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Numero do processo: 19515.003506/2004-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Aug 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ)
Exercício: 1999
INOVAÇÃO DE QUESTÕES NO ÂMBITO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos dos artigos 16, inciso III e 17, ambos do Decreto n. 70.235/72, e, ainda, não se tratando de uma questão de ordem pública, deve o contribuinte em impugnação desenvolver todos os fundamentos fático-jurídicos essenciais ao conhecimento da lide administrativa, sob pena de preclusão da matéria, impondo seu não conhecimento.
PRECLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES RECURSAIS.
As razões recursais são genéricas e limitadas, em nada inovando ou questionando especificamente a decisão recorrida. Entretanto, mais de 03 anos após a interposição do referido recurso voluntário, o contribuinte apresenta novas manifestações que, em verdade, acabam se apresentando como novos recursos, inovando em alegações e fundamentos. O Regimento do CARF é absolutamente claro quanto a estas situações, tal qual o RPAF que em seu art. 16 veda a inovação de tese defensiva salvo exceções legais. Permitir que o contribuinte apresente novo recurso sempre que mudar sua representação processual é fazer da lide administrativa inesgotável. E de fato, entendo que o caso concreto não se amolda a nenhuma das exceções previstas, razão pela qual entendo ter-se operado a preclusão.
CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF N. 02.
À autoridade julgadora é vedado afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que é impossível apreciar as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da vedação ao confisco, razoabilidade e proporcionalidade. Inteligência da Súmula CARF n. 02.
DECADÊNCIA. LUCRO PRESUMIDO. CONTAGEM DO PRAZO. GANHO DE CAPITAL. ENCERRAMENTO DO TRIMESTRE.
Inicia-se a contagem do prazo decadencial para a constituição dos créditos tributários de IRPJ e CSLL apurados na sistemática do Lucro Presumido a partir do encerramento do trimestre em que verificou-se a ocorrência do fato gerador, não há de se falar em inércia do Fisco antes de seu vencimento.
Numero da decisão: 1401-003.585
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, tão somente para reconhecer a decadência dos créditos tributários apurados nos três primeiros trimestres do exercício de 1999.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Daniel Ribeiro Silva- Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Daniel Ribeiro Silva (Vice-Presidente), Abel Nunes de Oliveira Neto Carlos André Soares Nogueira, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Letícia Domingues Costa Braga e Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (suplente convocada em substituição ao Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues). Ausente justificadamente o Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: DANIEL RIBEIRO SILVA
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IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos dos artigos 16, inciso III e 17, ambos do Decreto n. 70.235/72, e, ainda, não se tratando de uma questão de ordem pública, deve o contribuinte em impugnação desenvolver todos os fundamentos fático-jurídicos essenciais ao conhecimento da lide administrativa, sob pena de preclusão da matéria, impondo seu não conhecimento. PRECLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES RECURSAIS. As razões recursais são genéricas e limitadas, em nada inovando ou questionando especificamente a decisão recorrida. Entretanto, mais de 03 anos após a interposição do referido recurso voluntário, o contribuinte apresenta novas manifestações que, em verdade, acabam se apresentando como novos recursos, inovando em alegações e fundamentos. O Regimento do CARF é absolutamente claro quanto a estas situações, tal qual o RPAF que em seu art. 16 veda a inovação de tese defensiva salvo exceções legais. Permitir que o contribuinte apresente novo recurso sempre que mudar sua representação processual é fazer da lide administrativa inesgotável. E de fato, entendo que o caso concreto não se amolda a nenhuma das exceções previstas, razão pela qual entendo ter-se operado a preclusão. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF N. 02. À autoridade julgadora é vedado afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que é impossível apreciar as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da vedação ao confisco, razoabilidade e proporcionalidade. Inteligência da Súmula CARF n. 02. DECADÊNCIA. LUCRO PRESUMIDO. CONTAGEM DO PRAZO. GANHO DE CAPITAL. ENCERRAMENTO DO TRIMESTRE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 35 06 /2 00 4- 31 Fl. 279DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1401-003.585 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19515.003506/2004-31 Inicia-se a contagem do prazo decadencial para a constituição dos créditos tributários de IRPJ e CSLL apurados na sistemática do Lucro Presumido a partir do encerramento do trimestre em que verificou-se a ocorrência do fato gerador, não há de se falar em inércia do Fisco antes de seu vencimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, tão somente para reconhecer a decadência dos créditos tributários apurados nos três primeiros trimestres do exercício de 1999. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva- Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Daniel Ribeiro Silva (Vice-Presidente), Abel Nunes de Oliveira Neto Carlos André Soares Nogueira, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Letícia Domingues Costa Braga e Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (suplente convocada em substituição ao Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues). Ausente justificadamente o Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte em face do Acordão proferido pela DRJ - DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE JULGAMENTO Receita Federal - SÃO PAULO que julgou improcedente a Impugnação Administrativa apresentada pelo contribuinte que não reconheceu a decadência do crédito tributário suscitada pelo Contribuinte. Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado, em 29/12/2004, o auto de infração de IRPJ (fls. 173/174), em razão da constatação de divergências entre os valores declarados e os escriturados e pagos, com fulcro no enquadramento arrolado em fls. 174. Cientificado, em 30/12/2004, o contribuinte apresenta, em 31/01/2005, a impugnação de fls. 177/185, alegando em síntese que: a) teria ocorrido à decadência, e o direito de lançar estaria extinto; b) a multa de oficio seria confiscatória; Fl. 280DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1401-003.585 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19515.003506/2004-31 c) diz que “as penalidades previstas" na lei, devem observar o principio da proporcionalidade, ou seja, V. legislador deve pautar-se por critérios de razoabilidade na fixação das multas, sob pena' de afronta direta -ao texto constitucional, que veda peremptoriamente o tributo ou multa (obrigação acessória), com efeito confiscatório, uma vez que os dados do auto em apreço, foram fornecidas pela Impugnante”; d) os créditos lançados pelo Fisco teriam sido objeto de pedido de parcelamento (PAES _ PEDIDO DE PARCELAMENTO ESPECIAL), conforme anexo documento n°1. O Acórdão (nº 16-13.338 – 5º Turma da DRJ/SPOI) recorrido teve a seguinte ementada: Assumo: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Ano-calendário: 1999 DECADÊNCIA. PRAZO. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. MULTA DE OFICIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa nos moldes da legislação que a instituiu, sendo a hipótese de prestação pecuniária compulsória inadimplida. PAES. FALTA DE RECOLHIMENTO. Comprovada a improcedência da alegada inclusão na declaração PAES, dos débitos apurados na ação fiscal, mantém-se a exigência. Lançamento Procedente. Às fls. 230 dos autos – O contribuinte ASPRO PLASTIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ARTIGOS PLÁSTICOS E FERRAMENTARIA LTDA), interpõe Recurso Voluntário alegando em síntese: a) Afirma que “a decadência começa quando termina o prazo para a homologação do tributo, ou seja, cinco anos depois de ocorrido o respectivo fato gerador no ano-base de 1999”. Fl. 281DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1401-003.585 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19515.003506/2004-31 b) Diz que “erroneamente, o agente fiscal informou o valor de RS 144.992,80 (cento e quarenta e quatro mil novecentos e noventa e dois reais e oitenta centavos) a título de IRPJ a recolher, contra um valor total de IRPJ declarado em DCTF no montante de R$ 17.556,68 (dezessete mil quinhentos e cinqüenta e seis reais e sessenta e oito centavos), existindo uma diferença”. c) E que “nos termos do artigo 12, parágrafo 2°, do referido decreto lei, “o fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa ou a manutenção, no passivo de, de obrigações já pagas, autoriza a presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção”. d) Aduz que “o legislador constitucional de 1988 preocupou-se com o exagero do fisco na arbitragem de multa, ocasião em que inovou no sentido de que a partir da nova Carta fosse atendido o princípio da capacidade contributiva, conforme dispõe o parágrafo 1°, do art. 145 da Constituição Federal. Sendo assim a aplicação da multa inserida no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96 é considerada totalmente arbitrária”. e) Requereu “o conhecimento do presente recurso voluntário, determinado a extinção do processo administrativo, bem como o seu arquivamento nos termos da legislação vigente”. Às fls. 274 dos autos – Petição apresentada por CÉSAR AUGUSTO ZAPPA (procurador da empresa ASPRO PLASTIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ARTIGOS PLÁSTICOS LTDA), informando a renúncia ao Mandato. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Daniel Ribeiro Silva - Relator. Observo que as referências a fls. feitas no decorrer deste voto se referem ao e- processo. O recurso é tempestivo e preenche os requisitos para a sua admissibilidade, portanto dele conheço. Antes mesmo da análise das alegações relativas à decadência e à confiscatoriedade da multa, entendo necessário apreciar a possibilidade da Recorrente impugnar o mérito do lançamento. Fl. 282DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1401-003.585 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19515.003506/2004-31 Isto porque, como bem relatado, em sua impugnação o contribuinte tão somente alegou: (i) decadência; (ii) confiscatoriedade da multa e sua desproporcionalidade, e; (iii) inclusão do débito no PAES. Como resta claro, nada mais argüiu no mérito. Entretanto, em sede recursal o contribuinte inova em suas razões, trazendo novas alegações meritórias que, além de não dialogarem com a decisão recorrida, constituem-se em inovações de defesa. Ressalte-se, por oportuno, inclusive, que tais razões de mérito são desprovidas de qualquer racionalidade com o lançamento, visto que tratam de saldo credor de caixa. De toda forma, não poderia ser alegado no presente momento. Da análise das novas razões apresentadas, entendo que nenhuma das alegações se amolda ao conceito de questão de ordem pública ou de fato novo. As questões de ordem pública, que refletem a supremacia do interesse público sobre o interesse particular, são imperativos que devem ser reconhecidos de ofício pelo julgador para que se tenha a correta prestação jurisdicional por parte do julgador. As razões apresentadas pela recorrente são matérias que poderiam e deveriam ser alegadas desde a impugnação, e não o foram. Eventual defesa mal conduzida pelas recorrentes não pode justificar a apresentação de novas razões a qualquer tempo, sob pena de tornar o processo administrativo infindável. Também não se tratam de fatos novos. Os Recursos, como regra geral, devolvem ao órgão ad quem o conhecimento daquilo que tenha sido expressamente impugnado no órgão a quo dado o seu efeito tantum devolutum quantum appellatumm, estando o conhecimento de seus termos, salvo pelas matérias de ordem publica ou alegadas em decorrência direta da própria decisão, limitados aquilo que expressamente constou da impugnação. Tal entendimento, no âmbito do PAF, tem assento normativo no que prevê o art. 16, inciso III do Decreto nº 70.235/71 que impõem ao contribuinte o ônus de, em sua impugnação, trazer todos os fundamentos relevantes para o julgamento da lide administrativa. Logo, por exemplo, não tendo sido aventada a matéria em sede de impugnação e não se tratando de questão de ordem pública, fato novo ou decorrência lógica das articulações da própria decisão recorrida, resta precluso tal direito sendo vedado seu conhecimento por este colegiado, sob pena de haver a supressão de instância conforme se extrai do Art. 17 do Decreto nº 70.235/71. De fato, o art. 5º, LV da Constituição Federal garante aos litigantes em processo administrativo o direito ao contraditório e à ampla defesa. Ressalva, entretanto, na parte final, que o exercício desse direito deve observar os “meios e recursos a ela inerentes". O processo administrativo fiscal é regido pelos princípios do contraditório e ampla defesa, os quais foram plenamente respeitados. Também é regido pelo princípio da verdade material e da celeridade. Fl. 283DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1401-003.585 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19515.003506/2004-31 Este Tribunal administrativo busca alcançar a verdade material mas precisa fazê- lo dando celeridade e pondo fim ao litígio administrativo. Por se tratarem de princípios, necessário se faz realizar a ponderação de valores para se chegar a uma decisão mais justa. E nessa esteira é que o próprio RPAF já excepciona as situações de admissão posterior de documentos e defesas. Permitir que o contribuinte apresente novos recursos em qualquer momento é fazer da lide administrativa inesgotável. E de fato, entendo que o caso concreto não se amolda a nenhuma das exceções previstas, razão pela qual entendo ter-se operado a preclusão. Assim, face ao exposto, entendo restarem preclusas as razões de mérito arguídas pela recorrente. Quanto as alegações de confiscatoriedade e desproporcionalidade das multas aplicáveis cumpre ressaltar que o lançamento aplicou a penalidade prevista na lei vigente, e este Conselho não é competente para apreciar questões relativas à ilegalidade e/ou inconstitucionalidade. A propósito, a matéria resultou Sumulada junto ao Carf, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Deixo de apreciar tais argumentos. Passo a analisar a alegação de decadência, a qual é apresentada pela recorrente desde sua impugnação. Os fatos geradores reportam ao exercício de 1999, por sua vez, o contribuinte foi devidamente intimado do lançamento em 30/12/2004. Assim, alega restar decaído o direito de o Fisco lançar. A DRJ não acatou a impugnação sob o fundamento que, se tratando de um lançamento de ofício, aplicável o art. 173 do CTN, o que deslocaria o início da contagem do prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte. Entendo que ambos estão equivocados. Isto porque, a contagem do prazo decadencial depende tanto do tributo a ser exigido, quanto a sua forma de apuração. No presente caso, por se tratar de IRPJ e reflexos, todos sujeitos a lançamento por homologação, o deslocamento da contagem de início para o primeiro dia do exercício seguinte apenas ocorrem em casos de dolo, fraude, simulação ou ausência de recolhimento. Hipóteses que não foram suscitadas na acusação. Fl. 284DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1401-003.585 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 19515.003506/2004-31 Desta feita, aplica-se no presente caso o prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN, restando apenas aferir o termo a quo da contagem. No presente feito, deve se consignar que a Recorrente é optante pelo regime do Lucro Presumido. Tal modalidade de apuração tributária adota períodos trimestrais de vencimento. Nesse caso, a contagem do prazo decadencial deve ser feita levando em consideração o último dia de cada um dos 4 trimestres de apuração no exercício de 1999, posto que não há de se falar em inércia fiscal antes disso. Dentro de tal lógica, o prazo qüinqüenal de decadência, computado pelo art. 150 § 4º do CTN, tendo em vista que a intimação do lançamento se deu em 30/12/2004 é de se concluir que, tão somente o 4 trimestre não foi alcançado pela decadência. Desse modo, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, tão somente para reconhecer a decadência dos créditos tributários apurados nos 3 primeiros trimestres do exercício de 1999. É como voto. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Fl. 285DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13898.000285/2010-53
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Ano-calendário: 2007
IRPF. GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESA MÉDICA. NÃO COMPROVAÇÃO DE SE TRATAR DE ESTABELECIMENTO HOSPITALAR OU SE ENQUADRAR NO CONCEITO DE HOSPITAL. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
Podem ser deduzidos na Declaração do Imposto de Renda os pagamentos realizados a título de despesas médicas efetuadas pelo contribuinte ou com seus dependentes se restar comprovado que os pagamentos efetuados atendem os requisitos para dedutibilidade dos valores pagos na forma legal.
A intermediação na venda de procedimentos médicos biomédicos, estéticos, odontológicos e outros similares ligados ao setor de saúde prestados por terceiros, junto a instituições de crédito objetivando a viabilização de recursos financeiros não poderá ser deduzida por não se enquadrar no conceito de despesa médica ou hospitalar.
A falta de demonstração do cumprimento dos requisitos legais por documentação hábil e idônea quando solicitados, autoriza à autoridade fiscal glosar as despesas declaradas, uma vez que todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, que poderá promover as respectivas glosas sem a audiência do contribuinte (arts. 73, caput e § 1º, e 80, § 1º, III, do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99).
PAF. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS.
As decisões administrativas, mesmo as proferidas pelo CARF e as judiciais, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação.
Numero da decisão: 2003-000.201
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso.
(documento assinado digitalmente)
Raimundo Cássio Gonçalves Lima - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Wilderson Botto Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Raimundo Cássio Gonçalves Lima (Presidente), Gabriel Tinoco Palatnic e Wilderson Botto.
Nome do relator: WILDERSON BOTTO
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GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESA MÉDICA. NÃO COMPROVAÇÃO DE SE TRATAR DE ESTABELECIMENTO HOSPITALAR OU SE ENQUADRAR NO CONCEITO DE HOSPITAL. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. Podem ser deduzidos na Declaração do Imposto de Renda os pagamentos realizados a título de despesas médicas efetuadas pelo contribuinte ou com seus dependentes se restar comprovado que os pagamentos efetuados atendem os requisitos para dedutibilidade dos valores pagos na forma legal. A intermediação na venda de procedimentos médicos biomédicos, estéticos, odontológicos e outros similares ligados ao setor de saúde prestados por terceiros, junto a instituições de crédito objetivando a viabilização de recursos financeiros não poderá ser deduzida por não se enquadrar no conceito de despesa médica ou hospitalar. A falta de demonstração do cumprimento dos requisitos legais por documentação hábil e idônea quando solicitados, autoriza à autoridade fiscal glosar as despesas declaradas, uma vez que todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, que poderá promover as respectivas glosas sem a audiência do contribuinte (arts. 73, caput e § 1º, e 80, § 1º, III, do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99). PAF. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas, mesmo as proferidas pelo CARF e as judiciais, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. (documento assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 8. 00 02 85 /2 01 0- 53 Fl. 80DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2003-000.201 - 2ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13898.000285/2010-53 Raimundo Cássio Gonçalves Lima - Presidente (documento assinado digitalmente) Wilderson Botto – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Raimundo Cássio Gonçalves Lima (Presidente), Gabriel Tinoco Palatnic e Wilderson Botto. Relatório Autuação e Impugnação Trata o presente processo, de exigência de IRPF apurada no ano calendário de 2007, exercício de 2008, no valor de R$ 9.259,77, já acrescido de multa de ofício e juros de mora, conforme se depreende na notificação de lançamento constante dos autos, em razão da dedução indevida de despesas médicas, no valor glosado de R$ 17.000,00, por falta de comprovação ou de previsão legal para sua dedução, tendo em vista que empresa emissora do recibo não é prestadora de serviços da área de saúde, passível de dedução, nos termos da legislação vigente, o que importou no imposto suplementar no valor de R$ 4.675,00 (fls. 25/29). Por bem descrever os fatos e as razões da impugnação, adoto o relatório da decisão de primeira instância – Acórdão nº 16-56.845, proferido pela 22ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I - DRJ/SP1 (fls. 42/46), transcrito a seguir: Em procedimento de revisão da Declaração de Ajuste Anual 2008, ano-calendário 2007, do contribuinte acima identificado, procedeu-se ao lançamento de ofício, originário da apuração das infrações abaixo descritas, por meio da Notificação de Lançamento do Imposto de Renda Pessoa Física, lavrada em 02/08/2010, de fls. 24/29. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal informa a fiscalização: Fl. 81DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2003-000.201 - 2ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13898.000285/2010-53 Dedução Indevida de Despesas Médicas Glosa do valor de R$ 17.000,00, indevidamente deduzido a título de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução, conforme abaixo discriminado. Complementação da Descrição dos Fatos Glosa do valor de R$ 17.000,00, AZS ASSESSORIA E SERVIÇOS SOCIEDADE SIMPLES LIMITADA, tendo em vista que a empresa emissora do recibo não é prestadora de serviços da área de saúde, passível de dedução, nos termos da legislação vigente. Glosa da dedução indevida. DA IMPUGNAÇÃO Devidamente intimado das alterações processadas em sua declaração, o contribuinte apresentou impugnação por meio do instrumento de fls. 02/03, alegando, em síntese, que: - O recibo foi emitido por um médico devidamente inscrito no Conselho Regional de Medicina, correspondente a serviços médicos; - A empresa AZS figurou como mera intermediadora dos serviços médicos prestados pelo Dr. Bernardo Hochman Tal empresa trabalha com renomados cirurgiões plásticos e aparece em seu site como empresa de plano de saúde; - Realizou tratamento médico para correções de manchas em sua face e mão em razão da despigmentação em seu corpo. - Aguarda seja dado provimento à impugnação aceitando-se o recibo como proveniente de despesa médica passível de dedução legal. Anexa documentos. Acórdão de Primeira Instância Ao apreciar o feito, a DRJ/SP1, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada, mantendo-se incólume o crédito tributário lançado. Recurso Voluntário Cientificado da decisão em 23/04/2014, por procurador habilitado (fls. 50/51), o contribuinte interpôs, em 12/05/2014, recurso voluntário (fls. 53/55), reportando-se as razões lançadas na impugnação e trazendo outros argumentos, a seguir brevemente sintetizados: A glosa foi mantida porque não restaram comprovadas as despesas médicas no valor de R$ 17.000,00 (entendimento dos julgadores) ou tendo em vista que a empresa emissora do recibo não é prestadora de serviços da área da saúde (entendimento da fiscalização)? Foi juntado um recibo correspondente a prestação de serviços médicos, no valor de R$ 17.000,00, datado de 12/08/2007, figurando como pagador Carlos Augusto de Castro, subscrito pelo médico habilitado a prestar serviços na área de saúde, Dr. Bernardo Hochman, devidamente inscrito no CRM sob nº 48.986. Observe-se que consta do recibo todos os requisitos necessários à sua validade (frente e verso). Fl. 82DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2003-000.201 - 2ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13898.000285/2010-53 De outro lado, se a glosa se efetivou em razão do entendimento de que a empresa emissora do recibo não é prestadora de serviços na área da saúde, passível de dedução, também não procede a decisão. Já disse em razões de impugnação que a Empresa AZS figura como intermediadora dos serviços médicos prestados pelo Dr. Bernardo Hochamn, médico devidamente inscrito no CRM nº 48.986, o qual, repita-se, subscreveu oi recibo. Juntei quando da impugnação o contrato social da Empresa, onde consta que a mesma foi constituída tendo como finalidade a prestação de serviços de intermediação de procedimento médicos. Peço licença para juntar cópia de alguns processos judiciais, onde a empresa AZS, que adota o nome fantasia de Plano Top de Cirurgia Plástica, figura como ré em várias ações indenizatórias movidas por clientes que valeram-se de seus serviços em cirurgia plástica mal sucedida. Nesse sentido, permito-me trazer uma decisão do TRF2, onde levou-se em conta a proteção à boa-fé do contribuinte. Ao final, requer o cancelamento do lançamento, uma vez que o recibo apresentado foi em razão de prestação de serviços comprovados, tornando-se a glosa ilegal e a dedução legítima. Instrui a peça recursal com os documentos de fls. 58/76. Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do art. 23-B, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/15, e suas alterações. É o relatório. Voto Conselheiro Wilderson Botto - Relator. Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, razão por que conheço e passo à sua análise. Preliminares Não foram alegadas questões preliminares no presente recurso. Mérito Da glosa mantida sobre a despesa médica declarada: Insurge-se, o Recorrente, contra a decisão proferida pela DRJ/SP1, que manteve a glosa das despesas médicas, no valor de R$ 17.000,00, por falta de comprovação ou amparo legal para a dedução, buscando, por oportuno, nessa seara recursal, obter nova análise dos documentos apresentados, ancorados nas razões suscitadas na peça recursal. Fl. 83DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2003-000.201 - 2ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13898.000285/2010-53 A fiscalização, por seu turno, não acatou a despesa declarada, tendo em vista que a empresa AZS Assessoria e Serviços Sociedade Simples Ltda, emissora do recibo, não é prestadora de serviços da área de saúde, passível de dedução, nos termos da legislação vigente. Pois bem. Entendo que não há como prosperar a insurgência do Recorrente. Da análise dos autos, pode-se verificar que a glosa se justifica tanto por não restarem comprovadas as despesas médicas – uma vez que o recibo subscrito pelo profissional de saúde Dr. Bernardo Hochamn, CRM nº 48.986, e chancelado pela AZS Assessoria, não atende aos requisitos mínimos legais, contidos no art. 80, § 1º, II e III do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99) – ao entendimento da DRJ/SP1, quanto pelo fato de que a empresa AZS Assessoria, não ser prestadora de serviços da área de saúde – porquanto constituída tão somente para a “prestação de serviços de intermediação na venda de procedimentos médicos, biomédicos, estéticos, odontológicos e outros similares ligados ao setor de saúde prestados por terceiros, junto a instituições de crédito objetivando a viabilização de recursos financeiros”, segundo o seu contrato social (fls. 17/23) – ao entendimento da fiscalização e também como fundamentado na decisão recorrida. Assim prevê o art. 80, § 1º, incisos II e III, do Decreto nº 3.000/99: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogo", terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei n°9.250, de 1995, art. 8°, inciso II, alínea "a"). § 1° O disposto neste artigo (Lei n°9.250, de 1995, art. 8°, § 2°): (...) II - restringe-se aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III - limita-se a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; E, ainda, dispõe o “caput” do art. 73, do RIR/99 que “todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º)". Trazendo a legislação ao caso vertente, da análise do recibo acostado aos autos tanto na impugnação e trazido novamente nessa seara recursal (fls. 07 e 64), e chancelado pela empresa AZS Assessoria, falta a indicação do beneficiário dos serviços, o CPF e o endereço profissional do prestador dos serviços. Não se pode olvidar que na relação processual tributária, compete ao sujeito passivo oferecer os elementos que possam ilidir a imputação da irregularidade suscitada pela fiscalização. Conclui-se, portanto, que a comprovação da efetiva prestação dos serviços declarados bem como o endereço profissional do prestador dos serviços declarados, seu CPF e a informação do beneficiário dos serviços no documento, quando não apresentados, além de vulnerar os incisos II e III do § 1º do art. 80 do RIR/99, autoriza a glosa da dedução pleiteada e a consequente tributação dos valores correspondentes. Fl. 84DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2003-000.201 - 2ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13898.000285/2010-53 A lei estabelece a quem cabe a incumbência de provar determinado fato. É o que ocorre no caso das deduções. O art. 73 do RIR/99, reza que o sujeito passivo pode ser intimado a promover a devida justificação ou comprovação, imputando-lhe o ônus probatório. Mesmo que a norma possa parecer, ao menos em tese, discricionária, deixando ao sabor do Fisco a iniciativa, e este assim procede quando está albergado em indícios razoáveis de ocorrência de irregularidades nas deduções, mesmo porque o ônus probatório implica trazer elementos que afastem eventuais dúvidas sobre o fato imputado. Não se deslembre, ainda, que o próprio Recorrente deu motivo à ação fiscal ao declarar em sua DAA/2008 (fls. 31/36), ter realizado pagamento à AZS Assessoria, CNPJ nº 07.693.349/0002-86, contudo nada registrando em relação a Bernardo Hochamn, o que robustece o entendimento da fiscalização. Neste ponto, cabe enfatizar ainda que o art. 111, II, da Lei nº 5.172/66 (CTN) estabelece que deverá se interpretar literalmente a legislação que disponha sobre outorga de isenção. E aplicando aqui o dispositivo legal, deve-se ter em mente que despesas de intermediação na venda de procedimentos médicos junto a instituições de crédito objetivando a viabilização de recursos financeiros, não são dedutíveis, pois não se enquadram nas normas relativas a estabelecimentos hospitalares editadas pelo Ministério da Saúde. Ademais, a empresa AZS Assessoria e Serviços Sociedade Simples Ltda. não é qualificada como estabelecimento hospitalar, como reconhece o próprio Recorrente, sendo certo que se encontra cadastrada com o “CNAE 6619.3-99 Outras atividades auxiliares dos serviços financeiros não especificadas anteriormente” (fls. 46) Destarte, uma vez desatendidos os requisitos para dedutibilidade do valor autuado, correta é manutenção da atuação e a decisão recorrida, tudo em sintonia com a legislação de regência, razão pela qual mantenho a glosa da despesa médica no valor de R$ 17.000,00, que importou no imposto suplementar de R$ 4.675,00, mais acréscimos legais. Por fim, quanto ao entendimento jurisprudencial judicial trazido para justificar as pretensões recursais, o mesmo, nesta seara, é improfícuo, pois, as decisões, mesmo que colegiadas, sem um normativo legal que lhe atribua eficácia, não se traduzem em normas complementares do Direito Tributário, e somente vinculam as partes envolvidas nos litígios por elas resolvidos. Conclusão Em razão do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto em epígrafe, para manter a glosa da dedução das despesas médicas pagas à empresa AZS Assessoria e Serviços Sociedade Simples Ltda., CNPJ 07.693.349/0002-86, no valor de R$ 17.000,00, da base de cálculo do imposto de renda do ano-calendário 2007, exercício 2008. É como voto (assinado digitalmente) Wilderson Botto Fl. 85DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.913129/2009-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Aug 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2000
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. ERRO DE FATO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido.
Numero da decisão: 9303-008.877
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(documento assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ERRO DE FATO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (documento assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). Relatório Trata-se de pedido eletrônico de compensação de créditos originários de pagamento indevido ou a maior de PIS . A DERAT em São Paulo emitiu despacho decisório eletrônico, no qual informava que o valor pago pela DARF encontrava-se integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, por isso não homologou a referida compensação. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ competente. Irresignada, a contribuinte, interpôs recurso voluntário, repisando, em essência, as razões apresentadas na impugnação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 31 29 /2 00 9- 11 Fl. 262DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 9303-008.877 - CSRF/3ª Turma Processo nº 10880.913129/2009-11 O recurso voluntário teve provimento negado, consoante Acórdão nº 3803- 004.310. Recurso especial da contribuinte A contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência com relação à duas matérias: 1) admissão da DCTF retificada após emissão do despacho decisório como comprovação da apuração dos créditos utilizados em pedido de compensação e 2) afastamento da multa de mora com a quitação espontânea dos débitos mediante compensação, antes da intimação de quaisquer medidas fiscalizatórias. Para primeira matéria, a contribuinte toma por paradigma o acórdão nº 3403- 003.343, que permitiriam a produção de provas em momento processual posterior ao da impugnação enquanto o recorrido atribui o ônus dessa prova à contribuinte, com provas adicionais. Já no tocante à segunda matéria, o sujeito passivo esgrime o aresto paradigma de nº 3802-003.662, que afasta a multa de mora nos casos de quitação espontânea de débitos mediante compensação, o que o acórdão a quo, também reconhece, apenas não admite que a compensação não homologada se encontre nessa situação. O Presidente da 1ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, apreciou o recurso especial de divergência da contribuinte e, com base no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 343 de 09/06/2015, negou-lhe seguimento quanto às duas matérias. A primeira em razão de falta de similaridade fática, a segunda por darem o mesmo tratamento jurídico à situação fática posta nos arestos paradigmas e o do recorrido resultando em consenso em vez de dissenso. Agravo da contribuinte Cientificada do resultado do despacho que negou seguimento ao seu recurso especial, a contribuinte apresentou agravo à Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais - Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF, que o acolheu parcialmente para determinar dar seguimento apenas em relação à ausência de prova do crédito a compensar. Contrarrazões da Fazenda Cientificada do despacho de admissibilidade do recurso especial, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 9303-008.875, de Fl. 263DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 9303-008.877 - CSRF/3ª Turma Processo nº 10880.913129/2009-11 16 de julho de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.923791/2009-80, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcreve-se como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303-008.875): “O recurso especial de divergência da contribuinte é tempestivo, cumpre os requisitos regimentais, por isso dele conheço. No mérito, desde logo saliento que, nos casos de pedido de restituição ou ressarcimento, me alinho com os que entendem ser o ônus probatório do contribuinte, o qual deve demonstrar a certeza e liquidez do direito creditório por ele pleiteado. Invocar o princípio da verdade material apenas com um pedido, desguarnecido das provas necessárias, provas essas que em regra são de posse do requerente, me parece um exagero em afronta à legislação aplicável, iniciando-se com o CTN (art. 170), o Decreto nº 70.235/1972 (art. 16, § 4º), pela Lei nº 9.784/1999 (art. 36) , a Lei nº 9.430/1996 (art. 74)e chegando ao até ao CPC/2015 (art. 373). Saliento que a contribuinte não trouxe aos autos qualquer elemento que levasse ao afastamento do que ela própria declarou originalmente em sua DCTF, declaração que tem natureza constitutiva, conforme já reconhecido pelo STJ, e não meramente declaratória, pois é confissão de dívida (Decreto-lei nº 2.124/1984) e pode levar diretamente à execução dos débitos nela declarados. Entendo que a produção de provas ainda mais extemporâneas, deveria atender aos requisitos postos no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, contudo, se a contribuinte pretende infirmar o débito, poderia, ao menos em sede de recurso voluntário, trazer algum elemento de prova neste sentido; não o fez. O julgador a quo, não vendo qualquer indício que o levasse a discordar do despacho decisório exarado, ou da decisão da DRJ, manteve a decisão de piso. Aliás, já na decisão de piso o relator bem abordou a questão, como nos excertos do voto (e-fls. 75 e 76) abaixo transcritos se pode observar: 10. A recorrente, no entanto — como ela mesma o apregoa — retificou essa declaração por meio da DCTF anexa às fls. 66/67 (precedida, aliás, de outras retificadoras já canceladas), na qual procura desvincular parte do DARF do débito em apreço. O procedimento adotado é conhecido. Para tanto basta alterar os valores das rubricas listadas sob o título "créditos vinculados" (pagamento, suspensão, etc.) ou mesmo reduzir o valor do tributo devido no mês, o que possibilita liberar — ao menos em tese — a quantia desejada. 11. Não é outra, no caso em estudo, a origem do crédito que alega possuir, como demonstra o cotejo da retificadora com a pesquisa citada. 12. Sucede todavia que — além de não justificar a modificação das informações constantes na declaração original — o sujeito passivo não apresentou um único documento que pudesse comprovar a exatidão dos novos valores declarados, limitando-se a exibir uma planilha de cálculo na fl. 68. 13. Ora, é da essência da relação processual que as alegações sejam devidamente instruídas com as respectivas provas. Tal princípio encontra-se inscrito no art. 36 da lei n° 9.784/99, que disciplina o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, assim como no art. 16, III, do decreto n° 70.235/72, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal; (...) 15. Assim, caberia à interessada comprovar não só a composição da base de cálculo, visto que reduziu sensivelmente o valor do tributo devido no mês, mas também a origem dos novos valores lançados sob a rubrica "créditos vinculados". Para isso seria de capital importância apresentar, dentre outros documentos, o Livro Razão, o Livro de Registro de Entrada, o Livro de Registro de Saída, as notas fiscais relativas ao faturamento do mês e, sendo o caso, documentação idônea que atestasse a exatidão da importância declarada como suspensa por medida judicial. Fl. 264DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 9303-008.877 - CSRF/3ª Turma Processo nº 10880.913129/2009-11 16. Entretanto, como já assinalei, o sujeito passivo não apresentou um único elemento de prova — salvo a Já referida planilha de cálculo —, o que torna no mínimo duvidosa a existência do direito creditório informado no PER/DCOMP e, portanto, justifica plenamente a não homologação da compensação declarada. (Sublinhas do original, negritei.) Não foi outro o entendimento expresso pelo relator do acórdão recorrido, que, às e- fls. 110 e 111, assim se expressou: Para que se possa superar a questão de eventual erro de fato e analisar efetivamente o mérito da questão, deveriam estar presentes nos autos os elementos comprobatórios que pudéssemos considerar no mínimo como indícios de prova dos créditos alegados e necessários para que o julgador possa aferir a pertinência do crédito declarado, o que não se verifica no caso em tela. No mais, considerando-se que as informações prestadas na DCTF situam-se na esfera de responsabilidade do próprio contribuinte, cabe a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões Conforme já salientado, em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I. Assim, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, falta ao crédito indicado pelo contribuinte certeza e liquidez, que são indispensáveis para a compensação pleiteada. Por essas razões, considero improcedente o recurso especial de divergência da contribuinte. CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto para que se negue provimento o recurso especial de divergência do sujeito passivo.” Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer do recurso especial de divergência e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 265DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13855.720347/2017-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Aug 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/01/2014 a 31/05/2014
SOLUÇÕES DE CONSULTA. EFEITO VINCULANTE. A PARTIR DE 17/09/2013.
As Soluções de Consulta e as Soluções de Divergência publicadas a partir de 17/09/2013 têm efeito vinculante no âmbito da Receita Federal e respaldam qualquer sujeito passivo que comprove enquadrar-se na hipótese por elas abrangida (art. 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.393/2013).
COFINS. PIS/PASEP. ADMINISTRADORAS DE BENEFÍCIOS DE SAÚDE. REGIME CUMULATIVO. SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 116/2018. RETROATIVIDADE. LEI N. 12.955/2014. ART. 106, I DO CTN.
Conforme entendimento veiculado pela Solução de Consulta Cosit nº 116/2018, As administradoras de benefícios, como espécie de operadoras de planos de assistência à saúde, estão sujeitas ao regime de apuração cumulativa. Como também restou esclarecido nessa Solução de Consulta, o novo entendimento advindo com a Lei nº 12.995/2014, tem natureza interpretativa, sendo aplicável também a atos ou fatos pretéritos, nos termos do art. 106, I do CTN.
Tendo em vista que o Despacho Decisório foi superado por entendimento superveniente da própria Receita Federal em sentido favorável à tese da recorrente (Solução de Consulta Cosit nº 116/2018), há de ser reconhecido o seu direito a reclassificação do regime não cumulativo para o cumulativo na apuração das contribuições de Cofins e PIS/Pasep.
Recurso Voluntário provido em parte
Aguardando Nova Decisão
Numero da decisão: 3402-006.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito da Recorrente à apuração das contribuições no regime cumulativo, determinando à Unidade de Origem que quantifique o direito creditório decorrente da reclassificação do regime e homologue as compensações declaradas no mesmo montante.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Presidente
(documento assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
1.0 = *:*
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2014 a 31/05/2014 SOLUÇÕES DE CONSULTA. EFEITO VINCULANTE. A PARTIR DE 17/09/2013. As Soluções de Consulta e as Soluções de Divergência publicadas a partir de 17/09/2013 têm efeito vinculante no âmbito da Receita Federal e respaldam qualquer sujeito passivo que comprove enquadrar-se na hipótese por elas abrangida (art. 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.393/2013). COFINS. PIS/PASEP. ADMINISTRADORAS DE BENEFÍCIOS DE SAÚDE. REGIME CUMULATIVO. SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 116/2018. RETROATIVIDADE. LEI N. 12.955/2014. ART. 106, I DO CTN. Conforme entendimento veiculado pela Solução de Consulta Cosit nº 116/2018, As administradoras de benefícios, como espécie de operadoras de planos de assistência à saúde, estão sujeitas ao regime de apuração cumulativa. Como também restou esclarecido nessa Solução de Consulta, o novo entendimento advindo com a Lei nº 12.995/2014, tem natureza interpretativa, sendo aplicável também a atos ou fatos pretéritos, nos termos do art. 106, I do CTN. Tendo em vista que o Despacho Decisório foi superado por entendimento superveniente da própria Receita Federal em sentido favorável à tese da recorrente (Solução de Consulta Cosit nº 116/2018), há de ser reconhecido o seu direito a reclassificação do regime não cumulativo para o cumulativo na apuração das contribuições de Cofins e PIS/Pasep. Recurso Voluntário provido em parte Aguardando Nova Decisão
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secao_s : Terceira Seção De Julgamento
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito da Recorrente à apuração das contribuições no regime cumulativo, determinando à Unidade de Origem que quantifique o direito creditório decorrente da reclassificação do regime e homologue as compensações declaradas no mesmo montante. (documento assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (documento assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2014 a 31/05/2014 SOLUÇÕES DE CONSULTA. EFEITO VINCULANTE. A PARTIR DE 17/09/2013. As Soluções de Consulta e as Soluções de Divergência publicadas a partir de 17/09/2013 têm efeito vinculante no âmbito da Receita Federal e respaldam qualquer sujeito passivo que comprove enquadrar-se na hipótese por elas abrangida (art. 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.393/2013). COFINS. PIS/PASEP. ADMINISTRADORAS DE BENEFÍCIOS DE SAÚDE. REGIME CUMULATIVO. SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 116/2018. RETROATIVIDADE. LEI N. 12.955/2014. ART. 106, I DO CTN. Conforme entendimento veiculado pela Solução de Consulta Cosit nº 116/2018, “As administradoras de benefícios, como espécie de operadoras de planos de assistência à saúde, estão sujeitas ao regime de apuração cumulativa”. Como também restou esclarecido nessa Solução de Consulta, o novo entendimento advindo com a Lei nº 12.995/2014, tem natureza interpretativa, sendo aplicável também a atos ou fatos pretéritos, nos termos do art. 106, I do CTN. Tendo em vista que o Despacho Decisório foi superado por entendimento superveniente da própria Receita Federal em sentido favorável à tese da recorrente (Solução de Consulta Cosit nº 116/2018), há de ser reconhecido o seu direito a reclassificação do regime não cumulativo para o cumulativo na apuração das contribuições de Cofins e PIS/Pasep. Recurso Voluntário provido em parte Aguardando Nova Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito da Recorrente à apuração das contribuições no regime cumulativo, determinando à Unidade de Origem que quantifique o direito creditório decorrente da reclassificação do regime e homologue as compensações declaradas no mesmo montante. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 72 03 47 /2 01 7- 10 Fl. 566DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 (documento assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Presidente (documento assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos. Relatório Trata-se de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Belém que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versa o processo sobre Declarações de Compensação (DCOMPs) eletrônicas relacionadas no Anexo Único ao Despacho Decisório, cujo crédito alegado é oriundo de pagamento indevido ou a maior de PIS e COFINS, no valor original de R$ 14.838.250,35, referente ao período de apuração de 01/2014 a 05/2014, em face da reclassificação efetuada pela contribuinte de receitas do regime não cumulativo para o regime cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e Cofins. A autoridade administrativa decidiu por não reconhecer o direito creditório alegado, não homologando as compensações a ele vinculadas, sob o seguinte fundamento: Nosso entendimento acerca da matéria é de que, não obstante o advento do § 9º B no art 3º da Lei nº 9.718/1998, esse não tem o condão de mudar o regime de apuração da COFINS e do PIS para as ADMINISTRADORAS DE BENEFÍCIOS DE SAÚDE (permanecendo na NÃO- CUMULATIVIDADE), mas tão somente de esclarecer/elucidar/determinar a base para o cálculo dos débitos de COFINS e PIS das ADMINISTRADORAS, estejam elas no Lucro Real ou Presumido. Em outras palavras, o §9º B equiparou as ADMINISTRADORAS DE BENEFÍCIOS às OPERADORAS (ambas no estrito sentido do vocábulo) no que tange SOMENTE E TÃO SOMENTE à considerações e definições acerca da Receita Bruta. Já no que tange ao regime de apuração das contribuições, vale SOMENTE E TÃO SOMENTE as empresas relacionadas no §9º caput do art 3º da Lei 9.718/1998, segundo definido na Lei 10.833/2003, art 10, inciso I, ou seja, as operadoras também stricto sensu e, portanto, apenas essas estariam alcançadas pela sistemática da não-cumulatividade na apuração das contribuições sociais a título de COFINS e PIS. A interessada apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: a) com a introdução, pela Lei nº 12.955/2014, do §9º-B no art. 3º da Lei nº 9.718/98 ratificou-se o entendimento de que as administradoras de benefícios seriam operadoras de planos de assistência à saúde, obrigadas, assim, à apuração das contribuições sob o regime cumulativo; e b) a Solução de Consulta Cosit nº 116/2014, além de ineficaz, pois anterior à norma interpretativa veiculada pelo §9º-B do art. 3º da Lei nº 9.718/98, está eivada de nulidade. A Delegacia de Julgamento não acatou os argumentos da então manifestante, sob o entendimento de que: Fl. 567DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 - Não se trata de fictícia classificação pela autoridade fiscal promovida visando à extração de efeitos tributários, mas de distinção reconhecida pela própria ANS, autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, responsável pela regulação, normatização, controle e fiscalização das atividades inerentes à assistência suplementar à saúde. - Provocada a se manifestar acerca da mesma temática, a Coordenação-Geral de Tributação (Cosit) através da Solução de Consulta n. 116, de 2014, foi assertiva no sentido de que “A pessoa jurídica administradora de benefícios, atividade regulamentada pela Resolução Normativa ANS nº 196, de 2009, não está sujeita ao regime de apuração cumulativa da Cofins com base nas disposições do inciso I do art. 10 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, pois não pode ser considerada operadora de plano de assistência à saúde”. - A introdução, pela Lei n. 12.995, de 2014, do §9º-B ao art. 3º da Lei n. 9.718, de 1998, teve como objetivo tão somente delimitar o que se deve compreender por receita bruta das administradoras de benefícios. Cientificada dessa decisão em 24/08/2018, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 24/09/2018, sob as seguintes considerações finais: 136. Por todo o quanto exposto, não há dúvidas de que são legítimos os créditos de PIS e da COFINS utilizados pela Recorrente nas compensações em questão - derivados de pagamentos a maior, feitos quando de sua indevida inclusão no regime cumulativo -, eis que sempre esteve obrigada ao regime de apuração pela sistemática cumulativa, pelos seguintes motivos: a) As administradoras de benefícios são uma das espécies de operadoras de planos de saúde, nos termos da Lei Federal (Lei 9.656/98), regulamentação da ANS (RDC 39/00) e Receita Federal (IN RFB 985/09); b) Por serem também operadoras, estão submetidas à apuração do PIS e da COFINS pelo regime cumulativo, nos termos art. 8o, inc. I, da Lei 10.637/02 e art. 10, inc. I, da Lei 10.833/03; c) O legislador, ao excepcionar as operadoras de planos de saúde do regime não cumulativo, não fez qualquer restrição em relação às modalidades de operadoras que se sujeitariam a essa exceção, mesmo já existindo a categorização desse gênero (operadoras) em sete diferentes espécies. Não é lícito, portanto, criar restrição onde a lei não a previu; d) Independentemente da natureza das administradoras de benefícios, ainda que operadoras de planos não pudessem ser consideradas, o que se admite apenas por força de argumentação, a definição de sua base de cálculo está expressamente referenciada ao art. 3 o da Lei 9.718/98, que dispõe sobre o PIS e a COFINS sob a sistemática cumulativa, o que torna absolutamente ilógica, além de ilegal, qualquer tentativa de remetê-las ao regime não cumulativo; e 137. A lei tributária, de forma a espancar qualquer dúvida, em caráter interpretativo, reconhecendo essa similaridade de gênero, declarou que no conceito de operadoras de planos (gênero) estão também inclusas as administradoras (uma das espécies), conforme redação do §9°- B do artigo 3o da Lei 9.718/98, na redação da Lei 12.995/14 ("...valores devidos a outras operadoras de planos de saúde "). Em 21/02/2019 a recorrente solicitou a juntada de petição relativa a “Razões Adicionais de Recurso Voluntário devido a fato superveniente consubstanciado na Solução de Consulta Cosit nº 116 (Doc. 01), de 31 de agosto de 2018, publicada em 01 de outubro de 2018”. É o relatório. Voto Fl. 568DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, toma-se conhecimento do recurso voluntário. A petição da recorrente apresentada posteriormente que noticia a publicação da Solução de Consulta Cosit nº 116/2018 há também de ser conhecida com fundamento nos §§4º e 5º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 por se referir “a fato ou a direito superveniente”. No período sob análise, a recorrente apurou as contribuições de PIS/Cofins sob o regime não cumulativo, mas posteriormente entendeu que deveria ter adotado a sistemática cumulativa, como fazem as Operadoras de Plano de Assistência à Saúde, razão pela qual reclassificou o seu regime de não cumulativo para cumulativo, o que teria redundado no alegado direito creditório informado nos PER/Dcomps em questão. Dessa forma, a matéria sob litígio diz respeito à verificação do enquadramento da recorrente, na condição de uma Administradora de Benefícios de Saúde, na exceção à regra do regime não cumulativo disposta no art. 10, I da Lei nº 10.833/2003 (Cofins) e no art. 8º, I da Lei nº 10.637/2002 (PIS/Pasep), abaixo transcritos, o que acarretaria a correção da reclassificação de regime por ela efetuada: Lei nº 10.833/2003 Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1 o a 8 o : (Produção de efeito) I - as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6 o , 8 o e 9 o do art. 3 o da Lei n o 9.718, de 1998, e na Lei n o 7.102, de 20 de junho de 1983; (...) Lei nº 10.637/2002 Art. 8 o Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1 o a 6 o : Produção de efeito I – as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6 o , 8 o e 9 o do art. 3 o da Lei n o 9.718, de 27 de novembro de 1998 (parágrafos introduzidos pela Medida Provisória n o 2.158-35, de 24 de agosto de 2001), e Lei n o 7.102, de 20 de junho de 1983; (...) Lei n o 9.718/98 Art. 3 o O faturamento a que se refere o art. 2 o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei n o 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) (...) §9 o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) I-co-responsabilidades cedidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) II-a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) III-o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) § 9 o -A. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9 o entende-se o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, Fl. 569DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) § 9 o -B. Para efeitos de interpretação do caput, não são considerados receita bruta das administradoras de benefícios os valores devidos a outras operadoras de planos de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) (...) [negritos não são do original] Não obstante a autoridade administrativa e a Delegacia de Julgamento não tenham concordado com a interpretação da legislação dada pela ora recorrente, no sentido de que lhe seria aplicável a sistemática cumulativa das contribuições de Cofins e PIS/Pasep, posteriormente a Receita Federal mudou seu entendimento mediante a Solução de Consulta nº 116/2018, publicada no DOU de 01/10/2018, que assim dispôs: Solução de Consulta nº 116 - Cosit Data 31 de agosto de 2018 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: ADMINISTRADORAS DE BENEFÍCIOS. SUJEIÇÃO À CUMULATIVIDADE. As administradoras de benefícios, como espécie de operadoras de planos de assistência à saúde, estão sujeitas ao regime de apuração cumulativa, sendo sua tributação efetuada nos termos dos §§ 9º a 9ºB do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998. Reforma a Solução de Consulta Cosit nº 116, de 28 de 28 de abril de 2014. Dispositivos Legais: Lei nº 9.718, de 1998, art. 3º, § 9º, incluído pela MP nº 2.158-35, de 2001; e § 9º-B, incluído pela Lei nº 12.995, de 2014; Lei nº 10.637, de 2002, art. 8º, I; IN RFB nº 985, de 2009, art. 2º, parágrafo único, com redação dada pela IN RFB nº 1.125, de 2011; e RDC ANS nº 39, de 2000, art. 1º, parágrafo único, e art. 10, I. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS (...) Fundamentos (...) 15 Cabe então buscar a definição do que sejam operadoras de planos de assistência à saúde e do que sejam administradoras de benefícios. A definição de operadora de plano de assistência à saúde é feita pela ANS, autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, criada pela Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, como órgão de regulação, normatização, controle e fiscalização das atividades que garantem a assistência suplementar à saúde. A ANS, no art. 1º da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 39, de 27 de outubro de 2000, define operadora de plano de assistência à saúde: Art. 1º Definem-se como Operadoras de Planos de Assistência à Saúde as empresas e entidades que operam, no mercado de saúde suplementar, planos de assistência à saúde, conforme disposto na Lei nº 9.656, de 1998. Parágrafo único. Para efeito desta Resolução, define-se operar como sendo as atividades de administração, comercialização ou disponibilização dos planos de que trata o caput deste artigo. (Grifo nosso) 16 À primeira vista, é possível observar que a administração faz parte do desdobramento da atividade “operar” desempenhada pelos planos de assistência à saúde. 17 Determina ainda o art. 10 da RDC ANS nº 39, de 2000, a classificação das operadoras de planos de assistência à saúde: Art. 10 As operadoras segmentadas conforme o disposto nos arts. 3º ao 9º desta Resolução deverão classificar-se nas seguintes modalidades: I - administradora; II - cooperativa médica; III - cooperativa odontológica; IV - autogestão; V - medicina de grupo; Fl. 570DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 VI - odontologia de grupo; ou VII - filantropia. (Grifo nosso) 18 Dessa classificação é possível deduzir que a administradora é uma das modalidades em que podem se classificar as operadoras de planos de assistência à saúde. 19 Cabe mencionar também que a Resolução Normativa ANS nº 205, de 8 de outubro de 2009, ao estabelecer normas para o envio de informações do Sistema de Informações de Produtos – SIP, que tem como finalidade acompanhar a assistência de serviços prestada aos beneficiários de planos de saúde, faz referência à dispensa do envio de informações pela “operadoras de planos de saúde classificadas como administradoras de benefícios”. Ou seja, a Resolução Normativa admite serem as administradoras de benefícios espécies de operadoras de planos de saúde: Art. 2º O envio do SIP é obrigatório para todas as operadoras de planos de saúde com registro ativo na ANS. (Redação dada pela RN nº 399, de 12/02/2016) § 1º As operadoras que mantêm planos de assistência médico-hospitalar com ou sem assistência odontológica e as operadoras exclusivamente odontológicas devem enviar informações assistenciais nos itens previstos em Instrução Normativa a ser publicada. (Redação dada pela RN nº 399, de 12/02/2016) § 2º Ficam dispensadas do envio previsto neste artigo as operadoras de planos de saúde classificadas como administradoras de benefícios. (Grifo nosso) 20 No tocante à administradora de benefícios, é o art. 2º da Resolução Normativa ANS nº 196, de 14 de julho de 2009, que estabelece sua definição: Art. 2º Considera-se Administradora de Benefícios a pessoa jurídica que propõe a contratação de plano coletivo na condição de estipulante ou que presta serviços para pessoas jurídicas contratantes de planos privados de assistência à saúde coletivos, desenvolvendo ao menos uma das seguintes atividades: I – promover a reunião de pessoas jurídicas contratantes na forma do artigo 23 da RN nº 195, de 14 de julho de 2009; II – contratar plano privado de assistência à saúde coletivo, na condição de estipulante, a ser disponibilizado para as pessoas jurídicas legitimadas para contratar; III – oferecimento de planos para associados das pessoas jurídicas contratantes; IV – apoio técnico na discussão de aspectos operacionais, tais como: a) negociação de reajuste; b) aplicação de mecanismos de regulação pela operadora de plano de saúde; e c) alteração de rede assistencial. Parágrafo único. Além das atividades constantes do caput, a Administradora de Benefícios poderá desenvolver outras atividades, tais como: I - apoio à área de recursos humanos na gestão de benefícios do plano; II - terceirização de serviços administrativos; III - movimentação cadastral; IV - conferência de faturas; V - cobrança ao beneficiário por delegação; e VI - consultoria para prospectar o mercado, sugerir desenho de plano, modelo de gestão. 21 Mais adiante, em seu art. 3º, a Resolução Normativa ANS nº 196, de 2009, afirma que a Administradora de Benefícios não poderá atuar como representante, mandatária ou prestadora de serviço da Operadora de Plano de Assistência à Saúde. Também os art. 4º e 5º da mesma Resolução Normativa tratam a Administradora de Benefícios e a Operadora de Planos de Assistência à Saúde como entidades completamente diversas uma da outra: Art. 4º A Administradora de Benefícios poderá figurar no contrato coletivo celebrado entre a Operadora de Plano Privado de Assistência à Saúde e a pessoa jurídica contratante na condição de participante ou de representante mediante formalização de instrumento específico. Parágrafo único. Caberá à Operadora de Planos de Assistência à Saúde exigir a comprovação da legitimidade da pessoa jurídica contratante, na forma dos arts. 5º e 9º da RN nº 195, de 14 de julho de 2009 e da condição de elegibilidade do beneficiário. Art. 5o A Administradora de Benefícios poderá contratar plano privado de assistência à saúde, na condição de estipulante de plano coletivo, a ser disponibilizado para as pessoas jurídicas legitimadas para contratar, desde que a Administradora assuma o risco decorrente da inadimplência da pessoa jurídica, com a vinculação de ativos garantidores suficientes para tanto. §1º A ANS regulamentará a vinculação dos ativos garantidores através de resolução específica. Fl. 571DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 §2º Caberá tanto à Administradora de Benefícios quanto à Operadora de Plano de Assistência à Saúde exigir a comprovação da legitimidade da pessoa jurídica contratante, na forma dos arts. 5o e 9º da RN nº 195, de 14 de julho de 2009 e da condição de elegibilidade do beneficiário. 22 Vemos assim que, enquanto a Resolução de Diretoria Colegiada ANS nº 39, de 27 de outubro de 2000, e a Resolução Normativa ANS nº 205, de 2009, entendem as administradoras de benefícios como espécies de operadoras de planos de assistência à saúde, a Resolução Normativa ANS nº 196, de 2009, entende as administradoras de benefícios como entidades completamente diferentes das operadoras de planos de assistência à saúde. Vale dizer, a RDC ANS nº 39, de 2000, ao estabelecer o conceito de operadoras de planos de assistência à saúde, parece englobar as administradoras de benefício. Ao contrário, a RN ANS nº 196, de 2009, ao estabelecer o conceito de administradora de benefícios, parece excluir essas entidades do enquadramento como operadoras de planos de assistência à saúde. 23 Isso permite que se chegue à conclusão da existência de dois conceitos de operadoras de planos de assistência à saúde, um ampliado, que engloba as administradoras de benefício, e outro restrito, que as exclui. Resta saber qual o conceito o legislador quis adotar quando estabeleceu a sujeição ao regime de apuração cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. 24 De volta à Lei nº 9.718, de 1998, é de crucial importância mencionar que a Lei nº 12.995, de 2014, trouxe uma inovação legislativa ao art. 3º daquela lei quando introduziu o § 9ºB, com a seguinte redação: § 9o-B. Para efeitos de interpretação do caput, não são considerados receita bruta das administradoras de benefícios os valores devidos a outras operadoras de planos de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) 25 Ora, ao mencionar que as administradoras de benefícios devem excluir de sua receita “os valores devidos a outras operadoras de planos de assistência à saúde”, o legislador está reconhecendo que as administradoras de benefícios são espécies de operadoras de planos de assistência à saúde. Se não fosse assim, a palavra “outras” certamente não haveria de ser usada. 26 Frise-se que, em que pese o reconhecimento de as administradoras de benefícios serem espécies de operadoras de planos de assistência à saúde ter advindo com a Lei nº 12.995, de 18 de junho de 2014, a tal disposição foi expressamente atribuída a natureza interpretativa (“Para fins de interpretação”). Assim, nos termos do inciso I do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN), é aplicável a atos ou fatos pretéritos. 27. Por fim, cabe ainda lembrar que, mesmo em momento anterior à publicação da Lei nº 12.995, de 2014, a Instrução Normativa RFB nº 1.100, de 16 de dezembro de 2010, atualmente com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.125, de 31 de janeiro de 2011, no parágrafo único do art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 985, de 22 de dezembro de 2009, ao tratar da obrigatoriedade da apresentação da Declaração de Serviços Médicos (Dmed), reconheceu que são operadoras de planos privados de assistência à saúde as administradoras de benefícios: Art. 2º São obrigadas a apresentar a Dmed, as pessoas jurídicas ou equiparadas nos termos da legislação do imposto de renda, prestadoras de serviços de saúde, e as operadoras de planos privados de assistência à saúde. Parágrafo único. São operadoras de planos privados de assistência à saúde, as pessoas jurídicas constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, autorizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar a comercializar planos privados de assistência à saúde. Parágrafo único. São operadoras de planos privados de assistência à saúde, as pessoas jurídicas de direito privado, constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, administradora de benefícios ou entidade de autogestão, autorizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar a comercializar planos privados de assistência à saúde. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1100, de 16 de dezembro de 2010) Parágrafo único. São operadoras de planos privados de assistência à saúde, as pessoas jurídicas de direito privado, constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, administradora de benefícios ou entidade de autogestão, autorizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar a operar planos privados de assistência à saúde. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1125, de 31 de janeiro de 2011) (Grifo nosso) 28. Cabe mencionar, inclusive, como se pode ver pela mudança de redação do parágrafo único do art. 2º da IN RFB nº 985, de 2009, que a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil, Fl. 572DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 a partir da publicação da IN RFB nº 1.100, de 2010, acrescentou as administradoras de benefícios à categoria das operadoras de planos de assistência à saúde. 29. Em que pese não ser a RFB a entidade competente para regrar o conceito de operadora de plano de assistência à saúde, há que se considerar que, se a utilização do conceito ampliado de operadora de plano de assistência à saúde serve para criar uma obrigação à administradora de benefícios, também é apta a enquadrá-la tributariamente como operadora de plano de assistência à saúde. Conclusão 30. Diante do exposto, soluciona-se a consulta respondendo ao interessado que as administradoras de benefícios, como espécie de operadoras de planos de assistência à saúde, estão sujeitas ao regime de apuração cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, sendo sua tributação efetuada nos termos dos §§ 9º a 9ºB do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998. Reforme-se a Solução de Consulta Cosit nº 116, de 28 de abril de 2014. A questão da retroatividade desse entendimento também já foi resolvida no parágrafo 26 da Solução de Consulta acima, no sentido de que a norma introduzida pela Lei nº 12.995/2014 teria natureza interpretativa e, portanto, aplicar-se-ia a atos ou fatos pretéritos, no termos do art. 106, I do CTN. Ademais, nos termos do art. 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.396/2013, na redação dada pela IN RFB nº 1.434/20131, o referido entendimento respalda a ora recorrente. Assim, tendo em vista que a Solução de Consulta Cosit nº 116/2014, que subsidiou o despacho decisório, foi superada por entendimento superveniente no âmbito da própria RFB em sentido favorável à tese da recorrente (Solução de Consulta Cosit nº 116/2018), cabe reforma na decisão recorrida para reconhecer o direito da recorrente de apurar as contribuições na sistemática cumulativa no período de apuração. No que concerne especificamente à quantificação do direito creditório decorrente da reclassificação do regime não cumulativo para o cumulativo, deixa-se tal apuração para ser efetuada posteriormente pela autoridade da DRF, ocasião em que também deverá homologar as compensações na medida correspondente. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito da recorrente à apuração das contribuições de Cofins e PIS/Pasep no regime cumulativo, determinando à Unidade de Origem que quantifique o direito creditório decorrente da reclassificação do regime e homologue as compensações declaradas no mesmo montante. (documento assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula 1 Instrução Normativa RFB nº 1.396/2013 (DOU de 17/09/2013) Art. 9º A Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB, respaldam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida. [redação original] Art. 9º A Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB, respaldam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. [Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1434, de 30 de dezembro de 2013] Fl. 573DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3402-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13855.720347/2017-10 Fl. 574DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720127/2015-18
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
GANHO DE CAPITAL. CESSÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PESSOA JURÍDICA DOMICILIADA NO EXTERIOR. REDUÇÃO DE CAPITAL PROMOVIDA DEPOIS DO RECEBIMENTO DE OFERTA VINCULANTE DE COMPRA DAS AÇÕES.
Não produzem efeitos perante o Fisco as operações realizadas sem propósito negocial, com o único intuito de reduzir a tributação incidente sobre o ganho de capital materializado a partir da estipulação do preço a ser pago pelas ações detidas pelo sujeito passivo.
IRRF SOBRE GANHO DE CAPITAL. DEDUÇÃO DO IRPJ DEVIDO NO PERÍODO.
Deve ser deduzido do imposto devido no período de apuração o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo do tributo.
Numero da decisão: 9101-004.335
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. No mérito, acordam em dar provimento parcial nos seguintes termos: (i) quanto ao ganho de capital, por voto de qualidade, acordam em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demetrius Nichele Macei (relator), Cristiane Silva Costa, Lívia De Carli Germano e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que lhe deram provimento e (ii) quanto ao IRRF, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Edeli Pereira Bessa. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Edeli Pereira Bessa, a qual manifestou intenção de apresentar declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa- Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Edeli Pereira Bessa, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Lívia de Carli Germano, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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CESSÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PESSOA JURÍDICA DOMICILIADA NO EXTERIOR. REDUÇÃO DE CAPITAL PROMOVIDA DEPOIS DO RECEBIMENTO DE OFERTA VINCULANTE DE COMPRA DAS AÇÕES. Não produzem efeitos perante o Fisco as operações realizadas sem propósito negocial, com o único intuito de reduzir a tributação incidente sobre o ganho de capital materializado a partir da estipulação do preço a ser pago pelas ações detidas pelo sujeito passivo. IRRF SOBRE GANHO DE CAPITAL. DEDUÇÃO DO IRPJ DEVIDO NO PERÍODO. Deve ser deduzido do imposto devido no período de apuração o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo do tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. No mérito, acordam em dar provimento parcial nos seguintes termos: (i) quanto ao ganho de capital, por voto de qualidade, acordam em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Demetrius Nichele Macei (relator), Cristiane Silva Costa, Lívia De Carli Germano e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que lhe deram provimento e (ii) quanto ao IRRF, por maioria de votos, acordam em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Edeli Pereira Bessa. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Edeli Pereira Bessa, a qual manifestou intenção de apresentar declaração de voto. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 27 /2 01 5- 18 Fl. 1163DF CARF MF 2 Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Edeli Pereira Bessa, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Lívia de Carli Germano, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de processo administrativo consubstanciado na lavratura de autos de infração de IRPJ (R$ 58.316.312,71 ), CSLL (R$ 21.006.706,01), COFINS (R$167.413,45) e PIS/PASEP (R$ 6.272,92), que se deu em 18/09/2015, referente ao anocalendário 2010, resultando no crédito tributário total devido de R$ 79.526.705,09 (efls. 460 a 487). As infrações lançadas pelo auto de infração consistem em: a) omissão de receitas financeiras decorrentes do recebimento de juros contratualmente acordados, incidentes entre a data da assinatura do contrato de compra e venda em 03/08/2010 e o efetivo recebimento, em 22/10/2010 ; e b) omissão de ganho de capital. Também houve a imputação de multa qualificada, com base no artigo 72 da Lei nº 4.502/64 (TVF – efls. 444 a 459). A contribuinte apresentou Impugnação (efls. 493 a 534) em 22 de outubro de 2015, alegando, preliminarmente, a decadência total do lançamento com base no art. 150,§4º do CTN e, no mérito, trouxe argumentos para demonstrar os motivos extrafiscais que levaram a impugnante a uma reorganização societária, também tratou da legalidade da redução de capital a valor contábil, da impossibilidade de lançamento de PIS/COFINS sobre a suposta receita financeira, defendeu, ainda, o descabimento da multa qualificada e, por fim, requereu o abatimento/compensação do valor recolhido no passado a título de IR devido pela empresa Interban S.A. sobre o mesmo fato gerador ora autuado. Em 16 de maio de 2016, a 10ª Turma da DRJ/BHE, sob o acórdão nº 02 68.471 (efls. 727 a 762), deu procedência parcial para a impugnação do contribuinte para: a) MANTER parcialmente a exigência do IRPJ, no valor de R$ 9.626.056,14, já descontado o IRRF recolhido, acrescida da multa de ofício qualificada, no percentual de 150%, e dos juros de mora pertinentes; Fl. 1164DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.164 3 b) MANTER integralmente a exigência de CSLL no valor de R$ 7.041.959,46, acrescida da multa de ofício qualificada no percentual de 150%, e dos juros de mora pertinentes; c) EXONERAR integralmente as exigências de PIS e COFINS Vejase a ementa de tal decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando aplicável a regra do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), o prazo decadencial é de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, que se dá, no caso de apuração trimestral do lucro presumido, no último dia útil de cada trimestre do anocalendário respectivo (IRPJ e CSLL). Ainda que fosse aplicado o citado dispositivo legal; não se configuraria a decadência dos lançamentos em questão. LEI 9.718/98. RECEITAS FINANCEIRAS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS. Declarada a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, posteriormente revogado pela Lei nº 11.941, de 25 de maio de 2009, conclui se que devem ser afastadas as exigências do PIS e da Cofins sobre receitas não incluídas no conceito de faturamento. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. Não produzem efeitos perante o Fisco as operações realizadas sem propósito negocial, com o único intuito de reduzir a tributação incidente sobre a operação. A utilização de empresa veículo para a transferência de um ativo para empresa sujeita a tributação menos onerosa com a finalidade de alienálo em seguida permite sua desconsideração para efeitos tributários. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. ILÍCITOS ATÍPICOS. O abuso de direito e a fraude à lei configuram ilícitos atípicos, cuja ocorrência torna inválido o planejamento tributário, devendo ser aplicada a norma de tributação que a contribuinte pretendeu evitar. IRRF SOBRE GANHO DE CAPITAL. DEDUÇÃO DO IRPJ DEVIDO NO PERÍODO. Deve ser deduzido do imposto devido no período de apuração o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo do tributo. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. É cabível a qualificação da multa de ofício quando restar comprovado nos autos que o sujeito passivo agiu, dolosamente, no sentido de impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato Fl. 1165DF CARF MF 4 gerador da obrigação tributária principal, modificando as suas características essenciais. Fraude. Com exceção dos pontos superados pela DRJ, a autuada interpôs Recurso Voluntário (efls. 770 a 862) repisando seus argumentos e, em 17 de outubro de 2017 foi proferido o acórdão 1402002.772. Acompanhese a ementa e resultado do julgamento: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 DECADÊNCIA. LUCRO PRESUMIDO. CONTAGEM DO PRAZO. GANHO DE CAPITAL. ENCERRAMENTO DO TRIMESTRE. Iniciase a contagem do prazo decadencial para a constituição dos créditos tributários de IRPJ e CSLL apurados na sistemática do Lucro Presumido a partir do encerramento do trimestre em que verificouse a ocorrência do fato gerador, inclusive quando tratase de ganho de capital. Tendo em vista que na dinâmica do Lucro Presumido o valor das variações positivas percebidas nas alienações de ativos, tributadas a título de ganho de capital, devem ser diretamente adicionadas à base de cálculo, cuja a apuração dáse trimestralmente, não há de se falar em inércia do Fisco antes de seu vencimento. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. Inaceitável quanto aos efeitos fiscais a cessão de quotas à empresa alienígena para posterior alienação com tributação favorecida, sem demonstração de razão negocial que não a mera redução tributária. GANHO DE CAPITAL. IRF. RESTITUIÇÃO. Ainda que sejam desconsiderados os efeitos da operação sujeita à tributação na fonte, não cabe a devolução do imposto para quem originalmente não sofreu o ônus. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2010 LEI 9.718/98. RECEITAS FINANCEIRAS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS. Declarada a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, posteriormente revogado pela Lei nº 11.941, de 25 de maio de 2009, conclui se que devem ser afastadas as exigências do PIS e da Cofins sobre receitas não incluídas no conceito de faturamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2010 LEI 9.718/98. RECEITAS FINANCEIRAS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS. Declarada a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, posteriormente revogado pela Lei nº 11.941, de 25 de maio de 2009, conclui Fl. 1166DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.165 5 se que devem ser afastadas as exigências do PIS e da Cofins sobre receitas não incluídas no conceito de faturamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 IDENTIDADE DE IMPUTAÇÃO. Decorrendo a exigência de CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada, no mérito, a mesma decisão, desde que não presentes arguições especificas e elementos de prova distintos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar parcial provimento ao recurso do ofício para restabelecer a base de cálculo do IRPJ. Vencidos os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei, que votaram por negar provimento integralmente ao recurso. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa de ofício ao percentual de 75%. Vencidos os Conselheiros Paulo Mateus Ciccone, Ailton Neves da Silva e Evandro Correa Dias que votaram por manter a multa qualificada. Em primeira votação, por voto de qualidade, negouse provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito da exigência. Vencidos os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei que votaram por darlhe provimento. Designado o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto para redigir o voto vencedor. A contribuinte opôs embargos (efls. 916 a 922) que foram rejeitados pelo despacho de efls. 926 a 932. Mais uma vez a contribuinte recorreu, interpondo, agora, Recurso Especial (efls. 944 a 973) e levantando dois pontos de divergência: a) desconsideração de negócios jurídicos válidos em razão da ausência de propósito negocial (extrafiscal) e; b) abatimento do IRRF do IRPJ ora exigido. O Despacho de Admissibilidade (efls. 1.141 a 1.146) deu seguimento ao recurso ao analisar os seguintes acórdãos paradigmas: “desconsideração de negócios jurídicos válidos em razão da ausência de propósito negocial (extrafiscal)” Acórdão paradigma nº 1301003.023, de 2018: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2010 REDUÇÃO DE CAPITAL. ENTREGA DE BENS E DIREITOS DO ATIVO AOS SÓCIOS E ACIONISTAS PELO VALOR CONTÁBIL. SITUAÇÃO AUTORIZADA PELO ARTIGO 22 DA LEI Nº 9.249 DE 1995. PROCEDIMENTO LÍCITO. AUSÊNCIA DE FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Fl. 1167DF CARF MF 6 A redução do capital social deve ser de competência exclusiva da Assembléia Geral, desde que não haja prejuízos a credores, e não seja hipótese de fraude ou simulação. Assim, apenas os acionistas, que assumem o risco do negócio, possuem legitimidade para definir o montante necessário para continuar as atividades de sua empresa. Acórdão paradigma nº 1401002.347, de 2018: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 VENDA DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA RECEBIDA PELOS SÓCIOS APÓS OPERAÇÃO DE REDUÇÃO DE CAPITAL. AUSÊNCIA DE SIMULAÇÃO. PLANEJAMENTO LEGÍTIMO. Restando comprovado que a negociação da participação societária foi de fato e de direito realizada pelas pessoas físicas (ausência de simulação), bem como que a redução de capital com entrega de participação aos sócios produziu as consequências jurídicas normalmente esperadas para este tipo de operação (negócio dotado de "causa"), não há base para que o fisco desconsidere os efeitos tributários a pretexto de tributar os atos segundo o que, no seu entender, seria o seu desfecho previsível. “abatimento do IRRF do IRPJ ora exigido” Acórdão paradigma nº 1103001.016, de 2014: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2008 CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. NÃOOCORRÊNCIA.Não cabe alegação de cerceamento do direito de defesa, quando a análise do caso concreto demonstra que não restou caracterizado nenhum prejuízo para a impugnante, que mostrou ter compreendido perfeitamente a matéria tributada e conhecido as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, detalhadamente. INEFICÁCIA PERANTE O FISCO. NEGÓCIO JURÍDICO. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA DESPROPOSITADA. FALTA DE SUBSTÂNCIA. Negócios jurídicos celebrados, apesar de válidos entre as partes, não necessariamente mostramse aptos a serem oponíveis ao Fisco. Tais atos encontramse submetidos à análise de ordem preliminar, para se verificar sua eficácia, antes mesmo de se apreciar outras questões, como ocorrência de dolo, simulação ou mesmo a ocorrência de vícios. E, nos autos, restou demonstrado, de maneira exaustiva, que as reorganizações societárias empreendidas pelo grupo econômico não repercutem na esfera tributária. A utilização de empresa fictícia mostrouse completamente descontextualizada, com o objetivo único de permitir a transferência da tributação do ganho de capital da pessoa jurídica para os sócios pessoa física, razão pela qual foi desconsiderada, de maneira acertada, pela autoridade tributária. Fl. 1168DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.166 7 VALORES PAGOS DE GANHO DE CAPITAL PESSOA FÍSICA. DEDUÇÃO NA APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL PESSOA JURÍDICA. Valores pagos a título de imposto de renda pessoa física referente ao ganho de capital apurado pelos sócios da empresa devem ser considerados na apuração do ganho de capital do imposto de renda pessoa jurídica lançado de ofício. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS COM BASE NO MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL. O decidido em relação ao IRPJ estendese aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizado com base nos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Acórdão paradigma nº 9101002.535, de 2017: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001 DESPESAS COM REMUNERAÇÃO DE DEBÊNTURES. NORMALIDADE. USUALIDADE. NECESSIDADE. INOCORRÊNCIA. As despesas decorrentes de operações com debêntures, oferecidas e subscritas exclusivamente pelos sócios da empresa, mediante simples conversão de valores a eles devidos pela própria pessoa jurídica, e sem previsão de remuneração fixa por meio de juros, mas tão somente com remuneração atrelada aos lucros da empresa, em percentual substancial, não se enquadram nos conceitos de usualidade, normalidade e necessidade, sendo, portanto, indedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. ABATIMENTO DO IRRF. Afastandose a natureza de remuneração de debêntures dedutíveis, deixa de ser pertinente IRRF sobre a operação, fazendose necessário o abatimento dos valores recolhidos pelo contribuinte a tal título da exigência fiscal.Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2001 DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS DESNECESSÁRIAS. PREVISÃO LEGAL ESPECÍFICA. A partir de 1º de janeiro de 96, devem ser adicionadas ao lucro líquido do período, para fins de determinação da base de cálculo da contribuição social, as despesas incorridas pela pessoa jurídica que não possuam os atributos de necessidade, anormalidade e usualidade, em virtude da previsão legal contida no art. 13 da Lei nº 9.249/1995. A Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões (efls. 1.148 a 1.156) sem questionar a admissibilidade do recurso especial. No mérito, defende que a única intenção da recorrente foi a economia tributária, pois furtouse da tributação de ganho de capital que experimentaria na venda direta da Vialco SPE à CPC. É o relatório. Fl. 1169DF CARF MF 8 Voto Vencido Conselheiro Demetrius Nichele Macei Relator Conhecimento Conforme o despacho de admissibilidade de efl. 1.141/1.146, o recurso especial do contribuinte Vialco Construções e Participações Ltda. de efl. 944/973 é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade em relação aos temas “desconsideração de negócios jurídicos válidos em razão da ausência de propósito negocial (extrafiscal)” e “abatimento do IRRF do IRPF exigido”, não havendo questionamento pela parte recorrida, em contrarrazões (1.148/1.156), no tocante à admissibilidade do recurso, motivo pelo qual concordo e adoto as razões do i. Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF para conhecimento do Recurso Especial do contribuinte, nos termos do permissivo do art. 50, § 1º, da Lei 9.784/99. Mérito Em síntese, a insurgência trazida pelo contribuinte, em seu Recurso Especial, para fins de análise deste Colegiado, cingese à análise da existência de propósito negocial em operação de redução de capital social, com entrega de participação societária aos sócios que, posteriormente, venderam a terceiros referida participação, reduzindose, com essa operação prévia, a alíquota do IRPJ sobre ganho de capital de 34% (trinta e quatro por cento) para 15% (quinze por cento), uma vez que os sócios vendedores eram uma pessoa física e uma pessoa jurídica sediada no exterior. Subsidiariamente, acaso se entenda pela falta de propósito negocial e, portanto, mantenhase a autuação, questiona o contribuinte recorrente a vedação, por parte do v. acórdão recorrido, do abatimento do IRRF pago sobre o ganho de capital auferido na operação de venda com o IRPJ constituído de ofício, o que será analisado mais abaixo. Assim, em relação ao primeiro tema, o v. acórdão recorrido, de efl. 865/900, firmou entendimento no sentido de que é “inaceitável, quanto aos efeitos fiscais, a cessão de quotas à empresa alienígena para posterior alienação com tributação favorecida, sem demonstração de razão negocial que não a mera redução tributária”. Esclarecese que a empresa sediada no exterior detinha 99,99% da participação societária alienada. Já nos v. acórdãos paradigmas trazidos à colação, por sua vez, há entendimento de que “a redução de capital, com a entrega de bens e direitos do ativo aos sócios e acionistas pelo valor contábil é uma situação autorizada pelo art. 22 da Lei nº 9.249, de 1995”, concluindo que o “procedimento é lícito por ausência de fraude ou simulação” (acórdão 1301003.023) e de que a “venda de participação societária recebida pelos sócios após operação de redução de capital, com ausência de simulação, é planejamento legítimo” (acórdão 1401002.347). A questão da existência, ou não, de propósito negocial em realização de uma operação societária é, de fato, sempre controversa, pois não é possível ao Julgador perscrutar as intenções subjetivas das partes envolvidas em tal operação. Neste caso específico, da forma como o TVF (efl. 444/459) expõe a sequência de fatos, verificase que a operação de negociação das ações da Rodovias Integradas Fl. 1170DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.167 9 do Oeste S/A (SPVIAS) estava em andamento há muito tempo. Informa a fiscalização que a Companhia de Participação em Concessões S/A – CPC (empresa adquirente) vinha negociando com as quatro pessoas jurídicas sócias da SPVIAS desde 2006 e que, apenas em 2009, começaram as negociações definitivas para a aquisição da empresa. Em relação à operação societária sob análise, esclarece a fiscalização que o contrato de compra e venda das participações societárias fixa o dia 18.03.2010 como termo a quo para a correção do preço fixado para a aquisição da companhia, sendo que tal valor deveria ser corrigido em 100% do CDI até a data da concretização da aquisição – pro rata die, o que ocorreu em 03.08.2010. E, nesse meio tempo, a Recorrente (Vialco Construções e Participações Ltda.) teria cedido sua participação na Vialco Concessões Rodoviárias SPE Ltda. VIALCO SPE (que possuía em seu ativo as ações da SPVIAS) para a empresa ITERBAN Sociedad Anónima, sediada no Uruguai, graciosamente, com o único objetivo de, com a nova composição societária da VIALCO SPE (a ITERBAN cedeu 01 [uma] quota ao Sr. Luis Emilio Prassolo, cidadão argentino), realizar a operação de venda da SPVIAS, o que garantiu uma economia tributária da ordem de 19% sobre o ganho de capital (34% 15%). A fiscalização conclui que “referido planejamento foi realizado dentro do período de negociação de compra e venda, portanto, com tempo satisfatório para configurar todos os elementos necessários a induzir à correção dos procedimentos escondendo o verdadeiro propósito, a evasão de parte da tributação sobre o valor do negócio”. Acrescenta a fiscalização, ainda, que a operação de redução de capital social realizada pela Recorrente foi precedida de comunicado ao BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco Itaú BBA S/A, que autorizaram a operação. E, por fim, aponta que a ITERBAN era sócia majoritária da VIALCO Construções e Participações Ltda (Recorrente) – 99,99%, que era sócia majoritária da VIALCO SPE – 99,99%, que detinha, em seu ativo, as ações da SPVIAS que eram almejadas pela empresa adquirente Companhia de Participação em Concessões S/A – CPC, quais sejam, 6,19090% das ações totais da SPVIAS. Em v. acórdão de efl. 727/762, a DRJ/BHE concluiu que “não produzem efeitos perante o Fisco as operações realizadas sem propósito negocial, com o único intuito de reduzir a tributação incidente sobre a operação” e que “a utilização de empresa veículo para a transferência de um ativo para empresa sujeita a tributação menos onerosa com a finalidade de alienálo em seguida permite sua desconsideração para efeitos tributários”, ressaltando, por fim, que “o abuso de direito e a fraude à lei configuram ilícitos atípicos, cuja ocorrência torna inválido o planejamento tributário, devendo ser aplicada a norma de tributação que a contribuinte pretendeu evitar”. Como se vê, o v. acórdão recorrido manteve o entendimento de que a falta de demonstração de razão negocial, no caso, para fins tributários, era inaceitável, mantendose a autuação. Fiz parte do Colegiado a quo por ocasião do julgamento do recurso voluntário do contribuinte na Turma Ordinária. Na ocasião, foi afastada a multa qualificada por maioria de votos, “tendo em vista que a acusação é apenas e expressamente de abuso, não Fl. 1171DF CARF MF 10 sendo provadas quaisquer ilegalidades por parte do contribuinte que justificariam a qualificação da multa” (voto vencido, efl. 892) e, no voto vencedor, restou consignado que “ainda que as operações sob exame tenham cumprido os requisitos formais e não possam ser tidas como fraudulentas – daí porque foi afastada a multa qualificada, não há como acatálas em relação aos efeitos perante o Fisco, pela ausência de propósito negocial distinto da economia tributária”. Feita essa digressão, fica consignado que a única motivação para a manutenção da autuação, no v. acórdão recorrido, foi a ausência de propósito negocial distinto da economia tributária, ou seja, o fato da Recorrente ter seu capital reduzido, com entrega de ativos à sua sócia ITERBAN, não foi uma operação abusiva ou fraudulenta, mas realizada exclusivamente com o intuito de reduzir a tributação pelo ganho de capital na venda das ações da SPVIAS pela venda da empresa de participação que as detinha. De fato, a operação de redução de capital social não poderia ser considerada, por si só, abusiva ou fraudulenta, pois expressamente permitida na legislação – art. 1082, II do Código Civil c/c o art. 22, da Lei nº 9.249/95, abaixo transcritos: Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato: I depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II se excessivo em relação ao objeto da sociedade. Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornandose efetiva a partir da averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da assembleia que a tenha aprovado. Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita restituindose parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensandose as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas. § 1o No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembleia que aprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido anterior a essa data, poderá oporse ao deliberado. § 2o A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo antecedente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respectivo valor. § 3o Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, procederseá à averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução. (negritamos) Lei 9.249/95 Art. 22. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista. a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. § 1º No caso de a devolução realizarse pelo valor de mercado, a diferença entre este e o valor contábil dos bens ou direitos entregues será considerada ganho de capital, que será computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base no lucro Fl. 1172DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.168 11 real ou na base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido devidos pela pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa jurídica, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica que esteja devolvendo capital. § 3º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa física, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão informados, na declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do respectivo anobase, pelo valor contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica. § 4º A diferença entre o valor de mercado e o valor constante da declaração de bens, no caso de pessoa física, ou o valor contábil, no caso de pessoa jurídica, não será computada, pelo titular, sócio ou acionista, na base de cálculo do imposto de renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido. Vejamos, agora, o disposto nos v. acórdãos paradigmas trazidos à colação pela Recorrente quanto à motivação de uma operação de redução de capital em relação aos seus efeitos fiscais. Inicialmente, consigno que o v. acórdão 1401002.347, de 10 de abril de 2018, relatado pela i. Conselheira Livia De Carli Germano (efl. 1.010/1.022), trata da mesma operação de aquisição da SPVIAS pela CPC, mas de um outro vendedor, no caso, a CCI Concessões Ltda. A C. 1ª Turma da 4ª Câmara, de forma unânime, entendeu que (efl. 1.010): “Restando comprovado que a negociação da participação societária foi de fato e de direito realizada pelas pessoas físicas (ausência de simulação), bem como que a redução de capital com entrega de participação aos sócios produziu as consequências jurídicas normalmente esperadas para este tipo de operação (negócio dotado de ‘causa’), não há base para que o fisco desconsidere os efeitos tributários a pretexto de tributar os atos segundo o que, no seu entender, seria o seu desfecho previsível”. E, nos esclarecimentos feitos na fundamentação do voto, acrescenta a Conselheira Relatora (efl. 1.021): “O mesmo se pode dizer da redução de capital. A legislação traz condições para que o capital social de uma pessoa jurídica possa ser reduzido e, uma vez que estas são preenchidas e efetivamente se atinge o resultado pretendido, a consequência da operação (que no caso foi a entrega da participação na Holding G4 aos sócios) deve ser considerada legítima independentemente dos ‘motivos não fiscais’ que levaram à decisão por tal forma de transferir a participação. (...) Fl. 1173DF CARF MF 12 Em resumo, por entender que, de um lado, não houve simulação já que a negociação da participação societária não foi nem de fato nem de direito realizada pela Recorrente, e, de outro, que o planejamento não pode ser considerado ilegítimo eis que a redução de capital e entrega da participação na Holding G4 a seus sócios foi um ato dotado de ‘causa’ (entendida como função econômicosocial ou, como alguns preferem, ‘propósito negocial’), não vejo como manter a autuação. Não pode ser mantida a autuação no caso em que não há indícios convergentes de prática de simulação ou de ‘abuso’ (este último entendido como resultado ilegítimo dos atos praticados, a despeito de todos serem individualmente lícitos, conforme detalhado acima).” Da mesma forma, consigno que o segundo acórdão paradigma 1301 003.023, de 16 de maio de 2018, relatado pela i. Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto (efl. 1.070/1.113), também trata da mesma operação de aquisição da SPVIAS pela CPC, mas de um terceiro vendedor, no caso, a Construtora COVEG Ltda. A 1ª Turma da 3ª Câmara, de forma unânime, entendeu que (efl. 1.070): “REDUÇÃO DE CAPITAL. ENTREGA DE BENS E DIREITOS DO ATIVO AOS SÓCIOS E ACIONISTAS PELO VALOR CONTÁBIL. SITUAÇÃO AUTORIZADA PELO ARTIGO 22 DA LEI Nº 9.249 DE 1995. PROCEDIMENTO LÍCITO. AUSÊNCIA DE FRAUDE OU SIMULAÇÃO. A redução do capital social deve ser de competência exclusiva da Assembleia Geral, desde que não haja prejuízos a credores, e não seja hipótese de fraude ou simulação. Assim, apenas os acionistas, que assumem o risco do negócio, possuem legitimidade para definir o montante necessário para continuar as atividades de sua empresa”. E, nos esclarecimentos feitos na fundamentação do voto, acrescenta a Conselheira Relatora (efl. 1.111/1.112): “No que tange à redução do capital, há previsão legal no art. 22 da Lei nº 9.249, de 1995, que possibilitou que as pessoas jurídicas, ao entregarem bens ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no capital social, avaliassem esses bens pelo valor contábil ou de mercado: (...) Desta forma, a lei dá ao contribuinte a possibilidade de escolher quando da devolução de bens e direitos a sócios ou acionista, a título de devolução do capital social, entre devolver os ativos a valor de mercado, apurando, então, ganho de capital na operação (§ 1º do art. 22 da Lei nº 9.249/95), ou devolver os bens e diretos a valor contábil, sem ganho de capital. De igual forma, o Código Civil, em seus arts. 1082 e 1084, permitem que as pessoas jurídicas devolvam aos seus sócios parte do capital investido, desde que seguidas as formalidades expressas nos casos de capital excessivo. (...) Ou seja, tratase de opção do contribuinte. E o Fisco não pode nem deve impor ao contribuinte uma opção mais onerosa. (...) Fl. 1174DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.169 13 No caso concreto, a autoridade fiscal ao efetuar o lançamento quis impor ao contribuinte a opção mais onerosa. Entretanto, se o próprio legislador deixa à pessoa jurídica a opção, ao Fisco não cabe escolher a mais onerosa, a não ser que se verifique alguma fraude, simulação, o que não verifico no caso em questão.” Voltando ao v. acórdão recorrido, ressalto, mais uma vez, que a redução de capital social da Recorrente não foi considerada uma operação abusiva ou fraudulenta. A autuação foi mantida, após a desqualificação da multa, em razão da operação de redução da capital social ter tido o intuito único de reduzir a tributação pelo ganho de capital na venda das ações da SPVIAS pela venda da empresa de participação que as detinha. Como exposto de maneira clara e objetiva nos v. acórdãos paradigmas, não cabe ao Fisco impor ao contribuinte uma opção mais onerosa em situação que a legislação lhe faculta a opção de realizar um determinado ato jurídico que, ao final, tem o condão de permitir um ganho tributário pelo pagamento menor de tributos. Não se discute que a venda das ações da SPVIAS pela Recorrente para a CPC poderia ter sido realizada através da VIALCO SPE, que as detinha diretamente. Também não se discute que a própria Recorrente poderia ter vendido suas quotas na VIALCO SPE à CPC, chegandose ao resultado desejado pelas partes, qual seja, que a CPC passasse a ser proprietária das ações da SPVIAS através da VIALCO SPE. Em ambos os casos, o ganho de capital seria experimentado por empresa nacional e, desta forma, estaria sujeito à tributação usual, ou seja, de 25% de IR e 9% de CSLL. No entanto, havia uma terceira alternativa: reduzir o capital social da Recorrente e, no pagamento aos seus sócios, entregar, como de fato entregue foi, as quotas da VIALCO SPE para, posteriormente, a sócia ITERBAN, sediada no Uruguai, fazer a venda das quotas da VIALCO SPE para a CPC, com tributação reduzida a 15% em razão de se tratar de pessoa jurídica sediada fora do território nacional. Ou seja, a Recorrente tinha opções diferentes para a realização da venda de ativos com ganho de capital. Optou pela menos onerosa tributariamente e isso, na linha do que vem decidindo o CARF relativamente a possibilidade de redução de capital para posterior venda na pessoa fisica dos sócios, por exemplo, não há planejamento abusivo. Ademais, frisese que, em última instância, a ITERBAN era a real detentora das ações da SPVIAS, uma vez que tinha 99,99% de participação no capital social da Recorrente, que detinha 99,99% de participação no capital social da VIALCO SPE, que tinha em seu ativo as ações da SPVIAS que foram vendidas para a CPC. Não há qualquer simulação. O real proprietário fez a venda de seu ativo a terceiro, a preço de mercado e, pelo ganho de capital, sujeitouo à tributação conforme determina a legislação. Desta forma, entendo deva ser reformada a r. decisão recorrida, prevalecendo o entendimento exarado nos v. acórdãos paradigmas, reputandose idônea a operação de redução de capital da Recorrente, inclusive para fins fiscais. Fl. 1175DF CARF MF 14 A decisão acima, se confirmada pelo Colegiado, prejudica a análise do segundo tema trazido para apreciação por este Colegiado, pois afastada a autuação, o IRRF devidamente recolhido não teria com o que ser abatido. Contudo, por precaução, caso não prevaleça o entendimento pelo cancelamento da autuação, passase à análise do segundo tema trazido pelo contribuinte em seu Recurso Especial e admitido para julgamento pela demonstração da divergência com os acórdãos paradigmas, qual seja, a possibilidade de “abatimento do IRRF do IRPJ exigido” em razão da autuação. Assim, em relação ao segundo tema, o v. acórdão recorrido, de efl. 865/900, firmou entendimento no sentido de que “ainda que sejam desconsiderados os efeitos da operação sujeita à tributação na fonte, não cabe a devolução do imposto para quem originalmente não sofreu o ônus”, uma vez que “a autuada não sofreu o ônus do tributo, mas sim a empresa alienígena”, dando provimento ao recurso de ofício e, consequentemente, reformando o v. acórdão da DRJ/BHE, que tinha admitido o abatimento. Já nos v. acórdãos paradigmas trazidos à colação, por sua vez, há entendimento de que “valores pagos a título de imposto de renda pessoa física referente ao ganho de capital apurado pelos sócios da empresa devem ser considerados na apuração do ganho de capital do imposto de renda pessoa jurídica lançado de ofício” (acórdão 1103 001.016) e que “afastandose a natureza de remuneração de debêntures dedutíveis, deixa de ser pertinente IRRF sobre a operação, fazendose necessário o abatimento dos valores recolhidos pelo contribuinte, a tal título, da exigência fiscal” (acórdão 9101002.535). Analisandose o v. acórdão recorrido, especificamente o voto vencido em relação ao tema ora em discussão, observase que o Relator adotou as razões de decidir da DRJ/BHE para negar provimento ao recurso de ofício. Pela pertinência, transcrevese abaixo as considerações pelo abatimento do IRRF do valor constituído a título de IRPJ (efl. 896, parte final): “Considerando, portanto, que o valor do IRRF já foi recolhido ao Tesouro Nacional referente a mesma operação comercial; que o IRRF não foi aproveitado pela ITERBAN na dedução da apuração do seu IRPJ, por tratarse de empresa domiciliada no exterior; que não se trata de valor recolhido indevidamente passível de restituição; e, ainda, que a administração tributária deve obediência aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e moralidade administrativas, voto na dedução do valor de R$ 9.922.942,36 na apuração do lançamento de IRPJ do 3º trimestre de 2010 da impugnante.” No voto vencedor, por sua vez, ficou consignado que (efl. 899): “(...) a autuada não sofreu o ônus do tributo, mas sim a empresa alienígena. Se ocorreu a prescrição do direito de pedir a restituição/compensação é circunstância que não pode ser imputada à Administração tributária”. Analisando o primeiro paradigma, exarado por este Colegiado (9101 002.535), observase que, em situação semelhante à acima descrita, o entendimento final foi diverso. Verificase que no voto vencedor quanto ao mérito, mas vencido em relação ao aproveitamento do IRRF, de lavra do i. Conselheiro Rafael Vidal de Araújo (efl. 1.041/1.069), ficou consignado que (efl. 1.066): Fl. 1176DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.170 15 “No que se refere à possibilidade de se deduzir do IRPJ lançado o IRRF recolhido sobre os rendimentos pagos aos debenturistas, entendo que não há fundamento legal para a compensação pretendida. Isto porque não houve a desconsideração da despesa, como se inexistente fosse, mas simplesmente a negação dos efeitos tributários pretendidos pela contribuinte (dedutibilidade das despesas associadas aos pagamentos). (...) Aliás, mesmo que se chegasse à conclusão de que não era cabível a cobrança de imposto de renda sobre os valores pagos (o que se admite apenas como hipótese argumentativa), seriam as pessoas físicas debenturistas as únicas possíveis beneficiárias de eventual restituição. As retenções incidiram sobre rendimentos das pessoas físicas investidoras, e não da pessoa jurídica investida. Logo, não podem beneficiar a pessoa jurídica.” No voto vencedor, em relação ao uso do IRRF, de lavra do i. Conselheiro Luís Flávio Neto, ficou consignado, por sua vez, que (efl. 1.039/1.040): “Destaco a parte final do voto que orientou o acórdão nº 10194.986, indicado pela recorrente como paradigma de divergência para a interposição do recurso especial ora sob julgamento: ‘Entendo, todavia, que por uma questão de razoabilidade, deve ser deduzida da exigência o valor pago a título de imposto de renda retido na fonte. É que, ao se considerar como dedutíveis as despesas correspondentes aos rendimentos de debêntures, na realidade estáse tratando os valores contabilizados a título de remuneração de debêntures como lucros distribuídos. Nesse caso, não cabe o imposto de renda retido na fonte, e uma vez que se trata de incidência exclusiva, não compensável na declaração dos beneficiários, deve o respectivo valor ser deduzido da presente exigência.’ Do mesmo modo, compreendo assistir razão à NATURA quando pleiteia, de forma subsidiária, seja aproveitado o IRRF por ela recolhido na operação, para a compensação dos correspondentes valores exigidos nestes autos. Não há falarse em ausência de expressa disposição legal para tanto, pois se trata de decorrência lógica e necessária da desconsideração das operações de remuneração de debêntures.” No segundo paradigma (1103001.016), de lavra do i. Conselheiro André Mendes de Moura, ficou consignado que (efl. 1.135): “Entendo que, neste caso, os valores pagos a título de imposto de renda pessoa física devem ser considerados, na apuração do crédito tributário em debate. Ainda que por um caminho tortuoso, parcela do crédito tributário constituído por meio de lançamento de ofício de IRPJ foi paga, e por isso deve ser levada em conta. Por outro lado, o crédito tributário referente à CSLL permanece intacto.” A única razão para o v. acórdão recorrido ter desconsiderado o abatimento do IRRF do IRPJ constituído foi que o ônus da tributação não tinha sido suportado pela Fl. 1177DF CARF MF 16 Recorrente. Nos paradigmas, por sua vez, ainda que terceiros tivessem sofrido a retenção do IR na Fonte, tais valores foram admitidos para fins de abatimento do IRPJ constituído de ofício. Entendo que, no caso concreto, quando a fiscalização altera, de ofício, o vendedor dos ativos que geraram o ganho de capital objeto da retenção do IRRF pelo comprador, não pode ser desconsiderado que qualquer que fosse o vendedor, o IRRF seria retido e recolhido pelo comprador em favor da União, pois se trata da mesma operação. Assim, o fato do IRRF ter sido recolhido no CNPJ da ITERBAN, por ter sido a vendedora na operação realizada pelas partes, o deslocamento do polo vendedor para a Recorrente, de ofício, não pode ser motivo para a negativa do abatimento do IRRF recolhido na operação. É, de fato, como já decidiu esse Colegiado, “decorrência lógica e necessária”, justificando, também nesse tema, a reforma do v. acórdão recorrido. Reconheço, entao, na eventualidade de ser mantida a autuação, que o IRRF retido em nome da ITERBAN sobre o ganho de capital pela venda de sua participação na empresa VIALCO SPE deve ser abatido do IRPJ constituído de ofício, uma vez que o deslocamento da condição de vendedor da ITERBAN para a Recorrente decorreu do lançamento de ofício e, sendo uma ou outra a empresa vendedora, o IRRF recolhido pela CPC decorreu da operação de compra e venda realizada. Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte para reconhecer idônea a operação de redução de capital da Recorrente. É o voto (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Voto Vencedor Conselheira Edeli Pereira Bessa, Redatora designada. O I. Relator restou vencido em seu entendimento contrário à tributação do ganho de capital. Como bem observado no voto vencido, a redução de capital social está prevista em lei e consiste em uma opção dos sócios da pessoa jurídica. Todavia, não se pode admitir que, acordada a venda de ativo da pessoa jurídica, a redução de capital social se preste, apenas, a alterar a incidência tributária sobre o ganho de capital daí decorrente. Por certo, a venda as ações da SPVIAS poderia ter sido promovida pela Contribuinte, por seus sócios ou por outra pessoa jurídica constituída apenas para este fim. Porém, fato é que a venda foi promovida pela Contribuinte e a transferência das ações da SPVIAS para a ITERBAN se deu apenas para alcançar menor tributação sobre o ganho capital, reduzindoa de 34% (25% de IRPJ e 9% de CSLL) para 15% (IRRF). Isto porque, como relatado pela autoridade lançadora, apesar de apenas em 03/08/2010 ter sido assinado o Contrato de Compra e Venda de Ações e Quotas e outras Avenças e respectivos anexos, entre os sócios da SPVIAS, um deles a Contribuinte, e a adquirente Companhia de Participações em Concessões (CPC), as negociações com a futura Fl. 1178DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.171 17 adquirente já transcorriam desde antes de dezembro de 2009, quando apresentada oferta de compra vinculante por CPC com estipulação de preço, o qual tomou contornos definitivos em 18/03/2010, naquele intervalo verificandose outras providências para concretização do negócio especialmente em razão do Contrato de Concessão detido por SPVIAS. Inferese que a Contribuinte entende ser seu direito alterar a incidência do ganho de capital quando argumenta somente ter procedido à redução de capital após a última autorização para a transferência do investimento da SPVIAS. Contudo, esta postergação da transferência das ações da SPVIAS para a ITERBAN apenas evidencia que tal operação societária não teve outra razão distinta da busca da menor incidência tributária sobre o ganho de capital que já se evidenciava desde a oferta vinculante de compra em dezembro/2009. O voto condutor do acórdão recorrido sintetiza a inadmissibilidade desta pretensão e a regularidade da acusação fiscal: Apresento minhas homenagens ao fundamentado voto do I. Conselheiro Relator mas dele, respeitosamente, ouso divergir no que se refere à legitimidade, para efeitos tributários, das operações analisadas no âmbito do procedimento fiscal. O Relator menciona no início de seu voto o que para ele seriam as três acusações concretas que motivaram a autuação: 1) ser a VIALCO SPE empresa veículo, com o único propósito de proporcionar uma economia tributária, não possuindo outra motivação para sua criação; 2) a cessão de quotas da VIALCO SPE pela VIALCO Construções e Participações Ltda. (Recorrente) à sua sócia ITERBAN teria sido a título gratuito; e 3) o uso desvirtuado e abusivo do instituto jurídico da redução de capital com animus de auferir economia tributária indevida. A questão mencionada no item 3 foi utilizada fundamentalmente como justificativa para a qualificação da multa que foi afastada neste julgamento. Quanto aos itens 1 e 2, importa transcrever o trecho do Termo de Verificação que define a infração: [...] 15. Diante dos fatos narrados até aqui, e embasados pelos documentos obtidos pelas diversas intimações junto a adquirente CPC, anexos a este processo, chegamos à conclusão que a cessão de quotas que a VIALCO CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES LTDA fez em favor da INTERBAN SOCIEDAD ANÓNIMA faz parte de um planejamento tributário abusivo que almejou, como único objetivo, reduzir a tributação sobre o ganho de capital, significando uma economia tributária indevida na ordem de 19%. Esta economia tributária se dá pela aplicação da alíquota de 15%, pelo qual é tributado o ganho de capital auferido por pessoa jurídica domiciliada no exterior (IRRF), em detrimento das alíquotas de IRPJ e da CSLL a que estão sujeitas as pessoas jurídicas domiciliadas no país e que totalizam 34%. [...] Vêse portanto que, em sentido diverso ao entendimento do relator, o fato da Vialco SPE ser tida como empresa veículo é questão subsidiária, pois a irregularidade que gerou a infração foi a cessão de quotas da VIALCO Fl. 1179DF CARF MF 18 CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES LTDA (Vialco CP) para a INTERBAN SOCIEDADE ANONIMA PARTICIPAÇÕES LTDA (Interban). Mais ainda, a infração não foi representada pelo fato da cessão ter sido gratuita de per si mas em função dessa operação ter permitido que a Interban negociasse com a CPC as ações da SP Vias em condições de favorecimento tributário, conforme transcrição supra. Daí porque, em primeiro lugar, entendo que as considerações do voto condutor para anuir com o sujeito passivo nas razões que justificaram a criação da Vialco SPE, ainda que irretocáveis nos aspectos técnicos, não elidem a infração. Poderseia em tese considerar regular a criação da Vialco SPE. Nessa linha, a princípio soaria razoável o posicionamento do voto vencido ao defender a inexistência do abuso de direito na criação da Vialco SPE (destaques acrescidos): [...] Posto isso, criação da VIALCO SPE para receber as quotas da SP Vias da Recorrente, para ser posteriormente vendida à CPC, em nada se confunde com abuso de direito, ficando claro a motivação empresarial da sua criação, não procedendo a sua desconsideração pelo Fisco sob a acusação de existir unicamente por economia tributária. [...] Entretanto, a pergunta que não foi devidamente respondida é: Porque a Vialco SPE não efetuou a alienação das cotas e arcou com os efeitos tributários daí decorrentes se foi essa a motivação empresarial para sua criação? A resposta é clara: Se assim o fizesse, seria tributada à alíquota de IRPJ e CSLL no total de 34% (trinta e quatro por cento) e não 15% a título de IRF com a utilização da empresa Interban, como efetivamente ocorreu. Não posso concordar com o voto vencido quando afirma não ter havido questionamento em relação ao contexto da empresa uruguaia no grupo como instrumento de planejamento fiscal. Ora, a acusação fiscal foi exatamente nesse sentido. O item 15 do TVF supra transcrito deixa clara tal circunstância com a menção à tributação de 15% (quinze por cento) sobre a empresa domiciliada no exterior em detrimento às alíquotas incidentes sobre as empresas brasileiras. A cessão de cotas pela qual a Interban assumiu o controle da Vialco SPE não teve outra motivação comprovada que não a negociação das cotas da SP Vias. Ainda que as operações sob exame tenham cumprido os requisitos formais e não possam ser tidas como fraudulentas daí porque foi afastada a multa qualificada não há como acatálas em relação aos efeitos perante o Fisco, pela ausência de propósito negocial distinto da economia tributária. Mas o voto vencedor da decisão de 1ª instância expõe largamente as razões pelas quais o planejamento tributário em questão não pode ser admitido: Fl. 1180DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.172 19 Com a devida vênia, não trata o procedimento fiscal da legalidade estrita dos negócios jurídicos efetuados pelo impugnante, dentre eles a cessão de quotas efetuada pela VIALCO Construções e Participações para a ITERBAN SOCIEDAD ANÓNIMA. O critério jurídico do lançamento foi o planejamento tributário com abuso de direito, por meio de várias ações desencadeadas com o único objetivo de excluirse da sujeição passiva tributária e não sofrer o ônus fiscal na apuração do IRPJ e reflexos. A descrição dos fatos está consubstanciada no Termo de Verificação Fiscal, fls. 444 a 459, bem resumida no Relatório deste, donde se destacam os seguintes registros e cronologia, somados a dados adicionais de documentos acostados, da Impugnação e do próprio Voto Vencido: 1. A Companhia de Participações em Concessões – CPC desde 2006 negociava a aquisição da sociedade Rodovias Integradas do Oeste S/A – SPVIAS, com ofertas não vinculantes em 09/2006 e 08/2008, e oferta vinculativa em 12/2009; 2. A impugnante, VIALCO CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇOES LTDA VIALCO, possuía até então 6,1909% das ações da SPVIAS, em exatas 4.951.763 ações ordinárias nominativas; 3. Em 29/10/2009 a SPVIAS enviou correspondência ao BNDES solicitando consentimento para a reorganização societária, qual seja, a transferência de 100% das ações da VIALCO e dos demais sócios; 4. Em 16/11/2009 a CPC recebeu proposta de assessoria financeira do Banco PACTUAL para representála na negociação de aquisição da SPVIAS; 5. Em 17/11/2009 foi firmado Contrato Social constitutivo da Sociedade de propósito específico VIALCO CONCESSÕES RODOVIÁRIAS SPE – VIALCO SPE, inscrita no CNPJ em 02/12/2009, tendo como sócios a Impugnante, VIALCO (4.951.763 quotas) e a companhia Uruguaia ITERBAN S/A (01 quota) a serem integralizadas posteriormente. Nota¹: A VIALCO SPE é a empresa “veículo” criada somente com o propósito de transferência da participação da VIALCO na SPVIAS por meio de integralização de capital com as ações desta última, o que está previsto no próprio Contrato Social (fls.667/674), o que só foi se concretizar em 11/06/2010. Nota²: O número de quotas da VIALCO quando da criação da VIALCO SPE (4.951.763 quotas) é exatamente o mesmo número de ações nominativas ordinárias que a VIALCO possuía na SPVIAS (fl.376), ou seja, nesta data (17/11) há fortes indícios de que toda a transação já estaria acertada e estava configurada toda a forma de transferência futura das quotas para a empresa estrangeira ITERBAN S/A, que sequer era sócia quotista da VIALCO CONSTRUÇÕES. Nota³: A VIALCO SPE foi baixada por incorporação a SPVIAS em 22/12/2010, pouco mais de um ano depois, tão logo concluída a transação de alienação da participação societária, caracterizandoa como empresa veículo de toda a operação. Fl. 1181DF CARF MF 20 6. Em 04/12/2009 a CPC faz uma OFERTA VINCULANTE de compra das ações da SPVIAS aos acionistas destas (fls.366/370), considerando terem participado do processo organizado por estes para venda das ações (Transação), tendo inclusive feito ofertas não vinculativas anteriores em 08/2008 e 09/2006 (fls.357/365). Nota¹: a Oferta formal produzida por este documento indica a existência de procedimento anterior de oferecimento das ações pela própria SPVIAS, ou seja, havia interesse dos próprios acionistas na venda das ações que foi efetivamente concluído ao final de 2009; Nota²: Apesar da oferta formal ser datada de 04/12/2009, dando ares de concretude a transação, os eventos dos meses de Outubro e Novembro de 2009, acima descritos, indicam que a transação já estaria pactuada anteriormente. 7. Em 09/12/2009 é inscrita a ITERBAN S/A no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, constituindose formalmente como empresa domiciliada no exterior junto a RFB; Nota¹: Atestase que a ITERBAN S/A sequer fazia parte do quadro societário da VIALCO CONSTRUÇÕES, sequer era inscrita no CNPJ por ocasião da criação da empresa veículo VIALCO SPE, da qual fez parte, para 3 meses depois receber as quotas da VIALCO CONSTRUÇÕES. 8. Em 16/12/2009 a ITERBAN S/A passa a fazer parte do quadro societário da VIALCO CONSTRUÇOES, impugnante, por meio da transferência de 18,42% das quotas oriundas de outra empresa uruguaia, VANZELL CORP. S/A. 9. Em 25/02/2010 a VIALCO CONSTRUÇÕES delibera pela redução do capital em R$ 4.955.553,00 por excessivo em relação ao objeto social, conforme art. 1.082, II, Código Civil; ato contínuo, decide pela restituição aos sócios quotistas do valor do capital integralizado ora reduzido, na proporção de suas participações, com investimentos que a Sociedade possua em outras sociedades / companhias (fl.23). Nota¹: Observase que a redução do capital é em valor praticamente idêntico ao valor da participação da VIALCO na SPVIAS (R$ 4.951.763,00), bem como equivalente ao valor das quotas da VIALCO na VIALCO SPE (R$ 4.951.763,00), cuja engrenagem já foi planejada em 17/11/2009 juntamente com a criação da ITERBAN. Nota²: O Capital social foi reduzido de R$ 16.634.040,00 para R$ 11.678.487,00 com a pretensa justificativa de “excesso em relação ao objeto social”. 10. 18/03/2010 foi escolhida como a data base para correção do valor da SPVIAS, “pro rata die” em 100% do CDI, até a data do fechamento da compra. Nota: Este dado também corrobora fortemente o entendimento de que a transação já havia sido pactuada antes da sua efetividade em 03/08/2010, aguardando somente a reestruturação societária para minorar o ônus tributário. 11. Em 25/03/2010 o BNDES aprovou a reorganização societária da SPVIAS; Fl. 1182DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.173 21 12. Em 29/03/2010 a ITERBAN S/A adquire mais 81,49% das quotas da impugnante, VIALCO CONSTRUÇÕES, por transferência do proprietário anterior VIAL Investimentos e Participações Ltda, passando a ser sócia majoritário com 99,99% das quotas da VIALCO. 13. Em 11/06/2010 a VIALCO CONSTRUÇÕES, impugnante, promoveu a efetiva integralização do capital social da VIALCO SPE com suas ações ordinárias integralizadas na SPVIAS pela Alteração contratual às folhas 218/227. 14. Ainda em 11/06/2010, na mesma Alteração contratual onde houve a integralização, a sócia VIALCO retirase da sociedade, cede e transfere todas as suas 4.951.763 quotas do capital social para a sócia ITERBAN S/A; esta, por sua vez, cede uma quota ao sócio Luis Emilio Prassolo. Nota: Com a cessão e transferência de quotas da VIALCO, a ITERBAN passou a ser detentora de 99,99% das quotas da VIALCO SPE, integralizadas com a totalidade das quotas que a VIALCO detinha junto a SPVIAS (4.951.763 quotas representativas de 6,1909% da SPVIAS). 15. Em 03/08/2010, a CPC compra as quotas da empresa VIALCO SPE, tendo como alienante a ITERBAN S/A, passando a ser detentora integral dos 6,1909% das quotas da SPVIAS (Contrato às folhas 73 a 178), que foi o objetivo de toda a reorganização societária. 16. Em 22/10/2010 celebram a CPC e os vendedores da SPVIAS contrato de Ajuste do valor pactuado em 03/08/2010 (fls.424/426); 17. Em 21/01/2011, três meses após concluída a transação, a VIALCO CONSTRUÇÕES promove o primeiro aumento de capital, com o fito de restabelecer em parte a redução de capital social inicialmente anterior, de R$ 11.678.487,00 para R$ 13.678.487,00, restabelecendo o capital em R$ 2 milhões de reais. (Fonte: arquivo JUCESP, alterações societárias, Num.Doc 033.576/117, Sessão de 21/01/2011, fls.686/688). 18. Já em 22/03/2011, após apenas 5 meses da conclusão da transação, o capital pretensamente reduzido por excessivo ao objetivo social foi restabelecido em aproximadamente mais R$ 5 milhões, passando a R$ 19.215.247,00. (Fonte: arquivo JUCESP, alterações societárias, Num.Doc 033.576/117, Sessão de 21/01/2011, fls. 686/688). Nota: o valor dos aumentos do capital social pela ITERBAN, como principal quotista da VIALCO, superam a redução anterior efetuada com o fito de se vender as quotas da SPVIAS, sob a alegação de “capital excessivo em relação ao objeto social”. Considerada toda a cronologia acima, passemos às considerações quanto as alegações do contribuinte acatadas pelo Voto Vencido e as razões de fato e de direito que sustentam este Voto vencedor. As razões de defesa quanto a operação debruçamse sobre dois pilares: existência de motivos extrafiscais para a reorganização societária (fls.500/506) e a Legalidade da redução de capital a valor contábil com devolução aos sócios da sua participação (fls.506/514). Fl. 1183DF CARF MF 22 1. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A INEXISTÊNCIA DE MOTIVOS EXTRAFISCAIS NA REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA No Voto Vencido o relator afasta de forma sucinta as alegações do contribuinte da motivação extrafiscal na reorganização societária, entendimento acatado por todos os demais julgadores. Entretanto, como a inexistência de propósito negocial da reorganização compõe uma das variáveis do planejamento tributário abusivo, critério jurídico deste lançamento e razão maior da sua manutenção, fazemse necessárias rápidas considerações neste voto vencedor. Alega o contribuinte a necessidade de se isolar a participação na SPVIAS, transferindoa para a VIALCO SPE, em decorrência do risco do seu investimento e garantias a financiamentos da Bioenergéticas Vale do Paracatu Ltda (BEPAV), juntando Contrato ilustrativo desta junto ao BNDES, da qual é uma das fiadoras. Os argumentos de proteção societária como fundamento do negócio jurídico, frente aos riscos inerentes ao investimento na BEPAV, não se coadunam com o curto prazo em que foi realizada a redução de capital e a sua venda. A alienação direta pela própria VIALCO CONSTRUÇÕES, por si só, alcançaria tal objetivo, prescindindo a engenharia da reorganização societária que visou apenas fins tributários. Da análise temporal dos fatos acima descritos, depreendese que num mesmo momento, exatamente em 11/06/2010, a VIALCO CONSTRUÇÕES integralizou o Capital Social da “empresa veículo” VIALCO SPE com a sua participação societária na SPVIAS e, ato contínuo, retirouse da sociedade, transferindo suas quotas para a ITERBAN para imediata alienação com tributação minorada. Outro fator indiciário da motivação estritamente fiscal é que a criação da VIALCO SPE foi efetuada ainda em Novembro de 2009, com o mesmo número de quotas da sua participação na SPVIAS, e ainda, em sociedade única com a ITERBAN, futura destinatária das quotas para alienação a CPC. Tudo isso em 2009, quando toda a operação de venda já estava informalmente acertada, mas precisava aguardar as demais ações seqüenciais para gerar o efeito esperado da economia tributária. Patente, portanto, que o objetivo não seria “blindar” o ativo da SPVIAS colocandoo em uma sociedade sem contingências, porquanto o real interesse era a VENDA deste ativo para a CPC, cuja concretização do negócio foi acertada ao término de 2009, contemporaneamente ao início da reorganização societária. Outrossim, apenas a título ilustrativo, o contrato de financiamento da BEPAV junto ao BNDES, onde a VIALCO consta como uma das fiadoras, apresentada como indicadora do “risco” a que submetida a sociedade, cumpre papel ao revés: indica forte aporte de capital para investimento (não para custeio) em novo parque industrial, sendo grande parte com recursos próprios da BEPAV da ordem de 260 milhões (R$), de um investimento total de 654 milhões (R$), crédito esse a ser utilizado em 21 meses contados de Maio de 2009, data do contrato de financiamento às folhas 604/654. A reorganização societária iniciada em Novembro de 2009, apenas 6 meses depois, não se mostra, razoavelmente, relacionada a proteção patrimonial de um investimento de grande porte em pleno curso. Ademais, a redução de Fl. 1184DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.174 23 capital social de uma empresa garantidora de um financiamento “supostamente de grande risco” poderia configurar até mesmo fraude contra credores, e seria prontamente obstada por estes quando cientificados da decisão societária que autorizou a redução pela publicação da Ata da Assembléia de 25/02/2010, o que não ocorreu. Não se nota, portanto, a presença de motivos não predominantemente tributários congruentes entre si, ou, noutros dizeres, compatíveis com a finalidade pretendida com a realização do negócio jurídico. Dúvidas não há, portanto, quanto a motivação estritamente tributária da reorganização societária, considerada pela fiscalização como “abuso de direito”, afastado qualquer propósito negocial alegado. 2. DA LEGALIDADE DA REDUÇÃO DE CAPITAL A VALOR CONTÁBIL, DA DEVOLUÇÃO AO SÓCIO E DA POSTERIOR VENDA DOS ATIVOS No Voto Vencido, o relator acatou a tese da defesa, consubstanciada, em resumo, no argumento de que a redução de capital com entrega da participação da Impugnante na SPVIAS aos seus sócios, a valor contábil, “foi um procedimento absolutamente regular e legítimo que está expressamente previsto na legislação”, fundado no artigo 22 da Lei nº 9.249/95. Pertinente trazêlo novamente à tona: Art. 22. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista. a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. .... Foram carreados aos autos vários Acórdãos do CARF afastando a distribuição disfarçada de lucros pelas reduções de capital com posterior entrega de bens e direitos aos sócios, ao amparo daquele artigo 22. Pois bem, dúvidas não existem quanto a legitimidade do procedimento de devolução da participação no capital social aos sócios, como literalmente depreendese do texto legal acima. Não estamos a tratar da legalidade deste ato ou das demais ações empreendidas pelo contribuinte, mas tão somente do abuso de direito decorrente destas ações seqüenciais oponíveis à administração tributária. Para ilustrar, trago excertos da melhor doutrina acerca de abuso de direito, na condução sempre coerente de Marco Aurélio Greco, que passeia de forma brilhante nesta seara de planejamento em sua notável obra Planejamento Tributário, edição 2004, pág.113, onde já, sabiamente, alertava: Se o Fisco quiser atacar o tipo de conduta do contribuinte alegando sua ilicitude não terá razão se o que for feito tiver previsão na lei; o flanco não é a ilicitude. A pergunta é outra: seria aquela conduta eficaz perante o Fisco? Esta é a pergunta. Aliás, num sem número de planejamentos que já vi, excepcionalmente há alguma ilicitude; a imensa maioria dos casos que se apresentam como de planejamento e em relação aos quais se pede a proteção dos respectivos efeitos, se dá mediante atos lícitos. Fl. 1185DF CARF MF 24 Em suma, não basta ser lícito, a licitude é a preliminar. Além de ser lícito precisam ser atendidos outros requisitos para a operação ser aceitável da perspectiva da produção dos efeitos perante o Fisco. O grande debate não é sobre a legalidade ou ilegalidade, é sobre eficácia ou ineficácia. Aí está outra grande mudança de paradigma de análise das operações realizadas pelos contribuintes. Não é possível, no plano abstrato, dar uma resposta conclusiva e categórica quanto à oponibilidade ou não das operações ao Fisco. Não é possível responder em abstrato que determinada conduta está ou não protegida. A resposta dependerá das circunstancias do caso concreto. [GRIFEI] Entretanto, pertinente também o olhar atento para cada qual das ações componentes do planejamento tributário como forma de qualificálo como abusivo no seu fim último. Neste ponto cumpre um importante senão: o artigo 22 da Lei 9.249/95 apenas dispõe quanto a possibilidade e a forma da devolução dos ativos aos sócios, entretanto a ação matriz a partir da qual foi efetuada a devolução destes ativos a ITERBAN foi a redução de capital social da VIALCO CONSTRUÇÕES. E em que circunstâncias a redução de capital é legítima? A resposta está no artigo 1082 do Novo Código Civil, considerando tratarse de Sociedade empresária Ltda: Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato: I depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II se excessivo em relação ao objeto da sociedade. Portanto, a redução do capital, por excessivo, e a devolução (em bens/direitos) de participação (do acionista) no capital são, a meu ver, coisas totalmente distintas, oriundas de pressupostos diferentes, podendo a segunda ser decorrente da primeira. Desta feita, a legitimidade da redução de capital deve preceder qualquer questionamento quanto a devolução de capital aos sócios. Como visto, a VIALCO CONSTRUÇÕES reduziu seu Capital social no exato montante de suas ações na SPVIAS, quotas estas que já estavam “preparadas” na empresa “veículo” – VIALCO SPE – constituída ainda em 2009 pela VIALCO CONSTRUÇÕES e pela ITERBAN. Frisese, a criação da VIALCO SPE em 17/11/2009 foi com o mesmo número de quotas e valor (4.951.763) que posteriormente, em 25/02/2010, 11/06/2010 e 03/08/2010, compuseram os montantes da redução do capital social da VIALCO CONSTRUÇÕES, a integralização do capital social da VIALCO SPE e a venda da participação na SPVIAS da ITERBAN a CPC, respectivamente. Noutro raciocínio, em 17/11/2009 a transação comercial já estava completamente pactuada, sendo a redução de capital apenas mais uma etapa do planejamento tributário abusivo! Outrossim, a motivação da redução de capital expressa pela VIALCO CONSTRUÇÕES foi o excesso em relação ao objeto social, conforme publicação da Ata da Reunião de sócios que assim deliberou em 25/02/2010: Fl. 1186DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.175 25 Transparente está que a motivação da redução de capital em 4.955.553 quotas, correspondente a R$ 4.955.553,00, não seria o excesso deste frente ao objeto social, mas tão somente que este seria exatamente o valor da participação da VIALCO na SPVIAS a ser transferido pela primeira para a ITERBAN, para que esta última a vendesse a CPC. A motivação, portanto, não seria o excesso de capital, mas sim a venda de parte deste capital, sendo por esta razão a coincidência de valores das quotas, previamente acordados desde Novembro de 2009, para formalizar a transação em Agosto de 2010, tão logo acertadas as condições de redução tributária planejadas. A motivação exclusiva da venda e repasse de quotas é flagrante pela análise temporal dos fatos e pelo valor coincidente das quotas desde o nascedouro da empresa veículo VIALCO SPE. Ademais, acrescentese que o pretenso “excesso” de capital alegado pelo contribuinte quando da sua redução, foi prontamente “afastado” tão logo concluída a venda da participação da SPVIAS pela ITERBAN para a CPC (ajuste de valores último em 22/10/2010). Em consulta aos arquivamentos da sociedade na Junta Comercial do Estado de São Paulo, atestase que em 21/01/2011 e em 22/03/2011, apenas 03 e 05 meses após a conclusão da venda, foram promovidos aumentos do capital social da ordem de R$2 milhões e R$ 5 milhões respectivamente!! O excesso de capital que causou a sua redução em aproximados R$ 5 milhões, passou a ser indevido tão logo seu objetivo foi alcançado, gerando uma recomposição imediata da ordem de R$ 7 milhões!! Corroboram os fatos, portanto, que o “excesso de capital frente ao objeto social” não foi um fato, mas tão somente um “argumento” falacioso para conceder ares de legalidade e correção a redução do capital social, cujo único objetivo era transferir a “sócia– recém admitida” ITERBAN S/A a Fl. 1187DF CARF MF 26 sua participação na SPVIAS, excluindose do pólo passivo do ganho de capital da venda daquelas quotas para a CPC. Notase, por conseguinte, que a própria Redução de Capital é parte do planejamento tributário abusivo construído pela VIALCO CONSTRUÇÕES. Neste sentido, tornase irrelevante a estrita legalidade da transação subseqüente, qual seja, a devolução a sócia ITERBAN S/A de parte do ativo representado pela participação na SPVIAS, amparada pelo art. 22 da Lei 9249/95, considerado o vício de motivação da redução de capital, parte do planejamento tributário abusivo perpetrado pelo contribuinte. Por que a Impugnante não alienou ela mesma as ações que detinha da SPVIAS para a CPC? Qual razão a impedia? A resposta está nos valores cobrados nos Autos de Infração deste processo. E quais ações sucessivas foram tomadas para que a VIALCO CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES se excluísse do pólo passivo da obrigação tributária? A resposta está nos atos e fatos descritos no preâmbulo desse Voto, donde se destaca ainda fato de extrema relevância para caracterizar o abuso de direito: a empresa estrangeira, ITERBAN S/A, sequer era sócia da VIALCO CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES quando a transação da venda da participação na SPVIAS já estava pactuada. Não precisamos recorrer sequer aos fatos indiciários ocorridos em 2009, relacionados ao pedido de autorização ao BNDES, a oferta de intermediação financeira do BANCO PACTUAL e até mesmo a criação da VIALCO SPE com a participação da ITERBAN ainda em Novembro de 2009, já debatida acima. A despeito de já haver fortes indícios de fechamento da transação entre as partes (tácita ou expressamente) antes de Dezembro de 2009, conforme demonstram os fatos, a OFERTA VINCULATIVA da CPC para a compra da participação da VIALCO na SPVIAS em 04/12/2009 concedeu ares formais à transação comercial. Repisase que ANTES desta data, ainda em 17/11/2009, a empresa veículo, VIALCO SPE foi criada, como sociedade entre a própria VIALCO CONSTRUÇÕES e a ITERBAN S/A, que doravante passa a integrar o planejamento tributário como sócia destinatária das ações da SPVIAS, e que, por ter domicílio no exterior, sujeitarseá apenas ao ganho de capital na transação (15%), não sofrendo o encargo tributário do IRPJ, CSLL e reflexos. Este dado reflete que a transação já havia sido acordada antes mesmo da oferta vinculativa em 04/12/2009. Pois bem, após a oferta vinculativa da CPC, a VIALCO CONSTRUÇÕES deu andamento na sua reorganização societária para que pudesse efetuar a venda sem sofrer o ônus tributário. Em 09/12/2009 a companhia uruguaia ITERBAN inscreveuse no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, CNPJ, para, logo em seguida, em 16/12/2009 inserirse como sócia quotista da VIALCO CONSTRUÇÕES. Em 29/03/2010 alcançou a participação de 99,92% das quotas da VIALCO CONSTRUÇÕES. Estava assim configurada a condição para redução de capital e devolução de ativos a sócia ITERBAN – recémingressada, recémmajoritária – para que ela, como proprietária das ações da SPVIAS, as alienasse apenas com ganho Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.176 27 de capital, na condição de empresa domiciliada no exterior, por meio da “já pronta” empresa “veículo” VIALCO SPE. E assim ocorreu: em 11/06/2010 houve a integralização de capital na VIALCO SPE pela VIALCO CONSTRUÇÕES com a participação que esta teria junto a SPVIAS, objeto da transação comercial pactuada. Ato contínuo, a VIALCO CONSTRUÇÕES cedeu todas as quotas, ou seja, toda a participação da SPVIAS a ITERBAN, para que esta, 2 meses depois, formalizasse o Contrato de Compra e Venda com a CPC. Nas palavras do próprio contribuinte: “a participação na VIALCO SPE, quando de sua venda em 03.08.10, não pertencia à Impugnante, mas sim aos seus sócios (ITERBAN – 99,9999% e Luis Emilio Prassolo – 0,00001%)”. E acrescenta: “A venda das quotas da VIALCO SPE para a CPC foi feita pelos sócios da Impugnante e não pela Impugnante, conforme demonstra o contrato de compra e venda em questão já de posse da fiscalização.” Aos olhos da administração tributária federal e do bom Direito, entretanto, não foi isso o que ocorreu. A despeito da licitude dos atos isolados, ressalvada a legitimidade da motivação da redução de capital, nenhum deles carregava propósito negocial próprio, que não a redução tributária futura por meio de empresa estrangeira que sequer compunha o pólo passivo em momento imediatamente anterior a reorganização societária. Em relação ao uso de sociedades no planejamento tributário, Marco Aurélio Greco relaciona algumas situações que merecem especial atenção, a saber (op. cit., pp. 350 – 356): a) “conduit companies” (empresas de passagem), situação em que uma pessoa jurídica é criada apenas para servir como canal de passagem de um patrimônio ou de dinheiro sem que tenha efetivamente outra função dentro do contexto; b) sociedades fictícias, que não materializam nenhum empreendimento econômico, ou seja, são meras sociedades de papel; c) sociedades efêmeras – são aquelas sociedades que nascem para serem extintas depois de alguns dias ou algumas horas, tão logo compareçam em determinada operação; d) interposta pessoa – utilização de uma pessoa jurídica para realizar negócio que se fosse realizado por outra pessoa teria efeito tributário relevante. O autor cita como exemplo o caso de pessoa jurídica proprietária de um bem que, ao invés de vendêlo, transfere a outra pessoa jurídica (eventualmente integrante do mesmo grupo e que possua prejuízo fiscal a compensar) que, em seguida, o aliena ao comprador. Notase que a VIALCO SPE enquadrase na condição de “empresa veículo” ou “empresa de passagem”, porquanto criada somente para que a participação da VIALCO CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES na SPVIAS fosse transferida a CPC por meio da ITERBAN; por sua vez, a condição da ITERBAN revelase como interposição, considerando ter sido utilizada para realização do negócio jurídico quando em verdade este estava sendo concluído pela VIALCO CONSTRUÇÕES com menor tributação. Fl. 1189DF CARF MF 28 Claro está, portanto, que a VIALCO CONSTRUÇÕES empreendeu uma série de ações seqüenciais com o único fim de contornar uma norma tributária a que estaria sujeita se não o fizesse. Estas operações seqüenciais após a transação comercial pactuada estão claramente descritas neste Relatório e cronologicamente identificadas, não tendo qualquer motivação extrafiscal, sendo preponderantemente voltadas para a economia tributária de forma abusiva. A respeito das operações estruturadas em sequência, cabe citar novamente a lição de Marco Aurélio Greco (“Planejamento Tributário”, S. Paulo, Ed. Dialética, 2004, pp. 345347): “XVI.2. Operações Estruturadas em Seqüência Sob esta denominação estão as step transactions, vale dizer, aquelas seqüências de etapas em que cada uma corresponde a um tipo de ato ou deliberação societária ou negocial encadeado com o subseqüente para obter determinado efeito fiscal mais vantajoso. Neste caso, cada etapa só tem sentido se existir a que lhe antecede e se for deflagrada a que lhe sucede. Uma operação estruturada indica a existência de um objetivo único, predeterminado à realização de todo o conjunto. E mais, indica a existência de uma causa jurídica única que informa todo o conjunto. Nestes casos, cumpre examinar se há motivos autônomos, ou não, pois se estes inexistirem, o fato a ser enquadrado é o conjunto e não cada uma das etapas. Daí uma questão de caráter metodológico. Qual o objeto a ser analisado e enquadrado na legislação tributária? Diante de reorganizações societárias que tenham o efeito de reduzir o impacto da carga tributária incidente sobre as atividades ou os resultados de determinada pessoa jurídica, é freqüente encontrarmos estudos que procuram examinar separadamente cada um dos aspectos envolvidos ou – quando se trata de uma reorganização que envolva um conjunto de etapas sucessivas – cada um dos passos adotados no âmbito de uma operação mais ampla. Esta não me parece ser a postura mais adequada. Diante de uma situação complexa, é essencial considerar a figura como um todo, examinando ao mesmo tempo os vários aspectos que a cercam, pois o conhecimento e o enquadramento de determinada realidade será a resultante das diversas circunstâncias reunidas no caso concreto. Assim, a postura metodológica mais adequada é aquela que – sem perder de vista as peculiaridades de cada etapa ou dos segmentos de que a operação se compõe– visualiza o conjunto assim formado e busca determinar o enquadramento que este, globalmente considerado, deve ter perante o ordenamento tributário brasileiro. Vale dizer, ao invés de analisar cada fotografia (etapa) é importante analisar o filme (conjunto delas). Mais do que um evento (etapa) é importante interpretar a estória (conjunto). XVI.2.1. O antes e o depois Na medida em que o conjunto de operações corresponde apenas a uma pluralidade de meios para atingir um único fim, a verificação das alterações relevantes deve ser feita não apenas considerando os momentos anterior e posterior a cada etapa mas, principalmente, os momentos anterior e posterior ao conjunto de etapas. Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.177 29 Ou seja, é preciso indagar qual a situação existente antes da deflagração da seqüência de etapas, de quem era determinado patrimônio, qual a composição societária, quem era o titular de certos poderes sobre determinado empreendimento etc., e qual a situação final resultante da última das etapas. Só assim será assegurado um exame abrangente de uma operação complexa subdividida em múltiplas etapas que são meros segmentos de uma operação maior, de modo a verificar qual, na realidade, a operação que se está pretendendo opor ao Fisco (o complexo ou cada parte). (...)” Deste modo, transportando as lições do Douto tributarista ao caso em comento, concluímos que as operações em seqüência produzidas pela VIALCO CONSTRUÇÕES não possuíam propósito negocial próprio, porquanto seu objetivo era uno, a redução tributária na transação comercial. Quando analisamos o “antes” e o “depois”, acima pontuado, fica ainda mais preciso o ardil adotado por meio de operações aparentemente lícitas que buscavam um fim ilícito, a fraude a lei tributária. Pois vejamos: Por ocasião da pactuação da transação comercial, ao final de 2009, a VIALCO CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES LTDA tinha como sócios majoritários a sociedade empresária limitada nacional, VIAL INVESTIMENTOS e PARTICIPAÇÕES LTDA (81,49%) e a companhia uruguaia VANZELL S/A (18,42%). Notase que neste momento imediatamente anterior a reorganização societária que se iniciou, a ITERBAN sequer era sócia da VIALCO CONSTRUÇÕES. Como já se sabe, ambas se juntaram, então, na criação da VIALCO SPE para iniciar todas as operações seqüenciais, culminando com o controle total da ITERBAN das quotas da VIALCO CONSTRUÇÕES a partir da aquisição da participação da VANZELL e da VIAL INVESTIMENTOS. Noutras palavras, a VIALCO CONSTRUÇÕES que deveria sofrer o ônus tributário na venda da participação da SPVIAS passou ao controle total (99,9999%) da ITERBAN S/A como uma das etapas do planejamento tributário. Ao término da operação, portanto, a economia tributária estava de volta a VIALCO por meio da sua acionista majoritária, que sequer era sócia da empresa quando iniciadas as operações sequenciais. Destarte, pelo exame dos fatos, correta a imputação fiscal sob a ótica do abuso de direito, porquanto este implicou, no seu resultado, inibir a eficácia de uma lei imperativa a que se sujeitava a VIALCO CONSTRUÇÕES, gerando desequilíbrio entre deveres e princípios constitucionais a que se sujeitam todos os demais contribuintes. Nesse sentido, cabe trazer à colação trechos constantes da obra já citada neste voto, de autoria de Marco Aurélio Greco, que bem retrata a moderna concepção em termos de planejamento tributário, à luz da Constituição Federal: Fl. 1191DF CARF MF 30 "Esta digressão é particularmente importante em se tratando do planejamento tributário, pois na medida em que o perfil da figura da elisão fiscal encontra apoio constitucional e tem sido formulado a partir de uma determinada concepção de Estado, tendo havido, pela CF/88, uma tranformação em tal concepção, cumpre identificar os reflexos trazidos ao tema. Neste passo, a análise da temática do 'planejamento fiscal' deverá agregar, ao lado dos valores propriedade e segurança, também os valores igualdade (art. 5 °, caput), solidariedade (artigo 3°, I) e justiça (artigo 3°, I), vista esta não apenas como justiça formal, mas como justiça substancial. (...) Ou seja, cumpre analisar o tema do planejamento tributário não apenas sob a ótica das formas jurídicas admissíveis, mas também sob o ângulo da sua utilização concreta, do seu funcionamento e dos resultados que geram à luz dos valores básicos igualdade, solidariedade social e justiça. Nesse contexto é que vejo a inserção da temática do abuso do direito de autoorganização no âmbito tributário. Ou seja, a possibilidade de serem identificadas situações concretas em que os atos realizados pelos particulares, embora juridicamente válidos, não serão oponíveis ao Fisco quando forem fruto de um uso abusivo do direito de autoorganização que, por isso, compromete a eficácia do princípio da capacidade contributiva e da isonomia fiscal." (op. cit., pp. 179, 180, 187 e 203) A corroborar o entendimento acima exposto, citamse decisões proferidas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: “OPERAÇÕES ESTRUTURADAS EM SEQÜÊNCIA O fato de cada uma das transações, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO EXTRATRIBUTÁRIA O princípio da liberdade de auto organização, mitigado que foi pelos princípios constitucionais da isonomia tributária e da capacidade contributiva, não mais endossa a prática de atos sem motivação negocial, sob o argumento de exercício de planejamento tributário.”(1º Conselho de Contribuintes, 4ª Câmara, acórdão 10421675, sessão de 22/06/2006) “OPERAÇÃO ÁGIO SUBSCRIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO COM ÁGIO E SUBSEQÜENTE CISÃO VERDADEIRA ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO Se os atos formalmente praticados, analisados pelo seu todo, demonstram não terem as partes outro objetivo que não se livrar de uma tributação específica, e seus substratos estão alheios às finalidades dos institutos utilizados ou não correspondem a uma verdadeira vivência dos riscos envolvidos no negócio escolhido, tais atos não são oponíveis ao fisco, devendo merecer o tratamento tributário que o verdadeiro ato dissimulado produz. Subscrição de participação com ágio, seguida de imediata cisão e entrega dos valores monetários referentes ao ágio, traduz verdadeira alienação de participação societária.” (1º Conselho de Contribuintes, 8ª Câmara, acórdão 10809037, sessão de 18/10/2006) Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.178 31 Ante o exposto, concluise que a reorganização societária realizada com abuso de direito não pode ser oposta ao Fisco, devendo ser mantida a tributação do ganho de capital pela VIALCO CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES na alienação da participação societária detida na SPVIAS por meio da VIALCO SPE. Em seu recurso especial, a Contribuinte resume o planejamento tributário às operações de redução de capital, ocorrida em junho/2010, e de venda da participação societária na SPVIAS em agosto/2010. Afirma efetiva a redução de capital deliberada em 25/02/2010 e formalizada em 11/06/2010, com arquivamento em 18/06/2010, e defende que se trata, então, de um ato jurídico perfeito e acabado realizado antes da venda daquela participação. Observa, ainda, ser a regularidade das operações questão superada nos autos e destaca inexistir demonstração de a redução de capital foi um ato fraudulento ou simulado. Reportase à existência de motivos extrafiscais deduzidos em recurso voluntário (dentre outros, o risco inerente ao investimento na BEVAP do qual a Recorrente era fiadora), e acrescenta estar o procedimento em questão expressamente previsto na legislação tributária. Acentua inexistor previsão legal para a desconsideração de atos ilícitos, perfeitos e acabados, sob o simples argumento de se tratar de um (presumido) planejamento tributário, mormente se este sequer é abusivo e, por ausência de imputação de fraude ou simulação, teve a qualificação da penalidade afastada. Em seu entendimento, o Fisco teria se pautado em presunções absolutamente ilegais e sem nenhum respaldo documental, inexistindo qualquer evidência de a Contribuinte ter participado da venda em questão. E, ainda que ela tivesse conhecimento, não poderia prosperar o argumento fiscal de que a Contribuinte deveria sempre seguir o caminho mais oneroso, principalmente frente a norma fiscal indutora, como é o art. 22 da Lei nº 9.249/95. Admitese, aqui, que, como destacado na ementa do Acórdão nº 1401 002.307, citado pela Contribuinte, os acionistas planejem a redução do capital social, visando a subsequente alienação de suas ações a terceiros, tributando o ganho de capital de forma menos onerosa. Contudo, esta escolha deve ser efetivada antes da alienação do ativo, pois a partir do momento em que o preço do negócio está delimitado, projetandose o ganho de capital, as operações passam a ter contornos exclusivamente fiscais e evidenciam ausência de propósito negocial suficiente para autorizar a desconsideração de seus efeitos no âmbito tributário. De fato, como bem demonstrado no voto condutor da decisão de 1ª instância, os argumentos ora reiterados, antes já deduzidos em impugnação, não merece crédito. As razões negociais que justificariam a transferência de ações como promovida depois de materializada a transação apenas reforçam a conclusão de ser a Contribuinte a real alienante da participação societária. Observase, também, que por envolver concessão rodoviária e financiamentos junto ao BNDES, a assinatura do contrato de venda foi precedida de diversas providências específicas mas, para se resguardar no negócio, a CPC fez oferta vinculante de compra das ações em 04/12/2009 aos acionistas na SPVIAS, dentre eles a Contribuinte, na qual o preço de aquisição foi estimado em R$ 1.200.000.000,00 (data base 31/12/2009), conforme consta às efls. 366/370. Este preço foi reafirmado em 18/03/2010, por valor próximo (R$ 1.289.548.372,00), e pago, sem alteração, apenas com correção monetária previamente pactuada, em 03/08/2010, no montante de R$ 1.334.415.090,58. Contudo, como apenas em 25/03/2010 o BNDES aprovou a reorganização societária na SPVIAS, a transferência das ações da SPVIAS à ITERBAN tem início em 29/03/2010 e efetivase em 11/06/2010, de modo que a Contribuinte tem em seu favor, somente, o fato de a assinatura do contrato de alienação, Fl. 1193DF CARF MF 32 em 03/08/2010, ser promovida com a recémtitularizada nas ações, ITERBAN. Logo, há evidências suficientes da participação da Contribuinte na venda em questão. Para efetivar opção fiscal válida, a Contribuinte deveria ter promovido a transferências das ações à ITERBAN antes de receber oferta vinculante de compra das ações em 04/12/2009, até porque já presentes interesse de alienar e oferta não vinculante antes apresentada. Em tais condições, a faculdade prevista no art. 22 da Lei nº 9.249/95 poderia ser exercida sem objeção fiscal à reorganização societária que constituísse outra pessoa como titular das participações societárias a serem negociadas. Inadmissível, porém, que, frente a uma oferta vinculante de compra estipulando o preço a ser pago pelas ações pretendidas e materializando o ganho de capital a ser auferido, a Contribuinte invoque aquele permissivo legal para ser substituída na figura de alienante com vistas, apenas, a reduzir a incidência tributária. Acrescentese, por fim, que embora estas razões já sejam suficientes para demonstrar a inadmissibilidade, para fins fiscais, da alteração na titularidade da participação societária detida na SPVIAS, cabe aqui reiterar a ilegitimidade da redução de capital na forma exposta na decisão de 1ª instância, vez que a justificativa de ser ele excessivo restou infirmada meses depois da alienação, quando promovidos aumentos de capital por ITERBAN de valor superior à redução anterior, como pode ser verificado na Ficha Cadastral da Contribuinte na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Estas as razões, portanto, para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Contribuinte. (documento assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa – Redatora designada. Declaração de Voto Conselheira Edeli Pereira Bessa Acompanhei o Colegiado para dar provimento ao recurso voluntário relativamente à dedução do IRRF, muito embora já tenha me posicionado, em outros casos, segundo a diretriz assim exteriorizada no voto condutor do acórdão recorrido: Quanto ao recurso de ofício, divirjo respeitosamente em parte do I. Relator e da decisão recorrida no que se refere à compensação do IRF incidente sobre a operação nos moldes como registrada. Isso porque a autuada não sofreu o ônus do tributo, mas sim a empresa alienígena. Se ocorreu a prescrição do direito de pedir a restituição/compensação é circunstância que não pode ser imputada à Administração tributária. Aqui, porém, constatei que os posteriores aumentos de capital em favor da Contribuinte por ITERBAN, de valor superior à redução anterior, apontados na Ficha Cadastral da Contribuinte na Junta Comercial do Estado de São Paulo, tem por efeito prático anular a redução de capital que buscou minimizar os tributos devidos sobre o ganho de capital auferido Fl. 1194DF CARF MF Processo nº 16561.720127/201518 Acórdão n.º 9101004.335 CSRFT1 Fl. 1.179 33 pela Contribuinte, reafirmam esta como real alienante dos investimentos e permitem infirmar a incidência do IRRF antes recolhido. Estas as razões, portanto, para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da Contribuinte neste ponto. (documento assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Conselheira Fl. 1195DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.722504/2011-50
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
CONHECIMENTO. RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA SUMULADA. ART. 67, § 3º DO RICARF. IMPOSSIBILIDADE.
Não se conhece do Recurso Especial que pretende rediscutir matéria objeto de Súmula, conforme determina o art. 67, § 3º do RICARF.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. SÚMULA CARF Nº 119
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Súmula CARF nº 119.
Numero da decisão: 9202-008.069
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial apenas em relação à retroatividade benigna, vencidos os conselheiros Miriam Denise Xavier (suplente convocada) e Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), que conheceram integralmente do recurso. No mérito, na parte conhecida, por unanimidade de votos, acordam em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões, em relação ao conhecimento, os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente em exercício.
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Patrícia da Silva, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Mário Pereira de Pinho Filho (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, substituída pela conselheira Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA SUMULADA. ART. 67, § 3º DO RICARF. IMPOSSIBILIDADE. Não se conhece do Recurso Especial que pretende rediscutir matéria objeto de Súmula, conforme determina o art. 67, § 3º do RICARF. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. SÚMULA CARF Nº 119 O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Súmula CARF nº 119. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial apenas em relação à retroatividade benigna, vencidos os conselheiros Miriam Denise Xavier (suplente convocada) e Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), que conheceram integralmente do recurso. No mérito, na parte conhecida, por unanimidade de votos, acordam em darlhe provimento. Votaram pelas conclusões, em relação ao conhecimento, os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Mário Pereira de Pinho Filho Presidente em exercício. Patrícia da Silva Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 25 04 /2 01 1- 50 Fl. 1025DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Patrícia da Silva, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Mário Pereira de Pinho Filho (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, substituída pela conselheira Miriam Denise Xavier. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, efls. 988/1.004, contra o acórdão nº 2301004.896, proferido na sessão do dia 20 de janeiro de 2017 pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF, que restou assim ementado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CORESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS. Com a revogação do artigo 13 da Lei no 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII da Lei n° 11.941/09, a “Relação de Vínculos” passou a ter a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído. SIMPLES. RECOLHIMENTOS. DEDUÇÃO. POSSIBILIDADE. Eventuais recolhimentos na sistemática do SIMPLES NACIONAL devem ser deduzidos das contribuições previdenciárias apuradas sobre a folha de pagamento, nos percentuais destinados à previdência social. MULTA QUALIFICADA. CARACTERIZAÇÃO DO DOLO PARA FINS TRIBUTÁRIOS. NÃO OCORRÊNCIA. Para que possa ser aplicada a penalidade qualificada no artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96, a autoridade lançadora deve coligir aos autos elementos comprobatórios de que a conduta do sujeito passivo está inserida nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio, tal qual descrito nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Inexiste o dolo que autorizaria a qualificação da multa quando a conduta é estranha à relação tributária entre os sujeitos ativo e passivo. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, aplicase a penalidade menos severa modificada posteriormente ao momento da infração. A norma especial no artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras gerais no artigo 44 da Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 13896.722504/201150 Acórdão n.º 9202008.069 CSRFT2 Fl. 1.026 3 Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Recurso Voluntário Provido em Parte. Como descrito pela Câmara a quo: O contribuinte acima identificado pertencia ao SIMPLES em 2006 e no primeiro semestre de 2007. Em 01/07/2007, ingressou no SIMPLES Nacional. Foi excluído deste sistema pela Fazenda do Estado de São Paulo em 26/03/2008, pela Portaria CAT 115/07, com efeitos a partir de 01/01/2008, por ter a receita bruta de 2006 excedido o limite estabelecido pela legislação. (...) Em conseqüência do valor da receita bruta relativa ao ano de 2006 ter superado o valor limite para a permanência no SIMPLES, foi feita Representação para exclusão do contribuinte do sistema a partir de 01/01/2007, nos termos do art. 9º e art. 15, item IV da Lei 9.317/96. Em 13 de setembro de 2011, foram publicados no Diário Oficial da União: o Ato Declaratório Executivo DRF/BRE/SEORT nº40/2011, excluindo o Contribuinte do SIMPLES a partir de 01/01/2007 e o Ato Declaratório Executivo DRF/BRE/SEORT nº41/2011, que excluiu o Contribuinte do SIMPLES NACIONAL a partir de 01/07/2007. (...) Em relação ao ano de 2007, a exclusão do contribuinte do SIMPLES a partir de 01/01/2007, conforme ADE nº 40 e do SIMPLES NACIONAL a partir de 01/07/2007, conforme ADE nº41, motivaram o lançamento do crédito previdenciário relativo à contribuição patronal para o INSS e aquela destinada as Outras Entidades e Fundos calculada sobre a remuneração devida a empregados entre 01/2007 e 12/2008 , conforme descrevese nos itens 4.1.1.1 e 4.1.1.2 deste Relatório Fiscal. Também fazem parte dos créditos ora lançados as contribuições patronais calculadas sobre o pro labore pago à sócia Juliana Kappaz Sabbag Scanavini no mesmo período. (...) 5. DA MULTA QUALIFICADA A ação/omissão dolosa está caracterizada pela falta de comunicação à Receita Federal do Brasil da exclusão do SIMPLES a partir de 01/01/2007, conforme previsto no art. 13º da Lei 9.317/96 e pela entrega da Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica DSPJ/ 2007, referente ao ano de 2006, informando valores de receita bruta inferiores aos realmente obtidos. Tais ações tiveram o evidente intuito de ocultar das autoridades fazendárias a ocorrência dos fatos geradores do Fl. 1027DF CARF MF 4 IRPJ e demais tributos e contribuições abrangidos pelo regime diferenciado do SIMPLES FEDERAL, visando a redução indevida dos tributos e contribuições, bem como para manterse indevidamente dentro desses regimes favorecidos. Inconformada com a decisão, a Fazenda Nacional interpôs o presente Recurso Especial de efls. 988/1.004, visando rediscutir (i) a qualificação da multa e; (ii) cálculo da penalidade mais benéfica ao contribuinte. Apresenta como paradigmas os acórdãos abaixo: Multa qualificada Acórdão n.º 10708.452 (...) MULTA QUALIFICADA JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE A conduta reiterada do contribuinte, consistente em omitir ou inserir elementos inexatos nas informações prestadas ao fisco federal, ao passo que ao Fisco Estadual informava os valores corretos, justifica a penalidade qualificada. (...). Acórdão n.º 10708.942 (...) IRPJ ANOSCALENDÁRIO DE 2000 E 2001 MULTA QUALIFICADA OMISSÃO DE INFORMAÇÕES EM DCTF'S E DIPJ'S MANUTENÇÃO A atitude do contribuinte, de escriturar as receitas auferidas em seus livros e de informálas integralmente ao fisco estadual, ao passo que ao fisco federal todas as informações de receitas prestadas em DCTFs e em DIPJs foram "zeradas", evidencia atitude dolosa a justificar a manutenção da multa qualificada, não sendo cabível, aliás, a alegação de que esta teria caráter confiscatório. (...). Cálculo da penalidade mais benéfica ao contribuinte Acórdão n.º 920202.086 (...) OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PENALIDADE. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. RETROATIVIDADE BENIGNA. A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei 9.430, de 1997, decorrente do lançamento de ofício é única, no importe de 75% (se não duplicada), e visa apenar, de forma conjunta, tanto o não pagamento (parcial ou total) do tributo devido, quanto a não apresentação da declaração ou a declaração inexata, sem haver como mensurar o que foi aplicado para punir uma ou outra infração. No presente caso, em que houve a aplicação da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, que se refere à apresentação de declaração inexata, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido no prazo de lei, estabelecida no igualmente revogado art. 35, II, o cotejo das duas multas, em conjunto, deverá ser feito em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1997, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que agora encontra aplicação no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias. Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 13896.722504/201150 Acórdão n.º 9202008.069 CSRFT2 Fl. 1.027 5 Recalcular o valor da multa, se mais benéfico ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 44, I da Lei no 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa nas NFLDs correlatas. Recurso especial negado. Acórdão n.º 240100.127 (...) OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – DESCUMPRIMENTO – INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória, a empresa apresentar a GFIP – Guia do recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE MAIS FAVORÁVEL – PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA – APLICAÇÃO. Na superveniência de legislação que se revele mais favorável ao contribuinte no caso da aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, aplicase o princípio da retroatividade benigna da lei aos casos não definitivamente julgados, conforme estabelece o CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Conforme despacho de efls. 1.008/1.015, o Recurso foi admitido, conforme trecho transcrito abaixo: Mediante análise dos autos, vislumbro a similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas, motivo pelo qual entendo que está configurada a segunda divergência jurisprudencial apontada pela Fazenda Nacional. As decisões em comento referemse a auto de infração lavrado pelo descumprimento da obrigação tributária acessória prevista na Lei nº 8.212/1991, no art. 32, inciso IV e § 5º, acrescentado pela Lei nº 9.528/1997 c/c o art. 225, inciso IV e § 4º do Decreto nº 3.048/1999 que consiste em a empresa apresentar GFIP – Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Diante do exposto, com fundamento no art. 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n.º 343, de 2015, proponho que seja DADO SEGUIMENTO ao Recurso Especial interposto, para que sejam rediscutidas as matérias a) multa qualificada e b) cálculo da penalidade mais benéfica ao contribuinte. Intimado, conforme AR de efls. 1.021/1.022, o Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório Voto Fl. 1029DF CARF MF 6 Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e, conforme despacho de admissibilidade de efls. 1.008/1.015, porém, devemos verificar se preenche os demais requisitos de admissibilidade. A) qualificação da multa de ofício A decisão recorrida em relação a este ponto, apresenta a seguinte ementa: MULTA QUALIFICADA. CARACTERIZAÇÃO DO DOLO PARA FINS TRIBUTÁRIOS. NÃO OCORRÊNCIA. Para que possa ser aplicada a penalidade qualificada no artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96, a autoridade lançadora deve coligir aos autos elementos comprobatórios de que a conduta do sujeito passivo está inserida nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio, tal qual descrito nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Inexiste o dolo que autorizaria a qualificação da multa quando a conduta é estranha à relação tributária entre os sujeitos ativo e passivo. Conforme voto proferido pela Câmara a quo, podemos destacar o seguinte trecho: O dolo específico da sonegação, da fraude e do conluio, que o diferencia da falta de pagamento do tributo ou da simples omissão de rendimentos, é o intuito evidenciado pelo emprego de meio ardil característico da fraude, elemento indispensável para ensejar o lançamento da multa qualificada. Sob minha ótica, as circunstâncias dos autos não justificam a exasperação da penalidade. Nada foi escondido da fiscalização. A discrepância entre as bases de cálculo de interesse da Secretaria da Receita Estadual e as receitas brutas não evidencia, por si só, o intuito de fraude ou sonegação. Inclusive, foram justamente os documentos apresentados junto ao Estado de São Paulo que levaram à exclusão do SIMPLES NACIONAL pelo fato de exceder ao limite de receita bruta. Da mesma forma, a falta de comunicação ao fisco federal da exclusão do SIMPLES NACIONAL pelo fisco estadual pode ser considerada uma omissão. Nesse sentido a Súmula CARF nº 14: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Por tudo, entendo que não está configurada e demonstrada nos autos o dolo específico com finalidade de reduzir tributo. Assim, voto pela redução da multa de ofício para o percentual de 75%. (GRIFOUSE) A teor do que pretende a Fazenda Nacional a rediscussão da matéria, destaco que houve a aplicação da Súmula CARF nº 14: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da Fl. 1030DF CARF MF Processo nº 13896.722504/201150 Acórdão n.º 9202008.069 CSRFT2 Fl. 1.028 7 multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Nesse sentido, o RICARF estabelece em seu art. 67, § 3º a seguinte questão: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso. Assim, verificando que a matéria que a Fazenda Nacional pretende rediscutir é a mesma matéria constante na Súmula CARF nº 14, seu Recurso Especial não deve ser reconhecido por força do art. 67, § 3º do RICARF. Cálculo da penalidade mais benéfica ao contribuinte No tocante a aplicação da penalidade mais benéfica, destaco a ementa da decisão recorrida: GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, aplicase a penalidade menos severa modificada posteriormente ao momento da infração. A norma especial no artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras gerais no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Em relação ao tema, é pacífico o entendimento desta E. CSRF para a aplicação da Súmula CARF nº 119: Súmula CARF nº 119 No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. Fl. 1031DF CARF MF 8 44 da Lei n° 9.430, de 1996. (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129, de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). Assim, em relação a retroatividade benigna, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e no mérito em darlhe parcial provimento para que seja aplicada a multa mais favorável ao Contribuinte, conforme determina a Súmula CARF nº 119. Patrícia da Silva Fl. 1032DF CARF MF
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Numero do processo: 13502.000608/2008-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
CONCOMITÂNCIA. SUMULA CARF Nº 01.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Numero da decisão: 3401-006.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, em função de concomitância de objeto com ação judicial.
(documento assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Mara Cristina Sifuentes - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado).
Nome do relator: MARA CRISTINA SIFUENTES
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SUMULA CARF Nº 01. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, em função de concomitância de objeto com ação judicial. (documento assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente (documento assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado). Relatório Trata-se de Manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório da DRF/Camaçari n° 0073/2008, fls.6l/64 e Decisão de fl. 64, que indeferiu o pedido de ressarcimento de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, PER n° 2054252389281106.l.1.01-3594 (fl.02/03), 1° trimestre de 2006, no valor de R$367.760,95, com base no art. l°, da Lei n° 9.363, de 1996, alterada pela Lei n° 10.276, de 10 de setembro de 2001, haja vista que esta legislação autoriza o beneficio fiscal do crédito presumido do IPI às empresas que sejam necessariamente contribuintes do imposto, não sendo permitido o aproveitamento do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 06 08 /2 00 8- 91 Fl. 229DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3401-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.000608/2008-91 crédito presumido para os estabelecimentos cujos produtos fabricados sejam exclusivamente “NT” - não tributados, na Tabela de Incidência do IPI, Decreto n°4.544, de 26 de dezembro de 2002, arts. 2°4° e 8°. Para subsidiar o presente despacho decisório, foi emitida a Intimação SARAC/DRF/CCI n° 0415/2008, fls.04/05, tendo o interessado apresentado a documentação anexada aos autos: cópias das notas fiscais de saídas, fls.40/44 e descrição do processo produtivo, fl.l3, a qual demonstra que a empresa dá saída apenas ao produto de classificação fiscal - NCM 4403.20.00, “madeira de pinus conífera”, em bruto, produto constante da TIPI, aprovada pelo Decreto n°4.070, de 28 de dezembro de 2001, como “não tributado”. A impugnação foi julgada pela DRJ Salvador, Acórdão nº15-24.150, de 16 de junho de 2010, não conhecida por unanimidade de votos, tendo em vista a identidade da matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário. A empresa apresentou Recurso Voluntário, onde resumidamente contesta: 1) A conclusão da DRJ no acórdão recorrido sobre o escopo do Mandado de Segurança; 2) Exclusão da receita de exportação odos valores referentes a venda para o exterior de produtos classificados como não tributados pelo IPI; 3) Atualização dos créditos pela taxa Selic. É o relatório. Voto Conselheira Mara Cristina Sifuentes, Relatora. O presente recurso é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade. Preliminarmente ao conhecimento do Recurso Voluntário deve-se analisar questão referente à concomitância da ação judicial com o contencioso administrativo. Da análise dos autos tem-se que o cerne da controvérsia refere-se ao não reconhecimento do crédito presumido do IPI nas operações de saída para exportação de produtos não tributados (NT). A empresa apresentou sua inconformidade por entender que a Lei não é para o produto exportado, mas para a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais, para indenizá-las pelo pagamento das contribuições PIS/Pasep e COFINS. A recorrente informa que é empresa exportadora de madeira de Pinus de Coníferas, em bruto, oriunda de reflorestamento, NCM 4403.20.00, obtida por meio de extração em floresta, transporte para a fábrica, descasque, processo de correção, classificação e arrumação no pátio, carregamento e armazenagem, e embarque. Fl. 230DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3401-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.000608/2008-91 Relata que pela demora na apreciação do seu pedido de restituição ingressou com medida judicial para que seu pleito fosse analisado pela DRF Camaçari. Após a publicação do Despacho Decisório com o indeferimento do pedido de restituição e pela demora na análise pela DRJ Salvador, ingressou novamente com ação judicial, em que não discute o crédito mas que apenas solicita o impulso do processo administrativo e que a RFB emita seu Despacho Decisório com base nas Leis nºs 9.363/96 e 10.276/01 e não com base nas Instruções Normativas, que inovaram e criaram normas não previstas em Lei. Consta que o Mandado de Segurança nº 16828-51.2010.4.01.3300, distribuído à 11ª Vara Federal da Bahia tem por escopo o seguinte objeto, conforme petição inicial, efl. 110 e sgs.: ... Daí a propositura do presente wrít, objetivando assegurar o direito líquido e certo da impetrante de acesso ao crédito presumido, verdadeiro benefício legal que lhe é concedido, sem as ilegais restrições impostas pela Receita Federal, crédito este que deve ser corrigido em função das mesmas restrições espancadas. Destaque-se, desde já, que não é objeto do presente a verificação ou quantificação dos valores posto que tal é de competência exclusiva da Receita Federal, mas, sim, afastar restrições e condicionantes ilegais criadas de forma a restringir o benefício da contribuinte impetrante. Da mesma forma, se busca através da presente via, ordem para que a digna autoridade fiscal reprocesse o processo administrativo e se digne a impulsioná-lo, no prazo legal e conclua a operação ressarcindo à impetrante nos termos a serem decididos por Vossa Excelência em sede de liminar ou no mérito. ... VI – Do Pedido de Liminar Postula a impetrante lhe seja deferida medida liminar de forma a lhe assegurar e determinar que a autoridade Coatora reprocesse seu pedido administrativo e não exclua da receita de Exportação o produto de venda ao mercador externo ou a comercial exportadora de mercadorias não tributadas pelo IPI e corrija todos os valores constantes de seu pedido administrativo a partir do primeiro dia útil subsequente ao mês do fato gerador. ... VII – Do Pedido ... a) Reconhecer a ilegalidade e a ineficácia do Despacho Decisório DRF/CCI n° 0073/2008 (em anexo), referente processo administrativo n°. 13502000608/2008-91, no que divergiu do pleito da impetrante e da decisão proferida; b) Reconhecendo a qualidade de produtora e exportadora da impetrante, logo o seu direito, determinar que a digna autoridade coatora reprocesse seu pedido de ressarcimento de crédito presumido de que tratam as leis 9.363 e 10.276, protocolado e convertido em processo administrativo sob o número já exposto e em relação a todas as competências, já que não alcançadas por prescrição ou decadência, e ao fazê-lo não exclua da Receita de Exportação o produto da venda ao Mercado Externo e a comercial exportadora das mercadorias cuja tributação de IPI esteja sob a condição NT - Não Fl. 231DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3401-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.000608/2008-91 tributadas e apure todos os valores de referidos créditos constantes do pedido mediante a incidência da SELIC, desde cada período de apuração; c) Deferido o item acima, seja determinado que o impetrado, em prazo não superior a cinco dias, dê regular seguimento e impulsione o reprocessamento do processo administrativo da impetrante (indicado na exposição fática), consoante documentos em anexo, e em 30 dias instrua, julgue e promova o ressarcimento dos valores apurados; ... 7° Ao final, seja proferida sentença concessiva, em definitivo, da segurança, confirmando a liminar para o fim de: a) Reconhecer a ilegalidade e a ineficácia do Despacho Decisório DRF/CCI n° 0073/2008 (em anexo), referente processo administrativo n°. 13502000608/2008-91, no que divergiu do pleito da impetrante e da decisão proferida; b) Reconhecer e declarar a ilegalidade e inconstitucionalidades do § 1° e inc. II do Art. 21 da IN 69/2001, § 1° e Inc. II do Art. 21 da IN 315/2003 e § 1° e Inc. Il do Art. 21 da IN 420/2004; c) Reconhecendo a qualidade de produtora e exportadora da impetrante, logo o seu direito, determinando que a digna autoridade coatora reprocesse seu pedido de ressarcimento de crédito presumido de que tratam as leis 9.363 e 10.276, protocolado e convertido em processo administrativo sob o número já exposto e em relação a todas as competências, já que não alcançadas por prescrição ou decadência, e ao fazê-lo não exclua da Receita de Exportação o produto da venda ao Mercado Externo e a comercial exportadora das mercadorias cuja tributação de IPI esteja sob a condição NT - Não tributadas e apure todos os valores de referidos créditos constantes do pedido mediante a incidência da SELIC, desde cada período de apuração; d) Em face dos pedidos anteriores seja reconhecido o direito da impetrante e determinado que o impetrado não exclua do conceito de Receita de Exportação o produto da venda ao mercado externo e a comercial exportadora de mercadorias cuja tributação de IPI esteja sob a condição NT - Não tributadas e em relação a todas as competências, já que não alcançadas por prescrição ou decadência; e) declarar o direito da impetrante e determinar ao impetrado que em prazo não superior a cinco dias, de regular seguimento (impulsione) o reprocessamento do processo administrativo da impetrante, consoante documentos em anexo, e em 30 dias instrua, julgue e promova o ressarcimento dos valores apurados nos termos da decisão proferida, declarando o direito da impetrante ao impulso e andamento do feito administrativo em tempo razoável e nos termos da lei; f) outrossim, seja determinado que o impetrado apure todos os valores de créditos constantes do pedido mediante a incidência da SELIC a partir de cada período de apuração, em face das restrições ilegais do fisco (instruções normativas); ... Em consulta ao site da Justiça Federal BA constatei que a liminar foi indeferida em 27/04/2010. Em 18/10/2010 foi prolatada a sentença em que no exame do mérito o pedido foi julgado improcedente. Em 03/05/2011 o processo foi enviado ao TRF e está na presente data aguardando decisão. Fl. 232DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3401-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.000608/2008-91 Logo, como se pode conferir na petição inicial ajuizada o escopo é muito maior que o que quer entender a recorrente. Não é um simples pedido para impulso oficial do processo administrativo, aliás, a própria recorrente reconhece no Recurso Voluntário que seu pleito refere- se a emissão pela RFB de Despacho Decisório com base nas Leis nº s 9.363/96 e 10.276/01 e não com base nas Instruções Normativas. Desse modo a Lei nº 6.830/1980 dispõe que a propositura pelo contribuinte de Mandado de Segurança importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto: Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. Nesse mesmo sentido temos Portaria MF nº 341, de 12 de julho de 2011 (que revogou a Portaria MF nº 58, de 17 de março de 2006 no mesmo sentido): Art. 26. O pedido de parcelamento, a confissão irretratável da dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do processo. E para que não pairassem dúvidas o CARF sumulou o assunto, por isso de seguimento obrigatório pelos colegiados: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Pelo exposto voto por não conhecer do Recurso Voluntário interposto. (documento assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes Fl. 233DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3401-006.739 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.000608/2008-91 Fl. 234DF CARF MF
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Numero do processo: 11128.007123/2009-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Aug 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Período de apuração: 13/03/2006 a 07/02/2008
INFRAÇÃO ADUANEIRA. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA.
Por expressa determinação legal, o agente marítimo, na condição de representante do transportador estrangeiro no País, é parte legítima para figurar no polo passivo de auto de infração, tendo em vista sua responsabilidade quanto à exigência de tributos e penalidades decorrentes da prática de infração à legislação aduaneira.
DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF N. 126
Nos termos da Súmula CARF n. 126, a denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
Numero da decisão: 3402-006.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, em negar provimento ao Recurso Voluntário da seguinte forma: (i) por maioria de votos, quanto à ilegitimidade passiva. Vencido o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro (relator), que dava provimento ao recurso neste ponto. Designada a Conselheira Cynthia Elena de Campos; (ii) por unanimidade de votos, quanto ao mérito.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
(assinado digitalmente)
Cynthia Elena de Campos - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 13/03/2006 a 07/02/2008 INFRAÇÃO ADUANEIRA. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. Por expressa determinação legal, o agente marítimo, na condição de representante do transportador estrangeiro no País, é parte legítima para figurar no polo passivo de auto de infração, tendo em vista sua responsabilidade quanto à exigência de tributos e penalidades decorrentes da prática de infração à legislação aduaneira. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF N. 126 Nos termos da Súmula CARF n. 126, a denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, em negar provimento ao Recurso Voluntário da seguinte forma: (i) por maioria de votos, quanto à ilegitimidade passiva. Vencido o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro (relator), que dava provimento ao recurso neste ponto. Designada a Conselheira Cynthia Elena de Campos; (ii) por unanimidade de votos, quanto ao mérito. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro- Relator. (assinado digitalmente) Cynthia Elena de Campos - Redatora Designada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 71 23 /2 00 9- 06 Fl. 130DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3402-006.754 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11128.007123/2009-06 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório 1. Por bem retratar o caso em apreço, emprego como meu o relatório desenvolvido no âmbito do acórdão n. 16-046.991 (fls. 104/107), veiculado pela DRJ de São Paulo I, o que passo a fazer nos seguintes termos: Trata o presente sobre Auto de Infração, lavrado contra a interessada, em 22/09/2009, para exigência de crédito tributário no valor total de R$ 75.000,00, a titulo de multa regulamentar, por embaraço ou impedimento à ação fiscalizadora, inclusive não atendimento à intimação, por informar fora do prazo dados de embarque, em operação de exportação, no ano de 2006 e2007, incorrendo na infração prevista no art. 107, inciso IV, do Decreto-lei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003. Relata a Fiscalização que, em procedimento fiscal de verificação de cumprimento das obrigações tributárias pela autuada, apurou que ela prestou informação de dados de embarque no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), no ano de 2006 e 2007 em prazo superior a 7 dias em 103 embarques/SD realizados através de 15 navios- viagem por ela representados, ensejando a multa de R$ 5.000,00 por navio/viagem, totalizando R$ 75.000,00. A planilha com os dados das DDE, data do embarque, data da informação do embarque, encontra-se à fl. 18/20. Regularmente intimada, em 12/01/2010(fl. 65), a autuada apresentou impugnação de fls. 85/96, em 05/02/2010, alegando: 1) erro da Aduana que aplica penalidade ao agente marítimo, ao invés do transportador marítimo, como mencionado na IN 28/94; 2) faz breve histórico do agente marítimo para afirmar que se trata se pessoa diversa da pessoa do armador, sendo seu representante, e alega ilegitimidade da impugnante para a sujeição à infração; 3) cita doutrina sobre o conceito de agente marítimo, afirmando não se equiparar a transportador marítimo, sendo seu mandatário nos termos do art. 653 do Código Civil; 4) diz mais que pelo art. 137 do CTN, a responsabilidade do agente é pessoal, salvo quando praticado no exercício regular da administração, mandato, função, cargo ou emprego, de modo que a Aduana deve identificar quem efetivamente embaraçou a atividade de fiscalização, com o argumento de que, a Lei nº 10.833/2003 atribui a responsabilidade ao transportador e não a agente marítimo; 5) pede, afinal, anulação do auto de infração porque contaminado de vício, nos termos do art. 53 da Lei n° 9.784/99. (...). 2. A citada impugnação foi julgada improcedente pelo referido acórdão, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 13/03/2006 a 07/02/2008 Multa por embaraço à ação fiscalizadora. Atraso na prestação de informação nos dados de registro de embarque da mercadoria, em operação de exportação, configura infração prevista no art. 107, IV, “e”, do Decreto- Fl. 131DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3402-006.754 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11128.007123/2009-06 lei nº 37/66. Agente marítimo. Representante legal do transportador, para os efeitos fiscais. 3. Não obstante, o contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 116/125, oportunidade em que repisou a alegação de ilegitimidade passiva, bem como acresceu fundamento de que no caso em espécie haveria denúncia espontânea em seu favor. 4. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 5. O recurso voluntário interposto é tempestivo, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da ilegitimidade passiva do recorrente 6. Conforme se observa dos autos, o contribuinte, na qualidade de agente marítimo, alega a sua ilegitimidade passiva para a exigência estampada no art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decreto-lei n. 37/66, que assim prescreve: Art. 107. Aplicam-se ainda as seguintes multas: (...). IV - de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) (...). e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta, ou ao agente de carga; e (...). 7. Percebe-se, portanto, que segundo o aludido dispositivo legal o responsável pela aludida sanção é a "empresa de transporte internacional", incluindo-se aí a "prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta", bem como o "agente de carga". 8. Por sua vez, em face do aludido dispositivo legal, assim estabeleceu o art. 37, § 1º da IN SRF n. 28/94, vigente à época: Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de dois dias, contado da data da realização do embarque. § 1º Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no Siscomex, será de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos na unidade da SRF de despacho. (...). 9. Em outros termos, hipoteticamente admitindo-se como válida a referida disposição, o que a citada IN fez foi estender a responsabilidade da multa capitulada no art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decreto-lei n. 37/66, também para o exportador. Nesse sentido, seriam responsáveis por tal infração (i) o exportador, (ii) a empresa de transporte internacional, Fl. 132DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3402-006.754 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11128.007123/2009-06 incluindo-se aí a (ii.i) a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta e, ainda, (iii) o agente de carga. 10. Acontece que, no presente caso, o recorrente não se enquadra em nenhuma das pessoas alhures referidas, na medida em que trata-se de agente marítimo, conforme dispõe o artigo 3 o do seu contrato social (fls. 71/76). Sua função, portanto, é administrar o interesse de armadores e proprietários de navios em portos, o que enquadra sua atividade em uma atividade exercida por mandato, nos termos do art. 653 do Código Civil 1 . 11. Importante neste momento registrar que estamos diante de exigência de caráter infracional-aduaneiro e não de exigência tributária. Logo, não há que se falar em convocar as disposições do CTN para fins de justificar ou afastar a responsabilidade aqui tratada. Por conseguinte, tal análise deve pautar-se pelo disposto no art. 603 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (Decreto n.; 4.543/02), in verbis: Art. 603. Respondem pela infração (Decreto-lei n o 37, de 1966, art. 95): I - conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; II - conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto à que decorra do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes; III - o comandante ou o condutor de veículo, nos casos do inciso II, quando o veículo proceder do exterior sem estar consignado a pessoa física ou jurídica estabelecida no ponto de destino; IV - a pessoa física ou jurídica, em razão do despacho que promova, de qualquer mercadoria; e V - conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora (Decreto-lei n o 37, de 1966, art. 95, inciso V, com a redação dada pela Medida Provisória n o 2.158-35, de 2001, art. 78). (...) (g.n.). 12. Dentre as hipóteses descritas no dispositivo acima transcrito, aquela que eventualmente poderia amparar a pretensão aduaneira seria a do inciso I, ou seja, por atribuir a recorrente o concurso na prática do ato infracional aqui tratado, qual seja, entregar intempestivamente as informações a respeito de determinados navios do seu mandante. 13. Não há, todavia, qualquer prova que ateste que de fato o recorrente concorreu para a o atraso na entrega de tais informações, uma vez que ele atua como mero executor de ordens por parte do mandatário. Logo, não há que se falar em sua responsabilidade pela infração aqui analisada. II. Da suposta denúncia espontânea 14. Na hipótese deste colegiado entender pela manutenção da responsabilidade do recorrente, mister se faz analisar o outro fundamento por ele desenvolvido em seu recurso voluntário, i.e., a existência de denúncia espontânea em seu favor. 1 "Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato." Fl. 133DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3402-006.754 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11128.007123/2009-06 15. Para vaticinar tal tese, o recorrente alega que, ainda que intempestivamente, foi promovida a entrega das informações referente aos navios fiscalizados antes da presente fiscalização, fato este que configuraria a sua denúncia espontânea, nos termos do art. 102, § 2 o do Decreto-lei n. 37/66, com a redação atribuída pela lei n. 12.350/2010, in verbis: Art.102 - A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (...). § 2 o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. 16. Entende ainda o contribuinte que, por se tratar de uma norma desonerativa de sanção, teria ela o caráter retroativo, nos termos do art. 106 do CTN. 17. Ainda que se entenda aplicável o disposto no art. 106 do CTN, o que é passível de críticas, já que não se está diante de uma infração de natureza tributária, mas sim administrativo-aduaneira, mister se faz destacar que essa questão já está pacificada neste Tribunal administrativo por intermédio da sua Súmula n. 126, que assim prescreve: A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. 18. Tal enunciado, por sua vez, tem caráter vinculante para este colegiado, nos termos da Portaria ME n. 129/2019. 19. Assim, com base em tais fundamentos, rechaço este fundamento desenvolvido pelo contribuinte em seu recurso voluntário. Dispositivo 20 Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto para reconhecer ilegitimidade passiva do recorrente em face da presente exigência aduaneira. 21. Superada tal questão pelo colegiado, em relação ao outro fundamento desenvolvido pelo contribuinte, voto por negar provimento ao recurso interposto. 22. É como voto. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Voto Vencedor Conselheira Cynthia Elena de Campos - Redatora designada. Nos termos relatados, o Recorrente foi autuado para exigência de multa regulamentar decorrente de infração prevista no artigo 107, inciso IV, do Decreto-lei nº 37/66, Fl. 134DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3402-006.754 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11128.007123/2009-06 com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, uma vez ter informado, fora do prazo, 103 embarques/SD realizados em 15 navios-viagem por ele representados, resultando no lançamento de crédito tributário no total de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), equivalente a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por navio. O Ilustre Conselheiro Relator votou por reconhecer o fundamento trazido em defesa quanto a alegada ilegitimidade passiva do Recorrente em relação à infração prevista pelo artigo 107, inciso IV, alínea "e" do Decreto-lei n. 37/66, atribuindo a responsabilidade pela sanção ao exportador, à empresa de transporte internacional, incluindo-se aí a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta e, ainda, ao agente de carga. Com o devido respeito ao entendimento adotado pelo I. Conselheiro Relator, o Colegiado concluiu que o agente marítimo é responsável pela penalidade objeto da autuação. No caso, deve ser considerada a previsão do artigo 32 do Decreto-Lei n° 37/1966, que a partir das alterações através do Decreto-Lei nº 2.472/1988 e Medida Provisória nº 2.158- 35/2001, passou a vigorar com a seguinte redação: Art . 32. É responsável pelo imposto I - o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno; II - o depositário, assim considerada qualquer pessoa incubida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro. Parágrafo único. É responsável solidário I - o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; II - o representante, no País, do transportador estrangeiro; III - o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (sem destaques no texto original) Com isso, no que concerne ao período posterior à vigência do Decreto-Lei nº 2.472/88, sobreveio expressa hipótese legal de responsabilidade tributária solidária do representante, no país, do transportador estrangeiro 2 . Da mesma forma, os artigos 94, caput e 95, inciso I do Decreto-Lei n° 37/1966, estabelecem a responsabilidade por infrações aduaneiras nos seguintes termos: Art.94 - Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decreto-Lei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá-los. Art.95 - Respondem pela infração: I - conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. Tendo em vista que, no período autuado (13/03/2006 a 07/02/2008), já estava vigente a previsão da responsabilidade em análise, deve ser reconhecida a legitimidade passiva 2 REsp 1.129.430/SP, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJE de 14/12/2010. Fl. 135DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3402-006.754 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11128.007123/2009-06 do agente marítimo para exigência de tributos e penalidades decorrentes da prática de infração à legislação aduaneira, independentemente de sua intenção (art. 94, § 2º - Decreto-lei 37/66). Observo que a Câmara Superior de Recursos Fiscais mantém o mesmo entendimento, como se constata das decisões abaixo colacionadas: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 08/12/2008, 16/12/2008, 23/12/2008, 02/01/2009 ILEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. INOCORRÊNCIA. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, em caso de infração cometida responderá pela multa sancionadora da referida infração. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA CARF 126. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decret-oLei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. (Acórdão nº 9303-008.393 – 3ª Turma - Conselheira Relatora Tatiana Midori Migiyama) ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 08/05/2010 AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA Por expressa determinação legal, o agente marítimo, representante do transportador estrangeiro no País, é responsável solidário com este em relação à exigência de tributos e penalidades decorrentes da prática de infração à legislação tributária. O agente marítimo é, portanto, parte legítima para figurar no polo passivo do auto de infração. Recurso especial do Contribuinte negado. (Acórdão nº 9303-007.646 – 3ª Turma - Conselheiro Relator Jorge Olmiro Lock Freire) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO - II Período de apuração: 01/04/1998 a 30/06/1998 ILEGITIMIDADE PASSIVA. RESPONSABILIDADE DO AGENTE MARÍTIMO. O Agente Marítimo, representante no país do transportador estrangeiro, é responsável solidário e responde pelas penalidades cabíveis. Recurso Especial da Fazenda provido. (Acórdão nº 9303-003.276 – 3ª Turma - Conselheiro Relator Joel Miyazaki) Por sua vez, não há que se falar em ausência de prova de que o Recorrente concorreu para o atraso na entrega de tais informações, tendo em vista que, enquanto representante do transportador estrangeiro no País, deveria ter exercido suas atribuições atendendo às previsões legais incidente sobre a administração da documentação da embarcação e da carga, bem como demais controles inerentes à sua função. Portanto, está correto o lançamento da penalidade na forma exigida, motivo pelo qual deve ser mantido o auto de infração. É o voto vencedor. Fl. 136DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3402-006.754 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11128.007123/2009-06 (assinado digitalmente) Cynthia Elena de Campos Fl. 137DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11962.000200/2007-95
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Aug 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Ano-calendário: 2003
OMISSÃO DE RENDIMENTOS
Os rendimentos tributáveis sujeitos à tabela progressiva recebidos pelos contribuintes e seus dependentes indicados na declaração de ajuste devem ser espontaneamente oferecidos à tributação na declaração de ajuste anual.
Na hipótese de apuração pelo Fisco de omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, cabe a adição do valor omitido à base de cálculo do imposto, com a multa de ofício ou ajuste do valor do IRPF a Restituir declarado.
Numero da decisão: 2002-001.280
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) Ano-calendário: 2003 OMISSÃO DE RENDIMENTOS Os rendimentos tributáveis sujeitos à tabela progressiva recebidos pelos contribuintes e seus dependentes indicados na declaração de ajuste devem ser espontaneamente oferecidos à tributação na declaração de ajuste anual. Na hipótese de apuração pelo Fisco de omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, cabe a adição do valor omitido à base de cálculo do imposto, com a multa de ofício ou ajuste do valor do IRPF a Restituir declarado.
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Na hipótese de apuração pelo Fisco de omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, cabe a adição do valor omitido à base de cálculo do imposto, com a multa de ofício ou ajuste do valor do IRPF a Restituir declarado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (fls. 11/14), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual do contribuinte acima identificado, relativa ao exercício de 2004. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a restituir declarado de R$894,02 para saldo de imposto a pagar de R$2.217,53. A notificação noticia a omissão de rendimentos recebidos do Detran - ES, no valor de R$13.507,56 (fl.12). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 2. 00 02 00 /2 00 7- 95 Fl. 37DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2002-001.280 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 11962.000200/2007-95 Impugnação Cientificada ao contribuinte em 2/5/2007, a NL foi objeto de impugnação, em 29/5/2007, às fls. 3/14 dos autos, assim sintetizada na decisão recorrida: Em 10/02/03 foi contratado pelo Detran como empregado comissionado e, algum tempo depois, foi designado como Conselheiro, no entanto o Detran somente forneceu o comprovante de rendimentos do valor do salário básico, conforme já comprovado no processo anterior de defesa. O DETRAN não emitia qualquer tipo de recibo ou contra-cheque dos pagamentos dos jetons, informando apenas verbalmente que os valores sofriam o respectivo desconto de IRRF e efetuando o depósito em conta corrente do conselheiro. Somente após notificação , verificou que o DETRAN por sua culpa e falha técnica, não efetuava os descontos do imposto na fonte com base na soma dos dois proventos e sim de forma separada, o que gerou o imposto suplementar. A fonte pagadora tinha obrigação de fornecer o comprovante dos dois rendimentos, sendo que o próprio manual do imposto de renda informa que, caso a fonte esteja desobrigada de fornecer o comprovante, devem ser utilizados outros documentos hábeis e idôneos para informar os rendimentos recebidos. Ocorre que o DETRAN não estava desobrigado de fornecer o comprovante. O não fornecimento de qualquer tipo de documento idôneo ao empregado, além do prejuízo que poderá ser levado a sua responsabilidade, será ainda acrescido de multa de oficio e juros de mora por pseudo sonegação, que ele não cometeu. Por fim, solicita o sujeito passivo que seja verificada a culpa da fonte pagadora e se a responsabilidade do pagamento da dívida junto à RFB continua sendo exclusivamente do contribuinte e qual a possibilidade de exclusão da multa de oficio e dos juros de mora e, se não houver, que seja informado o prazo máximo em meses de parcelamento do débito. A impugnação foi apreciada na 7ª Turma da DRJ/RJO que, por unanimidade, julgou a impugnação improcedente, em decisão assim ementada (fls. 24/27): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 2003 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. O lançamento é efetuado de oficio quando o contribuinte deixa de informar rendimentos em sua Declaração de Ajuste Anual, implicando redução do imposto a pagar ou devido. (art. 841 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto 3.000 de 26/03/1999 - RIR11999 e art. 149, inc. II e IV, do CTN) DIRPF. INFORMAÇÕES. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE. A responsabilidade pelas informações prestadas na declaração de rendimentos é do declarante, independentemente do fato do Comprovante de Rendimentos entregue pela Fonte Pagadora conter inexatidões. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. APLICABILIDADE. Uma vez instaurado o procedimento de oficio, o crédito tributário apurado pela autoridade fiscal somente pode ser satisfeito com os encargos do lançamento de oficio. Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 4/8/2009 (fl. 30), o contribuinte, em 31/8/2009 (fl. 31), apresentou recurso voluntário, às fls. 31/35, onde alega, em apertado resumo, que: Fl. 38DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2002-001.280 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 11962.000200/2007-95 - não teria sido comprovada qualquer falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária por culpa do contribuinte. - caberia a sua fonte pagadora a apuração de impostos sociais e tributários devidos. - a decisão recorrida teria desconsiderado o artigo 45 do CTN, que disporia sobre a responsabilidade da fonte pagadora. - se a fonte pagadora não efetuou a retenção na forma como deveria por negligência seria indevido o reajustamento da base de cálculo de sua declaração de ajuste. - caberia a observação no julgamento do artigo 108 do CTN, que diz que na ausência de disposição expressa será utilizada como forma de julgamento a analogia e a equidade. Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito O litígio recai sobre rendimentos pagos ao recorrente pelo Detran - ES, os quais ele não nega ter recebido, mas alega que a fonte pagadora não teria emitido o comprovante de rendimento correspondente a esses rendimentos. O colegiado de primeira instância decidiu pela manutenção da infração apontada, bem como da exigência da multa de ofício e dos juros de mora, consignando que o contribuinte é o sujeito passivo da obrigação tributária, sendo dele a responsabilidade pelas informações prestadas em sua declaração de ajuste. Não há reparos a se fazer à decisão de piso. À luz da legislação citada na notificação de lançamento, os rendimentos tributáveis pelo imposto de renda da pessoa física sujeitos à tabela progressiva devem ser espontaneamente oferecidos à tributação pelos contribuintes na declaração de ajuste anual. Na hipótese de apuração pelo Fisco de omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, cabe a adição do valor omitido à base de cálculo do imposto, com o seu correspondente lançamento de ofício ou ajuste do valor do IRPF a Restituir declarado. Dessa feita, não há que se aplicar equidade ou analogia, visto que as disposições legais impõem a tributação dos valores recebidos. Como regra, a fonte pagadora, pessoa física ou jurídica, deve fornecer à pessoa física beneficiária, até o último dia útil do mês de fevereiro do ano subsequente àquele a que se referirem os rendimentos ou por ocasião da rescisão do contrato de trabalho, se esta ocorrer antes da referida data, documentos comprobatórios, em uma via, com indicação da natureza e do montante do pagamento, das deduções e do imposto retido no ano-calendário findo. Contudo, na hipótese de não fazê-lo, os contribuintes não ficam dispensados, em razão disso, de oferecer à Fl. 39DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2002-001.280 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 11962.000200/2007-95 tributação na declaração de ajuste os rendimentos recebidos dessa fonte sujeitos à tabela progressiva. Assim, o fato de a impugnante eventualmente não dispor de um comprovante de rendimentos emitido pelo Detran - ES não o desobriga de oferecer os rendimentos sujeitos à tabela progressiva recebidos dessa fonte pagadora. Trago ainda os seguintes esclarecimentos. A teor do Código Tributário Nacional - CTN, artigo 45, o contribuinte do imposto de renda é o titular da disponibilidade econômica ou jurídica de renda e de proventos de qualquer natureza, tal como definido no artigo 43, sendo ele, o contribuinte, no dizer do artigo 121, parágrafo único, inciso I, do CTN, aquele que tem relação pessoal e direta com a situação que constitui o respectivo fato gerador. Nesse contexto, a fonte pagadora tem o dever apenas de antecipar o pagamento do tributo, não sendo esta o contribuinte que tem a relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador. Registro, por oportuno, que a fonte pagadora efetuou a retenção na fonte do IR, tendo a autuação procedido a sua inclusão (fl.12). A alegada falta de emissão do comprovante de rendimento não exclui a natureza tributável do rendimento, nem exonera o beneficiário do rendimento da obrigação de incluí-lo, para tributação, na Declaração de Ajuste Anual, porquanto o contribuinte do imposto de renda é o adquirente da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, conforme prescreve o art. 45 do Código Tributário Nacional - CTN. Repise-se que o sujeito passivo da obrigação tributária é o beneficiário do rendimento, não a fonte pagadora. A responsabilidade atribuída à fonte pagadora tem caráter apenas supletivo, não modifica o sujeito passivo da obrigação tributária apurada na Declaração de Ajuste, que continua sendo a pessoa que adquiriu a disponibilidade jurídica ou econômica da renda ou dos proventos tributáveis (CTN, arts. 45 e 121, parágrafo único, I). Conclusão Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 40DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.002181/2009-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Período de apuração: 02/01/2005 a 30/03/2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO VERIFICADA
Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando presente omissão alegada pela embargante quanto a aplicação ou não de dispositivo previsto na Legislação vigente.
FRETE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA OU ATÉ DE TERCEIROS NA OPERAÇÃO DE VENDA. DIREITO AO CRÉDITO.
Conforme inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 também aplicável à Contribuição para o PIS, conforme art. 15, II, da mesma lei, é permitido o desconto de créditos em relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, estando aí contempladas todas as operações com produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, ou até de terceiros, e não somente a última etapa, da entrega ao consumidor final.
FRETE DE REMESSA E RETORNO DE PRODUTOS ACABADOS PARA ARMAZENAGEM. IDENTIDADE COM FRETE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA OU ATÉ DE TERCEIROS NA OPERAÇÃO DE VENDA. DIREITO AO CRÉDITO.
A remessa e retorno de produtos acabados enviados para armazenagem, é inteiramente ligada à logística interna da empresa embargante, e indissociáveis das operações de vendas. Conforme inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 também aplicável à Contribuição para o PIS, conforme art. 15, II, da mesma lei, é permitido o desconto de créditos em relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, estando aí contempladas todas as operações com produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, ou até de terceiros, e não somente a última etapa, da entrega ao consumidor final.
Numero da decisão: 3302-007.539
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanar a omissão, imprimir-lhes efeitos infringentes, para dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o creditamento sobre os valores de fretes de remessa e retorno de armazenagem e aos fretes intitulados "consignação". Vencido o conselheiro Walker Araújo que negava o crédito sobre os valores de fretes de remessa e retorno de armazenagem.
(documento assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente
(documento assinado digitalmente)
José Renato Pereira de Deus - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Jorge Lima Abud, Jose Renato Pereira de Deus, Gerson Jose Morgado de Castro, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 02/01/2005 a 30/03/2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO VERIFICADA Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando presente omissão alegada pela embargante quanto a aplicação ou não de dispositivo previsto na Legislação vigente. FRETE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA OU ATÉ DE TERCEIROS NA OPERAÇÃO DE VENDA. DIREITO AO CRÉDITO. Conforme inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 também aplicável à Contribuição para o PIS, conforme art. 15, II, da mesma lei, é permitido o desconto de créditos em relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, estando aí contempladas todas as operações com produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, ou até de terceiros, e não somente a última etapa, da entrega ao consumidor final. FRETE DE REMESSA E RETORNO DE PRODUTOS ACABADOS PARA ARMAZENAGEM. IDENTIDADE COM FRETE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA OU ATÉ DE TERCEIROS NA OPERAÇÃO DE VENDA. DIREITO AO CRÉDITO. A remessa e retorno de produtos acabados enviados para armazenagem, é inteiramente ligada à logística interna da empresa embargante, e indissociáveis das operações de vendas. Conforme inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 também aplicável à Contribuição para o PIS, conforme art. 15, II, da mesma lei, é permitido o desconto de créditos em relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, estando aí contempladas todas as operações com produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, ou até de terceiros, e não somente a última etapa, da entrega ao consumidor final.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanar a omissão, imprimir-lhes efeitos infringentes, para dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o creditamento sobre os valores de fretes de remessa e retorno de armazenagem e aos fretes intitulados "consignação". Vencido o conselheiro Walker Araújo que negava o crédito sobre os valores de fretes de remessa e retorno de armazenagem. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente (documento assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Jorge Lima Abud, Jose Renato Pereira de Deus, Gerson Jose Morgado de Castro, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
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OMISSÃO VERIFICADA Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando presente omissão alegada pela embargante quanto a aplicação ou não de dispositivo previsto na Legislação vigente. FRETE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA OU ATÉ DE TERCEIROS NA OPERAÇÃO DE VENDA. DIREITO AO CRÉDITO. Conforme inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 também aplicável à Contribuição para o PIS, conforme art. 15, II, da mesma lei, é permitido o desconto de créditos em relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, estando aí contempladas todas as operações com produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, ou até de terceiros, e não somente a última etapa, da entrega ao consumidor final. FRETE DE REMESSA E RETORNO DE PRODUTOS ACABADOS PARA ARMAZENAGEM. IDENTIDADE COM FRETE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA OU ATÉ DE TERCEIROS NA OPERAÇÃO DE VENDA. DIREITO AO CRÉDITO. A remessa e retorno de produtos acabados enviados para armazenagem, é inteiramente ligada à logística interna da empresa embargante, e indissociáveis das operações de vendas. Conforme inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 também aplicável à Contribuição para o PIS, conforme art. 15, II, da mesma lei, é permitido o desconto de créditos em relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, estando aí contempladas todas as operações com produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, ou até de terceiros, e não somente a última etapa, da entrega ao consumidor final. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 21 81 /2 00 9- 87 Fl. 2536DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanar a omissão, imprimir-lhes efeitos infringentes, para dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o creditamento sobre os valores de fretes de remessa e retorno de armazenagem e aos fretes intitulados "consignação". Vencido o conselheiro Walker Araújo que negava o crédito sobre os valores de fretes de remessa e retorno de armazenagem. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente (documento assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Jorge Lima Abud, Jose Renato Pereira de Deus, Gerson Jose Morgado de Castro, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente). Relatório Trata-se de Embargos de declaração opostos pelo contribuinte recorrente em face do acórdão nº 3302-004.882, proferido pela 2ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, da 3ª Seção de Julgamento do CARF, em 25/10/2017. Em despacho de admissibilidade prolatado em 21/05/2018, foram rejeitados os embargos interpostos pela embargante contribuinte. A contribuinte irresignada com a negativa, utilizando-se do que é garantido pelo artigo 66 do RICARF, interpôs embargos inominados, nos quais chegou-se à seguinte conclusão: LACTICÍNIOS TIROL LTDA invocou o art. 66 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, para opor embargos inominados em face do Despacho n° 3302-S/N° - 3a Câmara / 2a Turma Ordinária, de 21 de maio de 2018, fls. 2.333 a 2.3391, que rejeitou os embargos de declaração interpostos contra o Acórdão nº 3302-004.882, de 25 de outubro de 2017, fls. 2.217 a 2.248. Nos termos do art. 66 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 9 de junho de 2015 – RI-CARF, as alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Embora não se trata de embargos sobre decisão prolatada por colegiado, o fato é que a afirmação constante no despacho de admissibilidade de e-fls. 2338, de que "não houve pronunciamento expresso sobre o direito ao crédito em relação aos fretes "Consignação", "Remessa Armazenagem" e "Retorno Armazenagem" simplesmente porque tais rubricas não foram referidas nas planilhas apresentadas pelo contribuinte" Fl. 2537DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 foi equivocada, pois compulsando a planilha "Item 6 Demonstrativo com a utilização dos serviços de frete.xls" da e-fl. 2034, verifica-se que os fretes de "Consignação”, “Remessa Armazenagem” e “Retorno Armazenagem” lá constam. Conclusão Ante o exposto, reconheço a inexatidão cometida no despacho de admissibilidade de e- fls. 2333/2339 e admito os embargos de declaração opostos nas e-fls. 2310/2314, encaminhando os autos ao Conselheiro José Renato Pereira de Deus, para inclusão em pauta de julgamento. O acórdão originalmente embargado recebeu a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 Ementa: INSUMOS. DEFINIÇÃO- CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÂO-CUMULATIVAS. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. No âmbito do regime não cumulativo, independentemente de serem de apresentação ou de transporte, os materiais de embalagens utilizados no processo produtivo, com a finalidade de deixar o produto em condições de ser estocado e comercializado, são considerados insumos de produção e, nessa condição, geram créditos básicos da referida contribuição. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÂO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DE INSUMOS. Fl. 2538DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 Os custos com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte para o transporte de insumos a serem utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. CRÉDITO DE FRETES. AQUISIÇÃO PRODUTOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. Os custos com fretes sobre a aquisição de produtos tributados à alíquota zero, geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não- cumulativos. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Faz parte ainda do acórdão a descrição da decisão, nos seguintes termos: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acatar a preliminar de erro material e rejeitar a preliminar de tarifação de provas e ofensa ao princípio da verdade material e ampla defesa. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito na aquisição da amónia, combustíveis e lubrificantes, peças de reposição, produtos de conservação e limpeza; em reconhecer o direito de crédito na aquisição de embalagem de transporte, o direito de crédito da planilha 5.a, exceto sobre serviços de manutenção na ETE, levantamento topográfico, elaboração de projetos, treinamentos, serviços de manutenção de câmara fria para armazenagem de produtos acabados, serviços de instalações elétricas, montagens, construção de muro, instalação de poço artesiano; para reconhecer o direito ao crédito na aquisição de fretes sobre venda de produto acabado (VENDA PROD. ACABADO), frete sobre venda de produto agropecuário (VENDA PROD. AGROP.), frete sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero, frete sobre de transferência de leite "in natura" dos postos de coleta até os estabelecimentos industriais e entre postos de coleta (TRANSFERÊNCIA PC E PC-PC), fretes na remessa e retorno de amostras de produtos (leite in natura) dos estabelecimentos industriais ou postos de coleta da empresa para análise em estabelecimentos terceirizados (REMESSA ANÁLISE E RETORNO ANÁLISE), remessa e retomo para conserto para manutenção dos bens de produção (REMESSA CONSERTO E RETORNO CONSERTO), COMPRA DE INSUMOS, exceto relativo à aquisição de produtos com a descrição genérica de "diversos", "outras cargas", "conforme nf ou simplesmente sem descrição do produto adquirido; para reverter a glosa sobre os encargos de depreciação do imobilizado, exceto em relação à EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MOD1FME 17G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, ESTANTES INTERCAMBIÁVEIS ESTOQUE LONGA VIDA NT:56646 ÁGUIA SISTARMAZE, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA PRATELEIRAS ESTOQUE LEITE EM PO FRACIONADO NT8999-ESMENA DO BRASILS/A, PRATELEIRAS EXPEDIÇÃO LEITE LONGA VIDA NT 8998 ESMENA DO BRASIL S/A, BALANÇA RODOVIÁRIA, BAL.ELETRÔNICA TRANSPALETI IRA MOD:PL- 3000 CAP 200KGX1 OOOG EM ACO CARBONO SÉRIE:P, EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MOD1FME 17 GI15 SERIE:341832000829 NF:64150 E, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA, CARREGADOR DE BATERIAS KLM NF-312-MACRO, TRANSPALETEIRA ELÉTRICA YALE NF:2519 MACROMAQ EQUIP, CARREGADOR DE BATERIAS KLM K8TM IND.COM.ELETROTÉCNICA, CARREGADOR DE BATERIA 48V / 140A MARCA KLM. Fl. 2539DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 Vencido o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte, sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero e sobre a despesa de depreciação da plastificadora. Vencida a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte e sobre a despesa de depreciação da plastificadora. Vencido o Conselheiro Walker Araújo que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE. Vencido o Conselheiro José Fernandes do Nascimento que mantinha a glosa sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero. Vencida a Conselheira Lenisa R. Prado que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE e as glosas em relação aos fretes sobre a transferência entre os Centros de Distribuição (TRANSFERÊNCIA CD), produto acabado (TRANSFERÊNCIA PROD. ACABADO), transferência do produto agropecuário para revenda (TRANSFERÊNCIA PROD. AGROP. P/ REVENDA). A embargante entende que o acórdão embargado estaria eivado de vícios de omissão, fato esse que, nos termos do art. 65, do anexo II, RICARF, lhe conferiria o direito de oposição dos embargos de declaração. Protocolados tempestivamente os embargos da contribuinte, foram apontados pela embargante a suposta omissão quanto ao direito ao crédito das contribuições relacionadas aos serviços de (i) direito ao crédito em relação aos fretes "Consignação", (ii) Remessa Armazenagem", (iii) "Retorno Armazenagem, os quais foram inadmitidos. Promovido novo juízo de admissibilidade, tendo em vista a interposição de inominados, os embargos foram admitidos. Passa-se então a análise da suposta omissão apontada pela embargante. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus, Relator: Os Embargos são tempestivos, tratam de matéria da competência deste Colegiado e atendem aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, submeto à esta Turma para julgamento. No entendimento da embargante, merece ser aclarado a omissão no que tange aos fretes classificados como fretes “consignação” “remessa armazenagem” e fretes “retorno armazenagem”. Analisando o acórdão embargado verifica-se que realmente não houve menção quanto aos itens apontados nos embargos, razão pela qual devem ser submetidos a análise desse Colegiado. Fl. 2540DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 O conceito de insumo para crédito das contribuições para o PIS e Confis, embora firmado pelo STJ em sede de Recurso Repetitivo no REsp 1.221.170, há algum tempo já vinha sendo utilizado por esta C. Turma nas decisões referentes à matéria, conforme podemos notar do corpo da r. decisão oram embargada. Vale ressaltar que ajustando-se ao entendimento esposado pelo Superior Tribunal de Justiça, RFB publicou o Parecer Normativo Cosit nº 05/2018, o qual trouxe as seguintes premissas quanto à apuração do crédito de de PIS/COFINS: 1. Essencialidade, que diz respeito ao item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; 2. Relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g.,equipamento de proteção individual - EPI), distanciando-se, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. As conclusões acima descritas em grande parte já faziam parte de meu entendimento quanto ao conceito de insumos e eram utilizados nos votos anteriores, contudo, levando em consideração ao que é ditado pelo art. 62, do anexo II, do RICARF, a decisão prolatada pelo STJ deve ser observada em sua totalidade. I - Fretes de remessa e retorno de armazenagem (queijos) Quanto a remessa e retorno armazenagem, as descrições trazidas pela embargante foram as seguintes: Conforme podemos observar, trata-se de fretes de produtos acabados entre a empresa embargante e estabelecimento de terceiros utilizados para armazenagem de referido produtos (queijos). Quanto ao presente tópico, que tem como pano de fundo a possibilidade de creditamento sobre fretes nas operações de venda, faz-se necessário esclarecer que outrora defendia posição contrária ao creditamento, entretanto não sentia-me confortável frente às conclusões do STJ quanto ao conceito de insumo, trazidas em parágrafos anteriores, bem como os recentes julgados da Câmara Superior de Recursos Fiscais, relacionadas ao assunto, fato que me levou a alterar meu entendimento. A Lei nº 10.833, de 2003 assim dispôs em seu artigo 3º, inciso IX sobre a hipótese de creditamento sobre fretes nas operações de vendas: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) Fl. 2541DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 ... IX - armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Muitas vezes, por razões ligadas à logística de armazenamento e distribuição, no caminho, a mercadoria acaba passando por mais de um estabelecimento, até chegar ao seu destino final. Neste caso, devemos admitir créditos sobre a totalidade do gasto necessário para levar o produto final do armazém até o consumidor final. E, no curso deste trajeto, por motivos de ordem operacional, é possível que ele tenha de ser primeiro levado para outro estabelecimento, seja do titular ou de distribuidores, para depois, então, ser entregue ao cliente. A 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em decisões não unânimes, ressalta-se, vem posicionando-se no sentido da possibilidade de creditamento das despesas com frete de produtos acabados entre estabelecimentos por se constituir como parte da "operação de venda". Destaca-se parte do voto da Conselheira Tatiana Midori Migiyama, no acórdão nº 9303-008.099: É de se entender que, em verdade, se trata de frete para a venda, passível de constituição de crédito das contribuições, nos termos do art. 3º, inciso IX e art. 15 da Lei 10.833/03 – pois a inteligência desse dispositivo considera o frete na “operação” de venda. A venda de per si para ser efetuada envolve vários eventos. Por isso, que a norma traz o termo “operação” de venda, e não frete de venda. Inclui, portanto, nesse dispositivo os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda, dentre as quais o frete ora em discussão. Sendo assim, não compartilho com o entendimento do acórdão recorrido ao restringir a interpretação dada a esse dispositivo. Frise-se a ementa do acórdão 9303-008.260, da 3º Turma da CSRF, prolatado na sessão do último dia 20 de março de 2019: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 PIS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS SOBRE FRETES. TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep e Cofins não-cumulativos sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Conquanto a observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX e art. 15 da Lei 10.833/03, eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na operação de venda. Recurso especial do contribuinte provido. Destarte, endento ser necessária a reversão da glosa dos créditos relacionados aos fretes de remessa e retorno de armazenagem (queijos). II - Frete intitulado como "Consignação" Fl. 2542DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 Para a embargante os valores gastos com os fretes com consignação, deveriam lhe garantir o creditamento do PIS e da COFINS. A descrição do item "consignação" feita pela embargante é a seguinte: A glosa dos créditos em discussão, fundamentou-se no sentido de que os bens sujeitos à aliquota zero, e por consequência os fretes de aquisição dos mesmos, cuja base de cálculo do crédito já englobaria o valor do frete, não daria direito ao creditamento. A presente matéria, já foi objeto de apreciação desta Turma, com outra composição, oportunidade em que, por meio do acórdão nº 3302-002.922, de relatoria da Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, o qual adoto como fundamento para solucionar a questão sob análise, a saber: Conforme acima demonstrado a fundamentação da glosa de créditos calculados sobre fretes prende-se ao fato de que as aquisições dos insumos são tributados à alíquota zero, estando em desacordo com o art. 3º, § 2°, inciso II, da Lei n° 10.637, de 2002. No entanto há precedente no CARF conforme Acórdão nº 3403001.944, de 09/03/13, que confere uma outra interpretação ao dispositivo legal em destaque, a qual me filio por entender consentânea com os objetivos visados pela lei de regência da matéria, no tocante ao dispositivo em exame, cuja ementa a seguir se transcreve, na parte de interesse: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. SERVIÇOS VINCULADOS A AQUISIÇÕES DE BENS COM ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. É possível o creditamento em relação a serviços sujeitos a tributação (transporte, carga e descarga) efetuados em/com bens não sujeitos a tributação pela contribuição. Nesse sentido, registro excertos da referida decisão, nos termos do voto condutor: A fiscalização não reconhece o crédito por ausência de amparo normativo, e afirma que o frete e as referidas despesas integram o custo de aquisição do bem, sujeito à alíquota zero (por força do art. 1º da Lei nº 10.925/2004), o que inibe o creditamento, conforme a vedação estabelecida pelo inciso II do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 (em relação à Contribuição para o PIS/Pasep), e pelo inciso II do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 (em relação à Cofins):(grifei). “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 2º Não dará direito a crédito o valor:(...) II - da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei no 10.865, de 2004)”(grifei). Contudo, é de se observar que o comando transcrito impede o creditamento em relação a bens não sujeitos ao pagamento da contribuição e serviços não sujeitos ao pagamento Fl. 2543DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3302-007.539 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10925.002181/2009-87 da contribuição. Não trata o dispositivo de serviços sujeitos a tributação efetuados em/com bens não sujeitos a tributação (o que é o caso do presente processo). )(grifei). Improcedente assim a subsunção efetuada pelo julgador a quo no sentido de que o fato de o produto não ser tributado “contaminaria” também os serviços a ele associados. Veja-se que é possível um bem não sujeito ao pagamento das contribuições ser objeto de uma operação de transporte tributada. E que o dispositivo legal citado não trata desse assunto. Destarte, por ser passível de creditamento, a glosa dos créditos relativos ao frete intitulado como "consignação", por se tratar de frete SUJEITO A INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO, deve ser totalmente revertida. III - Conclusão Por todo o exposto, voto em acolher os embargos de declaração para sanar a omissão, imprimir-lhes efeitos infringentes, para dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o creditamento sobre os valores de fretes de remessa e retorno de armazenagem e aos fretes intitulados "consignação". É como voto. (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus - Relator. Fl. 2544DF CARF MF
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