicada desde o exercício 1997, pois a legislação que passou a obrigar a averbação de tal área remonta à Lei nº 7.803/89), em decisões prolatadas no ano de 2008, trazendo também algumas informações sobre a exigência de Ato Declaratório Ambiental ADA, já que, em regra, debatese a exigência do ADA e da averbação cartorária para deferimento da fruição da benesse tributária no tocante à área de reserva legal: 1. exigência de averbação da área de reserva legal somente a partir do Decreto nº 4.382/2002 (Regulamento do ITR) – Acórdão nº 301 34459, sessão de 20/05/2008, unânime; 2. área de reserva legal reconhecida a partir de documentos outros, privilegiando a busca da verdade material – Acórdão nº 30134475, sessão de 20/05/1998, unânime; Acórdão nº 30239586, sessão de 19/06/2008, por maioria; Acórdão nº 39100031, sessão de 21/10/2008, por maioria (acatando também laudo técnico para comprovar a existência de área de preservação permanente); 3. Ausência de averbação cartorária da reserva legal, por si só, não afasta a benesse legal – Acórdão nº 30335421, sessão de 19/06/2008, por maioria; Acórdão nº 30335734, sessão de 16/10/2008, por maioria; 4. área de reserva legal averbada e ADA extemporâneo reconhecida para reduzir o ITR devido – Acórdão nº 30134686, sessão de 13/08/2008, unânime (também com laudo técnico); Acórdão nº 30134632, sessão de 10/08/2008, unânime; 5. área de reserva legal averbada extemporaneamente reconhecida para reduzir o ITR devido – Acórdão nº 30134788, sessão de 15/10/2008, Fl. 13DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 14 14 por voto de qualidade (os vencidos exigiam o ADA para os exercícios posteriores a 2001); 6. comprovação da área de utilização limitada (reserva legal) a depender do ADA e da averbação cartorária tempestivos – Acórdão nº 302 39244, sessão de 29/01/2008, por maioria; Acórdão nº 30239866, sessão de 15/08/2008, por voto de qualidade; Acórdão nº 30335538, sessão de 13/08/2008, por voto de qualidade; Acórdão nº 30335645, sessão de 11/09/2008, por voto de qualidade; Acórdão nº 39300083, sessão de 19/11/2008, por voto de qualidade. Tentando fazer um resumo dos posicionamentos acima sobre a averbação da área de reserva legal, temse: • averbação após a publicação do Decreto nº 4.382/2002 (1ª Câmara); reconhecimento da área por laudos técnicos (1ª, 2ª, 3ª Câmaras e 3ª TE); averbação cartorária e ADA intempestivo (1ª Câmara); averbação cartorária intempestiva (1ª Câmara); averbação e ADA tempestivos (2ª, 3ª e 3ª TE); Da jurisprudência acima, claramente não se extrai qualquer posição consolidada no tocante à averbação cartorária para a área de reserva legal (há precedentes de todas as Câmaras ordinárias com reconhecimento da área de reserva legal a partir de laudos técnicos), sendo certo que as posições mais formais, com exigência do ADA e da averbação tempestivos para a área de reserva legal são tomadas, em regra, por voto de qualidade (vide item 6, acima), a demonstrar a profundidade da controvérsia. Longe de tecer quaisquer críticas à jurisprudência do Terceiro Conselho de Contribuintes, aqui se reconhece a funda controvérsia no tocante à necessidade da averbação cartorária da reserva legal para reconhecimento dos benefícios isentivos no âmbito do ITR, ressaltando que o próprio Superior Tribunal de Justiça tem também vacilado na solução dessa controvérsia, como se viu acima, com a Primeira Turma dessa Superior Corte prolatando decisões divergentes, por unanimidade, em um mesmo semestre, sem qualquer ressalva à posição pretérita (apesar da matéria aparentemente ter sido pacificada na Segunda Turma, como já visto neste artigo). Sem apoio na jurisprudência, quer do Terceiro Conselho de Contribuintes, quer do Superior Tribunal de Justiça, passase a definir um posicionamento sobre a controvérsia referente à averbação da área de reserva legal. Da área tributável para fins do ITR se excluem as áreas de preservação permanente e de reserva legal, de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas ambientais, comprovadamente imprestáveis para os fins do setor primário, de servidão florestal ou ambiental e, mais recentemente, cobertas por florestas nativas e alagadas por reservatórios hidrelétricos, como se pode ver no art. 10, § 1º, II, “a” a “f”, da Lei nº 9.393/96. Claramente vêse que as áreas de interesse ambiental ou imprestáveis para os fins do setor primário estão excluídas da incidência do ITR, sendo certo que esse imposto somente incide sobre as áreas aproveitáveis, geradoras de renda agrícola, pecuária e extrativista. Fl. 14DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 15 15 O nó górdio aqui é definir quais os requisitos que devem ser implementados para que uma área seja considerada de reserva legal para fins de fruição da exclusão da tributação do ITR. Partindo do princípio que o ITR incide sobre a área tributável da propriedade (área total do imóvel menos as áreas de preservação permanente e de utilização limitada2), geradora de renda agrícola, pecuária ou extrativista, parece claro que o contribuinte somente pode se beneficiar do favor legal tributário se de fato existir essas áreas de utilização limitada, ou seja, caso as áreas de reserva legal ou de preservação permanente estejam sendo utilizadas indevidamente em atividades agrícolas, extrativistas ou pecuárias diretas, afastarseia a isenção legal. De outra banda, existindo tais áreas, o contribuinte pode se beneficiar do favor legal, cumpridos os requisitos formais, que se verá a seguir. Assim, para a fruição de isenção tributária, pode a lei exigir o cumprimento de requisitos formais, além dos substanciais (no caso vertente, a existência das próprias áreas ambientalmente protegidas). Como exemplo de requisito isentivo de ordem formal, o art. 4º, V, da Lei nº 8.661/1993 determina que o contribuinte detentor de um Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PDTI pode ter um crédito de 50% do IRRF incidente sobre as remessas para o exterior, a título de royalties, de assistência técnica ou científica e de serviços especializados, previstas em contratos de transferência de tecnologia, desde que averbados nos termos do Código de Propriedade Industrial, ou seja, não basta ter um contrato de transferência de tecnologia firmado com uma empresa estrangeira, mas se deve averbálo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI, como manda o art. 230 do Código de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), para fruição do benefício legal. Agora, passase a verificar a existência de requisitos formais para fruição do benefício no âmbito do ITR para área de reserva legal. Em relação à área de reserva legal, assim versa o art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96, verbis: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I Omissis; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; A Lei tributária assevera que a área de reserva legal, prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65), pode ser excluída da área tributável. Já no art. 16 da Lei nº 4.771/65 definemse os percentuais de cobertura florestal a título de reserva legal que devem ser preservados nas diferentes regiões do país e determina que a área de reserva legal deve ser 2 As áreas de utilização limitada são as áreas de reserva legal, de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas ou imprestáveis para fins do setor primário, de servidão florestal ou ambiental, de RPPN, cobertas por floresta nativa e alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 16 16 averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área. A questão que logo se aventa é sobre a obrigatoriedade de averbação da reserva legal para fruição do benefício no âmbito do ITR, já que a Lei nº 9.393/96 assevera a exclusão da área de reserva legal, porém remetendoa ao Código Florestal, não havendo, especificamente, uma obrigação de averbação cartorária da área de reserva legal na Lei tributária. Quanto à obrigatoriedade da averbação da área de reserva legal, em sentido lato, parece que não há qualquer dúvida, pois inclusive há norma editada pelo Poder Executivo, com supedâneo na Lei nº 9.605/98 (Lei dos crimes ambientais), que considera tal comportamento uma infração administrativa, com aplicação de multas pecuniárias, conforme o art. 55 do Decreto nº 6.514/2008, sendo certo que o Poder Judiciário vem ratificando a obrigatoriedade da averbação da reserva legal, como se pode ver no REsp 927.979 – MG, julgado pela Primeira Turma em 31/05/2007, relator o Ministro Francisco Falcão, unânime, assim ementado: DIREITO AMBIENTAL. ARTS. 16 E 44 DA LEI Nº 4.771/65. MATRÍCULA DO IMÓVEL. AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA FLORESTAL.NECESSIDADE. I A questão controvertida referese à interpretação dos arts. 16 e 44 da Lei n. 4.771/65 (Código Florestal), uma vez que, pela exegese firmada pelo aresto recorrido, os novos proprietários de imóveis rurais foram dispensados de averbar reserva legal florestal na matrícula do imóvel. II "Essa legislação, ao determinar a separação de parte das propriedades rurais para constituição da reserva florestal legal, resultou de uma feliz e necessária consciência ecológica que vem tomando corpo na sociedade em razão dos efeitos dos desastres naturais ocorridos ao longo do tempo, resultado da degradação do meio ambiente efetuada sem limites pelo homem. Tais conseqüências nefastas, paulatinamente, levam à conscientização de que os recursos naturais devem ser utilizados com equilíbrio e preservados em intenção da boa qualidade de vida das gerações vindouras" (RMS nº 18.301/MG, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 03/10/2005). III Inviável o afastamento da averbação preconizada pelos artigos 16 e 44 da Lei nº 4.771/65 (Código Florestal), sob pena de esvaziamento do conteúdo da Lei. A averbação da reserva legal, à margem da inscrição da matrícula da propriedade, é conseqüência imediata do preceito normativo e está colocada entre as medidas necessárias à proteção do meio ambiente, previstas tanto no Código Florestal como na Legislação extravagante. IV Recurso Especial provido. (grifouse) Na linha acima, não se pode deixar de fazer uma leitura combinada das Leis nº 9.393/96 e 4.771/65, devendo ser reconhecido que a obrigatoriedade da averbação da reserva Fl. 16DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 17 17 legal transcende em muito o direito tributário, sendo uma medida de garantia de preservação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, para as atuais e futuras gerações, conforme insculpido no art. 225 da Constituição Federal, sendo, inclusive, a defesa do meio ambiente um dos princípios da ordem econômica. E aqui não se diga que, por se tratar de isenção tributária, estarseia obrigado a fazer uma interpretação literal, na forma do art. 111, II, do Código Tributário Nacional, sem qualquer observação da teleologia visada pelo legislador. Não obstante a interpretação restritiva, nada impede a busca da concretização das finalidades previstas pelo legislador, como se pode ver no precedente do Supremo Tribunal Federal, abaixo transcrito: EMENTA: CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 149, § 2º, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EXTENSÃO DA IMUNIDADE À CPMF INCIDENTE SOBRE MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS RELATIVAS A RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO ESTRITA DA NORMA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. I O art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal é claro ao limitar a imunidade apenas às contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico incidentes sobre as receitas decorrentes de exportação. II Em se tratando de imunidade tributária a interpretação há de ser restritiva, atentando sempre para o escopo pretendido pelo legislador. III A CPMF não foi contemplada pela referida imunidade, porquanto a sua hipótese de incidência – movimentações financeiras – não se confunde com as receitas. IV Recurso extraordinário desprovido. (STF; RE 566259; Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski; Tribunal Pleno; julgado em 12/08/2010; Repercussão Geral Mérito; DJe179: 24092010) – Destacouse. Ora se averbação da reserva legal chega a ser objeto de multa pecuniária administrativa específica, parece desarrazoado deferir o benefício tributário sem o cumprimento dessa medida, quando a própria Lei nº 9.393/96 defere a exclusão da área de reserva legal, prevista no Código Florestal, ou seja, parece que com as condicionantes da legislação ambiental. A interpretação acima está alicerçada no entendimento de que o ITR é um imposto de feição essencialmente extrafiscal, tendo pouco valor o aspecto fiscal, arrecadatório. Aqui, tratando da coexistência da fiscalidade e da extrafiscalidade nas normas tributárias, assevera Paulo de Barros Carvalho3: Há tributos que se prestam, admiravelmente, para a introdução de expedientes extrafiscais. Outros, no entanto, inclinamse mais ao setor da fiscalidade. Não existe, porém, entidade tributária que se possa dizer pura, no sentido de realizar tãosó a 3 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário – Linguagem e Método. 2ª ed., São Paulo: Noeses, p. 241. Fl. 17DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 18 18 fiscalidade, ou, unicamente, a extrafiscalidade. Os dois objetivos convivem, harmônicos, na mesma figura impositiva, sendo apenas lícito verificar que, por vezes, um predomina sobre o outro. No dizer de José Marcos Domingues Oliveira4 (1999, p. 37) a “Tributação extrafiscal é aquela orientada para fins outros que não a captação de dinheiro para o Erário, tais como a redistribuição da renda e da terra, a defesa da indústria nacional, a orientação dos investimentos para setores produtivos ou mais adequados ao interesse público, a promoção do desenvolvimento regional ou setorial etc.”, sendo certo que é do conhecimento geral que o ITR é um imposto marcantemente extrafiscal, desde sua instituição, primeiramente tentando atingir os fins da reforma agrária e gravando de forma mais vertical os latifúndios improdutivos, como se viu com o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) e com as alterações perpetradas pela Lei nº 6.746/79 nesse Estatuto, e, posteriormente, notadamente com a Lei nº 9.393/96 (e suas alterações posteriores, como a Lei nº 11.428/2006), avultou a extrafiscalidade do ITR no tocante à preservação das áreas de interesse ambiental, já que tais áreas não compõem as áreas objeto da incidência do imposto, bem como a progressividade a depender do binômio área total do imóvel/grau de utilização. Apenas para se ter uma idéia da irrelevância do aspecto fiscal, arrecadatório, do ITR, no ano de 2009, as receitas administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil atingiram 682.983 bilhões de reais, e, desse montante, a arrecadação do ITR atingiu a mísera quantia de 480 milhões de reais, ou seja, 0,07% do total arrecadado5, isso no país que é o quinto maior em extensão do planeta, a indicar que, a despeito das enormes áreas rurais do Brasil, a questão arrecadatória é marginal, secundária. De outra banda, o aspecto extrafiscal do ITR é cristalino, e diversos pontos dessa extrafiscalidade podem ser anotados, a saber: • imunidade da pequena gleba familiar, a favorecer a fixação do homem no campo; • progressividade das alíquotas, como se vê no anexo da Lei nº 9.393/96, no qual uma propriedade com o mesmo grau de utilização do imóvel rural, pode variar a alíquota de 1% a 20%, a depender do porte da propriedade, tudo a agravar mais fortemente as propriedades de maior porte, favorecendo os minifúndios e propriedades de pequeno porte; • tributação mais favorecida dos imóveis rurais com maior grau de utilização das atividades do setor primário, a privilegiar um mais racional uso da terra; • exclusão da área de tributável das partes do imóvel que detém interesse ecológico (áreas de preservação permanente e de reserva legal; de interesse ecológico declaradas pelos órgãos ambientais; imprestáveis para a atividade primária e 4 OLIVEIRA, José Marcos Domingues de. Direito Tributário e Meio Ambiente: proporcionalidade, tipicidade aberta, afetação de receita. 2ª ed. (rev. e amp.), Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 37. 5 Esses dados da arrecadação federal podem ser acessados no site da internet da Secretaria da Receita Federal do Brasil, no endereço: http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/arre/2009/Analisemensaldez09.pdf. Fl. 18DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 19 19 declaradas de interesse ecológico pelo órgão ambiental competente; de servidão florestal ou ambiental; e cobertas por florestas nativas), destacando a preservação do meio ambiente. Em um cenário dessa natureza, devese privilegiar toda a interpretação que potencialize os aspectos extrafiscais do ITR e, dentre esses, avulta a relevância das áreas de proteção ambiental, sendo que a averbação cartorária da área de reserva legal é um importante requisito para a conservação da área protegida, para as atuais e futuras gerações, devendo ser rechaçada qualquer interpretação que enfraqueça o aspecto extrafiscal do ITR, como aquela que arrosta a necessidade da averbação cartorária da área de reserva legal, pelo simples fato de não haver um comando literal na Lei nº 9.393/96 para o mister. Ora, o art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, obrigação propter rem, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Insistese que afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. O entendimento acima, no tocante à necessidade de averbação cartorária da área de reserva legal, já foi adotado pela Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF, como se viu no Acórdão nº 9202001.348, sessão de 09 de fevereiro de 2011, por maioria, que restou assim ementado: (...) ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma Fl. 19DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 11543.000759/200161 Acórdão n.º 920201.641 CSRFT2 Fl. 20 20 interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Entretanto, apesar de obrigatória a averbação cartorária da área de reserva legal, aqui não me filio àqueles que exigem obrigatoriamente a averbação em momento prévio ao fato gerador, de maneira peremptória, já que, havendo uma área de reserva legal preservada e comprovada por laudos técnicos ou por atos do poder público, mesmo com averbação posterior ao fato gerador, especificamente se anterior ao início do procedimento fiscal pela autoridade tributária, não me parece razoável arrostar o benefício tributário, quando se sabe que áreas ambientais preservadas levam longo tempo para sua (re)composição, ou seja, uma área averbada e comprovada em exercício posterior, certamente existia nos exercícios logo precedentes, como redutora da área total do imóvel passível de tributação, não podendo ter sido utilizada diretamente nas atividades agrícolas, pecuárias ou extrativistas. Ademais, nem a Lei tributária nem o Código Florestal definem a data de averbação, como condicionante à isenção do ITR. Devese, porém, definir um termo final de quando poderia ser implementada a averbação cartorária da área de reserva legal, para fruição da exclusão da área tributável do ITR, pois não se pode deixar ao alvedrio do contribuinte implementar a averbação da área, sob pena de vulnerar a cogência da obrigação, pois o contribuinte poderia, simplesmente, aguardar o início do procedimento fiscal para fazêla, hipótese que jamais pode se concretizar, já que a quantidade de imóveis de um país continental como o Brasil é imensa, não sendo razoável imaginar que a autoridade tributária tenha condições de auditar todos os imóveis rurais do país. Dessa forma, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir dos isentivos tributários. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início do procedimento fiscal. Com as considerações acima, entendo que a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel é condição imperativa para exclusão dela da incidência do ITR, devendo ser procedida antes do início do procedimento fiscal, o que não restou comprovado nestes autos (a averbação, na verdade, ocorreu após o início da ação fiscal), devendo, por conseqüência, ser dado provimento ao recurso do procurador da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 20DF CARF MF Emitido em 25/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 09/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 10/08/2011 por GIOVANNI CHRI STIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 24/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 13855.001706/2004-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2008
EXCLUSÃO DO SIMPLES. MONTAGEM DE EQUIPAMENTOS.
ATIVIDADE NÃO VEDADA. Consoante enunciado 57 da Sumula do
CARF, a montagem de equipamentos, por si só, não é atividade vedada ao Simples.
EXCLUSÃO DO SIMPLES. EXCESSO DE RECEITA. Comprovado que o
contribuinte excedeu o limite de receita para permanência no Simples, correta sua exclusão a partir do ano seguinte ao excesso, no caso, a partir de 2001.
AJUSTES NA BASE DE CÁLCULO. Confirmados equívocos na base de
cálculo do lançamento, mediante diligência fiscal, ajuste a exigência.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 1402-000.799
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, confirmar a exclusão da empresa do Simples nos anoscalendário
de 2001, 2002 e 2003, cancelando-se as exigências relativas ao ano de 2000, ajustando as bases de cálculo na forma da planilha anexa
ao Relatório de Diligencia Fiscal, à fl. 1179, e negar provimento aos recursos relativos aos processos apensos 13858.001686/200882,
13858.001689/200816, tudo nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: Antonio José Praga de Souza
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2008 EXCLUSÃO DO SIMPLES. MONTAGEM DE EQUIPAMENTOS. ATIVIDADE NÃO VEDADA. Consoante enunciado 57 da Sumula do CARF, a montagem de equipamentos, por si só, não é atividade vedada ao Simples. EXCLUSÃO DO SIMPLES. EXCESSO DE RECEITA. Comprovado que o contribuinte excedeu o limite de receita para permanência no Simples, correta sua exclusão a partir do ano seguinte ao excesso, no caso, a partir de 2001. AJUSTES NA BASE DE CÁLCULO. Confirmados equívocos na base de cálculo do lançamento, mediante diligência fiscal, ajuste a exigência. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, confirmar a exclusão da empresa do Simples nos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003, cancelando-se as exigências relativas ao ano de 2000, ajustando as bases de cálculo na forma da planilha anexa ao Relatório de Diligencia Fiscal, à fl. 1179, e negar provimento aos recursos relativos aos processos apensos 13858.001686/200882, 13858.001689/200816, tudo nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
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MONTAGEM DE EQUIPAMENTOS. ATIVIDADE NÃO VEDADA. Consoante enunciado 57 da Sumula do CARF, a montagem de equipamentos, por si só, não é atividade vedada ao Simples. EXCLUSÃO DO SIMPLES. EXCESSO DE RECEITA. Comprovado que o contribuinte excedeu o limite de receita para permanência no Simples, correta sua exclusão a partir do ano seguinte ao excesso, no caso, a partir de 2001. AJUSTES NA BASE DE CÁLCULO. Confirmados equívocos na base de cálculo do lançamento, mediante diligência fiscal, ajuste a exigência. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, confirmar a exclusão da empresa do Simples nos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003, cancelandose as exigências relativas ao ano de 2000, ajustando as bases de cálculo na forma da planilha anexa ao Relatório de Diligencia Fiscal, à fl. 1179, e negar provimento aos recursos relativos aos processos apensos 13858.001686/200882, 13858.001689/200816, tudo nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Fl. 4DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 2 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Relatório WELLINGTON ALMEIDA DE SOUZA LEMOS recorre a este Conselho contra a nova decisão proferida pela DRJ em primeira instância, fls. 896911, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). De acordo com o “Relatório da Fiscalização”, fls 31 a 33, a empresa foi excluída, à revelia, de ofício do Simples pelo Ato Declaratório Executivo nº 13, publicado no Diário Oficial da União no dia 10/09/2004, com retificação publicada no dia 14/09/2004, com efeitos a partir do dia 1º de janeiro de 1997, em razão de sua atividade econômica (Comércio Varejista de Máquinas e Equipamentos Industriais e Prestação de Serviços e Manutenção em Máquinas e Equipamentos Industriais), conforme Processo Administrativo nº 13855.0001341/200425. O contribuinte foi intimado a manifestarse sobre a forma de apuração dos tributos, tendo em resposta à intimação optado pela tributação pelo lucro presumido. Diante disso, a fiscalização elaborou as planilhas de fls.45 a 51, com base nos livros fiscais e livro Caixa, em que apurouse diferenças entre os valores escriturados e os declarados pagos. A seguir lavrouse os pertinentes autos de infração. O contribuinte apresentou impugnação, fls. 294 a 307, que foi julgada pela 1a. Turma da DRJ Ribeirão Preto em 18/04/2005, mantendose integralmente os lançamentos. O contribuinte apresentou então recurso ao Conselho de Contribuintes, que foi apreciado pela 5a. Camara em 21/05/2006, tendo sido proferido o acórdão 10515.785, cujo relatório ora adoto e faço leitura me plenário, na qual foi anulada a decisão de 1a. instância para que outra seja proferida com o julgamento simultâneo das questões relacionadas à exclusão da empresa do Simples. O autos retornaram a DRJ Ribeirão Preto, com a anexação do processo relativo a exclusão do Simples, sendo que a DRJ, mediante Resolução 802 de 12/03/2007, fls. 786788, determinou realização de diligência fiscal para verificações quanto a exclusão da empresa do Simples. A diligência fiscal resultou na juntada dos documentos de fls. 789 a 884, tendo sido lavrado o relatório de fls. 885887, no qual é confirmado o exercício de atividades vedadas ao Simples, e manifestação do contribuinte às fls. 890 e 891, em sentido contrário. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 3 3 A nova decisão de 1a. instância, proferida em 7/12/2007, encontrase às fls. 896 e seguintes. Em síntese, restou confirmada a exclusão do contribuinte do Simples, no ano de 2000 e as exigências tributárias de 2000 a 2001 na sistemática do lucro presumido. Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 30/04/2008, no qual repisa suas alegações anteriores, especialmente quanto ao não exercício de atividades vedadas ao simples e de erros na base de cálculo tributada. Ao final, requer o provimento. O recurso foi apreciado na Sessão de 18/12/2008 da Quinta Camara do 1CC que decidiu por nova conversão em diligência, consoante Resolução º 10501.444, fls. 972 a 976, para que a unidade de origem verifique os erros apontados pelo contribuinte na base de calculo e os corrija, se for o caso. O resultado dessa nova diligência encontrase às fls. 1112 a 1114, sendo que a fiscalização concluiu por erro apenas na base de cálculo do ano de 2003, cuja receita total correta seria de 995.842,34. O contribuinte apresentou manifestação frente a diligência em 11/01/2010, fls. 1017 a 1025. A seguir o processo foi reencaminhado à 1a. Seção do CARF que procedeu novo sorteio, tendo em vista que o Conselheiro Paulo Jacinto do Nascimento não mais compõe o CARF. Na reunião de 16/10/2011 o julgamento foi reiniciado. Todavia, mediante Resolução nº 140200.029 foi determinada a complementação da diligência nos seguintes termos: Conforme relatado, o litígio remonta ao ano de 2004 quando a empresa foi excluída do Simples com efeitos retroativos a 1997. A 1a. decisão da DRJ foi cancelada pela antiga 5a. Camara do 1CC em vista de cerceamento do direito de defesa quanto a exclusão do contribuinte do Simples, que foi objeto de apreciação na 2a. decisão da DRJ. Ao Retornar a este Conselho o julgamento foi convertido em diligência para verificações acerca da base de cálculo (Resolução 10501.444 de 18/12/2008). Todavia, em sua manifestação, fls. 1017/1025, o contribuinte aponta divergências no relatório de diligência de fls. 1112 a 1114. O Principal deles, a meu ver é quanto a nota fiscal nº 13 no valor de 960.000,00 (emitida em 09/05/2002), copia à fl. 1139, que segundo o documento da empresa Bunge (contratante)., à fl. 1077, teria sido paga em 08/08/2002, mas de acordo com o documento de fl. 937, apresentado pelo contribuinte, teria sido cancelada em 18/05/2002. Tratase de um valor relevante, que necessita ser esclarecido, devendo o contribuinte ser intimado a esclarecer quem teria assinado o documento de fl. 937 pela Bunge, haja vista que se trata de uma rubrica, e a seguir solicitar esclarecimentos à própria Bunge sobre o aludido documento, bem com esclarecimentos sobre o financiamento junto ao BNDES, apresentar o recibo do Fl. 6DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 4 4 pagamento e, se possível, que apresente cópia dos meios bancários do pagamento realizado. Além disso, é de bom alvitre que a fiscalização se manifeste sobre os demais equívocos apontados pelo contribuinte. Fazse necessário ainda, a juntada das Declarações do Simples apresentadas pelo contribuinte relativas aos anos de 1999 a 2003, sendo que 1999 é para fins de checagem por este julgado. Ao final a fiscalização deverá lavrar novo relatório consubstanciado, o qual deve conter planilha discriminando mês a mês o valor da base do faturamento do contribuinte, para fins de tributação, nos anos de 2000 a 2003.” Os trabalhos fiscais resultaram na juntada dos documentos de fls. 1155 a 1181, bem com nos Relatórios de Diligência de fls. 1182 a 1190, nos seguintes termos (verbis): (...) 2. Das intimações 2.1. Da contribuinte Em 14/02/2011 lavramos o Termo de Intimação Fiscal/solicitação de documentos n° 001 para que a contribuinte apresentasse, no prazo de 20 (vinte) dias, as informações e elementos abaixo especificados (fls.1155/1159): 1) Considerando a emissão da Nota Fiscal n° 13 (venda para entrega futura), no valor de R$ 960.000,00 emitida em 09/05/2002 e do "Termo Parcial de Desfazimento de Compra e Venda" emitido em 18/05/2002, ambos, com cópia em anexo, INTIMAMOS: a) Informar o nome e CPF do representante da Bunge Fertilizantes S/A que assinou o Termo de Desfazimento; b) A Nota fiscal n° 13 foi cancelada? Caso positivo, informar as datas de emissão, números e valores das notas fiscais emitidas (venda entrega futura e de remessa de venda) correspondentes à parte da venda não desfeita em 18/05/2002; c) Posteriormente, houve nova venda da parte desfeita? Caso positivo, informar as datas de emissão, números e valores das notas fiscais emitidas (venda entrega futura e de remessa de venda), bem assim apresentar os documentos fiscais e contábeis que comprovam a operação. 2) Levandose em conta alegações contidas no documento apresentado pela contribuinte e denominado de "Manifestação ao relatório de Diligência lavrado em 11/12/2009", informar data de emissão, número e valor das notas fiscais de "remessa dos produtos" correspondentes as notas fiscais ditas de "faturamento antecipado simples faturamento" n° 270, 273, 402, 434. A ciência ocorreu em 21/02/2011 (fl.1159) e em 28/02/2011 a contribuinte requereu a prorrogação do prazo até 31/03/2011 para apresentar os documentos e informações solicitadas (fl.1160). Fl. 7DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 5 5 A contribuinte apresentou outro pedido de prorrogação de prazo datado em 31/03/2011 para atendimento da intimação, desta vez, em 13/04/2011, de fl.1161. Importante destacar que em seus 2 (dois) pedidos de prorrogação de prazo a contribuinte fez menção ao cerceamento do seu direito caso as prorrogações não fossem concedidas. Todas as prorrogações pleiteadas foram concedidas. Entretanto, fica patente a intenção da contribuinte em protelar o julgamento dos processos, pois, decorridos mais de 50 (cinqüenta) dias (21/02/2011 13/04/2011), além de não atender a intimação em sua totalidade (item 2), a contribuinte ainda se esquivou de apresentar os esclarecimentos e informações necessárias para análise do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse sentido, em 13/04/2011 a contribuinte respondeu ao Termo de Intimação Fiscal alegando, em sintese, que (i) uma reestruturação ocorrida na empresa Bunge tornouse impossível a identificação do representante desta que teria assinado o Termo de Desfazimento, (ii) a nota fiscal n° 13 não foi cancelada e que a operação foi desfeita totalmente, apesar de o termo de desfazimento constar que a operação foi desfeita parcialmente, conforme fls.1161/1162. A empresa não apresentou as informações e documentos solicitados no item 2 do Termo de Intimação Fiscal. 2.2. Da Bunge Fertilizantes S/A (Filial Canoas/RS) Em 14/02/2011 lavramos o Termo de intimação para que a empresa Bunge Fertilizantes S/A CNPJ n° 61.082.822/000820 apresentasse, no prazo de 20 (vinte) dias, os seguintes documentos e informações (fls.1164/1169), a saber: 1) Considerando a emissão da Nota Fiscal n° 13 (venda para entrega futura), no valor de R$ 960.000,00 emitida em 09/05/2002, do "Termo Parcial de Desfazimento de Compra e Venda" emitido em 18/05/2002 e o Relatório de Inclusão de Diversos Documentos a Pagar, ambos, com cópia em anexo, INTIMAMOS: a) Apresentar informações sobre o Contrato de Financiamento firmado junto ao BNDES sob n° 1119036, conforme constante no corpo da Nota Fiscal n° 13 emitida pela empresa Wellington Almeida de Souza Lemos (valor do contrato, datas e valores das parcelas liberadas, data da suspensão e reativação do contrato, se for o caso, e outras informações adicionais); b) Informar o nome e CPF do representante da Bunge Fertilizantes S/A que assinou o Termo de Desfazimento; c) Não obstante informações constantes no documento denominado de "Relatório de Inclusão de Diversos Documentos a Pagar" de que a compra teria sido liquidada em 08/08/2002, apresentar informações sobre a forma, data(s) e valor do pagamento e/ou das parcelas, se a prazo, bem assim dos dados bancários da operação e cópia dos documentos que comprovam a(s) transação(ões); d) Considerando que o contrato de financiamento com o BNDES foi suspenso e a operação de compra do "conjunto de máquina e ensaque" desfeita parcialmente, informar: Fl. 8DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 6 6 (i)Em que proporção a operação de compra foi desfeita? Do total de R$ 960.000,00 da compra inicialmente realizada, o que foi efetivamente pago e quais foram as datas dos pagamentos? (ii) Posteriormente, houve nova compra da parte desfeita? Ou seja, a totalidade do conjunto de máquina e ensaque foi instalado posteriormente? Em caso positivo, informar os valores da operação e as respectivas data(s) do(s) pagamento(s) e apresentar os documentos fiscais e contábeis que comprovam a operação. A ciência ocorreu em 23/02/2011 (fl.1169) e em 14/03/2011 a empresa apresentou justificativas para o não encaminhamento das informações e documentos solicitados, alegando, em síntese, não ter localizado os documentos em seus arquivos e ainda recorreu se aos institutos da prescrição e da decadência (fls.1170/1176). 3. Da análise dos documentos e informações coletadas Abaixo, esclarecemos, ponto a ponto, as questões levantadas pela contribuinte em sua manifestação apresentada ao Relatório de Diligência (fls.1118/1125). a) Inclusão indevida das notas fiscais n° 193, 195, 197, 200, 206 e 227, uma vez que haviam sido incluídas por ocasião da fiscalização; As notas fiscais n° 193, 195, 197, 200, 206 e 227 (remessa de venda) são correspondente a nota fiscal n° 192 (venda entrega futura ou simples faturamento). Como se pode observar do demonstrativo de fl.1104, apenas as notas fiscais n° 193, 195, 197, 200, 206 e 227 foram computadas no faturamento da contribuinte no ano calendário 2003. Portanto, não há de se falar em duplicidade e não procede a alegação da contribuinte, vez que a nota fiscal n° 192 não foi incluida na base de cálculo apurada pela fiscalização de fl.1104. b) Exclusão de todas as notas de faturamento antecipado simples faturamento (270, 273, 402, 434, 192) uma vez que a receita foi considerada pela fiscalização pelas notas de entrega dos produtos e serviços; Esclareçase que a nota fiscal n° 192 encontrase abordada no item anterior. Para que pudéssemos esclarecer a duplicidade alegada, a contribuinte foi intimada a. informar a data de emissão, número e valor das notas fiscais de "remessa dos produtos" correspondentes às notas fiscais de "faturamento antecipado simples faturamento" n° 270, 273, 402 e 434, o que não ocorreu, levandonos a concluir que a duplicidade alegada também não procede. c) Exclusão do valor referente a • nota fiscal de faturamento antecipado n° 13, cuja operação foi desfeita (não se concretizou) A questão reside em esclarecer se a venda realizada a empresa Bunge Fertilizantes S/A através da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000, 00, foi ou não desfeita e se desfeita, parcial ou total. Fl. 9DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 7 7 A contribuinte alegou que a operação não se concretizou, mas, por outro lado, o termo de desfazimento foi parcial, conforme documento de fl.937. Pois bem. Tanto a contribuinte quanto a empresa Bunge foram intimadas a apresentar informações e elementos que pudessem efetivamente comprovar o desfazimento da operação, mas as respostas apresentadas por elas não trouxeram nenhuma informação e/ou documento que pudessem subsidiar o pleito apresentado pela contribuinte que é de excluir da base de cálculo a receita auferida através da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000,00. Senão vejamos: a) Termo de Desfazimento: A Bunge alega não ter localizado os documentos e recorre aos institutos da prescrição e decadência para não apresentar nenhum dos documentos e informações solicitadas. Na mesma linha de argumentação, a contribuinte alega uma possivel reestruturação da Bunge para não ter logrado êxito em identificar o representante da Bunge que teria assinado o referido termo e, ainda, que a legislação não determina e nem obriga a identificação dos signatários em termo de desfazimento de operações de venda para entrega futura. Diante do exposto e considerandose que: a) Quando a Bunge foi intimada pela primeira vez a se pronunciar sobre a operação às fls.1049/1051, além de apresentar tela extraida de seu sistema financeiro atestando o pagamento da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000,00, nenhuma referência fez sobre um possivel cancelamento e/ou desfazimento da operação (fls.1064,1077); b) A contribuinte somente anexou o Termo de Desfazimento (fl.937) aos autos em 30/04/2008 na apresentação do recurso ao Conselho de Contribuinte às fls.916/936. Ora, se o auto de infração foi lavrado em 10/2004 e o referido Termo emitido em 18/50/2002, a contribuinte poderia ter traz tal /fato ao conhecimento da autoridade lançadora e ainda das instâncias julgadoras logo nas primeiras impugnações apresentadas e não o fez, o que nos causa estranheza; c) Ser a Bunge uma empresa de grande porte e com estrutura administrativa organizada é inconcebível que a mesma não saiba quem são seus representantes com poderes para assinar um documento que teria por objetivo realizar o cancelamento de uma operação de aquisição de equipamentos de valores consideráveis. Assim, podemos concluir que a Bunge, de fato, não reconhece a emissão de Termo de Desfazimento e, conseqüentemente, sua validade; d) 0 fato de a contribuinte afirmar que a operação foi totalmente desfeita e o Termo atestar que o desfazimento teria sido "Parcial", é mais um elemento que evidencia sua fragilidade e ilegitimidade; e) Estranhamente apenas o representante da contribuinte é identificado no Termo de Desfazimento. 0 fato de não ter havido a identificação do representante da Bunge e nem de ter sido as firmas reconhecidas são situações que também, invalidam os efeitos do referido termo; Fl. 10DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 8 8 f)Para o cancelamento de uma nota fiscal de faturamento antecipado (entrega futura) se faz necessário uma declaração emitida pelo adquirente dos produtos revestida de formalidades básicas para dar veracidade ao cancelamento, o que não ocorreu; A diligência fiscal levada a efeito na contribuinte e na Bunge Fertilizantes S/A conclui que o termo de desfazimento, nas condições apresentadas, não se reveste de requisitos essenciais para lhe dar validade e, conseqüentemente, sem força legal e probatória do efetivo cancelamento da operação realizada através da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000,00. E, mais, a fragilidade e incorreções das alegações apresentadas pela contribuinte para combater o lançamento constituído e o relatório de diligência de fls.1112/1114 demonstra claramente a intenção da contribuinte em confundir os julgadores e, conseqüentemente, protelar o julgamento do processo. d) Exclusão dos valores sem identificação no auto de infração (R$ 199.640,00 e R$ 172.000,00). A contribuinte alega que os valores deveriam ser excluídos vez que as respectivas notas fiscais não estariam devidamente identificadas na planilha de fl.89. Ocorre que a contribuinte apresenta às fls.1141/1144, cópia das notas fiscais e do Livro de Registro de Saidas com indicação de que tais notas fiscais estariam canceladas. Portanto, cabe esclarecer que tais valores encontram devidamente identificados e referemse às notas fiscais n° 15 e 20, nos valores de R$ 199.640,00 e R$ 172.000,00, respectivamente, emitidas contra a empresa IFC Ind. De Fertilizantes Cubatão S/A. Intimada em 01/06/2009, a empresa IFC Ind. De Fertilizantes Cubatão S/A apresentou planilha dos pagamentos de fl.988 e respectivos lançamentos no diário geral, conforme fls.1011, 1014, 1017, 1020, 1023, 1026 e 1025. Diante do exposto, podemos concluir que houve o efetivo pagamento das aquisições contidas nas referidas notas fiscais, não procedendo, assim, a alegação apresentada pela contribuinte. 4. Documentos anexados 4.1 Declaração Anual Simplificada do ano calendário 1999 (fls.1177/1178). As declarações simplificadas relativas aos anos calendário 2000 a 2003 encontramse juntadas às fls.52/82; 4.2 Planilha do faturamento mensal (fl.1179); 5. Outras informações Os processos n°s 13858.001686/200882 e 13858.001689/200816 foram apensados ao processo n° 13855.001706/200411 por serem conexos a este e tratarem de impugnação de multa por atraso ou falta entrega DCTF. Fl. 11DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 9 9 Para finalizar, juntamos cópia do presente relatório aos processos n°s 13855.001707/200466 e 13855.001708/200410 por terem sido convertidos em diligência e também serem conexos ao processo n° 13855.001706/200411. É o relatório. (...) RELATORIO DE DILIGENCIA FISCAL COMPLEMENTAR Trata o presente relatório de complementar as informações contidas no item 3, b, do relatório lavrado em 18/04/2011, no que se refere exclusivamente às informações apresentadas pela contribuinte em 26/04/2011, as quais haviam sido requeridas através do Termo de Intimação Fiscal/solicitação de documentos n° 001 lavrado em 14/02/2011 item 2 e não apresentadas no prazo previsto. Pois bem. A contribuinte requereu em sua manifestação apresentada ao Relatório de Diligência (fls.1118/1125) "a exclusão de todas as notas de faturamento antecipado simples faturamento (270, 273, 402, 434, 192) uma vez que a receita foi considerada pela fiscalização pelas notas de entrega dos produtos e serviços". Esclareçase que a nota fiscal n° 192 encontrase abordada no item 3, a, do relatório lavrado em 18/04/2011. Para que pudéssemos esclarecer a duplicidade alegada, a contribuinte foi intimada a informar a data de emissão, número e valor das notas fiscais de "remessa dos produtos" correspondentes às notas fiscais de "faturamento antecipado simples faturamento" n° 270, 273, 402 e 434. Após análise das informações prestadas em 26/04/2011 verificamos que não procedem o pleito e nem a alegação da fiscalizada, vez que apenas as notas de faturamento antecipado n°s 270, 273, 402 e 434 compuseram a base de cálculo apurada na ação fiscal. Ou seja, as notas fiscais de simples remessa não foram incluídas, o que se pode comprovar através das planilhas de fls.46, 48 e 50. É o relatório. (...) Regularmente cientificado desses relatórios, a contribuinte apresentou manifestação em 12/05/2005, fls. 11811187. Ato continuo o processo retornou ao CARF para prosseguir no julgamento. É o relatório. Fl. 12DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 10 10 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade. Conforme relatado, o litígio remonta ao ano de 2004 quando a empresa foi excluída do Simples com efeitos retroativos a 1997. A 1a. decisão da DRJ foi cancelada em vista de cerceamento do direito de defesa quanto a exclusão do contribuinte do Simples, que foi objeto de apreciação na 2a. decisão da DRJ. Pois bem, a exclusão do contribuinte do Simples se deve a constatação de que a empresa exerceu serviços de engenharia para a empresa Bunge Fertilizante S/A, quais sejam serviços de montagem e manutenção de equipamentos industrias, consoante Ato Declaratório DRF/FrancaSP No. 13 de 8/09/2004 (fl. 35). A Turma da DRJ manteve a exclusão calcandose nos contratos de prestação de serviço da contribuinte com a empresa Bunge Fertilizantes, fls. 847 a 867, celebrados em 2001, que preveem, inclusive, a apresentação de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica junto ao CREAConselho Regional de Engenharia e Arquitetura. De igual forma cita novas fiscais de fls. 107 e 108, que também são de serviços de construção prestados em 2001. Em seu recurso, a contribuinte contesta veemente esse entendimento, afirmando que realiza montagens de equipamentos simples, que consistem em cortar chapas, soldar e reunir partes e, quanto necessária supervisão de engenheiro isso é feito pela própria contratante. Pois bem, pela análise dos autos, especialmente das notas fiscais, contratos e esclarecimentos das empresas contratantes, juntados às fls. 795 a 884 em atendimento à diligência solicitada pela DRJ, formei convencimento de que a empresa não exerceu na maioria de suas operações serviços de engenharia e sim de montagem, desmontagem e reparo em equipamentos. Essa constatação é corroborada pelas declarações das próprias contratantes. Nesse sentido estabelece a Sumula 57 do CARF: Súmula CARF nº 57: A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. Exceção é o contrato de fl. 847853, celebrado em 1/10/2001, que estabelece que a recorrente deveria apresentar a ART junto ao CREA, embora a própria Bunge afirma na Fl. 13DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 11 11 correspondência de fl. 877 e 878 que nos serviços prestados pela recorrente não houve participação de engenheiros, tal qual nas notas fiscais de fls. 107 e 108. Todavia, nos anoscalendário de 2000 a 2003, a contribuinte ultrapassou o limite de receita para permanência no Simples, conforme documentos de fls. 380 a 398, sendo também essa motivação para excluir a empresa do Simples, porém, a partir do anocalendário de 2001, conforme estabelecido no art. 9, inciso II da Lei 9.317/1996, com redação dada pela Lei 9.779/1999. A planilha de fl.1179, também reproduzida à fl.323 do Processo 13855.001707/200466 e na fl.324 do 13855.001708/200419, elaborada pela Fiscalização em abri/2011 em atendimento à diligência determinada pela Resolução nº 1402000.29, não merece qualquer reparo. Vejamos o valor total das receitas auferidas pela empresa a cada ano: AnoCalendário Receita Total (R$) 2000 2.186.270,00 2001 1.314.325,06 2002 3.261.314,46 2003 995.842,24 Verifiquei os termos e conclusões do aludido relatório de diligência fiscal e formei entendimento que o mesmo deve ser plenamente acatado, pelo que peço vênia para adotar as conclusões da fiscalização, acima transcritas, como razões de decidir. Por seu turno, a manifestação do contribuinte, às 11811187, estão completamente equivocas, senão vejamos: Aduz o recorrente: “(...) I PRELIMINARMENTE Antes de abordar especificamente as incongruências do relatórios fiscais, cabem os seguintes esclarecimentos preliminares. A) TODAS AS NOTAS FISCAIS OBJETO DA NOTIFICAÇÃO SÃO DE FATURAMENTO ANTECIPADO PARA ENTREGA FUTURA (SIMPLES FATURAMENTO). Todas as notas fiscais objeto da notificação fiscal (N 13,15, 20,192, 270, 273, 402 e 434) são notas de venda para entrega futura (Simples Faturamento ou Faturamento Antecipado)emitidas ao abrigo do artigo 129 do Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo RICMS/SP, que dispõe, "in verbis": Fl. 14DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 12 12 "Artigo 129 Nas vendas a ordem ou para entrega futura, poderá ser emitido nota f iscai com indicação de que se destina a simples faturamento, vedado o destaque do imposto../' Essa condição de nota de simples faturamento não foi questionada em nenhum momento pela fiscalização ou pelo julgador de primeira instância administrativa,nem tão pouco no relatório fiscal, portanto são de fato e direito e inconteste no presente processo, que se tratam de mera antecipação do faturamento. Importante também ressaltar, que quando a empresa efetuou a venda para entrega futura, as mercadorias ainda não estavam prontas, e foram produzidas e montadas posteriormente e somente então entregues mediante as notas fiscais de remessas, o que se configura autentico faturamento antecipado, (fatos não questionados pelos agentes fiscais) Tanto para efeitos contábeis como para efeitos tributários, a nota fiscal de venda para entrega futura não configura auferimento de receita. Sob a ótica contábil, oportuno reproduzira lição contida na Coleção Tributária, n9.15da Fisconet: (...) "2 Momento do Reconhecimento da Receita 2.1 Faturamento Antecipado No caso de faturamento antecipado (emissão da nota fiscal e fatura) por concordância do comprador, o qual efetua o pagamento parcial ou total antecipado da respectiva duplicata, o vendedor não deverá reconhecer a receita respectiva, por não possuir a mercadoria para pontaentrega, quer por não têla fabricado, quer por não têla adquirido de fornecedor para revenda. A transação, nesse caso, configurase um compromisso de venda que se efetivará no futuro, como conseqüência o comprador ainda não se torna proprietário da mercadoria a e sim credor do vendedor. 2.2 Venda para Entrega Futura No caso de venda para entrega futura, quando a mercadoria vendida for colocada à disposição do comprador, impõese o reconhecimento da receita e do custo correlato da emissão da nota fiscal respectiva, ainda que, por interesse do comprador, esta permaneça em poder do vendedor, (no caso o contribuinte, as mercadorias não foram colocadas a disposição do comprador, uma vez que ainda seriam produzidas/montadas) Faturamento antecipado A venda de mercadorias ainda não produzidas ou não adquiridas e/ou serviços a serem futuramente prestados inseremse no conceito de "Faturamento Antecipado", o qual, na contabilidade, recebe registro em Contas de Compensação, ou simplesmente será controlado extra contabilmente, (exatamente o caso das notas fiscais objeto da diligência) Conforme redação do artigo 129 do RICMS/SP, nas notas de faturamento antecipado (simples faturamento) é proibido destacar o ICMS. No âmbito do Imposto de Renda, que adota os conceitos contábeis para efeito de apuração de sua base de cálculo, também não considera as notas de faturamento antecipado (simples faturamento) como receita. A receita somente é considerada quando ocorre a tradição, ou seja quando as mercadorias são entregues mediante as notas de remessas. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 13 13 E este é o entendimento majoritário do Conselho de Contribuintes (atual CARF), conforme pode se verificar no acórdãoreproduzido abaixo como exemplo: "Acordão 103.07.878/87 do 1?. CCDOU DE 19.05.87):0 resultado da venda de mercadorias para entrega futura deverá ser apropriado no exercício social de sua tradição, ainda que tenha sido recebidos adiantamentos pro conta." O ilustre tributarista Hiromihigushi (sic), em sua obra Imposto de Renda das Enmpresas, 27^. EdiçãoAtlas, pg. 163, comenta "in verbis" "O 1o. C.C deu provimento ao recurso voluntário no AC n2. 1058.8558/94 (DOU de 04/11/96) decidindo que na venda para entrega futura a receita antecipada somente caracterizase como ganha para efeito de reconhecimento em conta de resultado, depois que o vendedor cumpra na sua prestação contratual, transferindo, pela tradição, a propriedade da mercadoria." Imperioso também ressaltar que a legislação das contribuições sócias PIS, COFINS e CSSLL, também consideram como receita auferida somente quando ocorre a tradição das mercadorias, ou seja quando elas são efetivamente entregues ao comprador. Dessa forma as notas fiscais de venda para entrega futura objeto da diligência não podem ser consideradas como base tributável nos autos de infrações. De rigor, nos autos de infrações deveriam ter sido consideradas as notas fiscais de remessas e não as de simples faturamento. Por outro lado, considerando os prazos decadenciais e prescricionais, não podem agora pretender considerar como base de cálculo as notas fiscais de remessas informadas em resposta á notificação fiscal, uma vez são que foram emitidas a mais de cinco anos. Tivesse os agentes fiscais elaborado os autos de infrações com zelo técnico e com a atenção e cuidados requeridos, teriam consideradas como receita os valores das notas de remessas e calculado suas pretensas exigências tributárias nos respectivos meses de emissão. Que não se alegue o fato da empresa ter recebido os valores constantes das notas fiscais de simples faturamento, uma vez que o agente fiscal, ao elaborar o auto de infração com base no lucro presumido, optou por calcular os tributos considerando o regime de competência, ou seja, nos meses em que as notas fiscais foram emitidas. Embora a legislação estabeleça a possibilidade de adoção do regime de caixa que era mais benéfico ao contribuinte o agente preferiu a tributação com base no regime de competência. Assim, como já dito anteriormente, o efetivo fato gerador das operações objeto da diligencia se deu na data da entrega dos produtos e já se encontram decaídos o direito da Receita Federal do Brasil lançar qualquer tributo com base nas correspondentes notas fiscais de remessa. (...)” Equivocase o contribuinte, pois, a tributação no regime do Lucro Presumido, conforme realizada pela Fiscalização, pode sim ser feita pelo regime de caixa, à medida do recebimento, tal qual ocorreu no presente caso, à luz do art. 18 da MP 1.8586. Fl. 16DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 14 14 Uma vez que o contribuinte estava no Simples, adotando o regime de caixa, correto o procedimento fiscal em respeitar a opção do contribuinte. Continua o recorrente: “(...) B) DA INEFICIÊNCIA E IMPRECISÃO DOS PROCEDIMENTOS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL Merece veemente desagravo as ilações do Auditor Fiscal que subscreve o relatório fiscal de que "fica patente a intenção do contribuinte em protelar o julgamento dos processos..." É necessário que se restabeleça a verdade dos fatos!!!! Se bem observarem esse processo se arrasta desde 2004 por culpa e ineficiência dos representantes da Receita Federal do Brasil.Primeiro do agente que lavrou o auto de infração com tantas irregularidades, imprecisões e incongruência que decorreram várias diligências, inclusive a que é objeto da presente manifestação. Não menos ineficiente, os Julgadores da Receita Federal de Julgamento, que por suas imprecisas decisões, também deram causa de retornos determinados pelo Conselho de Contribuintes para que refizessem suas obscuras e infundadas decisões. Por mais de uma vez o contribuinte já solicitou expressamente a agilidade exigida pela legislação no deslinde dos autos de infrações, uma vez que a malfadado desenquadramento do Sistema Simples tem lhe causado irreparáveis prejuízos pois, estando em desigualdade com a concorrência, não consegue exercer e retomar suas atividades. Nesta parte de sua manifestação é patente a intenção do contribuinte de aproveitar de sua própria torpeza para distorcer a verdade dos fatos. Ora, as idas e vindas desse processo foi justamente em busca da verdade material, para exigir os tributos sobre as bases corretas, uma vez que o contribuinte utilizouse de diversos subterfúgios para reduzir a base de cálculo dos tributos devidos. Voltando às alegações: “(...) II MANIFESTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ITENS DO RELATÓRIO a) Inclusão indevida das nfs. 193,195,197, 200, 206 e 207. Neste item o agente fiscal deixa claro e evidente que a fiscalização considerou como base cálculo as notas de remessas de venda. A incongruência da fiscalização é flagrante, ora adota a nota de simples faturamento para calcular os tributos que julgam devidos, ora adota as notas de remessas, ora ambas. O correto é adotar sempre as notas de remessas, portanto, todas as notas de faturamento antecipado devem ser excluídas dos autos de infrações. Fl. 17DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 15 15 b) Exclusão de todas as notas de faturamento antecipado (192, 270, 273,402, 434) A duplicidade está demonstrada na resposta complementar apresentada pela contribuinte. Notem que a contrário do item anterior, no seu relatório complementar de 02 de maio de 2011, o agente menciona taxativamente: "...não procedem o pleito e nem a alegação da fiscalizada, vez que apenas as notas fiscais de faturamento antecipado ng 270, 273, 402 e 434 compuseram a base de cálculo apurada na ação fiscal, ou seja, as notas de simples remessas não foram incluídas, o que se pode comprovar através das planilhas. Fls. 46,48 e 50/' Ora, no item "a " do relatório de 18/04/2011, o agente fiscal afirma que a fiscalização 193,195,197, 200, 206 e 227 se referem a notas de remessa de venda e foram computadas na base de cálculo apurada pela fiscalização. Por que neste item do relatório complementar de 02/05/2011, afirma que a fiscalização considerou as notas de faturamento antecipado como base de cálculo ? Isso demonstra a total incoerência e falta de critérios adotados pela fiscalização e agora sendo corroborada nas sucessivas diligências. De novo, o correto é a tributação com base nas notas de remessas e não nas de faturamento antecipado. Portanto devem ser excluídas do cálculo do auto de infração as notas de faturamento antecipado. Já as de simples remessa (entrega de vendas) que não foram consignadas no auto de infração, não podem ser agora incluídas pois o direito de tributação pelo fisco já decai (mais de cinco anos do fato gerador). c) Termo de Desfazimento operação desfeita nf. 13 A nota fiscal no.. 13, por ser de faturamento antecipado, nos termos das considerações preliminares,não poderia por si só ser considerada como receita de forma nenhuma. Mas considerando como absurdo que fosse, não poderia ser, tendo em vista que foi totalmente desfeita. Conforme mencionado na resposta da notificação, apesar do termo de desfazimento mencionar o termo "parcial", ele se refere ao desfazimento total da operação, basta verificar que seu valor corresponde ao valor total da nota fiscal cuja operação foi desfeita. A falta de anotação do RG do representante da compradora não é motivo de inutilização do termo de desfazimento. O fato da compradora não ter encontrado os documentos solicitados pelo fisco também não pode ser utilizado como álibi para anular o termo de desfazimento. A compradora pelo fato de não conseguir a informação solicitada não comporta a alegação do agente U fiscal de que não reconhece o referido Termo de Desfazimento. Fl. 18DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 16 16 No item (e) do relatório o agente fiscal chega ao absurdo de considerar que as assinaturas do termo de exclusão, para terem validade deveriam estar com firma reconhecida. Outro fato que o agente se apega por puro formalismo é o fato de constar a palavra "parcial" no Termo de Desfazimento e por isso considerao como frágil e ilegítimo. Isso não é diligência mais parece um "julgamento" da era da odiosa inquisição!!!! A operação referente a nota fiscal n9.13 foi desfeita integralmente, conforme pode ser verificado no Termo de Desfazimento. O valor total da nota é igual ao constante no desfazimento, R$ 960.000,00. O Agente Fiscal não logrou provar na diligência que a operação foi efetivada total ou parcialmente. O agente também diz no item (f) do seu relatório que para cancelamento de uma nota de faturamento antecipado (entrega futura) se faz necessária uma declaração emitida pelo adquirente revestida de formalidades básicas, mas não menciona quais são essas formalidades, que lei ou norma estabelecem tais formalidades????. Outro fato que merece considerar é que o agente alega estranheza quanto ao fato da impugnante ter mencionado o Termo de Desfazimento apenas em 2008, quando ele foi emitido em 2002. Ora, causa mais estranheza ainda, o fato do agente que efetuou a fiscalização têlo ignorado pois que encontrava anexa á via da nota fiscal manuseada por ele. d)Exclusão de valores não identificados Realmente os valores não estavam identificados no auto de infração. De se ressaltar também que as notas fiscais 15 e 20 a que se reporta o agente como atribuíveis aos valores de R$ 199.640,00 e R$ 172.000,00, são de faturamento antecipado e portanto, não passível de tributação como receita, conforme já amplamente abordado nas considerações preliminares. De se ressaltar também que, não tendo adotado o regime de caixa • para calcular as exigências que pretende imputar no auto de infração, o fato de se comprovar o pagamento não dá legitimidade a considerar as notas de faturamento antecipado como receita. E mesmo considerando por absurdo que elas não tenham sido desfeitas, por se tratar de nota de simples faturamento, não podem ser consideradas no cálculo da exigência fiscal, nos termos da considerações apresentadas nas preliminares. Registramos também a incongruência e falta de critério do agente fiscal que elaborou os relatórios de diligência fiscal quando ao prazo para manifestação da contribuinte, uma vez que no relatório de 18/04/2011, concedeu prazo de 30 dias para apresentação de manifestação, já no relatório complementar de 02/05/2011, concedeu apenas 10 dias. Ou seja, o prazo concedido no relatório complementar vence antes da data prevista no originário. Como não há como respondelos em separado, o prazo para manifestação efetivo foi de apenas 24 dias. Por fim reiteramos os Conselheiros que determinem que todas as notas fiscais de faturamento antecipado sejam excluídos dos cálculos das exigências fiscais por se configurarem como receitas, a teor da legislação aplicável, da melhor doutrina e dos precedentes desse E.Conselho. Fl. 19DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 17 17 (...)” Descabe razão ao contribuinte quanto a todos os itens acima, haja vista que: a) a fiscalização respeitou o regime de caixa adotado pelo contribuinte, portanto, correto considerar a ocorrência do fato gerador pelas notas fiscais de faturamento/ b) inexiste a incoerência apontada, consoante relatório de diligencia, a tributação se deu sempre com base na nota fiscal de faturamento, ainda que antecipado, sendo que as duplicidades foram excluídas no demonstrativo de fl. 1179/ c) inaceitáveis a alegação da contribuinte quanto ao desfazimento da operação de que trata a nota fiscal No. 13. Formei convencimento de que o termo apresentado não se presta para comprovar o desfazimento da operação, consoante cabalmente demonstrado pela autoridade fiscal, verbis: 2.1. Da contribuinte Em 14/02/2011 lavramos o Termo de Intimação Fiscal/solicitação de documentos n° 001 para que a contribuinte apresentasse, no prazo de 20 (vinte) dias, as informações e elementos abaixo especificados (fls.1155/1159): 1) Considerando a emissão da Nota Fiscal n° 13 (venda para entrega futura), no valor de R$ 960.000,00 emitida em 09/05/2002 e do "Termo Parcial de Desfazimento de Compra e Venda" emitido em 18/05/2002, ambos, com cópia em anexo, INTIMAMOS: a) Informar o nome e CPF do representante da Bunge Fertilizantes S/A que assinou o Termo de Desfazimento; b) A Nota fiscal n° 13 foi cancelada? Caso positivo, informar as datas de emissão, números e valores das notas fiscais emitidas (venda entrega futura e de remessa de venda) correspondentes à parte da venda não desfeita em 18/05/2002; c) Posteriormente, houve nova venda da parte desfeita? Caso positivo, informar as datas de emissão, números e valores das notas fiscais emitidas (venda entrega futura e de remessa de venda), bem assim apresentar os documentos fiscais e contábeis que comprovam a operação. 2) Levandose em conta alegações contidas no documento apresentado pela contribuinte e denominado de "Manifestação ao relatório de Diligência lavrado em 11/12/2009", informar data de emissão, número e valor das notas fiscais de "remessa dos produtos" correspondentes as notas fiscais ditas de "faturamento antecipado simples faturamento" n° 270, 273, 402, 434. A ciência ocorreu em 21/02/2011 (fl.1159) e em 28/02/2011 a contribuinte requereu a prorrogação do prazo até 31/03/2011 para apresentar os documentos e informações solicitadas (fl.1160). A contribuinte apresentou outro pedido de prorrogação de prazo datado em 31/03/2011 para atendimento da intimação, desta vez, em 13/04/2011, de fl.1161. Importante destacar que em seus 2 (dois) pedidos de prorrogação de prazo a contribuinte fez menção ao cerceamento do seu direito caso as prorrogações não fossem concedidas. Fl. 20DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 18 18 Todas as prorrogações pleiteadas foram concedidas. Entretanto, fica patente a intenção da contribuinte em protelar o julgamento dos processos, pois, decorridos mais de 50 (cinqüenta) dias (21/02/2011 13/04/2011), além de não atender a intimação em sua totalidade (item 2), a contribuinte ainda se esquivou de apresentar os esclarecimentos e informações necessárias para análise do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse sentido, em 13/04/2011 a contribuinte respondeu ao Termo de Intimação Fiscal alegando, em sintese, que (i) uma reestruturação ocorrida na empresa Bunge tornouse impossível a identificação do representante desta que teria assinado o Termo de Desfazimento, (ii) a nota fiscal n° 13 não foi cancelada e que a operação foi desfeita totalmente, apesar de o termo de desfazimento constar que a operação foi desfeita parcialmente, conforme fls.1161/1162. A empresa não apresentou as informações e documentos solicitados no item 2 do Termo de Intimação Fiscal. 2.2. Da Bunge Fertilizantes S/A (Filial Canoas/RS) Em 14/02/2011 lavramos o Termo de intimação para que a empresa Bunge Fertilizantes S/A CNPJ n° 61.082.822/000820 apresentasse, no prazo de 20 (vinte) dias, os seguintes documentos e informações (fls.1164/1169), a saber: 1) Considerando a emissão da Nota Fiscal n° 13 (venda para entrega futura), no valor de R$ 960.000,00 emitida em 09/05/2002, do "Termo Parcial de Desfazimento de Compra e Venda" emitido em 18/05/2002 e o Relatório de Inclusão de Diversos Documentos a Pagar, ambos, com cópia em anexo, INTIMAMOS: a) Apresentar informações sobre o Contrato de Financiamento firmado junto ao BNDES sob n° 1119036, conforme constante no corpo da Nota Fiscal n° 13 emitida pela empresa Wellington Almeida de Souza Lemos (valor do contrato, datas e valores das parcelas liberadas, data da suspensão e reativação do contrato, se for o caso, e outras informações adicionais); b) Informar o nome e CPF do representante da Bunge Fertilizantes S/A que assinou o Termo de Desfazimento; c) Não obstante informações constantes no documento denominado de "Relatório de Inclusão de Diversos Documentos a Pagar" de que a compra teria sido liquidada em 08/08/2002, apresentar informações sobre a forma, data(s) e valor do pagamento e/ou das parcelas, se a prazo, bem assim dos dados bancários da operação e cópia dos documentos que comprovam a(s) transação(ões); d) Considerando que o contrato de financiamento com o BNDES foi suspenso e a operação de compra do "conjunto de máquina e ensaque" desfeita parcialmente, informar: (i)Em que proporção a operação de compra foi desfeita? Do total de R$ 960.000,00 da compra inicialmente realizada, o que foi efetivamente pago e quais foram as datas dos pagamentos? (ii) Posteriormente, houve nova compra da parte desfeita? Ou seja, a totalidade do conjunto de máquina e ensaque foi instalado posteriormente? Em caso positivo, informar os valores da operação e as respectivas data(s) Fl. 21DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 19 19 do(s) pagamento(s) e apresentar os documentos fiscais e contábeis que comprovam a operação. A ciência ocorreu em 23/02/2011 (fl.1169) e em 14/03/2011 a empresa apresentou justificativas para o não encaminhamento das informações e documentos solicitados, alegando, em síntese, não ter localizado os documentos em seus arquivos e ainda recorreu se aos institutos da prescrição e da decadência (fls.1170/1176). (...)]c) Exclusão do valor referente a • nota fiscal de faturamento antecipado n° 13, cuja operação foi desfeita (não se concretizou) A questão reside em esclarecer se a venda realizada a empresa Bunge Fertilizantes S/A através da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000, 00, foi ou não desfeita e se desfeita, parcial ou total. A contribuinte alegou que a operação não se concretizou, mas, por outro lado, o termo de desfazimento foi parcial, conforme documento de fl.937. Pois bem. Tanto a contribuinte quanto a empresa Bunge foram intimadas a apresentar informações e elementos que pudessem efetivamente comprovar o desfazimento da operação, mas as respostas apresentadas por elas não trouxeram nenhuma informação e/ou documento que pudessem subsidiar o pleito apresentado pela contribuinte que é de excluir da base de cálculo a receita auferida através da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000,00. Senão vejamos: a) Termo de Desfazimento: A Bunge alega não ter localizado os documentos e recorre aos institutos da prescrição e decadência para não apresentar nenhum dos documentos e informações solicitadas. Na mesma linha de argumentação, a contribuinte alega uma possivel reestruturação da Bunge para não ter logrado êxito em identificar o representante da Bunge que teria assinado o referido termo e, ainda, que a legislação não determina e nem obriga a identificação dos signatários em termo de desfazimento de operações de venda para entrega futura. Diante do exposto e considerandose que: a) Quando a Bunge foi intimada pela primeira vez a se pronunciar sobre a operação às fls.1049/1051, além de apresentar tela extraida de seu sistema financeiro atestando o pagamento da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000,00, nenhuma referência fez sobre um possivel cancelamento e/ou desfazimento da operação (fls.1064,1077); b) A contribuinte somente anexou o Termo de Desfazimento (fl.937) aos autos em 30/04/2008 na apresentação do recurso ao Conselho de Contribuinte às fls.916/936. Ora, se o auto de infração foi lavrado em 10/2004 e o referido Termo emitido em 18/50/2002, a contribuinte poderia ter traz tal /fato ao conhecimento da autoridade lançadora e ainda das instâncias julgadoras logo nas primeiras impugnações apresentadas e não o fez, o que nos causa estranheza; Fl. 22DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 20 20 c) Ser a Bunge uma empresa de grande porte e com estrutura administrativa organizada é inconcebível que a mesma não saiba quem são seus representantes com poderes para assinar um documento que teria por objetivo realizar o cancelamento de uma operação de aquisição de equipamentos de valores consideráveis. Assim, podemos concluir que a Bunge, de fato, não reconhece a emissão de Termo de Desfazimento e, conseqüentemente, sua validade; d) 0 fato de a contribuinte afirmar que a operação foi totalmente desfeita e o Termo atestar que o desfazimento teria sido "Parcial", é mais um elemento que evidencia sua fragilidade e ilegitimidade; e) Estranhamente apenas o representante da contribuinte é identificado no Termo de Desfazimento. 0 fato de não ter havido a identificação do representante da Bunge e nem de ter sido as firmas reconhecidas são situações que também, invalidam os efeitos do referido termo; f)Para o cancelamento de uma nota fiscal de faturamento antecipado (entrega futura) se faz necessário uma declaração emitida pelo adquirente dos produtos revestida de formalidades básicas para dar veracidade ao cancelamento, o que não ocorreu; A diligência fiscal levada a efeito na contribuinte e na Bunge Fertilizantes S/A conclui que o termo de desfazimento, nas condições apresentadas, não se reveste de requisitos essenciais para lhe dar validade e, conseqüentemente, sem força legal e probatória do efetivo cancelamento da operação realizada através da nota fiscal n° 13, no valor de R$ 960.000,00. E, mais, a fragilidade e incorreções das alegações apresentadas pela contribuinte para combater o lançamento constituído e o relatório de diligência de fls.1112/1114 demonstra claramente a intenção da contribuinte em confundir os julgadores e, conseqüentemente, protelar o julgamento do processo. d) de igual forma não cabe a exclusão dos valores de R$ 199.640,00 e R$ 172.000,00, que a c contribuinte alega tratarse de valores cujas as respectivas notas fiscais não estariam devidamente identificadas na planilha de fl.89. Conforme destacado pela Fiscalização, a contribuinte apresenta às fls.1141/1144, cópia das notas fiscais e do Livro de Registro de Saidas com indicação de que tais notas fiscais estariam canceladas. Reiterese que que tais valores encontramse mesmo identificados e referem se às notas fiscais n° 15 e 20, nos valores de R$ 199.640,00 e R$ 172.000,00, respectivamente, emitidas contra a empresa IFC Ind. De Fertilizantes Cubatão S/A, que foi intimada em 01/06/2009, tendo apresentado planilha dos pagamentos de fl.988 e respectivos lançamentos no diário geral, conforme fls.1011, 1014, 1017, 1020, 1023, 1026 e 1025. Portanto, todas as alegações da recorrente quanto as receitas tributadas devem ser rejeitadas, confirmadose a exclusão da empresa do Simples apenas a partir do ano calendário de 2001. Fl. 23DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 13855.001706/200411 Acórdão n.º 140200.799 S1C4T2 Fl. 21 21 Dos Processos Apensos nºs. 13858.001686/200882 e 13858.001689/200816 Tratamse de processos relativos a exigência da multa por falta de apresentação da DCTF, nos anos de 2003 e 2004, haja vista que o contribuinte foi excluído do Simples. O contribuinte apresentou recursos voluntários alegando que: a) 0 fato determinante para a obrigatoriedade de entrega da DCTF não esta definido, uma vez que se encontra em discussão neste Conselho o desenquadramento da Impugnante do SIMPLES; e b) b) Se mantida a opção pelo SIMPLES a recorrente está desobrigada de apresentação da DCTF. Uma vez confirma neste processo que a exclusão do contribuinte do Simples deve se dar a partir de 2001, as penalidades devem ser mantidas. Conclusão Diante do exposto, oriento meu voto no sentido de confirmar a exclusão da empresa do Simples nos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003, cancelandose as exigências relativas ao ano de 2000, bem como ajustar as bases de cálculo na forma da planilha anexa ao Relatório de Diligencia Fiscal, à fl. 1179, e negar provimento aos recursos relativos aos processos apensos 13858.001686/200882 e 13858.001689/200816. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 24DF CARF MF Emitido em 18/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 12/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA
score : 1.0
Numero do processo: 13603.002003/2003-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Data do fato gerador: 31/01/1998, 28/02/1998, 31/03/1998, 30/04/1998, 31/05/1998, 30/06/1998, 31/07/1998, 31/08/1998, 30/09/1998, 31/10/1998, 30/11/1998, 31/12/1998
MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INOBSERVÂNCIA DE
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.
O percentual de multa de lançamento de ofício é determinado por lei, não cabendo a discussão de seu valor no âmbito administrativo.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
O Código Tributário Nacional autoriza à lei dispor de outra forma sobre a
fixação da taxa de juros de mora.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 31/01/1998, 28/02/1998, 31/03/1998, 30/04/1998, 31/05/1998, 30/06/1998, 31/07/1998, 31/08/1998, 30/09/1998, 31/10/1998,30/11/1998, 31/12/1998
COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. LEI Nº
9.718, DE 1998. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPROVAÇÃO.
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO.
As alegações apresentadas no recurso, relativamente à exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da contribuição, devem ser demonstradas, sob
pena de serem desconsideradas.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL COFINS
Data do fato gerador: 31/01/1998, 28/02/1998, 31/03/1998, 30/04/1998, 31/05/1998, 30/06/1998, 31/07/1998, 31/08/1998, 30/09/1998, 31/10/1998, 30/11/1998, 31/12/1998
LANÇAMENTO. DUPLICIDADE. DEMONSTRAÇÃO.
Correta a decisão de primeira instância que cancela a parte do lançamento comprovadamente já lançada em outra ação fiscal.
Recurso de ofício negado
Recurso voluntário negado
Numero da decisão: 3302-001.173
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento aos recursos voluntário e de ofício, nos termos do voto do relator.
Matéria: DCTF_COFINS - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (COFINS)
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/01/1998, 28/02/1998, 31/03/1998, 30/04/1998, 31/05/1998, 30/06/1998, 31/07/1998, 31/08/1998, 30/09/1998, 31/10/1998, 30/11/1998, 31/12/1998 MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INOBSERVÂNCIA DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. O percentual de multa de lançamento de ofício é determinado por lei, não cabendo a discussão de seu valor no âmbito administrativo. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. O Código Tributário Nacional autoriza à lei dispor de outra forma sobre a fixação da taxa de juros de mora. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/01/1998, 28/02/1998, 31/03/1998, 30/04/1998, 31/05/1998, 30/06/1998, 31/07/1998, 31/08/1998, 30/09/1998, 31/10/1998, 30/11/1998, 31/12/1998 COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. LEI Nº 9.718, DE 1998. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. As alegações apresentadas no recurso, relativamente à exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da contribuição, devem ser demonstradas, sob pena de serem desconsideradas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/1998, 28/02/1998, 31/03/1998, 30/04/1998, 31/05/1998, 30/06/1998, 31/07/1998, 31/08/1998, 30/09/1998, 31/10/1998, 30/11/1998, 31/12/1998 LANÇAMENTO. DUPLICIDADE. DEMONSTRAÇÃO. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 26/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 24/08/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13603.002003/200391 Acórdão n.º 330201.173 S3C3T2 Fl. 2 2 Correta a decisão de primeira instância que cancela a parte do lançamento comprovadamente já lançada em outra ação fiscal. Recurso de ofício negado Recurso voluntário negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos voluntário e de ofício, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alan Fialho Gandra, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de retorno de diligência aprovada pela Resolução no 20100.074, de 17 de agosto de 2007, da antiga Primeira Câmara do 2o Conselho de Contribuintes (fls. 162 a 165), cujo relatório foi o seguinte: Tratase de recursos de ofício e voluntário (fls. 71 a 84) apresentados contra o Acórdão n. 0213.436, de 26 de fevereiro de 2007, da DRJ Belo Horizonte MG (fls. 58 a 66), que considerou procedente em parte auto de infração de Cofins, lavrado em 18 de julho de 2003, relativamente aos períodos de janeiro a dezembro de 1998, nos seguintes termos: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 Os equívocos cometidos quando do lançamento devem ser corrigidos, a fim de que esse possa adequarse à realidade dos fatos. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 26/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 24/08/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13603.002003/200391 Acórdão n.º 330201.173 S3C3T2 Fl. 3 3 O prazo decadencial das contribuições que compõem a Seguridade Social entre elas a Cofins encontrase fixado em lei. As normas reguladoras do juro de mora que determinam a aplicação do percentual equivalente à taxa Selic encontramse disciplinadas em lei. Lançamento Procedente em Parte Segundo o auto de infração de DCTF (fls. 40 a 45), os recolhimentos relativos aos pagamentos vinculados em DCTF não foram localizados. A DRJ considerou não ter ocorrido a decadência e ser inadequada a oposição de direito de compensação em sede de impugnação de lançamento. Entretanto, concluiu que haveria duplicidade de lançamento com o auto de infração do processo 10680.018659/0050, reproduzindo parte do Acórdão da mesma Turma Julgadora exarado no âmbito daquele processo, em que foram analisados os fatos geradores dos períodos de maio a dezembro de 1998 e em que se concluiu que o pedido de restituição apresentado no processo 10680.000638/9960 fora indeferido e que os valores lançados e relativos aos períodos de maio a dezembro de 1998. Os valores acima mencionados correspondem exatamente aos constantes do presente auto de infração. A interessada tomou ciência do acórdão em 5 de abril de 2007 (dia 6, sextafeira, era feriado e o prazo iniciouse no dia 8). O recurso voluntário, de 8 de maio de 2007, defendeu “a não inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da Cofins”, em face da inconstitucionalidade das alterações promovidas pela Lei n. 9.718, de 1999, na base de cálculo da contribuição. Citou decisões do Supremo Tribunal Federal e opinião de vários doutrinadores. Ainda alegou que a multa e os juros de mora exigidos teriam efeito de confisco, razão pela qual sua exigência seria inconstitucional. É o Relatório. O voto vencedor da Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas foi o seguinte: A despeito de constar no v. Acórdão recorrido que, no caso em análise, "haveria duplicidade de lançamento com o auto de infração do processo 10680.018659/0050", a verdade é que não foi anexado ao processo a cópia do auto de infração que justificou a citada duplicidade. A meu ver, para que este órgão Colegiado possa fundamentar adequadamente sua decisão e chancelar o procedimento realizado pela DRJ, é imprescindível a análise da prova da duplicidade da exigência. Até porque se trata de recurso de oficio, ou seja, de recurso destinado Fl. 3DF CARF MF Emitido em 26/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 24/08/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13603.002003/200391 Acórdão n.º 330201.173 S3C3T2 Fl. 4 4 especificamente à revisão da decisão adotada pela primeira instância administrativa, sendo certo que a ausência da comprovação fática fundamentadora do Acórdão inviabiliza que o agente revisor alcance o objetivo de sua atividade. Ademais e, uma vez que os autos estão descendo à Delegacia em diligência, para fim de esgotar qualquer dúvida em relação ao direito da contribuinte, aproveitase para determinar que esta seja intimada a apresentar, em 30 dias, todos os documentos bem como planilhas comprobatórios da alegação da inclusão, na base de cálculo tributada no auto de infração em comento, de receitas provenientes de aplicações financeiras ou toda e qualquer outra receita que não se enquadre no conceito Contábil de faturamento mantido pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento da inconstitucionalidade da Lei n2 9.718/98. Desta forma, voto por converter •o presente julgamento em diligência para o fim de que: (i) seja acostado aos presentes autos cópia do auto de infração formador do Processo Administrativo nº 10680.018659/0050; (ii) a contribuinte seja intimada a apresentar todos os documentos inclusive planilhas que entender necessários para fim de comprovar sua alegação de que a base de cálculo indicada pela Fiscalização está errada, em vista da inclusão de receitas diversas daquelas que constituem o faturamento (conceito de totalidade de receitas trazido pela Lei n 2 9.718/98); (iii) o d. Agente Administrativo realize a análise dos documentos apresentados pela contribuinte, bem como relatório conclusivo sobre tais documentos e a base de cálculo do tributo autuado, ou seja, se estes referemse ao alargamento da base de cálculo trazido pela Lei no 9.718/98; e (iv) após a elaboração do parecer conclusivo, a contribuinte seja novamente intimada para manifestarse acerca das conclusões obtidas no prazo de 15 (quinze) dias. A diligência iniciouse na fl. 167, mas a Interessada não atendeu a intimação da Fiscalização para demonstrar as pretendidas exclusões da base de cálculo da contribuição, conforme despacho de fl. 169. O processo retornou à Conselheira designada (fl. 170), sem atendimento do restante da resolução, razão pela qual foi aprovada nova diligência, na Resolução no 2101 00.0035, de 05 de junho de 2009 (fls. 171 a 173), nos seguintes termos: Ocorre que, conforme se verifica das fls. 167/170, apenas parte da diligência foi cumprida. Às fls. 167/168, consta a intimação da contribuinte para apresentar os documentos solicitados na diligência, sem que tivesse sido apresentada qualquer documentação (fls. 169). Logo, neste particular a diligência foi cumprida e a contribuinte demonstrou não haver interesse em comprovar documentalmente suas alegações. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 26/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 24/08/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13603.002003/200391 Acórdão n.º 330201.173 S3C3T2 Fl. 5 5 Todavia, não foi acostado aos autos cópia do auto de infração referente ao Processo Administrativo n° 10680.018659/0050, que por supostamente tratar de período idêntico aquele exigido nos presentes autos, definiu o cancelamento parcial da autuação, gerando o Recurso de Oficio ora analisado. Desta forma, voto por converter o presente julgamento mais uma vez em diligência, determinando que os documentos solicitados já na primeira diligência sejam juntados aos autos, quais sejam, cópias do auto de infração referente ao Processo Administrativo n° 10680.018659/0050. Aproveito ainda para requerer sejam acostados aos autos as decisões proferidas neste Processo Administrativo n° 10680.018659/9950, especialmente a decisão final definitiva, seja ela de DRJ ou do Conselho de Contribuintes. Os documentos foram juntados às fls. 177 a 536. É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco, Relator Os recursos satisfazem os requisitos de admissibilidade, deles devendose tomar conhecimento. Quanto ao recurso de ofício, o Acórdão de primeira instância demonstrou a duplicidade do lançamento, relativamente ao auto de infração contido no processo 10680.018659/0050. Para comprovar a duplicidade, os autos foram baixados em diligência. Os valores cancelados pela primeira instância referiramse aos períodos de maio a dezembro de 1998, cujos valores, constantes daquele processo, segundo o acórdão de primeira instância, seriam os seguintes (fls. 64 e 65): Fato gerador Valor devido R$ mai/98 70.798,26 jun/98 73.375,71 jul/98 67.024,50 ago/98 81.106,04 set/98 65.864,79 out/98 58.902,68 Fl. 5DF CARF MF Emitido em 26/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 24/08/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13603.002003/200391 Acórdão n.º 330201.173 S3C3T2 Fl. 6 6 nov/98 55.708,81 dez/98 64.958,08 Os valores lançados que constam do auto de infração (fls. 180 e 181) são exatamente os mesmos. A DRJ manteve o lançamento em relação aos períodos acima mencionados (fls. 451 a 459), em acórdão confirmado pelo antigo 2o Conselho de Contribuintes (fls. 512 a 519). Conforme documentos de fls. 533 a 535, os débitos foram inscritos em dívida ativa da União. Portanto, não há o que ser reparado na decisão. Quanto ao recurso voluntário, de fato o Supremo Tribunal Federal decidiu ser inconstitucional a alteração da base de cálculo das contribuições PIS e Cofins promovida pela Lei n. 9.718, de 1999. Em que pese o atual Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 20071, permitir o afastamento da aplicação de lei declarada inconstitucional pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no caso dos autos o Contribuinte não demonstrou como se beneficiaria da inconstitucionalidade. No presente processo, haveria dois âmbitos da aplicação da Lei n. 9.718, de 1999. Sobre os créditos, para efeito de compensação, a questão dependeria do que foi apresentado no pedido, mas o recorrente não demonstrou haver apresentado o pedido algum de compensação, conforme enfatizado no Acórdão de primeira instância. Já em relação aos débitos, não demonstrou o efeito da inconstitucionalidade sobre os valores lançados. Ainda que tenha alegado não caber a incidência da contribuição sobre as receitas financeiras, não demonstrou que parcela do lançamento referirseia a tais receitas. Baixados os autos em diligência, a Interessada não atendeu à intimação. Portanto, não se poderia reconhecer o direito não demonstrado. 1 Art. 49. No julgamento de recurso voluntário ou de ofício, fica vedado aos Conselhos de Contribuintes afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n.º 10.522, de 19 de junho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 26/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 24/08/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13603.002003/200391 Acórdão n.º 330201.173 S3C3T2 Fl. 7 7 Quanto aos juros e multa, a alegação de confisco implica análise de questão constitucional, de forma que, não havendo manifestação alguma do Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria, não é possível que a lei seja afastada em razão de suposta ofensa ao princípio da vedação ao confisco. Ademais, não há multa que não seja, em algum grau, confiscatória, pois a finalidade de punição somente é alcançada pelo efeito de confisco do patrimônio do infrator. Outra questão é o exceto ou arbitrariedade da lei na fixação do percentual, que passaria por análise do ato legislativo sob o prisma do devido processo legal substantivo, questão que, por dizer respeito aos limites do ato de legislar, também é impossível de ser discutido no âmbito do processo administrativo fiscal. Quanto à Selic, esclareçase que o art. 161 do CTN prevê que, qualquer que seja a razão da falta de recolhimento no prazo legal, devem eles incidir. O art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172, de 1966) permite expressamente que a lei disponha de forma diversa sobre o cálculo dos juros de mora. Dessa forma, prevendo a lei que as taxas sejam calculadas com base na Selic, não há que se falar em ilegalidade, uma vez que o CTN não exige a fixação de taxa específica por lei, nem impõe limite a essa taxa. À vista do exposto, voto por negar provimento a ambos os recursos. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 7DF CARF MF Emitido em 26/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 24/08/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO
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Numero do processo: 10830.004495/2007-10
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/1998 a 28/02/2005
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DIFERENÇAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. CARACTERIZAÇÃO CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS / AUTÔNOMOS COMO SEGURADOS EMPREGADOS.
O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada
Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicou-se o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por tratar-se de lançamento promovido a partir de procedimento de caracterização de segurados empregados, tendo a notificada efetuado o recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos prestadores
de serviços na condição de contribuintes individuais/autônomos, fato relevante para aqueles que sustentam ser determinante para aplicação do instituto.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-001.275
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso para acolher a preliminar de decadência relativamente às competências de 01/1998 a 04/2000. A Conselheira Susy Gomes Hoffmann delarou-se impedida de votar.
Nome do relator: Rycardo Henrique Magalháes de Oliveira
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DIFERENÇAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. CARACTERIZAÇÃO CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS / AUTÔNOMOS COMO SEGURADOS EMPREGADOS. O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicouse o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por tratarse de lançamento promovido a partir de procedimento de caracterização de segurados empregados, tendo a notificada efetuado o recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos prestadores de serviços na condição de contribuintes individuais/autônomos, fato relevante para aqueles que sustentam ser determinante para aplicação do instituto. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para acolher a preliminar de decadência relativamente às competências de 01/1998 a 04/2000. A Conselheira Susy Gomes Hoffmann dclarouse impedida de votar. Caio Marcos Candido – PresidenteSubstituto Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Caio Marcos Candido (PresidenteSubstituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório HOSPITAL E MATERNIDADE ALBERT SABIN S/B LTDA E OUTROS, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrada Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD nº 35.774.9758, referente às contribuições sociais devidas pela notificada ao INSS, correspondentes a parte da empresa, dos segurados, do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, e as destinadas a Terceiros, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados, assim caracterizadas as pessoas físicas / contribuintes individuais que prestaram serviços médicos e afins à autuada, em relação ao período de 01/1998 a 02/2005, conforme Relatório Fiscal, às fls. 106/120. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Conselho de Recursos da Previdência Social contra decisão da SRP em Campinas/SP, DN nº 21.424.4/0914/2006, às fls. 659/670, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a egrégia então 4ª Câmara do CRPS, em 27/02/2007, achou por bem conhecer do Recurso da contribuinte e NEGARLHE PROVIMENTO, o fazendo sob a égide dos fundamentos consubstanciados no Acórdão nº 342/2007, com sua ementa abaixo transcrita: “CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA CUSTEIO DECADÊNCIA. A Previdência Social possui o prazo de dez anos para, constatado o atraso do pagamento total ou parcial das contribuições, constituir seus créditos por intermédio de NFLD, de acordo com o art. 45, da Lei 8.212/91. CONHECIDO IMPROVIDO.” Fl. 2DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 10830.004495/200710 Acórdão n.º 920201.275 CSRFT2 Fl. 2 3 Irresignada, a contribuinte interpôs Recurso Especial, às fls. 816/839, com arrimo no artigo 7º, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras do Conselho de Contribuintes a respeito da mesma matéria, conforme se extrai dos Acórdãos nºs CSRF/0105.648, 10808.185, 10707.541, dentre outros, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada à divergência argüida. Em defesa de sua pretensão, pugna pela aplicação do prazo constante do artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional em detrimento dos preceitos do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, inferindo que o decisum guerreado contrariou os ditames contidos no artigo 146, inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal, o qual atribuiu à Lei Complementar, in casu, o Código Tributário Nacional, a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre prescrição e decadência, consoante se infere da jurisprudência e doutrina transcritas na sua peça recursal. Contrapõese ao Acórdão guerreado, aduzindo para tanto que a jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores rechaça de uma vez por todas qualquer dúvida quanto à matéria, uma vez que vem decretando a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, devendo ser adotado o prazo decadencial do Código Tributário Nacional, in casu, o artigo 150, § 4°, em virtude da natureza do tributo, sujeito ao lançamento por homologação. Reitera os argumentos suscitados em sede de recurso voluntário, a propósito da impossibilidade do Fisco caracterizar os prestadores de serviços pessoas físicas (contribuintes individuais/autônomos) como segurados empregados, sendo tal procedimento prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário – Justiça do Trabalho. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 4a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF, entendeu por bem admitir em parte o Recurso Especial da Contribuinte, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado nos paradigmas, Acórdãos nºs CSRF/0105.648, 10808.185, 10707.541, dentre outros, relativamente ao prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, consoante se positiva do Despacho nº 2400240/2009, às fls. 905/906. Instada a se manifestar a propósito do Recurso Especial da contribuinte, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões, 909/919, ressaltando a edição da Súmula Vinculante n° 08 pelo STF, propugnando pela aplicação da decadência inscrita no artigo 173, inciso I, do CTN, em face da inexistência de antecipação de pagamento. É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 4 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 4a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF, a divergência suscitada pela contribuinte, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão recorrido, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a respeito da mesma matéria. A fazer prevalecer sua pretensão, infere que o entendimento consubstanciado nos Acórdãos nºs CSRF/0105.648, 10808.185, 10707.541, dentre outros, ora adotados como paradigmas, oferece proteção ao pleito da contribuinte, uma vez que admitiu o prazo decadencial de 05 (cinco) anos insculpido no artigo 150, § 4°, do CTN, ao contrário do que restou decidido no Acórdão recorrido, o qual aplicou o prazo decadencial do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, malferindo o disposto no artigo 146, inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal, na forma reconhecida pela jurisprudência consolidada nos Tribunais Superiores. Consoante se infere dos elementos que instruem o processo, concluise que o insurgimento da contribuinte merece acolhimento, por espelhar a melhor interpretação a propósito do tema, encontrando guarida na farta e mansa jurisprudência administrativa e judicial, como passaremos a demonstrar. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: “Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...]” Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...]” Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: Fl. 4DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 10830.004495/200710 Acórdão n.º 920201.275 CSRFT2 Fl. 3 5 “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: “Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Não bastasse isso, é de bom alvitre esclarecer que o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em sessão de julgamento realizada no dia 15/12/2008, por maioria de votos (21 x 13), firmou o entendimento de que o prazo decadencial a ser aplicado para as contribuições previdenciárias é o insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, independentemente de ter havido ou não pagamento parcial do tributo devido, o que veio a ser ratificado, também por maioria de votos, pelo Pleno da CSRF em sessão ocorrida em 08/12/2009, com a ressalva da existência de qualquer atividade do contribuinte tendente a apurar a base de cálculo do tributo devido. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 6 Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 10830.004495/200710 Acórdão n.º 920201.275 CSRFT2 Fl. 4 7 Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Esta, aliás, é a tese que prevaleceu na última reunião do Conselho Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Na hipótese dos autos, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento, por tratarse de lançamento promovido a partir de procedimento de caracterização de segurados empregados, tendo a notificada efetuado o recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos prestadores de serviços na condição de contribuintes individuais (vide itens 2 e 4 do Relatório Fiscal), fato relevante para aqueles que sustentam ser determinante à aplicação do instituto, entendimento não compartilhado por este Conselheiro. Assim, ocorrendo à comprovação de recolhimentos, em virtude dos fatos encimados, concordam os Conselheiros desta Colenda Câmara pela aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, uns pela natureza do tributo, outros pela antecipação de pagamento, devendo ser acolhido o pleito da contribuinte para restabelecer a ordem legal nesse sentido. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário em 16/05/2005, com a devida ciência da contribuinte constante do Aviso de Recebimento AR, às fls. 342, a exigência fiscal resta parcialmente fulminada pela decadência, relativamente aos fatos geradores ocorridos no período de 01/1998 a 04/2000, fora do prazo decadencial de 05 (cinco) anos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, impondo seja decretada a improcedência parcial do feito. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE E DARLHE PROVIMENTO, acolhendo a preliminar de decadência parcial do crédito previdenciário, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 7DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 8 Fl. 8DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO
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