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Numero do processo: 10882.002047/2004-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS
Ano-calendário: 1999
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A TOMADOR SEDIADO NO EXTERIOR ISENÇÃO.
Receitas advindas de prestação de serviço a pessoa jurídica sediada no exterior, mesmo que coligada, constitui, para o prestador, receita de exportação, isenta da Cofins.
Numero da decisão: 9303-001.660
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial.
Matéria: Cofins - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Henrique Pinheiro Torres
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A TOMADOR SEDIADO NO EXTERIOR ISENÇÃO. Receitas advindas de prestação de serviço a pessoa jurídica sediada no exterior, mesmo que coligada, constitui, para o prestador, receita de exportação, isenta da Cofins. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Rodrigo Cardozo Miranda, Júlio César Alves Ramos, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo. Fl. 496DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Relatório Os fatos foram assim descritos no relatório do acórdão recorrido: Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ em Campinas – SP, a respeito do auto de infração de fls. 154/164, relativo à Cofins, apurado a partir das verificações obrigatórias, com ciência do AI em 22/09/2004. Por economia processual reproduzo abaixo partes do relatório da decisão recorrida, no quanto necessário ao conhecimento da matéria: “001 – COFINS FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS (VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS) (...) O DEMONSTRATIVO DA BASE DE CÁLCULO – COFINS – fls. 149 e 150, contempla as outras receitas e o faturamento. Na primeira coluna do Demonstrativo estão evidenciadas as diferenças de “outras receitas”, detectadas por esta Auditoria Fiscal, cuja contribuição não foi depositada judicialmente. A base de cálculo foi extraída da planilha de fls. 143 a 148, no campo ‘Diferenças apuradas pelo AFRF’ Na segunda coluna, estão evidenciadas as receitas, do tipo faturamento, cuja contribuição (COFINS), não foi recolhida em tempo hábil. A base de cálculo foi extraída da planilha de fls. 137 a 142. A base de cálculo da COFINS, assim como o Demonstrativo do Resultado do Exercício do período de 1999 a 2004, informada pela empresa, constam às fls. 69 a 97 e 106 e 107. Em relação ao ano de 2001 foi elaborada uma planilha que consta às fls. 151. Obs: com relação a outras receitas, inclusive as financeiras, em razão da discussão judicial (MS 1999.61.00.0103892 – 9ª VARA DA JUSTIÇA FEDERAL – SP,) o crédito tributário está sendo exigido em processo apartado, com suspensão de exigibilidade (valores efetivamente depositados). (...) 002 COFINS FATURAMENTO. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO – COFINS (VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS) A empresa sob fiscalização deixou de recolher a contribuição para o COFINS, calculado sobre o seu faturamento e outras receitas, nos períodos abaixo especificados. O DEMONSTRATIVO DA BASE DE CÁLCULO – COFINS – fls. 149 e 150, contempla as outras receitas e o faturamento. Na Fl. 497DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10882.002047/200415 Acórdão n.º 930301.660 CSRFT3 Fl. 489 3 primeira coluna do Demonstrativo estão evidenciadas as diferenças de ‘outras receitas’, detectadas por esta Auditoria Fiscal, cuja contribuição não foi depositada judicialmente. A base de cálculo foi extraída da planilha de fls. 143 a 148, no campo “Diferenças apuradas pelo AFRF”. Na segunda coluna, estão evidenciadas as receitas, do tipo faturamento, cuja contribuição (COFINS), não foi recolhida em tempo hábil. A base de cálculo foi extraída da planilha de fls. 137 a 142. A base de cálculo da COFINS, assim como o Demonstrativo do Resultado do Exercício do período de 1999 a 2004, informada pela empresa constam às fls. 69 a 97 e 106 e 107. Em relação ao ano de 2001 foi elaborada uma planilha que consta às fls. 151. Obs: Com relação a outras receitas, inclusive as financeiras, em razão de discussão judicial (MS 1999.61.00.0103892 – 9ª VARA DA JUSTIÇA FEDERALSP), o crédito tributário está sendo exigido em processo apartado, com suspensão da exigibilidade (valores efetivamente depositados) [Demonstrativo com fatos geradores, de 30/06/99 a 31/12/2003, valor tributável ou contribuição e multa (%)] Enquadramento Legal: Art. 77, inciso III, do DecretoLei n.º 5.844/43; art. 149 da Lei n.º 5.172/66; art. 1º da Lei Complementar n.º 70/91; Arts. 2º, 3º e 8º, da Lei n.º 9.718/98, com as alterações da Medida Provisória n.º 1.807/99 e suas reedições, com as alterações da Medida Provisória n.º 1.858/99 e suas reedições.; Arts. 2º, inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto n.º 4.524/02.”(grifos acrescidos) Da impugnação o referido relatório extraiu as seguintes informações: “2.3. Afirma que o crédito tributário indicado na primeira parte do auto de infração encontrase subjudice nos autos do Mandado de Segurança n.º 1999.61.00.0103892, em trâmite perante a 9ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, atualmente em fase de Recurso Especial e Extraordinário. 2.4. Na ação judicial interposta, questiona a ampliação da base de cálculo da Cofins pela Lei n.º 9.718, de 27 de novembro de 1998, bem como a majoração da alíquota de 2% para 3%, ressaltando que os valores em questão foram objeto de depósito judicial. 2.5. Argumenta que a autoridade fiscal, no exercício de 1999, incluiu indevidamente na base de cálculo da COFINS custos realizados pela empresa no exercício de 1998, os quais foram recuperados somente no exercício seguinte, decorrentes de medidas judiciais. Elabora demonstrativo, fl. 176. 2.6. Esclarece que os valores em questão tratam de recuperação de prejuízos, notadamente advindos da Ação Ordinária de Fl. 498DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 Cobrança n.º 1013/96, que tramitou na 1º Vara Cível da comarca de SantosSP. Por esse motivo, não são receitas no sentido técnico da expressão, mas sim mera recuperação de custos decorrentes de medidas judiciais. 2.7. Alega que a autoridade fiscal computou como faturamento reembolso de despesas, ocorridas durante o exercício de 2001, e incorridas pela empresa por conta e ordem de ABB Lummus Global Inc. 2.8. E continua: ‘Frisese que este reembolso de despesas aconteceu de maneira transparente, tendo sido feita mediante os meios legais de aporte de divisas, ou seja, mediante ordem de pagamento, via Banco Central, consoante se verifica da documentação acostada à presente e devidamente apresentada ao D. Fiscal. Com efeito, a ABB Lummus Global Inc. é empresa norte americana acionista majoritária da ora Impugnante ABB Lummus Global Ltda. Nessa qualidade celebraram aos 15 de fevereiro do ano de 2000, contrato, que, resumidamente, estabelece que a Impugnante tornavase responsável pelo suporte financeiro e operacional na execução dos Serviços de Execução referentes às Plantas de Execução e Química Intermediária que foram construídos nas instalações da Monsanto Nordeste S.A, no Complexo Petroquímico de Camaçari – Bahia. Cópia do referido documento está anexo ao presente devidamente traduzido e juramentado. Consoante se depreende do referido documento, todas as despesas relativas à execução do projeto em questão eram de responsabilidade contratual da impugnante, sendo posteriormente reembolsada pela ABB Lummus Global Inc.’ 2.9. Transcreve cláusula do referido contrato, fl. 177. Afirma que tais despesas foram assumidas pela empresa ‘ABB Lummus Global Inc.’ e reembolsadas por meio de recursos devidamente registrados no Banco Central do Brasil (docs. 5 a 9). Elabora quadro demonstrativo na fl. 178. 2.10. Assevera que, tanto no que se refere ao exercício de 1999 (recuperação de custos judiciais), quanto no exercício de 2001 (reembolso de despesas por força contratual), os valores envolvidos não se tratam de receitas auferidas. 2.11. Faz amplo arrazoado sobre o conceito de receitas, enunciando conceitos, entre os quais destacamse: ‘As entradas que ajudam a formar o resultado, entre outras, são as receitas brutas das vendas e serviços, que compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados, integrado ainda pelo resultado nas operações de conta alheia (art. 279 do RIR/99). Baseado na legislação do IR, podese inicialmente conceituar receita como a entrada classificada no RIR como operacional ou não Fl. 499DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10882.002047/200415 Acórdão n.º 930301.660 CSRFT3 Fl. 490 5 operacional, apta a formar o resultado da pessoa jurídica, relevante para seus acionistas e para o Fisco. ‘ ‘Aduzse, portanto, das palavras do jurista mencionado, que, para que uma entrada seja considerada uma receita, ela deverá corresponder à entrega de um bem ou à prestação de um serviço’” ‘Também é assim para a contabilidade: “receitas são os acréscimos brutos do ativo que são obtidos sem a ampliação das dívidas ou do capital da empresa. Receitas correspondem a acréscimo ao Patrimônio Líquido e resultam da venda de produtos, bens ou serviços pela empresa’. ‘Portanto, podese concluir que as entradas, ingressos e créditos de uma pessoa jurídica, que representam compromissos seus, não são receitas, em seu sentido restrito e mais técnico, por não contribuírem na formação do resultado da pessoa jurídica, nem terem sua propriedade adquirida, já que não há o poder completo de disposição (que caracteriza a propriedade).’ (...) 2.13. Aduz que a exigência fiscal relativa à suposta falta de recolhimento no período de outubro/2002, onde foi apurada uma base de cálculo de R$ 3.682.115,38, é manifestamente descabida, pois realizou a compensação entre o crédito fiscal apurado no período e valores recolhidos a maior a título de imposto de renda retido na fonte. 2.14. Acrescenta que tal compensação, apesar de ocorrida em novembro/2002, quando do vencimento do tributo relativo a outubro/2002, somente foi comunicada à Secretaria da Receita Federal em 29/09/2004, por meio da apresentação de Declaração de Compensação (doc. 10). Assim, essa parcela do crédito tributário exigida estaria extinta nos termos do art. 156, inc. II, do CTN, combinado com o art. 74, da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 2.15. Insurgese contra a aplicação da multa de ofício relativa ao período de outubro/2002, tendo em conta a compensação que afirma realizada e que não haveria mora a justificar a imposição da penalidade. Acrescenta que o art. 138 do CTN não é aplicável ao caso, pois não se trata de denúncia espontânea de eventual infração, mas sim de comunicação intempestiva de compensação ocorrida em novembro/2002.” Apreciando as razões postas na impugnação, o Colegiado de primeira instância proferiu decisão resumida na seguinte ementa: “Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 1999 Fl. 500DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 Ementa: FALTA DE RECOLHIMENTO. RECUPERAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESAS. O momento de formação da discordância com as provas colhidas pelo Fisco em procedimento de auditoria se dá na impugnação do lançamento, quando, então, é oferecida a oportunidade de apresentação do contraditório e da ampla defesa, a teor do disposto no art. 16, do Decreto n.º 70.235, de 1972. Não comprovados por meio de documentos concretos eventual recuperação de custos ou prejuízos incorridos pela contribuinte, não há como excluir o crédito tributário respectivo. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2001 Ementa: FALTA DE RECOLHIMENTO. RECUPERAÇÃO DE DESPESAS. Os valores recebidos em virtude de prestação de serviços de obras, custeados por uma das empresas do grupo, representam receitas de serviços e integram o faturamento. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/10/2002 Ementa: FALTA DE RECOLHIMENTO. COMPENSAÇÃO. A compensação entre tributos e contribuições de espécies diferentes deve ser formalizada em Declaração de CompensaçãoDCOMP, antes da lavratura do auto de infração. Não comprovada a escrituração contábil de eventual compensação alegada, e apresentada a DCOMP após o lançamento de ofício, não há como desconstituir o crédito tributário formalizado. Os pleitos de compensação de crédito tributário relativo a lançamento de ofício devem ser formalizados em procedimento próprio, a serem apreciados pela autoridade administrativa da DRF que jurisdiciona o domicílio da contribuinte, não sendo a impugnação ao crédito tributário o momento adequado para tanto. Lançamento Procedente”. O voto condutor do Acórdão consubstanciouse nos seguintes pontos: “35. Cabe registrar que a empresa somente formalizou sua Declaração de Compensação depois de lavrado o auto de infração pela fiscalização. 36. Até então não houve qualquer atividade da empresa no sentido de formalizar ou informar à Administração Tributária eventual compensação realizada. 37. Portanto, perfeitamente legítima a formalização do crédito tributário mediante a lavratura do auto de infração, tendo em vista que a empresa não efetuou o recolhimento relativo à Fl. 501DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10882.002047/200415 Acórdão n.º 930301.660 CSRFT3 Fl. 491 7 Contribuição ao PIS do mês de outubro de 2002, fato este confessado por ela própria, ao alegar como motivo de defesa em sua impugnação pretensa compensação realizada.” Intimada a conhecer da decisão em 08/03/2005, a empresa, insurreta contra seus termos, apresentou, em 06/04/2005, recurso voluntário a este Egrégio Conselho de Contribuintes, com as seguintes razões de dissentir: pugna pela inaplicabilidade do ADN Cosit nº 3/96 por não se constituir em ato que regule qualquer dispositivo legal, mas estabelece regra não prevista no ordenamento jurídico; aduz que a base de cálculo relativa ao ano de 1999 referese a créditos recuperados judicialmente, cuja origem encontrase devidamente comprovada nos autos e cuja contabilização foi corretamente efetuada; a base de cálculo apurada em 2001 pela fiscalização referese à recuperação de custos relativos ao reembolso de despesas realizadas por conta e ordem da empresa americana ABB Lummus Global Inc., sua acionista majoritária, conforme contrato, sendo que os valores recebidos não foram decorrentes da atividade fim da empresa; A Cofins lançada, relativa ao mês de outubro de 2002, referese a compensação realizada na escrita fiscal da recorrente com valores recolhidos a maior que o devido a título de IRRF; a Lei nº 9.718/98 promoveu indevido alargamento da base de cálculo da Cofins; expende arrazoado acerca da contabilidade como ferramenta do direito tributário e a utilização de conceitos contábeis no intento de fazer valer a aplicação sistematizada de tais conceitos naquele subramo do direito, definindo critérios materiais e quantitativos da hipótese de incidência tributária; pondera acerca da importância para o Direito Tributário e interpretação da respectiva legislação a contabilização de custos, despesas e receitas, as quais influenciam diretamente o resultado da empresa. Que o conceito de receita pode ser encontrado no art. 279 do RIR/99 como sendo o produto da venda de bens nas operações de conta própria e conta alheira e o preço dos serviços prestados. Cita doutrina; discorre sobre os conceitos contábeis e jurídicos de receita, custo e despesa, sustentando serem as despesas e os custos redutores do patrimônio líquido e que o reembolso de tais dispêndios não pode ser traduzido como receita, uma vez que é mero retorno do patrimônio líquido ao seu status quo ante, constituindo um equívoco considerar que todo lançamento a crédito na contabilidade corresponda a uma receita; Fl. 502DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 aduz o equívoco da tributação pela Cofins dos valores relativos à recuperação de custos e despesas por não representarem qualquer produto do esforço societário; expõe acerca de julgado do TRF da 4ª Região que considerou inexistir substrato jurídico para conceber que o estorno de despesa, mesmo aumentando a posição líquida da empresa, não determina receita; contesta a paridade impingida entre receita e recuperação de custos, cuja semelhança estanca no fato de produzirem lançamentos contábeis idênticos, ou seja, lançamento credor; agrega a alegação de que, argumentando, considerada a recuperação de custos como receita a mesma deve ser então considerada como receita de exportação; rebate a inclusão dos valores oriundos de recuperação judicial de prejuízos, advindos de ação ordinária de cobrança; expende arrazoado acerca da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins, informando encontrarse tal matéria em fase de questionamento em Juízo, nos autos do MS nº 1999.61.00.0103892, no que se refere à majoração da alíquota de 2% para 3%, cujos valores foram objeto de depósito judicial; em relação à autuação da Cofins relativa ao mês de outubro de 2002, aduz que a mesma foi efetivada em 11/2002, no prazo de vencimento da exação, na escrita contábil da empresa, sendo comunicada à SRF em 29/09/2004 com a apresentação da Declaração de Compensação; aduz, ainda, que dita compensação foi realizada nos termos do art. 156, II, do CTN c/c o art. 74 da Lei nº 9.430/96, considerando implausível que não possa ser aceita em razão do momento em que a mesma foi feita, fato que lhe imputa prejuízo demasiado; contesta a multa aplicada sobre a compensação realizada; entende que a declaração de compensação apenas “declara” um fato ocorrido não representando, ela mesma, a extinção do crédito tributário, tratando somente de comunicação intempestiva de uma compensação ocorrida em 11/2002; persevera no sentido de que inexistiu falta de pagamento, o qual foi realizado em 11/2002 e nem de falta de declaração, apresentada em 29/09/2004, sendo inaplicável o percentual previsto no art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, devendo ser reduzido para 20%; considera indevidos os juros de mora, em razão de inexistir atraso, omissão ou desvio de pagamento de tributos devidos e, por conseguinte, inexistindo infração ou descumprimento da legislação tributária; explana acerca do princípio da verdade material, argumentando que se trata de princípio que se contrapõe ao princípio do dispositivo próprio do processo civil, sendo que este busca a Fl. 503DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10882.002047/200415 Acórdão n.º 930301.660 CSRFT3 Fl. 492 9 verdade formal e o processo administrativo a verdade material, em face do fim que visa ser o controle administrativo da legalidade, inexistindo interesse subjetivo da Administração na solução do litígio é possível o cancelamento do lançamento baseado em evidências trazidas aos autos após a inicial. Ao fim requer seja o recurso conhecido e provido para cancelar a ação fiscal. A autoridade preparadora informa a efetivação do pagamento do depósito administrativo de 30% para fins de garantia da instância recursal, conforme fl. 400. Julgando o feito, a Câmara recorrida deu provimento parcial ao recurso voluntário, em acórdão assim ementado: COFINS. RECUPERAÇÃO DE RECEITAS. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. COMPENSAÇÃO ENTRE TRIBUTOS DE ESPÉCIES DIFERENTES DESACOBERTADA DE DECOMP. Demonstrado que a receita tem origem na recuperação de receitas realizadas por meio de ação judicial de cobrança deve a mesma ser excluída da base de cálculo. Receitas advindas de prestação de serviço a pessoa sediada no exterior, mesmo que coligada, constitui receita de exportação, isenta da Cofins nos termos do art. 14 da MP nº 2.15835/2001. As receitas oriundas de fontes diversas do faturamento não compõem a base de cálculo da Cofins. Inconstitucionalidade declarada pelo STF. A compensação entre tributos de espécies diferentes reputase não efetuada se não declarada tempestivamente ou antes do procedimento de ofício. Recurso provido em parte. Inconformada, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional apresentou recurso especial, onde requereu a reforma do acórdão vergastado para que fosse restabelecida a decisão de primeira instância. O recurso foi admitido, nos termos do despacho de fls. 421/422. Cientificada do acórdão e, também, do despacho de admissibilidade do recurso da Fazenda Nacional, o Sujeito Passivo apresentou contrarrazões, fls. 429 a 449, onde requer a manutenção doa cordão recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. Fl. 504DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 10 A teor do relatado, a controvérsia que aqui se apresenta a debate gira em torno da tributação de valores que a Fiscalização entendeu como receitas provenientes de serviços prestados a empresas do mesmo grupo econômico da autuada; por sua vez, a defesa a advoga serem meras recuperações de despesas. O apelo fazendário reedita os argumentos expendidos na decisão de primeira instância, que, a meu sentir foram bem refutados pelo acórdão recorrido. De fato, o que a decisão de primeiro grau assinalou foi que as parcelas recebidas não se enquadravam como recuperação de custos. Eram, ao contrário, receitas de prestação de serviços à matriz sediada no exterior. Confirase 10. Verificandose o Demonstrativo da Base de Cálculo COFINS, de fls. 149/150, bem como as planilhas de fls. 69/97 e 106/107, constatase que os valores autuados tratamse de “recuperação de custos” escriturados pela empresa, não oferecidos à tributação no anocalendário de 1999 e 2001, e a 'outras receitas', nos demais períodos. (...) 18. Em relação aos fatos geradores ocorridos durante o ano de 2001, transcrevese parcialmente o contrato celebrado entre a autuada e a empresa 'ABB Lummus Global Inc.', fls. 288/291: "CONSIDERANDO que ABB LGI e Monsanto Company (EUA) firmaram um Contrato com data de 1° de agosto de 1999, cobrindo Serviços de Aprovisionamento para Obra a serem executados fora do Brasil, referentes às Plantas de Produção Química Intermediária a serem construídas nas Instalações da Monsanto no Complexo Petroquímico de Camaçari, Estado da Bahia, Brasil (Contrato No. 10.006); e CONSIDERANDO que ABB LGL e Monsanto Nordeste S. A. firmaram um Contrato com data de 1° de agosto de 1999, cobrindo Serviços de Construção a serem executados no Brasil, referentes às Plantas de produção Química Intermediária a serem construídas nas instalações da Monsanto no Complexo Petroquímico de Camaçari, Estado da Bahia, Brasil (Contrato No. 10.007); e CONSIDERANDO que ABB LGL concorda em realizar certas tarefas reparadoras para sanear deficiências da ABB LGI na Obra, resultantes do projeto e material da ABB LGI nos termos e nas condições contidas no presente instrumento; e CONSIDERANDO que ABB LGL será reembolsada pela ABB LGI para sanear certas deficiências no projeto material da Obra a cumprir com certas obrigações de garantia e aval com a Monsanto de acordo com o Contrato No. 10.006. Claúsula 1 — Escopo da Obra Fl. 505DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10882.002047/200415 Acórdão n.º 930301.660 CSRFT3 Fl. 493 11 1.1 ABB LGL utilizará o produto do Contrato de Adiantamento de Linha de Crédito unicamente na realização de sua obra para Monsanto Nordeste S/A e notificará imediatamente ABB LGI sobre os custos financeiros reais incorridos de acordo com o Contrato. 1.2 ABB LGL notificará imediatamente ABB LGI sobre quaisquer deficiências no projeto e no material fornecido pela ABB LGI de acordo com o Contrato No. 10.006 e identificará o Escopo da Obra a ser realizada para reparar a deficiência. 1.3 Depois do recebimento do aviso da ABB LGI mencionado no parágrafo 1.2, ABB LGI autorizará ABB LGL a executar tal Obra exigida para reparar a deficiência. 1.4 Além da Obra descrita no parágrafo 1.2 ABB LGI poderá solicitar que ABB LGL execute obra auxiliar secundária referente às obrigações da ABB LGI com a Monsanto de acordo com os termos do Contrato Nº 10.006." 19.Do documento acima, constatase que a contribuinte foi contratada para realizar obras, especificadas nas cláusulas 1.1 a 1.4, bem como se tornava responsável pelo suporte financeiro, na realização dos serviços relativos às plantas de execução e química intermediária nas instalações da Monsanto Nordeste S.A 20. Dessa forma, a autuada assume inicialmente as despesas necessárias e realiza as obras, seja principal ou secundária, prestandolhe, assim, um serviço. 21. Logo, o valor recebido pela contribuinte não se trata de mero ressarcimento de despesas, mas sim de receita decorrente de prestação de serviços a outra empresa, que no caso é sua coligada. 22 Neste sentido são as lições de Hiromi Higuchi e outros, na Obra Imposto de Renda das Empresas — interpretação e prática (e. Publicações: São Paulo, p. 777/778, r edição): "Muitas empresas estão contabilizando incorretamente, como recuperação de despesas ou custos, as receitas de prestação de serviços para outras empresas do mesmo grupo. Assim, o departamento jurídico ou o centro de processamento de dados estão em uma empresa e prestam serviços para outras empresas do grupo. As despesas e os custos desses departamentos são rateados para as demais empresas do grupo mediante emissão de notas de débitos. Fl. 506DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 12 A nota de débito não é um documento idôneo para aquela finalidade. A nota de débito somente deve ser utilizada para transferir pagamento feito por uma empresa em nome de outra. Assim, se a empresa A paga salários de funcionários na empresa B, a empresa poderá emitir nota de débito para transferir o valor pago. O mesmo acontece quando uma empresa paga duplicata sacada contra outra empresa No caso de despesas ou custos, por exemplo, do departamento jurídico, entre várias empresas do mesmo grupo, o documento idôneo é a nota fiscal ou fatura de serviços. O valor da operação deve ser escriturado como receita operacional, com incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, assim como do ISS e não como recuperação de despesas e custos." 23.Portanto, somente se caracterizam como reembolso de despesas os valores revertidos em virtude de pagamentos de débitos em nome de outra empresa. 24. Ressaltese que todas as receitas, em significativa parcela de seu valor, representam nada mais que recuperação de custos ou despesas incorridos para sua obtenção, e tal característica em nada afeta a incidência das contribuições sobre o faturamento. 25. E, ainda que se afaste a caracterização de tais valores como receitas de serviços, cumpre considerar, que para as ocorrências verificadas após a edição da Lei n.° 9.718, de 1998, que a base de cálculo da COFINS passou a abranger todos os ingressos de recursos na empresa, independente da classificação contábil adotada, indicando especificamente as exclusões admitidas e, dentre elas, mencionando apenas as reversões de provisões operacionais e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas (art. 30, § 2°, inciso II), sem qualquer referência aos valores recebidos a titulo de outra forma de recuperação ou reembolso despesas". Foi por conta disso que a autoridade julgadora de primeira instância entendeu devida a contribuição. A meu sentir, as atividades acima mencionadas, caracterizamse como prestação de serviços pela autuada à pessoa domiciliada no exterior. Em outro giro, constam dos autos documentos demonstrando que tais valores foram recebidos em moeda estrangeira, cuja conversão foi regularmente efetuada por via bancária. De outro lado, a teor do inciso III do art. 14 da Medida Provisória 2.15835, de 24/08/2001, as receitas provenientes de serviços prestados a tomador sediado no exterior gozam de isenção quando o pagamento represente ingresso de divisas. “Art.14.Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) III dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas;” Fl. 507DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10882.002047/200415 Acórdão n.º 930301.660 CSRFT3 Fl. 494 13 Assim, não vejo razão para manter a exigência relativa às receitas dos serviços aludidos linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso fazendário. Henrique Pinheiro Torres Fl. 508DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 10120.005574/2006-65
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004
DESPESAS MÉDICAS — RECIBOS QUE ATENDEM AS EXIGÊNCIAS DA LEGISLAÇÃO — REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IRPF —
OBRIGATORIEDADE.
Para rejeição de recibos médicos que atendem os requisitos da legislação, deve a autoridade autuante comprovar que os serviços não foram regularmente prestados ou pagos. Não se pode, simplesmente baseado em reiterada prática de dedução indevida de outras despesas pelo contribuinte, glosar àquelas que obedecem aos requisitos formais da legislação, sem um aprofundamento da investigação que desnude a inidoneidade dos recibos.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.775
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - outros assuntos (ex.: glosas diversas)
Nome do relator: Manoel Coelho Arruda Junior
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Para rejeição de recibos médicos que atendem os requisitos da legislação, deve a autoridade autuante comprovar que os serviços não foram regularmente prestados ou pagos. Não se pode, simplesmente baseado em reiterada prática de dedução indevida de outras despesas pelo contribuinte, glosar àquelas que obedecem aos requisitos formais da legislação, sem um aprofundamento da investigação que desnude a inidoneidade dos recibos. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM: 09/11/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Tratase de Recurso Especial (fls. 154168), interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, em face do acórdão nº 10617.132 (fls. 624633) da Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, proferido em 10 de outubro de 2008, que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte para excluir da base cálculo o valor de R$ 8.500,00 no ano calendário 2004, decorrente de glosa de despesas médicas, que segundo a administração tributária, não foram devidamente comprovadas: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Ano calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: DESPESAS MÉDICAS — RECIBOS QUE ATENDEM AS EXIGÊNCIAS DA LEGISLAÇÃO — REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IRPF — OBRIGATORIEDADE — Para rejeição de recibos médicos que atendem os requisitos da legislação, deve a autoridade autuante comprovar que os serviços não foram regularmente prestados ou pagos. Não se pode, simplesmente baseado em reiterada prática de dedução indevida de outras despesas pelo contribuinte, glosar àquelas que obedecem aos requisitos formais da legislação, sem um aprofundamento da investigação que desnude a inidoneidade dos recibos. Insurge a Procuradoria contra o acórdão atacado por entender que houve afronta à Lei n° 9.259/1995 e a Lei n° 8.134/ 1990 quanto à indevida dedução no Imposto de Renda Pessoa Física do contribuinte, tendo em vista a apresentação de recibos inidôneos para comprovar tais despesas médicas. Segundo a recorrente, os requisitos para a comprovação válida de dedução no IRPF, relativamente às despesas médicas, estão presentes no art. 8° da Lei n° 9250/1995. Senão vejamos: Fl. 2DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.005574/200665 Acórdão n.º 920201.775 CSRFT2 Fl. 2 3 Art. 8o A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I – de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II – das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2o O disposto na alínea a do inciso II: I – aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II – restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes – CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; IV – não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V – no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. A Lei n° 8.134/1990 também dispõe sobre o tema em seu art. 8°. Vejamos: Art. 8o Na declaração anual (art. 9o), poderão ser deduzidos: I – os pagamentos feitos, no anobase, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas provenientes de exames laboratoriais e serviços radiológicos; § 1o O disposto no inciso I deste artigo: b) restringese aos pagamentos feitos pelo contribuinte relativo ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; Fl. 3DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 c) é condicionado a que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro de Pessoas Jurídicas, de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Em seus argumentos, a Procuradoria da Fazenda Nacional defende que em nenhum dos recibos há comprovação dos serviços médicos informados pelo contribuinte em sua declaração de ajuste anual, bem como restam dúvidas se o verdadeiro beneficiário dos tratamentos médicos era mesmo o contribuinte ou algum de seus dependentes. Por meio de análise preliminar, a i. Presidente da então Primeira Presidente da Sexta Câmara do então Primeiro Conselho de Contribuintes deu seguimento ao recurso interposto por entender preenchidos os pressupostos de admissibilidade – despacho fls. 634 636. Em ContraRazões às fls. 310312, o contribuinte pugna pela manutenção do acórdão recorrido, tendo em vista a infração imputada estar baseada unicamente em suposições, sendo que a Fazenda Pública não pode condenar sem que existam provas inequívocas da infração cometida, sob pena de se perpetuar injustiça. É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator Conheço do recurso interposto por cercase dos requisitos necessários ao seu seguimento, conforme o disposto no art. 67 do Regimento Interno do CARF, passando, deste modo, a análise das razões recursais. Diante dos fatos narrados, pretende a Procuradoria o restabelecimento da glosa procedida pela autoridade lançadora, relativamente aos valores não comprovados com provas inequívocas do pagamento por serviços médicos, aduzindo que os simples recibos não se prestam a comprovar a efetividade e pagamento dos tratamentos. Por sua vez, a Câmara recorrida entendeu por bem afastar a pretensão fiscal, sob o argumento de que os recibos apresentados pela contribuinte seriam capazes de comprovar a efetividade e pagamento das despesas médicas em comento. Em que pesem os argumentos da recorrente, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Diante dos elementos que instruem o processo, concluise que o Acórdão recorrido apresentase isento de falha, devendo ser mantido. Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria, cuja contrariedade foi apontada pela recorrente como requisito essencial à interposição do recurso ora em análise: “Lei nº 9.250/1995 Fl. 4DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.005574/200665 Acórdão n.º 920201.775 CSRFT2 Fl. 3 5 Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: [...] II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias;” “Decreto nº 3.000/1999 – Regulamento do Imposto de Renda Art 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). § 2º As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 5º). [...] Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Fl. 5DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 [...]” Observese, que o legislador exigiu para a comprovação das despesas médicas apenas a indicação dos dados do pagamento, além daqueles do profissional prestador do serviço. Quis assim, que a Administração Tributária, com base nos dados oferecidos por ambos os contribuintes, estabelecesse a conexão das informações declaradas para a devida verificação de veracidade dos recibos apresentados. Na hipótese dos autos, o contribuinte comprovou o efetivo pagamento dos serviços médicos mediante apresentação dos recibos do profissional, devendo a Fazenda, desse modo, promover as diligências necessárias, junto ao profissional, a fim de comparar tais informações, conforme afirmado no voto condutor do acórdão recorrido: Os recibos vergastados pela fiscalização foram acostados aos autos na fase anterior á autuação (fls. 44 a 52), tendo o recorrente e sua esposa como beneficiários dos serviços, sendo: 05 recibos, no valor global de R$ 1.500,00, pagos à fisioterapeuta Elisangela C. Macedo; • 03 recibos, no valor global de R$ 1.500,00, pagos ao dentista Paulo Roberto Peixoto; • 03 recibos, no valor global de R$ 1.500,00, pagos à dentista Zilma Nascimento Peixoto; • 02 recibos, no valor global de R$ 1.000,00, pagos à fisioterapeuta Ana Flávia Alves e Silva; • 02 recibos, no valor global de R$ 3.000,00, pagos ao médico Wilson Geraldo Santos. Neste anocalendário, o contribuinte havia informado em sua declaração de ajuste anual um montante de despesas médicas de R$ 11.157,20, pagos a clinicas, hospitais e planos de saúde, não havendo qualquer identidade destes com os beneficiários dos pagamentos acima. A autoridade autuante glosou a maior parte da despesa médica (glosa de R$ 9.981,41), mantendo, apenas, um montante de R$ 1.175,79 pago à Unimed. Considerando que nenhum dos beneficiários acima nominados constaram na declaração do anocalendário 2004, a autoridade autuante não considerou quaisquer dessas despesas. Já a autoridade julgadora colocou sob suspeita os recibos acima, porque o contribuinte, intimado a comprovar as despesas médicas de beneficiários constantes em sua declaração de ajuste, comprovou despesas feitas com outros beneficiários. Ocorre que a fiscalização não poderia rechaçar os recibos das despesas médicas em debate, simplesmente pelo fato de o declarante ter confessado despesas outras, de beneficiários distintos. Caberia a fiscalização intimar os beneficiários dos recibos de fls. 44 a 52, objetivando comprovar, ou não, a prestação do serviço. Ainda, poderia ter intimado o declarante a comprovar o efetivo pagamento. Caso comprovado que o serviço não tinha sido prestado ou pago, poderseia, então, perpetrar a glosa. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.005574/200665 Acórdão n.º 920201.775 CSRFT2 Fl. 4 7 Assim, ausente um aprofundamento da investigação para infirmar os recibos médicos em debate, considerando que estes preenchem os requisitos básicos do art. 46 da IN SRF n° 15/2001, nesta instância, somente resta acatálos como aptos a reduzir a base de cálculo do imposto de renda. Ante o exposto, devese reduzir a base de cálculo do imposto de renda do anocalendário 2004 em R$ 8.500,00 Não se pode inverter o ônus da prova, quando inexistir dispositivo legal assim contemplando, a partir de uma presunção legal. In casu, havendo dúvidas quanto à efetividade e ao pagamento dos serviços médicos prestados, caberia a fiscalização se aprofundar no exame das provas, intimando, inclusive, o profissional médico a prestar esclarecimentos, como ocorre em inúmeras oportunidades, sendo defeso, no entanto, presumir que os serviços médicos não foram prestados tão somente pelo fato do declarante ter confessado despesas outras, de beneficiários distintos, assim como descreveu o voto condutor do acórdão recorrido. Destarte, o artigo 142 do Código Tributário Nacional, ao atribuir a competência privativa do lançamento a autoridade administrativa, igualmente, exige que nessa atividade o fiscal autuante descreva e comprove a ocorrência do fato gerador do tributo lançado, identificando perfeitamente a sujeição passiva, como segue: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” Decorre daí que quando não couber a presunção legal, a qual inverte o ônus da prova ao contribuinte, deverá a fiscalização provar a ocorrência do fato gerador do tributo, com a inequívoca identificação do sujeito passivo, só podendo praticar o lançamento posteriormente a esta efetiva comprovação, sob pena de improcedência do feito, como aqui se vislumbra. Ademais, como é de conhecimento daqueles que lidam com o direito, o ônus da prova cabe a quem alega, in casu, ao Fisco, especialmente por inexistir disposição legal contemplando a presunção para a glosa de despesas médicas escoradas exclusivamente em recibos, incumbindo à fiscalização buscar e comprovar a realidade dos fatos, podendo para tanto, inclusive, intimar os prestadores de serviços para confirmar a idoneidade dos documentos ofertados pela contribuinte. A doutrina não discrepa dessas conclusões, consoante de infere dos ensinamentos de renomado doutrinador Alberto Xavier, em sua obra “Do lançamento no Direito Tributário Brasileiro”, nos seguintes termos: “ B) Dever de prova e “in dúbio contra fiscum” Que o encargo da prova no procedimento administrativo de lançamento incumbe à Administração fiscal, de modo que em caso de subsistir a incerteza por falta de prova Fl. 7DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 (beweilöigkeit), esta deve absterse de praticar o lançamento ou deve praticálo com um conteúdo quatitativo inferior, resulta claramente da existência de normas excepcionais que invertem o dever da prova e que são as presunções legais relativas. [...]” (Xavier, Alberto – Do lançamento no direito tributário brasileiro – 3ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2005) (grifos nossos) Outro não é o posicionamento do eminente professor Paulo de Barros Carvalho, que assim preleciona: “ Com a evolução da doutrina, nos dias atuais, não se acredita mais na inversão da prova por força da presunção de legitimidade dos atos administrativos e tampouco se pensa que esse atributo exonera a Administração de provar os ocorrências que afirmar terem existido. Na própria configuração oficial do lançamento, a lei institui a necessidade de que o ato jurídico administrativo seja devidamente fundamentado, o que significa dizer que o Fisco tem que oferecer prova contundente de que o evento ocorreu na estrita conformidade da previsão genérica da hipótese normativa.” (CARVALHO, Paulo de Barro. Notas sobre a Prova no Procedimento Administrativo Tributário. In: SHOUERI, Luís Eduardo – cood. – Direito Tributário: Homenagem a Alcides Jorge Costa. São Paulo: Quartier Latin, 2003, v. II, p. 860) (grifamos) Por sua vez, a jurisprudência administrativa é firma e mansa nesse sentido, exigindo a comprovação por parte do fiscal autuante dos fatos imputados aos contribuintes, mormente quando o lançamento não se apoiar em presunções legais, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “IRPJ – OMISSÃO DE RECEITAS – Nas presunções simples é necessário que o fisco esgote o campo probatório. A atividade do lançamento tributário é plenamente vinculada e não comporta incerteza. Havendo dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se baseou o lançamento, a exigência não pode prosperar, por força do diposto no art. 112 do CTN.” (7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes – Acórdão nº 10706.229 – Sessão de 22/03/2001) “[...] IRPF – PRESUNÇÕES – Em matéria tributária as presunções admitidas somente se referem às expressamente autorizadas em lei, presentes os pressupostos legais exigíveis à sua sustentação. [...]” ( 4ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes – Acórdão nº 10416.433 – Sessão de 08/07/1998) “IRPF ATIVIDADE RURAL CONDOMÍNIO RENDIMENTOS OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRESUNÇÃO A obrigação tributária deflui da lei, não podendo criar imposição fiscal por mera presunção subjetiva da autoridade administrativa. Os rendimentos da atividade rural em condomínio devem ser tributados na proporção que couber a cada um, ex vi do artigo 13 da Lei n. 8.023/90, art. 13. Recurso Fl. 8DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.005574/200665 Acórdão n.º 920201.775 CSRFT2 Fl. 5 9 provido.” ( 2ª Câmara do 1º Conselho Contribuintes – Acórdão nº 10244022, Sessão de 08/12/1999) (grifamos) Não bastasse isso, a existência de eventual DÚVIDA, ao contrário do que sustenta a Procuradoria, só pode vir a beneficiar o acusado, qual seja, o contribuinte, em observância ao artigo 112 do CTN, que assim dispõe: “Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.” Assim, o Acórdão recorrido deve, desse modo, ser mantido para retirar da base de cálculo do IRPF , ano calendário 2004, o valor de R$ 8.500,00 decorrente da glosa das despesas médicas devidamente comprovadas, por meio de recibos que indicaram o valor pago, os dados e a assinatura do profissional prestador do serviço. Por todo o exposto, estando o Acórdão atacado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É o voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 9DF CARF MF Emitido em 21/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/11/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/11/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001747/2008-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/05/2003 a 30/09/2006
MPF. EXPIRAÇÃO DO PRAZO DE VIGÊNCIA. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. NULIDADE.
Não se verifica na espécie a lavratura do Auto de Infração em período não coberto por MPF, por isso, incabível a alegação de nulidade do procedimento.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/05/2003 a 30/09/2006
PREVIDENCIÁRIO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. PRAZO DECADENCIAL.
O fisco dispõe de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorreu a infração, para constituir o crédito correspondente à penalidade por descumprimento de obrigação acessória.
DÚVIDA QUANTO À CAPITULAÇÃO DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 112 DO CTN.
IMPOSSIBILIDADE.
Não se verifica nos autos qualquer dúvida quando aos fatos narrados e ao direito aplicado, portanto, incabível a interpretação favorável ao contribuinte preconizada no art. 112 do CTN.
DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE ENFRENTA TODOS OS PONTOS DA IMPUGNAÇÃO, APRECIA AS PROVAS ACOSTADAS E CARREGA A MOTIVAÇÃO SUFICIENTE AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO. PARCIALIDADE. INOCORRÊNCIA.
Não se vislumbra parcialidade do órgão de julgamento, quando o órgão julgador enfrenta todas as alegações suscitadas pela contribuinte, analisa as provas colacionadas e traz a motivação necessária ao exercício do pleno direito defesa do administrado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-002.020
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar as preliminares suscitadas; e II) no mérito, negar provimento ao recurso.
Matéria: CPSS - Contribuições para a Previdencia e Seguridade Social
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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EXPIRAÇÃO DO PRAZO DE VIGÊNCIA. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. NULIDADE. Não se verifica na espécie a lavratura do Auto de Infração em período não coberto por MPF, por isso, incabível a alegação de nulidade do procedimento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2003 a 30/09/2006 PREVIDENCIÁRIO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. PRAZO DECADENCIAL. O fisco dispõe de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorreu a infração, para constituir o crédito correspondente à penalidade por descumprimento de obrigação acessória. DÚVIDA QUANTO À CAPITULAÇÃO DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 112 DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. Não se verifica nos autos qualquer dúvida quando aos fatos narrados e ao direito aplicado, portanto, incabível a interpretação favorável ao contribuinte preconizada no art. 112 do CTN. DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE ENFRENTA TODOS OS PONTOS DA IMPUGNAÇÃO, APRECIA AS PROVAS ACOSTADAS E CARREGA A MOTIVAÇÃO SUFICIENTE AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO. PARCIALIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se vislumbra parcialidade do órgão de julgamento, quando o órgão julgador enfrenta todas as alegações suscitadas pela contribuinte, analisa as Fl. 113DF CARF MF Emitido em 20/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 09/09 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 provas colacionadas e traz a motivação necessária ao exercício do pleno direito defesa do administrado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar as preliminares suscitadas; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 114DF CARF MF Emitido em 20/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 09/09 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16327.001747/200806 Acórdão n.º 240102.020 S2C4T1 Fl. 114 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo acima identificado contra decisão da Delegacia de Julgamento em Campinas, fls.78/81, que declarou procedente o lançamento consubstanciado no Auto de Infração AI n.º 37.079.9364. O crédito referese à aplicação de multa pelo descumprimento pelo sujeito passivo acima identificado, na condição de tomador de serviço executado por cessão de mão deobra ou empreitada, da obrigação de reter a contribuição previdenciária no percentual de 11% sobre as notas fiscais sobre serviços executados por prestadoras de serviços de construção civil, apurados com base nos Livros Razão (cópia às fls. 58/67). No recurso interposto, fls. 89/100, consta, em apertada síntese, as alegações de que: a) o lançamento é nulo, posto que realizado fora do prazo de validade do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF; b) havendo dúvida quanto à capitulação do fato, a interpretação deve favorecer o sujeito passivo; c) ao desconsiderar documento verificado pelo Fisco, o órgão a quo atropelou o princípio da imparcialidade do julgamento. Ao final, pede a declaração de decadência e o reconhecimento das nulidades apontadas. É o relatório. Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Decadência A decadência do direito do fisco de lançar a multa não deve ser reconhecida,. É cediço que após a edição da Súmula Vinculante n.º 08, de 12/06/2008 (DJ 20/06/2008), o prazo de que dispõe o fisco para a constituição do crédito tributário relativo às contribuições previdenciárias passou a ser regido, com efeito retroativo, pelas disposições do Código Fl. 115DF CARF MF Emitido em 20/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 09/09 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Tributário Nacional – CTN, posto que o art. 45 da Lei n.º 8.219/1991 foi declarado inconstitucional. Esse posicionamento da Corte Maior traz impacto não só em relação às exigência fiscais decorrentes do inadimplemento da obrigação principal, mas interfere também nos lançamentos das multas por desobediência a deveres instrumentais vinculados à fiscalização das contribuições. Diante disso, fixouse a interpretação de que, uma vez ocorrida a infração, teria o fisco o prazo de cinco anos para efetuar o lançamento da multa correspondente. Assim, havendo o descumprimento da obrigação legal, o prazo de que o fisco disporia para constituir o crédito relativo à penalidade seria o prazo geral de decadência, fixado no art. 173, I, do CTN, in verbis: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...) Não há nessa situação o que se cogitar de aplicação do art. 150, § 4.º, uma vez que esse é dirigido apenas ao lançamento por homologação e o lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória é um típico caso de lançamento de ofício. Tendose em conta que a empresa tomou ciência da autuação em 17/12/2008, pelo critério acima, o período da autuação, 05/2003 a 09/2006, ainda não havia sido alcançado pela decadência. Nulidade em razão de expiração do MPF Argumenta a empresa que o encerramento da ação fiscal se deu em 15/12/2008, portanto, cinco meses após a última prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal Complementar. Essa alegação foi categoricamente afastada pelo órgão recorrido que mencionou consulta efetuada na página eletrônica da Receita Federal do Brasil, na qual ficou demonstrado que o MPF n.º 08.1.90.002008020328, que autorizou o procedimento fiscal, foi prorrogado sucessivas vezes, tendo a última prorrogação expirado em 12/03/2009. Nessa data, comprovase, o sujeito passivo já havia sido cientificado do lançamento em testilha, cuja intimação se deu em 17/12/2008. Por outro lado, vejase que o Decreto n.º 70.235/1972, ao tratar das nulidades no processo administrativo fiscal, assim dispõe: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Fl. 116DF CARF MF Emitido em 20/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 09/09 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16327.001747/200806 Acórdão n.º 240102.020 S2C4T1 Fl. 115 5 Observase que o dispositivo acima não trata como causa de nulidade do ato administrativo de lançamento a falta de MPF, fato que efetivamente me deixa mais à vontade para concluir que a preliminar não merece acolhimento. Existência de dúvida quanto à capitulação do fato A recorrente suscita que se deve aplicar à espécie o disposto no art. 112, II, do CTN, determinando que a interpretação da lei tributária deve se dar de maneira mais favorável ao sujeito passivo quando haja dúvida quanto à natureza e as circunstâncias materiais do fato ou a sua capitulação legal. Transcrevamos o dispositivo: Artigo 112: A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase de maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: (...) II — à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. (...) A inaplicabilidade do preceptivo citado ao caso analisado é flagrante. É que inexiste qualquer dúvida quanto à ocorrência da infração, uma vez que a empresa desobedeceu ao comando inserto no art. 31, “caput”, da Lei n.º 8.212/1991, quando deixou de reter o percentual de 11% sobre as faturas de emitidas pelas empresas que lhe prestaram serviços executados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada. A ocorrência da prestação de serviços e o correspondente pagamento foram verificados mediante análise contábil, não tendo a empresa em nenhum momento se contraposto à afirmação do Fisco de que tais lançamentos contábeis estariam vinculados execução contratual submetida à sistemática de retenção de contribuições previdenciárias. Assim, por não se percebe na espécie qualquer dúvida quanto aos fatos narrados ou ao direito aplicado, devo desacolher a pretensão da recorrente de aplicação do princípio “in dúbio pro contribuinte”. Ainda mais quando resta claro dos autos que a empresa deixou de exibir, mesmo depois de intimada pelo Fisco, os documentos necessários à verificação da natureza dos pagamentos efetuados pela prestação de serviço na área de construção civil, os quais também não foram acostados por ocasião da defesa e do recurso. Essa situação conduz a inversão do ônus da prova, nos termos do § 3.º do art. 33 da Lei n.º 8.212/1991. Imparcialidade no julgamento Embora o sujeito passivo tenha apontado a desconsideração de documento que lhe seria favorável, o que caracterizaria a falta de imparcialidade no julgamento de primeira instância, não fez a indicação de que elemento de prova seria esse. Essa alegação não condiz com a situação que os autos revelam. O julgamento de primeira instância encontrase revestido de todas os requisitos normativos, estando em perfeita consonância com o Decreto n.º 70.235/1972 e com Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n.º 256/2009. Fl. 117DF CARF MF Emitido em 20/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 09/09 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Também não localizei nenhum argumento apresentado pela recorrente, que não tenha sido objeto de apreciação pela DRJ, tampouco algum ponto decidido que não tenha carregado a devida motivação. Percebo, ainda, que o julgamento atacado também foi balizado pelas provas constantes dos autos. Vejo ainda que a empresa fez em seu recurso considerações doutrinárias sobre os princípios do “juiz do juiz natural” e de “tribunal de exceção”, sem, contudo, vincular esses arrazoados a qualquer ponto do processo. Nesse sentido, esses argumentos sequer merecem conhecimento no julgamento que ora é realizado. Conclusão Diante do exposto, voto por I) rejeitar as preliminares suscitadas; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo Fl. 118DF CARF MF Emitido em 20/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 09/09 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 11080.017572/2002-71
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário:1996
TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. LC Nº. 118/2005. NOVEL ENTENDIMENTO DO STF. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS SOMENTE ÀS AÇÕES AJUIZADAS A PARTIR DE
09/06/2005.
A jurisprudência do STJ , que albergava a tese de que o prazo prescricional na repetição de indébito de cinco anos, definido na Lei Complementar nº 118/2005, somente incidiria sobre os pagamentos indevidos ocorridos a partir da entrada em vigor da referida lei, ou seja, 09/06/2005 , restou superada quando, sob o regime de Repercussão Geral, o Supremo Tribunal Federal, em
sessão plenária realizada em 04/08/2011, no julgamento do Recurso
Extraordinário nº 566.621/RS, pacificou a tese de que o prazo prescricional de cinco anos, definido na Lei Complementar nº 118/2005, incidirá sobre as ações de repetição de indébito ajuizadas a partir da entrada em vigor da nova lei (09/06/2005), ainda que estas ações digam respeito a recolhimentos indevidos realizados antes da sua vigência.
Para os pleitos de restituição de indébito tributário, de tributos sujeitos alançamento por homologação, ajuízados ou apresentados administrativamente antes do término da vacatio legis da referida Lei Complementar, prevalece a aplicação do prazo de prescrição de que trata a “Tese 5+5”do STJ.
Numero da decisão: 1802-001.046
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR
provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Nelso Kichel
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DCOMP Recorrente INDUSTRIAL E COMERCIAL BRASILEIRA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1996 TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. LC Nº. 118/2005. NOVEL ENTENDIMENTO DO STF. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS SOMENTE ÀS AÇÕES AJUIZADAS A PARTIR DE 09/06/2005. A jurisprudência do STJ , que albergava a tese de que o prazo prescricional na repetição de indébito de cinco anos, definido na Lei Complementar nº 118/2005, somente incidiria sobre os pagamentos indevidos ocorridos a partir da entrada em vigor da referida lei, ou seja, 09/06/2005 , restou superada quando, sob o regime de Repercussão Geral, o Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária realizada em 04/08/2011, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.621/RS, pacificou a tese de que o prazo prescricional de cinco anos, definido na Lei Complementar nº 118/2005, incidirá sobre as ações de repetição de indébito ajuizadas a partir da entrada em vigor da nova lei (09/06/2005), ainda que estas ações digam respeito a recolhimentos indevidos realizados antes da sua vigência. Para os pleitos de restituição de indébito tributário, de tributos sujeitos a lançamento por homologação, ajuízados ou apresentados administrativamente antes do término da vacatio legis da referida Lei Complementar, prevalece a aplicação do prazo de prescrição de que trata a “Tese 5+5”do STJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), José de Oliveira Ferraz, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Marco Antônio Nunes Catilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 187/191 contra decisão da 5ª Turma da DRJ/Porto Alegre (fls. 181/182) que julgou a manifestação de inconformidade improcedente, mantendo o despacho decisório que denegara o direito creditório pleiteado, deixando de homologar a compensação tributária efetuada pela contribuinte. Quanto aos fatos, transcrevo, no que pertinente, o relatório, fundamentação, parte dispositiva e a ementa do Despacho Decisório nº 611 (DRF/Porto Alegre), de 11/11/2008 (fls. 148/150): (...) Relatório Em 27/12/02, a contribuinte em epígrafe protocolizou o pedido de restituição à fl. 1, no qual requereu a repetição do saldo negativo apurado, após deduções de compensações sem processo, a título de IRPJ de competência do anocalendário 1996, no valor original de R$ 228.821,21 (duzentos e vinte e oito mil, oitocentos e vinte e um reais e vinte e um centavos). O crédito pretendido teve origem nas retenções de imposto de renda na fonte sobre aplicações financeiras verificadas durante o anocalendário 1996. 2. Em 30/01/07, por meio do programa PER/DCOMP, transmitiu a Declaração de Compensação (DComp), fls. 91/95 e descrita abaixo, com o fito de compensar débito de IRPJ, código 0220, apurado no 4° trimestre de 2006, no valor de R$ 663.284,04, fls. 91/95. PER/DCOMP Valor do crédito na data de transmissão Nº do processo administrativo anterior Tipo de crédito Período de Apuração 26281.01303.300107.1.3.027969 R$ 228.821,21 11080.017572/2002 71 Saldo negativo de IRPJ EX 1997 Fundamentação 3. De plano, cabe esclarecer que a redação do art. 168 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), Fl. 2DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.017572/200271 Acórdão n.º 1802001.046 S1TE02 Fl. 2 3 obsta a repetição de indébito tributário reclamado em prazo superior a cinco anos do fato. Verificase, no presente caso, a decadência do direito à restituição de tributo pago, em sintonia com o art. 165, inciso I, do CTN. (...) Decisão (...) Nos termos do Despacho Decisório que aprovo, INDEFIRO o direito creditório no valor de R$ 228.821,21 (duzentos e vinte e oito mil, oitocentos e vinte e um reais e vinte e um centavos), referente ao saldo negativo de IRPJ do exercício 1997, ano calendário 1996. 2. Isso posto, NÃO HOMOLOGO a compensação efetuada nestes autos, bem como outras compensações eventualmente efetivadas com base no crédito objeto deste despacho. (...). Assunto: IRPJ. SALDO NEGATIVO DO ANOCALENDÁRIO 1996. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Ementa: O prazo para pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário — arts. 165, I, e 168, I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). Pedido indeferido. Compensação não homologada. (...) Inconformada com esse decisum da DRF/Porto Alegre, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade à DRJ/Porto Alegre, argumentando, em suas razões, que, no caso dos tributos lançados por homologação, o prazo para pedir restituição é de cinco anos contados da data da homologação tácita ("tese do cinco mais cinco" do STJ). Além disso, de acordo com o STJ, a alteração introduzida pelos arts. 3º e 4º da Lei Complementar n° 118, de 2005, somente atingiria fatos geradores posteriores ao início da sua vigência. Por sua vez, a DRJ/Porto Alegre, no mesmo sentido da DRF/Porto Alegre, ratificou a decisão anterior, denegando o crédito pleiteado, mantendo a não homologação da compensação informada pela contribuinte, cuja ementa da decisão transcrevo a seguir (fl.181): (...) ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1996 IRPJ. SALDO NEGATIVO. RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Decorridos mais de cinco anos do encerramento do período de apuração, resta extinto, por decadência, o direito à restituição do saldo negativo de IRPJ. Solicitação Indeferida (...) Irresignada coma decisão a quo da qual tomou ciência em 08/07/2009 (fl. 186), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 16/07/2009 (fls. 187/191), reiterando as razões apresentadas na primeira instância de julgamento, ou seja, pela aplicação da“Tese dos 5+5” do STJ, no caso. Por fim, a recorrente pediu a reforma da decisão recorrida, para reconhecimento do direito creditório e homologação da compensação efetuada. É o relatório. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.017572/200271 Acórdão n.º 1802001.046 S1TE02 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos para sua admissibilidade. Por conseguinte, dele conheço. Tratam os autos do pleito de direito creditório – saldo negativo do IRPJ do anocalendário 1996 para aproveitamento em compensação tributária. A compensação tributária, utilizando o referido crédito, já foi informada em DCOMP, para extinção do débito do IRPJ do período de apuração – 4º trimestre/2006. As decisões anteriores, neste processo, denegaram o pleito de restituição do direito creditório e não homologaram a compensação tributária efetuada pela recorrente em 30/01/2007 (fls. 91/95) de débito do IRPJ do período de apuração 4º trimestre/2006, com crédito (saldo negativo de IRPJ do anocalendário 1996 no valor original de R$ 228.821,21) de que trata o pedido de restituição/ressarcimento de 27/12/02 (fl. 01), em face da caducidade do direito do creditório pleiteado. Inconformada com a decisão a quo, a recorrente – nas razões do seu recurso defende a “Tese 5+5” do STJ para aproveitamento do crédito pleiteado, utilizado em compensação tributária informada ao fisco, pugnando pela não aplicação do prazo do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, por ser inconstitucional, submentendo a contenda à análise desta Colenda Turma. A questão a ser enfrentada, nesta instância de julgamento, resumese em apurar se a recorrente pleiteou o pretenso direito creditório antes ou depois de transcorrido o lapso temporal prescricional. Antes de tudo, apenas para argumentar, tanto em sede doutrinária, quanto em sede de jurisprudencial dos nossos tribunais, há divergência quanto ao entendimento se o prazo para repetição de indébito tributário seria decadencial ou prescriocional. Sem delongas, entendo que o prazo para repetição de indébito tributário é prescricional, pois a ação de repetição tem natureza condenatória por envolver pretensão suscetível de violação, sujeitandose aos efeitos da prescrição, e não da decadência que se articula com o exercício de direitos potestativos, insuscetíveis de violação. A questão do prazo para repetição do indébito tributário, em face do art. 4º da Lei Complementar nº 118/2005, já foi enfrentada, no mérito, pelo Pleno do STF, Corte Suprema guardiã da Constituição da República Federativa do Brasil, no RE nº 566.621/RS. Vale dizer, na sessão plenária de 04/08/2011, no RE nº 566.621/RS, Relatora Min. Ellen Gracie, sob regime de repercussão geral, o STF – por maioria de votos declarou a inconstitucionalidade da segunda parte do art. 4º da Lei Complementar nº 118/2005, cuja ementa desse decisum transcrevo a seguir: Fl. 5DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA A REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/2005, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados de seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. (...) A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos (...). Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (...) Fl. 6DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.017572/200271 Acórdão n.º 1802001.046 S1TE02 Fl. 4 7 Em face dessa decisão do STF, a “tese 5+5” do STJ para repetição do indébito tributário restou superada para pleitos ajuizados ou reclamados em sede administrativa a partir de 09/06/2005, ainda que relativos a pagamentos ou recolhimentos indevidos anteriores à vigência dessa novel Lei Complementar. Por outro lado, permaneceu válida a “Tese 5+5” do STJ apenas para pleitos formulados antes dessa data. Por oportuno, colaciono a ementa do julgado do próprio STJ que elucida a questão: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. LC N. 118/2005. NOVEL ENTENDIMENTO DO STF. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS SOMENTE ÀS AÇÕES AJUIZADAS A PARTIR DE 9.6.2005. 1. A jurisprudência do STJ alberga a tese de que o prazo prescricional na repetição de indébito de cinco anos, definido na Lei Complementar n. 118/2005, somente incidirá sobre os pagamentos indevidos ocorridos a partir da entrada em vigor da referida lei, ou seja, 9.6.2005. Vide o REsp 1.002.032/SP, julgado pelo regime dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC). 2. Este entendimento restou superado quando, sob o regime de Repercussão Geral, o Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária realizada em 4.8.2011, no julgamento do Recurso Extraordinário n.566.621/RS (acórdão não publicado), pacificou a tese de que o prazo prescricional de cinco anos, definido na Lei Complementar n.118/2005, incidirá sobre as ações de repetição de indébito ajuizadas a partir da entrada em vigor da nova lei (9.6.2005), ainda que estas ações digam respeito a recolhimentos indevidos realizados antes da sua vigência. Agravo regimental provido em parte. (STJ, AgRg no REsp 1215642/SC, Rel. MIN. HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2011, DJe 09/09/2011). No caso, a recorrente protocolizou: Em 27/12/02, o pedido de restituição de fl. 1, no qual requereu a repetição do saldo negativo apurado, após deduções de compensações sem processo, a título de IRPJ de competência do anocalendário 1996, no valor original de R$ 228.821,21 (duzentos e vinte e oito mil, oitocentos e vinte e um reais e vinte e um centavos). O crédito pretendido tem origem nas retenções de imposto de renda na fonte sobre aplicações financeiras verificadas durante o anocalendário 1996. Em 30/01/07, por meio do programa PER/DCOMP, transmitiu a Declaração de Compensação (DCOMP) de fls. 91/95, com o fito de compensar débito de IRPJ, código 0220, apurado no 4° trimestre de 2006, no valor de R$ 663.284,04 de fls. 91/95. Conforme demonstrado, tem razão a recorrente em reclamar que não ocorreu a prescrição do seu pretenso direito creditório, pois formulou o pleito de restituição/ressarcimento tempestivamente, ou seja, antes de 09/06/2005, fazendo jus, por Fl. 7DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 8 conseguinte, à aplicação do prazo de que trata a “Tese 5+5” do STJ, em face da decisão do Pleno do STF. O pretenso direito creditório pleiteado, portanto, está a salvo da prescrição tributária. Diante do exposto, voto para DAR provimento ao recurso, determinando o retorno dos autos à DRF de origem para prosseguimento da análise do pretenso crédito pleiteado (origem e disponibilidade) e da DCOMP, na qual a contribuinte informou a utilização desse crédito. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 8DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/12/2011 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/12/2011 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 15758.000509/2008-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005
PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL TERCEIROS 13 SALÁRIO NÃO IMPUGNAÇÃO EXPRESSA A não impugnação expressa dos fatos geradores objeto do lançamento importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos do AI. Não
compete a empresa apenas alegar, mas demonstrar por meio de prova suas alegações.
Em primeiro lugar, cumpre observar que fiscalização previdenciária possui competência para arrecadar e fiscalizar as contribuições destinadas a terceiros, conforme art. 94 da Lei 8.212/91.
VERBAS PAGAS A TÍTULO DE VALE TRANSPORTE. NATUREZA INDENIZATÓRIA. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA DO STF E STJ. APLICABILIDADE. ECONOMIA PROCESSUAL.
De conformidade com a jurisprudência mansa e pacífica no âmbito Judicial, especialmente no Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, os valores concedidos aos segurados empregados a título de Vale Transporte, pagos ou não em pecúnia, não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias, em razão de sua natureza indenizatória, entendimento que
deve prevalecer na via administrativa sobretudo em face da economia processual.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. SALÁRIO INDIRETO. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. OCORRÊNCIA.
O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos
RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicou-se o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por tratar-se de salário indireto, tendo a contribuinte efetuado o recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração reconhecida
(salário normal).
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. DECADÊNCIA E NULIDADE.
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. Tratando-se de matéria de ordem
pública, incumbe ao julgador reconhecer de ofício a decadência do crédito previdenciário lançado.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005
AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES VALE TRANSPORTE NULIDADE DA AUTUAÇÃO CERCEAMENTO DE DEFESA FALTA
DE DEFINIÇÃO DOS FATOS GERADORES.
Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente não só no relatório de lançamentos, no DAD, bem como no relatório fiscal.
TRABALHO DO AUDITOR ATIVIDADE VINCULADA
Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-002.093
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, I) Por maioria de votos, declarar de ofício a decadência até a competência 06/2003. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que não declarava a decadência (relatora). II) Por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade suscitada; e III) Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores pagos a título de vale transporte. Vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Elias Sampaio Freire, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o(a) Conselheiro(a) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA
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Não compete a empresa apenas alegar, mas demonstrar por meio de prova suas alegações. Em primeiro lugar, cumpre observar que fiscalização previdenciária possui competência para arrecadar e fiscalizar as contribuições destinadas a terceiros, conforme art. 94 da Lei 8.212/91. VERBAS PAGAS A TÍTULO DE VALE TRANSPORTE. NATUREZA INDENIZATÓRIA. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA DO STF E STJ. APLICABILIDADE. ECONOMIA PROCESSUAL. De conformidade com a jurisprudência mansa e pacífica no âmbito Judicial, especialmente no Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, os valores concedidos aos segurados empregados a título de Vale Transporte, pagos ou não em pecúnia, não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias, em razão de sua natureza indenizatória, entendimento que deve prevalecer na via administrativa sobretudo em face da economia processual. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. SALÁRIO INDIRETO. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. OCORRÊNCIA. O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do Fl. 186DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicouse o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por tratarse de salário indireto, tendo a contribuinte efetuado o recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração reconhecida (salário normal). MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. DECADÊNCIA E NULIDADE. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. Tratandose de matéria de ordem pública, incumbe ao julgador reconhecer de ofício a decadência do crédito previdenciário lançado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES VALE TRANSPORTE NULIDADE DA AUTUAÇÃO CERCEAMENTO DE DEFESA FALTA DE DEFINIÇÃO DOS FATOS GERADORES. Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente não só no relatório de lançamentos, no DAD, bem como no relatório fiscal. TRABALHO DO AUDITOR ATIVIDADE VINCULADA Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) Por maioria de votos, declarar de ofício a decadência até a competência 06/2003. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que não declarava a decadência (relatora). II) Por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade suscitada; e III) Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores pagos a título de vale transporte. Vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Elias Sampaio Freire, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o(a) Conselheiro(a) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Fl. 187DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 187 3 Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Redator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Igor Araujo Soares, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 188DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Relatório O presente Auto de Infração de obrigação principal, lavrado sob o n. 37.161.8835, em desfavor da recorrente, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela destinada a terceiros no período de 01/2003 a 12/2005, inclusive 13. salário. Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 30 a 33, os fatos geradores apurados durante o procedimento fiscal, consistem: 1. Do Levantamento 13S FOPAG COMPETÊNCIA 13 SAL Constitui fato gerador das contribuições lançadas nas competências 13/2003 e 13/2004, as remunerações pagas ou creditadas a título de Décimo terceiro salário aos segurados empregados a serviço da empresa, não declaradas em Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. Os valores que serviram de base de cálculo foram extraídos das Folhas de Pagamento. 2. Do Levantamento C13 FOPAG COMP 13 SAL Constitui fato gerador da contribuição lançada, as remunerações pagas ou creditadas a título de décimo terceiro salário aos segurados empregados a serviço da empresa no ano de 2005, declaradas em Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP após o início da ação fiscal, confirmadas em Folha de Pagamento. 3. Do Levantamento: VT VALE TRANSPORTE PG EM DINHEIRO O fornecimento de transporte pelas empresas é um benefício social instituído pela Lei n o . 7.418, de 16/12/1985 e, quando pago em conformidade com esta lei, não integrao saláriode contribuição. 4. Do Levantamento: VTA VALE TRANSPORTE ARBITRADO O levantamento fiscal desta rubrica Vale Transporte pg em dinheiro embasouse nas folhas de pagamento apresentadas pela empresa. Todavia, nas competências em que não houve apresentação de folhas de pagamento, quais sejam, 01 a 06/2004 e 12/2005, arbitrouse a Base deCálculo mensal por meio do valor pago a titulo de Vale Transporte no mês imediatamente anterior. Importante, destacar que a lavratura do AI deuse em 08/07/2008, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 15/07/2008. Não conformada com a autuação a recorrente apresentou impugnação, fls. 60 a 68. Foi exarada a DecisãoNotificação DN que confirmou a procedência do lançamento, fls. 138 a 140. Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 146 a 159, contendo em síntese os mesmo argumentos da impugnação, senão vejamos: Fl. 189DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 188 5 Essencialmente que não obstante a empresa ser uma pessoa jurídica honesta, pagadora de todos os seus impostos e deveres e geradora de emprego os agentes fiscalizadores da Receita Federal utilizaram todos os meios para investir contra a autuada. O procedimento administrativo vexatório adotado não poderia ser realizado da forma como foi, independente da causa, legal ou contratual, o que malfere o princípio do devido processo legal, aplicável na órbita administrativa, e instituído como garantia de defesa e contraditório, mas principalmente garantia de limites ao poder governamental. Ainda que a Autuada não violou os dispositivos legais apontados no auto de infração, sendo nula, portanto a exação imposta mesmo porque "o vale transporte não incide qualquer a contribuição previdenciária, ou qualquer outro tributo, conforme as seguintes leis, in verbis:" A seguir enxerta à Impugnação trechos da legislação 7418/85 e 8212/91 e o RESP 382.0241 PR de 07.10.2004. Um órgão da administração pública não pode a pretexto do seu poder de polícia, atuar ao arrepio da lei e do ordenamento jurídico, agindo com paixão de seus dirigentes para, extrapolando as disposições da Lei Maior do País, impor sanções que se convertam em abuso de autoridade, excesso de exação, eivando sua conduta de nulidade relativa, quando não absoluta, parcial, quando não total de nenhum efeito na ordem jurídica tornando tais atos passíveis de decretação de nulidade pelo Poder Judiciário. Por derradeiro solicita a recorrente a insubsistência e improcedência do auto de infração, esperando seja acolhido o presente recurso, tornando em efeito as contribuições previdenciárias exigidas. A DRFB encaminhou o processo para julgamento no âmbito do CARF. É o relatório. Fl. 190DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Voto Vencido Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 234. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS QUESTÕES PRELIMINARES: NÃO DISCRIMINAÇÃO CORRETA DOS FATOS GERADORES Alegando ainda nulidade, argumenta o recorrente que não obstante a empresa ser uma pessoa jurídica honesta, pagadora de todos os seus impostos e deveres e geradora de emprego os agentes fiscalizadores da Receita Federal utilizaram todos os meios para investir contra a autuada. Conforme o recorrente o procedimento administrativo vexatório adotado não poderia ser realizado da forma como foi, independente da causa, legal ou contratual, o que malfere o princípio do devido processo legal, aplicável na órbita administrativa, e instituído como garantia de defesa e contraditório, mas principalmente garantia de limites ao poder governamental. Quanto as ditas alegações, em primeiro lugar cumprenos destacar que o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento de defesa, conforme alegado pela recorrente. Destacase como passos necessários a realização do procedimento: Ø autorização por meio da emissão do Mandato de Procedimento Fiscal – MPF F e complementares, com a competente designação do auditor fiscal responsável pelo cumprimento do procedimento; Ø intimação para a apresentação dos documentos conforme Termos de Intimação para Apresentação de Documentos – TIAD, intimando o contribuinte para que apresentasse todos os documentos capazes de comprovar o cumprimento da legislação previdenciária, inclusive solicitando esclarecimentos sobre diversos pontos apurados durante o procedimento quanto a não contabilização de valores. Ø autuação dentro do prazo autorizado pelo referido mandato, com a apresentação ao contribuinte dos fatos geradores e fundamentação legal que constituíram a lavratura do auto de infração ora contestado, com as informações necessárias para que o autuado pudesse efetuar as impugnações que considerasse pertinentes. Neste sentido, as alegações de que o procedimento não poderia prosperar por não ter a autoridade realizado a devida indicação dos motivos que ensejaram a autuação, entendo que razão não assiste ao recorrente. Quanto à necessidade de justificativa para realização de auditoria, destacase que ao autoridade previdência possui competência para verificar o fiel cumprimento da Fl. 191DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 189 7 legislação previdenciária. Ademais, o próprio conceito de auditoria descrito na IN 03/2005 esclarece seu objetivo. Art. 570. A AuditoriaFiscal Previdenciária AFP ou Fiscalização é o procedimento fiscal externo que objetiva orientar, verificar e controlar o cumprimento das obrigações previdenciárias por parte do sujeito passivo, podendo resultar em lançamento de crédito previdenciário, em Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, em lavratura de Auto de Infração ou em apreensão de documentos de qualquer espécie, inclusive aqueles armazenados em meio digital ou em qualquer outro tipo de mídia, materiais, livros ou assemelhados. Assim, por ser a atividade do auditor vinculada e tendo sido encontrada bases de calculo ssob as quais não realizou o recorrente o recolhimento de contribuições, compete a autoridade fiscal, lançar o que entende devido, é claro que dentro de parâmetros descritos pelas normas da previdência social. Assim, prescreve o artigo 33, §§ 1°c 6° da Lei n°8.212/1991: " Art. 33. (.) § I° É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei n°11.941, de 2009). § 6° Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova, em contrário." (grifei). Simplesmente alegar, sem demonstrar a ausência de pagamentos, ou mesmo que os mesmos foram devidamente registrados e recolhidos não é suficiente para refutar o lançamento. Ademais, não compete ao auditor fiscal agir de forma discricionária no exercício de suas atribuições. Desta forma, em constatando a falta de recolhimento, ou a auência de contabilização do movimento real da empresa, face a ocorrência do fato gerador, cumprilhe lavrar de imediato a notificação fiscal de lançamento de débito de forma vinculada, constituindo o crédito previdenciário. O art. 243 do Decreto 3.048/99, assim dispõe neste sentido: Art.243. Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se Fl. 192DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Superadas as preliminares, passo ao exame do mérito DO MÉRITO Em primeiro lugar, cumpre observar que fiscalização previdenciária possui competência para arrecadar e fiscalizar as contribuições destinadas a terceiros, conforme art. 94 da Lei 8.212/91. No recurso em questão, o contribuinte resumiuse a atacar a validade do procedimento fiscal, e da incidência de contribuições sobre vale transporte, sem refutar, os demais fatos geradores apurados . Dessa forma, em relação aos fatos geradores não impugnados, objeto da presente notificação, como não houve recurso expresso aos pontos da DecisãoNotificação (DN) presumese a concordância da recorrente com a DN. Uma vez que houve concordância, lide não se instaurou e, portanto, deve ser mantida a DecisãoNotificação quanto ao 13. Salário. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) grifo nosso. Contudo, apesar de todo o arrazoado da recorrente não há como lhe conferir razão. Conforme citado no seu próprio recurso, no que tange ao auxílio alimentação, o dispositivo que trata do mesmo é a alíneas “c” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, abaixo transcrito: A legislação previdenciária é clara quando destaca, em seu art. 28, §9º, quais as verbas que não integram o salário de contribuição. Tais parcelas não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial. Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) f) a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; Fl. 193DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 190 9 m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Assim, ao não cumprir os dispositivos legais quanto a concessão dos benefícios, assumiu o recorrente o ônus de ter os valores dos benefícios integrando o conceito de salário de contribuição, á que pago em desacordo com as respectivas leis. Não há de se argumentar que existia previsão em acordos ou convenções coletivas de trabalho, posto que esses instrumentos de negociação coletiva são válidos para normatizar direitos trabalhistas e não os reflexos desses nas parcelas que compõem a base de cálculo de contribuições. O pagamento de vale transporte em dinheiro desnatura sua essência, estando em desacordo com a legislação pertinente, passando a integrar o conceito de salário de contribuição. Assim, importante apreciar o disposto na Lei 7.418/85, no que tange à incidência de contribuição previdenciária, no pagamento de vale transporte em dinheiro: “Art. 2º O ValeTransporte concedido nas condições e limites nesta lei, no que se refere à contribuição do empregador: (...)não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (...) Art. 5º A concessão do benefício ora instituído implica a aquisição pelo empregador dos ValesTransporte necessários aos deslocamentos do trabalhador no percurso residência trabalho e viceversa, no serviço de transporte que melhor se adequar.” Assim, ao apreciar o disposto no art. 2º fica evidenciado que somente deixará de integrar a base de cálculo o vale transporte concedido nas condições e limites da lei que no art. 5º expressamente determina que a concessão do benefício implica na aquisição por parte do empregador dos vales necessários ao deslocamento do empregado. Assim, os valores pagos a título de vale transporte em espécie integram o salário de contribuição no termos em que foram pagos pelo recorrente. Segundo o ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu livro Instituições de Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o significado do termo remuneração deve ser assim interpretado: No Brasil, a palavra remuneração é empregada, normalmente, com sentido lato, correspondendo ao gênero do qual são espécies principais os termos salários, vencimentos, ordenados, soldo e honorários. Como salientou com precisão Martins Catharino, “costumeiramente chamamos vencimentos a remuneração dos magistrados, professores e funcionários em Fl. 194DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 geral; soldo, o que os militares recebem; honorários, o que os profissionais liberais ganham no exercício autônomo da profissão; ordenado, o que percebem os empregados em geral, isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o físico; e finalmente, salário, o que ganham os operários. Na própria linguagem do povo, o vocábulo salário é preferido quando há prestação de trabalho subordinado.” Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á título de vale transporte, não representam alguma espécie de ganho para seus empregados Pelo contrário, estão inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado. Também convém reproduzir a posição da professora Alice Monteiro de Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e nãosalariais: "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não as recebesse, ele deveria despender parte de seu salário para adquirilas. As utilidades salariais não se confundem com as que são fornecidas para a melhor execução do trabalho. Estas equiparamse a instrumentos de trabalho e, conseqüentemente, não têm feição salarial." Ademais, a interpretação para exclusão de parcelas da base de cálculo é literal. A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e desse modo, interpretase literalmente a legislação que disponha sobre esse benefício fiscal, conforme prevê o CTN em seu artigo 111, I, nestas palavras: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Assim, onde o legislador não dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei, por mais que se vislumbre a boa intenção do empregador, estender a interpretação, sob pena de violarse os princípios da reserva legal e da isonomia. Estando, portanto, no campo de incidência do conceito de remuneração e não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, no período objeto do presente lançamento, conforme já analisado, deve persistir o lançamento. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para rejeitar a preliminar de nulidade e no mérito NEGAR PROVIMENTO ao recurso. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 195DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 191 11 Voto Vencedor Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Não obstante as sempre bem fundamentadas razões da ilustre Conselheira Relatora, peço vênia para manifestar entendimento divergente, por vislumbrar na hipótese vertente conclusão diversa da adotada pela nobre julgadora, somente em relação ao prazo decadencial (reconhecido de ofício) e à incidência de contribuições previdenciárias sobre as verbas concedidas a título de ValeTransporte, como passaremos a demonstrar. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA – RECONHECIMENTO DE OFÍCIO Preliminarmente, impõe suscitar questão relativa ao prazo decadencial, não suscitada pela contribuinte em suas razões recursais que, por ser matéria de ordem pública, deve ser reconhecida de ofício nesta oportunidade, especialmente após a aprovação da Súmula Vinculante n° 08 pelo Supremo Tribunal Federal. Com efeito, a matéria objeto de inúmeras discussões na doutrina e judiciário diz respeito ao prazo decadencial a ser levado a efeito para as contribuições previdenciárias. Os contribuintes pretendem seja acolhida a decadência de 05 (cinco) anos do Código Tributário Nacional, em detrimento do prazo decenal insculpido no artigo 45 da Lei nº 8.212/91, por considerálo inconstitucional, restando maculada a exigência cujo fato gerador tenha ocorrido fora do prazo encimado, hipótese que se amolda ao presente caso. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: “Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...]” Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Fl. 196DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 12 [...]” Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: “Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Não bastasse isso, é de bom alvitre esclarecer que o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em sessão de julgamento realizada no dia 15/12/2008, por maioria de votos (21 x 13), firmou o entendimento de que o prazo decadencial a ser aplicado para as contribuições previdenciárias é o insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, independentemente de ter havido ou não pagamento parcial do tributo devido, o que veio a ser ratificado, também por maioria de votos, pelo Pleno da CSRF em sessão ocorrida em 08/12/2009, com a ressalva da existência de qualquer atividade do contribuinte tendente a apurar a base de cálculo do tributo devido. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Fl. 197DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 192 13 Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo Fl. 198DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 14 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Esta, aliás, é a tese que prevaleceu na última reunião do Conselho Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que as contribuições previdenciárias devem observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo a tese que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Fl. 199DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 193 15 Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação à antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Fl. 200DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 16 Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento nas contribuições previdenciárias, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. In casu, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento, por tratase de salário indireto, portanto, diferenças de contribuições, uma vez que a contribuinte promoveu o recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração reconhecida (salário normal), fato relevante para a aplicação do instituto, nos termos da decisão do STJ acima ementada, a qual estamos obrigados a observar. Assim, é de se restabelecer a ordem legal no sentido de acolher o prazo decadencial de 05 (cinco) anos, na forma do artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário em 15/07/2008, com a devida ciência da contribuinte, a exigência fiscal resta parcialmente fulminada pela decadência, em relação aos fatos geradores ocorridos no período de 01/2003 a 06/2003, os quais se encontram fora do prazo decadencial inscrito no dispositivo legal supra, impondo seja decretada a improcedência parcial do feito. DO VALE TRANSPORTE – NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Conforme se depreende dos elementos que instruem o processo, a autoridade lançadora ao lavrar a presente autuação admitiu como fato gerador das contribuições exigidas os valores pagos pela empresa aos funcionários a título de ValeTransporte, consubstanciados nos seguintes levantamentos: a) VT VALE TRANSPORTE PG EM DINHEIRO O fornecimento de transporte pelas empresas é um benefício social instituído pela Lei n° 7.418, de 16/12/1985 e, quando pago em conformidade com esta lei, não integra o saláriodecontribuição. b) VTA VALE TRANSPORTE ARBITRADO O levantamento fiscal desta rubrica Vale Transporte pago em dinheiro embasouse nas folhas de pagamento apresentadas pela empresa. Todavia, nas competências em que não houve apresentação de folhas de pagamento, quais sejam, 01 a 06/2004 e 12/2005, arbitrouse a BasedeCálculo mensal por meio do valor pago a titulo de Vale Transporte no mês imediatamente anterior. Em suas razões recursais, precipuamente, aduz a contribuinte que os valores concedidos aos segurados empregados a título de ValeTransporte possuem natureza indenizatória, não integrando a base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme o Supremo Tribunal Federal reconheceu nos autos do Recurso Extraordinário n° 478.410/2010. Afora a vasta discussão a propósito da matéria, deixaremos de abordar a legislação de regência ou mesmo adentrar a questão da natureza/conceituação de aludida verba, uma vez que o Supremo Tribunal Federal afastou qualquer dúvida quanto ao tema, reconhecendo a sua natureza indenizatória, ainda que pago em pecúnia, nos autos do Recurso Extraordinário n° 478.410/SP, consoante se positiva do Acórdão assim ementado: “EMENTA: RECURSO EXTRORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALETRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA Fl. 201DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 194 17 CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em valetransporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do benefício. 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da moeda nacional. 3. A funcionalidade do conceito de moeda revelase em sua utilização no plano das relações jurídicas. O instrumento monetário válido é padrão de valor, enquanto instrumento de pagamento sendo dotado de poder liberatório: sua entrega ao credor libera o devedor. Poder liberatório é qualidade, da moeda enquanto instrumento de pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano jurídico: somente ela permite essa liberação indiscriminada, a todo sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial. 4. A aptidão da moeda para o cumprimento dessas funções decorre da circunstância de ser ela tocada pelos atributos do curso legal e do curso forçado. 5. A exclusividade de circulação da moeda está relacionada ao curso legal, que respeita ao instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do curso forçado, dado que este atinge o instrumento monetário enquanto valor e a sua instituição [do curso forçado] importa apenas em que não possa ser exigida do poder emissor sua conversão em outro valor. 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de vales transporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Extraordinário a que se dá provimento.” É bem verdade que a decisão com sua ementa acima transcrita não transitou em julgado, ou seja, não se tornou definitiva, de maneira a fazer incidir o permissivo regimental constante do artigo 62, parágrafo único, inciso I, do RICARF, nos seguintes termos: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.” Fl. 202DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 18 Destarte, extraise do andamento processual no site do Supremo Tribunal Federal que o Acórdão em comento fora objeto de Embargos de Declaração por parte da Procuradoria, estando, desde 13/06/2011, concluso para o Relator. Assim, em tese, não seria viável o acolhimento da pretensão da contribuinte, reconhecendo a natureza indenizatória do ValeTransporte, na forma que o STF decidiu, diante da não definitividade de tal decisão. Entrementes, é de bom alvitre destacar que o Superior Tribunal de Justiça, que já vinha reconhecendo a natureza indenizatória da verba em questão, salvo quando concedida em pecúnia, vem reiterando sua conclusão, adotando, inclusive, o entendimento do STF, quando o pagamento se der em espécie, o que não seria capaz de desnaturar seu caráter indenizatório, como se observa dos recentes julgados com as seguintes ementas: “TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÃO NATALINA. CÁLCULO EM SEPARADO. LEGALIDADE. MATÉRIA PACIFICADA EM RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (Resp 1.066.682/SP). VALETRANSPORTE. VALOR PAGO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. AGRAVO REGIMENTAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A Primeira Seção, em recurso especial representativo de controvérsia, processado e julgado sob o regime do art. 543C do CPC, proclamou o entendimento no sentido de ser legítimo o cálculo, em separado, da contribuição previdenciária sobre o 13º salário, a partir do início da vigência da Lei 8.620/93 (REsp 1.066.682/SP, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Seção, DJe 1º/2/10) 2. O Superior Tribunal de Justiça reviu seu entendimento para, alinhandose ao adotado pelo Supremo Tribunal Federal, firmar compreensão segundo a qual não incide contribuição previdenciária sobre o valetransporte devido ao trabalhador, ainda que pago em pecúnia, tendo em vista sua natureza indenizatória. 3. Agravo regimental parcialmente provido.” (Primeira Turma do STJ, AgRg no REsp 898932 / PR, Rel.: Ministro Arnaldo Esteves Lima – Dje 14/09/2011 – Unânime) (grifamos) “TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REVISÃO DA JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR 1. Com a decisão tomada pela Excelsa Corte, no RE 478.410/SP, Rel. Min. Eros Grau, em que se concluiu ser inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, houve revisão da jurisprudência deste Tribunal Superior, a fim de se adequar ao precedente citado. Assim, não merece acolhida a pretensão da recorrente, de reconhecimento de que, "se pago em dinheiro o Fl. 203DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15758.000509/200832 Acórdão n.º 240102.093 S2C4T1 Fl. 195 19 benefício do valetransporte ao empregado, deve este valor ser incluído na base de cálculo das contribuições previdenciárias". 2. Precedentes da Primeira Seção: EREsp 816.829/RJ, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, DJe 25.3.2011; e AR 3.394/RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, DJe 22.9.2010. 3. Recurso especial não provido.” (Segunda Turma do STJ REsp 1257192 / SC, Rel.: Ministro Mauro Campbell Marques – Dje de 15/08/2001 Unânime) (grifamos) Partindo dessas premissas, inobstante ainda não ter ocorrido a definitividade da decisão do STF a propósito do tema, em face de oposição de Embargos de Declaração, além da remotíssima possibilidade de reforma do julgado, com acolhimento de efeitos infringentes ao recurso da Procuradoria, não podemos olvidar que o próprio Superior Tribunal de Justiça já vem acolhendo o entendimento do Pretório Excelso, não fazendo sentido a esta Corte Administrativa aguardar um simples formalismo processual, em detrimento ao entendimento dos dois Órgãos máximos do Poder Judiciário, sobretudo em face da economia processual, evitando demandas despiciendas no âmbito Judicial. Mais a mais, a jurisprudência deste Colegiado é firme e mansa no sentido de acolher entendimentos já sedimentados no âmbito dos Tribunais Superiores, senão vejamos: “NORMAS PROCESSUAIS. CONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa é competente para apreciar matéria constitucional. No entanto, a constitucionalidade das leis deve ser presumida e apenas quando pacífica a jurisprudência, consolidada pelo STF, será merecida consideração da esfera administrativa. Preliminar rejeitada. COFINS. Em Sessão plenária de 01.12.93, no julgamento de Ação Declaratória de Constitucionalidade, o STF, em decisão unânime, declarou constitucional a exigência da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, criada pela Lei Complementar nº 70/91. Recurso negado.” (3a Câmara do 2o Conselho de Contribuintes, Processo n° 10880.041416/9373, Acórdão n° 20308023 – Rel.: Lina Maria Vieira) Encampando o entendimento acima, a 1a Turma Ordinária da 3a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF já se manifestou a respeito do tema, adotando posicionamento consolidado na esfera Judicial, reconhecendo a natureza indenizatória das verbas pagas a título de ValeTransporte, como segue: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 01/12/2006 VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA. NATUREZA INDEN1ZATÓRIA. NÃO SE CARACTERIZA COMO SALÁRIO INDIRETO, DECRETO 95,247/87 EXTRAPOLOU O SEU CARÁTER DE REGULAMENTAR A LEI 7.418/85, O pagamento de Vale Transporte em pecúnia, não é integrante da remuneração do segurado, pois nítido o seu caráter indenizatório, referendado esse entendimento, inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal. Fl. 204DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 20 Ademais, a vedação quanto ao pagamento do vale transporte em pecúnia inserida em nosso Ordenamento Jurídico pelo Decreto n. 95247/87, é ilegal, pois extrapolou o seu poder de regulamentar a Lei n, 7.418/85. Recurso de Ofício Negado. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado.” (1a TO da 3a Câmara da 2a SJ do CARF, Processo n° 14041.001392/200818 – Acórdão n° 230101.476, Sessão de 08/06/2010) (grifamos) Na esteira da jurisprudência uníssona dos Tribunais Superiores, uma vez reconhecida à natureza indenizatória do Vale Transporte, não se pode cogitar na incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, impondo seja excluído do crédito tributário referida rubrica. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine parcialmente em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO E DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, reconhecendo de ofício a decadência em relação ao período de 01/2003 a 06/2003, bem como para excluir da exigência fiscal os levantamentos VT e VTA, relativos ao Vale Transporte concedidos aos funcionários, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 205DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 09/12/2011 por RYCARDO HENRI QUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 10821.000010/2004-77
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jul 25 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Jul 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1999
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL-ADA. EXERCÍCIO ANTERIOR A 2001. DESNECESSIDADE. SÚMULA.
De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF, inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção do ITR relativamente às áreas de preservação permanente até o exercício
2000, inclusive.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL.
Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratando-se as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.657
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: Rycardo Henrique Magalháes de Oliveira
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTALADA. EXERCÍCIO ANTERIOR A 2001. DESNECESSIDADE. SÚMULA. De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF, inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção do ITR relativamente às áreas de preservação permanente até o exercício 2000, inclusive. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL. Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratandose as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 04/08/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Relatório ÁLVARO BAPTISTA, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 22/01/2004, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 1999, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda São Benedito” localizado no município de Ubatuba/SP, cadastrado na RFB sob o nº 24002194, conforme peça inaugural do feito, às fls. 14/23, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Terceiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 1a Turma da DRJ em Campo Grande/MS, Acórdão nº 4.341/2004, às fls. 50/60, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 3ª Câmara, em 27/02/2007, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 30334.066, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 1999 Ementa: ITR/1999. AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO POR GLOSA DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Tendo sido trazido aos Autos documentos hábeis, revestidos das formalidades legais, que comprovam estarem parte das áreas da propriedade inseridas no PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR (Decreto 10.251/77) e o ADA, mesmo entregue a destempo, corroborando a informação prestada pelo recorrente, é de se reformar o lançamento como efetivado pela fiscalização, para que seja dado provimento ao Recurso, excluindo a área de preservação permanente no cálculo do imposto, por ser isente.” Fl. 2DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO Processo nº 10821.000010/200477 Acórdão n.º 920201.657 CSRFT2 Fl. 2 3 Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 259/269, com arrimo no artigo 7º, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55/1998, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado entendimento levado a efeito por outras Câmaras dos Conselhos a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 30236.278, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, porquanto comprovada a divergência argüida. Sustenta que o Acórdão encimado, ora adotado como paradigma, diverge do decisum guerreado, uma vez impor que a comprovação da existência das áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, depende de protocolo do requerimento de ato declaratório junto ao IBAMA no prazo legal, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Em defesa de sua pretensão, tece comentários a propósito do conceito e finalidade da “Preservação Permanente”, traçando histórico da legislação que regulamenta a matéria, defendendo que para comprovação das referidas áreas, não se pode prescindir do Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado junto ao IBAMA, no prazo estipulado na legislação. Infere que a Receita Federal do Brasil já se manifestou por diversas oportunidades a propósito do assunto, firmando o entendimento de que a não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente está condicionada ao reconhecimento como tal por parte do Poder Público, por intermédio do ADA, devendo existir em cada imóvel informação específica da parte preservada, como estabelecem as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Assim, inexistindo na hipótese dos autos provas de que o contribuinte procedeu tempestivamente à protocolização do requerimento do ADA, impõese à manutenção da glosa realizada pela fiscalização. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da então 3ª Câmara do Terceiro Conselho, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Fazenda Nacional, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão guerreado divergiu de outras decisões exaradas pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a propósito da mesma matéria, qual seja, necessidade do requerimento atempado do ADA relativamente às áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do tributo (ITR), conforme Despacho nº 456/2007, às fls. 285/287. Instado se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, o contribuinte apresentou suas contrarrazões, às fls. 294/304, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o Relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO 4 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pela ilustre Presidente da 3ª Câmara do então Terceiro Conselho de Contribuintes a divergência suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo ao exame das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras do Terceiro Conselho a respeito da mesma matéria. A fazer prevalecer sua pretensão, infere que o entendimento consubstanciado no Acórdão nº 30236.278, ora adotado como paradigma, impõe que a comprovação da existência das áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, depende de prévio protocolo do requerimento do Ato Declaratório Ambiental – ADA, dentro dos seis meses subseqüentes à entrega da DITR, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Sustenta, ainda, a PFN que ao desconsiderar a exigência do requerimento tempestivo do ADA para efeito da benesse isentiva o Acórdão guerreado contrariou as normas insertas no Código Florestal Nacional (Lei nº 4.771/65 e atualizações), bem como as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a respeito da exigência do requerimento atempado do Ato Declaratório Ambiental – ADA relativamente às áreas de preservação permanente, dentro do prazo legal, para fruição da não incidência do Imposto Territorial Rural ITR. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não merece acolhimento, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta e mansa jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: Fl. 4DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO Processo nº 10821.000010/200477 Acórdão n.º 920201.657 CSRFT2 Fl. 3 5 I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) Conforme se extrai dos dispositivos legais encimados, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA, não é, em si, condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo às glebas de terra destinadas à preservação permanente. Somente a título elucidativo, não sendo a requisição atempada do ADA, anteriormente ao exercício 2000, condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, e na linha do que fora exposto no julgado recorrido, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. Contudo, ainda que a legislação estabeleça, para os exercícios posteriores a 2000, em face da intempestividade e/ou ausência do ADA, o reconhecimento da inexistência das áreas de preservação permanente decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, o mero requerimento do ADA, não se perfaz no único meio de se comprovar a existência ou não daquelas áreas. Assim, realizado o lançamento de ITR com base em glosa de áreas de preservação permanente, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pela não requisição tempestiva do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da Fl. 5DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO 6 destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à aludidas áreas, como aqui se vislumbra. Mais a mais, com arrimo no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. Entrementes, afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, impende esclarecer que este Egrégio Colegiado já sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente e reserva legal, o que se vislumbra na hipótese dos autos (exercício 1999). Aliás, o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, aprovou a Súmula n° 41, contemplando o tema e rechaçando de uma vez por todas a pretensão da Fazenda nos presentes autos, senão vejamos: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Na esteira desse raciocínio, em face da inexistência de disposição legal para a exigência do ADA anteriormente ao exercício de 2001, para fins da fruição da isenção sub examine, e sendo esta exclusivamente a justificativa da presente autuação, impõese reconhecer a improcedência do feito, tendo em vista contemplar o exercício de 1999, período, portanto, que não se poderia exigir aludida formalidade para a comprovação das áreas de preservação permanente. Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica, vigente à época, não condiciona a isenção em comento à protocolização tempestiva do ADA, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as circulares e demais atos normativos internos da Administração Fl. 6DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO Processo nº 10821.000010/200477 Acórdão n.º 920201.657 CSRFT2 Fl. 4 7 Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela então 3ª Câmara do 3º Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 7DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO 8 Fl. 8DF CARF MF Emitido em 12/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Assinado digitalmente em 08/08/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, 11/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 17546.000269/2007-14
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/12/2005 a 31/07/2006
PRELIMINARMENTE. CO-RESPONSÁVEIS. SÓCIOS. NOTIFICAÇÃO FISCAL. SIMPLES INDICAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO.
A indicação de sócios na Notificação Fiscal não pode ser interpretada como conduta prejudicial ao sujeito passivo, tendo em vista que tal ato constitui em simples relação dos sócios da empresa à época da autuação, não havendo qualquer tipo de consequência para esses sócios-gerentes, o que só ocorrerá
em sede de execução fiscal, após serem preenchidos os requisitos legais autorizadores.
INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N 2.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para afastar a aplicação de normas legais e regulamentares sob fundamento de inconstitucionalidade.
SEBRAE
Submetem-se à tributação para o SEBRAE pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo.
SAT.
Contribuição adicional para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa, para empresas cuja atividade preponderante ofereça risco de acidente do trabalho considerado leve, médio ou grave.
EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA.
É legítima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2403-000.745
Decisão: Acordam os membros do colegiado, na preliminar, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, na questão da exclusão dos sócios, sendo vencidos os conselheiros Marthius Sávio Cavalcante Lobato e Marcelo Magalhães Peixoto. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao artigo 35, caput, da Lei 8.212/91 e
prevalência da mais benéfica ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: Cid Marconi Gurgel de Souza
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2005 a 31/07/2006 PRELIMINARMENTE. CO-RESPONSÁVEIS. SÓCIOS. NOTIFICAÇÃO FISCAL. SIMPLES INDICAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. A indicação de sócios na Notificação Fiscal não pode ser interpretada como conduta prejudicial ao sujeito passivo, tendo em vista que tal ato constitui em simples relação dos sócios da empresa à época da autuação, não havendo qualquer tipo de consequência para esses sócios-gerentes, o que só ocorrerá em sede de execução fiscal, após serem preenchidos os requisitos legais autorizadores. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para afastar a aplicação de normas legais e regulamentares sob fundamento de inconstitucionalidade. SEBRAE Submetem-se à tributação para o SEBRAE pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo. SAT. Contribuição adicional para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa, para empresas cuja atividade preponderante ofereça risco de acidente do trabalho considerado leve, médio ou grave. EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. É legítima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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CORESPONSÁVEIS. SÓCIOS. NOTIFICAÇÃO FISCAL. SIMPLES INDICAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. A indicação de sócios na Notificação Fiscal não pode ser interpretada como conduta prejudicial ao sujeito passivo, tendo em vista que tal ato constitui em simples relação dos sócios da empresa à época da autuação, não havendo qualquer tipo de consequência para esses sóciosgerentes, o que só ocorrerá em sede de execução fiscal, após serem preenchidos os requisitos legais autorizadores. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para afastar a aplicação de normas legais e regulamentares sob fundamento de inconstitucionalidade. SEBRAE Submetemse à tributação para o SEBRAE pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo. SAT. Contribuição adicional para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa, para empresas cuja atividade preponderante ofereça risco de acidente do trabalho considerado leve, médio ou grave. EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. É legítima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, na preliminar, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, na questão da exclusão dos sócios, sendo vencidos os conselheiros Marthius Sávio Cavalcante Lobato e Marcelo Magalhães Peixoto. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao artigo 35, caput, da Lei 8.212/91 e prevalência da mais benéfica ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Cid Marconi Gurgel de Souza Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Cid Marconi Gurgel de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro e Marthius Sávio Cavalcante Lobato e Marcelo Magalhães Peixoto. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17546.000269/200714 Acórdão n.º 2403000.745 S2C4T3 Fl. 122 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto tempestivamente às fls. 86 a 107 contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Campinas/SP às fls.77 a 81 que julgou PROCEDENTE o lançamento oriundo da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD n° 35.889.9818, no valor de R$ 5.047,11 (cinco mil e quarenta e sete reais e onze centavos). Segundo o relatório fiscal às fls.22 a 24, a cobrança da NFLD referese às contribuições devidas à Seguridade Social correspondentes à parte da empresa; ao financiamento da complementação das prestações por acidentes de trabalho – SAT; ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – RAT e àquelas destinadas a terceiros as quais não tiveram seus recolhimentos comprovados. Cabe ainda destacar que a fiscalização utilizouse de um título específico de “levantamento” denominado FPG, o qual referese a empregados e contribuintes individuais devidamente informados em GFIP. Ademais, ressaltese que o período geral da cobrança corresponde às competências 12/2005 a 07/2006. Desta autuação, a recorrente foi notificada em 13/09/2006 e apresentou impugnação às fls.37 a 62, alegando: Preliminarmente: Que a indicação dos sócios na autuação é indevida e fere preceito do art.135 do Código Tributário Nacional, colacionando ainda julgados para sustentar sua tese. No Mérito: Que a cobrança realizada não pode ser mantida em virtude da inconstitucionalidade das parcelas exigidas, tais como a contribuição ao SEBRAE, ser também indevida por ilegalidade as contribuições ao INCRA, SAT e Salário de Educação e ainda a taxa SELIC. Por fim, , requereu, preliminarmente, a exclusão dos sócios administradores da autuação, bem como, no mérito, requereu seu cancelamento pelos motivos expostos. Instada a manifestarse acerca da matéria, a 7ª Turma da DRJ de Campinas/SP proferiu acórdão (n° 0518.378) nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2005 a 31/07/2006 Fl. 3DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 CONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE DE LEI. INCRA. O julgador administrativo não tem competência para decidir sobre inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei. A contribuição para o INCRA não foi revogada. Lançamento Procedente. Irresignada com a decisão supra, a recorrente interpôs recurso voluntário às fls. 86 a 107, alegando os mesmos pontos já apresentados na impugnação, pretendendo a reversão do decisum. É o relatório. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17546.000269/200714 Acórdão n.º 2403000.745 S2C4T3 Fl. 123 5 Voto Conselheiro Cid Marconi Gurgel de Souza, Relator. Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo ao exame de seus argumentos. DA PRELIMINAR: I – DA INDICAÇÃO DOS SÓCIOS – AUSÊNCIA DE VÍCIOS: Quanto à solicitada exclusão dos sócios gerentes, cabe esclarecer que a relação de corresponsáveis, anexada aos autos pela Fiscalização, não tem como escopo incluir os sócios da empresa no pólo passivo da obrigação tributária, mas sim listar todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo que, eventualmente, poderão ser responsabilizadas na esfera judicial, na hipótese de futura inscrição do débito em dívida ativa, pois o chamamento dos responsáveis só ocorre em fase de execução fiscal, em consonância com o §3o do artigo 4o da Lei no 6.830/80, e após se verificarem infrutíferas as tentativas de localização de bens da própria empresa. A responsabilização dos sócios somente ocorrerá por ordem judicial nas hipóteses previstas na lei e após o devido processo legal. O débito foi lançado somente contra a pessoa jurídica e, neste momento, os sócios não sofreram restrições em seus direitos. Assim, esta discussão é inócua na esfera administrativa, sendo mais apropriada na via da execução judicial, na hipótese dos responsáveis serem convocados, por decisão judicial, para satisfação do crédito. Ademais, os Relatórios de Corresponsáveis e de Vínculos fazem parte de todos processos como instrumento de informação, a fim de se esclarecer a composição societária da empresa no período do lançamento ou autuação, relacionando todas as pessoas físicas e jurídicas, representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação. O art. 688 da Instrução Normativa INSS/DC de 18/12/2003 determina a inclusão dos referidos relatórios nos processos administrativofiscais e esclarece: Art. 688. Constituem peças de instrução do processo administrativofiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: X Relação de CoResponsáveis (CORESP), que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação; XI Relação de Vínculos (VÍNCULOS), que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração previdenciária em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, Fl. 5DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente; Ademais, o art. 660 da Instrução Normativa SRP n° 03 de 14/07/2005 determina a inclusão dos referidos relatórios nos processos administrativofiscais e esclarece: Art. 660. Constituem peças de instrução do processo administrativofiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: (...) X Relação de CoResponsáveis CORESP, que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação; XI Relação de Vínculos VÍNCULOS, que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração previdenciária em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente; Por fim, entendo que a indicação dos sóciosgerentes não representa nenhum vício na NFLD do presente caso, motivo pelo qual entendo que não seja caso de nulidade nem de exclusão dos sócios do documento de autuação. DO MÉRITO: I – DA IMPOSSIBILIDADE DO CARF MANIFESTARSE ACERCA DE (IN)CONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS: A recorrente alega dentre os seus argumentos que as contribuições destinadas a terceiros (SEBRAE, INCRA), bem como as devidas pela empresa relativa ao seguro acidente de trabalho e ao salárioeducação e a aplicação da taxa SELIC são inconstitucionais. Arguiu ainda que o Conselho Administrativo Tributário deveria sim se manifestar acerca do afastamento de normas inconstitucionais. Entretanto, cabe destacar que as normas legais que servem de fundamentação legal para a auditoria, até que sejam declaradas inconstitucionais pela Suprema Corte (STF), estão em plena vigência no ordenamento jurídico e devem ser utilizadas pelos agentes públicos, os quais exercem suas atividades vinculados à lei. A atividade exercida pelo agente público é um poderdever, não podendo haver discricionariedade para a aplicação da lei, o que só é admitido quando a própria norma autoriza. Assim, estando a legislação vigente, deparandose o agente administrativo com uma situação que lhe exija a aplicação de norma infraconstitucional, esta será aplicada em todos os termos, sendo vedada a conduta de afastar a incidência dessa norma, sob pena de violação ao Princípio da Legalidade. Ademais, a Portaria RFB n° 10.875, de 16 de agosto de 2007, que disciplina o processo administrativo fiscal relativo às contribuições sociais de que tratam os Fl. 6DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17546.000269/200714 Acórdão n.º 2403000.745 S2C4T3 Fl. 124 7 arts. 2° e 3° da Lei n° 11.457/2007, veda, em seu art.18, que o Contencioso Administrativo Federal afaste aplicação de lei por inconstitucionalidade ou ilegalidade: Art. I8 É vedado à autoridade julgadora afastar a aplicação, por inconstitucionalidade ou ilegalidade, de tratado, acordo internacional, lei, decreto ou ato normativo em vigor, ressalvados os casos em que: 1 tenha sido declarada a inconstitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal (STF); em ação direta, após a publicação da decisão, ou pela via incidental, após a publicação da resolução do Senado Federal que suspender a sua execução; II haja decisão judicial, proferida em caso concreto, afastando a aplicação da norma, por ilegalidade ou inconstitucionalidade, cuja extensão dos efeitos jurídicos tenha sido autorizada pelo Presidente da República ou, nos termos do art. 4 2 do Decreto n2 2.346, de 10 de outubro de 1997, pelo Secretário da Receita Federal do Brasil ou pelo ProcuradorGeral da Fazenda NacionaL. Além disso, vale destacar que a Portaria n 256 do Ministério da Fazenda, que aprovou o Regimento Interno do CARF, em seu artigo 62, veda aos julgadores do Contencioso Administrativo Federal afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Observese, que somente nas hipóteses contempladas no parágrafo único e incisos do dispositivo legal acima citado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 Para haver harmonia nos julgamentos, conforme artigo 72 do Regimento Interno, o CARF emitirá súmulas para decisões reiteradas e uniformes, de observância obrigatória pelos membros do CARF. Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Nesse sentido, o CARF sumulou a matéria em comento, Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; Dessa forma, não há como se acolher a pretensão do contribuinte em relação à possibilidade da autoridade julgadora afastar norma infraconstitucional, sob o argumento das normas que tratam das contribuições destinadas ao INCRA, SEBRAE e das contribuições relativas ao SAT, SalárioEducação estarem investidas de inconstitucionalidade. II – DA CONSTITUCIONALIDADE E LEGALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES EXIGIDAS PELA FISCALIZAÇÃO: II.1 – DA LEGITIMIDADE DA COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO SEBRAE: A cobrança das contribuições destinadas às outras entidades e fundos estão regularmente previstas em lei, conforme relatório de fundamentação legal, não assistindo razão à recorrente quanto aos vícios que suscita. Em relação à contribuição destinada ao SEBRAE, segue ementa do entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região: Tributário – Contribuição ao Sebrae – Exigibilidade. 1. O adicional destinado ao Sebrae (Lei nº 8.029/90, na redação dada pela Lei nº 8.154/90) constitui simples majoração das alíquotas previstas no DecretoLei nº 2.318/86 (Senai, Senac, Sesi e Sesc), prescindível, portanto, sua instituição por lei complementar. 2. Prevê a Magna Carta tratamento mais favorável às micro e pequenas empresas para que seja promovido o progresso nacional. Para tanto submete à exação pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo. 3. Precedente da 1ª Seção desta Corte (EIAC n 2000.04.01.1069909). Fl. 8DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17546.000269/200714 Acórdão n.º 2403000.745 S2C4T3 Fl. 125 9 ACÓRDÃO: Vistos e relatados estes autos entre as partes acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 17 de junho de 2003. (TRF 4ª R – 2ª T – Ac. nº 2001.70.07.0020183 – Rel. Dirceu de Almeida Soares – DJ 9.7.2003 – p. 274) No mesmo sentido consolidouse a jurisprudência do STJ, conforme ementa do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento de n ° 840946 / RS, publicado no Diário da Justiça em 29 de agosto de 2007: TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÕES AO SESC, AO SEBRAE E AO SENAC RECOLHIDAS PELAS PRESTADORAS DE SERVIÇO – PRECEDENTES. 1. A jurisprudência renovada e dominante da Primeira Seção e da Primeira e da Segunda Turma desta Corte se pacificou no sentido de reconhecer a legitimidade da cobrança das contribuições sociais do SESC e SENAC para as empresas prestadoras de serviços. 2. Esta Corte tem entendido também que, sendo a contribuição ao SEBRAE mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, devem recolher aquela contribuição todas as empresas que são contribuintes destas. 3. Agravo regimental improvido. Ante os expostos, não procede o argumento da recorrente de que a contribuição destinada ao SEBRAE é inconstitucional. II.2 – DA LEGITIMIDADE DA COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA: Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. Não se olvida que a contribuição destinada ao INCRA tenha natureza distinta das contribuições sociais da Seguridade Social. As competências do INCRA são atribuídas pela sua lei de criação e o Estatuto da Terra: DECRETOLEI Nº 1.110, DE 9 DE JULHO DE 1970. Regulamento Cria o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), extingue o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário e o Grupo Executivo da Reforma Agrária e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, item I, da Constituição, DECRETA: Fl. 9DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 10 Art. 1º É criado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), entidade autárquica, vinculada ao Ministério da Agricultura, com sede na Capital da República. Art. 2º Passam ao INCRA todos os direitos, competência, atribuições e responsabilidades do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA) e do Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA), que ficam extintos a partir da posse do Presidente do novo Instituto. LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 37. São órgãos específicos para a execução da Reforma Agrária: (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) I O Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA); (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) Il O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), diretamente, ou através de suas Delegacias Regionais; (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) III as Comissões Agrárias. (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) Art. 43. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a realização de estudos para o zoneamento do país em regiões homogêneas do ponto de vista sócioeconômico e das características da estrutura agrária, visando a definir: I as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação dos minifúndios e dos latifúndios; II as regiões em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em que não ocorram tenções nas estruturas demográficas e agrárias; III as regiões já economicamente ocupadas em que predomine economia de subsistência e cujos lavradores e pecuaristas careçam de assistência adequada; IV as regiões ainda em fase de ocupação econômica, carentes de programa de desbravamento, povoamento e colonização de áreas pioneiras. Art. 74. É criado, para atender às atividades atribuídas por esta Lei ao Ministério da Agricultura, o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), entidade autárquica vinculada ao mesmo Ministério, com personalidade jurídica e autonomia financeira, de acordo com o prescrito nos dispositivos seguintes: Fl. 10DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17546.000269/200714 Acórdão n.º 2403000.745 S2C4T3 Fl. 126 11 I o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário tem por finalidade promover o desenvolvimento rural nos setores da colonização, da extensão rural e do cooperativismo; II o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário terá os recursos e o patrimônio definidos na presente Lei; III o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário será dirigido por um Presidente e um Conselho Diretor, composto de três membros, de nomeação do Presidente da República, mediante indicação do Ministro da Agricultura; IV Presidente do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário integrará a Comissão de Planejamento da Política Agrícola; Ademais, a contribuição ao INCRA não alcança exclusivamente a produção rural, conforme sua lei de instituição, que relaciona atividades industriais que podem ser desenvolvidas tanto no meio rural como nas regiões urbanas: Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que também se consolidou no Supremo Tribunal Federal: PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL E INCRA EMPRESA URBANA LEGALIDADE ORIENTAÇÃO DESTA PRIMEIRA SEÇÃO, SEGUINDO A JURISPRUDÊNCIA DO STF RECURSO NÃO ADMITIDO SÚMULA 168/STJ AGRAVO REGIMENTAL AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA MERA REPETIÇÃO DAS RAZÕES DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA IRRESIGNAÇÃO MANIFESTAMENTE INFUNDADA RECURSO NÃO CONHECIDO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. Nos termos da orientação desta Primeira Seção e do Supremo Tribunal Federal, é legítimo o recolhimento da contribuição social para o FUNRURAL e INCRA pelas empresas urbanas. Considerando que o acórdão embargado corroborou esse entendimento, correta é a aplicação da Súmula 168 desta Corte Superior. 2. Não tendo a agravante rebatido especificamente os fundamentos da decisão recorrida, limitandose a reproduzir as razões oferecidas nos embargos de divergência, é inviável o conhecimento do recurso. 3. Tratandose de agravo interno manifestamente infundado, impõese a condenação da agravante ao pagamento de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa, nos termos do art. 557, § 2º, do Código de Processo Civil. 4. Agravo interno não conhecido, com aplicação de multa. Fl. 11DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 12 (AgRg nos EREsp 530802/GO. Primeira Seção. Relatora Ministra DENISE ARRUDA. Julgamento 13/04/2005. DJ 09/05/2005, p. 291) (sem grifos no original). Ementa no Agravo Regimental do Recurso Extraordinário de n ° 211.190, publicado no Diário da Justiça em 29 de novembro de 2002: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DESTINADA A FINANCIAR O FUNRURAL. VIOLAÇÃO DO PRECEITO INSCRITO NO ARTIGO 195 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO INSUBSISTENTE. A norma do artigo 195, caput, da Constituição Federal, preceitua que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem expender qualquer consideração acerca da exigibilidade de empresa urbana da contribuição social destinada a financiar o FUNRURAL. Precedentes. Agravo regimental não provido. Desse modo, entendo que a cobrança da contribuição destinada ao INCRA não viola o ordenamento jurídico brasileiro, motivo pelo qual a parcela destina à essa verba deverá ser mantida. II.3 – DA LEGITIMIDADE DA COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO RELATIVA AO SAT: A contribuição patronal prevista no art. 22, II, da Lei 8.212/91, destinada ao Seguro de Acidente de Trabalho – SAT, seguiu os princípios constitucionais tributários e nos moldes do art. 97 do Código Tributário Nacional CTN, a Lei 8.212/91 tratou da instituição da referida contribuição para o financiamento dos benefícios em razão da incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT), definindo o seu fato gerador, fixando a base de cálculo e as alíquotas aplicáveis, restando ao decreto apenas a regulamentação da aludida contribuição, o qual, por sua vez, estabelece os graus de risco conforme a atividade precípua da empresa. O decreto apenas expressa os graus de risco e o que seja atividade preponderante, enquanto a fixação de todos os elementos da obrigação tributária se encontra na referida lei. E, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou a respeito do SAT, aduzindo, inclusive, a desnecessidade de Lei Complementar para instituição da sobredita contribuição, bem como que não há ofensa aos art. 195, § 4º, c/c art. 154, I, da Constituição Federal, consoante a ementa a seguir transcrita: “CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO SAT. Lei 7.787/89, arts. 3º e 4º; Lei 8.212/91, art. 22, II, redação da Lei 9.732/98. Decretos 612/92, 2.173/97 e 3.048/99. C.F., artigo 195, § 4º; art. 154, I; art. 5º, II ; art. 150, I. I. Contribuição para o custeio do Seguro de Acidente do Trabalho SAT: Lei 7.787/89, art. 3º, II; Lei 8.212/91, art. 22, II: alegação no sentido de que são ofensivos ao art. 195, § 4º, c/c art. 154, I, da Constituição Federal: improcedência. Desnecessidade de observância da técnica da competência Fl. 12DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17546.000269/200714 Acórdão n.º 2403000.745 S2C4T3 Fl. 127 13 residual da União, C.F., art. 154, I. Desnecessidade de lei complementar para a instituição da contribuição para o SAT. II. O art. 3º, II, da Lei 7.787/89, não é ofensivo ao princípio da igualdade, por isso que o art. 4º da mencionada Lei 7.787/89 cuidou de tratar desigualmente aos desiguais. III. As Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributária válida. O fato de a lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de "atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica, C.F., art. 5º, II, e da legalidade tributária, C.F., art. 150, I. IV. Se o regulamento vai além do conteúdo da lei, a questão não é de inconstitucionalidade, mas de ilegalidade, matéria que não integra o contencioso constitucional. V. Recurso extraordinário não conhecido”. (RE 343.4462/SC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 04/04/2003) II.4 – DA LEGITIMIDADE DA COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO RELATIVA AO SALÁRIOEDUCAÇÃO: Com relação à contribuição social ao salárioeducação, sua constitucionalidade é reconhecida através da Súmula de n ° 732 do Supremo Tribunal Federal, o que reforça a presunção de legalidade da lei que instituiu sua cobrança, conforme plenamente indicado no relatório de fundamentos legais, impedindo este órgão colegiado de afastar sua aplicação, conforme Súmula 02 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, já mencionada neste voto. Súmula nº 732 É constitucional a cobrança da contribuição do salário educação, seja sob a carta de 1969, seja sob a constituição federal de 1988, e no regime da lei 9.424/96. Desse modo, não havendo nenhuma decisão plenária do Supremo Tribunal Federal que tenha declarado inconstitucional a contribuição relativa ao salárioeducação, a sua cobrança também deverá ser mantida. III – DA APLICAÇÃO DE MULTA MORATÓRIA E JUROS COM BASE NA TAXA SELIC: Não obstante a recorrente ter argumentado que a inclusão da taxa SELIC na cobrança de tributos é ilegal, há que considerar que a atualização de débitos tributários é calculada com base nos juros da taxa SELIC, conforme previsão da Lei n 8.212/91: Lei N 8.212/91 Fl. 13DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 14 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Sobre a aplicação deste dispositivo, o qual prevê multa de 0,33% ao dia e limitada a 20%, vale destacar que a redação acima foi dada por Lei diversa daquela vigente à época do fato gerador, motivo pelo qual será aplicada em conformidade com o art.106, II, do Código Tributário Nacional. Ademais, com relação à incidência da taxa SELIC sobre os débitos federais, inclusive contribuições sociais, registrese que a legislação de regência à época do fato gerador, a Lei nº 8.212/91, afastava literalmente os argumentos erguidos pela recorrente, in verbis:: Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Restabelecido com redação alterada pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97. A atualização monetária foi extinta, para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/95, conforme a Lei nº 8.981/95. A multa de mora esta disciplinada no art. 35 desta Lei) Entretanto, a Lei n 11.941/2009 revogou o dispositivo acima e deu nova redação ao art.35 da Lei n 8.212/91, determinando que os débitos tributários a nível federal, teriam suas cobranças acrescidas de multa e juros na forma do art.61 da Lei n 9.430/96. Então vejamos: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). LEI N 9.430/96 Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. Fl. 14DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17546.000269/200714 Acórdão n.º 2403000.745 S2C4T3 Fl. 128 15 §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seupagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Art. 5º(...) (...) § 3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. A propósito, convém ainda mencionar que o CARF aprovou Súmula nº 04, nos seguintes termos: Súmula CARF Nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, a aplicação da taxa SELIC sobre os débitos tributários federais é devida e tem amparo legal com fulcro no artigo 35, caput, da Lei nº 8.212/91. IV – DA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA AO ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO: Tratandose de ato pendente de julgamento, há que se observar alguns preceitos legais do Código Tributário Nacional no que se refere à possibilidade de uma lei retroagir e alcançar fatos pretéritos, os quais ocorreram sob a égide de outra legislação. No caso em tela, verificase que tanto a aplicação de multa como a incidência de taxa SELIC sobre os débitos tributários federais encontra amparo atualmente no art.35, caput, da Lei n 8.212/91, dispositivo este alterado pela Lei n 11.941/2009. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 16 Deste modo, caso seja mais benéfico ao sujeito passivo, a Lei n 11.941/2009 deverá retroagir em respeito ao art.106 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática CONCLUSÃO: Voto pelo CONHECIMENTO do recurso voluntário para, nas preliminares, NEGARLHE PROVIMENTO, de modo que seja afastado o pedido de exclusão dos sócios da Notificação Fiscal nº 35.889.9818 pelas razões já apresentadas. No mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, de modo que a cobrança da NFLD nº 35.889.9818 seja mantida, devendose proceder ao recálculo da multa de mora previsto no art.35, caput, da Lei n 8.212/91 com base na redação dada pela Lei n 11.941/2009, prevalecendo a legislação mais benéfica ao contribuinte. É como voto. Cid Marconi Gurgel de Souza. Fl. 16DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 28/ 10/2011 por CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, Assinado digitalmente em 03/11/2011 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 10680.000601/2004-04
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 02 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Aug 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 1999
MULTA DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SUCESSORES.
A responsabilidade tributária não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas também se refere às multas, moratórias ou de ofício, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor.
Embora o art. 132 refira-se aos tributos devidos pelo sucedido, o art. 129 estabelece que o disposto na Seção II do Código Tributário Nacional aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição,
compreendendo o crédito tributário não apenas as dívidas decorrentes de tributos, mas também de penalidades pecuniárias. MULTA QUALIFICADA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. PRINCÍPIO DA BOA FÉ. O princípio da boa-fé não pode amparar a sucessora se o sócio administrador era também o responsável pela administração da empresa incorporada e mentor da conduta fraudulenta que ensejou a qualificação da multa. Responsabilidade integral da
sucessora pelos créditos tributários lançados, inclusive da multa de ofício qualificada, uma vez comprovado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. (Súmula nº 47 do CARF).
Numero da decisão: 9101-001.127
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar provimento ao
Recurso Especial da Fazenda Nacional. Os conselheiros Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos Lima Junior, Claudemir Rodrigues Malaquias, Karem Jureidini Dias, Antônio Carlos Guidoni Filho, Valmir Sandri, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo, acompanharam o relator por suas conclusões.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
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Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado LIONE COMÉRCIO DE ARTIGOS ESPORTIVOS LTDA. (atual denominação da MG Master Ltda. — sucessora da Sports News Ltda.) ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999 MULTA DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SUCESSORES. A responsabilidade tributária não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas também se refere às multas, moratórias ou de ofício, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor. Embora o art. 132 refirase aos tributos devidos pelo sucedido, o art. 129 estabelece que o disposto na Seção II do Código Tributário Nacional aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição, compreendendo o crédito tributário não apenas as dívidas decorrentes de tributos, mas também de penalidades pecuniárias. MULTA QUALIFICADA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. PRINCÍPIO DA BOA FÉ. O princípio da boafé não pode amparar a sucessora se o sócioadministrador era também o responsável pela administração da empresa incorporada e mentor da conduta fraudulenta que ensejou a qualificação da multa. Responsabilidade integral da sucessora pelos créditos tributários lançados, inclusive da multa de ofício qualificada, uma vez comprovado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. (Súmula nº 47 do CARF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Os conselheiros Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos Lima Junior, Claudemir Rodrigues Malaquias, Karem Jureidini Dias, Antônio Carlos Guidoni Filho, Valmir Sandri, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo, acompanharam o relator por suas conclusões. ﴾documento assinado digitalmente﴿ Fl. 1DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR 2 OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. ﴾documento assinado digitalmente﴿ ALBERTO PINTO S. JR. Relator. Participaram do presente julgamento: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Claudemir Rodrigues Malaquias, Valmir Sandri, Alberto Pinto Souza Junior, Viviane Vidal Wagner, Susy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, João Carlos de Lima Junior, Antônio Carlos Guidoni Filho, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz. Relatório Tratase de Recurso Especial do Procurador da Fazenda Nacional, contra o acórdão nº 10808.656, de 08/12/2005 (fls. 573/587), proferido pela Oitava Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, que, por unanimidade decidiu rejeitar as preliminares suscitadas pelo recorrente, e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, os valores do PIS e da COFINS e os juros incidentes sobre estas contribuições até agosto de 1998 exigidos de ofício e cancelar a multa lançada de ofício. A recorrente tomou ciência do acórdão em 24/10/2006 (fls. 589), tendo interposto o recurso especial (fls. 590/608), com fundamento no art. 32, inc. I do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes e do art. 5º, inc. I do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, ambos aprovados pela Portaria MF nº 55, de 12/03/1998. Insurgese a recorrente contra a decisão do acórdão recorrido que deu provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento a multa de ofício qualificada aplicada (150%), com base no entendimento de que a incorporadora somente responde pelos tributos devidos pelo sucedido. A Fazenda Nacional, ora recorrente, alega em síntese: a) que a decisão que decidiu pela exclusão da multa de ofício violou o art. 129 do CTN, pois o art. 132 do mesmo código deve ser aplicado observandose aquele dispositivo; b) que “o art. 129 menciona que nos casos de sucessão regrados na Seção II, os sucessores serão responsáveis pelo crédito tributário e não somente pelo tributo em espécie”; c) que “o art. 132 se encontra dentro da Seção II e, portanto, não se pode interpretar a expressão “tributos" nele mencionada apenas como o tributo em espécie, mas como todo o crédito tributário numa interpretação sistemática com o art. 129”; d) que “no presente caso, não se faz presente os valores que se busca proteger com a interpretação restritiva do art. 132 do CTN. A autuada não goza de boafé, pois os seus sócios são quase todos os mesmos que compunham o quadro social da sucedida, autora do ilícito fiscal”; e) que “a administração da sucedida fora realizada pelo mesmo sóciogerente da sucessora o Sr. SEBASTIÃO VICENTE BOMFIM FILHO que autorizava a utilização de vários artifícios para ocultar a ocorrência do fato gerador das obrigações tributárias, conforme apurados pela autoridade fiscal”; f) que “em que pese a MGMASTER LTDA e a ZIK SPORTS LTDA sejam pessoas jurídicas distintas, com CNPJ diferente, ambas integram o mesmo grupo econômico, cujo órgão de direção foi o mesmo que praticou o ilícito fiscal em 1998”; Fl. 2DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10680.000601/200404 Acórdão n.º 910101.127 CSRFT1 Fl. 2 3 g) que, “o afastamento da multa punitiva é razoável quando a aplicação desta configurarse uma situação de injustiça, pois atentatória do princípio esculpido no art. 5Q, XLV da CF/88 e à boafé objetiva, mas não pode servir àquele que praticou o delito apenas porque mudou de nome”; h) que “não é razoável admitir a exclusão de responsabilidade por multas nos casos de sucessão, incorporação, transformação e cisão das pessoas jurídicas compostas pelos mesmos sócios das empresas sucedidas, incorporadas, transformadas e cindidas, a fim de que não assistamos a perpetração de fraudes sob um aparente consentimento da lei”; i) que “não procede o argumento de que a desconsideração da sucessão seria forma de aplicar o parágrafo único do art. 116 do CTN a despeito de sua regulamentação”; j) que restou caracterizada a existência de dolo por parte da contribuinte, ensejando a aplicação da multa qualificada prevista no inc. II do art. 44 da Lei 9.430/96. A recorrente cita jurisprudência do STJ em abono à sua tese. Ao final a recorrente propugna que seja restabelecida a multa de 150% para todos os autos de infração. O presidente da 8ª Câmara do extinto Primeiro Conselho de contribuintes admitiu o recurso especial por que se trata de decisão não unânime e entender que ficou demonstrado em tese que a decisão recorrida seria contrária à lei e à evidência das provas contidas nos autos. A autuada, ora recorrida, foi cientificada do acórdão e do despacho de admissibilidade do recurso especial da Fazenda Nacional e apresentou suas contrarrazões (doc. a fs. 663/688), as quais protestam pela manutenção da decisão, sustentando em síntese: a) que “o CTN, em seu art. 132, é claro ao afirmar que a responsabilidade tributária das sucessoras referese apenas aos tributos e não às multas, principalmente as de natureza punitiva”; b) que “a mencionada "interpretação sistemática", pretendida pela Recorrente, caracterizase como verdadeira inovação legislativa, que não é permitida no âmbito tributário em vista ao princípio da Estrita Legalidade (art. 150, II, CF/88 e art. 97 do CTN)”; c) que nas “razões do Recurso combatido, notase claramente a intenção da Fazenda Nacional de ampliar o texto do art. 132 do CTN, acrescentando às suas disposições vocábulo que o legislador não pretendeu expressar, ou seja, substituir a palavra "tributos" pela expressão "crédito tributário", que, indiscutivelmente, não se equivalem”; e) que “o legislador ao editar a Lei n° 5.172/66 (CTN) sabia exatamente a distinção entre tributo e crédito tributário, bem como as diferenças entre principal e multa, não podendo o julgador administrativo imaginar que, no caso do art. 132, ele teria se equivocado ao constar somente a responsabilidade por sucessão com relação aos tributos”; f) que “no que se refere aos precedentes do STJ apontados no Recurso ora contrarazoado, verificase que, em ambos os casos, o entendimento que prevalece é o de que a responsabilidade só existe quando as multas que já integravam o passivo da pessoa jurídica, ou seja, foram aplicadas antes da incorporação de forma a serem conhecidas pelos novos administradores da empresa, o que não ocorreu no caso em comento”; g) que “em matéria tributária não há espaço para suposta "interpretação sistemática" ou "buscando possível intenção do legislador" (que na verdade são meras tentativas de inovar no ordenamento jurídicotributário), pelo que todas as considerações Fl. 3DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR 4 postas neste sentido não podem convalidar possível manuseio da legislação ao bel prazer do Fisco”; h) que “não há autorização legal para desconsideração de atos e negócios jurídicos validamente realizados. E, se este fosse o caso, certamente a Recorrida tem o direito de defesa contra tal argumento, de maneira que este aspecto teria que estar ventilado no auto de infração e peças conseqüentes; i) que “o que se verifica nos autos é que a Fazenda Nacional, ao mesmo tempo em que defende a malsinada "aplicação sistemática" do art. 132 do CTN, pretende, indiretamente, desconsiderar a sucessão ocorrida no presente caso, aventando, de forma equivocada, a possibilidade de um suposto ato simulado, sem realizar qualquer prova dessa suposição. A verdade é que a Recorrente nem mesmo chega a afirmar expressamente que a incorporação foi um ato simulado e nem poderia, pois para que essa afirmação fosse sequer cogitada, seria indispensável sua comprovação inequívoca, fato inexistente nos autos”; j) que “em momento algum o Fisco se opôs ao procedimento de incorporação do qual participou a Empresa Autuada, mesmo podendo fazêlo, conforme determina expressamente a legislação de regência (Lei n° 6.404/76), sendo que não lhe cabe, somente agora, alegar a imaginada simulação na transformação societária em comento, a fim de tentar justificar a responsabilidade por sucessão da Recorrida no que se refere à multa de ofício aplicada na sucedida”; k) que “mesmo que se considerasse cabível a multa de oficio, hipótese levantada apenas por amor ao debate, ela teria que ser aplicada no montante mínimo permitido em lei”; l) que “no caso dos autos, não restou COMPROVADA quaisquer das circunstâncias qualificadoras, sendo que não houve nenhuma ação dos Recorrentes tendente a impedir ou retardar o conhecimento da autoridade tributária da ocorrência do fato gerador, o que implicaria na sonegação”. m) que “não há que se falar em imposição de penalidade, ainda mais em sua forma agravada, eis que o trabalho fiscal foi concluído após a adesão da Recorrente ao PAES” e que” a confissão e o parcelamento de débitos são condutas que, inequivocamente, excluem qualquer possibilidade de ocorrência dos requisitos para aplicação da qualificação de multa tributária”. A recorrida faz citação da doutrina e de jurisprudência da Câmara Superior de Recurso Fiscais em reforço às suas contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior, Relator. O recurso atende os pressupostos para sua admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido, nos termos do art. 4º da Portaria MF nº 256 de 22/06/2009, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. A questão a ser solucionada versa sobre a possibilidade de cobrança, da empresa incorporadora (sucessora), de multa qualificada (150%) aplicada sobre os tributos lançados em face da omissão de rendimentos apurada pela fiscalização sobre operações realizadas pela empresa incorporada. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10680.000601/200404 Acórdão n.º 910101.127 CSRFT1 Fl. 3 5 O acórdão recorrido adota o posicionamento, de que a incorporadora responde apenas pelos os tributos devidos pela sucedida. O acórdão recorrido tem a seguinte ementa, na parte que interessa ao presente recurso: MULTA DE OFÍCIO RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO A incorporadora somente responde pelos tributos devidos pelo sucedido. O que alcança a todos os fatos jurídicos tributários (fato gerador) verificados até a data da sucessão, ainda que a existência do débito tributário venha a ser apurada após aquela data. Art. 132 CTN. A recorrente argumenta que a decisão que excluiu a penalidade contraria a lei; mais precisamente o art. 129 do CTN. Sustenta que a interpretação do art. 132 não pode ser feita de forma isolada, desconsiderando o disposto no art. 129, que integra a mesma Seção II do código, que trata da responsabilidade dos sucessores. Tal interpretação estaria em consonância com a jurisprudência do STJ. Por outro lado a recorrida sustenta que a decisão recorrida se alinha à jurisprudência administrativa da Câmara Superior de Recursos Fiscais. No seu entendimento a expressão “tributos” contida no art. 132, excluiria uma interpretação sistemática no sentido de ampliar o seu alcance e abranger as multas, como pretende a recorrente. Alega ainda que a jurisprudência citada pela recorrente abrangeria apenas os casos em que a multa punitiva já havia sido lançada antes da sucessão e já integrando o patrimônio da incorporada sendo, portanto, de conhecimento da incorporadora na data do ato de incorporação. Tratase, portanto, de examinar se a decisão recorrida afronta os dispositivos do Código Tributário Nacional que tratam da responsabilidade tributária dos sucessores. Passo, então, a examinar os argumentos da recorrida à luz dos elementos do processo, da doutrina e da jurisprudência administrativa e judicial. Esta questão tem sido bastante discutida sejam no âmbito doutrinário, seja no campo jurisprudencial. Na esfera administrativa, conforme aponta a recorrida em suas contrarrazões, existem várias decisões da Câmara Superior Fiscal que a responsabilidade da sucessora, nos estritos termos do art. 132 do CTN, restringese aos tributos não pagos pela sucedida, e que a responsabilidade pela multa fiscal somente se dá quando ela tiver sido lançada antes do ato sucessório, tratandoa, neste caso, como um passivo assumido pela sucessora. É o caso dos acórdãos da CSRF indicados pela recorrida em seu contraarrazoado (Acórdão CSRF/01 04.408 e CSRF/0104.406, ambos proferidos no ano de 2003) Em que pesem os sólidos argumentos contidos nos referidos acórdãos da CSRF, lastreado tanto na doutrina quanto na jurisprudência, não se pode olvidar que a jurisprudência é dinâmica e sofre alterações ao longo dos anos. O argumento central da tese abrigada no acórdão recorrido é de que o artigo 132 do CTN prevê apenas a responsabilidade da sucessora pelos tributos, o que excluiria, portanto as multas, pois estas estão fora do conceito de tributo “strictu sensu”. Tal premissa, no entanto já vem mitigada por ressalvas feitas na própria jurisprudência que encampa esta tese. A primeira delas é de que se admite a responsabilidade pelas multas se estas já tiverem sido lançadas antes do ato sucessório, na medida em que estariam incorporadas ao patrimônio (mais propriamente ao passivo) da empresa sucedida, sendo, portanto, do conhecimento da sucessora (incorporadora, no presente caso). Também há Fl. 5DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR 6 muito que a jurisprudência admite que a multa de mora, por ter caráter indenizatório e não punitivo, também é da responsabilidade da sucessora. Essa interpretação mitigada do artigo 132 revela que a exegese correta, como sói ocorrer com toda norma jurídica, não pode ser feita de forma literal, nem isolada do restante do ordenamento. A interpretação sistemática não representa inovação legislativa, nem tampouco afronta o princípio da estrita legalidade, como alega a recorrida, mas sim representa uma dos mais eficazes e utilizados métodos hermenêuticos. Neste diapasão não há como deixar de fazer uma análise sistemática das normas que tratam da responsabilidade tributária dos sucessores no CTN, contidas na Seção II do Capítulo V. Podese começar pelo próprio art. 132, numa leitura mais acurada do caput e de seu parágrafo único, in verbis: Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. (grifei) Como se vê, o caput do art. 132 trata da responsabilidade da pessoa jurídica não apenas no caso em que esta resulte de incorporação de outra, mas também nos casos de fusão ou transformação da pessoa jurídica. A lei nº 6.404/1976, que rege as sociedades anônimas define o que vem a ser cada uma dessas modalidades, nestes termos: Art. 220. A transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro. Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Como se vê na definição legal, apenas nos casos de fusão ou incorporação ocorre a extinção de uma ou mais sociedades sendo sucedida por apenas uma delas (no caso de incorporação) ou por uma nova sociedade (no caso de fusão). Na transformação não há dissolução ou liquidação da sociedade, mas a mera transformação de seu tipo societário (de sociedade por quotas de responsabilidade limitada para sociedade anônima, por exemplo). Nesse caso não há, pelo menos em princípio, alteração do quadro societário, embora a lei ressalve o direito do sócio dissidente retirarse da sociedade; nem tampouco das atividades desenvolvidas. Ou seja, a pessoa jurídica não sofre qualquer interrupção ou alteração na exploração de suas atividades. Não seria razoável a interpretação de que a pessoa jurídica que promoveu alteração de seu tipo societário tivesse a sua responsabilidade tributária até a data da transformação, limitada aos tributos devidos, com exclusão das penalidades pelas infrações tributárias de qualquer natureza que houverem sido cometidas. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10680.000601/200404 Acórdão n.º 910101.127 CSRFT1 Fl. 4 7 Não obstante o art. 132 alberga todas essas situações, sempre se referindo à responsabilidade dos “sucessores” pelos “tributos” devidos pela pessoa jurídica até a data do ato de transformação, fusão, incorporação ou extinção. O mesmo se pode dizer da interpretação do parágrafo único do mesmo dispositivo quanto à responsabilidade do sócio que, extinta a pessoa jurídica, dá continuidade à exploração da atividade sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual, ficar limitada aos tributos, com exclusão das penalidades. Em linha similar de sustentação, Gelson Amaro de Souza (Responsabilidade Tributária e Legitimidade Passiva na Execução Fiscal, 2ª ed., rev., atual. e amp. – Ribeirão Preto, SP: Nacional de Direito Livraria e Editora, 2001), leciona que: O responsável por sucessão responde pelas obrigações tributárias deixadas pelo sucedido em toda sua extensão, sem exclusão alguma. O legislador, ao disciplinar a matéria da sucessão em seus arts. 131 a 133, especificamente, não fez nenhuma exclusão, como o fez para os casos do art. 134, do mesmo CTN. O parágrafo único do art. 134 exclui as responsabilidades em relação às multas de caráter pecuniário. Mas essa exclusão se restringe única e exclusivamente aos casos do art. 134 e não se aplica em hipóteses outras, que não as ali tratadas. A adequada interpretação do disposto no art. 132 do CTN passa, sem dúvida alguma, pela observância do que dispõe o art. 129 do mesmo código. O dispositivo em questão é a moldura sob a qual devem ser aplicados os demais dispositivos da seção que trata da responsabilidade dos sucessores, nestes termos: Art. 129. O disposto nesta Seção aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. (grifei) O dispositivo se refere expressamente não apenas à responsabilidade dos sucessores “por igual aos créditos tributários” , como também determina a sua aplicação (por igual) a quaisquer créditos tributários, sejam eles “definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos”, apenas com a ressalva de que sejam “relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data” O código não diferencia, portanto, a responsabilidade do sucessor sobre os créditos tributários, sejam eles constituídos antes, em curso de constituição ou posteriormente à data ato de transformação, fusão, incorporação ou extinção da pessoa jurídica. Assim, não abriga critério que permita excluir da responsabilidade as multas aplicadas após a data do ato de sucessão, conforme entendeu o acórdão recorrido. Esta interpretação está em consonância com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que, sob a égide da Constituição Federal de 1.988, se não vejamos como dispõe a ementa do RESP. Nº 959389 –RS, in verbis: RECURSO ESPECIAL N° 959.389 RS (2007/01316981) TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ARTIGO 159 DO CC DE 1916. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. MULTA Fl. 7DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR 8 TRIBUTÁRIA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. SUCESSÃO EMPRESARIAL. OBRIGAÇÃO ANTERIOR E LANÇAMENTO POSTERIOR. RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE SUCESSORA. 1. Não se conhece do recurso especial se a matéria suscitada não foi objeto de análise pelo Tribunal de origem, em virtude da falta do requisito do prequestionamento. Súmula 282 e 356/STF 2. A responsabilidade tributária não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas abrange as multas, moratórias ou de outra espécie, que, por representarem penalidade pecuniária, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor. (grifo não consta do original) 3. Segundo dispõe o artigo 113, § 3°, do CTN, o descumprimento de obrigação acessória faz surgir, imediatamente, nova obrigação consistente no pagamento da multa tributária. A responsabilidade do sucessor abrange, nos termos do artigo 129 do CTN, os créditos definitivamente constituídos, em curso de constituição ou "constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data", que é o caso dos autos. (grifo constante do original) 4. Recurso Especial conhecido em parte e não provido (Acórdão proferido em 07/052009 – Relator Ministro Castro Meira) Na mesma linha já havia sido proferido o Acórdão nº 1.017.186 SC, in verbis: RECURSO ESPECIAL N° 1.017.186 SC (2007/03039743) RECURSO ESPECIAL. MULTA TRIBUTÁRIA. SUCESSÃO DE EMPRESAS. RESPONSABILIDADE. OCORRÊNCIA. DECADÊNCIA. TEMA NÃO ANALISADO. RETORNO DO AUTOS. A empresa recorrida interpôs agravo de instrumento com a finalidade de suspender a exigibilidade dos autos de infração lavrados contra a empresa a qual sucedeu. Alegou a ausência responsabilidade pelo pagamento das multas e, também, decadência dos referidos créditos. O Tribunal a quo acolheu o primeiro argumento, julgando prejudicado o segundo. 1. A responsabilidade tributária não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas também se refere às multas, moratórias ou de outra espécie, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor. (grifo não consta do original). 2. Nada obstante os art. 132 e 133 apenas refiramse aos tributos devidos pelo sucedido, o art. 129 dispõe que o disposto na Seção II do Código Tributário Nacional aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição, compreendendo o crédito tributário não apenas as dívidas decorrentes de tributos, mas também de penalidades pecuniárias (art. 139 c/c § 1° do art. 113 do CTN). (grifo não consta do original). Fl. 8DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10680.000601/200404 Acórdão n.º 910101.127 CSRFT1 Fl. 5 9 3. Tendo em vista que a alegação de decadência não foi analisada em razão do acolhimento da nãoresponsabilidade tributária da empresa recorrida, determinase o retorno do autos para que seja analisado o fundamento tido por prejudicado. 4. Recurso especial provido em parte. (Acórdão proferido em 11/03/2008 – Relator Ministro Castro Meira) Com se extrai dos acórdãos a responsabilidade tributária do sucessor abrange não apenas o tributo, como quaisquer tipo de penalidades pecuniárias na medida em que ambos decorrem da obrigação principal, fundamentandose nos artigos 139 e no §1º do art. 113 do CTN, in verbis: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Art. 113 (...). § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Assim, sendo parte integrante do crédito tributário, não há porque se cogitar da exclusão da responsabilidade do sucessor pela multa, seja ela de mora ou de ofício, independente do momento da constituição do crédito. A única diferença entre as multas de mora e de ofício é a postura do sujeito passivo perante o Fisco. Se ele reconhece sua omissão ou inadimplência e declara/paga o tributo correspondente antes de qualquer ação do Fisco deve apenas a multa de mora. Por outro lado, a multa de ofício é uma penalidade mais gravosa na medida em que o Fisco necessitou movimentar a sua máquina fiscalizadora para efetuar o lançamento dos tributos que foram sonegados aos cofres públicos pelo sujeito passivo. Trata se, portanto, de responsabilidade objetiva, que tem como pressuposto a inadimplência ou a omissão do sujeito passivo ao declarar/recolher o tributo, que é verificada no caso concreto, conforme dispõe o art. 136 do CTN, in verbis: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. (grifei) Embora a multa fiscal seja uma penalidade, tem caráter eminentemente patrimonial, não sendo aplicável o princípio do direito penal inserto no art. 5º, inciso XLV da CF/88, segundo o qual a pena não pode passar da pessoa do infrator. Assim, decidiu o Supremo Tribunal Federal no RE. 83.613SP, de 20/08/1976, e precedentes: RE 74.851, RE 59.883 e RE 77.187SP. Lembro, ainda, que, se no passado com base no aludido dispositivo constitucional alguns negavam a possibilidade de habilitação de créditos relativos a multa tributária no processo de falência (sob o argumento de que iria onerar os credores e não o infrator), hoje, a multa tributária está expressamente prevista, no art. 83, inciso VII, da Lei de Falência (Lei no 11.101/05) entre os créditos passíveis de habilitação. Arrematando, entendo que a multa de ofício aplicada pela autoridade fiscal por infração praticada pelo contribuinte à lei tributária, não possui caráter de pessoalidade, típica das penas criminais, mas ostenta caráter econômico e integra o passivo patrimonial das pessoas jurídicas, sendo, assim, transferível para o sucessor, da mesma forma que os demais elementos do passivo. Fl. 9DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR 10 Poderseia argumentar que a multa qualificada, como a aplicada no caso sub examine, revestese preponderantemente de elementos do direito penal, na medida em que a exasperação da multa de ofício é aplicada, com base no inc. II do art. 44 da Lei nº 9.430/1996 diante da constatação do evidente intuito de fraude, nos termos definidos pelos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964, in verbis: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Neste caso, além da responsabilidade objetiva pela falta de declaração/recolhimento do tributo devido pelo sujeito passivo, concorre para a sua aplicação (da multa qualificada) a conduta subjetiva, caracterizada pela ação ou omissão dolosa do contribuinte com intuito de suprimir ou reduzir o tributo devido. Ora, no caso das pessoas jurídicas a caracterização da conduta dolosa que justifica a majoração da multa de ofício depende essencialmente da ação ou omissão dos seus administradores, que ao fim e ao cabo são os responsáveis pela sua gestão e os beneficiários dos seus resultados. Tal conduta é reprovada não apenas pela legislação tributária, que o faz por intermédio da exasperação da multa de ofício, mas também pela legislação penal, que a tipifica como crime (arts. 1º e 2º da Lei 8.137/1990). Assim, a pessoa jurídica sofre o agravamento da penalidade de cunho patrimonial, enquanto que o dirigente responsável pela conduta dolosa está sujeito às sanções criminais. Nesse contexto, poderseia questionar se a exasperação da multa, originada da ação ou omissão dos administradores da pessoa jurídica sucedida devesse passar à responsabilidade da pessoa jurídica sucessora. Uma vez mais entendo que a penalização mais gravosa deva ser transferida para a sucessora, na medida em que a multa de ofício qualificada integra o crédito tributário apurado e decorre igualmente da legislação tributária. Já a responsabilidade penal ou criminal do dirigente jamais poderá ser estendida ou transferida aos dirigentes da pessoa jurídica sucessora em face da aplicação do princípio da não transferência da pena, previsto no art. 5o, inc. XLV, da CF/88. Ainda que pudesse se admitir que a exasperação da multa lançada de ofício não devesse ser transferida aos sucessores, em homenagem ao princípio da boafé, este entendimento não poderia ser aplicado ao presente caso. As razões relatadas pela fiscalização no seu Termo de Verificação (fls. 25/37) para justificar a imposição da multa qualificada, também transcritas na peça recursal, demonstram que a empresa sucessora é composta basicamente pelos mesmos sócios da empresa incorporada, sendo que ambas sempre foram administradas com exclusividade pelo Fl. 10DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10680.000601/200404 Acórdão n.º 910101.127 CSRFT1 Fl. 6 11 mesmo sóciogerente. É oportuno transcrever os principais pontos do item 67 do Termo de Verificação de Infração, para a perfeita compreensão dos fatos: 67. Caracterizam o evidente intuito de fraude a que aludem os artigos 71, 72 e 73, da Lei 4.502/64, os seguintes fatos, em conjunto com tudo o que já foi exposto neste Termo: "a) as omissões de receitas verificadas ocorreram de forma generalizada na empresa MG MASTER LTDA., bem como já ocorriam as omissões nas empresas que a mesma incorporou e continuaram a ocorrer após as incorporações, como comprovam os envelopes de Fechamento de Caixa e os relatórios existentes no aplicativo SISPAC, constantes da documentação retida/apreendida, de acordo com o Termo de Retenção, a que se refere o item 2, e anexados ao presente processo; b) filiais que iniciaram suas atividades em 1998 também já contabilizavam, desde o primeiro dia de funcionamento, valores de receitas de vendas inferiores às reais; c) as omissões não ocorreram de forma isolada ou esparsa, mas sim de forma continuada e geral, na medida em que ocorreram não só em alguns dias, mas diariamente, não apenas em alguns meses, mas em todos os meses do anocalendário de 1998, que ora está sendo analisado, e também não apenas em uma loja, mas em todas que já existiam, nas que entravam em funcionamento e também nas que foram incorporadas, todas sob a administração do Sr. Sebastião Vicente Bonfim Filho, que era sócio das incorporadas e continua como sócio quotista, representante legal e dirigente exclusivo da MG MASTER LTDA; d) as omissões não foram em decorrência de erros de escrituração e sim decorrentes da sistemática contabilização de valores de receitas de vendas inferiores aos efetivamente ocorrido; (...) g) existe uma limitação à emissão de notas ou cupons fiscais no dia, em função do procedimento de controle e cotas, de tal forma que a utilização dos emissores de cupom fiscal (ECF) fica restrita ao valor previamente determinado pelo próprio sócio administrador, Sr. Sebastião Vicente Bonfim Filho, conforme constatado nos documentos juntados às folhas 218 a 220 do anexo 1 do processo IRPJ e reflexos da MG MASTER LTDA (...); Assim, do quadro social da incorporada, figurava na sua composição SEBASTIÃO VICENTE BOMFIM FILHO e ISABEL MARIA DE MELO BOMFIM, já a empresa incorporadora MG Master Ltda, após a 17ª alteração contratual, mediante a qual incorporou outras 11 empresas além da sucedida Sports News Ltda., passou a apresentar o seguinte quadro societário: SEBASTIÃO VICENTE BOMFIM FILHO (85%); ISABEL MARIA DE MELO BOMFIM (3%); e GLORIA MARIA DE MELO BONFIM BURGER (12%). Fl. 11DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR 12 Ora, o sóciogerente de ambas as empresas (sucessora e sucedida), Sr. Sebastião Vicente Bonfim Filho é único responsável pelas ações e omissões que ensejaram a aplicação da multa qualificada e detentor de 85% do capital social da incorporadora, não pode alegar em seu proveito o desconhecimento de como operava a empresa incorporada e eventuais riscos ocultos na operação de incorporação. Não pode, portanto, opor a boa fé para justificar o afastamento da multa qualificada neste caso. Segundo Roque Antonio Carrazza, em seu Curso de Direito Constitucional, 16a ed, p. 379, o princípio da boafé também impera no Direito Tributário e leciona: “De fato, ele irradia efeitos tanto sobre o Fisco quanto sobre o contribuinte, exigindo que ambos respeitem as conveniências e interesses do outro e não incorram em contradição com sua própria conduta, na qual confia a outra parte (proibição de venire contra factum próprio).” (grifei) É oportuno registrar que não está mais em discussão neste processo a qualificação da multa, em face da ação dolosa do sujeito passivo, conforme sintetizado na ementa do acórdão recorrido, in verbis: “MULTA QUALIFICADA Verificada a omissão de receitas de forma reiterada e planejada, com controles mantidos à margem da contabilidade, tipificada se encontra a hipótese de incidência do artigo 1o inciso 1o da Lei 8137/1990 sendo aplicável a multa do inciso segundo do artigo 44 da Lei 9430/1996.” É oportuno registrar que o conjunto probatório da conduta dolosa da contribuinte a ensejar a aplicação da multa qualificada é robusto e não foi contestado pela Turma a quo, tanto que ela afastou a aplicação da regra decadencial do art. 150, § 4º, para, então calcular o prazo decadencial com base no disposto no art. 173, I, todos do CTN, justamente por estar configurado o dolo que, à luz da jurisprudência dominante do CARF à época, era necessário para deslocar o termo a quo do prazo decadencial do direito do Fisco lançar os tributos em tela para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser feito o lançamento. Assim, uma vez superada a interpretação dada pela Turma a quo ao disposto no art. 132 do CTN, há que se restabelecer a cobrança da multa de ofício qualificada (150%) sobre os créditos tributários, nos termos do lançamento efetuado. Além disso, não há como justificar a exclusão da exasperação da multa de ofício no presente caso, sem ferir o princípio da boafé, pois a ninguém é dado o direito de se beneficiar da própria torpeza (neminem auditur propriam turpitudinem allegans). Não bastassem todas as considerações já expendidas, entendo que o presente caso amoldase à perfeição ao conteúdo da Súmula nº 47 do CARF, in verbis: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Finalmente, julgo importante registrar que a tese de desconsideração de ato ou negócio jurídico, prevista no art. 116 do CTN, vislumbrada pelo relator do acórdão vencedor da matéria ora em discussão, como o fundamento indireto da imposição da multa à sucessora, não consta da fundamentação legal, nem das razões da fiscalização para atribuir tal responsabilidade à sucessora, ora autuada. Também não vejo razões para a sua invocação no presente caso. Deste modo considero irrelevante a discussão se tal dispositivo seria ou não aplicável ao presente caso e se o dispositivo em questão estaria ou não em condições de aplicabilidade ou dependeria de sua regulamentação. Fl. 12DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR Processo nº 10680.000601/200404 Acórdão n.º 910101.127 CSRFT1 Fl. 7 13 Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial para restabelecer a cobrança da multa de ofício qualificada (150%) sobre os créditos tributários, nos termos do lançamento efetuado. ﴾documento assinado digitalmente﴿ ALBERTO PINTO S. JR. Relator. Fl. 13DF CARF MF Emitido em 12/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 9/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/09/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNI OR
score : 1.0
Numero do processo: 11020.003000/2009-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2007
CUSTEIO AI OBRIGAÇÃO PRINCIPAL CONTRIBUIÇÕES SOBRE CONTRATAÇÃO DE COOPERATIVA DE TRABALHO.
A contribuição a cargo da tomadora sobre o valor bruto da nota fiscal/fatura de serviços prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho está previsto no art. 22, IV da Lei ° 8.212/1991.
Havendo notas fiscais de prestação de serviços pela cooperativa em nome da empresa notificada, comprovado está o fato gerador de contribuições previdenciárias.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2007
INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-002.165
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar o pedido de sobrestamento; e II) no mérito, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA
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AGRICULTURA DE IPE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2007 CUSTEIO AI OBRIGAÇÃO PRINCIPAL CONTRIBUIÇÕES SOBRE CONTRATAÇÃO DE COOPERATIVA DE TRABALHO. A contribuição a cargo da tomadora sobre o valor bruto da nota fiscal/fatura de serviços prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho está previsto no art. 22, IV da Lei ° 8.212/1991. Havendo notas fiscais de prestação de serviços pela cooperativa em nome da empresa notificada, comprovado está o fato gerador de contribuições previdenciárias. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2007 INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar o pedido de sobrestamento; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Fl. 809DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Cleusa Vieira de Souza, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 810DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11020.003000/200996 Acórdão n.º 240102.165 S2C4T1 Fl. 2 3 Relatório A presente AI – Obrigação Principal, lavrada sob o n. 37.211.9905, em desfavor da recorrente, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa, sobre os serviços prestados por cooperativa de trabalho. O lançamento compreende competências entre o período de 09/2004 a 12/2007 e referese a contribuições previdenciárias, devidas a Seguridade Social, constituída da contribuição de 15% (quinze) incidente sobre as faturas da prestação de serviços por cooperativas de trabalho UNIMED Nordeste. A base de cálculo descrita na presente AI, corresponde nos termos da IN 03/2005 a 30% do valor bruto da fatura por e tratar de contratos de grande risco nos termos do art. 291, considerando não haver expressa discriminação dos serviços prestados pelos cooperados e aqueles prestados por demais pessoas físicas ou jurídicas e os materiais fornecidos não estiverem dicriminados. Para efeitos de esclarecimento, importante mencionar que a autoridade fiscal procedeu ao comparativo entre a multa aplicada e a adequação ao termos da MP 449, convertida na Lei 11.941/2009. Importante, destacar que a lavratura da NFLD deuse em 16/09/2009 tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 18/09/2009. Não conformada com a notificação, foi apresentada defesa pela notificada, fls. 40 a 43. Foi exarada a Decisão de 1ª instância, fls. 740 a 759, que confirmou a procedência total do lançamento. Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 763 a 773. Em síntese, a recorrente alega: 1. Que a contribuição em tela afronta ao artigos 195, § 4º c/c art. 154, I da CF/88, tendo inclusive o STF em decisão publicada em 11/02/2010, reconhecido a repercussão geral da matéria. 2. Da impossibilidade de incidência de contribuição social sobre serviços prestados por pessoas jurídicas – afronta ao art. 195, § 1º, “a” da CF/88. 3. A lei 9876/99, além de criar nova contribuição ao incluir o inciso IV ao art. 22 da lei 8212/91, modificou o fato gerador, o sujeito passivo e a base de cálculo da contribuição. 4. Ou seja, toda a extensa argumentação referese a inconstitucionalidade da exigência de contribuição sobre os serviços prestados por cooperativa. Assim, diante das alegações exaustivamente já explicitadas e da inconstitucionalidade do inciso IV, do art. 22 da lei 8212/91, o crédito tributário exigido merece ser cancelado. Fl. 811DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 A Delegacia da Receita Federal do Brasil, encaminhou o processo a este Conselho para julgamento. É o Relatório. Fl. 812DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11020.003000/200996 Acórdão n.º 240102.165 S2C4T1 Fl. 3 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 115 e 116. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DA PRELIMINAR DE SOBRESTAMENTO SUSPENSÃO DO PROCESSO ATÉ JULGAMENTO FINAL DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Quanto a questão de sobrestamento até o julgamento definitivo da Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI n. 2594/DF. Afirma que tem sido esse o procedimento adotado pelo Pretório Excelso, que tem atribuído efeito suspensivo aos recursos que questionam a constitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei n. 8.212/199, como se pode verificar de decisões exaradas no bojo das Ações Cautelares AC n. 805 QO e n. 9936 – QO. Adoto aqui posicionamento trazido pelo ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo em outro processo envolvendo a mesma matéria, onde deuse seguimento ao julgamento da matéria relativa a contribuição sobre a contratação de cooperativa de trabalho. Consultando as decisões nas referidas AC, verifico o STF deu provimento ao pedido das recorrentes para conferir efeito suspensivo aos Recursos Extraordinários manejados contra a exigência da contribuição incidente sobre as faturas emitidas por cooperativas de trabalho. Como se pode ver da ementa abaixo transcrita, não há o que se falar em sobrestamento de processos pele Corte Constitucional em razão da referida ADI, a qual se encontra pendente de julgamento (conforme consulta a http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp, efetuada em 23/04/2011). EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA EM DECISÃO MONOCRÁTICA E POSTERIORMENTE REFERENDADA PELO ÓRGÃO COLEGIADO. POSSIBILIDADE DE NOVA APRECIAÇÃO DA MEDIDA. Nos termos da orientação predominante do Supremo Tribunal Federal, a ação cautelar destinada ao empréstimo de efeito suspensivo a recurso extraordinário é ato que se exaure em si mesmo, não demandando citação nem contestação. Possibilidade de reavaliação da medida concedida ou indeferida, quando há modificação do quadro fáticojurídico que lhe servira de suporte. Fl. 813DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA COM BASE EM DECISÃO TOMADA PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA DE NOVAS RAZÕES.MANUTENÇÃO ATÉ JULGAMENTO DE MÉRITO DA CAUSA. Ausentes novas razões relevantes ou modificação do quadro fáticojurídico, impõese a manutenção da medida cautelar concedida. AÇÃO CAUTELAR 9936 SÃO PAULO, Min. Relator JOAQUIM BARBOSA, DJe 20/10/2006). Vêse que o Acórdão acima é válido apenas entre as partes litigantes naquele processo, apenas conferiu efeito suspensivo ao RE, não tratando de sobrestamento de processos. Diante disso, podese afirmar que o pedido da recorrente não pode ser acatado, haja vista que inexiste na legislação processual tributária norma que preveja a suspensão dos processos em razão de pendência de julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade. DO MÉRITO QUANTO A INCONSTITUCIONALIDADE NO que tange a argüição de inconstitucionalidade de legislação previdenciária que dispõe sobre o recolhimento de contribuições pautada na lei n° 9.876/1999 institui contribuição (nova) não prevista no texto constitucional., determinando a exigência de contribuições sobre a faturas de cooperativas de trabalho, frisese que incabível seria sua análise na esfera administrativa. Não pode a autoridade administrativa recusarse a cumprir norma cuja constitucionalidade vem sendo questionada, razão pela qual são aplicáveis os prazos regulados na Lei n ° 8.212/1991. Dessa forma, quanto à inconstitucionalidade/ilegalidade na cobrança das contribuições previdenciárias, não há razão para a recorrente. Como dito, não é de competência da autoridade administrativa a recusa ao cumprimento de norma supostamente inconstitucional, razão pela qual são exigíveis contribuições sobre as faturas emitidas pela contratação de Cooperativas de Trabalho médico Toda lei presumese constitucional e, até que seja declarada sua inconstitucionalidade pelo órgão competente do Poder Judiciário para tal declaração ou exame da matéria, deve o agente público, como executor da lei, respeitála. Nesse sentido, entendo pertinente transcrever trecho do Parecer/CJ n ° 771, aprovado pelo Ministro da Previdência Social em 28/1/1997, que enfoca a questão: Cumpre ressaltar que o guardião da Constituição Federal é o Supremo Tribunal Federal, cabendo a ele declarar a inconstitucionalidade de lei ordinária. Ora, essa assertiva não quer dizer que a administração não tem o dever de propor ou aplicar leis compatíveis com a Constituição. Se o destinatário de uma lei sentir que ela é inconstitucional o Pretório Excelso é o órgão competente para tal declaração. Já o administrador ou servidor público não pode se eximir de aplicar uma lei, porque o seu destinatário entende ser inconstitucional, quando não há manifestação definitiva do STF a respeito. Fl. 814DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11020.003000/200996 Acórdão n.º 240102.165 S2C4T1 Fl. 4 7 A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. No mesmo sentido posicionase este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF ao publicar a súmula nº. 2 aprovada em sessão plenária de 08/12/2009, sessão que determinou nova numeração após a extinção dos Conselhos de Contribuintes. SÚMULA N. 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DA PROCEDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO Importante destacar que as associações em relação aos segurados que contrata, ou mesmo no caso de contratação de cooperativas, possui as mesmas obrigações que as empresas em geral, tendo em vista sua equiparação. Art. 12. Consideramse: I empresa a firma individual ou a sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e as entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; e II empregador doméstico aquele que admite a seu serviço, mediante remuneração, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparamse a empresa, para os efeitos deste Regulamento: (Redação alterada pelo Decreto nº 3.265/99) I o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço; (Redação alterada pelo Decreto nº 3.265/99) II a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras; III o operador portuário e o órgão gestor de mãodeobra de que trata a Lei nº 8.630, de 1993; e IV o proprietário ou dono de obra de construção civil, quando pessoa física, em relação a segurado que lhe presta serviço. Assim, irrelevantes os argumentos de que em sendo associação estaria desobrigada de efetuar as devidas retenções quando da contratação de cooperativas. Como a prestadora de serviços, no caso a UNIMED NORDESTE RS, CNPJ nº 87.827.689/000100, é uma cooperativa de trabalho, a retenção era devida entre as competências 01/2003 a 02/2005. A partir da competência março de 2000, a tomadora de Fl. 815DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 serviços prestados por cooperativa de trabalho ficou com o dever de contribuir com a alíquota de 15% sobre o valor da nota fiscal/fatura para a seguridade social. A contribuição a cargo da tomadora sobre o valor bruto da nota fiscal/fatura de serviços prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho está previsto no art. 22, IV da Lei ° 8.212/1991, com redação conferida pela Lei n ° 9.876/1999, nestas palavras: Art.22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.876, de 26/11/99) Uma vez que a recorrente (associação – equiparada a empresa) tomou serviços de cooperativa de trabalho, no caso a UNIMED NORDESTE deveria ter contribuído para a seguridade social com a alíquota de 15% sobre as respectivas notas fiscais Não é de competência da autoridade administrativa a recusa ao cumprimento de norma supostamente inconstitucional, razão pela qual são exigíveis os recolhimentos das contribuições, bem como os respectivos acréscimos legais. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para rejeitar a preliminar de sobrestamento e no mérito voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 816DF CARF MF Emitido em 14/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10120.003534/2002-55
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E
COOPERATIVAS, E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE.
As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo.
É lícita a inclusão, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, dos valores pertinentes às aquisições de matérias-primas,
produtos intermediários e material de embalagens, efetuadas junto a pessoas físicas e a cooperativas de produtores. No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI,
em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos).
Numero da decisão: 9303-001.378
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em dar provimento aorecurso especial apresentado pelo sujeito passivo.
Matéria: IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
Nome do relator: Henrique Pinheiro Torres
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Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS, E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. É lícita a inclusão, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, dos valores pertinentes às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagens, efetuadas junto a pessoas físicas e a cooperativas de produtores. No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em dar provimento ao recurso especial apresentado pelo sujeito passivo. Henrique Pinheiro Torres Presidente Substituto e Relator EDITADO EM: 13 de julho de 2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Fl. 392DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Assinado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 2 Macedo Rosenburg Filho, Gileno Gurjão Barreto, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Henrique Pinheiro Torres. Relatório Os fatos foram assim descritos no relatório do acórdão recorrido: Tratase de Recurso Voluntário contra Acórdão da 2ª Turma da DRJ, que mantendo decisão do órgão de origem, indeferiu, parcialmente, pedido de ressarcimento do crédito presumido do IPI instituído pela Lei nº 9.363/96, relativo ao 1º trimestre de 2002. A parte em litígio corresponde ao seguinte: exclusão, no cálculo do incentivo, dos insumos adquiridos de pessoas físicas e de cooperativas; exclusão, da receita operacional bruta, de produtos classificados na TIPI como NT (fubá); e não aplicação da taxa Selic sobre o valor parcialmente deferido. A peça recursal, tempestiva, refuta a decisão recorrida e defende o direito ao crédito sobre as matériasprimas adquiridas de pessoas físicas e de cooperativas; a inclusão, na receita operacional bruta, dos valores do fubá tipo exportação Caramuru e do fubá mimoso fino, neste ponto explicando que tais produtos são classificados como NT por serem mais finos, sendo que outros fubares, médios, são sujeitos à alíquota zero do IPI; e que sobre o crédito a que faz jus deve incidir a taxa Selic. Julgando o feito, a Câmara recorrida deu provimento parcial ao recurso voluntário, em acórdão assim ementado: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 Ementa:IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 9.363/96. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DE PIS E COFINS. PESSOAS FÍSICAS. EXCLUSÃO. Matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas, que não são contribuintes de PIS/Faturamento e Cofins, não dão direito ao crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363/96 como ressarcimento dessas duas contribuições, devendo seus valores ser excluídos da base de cálculo do incentivo. AQUISIÇÕES A COOPERATIVAS. PERÍODOS DE APURAÇÃO DE NOVEMBRO DE 1999 EM DIANTE. INCLUSÃO. Matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas a partir de novembro de 1999 dão direito ao crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363/96 como ressarcimento dessas duas contribuições, porque a partir daquele mês cessou a isenção relativa aos atos cooperativos, concedida pelo art. 6º, I, da Lei Fl. 393DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Assinado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10120.003534/200255 Acórdão n.º 930301.378 CSRFT3 Fl. 371 3 Complementar nº 70/91, e revogada pela MP nº 2.158 35/2001. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RECEITA OPERACIONAL BRUTA. EXCLUSÃO. Na determinação da base de cálculo do crédito presumido do IPI o montante correspondente à exportação de produtos não tributados (NT) deve ser excluído no cálculo do incentivo, tanto no valor da receita de exportação quanto no da receita operacional bruta. RESSARCIMENTO. JUROS SELIC. INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento de IPI, inclusive do crédito presumido instituído pela Lei nº 9.363/96, inconfundível que é com a restituição ou compensação, não se aplicam os juros Selic. Recurso provido em parte. Inconformada, a Requerente apresentou recurso especial pugnando pelo direito à inclusão na base de cálculo do crédito presumido dos valores pertinentes às aquisições de pessoas físicas e cooperativas, não contribuintes do PIS e da Cofins. Postulou ainda a atualiza monetária dos créditos a ressarcir. O especial do sujeito passivo foi admitido, nos termos do despacho de fl. 353. Regularmente intimada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, fls. 356 a 368, defendendo a manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. A matéria devolvida ao Colegiado cingese às questões da inclusão dos valores pertinentes às aquisições de pessoas físicas e cooperativas na base de cálculo do crédito presumido de IPI, e, também, a da aplicação da Selic sobre os créditos presumidos de IPI, a ressarcir. Esse tema tem sido objeto de acirrados debates no CARF, ora prevalecendo a posição contrária da Fazenda Nacional ora a dos contribuintes, dependendo da composição das Turmas de Julgamento. Fl. 394DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Assinado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 4 Todavia, com a alteração regimental, que acrescentou o art. 62A ao Regimento Interno do Carf, as decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos devem ser observados no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Assim, se a matéria foi julgada pelo STJ, em sede de recurso repetitivo, a decisão de lá deve ser adotada aqui, independentemente de convicções pessoais dos julgadores. Essa é justamente a hipótese dos autos, em que o STJ, em sede de recurso repetitivo versando sobre matéria idêntica à do recurso ora sob exame, decidiu1 que, O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. ......................................................................................................... Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição"; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais"; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). ................................................................................................. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). Essa decisão foi proferida, justamente, em julgamento relativo a pedido de ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, de que trata a lei 9.363/1996, em que atos normativos infralegais obstaculizaram a inclusão na base de cálculo do incentivo das compras realizadas junto a pessoas físicas e cooperativas. 1 AgRg no AgRg no REsp 1088292 / RS AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2008/02047717 Fl. 395DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Assinado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10120.003534/200255 Acórdão n.º 930301.378 CSRFT3 Fl. 372 5 Com essas considerações, ressalvo meu entendimento em contrário, explicitado em inúmeros votos neste Colegiado, e, por força regimental, curvome a decisão do STJ, e passo a admitir a inclusão, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, dos valores pertinentes às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagens, efetuadas junto a pessoas físicas e a cooperativas, e, sobre os créditos a ressarcir, a incidência da Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos). É como voto. Henrique Pinheiro Torres Relator Fl. 396DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Assinado digitalmente em 13/07/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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