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Numero do processo: 19515.006156/2008-98
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 01/01/2005
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ACORDO ELABORADO FORA DAS DETERMINAÇÕES LEGAIS. O ACORDO É EXTEMPORÂNEO AO PERÍODO DE DISTRIBUIÇÃO DO LUCROS, TENDO SIDO FINALIZADO NO FINAL DO SEMESTRE. INEXISTINDO FIXAÇÃO DE METAS E CRITÉRIOS NO PERÍODO DE CONSTATAÇÃO E VERIFICAÇÃO DAQUELAS A SEREM CUMPRIDAS PELOS TRABALHADORES. VALOR QUE SE PAGOU SEM AS CARACTERÍSTICA DE PLR.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2803-004.207
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Ricardo Magaldi Messetti e Amilcar Barca Teixeira Junior. O Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti apresentará declaração de voto. Declarou-se impedido de votar o Conselheiro Gustavo Vettorato. Sustentação oral Advogado Dr Leandro Betti, OAB/DF nº 34.515.
(Assinado digitalmente).
Helton Carlos Praia de Lima. -Presidente
(Assinado digitalmente).
Eduardo de Oliveira. Relator
(Assinado digitalmente)
Ricardo Magaldi Messetti Declaração de Voto
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Eduardo de Oliveira, Ricardo Magaldi Messetti, Oseas Coimbra Júnior, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Gustavo Vettorato.
Nome do relator: EDUARDO DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 01/01/2005 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ACORDO ELABORADO FORA DAS DETERMINAÇÕES LEGAIS. O ACORDO É EXTEMPORÂNEO AO PERÍODO DE DISTRIBUIÇÃO DO LUCROS, TENDO SIDO FINALIZADO NO FINAL DO SEMESTRE. INEXISTINDO FIXAÇÃO DE METAS E CRITÉRIOS NO PERÍODO DE CONSTATAÇÃO E VERIFICAÇÃO DAQUELAS A SEREM CUMPRIDAS PELOS TRABALHADORES. VALOR QUE SE PAGOU SEM AS CARACTERÍSTICA DE PLR. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrente UNIVERSO ONLINE S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2004 A 01/01/2005 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ACORDO ELABORADO FORA DAS DETERMINAÇÕES LEGAIS. O ACORDO É EXTEMPORÂNEO AO PERÍODO DE DISTRIBUIÇÃO DO LUCROS, TENDO SIDO FINALIZADO NO FINAL DO SEMESTRE. INEXISTINDO FIXAÇÃO DE METAS E CRITÉRIOS NO PERÍODO DE CONSTATAÇÃO E VERIFICAÇÃO DAQUELAS A SEREM CUMPRIDAS PELOS TRABALHADORES. VALOR QUE SE PAGOU SEM AS CARACTERÍSTICA DE PLR. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Ricardo Magaldi Messetti e Amilcar Barca Teixeira Junior. O Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti apresentará declaração de voto. Declarouse impedido de votar o Conselheiro Gustavo Vettorato. Sustentação oral Advogado Dr Leandro Betti, OAB/DF nº 34.515. (Assinado digitalmente). Helton Carlos Praia de Lima. Presidente (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira. – Relator (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 61 56 /2 00 8- 98 Fl. 415DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 222 2 Ricardo Magaldi Messetti – Declaração de Voto Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Eduardo de Oliveira, Ricardo Magaldi Messetti, Oseas Coimbra Júnior, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Gustavo Vettorato. Fl. 416DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 223 3 Relatório O presente Processo Administrativo Fiscal – PAF encerra o Auto de Infração de Obrigação Principal AIOP DEBCAD 37.190.9970, o qual objetiva a cobrança da contribuição social previdenciária devida pelo empregador, haja vista o pagamento de verbas denominadas participação nos lucros e resultados, conforme consta do Relatório Fiscal do Auto de Infração – REFISC, de fls. 38 a 42, com período de apuração de 01/2004 a 12/2004, segundo o Termo e Início de Ação Fiscal TIAF, de fls. 21 e 22. O sujeito passivo foi cientificado da autuação, em 30/09/2008, conforme Folha de Rosto do Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP, de fls. 01. O contribuinte apresentou petição de defesa com razões impugnatórias acostadas, as fls. 73 a 99, recebida, em 30/10/2008, acompanhada dos documentos, de fls. 100 a 138. A defesa foi considerada tempestiva, fls. 139 e 140. A DRJ/SPI emitiu o Acórdão nº 1621.525 12ª, datado de 26/05/2009, fls. 141 a 151, por meio do qual o lançamento foi considerado procedente. O contribuinte tomou conhecimento desse decisório, em 29/06/2009, conforme AR, de fls. 155. Irresignado o contribuinte impetrou o Recurso Voluntário, petição de interposição, as fls. 157, recebido, em 28/07/2009, com razões recursais, as fls. 158 a 185, acompanhado dos documentos, de fls. 186 a 188. As razões recursais sumariadas estão apresentadas a seguir. Preliminar. · que os diretores da recorrente devem ser excluídos do polo passivo, pois a fundamentação da presunção de coresponsabilidade, artigo 13, da Lei 8.620/93 foi revogado pela Lei 11.941/2009; Mérito. · que a recorrente respeitou as determinações da Lei 10.101/2000 desta forma os valores pagos a título de PLR em 2004, não podem ser caracterizados salário de contribuição para fins de tributação, prevendo o acordo de PLR metas para o 1º e 2º semestres apesar de assinado em 29/06/2004, sendo as regras claras e objetivas, cuidando se de política de incentivo de longa data, repetindo o de 2004, as regras de 2002 e 2003, o que não era novidade para os empregados, o que torna a data da assinatura mera formalização, irrelevante ao caso Fl. 417DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 224 4 em análise, não podendo a natureza do PLR ser descaracterizada só porque foi o acordo foi assinado no final do semestre; · que o CARF enquanto CC já decidiu que o acordo deve preceder ao pagamento, mas não necessariamente o lucro ou resultado, transcreve ementa, não podendo prosperar a afirmação do lançador de que pelo fato do plano ter sido assinado em 29/06/2004, não possibilitaria o cumprimento das metas e regras pelo seu desconhecimento por partes dos trabalhadores, pois a existência do plano nunca foi negada, bem como os critérios estabelecidos nos incisos I e II, do §1º, são exemplificativos, pois utiliza a expressão “podendo”, cita Sydney Sanches, Kiyoshi Harada, devendo prevalecer o acordo, pois vinculadas a metas claras e préestabelecidas, sendo a assinatura do acordo mera formalidade, pois empregados e sindicato vinham discutindo e prédeterminado as regra do PLR/2004, sendo idênticas as de anos anteriores, caindo por terra a premissa do lançamento; · que estando demonstrado que os valores pagos são PLR não podem esses sofrer a incidência da contribuição, sendo ganhos eventuais e incertos, dependente de condição futura e incerta, não sendo o PLR habitual, não tendo assim caráter salarial, tornado indevida a exigência de contribuição; · que pela expressão “desvinculada dos salários” utilizada pelo constituinte implica dizer que este não tem natureza de salários ou remuneração, independentemente do que a lei vier a dispor, sendo que, ainda, que pago PLR em descordo com a lei esse jamais poderia ser tributo, pois imune pelo artigo 7º, XI, da CF/88, volta a citar Sydney Sanches, Kiyoshi Harada, Hugo de Brito Machado, com a própria lei confirmando a não incidência da contribuição, pois dissociado da remuneração e não sofrendo a incidência de encargos trabalhistas, cita decisão do STJ, estabelecendo a lei algumas regras procedimentais e formais, mas não vinculando o PLR a remuneração, ainda, que paga sem observância dos requisitos formais e procedimentais, devendo ser reformado o acórdão; · que para a solução do caso concreto devese buscar o efetivo sentido da norma constitucional, artigo 7º, inciso XI, bem como o da Lei 10.101/2000, pois visando incentivar e estimular os empregadores a concederem a PLR, não podendo esta substituir o salário; · que a empresa pagou uma única vez o PLR em 2004, mas este foi descaracterizado apenas porque o acordo foi assinado em 29/06/2004, não podendo surtir efeitos retroativos a janeiro/2004, não tendo sido o acordo descaracterizado, prevalecendo a questão da antecedência prévia, faltando razoabilidade na decisão, pois calçada em rigorismo exacerbado, não podendo a forma sobreporse a essência, cita TRF2, demonstrado que os valores pagos em 2004 são decorrentes do PLR, não pode incidir contribuição previdenciária, devendo ser reformada a decisão recorrida Fl. 418DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 225 5 · Do pedido e do pleito: a) seja dado integral provimento ao recurso; b) excluindose em preliminar os nomes dos diretores; c) reformandose integralmente o acórdão recorrido. A autoridade preparadora reconheceu a tempestividade do recurso, fls. 192. O processo foi remetido ao CARF, fls. 192. O sorteio e distribuição a esse conselheiro ocorreu, em 11/09/2014, Lote 09. É o Relatório. Fl. 419DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 226 6 Voto Conselheiro Eduardo de Oliveira. O recurso voluntário é tempestivo e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade ele merece ser apreciado. Preliminar. Os diretores pessoas físicas não estão incluídos no polo passivo da demanda, pois não foram intimados a comparecerem aos autos. Além, disso no caso aplicase a Súmula 88, do CARF, as seguir transcrita. Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Desta forma, não há motivo para excluir, o que já está fora. Mérito. O agente lançador deixou claro que a recorrente não cumpriu o que determina a lei que regulou a PLR, pois tal lei exige, que o programa de metas, resultados e prazos sejam pactuados previamente e previamente não implica dizer na semana do pagamento, pois se assim fosse o trabalhador não saberia quais as regras claras e objetivas que teria que atender para fazer jus a PLR. A assinatura é uma questão secundária que o agente lançador utilizou para demonstrar a fixação tardia das regras e metas claras e objetivas para a estipulação da PLR, pois conforme transcrição abaixo o foco principal foi outro. CONCLUSÃO 1. Os valores pagos pela empresa, a titulo de Participação em Resultados, não estão de acordo com a legislação, no caso do valor pago em Julho de 2004, pela impossibilidade de se fixar metas do próprio semestre no penúltimo dia útil deste mesmo semestre. Não se pode trabalhar com condições passadas, já cumpridas, a serem atingidas. O exposto neste item contrária, frontalmente, não só o parágrafo primeiro do artigo segundo da 10.101 de 19/12/2000 (acima transcrito) como também o próprio espírito da criação da Participação em Resultados. Fl. 420DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 227 7 Podese observar que a assinatura não é o ponto fundamental, mas a fixação de metas retroativas, pois se o tempo inexoravelmente já transcorreu como seria possível o trabalhador buscar atender as metas e ser avaliado no tempo pretérito de algo que não conhecia. A existência de acordos no anos anteriores 2002/2003 não permitem ao trabalhador inferir que as metas e regras permaneceriam imutáveis e que este deveria buscar cumprir as metas dos anos anteriores. Aliás, os alegados planos de outrora nem foram juntados aos autos para provar ao menos sua existência. A natureza da PLR não está sendo descaracterizada, pois se o suposto plano não cumpre a lei regulamentadora, aquilo que é distribuído não é PLR, pois o nome não estabelece a natureza jurídica do benefício, mas sim o cumprimento dos requisitos legais. EMEN: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. INCIDÊNCIA. POSSIBILIDADE. OMISSÃO QUANTO À LEI DE REGÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. RETORNO DOS AUTOS. NECESSIDADE. 1. A teor da jurisprudência desta Corte, somente a existência de omissão relevante à solução da controvérsia, não sanada pelo acórdão recorrido, caracteriza a violação do art. 535 do CPC, o que de fato ocorreu na hipótese em apreço. 2. A isenção tributária sobre os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados deve observar os limites da lei regulamentadora; no caso, a Medida Provisória 794/94 e a Lei n. 10.101/00, e também o art. 28, § 9º, "j", da Lei n. 8.212/91, possuem regulamentação idêntica. 3. Descumpridas as exigências legais, as quantias pagas pela empresa a seus empregados ostentam a natureza de remuneração, passíveis, pois, de serem tributadas. 4. Omisso o Tribunal de origem quanto à observância dos requisitos estabelecidos na Medida Provisória 794/94 e na Lei n. 10.101/00, apesar da oposição de embargos de declaração. Caracterizada a violação do art. 535 do CPC. Recurso especial provido. EMEN: (RESP 201101578480, HUMBERTO MARTINS, STJ SEGUNDA TURMA, DJE DATA:11/05/2012 (grifei). EMEN: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. REEMBOLSO POR USO DE VEÍCULO PRÓPRIO. OMISSÃO EXISTENTE. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. RETORNO DOS AUTOS. 1. A teor da jurisprudência desta Corte, somente a existência de omissão relevante à solução da controvérsia, não sanada pelo acórdão recorrido, caracteriza a violação do art. 535 do CPC, o que de fato ocorreu na hipótese em apreço. 2. A isenção tributária sobre os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados deve observar os limites da lei regulamentadora; no caso, a Medida Provisória 794/94 e a Lei n. 10.101/00, e também o art. 28, § 9º, "j", da Lei n. 8.212/91, possuem regulamentação idêntica. 3. Descumpridas as exigências legais, as quantias pagas pela Fl. 421DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 228 8 empresa a seus empregados ostentam a natureza de remuneração, passíveis, pois, de serem tributadas. 4. Sobre o auxílioquilometragem, a contribuição previdenciária só incidirá se caracterizada a sua habitualidade, pois as verbas pagas por ressarcimento de despesas por utilização de veículo próprio na prestação de serviços a interesse do empregador têm natureza indenizatória. Precedentes. 5. Omisso o Tribunal de origem quanto à observância dos requisitos estabelecidos na Medida Provisória 794/94 e na Lei n. 10.101/00, como também quanto à habitualidade do uso do veículo próprio, apesar da oposição de embargos de declaração. Caracterizada a violação do art. 535 do CPC. Agravo regimental improvido EMEN: AGRESP 201001062909 AGRESP AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1197757, HUMBERTO MARTINS, STJ, SEGUNDA TURMA, DJE DATA:13/10/2010. (realcei). O agente lançador não disse que o acordo de PLR tinha que ser pactuado anteriormente a constituição do lucro ou resultado. O que o lançador disse é que as regras claras e objetiva, metas e critérios tinham que ser fixados previamente ao final do período em que se pretendia distribuir a PLR para que os trabalhadores soubessem com antecedência os procedimentos a adotar e metas e critérios a cumprir. Mas, o plano estabelecido e assinado no penúltimo dia do semestre não atende ao requisito legal, pois não permite ao trabalhador o conhecimentos prévio das regras. Esta explicitado de forma clara nos autos e a DRJ sobre isso se pronunciou de modo objetivo, de que a negociação da PLR não se deu da forma com alegada pela recorrente, basta ler a passagem do acórdão a quo a seguir transcrito. Não há também como se acatar a alegação da Impugnante de que juntamente com seus empregados e respectivos sindicatos já vinham discutindo e que já tinham predeterminado as regras e metas do PLR desde o inicio do ano, pois somente em 03/06/2004, de acordo com a Ata de Eleição (documento de fls. 57/58), foi eleita Comissão de Empregados responsável pela elaboração, acompanhamento e fiscalização das normas do Plano de Participação nos Resultados referentes aos anos de 2004/2005. Através de cartas datadas de 21/06/2004 e dirigidas aos sindicatos da categoria (documentos de fls. 50/51 e 54/55) foi realizado o convite para participação da negociação do PLR através de representante que deveria ser indicado até a data de 25/06/2004. Observase ainda, que embora o Acordo de PLR tenha sido assinado com data de 29/06/2004, a empresa convocou os representantes dos Sindicatos da categoria para a apresentação do Plano em 02/07/2004 conforme documentos juntados as fls. 52/53 e 56 (email de Paula Vitale para o representante do Sindicato dos Jornalistas Nelson Sato e carta ao Sindicato dos Empregados da Administração das Empresas e Jornais e Revistas e de Empresas de Comunicação Provedoras de Fl. 422DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 229 9 Conteúdo na Internet do Estado de São Paulo). (realces do original). Destarte, o acordo foi assinado com data retroativa, pois, ainda, em 02/07/2004 estava sendo apresentado aos representantes do sindicato, sendo esse qualquer coisa, mas não PLR. Aliás, o inciso III, § 1º, do artigo 167, da Lei 10.406/2002 diz o que abaixo se transcreve. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. (grifei). Outro não é o pensamento do judiciário federal em relação a acordo posterior ao período de aferição da metas, observese a decisão. TRIBUTÁRIO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA NFLD ANULATÓRIA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS LEI 10.101/2002 ASSINATURA DO SINDICATO NO ACORDO CELEBRADO AUSÊNCIA IRREGULARIDADE FORMAL HONORÁRIOS REDUÇÃO. Para que a verba paga pela empresa possa caracterizarse como participação nos lucros e, consequentemente, tornarse isenta da contribuição previdenciária, exigese a observância de um dos procedimentos descritos no art. 2º da Lei 10.101/2000, vale dizer, comissão escolhida pelas partes ou acordo coletivo, devendo constar dos documentos decorrentes da negociação "regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo". A intervenção do sindicato, na negociação, tem por finalidade tutelar os interesses dos empregados, tais como, fixação de resultados atingíveis, metas que não causem riscos à saúde ou à segurança para serem alcançados; determinação de índices gerais e individuais de participação, dentre outros. Por sua vez, o arquivamento do instrumento, no sindicato, visa comprovar a participação e possibilitar a exigência do cumprimento na forma acordada. Funciona como instrumento de integração entre capital e trabalho, incentivo à produtividade de resultados positivos; O desrespeito a tais exigências afeta os trabalhadores, que poderiam, eventualmente, ser prejudicados numa negociação Fl. 423DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 230 10 desassistida, não obtendo tudo aquilo que alcançariam com a presença de um terceiro não vulnerado pela relação de emprego. Se o Sindicato se afastou, deixando de opor sua assinatura no acordo, os instrumentos são nulos, nos termos do art. 166, do CC. Assim, a empresa e os empregados não deveriam ter concluído a negociação mediante comissão, e sim, optado por convenção ou acordo coletivo, nos termos do inciso II, do art. 2º da lei de regência. A empresa juntou nos autos, tãosó, em relação ao ano de 2004, apuração dos votos da eleição dos representantes dos empregados para integrar a comissão, deixando de anexar a apuração dos outros anos. Também não há menção aos empregados lotados nas filiais de Triunfo (RS) e Cabo São Agostinho (PE). Os empregados, ao que parecem, são todos lotados na filial de Duque de Caxias RJ. Portanto, a Comissão Negociadora não representa todos os empregados da empresa, visto que só composta por trabalhadores de um estabelecimento. Não ser possível atribuir efeito ex tunc aos contratos de participação dos lucros da empresa, às competências anteriores à data de assinatura do instrumento de negociação celebrado em 29/07/2005. A uma, porque, como visto anteriormente,o referido instrumento é nulo, por inexistir assinatura do representante do sindicato. A duas, porque, embora a Lei nº 10.101/2000 não faça menção a este fato, é nítido que as regras só têm validade a partir de julho de 2005, pois é a partir desta data que se inicia o cumprimento das metas estabelecidas. Precedentes do STJ. É possível, a fixação dos honorários advocatícios em percentual sobre o valor da causa ou em quantia determinada, porquanto o art. 20, § 4º, do CPC não proíbe nem distingue essa possibilidade e tampouco, faz qualquer referência ao limite a que se deva vincular o julgador ao realizar o arbitramento da verba honorária. Remessa necessária e apelação providas. (APELRE 200651010145497, Desembargador Federal JOSE FERREIRA NEVES NETO, TRF2 QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, EDJF2R Data::06/03/2014.) (destaquei). Os valores pagos sofreram tributação justamente por não serem PLR, uma vez que a regras da lei de regulação não foram atendidas. Não há dúvidas de que a PLR nos termos do artigo 7º, inciso XI, da CRFB/88 é desvinculada do salário e que a lei não tem força para mudar tal regramento. Mas, não é menos verdadeiro que o valor que se pague sob esse título e que não respeita a lei de regência da PLR é outra coisa qualquer e não PLR e isso é forte na jurisprudência do STJ, pois o benefício depende de regulação legal. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 231 11 O fisco não está agindo com rigorismo e nem fora da razoabilidade, haja vista que o legislador constituinte originário e o legislador ordinário estabeleceram critérios para a outorga de autorização de criação e até mesmo para instituição do benefício e essas são claras, desarrazoado é querer deixar de atender as determinações legais e achar que se está atribuindo PLR ao trabalhadores. Assim sendo, não há razões para acatar os pedidos e pleitos da recorrente. CONCLUSÃO: Pelo exposto voto por conhecer do recurso para no mérito negarlhe provimento. (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 232 12 Declaração de Voto Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti Em que pese o aprumo e galhardia com que o conspícuo relator apresentou seu voto, sempre corporificando o arquétipo de justiça tributária perseguida por este Conselho, ouso dele divergir. A fiscalização desconsiderou a distribuição dos resultados aos empregados no período anterior à vigência do instrumento coletivo de trabalho correspondente. Resta saber se, no caso concreto, os valores pagos pelo empregador a título de PLR tem natureza salarial ou não. No que diz respeito à legislação, a Constituição Federal de 1988, no inciso XI, do artigo 7º, incluiu entre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, a participação nos lucros ou resultados da empresa, enfatizando a sua desvinculação da remuneração. Eis o teor do dispositivo constitucional: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visam à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei.” Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, o exercício do direito assegurado pelo referido artigo começaria “com a edição da lei prevista no dispositivo para regulamentálo, diante da imperativa necessidade de integração”. (RE 398284, Rel. Min. Menezes Direito, julgado em 23/09/2008). A seu turno, a regulamentação do dispositivo “somente ocorreu com a edição da Medida Provisória 794/94”, posteriormente convertida na Lei 10.101/00. (RE 393764 AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 25/11/2008) Nesse sentido, a Lei de Custeio da Seguridade Social, em seu artigo 28, § 9º, "j"`, condicionou a não incidência de contribuição previdenciária ao atendimento dos critérios fixados em lei específica: “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica;” Fl. 426DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 233 13 É dizer: a não incidência da contribuição social previdenciária está adstrita aos pagamentos realizados a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, pressupondo a observância da legislação especial, in casu, Lei nº 10.101/2000. E, uma vez descaracterizado o benefício, as quantias em comento pagas pelo empregador a seus empregados ostentam a natureza de remuneração, passíveis, pois, de serem tributadas. Deste modo, para que uma empresa possa efetuar pagamentos aos seus funcionários do referido benefício são necessários que se preencham alguns requisitos mínimos dispostos no artigo 2°, da Lei nº 10.101/2000: “Art.2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.” Posta a norma, passo a analisar o procedimento adotado pela empresa na concessão do benefício. Não obstante o arrazoado da fiscalização, considero que os documentos carreados aos autos demonstram que havia efetivamente na empresa um programa de participação nos lucros ou resultados. No meu entender, havia uma base procedimental para o cumprimento de formalidades, notadamente no que diz respeito aos instrumentos de negociação coletiva consubstanciados nos acordos coletivos de trabalho, atas de reunião assinadas pelos representantes da empresa juntamente com a comissão de negociação. Entendo que dentro desse contexto não há como ignorar toda a estrutura montada pela empresa para proteger o segurado, beneficiário do programa, frente as negociações, por intermédio de sindicatos da categoria. Desta forma, vislumbro um regramento mínimo, amplamente discutido entre a empresa e sindicato, não havendo que se falar em nenhum momento em ausência de regras claras e objetivas. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 234 14 Sobre a matéria, existem decisões do CARF no sentido de que os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas, de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a frustrar o direito do trabalhador quanto a sua participação na distribuição dos lucros. Eis o teor da ementa do aresto nº 240100.066 de relatoria do Conselheiro Rogério de Lellis Pinto: “PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD SALÁRIO INDIRETO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA. I A discussão em torno da tributação da PLR não cingese em infirmar se esta seria ou não vinculada a remuneração, até porque o texto constitucional expressamente diz que não, mas sim em verificar se as verbas pagas correspondem efetivamente a distribuição de lucros; II Para a alínea “j” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, e para este Conselho, PLR é somente aquela distribuição de lucros que seja executada nos termos da legislação que a regulamentou, de forma que apenas a afronta aos critérios ali estabelecidos, desqualifica o pagamento, tornandoo mera verba paga em decorrência de um contrato de trabalho, representando remuneração para fins previdenciários; III Os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas, de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a frustrar o direito do trabalhador quanto a sua participação na distribuição dos lucros; IV A legislação regulamentadora da PLR não exige que a distribuição de lucros deva, necessariamente, ser dirigida a totalidade dos empregados, exigência essa que não pode advir da interpretação subjetiva de quem aplica a legislação. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.” Urge ressaltar que a regulamentação normativa é no sentido de proteger o trabalhador, para que sua participação nos lucros se efetive. Não há regras detalhadas na lei sobre os critérios e as características dos acordos a serem celebrados, o que importa é que o trabalhador saiba de forma irá se beneficiar, sendo seus interesses protegidos pelos órgãos sindicais. Sendo assim, a meu ver, há um programa de PLR na empresa recorrente. Da mesma forma, o fato de acordos coletivos referentes ao pagamento de PLR terem sido assinados após o período de aferição não pode descaracterizar a natureza indenizatória da verba, ou seja, não vejo óbice para que o benefício seja ajustado no decorrer do exercício, atingindo fatos pretéritos. É da lógica das atividades negociais entre patrões e empregados que haja certa flexibilidade quanto ao momento exato para a concretização dos acordos. Não se pode desqualificar o benefício pactuado tão somente com base na data da assinatura dos instrumentos coletivos. A própria lei apenas sugere que preferencialmente seja prévio o acordo. Assim, podese concluir que os documentos trazidos aos autos possuem regras para os pagamentos acordadas entre representantes da empresa e representantes dos segurados empregados, consta dos autos, declarações dos Sindicatos afirmando que embora os Fl. 428DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI Processo nº 19515.006156/200898 Acórdão n.º 2803004.207 S2TE03 Fl. 235 15 acordos fossem assinados no ano seguinte ao ano base, as metas eram discutidas e negociadas, que esta prática perdura por mais de dez anos, de maneira que houve uma negociação prévia entre as partes. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento, afastando a incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos pela contribuinte a título de PLR. É como voto. (assinado digitalmente) Ricardo Magaldi Messetti Fl. 429DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 06/04/ 2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, A ssinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI
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Numero do processo: 19647.002265/2006-79
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jul 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003
Declínio de competência para 1º Seção do CARF
RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Numero da decisão: 3101-001.273
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, declinando da competência para à Primeira Seção de Julgamento.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES
Presidente
VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
Relatora
Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Luiz Roberto Domingo, Leonardo Mussi da Silva e Rodrigo Mineiro Fernandes.
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Nome do relator: Relator Valdete Aparecida Marinheiro
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, declinando da competência para à Primeira Seção de Julgamento. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Luiz Roberto Domingo, Leonardo Mussi da Silva e Rodrigo Mineiro Fernandes. . AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 22 65 /2 00 6- 79 Fl. 314DF CARF MF Impresso em 13/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19647.002265/200679 Acórdão n.º 3101001.273 S3C1T1 Fl. 4 2 Relatório Por bem relatar, adotase o Relatório de fls.284 a 283 dos autos emanados da decisão DRJ/REC, por meio do voto da relatora Maria De Fátima Godoy Acioly Tartarelli, nos seguintes termos: “Contra a empresa já identificada foram lavrados os Autos de Infração, de fls. 06/09 e 15/18 do presente processo, cujos processos foram juntados por anexação em cumprimento à disposição contida no art. 2º da Portaria SRF nº 6.129, de 02.12.2005 (fls.266) para exigência dos créditos tributários adiante especificados, referentes aos períodos já mencionados: Valores em Real Crédito Tributário COFINS PIS Contribuição 58.664,07 13.301,72 Juros de Mora 24.260,99 5.469,21 Multa Proporcional 87.996,08 19.952,56 TOTAL 170.921,14 38.723,49 2. De acordo com as informações contidas nos Termos de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que acompanham os referidos Autos de Infração, foi apurada Falta/Insuficiência de recolhimento das contribuições da Cofins e do PIS decorrente das seguintes irregularidades descritas no Relatório de Auditoria Fiscal às fls.23/25 e 29/30, do qual transcrevo os seguintes excertos: 2.1 DAS VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS (FLS.23/25) A contribuinte efetuou alguns pagamentos da Cofins, e entregou a DCTF declarando alguns períodos do PIS e da Cofins, conforme demonstrado nas planilhas (fls.24/25). Através das GUIAS DE INFORMAÇÕES E APURAÇÃO DO ICMS GIAM, no ano de 2003, foram apuradas as receitas de vendas de mercadorias que serviram de base para os cálculos das contribuições – Cofins e PIS (...) 2.2 DOS LANÇAMENTOS DAS CONTRIBUIÇÕES DO PIS E DA COFINS – A/C 2003 Em razão da falta de recolhimento das contribuições incidentes sobre o faturamento no ano de 2003, da maioria dos períodos ou de DCTF, promovese também o lançamento do PIS e da Cofins, mediante a lavratura dos autos de Infração, com base nas receitas auferidas que serviram de cálculo para o lucro arbitrado. Fl. 315DF CARF MF Impresso em 13/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19647.002265/200679 Acórdão n.º 3101001.273 S3C1T1 Fl. 5 3 Face ao arbitramento do lucro para a apuração do imposto de renda, a pessoa jurídica permanece sujeita às normas da legislação do PIS, vigentes anteriormente à Lei nº 10.637/2002 (art.8º, inciso II) de modo que a alíquota para o período de dezembro de 2002 a dezembro de 2003 corresponde a 0,65%, aplicada sobre o faturamento (art.8º, inciso I, da Lei nº 9.715/98). 2.3– DA MULTA QUALIFICADA Pelo exposto acima, constatase, que de maneira contumaz, o contribuinte omitiu informações para o fisco Federal, no ano calendário de janeiro/2003 a dezembro/2003, inserindo elementos inexatos na Declaração – DIPJ, de forma a impedir o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, do fato gerador da obrigação tributária, conduta, que revela a intenção de suprimir os tributos federais devidos. Está, assim, configurado o evidente intuito de suprimir os tributos federais, de recolhimento tributário inferior ao valor devido, conforme demonstrado no item IV. Consequentemente, os lançamentos tributários do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS contemplam a aplicação da multa qualificada de 150%, prevista no inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96 c/c arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502/64 (...). 2.4 DA SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA O Sr. Carlos Alberto dos Santos, CPF nº 127.422.79415, que figura como sócio da empresa no período da ocorrência dos ilícitos, conforme indicam os instrumentos contratuais da pessoa jurídica, responde solidariamente com a Pessoa Jurídica, pelos créditos tributários ora lançados, de acordo com o disposto nos arts. 124 e 135 inc. III, da Lei 5.172/66 – Código Tributário Nacional. (...) 3. Constam ainda do Relatório de Auditoria Fiscal as planilhas IV. 1 – BASE DE CÁLCULO DA COFINS APURADA PELA FISCALIZAÇÃO – A.C. 2003 (fl. 24) e IV.2 – BASE DE CÁLCULO DO PIS APURADO PELA FISCALIZAÇÃO – A/C 2003 (fl. 25), onde se encontram demonstrados os valores da COFINS E PIS exigidos através dos respectivos autos de infração, a partir das receitas brutas apuradas mensalmente. 4. Devidamente cientificada, a empresa autuada, COMBELI – COMÉRCIO DE BEBIDAS E BOMBONIERE LIMOEIRENSE LTDA e seu sócioadministrador CARLOS ALBERTO DOS SANTOS, doravante referidos como impugnantes, apresentaram, por meio dos seus procuradores, (instrumento particular de procuração de fl.205), as peças impugnatórias de fls.189/200 e 201/204 (juntamente com documentação de fls. 208/265), onde se insurgem contra o lançamento das contribuições do COFINS e do PIS, formulando as seguintes razões de defesa. 4.1. Preliminarmente, os impugnantes argúem a nulidade do auto de infração por preclusão temporal relativamente ao prazo de reiteração da intimação para reinício de MPF, vez que os contribuintes foram intimados em 13/07/2005 e apenas em 27/10/2005 foram Fl. 316DF CARF MF Impresso em 13/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19647.002265/200679 Acórdão n.º 3101001.273 S3C1T1 Fl. 6 4 reintimados para apresentar a documentação necessária, quando já decorrido o prazo legal de 90 dias para reinício de fiscalização. 4.2. No mérito, os impugnantes alegam inicialmente que, com relação à contribuição para o PIS, a planilha IV. 2 – Base de Cálculo do PIS apurada pela Fiscalização, à fl. 24, apresenta com relação aos meses de abril, maio e junho de 2003, valores informados em DCTF superiores aos valores apurados pela autoridade fiscal. Dessa forma, entendem que não há que se falar em fraude quando os valores declarados o foram a maior que os devidos e que a simples inexatidão das informações fiscais, por erro de escrituração e/ou mero inadimplemento não justifica a imputação de crime fiscal, muito menos a responsabilidade solidária do sócio administrador, relacionada ao PIS e à Cofins. 4.3. Acrescem que o crime não está configurado, conforme se depreende do próprio relatório de auditoria, razão pela qual o mesmo não poderá ser presumido, nos termos da legislação penal vigente. 4.4. Por entenderem que não foi comprovada ação ou omissão dolosa, nem a tentativa de fraude tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento pela autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador, como dispõem os artigos 71 e 72 da Lei nº 4.502/1964, afirmam ser indevida a multa qualificada de 150%; 4.5. Tece considerações sobre o Auto de infração relacionado à Contribuição Social sobre o Lucro –CSLL; 4.6. Diante do que expõem, os impugnantes requerem, ao final de sua peça impugnatória: a) preliminarmente, sejam os lançamentos declarados preclusos; b) caso não acatada a preliminar anteriormente argüida, seja o sócioadministrador Carlos Alberto dos Santos excluído da condição de responsável solidário, por falta de amparo legal para a inclusão; c) seja excluída a multa qualificada de 150%, por inexistir, por parte da empresa e de seu sócio administrador, a tentativa de fraude tributária e/ou de retardar, impedir ou dificultar a fiscalização”. A decisão recorrida emanada do Acórdão nº. 1122.197 de fls. 282 e 283 traz a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins constitui infração que autoriza a lavratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. NORMAS PROCESSUAIS NULIDADES. A falta de ciência, ao sujeito passivo, de ato que indique o prosseguimento do procedimento fiscal, ao final do prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data de ciência de ato até então vigente, não implica em nulidade do lançamento de ofício decorrente da ação fiscal, mas tão somente, na reaquisição da espontaneidade do contribuinte, até a data de lavratura de novo ato nesse Fl. 317DF CARF MF Impresso em 13/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19647.002265/200679 Acórdão n.º 3101001.273 S3C1T1 Fl. 7 5 sentido, ou se for o caso, do auto de infração para exigência do crédito tributário apurado. CONDUTA REITERADA APLICAÇÃO DE MULTA AGRAVADA. A conduta da pessoa jurídica ao informar, por meio de declarações entregues à Secretaria da Receita Federal do Brasil durante períodos de apuração consecutivos com valores de receitas inferiores às declaradas nas GUIAS DE INFORMAÇÕES E APURAÇÃO DO ICMS GIAM, enseja a aplicação da multa de ofício de 150% (cento e cinqüenta por cento) prevista no artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2003 a 30/03/2003, 01/07/2003 a 30/12/2003 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS A falta ou insuficiência de recolhimento do PIS constitui infração que autoriza a lavratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. NORMAS PROCESSUAIS NULIDADES. A falta de ciência, ao sujeito passivo, de ato que indique o prosseguimento do procedimento fiscal, ao final do prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data de ciência de ato até então vigente, não implica em nulidade do lançamento de ofício decorrente da ação fiscal, mas tão somente, na reaquisição da espontaneidade do contribuinte, até a data de lavratura de novo ato nesse sentido, ou se for o caso, do auto de infração para exigência do crédito tributário apurado. CONDUTA REITERADA APLICAÇÃO DE MULTA AGRAVADA. A conduta da pessoa jurídica ao informar, por meio de declarações entregues à Secretaria da Receita Federal do Brasil durante períodos de apuração consecutivos com valores de receitas inferiores às declaradas nas GUIAS DE INFORMAÇÕES E APURAÇÃO DO ICMS GIAM, enseja a aplicação da multa de ofício de 150% (cento e cinqüenta por cento) prevista no artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. ART.124, I DO CTN As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal são solidariamente obrigadas em relação ao crédito tributário, pois os atos da empresa são sempre praticados através da vontade de seus dirigentes formais ou informais, visto que todos ganham com o fato econômico. Lançamento Procedente” O contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho – CARF (fls.297 a 303) onde apresenta as mesmas alegações da sua impugnação, não sendo necessário Fl. 318DF CARF MF Impresso em 13/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19647.002265/200679 Acórdão n.º 3101001.273 S3C1T1 Fl. 8 6 repedilas e a final requerendo que seu recurso seja conhecido e provido para reformando a r.sentença impugnada acolhase a tese da defesa, nos termos de sua fundamentação e das razões de recurso ora apresentadas, para acatando a preliminar de preclusão, anular os autos de todo o procedimento fiscal, ou no mérito seja julgado improcedente o auto de infração relativo ao PIS/COFINS, seja declarada a ilegalidade da Taxa Selic, bem como seja excluído o sócio Carlos Alberto dos Santos, por medida de justiça. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Valdete Aparecida Marinheiro, O Recurso Voluntário é tempestivo, mas dele não tomo conhecimento, por entender não ser da competência dessa Terceira Seção de julgamento. De acordo com o disposto no item VII do relatório de auditoria fiscal (fls. 227 a 256) o lançamento do PIS e COFINS desse processo foi feito com base nas receitas auferidas que serviram para o cálculo do lucro arbitrado. Isto posto, declino da competência de julgamento para a Primeira Seção de Julgamento, com base no artigo 2º do Regimento do CARF. Relatora Valdete Aparecida Marinheiro Fl. 319DF CARF MF Impresso em 13/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /12/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904035/2011-64
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009
CONCOMITÂNCIA. PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. SÚMULA N.1 DO CARF.
Verificada a identidade da matéria debatida nos processos administrativo e judicial, na forma do disposto na Súmula CARF n° 1, importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3801-005.285
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. SÚMULA N.1 DO CARF. Verificada a identidade da matéria debatida nos processos administrativo e judicial, na forma do disposto na Súmula CARF n° 1, importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 40 35 /2 01 1- 64 Fl. 751DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10865.904035/201164 Acórdão n.º 3801005.285 S3TE01 Fl. 466 2 Por bem relatar os fatos, adoto os termos do relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro II (RJ), sintetizado nos seguintes termos: Tratase de manifestação de inconformidade, apresentada pela empresa em epígrafe, ante Despacho Decisório de autoridade da Delegacia da Receita Federal do Brasil que reconheceu parcialmente o direito creditório referente ao saldo credor de IPI do 2º Trimestre de 2009 e, por consequência, homologou parcialmente as compensações declaradas nos autos, no montante de R$ 91.142,40. Conforme o Termo de Verificação Fiscal anexo aos autos, o Fisco identificou as razões a orientar a autoridade administrativa competente a proferir o despacho decisório sobre a procedência do direito creditório solicitado pelo contribuinte, quais sejam: 1) Os créditos do IPI referemse ao imposto pago na aquisição de insumos empregados na industrialização de produtos tributados, inclusive com alíquota zero que, segundo o art. 11 da Lei nº 9.779, de 20 de janeiro de 1999 e IN SRF nº 33/99, podem ser considerados créditos do IPI passíveis de ressarcimento; 2) O valor a ser autorizado está limitado ao saldo credor acumulado do IPI em cada um dos trimestrescalendários analisados. Neste diapasão, o Fisco identificou insumos utilizados na produção de bens não tributados pelo IPI. Observouse, ainda, que as hipóteses de crédito do IPI estabelecidas nos arts. 164, 167 e 178 do RIPI/02 e nos arts. 226, 229 e 240 do RIPI/2010 não incluem qualquer forma de correção monetária de créditos acumulados na apuração do IPI. Assim, sem previsão legal autorizativa, não pode o contribuinte creditarse de valor relativo à correção monetária de créditos do IPI acumulados na escrita fiscal. O contribuinte somente pode creditarse dos valores constantes nos documentos fiscais. As tabelas dos valores glosados encontramse anexas ao processo às fls. 324 (créditos indevidos – produtos não tributados). Pelas razões e fundamentos expostos deferiu parcialmente o crédito e a compensação pretendidos. Regularmente cientificada do deferimento parcial de seu pleito, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual, em suma, fez as seguintes considerações: Ao saldo credor referente ao PER/DCOMP do último trimestre de 2009 (R$ 250.299,95) foram somados os créditos de IPI apurados nos meses de abril, maio e junho de 2009, e dele foram deduzidos os débitos referentes aos mesmos meses, bem como estornada a compensação efetuada no trimestre anterior. Fl. 752DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10865.904035/201164 Acórdão n.º 3801005.285 S3TE01 Fl. 467 3 Assim, chegouse ao saldo credor final de R$ 222.974,88, com o qual foi compensado o montante de R$ 216.808,90, débito acumulado a título de COFINS. A compensação pleiteada está em perfeita consonância com os cálculos referidos. Isso se infere tanto de seu resultado final quanto dos "demonstrativos de créditos" mensais resumidos, de modo que é incorreto o saldo trimestral de R$ 91.142,40, apontado no despacho decisório, sendo até mesmo inexplicável a razão deste deferimento apenas parcial. CONCLUSÃO E PEDIDOS Diante do acima exposto, deve ser reconhecido que o Despacho Decisório, constante da Intimação referente ao Processo Administrativo de Crédito n° 10865.904894/201153; Processo Administrativo de Débito n° 10865.904035/201164; PER/DCOMP 35772.86442.170709.1.1.014409 e 31673.80521.170709.1.3.014865, deve ser revisto, já que homologou apenas em parte o pedido de compensação de débitos de COFINS efetuados com créditos de IPI para o primeiro trimestre de 2009, a despeito da exatidão fiscal probatória apresentada e da coerência contábil correspondente, ora reiterada. Por fim, solicitou que fosse revisto o Despacho Decisório, para que seja homologado completamente o PER/DCOMP referente ao período que compreende as operações tributáveis desenvolvidas nos meses de abril, maio e junho de 2009. E, se necessário, que se realize diligência para o fim de confirmar o crédito aqui comprovado. Subsidiariamente, por ausência de maiores fundamentações quanto ao montante glosado, requereu que seja declarado nulo o despacho decisório por cerceamento à defesa da Requerente. Em 16 de junho de 2014, a empresa impetrou AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITOS FISCAIS COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, na qual requereu, em suma: 4.1. Seja concedida antecipação da tutela pretendida, nos termos do art. 273 do Código de Processo Civil, determinandose a suspensão da exigibilidade, nos termos do artigo 151, V, do Código Tributário Nacional, dos débitos fiscais concretizados nos seguintes processos administrativos de cobrança, de modo que, inclusive, os mesmos não obstem a emissão de Certidão Negativa com Efeitos de Negativa, em favor da Autora, perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil/Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, consoante os artigos 205, c/c 206, do Código Tributário Nacional: Processo de Cobrança : 10865.911131/200944; 10865.900735/201180; 10865.900736/201124; 10865.900737/2011 79; 10865.904892/201164; 10865.904893/201117; 10865.904894/201153; 10865.904895/201106; 10865.904896/2011 42; 10865.720765/201376; 10865.720759/201319; Fl. 753DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10865.904035/201164 Acórdão n.º 3801005.285 S3TE01 Fl. 468 4 10865.720768/201318; 10865.720769/201354; 13840.720180/2013 22 e 10865.720770/201389. 4.2. Seja a Fazenda Nacional citada para oferecer contestação, na pessoa de seu Procurador, ou reconhecer o direito da Autora, evitandose esta litigiosidade desnecessária; 4.3. Seja deferida, nos termos do art. 420 e seguintes do Código de Processo Civil, a produção de prova pericial contábil por experto indicado por este MM. Juízo, abrindose às partes, oportunamente, prazo para indicação de assistentes técnicos e formulação de quesitos, para que seja atestada cabalmente a correção dos seguintes Pedidos de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMPS), efetuados pela Autora e vinculados aos Processos Administrativos indicados no item "4.1", acima: (PAF do 2o trimestre de 2009 PER/DCOMP 35772.86442.170709.1.1.014409 DCOMP 31673.80521.170709.1.3.014865) 4.4.1. Seja a ação, ao final, julgada PROCEDENTE, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, anulandose os débitos materializados nos Processos Administrativos referidos no item "4.1", acima, e, por via de consequência, reconhecendose a correção/regularidade/legalidade dos Pedidos de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMPS) que a eles se vinculam, materializados nos Processos Administrativos referidos no item "4.3", acima; 4.4.2. Subsidiariamente, seja a ação julgada PROCEDENTE, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, reconhecendose a nulidade dos despachos decisórios referentes aos Processos Administrativos descritos no item "4.1", acima, determinandose nova apreciação, por parte da Secretaria da Receita Federal do Brasil, dos Pedidos de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMPS) que a eles se vinculam; 4.5. Seja a Ré condenada ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do artigo 20, §§3° e 4o, do Código de Processo Civil. As razões de mérito estão a seguir expostas: O sistema mantido pelo órgão arrecadador vinculado à Ré, de maneira equivocada e injustificada, não homologou por completo os Pedidos de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP) relativos aos períodos em questão, deferindo apenas parcialmente a higidez de créditos de IPI a cuja integralidade faz jus a Autora. Dos Pedidos de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (v. DOC. 3), constam precisamente os valores destacados a título de IPI nas Notas Fiscais de Entrada/Aquisição de bens por parte da Autora. As operações e Fl. 754DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10865.904035/201164 Acórdão n.º 3801005.285 S3TE01 Fl. 469 5 Notas Fiscais estão todas discriminadas. E em todos os casos o IPI creditado pela Autora corresponde exatamente ao valor documentalmente destacado, consoante lhe defere a legislação, por sua vez irradiada do princípio constitucional da não cumulatividade do tributo. Tendo em vista o já explanado, é absolutamente certo que o sistema da Receita Federal do Brasil não detectou com precisão os demonstrativos pertinentes, uma vez que, sem base, os despachos decisórios lavrados pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Recife (PE) reconheceram a subsistência de apenas parte dos créditos de IPI pleiteados pela Autora, extraindose um absurdo saldo devedor total de R$ 2.015.098,56. Os despachos decisórios não justificam, sequer minimamente, a negativa de parte dos créditos pleiteados, limitando se a atestar a verificação de que "não era possível o ressarcimento ao contribuinte de todos os créditos pleiteados tendo em vista que nem todos os créditos apurados pela empresa eram passíveis de utilização pela mesma". Ocorre que houve o indeferimento parcial dos créditos, tendo sido formalizados os respectivos débitos. A fim de desconstituílos, a Autora viuse forçada à ativação deste MM. Juízo através do ajuizamento da presente, na medida em que não concluídas as manifestações de inconformidade outrora apresentadas contra os despachos decisórios (DOC. 3). Não é necessário grande esforço interpretativo para se verificar que a Autora procedeu em conformidade com a legislação aplicável. Realmente, o Código Tributário Nacional prevê genericamente a possibilidade de compensação de débitos fiscais com créditos apurados contra a Fazenda Pública, obedecendo às funções precípuas de lei complementar em matéria tributária (artigo 146 da Constituição Federal). Por sua vez, a legislação do Imposto Sobre Produtos Industrializados autoriza o aproveitamento de créditos acumulados de IPI para compensação com impostos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil, dentre os quais as Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS art. 195, I, CRFB e Lei n" 10.833/03) e para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PISPASEP art. 195, I, CRFB, e Leis Complementares n° 07/70 e 11/75, e Lei n° 10.637/02), o que sequer foi questionado nos despachos decisórios. Por fim, a normatividade infralegal da própria Receita Federal do Brasil reconhece a legitimidade da compensação, via PER/DCOMP, de tributo administrado pelo próprio órgão, por parte do sujeito passivo que nos termos da lei apurar crédito fiscal. Assim, vemos com maior clareza ainda, consoante já sugerido, que o mérito da presente é essencialmente fático, posto que o direito às compensações empreendidas pela Autora é Fl. 755DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10865.904035/201164 Acórdão n.º 3801005.285 S3TE01 Fl. 470 6 induvidoso. Seu teor é extraído desde a literalidade do Código Tributário Nacional até as normas administrativas emitidas pela própria Receita Federal do Brasil. Resulta disso que a Autora faz jus aos créditos de IPI pleiteados tal como na documentação anexa, não havendo razão plausível para sua negativa por parte da Ré. Do ponto de vista escriturai, tenhase que a Autora observou todas as regras constantes do Regulamento do IPI, lançando, inclusive, os estornos de créditos já por si pleiteados, consoante farta documentação acostada (vide especialmente os fluxos contábeis acostados e os Resumos e Registros de Apuração do IPI, DOCS. 03 e 04). Por isso, reiterese: apenas se pode compreender o indeferimento parcial dos créditos pretendidos em razão da confessada imperfeição procedimental com que os respectivos pedidos foram analisados, e/ou em razão da não percepção, por parte da Ré, do correto confronto de créditos e débitos (incluindo estornos de todos os créditos já pleiteados) levado a cabo pela Autora. Essas circunstâncias, unicamente imputáveis ao órgão arrecadatório vinculado à Ré, certamente não permitem a injustificada subtração patrimonial questionada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (PE) julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto da manifestação de inconformidade, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Não concordando com a decisão proferida pela DRJ/RPO, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 504), em atenção à intimação ARF/MGU/SP nº 13840/092/2013, reiterando a total homologação do crédito requerido para o segundo trimestre de 2009, a despeito da exatidão fiscal probatória apresentada e da coerência contábil correspondente. É o Relatório. Voto Fl. 756DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10865.904035/201164 Acórdão n.º 3801005.285 S3TE01 Fl. 471 7 Conselheiro Cássio Schappo. Embora sendo o recurso tempestivo, dele não se conhece, pelas razões a seguir expostas. Discutese neste processo a homologação parcial de crédito acumulado de IPI referente ao 2º trimestre de 2009 (PER/DCOMP nº 35772.86442.170709.1.1.014409), utilizado na compensação de débitos da COFINS (DCOMP nº 31673.80521.170709.1.3.01 4865. Conforme justificado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 355), o crédito indevido de IPI é correspondente a proporção do valor das saídas de produtos não tributados, consolidados por mês de saída, apresentado na planilha de fls. 324/325. Não há referência a outra irregularidade que por ventura tivesse praticado o sujeito passivo da obrigação tributária, tanto no registro dos créditos pela entrada dos produtos quanto a incidência do tributo nas operações de saída. Observase do recurso que a recorrente não enfrentou a causa do indeferimento parcial dos créditos, silenciando por completo quanto as saídas não tributadas, fato específico da glosa do crédito de IPI acumulado. Preferiu o contribuinte, em vez de encarar o assunto e discutilo na esfera administrativa, ir buscar no judiciário amparo do direito com relação aos creditos de IPI realizados no período, em ação anulatória de débitos fiscais com pedido de antecipação de tutela. O acórdão recorrido muito bem fundamentou a decisão proferida, de onde se destaca parte de seus argumentos, que incorporam o presente julgamento: Resta, pois, evidente que a matéria tratada na manifestação de inconformidade (Ressarcimento do 2o trimestre de 2009 referente aos PER/DCOMP 35772.86442.170709.1.1.014409 e sua compensação com a DCOMP 31673.80521.170709.1.3.014865) está contida na aludida petição judicial e que a contribuinte busca concomitantemente junto ao Poder Judiciário e à Administração Tributária a análise da mesma matéria, ou seja, do crédito do 2º trimestre de 2009 e sua compensação com a Cofins, de acordo com a DCOMP 31673.80521.170709.1.3.014865 e a nulidade do despacho decisório. [...] A via judicial é uma opção adotada pela contribuinte no seu livre exercício de escolha. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, art. 5º, XXXV, declara que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Porém, o ordenamento jurídico brasileiro não contempla o instituto da dualidade de jurisdição, não podendo haver, sob nenhuma hipótese, a sobreposição da decisão administrativa à sentença judicial. Somente ao Poder Judiciário é dada a capacidade Fl. 757DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10865.904035/201164 Acórdão n.º 3801005.285 S3TE01 Fl. 472 8 de examinar as questões a ele submetidas de forma definitiva, com efeito de coisa julgada. Consagrase, assim, o monopólio da jurisdição ao Poder Judiciário e o direito de invocar a atividade jurisdicional como direito público subjetivo. [...] A propositura de ação judicial pelo contribuinte nos pontos em que haja idêntico questionamento torna ineficaz o processo administrativo. De fato, havendo o deslocamento da lide para o Poder Judiciário, perde o sentido a apreciação da mesma matéria na via administrativa. Do contrário, terseia a absurda hipótese de modificação, pela autoridade administrativa, de decisão judicial transitada em julgado e, portanto, definitiva. Como analisado alhures, pela existência de processo judicial em curso tratando do mesmo tema, implica em renuncia ao processo administrativo. Em relação a essa discussão, aplicase a Súmula nº 01 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que uniformizou o seguinte entendimento: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.(grifouse) Além disso, os Conselheiros têm o dever de observar as súmulas, nos termos do art. 72 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso voluntário, em vista da concomitância entre o processo administrativo e judicial. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator Fl. 758DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2015 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por C ASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 11065.001131/2001-65
Turma: Terceira Turma Superior
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Tue Aug 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
BASE DE CÁLCULO INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. EXCLUSÃO.
O incentivo denominado crédito presumido de IPI somente pode ser calculado sobre as aquisições, no mercado interno, de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, sendo indevida a inclusão, na sua apuração, de custos de serviços de industrialização por encomenda.
TAXA SELIC.
Não há previsão legal para atualização dos valores ressarcidos a título de crédito presumido de IPI pela taxa Selic.
Recursos Especiais do Procurador Provido e do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-000.795
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade: I) em dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional quanto à industrialização por encomenda; e II) em negar provimento ao recurso especial do sujeito passivo quanto à incidência da taxa Selic sobre o valor do crédito a ressarcir. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: Gilson Macedo Rosenburg Filho
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade: I) em dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional quanto à industrialização por encomenda; e II) em negar provimento ao recurso especial do sujeito passivo quanto à incidência da taxa Selic sobre o valor do crédito a ressarcir. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 BASE DE CÁLCULO INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. EXCLUSÃO. O incentivo denominado “crédito presumido de IPI” somente pode ser calculado sobre as aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, sendo indevida a inclusão, na sua apuração, de custos de serviços de industrialização por encomenda. TAXA SELIC. Não há previsão legal para atualização dos valores ressarcidos a título de crédito presumido de IPI pela taxa Selic. Recursos Especiais do Procurador Provido e do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade: I) em dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional quanto à industrialização por encomenda; e II) em negar provimento ao recurso especial do sujeito passivo quanto à incidência da taxa Selic sobre o valor do crédito a ressarcir. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 11 31 /2 00 1- 65 Fl. 278DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001131/200165 Acórdão n.º 9303000.795 CSRFT3 Fl. 279 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de crédito presumido do IPI a que se refere a Lei nº 9.363/1996. Duas são as matérias devolvidas a este Colegiado: industrialização por encomenda e incidência da taxa Selic no valor do ressarcimento de IPI. O julgamento deste recurso tem como paradigmas os Recursos nºs 231.539 (industrialização por encomenda) e 228.964 (incidência da taxa Selic no valor do ressarcimento de IPI), julgados na sessão imediatamente anterior a esta, sendolhe aplicadas as mesmas teses daqueles julgados, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Em apertada síntese, este é o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Os recursos merecem ser conhecidos por serem tempestivos e atenderem aos pressupostos regimentais de admissibilidade. Este voto segue as disposições do § 2º, in fine, do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Para tanto, adoto as teses prevalentes no julgamento dos Recursos nºs 231.539 (industrialização por encomenda) e 228.964 (incidência da taxa Selic sobre o valor do ressarcimento de IPI). Recurso Especial da Fazenda Nacional Industrialização por encomenda A Fazenda Nacional assevera que o aresto recorrido desobedeceu o art. 1º da Lei nº 9.363/96, ao permitir a utilização do valor dos serviços prestados correspondentes à industrialização por encomenda na base de cálculo do crédito presumido do IPI. Sobre esse tema, percuciente é a lição do conselheiro Antonio Bezerra Neto, que peço vênia para transcrever e utilizar como fundamento de meu voto: A Lei n.º 9.363, de 1996, que introduziu o benefício em tela, previu, em seu art. 1º, que o crédito presumido de IPI, como ressarcimento das contribuições para o PIS e para a COFINS Fl. 279DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001131/200165 Acórdão n.º 9303000.795 CSRFT3 Fl. 280 3 sejam incidentes “sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo” (g.n.). Em razão dos termos em que vazada a aludida norma, qualquer interpretação que se lhe empreste não deve afastarse das seguintes premissas: por primeiro, que os insumos utilizados no cômputo do benefício devam ser adquiridos, ou seja, comprados de outro estabelecimento, resultando de uma operação comercial de compra e venda mercantil, não de serviços, como é o caso em comento; segundo, que sejam efetivamente utilizados na produção de produtos exportados, no estabelecimento adquirente; terceiro, como se trata de direito excepto, não comporta interpretação ampliativa, pois os benefícios tributários devem ser interpretados restritivamente, já que envolvem renúncia de receitas públicas. Em relação à primeira das premissas, na operação realizada pela contribuinte não há qualquer aquisição de matériaprima, vez que já pertencia ao estabelecimento encomendante no momento do envio para industrialização por encomenda. A aquisição da matériaprima se deu, portanto, em momento anterior à remessa para industrialização. O custo do beneficiamento realizado por terceiro deve ser contabilizado como “Gastos Gerais de Fabricação”, não como incremento do valor da matériaprima, não podendo ser incluído no cálculo do crédito presumido. O montante despendido por tal pagamento não deve entrar no cômputo do benefício, mesmo porque a operação de envio e retorno se dá com suspensão do IPI, conforme sublinhado na Nota MF/SRF/COSIT/COTIP/DIPEX n.º 312, de 3 de agosto de 1998. Aliás, não há razão para que os custos dos insumos que não se enquadram no conceito de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem não sejam agregados quando utilizados pelo encomendante, quando a operação de industrialização se dá em seu próprio estabelecimento, mas, ao contrário, sejam agregados quando a industrialização se dê por encomenda. Ora, “Onde há a mesma razão, há de se aplicar o mesmo direito”, diz o brocardo romano. Com efeito, tratarseia de situação no mínimo incongruente, para não dizer injusta, retirando a racionalidade das disposições legais que compõem o arcabouço normativo do IPI. No tocante à última das premissas inicialmente delineadas, pois que, quanto à segunda, não há dissenso, importa destacar que há uma certa tendência à construção de exegeses que resultam, as mais das vezes, de considerações outras que não a propriamente jurídica, tal como as de natureza meramente econômica, tão costumeiramente encontráveis no diaadia do julgador. Em que pese o brilhantismo como tais teses são construídas, é preciso evidenciar que não cabe ao intérprete a tarefa de legislar, de modo que o sentido da norma não se pode afastar dos termos Fl. 280DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001131/200165 Acórdão n.º 9303000.795 CSRFT3 Fl. 281 4 em que positivada, pena de, invadindo seara alheia, fugir de sua competência. Aliás, ainda com relação à terceira premissa, costuma ser encontradiço nos textos que discorrem sobre Hermenêutica Jurídica a afirmação de que “a lei não contém palavras inúteis”, a qual, segundo se diz, vem a ser princípio basilar da disciplina. É dizer, as palavras devem ser compreendidas como tendo, ao menos, alguma eficácia. Não se presumem, na lei, palavras inúteis (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e aplicação do direito, 8a. ed., Freitas Bastos, 1965, p. 262). Querse evidenciar com isso que, caso se concebesse o contrário, não haveria razão para que o legislador expressamente previsse o cômputo do valor relativo à prestação de serviços na hipótese de industrialização por encomenda. Veja como dispôs ao estruturar o art. 1º da Lei n.º 10.276, de 2001, in verbis: “Art. 1º Alternativamente ao disposto na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior poderá determinar o valor do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS), de conformidade com o disposto em regulamento. § 1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: I de aquisição de insumos, correspondentes a matériasprimas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo; II correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrente de industrialização por encomenda, na hipótese em que o encomendante seja o contribuinte do IPI, na forma da legislação deste imposto” (g.n.). Ora, in casu, fosse verdadeira a afirmação de que os valores correspondentes ao serviço de beneficiamento, na industrialização por encomenda, deveriam ser incluídos no cômputo do crédito presumido de que trata a Lei n.º 9.363, de 1996, não haveria razão para que o legislador inequivocamente inserisse tal hipótese na Lei n.º 10.267, de 2001, permitindo o seu acréscimo juntamente com o custo de outros insumos (energia elétrica e combustíveis). Notese, por importante, que a aplicação do novel regramento, conforme disciplinado na Lei n.º 10.267, de 2001, se dá alternativamente ao estabelecido na Lei n.º 9.363, de 1996, quando da determinação do crédito presumido. Assim sendo, é de se concluir que a hipótese introduzida no inciso II naquele diploma legal não se encontrava incluída neste último. Pelos fundamentos jurídicos e legais expostos, nego o aproveitamento dos custos com beneficiamentos realizados Fl. 281DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001131/200165 Acórdão n.º 9303000.795 CSRFT3 Fl. 282 5 externamente aos estabelecimentos da sociedade para fins de cálculo do crédito presumido de IPI. Recurso Especial do Sujeito Passivo Incidência da taxa Selic no valor do ressarcimento de IPI A questão da possibilidade de incidência da taxa SELIC no ressarcimento de IPI passa necessariamente pela diferenciação dos institutos do ressarcimento da restituição. A restituição é a repetição de um indébito. Decorre de pagamento indevido ou a maior que o devido. Já o ressarcimento não está vinculado a qualquer pagamento indevido, mas decorre de concessão legal. Sobretudo, não se pode olvidar que o direito subjetivo ao ressarcimento somente é constituído com o advento do despacho da autoridade competente, em oposição ao que ocorre com a repetição do indébito, em que o direito de repetir já nasce imediatamente com o pagamento indevido ou a maior, independentemente de qualquer ato da autoridade administrativa. Nesta linha, fica evidente existir duas figuras que não se confundem: a) restituição por pagamento indevido ou a maior do que o devido (repetição de indébito); e b) ressarcimento, previsto em lei concessiva. É certo que restituição e ressarcimento compartilham alguns aspectos, como o de ser ambos passíveis de satisfação em dinheiro ou mediante compensação, mas de nenhum modo ressarcimento é espécie do gênero restituição. Noutro giro, não há que se falar em desvalorização do valor a ser ressarcido, mesmo porque o ambiente de ampla correção monetária que vigia no passado foi abolido pelo Legislador. Com efeito, o Legislador aboliu e repudiou o sistema geral de indexação da economia através da aprovação das normas legais que consolidaram o Plano Real, inexistindo atualmente previsão de atualização monetária tanto para caso de ressarcimento como para caso de restituição. Nesse contexto, inadmissível pensar na aplicação da Taxa Selic como um meio de reposição do valor real da moeda. A Taxa Selic é, isto sim, a expressão numérica dos juros. Não se trata de atualização monetária. Juros, por sua vez, é um acréscimo ao principal, é um plus que inclusive se caracteriza como renda para aquele que o aufere. Ora, o Estado não pode pagar rendimentos – na forma de Taxa Selic, vale dizer, de juros – sem previsão legal, mormente quando o que seria o valor Fl. 282DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001131/200165 Acórdão n.º 9303000.795 CSRFT3 Fl. 283 6 principal (ressarcimento) é, ele próprio, dependente de lei concessiva. A previsão legal para a incidência de juros Selic, por sua vez, somente se refere aos casos de restituição. Ao mencionar a compensação (art. 39, § 4º), é claro que o dispositivo referese aos valores que poderiam ser restituídos, não permitindo interpretação extensiva. O texto da Lei no 9.250, de 1995, é claro, não havendo como aplicar por analogia aquele dispositivo ao caso do ressarcimento. Neste sentido devese dizer que o art. 39, § 4º, da Lei no 9.250/95, inclusive não estabeleceu a atualização de valores restituídos ao contribuinte com base na Taxa Selic. Isto porque, simplesmente, tal taxa expressa juros, não correção ou atualização monetária. O que foi previsto para casos de restituição foi a aplicação de juros, calculados com base na Taxa Selic. Depois, o dispositivo trata de restituição, nada falando de ressarcimento. Por fim, a data prevista para o início da incidência dos juros é a do pagamento indevido ou a maior do que o devido, data essa que somente pode ser identificada se se tratar de pedido de restituição. A incidência dos juros Selic a partir da data de protocolo do processo de pedido de ressarcimento é critério que não consta da legislação, o que reforça a tese de que os juros não podem incidir, nesse caso. Nos termos dos votos paradigmas transcritos linhas acima, dáse provimento ao recurso da Fazenda Nacional e negase provimento ao especial do sujeito passivo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 283DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10950.002688/2008-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Apr 15 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003
APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA
SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE FORNECEDORES NÃO CONTRIBUINTES DE PIS E COFINS.
A Lei n. 9.363/1996 instituiu o crédito presumido de IPI, e em seu art. 2° menciona a composição da base de cálculo, qual seja, o valor total das aquisições com matéria prima, produto intermediário, e material de embalagem. A lei não menciona que os fornecedores dos insumos devem ser contribuintes de PIS e COFINS, apenas a IN 23/97 traz essa exclusão. Instrução Normativa não é meio hábil para redução ou ampliação de texto de lei, possuindo somente a função de complementá-lo. (Precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010).
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC.
A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio
constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte
em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010; e REsp REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 26.04.2009).
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. REGIME ALTERNATIVO. ATIVIDADE AGRÍCOLA.
O valor das aquisições de matérias-primas, produtos intermediários, materiais de embalagem, combustíveis e lubrificantes empregados na fase agrícola do processo produtivo (cultivo da cana-de-açúcar) devem ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido.
CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS.
Só geram direito ao crédito presumido os materiais intermediários que sejam consumidos no processo produtivo mediante contato físico direto com o produto em fabricação e que não sejam passíveis de ativação obrigatória (Súmula CARF n° 19; Pareceres Normativos nº 181/79 e 65/79).
IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS.
As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de aquisição de mercadorias, conforme previsto no artigo 1º, da Lei nº 9.363/96.
Recurso voluntário parcialmente provido.
Numero da decisão: 3202-001.603
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. Ausente, temporariamente, a Conselheira Tatiana Midori Migiyama. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, a advogada Denise da S.P. de A. Costa, OAB/SC nº.10.264.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente
Gilberto de Castro Moreira Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Bruno Maurício Macedo Curi.
Nome do relator: GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR
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COMPENSAÇÃO Recorrente USINA DE AÇÚCAR SANTA TEREZINHA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003 APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE FORNECEDORES NÃO CONTRIBUINTES DE PIS E COFINS. A Lei n. 9.363/1996 instituiu o crédito presumido de IPI, e em seu art. 2° menciona a composição da base de cálculo, qual seja, o valor total das aquisições com matéria prima, produto intermediário, e material de embalagem. A lei não menciona que os fornecedores dos insumos devem ser contribuintes de PIS e COFINS, apenas a IN 23/97 traz essa exclusão. Instrução Normativa não é meio hábil para redução ou ampliação de texto de lei, possuindo somente a função de complementálo. (Precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010). CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 993164/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2010; e REsp REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 26.04.2009). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 26 88 /2 00 8- 42 Fl. 756DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 738 2 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. REGIME ALTERNATIVO. ATIVIDADE AGRÍCOLA. O valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem, combustíveis e lubrificantes empregados na fase agrícola do processo produtivo (cultivo da canadeaçúcar) devem ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. Só geram direito ao crédito presumido os materiais intermediários que sejam consumidos no processo produtivo mediante contato físico direto com o produto em fabricação e que não sejam passíveis de ativação obrigatória (Súmula CARF n° 19; Pareceres Normativos nº 181/79 e 65/79). IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS. As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de “aquisição” de mercadorias, conforme previsto no artigo 1º, da Lei nº 9.363/96. Recurso voluntário parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. Ausente, temporariamente, a Conselheira Tatiana Midori Migiyama. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, a advogada Denise da S.P. de A. Costa, OAB/SC nº.10.264. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente Gilberto de Castro Moreira Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Bruno Maurício Macedo Curi. Relatório Fl. 757DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 739 3 Para melhor elucidação dos fatos, transcrevo o relatório do acórdão proferido pela DRJ/Ribeirão Preto: Tratase de PERIDCOMP e DCOMP, de fls, 011294, transmitidas eletronicamente em 21/05/2004 e 15/01/2007, com direito creditório informado no valor de R$ 2.046.795,12, atinente ao 4° trimestrecalendário de 2003, e compensação de R$ 215.018,60. O processo em exame tem protocolo de 23/05/2008. Nos termos do que consta do processo, a empresa e produtoraexportadora de produtos derivados da cana de açúcar (açúcar e álcool) e o direito creditório em liça é concernente a credito presumido de Imposto sobre Produtos Industrializados (lPI), no regime alternativo, de que cuida a Lei n° 10.276, de 10 de setembro de 2001, e a Instrução Normativa SRF n° 315, de 3 de abril de 2003. No Despacho Decisório de fls. 418/428, proferido em 28/04/2009, foi indeferida a solicitação e não homologada a compensação declarada. Os recursos aplicados na formação da lavoura de cana de açúcar devem ser contabilizados no ativo permanente, pois esta não se extingue com um único corte, conforme posicionamento do Conselho de Contribuintes; e isso e 0 que ocorreu, conforme balancete de 12/2003, com gastos dispendidos no que concerne a maquinas e equipamentos de instalações industriais, veículos rurais, veículos pás e, principalmente, as lavouras formadas de cana. No calculo original do beneficio, foram aproveitados pela requerente todos os gastos na formação da lavoura canavieira: mudas, defensivos, corretivos de solos, fertilizantes, pecas para maquinas, lubrificantes, energia elétrica, combustíveis para maquinários e materiais diversos. Os gastos com manutenção industrial não foram comprovados e somente foram aceitas as aquisições de cana de açúcar de pessoas jurídicas com entradas correspondentes ao CFOP 1101 (fl. 417). As aquisições de produção própria ou de filiais, com CFOP 1151, não foram acolhidas, pois se trata de mera transferência de matéria prima, sem a incidência das contribuições do Pis e da Cofins; outrossim, as aquisições de pessoas físicas também não foram aceitas. O custo de produção considerado pela fiscalização, no ano, com os ajustes, foi de R$ 1.786.900, 33 (fl. 424), sendo que foi calculado, por fim, para o trimestre em tela, o saldo negativo de R$ 624.624,19. Insubmissa a decisão administrativa da qual teve ciência em 05/05/2009, conforme o AR nos autos, a contribuinte apresentou, em 02/06/2009, a manifestação de inconformidade, de fls. 4311463, subscrita pelos patronos da pessoa jurídica qualificados na procuração de fl. 464, em que, resumidamente, contesta 0 calculo de saldo negativo de credito presumido, sendo que, na verdade, haveria saldo credor no período; sendo a manifestante empresa agroindustrial e que exerce atividade rural (extração e exploração vegetal e animal) os gastos com insumos na formação da lavoura, notadamente as fases de cultivo e tratos culturais (fertilizantes e defensivos agrícolas), corte e transporte, conforme laudo técnico; concorda que os gastos com insumos na fase de adequação de preparo do solo devem ser classificados no ativo imobilizado e reconhece que insumos usados na fase de plantio de cana de açúcar foram equivocadamente incluídos e devem Fl. 758DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 740 4 ser excluídos oportunamente; quanta a insumos adquiridos de pessoas físicas, especificamente a cana de açúcar, o Conselho de Contribuintes reconhece o cabimento da inclusão na base de calculo do beneficio, pois a legislação não impôs restrições as aquisições de produtores rurais; da mesma maneira, no tocante as transferências de matéria prima entre filiais; créditos de produtos intermediários (insumos de uso industrial, lubrificantes para uso industrial e agrícola, materiais diversos, itens para manutenção geral, combustíveis, pecas e materiais para manutenção de maquinas agrícolas) não foram considerados, apesar de autorização na Lei nº 10.276/2001, porque não haveria memoria de calculo para vinculação dos gastos, mas há o laudo descritivo da atividade, juntado: os lubrificantes de uso agrícola, combustível, pecas e materiais utilizados na manutenção de maquinas agrícolas e caminhões são materiais intermediários, pois não se integram ao produto final, mas são consumidos no processo industrial, especialmente na fase de corte e transporte da cana de açúcar; outrossim, deve ser deferido o ressarcimento com o acréscimo de juros calculados pela taxa Selic para que seja mantido o valor do pleito no tempo, sob pena de enriquecimento sem causa da Administração, devendo ser utilizada a analogia com 0 instituto da restituição, nos termos de jurisprudência apontada; por fim, requer 0 reconhecimento dos créditos apurados e a homologação das compensações em face da lisura dos procedimentos adotados, e, ademais, se for necessário, o apensamento destes autos aqueles do processo nº 10950.004313/200817. A ementa do acórdão da DRJ/Ribeirão Preto é a seguinte: Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. REGIME ALTERNATIVO. CUSTOS DE AQUISIÇÃO ADMITIDOS. Para fins de cálculo do crédito presumido no regime alternativo, somente é admitida a inclusão na respectiva base de cálculo de custos de aquisição de energia elétrica, e de combustíveis utilizados no processo industrial; devem ser observadas, outrossim, as restrições preconizadas na Lei n° 9.363, de 13 de dezembro de 1996, aplicada subsidiariamente, notadamente quanto às aquisições de insumos de pessoas físicas ou transferidos de estabelecimentos filiais, de insumos sem comprovação documental e de bens não correspondentes à verdadeira acepção de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS OU TRANSFERIDOS DE ESTABELECIMENTOS FILIAIS. São glosados os valores referentes a aquisições de insumos de pessoas físicas, nãocontribuintes do PIS e da Cofins, ou a transferências de insumos de filiais, pois, conforme a legislação de regência, os insumos adquiridos devem sofrer o gravame das referidas contribuições. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. ADMISSIBILIDADE. AÇÃO DIRETA SOBRE O PRODUTO. Fl. 759DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 741 5 Somente os insumos que exerçam ação direta sobre o produto em fabricação, ainda que sem integrar o produto final (produtos intermediários), mas com desgaste no processo industrial, representam aquisições passíveis de integrar a base de cálculo do benefício fiscal. CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. É incabível a concessão do estímulo fiscal acrescido de juros de mora pela taxa Selic, por ausência de autorização legal. Inconformada com tal decisão, a Recorrente apresentou recurso voluntário, onde repisa os argumentos anteriormente apresentados. É o Relatório. Voto Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Crédito presumido de IPI. SELIC Em relação ao crédito presumido de IPI na aquisição de pessoas físicas, reproduzo meu voto no acórdão 3202000.471 que sintetiza meu entendimento, inclusive em relação à correção monetária pela SELIC: ... Instruções Normativas não são instrumentos normativos hábeis a inovar ou modificar o texto legal ao qual estão adstritos, mas apenas complementá lo, sem promover alteração no seu conteúdo e alcance. Ora, se a própria lei que instituiu o crédito presumido de IPI, Lei n. 9.363/1996, não excluiu da base de cálculo as aquisições de fornecedores que não são contribuintes de PIS e COFINS, não pode a Instrução Normativa fazer tal restrição. Na mesma linha caminha o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que apreciou o assunto em sede de recurso representativo da controvérsia. Vejamos o trecho da ementa do Ministro Luiz Fux, no julgamento do Recurso Especial n. 993.164 – MG, em 13/12/2010: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO Fl. 760DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 742 6 NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo . Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior." 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS ." 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. Fl. 761DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 743 7 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciarse ão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtor exportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição" ; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI, posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais" ; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). ... 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008” (grifamos) Vejamos, ademais, outros precedentes do Superior Tribunal de Justiça: “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTARIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇAO AO ART. 535 DO CPC. NAOOCORRENCIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N.º 9.363/96. INSTRUÇAO NORMATIVA SRF N.º 23/97. ILEGALIDADE. 1. O incentivo cognominado crédito presumido de IPI, instituído pela Lei n.º 9.363/96, revela como ratio essendi, desonerar as exportações do valor do PIS/PASEP e da COFINS incidentes ao longo de toda a cadeia produtiva, independentemente do fato de estar ou não o fornecedor direto do exportador sujeito ao pagamento destas contribuições. 2. Conseqüentemente, o não pagamento do PIS e da COFINS pelo fornecedor dos insumos não pode impedir o nascimento do crédito presumido. Fl. 762DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 744 8 3. Deveras, este ressarcimento, que por ser presumido e estimado na forma da lei, referese às possíveis incidências das contribuições em todas as etapas anteriores à aquisição dos insumos e à exportação.” (STJ, REsp 767617 / CE, Relator Ministro Luiz Fux, Órgão Julgador Primeira Turma, Sessão de 12/12/2006) (grifamos) “TRIBUTARIO. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. IN/SRF 23/97 ILEGALIDADE. 1. O crédito presumido de IPI instituído pela Lei 9.363/96 teve por objetivo desonerar as exportações do valor do PIS/PASEP e da COFINS incidentes ao longo de toda a cadeia produtiva, independentemente de estar ou não o fornecedor direto do exportador sujeito ao pagamento dessas contribuições. Por isso mesmo, é ilegítima a limitação constante do art. 2º, 2º da IN SRF 23/97, segundo o qual "o crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção de bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS". Precedente: RESP 586.392/RN, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 06.12.2004. 2. Recurso especial a que se nega provimento.” (STJ, REsp 617733/CE, Relator Teorio Albino Zavascki, Órgão Julgador Primeira Turma, Sessão de 03/08/2006) (grifamos) “TRIBUTARIO. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. INDUSTRIALEXPORTADOR. RESSARCIMENTO DE PIS E COFINS EMBUTIDOS NO PREÇO DOS INSUMOS. INCLUSAO NA BASE DE CALCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. LEI Nº 9.363/96. PRECEDENTES. 1. "De acordo com o disposto no art. 1º da Lei 9.363/96, o benefício fiscal de ressarcimento de crédito presumido do IPI, como ressarcimento do PIS e da COFINS, é relativo ao crédito decorrente da aquisição de mercadorias que são integradas no processo de produção de produto final destinado à exportação. Portanto, inexiste óbice legal à concessão de tal crédito pelo fato de o produtor/exportador ter encomendado a outra empresa o beneficiamento de insumos, mormente em tal operação ter havido a incidência do PIS/COFINS, o que possibilitará a sua desoneração posterior, independente de essa operação ter sido ou não tributada pelo IPI " (REsp nº 576857/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 19/12/2005). 2. "Mesmo quando as matériasprimas ou insumos forem comprados de quem não é obrigado a pagar as contribuições sociais para o PIS/PASEP, as empresas exportadoras devem obter o creditamento do IPI" (REsp nº 763521/PI, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 07/11/2005) 3. O crédito presumido previsto na Lei nº 9.363/96 não representa receita nova. É uma importância para corrigir o custo. O motivo da existência do crédito são os insumos utilizados no processo de produção, em cujo preço foram acrescidos os valores do PIS e COFINS, cumulativamente, os quais devem ser devolvidos ao industrialexportador. 4. Precedentes das egrégias 1ª e 2ª Turmas desta Corte. 5. Recurso nãoprovido.” (STJ, REsp 813280/SC, Relator Ministro José Delgado, Órgão Julgador Primeira Turma, Sessão de 06/04/2006) (grifamos). Ainda na mesma direção foi o posicionamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) do Conselho de Contribuintes: Fl. 763DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 745 9 “IPI CRÉDITO PRESUMIDO AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de MP, PI e ME, referidos no art. 1° da Lei n° 9.363/96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art.2° da Lei n° 9.363/96). A lei mencionada referese a "valor total" e não prevê qualquer exclusão. As IN SRF n°s 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei n° 9.363/96, ao estabelecerem que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN SRF n° 23/97) não geram direito ao crédito presumido (IN SRF n° 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante lei, pois as instruções normativas são normas complementares (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto das normas que complementam. Na verdade, o crédito presumido de IPI na exportação utiliza o princípio da praticibilidade, que usa a presunção como o meio mais simples e viável de se atingir o objetivo da lei, dando à administração o alívio do fardo da investigação exaustiva de cada caso isolado, dispensandoo da coleta de provas de difícil, ou até impossível, configuração. A apuração por presunção utiliza um cálculo padronizante, que abstrai o individual, o específico, o único, em favor do geral, criase uma abstração generalizante, imposta, ex dispositionis legis, ao contribuinte, desprezandose os desvios individuais.” (CSRF, Acórdão n. 0201.707, Relator Manoel Antonio Gadelha Dias, Sessão de 11.05.2004) “IPI CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI NA EXPORTAÇÃO AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, e material de embalagem referidos no art. 1º da Lei nº 9.363, de 13.12.96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art. 2º da Lei nº 9.363/96). A lei citada referese a "valor total" e não prevê qualquer exclusão. As Instruções Normativas nºs 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei nº 9.363, de 13.12.96, ao estabeleceram que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN nº 23/97), bem como que as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas não geram direito ao crédito presumido (IN nº 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante Lei ou Medida Provisória, visto que as Instruções Normativas são normas complementares das leis (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto da norma que complementam.” (CSRF, Acórdão n. 0201.653, Relator Dalton César Cordeiro de Miranda, Sessão de 10/05/2004) O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62A: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O Fl. 764DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 746 10 disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes.” Pelo exposto, além de entender que a Recorrente tem direito ao crédito presumido de IPI de que trata a Lei n. 9.363/1996, mesmo quando os insumos utilizados no processo produtivo de bens destinados ao mercado externo sejam adquiridos de não contribuintes de PIS e COFINS, como é o caso das aquisições feitas de pessoas físicas e cooperativas, a decisão do Superior Tribunal de Justiça Federal no Recurso Especial n. 993.164/MG deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. DA TAXA SELIC A Recorrente alega que tem direito à atualização do ressarcimento dos créditos presumidos de IPI pela Taxa Selic, e como fundamento de seu pleito cita o art. 39, §4°, da Lei n. 9.250/1995 e o Decreto n. 2.138/1997, que reconheceu que os institutos jurídicos da restituição e do ressarcimento devem receber o mesmo tratamento. Entendo que razão assiste à Recorrente. Com relação ao tema, verificase também que o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise dos chamados recursos representativos da controvérsia. Tratase do mesmo precedente anteriormente mencionado (REsp 993164/MG), cujo trecho da ementa tratando da matéria é o seguinte: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA Fl. 765DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 747 11 DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. ... 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). ... 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (grifamos). A decisão acima foi proferida justamente em julgamento relativo a pedido de ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, de que trata a lei n. 9.363/1996, em que atos normativos infralegais obstaculizaram a inclusão na base de cálculo do incentivo das compras realizadas junto a pessoas físicas e cooperativas. No mesmo sentido também foi proferida a decisão no REsp 1035847/RS, cuja ementa abaixo reproduzo: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. Fl. 766DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 748 12 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543_C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Restou consolidado, assim, no âmbito do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, a atualização do ressarcimento de créditos presumidos de IPI pela taxa SELIC. Verificase, portanto, que as referidas decisões do Egrégio Superior Tribunal de Justiça devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Dessa forma, adoto o entendimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça em relação aos créditos de IPI, para inclusão na base de cálculo dos valores referentes às aquisições de fornecedores não contribuintes de PIS e COFINS, bem como em relação à aplicação da Taxa Selic aos valores objeto de ressarcimento. Sendo assim, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente, concedendo direito ao crédito de IPI com relação aos valores referentes às aquisições de insumos de não contribuintes de PIS e COFINS, e para a aplicação da Taxa Selic aos valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI, desde o protocolo do pleito ... A Primeira Seção do STJ também já decidiu acerca da correção dos créditos quando do julgamento dos Embargos de Divergência em Agravo n° 1.220.942, verbis: 4. Situação do crédito escritural: Devese negar ordinariamente o direito à correção monetária quando se fala de créditos escriturais recebidos em um período de apuração e utilizados em outro (sistemática ordinária de aproveitamento), ou seja, de créditos inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados em períodos de apuração subseqüentes. Na exceção à regra, se o Fisco impede a utilização desses créditos escriturais, seja por entendêlos inexistentes ou por qualquer outro motivo, a hipótese é de incidência de correção monetária quando de sua utilização, se ficar caracterizada a injustiça desse impedimento (Súmula n. 411/STJ). Por outro lado, se o próprio contribuinte acumula tais créditos para utilizálos posteriormente em sua escrita fiscal por opção sua ou imposição legal, não há que se falar em correção monetária, pois a postergação do uso foi legítima, salvo, neste último caso, declaração de inconstitucionalidade da lei que impôs o comportamento. Fl. 767DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 749 13 5. Situação do crédito objeto de pedido de ressarcimento: Contudo, no presente caso estamos a falar de ressarcimento de créditos, sistemática diversa (sistemática extraordinária de aproveitamento) onde os créditos outrora escriturais passam a ser objeto de ressarcimento em dinheiro ou ressarcimento mediante compensação com outros tributos em virtude da impossibilidade de dedução com débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos (normalmente porque isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero), ou até mesmo por opção do contribuinte, nas hipóteses permitidas por lei. Tais créditos deixam de ser escriturais, pois não estão mais acumulados na escrita fiscal para uso exclusivo no abatimento do IPI devido na saída. São utilizáveis fora da escrita fiscal. Nestes casos, o ressarcimento em dinheiro ou ressarcimento mediante compensação com outros tributos se dá mediante requerimento feito pelo contribuinte que, muitas vezes, diante das vicissitudes burocráticas do Fisco, demora a ser atendido, gerando uma defasagem no valor do crédito que não existiria caso fosse reconhecido anteriormente ou caso pudesse ter sido utilizado na escrita fiscal mediante a sistemática ordinária de aproveitamento. Essa foi exatamente a situação caracterizada no Recurso Representativo da Controvérsia REsp. nº 1.035.847 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24.6.2009, onde foi reconhecida a incidência de correção monetária. 6. A lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI,PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza também achamada "resistência ilegítima" exigida pela Súmula n. 411/STJ. Precedentes:REsp. n. 1.122.800/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,julgado em 1.3.2011; AgRg no REsp. n. 1082458/RS e AgRg no AgRg no REsp. n.1088292/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgados em 8.2.2011. 7. O Fisco deve ser considerado em mora somente a partir da data do protocolo dos pedidos de ressarcimento. No mesmo sentido é o acórdão 3402001.967 de relatoria do ilustre Conselheiro João Carlos Cassuli Junior: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DEMORA NA ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXEGESE DO RESP 1.035.847/RS. PRECEDENTES DO STJ. A partir do julgamento, pelo STJ, do REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos Recursos Repetitivos (CPC, art. 543C), foi firmado entendimento no sentido de que é devida a atualização pela SELIC dos créditos objeto de pedido de ressarcimento ou compensação, por resistência ilegítima da Administração, ainda que seja decorrente da demora na análise do respectivo processo administrativo. Direito a atualização do crédito ressarciendo desde o protocolo do pedido até o efetivo aproveitamento, via restituição ou compensação. Materiais aplicados na produção de canadeaçúcar Fl. 768DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 750 14 A fiscalização excluiu o valor das aquisições de insumos e defensivos utilizados na formação e no cultivo da canadeaçúcar. A Recorrente aceitou a glosa das aquisições de insumos aplicados na formação da lavoura, mas questionou a glosa dos materiais aplicados no cultivo de canadeaçúcar própria, por se tratar de atividade agroindustrial. O § 5º, do artigo 1º, da Lei nº 10.276/2001 determinou que se aplica ao regime alternativo de aproveitamento do crédito presumido de IPI todas as demais noras estabelecidas na Lei nº 9.363/96. (...) § 5o Aplicamse ao crédito presumido determinado na forma deste artigo todas as demais normas estabelecidas na Lei no 9.363, de 1996. A Lei nº 9.363/96, por sua vez, determina que: Art. 1º. A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante na respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. (grifamos) A matéria foi objeto de análise no acordão 3301002.406, conforme trecho abaixo: Portanto está claro que este é um benefício fiscal instituído pela Lei nº 9.363/96, a qual delimitou a sua utilização. Assim, o crédito presumido de IPI é calculado sobre as aquisições de matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem utilizadas no processo produtivo do produto exportado, que aqui no caso é o açúcar. A própria lei determinou que os conceitos de insumos e de produção são os definidos na legislação do IPI. Por sua vez a legislação do IPI, art. 82, inc. I do Decreto nº 87.981/82, cuja redação foi mantida nos regulamentos posteriores, estabeleceu que se incluem no conceito de matériaprima e produto intermediário os bens que, Fl. 769DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 751 15 embora não se integrando ao novo produto, sejam consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos no ativo permanente. O Parecer Normativo CST nº 65, de 06/11/79, colacionado no acórdão recorrido, firmou o entendimento, amplamente adotado por este órgão julgador, de que além das matériasprimas e produtos intermediários “stricto sensu”, também se integram no conceito, gerando direito ao crédito, aqueles que se consumirem em decorrência de uma ação direta sobre o produto em fabricação. Ou seja, o conceito de insumo na legislação do IPI é restrito às matériasprimas e produtos intermediários que se consomem de maneira direta no processo produtivo. Diante desta premissa, não há como acatar créditos decorrentes de insumos utilizados na produção própria da canadeaçúcar, por absoluta falta de previsão legal. A Lei nº 9.363/96 não autorizou crédito presumido de IPI na aquisição de quaisquer insumos, não estando amparadas as aquisições de produtos não relacionados diretamente com a fabricação do produto exportado. Não se tratando o cultivo da cana de uma operação de industrialização, quer me parecer que não haveria direito de aproveitamento do crédito presumido em relação aos custos incorridos nesta fase como muito bem apontado no acórdão 3403001.953, de relatoria do ilustre Conselheiro Antonio Carlos Atulim, verbis: CRÉDITO PRESUMIDO. REGIME ALTERNATIVO. ATIVIDADE AGRÍCOLA. O valor das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem, combustíveis e lubrificantes empregados na fase agrícola do processo produtivo (cultivo da canadeaçúcar) devem ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido. Razão, portanto, não assiste a Recorrente em relação a este tema. Crédito presumido de produtos intermediários Analisando a manifestação de inconformidade de Recorrente é possível verificar que os itens glosados pela fiscalização dizem respeito a: LUBRIFICANTES; MATERIAIS DIVERSOS; MANUTENÇÃO GERAL E OUTROS ITENS INDUSTRIAIS; LUBRIFICANTES DE USO AGRÍCOLA; COMBUSTÍVEIS; PEÇAS E MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS. Por primeiro, a Súmula CARF n° 19 determina que “Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário”. Diante disso, entendo que fica afastada de plano a possibilidade de crédito de combustíveis e lubrificantes. Fl. 770DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 752 16 Em relação aos demais itens, é importante frisar que, no intuito de dirimir as controvérsias então existentes naquela época, a Administração Tributária baixou o Parecer Normativo CST nº 65/79, com a seguinte ementa: A partir da vigência do RIPI/79, "ex vi" do inciso I de seu artigo 66, geram direito ao crédito ali referido, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários "stricto sensu", e material de embalagem), quaisquer outros bens, desde que não contabilizados pelo contribuinte em seu ativo permanente, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. Inadmissível a retroação de tal entendimento aos fatos ocorridos na vigência do RIPI/72 que continuam a se subsumir ao exposto no PN CST n° 181/74. Diante das disposições contidas nos Pareceres Normativos nºs 181/74 e 65/79, a decisão recorrida conclui no seguinte sentido: Assim sendo, nos termos dos Pareceres retro citados e em consonância com o inciso I do art. 82 do RIPI/1982, geram direito ao credito, além das matériasprimas, produtos intermediários "strictosensu" e material de embalagem que se integram ao produto final, quaisquer outros bens desde que não contabilizados pela contribuinte em seu ativo permanente que se consumam por decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, restando definitivamente excluídos aqueles que não se integrem nem sejam consumidos na operação de industrialização, como e o caso dos produtos listados pela própria requerente, Assim, excluemse os lubrificantes e combustíveis, as pecas e materiais de manutenção industrial, e os materiais diversos. Em relação as transferências, não se trata de aquisição de insumo, e portanto, não há qualquer previsão legal para a inclusão desses valores no calculo do beneficio. Só geram, portanto, direito ao crédito presumido os materiais intermediários que sejam consumidos no processo produtivo mediante contato físico direto com o produto em fabricação e que não sejam passíveis de ativação obrigatória. Transferências de insumos para filiais Em relação às transferências de insumos para filiais, a matéria já se encontra bastante discutida neste Conselho, conforme se observa nas decisões abaixo reproduzidas: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 30/04/2001 a 30/06/2001 Ementa: (...) Fl. 771DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 753 17 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS. EXTRAÇÃO MINERAL. As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de “aquisição” de mercadorias, nos termos do artigo 1º, da Lei nº 9.363/96. (...) (Acórdão nº 340301.648, de 26/06/2012, Conselheiro Relator Marcos Tranchesi Ortiz) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 CRÉDITO PRESUMIDO As transferências de matéria prima, mediante a emissão de notas fiscais de transferência e de notas fiscais de entradas, ambas emitidas pelo próprio contribuinte, não geram créditos presumidos de IPI. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão nº 330101.414, de 24/04/2012, Conselheiro Relator José Adão Vitorino de Morais) CRÉDITO SOBRE TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIAPRIMA ENTRE FILIAIS. GLOSA. PROCEDÊNCIA. O art. 1º da Lei nº 9.363/96 prevê o crédito presumido incidente nas aquisições de matériaprima. A transferência de matériasprimas entre estabelecimentos da mesma empresa não corresponde a uma aquisição, pois não há transferência de titularidade do bem. (Acórdão 3301002.406, de 19/08/2014, Conselheiro Relator Andrada Márcio Canuto Natal) Como nas transferências entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica não há mudança de propriedade, não que falar em aquisição, motivo pelo qual correta foi a decisão de primeiro grau. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, concedendo direito ao crédito de IPI com relação aos valores referentes às aquisições de insumos de pessoas físicas e cooperativas, bem como para a aplicação da Taxa Selic aos valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI, desde o protocolo do pleito. Gilberto de Castro Moreira Junior Fl. 772DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10950.002688/200842 Acórdão n.º 3202001.603 S3C2T2 Fl. 754 18 Fl. 773DF CARF MF Impresso em 15/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por IRENE S OUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
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Numero do processo: 11516.003213/2006-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jun 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
AUTO DE INFRAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. CONDIÇÃO. AUSÊNCIA. NULIDADE.
É nulo o auto de infração constituído com base em valores que, conforme informado pela própria Fiscalização Federal, não são exatamente aqueles que constam nos assentamentos contábeis do contribuinte e deveriam ter sido utilizados no processo de apuração do crédito tributário devido.
A liquidez e a certeza são em condições inarredáveis de validade do auto de infração e, corolário, de procedência do crédito tributário exigido.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3102-002.398
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar de nulidade do Auto de Infração, por vício material na apuração da base de cálculo.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator
EDITADO EM: 02/06/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Nanci Gama, José Luiz Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar e Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar de nulidade do Auto de Infração, por vício material na apuração da base de cálculo. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator EDITADO EM: 02/06/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Nanci Gama, José Luiz Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar e Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz.
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LIQUIDEZ E CERTEZA. CONDIÇÃO. AUSÊNCIA. NULIDADE. É nulo o auto de infração constituído com base em valores que, conforme informado pela própria Fiscalização Federal, não são exatamente aqueles que constam nos assentamentos contábeis do contribuinte e deveriam ter sido utilizados no processo de apuração do crédito tributário devido. A liquidez e a certeza são em condições inarredáveis de validade do auto de infração e, corolário, de procedência do crédito tributário exigido. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar de nulidade do Auto de Infração, por vício material na apuração da base de cálculo. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa – Presidente e Relator EDITADO EM: 02/06/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Nanci Gama, José Luiz Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar e Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 32 13 /2 00 6- 01 Fl. 1215DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 2 Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Em conseqüência de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias foram lavrados, em 17/10/2006, contra a contribuinte acima identificada: a) o Auto de Infração relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins para formalização e cobrança do crédito tributário nele estipulado no valor total de R$ 692.528,56 (sendo R$ 325.7036,33 a título da contribuição, R$ 122.547,96, a título de juros de mora calculados até 29/09/2006 e R$ 244.277,27, a título de multa de ofício 75%), referente aos fatos geradores ocorridos no período de 30/09/2001 a 30/06/2006 (fls. 298/314). O crédito tributário referese à FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS e o lançamento está assim fundamentado: arts. 1º da Lei Complementar nº 70/1991; arts. 2º, 3º e 8º da Lei nº 9.718/1998; com as alterações da Medida Provisória nº 1.807/1999 e suas reedições, com as alterações da Medida Provisória nº 1.858/1999; arts. 2º, inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/2002; art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835/2001; Lei nº 10.676, de 2003; art. 17 da Lei nº 10.684, de 2003; e arts. 23 e 33 da IN SRF nº 247, de 2002, alterada pela IN SRF nº 358, de 2003. A ciência da autuação deuse em 20/10/2006, conforme registrado à fl. 316; b) o Auto de Infração relativo à Contribuição para o Programa de Integração Social PIS para formalização e cobrança do crédito tributário nele estipulado no valor total de R$ 150.053,42 (sendo R$ 70.571,92 a título da contribuição, R$ 26.552,78 a título de juros de mora calculados até 29/09/2006 e R$ 52.928,72, a título de multa de ofício 75%), referente aos fatos geradores ocorridos no período de 30/09/2001 a 30/06/2006 (fls. 318/334). O crédito tributário referese à FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS e o lançamento está assim fundamentado: . arts. 1º e 3º da Lei complementar nº 07/1970; arts. 2º, inciso I, 8º, inciso I e 9º da Lei nº 9.715/1998; arts. 2º, 3º, 8º e 69 da Lei nº 9.718/1998; com as alterações da Medida Provisória nº 1.807/1999 e suas reedições, com as alterações da Medida Provisória nº 1.858/1999; arts. 2º, inciso I, alínea “a” e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/2002; art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835/2001; Lei nº 10.676, de 2003; art. 17 da Lei nº 10.684, de 2003; e arts. 23 e 33 da IN SRF nº 247, de 2002, alterada pela IN SRF nº 358, de 2003. 2. No Termo de Encerramento e Verificação Fiscal de fls. 291 a 297, o auditor fiscal autuante, informa a respeito da documentação solicitada à contribuinte no início da ação fiscal e elenca os documentos apresentados pela então fiscalizada. 2.1.O auditor fiscal autuante também explana sobre as exclusões da base de cálculo da contribuição permitidas ao tipo de atividade da Cooperativa, registrando que, além das exclusões previstas no art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, com as alterações introduzidas pelo art. 2º da MP nº 2.15835, de 2001, as sociedades cooperativas de eletrificação rural podem ainda excluir da receita bruta os valores correspondentes: Às sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971, efetivamente distribuídas; Aos custos dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação a seus associados. Transcreve ainda a legislação pertinente à matéria, qual seja: o art. 17 da Lei nº 10.684/200s, o art. 33, inciso VI, §§ 4º, 5º, 8º, I e II, 10 e 12 da IN SRF nº 247, de 21/11/2002. 2.2.Quanto às irregularidades apuradas, o auditor fiscal autuante apontou a “Falta de Recolhimento da Contribuição para o Programa de Integração Social – Fl. 1216DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 3 3 PIS e para a Contribuição pra Financiamento da Seguridade Social COFINS”, vez que a cooperativa não recolheu a Pis/Cofins sobre a receita bruta, e não declarou à Receita Federal esses valores em DCTF. Explicou que a partir da edição da Lei nº 9.718/98 e da MP nº 1.8586/99, as Cooperativas de maneira geral passaram a contribuir para as contribuições PIS e COFINS com base na receita bruta e que a isenção relativa aos atos cooperativos fora expressamente revogado pelo artigo 23 da já referida MP 1.8586/1999. 2.3.1. Também expôs que apesar da revogação efetivada pelo art. 23 da MP 1.5856/1999, foram previstas exclusões de valores referentes aos atos cooperativos próprios deste tipo societário, conforme disciplinado na IN SRF nº 145/1999 e as deduções específicas introduzidas pelo art. 17 da Lei nº 10.684/2003 e IN nº 247/2002, alterada pela IN nº 358/2003. 2.3.2. Com base na legislação de regência, explica o autuante que, para a apuração da Base de Cálculo das contribuições para o PIS e COFINS, partiu do total do faturamento apresentado pela contribuinte, composto pelas receitas de Fornecimento de Energia e Serviços, Receitas Financeiras e Receitas de Aluguel de Postes, e deduziu os custos de que trata a IN SRF nº 358, de 09/09/2003, ou seja, os custos de Energia Elétrica e os custos de manutenção da rede de distribuição (grupo 61503) e as sobras que trata a IN acima citada (antes das reservas previstas no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971, e efetivamente distribuídas). Informa que os valores apurados como Receita Tributável, ou seja, a base de cálculo das contribuições para o PIS e COFINS são os apresentados no quadro de fls. 289/290. 3.Irresignada com o lançamento, a interessada, por intermédio de seu Presidente, apresentou, a impugnação de fls. 340 a 419, acompanhada da documentação de fls. 420 a 1060. O Memorando Sacat/DRF/Florianópolis nº 244 de fls. 339, noticia que a impugnação foi encaminhada à ARF/São José/SC em 16/11/2006. 3.1.Na peça de defesa, a impugnante preliminarmente alega a nulidade do auto de infração por cerceamento do direito de defesa, por não ter como saber de onde foram buscados os “custos” que servem de exclusão para tributação Base Imponível para fins PIS/COFINS. Nesse sentido afirma haver necessidade de apresentação de lançamento por lançamento para que se analise a natureza e o destino deles e questiona: Que critério o fisco está usando para incluir contas ou excluílas? (...) Porque não foram inclusas as contas (custos) do Setor Administrativo? As contas que foram inclusas são mesmo aquelas relatadas já que se tem só o somatório delas? Conclui que não teria como se defender se não estiver discriminada conta por conta na base de cálculo das contribuições, para verificar se fora observado o tratamento tributário diferenciado dispensado às Cooperativas de Eletrificação Rural ¬Art. 17 da Lei 10684/03. 3.2.Quanto ao mérito, inicialmente, discorre sobre a natureza especial das cooperativas e a respeito do tratamento tributário adequado aos atos cooperativos, com base na prescrição contida no artigo 146, inciso III, da Constituição Federal. Conclui que em qualquer ramo que seja o objeto de aglutinação de seus associados, as cooperativas: (a) restringemse a prestar serviços; (b) não possuem resultados; (c) não têm receitas. Logo, não auferem renda; nem faturam, nem obtém receitas para si: todos os ingressos se incorporam ao patrimônio dos próprios cooperados. 3.3.Em seguida, sob o tópico “IMPUGNANTE, INSERIDA NO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO, COMO COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL RAMO INFRAESTRUTURA” a interessada explica que: Fl. 1217DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 4 A distribuição de energia, por Cooperativa, centrase na prestação de serviço público essencial que tem por base e fundamento atividade de exploração das redes de distribuição, consistindo na tarefa de receber a energia da empresa transmissora, em altíssima tensão para entregar a energia elétrica ao associado que se conecta à rede de distribuição, perpassando os centros urbanos e zonas rurais (Objeto do contrato de Concessão). No desempenho das atividades de distribuição, a impetrante usa de espaço público ao utilizarse de postes fincados travessias de cabos e fios ao longo das estradas federais, estaduais e municipais, nas chamadas faixas de domínio e adjacentes, essenciais à prestação do Serviço Público de distribuição de Energia Elétrica na modalidade uso compartilhado. 3.3.1. Aponta o papel importante da Sociedade de Cooperativa de Eletrificação Rural na nova estrutura do setor elétrico, e que está sujeita tanto à legislação cooperativista como à de controle do setor elétrico (ANEEL), dispondo que: A IMPUGNANTE é detentora desse caráter próprio, como sociedade cooperativa; é regida igualmente por legislação do setor cooperativo e elétrico classificada no ramo da infraestrutura. São cooperativas que têm por função primordial prestar coletivamente serviços de que o quadro social necessita (luz, telefone, água – infraestrutura), sem objetivo de lucro, acompanhado da prestação de serviço público de energia elétrica a consumidores urbanos e rurais, através dos serviços de distribuição, administração e comercialização. 3.4.Passa então a analisar os conceitos de “faturamento” e de “receita bruta” à luz de julgados do STF (REs 357.950,390.840,358.273 e 346.084) e do art. 110 do CTN, concluindo que: Os Entes Públicos, em matéria tributária, não podem alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expresse ou implicitamente, pela Constituição Federal, para definir ou limitar competências tributárias; Ao se definir competência tributária, aquele conceito ou aquele instituto de direito privado passam a ser vinculantes dentro do Direito Tributário. Constitucionalizado o conceito ou instituto, no terreno da taxação, para efeito de definição da competência impositiva, a lei infra constitucional não mais poderá dar nova conceituação, sob pena de tomar inócuo o princípio constitucional da discriminação de rendas tributárias; Somente, com o advento da Emenda Constitucional nº 20, de 15121998, é que passou a ser permitida a instituição de contribuição sobre a "receita ou o faturamento" (art. 195, I, "b" da CF). A conjunção alternativa "ou" deixou claro tratarse de coisas diferentes, restando ao legislador ordinário a opção entre uma e/ou outra, adquirindo contornos mais amplos na sua base de imposição; A atual exigência dessas contribuições já está adequada a esta ementa (arts.2º e 3º da Lei nº 9718/1998). 3.5.Sob o tópico “COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL – SEM BASE IMPONÍVEL”, defende não haver base material, nem legal, para a imposição do ato infracional pelo Fisco, às Cooperativas de Eletrificação e Rural. Alega ser inaplicável o conceito de “faturamento receita bruta” ao ato cooperativo em razão de: O art. 79 da Lei 5.764/71 (Lei das Sociedades Cooperativas) dispõe que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda Fl. 1218DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 4 5 de produto ou mercadoria. Não implicando o ato cooperativo em operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto serviço, não há incidência de PIS/COFINS cuja base material é essa (faturamentoreceita); Aquilo que passa pela cooperativa, mesmo que contabilmente seja lançado como receita, tem natureza transitória, pois pertence ao cooperado a quem será repassado, e, por isso não será receita. Não se trata de um ato da PESSOA JURíDICA COOPERATIVA, mas sim, um ato do cooperado. Logo, não há receita, não há faturamento, como se entende comumente; o Caráter nãolucrativo das Cooperativas – art. 4º da Lei 5.764/71, ser inerente ao regime jurídico das cooperativas. Ele por si só não leva à inexistência de valores que poderiam ser caracterizados como RECEITA, mas acrescido de um outro elemento, que é o de prestar serviços aos associados, caracterizando como Ato Cooperativo (meio e fim), não agindo em nome próprio, na busca de resultados para si, mas daqueles que representam, afastando resultados financeiros que venham a obter e a natureza de "faturamento" ou "receita bruta" ou mesmo "receita", na ampla concepção da Lei 9718/98. E conclui, qualquer que seja o seu ramo e o objeto da aglutinação de seus cooperados, as cooperativas: a) se restringem a prestar serviços; b) não possuem resultados e c) não têm receita operacional. Os chamados atos nãocooperativos, previstos na Lei 5764171, nos art. 85, 86 e 87, não se enquadram nesses conceitos e são tributados, normalmente, conforme a detenção do Art. 111, e os ingressos adquirem uma nova feição e padrão; os atos nãocooperativos são "aqueles praticados entre as cooperativas e pessoas físicas ou jurídicas não associadas, revestindose, nesse caso, de nítida feição mercantil". Neste caso tais operações, contabilizadas em separado, de acordo com o artigo 87 da Lei nº 5.764/71, teriam a incidência de tributos, tendo em vista a existência do fato gerador, qual seja o faturamento; A Lei Complementar nº 70/91, em seu artigo 6º, inciso I, ao isentar a COFINS,deu tratamento adequado ao Ato Cooperativo. Tal dispositivo foi revogado pelo art. 93, II, da MP nº 21583501, sendo questionável a revogação de um dispositivo contido em Lei Complementar por meio de Medida Provisória. 3.6. Em conclusão explica que “O que determina a base imponível é o Faturamento (Art. 179 do RIR), entendido como o "produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. Portanto, dita base de cálculo encontrase calcada no volume das vendas efetuadas pelos contribuintes e/ou preço dos serviços pelos mesmos prestados, ou no produto de ambos, se for o caso". Nas relações internas das cooperativas (art. 79) não acontece por falta de objeto ou materialidade, porque o conceito de RECEITAS (ingressos), estranho ao mundo das cooperativas, não existe conceitualmente. Tudo revela ausência de materialidade para ser base de uma Contribuição; 3.7.Defende também a impugnante que, com a edição do artigo 17 da Lei nº 10.684/2003, o legislador quis dar um tratamento diferenciado ("adequado”, segundo o prisma constitucional) a esse segmento do cooperativismo (junto com agropecuário) reconhecendo a importância estratégica e social, já que presta serviço, preferencialmente, no meio rural, sabidamente mais deficitário, ao fixar esse dispositivo infraconstitucional. Pondera que o termo “valores” empregado no referido artigo 17, difere da palavra “custos” empregada para as cooperativas Fl. 1219DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 6 agropecuárias. Reforça que tem suas atividades centradas na modalidade de serviço de distribuição de energia. 3.8.A respeito do REPASSE DE VALORES AO ASSOCIADO, VIA FATURA (FATURAMENTO) – INGRESSOS, a interessada expõe que a cobrança de todos os valores pagos ou incorridos por conta dos associados dáse mediante valor fixado em tarifa por quilowatt consumido, à qual, além de contemplar todos os dispêndios contratados por conta e em nome dos associados, inclui também tributos sobre ela incidentes, tais como ICMS destacado na conta de energia cobrada . São os chamados dispêndios operacionais e não operacionais. Conclui que “O faturamento é resultado dos valores repassados, ao associado, via tarifa, em retribuição aos serviços prestados, numa cooperativa de eletrificação rural”. 3.8.1. Ressalta que "custo" difere de "valores" e tem extensão conceitual diferente, mais restrita. Caso o legislador quisesse fazêlo, com o mesmo alcance, mudaria a redação, para acrescentar a palavra "custos" às cooperativas agropecuárias e de eletrificação rural. Destarte, na redação do art. 17, o termo "valores" apresenta uma extensão maior "Custos" são espécies de valores, mas, não são os únicos (custo = valor de um bem). 3.8.2. Também argumenta que: Quando a IN 358/03 aplica a palavra "custos" às Cooperativas de Eletrificação Rural, repassados aos associados, tem um alcance restrito e restritivo. Não poderia fazêlo, já que é um conceito mais amplo. Ademais, nem caberia à Instrução Normativa incrementálo, pois não pode um conceito expresso pela lei, ser parcializado por norma hierarquicamente inferior, como se fez ao aplicar o significado de "custos" a "valores". Aqui vale o disposto no art. 110 do CTN, exatamente na lição do Ministro STF Marco Aurélio de Mello, como já analisado. 3.8.3. Ao afirmar que “A Base Imponível deve ser feita então com o acerto das contas e sua natureza”, a impugnante explica que dos valores repassados, via tarifa, que vão compor faturamento bruto, alguns servirão como base imponível para as contribuições, já que não têm natureza de repasse de valores. Tratase das contas que não estão incluídas nos atos cooperativos, por exemplo, os ingressos advindos com receitas nãooperacionais, ganhos financeiros. Porém, os excluídos da base imponível serão os relacionados ao ato cooperativo, isto é, advindos do pagamento da tarifa pelo associado. Todos esses deverão ter exclusão base de cálculo do PISCOFINS. É a interpretação lógicoliteral do artigo. 3.8.4. Registra assim que o FATURAMENTO BRUTO, nada mais é que a soma dos ingressos oriundos da fatura de energia elétrica (com as exceções tributáveis) repassados aos associados (e não associados; poucos). A lei manda excluir da Base de Cálculo do PISCOFINS os chamados "VALORES REPASSADOS AOS ASSOCIADOS" e, estes se encontram na tarifa. É de uma clareza,impar. 3.9. Acusa o Fisco de cometer equívoco, na apuração da base de cálculo, pois, no seu entender, o Fisco não contempla na totalidade as exclusões previstas na IN 358/03, No 247/02 e IN 635/2006. As contas identificáveis como “AS DESPESAS ADMINISTRATIVAS” representadas subconta 615.0X4 (Plano Aneel) Administração Geral correspondente atividades respectiva. São contas destinadas a atender todas as atividades chamadas de atividademeio, incluindo aquelas incorridas com Conselheiros, Presidência, recursos humanos, Tecnologia de Informação relacionadas às funções administrativas, serviços auxiliares e de assistência e capacitação que serão contabilizadas na subconta 615.04¬administração –Atividades; financeiras; bem como despesas próprias da comercialização, foram estranhamente, não foram contempladas com exclusão da Base de Cálculo do PIS/COFINS. Fl. 1220DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 5 7 3.9.1. Alega ainda que: Na essência, todos os ingressos da cooperativa (na quase totalidade) são advindos de Atos Cooperativos. Os CUSTOS de uma cooperativa de eletrificação rural são os dispêndios, meiofim, para consecução dos objetivos. Não há base legal para incluir uns, e, excluir, outros, como fez o fisco,no caso; Como cooperativa de eletrificação rural, todas atividades meio visam a um fim: o serviço público de emergia elétrica a preços módicos. Não há como excluir um setor de não participar. Todos os custos são repassados à Tarifa. É uma unidade só, com um objetivo. Não há como escapar do preceito da IN 635/06, Art. 12, III, § 1º. Os custos dos serviços prestados pela cooperativa de eletrificação rural, referidos no inciso I do caput, abrangem os gastos de geração, transmissão, manutenção, distribuição e comercialização de energia elétrica, quando repassados aos associados. 3.10. Ao reportarse à Solução de Consulta nº 352, de 26/11/2004, da 9a. Região Fiscal aponta que o importante nessa consulta é o reconhecimento da SRF – da exclusão dos custosadministrativos, financeiros aos atos relacionados internamente (atos cooperativos). É o nosso caso. E conclui: Alguém poderia alegar que se trata de atos não vinculados à atividade principal. Nada mais falso. Pela definição de Renato Becho, apenas serão considerados atos nãocooperativos aqueles praticados com terceiros nãocooperados que se fossem realizados com associados seriam cooperativos. Todos os demais (excluindose os próprios atos cooperativos) classificamse como atos cooperativos auxiliares. 3.11.Em relação à aplicabilidade dos PN nºs 77/76, 66/86 assevera que A Receita Federal reconhece o Ato Cooperativo e as operações que dão origem a ele (Art. 79 Lei Cooperativista). É sabedora então, que não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto, mercadoria e serviços. Essa questão é esclarecida pelas PN 77/76 e 66/86. Daí, não entenderse o Ato Fiscal, derivado de Atos Cooperativos, em desacordo com órgão da própria Receita. 3.12.Quanto às sobras, expõe que as sociedades cooperativas são entidades sem fins lucrativos que, conforme disposição da Lei 5.764/71 (Lei das Cooperativas), em seu artigo 4º, são constituídas com a finalidade de prestar serviços aos seus associados (cooperados) e apresentam como característica peculiar, entre outras, o retorno das sobras líquidas aos cooperados, conforme podemos depreender da leitura do dispositivo legal acima mencionado. Também ratifica que ato cooperativo tem por essência não buscar o lucro e prestar um serviço de maneira menos onerosa (módica). Concluindo que, numa cooperativa não haverá o lucro como objetivo e, sim, cálculo de custo que deverá ser o preço do serviço. O resultado poderá ser sobra ou prejuízo a depender do grau de adequação à realidade econômica e o destino das sobras está disciplinado no artigo 12, III, §§ 6º e 7º da IN SRF nº 635/2006. 3.13.Sobre a Jurisprudência do STJ sobre PISCOFINS das Cooperativas, a impugnante adverte que “O Superior Tribunal de Justiça vem de muito, com jurisprudência mansa e pacífica, que podemos resumir no seguinte: "Atos de cooperativas realizados apenas com cooperados são isentos de tributação. O entendimento é tanto da Primeira e segunda turmas do Turma (sic) do Superior Tribunal de Justiça e reforça a jurisprudência do tribunal de que a cooperativa tem isenção de tributos em relação aos atos cooperativos. Ou seja os atos praticados somente com os associados não estão sujeitos à incidência de tributos". Reportase assim a ementas de alguns acórdãos proferidos em Recursos Especiais. Fl. 1221DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 8 3.14.Nas considerações Finais, conclui a impugnante que A AUTORIDADE FISCAL ENCONTRASE SOLITÁRIA NO SEU MODO DE INTERPRETAR A LEI (INCLUSIVE NÃO OBSERVANDO OS DIZERES DA CONSULTA 352/04 – 9a Região). Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO. NULIDADE. Não procede a argüição de nulidade do lançamento quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. COFINS. ISENÇÃO PREVISTA EM LEI COMPLEMENTAR. REVOGAÇÃO POR MEDIDA PROVISÓRIA/LEI. INCONSTITUCIONALIDADE. O julgador administrativo não pode afastar a incidência da contribuição prevista em medida provisória ou lei e carece de competência para apreciar questões suscitadas quanto à validade da legislação tributária. A obrigatoriedade de lei complementar a disciplinar o adequado tratamento tributário a ser dirigido às cooperativas, estabelecida pela Constituição Federal, é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas cumprir a determinação contida na legislação tributária. COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. Apenas as exclusões autorizadas pela legislação tributária e devidamente comprovadas devem ser consideradas para fins de apuração da base de cálculo da contribuição para a COFINS. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO. NULIDADE. Não procede a argüição de nulidade do lançamento quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. PIS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. Apenas as exclusões autorizadas pela legislação tributária e devidamente comprovadas devem ser consideradas para fins de apuração da base de cálculo da contribuição para o PIS. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a empresa apresenta Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Reapresenta preliminar de nulidade do Auto de Infração, por preterição ao direito de defesa. Voltamos a afirmar que determinadas contas foram ‘agraciadas’ com ‘exclusões’ (aleatoriamente). Resultados como sendo somatório das contas de ‘manutenção e distribuição’ (Conta 3.4.1 ou 1700). Conduz a falsa idéia que ‘todas’ as contas’ teriam sido contempladas com ‘exclusões’ dispostas no Art 33 In 247/02 (regulando o art. 17 da Lei 10 864/03). Na realidade, isso não aconteceu: várias Fl. 1222DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 6 9 contas que envolvem custos/gastos ficaram de fora: pessoal ,administrativo financeiro, geral (Vide ‘DEMONSTRATIVO FEITO PELA RECORRENTE ) Informese que são custos reconhecidos pelo setor elétrico –Lei 8631/93 e Decreto 774/93, (e outros diplomas legais, como veremos nesse recurso) na determinação da tarifa e assim nominados. A decisão de primeiro grau , repetindo o equívoco do fisco, conclui que cabe à recorrente demonstrar as ‘exclusões’. Um lançamento para ser válido tem que apresentar uma base válida. (art 142 CTN). Transcreve jurisprudência. Assevera que não tem como saber de onde foram obtidos os custos que servem de exclusão para tributação. Que não há um demonstrativo específico claro e objetivo das exclusões e inclusões, apenas citações em rodapé. Apresentamse somatórios parciais e incompletos. O acórdão, reconhecendo implicitamente esse fato, sugere à recorrente, "DECOMPOR" (SIC) os números do fisco para chegar à base imponível. Não há como fazer. Ela em si, deve ser decomposta; se tem que "decompor" é porque não foi bem "composta". 0ra, não se admite uma base dessa natureza. Como "decompor" algo que "usa dois pesos duas medidas": das mesmas contas de despesas/ custos foram aceitas umas e deixadas de fora outras (pessoal, administrativas, financeiras)? As demais contas pertencentes a esse grupo? Como se chegou a esse número? Cita "custos de distribuição"? quais ? os "administrativos" não fazem parte da distribuição? E os de "pessoal"? Que base foi usada? Que critério foi usado? As contas são aquelas relatadas (parcialmente) já que se tem um somatório? À que contas dizem respeito ? Haveria necessidade de um demonstrativo próprio das contas usadas; do seu somatório. Porque não buscar diretrizes na Legislação do Setor ElétricoDecreto 774/93 Art. 2 que fixa de maneira clara, os custos e despesas que compõem a Tarifa repassados aos associados e permitida como exclusão da Base imponível pela IN. SRF 358, de 09/09/2003 e 635/2006 ? Se a tarifa é custo do setor porque não aplicar seu resultado como exclusão? No mérito, dá início à defesa esclarecendo o papel das Cooperativas de Eletrificação Rural (CERS) na composição do Sistema Interligado Nacional de Energia Elétrica (Lei 9.074/95), sujeito às normas do Conselho Federal de Contabilidade (NBC T 10.8), como também a padronização contábil (Plano de Contas), tarifação e sistema de custos fixados pela ANEEL, repassados à Tarifa (Lei Federal 8631 de 1993 e Decreto 774/93) e Lei Cooperativista Lei n o 5.764/71; Decreto 62724/68. Que na condição de cooperativa permissionária de serviço público de distribuição de energia elétrica deve balizar seus procedimentos com os do setor elétrico, porém, observando as características do regime jurídico próprio: das cooperativas (Lei Cooperativista). Explica, Com a edição do art.17 Lei 10.684/03 (com efeitos retroativos a 1999) que o segmento do Cooperativismo de EletrificaçãoRural (junto com o agropecuário) teve reconhecida a sua importância estratégica e social já que presta serviço, preferencialmente, no meio rural, sabidamente mais deficitário, ao fixar na Fl. 1223DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 10 legislação infraconstitucional, exclusões na base imponível próprias para contribuições sociais. Art. 17. As sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social COFINS os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. A seguir, apresenta a sistemática de funcionamento do Setor. Para prestação de um serviço adequado devem ser coberto todos os seus custos, que estão previstos pela Lei que fixa o regime tarifário pelo preço. Para ser um "serviço adequado" implica em ter cobertura de todos os seus custos. Esses não são necessariamente o que a Permissionária deseja e, sim, os "previstos" pelo normativo que fixa o regime tarifário. Determina Aneel (Lei 8631/93) que a tarifa deva ser fixada por permissionária, conforme características específicas de cada EMPRESA. Na tarifa é centrado todo o sistema de CUSTOS DO SETOR ELÉTRICO JÁ QUE REPASSADA AO ASSOCIADO. Explica que, no regime jurídico das cooperativas, os sócios, em regra geral, são chamados a contribuir financeiramente para que a empresacooperativa possa desempenhar suas atividades. Isso significa que os associados adiantam recursos financeiros (contribuições via tarifas) para o custeio dos dispêndios operacionais da sociedade. Se, ao final do exercício houver sobras, a assembléia lhes dará destinação; se houver "perdas" os associados terão que disponibilizar mais recursos (contribuir mais) para que as contas de resultado apresentem receitas totais iguais aos dispêndios totais. Esclarece como, no caso concreto, as tarifas cobradas pela Cooperativa foram definidas em conjunto da ANEEL. Que a tarifa é composta por dois conjuntos de custos, o primeiro (21.15% do total) são os considerado não gerenciáveis e o segundo (78,85%), gerenciáveis. 4.2.4.1.1 "O PRIMEIRO CONJUNTO DE CUSTOS TARIFÁRIOS:_1 "PARCELA "A" da Tarifa referese ao repasse dos custos considerados não gerenciáveis; na homologação da CERPALO foram identificados em 21,15%, seja porque seus valores e quantidades, bem como sua variação no tempo, independem de controle da permissionária (como, por exemplo, o valor da despesa com a energia comprada pela distribuidora para revenda aos seus consumidores), ou porque se referem a encargos e tributos legalmente fixados (como a Conta de Desenvolvimento Energético, Taxa de Fiscalização de Serviço de Energia Elétrica etc). Como ficou definido no cálculo tarifário feito pela Aneel para CERPALO: Nota Técnica n° 298/2008SRE/ANEEL, de 01/10/2008 fl 12 http://www.aneel.gov. br/cedoc/nreh2008720.pdf. (...) 4.2.4.1.2SEGUNDO CONJUNTO DE CUSTOS DA TARIFA: "PARCELA "B"( CUSTOS GERENCIÁVEIS )RN Aneel 166/05 Art 2... XII Art 20§1º Dec 774/93 identificados em 78,85% CERPALO. O segundo conjunto referese à cobertura dos custos de pessoal, de material e outras atividades vinculadas diretamente à operação e manutenção dos serviços de distribuição, bem como dos custos de depreciação e remuneração dos investimentos Fl. 1224DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 7 11 realizados pela empresa para o atendimento do serviço. Esses custos são identificados como custos gerenciáveis, porque a concessionária tem plena capacidade em administrálos diretamente e foram convencionados como componentes da "Parcela B" da Receita Anual Requerida da Empresa." A seguir, explica quais são os custos repassados à tarifa de energia elétrica, conforme legislação especial do Setor, e demonstra como a Norma Brasileira de Contabilidade NBC 10.8, aprovada pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 920/01, define de modo amplo os dispêndios do setor. Lembra que as regras aplicáveis na apuração das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins devem levar em consideração as determinações da Legislação do Imposto de Renda (Art 10 da Lei 70/91) e dos tributos federais, razão pela qual o conceito de insumo previsto no inciso II do art. 3º da Lei 10833/03, deve considerar tudo o quanto estiver atrelados à atividade fim da Cooperativa. A “totalidade dos dispêndios não deixam de ser insumos”. Referese à literalidade estabelecida no art. 111 do Código Tributário Nacional. Enumera, uma a uma, as despesas e os custos que a “legislação do Sistema Elétrico brasileiro, lei especial, portanto, com aplicabilidade obrigatória”, considera devam ser repassados à tarifa e, conseqüentemente, ao associado. Referese à expressão contábil dos custos (gastosdispêndios de uma cooperativa de eletrificação). A cobrança de todos os valores pagos ou incorridos por conta dos associados, dáse mediante valor fixado em tarifa por quilowatt consumido, a qual, além de contemplar todos os dispêndios contratados por conta e em nome dos associados, inclui também tributos sobre ela incidentes,( Dec 774/93Art. 2° §1° d) na conta de energia cobrada. É A CHAMADA PARCELA "A" E "B" do sistema elétrico. Defende que quem definiu o conceito da expressão valores contida no art.17 Lei 10.684/03 como sendo os custos foi a Receita Federal do Brasil. Mas que, mesmo ficando nesse conceito restrito eles deverão necessariamente abranger a totalidade dos dispêndios das Cooperativas de Eletrificação Rural, amparados que estão pelo normativo do sistema elétrico. Cita a Solução de Consulta nº. 352, de 26 de novembro de 2004, formulada pela Cooperativa Produção AgroPecuária, instituição que, segundo entende, está enquadrada em situação parcialmente semelhante à sua. Na Solução, a Secretaria da Receita Federal teria reconhecido direito de exclusão da base de cálculo das Contribuições custos administrativos e financeiros relacionados a atos cooperativos. Contesta a decisão de primeiro grau em relação às exclusões admitidas da base de cálculo das Contribuições. Na prática de uma CER "todos" os dispêndios": custos relativos à operacionalidade para entrega da energia aos associados; investimentos em linhas redes de transmissão de energia e despesas administrativas, manutenção, comercialização, necessárias ao funcionamento da cooperativa e necessários à prestação dos serviços aos associados, poderão ser excluídos da base de cálculo das contribuições sociais por força do benefício do art 17 e IN 635/06 e 358/03 e Fl. 1225DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 12 previstos na Legislação do Setor de CUSTOS ELÉTRICOS, decreto 774/93 (Custos tarifários Dec. 0774/93 Art. 2º 1º letra e) que considera como "exclusão" " os gastos de distribuição repassados ao associado. São os chamados custos gerenciáveis (B) e não gerenciáveis (A). A materialização desse processo é o repasse ao associado via cobrança tarifária. A IN 32/81 definiu o conceito de despesa necessária que é "gasto" necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades, principais ou acessórias , que estejam vinculadas com as fontes produtoras de rendimentos. Ora a recorrente tem como objeto social distribuir energia ,como atividade principal e única. Salientese que os custos próprios do setor determinados pelo sistema elétrico já acobertam a totalidade[quase] dos dispêndios do sistema cooperativista de eletrificação rural já que a TARIFA NADA MAIS É QUE CUSTO DO SISTEMA ELÉTRICO REPASSADO AO ASSOCIADO(IN RFB 358/03). Refuta também o fundamento da decisão de piso no sentido de que não poderia apreciar alegação de inconstitucionalidade de lei. Toda a nossa contestação está embasada em ILEGALIDADES [que não se confunde com inconstitucionalidades].0s tribunais administrativos estão a serviço da aplicação da Lei e isso implica na sua correta interpretação . Também quanto à falta de observações sobre a torrencial jurisprudência apresentada na Manifestação de Inconformidade. Lembra a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, para defender a necessidade de análise da natureza contábil dos valores ingressos no seu patrimônio, na medida em que, consoante o entendimento do STF, nem toda a receita ingressa nas contas de uma empresa enseja a tributação, porque não decorre de faturamento de vendas, de serviços ou de ambos. A seguir, referese ao erro que teria sido cometido pelo Fisco Federal na apuração da base cálculo. Requer que seja reconhecida a totalidade das contas do setor elétrico cooperativista presentes no Demonstrativo de Matéria Tributável. Pela mesma razão, considera nulo o Ato Fiscal. No que diz respeito às sobras, advoga que as mesmas não representam acréscimo patrimonial para associado que recebem de volta os recursos não utilizados e, portanto, não devem ser base imponível de qualquer tributo. Que apenas das operações de venda ou prestação de serviços a terceiros decorre resultado (vendas, menos despesas e tributos), ensejando tributação. Contudo, assevera não ser o caso da Recorrente, no qual todo o ingresso advém do Ato Cooperativo. Acusa omissão da decisão de piso em relação às receitas de terceiros, que o Fisco enquadrou como receitas financeiras. Mais adiante, cita doutrina e jurisprudência para pontuar que, As Cooperativas assemelhamse às demais sociedades no que tange às regras de administração; porém, divergem na essência delas, no que se chama ATO COOPERATIVO. Este nada mais é que a união de várias individualidades, uma vez que no momento de entrada ou saída de bem ou serviço, há presença de um sujeito chamado de ASSOCIADO, na satisfação de necessidades básicas. Em se tratando Fl. 1226DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 8 13 de atividade executada por pessoas em nome delas mesmas, não há lucro ou não há fato gerador mercantil. Quem comanda o processo é o sócio e não, como se poderia supor, o sócio capital. Através de atos internos e atos externos, ligados à atividade fim e atividademeio do ente cooperativo (Arts.3 0, 4 0,10,79 da Lei nº 5764 de 16/12/71) chegase aos objetivos societários. Defende não haver base material ou legal para imposição de ato infracional pelo Fisco. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria e, por isso, não há incidência de PIS/COFINS cuja base material é essa (faturamentoreceita). Aquilo que passa pela cooperativa, mesmo que contabilmente seja lançado como receita, tem natureza transitória, pois pertence ao cooperado a quem será repassado, e, por isso não será receita. Não se trata de um ato da PESSOA JURÍDICA COOPERATIVA, mas sim, um ato do cooperado. Logo, não há receita, não há faturamento, como se entende comumente. Nesse sentido POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL DO STJ. Outrossim, destaca outra razão para não tributação dos valores que serviram de base de cálculo para as Contribuições: o caráter não lucrativo das Cooperativas. Cita e transcreve jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça favorável ao seu pleito. De uma primeira análise, entendeuse pela necessidade de conversão do julgamento em diligência. A seguir excerto da Resolução 3102000.261, de 25 de junho de 2013. Em face disso, uma vez haja necessidade de melhor instrução do Processo, VOTO pela CONVERSÃO do Julgamento em diligência, para que a Unidade Preparadora adote as seguintes providências: 1 – Informe de onde foram extraídos os valores reproduzidos nas tabelas de apuração da base de cálculo das Contribuições e instrua o Processo com todos os documentos que, acaso, não tenham sido encartados aos autos; 2 – Esclareça o fundamento para que não tenham sido considerados determinados gastos, tais como os administrativos, como incluídos no conceito de valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados, ou mesmo no conceito introduzido pela Instrução Normativa da SRF, como gastos de geração, transmissão, manutenção e distribuição de energia elétrica, quando repassados aos associados. 3 – Aponte e fundamente, à luz das considerações aduzidas ao Voto, quais são as receitas incluídas na base de cálculo que, no seu entender, não decorrem da atividade típica da Cooperativa de Eletrificação Rural. As respostas aos questionamentos acima, conforme se extrai do Termo de Encerramento de Diligência Fiscal, folhas 1198 e seguintes (eProc), podem ser condensadas nos excertos que seguem, correspondendo cada resposta a cada uma das perguntas, na mesma ordem. Resposta Os valores foram extraídos dos Balancetes Mensais Analíticos, cujas cópias estão às folhas 588/736 (Vol. IV), folha 739/935 (Vol. V) e folhas 939/1060 (Vol. VI) apresentados pela cooperativa. Fl. 1227DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 14 Para os custos de manutenção foram utilizadas as contas: 615.03.1.1 Custo de Operação (débito crédito) + 615.03.3.1 Custo de Operação (débito crédito), no mês de dezembro foi adicionada à conta 615.03.3.9.95 Provisão. Para os custos de energia elétrica foi utilizada a conta 615.03.3.5.41 — Energia Comprada para Revenda. Constatamos que, de setembro de 2001 a junho de 2006, (sic) constatamos pequenas diferenças entre os valores constantes nas planilhas e os valores inseridos nos Balancetes Mensais, nos meses de setembro, outubro e novembro de 2001. (...) Resposta De acordo com o já descrito no Termo de Encerramento e Verificação Fiscal (fls. 291/297 Vol. II), as Sociedades Cooperativas de Eletrificação Rural, além das deduções previstas para as demais cooperativas, poderão excluir da base de cálculo da contribuição os serviços prestados aos associados, representados pelos Custos de Distribuição, Manutenção e Geração de Energia Elétrica, repassados aos associados, com base, na MP n ° 2.15835, de 2001, art. 15; Lei n 0 10.676, de 2003; Lei n ° 10.684, de 2003, art. 17; e IN SRF n ° 247, de 2002, arts. 23 e 33, alterada pela IN SRF n ° 358, de 2003. A IN SRF n ° 247, de 2002, arts. 23 e 33, alterada pela IN SRF n ° 358, de 2003, com base na legislação de regência, permitiram a exclusão da base de cálculo da contribuição dos valores dos custos dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural aos seus cooperados, esclarecendo que os custos desses serviços abrangem os gastos de geração, transmissão, manutenção e distribuição de energia elétrica, quando repassados aos cooperados. Dessa forma, o que está fora dos custos de geração, transmissão, manutenção e distribuição de energia elétrica, não pode ser utilizado para dedução da base de cálculo da contribuição. Caso fosse diferente, onde as cooperativas de eletrificação rural pudessem aproveitar todos os custos e despesas como dedução da base de cálculo da contribuição, o próprio legislador não os restringiria aos gastos de geração, transmissão, manutenção e distribuição de energia elétrica, e mesmo assim, quando repassados aos cooperados. (...) Resposta Primeiramente cabe ressaltar que a receita bruta é a totalidade das receitas auferidas e independe da atividade exercida pela pessoa jurídica e a classificação contábil utilizada para as receitas. (Lei n o 9.718, de 1998, arts. 2ºe3º, Lei nº 10.637, de 2002, art. 1 o ; e Lei n 0 10.833, de 2003, art. 1º). Nesse contexto e de acordo com a Lei n ° 9.718, de 1988, todas as pessoas jurídicas de direito privado, incluídas as sociedades cooperativas, estão sujeitas ao recolhimento da contribuição para o PIS/COFINS, em relação à sua receita bruta total auferida mensalmente, sendo admitidas exclusões ou deduções específicas de acordo com suas atividades. (...) Às folhas 1203 (eProc) e seguintes, a manifestação do contribuinte sobre o resultado da diligência realizada. É o Relatório. Fl. 1228DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 9 15 Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa Em sede de preliminar a Recorrente, desde o início, requer a nulidade do Auto de Infração por preterição ao direito de defesa. Diferentemente do que ocorre com os demais processos colocados a apreciação nesta pauta de julgamento, tratando da mesma matéria que aqui se discute, neste, a resposta da Autoridade Fiscal acerca da origem dos valores lançados no Auto de Infração guerreado revela uma incerteza que, a meu ver, não pode ser superada. Observese como respondeu a Autoridade diligenciada à questão posta nos autos, conforme segue. O problema foi assim descrito na Resolução que converteu o julgamento em diligência. (...) Consta acima, no excerto extraído do Termo de Encerramento e Verificação Fiscal, referência à dedução do custo da energia elétrica e de manutenção da rede de distribuição (grupo 61503) e, ainda, às sobras, tudo conforme tabela às folhas 289/290. Examinando os demonstrativos, podese concluir que o valor que consta na Tabela 283 como sendo o custo energia elétrica no mês de setembro de 2001, R$ 123.316,94, foi extraído da conta Operações com Energia Elétrica/Energia Elétrica Comprada para Revenda, Conta 615.03.3.5, conforme informa o Balancete Analítico fornecido pela Cooperativa, à folha 48 do Processo. Contudo, não logrei êxito em identificar o valor de R$ 59.691,17 lançados sob o título “Custo de Manutenção”, para o mesmo mês, na tabela elaborada pela Fiscalização. O valor total dos Gastos de Distribuição, conta 615.03, é de R$ 186.584,86 (folha 47). Diminuindo do valor referente à energia elétrica comprada para revenda (R$ 123.316,94), resta o valor de R$ 63.267,92, R$ 3.576,75 a mais do que o valor de R$ 59.691,17 informado no parágrafo anterior. Não consegui identificar nenhuma conta com esse valor, tampouco houve menção ao critério que levou a essa diferença. Observei esse tipo de problema em outros períodos. (...) Com base nisso, fezse a seguinte indagação. 1 – Informe de onde foram extraídos os valores reproduzidos nas tabelas de apuração da base de cálculo das Contribuições e instrua o Processo com todos os documentos que, acaso, não tenham sido encartados aos autos; Fl. 1229DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 16 Em resposta a essa questão, a Autoridade Autuante, depois de explicar que os valores foram extraídos dos Balancetes Fiscais Analíticos apresentados pela Cooperativa e indicar as constas de onde extraiu os custos, conclui com a seguinte informação. "Constatamos que, de setembro de 2001 a junho de 2006, constatamos pequenas diferenças entre os valores constantes nas planilhas e os valores inseridos nos Balancetes Mensais, nos meses de setembro, outubro e novembro de 2001." Um dos requisitos mais elementares do crédito tributário constituído pelo AuditorFiscal da Receita Federal é a certeza do valor expresso na autuação. Tanto é assim, que o Código Tributário Nacional, atribui presunção de liquidez e certeza à dívida tributária regularmente inscrita. Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova préconstituída. Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. É claro que é possível que, na constituição da exigência, determinadas problemas pontuais e identificáveis sejam observados e sanados no curso do julgamento da lide. Contudo, data maxima venia, o fato de, no exercício da competência privativa do lançamento, a Autoridade, ao determinar a matéria tributável, reconhecer pequenas diferenças entre os valores constantes nas planilhas e os valores inseridos nos Balancetes Mensais, macula de vício insanável o Auto de Infração. De fato, da forma como a questão foi abordada, não há nem como saber que diferenças são essas, porque razão ocorreram, e, ainda mais, se tantas outras não existem além das que foram reconhecidas ficando, desta forma, o problema sem possibilidade de solução. Da mesma forma como não compete a essa instância de julgamento suprir o procedimento fiscal com provas que não foram trazidas já no ato de constituição do crédito tributário1, também não é possível aperfeiçoar o auto de infração, buscando retificálo, quando a própria autoridade autuante reconhece que a quantificação do valor devido não foi feita com precisão, relatando, a respeito, apenas que constatou diferenças entre os valores apurados na contabilidade e os valores considerados na autuação. Ainda mais, se os valores que deram subsídio ao crédito tributário constituído no Auto de Infração de fato não são os que constam nos Balancetes do contribuinte, creio que, no caso concreto, ocorreu também preterição ao direito de defesa. De fato, não há como o contribuinte exercer na plenitude o direito de defenderse da exigência se não sabe exatamente quais são os valores que foram considerados pelo Fisco, ainda mais quando, como no caso concreto, a contestação recai exatamente sobre esse ponto. VOTO por dar provimento ao Recurso Voluntário, para declarar o Auto de Infração nulo por vício material. Sala de Sessões, 18 de março de 2015. (assinatura digital) 1 Mas apenas aquelas que, a juízo da própria autoridade julgadora, sejam necessárias, em caráter complementar as que foram apresentadas pela Fiscalziação Federal. Fl. 1230DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11516.003213/200601 Acórdão n.º 3102002.398 S3C1T2 Fl. 10 17 Ricardo Paulo Rosa Relator Fl. 1231DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/06/2015 p or RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 11020.001407/2004-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 06 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/11/2003 A 30/11/2003
INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO
As despesas passíveis de gerar crédito devem estar respaldadas em documentos revestidos de formalidades extrínsecas e que permitam identificar a natureza do serviço prestado e da mercadoria adquirida. Ausentes tais formalidades, impõe-se a glosa dos valores. A contrário senso, se os documentos preenchem as formalidades e o que é mais importante, permitem identificar o pagamento de serviço capaz de gerar créditos, não há fundamento para a glosa das despesas por eles respaldadas.
MERCADORIAS E SERVIÇOS EMPREGADOS EM DIFERENTES FINALIDADES
Constatado que o montante despendido com a aquisição de mercadorias e serviços engloba insumos empregados no processo produtivo e outras despesas não passíveis de tal classificação, impõe-se o rateio de tais dispêndios e, caso não seja possível sua realização, a glosa dos valores considerados para efeito de cálculo dos créditos.
DISPÊNDIOS CLASSIFICÁVEIS NO ATIVO PERMANENTE.
Os gastos atrelados a bens do ativo permanente devem ser incorporados ao valor do bem e depreciados ou, conforme o caso, amortizados, nos prazos de vida útil ou de amortização do bem ou direito, somente sendo admitidos, para efeito de cálculo do crédito, o valor da amortização ou depreciação apurados.
COLHEITA
Os serviços necessários à colheita da matéria-prima empregada no processo produtivo enquadram-se no conceito de insumo, para efeito de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social não-cumulativos. Consequentemente, os gastos incorridos com o pagamento de tais serviços devem ser computados para efeito de cálculo do crédito passível de aproveitamento pelo Contribuinte.
COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO.
O direito de utilizar créditos decorrentes de aquisição de mercadorias e serviços não alcança empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim de exportação.
FRETES
A autorização legal para creditamento das despesas com frete e armazenagem suportados pelo vendedor somente passou a vigorar em 01/02/2004 e, ainda assim, não se estende a transferências entre estabelecimentos.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3102-00.967
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso, para acatar os créditos decorrentes de despesas com mão de obra terceirizada, empregada na extração de madeira e devidamente documentada em nota fiscal idônea.
Matéria: PIS - proc. que não versem s/exigências de cred. Tributario
Nome do relator: Luis Marcelo Guerra de Castro
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CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO As despesas passíveis de gerar crédito devem estar respaldadas em documentos revestidos de formalidades extrínsecas e que permitam identificar a natureza do serviço prestado e da mercadoria adquirida. Ausentes tais formalidades, impõese a glosa dos valores. A contrário senso, se os documentos preenchem as formalidades e o que é mais importante, permitem identificar o pagamento de serviço capaz de gerar créditos, não há fundamento para a glosa das despesas por eles respaldadas. MERCADORIAS E SERVIÇOS EMPREGADOS EM DIFERENTES FINALIDADES Constatado que o montante despendido com a aquisição de mercadorias e serviços engloba insumos empregados no processo produtivo e outras despesas não passíveis de tal classificação, impõese o rateio de tais dispêndios e, caso não seja possível sua realização, a glosa dos valores considerados para efeito de cálculo dos créditos. DISPÊNDIOS CLASSIFICÁVEIS NO ATIVO PERMANENTE. Os gastos atrelados a bens do ativo permanente devem ser incorporados ao valor do bem e depreciados ou, conforme o caso, amortizados, nos prazos de vida útil ou de amortização do bem ou direito, somente sendo admitidos, para efeito de cálculo do crédito, o valor da amortização ou depreciação apurados. COLHEITA Os serviços necessários à colheita da matériaprima empregada no processo produtivo enquadramse no conceito de insumo, para efeito de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social nãocumulativos. Consequentemente, os gastos incorridos Fl. 1DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 220 2 com o pagamento de tais serviços devem ser computados para efeito de cálculo do crédito passível de aproveitamento pelo Contribuinte. COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO. O direito de utilizar créditos decorrentes de aquisição de mercadorias e serviços não alcança empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim de exportação. FRETES A autorização legal para creditamento das despesas com frete e armazenagem suportados pelo vendedor somente passou a vigorar em 01/02/2004 e, ainda assim, não se estende a transferências entre estabelecimentos. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso, para acatar os créditos decorrentes de despesas com mão de obra terceirizada, empregada na extração de madeira e devidamente documentada em nota fiscal idônea (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes de Maya Gomes e Nanci Gama. Relatório Tratase de recurso voluntário manejado em desfavor do Acórdão 1021.124 2ª Turma da DRJ/Porto Alegre, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/2003 a 30/11/2003 Ementa: Existe vedação legal para o creditamento de despesas que não podem ser caracterizadas como insumos dentro da sistemática de apuração de créditos pela nãocumulatividade de PIS e Cofins. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Conforme consta do relatório de verificação às fls. 118 a 121v, a Autoridade Fiscal, após análise da escrita do sujeito passivo e dos comprovantes apresentados, rejeitou os créditos baseados nas seguintes aquisições: Fl. 2DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 221 3 a) Gasolina, óleo diesel e lubrificantes diversos: face à não segregação entre o consumo atrelado ao processo produtivo e aquele destinado transporte de empregados e diretores e funcionários a serviço; b) Partes e peças diversas, glosadas com base nos seguintes fundamentos: Representariam itens que não se incorporariam ao processo produtivo (rolamentos, retentores, arruelas, parafusos, porcas, correntes, correias, arame farpado, dentre outros); Representariam itens sujeitos a desgaste por ação direta, mas que não poderiam ser considerados em face da ausência de segregação entre o processo produtivo objeto do presente processo e outras atividades desempenhadas pela recorrente (construção civil); Parte dos documentos que respaldariam esses créditos estariam ilegíveis e, consequentemente, não permitiriam a identificação dos itens adquiridos ou representariam nota fiscal de venda a consumidor, que não trazem em seus elementos a exata identificação do adquirente1; Referemse a aquisições de pessoas físicas, incapazes de gerar crédito em face da vedação expressa do § 3º do art. 3º, da Lei 10.637, de 20022 c) Fretes Aduz a autoridade fiscal que a legislação de regência só passou a admitir o creditamento do frete suportados pelo vendedor a partir de 1º de fevereiro de 2004 (art. 3°, IX da Lei n° 10.833, de 2003) e, ainda assim, não englobaria os fretes referentes a transferências entre estabelecimentos. d) Ausência de comprovação da vinculação dos serviços ao processo produtivo Serviços contabilizados nos CFOP relativos à aquisição de serviços de industrialização por encomenda e “outros serviços” foram alvo de glosa em razão dos seguintes fundamentos: Ausência de identificação do serviço prestado (nota fiscal nº 4, expedida por Miguel Tramontin); Serviços descritos como construção civil, supostamente vinculada à manutenção do imóvel, mas que, em verdade representariam benfeitorias e despesas pré produção, que não poderiam ser consideradas insumos; Impossibilidade de verificação da efetiva prestação dos serviços, em face dos instrumentos contratuais não se encontrarem registrados em cartório de títulos e documentos; Ausência de “pertinência com a situação fática”. 1 Notas às 107 a 115. 2 Notas às fls. fl. 116 e 117 Fl. 3DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 222 4 Segundo a Autoridade Fiscal, os contratos diriam respeito à “serviço temporário” e a contribuinte atestaria que não contratara trabalhadores temporários, nem teria conhecimento da sua contratação pelas pessoas jurídicas responsáveis pela execução dos serviços. Ausência de comprovantes do recebimento dos produtos provenientes da prestação de serviços ou de ordens de serviço: Segundo consta do Relatório Fiscal, a Contribuinte teria informado que, após a emissão da nota fiscal, as anotações relativas às toras extraídas, os registros relativos ao seu recebimento eram descartados e que, por tal motivo, não mais possuiria tais comprovantes em seus arquivos; Consignouse, ainda, que os documentos relativos ao serviço de extração de madeira não informam a quantidade extraída, razão pela qual não seria possível aferir a efetiva prestação de serviço e a consequente destinação comercial da madeira. Impossibilidade de segregação dos custos associados à extração de madeiras daqueles associados à manutenção de florestas e a reflorestamento: Na medida em que os primeiros dispêndios poderiam ser computados como insumos e os últimos deveriam ser alvo de contabilização no Ativo Imobilizado, na conta “reflorestamento” ou na conta "benfeitorias em propriedades de terceiros”. Consta do Relatório Fiscal a informação de que, segundo a Contribuinte as operações de “roçadas” representariam entre 15 e 20% do total; Falha documental: Os documentos emitidos por Paulo Roberto Correa da Silva e Manoel Antonio Pereira e Cia Ltda. não preencheriam formalidades extrínsecas, uma vez que não conteriam a inscrição “Nota Fiscal”. No que se refere aos documentos expedidos pela pessoa jurídica Manoel Antônio Pereira e Cia, foi ainda anotada a ausência do número de inscrição no CNPJ. Devidamente intimado, compareceu a Contribuinte ao processo para, em sede de Manifestação de Inconformidade, contestar as glosas nos seguintes termos: a) Combustíveis e lubrificantes: Diferentemente do alegado, a resposta apresentada em 13 de outubro de 2008 informara o destino dos combustíveis, mas suas razões teriam sido ignoradas. Elenca as máquinas utilizadas, seu emprego no processo produtivo, bem assim o tipo de combustível e lubrificante relativo a cada uma delas. Questiona, ademais, a glosa integral em razão de que os insumos utilizados nos veículos de transporte seriam mínimos, se comparados com os efetivamente utilizados no processo produtivo. b) Partes e peças: Fl. 4DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 223 5 As partes e peças seriam insumos para fins de apuração do crédito de PIS/Cofins. As instruções normativas que embasaram a ação fiscal seriam manifestamente ilegais, pois impõem restrições não previstas em lei, que permitiria o desconto de créditos atrelados a bens e serviços que desempenhariam o papel de insumo. Sustenta que o conceito de insumo, para efeito de apuração de crédito de IPI é diferente daquele aplicável ao PIS e à Cofins, atrelado à totalidade das receitas auferidas que, para serem obtidas, exigiriam a assunção de custos e despesas. Cita doutrina que respaldaria tal pretensão. Assim, as partes e peças glosadas (rolamentos, retentores, arruelas, parafusos, porcas, correntes, correias, arame farpado, pregos), seriam itens obrigatórios e essenciais, para a consecução de sua atividade e, consequentemente, não poderiam ser considerados como dissociados da atividade produtiva. Tece considerações acerca da desoneração do processo produtivo perseguida pela não cumulatividade. c) Fretes: Por equívoco, apurou fretes nas operações de venda. d) Serviços não comprovadamente utilizados no processo produtivo: Segundo se extrairia do contrato social da contribuinte seu objeto social seria o reflorestamento, o manejo de florestas, o beneficiamento de madeira, a indústria e comércio, a importação e exportação de madeiras. Consequentemente, seria insubsistente o raciocínio de que roçadas, plantio, extração de toras não estariam atrelados ao processo produtivo. Antes de serrar a madeira seria necessário extraíla, arrastála e empilhála. Antes disso, seria necessária a realização de roçadas para abrir caminho na floresta. Questiona, ainda, o que denominou formalismo excessivo empregado na análise dos contratos. A contribuinte contratou prestadores de serviços, conforme se extrai das notas fiscais, comprovantes de pagamento e demais documentos apresentados. Discorda do fato de que a ausência da inscrição “nota fiscal” nos documentos expedidos por Paulo Roberto Correa da Silva e Manoel Antônio Pereira e Cia lhes retiram a validade, na medida em que as mesmas trariam no bojo a descrição dos serviços e o destaque do imposto. Tal falha, no se sentir meramente formal, deveria ser imputada à gráfica que os imprimiu. Ressalvadas as hipóteses de conluio e fraude, que não se verificariam no presente, a glosa das despesas representaria violação ao princípio da não cumulatividade. Por outro lado, a contribuinte seria terceira de boafé e, como tal não poderia ser penalizada pela falta de terceiro. Finalmente, a exigência de comprovação de recebimento dos produtos seria fruto do desconhecimento das atividades da contribuinte. Reitera que a conferência dos Fl. 5DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 224 6 serviços é realizada na floresta e, após tal conferência, emitida a correspondente nota fiscal, bem assim que o não arquivamento dos controles internos não torna o serviço inexistente. Questiona, finalmente, a emissão de extrato de débito em nome de pessoa jurídica diversa da detentora dos créditos litigiosos. Após a regular ciência do acórdão recorrido, comparece a Contribuinte ao processo para, essencialmente, reiterar as alegações manejadas por ocasião da instauração da fase litigiosa. É o Relatório. Voto Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Relator Tomo conhecimento do presente recurso, que foi tempestivamente apresentado e trata de matéria afeta à competência desta Terceira Seção Antes de adentrar na análise dos elementos carreados ao processo, entendo pertinente esclarecer a opinião deste relator no sentido de que o conceito de insumo, para efeito de apuração de créditos do PIS e da Cofins não cumulativos, não segue o mesmo viés que norteia a apuração de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados. Neste, privilegiase o critério físico e naquele, o da pertinência. Evidentemente, isso não significa equiparar a insumo, para efeito de cálculo dos créditos de PIS e Cofins, toda e qualquer despesa inerente à atividade econômica. Em relação a esse aspecto, preciso é o comando do art. 3º, II, da Lei nº 10.637, de 2002, na versão que vigia à época da apuração da contribuição: II – bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; Finalmente, no que se refere a máquinas e equipamentos incorporados ao ativo imobilizado, bem assim às benfeitorias em bens de terceiros, o valor do crédito será apurado mediante aplicação das alíquotas do PIS sobre os encargos de depreciação e amortização, conforme consignado no §1º, III do mesmo art. 3º3 Em suma, para efeito da discussão que povoa o presente litígio, somente são passíveis de gerar crédito do PIS os bens e serviços utilizados no processo de fabricação e, no caso dos bens do ativo imobilizado, os valores de depreciação e amortização. Por outro lado, justamente em razão de que não se poderia apropriar toda e qualquer despesa como insumo, é que a apuração dos créditos não pode prescindir de uma 3 § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no art. 2º sobre o valor: (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; Fl. 6DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 225 7 escrituração que permita identificar o dispêndio, permitindo que se afira natureza do bem o serviço e, principalmente, o seu emprego. Igualmente importante, finalmente, é destacar a vedação expressa no § 3º, I e II do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002: § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; Feitas tais considerações, passase à análise higidez das glosas alvo de litígio. 1. Combustíveis e Lubrificantes Pedindo vênia ao Recorrente, não vejo como reconhecer os créditos relativos às aquisições de combustíveis e lubrificantes. Evidentemente, tal convicção não tem qualquer relação com a natureza das despesas, textualmente contempladas no já transcrito inciso II do art. 3º da Leis nº 10.637, de 2002. Como já mencionado, não foi trazido ao processo qualquer elemento que demonstre qual foi o valor ou quantitativo efetivamente empregados nas máquinas que compõem o processo produtivo da Recorrente e quais são utilizados em veículos que, se observado o texto da lei, não seriam utilizados em tal finalidade. 2. Partes e Peças Sabidamente, por força do § 2º do art. 301 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3000, de 19994, bens com duração superior a um ano ou partes e peças passíveis de incorporação a bens daquela natureza, que não se desgastem no período de um ano, devem ser contabilizados no ativo imobilizado e depreciados ou amortizados no período de sua vida útil. Devido a tal regra, não há como considerar insumos partes e peças que tenham se incorporado aos bens que compõem o ativo imobilizado. Da mesma forma, se não é possível segregar a utilização dos bens, entre as atividades atreladas à extração e beneficiamento de madeira e as demais atividades exercidas pela Recorrente, não há como considerar os dispêndios com insumos passíveis de utilização em mais de uma atividade. Igualmente descabido é o crédito fundado em aquisições de serviços prestados por pessoas físicas. 4 § 2º Salvo disposições especiais, o custo dos bens adquiridos ou das melhorias realizadas, cuja vida útil ultrapasse o período de um ano, deverá ser ativado para ser depreciado ou amortizado (Lei nº 4.506, de 1964, art. 45, § 1º). Fl. 7DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 226 8 Corretas, portanto, as glosas relativas ao presente item. 3 Fretes Como já destacado, o sujeito passivo admite o equívoco perpetrado quando da apuração de crédito baseados em despesas de fretes sobre vendas, o que dispensa maiores análises. Corretas, portanto, as glosas relativas a esse grupo de despesas. 4 Outros Serviços cuja Vinculação ao Processo Produtivo Não Restaria Comprovada Algumas das glosas referentes ao presente grupo estão atreladas à falha na descrição dos serviços, e, pelos fundamentos já expendidos anteriormente, devem ser mantidas. Sem a descrição dos serviços, não há como reconhecêlos. Por outro lado, sem a devida segregação, não há como acatar os pagamentos que englobam extração, beneficiamentos e replantio de floresta, na medida em que estes últimos devem ser incorporados ao valor desses bens do ativo e exauridos juntamente com os mesmos. Igualmente descabido é o crédito alegado como decorrente de despesas de construção civil, mas que, em verdade, representam beneficiamentos em imóveis de terceiros. Ou seja, os beneficiamentos (roçadas), o plantio e as demais benfeitorias passíveis de amortização não são insumos, para efeito do cálculo do PIS e da Cofins não cumulativos. Penso igualmente que os documentos que não preenchem os requisitos formais mínimos, como o número de inscrição no CNPJ e a inscrição “nota fiscal”, igualmente não merecem ser considerados. Entretanto, estou convicto de que a ausência de controle do quantitativo extraído e de registro do contrato em cartório, por si, sejam motivos suficientes para que não se acatem as despesas com extração de madeira. Em primeiro lugar, como é cediço, regra geral, a averbação no correspondente Cartório de Registro de Títulos e Documentos tem como função primordial a garantia da publicidade do ato, não representando, portanto, condição para sua validade. Em segundo, não concordo que a ausência de quantificação da madeira extraída, arrastada e empilhada inviabilize a aceitação das despesas, na medida em que, se cotejados os valores pagos e os estipulados nos contratos, facilmente se chegaria ao quantitativo extraído. Até porque, o crédito litigioso não decorre da aquisição de determinada quantidade de madeira extraída, mas o valor do serviço contratado. Finalmente, não consigo divisar na aparente incongruência na resposta à intimação o efeito assumido no Relatório Fiscal. Com efeito, o sujeito passivo efetivamente negou que tenha contratado trabalhadores temporários e alegou desconhecimento da sua contratação, mas isso longe está de reduzir o poder probante dos contratos. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 227 9 De fato, analisando as notas fiscais às fls. 72 e 73, percebese que o valor descontado a título de Contribuição corresponde ao percentual fixado no art. 31 da Lei nº 8.212, de 19915, o que demonstra que, pelo menos para o executor do serviço, estavase diante de locação de mãodeobra, nos termos da Lei nº 6.019 de 1974. Concluise, assim, que há uma divergência de interpretação acerca do enquadramento da relação contratual ou que simplesmente o sujeito passivo entendeu que esse fato lhe seria prejudicial. Penso, entretanto, que qualquer dessas duas hipóteses longe estão de influenciar a relação se subsunção do fato a norma, até porque, no que se refere à solução do presente litígio, pouco importa a modalidade contratual empregada. Não custa destacar, nesse aspecto, que a vedação aos créditos decorrentes de pagamento de mãodeobra diz respeito exclusivamente aos pagamentos realizados a pessoas físicas, ex vi do § 2, do art. 3º da Lei nº 10.637, de 20026. Nesse aspecto, trazse à colação a orientação sedimentada na Solução de Consulta nº 30, de 26 de janeiro de 2010, da Superintendência da Receita Federal do Brasil da 9ª Região (original não destacado): As ferramentas adquiridas para utilização em máquinas da linha de produção, a contratação de mãodeobra de pessoas jurídicas para operação e manutenção de equipamentos da linha de produção e a contratação de serviços de pessoas jurídicas aplicados diretamente sobre o produto em transformação ou sobre as ferramentas utilizadas nas máquinas pertencentes à linha de produção são considerados insumos, para fins de creditamento da Contribuição para o PIS/PASEP. Ante ao exposto, considero suficientemente comprovadas as despesas descritas nas notas fiscais de fls. 72 e 73. 5 Aviso de Cobrança O órgão julgador de piso já se manifestou acerca da alegação de falha na expedição do aviso de cobrança, em nome de pessoa jurídica que não integra a lide, determinando a correção de tal falha, que torna prescindível a manifestação deste colegiado acerca da matéria. 5 Art.31.A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mãodeobra, observado o disposto no § 5º do art. 33. 6 § 2º Não dará direito a crédito o valor de mãodeobra paga a pessoa física. Fl. 9DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.001407/200474 Acórdão n.º 310200.967 S3C1T2 Fl. 228 10 6 Conclusão Com essas considerações, dou parcial provimento ao recurso para acatar exclusivamente os crédito sobre os valores relativos a despesas com extração de madeira documentadas nas notas fiscais às fls. 72 e 73, emitidas pela pessoa jurídica Florestal Caraúno. Sala das Sessões, em 6 de abril de 2011 (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Fl. 10DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
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Numero do processo: 10665.003485/2008-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. VALIDADE DA AUTUAÇÃO. É válidaaautuação quando não se configura óbiceà defesa ou prejuízoao interessepúblico.
DILAÇÃO PROBATÓRIA. PEDIDO DE OITIVA DE TESTEMUNHAS.DESCABIMENTO. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA Quando a prova documental é abundante e da sua análise extrai-se argumento necessário para o deslinde da questão, o pedido de produção de prova testemunhal afigura-se meramente procrastinatório e deve ser indeferido.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas.
LEGISLAÇÃO POSTERIOR. MULTA MAIS FAVORÁVEL. APLICAÇÃO EM PROCESSO PENDENTE JULGAMENTO. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, faz-se necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.634
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer em parte do recurso para, na parte conhecida, dar provimento parcial para adequação da multa aplicada ao artigo 32-A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, caso mais benéfica, vencida a conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis que votou por manter a multa aplicada.
Júlio César Vieira Gomes - Presidente
Thiago Taborda Simões - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espindola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: THIAGO TABORDA SIMOES
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FATOS GERADORES. Recorrente COOPETEX COOPERATIVA DE PRODUÇÃO DE ARTIGOS TEXTEIS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. VALIDADE DA AUTUAÇÃO. É válidaaautuação quando não se configura óbiceà defesa ou prejuízoao interessepúblico. DILAÇÃO PROBATÓRIA. PEDIDO DE OITIVA DE TESTEMUNHAS.DESCABIMENTO. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA Quando a prova documental é abundante e da sua análise extraise argumento necessário para o deslinde da questão, o pedido de produção de prova testemunhal afigurase meramente procrastinatório e deve ser indeferido. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas. LEGISLAÇÃO POSTERIOR. MULTA MAIS FAVORÁVEL. APLICAÇÃO EM PROCESSO PENDENTE JULGAMENTO. A lei aplica se a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, fazse necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 34 85 /2 00 8- 99 Fl. 81DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer em parte do recurso para, na parte conhecida, dar provimento parcial para adequação da multa aplicada ao artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, caso mais benéfica, vencida a conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis que votou por manter a multa aplicada. Júlio César Vieira Gomes Presidente Thiago Taborda Simões Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espindola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10665.003485/200899 Acórdão n.º 2402004.634 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado por ter o contribuinte deixado de informar em GFIP os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais e cooperados, cuja apuração foi efetuada tendo por base a diferença entre os totais declarados na GFIP e os totais lançados na escrituração contábil. Relatório Fiscal às fls. 07/08. Intimada da autuação, a Recorrente apresentou Impugnação de fls. 17/27, que restou improcedente às fls. 61/64, sob os seguintes fundamentos: 1) A impugnante fala em princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório, da segurança jurídica e do devido processo legal, no entanto, após discorrer sobre estes princípios, inclusive com base em doutrina pátria, não indica nenhum fato ou razão que possa a ela ter acarretado algum prejuízo, seja em relação ao processo investigatório de auditoria, seja em relação ao contencioso administrativo fiscal; 2) Quanto à alegação de que a cooperativa não cometeu nenhuma conduta infratora à Lei n° 8.212, de 1991, e/ou à Instrução Normativa SRP n° 03, de 2005, as afirmativas da impugnante são sem fundamento, vez que em sua defesa ficou firmado que a COOPETEX é de fato uma Cooperativa de Produção, sendo que nas GFIPs, conforme ora verificado no Sistema Informatizado da Receita Federal do Brasil RFB, os cooperados foram informados na categoria 17 (contribuinte individual associado à Cooperativa de Trabalho) ao invés da categoria 13 (contribuinte individual associado à Cooperativa de Produção); 3) Seja através de consulta ao Sistema Informatizado da Receita Federal do Brasil RFB, seja pelos próprios argumentos de defesa, que, de fato, a cooperativa COOPETEX infringiu a legislação previdenciária, na situação, ao inciso IV do art. 32 da Lei n° 8.212, de 1991, na redação dada pela MP 449, de 2008; Intimada do resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário de fls. 66/78 alegando, em síntese: 1) O órgão julgador nem sequer baixou em diligência tal procedimento para ouvir os Fiscais mencionados na impugnação, para que os mesmos pudessem dar sua versão quanto ao levantado pela Recorrente. Nesta oportunidade, requereu a baixa dos autos em diligência para a oitiva dos Fiscais Srs. Osmany e Genésio, em face dos princípios do contraditório e ampla defesa; 2) Com a documentação disponibilizada à Autoridade Coatora, não haveria razão para que a mesma lavrasse o respectivo auto de infração, uma vez que a Fl. 83DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Autuada não infringiu a legislação previdenciária, recolhendo todas contribuições devidas e no prazo legal; 3) Os levantamentos efetuados pela Autoridade Coatora originando o respectivo Auto de Infração, vão em desencontro com a legislação previdenciária e não só isso, destoa do procedimento informado pelos fiscais àquela época, afirmando para a Autuada que a mesma não teria que recolher as contribuições agora exigidas, porque inexigíveis; 4) Prévio conhecimento, por parte dos contribuintes, do conteúdo das prestações cujo cumprimento lhes está sendo exigido constitui inafastável condição para validade do procedimento administrativo tributário; 5) O direito a produção de provas apresentase intimamente relacionado com a própria eficácia do procedimento, devendo ser respeitado ainda quando não expressamente previsto, sem o que não haverá como atenderse ao pressuposto essencial a formação de qualquer juízo, que consiste em "verificar se o suporte fático concreto contém as notas desenhadas no suporte fático abstrato"; 6) Quando a Autoridade Coatora requer aplicação de multa sob os argumentos expostos no auto de infração, está a lhe impor penalidade sem ter a Cooperativa cometido qualquer ato ilícito, o que é vedado em nosso ordenamento jurídico; 7) Como demonstrado nos Autos de Infração nº 37.023.0329 e 37.023.0337, a Autuada não infringiu qualquer dispositivo legal mencionado naqueles autos de infração e sendo assim, não subsistindo os mesmos, não há razão e permissão legal para impor penalidade acessória como no presente caso, multa pecuniária; 8) Razão não assiste a Autoridade Coatora, vez que os procedimentos adotados pela Impugnante são exatamente aqueles previstos na Instrução Normativa SRP nº 03/2005 e não implica em infração da Lei 8.212/91, especificamente art. 32 A, da mesma, como fundamento pelo Agente Fiscal; Por fim, requereu a Recorrente que seja seu pleito atendido, para que sejam julgados totalmente improcedentes os lançamentos efetuados pela Autoridade Coatora, cancelando e arquivando o presente Auto de Infração. Os autos foram remetidos ao CARF para julgamento do Recurso Voluntário. É o relatório. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10665.003485/200899 Acórdão n.º 2402004.634 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Thiago Taborda Simões, Relator Inicialmente, o recurso voluntário atende a todos os requisitos de admissibilidade, inclusive a tempestividade, razão pela qual dele conheço. Preliminar Alega a Recorrente que os Srs. Fiscais Osmany José do Amaral e Genésio Magalhães dos Santos a eximiram de recolher as contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento. Diante desta afirmação, requereu a baixa dos autos em diligência para oitiva dos fiscais mencionados, face aos princípios do contraditório e da ampla defesa. O julgador de primeira instância indeferiu o pedido. O Decreto 70.235/72 determina que a impugnação dever ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar. Ao contribuinte foi dado o livre exercício do seu direito ao contraditório e amplas defesa em diversos momentos, quais sejam, na apresentação de documentos e, inclusive na apresentação da impugnação. O fato de seu pedido de oitiva dos fiscais ter sido indeferido pelo julgador de primeira instância em nada viola o seu direito de defesa. Até porque há previsão legal no sentido de que cabe à autoridade julgadora determinar, de ofício ou à requerimento da parte, a realização de diligências, quando entendêlas necessárias, cabendo também a ela, discricionariamente, indeferir os pedidos que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Cumpre destacar, o entendimento pacífico do CARF, no sentido de afastar o eventual cerceamento de defesa, fundado em indeferimento de produção de prova solicitada pelo contribuinte. Vejamos: "PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. PROVA TESTEMUNHAL. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. O princípio do devido processo legal possui como núcleo mínimo o respeito às formas que asseguram a dialética sobre os fatos e imputações jurídicas enfrentadas pelas partes. Para que ocorra cerceamento de defesa é necessário que o descumprimento de determinada forma cause prejuízo à parte, e que lhe seja frustrado o direito de defesa. Ausente previsão, no Processo Administrativo Fiscal, de audiência de instrução em que possam ser arroladas testemunhas, de maneira que não há que se falar em cerceamento de defesa ante a ausência de prova testemunhal, porquanto os testemunhos podem ser trazidos na forma de declaração, para serem analisados em conjunto com as demais provas. O indeferimento do pedido de perícia não acarreta cerceamento de defesa, uma vez que o mesmo não pode servir de instrumento para a supressão de omissões quando da produção de provas pelo contribuinte. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 (...) Recurso voluntário parcialmente provido no mérito, rejeitadas as preliminares." (CARF. Processo nº13227.720588/201170. Acórdão nº 2202 002.506.) “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO. Quando o acórdão embargado deixa de analisar tese de defesa levantada em sede de recurso voluntário, resta caracterizada a omissão patente de conhecimento dos embargos de declaração. PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. INDEFERIMENTO. PRESCINDIBILIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INCORRÊNCIA. O indeferimento de produção de prova testemunhal não causa cerceamento do direito de defesa, sobretudo quando esta totalmente dispensável ao julgamento da causa. Embargos Rejeitados.” (CARF. Processo nº 18108.001075/200750. Acórdão nº 2402 003.742) Inexistente, portanto, qualquer vício na formalização do débito a amparar a alegação de ausência de contraditório e ampla defesa erguida pela Recorrente. Da Multa Aplicada O presente Auto de Infração foi lavrado por ter o Contribuinte apresentado a declaração a que se refere o art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91, acrescentado pela Lei nº 9.528/97 e redação da MP nº 449/208, com informações incorretas ou omissas. Foi aplicada a multa prevista no art. 32A, II e parágrafo 2º, respeitando o disposto no art. 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional. O art. 32, inciso IV e §§ 4o e 5o, da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 9.528/1997, sofreram alteração por meio do disposto nos arts. 32A e 35A, ambos da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 11.941/2009. Com isso, houve alteração da sistemática de cálculo da multa aplicada por infrações concernentes à GFIP’s, a qual deve ser aplicada ao presente lançamento, tudo em consonância com o previsto pelo art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional. Assim, quanto à multa aplicada, vale ressaltar a superveniência da Lei 11.941/2009. Para tanto, inseriu o art. 32A na Lei 8.212/1991, o qual dispõe o seguinte: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por Fl. 86DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10665.003485/200899 Acórdão n.º 2402004.634 S2C4T2 Fl. 5 7 cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o. Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o. Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o. A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). No caso em tela, tratase de infração que agora se enquadra no art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/1991. Considerando o grau de retroatividade média da norma previsto no art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional (CTN), transcrito abaixo, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Nesse sentido, entendo que na execução do julgado, a autoridade fiscal deverá verificar, com base nas alterações trazidas, qual a situação mais benéfica ao contribuinte, se a multa aplicada à época ou a calculada de acordo com o art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/1991. Esclarecemos que não há espaço jurídico para aplicação do art. 35A da Lei 8.212/1991, eis que este remete para a aplicação do art. 44 da Lei 9.430/1996, que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais, vejo que as sua regras estão em outro sentido. As multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando Fl. 87DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração, aplicandose apenas ao valor que não foi declarado e nem pago. Assim, há diferença entre as regras estabelecidas pelos artigos 32A e 35A, ambos da Lei 8.212/1991. Quanto à GFIP não há vinculação com o pagamento. Ainda que não existam diferenças de contribuições previdenciárias a serem pagas, estará o contribuinte sujeito à multa do artigo 32A da Lei 8.212/1991. O art. 44 da Lei 9.430/1996 dispõe o seguinte: Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. A regra do artigo acima mencionado tem finalidade exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no art. 32A da Lei 8.212/1991, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, sobretudo os salários de contribuição percebidos pelos segurados. São essas informações que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Quando o sujeito passivo é intimado para entregar a GFIP, suprir omissões ou efetuar correções, o Fisco já tem conhecimento da infração e, portanto, já poderia autuálo, mas isso não resolveria um problema extrafiscal, que é: as bases de dados da Previdência Social não seriam alimentadas com as informações corretas e necessárias para a concessão dos benefícios previdenciários. Por essas razões é que não vejo como se aplicarem as regras do artigo 44 da Lei 9.430/1996 aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. E no que tange à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, parte também do dispositivo, além das razões já expostas, devese observar o Princípio da Especificidade – a norma especial prevalece sobre a geral: o art. 32A da Lei 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no art. 44 da Lei 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não se aplica o art. 43 da mesma lei: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 88DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10665.003485/200899 Acórdão n.º 2402004.634 S2C4T2 Fl. 6 9 Em síntese, para aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas apenas as regras do art. 32A da Lei 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria. É irrelevante para tanto se houve ou não pagamento/recolhimento e, no caso que tenha sido lavrado Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP), qual tenha sido o valor nele lançado. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário e a ele dou parcial provimento para que seja recalculada a multa aplicada na obrigação acessória, se mais benéfica ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 32A da Lei 8.212/1991, nos termos do voto. É como voto. Thiago Taborda Simões. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/04/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 10280.903956/2009-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004
DIREITO CREDITÓRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO.
O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da RFB.
DIREITO CREDITÓRIO COMPROVADO EM DILIGÊNCIA Direito creditório do contribuinte foi comprovado por diligência realizada pela Delegacia da Receita Federal de circunscrição do contribuinte.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte
Numero da decisão: 3301-002.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento, em dar provimento parcial ao recurso voluntário reconhecendo o direito creditório até o limite do crédito.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator
Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina de Freitas e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 DIREITO CREDITÓRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da RFB. DIREITO CREDITÓRIO COMPROVADO EM DILIGÊNCIA Direito creditório do contribuinte foi comprovado por diligência realizada pela Delegacia da Receita Federal de circunscrição do contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento, em dar provimento parcial ao recurso voluntário reconhecendo o direito creditório até o limite do crédito. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas Relator Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina de Freitas e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 39 56 /2 00 9- 66 Fl. 184DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 26 /02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.903956/200966 Acórdão n.º 3301002.569 S3C3T1 Fl. 185 2 Relatório O Contribuinte CADAM S.A. devidamente qualificado nos autos, recorre a este Conselho, através de recurso voluntário, contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém – PA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório, resultante de pagamento indevido ou a maior através de DARF relativo a pagamento de PIS, conforme relatório nos seguintes termos, ao qual me reporto: Tratase de declaração de compensação transmitida em 27/09/2006 pela contribuinte acima identificada, na qual indicou crédito de R$ 27.699,58, resultante de pagamento indevido ou a maior originário de DARF relativo A. receita de código 6912, do período de apuração de 31/12/2004, no valor originário de R$ 63.808,67. A Delegacia de origem, em análise datada de 25.05.2009 (fl. 05), constatou que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP (...) foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas integralmente utilizados para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débito informados no PER/DCOMP". Assim, não homologou a compensação declarada. Cientificada em 04/06/2009, a interessada apresentou, em 03.07.2009, manifestação de inconformidade na qual alega (fls. 09/16): "O crédito analisado (...) deriva do pagamento de DARF (...) referente ao (...) PIS apurada em 31/12/04 pela empresa. Conforme já exposto, o pagamento do referido DARF foi indevido, pois, ao apurar o valor da COFINS devida em 31/12/04, a empresa não considerou os créditos tributários acumulados até o período. Constatado o equivoco, a empresa providenciou imediatamente a retificação do (...) DACON (...), relativo ao quarto trimestre de 2004, a fim de incluir os créditos decorrentes de exportação (...) e de incidência não cumulativa, demonstrando, inequivocamente, que não havia COFINS a pagar naquele período. Todavia, a empresa deixou de retificar a (...) DCTF referente ao mesmo período. (...) Fl. 185DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 26 /02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.903956/200966 Acórdão n.º 3301002.569 S3C3T1 Fl. 186 3 Em que pese o fato de a empresa ter deixado de retificar a DCTF, é inequívoca a existência do crédito declarado na PER/DCOMP, conforme se verifica no DACON RETIFICADOR apresentado pela empresa antes da prolação do despacho decisório ora recorrido. É certo que o DACON RETIFICADOR, transmitido pela empresa à SRF antes da apresentação da PER/DCOMP, é bastante para comprovar a existência do crédito tributário declarado na compensação (...). Logo, considerando que a empresa apontou a existência do crédito no DACON RETIFICADOR antes da realização do PER/DCOMP, é forçoso que a autoridade fiscal reveja a decisão recorrida a fim de homologar a compensação declarada pela Requerente em face da indubitável existência do crédito declarado. Nesse sentido é o entendimento do CONSELHO DE CONTRIBUINTES (...). Ressaltese que, em atenção ao principio da verdade material, que deve nortear o processo administrativo fiscal, não se pode ignorar o conjunto de provas acostado aos autos, o qual revela a existência do crédito tributário declarado(.)." A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, indeferindo o pedido de ressarcimento de IPI, nos termos da seguinte Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. O crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de divida previstas pela legislação tributária; como é o caso da DCTF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ONUS DA PROVA. Considerase não homologada a declaração de compensação apresentada pelo sujeito passivo quando não reste comprovada a existência do crédito apontado como compensável. Nas declarações de compensação referentes a pagamentos indevidos ou a maior o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 26 /02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.903956/200966 Acórdão n.º 3301002.569 S3C3T1 Fl. 187 4 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada a Contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. pedindo a reforma do Julgado insistindo na existência do crédito negado Por fim, requer seja cancelado o débito fiscal reclamado. O julgamento do presente recurso foi convertido em diligência a fim de que a DRF de origem examinasse as alegações do Contribuinte e os documentos juntados, e também para que se verificasse se realmente existe pagamento a maior do tributo e suas conseqüências no PER/DCOMP apresentado. A diligência foi realizada. É o Relatório. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 26 /02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.903956/200966 Acórdão n.º 3301002.569 S3C3T1 Fl. 188 5 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos na lei e deve ser conhecido. A minuciosa e efetiva diligência foi realizada pela DRF/Belém, solicitada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para que se procedesse à apuração da Contribuição para o PIS, período de apuração 31/12/2004. O contribuinte alega que “ao apurar o valor do PIS devida em 31/12/2004, a empresa não considerou os créditos tributários acumulados até o período”. Isso gerou para a empresa um valor a pagar de R$ 63.808,67 , que foi efetivamente recolhido por meio de DARF. Posteriormente, houve a retificação do Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais (DACON), referente ao 4º trimestre de 2004. A retificação teve o efeito de fazer com que os créditos provenientes do PIS não cumulativo fossem suficientes para compensar os valores da contribuição devida. Dessa forma, o valor recolhido anteriormente a título de PIS seria indevido. Sendo assim, a diligência analisou o DACON, referente ao 4º trimestre de 2004, para aferir se há contribuição a pagar para esse período de apuração, se o pagamento efetuado pelo contribuinte é indevido e quais os efeitos sobre o PER/DCOMP objeto do presente processo. A análise verificou os créditos de PIS já que esses créditos podem ser utilizados para dedução do valor da contribuição a recolher conforme estabelece O cálculo dos créditos de PIS, pelo fato de poderem ser utilizados para dedução da contribuição a recolher, influenciam diretamente o valor da contribuição a pagar o que representa informação fundamental para determinar se o valor pago pelo contribuinte foi indevido. A diligência analisou com precisão todas as glosas realizadas pela fiscalização e concordou totalmente com o procedimento realizado. Posteriormente, a diligência realizou a recomposição da base de cálculo e dos créditos do PIS no período em tela. Após a análise, verificouse que mesmo tendo sido efetuadas glosas o contribuinte ainda possui créditos suficientes para compensar a contribuição apurada, ou seja, não houve contribuição a pagar para o período analisado conforme demonstrado na recomposição do DACON referente ao 4º trimestre de 2004. Sendo assim, constatou que o pagamento de R$ 63.808,67 , do período de apuração de 31/12/2004, é indevido e pode ser utilizado para compensar os débitos declarados no PER/DCOMP nº 29555.88411.270906.1.3.041330. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 26 /02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.903956/200966 Acórdão n.º 3301002.569 S3C3T1 Fl. 189 6 Assim, pelos fatos expostos, voto por dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo o direito creditório até o limite do crédito. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator (ASSINADO DIGITALMENTE) LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Fl. 189DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 26 /02/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 12898.001534/2009-21
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1998 a 30/07/1998
PREVIDENCIÁRIO. VERDADE MATERIAL.LANÇAMENTO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL.
É um princípio específico do processo administrativo.
A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade.
Se o lançamento contiver vício estiver instalado na produção, em sua dinâmica, com defeito na composição, mediante explícita presunção e ausência de provas, ônus do sujeito ativo, ensejará a nulidade dado que maculado de vício material comprometedor do crédito e da sua motivação
Processo Anulado
Numero da decisão: 2403-002.885
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Daniele Souto Rodrigues e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas. Vencido o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente.
Ivacir Júlio de Souza - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Ivacir Julio de Souza, Daniele Souto Rodrigues, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Ausentes Justificadamente Os Conselheiros Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro E Marcelo Magalhaes Peixoto.
Nome do relator: IVACIR JULIO DE SOUZA
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VERDADE MATERIAL.LANÇAMENTO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. É um princípio específico do processo administrativo. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Se o lançamento contiver vício estiver instalado na produção, em sua dinâmica, com defeito na composição, mediante explícita presunção e ausência de provas, ônus do sujeito ativo, ensejará a nulidade dado que maculado de vício material comprometedor do crédito e da sua motivação Processo Anulado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Daniele Souto Rodrigues e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas. Vencido o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari Carlos Alberto Mees Stringari Presidente. Ivacir Júlio de Souza Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Ivacir Julio de Souza, Daniele Souto Rodrigues, Elfas Cavalcante AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 15 34 /2 00 9- 21 Fl. 801DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 Lustosa Aragão Ausentes Justificadamente Os Conselheiros Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro E Marcelo Magalhaes Peixoto. Fl. 802DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Tendo os processos de nº12898.001535/200976 e 12898.001533/200987 me destinados por sorteio para minha relataria, cumpre registrar que nas instruções de ambos, apensaramse por conexos ao presente. Lido e compulsado os autos, por corroborar o Relatório do voto de primeira instância, com grifos de minha autoria, abaixo o transcrevo na íntegra : "Tratase de crédito tributário lançado pela fiscalização AI DEBCAD 37.245.4321 referente às contribuições devidas à Seguridade Social correspondentes à parte da empresa, em substituição às lançadas através da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n° 35.442.2774, anulada pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), conforme Acórdão n° 1326/2005, prolatado pela 2 a CAJ Câmara de Julgamento, em 23/05/2005, sob a motivação de vício formal, acarretado pela omissão, no anexo relativo aos Fundamentos Legais do Débito, do dispositivo legal que autoriza o arbitramento das contribuições previdenciárias através de aferição indireta. 2. Na forma do Relatório de fls. 07, o valor originalmente lançado representava R$ 569.344,34 consolidado em 17/09/2009 3. De acordo com o relatório fiscal, de fls. 22/29, a apuração deuse com base no instituto da responsabilidade solidária, decorrente da execução de serviços de construção civil pela empresa SELTE SERVIÇOS ELÉTRICOS E TELEFÔNICOS LTDA, CNPJ 50.708.700/000103, uma vez que a contratante não comprovou o recolhimento das contribuições (cotas patronais) incidentes sobre as remunerações dos segurados, incluídas em notas fiscais e/ou faturas correspondentes aos serviços executados, na forma determinada pela legislação previdenciária. 4. Explica o autuante que, diante da omissão de documentos, utilizando da prerrogativa contida nos parágrafos 3° e 6° do artigo 33 da lei n° 8.212/91, arbitrou a base de cálculo das contribuições lançadas, a partir do valor das Notas Fiscais emitidas pela prestadora, adotandose o percentual de 40% determinado pela Instrução Normativa n° 03/2005. 5. Ressalta que, por se tratar de lançamento substitutivo de contribuições lançadas em procedimento fiscal anterior, foram considerados todos os documentos apresentados tanto no decorrer da ação fiscal, como no curso do procedimento administrativo de julgamento, tendo sido já consideradas as retificações anteriormente feitas durante o julgamento administrativo do processo anulado Fl. 803DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 Da impugnação 6. Dentro do prazo regulamentar, a notificada contestou o lançamento através do instrumento de fls. 48/61, no qual apresenta os argumentos a seguir reproduzidos, em síntese: 6.1. Uma análise cuidadosa da legislação aponta que a existência de solidariedade pressupõe a aferição da efetiva existência do débito cobrado, primeiramente, fiscalizando o devedor principal (contratado). No presente caso, a lógica está invertida. Somente após a constatação de que a contratada deixou de recolher as contribuições é que se poderia exigir da impugnante o tributo devido. 6.2. O interesse comum a que se refere o art. 124 do CTN é aquele existente entre o sujeito e o fato gerador, o vínculo jurídico. Não se trata, contudo, de qualquer vínculo, mas apenas do vínculo ab origine que os une. 6.3. Cita exemplos, colaciona excertos doutrinários e arestos em abono de suas teses. 6.4. A responsabilidade solidária imputada por aferição indireta somente é cabível como medida excepcional quando a fiscalização constatar que a contabilidade da empresa prestadora não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço. 6.5. Inexiste solidariedade para o caso dos autos pois os serviços prestados pela SELTE à Impugnante são de fornecimento e montagem de máquinas na área de telefonia, e não de construção civil ou cessão de mãodeobra. Outrossim, o caso é ainda de empreitada global, não havendo solidariedade. 6.6. Afirma que a prestadora dos serviços recolheu regularmente os tributos devidos no período autuado, sendo a prova da quitação do período lançado suficiente para afastar a exigência. Acosta documentos de quitação de obrigações previdenciárias. Alega ser inadmissível que se exija novamente do responsável solidário as contribuições já pagas, sendo também ilegítimo o arbitramento efetuado. 6.7. Entende que, como o Auto de Infração foi lavrado após a edição da MP n° 449/08, o caso é de aplicação da multa prevista na Lei n° 9.430/96, no valor de 0,33 ao dia até o limite de 20% do valor do débito. 6.8. Por fim, pede a procedência da impugnação, protestando por prova pericial e juntada posterior de documentos que eventualmente se façam necessários. 7. Regularmente notificada do lançamento, conforme se verifica às fls. 45, a contratada deixou transcorrer in albis o prazo de defesa. 8. É o relatório." DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Fl. 804DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 4 5 No Acórdão n° 1236.766, às fls.701, em 18 de abril de 2011 a 13ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio d e Janeiro I DRJ/RJO I, manteve o débito e referindose ao valor principal decidiu conforme abaixo: "Vistos, relatados e discutidos os autos do processo em epígrafe (AI n° 37.245.4321), ACORDAM os membros da Turma, por unanimidade de votos, negar provimento à impugnação, nos termos do relatório e voto que este decisum passam a integrar, para considerar devido o crédito tributário no valor principal de R$ 189.796,15, acrescido de juros e multa moratória a serem calculados na data da liquidação " DO RECURSO VOLUNTÁRIO Irresignada com a decisão de primeira instância a autuada interpôs Recurso Voluntário às fls. 733. Despacho de fls. 774 registra que o contribuinte solidário não apresentou manifestação . Aduz que na peça recursal interposta a autuada reiterou as alegações que fizera em sede de impugnação. É o Relatório. Fl. 805DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 Voto Conselheiro Ivacir Júlio de Souza DA TEMPESTIVIDADE O recurso é tempestivo. Aduz que se reveste dos pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DAS PREJUDICIAIS DE MÉRITO DOS CONTRATOS E DAS NOTAS FISCAIS Como visto alhures , tratase de crédito tributário lançado pela fiscalização AI DEBCAD AI DEBCAD 37.245.4321 referente às contribuições devidas à Seguridade Social correspondentes à parte da empresa, em substituição às lançadas através da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n° 35.442.2774, anulada pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), conforme Acórdão n° 1326/2005, prolatado pela 2 a CAJ Câmara de Julgamento, em 23/05/2005, sob a motivação de vício formal, acarretado pela omissão, no anexo relativo aos Fundamentos Legais do Débito, do dispositivo legal que autoriza o arbitramento das contribuições previdenciárias através de aferição indireta. Referindose aos autos da NFLD substituída de n° 35.442.2774, que , ressaltese não constam colacionados no presente, a i. Julgadora a quo, registra que em relação às cópias das notas fiscais trazidas já teriam sido analisadas em processo anterior: "20. Em relação às cópias das notas fiscais trazidas aos autos, verificaseque já foram analisadas em processo anterior, conforme se depreende das decisões proferidas nos autos da NFLD 35.442.2774. Como informa o Auditor Fiscal, o presente Auto de Infração já contempla todas as retificações efetuadas em função da apresentação de documentos no julgamento do processo administrativo anulado. " Na forma da planilha produzida e colacionada às fls. 29 pela autoridade autuante e, ainda, no registro no item 6.2 do Relatório Fiscal, a remuneração da mãodeobra contida nas notas fiscais/faturas/recibos foi motivo sim de revisão no presente lançamento conforme se verifica no abaixo transcrito: 6.2 As remunerações da mãodeobra contidas nas notas fiscais/faturas/recibos foram calculadas com a aplicação, sobre o valor total das notas fiscais/faturas/recibos, dos percentuais previstos no inciso I do art. 600 da Instrução Normativa IN SRP n° 03, de 14/07/05, da Secretaria da Receita Previdenciária, abaixo transcrita, conforme demonstrado no anexo 01 a este relatório. IN SRP n° 03. de 14/07/05: Fl. 806DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 5 7 Art. 600. Para fins de aferição, a remuneração da mãodeobra utilizada na prestação de serviços por empresa corresponde ao mínimo de: I quarenta por cento do valor dos serviços constantes da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços;" Nos contratos de fls. 108, 112 (destaque para fls 114) , 119( destaque para fls. 121) registram pactos de empreitada global com fornecimento de material e no de fls 129, inclusive projetos executivo. Relevante fazer o destaque tendo em vista que ao se estabelecer as bases de cálculo das remuneração mediante aferição indireta a autoridade autuante considerou os valores totais das notas como mão de obra conforme revela no item 6.2 de seu relatório fiscal às fls. 24: 6.2 As remunerações da mãodeobra contidas nas notas fiscais/faturas/recibos foram calculadas com a aplicação, sobre o valor total das notas fiscais/faturas/recibos, dos percentuais previstos no inciso I do art. 600 da Instrução Normativa IN SRP n° 03, de 14/07/05, da Secretaria da Receita Previdenciária, abaixo transcrita, conforme demonstrado no anexo 01 a este relatório. DOS RECOLHIMENTOS DA CONTRATADA Às fls. 195/245, registram guias de recolhimento GRPS da contratada efetuadas para pagamento no período autuado. A autuada reclama de que não houve aproveitamento dos valores e que o arbitramento de crédito tributário em face da Recorrente deve ser revisto em razão da existência de recolhimento prévio pela contratada. Ressaltese que nos autos não se alcançam aproveitados os recolhimentos mediante as GRPS da contratada nem para redução do crédito e tampouco para ilidir a responsabilidade do solidário. DA ORDEM DE SERVIÇO INSS/DAF Nº 185, DE 31 DE MARÇO DE 1998 No Relatório da instância a quo embora esta não tenha efetivamente se manifestado à respeito, se permite inferir que seu registro no item 5.3 corrobora o procedimento da autoridade autuante ao dar suporte ao lançamento pela instrução da Ordem de Serviço INSS/DAF N° 165, de 11/07/1997 que entendeu vigente à época dos fatos geradores , verbis: "5.3 O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS, através da Ordem de Serviço INSS/DAF n 165 de 11/07/97, alterada pela Ordem de Serviço INSS/DAF n° 185, de 31/03/1998, ... " Cumpre destacar o equívoco, posto que por ocasião dos fatos geradores a OS supra havia sido alterada pela nova redação dada pela ORDEM DE SERVIÇO INSS/DAF Nº 185, DE 31 DE MARÇO DE 1998, cujo art. 21 tratava da elisão da responsabilidade solidária Fl. 807DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 decorrente de serviços prestados por empresas de construção civil, podendo essa ser elidida à vista de apresentação de cópia de GRPS com recolhimento englobado no CGC da empresa, ou mediante a consulta ao contacorrente de suas contribuições no INSS, nos meses em que houver a prestação de serviço, não se aplicando o disposto no item 16 e subitens 27.1 e 27.2, na hipótese de o serviço estar incurso no rol descrito no Anexo I da OS supra, verbis: " ASSUNTO: Altera a ORDEM DE SERVIÇO INSS/DAF n °165, de 11 d julho de 1997, que estabelece critérios e rotinas para a fiscalização de obra de construção civil de responsabilidade de pessoa jurídica e construção em nome coletivo. (...) 21 A responsabilidade solidária decorrente de serviços prestados por empresas de construção civil que exerçam atividades relacionadas no Anexo I poderá ser elidida à vista de apresentação de cópia de GRPS com recolhimento englobado no CGC da empresa, ou mediante a consulta ao contacorrente de suas contribuições no INSS, nos meses em que houver a prestação de serviço, não se aplicando o disposto no item 16 e subitens 27.1 e 27.2." Como visto alhures, o período autuado constituiu créditos sobre os fatos geradores ocorridos nas competências 01 a 07/1998, na vigência pois da ORDEM DE SERVIÇO INSS/DAF Nº 185, DE 31 DE MARÇO DE 1998. Os contratos colacionados às fls. 108 a 121, pactuaramse serviços para construção de rede externa duto. Não houve aprofundamento na ação fiscal para se obter informações sobre se os serviços estariam ou não enquadrados no rol descrito no Anexo I abaixo transcrito, da OS/INSS/DAF Nº 165 alterado pela OS/INSS/DAF N 185/98. : "Anexo I da os/inss/daf nº 165, de 11/07/97, alterado pela os/inss/daf nº 185 , de 31/03/98 Atividades não sujeitas a exigibilidade de GRPS específica para isenção de responsabilidade solidária (GRPS GENÉRICA) a) instalação de estrutura metálica; b) instalação de estrutura de concreto armado (prémoldada); c) jateamento de areia; d) impermeabilização; e) obras complementares, em edificações, de: ajardinamento. recreação; terraplenagem; urbanização; f) fundações especiais (exceto lajes de fundação “radiers”); g) instalações de: antena; aquecedor; arcondicionado; bomba de recalque; Fl. 808DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 6 9 calefação; elevador; equipamento de garagem; equipamentos de segurança e contraincêndio; esquadrias de alumínio; fogão; incineração; playground; sistema de aquecimento a energia solar; telefone interno; ventilação e exaustão. h) colocação de gradis; i) perfuração de poço artesiano; j) sondagem de solo; l) controle de qualidade de materiais; m) montagem de torres; n) locação de equipamentos; o) serviços de topografia. " DA AFERIÇÃO INDIRETA A autoridade autuante revela no item 6 e 6.1 de seu Relatório Fiscal que procedeu lançamento por aferição indireta com respaldo nos § § 3° e 6° do art. 33 da Lei 8.212/91, verbis: "6 Apuração das bases de cálculo dos valores lançados: 6.1 Considerando o disposto nos subitens 5.1 a 5.4, esta fiscalização usou da prerrogativa contida no parágrafo 3° e 6° do artigo 33 da Lei Na 8.212/91, transcrito abaixo, efetuando lançamento do débito por arbitramento, sendo as bases de cálculo das contribuições devidas apuradas tendo como critério a aferição indireta: "Art. 33. § 3a Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro Social INSS e o Departamento da Receita Federal DRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário" Cabe ressaltar que embora a autoridade autuante tenha registrado que o lançamento por aferição indireta teve fulcro , também, no § 6° do artigo 33 da Lei n° 8.212/91, colacionou apenas o comando previsto no 3°. Aduz que na forma do preceituado no § 6º a aferição indireta é procedimento previsto para hipótese de no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento. Na leitura do Fl. 809DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 10 Relatório Fiscal não se encontra registro desconsiderando a contabilidade ou a autenticidade de qualquer outro documento que a autoridade autuante tenha tido acesso e assim proceder com aferição indireta, verbis:" § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário " DAS INSTRUÇÕES SUPERVENIENTES Retornando ao multicitado item 6.2 do Relatório Fisca, a autoridade autuante registra que aferiu as remunerações da mãodeobra contidas nas notas fiscais/faturas/recibos com base no art. 600 da Instrução Normativa IN SRP n° 03, de 14/07/05. Assim, tendo presente que a autuação referese aos fatos geradores compreendidos no período 01 a 10 de 1998 , a instrução é claramente superveniente, verbis: "6.2 As remunerações da mãodeobra contidas nas notas fiscais/faturas/recibos foram calculadas com a aplicação, sobre o valor total das notas fiscais/faturas/recibos, dos percentuais previstos no inciso I do art. 600 da Instrução Normativa IN SRP n° 03, de 14/07/05, da Secretaria da Receita Previdenciária, abaixo transcrita, conforme demonstrado no anexo 01 a este relatório. IN SRP n° 03. de 14/07/05: "Art. 600. Para fins de aferição, a remuneração da maodeobra utilizada na prestação de serviços por empresa corresponde ao mínimo de: I quarenta por cento do valor dos serviços constantes da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços;" " DA NECESSIDADE DE AUDITORIA FISCAL NA CONTRATADA Enfrentando a questão em epígrafe, na condução do voto, a i. Julgadora exortando a Portaria MPS/SRP/DEFIS n° 02, de 05 de fevereiro de 2007, ressaltese, instrução superveniente aos fatos geradores, ela mesma sublinhou que ali se determina que o auditor deveria ter verificado as informações relativas a empresa contratada, visando à verificação da regularidade da obrigação tributária a ser exigida, de forma a evitar o lançamento de crédito já extinto. Na oportunidade a instância a quo citando a decisão que anulou a NFLD substituta afirmou que não há registro de fiscalizações com exame da contabilidade na prestadora : "17. De acordo com a Portaria MPS/SRP/DEFIS n° 02, de 05 de fevereiro de 2007 Anexo II, item 8.4.3, o auditor deverá analisar as informações disponíveis relativas a todos os devedores solidários, visando à verificação da regularidade da obrigação tributária a ser exigida, de forma a evitar o lançamento de crédito já extinto ou que já esteja sendo discutido ou cobrado judicial ou administrativamente. Fl. 810DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 7 11 18. Conforme as informações constantes da decisão anterior, não há registro de fiscalizações com exame da contabilidade na prestadora, o que, por si só, considerando a inexistência de benefício de ordem na solidariedade, autoriza o procedimento na empresa tomadora, tendo em vista restar afastada a possibilidade de lançamento em duplicidade. 19. Assim, restou comprovado que não houve extinção do crédito pelo pagamento ou sua inexigibilidade decorrente de outro lançamento com o mesmo objeto. " A decisão a qual o i. Julgador se refere no item 18 encimado, consta colacionada às fls.30 e tratase do Acórdão 0001326 que, em 23/05/2005, anulou a NFLD substituída dando origem ao lançamento em comento. Salvo melhor exame, no sobredito acórdão não se fez registro algum de que a contratada tenha sido fiscalizada com ou sem exame da contabilidade no período anulado. Informações concretas sobre ter havido ou não a fiscalização, mesmos nos dias presentes podem ser obtidas mediante simples consulta nos sistemas para em seguida se colacionar para efeito de provas. A respeito do sobredito, o art. 37 da lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, preceitua que ocorrendo a existência de fatos e dados registrados em documentos na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício sua obtenção , verbis : "Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. " Anterior a Portaria MPS/SRP/DEFIS n° 02, de 05 de fevereiro de 2007, a que se refere o i. Julgador , com o mesmo propósito, a portaria SRP/DEFIS nº 018, de 10 de outubro de 2006, embora também superveniente, por conservadorismo, para evitar a nulidade dos lançamentos do gênero em comento, a Administração já houvera determinado que nas ações fiscais as autoridades autuantes verificassem se foram analisadas as informações disponíveis relativas ao devedor solidário, de que não houve ação fiscal com exame de contabilidade contra este e que os créditos referentes a prestação de serviço então tributada não foram objeto de lançamento anterior e ainda que tal cumprimento devesse constar do Relatório Fiscal, vide anexo IV, item 11.4.3 da referida Portaria A essência do que fora determinado na Portaria revela diligente preocupação da Administração e não traz nada de original posto que tal procedimento deveria ter sido sempre praticado. Aduz que não consta do Relatório Fiscal que tais aspectos tivessem sido observados na ação fiscal em comento. DA JURISPRUDÊNCIA Fl. 811DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 12 Não tendo havido registro nos autos das providências supracitadas , a jurisprudência deste Conselho concorre para concluir pela nulidade do lançamento, senão vejamos : “ SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo n° 11330.000934/200749 Recurso n° 150.621 De Oficio Matéria RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Acórdão 20601.551 Sessão de 06 de novembro de 2008 Recorrente DRJ RIO DE JANEIRO Interessado PETROBRÁS PETRÓLEO BRASILEIRO S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/1995 a 31/05/1998 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO RECURSO DE OFICIO NOTIFICAÇÃO FISCAL E LANÇAMENTO DE DÉBITO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA PROCEDIMENTO FISCAL NA CONTRATADA EXAME DA CONTABILIDADE LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE. A autoridade fiscal constatando que um ou mais dos devedores solidários havia sido objeto de auditoria fiscal com exame da contabilidade, o auditor deveria absterse de constituir o crédito previdenciário. ( grifos do Relator) Recurso de Oficio Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o(a) advogado(a) da recorrente Dr(a). Renato de Oliveira Silva, OAB/RJ n° 133.477. ELIAS SAMPAIO FREIREPresidente ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto, Bemadete de Oliveira Barros, Cleusa Vieira de Souza, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. ” “ Segundo Conselho de Contribuintes. 6ª Câmara. Turma Ordinária Fl. 812DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 8 13 Acórdão nº 20601550 do Processo 11330000897200731 06/11/2008 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1995 a 30/11/1998 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO RECURSO DE OFÍCIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA PROCEDIMENTO FISCAL NA CONTRATADA EXAME DA CONTABILIDADE LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE. A autoridade fiscal constatando que um ou mais dos devedores solidários havia sido objeto de auditoria fiscal com exame da contabilidade, o auditor deveria absterse de constituir o crédito previdenciário. Recurso de Ofício Negado.” “Segundo Conselho de Contribuintes. 6ª Câmara. Turma Ordinária Acórdão nº 20601548 do Processo 11330000889200794 06/11/2008 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1995 a 31/05/1998 Ementa: PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO RECURSO DE OFÃ CIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA PROCEDIMENTO FISCAL NA CONTRATADA EXAME DA CONTABILIDADE LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE. A autoridade fiscal constatando que um ou mais dos devedores solidários havia sido objeto de auditoria fiscal com exame da contabilidade, o auditor deveria absterse de constituir o crédito previdenciário. Recurso de Ofício Negado.” “Segundo Conselho de Contribuintes. 6ª Câmara. Turma Ordinária Acórdão nº 20601702 do Processo 11330000890200719 04/12/2008 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1995 a 30/03/1996 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Não cabe o lançamento por solidariedade na contratante de serviços com cessão de mãodeobra quando constatada a ocorrência de ação fiscal na empresa prestadora, com exame de contabilidade por todo o período abrangido pelo lançamento. Recurso de Ofício Negado.” Fl. 813DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 14 DO STJ Na forma já pacificada no STJ, recente decisão no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.348.395 – RJ (2012∕02105299) vem de esposar a tese reiterada neste Conselho : " AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.348.395 – RJ (2012∕02105299) RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL AGRAVADO : LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S∕A ADVOGADOS : CARLOS HENRIQUE DA FONSECA MAURO ROBERTO GOMES DE MATTOS NYLSON DOS SANTOS JUNIOR EMENTA TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE PRESTADOR E TOMADOR DE SERVIÇOS. ART. 31 DA LEI N. 8.212∕91 (REDAÇÃO ORIGINAL). CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VERIFICAÇÃO PRÉVIA DO PRESTADOR DE SERVIÇO. PRECEDENTES. SÚMULA 83∕STJ. 1. A jurisprudência do STJ reconhece, nos termos do art. 31 da Lei n. 8.212∕91, com a redação vigente até 1º.2.1999, a inviabilidade de lançamento por aferição indireta, com base tão somente nas contas do tomador do serviço, pois, para a devida constituição do crédito tributário, fazse necessário observar se a empresa cedente recolheu ou não as contribuições devidas, o que, de certo modo, implica a precedência de fiscalização perante a empresa prestadora, ou, ao menos, a concomitância. Incidência da Súmula 83∕STJ. 2. O entendimento sufragado não afasta a responsabilidade solidária do tomador de serviço, até porque a solidariedade está objetivamente delineada na legislação infraconstitucional. Reprimese apenas a forma de constituição do crédito tributário perpetrada pela Administração Tributária, que arbitra indevidamente o lançamento sem que se tenha fiscalizado a contabilidade da empresa prestadora dos serviços de mão de obra. Agravo regimental improvido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: “A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)Relator(a), sem destaque e em bloco.” Fl. 814DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 9 15 Os Srs. Ministros Herman Benjamin (Presidente), Mauro Campbell Marques, Diva Malerbi (Desembargadora convocada TRF 3a. Região) e Castro Meira votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 27 de novembro de 2012(Data do Julgamento) MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relato DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL SUPERVENIENTE Às fls.08, no Relatório de Fundamentos Legais do Débito FLD restou consolidado no item 061 a motivação legal para aferição indireta na construção civil onde se utilizaram da Lei 10.256, de 09.07.2001, também posterior aos fatos geradores : " 061 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS APURADAS POR AFERIÇÃO INDIRETACONSTRUCAO CIVIL 061.03 Competências : 01/1998 a 07/1998 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 33 (com redação posterior da Lei n. 10.256, de 09.07.2001), parágrafos 3., 4. e 6.; Regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social ROCSS, aprovado pelo Decreto n. 2.173, de 05.03.97, artigos 50, 52, 53 e 54; " Por fim, é de realce observar que não bastasse as ocorrências encimadas, às fls. 21 , na Emissão do Termos de Encerramento de Procedimento Fiscal TEPF, no que concerne a informação da Descrição do Procedimento Fiscal, a autoridade autuante, no campo reservados aos documentos examinados, dentre os rol pré definido, registrou que somente examinou o Livro de Registro de Empregados DA ADMINISTRAÇÃO E DA REVISÃO DOS ATOS O dever de a Administração rever seus atos, zelando pela sua legalidade, está expresso no artigo 53, da Lei 9.784/1999 e na Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL A verdade material é um princípio específico do processo administrativo, contrapondose ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil. Fl. 815DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 16 O processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fator gerador e a constituição do crédito tributário. Deve, portanto, o julgador, exaustivamente, pesquisar se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado. Dessa forma o administrador é obrigado a buscar não só a verdade posta no processo como também a verdade de todas as formas possíveis. A própria administração produz provas a favor do contribuinte, não podendo ficar restrito somente ao que consta no processo. DA NULIDADE A inteligência do § 1º, II do artigo 59 do decreto 70.235/72 permite constatar que a nulidade do ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. “ O Decreto 70.235/72 : Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. Se o lançamento apresentar vício em seu processo de formação não respeitando os dispositivos de sua formalização, é caso de anulação, por vício de forma. Se o vício estiver instalado na produção, em sua dinâmica, com defeito na composição, mediante explícita presunção e ausência de provas, ônus do sujeito ativo, ensejará a nulidade dado que o conteúdo do ato estará eivado de vício material comprometedor do crédito e da sua motivação . DO ART. 142 DO CTN Aduz que no comando do artigo 142 do Código Tributário Nacional – CTN , o legislador determinou cumprir com clareza a motivação do lançamento, verbis: “ Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Fl. 816DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 12898.001534/200921 Acórdão n.º 2403002.885 S2C4T3 Fl. 10 17 Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Em razão de tudo que foi exposto, não há como corroborar sustentável o lançamento posto que eivado de VÍCIOS INSANÁVEIS. Desse modo , por economia processual, sequer adentro o mérito. CONCLUSÃO Desse modo, conheço do Recurso para em PRELIMINAR determinar a nulidade por VÍCIO MATERIAL . É como voto. Ivaccir Júlio de Souza Relator Fl. 817DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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